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O PROBLEMA DA ÁGUA DE LASTRO: Seus Reflexos e a cooperação em busca de soluções. Jeferson Valdir da Silva 1 Resumo: Este artigo investiga a introdução de espécies marinhas exóticas por meio da água de lastro dos navios, que causam problemas em várias regiões do mundo, sendo identificada como uma grande ameaça ao comércio marítimo internacional. A água de lastro é importantíssima na estabilidade das embarcações, sendo crucial uma solução que permita a continuidade do comércio internacional por via marítima. A comunidade internacional tem investido muito na busca de soluções condizentes com o meio ambiente e com as atividades comerciais, para tanto, foi criado o Programa Global de Gerenciamento de Água de Lastro, ou GloBallast, que tem por objetivo identificar, avaliar e implementar oportunidades de recursos e financiamento, para os esforços nacionais de gestão de água de lastro, buscando garantir a sustentabilidade ao uso da água de lastro pelas embarcações. Palavras Chaves: Água de lastro, Espécies Marinhas exóticas, Comércio Marítimo Internacional. 1 Mestrando em Direito (linha de Direito Internacional, Meio Ambiente e Atividade Portuária).

Artigo Água de Lastro

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Page 1: Artigo Água de Lastro

O PROBLEMA DA ÁGUA DE LASTRO: Seus Reflexos e a cooperação

em busca de soluções.

Jeferson Valdir da Silva1

Resumo:

Este artigo investiga a introdução de espécies marinhas exóticas por meio

da água de lastro dos navios, que causam problemas em várias regiões do

mundo, sendo identificada como uma grande ameaça ao comércio marítimo

internacional.

A água de lastro é importantíssima na estabilidade das embarcações,

sendo crucial uma solução que permita a continuidade do comércio

internacional por via marítima.

A comunidade internacional tem investido muito na busca de soluções

condizentes com o meio ambiente e com as atividades comerciais, para tanto,

foi criado o Programa Global de Gerenciamento de Água de Lastro, ou

GloBallast, que tem por objetivo identificar, avaliar e implementar

oportunidades de recursos e financiamento, para os esforços nacionais de

gestão de água de lastro, buscando garantir a sustentabilidade ao uso da água

de lastro pelas embarcações.

Palavras Chaves: Água de lastro, Espécies Marinhas exóticas,

Comércio Marítimo Internacional.

1 Introdução

A introdução de espécies marinhas exóticas por meio da água do lastro

dos navios, foi identificada como uma das quatro maiores ameaças aos

oceanos do mundo. As outras três ameaças são: fontes terrestres de poluição

1 Mestrando em Direito (linha de Direito Internacional, Meio Ambiente e Atividade Portuária).

Page 2: Artigo Água de Lastro

marinha, exploração excessiva dos recursos biológicos do mar e

alteração/destruição física do habitat marinho.

Ao contrário de outras formas de poluição marinha, em que ações

mitigadoras podem ser tomadas e o meio ambiente pode eventualmente se

recuperar, a introdução de espécies marinhas é, na maioria dos casos,

irreversível.

O transporte marítimo movimenta mais de 80% das mercadorias do

mundo e transfere internacionalmente 3 a 5 bilhões de toneladas de água de

lastro a cada ano, o mesmo acontece domesticamente, dentro dos países e

regiões.

A água de lastro é absolutamente essencial para a segurança e eficiência

das operações de navegação modernas, proporcionando equilíbrio e

estabilidade aos navios sem carga. Entretanto, isso pode causar sérias

ameaças ecológicas, econômicas e à saúde.

2 Água de Lastro

O lastro consiste em qualquer material usado para dar estabilidade a um

navio. Os navios carregaram lastro sólido, na forma de pedras, areia ou metais,

por séculos.

Assim Cordeiro leciona:

Lastro é definido como qualquer volume sólido ou líquido colocado em um navio a fim de garantir sua estabilidade e condições de flutuação. O termo "água de lastro" refere-se, então, à água coletada nas baías, estuários e oceanos, destinada a facilitar a tarefa de carga e descarga. Quando um navio está descarregado, seus tanques recebem água de lastro para manter sua estabilidade, balanço e integridade estrutural. Quando ele é carregado, a água é lançada ao mar. 2

Já nos tempos modernos, as embarcações passaram a usar a água como

lastro, o que facilita bastante a tarefa de carregar e descarregar um navio, além

de ser mais econômico e eficiente do que o lastro sólido.

De forma simplificada, quando um navio está descarregando qualquer

mercadoria, seus tanques recebem água, e quando o navio é carregado, a

água é lançada ao mar.

2 CORDEIRO, Itamar Dias e. Águas de Lastro e Desequilíbrio Ambiental: o Turismo tem culpa? Revista Turismo. Fev/04. Disponível em: http://revistaturismo.cidadeinternet.com.br/artigos/aguasdelastro.html Acesso em: 11/06/06.

Page 3: Artigo Água de Lastro

3 O Problema da Introdução de Espécies Marinhas Exóticas por meio

da Água do Lastro dos Navios

Um dos grandes problemas ambientais surge quando a água dos lastros

contém vida marinha, já que está pode ser transportada facilmente para outras

regiões.

Existem milhares de espécies marinhas que são suscetíveis de transporte,

estas são carregadas junto com a água de lastro dos navios. Qualquer

organismo pequeno é um problema, já que pode passar através das entradas

de água de lastro e bombas, incluindo assim, bactérias e outros micróbios,

pequenos invertebrados e ovos, cistos e larvas de diversas espécies.

Por muitos anos, estas mesmas espécies marinhas foram dispersadas por

todos os oceanos por meios naturais, levadas pelas correntes ou aderidas a

troncos e entulhos flutuantes, porém as barreiras naturais, tais como

temperatura e massas de ar, evitaram a sua dispersão.

Porém, com o advento do uso da água como lastro, e o desenvolvimento

dos tipos de embarcações, combinados com a velocidade destas e com o

rápido crescimento do comércio mundial, resultou na redução das barreiras

naturais, contribuindo para a proliferação de espécies exóticas invasoras.

Assim, os resultados negativos obtidos são impactos nas economias,

ecológicos e para saúde do homem em todo o mundo, pois a água de lastro

também dispersa doenças entre os humanos, exemplo disso, temos a cólera.

Corroborando com a gravidade do problema Junqueira e Neto3:

Considerando o coeficiente de risco global dos 148 portos doadores de água de lastro para o porto de Sepetiba foram identificados 20 portos na categoria de altíssimo risco e 25 portos na categoria de alto risco representando 30% dos portos doadores. Os 20 portos de altíssimo risco são todos brasileiros sendo liderados pelo porto de Santos seguido pelos portos do Rio de Janeiro, Rio Grande e Praia Mole (Figura 1).

3 JUNQUEIRA, Andréa de Oliveira Ribeiro. NETO, Alexandre de Carvalho leal. Avaliação de risco de água de lastro. Agência Brasileira de Gerenciamento Costeiro. Disponível em: http://www.agenciacosteira.org.br/downloads.php Acesso em: 11/06/06.

Page 4: Artigo Água de Lastro

Figura 1 – Mapa das biorregiões com o resultado do coeficiente de risco global

4 Programa GloBallast – Água de Lastro:

A Organização Marítima Internacional (IMO)4, com o apoio do Fundo para

o Meio Ambiente Global (GEF), do Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento (PNUD), dos Estados Membros e da indústria do transporte

marítimo tem auxiliado países menos desenvolvidos na criação e

acompanhamento do Programa Global de Gerenciamento de Água de Lastro,

ou GloBallast.

O programa pretende representar seis regiões em desenvolvimento no

mundo, conforme o mapa abaixo5:

Local País Região

Sepetiba Brasil América do Sul

Dalian China Ásia / Pacífico

4 “Com o aumento do tráfego marítimo após a II Guerra Mundial e dos problemas a ele inerentes, com colisões, abalroamentos e acidentes ambientais, bem como pressão da opinião pública internacional, fonte secundária de Direito Internacional Público, juntos aos governos dos Estados, vários países sustentavam que um corpo internacional permanente fosse criado para promover a segurança da navegação mais efetivamente, mas somente com a criação da ONU essas esperanças se realizaram. Em 1948, na cidade de Genebra, uma conferência internacional adotou uma convenção formalmente estabelecendo a IMCO (Inter-Governmental Maritime Consultative Organization), cujo nome foi mudado para IMO (International Maritime Organization) em 1982.” CASTRO JR,Osvaldo Agripino de. Introdução ao Direito Marítimo Disponível em: http://www.ibradd.com.br/leiamais.php?id=16. Acesso em: 25/05/06.5 Ministério do Meio Ambiente. O Projeto Internacional do GEF. Disponível em: http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=30&idConteudo=1719. Acesso em: 25/05/06.

Page 5: Artigo Água de Lastro

Bombaim Índia Sul da Ásia

Ilha Khark IrãÁrea da ROPME e Mar

Vermelho

Saldanha África do Sul África

Odessa Ucrânia Europa Oriental

ROPME - Regional Organization for the Protection of the Marine Environment

Assim assinala Junqueira e Neto:

Para que esse objetivo seja alcançado, os seis países participantes (África do Sul, Brasil, China, Índia, Irã e Ucrânia) estão recebendo assistência técnica, capacitação e reforço institucional. Os estudos de caso a serem desenvolvidos nesses países servirão, em uma primeira etapa, como demonstração de dificuldades e experiências de sucesso de gestão do problema.6

O Programa Global tem por objetivo identificar, avaliar e implementar

oportunidades de recursos e financiamento, para os esforços nacionais de

gestão de água de lastro, buscando garantir a sustentabilidade para as ações

empreendidas durante o tempo de vida do projeto.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) é a Agência Coordenadora para o

Programa GloBallast, no Brasil, integrada por equipe multidisciplinar de

6 JUNQUEIRA, Andréa de Oliveira Ribeiro. NETO, Alexandre de Carvalho leal. Avaliação de risco de água de lastro. Agência Brasileira de Gerenciamento Costeiro. Disponível em: http://www.agenciacosteira.org.br/downloads.php Acesso em: 11/06/06.

Page 6: Artigo Água de Lastro

especialistas e colaboradores.7 O trabalho identificou cerca de 30 espécies

aquáticas como possíveis de introdução, tendo a água de lastro como vetor.

O Programa GloBallast está fornecendo aos países-piloto equipamento de

amostragem de água de lastro e proporcionará treinamento ao pessoal

envolvido no seu uso para o monitoramento e a efetivação dos procedimentos,

bem como o estabelecimento de banco de dados.

Este sistema de conformidade, monitoramento e efetivação (CME)

implantado nos países-piloto, deve ser adaptado às condições locais dos

diferentes países e regiões do mundo, permitindo a reprodução do projeto em

outros locais.

5 Gestão da Água de Lastro

Para uma melhor compreensão do problema é importante que seja

estabelecido o nível e os tipos de risco que um país, em particular, pode vir a

enfrentar, com a introdução de espécies exóticas invasoras.

Para isso, são necessários estudos que viabilizem e possam focalizar os

organismos invasores, bem como, avaliar os processos requeridos para a sua

introdução, assim como, identificar os recursos naturais mais sensíveis e

potencialmente ameaçados.

O desenvolvimento e a efetivação das medidas de gestão de água de

lastro constituem a solução do problema, pois Serão essas medidas que

produzirão os benefícios práticos esperados. As medidas contidas nas

Diretrizes da IMO8 incluem:

adestramento e formação da tripulação dos navios;

procedimentos para navios e Estados do Porto (Port States);

procedimentos para registro e informação;

procedimentos operacionais dos navios;

considerações relativas ao Estado do Porto;

imposição e monitoramento pelos Estados do Porto;

considerações futuras com relação à troca da água de lastro; e

7 Sobre o assunto ver site do Instituto Hórus de desenvolvimento e conservação ambiental: O Programa. Disponível em: http://www.institutohorus.org.br/download/midia/agualastro_mma.htm. Acesso em: 10/06/06.8 Para maiores informações sobre as Diretrizes da IMO ver: International Maritime Organization. Disponível em: http://www.imo.org/index.htm . Acesso em: 17 dez. 2003.

Page 7: Artigo Água de Lastro

orientação sobre os aspectos de segurança da troca da água de lastro

no mar.

O desenvolvimento das atividades de "Treinamento", de "Legislação e

Regulamentação", são necessárias à implementação das medidas de gestão

de água de lastro de forma consistente com o regime em vigor da IMO.

Diferentemente de outras formas de poluição, o problema da transferência

de espécies exóticas decorre de uma atividade inerente à operação de

navegação.

No momento, não há métodos absolutos de prevenção para o problema,

na medida em que a troca de água de lastro em águas profundas, em mar

aberto, pode resultar em operações com risco de segurança, envolvendo,

principalmente problemas de esforços e estabilidade da embarcação.

Por outro lado, os procedimentos relativos à eliminação das espécies

exóticas invasoras, ainda estão em fase de estudos, podendo também ocorrer

mudanças nos sistemas de lastro existentes atualmente, ou ainda, o

desenvolvimento de novas tecnologias para solucionar essas questões.

Neste ínterim, uma estratégia baseada na minimização de risco foi

adotada, em nível internacional, na forma da resolução voluntária proposta pela

IMO em 1998.

As ações dos países podem se dar em diferentes níveis. Um país pode ter

responsabilidade como Estado de Bandeira (Flag State), garantindo o

cumprimento dos procedimentos por parte dos navios e tripulação; assim como

Estado Costeiro (Coastal State) ou Estado do Porto (Port State) prevenindo-se

tanto contra a importação, quanto à exportação não intencional de organismos

nocivos e patogênicos.

Um sistema legal nacional que atenda a essas obrigações internacionais é

fundamental, implantando de forma efetiva as atuais Diretrizes da IMO,

vislumbrando uma possível solução com base em propostas a nível

internacional.

Assim, adotar a Resolução A.868(20) da IMO requer mudanças na

legislação nacional em vigor ou a criação de novas leis.

A implementação efetiva de medidas de gestão de água de lastro só será

alcançada com o apoio de todos, buscando a implementação das Diretrizes da

Page 8: Artigo Água de Lastro

IMO ou em normas do próprio país, que façam o monitoramento da água de

lastro, e a efetivação e cumprimento do que for determinado.

6 Os Caminhos adotados pela Comunidade Internacional

Viabilizando soluções às ameaças ambientais produzidas pelas espécies

marinhas exóticas invasoras, a Conferência Internacional das Nações Unidas

para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, com sede no Rio de Janeiro, em

1992, buscaram junto a Organização Marítima Internacional (IMO) e outros

órgãos internacionais estudos capazes de solucionar o problema da

transferência de organismos nocivos pela água de lastro dos navios.

A IMO é uma agência responsável pela regulação internacional de

segurança da navegação e prevenção da poluição marítima, sendo o órgão

mais apropriado à busca de soluções ao problema.

Porém, reconhecendo às limitações das medidas voluntárias da IMO em

vigência, e a uma solução totalmente segura sobre a questão das espécies

marinhas exóticas invasoras, os Estados Membros, concordaram em

desenvolver um regime mandatário internacional a fim de regular e controlar a

água de lastro.

Pontos de Destaque na Convenção:

Entrada em Vigor - 12 meses depois da ratificação por 30 Estados, representando 35% da tonelagem da frota mercante mundial (Art. 18)

Art.2o.- Obrigações Gerais - As Partes se comprometem a cumprir total e plenamente os dispositivos da presente Convenção e seu Anexo visando prevenir, minimizar e, por fim, eliminar a transferência de Organismos Aquáticos Nocivos e Agentes Patogênicos através do controle e gestão da água de lastro dos navios e dos sedimentos nela contidos. No entanto, nada na Convenção será interpretado como obstáculo para que uma Parte tome, individualmente ou em conjunto com outras Partes, medidas mais rígidas com respeito à prevenção, redução ou eliminação da transferência de Organismos Aquáticos Nocivos..., em consonância com o direito internacional.

As Partes, ao atuarem nos termos da presente Convenção, deverão envidar esforços para não causar perdas e danos ao meio ambiente, à saúde pública, às propriedades e recursos do seu ou de outros Estados.

Art. 4o.- Controle - Cada Parte deverá, com a devida consideração para com as suas condições e capacidades particulares, desenvolver políticas, estratégias ou programas nacionais para Gestão de Água de Lastro em seus portos e águas sob a sua jurisdição que estejam de acordo com os objetivos desta Convenção e visem atingi-los.

Page 9: Artigo Água de Lastro

Art.5o.- Instalação de Recebimento de Sedimentos - Cada Parte compromete-se a assegurar que, nos portos e terminais por ela designados para a limpeza ou reparo de tanques de lastro, sejam oferecidas instalações adequadas para a recepção de Sedimentos... Tais instalações de recepção deverão funcionar sem causar demora indevida aos navios e deverão oferecer destinação segura para tais Sedimentos.

Art. 6o. - Pesquisa e Monitoramento - As Partes deverão envidar esforços, individualmente ou em conjunto, para promover e facilitar a pesquisa científica e técnica sobre Gestão de Água de Lastro; e para monitorar os efeitos da Gestão de Água de Lastro em águas sob a sua jurisdição.

Art. 7o.- Vistoria e Certificação - Cada Parte deverá assegurar que os navios arvorando sua bandeira ou operando sob sua autoridade e sujeitos a vistoria e certificação sejam inspecionados e certificados.

Art. 9o.- Inspeção de Navios - Um navio sujeito a esta Convenção poderá, em qualquer porto ou terminal de alto mar de outra Parte, estar sujeito a inspeção por funcionários devidamente autorizados por essa Parte com a finalidade de determinar se o navio está em conformidade a Convenção.

Art. 12. - Demora Indevida de Navios - Todos os possíveis esforços deverão ser envidados para evitar que um navio seja indevidamente detido ou retardado.

Art. 13. - Cooperação e Assistência Técnica e Cooperação Regional - As Partes se comprometem, diretamente ou através da IMO e outros órgãos internacionais, conforme apropriado, em relação ao controle e Gestão da Água de Lastro dos Navios e Sedimentos nela contidos, a fornecer apoio às Partes que solicitarem assistência técnica para treinar pessoal; assegurar a disponibilidade de tecnologia, equipamentos e instalações relevantes; iniciar programas conjuntos de pesquisa e desenvolvimento; e empreender outras ações visando a efetiva implementação desta Convenção e de orientação desenvolvida pela IMO a ela relacionada. 9

A Conferência Adotou ainda 04 Resoluções10:

Resolução 1: Trabalho futuro a ser empreendido pela Organização

pertinente à Convenção Internacional sobre Controle e Gestão da Água de

Lastro e Sedimentos de Navios;

Resolução 2: O uso de ferramentas de tomada de decisão quando da

revisão das normas em conformidade com a Regra D-5;

Resolução 3:Promoção de cooperação e assistência técnica;

Resolução 4: Revisão do Anexo à Convenção Internacional sobre

Controle e Gestão da Água de Lastro e Sedimentos de Navios.

9 Ver: Convenção Internacional sobre Controle e Gestão da Água de Lastro e Sedimentos de Navios. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/lastro/_arquivos/lastro36.pdf Acesso em: 10/06/06.10 Ver: Convenção Internacional sobre Controle e Gestão da Água de Lastro e Sedimentos de Navios. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/lastro/_arquivos/lastro36.pdf Acesso em: 10/06/06.

Page 10: Artigo Água de Lastro

Após a adoção da Convenção Internacional sobre Controle e Gestão de

Água de Lastro e Sedimentos de Navios, em 13 de fevereiro de 2004, foram

adotadas 13 diretrizes11 para sua implementação, quais sejam:

1.       diretriz para instalações de recebimento de sedimentos;

2.       diretriz sobre amostragem de água de lastro;

3.       diretriz para conformidade equivalente de gestão de água de lastro;

4.       diretriz sobre gestão de água de lastro e desenvolvimento de plano

correspondente;

5.       diretriz para instalações de recebimento de água de lastro;

6.       diretriz para a troca de água de lastro;

7.       diretriz sobre análise de risco/isenção de gestão de água de lastro;

8.       diretriz sobre aprovação dos sistemas de gestão de água de lastro;

9.       procedimentos para aprovação de sistemas de gestão de água de

lastro que façam uso de substâncias ativas;

10.   diretriz para aprovação de protótipos das tecnologias de gestão de

água de lastro;

11.   diretriz para design e construção de padrões de troca de água de

lastro;

12.   diretriz para controle dos sedimentos dos navios;

13.   diretriz sobre medidas adicionais e situações de emergência.

Certamente não se pretende que estas Diretrizes sejam uma solução

definitiva para o problema, e sim como uma ferramenta que ajudará a

minimizar os riscos relacionados com a água de lastro descarregada.

Com o surgimento de avanços científicos e tecnológicos, estas Diretrizes

serão aprimoradas, permitindo uma evolução ao processo de gestão da água

de lastro, por hora, só nos bastam esforços no sentido de cumprir ao máximo

estas Diretrizes.

O Brasil também estabeleceu critérios para a proteção das águas

nacionais, através da Normam 20, que estabelece como propósitos:

11Ver: Diretrizes para o Controle e Gerenciamento da Água de Lastro dos Navios, para Minimizar a transferência de Organismos Aquáticos Nocivos e Agentes Patogênicos. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/lastro/_arquivos/a86820pt.pdf Acesso em: 10/06/06.

Page 11: Artigo Água de Lastro

Estabelecer requisitos referentes à prevenção da poluição por parte das embarcações em Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), no que tange ao Gerenciamento da Água de Lastro.

O sistema inicial terá como base fundamental a troca da Água de Lastro de acordo com a Resolução de Assembléia da Organização Marítima Internacional (IMO) A.868(20), de 1997 e com a Convenção Internacional de Controle e Gestão da Água de Lastro e Sedimentos de Navios, adotada em fevereiro de 2004 e assinada pelo Brasil em 25 de Janeiro de 2005, e será aplicado a todos os navios que possam descarregar Água de Lastro nas AJB. As isenções e exceções serão abordadas em itens específicos.

Na medida em que métodos mais avançados para o tratamento da Água de Lastro forem sendo desenvolvidos, esta Norma será adaptada a fim de atender às novas situações.12

A Diretoria de Portos e Costas no uso de sua autoridade marítima que lhe

é concebido, combinado com as Leis 6.938/81, art. 3º; Lei 9.537/97, art. 4º; Lei

9.605/98, artigo 61 combinado com artigo 70, bem como a Resolução 217/01

da ANVISA, prevêem a possibilidade de adoção pela DPC de medidas que

garantam preventivamente a proteção do Meio Ambiente Marinho brasileiro.

7 Tratamento da Água de Lastro

A troca de água de lastro no mar, recomendado pelas diretrizes da IMO é

considerada a melhor medida para reduzir o risco de contaminação, entretanto,

não é 100% efetiva na remoção de organismos na água de lastro, e ainda pode

comprometer os limites de segurança dos navios.

Portanto, é de extrema importância que métodos de tratamento e/ou

gerenciamento de água de lastro efetivos sejam desenvolvidos o mais rápido

possível para substituir a troca da água de lastro no mar.

Assim as opções que vêm sendo consideradas compreendem13:

Métodos de tratamento mecânicos como filtragem e separação;

12 Diretoria de Portos e Costas. Normam-20. Disponível em: https://www.dpc.mar.mil.br/normam/N_20/Introducao.pdf Acesso em:15/07/06.13 Ministério do Meio ambiente. Tecnologias de Tratamento. Disponível em: http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=30&idConteudo=1720 Acesso em: 10/06/06.

Page 12: Artigo Água de Lastro

Métodos de tratamento físicos tais como esterilização por ozônio, luz

ultra-violeta, correntes elétricas e tratamento térmico;

Métodos de tratamento químicos como adição de biocidas na água de

lastro para matar os organismos; e

Várias combinações dos métodos acima descritos.

As soluções postas atualmente demandam esforços expressivos de

pesquisa para o futuro, já que o comércio marítimo internacional cresce, e com

isso também crescem a quantidade e dimensões dos navios usados. Os

maiores desafios estão justamente no fator de escala dessas novas técnicas,

que deverão lidar efetivamente com o aumento da quantidade de água de

lastro carregadas nos navios maiores.

Os métodos de tratamento postos à disposição certamente não devem

interferir na segurança e na operação econômica do navio, bem como devem

considerar os novos projetos de construção de navios.

8 Conclusões

A introdução de espécies exóticas Marinhas por dispersão em água de

lastro vem a ser um dos grandes problemas ao transporte marítimo

internacional, dificultando as atividades comerciais e causando desequilíbrios

ao meio ambiente, com também prejuízos comerciais e na saúde humana.

Com a manifestação e comprovação dos problemas causados pelas

espécies exóticas invasoras, a comunidade internacional viabilizou através da

Conferência Internacional das Nações Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, com sede no Rio de Janeiro, em 1992, juntamente com a

Organização Marítima Internacional (IMO) e outros órgãos internacionais,

estudos capazes de solucionar o problema da transferência de organismos

nocivos pela água de lastro dos navios, possibilitando análises e pesquisas

sobre possíveis soluções ao tema.

A tomada de medidas sobre o problema, culminou com a adoção de treze

diretrizes pela IMO, que propõem uma melhor gestão e soluções a não

dispersão desses organismos.

Page 13: Artigo Água de Lastro

As Diretrizes da IMO não são uma solução definitiva para o problema,

servem como ferramentas de gestão, para minimizar os riscos relacionados

com a água de lastro descarregada, porém servem como linha mestra ao

combate das espécies exóticas invasoras.

Já o programa Globallast pretende representar seis regiões em

desenvolvimento no mundo, sendo estes países pilotos, uma busca de

soluções aos demais portos do mundo, servindo assim de modelo de gestão a

ser implementado mundialmente.

Desempenhando seu papel de proteção ao meio ambiente, o Brasil

também estabeleceu critérios para a proteção das águas nacionais, através da

Normam 20, da DPC, que busca também minimizar os possíveis impactos

causados pela dispersão das espécies exóticas na costa brasileira.

Assim, a solução à proliferação das espécies exóticas invasoras requer

uma colaboração e solidariedade em nível internacional, já que o problema é

complexo e demandam debates avançados e novas tecnologias de combate.

Referências Bibliográficas

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Page 14: Artigo Água de Lastro

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Ministério do Meio ambiente. Tecnologias de Tratamento. Disponível em: http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=30&idConteudo=1720 Acesso em: 10/06/06.