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A trajetória homóloga da CTS e dos Clubes de Ciências no Brasil. Graciele Alice Carvalho Adriano - Mestranda PPGE O desenvolvimento da CTS no Brasil.  Nos três séculos após o descobrimento do Brasil, praticamente no ocorreram evolu!"es e est#mulos para o desenvolvimento em Ciência e $ecnolo%ia - C&$' A e(plora!o colonial marcada pelo lati)*ndio, monocultura e escravido, se%uia a )un!o de abastecer a Europa de ouro, prata e alimentos, i%norando as necessidades da própria re%io' Assim, propiciou a )orma!o de uma tradi!o pr+tico-imediatista e a diviso ent re ati vid ade s man uais e int ele ctuais, con tri bui u pra )or mar uma cul tur a ret óri co liter+ria em decorrência do colonialismo' e%undo Mancuso .//0, p' 123, 45''6 in*meros pes7uisadores estran%eiros 7ue a7ui aportaram, )a8endo observa!"es e coletas de )auna, )lora e solo para levar aos seus  pa#ses de ori%em e l+ ento publicarem suas obras cient#)i cas4' 9s poucos investimentos 7ue ocorriam )icaram sob a ótica do positivismo' Neste per#odo, na Europa, aconteciam as %randes descobertas da ciência' Em ./:;, o s russos lan!aram o putni< ao espa!o, ocasionou 7uestionamentos nas potências ocidentais sobre os métodos de ensino' Após revisados e re)ormulados, o mét odo cien t#)i co tomou cor po nos pro =et os de ens ino imp lantados nos >mb itos educacionais, mais tarde introdu8idos nos pa#ses da América ?atina'  Na década de 0@, o Pro%rama de Metas do %overno de uscelino ubitsche< inc ent ivo u as ino va! "es tec nol ó%i cas par a o cres ciment o nac ion al bra sil eiro , nos investimentos em C&$ aconteceram a )unda!o da niversidade de Bras#lia ./0.3, a concreti8a!o da Dunda!o de Amparo Pes7uisa do Estado de o Paulo Dapesp3,  primeiro curso da Coordena!o de Pro%ramas de Pós-Gradua!o em En%enharia Coppe3 e a cria!o do Dundo de Fesenvolvimento $écnico-Cient#)ico Duntec3' Auler, Ba88o, @@.3' A partir de ./0; colocou-se em pr+tica a Hopera!o retornoH por intermédio das Iel a!"es E(t erio res se%u ido de cassa!"es e apo sentadori as compul sór ias' Com o des)echo tr+%ico da JJ Guerra Mundial, o %overno brasileiro incentivou por via militar, a  pes7uisa no campo da ener%ia nuclear' A s press"es do %overno americano in)luenciaram

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A trajetória homóloga da CTS e dos Clubes de Ciências no Brasil.

Graciele Alice Carvalho Adriano - Mestranda PPGE

O desenvolvimento da CTS no Brasil.

 Nos três séculos após o descobrimento do Brasil, praticamente no ocorreram

evolu!"es e est#mulos para o desenvolvimento em Ciência e $ecnolo%ia - C&$' A

e(plora!o colonial marcada pelo lati)*ndio, monocultura e escravido, se%uia a )un!o

de abastecer a Europa de ouro, prata e alimentos, i%norando as necessidades da própria

re%io' Assim, propiciou a )orma!o de uma tradi!o pr+tico-imediatista e a diviso

entre atividades manuais e intelectuais, contribuiu pra )ormar uma cultura retórico

liter+ria em decorrência do colonialismo'

e%undo Mancuso .//0, p' 123, 45''6 in*meros pes7uisadores estran%eiros 7ue

a7ui aportaram, )a8endo observa!"es e coletas de )auna, )lora e solo para levar aos seus

 pa#ses de ori%em e l+ ento publicarem suas obras cient#)icas4' 9s poucos investimentos

7ue ocorriam )icaram sob a ótica do positivismo' Neste per#odo, na Europa, aconteciam

as %randes descobertas da ciência'

Em ./:;, os russos lan!aram o putni< ao espa!o, ocasionou 7uestionamentos

nas potências ocidentais sobre os métodos de ensino' Após revisados e re)ormulados, o

método cient#)ico tomou corpo nos pro=etos de ensino implantados nos >mbitos

educacionais, mais tarde introdu8idos nos pa#ses da América ?atina'

 Na década de 0@, o Pro%rama de Metas do %overno de uscelino ubitsche< 

incentivou as inova!"es tecnoló%icas para o crescimento nacional brasileiro, nos

investimentos em C&$ aconteceram a )unda!o da niversidade de Bras#lia ./0.3, a

concreti8a!o da Dunda!o de Amparo Pes7uisa do Estado de o Paulo Dapesp3,

 primeiro curso da Coordena!o de Pro%ramas de Pós-Gradua!o em En%enharia

Coppe3 e a cria!o do Dundo de Fesenvolvimento $écnico-Cient#)ico Duntec3' Auler,

Ba88o, @@.3'

A partir de ./0; colocou-se em pr+tica a Hopera!o retornoH por intermédio das

Iela!"es E(teriores se%uido de cassa!"es e aposentadorias compulsórias' Com o

des)echo tr+%ico da JJ Guerra Mundial, o %overno brasileiro incentivou por via militar, a

 pes7uisa no campo da ener%ia nuclear' As press"es do %overno americano in)luenciaram

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o %overno brasileiro na compra de um reator de ur>nio enri7uecido, em ./0/, o 7ue

cessou os trabalhos de investi%a!o nesta +rea'

9 %olpe de ./02 e os tempos de crise 7ue se%uiram, propiciou o

distanciamento da comunidade acadêmica ao processo econKmico' 9 abismo entre o

saber e o )a8er, só no se a%ravou pelos interesses 7ue apro(imou militares, empres+rios

e pes7uisadoresLpro)essores universit+rios no desenvolvimento da ind*stria da

in)orm+tica e pes7uisas acadêmicas' chart8man coord', .//03

Em ./;@, h+ in)luência do pensamento uhniano, 7ue em ./0 com a

 publica!o da obra HA estrutura das revolu!"es cient#)icasH, apresenta''''''''

 No per#odo dos anos ;@ vieram também contribuir no debate epistemoló%ico

?a<atos e Deerabend'

Com a Nova Iep*blica a partir de ./O:, sur%em novas perspectivas no

desenvolvimento de C&$ nacional, principalmente pela cria!o do Ministério de

Ciência e $ecnolo%ia MC$3'

Em @@@ )oi inau%urado o Centro de Estudos do Genoma umano CEG3,

 pelo Jnstituto de Biociências da niversidade de o Paulo, devido a um pro=eto de

 pes7uisa 7ue desenvolveu o se7Qenciamento do %enoma da bactéria  Xyllella fastidiosa

7ue acometeu as planta!"es de laran=as em o Paulo' 9 sucesso do pro=eto repercutiu

no %overno americano, em acordo com a Dapesp )inanciou uma e7uipe de cientistas

 brasileiros para au(iliar na erradica!o da doen!a de Pierce nos vinhedos da Cali)órnia'

Neto, @@3

9s aspectos do mercado mundial, incluindo a %lobali8a!o, a competi!o

internacional in)luenciam os pa#ses menos desenvolvidos a se%uirem suas tendências'

Assim as empresas determinam, de )orma sub=etiva, o desenvolvimento dos pro=etos de

 pes7uisa, o 7ue ocasiona o es7uecimento das necessidades internas do pa#s'

Fe acordo com Ba88o '''', p' .113R

 Nem a ciência e muito menos a tecnolo%ia so empreendimentos

autKnomos com vida própria, nem tampouco so instrumentos neutros

7ue possam ser )acilmente modi)icados e utili8ados para as

necessidades ou interesses de planto' o, na realidade, comple(os

empreendimentos 7ue têm lu%ar em conte(tos espec#)icos

con)i%urados, e por sua ve8 con)i%uradores de valores humanos 7ue se

re)letem nas institui!"es culturais, pol#ticas e econKmicas'

$alve8 e(pli7ue a )orma como a sociedade brasileira convive e aceitadetermina!"es ao desenvolver C&$, o 7ue in)luencia outras +reas, incluindo os espa!os

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escolares' A ciência ento, como atividade social, so)re in)luência das mudan!as de

 paradi%mas sociais, ditadas pelos interesses comerciais'

Clubes de Ciências como espaço de pesquisa na escola.

A tra=etória do desenvolvimento em C&$ re)letiu nas escolas, conta com a

lembran!a da década de :@, no 7ual sur%em os primeiros Clubes de Ciências' Fe

acordo com Mancuso .//0, p' 1O3, os Clubes de Ciências eram 45''6 locais

considerados )avor+veis vivência da Hmetodolo%ia cient#)icaH, ento incentivada como

uma repeti!o do 7ue era )eito nos verdadeiros laboratórios de pes7uisa pelos

cientistas4' uas atividades privile%iava a tecnolo%ia acima da cienti)icidade,

consideravam a monta%em de componentes para reali8a!o dos e(perimentos'

As Deiras de Ciências sur%iram nesta época para e(por materiais desenvolvidos

no ensino e os e(perimentos dos Clubes de Ciências' Muitos destes, criados com a

)inalidade de e(por os trabalhos nestas Deiras' 9 Hmétodo cient#)icoH utili8ado era

associado a Hneutralidade cient#)icaH do pes7uisador )rente ao ob=eto de pes7uisa' 9

 paradi%ma da avalia!o estava vinculado a )orma tradicional de sala de aula, com o

 pro)essor como ator principal e determinante no processo avaliativo'

 No )inal dos anos O@ os pro=etos de investi%a!o )i8eram parte dos curr#culos

escolares na disciplina de ciências, muitos educadores e pes7uisadores 7uestionaram a

 pr+tica peda%ó%ica desta disciplina nas séries iniciais'

  Após os anos /@ os Clubes de Ciências se%uem duas tendências de

or%ani8a!o, a primeira 7ue considera a )orma inicial de or%ani8a!o, cu=a prioridade

era a e(posi!o dos trabalhos nas Deiras de Ciências' 9utra com car+ter emancipado 7ue

espelha a diversidade na constitui!o dos Clubes de Ciências, 7ue variam con)orme a

especi)icidade cultural do %rupo'

 Nas escolas a cria!o dos Clubes de Ciências com car+ter emancipado,

se%undo Marcuso .//0, p' O;3, S5'''6 só passa a ser necessidade 7uando o conte(to é

)avor+vel' Tuando alunos 5'''6 e pro)essor 5'''6 sentem 7ue a sala de aula no est+ sendo

su)iciente 5'''6U, 7ue no conse%ue dar suporte para a resolu!o de 7uestionamentos e

 problemas levantados no %rupo' Festa )orma h+ um empreendimento de vontade,

curiosidade por parte dos alunos 7ue assumem esta =ornada de pes7uisa, nos encontros

or%ani8ados no espa!o escolar sob a media!o do pro)essor'

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m paralelo entre C!T e os Clubes de Ciências" sintomas homólogos.

 

 Na caminhada do desenvolvimento da C&$ no Brasil, tem-se sintomas

homólo%os ao desenvolvimento da implanta!o dos Clubes de Ciências, bem como sua

inser!o nos ambientes escolares' eu in#cio conturbado com interesses 7ue en%essavam

suas caracter#sticas, condu8iam seu tra=eto a mercê dos %estores'

9 desenvolvimento amal%amo de ambos re)lete na condu!o dos trabalhos de

 pes7uisa 7ue vinculavam satis)a8er interesses impostos pela sociedade comercial, 7ue

de in#cio preocupava-se com a satis)a!o das necessidades dos coloni8adores, mais tarde

dos 7ue incentivavam a economia'

9s Clubes de Ciências no in#cio estavam vinculados estritamente aos interesses

das Deiras de Ciências, o 7ue depois divide-se em concep!"es de articula!o

dependendo dos interesses culturais ao 7ual est+ inserido' Festa )orma h+ al%uns 7ue

ainda esto associados ao desenvolvimento de e(perimentos para amostras em Deiras,

outros com intuito de desenvolver a al)abeti8a!o cient#)ica'

9s Clubes de Ciências 7ue pretendem desenvolver a al)abeti8a!o cient#)ica,

ob=etivam desenvolver a observa!o e descri!o do )ato observado com letramento

cient#)ico' e%undo Mene8es .//0 apud chroeder, @@OV Po8oV Crespo, @@/V Ward, et

al', @.@3 al)abeti8a!o cient#)ica compreende S5'''6 um processo 7ue condu8 os

estudantes a n#veis mais so)isticados de conhecimentos, o 7ue caracteri8aria uma cultura

 própria da ciência 5'''6U, no 7ual estes re)letem sobre situa!"es 7ue a)etam suas vidas e a

do planeta'

9s pro=etos desenvolvidos nestes espa!os no esto vinculados a e(posi!"es

em Deiras de Ciências, mas pretendem contribuir na comunidade ao 7ual esto

inseridos' 9 ator 7ue transita neste meio 7ue une a escola e comunidade local na

 pes7uisa cient#)ica, apresenta na )i%ura do aluno, o mediador, ao 7uestionar as

 problem+ticas de seu cotidiano, com a intera!o mediada pela )orma!o do pro)essor, a

)im de buscarem =untos, solu!"es ou respostas as inda%a!"es apresentadas'