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AVALIAÇÃO ISOCINÉTICA DA FORÇA EXCÊNTRICA DO QUADRÍCEPS E ISQUIOTIBIAIS PRÉ E PÓS PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA MUSCULAR EM ATLETAS DE FUTEBOL Rodolfo Henrique Bostelmann. 1 Vanessa Becker Rodrigues. 1 Luiz Martins de O. Junior. 2 1 Acadêmicos do curso de fisioterapia da Universidade Positivo; [email protected] [email protected] 2 Professor e orientador do curso de Fisioterapia da Universidade Positivo. Rua Prof Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Curitiba – PR. RESUMO Um desequilíbrio muscular na relação agonista e antagonista associado a um déficit de força excêntrica podem levar a um maior estresse do sistema músculo-esquelético, favorecendo o aumento de lesões, sendo a lesão muscular uma das principais lesões ocorridas em atletas. O objetivo deste trabalho foi analisar o efeito da aplicação de um protocolo de treinamento muscular excêntrico específico para membros inferiores sobre a musculatura flexora e extensora do joelho de atletas adolescentes de futebol, averiguando assim, a melhora da força excêntrica como também a incidência de lesão muscular nos participantes da pesquisa. O estudo consistiu em um ensaio clínico randomizado com oito atletas de futebol com idade média de 16+ 0,5 anos do sexo masculino, divididos em dois grupos. Ambos os grupos continuaram com suas atividades normais de treinamento e realizaram uma avaliação isocinética para posterior comparação com a reavaliação. Somente um grupo 1

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AVALIAÇÃO ISOCINÉTICA DA FORÇA EXCÊNTRICA DO QUADRÍCEPS E

ISQUIOTIBIAIS PRÉ E PÓS PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA

MUSCULAR EM ATLETAS DE FUTEBOL

Rodolfo Henrique Bostelmann. 1 Vanessa Becker Rodrigues. 1

Luiz Martins de O. Junior. 2

1Acadêmicos do curso de fisioterapia da Universidade Positivo; [email protected]

[email protected] 2 Professor e orientador do curso de Fisioterapia da Universidade Positivo. Rua Prof Pedro Viriato

Parigot de Souza, 5300, Curitiba – PR.

RESUMO

Um desequilíbrio muscular na relação agonista e antagonista associado a um

déficit de força excêntrica podem levar a um maior estresse do sistema músculo-

esquelético, favorecendo o aumento de lesões, sendo a lesão muscular uma das

principais lesões ocorridas em atletas. O objetivo deste trabalho foi analisar o efeito

da aplicação de um protocolo de treinamento muscular excêntrico específico para

membros inferiores sobre a musculatura flexora e extensora do joelho de atletas

adolescentes de futebol, averiguando assim, a melhora da força excêntrica como

também a incidência de lesão muscular nos participantes da pesquisa. O estudo

consistiu em um ensaio clínico randomizado com oito atletas de futebol com idade

média de 16+0,5 anos do sexo masculino, divididos em dois grupos. Ambos os

grupos continuaram com suas atividades normais de treinamento e realizaram uma

avaliação isocinética para posterior comparação com a reavaliação. Somente um

grupo foi submetido a um programa treinamento muscular excêntrico. Também foi

aplicada uma pesquisa em relação à incidência de lesão muscular no decorrer deste

estudo. De acordo com os resultados na avaliação isocinética verificamos uma

tendência de melhora do Pico de Torque de força excêntrica, em todos os grupos

musculares estudados na pesquisa com significância estatística para o grupo flexor

esquerdo não dominante. Este estudo também demonstrou uma maior incidência de

lesão muscular no grupo que não realizou o treinamento muscular excêntrico.

Palavras-chave: Lesão muscular; Fortalecimento excêntrico; Avaliação

isocinética; Futebol.

1

Page 2: Artigo TCC - formatação completa

ABSTRACT

A muscle misbalance in the agonist antagonist relation associated to a lack of

eccentric strengthening can lead to a higher stress in the muscle-skeletal system,

increasing the muscles injuries, when these are the main injuries happening with

athletes. This work aimed to analyze the effect of the application of an eccentric

muscular training protocol specific for the inferior limbs over the bending and

extending muscles of the knees of young soccer athletes, resulting this way, in the

improvement of the eccentric strengthening as well as the incidence of muscular

injuries in the participants of the research. The study consisted of a random clinical

test with eight soccer athletes whose average ages were 16+0,5 years old, all of

them males, divided in two groups. Both groups kept their normal activities of training

and carried out an isokinetic evaluation for further comparison with the re-evaluation.

Only one group was submitted to an eccentric muscular training program. Further

more, it was carried out a research regarding the incidence of muscular injury during

this study. According to the isokinetic evaluation’s results it was observed a tendency

of improvement of the Peak Torque of eccentric strengthening, in all the group

muscles studied in the research with statistic significance for the left bending group

not-dominant This work also demonstrated a higher incidence of muscular injury in

the group muscle that wasn´t submitted to the eccentric muscular training.

Key-words: Muscle injury, eccentric strengthening; isokinetic evaluation, soccer.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, o envolvimento de

jovens atletas em esportes que

necessitam de um alto grau de força

tem causado uma preocupação em

relação às lesões musculares,

trazendo aos adolescentes

conseqüências para a atividade

corporal ou esportiva. 1,2

O futebol é um esporte bastante

popular no Brasil entre jovens, em

especial do sexo masculino. Devido a

essa popularidade, existe hoje uma

competitividade muito grande entre

clubes de futebol querendo sempre

destacar os melhores atletas por meio

da performance muscular.3,4

Em jogos esportivos como o

futebol, os grupos musculares

quadríceps e isquiotibiais são muito

utilizados, suportando diversas

habilidades motoras tais como a

2

Page 3: Artigo TCC - formatação completa

corrida, saltos, passes e chutes. Esses

grupos musculares que envolvem a

articulação do joelho desempenham

igualmente um papel importante na

estabilidade desta articulação assim

como na prevenção de lesões. 5

Níveis insuficientes de força

poderão estar associados a um risco

de lesão dos tecidos moles. Por estas

razões a avaliação e controle da força

muscular assumem uma grande

importância na monitorização dos

efeitos dos programas de treino bem

como na prevenção de fatores de risco

de lesão. 6

Nos últimos anos, têm sido

abordadas na literatura apenas

informações sobre o movimento

concêntrico. Avanços tecnológicos têm

levado ao desenvolvimento de

equipamentos de testes musculares

isocinéticos que permitem a execução

de exercícios excêntricos em

associação à atividade concêntrica.7 O

uso desse tipo de equipamento vem se

popularizando no Brasil por meio dos

conhecidos dinamômetros isocinéticos

que tem viabilizado a execução de

pesquisas e avanços importantes na

área de reabilitação desportiva,

sobretudo usando e valorizando o

treinamento muscular excêntrico.8

Autores relatam que várias das

atividades esportivas necessitam de

uma ação muscular excêntrica de alto

nível em termos de velocidade,

repetição e intensidade, tanto para

desempenho máximo do atleta quanto

para proteger articulações sinoviais e

tecidos moles adjacentes. Outra

função importante para a fisioterapia

em relação ao condicionamento

muscular excêntrico é o fato deste

poder atuar de forma preventiva em

relação às lesões musculares

induzidas pelo overtraining em atletas

de alto nível.9

Segundo Weineck, citado por

Bulhões et al, a força excêntrica atua

na musculatura do joelho nas paradas

bruscas, mudanças de direções e na

fase inicial das corridas e saltos.10

Sendo assim, o objetivo deste

trabalho foi analisar o efeito da

aplicação de um protocolo de

treinamento muscular específico para

membros inferiores sobre a

musculatura flexora e extensora

excêntrica de atletas adolescentes de

futebol.

Com este objetivo, visa-se

chamar a atenção dos fisioterapeutas

que atuam na área da reabilitação

musculoesquelética, principalmente na

área de reabilitação esportiva em

relação à importância da força

excêntrica tanto na recuperação de

3

Page 4: Artigo TCC - formatação completa

lesões como também na prevenção de

lesões musculares.

1.1 Força Excêntrica

Força muscular refere-se à

quantidade de tensão que pode ser

gerada pela unidade músculo-

tendinea, dando controle do

movimento e mantendo a postura. 11

A contração realizada pelos

músculos adjacentes à articulação do

joelho é diariamente utilizada, sendo

muito exigida, por isso da importância

da força muscular em torno dessa

articulação.11

Atualmente, são propostos vários

programas de fortalecimento muscular

com o intuito de ganho de força,

prevenção de lesões e melhora do

desempenho funcional.12 Estes

programas consistem em exercícios

que utilizam contração excêntrica ou

concêntrica, ainda não bem

estabelecida na escolha do tipo de

contração mais eficaz para realizar

fortalecimento.13

Estudos demonstram que a

contração excêntrica traz benefícios

maiores e em menor tempo de

treinamento do que os exercícios

utilizando força concêntrica.12

O termo excêntrico é definido

como sendo uma carga muscular que

envolve a aplicação de uma força

externa com aumento de tensão

durante o alongamento físico da

unidade músculo-tendinea.7

Estudos sugerem uma diferença

significativa da forca excêntrica na

musculatura flexora do joelho. Esta

diferença de força pode ser devido ao

mecanismo de controle articular

exercido pela musculatura, limitando a

amplitude de movimento do joelho

durante um chute ou agindo na

desaceleração durante uma corrida.10

Devido a este desequilíbrio, o

fortalecimento muscular se torna

importante não só para corrigir

diferenças entre músculos agonistas e

antagonistas, mais também para

buscar maior potencia muscular e

resistência aos exercícios.14

1.2 Avaliação Isocinética

A avaliação isocinética tem sido

muito utilizada, apesar do alto custo,

podendo apresentar muitas vantagens

como método para se determinar o

padrão funcional da força e

desequilíbrio muscular dos membros

inferiores e superiores.15

O dinamômetro isocinético, que

pode ser utilizado para fortalecimento

muscular ou para corrigir deficiências

musculares de maneira rápida e

segura, aplica uma resistência durante

toda a amplitude de movimento, assim

um aumento da força muscular dada

4

Page 5: Artigo TCC - formatação completa

pelo indivíduo produz aumento da

resistência e não da velocidade como

acontece nos exercícios isotônicos.2

As velocidades angulares podem

ser ajustadas para permitir que o

músculo funcione em relação as

condições dinâmicas simulando as

demandas impostas pelas atividades

funcionais do atleta.16

Na articulação do joelho, a

literatura indica que na velocidade de

60°/seg a relação ideal entre o torque

máximo de isquiotibiais e quadríceps é

em média de 60%. Alterações nessa

relação predispõem jogadores de

futebol tanto a lesões nessas

articulações quanto distensões

musculares.17

1.3 Lesão muscular

Estudos relatam que cerca de

90% das lesões desportivas estão

relacionadas ao membro inferior, por

existir uma íntima relação entre os

esportes mais praticados e os gestos

esportivos.18

As lesões podem ocorrer por

conseqüência de um trauma direto,

laceração ou isquemia, sendo mais

freqüentemente nas atividades físicas

onde há um grande número de ações

excêntricas aumentando o estresse

sobre os tecidos.11,19

As lesões músculo-tendíneas

constituem-se em uma patologia

freqüentemente notada na prática

desportiva. Graças à avaliação

isocinética, pode-se evidenciar nestas

afecções, os desequilíbrios

musculares que existem entre

agonistas e antagonistas ou déficits,

interessando especificamente um

modo de contração excêntrica em

particular 20.

A lesão muscular decorrente da

prática desportiva é muito comum em

indivíduos ativos, o que causa dor e

incapacidade levando há um

comprometimento da performance

muscular.21

Um treinamento específico e

cuidadoso pode ser importante para

evitar lesões musculares

principalmente em adolescentes que

estão em fase de desenvolvimento.14

Apesar da alta incidência de

lesão, o músculo esquelético

apresenta grande capacidade de

regeneração, sendo bem

documentados na literatura que, as

fases do processo regenerativo são

similares independentes dos diferentes

mecanismos de lesão, porém com

duração e características específicas.22

As lesões associadas a pratica de

futebol podem acometer as mais

diversas articulações do corpo, sendo

5

Page 6: Artigo TCC - formatação completa

de 68% à 88% dessas lesões nas

articulações do joelho e tornozelo.17

2 MÉTODO

O estudo consiste em um ensaio

clínico randomizado, realizado nas

dependências do Trieste Futebol

Clube e Clinica do Atleta em Curitiba,

PR, no período de maio a setembro de

2008.

A pesquisa foi aprovada pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Positivo sob nº

188/2007. Todos os atletas foram

informados sobre os objetivos da

pesquisa e forma de realização dos

procedimentos assinando um Termo

de Consentimento e só após a

assinatura e consentimento o atleta

pode participar da pesquisa

Foi realizada uma visita as

dependências do clube com o intuito

de convidar os atletas a participarem

da pesquisa, tendo como garantia a

não divulgação de informações que

comprometessem sua privacidade e

com o consentimento de que poderiam

deixar de participar da pesquisa

quando desejassem.

Uma amostra aleatória de

atletas do clube respondeu a um

questionário elaborado pelos

pesquisadores quanto a sua condição

física atual. Após análise dos

questionários (apêndice 1), foram

excluídos da pesquisa atletas que

apresentavam lesão muscular

diagnosticada previamente ao início da

pesquisa.

Participaram deste estudo oito

atletas do sexo masculino com idade

média 16+0,5 anos, que treinam na

categoria juvenil do Clube Trieste.

Os selecionados foram divididos

aleatoriamente em dois grupos, cada

um contendo quatro atletas

denominados caso e controle. Em

ambos os grupos os atletas realizaram

uma avaliação isocinética inicial para

posterior comparação com a

reavaliação, sendo esta realizada após

três meses do inicio do trabalho de

força excêntrica, conforme sugerido

pelo American College of Sports

Medicine, citado por Pereira. 23

Para a avaliação foi utilizado

dinamômetro isocinético da marca

Cybex, modelo Norm 7000, na Clinica

do Atleta, em Curitiba PR. Um

aquecimento de 10 minutos antes do

teste foi realizado pelos atletas em

uma esteira ergométrica na velocidade

de 6.0 km/h.

Os pacientes foram

posicionados sentados, mantidos fixos

ao aparelho mediante o uso de cintos

de segurança localizados ao nível do

tórax e abdômen. O braço móvel foi

6

Page 7: Artigo TCC - formatação completa

fixado ao nível distal da perna, sendo o

joelho a ser testado posicionado em

90º para os testes de flexão e

extensão e o dinamômetro

posicionado a 60º/s, que é

considerada angulação de baixa

velocidade, assim como segue o

protocolo de Fonteque et al.17 A

avaliação foi iniciada pelo lado

dominante do atleta.24 Para realização

dos exercícios foram realizadas três

repetições para os atletas

reconhecerem a máquina e após, foi

realizada uma série de cinco

repetições que configuram os gráficos.

A avaliação isocinética foi realizada

por uma única pessoa responsável de

explicar todos os procedimentos aos

atletas.

O grupo caso foi submetido a

um programa de fortalecimento

muscular excêntrico adaptado de

protocolos já existentes 25,26,27 ,onde

foram compostos por três exercícios:

1) em decúbito ventral, era realizada

flexão do joelho resistida por

theraband presa a barra de Ling e

posicionada nos maléolos dos atletas;

2) em posição ortostática, com

theraband presa à barra de Ling e nos

maléolos dos atletas, era realizado o

movimento de chute com a perna

estendida; 3) também em posição

ortostática com theraband, presa à

barra de Ling e nos maléolos dos

atletas era simulado um movimento de

extensão de quadril seguido de flexão

de quadril e joelho retornando ao

ponto inicial. Todos os exercícios

descritos foram realizados 3 vezes na

semana e consistiam de 3 séries de 15

repetições cada com 40 segundos de

intervalo e realizados bilateralmente

focando o momento excêntrico dos

músculos quadríceps e isquiotibiais,

segundo recomendações do American

College of Sports Medicine (2000)28

Pereira (2002)23 e Kisner (1998)25.

Os exercícios foram realizados

com thera band de uma forma

progressiva iniciando da resistência

mais leve para mais pesada, como

sugerido por alguns autores. 25, 26, 27

Após a coleta das variáveis de

pico de força dos músculos flexores e

extensores dos joelhos direito e

esquerdo, os dados foram comparados

por meio do teste t-Student para

amostras pareadas, utilizando um nível

de significância de 0,05. Entre os

grupos (caso e controle) também foi

realizada a comparação utilizando o

teste t-Student para amostras

independentes. Após a segunda

avaliação e o termino da coleta de

dados, foi realizado uma pesquisa

junto ao fisioterapeuta do Clube

Trieste se os atletas que participaram

7

Page 8: Artigo TCC - formatação completa

do estudo apresentaram uma

diminuição do índice de lesões

musculares.

Todos os custos referentes a

pesquisa e a avaliação isocinética

foram de responsabilidade dos

pesquisadores.

3 RESULTADOS

Os resultados das avaliações

isocinéticas na velocidade de 60o/s

para os grupos flexores e extensores

de joelho pré e pós programa de

fortalecimento muscular mostram uma

tendência de melhora em todos os

grupos musculares estudados na

pesquisa com significância estatística

para o grupo flexor esquerdo não

dominante, demonstrando assim

melhora no pico de torque da força

excêntrica dos atletas avaliados.

Ao comparar os dados das

avaliações isocinéticas do quadríceps

em ambos os grupos, verificou-se

tendência de melhora do pico de

torque excêntrico, conforme figura 1.

Figura 1 - Comparação do pico de torque excêntrico (Nm) no grupo extensor da perna (quadríceps) pré e pós avaliação isocinética em ambos os grupos.

Quando comparados os dados

para os isquiotibiais, os valores do

grupo controle mantiveram-se

praticamente iguais (figura 2),

diferentemente do grupo caso, onde

houve melhora significativa do pico de

torque, com p<0,05 apenas no lado

esquerdo, não dominante e tendência

de melhora para grupo flexor direito

para a amostra avaliada, conforme

figura 3.

Figura 2 - Comparação do pico de torque (Nm) do grupo flexor da perna (isquiotibiais) pré e pós avaliação isocinética em ambos os grupos.

Figura 3 - Diferença percentual entre flexores e extensores da perna, em ambos os grupos, com destaque para

8

Page 9: Artigo TCC - formatação completa

os flexores do lado esquerdo com 33% de aumento.

Conforme a pesquisa feita com

o fisioterapeuta responsável do clube

Trieste Stadium os atletas do grupo

controle, que não realizaram o trabalho

de fortalecimento muscular excêntrico,

sofreram lesão muscular no decorrer

da pesquisa realizada. Os atletas do

grupo experimental, que realizaram o

treinamento de força excêntrica não

sofreram nenhum tipo de lesão

muscular.

4 DISCUSSAOSegundo Codine28, as lesões

músculo-tendíneas constituem-se em

uma patologia freqüentemente notada

na prática desportiva, em especial nas

amostras com atletas jovens. O

treinamento supervisionado associado

ao trabalho preventivo promove uma

melhor qualidade de vida do atleta,

bem como um aumento na sobrevida

útil no esporte.14

Graças à avaliação isocinética,

pode-se evidenciar nestas afecções,

os desequilíbrios musculares que

existem entre agonistas e antagonistas

ou déficits, interessando

especificamente um modo de

contração excêntrica em particular.28

Fonteque et al (2000) e

Robergs (2002), também relatam que

as lesões musculares são mais

freqüentes nas atividades físicas onde

há um grande número de ações

excêntricas aumentando assim o

estresse sobre os tecidos.17,19

Estas afirmações vão de

encontro com a pesquisa, onde

encontramos um maior número de

lesões musculares nos atletas que não

realizaram o treino excêntrico.

Evidenciamos assim, a

importância do treinamento muscular

como auxílio na prevenção da lesão

nas ações do gesto esportivo

excêntrico.

Arruda e Hespanhol (2007)

relatam que níveis insuficientes de

força poderão estar associados a um

risco de lesão dos tecidos moles. Por

estas razões a avaliação e controle da

força muscular assumem uma grande

importância na monitorização dos

efeitos dos programas de treino bem

como na prevenção de fatores de risco

de lesão.6

Nesta preocupação este trabalho

procurou desenvolver um programa de

fortalecimento muscular com ações

excêntricas, objetivando assim um

melhor reequilíbrio muscular em

relação aos músculos agonistas e

antagonistas de MMII, auxiliando

assim o trabalho preventivo nas lesões

musculares, pois de acordo com

9

Page 10: Artigo TCC - formatação completa

Preis24 uma relação desequilibrada da

força entre grupos antagonistas e

agonistas tem sido associada a lesões

músculo-esqueléticas. Este mesmo

autor descreve a importância de um

trabalho preventivo e a perfeita relação

dentro de uma faixa de normalidade

biomecânica.

Fonseca et al (2007), demonstrou

em estudos que na velocidade de

60°/seg a relação ideal entre o torque

máximo de isquiotibiais e quadríceps

é, em média de 60%, e que alterações

nessa relação predispõem jogadores

de futebol tanto a lesões nessas

articulações quanto distensões

musculares.4

Neste estudo as avaliações

isocinéticas também foram realizadas

na velocidade de 60o/seg

possibilitando assim uma melhor

análise da força excêntrica.

As avaliações isocinéticas

demonstraram que, tanto o grupo

muscular flexor quanto o extensor da

perna, obtiveram uma tendência de

melhora da força excêntrica em

resposta ao trabalho proposto e que o

grupo flexor esquerdo apresentou

significância estatística com valores de

p<0,05 no lado não dominante em

comparação com o grupo flexor direito.

Croisier et al (1998), em revisão

de literatura relata que no passado, as

teorias existentes consideram que o

lado mais forte era o lado dominante.29

No entanto, hoje as pesquisas

relatam que nem sempre o lado

dominante é o mais forte, uma vez que

esse fato depende da maneira pelo

qual a musculatura desenvolvida é

estimulada, conforme sua atividade e

desempenho.29

De acordo com Preis24, a

discrepância tolerada entre membro

dominante e não-dominante pode ser

de até 10%.

Dentro desta linha de

pensamento é justificável o porquê de

nossa pesquisa ter apresentado valor

de significância no grupo flexor

esquerdo não dominante, como

também observamos uma tendência

de melhora sem significância

estatística no grupo extensor tanto

esquerdo como direito. Talvez esta

diferença possa acontecer por tipo de

treinamentos, alimentação, aspecto

psicológico, posições diferentes

ocupadas pelos atletas no campo de

jogo e treinos.

Concordando com os dados

achados por Holtmann e Hettinger,

citados por Bulhões 10, o lado não-

dominante, por ser o membro de

apoio, apresentou maior força

muscular em relação ao membro

dominante.

10

Page 11: Artigo TCC - formatação completa

5 CONCLUSÃO

Diante do apresentado,

podemos concluir que o trabalho

específico de força muscular

excêntrica associado ao treinamento

desportivo melhora a relação de força

muscular agonista e antagonista dos

atletas como também diminui o

número de lesões decorrentes da

pratica esportiva, auxiliando assim na

prevenção das lesões musculares.

Apesar dos resultados positivos

da pesquisa sugere-se que novos

estudos sejam feitos com uma amostra

maior e talvez um tempo de

treinamento mais prolongado para que

haja resultados estatisticamente

melhores.

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12

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APÊNDICE 1

QUESTIONÁRIO DE PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA AVALIAÇÃO ISOCINÉTICA DA FORÇA EXCÊNTRICA DE QUADRÍCEPS E ISQUIOTIBIAIS PRÉ E PÓS PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA MUSCULAR EM ATLETAS DE FUTEBOL

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NOME: _______________________________________________________________

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IDADE: __________ DATA DE NASCIMENTO: ___/___/___ TEL(41)_____-______

NOME DOS PAIS/RESPONSÁVEL:

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POSIÇÃO QUE JOGA: _____________________

QUANTO TEMPO TREINA? ____________________

QUANTAS VEZES POR SEMANA? __________________________

DURAÇÃO DOS TREINAMENTOS: __________________________

ATUALMENTE, VOCÊ APRESENTA ALGUM TIPO DE LESÃO? QUAL?

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ALGUMA VEZ VOCÊ FEZ FISIOTERAPIA PARA TRATAR DE QUALQUER LESÃO DECORRENTE DOS TREINAMENTOS?

( ) SIM ( )NÃO

ATUALMENTE VOCÊ APRESENTA DORES LOCALIZADAS NA COXA E/OU JOELHOS? SE SIM, GRADUE SUA DOR EM UMA ESCALA DE 1 A 10 ONDE 1 É O MÍNIMO E 10 O MÁXIMO.

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