Artigo Foucault

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  • 7/24/2019 Artigo Foucault

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESBPrograma de Ps-Graduao em Memra! L"guagem e So#edade

    $urso de Dou%orado

    CARLOS NSSARO ARAJO DA PAIXO

    PARA $ADA PODER& UM SABER! as re'a(es sa)er-*oder e a +ormao da

    so#edade da ds#*'"a em M#,e' ou#au'%

    Artigo apresentado como pr-re!isito para

    a"a#ia$%o da discip#ina &st!dos em

    'em(ria) So#icitado e so* a orienta$%o da

    Pro+,) Dr,) 'aria da Concei$%o onseca-

    Si#"a) do PP.'LS da /&S0)

    VIT.RIA DA $ON/UISTAMAIO - 0123

    RESUMO! O poder !m e#emento centra# nas re+#e12es de 'ic3e# o!ca!#t so*re a

    organi4a$%o e as caracter5sticas da sociedade moderna6 *!rg!esa6 capita#ista) Dito isto6

    +!ndamenta# esc#arecer o perc!rso te(rico-metodo#(gico esco#3ido por e#e para c3egar

    7s s!as conc#!s2es) &ste artigo *!scar entender de !e maneira o!ca!#t constr!i!6 n%o

    !ma teoria so*re o poder6 mas !ma re+#e1%o so*re o tema) Para !e este o*8eti"o se8a

    minimamente a#can$ado necess9rio artic!#ar a#g!mas disc!ss2es conceit!ais e

    metodo#(gicas +!ndamentais6 !ais se8am6 as no$2es de poder-sa*er e sa*er-poder6 o

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    pro*#ema da "erdade6 a genea#ogia6 at c3egar ao se! est!do so*re a emerg:ncia da

    sociedade discip#inar)

    PALAVRAS-$HAVE; Poder6 sa*er6 genea#ogia6 discip#ina)

    ABSTRA$T!

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    da5 e#e desconstr(i !ma srie de certe4as !e de a#g!ma maneira s!stentams!stentaram

    o pensamento ocidenta#)B

    A primeira certe4a !e rompida a ideia de !m s!8eito 3!mano6 +!ndante de

    con3ecimento6 o s!8eito epistemo#(gico6 !e engendraria !m con3ecimento !e e1istira

    tam*m pre"iamente6 de+initi"amente pree1istente em s!as +ormas primeiras) &

    prosseg!indo este pensamento6 !e este s!8eito predeterminado e esse con3ecimento

    dado anteriormente apenas so+reriam as a$2es das condi$2es econmicas6 sociais e

    po#5ticas de e1ist:ncia6 seg!indo assim6 as in+er:ncias do desenro#ar de !m certo

    mar1ismo) O/CA/L

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    O momento em !e estas preoc!pa$2es tomam corpo in5cio da dcada de BKF

    marcado por mo"imentos de contesta$%o dos mtodos carcer9rios e dos tratamentos

    psi!i9tricos e de dM"idas em re#a$%o 7 e+ic9cia das pris2es) A#m disso6 os

    acontecimentos de maio de BK ainda esta"am m!ito "i"os na mem(ria da!e#es !e

    "i"enciaram intensamente a!e#a e1peri:ncia esttica e po#5tica) /m mo"imento !e

    contesta"a !ma sociedade *!rg!esa normati4ada e contro#ada e !e se !eria dos corpos

    !ma atit!de de discip#ina e doci#idade Mti# e !e n%o "ia no &stado a Mnica +onte

    emanadora de poder6 antes com*atiam !m poder !e 3a"ia se disso#"ido e se insta#ado

    nas entran3as da sociedade) &ra necess9rio se con3ecer os processos de +orma$%o desta)Contin!ando a disc!ss%o acerca da concep$%o niet4sc3iana do con3ecimento

    nota-se !e e#a radica#mente di+erente da!e#a tra4ida pe#os pensadores modernos

    com Descartes6 ant e Qege#) Para Niet4sc3e o con3ecimento +oi in"entado) A!i ca*e!m adendo para e1p#icar a di+eren$a entre in"en$%o e origem) Para o pensador a#em%o a

    categoria in"en$%o est9 em oposi$%o 7 categoria origem) &sta di4 respeito 7

    contin!idade6 7 ess:ncia6 7!i#o !e 6 !e sempre e1isti!) A!e#a prop2e a r!pt!ra6 a

    emerg:ncia6 7 +a*rica$%o) &m re#a$%o ao con3ecimento6 pensar em in"en$%o s!gere

    #an$ar m%o de mecanismos6 !e em !ma !sina e#e seria prod!4ido) Seria !m come$o

    pe!eno6 *ai1o6 mes!in3o) &staria o con3ecimento6 nesse caso6 s!*metido a !ma srie

    de o*sc!ras re#a$2es de poder6 ao contr9rio da so#enidade das origens6 Niet4sc3e ops a"i#ania da in"en$%o) Para deci+r9-#o em se! processo de +a*rica$%o apenas a inter"en$%o

    do mtodo 3ist(ria !e desmontaria metic!#osamente os passos dessa in"en$%o)Por!e in"entado o con3ecimento estaria a+astado de !a#!er ideia de origens e

    portanto6 estaria desco#ado da nat!re4a 3!mana) N%o 39 nada no instinto6 no apetite o!

    no comportamento 3!mano !e se8a a#go como !m germe do con3ecimento) Longe de

    estar im*ricado no instinto 3!mano6 o! de ser !m entre estes instintos6 o con3ecimento

    prod!4ido nos con+rontos6 nos 8ogos6 nas #!tas e nos compromissos entre os instintos)

    A#m disso6 n%o 39 re#a$%o de identidade6 seme#3an$a o! a+inidade entre o

    con3ecimento e o m!ndo a con3ecer) As di+eren$as entre o con3ecimento e o m!ndo a

    con3ecer !anto entre o con3ecimento e a nat!re4a 3!mana) &ste m!ndo a con3ecer n%o

    poss!i #eis6 3armonia6 encadeamentos6 +orma6 *e#e4a) A re#a$%o entre o con3ecimento e

    as coisas a con3ecer n%o de contin!idade e 3armonia nat!rais) O camin3o do

    con3ecimento se d9 por "ias tort!osas marcadas pe#a "io#:ncia6 domina$%o6 poder6 +or$a

    e "io#a$%o) O con3ecimento !ma "io#a$%o)

    Para o!ca!#t6 esta perspecti"a so*re o con3ecimento pro"oco! r!pt!rassigni+icati"as na tradi$%o +i#os(+ica ocidenta#) A primeira +oi a !e se esta*e#ece! entre o

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    con3ecimento e as coisas) &m Descartes e ant +oi preciso esta*e#ecer !ma *ase6

    mesmo !e ar*itr9ria6 para garantir !ma i#!s%o de contin!idade entre con3ecimento e as

    coisas a con3ecer) O princ5pio !e garantia esta 3armonia era De!s) N%o mais 3a"endo a

    re#a$%o cont5n!a entre o con3ecimento e o m!ndo6 se esta se esta*e#ece a partir da

    "io#:ncia6 do ar*5trio e do poder a presen$a de De!s dispens9"e# no sistema do

    con3ecimento) Rompimento ent%o entre a teo#ogia e a teoria do con3ecimento) A

    seg!nda r!pt!ra pro"oca o desaparecimento do s!8eito do con3ecimento em s!a !nidade

    e em s!a so*erania) O !e asseg!ra"a a e1ist:ncia do s!8eito 3!mano em Descartes era

    8!stamente a !nidade e a contin!idade !e se !eria entre o m!ndo a con3ecer e o

    con3ecimento6 a #iga$%o essencia# entre o dese8o6 o instinto6 o corpo e a "erdade a ser

    des"endada no e1erc5cio do cogito) Se o !e e1iste !ma re#a$%o con+#it!osa6 de poder

    entre6 de !m #ado6 o instinto6 o dese8o6 os a+rontamentos do corpo e da "ontade6 e de

    o!tro6 o con3ecimento apartado e de !ma nat!re4a di+erente de t!do a!i#o6 ent%o torna-

    se desnecess9ria a !nidade do s!8eito do con3ecimento) O !e 39 agora s%o s!8eitos6 o!

    a ine1ist:ncia deste)E

    A partir da5 necess9rio entender de !e maneira se processa o mecanismo !e

    !e prod!46 +a*rica e in"enta os con3ecimentos) Contr9rio 7 concep$%o de Spino4a !e

    considera a re#a$%o entre o s!8eito e o con3ecimento a#go 3armonioso6 Niet4sc3e

    a+irmo! !e para con3ecer6 compreender6 39 !m 8ogo6 o! o res!#tado de !m 8ogo entrerir6 dep#orar e detestar) &stes tr:s mecanismos +!ndamentais para o 8ogo do

    con3ecimento6 s%o importantes por s!a +!n$%o de a+astamento !e e#es operam entrem

    em re#a$%o ao o*8eto de con3ecimento) &stes mecanismos s%o da ordem das m9s

    re#a$2es) Do (dio6 do despre4o do temor) A re#a$%o n%o de ade!a$%o o! assimi#a$%o6

    mas de distncia e domina$%o6 3osti#idade) O !e se esta*e#ece na prod!$%o do

    con3ecimento !m prec9rio sistema de poder) A rai4 do poder6 o cerne de se! processo

    de constr!$%o est9 presente nos sistemas de domina$%o6 nos po#5ticos6 nas re#a$2es de#!ta e de poder) O entendimento do !e o poder somente poder9 ser encontrado no

    com*ate6 onde os 3omens se odeiam6 #!tam6 proc!ram a domina$%o e no e1erc5cio do

    poder de !ns so*re os o!tros)o!ca!#t6 !ti#i4ando-se das ideias de Niet4sc3e para constr!ir o !e se poderia

    c3amar de po#5tica da "erdade6 prop2e !e o con3ecimento !m res!#tado 3ist(rico de

    condi$2es !e s%o da ordem do pr(prio con3ecimento) O con3ecimento n%o seria !ma

    2%ontinua&o das discusses so're as concepes do conhecimento emNietzsche, presente no primeiro captulo deA verdade e as formas jurdicas"

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    +ac!#dade o! !m ente !ni"ersa#6 antes poderia ser pensado como !m e+eito !m

    acontecimento !e somente di4 respeito ao ato de con3ecer) O con3ecimento6 deste

    modo6 poss!i !m car9ter de perspecti"a) &st9 inserido em 8ogos de interesse6 se constr(i

    inc#!si"e no interior destas #!tas e sempre se re#aciona com as disp!tas e as re#a$2es de

    poder !e est%o presentes na sociedade)& nesta re#a$%o entre o sa*er e o poder o!ca!#t6 constr!i! !m mecanismo

    metodo#(gico de an9#ise !e e#e c3ama de genea#ogia)G&sta consiste em a re#a$%o entre

    o con3ecimento e a #oca#idade em s!a mem(ria6 estas permitem a constit!i$%o de !m

    sa*er so*re as #!tas a !ti#i4a$%o deste nas t9ticas at!ais) e prop2e a ati"a$%o dos

    sa*eres #ocais !e s%o descont5n!os6 des!a#i+icados e n%o #egitimados contra !ma

    teoria !e6 !ni+icada6 !er dep!r9-#o6 3ierar!i4a-#o e ordena-#o em nome de !m

    con3ecimento "erdadeiro e da ci:ncia) A genea#ogia ent%o6 trata-se da ins!rrei$%o dossa*eres )))T contra )))T os e+eitos de poder centra#i4adores6 !e est%o #igados 7

    instit!i$%o e o +!ncionamento de !m disc!rso cient5+ico organi4ado no interior de !ma

    sociedade como a nossa) UO/CA/L

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    EH) O A!tor princ5pio de agr!pamento do disc!rso6 !nidade e origem de s!a

    signi+ica$%o como +oco de s!a coer:nciaH) O/CA/L

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    .

    s!as caracter5sticas !ni"ersais) N%o 39 !nidades no poder6 apenas disparidades6

    3eterogeneidades6 n%o +orma6 no sentido p#atnico6 mo"imento6 trans+orma$%o) Z

    !ma pr9tica socia#6 s!8eita 7s "icissit!des da 3ist(ria e tam*m constit!5da

    3istoricamente) &m gera#6 *!sca-se !ma teoria gera# do poder em !e se *!sca a*arcar a

    "ariedade e a descontin!idade e a red!$%o das dispers2es e m!#tip#icidades)A grande di+eren$a das genea#ogias do poder propostas por o!ca!#t6 em re#a$%o

    7s teorias g#o*ais do poder6 gera#mente constr!5das pe#a ci:ncia po#5tica6 e1atamente o

    en+o!e e o perc!rso metodo#(gico e a tra8et(ria percorrida) O des#ocamento

    +!ndamenta#6 !e o &stado n%o mais o grande +oco e o grande personagem nas

    in"estiga$2es so*re o poder) & neste sentido e#e nos tra4 a#g!mas indica$2es de !e

    camin3os6 mesmo !e pro"is(rios6 +oram seg!idos) e destaca cinco destes camin3os)

    Primeiro #!gar6 n%o do centro do poder !e se de"e ana#isar s!as +ormas#eg5timas6 se!s mecanismo e e+eitos) e de"e ser captado em s!as margens6 nas

    e1tremidades6 nas rami+ica$2es e capi#aridades) &m s!as #oca#idades e regiona#idades)

    No ponto em !e !#trapassam a #ega#idade 8!r5dica6 onde penetram nas instit!i$2es e

    insta!ram pr9ticas de inter"en$%o) )))T proc!rarei e1aminar como a p!ni$%o e o poder

    de p!nir materia#i4am-se em instit!i$2es #ocais6 regionais e materiais6 )))T6 no m*ito ao

    mesmo tempo instit!ciona#6 +5sico6 reg!#amentar e "io#ento dos apare#3os de p!ni$%o) U)

    O/CA/L

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    so+re inerte a a$%o do poder6 e#e pode estar em !ma condi$%o de so+rer o! n%o a a$%o do

    poder) & !m dos principais e+eitos deste poder 8!stamente a constit!i$%o do indi"5d!o)

    e se constit!i em indi"5d!o no momento em !e se! corpo6 gestos6 comportamento6

    disc!rsos e dese8os s%o atra"essados pe#o poder)O poder de"e ser ana#isado de !ma maneira ascendente) Isto !er di4er !e

    partindo dos mecanismos in+initesimais6 camin3os tcnicas e t9ticas !e emergiram das

    e1tremidades n%o a*arcadas pe#o direito6 e da5 *!scar des"endar como +oram a*arcados6

    s!*8!gados e cooptados pe#os poderes g#o*ais6 como poderes mais gerais o! #!cros

    econmicos podem inserir-se no 8ogo destas tecno#ogias de poder !e s%o6 ao mesmo

    tempo6 a!tnomas e in+initesimais) U O/CA/L

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    so*re a emerg:ncia da sociedade discip#inar) De !e maneira +oi poss5"e# in!irir6 a

    partir da genea#ogia6 como no"as condi$2es de possi*i#idades geraram a trans+orma$%o

    do +!ncionamento de poder e como da5 +orma prod!4idos di+erentes sa*eres so*re o

    3omem6 atra"s do escr!t5nio6 do es!adrin3amento e da "igi#ncia ininterr!pta)o!ca!#t inicio! o se! est!do a partir do per5odo no !a# os s!p#5cios dei1aram

    de ser !ti#i4ados como !ma +orma de castigo e de repress%o pena#) O! antes6 no

    momento em !e esta maneira de se p!nir o condenado come$o! a ser a#"o de cr5ticas e

    repro"a$2es por parte dos re+ormadores i#!ministas no sc) XIII) O s!p#icio era !ma

    p!ni$%o onde o principa# a#"o a ser atingido era o corpo do s!p#iciado6 o corpo era a

    meta principa# das instit!i$2es e das tcnicas de repress%o pena#) O corpo s!p#iciado era

    a marca "is5"e# do poder terr5"e# do so*erano !#tra8ado em s!a a!toridade pe#o crime

    cometido pe#o condenado) [!a#!er tipo de crime era cometido diretamente contra apessoa6 contra o corpo do rei) O castigo atra"s dos s!p#5cios constit!5a-se em !ma cena6

    em !m espet9c!#o onde a +or$a e o poder reais recaiam todos so*re o corpo do

    condenado !e era s!p#iciado6 !#tra8ado6 es+o#ado6 dego#ado6 es!arte8ado e tin3a como

    o*8eti"o p!nir e1emp#armente e tornar pM*#ico o terr5"e# poder rea#)A partir do sc) XIII6 com a cr5tica dos re+ormadores !ma no"a economia dos

    castigos e das p!ni$2es "ai se e#a*orando) O corpo dei1a de ser o se! a#"o) O espet9c!#o

    e a cenogra+ia do s!p#icio "ai se trans+ormando em "ergon3a do ato de castigar) O

    castigo n%o mais !ma "ingan$a do poder rea# so*re o corpo do s!p#iciado6 o o*8eti"o

    agora n%o mais marcar o corpo e sim reed!car6 corrigir6 c!rar) /ma pena !e n%o se8a

    mais sentida na pe#e6 mas ao mesmo tempo intra corp(rea e e1tra corp(rea6 !ma marca

    na a#ma e na consci:ncia do condenado !e "ai interiori4ar a pena e se trans+ormar) O

    crime n%o agride mais ao poder e ao corpo do rei6 mas a todo o corpo socia# marcado

    por !m contrato onde esse !ma espcie de "io#a$%o contrat!a#) A p!ni$%o de"e ser

    agora 3!mani4ada6 raciona#i4ada6 para !e a sociedade possa ser ressarcida dos

    pre8!54os ca!sados pe#o crime cometido)&ra necess9ria !ma re+orma no aparato 8!dici9rio !e +oi preparada no interior

    deste) A no"a teoria do sistema 8!dici9rio precisa"a criar !ma no"a economia do poder

    de p!ni$%o6 era necess9rio criar no"as estratgias para se poder castigar6 criar na

    sociedade !ma rede de p!ni$2es6 onde se p!ni me#3or6 com mais e+ic9cia6 onde era

    preciso inserir mais pro+!ndamente no corpo socia# o poder de p!nirU) O/CA/L

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    de pena#idades +oram cridas e testadas pe#os re+ormadores6 como por e1emp#o as pris2es

    de i#ad#+ia e a cidade carcer9ria) &ntre estes mode#os6 a deten$%o e a pri"a$%o da

    #i*erdade dentro das pris2es6 parece ter sido o meio de castigo mais e+ica4 dentro dos

    mo#des de !ma sociedade !e esta"a se tornando amp#amente discip#inar) 'as as

    pris2es n%o eram as Mnicas instit!i$2es !e tin3am por o*8eti"o a cria$%o de !ma

    sociedade caracteri4ada pe#a discip#ina6 pe#o treinamento e pe#a "igi#ncia permanente

    dos indi"5d!os)&ste poder da sociedade da discip#ina tem como principa# o*8eto a s!8ei$%o do

    corpo) N%o o corpo s!p#iciado6 e1posto e es!arte8ado6 mas !m corpo !e se manip!#a6

    se mode#a6 se treina6 !e o*edece6 !e responde6 se torna 39*i# o! c!8as +or$as se

    m!#tip#icamU) O/CA/L

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    o*ser"a$%o con8!gada com a ap#ica$%o de e1ames possi*i#ito! a organi4a$%o de !m

    con8!nto de sa*eres so*re o 3omem) &stes sa*eres como a pedagogia6 a psicopedagogia6

    a medicina6 a psi!iatria6 a crimino#ogia6 t:m por +!n$%o con3ecer6 medir para me#3or

    contro#a6 "igiar e discip#inar) as con+erem !m stat!s de ci:ncia ao poder de p!nir6 de

    castigar6 de corrigir)Os sa*eres constit!5dos criam disc!rsos e pr9ticas !e segregam e operam !ma

    separa$%o entre normais e anormais6 onde necess9rio medir6 contro#ar6 iso#ar e corrigir

    os anormais e +a4er com !e os dispositi"os discip#inares os tragam de "o#ta 7

    norma#idade)O Pan(ptico de 0ent3am !m mode#o e1emp#ar para !ma sociedade *aseada

    nas discip#inas) Z !ma +ig!ra ar!itet!ra# onde s!a disposi$%o espacia# garante !ma

    "igi#ncia e !m contro#e tota# dos internos6 e pode ser !ti#i4ado para as esco#as6 as+a*ricas6 as pris2es6 os 3ospitais6 os !artis) Z !m #oca# onde n%o necess9ria a

    "igi#ncia e+eti"a6 pois s!a organi4a$%o espacia# cria no detento a i#!s%o de !e est9

    sendo o*ser"ado) Indi"id!a#i4a e di"ide o poder de +orma in+initesima#6 !m apare#3o

    !e interna#i4a no indi"id!o todo o peso de !m poder in"is5"e# e disso#"ido

    ce#!#armente)e idea# para a cria$%o de sa*eres so*re o 3omem6 pois permite !ma "igi#ncia

    e !m e1ame e !m treinamento constante) /ma ra4%o a ser"i$o da ordem contro#adora

    das discip#inas6 !ma raciona#idade !e o*8eti"a"a mano*rar6 manip!#ar6 se +a4er

    con3ecer para contro#ar e e1ercer a mais a*s!rda coer$%o so*re os indi"5d!os) Na

    "erdade6 esta "igi#ncia prod!4ida pe#o mecanismo *et3amminiano prod!4 o pr(prio

    indi"id!o6 em todas as s!as caracter5sticas6 ati"idades6 !e s%o o*ser"adas6 anotadas6

    e1aminadas neste processo)'esmo sendo !m instr!mento da mais a#ta importncia no processo p!niti"o da

    sociedade6 a pris%o 89 nasce! marcada pe#o disc!rso da cr5tica e da necessidade de

    re+orma) As re*e#i2es !e at!a#mente se assistem !ase diariamente pe#os notici9rios da

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    espetac!#ari4a$%o do crime "ide programas como o Lin3a Direta6 a Cidade A#erta6 o

    0rasi# /rgente6 entre o!tros6 a#m das sess2es po#icias da imprensa escrita o poder de

    p!nir e castigar da sociedade e da "io#:ncia po#icia# e das instit!i$2es penais) Z criada

    toda !ma rede de "igi#ncia em torno da de#in!:ncia e do de#in!ente6 !m ar!ip#ago

    carcer9rio6 composto pe#a pris%o e instit!i$2es a+ins6 marcam a!e#es !e s%o

    considerados de#in!entes)Vigiar e Punir o #i"ro de o!ca!#t onde e#e rea#i4a !ma espcie de s5ntese

    so*re as s!as re+#e12es so*re o poder e s!as re#a$2es com a constit!i$%o dos sa*eres

    so*re os 3omens) Ainda em o!tros est!dos esta !est%o aparece) O poder di+!so em

    todas as instancias sociais6 in"is5"e#6 mo#ec!#ar6 onde a #!ta de"e ser tam*m mo#ec!#ar

    e ce#!#ar6 !ma micropo#5tica da resist:ncia) '!itas "e4es ta1ado de irraciona#ista6

    nii#ista6 neoconser"ador6 o!ca!#t demonstra apenas a maneira como o poder sedisso#"e! e se espa#3o! e penetro! em todos os poros do corpo socia#) e n%o +ec3o! a

    sociedade em !ma trama6 em !ma rede de domina$%o6 em !ma grade e 8ogo! a c3a"e

    +ora6 como di4 0erman EFFGH6 ao contr9rio6 e e#e de! a dica de como esta grade se

    +!ndi!6 se constr!i! e mostro! !e atra"s do 8ogo6 da ressigni+ica$%o dos conceitos e

    dos contro#es discip#inares6 poss5"e# sim6 cotidianamente6 mo#ec!#armente6 !e*rar as

    grades6 arrom*ar os cadeados e sair 7 +rancesa)

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