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 Prevalência e Definição Problema freqüente na população pediátrica.  Ainda não foram feitos estudos com grandes grupos populacionais, mas tudo indica que caso fossem feitos apenas confirmariam a alta prevalência da constipação no Brasil. Não há uma definição concreta do que classifica constipação. Alguns autores valorizam o aumento da consistência das fezes enquanto outros usam o termo para se referir a retardo na defecação.  A co nstipação é um sintoma de finido pela ocorrência de qualque r uma das se gu intes mani fe st õe s, inde pe ndentemente do inte rvalo en tre as evacuações: eliminação de fezes duras, em cíbalos, na forma de seixos ou cilíndric as com rachaduras, dificuldade ou dor para evacuar, elimina ção es por ádica de fez es muito volumo sa s que entop em o va so sanitário ou freqüência de evacuações inferior a 3 por semana, exceto em crianças em aleitamento natural exclusivo. Constipação crônica pode ser reconhecida a partir das complicações, principalmente escape fecal e dores abdominais recorrentes. Incontinência fecal refere-se à falta de controle do esfíncter decorrente de causas orgânicas como anomalias anorretais e disfunções neurológicas, como nos pacientes com meningomielocele. Fisiopatologia e etipatogenia  A d inâmica da evacuaçã o se dá da seguinte maneira: 1. O cólon absorve água e eletrólitos, conduz as fezes a partir do intestino delgado e armaze na as feze s, especialmente no sigmói de, an tes da evacuação. 1. O reflexo gastrocólico se propaga a partir do sigmóide proximal até o terminal, empurrando as fezes para o reto. 1. Quando as fezes chegam ao reto, receptores sensíveis ao estiramento ativam o reflexo reto-anal do esfíncter interno, formado por muscu latura lisa, permitindo que o conteúdo retal seja percebido de modo discriminado para gases, líquidos ou fezes pastosas. 1. O indivíduo pode então, se for o caso, contrair a musculatura esquelética do esfíncter externo para retardar o processo até um momento apropriado. 1.  A posição ideal para a defecação é a de agachamento, com contração da musculatura abdominal durante a inspiração, relaxamento do esfíncter externo do ânus e contração do músculo elevador do ânus. Essa dinâmica é alterada pela constipação funcional crônica. Um importante fator coadjuvante ou desencadeador da constipação é a evacuação dolorosa, secundária à eliminação de fezes muito duras, fissuras anais ou proctite associada à alergia ao leite de vaca.  A dor causa comportamento retentivo, onde a criança contrai a musculatura glútea e o esfíncter externo do ânus para impedir a evacuação. A longo prazo isso pode provocar distensão progressiva da ampola retal e megarreto. Cerca de um quinto dos pacientes com constipação funcional apresenta o início do problema na época de treinamento do controle do esfíncter externo, nos primeiros dois anos de vida.

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Prevalência e Definição

Problema freqüente na população pediátrica. Ainda não foram feitos estudos com grandes grupos populacionais, mas

tudo indica que caso fossem feitos apenas confirmariam a alta prevalência da

constipação no Brasil.Não há uma definição concreta do que classifica constipação. Alguns

autores valorizam o aumento da consistência das fezes enquanto outrosusam o termo para se referir a retardo na defecação.

 A constipação é um sintoma definido pela ocorrência de qualquer uma dasseguintes manifestações, independentemente do intervalo entre asevacuações: eliminação de fezes duras, em cíbalos, na forma de seixos oucilíndricas com rachaduras, dificuldade ou dor para evacuar, eliminaçãoesporádica de fezes muito volumosas que entopem o vaso sanitário oufreqüência de evacuações inferior a 3 por semana, exceto em crianças emaleitamento natural exclusivo.

Constipação crônica pode ser reconhecida a partir das complicações,principalmente escape fecal e dores abdominais recorrentes.

Incontinência fecal refere-se à falta de controle do esfíncter decorrente decausas orgânicas como anomalias anorretais e disfunções neurológicas,como nos pacientes com meningomielocele.

Fisiopatologia e etipatogenia

 A dinâmica da evacuação se dá da seguinte maneira:1. O cólon absorve água e eletrólitos, conduz as fezes a partir do intestinodelgado e armazena as fezes, especialmente no sigmóide, antes daevacuação.1. O reflexo gastrocólico se propaga a partir do sigmóide proximal até oterminal, empurrando as fezes para o reto.1. Quando as fezes chegam ao reto, receptores sensíveis ao estiramentoativam o reflexo reto-anal do esfíncter interno, formado por musculatura lisa,permitindo que o conteúdo retal seja percebido de modo discriminado paragases, líquidos ou fezes pastosas.1. O indivíduo pode então, se for o caso, contrair a musculatura esqueléticado esfíncter externo para retardar o processo até um momento apropriado.1.  A posição ideal para a defecação é a de agachamento, com contração

da musculatura abdominal durante a inspiração, relaxamento do esfíncter externo do ânus e contração do músculo elevador do ânus.Essa dinâmica é alterada pela constipação funcional crônica.Um importante fator coadjuvante ou desencadeador da constipação é a

evacuação dolorosa, secundária à eliminação de fezes muito duras, fissurasanais ou proctite associada à alergia ao leite de vaca.

 A dor causa comportamento retentivo, onde a criança contrai amusculatura glútea e o esfíncter externo do ânus para impedir a evacuação. Alongo prazo isso pode provocar distensão progressiva da ampola retal emegarreto.

Cerca de um quinto dos pacientes com constipação funcional apresenta o

início do problema na época de treinamento do controle do esfíncter externo,nos primeiros dois anos de vida.

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O desmame é considerado um período no qual o lactente podedesenvolver constipação. Um estudo feito com 240 lactentes entre 2 e 20semanas de idade demonstraram que até a oitava semana de vida afreqüência diária de evacuação era superior nos lactentes em amamentamento natural. Esses também possuíam maior volume de fezes.

Outro fator alimentar importante na prevenção da constipação é aingestão de fibras. Apesar de haverem poucos estudos analisando oconsumo de fibras por crianças com e sem constipação, os que já foramfeitos indicaram que o consumo de fibras na dieta alimentar de criançascom constipação é inferior.

Tratamento

 Apesar da elevada prevalência de constipação, nem sempre a criançarecebe tratamento específico para esse problema. Muitas vezes, existeresistência da família às medidas terapêuticas da constipação, ou ainda, a

família nem sempre valoriza as manifestações clínicas de constipação queseus filhos apresentam.

O tratamento tem como objetivo eliminar ou aliviar os sintomas maisinstalados e prevenir ou minimizar a ocorrência de complicações.

Oferece bons resultados e deve ser feito levando-se em conta a gravidadeda constipação e a idade da criança.

O programa terapêutico deve constar fundamentalmente de quatro itens:educação, desimpactação, recondicionamento do hábito intestinal normal eprevenção da reimpactação.

 Assim, tradicionalmente são incluídas no tratamento as seguintes etapas:orientação geral, esvaziamento do fecaloma, tratamento de manutenção erecondicionamento esfincteriano.1.  A orientação consiste em dialogar com os pais, explicando osmecanismos de retenção e escape fecal, esclarecendo que o paciente nãopossui culpa. É fundamental que se reduza a tensão familiar e o sentimentode insegurança e inferioridade do paciente, para que sua auto estima nãoseja afetada.1. O esvaziamento do fecaloma é feito com o emprego de enemas. Entreas substâncias mais utilizadas estão a glicerina e a vaselina.1. O tratamento de manutenção é basicamente a adoção de novos hábitosalimentares, com a inclusão de alimentos ricos em fibras. No início devem

também ser aplicados laxantes, com dose reduzida progressivamente.1. Para o recondicionamento do hábito intestinal as crianças são orientadasa permanecerem sentadas no vaso sanitário, por pelo menos cinco minutosapós as principais refeições, com a finalidade de aproveitar o reflexogastrocólico para desencadear a evacuação.

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