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USO DO TRABALHO DE CAMPO COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA Sírius Oliveira Souza Mestrando em Geografia - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Rita Jaqueline Nogueira Chiapetti Professora Adjunta da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) INTRODUÇÃO A literatura existente sobre organização e administração escolar nos apresenta o ambiente escolar enquanto unidade, onde a boa execução depende da consonância de todas as peças que o compõe. Alunos, professores, coordenadores e demais integrantes deste sistema necessitam de harmonia e coesão para alcançarem o objetivo proposto, ou seja, a busca pelo conhecimento. No entanto, devido às reorganizações do espaço geográfico e à aceleração do processo de globalização ocorrido nas últimas décadas, tal equilíbrio tem sido perdido. Acompanhamos a escola ser subjugada e a repercutir sua superposição temporal. Alunos e professores, muitas vezes, vivenciam e percorrem sentidos opostos à construção deste saber. Tal fato se comprova quando percebemos alunos que chegam ao final das aulas sem se sentirem participantes, atuantes nos processos estudados, sistematicamente, e professores que, geralmente esperam que todos os alunos possuam o mesmo padrão de comportamento, que aprendam em um mesmo ritmo, que reajam de maneira

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USO DO TRABALHO DE CAMPO COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA

Srius Oliveira Souza

Mestrando em Geografia - Universidade Federal do Esprito Santo (UFES)

Rita Jaqueline Nogueira Chiapetti

Professora Adjunta da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)INTRODUO A literatura existente sobre organizao e administrao escolar nos apresenta o ambiente escolar enquanto unidade, onde a boa execuo depende da consonncia de todas as peas que o compe. Alunos, professores, coordenadores e demais integrantes deste sistema necessitam de harmonia e coeso para alcanarem o objetivo proposto, ou seja, a busca pelo conhecimento. No entanto, devido s reorganizaes do espao geogrfico e acelerao do processo de globalizao ocorrido nas ltimas dcadas, tal equilbrio tem sido perdido. Acompanhamos a escola ser subjugada e a repercutir sua superposio temporal. Alunos e professores, muitas vezes, vivenciam e percorrem sentidos opostos construo deste saber. Tal fato se comprova quando percebemos alunos que chegam ao final das aulas sem se sentirem participantes, atuantes nos processos estudados, sistematicamente, e professores que, geralmente esperam que todos os alunos possuam o mesmo padro de comportamento, que aprendam em um mesmo ritmo, que reajam de maneira semelhante, como sujeitos passivos, no participantes do processo de ensino-aprendizagem. Na disciplina de Geografia o enigma o mesmo, pois entre os desafios relacionados ao seu ensino, a distncia entre os contedos geogrficos e a vida dos alunos continua a se destacar como um dos fatores prejudiciais de uma aprendizagem efetiva. Recentes estudos sobre o ensino de Geografia tm examinado a relao contedo-metodologia, repreendendo a existncia de um ensino pautado na mera reproduo de contedos predefinidos (MARTINS, 2006). Esta pseudo-geografia tem ido contra as correntes pedaggicas atuais, como a Teoria das Inteligncias Mltiplas (GARDNER, 1995), visto que a mente um instrumento multifacetado, de mltiplos componentes, que no pode, de qualquer maneira fidedigna, ser condicionada a um simples instrumento, estilo lpis e papel. Portanto, torna-se necessrio repensar os objetivos e mtodos de ensino, aplicados ao ensino da Geografia. Para Venturi (2005), o saber geogrfico deve viabilizar a efetivao da anlise das relaes estabelecidas no espao geogrfico, bem como proporcionar observaes de aspectos fisiolgicos, urbanos, sociais, econmicos e culturais da paisagem, de modo sensvel, buscando a inter-relao desses fenmenos, questes e aspectos para se alcanar as possveis e diferentes consideraes que compem este saber. neste sentido que a busca de uma prtica pedaggica alternativa ao ensino convencional e o destaque ao ensino ativo e criativo tm levado a valorizao do trabalho de campo, como uma prtica pedaggica consciente, voltada realidade dos alunos, os quais passam a entender, na prtica, as contradies e o processo de apropriao da natureza pelas pessoas, entendendo o porqu da dinmica do espao geogrfico (LACOSTE, 1989). Com relao ao termo Trabalho de Campo, comumente, so utilizadas distintas expresses para se referir a este tipo de atividade, como: aula de campo, pesquisa de campo, estudos do meio, entre outras. Segundo Pereira e Souza (2007, p. 2), o trabalho de campo entendido como: [...] Toda e qualquer atividade investigativa e exploratria que ocorre fora do ambiente escolar [...] um instrumento didtico importante no ensino de Geografia, uma cincia que se encarrega de explicar os fenmenos resultantes da relao sociedade/espao. Tal concepo tambm vista no raciocnio anlogo de Castrogiovanni (2000, p.13), quando o mesmo conceitua trabalho de campo enquanto: toda atividade oportunizada fora da sala de aula que busque concretizar etapas do conhecimento e/ou desenvolver habilidades em situaes concretas perante a observao e participao. Utilizar o trabalho de campo como uma estratgia ao ensino de Geografia uma forma significativa de integrar os contedos ministrados, visto que o mesmo proporciona a compreenso da realidade vivida pelos alunos e a apreenso de outros espaos geogrficos externos ao seu cotidiano, ampliando as fontes de conhecimentos que os levam reflexo e tomada de conscincia do seu espao geogrfico.

Entretanto, para a efetividade do trabalho de campo, Lacoste (1989) escreve sobre a necessidade da sua organizao e planejamento. Como qualquer outro instrumento de ensino, a realizao do trabalho de campo deve ser calcada, inicialmente, pelo conhecimento prvio dos contedos geogrficos envolvidos e do espao geogrfico a ser estudado. Para Resende (1989), se o espao no encarado como algo em que as pessoas se encontram inseridas, a verdade geogrfica se perde e a Geografia se torna alheia para elas. Assim, o planejamento do trabalho de campo deve propiciar aos alunos um envolvimento enquanto sujeitos ativos e participantes da construo do conhecimento, descrevendo, analisando, refletindo e questionando o espao geogrfico em que vivem. Diante de tal questo, desenvolvemos uma pesquisa com alunos de duas turmas do 3 ano do Ensino Mdio Regular da escola Centro Territorial de Educao Profissional (CETEP), na cidade de Teixeira de Freitas-BA, abordando a seguinte problemtica: qual a efetividade do trabalho de campo utilizado como instrumento do ensino de Geografia? Por se tratar de parte de um trabalho maior, faz-se necessrio elucidar que, neste artigo, s apresentaremos uma pequena discusso de alguns resultados alcanados. O municpio de Teixeira de Freitas fica localizado no Extremo Sul da Bahia, a 884 km da capital, Salvador. Tem uma populao, aproximada, de 130.000 habitantes, sendo atualmente a principal cidade da regio, revalidando o seu potencial frente ao desenvolvimento econmico. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), no ano de 2009 mais de 4.987 alunos em idade escolar se apresentavam matriculados no ensino pblico da mesma cidade.

Afirmamos a proposta do tema desta pesquisa, frente consolidao da tendncia de um ensino menos conteudstico, mais voltado para o processo de aprendizagem, do aprender a fazer, da prtica, do conviver para uma crescente valorizao das atitudes, habilidades, competncias da educao. Reiteramos que o estudo e a prtica do trabalho de campo em Geografia devem proporcionar a ressignificao dos contedos sistematizados e engessados, proporcionando didaticamente a compreenso da dinmica do espao geogrfico que rodeia os alunos.

Cientes de que novas preocupaes e sugestes metodolgicas precisam ser consideradas, os alunos cumprem nas escolas, muitas vezes, uma srie de atividades tericas, conceituais e genricas, que desconsideram o seu prprio ambiente natural e construdo, ou seja, sua realidade. A rua, o bairro, a vizinhana dos alunos so dados sensoriais imediatos e, tambm, dados intelectuais sobre os quais possvel formar bases slidas para a constituio de um visvel conhecimento emprico e terico da realidade. Nesta perspectiva, o trabalho de campo, uma vez bem planejado e construdo, desde seu incio at sua aplicao, pode revelar-se numa rica estratgia de ensino nas aulas de Geografia, seja no ensino fundamental, mdio ou superior.

OBJETIVOEsta pesquisa tem como principal objetivo discutir o trabalho de campo como uma estratgia capaz de despertar o interesse dos alunos do 3 ano do Ensino Mdio do CETEP para o ensino de Geografia, proporcionando um melhor desempenho na aprendizagem de alguns contedos geogrficos.METODOLOGIA

Para atender o objetivo proposto neste trabalho, realizamos uma pesquisa com interveno pedaggica, cujas etapas do desenho metodolgico so aqui apresentadas. Iniciamos com uma criteriosa reviso de literatura para construo do embasamento terico da pesquisa, depois realizamos aulas tericas e, posteriormente, a aplicao do trabalho de campo, para finalmente coletarmos os dados diretamente com os sujeitos da pesquisa. Justificamos a escolha da escola CETEP por possuir o maior nmero de alunos do municpio, perfazendo um total de 1.780 regulamente matriculados no ano de 2010, segundo a prpria CETEP. Decidimos aplicar nossa pesquisa de campo a alunos do 3 ano do Ensino Mdio da referida escola, por serem os alunos de maior idade, e por isso os mais maduros. Dentre as turmas desse ano, delimitamos duas, escolhidas a partir da disponibilidade e por indicao das professoras regentes da disciplina de Geografia. Participaram, ento, 50 alunos, o que corresponde a 25 % do total de alunos neste ano escolar, sendo que contriburam com a nossa pesquisa pela livre e espontnea vontade de participar e pela disponibilidade de tempo (para o trabalho de campo).O instrumento de coleta dos dados e informaes foi o questionrio aberto, o qual teve o propsito de levantar o conhecimento apreendido pelos alunos no trabalho de campo. As questes foram abertas, objetivando-se a obteno e a anlise de dados de maneira qualitativa. Embora tal tcnica de coleta de dados apresente dificuldades, do ponto de vista quantitativo-estatstico, entendemos que questes abertas do maior flexibilidade de resposta, evitando a induo para respostas previamente selecionadas (LAKATOS; MARCONI, 2002).

Com relao interveno pedaggica, os alunos participaram de trs aulas sobre a problemtica ambiental do lixo urbano, tema escolhido frente aos contedos programticos da disciplina de Geografia dos 3 anos do Ensino Mdio e sinalizado pelos professores regentes dessa disciplina. O planejamento destas aulas foi realizado junto com os professores em encontros, nos quais organizamos todo o processo de ensino-aprendizagem. As aulas tericas foram realizadas nas duas primeiras semanas do ms de junho de 2010, contando apenas com o quadro branco e piloto.

O trabalho de campo foi realizado no Aterro Sanitrio de Teixeira de Freitas, visto que o mesmo se localiza perto da escola, dentro da rea urbana da cidade e, portanto, tivemos fcil acesso, alm de ser um local em que no se cobra para entrar, ao contrrio, precisamos de uma autorizao oficial para realizar nosso trabalho de campo. Logo, enviamos um ofcio de solicitao Secretaria de Obras e Infraestrutura da Prefeitura Municipal, solicitando a devida autorizao para realizarmos nosso trabalho de campo. Ao final do mesmo dia, recebemos a confirmao de forma positiva.

Diante disso, divulgamos e disponibilizamos 50 vagas para os alunos participantes da pesquisa se inscrever gratuitamente para o trabalho de campo, na secretaria da escola. Enviamos ofcios de pedido de autorizao aos respectivos familiares e/ou responsveis pelos alunos inscritos, com o objetivo de comunicar sobre o trabalho de campo e, tambm, pedir que seus filhos, nesse dia, usassem uniforme da escola, bon, tnis, protetor solar, repelente, etc.

Assim, no dia 16 de junho de 2010, os alunos que se predispuseram a participar da nossa pesquisa, foram para o Aterro Sanitrio de Teixeira de Freitas, juntamente conosco e com as duas professoras de Geografia do CETEP. Assim que chegaram ao Aterro, tais alunos foram instigados a identificar a paisagem e os processos sociais ocorridos at o lixo chegar at l, por meio de uma srie de levantamentos e questionamentos trabalhados em sala de aula.

Durante a realizao do trabalho de campo os alunos foram incentivados a conhecer o processo de chegada dos resduos slidos, a separao primria dos resduos orgnicos, a deposio do restante em clulas de polietileno e, por fim, o mtodo de drenagem e tratamento do chorume (lquido txico fruto da decomposio dos resduos slidos). Ressaltamos em todo o trabalho de campo a infinidade de processos geogrficos atuantes em tal fenmeno urbano, tais como: processo de urbanizao e industrializao de Teixeira de Freitas, aumento do consumo, segregao social, etc. O trabalho de campo ocorreu dentro do planejado, com intensa participao dos alunos.

Depois de cumprida essa etapa da interveno pedaggica, aplicamos o questionrio aos alunos. A tabulao das respostas ocorreu em duas etapas: inicialmente o cmputo de cada questionrio e logo em seguida, a transcrio e a interpretao das respostas dos alunos. Finalmente, analisamos os contedos das respostas, com base no referencial terico da pesquisa, buscando alcanar os objetivos da nossa pesquisa.

RESULTADOS Com a finalidade de analisar o trabalho de campo, enquanto estratgia pedaggica vivel ao ensino de Geografia, apresentamos alguns resultados da pesquisa. De acordo com a Tabela 1, os alunos participantes da pesquisa tm entre 15 e 19 anos, sendo que o maior nmero tem 17 anos (54 %), seguido de 16 anos (34 %) e 18 anos (8 %). Vale observar que tambm participaram: uma aluna com 15 e outra com 19 anos. Com relao ao sexo, participaram da pesquisa mais alunas (68 %) do que alunos (32 %), refletindo a realidade brasileira, em que predomina a populao feminina.Tabela 1 - Distribuio dos alunos participantes da pesquisa de campo, por idade e sexo, em nmeros absolutos e relativos, 2010

Idade dos alunosSexoTotal% Total

MasculinoFeminino

15 01

16 04 13

17 12 15

18 04

19 0101

17

27

04

0102

34

54

08

02

Total /Sexo 16 34 50 100

Fonte: Pesquisa de campo, Teixeira de Freitas-BA, junho de 2010. Elaborao: SOUZA, S. O.

A seguir, apresentaremos cada pergunta do questionrio feito aos alunos, seguida dos objetivos que pesaram em sua elaborao. Logo aps, listaremos o conjunto de respostas obtido organizado de acordo com o nmero do questionrio e, por fim, a anlise das respostas uma por uma, ou de forma conjunta e paralela ao referencial terico.1. Voc gostou do trabalho de campo realizado?O propsito desta questo foi analisar se os alunos gostam de estratgias de ensino no tradicionais e, por consequncia, gostaram do nosso trabalho de campo. Sabemos que a Geografia que o aluno estuda deve permitir-lhe que se perceba como sujeito participante/produtor do espao geogrfico. Este fato se configura como sendo um dos grandes desafios da disciplina de Geografia, ou seja, torn-la interessante aos olhos dos alunos. Para isso h a necessidade de que o contedo geogrfico ensinado tenha a ver com a vida dos alunos e no somente com dados numricos e informaes vagas sobre realidades distantes (CALLAI, 1999).

Fonte: Pesquisa de campo, Teixeira de Freitas-BA, junho de 2010. Elaborao: SOUZA, S. O.

Figura 1 - Opinio dos alunos do 3 ano do Ensino Mdio da escola CETEP, sobre a realizao do trabalho de campo como estratgia eficaz no ensino de Geografia.

Diante disso, conforme na Figura 1, o trabalho de campo aplicado comprovou-se como uma excelente estratgia de ensino, pois 94 % dos alunos disseram ter gostado. Apenas 6 % dos alunos afirmaram no ter gostado do trabalho de campo, sendo unnimes em atribuir ao mau cheiro que sentiram no Aterro Sanitrio. Isso pode ser comprovado na resposta da aluna RAF (forma de nos referirmos aos sujeitos de pesquisa): No gostei, somente por causa do mau cheiro. Reiteramos que a escolha do tema trabalhado com os alunos que participaram da pesquisa, assim como a escolha do local do trabalho de campo, ocorreu pela necessidade de se ensinar alguns contedos disponibilizados pelas professoras daquelas turmas, como contedos ligados a problemtica do consumo e poluies ambientais no mundo.Com relao aos que afirmaram ter gostado do trabalho de campo feito por ns, ilustramos os principais motivos na Figura 2.

Fonte: Pesquisa de campo, Teixeira de Freitas-BA, junho de 2010. Elaborao: SOUZA, S. O.

Figura 2 - Principais motivos descritos pelos alunos do 3 Ano do Ensino Mdio da escola

CETEP, que gostaram do trabalho de campo.

Entre os 94 % dos alunos que gostaram do trabalho de campo, aproximadamente 70,3 % atriburam ao enriquecimento do aprendizado em sala de aula, conforme descrito pelo aluno GUI: Uma coisa estudar teoricamente e outra presenciar determinado assunto na prtica. Percebemos que esta ideia permeia o pensamento de todos os que afirmaram ter gostado do trabalho de campo, estratgia de ensino, utilizada em nossa pesquisa.

Outro exemplo a resposta do aluno JER: Aprendi melhor vendo, pois se ns s estudarmos a teoria e fugirmos da prtica, o conhecimento no ir ser armazenado em ns. Tal opinio pode ser interpretada baseada em Amorim (2006, p. 17), que afirma: O trabalho de campo proporciona abordagens mais contextualizadas e dinmicas dos contedos escolares. Portanto, se o trabalho de campo contemplar no s objetivos conceituais e procedimentais mas, tambm, os atitudinais, quando planejado e organizado pode se transformar em uma eficiente estratgia de ensino de Geografia.2. O que voc mais aprendeu com o trabalho de campo?Esta questo teve como intuito, investigar e construir paralelos entre os contedos previamente ensinados/discutidos em sala, nas aulas tericas e a prtica exercida com o trabalho de campo. Para Suertegaray (2002), o trabalho de campo um instrumento de anlise geogrfica que permite o reconhecimento do objeto e, que, fazendo parte de um mtodo de investigao permite a insero do pesquisador nos processos da sociedade como um todo. Tal insero, leva consigo os alunos inebriados com os sabores do ensino da geografia.

Conforme a Figura 3, dentre os alunos participantes da pesquisa, 50 % afirmaram ter aprendido mais sobre a importncia da separao domstica do lixo e da reciclagem. J 32 % disseram que aprenderam sobre a necessidade de reduzir o consumo, j que discutimos tambm os problemas sociais ligados ao aumento do consumismo. A aluna JAC expressa:Aprendi que a populao ainda no tem uma conscincia de que o lixo deve ser inicialmente separado em casa, para obtermos uma melhor reciclagem, uma melhor diviso. E que temos que reduzir ao mximo a nossa produo de lixo.

Fonte: Pesquisa de campo, Teixeira de Freitas-BA, junho de 2010. Elaborao: SOUZA, S. O.Figura 3 - Opinio dos alunos do 3 Ano do Ensino Mdio da escola CETEP, sobre o que mais aprenderam no trabalho de campo.

Os demais alunos (18 %) fixaram suas respostas em situaes especficas, que aprenderam durante a realizao do trabalho de campo, tais como: separao e tratamento do chorume, chegada do lixo no Aterro Sanitrio (como ele coletado e transportado), localizao do Aterro Sanitrio de Teixeira de Freitas, etc. CONSIDERAES FINAISPreocupamo-nos com a valorizao da cincia geogrfica e com o necessrio enriquecimento das aulas com tcnicas que melhor deliberem o sabor geogrfico. Nesse sentido, os resultados corroboram pela eficcia do trabalho de campo nas aulas de geografia, justificando a sua aplicao. Com base nas ponderaes desenvolvidas e considerando que o ensino de Geografia deve buscar a compreenso do espao geogrfico, as aes pedaggicas no podem perder o sentido da totalidade-mundo e a busca do homem integral. Assim, qualificar a reflexo e a ao, pensar metodologias de ensino que promovam raciocnios geogrficos e fazer da Geografia uma disciplina significativa so aes que precisam avanar, tendo em vista a formao do ser humano.A presente pesquisa, contudo, no est pronta e acabada. Alis, nenhuma pesquisa possui esta propriedade. Temos a clareza de que muito ainda pode ser feito, tanto em termos conceituais, quanto em termos empricos. A experincia e o prazer de nos envolvermos com a temtica desta pesquisa ultrapassam os nveis compreensveis. Carregamos a fiel convico de que ensinar criar possibilidades para a construo do conhecimento dos alunos, ensinar dar autonomia aos alunos, considerando-se que ambos, professores e alunos reconstroem-se e aprimoram-se continuamente.

REFERNCIASAMORIM, M. E. O trabalho de campo como recurso de ensino em Geografia, em unidades de conservao ambiental. 2006. 170 f. Dissertao (Mestrado em Geografia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.CALLAI, H. C. O estudo do municpio ou a geografia nas sries iniciais. In: CASTROGIOVANNI, A. C. et al. (Orgs.). Geografia em sala de aula: prticas e reflexes. 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRG, 1999. p.75-80.

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