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Articigo cientifico de Pos Graduacao UEMA
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GESTÃO ESCOLAR: UM PROCESSO DEMOCRÁTICO NA FORMAÇÃO DOS ALUNOS COMO CIDADÃOS
Ericilene Mota Varão 1* Ana Carvalho Lima Pessoa 2*Teresinha Fernandes de Moura 3*
1 INTRODUÇÃO
As constantes transformações sociais, econômicas e políticas ocorridas
no mundo exigem que a escola atenda ás exigências imposta pelo novo modelo de
sociedade: a sociedade do conhecimento, Portanto, na atualidade as organizações
escolares estão passando por vários desafios e mudanças, já que a nova sociedade
incita essas transformações,tornando relevantes aspectos como
inovação,competitividade e produtividade.
Para que o gestor escolar consiga enfrentar mudanças significativas que
elevem o padrão da escola, é preciso que ocorra uma mudança nas atitudes das
pessoas, com o objetivo de que as mesmas passem a encarar a inovação como um
desafio e sintam-se estimuladas pela motivação pessoal, e assim, se tornem
capazes de ir alem dos seus próprios limites.
Decorrente das transformações sócio econômicas, políticas e culturais faz
se necessário uma educação para a cidadania nas nossas escolas deve entender-se
como a preparação dos educados, estrutura a sua relação com a sociedade de
acordo com regras básicas de convivência que valorizem a autonomia a
responsabilidade individual as necessidades básicas e a realização do ser humano.1 VARÂO. Ericilene Mota. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão, Núcleo de Tecnologia Para Educação/UEMANET, e pós-graduanda em Gestão, Orientação e Supervisão Escolar.2 PESSOA, Ana Carvalho Lima. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão, Núcleo de Tecnologia Para Educação/UEMANET. e pós-graduanda em Gestão, Orientação e Supervisão Escolar.3 MOURA. Teresinha Fernandes de. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão, Núcleo de Tecnologia Para Educação/UEMANET. e pós-graduanda em Gestão, Orientação e Supervisão Escolar.
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Diante disso, o gestor que pretende educar para a cidadania sabe que
desde já terá grandes responsabilidades nos sistemas educativos nos quais devem
desenvolver nas novas gerações os saberes e as praticas em uma cidadania ativa.
É importante ressaltar que o gestor deve agir como líder pensando no progresso de
todos que fazem parte de sua equipe. Ele deve ter consciência de que a equipe não
se limita aos alunos,professores e demais funcionários interno da escola.A equipe
escolar é composta também pelos pais dos alunos e por toda a comunidade de
forma geral,que deve ser mobilizada para que juntos possam promover o principal
objetivo de toda equipe escolar e a aprendizagem dos alunos.
Portanto o gestor possui condições básicas de conduzir o trabalho escolar
numa direção mais critica dinâmica e reflexiva capaz de realizar com qualidade a
maior tarefa da escola que é a formação do aluno tornando-o autônomo capaz de
uma percepção do mundo, de uma educação mais critica e reflexiva para o exercício
da cidadania.
Nesse contexto, este estudo tem como objetivo refletir sobre os desafios
do gestor escolar, para gerar um processo de mudança nas organizações escolares
que buscam se adequar aos novos padrões da sociedade atual,por meio da
inovação e da pratica de gestão participativa.
Deste modo, é preciso investir na transformação da atitude dos
profissionais da escola, no sentido de orientar suas praticas pedagógicas e
administrativa para a garantia de uma educação formal continua e de qualidade aos
alunos. O objetivo geral deste trabalho foi perceber como gestão equipe gestora da
escola existe os princípios de uma gestão que contribua na construção de uma
comunidade escolar critica e atuante.
Os objetivos específicos aqui levantados foi analisar a forma de atuação e
os papeis exercidos por cada membro da gestão e da comunidade, perceber como a
gestão desempenha a autoridade administrativa, investigar como a equipe gestora
desenvolver a gestão democrática por afirmada nas eleições e compreender a
relação entre gestor e todo o corpo docente e discente da escola na formação do
aluno como futuros cidadãs.
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2 GESTÃO DEMOCRÁTICA
As diversas transformações ocorridas na sociedade sejam pelos os
avanços cientifico e tecnológicos, seja pela globalização da economia,tem exigido
mudanças significativa na educação. Nesse contexto, cada vez mais é preciso
formar alunos cidadãos tornando os capazes para interpretar e analisar de forma
critica as diversas informações que se apresentarem em quantidade e de maneira
diversificada.
Desse modo a escola precisa saber posicionar se diante dessa realidade
e despertar nos educadores o desejo de se tornarem sujeitos participativos dessas
mudanças. Nessa perspectiva, é coerente o comentário de gadotti (2004,p15),
quando assim se expressa.
O aluno aprende quando ele se torna sujeito de sua aprendizagem. E
para ele se tornar sujeito de sua aprendizagem, ele precisa participar das decisões
que dizem respeito ao projeto da escola, projeto esse inserido no projeto de vida do
próprio aluno. Não há educação e aprendizagem sem sujeito da educação e da
aprendizagem. A participação pertence à própria natureza do ato pedagógico.
Diante disso, é necessário que toda e qualquer escola cumpra um
importante papel na educação, a qual deve voltar-se para a construção da cidadania
através de uma ação democrática pautada do dialogo e na participação de pais
alunos professores e toda equipe inserida no contexto escolar.
É importante ressaltar que uma gestão democrática visa construir uma
escola de boa qualidade, prestando atendimento aos alunos e comunidade
preocupada com exercício da cidadania, aproveitando melhor seus recursos
existentes oportunizando a ampliação e aplicação do conhecimento. A participação
de todos permite chega-se a soluções mais rápidas q eu atendam a maioria através
da ação pedagógica e educativa de maneira coerente.
Segundo Benevides a escola tem grande importância na formação da
consciência do aluno para o exercício da cidadania, acreditando ser a mesma um
dos grandes instrumentos para a formação democrática, mas também o teste
decisivo sobre o êxito e o desenvolvimento sempre dinâmico da democracia como
regime político ‘’(1998). Portanto, a pratica da gestão democrática constitui-se no
sentido da concretização.
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Dessa forma é possível construir uma concepção de cidadania implica a
elaboração de concepções de mundo, educação e homem. Constituir tais
concepções no aluno passa geralmente pelo processo educacional. Assim a
vivencia de uma realidade de caráter democrático possibilita princípios voltados para
a formação de sujeitos mais autônomos capazes de uma percepção do mundo e da
educação mais critica e reflexiva.
Alem do mais o envolvimento das pessoas como sujeito na condução das
ações é apenas uma possibilidade, não uma garantia. precisamos, portanto
implementar mecanismo reais de uma participação envolvendo todos no processo
de tomada de decisão, no compartilhamento de responsabilidades assumindo-se
como sujeito profissional da educação cidadão agente de transformação reflexivo
atuante capaz de projetar de ir alem de almejar ter sonhos objetivos buscando meios
para atingi-los superá-los e concretizá-los.
Considerando o contexto em que se materializam as praticas educativas e
fundamentalmente buscando compreender a importância de ações políticas visando
o rendimento da gestão escolar, no sentido de democratizá-la é essencial
repensarmos os modelos de gestão vigentes, a noção de democratização que
possuímos bem como aperfeiçoarmos os mecanismos de participação existentes
(BRASIL, 2005 e,p.41).
Em vista disto procurar compreender a escola como uma cultura com
identidade própria é descobrir seus valores atitudes imagens da realidade
manifestações verbais e não verbais.Significa conhecer seu projeto de ação fruto da
ação coletiva dos participantes da escola (SILVA,1996,p.49).
O que se observa diante de discussões é que a escola é uma instituição
em que a concebemos como a organização das relações sociais entre os indivíduos
dos diferentes segmentos. Analisar a escola como instituição é apreender o sentido
global de suas estruturas e de seu conjunto de normas valores e relações numa
dinâmica singular e viva.Por isso,a importância de gestor como organizador da
diversidade,construção da autonomia escolar,impulsionando atitudes democráticas e
comunicativas.
O gestor escolar deve atuar como líder, ou seja, formar pessoas que o
acompanhem em suas tarefas e prepará-las para serem abertas as transformações.
Nesse sentido,necessita ter motivação,responsabilidade,dinamismo,criatividade e
capacidade de atender às necessidades mais urgentes.Isso requer um constante
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aprendizado,para atualizar-se e conhecer as mais recentes contribuições dos
educadores sobre os processos de capacitação de lideranças educacionais.
É um grande desafio para o gestor escolar atuar como líder e desenvolver
formas de organização inovadoras, empreendedoras e participativas, mas isto é
indispensável.Algumas das importantes e atuais funções do gestor escolar são
prever e se antecipar as mudanças,assim, o gestor deve saber ir alem e intuir as
mudanças aprender a pesquisar avaliar e enfrentar os novos desafios.
Nesse sentido,segundo santos (2002),para implantar um processo de
mudanças na instituição o gestor precisa elaborar um planejamento para que a
escola consiga atender a aspectos como: responder as transformações impostas
pela sociedade: compreender que a mudança como um desafio pessoal:desenvolver
uma cultura organizacional de desafio constante,para estar preparada para reagir
imediamente às novas mudanças:realizar reuniões com os seus partipantes,visando
detectar os fatos que podem ser considerados geradores de mudanças estratégicas
na organização e apresenta os benefícios que poderão tirar disso.
Assim,é necessário que a organização escolar possua uma gestão
participativa pois a principal alternativa para que a escola se transforme em um
ambiente de crescimento continuo e integrado é a participação e o
comprometimento de todos.
Para Andrade (2004), para organizar melhor o seu trabalho e a escola o
gestor e a sua equipe poderão começar classificando as questões mais desafiadoras
da eficácia do processo de mudança rumo ao crescimento organizacional.
As mudanças necessárias, visando à eficácia da educação na sociedade
atual, implicam numa nova organização da escola, no que se refere a melhoria da
qualidade do ensino e da aprendizagem das estruturas físicas e dos equipamentos
uma vez que as organizações são sempre focos de mudanças pela utilização de
tecnologia ou pelas transformações impostas pela sociedade. (SANTOS, 2002,p.29).
Neste estudo foi possível compreender que a comunidade escolar precisa
se empenhar para elevar o nível intelectual da escola, por meio da gestão
participativa e pela inovação do ambiente escolar em todos os aspectos para isso o
gestor que exerce importantes atribuições deve gerar um clima de transformação de
atitudes e estimular os integrantes da organização escolar para seguirem em direção
a uma escola reflexiva para tanto investir em praticas de gestão participativa, em
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técnicas motivacionais e reestruturação da instituição torna-se um caminho eficaz
para a concretização da educação na sociedade contemporânea.
Portanto para que uma escola seja considerada de fato democrática,é
preciso uma gestão que desenvolva mecanismo capazes de assegurar vivencias da
cidadania e à participação dos alunos estimulando a expressão do contexto social
cultural construindo uma aprendizagem coerente a realidade do aluno.
2 - GESTÃO DEMOCRÁTICA: Possibilidades e desafios para uma educação de qualidade
Para que se alcance a participação tão desejada nas escolas, é preciso
que se faça um resgate na trajetória histórica da busca democrática e da formação
do gestor considerando o momento social, político, cultural e econômico vivido pela
educação.
Há pouco tempo, o modelo de gestão escolar se configurava num diretor
autoritário e submisso aos órgãos centrais e sua função se restringia a de
administrador de determinações estabelecidas pelas instâncias superiores, o
processo de autonomia da escola se deu a partir da década de oitenta quando
tomaram posse os primeiros governantes eleitos pelo voto direto. A partir daí a
discussão por uma educação democrática ganhou amplitude e vários movimentos
começaram a incentivar a luta por uma escola participativa, autônoma e de
qualidade.
Assim sendo Ferreira 2006, p.306 afirma: Partimos do conceito de gestão
democrática como uma prática participativa, ”gestão é administração é tomada de
decisão, é direção. Relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização a
atingir seus objetivos, cumprir sua função, desempenhar seu papel”.
Portanto, discutir gestão democrática implica refletir os problemas
enfrentados diariamente na escola, entendendo que esse movimento de
organização do trabalho pedagógico colabora ou impede o desenvolvimento de uma
prática participativa.
De acordo com Ferreira (2006) a gestão democrática se faz de forma
coletiva na prática quando,
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[...] se tomam decisões sobre todo o projeto político pedagógico, sobre as finalidades e objetivos do planejamento dos cursos,das disciplinas,dos planos de estudos,do elenco disciplinar e os respectivos conteúdos,sobre as atividades dos professores e dos alunos necessários para a sua consecução,sobre os ambientes de aprendizagem,recursos humanos,físicos e financeiros necessários,os tipos,modos e procedimentos de avaliação e o tempo para sua realização.É quando se organiza e se administra coletivamente todo esse processo [...] (p.310).
A partir desse contexto, um dos problemas apontados é o de que as
escolas, como estão invariavelmente destituídas de espaço coletivo e democrático.
Por essa razão, é necessário rever essa organização para permitir a prática da
participação e da democracia.
2.1 - Princípios que norteiam a Gestão Democrática
A educação escolar é uma dimensão fundamental de cidadania e tal
princípio é indispensável para a participação de todos nos espaços sociais e
políticos e para inserção qualificada no mundo profissional do trabalho garantida
pela Constituição Federal e protegida por leis específicas como: Lei de Diretrizes e
Bases, Plano Nacional da Educação, etc. Os princípios que a LDB determina para a
educação básica criam possibilidades para que a acessibilidade, a permanência e a
equidade possam vir a acontecer nas escolas públicas brasileiras e um dos
princípios que atualmente estar está sendo bastante discutido, não só no anterior
das escolas como também nos sistema de ensino, é a gestão democrática.
A escola é uma instituição de serviço público que se distingue por
oferecer o ensino como um bem público. Assim a gestão democrática é, antes de
tudo, uma abertura de diálogo e a busca de caminhos mais condizentes com a
democratização de escola brasileiras. É mais do que uma simples mudança nas
estruturas organizacionais, exige o rompimento de paradigmas que dificultam o
caminhar da educação em busca de qualidade.
A gestão democrática da educação expressa um anseio de crescimento
dos indivíduos como cidadãos e da sociedade enquanto sociedade democrática.
Nessa perspectiva, é necessário um novo olhar para os caminhos que a escola
deverá percorrer e conquistar, os princípios da gestão democrática para que a
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escola consiga sua autonomia. E o primeiro princípio que deverá ser enfatizado é a
participação coletiva tão sonhada e desejada para o sucesso da escola, embora
sejam muitos os entraves que dificultam a realização plena desse princípio, pois as
escolas públicas não são organismos isolados, mas integram um sistema escolar e
dependem das políticas e da gestão pública.
Há momentos em que a direção da escola não tem como decidir algumas
situações, uma vez que as autoridades superiores é quem definem determinadas
questões. A autonomia precisa ser gerida implicando com responsabilidade,
consciência, partilha e solidariedade de todos os membros da equipe escolar para
que possam alcançar eficazmente os resultados de suas atividades, ou seja, a
formação cultural e científica dos alunos.
A relação orgânica entre a direção e a participação dos membros da
equipe escolar é mais um princípio que exige a participação dos professores, pais,
alunos, funcionários e outros representantes da comunidade, bem como a forma de
viabilização dessa participação e a interação comunicativa, o que não é tão fácil,
devido a falta de disponibilidade das pessoas, pois o acúmulo de tarefas dificulta
uma boa participação,que poderia servir para respaldar decisões precisamente
definidas,e levar a equipe escolar a soluções precisamente definidas, e levar a
equipe escolar a soluções inovadoras e críticas.
A falta de projetos que viabilizem o acesso dos pais e comunidade à
escola, permite que os mesmos não tenham o interesse da participação espontânea.
O planejamento, por sua vez, possibilita que a escola busque resultados
mediante as ações pedagógicas administrativas. O plano de ação ou projeto político
pedagógico da escola devidamente discutido e analisado pela equipe escolar torna-
se instrumento unificador das atividades ali desenvolvidas convergindo em sua
execução o interesse e o esforço coletivo dos membros da escola. Nesse sentido, o
projeto pedagógico ganhará em riqueza e diversidade pela consideração e pelo
envolvimento da subjetividade dos profissionais no processo consciente de propiciar
o melhor para todos.
Portanto, é necessário urgente que as escolas revejam suas propostas
pedagógicas para o alcance da qualidade desejada. O projeto político pedagógico é
um dos instrumentos que a escola poderá utilizar para que aconteça o planejamento
de ações de acordo com as reais necessidades da sua clientela,assim como,avaliar
as práticas e planejar as ações não exitosas. Mas para que aconteça de fato é
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necessário que a escola esteja provida de recursos humanos em todos os setores,
pois o momento vigente deixa muito a desejar, uma vez que as escolas são
desprovidas de um quadro efetivo de docente, funcionários técnicos e outros.
Acredita-se que no momento em que a
situação for revertida as escolas públicas ganharão mais autonomia e
com certeza melhor qualidade.
A formação continuada é também um princípio relevante da gestão
democrática, pois a escola é um espaço educativo, lugar de aprendizagem em que
todos aprendam a participar do processo decisório, mas constitui também o local em
que os profissionais desenvolvem seu profissionalismo, no entanto, ainda se
constitui um desafio para as escolas, uma vez que em grande maioria os
profissionais de educação são pessoas que se desdobram com afinco para
executarem suas atividades, são pessoas que para sobreviverem tem que dar aulas
em várias escolas dificultando a disponibilidade de tempo para reuniões, sessões de
estudos ou ações semelhantes. Portanto, até mesmo a falta de conhecimento da
legislação que rege a educação contribui para que estes não tenham uma visão
crítica e tentem conciliares seus horários em busca de aperfeiçoamento.
O processo de articulação entre os diversos segmentos que compõem a
escola e a criação de espaços e mecanismos de participação são fundamentais para
o exercício do aprendizado democrático que possibilite a formação de indivíduos
críticos, criativos e participativos. A democratização da gestão escolar implica a
superação dos processos centralizados de decisões e pressupõe a gestão
colegiada, na qual as decisões nasçam das discussões coletivas, envolvendo todos
os segmentos das escolas orientados pelo sentido político e pedagógico presente
nas práticas.
A instituição educativa no cumprimento do seu papel e na efetivação da
gestão democrática precisa não só criar espaços de discussões que permitam a
construção coletiva do projeto educativo, como também, criar e sustentar ambientes
que favoreçam essa participação, ou seja, os mecanismos adequados a esse
propósito.
Entre os mecanismos de participação que podem ser vivenciados em uma
instituição educativa estão: Conselho de Classe, Associação de Pais e Mestres e
Grêmio Estudantil.
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O Conselho Escolar é um órgão colegiado composto por representantes
das comunidades escola e local, que têm como atribuição de deliberar sobre
questões político-pedagógicas, administrativas, financeiras, no âmbito da
escola. Cabe aos Conselhos, também analisar as ações e os meios a
utilizar para o cumprimento das finalidades da escola.
Representam assim, um lugar de participação e decisão, um espaço de
discussão, negociação e encaminhamento das demandas educacionais,
possibilitando a participação social e promovendo a gestão democrática.
O Conselho Escolar, ao assumir a função de estimular e desencadear
uma contínua avaliação do projeto político-pedagógico das escolas, acompanhado e
interferindo na estratégia de ação, contribui decisivamente para criação de um novo
cotidiano escolar, no qual a escola e a comunidade se identificam no enfretamento
não só dos desafios escolares imediatos, mas dos graves problemas sociais vividos
na realidade brasileira.
Por sua vez o Conselho de Classe é mais um mecanismo de participação
de comunidade na gestão e no processo ensino-aprendizagem. Constitui-se numa
das instâncias de vital importância no processo de gestão democrática por
possibilitar a articulação dos diversos segmentos da escola e tem por objeto estudo
o processo de ensino. O Conselho de Classes deve desempenhar um papel no
sentido de mobilizar a avaliação escolar na perspectiva de desenvolver um maior
conhecimento sobre o aluno, a aprendizagem, o ensino e a escola. No que se refere
à avaliação, deve haver um amplo processo de reflexão da prática pedagógica para
que os educadores possam desenvolver um questionamento atento das condições
de trabalho dos profissionais e de instância, das concepções de ensino e avaliação
predominantes nas discussões e ainda nos sentidos significados das avaliações.
Quanto a Associação de Pais e Mestres e o Grêmio Estudantil constitui-se
em mecanismos valiosos, pois o objetivo de ambos é a participação, a aproximação
entre pais e instituição para a formação de indivíduos participativos, críticos e
criativos, portanto são forças que possibilitarão uma escola mais democrática e
autônoma. Para tanto, é necessário que as escolas revejam sua função no que diz
respeito a estes dois mecanismos.
Percebe-se que tanto os princípios quantos os mecanismos da gestão
democrática são caminhos que se percorridos com firmeza, teremos uma educação
comprometida com a realidade da clientela brasileira. No entanto, no cotidiano de
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nossas escolas há muito a ser construído e conquistado, pois de acordo com a
realidade vivenciada, as escolas necessitam desde um quadro efetivo de docentes e
funcionários até a recuperação de sua estrutura física para que se possa
desenvolver um trabalho com autonomia e qualidade.
A falta de articulação das Secretarias de Educação com as escolas no
sentido de informar melhor sobre a gestão e os princípios e mecanismos que regem
a mesma, permite que as escolas desconheçam as reais funções e os benefícios
que os mesmos possibilitam, para o alcance de uma escola participativa. A forma
como os diretores são escolhidos, como os Conselhos foram implantados permite
que a comunidade escolar desconheça os objetivos das escolas e as funções
específicas dos Conselhos Escolares, dificultando a conquista da verdadeira
autonomia escolar. Sabe-se o quanto os Conselhos Escolares necessitam ter uma
dimensão unitária do trabalho desenvolvido na escola e zelar por ela, planejando e
acompanhando o desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico, de modo geral, e
a aprendizagem dos estudantes, porém a ausência dessa proposta pedagógica em
um grande número de escolas permite que os Conselhos sejam inoperantes.
O que se busca quando se discute a transformação social da escola é um
novo posicionamento diante do conhecimento produzido no decorrer do processo
ensino-aprendizagem de modo a ajudar o aluno a aprender mais e o professor a
ensinar com melhor qualidade. Luta-se por um novo espaço escolar com novas
relações estabelecida entre os gestores, professores, alunos e a comunidade em
geral que favoreçam um processo de formação construído com base na interação e
no diálogo entre os sujeitos e o processo de conhecimento escolar.
2.2 Possibilidades e desafios para uma Gestão Democrática de qualidade
Não poderemos propor algo novo sem antes conhecer os determinantes
sociopolíticos que interferem no campo educacional, bem como sem entender a
totalidade das relações neste contexto.
Desta forma não poderíamos sequer pensar em apresentar alternativas
para a superação da fragmentação que tem determinado o campo da administração
escolar e do sistema educacional, sem antes conhecer um pouco das elações
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estabelecidas entre a prática educacional e escolar e a estrutura econômico-social
no interior do capitalismo atual que tem sua base nas leis do mercado, o que
referenda a idéia de que as transformações que estão acontecendo no âmbito
educacional não ocorrem por acaso, visto que as organizações sociais,
principalmente as da área educacional, mudam quando surgem pressões externas,
especialmente as decorrentes das determinações da estrutura macro econômica
que estabelecem as regras de organização social.
Não parece haver dúvida, portanto, nas análises de diferentes orientações
teóricas, que a escola está de alguma forma articulada à sociedade em que ocorre,
apesar de não haver consenso teórico quanto à forma como se dá esta articulação.
Algumas tendências dizem que não poderemos modificar a escola sem antes
transformar a sociedade, outras,ao contrário,defendem que todas as mudanças
sociais partem da escola.
Esta dubiedade de interpretações tem ocasionado situações de
desagrado na comunidade, o que hoje a escola pode atender de outra forma através
do espaço oportunizado pelas políticas educacionais atuais que, mesmo
determinado pelo projeto neoliberal, se constitui num fórum de debates entre escolas
e comunidade no sentido de buscar alternativas coletivas que, se compreendidas
criticamente pela comunidade educativa, poderá se constituir como uma ferramenta
para a superação do fracasso escolar. Este propósito se efetiva pelo espaço
oferecido pelo princípio constitucional de 88 que institui a gestão democrática da
escola pública, princípio este corroborado na Lei 9394/96.
Desta forma, utilizando-se da prerrogativa legal instituída pela LDB/96, a
coletividade escolar, em nome da gestão democrática, deverá ocupar este espaço
para construir sua autonomia o que,além de amenizar as críticas que se impõem ao
projeto educacional em vigor,poderá,efetivamente,atender os anseios da
comunidade na construção de uma escola a serviço deste coletivo educacional.
Isto se constitui num grande desafio visto a cultura liberal em que está
assentada a escola, na qual o individualismo e a fragmentação de decisões e
soluções são a norma vigente, além da estrutura ainda centralizadora das políticas
de Estado. Neste sentido, conforme Mendonça (2000, p. 92):
A luta pela democratização dos processos de gestão da educação no Brasil está relacionada aos movimentos mais amplos de redemocratização do país e aos movimentos sociais reivindicatórios de participação. Na sua
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especificidade, porém, esta luta está também e particularmente vinculada a uma crítica ao excessivo centralismo administrativo, à rigidez hierárquica de papéis nos sistemas de ensino, ao superdimensionamento de estruturas centrais e intermediárias, com o conseqüente enfraquecimento da autonomia da escola como unidade da do sistema.
A proposta da Gestão Democrática na escola sempre foi uma bandeira de
vários movimentos que, entendendo que eram necessárias mudanças na escola no
sentido de superar as estruturas burocráticas – formais, hierarquizadas, apontavam
para a democratização da escola.
Nem sempre o entendimento de gestão democrática teve o mesmo
sentido. O que hoje entendemos como participação, organização coletiva, decisões
compartilhadas em termos pedagógicos, administrativos e financeiros buscando uma
integração entre escola e comunidade com vista à construção de uma identidade
para a instituição educativa que responda aos anseios desta e não aos interesses do
capital, em outras épocas, o que se traduz na legislação do ensino, restringia-se à
ampliação apenas do acesso do aluno à escola.
Isto implica em dizer que existem dois entendimentos de democratização.
No primeiro, o termo refere-se à ampliação do acesso à educação, visto que o
Estado incentivava a gratuidade, mas não a obrigatoriedade da educação, o que faz
da própria democratização do acesso, um discurso vazio. Esta realidade se
intensifica, mais recentemente, nas leis do regime de exceção a partir de 1964.
No segundo entendimento, a democratização deveria propiciar a
participação efetiva de todos na esfera educacional, definindo qual é o papel da
escola, o que se traduz na atual legislação que, mesmo garantindo a obrigatoriedade
apenas ao ensino fundamental, preconiza não só a democratização do acesso, mas
a permanência do aluno na escola.
O primeiro entendimento mostrou-se preponderante durante muito tempo,
contribuindo para que hoje os percentuais de população fora da escola, assim como
a baixa escolaridade do país,demonstrem o fracasso educacional brasileiro frente,
inclusive a outros países da América Latina.
Reverter este quadro implica em ampliarmos nossas conquistas fazendo
com que a escola se abra, não apenas pelo acesso para que a população possa
participar, mas como um espaço, no qual a participação da comunidade possa
contribuir para a construção de uma escola voltada para a formação da cidadania.
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O início desta caminhada está na oportunidade concedida pelos princípios
da Constituição de 1988 e referendados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, lei, 9394 de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996, p.4), que
estabelece:
Art.14. “Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios”:I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;I I – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.
É a partir destas prerrogativas que se avultam as tentativas de tornar a
esfera escolar um espaço democrático onde todos os atores, professores,
funcionários, alunos e comunidade possam contribuir e participar ativamente neste
contexto, através do qual a escola poderá construir sua autonomia.
Uma forma encontrada para democratizar a escola foi a
institucionalização de instrumentos legalmente responsáveis por promover controles
democráticos sobre a administração escolar.
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3. COMPONENTES DA GESTÃO DEMOCRÁTICA
3.1 Conselhos Escolares
Institucionalizados no Rio Grande do Sul, na rede estadual de ensino pela
Lei 10.576/95, alterada pela Lei n° 11.695/2001, que em seu artigo 41 estabelece:
“os Conselhos Escolares, resguardados os princípios constitucionais, as normas
legais e as diretrizes da Secretaria de Educação, terão funções consultiva,
deliberativa e fiscalizadora nas questões pedagógico-administrativo-financeiras.”
Ao conselho escolar caberá “deliberar sobre a organização do trabalho na
escola, sobre todo o funcionamento e, inclusive sobre a escolha do diretor.”
(GADOTTI, 1992, p. 51), o que faz com que o poder na escola esteja centralizado
neste conselho por ser este um fórum de participação instigante e desafiador onde
podem ocorrer aprendizagens coletivas em situações de inclusão e igualdade.
Isto indica que a vivência das escolas nestas experiências participativas
ainda está em estágio embrionário. Porém a escola não pode deixar de fazer uso
destes espaços concedidos, assim como não permitir, que estas experiências
tornem-se, mais uma vez, ferramentas manipuladas por interesses individuais e não
articuladas aos interesses reais da comunidade escolar.
A cultura escolar tem sido marcada na sociedade brasileira por um
profundo autoritarismo nas relações sociais e seria impossível que a escola assim
não o fosse. Superar esta situação faz dos Conselhos Escolares instrumentos de
enorme importância de experiências participativas, na medida em que educam a
todos, especialmente os futuros cidadãos, para que vivenciem e valorizem a
democracia.
Estas possibilidades de participação concedidas pela lei 9394/96 são
passíveis de algumas críticas e questionamentos por serem ainda vagas na própria
legislação.
Isto é o que nos diz Mendonça (2000, p. 416), quando afirma que “As
referências à autonomia escolar nas legislações e normas dos sistemas de ensino
são feitas de maneira vaga.
De modo geral, enunciam a autonomia como um valor, mas não
estabelecem mecanismos concretos para sua conquista efetiva.”
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Mesmo sem os mecanismos para a democratização da escola, via
descentralização com vista à autonomia da instituição educativa é preciso persistir
nesta conquista, pois, tal como diz Fogaça (1999, p. 60), quando trata das relações
educação e trabalho:
...o verdadeiro sentido desta descentralização é a manutenção das decisões relevantes- por exemplos, aquelas relativas aos conteúdos do ensino, aos critérios de avaliação e a destinação de recursos – ao nível do poder central, enquanto se “democratiza” os problemas, com a transmissão aos sistemas e unidades escolares e, por extensão, às comunidades às quais servem da responsabilidade e do ônus da resolução dos seus problemas, sem que se ofereça a essas instâncias os instrumentos para tanto.
A autonomia é uma conquista da modernidade e, no mundo do mercado
globalizado em que vivemos afastados das propostas da modernidade, tornam a
busca da autonomia uma necessidade material, sociocultural, psicológica e política
no sentido de favorecer aos cidadãos um maior domínio sobre suas vidas. Isto
implica em participação e, portanto, é uma tarefa gigantesca a ser conquista pela
educação, especialmente quando observamos que a escola, na prática cotidiana,
enquanto instituição social não está conseguindo se desincumbir de todas as tarefas
que lhe são imputadas.
Dentre os entraves a este processo se destacam as questões
burocráticas, a fragmentação como reflexo da divisão do trabalho, o distanciamento
entre escola e sociedade, além das dificuldades encontradas junto ao próprio
professorado, visto a formação tecnicista que ainda predomina nas escolas e outras
que aparecem como de menor significado, tais como os problemas sociais que se
evidenciam no interior da escola distanciando a instituição educativa de seu papel
social.
Estas questões tomam tempo na jornada de trabalho escolar e dificuldade
ou limitam discussões e questionamentos sobre a própria instituição e suas relações
com as políticas públicas, o que acaba limitando a gestão democrática
e,conseqüentemente, a conquista da autonomia.
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3.2 - Projeto Político Pedagógico
Com a instalação do conselho deliberativo nas escolas, a figura do diretor
continua operante sobre os demais membros. Diz ainda que o próprio diretor não
possui autonomia frente ao Estado,tendo que prestar-lhe contas de tudo:
Há uma discussão a respeito de se a construção do PPP é resultado de
uma autonomia da escola frente aos órgãos superiores, ou de uma imposição legal,
pelo fato de, antes mesmo que fosse abordada na legislação como obrigação da
escola ele já havia sendo feito.
Existem algumas concepções sobre o PPP, uma dessas concepções se
refere ao mesmo como um “documento instrumental” onde serão abordadas as
questões referentes ao “o que ensinar, como ensinar, como avaliar,” com isso o
projeto – político – pedagógico acaba se tornando “uma atividade meramente
administrativa” . Traz também outra concepção que lhe atribui um caráter mais
políticoideológico e que o vê como uma possibilidade de pensar a realidade escolar,
os objetivos a que se propõe,partindo das experiências e vivências da própria escola
sem buscar referência em outro ambiente.
O PPP se visto, nesta perspectiva, pode contribuir para uma
transformação, uma ruptura com as condições atuais, mas para que isso se
concretize deve haver sinais de luta,mobilizações e acima de tudo uma reflexão de
todos os envolvidos no processo:
Um cotidiano que constrói democrático, não só na perspectiva da gestão, mas para além, na organização do trabalho educativo,na produção e socialização do conhecimento,no aguçamento da capacidade de leitura,interpretação e intervenção da e na realidade,é também um espaço de crescimento político de todos os que ali atuam (BASTOS; MACEDO,2004,P.99).
Quando nos referimos à Gestão Democrática, visualizamos uma
administração em que o predominante é a participação ampliada de todos que estão
no processo, rumo ao um objetivo único,pensa-se também em igualdade,tolerância
comas diferenças,dentre outros valores que facilitam o relacionamento em
coletividade,para Hora (1997, p. 51) gestão democrática e participação “significa um
processo político vinculado à decisão da maioria, tomada pela maioria, em benefício
da maioria”.
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Porém, para que isso de fato aconteça à escola deve estar preparada
para o diálogo, pois só através dele conseguirá respeitar as diferenças e reconhecer
o outro como importante na construção do melhor para a escola:
A trajetória poderá ser permeada por avanços e recuos, existirão dificuldades nessa interação, será preciso romper com práticas enraizadas. Mas, certamente, esse processo enriquecerá atividade educativa desenvolvida pela escola, uma vez que os problemas concretos enfrentados na sociedade por seus protagonistas alunos e pais-trabalhadores – estarão alimentando a reflexão e prática pedagógica (SPÓSITO, 2005, p. 56).
A democratização deve perpassar por uma reflexão constante
fundamentada na prática do dia-a-dia, como afirma Paro (1998, p. 17.
”A participação da comunidade na escola, como todo processo
democrático, é um caminho que se faz ao caminhar.”
Esta reflexão constante desencadeia um crescimento pessoal de cada um
e um crescimento coletivo, no sentido de amadurecer suas concepções de
sociedade, participação social, cidadania. Isto os leva a participar mais ativamente
do meio em que vivem, os faz pensar melhor e mais criticamente no que tentam lhe
passar pelos meios de comunicação, na sua postura diante de alguns problemas
sociais e na sua possível contribuição para uma sociedade mais “justa”.
A escola é um ambiente promissor para esse desenvolvimento, é um
ambiente onde as mudanças devem começar, mesmo porque, os grandes
interessados pela mudança não são os dirigentes, mas sim a comunidade e é a
partir dela que deve partir a vontade e iniciativa.
3.3 Eleição para diretor
Institucionalizada por leis próprias, tal como no Rio Grande do Sul através
da Lei 10.576/95, alterada pela Lei nº 11.695/2001, É um mecanismo através do
qual a comunidade da escola (Professores, Alunos, Funcionários e Pais) escolhe o
diretor da escola.
A redemocratização da escola e eleição de diretores é uma antiga
reivindicação da sociedade e, com a aprovação da constituição de 1988 reforçou-se
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esta prática que alguns sistema escolares já desenvolviam desde o início da década
de 80, antes mesmo da regulamentação via legislação nacional. Embora a eleição
tenha propiciado à comunidade a livre escolha de seus dirigentes também pode
converter-se em um corporativismo que atenda interesses individuais ou de grupos
em detrimento da comunidade.
Esta prática requer consciência política, comprometimento e não apenas
participação restrita ao momento do voto.
Desta forma não estaremos como coloca Paro (2003) limitando-nos
apenas ao corporativismo estreito ou às imposições muitas vezes antieducativas do
estado. Esta prática de gestão, democrática, deve se desenvolver num ambiente em
que todos convivam como sujeitos, com direitos e deveres percebidos a partir de
discussões e decisões coletivas.
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4 GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA NA FORMAÇÃO DOS DISCENTES
O mundo pós-moderno presencia um contínuo e espantoso avanço das
telecomunicações,dos meios de comunicação que reduzem distâncias e o
tempo,transformando e traduzindo a realidade da sociedade.
As TIC’S (tecnologia, informação e comunicação), do ponto de vista
capitalista, constituem um bem econômico essencial para a ampliação do poder do
capital e da competitividade que caracterizam o mundo moderno. No entanto, esta
revolução informacional caracteriza uma nova forma de divisão social e
conseqüentemente, de exclusão.
Nesse contexto, percebe-se que a justiça social e a felicidade pessoal não
estão presentes no discurso neoliberal e, sim, a competitividade econômica. Diante
disso, surge a necessidade da instauração da justiça social, e esta passa
necessariamente pela construção de uma sociedade nova.
Se idealizarmos uma sociedade mais ética, mais humana, mais solidária, e mais justa, precisamos de uma escola que se preocupe com as questões ligadas à política, que contribua na construção de cidadãos e não apenas consumidores capazes de jogar a realidade e interferir nela de forma crítica e consciente (GANDIN; GEMERASCA, 2002, p.14).
Todas as instituições escolares, que têm como ideal participar de forma efetiva
da construção deste modelo novo de sociedade, precisam romper com as formas
conservadoras de organização escolar e adotar a gestão participativa como instrumento
preponderante, para que a escola se torne um espaço democrático a serviço da formação
de cidadãos críticos e participativos e, por conseguinte, transformem as relações sociais
presentes. A participação consciente de todos os envolvidos no processo educativo é
primordial para estas mudanças. E a família torna-se aliada nesta nova perspectiva.
A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. A participação proporciona melhor conhecimento dos objetivos e das metas da escola, de sua estrutura organizacional e de sua dinâmica, de suas relações com a comunidade, e propicia um clima de trabalho favorável a maior aproximação entre professores, alunos e pais (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.328).
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Desde a década de 90, a família está sendo desafiada a participar das
ações/decisões escolares. Famílias / escolas buscam (juntas) bons resultados para
o crescimento intelectual e pessoal do educando. A escola foi criada para servir à
sociedade. Por isso, ela tem a obrigação de prestar contas do seu trabalho, explicar
o que faz e como conduz a aprendizagem das crianças e criar mecanismos para que
a família acompanhe a vida escolar dos filhos.
Vivendo a participação nos órgãos deliberativos da escola, os pais, os professores e os alunos vão aprendendo a sentirem-se responsáveis pelas decisões que os afetam em um âmbito mais amplo da sociedade.A participação da comunidade possibilita à população o conhecimento e a avaliação dos serviços oferecidos e a intervenção organizada na vida escolar” (LIBÂNEO,OLIVEIRA,TOSCHI, 2005p.330 ).
Todos os segmentos da comunidade podem compreender melhor as
ações pedagógicas e administrativas da escola se participar desta. Conhecer com
profundidade o pai, a mãe e a criança e envolvê-los, para que acompanhem melhor
a educação oferecida pela escola, deve ser o objetivo das instituições que buscam
uma gestão participativa.
Existem várias vias para que as participações desses segmentos sociais (
escola/ família/ comunidade ) se concretizem nas escolas.Entre as modalidades
mais conhecidas estão os conselhos de classe,os conselhos escolares e
colegiados,regulamentados por lei.
Convém ressaltar que o princípio participativo não esgota as ações
necessárias para assegurar a qualidade do ensino. Tanto quanto o processo
organizacional, como um de seus elementos, a participação é apenas um meio de
alcançar melhor e mais democraticamente os objetivos da escola, os quais se
concretizam na qualidade dos processos de ensino e aprendizagem. Em razão
disso, a participação necessita do contraponto da direção, outro conceito importante
da questão democrática que visa promover a gestão participativa.
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METODOLOGIA DA PESQUISA
O presente estudo optou por usar a metodologia de pesquisa quantitativa
por esta ser um caminho que possibilita fazer analises dos dados colhidos através
dos pesquisados, encontrar novos significados a respeito do tema estudado discutir
e avaliar alternativas ou confirmar o que já é conhecido,reconhecido o conhecimento
como algo não acabado ou seja como uma construção que faz e se refaz
continuamente.
A analise quantitativa é em síntese o fato de que a inferência na busca
pelos caminhos que revela fatos,fenômenos,considerando valores emoções e visões
de mundo na analise da realidade.A coleta dos dados será feita na escola
municipalizada santos Dumont de ensino fundamental envolvendo docentes equipe
pedagógica .
Com este trabalho pretende se investigar as ações realizadas pela
gestora da escola municipalizada santos Dumont, essas informações contribuem
para qualidade do ensino,possibilitando ao aluno uma formação intelectual de base
deixando-o capaz de perceber como cidadão críticos e atuante na sociedade.
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CONCLUSÃO
Quando os pais participam do processo ensino-aprendizagem, os seus
filhos aprendem mais. Porém, apenas algumas instituições conquistam as famílias
dos discentes e consequentemente as transformam em parceiras.
Na realidade, a essa instituições (escola e família) falta conscientização
de suas falhas e principalmente a construção coletiva de uma relação de diálogo
mútuo em que cada parte envolvida tenha seu momento de fala, e exista uma efetiva
troca de saberes, ou seja, deve haver mais comunicação e principalmente
compreensão por parte de ambas, para que se possa filtrar o que pode ajudar na
resolução dos conflitos internos às instituições.
Sendo assim, é necessário que todos os envolvidos no processo
educativo tenham consciência de que a mudança e a construção do trabalho
democrático são tarefas árduas e demoradas e requerem paciência e
comprometimento de todos.
Constatamos a importância de se acreditar no desenvolvimento de uma
gestão democrática, apesar da adversidade. Para isto, é necessário pensar a gestão
de forma diferente e buscar modificar as práticas comumente utilizadas, visando a
melhoria da qualidade da Educação.
Os desafios encontrados, principalmente nos dias atuais, devem ser
enfrentados, tendo em vista a necessidade de inovação para superação dos
problemas encontrados no dia a dia da Escola.
Neste contexto, é importante o trabalho democrático, participativo e a
valorização de idéias novas trazidas pela comunidade escolar, para que todos se
sintam integrantes do processo educativo.
Assim, família e escola possuem obrigações semelhantes (educar para a
vida inteira em sua plenitude, abrangendo todos os aspectos do indivíduo e da
sociedade). Portanto, necessitam andar de mãos dadas, tendo claro que nenhuma
batalha pedagógica pode ser separada da batalha política e social, por isso requer o
que há de melhor na natureza humana.
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