ARTIGO DE GEOGRAFIA - pronto para correção

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A EROSO COSTEIRA E OS IMPACTOS AMBIENTAIS NAS PRAIS DE PIEDADE E CANDEIAS EM JABOATO DOS GUARARAPES Larissa Carla Oliveira1, Keyth Saborido Ratis.2Se os homens voltassem mais a mente ao que a Natureza est a lhes mostrar, seguindo-a, melhor seria toda gente. Dante Alighieri - Paraso, VIII, 142-144.

RESUMO O presente estudo se prope a estudar o processo de eroso costeira da cidade de Jaboato dos Guararapes enfatizando a regio das praias de Piedade e Candeias. Fatores geogrficos como climatologia, dinmica geomorfolgica, dinmica costeira e fatores socioeconmicos como especulao imobiliria, ocupao irregular e o descaso nas polticas pblicas sero parmetros de estudo utilizados nas seguintes discusses, bem como o histrico da regio. Alm dos impactos provenientes da eroso na costa Jaboatonense iremos nos debruar sobre a ao poltica e como a populao vem se mobilizando no que tange aos problemas ocasionados pelo avano do mar. Palavras-Chave: eroso costeira, Jaboato dos Guararapes, polticas pblicas. Introduo Situada na Regio Metropolitana do Recife a cidade de Jaboato dos Guararapes trs um plo movimentado em torno das industrias, comercio e turismo que proporciona um crescimento local e populacional. Devido a conurbao com a cidade do Recife, a populao da cidade fica no entorno de 81%, instalando-se boa parte ao longo da faixa litornea das praias de Piedade e Candeias. Com a expanso urbana, na dcada de 70 a o desenvolvimento dessas reas sendo construda casas de veraneio ao longo da orla que com o passar dos anos foram sendo substitudas por grandes edificaes. Tas construes influenciaram a dinmica costeira da rea que passou a sofrer, com invaso o avano do mar, no qual foi provocado pela eroso marinha e pela interveno antrpica realizada na rea.

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Graduanda do curso de Licenciatura plena em Histria pela UFRPE ,cursando 7 perodo . Graduanda do curso de Licenciatura plena em Histria pela UFRPE ,cursando 7 perodo .

As eroses ocorrem devido a fatores ambientais como o clima, os ventos, mas a interferncia humana um dos principais fatores para o desenvolvimento erosivo. Ao longo da orla jaboatonense as destruies provocadas crescem a cada dia, levando as autoridades a intervirem com polticas publicas que contenham a eroso e o avano do mar nas moradias. Histrico da Regio Situadas na cidade de Jaboato dos Guararapes as praias de Piedade e Candeias tinham sua orla interligadas com as praias de Boa Viagem e Pina, formando um extenso corredor praial conhecido como praia da Candelria que recebeu essa nomeao devido a Igreja da Candelria que ficava no Bairro de Candeias, sendo esta destruda pelo o avano das mars na dcada de 30. 3 Tendo a praia de Piedade depois da construo da Capela em vocao a Nossa Senhora da Piedade o recebimento do nome. Piedade e Candeias traziam no entorno de sua orla uma vasta vegetao de restinga, rica em Maria farinhas, siris e outras espcies que traziam o sustento dos pescadores que habitavam os arredores da orla. No inicio do sculo XX a faixa litornea das praias de Piedade e Candeias sofreu a ocupao de casas de veraneio, que com passar dos anos foram sendo substitudas por grandes edificaes que cobriram as moradias existentes as prejudicando fisicamente e paisagisticamente. Com vista o forte crescimento da cidade e as moradias estendendo-se a faixa litornea a Prefeitura de Jaboato dos Guararapes criou a lei municipal N 256 de 1996 que dispe do uso da rea da Avenida Beira Mar para construes de edificaes. Dos oito quilmetros da orla que tambm compreende a praia de Barra de Jangada, apenas dois esto preservados por legislaes restritas, que so eles os trechos da Igreja de Piedade at o limite com o Recife. Essas intervenes antrpicas ocasionam a diminuio da faixa de areia e por conseqncia a aproximao do mar nas residncias ao longo da Avenida Bernardo Vieira de Melo. Eroso costeira: O Processo Entende-se por eroso o conjunto de processos, como o desgaste, transporte e acumulao que resultam na transformao da superfcie. A eroso atinge indistintamente costas rochosas e arenosas, regies pouco urbanizadas ou com grandes

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Dados encontrados no Blog: jaboatodosguararapes.blogspot.com.

concentraes humanas. 4 Os processos erosivos martimos podem ser ocasionados por agentes naturais ou antrpicos, embora na maioria dos casos haja uma combinao desses fatores, afetando a faixa litornea ocasionando a diminuio da costa. A

dinmica costeira o resultado desses fatores que quando combinados exercem sua influncia sobre determinada rea litornea. Ao analisar essa dinmica necessrio entender que:Os processos sedimentares (eroso, deposio e transporte) que ocorrem em uma praia so produto de fatores meteorolgicos/climticos, oceanogrficos/hidrolgicos, geolgicos e antrpicos.5

No Brasil, os estudos sobre eroso costeira ganharam grande expresso a partir da dcada de 1990 , tendo em vista a intensificao dos processos erosivos e a relevncia que tais eventos naturais tomaram em todo territrio nacional.

Eroso costeira e fatores naturais Dentre os fatores ambientais apontados pelos estudiosos como responsveis pela eroso costeira podemos reconhecer dois principais agentes- a elevao da superfcie ocenica e a movimentao marinha de origem sedimentar.6 Em Jaboato o perodo de maior preocupao ocorre do ms de julho a setembro, quando os ventos so mais fortes e as mars mais altas.7 A dinmica que o ambiente praial est submetido entendida por muitos pesquisadores da seguinte forma : quando a sada/perda de sedimentos maior do que a entrada/ganho de sedimentos, haver um dficit sedimentar, predominando a eroso da praia, com diminuio paulatina de sua largura e a retrao da linha de costa. Se o saldo for positivo, a praia tender a crescer em largura pela deposio predominante de

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ARAJO, Maria Cristina Barbosa de. Programa de ps-graduao da UFPE. Praia da Boa Viagem, Recife- PE: Analise scio-ambiental e propostas de ordenamento. P:73 5 Apud Souza, 1997. Tominaga, Ldia Keiko; Santoro, Jair; Amaral, Rosangela do (Organizadores) Desastres naturais: conhecer para prevenir. So Paulo : Instituto Geolgico,2009. 6 DIAS, 1993 in MENDES & PINHO, 2008. 7 Secretaria executiva de Meio ambiente. Prefeitura de Jaboato dos Guararapes e Instituto Ambiental Brasil. Cartilha Educao Ambiental na Palma da Mo. 2011.

sedimentos, e a linha de costa progredir. No balano igual a zero haver o equilbrio do sistema praial. 8

Os processos de origem sedimentar como a eroso, a deposio e o transporte ocorridos no ambiente praial so resultados de fatores meteorolgicos/climticos, oceanogrficos/hidrolgicos, geolgicos e antrpicos9. Os fatores meteorolgicos/climticos tm uma maior influncia nas variaes do nvel do mar e na atuao dos ventos, agindo no comportamento do clima de ondas e, consequentemente, interferindo nas caractersticas das correntes costeiras. Os fatores oceanogrficos/hidrolgicos envolvem a ao de ondas e mars, e as correntes geradas por esses agentes. Dentre os diversos fatores geolgicos atuantes no litoral, os de maior importncia para as praias so os processos sedimentares que determinam o seu balano sedimentar. O balano sedimentar de uma praia a relao entre perdas/sadas e ganhos/ entradas de sedimentos nessa praia. Essas trocas podem ocorrer entre a praia e o continente, a plataforma continental e a prpria praia.10 Entende-se atravs dessa dinmica que o homem um agente direto nessas trocas, atravs da retirada/minerao de areia das praias e da realizao de projetos de alimentao ou engordamento artificial de praias. Eroso costeira e intervenes antrpicas Como bem se sabe a faixa litornea um dos ambientes mais dinmicos do planeta. Alm desse fator a atividade humana contribui bastante para a degradao e intensificao desse dinamismo. Dessa forma entende-se que Os fatores antrpicos compreendem as interferncias do homem nos ecossistemas costeiros, modificando os fatores naturais.11 Como o litoral tornou-se um espao de efervescncia socioeconmica e poltica, a ocupao do espao costeiro foi intensificada. Desta forma esta situao potencia a migrao das populaes do interior para o litoral, aumentando assim as presses sobre

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Tominaga, Ldia Keiko; Santoro, Jair; Amaral, Rosangela do (Organizadores) Desastres naturais: conhecer para prevenir. So Paulo : Instituto Geolgico,2009.9

SOUZA, C.R. de G. 1997. As Clulas de Deriva Litornea e a Eroso nas Praias do Estado de So Paulo. So Paulo. Tese de Doutoramento, Instituto de Geocincias, Universidade de So Paulo, So Paulo.10

Tominaga, Ldia Keiko; Santoro, Jair; Amaral, Rosangela do (Organizadores) Desastres naturais: conhecer para prevenir. So Paulo : Instituto Geolgico,2009. 11 Tominaga, Ldia Keiko; Santoro, Jair; Amaral, Rosangela do (Organizadores) Desastres naturais: conhecer para prevenir. So Paulo : Instituto Geolgico,2009. (quando a rferencia se repete)

uma faixa estreita e dinmica12, desencadeando uma srie de agresses ao meio ambiente. Essa migrao tem maior incentivo nas orlas de Piedade e Candeias no incio da dcada de 70 com a construo de casas de veraneio, e com o passar dos anos a orla se torna um espao de disputa de empresas imobilirias para a construo de prdios luxo e exposio ao turismo. No somente na rea estudada, mas ao longo do litoral pernambucano constata-se a presena de vrias construes de obras de conteno, como muros de proteo, espiges, diques, quebra-mares, sendo estes necessrios para a conteno desses avanos, mas em sua maioria visando proteo paliativa s propriedades particulares e no o litoral em seu todo. Tais medidas geram problemas cada vez maiores na rea costeira, pois influenciam e aceleram os processos naturais erosivos nas reas prximas. Situaes como esta acontecem com muita frequncia no litoral brasileiro, e vem causando um efeito em cadeia que toma formas diversas no decorrer da costa, tendo em vista que cada regio possui uma dinmica geolgica, climtica e antrpica. Conforme notcia do Jornal do comrcioAproximadamente 70% das praias do litoral pernambucano esto sofrendo com a eroso marinha, [...]. A rea urbana a mais prejudicada, devido s constantes intervenes do homem. Cada vez mais as pessoas constroem as casas e edifcios prximos do mar, quase dentro da agua, e com estruturas mal definidas."[...] Outro fator que provoca a eroso no estado so as 'caractersticas da plataforma continental.[...] a rea estreita, pouco profunda, coberta por sedimentos carbonaticos ( como conchas e fragmentos de algas) e tem grande quantidades de recifes. " Tudo isso dificulta a transferncia de areia da plataforma para a praia, o que evitaria a eroso" j que a principal fonte de sedimentos para a praia a prpria plataforma. [...] o litoral no possui mais dunas costeiras, que, caso contrario, tambm alimentaria o mar com areia. " Ainda h o problema que os nossos rios no transportam areia, pois o material fica retido nos esturios formando mangues. As praias pernambucanas tem dficit de areia.13

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BORGES, P; LAMEIRAS, G; CALADO, H. A eroso costeira como fator condicionante da sustentabilidade. 1Congresso de Desenvolvimento Regional de Cabo Verde, 2004. 13 ARAJO, Maria Cristina Barbosa de. Programa de ps-graduao da UFPE. Praia da Boa Viagem, Recife- PE: Analise scio-ambiental e propostas de ordenamento.Notcia do Jornal do Commercio de 04/07/99 .

As intervenes humanas so as mais cruis, levando em considerao que o prejuzo no parte apenas para o meio ambiente, mas vista que o prprio homem o maior prejudicado. Algumas obras de conteno tiveram xito, na qual foi caso da construo de espiges construdos em Candeias em 2004 diminuindo a eroso da rea, mas em contra partida prejudicou a vida marinha que desova nessas reas, pois os pescadores se aproveitam do local para atracar suas embarcaes e para a pesca fora do perodo adequado. Em detrimento dessas aes destrutivas diversos estudos so produzidos na comunidade acadmica, alm das iniciativas provenientes da populao e de rgos pblicos para a preservao da orla. Desta forma perceptvel que a ocupao irregular dos territrios sem as devidas precaues somada a medidas de resoluo paliativa sem estudo prvio, acarretam prejuzos que recaem sobre o prprio homem. A populao e os Impactos Ambientais Em decorrncia do agravante processo de avano do mar no somente o poder pblico vem se manifestando em relao ao problema, mas tambm os moradores esto se mobilizando a fim de cobrar e exigir solues eficazes na conteno do problema. A organizao Amigos da Orla que conta com a parceria da associao de moradores e comerciantes surgiu com o intuito de preservar a rea de Piedade e Candeias em

detrimento do avano do mar e da poluio resultante da ocupao do espao praial. Recentemente com um dos maiores picos de mar no ms de agosto moradores e rgos pblico ficaram em alerta , levando o ento prefeito de Jaboato , Elias Gomes e decretar estado de emergncia na cidade. Em um dos edifcios localizados na beira-mar de Piedade, o muro do prdio esteve sobre ameaas aps ser atingido pelas fortes ondas. Como relata o ento presidente da associao amigos da orla, Gilberto Velho:Se nada for resolvido, ir acontecer uma tragdia na cidade, principalmente em um trecho da orla de Candeias, que no possui o enrocamento. As ondas esto fortes e a gua j est entrando em alguns prdios, podendo prejudicar a estrutura dos mesmos.14

Com tantas ameaas e uma imensa instabilidade nas construes beira mar os moradores vem na medida do possvel14

tentando se mobilizar em prol do no

http://www.folhape.com.br/index.php/edicao-de-hoje/661695-jaboatao-decreta-emergencia

agravamento do problema , no entanto as estratgias governamentais ainda esto sob as diversas burocracias para aprovao do projeto que visa a revitalizao da orla, na tentativa de tranquilizar a populao que habita as reas mais criticas suscetveis a impactos potencialmente agressivos devido ao contato muito prximo com o mar. Polticas Pblicas e Gesto Ambiental Analisando parte da ao do poder pblico com relao ao problema pode-se destacar a criao da Agenda 2115, implantada no estado Pernambuco no ano de 2002. Tal iniciativa parece ter aumentado a preocupao pela preservao gesto do ambiente costeiro, embora no haja referncias diretas a esse problemas em questo. O Ministrio Pblico Federal de Pernambuco (MPF/PE) deu incio ao Projeto MAI Monitoramento Ambiental Integrado e Avaliao dos Processos de Eroso Costeira nos Municpios de Paulista, Olinda, Recife e Jaboato dos Guararapes. O objetivo do projeto disponibilizar informaes tcnicas que viabilizem medidas de recuperao e preveno do avano do mar.16 Dentro do projeto destaca-se a iniciativa do MPF e rgos competentes debuscar solues tcnicas que viabilizem a recomposio das praias de forma regionalizada, o projeto de Monitoramento Ambiental Integrado da Eroso Marinha da RMR dever subsidiar o planejamento e a implementao de aes estratgicas para a gesto ambiental e para a integrao de polticas pblicas - visando a tomada de deciso pelos gestores municipais -, tendo em vistas tais problemas incidentes na Zona Costeira pernambucana.17

No que tange aos instrumentos burocrticos federais podemos citar o artigo 5 do decreto n 5300/2004 que faz meno a princpios do Estado em relao as polticas de preservao do costa brasileira.So princpios fundamentais da gesto da zona costeira, alm daqueles estabelecidos na Poltica Nacional de Meio Ambiente, na Poltica Nacional para os Recursos do Mar e na Poltica Nacional de Recursos Hdricos: IX - a preservao, conservao e controle de reas que sejam representativas dos ecossistemas da zona

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COLOCAR UMA EXPLICAO SOBRE AGENDA 21 Ministrio Pblico Federal de Pernambuco. http://www.prpe.mpf.gov.br/internet/Casos/ErosaoCosteira-Avanco-do-mar 17 Idem.

costeira, com recuperao e reabilitao das reas degradadas ou descaracterizadas18

No mesmo decreto no Artigo 7 aplicam-se para a gesto da zona costeira os seguintes instrumentos de forma articulada: Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro PNGC, Plano de Ao Federal da Zona Costeira PAF, Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro - PEGC, Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro PMGC, Sistema de Informaes do Gerenciamento Costeiro - SIGERCO, Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira SMA. Estes compem algumas das medidas proferidas que tem como objetivo sistematizar o monitoramento da costa brasileira, levando em considerao que tais instrumentos j existiam, e com a reorganizao atribuiriam responsabilidades desde a esfera municipal a federal. Na Lei Federal n 7.661/1988 no Artigo 3 atribui-se cumprimentos ao PNGC (Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro) que :dever prever o zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira e dar prioridade conservao e proteo, entre outros, dos seguintes bens: I - recursos naturais, renovveis e no renovveis; recifes, parcis e bancos de algas; ilhas costeiras e ocenicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares, baas e enseadas; praias; promontrios, costes e grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorneas, manguezais e pradarias submersas; II - stios ecolgicos de relevncia cultural e demais unidades naturais de preservao permanente; III - monumentos que integrem o patrimnio natural, histrico,19

paleontolgico,

espeleolgico,

arqueolgico, tnico, cultural e paisagstico.

Mesmo com a criao e reformulao dos aparatos de Leis e Decretos em nosso pas ainda h muito a se modificar e cumprir , levando em considerao que embora haja uma preocupao ambiental, no h quaisquer normas ou menes sobre atividades e usos antrpicos diretos nas praias, ou restries construo de obras de engenharia na orla e sobre as praias. Dentro da esfera municipal, o municpio de Jaboato dos Guararapes deu incio a mais uma das tentativas de se cumprir as leis de proteo ao meio ambiente, onde no incio de 2010 a empresa americana Coastal Planning & Engineering ganhou a licitao para traar um plano de ao para conter o avano do mar, sendo responsvel pela coleta e18

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Item IX do Artigo 5 do Decreto Federal n 5.300/2004 (Gerenciamento Costeiro). Artigo 3 da Lei Federal n 7.661/1988 (Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro)

atualizao de dados alm de estudos especficos nas praias de Piedade e Candeias para complementar o projeto inicial. O objetivo engordar a faixa de areia nos pontos crticos com material da foz do rio Jaboato20 , pois a empresa tem experincia em projetos de controle de eroso praial trabalhando com quebra mares e recifes artificias por exemplo. Pouco mais de um ano depois do processo de licitao a empresa veio a apresentar o projeto definitivo aos secretrios de Desenvolvimento da Cidade, Pavimentao e Meio Ambiente. Sero adotados diversos procedimentos na execuo do projeto e como afirmou o oceangrafo da empresa Ser feito um buraco no oceano de 15 metros de profundidade de onde ser retirada a areia, o que no prejudicar o meio ambiente 21. Segundo a Cartilha de educao ambiental resultado da parceria entre a prefeitura de Jaboato, a ONG Instituto Ambiental Brasil(SP), e empresas parceiras privadas do municpio, a Coastal Planning prope alargar a faixa de areia em 5,5 Km e largura ficar entre 30 e 40 metros, que custaro ao governo R$ 20 milhes.22 Tal medida leva a entender o grau das dificuldades encontradas para conter esse processo, e como resultante os mtodos potencialmente arriscados para resoluo do problema, alm dos milhes gastos com medidas tardias, sendo assim: as polticas de planejamento e ordenamento territorial, pouco tm incorporado os conhecimentos cientficos disponveis sobre o tema, resultando, muitas vezes, no desperdcio de recursos pblicos com obras de engenharia costeira que acabam no cumprindo seu papel, mas acelerando a eroso e aumentando as situaes de risco e a vulnerabilidade de pessoas e bens ao processo. 23 Consideraes Finais Diante dos pontos analisados entende-se que a ocupao irregular do ambiente praial; os aterros nos mangues; o planejamento e controle urbano deficiente e em escala mundial,20

Lindino Benedet, oceongrafo e pesquisador da Costal Planning, em entrevista ao Jornal Dirio de Pernambuco em 30/03/2010. 21 Rodrigo Barlettao oceangrafo da Costal Planning. 22 Secretaria executiva de Meio ambiente. Prefeitura de Jaboato dos Guararapes e Instituto Ambiental Brasil. Cartilha Educao Ambiental na Palma da Mo. 2011.23

SOUZA, C.R. de G. 2009b. A eroso costeira e os desafios da gesto costeira no Brasil. Revista de Gesto Costeira Integrada, 9(1): 17-37. ISBN: 1677-4841

associado as mudanas climticas e, consequentemente, a elevao do nvel do mar com a intensificao dos ventos leva-nos a crer na diversidade de fatores e na relevante potencialidade da eroso costeira. Tais questes apontam para a necessidade de

considerar as dinmicas geogrficas e sociais que compem a cidade de Jaboato dos Guararapes, como tambm os componentes fundamentais de todo e qualquer estudo a cerca deste enorme problema que vem atingindo diversas cidades do pas. O fundamental aps o estudo debruar-se sob as medidas que norteiam os planos de resoluo do problema, tendo em vista que muitos dos impactos foram potencializados atravs de medidas paliativas sem fundamentao e pesquisa suficiente. Sendo assim se faz necessriaA ordenao desse espao , portanto, uma prioridade e um desafio. Ser necessrio um melhor conhecimento da dinmica costeira, atravs do registro sistemtico de variaes peridicas da morfo-dinmica sedimentar das praias para se planejar futuras instalaes. Embora grande parte do litoral ainda se mantenha de certa forma livre dos problemas aqui descritos, a especulao imobiliria e a desinformao da populao, sero fatores determinantes na mudana desse quadro. Em um curto espao de tempo, se nenhuma medida preventiva for tomada, a fim de se poupar danos tanto econmicos quanto ambientais, o litoral de Pernambuco, estar severamente comprometido.24

Tais evidncias nos levam a repensar na ao humana tanto na condio de transformadora, como de destruidora. As diversas formas de interferncias, sejam elas de origem naturais ou intencionais, compem as constantes mudanas impressas no cenrio geogrfico. Este que por sua vez se liga diretamente ao espao socioeconmico, poltico e cultural na sociedade.

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ARAJO, Maria Christina B. ; SOUZA, Stella T. ; CHAGAS, Alessandra Carla O. ; BARBOSA, Scheyla C. T.; COSTA, Monica F. Anlise da Ocupao Urbana das Praias de Pernambuco, Brasil. Revista de Gesto Costeira Integrada. N 7, Fascculo 2. 2007.

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Secretaria executiva de Meio ambiente. Prefeitura de Jaboato dos Guararapes e Instituto Ambiental Brasil. Cartilha Educao Ambiental na Palma da Mo. 2011. SOUZA, C.R. de G. 1997. As Clulas de Deriva Litornea e a Eroso nas Praias do Estado de So Paulo. So Paulo. Tese de Doutoramento, Instituto de Geocincias, Universidade de So Paulo,So Paulo. Volume I Texto (184 p.) e Volume II Anexos (174 p.). SOUZA, C.R. de G. 2009b. A eroso costeira e os desafios da gesto costeira no Brasil. Revista de Gesto Costeira Integrada, 9(1): 17-37. ISBN: 1677-4841 /disponvel em http://www.aprh.pt/rgci/revista9f1.html).

TOMINAGA, Ldia Keiko; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosangela do (Organizadores) Desastres naturais: conhecer para prevenir. So Paulo : Instituto Geolgico,2009. ISBN 978-85-87235-09-1 Sites http://www.prpe.mpf.gov.br/internet/Casos/Erosao-Costeira-Avanco-do-mar , acessado em 17/09/2011 S 10:18. http://www.diariodepernambuco.com.br/vidaurbana/nota.asp?materia=20100330171908 acessado em 17/09/2011 s 11:10. http://www.jaboatao.pe.gov.br/jaboatao/nwsPrint.aspx?mId=413081 , acessado em 17/09/2011 s 15:13. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1167121, acessado em 17/09/2011 s 16:03. www.jaboatoaemfco.blogspot.com. Acessado em 19/09 s 11:00. http://www.prpe.mpf.gov.br/internet/Casos/Erosao-Costeira-Avanco-do-mar , acessado em 20/09/2011 s 20:43. http://www.ecogeo.org/macro/04_risco_natural.pdf ,acessado em 20/09/2011 s 21:05 www.liber.ufpe.br. Acessado em 21/09 s 09:40. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7661.htm , acessado em 24/09/2011 s 15:20. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/D5300.htm, acessado em 24/09/2011 s 16:05. http://www.folhape.com.br/index.php/edicao-de-hoje/661695-jaboatao-decretaemergencia , acessado em 24/09/2011 s 20:05. http://www.fotolog.com.br/tc2/35952088, acessado em 24/09/2011 s 20:39. http://noticias.uol.com.br/album/110912_avancodomar_album.jhtm#fotoNav=11, acessado em 24/09/2011 s 21:30

Anexos

(a) (a) Praia de Piedade no incio da dcada de 90.

(b)

(c)

(b) Recifes de arenito e avano de construes na faixa de praia. Piedade, Jaboato dos Guararapes, Fev. 2006. (Foto: Jeane Espindula) (c) Mesma rea em Piedade, Jaboato dos Guararapes, Junho de 2010. (foto:Moura,C.A.)

(d)(d) rea do quebra-mar da praia de Candeias, Jaboato dos Guararapes Pernambuco, sem o espigo perpendicular e com o engordamento da praia 2004 (Foto: CPRH)

(e)

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(e) Imagens que mostram o avano do mar na orla de Piedade , colocando construes em alto risco. Janeiro de 2008.

(f) (F) Praia no sentido Candeias/ Piedade e Piedade/Candeias Antes um carto postal, hoje vtima do rigoroso avano do mar.

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Imagens retiradas do site http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1167121