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GÊNERO FÁBULA: incentivo à leitura e à produção de textos

Autora: Delma Rufino1 Orientadora: Eliana Alves Greco2

Resumo

O artigo tem o objetivo de apresentar uma proposta de intervenção pedagógica com os alunos do 7º ano do Colégio Estadual Rachel de Queiroz – EFM. O trabalho pretende realizar reflexões sobre o ensino e aprendizagem da leitura, devido à constatação de que a leitura na escola tornou-se cada vez menos apreciada, e consequentemente os alunos apresentam menor rendimento nas produções textuais, como constam nas avaliações nacionais. A metodologia foi norteada pelo referencial teórico bibliográfico e baseia-se na teoria do gênero discursivo. Optou-se pelo desenvolvimento de uma sequência didática com o gênero fábula por ser um excelente recurso para incentivar a leitura e a produção textual dos alunos, visto ser uma narrativa curta, alegórica que, mesmo escrita há muitos anos, ainda encanta por sua atualização temática e por suas possibilidades de reflexões críticas. Os resultados mostraram que o trabalho colaborou para o processo de aprendizagem de leitura e escrita, além de possibilitar ao educando uma postura mais reflexiva.

Palavras-chave: gêneros; fábula; leitura; produção textual.

1 Introdução

Este artigo tem como finalidade apresentar e analisar o processo e os

resultados da implementação pedagógica aplicada em forma de sequência didática

no Colégio Estadual Rachel de Queiróz – Ensino Fundamental e Médio, e teve como

1 Especialização em Metodologias e Técnicas de Produção de Textos pela Unipar, Graduação em Letras pela Unoeste – Faculdade do Oeste Paulista, Professora de Língua Portuguesa lotada no Colégio Estadual Rachel de Queiroz – EFM. 2 Doutorado em Letras pela Universidade de São Paulo, Mestrado em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Graduação em Letras pela Universidade Estadual de Maringá, Professora Adjunta da Universidade Estadual de Maringá.

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objetivo promover a oralidade, a leitura e a escrita de alunos do 7º ano do ensino

fundamental, por meio de atividades com o gênero fábula.

Atualmente adolescentes e jovens apresentam muitas dificuldades em

adquirir o hábito de ler. A leitura na escola tornou-se cada vez menos apreciada.

Essa constatação leva a refletir sobre a necessidade de uma ação transformadora

em que cada professor assume o papel relevante na tarefa de articulador e

mediador, principalmente no que diz respeito à leitura e à escrita. Portanto, cabe à

escola a responsabilidade de propiciar meios para que os alunos mantenham uma

relação significativa com a leitura e que sejam capazes de buscar sentidos nos

textos, ampliando sua visão. Sendo assim, o trabalho com leitura e escrita, por meio

do gênero discurso fábula no espaço escolar, cooperou para o processo de

aprendizagem, possibilitando ao educando adquirir postura reflexiva tão necessária

ao exercício da cidadania.

O gênero discursivo fábula aborda as esferas sociais de circulação literária

artística e contempla práticas de leitura, produção de textos, linguagem oral e

reflexão sobre a língua e linguagem. Esse gênero tem uma tradição oral muito

antiga, e sua intencionalidade era expor ou criticar os costumes e comportamentos

da época, utilizando-se de animais, plantas ou objetos com características humanas.

Com essa prática, pretendeu-se incentivar a formação de leitores apreciadores e

críticos, proporcionar ao aluno a possibilidade de identificar características desse

gênero, além de despertar a prática da leitura e reprodução ou produção de fábulas.

Conforme as Diretrizes Curriculares Estaduais, vive-se numa época

denominada “era da informação”. Mesmo assim, convive-se com índices crescentes

de analfabetismo funcional, e os resultados das avaliações institucionais revelam

baixo desempenho do aluno em relação à compreensão do texto que lê. Tal situação

requer uma profunda reflexão na tarefa de ensinar a ler e escrever. Isso exigirá dos

profissionais que atuam em sala de aula ressignificar seu papel e sua metodologia

de ensino, considerando a escola um espaço privilegiado de interação social.

O professor de Língua Portuguesa, embasado nas Diretrizes Curriculares

Estaduais, deve formar um leitor capaz de sentir e de expressar o que sentiu por

meio da tríade obra/autor/leitor. E ainda explorar ao máximo, com seus alunos, os

textos literários, sabendo-se da importância da leitura para a formação completa do

cidadão.

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Justifica-se, assim, o trabalho com o gênero fábula, por ser uma narrativa

curta, metafórica, que vem sendo apreciada desde a antiguidade e oferece

oportunidade de aprimorar a leitura e a escrita dos alunos.

Na proposta de intervenção, utilizou-se a metodologia contemplada nas

Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa do Paraná, que têm como eixos

norteadores a leitura, a oralidade e a escrita.

2 Fundamentação teórica

Desde o nascimento, o ser humano está em constante aprendizado. Tal

processo é mediado pela escola, por meio do desenvolvimento das práticas de

oralidade, leitura e escrita, a qual possibilitará o acesso à cultura humana.

É sabido que a leitura é requisito fundamental para aprendizagem de

qualquer conteúdo. Nada, nenhum equipamento ou recurso tecnológico substituem o

ato de ler. Cada meio de comunicação é diferente, uns completam os outros, pois

todos exigem as práticas da leitura e escrita. (RANGEL, 1990).

Geraldi (1997, p. 135) considera “... a produção de textos (orais e escritos)

como ponto de partida (e ponto de chegada) de todo o processo de ensino

aprendizagem da língua.” Sendo assim, consideram-se essas práticas

indispensáveis para a formação de um cidadão conhecedor de seus direitos e

deveres.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais,

[...] compreende-se a leitura como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim as várias vozes que o constituem. (SEED, 2008, p. 56).

Ao ler, o indivíduo utiliza os conhecimentos adquiridos e gera novos

conhecimentos que poderão conduzi-lo a novas atitudes e novos comportamentos.

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Conforme ressalta Silva,

[...] a prática de leitura é um princípio de cidadania, ou seja, o leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade justa, democrática e feliz. (SILVA, 2005 apud SEED, 2008, p. 57).

A leitura é uma prática que deve ser desenvolvida na escola, mas pode

ultrapassar seus muros. De acordo com Seffner (2001, p. 115), “ler é compreender o

mundo, e escrever é buscar intervir na sua modificação”. Agindo assim o indivíduo é

capaz de ver além do texto, entender o implícito e chegar a perceber as intenções

de produção do autor. Tal processo, que se inicia na alfabetização, estender-se-á

por toda vida:

Ler e escrever são tarefas da escola, questões para todas as áreas, uma vez que são habilidades indispensáveis para a formação de um estudante, que é responsabilidade da escola. Ensinar é dar condições ao aluno para que ele se aproprie do conhecimento historicamente construído e se insira nessa construção como produtor de conhecimento. (GUEDES; SOUZA, 2001, p. 15)

Solé (1998 p. 72), em seu livro Estratégias de leitura, esclarece que “a

principal idéia geral é a concepção que o professor tem sobre a leitura, o que fará

com que ele projete determinadas experiências educativas com relação a ela”.

Ainda, nesse livro, a autora ressalta que “o ensino de estratégias de compreensão

contribui para dotar os alunos dos recursos necessários para aprender a aprender”.

Para que haja a compreensão do texto, o leitor deve utilizar várias

estratégias antes, durante e depois da leitura. Antes da leitura, é necessária a

realização de um trabalho bem elaborado, como: ideias gerais, motivação para a

leitura, objetivos da leitura, revisão e atualização do conhecimento prévio,

estabelecimento de previsões sobre o texto e formulação de perguntas sobre ele.

Entretanto, a maior parte da atividade de leitura compreensiva acontece durante a

leitura: selecionar marcas e indicadores, formular hipóteses, verificá-las, construir

interpretações e saber que isso é necessário para obter certos objetivos. As

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estratégias trabalhadas após a leitura ressaltam: a importância de identificação da

ideia principal, elaboração de um resumo, formulação e resposta de perguntas. A

autora deixa claro que o leitor deve continuar compreendendo e aprendendo,

mesmo após a leitura.

Cunha (2000, p. 33) afirma que,

Se a leitura é sobretudo a compreensão dos outros, a escrita é sobretudo a compreensão do próprio sujeito. Sem elas, muitos dados de nossa própria vida nos escapam, como escapam reflexões e histórias importantes da humanidade. Sem nos conhecer minimamente e sem conhecer o outro, não há como participar de maneira completa da vida, da convivência, da construção de uma sociedade. Porque a leitura e a escrita nos ajudam a ver além das letras e a criar além das palavras.

Para Geraldi (1997), “... lendo a palavra do outro, posso descobrir nela

outras formas de pensar que, contrapostas às minhas, poderão me levar à

construção de novas formas, e assim sucessivamente.” O autor faz uma distinção

entre produção de texto e redação. Na redação, escreve-se para a escola de

maneira que há muita escrita e pouco texto (ou discurso), enquanto a produção de

texto firma-se como estratégia capaz de conscientizar o aluno das relações entre

fala e escrita e, como consequência, fazer o aluno perceber uma série de fatores

implicados nesse estilo de expressão. Saber: o que dizer? Para que dizer? Para

quem dizer?

Também é importante destacar Greco (2010):

O ser humano age em determinadas esferas de atividades humanas, como a da igreja, da escola, do trabalho, da política, do jornal, das relações de amizade. Essas esferas de atividades implicam a utilização da língua em forma de enunciados, concretos e únicos, que se estabilizam e se modificam em função de alterações na própria esfera. Os enunciados são produzidos somente dentro das esferas, sendo determinados pelas condições e pelas finalidades de cada uma delas. Isso significa que cada esfera de atividades elabora tipos relativamente estáveis de enunciados. Esses enunciados se concretizam em textos socialmente construídos, que são os gêneros discursivos, ou seja, no interior de uma determinada esfera de atividade nos comunicamos por meio de gêneros. Neste sentido, cada esfera da atividade comporta um repertório de gênero, que se diferencia e se amplia à medida que a própria esfera se desenvolve e se torna mais complexa. (GRECO, 2010, p.11)

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Sendo assim, com base nas DCEs, o professor de Língua Portuguesa

precisa possibilitar ao educando a prática, a discussão e a leitura de textos das

diferentes esferas sociais. Sob o exposto, defende-se que as práticas discursivas

abrangem, além dos textos escritos e falados, a integração da linguagem verbal com

outras linguagens (multiletramentos).

O trabalho com os gêneros contribui para o desenvolvimento da

compreensão e posterior produção de textos. Para o projeto de implementação,

escolheu-se o gênero fábula, abordando as esferas sociais de circulação

literária/artística e contemplando as práticas de leitura, produção de textos,

linguagem oral e reflexão sobre a língua e a linguagem.

O gênero discursivo fábulas é descrito por Greco (2010, p. 20) da seguinte

forma:

[...] foi criado, na Antiguidade, com a função social de ensinar e aconselhar o ser humano. Embora atualmente a fábula seja um gênero escrito, teve sua origem e circulação na tradição oral. Toda fábula possui uma ideologia, que perpassa pela história protagonizada por animais com comportamentos e características humanas. Nesse âmbito, sempre há uma disputa entre os bons e os maus, os fortes e fracos, os gananciosos e os humildes, etc.

Segundo Fernandes (2001, p. 19), “todas as histórias são produzidas de

acordo com o que as pessoas de uma determinada época pensam sobre a sua

sociedade, sobre o mundo e sobre o modo como vivem”. O gênero fábula, como

tantos outros gêneros narrativos, registra as experiências e o modo de vida dos

povos. É por meio das histórias que se ouve, lidas ou contadas, de boca em boca,

que se aprende boa parte do que se precisa saber para viver em sociedade.

De acordo com Silva (2010), os principais fabulistas foram o grego Esopo

(140 a.C.), o romano Fedro (10 a.C. a 69 d.C.), o francês La Fontaine (1621 – 1695)

e o brasileiro Monteiro Lobato (1882 – 1948).

Ainda conforme a autora, Esopo era um escravo que viveu na Grécia. Suas

fábulas eram divulgadas oralmente e criticavam as situações sociais da época.

Fedro introduziu as fábulas de Esopo na literatura latina. A partir de La Fontaine, a

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criança torna-se destinatário preferencial dos fabulistas, enfatizando seu caráter

formativo e a importância dos animais como personagens representativas dos seres

humanos. O brasileiro Monteiro Lobato recria fábulas antigas, também tem seu foco

nas crianças e substitui os animais exóticos por provenientes da fauna brasileira.

“Vestiu à nacional” as fábulas por ele selecionadas do fabulário, principalmente do

Esopo e de La Fontaine.

Também conforme Fernandes (2001, p. 36), uma história pode ser contada

ou escrita de maneiras diferentes e com intenções também diferentes. É o que se

chama de versões. No Brasil, além de Lobato, merece destaque a participação de

Millôr Fernandes na (re) produção desse gênero. Ele se utiliza das fábulas para

criticar e satirizar as situações do cotidiano moderno.

Sendo assim, o trabalho com leitura e escrita, por meio do gênero literário

fábula, contribui para o processo de aprendizagem, possibilitando ao educando

adquirir postura reflexiva tão necessária ao exercício da cidadania.

3 Desenvolvimento metodológico

Desde o nascimento, o ser humano está em constante aprendizado. Tal

processo é mediado pela escola, por meio do desenvolvimento das práticas de

oralidade, leitura e escrita que possibilitarão o acesso à cultura humana.

Sabe-se que este trabalho não foi a solução dos problemas de ensino e

aprendizagem da leitura, mas buscaram-se algumas possibilidades de melhorias nas

práticas em sala de aula. De um modo geral, as atividades transcorreram de uma

forma bem aceitável pelos alunos, às vezes o trabalho ficava meio enfadonho, por

ter que voltar muito no objeto de estudo “fábula”.

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3.1 Conhecendo o gênero fábula

Primeiramente, foram expostos oralmente o projeto e seus objetivos para os

alunos; em seguida foi realizada uma sondagem para descobrir o que sabiam a

respeito do gênero, com as seguintes questões:

• Vocês conhecem alguma fábula?

• Quem gostaria de comentar sobre elas?

• Quem são geralmente os personagens das fábulas?

• Já ouviram falar sobre Monteiro Lobato?

• E Esopo? La Fontaine? Millôr Fernandes?

Posteriormente, apresentaram-se a definição de fábula e suas principais

características. Após, foi entregue a ilustração abaixo da fábula “A raposa e o

corvo”, para os alunos colorirem.

Ilustração: Hemerson Barreto de Novaes

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Na sequência, foram feitas algumas perguntas orais sobre a ilustração, para

ativar o conhecimento prévio:

• Que animais são esses?

• Será que eles serão personagens da história que iremos ler?

• Onde eles estão?

• Que irá acontecer com eles?

• Eles parecem amigos? Comente.

Após o questionamento oral, foi entregue uma cópia da fábula para leitura e

interpretação escrita:

• Vocês já conheciam essa fábula?

• Alguém sabe o que é corvo? E raposa? Pesquisar no dicionário.

• Qual das personagens agiu com mais esperteza? Por quê?

• Com qual das personagens você se identifica? Por quê?

• Na fábula, quais atitudes humanas as personagens assumiram?

• Em sua opinião, o texto foi escrito com qual intenção?

Apresentou-se também aos alunos a versão da mesma fábula em vídeo,

comentou-se sobre as possibilidades de apresentar uma mesma história com

recursos diferentes, fazendo questionamentos orais.

• Qual a diferença entre os dois textos?

• Ocorreu mudança de comportamento das personagens?

• A moral é a mesma nos textos?

• Qual dos textos você achou mais fácil de entender?

• Em sua opinião, devemos acreditar em muitos elogios?

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Na próxima aula, discutiu-se com os alunos o título da fábula “O leão e o

ratinho”, instigando com questionamentos orais:

• Esse poderia ser o título de uma fábula?

• Sobre o que seria a história?

• Onde poderia se passar a história?

• Quais características que normalmente são atribuídas ao leão? E ao

rato?

• Quais dessas características poderiam ser atribuídas ao homem?

Após os questionamentos orais, trabalharam-se as versões em prosa e

verso, realizando leitura coletiva e interpretação escrita e relacionando as fábulas “A

raposa e o corvo” e “O leão e o ratinho”.

• Quais as personagens principais de cada texto?

• Quais as características em comum das fábulas?

• Vocês perceberam as diferenças existentes em cada fábula?

• Qual a fábula que vocês mais gostaram?

• Comentem sobre a atitude do ratinho?

• Atualmente as pessoas agem mais de acordo com o comportamento das

personagens de qual fábula? ( ) “A raposa e o corvo” ( ) “O leão e o

ratinho”

• Qual a moral da fábula “O leão e o ratinho”?

• Por que o leão não acreditou na proposta do rato?

• Vocês conhecem ou conheceram alguém com o comportamento igual ao

da raposa? Comentem.

• De acordo com o que estudamos até agora, como vocês definiriam

fábula?

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Para ampliar o conhecimento dos alunos, pediu-se, como tarefa de casa,

que, em duplas, pesquisassem a obra de alguns fabulistas, copiassem uma de suas

fábulas e trouxessem na próxima aula.

3.2 Ampliando o conhecimento sobre fábulas

Dando continuidade à aplicação da sequência, iniciou-se a aula deixando

um momento livre para que os alunos pudessem trocar as fábulas e fazer a leitura

daquela que mais gostaram. Após a leitura, montou-se um mural na sala, dividido

por autores, com as fábulas trazidas pelos alunos. Na aula seguinte, os alunos foram

levados à sala de informática para pesquisarem, em dupla, a vida e a obra dos

fabulistas Esopo e La Fontaine e como surgiram as fábulas. Fixaram os textos

digitados sobre os fabulistas, no mural da sala elaborado na atividade anterior, e

responderam as seguintes questões propostas:

• Assinale as alternativas relacionadas à fábula:

( ) narrativa curta.

( ) narrativa longa.

( ) transmite um ensinamento.

( ) as personagens geralmente são animais ou objetos.

( ) as personagens são sempre pessoas.

( ) o cenário onde acontece os fatos são descritos.

( ) as personagens falam e agem como pessoas.

• Quando sugiram as fábulas?

• Comente, resumidamente, sobre o fabulista Esopo e La Fontaine.

• Quando foram publicadas as primeiras fábulas?

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3.3 Trabalhando outros aspectos da fábula

Nesta etapa, os alunos assistiram à versão em vídeo da fábula “A raposa e

as uvas” e foram questionados oralmente sem mencionar que se tratava de uma

fábula.

• Esse vídeo pode ser considerado uma fábula? Por quê?

• Quem poderia contar aos colegas a história?

Dando continuidade à aula, distribuiu-se cópia das fábulas “A raposa e as

uvas” e “O lobo e o cordeiro” em prosa e em verso, e os alunos fizeram leitura e

interpretação escrita:

• Qual a diferença na maneira como são escritas as fábulas?

• Qual autor escreve em versos?

• Qual autor escreve em prosa?

• Qual a versão que você mais gostou?

• Qual a reação do cordeiro diante dos argumentos do lobo?

• O lobo agiu corretamente? Comente.

• A raposa é muito esperta. Você concorda que devemos agir assim diante

das dificuldades?

• Como você agiria para conseguir alcançar seus objetivos?

• Você concorda com a atitude do lobo e da raposa?

• Que outro final você daria para a fábula “O lobo e cordeiro”?

• Quem poderia ser nos dias atuais “os lobos” e “os cordeiros”?

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Em seguida, trabalhou-se também como são introduzidas as falas (discurso

direto e indireto) e a caracterização das personagens, com atividades escritas a

partir das fábulas dadas:

• Quais adjetivos aparecem na fábula “A raposa e as uvas”?

• Reescreva o trecho abaixo da fábula “O lobo e o cordeiro”, substituindo

os adjetivos destacados por outros de igual sentido:

“Em um pequeno córrego, bebia água um lobo esfomeado, quando

chegou, mais abaixo da corrente de água um cordeiro, que começou

também a beber. O lobo olhou com os olhos sanguinários e

arreganhando os dentes disse: (...)”

• Dê características aos animais de acordo com as fábulas estudadas:

Leão

Ratinho

Lobo

Cordeiro

Raposa

Corvo

• Observe:

– Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? – disse o

monstro arreganhando os dentes. (discurso direto)

O monstro arreganhando os dentes disse que desaforo era esse de

turvar a água que ele iria beber. (discurso indireto)

• Estão verdes – murmurou. – Uvas verdes, só para cachorro.

Nesta frase, o discurso é: ( ) direto. ( ) indireto.

• Que recurso é usado para marcar as falas das personagens da fábula

“O lobo e o cordeiro” na versão de La Fontaine?

• Reescreva usando o discurso indireto a fábula “A raposa e as uvas” e

dê outro final.

• Escolha uma das falas das personagens da fábula “O lobo e o

cordeiro” e reescreva usando o discurso indireto.

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3.4 Ampliando o repertório de fábulas

Para iniciar esta etapa, durante uma aula, distribuíram-se vários livros para

que alunos pudessem ter mais contato com as obras e autores e ampliassem seu

repertório de fábulas.

Na próxima aula, trabalhou-se a versão, em forma de música e vídeo, da

fábula “A cigarra e a formiga”, com questionamentos orais:

• Conheciam a música?

• Sobre o que fala a música?

• A música lembra alguma história?

• Como é o comportamento das personagens?

• Qual o ensinamento da música?

Na mesma aula, entregou-se uma ilustração para colorir:

Ilustração: Hemerson Barreto de Novaes

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Na aula seguinte, distribuiu-se uma cópia da adaptação da fábula “A cigarra

e as formigas”, em quadrinhos, nas versões “A cigarra boa” e “A cigarra má”

(MENDES, 2011), realizando-se uma interpretação escrita e comparando as

versões:

• As personagens são as mesmas?

• Elas mudam de comportamento?

• Qual é mais solidária e qual é mais egoísta? Por quê?

• Quem a cigarra e a formiga representam nos dias de hoje?

• Você concorda com atitude da formiga na versão de Esopo?

• Como você descreveria o moral da história da formiga boa?

• Qual versão você mais gostou e por quê?

• Se você fosse assumir uma das personagens com qual se identificaria?

Explique.

• Identifique a quem pertence os trechos abaixo (formiga boa ou má):

( ) Valoriza o trabalho dos artistas.

( ) Mostra a importância do trabalho em geral.

( ) Todo trabalho dignifica o homem.

( ) Mostra que nem sempre o trabalho do artista é reconhecido.

( ) Convencer que cantar e dançar são coisas sem importância.

• É importante se prevenir para os tempos difíceis?

Na sequência, trabalhou-se o título da fábula “O rei dos animais”, adaptação

de Millôr Fernandes, com questionamentos orais:

• Quem é considerado o rei dos animais?

• O que acontecerá com o rei nesta história?

• Vocês conhecem alguma outra história de rei?

• Quem serão as outras personagens da história?

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Em seguida, entregou-se aos alunos uma cópia da fábula com a ilustração para colorirem e realizarem uma interpretação escrita:

• Na fábula, o rei dos animais:

( ) mostrou sua bondade

( ) sua arrogância

( ) sua humildade

( ) sua força

( ) sua ignorância

• Explique, com suas palavras, o significado da moral da fábula?

• Quais são os personagens do texto?

• Qual dos personagens não concordou que o Leão era o rei das selvas?

• Por que alguns animais concordaram que o Leão era mesmo o rei das

selvas?

• O que o Leão estava querendo dizer ao exclamar “só porque não sabia a

resposta não era preciso ficar tão zangado”?

• Vocês já ouviram falar em Monteiro Lobato e Millôr Fernandes?

• A história foi a mesma que você pensou ou foi totalmente diferente?

Ilustração: Hemerson Barreto de Novaes

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No final da aula, solicitou-se, como tarefa de casa, que os alunos fizessem

uma pesquisa sobre os fabulistas Monteiro Lobato e Millôr Fernandes e trouxessem

para a próxima aula.

3.5 Comparando as fábulas

Retomando as atividades, solicitou-se que os alunos lessem suas pesquisas

sobre os fabulistas Monteiro Lobato e Millôr Fernandes. Em seguida, os textos foram

fixados no mural da sala.

Posteriormente, entregou-se cópia com ilustrações das fábulas “O rato da

cidade e do campo” e “O lobo e o cão”, sem mencionar os títulos. Instigou-se a

perceberem as semelhanças existentes entre as fábulas, comparando-as por meio

de um questionamento oral:

• Quais são as personagens dessa fábula?

• Qual poderia ser o título da fábula?

• Como será o relacionamento dos personagens?

• Observando a ilustração, comente sobre onde se passa a história?

Ilustrações: Hemerson Barreto de Novaes

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Após o questionamento oral, entregou-se uma cópia das fábulas “O rato da

cidade e do campo” e “O lobo e o cão” e realizou-se uma interpretação escrita:

• Quando o ratinho do campo foi visitar o seu amigo da cidade, ele achou

que a vida da cidade era melhor ou pior? Comente.

• Qual é a pontuação usada quando as personagens falam?

• Comparando as duas fábulas, o que elas têm em comum?

• Vocês conseguem relatar uma situação da vida real que tenha

semelhança com estas fábulas?

• Em sua opinião, qual a intenção do autor ao contar estas fábulas?

( ) Mostrar as vantagens da vida na cidade.

( ) Mostrar o valor da liberdade.

( ) Mostrar a beleza e inteligência dos animais.

• Assinale a(s) alternativa(s) que poderia(m) ser o(s) ensinamento(s)

dessas fábulas.

( ) Mais vale ter pouco e ser livre do que ter muito e ser escravo.

( ) Contra força não há argumentos.

( ) Mais vale uma vida modesta com paz e sossego que todo o luxo do

mundo com perigos e preocupações.

( ) A liberdade é um bem tão valioso que ninguém deve abrir mão dela,

seja qual for o motivo.

• Escreva outra moral para a fábula “O ratinho da cidade e do campo”.

• Muitas vezes, somos levados pela empolgação de momento e tomamos

decisões que depois nos arrependemos. Como devemos agir antes de

tomar uma decisão que poderá mudar nossa vida? Comente.

• A liberdade é algo importante para você? Comente.

• Pensando em qualidade de vida, qual o melhor lugar para se viver?

• Você acha que as pessoas devem deixar o campo e ir para cidade? Por

quê?

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3.6 Produzindo as fábulas

No primeiro momento, explicou-se que a moral da história, às vezes, tem

formas diferentes, podendo aparecer como um provérbio. O professor citou alguns, e

os alunos comentaram os que conheciam. Após, apresentaram-se vários provérbios

e uma definição:

• Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.

• Filho de peixe, peixinho é.

• Quem ama o feio, bonito lhe parece.

• O seguro morreu de velho.

• Saber não ocupa lugar.

• É melhor ter um cão vivo, do que um leão morto.

• Mais vale um pássaro na mão, do que dois voando.

• Quem fala muito dá bom dia a cavalo.

• Boca fechada não entra mosquito.

• “Provérbio é uma frase de origem popular que, de maneira bastante

resumida, expressa uma verdade para um determinado grupo de

pessoas.” (CEREJA; MAGALHÃES, 2010, p.70)

Nesse momento, retomaram-se com os alunos alguns itens:

• Para quem iriam escrever?

• Quem seriam os leitores das produções?

• As fábulas poderiam ser escritas em verso ou prosa.

• As produções seriam divulgadas no site da escola e fariam parte de um

Fabulário.

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Posteriormente, trabalharam-se alguns lembretes, segundo Fernandes (2001), que seriam importantes para as produções de textos:

• Pensar num narrador que conte o acontecimento como se estivesse

visto a cena que aconteceu.

• Pensar nas personagens que representam melhor o acontecimento (que

poderia ter vivido por seres humanos).

• Reunir as informações num texto breve, com poucas frases e utilizando

sinais de pontuação.

• Só descrever o lugar em que acontece a história ou as personagens se

isso for necessário para o leitor compreender a fábula.

• Criar diálogos, marcando as falas das personagens com aspas ou

parágrafo e travessão.

• Evitar a repetição de palavras, principalmente para se referir às

personagens.

• Lembrar que a resolução do problema deve combinar com a sua

intenção ao contar a fábula e com a moral da história.

• Escrever a moral da história de modo explicativo ou utilizando um

provérbio.

• Criar um título para a fábula.

Deixou-se o tempo necessário para as produções e pediu-se aos alunos

para que relessem suas fábulas e avaliassem as suas produções de acordo com as

questões abaixo e fizessem as alterações que fossem necessárias:

• O título está adequado?

• A linguagem empregada é a padrão?

• A história tem um ensinamento ou uma moral?

• Qual das alternativas abaixo você acha que fala sua fábula?

( ) Propor soluções dos problemas alheios.

( ) Contar a origem do mundo.

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( ) Falar sobre atitudes humanas.

• Quais as personagens que você destacou na sua fábula.

( ) homens ( ) plantas ( ) animais ( ) objetos ( ) fadas ( ) reis

• O que geralmente encontramos no final das fábulas? E na sua fábula?

• Você se baseou em algum fato ou situação da vida real para escrever sua fábula? Comente.

3.7 Corrigindo, ilustrando as produções e confeccionando o Fabulário

Na próxima aula, foi organizado para que as duplas trocassem os textos,

fizessem correção das fábulas produzidas pelos colegas e registrassem algumas

sugestões, seguindo o roteiro de avaliação (baseado em FERNANDES, 2001, p. 87):

Roteiro de avaliação

Sim

Não

Pode melhorar

O título da fábula está adequado com a história?

Os personagens são animais?

A fábula apresenta uma moral ou ensinamento?

As atitudes dos personagens podem ser comparadas com as atitudes humanas?

Há repetição de palavras?

Utilizou provérbio para dar uma moral?

A linguagem padrão foi utilizada?

Utilizou a pontuação adequada para introduzir as falas das personagens?

Há palavras desconhecidas? (se precisar use o dicionário).

Cite algumas sugestões para melhorar o texto.

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Em seguida, retornou-se o texto às duplas que o produziram para últimas

correções, com o auxílio do professor. Deixou-se o tempo necessário para que os

alunos passassem a limpo e ilustrassem suas produções.

Na aula seguinte, os alunos foram levados à sala de informática, para

digitarem seus textos e escanearem as ilustrações.

Explicou-se aos alunos como seria a estrutura do Fabulário e foram

deixados os livros de fábulas circulando na sala para os alunos observarem as

ilustrações e a diagramação. Orientaram-se quais as etapas seriam necessárias

para confecção do Fabulário e juntos definiram os seguintes critérios:

• Título do livro.

• Como será a capa.

• Texto de apresentação do livro.

• Organização do índice (por ordem alfabética dos autores ou por tipo de

moral).

• Encadernação.

Dando continuidade, os alunos foram divididos em grupos, e cada grupo ficou

responsável por uma parte do Fabulário.

3.8 Divulgando e dramatizando

Na aula seguinte, os alunos voltaram à sala de informática para divulgação

do Fabulário no site da escola. Fizeram algumas cópias do material e o deixaram na

biblioteca, para que outros alunos tivessem acesso. Nesse momento, decidiu-se

coletivamente que a fábula dramatizada seria “A cigarra e a formiga”. Foram

marcados os ensaios, distribuídos os papéis e preparados os figurinos.

A encenação foi apresentada durante a Semana Cultural realizada pela

escola.

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Ao finalizar o trabalho de aplicação da sequência didática, que teve o

objetivo de promover, por meio de atividades com o gênero fábula, a oralidade, a

leitura e a escrita de alunos do 7º ano, analisando e comparando as produções

iniciais e as finais dos alunos, pode-se observar que o projeto apresentou vários

pontos positivos e contribuiu para que os alunos pudessem expressar seus

conhecimentos adquiridos. Além disso, eles identificaram as características do

gênero, perceberam as intenções do autor e contextualizaram as histórias nos dias

atuais, como pode ser observado nas produções finais de alguns alunos

comparados à produção inicial:

Alunos encenando a fábula “A cigarra e a formiga” durante a Semana Cultural.

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O leão e o Rato

Um belo dia O Rato avistou uma linda e deliciosa Refeição e foi comer

tava com fome e começou a comer derrepete ele ouvi

Au Au Au E olho para trás um leão feroz e faminto

O leão falou porque você ta comendo minha comida

O Rato falou eu não sabia que era sua

Medesculpe O leão querendo comer O Rato falou

Eu não vo comer vc porque tenho Bastante comida

O Rato falou obrigado eu irei te ajudar quando precisar estarei aqui

O leão rindo falo:

KKKKKKKKKKKKKK como uma coisa a tão PequenaPode meajudar!

KKKKKK

Uma manhã O leãoandando cem se preocupar com nada avista um

pedaço de carne e foi corendo comer quando caiu numa Armadilha que os

casador tinha colocado

Os caçador amarou ele na arvore de ponta cabeça com uma corda Para

pegar ele mais tarde

Derrepente do nada surgiu o Ratinhoque subiu na Arvore e roeu toda a

Quadro 1. Produção inicial do gênero fábula dos alunos M.Y. e A.S.A.

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O LEÃO E O RATO

Um belo dia, andando pela floresta, um ratinho avistou um grande

banquete, não resistindo à fome foi logo comendo, de repente ouve um rugido

muito forte, e olhando para traz vê um feroz leão faminto que pergunta: – Por que

você esta comendo minha comida?

O rato respondeu: – Eu não sabia que essa comida era sua, desculpe-

me senhor.

O leão muito nervoso disse: – Só não vou te comer agora, porque eu já

preparei o meu banquete.

O rato falou: – Obrigado senhor leão se um dia precisar estarei aqui para

ajudá-lo.

O leão não conteve as gargalhadas e disse: – Como uma coisa tão frágil

e pequena poderá me ajudar? Eu não preciso de ajuda de ninguém.

Cai à noite e o leão procurando um lugar para se acomodar, viu um

grande pedaço de carne pensou: – Oh! Meu prato preferido, não posso deixar

estragar.

Quando de repente, caiu em uma armadilha, ficando dependurado de

cabeça para baixo, começou a gritar por socorro, o ratinho ouvindo os gritos

correu para ver o que tinha acontecido, ele subiu rapidamente e começou a roer

a corda, mas seus dentes começaram a cair e ele então convidou os animais da

floresta para ajudá-los e todos vieram rapidamente e salvaram o leão da

armadilha do caçador.

Moral: A união faz a força.

Quadro 2. Produção final e ilustração do gênero fábula dos alunos M.Y e A.S.A.

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O LOBO E O CORDEIRO

Um lobo acordou com muita fome

Pensou no que vou comer e lembrou do cordeiro

Andou pela floresta e o cordeiro enxergou já era ora do almoso

Aproximou do cordeiro falou com voz mansinha

Cabe bem na minha barriguinha

O cordeiro muito ingênuo achava que nada tinha perigo

deixou que se aproximasse

O seu grande inimigos

O lobo muito esperto

Uma armadilha aprontou

Querendo comer o cordeiro para jantar convidou

chegando mais perto perguntou o cordeiro

O que vai servir no jantar porque estou com fome

O lobo ouviu isto

Mais perto chegou

Abocanhou com força que o cordeiro não respirou

O lobo com muita fome não descansou

Comeu com pressa

Que sua pança estourou

Bem feito seu malvado você levou uma lição que Deus ensinou

que não devermos ser mau

Quadro 3. Produção inicial do gênero fábula da aluna L.P.S.

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O LOBO E O CORDEIRO

Um lobo esfomeado

Com estômago roncando acordou

Pensando numa presa fácil

Logo no cordeiro pensou

Andando pela floresta

Um cordeiro logo avistou

Sendo na hora do almoço

Sua fome só aumentou

Aproximou de sua presa

Falou com voz mansa:

– Que bela imagem eu vejo!

Cabe bem na minha pança!

O cordeiro muito ingênuo

Achava que nada tinha perigo

Deixou que se aproximasse

O pior dos inimigos

O lobo mais esperto

Uma armadilha aprontou

Querendo comer o cordeiro

Para um jantar o convidou

Quadro 4. Produção final e ilustração do gênero fábula da aluna L.P.S

Fora chegando mais próximo

E o cordeiro perguntou:

– O que servirá no jantar?

Porque faminto estou.

O lobo ouvindo isto

Mais perto chegou

Abocanhou com tanta força

Que o cordeiro nem respirou

O lobo morto de fome

Nem um minuto descansou

Comeu com tanta pressa

Que sua pança estourou

– Bem feito seu malvado

Uma lição você levou

Não devemos fazer o mal

Assim o bom Deus ensinou.

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Mesmo trabalhando numa turma com alunos em níveis diferenciados, sendo

que alguns apresentaram grandes dificuldades de leitura, interpretação e escrita e

inclusive de indisciplina, o que tornava sempre necessário que o professor fizesse

intervenções, de modo geral, os alunos se mostraram motivados com o

desenvolvimento das atividades, havendo colaboração entre eles. A empolgação e o

encantamento foram maiores no momento da encenação, devido à participação dos

familiares e comunidade.

É possível afirmar que o trabalho com gênero favorece o aprendizado dos

alunos e auxilia no processo de compreensão, interpretação e produção de textos,

sendo de grande importância para a construção de uma sociedade crítica e atuante.

4 Conclusão

O trabalho com fábulas implicou em buscar possibilidades de avanço na

aprendizagem em sala de aula. A utilização de estratégias de leitura propostas por

Solé e o desenvolvimento da proposta tendo por base a teoria dos gêneros

discursivos contribuíram para o desenvolvimento da compreensão dos alunos, em

especial daqueles que demonstram indiferença e nenhuma motivação diante de

atividades que tenham como objetivo melhorar a leitura e escrita de textos.

Sabe-se que desenvolver um projeto voltado para a leitura e a escrita

demanda tempo e se constitui em um processo que deve evoluir ao longo da vida

escolar. Dessa forma, o aluno poderá, de maneira gradativa, apropriar-se de

conhecimentos que lhe servirão de suporte para garantir uma aprendizagem efetiva.

O trabalho desenvolvido com o gênero fábula contribuiu de maneira

significativa para que o educando aprimorasse sua capacidade de ler e escrever e

adquirisse uma postura reflexiva frente aos novos horizontes de uma linguagem

concebida como ação social.

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