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revisão Rev Neurocienc 2008: in press Desenvolvimento das habilidades motoras finas no primeiro ano de vida Amabile Vessoni Arias 1 , Vanda Maria Gimenes Gonçalves 2 , Denise Campos 1 , Denise Castilho Cabrera Santos 3 , Maura Mikie Fukujima Goto 4 , Thatiane Moura Campos-Zanelli 5 Artigo de Revisão Recebido em: 01/06/2009 Aceito em: 22/01/2010 Conflito de interesses: não Endereço para Correspondência: Amabile V Arias Depto de Neurologia/FCM/UNICAMP Cidade Universitária Zeferino Vaz Caixa Postal 6111, CEP 13081-970 Campinas-SP, Brasil. E-mail: [email protected] Fone: (19) 3788-7372 / fax: (19) 3788-7483 Trabalho realizado no Departamento de Neurologia da UNICAMP, Campinas-SP, Brasil. 1.Fisioterapeuta, Doutoranda em Ciências Médicas, Área de con- centração Neurologia FCM/UNICAMP, Bolsista CAPES,Campinas-SP, Brasil. 2.Neuropediatra, Livre Docente. Departamento de Neurologia e Cen- tro de Investigação em Pediatria (CIPED) da FCM/UNICAMP, Campi- nas-SP, Brasil. 3.Fisioterapeuta, Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Fisioterapia FACIS/Universidade Metodista de Piracicaba, Piraci- caba-SP, Brasil. 4.Pediatra, Doutora em Ciências Médicas, Área de concentração Neu- rologia CIPOI/FCM/UNICAMP, Campinas-SP, Brasil. 5.Fisioterapeuta, Doutoranda em Ciências Médicas, Área de con- centração Neurologia FCM/UNICAMP, Docente da Universidade São Francisco (USF/SP), Campinas-SP, Brasil. RESUMO Estudo realizado a partir de revisão da literatura teve por ob- jetivo descrever as principais etapas do desenvolvimento das habilidades motoras finas no primeiro ano de vida, como o alcance, a preensão e a manipulação dos objetos. Enfatizou-se o aspecto evolutivo das aquisições que surgem progressiva- mente, em associação com a maturidade do sistema nervoso, musculoesquelético e com a experiência. Além disso, pôde-se constatar grande especificidade nos processos de desenvol- vimento motor. O conhecimento detalhado das habilidades motoras finas típicas torna a percepção do examinador mais apurada para reconhecer e interpretar o desenvolvimento atí- pico possibilita o encaminhamento para a estimulação de ha- bilidades específicas, auxilia na estruturação do programa de estimulação e na observação os ganhos advindos deste assim como facilita a orientação dos pais durante o programa. Unitermos. Movimento Fetal, Comportamento Infantil, De- senvolvimento Infantil, Destreza Motora, Desempenho Psico- motor Citação. Arias AV, Gonçalves VMG, Campos D, Santos DCC, Goto MMF, Campos-Zanelli TM. Desenvolvimento das habili- dades motoras finas no primeiro ano de vida. ABSTRACT This study, based on literature review, aimed to describe the main stages of the development of fine motor skills during the first year of life, like reaching, gripping and the manipulation of objects. It was found that the acquisitions appear progressively in associa- tion with the maturity of the nervous system, musculoskeletal sys- tem and with the experience. Furthermore, it was found many pe- culiarities in the processes of the motor development. The detailed knowledge of fine motor skills becomes the examiner’s perception more accurate to recognize and interpret the unusual develop- ment, guide to stimulation of specific skills, structure stimulation programs, observe improvements acquired and orient parents throughout the program. Keywords. Fetal Movement, Child Behavior, Child Development, Motor Skills, Psychomotor Performance. Citation. Arias AV, Gonçalves VMG, Campos D, Santos DCC, Goto MMF, Campos-Zanelli TM. Fine motor skills development during the first year of life 1 Rev Neurocienc 2010; in press Fine motor skills development during the first year of life Fonte Financiadora: Apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Processo nº 00/07234-7 e Coorde- nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Bolsa de Doutorado aos autores Amabile V Arias e Denise Campos. doi : 10.4181/RNC.2010.ip01.11p

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    Rev Neurocienc 2008:in press

    Desenvolvimento das habilidades motoras finas no primeiro ano de vida

    Amabile Vessoni Arias1, Vanda Maria Gimenes Gonalves2, Denise Campos1, Denise Castilho Cabrera Santos3, Maura Mikie Fukujima Goto4, Thatiane Moura Campos-Zanelli5

    Artigo de RevisoRecebido em: 01/06/2009

    Aceito em: 22/01/2010Conflito de interesses: no

    Endereo para Correspondncia:Amabile V Arias

    Depto de Neurologia/FCM/UNICAMPCidade Universitria Zeferino Vaz

    Caixa Postal 6111, CEP 13081-970 Campinas-SP, Brasil.E-mail: [email protected]

    Fone: (19) 3788-7372 / fax: (19) 3788-7483

    Trabalho realizado no Departamento de Neurologia da UNICAMP, Campinas-SP, Brasil.

    1.Fisioterapeuta, Doutoranda em Cincias Mdicas, rea de con-centrao Neurologia FCM/UNICAMP, Bolsista CAPES,Campinas-SP, Brasil.2.Neuropediatra, Livre Docente. Departamento de Neurologia e Cen-tro de Investigao em Pediatria (CIPED) da FCM/UNICAMP, Campi-nas-SP, Brasil.3.Fisioterapeuta, Professor Doutor do Programa de Ps-graduao em Fisioterapia FACIS/Universidade Metodista de Piracicaba, Piraci-caba-SP, Brasil.4.Pediatra, Doutora em Cincias Mdicas, rea de concentrao Neu-rologia CIPOI/FCM/UNICAMP, Campinas-SP, Brasil.5.Fisioterapeuta, Doutoranda em Cincias Mdicas, rea de con-centrao Neurologia FCM/UNICAMP, Docente da Universidade So Francisco (USF/SP), Campinas-SP, Brasil.

    RESUMO

    Estudo realizado a partir de reviso da literatura teve por ob-jetivo descrever as principais etapas do desenvolvimento das habilidades motoras finas no primeiro ano de vida, como o alcance, a preenso e a manipulao dos objetos. Enfatizou-se o aspecto evolutivo das aquisies que surgem progressiva-mente, em associao com a maturidade do sistema nervoso, musculoesqueltico e com a experincia. Alm disso, pde-se constatar grande especificidade nos processos de desenvol-vimento motor. O conhecimento detalhado das habilidades motoras finas tpicas torna a percepo do examinador mais apurada para reconhecer e interpretar o desenvolvimento at-pico possibilita o encaminhamento para a estimulao de ha-bilidades especficas, auxilia na estruturao do programa de estimulao e na observao os ganhos advindos deste assim como facilita a orientao dos pais durante o programa.

    Unitermos. Movimento Fetal, Comportamento Infantil, De-senvolvimento Infantil, Destreza Motora, Desempenho Psico-motorCitao. Arias AV, Gonalves VMG, Campos D, Santos DCC, Goto MMF, Campos-Zanelli TM. Desenvolvimento das habili-dades motoras finas no primeiro ano de vida.

    ABSTRACT

    This study, based on literature review, aimed to describe the main stages of the development of fine motor skills during the first year of life, like reaching, gripping and the manipulation of objects. It was found that the acquisitions appear progressively in associa-tion with the maturity of the nervous system, musculoskeletal sys-tem and with the experience. Furthermore, it was found many pe-culiarities in the processes of the motor development. The detailed knowledge of fine motor skills becomes the examiners perception more accurate to recognize and interpret the unusual develop-ment, guide to stimulation of specific skills, structure stimulation programs, observe improvements acquired and orient parents throughout the program.

    Keywords. Fetal Movement, Child Behavior, Child Development, Motor Skills, Psychomotor Performance.

    Citation. Arias AV, Gonalves VMG, Campos D, Santos DCC, Goto MMF, Campos-Zanelli TM. Fine motor skills development during the first year of life

    1 Rev Neurocienc 2010; in press

    Fine motor skills development during the first year of life

    Fonte Financiadora: Apoio da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo (FAPESP), Processo n 00/07234-7 e Coorde-nao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (Capes),

    Bolsa de Doutorado aos autores Amabile V Arias e Denise Campos.

    doi : 10.4181/RNC.2010.ip01.11p

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    INTRODUOAs mos, olhos, orelhas, boca e nariz so as

    principais fontes pelas quais tomamos conheci-mento do mundo exterior. Sendo assim, as habili-dades manuais so essenciais e exercem influencia no desenvolvimento motor global, cognitivo, emo-cional e social atuando no sucesso das atividades dirias, escolares e no conhecimento do mundo que nos cerca1,2.

    Durante o primeiro ano de vida, a mo evi-dencia acelerada sucesso de processos, de modo que ao se exercitarem, enriquecem-se reciproca-mente e firmam bases para aquisio de novas ha-bilidades3.

    Diferentes abordagens so citadas na lite-ratura sobre as aquisies motoras finas do lac-tente, observando-se predomnio dos seguintes aspectos: estudos sobre a coordenao apendi-cular (qualidade de movimento, comportamento de levar a mo boca ou em diferentes partes do corpo, coordenao bimanual e viso-motora); es-tudos que buscam compreender melhor o desen-volvimento tpico do lactente e suas principais fa-ses de aquisio (alcance, preenso, transferncia do objeto de uma mo para a outra, manuseio); estudos relacionando o desenvolvimento cogni-tivo e as aquisies motoras finas (causa e efeito, memria, soluo de problemas, permanncia de objetos, etc.); estudos sobre as aquisies motoras finas relacionadas postura (decbitos e posio sentada); estudos referentes s teorias do desen-volvimento motor. Na ltima dcada observa-se crescente nmero de publicaes sobre a aquisi-o motora fina relacionada aos sentidos (viso, tato, olfato, propriocepo envolvendo as carac-tersticas fsicas do objeto, tempo e espao), com nfase na compreenso de como se inicia no lac-tente a percepo-ao e a influencia da mesma nos primeiros planejamentos motores1-9.

    O desenvolvimento motor tpico do lactente complexo consequente s suas inmeras modi-ficaes, tornando o conhecimento dos proces-sos de aquisies motoras aspecto fundamental deteco das variaes e alteraes durante o desenvolvimento. Frequentemente os lactentes e crianas com desenvolvimento motor atpico apre-sentam dificuldades nas habilidades manuais2.

    Ampliar o conhecimento a respeito do de-senvolvimento motor possibilita uma avaliao mais precisa, avanando alm da primeira impres-so clnica. A identificao das eventuais altera-

    es em idades mais precoces reduz o tempo de insero em programas de terapia especficos. Esse conjunto auxilia no planejamento da interveno adequada com melhor aproveitamento do poten-cial de cada criana, influenciando no prognstico do desenvolvimento futuro considerando-se o pe-rodo de intensa plasticidade cerebral no primeiro ano de vida, assim como facilita a orientao dos pais durante o programa.

    Diante desse panorama, pretende-se com este estudo descrever as principais etapas do de-senvolvimento das habilidades motoras finas no primeiro ano de vida, compreendendo o alcance, a preenso e a manipulao dos objetos.

    MTODOO presente artigo trata-se de uma reviso

    bibliogrfica, sendo o tema de interesse conside-rado a partir da necessidade de ampliar o conhe-cimento a respeito dos aspectos evolutivos do desenvolvimento das habilidades motoras finas no primeiro ano de vida. Foi realizada seleo de peridicos e livros cientficos nacionais e interna-cionais constantes nos bancos de dados cientfi-cos eletrnicos Web of Science e Pubmed. Para a incluso considerou-se a relevncia do estudo e sua correlao com as aquisies motoras finas pr-natais e no lactente. Foram excludos artigos ou captulos de livros que no apresentavam cla-reza quanto aos mtodos e resultados utilizados, que no enfatizassem os aspectos evolutivos do desenvolvimento das habilidades motoras finas no primeiro ano de vida, bem como artigos base-ados em experimentos com modelos animais. No foi limitada a data da publicao, sendo que o ano de publicao variou entre 1982 a 2009. Os textos foram analisados e sintetizados de forma crtica, a fim de discutir as informaes obtidas que cor-respondiam especificamente ao tema pretendido para compor esta reviso.

    Movimentos dos membros superiores no feto humano

    Estudos do comportamento fetal intrau-terino observaram o incio dos movimentos dos membros superiores e auxiliam na com-preenso dos mecanismos bsicos para o de-senvolvimento das habilidades motoras finas. Os movimentos executados por fetos humanos in-tratero h mais de 100 anos despertaram interes-se. Contudo, a inacessibilidade do feto dificultava

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    as investigaes, estudos no invasivos limitavam-se observao dos abdomens das gestantes e ao discurso dos movimentos fetais sentidos por estas. Maiores detalhes foram observados em fetos exte-riorizados, sem conhecer o impacto do estado fi-siolgico deteriorado, influenciando nos achados. A tcnica da ultrassonografia para a visualizao do movimento fetal em seu ambiente natural pos-sibilitou a compreenso dos movimentos fetais, quantitativa e qualitativamente10.

    A imagem de ultrassonografia no feto huma-no, a partir de 1971, permitiu a visualizao direta do movimento e estimulou os estudos do compor-tamento fetal intrauterino10,11. No incio da dcada de 80, o aperfeioamento da ultrassonografia fetal permitiu no somente o diagnstico de grande nmero de malformaes fetais, como o conheci-mento pr-natal da sua histria natural. O incio da dcada de 90 foi marcado, principalmente entre os grupos liderados por cirurgies peditricos, dando incio aos estudos em humanos10. O estudo da ati-vidade fetal por meio da ultrassonografia conside-rando as quatro dimenses, quais sejam, a altura, a largura, a profundidade e contando o tempo como a quarta dimenso, forneceu uma nova ferramenta para a observao da diferenciao do movimen-to, proporcionou a visualizao simultnea de todas as quatro extremidades e permitiu o reco-nhecimento de movimentos isolado e delicados do brao e sua direo. Esse conhecimento trouxe avanos na relativa inexplorada rea do comporta-mento fetal bem como a mensurao do desenvol-vimento neurolgico12.

    Quanto ao desenvolvimento somtico dos membros superiores, em torno do 30 dia de vida embrionria aparecem os brotos dos membros, na 6 semana de gestao aparecem os componentes articulares dos membros e as falanges dos dedos, a partir da 10 semana as placas mioneurais podem ser encontradas, comeando a mielinizao entre os msculos estriados esqueltico e as clulas do corno anterior da medula na 16 semana13,14.

    de Vries et al. (1982) foram os primeiros a estabelecer uma classificao sistematizada e de-talhada do movimento fetal, durante a primeira metade da gestao (Tabela 1). Descreveram en-tre a 7a e 8a semanas o incio dos movimentos no contorno fetal. Entre a 8a e 9a semanas, iniciaram-se movimentos gerais; esta categoria foi aplicada quando todo o corpo era movido, porm, sem um padro ou sequncia organizada das partes do

    Tabela 1. Movimentos dos membros superiores no feto hu-mano.

    Caractersticas dos Movimentos Fetais

    de Vries et al., 198215; 1 9 8 4 1 0 ; 198516

    Entre a 8a e 16 semana de IG observados movi-mentos corporais gerais, movimentos isolados, assimtricos e unilaterais de extenso dos braos ou pernas; extenso dos braos acompanhada da extenso dos dedos; flexo e extenso dos dedos; contato entre as mos e das mos com face e boca.

    Kurjak et al., 200312

    Avaliados sete subtipos de movimentos das mos em direo cabea (mo na cabea, na boca, pr-ximas boca, na face, prximas face, no olho e na orelha). Todos os movimentos foram observados na 13a semana de gestao, com moderada flutua-o na frequncia.

    Kurjak et al., 200418

    Cinco movimentos manuais foram avaliados no feto (33a a 35 a semanas) e no neonato (mo na ca-bea, na boca, no olho, na face e na orelha). Os mo-vimentos mais frequentes foram mo na face, no olho e na cabea. Observaram a mesma frequncia de movimento no feto e no neonato, com o mesmo repertrio de movimento exceto para o reflexo de Moro, presente apenas no neonato.

    Sparling et al., 199911

    Observados sete movimentos (mos na boca, prximas boca, na face ou cabea, no joelho ou p, no tronco, mos distantes do corpo no lquido amnitico e na parede uterina) ou no ar aps o nascimento ou no leito. Da 32a a 37a semanas de IG, houve queda linear do movimento da mo na boca, na face ou cabea e das mos longe do cor-po (no fluido). No primeiro dia de vida ps-natal, houve aumento do movimento mo-boca, mo prxima boca e declnio do movimento da mo no joelho/p e mo longe do corpo (no ar).

    Lew et al. 199519; Blass et al., 198920; Hepper et al., 199121

    Episdios de sugar a mo ou o polegar so quase universais nos fetos observados entre a 12a e 15a semana de IG. A suco do polegar direito ocorreu com frequncia maior (92%) que do polegar es-querdo (8%). O comportamento foi observado nas primeiras horas depois do nascimento, em 20% do tempo que os neonatos permaneceram conscien-tes, deitados em decbito lateral.

    McCar tney et al., 199922

    Observado o desenvolvimento do comportamento de lateralizao em fetos humanos da 12a 27a se-manas de gestao, exibindo maior movimentao do membro superior direito (83,3%) que do esquer-do (16,7%), em todas as idades gestacionais, com o pico de movimento entre a 15a e 18a semanas, declinando rapidamente no meio da gestao.

    corpo; inicialmente lentos e de amplitude limitada, entre a 10a e 12a semana, tornavam-se mais vigoro-sos, variados em velocidade e amplitude15.

    Foram observados da 8a 13a semana mo-vimentos isolados, unilaterais e assimtricos de extenso de braos e pernas; extenso dos braos acompanhada da extenso dos dedos; mos to-cando a face ou tocando-se; soluos, movimentos respiratrios, abertura da boca, bocejo e movi-mentos de suco e deglutio15,16.

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    Movimentos de fetos saudveis foram estu-dados por ultrassonografia nas quatro dimenses (altura, largura, a profundidade e tempo). Foram observados os movimentos das mos durante a 13a a 16a semanas e a expresso facial da 30a a 33a semanas. Foram avaliados sete subtipos de mo-vimentos das mos em direo cabea (mo na cabea, na boca, prximas boca, na face, prxi-mas face, no olho e na orelha). A frequncia dos movimentos isolados do brao aumentou gradual-mente da 8a 19a semanas. Todos os movimentos eram observados na 13a semana de gestao, com moderada flutuao na frequncia12.

    Movimentos das mos de fetos de gesta-es de baixo risco foram pesquisados durante a 14a, 20a, 26a, 32a e 37a semanas de gestao e no 1 dia de vida ps-natal. Foram observados sete movimentos das mos (mos na boca, prximas boca, na face ou cabea, no joelho ou p, no tron-co), mos distantes do corpo (no lquido amnitico ou no ar aps o nascimento) e na parede uterina ou no leito onde o neonato se encontrava11.

    Houve diferena nos movimentos entre o perodo pr e ps-natal. Da 32a a 37a semanas de IG, houve queda linear no movimento da mo na boca, na face ou cabea, das mos longe do corpo (lquido amnitico). Isso pode ser atribudo ne-cessidade de conservar energia como preparao para o parto e a limitao do espao uterino. No primeiro dia de vida ps-natal, os dados mostra-ram aumento no movimento mo na boca, mo prxima boca e declnio do movimento mo no joelho/p e mo longe do corpo (no ar), indicando a dificuldade ps-natal dos movimentos antigravi-tacionais. Movimentos fetais e neonatais no pa-recem ser realizados de forma aleatria; sugerindo ser direcionados a um alvo especfico. Tais obser-vaes sugerem o relacionamento precoce do sis-tema sensoriomotor e o ambiente11,17.

    A continuidade do comportamento fetal na vida ps-natal foi avaliada em fetos entre a 33a e 35a semanas. Cinco movimentos manuais foram avaliados no feto e neonato (mo na cabea, na boca, no olho, na face e na orelha). Os movimentos mais frequentes foram mo na face, no olho e na cabea. Observaram a mesma frequncia de movi-mento no feto e neonato, com o mesmo repertrio de movimento exceto para o reflexo de Moro, pre-sente apenas no neonato18.

    Episdios de sugar a mo ou o polegar so quase universais em fetos, podendo indicar que,

    no ambiente intrauterino, transportar a mo boca ocorre relativamente sem problemas19. Os fe-tos realizam movimentos similares ao levar a mo boca, ocorrendo entre 50 a 100 vezes por hora10. O movimento permanece presente, sendo obser-vado nas primeiras horas depois do nascimento, ocorrendo em 20% do tempo que os neonatos permanecem conscientes, deitados em decbito lateral20.

    Gestaes nicas e sem complicaes foram observadas com ultrassonografia. Os fetos foram divididos em quatro grupos de acordo com a IG: 12-15 semanas, 15-21 semanas, 28-34 semanas e de 36 semanas at o nascimento. A Suco do po-legar comeou a ser observada com 12 semanas de IG, a suco do polegar direito representou 92% e do polegar esquerdo 8%. A preferncia manual poderia estar presente antes do nascimento, entre-tanto requerendo certa maturidade antes que pu-desse reaparecer fora do tero. O ambiente fetal, em particular o lquido amnitico, d suporte ao brao, permitindo que o indivduo imaturo fisica-mente o movimente. Depois do nascimento, ainda houve a preferncia para sugar o polegar, porm o neonato incapaz de exibir tal movimento at que adquira suficiente maturidade fsica para mover os braos. A explicao para tal preferncia pelo pole-gar direito desconhecida21.

    A preferncia por umas das mos ma-nifestao proeminente no comportamento de lateralizao na populao humana, sendo sua ontognese pouco conhecida. Foi observado o desenvolvimento da lateralizao em fetos huma-nos da 12a 27a semanas de gestao, exibindo maior movimentao do membro superior direi-to (83,3%) que o esquerdo (16,7%), em todas as idades gestacionais, com o pico de movimento observado entre 15a e 18a semanas, declinando rapidamente no meio da gestao. A precocidade com que se observou a lateralizao indicou que o comportamento assimtrico est, provavelmente, sob controle muscular e espinhal e apontou para a origem gentica de tal comportamento. Este predomnio na gestao sugere que pode ter pa-pel potencial causativo para o comportamento de lateralizao e desenvolvimento assimtrico do crebro22.

    A observao do movimento fetal leva ao insight em direo ao desenvolvimento do mo-vimento. O conhecimento dos parmetros da nor-malidade do movimento fetal prov informao a

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    respeito do desenvolvimento neurolgico do neonato, fundamental deteco de condies patolgicas23,24. Prechtl observou o padro de comportamento do movimento fetal, permitindo a identificao de alteraes, o que otimizou o prognstico do paciente, sendo base para futuras terapias e estimulao precoce25-27. A avaliao da integridade do sistema nervoso fetal e neonatal uma das maiores incumbncias da medicina peri-natal moderna18.

    Intervenes futuras em fetos huma-nos e neonatos podero ser melhor contem-pladas depois de identificadas as correla-es funcionais do complexo repertrio do comportamento e reconhecidas as caractersti-cas ambientais que permitiram sua ocorrncia11.

    Desenvolvimento do alcanceA habilidade de alcanar os objetos dispos-

    tos no ambiente desenvolve-se lentamente, ao longo dos dois primeiros anos de vida, progredin-do do neonato que apresenta habilidade imatura de levar as mos em direo ao objeto, ao de tocar e agarrar por volta do 4 ms de vida, seguida pela preenso de objetos pequenos, utilizando a polpa digital com preciso por volta do 12 ao 18 meses de vida28,29.

    As aquisies surgem progressivamente, em associao com a maturidade de diferentes partes dos sistemas nervosos, musculoesqueltico e com a experincia (Tabela 2). Desta forma, a capacida-de do lactente de transportar o brao na direo de um objeto (alcance) precede a capacidade de preenso4.

    O desenvolvimento do alcance surge de processos complexos que envolvem a integrao de componentes motores e sensoriais: controle entre cabea, tronco e membros (coordenao uni e bilateral) e a integrao sensorial da viso, do tato e da propriocepo30.

    Em neonatos foi observada uma forma rudi-mentar de coordenao entre os olhos e as mos (coordenao viso-motora). Quando posicionados sentados em cadeira adaptada, com inclinao de 50, cabea e tronco apoiados permitindo livres movimentos dos braos, neonatos foram obser-vados com e sem a apresentao de objetos (bola de l vermelha, azul ou amarela) e demonstraram que, quando o objeto era fixado com a viso, o nmero de tentativa de alcance dobrava quando comparado a objetos no fixados. Os movimentos

    Tabela 2. Desenvolvimento das habilidades motoras finas.

    Idade(meses) Alcance

    1, 2 e 3 O alcance evoluiu do pr-alcance para movimentos mais coorde-nados, visualmente desencade-ados.

    Von Hofsten, 198228; Shumway-Cook et al., 20034

    4, 5 e 6 Incio do alcance funcional, visu-almente orientado. Maior contro-le motor do tronco, os membros superiores atuando como parte do sistema postural. Incio do ajuste preparatrio da orienta-o da mo, maior percepo espacial para o alcance, maior co-ordenao para alcanar objetos estacionados e em movimento.

    Shumway-Cook et al., 20034; Savels-bergh et al. , 19935; Corbetta et al., 199430; Bly, 199431; Von Hofsten et al., 198432; Fagard, 199433

    7, 8, 9 Refinamento do ajuste prepa-ratrio da orientao da mo s caractersticas fsicas dos objetos e mudana de orientao espa-cial dos objetos.

    Savelsbergh et al. , 19935; Von Hofsten et al., 198432; Fa-gard, 199433

    Preenso

    1, 2, 3 Inicialmente a preenso reflexa; no 3 ms punho e dedos mais estendidos e mos usualmente mais abertas.

    Brando, 19841; Coriat, 19913; Bly, 199431; Diament, 200534

    4 Com o alcance funcional, a pre-enso palmar voluntria foi utili-zada por 90% dos lactentes.

    Diament, 200534; Forssberg et al., 199135

    6, 7, 8 Iniciou-se a extenso, abduo do polegar e a oposio do po-legar contra o indicador. Objetos comearam a ser apreendido entre a polpa do polegar e o lado externo da falange distal do indi-cador (movimentos de preenso em pina).

    Coriat, 19913; Bly, 199431; Diament, 200534

    9, 10 Com maior freqncia os objetos pequenos aprisionados entre a polpa do polegar e o lado ex-terno da falange distal do indi-cador. Abertura da mo durante o alcance passa a ser ajustada a algumas caractersticas dos ob-jetos como o tamanho, forma e orientao

    Brando, 19841; Coriat, 19913; Diament, 200534; Von Hofsten et al., 198841

    11 e 12 Preenso em pina (ou de preci-so) est completa; objetos pe-quenos presos com as polpas do indicador e do polegar.

    Brando, 19841; Coriat, 19913; Dia-ment, 200534

    Manipulao de objetos

    1 ao 6 As primeiras manipulaes so simples como segurar o objeto, olhando-o e movendo-o no es-pao. Os lactentes progridem, a tendncia para trazer objetos primeiro boca evolui para a ins-peo visual.

    Fagard, 199433; Ro-chat, 199344

    6 ao 12 Atividades manipulativas mais complexas, tais como apalpar, bater objetos na linha mdia, transferir um objeto entre as mos, rodar um objeto explo-rado-o com a viso, inserir um objeto dentro do outro, sobre o outro, espalhar, juntar, jogar fora, empurrar, rodar, inverter, etc.

    Brando, 19841; Fa-gard, 199433

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    de alcance foram realizados de forma rudimentar e no muito exatos, mas em direo ao objeto; oalcance pr-funcional nesta poca da vida28.

    Este movimento foi denominado de pr-al-cance e consiste em localizar o objeto visualmente e comear a estender o brao em direo ao mes-mo (aproximao unimanual). Por volta do 3 ms h maior coordenao dos movimentos com as mos abertas e entrando em contato com o obje-to31-33.

    Neonatos parecem capazes de usar o alcan-ce visualmente desencadeado (localizao visual do alvo usada para iniciar o movimento) de for-ma razovel. No entanto, no parecem proficientes no modo orientado pela viso (a posio do brao definida visualmente em referncia ao alvo), uma vez que so inexatos em seu alcance4,28.

    Aos dois meses de idade, os movimentos da cabea e do brao tornam-se acoplados, conforme conquista o controle dos msculos do pescoo. Nos dois meses seguintes, existe desacoplamento crescente dos movimentos do brao e da cabea, que permitem maior flexibilidade na coordenao entre os olhos, cabea e mo. Prximo do 4 ms, os lactentes comeam a conquistar a estabilidade do tronco, ganhando base mais estvel para os movimentos de alcance32.

    No 4 ms, com o incio do alcance funcio-nal, a atividade bimanual torna-se mais freqente. Formas precoces de coordenao bilateral podem ser observadas durante o alcance e preenso e so etapas importantes em direo manipulao de objetos33.

    Por volta do quarto ms, os lactentes entram em nova fase do desenvolvimento, que envolve a integrao da capacidade de alcance, recm-de-senvolvida. Usualmente o alcance consiste em v-rios passos (geralmente denominados de unidades de movimentos), e a abordagem final na direo do objeto feita de maneira sinuosa e desalinha-da, excedendo o alvo. Nos dois meses seguintes, o trajeto da abordagem torna-se linear e o nmero de passos do alcance reduzido, com a primeira parte da tarefa tornando-se mais longa e forte. No incio do 5 ms a aproximao tambm foi deno-minada como ondulante ou em movimento de croupier1,31.

    O modo do alcance visualmente orientado, no qual a posio do brao definida visualmente em referncia ao alvo, surge entre o 4 e o 5 meses de vida, durante o aperfeioamento do controle

    do tronco e da coordenao do brao. A forma vi-sualmente orientada permite ajustes precisos para garantir a qualidade do alcance4.

    O ajuste preparatrio da orientao da mo s caractersticas fsicas do objeto ocorre quando os lactentes comeam a pegar os objetos entre o 4 e 5 meses e evoluir nos meses seguintes32,33.

    Entre o 4 e 5 meses os lactentes desenvol-vem maior coordenao para alcanar e pegar ob-jetos estacionados. Com quatro meses e meio, so capazes de pegar objetos que se movimentam a 30 cm por segundo, parecem perceber se poss-vel peg-los ou no, se o objeto estiver em alta ve-locidade eles no tentam pegar; aos cinco meses, so capazes de discriminar se o objeto est dentro ou fora do espao da preenso5.

    No 5 ms, os lactentes utilizam os membros superiores como parte do sistema postural, na po-sio sentada com apoio; enquanto nesta posio, podem comear a experimentar o alcance com uma mo. O controle postural influencia o desen-volvimento, quando so capazes de sentarem sozi-nhos, desenvolvem o alcance lateralizado30,31.

    Aos seis meses, o membro superior mais forte, tem mais controle voluntrio em virtude da melhor estabilidade oferecida pelo tronco e pela musculatura proximal do membro superior. O al-cance unilateral aumenta nesta idade, tornando possvel pegar brinquedos que esto prximos do corpo. Se o lactente tem familiaridade com o ob-jeto a ser alcanado a informao visual pode ser usada para moldar a mo. Para objetos no fami-liares pode ocorrer marcada extenso e abduo dos dedos31. O ajuste preparatrio da orientao da mo tornando-se mais preciso nesta idade32,33.

    Por volta do 6 ms, as caractersticas espa-o-temporal do movimento do alcance so simila-res em nmero s do alcance do adulto; o desen-volvimento subseqente mostra diminuio da dependncia do controle visual sobre o alcance5.

    Somente dos sete aos nove meses, o alcance para objetos que mudam de orientao espacial ocorrer e a mo ser capaz de ajustar sua orienta-o em respostas s mudanas5.

    Desenvolvimento da preensoExistem duas formas de pegar os objetos a

    primeira a pegada de fora, usando a palma e a superfcie palmar dos dedos, com o polegar refor-ando essa pegada; ou ento, usa-se a pegada de preciso, entre as polpas digitais dos dedos e do

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  • reviso

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    polegar. A pegada de preciso exige que os de-dos sejam movimentados independentemente e pr-requisito para o movimento hbil e preciso de objetos4.

    O desenvolvimento da preenso evolui do reflexo de preenso palmar nos primeiros meses de vida para as primeiras tentativas de preenso palmar voluntria no decorrer do 4 e 5 meses; por volta do 10 ms, os lactentes podem pegar entre as polpas digitais do 1 e do 2 dedo, sendo este movimento denominado preenso de preci-so ou pina, estando esta desenvolvida ao redor do 11 e 12 meses3,34-37.

    Nos primeiros meses aps o nascimento, os movimentos de preenso so controlados por reflexos tteis e proprioceptivos. Um estmulo na palma da mo induz flexo de todos os dedos, enquanto um estmulo no dorso da mo pode pro-vocar extenso dos dedos ou prevenir a flexo dos mesmos. O reflexo de preenso palmar pode ser observado desde a vida fetal1,3,31,35. No neonato e no lactente at quatro meses, o reflexo de preen-so palmar est presente em 100% das vezes, di-minuindo para 90% no 5 ms, 45% no 6 e 25% no 7 ms34.

    A partir do 1 e 2 meses, ao abrir e fechar as mos, as polpas digitais tocam os objetos em es-boo rudimentar de preenso, intensificando este movimento que mantido e estimulado pelas sen-saes proprioceptivas e tteis1.

    No 3 ms, punho e dedos esto mais esten-didos, as mos usualmente mais abertas, o contato com objeto realizado de forma fugaz e a polpa digital agora desliza, apalpa, coa e roa sobre o objeto, podendo completar esta explorao com o movimento de preenso, para logo depois deixar o objeto cair1,31.

    Entre o 3 e incio do 4 ms, o objeto segu-ro ser mantido na mo sob os estmulos das sen-saes tteis e proprioceptivas at que o lactente se interesse por outro objeto3. O lactente pode agarrar um chocalho de maneira incoordenada e grosseira, com muita pronao e preenso palmar, observando com exatido o que acontece com a sua mo e com o objeto, e tentando repetir a si-tuao38. Perto do 4 ms, com o incio do alcance funcional, a preenso palmar voluntria usada em 90% dos lactentes34,35.

    Quanto diferenciao de papis entre os dedos ao realizar a preenso palmar, h divergn-cia de opinio na literatura. Alguns autores refe-

    rem que a preenso voluntria normal, entre o 4 e 5 meses, no apresenta diferenciao de papisnem de funo entre os dedos, no h oposio do polegar nem esboo de pina. Para alcanar um objeto colocado sobre a mesa, o lactente es-tende uma das mos, s vezes ambas, e a aproxima com um movimento de varredura, no qual a parte ulnar da mo participa tanto quanto a radial, a preenso mais primitiva, denominada grasping, os movimentos de preenso ainda so muito des-coordenados e grosseiros3,34,38.

    Para outros autores, a primeira forma de agarrar envolve uma das mos, com os trs de-dos ulnares (mnimo, anular e mdio) flexionados contra a palma da mo, a princpio o movimento de preenso descoordenado. No 4 ms, de-nominada de preenso cbito-palmar a preenso onde o punho se flexiona com desvio ulnar, ocorre flexo dos dois ltimos dedos apertando o objeto apreendido contra a regio hipotenar, com o po-legar permanecendo praticamente inativo. A pre-enso rudimentar, desajeitada, a aproximao do objeto bimanual e simtrica1,3139.

    Lantz et al. contrariam a difundida noo de que o incio da preenso palmar envolve os dedos ulnares. Observaram lactentes que espontanea-mente alcanavam e pegavam um basto com a mo de preferncia, o basto possua um transdu-tor de presso para registrar o aumento de presso quando os dedos o comprimiam. A preenso re-flexa foi observada entre dois meses e meio e trs meses e meio, e logo aps, at os sete meses apre-sentaram preenso voluntria. O segundo dedo foi o primeiro a entrar em contato com o basto (40% a 70% das observaes) e a iniciar a fora de pre-enso (60% das observaes). O contato do dedo radial (segundo dedo) com o basto foi mais longo que o contato do quinto dedo. A durao do con-tato da mo no basto diminuiu com o aumento da idade, refletindo rpida transio do contato para a preenso. Quanto gerao de fora, o se-gundo e o terceiro dedos (par radial) produziram mais fora de preenso que os quarto e quinto de-dos (par ulnar)40.

    No 5 ms, a pronao do antebrao no to forte, os dedos esto frequentemente mais abertos, o polegar est estendido e minimamente aduzido. Os objetos so agarrados e largados e o lactente repete a ao segundo o princpio tenta-tiva e erro, a preenso guiada atravs do tato e da viso31,38.

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  • No 6 ms, inicia-se a extenso e abduo do polegar. Do 7 ao 8 ms, os objetos podem comear a serem apreendidos entre a polpa do polegar e o lado externo da falange distal do indi-cador fletido, estes movimentos so denominados de preenso em pina3,31. No 7 ms, a oposio do polegar contra o indicador pode ser observada34.

    Do 8 ms em diante, o comportamento da preenso palmar desenha uma curva descen-dente, o inverso observado com a preenso em pina que descreve uma curva ascendente34. A motricidade da mo e a preenso no alcanam seu extremo desenvolvimento, seno no momen-to em que a atividade do polegar consegue pleno funcionamento1.

    Aos 10 meses a mo no uma pina ver-dadeira, pois ambos os dedos ficam estendidos num mesmo plano. Quando o polegar acentua sua oposio, o indicador se aproxima, formando a pina com as falanges semifletidas e o objeto, se for pequeno, fica aprisionado entre a polpa do polegar e o lado externo da falange distal do in-dicador, sendo denominada de pina inferior me-lhorada. A pina superior que a preenso dos ob-jetos pequenos presos com as polpas do indicador e do polegar pode ser encontrada entre 11 e 12 meses. Nesta etapa do desenvolvimento, est ad-quirido o controle dos msculos sinergistas do pu-nho, a oposio do polegar e a independncia do indicador. Esta a pina perfeita, semelhante a do adulto, um objeto pequeno pego por cima, com preciso, sem que os dedos varram a superfcie de apoio1,3,34. Depois de conseguir realizar a oposio do polegar, o lactente tende a usar as pontas dos dedos indicador, mdio e o polegar (dedos em tri-p) para segurar um objeto e para solt-lo de for-ma controlada1.

    Para garantir uma boa e eficiente preenso, durante o alcance, a mo necessita ser preparada para o encontro com o objeto. Esta preparao visualmente controlada e pode ser de duas ma-neiras. Primeiro, existem ajustamentos espaciais da mo para chegar orientao, forma e ao ta-manho do objeto. Em segundo lugar, a obteno da meta deve ser cronometrada de tal forma que a mo comea a fechar ao redor do alvo, em ante-cipao e no como uma reao ao encontro do objeto41.

    O processo de alcance e preenso visual-mente controlados foi observado no 5, 6, 9 e 13 meses de idade. Adultos comeam a fechar a mo

    ao redor do alvo bem antes de toc-lo, e a crono-metragem depende do tamanho do alvo.

    Foi demonstrado que lactentes tambm controlaram sua preenso visualmente e come-am a fechar a mo ao redor do alvo em anteci-pao ao encontro com este. No 5 e 6 meses comearam a fechar a mo mais prxima do alvo quando comparados com os lactentes do 13 ms, que apresentaram a regulao de preenso seme-lhante observada nos adultos. A abertura da mo foi ajustada ao tamanho do alvo nos lactentes do 9 e 13 meses41.

    A fora de preenso (FP) e fora de levanta-mento vertical (FLV) foram estudadas nas faixas etrias de oito meses a 15 anos, comparando-as a um grupo de adultos. Os sujeitos tentavam le-vantar um pequeno objeto entre o 1 dedo e o 2 dedo. No primeiro contato dos dedos com o obje-to, trs situaes foram observadas, a FP, a FLV e o incio do levantamento do objeto. Nos lactentes e crianas mais novas, o 1 e 2 dedo entravam em contato com o objeto vrias vezes antes de uma preenso estvel ocorrer. A latncia entre guiar as polpas digitais e op-las ao objeto foi muito longa quando comparada do adulto35.

    Dominada a preenso, o desenvolvimento do manuseio parece depender da prtica e das oportunidades oferecidas pelo ambiente. A habi-lidade no manuseio dos objetos torna-se cada vez mais especfica em relao ao objeto e tarefa42.

    Desenvolvimento da manipulao de objetosA explorao de objetos tem papel central

    no desenvolvimento precoce da percepo, ao e memria. Vendo e tocando objetos, trazendo-os boca, manipulando-os, os lactentes podem apre-ender a respeito das caractersticas fsicas dos ob-jetos e usar este novo conhecimento para planos futuros de ao8.

    O alcance e a preenso so os primeiros passos em direo explorao e manipulao de objetos. As primeiras manipulaes so rudi-mentares e simples, como por exemplo, segurar um objeto, olhando-o e movendo-o no espao. A segunda metade do primeiro ano ser tempo de extremo desenvolvimento na complexidade da manipulao de objetos. Movimentos envolvendo o levar mo e objeto boca, apalpar, deslocar o objeto de uma mo outra, rotao de um objeto inspecionando-o com a viso e bater objetos na li-nha mdia, so observados entre o 6 e 12 meses de vida33.

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  • Conforme a coordenao vai se tornando mais evoluda, mais complexa ser a atividade ma-nipulativa, tais como inserir um objeto dentro do outro, sobre o outro, passar de uma mo a outra, espalhar, juntar, jogar fora, empurrar, rodar, inver-ter, etc1.

    To cedo quanto lactentes podem pegar objetos, eles iniciam sua explorao e a manipula-o. Se o objeto for diretamente inserido dentro da mo (antes que o lactente possa fazer a preenso de forma voluntria) ser levado boca ou tocado com os dedos33.

    Quando comeam a alcanar objetos por volta do quarto ms, o padro motor pobremen-te adaptado s caractersticas fsicas do mesmo, e os lactentes no podem ajustar completamente o alcance e a configurao da mo para acomodar o tamanho, a orientao e a textura. A repetio das experincias sensoriais e motoras envolvendo o olhar, alcanar, tocar, pegar e manipular os objetos tornam o manuseio mais refinado. Este processo pode contribuir para aumentar e atualizar a com-binao entre percepo-ao e entre aquele que age e seu ambiente43.

    A integrao sensorial entre o tato, proprio-cepo, viso e os membros superiores permitir o desenvolvimento do esquema corporal, reco-nhecimento das caractersticas dos objetos (peso, textura, tamanho, formas, etc), noo de espao (distncia) e tempo (velocidade), estimulando o amadurecimento intelectual pela organizao e adaptao1.

    Do 2 ao 3 meses, os lactentes mostram de-masiada tendncia para trazer objetos primeiro boca; entre 4 e 5 meses, transportam os objetos primeiro no campo visual para inspeo, sugerin-do que, durante o primeiro semestre, progridem da preferncia oral (proximal) para a visual (dis-tal)44.

    No 5 ms, difcil manipular brinquedos em posio supina, a inspeo visual usualmente substitui a manipulao, o lactente flexiona os om-bros e brinca dentro do campo visual, nesta poca difcil estabilizar os membros superiores e simul-taneamente usar dissociaes dos dedos para mo-ver o brinquedo e explora31.

    No 6 ms, os lactentes podem pegar o ob-jeto com uma mo e transferi-lo para a outra, po-rm o realizam com dificuldade; deixar um objeto difcil nesta idade, sendo mais comum no 7 ms. Exploram os objetos com o tato manual, porm a

    maioria explorada primariamente com a boca e a lngua.

    Frequentemente a face e a boca so utiliza-das como ponto de estabilizao, ao levar o objeto boca a outra mo pode peg-lo e ocorre a trans-ferncia do objeto entre as mos31,33. Entre o 6 e o 7 ms, o levar objetos boca alcana o seu pico, diminuindo em frequncia depois deste perodo33. Em lactentes de seis, nove ou 12 meses, a ativida-de de colocar os objetos na boca diminui com o passar do tempo e a rotao dos objetos, explo-rao com os dedos, e a sua transferncia entre as mos de olhar fixo no mesmo aumentam45.

    O 7 ms tambm incluiu o repertrio de trazer objetos para linha mdia, batendo-os e arra-nhando-os com os dedos de uma mo, enquanto a outra mo o segura. A rotao de objetos outro movimento frequente e este sofre mudana, sen-do inicialmente realizado com uma mo aos seis e nove meses de vida e com duas mos, no 12 ms de vida33.

    Lactentes variam suas aes com relao s caractersticas fsicas dos objetos, to cedo quanto eles comeam a explor-los. Isto envolve o tatear para as mudanas de textura (objetos macios ten-dem a ser mais espremidos ou esfregados), trans-ferncia de objetos entre as mos de acordo com a forma e o bater contra uma superfcie ou choca-lhar para os objetos que so rgidos ou produzem sons respectivamente33,46.

    As primeiras manipulaes envolvem maior coordenao distal entre os membros, quando os padres de manipulao se tornam diversificados comea a ser observada a diferenciao do pa-pel das mos. Por exemplo, considerando o levar objetos boca, no h diferenciao de papel ou funo para cada mo, porm durante o tatear e a transferncia de objeto de uma mo para a outra, cada mo assume papel diferenciado (uma mo segura e a outra explora com o tato). Este caminho considerado precursor da coordenao bimanu-al posterior33.

    A habilidade para aplicar conhecimento a fim de resolver novos problemas, por exemplo, a intencionalidade para puxar um barbante e recu-perar um objeto que est fora do alcance aparece no 7 ms, mas apenas no 8 ms esta tarefa pode ser executada com sucesso. Depois do 8 ms, os lactentes podem ter sucesso usando estratgia bi-manual, em que ambas as mos trabalham em pa-pel complementar. Podem puxar uma caixa com

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  • uma mo e alcanar o brinquedo inserido dentro da caixa com a outra mo. Isto faz com que estas manipulaes tenham uma primeira diferenciao de papel ou funo entre as mos. A princpio, as duas partes de uma tarefa podem ser realizadas sem muita coordenao temporal entre as duas mos33. Entre nove e 10 meses, os lactentes podem coordenar diferentes aes entre as duas mos.

    Este novo comportamento emerge e me-lhora consideravelmente durante os prximos trs meses. O novo neste planejamento bimanual que a primeira ao deve ser mantida (levantar a caixa) para que a segunda ao seja executada (pegar o brinquedo que est localizado em baixo dela)33.

    Depois do primeiro ano, os lactentes iniciam o desenvolvimento de capacidades que requerem maior preciso de movimento e relaes mais es-treitas entre os objetos. Entre 13 e 15 meses, co-meam a empilhar dois cubos; aos 18 meses usam trs cubos; aos 21 meses, cinco cubos e aos 23 ou 24 meses, seis cubos. Os lactentes desenvolvem gradualmente o alcance coordenado e a manipu-lao, de forma que os objetos possam ser coloca-dos e soltos cuidadosamente45.

    Perto do primeiro ano comeam a compre-ender como devem usar os objetos, mas, antes dessa idade, descobrem relaes funcionais sim-ples se elas exigirem preciso reduzida. Portanto, primeiro usam a colher para bater em algum lugar ou para chocalhar, antes de us-la para comer37. Concomitantes com o desenvolvimento da motri-cidade, por meio das experincias vividas, desen-volvem-se a inteligncia, a afetividade e a comu-nicao1.

    A observao da motricidade do lactente e o diagnstico preciso de desvios ou alteraes exi-gem do observador o conhecimento do processo de aquisio motora47. A proposta desta reviso de literatura contribuir para a compreenso do processo de desenvolvimento das habilidades motoras finas considerando as principais etapas que so o alcance, a preenso e a manipulao de objetos e de atentar com relao especificidade de tais etapas durante o primeiro ano de vida.

    A principal vantagem de intervir no incio da vida que o crebro considerado muito plstico nesta poca, especialmente depois da migrao neuronal, quando o crescimento dos dendritos e a formao de sinapses so altamente ativos. Isto significa que alta plasticidade pode ser esperada

    entre dois e trs meses antes e cerca de seis a oito meses depois do nascimento de termo48,49. A refle-xo a respeito da importncia de que os lactentes com alteraes motora sejam identificados em ida-des menores, para que as intervenes possam ser implementadas, volta-nos para a observao do desenvolvimento tpico, tornando a sua aborda-gem atual de interesse da comunidade cientfica.

    CONCLUSOEste estudo descreveu o desenvolvimento

    das principais habilidades motoras finas no primei-ro ano de vida. Durante o desenvolvimento grada-tivo dos padres motores, a meta principal atingir o desenvolvimento motor maduro, de modo que os membros superiores adquiram coordenao su-ficiente para alcanar, agarrar e manipular objetos com preciso.

    As aquisies surgem progressivamente, em associao com a maturidade de diferentes partes do sistema nervoso, musculoesqueltico e com a experincia. Nesse sentido, a habilidade de alcan-ar objetos desenvolve-se lentamente ao longo dos dois primeiros anos de vida, progredindo desde o pr-alcance no neonato que apresenta habilidade imatura de levar as mos em direo ao objeto, ao alcance funcional com o tocar e agarrar volunt-rio, seguido pela preenso de objetos grandes e depois objetos pequenos utilizando a polpa digi-tal com preciso. Conforme a coordenao evolui, a atividade manipulativa torna-se mais complexa, de modo que vrias habilidades, tais como apalpar, bater objetos na linha mdia, transferir um objeto entre as mos, rodar um objeto supervisionando-o com a viso, inserir um objeto dentro do outro, sobre o outro, espalhar, juntar, jogar fora, empurrar, rodar e inverter ficam mais evidentes.

    A reviso contemplou o incio dos movimen-tos dos membros superiores no perodo fetal, se-guindo com a grande intensidade com que ocorre o desenvolvimento das habilidades motoras finas no primeiro ano de vida, demonstrando que a pro-gresso ordenada dessas aquisies ao se exercita-rem firma base para novas habilidades ainda mais complexas.

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    reviso

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