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S CIENTIA F ORESTALIS IPEF - ESALQ UNIVERSIDADE DE SˆO PAULO ISSN 1413-9324 N o 53, Junho, 1998

Artigo - Mapeamento de Risco de Incêndios Florestais

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SCIENTIAFORESTALIS

IPEF - ESALQUNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ISSN 1413-9324No 53, Junho, 1998

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Mapeamento de risco de incêndios florestaispor meio de sistema de informações geográficas (SIG)

Fire risk mapping in forests using ageographic information system (GIS)

Silvio Frosini de Barros Ferraz; Carlos Alberto Vettorazzi

SCIENTIA FORESTALISn. 53, p. 39-48, jun. 1998

RESUMO: Trata o presente trabalho do desenvolvimento de uma metodologia para omapeamento de risco de incêndios em áreas florestais, por meio de um Sistema deInformações Geográficas. A área de estudo foi a Estação Experimental de Tupi, Institu-to Florestal do Estado de São Paulo, em Piracicaba, SP. Através de mapas, fotografiasaéreas e informações de campo, foram obtidos os elementos para a geração, no softwareIDRISI, de 5 planos de informação empregados na análise: uso da terra; declividade;exposição; vizinhança e vias de acesso. Os planos de informação foram integrados,gerando o Mapa Base de Risco. Multiplicando-se o Mapa Base pelo Índice de MonteAlegre, introduziu-se a componente meteorológica no estudo, obtendo-se mapas derisco para situações distintas ao longo do ano. A avaliação dos resultados obtidos foifeita por meio de trabalho de campo e entrevistas com técnicos da Estação Experimen-tal de Tupi, anotando-se áreas já afetadas por incêndios. Observou-se coincidênciaentre focos de incêndios já ocorridos e áreas de alto risco identificadas pelo estudo,embora não tenha sido realizada uma análise estatística. Concluiu-se que a utilizaçãodesta metodologia poderá ser útil para auxiliar as ações de prevenção a incêndios, masdevem ser realizadas adaptações nas variáveis, decorrentes das particularidades decada área.

PALAVRAS-CHAVE: Incêndios florestais, SIG, Risco de incêndio

ABSTRACT: This paper deals with the development of a methodology to map fire risk inforested areas, using a geographic information system. The study area was the TupiExperimental Station (Instituto Florestal de São Paulo), in Piracicaba, State of SãoPaulo. The elements for generating the five layers used in the study, through the softwareIDRISI, were achieved from available maps, aerial photographs and field data. The fivelayers were: land use, neighborhood, terrain slope, aspect and roads. The layers wereintegrated, generating the Risk Base-Map. Multiplying this base-map by the Monte Ale-gre Index, the meteorological component was introduced into the study, allowing theproduction of risk maps for diferent situations along the year. The results were checkedby means of field work and interviews with the Experimental Station staff, mapping

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already affected areas. Coincidences between fire events and high-risk mapped areaswere detected. One can conclude that the use of this methodology might be useful tohelp the fire prevention actions, although some adaptations have to be made, in orderto attend particularities of each specific area.

KEYWORDS: Forest fire, GIS, Fire risk

madas para reduzir a ocorrência de incêndi-os, como por exemplo: maior vigilância nasáreas de risco, restrição do acesso a esses lo-cais, construção de aceiros preventivos e re-organização das práticas de manejo (corte,desbaste, limpeza etc.). Também podem sertomadas medidas de auxílio ao combate, comoconstrução de estradas de acesso rápido aoslocais de risco e alocação dos recursos de com-bate em pontos estratégicos.

Um dos métodos que vem obtendo sucessono mapeamento de risco de incêndios é a utili-zação de fatores inerentes à área e à vegetaçãolocal, como relevo, tipos vegetais, uso da terra,dados meteorológicos locais, além de outros(Carapella, 1996 ; Chuvieco e Congalton, 1989).

Todos estes dados são analisados de acor-do com a sua distribuição espacial na área e,para obter melhor resultado, a análise podeser realizada através de um Sistema de Infor-mações Geográficas (SIG). A facilidade daentrada de dados, rapidez no processamentoe o dinamismo no cruzamento de informa-ções obtidos com o SIG, tornam esta técnicaindispensável em estudos deste tipo (Chuviecoe Congalton, 1989).

O objetivo deste trabalho foi desenvolveruma metodologia de mapeamento de riscode incêndios florestais, englobando vários fa-tores ambientais (naturais e antrópicos), uti-lizando os recursos de um Sistema de Infor-mações Geográficas.

INTRODUÇÃO

Os incêndios florestais têm sido uma dasmaiores preocupações dos setores de mane-jo e proteção florestal, devido à grande pro-babilidade de ocorrência em certas épocasdo ano e aos prejuízos irrecuperáveis que oca-sionam. Muito se avançou nos recursos volta-dos para o combate aos incêndios, porém, amaior eficiência destes depende de um pla-nejamento estratégico para utilizá-los. Nestecontexto, a determinação do risco de incên-dios tem sido um instrumento viável para au-xiliar o planejamento de combate.

De uma forma geral, o risco de incêndiosé a medida da probabilidade da ocorrênciade incêndios em uma determinada área(Phillips e Nickey, 1978), sendo resultado defatores constantes e variáveis, os quais afetamo início, a propagação e a dificuldade de con-trole de incêndios (Brown e Davis ,1973) eque pode ser avaliado através dos diversosíndices de risco adaptados às regiões de inte-resse, os quais consideram principalmentefatores meteorológicos como pluviosidade,umidade relativa e temperatura do ar.

O risco de incêndios pode ainda ser abor-dado através de uma metodologia já empre-gada em alguns países denominada comomapeamento de risco, que tem como objeti-vo a identificação de regiões com maiores oumenores riscos de incêndios em uma área flo-restal. Com as informações oferecidas pelosmapas de risco, várias medidas podem ser to-

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METODOLOGIA

Área de Estudo

A área de estudo escolhida foi a EstaçãoExperimental de Tupi (E. E. Tupi), perten-cente ao Instituto Florestal do Estado de SãoPaulo, localizada no município de Piracicaba,com coordenadas geográficas aproximadas22° 44� S e 47° 32� W Gr. A área apresentarelevo suave ondulado a ondulado, sendoocupada principalmente por reflorestamen-tos com Eucalyptus spp, Pinus spp e espéciesnativas. O clima é classificado como Cwa, se-gundo o sistema de Köppen, ou seja, climamesotérmico de inverno seco.

Situada a aproximadamente 10 km da áreaurbana de Piracicaba, ao lado do distrito deTupi e próxima à principal rodovia de acessoà cidade, a área tem sido utilizada para pes-quisa, educação ambiental e atividades delazer. A presença de alguns fatores importan-tes na E. E. Tupi, como proximidade de áre-as urbanas e agrícolas, estradas, vegetação va-riada, relevo ondulado e utilização diversifi-cada do local, permitiram um estudo real dorisco de incêndios. Isto foi possível pelo fatode que as principais causas de início de incên-dios estão ligadas à presença humana e práti-cas agrícolas e que alguns dos principais fato-res que influenciam a propagação são o tipode vegetação e a característica do relevo.

Sistema de Informações Geográficas (SIG)

Neste estudo foi empregado o SIG IDRISI,sendo que a entrada, processamento, ediçãoe saída de dados foram realizados por ummicrocomputador 486-DX4 100MHz, com 16Mb de memória RAM e monitor SVGA colo-rido. A digitalização dos mapas foi realizadapelo software TOSCA, através de uma mesadigitalizadora Summagraphics Microgrid III,acoplada ao microcomputador.

Obtenção dos Planos de Informação

Consideraram-se 5 variáveis importantespara o estudo de risco de incêndios florestaisna E. E. Tupi: Estradas e Carreadores; Vizi-nhança; Uso da Terra; Declividade; e Exposi-ção. Estas foram introduzidas no estudo pormeio do SIG, a partir de planos de informa-ção (P.I�s), ou seja, mapas temáticos nos quaisa variável é representada espacialmente. To-dos os mapas temáticos foram obtidos pordigitalização da carta planialtimétrica do IGC(1978) na escala 1:10.000 e do mapa de usoda terra da E. E. Tupi (1:10.000), fornecidopelo Instituto Florestal, sendo atualizados porfotografias aéreas do ano de 1995 (na escalaaproximada 1:25.000).

Cada plano de informação recebeu umpeso de acordo com sua importância para orisco de incêndios (Tabela 1), na escala de 1a 5. O critério adotado para a atribuição detodos os pesos utilizados foi baseadoem outros trabalhos realizados (Chuvieco eCongalton, 1989; Soares, 1984), bem comopor meio de questionários aplicados a profis-sionais da área de manejo florestal e entrevis-tas realizadas com funcionários da E. E. Tupi.

Tabela 1

Pesos adotados para cada plano de informação.

Weights of each information layer.

Plano de Informação Peso

Exposição 2Declividade 3Estradas e Carreadores 4Uso da Terra 4Vizinhança 5

Dentro de cada plano (P.I.), as informa-ções foram ainda classificadas, com pesos naescala de 1 a 20, de acordo com sua maior oumenor influência sobre o risco de incêndios.

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Por exemplo, o plano �Uso da Terra�, quan-do comparado aos demais P.I�s, recebeu peso4. Entretanto, dentre as diversas ocupaçõesexistentes, as áreas florestadas com Pinus sppforam consideradas as de maior risco, pelaprópria combustibilidade do material, rece-bendo peso maior que as demais. A seguirapresenta-se cada P.I. utilizado e os critériosadotados para sua obtenção.

Estradas e carreadores

Este plano considerou os elementos quepermitem o acesso de pessoas e veículos à áreada E. E. Tupi, causando risco de incêndio àfloresta por vários fatores como: incêndioscriminosos; prática de cultos religiosos; incên-

dios causados por cigarros; prática de peque-nas fogueiras, além de outras ocorrências.Desse modo, considerou-se que estes meiosde acesso têm uma área de influência em tor-no de si, na qual a vegetação existente sofrerisco de início de incêndio.

Determinou-se que o raio de influênciade cada acesso deve ter largura e peso pro-porcionais ao fluxo de pessoas e veículos quenele transitam. Desse modo, considerou-sea rodovia como o acesso de maior risco, pelotráfego intenso de veículos; as estradas in-ternas com peso intermediário, com tráfegode moradores locais e visitantes; e oscarreadores com peso baixo, pelo acesso res-trito a funcionários e visitantes autorizados(Tabela 2).

Tabela 2

Vias de acesso consideradas.

Road system of E. E. Tupi.

Meio de acesso Raio de Influência Observação Risco Peso

Carreadores 30m acesso restrito a funcionários Baixo 7Estrada Interna 60m pequeno tráfego de moradores

e visitantes Médio 14Rodovia 100m tráfego intenso de veículos e pessoas Alto 20

Vizinhança

Neste plano estão representados os diver-sos usos da terra nas áreas externas à E. E.Tupi. Estas áreas representam diferentes ris-cos de início de incêndio à vegetação florestalda E. E. Tupi existente próxima aos seus limi-tes. Vários fatores como: fluxo de pessoas;práticas de queimadas, tanto para colheita dacana-de-açúcar, como para limpeza de pasto;presença de vegetação rasteira e de fácil com-bustão, entre outros, podem contribuir parao início de incêndio. Assim, estabeleceu-se queos �vizinhos� da E. E. Tupi colocam sob risco

de início de incêndio, uma área de florestainterna à E. E. Tupi, próxima aos limites,numa faixa de 50 metros a partir das divisas(raio de influência).

O peso de cada área de influência foi ado-tado de acordo com o tipo de uso da terra e orisco que este representa para o início de in-cêndio na floresta. (Tabela 3). As categoriasde maior risco consideradas foram a pasta-gem e a cultura da cana-de-açúcar. A primei-ra oferece grande risco devido à presença devegetação rasteira de alta combustibilidade e

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utilização de práticas de limpeza com fogo. Acultura da cana-de-açúcar, apesar da práticade �queimadas� e movimentação de pessoase veículos, neste caso em particular foi consi-derada de médio risco, devido ao treinamen-to dos funcionários e à adoção de técnicaspreventivas na época da queima da cana.

Uso da terra

Este plano considerou os diversos tiposflorestais existentes internamente à área daE. E. Tupi e o risco que cada um representapara a ocorrência e propagação de incêndiosflorestais, de acordo com a combustibilidade

Tabela 3

Cobertura do solo em torno da E. E. Tupi.

�Landuse� of adjacent areas of E. E. Tupi.

Atividade / Movimentação Combustibilidade Risco Peso adotado Ocupação de pessoas da vegetação

Mata Baixa Baixa Baixo 8Capoeira Baixa Média Médio 13Cana-de-açucar Média * Alta Médio 14Pasto Média Alta Alto 17

* Alta em determinadas fases da cultura.

Tabela 4

Pesos estabelecidos para cada ocupação.

Type of forest cover in the E. E. Tupi.

Ocupação Combustibilidade Peso

Áreas de serviço/ Nenhuma 0

represas

Eucalyptus spp Média 12

Essências nativas Média 12diversas

Mata nativa Média 14

Capoeira Alta 16

Pinus hondurensis Alta 18

Pinus oocarpa Alta 18

do material vegetal existente. As áreas de ser-viço e represas foram consideradas áreas semrisco de incêndios por não se tratarem de áreasflorestais (objetivo do trabalho).

As categorias florestais receberam pesosde acordo com a combustibilidade do mate-rial, sendo que não foram considerados osfatores idade do povoamento; tipo de sub-bosque; espaçamento de plantio e condiçãogeral do talhão (Tabela 4).

Declividade

Este plano considerou a inclinação do ter-reno como fator de propagação de incêndi-os. As áreas mais declivosas foram considera-das de maior risco, pois a transferência decalor é facilitada no sentido do aclive, aumen-tando a velocidade de propagação. O sistemaadotado para a divisão da área em classes dedeclividade e atribuição dos pesos correspon-

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dentes foi o proposto por Soares (1984), sen-do que os pesos utilizados são uma adapta-ção dos fatores de propagação, multiplican-do-os por 16, a fim de adequá-los à escala devalores utilizada neste trabalho (Tabela 5).

Para a obtenção deste plano, utilizou-se oIDRISI onde, a partir do Modelo Digital doTerreno (MDT), foi obtido o mapa de decli-vidade, o qual foi então reclassificado segun-do o sistema citado acima.

Exposição

Este plano considerou as faces de exposi-ção do terreno e suas implicações para o ris-co de incêndios. Na região de estudo, as áre-as expostas ao Norte recebem maior incidên-cia de raios solares, aumentando, assim, o ris-co de incêndios. As áreas expostas ao Lesterecebem maior incidência de ventos, devidoà predominância de ventos do Leste na re-gião (Villa Nova et al., 1973), aumentando ofator de propagação e, conseqüentemente, orisco de incêndios nestas áreas.

Este plano foi obtido através do MDT, ge-rando-se no IDRISI o mapa de exposição, sen-do este posteriormente reclassificado.

Tabela 5

Classes de declividade e pesos adotados.

Slope classes.

Classe de Fator de Pesodeclividade*(%) propagação* adotado

5 - 15 1.00 1616 - 25 1.05 1726 - 35 1.15 1836 - 45 1.20 1946 - 55 1.25 20

* Fonte: SOARES (1984)

Tabela 6

Faces de exposição do terreno consideradas.

Terrain exposition faces

Face Observação Risco Peso

Oeste/Sul Menor incidência Baixo 10solar e de ventos

Norte Maior incidência Alto 20solar- aquecimentoda vegetação

Leste Maior incidência Alto 20de ventos

Obtenção do Mapa-base de Risco

Após a geração dos 5 planos de informa-ção, estes foram integrados em um mapa úni-co, através de uma operação de adição no SIG(Figura 1). Desse modo, cada pixel (célula)do mapa resultante representou a soma dosvalores do mesmo pixel em cada plano deinformação, agrupando todas as informaçõescom seus respectivos pesos. O mapa resultan-te da soma foi denominado de �Mapa-base�.

A influência dos parâmetros meteoroló-gicos foi avaliada utilizando-se o Índice deMonte Alegre (Soares, 1984), baseado na plu-viosidade e umidade relativa do ar. O mapafinal de risco de incêndios pode ser obtidomultiplicando-se o �Mapa-base� pelo valor doÍndice de Monte Alegre. Para melhor visua-lização da espacialização do risco, os pixels fo-ram agrupados em classes de risco (Figura 1).

Para testar o modelo foram utilizados da-dos meteorológicos referentes a 1994, ano decondições de seca acentuada na região, cole-tados no Posto Meteorológico do Departa-mento de Física e Meteorologia da ESALQ/USP, escolhendo-se 6 situações distintas du-rante o ano. Para cada situação foi obtido umnovo mapa de risco, multiplicando-se valoresdo mapa-base pelo Índice de Monte Alegrecalculado para aquela data.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na geração dos planos de informaçãonão foram encontrados maiores problemas,sendo que os métodos empregados, bemcomo os materiais utilizados, mostraram-seadequados ao objetivo dessa etapa do traba-lho. A título de exemplo, na Figura 2 é apre-sentado o P.I. �Uso da terra�, que mostra osdiferentes tipos florestais na área da E. E.Tupi.

A integração dos cinco planos resultounum mapa que representa, em cada ponto,todos os fatores somados, permitindo umaanálise rápida da situação de risco para to-mada de decisão. Esta visão integrada torna-se importante pela dificuldade em se identifi-car regiões de risco pela análise isolada decada fator, principalmente em grandes áreascom diversidade de fatores de risco.

Figura 1

Esquema de integração dos planos de informação (P.I.).

Integration of information layers.

O mapa-base de risco de incêndios obti-do para a E. E. Tupi é apresentado na Figura3. Não foi possível a realização de uma análi-se estatística para quantificar a relação entreas áreas de maior risco apontadas pelo mapa-base e as áreas de ocorrência de incêndios,devido à falta de registros históricos precisos.Entretanto, os resultados obtidos foram con-firmados por entrevistas com funcionários daE.E. Tupi e verificações de campo.

A aplicação do Índice de Monte Alegreadequou o mapa-base de risco às condiçõesmeteorológicas, permitindo um acompanha-mento do risco de incêndios ao longo do ano.A Figura 4 mostra um mapa de risco obtidopara o dia 28/6/94, retratando o risco de in-cêndios no início da fase crítica da estação secado ano de 1994.

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Figura 2

Plano de Informação �Uso da Terra�.�Landuse� information layer.

Figura 3

�Mapa-base� de risco de incêndios, reorganizado em classes de risco.Forest fire risk �Base map�, reorganized in risk classes.

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Comparando-se o sistema de prevençãobaseado no mapa de risco, com o sistema atu-almente mais utilizado de cálculo do índicede risco, pode-se dizer que a utilização doprimeiro deverá ganhar em objetividade, poismostra a espacialização do risco e permiteações de prevenção nas áreas críticas, aumen-tando a eficiência das medidas tomadas eotimizando a utilização dos recursos.

O SIG, quando utilizado na geração demapas de risco, mostrou-se uma ferramentabastante útil, uma vez que dispõe dos recursosnecessários para geração dos P.I�s e realizaçãode operações aritméticas entre P.I�s e pesos.

A inclusão de novas variáveis e um maiorrefinamento das informações contidas nosdiversos planos poderão fornecer mapas derisco mais detalhados e precisos mas, por ou-tro lado, a quantidade de informações pode-rá dificultar a análise.

Cabe aqui ressaltar que a operação de atri-buição dos pesos aos planos e às categoriasdentro dos mesmos foi considerada a parte

mais sensível da metodologia, uma vez quenão dispunham de dados experimentais nemregistros históricos de ocorrências de incên-dios na E. E. Tupi, que pudessem auxiliarnesta etapa, fazendo com que o processo deentrevistas e questionários fosse empregadocomo alternativa. Idealmente, os pesos pode-riam ter sido definidos a partir dos resulta-dos de análises estatísticas, envolvendo as va-riáveis estudadas e ocorrências de incêndiosdevidamente registradas.

CONCLUSÕES

A metodologia proposta, utilização de sis-tema de informações geográficas paramapeamento de riscos, poderá ser útil noauxílio às ações de prevenção a incêndios,principalmente em grandes áreas e naquelascom recursos restritos, quando há a necessi-dade de se concentrar as ações em pontos es-tratégicos.

Figura 4

Mapa de risco obtido para dia 28/6/94.

Forest fire risk map for 06/28/94.

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A integração das variáveis em um únicomapa-base permite uma visão global de to-dos os fatores o que vem facilitar a tomada dedecisão.

A metodologia deve receber adaptaçõesde acordo com as particularidades da área a

ser mapeada, alterando-se os pesos e planosde informação para cada aplicação.

A escala de valores e a adoção dos pesospara as variáveis na metodologia poderão seraprimorados estatisticamente, utilizando-seregistros de incêndios ocorridos.

AUTORES E AGRADECIMENTOS

SILVIO FROSINI DE BARROS FERRAZ éEngenheiro Florestal da ESALQ/USP e Ex-bolsista PBIC/CNPq. E-mail - [email protected]

CARLOS ALBERTO VETTORAZZI é Prof.Dr. do Departamento de Engenharia Ruralda ESALQ/USP - Caixa Postal 9 - CEP 13400-970 - Piracicaba, SP - Brasil - E-mail [email protected]

Os autores agradecem aos professores Dr.Hilton Thadeu Zarate do Couto, Dr. José LuizStappe e Dr. Fernando Seixas, do Departa-mento de Ciências Florestais da ESALQ/USP,

pelo apoio, sugestões e auxílio na determina-ção da combustibilidade da vegetação.

À direção e aos funcionários da EstaçãoExperimental de Tupi, Instituto Florestal deSão Paulo, especialmente à pesquisadoraAraci A. da Silva, pelo apoio e pronta dis-ponibilização das dependências e informa-ções da E. E. Tupi para a realização do tra-balho.

Ao Departamento de Física e Meteoro-logia da ESALQ/USP, pelo fornecimento dosdados meteorológicos.

Ao CNPq pela concessão da bolsa de ini-ciação científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CHUVIECO, E.; CONGALTON, R.G. �Application of remotesensing and geographic information systems to forestfire hazard mapping�. Remote sensing of environment, v.29, p. 147-59, 1989.

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PHILLIPS, C.; NICKEY, B. �The concept of �Spatial Risk� andits application to fire prevention�. Fire management no-tes, v. 39, p. 4, 7-8, 19, 1978.

SOARES, R.V. Prevenção e controle de incêndios florestais. Curi-tiba: FUPEF - Fundação de Pesquisas Florestais do Para-ná, 1984. 160p.

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