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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO MESTRADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DÉBORAH MOTTA AMBINDER Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para apresentação, acesso e leitura Niterói 2012

Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

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Page 1: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

MESTRADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

DÉBORAH MOTTA AMBINDER

Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

apresentação, acesso e leitura

Niterói

2012

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DÉBORAH MOTTA AMBINDER

Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

apresentação, acesso e leitura

Dissertação de Mestrado apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciência da Informação no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Henrique Marcondes

Niterói

2012

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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF

A492 Ambinder, Déborah Motta.

Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para apresentação, acesso e leitura. – Niterói, RJ: [s.n.], 2012.

165f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Instituto de

Artes e Comunicação Social, Universidade Federal Fluminense, 2012. Orientador: Carlos Henrique Marcondes.

1. Periódico científico eletrônico. 2. Artigo científico. 3. Web

Semântica. 4. Web 2.0. 5. Comunicação científica. I. Título.

CDD 070.5797 (21.ed)

Page 4: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

DÉBORAH MOTTA AMBINDER

Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

apresentação, acesso e leitura

Dissertação de Mestrado apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciência da Informação no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense.

Aprovado em: ____________________

Banca Examinadora

_________________________________________________________________________ Profo. Dr. Carlos Henrique Marcondes (Orientador) UFF

___________________________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Luiza de Almeida Campos (Membro da banca) UFF

___________________________________________________________________________ Profa. Dra. Sandra Lúcia Rebel Gomes (Membro da banca) UFF

___________________________________________________________________________ Profa. Dra. Regina de Barros Cianconi (Suplente) UFF

_______________________________________________________________________ Profa. Dra. Cícera Henrique da Silva (Membro da banca) FIOCRUZ

Niterói 2012

Page 5: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Herman Ambinder (in memorian) e Brígida Maria Motta que me educaram, ensinando-me a fazer de cada limitação um incentivo e de cada fraqueza uma força. Aos meus irmãos Edson dos Santos Chaves Filho (in memorian) e Sérgio Ambinder (in

memorian) que permanecem vivos no meu coração e compartilham comigo esta vitória onde estiverem.

Ao meu marido Aildon Dornellas de Carvalho Filho, que em todos os momentos esteve do meu lado, me apoiando e me estimulando para “não perder o foco”. Aos meus filhos (inspiração constante) Carolina Ambinder de Carvalho e Leonardo Ambinder de Carvalho, por compreenderem os momentos de ausência durante o desenvolvimento da dissertação.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conferir a cada dia, novas lições de humildade e coragem para aprender, bem como a determinação para o alcance desse objetivo tão sonhado. Ao meu orientador, Prof. Dr. Carlos Henrique Marcondes, pelos valiosos ensinamentos, e constante incentivo ao longo desta pesquisa. Pela confiança, compreensão, serenidade, e entusiasmo sempre presentes. A todo corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFF, por desenvolverem um ensino de qualidade, pela atenção, simpatia e excelência que sempre demonstraram no exercício de suas funções. Em especial às professoras Lidia da Silva Freitas, Ana Célia Rodrigues, Rosa Inês de Novais Cordeiro, Sandra Lúcia Rebel Gomes e Maria Luiza de Almeida Campos as quais tive a honra e o privilégio de ser aluna. Os ensinamentos compartilhados em sala de aula despertaram, em mim, a sede do saber e contribuíram para a construção do conhecimento que culminou neste trabalho. À banca examinadora constituída pelos professores Carlos Henrique Marcondes, Sandra Lúcia Rebel Gomes, Maria Luiza de Almeida Campos, Regina de Barros Cianconi e Cícera Henrique da Silva. As contribuições no Exame de Qualificação foram imprescindíveis para a conclusão desta pesquisa. À Universidade Federal Fluminense, instituição a qual faço parte desde 1984 e muito me orgulho. Aos amigos da Turma do Mestrado 2010 pelo companheirismo e solidariedade no decorrer do curso. Em especial à Elane Uliana, Thays Lacerda, Helena Cordeiro, Caroline Brito e Suemi Higuchi. À Superintendência de Documentação em especial à Ana Maria de Hollanda Cavalcanti de Sá Couto pela amizade, compreensão e apoio fundamental durante os dois anos de curso. A toda equipe da Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação – BEE/UFF, que torceu por mim e de alguma maneira contribuiu para a realização desse sonho, em especial à Fabiana Menezes e Ana Cláudia Cunha, pelo incentivo e apoio constante. Não caberia aqui tamanho agradecimento a elas. À tia Darcira Motta Monteiro e irmãos Mariza Motta Chaves e Ronaldo Bron Ambinder Monteiro que torceram por mim desde o processo de seleção para o ingresso no Mestrado. Aos meus sogros Hiramita Paracat Carvalho e Aildon Carvalho (in memorian) por acreditarem em mim e me incentivarem desde o início. Aos meus cunhados Amaury Simões e Andréa Paracat pelos momentos de descontração imprescindíveis durante esse processo e pela torcida para finalização desta pesquisa. Enfim, após tão esperada conquista, temo não lembrar de alguns nomes, por isso gostaria de deixar aqui registrado, o meu sincero agradecimento a todos que direta ou indiretamente contribuíram na elaboração desta pesquisa.

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Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lutamos para que o melhor fosse feito. Não somos o que deveríamos ser não somos o que iremos ser... mas graças a Deus, não somos mais o que éramos.

Martin Luther King

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RESUMO

O padrão de publicação acadêmica da atualidade é o periódico científico eletrônico. Com a chegada da internet e, principalmente, com a chegada das publicações eletrônicas, a humanidade passou a dispor de muita informação ao mesmo tempo, o que ocasionou uma grande “explosão informacional”. Hoje, a informação é produzida em um ritmo que excede as habilidades humanas. É determinante neste cenário, mobilizar o computador para tratar e processar o conteúdo das informações disponíveis no ambiente Web. Mesmo com a facilidade de acesso ao texto completo dos artigos de periódicos científicos, através de bibliotecas digitais, repositórios digitais, o formato utilizado no meio eletrônico ainda é o textual legível somente por pessoas, o que impossibilita seu processamento semântico por programas. As páginas da Web foram construídas com semânticas locais, e este fato, se constitui como o maior obstáculo para integrar seus conteúdos. Pensar em organizar o caos informacional disponível na Web se tornou imperativo para possibilitar novas formas de acesso à informação digital. A Web 2.0 e Web 3.0 (Web Semântica) se configuram como novas propostas para alcance desses objetivos. A Web Semântica propõe incorporar sentido às informações de maneira que as máquinas possam compreender a linguagem humana, ou seja, fornecer estruturas e dar significado ao conteúdo das páginas Web; e a Web 2.0; além de facilitar a comunicação interpessoal e compartilhar informações, se destacando também pela colaboração científica, incentivando os periódicos científicos tradicionais a adotarem ferramentas colaborativas como os blogs em seus websites. Várias experiências estão sendo desenvolvidas atualmente no sentido de utilizar as tecnologias da Web 2.0 e Web Semântica em publicações acadêmicas eletrônicas. A proposta desta pesquisa é identificar projetos e experiências inovadoras de periódicos científicos que utilizam as tecnologias da Web Semântica e Web 2.0 para fornecer acesso direto ao conteúdo semântico dos artigos científicos digitais e ampliar o potencial de compreensão e recuperação do conteúdo semântico e de interação entre autores e leitores de artigos científicos digitais na Web. O desenvolvimento desta pesquisa está fundamentado nas bases da Ciência da Informação, em especial na Comunicação Científica, dando ênfase à evolução do periódico científico como canal privilegiado deste meio de comunicação e na Ciência da Computação, ao que diz respeito às tecnologias da Web Semântica e Web 2.0. Trata-se de uma pesquisa de natureza documental na Web, bibliográfica, aplicada, qualitativa exploratória e descritiva, que utiliza o método comparativo encontrado nos estudos das Ciências Sociais, para a exploração dos fenômenos, identificação das características comuns e diferenças existentes nas dezesseis experiências analisadas por este estudo. Dentre os resultados destas análises, constata-se que o tradicional modelo do artigo científico impresso já não atende muitas das novas necessidades dos pesquisadores e não utiliza efetivamente as potencialidades oferecidas pelas novas Tecnologias de Informação e Comunicação para ampliar a comunicação científica. O grande percentual das experiências analisadas está voltado para área da Sáude, o que reflete o aspecto pioneiro da área Biomédica. As experiências propõem um passo adiante para a questão da recuperação e processamento semânticos de conteúdos em ambientes digitais. Ou seja, vão além do modelo do artigo impresso, lido exclusivamente por pessoas utilizando as tecnologias semânticas para que estes possam ser “inteligíveis” também por programas. Existe um uso efetivo de tecnologias da Web 2.0, com vistas a facilitar o relacionamento do pesquisador no ambiente digital, cujas métricas baseadas nestas atividades podem informar medidas mais rápidas de impacto, complementando as métricas tradicionais de citação, esboçando assim, um novo cenário para a cientometria com o uso destas tecnologias. Palavras-chave: Periódico científico; Periódico científico eletrônico; Comunicação científica; Publicação semântica; Tecnologia semântica, Web semântica; Web 2.0.

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ABSTRACT

Today´s academic publishing standard is the scientific electronic journal. With the advent of the Internet and, especially, with the arrival of electronic publications, now, humanity has too much information at once, which caused a huge "information explosion". Today, information is produced at a rate that exceeds human habilities. It is crucial in this scenario, mobilize the computer to treat and process the information content available in the Web environment. Even with easy access to the full text of scientific journal articles through digital libraries and digital repositories, the format used in electronic environment is still textual, human-readable, which avoids its semantic processing in a readable form by programs. Web pages were built with local semantics, and this fact stands as the biggest obstacle to integrate their content. Thinking on how organize the informational chaos on the Web has become imperative to allow new forms of access to digital information. The Web 2.0 and Web 3.0 (Semantic Web) are configured as new proposals for achieving these objectives. The Semantic Web proposes to incorporate the information in a meaningfull way where machines can understand human language, in other words, provide structure and give meaning to the content of Web pages, and Web 2.0, and facilitate interpersonal communication and information share. It has been highlighted also for it´s scientific collaboration, encouraging traditional scientific journals to adopt collaborative tools like blogs on their websites. Several experiments are currently being developed in order to use the technologies of Web 2.0 and Semantic Web in electronic scholarly publications. The purpose of this research is to identify projects and inovating experiences of scientific journals that use Semantic Web and Web 2.0 technologies to provide direct access to the semantic content of digital papers, and expand the potential of understanding and retrieval of semantic content and interaction between authors and scientific articles readers on the Web. The development of this research is based on foundations of Information Science, especially in Scientific Communication, emphasizing the scientific journal´s evolution as a privileged channel of this communication environment, and also is based in Computer Science, concerning the Semantic Web and Web 2.0 technologies. The nature of this research is documental on Web, bibliographic, applied, qualitative exploratory and descriptive, using the comparative method found in studies of Social Sciences, for the exploration of phenomenon´s, identification of common characteristics and existing differences in sixteen experiences analyzed in the work. Among the results of these analyses, it´s concluded that the traditional model of printed scientific article on longer demands many of the new researcher´s needs and does not use the available potentialities offered by the new Information and Communication Technologies to expand scientific communication. The high percentage of analyzed experiments is related to health segment, which reflects the pioneer aspect of biomedical area. The experiments suggest a step forward for the issue of semantic retrieval and processing of content in digital environments. Therefore, they go beyond the model of the printed article, read only by people using semantic technologies to allow them to be “intelligible” also by programs. There is an effective use of Web 2.0 technologies, in order to facilitate the relationship of the researcher in the digital environment, whose metrics based on these measures can inform faster impact measures, complementing the traditional metrics of citation, sketching a new scenario for scientometrics with the use of these technologies. Keywords: Scientific journal; Electronic scientific journal; Scientific Communication; Publication semantics; Semantic technology; Semantic Web; Web 2.0.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ciclo da Informação 37 Figura 2 – Processo de comunicação científica em ambiente eletrônico 38 Figura 3 – Modelo híbrido de comunicação científica 39 Figura 4 – Capas dos primeiros números do “Le Journal des Sçavans” e “Philosophical

Transactions” datados de 1665 43 Figura 5 – Capa da proposta original da World Wide Web 62 Figura 6 – Modelo de arquitetura da Web Semântica 78 Figura 7 – Web x Web 2.0 82 Figura 8 – Evolução da Web 84 Figura 9 – Página principal do Connotea 90 Figura 10 - Página inicial Chemical Markup Language 97 Figura 11 – Página principal do System Biology Markup Language 99 Figura 12 – MathML (Mathematical Markup Language) 100 Figura 13 – Elementos da Ontology for self-publishing 101 Figura 14 – An ontology for biological experiments 102 Figura 15 – The Project Arkeotek 104 Figura 16 – Página principal The Arkeotek Journal 105 Figura 17 – Página principal do Hybrow 108 Figura 18 – Resumo da Ontologia HyBrow 108 Figura 19 – Interface para consulta de afirmações científicas 110 Figura 20 – Visualização dos resultados da pesquisa encontrados na base de conhecimento da MachineProse 111 Figura 21 – Visualização de parte dos resultados da pesquisa através do related search 111 Figura 22 – Página principal da SWAN 113 Figura 23 – Página principal do Article of the future 117 Figura 24 – Artigo “Transcriptional Control of Gene Expression by MicroRNAS publicado na página da Cell Press” 118 Figura 25 – Artigo “Modular Genetic Control of Sexually Dimorphic Behaviors” publicado na página da Cell Press 118 Figura 26 – Página principal do IHOP 120 Figura 27 – Página principal da PLOS 123 Figura 28 – Página principal do Textpresso for C. Elegans 126 Figura 29 – Página principal do Utopia Documents 129 Figura 30 – Página inicial The Semantic Biochemical Journal 130 Figura 31 – Visão geral dos componentes do modelo semântico de publicações Eletrônicas 134 Figura 32 – Modelo OCA de Representação do Conhecimento implementado como uma ontologia, visualizada através do programa NeOnToolkit 135

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Crescimento do número de sites na Web no período de 2007 até 2011 18 Quadro 2 – Principais marcos do movimento de acesso livre à informação 51 Quadro 3 – Evolução dos periódicos científicos eletrônicos 57 Quadro 4 – Exemplo de marcação SGML com inserção de tags 68

Quadro 5 – Exemplo de marcação HTML 69 Quadro 6 – Trecho de um documento XML para descrição de livros 70 Quadro 7 – Artigo estruturado em XML 71 Quadro 8 – Exemplo de declaração RDF 72 Quadro 9 – Ferramentas Web 2.0 com potencial de uso científico e acadêmico 85 Quadro 10 – The Arkeotek Project: recursos e características principais 106 Quadro 11 – The HyBrown: recursos e características principais 109 Quadro 12 – MachineProse: recursos e características principais 112 Quadro 13 – The SWAN Project: recursos e características principais 115 Quadro 14 – The article of the future: recursos e características principais 119 Quadro 15 – Sistema IHOP: recursos e características principais 121 Quadro 16 – PLOS: recursos e características principais 125 Quadro 17 – Sistema Textpresso: recursos e características principais 128 Quadro 18 – Sistema Utopia Document: recursos e características principais 131 Quadro 19 – Projeto HypER: características principais 133 Quadro 20 – Modelo Semântico de publicações eletrônicas: recursos características

principais 135 Quadro 21 – Dados quantitativos das experiências analisadas 137

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AAAS – American Association for the Advancement of Science

ALPSP – Association of Learned and Professional Society Publishers

ARIST – Annual Review of Information Science and Technology

BDT – Base de Dados Tropical

BioOne – Base de dados de texto completo que reúne publicações nas áreas de Ciências

Biológicas e Ciências Ambientais

Bireme – Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde

BLEND – Birmigham and Loughborough Electronic Network Development

BOAI – Budapest Open Access Initiative

BRAPCI – Base de dados Referenciais de Artigos de Periódicos de Ciência da Informação

CERN – Conséil Européen pour la Recherche Nucleáire

CI – Ciência da Informação

CML – Chemical Markup Language

ECHO – European Cultural Heritage Online

EIES – Electronic Information Exchange System

eLIB – Electronic Libraries Programme

ElPub – International Conference on Electronic Publishing

ENANCIB – Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação

EXPO – Ontology for Experiment Self-Publishing

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FTP – File Transfer Protocol

GOAP – Global Open Access Portal

HTML – Hypertext Markup Language Linguagem de Formatação de Hipertexto

HypER Project – Hypotheses, Evidence and Relationships

Hytime - Hypermedia/Time-based Document Structuring Language

IFLA – International Federation of Library Associations

JSTOR – Journal Storage

KOS – Knowledge Organization Systems (Sistemas de Organização do Conhecimento)

LISA – Library & Information Science Abstract

LM – Linguagem de Marcação

MARC - Machine Readable Cataloging (catalogação legível por computador)

MathML – Mathematical Markup Language

Page 13: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

MEDLINE – Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Sistema Online de

Busca e Análise de Literatura Médica)

Memex – MEMory EXtension

NIB – Núcleo de Informática Biomédica da Universidade Estadual de Campinas

OAI – Open Archives Iniciative

OAI-PMH – Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting

OC – Organização do Conhecimento

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OCLC – On-line Computer Library Center

OMS – Organização Mundial da Saúde

OPAS – Organização Panamericana de Saúde

OSI – Open Society Institute

OVID – Base de dados de texto completo na área de Ciências Biológicas e Ciências da Saúde

OWL – Web Ontology Language

PLoS – Public Library of Science

PLOS – Public Library of Science

ProQuest – Base de dados eletrônica

RDF – Resource Description Framework

RDF-S – Resource Description Framework-Schema

SBML – System Biology Markup Language

SCD – Construção Científica de Dados

Scielo – Scientific Electronic Library Online

SciELO – Scientific Electronic Library On-line

SEPUBLICA – Workshop on Semantic Publications

SGML – Standard Generalized Markup Language (Linguagem Padrão de Marcações

Genéricas)

Sistema HyBrow – Hypothesis Browser

Sistema iHOP – Information Hyperlinked over Proteins

SMSI – Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação

STMML – Scientific Technical and Medical Markup Language

SWAD-E – Semantic Web Advanced Development for Europe

SWAN Project – Semantic Web Application in Neuromedicine

SWAN Project – Semantic Web Application in Neuromedicine

Page 14: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

Tecnologia AJAX – Asynchronous Javascript and XML

TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação

TIs – Tecnologias da Informação

UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização

das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)

UNISIST – Universal System for Information in Science and Tecnology

URI – Uniform Resource Identifier (Identificador Único de Recursos)

W3C – World Wide Web Consortium

WWW – World Wide Web

XML – eXtensible Markup Language (Linguagem de marcação extensível)

Page 15: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 16

2 JUSTIFICATIVA 27

3 OBJETIVOS 33

3.1 Objetivo geral 33

3.2 Objetivos específicos 33

4 MARCO TEÓRICO 34

4.1 Comunicação científica 34

4.1.1 Primórdios da comunicação científica 34

4.2 Periódico científico 40

4.2.1 Periódico científico no processo de comunicação da Ciência 40

4.2.2 Surgimento do periódico científico 42

4.2.3 O formato do artigo científico e suas modificações ao longo do tempo 45

4.2.4 Sistema tradicional de publicação de periódicos científicos 46

4.3 Livre acesso à informação científica 49

4.3.1 Open Archives Iniciative (OAI) 52

4.4 Periódico científico eletrônico 56

4.4.1 Definição do conceito 56

4.4.2 Evolução dos periódicos científicos eletrônicos 57

4.4.3 Produção e uso do periódico científico eletrônico: atores envolvidos 60

4.5 Web Semântica 61

4.5.1 A representação do conhecimento pelas linguagens de marcação 67

4.5.1.1 SGML – Standard Generalized Markup Language 68

4.5.1.2 HTML – Hypertext Markup Language 69

4.5.1.3 XML – eXtensible Markup Language 70

4.5.1.4 RDF – Resource Description Framework 71

4.5.1.5 RDF-S – Resource Description Framework-Schema 73

4.5.1.6 SPARQL – SPARQL Protocol and RDF Query Language 73

4.5.1.7 RIF – Rules Interchange Format 73

4.5.2 Ontologias 73

4.5.2.1 OWL – Web Ontology Language 75

4.5.3 Agentes Inteligentes 75

Page 16: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

4.5.4 Proposta da Web Semântica 76

4.5.5 Web Semântica e a Ciência da Informação 79

4.6 Web 2.0 (Web Social) 81

4.6.1 Proposta da Web 2.0 82

4.6.2 Utilização da Web 2.0 em periódicos científicos 83

4.6.3 Ideais e usos potenciais da Web 2.0 85

4.6.4 Web 2.0 e a Ciência da Informação 88

5 METODOLOGIA 91

5.1 Delimitação do universo de pesquisa 91

5.2 Aportes teóricos 92

5.3 Levantamento bibliográfico 93

5.4 Campo empírico 94

6 EXPERIÊNCIAS ANALISADAS 96

6.1 Iniciativas de uso de linguagens com aplicações em XML para marcação e

publicação de artigos científicos na Web 96

6.1.1 CML – Chemical Markup Language 96

6.1.2 SBML – System Biology Markup Language 97

6.1.3 MathML – Mathematical Markup Language 99

6.2 Uso de ontologias em publicações científicas 100

6.2.1 Scientific Publishing Task Force Ontology for Self-Publishing 100

6.2.2 EXPO – Ontology for Experiment Self-Publishing 101

6.3 Sistemas inovadores de publicações científicas eletrônicas 103

6.3.1 The Arkeotek Project (Projeto Técnicas de Arqueologia) 103

6.3.2 The HyBrow – Hypothesis Browser 107

6.3.3 The MachineProse 110

6.3.4 The SWAN Project – Semantic Web Application in Neuromedicine 113

6.3.5 The article of the future (O artigo do futuro) 116

6.3.6 Sistema IHOP – Information Hyperlinked over Proteins 120

6.3.7 PLOS – Public Library of Science 122

6.3.8 Sistema Textpreso 126

6.3.9 O sistema Utopia Documents (Documentos Utopia) 129

6.3.10 Projeto HypER – Hypotheses, Evidence and Relationships 132

6.3.11 Modelo Semântico de publicações eletrônicas 134

6.4 Síntese geral das experiências 137

Page 17: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

7 CONCLUSÕES 138

8 REFERÊNCIAS 142

Page 18: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

16

1 INTRODUÇÃO

O progresso de uma sociedade está relacionado com o acesso que ela possui as

informações. Considerada onipresente e o componente estrutural mais importante da nossa

cultura, a Ciência tem sob sua responsabilidade o incremento social, político, econômico e

tecnológico de uma nação. Diante disto, a busca e a construção do conhecimento científico

constituem-se como um grande e permanente empreendimento e um fator determinante para a

ampliação da capacidade de assimilação e desenvolvimento de novas tecnologias.

Na concepção da United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

(UNESCO), a informação científica é um bem comum da humanidade e matéria-prima para o

desenvolvimento humano. Desde a criação do Universal System for Information in Science

and Tecnology (UNISIST) em 01/01/1971, a UNESCO buscava estimular a cooperação

voluntária internacional para melhorar o acesso e o uso da informação, com a finalidade de

promover o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico, social e cultural. (A

INFORMAÇÃO..., 2012)

Constituído como um tema muito explorado e discutido pela Ciência da Informação, a

comunicação científica – instrumento institucionalizado utilizado para avaliar, validar e

incorporar novos conhecimentos à Ciência (MEADOWS, 1999), contribui significativamente

para a construção de novas idéias. O papel, um suporte antes utilizado para comunicação e

registro de conhecimentos técnicos e científicos, abre espaço para as Tecnologias de

Informação e Comunicação (TICs) e meios eletrônicos transmitirem as informações

científicas.

As atividades relacionadas à comunicação científica vêm consolidando-se ao longo de

vários séculos, e envolvem não só as transformações provocadas pelas tecnologias de

informação, mas também as discussões quanto aos papéis desempenhados pelos atores,

intermediários e usuários desta cadeia.

O tratamento das questões de comunicação do conhecimento nos remete ao

compromisso fundamental e crítico da Ciência da Informação com a sociedade: “a tarefa

massiva de tornar mais acessível um acervo crescente de conhecimento” (SARACEVIC,

1996, p.60).

A Ciência da Informação está relacionada com a organização dos processos de

comunicação destinados à redução de incertezas e ao preenchimento das necessidades de

atualização do público em geral. Sua origem pragmática, calcada no fazer e na recuperação de

Page 19: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

17

dados, engloba os aspectos intelectuais da descrição de informações, além de qualquer

sistema, técnica ou máquina empregada no desempenho da operação.

Dito de outra forma, a “Ciência da Informação toma para si a tarefa de organizar e

facilitar a recuperação dos registros de informações que surgem a partir do conhecimento

produzido em todos os outros campos” (SOUZA; TUDHOPE; ALMEIDA, 2010, p.105).

O último século foi marcado, dentre outros aspectos, pelo desenvolvimento científico-

tecnológico e trouxe a noção de inteligência coletiva (LÉVY, 1999), da construção do

conhecimento em rede (SANTOS, 2006), da sociedade do conhecimento e da Era da

informação digital (CASTELLS, 2003). Os avanços das TICs e o surgimento da World Wide

Web, transformações ocorridas principalmente nas duas últimas décadas do século XX,

mudaram a forma e o conteúdo dos documentos, exigindo readequações nos modos de fazer

Ciência. Correio eletrônico, bases de dados, publicações eletrônicas, e o crescente valor das

técnicas de pesquisa, coleta, armazenamento e difusão da informação são exemplos concretos

destas transformações.

Tais modificações, cuja extensão ainda não está completamente delineada, trazem no

âmbito da gestão dos recursos informacionais, uma nova gama de possibilidades que vem

sendo incorporada aos processos de produção, armazenamento, representação e recuperação

de informação no ambiente Web.

A interatividade da Web possibilitou uma mudança fundamental no modo de fazer

Ciência e no esquema clássico da comunicação. Atualmente, a Web é o ambiente para o qual

estão voltados os maiores esforços de desenvolvimento na área de recuperação de informação,

Contudo, o desenvolvimento e a intensificação do uso das tecnologias digitais atingiram um

estágio em que os modelos clássicos de organização e recuperação da informação já não são

capazes de solucionar os problemas identificados num ambiente de e-Science. De acordo com

Palazzi (2010, p.1), o termo e-Science é empregado para descrever o desenvolvimento de

“infra-estruturas de serviços de software capazes de prover acesso a facilidades remotas,

recursos computacionais distribuídos, armazenamento de informações em bancos de dados,

disseminação e compartilhamento de dados, resultados e conhecimento”.

Hoje existem dois obstáculos principais para o acesso e utilização em larga escala

deste conteúdo.

O primeiro obstáculo está relacionado ao excesso de informações. A liberdade dos

usuários e a facilidade de se publicar na Internet desencadearam a proliferação desordenada

de um enorme volume de informações, transformando a Internet em um imenso repositório de

documentos.

Page 20: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

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De acordo com o gráfico abaixo, o crescimento do número sites no período entre

outubro de 2007 a outubro de 2011 cresceu cerca de 226%.

Em outubro de 2007 existiam mais de 155 milhões de websites. Em 2008, a Internet

contava com aproximadamente 187 milhões de sites, passando em 2009 para quase 234

milhões. Em 2010, este número ultrapassou os 249 milhões, vindo alcançar em outubro de

2011, 505 milhões de sites (LINK..., 2012).

Este fato tornou-se ainda mais crítico com a chegada das publicações eletrônicas na

Web. Com o surgimento da Internet a humanidade passou a dispor de muita informação ao

mesmo tempo, ocasionando uma grande explosão informacional. No meio desse caos

informacional que se apresenta a rede mundial, torna-se cada vez mais difícil encontrar um

conteúdo relevante. Vale ressaltar que uma informação para ser estratégica precisa estar

disponível a tempo ou em tempo real. Sendo assim, “encontrar a informação adequada passa a

ser o principal problema cultural, econômico e científico da atualidade” (MARCONDES;

CAMPOS, 2008, p.109). A quantidade e complexidade das informações disponíveis, em

combinação com o tempo escasso para leitura atingiram um ponto, onde não podem mais ser

sustentadas com as práticas atuais.

O segundo e maior obstáculo encontrado por estudiosos e grupos de pesquisa, que

trabalham para estruturar a quantidade crescente de conteúdos digitais disponibilizados na

Web, consiste no fato de que o formato utilizado no meio eletrônico ainda é igual ao formato

em papel, ou seja, o texto é linear, seqüencial e caracteriza-se por ser uma cópia digital do

texto impresso, lidos por pessoas e não adequados para o processamento semântico dos

computadores.

Adaptado de: < http://www.linkativo.com.br>

Quadro 1 – Crescimento do número de sites na Web no período de 2007 até 2011

155230051

186727854

233848493249461227

504082040

0

50000000

100000000

150000000

200000000

250000000

300000000

350000000

400000000

450000000

500000000

550000000

600000000

2007 2008 2009 2010 2011

Page 21: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

19

Na maioria das vezes utiliza-se o formato em PDF e não se tira partido das facilidades

hipertextuais, multimídia, interativas e mesmo “semânticas” do ambiente em evolução da

Web. Propostas como as da Web Semântica (BERNERS-LEE; HENDLER; LASSILA, 2001)

e Web 2.0 (BLATTMANN; SILVA, 2007) permitem antever como será este novo ambiente

informacional e que facilidades poderão prover para as publicações científicas.

Considerando a evolução deste cenário, tecnologias como: agentes inteligentes1,

ontologias, Web Semântica e Web 2.0 podem ser utilizadas como infraestrutura de apoio para

a e-Science. Ao buscar a instrumentalização destas tecnologias, cabe ao cientista da

informação envolver-se no cenário atual, pois a visão de Saracevic (1995), nos alerta para o

fato de que a explosão da informação eletrônica exige um novo olhar para o desenvolvimento

dos tradicionais serviços de informação: seleção, tratamento e recuperação da informação.

O maior desafio do profissional da informação no século XXI é gerenciar e buscar, de

alguma maneira, ferramentas e tecnologias que possibilitem modos de pesquisa e resultados

mais inteligentes na Internet. “Organizar a informação está no cerne dessas preocupações”

(GOMES, 2010, p.193), com o intuito de melhorar a qualidade de recuperação dos milhões de

informações disponíveis no ambiente Web. Sendo assim, é imprescindível compreender e

dominar as possibilidades proporcionadas pelas TICs para ampliar o acesso, otimizar a gestão

da informação e controlar a explosão informacional no ambiente digital.

O meio eletrônico possibilitou ao periódico científico (objeto de interesse desta

pesquisa) uma grande oportunidade de expansão, principalmente no que diz respeito à

redução de custos, disponibilidade de conteúdos e troca de informações entre os pares. Hoje,

com os periódicos científicos e os resultados de pesquisa publicados diretamente na Web2, em

quantidades gigantescas e acessíveis diretamente por qualquer interessado, o grande

diferencial de competitividade num ambiente com tanta oferta de informação passou a ser o

domínio de técnicas para o processamento e gerenciamento desse conhecimento. Faz-se

necessário mobilizar o computador para tratamento dessas informações. A Web transformou-

se em um meio de comunicação, informação e compartilhamento de conhecimento entre as

pessoas, onde a publicação de pesquisas científicas em formato eletrônico tornou-se uma

atividade comum.

1 Agentes são porções de software que trabalham de forma autônoma e proativa. Um agente pessoal na Web Semântica vai receber uma lista de tarefas e preferências de uma pessoa, procurar recursos na rede, se comunicar com outros agentes, comparar informações, selecionar algumas opções e acrescentar uma lista de soluções para o usuário (MARCONDES, 2010) 2 Pre-publication data sharing, 2010. Disponível em: <http://www.nature.com/nature/journal/v461/n7261/full/461168a.html>.

Page 22: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

20

Artigos científicos publicados na Web são bases de conhecimentos (GARDIN, 2001)

considerados pelos cientistas como a fonte de informação mais importante para suas pesquisas

(TENOPIR; KING, 2001). Contudo, mesmo com as facilidades proporcionadas pelas TICs

para prover acesso ao texto completo dos artigos de periódicos científicos, a forma textual do

seu conteúdo impede que ele possa ser processado por “agentes inteligentes” e recuperado de

uma forma semanticamente mais rica. Diante desta perspectiva, conclui-se que o periódico

científico publicado na Web ainda não utiliza todo o potencial que pode ser fornecido pela

tecnologia da informação.

Apesar do crescente potencial de processamento dos computadores disponível na

Web, o formato linear e seqüencial dos textos dos artigos científicos digitais faz com que a

apropriação do conhecimento científico dependa de um lento processo social, ou seja, até que

um novo conhecimento seja incorporado aos estoques do conhecimento humano este

conteúdo precisa ser publicado, passando pelos chamados filtros de qualidade, que consistem

na leitura pelos pesquisadores, na sua avaliação, crítica e por fim na citação do trabalho

publicado, uma conduta exigida por seus pares (MARCONDES, 2010). Neste ciclo, as TICs

são utilizadas somente para acelerarem a comunicação científica e ainda são pouco utilizadas

para o processamento semântico e organização do conteúdo dos trabalhos científicos. Tanto a

leitura propriamente dita quanto o tratamento de textos científicos com vistas a sua indexação

e recuperação são feitos por pessoas. A esse respeito Breitman (2005) acrescenta que:

Os computadores fazem apenas a apresentação da informação, enquanto o processo de interpretação fica a cargo dos seres humanos [...]. Grande parte das páginas disponíveis na Web é direcionada para outras pessoas e não para serem processadas por programas de software [...]. As páginas não contêm informações sobre si mesmas, ou seja, que tipo de conteúdo está descrito e a que assunto a página se refere. (BREITMAN, 2005, p.2-3)

No cerne das mudanças em curso na comunicação científica, está, também, o

crescimento de uma prática de leitura chamada de “leitura estratégica” – termo cunhado por

Renear e Palmer (2009). Esta prática é motivada pelo novo cenário de pesquisa da Web e

pela quantidade crescente de artigos científicos que o pesquisador ou cientista precisa ler para

se manter atualizado.

De acordo com Renear e Palmer (2009, p.828), “cientistas sempre leram

estrategicamente trabalhando com muitos artigos simultaneamente para pesquisar, filtrar,

associar, anotar e analisar fragmentos de um conteúdo”. Esta prática propõe relacionar com

detalhes o conteúdo do texto possibilitando acessar e explorar os artigos em menor tempo

possível.

Page 23: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

21

O uso de recursos como os de indexação e citações como indicadores de relevância,

revisões de literatura para se ligar a outros documentos e redes sociais como serviço de alerta

pessoal, são utilizados com o objetivo de facilitar a leitura e a pesquisa científica no ambiente

digital.

Contudo, conforme estes autores, para dar suporte e intensificar a efetividade desta

prática de leitura cada vez mais frequente é importante ampliar a interação entre autores e

leitores de artigos científicos digitais e permitir que computadores possam apoiar este

processo através do acesso direto ao conteúdo semântico e às afirmações contidas no texto de

artigos científicos.

É preciso conhecer novas ferramentas de apoio a esta prática, uma vez que os atuais

sistemas de busca comuns ainda não estão preparados para tal. O fato é que o acesso ao

conteúdo dos textos dos artigos de periódicos científicos nos modernos sistemas de busca

bibliográfica das bibliotecas digitais, repositórios e bases de dados ainda são realizados com

estratégias de busca pouco semânticas e por isso pouco expressivas. As buscas booleanas

“E/OU/NÃO”, utilizadas desde as décadas de 1970/1980, já “não dão conta da expressividade

e precisão necessária para a recuperação de conteúdo semântico contido no crescente número

de artigos científicos e outras fontes de informação agora disponíveis em toda a Web”

(MARCONDES, 2010, p.3).

A prática da “leitura estratégica” vem se intensificando a cada dia no ambiente digital,

e “apesar da quantidade de informações recuperadas pelos mecanismos de busca ser massiva,

apenas uma parte da Web é pesquisada, enquanto uma parte considerável do conteúdo fica

inacessível através dos buscadores (Web Oculta)” (PICKLER, 2007, p.3).

Web Oculta (também conhecida como Web invisível) é uma parte importante na qual

os mecanismos de busca tradicionais não podem ou não querem incluí-la em seus bancos de

dados. Sendo assim, estes sites não aparecem nos resultados apresentados por estas

ferramentas de busca. Estima-se que esta parte oculta da Web tenha mais que o dobro do

tamanho da parte visível e seu conteúdo seja bastante relevante.

Há, basicamente, duas razões para estes sites estarem fora dos bancos de dados de

grande parte dos buscadores: questões técnicas que impedem o acesso dos spiders3 a alguns

tipos de sites [...] e por decisão dos administradores dos mecanismos de busca – política de

exclusão. (BRANSKI, 2004, p.82)

3 Robôs especializados em visitar sites e coletar o material visitado. Eles são conhecidos como spiders ou crawlers e tem como missão indexar o conteúdo de sites para servir de resposta para sites de busca. Disponível em: <http://imasters.com.br/artigo/4725/seo/domando_o_googlebot_e_outros_spiders/>.

Page 24: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

22

Para artigos científicos e comunicação científica em geral, a Web foi bem sucedida

como uma plataforma de divulgação, porém, na Web atual (Web Sintática), a informação

continua a ser avaliada, classificada e selecionada pelos seres humanos.

Se apropriando desta responsabilidade, pesquisadores e estudiosos exploram a massa

informacional existente na Web, buscando reavaliar suas possibilidades, de forma a

instrumentar os computadores para processarem os registros e fazerem inferências mais

sofisticadas.

Hoje, grupos de pesquisadores lançam-se na tarefa de sistematizar e estruturar o conhecimento científico em domínios específicos e disponibilizá-los publicamente na Web, através das chamadas ontologias, de modo a permitir que comunidades científicas compartilhem informações sobre domínios específicos. (MARCONDES; CAMPOS, 2008, p.110)

A coexistência dos meios impresso e eletrônico é uma realidade no atual sistema de

comunicação científica e suas vantagens são evidentes, todavia, de acordo com as

considerações de Renear e Palmer (2009), com as tecnologias da Web Semântica e Web 2.0,

nos encontramos no limiar de uma mudança de paradigma que envolve o futuro das

publicações científicas.

Recentes avanços nas TICs estão trazendo modelos inovadores de publicação

acadêmica que irão possibilitar a pesquisa e a divulgação de resultados de investigações

realizadas pelos estudiosos de um modo ainda mais eficaz. Já podemos identificar na

literatura e na Web, iniciativas que abordam a melhoria da transmissão de conteúdos

científicos usando as ferramentas online, com foco na reutilização de conteúdo na mídia

social.

Dentre estas, podemos citar como exemplos, os novos formatos para apresentação,

acesso, navegação e leitura de artigos científicos digitais na Web; e as possibilidades trazidas

pelas tecnologias semânticas que surgem com o projeto da Web Semântica e da Web 2.0.

Algumas iniciativas em curso estão começando a chamar de “publicação semântica”

as publicações que visam melhorar a forma como os cientistas se comunicam usando as

tecnologias semânticas. Segundo Waard (2010, p.83) “initiatives in what is beginning to be

called semantic publishing, which aims to improve how scientists communicate using

semantic technologies”. Nessa mesma perspectiva, Shotton, Portwin, Klyne e Miles (apud

COSTA, 2010, p.15), propõem o termo para definir algo que explicite o conteúdo semântico

de um artigo publicado, facilitando descoberta automatizada, tornando possível ligá-lo a

outros artigos semanticamente relacionados e facilitar a integração de dados entre artigos.

Page 25: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

23

Constituída ainda como uma área de pesquisa emergente, a realização do I Workshop

on Semantic Publications4 (SEPUBLICA) em maio de 2011, reuniu pesquisadores e

profissionais que lidam com diferentes aspectos de tecnologias semânticas na indústria

editorial.

Cabe aqui ressaltar, que nas publicações semânticas os artigos de periódicos são

disponibilizados não só no atual formato textual, mas também, num formato “inteligível” por

programas.

No escopo desse trabalho entendemos publicações semânticas como aquelas que usam

as tecnologias da Web Semântica (BERNERS-LEE; HENDLER; LASSILA, 2001), sendo

capazes de representar o conteúdo dos artigos científicos em formato “inteligível” por

programas, de modo a permitir que programas realizem inferências sobre este conhecimento,

recuperando-o e processando-o de forma semanticamente mais rica do que os atuais sistemas

de recuperação de informações.

Outro novo modelo de publicação acadêmica, que vem possibilitando a comunicação

científica entre os pares com mais eficácia, são as que utilizam as redes sociais, para fins de

publicação e divulgação de resultados de suas investigações. A Web 2.0, além de facilitar a

comunicação interpessoal e o compartilhamento de informações, destaca-se, também, pela

colaboração científica, incentivando os periódicos científicos tradicionais a adotarem

ferramentas colaborativas, como os blogs em seus websites.

Os blogs se firmam como um novo meio de comunicação científica e contam com

periódicos para disseminar e promover discussões sobre trabalhos publicados na sua

comunidade de leitores. Os periódicos científicos que utilizam a Web 2.05 aceleram o

processo de produção do conhecimento e, consequentemente, o processo de comunicação

científica.

Alguns periódicos renomados como o BMJ6 e o Nature7 adotam nos seus websites o

blog como meio formal para disseminar e promover discussões sobre trabalhos publicados

pelas comunidades de leitores.

As tecnologias semânticas estabelecem uma estreita relação com a representação do

conhecimento, por isso a Ciência da Informação investiga o atual projeto da Web Semântica,

objetivando contribuir não só para o processamento semântico de informações por

computadores, como também para a organização e modelagem de domínios de conhecimento.

4 Disponível em: <http://sepublica.mywikipaper.org/drupal> 5 Disponível em: <http://slidshare.net/suelybcs>. 6 Disponível em: <http://www.bmj.com/>. 7 Disponível em: <http://www.nature.com/>.

Page 26: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

24

Esta complexidade interdisciplinar de ações onde a tecnologia é tão marcante implica

numa mudança não só de comportamento de aprendizagem, mas numa mudança teórica,

numa mudança na forma de se colocar os conteúdos.

Se na primeira geração da Web, os documentos eram apenas ligados entre si, deixando para o usuário o papel de interpretar a natureza destas ligações, a nova geração da Web pretende ter ligações semanticamente mais ricas, capazes de dar suporte às aplicações em suas negociações. (CAMPOS, 2006, p.1)

A Web Semântica oferece vantagens principalmente na área de busca e automatização

de tarefas, pois facilita a obtenção, classificação e organização de informações na Web.

“O conceito de Web Semântica é cunhado no âmbito da Ciência da Computação, no

sentido de viabilizar a semântica para que agentes inteligentes não humanos possam

interpretar dados”. (CAMPOS, 2010, p.223)

De acordo com as palavras de Campos (2010), a semântica à qual nos referimos

quando usamos a denominação Web Semântica é aquela contextualizada com:

[...] a questão de raciocínio automático para que não humanos possam “interpretar informações”, a possibilidade de existência de modelos mentais sobre domínios da realidade, que possam ser interpretáveis através de condições de verdade (regras) e de procedimentos inferenciais que possibilitem que a máquina, ou programas, explicitem conhecimento. (CAMPOS, 2010, p.227)

Neste novo cenário apresentado, a “leitura estratégica” no ambiente digital

(mencionada anteriormente), pode se valer das tecnologias da Web Semântica, (que propõem

relacionar-se com detalhes o conteúdo do texto para facilitar a leitura pelo pesquisador) e da

Web 2.0 (que tem como principal característica, o relacionamento entre as pessoas).

Pesquisadores utilizam recursos de indexação e citações como indicadores de

relevância, revisões de literatura para se ligar a outros documentos, e redes sociais como

serviço de alerta pessoal. O objetivo é mover-se rapidamente através da literatura para acessar

e explorar o artigo em menor tempo possível.

Contrapondo-se à Web Sintática, a Web Semântica propõe incorporar sentido às

informações de maneira que as máquinas possam compreender a linguagem humana, ou seja,

fornecer estruturas e dar significado ao conteúdo das páginas Web.

Para Berners-Lee, Hendler e Lassila (2001), os computadores precisam ter acesso às

coleções estruturadas de informações (dados e metadados) e do conjunto de regras de

inferência que auxiliem no processo automático de dedução para concretizar o raciocínio

automatizado e a representação do conhecimento.

Page 27: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

25

Atualmente, esta evolução da Web propõe uma estruturação semântica aos dados da

rede, possibilitando que as informações disponíveis sejam legíveis por humanos e também por

máquinas, onde os agentes computacionais (de softwares) sejam capazes de interpretar,

processar e relacionar os dados disponíveis na Web.

Com relação à Web 2.0, Primo (2008, p.101) afirma que a Web 2.0 se caracteriza por

“potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações,

além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo”. Através de

novas ferramentas como wikis, RSS, chats, MSN, redes sociais, social bookmark e outras, os

usuários podem interagir e gerar novos conteúdos através da plataforma Web.

Experiências recentes, (detalhadas no capítulo 6), apresentam novos formatos para a

apresentação, acesso e leitura aos artigos científicos digitais na Web, demonstrando as

potencialidades da Web Semântica e da Web 2.0 para os periódicos científicos eletrônicos.

Pesquisadas na literatura e na própria Web, estas têm em comum a proposta de novas

formatações que ultrapassam a mera cópia digital do impresso.

O raciocínio utilizado para identificar estas experiências partiu da premissa de que

para haver recuperação inteligente e potencialidades de compreensão, seria importante

elaborar os periódicos científicos com mecanismos apropriados para facilitar esta

recuperação. Atualmente no cenário das publicações científicas da Web, que tecnologias estão

possibilitando essa recuperação?

A literatura começa a citar, progressivamente, várias experiências, que podem ser

classificadas nas seguintes categorias:

1. Iniciativas de uso de linguagens de marcação com aplicações em XML para o

tratamento de textos de artigos científicos.

� CML – Chemical Markup Language (MURRAY-RUST; RZEPA, 1999)

� SBML – System Biology Markup Language (HUCKA; FINNEY;

BOLORI, 2003)

� MathML – Mathematical Markup Language (W3C)

� STMML – Scientific Technical and Medical Markup Language

(MURRAY-RUST; RZEPA, 2002)

2. Uso de ontologias para formalizar publicações científicas online

� Scientific Publishing Task force Ontology for Self-Publishing

� EXPO – Ontology for Experiment Self-Publishing

Page 28: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

26

3. Sistemas de publicações científicas online

� Projeto Arkeotek (GARDIN, 2001)

� Sistema HyBrow (RACUNAS et al., 2004)

� MachineProse (DINAKARPADIN et al., 2006)

� SWAN – Semantic Web Application in Neuromedicine (GAO et al, 2006)

� The article of the future (ELSEVIER, 2009)

� Sistemas iHOP (RENEAR; PALMER, 2009)

� Public Library of Science – (Revista PLoS Neglected Tropical Diseases)

(SHOTTON et al., 2009)

� Sistema Textpresso (MULLER;KENNY et al., 2004)

� Sistema Utopia Document – (ATTWOOD et al., 2009)

� Projeto HypER – Hypotheses, Evidence and Relationships (WAARD, et

al., 2009)

� Modelo semântico de publicações científicas digitais (MARCONDES, 2011)

Com base nestas experiências já em curso, surgem algumas questões que esta pesquisa

pretende endereçar:

1 Como tem sido a evolução do periódico científico eletrônico à luz das novas

Tecnologias de Informação e Comunicação?

2 Que novas potencialidades existem atualmente no ambiente Web para ir além do

modelo do artigo impresso, exclusivamente para leitura por pessoas?

3 Que potencialidades as TICs , em especial as tecnologias semânticas e as da Web

2.0, oferecem para os periódicos científicos eletrônicos?

4 Que experiências inovadoras estão tentando usar essas potencialidades?

Este estudo de caráter exploratório pretende pesquisar na literatura e na Web

abordagens inovadoras de acesso aos artigos científicos, navegação e apresentação, que

ultrapassem os tradicionais mecanismos de busca e o formato textual linear de leitura.

Pretende, ainda, identificar e analisar qualitativamente projetos, experiências e

propostas de publicações semânticas, que exploram no ambiente de e-Science, as

possibilidades geradas pelas tecnologias da Web Semântica e da Web 2.0.

Page 29: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

27

2 JUSTIFICATIVA

A Ciência da Informação “tem como um dos problemas sobre o qual se debruça desde

os seus primórdios, a questão de otimizar a comunicação científica” (MARCONDES;

MENDONÇA; MALHEIROS, 2006, p.6). Caracterizada pela busca de maior velocidade no

intercâmbio e disseminação de idéias (PINHEIRO, 2003), o processo que envolve a

comunicação científica vem passando por mudanças, desde que sua veiculação era centrada

apenas na palavra escrita e impressa.

Historicamente, desde o século XVII, os artigos científicos tornaram-se canais

privilegiados de comunicação científica, ou seja, um veículo de descobertas, destinado ao

conhecimento público. Os avanços proporcionados pelas TICs, em especial pela Internet,

desencadearam uma série de mudanças no desenvolvimento da Ciência e na evolução do

periódico científico.

A característica essencial do conhecimento científico é o compartilhamento e a

interação entre membros de uma comunidade científica (ZIMAN, 2002). Contudo, ao que diz

respeito a este conhecimento, Tomanik (2004 apud GUMIEIRO, 2009, p.11), destaca que “o

que diferencia a época contemporânea das anteriores, não é só a quantidade, a diversidade e a

complexidade dos conhecimentos acumulados, mas a forma deliberada e sistemática como

eles vêm sendo produzidos e organizados”.

Existe uma preocupação latente quanto ao aumento significativo do volume de dados

bem como a expansão desse conhecimento no ambiente digital, o que nos motiva a repensar

os processos de recuperação na Web. De acordo com Gomes (2006b, p.8),

A rapidez das inovações tecnológicas envolvendo o conjunto de atividades inerentes à comunicação científica nos leva a dar relevo à complexidade deste processo, implicando em desafios para os atores nele envolvidos [...]. Mais importante que estes meios, é o uso social que podem propiciar. O aparente paradoxo entre a produção inovadora de textos científicos mediante a aplicação de novas tecnologias da informação e a obediência aos cânones da Ciência mostra que é necessário estarmos atento à historicidade do processo em curso para melhor compreendê-lo e assim, podermos contribuir para o progresso e fortalecimento da produção, gestão e disseminação de novos conhecimentos e produtos que geram.

Devemos recordar que, antes do surgimento da Web, o conhecimento científico

humano era armazenado de forma dispersa em coleções distribuídas em bibliotecas por todo o

mundo.

Page 30: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

28

Este novo ambiente informacional constitui-se agora por uma enorme quantidade de

registros da cultura humana, retratada por documentos e recursos, tais como: textos, gráficos,

imagens, sons e outros.

Todavia, o que parece ser o seu maior poder de atração é, ao mesmo tempo, um de

seus fatores mais críticos.

A liberdade dos usuários e a facilidade de se publicar na Internet em conjunto com o

cenário interativo, descentralizado e aberto, propiciaram um acúmulo de informações

desordenadas, causando uma imensa explosão informacional.

[...] Um usuário, ao efetuar uma pesquisa na Internet, tende a ficar mais frustrado pelo excesso de “respostas” do que pela falta delas. Isto porque o excesso de informações não representa uma solução, mas um problema: a desinformação. (SCHONS, 2007, p.2)

Implícita a essas questões destacamos a importância dos procedimentos relacionados à

gestão de conteúdos informacionais, ou seja, a necessidade do tratamento dos mesmos para

acesso aos recursos disponíveis na Web e a relação de complementaridade entre a Ciência da

Informação e Ciência da Computação neste processo.

A gestão de conteúdos [...] é um conceito recente que surge no âmbito da Ciência da Computação, para dar conta do gerenciamento de informações de sistemas corporativos, possibilitando sua organização e acesso. Entretanto, este conceito está diretamente relacionado às atividades de tratamento e recuperação de informação, velhas conhecidas no ambiente da Ciência da Informação. (CAMPOS, 2006, p. 56)

Atualmente, a maior parte dos periódicos científicos encontra-se disponível na Web,

ambiente que passou a ser um meio de comunicação, informação e compartilhamento de

conhecimento entre pessoas.

A publicação de pesquisas científicas em formato eletrônico se tornou uma atividade

de rotina, mas ainda assim, continua baseada no modelo impresso.

Para os artigos científicos e a comunicação científica em geral, a Web foi bem

sucedida como uma plataforma de divulgação de trabalhos científicos, contudo, muita

informação ainda permanece trancada em documentos distintos e não interligados entre si no

ambiente digital.

Por serem criadas de “forma autônoma, sem preocupação com regras de estruturação,

catalogação e descrições de suas propriedades, essas informações são difíceis de serem

abrangidas pelos mecanismos de pesquisa, ocasionando ineficácia na localização de

informações”. (DIAS; SANTOS, 2001, p.3)

Buscas por palavras-chave ou palavras-chave ligadas pelos operadores booleanos não dão conta da expressividade e precisão necessária para a recuperação do conteúdo semântico contido no crescente número de artigos científicos e outras fontes de informação agora disponíveis em toda a Web. (MARCONDES, 2010, p.3)

Page 31: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

29

Marcondes; Mendonça; Malheiros (2006, p.1) ressaltam que um dos principais

obstáculos para o acesso e utilização em larga escala do conhecimento inserido no texto dos

artigos científicos no ambiente digital, é o fato dele ser legível somente por pessoas. Isto

acontece porque o conhecimento científico incorporado aos textos dos artigos de periódicos se

apresenta em linguagem natural e este só é compreendido exclusivamente por seres humanos.

Mesmo com a facilidade de acesso ao texto completo dos artigos de periódicos

científicos disponíveis na Web, o formato textual dos artigos dificulta a comparação do seu

conteúdo semântico por computadores.

Mesmo os modernos sistemas de busca bibliográfica das bibliotecas digitais,

repositórios e bases de dados (como SCOPUS, Web of Science, Scielo, Portal de Periódicos

Capes) ainda trabalham com estratégias de busca pouco semânticas e por isso pouco

expressivas. As buscas booleanas “E/OU/NÃO”, já não são suficientes para atender a

demanda dos pesquisadores. É preciso aumentar o potencial de busca e leitura semântica dos

conteúdos dos artigos científicos, a fim de identificar lacunas, contradições e acordos no

conhecimento científico.

As consultas por palavras-chaves que compõem os registros bibliográficos utilizados

nos modernos sistemas de recuperação bibliográfica por meio de álgebra booleana não

contemplam relações semânticas que possam existir entre os elementos que compõem o

conteúdo dos documentos que elas representam. Somente relações de união, intersecção e

diferença entre conjuntos de registros que contenham ou não determinadas palavras-chave.

O potencial das TICs tem sido aplicado a sistemas modernos de informação bibliográfica para melhorar a comunicação científica, proporcionando o acesso rápido e notificação imediata e acesso ao texto integral de artigos científicos. Mas esse potencial não tem sido usado para processar diretamente o conhecimento incorporado no texto de artigos científicos. (MARCONDES, 2011, p.83)

Cabe aqui ressaltar que o termo “semântica” tem sido amplamente utilizado nos

últimos anos em diversas áreas de pesquisa e, em particular, em áreas relacionadas à

tecnologia da informação. “Um dos motivadores de tal apropriação é a visão da Web

Semântica, originada na expansão da Web e nas limitações dos instrumentos de busca em

sintaxe”. (ALMEIDA; SOUZA, 2011, p.25)

As páginas da Web foram construídas com semânticas locais, e este fato se constitui

como o maior obstáculo para integrar seus conteúdos.

Estudar a recuperação semântica para a comunicação científica e pensar em organizar

o caos informacional disponível na Web, se tornou imperativo para possibilitar novas formas

de acesso, e recuperação da informação digital.

Page 32: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

30

O problema constatado nas buscas atuais ocorre quando as mesmas são realizadas

pelos buscadores tradicionais, sendo estas buscas sintáticas e não semânticas, por isso uma

parte considerável do conteúdo fica inacessível na Web Oculta.

A Internet como um vasto conjunto de redes interligadas disponibiliza informações através de servidores espalhados em todo o mundo, No entanto, sua organização e recuperação são feitas de forma ineficiente, levando a buscas mal sucedidas com resultados desinteressantes para o usuário. (SILVA, 2007, p.iv)

Embora a Web tenha sido projetada com o objetivo de facilitar o acesso, o intercâmbio

e a recuperação de informações, Souza e Alvarenga (2004, p. 133) afirmam que:

Não há nenhuma estratégia abrangente e satisfatória para a indexação dos documentos nela contidos, e a recuperação das informações, possível por meio dos motores de busca (search engines), é baseada primariamente em palavras-chave contidas no texto dos documentos originais, o que é muito pouco eficaz.

As tecnologias da Web Semântica representam um avanço rumo ao processamento e

recuperação semântica em ambiente digital, pois permitem que agentes de software executem

“inferências” e tarefas mais sofisticadas baseadas no conteúdo do documento, ou seja, uma

possibilidade para ir além da publicação digital convencional.

A evolução da Web atual leva a necessidade de uma estruturação semântica dos dados

da rede, possibilitando assim, que as informações disponíveis na Web, sejam legíveis, não só

pelos humanos, mas também pelas máquinas, onde os agentes computacionais (de softwares)

sejam capazes de interpretar, processar e relacionar os dados disponíveis na Web. Este

conceito se contrapõe ao conceito de Web Sintática (Web atual), uma vez que traz em seu

bojo a questão da produção de significado (CAMPOS, 2010).

Contudo, para que as máquinas possam raciocinar automaticamente como propõe a

Web Semântica, Campos (2010) aponta que:

[...] os computadores necessitam ter acesso a coleções estruturadas de informações (dados e metadados) e a conjunto de regras de inferências que ajudem no processo de dedução automática, para que seja administrado o raciocínio automatizado, ou seja, a representação do conhecimento (CAMPOS, 2010, p. 227).

Essas regras são especificadas por meio de ontologias8 que permitem representar

explicitamente a semântica dos dados (DIZIEKANIAK; KIRINUS, 2004 apud CAMPOS,

2010, p. 227).

8 Proposição evidente ou que se dá por verdadeira em um sistema lógico e da qual derivam dedutivamente outras proposições. Estabelece fundamentos de significados conceituais sem os quais a Web Semântica não seria possível; concepção de estruturas concebidas como um conjunto de relações entre elementos com funções definidas. (TOUTAIN, 2006, p.20)

Page 33: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

31

Fundamentais para gerenciar os registros do conhecimento no ambiente digital, os

metadados são “elementos de descrição, definição e avaliação de recursos informacionais

armazenados em sistemas computadorizados e organizados por padrões específicos, de forma

estruturada” (TOUTAIN, 2006, p.19).

No bojo dessa discussão e em curso na comunicação científica, está o crescimento das

práticas de leitura estratégica, “que em breve será mais intensificado com o uso generalizado

de indexação digital, recuperação e recursos de navegação; e o aparecimento de ontologias

interoperáveis em várias disciplinas científicas”. (RENEAR; PALMER, 2009, p.828)

Propondo relacionar com detalhes o conteúdo do texto para facilitar a leitura pelo

pesquisador, a Web Semântica busca promover melhorias nos processos de representação e

recuperação da informação na Web.

Dito em outras palavras, a Web Semântica propõe melhorias nas linguagens de

marcação utilizadas para confecção de páginas Web, de modo a beneficiar a interação entre

tais páginas e os sistemas (SOUZA; ALVARENGA, 2004).

Mostrando-se muito apropriada, outra tecnologia vem se destacando também pela

colaboração científica com vistas a facilitar o relacionamento do pesquisador no ambiente

digital: estamos falando da Web 2.0.

Desde o início da rede, princípios como: abertura, cooperação e liberdade nortearam o

seu desenvolvimento. (CASTELLS, 2003)

Ferramentas de criação coletiva, o código aberto e os movimentos pelo software livre mostram que o espírito de liberdade que originou a Internet, prevalece na Web 2.0 como acontece com o movimento Copyleft, princípio de livre distribuição e modificação de conteúdos, segundo critérios definidos pelo autor, em oposição à legislação defasada do Copyright. (GALDO, 2010, p.33)

Novos modelos de periódicos científicos estão tentando explorar as tecnologias da

Web Semântica e Web 2.0, para aperfeiçoar a comunicação científica fornecendo acesso

direto ao conteúdo semântico dos artigos científicos legível por programas.

Experiências com periódicos eletrônicos estão formalizando o texto dos artigos em

XML, estruturando-os com marcações que identifiquem as partes mais importantes no texto,

proporcionando assim, uma leitura mais direta pelos seres humanos.

Estas iniciativas representam uma oportunidade para dar suporte e intensificar a

efetividade da prática de leitura estratégica no ambiente Web, bem como ampliar a interação

entre autores e leitores de artigos científicos digitais, com o acesso direto ao conteúdo

semântico, às afirmações contidas no texto de artigos científicos, e às relações entre conceitos

contidos no texto de artigos científicos (HUNTER et al, 2008).

Page 34: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

32

Estes argumentos apontam para uma necessidade de buscas mais semânticas na rede

mundial, haja vista que a tecnologia utilizada na Web atual apresenta algumas limitações para

manipulação das informações disponíveis.

Os milhões de informações disponíveis na Web encontram-se no formato textual, e

não estão adequadas para o processamento por programas, apenas para pessoas. A leitura nos

artigos científicos é realizada de forma linear. A quantidade expressiva de documentos

atrelada ao fato do conhecimento não ser interpretado por programas, além de dificultar a

recuperação da informação adequada e/ou relevante, exige dos pesquisadores uma leitura cada

vez mais estratégica.

Diante desta questão, é preciso conhecer novas ferramentas de apoio a esta prática de

leitura, uma vez que os sistemas de busca tradicionais ainda não estão preparados para dar

este suporte. As ferramentas que os cientistas possuem hoje para buscar as informações na

Web os ajudam muito pouco. Os sistemas de buscas especializadas não oferecem buscas

semânticas, pois utilizam técnicas booleanas.

O desenvolvimento desta pesquisa está fundamentado nas bases da Ciência da

Informação, em especial na Comunicação Científica, dando ênfase à evolução do periódico

científico como canal privilegiado deste meio de comunicação; e na Ciência da Computação,

no que diz respeito às tecnologias da Web Semântica e Web 2.0.

A identificação de novos formatos para apresentação, acesso e leitura de artigos

científicos na Web, bem como o mapeamento das recentes experiências que buscam fornecer

acesso direto ao conteúdo semântico desses artigos, é uma oportunidade para melhorar a

comunicação científica e ajudar no controle da explosão informacional no ambiente digital.

Cabe ressaltar que até o momento não temos conhecimento da existência de um artigo

ou trabalho que fizesse uma revisão e análise dessas experiências, o que justifica a realização

desta pesquisa.

Page 35: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

33

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Identificar experiências inovadoras de apresentação, leitura e acesso aos artigos

científicos publicados na Web, que ultrapassem o formato textual e os tradicionais

mecanismos de busca.

3.2 Objetivos Específicos

� Destacar as características principais dessas experiências;

� Apontar as ferramentas e técnicas utilizadas pelas mesmas;

� Distinguir se a experiência é operacional ou se trata de uma proposta teórica ou um

protótipo.

Page 36: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

34

4 MARCO TEÓRICO

4.1 Comunicação científica

A comunicação de novos dados e conceitos formulados quando compreendidos e

comprovados pelos pares determina novos horizontes de pesquisa. A informação é um bem

público e o acesso a ela é um direito de todo ser humano. Constata-se através da literatura que

a ideia de circulação da informação inerente ao processo de comunicação científica não é uma

prática recente, uma vez que esta tem sido reconhecida e utilizada pelos cientistas através dos

tempos.

4.1.1 Primórdios da comunicação científica

Não sabemos exatamente quando a primeira pesquisa científica foi realizada, nem

quando ocorreu a primeira comunicação científica. Meadows (1999, p.3) afirma que “as

atividades mais remotas foram as dos gregos antigos [...]. Discussões acadêmicas remontam à

Academia, o lugar na periferia de Atenas onde as pessoas se reuniam nos séculos V e IV a.C.

para debater questões filosóficas”.

Historicamente, Aristóteles é considerado um dos precursores da pesquisa expressa na

linguagem escrita. Seus debates, comunicados inicialmente na forma oral, eram reproduzidos

em manuscritos e depois copiados repetidas vezes com o objetivo de atingir um público mais

amplo. Esta iniciativa que influenciou primeiramente a cultura árabe, e em seguida a Europa

Ocidental, foi aprimorada com a introdução da imprensa na Europa, no século XV, causando

grande impacto na difusão das informações. A produção média de livros aumentou de 420, no

período de 1436-1536, para 5.750 durante os cem anos seguintes. Apesar da demanda pelos

textos impressos, os manuscritos continuaram a ser produzidos durante todo o século XVII até

o século XVIII, sendo considerados textos precursores do Renascimento. (MEADOWS,

1999)

A Ciência não teria seu reconhecimento perpetuado através dos séculos sem que seus registros seguissem uma norma de comunicação que lhes garantisse a leitura e o entendimento por outros pesquisadores e ainda fossem expressos com clareza, precisão e fidelidade na interpretação dos dados (MORAES, 2006, p.4)

Page 37: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

35

Constata-se que o homem sempre se interessou em organizar a informação registrada e

desenvolver meios que possibilitassem reunir e disponibilizar o conhecimento para a

humanidade. Esta intenção pode ser comprovada em fatos históricos como “a construção da

Biblioteca de Alexandria9 (criada por Ptolomeu I), o Mundaneum10(idealizado por Paul Otlet

e Henri de La Fontaine), o Memex11 ( de Vannevar Bush), pelo projeto Xanadu12 (de

Theodore Nelson) e mais recentemente, pelo desenvolvimento da Internet”. (RAMALHO,

2006, p.20)

Desde a antiguidade o conhecimento científico (fundamental para a nossa sociedade)

era guardado, preservado e disponibilizado nas coleções armazenadas em bibliotecas. Neste

contexto, destaca-se o comprometimento da Ciência da Informação que sempre buscou, de

alguma maneira, organizar o conhecimento científico publicado para torná-lo mais acessível à

sociedade.

Targino (1998, p.45) ressalta que “enquanto a informação é um produto, uma

substância, uma matéria; a comunicação é um ato, um mecanismo, é o processo de

intermediação que permite o intercâmbio de ideias entre os indivíduos”.

A comunicação científica é definida como um “amplo processo de geração e

transferência de informação científica” (BERNAL, 1946, p.292) que permite a disseminação

dos resultados das pesquisas, aceitação pelos pares e por fim a consolidação do conhecimento.

Na visão de Van Raan (1997), as características da comunicação científica são:

� Certificação – garantia de qualidade do conteúdo para o conhecimento geral e para

a publicação científica;

� Registro – preservação dos direitos da autoria intelectual e/ou comercial do autor;

� Atualização – refere-se ao desenvolvimento, expansão e armazenamento do

conhecimento.

Na dinâmica da comunicação científica existem dois canais utilizados para comunicar

o conhecimento científico: o canal informal e o canal formal. A categoria informal está ligada

à conversa entre cientistas, em eventos científicos, congressos, seminários, simpósios,

encontros, colóquios, fóruns e outros; já a segunda categoria (a formal) está ligada à

publicação dos resultados de pesquisas em periódicos e livros. Esta categoria é assim

denominada, porque passam por procedimentos rigorosos até que seja efetivada e formalizada

9 Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br> 10 Disponível em:< http://extralibris.org/revista/o-antepassado-esquecido-paul-otlet> 11 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Memex> 12 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_Nelson>

Page 38: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

36

a comunicação entre os membros da comunidade científica. Dentre estes canais, o mais

importante para a Ciência são os artigos publicados em periódicos científicos.

A comunicação científica formal, representada por artigos científicos organizados em

periódicos, teve sua origem em 1665, com a criação do Journal de Sçavans na França e do

Philosophical Transactions of the Royal Society na Inglaterra.

A Royal Society de Londres desempenhou um papel fundamental na

institucionalização da comunicação científica, pelo interesse em divulgar os trabalhos de seus

associados, além de se preocupar em mantê-los atualizados, buscando desta forma,

informações em outros países e outras sociedades similares.

A esse respeito, Meadows (1999, p.7) acrescenta que com a necessidade de

comunicação de modo mais eficiente [...] e uma clientela crescente e interessada em novas

realizações, iniciava-se o processo de formalização na comunicação da Ciência.

As sociedades científicas como ficaram conhecidas, eram definidas como:

“associações que agrupavam pessoas interessadas em determinados temas, patrocinadas pelas

universidades, que tinham como principal objetivo facilitar a comunicação e a discussão dos

novos conhecimentos de uma forma mais direta do que permitiam os livros” (SABATTINI,

1999b, p. 39-40).

A comunicação de informações científicas de um pesquisador para o outro dependia da correspondência particular e da publicação ocasional de livros e panfletos [...]. A criação da Revista Científica Philosophical Transactions, da Royal Society, começou como uma simples ata de reuniões, impressa para distribuição entre os membros da sociedade e transformou-se num periódico de publicação regular. (ZIMAN, 1979, p.117-118).

Para Le Coadic (1996), neste momento a Ciência se desenvolvia de uma atividade

particular para uma atividade social, onde o principal papel da comunicação científica era, e

ainda é, promover o intercâmbio de informações entre os membros da comunidade científica.

Ziman (1979, p.118) destaca que “a criação da revista científica teve uma importância

muito maior do que outra iniciativa das sociedades reais e Academias Nacionais [...]”. Ao

contrário da publicação ocasional de livros e panfletos, a revista científica com publicação

regular, atingia um público mais amplo, o que possibilitava a leitura e a discussão sobre as

descobertas mais recentes por um número muito maior de pesquisadores e leitores.

Desde então, o periódico científico passou a assumir o papel de principal canal de

publicação no processo de comunicação da Ciência, sendo considerado ainda hoje, como um

dos veículos mais importantes para legitimar a autoria das descobertas científicas e o meio

mais utilizado pelos pesquisadores para tornar pública as suas pesquisas.

Page 39: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

37

A publicação dos resultados das pesquisas na forma de artigos científicos passou a ser

um dos elementos chave da vida acadêmica.

No século XX (década de 1960), houve um aumento surpreendente do número de

pessoas dedicadas às atividades de pesquisa. Devido ao aumento substancial do material

científico disponível naquela época, este período ficou conhecido como o período da

“explosão de informação” e da “especialização do conhecimento”.

Esse fato veio refletir na especialização dos periódicos e das sociedades científicas,

proporcionando um aumento do número de periódicos de informações secundárias, ou de

resumos, para agilizar o acesso a essa informação especializada.

Os resultados iniciais de uma determinada pesquisa são disseminados pelos canais

informais, sendo os resultados finais disseminados pelos canais formais de comunicação

como os periódicos científicos (MUELLER, 1994). A própria pesquisa científica obriga o

envolvimento dos pesquisadores no processo de comunicação: "a necessidade de acumular

dados, desenvolver teorias e experiências simultaneamente, e modificar ideias, tudo isso faz

com que os cientistas se envolvam com comunicação” (MEADOWS, 1999, p.49).

Componentes como formas de apresentação, críticas e citações dos resultados das

pesquisas científicas, são importantes constituintes do processo científico (ZIMAN, 1979).

O ciclo da informação envolve três processos: o da construção, o da comunicação e o

do uso da informação. A atividade de pesquisa se encontra no processo de construção da

informação.

“Sem informação a pesquisa seria inútil e não haveria o conhecimento. Fluido

precioso, continuamente produzido e renovado, a informação só interessa se circula e,

sobretudo se circula livremente”. (LE COADIC, 1994, p. 27).

Figura 1 – Ciclo da Informação

Fonte: Le Coadic (2004, p.10)

Page 40: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

38

Comunicação científica é entendida aqui como “todo espectro de atividades associadas

com a produção, disseminação e uso da informação, desde a busca de uma ideia para a

pesquisa, até a aceitação da informação sobre os resultados dessa pesquisa como componente

do conhecimento científico” (GARVEY; GRIFFITY, 1979, p.299). Contudo “[...] não cabe

reivindicar com legitimidade este nome enquanto não for analisada e aceita pelos pares. Isso

exige, necessariamente, que seja comunicada”. (MEADOWS, 1999, p.vii)

O meio disponível e a natureza da comunidade científica afetam não só a forma como

a informação é apresentada, mas também a quantidade de informações em circulação.

As TICs possibilitaram à sociedade, uma nova maneira de pensar, fazer e acessar o

conhecimento. Esta mudança de paradigma transforma o modo de enxergar o mundo e a

forma de se fazer Ciência. Também afeta as práticas da pesquisa acadêmica e,

consequentemente, a comunicação científica, que há tempos, vive uma fase de transição de

suportes.

Além dos canais formais já utilizados, surge uma nova categoria: a comunicação

eletrônica, que é definida por Targino (2000, p.75) como “a transmissão de informações

científicas através de meios eletrônicos”

Figura 2 – Processo de comunicação científica em ambiente eletrônico.

Fonte: HURD (1996)

Page 41: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

39

A comunicação realizada por meios eletrônicos é considerada híbrida, já que possui

características tanto de um canal informal quanto formal.

Informalmente, a comunicação eletrônica agiliza o contato entre os pesquisadores, favorecendo a troca rápida de informações e o feedback imediato ao desenvolvimento de seus trabalhos.Os contatos pessoais têm sido cada vez mais intermediados pelo uso intensivo de correio eletrônico, grupos de discussão, [...] chats e blogs. A contribuição dos meios eletrônicos na comunicação formal pode ser facilmente identificada pela praticidade e rapidez na divulgação do conhecimento produzido para um público mais amplo. (ALMEIDA, 2008, p.46)

Barreto (1998 apud OLIVEIRA, 2006, p.21-22) distingue os seguintes pontos com

relação às modificações estruturais no fluxo da informação, causadas pela comunicação

eletrônica:

- Interação do receptor com a informação: o receptor passa a participar do fluxo da comunicação, sendo sua interação com a informação direta, conversacional e sem intermediários; - Tempo de interação: o receptor conectado on-line interage com o fluxo da informação em tempo real, passando a ser o julgador da relevância da informação; - Estrutura da mensagem: o receptor pode utilizar linguagens (texto, imagem, som) para elaborar a informação; não está mais preso à estrutura linear da informação, podendo criar seu próprio documento de acordo com a sua decisão; - Facilidade de ir e vir: a conexão em rede amplia a percepção da dimensão do espaço da comunicação, e o receptor pode acessar diferentes estoques de informação no momento em que desejar.

As TICs deram um novo impulso à produção científica, principalmente depois do

surgimento das publicações científicas eletrônicas.

Figura 3 – Modelo híbrido de comunicação científica

Fonte: Costa (2008)

Page 42: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

40

As publicações científicas eletrônicas se constituem atualmente um dos temas de maior repercussão dentro da comunicação científica, e, por conseguinte, da própria Ciência moderna, ao atuarem dentro de um campo chave para o funcionamento do atual modelo de produção do conhecimento científico. (MARTINS, 2006, p.14)

De acordo com Lancaster (1995), o desenvolvimento das publicações eletrônicas se

divide em quatro etapas: 1) a utilização de computadores para geração da publicação impressa

(processadores de texto, editoração eletrônica); 2) o texto passa a ser distribuído em formato

eletrônico, contudo a versão eletrônica continua idêntica à versão impressa; 3) a publicação

eletrônica passa a agregar alguns diferenciais como a possibilidade de pesquisa, produção de

metadados e serviços de alerta; 4) as publicações são elaboradas em formato eletrônico, e

disponibilizam recursos como hiperlink, hipertexto, som, movimento, etc.

Atualmente, mesmo com as facilidades proporcionadas pelas TICs para prover acesso

ao texto completo de artigos de periódicos, a comunicação científica ainda passa por um

longo processo social.

Um novo conhecimento até que seja incorporado ao corpo da Ciência, precisa passar,

após a sua publicação, pelos chamados filtros de qualidade, que consistem na leitura pelos

pesquisadores, na sua avaliação, crítica e por fim a citação, que é uma conduta exigida por

seus pares.

Dentre os principais canais formais de comunicação, os que recebem maior destaque

são os periódicos científicos impressos e eletrônicos, pois ampliam a disseminação da

pesquisa de modo exponencial, maximizando seu impacto, sua visibilidade e seu progresso.

Como objetos de estudo, ambos serão discutidos nos próximos capítulos desta pesquisa.

4.2 Periódico científico

Dentre os diversos vetores que compõem o sistema de comunicação científica, os

periódicos científicos têm sido um dos mais atingidos pelas TICs. Os recentes avanços

tecnológicos vêm contribuindo exponencialmente para a revisão do modelo tradicional de

geração e consumo de informações científicas.

4.2.1 Periódico científico no processo de comunicação da Ciência

O periódico científico é considerado “o principal canal formal de disseminação da

Ciência”. (VALÉRIO, 2005, p.2).

Page 43: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

41

“São publicações seriadas, independente do suporte, nas quais vários autores, sob

coordenação de um ou mais editores, publicam o resultado de suas pesquisas”. (FACHIN;

HILLESHEIM, 2006).

Motivados pelo papel que representa na construção do conhecimento científico, o

periódico científico tem sido objeto de muitos estudos. É consenso entre autores como

Mueller (1994), Schaffner (1994) Harrison (1995), Van Brakel (1995), Miranda e Pereira

(1996), Menezes e Couzinet (1998), que as principais funções dos periódicos científicos,

independente do formato adotado para sua publicação, são: memória e arquivo do

conhecimento, instrumento responsável pela comunicação entre os membros de diversas

comunidades científicas e a de formalização do conhecimento.

São atribuídas quatro funções ao periódico científico:

a) Estabelecimento da Ciência "certificada", ou seja, do conhecimento que recebeu o aval da comunidade científica; b) canal de comunicação entre os cientistas; c) divulgação mais ampla da Ciência, arquivo ou memória científica; d) registro da autoria da descoberta científica. Além disto, essas funções não se alteraram, a despeito das transformações recentes nos meios de comunicação (MUELLER, 1999)

Dentre as características que diferenciam o periódico científico das demais formas de

comunicação científica formal, Ferreira (2010, p.6) destaca:

São publicados de maneira continuada, sem previsão de término; as edições são numeradas normalmente por volume, número e ano ou estação e ano,entre outras formas de apresentação; em cada edição há textos selecionados pelos editores conforme a temática do número e após passarem pelo processo editorial; a periodicidade de cada título é diversa, podendo ser desde anual a mensal e mesmo semanal, dependendo da área do conhecimento e dos objetivos do periódico.

No processo de comunicação da Ciência, o periódico:

[...] confere valor às pesquisas e as situa no seu grau de originalidade em relação ao conhecimento já acumulado em determinada área do conhecimento [...]. Garante a memória da Ciência, aponta seu grau de evolução, estabelece a propriedade intelectual, legitima novos campos de estudos e disciplinas, constitui-se em fonte para o início de novas pesquisas, dando visibilidade e prestígio aos pesquisadores entre um público altamente especializado, os seus pares. (GRUSZYNSKI; GOLIN, 2006, p.1)

Diante desta abordagem, observa-se que a publicação de artigos científicos constitui a

primeira informação que dá início ao diálogo científico, sendo suas possibilidades de acesso

cruciais para a recuperação da informação. A importância atribuída ao periódico científico

pela comunidade acadêmica pode ser observada pelo estudo realizado por King e Tenopir

(1998, p.1). Constatou-se que “mais de 50% das consultas objetivam a atualização ou o

desenvolvimento profissional, 75% visam a pesquisa, 41% ao ensino e 13% são para fins

administrativos e outros.”

Page 44: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

42

“[...] Periódicos legitimam estudos e pesquisas como cientificamente relevantes,

difundem o conhecimento, e, compõem uma estrutura que valida ou não o que é produzido

pelos cientistas” (BOURDIEU, 1994).

Foi no século XVII, logo após o início da Ciência experimental, que apareceram os

primeiros periódicos científicos.

4.2.2 Surgimento do periódico científico

O periódico científico surgiu no século XVII como uma simples ata de reunião,

impressa para distribuição entre os membros das sociedades científicas na França (Academie

Royale dês Sciences de Paris) e na Inglaterra (Royal Society of London) quando a

comunidade científica passa a exigir evidências baseadas na observação e na experiência

empírica, para reconhecimento do conhecimento científico.

De acordo com Boorstin (1989), não foi por acaso que esses periódicos surgiram

nesses países. Ambos disputavam a primazia acadêmica, por serem considerados os centros

de excelência, nos séculos XVII a XIX.

De acordo com Meadows (1999), o Journal de Sçavans foi o primeiro título de

periódico publicado em janeiro de 1665 por Dennis de Sallo na França, sendo este

considerado o precursor do periódico moderno da área de humanas.

Destinava-se a catalogar e resumir os livros mais importantes publicados na Europa, publicar necrológios de personalidades eminentes, descrever os progressos científicos e técnicos, registrar as principais decisões jurídicas e em geral cobrir todos os tópicos de interesse dos homens letrados. (MEADOWS, 1999, p.6)

Dando continuidade ao processo de formalização do conhecimento científico, em maio

de 1665 na Inglaterra, foi publicado o segundo título de periódico: o Philosophical

Transactions, que investia nos relatos de experimentos científicos, por isso é considerado o

precursor do moderno periódico científico. O Journal de Sçavans e o Philosophical

Transaction contribuíram como modelos distintos para a literatura científica e acarretou

mudanças no processo de comunicação da Ciência.

“A comunicação de informações científicas que antes dependia da correspondência

particular de um pesquisador para outro e da publicação ocasional de livros e panfletos,

transforma-se num periódico de publicação regular”. (ZIMAN, 1979, p.117-118).

Page 45: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

43

A figura 4 ilustra as capas dos primeiros números do “Le Journal des Sçavans” e

“Philosophical Transactions” datados de 1665.

Stumpf (1996) comenta a influência desses periódicos para a Ciência:

O primeiro influenciou o desenvolvimento das revistas dedicadas à Ciência geral, sem comprometimento com uma área específica, e o segundo se tornou modelo das publicações das sociedades científicas, que apareceram em grande número na Europa, durante o século XVIII. Os periódicos científicos se espalharam por toda a Europa, quase sempre como veículos de divulgação das sociedades e academias científicas. Ainda no século XVIII, surgiram os periódicos científicos especializados em campos específicos do conhecimento, como a física, a química, a biologia, a agricultura e a medicina. Esta especialização não ocorria, porém, de uma forma generalizada, pois os periódicos continuavam a ser, predominantemente, não especializados. No século XIX, a produção das revistas científicas cresceu significativamente, em função do aumento do número de pesquisadores e de pesquisas. Além disso, os avanços técnicos de impressão e a fabricação do papel com polpa de madeira contribuíram para esta expansão. Mas foi, sem dúvida, a introdução das revistas de resumo, em 1830 - Pharmazeutishes Zentralblatt -, mostrando a possibilidade de recuperação dos artigos das revistas científicas, que propiciou seu desenvolvimento e facilitou seu uso. (STUMPF, 1996, p.384-385)

Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org>

Figura 4 – Capas dos primeiros números do “Le Journal des Sçavans” e “Philosophical Transactions” datados de 1665

Page 46: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

44

“Os cientistas perceberam que o meio de comunicação até então utilizado para

divulgar os resultados de suas pesquisas (representado pela troca de correspondências) já não

se mostrava adequado para a disseminação de novas descobertas científicas”. (HAYASHI et

al., 2006, p.370)

Após o seu surgimento, o modelo de periódico científico foi difundido por toda a

Europa, promovendo o crescimento do número de publicações, a sua disseminação e ainda

configurou-se como um importante meio de comunicação científica, resultando no aumento

do número dos títulos existentes.

De acordo com Kronick (1976 apud HARMON, 1992) o número de periódicos passou

de 4, em 1670, para 118 em 1790. Estes periódicos, em sua maioria estavam diretamente

vinculados a instituições científicas, e eram utilizados para disseminar as realizações de seus

membros, no campo da Ciência. (STUMPF, 1996)

No Brasil, os primeiros periódicos científicos - “Gazeta Médica do Rio de Janeiro em

1862 e Gazeta Médica da Bahia em 1866” - começaram a surgir em meados do século XIX,

ou seja, dois séculos após o aparecimento dos exemplares europeus. (BARRAVIERA, 1997,

p.51)

Em 1879 surge o Index Medicus, primeiro periódico que trazia informações sobre

artigos e trabalhos publicados em outros periódicos. Dando continuidade a evolução do

periódico científico, o Chemical Abstracts data de 1907, e o Biological Abstracts de 1921

(BIOJONE, 2001, p.24). São os chamados Periódicos de Resumos.

A primeira revista regularmente publicada no Brasil, em 1917, foram os Anais da

Academia de Ciências, com o nome de Revista da Sociedade Brasileira de Ciências.

(SOUZA, 2006, p.25)

A partir do século XX, ocorre um expressivo crescimento do número de periódicos

científicos. Nesse período o número de periódicos passou de 10 mil títulos em papel para mais

de um milhão em vários tipos de suporte. (KRYZANOWSKY; TARUHN, 1998).

Estes números consolidaram o periódico científico como um recurso relevante de

publicação para a Ciência e para a comunicação científica até os dias de hoje. Disto decorre

um aumento no interesse pela publicação e divulgação dos artigos: publicar passa a ser

sinônimo de produtividade científica. Esta multiplicação se deve também ao fato do periódico

científico passar a ser publicado nesta época, por editores comerciais, pelo Estado e pelas

universidades.

Page 47: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

45

O crescimento do número de periódicos teve como conseqüência, um acúmulo

informacional, previsto desde 1851 por Joseph Henri (apud KRYZANOWSKY; TARUHN,

1998, p.193). Esta previsão pode ser constatada no entendimento de suas palavras, conforme

Relatório Anual do Conselho de Regentes da Instituição Smithsonian em 1852 na cidade de

Washington.

A humanidade tem seu progresso baseado em pesquisa, estudo e investigação, que geram saber, conhecimento ou, simplesmente, informação. Praticamente para cada item de interesse existe algum registro de saber pertinente. A não ser que essa massa de informações seja armazenada com ordem e que se especifiquem bem os meios em que nos irão expor os respectivos conteúdos, tanto a literatura como a Ciência perecerão esmagadas sob seu próprio peso. (ANNUAL..., 1852, p. 22)

Os artigos científicos se transformaram em canais privilegiados de comunicação

científica. O fato é que, para uma descoberta científica obter destaque, é necessário que o

autor publique suas constatações em um artigo de periódico científico, antes que os outros o

façam. (MERTON, 1957)

4.2.3 O formato do artigo científico e suas transformações ao longo do tempo

Do século XVII até os dias de hoje, o periódico cientifico passou por diversas

alterações, dentre estas são destacadas as modificações no formato do artigo científico.

A esse respeito, Malheiros (2010) recorda que:

Inicialmente os artigos eram descritos na forma de cartas informais enviadas para o editor, muitas delas, em língua vernácula, e não em latim, com o propósito de alcançar um público maior de não cientistas. Muitos periódicos mantêm, até hoje, um espaço para a publicação de cartas cujo conteúdo pode fazer alusão a algum artigo publicado no periódico ou relatar o resultado de uma pesquisa. (MALHEIROS, 2010, p. 35)

Harmon (1992, apud MALHEIROS, 2010, p.35) acrescenta que com o passar dos

anos, “a profissionalização e a especialização da Ciência fez com que os artigos, que ainda

mantinham o formato de cartas, sofressem modificações e, consequentemente alterassem a

estrutura dos periódicos”.

As transformações da comunidade científica, suas exigências e interesses, assim como as tecnologias disponíveis, foram gradualmente conformando as práticas editoriais dos periódicos. O próprio objeto foi se modificando gradualmente, oferecendo novas possibilidades de leitura e acesso. (GRUSZYNSKI, 2006, p.1)

A partir do século XIX a estrutura do artigo científico mudou, não cabendo mais a

utilização do método de comunicação por troca de cartas conhecido, também, como

Republique des Lettres. (SABBATINI, 1999b)

Page 48: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

46

O artigo científico que antes era escrito na forma de carta, passou a ser constituído por:

introdução, método, resultados, discussão dos resultados, e conclusão/análise.

Segundo Meadows (1999, p.1) “a forma como as revistas apresentam a informação

evoluiu gradualmente durante os três últimos séculos em resposta tanto às transformações

tecnológicas quanto às exigências cambiantes da comunidade científica”.

A prática de revisão por pares passou a ser realizada em 1731, pela Royal Society of

Edinburgh, quando a leitura do trabalho para alguns membros da sociedade científica era feita

por um relator, que não era o autor. A Royal Society por sua vez, passou a adotar este sistema

para os artigos submetidos à publicação no Philosophical Transactions em 1752. (SPIER,

2002)

Uma previsão acertada das revoluções que o periódico experimentaria, é citada por

Reis e Giannasi-Kaimen (2007, p.256), que nos reporta ao ano de 1977.

Em 1977, para espanto de alguns, Frederick Lancaster já previa que a comunidade científica criaria, transmitiria e receberia informações através de terminais; os cientistas teriam instrumentos para uma comunicação sem fronteiras geográficas, com a divulgação de artigos por meios eletrônicos.

De acordo com as expectativas dos pesquisadores, o periódico impresso nos moldes

tradicionais de comunicação científica, apresenta demora na publicação.

O trabalho pode aguardar um ano para ser divulgado; altos custos na aquisição e manutenção de coleções; formato impresso rígido, comparado com a flexibilidade do formato eletrônico; ineficiência dos instrumentos de busca diante do crescente número de periódicos, trazendo dificuldades ao pesquisador em saber o que está sendo publicado de seu interesse; frustração do pesquisador em saber que um artigo de seu interesse foi publicado e a sua biblioteca não assina o periódico e tem dificuldades de conseguir a cópia. (MUELLER, 2003, p.76).

Diante deste contexto, podemos afirmar que as TICs impulsionaram tanto a produção

científica quanto a criação dos periódicos científicos eletrônicos.

Cronologicamente, de acordo com Marcondes e Gomes (1997 apud OLIVEIRA, 2008

p.70) até 1910 não se diferenciava a informação de seu suporte tecnológico.

A partir de 1950, o conceito de informação começa a ser visto separadamente de seu suporte e inicia-se a utilização dessas tecnologias na organização e disseminação da informação; e a partir de 1990: a Internet cresce e surgem as primeiras publicações eletrônicas que disponibilizam o acesso ao documento e não apenas à informação.

4.2.4 Sistema tradicional de publicação de periódicos científicos

A informação científica é considerada ferramenta básica para o desenvolvimento

científico e tecnológico. As pesquisas científicas se estruturam em meio à sistematização do

processo de disseminação e utilização do conhecimento científico, valendo-se dos órgãos

Page 49: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

47

editoriais, veículos formais e informais de divulgação e recursos bibliográficos. Neste

contexto, apontamos a participação das editoras de cunho comercial, que sempre

desempenharam papel de intermediárias no processo de comunicação entre autores e leitores,

vendendo ao público, a produção dos pesquisadores. O lucro do negócio como fator

motivador acontece desde que as primeiras editoras foram organizadas para administrar as

“trocas de cartas” entre os pesquisadores e a produção da informação científica.

Nesta mediação que envolve um complexo sistema de produção, distribuição,

logística, planejamento e custos de estocagem, a divulgação da Ciência é feita de acordo com

as leis do mercado e efetivamente não contribui para o seu desenvolvimento, pois o preço

exorbitante da literatura tornou-se um obstáculo real para o acesso à informação científica.

Diante dos interesses de lucro das editoras comerciais, se tornou inviável manter as

assinaturas pelas bibliotecas e instituições de pesquisas. O orçamento apertado e o crescente

valor cobrado nas assinaturas levaram os bibliotecários a fazerem cortes significativos em

suas coleções e a buscarem soluções para continuar suprindo o usuário de informações

científicas. (MUELLER, 2000a, p.80).

Esse período, vivido no final da década de 1990, ficou conhecido como “crise do

periódico” e foi marcado pela fusão de editoras comerciais; aumento de preços; venda de

assinatura por “pacotes” e consórcio de bibliotecas. Neste mercado de publicações

científicas, uma batalha foi travada entre os atores envolvidos com a comunicação da Ciência.

As editoras querendo garantir o lucro e o monopólio das publicações, os pesquisadores

querendo manter a comunicação e a visibilidade diante de seus pares e instituições de fomento

e pesquisa se esforçando para garantir a disponibilização e o acesso à informação científica

(NEVES, 2004).

Como afirma Gumieiro (2009, p.53)

Há que se destacar que nessa relação, os pesquisadores não são beneficiados remuneradamente pela entrega de seus trabalhos às editoras [...] a expectativa é, na verdade, que essa entrega proporcione benefícios intangíveis ao pesquisador tais como a certificação do trabalho, o prestígio, a citação e o impacto.

No contexto do sistema tradicional de publicação de periódicos científicos, a questão

da aquisição dessas publicações tem como principais obstáculos:

1. As barreiras legais de permissão (copyrights, acordos de licenças, estatutos

e contratos);

2. As barreiras de preço.

Page 50: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

48

Quanto às barreiras legais de permissão, Gumieiro (2009, p.53) acrescenta que “é

hábito os autores cederem os direitos de seus trabalhos às editoras. Essas por sua vez, tendo

em vista a lucratividade, impõem restrições quanto à forma de uso dos trabalhos por elas

publicados”, conclui-se, portanto, que as editoras lucram com a necessidade do autor em

divulgar o seu trabalho.

Em geral, pesquisas que custaram dezenas ou centenas de milhares de dólares financiados pelos contribuintes podem ter seus direitos entregues de forma praticamente gratuita para uma editora publicar não mais que mil exemplares – e muitas vezes estas ainda cobram do autor. Alguns são impressos uma única vez. Além disso, uma editora pode fechar, vender os direitos ou simplesmente perder o interesse na obra – mesmo assim, retendo os direitos. (MACHADO, 2005, p.3)

Por isso, são comuns algumas licenças não autorizarem copiar, distribuir, armazenar e

nem mesmo imprimir determinados artigos de periódicos científicos. Esta conduta de

restrição do acesso aos resultados científicos, além de causar prejuízos irreparáveis à

sociedade, impede os autores de maior divulgação e disseminação dos resultados da sua

pesquisa. Vale ressaltar que o autor vive da difusão de suas pesquisas, bem como do impacto

dela junto à comunidade acadêmica.

[...] ainda nos dias de hoje, os pesquisadores dependem da disseminação dos resultados das pesquisas, da literatura publicada e da informação científica registrada para manter e estimular o ciclo produtivo do conhecimento e obter o reconhecimento do seu trabalho científico por parte da sociedade. (VIANA; MÁRDERO ARELLANO, 2006, p.1)

Quanto às barreiras de preço, Mayor (2004 apud GUMIEIRO, 2009, p.53) ressalta que

os preços das assinaturas de periódicos aumentaram mais de 200% na última década. A esse

respeito, Gumieiro acrescenta que:

[...] para adquirir tais trabalhos científicos, é necessário que os governos desembolsem mais recursos financeiros com a assinatura de revistas por meio das bibliotecas [...]. Dado o baixo orçamento que dispõem frente aos elevados custos das assinaturas, as bibliotecas tem apresentado dificuldades em obter e manter suas coleções de periódicos.

Este panorama angustiou os produtores da Ciência porque, de certa forma, limita a

visibilidade de seus trabalhos e restringe o acesso àqueles que podem pagar pelas assinaturas.

Com isso, cientistas são impedidos de acessar o conhecimento científico produzidos nas suas

áreas de pesquisa.

“A edificação do saber é um trabalho coletivo, em que pesquisadores e grupos de

pesquisa trabalham sobre resultados já obtidos por seus pares, e tem como objetivo

acrescentar um tijolo a mais em um vasto edifício”. (MARCONDES; SAYÃO, 2002, p.44)

Page 51: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

49

Diante desta perspectiva, o movimento mundial que promove o acesso livre e gratuito

à literatura científica, representa na atualidade, uma das experiências mais inovadoras para o

conhecimento científico.

4.3 Livre Acesso à informação científica

O Livre Acesso “vem se consolidando junto à comunidade científica, instituições de

pesquisa e agências de fomento, trilhando um novo caminho, sem retorno, no processo de

comunicação científica” (COSTA, 2007, p. 47).

Este movimento, cujos impactos ainda estão sendo desdobrados, foi constituído no

final dos anos 80 e início dos anos 90 a partir de questões como: aumento de custo das

assinaturas de revistas científicas; universidades e instituições de pesquisa precisar pagar para

ter acesso às pesquisas publicadas nas revistas científicas e pelo fato do conhecimento

científico ser o resultado de estudos, na maior parte financiada com recursos públicos, que,

por sua vez, deveriam estar disponíveis para qualquer pessoa.

Todavia, dois fatores foram cruciais para o surgimento do movimento pelo acesso

aberto à literatura científica: “a crise dos periódicos” e o advento da World Wide Web.

A “crise dos periódicos” foi desencadeada principalmente pelo aumento exorbitante do

preço do periódico nas bibliotecas universitárias a partir do final dos anos 80 e fez com que

muitas perdessem a capacidade de arcar com os custos de novas aquisições, sendo obrigadas a

cancelar suas assinaturas, e descontinuar várias coleções. Segundo Kuramoto (2006, p.92),

entre “1989 e 2001, o valor de assinatura de periódicos aumentou mais de mil por cento”

Diante deste contexto, uma batalha foi travada entre os atores envolvidos com a

comunicação científica: as editoras buscando garantir o lucro e o monopólio das publicações

científicas; os pesquisadores tentando manter a comunicação e a visibilidade junto aos seus

pares, e as instituições de fomento e pesquisa se esforçando para garantir o acesso à

informação científica (NEVES, 2004).

“Em meados dos anos 90 a Internet possibilitou um acesso maciço ao conteúdo dos

periódicos por meio digital” (ORTELLADO, 2008, p.186).

A Web proporcionou meios para que os artigos de revistas científicas, dentre outros

tipos de publicações, fossem disponibilizados a qualquer pessoa, em qualquer lugar e a

qualquer momento.

Page 52: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

50

A primeira iniciativa isolada foi a Medline, uma base de dados com referências

bibliográficas da área biomédica, criada em 1966, pela National Library of medicine, que

podia ser acessada livremente. (MACHADO, 2005).

Com o estabelecimento do modelo Open Archives e o desenvolvimento de diversas ferramentas de software para a construção de repositórios digitais e publicações periódicas eletrônicas em conformidade com esse modelo, o movimento ganha consistência. (KURAMOTO, 2006, p.96).

Envolvendo todos os atores do sistema de comunicação científica de vários países, as

conferências mundiais sobre Ciência no século XXI trouxeram um novo compromisso social

para a Ciência: promover o acesso livre e gratuito à informação científica com a proteção de

direitos autorais.

Diversas declarações em apoio a esse movimento foram e estão sendo publicadas,

intensificando a implantação de publicações periódicas eletrônicas e repositórios

institucionais e temáticos de acesso livre. Esse movimento vem ganhando adeptos em todo o

mundo por meio de declarações e manifestos.

Costa (2008, p.216) destaca que o conceito de acesso aberto foi consensualmente

definido como “acesso à literatura que é digital, online, livre de custos, e livre de restrições

desnecessárias de copyright e licenças de uso”. Ou seja, sem barreiras de preço e de permissão

(de uso).

A UNESCO acaba de aprovar em primeiro de novembro de 2011, por ocasião da sua

36a Conferência Geral realizada em Paris, o Portal Global do Acesso Aberto (Global Open

Access Portal – GOAP)13. “O seu objetivo é apresentar uma visão sobre mais de 2 mil

projetos de acesso livre à informação científica nos 148 países membros da UNESCO”.

(ACESSO..., 2012)

É neste novo cenário que os “periódicos científicos eletrônicos de acesso aberto vêm

ampliando a disseminação da pesquisa de modo exponencial, maximizando seu impacto, sua

visibilidade e seu progresso” (COSTA, 2008, p.226).

13 Disponível em: <http://www.unesco.org/new/en/communication-and-information/portals-and-platforms/goap/>

Page 53: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

51

Com base em Kuramoto (2006, p.97), o quadro 2 traz os principais marcos e

iniciativas de acesso livre à informação científica.

Quadro 2 – Principais marcos do movimento de acesso livre à informação

Out. 1999 Lançamento da Open Archives Initiative, Convenção de Santa Fé Disponível em:<http://www.openarchives.org/sfc/sfc_entry.htm>

2000 Lançamento da PUBMed Central, que disponibiliza gratuitamente artigos completos, e também o início da publicação de artigos científicos e revistas de acesso livre pela BioMed Central. Disponível em:<http://wwwncbi.nlm.nih.gov> <http://www.biomedcentral.com>

2001 Carta aberta da Public Library of Science (PLoS) Disponível em:<www.plos.org>

Fev. 2002 Iniciativa de Budapeste para o Acesso Aberto (BOAI) Disponível em:<http://www.soros.org/openaccess>

Out. 2002 Carta ECHO (European Cultural Heritage Online) Disponível em:<http://echo.mpiwg-berlin.mpg.de/home>

Abr. 2003 Declaração de Bethesda Disponível em:<http://www.earlham.edu/~peters/fos/bethesda.htm>

Ago. 2003 Association of Learned and Professional Society Publishers (ALPSP) Disponível em:<http://www.alpsp.org>

Out. 2003 Declaração de Berlim sobre o Livre Acesso ao Conhecimento Disponível em:<http://www.zim.mpg.de/openaccess-berlin/berlindeclaration.html>

Nov. 2003 Declaração de princípios do Wellcome Trustem apoio à edição em livre acesso.

Dez. 2003 Posicionamento do Inter Academy Panel sobre o acesso à IC

Dez. 2003 Declaração do IFLA sobre o livre acesso à LC e aos documentos da pesquisa Disponível em:<www.ifla.org/files/hq/news/documents/ifla-statement-on-open-access-pt.pdf>

Dez. 2003 Declaração de princípios da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação. (SMSI) Disponível em: <www.iris.sgdg.org/actions/smsi/hr-wsis>

Jan. 2004 Declaração de Valparaíso Disponível em:<https://mx2.arl.org/Lists/SPARC-OAForum/Message/519.html>

Jan. 2004 Declaração da OCDE sobre o acesso aos dados de pesq. Fin. fundos públicos Disponível em:<http://www.oecd.org/dataoecd/9/61/38500813.pdf>

Mar. 2004 Princípios de Washington D. C. para o livre acesso à Ciência Disponível em:<http://www.dcprinciples.org/>

Jul.2004 Publicação do Relatório do Comitê de Ciência e Tecnologia do Parlamento Britânico Disponível em:<http://www.publications.parliament.uk/pa/cm200304/cmselect/cmsctch/1200/1200.pdf>

Set. 2005 Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Livre à Informação Científica Disponível em:<http://www.ibict.br/openaccess>

Set. 2005

Declaração de Salvador sobre Acesso Aberto: A Perspectiva dos Países em Desenvolvimento. Disponível em:<http://www.icml9.org/channel.php?lang=pt&chnnel=86&content=428> Declaração de Salvador – Compromisso com a Equidade Disponível em:<http://www.icml9.org/channel.php?lang=pt&chnnel=86&content=427>

Dez. 2005 Carta de São Paulo Disponível em:<http://www.acessoaberto.org>

Mai. 2006 Declaração de Florianópolis (Área de Psicologia) Disponível em:<http://www.anpepp.org.br/Editais/Declaração%20%Florianópolis.pdf>

Nov. 2006 Política Nacional de Acesso Livre para países em desenvolvimento

Nov. 2006 Compromisso do Minho e Diretrizes para países de língua portuguesa Disponível em:<http://www.alemplus.wordpress.com>

Fonte: Kuramoto, 2006.

Page 54: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

52

As mudanças trazidas pela tecnologia da informação, principalmente as que estão

relacionadas à localização de informações, passa a exigir um aprofundamento sobre os

mecanismos de acesso e recuperação de conteúdos na Internet. Afinal, “o modelo atual de

sistemas de informação de qualidade aponta para o foco na informação, de caráter dinâmico,

não mais estático” (CUNHA, 2003, p.72).

4.3.1 Open Archives Iniciative (OAI)

Para Marcondes e Sayão (2002), ter acesso aos conteúdos oferecidos pela Internet não

significa mais ter que acessar o site da biblioteca digital ou arquivo eletrônico para ter acesso

aos documentos digitais nele depositados. A chamada interoperabilidade viabiliza a consulta

de acervos simultaneamente, sem que um usuário precise acessar cada site individualmente.

Atingir a interoperabilidade entre repositórios de e-prints14

ou bibliotecas digitais, envolve

tecnologias, protocolos e padronização, podendo ser alcançada pela utilização dos arquivos

abertos – “documentos depositados pelo próprio usuário em repositórios institucionais ou

temáticos, com acesso livre ao texto completo, arbitrados ou não” (CASTRO, 2005, p.4).

O arXiv15 (1991) foi a primeira iniciativa de arquivos abertos para a publicação

científica. Este repositório foi criado pelo físico Paul Ginsparg do laboratório de Los Alamos,

no Novo México (TRISKA; CAFÉ, 2001).

Constata-se que as declarações acima mencionadas envolvem os países em

desenvolvimento e países já desenvolvidos, dentre estes, destacamos as Declarações BBB:

Budapest, Bethesda e Berlin.

A Budapest Open Access Initiative – BOAI (2002) foi uma reunião promovida pelo

Open Society Institute (OSI) da Soros Foundation16 que recomendou princialmente duas

estratégias: o autoarquivamento em repositórios e a publicação em revistas de acesso livre.

Dentre outras manifestações que promoveram a democratização do acesso à

informação científica estão as iniciativas de Bethesda Statement on Open Access Publishing

(2003) e a Berlim Declaration on Open Access to Knowlwdge in Scinces & Humanities

(2003).

14 Documentos eletrônicos sujeitos à crítica de outros pesquisadores. (MÁRDELO ARELLANO; MORENO; CHAGAS, 2005, p.5) 15 Disponível em: <http://arxiv.org> 16 Disponível em: <http://www.soros.org/openaccess/>

Page 55: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

53

Representantes de instituições científicas européias assumem o compromisso, nestes

documentos, de incentivar os seus investigadores a publicar trabalhos científicos de acordo

com as políticas do Open Access, além de manter os padrões de qualidade da prática

científica. (THE NATIONAL ACADEMIES, 2004).

A Bethesda Statement on Open Access Publishing17 (2003) foi uma reunião

promovida no Howard Hughes Medical Institute - Bethesda, US, cujo objetivo era delinear

princípios para obter apoio formal das agências de financiamento e de todos os atores do fluxo

da comunicação científica para publicação de resultados de pesquisa científica. Além de

reforçar as condições da Declaração de Budapest, propôs mudanças nas políticas relativas à

publicação de resultados de pesquisa científica.

A Berlim Declaration on Open Access to Knowledge in Sciences & Humanities18

(2003) endossou as declarações anteriores passando por uma revisão no ano de 2005.

Assinada inicialmente por 19 instituições, conta atualmente com a adesão de várias

instituições de pesquisa e de patrimônio cultural, dentre estas: Austrália, Índia, Itália,

Portugal, Reino Unido, etc. Dentre as suas recomendações, está o uso da Internet para

divulgação das pesquisas científicas, o encorajamento dos pesquisadores a publicar em

revistas científicas de acesso livre - “revistas com revisão pelos pares cujos artigos podem ser

acedidos on-line por qualquer pessoa sem qualquer custo” (JISC, 2005), a necessidade de

avaliação da produção disponível em acesso livre e a definição de padrões de qualidade e de

reconhecimento para efeitos de avaliação e progressão acadêmica.

Posterior as Declarações de Budapest, Bethesda e Berlin, outras declarações também

apoiaram este movimento (CASTRO, 2005):

� Wellcome Trust position Statement in support open and unrestricted access to published research (2003 e atualizada em 2005);

� United Nations World Summit on the Information Society Declaration of Principles (2003);

� IFLA – International Federation of Library Associations on Open Access for Scholarly Literature; UK Parliament Committee “Scientific Publications: free for all?”;

� OCDE Committee on S&T Policy – Declaration on Access to Research Data from Public Funding;

� Declaração de Salvador sobre Acesso Aberto: a perspectiva dos países em desenvolvimento – América latina e Caribe, Índia , África.

� O Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso livre à Informação Científica19 – Brasil, IBICT (2005).

17 Disponível em: <http://www.earlham.edu/~peters/fos/bethesda.htm#definition> 18 Disponível em: <http://www.zim.mpg.de/openaccess-berlin/berlindeclaration.html> 19 Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Livre à Informação Científica. 2008. Disponível em: <http://kuramoto.files.wordpress.com/2008/09/manifesto-sobre-o-acesso-livre-a-informacao-cientifica.pdf>. Acesso em: 11 de out de 2009.

Page 56: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

54

“O acesso livre significa disponibilização livre na Web da literatura acadêmica e

científica, permitindo a qualquer pesquisador ler, descarregar (download), copiar, distribuir,

imprimir, pesquisar ou referenciar (link) o texto integral dos documentos”. (MARTINS, 2006,

p.50).

Nas publicações de acesso livre os resultados das investigações são publicados pelos

investigadores com vistas a estabelecerem a sua autoria e permitir que outros investigadores

desenvolvam novas pesquisas a partir deles, podendo ser usados livremente para pesquisa,

ensino, e outros propósitos afins.

De acordo com SWAN (2005, p.1) existem várias maneiras de se concretizar o Livre

Acesso, dentre estas:

1. O autor pode colocar uma cópia do seu artigo num arquivo ou repositório de acesso livre (arquivos ou repositório de acesso livre são coleções digitais de artigos de investigação que foram aí colocados pelos seus autores. No caso de artigos de revistas isto pode ser feito antes - preprints ou depois da sua publicação - postprints); 2. O autor pode publicar seu artigo em revistas científicas de acesso livre; 3. O autor pode disponibilizar uma cópia do seu artigo em um site pessoal ou departamental.

Esses três caminhos asseguram um número muito maior de acesso por outros

investigadores do que se o artigo estivesse publicado numa revista científica por assinatura,

principalmente nos dois primeiros casos.

A prática do “auto-arquivamento ou auto-arquivo” é uma realidade que tem se

desenvolvido muito rapidamente. Os repositórios de acesso livre expõem o título, autores, e

demais detalhes bibliográficos (metadados de cada artigo) num formato compatível com o

protocolo OAI-PMH 20(Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting).

Contudo, algumas editoras de revistas científicas ainda possuem restrições que

impedem o autor de auto-arquivar seus artigos (restrições de copyright). No que tange as

atuais políticas de auto-arquivo e direitos do autor, as mesmas podem ser visualizadas com

mais detalhes no site do Projeto SHERPA21 da Universidade de Nottinghan.

Cientistas e bibliotecas contrariados pelo domínio das grandes editoras de publicações

científicas, em oposição ao controle do conhecimento científico e aos preços abusivos

praticados por estas, apoiaram desde então, o movimento do Livre Acesso, que vê na Internet,

meios de os pesquisadores disponibilizarem os resultados das suas investigações livremente.

20 Protocolo que provê interoperalidade não imediata entre repositórios de eprints, bibliotecas digitais ou qualquer servidor na rede que queira tornar visíveis documentos nele armazenados para um programa externo que queira coletá-los. Através do protocolo OAI-PMH há a transferência de metadados de um computador (provedor de dados ou repositório) para outro computador (provedor de serviço ou havester) (MARCONDES; SAYAO, 2002) 21 Disponível em:<http://www.sherpa.ac.uk/romeo/>

Page 57: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

55

A funcionalidade e os recursos possibilitados pelas tecnologias de informação e

comunicação quebraram a cadeia que existia entre o autor, editora e o leitor. Se antes o editor

era um elo essencial na cadeia de disseminação do conhecimento, agora não mais.

“Esse movimento é uma resposta às dificuldades encontradas no acesso à informação

que é produzida pela comunidade científica” (KURAMOTO, 2006, p.3). A insatisfação da

comunidade acadêmica relacionada ao tradicional sistema de revistas científicas corroborou

para que esta iniciativa ganhasse adeptos em diversos países, o que inclui adesão no âmbito

governamental.

Com o movimento de livre acesso, a exploração dos resultados científicos tornou-se

mais democrática, e uma nova possibilidade para a comunicação/comunidade científica.

O acesso livre à informação implica dentre outros aspectos, em novos modelos de

negócios, gestão e avaliação, que se aplicam não somente a artigos de revistas científicas, mas

também a outros tipos de publicações científicas, como comunicações em conferências, teses

ou relatórios.

O movimento pelo livre acesso à literatura científica preconiza que tanto a

comunidade científica como os governos devem fazer esforços para que o conhecimento

científico, veiculado principalmente em artigos de periódicos, seja disseminado de forma

ampla e gratuita. (SILVEIRA; ODDONE, 2005, p.1).

Contudo, mesmo com a possibilidade de acesso ao texto completo dos artigos de

periódicos proporcionados pelas bibliotecas digitais atualmente, muitos pesquisadores só

conseguem o acesso a estes conteúdos através de licenças de uso nas universidades públicas.

Podemos citar como exemplo, o acesso ao Portal de Periódicos da Capes que até

novembro de 2011, disponibilizava 29 mil publicações periódicas internacionais e nacionais22.

É oportuno mencionar ainda, que este número não representa o total de publicações

periódicas científicas e que nem todos os periódicos oferecem acesso ao texto completo dos

artigos (alguns disponibilizam apenas o resumo). Para Castro (2005, p.5) revistas de acesso

aberto são revistas arbitradas (peer-reviewed), que permitem acesso livre aos textos

completos, respeitadas as seguintes condições:

Os autores e editores detentores dos direitos autorais oferecem acesso livre, permanente e em qualquer parte do mundo, para cópia, uso, distribuição, impressão, pesquisa, enlace aos textos completos, distribuição e visualização, em qualquer meio digital, desde que sejam reconhecidas a fonte e a autoria dos trabalhos. A versão completa do trabalho é depositada imediatamente após a publicação em ao menos um repositório, mantido por uma instituição acadêmica, sociedade científica, agência governamental ou outra instituição que permita acesso livre, distribuição irrestrita, interoperalidade e arquivo permanente a longo prazo.

22 Dados disponíveis em: <http://www.periodicos.capes.gov.br >. Acesso em: 25 nov. 2011.

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56

“A alma da Internet, por assim dizer, se encontra em seu conteúdo [...] nas

informações que, passadas com rapidez e segurança, aceleram a geração do conhecimento e

contribuem para a evolução intelectual da humanidade”. (GAUZ, 2008, p.269)

Cabe aqui destacar que a proposta deste trabalho não é relatar experiências de gestão,

e sim identificar projetos e experiências que utilizem tecnologias da Web Semântica e Web

2.0 por isso este capítulo é dedicado apenas às questões que envolvam esta temática.

4.4 Periódico científico eletrônico

O periódico científico eletrônico já está incorporado às atividades acadêmicas, porém

vem passando por diversas transformações desde o seu aparecimento na década de 1970 até

os dias de hoje. Sua evolução fez surgir novas preocupações e iniciativas que resultam das

vantagens oferecidas pelas TICs.

4.4.1 Definição do conceito

Dentre os vários estudos sobre periódico científico eletrônico, foram destacadas aqui,

três definições do seu conceito:

“Periódicos acadêmicos que são disponibilizados através da Internet e de suas

tecnologias” (HARRISSON; STEPHEN, 1995, p. 593); “Aquele que possui artigos em texto

integral, disponibilizados via rede, com acesso online, e que pode ou não existir em versão

impressa ou em qualquer tipo de suporte” (CRUZ et al, 2003, p.48).

Atualmente, a maior parte dos periódicos científicos encontra-se disponível na Web, e

estão cada vez mais integrados ao ambiente de e-Science. Tomando como base a definição de

Oliveira (2008, p.71), pode-se entender o periódico científico eletrônico como:

Publicação que pretende ser continuada indefinidamente, que apresente procedimentos de controle de qualidade dos trabalhos publicados aceitos internacionalmente, e que disponibilize o texto completo do artigo através do acesso online, podendo ter ou não, uma versão impressa ou em outro tipo de suporte.

Esta definição reflete o momento de transição atual, onde coexistem publicações em

diferentes suportes e em diferentes estágios de desenvolvimento. As mudanças ocorridas com

o periódico científico estão refletidas na sua forma tradicional, passando pelo hipertexto e

pelo periódico eletrônico, e diante das perspectivas atuais, segue evoluindo rumo às

publicações semânticas.

Page 59: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

57

4.4.2 Evolução dos periódicos científicos eletrônicos

Projetos de experimentação e cooperação serviram de base para as publicações

eletrônicas. O estudo de Almeida (2008, p.53-59) relaciona alguns desses projetos bem como

a sua importância para a evolução dos periódicos científicos eletrônicos.

Quadro 3 – Evolução dos periódicos científicos eletrônicos

Período Evolução

1973

Os periódicos eletrônicos originaram-se das newsletters e das redes de conferências eletrônicas há cerca de 30 anos. (OLIVEIRA, 2008, p. 71) De acordo com Lancaster (1995), os primeiros autores a conceituar o periódico eletrônico foram Sondak e Schwartz em 1973. Esses autores apresentavam o conceito de “paperless

journal”- periódico sem papel- e visualizavam a sua distribuição em formato eletrônico, através de artigos que pudessem ser lidos por computadores nas bibliotecas e através de microfichas por assinantes individuais.

1978 - 1980

O primeiro projeto de periódico eletrônico foi o Electronic Information Exchange System, (EIES) financiado pela National Science Foundation e desenvolvido pelo New Jersey Institute of Technology (USA), entre 1978-1980. O objetivo principal era propor um modelo de publicação para os periódicos em meio eletrônico, onde se buscaria satisfazer às necessidades e desejos de editores e usuários, além de respeitar os padrões já adotados pelos periódicos científicos disponíveis no formato impresso. (GOMES, 1999, p.15)

1980

Em 1980, a Britsh Library em conjunto com a Loughborough University estabeleceram um periódico on-line experimental na área de Computação, o “Computer Human Factor”, que durou até 1984. Lancaster (1995 apud OLIVEIRA, 2008, p. 71). Outros projetos pioneiros foram o “ADONIS” também de 1980, cujo foco era a difusão, em meio eletrônico de periódicos em formato impresso, e o QUARTET, que tinha o propósito de investigar as implicações das tecnologias de informação para o processo da comunicação científica em meios acadêmicos. O fruto dessa iniciativa foi a criação do sistema HyperBIT – Behavior and Information Technology, um modelo para a publicação dos primeiros periódicos eletrônicos usando os recursos de hipertextos (McKNIGHT, 1993, p.7)

1980-1984

Com o surgimento do suporte CD-ROM e das tecnologias de acesso via terminal remoto de computador, teve início um ambicioso projeto chamado BLEND – Birmigham and Loughborough Electronic Network Development, conduzido por um consórcio entre as universidades britânicas de Birmigham e Loughborough, com a tutela do departamento de pesquisa e desenvolvimento da Britsh Library. O BLEND preocupava-se com a automação da armazenagem dos artigos científicos, além da facilidade de acesso que esses poderiam ter ao estarem disponíveis em meio eletrônico [...]. Assim nasceu a Computer Human Factors, acessada via terminal conectado a um computador central por meio de uma rede local. Este periódico testou pela primeira vez o sistema de revisão por pares em linha. (ALMEIDA, 2008, p.56)

1984-1987 Na França, entre 1984-1987, se desenvolveu o “Journal revue” patrocinado pela Direction des Bibliotheéques, dês Musées et de L’information Scientifique e Technique.

1991-1995

O projeto TULIP (The University Licensing Program) da Editora Científica Elsevier23, lançou 43 publicações técnicas e científicas em rede para cerca de 15 instituições acadêmicas que, desenvolviam ou adaptavam sistemas para disponibilizar as revistas eletrônicas para seus usuários. Uma das metas do TULIP era examinar os aspectos econômicos, legais e técnicos que envolvem os periódicos eletrônicos.(ALMEIDA, 2008, p.56)

1992

A American Association for the Advancement of Science (AAAS) e a On-line Computer Library Center (OCLC) lançaram o The On-line Journal of Current Clinical Trials. Um periódico distribuido na Internet, baseado no formato SGML – Standard Generalized Markup Language, padrão de descrição de textos que possibilitou a publicação de gráficos e tabelas e

23 Disponível em: <http://www.elsevier.com/wps/find/authored_newsitem.cws_home>

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58

mais tarde deu origem a HTML, utilizada universalmente na publicação de páginas Web. O projeto, no entanto, acabou fracassando devido à falta de artigos de qualidade, exigidos pelos editores. Por ser uma mídia nova, portanto não consagrada pela comunidade científica, poucos autores enviaram seus textos para a revista.(LANGSCHIED, 1994, p.90)

1993

MUSE24 – iniciado em 1993, por meio de uma parceria entre a editora universitária Johns Hopkins e a biblioteca Milton S. Eisenholwer para a disponibilização de cerca de 40 títulos daquela editora. Atualmente oferece acesso a textos integrais de mais de 380 periódicos nas áreas de Ciências Sociais e Humanidades publicados por 60 universidades. (OLIVEIRA, 2006; SABBATINI, 1999b)

1993-1996

Red Sage Electronic Journal Project25 – criado a partir de um acordo firmado em 1993 entre os laboratórios AT&T Bell, a editora científica Springer Verlag e a Universidade da Califórnia, em São Francisco. O objetivo do projeto era identificar e estudar as questões técnicas, legais, econômicas e culturais envolvendo a criação e disponibilização da literatura biomédica. Funcionou até 1996. (OLIVEIRA, 2006; SABBATINI, 1999b)

1994

Journal Storage (JSTOR)26 – concebido inicialmente como um projeto financiado pela Andrew W. Mellon Foundation, em 1994. Atualmente é uma organização sem fins lucrativos, com o propósito de manter um repositório confiável e acessível de periódicos científicos em diversas áreas do conhecimento. No Brasil, um dos primeiros projetos que tratou das publicações eletrônicas científicas na Internet foi o Grupo de Publicações Eletrônicas em Medicina (E-pub). Criado em 1994 por iniciativa do Núcleo de Informática Biomédica (NIB), da Universidade Estadual de Campinas. O E-pub dedicou-se ao desenvolvimento de revistas eletrônicas com textos completos da área médica. Entre os títulos publicados estão os Arquivos Brasileiros de Cardiologia e a revista Saúde e Vida On-line, esta última dirigida ao público leigo. Outro projeto pioneiro direcionado ao desenvolvimento de periódicos científicos nacionais foi a Base de Dados Tropical (BDT), da Fundação Tropical de Pesquisa e Tecnologia André Tosello, voltada para a disseminação de informação científica especializada na área biológica. Um de seus principais projetos é o serviço Bioline Publications. Implementado em 1994 que permite o acesso à revistas da área de Biociências. (OLIVEIRA, 2006; SABBATINI, 1999b)

1995

HigWire Press27 – unidade da biblioteca da Universidade de Stanford, fundada no início de 1995. Desde então, disponibiliza cerca de 1.100 periódicos eletrônicos de diversas áreas. (OLIVEIRA, 2006; SABBATINI, 1999b)

1995 -1998

Super Journal Project – desenvolvido no âmbito do Electronic Libraries Programme (eLIB) a partir de 1995. Representa a colaboração entre editores, universidades e bibliotecas para o desenvolvimento de periódicos eletrônicos. Funcionou até 1998, disponibilizando acesso a 49 periódicos eletrônicos direcionados aos usuários de universidades inglesas. (OLIVEIRA, 2006; SABBATINI, 1999b)

1997

SciELO – Scientific Electronic Library On-line, resultado de uma parceria entre a FAPESP, Bireme e um grupo de editores científicos de diversas áreas do conhecimento que se uniram com a finalidade de desenvolver uma metodologia para a preparação, armazenamento, disseminação e avaliação de publicações científicas em formato eletrônico (PACKER et al., 1998, p.109). “[...] além de fornecer um controle bibliográfico da literatura científica, produz indicadores bibliométricos para medir o uso e o fator de impacto dos periódicos disponibilizados” (BIOJONE, 2001, p.64).

2001

BioOne – resultado de uma aliança de diferentes instituições envolvidas com o processo de comunicação científica (sociedades científicas, universidades, bibliotecas acadêmicas e editores comerciais). São mais de 70 periódicos relevantes na área de Ciências. Sua base de dados tornou-se pública em janeiro de 2001. (OLIVEIRA, 2006; SABBATINI, 1999b)

Fonte: Almeida (2008)

Constata-se com o exposto, que “a nova versão do periódico científico eletrônico

apresentava algumas desvantagens acarretadas, sobretudo, pelas restrições da tecnologia e

pela abrangência ainda pequena do uso de computadores e da informação em rede, fato este

24 Disponível em: <http://www.jhu.edu> 25 Disponível em: <http://www.ckm.uscj.edu/projects/RedSage> 26 Disponível em: <http://www.jstor.org> 27 Disponível em: <http://highwire.stanford.edu>

Page 61: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

59

que acabava limitando seu uso por um grupo muito pequeno de usuários”. (CRESPO;

CAREGNATO, 2004, p.5).

De acordo com Cunha (1997, p.82), “[...] os e-journals eram caros, complicados de

usar e inacessíveis, além de não possuírem a qualidade dos impressos”.

Contudo, as dificuldades que acompanharam o início dos periódicos eletrônicos aos

poucos foram diminuindo tendo em vista os avanços tecnológicos e seu emprego crescente

pela comunidade acadêmica.

Segundo Oliveira (2008, p.71), “a partir da década de 80, com o desenvolvimento das

TICs, o surgimento dos microcomputadores, a Internet e a Web, começa-se a delinear o

ambiente propício para a revitalização dos periódicos eletrônicos”.

“O desenvolvimento tecnológico dos periódicos eletrônicos entre os anos 80 e 90

prepararam o terreno para a grande revolução tecnológica que estava por vir: os periódicos

disponibilizados na World Wide Web”. (ALMEIDA, 2008, p. 57).

O fato é que com o surgimento da Internet e da Web e com as várias transformações

ocorridas no processo de comunicação científica, os periódicos científicos eletrônicos

encontraram um ambiente mais apropriado e passaram a ser publicados em formato digital.

Barnes (1997 apud OLIVEIRA, 2006, p.72) afirma que neste período, surgiram periódicos

eletrônicos no suporte CD-ROM, que traziam imagens escaneadas das publicações impressas,

com links entre a descrição bibliográfica e os resumos dos artigos e a imagem do texto.

Os periódicos científicos evoluem, passando a ser publicados em formato digital e

disponibilizados através da Internet e suas tecnologias associadas.

Biojone (2001) destaca que o aumento dos periódicos científicos em formato

eletrônico pode ser acompanhado através do Directory of Electronic Journals28, Newsletter

and Academic que, em 1991, registrava a Discussion List . Porém, junto com o fascínio dessa

evolução, veio a preocupação com a disponibilidade e armazenamento dos documentos

eletrônicos publicados na Web.

28 Disponível em: <http://gort.ucsd.edu/newjour/index.htm>.

Page 62: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

60

4.4.3 Produção e uso do periódico científico eletrônico: atores envolvidos

A introdução e o crescimento do uso dos periódicos eletrônicos afetam a todos os

envolvidos na produção, disseminação e utilização do conhecimento, principalmente os

pesquisadores, como produtores e usuário da informação científica. (OLIVEIRA, 2006, p.47)

Os pesquisadores e cientistas são diretamente influenciados pelas transformações

trazidas pelo periódico científico eletrônico, pois os mesmos exercem também as funções de

autores, editores e revisores desse veículo de comunicação científica;

No que tange a publicação, o processo de editoração foi facilitado através do meio

eletrônico, principalmente nas etapas de envio, submissão de artigos, revisão pelos pares,

formatação e redução de custos de produção (para a publicação dos formatos digitais).

No caso das bibliotecas, os periódicos eletrônicos impactaram principalmente os

serviços de seleção, aquisição, catalogação, atendimento ao usuário, armazenamento e

conservação desse material, bem como a questão do acesso a essas informações.

Benefícios como acesso rápido, possibilidade de fazer “download”, imprimir e enviar

os artigos na sua própria residência são algumas vantagens trazidas pelos periódicos

eletrônicos. O surgimento da Web além de facilitar e reduzir as questões relacionadas ao

mundo do papel mudou a forma e o conteúdo dos documentos, passando a ser um espaço de

produção e transferência do conhecimento científico. Sua interatividade possibilitou uma

mudança fundamental no esquema clássico da comunicação e desencadeou uma série de

transformações culturais, econômicas, sociais e políticas.

O potencial das TICs tem sido aplicado a sistemas modernos de informação bibliográfica para melhorar a comunicação científica, proporcionando o acesso rápido, [...] e integral de artigos científicos. Mas esse potencial não tem sido usado para processar diretamente o conhecimento incorporado no texto de artigos científicos. (MARCONDES, 2011, p.83)

O periódico científico se tornou uma nova forma de publicação acadêmica em

ambiente digital (periódico eletrônico), mas ainda continua calcado no modelo impresso, de

modo a ser lido e interpretado apenas por seres humanos.

Tenopir e King (2009) comprovam que os pesquisadores dispensam cada vez menos

tempo na leitura dos artigos científicos. Os artigos são lidos estrategicamente (RENEAR;

PALMER, 2009), com o objetivo de trabalhar diferentes artigos e outras fontes de informação

simultaneamente na Web.

Page 63: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

61

Miranda e Simeão (2002, apud MARCONDES; MENDONÇA; MALHEIROS, 2006,

p.2) em pesquisa sobre periódico científico eletrônico, destacam pouco uso de características

típicas do ambiente Web como: interatividade, hipertextualidade e multimediação nos sites de

acesso de distribuidores internacionais de periódicos eletrônicos como Elsevier, Galé, OVID,

Springer, ProQuest, Scielo, etc.

Diante desta perspectiva, a comunidade científica vem tomando iniciativas,

vislumbrando encontrar possíveis alternativas para tornar mais democrático o acesso ao

conhecimento científico contido nos artigos de periódicos e otimizar a leitura estratégica no

ambiente Web.

4.5 Web Semântica

O mundo digital com suas tecnologias de informação e comunicação inferiu grandes

mudanças de paradigmas em nossa sociedade.

Originalmente, o computador era visto somente como hardware. Na década de 80, ele se transformou em um sistema capaz de simular jogos, processar textos e elaborar apresentações. Hoje em dia, tornou-se um portal para uma rede de troca de informações e transações comerciais. Como conseqüência, as tecnologias que dão acesso a essas informações textuais, não estruturadas e heterogêneas se tornaram tão essenciais quanto as linguagens de programação nas décadas de 60 e 70. (DIAS; SANTOS, 2003, p.80)

A concepção do computador, seguido dos novos formatos de comunicação é um

exemplo de como a evolução tecnológica impactou a vida do ser humano, transformando

irreversivelmente o seu comportamento. A Internet, ou melhor, a tecnologia Web, foi uma

precursora das transformações tecnológicas, sociais e econômicas da humanidade.

A Web alterou de maneira radical, a forma com que a sociedade se comunica, se

relaciona, produz e consomem bens, informações etc.

A chegada da sociedade eletrônica de informação modificou drasticamente a delimitação de tempo e espaço da informação. A importância do instrumental da tecnologia da informação forneceu a infra-estrutura para modificações, sem retorno, das relações da informação com seus receptores. (BARRETO, 2005, p.9)

A Internet surge em plena Guerra Fria. Criada com objetivos militares seria uma das

formas das forças armadas norte-americanas de manter as comunicações em caso de ataques

inimigos que destruíssem os meios convencionais de telecomunicações.

Nas décadas de 1970 e 1980, além de ser utilizada para fins militares, a Internet

também foi um importante meio de comunicação acadêmica.

Page 64: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

62

Estudantes, cientistas e professores universitários, principalmente dos EUA, trocavam

ideias, mensagens e descobertas pelas linhas da rede mundial.

O projeto Web nasce com a proposta de criar um sistema baseado em navegação de

hipertextos29, que possibilitaria o surgimento de uma interface mais amigável e de fácil

navegação para a Internet. Segundo Picker (2007, p. 3), “a World Wide Web foi criada [...]

com base nas ideias originadas de trabalhos anteriores sobre hipertexto realizados por Bush na

década de 40 e por Ted Nelson na década de 60”.

Em 1989, Tim Berners-Lee e Robert Cailau, no CERN30, criaram um sistema universal de interconexão de informações. Em outubro de 1990 esse sistema foi chamado de WWW (World Wide Web). Um dos requisitos básicos para esse sistema era uma linguagem para a formatação da informação em hipertextos, Tim Berners-Lee desenvolveu uma variante para a linguagem de mark up então utilizada pelo CERN, a SGML31, e criou a HTML32 - Hypertext Markup Language. (BREITMAN, 2005, p.48)

29 Forma de estruturação da informação que permite a leitura não linear de um texto, por meio de acionamento de hiperlinks que viabilizam a conexão direta com outras partes do documento ou com outros documentos disponíveis na Web. (TOUTAIN, 2006, p.18) 30 Conséil Européen pour la Recherche Nucleáire 31 Standard Generalized Markup Language – Padrão Internacional para definir descrições de estrutura e conteúdo de diversos tipos de documentos. Forma a base para o HTML e o XML. (TOUTAIN, 2006, p.21) 32 HTML – Hypertext Markup Language é a língua franca para publicação de documentos na Web. É um formato não-proprietário baseado no padrão SGML e pode ser criado e processado por uma grande variedade de ferramentas. O HTML utiliza tags, como <hI>e</hI>, para estruturar o texto em cabeçalhos, parágrafos, listas, links de hipertextos etc. (TOUTAIN, 2006, p.18)

Figura 5 – Capa da proposta original da World Wide

Fonte: Gillies; Cailliau (2000,

Page 65: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

63

Favorecidas pela interconexão universal de informações surgem no início da década

de 1990, as primeiras empresas provedoras de acesso comercial na Internet, e acontece de

fato, a explosão popular da rede.

Conforme afirma Vidotti (2001, p.44)

Podemos pensar na Internet como uma grande biblioteca, ou como um ambiente hipermídia coletivo, no qual os usuários são agentes ativos do processo de armazenamento, indexação, recuperação e disseminação de documentos eletrônicos hipertextuais, um ambiente auto-organizado em permanente mutação.

Em 1992, as informações na Internet passam a estar organizadas por meio de

hipertexto o que torna a interação do usuário com a rede mundial muito mais amigável. O

surpreendente sucesso da Internet pode ser atribuído ao projeto de Tim Berners-Lee. Com sua

linguagem de marcação de hipertexto – HTML, identificadores de recursos universais –

URIs33, e hiperlinks34, a Internet passa a ser um fenômeno de massa, com milhões de usuários

espalhados pelo mundo, movimentando milhões de dólares em comércio eletrônico.

Marcondes e Campos (2008, p.109) confirmam que a Internet “adquire sua face atual

com o surgimento do hipertexto e da Web [...]. A Web transforma a Internet num gigantesco

sistema de informações à escala mundial”. Marcondes (2010, p.1) acrescenta ainda, que

“parcelas significativas da cultura contemporânea, entretenimento, Ciência, educação e

negócios, passam a estar organizados em torno da Web”.

Constituída por uma enorme quantidade de documentos e recursos como: banco de

dados, artigos, programas, arquivos e outros, a Web passa a ser um meio de comunicação,

informação e compartilhamento de conhecimento entre as pessoas. A possibilidade de

publicar informações na Web, facilitou ainda mais, a utilização da rede pelos usuários,

entretanto,

[...] por serem criadas de forma autônoma, sem preocupação com regras de estruturação, catalogação e descrições de suas propriedades, essas informações são difíceis de serem abrangidas pelos mecanismos de pesquisa, ocasionando demora e ineficácia na localização de informações. (DIAS; SANTOS, 2001, p.3)

“Encontrar a informação adequada passa a ser o principal problema cultural,

econômico e científico da atualidade” (MARCONDES;CAMPOS, 2008, p.109). Ainda existe

muita dificuldade para encontrar informações relevantes através dos buscadores na Web.

Além do tempo gasto, a abrangência dos mecanismos de busca aos conteúdos disponíveis na

33 URI – Uniform Resource Identifier. Conjunto genérico de todos os nomes/endereços que identificam recurso informacinais na Web. (TOUTAIN, 2006, p.22) 34 Hyperlink – Uma palavra, frase ou imagem que recebe uma marcação especial para funcionar como um elo com outro documento que pode estar no mesmo computador ou em outro servidor da Internet. O hiperlink é acionado por um click do mouse. (TOUTAIN, 2006, p.18)

Page 66: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

64

Web, contempla apenas uma parte da pesquisa, a outra parte desse conteúdo (Web oculta) os

buscadores não conseguem ter acesso.

Estes argumentos apontam para uma necessidade de evolução da atual estrutura da

rede mundial. Isto porque a tecnologia utilizada na Web atual, apresenta limitações para

manipulação das informações disponíveis.

Frente a esta questão, no contexto Web a linguagem HTML criada por Tim Berners-

Lee se mostra limitada principalmente sob dois aspectos principais: falta de estrutura e

impossibilidade de validação da informação exibida. Na Web sintática os computadores

decodificam as marcações de cores, tamanho de fonte, posição na tela e hiperlinks, ou seja,

mostram apenas as informações na tela.

Acesso por conteúdo a documentos nos modernos sistemas de recuperação bibliográfica, incluindo bibliotecas digitais, repositórios, sistemas de publicação de periódicos, ainda é feito por comparação de palavras-chave da consulta feita pelos usuários, unidas através de pouco expressivos operadores booleanos, com palavras-chave que compõe os registros bibliográficos. (MARCONDES, 2011, p.84)

De modo a dar conta dessas limitações, era necessária uma nova concepção de Web

que suportasse um grande número de aplicações e ampliasse as possibilidades de utilização

desses conteúdos pelos computadores.

[...] Foi criada a XML35 (Extensible Markup Language). A XML oferece suporte para a conexão (criação de hiperlinks) entre outros documentos XML e recursos da rede. Da mesma forma que a SGML (que originou a HTML), o padrão XML separa o conteúdo da estrutura do documento. Dessa forma, mudanças na apresentação da informação podem ser obtidas sem que seja necessário realizar mudanças no conteúdo dos documentos. (BREITMAN, 2005, p.48)

Para Marcondes (2010, p.1) “o crescimento acelerado e caótico da Web coloca na

ordem do dia, o problema de identificar, recuperar e avaliar a infinidade de recursos, tornados

disponíveis na Web”.

Se apropriando desta responsabilidade, pesquisadores e estudiosos continuam a

explorar a massa informacional existente na Web, buscando reavaliar suas possibilidades, de

forma a instrumentar os computadores para processarem os registros ou fazerem inferências

mais sofisticadas.

Contrapondo a Web Sintática, surge a Web Semântica, que tem como um dos seus

maiores propósitos fazer com que os computadores processem os conteúdos de informação.

35 Extensible Markup Language – Linguagem de padrão universal, referendada pela W3C e aberta, que descreve documentos eletrônicos nos quais o conteúdo e sua descrição compõem um arquivo único; Estrutura sintática de padrão que descreve dados entre aplicações e recursos de máquina. Constitui a base de vários padrões na área de informação; Linguagem genérica que descreve estrutura de documenos eletrônicos, padrão simples, em formato texto. Possui recursos bem definidos e extensíveis que pemitem descrever e pesquisar objetos, atributos e valores por meio do relacionamento entre eles. (TOUTAIN, 2006, p.23)

Page 67: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

65

O uso do termo “Semântica” vem sendo utilizado em diversos contextos. Sendo assim,

é preciso tornar claro o seu significado especialmente no contexto da Web Semântica, uma

vez que este é o foco desta pesquisa.

Semântica vem “do grego. semantiké i.e., téchne semantiké, a arte da significação”.

(FERREIRA, 1999, p. 1832).

De acordo com a definição dada pelo Dicionário Houaiss

Semântica é o ramo de estudo da língua portuguesa que volta sua atenção ao significado das palavras ou enunciados lingüísticos. Pode-se dizer que a semântica é o resultado do estudo da morfologia, sintaxe e estilística, pois todos esses elementos são estudados em função do processo comunicativo, ou seja, em função da decodificação, da elaboração do efeito de sentido. (HOUAISS; VILLAR, 2001, p.2540)

No âmbito da Lingüística (Ciência da linguagem), “semântica” é o estudo do

significado das expressões das línguas naturais. As perguntas que a semântica se propõe a

responder têm o seguinte teor: o que faz com que as palavras e as sentenças signifiquem?

(CHIERCHIA, 2003, prefácio)

No âmbito da tecnologia da informação, o termo “semântica” ganhou popularidade

com o surgimento da Web Semântica (BERNERS-LEE, 1998), originada na expansão da

Web e nas limitações dos instrumentos de busca baseados em sintaxe. (ALMEIDA; SOUZA,

2011, p.25).

Segundo Cunha e Cavalcanti (2008, p. 330) semântica é:

O estudo da relação de significação nos signos e da representação do sentido nos enunciados [...] parte da definição de uma linguagem de programação que se ocupa de especificar o efeito de um texto que está sendo construído segundo as regras de sintaxe da linguagem [...] no Dublin Core, sentido dos elementos individuais dos metadados e seus componentes.

O significado de semântica é de suma importância na proposta da Web Semântica,

uma vez que o seu uso pode aumentar a possibilidade de associação. Diante desta perspectiva,

tomamos como base três abordagens semânticas de Chierchia (2003):

Na primeira abordagem que se consolidou, sobretudo entre os psicólogos e os pesquisadores da inteligência artificial, o significado é aquilo que captamos mentalmente quando usamos uma expressão; a segunda abordagem, se inspira sobretudo em Wittgenstein, que subordina o significado de um sistema de expressões às convenções sociais que o governam; a terceira abordagem é originada no âmbito da lógica, e define o significado em termos de verdade e referência. (CHIERCHIA, 2003 apud CAMPOS, 2010, p.224)

Partindo destas premissas, Campos (2010, p. 227) destaca que “a semântica à qual nos

referimos quando usamos a denominação Web Semântica é aquela que se enquadra na assim

chamada ‘teoria computacional da mente”, sendo esta a qual nos referimos também no escopo

deste trabalho.

Page 68: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

66

Com a popularização da Web, o uso da linguagem HTML (Hypertext Markup

Language) passa a fazer parte do cotidiano de bilhões de pessoas em todo mundo, no entanto,

as dificuldades para a organização e a recuperação das informações no ambiente digital

aumentaram na mesma proporção que a quantidade de recursos disponíveis na Web.

Neste contexto, foi necessário desenvolver novas tecnologias de informação e

comunicação que possibilitassem descrever de forma mais eficiente os conteúdos inerentes

aos recursos informacionais no ambiente digital. Tal necessidade deu origem às denominadas

“tecnologias semânticas”.

De acordo com Ramalho (2010, p.52), tecnologias semânticas caracterizam-se como

linguagens que possibilitam ir além de representações sintáticas, descrevendo

computacionalmente os aspectos semânticos dos documentos, dando suporte à utilização de

ontologias e realização de inferências automáticas. São as tecnologias semânticas (XML –

eXtensible Markup Language; RDF – Resource Description Framework; RDF-S – Resource

Description Framework-Schema; OWL – Web Ontology Language; SPARQL – SPARQL

Protocol And RDF Query Language ; RIF – Rules Interchange Format), que formam o

núcleo da arquitetura da Web Semântica, padronizando o modo como as informações devem

ser representadas, organizadas e recuperadas.

O projeto Web Semântica se constitui numa evolução no modo como as informações

são organizadas e representadas no ambiente Web, contudo é uma técnica ainda em

construção. Seu objetivo é estruturar e possibilitar a compreensão e o gerenciamento dos

conteúdos armazenados na Web, independente da forma que se apresentem (texto, som,

imagem e gráficos), a partir da valoração semântica desses conteúdos e através dos agentes,

que são programas coletores de conteúdo advindos de fontes diversas capazes de processar as

informações e permutar resultados com outros programas da Web atual (BERNERS- LEE;

HENDLER; LASSILA, 2001).

Para melhor compreensão deste projeto, é importante conhecer as novas tecnologias de

descrição dos dados cuja linguagem pode ser lida por máquinas.

São essas tecnologias que “irão possibilitar aos administradores de conteúdo na

Internet, o acréscimo de significado às informações, de forma que a estrutura do

conhecimento envolvido possa ser contemplada em sua publicação” (JARDIM, 2007, p.5).

Sendo assim, a máquina conseguirá processar por si mesma não apenas dados ou textos, mas

o conhecimento por eles representado, como ocorre nos processos cognitivos humanos de

dedução racional e de inferência.

Page 69: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

67

De acordo com Oliveira (2002, p.1-2) para implementação da Web Semântica, são

necessários três componentes básicos: a representação do conhecimento, ontologia e agentes

inteligentes.

4.5.1 A representação do conhecimento pelas linguagens de marcação

A representação do conhecimento, expressa pelas linguagens de marcação, diz respeito

à forma como a informação é estruturada e descrita no ambiente digital. Para Davies (2004), a

linguagem de marcação (LM) possui uma forma de descrever a estrutura lógica ou semântica

de um documento fornecendo instruções aos computadores sobre como apresentar o conteúdo

de um arquivo. De acordo com o próprio nome, as LM têm como característica principal, criar

marcas (tags) para delimitação do texto.

Inicialmente estas marcas eram utilizadas apenas para definir a forma como um texto

seria apresentado. Com a evolução das linguagens, tornou-se possível usar marcas para

fornecer significado ao texto. Uma marca é um tipo de código que envolve uma palavra ou

um trecho de um texto. “Ao se delimitar um texto por marcas, é possível estabelecer um

conteúdo semântico que pode ser tratado e manipulado por programas de computador”

(FURGERI, 2006, p.226).

Ainda de acordo com este mesmo autor, as LM contribuíram para tornar a

comunicação livre de formatos proprietários, uma vez que elas representam padrões abertos e

podem ser usadas sem restrições. Apesar de o W3C ser o órgão regulamentador, ninguém é

proprietário de uma LM, não sendo necessário pagar direitos para elaborar um documento

baseado em LM.

“As LM permitem criar documentos com uma estrutura de representação que seja

compreendida por diversos sistemas de software, independente das máquinas onde estão

sendo executados”. (FURGERI, 2006, p.226).

De acordo com Marin (2007, p. 1) as marcações são divididas basicamente, em três

classes:

Marcações apresentacionais - Aquelas onde a estrutura do documento e sua apresentação são definidas através de comandos que não vemos e que são embutidos ao longo do texto. É o que processadores de texto (como o Microsoft Office Word) fazem. Eles inserem códigos no meio do texto dizendo “a partir daqui é negrito”, “a partir daqui é fonte 12, centralizado”, e assim por diante. Marcações procedimentais - Que também têm foco na apresentação, mas as marcações podem ser vistas e editadas pelo usuário. São interpretadas na ordem em que foram escritas. Um bom exemplo é o sistema de tipografia TeX, usado por matemáticos para criar fórmulas e símbolos matemáticos de maneira elegante.

Page 70: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

68

Marcações descritivas - Conhecidas também como marcações semânticas. São as marcações que aplicam “etiquetas” aos fragmentos de texto, que não necessariamente implicam em mudanças visuais nestes fragmentos. São chamadas marcações semânticas, pois na maioria dos casos, elas marcam o texto de acordo com que este significa.

4.5.1.1 SGML – Standard Generalized Markup Language

A Linguagem Padrão de Marcações Genéricas (SGML) é considerada a ancestral das

linguagens de marcação. Publicada em 1986 pela ISO 8879 “A Standard Generalized Markup

Language é um padrão internacional independente de sistemas e máquinas para a definição de

métodos de representação de textos em formato eletrônico” (FURGERI, 2006, p.226).

Esta linguagem trabalha com grandes volumes de informações que precisam ser

acessadas por um longo período de tempo a partir de diversas máquinas e tecnologias

diferentes, permitindo trocar informações entre usuários em diferentes sistemas e plataformas

sem nenhuma alteração necessária.

Uma base constituída de informações em SGML não tem necessidade de converter

seus documentos no caso de um hardware ou software se tornar obsoleto, pois sua informação

permanecerá sempre usável e disponível.

Um documento em SGML envolve a inserção de tags36 ao redor do conteúdo. Essas

marcações indicam o início e o fim de uma determinada parte da estrutura.

36 As TAGs, ou etiquetas, são comandos utilizados pelas linguagens de marcação, como HTML, XML, RDF, etc.

Quadro 4 – Exemplo de marcação SGML com inserção de tags

Exemplo: <par> indica o início de um parágrafo e </par> indica o seu final:

<par>

Conteúdo é a informação por si mesma.

</par>

Fonte: <http://lie-br.conectiva.com.br/godoy/sgml-2.html>

Page 71: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

69

4.5.1.2 HTML – Hypertext Markup Language

Para entender a representação do conhecimento na Web, é fundamental conhecer

HTML (Hypertext Markup Language).

Fruto dos padrões HyTime e SGML, a Linguagem de Formatação de Hipertexto

(HTML) é a linguagem básica de marcação e descrição de documentos usada na World Wide

Web e orientada por marcadores ou tags. Cada tag informa ao programa visualizador ou

browser, como ele deverá formatar o texto e estar dentro dos sinais de menor que (<) e maior

que (>).

Em linguagens de marcação como o HTML, podem co-existir duas classes de

marcação. Por exemplo: marcações como <b> e <i> são procedimentais e basicamente

visuais. Já marcações como <a> são descritivas, pois elas têm um valor semântico e/ou

funcional dentro do documento além de ser texto plano.

“Apesar da enorme importância da HTML para a disseminação da informação na

Web, ela é muito limitada no que diz respeito à semântica dos termos.

Somente as tags <TITLE> e <META> podem ser usadas para fornecer algum

significado ao conteúdo” (FURGERI, 2006, p.205-206). Isto ocorre porque a HTML foi

criada para definir como a informação deve ser apresentada e não o que esta informação

significa.

O conjunto fixo de tags e atributos não permitem que representações mais aprimoradas sejam criadas. Esse aspecto além de dificultar o trabalho humano, praticamente impossibilita que computadores troquem informações entre si de maneira “inteligente”. Essa falta de flexibilidade da HTML impede que os diversos tipos de comunidades e organizações possam trocar documentos e informações de maneira mais efetiva por meio da Web, fator que culminou com a elaboração da linguagem XML. (FURGERI, 2006, p. 206).

As tags podem ser únicas ou duplas, com início e fim.

Exemplos:

TAG único: <BR>

TAG duplo: <P>....</P>

Quadro 5 – Exemplo de marcação HTML

Fonte: <http://www.webteste123.com/estudo/cursos/web2.0/apostilas/ html>

Page 72: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

70

4.5.1.3 XML – eXtensible Markup Language

A XML constitui-se como uma versão simplificada da SGML. Criada por Jon Bosac

da Sun (empresa de informática) foi definida como um padrão de marcação extensível

utilizável pela Internet, com o objetivo de criar seus próprios marcadores e atributos ao invés

de se restringirem ao esquema de marcação da HTML.

É a precursora dos formalismos de representação semântica de informações da Web

Semântica para superar o formato textual com marcação em publicação de artigos científicos.

Se por sua vez a HTML especifica a formatação de uma palavra ou trecho do texto, a

XML cria estruturas para representação do seu significado.

É uma linguagem computacional que permite a definição de marcas personalizadas,

possibilitando a definição de conjuntos de elementos e regras de sintaxe processáveis por

máquinas (RAMALHO, 2010, p. 53).

Furgeri (2006) considera que a XML é uma evolução da HTML, apesar da XML

poder ser usada em conjunto com a HTML para elaboração de documentos para a Internet.

Cabe aqui ressaltar que a Scielo e PubMed já publicam seus artigos no formato XML.

A estrutura criada para o documento do quadro 6 é facilmente legível por seres

humanos e também por máquinas, uma vez que os marcadores utilizados, permitem detalhar

propriedades identificáveis e distintas sobre os livros, isto é possibilitam o fornecimento de

metadados.

Segundo Almeida (2002), “a definição de tags próprias confere à linguagem XML

habilidades semânticas que possibilitam melhorias significativas em processos de recuperação

e disseminação da informação”.

<livros> <livro isbn=”85-719-4797-X”> <titulo>Ensino Didático da Linguagem XML </titulo> <autor>Sérgio Furgeri</autor> <editora>Érica</editora> <ano>2001</ano> <preco>20,00</preco> <disponivel>sim</disponivel> </livro> </livros>

Fonte: Furgeri (2006, p.229)

Quadro 6 - Trecho de um documento XML para descrição de livros

Page 73: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

71

São essas estruturas de representação da informação que interessam objetivamente à

Ciência da Informação, pois poderão ser usadas na melhoria da recuperação da informação na

Web.

De acordo com Furgeri (2006, p.234), se todos os artigos de uma base de dados

fossem elaborados a partir da estrutura XML e disponibilizados na Web, uma ferramenta

poderia fazer dezenas e talvez centenas de pesquisas diferentes.

4.5.1.4 RDF – Resource Description Framework

“RDF é uma infraestrutura técnica desenvolvida pela W3C (baseada em XML) voltada

para a descrição, intercâmbio de metadados e interoperabilidade. Tem importância

fundamental na concepção da Web Semântica” (TOUTAIN, 2006, p.21).

<?xml version=”1.0" encoding=”iso-8859-1"?> <artigo area=”CI”> <cabecalho> <titulo>O Papel das Linguagens de marcação para a Ciência da Informação</titulo> <autor>Sérgio Furgeri</autor> <publicador>TransInformação</publicador> <ano>2005</ano> <local>Campinas</local> <origem>Brasil</origem> <keywords> <key>XML</key> <key>HTML</key> <key>XML Shema</key> <key>Metadados</key> </keywords> </cabecalho> <corpo> <resumo> Texto contendo o resumo do artigo. </resumo> <introducao> Texto contendo a introdução do artigo. </introducao> <secao titulo=”Visão geral das linguagens de marcação”> <p> Texto do parágrafo 1. </p> <p> Texto do parágrafo 2. </p> </secao> <conclusao> Texto contendo a conclusão do artigo. </conclusao> </corpo> <referencias> Referências Bibliográficas. </referencias> </artigo>

Quadro 7 – Artigo estruturado em XML

Fonte: Furgeri (2006, p.235)

Page 74: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

72

A linguagem RDF codifica, troca e reutiliza metadados na Web e tem como objetivo

principal, prover o intercâmbio de informações entre aplicações sem a perda do significado.

Definindo um vocabulário padrão para descrever coisas ou objetos, a RDF permite a troca de

metadados entre aplicações (FURGERI, 2006).

Para Meissner (2004), a RDF permite criar declarações sobre esses objetos por meio

de propriedades que representam um relacionamento entre recursos. Essa declaração é

realizada por meio de triplas do tipo “recurso-propriedade-valor”, em que segundo Furgeri

(2006, p.236):

Recurso – É o sujeito de uma declaração. Pode ser um Website ou parte dele, ou ainda um objeto não acessível via Web (livro, CD, etc). Um recurso pode ser acessado e reconhecido de forma única por meio de um URI (Uniform Resource Identifier). Um artigo científico é um exemplo de recurso. Propriedade – É um predicado de uma declaração. Trata-se de um atributo usado para descrever um recurso. Um artigo científico pode conter diversas propriedades: nome do autor, título do artigo, data de publicação, etc. Valor – É o objeto de uma declaração. Representa o conteúdo das propriedades.

A combinação de um recurso, uma propriedade e um valor de propriedade, formam

uma “declaração” também conhecida como sujeito, predicado e objeto da declaração.

Cabe ressaltar que modelos criados a partir da RDF possuem aspectos semânticos que

lhe conferem diversas vantagens sobre a XML

Com RDF é possível criar um vocabulário controlado para descrever um domínio do conhecimento, fato que torna possível a qualquer organização publicar informações de maneira semântica. Com isso, agentes de software podem agir de maneira automática e inteligente sobre recursos Web, inferindo sobre o significado dos elementos. (FURGERI, 2006, p.236)

De acordo com Costa (2010, p.56), o RDF como modelo de representação de

informação possui resumidamente, as seguintes características:

É o elemento-chave para a infra-estrutura da Web Semântica; Independência de plataforma, fornecedor, linguagem de programação ou qualquer tecnologia proprietária; Serializada na linguagem XML, padrão largamente utilizado em soluções para a web; Os recursos de sua especificação atendem desde a interoperabilidade sintática até a semântica; É extensível, podendo utilizar-se de outras especificações mais adequadas a determinadas situações.

Declaração: 'O autor de http://www.meusite.com.br/RDF é Hugo Alves Richard'

O sujeito da declaração é 'http://www.meusite.com.br/RDF'.

O predicado é 'autor'.

E o objeto é 'Hugo Alves Richard'

Quadro 8 – Exemplo de declaração RDF

Fonte: <http://www.uniportal.com.br/modules/download_gallery/dlc.php?file>

Page 75: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

73

Diante desta perspectiva, a Ciência da Informação tem dedicado uma atenção especial

a esta nova forma de utilizar a Internet, tendo como desafio, elencar pontos-chave para

inserção dos profissionais da informação na Web Semântica com vistas a promover

conhecimento e alavancar tecnologias.

4.5.1.4 RDF-S – Resource Description Framework-Schema

É uma linguagem computacional para a representação de vocabulários em RDF,

fornecendo uma estrutura para descrever propriedades e classes, possibilitando um maior

nível de abstração, definição de conceitos primitivos e tipos de objetos. (RAMALHO, 2010,

p.54)

4.5.1.5 SPARQL – Protocol And RDF Query Language

SPARQL - SPARQL Protocol And RDF Query Language é uma recomendação do

W3C a partir de Janeiro de 2008. Seu propósito é permitir que arquivos RDF sejam

consultados através de uma linguagem SQL Like, permitindo ao utilizador combinar dados de

arquivos RDF, provenientes de diferentes fontes. SPARQL é uma linguagem orientada a

dados, ou seja, recupera dados armazenados em arquivos RDF. (INFORMÁTICA MÉDICA)

4.5.1.6 RIF – Rules Interchange Format

RIF (Rules Interchange Format) é uma proposta de um formato padronizado para o

compartilhamento de regras entre diferentes comunidades: empresariais, acadêmicas, etc.

É uma tecnologia em desenvolvimento por um grupo de trabalho no W3C. Não se

sabe ainda se será um formato ou uma linguagem. (INFORMÁTICA MÉDICA)

4.5.2 Ontologias

Estudos como os de (GRUBER, 1993; GUARINO, 1995; SMITH, 2002) descrevem a

ontologia como um instrumento para organizar a informação.

Originada na Filosofia, a Ontologia está voltada para o campo da Informática, da

Engenharia da Computação, da Inteligência Artificial, para o campo da Linguística, da

Terminologia e da Ciência da Informação.

Page 76: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

74

No âmbito da CI, o estudo de ontologias tem despertado especial interesse nos

pesquisadores ligados à área de Organização do Conhecimento (OC).

Um importante elemento das ontologias é a representação do conhecimento, que envolve análise semântica, em especial para a organização de sistemas de conhecimento, que nas ontologias, visam otimizar a recuperação, ou seja prover o computador de mais inteligência. Trata-se de uma área de pesquisa estreitamente ligada à organização do conhecimento [...]. (SALES; CAMPOS; GOMES, 2008, p.64)

De acordo com a definição de Oliveira (2002, p.4), “Ontologia é a disciplina que

estuda e determina as relações entre conceitos estabelecendo regras lógicas de raciocínio

sobre estes conceitos gerando linguagens que são compreendidas pelos computadores”

Como instrumento de representação de conhecimento a ontologia surge no âmbito da

Inteligência Artificial na década de 1990, época em que os instrumentos e métodos de

classificação passaram a despertar um maior interesse de pesquisadores da Ciência da

Computação.

Com o desenvolvimento do ambiente Web, constituído por páginas que apresentam e

organizam suas informações com marcações HTML, fez-se necessário implementar

instrumentos que possibilitassem auxiliar os usuários na organização das informações em

meio digital (SANTOS; CARVALHO, 2007). Ou seja, “descrever dados manipulados por

programas, através da definição de um conjunto de termos que pudessem representar

domínios e tarefas a serem executadas por estes programas” (CAMPOS, 2010, p.222).

Neste contexto, se mostrando uma ferramenta bastante apropriada, “as ontologias

podem suprir essa deficiência na descrição das informações apresentadas de forma a apoiar os

sistemas para que eles possam interagir com elas, tornando possíveis tarefas mais

“inteligentes” (COSTA, 2010, p.5-6).

Ontologias são usadas em Inteligência Artificial, na Web Semântica, engenharia de

software e arquitetura da informação, como uma forma de representação do conhecimento

sobre o mundo ou sobre uma parte dele.

Guizzardi (2000 apud CAMPOS, 2010, p.230-231) afirma que:

Ontologias constituem uma ferramenta poderosa para suportar a especificação e a implementação de sistemas computacionais de qualquer complexidade e seu uso promove benefícios em pelo menos três principais áreas na análise e especificação de qualquer domínio, a saber: comunicação, formalização e representação do conhecimento e reuso.

Na Web Semântica a ontologia estabelece uma ligação terminológica entre os

membros de uma comunidade podendo ser estes membros, agentes humanos ou máquinas.

Page 77: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

75

É a ontologia que vai prover uma base semântica para esquema de metadados, facilitando a comunicação entre sistemas e agentes. Desta forma, ontologias estabelecem fundamentos de significados conceituais sem os quais a Web Semântica não seria possível, devido à heterogeneidade dos conceitos representados. (CAMPOS, 2006, p.1)

Para a construção de ontologias, é fundamental uma linguagem com semântica bem

definida e expressiva o suficiente para descrever inter-relacionamentos complexos e restrições

entre objetos (MCILRATH; MARTIN, 2003).

Uma linguagem padrão que atinge aos requisitos acima mencionados é a OWL (Web

Ontology Language).

4.5.2.1 OWL – Web Ontology Language

Web Ontology Language é uma linguagem computacional para o desenvolvimento de

ontologias Web. A OWL permite descrever os aspectos semânticos e relacionamentos

existentes entre os conceitos de um domínio de forma mais abrangente, estendendo a

expressividade das linguagens RDF e RDF-S (RAMALHO, 2010, p.54).

A OWL é o mais recente padrão no desenvolvimento de linguagens de ontologias

endossado pelo W3C para promover a visão da Web Semântica.

Para Santos e Carvalho (2007, p.8) uma ontologia OWL pode incluir: relações de

taxonomia entre classes, propriedades dos tipos de dados e descrições dos atributos de

elementos das classes, propriedades do objeto e descrições das relações entre elementos das

classes, instâncias das propriedades. Ou seja, uma ontologia OWL pode descrever classes,

propriedades e suas instâncias, construindo relacionamentos entre essas informações.

4.5.3 Agentes inteligentes

Os agentes inteligentes também conhecidos como robôs, spyders ou crawlers, têm

como função, coletar conteúdos na Web, processar a informação e permutar os resultados com

outros programas através de linguagem que expresse inferências lógicas resultantes do uso de

regras e informação como aquelas especificadas pelas ontologias.

O princípio está não no entendimento pela máquina, daquilo que está escrito, e sim no reconhecimento de provas escritas na linguagem estabelecida pela ontologia, onde os programas-agente e o consumidor podem alcançar entendimento compartilhado permutando as ontologias, que oferecem o vocabulário necessário para a discussão. (OLIVEIRA, 2002, p.1,7)

Page 78: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

76

Cabe neste contexto destacar os metadados, que etimologicamente significa “dado

sobre dado”; dado que descreve a essência, atributos e contexto de um recurso e caracteriza

suas relações, visando o seu acesso e uso potencial (FERREIRA, 1986). A informação

baseada em metadados enriquece documentos com informações semânticas acrescentando

explicitamente estes aos recursos informacionais. Linguagens de metadados podem ser

utilizadas para marcar ou anotar estes recursos informacionais, como o XML e RDF.

Enquanto a função principal do metadado é descrever um documento através de

atributos conferidos a um objeto, retratando as suas características como dimensão, formato,

autoria, localização e outros com o objetivo de intercambiar dados, o RDF é um grafo para

descrever e intercambiar metadado (OLIVEIRA, 2002, p.6).

O modelo adotado na Web Semântica parte do modelo RDF nível simples ou RDF-

Schema e aplicações XML, marca semanticamente um documento. De um modo geral, o

padrão XML pode ser utilizado no armazenamento de bases de dados e documentos

estruturados, permitindo a troca de informações entre diversas plataformas e possibilitando a

descrição de dados em arquivos texto. Mediante as possibilidades apresentadas, a linguagem

XML se constitui numa ferramenta poderosa para publicação de informações na Web.

Esta nova tendência tem a capacidade de propiciar o entendimento dos conteúdos

exibidos, não só pelos humanos, mas também pelas máquinas.

Representação de conteúdos na Web demanda esforços e investimentos por parte dos

pesquisadores para viabilizar mecanismos que possibilitem a conceituação semântica aos

documentos existentes na Web. Os diferentes padrões e formatos já disponíveis na Web tais

como formato MARC (Machine Readable Cataloging) devem receber marcação XML para

que seja possível a interoperalidade dos dados.

4.5.4 Proposta da Web Semântica

A partir do ano 2000, Tim Berners-Lee, à frente da W3C37, começa a formalizar as

pesquisas rumo ao desenvolvimento de uma nova geração da Web. É o projeto da Web

Semântica que tem o intuito de embutir inteligência e contexto nos códigos XML (linguagem

de marcação utilizada para confeccionar as páginas da Internet). Esta iniciativa possibilita

otimizar a interação dos programas com as páginas, tornando seu uso mais intuitivo pelos

usuários.

37 World Wide Web Consortium é um consórcio internacional de indústrias que desenvolve padrões e protocolos comuns que promovem a evolução da WWW e assegura a sua interoperalidade. (TOUTAIN, 2006, p.23)

Page 79: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

77

Berners-Lee, Hendler e Lassila (2001) mencionam que a Web Semântica por

definição,

Não é uma Web separada, mas uma extensão da Web atual, na qual é dada à informação um significado bem definido, permitindo que computadores e pessoas trabalhem em cooperação. É uma fonte para recuperar informações a partir da Web (utilizando as aranhas Web a partir de arquivos RDF) e acessar os dados através de agentes da Web Semântica.

Para os autores, os computadores precisam ter acesso a coleções estruturadas de

informações (dados e metadados) e de conjunto de regras de inferência que auxiliem no

processo automático de dedução para que seja realizado o raciocínio automatizado, a

representação do conhecimento.

Esta evolução da Web atual propõe uma estruturação semântica aos dados da rede,

possibilitando assim, que as informações disponíveis na Web, sejam legíveis não só pelos

humanos, mas também pelas máquinas, onde os agentes38 computacionais (de softwares)

sejam capazes de interpretar, processar e relacionar os dados disponíveis na Web.

A proposta da Web Semântica é:

[...] disponibilizar recursos informacionais mais bem estruturados e representados, formando uma rede de informações conectadas que por meio de ferramentas tecnológicas, tais como os agentes de software, a linguagem de marcação XML, arquitetura de metadados Resource Description Framework, RDF, ontologias e, principalmente, padrões ou formatos e metadados. (SANTOS, ALVES, 2009, p. 1)

Em outras palavras, a Web Semântica visa incorporar sentido às informações de

maneira que as máquinas possam compreender a linguagem humana, fornecer estruturas e dar

significado ao conteúdo das páginas Web.

Breitmann (2005, p.XI) acrescenta que “a Web Semântica vai classificar as páginas

segundo uma taxonomia39 de assunto, de forma a combinar recursos primários (páginas da

Web) com recursos que indiquem de que se trata (metadados40)”.

Nogueira e Vieira (2009, p.4) destacam os três níveis da arquitetura da Web

Semântica:

Camada Esquema – É o primeiro passo para definir a Web Semântica, sendo responsável por estruturar os dados e definir seu significado para que possa elaborar raciocínio lógico.

38 Agentes são porções de software que trabalham de forma autônoma e proativa. Um agente pessoal na Web Semântica vai receber uma lista de tarefas e preferências de uma pessoa, procurar recursos na rede, se comunicar com outros agentes, comparar informações, selecionar algumas opções e acrescentar uma lista de soluções para o usuário (MARCONDES, 2010) 39 Ferramenta que possui a função de organização sistemática de conteúdos informacionais, apresentando as relações hierárquicas entre os conteúdos, classificando-os em grupos ou categorias. (TOUTAIN, 2006, p.22) 40 Dados sobre dados. O termo se refere a qualquer dado que possa ser utilizado na ajuda da identificação e localização de recursos eletrônicos dispostos em rede. Metadados em formato padronizado podem ser entendidos por softwares e pessoas. (BREITMANN, 2005, p. xi)

Page 80: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

78

Camada Ontologia – Tem como finalidade definir padrões e as relações entre os dados. Nesse momento, dá-se o entendimento comum e compartilhado de um domínio. Camada Lógica – A partir dessa camada é possível definir os relacionamentos de informações e as inferências de conhecimento da Web Semântica.Composta por um conjunto de regras de inferências, agentes podem utilizá-las para relacionar e processar informações.

A arquitetura do modelo proposto por Tim Berners-Lee foi constituída pelas seguintes

camadas:

Com base na proposta de arquitetura apresentada por Tim Berners-Lee, os autores

Greenberg, Suton e Campbell (2003) explicam as características principais das camadas

inerentes ao projeto Web Semântica.

O URI seria o Identificador Único de Recursos que possibilita a definição e adoção, de maneira precisa, de nomes aos recursos e seus respectivos endereços na Internet. Já o Unicode seria o esquema padronizado de codificação dos caracteres, que diminui a possibilidade de redundâncias dos dados, pois funciona independentemente da plataforma utilizada. XML é a linguagem que possibilita a estruturação dos dados por meio da definição de elementos e atributos, e que permite a definição de regras sintáticas para a análise e validação dos recursos. Namespace seria a coleção de nomes, identificados por um URI, utilizada para assegurar a interoperabilidade semântica entre vocabulários de metadados. O RDF possibilita a descrição dos recursos por meio de suas propriedades e valores e pode ser visto como uma tecnologia de capacitação para a modelagem semântica, sobre a qual agentes podem fazer inferências lógicas baseadas em metadados para realizar tarefas. Ontologia são sistemas de metadados e representam a artéria central da Web Semântica, onde são criados desde esquemas simples de descrição de recursos até

Fonte: Berners-Lee (2000 apud GREENBERG; SUTTON; CAMPBELL, 2003, p.17)

Figura 6 – Modelo de arquitetura da Web Semântica

Page 81: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

79

esquemas de classificação complexos, para que agentes possam interpretar dados de forma inteligente, fazer inferências e realizar tarefas. Lógica é a camada para a definição de regras mais abrangentes para o tratamento das informações descritas, possibilitando que agentes possam realizar inferências automáticas a partir das relações existentes entre os recursos informacionais, podendo inclusive inferir novas informações. Prova e confiança: A prova possibilita a verificação/comprovação da coerência lógica dos recursos, de modo que os aspectos semânticos das informações estejam descritos de maneira consideravelmente adequada, atendendo a todos os requisitos das camadas abaixo dela. A confiança está relacionada à integridade da prova e espera-se garantir que as informações estejam representadas de modo correto, possibilitando certo grau de confiabilidade.

Sobre as tecnologias da Web Semântica, Marcondes (2010, p.3) acrescenta que:

Estas representam um passo adiante para resolver a questão da recuperação e processamento semântico em ambientes computacionais. Segundo esta proposta a descrição do conteúdo de um documento na Web não é mais uma questão de combinar palavras-chave, como em ambientes computacionais convencionais desde os anos sessenta, mas consiste em conjuntos estruturados de conceitos ligados por relações de significado preciso, dado por padrões como em RDF e RDF-Schema.

A Web Semântica oferece vantagens, principalmente na área de busca e automatização

de tarefas, e facilita a obtenção, classificação e organização de informações na Web

estruturando os documentos de forma que os mesmos sejam legíveis tanto por humanos

quanto por máquinas.

O grande desafio é que no contexto da Web atual, o conteúdo das publicações

científicas digitais está calcado ainda no formato textual não estruturado, e este é um dos

maiores obstáculos para o processamento de conteúdos em larga escala pelas máquinas.

Com base nesta questão, novos desafios são impostos aos profissionais da informação,

no sentido de melhorar a estrutura e a organização da informação na Internet.

4.5.5 Web Semântica e a Ciência da Informação

Com o desenvolvimento das TICs, a Web 1.0 evolui e traz no seu bojo, novos tipos de

ambientes informacionais, agora mais interativos e colaborativos, que permitem troca,

criação, geração e o armazenamento de informações no ambiente digital. Essa nova

concepção denominada de Web 2.0 ou, ainda, Web Social, vista com mais detalhes no

capítulo 4.7, traz desdobramentos e aplicações principalmente para a Ciência da Informação.

O compartilhamento de vídeos, wikis, blogs e folksonomias, apontam para novos paradigmas

na representação e organização do conhecimento. Hoje o ambiente Web é constituído por uma

interconexão descentralizada e sem limites, que possibilita aos seus usuários uma autonomia

crescente. Como exemplo de processo de socialização do conhecimento, podemos citar os

artigos científicos eletrônicos e suas novas formas de avaliação “peer-review”.

Page 82: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

80

Com o intuito de adicionar maior significado aos recursos informacionais

disponibilizados na Web, as tecnologias semânticas estabelecem uma estreita relação com a

questão da representação do conhecimento. Sua proposta é solucionar problemas de busca, de

localização, de recuperação e de acesso por meio da combinação de técnicas de inteligência

artificial para a realização de tarefas complexas de entendimento semântico das informações.

Buscando socializar ainda mais o conhecimento, a Ciência da Informação investiga a

Web 2.0 e o atual projeto da Web Semântica, objetivando contribuir não só para o

processamento semântico de informações por computadores, mas também para a organização

e modelagem de domínios de conhecimento. O estudo e o desenvolvimento de meios de

organização de informação e instrumentos para sua representação são interesses comuns para

as áreas de Ciência da Computação e Ciência da Informação. A CI tem como um de seus

objetivos, estudar/desenvolver métodos e técnicas que favoreçam a otimização dos processos

de armazenamento, organização e recuperação de informações, levando em consideração

aspectos científicos e profissionais que abarcam dimensões sociais e humanas que

transcendem os aspectos tecnológicos. (RAMALHO, 2006, p. 98).

Os instrumentos desenvolvidos no âmbito da CI assim como seus aportes teóricos,

podem contribuir substancialmente para os estudos relacionados ao projeto da Web

Semântica.

Como exemplo podemos citar o SWAD-E (Semantic Web Advanced Development for

Europe)41 Thesaurus Activity, que é uma iniciativa que tem como objetivo desenvolver

tecnologias que possibilitem expressar, de maneira formal, a estrutura básica e o conteúdo de

tesauros e vocabulários controlados, possibilitando a sua utilização de forma automatizada em

Sistemas de Organização do Conhecimento (Knowledge Organization Systems – KOS).

Para Campos (2004 apud RAMALHO, 2006, p.86), no contexto da área da Ciência da

Computação, espera-se que tais instrumentos auxiliem a implementação de estruturas

computáveis, que possibilitem aos computadores a realização de tarefas mais sofisticadas de

forma automatizada, enquanto que no contexto da área da Ciência da Informação, os modelos

de representação do conhecimento são utilizados há muito tempo na elaboração de linguagens

documentárias verbais e notacionais visando à recuperação de informação e à organização dos

conteúdos informacionais dos documentos.

41 Disponível em: <http://www.w3.org/2001/sw/Europe>

Page 83: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

81

4.6 Web 2.0 (Web social)

“A Web 2.0 representa uma transformação tecnológica, um novo aspecto qualitativo

da Internet. O que a distingue da Web anterior consiste no comportamento do usuário que

passa de ator passivo para ativo; na transição da era de produção para a era de colaboração”.

(BARRETO, 2011, p.2)

Para Barreto (2011, p.2), “o conceito Web 2.0 surgiu primeiramente em 2004, pelas

mãos de Dale Dougherty, como forma de designar a segunda geração de comunidades e

serviços baseados numa plataforma Web ou Rede social”. A literatura aponta também que a

Web 2.0 teve seu termo criado neste mesmo ano por Tim O’Reilly, Co-fundador da O´Reilly

Media (editora e empresa de mídia norte-americana) e que neste mesmo período, surge o

conceito de Web 1.0, que se refere à geração anterior.

A Web 1.0 foi caracterizada pela preocupação com sua própria construção, com o

acesso aos recursos informacionais, com a criação de um novo padrão de negócios para as

empresas e com a questão do comércio eletrônico via sites. Podemos dizer que teve como seu

principal atributo o acesso a um grande volume de informação.

Neste contexto digital, Rosa (2008, apud GALDO, p.15) destaca a presença de

pesquisadores e cientistas visto que “[...] o uso da Internet e, em particular, da Web 1.0, se

disseminou logo que se tornaram evidentes as potencialidades do e-mail e da WWW”. No

entanto, no que diz respeito ao usuário, podemos dizer que este era um mero espectador das

páginas visitadas. Não sendo permitido alterar ou reeditar qualquer conteúdo, a Web 1.0 foi,

portanto, uma Internet meramente informativa.

De acordo com Barreto (2011, p.2), quando ocorreu a passagem da Web 1.0 para a

Web 2.0 as organizações que já usavam a Internet para se comunicar com o seu público-alvo

ou que começavam a fazê-lo, perceberam que o tradicional modelo de comunicação que

imperava dentro e fora da Web “one-to-many”, começava a ser complementado por outro,

“many-to-many” cada vez mais popular entre os cibernautas e que pouco a pouco estava a

alterar a realidade comunicacional.

Os modelos de comunicação “um para um” e “um para muitos”, são ambos da Web

1.0. O e-mail pode ser citado como exemplo do modelo “um para muitos”. Apenas os

recursos que permitem colaboração on-line e comentários, podem ser chamados de Web 2.0.

O modelo utilizado na Web 2.0 é “muitos para muitos”.

Page 84: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

82

A figura 7 ilustra que o que diferencia a Web 1.0 da Web 2.0 é a interação

multidirecional entre os usuários.

4.6.1 Proposta da Web 2.0

Também conhecida como Web Social, a Web 2.0 se caracteriza por uma concepção

mais descentralizada e colaborativa.

Blattman e Silva (2007, p.199) recordam como era a Web 1.0:

Se antes a Web era estruturada por meio de sites que colocavam todo o conteúdo on-line, de maneira estática, sem oferecer a possibilidade de interação aos internautas, agora é possível criar uma conexão por meio das comunidades de usuários com interesses em comum, resultado do uso da plataforma mais aberta e dinâmica.

Nesta Web, o usuário participa ativamente da criação, seleção e troca de informações,

podendo não só acessar, mas também alterar o conteúdo a qualquer momento.

“Neste ambiente, as pessoas tanto produzem, quanto publicam suas informações, além

de formarem grupos de discussão e promoverem alterações em seus documentos” (SILVA,

2010, p.4). O fato é que o ambiente colaborativo e de interação, acelera o processo de

socialização, otimizando a construção e o compartilhamento do conhecimento.

Arnal (2008, p.7) resume as características da Web 2.0 em três pontos:

1. A Web como plataforma, ou seja, já não é mais necessário instalar programas em seus computadores. O acesso se dá em qualquer computador que esteja conectado a Internet e a algum navegador; 2. A combinação na Web denominada mash-ups onde “componentes individuais são disponibilizados para todos os desenvolvedores de aplicações” (CHAD, MILLER, 2009, p.3) possibilitando a criação de outros sites a partir da mescla de informações de vários sites; 3. Arquitetura de participação onde o usuário já não apenas “consome”, mas sim, cria, modifica e compartilha a informação.

Fonte: Galdo, 2010, p.40 adaptado de Cozic, 2007.

Figura 7 – Web x Web 2.0

Page 85: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

83

Blattman e Silva (2007, p.211) definem a Web 2.0 como sendo um novo espaço para

acessar, organizar, gerenciar, tratar e disseminar a informação, conhecimentos e saberes.

Para Primo (2006, p.2) as ferramentas que estão sendo criadas para este ambiente,

permitem a utilização dos mais variados suportes informacionais, potencializando processos

de trabalho coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de informações, de construção

social de conhecimentos apoiadas pela informática.

4.6.2 Utilização da Web 2.0 em periódicos científicos

Além de facilitar a comunicação interpessoal e compartilhar informações, a Web 2.0

se destaca pela colaboração científica. Plataformas Web vêm sendo desenvolvidas para a

comunidade científica e os periódicos científicos tradicionais passam a adotar as ferramentas

colaborativas como blogs em seus websites.

Para Galdo (2010, p.33) “ferramentas Web 2.0, como blogs, são apropriadas pela

Ciência institucionalizada, representada também pelos periódicos científicos”.

A OMS/OPAS/BIREME42 aponta que os blogs vêm se firmando como um novo meio

de comunicação científica e conta com periódicos científicos para disseminar e promover

discussões sobre trabalhos publicados na sua comunidade de leitores.

Uma evidência de que o blog se afirma progressivamente como meio de comunicação científica é o fato de que alguns periódicos científicos renomados, com alto fator de impacto, adotaram nos seus Websites o blog como meio formal para disseminar e promover discussões sobre trabalhos publicados na sua comunidade de leitores.Dos 50 periódicos indexados no MEDLINE com maior fator de impacto, segundo o Journal Citation Reports (da Thomson Reuters), 14 deles têm um ou mais blogs associados ao site oficial. Estes blogs associados a periódicos tradicionais podem ajudar a fechar a lacuna existente entre a literatura científica clássica e a comunidade. Neles, os leitores podem postar comentários e assim iniciar uma discussão com os autores e outros leitores. Estas discussões contribuem para aumentar a visibilidade dos trabalhos e estimular o intercâmbio de ideias entre pares. A revista Nature tem uma ampla coleção de blogs para atender a todos os periódicos de seu grupo editorial. Em seu Website há também uma página portal dedicada a indicar e catalogar blogs científicos de boa procedência separados por assunto. A Public Library of Science e o BioMEd Central que publicam periódicos em acesso aberto fazem uso intensivo de blogs. (OMS/OPAS/BIREME, 2009)

42 Organização Mundial da Saúde; Organização Panamericana de Saúde; BIREME.

Page 86: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

84

Santos e Alves (2009, p. 4) comentam a evolução da Web de acordo com a Figura 8:

A linha vertical e horizontal, mostra a evolução pela qual a Web vem passando desde sua criação: o início marcada pelos primeiros serviços via rede: FTP (File Transfer Protocol), o desenvolvimento do correio eletrônico etc, período denominado como PC Era; a posterior criação da World Wide Web: marcada pelo desenvolvimento das bases de dados, ferramentas de busca e Web sites, período denominado como Web 1.0; a criação de novas ferramentas tecnológicas e o surgimento de novos ambientes colaborativos, tais como os blogs e wikis, passando a ser denominada de Web 2.0; o avanço das ferramentas tecnológicas e dos ambientes informacionais para um ambiente semântico com atuação de ferramentas de inteligência artificial: marcado pelo desenvolvimento de base de dados semântica e ferramentas de busca semânticas, período denominado de Web 3.0. [...] Entre a geração ou a evolução da Web 2.0 para a Web 3.0 está a Web Semântica, não como um novo tipo de Web entre elas, mas como uma extensão da Web que dará estruturação aos dados e suporte tecnológico para a aplicação de outras ferramentas e criação de novos ambientes informacionais propostos na Web 3.0.[...] pode-se considerar que a Web 3.0 não se constitui como a Web Semântica, sendo esta a denominação dada para a estrutura tecnológica criada para estabelecer maior nível semântico aos dados; seu funcionamento envolve a implantação de ferramentas tecnológicas e métodos de representação da informação para o estabelecimento de raciocínio sobre os dados e, a partir daí, facilitar a recuperação e a construção de ambientes inteligentes. Já a Web 3.0 se constitui como uma denominação para um período de evolução. Sendo assim, percebe-se que a Web 3.0 só poderá se efetivar a partir da implantação de uma estrutura proporcionada pela Web Semântica. E por fim, o encaminhamento de todas essas aplicações para uma quarta geração (Web 4.0), destacando-se a contínua atualização das tecnologias e a criação de ambientes informacionais cada vez mais especializados.

Figura 8 – Evolução da Web

Fonte: Spivak, N. (2007)

Page 87: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

85

4.6.3 Ideais e usos potenciais da Web 2.0

Com base nas possibilidades relatadas por O'Reilly (2005, p.1), Galdo (2010, p.45-46)

aponta os “ideais e usos potenciais da Web 2.0”:

1. A Web como plataforma 2. Informação controlada pelo usuário 3. Ferramentas no formato de serviços Web ao invés de softwares proprietários 4. Arquitetura participativa 5. Rentabilidade de escala, o que significa nenhum custo para o usuário, na medida em que empresas anunciantes patrocinam o serviço, remunerado pela quantidade de vezes em que o consumidor “clica” em seus banners, ou efetivam uma compra 6. Informações e dados (textos, imagens, vídeos) com permissões de livre distribuição ou modificação, segundo critérios definidos pelo autor 7. Aplicações não limitadas a um determinado sistema operacional ou hardware

8. Aproveitamento da inteligência coletiva

Um exemplo de inovação referente ao uso de tecnologias Web 2.0 em publicações

científicas é a possibilidade de realizar comentários e propostas em periódicos científicos.

Dentre as ferramentas mais populares na Web 2.0 estão os blogs, as redes sociais de

relacionamento, sites de compartilhamento de vídeos, os serviços de podcast e os wikis. Estas

e outras ferramentas Web 2.0 com potencial de uso científico e acadêmico serão detalhadas a

seguir no quadro 9.

Quadro 9 – Ferramentas Web 2.0 com potencial de uso científico e acadêmico.

FERRAMENTA DEFINIÇÃO

Weblogs

Ferramenta para publicação de informações, opiniões e ideias, com espaços para comentários de outros usuários da Internet. Somam o poder noticiador dos grupos de discussão às informações organizadas nas páginas Web. Os Weblogs ou blogs são personalizados pelo autor/autores e podem conter textos, imagens, vídeos, ferramentas de busca, links para outros blogs, estatísticas de acesso, “nuvem de tags”, entre outros recursos.

Wikis

Ambiente em que cada usuário redige e comenta um determinado termo acessível a todos os outros, que o lêem, e podem também contribuir com alterações. Os wikis

permitem a criação coletiva de conteúdo na Web e possuem formas de regulação da produção da coletividade. O exemplo mais conhecido é a Wikipédia. Ferramentas wiki

têm um grande potencial para a construção colaborativa de trabalhos acadêmicos. WikiGenes – (http://www.wikigenes.org) é um recurso de conhecimento colaborativo de acesso livre para ciências da vida. Uma tecnologia de rastreamento de autoria que possibilita aos usuários identificar a origem de cada palavra e avaliar a confiabilidade das informações e o uso inequívoco da linguagem científica. É baseado na idéia de wiki geral. Seu objetivo é fornecer uma plataforma à comunidade científica para coletar, comunicar e avaliar o conhecimento sobre genes, produtos químicos, doenças e outros conceitos biomédicos. WikiGenes permite a edição de artigos, citação de terminologia científica e referências através de banco de dados integrado e pesquisas ontologicas. Fonte: http://www.wikigenes.org

Sites de Redes Sociais

Site que foca os atores (usuários da Internet). Representam processos dinâmicos em conseqüência dos processos de interação entre esses atores.

Page 88: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

86

Folksonomias

Ferramentas de classificação, recuperação e compartilhamento da informação, na qual os usuários colaboram livremente na classificação da informação. As “nuvens de tags”, uma das formas de navegar pelas informações classificadas espontaneamente pelos usuários, modificam-se em tempo real, em interação constante entre os usuários e a informação, modificando também a relação de tempo entre a classificação da informação e o seu uso.

Compartilhamento de vídeos

Usuários da Internet compartilham vídeos criados por outros ou criam seus próprios vídeos e os compartilham livremente. Alguns vídeos bem como alguns autores de vídeos têm se tornado mundialmente acessados sem que haja nenhuma motivação financeira direta. Vários tipos de vídeos têm sido produzidos, desde vídeos humorísticos a vídeos educativos. O Youtube, ferramenta mais popular de compartilhamento de vídeos, tem um grande número de vídeos com aulas expositivas, palestras, demonstração de experiências, entre outros de interesse acadêmico.

Compartilhamento de apresentações /

slides

Autores compartilham apresentações e slides de palestras e/ou aulas. O autor define a permissão de uso, cópia ou distribuição.

Leitor de RSS (Really Simple

Syndication) Feeds

A sigla RSS tem mais de um significado. Alguns a definem como RDF Site Summary,

outros a denominam Really Simple Syndication. Há ainda os que a entendem como Rich

Site Summary. Trata-se de um padrão desenvolvido em linguagem XML que permite aos responsáveis por sites e blogs divulgarem notícias novidades. Para isso, o link daquela notícia é armazenado em um arquivo de extensão .xml, .rss ou .rdf, sendo possível também utilizar outras extensões. Este arquivo é conhecido como feed ou feed RSS. Uma pessoa interessada em obter as notícias ou as novidades de um site deve incluir o link do feed deste em um programa ou serviço feitos de RSS (também chamado de agregador de notícias). Este software (ou serviço se for um site) tem função de ler o conteúdo dos feeds que indexa e disponibiliza o mesmo em uma interface. É amplamente utilizado pela comunidade dos blogs, para compartilhamento de informações, artigos em textos completos e até mesmo arquivos multimídia. Fonte: <http://www.infowester.com/rss.php>

Serviços de microblogs

A primeira ferramenta de microblog e, ainda, a mais popular é o Twitter. Foi criado inicialmente com a pergunta: “O que você está fazendo?” para que cada usuário respondesse, compartilhando com pessoas que o acompanham, ao mesmo tempo em que receberia curtas mensagens das pessoas que optasse por acompanhar (seguidos e seguidores). Entretanto, os usuários descobriram outras funções e criaram aplicativos para serem usados em conjunto com o Twitter, como programas que condensam os endereços Web em poucos caracteres. Com isso, a ferramenta passou a ser utilizada com maior frequência para compartilhar informações por meio dos links. A comunidade acadêmica utiliza a ferramenta, principalmente com a finalidade de compartilhar links de interesse de seu grupo.

Compartilhamento de Favoritos

É uma ferramenta social utilizada para compartilhamento e armazenamento online de endereços favoritos que possibilita ao usuário categorizar e divulgar automaticamente as suas preferências Shared Stuff - O sistema funciona em conjunto com as contas Google e pode ser utilizado após arrastar um botão para a barra do navegador, que será clicado a cada vez que o usuário quiser compartilhar um site ou página que julgar interessante. Com os links, podem ser incluídas também imagens, trechos de texto e comentários, que poderão ser acessados diretamente pelo iGoogle ou por um leitor RSS. Oferece também a opção de enviar o link por email, ou compartilhá-lo através de outros sites da web 2.0, como Facebook, Digg, Delicious, Furl, Social Poster ou Reddit. O sistema permite ainda acrescentar etiquetas aos itens guardados, que poderão ser usadas por outros usuários para filtrar os conteúdos indicados. O Kaboodle (www..kaboodle.com) - Permite que usuários criem páginas na Web com o objetivo de administrar suas pesquisas pessoais, fazer comparações entre sites de varejo, manter listas de desejos ou planejar viagens. Cada página do kaboodle representa um resultado personalizado de busca criado pelo usuário. Cada vez que o usuário clica para incluir uma página na sua lista , o sistema da kaboodle estuda a página e extrai uma página manchete, um resumo curto e um conjunto de textos e imagens – criando uma página reduzida que pode servir como link de referência pessoal ou para distribuição a outros internautas.

Page 89: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

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Del.icio.us (http://del.icio.us.com) - Mais do que um mecanismo de buscas para encontrar o que se quer na web, é uma ferramenta para arquivar e catalogar os sites preferidos para acessá-los de qualquer lugar. CiteULike (http://www.citeulike.org) - É um serviço online gratuito para organização de publicações acadêmicas. É a primeira ferramenta social de bookmarking para cientistas, professores e alunos. No estilo de outras redes sociais como o Del.icio.us, permite guardar e referenciar e compartilhar endereços interessantes da internet.São mais de 3 milhões de artigos relacionados e parte de seus dados são de domínio público. RawSugar (http://www.baixaki.com.br/download/rawsugar.htm) é uma ferramenta que permite salvar, compartilhar e explorar os conteúdos favoritos da internet de uma maneira organizada e flexível. Trata-se de mais uma opção nesta nova onda da grande rede: o bookmarking social. O usuário tem a possibilidade de marcar, compartilhar e identificar seus conteúdos favoritos. Qualquer página da internet pode ser salva e identificada na conta no RawSugar. É possível acessar esses favoritos de qualquer lugar, bastando um navegador e uma conexão com a internet para isso. Os conteúdos são organizados hierarquicamente. De maneira bem simplificada, estas hierarquias podem ser vistas como as pastas do computador, porém com maior flexibilidade. Um exemplo disso é a possibilidade de feeds RSS de uma única categoria na hierarquia. O RawSugar também é uma maneira de se manter atualizado sobre os conteúdos favoritos de diversas pessoas.

Compartilhamento de

Referências bibliográficas

Mendeley – (http://www.mendeley.com) é um gerenciador de referências bibliográficas gratuito, capaz de extrair os metadados de PDFs automaticamente e sincronizar as referências do desktop com uma interface web acessível de qualquer lugar. Uma ferramenta que coleta seus hábitos acadêmicos (artigos que você lê, têm e gosta) podendo gerar inúmeras estatísticas, recomendar outros pesquisadores “similares” assim como artigos relevantes para sua pesquisa. O objetivo do Mendeley não é ser uma ferramenta social para cientistas, mas sim conectar os produtos da pesquisa científica (artigos). Assim as redes de pessoas surgem de forma secundária, ao redor destes agregados semânticos de artigos científicos. Busca identificar as revistas, artigos e autores mais lidos, mostrando em tempo real o alcance de uma publicação e uma estimativa (ainda que restrita) da popularidade de um artigo.

Compartilhamento de Anotações

Annotea43 é um sistema de anotação compartilhada baseada em Web com base em uma infraestrutura RDF44 de propósito geral aberto, onde as anotações são modeladas como uma classe de metadados. As anotações são vistas como declarações feitas por um autor sobre um documento Web. As anotações são externas aos documentos e podem ser armazenados em um ou mais servidores de anotação. Connotea45 é uma ferramenta de bookmarking social on-line e gratuita desenvolvida pelo Nature Publishing Group. Ela permite aos usuários armazenar seus links na Web, permitindo que eles sejam acessados a partir de qualquer navegador Web, e organizá-los utilizando tags escolhidas individualmente.

Novas ferramentas 2.0 - Métricas para

Cientometria

O Explorer Altmetric46 é um aplicativo web gratuito que acompanha as conversas em torno de artigos científicos online. Altmetric coleta e analisa milhares de postagens sobre artigos de centenas de editoras diferentes; menções de trabalhos acadêmicos, bases de dados de pré-publicações e repositórios institucionais ; sites de mídia social e serviços de bookmarking acadêmicos em canais de notícias de ciência e a utilização de blogs e link públicos.Os dados são disponíveis pela API Almetric47 que permite acesso aos dados sobre os artigos e conjuntos de dados coletados pelo Explorer Altmetric.

Fonte: Adaptado de Galdo (2010, p.45)

43 Disponível em: <http://www.w3.org/2001/Annotea> e <http://www.w3.org/2001/Talks/www10-Annotea-devday/slide1-0.html>. 44 Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/RDFa> 45 Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Connotea)> 46 Disponível em: <http://www.altmetric.com> 47 Disponível em: < http://www.api.altmetric.com>

Page 90: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

88

Contudo cabe aqui ressaltar que estas ferramentas apenas oferecem as possibilidades,

já que as mesmas só se tornarão efetivas, pelo uso que as pessoas fizerem das suas

tecnologias. Dito de outra forma por Galdo (2010, p.41) “uma tecnologia não é “colaborativa”

ou “participativa” em si mesma, depende da apropriação que se faz da arquitetura

participativa da Web 2.0”.

4.6.4 Web 2.0 e a Ciência da Informação

A Web 2.0 vem impulsionando a comunicação, com seus princípios colaborativos e

participativos nas mais diversas atividades humanas, inclusive na atividade científica.

Pesquisadores de diversas áreas vêm utilizando as ferramentas da Web 2.0 com finalidades

científico-acadêmicas, caracterizando a Web 2.0 como um objeto de pesquisa da Ciência da

Informação.

Sobre esta perspectiva, Le Coadic (2004, p. 108) aponta quatro paradigmas para a

área:

1. A transformação do trabalho individual para o trabalho coletivo. ‘A vida profissional caracteriza-se cada vez mais pela organização em rede de pessoas e computadores’.

2. Da utilização do acervo aos fluxos de informações. Trata-se agora ‘de gerenciar fluxos interruptos e diluvianos de informações e captar a informação relevante’.

3. Da ênfase no documento para a ênfase na informação. ‘Mudança na orientação para o usuário’.

4. ‘O papel se transforma em elétron’.

A simplicidade da tecnologia é um dos propulsores da Web 2.0. Com interfaces

atraentes e de fácil utilização, a Web 2.0 favorece a democratização tanto com relação ao

acesso, quanto à criação de conteúdos.

Segundo Vilca Borhani (2007, apud SANTOS; ALVES, 2009, p. 3) a Web 2.0 “é a

passagem de uma rede estática, para uma dinâmica e de colaboração”. A autora ressalta a

facilidade de transferência de informação em todos os suportes (texto, imagem, áudio e vídeo)

e a capacidade de compartilhamento e colaboração na rede promovida pelos sites. Nesta nova

plataforma da Internet, uma regra muito importante para obtenção de sucesso é o

desenvolvimento de aplicativos que aproveitem os efeitos da inteligência coletiva da rede para

se tornar cada vez melhor, ou seja, os serviços se tornam melhores à proporção que são

utilizados pelas pessoas.

Existem fortes críticas feitas ao conceito da Web 2.0, como por exemplo, a de que não

há nada de diferente do que já existia antes. Contudo, o salto qualitativo na sua infraestrutura

e ferramentas são as chaves para o êxito de seus serviços. (ARNAL, 2008, p.9)

Page 91: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

89

A tecnologia Asynchronous Javascript and XML (AJAX), por exemplo, é um sistema

de desenvolvimento de sites que permite modificar as informações de uma página sem que

seja preciso recarregá-la completamente. Tal tecnologia advém de uma Arquitetura Orientada

para Serviços (SOA) e se adequa perfeitamente ao conceito de Web 2.0, pois “não se trata

somente de um novo modelo, mas de uma iniciativa na construção de aplicações Web mais

dinâmicas e criativas” (FERNÁNDEZ, 2007, p.1)

Esta Internet mais colaborativa vem proporcionando a disseminação da inteligência

coletiva em rede.

Este espaço cada vez mais interativo de trocas, criações e armazenamento de

informações torna-se uma importante ferramenta de colaboração entre os participantes do

mundo digital online (BLATTMANN, 2007, p.191).

Nas redes sociais há uma integração do visitante com o conteúdo do site. O que de fato

mudou na Web 2.0 foi a sua forma de utilização.

Os usuários do mundo virtual tendem a agrupar-se por diversas razões, dentre elas:

para estudo, troca de experiências, entretenimento, bate papo e compras.

Contudo, o uso de tantas ferramentas, mesmo de forma colaborativa e livre, exige um

modo de indexação e organização da informação na rede. Configura-se, assim, a folksonomia

como um meio de solucionar, ou pelo menos minimizar, os problemas causados tanto na

organização quanto na recuperação da informação na Web e em ambientes virtuais como um

todo. (SILVA, 2010, p.3).

Catarino e Baptista (2007) explicam que a “folksonomia é um neologismo criado [...] a

partir da combinação entre Folk (Povo, Pessoa) e Taxonomy (Taxonomia)”.

O funcionamento da Folksonomia é bem simples, aos quais os usuários organizam as informações, como um texto, uma foto, um e-mail, um filme etc., por meio de uma série de palavras-chave ou tags que consideram relevantes para descrever e recuperar o conteúdo que está sendo armazenado, sem o envolvimento de um profissional especializado ou de um vocabulário controlado. (SILVA, 2010, p.16)

Para Aquino (2007, p.3-4), a folksonomia pode ser definida da seguinte forma:

Trata-se de um sistema de indexação de informações que permite a adição de tags (etiquetas) que descrevem o conteúdo dos documentos armazenados. Baseada na livre organização, a folksonomia traz um novo tipo de link, a tag, criada pelos próprios usuários da Web, que assim, de forma coletiva representam, organizam e recuperam os dados na rede.

Bertocchi (2007, p.2) acrescenta que “um tag é uma forma de anotação por meio de

palavras-chave adicionadas a um objeto digital de modo a descrevê-lo [...] normalmente

integrado a um sistema de classificação formal, sem redundância e de aplicação universal –

taxonomia”.

Page 92: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

90

A utilização destes tags apoiados em uma linguagem natural, pessoal e livre, sem o

comprometimento com uma categorização é, genericamente, a chamada Folksonomia.

De acordo com Rapetti (2007, p.34), os principais sites que utilizam tags e

folksonomias para a descrição e organização de seu conteúdo, considerando a literatura sobre

o assunto são: CiteUlike (Artigos acadêmicos e científicos); Connotea (Artigos acadêmicos e

científicos); Delicious (Sites preferidos/bookmarks); Last FM48 (Mídia/músicas); Rawsugar49

(Sites preferidos/bookmarks); Technorati (Blogs)50; Youtube (Mídia/Vídeos).

48 Disponível em: <http://www.lastfm.com.br> 49 Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/rawsugar.htm> 50 Disponível em: <http://technorati.com>

Figura 9 – Página principal do Connotea

Fonte: <http://www.connotea.org>

Page 93: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

91

5 METODOLOGIA

Buscando evidenciar os processos pelos quais foram analisados os problemas

propostos, caracteriza-se neste capítulo, a metodologia de pesquisa empregada.

“A metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os

instrumentos de operacionalização do conhecimento (as técnicas), a criatividade do

pesquisador (sua experiência, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade)”. (MINAYO, 2007,

p.14)

A explicitação e caracterização da metodologia de pesquisa são fundamentais para

determinação do caráter científico de qualquer estudo.

“O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que [...], permite

alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido,

detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”. (LAKATOS; MARCONI, 2004, p.

46)

Para desenvolvimento e investigação desta pesquisa, foi utilizado o método

encontrado nos estudos das Ciências Sociais: comparativo, tipológico e estruturalista. Dentre

estes, o método comparativo foi considerado o mais adequado, porque possibilita a

exploração dos fenômenos e a identificação de características comuns e as diferenças nas

experiências a serem comparadas.

Método comparativo – ocupa-se da explicação de fenômenos, permitem analisar o dado concreto, deduzindo, do mesmo, os elementos constantes, abstratos e gerais. Constitui uma verdadeira “experimentação indireta”. É empregado em estudos quantitativos e qualitativos e pode ser utilizado em todas as fases e níveis de investigação: num estudo descritivo, pode averiguar a analogia entre ou analisar os elementos de uma estrutura; nas classificações, permite a construção de tipologias; e finalmente, em termos de explicação, pode, até certo ponto, apontar vínculos causais entre os fatores presentes e ausentes. (LAKATOS; MARCONI, 2004, p. 92-96)

5.1 Delimitação do universo de pesquisa

Segundo a classificação proposta por Lakatos e Marconi (2004) trata-se de uma

pesquisa de natureza:

� Documental na Web – já que muitas das experiências têm sítios onde podem ser

testadas e que contém informações que documentam a experiência;

� Bibliográfica – porque a leitura e a reflexão da literatura irão permitir focalizar

com maior precisão o problema a ser investigado;

Page 94: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

92

� Aplicada – pois objetiva gerar conhecimentos para a aplicação prática voltada à

solução do problema, a aplicação das tecnologias utilizadas nas diversas

experiências e projetos analisados em outras publicações científicas na Web e em

outros sistemas de informação como arquivos e bibliotecas digitais, repositórios,

etc;

� Qualitativa – uma vez que o foco é a compreensão dos fatos, considerando o

processo e seu significado como enfoques principais de abordagem;

A pesquisa qualitativa se ocupa nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes. (MINAYO, 2007, p.21)

� Exploratória e descritiva – na medida em que visa identificar e delimitar um

fenômeno ainda pouco conhecido e descrevê-lo.

5.2 Aportes teóricos

O estudo busca aportes teóricos na Ciência da Informação, dando ênfase ao periódico

científico como canal privilegiado de comunicação científica e na Ciência da Computação, ao

que diz respeito ao uso das tecnologias da Web Semântica e Web 2.0.

A pesquisa teve início com uma revisão de literatura sobre os aspectos centrais da

temática, objetivando a ampliação do embasamento teórico sobre experiências inovadoras

com periódicos eletrônicos que utilizam as tecnologias semânticas para formatação e

recuperação de artigos científicos no ambiente digital.

Sobre a temática em questão, destaca-se como extrema importância e incentivo para o

desenvolvimento desta pesquisa, o trabalho de Marcondes (2005a, p. 5) que propõe um

modelo semântico de publicações eletrônicas, cujo objetivo é extrair e representar o conteúdo

de artigos científicos biomédicos em formato “inteligível” por programas, de modo a permitir

que programas realizem “inferências” sobre este conhecimento, permitindo processar o

conhecimento assim recuperado e processado de forma semanticamente mais rica que os

atuais sistemas de recuperação de informação.

A disciplina “Tópicos em Comunicação, Gestão, Tecnologia e Uso Da Informação II”

ministrada pelo Prof. Dr. Carlos Henrique Marcondes no Mestrado em Ciência da Informação

da Universidade Federal Fluminense, durante o segundo semestre do ano letivo de 2010,

Page 95: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

93

permitiu dentre outros aspectos, uma melhor compreensão sobre tecnologias semânticas

aplicadas em arquivos, bibliotecas e publicações eletrônicas. Cabe aqui ressaltar que o

conhecimento obtido na disciplina possibilitou a ampliação do embasamento teórico sobre os

aspectos centrais deste estudo, e serviu como base para identificar na Web e na literatura,

projetos e experiências de periódicos eletrônicos que utilizam as tecnologias da Web 2.0 e

Web Semântica, com vistas a ampliar as potencialidades de acesso aos conteúdos de artigos

científicos e contribuir para o processamento semântico desses conteúdos, inaugurando novos

modelos para o periódico científico em ambiente digital.

5.3 Levantamento bibliográfico

Alguns artigos como os de Shotton (2009) e de Renear e Palmer (2009), logo

identificados como de interesse para a pesquisa, serviram como ponto de partida para a

identificação de projetos e experiências relevantes, além de ajudarem a estabelecer as

estratégias de busca que permitiram o levantamento bibliográfico.

Outras fontes importantes de literatura utilizadas, foram os anais de eventos ElPub –

International Conference on Electronic Publishing51, em sua 16ª edição em 2012 e o

Workshop SEPUBLICA já mencionado anteriormente. Os trabalhos destes eventos,

fortemente focados no tema da pesquisa, permitiram levantar outros estudos afins.

O levantamento bibliográfico complementado por estas fontes teve origem com a

pesquisa em base de dados e fontes referenciais e de informação como: Encontro Nacional de

Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB); Annual Review of Information Science and

Technology (ARIST); Scientific Electronic Library Online (Scielo); Portal de Periódicos

CAPES; Base de dados Referenciais de Artigos de Periódicos de Ciência da Informação

(BRAPCI); Public Library of Science (PLOS); A Library & Information Science Abstract

(LISA); Web of Science e Google Scholar.

Além da busca por autores citados na literatura, também foram realizadas buscas com

as seguintes palavras-chave: Web Semântica, tecnologia semântica, publicações semânticas e

Web 2.0.

51 Os anais de todas as conferências estão disponíveis em: <http://elpub.scix.net/>

Page 96: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

94

5.4 Campo empírico

O campo empírico desta pesquisa é formado pela coleta de dados sobre experiências

que promovem novos formatos de artigos científicos digitais que ultrapassam o já conhecido,

formato textual e linear de leitura e pelo mapeamento de iniciativas com artigos científicos

que exploram no ambiente digital, as possibilidades abertas pelas tecnologias semânticas e da

Web 2.0.

Para identificar essas experiências partiu-se do seguinte raciocínio: para que um

periódico tenha possibilidades de uma recuperação mais inteligente e potencialidades de

compreensão, é importante que os periódicos científicos possam ser elaborados com

mecanismos que possibilitem esta recuperação. Sendo assim, que tecnologias permitem

atualmente dar a estes periódicos uma inteligência diferenciada?

A partir desse pensamento, e com base na literatura, identificamos algumas

experiências (detalhadas no capítulo 6) que foram classificadas em três categorias:

1. Iniciativas de uso de linguagens com aplicações em XML - eXtensible Markup

Language para marcação e publicação de artigos científicos na Web.

� A XML – eXtensible Markup Language

� CML – Chemical Markup Language

� SBML – System Biology Markup Language

� MathML – Mathematical Markup Language

� STMML – Scientific Technical and Medical Markup Language

2. Uso de ontologias em publicações científicas;

� Scientific Publishing Task force Ontology for Self-Publishing

� EXPO (Ontology for Experiment Self-Publishing)

3. Sistemas inovadores de publicações científicas eletrônicas.

� Projeto Arkeotek

� Sistema HyBrow (Hypothesis Browser)

� MachineProse - Estrutura ontológica de afirmações científicas

� SWAN – Semantic Web Application in Neuromedicine

Page 97: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

95

� Article of the future

� Sistema iHOP – Information Hyperlinked over Proteins

� Sistema Textpresso

� PLoS - Public Library of Science

� Sistema Utopia Document

� Projeto HypER – Hypotheses, Evidence and Relationships

� Modelo semântico de publicações científicas digitais

Para fazer o levantamento das principais características de cada experiência, foram

adotados como parâmetros, os seguintes itens:

� Título da experiência

� Link para o site da experiência

� Domínio temático (Área)

� Descrição/principais características

� É uma proposta teórica?

� É um protótipo?

� É operacional?

� Utiliza tecnologias da Web Semântica?

� Utiliza tecnologia da Web 2.0?

� Utiliza Ontologias?

� Referências

Os resultados encontrados foram organizados e comparados num formato de ficha

como um “check list”.

A organização e a documentação desses itens, buscou contemplar os objetivos gerais e

específicos deste estudo.

Page 98: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

96

6 EXPERIÊNCIAS ANALISADAS

Buscando atingir os objetivos propostos, esta dissertação identificou e analisou 16

experiências, sendo estas as mais recorrentes na pesquisa bibliográfica realizada. São

experiências inovadoras de publicações científicas que trazem novas possibilidades de acesso

e leitura às publicações científicas eletrônicas. Estas análises tiveram como base os

parâmetros já identificados no item 5.8 da metodologia e são apresentadas nos tópicos que

aparecem a seguir.

Cabe aqui ressaltar que as tecnologias semânticas e da Web 2.0 descritas nestes

quadros estão detalhadas no item 4.6.3 quadro 9.

6.1 Iniciativas de uso de linguagens com aplicações em XML para marcação e

publicação de artigos científicos na Web

Várias experiências estão fazendo uso da linguagem XML – Extensible Markup

Language para publicação de artigos científicos na Web. Dentre estas destacam-se: a pioneira

proposta da CML – Chemical Markup Language (MURRAY-RUST, 1999); a proposta da

SBML - System Biology Markup Language (HUCKA, 2003), da MathML – Mathematical

Markup Language (uma iniciativa do W3C) e a STMML – Scientific Technical and Medical

Markup Language (MURRAY-RUST, 2002).

6.1.1 CML – Chemical Markup Language52

Chemical Markup Language53 (CML) foi desenvolvida por Peter Murray-Rust e Henry

Rzepa em 1995 para representar formalmente informações de química, em especial,

moléculas. Este objetivo foi alcançado através do desenvolvimento de um mecanismo de

dicionário semântico usado para representar a estrutura das moléculas. As estruturas

moleculares podem ser compreendidas por seres humanos e por máquinas. Segundo Murray-

Rust et al (2011) “A arquitetura semântica da CML consiste de convenções, dicionários e

unidades. As convenções estão em conformidade com uma especificação de nível superior e

cada convenção pode restringir documentos compatíveis através de validação”.

52 MURRAY-RUST; RZEPA, 1999. 53 Disponível em: <http://www.xml-cml.org>

Page 99: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

97

De acordo com Murray-Rust e Rzepa (2001) Chemical Markup Language é projetada

para inter-operar com diversos protocolos principais de XML: 1) XHTML para texto e

imagens; 2) SVG para gráficos, esquemas, diagramas de fase de reação, etc; 3) PlotML para

gráficos MathML para as equações; 4) Reação XLink para hipermídia (incluindo átomo

spectralPeak atribuições, mapeamento); 5) Núcleo RDF e Dublin para metadados; 6)

esquemas XML para tipos numéricos e outros dados necessários nas ciências físicas,

incluindo unidades, matrizes multidimensionais com tipos de dados variados, terminologia e

bibliografia.

6.1.2 SBML – System Biology Markup Language54

SBML55 – System Biology Markup Language é um formato de representação, com

base em XML, para comunicação e armazenamento de modelos computacionais de processos

biológicos. É um padrão livre e aberto, por isso não há restrições sobre seu uso. Qualquer

pessoa pode contribuir com propostas e participar das discussões. SBML é um formato legível

por máquina para a representação de modelos.

Tem como propósito ser um formato de intercâmbio usado por diferentes softwares

para comunicar os aspectos essenciais de um modelo computacional. Uma característica

54 HUCKA; FINNEY; BOLORI, 2003. 55 Disponível em: <http://sbml.org/>

Figura 10 – Página inicial Chemical Markup Language

Fonte: <http://www.xml-cml.org>

Page 100: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

98

importante da SBML é que cada entidade pode ser legível por máquina. Estas anotações

podem ser usadas para expressar as relações entre as entidades em um determinado modelo e

entidades de recursos externos, tais como bancos de dados.

SBML tem três objetivos principais:

1. Permitir o uso de softwares múltiplos sem ter que reescrever modelos em

conformidade com todos os formatos de arquivo;

2. Permitir que modelos sejam compartilhados e publicados na forma que outros

pesquisadores possam usar, mesmo trabalhando em diferentes ambientes de software;

3. Garantir a sobrevivência de modelos para além do tempo de vida do software usado

para criá-las.

Os mesmos autores que trabalharam a CML e a SBML lançam também, na mesma

linha, a proposta da STMML – Scientific Technical and Medical Markup Language56.

Para seus autores, a linguagem de marcação para publicação científica, técnica e

médica - STMML é por definição

[...] uma linguagem de marcação baseada em XML que abrange muitos aspectos genéricos da informação científica. Tem sido desenvolvido como um núcleo re-utilizável para linguagens de marcação mais específicas. Ela suporta estruturas de dados, tipos de dados, metadados, unidades científicas e alguns componentes básicos da narrativa científica. O meio principal de adição de informação semântica é através de dicionários. A especificação é através de um esquema XML que pode ser utilizado para validar os documentos STMML ou fragmentos. (MURRAY-RUST; RZEPA, 2002, p.128)

Tanto a SBML quanto STMML resultam de trabalhos pioneiros de MURRAY-RUST;

RZEPA e colegas57.

56 MURRAY-RUST; RZEPA, 2002. 57 Ver <http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/summary?doi=10.1.1.97.6002>

Page 101: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

99

6.1.3 MathML – Mathematical Markup Language58

Mathematical Markup Language (Linguagem de Marcação Matemática) é uma

aplicação XML para descrever anotação matemática, capturar a sua estrutura e conteúdo e

representar símbolos e fórmulas matemáticas em documentos World Wide Web. MathML é

uma recomendação do grupo de trabalho matemático do W3C.

Um de seus objetivos é permitir que a matemática seja processada na Web como

HTML, e ativar esta funcionalidade para o texto. Através dos avanços na tecnologia de

comunicação, a MathML representa uma oportunidade para expandir a capacidade de

representar, codificar e comunicar os conhecimentos de matemática na Internet59.

58 Uma recomendação do W3C. 59 Disponível em: <http://www.w3.org/TR/REC-MathML>

Figura 11 – Página principal do System Biology Markup Language

Fonte: <http://sbml.org/Main_Page>

Page 102: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

100

A versão 1.0 foi distribuída em Julho de 1999 e a versão 2.0 em Fevereiro de 2001.

Em Outubro de 2003, a segunda edição do MathML Versão 2.0 foi publicada como uma

distribuição final pelo grupo de trabalho matemático do W3C.

A versão 3.0 foi lançada em 21 de outubro de 2010 como uma revisão da versão 2.0.

Outro padrão chamado OpenMath foi projetado com fórmulas semânticas a ser usada como

um complemento a MathML.

6.2 Uso de ontologias em publicações científicas

6.2.1 Scientific Publishing Task Force Ontology for Self-Publishing60

Publicações científicas estão utilizando ontologias para marcar, anotar ou padronizar

termos agregando aos mesmos uma semântica definida.. O projeto Scientific Publishing Task

Force Ontology for Self-Publishing é um exemplo a ser destacado .Consiste em desenvolver

uma ontologia de propósito geral para autores autopublicarem os resultados de suas pesquisas

numa forma padronizada e consistente.

60 Disponível em: <http://esw.w3.org/topic/HCLS/ScientificPublishingTaskForce>

Figura 12 – MathML (Mathematical Markup Language)

Fonte: <http://www.w3.org/Math/>

Page 103: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

101

Esta iniciativa representa uma mudança de paradigma para as publicações científicas.

Além da descrição de informações bibliográficas que o autor precisa descrever, se faz

necessário também, incluir as informações do conteúdo do artigo. Devido ao fato dessas

descrições estarem de acordo com uma ontologia, a ambigüidade entre os termos sofre uma

redução, facilitando assim, a integração de dados entre os artigos e a sua ligação a outros

artigos que estejam semanticamente relacionados.

O diagrama de classes a seguir ilustra os elementos da Ontology for Self-Publishing:

6.2.2 EXPO – Ontology for Experiment Self-Publishing (Ontologia de experimentos

científicos)

É uma Ontologia que define conceitos para a criação de uma marcação semântica

sobre experimentos científicos, utilizando a OWL - Web Ontology Language61.

EXPO62 é um trabalho coletivo proposto e coordenado pela Scientific Publishing Task

Force (2006), do W3C Semantic Web Health Care and Life Science Interest Group com o

objetivo de formalizar todas as etapas de um experimento científico em ciências biológicas

com vistas a sua publicação como um artigo científico. 61 A Web Ontology Linguagem - OWL é uma linguagem de marcação semântica para publicação e compartilhamento de ontologias na World Wide Web. OWL é desenvolvido como uma extensão do vocabulário RDF (Resource Description Framework) e é derivado do DAML + OIL Web Ontology Language. Disponível em: <http://www.w3.org/wiki/images/b/b8/HCLS$$ScientificPublishingTaskForce$SPE_specs_v0_3.html> 62 Disponível em: <http://sourceforge.net/projects/expo>

Figura 13 - Elementos da Ontology for Self-Publishing

Fonte:< http://www.w3.org/wiki/HCLS/SciPubSPERequirements

Page 104: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

102

Autores como Soldatova e King (2006) afirmam que mesmo apresentando diferentes

objetivos, os autores descrevem os resultados de seus experimentos de forma igual. Diante

desta perspectiva a proposta desses autores consiste numa ontologia para experimentos

científicos (EXPO) cujo objetivo é formalizar e padronizar todas as etapas desse experimento,

desde a coleta de dados, procedimentos, teste de hipóteses, até a publicação final dos

resultados.

A utilização da EXPO para a anotação de experiências científicas torna o

conhecimento científico mais explícito; habilita o compartilhamento e reutilização de

conhecimento comum; e promove o intercâmbio e a confiabilidade de métodos experimentais

e conclusões.

Costa (2010, p.17) acrescenta que a EXPO é considerada uma ontologia de

representação e está definida a partir da SUMO (Suggested Upper Merged Ontology) e que

segundo os autores Niles e Pease (2001), se configura como uma ontologia de fundamentação

desenvolvida pelo Standard Upper Ontology Working Group63.

63 Disponível em: <suo.ieee.org/SUO/SUMO/index.html>

Fonte: King e Soldatova. (apresentação em PowerPoint) Disponível em: <http://www.nactem.ac.uk/tsujii/jw-tmnlpo/RossKing.pdf>

Figura 14 – An ontology for biological experiments

Page 105: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

103

6.3 Sistemas inovadores de publicações científicas eletrônicas

Atualmente o ambiente digital dispõe de sistemas inovadores de apresentação, leitura e

acesso aos artigos científicos publicados na Web que vem ultrapassando o formato textual e

os tradicionais mecanismos de busca com seus novos recursos. Foram identificadas por este

estudo, 16 experiências com características inovadoras para as pesquisas acadêmicas.

6.3.1 The Arkeotek Project – Projeto Técnicas de Arqueologia

Criado em 2003, por uma associação européia que reúne especialistas em arqueologia

interessados em melhorar a difusão do conhecimento. O The Arkeotek Project64 combina duas

abordagens em um domínio específico de investigação: (a) uma crescente utilização da Web

como um canal de transferência da informação; (b) uma exploração de novas formas de

discurso arqueológico relacionado a essa tendência.

Tem como objetivo reescrever o raciocínio científico espalhado no segmento

tradicional (formato impresso), através de uma arquitetura computacional constituída por dois

componentes básicos:

1. Base de dados (sobre a qual é fundada as observações, analogias, conhecimento e

senso comum);

2. Conjunto de Operações inferenciais, ou fórmulas de reescrita (que estabelecem

uma ponte entre as bases de dados e as hipóteses ou conclusões apresentadas pelo

autor). Os textos reescritos são gravados em um formato adaptado para mídia

eletrônica.

64 Disponível em: <http://www.arkeotek.org>

Page 106: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

104

O Projeto Arkeotek representa a concretização das idéias de Gardin J.V. (um dos

pioneiros no tratamento semântico de artigos científicos), iniciadas ainda na década de 60.

Na concepção de Gardin, artigos publicados na Web são bases de conhecimento cujos

conteúdos poderiam ser melhores aprendidos se formalizados através dos métodos da escrita

logicista.

A proposta de escrita logicista de Gardin (2001) consiste numa “forma de escrita que

explicita as partes semânticas do raciocínio científico constantes no texto de artigos

científicos”.

O projeto propõe novas práticas e nova redação (inspiradas no programa logicista)

através de um novo formato eletrônico, conhecido como SCD (Construção Científica de

Dados) que permite construções científicas e a publicação exaustiva dos dados de pesquisa.

O formato SCD sugere estruturar os documentos de acordo com cada parágrafo do

texto. É uma versão interativa de textos reescritos pelos próprios autores, possibilitando uma

leitura rápida e facilidade na exploração dos elementos constitutivos da publicação que

permite uma leitura rápida, e uma fácil exploração dos elementos constitutivos da publicação.

Desenvolvido pela Editions Publisher Epistèmesa, edita a escrita logicista em quatro

telas:

1. Tela esboço – fornece um resumo geral listando os principais blocos de proposições

organizando a construção científica;

2. Tela Velocidade de leitura de proposições – permite uma leitura rápida das

Fonte: <http://www.arkeotek.org/index.php?option=com_content&task=view&id=43&Itemid=9&>

Figura 15 – The Project Arkeotek

Page 107: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

105

diferentes propostas contidas em cada bloco;

3. Consulta de proposições – para cada proposição, há um comentário acompanhado

de ilustrações complementares;

4. Base de dados – acesso as informações utilizadas na construção das proposições.

Em 2007 Arkeotek publicou o The Arkeotek Journal65, a primeira revista científica no

formato eletrônico SCD, exclusivamente online e de acesso aberto sobre técnicas de

arqueologia lançada em francês e inglês. The Arkeotek Journal foi fundada por Valentine

Roux, em conjunto com a Editions de la Maison des Sciences de l'Homme e o Epistemes

Editions. Seus artigos são publicados de acordo com os princípios do logicismo, seguindo

novas práticas de escritas destinadas a facilitar a leitura das construções científicas, a

publicação exaustiva dos dados de pesquisa e a construção automática de bases de

conhecimento. Inclui estudos arqueológicos pré-históricos e atuais sobre: pedra, osso,

cerâmica, têxteis, cascas, madeiras e outros.

Dentre os objetivos do jornal Arkeotek estão os de promover: legibilidade de

construtos científicos na arqueologia; possibilidade de verificar as hipóteses propostas;

partilha de conhecimentos entre pesquisadores.

Do ponto de vista editorial, este periódico, editado anualmente, contribui para o

desenvolvimento de uma publicação que promove construções científicas e participa na

criação de bases de conhecimentos temáticos.

65 Disponível em: <http://www.thearkeotekjournal.org/>

Figura 16 – Página principal The Arkeotek Journal

Fonte: <http://www.thearkeotekjournal.org/>

Page 108: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

106

Quadro 10 – The Arkeotek Project: recursos e características principais

Título da experiência The Arkeotek Project

Ano 2003

Link para o site da experiência

http://www.arkeotek.org

Domínio temático (Área) Arqueologia

Descrição/principais características

� Projeto voltado para uma publicação na área de Arqueologia: The arkeotek Journal;

� Estratégias de consulta para leitura de textos baseada na pesquisa da escrita logicista (GARDIN, 2001);

� Explicita as partes semânticas do raciocínio científico constantes no texto de artigos científicos;

� Propõe novas práticas e nova redação através de um novo formato eletrônico, conhecido como SCD (Construção Científica de Dados);

� Permite a construção automática de bases de conhecimento e a publicação exaustiva dos dados de pesquisa;

� Promove legibilidade de construtos científicos em arqueologia; � Possibilidade de verificar as hipóteses propostas; � Compartilhamento de conhecimentos entre pesquisadores.

Proposta teórica? Não

Protótipo? Não

Operacional? Sim

Utiliza tecnologias da Web Semântica?

Não, quando foi proposto não existia a Web Semântica.

Utiliza tecnologias da Web 2.0?

Não

Utiliza ontologias? Não

Referências

GARDIN, J.V. Vers un remodelage des publication savants: ses rapports avec science de l’informatio. In: CHAUDRION; FLUHR (Ed.). Filtrage et résumé automatique de l’nformation sur les reseaux: actes du 3ème Colloque du Chapitre Français de l’ ISKO, 2001. ROUX, Valentine; PROCOPIOU, Hara. Faciliter la consultation de texts scientifiques: nouvelles pratiques editorials. ImageSon.org. Disponível em: <http://www.imageson.org/document602.html>

Fonte: Próprio autor

Page 109: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

107

6.3.2 The HyBrow – Hypothesis Browser

O sistema HyBrow66 é um sistema para concepção e avaliação de hipóteses em

Biologia (RACUNAS et al., 2004), constituído de uma estrutura de modelagem com a

capacidade de: a) acomodar diversas fontes de informação biológica; b) uma ontologia

baseada em evento67 para representar os processos biológicos em diferentes níveis de detalhe;

c) um banco de dados para consulta de informação na ontologia; d) programas para executar

hipótese e avaliação.

A consistência da hipótese é avaliada com base nas informações contidas no banco de

dados. Através de regras de inferências, o sistema mapeia identidades para a hipótese

levantada.

O arquivo Hipótese é definido no glossário Hybrow, como “um arquivo de texto

contendo uma hipótese que consiste em conjuntos de fluxos de eventos condicionais ligados

por operadores lógicos e /ou temporal”. A hipótese é validada se houver pelo menos um

caminho cuja sequência de eventos seja consistente com os dados observados.

O banco de dados Hybrow contém informações biológicas sobre interações de

proteína, expressões e anotações genômicas. É criado a partir de programas que processam e

analisam a literatura da área, formatando-a segundo as entidades usadas na ontologia de

processos biológicos. Hybrow identifica ainda discordâncias nas anotações genômicas através

da Gene Ontology.

66 Disponível em: <http://www.hybrow.org> 67 Um evento biológico é qualquer ocorrência temporal sobre que dados experimentais biológicos podem ser colhidos. Estes eventos são descritos por sentenças. Fonte: Glossário Hybrow. Disponível em: <http://www.hybrow.org>.

Page 110: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

108

Figura 18 – Resumo da Ontologia HyBrow

Fonte: <http://www.hybrow.org>

Figura 17 – Página principal do Hybrow

Fonte: <http://www.hybrow.org>

Page 111: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

109

Quadro 11 – The HyBrown: recursos e características principais

Título da experiência HyBrown – Hypothesis Browser

Link para o site da experiência

http://www.hybrow.org

Domínio temático (Área) Biologia

Descrição/principais características

� É um sistema de avaliação hipótese. Um programa que propõe criar um ambiente para formulação e teste de validade de novas hipóteses em biologia;

� Seu banco de dados é criado a partir de programas que processam e analisam a literatura da área, formatando-a segundo as entidades usadas na ontologia de processos biológicos.

� Utiliza regras de inferência para apresentar ao usuário o resultado da sua pesquisa;

� Trazem “Ranks” (graduações) com explicações e referências para a hipótese apresentada;

� Descobre conflitos em anotações genômicas utilizando literatura e as anotações da gene ontology.

Proposta teórica? Não

Protótipo? Sim

Operacional? Sim

Utiliza tecnologias da Web Semântica?

Sim. RDF Schema

Utiliza tecnologias da Web 2.0?

Não

Utiliza ontologias? Gene Ontology; hipothesis ontology

Referências

RACUNAS, S.A.; SHAH, N.H.; ALBERT, I.; FEDOROFF, N. V. Hybrown: a prototype system for computer-aided hypothesis evaluation. Bioinformatics, v. 20, suppl. 1, p.257-264, 2004. Disponível em: <http://bioinformatics.oxfordjournals.org/cgi/_eprint/20/suppl_I/i257>. Acesso em: 19 maio 2009. RUBIN, D. L.; SHAH, N.; NOY, N. F. Biomedical ontologies: a functional perspective: Briefings in Bioinformatics Advance, p.75-90, 2007. Disponível em: <http://bib.oxfordjournals.org/cgi/content/abstract/9/1/75>. Acesso em: 22 maio 2009.

Fonte: Próprio autor

Page 112: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

110

6.3.3 The MachineProse

É um ambiente para a formulação e codificação formal de afirmações científicas,

consideradas como a unidade fundamental de conhecimento. Estas afirmações, na forma de

relações entre conceitos biomédicos, são baseadas numa ontologia de relações utilizadas

como guia para a formulação consistente de hipóteses. As afirmações assim formuladas são

para sumarizar e anotar o conteúdo semântico da literatura biomédica, e indexar esta

literatura, provendo assim meios semanticamente mais ricos para sua recuperação.

O ambiente Machine Prose possibilita a realização de anotações semânticas de

publicações legíveis por máquinas, permitindo pesquisas mais precisas (DINAKARPADIN et

al. 2006). Os artigos, quando submetidos para publicação, são acompanhados por metadados

que descrevem as afirmações feitas no texto. Isso significa usar uma sintaxe baseada em torno

do sujeito-predicado-objeto definida para codificar as afirmações em um formato legível por

máquina. Podemos observar o uso da interface da pesquisa nas figuras 12, 13 e 14 do

MachineProse tutorial68.

Nessa interface aparecem três listas que representam uma tripla na forma <entidade,

relacionamento, entidade>. Nela o usuário pode criar uma afirmação científica e navegar nas

afirmações relacionadas com as pesquisas associadas.

Na figura 13 utilizamos a afirmação “Azatioprina afeta a asma”. Na consulta desta

afirmação, aparecem como resultados da pesquisa, as subclasses encontradas entre as

relações.

68 Disponível em: <http://sce.umkc.edu/~dinakard/research/machineprose/help.htm>

Fonte: Disponível em: <http://sce.umkc.edu/~dinakard/research/machineprose/help.htm>

Figura 19 – Interface para consulta de afirmações científicas

Page 113: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

111

O resultado da pesquisa mostra que “Azatioprina melhora a asma” é uma afirmação

mais específica em relação à “Azatioprina afeta a asma”, por isso aparece no segundo cluster

que representa a subclasse relacional da afirmação consultada.

O usuário pode realçar qualquer afirmação que apareça como parte do resultado da

pesquisa. Ao clicar em “Related Search”, o usuário irá expandir a afirmação identificando as

afirmações que contém entidades que são subclasses de uma ou mais entidades na afirmação

destacada.

Figura 20 – Visualização dos resultados da pesquisa encontrados na base de conhecimento da MachineProse

Fonte: Disponível em: <http://sce.umkc.edu/~dinakard/research/machineprose/help.htm>

Figura 21 – Visualização de parte dos resultados da pesquisa através do related search

Fonte: Disponível em: <http://sce.umkc.edu/~dinakard/research/machineprose/help.htm>

Page 114: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

112

Quadro 12 – MachineProse: recursos e características principais

Título da experiência MachineProse – Estrutura ontológica de afirmações científicas.

Link para o site da experiência

<http://sce.umkc.edu/~dinakard/research/machineprose/help.htm>

Domínio temático (Área) Biomédica (Alergia e Imunologia)

Descrição/ principais características

� É um ambiente para a formulação e codificação formal de afirmações científicas usadas para otimizar os resultados de investigações biomédicas;

� Possibilita pesquisas mais precisas através de anotações semânticas legíveis por máquinas;

� Utiliza metadados para descrever as afirmações contidas no texto; � Sua interface é representada por uma tripla na forma <entidade,

relacionamento, entidade> que possibilita o usuário formar uma afirmação científica e navegar para as afirmações relacionadas nas pesquisas associadas;

� Permite realçar qualquer afirmação que apareça como parte do resultado da pesquisa;

� Possui recurso de expansão da afirmação para identificação das afirmações que contém entidades que são subclasses de uma ou mais entidades na afirmação destacada

Proposta teórica? Não

Protótipo? Sim

Operacional? Sim

Utiliza tecnologias da Web Semântica?

Sim. Triplas RDF

Utiliza tecnologias da Web 2.0?

Não

Utiliza ontologias? Sim. Ontologia para indexação semântica. Machine Prose Ontology para tipo de relações baseadas na UMLS (Unified Medical Language Systems)69- Sistema Unificado de Linguagem Médica

Referências DINAKARPADIAN, Deendayal et al. MachineProse: an ontological framework for scientific assertions. Journal of the American Medical Informatics Association, [S.l.], v. 13, n. 2, p. 220-232, Mar./ Apr. 2006.

Fonte: Próprio autor

69 Disponível em: http://www.nlm.nih.gov/pubs/factsheets/umls.html

Page 115: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

113

6.3.4 The SWAN Project – Semantic Web Application in Neuromedicine

Aplicações da Web Semântica em Neuromedicina70 é um projeto em desenvolvimento

com a colaboração com o Alzheimer Research Forum71 do Massachusetts General Hospital72

dentre outros. É uma nova abordagem para a gestão do conhecimento na Ciência, utiliza a

tecnologia da Web Semântica para interconexão de dados, informações e conhecimento.

Sua proposta é criar um ambiente Web para a comunidade de estudiosos dedicados a

Doença de Alzeimer, com facilidades para acesso integrado as diferentes bases de

conhecimento. (GAO et al., 2006). Integra, ainda, dados pessoais, laboratoriais, e de fontes

externas, permitindo apoio à geração e teste de hipóteses.

A base de conhecimento SWAN é um banco de dados para coletar conhecimento

sobre o discurso científico em um domínio específico (Doença de Alzheimer).

Com mais de 4000 membros registrados, é um programa baseado na Web colaborativa

que tem como objetivo organizar e anotar o conhecimento científico sobre a doença de

70 Disponível em: <http//swan.mindinformatics.org> 71 Disponível em: <www.alzforum.org> 72 Disponível em: <www.mghmind.org>

Figura 22 – Página principal da SWAN

Fonte: <http://swan.mindinformatics.org/index.html>

Page 116: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

114

Alzheimer (DA) e outras doenças neurodegenerativas usando a tecnologia da Web Semântica

para interconexão de dados, informações e conhecimento.

Tem como objetivos: facilitar a formação, desenvolvimento e teste de hipóteses sobre

a doença; permitir que sites, cientistas e laboratórios científicos participem com colaborações

virtuais; criar ferramentas e recursos para gerir dados e informações sobre DA, em que os

pesquisadores possam facilmente compreender e comparar hipóteses: “onde é que estas duas

hipóteses concordam /ou discordam?”; identificar questões não respondidas e sintetizar

conceitos e dados cada vez mais abrangentes e úteis para o tratamento desta doença.

Como contribuição social, propõe-se possibilitar a eficácia da descoberta e partilha de

conhecimentos entre os pesquisadores e estudiosos que buscam a cura de distúrbios

neurológicos.

Quanto ao uso de ontologia, o projeto SWAN está organizado em triplas RDF e sua

estrutura é especificada pela ontologia SWAN. Esta ontologia foi originalmente organizada em

um único bloco e modularizada para promover a reutilização e integração com outras

ontologias existentes. Assim, quando se referirem à ontologia SWAN, considerar como um

conjunto de ontologias utilizado pelo software para criar, gerir e partilhar bases de

conhecimento SWAN. Uma ontologia, juntamente com um conjunto de instâncias de suas

classes, constitui uma base de conhecimento.

Page 117: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

115

Quadro 13 – The SWAN Project: recursos e características principais

Título da experiência The SWAN Project

Link para o site da experiência

http://swan.mindinformatics.org

Domínio temático (Área) Neuromedicina – Doença de Alzeimer e outras doenças neurodegenerativas

Descrição/principais características

� É um ambiente de gestão em base de dados. Um programa baseado na Web colaborativa que tem como objetivo organizar e anotar o conhecimento científico sobre a doença de Alzheimer (DA) e outras doenças neurodegenerativas usando a tecnologia da Web Semântica para interconexão de dados, informações e conhecimento;

� Facilita a formação, desenvolvimento e teste de hipóteses sobre a Doença de Alzheimer;

� Permite que sites, cientistas e laboratórios científicos participem com colaborações virtuais; criem ferramentas e recursos para gerir dados e informações sobre a doença;

� Possibilita aos pesquisadores compreender, compartilhar e comparar hipóteses;

� Sua estrutura é especificada pela ontologia SWAN.

Proposta teórica? Não

Protótipo? Não

Operacional? Sim

Utiliza tecnologias da Web Semântica?

Triplas RDF, Ontologia SWAN

Utiliza tecnologias da Web 2.0?

Sim. Del.icious, Digg, Facebook,Google,Newsvine, Alzheimer Research Forum.

Utiliza ontologias? Ontologia SWAN

Referências

GAO, Y; KINOSHITA, J.; WU, E.; MILLER, E.; LEE, R; SEABORNE, A.; CAYZER, S.; CLARK, T. SWAM: a distributed knowledge infrastructure for Alzeimer disease research. Journal of Web Semantic, [S.l.], v. 4, n. 3, 2006. Disponível em: <http://www.websemanticsjournal.org/ps/pub/2006-17>. Acesso em: 12 dez. 2010.

Fonte: próprio autor

Page 118: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

116

6.3.5 The article of the future (O artigo do futuro)

O projeto “The article of the future” 73 é uma nova abordagem para a apresentação on-

line da pesquisa científica. Sua proposta representa para os cientistas uma nova forma de

expor e explorar de forma mais eficaz o conteúdo de um artigo científico tradicional em um

ambiente online. Artigo do futuro revoluciona o formato tradicional do periódico científico

em relação a três elementos fundamentais: conteúdo, apresentação e contexto.

Desenvolvido pelo Grupo editorial Elsevier e sua subsidiária Cell Press, em julho de

2009, a editora Elsevier anuncia o lançamento do primeiro protótipo de um artigo científico

que introduz a estrutura não linear, navegação gráfica aprimorada e multimídia integrados.

Tais diferenças agregadas aos artigos científicos digitais representam uma mudança

significativa da organização linear de um artigo tradicional impresso. Buscam dentre outros

aspectos, otimizar a apresentação, interpretação, e velocidade na análise dos resultados da

pesquisa, fundamentais para impulsionar a geração de novos conhecimentos científicos.

Esta inovação na publicação científica representa um investimento no futuro da

pesquisa, permitindo que cientistas de todo o mundo possam acessar, interpretar e criar

ciência de forma mais eficiente.

Reunindo bases de dados como: Science Direct74, SciTopics75, Scopus76, busca a

excelência da leitura on-line e uma perfeita navegação.

Os artigos científicos são apresentados segundo um novo formato, aproveitando ao

máximo a capacidade on-line. Composto por: Summary, Introduction, Results, Discussion,

Experimental Procedures, Data, References, Supp. Info., Related Info. e Comments, o

diferencial está na forma de apresentação do conteúdo desses artigos.

73 Disponível em: <www.articleofthefuture.com> 74 Science Direct – É uma coleção eletrônica de livros, manuais , obras de referências, e textos completos provenientes das revistas científicas Elsevier, com mais de 10 milhões de artigos nas áreas científica, tecnológica e médica, representando aproximadamente 25% da produção científica mundial. Disponível em: <http://www.americalatina.elsevier.com> 75 SciTopics – Controle editorial que busca manter a qualidade dos textos, resumos assinados e referências completas dos autores. Serviço gratuito de tecnologia wiki que reúne os temas mais recentes e mais pesquisados pela comunidade acadêmica no Scirus – ferramenta de busca para pesquisas científicas com acesso livre. Cada “página-tópico” traz um assunto resumido por especialistas qualificados que incluem as referências utilizadas, links relacionados de periódicos científicos e páginas da web indexadas no Scirus e os leitores podem postar seus comentários sobre os temas apresentados de forma pública ou em particular para o autor. Disponível em: <http://www.scitopics.com> 76 Scopus – É uma base de citações disponível aos pesquisadores e instituições brasileiras que têm acesso ao Portal Capes. Para as demais instituições este acesso é feito mediante assinatura. A Scopus tem cobertura ampla, em praticamente todas as áreas do conhecimento científico e técnico. Atualmente inclui cerca de 18.000 títulos de revistas científicas, além de séries monográficas, anais de congressos e eventos científicos, patentes e outras fontes de informação científica disponíveis na Internet. Dentre as revistas científicas indexadas, há mais de 1000 títulos de acesso aberto, dentre os quais os títulos SciELO (Scientific Electronic Library Online). Disponível em: <http://www.scopus.com/scopus/home.url>

Page 119: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

117

Todos os “artigos do futuro” possuem um painel de exibição com o mesmo layout:

barra de navegação, área de conteúdo principal e lateral direita. Cada painel pode ser rolado

independentemente, com isso é possível ver o texto e imagem em perspectiva de uma só vez.

Existem duas opções para navegar pelo artigo: (1) com miniaturas figura e tabela que

está sendo exibido, e (2) sem miniaturas. Por apresentar uma estrutura não linear, possibilita

uma navegação muito mais fácil e rápida.

O artigo “Transcriptional Control of Gene Expression by MicroRNAS” citado pelos

autores (SOUZA; CABRERA; BRAILE, 2010, p.145) e o artigo “ Modular Genetic Control

of Sexually Dimorphic Behaviors” são exemplos desse novo formato de apresentação. As

possibilidades oferecidas por este novo formato estão destacadas a seguir no quadro 14.

Figura 23 – Página principal do Article of the future

Fonte: <http://www.articleofthefuture.com>

Page 120: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

118

Figura 25 – Artigo “Modular Genetic Control of Sexually Dimorphic Behaviors” publicado na página da Cell Press

Fonte: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0092867411015716#%20id=>

Figura 24 – Artigo “Transcriptional Control of Gene Expression by MicroRNAS publicado na página da Cell Press”

Fonte: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0092867409015700>

Page 121: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

119

Quadro14 – The article of the future: recursos e características principais

Título da experiência The article of the future

Link para o site da experiência

www.articleofthefuture.com

Domínio temático (Área) Administração de empresas; Eletroquímica; Ciência dos materiais; Matemática e Ciência da Computação; Paleontologia; Parasitologia e Doenças tropicais; Psicologia e Ciências Cognitivas

Descrição/principais características

� Apresenta resumo com recursos de navegação gráfica; � Dispõe “highlights” que possibilita destacar os principais resultados da

pesquisa; � Fornece link “See affiliation” que traz um histórico das instituições de

pesquisa a que os autores pertencem; � Utiliza técnicas de visualização com imagens dos assuntos em miniaturas que

podem ser ampliadas e melhor visualizadas; � Traz o resumo das principais conclusões, possibilitando ao leitor, acessar os

anexos das referências, bem como as figuras e gráficos citados no artigo; � Possibilita assinalar nos artigos, idéias e comentários dos leitores. Uma

tendência que permite a comunicação on-line entre autores e leitores através das tecnologias da Web 2.0;

� No item “Supplemental Information”, o leitor consegue visualizar as tabelas utilizadas no artigo com informações suplementares descritas em Excel e pdf, trazendo ainda a informação do tamanho do arquivo para download;

� Todas as referências das obras citadas pelo autor estão disponibilizadas em ordem alfabética e trazem os seus respectivos links em pdf;

� As referências trazem a informação da quantidade de vezes que a mesma aparece na Base de citação Scopus;

� O link “Paperflick”, traz o áudio dos autores falando sobre o seu trabalho e entrevista com o autor em Podcast - Forma de publicação de arquivos de mídia digital, que pode ser ouvida na Internet, ou até mesmo no rádio do carro, por meio de programas específicos (SOUZA; CABRERA; BRAILE, 2010). Num pequeno vídeo (máximo de 5 minutos), os autores apresentam de maneira informal as principais conclusões de sua pesquisa.

� O conteúdo do artigo é enriquecido com recursos como o Google Maps, que fornece acesso interativo aos dados geoespaciais e com o visualizador de proteína, (Genoma Viewer), que permite aos autores disponibilizarem seus artigos no contexto de outras pesquisas como o Banco de Dados Protein e Genbank.

Proposta teórica? Não

Protótipo? Sim. Apesar de já estar em operação, o site afirma que se trata ainda de um protótipo

Operacional? Sim

Utiliza tecnologias da Web Semântica?

Não

Utiliza tecnologias da Web 2.0?

Sim. Paperflick, twitter e youtube

Utiliza ontologias? Não

Referências

SOUZA, Eliana Pereira Salles de; CABRERA, Eliana Márcia Sotello; BRAILE, Domingo Marcolino. Artigo do futuro. Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular , São José do Rio Preto, v. 25, n. 2 , jun. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-76382010000200003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 09 maio de 2011.

Fonte: próprio autor

Page 122: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

120

6.3.6 Sistema IHOP – Information Hyperlinked over Proteins

O Sistema iHOP77 é um serviço gratuito desenvolvido por Robert Hoffman que usa

genes e proteínas como hiperlinks entre as frases e resumos extraídos da base de dados

PubMed.

Pesquisadores navegam por estes hiperlinks, avaliando as afirmações que lhes possam

interessar nas relações entre genes e proteínas. As sentenças são mostradas dentro do resumo

em que foram extraídas e relacionadas à referência bibliográfica do artigo correspondente,

preservando assim o contexto completo da sentença.

O foco diretamente nas afirmações de relações entre genes e proteínas e nas sentenças

que as contenham é uma tentativa de viabilizar uma busca semântica no interior dos textos

dos artigos, permitindo uma leitura direta, “estratégica” dos artigos, nas palavras de Renear e

Palmer (2009).

77 Disponível em: <http://www.ihop-net.org>

Figura 26 – Página principal do IHOP

Fonte: <http://www.ihop-net.org>

Page 123: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

121

Quadro 15 – Sistema IHOP: recursos e características principais

Título da experiência Sistema IHOP - Information Hyperlinked over Proteins

Link para o site da experiência

http://www.ihop-net.org

Domínio temático (Área) Biomédica, Genética (Proteínas e Genes)

Descrição/principais características

� Cria um hipertexto digital de sentenças com menções a genes e proteínas, encontrados e extraído de resumos da base de dados PubMed;

� Pesquisadores podem navegar por este hipertexto de sentenças, avaliando as afirmações que lhes possam interessar que contenham relações entre genes e proteínas;

� As sentenças são mostradas dentro do resumo de onde foram extraídas e relacionadas à referência bibliográfica do artigo correspondente, preservando assim o contexto completo da sentença;

� O foco diretamente nas afirmações de relações entre genes e proteínas e nas sentenças que as contenham é uma tentativa de viabilizar uma busca semântica no interior dos textos dos artigos, permitindo uma leitura direta, “estratégica” dos artigos.

Proposta teórica? Não

Protótipo? Não

Operacional? Sim

Utiliza tecnologias da Web Semântica?

Não

Utiliza tecnologias da Web 2.0?

Sim. Wikigenes Collaborative Publishing78.

Utiliza ontologias? Sim

Referências

HOFFMANN, R., VALÊNCIA, A. A gene network for navigation the literature. Nature Genetics, v.36, n.664, 2004. Disponível em: <http://www/ihopnet.org/> RENEAR, Allen H.; PALMER, Carole L. Strategic reading, ontologies, and the future of scientific publishing. Science, [S.l.], v. 325, n. 14, p. 828-832, Aug. 2009.

Fonte: próprio autor

78 Disponível em:<http://www.wikigenes.org>.

Page 124: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

122

6.3.7 PLOS – Public Library of Science

A Biblioteca Pública da Ciência (PLOS)79 é uma organização sem fins lucrativos

formada por cientistas que disponibilizam a literatura médica e científica do mundo num

recurso público de acesso livre.

É uma ferramenta de comunicação para a ciência e medicina, cuja característica

principal é o fato de todo o seu conteúdo estar dentro do modelo de licenciamento de

conteúdo aberto, fazendo uso do Creative Commons, que possibilita o uso irrestrito de suas

publicações. Possibilita aos cientistas, bibliotecários, editores e promotores, o

desenvolvimento de novos métodos de exploração e uso da investigação e descobertas

científicas.

O financiamento das revistas se dá graças ao modelo de negócios exigido, sendo

responsáveis pelo pagamento de custos da publicação os autores de novas matérias.

Localizada em São Francisco, na Califórnia, a PLOS teve seu início em princípios do

ano 2001 com uma petição online liderada por Patrick Brown, Bioquímico da Universidade

de Stanford e por Michael Eisen, Biólogo computacional da Universidade da Califórnia/em

Berkeley, juntamente ao Lawrence Berkeley National Laboratory.

A PLOS participa do Comitê de Ética da publicação e sua redação é constituída por

membros das seguintes organizações: Conselho de Editores Científicos, Associação Nacional

de Escritores de Ciência , Sociedade Internacional de Gestão e editores técnicos e Associação

Mundial de Medicina.

79 Disponível em: <http://www.plos.org>

Page 125: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

123

Em 2003, a PLOS lançou sete periódicos de acesso aberto: PLoS Biology, PLoS

Medicine, PLoS Computational Biology, PLoS Genetics, PLoS Pathogens, PLoS ONE, e

PLoS Neglected Tropical Diseases, as quais são editorialmente independentes.

Todos os artigos das revistas publicadas na PLOS ficam acessíveis no arquivo

PubMed Central80

Com um conceito diferente em relação a publicação cientifica tradicional, ela utiliza a

“importância” de um trabalho como critério para aceitação ou rejeição. A PLOS conta com

pareceres de cientistas e revisão pelos pares, que verificam se os experimentos e análise dos

dados foram conduzidas com rigor.

Na PLOS a comunidade científica tem a possibilidade de determinar a importância dos

trabalhos através de debates e comentários vinculados aos artigos publicados no site.

A PLOS dispõe de tecnologias e serviços inovadores que permitem aos usuários

usufruírem de novas formas de comunicação. Dentre estes:

� PLoS Currents – tem como objetivo principal acelerar descobertas científicas e

fomentar discussões com outros pesquisadores e profissionais de saúde por meio

da disponibilização de um portal para rápida disseminação de resultados e idéias;

80 PubMed Central é um arquivo digital gratuito da literatura biomédica e de ciências da vida no National Institutes of Health dos EUA (NIH), desenvolvido e gerido pela NIH National Center for Biotechnology Information (NCBI) da National Library of Medicine (NLM). Disponível em: <http://www.pubmedcentral.nih.gov>

Figura 27 – Página principal da PLOS

Fonte: <http://www.plos.org>

Page 126: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

124

� Mecanismo de Buscas – possibilita que sejam realizados dois tipos de pesquisa: os

títulos dos artigos desejados, ou uma pesquisa mais aprofundada sobre a própria

PloS, em termos de organização (membros, objetivos, livre acesso e etc);

� PLOS Blogs81 – comporta as mais variadas informações e comentários da

comunidade científica mundial;

� Métricas – fornece um conjunto crescente de medidas e indicadores de impacto

que inclui diversas métricas de citações e estatísticas de uso do artigo, dentre estas:

o nº de citações, sua utilização on-line, bookmarks, comentários e avaliações

realizadas pelos pares em notas e blogs. Apresentam, ainda, estatísticas e gráficos,

que mostram os números de HTML, páginas visitadas, downloads e de XML;

� Sistema Peer-review – os artigos são revisados pelos pares com freqüência e os

experimentos são postos em prática, possibilitando maior garantia aos usuários e

leitores;

� Open Acess – aplica a Creative Commons Attribution License (CCAL) em todas

as obras publicadas Os autores mantêm a propriedade dos direitos autorais de seu

artigo, mas permitem a qualquer um baixar, reutilizar, reimprimir, modificar e

distribuir seus artigos, contanto que o autor original e sua fonte sejam citados. Não

é necessária a permissão dos autores ou editores;

� Modelo de Negócio – utiliza o modelo “autor-pagador”, onde é cobrada dos

autores ou dos patrocinadores das pesquisas, uma taxa para a recuperação em parte

das despesas com a revisão por pares, produção do jornal, hospedagem e

arquivamento on-line para cada publicação de artigo. Este modelo permite as

revistas PLOS fornecer todos os seus artigos com acesso aberto imediatamente

após a sua publicação. Os autores filiados como Sócio Institucional são elegíveis

para um desconto sobre esta taxa. Existe a possibilidade de dispensa da taxa

completa ou parcial para os autores que não têm fundos para cobrir as despesas de

publicação. Os editores e revisores não têm acesso a informações de pagamento,

portanto, a incapacidade de pagar a referida taxa não vai influenciar na decisão de

publicar um periódico.

81 Disponível em: <http://blogs.plos.org>

Page 127: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

125

Quadro 16 – PLOS: recursos e características principais

Título da experiência Public Library of Science – PLOS

Link para o site da experiência

http://www.plos.org

Domínio temático (Área) Biomédica

Descrição/principais características

� Proporciona acesso livre e irrestrito à literatura científica; � Facilita a pesquisa, as práticas médicas e a educação tornando possível o

acesso ao texto integral de qualquer artigo publicado; � Permite assinalar comentários nos artigos e consultar índices de citação dos

artigos; � Os artigos são valorizados pelas tecnologias semânticas; apresentando novos

mecanismos quanto ao seu conteúdo e formato; � Disponibiliza gráficos e estatísticas com nº de citações e downloads; � XML e HTML; � O conteúdo dos artigos está relacionado, e o usuário é capaz de adicionar,

avaliar, fazer anotações e participar de discussões com os pares; � É auto-sustentável. “Adota o sistema autor-pagador”. � Utiliza tecnologia 2.0, disponibilizando links para compartilhamento social.

(bookmarks); � Permite fazer anotação em RDF (Resource Description Framework); � A metodologia combina técnicas da web 2.0 com ontologia em prol de

agregar valor ao conteúdo; � Traz uma temática inovadora como “doenças negligenciadas”, que

habitualmente não seriam de interesse para outras revistas.

Proposta teórica? Não

Protótipo? Não

Operacional? Sim

Utiliza tecnologias da Web Semântica?

Sim

Utiliza tecnologias da Web 2.0?

Sim. Bookmarks, blogs e permite agregar comentários, que são uma típica tecnologia da Web 2.0

Utiliza ontologias? Sim. CitO

Referências

SHOTTON, David et al. Adventures in semantic publishing: exemplar semantic enhancements of a research article. Disponível em: <http://www.ploscompbiol.org/article/info:doi/10.1371/journal.pcbi.1000361>. Acesso em 08 dez.2010.

Page 128: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

126

6.3.8 Sistema Textpresso

Textpresso é um sistema de mineração de texto para literatura científica que utiliza

uma ontologia (em forma de taxonomia) baseada em categorias e sub-categorias de termos,

que são classes de conceitos biológicos, para recuperar documentos científicos. (MULLER;

KENNY et al., 2004).

Inicialmente desenvolvido por Hans-Michael Muller, Kenny Eimear e Paul W.

Sternberg, com contribuições de Juan Carlos Chan e Chen David, é um exemplo do uso e

integração de ontologias biomédicas na formatação e recuperação de artigos científicos. A

nova versão oficialmente conhecida como Textpresso 2.0 foi desenvolvida por Hans-Michael

Muller com contribuições de Arun Rangarajan e Tracy K. Teal.

Textpresso faz parte da WormBase no California Institute of Technology, na

Califórnia. Textpresso tem um suporte de concessão do National Human Genome Research

Institute do National Institutes of Health EUA.

Figura 28 - Página principal do Textpresso for C. Elegans

Fonte: <http://www.textpresso.org/celegans/>

Page 129: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

127

O sistema Textpresso realiza mineração de textos biomédicos previamente tratados e

decompostos no nível das suas sentenças, cujas palavras ou expressões são marcadas com

termos de várias categorias de ontologias biomédicas como a GO.

Os resultados da busca por uma palavra-chave são listas de sentenças ordenadas pela

sua relevância contendo os termos identificados da ontologia “iluminados” dentro de artigos,

com a mesma ordenação.

Um mecanismo é responsável por marcar as categorias nas sentenças extraídas dos

documentos para então indexá-las. As buscas podem ser realizadas de forma simples ou

avançada.

A busca avançada possibilita o usuário combinar as categorias, subcategorias e

palavras-chave e também escolher onde a consulta será aplicada (título, resumo, corpo de

texto). Se aplicada sobre todo o texto de um documento, o mecanismo de busca tem a função

de categorizá-lo enquanto encontra os termos da consulta.

A combinação de categorias para descrever o significado de uma consulta, representa

a recuperação de melhores documentos do que a utilização de apenas palavras-chaves

(MULLER; KENNY et al., 2004).

Page 130: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

128

Quadro 17 – Sistema Textpresso: recursos e características principais

Título da experiência Sistema Textpresso

Link para o site da experiência

http://www.textpresso.org/celegans

Domínio temático (Área) Biologia e Biomédica

Descrição/principais características

� Textpresso é um sistema de mineração de texto-para a literatura científica. Seus dois elementos principais são acesso ao texto completo e introdução de categorias de conceitos biológicos e classes que relacionam dois objetos (por exemplo, associação, regulação, etc);

� É útil também como um motor de busca bibliográfica que permite ao usuário pesquisar por uma combinação de categorias e / ou palavras-chave dentro da literatura.

� Permite selecionar, sentenças ou o documento inteiro. � Classifica resultados utilizando filtros; � Está disponível online, mas também pode ser instalado localmente através de

um pacote de software para download. � O site Textpresso atualmente consiste de 67.500 artigos em texto completo e

131. 300 resumos

Proposta teórica? Não

Protótipo? Não

Operacional? Sim

Utiliza tecnologias da Web Semântica?

Sim

Utiliza tecnologias da Web 2.0?

Sim. CiteUlike, Connotea, Del.icio.us, Mendeley, Google e Twitter

Utiliza ontologias? Sim.

Referências

MULLER, Hans-Michael, EIMEAR, E. Kenny, PAUL, W. Sternberg. Textpresso: An Ontology-BasedInformation Retrieval and Extraction System for Biological Literature. Plos Biology, v. 2, n. 11, 2004. Disponível em: http://authors.library.caltech.edu/295/1/MULpb04.pdf. Acesso em: 04 abr.2012.

Fonte: próprio autor

Page 131: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

129

6.3.9 O sistema Utopia Documents (Documentos Utopia)

É um leitor de PDF para artigos científicos em ciências da vida: biologia molecular,

química, e bioinformática que permite ao usuário comentar e explorar o conteúdo dos artigos

científicos. É um software que integra ferramentas de visualização e análise de dados e

representa uma nova possibilidade para leitura de arquivos PDF, sem comprometer a

integridade do arquivo em si. Sua inovação está na capacidade de transformar características

estáticas de um documento em objetos que possam ser vinculados, anotados, visualizados e

analisados de forma interativa. Busca sobretudo, fornecer semântica e permitir a descoberta

dos metadados aos textos estáticos publicados na Web para um determinado termo científico.

O sistema Utopia Document (ATTWOOD et al. 2009) é usado rotineiramente pelos

editores da publicação experimental Semantic Biochemical Journal82 - BS (lançado

oficialmente em 10 de dezembro de 2009) para marcar o conteúdo do artigo antes da sua

82 Disponível em: <http://www.biochemj.org>

Figura 29 – Página principal do Utopia Documents

Fonte: <http://getutopia.com>

Page 132: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

130

publicação. Esta conduta permite que leitores naveguem de forma semanticamente expressiva

pelos seus artigos. As recentes adições demonstram a capacidade do sistema para integrar

conteúdo on-line com artigos em PDF.

Utopia Document integra ferramentas de visualização, análise de dados, anotações e

comentários do leitor, permitindo “linkar” um artigo, suas referências, tabelas e gráficos a

outros recursos disponíveis na Web, como ontologia biomédicas, bancos de dados genéticos e

outros recursos/serviços externos, disponíveis na Web, transformando um artigo num ponto

de acesso e integração, de forma direta e transparente, a estes recursos, sem necessitar do uso

de outros programas, como navegadores, programas estatísticos, etc. Através do Utopia, o

leitor pode também assinalar comentários a um artigo e disponibilizá-los para outros leitores

Figura 30 – Página inicial The Semantic Biochemical Journal

Fonte: <http://www.biochemj.org>

Page 133: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

131

Quadro 18 – Sistema Utopia Document: recursos e características principais

Título da experiência O sistema Utopia Document

Link para o site da experiência

http://getutopia.com

Domínio temático (Área) Biologia e Bioquímica

Descrição/principais características

� Permite novas formas de pensar sobre os seus documentos utilizando os recursos da web para transformar dados estáticos em conteúdo interativo ao vivo;

� Realiza buscas em diversas bases de dados ao mesmo tempo para obter as definições e registros adequados, sem que o usuário precise procurá-los individualmente;

� As pesquisas são guiadas por semântica que recupera apenas os resultados relevantes para bioquímica, biologia molecular e celular;

� O usuário tem a possibilidade de comentar os artigos com anotações particulares ou compartilhadas numa discussão online, sem afetar o arquivo PDF subjacente;

� Possibilita investigar um termo específico do artigo, através da barra de pesquisa semântica integrada;

� Explora o conteúdo biológico de um artigo a partir do leitor de PDF; � Tem uma arquitetura modular e ontologias específicas de domínio; � Possibilita interagir diretamente com as entradas de banco de dados estruturas

moleculares; editar os dados de seqüência e alinhamento; � Permite acesso aos metadados publicados e definições do glossário; � Todo resultado tem um ícone que identifica sua origem, como, por exemplo,

as estruturas moleculares serem obtidas a partir do Protein Data Bank; definições de termos adquiridas a partir do Glossário de Bioquímica e Biologia Molecular83 por David M. Glick, ou da Wikipedia. As fontes de dados são adicionadas por todo tempo e aparecem com os ícones adequados conforme vão surgindo;

� Fornece duas maneiras de encontrar informações sobre termos biológicos e químicos num documento: possibilita selecionar um termo com dois clicks na palavra ou realçando a palavra ou frase com o uso do mouse. Na barra lateral à direita, o usuário verá o(s) termo (s) e as definições dos registros de banco de dados relacionados;

� Utopia Documentos faz uso do aplicativo Explorer Altmetric84 que permite que o usuário/leitor acompanhe as conversas em torno dos artigos científicos online, dando-lhe uma indicação do seu impacto.

� Documentos Utopia podem ser seguido pelo twitter: @ utopiadocs

Proposta teórica? Não

Protótipo? Não

Operacional? Sim

Utiliza tecnologias da Web Semântica?

Sim

Utiliza tecnologias da Web 2.0?

Sim. RSS , Twiter , Altimetric, Mendeley, dentre outras. Permite agregar comentários.

Utiliza ontologias? Não

Referências

ATTWOOD, T.K., KELL, D.B., MCDERMOTT, P., MARSH, J., PETTIFER, S. R., THORNE, D. Utopia Documents: linking scholarly literature with research data. In Proceedings of 9th European Conference on Computational Biology, Ghent, Belgium, Sep 2010.

Fonte: próprio autor

83 Disponível em: <http://www.portlandpress.com/pp/books/online/glick/default.htm> 84 Disponível em: <http://almetric.com>

Page 134: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

132

6.3.10 Projeto HypER – Hypotheses, Evidence and Relationships

De Waard et al (2009), no projeto HypER (Hypotheses, Evidence and Relationships),

propõem, a visão do conhecimento biomédico contido em artigos científicos poder ser

representado como triplas de entidade-relacionamento-entidade. Os autores, no entanto, vão

além desta representação semântica, quando propõem agregá-la ao contexto das afirmações ,

às intenções e aos mecanismos retóricos usados para convencer seus leitores das afirmativas

descritas ao longo de seu artigo. Assim, o papel privilegiado é dado à hipótese formulada no

artigo, às evidências de sua validade apresentadas pelo autor e às hipóteses de outros na quais

o autor se baseia; A hipótese original do autor, como conhecimento novo, é distinguida das

hipóteses dos outros e do conhecimento já existente, no qual o autor se baseia. Por enquanto o

projeto propõe um esquema identificando estes elementos semânticos e argumentativos de um

artigo, sem propor sua implementação.

Page 135: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

133

Quadro 19 – Projeto HypER: características principais

Título da experiência O Projeto HypER - Hypotheses, Evidence and Relationship

Link para o site da experiência

http://oro.open.ac.uk/18563/

Domínio temático (Área) Biomédica

Descrição/principais características

� O projeto propõe um esquema identificando estes elementos semânticos e argumentativos de um artigo, sem propor ainda nenhuma implementação;

� Propõe a visão do conhecimento biomédico contido em artigos científicos podendo ser representado como triplas de entidade-relacionamento-entidade;

� Papel privilegiado é dado à hipótese formulada no artigo, às evidências de sua validade apresentadas pelo autor e às hipóteses de outros na quais o autor se baseia. A hipótese original do autor, como conhecimento novo, é distinguida das hipóteses de outros conhecimentos já existentes;

Proposta teórica? Sim

Protótipo? Não

Operacional? Não

Utiliza tecnologias da Web Semântica?

Sim. RDF

Utiliza tecnologias da Web 2.0?

Não

Utiliza ontologias? Não

Referências

WAARD, Anita de; SHUM, Simon Buckingham; CARUSI, Annamaria; PARK, Jack; SAMWALD, Matthias; SANDOR, Ágnes. Hypotheses, evidence and relationships: The HypER approach for representing scientific knowledge claims. In: INTERNATIONAL SEMANTIC WEB CONFERENCE, WORKSHOP ON SEMANTIC WEB APPLICATIONS IN SCIENTIFIC DISCURSE, 8., 2009, Washington, DC. Proceedings… Washington, DC: Springer Verlag Berlin, 2009. Lecture notes in computer science. Disponível em: <http://www.w3.org/wiki/images/a/ae/HCLS$$ISWC2009$$Workshop$deWaard.pdf>. Acesso em: 29 maio 2011.

Fonte: próprio autor

Page 136: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

134

6.3.11 Modelo Semântico de publicações eletrônicas85

Marcondes (2011) propõe um modelo semântico de publicações científicas digitais, no

qual as conclusões, como parte privilegiada do conteúdo semântico do artigo, assumem um

papel essencial na sintetização deste conteúdo. A proposta, para a qual existe um protótipo em

funcionamento, aproveita o momento em que autores submetem seus artigos para publicações

eletrônicas, para solicitá-los a entrar com as conclusões do artigo. O texto das conclusões é

então processado lingüisticamente, formatado segundo uma relação, codificado em RDF e

agregado aos metadados bibliográficos tradicionais, ampliando assim o potencial de

recuperação semântica do artigo.

85 Disponível em: <http://www .ibict.br/liinc>

Figura 31 – Visão geral dos componentes do modelo semântico de publicações eletrônicas

Fonte: <http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/viewFile/404/262>

Page 137: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

135

Figura 32 – Modelo OCA de Representação do Conhecimento implementado como uma ontologia, visualizada através do programa NeOnToolkit (Disponível em: <http:// neon-toolkit.org>)

Fonte: <http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/viewFile/404/262>

Page 138: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

136

Quadro 20 – Modelo Semântico de publicações eletrônicas: recursos e características principais

Título da experiência Modelo Semântico de publicações eletrônicas

Link para o site da experiência

Não possui

Domínio temático (Área) Área Biomédica

Descrição/principais características

� Propõe um modelo semântico de publicações científicas digitais capaz de extrair e representar o conteúdo de artigos biomédicos em formato inteligível por programas de modo a permitir que programas realizem inferências sobre este conhecimento;

� O modelo propõe uma interface Web de autosubmissão de artigos pelos autores, a sistema de gestão de periódicos eletrônicos que processa o texto dos artigos em quatro etapas: Extração do objetivo, Mapeamento dos elementos da relação nos termos da UMLS e Representação da relação em formato “inteligível” por computador;

� Permite a recuperação de informações de forma semanticamente mais rica; � Identifica indícios de novas descobertas científicas e de incoerências no

conhecimento; � Utiliza ontologia OCA para representar o conhecimento contido em artigos

biomédicos;

Proposta teórica? Sim

Protótipo? Sim

Operacional? Não

Utiliza tecnologias da Web Semântica?

Sim

Utiliza tecnologias da Web 2.0?

Não

Utiliza ontologias? Sim. A UMLS – Unified Medical Language System; OCA – Ontologia do Conteúdo de Conhecimento em Artigos Científicos

Referências MARCONDES, Carlos Henrique. Um modelo semântico de publicações eletrônicas. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 82-103, mar. 2011. Disponível em: <http://www.ibict.br/liinc>. Acesso em: 05 maio 2011.

Fonte: próprio autor

Page 139: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

137

6.4 Síntese geral das experiências

O quadro 21 sintetiza as características das experiências analisadas nos itens 6.1, 6.2 e 6.3.

Quadro 21 – Dados quantitativos das experiências analisadas

Título da experiência

Domínio temático Proposta teórica?

Protótipo? Operacional? Utiliza

tecnologias semânticas?

Utiliza tecnologias 2.0?

Utiliza ontologias?

CML Química Não Não Sim Sim Não Não

SBML Biologia Não Não Sim Não Não Não

MATHML Matemática Não Não Sim Não Não Não

Ontology for Self – Publishing

Domínio geral Sim Não Não Sim Não Sim

EXPO Ciências Biológicas Sim Sim Sim Sim Não Sim

Arkeotek Arqueologia Não Não Sim Não Não Não

HyBrow Biologia Não Sim Sim Sim Não Sim

MachineProse Biomédica (alergia e imunologia)

Não Sim Sim Sim Não Sim

SWAN

Neuromedicina Doença de Alzeimer e outras doenças neurodegenerativas

Não Não Sim Sim Sim Sim

Article of the Future

Administração de empresas; Eletroquímica; Ciência dos materiais; Matemática e Ciência da Computação; Paleontologia; Parasitologia e Doenças tropicais; Psicologia e Ciências Cognitivas

Não Sim Sim Não Sim Não

IHOP Biomédica, Genética (proteína e genes)

Não Não Sim Não Sim Sim

Textpresso Biologia e Biomédica Não Não Sim Sim Sim Sim

Public Library of Science

Biomédica Não Não Sim Sim Sim Sim

Utopia Documents

Biologia e Bioquímica Não Não Sim Sim Sim Não

Hyper Biomédica Sim Não Não sim Não Não

Modelo Semântico de Publicações científicas digitais

Biomédica Sim Sim Não Sim Não Sim

Resultados

1 Química; 1 Matemática; 1 Domínio geral; 1 Arqueologia 1 Arqueologia 1 diversificadas 10 Biomédica

4 propostas teóricas

5 são protótipos

13 são operacionais

11 utilizam tecnologias semânticas

6 utilizam ferramentas da

Web 2.0

9 utilizam ontologias

Fonte: próprio autor

Page 140: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

138

7 CONCLUSÕES

A evolução do periódico científico à luz das novas Tecnologias de Informação e

Comunicação é marcada principalmente, pela passagem do periódico impresso (armazenado

fisicamente nas bibliotecas) para a versão eletrônica com acesso livre a textos completos

(disponíveis na Web).

Este novo cenário agilizou o processo de comunicação científica acelerando a

exposição dos resultados de pesquisa, mas trouxe também novos problemas como o excesso

de informações e a necessidade de padrões para localizar, recuperar e integrar dados no

ambiente digital.

Estas informações precisam ser armazenadas e organizadas de forma a permitir além

do acesso, o seu relacionamento semântico com outras informações, o que não acontece na

grande parte dos dados que se acumulam em documentos no ambiente digital.

A validação e a incorporação do conhecimento publicado nos artigos de periódicos

científicos passam por filtros de qualidade que consistem na leitura, análise, crítica e citações

pelos pares. Apesar dessas etapas se constituírem partes importantes do processo científico e

dos artigos estarem disponíveis no ambiente digital, ainda demanda um longo processo social.

Para agilizar o cumprimento dessas etapas e tornar o conhecimento científico humano

mais rapidamente acessível, é preciso facilitar a leitura do pesquisador. A ordem do dia passa

a ser o domínio de ferramentas que ofereçam uma estrutura de organização que possa

relacionar com detalhes o conteúdo do texto desses artigos facilitando assim a interpretação

do mesmo.

Está cada vez mais freqüente, e utilizada pelos pesquisadores, uma prática de leitura

que consiste em ler os fragmentos de muitos artigos simultaneamente. Esta prática

denominada “leitura estratégica” propõe relacionar com detalhes o conteúdo do texto

possibilitando acessar e explorar os artigos em menor tempo possível. O uso de recursos

como os de indexação e citações como indicadores de relevância, revisões de literatura para se

ligar a outros documentos e redes sociais como serviço de alerta pessoal, são utilizados com o

objetivo de facilitar a leitura e a pesquisa científica no ambiente digital.

A versão eletrônica do artigo científico constituiu-se numa mudança significativa, mas

segue evoluindo no contexto da Web Semântica e da Web 2.0.

Page 141: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

139

Hoje os artigos científicos são criados diretamente em formato digital e caminham

segundo autores já identificados anteriormente, para se integrar a um novo ambiente de

trabalho dos cientistas denominado e-science.

Este ambiente voltado para a prática da pesquisa cooperativa, não mais se parecerá

com aquele onde práticas de pesquisas eram realizadas de forma individual e isoladas, mas

sim, com experimentos, publicações e fontes de referências integradas. Contudo, mesmo com

as facilidades proporcionadas pelas TICs para prover acesso imediato ao texto completo dos

artigos de periódicos científicos, estes ainda continuam a ser cópias digitais da versão

impressa. A forma linear e seqüencial do seu conteúdo impede que ele possa ser processado

por “agentes inteligentes” e recuperado de uma forma semanticamente mais rica.

Alguns artigos científicos publicados na Web vêm tentando ultrapassar os limites

impostos pelo já conhecido formato textual impresso, mas para que isso aconteça de forma

efetiva, “é necessário uma melhoria no conteúdo do artigo científico que será obtida através

do enriquecimento da semântica” (BEGHEL, 1999, p.22). Em outras palavras, para que um

artigo tenha possibilidades de uma recuperação mais inteligente e potencialidades de

compreensão, é importante que os periódicos científicos recebam tratamento por máquina,

para que possam ser elaborados com mecanismos que possibilitem a sua recuperação de um

modo mais inteligente.

Conforme apontado pela literatura, diversas iniciativas estão sendo tomadas para que o

pesquisador possa tirar maior proveito das informações hoje apresentadas no ambiente web.

Este estudo constatou o uso de linguagens de marcação, propostas com resumos

estruturados, mineração de textos e uso de ontologias para normalização da linguagem natural

do discurso científico nos artigos de periódicos eletrônicos. Experiências inovadoras vêm

buscando ultrapassar o formato textual e os tradicionais mecanismos de busca de artigos

científicos digitais explorando dentre outros recursos, as tecnologias da Web Semântica e da

Web 2.0. Estão utilizando tecnologias Semânticas, na descrição de informações armazenadas

nos documentos digitais indo além da representação dos metadados bibliográficos e se

apropriando das ferramentas das redes sociais como wikis, blogs, RSS, chats, MSN, e outras,

com vistas a ampliar o potencial de interação entre autores e leitores de artigos científicos

digitais. Se antes o computador conseguia identificar quem era um determinado autor mas não

compreendia o seu significado, hoje com a funcionalidade da Web Semântica a

interoperalidade semântica já é uma realidade. Isto representa uma mudança não só de

comportamento de aprendizagem, mas uma mudança teórica, uma mudança na forma de se

colocar esses conteúdos.

Page 142: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

140

Baseada no atual cenário da Web, esta dissertação analisou 16 experiências já em

curso, que trazem novas propostas de acesso às publicações científicas eletrônicas. Dentre

estas, (3) são iniciativas de uso de linguagens de marcação com aplicações em XML; (2)

dizem respeito a propostas de uso de ontologias em experimentos científicos com vista a sua

publicação como artigo científico e (11) apresentam recursos inovadores para otimizar a

pesquisa científica e a leitura estratégica de artigos científicos digitais.

Como resultado identificou-se que das (16) experiências analisadas, (10) são aplicadas

a área Biomédica; (11) utilizam tecnologias da Web Semântica; (6) utilizam ferramentas

colaborativas da Web 2.0; (13) já estão em operação; (4) são consideradas propostas teóricas e

(5) ainda são consideradas protótipos. A análise mostrou que o grande percentual das

experiências está voltado para área da Sáude, o que reflete o aspecto pioneiro da área

Biomédica.

Mais do que simplesmente facilitar o acesso aos textos científicos, constatou-se que

algumas experiências propõem um passo adiante para a questão da recuperação e

processamento semântico de conteúdos em ambientes computacionais através das tecnologias

da Web Semântica. Ou seja, ultrapassam o limite das booleanas e vão além do modelo do

artigo impresso, lidos exclusivamente por pessoas utilizando as tecnologias semânticas para

que estes possam ser “inteligíveis” também por programas.

Constatou-se ainda, que existe um uso efetivo de tecnologias da Web 2.0 nas

experiências analisadas. Estas se mostraram bastante apropriadas destacando-se pela

colaboração científica com vistas a facilitar o relacionamento do pesquisador no ambiente

digital. Plataformas Web estão sendo desenvolvidas especialmente para a comunidade

científica e alguns periódicos científicos tradicionais e renomados como a Revista Nature já

possuem uma ampla coleção de blogs para atender a todos os periódicos de seu grupo

editorial. Além da Nature, outras experiências utilizam as tecnologias da Web 2.0 e fazem o

uso intensivo de blogs, como a Public Library of Science e o BioMEd Central, que tem como

característica comum, publicar seus periódicos em acesso aberto. Por se tratar de uma

tecnologia mais fácil de ser utilizada, conclui-se que as tecnologias da Web 2.0 estão cada vez

mais disseminadas e que os blogs se firmam como um novo meio de comunicação científica

para promover discussões sobre trabalhos publicados na sua comunidade de leitores.

Priem, Piwowar e Hemminger (2012) numa recente pesquisa com artigos publicados

pela Public Library of Science, demonstram que pesquisadores estão integrando um número

crescente de ferramentas da mídia social como: blogs, Twitter, e Mendeley para suas

comunicações profissionais e que métricas baseadas nestas atividades podem informar

Page 143: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

141

medidas mais rápidas de impacto, complementando as métricas tradicionais de citação.

Segundo estes autores, um novo cenário para a cientometria começa a se esboçar com o uso

destas tecnologias.

Para finalizar, os resultados desta pesquisa deixam claro também que o tradicional

modelo do artigo científico impresso já não atende muitas das novas necessidades dos

pesquisadores e não tira partido das potencialidades oferecidas pelas novas TICs para ampliar

a comunicação científica.

Page 144: Artigos científicos digitais na Web: novas experiências para

142

7 REFERÊNCIAS

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