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ESTUDO DOS MATERIAIS APARTIR DE SEUS CICLOS DE VIDA: UM OLHAR SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS DE SEUS EMPREGOS NO DESIGN Roberta Helena dos Santos Tonicelo Bolsista Probic [email protected] Orientador: Douglas Ladik Antunes, MSc. Professor do Depto. de Design – UDESC [email protected] 1. RESUMO O principal objetivo deste projeto de pesquisa foi realizar um estudo preliminar que subsidie a montagem de uma biblioteca de materiais - Materioteca - no Centro de Artes da UDESC. Tal Materioteca consistirá em um acervo de amostras de materiais subdivididos nos diferentes grupos existentes enfocando todas as etapas dos seus ciclos de vida e possíveis impactos ambientais associados, bem como em referências teóricas sobre cada grupo dos materiais empregados no design de produtos industriais e artesanais, entre eles: os metais, os polímeros, os compósitos, os cerâmicos e os naturais. Obteve-se nesta pesquisa, informações sobre as procedências das principais matérias primas, seus processos de beneficiamento e transformação, formas de transportes, emprego e descarte final; ou seja, esta pesquisa aborda uma visão sistêmica de produto através dos seus ciclos de vida. Foram elaborados fluxogramas representativos dos ciclos de vida dos materiais que serão expostos em painéis aos pesquisadores da Materioteca. Também foram coletadas amostras de materiais, através do contato telefônico e via correio eletrônico, que representam tais ciclos para formar o acervo. As informações acerca dos materiais utilizados no design de produtos e design gráfico são de grande importância para a formação profissional do aluno. Tendo em vista o caráter público da Materioteca, todo o material pesquisado ficará à disposição para os discentes e docentes interessados ou relacionados à área, e às pessoas da comunidade que apresentarem a necessidade de pesquisa ligada aos materiais. Palavras-Chave: 1) Materiais; 2) Ciclo de Vida; 3) Design; 4) Impacto Ambiental. 2. INTRODUÇÃO O foco principal do projeto de pesquisa – que possibilitou como um dos resultados este artigo – foi realizar um estudo preliminar que subsidie a montagem de uma biblioteca de materiais - Materioteca - no Centro de Artes da UDESC. Tal Materioteca está em processo de execução e consistirá em um acervo de amostras de materiais subdivididos nos diferentes

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Como desenvolver uma materioteca.

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  • ESTUDO DOS MATERIAIS APARTIR DE SEUS CICLOS DE VIDA: UM OLHAR

    SOBRE AS CONSEQUNCIAS AMBIENTAIS DE SEUS EMPREGOS NO DESIGN

    Roberta Helena dos Santos Tonicelo Bolsista Probic

    [email protected]

    Orientador: Douglas Ladik Antunes, MSc. Professor do Depto. de Design UDESC

    [email protected]

    1. RESUMO

    O principal objetivo deste projeto de pesquisa foi realizar um estudo preliminar que subsidie a montagem de uma biblioteca de materiais - Materioteca - no Centro de Artes da UDESC. Tal Materioteca consistir em um acervo de amostras de materiais subdivididos nos diferentes grupos existentes enfocando todas as etapas dos seus ciclos de vida e possveis impactos ambientais associados, bem como em referncias tericas sobre cada grupo dos materiais empregados no design de produtos industriais e artesanais, entre eles: os metais, os polmeros, os compsitos, os cermicos e os naturais. Obteve-se nesta pesquisa, informaes sobre as procedncias das principais matrias primas, seus processos de beneficiamento e transformao, formas de transportes, emprego e descarte final; ou seja, esta pesquisa aborda uma viso sistmica de produto atravs dos seus ciclos de vida. Foram elaborados fluxogramas representativos dos ciclos de vida dos materiais que sero expostos em painis aos pesquisadores da Materioteca. Tambm foram coletadas amostras de materiais, atravs do contato telefnico e via correio eletrnico, que representam tais ciclos para formar o acervo. As informaes acerca dos materiais utilizados no design de produtos e design grfico so de grande importncia para a formao profissional do aluno. Tendo em vista o carter pblico da Materioteca, todo o material pesquisado ficar disposio para os discentes e docentes interessados ou relacionados rea, e s pessoas da comunidade que apresentarem a necessidade de pesquisa ligada aos materiais.

    Palavras-Chave: 1) Materiais; 2) Ciclo de Vida; 3) Design; 4) Impacto Ambiental.

    2. INTRODUO

    O foco principal do projeto de pesquisa que possibilitou como um dos resultados este

    artigo foi realizar um estudo preliminar que subsidie a montagem de uma biblioteca de

    materiais - Materioteca - no Centro de Artes da UDESC. Tal Materioteca est em processo de

    execuo e consistir em um acervo de amostras de materiais subdivididos nos diferentes

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    grupos existentes, enfocando todas as etapas dos seus ciclos de vida e possveis impactos

    ambientais associados. Alm disso, incluir tambm a apresentao de referncias tericas

    sobre cada grupo dos materiais empregados no design de produtos industriais e artesanais,

    entre eles: os metais, os polmeros, os compsitos, os cermicos e os naturais.

    Obteve-se nesta pesquisa, informaes sobre as procedncias das principais matrias

    primas no cenrio nacional, seus processos de beneficiamento e transformao, formas de

    transporte, emprego e descarte final; ou seja, esta pesquisa aborda uma viso amplificada de

    materiais atravs dos seus ciclos de vida. obvio que nem todos os resultados obtidos podem

    ser dispostos neste artigo, porm aqui, ser estabelecido o recorte epistemolgico do estudo

    feito. Foram elaborados fluxogramas representativos dos ciclos de vida dos materiais atravs

    de referncias bibliogrficas e coletadas amostras de materiais, por meio de contatos

    telefnicos e via correio eletrnico, que representem tais ciclos para formar o acervo.

    Tendo em vista o carter pblico da Materioteca, todo o material pesquisado dever

    ficar disposio para os discentes e docentes interessados ou relacionados rea, e s

    pessoas da comunidade que apresentarem a necessidade de pesquisa ligada aos materiais. Com

    isso a Materioteca atrelar os produtos com seus ciclos de vida, buscando gerar uma percepo

    crtica sobre os materiais disponveis no mercado e seus respectivos impactos scio-

    ambientais, assim como os nveis de consumo atuais.

    importante ressaltar, que a formao profissional em Design requer uma ateno

    muito especial relacionada s reas de materiais e sistemas de produo, visto que as decises

    na seleo responsvel dos materiais de um projeto iro implicar diretamente no bom

    desempenho de um produto. Neste momento torna-se necessrio um grande conhecimento

    sobre tais processos envolvidos, pois os frutos de uma escolha traro consigo uma srie de

    impactos, positivos e negativos, ao meio ambiente1, associados extrao das matrias primas,

    pr-produo, produo, distribuio, uso e descarte final dos produtos projetados. Com isso

    emerge a necessidade de pesquisa e disponibilizao de informaes sobre os materiais hoje

    empregados e seus efeitos dentro de um mundo cada vez mais globalizado, conflitante,

    perverso e desigual.

    Dentro deste enfoque, mostra-se importante a aproximao dos estudantes de design

    aos materiais estudados. Pois em sala de aula, ou mesmo nos momentos de pesquisa, a enorme

    1 Meio Ambiente inclui os ecossistemas naturais, sociedade e suas inter-relaes (NBR ISO 14001, ABNT).

  • 3

    distncia entre o contedo ministrado e o material real dificulta a compreenso e assimilao

    sobre suas propriedades, formas de processamento, sensao ttil e at mesmo seus respectivos

    impactos. Esta aproximao visa um maior conhecimento e compreenso dos sistemas de

    produo locais e a forma como as principais matrias-primas so encontradas no mercado,

    bem como os fatores limitantes de cada grupo de materiais e possibilidades de

    desenvolvimento e utilizao de novas alternativas.

    A intensificao do contato entre os discentes do curso de design e os materiais e

    processos selecionados, pode acarretar em escolhas mais viveis economicamente, justas

    socialmente e ecologicamente nas ocasies de atuais e futuros projetos. Neste enfoque est

    embasada a montagem da Materioteca, que alm de suprir os discentes com informaes

    literrias, ir permitir o contato fsico dos materiais.

    2. METODOLOGIA

    Inicialmente, foram realizadas leituras de livros referentes aos materiais, processos

    produtivos, impactos ambientais e design, seguidas de fichamentos. Estes estudos serviram de

    suporte elaborao de fluxogramas representativos dos ciclos de vida de materiais

    empregados no design de produtos. Tais fluxogramas apresentam os processos de extrao das

    matrias-primas, beneficiamento, transformao, transporte, uso e destinao final dos

    materiais, e so complementados por dados tericos que abordam a caracterizao de resduos

    slidos, lquidos e gasosos gerados por estes processos. Os fluxogramas sero expostos em

    painis disponveis aos pesquisadores da Materioteca, para visualizao dos ciclos de vida dos

    materiais. importante ressaltar que o layout dos fluxogramas elaborados, que esto

    apresentados no presente artigo, no se referem forma final de exposio, pois sero ainda

    ilustrados com fotos. Para tanto, criou-se um banco de imagens que contm fotos de

    processos, materiais e impactos associados, retiradas da internet, catlogos e revistas.

    Alm do banco de imagens, foram criados: o banco de catlogos de produtos, extrados

    de sites de indstrias de beneficiamento e transformao dos materiais; e o banco de contatos

    de fornecedores e transformadores de materiais para solicitao de amostras e catlogos,

    pesquisados no banco de dados da Fiesc Federao das Indstrias do Estado de Santa

    Catarina. Foi realizada uma visita a Fiesc e paga a taxa de R$ 50,00 para obteno de uma

  • 4

    senha de acesso ao banco de dados, que contm aproximadamente 4.000 indstrias cadastradas

    dos mais diversos setores. Foi feita, ento, uma seleo das indstrias, na qual este nmero foi

    reduzido a 165 empresas. Posteriormente, foram enviadas para as empresas selecionadas, via

    correio eletrnico, cartas de solicitao de amostras de materiais e catlogos de produtos.

    Foi realizada tambm uma pesquisa na internet em sites de indstrias, de

    beneficiamento e transformao dos materiais, localizadas em outros estados, para a aquisio

    de contatos telefnicos e solicitao de amostras e catlogos.

    Objetivando ampliar o banco fotogrfico e o acervo de amostras de materiais, foram

    visitadas empresas de alguns setores da indstria, como: de minerao, de cermica, de

    transformao de produtos acabados, de reciclagem de plsticos, de vidro e de alimentos.

    E, por ltimo, com o intuito de adquirir um acervo bibliogrfico para a Materioteca, foi

    elaborada uma listagem de livros referentes aos materiais, processos produtivos, impactos

    ambientais e design.

    3. RESULTADOS E DISCUSSES

    3.1 Contatos e Coleta de Amostras

    Dos e-mails enviados s 165 empresas selecionadas do banco de dados da Fiesc,

    somente 36 voltaram para a caixa de mensagem, pelos seguintes motivos: endereo de e-mail

    desconhecido ou no atualizado e caixa cheia. Foi estipulado um perodo de quinze dias para o

    retorno da carta-resposta, e das 129 empresas que receberam a mensagem (anexo 6.1), 9

    responderam carta de solicitao. Devido ao baixo nmero de retorno, foi enviada uma

    segunda via da carta de solicitao para as empresas que no a responderam. Desta forma, o

    nmero aumentou para 12 empresas. Foram selecionadas algumas indstrias que no

    responderam carta, e elaborada uma listagem (anexo 6.2) para um posterior contato

    telefnico, objetivando aumentar o acervo de amostras de materiais da Materioteca.

    importante salientar que a pesquisa ter continuidade at julho de 2005, para a implementao,

    para tanto foram acessados recursos da Funcitec, conforme edital universal 02/2003.

    Atravs do contato telefnico adquiridos por pesquisa na rede eletrnica -, foram

    solicitadas amostras de materiais e catlogos de produtos de empresas como Acesita, Alcoa,

  • 5

    Alcan, Petrobrs, Cosipa, CSN, entre outras; totalizando um nmero de 11 empresas

    contatadas (anexo 6.3).

    As empresas que colaboraram com o acervo

    de materiais para Materioteca, bem como a listagem

    de amostras coletadas esto apresentadas nos

    anexos 6.4 e 6.5 respectivamente. A figura 1

    apresenta parte do acervo de materiais doados por

    empresas, professores e colegas e inclui amostras de

    tipos de madeiras, aos inoxidveis, papis,

    acabamentos superficiais, vidros planos, pellets de

    polipropileno (PP), perfis em alumnio, e

    acabamentos em pintura para metais.

    3.2 Coleta de Informaes e Reviso Bibliogrfica

    Segundo o Ncleo de Design e Seleo de Materiais UFRGS, os materiais podem ser

    subdivididos, em cinco grupos: metais, polmeros, cermicos, compsitos e materiais naturais.

    A quantidade de materiais existentes, somando todos os grupos de classificao, totalizam

    mais de 90000 tipos diferentes (Ferrante, 1996:9).

    O grupo dos metais se subdivide em: metais ferrosos e no ferrosos; os primeiros

    envolvem os aos e os ferros fundidos, que so oriundos da mistura dos minrios de ferro, do

    calcrio e do carvo mineral, e transformados atravs da siderurgia. O minrio de ferro

    constitui a matria-prima essencial produo dos aos e ferros fundidos, o calcrio atua

    como fundente e o carvo como combustvel, como redutor do minrio e como fornecedor do

    carbono. O ao e o ferro fundido diferem pelo teor de carbono, tendo o ao 2% e o ferro

    fundido acima deste valor. Os ferros fundidos, alm de ferro e carbono, contm outros

    elementos, tais como: silcio mangans, enxofre e fsforo (Teixeira, 1999:114-115). As

    aplicaes dos aos no design e na engenharia so diversas, entre elas: ferramentas, utenslios

    domsticos, peas automotivas, indstria naval, indstria mecnica, etc.

    Figura 1: Alguns exemplos de amostras coletadas. Foto: Roberta Tonicelo.

  • 6

    Os metais no ferrosos incluem todos os metais que no contm ferro, sendo que

    aproximadamente 90% da tabela peridica composta por elementos da classe dos metais no

    ferrosos. So exemplos deste grupo de materiais o cobre, o alumnio, o bronze, o lato, o

    chumbo, etc. Na sua maioria, so utilizados no estado puro, contudo, podem tambm ser

    utilizados em forma de ligas. O lato uma liga de cobre-zinco, podendo conter zinco em

    teores que variam de 5 a 50%, isto significa que existem inmeros tipos de lates. O bronze,

    liga de cobre e estanho, a mais antiga liga conhecida pelo homem. Assim como o lato, o

    bronze pode conter outros elementos na liga dependendo da aplicao, tais como o chumbo, o

    zinco, o fsforo e o mangans (Chiaverini, 1986)

    O metal no ferroso mais utilizado no design o alumnio. A metalurgia do alumnio

    compreende basicamente duas fases: a obteno da alumina a partir da bauxita e a eletrlise da

    alumina para se obter o alumnio. Este empregado em utenslios domsticos, perfilados para

    Figura 2: Fluxograma do ciclo de vida dos metais ferrosos.

  • 7

    arquitetura (janelas, esquadrias, estrutura de edifcios, ponte), embalagens alimentcias,

    indstria eltrica, indstria farmacutica, equipamentos de transporte, mobilirio, etc.

    J o cobre pode ser empregado na indstria eltrica, mecnica, qumica, construo civil

    e arquitetura. Segundo Chiaverini (1986), o zinco utilizado para galvanizao de produtos

    em ao, na forma de pigmentos, como elemento de liga do lato e zamac (alumnio, cobre e

    magnsio), chapas para telhados, cabos, arames, ferragens, pilhas, etc. De acordo com

    Teixeira (1999), o estanho utilizado em dispositivos de segurana contra fogos e alarmes,

    extintor de incndio; revestimento de clipes, alfinetes e grampos; ligas para soldagem e ligas

    para mancais. O chumbo empregado em componentes de esmalte cermico, na fabricao do

    vidro cristal, na vulcanizao da borracha, em corantes e pigmentos, em caracteres de

    impresso, revestimentos de cabos eltricos, entre outros.

    Figura 3: Fluxograma do ciclo de vida do alumnio.

  • 8

    Os polmeros, em sua maioria so oriundos do petrleo, que a partir dele se obtm a

    nafta por destilao. A nica Indstria local de produo de nafta a Petrolfera Petrobrs.

    Segundo a Plastivida, comisso da ABIQUIM Associao Brasileira da Indstria Qumica,

    4% da produo mundial de petrleo e usada para obteno dos polmeros. De acordo com

    Chiaverini (1986), podem ser subdivididos em: termofixos, que compreendem as resinas

    Figura 4: Fluxograma do ciclo de vida do estanho. Figura 5: Fluxograma do ciclo de vida do cobre.

    Figura 6: Fluxograma do ciclo de vida do zinco. Figura 7: Fluxograma do ciclo de vida do chumbo.

  • 9

    fenlicas, epxi, entre outras; os termoplsticos, que so assim denominados devido sua

    plasticidade alta temperatura, que resulta na possibilidade de sua moldagem em diversas

    formas, so exemplos de aplicao de termoplsticos as garrafas PET (polietileno tereftalato),

    os saquinhos de leite de PEBDL (polietileno de baixa densidade linear), entre muitos outros; e

    os elastmeros, como as borrachas naturais, com base na extrao do Ltex, ou as borrachas de

    origem sinttica, do petrleo, como o neoprene, o silicone, etc. As empresas que

    industrializam estas matrias-primas so divididas em 1 e 2 gerao petroqumica. A 1

    gerao produz os petroqumicos bsicos, como o etano e o propeno, que acabam sendo as

    principais matrias-primas da 2 gerao (...) (Albuquerque, 2000:22). Existem trs plos

    petroqumicos de 1 gerao no Brasil, so eles: Petroqumica Unio em So Paulo, COPENE -

    Petroqumica do Nordeste na Bahia e COPESUL Companhia Petroqumica do Sul no Rio

    Grande do Sul. Estas fornecem o monmero para as petroqumicas de segunda gerao

    produzir os polmeros. A Petroqumica Ipiranga, a OPP e a Innova so exemplos de

    petroqumicas de segunda gerao.

    Figura 8: Fluxograma do ciclo de vida dos termoplsticos.

  • 10

    A matria-prima para fabricao de produtos cermicos a argila. Chama-se argila ao

    material formado de minerais (principalmente compostos de silicatos e alumina hidratados) que

    tm a propriedade de formarem, com gua, uma pasta suscetvel de ser moldada, secar e

    endurecer, sob ao do calor (Teixeira, 1999:176). O grupo dos materiais cermicos inclui a

    cermica comum, a cermica avanada e o vidro. Para os acabamentos utiliza-se o esmalte que

    trata-se de uma espcie de tinta preparada com ps de xidos metlicos e fundente. Outras

    tcnicas de acabamentos so utilizadas pela indstria como o decalque, a serigrafia, o filme ou

    selo gomado e o gabarito. As cermicas avanadas so empregadas para fins eletro-eletrnicos

    e para fins estruturais como: ferramentas de corte, rolamentos, matrizes de extruso, isoladores

    de velas de ignio, etc. O vidro composto basicamente de slica, derivada da areia ou cristais

    de quartzo. Este material empregado na fabricao de utilitrios domsticos, frascos de

    perfumes, decorao, arquitetura, etc (Van Vlack, 1973)

    Figura 9: Fluxograma do ciclo de vida dos termofixos.

  • 11

    Figura 10: Fluxograma do ciclo de vida da cermica comum.

    Figura 11: Fluxograma do ciclo de vida da cermica avanada.

  • 12

    Um material composto ou compsito surge da unio de dois ou mais tipos de materiais.

    Estes podem ser classificados em: compsitos estruturais, compsitos sanduche, compsitos

    com fibras e compsitos particulados. Tais materiais podem ser cermicos, polimricos,

    metlicos, naturais ou ainda oriundos da mistura destes elementos; como por exemplo, a fibra

    de vidro com resina termofixa. O compsito mais utilizado pela indstria uma resina plstica

    com reforo de fibra de vidro. Os compsitos so empregados na indstria nutica,

    aeronutica, automobilstica, construo civil, transporte, mobilirio, etc (Teixeira, 1999).

    Figura 12: Fluxograma do ciclo de vida do vidro.

    Figura 13: Fluxograma do ciclo de vida do compsito de fibra de vidro com resina termofixa.

  • 13

    Os materiais naturais mais utilizados podem ser subdivididos principalmente em: fibras

    naturais, resinas naturais, tintas, pigmentos, madeiras e seus subprodutos, como a celulose para

    fabricao do papel. So exemplos de fibras naturais: cips, juncos, rattan, bamb, vime, fibra

    de bananeira, piaava, sisal, etc. As resinas naturais incluem, entre outras, biopolmeros de

    mamona, mandioca, cana-de-acar, ceras, etc. Os pigmentos e as tintas naturais podem ser

    extradas de folhas, sementes, frutos ou cascas de rvores, como urucum, casca de eucalipto,

    fruto de aroeira, etc. Estes materiais representam um grande hall de alternativas, que

    mantiveram-se sempre disponveis, mas nunca foram observados com a devida ateno.

    Atualmente projetos de sucesso vm apontando as novas possibilidades de uso destes

    materiais, como o couro vegetal, extrado do ltex, tintas naturais extrada de plantas e

    sementes, papis brilhantes da terebintina, uma resina oriunda da resina de pinheiros, o junco e

    o vime, utilizados na confeco de cestarias e mobilirios, entre muitos outros (Tonicelo,

    2004).

    Cada grupo de materiais relacionados acima podem ser diferenciados segundo suas

    propriedades fsicas e qumicas, suas aplicabilidades entre outras caractersticas inerentes a

    estes. Os processos de obteno das matrias-primas, de beneficiamento e transformao

    Figura 14: Fluxograma do ciclo de vida das fibras vegetais.

  • 14

    variam de caso a caso, podendo representar diferentes aspectos ambientais2, mais ou menos

    significativos. Seja qual for a classificao do grupo dos materiais, grande parte destes,

    presentes no mercado, so oriundos da extrao mineral ou vegetal.

    Sero apresentados, a seguir, alguns dos registros coletados atravs dos livros

    revisados, que apresentam importantes dados referentes aos impactos ambientais3 inerentes s

    etapas dos ciclos de vida dos diferentes grupos de materiais.

    Quando falamos de impactos ambientais relacionados aos produtos, pensamos

    normalmente no seu descarte aps o uso, mas os impactos tm diversas fases. Assim, todos os

    processos envolvidos em cada etapa do ciclo de vida de um produto causam - uns mais, e

    outros menos - efeitos negativos e/ou positivos sobre o meio ambiente.

    Segundo Manzini (2002), as etapas que compem o ciclo de vida dos produtos

    referem-se pr-produo, produo, distribuio, uso e descarte. A pr-produo trata dos

    processos de extrao e beneficiamento das matrias-primas; a produo compreende o

    processo de transformao das matrias-primas em produtos e acabamentos finais; a

    distribuio refere-se embalagem, ao armazenamento e ao transporte; o uso est relacionado

    com a utilizao e o consumo de bens ou servios; e o descarte corresponde eliminao do

    produto aps o uso, ou ainda sua reutilizao e/ou reciclagem.

    Na etapa que corresponde extrao das matrias-primas o impacto causado

    evidente. O esgotamento dos recursos naturais, a devastao das florestas, a extino de

    espcies so conseqncias diretas desta etapa. Em relao produo, alm da gerao

    intensa de resduos slidos industrias, bem como a emisso de gases e efluentes lquidos, h

    um alto consumo de energia. O transporte contribui para a poluio no s atravs do consumo

    de combustveis, mas tambm por meio de emisses gasosas. Alm disso, O transporte de

    materiais e produtos (...) cria a necessidade de um grande conjunto de estradas, vias frreas,

    aeroportos e armazns (Papanek, 1995:34). Na etapa de descarte dos produtos o impacto

    ambiental pode ser comprovado pelos enormes montantes de lixo que so acumulados nos

    famosos lixes4 e nos aterros sanitrios. At mesmo na reciclagem de materiais ocorre

    algum impacto ambiental, pois que o prprio consumo de energia torna-se uma varivel de 2 Aspectos ambientais: segundo a NBR 14000 so os elementos de uma atividade que podem causar impactos ambientais, podendo ser, mais, ou menos significantes, conforme a magnitude do impacto. 3 Impacto ambiental trata-se de qualquer modificao do meio ambiente, adversa ou benfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou servios de uma organizao (NBR ISO 14001, ABNT). 4 Lixes so depsitos de resduos slidos inadequados.

  • 15

    impacto. E estes so apenas alguns exemplos de impactos ambientais que um produto pode

    causar ao meio ambiente.

    De uma forma geral os processos de extrao dos recursos da natureza so

    potencialmente impactantes, tendo em vista a grande manipulao de materiais, a conseqente

    transgresso paisagstica, o uso de metais pesados e substncias txicas, dentre outros efeitos

    ligados m remunerao de trabalhadores, contaminao de ecossistemas e conseqente

    danos sade humana.

    Segundo Sampat (2003:138) a dependncia da minerao de um pas est relacionada

    taxa de pobreza de sua populao5, existindo uma correlao direta entre o valor percentual da

    exportao mineral e o percentual da populao abaixo da linha de pobreza, isso claramente

    revelado em pases da frica, como Guin, Niger e Zmbia e Amrica do Sul, como Chile,

    Peru e Brasil. Dentre os impactos ambientais mais relevantes, pode-se destacar: a minerao

    em terras indgenas, a perda de ocupaes tradicionais, os abusos aos direitos humanos e os

    perigos sade humana (Sampat, 2003:135).

    O Brasil mundialmente um dos maiores produtores de minerais e de seus

    subprodutos, segundo Bettencourt e Moreschi (2001:464) somos os maiores produtores

    mundiais de Nibio usado na fabricao de aos de alta resistncia -, o segundo maior

    produtor de ferro e o quarto maior produtor de alumnio, estanho e mangans. Conforme

    Braile & Cavalcanti (1993:355), o Brasil alm de possuir as maiores reservas de minrios de

    ferro, possui tambm um dos minrios de mais alto teor: a hematita compacta de Itabira, com

    69,5% de ferro puro. A tabela a seguir demonstra os principais depsitos minerais brasileiros,

    suas localizaes e o volume produzido:

    5 Dados com Fonte: UNCTAD, Handbook of World Mineral Trade Statistics 1994-1999 (Nova York:2001); Banco Mundial, World Development Indicators 2001 (Washington, DC:2001); PNUD, Human Development Report 2001 (Nova York:2001) (apud Sampat, 2003).

    Figura 15: Lixo e seus impactos scio-ambientais.

  • 16

    Tabela 1: Principais bens minerais, suas localidades e produo (Taioli, 2001).

    Bem mineral Localidade Produo 103t % produo mundial

    Alumnio

    Trombetas (PA), Paragominas (MA),

    Almeirim (PA), Poos de Caldas (MG).

    11671,00 9,9

    Ferro

    Quadriltero Ferrfero (MG), Dist. de Carajs (PA), Urucum (MS).

    186700,00 18,1

    Estanho

    Pitinga, Rio Xingu e Rio Tapajs (PA), Provncia Estanfera de Rondnia

    (RO), entre outros.

    18,00 9,0

    Cobre Salobo (PA), Caraba (PE), entre outros. - -

    Mangans Serra do Navio (AP), Azul e Buritirama (PA), entre

    outros. 956,00 12,5

    Nquel

    Americano do Brasil (GO), Fortaleza de Minas (MG), Niquelndia (GO),

    entre outros.

    6x106* 4,4*

    * Reserva Mundial

    As usinas siderrgicas geram diversos tipos de resduos de diferentes naturezas, dentre

    eles, toma-se como exemplo, guas e despejos dos equipamentos de lavagem, esgotos

    domsticos, despejos da coqueria6 - guas amoniacais, alcatro, cianetos e fenis -, bem como

    resduos da produo do ao nas aciarias7. Embora tais resduos industriais passem por

    diversos processos de tratamento, a poluio ambiental nos locais de produo perceptvel,

    at para os mais leigos, como por exemplo, no caso de Cubato em So Paulo.

    No cenrio nacional, Santa Catarina se destaca como um dos principais produtores de

    carvo mineral, esta atividade se localiza na cidade de Cricima. A explorao de carvo

    mineral no estado aconteceu de forma bastante impactante, segundo Taioli (2001:475)

    somente a partir da dcada de 1980 as principais providencias oficiais foram tomadas para

    minimizar os impactos ambientais na atividade de minerao de carvo. Dentre os principais

    impactos associados a esta atividade esto: o aumento da solubilidade de metais pesados em

    cursos dgua, acidificao da gua e do solo e a possibilidade de ocorrncia de chuvas cidas

    como resultado da queima deste material que libera H2S.

    6 Processo de fabricao do coque e gs a partir do carvo. 7 Local de reduo do carbono do ferro gusa que resulta no ao.

  • 17

    Figura 16: Larva a cu aberto de minrio de ferro na mina de Cau (Itabira, MG). Foto: E. Ribeiro Filho.

    Fonte: Taioli, 2001:453

    Figura 17: Garimpagem de ouro em Serra Pelada (PA). Foto: E. Ribeiro Filho.

    Fonte: Taioli, 2001:45

    Sabe-se que os minerais se caracterizam como recursos naturais no renovveis,

    devido impossibilidade de reposio destes na natureza. O consumo, portanto, est

    diretamente ligado ao esgotamento dos minerais, e demais impactos inerentes a estes j

    enfocados anteriormente.

    importante ressaltar a durao estimada das reservas nacionais em virtude da

    produo anual, visto que as atividades de design iro influenciar diretamente no consumo e

    conseqentemente na reduo da durao das reservas. A figura 18 apresenta a durao

    estimada dos minrios mais produzidos no Brasil.

    Figura 18: Durao de reservas X Bem mineral

    Fonte: Anurio Mineral Brasileiro, 1997 e Sumrio Mineral 1998, Departamento Nacional de Produo Mineral apud Bettencourt e Moreschi

    (2001:466).

  • 18

    importante notar na figura acima que a durao das reservas em razo do consumo

    anual, mostra-se preocupante em relao metais como o ouro, o estanho, o zinco, o

    mangans e at mesmo o ferro, dentre estes, merece destaque o estanho, cujo emprego na

    indstria de embalagens aumenta a cada ano. Neste caso, o estanho agregado ao ao com o

    objetivo de oferecer assepsia e maior segurana aos alimentos enlatados nas chamadas

    folhas de flandres - e a sua reciclagem praticamente invivel economicamente devido

    agregao qumica deste ao ao e sua difcil separao.

    A estratgia ideal para o prolongamento do tempo de durao das reservas a reduo

    do consumo ou ao menos o consumo responsvel, mas esta mostra-se incondizente com as

    polticas macroeconmicas assumidas pelo pas e pelo mundo. Em outro patamar pode-se

    assumir como estratgia a reciclagem de materiais, que alm de aumentar a vida til dos

    materiais no mercado, pode gerar emprego e renda, reduzir os impactos ambientais na

    extrao, prolongar a durao de reservas e a vida til de aterros sanitrios, dentre muitos

    outros benefcios. Porm a reciclagem no efetivada no Brasil por falta de polticas pblicas

    nas esferas federal, estadual e municipal - para a coleta e aproveitamento de resduos, por

    falta de distribuio mais equilibrada das responsabilidades entre o governo, os cidados e as

    empresas produtoras, por falta de incentivos econmicos e fiscais este setor, como linhas de

    crdito especiais e reduo da carga tributria. Anualmente o Brasil deixa de economizar

    bilhes de reais pelo mal aproveitamento dos resduos gerados8, que poderiam ser empregados

    em benefcio da sociedade (Antunes, 2001).

    Segundo Sampat (2003:144), a Unio Europia (EU) props uma Diretriz para Sucata

    de Veculos, que obriga as montadoras a se responsabilizarem pela destinao final de seus

    produtos no final da vida til, nesta proposta as empresas tero que reciclar 85% do peso dos

    materiais por veculo. A proposta tambm inclui a suspenso do uso dos metais pesados

    como mercrio, chumbo e cdmio - durante a extrao, uso e descarte. O que se pretende aqui

    no transpor ou equiparar as polticas europias com as polticas nacionais, e sim demonstrar

    algumas possibilidades de responsabilizao dos elos ou atores de uma cadeia produtiva.

    Considerando ainda as etapas iniciais do ciclo de vida dos materiais, uma grande fonte

    de matrias-primas e de energia o petrleo. Este pode ser considerado o carro-chefe da

    economia mundial, empregado na fabricao da maior parte dos polmeros consumidos no

    8 Para saber mais ver: Os Bilhes Perdidos no Lixo, de Sabetai Calderoni, 1998.

  • 19

    mercado atualmente termoplsticos, termofixos e elastmeros e nos combustveis,

    utilizados no transporte, beneficiamento e transformao de produtos.

    A explorao e o consumo do petrleo tem influncia direta no ciclo biogeoqumico do

    carbono e indiretamente aos outros ciclos - como por exemplo da gua, do nitrognio, do

    enxofre, entre outros -, as conseqncias da transformao do carbono armazenado na terra em

    carbono disponvel no ar so imprevisveis (Braile & Cavalcanti,1993). Porm alguns efeitos

    j podem ser percebidos e registrados, como a elevao da temperatura atmosfrica causada

    pelo efeito estufa -, a liberao de SOx e NOx que se

    concentram na atmosfera at se precipitarem na

    forma de chuvas cidas, os grandes acidentes como

    o do Exxon Valdez no Alasca em 1989 e da

    Petrobrs na Baa de Guanabara em 2000; sem

    considerar ainda os grandes conflitos mundiais que

    esto em grande parte norteados pela extrao e

    domnio das vendas do petrleo.

    Segundo Taioli, (2003:479) as principais

    fontes de petrleo nacional esto relacionadas na

    tabela abaixo: Tabela 2: Relao das Bacias de Extrao de Petrleo no Brasil.

    Localidade da Bacia % da Produo Nacional

    Santos So Paulo 0,6

    Campos Rio de Janeiro 86,4

    Esprito Santo 0,5

    Bahia 2,6

    Sergipe / Alagoas 3,2

    Rio Grande do Norte 4,0

    Cear 1,0

    Solimes - Amazonas 1,7

    O Brasil produz atualmente aproximadamente 80% do petrleo que consome, porm o

    preo do barril mantm-se vinculado ao mercado mundial devido aos acordos comerciais

    estabelecidos entre pases e supervisionados pelos grandes organismos internacionais como

    a Organizao Mundial do Comrcio OMC.

    Figura 19: Ave atingida por derramamento de petrleo. Foto: Domingos P. Rodrigues, Fonte: Revista World Watch, 2001.

  • 20

    Os polmeros, como dito anteriormente, abarcam sua alta escala produtiva na extrao

    e transformao do petrleo; nacionalmente destaca-se a produo dos termoplsticos de

    commodities como por exemplo, o polipropileno (PP), o polietileno de baixa e alta densidade

    (PEBD e PEAD), o policloreto de vinila (PVC), o poliestireno (PS), entre outros. Segundo

    Albuquerque (2000:18), a localizao da produo dos principais termoplsticos produzidos

    no Brasil seguem conforme a tabela abaixo:

    Tabela 3: Localizao e Produo das Principais Indstrias Nacionais de Termoplsticos.

    Termoplstico Local de Produo Volume Total

    Aproximado (t) Tecnologia

    PEBD Triunfo (RS), Politeno (BA), Union

    Carbide (SP) 630000

    Atochem, Sumitomo,

    ICI(Quantum)

    PEAD Solvay (SP), Ipiranga (RS), Poliolefinas

    (BA)*, Politeno (BA)* 572000

    Solvay, Hoechst, Carbide,

    Du Pont Canad

    PP OPP (SP), Polibrasil (BA) 700000 Montell/Spheripol, ICI

    PVC Trikem (BA), Solvay (SP) 641000 Nissho-Iwai/BF Goodrich,

    Solvay

    PS EDN (SP), CBE (SP), Proquigel (SP) 249000 Dow/Fosters Grants,

    Monsanto, Proquigel

    EPS Basf (SP), Tupy e Resinor 19000 -

    PET Rhodia-ster (MG), (BA), Hoescht (SP) 96000 Rhne-Poulenc/Beuler,

    ICI, Hoescht

    PA Rhodia (SP), Hoescht (SP) Mazzaferro e

    Petronyl 85000 Rhodia, Hoescht

    PC (BA) 10000 Idemitsu

    ABS/SAN CPB-Camaari (BA), Nitriflex (RJ) 62000 Borg Warner, Japan

    Rubber

    * Produzem tambm o polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) 150000 t/ano

    As indstrias petroqumicas, que incluem a produo de polmeros so geradoras de

    uma vasta gama de resduos de diferentes naturezas. De acordo com Braile & Cavalcanti:

    A poluio provocada pela indstria petroqumica, no pode ser medida em termos de nveis quantitativos de contaminantes especficos, mas por mtodos genricos de caracterizao.

  • 21

    Poluentes tais como, alcatres, leos e hidrocarbonetos, so, na realidade, misturas de muitas substncias de difcil separao, identificao e quantificao. A utilizao, por outro lado de parmetros genricos e padronizados, permite que efluentes de diferentes procedncias possam ser comparados em suas potencialidades de contaminao. (...) Uma das maneiras de se expressar as caractersticas de um resduo, em termos de quantidade de poluente produzido por quantidade de produto manufaturado. Entretanto, no caso das indstrias petroqumicas, as informaes disponveis so muito escassas e imprecisas (1993:275-278).

    A tabela 4 apresenta alguns dos principais processos da indstria petroqumica e seus

    respectivos resduos gerados (Braile & Cavalcanti, 1993):

    Tabela 4: Relao de Processos e Resduos da Indstria Petroqumica.

    Processo Fonte Resduos

    Produo de amnia Desminerao, regerao,

    condensados do processo. cidos, bases, amnia.

    Processamento do leo cru Lavagem do cru.

    Destilao primria.

    Sais inorgnicos, leos,

    hidrocarbonetos solveis em gua.

    Hidrocarbonetos, alcatres, amnia,

    acido, sulfeto de hidrognio.

    Estireno Caldas de destilao. Alcatres pesados.

    Destilao extrativa Solvente. Furfural, Hidrocarbonetos C4.

    Nitrao, Parafinas, Aromticos. -

    Aldedos, cetonas, cidos, lcoois,

    olefinas, cido sulfrico, cido

    ntrico, aromticos.

    Negro de Fumo. Resfriamento. Negro de Fumo, partculas, slidos

    dissolvidos.

    Polimerizao, Alquilao. Catlise. Catalizadores cidos exauridos (ac.

    Fosfrico), cloreto de alumnio.

    Polimerizao (polietileno) Catalizadores.

    Cromo, nquel, cobalto, molibdnio.

    Borracha butlica. Resduos de processo. Borracha fora de especificao,

    leo, hidrocarbonetos leves.

    Borracha (copolmero) Residuos de processo. Butadieno, gua da polimerizao,

    estireno.

  • 22

    Nylon 66 Residuos de processo.

    Produtos da oxidao do

    ciclohexano, acido succnico, cido

    adpico, cido glutrico,

    hexametileno, diamina, adiponitrila,

    acetona, metil-etilcetona.

    Cracking trmico para produo

    de olefinas (incluindo

    fracionamento e purificao)

    Efluente do forno e tratamento

    custico.

    cidos, sulfeto de hidrognio,

    mercaptans, hidrocarbonetos

    solveis, produtos de polimerizao,

    soda custica, compostos fenlicos,

    fases residuais, alcatres e leos

    pesados.

    Dentre os tratamentos mais utilizados para os resduos da indstria petroqumica

    destacam-se os processos de combusto (incinerao) e os tratamentos biolgicos. Para Braile

    & Cavalcanti, (...) os resduos podem ser uma fonte secundria de matrias-primas e um

    estudo tcnico-econmico do reaproveitamento, leva, muitas vezes, a resultados bastantes

    interessantes. Assim, podem-se citar, entre outros, a recuperao de enxofre, resinas, cloro,

    etc (1993:490).

    No que se refere extrao dos materiais naturais, estes podem ser utilizados como

    matria-prima para o artesanato e o design atravs do cultivo ou do manejo em ecossistemas

    naturais. Algumas fibras s so disponveis por meio da atividade extrativista. importante

    ressaltar que o cultivo de tais vegetais dependem de algumas tcnicas que devem ser

    planejadas de forma integrada ao meio ambiente, e esta integrao conta com a no emisso de

    contaminantes no meio ambiente, com o conhecimento dos impactos resultantes da insero

    de espcies originrias de outras localidades, etc. Quanto ao extrativismo, importante

    considerar a quantidade de fibra que se extrai, pois se a extrao de matria-prima for maior

    que a capacidade de renovao da natureza, isto poder causar uma instabilidade do ciclo de

    vida natural do material e sua influncia no ecossistema.

    As indstrias ligadas produo de bens durveis e no durveis esto diretamente

    relacionadas ao impulsionamento da economia mundial. As aglomeraes geogrficas dos

    sistemas de produo dependem de fatores econmicos, culturais, sociais, ambientais e, ainda,

    polticos. As polticas de desenvolvimento, no atual sistema econmico, so fundamentadas no

    crescimento econmico atravs da superproduo, que geralmente no levam em conta os

  • 23

    aspectos sociais e ambientais. A alta produtividade, o desenvolvimento tecnolgico acelerado

    e o imenso consumo de bens materiais, entre outros fatores do atual contexto complexo,

    desencadeou uma srie de problemas scio-ambientais, tais como: o desemprego, a excluso

    social, a devastao das florestas, a extino de espcies, o esgotamento de recursos naturais,

    etc.

    Apesar das novas leis ambientais, da crescente disponibilidade de produtos ecolgicos e

    dos movimentos ambientais, as inmeras perdas de reas de florestas e a maior extino das

    espcies no foram ainda revertidas. Durante uma vida, uma dcada, um ano, ou mesmo um

    dia, ocorrem mudanas dramticas profundas e impessoais. (...) No entanto, a maior parte dos

    danos ecolgicos e possivelmente irreversveis ocorreu apenas durante os ltimos trinta anos

    (Papanek, 1995:29).

    Na obra de, do Worldwatch Institute - WWI9, consta que:

    Muitos ecossistemas foram fragilizados a um ponto em que j no tem resistncia e no so capazes de suportar perturbaes naturais, o que facilita a ocorrncia de desastres artificiais - calamidades que se tornam mais freqentes ou mais severas em virtude das aes humanas. Destruindo florestas, construindo barragens em rios, aterrando mangues e desestabilizando o clima, estamos cortando os fios de uma complexa rede de segurana ecolgica (Abramovitz apud Capra, 2002:220).

    As questes scio-ambientais so no s produto do sistema econmico atual, mas

    tambm o resultado das aes humanas inconseqentes. Este sistema como conjunto de aes

    humanas na sua complexidade, determinou e continua a determinar uma situao insustentvel

    de carga e descarga para o meio ambiente (Manzini, 2002:325). Jean Paul Delage ainda

    afirma que (...) a exausto dos recursos naturais sempre aumenta os custos econmicos

    porque a queda da produtividade natural dos recursos deve ser compensada por energias

    substitutas e grande esforo tecnolgico, sem mencionar o custo de reparao dos danos ao

    ambiente e sade humana (apud Montibeller-filho, 2001:259).

    No mbito do atual cenrio, os dramticos problemas associados destinao final

    dos produtos, como a disponibilidade de espaos para eliminao do lixo, a contaminao

    do solo e do lenol fretico so cada vez mais intensos. Tudo isso est diretamente

    9 O WWI, sediado em Washington, dedica-se a pesquisas na rea ambiental e desenvolvimento sustentvel.

  • 24

    relacionado com as estratgias de quem produz e de quem projeta; e com as opes de

    escolha de quem consome. Cada indivduo, decidindo como e o que adquirir e utilizar,

    legitima a existncia daquele produto (ou daquele servio) e est na origem dos efeitos

    ambientais ligados sua produo, ao seu emprego e ao seu escoamento final (Manzini,

    2002:64). Sendo assim, cada consumidor deve se responsabilizar por aquilo que consome

    e fazer escolhas que sejam compatveis com as necessidades ambientais. Mas,

    importante considerar que evidente, de fato, que as suas escolhas so condicionadas por

    uma multiplicidade de fatores independentes de sua vontade (Manzini, 2002:65). Sobre a

    responsabilidade do produtor, pesquisadores da Universidade de Lundt, (apud Manzini,

    2002) alertam que:

    (...) a extenso da responsabilidade do produtor uma estratgia visando a reduo do impacto ambiental de um produto, tornando o produtor responsvel pelo ciclo de vida total do produto e, em particular, pela recuperao, pela reciclagem e pela digesto dos resduos finais. A extenso da responsabilidade pode ser implementada atravs de instrumentos administrativos, econmicos e informativos. A composio desses instrumentos determina a frmula precisa da extenso da responsabilidade.

    No entanto, necessrio examinar qual a contribuio ou prejuzo que cada uma das

    pessoas oferece sociedade e ao meio ambiente atravs das suas atividades. Capra considera a

    responsabilidade de cada ser vivo em relao Natureza da seguinte maneira:

    A caracterstica marcante da casa da Terra a sua capacidade intrnseca de sustentar a vida. Na qualidade de membros da comunidade global de seres vivos, temos a obrigao de nos comportar de maneira a no prejudicar essa capacidade intrnseca. Esse o sentido essencial da sustentabilidade ecolgica. O que sustentado numa comunidade sustentvel no o crescimento econmico nem o desenvolvimento, mas toda a teia da vida da qual depende, a longo prazo, a nossa prpria sobrevivncia. A comunidade sustentvel feita de tal forma que seus modos de vida, seus negcios, sua economia, suas estruturas fsicas e suas tecnologias no se oponham capacidade intrnseca da natureza da sustentar a vida (2002:224).

    Numa poca em que a responsabilidade social e ecolgica crucial para a continuidade

    das mais diversas formas de vida, o design como atividade projetual deve se comportar

  • 25

    segundo uma tica profissional que faa com que esta atividade interaja com as diferentes

    solues tcnicas, econmicas, sociais, ecolgicas, culturais, etc.

    O Conselho Mundial de Sociedades de Design Industrial - ICSID, que rene mais de

    150.000 entidades afiliadas e espalhadas pelo mundo, desde 2002 define o design da seguinte

    maneira:

    (...) uma atividade criativa, cujo objetivo estabelecer qualidades mltiplas a objetos, processos, servios e seus sistemas em todo ciclo de vida. Todavia, design o fator central de humanizao inovativa de tecnologias e o fator crucial da substituio cultural e econmica. (...) Design procura descobrir e investigar relaes estruturais, organizacionais, funcionais, expressivas e econmicas, com o intuito de aumentar a sustentabilidade global e proteo ambiental (tica global); prover benefcios e liberdade a toda comunidade humana, individual e coletiva, usurios finais, produtores e protagonistas de mercado (tica social); apoiar a diversidade cultural apesar do processo de globalizao mundial (tica cultural); e fornecer produtos, servios e sistemas, com aquelas formas que so expressivas (semitica) e coerentes com sua complexidade (esttica) (ICSID, 2002).

    Para Theodore Roszak, A psicose epidmica da nossa poca o erro de acreditarmos

    que no temos qualquer obrigao tica com o planeta que habitamos (apud Papanek,

    1995:31). Neste sentido, torna-se necessrio que os designers adotem uma viso sistmica de

    produto, considerando todas as etapas do seu ciclo de vida. Considerar o ciclo de vida quer

    dizer adotar uma viso sistmica de produto, para analisar o conjunto dos inputs e outputs de

    todas as suas fases, com a finalidade de avaliar as conseqncias ambientais, econmicas e

    sociais (Manzini, 2002:92). Desta forma, o conceito de ciclo de vida refere-se s trocas (input

    e output) entre o meio ambiente e os processos que acompanham o nascimento, a vida e a

    morte de um produto. O conhecimento das etapas dos ciclos de vida dos produtos torna

    visvel o real custo econmico, social e ecolgico associados aos efeitos do consumo de

    determinados produtos.

    Todo produto, no importa de que material seja produzido, provoca um impacto ao

    meio ambiente, seja em funo do seu processo produtivo, da extrao das matrias-primas da

    natureza, no seu uso e/ou na sua disposio final. A ACV - Anlise do Ciclo de Vida - uma

    metodologia que tem como funo analisar os impactos ambientais de todas as etapas do ciclo

    de vida de um produto. A avaliao do ciclo de vida do produto abarca todas elas, desde a

    aquisio original das matrias-primas, passando pelo processo de transformao e montagem,

  • 26

    a compra do produto acabado (que inclui tambm expedio, embalagem, publicidade e a

    publicao de manuais com as instrues), o uso, a recolha do produto aps o uso e,

    finalmente, a reutilizao ou reciclagem e tratamento final (Papanek, 1995:35).

    As questes ambientais que envolvem a avaliao do ciclo de vida de um produto so:

    (...) o esgotamento de recursos escassos ou finitos; a produo de gases de estufa; a produo

    de clorofluorocarbonetos que levam destruio do oznio; destruio de habitats e extino

    de espcies; materiais ou processos nocivos s plantas, animais e seres humanos; poluio do

    ar, do solo e da gua; poluio sonora com os seus efeitos perniciosos para a psiqu humana;

    poluio visual (Papanek, 1995:36). Desta forma, as estratgias que devem guiar o design

    para uma minimizao de impactos ambientais so: minimizar recursos materiais e energias

    no renovveis; utilizar recursos e processos de

    baixo impacto ambiental; utilizar recursos

    renovveis; estender a vida dos produtos e

    materiais; facilitar a desmontagem; minimizar

    embalagens, o consumo no transporte e os resduos;

    projetar produtos coletivos, etc (Manzini, 2002). A

    figura 20 apresenta uma avaliao de impacto

    ambiental de alguns materiais, segundo o mtodo

    Ecoindicator 95; os valores abaixo so relativos uns

    aos outros e so referentes a produo de 1Kg de

    material, estes foram elaborados na Holanda em um

    projeto patrocinado pelo governo e envolveu

    entidades como o CML da Universidade de Leiden,

    a Pr Consutant, a Philips, a Oc, a Nedcar e a

    Fresco (Manzini, 2002:148-149).

    Uma outra ferramenta que permite uma anlise dos impactos causados pelas atividades

    humanas a Pegada Ecolgica, que conforme Dias (2002:185), consiste em (...) um

    instrumento que permite estimar os requerimentos de recursos naturais necessrios para

    sustentar a vida de uma dada populao, ou seja, quanto de rea produtiva natural necessrio

    para sustentar o consumo de recursos e a assimilao de resduos de determinada populao

    humana. O clculo da pegada ecolgica baseia-se principalmente nos itens de consumo, pois

    Figura 20: ndice de Impactos de alguns materiais Ecoindicator 95

  • 27

    que representam os maiores pontos de presso aos recursos naturais. Conforme estudos de

    Wackernagel et al. apud Dias (2002:193) a pegada ecolgica de alguns pases so

    apresentadas na tabela 5:

    Pas Pegada Ecolgica

    (ha/pessoa)

    Terras Ecoprodutivas

    Disponveis (ha/pessoa)

    Dficit Ecolgico

    (ha/pessoa)

    Estados Unidos 10,3 6,7 -3,6

    Alemanha 5,3 1,9 -3,4

    Austrlia 9,0 14,0 5,0

    Holanda 5,3 1,7 -3,6

    Dinamarca 5,9 5,2 -0,7

    Reino Unido 5,2 1,7 -3,5

    Japo 4,3 0,9 -3,4

    Brasil 3,1 6,7 3,6

    Chile 2,5 3,2 0,7

    Per 1,6 7,7 6,1

    Tabela 5: Pegada Ecolgica, disponibilidade de rea ecoprodutiva e dficit ecolgico de alguns pases.

    As problemticas ambientais refletem diretamente na qualidade de vida das pessoas

    Portanto, a preocupao com a ecologia envolve tambm responsabilidade social, pois

    "Usando menos, preservando para o futuro, a conservao e a moderao no uso das fontes

    energticas sero apenas gotas de gua, se tais atitudes no estiverem associadas a um

    processo social capaz de influenciar o design industrial, a indstria e a poltica (Papanek,

    1995:52). preciso, ento, refletir: Como o produto afeta os seus muitos usurios ao longo

    do seu tempo de vida til? (Manu, 1995:14).

    Alm das responsabilidades sociais e ecolgicas, a atividade do design deve tambm

    respeitar e valorizar as culturas humanas tradicionais e locais. Pois, O que devemos celebrar

    hoje no o nosso sucesso em escala global, mas as satisfaes humanas menores de nossas

    heranas e culturas locais partilhadas, que encontram-se em vias de desaparecer para sempre

    (Manu, 1995:13). O design age diretamente sobre a cultura das pessoas e comunidades, ele

    cria cultura; e por isso, deve avaliar constantemente a sua interferncia sobre as comunidades,

    para que tal interferncia no seja equivocada. Na opinio de Jan Kuypers:

  • 28

    Acima de tudo a cultura, no a indstria cultural, que est sobre a mesa. o investimento humano mais importante do nosso tempo. No est venda; precisa ser partilhada e deixada crescer em ricas variaes de multiplicidade, facilitada por meio da tecnologia. Deve estar ciente dos valores e direitos de outras culturas, para que no sejam mutuamente destrutivas. No apenas humana, mas humanizada (apud Manu, 1995:28-29).

    Contudo, o designer precisa ter conscincia de todas as conseqncias sociais, culturais

    e ecolgicas que so causadas pelos produtos que projeta. Mas, infelizmente, as

    responsabilidades scio-ambientais ainda no fazem parte da maioria dos projetos de designs e

    dos produtos industriais existentes atualmente. Segundo Capra, Esse aumento extraordinrio

    da produtividade de recursos s possvel em virtude da ineficincia e do desperdcio

    absurdos que caracterizam a maior parte do desenho industrial contemporneo. Como

    acontecia com os recursos biolgicos, os princpios do projeto ecolgico - redes, reciclagem,

    otimizao em vez de maximizao, etc. - no faziam parte da teoria nem da prtica do

    desenho industrial (...) (2002:251). Por outro lado, Manu alerta que, Nos ltimos anos, um

    nmero cada vez maior de designers vm ficando fascinados com a possibilidade bastante real

    de se iniciar uma mudana social atravs do design (1995:13).

    Diante destas questes sociais, culturais e ecolgicas, uma escolha criteriosa e

    consciente de materiais para um projeto de um produto essencial para a reduo dos efeitos

    negativos ao meio ambiente e s pessoas. A deciso sobre o uso de materiais requer, ento,

    uma ateno especial por parte do designer, pois est claro que: Os materiais como fontes

    primrias - e como componente do produto como um todo - determinam vrias formas de

    impacto ambiental e vrios efeitos em nossa sade e no ecossistema onde vivemos (Manzini,

    2002:148).

    4. CONCLUSES

    A pesquisa na rea de materiais mostra-se incessante diante de todas as questes acima

    citadas, e sua disponibilizao a toda comunidade pode tornar-se uma grande referncia de que

    novas alternativas so possveis e muitas vezes podem estar muito prximas, basta saber olhar.

  • 29

    importante salientar que nunca foi objetivo do projeto coletar amostras de todos os tipos de

    materiais existentes, e sim focalizar aqueles mais utilizados na indstria e aplicados no design.

    H uma grande dificuldade de coleta de informaes e amostras de materiais nas

    indstrias de base nacionais, o principal motivo observado durante a pesquisa refere-se

    grande distncia entre os responsveis e profissionais da rea de comunicao, cujos contatos

    foram estabelecidos, e os profissionais diretamente ligados produo, que esto em contato

    direto com matrias-primas, produtos semi-acabados e acabados. Neste caso, das indstrias de

    base, a coleta de amostras e informaes mais detalhadas mais fcil atravs de visitas

    tcnicas, quando pode-se estabelecer entrevistas semi-estruturadas, registros fotogrficos e as

    respectivas coletas de amostras. Um fator que impossibilitou tais visitas, e conseqentemente

    o prejuzo de dados e amostras coletadas, foi a falta total de financiamento para tais estudos,

    sem considerar, claro, a bolsa de pesquisa.

    Visto que o recurso para implementao da Materioteca foi aprovado no Edital

    Universal 02/2003 da Funcitec, foi solicitado e aprovado a renovao do perodo de execuo

    do projeto. Portanto, o projeto se apresenta em andamento e a sua continuidade propiciar o

    atendimento do objetivo proposto e sua conseqente implementao. Desta forma, os

    objetivos iniciais do presente projeto de pesquisa encontram-se em desenvolvimento.

    A taxa de retorno de respostas e amostras s cartas de solicitao foi relativamente

    baixa, a maior parte de doaes significativas ocorreram em relao aos contatos estabelecidos

    via telefone, ou ainda atravs de visitas. O que fortalece a hiptese, de que, o contato direto

    com os fornecedores, preferencialmente ligados aos setores de produo aumenta

    significativamente o rendimento do trabalho de coleta.

    A maior disponibilidade de informaes relacionados aos impactos ambientais dos

    ciclos de vida dos materiais fazem referncia a outros pases, principalmente na Amrica do

    Norte e Europa; h uma grande dificuldade de encontrar estudos que abordem este assunto no

    Brasil. Tendo em vista os inmeros impactos ambientais associados aos ciclos de vida dos

    produtos; e a escassa disponibilidade de referncias bibliogrficas, mostra-se urgente o

    aprofundamento de pesquisas ligadas a esta temtica.

    As ferramentas metodolgicas de anlise e avaliao de impactos ambientais esto

    tambm mais detalhadas em outros pases. Uma dificuldade para a aplicao destas

    metodologias no Brasil ocorre devido matriz energtica hidreltrica, visto que ainda esto

  • 30

    em desenvolvimento estudos para quantificao dos impactos desta matriz. A

    indisponibilidade de informaes sobre os produtos, seus constituintes, e seus respectivos

    impactos dificulta uma anlise mais criteriosa para a aplicao de materiais no design de

    produtos.

    Uma forma encontrada, durante a pesquisa, de relacionar impactos benficos ou

    adversos com os materiais no cenrio nacional, foi atravs do registro fotogrfico, que

    exprime a noo qualitativa, atravs da transgresso paisagstica, dentre outros, ao invs da

    quantitativa utilizada nas metodologias de anlise ambiental de sistemas (como por exemplo,

    o Ecoindicator 95, a Anlise de Ciclo de Vida, a Pegada Ecolgica, etc). claro que, esta

    noo qualitativa no substitui a quantitativa, mas sim a complementa, principalmente quando

    as informaes so de difcil acesso. importante ressaltar que a fotografia tem uma

    capacidade de comunicao maior que a oral e a escrita, pois que alm de trazer informaes

    de um determinado nvel de realidade, pode ser uma boa ferramenta de sensibilizao para as

    questes scio-ambientais.

    Embora, haja uma escassez de informaes, o carter interdisciplinar desta pesquisa,

    permite o acesso a informaes relevantes direcionadas reas como a geografia, geologia,

    biologia, entre outras reas afins, e sua disponibilizao s reas que envolvem o design

    permite a eleio de parmetros e critrios mais amplos para a seleo e escolha de materiais,

    processos e sistemas de produo. E ainda emergem novas demandas para pesquisas nas reas

    de materiais de baixo impacto ambiental, anlise ambiental de sistemas de produo e

    diretrizes para novas possibilidades de uso dos materiais no mbito da economia mundial.

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ABNT. NBR ISO 14001: 1996 Sistemas de Gesto Ambiental Especificao e Diretrizes para Uso. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.

    ALBUQUERQUE, Jorge Artur Cavalcanti. Planeta Plstico. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzatto,

    2000. ANTUNES, Douglas Ladik. Estudo de Viabilidade Econmica de uma Empresa de Reciclagem de

    Plsticos de Origem Industrial. Florianpolis: UFSC, 2001.

  • 31

    BRAILE, P. M. & CAVALCANTI, J. E. Manual de Tratamento de guas Residurias Industriais. So Paulo: Editora CETESB, 1993.

    CALDERONI, Sebetai. Os Bilhes Perdidos no Lixo. 2 ed. So Paulo: Editora

    Humanistas/FFLCH/USP, 1998. CAPRA, Fritjof. As Conexes Ocultas Cincia para uma Vida Sustentvel. So Paulo: Ed.

    Cultrix, 2002. CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecnica: Estrutura e Propriedades das Ligas Metlicas. 2

    ed. v. 1. So Paulo: Mc Graw-Hill, 1986. CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecnica: Processos de Fabricao e Tratamento. 2 ed. v. 2.

    So Paulo: Mc Graw-Hill, 1986. CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecnica: Materiais de Construo Mecnica. 2 ed. v. 3. So

    Paulo: Mc Graw-Hill, 1986. DIAS, Genebaldo F. Pegada Ecolgica e Sustentabilidade Humana. So Paulo: Ed. Gaia, 2002. FERRANTE, Maurizio. Seleo de Materiais. So Carlos: EDUFSCar, 1996. HAWKEN, P. LOVINS, A. & L. Capitalismo Natural Criando a Nova Revoluo Industrial. So

    Paulo: Ed. Cultrix/Aman Key, 1999. ICSID. Definition of Design. 2002. Disponvel em: . Acessado em 20 de junho de

    2003. MANU, Alexander. Revista da Aldeia Humana. Florianpolis: SENAI/LBDI, 1995. MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O Desenvolvimento de Produtos Sustentveis. So Paulo: Ed.

    USP, 2002. MILES, D. C.; BRISTON, J. H. Tecnologia dos Polmeros. So Paulo: Ed. USP, 1975. MONTIBELLER, Gilberto. O Mito do Desenvolvimento Sustentvel. Florianpolis: Ed. da UFSC,

    2001. MORIN, Edgar. Cincia com Conscincia. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand, 6 ed., 2002. PAPANEK, Victor. Arquitetura e Design: Ecologia e tica. Lisboa: Edies 70, 1995. Revista World Watch. Basta Adicionar Petrleo. Vol. 14 N 2, 11 de Janeiro, 2001. SAMPAT, Payal. Livrando-se da Dependncia da Minerao. In: Estado do Mundo 2003. Salvador:

    Editora UMA/World Watch Institute, 2003. TAIOLI, Fabio; at al. Decifrando a Terra. So Paulo: Oficina de Textos, 2001.

  • 32

    TONICELO, Roberta H. S. Diagnstico para Aplicao do Design de Sistema-produto no Artesanato de Fibras de Cip Imb da Comunidade de Artesos de Garuva. Florianpolis: UDESC, 2004.

    TEIXEIRA, Joselena de Almeida. Design & Materiais. Curitiba: Editora CEFET-PR, 1999. VAN VLACK, Lawrence H. Propriedades dos Materiais Cermicos. So Paulo: Editora Edgard

    Blucher, 1973.

    6. ANEXOS

    6.1 Empresas contatadas via correio eletrnico10 Banco de Dados FIESC 1. BANDAG DO BRASIL LTDA 2. INDSTRIA DE ARTEFATOS DE BORRACHA WOLF LTDA 3. INDSTRIA DE BORRACHAS NSO LTDA 4. TECNOB TECNOLOGIA DA BORRACHA LTDA 5. TECNOLOGIA RUBER LTDA 6. BENETEX RECICLAGEM TEXTIL LTDA 7. BRASIMET COM. E IND. S/A 8. BRINQUEDOS SAXONIA LTDA 9. STAR ZINK GALVANIZAO LTDA 10. 43 S/A GRFICA E EDITORA 11. CLICHERIA BLUMENAU LTDA 12. CROMOLASER FOTOLITOS GRFICOS E EDITORA LTDA 13. GRAPHIK FACAS E CORTE VINCO LTDA ME 14. COQUE SUL BRASILEIRO IND. E COM. LTDA 15. KERBER & CIA LTDA 16. MINERAO VEIGA LTDA 17. CARBONFERA CRICIMA S/A 18. A MARAVILHA LMINAS E MADEIRAS IND. E COM. LTDA 19. ANDREAZZA MADEIRAS S/A 20. ARTEFATOS DE MADEIRA CANTA GALO LTDA 21. ASSENTEX COMPENSADOS LTDA ME 22. BERJO INDUSTRIA E COMRCIO DE TORNEADOS LTDA 23. BRAZIMVEIS LTDA 24. CIAMA COM. E IND. DE ARTEFATOS DE MADEIRA LTDA 25. COMFLORESTA CIA CATARINENSE DE EMPREEND. FLORESTAIS 26. COMPENSA IND. E COM. DE COMPENSADOS LTDA 27. COMPENSADOS E LAMINADOS LAVRASUL S/A 28. COMPENSADOS NOVACKI LTDA 29. CONDOR S/A MADEIRAS 30. ACEARIA FREDERICO MISSNER S/A 31. ARNO BERNARDES IND. E COM. LTDA 32. ARTEFATOS METLICOS FRIGO LTDA 33. CALHAS SABINO LTDA 34. METAIS BIANCA IND. E COM. LTDA 35. METALRGICA CICLO LTDA 36. METALRGICA DENK LTDA

    10 A listagem inclui as empresas que receberam a mensagem da carta de solicitao.

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    37. METALRGICA DUQUE S/A 38. METALRGICA FEY LTDA 39. METALRGICA SPILLERE LTDA 40. SIDERRGICA CATARINENSE LTDA 41. SIDERRGICA SPILLERE LTDA 42. TEVERE S/A 43. TUPER S/A - DIVISO TUBOS 44. UNIDAS IND. E COM. LTDA 45. TUPER S/A - DIVISO TUBOS 46. VEDAMOTORS IND. E COM. DE JUNTAS LTDA 47. VOLANI METAIS IND. E COM. LTDA 48. WETZEL S/A - DIVISO FUNDIO DE FERRO 49. WIEST S/A 50. WIND INDUSTRIAL LTDA 51. ALCOA ALUMNIO S/A 52. DOCOL METAIS SANITRIOS LTDA 53. WETZEL S/A - DIVISO ELETROTCNICA 54. 5 ESTRELAS PAPIS E EMBALAGENS LTDA 55. ADAMI S/A MADEIRAS 56. AVELINO BRAGAGNOLO S/A INDSTRIA E COMRCIO 57. AVELINO BRAGAGNOLO S/A INDSTRIA E COMRCIO 58. GUAS NEGRAS S/A INDSTRIA DE PAPEL 59. CARTONAGEM BATISTENSE LTDA 60. COM. IND. REPRESENTAES H. RISTHOW 61. CVG CIA VOLTA GRANDE DE PAPEL 62. HEIDRICH INDSTRIAL MERCANTIL E AGRCOLA S/A 63. IGUA CELULOSE E PAPEL S/A 64. ILHABELA EMBALAGENS LTDA 65. INDUMA INDSTRIA DE MADEIRAS S/A 66. INDSTRIA COMRCIO E REPRESENTAES ONDUTEK LTDA 67. INDSTRIAS NOVACKI S/A 68. KLABIN KIMBERLY S/A 69. PRIMO TEDESCO S/A 70. RIGESA CELULOSE PAPEL E EMBALAGENS LTDA 71. SO BENTO EMBALAGENS LTDA 72. SOPASTA S/A INDSTRIA E COMRCIO 73. CIA CANOINHAS DE PAPEL 74. RIGESA CELULOSE PAPEL E EMBALAGENS LTDA 75. ANGELGRES REVESTIMENTOS CERMICOS LTDA 76. ARTEMAG ARTEFATOS DE MRMORES E GRANITOS LTDA 77. BRASIL RECICLE LTDA 78. CASAGRANDE PISOS CERMICOS LTDA 79. CECRISA REVESTIMENTOS CERMICOS S/A UNID. 02 80. CECRISA REVESTIMENTOS CERMICOS S/A UNID. 05 81. CECRISA REVESTIMENTOS CERMICOS S/A UNID. 06 82. CERAMARTE LTDA 83. CRISTAIS HERING LTDA 84. CRISTAL BLUMENAU S/A 85. CRISTALLERIE STRAUSS S/A 86. DE LUCCA REVESTIMENTOS CERMICOS LTDA 87. ELIANE REVESTIMENTOS CERMICOS LTDA 88. INDUCEL INDUSTRIAL CERMICOS ESPECIAIS LTDA 89. INDSTRIA CARBONFERA RIO DESERTO LTDA 90. ITAGRES REVESTIMENTOS CERMICOS S/A 91. MARCOS SEBASTIO ME 92. MASTERGLASS IND. E COM. LTDA

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    93. NATUGRES REVESTIMENTOS CERMICOS LTDA 94. PISOFORTE REVESTIMENTOS CERMICOS LTDA 95. PORCELANA SCHMIDT IND. COM. IMP. EXP. LTDA 96. PORCELANA SCHMIDT S/A 97. VECTRA REVESTIMENTOS CERAMICOS LTDA 98. CERMICA URUSSANGA S/A CEUSA 99. COLORMINAS COLORIFCIO E MINERAO S/A 100. INDSTRIA CERMICA IMBITUBA S/A 101. MOLIZA REVESTIMENTOS CERMICOS LTDA 102. OXFORD S/A INDSTRIA E COMRCIO 103. PORTOBELLO S/A 104. ALPIS IND. E COM. DE TRANADOS E TECIDOS INDUST. LTDA 105. ARAFIBRAS INDUSTRIA E COMERCIO LTDA 106. ARTEPLAS ARTEFATOS DE PLSTICOS LTDA 107. CANGURU EMBALAGENS S/A 108. COPOBRS INDUSTRIAL DE PLSTICOS LTDA 109. COVERTECH ACESSRIOS LTDA 110. EMBRAPLA EMPRESA BRASILEIRA DE PLSTICOS S/A 111. ENGEFIBRA ENGENHARIA IND. E COM. DE PLSTICOS LTDA 112. FORZA INDSTRIA DE PLSTICOS LTDA 113. GLOPRESS INDUSTRIAL LTDA 114. INTERFIBRA INDUSTRIAL S/A 115. IPIL INDSTRIA DE PLSTICOS IMBITUBA LTDA 116. MAGHFRAN CONTEINERS LTDA 117. MERCOTOYS INDSTRIA DE BRINQUEDOS LTDA 118. PROFIPLAST INDUSTRIAL S/A 119. STAN PLAST INDSTRIA DE PLSTICOS LTDA 120. TECNOCELL INDUSTRIAL LTDA 121. TECNOFIBRAS S/A - UNIDADE II 122. TECNOFIBRAS S/A - UNIDADE I 123. TECNOPERFIL PLSTICOS LTDA 124. TERMOTCNICA LTDA 125. AB PLAST MANUFATURADOS PLSTICOS LTDA 126. INDUSTRIAL DE PLSTICOS ZANATTA LTDA 127. INPLAC INDSTRIA DE PLSTICOS S/A 128. TIGRE S/A TUBOS E CONEXES 129. UNIPLAST S/A

    6.2 Listagem para Posterior Contato Telefnico Banco de Dados FIESC 1. CARIBOR TECNOLOGIA DA BORRACHA LTDA 2. INDSTRIA DE ARTEFATOS DE BORRACHA WOLF LTDA 3. INDSTRIA DE BORRACHAS NSO LTDA 4. CIA CARBONFERA CATARINENSE 5. COQUE SUL BRASILEIRO IND. E COM. LTDA 6. CARBONFERA CRICIMA S/A 7. ADAMI S/A MADEIRAS 8. BAUMGARTEN GRFICA LTDA - DIVISO LABEL 9. CELULOSE IRANI S/A 10. HEIDRICH INDSTRIAL MERCANTIL E AGRCOLA S/A 11. INDUMA INDSTRIA DE MADEIRAS S/A 12. KLABIN S/A 13. ACEARIA FREDERICO MISSNER S/A 14. AOPEAS INDSTRIA DE PEAS DE AO LTDA 15. CIA BRASILEIRA DE ALUMNIO 16. METALRGICA DENK LTDA

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    17. METALRGICA DUQUE S/A 18. SIDERRGICA CATARINENSE LTDA 19. SIDERRGICA SPILLERE LTDA 20. AMANCO BRASIL S/A 21. ARTEPLAS ARTEFATOS DE PLSTICOS LTDA 22. EMBRAPLA EMPRESA BRASILEIRA DE PLSTICOS S/A 23. TECNOFIBRAS S/A - UNIDADE II 24. TERMOTCNICA LTDA 25. TIGRE S/A TUBOS E CONEXES 26. CECRISA REVESTIMENTOS CERMICOS S/A UNID. 06 27. CERAMARTE LTDA 28. CRISTAIS HERING LTDA

    6.3 Empresas Contatadas Via Telefone

    1. ACESITA 2. ALCOA 3. COSIPA 4. AMORIM 5. CST (Compania Siderrgica de Tubaro) 6. USIMINAS 7. VEGA DO SUL 8. PETROQUIMICA TRIUNFO 9. SDS Metalrgica 10. PETROBRS 11. STYLO Metalrgica

    6.4 Empresas Colaboradoras do Projeto

    1. STAN PLAST INDSTRIA DE PLSTICOS 2. TECNOPERFIL PLSTICOS 3. INDUSTRIAL DE PLSTICOS ZANATTA 4. METALRGICA FEY 5. WETZEL - DIVISO ELETROTCNICA 6. ACESITA 7. PETROQUIMICA TRIUNFO 8. SUZANO 9. JAHN CROMAGEM 10. DOCOL 11. COPOBRS 12. IPIL EMBALAGENS 13. AFM ACEARIA FREDERICO MISSNER 14. CECRISA 15. ABPLAST 16. TEC VIDROS 17. ARTEPLAS 18. STYLO ALUMINO

    6.5 Amostras de Materiais Coletadas

    1. Mostrurio de produtos semi-acabados em ao 2. Mostrurio de madeiras

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    3. Mostrurio de acabamentos de aos inoxidveis 4. Mostrurio de papis 5. Mostrurio de substratos para grandes formatos 6. Acabamentos superficiais em metal 7. Mostrurio de acabamentos cermicos - esmaltao 8. Vidros planos 9. Pellets de polipropileno (pp) 10. Pellets de Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) 11. Pellets de pigmento verde 12. Perfis de alumnio 13. Perfis de plsticos 14. Acabamentos em pintura para alumnio 15. Mostrurio de bambu 16. Fibras de cip (matria-prima, resduos e produtos) 17. Mostrurio de parafusos 18. Placa de PET reciclada 19. Corda de PET reciclado 20. Produtos termoformados