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REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA Vol XIII N.º 3 Maio/Junho 2007 365 Células reguladoras Regulatory cells Recebido para publicação/received for publication: 06.11.23 Aceite para publicação/accepted for publication: 07.02.20 Luís Miguel Borrego 1 Sónia Rosa 2 Cármen Algueró 3 Hélder Trindade 4 José Rosado Pinto 5 Resumo O papel das células T reguladoras na indução e manu- tenção da tolerância periférica tem recebido uma aten- ção crescente nos últimos anos. Foram descritos vá- rios subgrupos de células T reguladoras, com base em marcadores de superfície e na produção de citocinas, não havendo no entanto marcadores específicos para nenhum destes subgrupos, pelo que a sua classifica- ção se baseia no seu mecanismo de supressão. Desconhece-se qual dos subgrupos de células T regu- ladoras terá papel preponderante na prevenção e con- trolo das doenças alérgicas, sendo no entanto consen- sual a sua importância para a homeostasia. Rev Port Pneumol 2007; XIII (3): 365-376 Palavras-chave: Doenças alérgicas, células T regula- doras, tolerância periférica. Artigo de Revisão Revision Article Abstract The role of regulatory T cells in the induction and maintenance of peripheral tolerance has received gro- wing attention during the last years. Several subsets of regulatory T cells were described based on their surface markers and citokine production, but never- theless, there are no specific markers for any subsets and their classification relies on their suppression mechanism. It is unknown which of the subgroups of regulatory T cells is more important in the prevention and con- trol of allergic diseases, being commonly accepted its importance in homeostasis. Rev Port Pneumol 2007; XIII (3): 365-376 Key-words: Allergic diseases, peripheral tolerance, re- gulatory T cells. 1 Assistente Hospitalar de Imunoalergologia. Serviço de Imunoalergologia do Hospital de Dona Estefânia. Assistente Convidado do Departamento de Imunologia da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. 2 Interna do Internato Complementar de Imunoalergologia. Serviço de Imunoalergologia do Hospital de Dona Estefânia. 3 Assistente Convidada do Departamento de Imunologia da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. 4 Professor Associado Convidado com Agregação do Departamento de Imunologia da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. 5 Responsável pelo Serviço de Imunoalergologia do Hospital de Dona Estefânia. Professor Auxiliar convidado da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. Serviço de Imunoalergologia – Hospital de Dona Estefânia: Rua Jacinta Marto – 169-045 Lisboa – E-mail: [email protected] – Tel: +351213126600 / Fax: +351213126654 Faculdade de Ciências Médicas - Universidade Nova de Lisboa: Departamento de Imunologia, Campo dos Mártires da Pátria, n.º 130 1169-056 Lisboa Tel: 351-218803045/ 218853000 / Fax: 218853480

Artigo de Revisão Revision Article - scielo.mec.pt · de transplantes e a asma e outras doenças alérgicas. 9 Com base em modelos animais, foram pro- ... mecanismo supressor destas

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Vol XIII N.º 3 Maio/Junho 2007

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Células reguladoras

Regulatory cells

Recebido para publicação/received for publication: 06.11.23Aceite para publicação/accepted for publication: 07.02.20

Luís Miguel Borrego1

Sónia Rosa2

Cármen Algueró3

Hélder Trindade4

José Rosado Pinto5

ResumoO papel das células T reguladoras na indução e manu-tenção da tolerância periférica tem recebido uma aten-ção crescente nos últimos anos. Foram descritos vá-rios subgrupos de células T reguladoras, com base emmarcadores de superfície e na produção de citocinas,não havendo no entanto marcadores específicos paranenhum destes subgrupos, pelo que a sua classifica-ção se baseia no seu mecanismo de supressão.Desconhece-se qual dos subgrupos de células T regu-ladoras terá papel preponderante na prevenção e con-trolo das doenças alérgicas, sendo no entanto consen-sual a sua importância para a homeostasia.

Rev Port Pneumol 2007; XIII (3): 365-376

Palavras-chave: Doenças alérgicas, células T regula-doras, tolerância periférica.

Artigo de RevisãoRevision Article

AbstractThe role of regulatory T cells in the induction andmaintenance of peripheral tolerance has received gro-wing attention during the last years. Several subsetsof regulatory T cells were described based on theirsurface markers and citokine production, but never-theless, there are no specific markers for any subsetsand their classification relies on their suppressionmechanism.It is unknown which of the subgroups of regulatoryT cells is more important in the prevention and con-trol of allergic diseases, being commonly accepted itsimportance in homeostasis.

Rev Port Pneumol 2007; XIII (3): 365-376

Key-words: Allergic diseases, peripheral tolerance, re-gulatory T cells.

1 Assistente Hospitalar de Imunoalergologia. Serviço de Imunoalergologia do Hospital de Dona Estefânia. Assistente Convidado do Departamento de Imunologia daFaculdade de Ciências Médicas de Lisboa.

2 Interna do Internato Complementar de Imunoalergologia. Serviço de Imunoalergologia do Hospital de Dona Estefânia.3 Assistente Convidada do Departamento de Imunologia da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa.4 Professor Associado Convidado com Agregação do Departamento de Imunologia da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa.5 Responsável pelo Serviço de Imunoalergologia do Hospital de Dona Estefânia. Professor Auxiliar convidado da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa.

Serviço de Imunoalergologia – Hospital de Dona Estefânia:Rua Jacinta Marto – 169-045 Lisboa – E-mail: [email protected] – Tel: +351213126600 / Fax: +351213126654

Faculdade de Ciências Médicas - Universidade Nova de Lisboa:Departamento de Imunologia, Campo dos Mártires da Pátria, n.º 130 1169-056 Lisboa – Tel: 351-218803045/ 218853000 / Fax: 218853480

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Células reguladorasO sistema imune encontra-se vocacionadopara a resposta à agressão, estando progra-mado para controlar a sua resposta no senti-do da tolerância para antigénios próprios eambientais. Este controlo é estabelecido atra-vés de diversos mecanismos e células espe-cializadas.A tolerância imunológica pode ser definidacomo a ausência de resposta a determinadasmoléculas e pode surgir através de dois me-canismos principais: um mecanismo central,que ocorre durante a ontogenia das célulasT e que leva à eliminação das células T auto--reactivas por deleção clonal no timo; e ummecanismo periférico, que se desenvolve aolongo da vida de um indivíduo e que contro-la as respostas contra antigénios inócuos oureconhecidos com baixa afinidade. As célu-las T reguladoras contribuem para a tolerân-cia periférica.1Diversas doenças podem surgir pela inexis-tência deste controlo eficaz, como as doençasautoimunes e doenças alérgicas.Para compreender a possível importância darelação entre células reguladoras e alergia seráimportante compreender os mecanismos imu-nológicos envolvidos nas doenças alérgicas,bem como os possíveis mecanismos de acçãodas várias células com função reguladora.Segundo a nomenclatura da Academia Eu-ropeia de Alergologia e Imunologia Clínica(EAACI), as reacções de hipersensibilidadepodem ser alérgicas (com envolvimento demecanismos imunológicos) ou não alérgicas(sem envolvimento de mecanismos imuno-lógicos; ex.: intolerância lactose por déficede lactase).As doenças alérgicas podem envolver a pro-dução de IgE ou não (envolvendo outrosanticorpos ou células; como exemplo, a doen-

ça celíaca, em que participam linfócitos eocorre produção de IgA antigliadina).Na resposta alérgica mediada por Ig E ocor-re libertação dos grânulos do mastócito oudo basófilo, com libertação de mediadoresinflamatórios (histamina, prostaglandinas,bradicinina, leucotrienos, etc.), quando umalergénio contacta com 2 moléculas de IgEque se encontrem à superfície do mastócito.Esta resposta pressupõe o contacto préviodesse alergénio com o sistema imune, tendoconduzido à produção de IgE específica paraeste, que se localizará em circulação e nostecidos, ligada a células efectoras que tenhamreceptores para a IgE (ex.: mastócito, basó-filo) – sensibilização alergénica.Os alergénios podem ter várias origens (ali-mentos, medicamentos, ambiente), designan-do-se por atopia, como a tendência pessoale/ou familiar para produzir anticorpos IgEdirigidos contra aeroalergénios comuns.A activação das células Th2 tem um papelmajor na inflamação alérgica, uma vez queestes linfócitos estimulam a síntese de IgEpela célula B através da produção de IL-4 eIL-13, bem como o posterior recrutamentoeosinofílico através da produção de IL-5,condicionando a hipersusceptibilidade brôn-quica, no caso da asma.2-4

Os indíviduos atópicos, ao contrário dos nãoatópicos, apresentam um padrão citocínicoTh2 com produção de IL-4, IL-5, IL-9 e IL-13,sendo desconhecida a razão pela qual estesindivíduos diferenciam as suas respostas imu-nitárias neste sentido.5-7

A existência deste padrão nestes indivíduospoderia ser explicitado à luz da teoria higiéni-ca, que postula que a ausência de contacto commicrorganismos, bem como a ingesta de anti-bióticos e protecção ambiental, particularmen-te no primeiro ano de vida, condiciona o des-

A tolerânciaimunológica podeser definida como aausência de respostaa determinadasmoléculas

As reacções dehipersensibilidadepodem ser alérgicasou não alérgicas

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vio da diferenciação linfocitária no sentidoTh2 em vez do sentido Th1, como seria deesperar no indivíduo saudável.5-7

No entanto, sabe-se actualmente que as célulasTh1 são pró-inflamatórias e que o desenvol-vimento de uma resposta Th1 pode exacer-bar a asma e outras doenças alérgicas. Reali-zaram-se estudos nos quais foram transferidascélulas Th1 específicas de alergénio para ospulmões de ratinhos saudáveis, tendo-se veri-ficado um aumento da inflamação das viasaéreas, apesar de não se ter verificado indu-ção directa da hipersusceptibilidade brônqui-ca.8 O aumento da prevalência de doenças alér-gicas nos últimos 20 anos foi acompanhadode um aumento da prevalência de doençasauto-imunes. Estas observações sugerem queas alterações ambientais que provocaram oaumento da prevalência da asma e de outrasdoenças alérgicas não podem ser explicadasapenas com base na redução do perfil Th1.Mais recentemente, admite-se que esta res-posta imunitária possa surgir pela falência dediferentes mecanismos de supressão da res-posta Th2 pelos linfócitos T reguladores.As células T reguladoras controlam de formaactiva a função de outras células, geralmentede modo inibitório. Controlam o desenvol-vimento de doenças auto-imunes, a rejeiçãode transplantes e a asma e outras doençasalérgicas. 9

Com base em modelos animais, foram pro-postos dois subgrupos de células T regulado-ras, que diferem entre si em termos de especi-ficidade e do mecanismo efector: As célulasnaturais ou profissionais (CD4+CD25+), quese desenvolvem no timo e que dão origem auma população periférica de células T especí-ficas para auto-antigénios que evitam possí-veis reacções auto-imunes; e as células adapta-tivas ou induzidas (Tr1, Th3 e outras) que se

desenvolvem na sequência da activação de lin-fócitos T maduros, em condições subóptimasde exposição antigénica.9, 10

Na população linfocitária de células T regula-doras CD4+ estão incluídas as células CD25+,as células T reguladoras do tipo 1 (Tr1) e ascélulas Th3. Outras populações celulares comas células CD8+CD28-, células NK, célulasCD4-CD8- e células B têm sido implicadasem mecanismos de regulação.11,12

Th3As células Th3 foram descritas em 1994 porChen et al., como células T CD4+ que eraminduzidas nos gânglios linfáticos mesentéri-cos após estimulação com antigénios admi-nistrados por via oral. Produzem TGF-β,IL-4 e IL-10.13

A presença de TGF-β ajuda a induzir a dife-renciação de linfócitos T naive em células Th3.Apesar de a IL-4 promover o desenvolvimen-to de células Th3, não é fundamental para esteprocesso. A IL-10 pode aumentar a expansãode células Th3 ao reduzir o desenvolvimentoe maturação de células de perfil Th1.14

Estas células suprimem o desenvolvimentode encefalomielite auto-imune experimental,sugerindo que o TGF-β e a IL-10 produzi-dos por estas células inibem os efeitos dascélulas T auto-reactivas.8Tal como as células T reguladoras naturaisou profissionais, estas células expressamCTLA-4 na sua superfície. A expressão deFoxp3 e de CD25 também está aumentadaapós reestimulação das células Th3. Ao con-trário das células T reguladoras naturais, omecanismo supressor destas células depen-de da produção de TGF-β, que suprime aproliferação de células Th1 e Th2.As células Th3 também estimulam os plas-mócitos a secretar IgA.

As células Th1 sãopró-inflamatórias

As células Treguladorascontrolam de formaactiva a funçãode outras células,geralmentede modo inibitório

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Tr1Em 1997, Groux et al. demonstraram que aactivação crónica das células T CD4+, napresença de IL-10 exógena, dava origem acélulas Tr1, a partir de linfócitos T naive.15

Até à data não foi descrito nenhum marca-dor de superfície específico, pelo que as cé-lulas Tr1 são identificadas com base no seupadrão de produção de citocinas. Estas cé-lulas têm uma baixa capacidade proliferativae produzem níveis elevados de IL-10, níveisconsideráveis de IFN-γ, TGF-β e de IL-5 ebaixos níveis de IL-2 e não produzem IL-4.14

Através da produção de IL-10 e de TGF-β,as células Tr1 suprimem as respostas de cé-lulas T primárias e secundárias, ou seja, su-primem a proliferação de células T CD4+em resposta a antigénios.As células Tr1 específicas para vários tiposde antigénios, incluindo auto-antigénios,podem ser encontradas especialmente namucosa intestinal, e está demonstrado queevitam a indução experimental de colite emratos com imunodeficiência combinada gra-ve.8 Podem ser induzidas na periferia porcélulas dendríticas tolerogénicas.16

Fenotipicamente, as células Tr1 são seme-lhantes às células T reguladoras naturais, umavez que ambas são anérgicas e expressamCTLA-4. Em contraste com as células T re-guladoras naturais, as células Tr1 não expres-sam níveis elevados de CD25 ou de FoxP3,nem exercem o seu efeito supressivo atravésde contacto célula a célula.10

Estas células induzem tolerância respirató-ria e diminuem a inflamação pulmonar naasma através da produção de IL-10.17 Foirecentemente demonstrado que uma popu-lação de células T reguladoras que produzIL-10 e IFN-γ inibe o desenvolvimento dehipersusceptibilidade brônquica.18

Natural kilerFoi demonstrado em 2003 por Wilson et al.que estas células têm actividade reguladora emdoenças auto-imunes, incluindo a diabetesmellitus, a encefalomielite auto-imune experi-mental, a colite induzida por oxazolona e imu-nidade tumoral.8 Após a sua activação, as cé-lulas NK produzem grandes quantidades deIL-4 e de IFN-γ, que estão relacionados coma sua actividade reguladora. Estudos recen-tes, que serão abordados posteriormente, su-gerem que as células NK podem controlar odesenvolvimento da asma. 19

CD4+CD25+As células CD4+CD25+ foram descritas em1995 por Sakaghuchi et al. como uma peque-na fracção (aproximadamente 10%) de célu-las T CD4+ que desempenham um papelimportante na prevenção da auto-imunida-de, na rejeição de aloenxertos e na manuten-ção da auto-tolerância.8A população de células CD4CD25+ tem sidoinvestigada em vários estudos, documentando--se a sua presença na maioria dos indivíduossaudáveis e apresentando um papel prepon-derante na regulação da resposta imunitária.Esta subpopulação de linfócitos T CD4+ ex-pressa constitutivamente a cadeia α do re-ceptor da IL-2 (CD25), um marcador usadopara identificar linfócitos T activados, comum papel preponderante na manutenção datolerância periférica20,21, prevenindo a proli-feração de células T auto-reactivas que tenhamescapado ao processo de tolerância centralpor deleção no timo22, bem como pela suaacção moduladora da actividade das célulasdendríticas23 e pela sua possível acção cito-tóxica por intermédio das perforinas nas cé-lulas CD4 e CD8 autólogas activadas, mo-nócitos CD14+ e células dendríticas 24.

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Fenotipicamente,as células Tr1 sãosemelhantes àscélulas T reguladorasnaturais

As células NKpodem controlaro desenvolvimentoda asma

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As células T CD4+CD25+ representam 8 a12% dos linfócitos T CD4+ nos ratos e 2 a5% nos humanos.Estas células são anérgicas e não proliferammediante activação via TCR, excepto na pre-sença de IL-2 ou de IL-5. De facto, a IL-2 énecessária para desencadear a sua funçãosupressora.1Os mecanismos reguladores das célulasCD4+CD25+ T incluem a supressão pormecanismos de contacto célula a célula25, queenvolve o CTLA-4 e o TGF-β1, levando auma diminuição da expressão da cadeia αdo receptor da IL-2 nas células T alvo 9 ou aprodução e citocinas imunossupressoras, co-mo a IL-10 26 e a TGFβ27.A sinalização via TGF-β nas células CD4+CD25+ é importante para a sua actividadesupressora e expansão, e a activação destascélulas na presença de IL-2 condiciona a pro-dução de IL-10.28

Deste modo, a actividade supressora depen-de de mecanismos de contacto celular de-pendente da interacção MHCII/TCR viareconhecimento específico de antigénio epresença de TGF-β e IL-1029,30. Por outrolado, tem sido proposto um eventual papeldo receptor para o TNF (GITR) como me-canismos de supressão celular30,31.Em trabalhos mais recentes foi documenta-do que a inexistência do factor de transcri-ção Foxp3 nos ratinhos condicionava a ocor-rência de uma doença autoimune mortal,caracterizada pela deficiência das célulasCD4+CD25+, que não ocorria no caso dese transferir esta população celular para rati-nhos Foxp3-, postulando-se a importânciamajor deste factor para a sua existência32,33.No humano, a expressão de Foxp 3 não éespecífica das células CD4+CD25+, uma vezque a expressão de mRNA de Foxp 3 pode

ser induzida em células mononucleares desangue periférico que não apresentam estaexpressão após isolamento, indicando tratar--se apenas de um marcador de activaçãocelular34.A presença de TGF-β constitui um elemen-to-chave para a expressão de Foxp3 e activa-ção dos percursores CD4CD25+ com fenó-tipo de actividade supressora35.Expressam FOXP3, GITR, CD25, TNF-α,CCr8, CTLA-4 e TGF-β na sua superfície,que são características comuns dos linfóci-tos T activados.A activação das células CD4CD25+ é de-pendente das células dendríticas, APC quemigram do local de infecção para o gângliolinfático, expressando durante o seu proces-so de maturação receptores de superfícieCD80/CD86 que se revelam de importân-cia major para a activação celular, devido aoseu papel de co-estimulação, sem os quais ascélulas ficam anérgicas36,37.Estes receptores têm acções opostas, condi-cionando a expressão de CD80 o aumentoda actividade supressora e a expressão deCD86 o efeito oposto36. O aumento do nú-mero de células T reguladoras está associa-do ao aumento de expressão de Foxp3 e deCD4+CD25+CTLA-4+, encontrando-se oCTLA-4 envolvido na actividade regulado-ra. Este último regula a função das célulasCD4+CD25+ T inicialmente durante o de-senvolvimento destas células e, posterior-mente, na sua fase efectora, onde a sua pre-sença se reveste da maior importância para aactividade supressora38-40.A diferenciação da célula TCD4+ em célulareguladora, em detrimento de efectora/me-mória, pode ainda depender da expressão deoutras moléculas, como LAG-3 e neuropi-lina-141.

Células ReguladorasLuís Miguel Borrego, Sónia Rosa, Cármen Algueró, Hélder Trindade, José Rosado Pinto

Os mecanismosreguladores dascélulas CD4+CD25+ Tincluem a supressãopor mecanismosde contacto célulaa célula

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O LAG-3 é uma molécula associada a célulasCD4 que se liga ao MHC II modulando a ac-tividade supressora das células CD4+CD25+T, sendo a sua produção ectópica suficientepara conferir actividade reguladora41.A neuropilina 1 é um receptor envolvido namaturação axonal, angiogénese e activaçãoda célula T, encontrando-se expresso cons-titutivamente na superfície das célulasTCD4+CD25+, independentemente do seuestado de activação, estando a sua presençadirectamente relacionada com a actividadesupressora destas células42.A família dos factores de activação nuclearda célula T (NFAT) compreende 4 membros:NFATc1, NFATc2, NFATc3, NFATc4 e umaproteína distante relacionada NFAT5, estan-do os tipos 2 e 3 envolvidos no processo desupressão das células TCD4+CD25, origi-nando a presença de síndromas linfoprolife-rativas, mesmo na presença de células funcio-nalmente activas nos ratinhos deficientes deNFATc2 e NFATc343.

Papel das células T reguladorasna asma e doenças alérgicasAs células T reguladoras têm sido estudadas prin-cipalmente no contexto de tolerância a auto-an-tigénios e doenças auto-imunes. No entanto, atolerância imunológica também é importante emtermos da resposta imunitária a antigénios en-contrados nos tractos respiratório e gastrintesti-nal. Estes locais estão continuamente expostosa uma grande variedade de antigénios que in-duzem tolerância ou hiperreactividade. Estatolerância a antigénios ambientais poderia ser me-diada pelo desenvolvimento de células T regula-doras ou por deleção clonal e anergia das célulasespecíficas para o alérgeno8.Em doentes com IPEX (imune dysregulationPolyendocrinopathy, X linked syndrome), nos quais

se verifica uma ausência de células regulado-ras CD25+ provocada por mutações naFOXP3, desenvolvem eczema grave, aumen-to dos níveis de IgE, eosinofilia e alergia ali-mentar, pelo que é provável que as células Treguladoras possam, de alguma forma, con-trolar o desenvolvimento de asma e de ou-tras doenças alérgicas44.Esta teoria pode ser corroborada por estudosque demonstraram que as células T produto-ras de TGF-β podiam reduzir, de uma formaeficaz, a inflamação e hipersusceptibilidade dasvias aéreas45. A inflamação das vias aéreas emdoentes asmáticos também pode ser inibidapor linfócitos T produtores de IL-10.A transferência de células T secretoras de IL--10 inibiu a inflamação das vias aéreas e dahipersusceptibilidade brônquica induzidaspela transferência prévia de células Th246.Estes estudos sugerem que as células T re-guladoras produtoras de Il-10 têm um efeitoinibidor directo sobre as células Th2.Foi sugerido por Umetsu et al. que a exposi-ção a alergénios respiratórios poderia levar aodesenvolvimento de tolerância e à formaçãode células T reguladoras e que as células Th2surgiriam como formas aberrantes do desen-volvimento das primeiras, provavelmente porprodução inadequada de Il-10 ou por aumen-to da produção de IL-4 e de IL-13, levandoao aparecimento das doenças alérgicas47.

CD4+CD25+A indução de tolerância oral para determi-nados alimentos está associada ao aumentodo número de células CD4+CD25+ T, querno animal, quer no humano48,49.Num estudo efectuado em crianças com aler-gia às proteínas de leite de vaca, ficou demons-trado que ocorria um aumento do númerode células CD4+CD25+ T no sangue peri-

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A família dos factoresde activação nuclearda célula T (NFAT)

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férico das crianças que começaram a tolerarleite na dieta, ao contrário das que permane-ciam clinicamente sintomáticas49.Doentes com dermatite atópica têm um au-mento significativo do número de célulasCD4+CD25+ T no sangue periférico, comactividade imunossupressiva normal. No en-tanto, após estimulação com superantigénios,perdem a sua actividade imunossupressiva,sugerindo um mecanismo explicativo para oaumento da activação celular T em doentescom dermatite atópica50.Ling e colaboradores demonstraram que ascélulas CD4+CD25+ T de dadores não ató-picos suprimiam a proliferação e a produçãode IL-5 pelas células CD4+CD25+ T, esti-muladas com um alergénio, do próprio indi-víduo atópico, não se verificando esta supres-são no caso de o dador ser atópico. Estaausência de supressão verificava-se aindamais significativamente no caso de o dadorter rinite alérgica, com uma supressão inferi-or aos não atópicos fora da época polínica emuito inferior a estes durante a mesma51.Outro estudo conseguiu comprovar que du-rante a época polínica da bétula as célulasCD4+CD25+ T dos índíviduos alérgicos àbétula eram deficitárias na redução da pro-dução de IL-13 e IL-5 mas não na capacida-de de reduzir a produção de IFN-γ 52.Estes estudos podem sugerir que a doença alér-gica surge pela activação alergénica das célulasreguladoras CD4+CD25+ T e das células efec-toras Th2, talvez por uma deficiência na fun-ção supressora das primeiras ou pela ocorrên-cia de fortes sinais de activação. Deste modo, otratamento e prevenção das doenças alérgicaspode passar pela activação das células regula-doras e supressão das células Th2.Neste sentido, foi efectuado um estudo comcrianças asmáticas e com grupo-controlo, em

que se comprovou que os níveis de sIL-6Restavam aumentados nas vias aéreas dos pri-meiros. Mais ainda: o bloqueio de sIL-6Rnum modelo murino conduziu ao decrésci-mo de células Th2 no pulmão e a um au-mento da expressão local de células Foxp3+CD4+CD25+ T, com capacidade imunos-supressora, postulando-se que a utilização te-rapêutica destas células possa ser uma armaterapêutica para os asmáticos53.Alguns estudos demonstraram que as célu-las CD4+CD25+ T modulam a resposta Th1e Th2 e que podem suprimir a maturaçãoTh254,55.As células CD4+CD25+ T são heterogénease compreendem o tipo Th1-like CD4+CD25+e o tipo Th2-like CD4+CD25+ T, exprimindoFoxp3, induzindo tolerância por intermédio dascélulas dendríticas CD8a+56.Num estudo recente verificou-se que o nú-mero de células CD4+CD25+ T circulantesnão diferia entre controlos saudáveis, atópi-cos não asmáticos e asmáticos, verificando--se no entanto, um aumento destas nos as-máticos durante uma exacerbação clínica.57

Haddeland U et al. estudaram o sangue do cor-dão de um grupo de recém-nascidos com his-tória familiar de alergias em comparação comgrupo-controlo concluindo que os primeirosapresentavam números inferiores de célulasCD4CD25 com repercussão funcional peladiminuição das citocinas supressoras58.A exposição a um alergénio alimentar na pre-sença de LPS conduziria ao aumento dessascélulas nos indivíduos sem história familiarde alergia, mas não naqueles que tinham his-tória familiar58.Por outro lado, foi demonstrado por algunsestudos que a administração de corticoste-róides a doentes asmáticos estimulava fun-cionalmente as células CD4+CD25+, o que

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O tratamento eprevenção dasdoenças alérgicaspode passar pelaactivação das célulasreguladorase supressãodas células Th2

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poderia explicar a melhoria clínica, bemcomo a sua eficácia anti-inflamatória e imu-nossupressora58-63.Esta estimulação caracterizava-se pela expres-são de citocinas supressoras, bem como pelofactor de transcrição Foxp 3, correlacionan-do-se a expressão de Foxp 3 mRNA com aexpressão de IL-10 mRNA64.Para além da terapêutica com corticosterói-des para o tratamento das doenças alérgicas,têm sido utilizadas outras armas terapêuti-cas que modulam o sistema imune, como autilização de imunoterapia específica.A imunoterapia específica (ITE) consiste naadministração de doses progressivamentecrescentes de alergénio com a finalidade dediminuir a sintomatologia resultante de umaexposição natural a esse alergénio(s).65-67 Estamodalidade terapêutica tem demonstrado asua eficácia na alergia a veneno de himenóp-teros, rinite alérgica e asma brônquica,68-70 es-tando demonstrado que pode alterar a his-tória natural da doença alérgica, prevenindoo desenvolvimento de asma em doentes comrinite alérgica71,72 e, ainda, sensibilizações anovos alergénios73.Estes estudos têm demonstrado alteraçõesna reactividade da célula T após imunotera-pia específica, com redução das citocinas Th2e aumento da expressão de citocinas T helper(Th) 1: IL-2, IFN-γ e IL-1265-73.Em 2003, Jutel et al demonstraram que o en-riquecimento de uma cultura celular com cé-lulas CD4+CD25+, purificadas após ITEcom extracto de ácaro do pó doméstico, porvia subcutânea e clinicamente eficaz, supri-mia a proliferação celular, e que este efeito éespecífico do alergénio74.Demonstraram ainda que as células T espe-cíficas que expressam interleucina 10 (IL-10)e TGF-β, citocinas reguladoras da resposta

inflamatória e inibidoras da proliferação, es-tão maioritariamente contidas na fracção decélulas T CD4+CD25+. O efeito supressorfoi neutralizado com a adição de anticorpoanti-receptor de IL-10 (anti-IL-10R) esTGF-βR.

NKAs células NK podem afectar a diferencia-ção das células Th2. Estas células produzemgrandes quantidades de citocinas quando sãoactivadas por antigénios glicolípidos do pró-prio.As NK estão presentes no pulmão e produ-zem níveis elevados de IL-4 e de IL-13, queregulam o aparecimento de hiperreactivida-de brônquica19.Assim, na ausência de células NK, comoacontece em ratinhos CD1d-/-, a exposiçãoa vários alergénios não desencadeia HRB75.O mecanismo pelo qual as NK induzem aHRB não está ainda esclarecido.São importantes para a indução de HRB norato mas desconhece-se a sua importânciana asma em humanos.

Tr1, Th3Actualmente desconhece-se, de entre as váriascélulas T reguladoras, quais são as mais im-portantes no controlo das doenças alérgicas.É possível que as células Th3 estejam en-volvidas na regulação de doenças gastrin-testinais e que as células Tr1 se encontremmais ligadas às doenças respiratórias, umavez que que as céluilas dendríticas do trac-to respiratório produzem IL-10, necessá-ria para o desenvolvimento deas células Tr1e que as células dendríticas do tracto gas-trintestinal produzem IL-10 e TGF-β ne-cessários ao desenvolvimento das célulasTh3.76

Células ReguladorasLuís Miguel Borrego, Sónia Rosa, Cármen Algueró, Hélder Trindade, José Rosado Pinto

As células NKpodem afectara diferenciaçãodas células Th2

É possível queas células Tr1 seencontrem maisligadas às doençasrespiratórias

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ConclusãoO conhecimento dos mecanismos protec-tores do aparecimento da asma e de outrasdoenças alérgicas ainda é limitado. É pou-co provável que os mecanismos protecto-res da asma e de outras alergias estejam re-lacionados com um perfil Th1, dado queesta resposta tem propriedades pró-infla-matórias.Os diferentes tipos de células T reguladoras(Th3, Tr1, CD4+CD25+) poderão estar en-volvidos na supressão do desenvolvimentoda asma e de outras doenças alérgicas, dandoorigem a respostas anti-inflamatórias.

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