Artigo - Consideracoes Tipograficas Em Capas Vazadas e Rotulos de Vinis Compactos

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CONSIDERAES TIPOGRFICAS EM CAPAS VAZADAS E RTULOS DE VINIS COMPACTOS Milena Anunciada Monteiro Acadmica do curso de Design da Universidade Federal de Pernambuco UFPE; [email protected]

Resumo Alguns vinis compactos tinham capas geralmente de papel ou plstico, com um crculo vazado no meio que permitia a visualizao dos rtulos, sendo possvel ver a informao neles impressa. Essa relao define o uso diferenciado da tipografia nessas capas e rtulos.

Palavras-chave Tipografia, vinil compacto, rtulo.

Introduo O disco de vinil surgiu no incio da dcada de 50 substituindo os discos de goma-laca de 78 rotaes que eram bem mais pesados. Havia dois tipos de vinil mais conhecidos, o LP (long play) com 31 centmetros de dimetro, e o compacto com 17 centmetros. Estes compactos correspondem ao que hoje existe como singles, eram duas msicas, uma em cada lado do vinil. As capas e os rtulos destes vinis compactos so o objeto de estudo deste artigo. Pouco mais de 50 anos de evoluo grfica em capas de discos. Por serem menores que os LPs, o espao para a arte grfica menor. Um fator bastante peculiar destes compactos o crculo vazado de algumas capas, mesmo que a capa seja de material plstico, a parte do crculo no impressa, continuando transparente sendo assim possvel ver as informaes dos rtulos. Em sua grande maioria as capas so padronizadas pelas gravadoras e usadas em diversos vinis, para diversos artistas. O que pode em alguns casos causar certa confuso visual dependendo da tipografia e tambm dos grafismos utilizados, ou simplesmente aumentar o esforo cognitivo quando o indivduo procurava o vinil desejado. Outro fator interessante so as informaes dos rtulos, desde como esto diagramadas, at a hierarquia das informaes conforme o destaque dado a tipografia utilizada.

O principal intuito do uso de diferentes tipografias e cores est na tentativa de diferenciao visual. Mas nos compactos existe a dvida de at onde essa mistura visual entre rtulo e capa pode ajudar ou atrapalhar nesta identificao. Nos LPs possvel fazer essa identificao mais rapidamente. Salvo algumas excees onde a capa totalmente preta ou branca nos compactos, mas no o caso a ser estudado. A partir de cerca de 40 vinis compactos das dcadas de 60 a 80, foram escolhidos dois de artistas nacionais um mais prximo do incio e outro do fim deste perodo, para serem analisados neste artigo. Levando em considerao o ano em que as peas foram criadas e o desenvolvimento relacionado s tecnologias grficas. relevante citar que a primeira capa de disco de vinil foi produzida em 1948 por Alex Steinweiss pela Columbia Records. No Brasil, logo depois em 1951, Paulo Brves, produziu para a Sinter (distribuidora nacional da Capitol).

Anlise Tipogrfica

As capas dos compactos de vinil vazados tinham apenas o intuito de proteger os discos e divulgar as gravadoras, mas mesmo com a principal funo de proteo havia um projeto grfico elaborado e no aleatrio. Foi a partir da dcada de 60, que os projetos tipogrficos para as capas alcanaram um maior destaque. Havia maiores recursos tecnolgicos e liberdade de uso de cores. J na dcada de 70 essa liberdade foi se transformando. As cores vibrantes iam se tornando mais escuras. Na figura 1, abaixo temos a primeira capa de vinil compacto a ser analisada. o que se chama de capa padro produzida pela gravadora Chantecler, para o artista Waldik Soriano no ano de 1967, com as msicas "Minha vida precisa da tua" e "Minha ltima serenata".

Figura 1 Capa padro Chantecler, 1967

As capas eram conhecidas padres, pois eram produzidas com o intuito de divulgar a gravadora, portanto geralmente a capa apresentava o nome da empresa. Neste caso o nome vem repetido quatro vezes, ou seja, mesmo que colocado de maneira onde for guardado ser possvel visualizar corretamente o nome da marca. A fonte usada para capa outline e sem espaamento, com destaque para a letra A em tamanho maior que as outras, um recurso conhecido como anomalia, onde uma das partes se diferencia por cor ou tamanho. Tambm existe uma diferena de posicionamento entre as quatro palavras chantecler, a do lado esquerdo se localiza tangenciando o quadrado branco. Existe uma perda de equilbrio. Ao analisarmos o rtulo, trata-se de um tpico, onde as informaes so de uma tipografia simples e sem serifa. Todos os rtulos so dessa maneira, j que a inteno destacar a capa e a gravadora, assim como o logotipo da gravadora, neste caso nas mesmas cores do resto do texto, compondo uma harmonia. Um fato interessante neste rtulo o contorno de uma linha branca que delimita o espao onde esto as informaes relativas ao nome do artista e da msica, ambas colocados em caixa alta (outro fator que se repete nos rtulos dos discos). A disposio centralizada de todo o texto tambm fator recorrente.

Na figura 2, um disco da EMI Records, do artista Milton Nascimento do ano de 1978, com a "Maria, Maria", j observamos numa anlise geral o conjunto de cores que se torna mais sbrio. A tipografia usada no logotipo na capa bold e aplicada apenas em um dos lados do disco, mas de forma mais moderna.

Figura 2 Capa padro EMI, 1978

Os discos geralmente tm o logotipo repetido vrias vezes, nesta capa a soluo grfica foi mais impactante. A tipografia bold se repete no rtulo, desta

vez fugindo dos padres tendo seu texto com alinhamento esquerda. Fontes em caixa alta para o nome do artista e da msica e sem serifas para todo o texto. Por fim a anlise de uma capa da gravadora EMI, de 1981 do cantor Joel Teixeira, "Canto amigo". Capa e rtulo esto em harmonia de cores e no uso de elementos, mas a colocao da tipografia padro sem serifa, e com pouco destaque, faz com que haja uma dificuldade de leitura.

Figura 2 Capa padro EMI, 1981

Na capa a nica referncia tipogrfica est no logotipo da gravadora, que diferente dos discos normais no se repete no rtulo.

Concluses

A partir do estudo apresentado, juntamente com a anlise tipogrfica de todas as capas citadas, podemos perceber as sutis influncias de uma poca de mudanas tecnolgicas e estticas. Percebe-se que a tipografia utilizada na capa sempre tem a funo de destacar a gravadora, sendo assim sempre se utilizando de elementos sejam eles cores, formas, ou tipografias diferenciadas da que normalmente se aplica no logotipo, como no caso da capa da Chantecler. A variedade de fontes existentes desde o incio da poca da criao das primeiras capas bastante perceptvel. Mostra como a rea tipogrfica j estava desenvolvida dentro do design. Ainda no existiam as tipografias digitais e mais fora dos padres, mas possvel notar uma ousadia e uma apropriao de tcnicas para diferenciar as diversas tipografias existentes. Em se tratando da composio tipogrfica aliada a utilizaes de imagens pouco comum, principalmente nas capas. Rarssimas excees trazem imagens dos artistas, na capa ou no rtulo, ou alguma ilustrao.

Conclui-se que no o fato das tipografias diferencias ou o uso delas em conjunto que enriquece a produo, como nos LPs onde na capa tem-se o nome do artista, do disco e tambm da gravadora, causando muitas vezes uma poluio visual. A famlia tipogrfica em suas variaes o mais comum. Quanto aos rtulos, cumprem sua funo: a de destacar as informaes mais importantes: gravadora, nome do artista e nome da msica.

Bibliografia

Artigos LOPES, Mrcia Barros Pereira. As fontes no rock: uma anlise dos elementos tipogrficos em capas de discos. Disponvel em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/R1398-1.pdf SILVA, Evelyn Henrique1; ALMEIDA, Henrique Rockenbach1; BORGES, Cntia Dias; VARGAS, Mariana Tourinho1; HEINRICH, Fabiana Oliveira2; RAMIL, Chris de Azevedo. Consideraes sobre a tipografia em capas de disco dos anos 70 disponveis na discoteca do iad. Disponvel em: http://www.ufpel.edu.br/cic/2008/cd/pages/pdf/LA/LA_01623.pdf Site: www.jornalmusical.com.br