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INTRODUÇÃO Este trabalho não tem a pretensão de abranger todas as questões relacionadas aos Títulos de Crédito Impróprios. Trata-se de uma abordagem e estudo acerca da diferenciação entre títulos de créditos impróprios e títulos de créditos próprios, e para tal selecionamos três exemplos de títulos de créditos impróprios os quais serão estudados quanto a sua caracterização, elementos e regulamentação. TÍTULOS DE CREDITOS IMPRÓPRIOS Os títulos de créditos impróprios são instrumentos jurídicos que se encontram sujeitos a uma disciplina que aproveita os elementos do regime jurídico cambial, são semelhantes, porém não se sujeitam a todas as normas do direito cambial. “O regime jurídico-cambial caracteriza-se por três princípios - o da cartularidade, o da literalidade e o da autonomia cambial. Embora presentemente tais princípios estejam passando por um processo de revisão, em muito provocado pelo desenvolvimento da informática, o certo é que, por enquanto, eles ainda se aplicam, grosso modo, aos títulos de crédito”. (Coelho, 2009, p. 299.) Esses títulos se distinguem em quatro categorias: Os títulos de legitimação : que são os títulos que asseguram ao seu portador a prestação de um serviço ou acesso a prêmios, como por exemplo, o passe de ônibus ou cupons premiados. É importante ressaltar que não são títulos executivos. 1

Artigo Cientifico Titulos de Creditos Impróprios

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Page 1: Artigo Cientifico Titulos de Creditos Impróprios

INTRODUÇÃO

Este trabalho não tem a pretensão de abranger todas as questões

relacionadas aos Títulos de Crédito Impróprios. Trata-se de uma abordagem e

estudo acerca da diferenciação entre títulos de créditos impróprios e títulos de

créditos próprios, e para tal selecionamos três exemplos de títulos de créditos

impróprios os quais serão estudados quanto a sua caracterização, elementos e

regulamentação.

TÍTULOS DE CREDITOS IMPRÓPRIOS

Os títulos de créditos impróprios são instrumentos jurídicos que se encontram

sujeitos a uma disciplina que aproveita os elementos do regime jurídico cambial, são

semelhantes, porém não se sujeitam a todas as normas do direito cambial.

“O regime jurídico-cambial caracteriza-se por três princípios - o da cartularidade, o da literalidade e o da autonomia cambial. Embora presentemente tais princípios estejam passando por um processo de revisão, em muito provocado pelo desenvolvimento da informática, o certo é que, por enquanto, eles ainda se aplicam, grosso modo, aos títulos de crédito”. (Coelho, 2009, p. 299.)

Esses títulos se distinguem em quatro categorias:

Os títulos de legitimação: que são os títulos que asseguram ao seu portador a

prestação de um serviço ou acesso a prêmios, como por exemplo, o passe de

ônibus ou cupons premiados. É importante ressaltar que não são títulos executivos.

Os títulos de representação: que são os títulos que se encontram sob os

cuidados de terceiro não proprietário, podendo exercer somente função documental,

onde podemos citar como exemplo os títulos armazeneiros e o conhecimento de

transporte, onde representam mercadorias custodiadas e que possam ser

negociados pelo proprietário.

Os títulos de financiamento: que são representativos de crédito decorrente de

financiamento aberto por uma instituição financeira. São importantes meios de

incrementos de atividades econômicas, sendo também utilizados para financiamento

da aquisição da casa própria.

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Os títulos de investimento, que se destinam à captação de recurso pelo

emitente, que representam a parcela de um contrato que o sacador do titulo celebra

com os seus portadores, podendo citar como exemplo a letra de câmbio financeira.

É vedado ao titulo de credito de investimento a emissão nas formas ao portador e

nominativo endossável, a possibilitar ao fisco a identificação do titular do

investimento.

Vimos nos títulos de créditos próprios, a materialização e a representação de

um crédito e nos títulos de créditos impróprios, outros direitos, que são

materializados.

CONHECIMENTO DE TRANSPORTE

O conhecimento de transporte é um título de crédito de natureza

representativa. Sua origem se deu em 1293 com a assinatura de acordos e regras,

pelo rei de Portugal, com o objetivo de regular o transporte marítimo. No Brasil

consolidou-se varias praticas (utilizadas em Portugal) no Código Comercial de 1850,

onde definiam-se os princípios regentes nos contratos de transporte terrestre e

marítimo. Preocupou-se em estabelecer: direito a comissão, frete ou aluguel pelo

serviço prestado bem como estabelecer a obrigação de que o transportador zele

pelo produto transportado para que esse não se deteriore, respondendo por perdas

e danos caso traga prejuízo ao proprietário. Definiu-se também o recibo e carta de

fretamento.

Com a promulgação do Decreto nº 19,473, de 10 de dezembro de 1930 o

conhecimento de transporte mantém sua característica inicial de comprovar um

contrato de transporte e lhe é agregada, conforme o Art. 1º do referido decreto, a

possibilidade de ser titulo ao portador se este conter clausula informativa disto, ou

como regra título à ordem. A partir desta modificação o instituto do conhecimento de

transporte tornou-se mais completo, conforme conceitua Negrão:

“Podemos conceituar conhecimento de transporte como título representativo, emitido à ordem – salvo clausula expressa ao portador – por empresa de transporte aéreo, terrestre ou marítimo que concede a seu titular o direito ao transporte e de entrega do produto nele descrito.” (Negrão, 2010, p. 214)

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A distinção do conhecimento de transporte em relação aos títulos de créditos

próprios se dá pelo fato de ser título representativo de mercadoria transportada e é

um título causal não abstrato, nascido de contrato de transporte de mercadoria.

Outra importante diferenciação se faz na não executividade por quantia certa, que

pode ser facilmente percebida pois o mesmo não está listado dentre os títulos

executivos extrajudiciais do art. 585 do CPC e também ele não tem executividade

pois nele não estão presentes “[...] os requisitos objetivos, da certeza e da

exigibilidade, legitimando quando muito, ação de execução para entrega de coisa

certa [...]” (art. 621 CPC) .

Em relação ao meio de transporte utilizado o conhecimento de transporte

pode ser qualificado como: conhecimento de transporte terrestre, conhecimento de

transporte marítimo, conhecimento de transporte aéreo, e conhecimento de

transporte multimodal. Sua circulação se dá por simples tradição, se ao portador ou

por endosso, em preto ou em branco, atestando-se, neste caso, com o lançamento

da assinatura do endossante a titularidade, do portador ou do endossatário

nominado, das mercadorias descritas.

CÉDULA DE CRÉDITO BRANCÁRIA

As cédulas de créditos são títulos de financiamento que proporcionam acesso

ao crédito, desenvolvem instrumentos negociais para atender as necessidades de

cada setor da economia, proporcionam financiamento às atividades empresarias,

dentre outras mais possibilidades de concessão de crédito.

Há de se ressaltar que os títulos de financiamento se diferem dos títulos

impróprios em razão de algumas características, destacamos dentre elas a

possibilidade de endosso parcial, a presença nas cédulas de crédito do Princípio da

Cedularidade, princípio este não presente nos títulos próprios, e que assegura que a

constituição dos direitos reais de garantia se faz no próprio instrumento de crédito e

também “não é possível determinar previamente o valor do débito assumido pelo

devedor, faltando-lhe obediência ao principio da literalidade” (Negrão, 2010, p.182).

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As cédulas de crédito bancário foram incluídas em 1999 no nosso

ordenamento brasileiro pela MP nº 1.925, e repetido o seu texto em 2004 na Lei

10.931 para que esse instituto se consolidasse demonstrando assim mais

segurança. Sua definição está no artigo 26 da Lei 10.931 como:

“Titulo de crédito emitido por pessoa física ou jurídica, em favor de instituição financeira ou de entidade a esta equiparada, representando promessa de pagamento em dinheiro, decorrente de operação de crédito, de qualquer modalidade” (art 26, Lei 10931)

É instrumento escrito com possibilidade de conter clausula à ordem, é de ágil

circulação e total segurança nas operações de concessão de crédito e por ser título

autônomo pode circular sem possibilidade de exceção do devedor. São vinculadas

às obrigações externas da cédulas mais presentes no contrato que lhe deu origem

como por exemplo: juros, capitalização, encargos, atualização monetária dentre

outros.

A fim de se manter a segurança jurídica às partes envolvidas na cédula, deve

esta trazer todas as informações a cerca da relação bancaria: forma de existência,

conteúdo, extenção e modalidade do direito de todo modo. Todavia, os contratantes

tem certa liberdade na confecção das regras a serem convencionadas na cédula, de

modo que “há uma livre estipulação de taxas de juros, bem como dos períodos de

capitalização dos juros cobrados” (Martins, 2008).

A cédula de credito bancário só poderá ser emitida se observado os critérios

expressos na legislação brasileira, são dotadas de causalidade pois derivam de uma

operação de credito independente da modalidade, ficando assim a depender de uma

causa originária, e se esta for viciada a cédula fica prejudicada.

TÍTULO DE LEGITIMAÇÃO

Os títulos de legitimação são aqueles títulos que tem como função primordial

proporcionar ao seu portador a legitimação pra exercício do direito contido naquele

título. A legitimação se divide em legitimação ativa que é aquela que confere ao

possuidor do título a possibilidade de exercer o direito nele contido e

consequentemente a legitimação passiva, que está no dever da outra parte de

realizar a obrigação a ele incumbida.

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A posse do título de legitimação é indispensável para que para que o titular

possa exercer o direito nele contido e possa realizar a transmissão desse direito. É

de extrema importância ressaltar que mesmo que não exista proibição quanto a

circulação destes títulos, os mesmo não tem como função própria de sua natureza

esta circulação, ou seja, não se destinam a proporcionar a transmissão da

titularidade deste direitos. Como exemplo citamos: os bilhetes de espetáculos, títulos

de refeição, bilhetes de transporte e cautela de penhora.

Dentre os títulos de legitimação existe ainda uma outra categoria conhecida

como Comprovantes de Legitimação, os quais conferem iguais direitos e obrigações

como os títulos de legitimação acima mencionados, mais em razão de sua natureza

intransmissível não podem circular como é o caso das passagens de avião, cartões

de credito e débito.

CONCLUSÃO

Com este estudo, concluímos que os títulos de créditos impróprios apesar de

aproveitarem de alguns princípios e institutos dos títulos de créditos próprios, em

muitos aspectos se diferenciam destes.

Os três princípios estruturantes dos títulos de crédito próprio: o da

cartularidade, o da literalidade e o da autonomia cambial nem sempre estão

presentes nos títulos de crédito impróprios como é o caso dos títulos de legitimação,

que não tem como função primordial de sua existência a possibilidade da

transmissão dos direitos neles contidos.

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Referencia Bibliográficas:

NEGRÃO, Ricardo, Manual de Direito Comercial e de Empresa, Editora Saraiva, 1ª

ed, 2010

COELHO, Fabio Ulhoa, Manual do Direito Comercial, Editora Saraiva, 21ª ed, 2009

MARTINS, Maria Pia Romulo, Cédulas de Crédito, http://academico.direito-

rio.fgv.br/wiki/C%C3%A9dulas_de_cr%C3%A9dito, acessado em 05/11/2012

CORREIA, Miguel Pupo, Direito Comercial – Títulos de Crédito,

http://octalberto.no.sapo.pt/Direito_Comercial.htm, acessado em 10/11/2012

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