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Artigo Eds Luis Fernando Quintino

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Universidade Federal do ABC - UFABC

ANALISE ENTRÓPICA ECONÔMICA DA ESCASSES DE RECURSOS ENERGÉTICOS PRIMÁRIOS

Luis Fernando Quintino – [email protected]

Universidade Federal do ABC, Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas.

Resumo. Um problema crucial do atual estágio da civilização é o da utilização dos recursos

materiais e energéticos pela sociedade humana e seu impacto sobre o meio ambiente. A análise

energética, baseada no conceito de entropia, oriundo da Segunda Lei da Termodinâmica, tem sido

cada vez mais utilizada como quantificador e qualificador da eficiência de processos de produção e

conversão bem como da medida do dano potencial ao meio ambiente proveniente dos rejeitos destes

processos.

O grande desafio é o de manter um crescimento econômico contínuo com uma matriz energética

limpa. Esse é o objetivo da maioria dos economistas e decisores políticos, porém muitas vezes a

questão “matriz energética limpa fica em segundo plano . Porém, muitos economistas economistas

argumentam ainda que o crescimento econômico é não só é compatível com um ambiente limpo, é

um pré-requisito para consecução de um.

O objetivo deste trabalho é apresentar vários conceitos que serão úteis para a compreensão da

escasses de recursos. Estes incluem a diferença entre fluxo de estoque e fundos de serviços de

recursos, e os conceitos de competitividade e exclusão. O estudo também mostra como os conceitos

das leis da termodinâmica são importantes para para a analise.

Palavras-chave: Entropia, Desenvolvimento Econômico, Recursos Energéticos

Abstract. A crucial problem of the current stage of civilization is the use of material and energy

resources for human society and its impact on the environment. The energy analysis, based on the

concept of entropy, arising from the Second Law of Thermodynamics has been increasingly used as

quantifier and qualifier of the efficiency of production processes and conversion and the extent of

potential harm to the environment of wastes from these processes . The big challenge is to maintain

a sustained economic growth with a clean energy matrix. This is the goal of most economists and

policy makers, but often the question "clean energy matrix is in the background. But many

economists economists argue that economic growth is not only compatible with a clean

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environment is a prerequisite for achieving a. The aim of this paper is to present several concepts

that will be useful for understanding the escasses resources. These include the difference between

stock and flow of funds resources services, and the concepts of competition and exclusion. The

study also shows how the concepts of the laws of thermodynamics are important for the analysis.

Keywords: Entropy, Economic Development, Energy Resources

1. Introdução

Muitos afirmam que temos uma relação conflitante entre Desenvolvimento econômico e

preservação ambiental, porém eles podem caminhar juntos. A sociedade tem uma grande influencia

sobre o planeta, principalmente com tecnologias que por um lado facilitam a vida e por outro

trazem problemas ambientais.

O sistema econômico é um subsistema do ecossistema global, e um dos principais objetivos de

economia ecológica é determinar quando os benefícios do crescimento contínuo no subsistema

econômico são superados pelos custos de oportunidade crescentes de invadir a sustentação do

ecossistema. Alcançar essa meta exige uma compreensão clara de como o ecossistema global

sustenta a economia e como o crescimento econômico afeta o ecossistema sustentável. Além de

determinar quando o crescimento econômico se torna economicamente inviável, os economistas

ecológicos devem fornecer políticas necessárias para manter a economia dentro de sua faixa de

tamanho "ótimo".

Atualmente, a ferramenta dominante para determinar a otimização econômica é o mercado. No

entanto, os mercados só funcionam eficazmente com bens e serviços que têm certos atributos

específicos, e eles realmente não funcionam em todos com bens que não podem ser de propriedade

exclusiva. Para um desenvolvimento eficaz se faz necessário uma compreensão clara dos atributos

específicos de bens e serviços que o sistema econômico deve alocar como alternativas.

2. Crescimento Econômico

Tendo em vista que suprimentos como todos aqueles que provém solo, minerais, combustíveis

fósseis e outros são limitados. Mesmo argumentando que os processos naturais do solo continuam a

fazer mais combustíveis fósseis, a taxa de produção é extremamente lenta a partir da perspectiva

dos seres humanos. Felizmente, somos abençoados com um fluxo constante de energia solar energia

que, sem dúvida, continuará por muito tempo após a extinção da raça humana. Mas a taxa à qual

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essa energia chega também é fixa e finita. Em outras palavras, parece que vivemos em um planeta

finito.

O grande desafio é o de manter um crescimento econômico contínuo com uma matriz energética

limpa. Esse é o objetivo da maioria dos economistas e decisores políticos, porém muitas vezes a

questão “matriz energética limpa fica em segundo plano . Porém, muitos economistas economistas

argumentam ainda que o crescimento econômico é não só é compatível com um ambiente limpo, é

um pré-requisito para consecução de um. Como lembra Daly (2003), um ambiente limpo é um bem

de luxo.

A atual realidade chama a atenção para a enorme concentração do excedente gerado pela atividade

econômica nas mãos de poucos, em detrimento de amplas camadas da população. Pressionadas pela

pobreza e a necessidade instintiva de sobrevivência, essas minorias econômicas atuam de forma

predatória sobre o meio ambiente, ocasionando desmatamentos de ecossistemas para moradia,

alimentação, ou mesmo produção de energia. Exemplares da fauna silvestre, por exemplo, tornam-

se fonte de alimentação para os excluídos. Hoje, o modelo de globalização vigente no mundo é uma

das principais causas da deterioração ambiental, pois hipoteca o caráter sustentável do Planeta.

Os insumos de matérias-primas, e a oferta finita desses insumos limita o tamanho da economia. O

sistema econômico não pode crescer indefinidamente, não importa quanto podemos substituir um

novo recurso para um um exausto. Por exemplos, as populações humanas não podem continuar

crescendo sempre. Um simples cálculo mostra que, mesmo a uma taxa contínua de 1% de

crescimento, a população humana teria uma massa maior do que o planeta inteiro em pouco mais de

3000 anos. Do mesmo modo, não pode continuar a aumentar a massa física de artefatos. Mas a taxa

de crescimento da população esta a diminuir como mostra a figura 1.

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Figura 1. Fonte: U.S Census Bureau, December 2009.

O mais recente relatório U.N. estima que o população mundial se estabilize em cerca de 11 bilhões

de pessoas até o ano 2200, embora muitos ecologistas acreditam que o ecossistema planetário não

poderia sustentar nem a metade desse número. Alguns também argumentam que nós podemos

produzir

mais usando menos, de modo a não aumentar a massa física de artefatos. Por exemplo, graças a

evolução tecnológica hoje podemos produzir 12 latas de alumínio com a mesma quantidade de

material que anteriormente produziamos apenas uma, mas a necessidade de aluminio aumentou

mais do que certas eficiênicas como esta. Outros ainda afirmam que o valor econômico não é uma

medida de uma quantidade física, e por isso é não de todo evidente que a produção de valor

econômico tem apenas limites fisícos.

É verdade que o valor econômico não é uma quantidade física. Segundo Daly (2003) a produção

econômica é realmente tudo sobre a criação de bem-estar, qualidade de vida de utilidade, ou que

cada vez mais nós escolhemos chamar este fluxo psíquico de satisfação. A produção econônica é

ligada a transformação de matérias-primas fornecido pelo ecossistema em algo de valor para os

seres humanos. Transformação requer energia, e inevitavelmente gera resíduos. Temos suprimentos

finitos de energia, abastecimento de matérias-primas finitas e capacidades de absorção finitas.

Com o crescimento contínuo na pro-produção, o subsistema econômico deve, eventualmente,

superar a capacidade do ecossistema global para sustentá-la.

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Tudo isso não significa que o valor econômico não pode continuar a crescer em definitivamente. Na

verdade, acreditamos que talvez possa se definir econômicamente o valor em termos de fluxo

psíquico da satisfação humana, e aprendemos a atingir essa satisfação através de meios não-

materiais. De acordo com Farley (2003) a economia ecológica não pede o fim do desenvolvimento

econômico, e sim o uso consciênte do ecossistema, enquanto as definições dos principais

economistas do progresso econômico confusamente confundem os dois. Nosso ponto agora é que o

constante crescimento na taxa de transferência física é impossível. Uma vez que entendemos isso, a

pergunta é como decidir quando a produção econômica se torna rentável, principalmente se isso já

aconteceu. Antes de abordarmos esta última questão, no entanto, é preciso olhar mais de perto a

afirmação, que o crescimento infinito é impossível num sistema fechado. o

ramo da ciência que explica esta questão, e de fato o mais relevante para o problema econômico, é a

termodinâmica.

3. As Leis da Termodinâmica

A Termodinâmica estuda o movimento da energia e como a energia cria movimento.

Historicamente, a Termodinâmica se desenvolveu pela necessidade das industrias em aumentar-se a

eficiência das primeiras máquinas a vapor, sendo em essência uma ciência experimental, que diz

respeito apenas a propriedades macroscópicas ou de grande escala da matéria e energia.

Para o desânimo dos industriais, as leis físicas não permitem uma

máquina de movimento perpétuo. No decorrer da história, alguns outros fatos importantes foram

estabelecidos. Robert Mayer e Herman Helmholtz mostrou que energia não pode ser criada ou

destruída, e James Joule realizou experimentos, demonstrando que a energia e o trabalho são

equivalentes. Rudolf Clausius reconheceu que havia dois princípios relacionados ao trabalho, que

veio a ser chamado de Primeira e Segunda Leis da Termodinâmica. A Primeira Lei estabeleceu que

a energia não pode ser criada ou destruída, e a segunda lei estabeleceu que a energia passou

inevitavelmente para uma maior homogeneidade, significa que a energia se torna cada vez mais

indisponíveis para o trabalho.

Nas palavras de Georgescu Roegen, "todos os tipos de energia são gradualmente transformada em

calor, e o calor se torna tão dissipada que ao final a humanidade não pode mais usá-lo. "

Clausius cunhou o termo entropia para a Segunda Lei, derivado da palavra grega para a

transformação, em reconhecimento do fato de que a entropia era uma rua de mão única de forma

irreversível, um aumento contínuo da desordem no universo. Enquanto a primeira Lei da

Termodinâmica diz respeito à quantidade, a Segunda Lei diz respeito à qualidade.

Uma definição de entropia é a medida da indisponibilidade de energia em um sistema

termodinâmico. "Não disponível" significa não disponível para fazer realizar trabalho. Energia não

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disponíve também é conhecida como energia ligada, e disponível energia como energia livre. Por

exemplo, a gasolina carrega uma forma de energia livre: Ela pode ser queimada em um motor de

combustão interna para gerar trabalho.

O trabalho pode ser transformado em energia livre de uma forma diferente (por exemplo, ele pode

transportar um carro para o topo de uma grande colina, onde tem a energia potencial de costa de

volta para baixo) ou em calor, que se difunde no ambiente ambiente. A energia na gasolina

transformada em calor não desapareceu, mas em vez disso se torna-se energia ligada, disponível

para executar trabalhar.

No exemplo citado e bem usado por Georgescu-Roegen, o oceano contém uma enorme quantidade

de energia, porém não está disponível para mover um navio, porque não há reservatório de menor

temperatura à qual a energia possa ser transferida.Carnot mostrou que esse diferencial de

temperatura era essencial para para realizar trabalho.

O fisíco alemão Albert Einstein (1879-1955) estabeleceu a equivalência entre matéria e energia, e,

portanto, o fato de que a primeira lei aplica-se à matéria bem como a energia.

Figura 2. Fórmula de Albert Einstein

Georgescu Roegen argumentou que a lei da entropia também se aplica a matéria, e propôs que esta

seja reconhecida como a quarta lei de termodinâmica embora os físicos contestem a idéia de um

compromisso formal.

A "Quarta lei," não há controvérsia sobre a matéria estar sujeito a entropia no sentido de uma

tendência natural à desordem. Quando um cubo de açúcar cai em um copo de água ele dissolve-se

gradualmente, perdendo a sua ordem. Isto é igualmente óbvio para a mistura de líquidos e gases, ou,

mais geralmente para qualquer substância que é solúvel em outra. É menos óbvio para os materiais

em ambientes em que não são não solúveis. No entanto, o atrito, erosão e degradação química leva à

quebra e à difusão, o que resulta em desordem aumentada.

É importante reconhecer que as leis da termodinâmica eram desenvolvidas a partir da evidências

experimentais, que a partir da teoria ela ainda não era completamente compreendida. Quando as leis

da termodinâmica foram propostas, a física mecânica foi o paradigma dominante na ciência. Em um

sistema mecânico, toda ação tem uma reação igual e oposta, e é, portanto, inerentemente reversível.

Um explicação teórica da entropia vem de esforços para harmonizar a irreversibilidade inerente a

entropia com a reversibilidade que caracteriza a física mecânica. Isto resultou no domínio da

mecânica estatística, melhor explicado com referência ao exemplo do cubo de açúcar utilizado

acima. Quando um cubo de açucar esta em uma prateleira, as moléculas de açúcar não são livres

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para dispersar-se. É apenas um espaço de estado à sua disposição. Quando colocados em um

recipiente de água, em que o açúcar é solúvel, as moléculas de açúcar são livre para se mover.

Existem várias condições possiveis para o cubo de açucar, sendo que cada arranjo pode ter uma

probabilidade diferente. Segundo esta versão estatística da termodinâmica, ou estatística me-

cânica, um cubo de açúcar dissolvido em água pode remontar espontaneamente, e uma panela de

água fria poderia vir espontaneamente a ferver, é simplesmente não muito provável. Mas os eventos

improváveis são quase certo que aconteceria se esperarmos tempo suficiente, e de fato pode

acontecer com uma baixa probabilidade como para o dia depois de um bilhão de anos a partir de

agora. Assim, o fato de que nós nunca observamos uma panela de água fria espontaneamente vir a

uma fervura, ou casos ainda menos significativos de aumentos espontâneos em baixa entropia,

continua a ser uma dificuldade empírica para a mecânica estatística.

Mecânica estatística é uma explicação longe de ser universalmente aceita de entropia, e ao mesmo

tempo que se parecem permitir reversibilidade, que é compatível com a física mecânical.

Se os defensores da mecânica estatística acreditassem que teoria da entropia concilia com a física

mecânica, eles devem também acreditar que, se cada átomo no universo passou a se movimentar na

posição oposta a que se move agora, em seguida, o calor se movimentaria a partir de objetos mais

frios para mais quentes.

Então apartir do estudo acima observa-se que os ecossistemas seguem as leis da termodinâmica, por

exemplo:

Lei da Conservação de Massa: explica a poluição ambiental – por não ser possível consumir a

matéria até sua aniquilação – geração de resíduos em todas as atividades dos seres vivos. Resíduos

indesejados por quem os eliminou, mas que podem ser reincorporados ao meio para serem

reutilizados através da reciclagem – ocorre na natureza por meio dos ciclos biogeoquímicos.

1ª Lei da Termodinâmica: a energia pode ser transformada de uma forma em outra, mas não pode

ser criada ou destruída. A energia solar é transformada pelos vegetais na fotossíntese em energia

química (moléculas complexas),quebradas durante a respiração em moléculas menores, liberando a

energia que é utilizada nas funções vitais do organismo.

2ª Lei da Termodinâmica: a transformação da energia ocorre da mais nobre para uma menos nobre

(menor qualidade) – embora a quantidade de energia seja preservada (1ª Lei da Termodinâmica), a

qualidade é sempre degradada – parte da energia utilizada é dispersa, em geral, na forma de calor

(“Energia inaproveitável”).

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4. Entropia Econômica

O que, então, são as implicações da lei da entropia para a ciência econômica? O objetivo dos

primeiros economistas neoclássicos foi estabelecer a econômia como uma ciência, e nas palavras de

William Stanley Jevons, "é claro que a economia, se é para ser uma ciência em tudo, deve ser uma

ciência matemática. O argumento básico era que a economia era focada em quantidades de bens,

serviços e dinheiro e, portanto, era passível de quantitativo (isto é, matemática). Tal análise permitiu

aos economistas construir teorias logicamente consistentes de axiomas fundamentais. estas teorias

poderia então ser aplicada a problemas no mundo real. A física mecânica foi o melhor método

comparativo e aplicado e que teve maior sucesso nesta abordagem ciêntifica escrita pelos

neoclássicos, e assim foi explicitamente aceito como um modelo. Em física mecânica, todos os

processos foram considerados reversíveis. Para exemplo, se um bateu uma bola de bilhar, um

ataque igual e oposta seria retorná-lo exatamente à sua posição inicial. Em contraste, a Segunda Lei

da termodinâmica estabeleceu a existência de processos irreversíveis .

Entropia significava que, em qualquer sistema isolado, energia e matéria se moveria em direção a

um equilíbrio termodinâmico em que foram igualmente difundido em todo o espaço fechado.

O universo como um todo é um sistema isolado, e assim deve ser, inevitavelmente, progredindo em

direção a uma "morte de calor" em que toda a energia é uniformemente dispersa. Esta noção foi

radical no início do século XIX e criou implicações para a ciência, bem como a filosofia. Se as leis

da física mecânica eram universais, então o universo é regido pelo mesmos princípios que uma

mesa de bilhar.

No mundo da física mecânica, o fluxo circular da visão da economia faz sentido, como se pode

continuamente retornar ao mesmo ponto de partida. Em um mundo onde a entropia reina, ele não

pode. De fato, se aceitarmos as leis da termodinâmica, toda a natureza do sistema econômico é

entrópico. A Primeira Lei da Termodinâmica diz-nos que não podemos fazer algo do nada e,

portanto, que toda a produção humana deve finalmente ser baseada em recursos fornecidos pela

natureza . Estes recursos são transformados por meio do processo de produção em algo de utilização

para os seres humanos, e transformação requer trabalho. Apenas baixa entropia ou energia livre

pode dar trabalho. A Primeira Lei também garante que todos os resíduos gerados pela economia não

pode simplesmente desaparecer, mas devem ser considerados como uma parte integrante do

processo de produção. E a lei da entropia diz-nos que, inevitavelmente, os recursos que nós

transformamos em algo útil deve desintegrar-se, decair, desmoronar, ou dissipar-se em algo inútil,

retornando sob a forma de resíduos para o sistema de sustentação que gerou o recurso. A economia

é, portanto, um sistema ordenado que transforma matérias-primas de baixa entropia e de energia em

alta entropia e resíduos da energia disponível, proporcionando os seres humanos com um "fluxo

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psíquico" de satisfação no processo. Mais importante ainda, a ordem no nosso sistema econômico

tem capacidade de produzir e fornecer-nos com satisfação, porém só pode ser mantido por um fluxo

contínuo de baixa entropia matéria-energia, e esta de alta qualidade.

Segundo Daly (2003), Enquanto nós enfatizamos a importância fundamental da entropia para o eco-

processo econômico, que não defendo uma "teoria da entropia de valor" similar a "teoria do valor-

trabalho." dos economistas clássicos tem valor psíquico a raízes da satisfação, bem como raízes

físicas em entropia.

Para representar uma "teoria da entropia de valor" seria focar no lado da oferta apenas e demanda

negligênte. E mesmo do lado da oferta, a entropia não não refletir em muitas diferenças qualitativas

em materiais que são economicamente importante (por exemplo, a dureza, a resistência, a

durabilidade, condutividade, etc.) Por outro lado, qualquer teoria de valor que ignora a entropia é

perigosa e previamente deficiente.

5. Fatores de Produção

Adam Smith (1776) reconheceu a existência e deu o nome de fatores de produção a de três fatores:

trabalho, capital (estoque) e terra. Os fatores de produção são as entradas necessárias em um

processo de produção para criar qualquer saída.

Aristóteles discutiu esta importante distinção e nexo de causalidade dividida dos (fatores) em causa

material, o que é transformada, e causa eficiente, que é o que faz com que a as matérias-primas se

transformem sem que ele próprio se transforme no processo. Matérias-primas são a causa material,

a mão-de-obra o eficiente. A economia pode usar o estoque existente de matérias-primas

virtualmente em qualquer taxa e tempo. A produtividade de matérias-primas é simplesmente

medido como o número físico de produtos em que eles podem ser transformados.

Georgescu Roegen usou os termos "stock" e "fundo" para distinguir-se entre fundamentalmente

entre os diferentes tipos de recursos. Um fluxo de estoque é transformado em material por ele

produzido. Um estoque pode fornecer um fluxo de material, e o fluxo pode ser virtualmente de

qualquer magnitude; isto é, o material pode ser utilizado praticamente a uma taxa qualquer. O

tempo não entra na equação, de modo que o aparelho adequado para a medição da produção do

recurso “fluxo de estoque” é a quantidade física de bens ou serviços que ele pode produzir. Além

disso, um fluxo pode ser armazenado para uso futuro. Finalmente, as ações de fluxo de recursos são

usados, não desgastado. Um fundo de serviço de recursos, em contraste, sofre o desgaste da

produção, mas não se torna uma parte (não se torna incorporada em) algo produzido.

Os conceitos de fluxo de estoque e fundo de serviço são importantes quando analizamos a produção

humana e, provavelmente, mais ainda quando á foco em bens e serviços fornecidos pela natureza.

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Note que "causa material" é sempre fluxo de estoque na natureza, e "causa eficiente" é sempre

fundo-serviço.

6. Exclusão e Rivalidade

Exclusão e rivalidade também são conceitos cruciais para o desenvolvimento econômico.

Rivalidade esta relacionado com o fluxo de estoque e fundo de serviço . Embora os economistas

convencionais introduzido pela primeira vez estes conceitos, eles raramente recebem a atenção que

merecem.

Possibilidade de exclusão é um conceito jurídico que, quando aplicada permite que um proprietário

impeça que outros usem o seu trunfo. Um recurso é excludente cuja aquele a propriedade permite

que o proprietário use-a, e ao mesmo tempo negue aos outros o privilégio. Por exemplo, na

sociedade moderna, o dono de uma bicicleta pode proibir o uso da mesma por outros. Na ausência

de instituições que requeressem a propriedade, nada é excludente. No entanto, a caracteristica de

alguns bens e serviços são tais que é impossível ou mais impraticável torná-los excludente. Como

alguém poderia possuir um poste em uma rua pública, quando o mesmo esta dentro da rua, não há

nenhuma maneira prática de negar a outras pessoas na rua o direito de usar sua luz. Não há maneira

concebível para um indivíduo ter estabilidade do clima próprio, ou regulamento do gás atmosférico,

ou proteção contra a radiação UV, uma vez que não há uma instituição viável ou tecnologia que

possa permitir a uma pessoa negar o acesso outros.

Rivalidade é uma característica inerente de certos recursos, através do qual o consumo ou utilização

por uma pessoa reduz a quantidade disponível para todos os outros. Um recurso rival é aquele cujo

uso por um pessoa opoem seu uso por outra pessoa. Por exemplo: uma pizza (um recurso de fluxo

de estoque) é claramente rival, porque se alguém come-la, ela já não está mais disponível para outra

pessoa comer. Uma bicicleta por sua vez é (um fundo de recurso de serviço que fornece o serviço

de transporte) também é rival, porque se eu estou usando ele, você não pode.

Um recurso não-rival é aquele cujo uso por uma pessoa não afeta o uso por outra. Se eu usar a luz

de um poste a noite, não vai diminuir a quantidade de luz disponível para a utilização de outros

individuos. Da mesma forma, se eu usar a camada de ozônio para me proteger do câncer de pele, há

tanto mais que você possa usar para o mesmo fim. É possível agredir a camada de ozonio (através

da emissão de clorofluorcarbonos, para exemplo), mas a depleção não ocorre através da utilização.

Rivalidade é um característica física de um bem ou serviço que não é afetado por instituições

humanas.

Note que todos os recursos de fluxo de estoque são rivais, e todos os bens não são rivais, são fundo

de serviço. No entanto, alguns bens de fundos serviços são rivais. Por exemplo, uma bicicleta é um

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fundo que fornece o serviço de transporte, mas é rival, a camada de ozônio é um fundo que fornece

o serviço de triagem UV raios, mas é não rival. Os conceitos de rivalidade e possibilidade de

exclusão de bens e serviços são muito importantes para o entendimento do sistema.

7. Conclusão

Um problema crucial do atual estágio da civilização é o da utilização dos recursos materiais e

energéticos pela sociedade humana e seu impacto sobre o meio ambiente. A análise energética,

baseada no conceito de entropia, oriundo da Segunda Lei da Termodinâmica, tem sido cada vez

mais utilizada como quantificador e qualificador da eficiência de processos de produção e

conversão bem como da medida do dano potencial ao meio ambiente proveniente dos rejeitos destes

processos.

A sociedade humana chega, no final deste século, posta frente a frente com o problema da escassez

de recursos naturais para manutenção do sistema de produção adotado bem como por suas

implicações em termos de degradação do ambiente.

Em todos os processos que ocorrem na natureza, incluídos aqueles do sistema de produção da

sociedade humana, há circulação de matéria e energia. No entanto estas não são criadas nem

destruídas, são apenas transformadas.

As estruturas organizadas são estruturas de baixa entropia que são mantidas ás custas do aumento

de entropia do meio. Para isto, utilizam processos irreversíveis que se alimentam de recursos

materiais ou energéticos de baixa entropia existentes no meio devolvendo-os na forma de matéria

(rejeitos) e/ou energia de alta entropia (calor). Portanto o que é gasto no processo é a qualidade

destes materiais ou energia.

A termodinâmica pode ser utilizada como um instrumento para análise de processos tecnológicos

econômicos e ambientais baseada nos conceitos de entropia e é peça fundamental na formulação da

estrutura conceitual da economia ecológica. A contribuição de Georgescu Roegen (1971) permitiu

ressaltar a essência entrópica do funcionamento da economia, abrindo caminho para análises

construídas sobre base mais realista das inter-relações entre o sistema econômico e o meio

ambiente, centrais para avaliações bem fundadas da sustentabilidade do desenvolvimento.

As abordagens predominantes sobre as relações entre recursos energéticos e desenvolvimento

pecam por:

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• Desconsiderar como a diversidade e a diferença das fontes de energia em cada pais

ou região interferem na configuração do estilo de desenvolvimento econômico.

• As abordagens predominantes entre energia e sustentabilidade se apoiam

predominantemente numa ideia compatível com o conceito de sustentabilidade

fraca, isto é, onde a natureza é vista como fornecedora de insumos e toda questão

diz respeito a contornar o problema de escassez.

• A afirmação anterior se mostra evidente quando se trata de interrogar qual é a

visão presente nos documentos de agências internacionais quanto aos cenários

futuros.

• As soluções tecnológicas futuras limitam-se de dois problemas:

o A dependência de fontes fósseis

o A necessidade de limitar a emissão de CO2

• As soluções institucionais em curso privilegiam instrumentos compatíveis com os

cenários de liberalização, informação e coordenação por meio de incentivos, mas

pecam por falta de mecanismos de fortalecimento dos acordos e diretrizes por

desconsiderar a “path dependence” das tecnologias em curso.

• Os indicadores disponíveis caminham na direção de dialogar substantivamente com

a literatura mais consistente sobre energia, desenvolvimento e sustentabilidade.

8. Referências Bibliográficas

ARTHUR, Brian W. Increasing return and path dependence in the economy. Michigan: The University of Michigan Press, 1994. DALY, Herman E.; I. Farley, Joshua C. Ecological economics: principles and applications. Washington: Island Press, 2004. IENO, Gilberto; Negro, Luiz. Termodinâmica. São Paulo: Prentice-Hall, 2004. ________. Some fundamental puzzles in Economic History development. In: ARTHUR, W. Brian, DURLAUF, Steven N., LANE, David A. (Ed.). The economy as an evolving complex system II. Reading, Mass.: Perseus Books, 1997.