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Graduandos do 3º período do Curso de Administração da UNEC - Centro Universitário de Caratinga - PSICODRAMA: UMA LEITURA ORGANIZACIONAL FERREIRA, Alice Agnes* MEDEIROS, Lívia Pereira* SILVA, Edson Mendes* SILVA, Fernando Pinto* TEIXEIRA, Victor Guilherme* TEZA, Jairo Vicente* RESUMO O presente artigo tem como objetivo conceituar Psicodrama através de referências bibliográficas de seus diversos colaboradores, assim como identificar suas aplicabilidades, tanto na sociedade, quanto no ambiente organizacional. Na sociedade, para melhor convívio inter e intragrupal, e dentro das organizações, para o desenvolvimento de seus profissionais na busca de um melhor trabalho em equipe. Palavras-chave: Psicodrama; Espontaneidade; Organizações 1

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Graduandos do 3º período do Curso de Administração da UNEC - Centro Universitário de Caratinga -

PSICODRAMA:

UMA LEITURA ORGANIZACIONAL

FERREIRA, Alice Agnes*MEDEIROS, Lívia Pereira*SILVA, Edson Mendes*SILVA, Fernando Pinto*TEIXEIRA, Victor Guilherme*TEZA, Jairo Vicente*

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo conceituar Psicodrama através de

referências bibliográficas de seus diversos colaboradores, assim como identificar suas

aplicabilidades, tanto na sociedade, quanto no ambiente organizacional. Na sociedade,

para melhor convívio inter e intragrupal, e dentro das organizações, para o

desenvolvimento de seus profissionais na busca de um melhor trabalho em equipe.

Palavras-chave: Psicodrama; Espontaneidade; Organizações

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1. INTRODUÇÃO

O presente artigo visa conhecer as técnicas de Psicodrama, bem como sua

aplicação e os diferentes métodos utilizados com o indivíduo dentro das empresas. O

mesmo foi realizado através de revisão bibliográfica.

Jacob Levy Moreno, considerado o “pai do Psicodrama”, assim o define:

“Drama é uma transliteração do grego, que significa ação ou coisa feita. O psicodrama é uma transliteração de uma coisa feita à psique e com a psique – a psique em ação. O psicodrama pode ser definido, pois, como a ciência que explora a‘verdade’ por métodos dramáticos” (Moreno, 1978, p. 61).

O ser humano, por ser gregário, por natureza, somente sobrevive por suas

relações grupais. Desde as civilizações mais primitivas, podemos observar os

movimentos grupais, traduzidos pelas danças rituais, pelos "conselhos de anciãos",

pelos "conselhos de guerra" nas tribos indígenas, etc.

Ou seja, o homem vive, inevitavelmente, em grupos, quais sejam permanentes

ou temporários, e sua interação com a sociedade que o cerca, e o com seu ambiente de

trabalho, é que irá definir sua maneira de agir, de pensar, suas necessidades,

sentimentos, enfim, seu comportamento.

Por isso a necessidade deste estudo que visa descrever as diferentes técnicas do

Psicodrama na sociedade e nas organizações.

Para Moreno (1986), a psicoterapia grupal é um método para tratar,

conscientemente, e na fronteira de uma ciência empírica, as relações interpessoais e os

problemas psíquicos dos indivíduos de um grupo.

“Esta técnica consiste na materialização de objetos inanimados, emoções e conflitos, partes corporais, doenças orgânicas, através de imagens, movimentos e falas dramáticos. O terapeuta pede ao paciente que lhe mostre, concretamente, o que estas coisas fazem com ele e como fazem.” (Cukier, 1992)

A metodologia definida para o trabalho em estudo é descritiva, a ser

desenvolvida através de revisões bibliográficas dos principais pensadores que

contribuíram para a formação e desenvolvimento do assunto abordado.

Aproximar-se de tais pensadores através de alguns dados bibliográficos poderá

facilitar a compreensão de suas idéias. No entanto, refletir a profundidade do seu

pensamento e contribuição em poucas palavras é um exercício difícil, embora

desafiador. Por isso, talvez aqui venham a ser cometidos alguns pecados por omissão.

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No entanto serão ressaltados os dados considerados mais relevantes para compreensão

do presente estudo.

Esta pesquisa se justifica pela necessidade de mostrar a importância da utilização

do Psicodrama dentro das organizações, para o desenvolvimento de seus profissionais

na busca de um melhor trabalho em equipe, flexibilidade, participação efetiva na busca

de resultados, agindo criativamente e inovando processos e métodos organizacionais.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Definição

"Drama" significa "ação" em grego. O Psicodrama pode ser considerado uma via

de investigação da mente humana, mediante a ação. É um método de pesquisa e de

intervenção nas relações interpessoais, nos grupos, entre grupos ou de uma pessoa

consigo mesma. Mobiliza para vivenciar a realidade a partir do reconhecimento das

diferenças e dos conflitos e facilitar a busca de alternativas para a resolução do que é

revelado, expandindo os recursos disponíveis. Tem sido amplamente utilizado na

educação, em empresas, em hospitais, em clínicas e em comunidades.

As técnicas psicodramáticas têm como objetivos o desenvolvimento da

espontaneidade e o alcançar da catarse de integração1, que permite ao paciente, através

da tomada de consciência pela ação e da aprendizagem pela ação, enxergar em um

universo dramático uma possibilidade de sucesso pessoal real.

Numa situação de auto-realização, o indivíduo atinge a capacidade de interpretar

papéis (role playing), por sua própria vontade, e a formar vínculos com a realidade que

o cerca individualmente.

Possivelmente, o conceito mais central do psicodrama seja o de espontaneidade,

que Moreno definiu operacionalmente como a capacidade de responder adequadamente

a novas situações, ou dar novas respostas a situações já estabelecidas. Localiza-se no

âmbito da expressão individual, entre a hereditariedade biológica e as forças sociais.

Ressaltamos a origem latina do termo espontaneidade: sponte, significando de

livre vontade, envolvendo consciência, escolha. Moreno definiu metaforicamente a

espontaneidade como uma lâmpada que se acende e clareia o ambiente. Quando

apagada, tudo permanece do mesmo jeito, mas sem uma condição essencial. É a fonte

da criatividade, assim como é descrito pelo autor:

Espontaneidade e criatividade não são nem processos idênticos nem similares. São categorias diferentes, apesar de estrategicamente unidas. (...) A espontaneidade pode entrar no indivíduo dotado de criatividade e evocar resposta. Nasceram muitos mais Miguelângelos do que o que pintou obras de arte (...) A espontaneidade e a criatividade são assim, categorias de ordem diferente; a criatividade pertence à categoria da substância – é arqui-substância – enquanto a

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espontaneidade pertence à categoria dos catalisadores – é o arqui-catalisador. (Moreno, 1992, Vol. I p.147) 1

Neste contexto, o Psicodrama é sem dúvida uma metodologia que auxilia a

vivenciar situações paralelas ao dia-a-dia de trabalho e que podem ajudar na mudança

de comportamento, através de sessões de treinamento e desenvolvimento, nas quais se

pode identificar como a pessoa age em grupo. Trata-se, portanto, de “uma técnica

valiosa que poderá ser utilizada em treinamento de pessoal, seleção de pessoal,

avaliação de potencial, pesquisa de clima organizacional, bem como levantamento de

necessidades da organização, busca de soluções criativas de problemas e

desenvolvimento do potencial criativo. Isto é feito sempre considerando a cultura da

organização e quais as características necessárias para aquele cargo na referida

organização.” (FELLIPE, 2006).

2.2 Histórico

Jacob Levy Moreno, o criador do Psicodrama, nascido em 6 de maio de 1889, na

cidade de Bucareste, na Romênia, formou-se em medicina em 1917. Sempre interessado

pelo Teatro onde, segundo ele, "existiam possibilidades ilimitadas para a investigação

da espontaneidade no plano experimental", fundou, em 1921, o Teatro Vienense da

Espontaneidade. Tal experiência constituiu a base de suas idéias da Psicoterapia de

Grupo e do Psicodrama.

A transformação social e o trabalho com a comunidade era o grande sonho de

Moreno. No começo do século XX, ele ia às praças e ruas de Viena e relacionava-se

com crianças e adultos, estimulando-os a descobrirem novas formas de estar no mundo.

A filosofia do momento, que embasa a teoria e a prática psicodramática, foi sendo

configurada através de sua observação do potencial criativo do ser humano.

Quando Jacob Levy Moreno criou o psicodrama, ele se constituía de uma prática

específica para a terapia de grupo. Porém, sua eficácia terapêutica, através da encenação

de conflitos, levou o método a ser utilizado, além da clínica, em outras áreas de atuação

e chegou às escolas, às empresas, aos hospitais, entre outros. A proposta é aplicá-lo em 1 Conceito que corresponde à catarse mental, “aqui definida como processo que acompanha todo tipo de aprendizado; consiste não apenas em encontrar a solução para resolver o conflito, mas também, para a realização do eu; consiste em processo que não apenas libera e descarrega as tensões do sujeito, mas que também traz paz e equilíbrio” (Moreno, 1992, Vol. III, p. 112)

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campos onde existem problemas de relações humanas e de comunicação como, por

exemplo, entre dirigente e dirigido, pais e filhos, homem e mulher, colegas de trabalho

ou mesmo junto a pessoas que apresentem alguma problemática social.

Inicialmente, o psicodrama foi utilizado no Brasil em uma escola pública, com a

utilização de bonecos com a direção de Ofélia Boisson Cardoso, onde eram traduzidas

emoções e desordens psíquicas de pequenos transgressores. Em 1930, foi utilizado na

escola de aperfeiçoamento pedagógico de Belo Horizonte, onde as professoras e as

alunas utilizavam o teatro de bonecos - uma das técnicas do psicodrama - para a

reeducação, sob orientação de Helena Antipoff. Em 1949, o Dr. Guerreiro Raos, ligado

ao Dr. Jacob Levy Moreno, criador do psicodrama, conduziu um seminário no Rio de

Janeiro onde esse método foi um dos temas relevantes. A partir dessa época, o

psicodrama se expandiu, o professor Pierre Weil realizou experiências com o

psicodrama aplicado em treinamento no SENAC/RJ. Na década de 70, foi fundada a

SOBRAP (Sociedade Brasileira de Psicoterapia, Dinâmica de grupo e Psicodrama) e a

FEBRAP (Federação Brasileira de Psicodrama) que formam especialistas e organizam

eventos referentes ao tema.

2.3 Aplicação

Da mesma forma que a sociedade passou por transições na sua evolução de uma

estrutura agrária para uma estrutura industrial, inicia-se uma nova transição de uma

sociedade industrial para uma sociedade pós-industrial. (BOWDITCH E BUONO,

2002). As organizações precisam se adequar às necessidades impostas pela sociedade

para se adaptarem ao mundo global. Isto é retratado pela própria evolução das teorias

administrativas, mostrando que a partir da década de 1970 as organizações passaram a

viver a era pós industrial.

De um período quando o homem é considerado apenas como uma máquina,

passa-se a ter como referencial o conhecimento e a informação, deixando muitas vezes

de lado o aspecto pessoal e emocional do indivíduo na organização.

Assim, as organizações passaram a perceber que não bastava satisfazer as

necessidades legais dos seus funcionários para deles extrair um melhor desempenho.

Era necessário melhorar as relações interpessoais no ambiente organizacional para que

cada um se sentisse motivado a trabalhar para um todo.

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Neste contexto, o uso de técnicas e recursos derivados do Psicodrama têm se

mostrado bastante eficaz para trabalhar os aspectos ligados à Inteligência Emocional,

tão valorizada nos profissionais do século XXI, tais como, a espontaneidade,

flexibilidade, capacidade de ouvir, inovação e criatividade, resistência à pressão, entre

outros.

2.3.1. Psicodrama nas Organizações

Atualmente há a necessidade de trabalhar o Ser e o Saber (SHARP, 1999) dos

profissionais, o que faz com que as áreas de RH planejem de forma mais ampla e

consistente modos para alcançar estes dois objetivos. Uma das maneiras de provocar

mudanças de atitude duradouras é trabalhar com uma metodologia participativa onde o

grupo se co-responsabiliza pelo resultado obtido ao final do processo.

O Psicodrama facilita o ser humano a redescobrir sua capacidade de dar

respostas eficazes e eficientes diante dos estímulos (espontaneidade). A espontaneidade

é a capacidade de agir de modo "adequado" diante de situações novas, criando uma

resposta inédita ou renovadora ou, ainda, transformadora de situações preestabelecidas.

O homem capaz de pensar e agir adequadamente, bem como ser responsável pelas

conseqüências de suas decisões, fazem a "diferença" numa empresa. Esta reflexão sobre

a atuação humana se insere no Psicodrama no que é denominado de Teoria dos Papéis

(DRUMMOND,2007).

Papel é a unidade de condutas. O Papel é a forma de funcionamento que o

indivíduo assume no momento específico em que reage a uma situação específica, na

qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos (RICOTTA,1990).

Assim, os jogos psicodramáticos são vistos, ao mesmo tempo, como um meio

concreto de obtenção de conhecimentos, e uma reprodução das atitudes diante da ação e

as habilidades inerentes. Trabalha também as dinâmicas nas relações individuais e de

grupo - comprometimento, formação de equipe, liderança e etc..

O Psicodrama ajuda a desenvolver a inteligência emocional a partir da reflexão

da ação e da busca de saídas cabíveis para as diferentes situações tornando-os mais co-

responsáveis pelo seu destino e das organizações em que atuam.

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O Psicodrama é utilizado para dinamizar e ampliar a atuação dos profissionais

que lidam com processos de diagnósticos, implantação de novas tecnologias, reuniões,

treinamento, desenvolvimento, seleção e avaliação de potencial / desempenho.

A vantagem de utilizar o Psicodrama é trabalhar simultaneamente a relação inter

e intrapessoal, a sinergia grupal, a capacidade de perceber de forma objetiva o que

ocorre nas situações e o que se passa entre as pessoas (YOZO, 1996).

O Psicodrama é aplicado através de jogos, atividades e simulações adequado às

características e fases de cada grupo. Ajuda na reflexão para a compreensão da atuação

individual e grupal e na busca da excelência na atuação.

O objetivo do Psicodrama é desenvolver habilidade de percepção, compreensão

e intervenção em processos grupais e relações interpessoais , através da metodologia

sócio-dramática. O Psicodrama permite que cada participante traga a sua contribuição

no processo pois ele é co responsável pelo sucesso ou fracasso do resultado. O

participante tornar-se autor na vida e não ator de um script (DRUMMOND,2007).

O psicodrama ajuda também a treinar o autocontrole. A dramatização - role

playing - que é a representação teatral para fins didáticos, pode trabalhar situações que

envolvem funcionários que costumam chegar atrasados, pessoas mal-humoradas, e

coordenadores autoritários, sempre vivenciando os papéis para melhor compreendê-los.

Podemos também observar a utilização do psicodrama nos processos de

recrutamento e seleção e na área de treinamento e desenvolvimento organizacional.

Dispomos, por exemplo, da cena dramática para auxiliar na administração de conflitos

dentro da empresa, na tomada de decisão e na minimização de barreiras da

comunicação. Também utilizamos esse método como catarse - pôr para fora os

problemas vivenciados ou mesmo preparando um colaborador para vivenciar situações

futuras- a exemplo de um gerente nomeado que vai tomar posse de seu cargo.

3.Conclusão

Através do estudo da origem e aplicação do Psicodrama, concluímos que este é

um método eficaz para a minimização de conflitos a partir do reconhecimento das

diferenças pessoais, além de apresentar alternativas para a resolução dos problemas

identificados em questão. É uma técnica prática e está sendo cada vez mais utilizada

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nas empresas como auxílio no recrutamento e organização estrutural, além de incentivar

o trabalho grupal, colaboração e liderança no colaborador.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOWDITCH, James L. e BUONO, Anthony. Elementos de comportamento organizacional. Trad. José Henrique Lamendorf. São Paulo: Pioneira, 2002.

DRUMMOND,Joceli. Livro intervenções grupais. São Paulo: Febrap, 2007

FELLIPE, Maria Inês. Desenvolvendo Comportamento Através da Dinâmica de Grupo, 2006

ISMA-BR, International Stress Management Association no Brasil. São Paulo, 2007. <http://www.ismabrasil.com.br>

MORENO, J.L. (1978) Psicodrama. São Paulo, Cultrix.

__________. (1984) O teatro da espontaneidade. São Paulo, Summus.

__________. (1992) Quem sobreviverá?: fundamentos da sociometria,psicoterapia de grupo e sociodrama. (Vol. I, II e III). Goiânia,Dimensão.

MORGAN, Gareth. Imagens da Organização. São Paulo. Atlas, 2002.

RICOTTA, Luíza Cristina de Azevedo. Psicodrama das instituições. São Paulo: Agora,1990.

SHARP, Anna. A empresa na era do ser. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

YOZO, Ronaldo Yudo K. 100 Jogos para grupos: uma abordagem psicodramática para empresas, escolas e clinicas. São Paulo: Ágora,1996.

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