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INSTITUTO FEDERAL DE TECNOLOGIA DE
SO PAULO IFSP-SP
Departamento de Licenciaturas / Curso de Licenciatura em
Matemtica
ANDERSON FERREIRA COSTA
A INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE A MATEMTICA E
A BIOLOGIA NO CULTIVO DO MILHO
Artigo apresentado ao curso de
Licenciatura em Matemtica como
um dos pr-requisitos para
aprovao na disciplina de Interface
da Biologia com a Matemtica, sob
orientao do Professor Dr. Paulo
Henrique Netto Alcantara.
SO PAULO SP 2012
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SUMRIO
Pg.
1 INTRODUO ............................................................................................ 4
2 OBJETIVOS GERAIS E ESPECFICOS....................................................... 6
3 DESENVOLVIMENTO E ANLISE CRTICA .............................................. 7
4 CONSIDERAES FINAIS .........................................................................18
REFERNCIAS .............................................................................................. 19
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RESUMO
Este trabalho tem como perspectiva apresentar o projeto educacional A Interdisciplinaridade no Cultivo do Milho realizado na E.E. Prof Amlia Kerr Nogueira, com os professores de Cincias e Matemtica do 7 ano do Ensino Fundamental. Neste projeto, o milho foi identificado como contexto de ensino para a prtica interdisciplinar, utilizando-o como tema transversal. Objetivamos favorecer o trabalho de cooperao entre os alunos, de forma a desenvolver-lhes a habilidade de relacionar o tema de maneira sistmica. O projeto foi realizado medida que as disciplinas foram sendo trabalhadas, em termos de inter-relaes, aspectos diferentes do milho, desde seu surgimento at sua produo, desenvolvimento, importncia econmica e cultural, interagindo com uma pesquisa cientfica realizada no cultivo do milho em trs culturas diferentes: terra adubada, algodo e vermiculita. O projeto apresenta uma base conceitual/procedimental, constando de levantamento conceitual acerca do tema milho.
Palavras-Chave: milho, prtica interdisciplinar, tema gerador, educao, aula de campo, biologia, matemtica.
ABSTRACT
This work is to present the perspective educational project "The
Interdisciplinarity in Maize Cultivation" held at E.E Prof. Kerr Amelia Nogueira,
with teachers of science and mathematics 7th grade of elementary school. In
this project, the corn was identified as a context for teaching interdisciplinary
practice, using it as a cross-cutting theme. We aim to foster cooperative work
among students in order to develop their ability to relate to the topic in a
systemic manner. The project was undertaken as the subjects were being
worked on in terms of inter-relationships, different aspects of corn, from its
inception to its production, development, economic and cultural importance,
interacting with scientific research carried out in the corn crop three different
cultures: fertilized soil, cotton, and vermiculite. The project presents a
conceptual/procedural base, consisting of conceptual survey on the topic "corn."
Keywords: corn, interdisciplinary practice, theme generator, education, class
field, biology, mathematics.
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Introduo
Critrios mnimos, objetivamente colocados, precisam ser explicitados para a seleo do conhecimento universal que tem uma natureza ampla, dinmica, no acabada sob pena de se reduzirem apenas aos mesmos dos manuais didticos e programas escolares j propostos, isto , roupa nova sobre a mesma velha carcaa Paulo Freire
No ambiente escolar, segundo o PCN do Terceiro e Quarto Ciclos
(Parmetros Curriculares Nacionais) deve-se caminhar para uma articulao
entre as disciplinas, pois o estudante est inserido em um universo onde a
profuso de novos conhecimentos cada vez mais os direciona a tecnologias e
especificidades onde as reas de conhecimento se inter-relacionam e at
mesmo se fazem indissociveis. Em seu bojo o PCN encaminha e aponta que
tanto a Matemtica como as Cincias da Natureza apenas em determinados
perodos devem estabelecer metas comuns no tratamento de temas afins e que
o mais importante que as disciplinas estejam a servio do desenvolvimento
humano dos alunos e dos professores.
Segundo Levy(2002) ao abordarmos determinado assunto que relaciona
disciplinas temos que ter em mente o objetivo da leitura que o aluno dever ter
dessa proposta. Como docentes devemos atentar que a preparao do assunto
a tratar se faz importante e o processo a que o aluno ir ser exposto deve ser
arvorado no desenvolvimento de competncias especficas ou gerais.
Ao se propor uma atividade avocada no PCN h que se ter em mente que
a perspectiva interdisciplinar de contedos educacionais apresentados com
contexto, no mbito de uma ou mais reas, no precisa necessariamente de
uma reunio de disciplinas, pois pode ser realizada numa nica. Faz-se nessa
direo uma opo do mediador a realizao da atividade proposta, articulando
disciplinas dentro do projeto pedaggico da escola.
Ao corpo docente e administrativo da escola necessrio uma sintonia
de tratamentos metodolgicos visando composio de disciplinas com
competncias gerais. Apenas em parte a integrao de metas exige projetos
interdisciplinares que se concatenem em perodos concentrados, essa
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exigncia presume o desenvolvimento humano dos alunos e, por conseguinte,
dos professores.
Nessa articulao no se deve descaracterizar as disciplinas,
confundindo-as todas em prticas comuns ou indistintas, tem que se promover
uma ao concentrada do conjunto formado, explorando de todas as disciplinas
o necessrio e respeitando suas particularidades. A interao pode mover o
aluno a desenvolver a percepo, ou habilidade, de visualizar os pontos onde
as disciplinas se interconectam e onde so dissonantes.
Em nossa sociedade, corroborando com o que afirma Souza (2001), o
conhecimento matemtico necessrio em uma grande diversidade de
situaes como apoio a outras reas do conhecimento, como a Biologia.
Agindo assim forjaremos um eficaz instrumento para lidar com situaes da
vida cotidiana e/ou cientfica ou, ainda, como forma de desenvolver habilidades
de pensamento.
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Objetivos Gerais
Incutir de forma implcita no estudante a noo de interdisciplinaridade
utilizando um exemplo real de cultivo de ps de Milho em culturas
diferentes;
Inserir os alunos na pesquisa, atravs de um tema proposto.
Objetivos Especficos
Cincias (Biologia)
Discutir a importncia dos nutrientes para os seres vivos;
Desenvolver a noo de dependncia da gua para os seres vivos;
Analisar a influncia do sol no crescimento dos seres vivos;
Estudar os conceitos de monocotiledneas, dicotiledneas e seus ciclos;
Matemticos
Desenvolver as noes de grandezas, proporcionalidade e comparao;
Trabalhar os conceitos de nmeros decimais, comprimento e rea;
Discutir a reta real, a perpendicularidade e a interseco entre retas.
Construir grficos atravs de dados coletados;
Trabalhar o conceito de escala atravs da ampliao/reduo de figuras.
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Desenvolvimento e Anlise Crtica
A Preparao
Aps a exposio de um esboo do projeto para os gestores, a primeira
ao efetiva para a realizao do projeto foi conscientizar os pais (na reunio
de pais e mestres) e alunos, das cercanias da experincia e sua importncia
para formao plural dos alunos participantes. Para uma insero eficaz dos
alunos, os colocamos em contato dirio com os gestores escolares. O projeto
desde a conscientizao at a exposio foi planejado para ser realizado em
40 dias.
Iniciamos o trabalho analisando os termos matemticos e biolgicos
envolvidos e desenvolvidos na experincia do plantio de ps de milho, e
elencamos o que priorizaramos em cada disciplina. Discutimos a abrangncia
pretendida e apresentamos direo e coordenao dos nossos objetivos e
todo o arcabouo de atividades que pretendamos realizar com a turma
participante.
Verificamos os espaos disponveis na escola para o melhor
desenvolvimento das plantas. Providenciamos os materiais inicialmente
necessrios, tanto na escola quanto no IFSP-SP e requisitamos direo uma
lista de materiais que utilizaramos no decorrer do projeto.
Subsidiamos os alunos com um organograma de como trabalhar em
grupo, tal iniciativa se originou do nosso reconhecimento da dificuldade da
turma em realizar atividades conjuntas. Engendramos os parmetros que
usaramos para a realizao das atividades, tais como: horrios, datas, ava-
lio dos trabalhos e funes de cada aluno; e acordamos que todas as
atividades seriam realizadas no mbito escolar.
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A primeira atividade de fomento foi a realizao da pesagem de um litro
de gua e um litro de leo j utilizado com auxlio de uma balana de preciso.
Inserimos o tema de forma a chamar a ateno dos alunos, os questionando a
respeito da afirmao de que no censo comum parecer plausvel 1 litro de gua
pesar exatamente 1 quilograma.
Fizemos a pergunta classe, e demos trs opes de resposta:
a) 1 litro de gua pesa menos que 1 quilograma;
b) 1 litro de gua pesa exatamente 1 quilograma;
c) 1 litro de gua pesa mais que 1 quilograma.
As respostas, de um total de 32 alunos presentes no dia, foram as
seguintes: 4 escolheram a opo a , 22 escolheram b e 6 escolheram c. Aps
as opes dos alunos pelas afirmaes, pesamos 1 litro de gua e
constatamos que, nas condies consideradas, equivalia a 915 gramas ou
0,915 Kg. Pesamos logo em seguida 1 litro de leo de cozinha, j utilizado, que
pesou 1090 gramas ou 1,090 Kg. A partir dessas duas medies fomos
capazes de discutir com a classe, de forma implcita, a densidade, pois eles
comentaram a viscosidade do leo de cozinha.
Conseguimos, de certo modo, que eles percebessem que o censo
comum no pode ser aplicado a experincias cientficas, salvo excees.
Assim foi possvel chamar a ateno dos alunos para um tema que
contemplava a interdisciplinaridade e prepar-los para o projeto que
iniciaramos, pois foram abordados nmeros decimais, converso de medidas e
a noo de tara quando pesamos um determinado lquido ou slido em um
recipiente. H que se ressaltar a enorme curiosidade dos alunos de pesarem
diversos objetos de seu uso pessoal.
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O Experimento
Separamos a turma em trs grupos:
Grupo A acompanhar o crescimento do p de milho cultivado na vermiculita;
Grupo B acompanhar o crescimento do p de milho cultivado no algodo;
Grupo C acompanhar o crescimento do p de milho cultivado na terra.
Figura 1: milho cultivado na vermiculita Figura 2: milho cultivado na terra adubada Figura 3: milho cultivado no algodo
Materiais utilizados:
Potes de plstico;
450 gramas de terra adubada;
400 gramas de vermiculita (a vermiculita um mineral formado por hidratao de certos minerais, formado essecialmente por silicatos hidratados de alumnio e magnsio);
Um chumao de algodo;
Uma seringa para regar diariamente as sementes.
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Na sala de aula foram depositados a vermiculita, o algodo e a terra
adubada em trs recipientes de plsticos. Foi feito um sorteio para saber qual
cultura cada grupo acompanharia, e em seguida cada grupo plantou quatros
sementes de milho, recobertas de fungicida, no recipiente que lhe cabia e
depositaram um pouco de gua sobre as sementes.
Aps o plantio das sementes foi entregue a cada grupo um dirio em
forma de tabela para que anotassem a cada dia as medidas do crescimento do
p de milho. Ficou acordado com os alunos que acompanharamos a semente
que primeiro se desenvolvesse, caso elas crescessem de formas dspares. Os
alunos puderam fotografar suas sementes e tudo que desejassem durante o
experimento; cabe ressaltar que todas as fotografias foram feitas por eles.
Figura 4: alunos medindo o crescimento do milho
Nas aulas subsequentes foi proposto que pesquisassem tudo a respeito
do milho e que trouxessem materiais sugestivos para o projeto. As pesquisas
se deram na internet, em livros e revistas. Por falta de sala de informtica (pois
a sala de informtica da escola se encontrava inoperante) levamos diariamente
um notebook para a sala de aula. Foi realizado um rodzio para o uso do
notebook, no qual cada grupo utilizaria a internet como fonte de pesquisa num
determinado dia; os outros grupos pesquisariam nesse dia em revistas e livros.
Durante o experimento os alunos fizeram diversos questionamentos tais
como: Por que essa semente no cresceu nada?; Por que essa cresceu
tanto?; Se deixar a semente s na gua, o que acontece?; A planta cresce
no escuro? Como?; Por que as pessoas colocam resto de plantas em
vasos?.
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Revezando-se aulas de pesquisas e contedos disciplinares, em
matemtica foram trabalhados os temas de nmeros decimais, resolues de
problemas com tabelas, figuras geomtricas, resolues de problemas, rea de
polgonos, porcentagem e construo de grficos, grande parte como reviso
para o SARESP (Sistema de Avaliao do Rendimento Escolar do Estado de
So Paulo). Em Cincias foram trabalhados os contedos: ciclo das
monocotiledneas e dicotiledneas, importncia da gua para os seres vivos,
importncia dos nutrientes para as plantas e nutrientes do milho. Foram
listados juntamente com os alunos os nutrientes presentes na terra e
discutimos o que sua falta provoca na semente ou na planta j germinada.
A professora de Cincias por diversas vezes pontuou que os alunos
estavam muitos mais interessados nas suas explicaes, mesmo os alunos
menos aplicados faziam perguntas a respeito dos contedos ministrados e/ou a
pediam para explicar alguns termos no compreendidos que haviam
pesquisado.
Figura 5: representao de produtos derivados do milho
Cada grupo escolheu um produto derivado do milho e elaborou uma
entrevista com o intuito de saber se as pessoas gostavam ou no desse
produto. Um grupo perguntou a todos os professores do perodo, outro grupo
fez a entrevista em outra turma e um terceiro grupo fez a entrevista na prpria
classe. Assim, aps a coleta e o tratamento dos dados eles representaram em
grfico de setores (a entrevista com professores) e em grficos de barras as
outras entrevistas.
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Figura 6: representao grfica das entrevistas
Duas das atividades que nos chamou a ateno foram a que dois alunos
ampliaram e reduziram duas figuras diferentes, cada um. Quando
questionados, separadamente, qual tarefa havia sido mais trabalhosa, ambos
responderam que a ampliao se mostrava mais dificultosa. Inquiridos de o
porqu achavam isso e responderam deste modo: Aluno1: Ah, sempre fao
as coisas menores, mas quando desenho grande s fao uma coisa (sic),
Aluno2: Prefiro desenhar algo maior, mas fao dos dois jeitos. Eles
ampliaram mapas diferentes e reduziram o ciclo da monocotilednea e
dicotilednea.
Acompanhamos durante 17 dias o crescimento dos ps de milho. Ao final
desse perodo o milho plantado na terra adubada estava medindo
aproximadamente 21 cm, o milho plantado na vermiculita estava medindo 1 cm
e o milho plantado no algodo estava medindo 0 cm. A disparidade de
crescimento deixou a turma em ebulio, muitas perguntas suscitaram dessa
situao. A princpio a professora de Cincias os deixou discutirem e
responderem a partir do que havia sido estudado, algumas aulas depois ela
assentou os motivos do crescimento e do no crescimento.
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Figura 7 : grfico do crescimento do milho cultivado na terra Figura 8 : grfico do crescimento do milho cultivado no algodo
Coletados e comparados os dados do crescimento, os alunos
comearam a esboar grficos baseados em atividade que fizemos em aula.
Antes de colocarem em cartazes fizeram mais de uma vez em folhas de
rascunho. Aps algumas discusses os grupos conseguiram esboar seus
grficos e foi pedido que integrantes do grupo explicassem aos outros grupos
porque os grficos tinham aquele formato no cartaz. Foi solicitado aos alunos
que inserissem no cartaz o motivo do no crescimento, para uma melhor
compreenso.
Embora de incio a proposta tenha sido trabalhar as disciplinas de
Cincias e Matemtica, os alunos transbordaram em suas pesquisas.
Culminaram com um emaranhado de material to rico e diverso que
surpreendeu pela contemplao de todas as disciplinas.
Em Histria, pesquisaram a origem do milho e a importncia que o povo
Maia dava a esse alimento. Em Geografia, e tambm Histria Contempornea,
abordaram os maiores produtores mundiais de milho, os estados brasileiros
que mais produzem milho, chegando a criar uma legenda com polgonos e
slidos geomtricos.
Contemplaram a Arte com desenhos criativos, usando at
metalinguagem, na qual um pacote de pipoca assiste TV comendo pipoca.
Decoraram com milho modo os mapas da cidade de So Paulo, do Estado de
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So Paulo e dos Estados Unidos. Em Lngua Portuguesa, alm de todos os
textos reproduzidos nos cartazes, eles encontraram um poema de Cora
Coralina em homenagem ao milho.
Figura 9: trabalho artstico
Listaram-se muitos produtos derivados do milho, e alguns alunos se
deram conta de que em todas as casas havia algo feito de milho. Eles se
surpreenderam quando um grupo apresentou um cartaz com o etanol de milho,
abordando o ciclo do etanol. Dessa informao pudemos discutir que o maior
produtor de milho do mundo, os Estados Unidos, obtm seu etanol do milho, e
no da cana de acar como no Brasil.
A alergia ao milho foi um dos temas levantados, muitos alunos disseram
achar estranho, j que quase todas as pessoas que conheciam se alimentavam
com milho e ningum na classe conhecia algum alrgico a esse alimento. O
grupo que pesquisou mostrou seu cartaz e falou sobre os sintomas. Essa
discusso levou-nos a comentar vrios tipos de alergias alimentares que
existem e por fim uma aluna, ao se sentir confortvel, revelou ser alrgica a
glten e descrever todas as suas limitaes alimentares.
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A Apresentao
Aps todo material coletado atravs das pesquisas e com os dados do
experimento, os alunos comearam a preparar a apresentao. De incio
pensou-se em uma apresentao feito por uma parte dos alunos de cada
grupo, mas aps o projeto tomar corpo vimos que a melhor opo seria fazer
um Workshop do Milho.
Figura 10 : alunos organizando a exposio Figura 11 : alunos concluindo os trabalhos
No processo de preparao da sala de aula para a exposio a escola
estava em perodo de pr-conselhos, no dia anterior ao Workshop do Milho
toda a escola foi dispensada s 15h30min, de um total de 25 alunos presentes
da turma 16 permaneceram por vontade prpria at as 17h30min decorando e
concluindo seus cartazes, com anuncia da direo.
Figura 12 : a sala preparada para a exposio Figura 13 : a sala com os trabalhos expostos
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No dia da apresentao todos os alunos chegaram um pouco mais cedo
trazendo diversos produtos base de milho e foi discutido o que cada um faria.
Eles se revezariam nas explicaes ao pblico do que estava exposto,
acompanhariam os visitantes pelo espao de exposio, fotografariam tudo que
fosse possvel, reparariam algum estrago possvel, contariam o total de
pessoas que circulassem pela sala e convidariam as outras turmas da escola a
visitarem a sua sala decorada.
A exposio transcorreu de forma agradvel, muitos dos alunos que
inicialmente se mostraram acanhados logo se sentiram encorajados a circular
pelo espao. Toda direo, coordenao, professores e alunos presentes neste
dia visitaram o espao de conhecimento criado pelos alunos. Era perceptvel a
satisfao com que se movimentavam pela sala e como ouviam cordialmente
os inmeros elogios.
Figura 14 : pblico estudantil na exposio Figura 15 : publico estudantil e docentes na exposio
Findada a apresentao, que durou um pouco mais de duas horas, a
turma permaneceu para a retirada dos cartazes e organizao da sala de aula;
aps a realizao dessa tarefa foi-lhes proposto um questionrio para opinarem
sobre a atividade desenvolvida.
As respostas em sua maioria foram favorveis e podemos destacar que
muitos alunos presentes disseram que no imaginavam que seria to
gratificante, reconhecendo assim que todo esforo feito por eles foi premiado
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com a satisfao de criarem a partir de um tema gerador um emaranhado de
conhecimento e serem capazes de auxiliar os visitantes na compreenso.
Destaca-se o que respondeu uma aluna a respeito da atividade: Eu
gostei, foi muito legal a aula de matemtica. Eu aprendi que no continha de
matemtica, outras coisas(sic). Observamos nessa resposta nosso objetivo
colimado, a aluna com suas palavras revela a abrangncia da matemtica e
que aprender isso foi uma descoberta aprazvel.
Em contrapartida vejamos as repostas de outra aluna: Sim. Porque no
presto ateno nas aulas; Sim. Porque no fao lio. Em suas respostas
podemos abstrair o quo enfadonhas so, sob suas perspectivas, as aulas
tradicionais e as lies.
Podemos, por fim, mencionar o que foi respondido por dois alunos
quando questionados se gostaram das aulas de matemtica realizada dessa
forma e o porqu: Sim. Porque fugimos por alguns dias de problemas e mais
problemas; Sim. Porque ela fez os alunos perceberem que ela importante
para a gente.
Alguns dias aps a retirada do material que os alunos compilaram para
o projeto, a direo tratou de exp-lo no espao reservado para atividades
diferenciadas na Diretoria de Ensino Sul 2, juntamente com um projeto
realizado tratando de Teatro que se desenvolveu concomitantemente em outro
turno escolar. Revela-se assim a tentativa da escola como um todo de oferecer
uma diversificao no modo de tratar o conhecimento.
O projeto interdisciplinar realizado, desde sua preparao at exposio
foi tema recorrente de conversas entre os docentes e discentes nos dias
posteriores. O tema tambm foi suscitado na reunio de pais e filhos e muitas
fotos das atividades foram fixadas e organizadas em um mural da escola.
Certamente, propostas como essa ecoaram pelos corredores da escola durante
muito tempo.
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Consideraes Finais
Embora a atividade inicialmente tenha sido pensada e organizada de
modo a contemplar as disciplinas de Cincias (Biologia) e Matemtica, no
decorrer do projeto, naturalmente, transbordamos para as outras disciplinas. O
perodo de trabalho em grupo, coleta de dados, pesquisas e por fim a
apresentao para o pblico permitiu classe a arregimentao dos
conhecimentos do tema pesquisado, acarretando uma efetiva
interdisciplinaridade e a insero no mundo acadmico.
Sem dvida, podemos asseverar que a realizao desse projeto passa
pela compreenso de que as prticas pedaggicas devem ser direcionadas
para uma educao, na qual professores e alunos possam estabelecer uma
relao de ensinar e aprender de forma simbitica. Todos os resultados obtidos
por todos os envolvidos, e a resposta positiva do alunado nos leva a pensar em
novos projetos interdisciplinares, que possam envolver o corpo docente e
discente na busca por formas, seno novas, diferentes de alicerar o
conhecimento.
Sem embargo, constatamos que a realizao de um projeto como o que
foi feito transforma todos os participantes, cada um a seu modo. A ns
professores ficou evidente o quanto os alunos so desejosos de aulas
diferenciadas, o quanto suas vises se transformam quando constroem,
efetivamente, o conhecimento e que quando se sentem seguros do saber
impelissem em propag-lo. Podemos, finalmente, afirmar que a experincia
despertou no alunado a vontade de ser protagonista do seu prprio saber.
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Referncias
[1] BRASIL. Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros Curriculares Nacionais: Introduo aos parmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educao Fundamental. Braslia: MEC / SEF, 1998. 174p.
[2] CAPRA, Fritjof, et all. Alfabetizao ecolgica: O desafio para a educao
do Sculo 21. In: TRIGUEIRO, Andr (coord.). Meio Ambiente no Sculo 21.
Ed. Campinas: Autores Associados, 2005. P. 19-33.
[3] LEVY, Lnio Fernandes Centro Federal de Educao Tecnolgica do Par (CEFET-PA); ESPRITO SANTO, Adlson Oliveira do, Universidade Federal do Par (UFPA), MATEMTICA E BIOLOGIA NO MESMO ESPAO-TEMPO PEDAGGICO: DO CONTEXTO ACADMICO AO MBITO DA ESCOLA
[4] Orientaes Educacionais Complementares aos Parmetros Curriculares Nacionais do Ensino Mdio; Cincias da Natureza, Matemtica e suas Tecnologias.
[5] SOUZA, Maria Jos L. de; SANTOS, Genir F. B. dos; CEOLIN, Helena; SANTOS, Ins H.; CARVALHO, Maria do Socorro; SILVA, Santa B. da Neta. Atividades interdisciplinares no projeto. In: Relatrio Final do Projeto Geocincias e a formao continuada de professores em exerccio do ensino fundamental. FINEP/FAPESP, IG./UNICAMP, 2001, 24p.