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JASON LEVY REIS DE SOUZA TAMIRES GREGÓRIO MENESES VICTOR SAID DOS SANTOS SOUSA VICTÓRIA BENVENUTO DA SILVA CABRAL CRIMES VIRTUAIS, PUNIÇÕES REAIS Salvador 2012

Artigo Crimes Virtuais, Punições Reais

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JASON LEVY REIS DE SOUZA

TAMIRES GREGÓRIO MENESES

VICTOR SAID DOS SANTOS SOUSA

VICTÓRIA BENVENUTO DA SILVA CABRAL

CRIMES VIRTUAIS, PUNIÇÕES REAIS

Salvador

2012

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JASON LEVY REIS DE SOUZA

TAMIRES GREGÓRIO MENESES

VICTOR SAID DOS SANTOS SOUSA

VICTÓRIA BENVENUTO DA SILVA CABRAL

CRIMES VIRTUAIS, PUNIÇÕES REAIS

Artigo Argumentativo solicitado como objeto de avaliação parcial da III Unidade pela professora Manuela Cunha da Disciplina de Português no Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia da Bahia, Coordenação de Automação e Controle Industrial. Sob orientação da professora Manuela Cunha.

Salvador

2012

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RESUMO

Este artigo tem por objetivo demonstrar o histórico sobre a internet e os crimes nela cometidos, chegando até os dias atuais, nos quais os crimes primariamente praticados na web se unem a outros novos formando uma gama de atividades ilícitas, denominada crimes virtuais. As punições para tais crimes ainda são “inexistentes” até a atualidade na qual os hackers e crackers, que são respectivamente invasores de sistemas privados e ladrões de informações pessoais e dinheiro, porém quando são descobertos acabam não sendo punidos como deveriam, pela ineficiência das leis nacionais e mundiais, que pela falta de uma lei sem brechas e especifica para punir crimes cibernéticos, se aplicam aos infratores virtuais leis intermediarias que cobrem o seu caso. Há exemplos das conseqüências desses atos ocorreram fatos no Brasil e no mundo que comprovam o “poder de fogo” desses criminosos, como os ataques de 11 de setembro de 2001 nos quais os aviões que atingiram as torres gêmeas e o pentágono foram tiveram sua rota programada por hackers. Outro caso foi o apagão que ocorreu no estado do Espírito Santo em 2007, deixando três milhões de residências sem energia elétrica. As tentativas de deter esses crimes foram elaboradas pelo governo do presidente Barack Obama com os projetos de lei SOPA e PÌPA que acabaram sendo vetados por causa dos protestos populares e virtuais contra essa lei que retirava o direito de compartilhar boa parte das informações on-line. Este artigo foi feito pelo método da revisão bibliográfica de artigos com o objetivo de obter informações aprofundadas sobre o assunto.

Palavras-chave: Internet; Crimes Virtuais; Hacker; Punições

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1. INTRODUÇÃO

Visando obter vantagem sobre a União Soviética, os Estados Unidos da América

desenvolveu aquela que seria uma das maiores revoluções de todos os tempos, se não, a

maior. Armazenar e transferir dados por longas distâncias, mesmo sobre ataque, este era o

objetivo da, futuramente denominada, internet.

Apesar de sua origem ser puramente militar, à medida que houve a expansão

cibernética a internet passou a ser alvo, dos já existentes, hackers. Estes “vilões virtuais”

acabaram por gerar graves problemas de segurança na “rede”, afinal eles são responsáveis

por invadir, roubar, piratear e muito mais. Porém a medida que os computadores e internet

passaram a ser um bem indispensáveis nos lares da sociedade humana, tais crimes

tomaram outras facetas.

Cyberbulling, pedofilia, tráfico de drogas, prostituição infantil, estelionato e phissing.

Estas são algumas das novas faces destes crimes tão difundidos na sociedade

contemporânea. Porém, apesar do crescimento dos tipos de crimes cometidos via internet,

não houve tais progressos por parte das leis que regularizam o meio virtual.

Buscando efetuar uma análise e discussão sobre este tema que este artigo foi

elaborado. Baseado na revisão bibliográfica foi possível através da consulta de artigos,

websites, dicionários, monografias, dissertações, teses e outros formular o embasamento

teórico necessário para realizar a devida análise e debate sobre o tema presente: Crimes

Virtuais, Punições Reais.

2. A HISTÓRIA DA INTERNET E DOS CRIMES VIRTUAIS

Em 1969 foi desenvolvido pelo governo estadunidense um sistema de

armazenamento e transmissão de dados com objetivo militar denominado,

futuramente, “internet”. Tal recurso militar mostrou-se uma das maiores inovações de

todos os tempos. A invenção que buscava manter a comunicação e armazenamento

de dados confidenciais do Governo acabou, após a Guerra Fria, tendo grande

utilidade para as universidades. Já que visando ampliar a disseminação do

conhecimento, aquele novo recurso revolucionário foi instalado nestas.

A eficiência daquele sistema foi tamanha que gerou problemas aos servidores

do governo. A “internet” era inegavelmente revolucionária, ela era capaz de

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armazenar, transmitir e acessar dados de forma rápida e por longas distâncias. A

potencialidade daquele dispositivo eletrônico era inegável, tanto que até mesmo a

Rainha inglesa Elizabeth II utilizou o serviço para envios de mensagens, já que era

uma forma extremamente segura de transmissão de dados.

Tamanha demanda levou a divisão da internet em dois grandes grupos: a

com objetivos militares e a com objetivo não-militares. A última desenvolveu-se de

forma notável. O HTML 1.0 foi o marco inicial da grande era da Internet. Ressalta-se

que até 1985 o nome “internet” não era utilizado, este passou a ser utilizado para

designar o conjunto de redes relacionado à “ARPANET”

(AdvancedResearchProjectsAgency network, que em tradução livre significa “Rede

da Agência de Projetos de Pesquisa Avançados”), enquanto a com objetivos

militares foi denominada “MILNET” (Military Network, que em tradução livre significa

“Rede Militar”).

Após o marco do HTML 1.0 a, agora, internet passou a se disseminar pelo

mundo. Revolução, essa é a palavra que melhor define esse sistema de

transferência, armazenamento e controle de dados à longa distância que acabou em

1990, quando a internet foi dita como forma “segura” de pesquisa, “Alastrando-se

por toda a população mundial, tornando-se num cibermundo sem fronteiras

espaciais, territoriais, sociais, económicas, culturais, etárias, linguísticas e raciais,

surgindo a chamada ‘Sociedade da Informação’” (DIAS, 2010).

Porém antes mesmo desta data, 1990, a internet já se mostrava um sistema

de comunicação não tão seguro assim, havia e ainda há diversas formas de burlar a

segurança desta. Sendo que a maioria das pessoas capazes de burlar estes

sistemas são denominadosHackers, porém hackers não são de fato os “vilões”. Para

melhor esclarecimento deste quesito SÁ (2005) pontua:

Hacker: é aquele que sente prazer em explorar os sistemas programáveis. Sabe perfeitamente que nenhum sistema é completamente seguro, procura as falhas e suas possíveis soluções práticas e estruturais. O “hacker histórico” é submetido a etapas de crescimento dentro da cultura hacker, que combinam aspectos objetivos e subjetivos de sua pessoa. Cracker: É aquele que usa seu conhecimento para: roubar informações, espalhar vírus na rede, assaltar virtualmente bancos e etc. Possui tanto conhecimento quanto o hacker. Carder: Especialista em roubos de número de cartões de crédito. Causa prejuízo financeiro ao usuário comum e costuma direcionar seus ataques às operadoras de cartão de crédito.

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Phreaker: Especialista em telefonia. Faz parte de sua atividade ligações gratuitas em telefones públicos (programar orelhões), reprogramação de centrais telefônicas, telefones celulares, telex, escutas por telefones e etc. Os conhecimentos de umphreaker são essenciais e ele pode se associar tanto a hackers quanto a crackers. Lammeré aquele que já sabe alguma coisa de programação de computadores e acha que sabe tudo. Pode dar uma boa dor de cabeça a usuários domésticos e pequenas empresas, que não possuem uma boa segurança. Às vezes são manipulados por crackers e agem distribuindo programas espiões e vírus. Newbies: São os principiantes que querem aprender sobre hackers. Conhecem pouco ou nada de programação.

Ressalta-se ainda que estes não são os únicos causadores de cibercrimes,

pois como já abordado, há uma infinidades de crimes e algozes. Enquanto, o grupo

de hackers irá se preocupar com invasões de diversos tipos e semelhantes, haverão

outros que preocupar-se-ão em disseminar a pedofilia, cyberbulling, preconceito,

intolerância, e afins. A gama de crimes virtuais torna-se quase infinita quando bem

analisada.

É claro, que sem relatar os crimes que ocorrem na vida real e que de alguma

forma tem a ação da internet, um exemplo disso são os serialkillers que podem ser

facilmente encontrados nesta. Solicitar um assassinato não é algo muito difícil na

internet. Porém, esta variedade de ações criminosas possuem punições previstas

por lei e são essas leis que irão tentar, de forma mal sucedida, a supressão de tais

crimes.

Sendo que ao decorrer dos anos a tecnologia foi desenvolvendo-se mais e

mais, e à medida que a internet crescia os cibecrimes foram se massificando, já que

ao mesmo tempo em que a legislação pecava quanto a estes crimes, os sistemas de

defesas não eram tão eficientes quanto o necessário. Devido a tais falhas foi

criada a Convenção sobre Criminalidades do Conselho Europa. Tal convenção tinha

por objetivo sancionar métodos e leis que pudessem deter estes crimes.

No Brasil, a internet só veio a ser implantada em meados dos anos de 1990,

logo poucas pessoas poderiam ter acesso a ela, afinal novas tecnologias tem preços

extremamente elevados. Com o tempo os geeks e nerds, foram criando força no

território brasileiro. No ano de 1999 foi criado um vírus chamado de Melissa, que

causou prejuízos enormes chegando a 80 milhões de dólares, mas seu criador

David Smith não lucrou nada com esse ato.

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Os hackers perceberam a potencialidade que o ramo a que pertenciam

possuía, foi então que optaram por obter lucros a partir de suas atividades ilícitas.

Foi criado então o banker, que nada mais é do que uma forma de invadir senhas

bancaria e efetuar a transferência do dinheiro da conta das vítimas para suas

contas.

Em 2001 era sancionada no Brasil uma lei que criminalizasse os furtos e

estelionatos eletrônicos de forma especifica, foi então criada a PLS 76/2000 que

tipificava os crimes informáticos e dentro delas art.155, que possui uma pena de 2 a

8 anos, por furto e o art.171 por estelionato, porém essas leis vieram com alguns

equívocos como não via a intenção de causar danos a outrem.

A força dos destes vilões virtuais tornou-se tão intensa que havia malwares

capazes de derrubar aviões, fazer casas ficarem sem energia como aconteceu em

2005 no Rio de Janeiro e também em 2007 no Espirito Santo fazendo com que três

milhões de pessoas ficassem sem energia elétrica, apesar do Governo Brasileiro

afirmar que foi um incidente, o Serviço de Inteligência dos Estado Unidos afirmou,

diferente último, que a queda de energia deu-se por um ataque hacker e não por um

incidente.

No ano de 2011, após a prisão daquele considerado como sendo o maior

responsável pela pirataria virtual no mundo, o dono da Megaupload, Kim Schmitz,

houveram leis criadas pelo Senado estadunidense com o objetivo de diminuir a

pirataria e proteger os Direitos Autorais, veio à tona, os já desgastados, projetos

SOPA (Stop Online PiracyAct, em tradução livre, Lei de Combate à Pirataria Online)

e PIPA (PROTECT IP: Act Preventing Real Online Threatsto Economic Creativity

and Theftof Intellectual Property Actof 2011, em tradução livre, Ato de Prevenção

Contra Roubos e Ameaças Virtuais à Propriedade intelectual).

Os títulos dos mesmos já deixa claro o objetivo de suas criações: combate a

pirataria e proteção da propriedade intelectual. Tais leis, se sancionadas e aplicadas

no meio virtual iriam trazer limitações extremas à rede de conhecimento, já que tudo

o que é produzido por um autor, seja ele quem for, não poderá ser compartilhado e

distribuído na internet, como é realizado na atualidade.

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A possibilidade de sancionamento de tal lei levou o maior grupo de hackes do

mundo a agir. O grupo autointitulado Anonimus, em forma de protesto e em

declaração pública de guerra ao FBI (Federal Bureau ofInvestigation, em tradução

livre: Departamento Federal de Investigação), iniciou a derrubada de diversos sites

mundiais e até o do próprio FBI. No Brasil, não foi diferente bancos como o

Bradesco saíram do ar por um dia inteiro, gerando prejuízos tanto para a empresa,

quanto para seus clientes.

3. CRIMES VIRTUAIS

Crimes virtuais ou cibernéticos são atos praticados ilicitamente com o intuito

de roubar, ofender, denegrir, prejudicar, abusar psicológica ou fisicamente outro

indivíduo. Estes atos podem ser realizados contra uma pessoa ou contra bens

materiais e imateriais, sendo que este último pode ser direcionado a bens

governamentais, como bancos, ou pode ser realizado contra bens de um individuo,

como o roubo.

Para o combate desses crimes cibernéticos não se utiliza leis específicas, nos

dias atuais a Constituição já possui leis para inibir estas práticas ilícitas, porém

baseadas no meio real. Devido à expansão da internet em proporções nunca antes

vistas é muito mais difícil combater estas práticas, afinal os seus recursos têm se

desenvolvido tanto quanto a mesma.

Na atualidade, o governo mostra-se lento em relação ao desenvolvimento de

métodos e leis para inibir a expansão dos crimes virtuais. A discussão só volta à

tona quando estas ações voltam-se para as ditas, “pessoas públicas” ou que

exercem tanta influência quanto, como foi o caso da atriz Carolina Dieckmann, que

teve fotos íntimas roubadas de seu computador pessoal, sendo submetida à

chantagem por um grupo de hackers e tendo suas fotos divulgadas pela internet.

No Brasil os crimes cibernéticos vieram à tona somente no final da década de

90, quando foi descoberta uma invasão em vários sites ligados ao governo, como o

site oficial do Supremo Tribunal Federal. Este fato aconteceu no dia 18 de junho de

1996. A partir deste evento a sociedade brasileira soube o que eram estes crimes

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cibernéticos e o governo passou a ter um problema imprevisto: a invasão por crimes

virtuais.

Há vários tipos de crimes cibernéticos, sendo os principais:

• Crimes contra a Pessoa (injúria, calunia, difamação, discriminação,

preconceito);

• Crimes contra ao Patrimônio Público ou Pessoal (furto, estelionato e

phishing);

• Crimes contra a propriedade imaterial (pirataria e utilização indevida do nome

ou pseudônimo de outra pessoa);

• Crimes contra os costumes (pedofilia, favorecimento a prostituição de

menores);

• Crimes contra a Incolumidade Pública (tráfico de drogas e armas);

• Crimes contra a Paz Pública (incitação e apologia ao crime organizado e

organização de facções criminosas).

Os crimes contra a pessoa são praticados por indivíduos que tem a intenção

de humilhar e agredir psicologicamente outro indivíduo. Para isso utilizam algum

“defeito” físico da vítima ou até a criação de situações em que a vítima está

envolvida, o que caracteriza injúria, calúnia ou difamação. Estes atos são realizados

no intuito de satisfazer o criminoso e minimizar problemas sofridos pelo mesmo.

Para o criminoso é mais fácil realizar estes atos, com o objetivo de minimizar suas

aflições, do que procurar por ajuda.

Nos crimes contra o patrimônio público ou pessoal são realizados atos ilícitos

para obter informações sigilosas e utilizá-las para benefício próprio, como é o caso

de invasões realizadas por hackers em sites ligados a bancos. Para isso o criminoso

utiliza de artifícios ilegais para conquistar sua vítima e a partir disso se apropriar de

seus bens. Este ato é denominado de estelionato. Estes artifícios podem incluir a

utilização de softwares que são baixados em dispositivos eletrônicos da vitima com o

intuito de roubar informações bancárias ou até mesmo informações dos cartões de

crédito que a vítima possui (o chamado phishing).

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Crimes contra a propriedade imaterial são aqueles em que o indivíduo utiliza

artifícios ilícitos para se apropriar de produtos que não lhe pertencem (utilizações

impróprias de pseudônimos de outra pessoa) ou falsificá-los com o intuito de vendê-

los a preços mais baixos que os produtos valem realmente no mercado,

desqualificando assim o trabalho realizado no produto (pirataria).

Os crimes contra os costumes são aqueles que não seguem os padrões que

a sociedade construiu. Ao invés de adultos praticarem atos libidinosos com uma

pessoa de mesma idade, estes realizam estas ações com menores de idade,

atentando contra os bons costumes e contra a inocência de uma criança que ainda

está constituindo sua vida, a chamada pedofilia. E ainda mais grave é quando esses

criminosos, denominados pedófilos, além de abusar destas pobres e inocentes

crianças, às exploram sexualmente. Estas viram um produto no mercado, aonde o

sexo vem acima de qualquer coisa e a idade não importa. Neste mundo o que

interessa é os seus prazeres sexuais serem realizados como foi idealizado. Este

crime é denominado de favorecimento a prostituição de menores de idade, que

muitas vezes, são meninas na flor da idade.

Crimes contra a incolumidade pública e crimes contra a paz pública se

relacionam porque os dois têm seus crimes diretamente ligados a atos ilícitos que

envolvem drogas e armas. Entre estes atos estão à incitação e apologia ao tráfico de

drogas e armas, sendo que por incentivar esses atos pode haver a formação de

grupos organizados em prol de crimes contra a população e contra ao governo.

Os crimes cibernéticos nos dias atuais crescem assustadoramente, sendo

que o crescimento destes não é diretamente proporcional ao crescimento de leis

para inibi-los. Há leis, mas estas precisam melhorar para que as punições sejam

mais drásticas e que diminuam as incidências de crimes cibernéticos.

4. PUNIÇÕES REAIS: QUANTO À JURISDIÇÃO

A Legislação Brasileira não possui leis específicas para os crimes virtuais,

não há no Código Penal Brasileiro, elaborado em 1940, previsão para tais crimes.

Para realizar o julgamento destes utiliza-se de outras leis que referem-se ao crime

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cometido em meio real e não em meio virtual. Sendo, em caso de impasse, o Direito

responsável pela análise e julgamento de tais delitos.

Além destas leis, há ainda a legislação vigente da ANATEL (Agência Nacional

de Telecomunicações), pois a internet é enquadrada como um meio de

telecomunicação, o que torna possível submetê-la as leis da ANATEL

então amparada legalmente na Constituição Federal no artigo 21, XI, que prevê que compete a União: XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais. (SILVEIRA, 2012)

Porém em casos específicos quando os crimes cometidos fogem as

características englobadas como sendo de “telecomunicações”, aplica-se o primeiro

caso, o qual, baseado nas características do crime, haverá a devida punição como

se o crime houvesse sido cometido em meio real.

Apesar de não haver uma regulamentação de fato, baseando-se nas leis do

meio físico e da ANATEL cerca de 90 a 95% dos casos em que é possível cometer

crimes virtuais são legislados pela Constituição, permitindo assim, em âmbito

jurídico, após a devida análise, comprovação e julgamento, que se aplique uma

pena baseada nas infrações cometidas.

Quanto à limitação territorial, Moles apud Silveira (2012) pontua: “O

ciberespaço não dispõe de fronteiras territoriais, mas de normas ou técnicas, que

regulam sistemas de acesso e que não pertencem ao mundo jurídico. Assim, não

vigora o conceito de soberania e nem de competência territorial”.

Este é um fator deveras problemático, já que todo país, seja ele qual for, tem

soberania e jurisdição dentro de seu território, porém quando não há um espaço

delimitado isto inviabiliza quaisquer punição prática, afinal não se pode aplicar as

leis de um país à um indivíduo que não está limitado à seu território. Quanto à isso,

utilizara-se então, para validação legal, o local o qual o crime se direcionou, no caso

deste visar um local físico; e o indivíduo visado, para que assim sua nacionalidade

possa agir como elemento validador.

E em caso de nossa constituição, Silveira (idem) pontua:

Para alguns casos específicos a lei brasileira pode também ser aplicada fora do território como já mencionado em casos previstos e norteados por

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princípios previstos em nossa Carta Magna que dispõe sobre o Princípio da defesa ou proteção real previsto art. 7º, inciso I, §3º que a lei aplicada é a que se refere à nacionalidade do bem jurídico lesado.

Apesar da possibilidade de punibilidade e aplicação Brasileira nos casos previstos é evidente que não há facilidade em executar as leis já que cada país possui suas próprias leis.

Prevê-se na lei as punições para os crimes expressos na Tabela 1.

Tabela 1 – Tipo de Crimes, Lei Aplicável e Punições Previstas. Nomenclatura Lei Aplicável Punição

Calúnia Art. 138 do Código Penal (“C.P.”)

Detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Difamação Art. 139 do C.P. Detenção, de 3 (três)

meses a 1 (um) ano, e multa.

Injúria Art. 140 do C.P. Detenção, de 3 (três)

meses a 1 (um) ano, e multa.

Ameaça Art. 147 do C.P. Detenção de um a seis meses, e multa.

Furto Art. 155 do C.P. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Dano Art. 163 do C.P. Detenção, de um a seis meses, ou multa.

Apropriação indébita Art. 168 do C.P. Detenção, de 1 a 4 anos, e multa.

Estelionato A.rt. 171 do C.P. Detenção, de um a cinco anos, e multa.

Violação ao direito autoral Art. 184 do C.P. Detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.

Pedofilia (Estatuto da Criança e do Adolescente) Art. 247 da Lei 8.069/90

Detenção, de 1 a 30 anos. (Variando com a

gravidade do caso)

Crime contra a propriedade industrial Art. 183 da Lei 9.279/96 Detenção, igual ou inferior a 1 ano, ou multa

Interceptação de comunicações de informática Art. 10 da Lei 9.296/96 Detenção, de dois a

quatro anos, e multa. Interceptação de E-mail Comercial ou

Pessoal Art. 10 da Lei 9.296/96 Detenção, de dois a quatro anos, e multa.

Crimes contra software - “Pirataria” Art. 12 da Lei 9.609/98 Detenção, de um a quatro anos, e multa.

Fonte: SILVEIRA (2012); JUSBRASIL (2012) – Ambos editados.

CONCLUSÃO

Desde a criação da internet em 1969 com objetivos puramente militares a internet desenvolveu-se de forma inquestionável, tomando também proporções igualmente inquestionáveis. Na atualidade, não possuir um computador é tão estranho quanto não se ter uma, indispensável, geladeira. Em meio ao crescimento pré-maturo da internet, foram se desenvolvendo, além de novas tecnologias, novos tipos de crimes virtuais.

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Os denominados Hackers, e seus subtipos, são os principais responsáveis por crimes voltados às grandes empresas, órgãos governamentais, invasões, pirataria, crimes de grande porte, em geral, invasões bancárias e uma gama de outros crimes que não poderiam ser cometidos por pessoas sem um conhecimento, no mínimo, vasto em informática.

Além Crimes contra instituição governamentais e de grande porte, há ainda os crimes que, graças a revolução tecnológica, são cometidos por pessoas comuns com objetivos de opressão, difamação ou calúnia. Tais crimes, quando direcionados a jovens e crianças, caracterizam o chamado cyberbulling. Havendo ainda uma infinidade de outros crimes que podem ou não ser cometidos por pessoas comuns, como é o caso dos crimes contra: o patrimônio público ou pessoal; propriedade imaterial; os costumes; a Paz Pública; a Incolumidade Pública.

No caso da Constituição Brasileira, não há leis específicas para esses crimes, sendo utilizado a penalidade para crimes exercidos em meio “real”. Apesar destes deficts a constituição, baseando-se neste modelo, consegue suprir 90 a 95% dos crimes virtuais.

Conclui-se assim, que apesar da falta de jurisdição específicas para os cibercrimes, há meios para se efetuar o julgamento e respectiva punição das pessoas ou grupos responsáveis por estes atos ilícitos, que podem assumir diversas faces, algumas mais sérias, como é o caso das invasões à bancos com objetivos de roubo, ou um pouco mais leves, como é caso do cibercrime.

É indispensável para um combate mais eficiente a tais crimes o desenvolvimento de leis mais severas e específicas para estes, já que em âmbito jurídico há, infelizmente, falhas quanto a sua penalidade. Afinal, são utilizadas leis secundárias que em casos especiais apresentaram-se falhas.

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