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26/09/14 Artigo em destaque: Medidas de luminescência para identificar defeitos de filmes finos de óxido de zinco. | SBPMat – Sociedade Brasileira de Pesqui… sbpmat.org.br/artigo-em-destaque-medidas-de-luminescencia-para-identificar-defeitos-de-filmes-finos-de-oxido-de-zinco/?print=1 1/2 Artigo em destaque: Medidas de luminescência para identificar defeitos de filmes finos de óxido de zinco. print Tweet 0 O artigo científico com participação de membros da comunidade brasileira de pesquisa em Materiais em destaque neste mês é: Fernando Stavale, Niklas Nilius, and Hans-Joachim Freund. STM Luminescence Spectroscopy of Intrinsic Defects in ZnO(0001 ) Thin Films . J. Phys. Chem. Lett., 2013, 4 (22), pp 3972–3976. DOI: 10.1021/jz401823c. Texto de divulgação: Medidas de luminescência para identificar defeitos de filmes finos de óxido de zinco. O óxido de zinco (ZnO) é um material muito presente na vida cotidiana. Pode ser encontrado em parafusos, em protetores solares,em catalisadores para a síntese de metanol e em dispositivos optoeletrônicos sofisticados, como telas flexíveis para computadores, citando apenas alguns exemplos. Entretanto, para viabilizar algumas aplicações promissoras, como transistores e novos dispositivos, é importante controlar as propriedades elétricas desse semicondutor, as quais estão relacionadas com defeitos pontuais na sua estrutura atômica. Nesse contexto, três cientistas ligados a instituições da Alemanha e do Brasil realizaram uma identificação dos defeitos pontuais de filmes de óxido de zinco por meio de uma abordagem original, aproveitando a capacidade luminescente (emissão de luz não provocada pelo aquecimento do material) do óxido de zinco. Os pesquisadores prepararam filmes finos de óxido de zinco com diferentes tipos e quantidades de defeitos pontuais. Sistematicamente, os cientistas foram medindo a luminescência de cada um dos filmes e, dessa maneira, conseguiram relacionar picos nas medidas de emissão com diversos tipos de defeitos na rede cristalina. Os resultados do trabalho foram publicados no periódico The Journal of Physical Chemistry Letters (JPCL). “Neste estudo, crescemos filmes ultrafinos de óxido de zinco de alta qualidade e alteramos a quantidade de defeitos pontuais utilizando desorção térmica, foto-desorção induzida por laser e redução por tratamentos em atmosfera controlada de hidrogênio”, detalha Fernando Stavale , pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF)que assina o artigo como primeiro autor. A técnica de caracterização Para realizar os experimentos, os cientistas utilizaram um microscópio de varredura por tunelamento (STM, na sigla em inglês) em ultra-vácuo com algumas particularidades destinadas à gerar a luminescência, coletar os fótons emitidos e obter as medidas (os espectros) de luminescência. Com essa configuração, o STM é chamado de fóton-microscópio de tunelamento. De acordo com Stavale, um dos grandes expoentes no desenvolvimento e aplicação dessa técnica é o professor Niklas Nilius, autor para correspondência do artigo do JPCL com quem Stavale trabalhou diretamente durante três anos em seu pós-doutorado no Instituto Fritz-Haber da Sociedade Max-Planck, em Berlim, mais precisamente no departamento de Física Química liderado pelo professor Hans-Joachim Freund, último autor do artigo do JPCL. “O fóton-microscópio de tunelamento tem sido empregado de forma pioneira na caracterização de óxidos metálicos no departamento dirigido pelo professor Freund”, comenta Stavale. “A técnica ainda é pouco utilizada no Brasil e é parte fundamental dos projetos que desenvolvo atualmente no meu grupo de pesquisa no CBPF, localizado no Rio de Janeiro”, finaliza. Uma característica fundamental do fóton-microscópio de tunelamento é a utilização dos elétrons emitidos pela ponta do STM para excitar as amostras e, no caso do óxido de zinco, gerar a luminescência desejada. Esse fenômeno de emissão de luz gerada pelo impacto de elétrons sobre o material é chamado de catôdo-luminescência.

Artigo Em Destdaque_ Medidas de Luminescência Para Identificar Defeitos de Filmes Finos de Óxido de Zinco

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  • 26/09/14 Artigo em destaque: Medidas de luminescncia para identificar defeitos de filmes finos de xido de zinco. | SBPMat Sociedade Brasileira de Pesqui

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    Artigo em destaque: Medidas de luminescncia para identificar defeitos defilmes finos de xido de zinco.

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    O artigo cientfico com participao de membros da comunidade brasileira de pesquisa em Materiais emdestaque neste ms :Fernando Stavale, Niklas Nilius, and Hans-Joachim Freund. STM Luminescence Spectroscopy ofIntrinsic Defects in ZnO(0001) Thin Films. J. Phys. Chem. Lett., 2013, 4 (22), pp 39723976.DOI: 10.1021/jz401823c.Texto de divulgao: Medidas de luminescncia para identificar defeitos de filmes finos

    de xido de zinco.O xido de zinco (ZnO) um material muito presente na vida cotidiana. Pode ser encontrado emparafusos, em protetores solares,em catalisadores para a sntese de metanol e em dispositivosoptoeletrnicos sofisticados, como telas flexveis para computadores, citando apenas algunsexemplos. Entretanto, para viabilizar algumas aplicaes promissoras, como transistores e novosdispositivos, importante controlar as propriedades eltricas desse semicondutor, as quais estorelacionadas com defeitos pontuais na sua estrutura atmica.Nesse contexto, trs cientistas ligados a instituies da Alemanha e do Brasil realizaram umaidentificao dos defeitos pontuais de filmes de xido de zinco por meio de uma abordagem original,aproveitando a capacidade luminescente (emisso de luz no provocada pelo aquecimento do material)do xido de zinco. Os pesquisadores prepararam filmes finos de xido de zinco com diferentes tipos equantidades de defeitos pontuais. Sistematicamente, os cientistas foram medindo a luminescncia decada um dos filmes e, dessa maneira, conseguiram relacionar picos nas medidas de emisso comdiversos tipos de defeitos na rede cristalina. Os resultados do trabalho foram publicados noperidico The Journal of Physical Chemistry Letters (JPCL).Neste estudo, crescemos filmes ultrafinos de xido de zinco de alta qualidade e alteramos aquantidade de defeitos pontuais utilizando desoro trmica, foto-desoro induzida por laser ereduo por tratamentos em atmosfera controlada de hidrognio, detalha FernandoStavale, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Fsicas (CBPF)que assina o artigo comoprimeiro autor.A tcnica de caracterizaoPara realizar os experimentos, os cientistas utilizaram um microscpio de varredura por tunelamento(STM, na sigla em ingls) em ultra-vcuo com algumas particularidades destinadas gerar aluminescncia, coletar os ftons emitidos e obter as medidas (os espectros) de luminescncia. Comessa configurao, o STM chamado de fton-microscpio de tunelamento. De acordo com Stavale, umdos grandes expoentes no desenvolvimento e aplicao dessa tcnica o professor Niklas Nilius,autor para correspondncia do artigo do JPCL com quem Stavale trabalhou diretamente durante trsanos em seu ps-doutorado no Instituto Fritz-Haber da Sociedade Max-Planck, em Berlim, maisprecisamente no departamento de Fsica Qumica liderado pelo professor Hans-Joachim Freund, ltimoautor do artigo do JPCL. O fton-microscpio de tunelamento tem sido empregado de forma pioneirana caracterizao de xidos metlicos no departamento dirigido pelo professor Freund, comentaStavale. A tcnica ainda pouco utilizada no Brasil e parte fundamental dos projetos quedesenvolvo atualmente no meu grupo de pesquisa no CBPF, localizado no Rio de Janeiro, finaliza.Uma caracterstica fundamental do fton-microscpio de tunelamento a utilizao dos eltronsemitidos pela ponta do STM para excitar as amostras e, no caso do xido de zinco, gerar aluminescncia desejada. Esse fenmeno de emisso de luz gerada pelo impacto de eltrons sobre omaterial chamado de catdo-luminescncia.

  • 26/09/14 Artigo em destaque: Medidas de luminescncia para identificar defeitos de filmes finos de xido de zinco. | SBPMat Sociedade Brasileira de Pesqui

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    Esquema do experimento, no qual pode ser observada, na foto, a ponta do microscpio de tunelamentoexcitando o filme de xido de zinco. O grfico inserido mostra um espectro de ctodo-luminescnciado xido. Ao fundo, a imagem de microscopia de tunelamento de um filme de xido de zinco comespessura de 20 camadas (~5 nm), mostra degraus monoatmicos e defeitos pontuais contidos nasuperfcie do filme. As vacncias de oxignio e zinco, defeitos pontuais, correspondem s reasindicadas pelas setas. As reas escuras com forma hexagonal correspondem a regies onde o filme descontnuo com profundidade de at 8 camadas atmicas.Esse trabalho sistemtico permitiu aos cientistas afirmar que alguns picos dos espectros deluminescncia do xido de zinco so devidos a defeitos como vacncias de oxignio e de zinco (pontosda rede cristalina nos quais, no lugar dos tomos de oxignio ou zinco que seriam esperados,existem vagas). Esses defeitos pontuais esto relacionados s propriedades eltricasgeralmente observadas no xido de zinco, como dopagem do tipo-n, acrescenta Stavale.O contexto do trabalhoOs experimentos do artigo no JPCL foram concebidos e realizados pelo brasileiro Fernando Stavale em2012 durante seu ltimo ano de ps-doutorado no grupo do professor Nilius, no no Instituto Fritz-Haber da Sociedade Max-Planck. Stavale chegou a esse grupo em 2010 com uma bolsa da FundaoHumboldt, da Alemanha. Em um perodo de trs anos investigamos pela primeira vez o papel dediversos dopantes, como cromo, eurpio e ltio em xidos de magnsio e zinco, combinando filmesultrafinos crescidos em ultra-alto vcuo com microscopia de tunelamento e catdo-luminescncia local, conta Stavale sobre seus estudos do ps-doutorado.A interpretao dos resultados e a redao do artigo do JPCL foram realizados em 2013, quandoFernando Stavale j havia assumido seu cargo de pesquisador no CBPF e Niklas Nilius, sua posio deprofessor na Universidade de Oldenburgo, na Alemanha.

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