36
ARTIGOS

artigos - dialnet.unirioja.es · formas da constituição da sociedade e do Estado americanos, assim como ela justifica o desenvolvimento de um caráter pe-culiar do povo americano2

Embed Size (px)

Citation preview

artigos

FRONTIER HISTORY E AS INTERPRETACcedilOtildeES DA COLONIZACcedilAtildeO

GREGA ANTIGA

Airton Pollini University of Haute-Alsace (Mulhouse France)

RESUMO No final do seacuteculo XIX F J Turner estudou a histoacuteria do Oeste americano e propocircs analisar a conquista de terras como um processo uma fronteira que se move em di-reccedilatildeo ao Oeste e que diz respeito natildeo somente ao aspecto mi-litar mas tambeacutem os processos sociais e econocircmicos Depois de retomar as principais ideias do conceito de frontier history proponho integrar algumas novas abordagens sobre coloniza-ccedilatildeo conhecidas como poacutes-colonialismo A terceira parte cons-titui uma anaacutelise de um caso de estudo uma colocircnia grega do sul da Itaacutelia Siacutebaris Argumento que certos conceitos moder-nos podem ser usados como uma ferramenta operacional para interpretar dados arqueoloacutegicos desde que o contexto histoacuteri-co da cultura material seja observado atentivamente

PALAVRAS-CHAVE frontier history colonizaccedilatildeo poacutes-colo-nialismo Magna Greacutecia Siacutebaris

FRONTIER HISTORY AND THE APPROACHES ON ANCIENT GREEK COLONIZATION

ABSTRACT At the end of 19th century F J Turner stud-ied the history of the American West and proposed to ana-lyze the conquest of land as a process a moving frontier progressing towards the West and concerning not only the military aspect but also the social and economic processes After recalling the main ideas of the concept of frontier his-tory I propose to integrate some new approaches to contexts of colonization known as postcolonialism In a third part I take into account one case study that of one Greek colony in South Italy Sybaris I argue that certain modern concepts may be used as an operational tool to interpret archaeologi-

18

cal evidence as long as the historical context of the material culture is well observed

KEYWORDS frontier history colonization postcolonialism Magna Graecia Sybaris

Turner frontier history

O conceito de frontier history veicula a ideia das fronteiras como zonas de avanccedilo progressivo da cultura europeia sobre a ter-ra previamente ocupada por populaccedilotildees indiacutegenas De acordo com F J Turner1 eacute a existecircncia dessa fronteira que explica as formas da constituiccedilatildeo da sociedade e do Estado americanos assim como ela justifica o desenvolvimento de um caraacuteter pe-culiar do povo americano2 Ele afirma que ateacute o seu estudo historiadores e economistas negligenciaram os caracteres sociais e econocircmicos especiacuteficos da fronteira concentrando-se unica-mente em seu aspecto militar A originalidade do trabalho de Turner se encontra no estabelecimento de uma teoria que expli-ca a especificidade da histoacuteria americana considerando diversos aspectos da constituiccedilatildeo da sociedade americana principalmen-te a integraccedilatildeo de imigrantes vindos de diversas regiotildees

F J Turner insistia sobre a especificidade de sua teoria que seria vaacutelida unicamente no contexto da conquista do Oeste americano Sua ideia central era a existecircncia de uma ldquoterra livrerdquo (free land) abundacircncia de terra com recursos naturais pron-ta para ser ocupada e disponiacutevel para a exploraccedilatildeo econocircmica dos colonos3 Sua concepccedilatildeo de terra livre eacute aquela do seacuteculo XIX que significa a terra que o pioneiro podia conquistar pela sua forccedila militar superior e que ele podia transformar em terra privada a ser trabalhada e explorada Eacute oacutebvio que sem certa mediaccedilatildeo natildeo se pode transferir essa concepccedilatildeo para as socie-dades antigas como aquela dos gregos da eacutepoca arcaica mas a integraccedilatildeo de terras novas dentro do espaccedilo de uma sociedade colonial eacute o ponto essencial para efetuarmos uma comparaccedilatildeo

Outro elemento interessante da anaacutelise de F J Turner eacute a importacircncia do comeacutercio para a conquista do espaccedilo pelos colonos europeus De um lado as trocas comerciais com os nativos constituiacuteam o primeiro movimento de colonizaccedilatildeo

1 Turner FJ 1893

2 Cf Turner FJ 1896 reproduzido em Turner FJ 1921 capiacutetulo VII

3 Cf Osorio Silva L 2006 p 46 Osorio Silva

L 2003 p 102

19

jaacute que elas veiculavam parte da civilizaccedilatildeo ocidental europeia que atingia os nativos antes da conquista militar Por outro lado certos elementos da cultura europeia como a utilizaccedilatildeo de cavalos e de armas de fogo podiam ajudar os nativos na sua luta contra os pioneiros Esse duplo aspecto do comeacutercio na interaccedilatildeo entre sociedades em contato eacute outro importante elemento a ser considerado no contexto da colonizaccedilatildeo grega

F J Turner tambeacutem sublinhou o papel da fronteira oeste para a integraccedilatildeo de imigrantes na sociedade america-na a costa leste estava ocupada principalmente por colonos de origem britacircnica enquanto que a conquista do Oeste era de certo modo o efeito da imigraccedilatildeo europeia em especial germacircnica e irlandesa Atraveacutes da apropriaccedilatildeo privada de no-vas terras esses imigrantes se tornavam americanos integra-dos em uma sociedade mista e heteroacuteclita A fusatildeo de diver-sas nacionalidades contribuiu para a constituiccedilatildeo dessa nova sociedade mista que se tornava especificamente americana

Dados arqueoloacutegicos das colocircnias gregas natildeo autorizam qualquer comentaacuterio sobre a integraccedilatildeo de novos colonos En-tretanto a tradiccedilatildeo literaacuteria revela a existecircncia de uma pluralida-de de origens em algumas colocircnias o que jaacute eacute uma boa indica-ccedilatildeo da relevacircncia dessas questotildees em uma comunidade colonial Aleacutem disso recentemente foi sublinhada a importacircncia de fases subsequentes de chegada de colonos gregos aqueles chamados epoikoi literalmente ocupantes adicionais ou seja aqueles que chegaram depois da fundaccedilatildeo de uma nova colocircnia4

F J Turner tambeacutem reforccedila o papel das fortificaccedilotildees de fron-teira Elas foram essenciais para a conquista progressiva do territoacute-rio e constituiacuteram a primeira e mais importante instalaccedilatildeo a partir da qual diversas comunidades coloniais puderam se organizar Na ausecircncia dessas fortificaccedilotildees em territoacuterio colonial grego no periacuteo-do arcaico pode-se conjecturar sobre qual outro tipo de instalaccedilatildeo poderia ter semelhante papel federador Proponho identificar na criaccedilatildeo de santuaacuterios extra-urbanos essa funccedilatildeo federadora

Natildeo eacute possiacutevel adotar uma concepccedilatildeo teoacuterica forjada em um contexto preciso e destinado a explicar certo momento his-toacuterico e transferi-la em outro contexto sem qualquer media-ccedilatildeo5 Primeiro o conceito de frontier history foi objeto de diver-sas criacuteticas principalmente pelo seu conteuacutedo ideoloacutegico para explicar o caraacuteter da populaccedilatildeo americana o pioneiro era visto como o elemento mais forte civilizado e inovador em oposiccedilatildeo aos nativos6 Esta visatildeo implica uma desvalorizaccedilatildeo de todos os

4 Avram A 2012 p 197-216

5 Este conceito foi aplicado ao contexto do sul da Itaacutelia principalmente por Ettore Lepore Lepore E 1969 p 31

6 laquo The result is that to the frontier the American intellect owes its striking characteristics That coarseness and strength combined with acuteness and inquisitiveness that practical inventive turn of mind quick to find expedients that masterful grasp of material things lacking in the artistic but powerful to effect great ends that restless nervous energy that dominant individualism working for good and for evil and withal that buoyancy and exuberance which comes with freedom-these are traits of the frontier or traits called out elsewhere because of the existence of the frontier raquo Turner FJ 1893

20

outros componentes da sociedade americana ou seja os nati-vos e os escravos de origem africana Aqui natildeo eacute o lugar para comentar esse debate e para criticar a ideologia de F J Turner7 O objetivo eacute somente de testar a possibilidade de utilizaccedilatildeo dos principais aspectos desse conceito como uma ferramenta teoacuterica operacional para interpretar outros contextos coloniais

Esta transferecircncia foi realizada por O Lattimore8 para analisar outros contextos histoacutericos sobretudo na Aacutesia Mais recentes exemplos aplicam o conceito de frontier history para a anaacutelise da histoacuteria brasileira9 Em todos esses estudos o impor-tante eacute sublinhar as precauccedilotildees tomadas antes da transferecircncia das ideias do historiador americano do seacuteculo XIX A conclusatildeo eacute que uma abordagem comparativa eacute o melhor meio de realizar essa transferecircncia10 O proacuteprio F J Turner jaacute havia proposto certa comparaccedilatildeo entre o Oeste americano e o Mediterracircneo durante a Antiguidade laquoWhat the Mediterranean Sea was to the Greeks breaking the bond of custom offering new expe-riences calling out new institutions and activities that and more the ever retreating frontier has been to the United States directly and to the nations of Europe more remotelyraquo11

Colonizaccedilatildeo grega no sul da itaacutelia

Na transferecircncia de conceitos modernos para a interpretaccedilatildeo da histoacuteria antiga eacute o seu caraacuteter dinacircmico que mais interessa Esse trabalho se baseia na anaacutelise detalhada de um caso de es-tudo para propor de certa forma o mesmo processo dinacircmico da conquista do Oeste americano

Na verdade o uso do conceito de frontier history para o estudo das colocircnias gregas no sul da Itaacutelia foi proposto pela primeira vez por M I Finley e E Lepore durante um con-gresso em 1967

No encalccedilo do iniacutecio das pesquisas sobre o territoacuterio das cidades-Estados gregas o congresso de Taranto de 196712 foi o primeiro momento para o desenvolvimento de uma vi-satildeo geral e completa a respeito do territoacuterio das cidades-Es-tados gregas no sul da Itaacutelia A deacutecada de 1960 foi de fato um momento privilegiado nesse sentido quando estudiosos tentavam definir explicaccedilotildees gerais para diversos aspectos das sociedades antigas e comeccedilaram a utilizar uma abordagem mais conceitual deixando de lado o objetivo de uma erudi-

7 Ver comentaacuterios em Lewis A e MaCgann T

1963 Fohlen C 1965 Weber D e RausCh J

1994 Slotkin R 1992 Slotkin R 1998

8 Lattimore O 1962

9 Monbeig P 1952 citado por Osorio Silva

L 2003

10 Osorio Silva L 2003

11 Turner FJ 1893

12 La cittagrave e il suo territorio 1967 Ver

comentaacuterio Pollini A 2006 p 37-56

21

ccedilatildeo exaustiva no tratamento das fontes literaacuterias Dados ar-queoloacutegicos comeccedilaram a ser usados como um meio para ter acesso a outros tipos de fontes alargando as interrogaccedilotildees e as possiacuteveis respostas Assim a histoacuteria antiga bem mais tarde que os demais periacuteodos histoacutericos comeccedilou a considerar con-ceitos vindos das ciecircncias sociais sobretudo da antropologia e da sociologia Uma figura de ponta eacute obviamente Moses I Finley que concebeu modelos inspirados pelo ldquotipo-idealrdquo de Max Weber com o objetivo de explicar natildeo tatildeo somente um caso singular mas todo um conjunto de exemplos usando uma abstraccedilatildeo daquelas realidades para apreender os elemen-tos mais caracteriacutesticos Em relaccedilatildeo agraves colocircnias gregas do sul da Itaacutelia E Lepore foi o representante mais importante desse movimento de construccedilatildeo de modelos gerais13

E Lepore reconhecia a grande dificuldade para definir os limites do territoacuterio de uma cidade colonial grega prin-cipalmente pela exiguidade dos relatos escritos sobretudo epigraacuteficos Ele foi o primeiro a analisar a histoacuteria dos limi-tes das colocircnias gregas14 e seu tema de estudos passou a ter muito mais visibilidade recentemente15 De acordo com E Lepore o estudo dos limites da ocupaccedilatildeo de um territoacuterio pelos colonos gregos e suas relaccedilotildees com os nativos ganha-ria bastante com uma abordagem inspirada pelo conceito de frontier history De fato a colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meri-dional seria a histoacuteria de uma conquista progressiva onde o territoacuterio seria considerado disponiacutevel antes da chegada dos gregos16 O territoacuterio onde os colonos se instalaram nunca foi ldquodesertordquo mas natildeo havia nem populaccedilatildeo grega nem as formas gregas de civilizaccedilatildeo como a divisatildeo das terras em lotes Por conseguinte a linha de fronteira eacute fluida e se move com o tempo Aleacutem de uma breve referecircncia a Siacutebaris uma colocircnia grega fundada no final do seacuteculo VIII aC na atual Calaacutebria E Lepore natildeo considera nenhum caso especiacutefico para reforccedilar sua proposta As trecircs perguntas que ele propotildee quais sejam a ocupaccedilatildeo da terra sua demografia e o estatuto social dos nativos natildeo podem ser respondidas diretamente por causa da raridade dos testemunhos escritos Entretanto insistindo na cultura material dos siacutetios arqueoloacutegicos ru-rais o objetivo do presente trabalho eacute tentar contribuir para avanccedilar e mostrar como um caso de estudo pode reforccedilar a pertinecircncia da aplicaccedilatildeo do conceito de frontier history no contexto da colonizaccedilatildeo grega no Ocidente

13 Ver um curto comentaacuterio sobre seus trabalhos em Andreau J e SChnapp A 2000 p 7-15

14 Lepore E 1967 p 42

15 Ver comentaacuterio de M bats em seu artigo sobre Massalia (Marselha) Bats M 2000 p 491-512

16 As expressotildees usadas pelos gregos antigos eram ἔρεμος χώρα ὀυδένεια τν ἀνθρωπόν ou mesmo ὀλιγανθρωπία cf Lepore E 2000b p 55 Ver Platatildeo Leis IV 704c quando Kleinias diz laquo Οὐ πάτυ διὸ καὶ κατοικίζεται παλαιὰ γάρ τις ἐξοίκησις ἐν τῶ τόπω γενομένη τὴν χώραν ταύτην ἔρημον ἀπείργασται χρόνον ἀμήχανον ὅσον raquo laquo Absolutamente nenhum e eacute esta precisamente a razatildeo para fundar esse Estado pois tendo ocorrido um ecircxodo nessa regiatildeo outrora essa se encontra desde haacute muito tempo deserta raquo trad Edson Bini Satildeo Paulo Edipro 1999

22

Tratando-se de santuaacuterios estabelecidos no meio rural pode-se apreender as relaccedilotildees entre a organizaccedilatildeo do territoacuterio e os limites de uma cidade-Estado grega Desde G Vallet17 ou ateacute mesmo desde a insistecircncia de N Fustel de Coulanges18 nas implicaccedilotildees da esfera sacra para as sociedades antigas es-tes santuaacuterios fora do centro urbano adquiriram uma grande relevacircncia para o estudo de uma cidade-Estado grega Seguin-do uma perspectiva inspirada pelas teorias de J P Vernant e P Vidal-Naquet o trabalho de F de Polignac19 representa a mais importante contribuiccedilatildeo relativamente recente para o estudo desses santuaacuterios rurais Esses siacutetios tambeacutem funciona-vam como centros para as trocas comerciais e culturais20 faci-litando os contatos entre gregos e nativos21 ao mesmo tempo em que transferiam produtos gregos de prestiacutegio para as elites locais Locais de culto podem assim ser interpretados como sendo um testemunho material de um processo de reciproci-dade nos contatos entre colonos e nativos22

poacutes-Colonial

Este tema da reciprocidade dos contatos entre colonos e nati-vos eacute a questatildeo principal da maioria dos estudos poacutes-coloniais A propoacutesito desses contatos o primeiro e mais importante avanccedilo foi a introduccedilatildeo do conceito de aculturaccedilatildeo23 A trans-posiccedilatildeo desse conceito para o estudo da colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meridional natildeo eacute uma novidade S Gruzinski e A Rou-veret foram os pioneiros e seraacute suficiente referir-se agravequele es-tudo mesmo se muito foi feito desde entatildeo24 De acordo com a definiccedilatildeo original da aculturaccedilatildeo e com as possibilidades de sua aplicaccedilatildeo no contexto colonial grego do sul da Itaacutelia este fenocircmeno envolve o contato entre duas culturas uma delas sendo considerada como dominante sobre a outra A cultura dominada atraveacutes de contatos entre sociedades de forccedila de-sigual adota aspectos culturais da outra haacute a possibilidade de mudanccedila expressiva de assimilaccedilatildeo e de disseminaccedilatildeo de elementos culturais de uma sociedade dominante em direccedilatildeo agrave outra dominada Natildeo se pode deixar de notar a presenccedila de diversos fenocircmenos de resistecircncia ou de recusa

Na segunda metade da deacutecada de 1990 a mais impor-tante nova abordagem para as interpretaccedilotildees de dados arqueo-loacutegicos em contexto de interaccedilatildeo cultural eacute sem nenhuma duacute-

17 Vallet G 1967 p 67-142

18 Fustel de Coulanges N 1984

19 De PolignaC F 1995

20 De PolignaC F 1994 p 3-18

21 Torelli M 1977 p 45-61

22 Torelli M 1977 p 57 laquo La struttura

abitativa pagano-vicanica egrave strettamente connessa con tale dislocazione dei luoghi di culto nei quali

la motivazione prima dellrsquoinsediamento sacro

la sorgente e la situazione favorevole della rete viaria

origina anche una serie di momenti di carattere

collettivo la festa il teatro (come documentano gli esempi piugrave tardi e

monumentali) la fiera il mercato in ultima analisi tutte le manifestazioni di

natura sociale che nelle strutture urbane trovano

loro sede naturale allrsquointerno della cittagrave (hellip) Tutto questo

dimostra che tali luoghi di culto lungi dallrsquoessere

centri di occasionale pietas spontanea e popolare sono strettamente collegati con il funzionamento complessivo delle strutture economiche

sociali e politiche raquo Ver tambeacutem Guzzo PG

1987a p 475-526 Sobre o tema dos santuaacuterios de fronteira ver a discussatildeo

a respeito dos siacutetios extra-urbanos da Calaacutebria Guzzo

PG 1987b p 373-379 Asheri D 1988 p 1-5 Pugliese-Carratelli G

1988 p 149-158 Pugliese-Carratelli G 1990 p

137-142 GreCo G 1999 p 231-247 Ampolo C

1992 p 25-28

vida a introduccedilatildeo do conceito de ethnicity25 Para a definiccedilatildeo do termo e dessa perspectiva de anaacutelise seraacute conveniente usar o trabalho de S Jones26 que faz parte do arcabouccedilo teoacuterico anunciado no World Archaeological Congress (WAC)27 e que se focaliza nos componentes poliacuteticos de toda pesquisa que utiliza o conceito de ethnicity28

A principal criacutetica que podemos formular a esta aborda-gem29 eacute direcionada ao foco no aspecto eacutetnico como a principal chave de leitura30 que natildeo eacute necessariamente o mais apropria-do para comunidades cujas identidades ainda natildeo estatildeo intei-ramente conceitualizadas no momento dos primeiros contatos Natildeo eacute necessaacuterio aprofundar aqui que a definiccedilatildeo de certa iden-tidade grega natildeo se forma antes das guerras contra os persas e no que diz respeito aos gregos do Ocidente da batalha contra os cartagineses em Himera na Siciacutelia ambas datadas em 480 aC31 A proposta aqui eacute mudar o debate e tentar uma compre-ensatildeo dessas comunidades natildeo a partir de um aspecto eacutetnico mas sim a partir de suas dimensotildees poliacuteticas e sociais32

A histoacuteria contemporacircnea tambeacutem eacute em grande parte res-ponsaacutevel por uma mudanccedila de perspectiva no estudo de con-textos coloniais A descolonizaccedilatildeo e a queda dos regimes socia-listas influenciaram bastante a percepccedilatildeo da colonizaccedilatildeo antiga Nesse contexto houve certa emancipaccedilatildeo de certos tabus es-pecialmente aqueles relacionados ao colonialismo e agrave maacute cons-ciecircncia de diversos paiacuteses Essa nova maneira de se interpretar contextos coloniais eacute chamada poacutes-colonialismo Um congresso internacional organizado na Austraacutelia em 1990 pode ser consi-derado como um ponto de partida essencial para a introduccedilatildeo dessa nova perspectiva nos estudos de histoacuteria grega antiga33

Entretanto deve-se sublinhar em primeiro lugar a gran-de variedade de abordagens que podem ser agrupadas nes-se termo bastante vago de ldquopoacutes-colonialrdquo34 O termo veicula duas ideias diferentes De um ponto de vista estrito ele faz referecircncia a uma suposta nova era um periacuteodo posterior ao processo de descolonizaccedilatildeo35 Nesse sentido pode-se imaginar que ldquopoacutes-colonialrdquo se refere a uma nova forma de poliacuteticas coloniais e de imperialismo internacional que teria emergido depois da independecircncia da maioria das aacutereas coloniais Por outro lado o termo tambeacutem pode veicular um sentido ideoloacute-gico como o de ldquotomar o lugar de algordquo Aleacutem disso pode-se estabelecer uma oposiccedilatildeo entre colonial e poacutes-colonial atri-buindo ao uacuteltimo um sentido de tudo aquilo que eacute contraacuterio

23 Redfield R Linton R et al 1936 p 149-152

24 Gruzinski S e Rouveret A 1976 p 159-219

25 Dentre as diversas definiccedilotildees possiacuteveis (cf Meskell L 2001 p 189) S Jones parece ser quem mais insiste no caraacuteter dinacircmico da definiccedilatildeo da identidade Jones S 1997 Ver tambeacutem Hall JM 1997 Hall JM 2002 Malkin I 2001 MCInerney J 1999 Hansen MH 1996

26 laquo Ethnicity is a multidimensional phenomenon constituted in different ways in different social domains Representations of ethnicity involve the dialectical opposition of situationally relevant cultural practices and historical experiences associated with the different cultural traditions Consequently there is rarely a one-to-one relationship between representations of ethnicity and the entire range of cultural practices and social conditions associated with a particular group raquo Jones S 1997 p 100

27 Funari PPA Hall M et al 1999

24

a colonial Esta uacuteltima interpretaccedilatildeo se baseia principalmente nos diversos movimentos de resistecircncia colonial

Nesse sentido um caso especial a ser discutido consiste no conceito de hibridizaccedilatildeo (hybridization) bastante utilizado pela literatura poacutes-colonial L Amselle mostrou como seria impos-siacutevel tratar da miscigenaccedilatildeo sem cair na armadilha de um vo-cabulaacuterio racista nos discursos cientiacuteficos contemporacircneos dos impeacuterios coloniais do seacuteculo XIX36 Ao mesmo tempo em toda Ameacuterica latina hoje em dia estamos perante a uma desconstru-ccedilatildeo dos mitos da miscigenaccedilatildeo com muitos especialistas que enfatizam a matriz ideoloacutegica deste vocabulaacuterio desenvolvido pelas potecircncias coloniais A distinccedilatildeo entre uma cultura de con-tato (culture contact) e colonialismo eacute essencial para a arqueolo-gia norte-americana Recentemente S W Silliman sublinhou a tendecircncia geral de misturar esses dois conceitos que satildeo na ver-dade distintos37 Essa distinccedilatildeo se faz em oposiccedilatildeo agrave ortodoxia atual natildeo para negar o peso e a incidecircncia da colonizaccedilatildeo mas ao contraacuterio para redefinir o espectro epistemoloacutegico contra sua degradaccedilatildeo pela historiografia poacutes-colonial atual

Haacute certa coincidecircncia cronoloacutegica com o apogeu das te-orias poacutes-estruturalistas francesas e desde os anos 1980 com a abordagem da arqueologia poacutes-processual A partir desse pon-to de vista eacute interessante sublinhar que o sucesso dos estudos poacutes-coloniais em paiacuteses angloacutefonos (Estados Unidos Austraacutelia e Reino Unido) eacute contemporacircneo de um relativo desinteresse ou discriminaccedilatildeo na Europa continental e mais especifica-mente na Franccedila Em relaccedilatildeo ao mundo grego o principal tema de estudo se refere agrave ldquoidentidaderdquo grega38

O debate se concentrou em alguns poucos temas Na his-toriografia angloacutefona I Malkin continuou tentando definir a percepccedilatildeo grega deles mesmos e de sua pretendida ldquoidentida-derdquo A literatura recente tenta questionar mais profundamente a formaccedilatildeo e a evoluccedilatildeo de certa identidade grega39 Por um lado pode-se dizer que os gregos dos seacuteculos V e IV aC cristalizaram progressivamente a definiccedilatildeo de sua identidade por intermeacutedio de uma oposiccedilatildeo binaacuteria entre gregos e natildeo-gregos com a atri-buiccedilatildeo tardia de uma noccedilatildeo pejorativa ao termo ldquobaacuterbarordquo Por outro lado poreacutem os gregos em contexto colonial assim como durante a eacutepoca heleniacutestica entraram em contato direto com outras sociedades integrando uma definiccedilatildeo mais dinacircmica de sua proacutepria cultura considerando tambeacutem as possibilidades de transferecircncia cultural entre comunidades distintas40

28 O debate sobre a identidade eacutetnica se

desenvolveu desde a deacutecada de 1970 no sul da Itaacutelia ver o primeiro Congresso de Taranto que trata das

relaccedilotildees entre gregos e nativos (1961) Greci e

Italici in Magna Grecia 1961 Entretanto teorias

de etnicidade (ethnicity) (cf Barth F 1969) soacute foram aplicadas para o

estudo da histoacuteria antiga grega a partir do livro de

Hall JM 1997 seguido em 2002 pelo conceito de ldquohellenicityrdquo Hall

JM 2002 Ver tambeacutem Malkin I 2001 Confini

e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Hales

S e Hodos T 2010 Na Franccedila essa perspectiva eacute ainda bastante marginal

LuCe J-M 2007 Ruby P 2006 p 25-60 Muumlller

C e Prost F 2002

29 Essas criacuteticas foram formuladas a partir de

uma estreita colaboraccedilatildeo com Arianna Esposito

da Universidade da Borgonha Dijon Cf

Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013c (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013e (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013a (no prelo)

30 AntonaCCio CM 2010 p 32-53 bats m

2007 p 235-242

31 Ver em especial Pontrandolfo A e Rouveret A 1983

p 1051-1066

25

Se de um lado analisamos os gregos a partir de seus escritos por outro lado houve um interesse crescente pela ob-servaccedilatildeo dos elementos autoacutectones por intermeacutedio da arque-ologia em contextos coloniais Ateacute pouco tempo atraacutes esses nativos eram quase totalmente ausentes da literatura angloacute-fona mesmo se seu papel jaacute havia sido amplamente reconhe-cido pela historiografia nacionalista italiana podemos ressal-tar com objetivos obviamente diferentes as obras de E Pais seguido pelos estudiosos das comunidades antigas da Itaacutelia meridional enfim pelos arqueoacutelogos marxistas41 Em relaccedilatildeo agrave historiografia dos povos indiacutegenas no sul da Itaacutelia podemos identificar duas abordagens alternativas Primeiramente uma que podemos chamar de ldquodifusionistardquo que foi predominante entre as deacutecadas de 1970 e parte de 1980 Esta enfatizava o papel das influecircncias externas vindas do Mediterracircneo atraveacutes da colonizaccedilatildeo grega Foi o momento de apogeu de expressotildees tais como ldquopenetraccedilatildeo gregardquo ldquoeixos de penetraccedilatildeordquo fazendo sistematicamente uma oposiccedilatildeo entre o litoral e o interior entre gregos e nativos

A partir do final dos anos 1980 e mais intensamente nos uacuteltimos quinze anos uma segunda abordagem se desenvol-veu A maioria dos especialistas reconhece a importacircncia dos processos locais de longa duraccedilatildeo que comeccedilam desde a idade do Bronze e principalmente entre o final da idade do Bronze e o iniacutecio da idade do Ferro Duas regiotildees constituem as zonas privilegiadas dessas anaacutelises a planiacutecie de Siacutebaris e a peniacutensula de Salento (atual Puglia)42

Nesse contexto parece certo que tendo em considera-ccedilatildeo algumas precauccedilotildees metodoloacutegicas pode-se tratar o que os gregos chamavam de apoikiai como sendo um contexto de colonizaccedilatildeo M Finley e E Lepore jaacute haviam proposto uma seacuterie de ideias e de criteacuterios para a interpretaccedilatildeo da co-lonizaccedilatildeo grega43 Por outro lado certa literatura angloacutefona insiste no anacronismo e na ambiguidade na utilizaccedilatildeo desse vocabulaacuterio colonial44 O problema se refere agrave ideia segunda a qual o deslocamento de grandes contingentes de populaccedilotildees gregas na eacutepoca arcaica seria feito de modo organizado pelas metroacutepoles Aqui a questatildeo cronoloacutegica eacute essencial Natildeo te-mos condiccedilotildees de determinar de modo certo a cronologia da emergecircncia da cidade-Estado grega como fenocircmeno poliacutetico como uma forma peculiar de organizaccedilatildeo de uma comunida-de As pesquisas arqueoloacutegicas mais recentes tendem a mostrar

32 Boissinot P 2005 p 13-43 MerCuri L 2010 p 695-700

33 DesCoeudres J-P 1990

34 Atualmente o uso desse termo eacute principalmente associado agraves perspectivas de autores como Edward Said Homi KBhabha Gayatri Spivak ou mais recentemente por Stuart Hall Paul Gilroy Arjun Appadurai e James Clifford

35 Loomba A 2005

36 Amselle J-L 2002 p 239-333 (p 330) ldquoil serait impossible de parler de meacutetissage sans tomber dans le piegravege du vocabulaire racialisant et raciste des discours scientifiques contemporains des Empires coloniaux du XIXe siegraveclerdquo Ver tambeacutem nossa proacutepria discussatildeo a respeito da miscigenaccedilatildeo Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

37 Silliman SW 2005 p 55-74

38 Hall J 2012 p 19-34

39 Hall J 2007 p 337-354 40 Cf Lomas K 2004 p 475-498 p 476

41 Ver comentaacuterios em Esposito A e Leo G 2006 p 621-642 Sobre a literatura angloacutefona ver Whitehouse R e Wilkins J 1989 p 102-137 este volume foi publicado como resultado do congresso do primeiro World Archaeological Congress (WAC-1) de Southampton em 1986

26

reagrupamentos de edifiacutecios independentes uns dos outros jaacute em uma eacutepoca bastante antiga desde o seacuteculo IX aC O exemplo mais importante se encontra em Zagora na ilha de Andros nas Ciacutecladas45 Os vestiacutegios arqueoloacutegicos obviamen-te natildeo permitem atribuir qualquer caraacuteter preciso da organi-zaccedilatildeo poliacutetica das populaccedilotildees que ocupavam aqueles locais e assim o campo fica aberto para muitas interpretaccedilotildees Alguns especialistas veem nesses vestiacutegios um estado embrionaacuterio da organizaccedilatildeo de comunidades independentes e autocircnomas ou seja a cidade-Estado polis em grego Esses pesquisadores que atribuem um caraacuteter organizado e desenvolvido para as comunidades gregas desde as eacutepocas mais remotas natildeo tecircm dificuldades para imaginar que essas mesmas comunidades se-riam capazes de organizar uma expediccedilatildeo colonial aleacutem-mar Outros poreacutem questionam a capacidade dessas comunidades a organizar uma empresa tatildeo complexa quanto o envio de um contingente importante de pessoas R Osborne interpreta as primeiras mobilidades dos gregos no Mediterracircneo no seacuteculo VIII aC como sendo o resultado de escolhas individuais e natildeo de decisotildees tomadas pelas comunidades poliacuteticas na metroacutepole Em resposta agraves afirmaccedilotildees de R Osborne podemos argumentar que o envio de um grupo de pessoas devia contribuir a definir na metroacutepole aqueles que tinham e aqueles que natildeo tinham direito agrave cidadania o que equivale ao sentido original da cidade-Estado uma comunidade de cidadatildeos Um exemplo preciso deve bastar para sustentar essa ideia a lenda de fundaccedilatildeo de Taranto segun-do Estrabatildeo (VI 3 2) Segundo o relato os esparciatas depois de longos anos de conflitos militares para conquistar a regiatildeo vizinha da Messecircnia no Peloponeso retornam a Esparta e ex-pulsam os filhos ditos ilegiacutetimos filhos originados nas relaccedilotildees entre mulheres esparciatas e homens que natildeo tinham o estatuto de cidadatildeos Na medida em que esses indiviacuteduos satildeo filhos de esparciatas uma soluccedilatildeo consiste no envio de uma expediccedilatildeo para fundar uma nova cidade-Estado ou seja uma nova co-munidade onde esses homens considerados ilegiacutetimos na me-troacutepole podem adquirir o estatuto de cidadatildeos Eacute justamente o envio da expediccedilatildeo que em um movimento dialeacutetico define os criteacuterios da cidadania tanto na metroacutepole quanto na colocircnia criando assim as bases da polis grega em ambos os contextos metropolitano e colonial

Obviamente as fontes escritas gregas estatildeo condiciona-das por seu caraacuteter tanto fragmentaacuterio quanto tardio o que

42 Ver os trabalhos de R Peroni e seus alunos Cf

Peroni R 1989

43 Finley MI 1976 p 167-188 Lepore E

2000a p 29-87 Ver tambeacutem o prefaacutecio e a

introduccedilatildeo ao volume por E Greco e M Lombardo

44 Ver em especial Osborne R 1998 p 251-269 Yntema DG 2000

p 1-49 e um nuacutemero especial da revista Ancient West and East dedicado a

esse debate em particular GreCo E 2011 p 233-242 Domiacutenguez AJ

2011 p 195-207

45 Ver comentaacuterio em Hellmann M-C 2010

p 183-186

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

FRONTIER HISTORY E AS INTERPRETACcedilOtildeES DA COLONIZACcedilAtildeO

GREGA ANTIGA

Airton Pollini University of Haute-Alsace (Mulhouse France)

RESUMO No final do seacuteculo XIX F J Turner estudou a histoacuteria do Oeste americano e propocircs analisar a conquista de terras como um processo uma fronteira que se move em di-reccedilatildeo ao Oeste e que diz respeito natildeo somente ao aspecto mi-litar mas tambeacutem os processos sociais e econocircmicos Depois de retomar as principais ideias do conceito de frontier history proponho integrar algumas novas abordagens sobre coloniza-ccedilatildeo conhecidas como poacutes-colonialismo A terceira parte cons-titui uma anaacutelise de um caso de estudo uma colocircnia grega do sul da Itaacutelia Siacutebaris Argumento que certos conceitos moder-nos podem ser usados como uma ferramenta operacional para interpretar dados arqueoloacutegicos desde que o contexto histoacuteri-co da cultura material seja observado atentivamente

PALAVRAS-CHAVE frontier history colonizaccedilatildeo poacutes-colo-nialismo Magna Greacutecia Siacutebaris

FRONTIER HISTORY AND THE APPROACHES ON ANCIENT GREEK COLONIZATION

ABSTRACT At the end of 19th century F J Turner stud-ied the history of the American West and proposed to ana-lyze the conquest of land as a process a moving frontier progressing towards the West and concerning not only the military aspect but also the social and economic processes After recalling the main ideas of the concept of frontier his-tory I propose to integrate some new approaches to contexts of colonization known as postcolonialism In a third part I take into account one case study that of one Greek colony in South Italy Sybaris I argue that certain modern concepts may be used as an operational tool to interpret archaeologi-

18

cal evidence as long as the historical context of the material culture is well observed

KEYWORDS frontier history colonization postcolonialism Magna Graecia Sybaris

Turner frontier history

O conceito de frontier history veicula a ideia das fronteiras como zonas de avanccedilo progressivo da cultura europeia sobre a ter-ra previamente ocupada por populaccedilotildees indiacutegenas De acordo com F J Turner1 eacute a existecircncia dessa fronteira que explica as formas da constituiccedilatildeo da sociedade e do Estado americanos assim como ela justifica o desenvolvimento de um caraacuteter pe-culiar do povo americano2 Ele afirma que ateacute o seu estudo historiadores e economistas negligenciaram os caracteres sociais e econocircmicos especiacuteficos da fronteira concentrando-se unica-mente em seu aspecto militar A originalidade do trabalho de Turner se encontra no estabelecimento de uma teoria que expli-ca a especificidade da histoacuteria americana considerando diversos aspectos da constituiccedilatildeo da sociedade americana principalmen-te a integraccedilatildeo de imigrantes vindos de diversas regiotildees

F J Turner insistia sobre a especificidade de sua teoria que seria vaacutelida unicamente no contexto da conquista do Oeste americano Sua ideia central era a existecircncia de uma ldquoterra livrerdquo (free land) abundacircncia de terra com recursos naturais pron-ta para ser ocupada e disponiacutevel para a exploraccedilatildeo econocircmica dos colonos3 Sua concepccedilatildeo de terra livre eacute aquela do seacuteculo XIX que significa a terra que o pioneiro podia conquistar pela sua forccedila militar superior e que ele podia transformar em terra privada a ser trabalhada e explorada Eacute oacutebvio que sem certa mediaccedilatildeo natildeo se pode transferir essa concepccedilatildeo para as socie-dades antigas como aquela dos gregos da eacutepoca arcaica mas a integraccedilatildeo de terras novas dentro do espaccedilo de uma sociedade colonial eacute o ponto essencial para efetuarmos uma comparaccedilatildeo

Outro elemento interessante da anaacutelise de F J Turner eacute a importacircncia do comeacutercio para a conquista do espaccedilo pelos colonos europeus De um lado as trocas comerciais com os nativos constituiacuteam o primeiro movimento de colonizaccedilatildeo

1 Turner FJ 1893

2 Cf Turner FJ 1896 reproduzido em Turner FJ 1921 capiacutetulo VII

3 Cf Osorio Silva L 2006 p 46 Osorio Silva

L 2003 p 102

19

jaacute que elas veiculavam parte da civilizaccedilatildeo ocidental europeia que atingia os nativos antes da conquista militar Por outro lado certos elementos da cultura europeia como a utilizaccedilatildeo de cavalos e de armas de fogo podiam ajudar os nativos na sua luta contra os pioneiros Esse duplo aspecto do comeacutercio na interaccedilatildeo entre sociedades em contato eacute outro importante elemento a ser considerado no contexto da colonizaccedilatildeo grega

F J Turner tambeacutem sublinhou o papel da fronteira oeste para a integraccedilatildeo de imigrantes na sociedade america-na a costa leste estava ocupada principalmente por colonos de origem britacircnica enquanto que a conquista do Oeste era de certo modo o efeito da imigraccedilatildeo europeia em especial germacircnica e irlandesa Atraveacutes da apropriaccedilatildeo privada de no-vas terras esses imigrantes se tornavam americanos integra-dos em uma sociedade mista e heteroacuteclita A fusatildeo de diver-sas nacionalidades contribuiu para a constituiccedilatildeo dessa nova sociedade mista que se tornava especificamente americana

Dados arqueoloacutegicos das colocircnias gregas natildeo autorizam qualquer comentaacuterio sobre a integraccedilatildeo de novos colonos En-tretanto a tradiccedilatildeo literaacuteria revela a existecircncia de uma pluralida-de de origens em algumas colocircnias o que jaacute eacute uma boa indica-ccedilatildeo da relevacircncia dessas questotildees em uma comunidade colonial Aleacutem disso recentemente foi sublinhada a importacircncia de fases subsequentes de chegada de colonos gregos aqueles chamados epoikoi literalmente ocupantes adicionais ou seja aqueles que chegaram depois da fundaccedilatildeo de uma nova colocircnia4

F J Turner tambeacutem reforccedila o papel das fortificaccedilotildees de fron-teira Elas foram essenciais para a conquista progressiva do territoacute-rio e constituiacuteram a primeira e mais importante instalaccedilatildeo a partir da qual diversas comunidades coloniais puderam se organizar Na ausecircncia dessas fortificaccedilotildees em territoacuterio colonial grego no periacuteo-do arcaico pode-se conjecturar sobre qual outro tipo de instalaccedilatildeo poderia ter semelhante papel federador Proponho identificar na criaccedilatildeo de santuaacuterios extra-urbanos essa funccedilatildeo federadora

Natildeo eacute possiacutevel adotar uma concepccedilatildeo teoacuterica forjada em um contexto preciso e destinado a explicar certo momento his-toacuterico e transferi-la em outro contexto sem qualquer media-ccedilatildeo5 Primeiro o conceito de frontier history foi objeto de diver-sas criacuteticas principalmente pelo seu conteuacutedo ideoloacutegico para explicar o caraacuteter da populaccedilatildeo americana o pioneiro era visto como o elemento mais forte civilizado e inovador em oposiccedilatildeo aos nativos6 Esta visatildeo implica uma desvalorizaccedilatildeo de todos os

4 Avram A 2012 p 197-216

5 Este conceito foi aplicado ao contexto do sul da Itaacutelia principalmente por Ettore Lepore Lepore E 1969 p 31

6 laquo The result is that to the frontier the American intellect owes its striking characteristics That coarseness and strength combined with acuteness and inquisitiveness that practical inventive turn of mind quick to find expedients that masterful grasp of material things lacking in the artistic but powerful to effect great ends that restless nervous energy that dominant individualism working for good and for evil and withal that buoyancy and exuberance which comes with freedom-these are traits of the frontier or traits called out elsewhere because of the existence of the frontier raquo Turner FJ 1893

20

outros componentes da sociedade americana ou seja os nati-vos e os escravos de origem africana Aqui natildeo eacute o lugar para comentar esse debate e para criticar a ideologia de F J Turner7 O objetivo eacute somente de testar a possibilidade de utilizaccedilatildeo dos principais aspectos desse conceito como uma ferramenta teoacuterica operacional para interpretar outros contextos coloniais

Esta transferecircncia foi realizada por O Lattimore8 para analisar outros contextos histoacutericos sobretudo na Aacutesia Mais recentes exemplos aplicam o conceito de frontier history para a anaacutelise da histoacuteria brasileira9 Em todos esses estudos o impor-tante eacute sublinhar as precauccedilotildees tomadas antes da transferecircncia das ideias do historiador americano do seacuteculo XIX A conclusatildeo eacute que uma abordagem comparativa eacute o melhor meio de realizar essa transferecircncia10 O proacuteprio F J Turner jaacute havia proposto certa comparaccedilatildeo entre o Oeste americano e o Mediterracircneo durante a Antiguidade laquoWhat the Mediterranean Sea was to the Greeks breaking the bond of custom offering new expe-riences calling out new institutions and activities that and more the ever retreating frontier has been to the United States directly and to the nations of Europe more remotelyraquo11

Colonizaccedilatildeo grega no sul da itaacutelia

Na transferecircncia de conceitos modernos para a interpretaccedilatildeo da histoacuteria antiga eacute o seu caraacuteter dinacircmico que mais interessa Esse trabalho se baseia na anaacutelise detalhada de um caso de es-tudo para propor de certa forma o mesmo processo dinacircmico da conquista do Oeste americano

Na verdade o uso do conceito de frontier history para o estudo das colocircnias gregas no sul da Itaacutelia foi proposto pela primeira vez por M I Finley e E Lepore durante um con-gresso em 1967

No encalccedilo do iniacutecio das pesquisas sobre o territoacuterio das cidades-Estados gregas o congresso de Taranto de 196712 foi o primeiro momento para o desenvolvimento de uma vi-satildeo geral e completa a respeito do territoacuterio das cidades-Es-tados gregas no sul da Itaacutelia A deacutecada de 1960 foi de fato um momento privilegiado nesse sentido quando estudiosos tentavam definir explicaccedilotildees gerais para diversos aspectos das sociedades antigas e comeccedilaram a utilizar uma abordagem mais conceitual deixando de lado o objetivo de uma erudi-

7 Ver comentaacuterios em Lewis A e MaCgann T

1963 Fohlen C 1965 Weber D e RausCh J

1994 Slotkin R 1992 Slotkin R 1998

8 Lattimore O 1962

9 Monbeig P 1952 citado por Osorio Silva

L 2003

10 Osorio Silva L 2003

11 Turner FJ 1893

12 La cittagrave e il suo territorio 1967 Ver

comentaacuterio Pollini A 2006 p 37-56

21

ccedilatildeo exaustiva no tratamento das fontes literaacuterias Dados ar-queoloacutegicos comeccedilaram a ser usados como um meio para ter acesso a outros tipos de fontes alargando as interrogaccedilotildees e as possiacuteveis respostas Assim a histoacuteria antiga bem mais tarde que os demais periacuteodos histoacutericos comeccedilou a considerar con-ceitos vindos das ciecircncias sociais sobretudo da antropologia e da sociologia Uma figura de ponta eacute obviamente Moses I Finley que concebeu modelos inspirados pelo ldquotipo-idealrdquo de Max Weber com o objetivo de explicar natildeo tatildeo somente um caso singular mas todo um conjunto de exemplos usando uma abstraccedilatildeo daquelas realidades para apreender os elemen-tos mais caracteriacutesticos Em relaccedilatildeo agraves colocircnias gregas do sul da Itaacutelia E Lepore foi o representante mais importante desse movimento de construccedilatildeo de modelos gerais13

E Lepore reconhecia a grande dificuldade para definir os limites do territoacuterio de uma cidade colonial grega prin-cipalmente pela exiguidade dos relatos escritos sobretudo epigraacuteficos Ele foi o primeiro a analisar a histoacuteria dos limi-tes das colocircnias gregas14 e seu tema de estudos passou a ter muito mais visibilidade recentemente15 De acordo com E Lepore o estudo dos limites da ocupaccedilatildeo de um territoacuterio pelos colonos gregos e suas relaccedilotildees com os nativos ganha-ria bastante com uma abordagem inspirada pelo conceito de frontier history De fato a colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meri-dional seria a histoacuteria de uma conquista progressiva onde o territoacuterio seria considerado disponiacutevel antes da chegada dos gregos16 O territoacuterio onde os colonos se instalaram nunca foi ldquodesertordquo mas natildeo havia nem populaccedilatildeo grega nem as formas gregas de civilizaccedilatildeo como a divisatildeo das terras em lotes Por conseguinte a linha de fronteira eacute fluida e se move com o tempo Aleacutem de uma breve referecircncia a Siacutebaris uma colocircnia grega fundada no final do seacuteculo VIII aC na atual Calaacutebria E Lepore natildeo considera nenhum caso especiacutefico para reforccedilar sua proposta As trecircs perguntas que ele propotildee quais sejam a ocupaccedilatildeo da terra sua demografia e o estatuto social dos nativos natildeo podem ser respondidas diretamente por causa da raridade dos testemunhos escritos Entretanto insistindo na cultura material dos siacutetios arqueoloacutegicos ru-rais o objetivo do presente trabalho eacute tentar contribuir para avanccedilar e mostrar como um caso de estudo pode reforccedilar a pertinecircncia da aplicaccedilatildeo do conceito de frontier history no contexto da colonizaccedilatildeo grega no Ocidente

13 Ver um curto comentaacuterio sobre seus trabalhos em Andreau J e SChnapp A 2000 p 7-15

14 Lepore E 1967 p 42

15 Ver comentaacuterio de M bats em seu artigo sobre Massalia (Marselha) Bats M 2000 p 491-512

16 As expressotildees usadas pelos gregos antigos eram ἔρεμος χώρα ὀυδένεια τν ἀνθρωπόν ou mesmo ὀλιγανθρωπία cf Lepore E 2000b p 55 Ver Platatildeo Leis IV 704c quando Kleinias diz laquo Οὐ πάτυ διὸ καὶ κατοικίζεται παλαιὰ γάρ τις ἐξοίκησις ἐν τῶ τόπω γενομένη τὴν χώραν ταύτην ἔρημον ἀπείργασται χρόνον ἀμήχανον ὅσον raquo laquo Absolutamente nenhum e eacute esta precisamente a razatildeo para fundar esse Estado pois tendo ocorrido um ecircxodo nessa regiatildeo outrora essa se encontra desde haacute muito tempo deserta raquo trad Edson Bini Satildeo Paulo Edipro 1999

22

Tratando-se de santuaacuterios estabelecidos no meio rural pode-se apreender as relaccedilotildees entre a organizaccedilatildeo do territoacuterio e os limites de uma cidade-Estado grega Desde G Vallet17 ou ateacute mesmo desde a insistecircncia de N Fustel de Coulanges18 nas implicaccedilotildees da esfera sacra para as sociedades antigas es-tes santuaacuterios fora do centro urbano adquiriram uma grande relevacircncia para o estudo de uma cidade-Estado grega Seguin-do uma perspectiva inspirada pelas teorias de J P Vernant e P Vidal-Naquet o trabalho de F de Polignac19 representa a mais importante contribuiccedilatildeo relativamente recente para o estudo desses santuaacuterios rurais Esses siacutetios tambeacutem funciona-vam como centros para as trocas comerciais e culturais20 faci-litando os contatos entre gregos e nativos21 ao mesmo tempo em que transferiam produtos gregos de prestiacutegio para as elites locais Locais de culto podem assim ser interpretados como sendo um testemunho material de um processo de reciproci-dade nos contatos entre colonos e nativos22

poacutes-Colonial

Este tema da reciprocidade dos contatos entre colonos e nati-vos eacute a questatildeo principal da maioria dos estudos poacutes-coloniais A propoacutesito desses contatos o primeiro e mais importante avanccedilo foi a introduccedilatildeo do conceito de aculturaccedilatildeo23 A trans-posiccedilatildeo desse conceito para o estudo da colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meridional natildeo eacute uma novidade S Gruzinski e A Rou-veret foram os pioneiros e seraacute suficiente referir-se agravequele es-tudo mesmo se muito foi feito desde entatildeo24 De acordo com a definiccedilatildeo original da aculturaccedilatildeo e com as possibilidades de sua aplicaccedilatildeo no contexto colonial grego do sul da Itaacutelia este fenocircmeno envolve o contato entre duas culturas uma delas sendo considerada como dominante sobre a outra A cultura dominada atraveacutes de contatos entre sociedades de forccedila de-sigual adota aspectos culturais da outra haacute a possibilidade de mudanccedila expressiva de assimilaccedilatildeo e de disseminaccedilatildeo de elementos culturais de uma sociedade dominante em direccedilatildeo agrave outra dominada Natildeo se pode deixar de notar a presenccedila de diversos fenocircmenos de resistecircncia ou de recusa

Na segunda metade da deacutecada de 1990 a mais impor-tante nova abordagem para as interpretaccedilotildees de dados arqueo-loacutegicos em contexto de interaccedilatildeo cultural eacute sem nenhuma duacute-

17 Vallet G 1967 p 67-142

18 Fustel de Coulanges N 1984

19 De PolignaC F 1995

20 De PolignaC F 1994 p 3-18

21 Torelli M 1977 p 45-61

22 Torelli M 1977 p 57 laquo La struttura

abitativa pagano-vicanica egrave strettamente connessa con tale dislocazione dei luoghi di culto nei quali

la motivazione prima dellrsquoinsediamento sacro

la sorgente e la situazione favorevole della rete viaria

origina anche una serie di momenti di carattere

collettivo la festa il teatro (come documentano gli esempi piugrave tardi e

monumentali) la fiera il mercato in ultima analisi tutte le manifestazioni di

natura sociale che nelle strutture urbane trovano

loro sede naturale allrsquointerno della cittagrave (hellip) Tutto questo

dimostra che tali luoghi di culto lungi dallrsquoessere

centri di occasionale pietas spontanea e popolare sono strettamente collegati con il funzionamento complessivo delle strutture economiche

sociali e politiche raquo Ver tambeacutem Guzzo PG

1987a p 475-526 Sobre o tema dos santuaacuterios de fronteira ver a discussatildeo

a respeito dos siacutetios extra-urbanos da Calaacutebria Guzzo

PG 1987b p 373-379 Asheri D 1988 p 1-5 Pugliese-Carratelli G

1988 p 149-158 Pugliese-Carratelli G 1990 p

137-142 GreCo G 1999 p 231-247 Ampolo C

1992 p 25-28

vida a introduccedilatildeo do conceito de ethnicity25 Para a definiccedilatildeo do termo e dessa perspectiva de anaacutelise seraacute conveniente usar o trabalho de S Jones26 que faz parte do arcabouccedilo teoacuterico anunciado no World Archaeological Congress (WAC)27 e que se focaliza nos componentes poliacuteticos de toda pesquisa que utiliza o conceito de ethnicity28

A principal criacutetica que podemos formular a esta aborda-gem29 eacute direcionada ao foco no aspecto eacutetnico como a principal chave de leitura30 que natildeo eacute necessariamente o mais apropria-do para comunidades cujas identidades ainda natildeo estatildeo intei-ramente conceitualizadas no momento dos primeiros contatos Natildeo eacute necessaacuterio aprofundar aqui que a definiccedilatildeo de certa iden-tidade grega natildeo se forma antes das guerras contra os persas e no que diz respeito aos gregos do Ocidente da batalha contra os cartagineses em Himera na Siciacutelia ambas datadas em 480 aC31 A proposta aqui eacute mudar o debate e tentar uma compre-ensatildeo dessas comunidades natildeo a partir de um aspecto eacutetnico mas sim a partir de suas dimensotildees poliacuteticas e sociais32

A histoacuteria contemporacircnea tambeacutem eacute em grande parte res-ponsaacutevel por uma mudanccedila de perspectiva no estudo de con-textos coloniais A descolonizaccedilatildeo e a queda dos regimes socia-listas influenciaram bastante a percepccedilatildeo da colonizaccedilatildeo antiga Nesse contexto houve certa emancipaccedilatildeo de certos tabus es-pecialmente aqueles relacionados ao colonialismo e agrave maacute cons-ciecircncia de diversos paiacuteses Essa nova maneira de se interpretar contextos coloniais eacute chamada poacutes-colonialismo Um congresso internacional organizado na Austraacutelia em 1990 pode ser consi-derado como um ponto de partida essencial para a introduccedilatildeo dessa nova perspectiva nos estudos de histoacuteria grega antiga33

Entretanto deve-se sublinhar em primeiro lugar a gran-de variedade de abordagens que podem ser agrupadas nes-se termo bastante vago de ldquopoacutes-colonialrdquo34 O termo veicula duas ideias diferentes De um ponto de vista estrito ele faz referecircncia a uma suposta nova era um periacuteodo posterior ao processo de descolonizaccedilatildeo35 Nesse sentido pode-se imaginar que ldquopoacutes-colonialrdquo se refere a uma nova forma de poliacuteticas coloniais e de imperialismo internacional que teria emergido depois da independecircncia da maioria das aacutereas coloniais Por outro lado o termo tambeacutem pode veicular um sentido ideoloacute-gico como o de ldquotomar o lugar de algordquo Aleacutem disso pode-se estabelecer uma oposiccedilatildeo entre colonial e poacutes-colonial atri-buindo ao uacuteltimo um sentido de tudo aquilo que eacute contraacuterio

23 Redfield R Linton R et al 1936 p 149-152

24 Gruzinski S e Rouveret A 1976 p 159-219

25 Dentre as diversas definiccedilotildees possiacuteveis (cf Meskell L 2001 p 189) S Jones parece ser quem mais insiste no caraacuteter dinacircmico da definiccedilatildeo da identidade Jones S 1997 Ver tambeacutem Hall JM 1997 Hall JM 2002 Malkin I 2001 MCInerney J 1999 Hansen MH 1996

26 laquo Ethnicity is a multidimensional phenomenon constituted in different ways in different social domains Representations of ethnicity involve the dialectical opposition of situationally relevant cultural practices and historical experiences associated with the different cultural traditions Consequently there is rarely a one-to-one relationship between representations of ethnicity and the entire range of cultural practices and social conditions associated with a particular group raquo Jones S 1997 p 100

27 Funari PPA Hall M et al 1999

24

a colonial Esta uacuteltima interpretaccedilatildeo se baseia principalmente nos diversos movimentos de resistecircncia colonial

Nesse sentido um caso especial a ser discutido consiste no conceito de hibridizaccedilatildeo (hybridization) bastante utilizado pela literatura poacutes-colonial L Amselle mostrou como seria impos-siacutevel tratar da miscigenaccedilatildeo sem cair na armadilha de um vo-cabulaacuterio racista nos discursos cientiacuteficos contemporacircneos dos impeacuterios coloniais do seacuteculo XIX36 Ao mesmo tempo em toda Ameacuterica latina hoje em dia estamos perante a uma desconstru-ccedilatildeo dos mitos da miscigenaccedilatildeo com muitos especialistas que enfatizam a matriz ideoloacutegica deste vocabulaacuterio desenvolvido pelas potecircncias coloniais A distinccedilatildeo entre uma cultura de con-tato (culture contact) e colonialismo eacute essencial para a arqueolo-gia norte-americana Recentemente S W Silliman sublinhou a tendecircncia geral de misturar esses dois conceitos que satildeo na ver-dade distintos37 Essa distinccedilatildeo se faz em oposiccedilatildeo agrave ortodoxia atual natildeo para negar o peso e a incidecircncia da colonizaccedilatildeo mas ao contraacuterio para redefinir o espectro epistemoloacutegico contra sua degradaccedilatildeo pela historiografia poacutes-colonial atual

Haacute certa coincidecircncia cronoloacutegica com o apogeu das te-orias poacutes-estruturalistas francesas e desde os anos 1980 com a abordagem da arqueologia poacutes-processual A partir desse pon-to de vista eacute interessante sublinhar que o sucesso dos estudos poacutes-coloniais em paiacuteses angloacutefonos (Estados Unidos Austraacutelia e Reino Unido) eacute contemporacircneo de um relativo desinteresse ou discriminaccedilatildeo na Europa continental e mais especifica-mente na Franccedila Em relaccedilatildeo ao mundo grego o principal tema de estudo se refere agrave ldquoidentidaderdquo grega38

O debate se concentrou em alguns poucos temas Na his-toriografia angloacutefona I Malkin continuou tentando definir a percepccedilatildeo grega deles mesmos e de sua pretendida ldquoidentida-derdquo A literatura recente tenta questionar mais profundamente a formaccedilatildeo e a evoluccedilatildeo de certa identidade grega39 Por um lado pode-se dizer que os gregos dos seacuteculos V e IV aC cristalizaram progressivamente a definiccedilatildeo de sua identidade por intermeacutedio de uma oposiccedilatildeo binaacuteria entre gregos e natildeo-gregos com a atri-buiccedilatildeo tardia de uma noccedilatildeo pejorativa ao termo ldquobaacuterbarordquo Por outro lado poreacutem os gregos em contexto colonial assim como durante a eacutepoca heleniacutestica entraram em contato direto com outras sociedades integrando uma definiccedilatildeo mais dinacircmica de sua proacutepria cultura considerando tambeacutem as possibilidades de transferecircncia cultural entre comunidades distintas40

28 O debate sobre a identidade eacutetnica se

desenvolveu desde a deacutecada de 1970 no sul da Itaacutelia ver o primeiro Congresso de Taranto que trata das

relaccedilotildees entre gregos e nativos (1961) Greci e

Italici in Magna Grecia 1961 Entretanto teorias

de etnicidade (ethnicity) (cf Barth F 1969) soacute foram aplicadas para o

estudo da histoacuteria antiga grega a partir do livro de

Hall JM 1997 seguido em 2002 pelo conceito de ldquohellenicityrdquo Hall

JM 2002 Ver tambeacutem Malkin I 2001 Confini

e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Hales

S e Hodos T 2010 Na Franccedila essa perspectiva eacute ainda bastante marginal

LuCe J-M 2007 Ruby P 2006 p 25-60 Muumlller

C e Prost F 2002

29 Essas criacuteticas foram formuladas a partir de

uma estreita colaboraccedilatildeo com Arianna Esposito

da Universidade da Borgonha Dijon Cf

Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013c (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013e (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013a (no prelo)

30 AntonaCCio CM 2010 p 32-53 bats m

2007 p 235-242

31 Ver em especial Pontrandolfo A e Rouveret A 1983

p 1051-1066

25

Se de um lado analisamos os gregos a partir de seus escritos por outro lado houve um interesse crescente pela ob-servaccedilatildeo dos elementos autoacutectones por intermeacutedio da arque-ologia em contextos coloniais Ateacute pouco tempo atraacutes esses nativos eram quase totalmente ausentes da literatura angloacute-fona mesmo se seu papel jaacute havia sido amplamente reconhe-cido pela historiografia nacionalista italiana podemos ressal-tar com objetivos obviamente diferentes as obras de E Pais seguido pelos estudiosos das comunidades antigas da Itaacutelia meridional enfim pelos arqueoacutelogos marxistas41 Em relaccedilatildeo agrave historiografia dos povos indiacutegenas no sul da Itaacutelia podemos identificar duas abordagens alternativas Primeiramente uma que podemos chamar de ldquodifusionistardquo que foi predominante entre as deacutecadas de 1970 e parte de 1980 Esta enfatizava o papel das influecircncias externas vindas do Mediterracircneo atraveacutes da colonizaccedilatildeo grega Foi o momento de apogeu de expressotildees tais como ldquopenetraccedilatildeo gregardquo ldquoeixos de penetraccedilatildeordquo fazendo sistematicamente uma oposiccedilatildeo entre o litoral e o interior entre gregos e nativos

A partir do final dos anos 1980 e mais intensamente nos uacuteltimos quinze anos uma segunda abordagem se desenvol-veu A maioria dos especialistas reconhece a importacircncia dos processos locais de longa duraccedilatildeo que comeccedilam desde a idade do Bronze e principalmente entre o final da idade do Bronze e o iniacutecio da idade do Ferro Duas regiotildees constituem as zonas privilegiadas dessas anaacutelises a planiacutecie de Siacutebaris e a peniacutensula de Salento (atual Puglia)42

Nesse contexto parece certo que tendo em considera-ccedilatildeo algumas precauccedilotildees metodoloacutegicas pode-se tratar o que os gregos chamavam de apoikiai como sendo um contexto de colonizaccedilatildeo M Finley e E Lepore jaacute haviam proposto uma seacuterie de ideias e de criteacuterios para a interpretaccedilatildeo da co-lonizaccedilatildeo grega43 Por outro lado certa literatura angloacutefona insiste no anacronismo e na ambiguidade na utilizaccedilatildeo desse vocabulaacuterio colonial44 O problema se refere agrave ideia segunda a qual o deslocamento de grandes contingentes de populaccedilotildees gregas na eacutepoca arcaica seria feito de modo organizado pelas metroacutepoles Aqui a questatildeo cronoloacutegica eacute essencial Natildeo te-mos condiccedilotildees de determinar de modo certo a cronologia da emergecircncia da cidade-Estado grega como fenocircmeno poliacutetico como uma forma peculiar de organizaccedilatildeo de uma comunida-de As pesquisas arqueoloacutegicas mais recentes tendem a mostrar

32 Boissinot P 2005 p 13-43 MerCuri L 2010 p 695-700

33 DesCoeudres J-P 1990

34 Atualmente o uso desse termo eacute principalmente associado agraves perspectivas de autores como Edward Said Homi KBhabha Gayatri Spivak ou mais recentemente por Stuart Hall Paul Gilroy Arjun Appadurai e James Clifford

35 Loomba A 2005

36 Amselle J-L 2002 p 239-333 (p 330) ldquoil serait impossible de parler de meacutetissage sans tomber dans le piegravege du vocabulaire racialisant et raciste des discours scientifiques contemporains des Empires coloniaux du XIXe siegraveclerdquo Ver tambeacutem nossa proacutepria discussatildeo a respeito da miscigenaccedilatildeo Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

37 Silliman SW 2005 p 55-74

38 Hall J 2012 p 19-34

39 Hall J 2007 p 337-354 40 Cf Lomas K 2004 p 475-498 p 476

41 Ver comentaacuterios em Esposito A e Leo G 2006 p 621-642 Sobre a literatura angloacutefona ver Whitehouse R e Wilkins J 1989 p 102-137 este volume foi publicado como resultado do congresso do primeiro World Archaeological Congress (WAC-1) de Southampton em 1986

26

reagrupamentos de edifiacutecios independentes uns dos outros jaacute em uma eacutepoca bastante antiga desde o seacuteculo IX aC O exemplo mais importante se encontra em Zagora na ilha de Andros nas Ciacutecladas45 Os vestiacutegios arqueoloacutegicos obviamen-te natildeo permitem atribuir qualquer caraacuteter preciso da organi-zaccedilatildeo poliacutetica das populaccedilotildees que ocupavam aqueles locais e assim o campo fica aberto para muitas interpretaccedilotildees Alguns especialistas veem nesses vestiacutegios um estado embrionaacuterio da organizaccedilatildeo de comunidades independentes e autocircnomas ou seja a cidade-Estado polis em grego Esses pesquisadores que atribuem um caraacuteter organizado e desenvolvido para as comunidades gregas desde as eacutepocas mais remotas natildeo tecircm dificuldades para imaginar que essas mesmas comunidades se-riam capazes de organizar uma expediccedilatildeo colonial aleacutem-mar Outros poreacutem questionam a capacidade dessas comunidades a organizar uma empresa tatildeo complexa quanto o envio de um contingente importante de pessoas R Osborne interpreta as primeiras mobilidades dos gregos no Mediterracircneo no seacuteculo VIII aC como sendo o resultado de escolhas individuais e natildeo de decisotildees tomadas pelas comunidades poliacuteticas na metroacutepole Em resposta agraves afirmaccedilotildees de R Osborne podemos argumentar que o envio de um grupo de pessoas devia contribuir a definir na metroacutepole aqueles que tinham e aqueles que natildeo tinham direito agrave cidadania o que equivale ao sentido original da cidade-Estado uma comunidade de cidadatildeos Um exemplo preciso deve bastar para sustentar essa ideia a lenda de fundaccedilatildeo de Taranto segun-do Estrabatildeo (VI 3 2) Segundo o relato os esparciatas depois de longos anos de conflitos militares para conquistar a regiatildeo vizinha da Messecircnia no Peloponeso retornam a Esparta e ex-pulsam os filhos ditos ilegiacutetimos filhos originados nas relaccedilotildees entre mulheres esparciatas e homens que natildeo tinham o estatuto de cidadatildeos Na medida em que esses indiviacuteduos satildeo filhos de esparciatas uma soluccedilatildeo consiste no envio de uma expediccedilatildeo para fundar uma nova cidade-Estado ou seja uma nova co-munidade onde esses homens considerados ilegiacutetimos na me-troacutepole podem adquirir o estatuto de cidadatildeos Eacute justamente o envio da expediccedilatildeo que em um movimento dialeacutetico define os criteacuterios da cidadania tanto na metroacutepole quanto na colocircnia criando assim as bases da polis grega em ambos os contextos metropolitano e colonial

Obviamente as fontes escritas gregas estatildeo condiciona-das por seu caraacuteter tanto fragmentaacuterio quanto tardio o que

42 Ver os trabalhos de R Peroni e seus alunos Cf

Peroni R 1989

43 Finley MI 1976 p 167-188 Lepore E

2000a p 29-87 Ver tambeacutem o prefaacutecio e a

introduccedilatildeo ao volume por E Greco e M Lombardo

44 Ver em especial Osborne R 1998 p 251-269 Yntema DG 2000

p 1-49 e um nuacutemero especial da revista Ancient West and East dedicado a

esse debate em particular GreCo E 2011 p 233-242 Domiacutenguez AJ

2011 p 195-207

45 Ver comentaacuterio em Hellmann M-C 2010

p 183-186

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

18

cal evidence as long as the historical context of the material culture is well observed

KEYWORDS frontier history colonization postcolonialism Magna Graecia Sybaris

Turner frontier history

O conceito de frontier history veicula a ideia das fronteiras como zonas de avanccedilo progressivo da cultura europeia sobre a ter-ra previamente ocupada por populaccedilotildees indiacutegenas De acordo com F J Turner1 eacute a existecircncia dessa fronteira que explica as formas da constituiccedilatildeo da sociedade e do Estado americanos assim como ela justifica o desenvolvimento de um caraacuteter pe-culiar do povo americano2 Ele afirma que ateacute o seu estudo historiadores e economistas negligenciaram os caracteres sociais e econocircmicos especiacuteficos da fronteira concentrando-se unica-mente em seu aspecto militar A originalidade do trabalho de Turner se encontra no estabelecimento de uma teoria que expli-ca a especificidade da histoacuteria americana considerando diversos aspectos da constituiccedilatildeo da sociedade americana principalmen-te a integraccedilatildeo de imigrantes vindos de diversas regiotildees

F J Turner insistia sobre a especificidade de sua teoria que seria vaacutelida unicamente no contexto da conquista do Oeste americano Sua ideia central era a existecircncia de uma ldquoterra livrerdquo (free land) abundacircncia de terra com recursos naturais pron-ta para ser ocupada e disponiacutevel para a exploraccedilatildeo econocircmica dos colonos3 Sua concepccedilatildeo de terra livre eacute aquela do seacuteculo XIX que significa a terra que o pioneiro podia conquistar pela sua forccedila militar superior e que ele podia transformar em terra privada a ser trabalhada e explorada Eacute oacutebvio que sem certa mediaccedilatildeo natildeo se pode transferir essa concepccedilatildeo para as socie-dades antigas como aquela dos gregos da eacutepoca arcaica mas a integraccedilatildeo de terras novas dentro do espaccedilo de uma sociedade colonial eacute o ponto essencial para efetuarmos uma comparaccedilatildeo

Outro elemento interessante da anaacutelise de F J Turner eacute a importacircncia do comeacutercio para a conquista do espaccedilo pelos colonos europeus De um lado as trocas comerciais com os nativos constituiacuteam o primeiro movimento de colonizaccedilatildeo

1 Turner FJ 1893

2 Cf Turner FJ 1896 reproduzido em Turner FJ 1921 capiacutetulo VII

3 Cf Osorio Silva L 2006 p 46 Osorio Silva

L 2003 p 102

19

jaacute que elas veiculavam parte da civilizaccedilatildeo ocidental europeia que atingia os nativos antes da conquista militar Por outro lado certos elementos da cultura europeia como a utilizaccedilatildeo de cavalos e de armas de fogo podiam ajudar os nativos na sua luta contra os pioneiros Esse duplo aspecto do comeacutercio na interaccedilatildeo entre sociedades em contato eacute outro importante elemento a ser considerado no contexto da colonizaccedilatildeo grega

F J Turner tambeacutem sublinhou o papel da fronteira oeste para a integraccedilatildeo de imigrantes na sociedade america-na a costa leste estava ocupada principalmente por colonos de origem britacircnica enquanto que a conquista do Oeste era de certo modo o efeito da imigraccedilatildeo europeia em especial germacircnica e irlandesa Atraveacutes da apropriaccedilatildeo privada de no-vas terras esses imigrantes se tornavam americanos integra-dos em uma sociedade mista e heteroacuteclita A fusatildeo de diver-sas nacionalidades contribuiu para a constituiccedilatildeo dessa nova sociedade mista que se tornava especificamente americana

Dados arqueoloacutegicos das colocircnias gregas natildeo autorizam qualquer comentaacuterio sobre a integraccedilatildeo de novos colonos En-tretanto a tradiccedilatildeo literaacuteria revela a existecircncia de uma pluralida-de de origens em algumas colocircnias o que jaacute eacute uma boa indica-ccedilatildeo da relevacircncia dessas questotildees em uma comunidade colonial Aleacutem disso recentemente foi sublinhada a importacircncia de fases subsequentes de chegada de colonos gregos aqueles chamados epoikoi literalmente ocupantes adicionais ou seja aqueles que chegaram depois da fundaccedilatildeo de uma nova colocircnia4

F J Turner tambeacutem reforccedila o papel das fortificaccedilotildees de fron-teira Elas foram essenciais para a conquista progressiva do territoacute-rio e constituiacuteram a primeira e mais importante instalaccedilatildeo a partir da qual diversas comunidades coloniais puderam se organizar Na ausecircncia dessas fortificaccedilotildees em territoacuterio colonial grego no periacuteo-do arcaico pode-se conjecturar sobre qual outro tipo de instalaccedilatildeo poderia ter semelhante papel federador Proponho identificar na criaccedilatildeo de santuaacuterios extra-urbanos essa funccedilatildeo federadora

Natildeo eacute possiacutevel adotar uma concepccedilatildeo teoacuterica forjada em um contexto preciso e destinado a explicar certo momento his-toacuterico e transferi-la em outro contexto sem qualquer media-ccedilatildeo5 Primeiro o conceito de frontier history foi objeto de diver-sas criacuteticas principalmente pelo seu conteuacutedo ideoloacutegico para explicar o caraacuteter da populaccedilatildeo americana o pioneiro era visto como o elemento mais forte civilizado e inovador em oposiccedilatildeo aos nativos6 Esta visatildeo implica uma desvalorizaccedilatildeo de todos os

4 Avram A 2012 p 197-216

5 Este conceito foi aplicado ao contexto do sul da Itaacutelia principalmente por Ettore Lepore Lepore E 1969 p 31

6 laquo The result is that to the frontier the American intellect owes its striking characteristics That coarseness and strength combined with acuteness and inquisitiveness that practical inventive turn of mind quick to find expedients that masterful grasp of material things lacking in the artistic but powerful to effect great ends that restless nervous energy that dominant individualism working for good and for evil and withal that buoyancy and exuberance which comes with freedom-these are traits of the frontier or traits called out elsewhere because of the existence of the frontier raquo Turner FJ 1893

20

outros componentes da sociedade americana ou seja os nati-vos e os escravos de origem africana Aqui natildeo eacute o lugar para comentar esse debate e para criticar a ideologia de F J Turner7 O objetivo eacute somente de testar a possibilidade de utilizaccedilatildeo dos principais aspectos desse conceito como uma ferramenta teoacuterica operacional para interpretar outros contextos coloniais

Esta transferecircncia foi realizada por O Lattimore8 para analisar outros contextos histoacutericos sobretudo na Aacutesia Mais recentes exemplos aplicam o conceito de frontier history para a anaacutelise da histoacuteria brasileira9 Em todos esses estudos o impor-tante eacute sublinhar as precauccedilotildees tomadas antes da transferecircncia das ideias do historiador americano do seacuteculo XIX A conclusatildeo eacute que uma abordagem comparativa eacute o melhor meio de realizar essa transferecircncia10 O proacuteprio F J Turner jaacute havia proposto certa comparaccedilatildeo entre o Oeste americano e o Mediterracircneo durante a Antiguidade laquoWhat the Mediterranean Sea was to the Greeks breaking the bond of custom offering new expe-riences calling out new institutions and activities that and more the ever retreating frontier has been to the United States directly and to the nations of Europe more remotelyraquo11

Colonizaccedilatildeo grega no sul da itaacutelia

Na transferecircncia de conceitos modernos para a interpretaccedilatildeo da histoacuteria antiga eacute o seu caraacuteter dinacircmico que mais interessa Esse trabalho se baseia na anaacutelise detalhada de um caso de es-tudo para propor de certa forma o mesmo processo dinacircmico da conquista do Oeste americano

Na verdade o uso do conceito de frontier history para o estudo das colocircnias gregas no sul da Itaacutelia foi proposto pela primeira vez por M I Finley e E Lepore durante um con-gresso em 1967

No encalccedilo do iniacutecio das pesquisas sobre o territoacuterio das cidades-Estados gregas o congresso de Taranto de 196712 foi o primeiro momento para o desenvolvimento de uma vi-satildeo geral e completa a respeito do territoacuterio das cidades-Es-tados gregas no sul da Itaacutelia A deacutecada de 1960 foi de fato um momento privilegiado nesse sentido quando estudiosos tentavam definir explicaccedilotildees gerais para diversos aspectos das sociedades antigas e comeccedilaram a utilizar uma abordagem mais conceitual deixando de lado o objetivo de uma erudi-

7 Ver comentaacuterios em Lewis A e MaCgann T

1963 Fohlen C 1965 Weber D e RausCh J

1994 Slotkin R 1992 Slotkin R 1998

8 Lattimore O 1962

9 Monbeig P 1952 citado por Osorio Silva

L 2003

10 Osorio Silva L 2003

11 Turner FJ 1893

12 La cittagrave e il suo territorio 1967 Ver

comentaacuterio Pollini A 2006 p 37-56

21

ccedilatildeo exaustiva no tratamento das fontes literaacuterias Dados ar-queoloacutegicos comeccedilaram a ser usados como um meio para ter acesso a outros tipos de fontes alargando as interrogaccedilotildees e as possiacuteveis respostas Assim a histoacuteria antiga bem mais tarde que os demais periacuteodos histoacutericos comeccedilou a considerar con-ceitos vindos das ciecircncias sociais sobretudo da antropologia e da sociologia Uma figura de ponta eacute obviamente Moses I Finley que concebeu modelos inspirados pelo ldquotipo-idealrdquo de Max Weber com o objetivo de explicar natildeo tatildeo somente um caso singular mas todo um conjunto de exemplos usando uma abstraccedilatildeo daquelas realidades para apreender os elemen-tos mais caracteriacutesticos Em relaccedilatildeo agraves colocircnias gregas do sul da Itaacutelia E Lepore foi o representante mais importante desse movimento de construccedilatildeo de modelos gerais13

E Lepore reconhecia a grande dificuldade para definir os limites do territoacuterio de uma cidade colonial grega prin-cipalmente pela exiguidade dos relatos escritos sobretudo epigraacuteficos Ele foi o primeiro a analisar a histoacuteria dos limi-tes das colocircnias gregas14 e seu tema de estudos passou a ter muito mais visibilidade recentemente15 De acordo com E Lepore o estudo dos limites da ocupaccedilatildeo de um territoacuterio pelos colonos gregos e suas relaccedilotildees com os nativos ganha-ria bastante com uma abordagem inspirada pelo conceito de frontier history De fato a colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meri-dional seria a histoacuteria de uma conquista progressiva onde o territoacuterio seria considerado disponiacutevel antes da chegada dos gregos16 O territoacuterio onde os colonos se instalaram nunca foi ldquodesertordquo mas natildeo havia nem populaccedilatildeo grega nem as formas gregas de civilizaccedilatildeo como a divisatildeo das terras em lotes Por conseguinte a linha de fronteira eacute fluida e se move com o tempo Aleacutem de uma breve referecircncia a Siacutebaris uma colocircnia grega fundada no final do seacuteculo VIII aC na atual Calaacutebria E Lepore natildeo considera nenhum caso especiacutefico para reforccedilar sua proposta As trecircs perguntas que ele propotildee quais sejam a ocupaccedilatildeo da terra sua demografia e o estatuto social dos nativos natildeo podem ser respondidas diretamente por causa da raridade dos testemunhos escritos Entretanto insistindo na cultura material dos siacutetios arqueoloacutegicos ru-rais o objetivo do presente trabalho eacute tentar contribuir para avanccedilar e mostrar como um caso de estudo pode reforccedilar a pertinecircncia da aplicaccedilatildeo do conceito de frontier history no contexto da colonizaccedilatildeo grega no Ocidente

13 Ver um curto comentaacuterio sobre seus trabalhos em Andreau J e SChnapp A 2000 p 7-15

14 Lepore E 1967 p 42

15 Ver comentaacuterio de M bats em seu artigo sobre Massalia (Marselha) Bats M 2000 p 491-512

16 As expressotildees usadas pelos gregos antigos eram ἔρεμος χώρα ὀυδένεια τν ἀνθρωπόν ou mesmo ὀλιγανθρωπία cf Lepore E 2000b p 55 Ver Platatildeo Leis IV 704c quando Kleinias diz laquo Οὐ πάτυ διὸ καὶ κατοικίζεται παλαιὰ γάρ τις ἐξοίκησις ἐν τῶ τόπω γενομένη τὴν χώραν ταύτην ἔρημον ἀπείργασται χρόνον ἀμήχανον ὅσον raquo laquo Absolutamente nenhum e eacute esta precisamente a razatildeo para fundar esse Estado pois tendo ocorrido um ecircxodo nessa regiatildeo outrora essa se encontra desde haacute muito tempo deserta raquo trad Edson Bini Satildeo Paulo Edipro 1999

22

Tratando-se de santuaacuterios estabelecidos no meio rural pode-se apreender as relaccedilotildees entre a organizaccedilatildeo do territoacuterio e os limites de uma cidade-Estado grega Desde G Vallet17 ou ateacute mesmo desde a insistecircncia de N Fustel de Coulanges18 nas implicaccedilotildees da esfera sacra para as sociedades antigas es-tes santuaacuterios fora do centro urbano adquiriram uma grande relevacircncia para o estudo de uma cidade-Estado grega Seguin-do uma perspectiva inspirada pelas teorias de J P Vernant e P Vidal-Naquet o trabalho de F de Polignac19 representa a mais importante contribuiccedilatildeo relativamente recente para o estudo desses santuaacuterios rurais Esses siacutetios tambeacutem funciona-vam como centros para as trocas comerciais e culturais20 faci-litando os contatos entre gregos e nativos21 ao mesmo tempo em que transferiam produtos gregos de prestiacutegio para as elites locais Locais de culto podem assim ser interpretados como sendo um testemunho material de um processo de reciproci-dade nos contatos entre colonos e nativos22

poacutes-Colonial

Este tema da reciprocidade dos contatos entre colonos e nati-vos eacute a questatildeo principal da maioria dos estudos poacutes-coloniais A propoacutesito desses contatos o primeiro e mais importante avanccedilo foi a introduccedilatildeo do conceito de aculturaccedilatildeo23 A trans-posiccedilatildeo desse conceito para o estudo da colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meridional natildeo eacute uma novidade S Gruzinski e A Rou-veret foram os pioneiros e seraacute suficiente referir-se agravequele es-tudo mesmo se muito foi feito desde entatildeo24 De acordo com a definiccedilatildeo original da aculturaccedilatildeo e com as possibilidades de sua aplicaccedilatildeo no contexto colonial grego do sul da Itaacutelia este fenocircmeno envolve o contato entre duas culturas uma delas sendo considerada como dominante sobre a outra A cultura dominada atraveacutes de contatos entre sociedades de forccedila de-sigual adota aspectos culturais da outra haacute a possibilidade de mudanccedila expressiva de assimilaccedilatildeo e de disseminaccedilatildeo de elementos culturais de uma sociedade dominante em direccedilatildeo agrave outra dominada Natildeo se pode deixar de notar a presenccedila de diversos fenocircmenos de resistecircncia ou de recusa

Na segunda metade da deacutecada de 1990 a mais impor-tante nova abordagem para as interpretaccedilotildees de dados arqueo-loacutegicos em contexto de interaccedilatildeo cultural eacute sem nenhuma duacute-

17 Vallet G 1967 p 67-142

18 Fustel de Coulanges N 1984

19 De PolignaC F 1995

20 De PolignaC F 1994 p 3-18

21 Torelli M 1977 p 45-61

22 Torelli M 1977 p 57 laquo La struttura

abitativa pagano-vicanica egrave strettamente connessa con tale dislocazione dei luoghi di culto nei quali

la motivazione prima dellrsquoinsediamento sacro

la sorgente e la situazione favorevole della rete viaria

origina anche una serie di momenti di carattere

collettivo la festa il teatro (come documentano gli esempi piugrave tardi e

monumentali) la fiera il mercato in ultima analisi tutte le manifestazioni di

natura sociale che nelle strutture urbane trovano

loro sede naturale allrsquointerno della cittagrave (hellip) Tutto questo

dimostra che tali luoghi di culto lungi dallrsquoessere

centri di occasionale pietas spontanea e popolare sono strettamente collegati con il funzionamento complessivo delle strutture economiche

sociali e politiche raquo Ver tambeacutem Guzzo PG

1987a p 475-526 Sobre o tema dos santuaacuterios de fronteira ver a discussatildeo

a respeito dos siacutetios extra-urbanos da Calaacutebria Guzzo

PG 1987b p 373-379 Asheri D 1988 p 1-5 Pugliese-Carratelli G

1988 p 149-158 Pugliese-Carratelli G 1990 p

137-142 GreCo G 1999 p 231-247 Ampolo C

1992 p 25-28

vida a introduccedilatildeo do conceito de ethnicity25 Para a definiccedilatildeo do termo e dessa perspectiva de anaacutelise seraacute conveniente usar o trabalho de S Jones26 que faz parte do arcabouccedilo teoacuterico anunciado no World Archaeological Congress (WAC)27 e que se focaliza nos componentes poliacuteticos de toda pesquisa que utiliza o conceito de ethnicity28

A principal criacutetica que podemos formular a esta aborda-gem29 eacute direcionada ao foco no aspecto eacutetnico como a principal chave de leitura30 que natildeo eacute necessariamente o mais apropria-do para comunidades cujas identidades ainda natildeo estatildeo intei-ramente conceitualizadas no momento dos primeiros contatos Natildeo eacute necessaacuterio aprofundar aqui que a definiccedilatildeo de certa iden-tidade grega natildeo se forma antes das guerras contra os persas e no que diz respeito aos gregos do Ocidente da batalha contra os cartagineses em Himera na Siciacutelia ambas datadas em 480 aC31 A proposta aqui eacute mudar o debate e tentar uma compre-ensatildeo dessas comunidades natildeo a partir de um aspecto eacutetnico mas sim a partir de suas dimensotildees poliacuteticas e sociais32

A histoacuteria contemporacircnea tambeacutem eacute em grande parte res-ponsaacutevel por uma mudanccedila de perspectiva no estudo de con-textos coloniais A descolonizaccedilatildeo e a queda dos regimes socia-listas influenciaram bastante a percepccedilatildeo da colonizaccedilatildeo antiga Nesse contexto houve certa emancipaccedilatildeo de certos tabus es-pecialmente aqueles relacionados ao colonialismo e agrave maacute cons-ciecircncia de diversos paiacuteses Essa nova maneira de se interpretar contextos coloniais eacute chamada poacutes-colonialismo Um congresso internacional organizado na Austraacutelia em 1990 pode ser consi-derado como um ponto de partida essencial para a introduccedilatildeo dessa nova perspectiva nos estudos de histoacuteria grega antiga33

Entretanto deve-se sublinhar em primeiro lugar a gran-de variedade de abordagens que podem ser agrupadas nes-se termo bastante vago de ldquopoacutes-colonialrdquo34 O termo veicula duas ideias diferentes De um ponto de vista estrito ele faz referecircncia a uma suposta nova era um periacuteodo posterior ao processo de descolonizaccedilatildeo35 Nesse sentido pode-se imaginar que ldquopoacutes-colonialrdquo se refere a uma nova forma de poliacuteticas coloniais e de imperialismo internacional que teria emergido depois da independecircncia da maioria das aacutereas coloniais Por outro lado o termo tambeacutem pode veicular um sentido ideoloacute-gico como o de ldquotomar o lugar de algordquo Aleacutem disso pode-se estabelecer uma oposiccedilatildeo entre colonial e poacutes-colonial atri-buindo ao uacuteltimo um sentido de tudo aquilo que eacute contraacuterio

23 Redfield R Linton R et al 1936 p 149-152

24 Gruzinski S e Rouveret A 1976 p 159-219

25 Dentre as diversas definiccedilotildees possiacuteveis (cf Meskell L 2001 p 189) S Jones parece ser quem mais insiste no caraacuteter dinacircmico da definiccedilatildeo da identidade Jones S 1997 Ver tambeacutem Hall JM 1997 Hall JM 2002 Malkin I 2001 MCInerney J 1999 Hansen MH 1996

26 laquo Ethnicity is a multidimensional phenomenon constituted in different ways in different social domains Representations of ethnicity involve the dialectical opposition of situationally relevant cultural practices and historical experiences associated with the different cultural traditions Consequently there is rarely a one-to-one relationship between representations of ethnicity and the entire range of cultural practices and social conditions associated with a particular group raquo Jones S 1997 p 100

27 Funari PPA Hall M et al 1999

24

a colonial Esta uacuteltima interpretaccedilatildeo se baseia principalmente nos diversos movimentos de resistecircncia colonial

Nesse sentido um caso especial a ser discutido consiste no conceito de hibridizaccedilatildeo (hybridization) bastante utilizado pela literatura poacutes-colonial L Amselle mostrou como seria impos-siacutevel tratar da miscigenaccedilatildeo sem cair na armadilha de um vo-cabulaacuterio racista nos discursos cientiacuteficos contemporacircneos dos impeacuterios coloniais do seacuteculo XIX36 Ao mesmo tempo em toda Ameacuterica latina hoje em dia estamos perante a uma desconstru-ccedilatildeo dos mitos da miscigenaccedilatildeo com muitos especialistas que enfatizam a matriz ideoloacutegica deste vocabulaacuterio desenvolvido pelas potecircncias coloniais A distinccedilatildeo entre uma cultura de con-tato (culture contact) e colonialismo eacute essencial para a arqueolo-gia norte-americana Recentemente S W Silliman sublinhou a tendecircncia geral de misturar esses dois conceitos que satildeo na ver-dade distintos37 Essa distinccedilatildeo se faz em oposiccedilatildeo agrave ortodoxia atual natildeo para negar o peso e a incidecircncia da colonizaccedilatildeo mas ao contraacuterio para redefinir o espectro epistemoloacutegico contra sua degradaccedilatildeo pela historiografia poacutes-colonial atual

Haacute certa coincidecircncia cronoloacutegica com o apogeu das te-orias poacutes-estruturalistas francesas e desde os anos 1980 com a abordagem da arqueologia poacutes-processual A partir desse pon-to de vista eacute interessante sublinhar que o sucesso dos estudos poacutes-coloniais em paiacuteses angloacutefonos (Estados Unidos Austraacutelia e Reino Unido) eacute contemporacircneo de um relativo desinteresse ou discriminaccedilatildeo na Europa continental e mais especifica-mente na Franccedila Em relaccedilatildeo ao mundo grego o principal tema de estudo se refere agrave ldquoidentidaderdquo grega38

O debate se concentrou em alguns poucos temas Na his-toriografia angloacutefona I Malkin continuou tentando definir a percepccedilatildeo grega deles mesmos e de sua pretendida ldquoidentida-derdquo A literatura recente tenta questionar mais profundamente a formaccedilatildeo e a evoluccedilatildeo de certa identidade grega39 Por um lado pode-se dizer que os gregos dos seacuteculos V e IV aC cristalizaram progressivamente a definiccedilatildeo de sua identidade por intermeacutedio de uma oposiccedilatildeo binaacuteria entre gregos e natildeo-gregos com a atri-buiccedilatildeo tardia de uma noccedilatildeo pejorativa ao termo ldquobaacuterbarordquo Por outro lado poreacutem os gregos em contexto colonial assim como durante a eacutepoca heleniacutestica entraram em contato direto com outras sociedades integrando uma definiccedilatildeo mais dinacircmica de sua proacutepria cultura considerando tambeacutem as possibilidades de transferecircncia cultural entre comunidades distintas40

28 O debate sobre a identidade eacutetnica se

desenvolveu desde a deacutecada de 1970 no sul da Itaacutelia ver o primeiro Congresso de Taranto que trata das

relaccedilotildees entre gregos e nativos (1961) Greci e

Italici in Magna Grecia 1961 Entretanto teorias

de etnicidade (ethnicity) (cf Barth F 1969) soacute foram aplicadas para o

estudo da histoacuteria antiga grega a partir do livro de

Hall JM 1997 seguido em 2002 pelo conceito de ldquohellenicityrdquo Hall

JM 2002 Ver tambeacutem Malkin I 2001 Confini

e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Hales

S e Hodos T 2010 Na Franccedila essa perspectiva eacute ainda bastante marginal

LuCe J-M 2007 Ruby P 2006 p 25-60 Muumlller

C e Prost F 2002

29 Essas criacuteticas foram formuladas a partir de

uma estreita colaboraccedilatildeo com Arianna Esposito

da Universidade da Borgonha Dijon Cf

Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013c (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013e (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013a (no prelo)

30 AntonaCCio CM 2010 p 32-53 bats m

2007 p 235-242

31 Ver em especial Pontrandolfo A e Rouveret A 1983

p 1051-1066

25

Se de um lado analisamos os gregos a partir de seus escritos por outro lado houve um interesse crescente pela ob-servaccedilatildeo dos elementos autoacutectones por intermeacutedio da arque-ologia em contextos coloniais Ateacute pouco tempo atraacutes esses nativos eram quase totalmente ausentes da literatura angloacute-fona mesmo se seu papel jaacute havia sido amplamente reconhe-cido pela historiografia nacionalista italiana podemos ressal-tar com objetivos obviamente diferentes as obras de E Pais seguido pelos estudiosos das comunidades antigas da Itaacutelia meridional enfim pelos arqueoacutelogos marxistas41 Em relaccedilatildeo agrave historiografia dos povos indiacutegenas no sul da Itaacutelia podemos identificar duas abordagens alternativas Primeiramente uma que podemos chamar de ldquodifusionistardquo que foi predominante entre as deacutecadas de 1970 e parte de 1980 Esta enfatizava o papel das influecircncias externas vindas do Mediterracircneo atraveacutes da colonizaccedilatildeo grega Foi o momento de apogeu de expressotildees tais como ldquopenetraccedilatildeo gregardquo ldquoeixos de penetraccedilatildeordquo fazendo sistematicamente uma oposiccedilatildeo entre o litoral e o interior entre gregos e nativos

A partir do final dos anos 1980 e mais intensamente nos uacuteltimos quinze anos uma segunda abordagem se desenvol-veu A maioria dos especialistas reconhece a importacircncia dos processos locais de longa duraccedilatildeo que comeccedilam desde a idade do Bronze e principalmente entre o final da idade do Bronze e o iniacutecio da idade do Ferro Duas regiotildees constituem as zonas privilegiadas dessas anaacutelises a planiacutecie de Siacutebaris e a peniacutensula de Salento (atual Puglia)42

Nesse contexto parece certo que tendo em considera-ccedilatildeo algumas precauccedilotildees metodoloacutegicas pode-se tratar o que os gregos chamavam de apoikiai como sendo um contexto de colonizaccedilatildeo M Finley e E Lepore jaacute haviam proposto uma seacuterie de ideias e de criteacuterios para a interpretaccedilatildeo da co-lonizaccedilatildeo grega43 Por outro lado certa literatura angloacutefona insiste no anacronismo e na ambiguidade na utilizaccedilatildeo desse vocabulaacuterio colonial44 O problema se refere agrave ideia segunda a qual o deslocamento de grandes contingentes de populaccedilotildees gregas na eacutepoca arcaica seria feito de modo organizado pelas metroacutepoles Aqui a questatildeo cronoloacutegica eacute essencial Natildeo te-mos condiccedilotildees de determinar de modo certo a cronologia da emergecircncia da cidade-Estado grega como fenocircmeno poliacutetico como uma forma peculiar de organizaccedilatildeo de uma comunida-de As pesquisas arqueoloacutegicas mais recentes tendem a mostrar

32 Boissinot P 2005 p 13-43 MerCuri L 2010 p 695-700

33 DesCoeudres J-P 1990

34 Atualmente o uso desse termo eacute principalmente associado agraves perspectivas de autores como Edward Said Homi KBhabha Gayatri Spivak ou mais recentemente por Stuart Hall Paul Gilroy Arjun Appadurai e James Clifford

35 Loomba A 2005

36 Amselle J-L 2002 p 239-333 (p 330) ldquoil serait impossible de parler de meacutetissage sans tomber dans le piegravege du vocabulaire racialisant et raciste des discours scientifiques contemporains des Empires coloniaux du XIXe siegraveclerdquo Ver tambeacutem nossa proacutepria discussatildeo a respeito da miscigenaccedilatildeo Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

37 Silliman SW 2005 p 55-74

38 Hall J 2012 p 19-34

39 Hall J 2007 p 337-354 40 Cf Lomas K 2004 p 475-498 p 476

41 Ver comentaacuterios em Esposito A e Leo G 2006 p 621-642 Sobre a literatura angloacutefona ver Whitehouse R e Wilkins J 1989 p 102-137 este volume foi publicado como resultado do congresso do primeiro World Archaeological Congress (WAC-1) de Southampton em 1986

26

reagrupamentos de edifiacutecios independentes uns dos outros jaacute em uma eacutepoca bastante antiga desde o seacuteculo IX aC O exemplo mais importante se encontra em Zagora na ilha de Andros nas Ciacutecladas45 Os vestiacutegios arqueoloacutegicos obviamen-te natildeo permitem atribuir qualquer caraacuteter preciso da organi-zaccedilatildeo poliacutetica das populaccedilotildees que ocupavam aqueles locais e assim o campo fica aberto para muitas interpretaccedilotildees Alguns especialistas veem nesses vestiacutegios um estado embrionaacuterio da organizaccedilatildeo de comunidades independentes e autocircnomas ou seja a cidade-Estado polis em grego Esses pesquisadores que atribuem um caraacuteter organizado e desenvolvido para as comunidades gregas desde as eacutepocas mais remotas natildeo tecircm dificuldades para imaginar que essas mesmas comunidades se-riam capazes de organizar uma expediccedilatildeo colonial aleacutem-mar Outros poreacutem questionam a capacidade dessas comunidades a organizar uma empresa tatildeo complexa quanto o envio de um contingente importante de pessoas R Osborne interpreta as primeiras mobilidades dos gregos no Mediterracircneo no seacuteculo VIII aC como sendo o resultado de escolhas individuais e natildeo de decisotildees tomadas pelas comunidades poliacuteticas na metroacutepole Em resposta agraves afirmaccedilotildees de R Osborne podemos argumentar que o envio de um grupo de pessoas devia contribuir a definir na metroacutepole aqueles que tinham e aqueles que natildeo tinham direito agrave cidadania o que equivale ao sentido original da cidade-Estado uma comunidade de cidadatildeos Um exemplo preciso deve bastar para sustentar essa ideia a lenda de fundaccedilatildeo de Taranto segun-do Estrabatildeo (VI 3 2) Segundo o relato os esparciatas depois de longos anos de conflitos militares para conquistar a regiatildeo vizinha da Messecircnia no Peloponeso retornam a Esparta e ex-pulsam os filhos ditos ilegiacutetimos filhos originados nas relaccedilotildees entre mulheres esparciatas e homens que natildeo tinham o estatuto de cidadatildeos Na medida em que esses indiviacuteduos satildeo filhos de esparciatas uma soluccedilatildeo consiste no envio de uma expediccedilatildeo para fundar uma nova cidade-Estado ou seja uma nova co-munidade onde esses homens considerados ilegiacutetimos na me-troacutepole podem adquirir o estatuto de cidadatildeos Eacute justamente o envio da expediccedilatildeo que em um movimento dialeacutetico define os criteacuterios da cidadania tanto na metroacutepole quanto na colocircnia criando assim as bases da polis grega em ambos os contextos metropolitano e colonial

Obviamente as fontes escritas gregas estatildeo condiciona-das por seu caraacuteter tanto fragmentaacuterio quanto tardio o que

42 Ver os trabalhos de R Peroni e seus alunos Cf

Peroni R 1989

43 Finley MI 1976 p 167-188 Lepore E

2000a p 29-87 Ver tambeacutem o prefaacutecio e a

introduccedilatildeo ao volume por E Greco e M Lombardo

44 Ver em especial Osborne R 1998 p 251-269 Yntema DG 2000

p 1-49 e um nuacutemero especial da revista Ancient West and East dedicado a

esse debate em particular GreCo E 2011 p 233-242 Domiacutenguez AJ

2011 p 195-207

45 Ver comentaacuterio em Hellmann M-C 2010

p 183-186

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

19

jaacute que elas veiculavam parte da civilizaccedilatildeo ocidental europeia que atingia os nativos antes da conquista militar Por outro lado certos elementos da cultura europeia como a utilizaccedilatildeo de cavalos e de armas de fogo podiam ajudar os nativos na sua luta contra os pioneiros Esse duplo aspecto do comeacutercio na interaccedilatildeo entre sociedades em contato eacute outro importante elemento a ser considerado no contexto da colonizaccedilatildeo grega

F J Turner tambeacutem sublinhou o papel da fronteira oeste para a integraccedilatildeo de imigrantes na sociedade america-na a costa leste estava ocupada principalmente por colonos de origem britacircnica enquanto que a conquista do Oeste era de certo modo o efeito da imigraccedilatildeo europeia em especial germacircnica e irlandesa Atraveacutes da apropriaccedilatildeo privada de no-vas terras esses imigrantes se tornavam americanos integra-dos em uma sociedade mista e heteroacuteclita A fusatildeo de diver-sas nacionalidades contribuiu para a constituiccedilatildeo dessa nova sociedade mista que se tornava especificamente americana

Dados arqueoloacutegicos das colocircnias gregas natildeo autorizam qualquer comentaacuterio sobre a integraccedilatildeo de novos colonos En-tretanto a tradiccedilatildeo literaacuteria revela a existecircncia de uma pluralida-de de origens em algumas colocircnias o que jaacute eacute uma boa indica-ccedilatildeo da relevacircncia dessas questotildees em uma comunidade colonial Aleacutem disso recentemente foi sublinhada a importacircncia de fases subsequentes de chegada de colonos gregos aqueles chamados epoikoi literalmente ocupantes adicionais ou seja aqueles que chegaram depois da fundaccedilatildeo de uma nova colocircnia4

F J Turner tambeacutem reforccedila o papel das fortificaccedilotildees de fron-teira Elas foram essenciais para a conquista progressiva do territoacute-rio e constituiacuteram a primeira e mais importante instalaccedilatildeo a partir da qual diversas comunidades coloniais puderam se organizar Na ausecircncia dessas fortificaccedilotildees em territoacuterio colonial grego no periacuteo-do arcaico pode-se conjecturar sobre qual outro tipo de instalaccedilatildeo poderia ter semelhante papel federador Proponho identificar na criaccedilatildeo de santuaacuterios extra-urbanos essa funccedilatildeo federadora

Natildeo eacute possiacutevel adotar uma concepccedilatildeo teoacuterica forjada em um contexto preciso e destinado a explicar certo momento his-toacuterico e transferi-la em outro contexto sem qualquer media-ccedilatildeo5 Primeiro o conceito de frontier history foi objeto de diver-sas criacuteticas principalmente pelo seu conteuacutedo ideoloacutegico para explicar o caraacuteter da populaccedilatildeo americana o pioneiro era visto como o elemento mais forte civilizado e inovador em oposiccedilatildeo aos nativos6 Esta visatildeo implica uma desvalorizaccedilatildeo de todos os

4 Avram A 2012 p 197-216

5 Este conceito foi aplicado ao contexto do sul da Itaacutelia principalmente por Ettore Lepore Lepore E 1969 p 31

6 laquo The result is that to the frontier the American intellect owes its striking characteristics That coarseness and strength combined with acuteness and inquisitiveness that practical inventive turn of mind quick to find expedients that masterful grasp of material things lacking in the artistic but powerful to effect great ends that restless nervous energy that dominant individualism working for good and for evil and withal that buoyancy and exuberance which comes with freedom-these are traits of the frontier or traits called out elsewhere because of the existence of the frontier raquo Turner FJ 1893

20

outros componentes da sociedade americana ou seja os nati-vos e os escravos de origem africana Aqui natildeo eacute o lugar para comentar esse debate e para criticar a ideologia de F J Turner7 O objetivo eacute somente de testar a possibilidade de utilizaccedilatildeo dos principais aspectos desse conceito como uma ferramenta teoacuterica operacional para interpretar outros contextos coloniais

Esta transferecircncia foi realizada por O Lattimore8 para analisar outros contextos histoacutericos sobretudo na Aacutesia Mais recentes exemplos aplicam o conceito de frontier history para a anaacutelise da histoacuteria brasileira9 Em todos esses estudos o impor-tante eacute sublinhar as precauccedilotildees tomadas antes da transferecircncia das ideias do historiador americano do seacuteculo XIX A conclusatildeo eacute que uma abordagem comparativa eacute o melhor meio de realizar essa transferecircncia10 O proacuteprio F J Turner jaacute havia proposto certa comparaccedilatildeo entre o Oeste americano e o Mediterracircneo durante a Antiguidade laquoWhat the Mediterranean Sea was to the Greeks breaking the bond of custom offering new expe-riences calling out new institutions and activities that and more the ever retreating frontier has been to the United States directly and to the nations of Europe more remotelyraquo11

Colonizaccedilatildeo grega no sul da itaacutelia

Na transferecircncia de conceitos modernos para a interpretaccedilatildeo da histoacuteria antiga eacute o seu caraacuteter dinacircmico que mais interessa Esse trabalho se baseia na anaacutelise detalhada de um caso de es-tudo para propor de certa forma o mesmo processo dinacircmico da conquista do Oeste americano

Na verdade o uso do conceito de frontier history para o estudo das colocircnias gregas no sul da Itaacutelia foi proposto pela primeira vez por M I Finley e E Lepore durante um con-gresso em 1967

No encalccedilo do iniacutecio das pesquisas sobre o territoacuterio das cidades-Estados gregas o congresso de Taranto de 196712 foi o primeiro momento para o desenvolvimento de uma vi-satildeo geral e completa a respeito do territoacuterio das cidades-Es-tados gregas no sul da Itaacutelia A deacutecada de 1960 foi de fato um momento privilegiado nesse sentido quando estudiosos tentavam definir explicaccedilotildees gerais para diversos aspectos das sociedades antigas e comeccedilaram a utilizar uma abordagem mais conceitual deixando de lado o objetivo de uma erudi-

7 Ver comentaacuterios em Lewis A e MaCgann T

1963 Fohlen C 1965 Weber D e RausCh J

1994 Slotkin R 1992 Slotkin R 1998

8 Lattimore O 1962

9 Monbeig P 1952 citado por Osorio Silva

L 2003

10 Osorio Silva L 2003

11 Turner FJ 1893

12 La cittagrave e il suo territorio 1967 Ver

comentaacuterio Pollini A 2006 p 37-56

21

ccedilatildeo exaustiva no tratamento das fontes literaacuterias Dados ar-queoloacutegicos comeccedilaram a ser usados como um meio para ter acesso a outros tipos de fontes alargando as interrogaccedilotildees e as possiacuteveis respostas Assim a histoacuteria antiga bem mais tarde que os demais periacuteodos histoacutericos comeccedilou a considerar con-ceitos vindos das ciecircncias sociais sobretudo da antropologia e da sociologia Uma figura de ponta eacute obviamente Moses I Finley que concebeu modelos inspirados pelo ldquotipo-idealrdquo de Max Weber com o objetivo de explicar natildeo tatildeo somente um caso singular mas todo um conjunto de exemplos usando uma abstraccedilatildeo daquelas realidades para apreender os elemen-tos mais caracteriacutesticos Em relaccedilatildeo agraves colocircnias gregas do sul da Itaacutelia E Lepore foi o representante mais importante desse movimento de construccedilatildeo de modelos gerais13

E Lepore reconhecia a grande dificuldade para definir os limites do territoacuterio de uma cidade colonial grega prin-cipalmente pela exiguidade dos relatos escritos sobretudo epigraacuteficos Ele foi o primeiro a analisar a histoacuteria dos limi-tes das colocircnias gregas14 e seu tema de estudos passou a ter muito mais visibilidade recentemente15 De acordo com E Lepore o estudo dos limites da ocupaccedilatildeo de um territoacuterio pelos colonos gregos e suas relaccedilotildees com os nativos ganha-ria bastante com uma abordagem inspirada pelo conceito de frontier history De fato a colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meri-dional seria a histoacuteria de uma conquista progressiva onde o territoacuterio seria considerado disponiacutevel antes da chegada dos gregos16 O territoacuterio onde os colonos se instalaram nunca foi ldquodesertordquo mas natildeo havia nem populaccedilatildeo grega nem as formas gregas de civilizaccedilatildeo como a divisatildeo das terras em lotes Por conseguinte a linha de fronteira eacute fluida e se move com o tempo Aleacutem de uma breve referecircncia a Siacutebaris uma colocircnia grega fundada no final do seacuteculo VIII aC na atual Calaacutebria E Lepore natildeo considera nenhum caso especiacutefico para reforccedilar sua proposta As trecircs perguntas que ele propotildee quais sejam a ocupaccedilatildeo da terra sua demografia e o estatuto social dos nativos natildeo podem ser respondidas diretamente por causa da raridade dos testemunhos escritos Entretanto insistindo na cultura material dos siacutetios arqueoloacutegicos ru-rais o objetivo do presente trabalho eacute tentar contribuir para avanccedilar e mostrar como um caso de estudo pode reforccedilar a pertinecircncia da aplicaccedilatildeo do conceito de frontier history no contexto da colonizaccedilatildeo grega no Ocidente

13 Ver um curto comentaacuterio sobre seus trabalhos em Andreau J e SChnapp A 2000 p 7-15

14 Lepore E 1967 p 42

15 Ver comentaacuterio de M bats em seu artigo sobre Massalia (Marselha) Bats M 2000 p 491-512

16 As expressotildees usadas pelos gregos antigos eram ἔρεμος χώρα ὀυδένεια τν ἀνθρωπόν ou mesmo ὀλιγανθρωπία cf Lepore E 2000b p 55 Ver Platatildeo Leis IV 704c quando Kleinias diz laquo Οὐ πάτυ διὸ καὶ κατοικίζεται παλαιὰ γάρ τις ἐξοίκησις ἐν τῶ τόπω γενομένη τὴν χώραν ταύτην ἔρημον ἀπείργασται χρόνον ἀμήχανον ὅσον raquo laquo Absolutamente nenhum e eacute esta precisamente a razatildeo para fundar esse Estado pois tendo ocorrido um ecircxodo nessa regiatildeo outrora essa se encontra desde haacute muito tempo deserta raquo trad Edson Bini Satildeo Paulo Edipro 1999

22

Tratando-se de santuaacuterios estabelecidos no meio rural pode-se apreender as relaccedilotildees entre a organizaccedilatildeo do territoacuterio e os limites de uma cidade-Estado grega Desde G Vallet17 ou ateacute mesmo desde a insistecircncia de N Fustel de Coulanges18 nas implicaccedilotildees da esfera sacra para as sociedades antigas es-tes santuaacuterios fora do centro urbano adquiriram uma grande relevacircncia para o estudo de uma cidade-Estado grega Seguin-do uma perspectiva inspirada pelas teorias de J P Vernant e P Vidal-Naquet o trabalho de F de Polignac19 representa a mais importante contribuiccedilatildeo relativamente recente para o estudo desses santuaacuterios rurais Esses siacutetios tambeacutem funciona-vam como centros para as trocas comerciais e culturais20 faci-litando os contatos entre gregos e nativos21 ao mesmo tempo em que transferiam produtos gregos de prestiacutegio para as elites locais Locais de culto podem assim ser interpretados como sendo um testemunho material de um processo de reciproci-dade nos contatos entre colonos e nativos22

poacutes-Colonial

Este tema da reciprocidade dos contatos entre colonos e nati-vos eacute a questatildeo principal da maioria dos estudos poacutes-coloniais A propoacutesito desses contatos o primeiro e mais importante avanccedilo foi a introduccedilatildeo do conceito de aculturaccedilatildeo23 A trans-posiccedilatildeo desse conceito para o estudo da colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meridional natildeo eacute uma novidade S Gruzinski e A Rou-veret foram os pioneiros e seraacute suficiente referir-se agravequele es-tudo mesmo se muito foi feito desde entatildeo24 De acordo com a definiccedilatildeo original da aculturaccedilatildeo e com as possibilidades de sua aplicaccedilatildeo no contexto colonial grego do sul da Itaacutelia este fenocircmeno envolve o contato entre duas culturas uma delas sendo considerada como dominante sobre a outra A cultura dominada atraveacutes de contatos entre sociedades de forccedila de-sigual adota aspectos culturais da outra haacute a possibilidade de mudanccedila expressiva de assimilaccedilatildeo e de disseminaccedilatildeo de elementos culturais de uma sociedade dominante em direccedilatildeo agrave outra dominada Natildeo se pode deixar de notar a presenccedila de diversos fenocircmenos de resistecircncia ou de recusa

Na segunda metade da deacutecada de 1990 a mais impor-tante nova abordagem para as interpretaccedilotildees de dados arqueo-loacutegicos em contexto de interaccedilatildeo cultural eacute sem nenhuma duacute-

17 Vallet G 1967 p 67-142

18 Fustel de Coulanges N 1984

19 De PolignaC F 1995

20 De PolignaC F 1994 p 3-18

21 Torelli M 1977 p 45-61

22 Torelli M 1977 p 57 laquo La struttura

abitativa pagano-vicanica egrave strettamente connessa con tale dislocazione dei luoghi di culto nei quali

la motivazione prima dellrsquoinsediamento sacro

la sorgente e la situazione favorevole della rete viaria

origina anche una serie di momenti di carattere

collettivo la festa il teatro (come documentano gli esempi piugrave tardi e

monumentali) la fiera il mercato in ultima analisi tutte le manifestazioni di

natura sociale che nelle strutture urbane trovano

loro sede naturale allrsquointerno della cittagrave (hellip) Tutto questo

dimostra che tali luoghi di culto lungi dallrsquoessere

centri di occasionale pietas spontanea e popolare sono strettamente collegati con il funzionamento complessivo delle strutture economiche

sociali e politiche raquo Ver tambeacutem Guzzo PG

1987a p 475-526 Sobre o tema dos santuaacuterios de fronteira ver a discussatildeo

a respeito dos siacutetios extra-urbanos da Calaacutebria Guzzo

PG 1987b p 373-379 Asheri D 1988 p 1-5 Pugliese-Carratelli G

1988 p 149-158 Pugliese-Carratelli G 1990 p

137-142 GreCo G 1999 p 231-247 Ampolo C

1992 p 25-28

vida a introduccedilatildeo do conceito de ethnicity25 Para a definiccedilatildeo do termo e dessa perspectiva de anaacutelise seraacute conveniente usar o trabalho de S Jones26 que faz parte do arcabouccedilo teoacuterico anunciado no World Archaeological Congress (WAC)27 e que se focaliza nos componentes poliacuteticos de toda pesquisa que utiliza o conceito de ethnicity28

A principal criacutetica que podemos formular a esta aborda-gem29 eacute direcionada ao foco no aspecto eacutetnico como a principal chave de leitura30 que natildeo eacute necessariamente o mais apropria-do para comunidades cujas identidades ainda natildeo estatildeo intei-ramente conceitualizadas no momento dos primeiros contatos Natildeo eacute necessaacuterio aprofundar aqui que a definiccedilatildeo de certa iden-tidade grega natildeo se forma antes das guerras contra os persas e no que diz respeito aos gregos do Ocidente da batalha contra os cartagineses em Himera na Siciacutelia ambas datadas em 480 aC31 A proposta aqui eacute mudar o debate e tentar uma compre-ensatildeo dessas comunidades natildeo a partir de um aspecto eacutetnico mas sim a partir de suas dimensotildees poliacuteticas e sociais32

A histoacuteria contemporacircnea tambeacutem eacute em grande parte res-ponsaacutevel por uma mudanccedila de perspectiva no estudo de con-textos coloniais A descolonizaccedilatildeo e a queda dos regimes socia-listas influenciaram bastante a percepccedilatildeo da colonizaccedilatildeo antiga Nesse contexto houve certa emancipaccedilatildeo de certos tabus es-pecialmente aqueles relacionados ao colonialismo e agrave maacute cons-ciecircncia de diversos paiacuteses Essa nova maneira de se interpretar contextos coloniais eacute chamada poacutes-colonialismo Um congresso internacional organizado na Austraacutelia em 1990 pode ser consi-derado como um ponto de partida essencial para a introduccedilatildeo dessa nova perspectiva nos estudos de histoacuteria grega antiga33

Entretanto deve-se sublinhar em primeiro lugar a gran-de variedade de abordagens que podem ser agrupadas nes-se termo bastante vago de ldquopoacutes-colonialrdquo34 O termo veicula duas ideias diferentes De um ponto de vista estrito ele faz referecircncia a uma suposta nova era um periacuteodo posterior ao processo de descolonizaccedilatildeo35 Nesse sentido pode-se imaginar que ldquopoacutes-colonialrdquo se refere a uma nova forma de poliacuteticas coloniais e de imperialismo internacional que teria emergido depois da independecircncia da maioria das aacutereas coloniais Por outro lado o termo tambeacutem pode veicular um sentido ideoloacute-gico como o de ldquotomar o lugar de algordquo Aleacutem disso pode-se estabelecer uma oposiccedilatildeo entre colonial e poacutes-colonial atri-buindo ao uacuteltimo um sentido de tudo aquilo que eacute contraacuterio

23 Redfield R Linton R et al 1936 p 149-152

24 Gruzinski S e Rouveret A 1976 p 159-219

25 Dentre as diversas definiccedilotildees possiacuteveis (cf Meskell L 2001 p 189) S Jones parece ser quem mais insiste no caraacuteter dinacircmico da definiccedilatildeo da identidade Jones S 1997 Ver tambeacutem Hall JM 1997 Hall JM 2002 Malkin I 2001 MCInerney J 1999 Hansen MH 1996

26 laquo Ethnicity is a multidimensional phenomenon constituted in different ways in different social domains Representations of ethnicity involve the dialectical opposition of situationally relevant cultural practices and historical experiences associated with the different cultural traditions Consequently there is rarely a one-to-one relationship between representations of ethnicity and the entire range of cultural practices and social conditions associated with a particular group raquo Jones S 1997 p 100

27 Funari PPA Hall M et al 1999

24

a colonial Esta uacuteltima interpretaccedilatildeo se baseia principalmente nos diversos movimentos de resistecircncia colonial

Nesse sentido um caso especial a ser discutido consiste no conceito de hibridizaccedilatildeo (hybridization) bastante utilizado pela literatura poacutes-colonial L Amselle mostrou como seria impos-siacutevel tratar da miscigenaccedilatildeo sem cair na armadilha de um vo-cabulaacuterio racista nos discursos cientiacuteficos contemporacircneos dos impeacuterios coloniais do seacuteculo XIX36 Ao mesmo tempo em toda Ameacuterica latina hoje em dia estamos perante a uma desconstru-ccedilatildeo dos mitos da miscigenaccedilatildeo com muitos especialistas que enfatizam a matriz ideoloacutegica deste vocabulaacuterio desenvolvido pelas potecircncias coloniais A distinccedilatildeo entre uma cultura de con-tato (culture contact) e colonialismo eacute essencial para a arqueolo-gia norte-americana Recentemente S W Silliman sublinhou a tendecircncia geral de misturar esses dois conceitos que satildeo na ver-dade distintos37 Essa distinccedilatildeo se faz em oposiccedilatildeo agrave ortodoxia atual natildeo para negar o peso e a incidecircncia da colonizaccedilatildeo mas ao contraacuterio para redefinir o espectro epistemoloacutegico contra sua degradaccedilatildeo pela historiografia poacutes-colonial atual

Haacute certa coincidecircncia cronoloacutegica com o apogeu das te-orias poacutes-estruturalistas francesas e desde os anos 1980 com a abordagem da arqueologia poacutes-processual A partir desse pon-to de vista eacute interessante sublinhar que o sucesso dos estudos poacutes-coloniais em paiacuteses angloacutefonos (Estados Unidos Austraacutelia e Reino Unido) eacute contemporacircneo de um relativo desinteresse ou discriminaccedilatildeo na Europa continental e mais especifica-mente na Franccedila Em relaccedilatildeo ao mundo grego o principal tema de estudo se refere agrave ldquoidentidaderdquo grega38

O debate se concentrou em alguns poucos temas Na his-toriografia angloacutefona I Malkin continuou tentando definir a percepccedilatildeo grega deles mesmos e de sua pretendida ldquoidentida-derdquo A literatura recente tenta questionar mais profundamente a formaccedilatildeo e a evoluccedilatildeo de certa identidade grega39 Por um lado pode-se dizer que os gregos dos seacuteculos V e IV aC cristalizaram progressivamente a definiccedilatildeo de sua identidade por intermeacutedio de uma oposiccedilatildeo binaacuteria entre gregos e natildeo-gregos com a atri-buiccedilatildeo tardia de uma noccedilatildeo pejorativa ao termo ldquobaacuterbarordquo Por outro lado poreacutem os gregos em contexto colonial assim como durante a eacutepoca heleniacutestica entraram em contato direto com outras sociedades integrando uma definiccedilatildeo mais dinacircmica de sua proacutepria cultura considerando tambeacutem as possibilidades de transferecircncia cultural entre comunidades distintas40

28 O debate sobre a identidade eacutetnica se

desenvolveu desde a deacutecada de 1970 no sul da Itaacutelia ver o primeiro Congresso de Taranto que trata das

relaccedilotildees entre gregos e nativos (1961) Greci e

Italici in Magna Grecia 1961 Entretanto teorias

de etnicidade (ethnicity) (cf Barth F 1969) soacute foram aplicadas para o

estudo da histoacuteria antiga grega a partir do livro de

Hall JM 1997 seguido em 2002 pelo conceito de ldquohellenicityrdquo Hall

JM 2002 Ver tambeacutem Malkin I 2001 Confini

e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Hales

S e Hodos T 2010 Na Franccedila essa perspectiva eacute ainda bastante marginal

LuCe J-M 2007 Ruby P 2006 p 25-60 Muumlller

C e Prost F 2002

29 Essas criacuteticas foram formuladas a partir de

uma estreita colaboraccedilatildeo com Arianna Esposito

da Universidade da Borgonha Dijon Cf

Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013c (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013e (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013a (no prelo)

30 AntonaCCio CM 2010 p 32-53 bats m

2007 p 235-242

31 Ver em especial Pontrandolfo A e Rouveret A 1983

p 1051-1066

25

Se de um lado analisamos os gregos a partir de seus escritos por outro lado houve um interesse crescente pela ob-servaccedilatildeo dos elementos autoacutectones por intermeacutedio da arque-ologia em contextos coloniais Ateacute pouco tempo atraacutes esses nativos eram quase totalmente ausentes da literatura angloacute-fona mesmo se seu papel jaacute havia sido amplamente reconhe-cido pela historiografia nacionalista italiana podemos ressal-tar com objetivos obviamente diferentes as obras de E Pais seguido pelos estudiosos das comunidades antigas da Itaacutelia meridional enfim pelos arqueoacutelogos marxistas41 Em relaccedilatildeo agrave historiografia dos povos indiacutegenas no sul da Itaacutelia podemos identificar duas abordagens alternativas Primeiramente uma que podemos chamar de ldquodifusionistardquo que foi predominante entre as deacutecadas de 1970 e parte de 1980 Esta enfatizava o papel das influecircncias externas vindas do Mediterracircneo atraveacutes da colonizaccedilatildeo grega Foi o momento de apogeu de expressotildees tais como ldquopenetraccedilatildeo gregardquo ldquoeixos de penetraccedilatildeordquo fazendo sistematicamente uma oposiccedilatildeo entre o litoral e o interior entre gregos e nativos

A partir do final dos anos 1980 e mais intensamente nos uacuteltimos quinze anos uma segunda abordagem se desenvol-veu A maioria dos especialistas reconhece a importacircncia dos processos locais de longa duraccedilatildeo que comeccedilam desde a idade do Bronze e principalmente entre o final da idade do Bronze e o iniacutecio da idade do Ferro Duas regiotildees constituem as zonas privilegiadas dessas anaacutelises a planiacutecie de Siacutebaris e a peniacutensula de Salento (atual Puglia)42

Nesse contexto parece certo que tendo em considera-ccedilatildeo algumas precauccedilotildees metodoloacutegicas pode-se tratar o que os gregos chamavam de apoikiai como sendo um contexto de colonizaccedilatildeo M Finley e E Lepore jaacute haviam proposto uma seacuterie de ideias e de criteacuterios para a interpretaccedilatildeo da co-lonizaccedilatildeo grega43 Por outro lado certa literatura angloacutefona insiste no anacronismo e na ambiguidade na utilizaccedilatildeo desse vocabulaacuterio colonial44 O problema se refere agrave ideia segunda a qual o deslocamento de grandes contingentes de populaccedilotildees gregas na eacutepoca arcaica seria feito de modo organizado pelas metroacutepoles Aqui a questatildeo cronoloacutegica eacute essencial Natildeo te-mos condiccedilotildees de determinar de modo certo a cronologia da emergecircncia da cidade-Estado grega como fenocircmeno poliacutetico como uma forma peculiar de organizaccedilatildeo de uma comunida-de As pesquisas arqueoloacutegicas mais recentes tendem a mostrar

32 Boissinot P 2005 p 13-43 MerCuri L 2010 p 695-700

33 DesCoeudres J-P 1990

34 Atualmente o uso desse termo eacute principalmente associado agraves perspectivas de autores como Edward Said Homi KBhabha Gayatri Spivak ou mais recentemente por Stuart Hall Paul Gilroy Arjun Appadurai e James Clifford

35 Loomba A 2005

36 Amselle J-L 2002 p 239-333 (p 330) ldquoil serait impossible de parler de meacutetissage sans tomber dans le piegravege du vocabulaire racialisant et raciste des discours scientifiques contemporains des Empires coloniaux du XIXe siegraveclerdquo Ver tambeacutem nossa proacutepria discussatildeo a respeito da miscigenaccedilatildeo Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

37 Silliman SW 2005 p 55-74

38 Hall J 2012 p 19-34

39 Hall J 2007 p 337-354 40 Cf Lomas K 2004 p 475-498 p 476

41 Ver comentaacuterios em Esposito A e Leo G 2006 p 621-642 Sobre a literatura angloacutefona ver Whitehouse R e Wilkins J 1989 p 102-137 este volume foi publicado como resultado do congresso do primeiro World Archaeological Congress (WAC-1) de Southampton em 1986

26

reagrupamentos de edifiacutecios independentes uns dos outros jaacute em uma eacutepoca bastante antiga desde o seacuteculo IX aC O exemplo mais importante se encontra em Zagora na ilha de Andros nas Ciacutecladas45 Os vestiacutegios arqueoloacutegicos obviamen-te natildeo permitem atribuir qualquer caraacuteter preciso da organi-zaccedilatildeo poliacutetica das populaccedilotildees que ocupavam aqueles locais e assim o campo fica aberto para muitas interpretaccedilotildees Alguns especialistas veem nesses vestiacutegios um estado embrionaacuterio da organizaccedilatildeo de comunidades independentes e autocircnomas ou seja a cidade-Estado polis em grego Esses pesquisadores que atribuem um caraacuteter organizado e desenvolvido para as comunidades gregas desde as eacutepocas mais remotas natildeo tecircm dificuldades para imaginar que essas mesmas comunidades se-riam capazes de organizar uma expediccedilatildeo colonial aleacutem-mar Outros poreacutem questionam a capacidade dessas comunidades a organizar uma empresa tatildeo complexa quanto o envio de um contingente importante de pessoas R Osborne interpreta as primeiras mobilidades dos gregos no Mediterracircneo no seacuteculo VIII aC como sendo o resultado de escolhas individuais e natildeo de decisotildees tomadas pelas comunidades poliacuteticas na metroacutepole Em resposta agraves afirmaccedilotildees de R Osborne podemos argumentar que o envio de um grupo de pessoas devia contribuir a definir na metroacutepole aqueles que tinham e aqueles que natildeo tinham direito agrave cidadania o que equivale ao sentido original da cidade-Estado uma comunidade de cidadatildeos Um exemplo preciso deve bastar para sustentar essa ideia a lenda de fundaccedilatildeo de Taranto segun-do Estrabatildeo (VI 3 2) Segundo o relato os esparciatas depois de longos anos de conflitos militares para conquistar a regiatildeo vizinha da Messecircnia no Peloponeso retornam a Esparta e ex-pulsam os filhos ditos ilegiacutetimos filhos originados nas relaccedilotildees entre mulheres esparciatas e homens que natildeo tinham o estatuto de cidadatildeos Na medida em que esses indiviacuteduos satildeo filhos de esparciatas uma soluccedilatildeo consiste no envio de uma expediccedilatildeo para fundar uma nova cidade-Estado ou seja uma nova co-munidade onde esses homens considerados ilegiacutetimos na me-troacutepole podem adquirir o estatuto de cidadatildeos Eacute justamente o envio da expediccedilatildeo que em um movimento dialeacutetico define os criteacuterios da cidadania tanto na metroacutepole quanto na colocircnia criando assim as bases da polis grega em ambos os contextos metropolitano e colonial

Obviamente as fontes escritas gregas estatildeo condiciona-das por seu caraacuteter tanto fragmentaacuterio quanto tardio o que

42 Ver os trabalhos de R Peroni e seus alunos Cf

Peroni R 1989

43 Finley MI 1976 p 167-188 Lepore E

2000a p 29-87 Ver tambeacutem o prefaacutecio e a

introduccedilatildeo ao volume por E Greco e M Lombardo

44 Ver em especial Osborne R 1998 p 251-269 Yntema DG 2000

p 1-49 e um nuacutemero especial da revista Ancient West and East dedicado a

esse debate em particular GreCo E 2011 p 233-242 Domiacutenguez AJ

2011 p 195-207

45 Ver comentaacuterio em Hellmann M-C 2010

p 183-186

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

20

outros componentes da sociedade americana ou seja os nati-vos e os escravos de origem africana Aqui natildeo eacute o lugar para comentar esse debate e para criticar a ideologia de F J Turner7 O objetivo eacute somente de testar a possibilidade de utilizaccedilatildeo dos principais aspectos desse conceito como uma ferramenta teoacuterica operacional para interpretar outros contextos coloniais

Esta transferecircncia foi realizada por O Lattimore8 para analisar outros contextos histoacutericos sobretudo na Aacutesia Mais recentes exemplos aplicam o conceito de frontier history para a anaacutelise da histoacuteria brasileira9 Em todos esses estudos o impor-tante eacute sublinhar as precauccedilotildees tomadas antes da transferecircncia das ideias do historiador americano do seacuteculo XIX A conclusatildeo eacute que uma abordagem comparativa eacute o melhor meio de realizar essa transferecircncia10 O proacuteprio F J Turner jaacute havia proposto certa comparaccedilatildeo entre o Oeste americano e o Mediterracircneo durante a Antiguidade laquoWhat the Mediterranean Sea was to the Greeks breaking the bond of custom offering new expe-riences calling out new institutions and activities that and more the ever retreating frontier has been to the United States directly and to the nations of Europe more remotelyraquo11

Colonizaccedilatildeo grega no sul da itaacutelia

Na transferecircncia de conceitos modernos para a interpretaccedilatildeo da histoacuteria antiga eacute o seu caraacuteter dinacircmico que mais interessa Esse trabalho se baseia na anaacutelise detalhada de um caso de es-tudo para propor de certa forma o mesmo processo dinacircmico da conquista do Oeste americano

Na verdade o uso do conceito de frontier history para o estudo das colocircnias gregas no sul da Itaacutelia foi proposto pela primeira vez por M I Finley e E Lepore durante um con-gresso em 1967

No encalccedilo do iniacutecio das pesquisas sobre o territoacuterio das cidades-Estados gregas o congresso de Taranto de 196712 foi o primeiro momento para o desenvolvimento de uma vi-satildeo geral e completa a respeito do territoacuterio das cidades-Es-tados gregas no sul da Itaacutelia A deacutecada de 1960 foi de fato um momento privilegiado nesse sentido quando estudiosos tentavam definir explicaccedilotildees gerais para diversos aspectos das sociedades antigas e comeccedilaram a utilizar uma abordagem mais conceitual deixando de lado o objetivo de uma erudi-

7 Ver comentaacuterios em Lewis A e MaCgann T

1963 Fohlen C 1965 Weber D e RausCh J

1994 Slotkin R 1992 Slotkin R 1998

8 Lattimore O 1962

9 Monbeig P 1952 citado por Osorio Silva

L 2003

10 Osorio Silva L 2003

11 Turner FJ 1893

12 La cittagrave e il suo territorio 1967 Ver

comentaacuterio Pollini A 2006 p 37-56

21

ccedilatildeo exaustiva no tratamento das fontes literaacuterias Dados ar-queoloacutegicos comeccedilaram a ser usados como um meio para ter acesso a outros tipos de fontes alargando as interrogaccedilotildees e as possiacuteveis respostas Assim a histoacuteria antiga bem mais tarde que os demais periacuteodos histoacutericos comeccedilou a considerar con-ceitos vindos das ciecircncias sociais sobretudo da antropologia e da sociologia Uma figura de ponta eacute obviamente Moses I Finley que concebeu modelos inspirados pelo ldquotipo-idealrdquo de Max Weber com o objetivo de explicar natildeo tatildeo somente um caso singular mas todo um conjunto de exemplos usando uma abstraccedilatildeo daquelas realidades para apreender os elemen-tos mais caracteriacutesticos Em relaccedilatildeo agraves colocircnias gregas do sul da Itaacutelia E Lepore foi o representante mais importante desse movimento de construccedilatildeo de modelos gerais13

E Lepore reconhecia a grande dificuldade para definir os limites do territoacuterio de uma cidade colonial grega prin-cipalmente pela exiguidade dos relatos escritos sobretudo epigraacuteficos Ele foi o primeiro a analisar a histoacuteria dos limi-tes das colocircnias gregas14 e seu tema de estudos passou a ter muito mais visibilidade recentemente15 De acordo com E Lepore o estudo dos limites da ocupaccedilatildeo de um territoacuterio pelos colonos gregos e suas relaccedilotildees com os nativos ganha-ria bastante com uma abordagem inspirada pelo conceito de frontier history De fato a colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meri-dional seria a histoacuteria de uma conquista progressiva onde o territoacuterio seria considerado disponiacutevel antes da chegada dos gregos16 O territoacuterio onde os colonos se instalaram nunca foi ldquodesertordquo mas natildeo havia nem populaccedilatildeo grega nem as formas gregas de civilizaccedilatildeo como a divisatildeo das terras em lotes Por conseguinte a linha de fronteira eacute fluida e se move com o tempo Aleacutem de uma breve referecircncia a Siacutebaris uma colocircnia grega fundada no final do seacuteculo VIII aC na atual Calaacutebria E Lepore natildeo considera nenhum caso especiacutefico para reforccedilar sua proposta As trecircs perguntas que ele propotildee quais sejam a ocupaccedilatildeo da terra sua demografia e o estatuto social dos nativos natildeo podem ser respondidas diretamente por causa da raridade dos testemunhos escritos Entretanto insistindo na cultura material dos siacutetios arqueoloacutegicos ru-rais o objetivo do presente trabalho eacute tentar contribuir para avanccedilar e mostrar como um caso de estudo pode reforccedilar a pertinecircncia da aplicaccedilatildeo do conceito de frontier history no contexto da colonizaccedilatildeo grega no Ocidente

13 Ver um curto comentaacuterio sobre seus trabalhos em Andreau J e SChnapp A 2000 p 7-15

14 Lepore E 1967 p 42

15 Ver comentaacuterio de M bats em seu artigo sobre Massalia (Marselha) Bats M 2000 p 491-512

16 As expressotildees usadas pelos gregos antigos eram ἔρεμος χώρα ὀυδένεια τν ἀνθρωπόν ou mesmo ὀλιγανθρωπία cf Lepore E 2000b p 55 Ver Platatildeo Leis IV 704c quando Kleinias diz laquo Οὐ πάτυ διὸ καὶ κατοικίζεται παλαιὰ γάρ τις ἐξοίκησις ἐν τῶ τόπω γενομένη τὴν χώραν ταύτην ἔρημον ἀπείργασται χρόνον ἀμήχανον ὅσον raquo laquo Absolutamente nenhum e eacute esta precisamente a razatildeo para fundar esse Estado pois tendo ocorrido um ecircxodo nessa regiatildeo outrora essa se encontra desde haacute muito tempo deserta raquo trad Edson Bini Satildeo Paulo Edipro 1999

22

Tratando-se de santuaacuterios estabelecidos no meio rural pode-se apreender as relaccedilotildees entre a organizaccedilatildeo do territoacuterio e os limites de uma cidade-Estado grega Desde G Vallet17 ou ateacute mesmo desde a insistecircncia de N Fustel de Coulanges18 nas implicaccedilotildees da esfera sacra para as sociedades antigas es-tes santuaacuterios fora do centro urbano adquiriram uma grande relevacircncia para o estudo de uma cidade-Estado grega Seguin-do uma perspectiva inspirada pelas teorias de J P Vernant e P Vidal-Naquet o trabalho de F de Polignac19 representa a mais importante contribuiccedilatildeo relativamente recente para o estudo desses santuaacuterios rurais Esses siacutetios tambeacutem funciona-vam como centros para as trocas comerciais e culturais20 faci-litando os contatos entre gregos e nativos21 ao mesmo tempo em que transferiam produtos gregos de prestiacutegio para as elites locais Locais de culto podem assim ser interpretados como sendo um testemunho material de um processo de reciproci-dade nos contatos entre colonos e nativos22

poacutes-Colonial

Este tema da reciprocidade dos contatos entre colonos e nati-vos eacute a questatildeo principal da maioria dos estudos poacutes-coloniais A propoacutesito desses contatos o primeiro e mais importante avanccedilo foi a introduccedilatildeo do conceito de aculturaccedilatildeo23 A trans-posiccedilatildeo desse conceito para o estudo da colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meridional natildeo eacute uma novidade S Gruzinski e A Rou-veret foram os pioneiros e seraacute suficiente referir-se agravequele es-tudo mesmo se muito foi feito desde entatildeo24 De acordo com a definiccedilatildeo original da aculturaccedilatildeo e com as possibilidades de sua aplicaccedilatildeo no contexto colonial grego do sul da Itaacutelia este fenocircmeno envolve o contato entre duas culturas uma delas sendo considerada como dominante sobre a outra A cultura dominada atraveacutes de contatos entre sociedades de forccedila de-sigual adota aspectos culturais da outra haacute a possibilidade de mudanccedila expressiva de assimilaccedilatildeo e de disseminaccedilatildeo de elementos culturais de uma sociedade dominante em direccedilatildeo agrave outra dominada Natildeo se pode deixar de notar a presenccedila de diversos fenocircmenos de resistecircncia ou de recusa

Na segunda metade da deacutecada de 1990 a mais impor-tante nova abordagem para as interpretaccedilotildees de dados arqueo-loacutegicos em contexto de interaccedilatildeo cultural eacute sem nenhuma duacute-

17 Vallet G 1967 p 67-142

18 Fustel de Coulanges N 1984

19 De PolignaC F 1995

20 De PolignaC F 1994 p 3-18

21 Torelli M 1977 p 45-61

22 Torelli M 1977 p 57 laquo La struttura

abitativa pagano-vicanica egrave strettamente connessa con tale dislocazione dei luoghi di culto nei quali

la motivazione prima dellrsquoinsediamento sacro

la sorgente e la situazione favorevole della rete viaria

origina anche una serie di momenti di carattere

collettivo la festa il teatro (come documentano gli esempi piugrave tardi e

monumentali) la fiera il mercato in ultima analisi tutte le manifestazioni di

natura sociale che nelle strutture urbane trovano

loro sede naturale allrsquointerno della cittagrave (hellip) Tutto questo

dimostra che tali luoghi di culto lungi dallrsquoessere

centri di occasionale pietas spontanea e popolare sono strettamente collegati con il funzionamento complessivo delle strutture economiche

sociali e politiche raquo Ver tambeacutem Guzzo PG

1987a p 475-526 Sobre o tema dos santuaacuterios de fronteira ver a discussatildeo

a respeito dos siacutetios extra-urbanos da Calaacutebria Guzzo

PG 1987b p 373-379 Asheri D 1988 p 1-5 Pugliese-Carratelli G

1988 p 149-158 Pugliese-Carratelli G 1990 p

137-142 GreCo G 1999 p 231-247 Ampolo C

1992 p 25-28

vida a introduccedilatildeo do conceito de ethnicity25 Para a definiccedilatildeo do termo e dessa perspectiva de anaacutelise seraacute conveniente usar o trabalho de S Jones26 que faz parte do arcabouccedilo teoacuterico anunciado no World Archaeological Congress (WAC)27 e que se focaliza nos componentes poliacuteticos de toda pesquisa que utiliza o conceito de ethnicity28

A principal criacutetica que podemos formular a esta aborda-gem29 eacute direcionada ao foco no aspecto eacutetnico como a principal chave de leitura30 que natildeo eacute necessariamente o mais apropria-do para comunidades cujas identidades ainda natildeo estatildeo intei-ramente conceitualizadas no momento dos primeiros contatos Natildeo eacute necessaacuterio aprofundar aqui que a definiccedilatildeo de certa iden-tidade grega natildeo se forma antes das guerras contra os persas e no que diz respeito aos gregos do Ocidente da batalha contra os cartagineses em Himera na Siciacutelia ambas datadas em 480 aC31 A proposta aqui eacute mudar o debate e tentar uma compre-ensatildeo dessas comunidades natildeo a partir de um aspecto eacutetnico mas sim a partir de suas dimensotildees poliacuteticas e sociais32

A histoacuteria contemporacircnea tambeacutem eacute em grande parte res-ponsaacutevel por uma mudanccedila de perspectiva no estudo de con-textos coloniais A descolonizaccedilatildeo e a queda dos regimes socia-listas influenciaram bastante a percepccedilatildeo da colonizaccedilatildeo antiga Nesse contexto houve certa emancipaccedilatildeo de certos tabus es-pecialmente aqueles relacionados ao colonialismo e agrave maacute cons-ciecircncia de diversos paiacuteses Essa nova maneira de se interpretar contextos coloniais eacute chamada poacutes-colonialismo Um congresso internacional organizado na Austraacutelia em 1990 pode ser consi-derado como um ponto de partida essencial para a introduccedilatildeo dessa nova perspectiva nos estudos de histoacuteria grega antiga33

Entretanto deve-se sublinhar em primeiro lugar a gran-de variedade de abordagens que podem ser agrupadas nes-se termo bastante vago de ldquopoacutes-colonialrdquo34 O termo veicula duas ideias diferentes De um ponto de vista estrito ele faz referecircncia a uma suposta nova era um periacuteodo posterior ao processo de descolonizaccedilatildeo35 Nesse sentido pode-se imaginar que ldquopoacutes-colonialrdquo se refere a uma nova forma de poliacuteticas coloniais e de imperialismo internacional que teria emergido depois da independecircncia da maioria das aacutereas coloniais Por outro lado o termo tambeacutem pode veicular um sentido ideoloacute-gico como o de ldquotomar o lugar de algordquo Aleacutem disso pode-se estabelecer uma oposiccedilatildeo entre colonial e poacutes-colonial atri-buindo ao uacuteltimo um sentido de tudo aquilo que eacute contraacuterio

23 Redfield R Linton R et al 1936 p 149-152

24 Gruzinski S e Rouveret A 1976 p 159-219

25 Dentre as diversas definiccedilotildees possiacuteveis (cf Meskell L 2001 p 189) S Jones parece ser quem mais insiste no caraacuteter dinacircmico da definiccedilatildeo da identidade Jones S 1997 Ver tambeacutem Hall JM 1997 Hall JM 2002 Malkin I 2001 MCInerney J 1999 Hansen MH 1996

26 laquo Ethnicity is a multidimensional phenomenon constituted in different ways in different social domains Representations of ethnicity involve the dialectical opposition of situationally relevant cultural practices and historical experiences associated with the different cultural traditions Consequently there is rarely a one-to-one relationship between representations of ethnicity and the entire range of cultural practices and social conditions associated with a particular group raquo Jones S 1997 p 100

27 Funari PPA Hall M et al 1999

24

a colonial Esta uacuteltima interpretaccedilatildeo se baseia principalmente nos diversos movimentos de resistecircncia colonial

Nesse sentido um caso especial a ser discutido consiste no conceito de hibridizaccedilatildeo (hybridization) bastante utilizado pela literatura poacutes-colonial L Amselle mostrou como seria impos-siacutevel tratar da miscigenaccedilatildeo sem cair na armadilha de um vo-cabulaacuterio racista nos discursos cientiacuteficos contemporacircneos dos impeacuterios coloniais do seacuteculo XIX36 Ao mesmo tempo em toda Ameacuterica latina hoje em dia estamos perante a uma desconstru-ccedilatildeo dos mitos da miscigenaccedilatildeo com muitos especialistas que enfatizam a matriz ideoloacutegica deste vocabulaacuterio desenvolvido pelas potecircncias coloniais A distinccedilatildeo entre uma cultura de con-tato (culture contact) e colonialismo eacute essencial para a arqueolo-gia norte-americana Recentemente S W Silliman sublinhou a tendecircncia geral de misturar esses dois conceitos que satildeo na ver-dade distintos37 Essa distinccedilatildeo se faz em oposiccedilatildeo agrave ortodoxia atual natildeo para negar o peso e a incidecircncia da colonizaccedilatildeo mas ao contraacuterio para redefinir o espectro epistemoloacutegico contra sua degradaccedilatildeo pela historiografia poacutes-colonial atual

Haacute certa coincidecircncia cronoloacutegica com o apogeu das te-orias poacutes-estruturalistas francesas e desde os anos 1980 com a abordagem da arqueologia poacutes-processual A partir desse pon-to de vista eacute interessante sublinhar que o sucesso dos estudos poacutes-coloniais em paiacuteses angloacutefonos (Estados Unidos Austraacutelia e Reino Unido) eacute contemporacircneo de um relativo desinteresse ou discriminaccedilatildeo na Europa continental e mais especifica-mente na Franccedila Em relaccedilatildeo ao mundo grego o principal tema de estudo se refere agrave ldquoidentidaderdquo grega38

O debate se concentrou em alguns poucos temas Na his-toriografia angloacutefona I Malkin continuou tentando definir a percepccedilatildeo grega deles mesmos e de sua pretendida ldquoidentida-derdquo A literatura recente tenta questionar mais profundamente a formaccedilatildeo e a evoluccedilatildeo de certa identidade grega39 Por um lado pode-se dizer que os gregos dos seacuteculos V e IV aC cristalizaram progressivamente a definiccedilatildeo de sua identidade por intermeacutedio de uma oposiccedilatildeo binaacuteria entre gregos e natildeo-gregos com a atri-buiccedilatildeo tardia de uma noccedilatildeo pejorativa ao termo ldquobaacuterbarordquo Por outro lado poreacutem os gregos em contexto colonial assim como durante a eacutepoca heleniacutestica entraram em contato direto com outras sociedades integrando uma definiccedilatildeo mais dinacircmica de sua proacutepria cultura considerando tambeacutem as possibilidades de transferecircncia cultural entre comunidades distintas40

28 O debate sobre a identidade eacutetnica se

desenvolveu desde a deacutecada de 1970 no sul da Itaacutelia ver o primeiro Congresso de Taranto que trata das

relaccedilotildees entre gregos e nativos (1961) Greci e

Italici in Magna Grecia 1961 Entretanto teorias

de etnicidade (ethnicity) (cf Barth F 1969) soacute foram aplicadas para o

estudo da histoacuteria antiga grega a partir do livro de

Hall JM 1997 seguido em 2002 pelo conceito de ldquohellenicityrdquo Hall

JM 2002 Ver tambeacutem Malkin I 2001 Confini

e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Hales

S e Hodos T 2010 Na Franccedila essa perspectiva eacute ainda bastante marginal

LuCe J-M 2007 Ruby P 2006 p 25-60 Muumlller

C e Prost F 2002

29 Essas criacuteticas foram formuladas a partir de

uma estreita colaboraccedilatildeo com Arianna Esposito

da Universidade da Borgonha Dijon Cf

Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013c (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013e (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013a (no prelo)

30 AntonaCCio CM 2010 p 32-53 bats m

2007 p 235-242

31 Ver em especial Pontrandolfo A e Rouveret A 1983

p 1051-1066

25

Se de um lado analisamos os gregos a partir de seus escritos por outro lado houve um interesse crescente pela ob-servaccedilatildeo dos elementos autoacutectones por intermeacutedio da arque-ologia em contextos coloniais Ateacute pouco tempo atraacutes esses nativos eram quase totalmente ausentes da literatura angloacute-fona mesmo se seu papel jaacute havia sido amplamente reconhe-cido pela historiografia nacionalista italiana podemos ressal-tar com objetivos obviamente diferentes as obras de E Pais seguido pelos estudiosos das comunidades antigas da Itaacutelia meridional enfim pelos arqueoacutelogos marxistas41 Em relaccedilatildeo agrave historiografia dos povos indiacutegenas no sul da Itaacutelia podemos identificar duas abordagens alternativas Primeiramente uma que podemos chamar de ldquodifusionistardquo que foi predominante entre as deacutecadas de 1970 e parte de 1980 Esta enfatizava o papel das influecircncias externas vindas do Mediterracircneo atraveacutes da colonizaccedilatildeo grega Foi o momento de apogeu de expressotildees tais como ldquopenetraccedilatildeo gregardquo ldquoeixos de penetraccedilatildeordquo fazendo sistematicamente uma oposiccedilatildeo entre o litoral e o interior entre gregos e nativos

A partir do final dos anos 1980 e mais intensamente nos uacuteltimos quinze anos uma segunda abordagem se desenvol-veu A maioria dos especialistas reconhece a importacircncia dos processos locais de longa duraccedilatildeo que comeccedilam desde a idade do Bronze e principalmente entre o final da idade do Bronze e o iniacutecio da idade do Ferro Duas regiotildees constituem as zonas privilegiadas dessas anaacutelises a planiacutecie de Siacutebaris e a peniacutensula de Salento (atual Puglia)42

Nesse contexto parece certo que tendo em considera-ccedilatildeo algumas precauccedilotildees metodoloacutegicas pode-se tratar o que os gregos chamavam de apoikiai como sendo um contexto de colonizaccedilatildeo M Finley e E Lepore jaacute haviam proposto uma seacuterie de ideias e de criteacuterios para a interpretaccedilatildeo da co-lonizaccedilatildeo grega43 Por outro lado certa literatura angloacutefona insiste no anacronismo e na ambiguidade na utilizaccedilatildeo desse vocabulaacuterio colonial44 O problema se refere agrave ideia segunda a qual o deslocamento de grandes contingentes de populaccedilotildees gregas na eacutepoca arcaica seria feito de modo organizado pelas metroacutepoles Aqui a questatildeo cronoloacutegica eacute essencial Natildeo te-mos condiccedilotildees de determinar de modo certo a cronologia da emergecircncia da cidade-Estado grega como fenocircmeno poliacutetico como uma forma peculiar de organizaccedilatildeo de uma comunida-de As pesquisas arqueoloacutegicas mais recentes tendem a mostrar

32 Boissinot P 2005 p 13-43 MerCuri L 2010 p 695-700

33 DesCoeudres J-P 1990

34 Atualmente o uso desse termo eacute principalmente associado agraves perspectivas de autores como Edward Said Homi KBhabha Gayatri Spivak ou mais recentemente por Stuart Hall Paul Gilroy Arjun Appadurai e James Clifford

35 Loomba A 2005

36 Amselle J-L 2002 p 239-333 (p 330) ldquoil serait impossible de parler de meacutetissage sans tomber dans le piegravege du vocabulaire racialisant et raciste des discours scientifiques contemporains des Empires coloniaux du XIXe siegraveclerdquo Ver tambeacutem nossa proacutepria discussatildeo a respeito da miscigenaccedilatildeo Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

37 Silliman SW 2005 p 55-74

38 Hall J 2012 p 19-34

39 Hall J 2007 p 337-354 40 Cf Lomas K 2004 p 475-498 p 476

41 Ver comentaacuterios em Esposito A e Leo G 2006 p 621-642 Sobre a literatura angloacutefona ver Whitehouse R e Wilkins J 1989 p 102-137 este volume foi publicado como resultado do congresso do primeiro World Archaeological Congress (WAC-1) de Southampton em 1986

26

reagrupamentos de edifiacutecios independentes uns dos outros jaacute em uma eacutepoca bastante antiga desde o seacuteculo IX aC O exemplo mais importante se encontra em Zagora na ilha de Andros nas Ciacutecladas45 Os vestiacutegios arqueoloacutegicos obviamen-te natildeo permitem atribuir qualquer caraacuteter preciso da organi-zaccedilatildeo poliacutetica das populaccedilotildees que ocupavam aqueles locais e assim o campo fica aberto para muitas interpretaccedilotildees Alguns especialistas veem nesses vestiacutegios um estado embrionaacuterio da organizaccedilatildeo de comunidades independentes e autocircnomas ou seja a cidade-Estado polis em grego Esses pesquisadores que atribuem um caraacuteter organizado e desenvolvido para as comunidades gregas desde as eacutepocas mais remotas natildeo tecircm dificuldades para imaginar que essas mesmas comunidades se-riam capazes de organizar uma expediccedilatildeo colonial aleacutem-mar Outros poreacutem questionam a capacidade dessas comunidades a organizar uma empresa tatildeo complexa quanto o envio de um contingente importante de pessoas R Osborne interpreta as primeiras mobilidades dos gregos no Mediterracircneo no seacuteculo VIII aC como sendo o resultado de escolhas individuais e natildeo de decisotildees tomadas pelas comunidades poliacuteticas na metroacutepole Em resposta agraves afirmaccedilotildees de R Osborne podemos argumentar que o envio de um grupo de pessoas devia contribuir a definir na metroacutepole aqueles que tinham e aqueles que natildeo tinham direito agrave cidadania o que equivale ao sentido original da cidade-Estado uma comunidade de cidadatildeos Um exemplo preciso deve bastar para sustentar essa ideia a lenda de fundaccedilatildeo de Taranto segun-do Estrabatildeo (VI 3 2) Segundo o relato os esparciatas depois de longos anos de conflitos militares para conquistar a regiatildeo vizinha da Messecircnia no Peloponeso retornam a Esparta e ex-pulsam os filhos ditos ilegiacutetimos filhos originados nas relaccedilotildees entre mulheres esparciatas e homens que natildeo tinham o estatuto de cidadatildeos Na medida em que esses indiviacuteduos satildeo filhos de esparciatas uma soluccedilatildeo consiste no envio de uma expediccedilatildeo para fundar uma nova cidade-Estado ou seja uma nova co-munidade onde esses homens considerados ilegiacutetimos na me-troacutepole podem adquirir o estatuto de cidadatildeos Eacute justamente o envio da expediccedilatildeo que em um movimento dialeacutetico define os criteacuterios da cidadania tanto na metroacutepole quanto na colocircnia criando assim as bases da polis grega em ambos os contextos metropolitano e colonial

Obviamente as fontes escritas gregas estatildeo condiciona-das por seu caraacuteter tanto fragmentaacuterio quanto tardio o que

42 Ver os trabalhos de R Peroni e seus alunos Cf

Peroni R 1989

43 Finley MI 1976 p 167-188 Lepore E

2000a p 29-87 Ver tambeacutem o prefaacutecio e a

introduccedilatildeo ao volume por E Greco e M Lombardo

44 Ver em especial Osborne R 1998 p 251-269 Yntema DG 2000

p 1-49 e um nuacutemero especial da revista Ancient West and East dedicado a

esse debate em particular GreCo E 2011 p 233-242 Domiacutenguez AJ

2011 p 195-207

45 Ver comentaacuterio em Hellmann M-C 2010

p 183-186

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

21

ccedilatildeo exaustiva no tratamento das fontes literaacuterias Dados ar-queoloacutegicos comeccedilaram a ser usados como um meio para ter acesso a outros tipos de fontes alargando as interrogaccedilotildees e as possiacuteveis respostas Assim a histoacuteria antiga bem mais tarde que os demais periacuteodos histoacutericos comeccedilou a considerar con-ceitos vindos das ciecircncias sociais sobretudo da antropologia e da sociologia Uma figura de ponta eacute obviamente Moses I Finley que concebeu modelos inspirados pelo ldquotipo-idealrdquo de Max Weber com o objetivo de explicar natildeo tatildeo somente um caso singular mas todo um conjunto de exemplos usando uma abstraccedilatildeo daquelas realidades para apreender os elemen-tos mais caracteriacutesticos Em relaccedilatildeo agraves colocircnias gregas do sul da Itaacutelia E Lepore foi o representante mais importante desse movimento de construccedilatildeo de modelos gerais13

E Lepore reconhecia a grande dificuldade para definir os limites do territoacuterio de uma cidade colonial grega prin-cipalmente pela exiguidade dos relatos escritos sobretudo epigraacuteficos Ele foi o primeiro a analisar a histoacuteria dos limi-tes das colocircnias gregas14 e seu tema de estudos passou a ter muito mais visibilidade recentemente15 De acordo com E Lepore o estudo dos limites da ocupaccedilatildeo de um territoacuterio pelos colonos gregos e suas relaccedilotildees com os nativos ganha-ria bastante com uma abordagem inspirada pelo conceito de frontier history De fato a colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meri-dional seria a histoacuteria de uma conquista progressiva onde o territoacuterio seria considerado disponiacutevel antes da chegada dos gregos16 O territoacuterio onde os colonos se instalaram nunca foi ldquodesertordquo mas natildeo havia nem populaccedilatildeo grega nem as formas gregas de civilizaccedilatildeo como a divisatildeo das terras em lotes Por conseguinte a linha de fronteira eacute fluida e se move com o tempo Aleacutem de uma breve referecircncia a Siacutebaris uma colocircnia grega fundada no final do seacuteculo VIII aC na atual Calaacutebria E Lepore natildeo considera nenhum caso especiacutefico para reforccedilar sua proposta As trecircs perguntas que ele propotildee quais sejam a ocupaccedilatildeo da terra sua demografia e o estatuto social dos nativos natildeo podem ser respondidas diretamente por causa da raridade dos testemunhos escritos Entretanto insistindo na cultura material dos siacutetios arqueoloacutegicos ru-rais o objetivo do presente trabalho eacute tentar contribuir para avanccedilar e mostrar como um caso de estudo pode reforccedilar a pertinecircncia da aplicaccedilatildeo do conceito de frontier history no contexto da colonizaccedilatildeo grega no Ocidente

13 Ver um curto comentaacuterio sobre seus trabalhos em Andreau J e SChnapp A 2000 p 7-15

14 Lepore E 1967 p 42

15 Ver comentaacuterio de M bats em seu artigo sobre Massalia (Marselha) Bats M 2000 p 491-512

16 As expressotildees usadas pelos gregos antigos eram ἔρεμος χώρα ὀυδένεια τν ἀνθρωπόν ou mesmo ὀλιγανθρωπία cf Lepore E 2000b p 55 Ver Platatildeo Leis IV 704c quando Kleinias diz laquo Οὐ πάτυ διὸ καὶ κατοικίζεται παλαιὰ γάρ τις ἐξοίκησις ἐν τῶ τόπω γενομένη τὴν χώραν ταύτην ἔρημον ἀπείργασται χρόνον ἀμήχανον ὅσον raquo laquo Absolutamente nenhum e eacute esta precisamente a razatildeo para fundar esse Estado pois tendo ocorrido um ecircxodo nessa regiatildeo outrora essa se encontra desde haacute muito tempo deserta raquo trad Edson Bini Satildeo Paulo Edipro 1999

22

Tratando-se de santuaacuterios estabelecidos no meio rural pode-se apreender as relaccedilotildees entre a organizaccedilatildeo do territoacuterio e os limites de uma cidade-Estado grega Desde G Vallet17 ou ateacute mesmo desde a insistecircncia de N Fustel de Coulanges18 nas implicaccedilotildees da esfera sacra para as sociedades antigas es-tes santuaacuterios fora do centro urbano adquiriram uma grande relevacircncia para o estudo de uma cidade-Estado grega Seguin-do uma perspectiva inspirada pelas teorias de J P Vernant e P Vidal-Naquet o trabalho de F de Polignac19 representa a mais importante contribuiccedilatildeo relativamente recente para o estudo desses santuaacuterios rurais Esses siacutetios tambeacutem funciona-vam como centros para as trocas comerciais e culturais20 faci-litando os contatos entre gregos e nativos21 ao mesmo tempo em que transferiam produtos gregos de prestiacutegio para as elites locais Locais de culto podem assim ser interpretados como sendo um testemunho material de um processo de reciproci-dade nos contatos entre colonos e nativos22

poacutes-Colonial

Este tema da reciprocidade dos contatos entre colonos e nati-vos eacute a questatildeo principal da maioria dos estudos poacutes-coloniais A propoacutesito desses contatos o primeiro e mais importante avanccedilo foi a introduccedilatildeo do conceito de aculturaccedilatildeo23 A trans-posiccedilatildeo desse conceito para o estudo da colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meridional natildeo eacute uma novidade S Gruzinski e A Rou-veret foram os pioneiros e seraacute suficiente referir-se agravequele es-tudo mesmo se muito foi feito desde entatildeo24 De acordo com a definiccedilatildeo original da aculturaccedilatildeo e com as possibilidades de sua aplicaccedilatildeo no contexto colonial grego do sul da Itaacutelia este fenocircmeno envolve o contato entre duas culturas uma delas sendo considerada como dominante sobre a outra A cultura dominada atraveacutes de contatos entre sociedades de forccedila de-sigual adota aspectos culturais da outra haacute a possibilidade de mudanccedila expressiva de assimilaccedilatildeo e de disseminaccedilatildeo de elementos culturais de uma sociedade dominante em direccedilatildeo agrave outra dominada Natildeo se pode deixar de notar a presenccedila de diversos fenocircmenos de resistecircncia ou de recusa

Na segunda metade da deacutecada de 1990 a mais impor-tante nova abordagem para as interpretaccedilotildees de dados arqueo-loacutegicos em contexto de interaccedilatildeo cultural eacute sem nenhuma duacute-

17 Vallet G 1967 p 67-142

18 Fustel de Coulanges N 1984

19 De PolignaC F 1995

20 De PolignaC F 1994 p 3-18

21 Torelli M 1977 p 45-61

22 Torelli M 1977 p 57 laquo La struttura

abitativa pagano-vicanica egrave strettamente connessa con tale dislocazione dei luoghi di culto nei quali

la motivazione prima dellrsquoinsediamento sacro

la sorgente e la situazione favorevole della rete viaria

origina anche una serie di momenti di carattere

collettivo la festa il teatro (come documentano gli esempi piugrave tardi e

monumentali) la fiera il mercato in ultima analisi tutte le manifestazioni di

natura sociale che nelle strutture urbane trovano

loro sede naturale allrsquointerno della cittagrave (hellip) Tutto questo

dimostra che tali luoghi di culto lungi dallrsquoessere

centri di occasionale pietas spontanea e popolare sono strettamente collegati con il funzionamento complessivo delle strutture economiche

sociali e politiche raquo Ver tambeacutem Guzzo PG

1987a p 475-526 Sobre o tema dos santuaacuterios de fronteira ver a discussatildeo

a respeito dos siacutetios extra-urbanos da Calaacutebria Guzzo

PG 1987b p 373-379 Asheri D 1988 p 1-5 Pugliese-Carratelli G

1988 p 149-158 Pugliese-Carratelli G 1990 p

137-142 GreCo G 1999 p 231-247 Ampolo C

1992 p 25-28

vida a introduccedilatildeo do conceito de ethnicity25 Para a definiccedilatildeo do termo e dessa perspectiva de anaacutelise seraacute conveniente usar o trabalho de S Jones26 que faz parte do arcabouccedilo teoacuterico anunciado no World Archaeological Congress (WAC)27 e que se focaliza nos componentes poliacuteticos de toda pesquisa que utiliza o conceito de ethnicity28

A principal criacutetica que podemos formular a esta aborda-gem29 eacute direcionada ao foco no aspecto eacutetnico como a principal chave de leitura30 que natildeo eacute necessariamente o mais apropria-do para comunidades cujas identidades ainda natildeo estatildeo intei-ramente conceitualizadas no momento dos primeiros contatos Natildeo eacute necessaacuterio aprofundar aqui que a definiccedilatildeo de certa iden-tidade grega natildeo se forma antes das guerras contra os persas e no que diz respeito aos gregos do Ocidente da batalha contra os cartagineses em Himera na Siciacutelia ambas datadas em 480 aC31 A proposta aqui eacute mudar o debate e tentar uma compre-ensatildeo dessas comunidades natildeo a partir de um aspecto eacutetnico mas sim a partir de suas dimensotildees poliacuteticas e sociais32

A histoacuteria contemporacircnea tambeacutem eacute em grande parte res-ponsaacutevel por uma mudanccedila de perspectiva no estudo de con-textos coloniais A descolonizaccedilatildeo e a queda dos regimes socia-listas influenciaram bastante a percepccedilatildeo da colonizaccedilatildeo antiga Nesse contexto houve certa emancipaccedilatildeo de certos tabus es-pecialmente aqueles relacionados ao colonialismo e agrave maacute cons-ciecircncia de diversos paiacuteses Essa nova maneira de se interpretar contextos coloniais eacute chamada poacutes-colonialismo Um congresso internacional organizado na Austraacutelia em 1990 pode ser consi-derado como um ponto de partida essencial para a introduccedilatildeo dessa nova perspectiva nos estudos de histoacuteria grega antiga33

Entretanto deve-se sublinhar em primeiro lugar a gran-de variedade de abordagens que podem ser agrupadas nes-se termo bastante vago de ldquopoacutes-colonialrdquo34 O termo veicula duas ideias diferentes De um ponto de vista estrito ele faz referecircncia a uma suposta nova era um periacuteodo posterior ao processo de descolonizaccedilatildeo35 Nesse sentido pode-se imaginar que ldquopoacutes-colonialrdquo se refere a uma nova forma de poliacuteticas coloniais e de imperialismo internacional que teria emergido depois da independecircncia da maioria das aacutereas coloniais Por outro lado o termo tambeacutem pode veicular um sentido ideoloacute-gico como o de ldquotomar o lugar de algordquo Aleacutem disso pode-se estabelecer uma oposiccedilatildeo entre colonial e poacutes-colonial atri-buindo ao uacuteltimo um sentido de tudo aquilo que eacute contraacuterio

23 Redfield R Linton R et al 1936 p 149-152

24 Gruzinski S e Rouveret A 1976 p 159-219

25 Dentre as diversas definiccedilotildees possiacuteveis (cf Meskell L 2001 p 189) S Jones parece ser quem mais insiste no caraacuteter dinacircmico da definiccedilatildeo da identidade Jones S 1997 Ver tambeacutem Hall JM 1997 Hall JM 2002 Malkin I 2001 MCInerney J 1999 Hansen MH 1996

26 laquo Ethnicity is a multidimensional phenomenon constituted in different ways in different social domains Representations of ethnicity involve the dialectical opposition of situationally relevant cultural practices and historical experiences associated with the different cultural traditions Consequently there is rarely a one-to-one relationship between representations of ethnicity and the entire range of cultural practices and social conditions associated with a particular group raquo Jones S 1997 p 100

27 Funari PPA Hall M et al 1999

24

a colonial Esta uacuteltima interpretaccedilatildeo se baseia principalmente nos diversos movimentos de resistecircncia colonial

Nesse sentido um caso especial a ser discutido consiste no conceito de hibridizaccedilatildeo (hybridization) bastante utilizado pela literatura poacutes-colonial L Amselle mostrou como seria impos-siacutevel tratar da miscigenaccedilatildeo sem cair na armadilha de um vo-cabulaacuterio racista nos discursos cientiacuteficos contemporacircneos dos impeacuterios coloniais do seacuteculo XIX36 Ao mesmo tempo em toda Ameacuterica latina hoje em dia estamos perante a uma desconstru-ccedilatildeo dos mitos da miscigenaccedilatildeo com muitos especialistas que enfatizam a matriz ideoloacutegica deste vocabulaacuterio desenvolvido pelas potecircncias coloniais A distinccedilatildeo entre uma cultura de con-tato (culture contact) e colonialismo eacute essencial para a arqueolo-gia norte-americana Recentemente S W Silliman sublinhou a tendecircncia geral de misturar esses dois conceitos que satildeo na ver-dade distintos37 Essa distinccedilatildeo se faz em oposiccedilatildeo agrave ortodoxia atual natildeo para negar o peso e a incidecircncia da colonizaccedilatildeo mas ao contraacuterio para redefinir o espectro epistemoloacutegico contra sua degradaccedilatildeo pela historiografia poacutes-colonial atual

Haacute certa coincidecircncia cronoloacutegica com o apogeu das te-orias poacutes-estruturalistas francesas e desde os anos 1980 com a abordagem da arqueologia poacutes-processual A partir desse pon-to de vista eacute interessante sublinhar que o sucesso dos estudos poacutes-coloniais em paiacuteses angloacutefonos (Estados Unidos Austraacutelia e Reino Unido) eacute contemporacircneo de um relativo desinteresse ou discriminaccedilatildeo na Europa continental e mais especifica-mente na Franccedila Em relaccedilatildeo ao mundo grego o principal tema de estudo se refere agrave ldquoidentidaderdquo grega38

O debate se concentrou em alguns poucos temas Na his-toriografia angloacutefona I Malkin continuou tentando definir a percepccedilatildeo grega deles mesmos e de sua pretendida ldquoidentida-derdquo A literatura recente tenta questionar mais profundamente a formaccedilatildeo e a evoluccedilatildeo de certa identidade grega39 Por um lado pode-se dizer que os gregos dos seacuteculos V e IV aC cristalizaram progressivamente a definiccedilatildeo de sua identidade por intermeacutedio de uma oposiccedilatildeo binaacuteria entre gregos e natildeo-gregos com a atri-buiccedilatildeo tardia de uma noccedilatildeo pejorativa ao termo ldquobaacuterbarordquo Por outro lado poreacutem os gregos em contexto colonial assim como durante a eacutepoca heleniacutestica entraram em contato direto com outras sociedades integrando uma definiccedilatildeo mais dinacircmica de sua proacutepria cultura considerando tambeacutem as possibilidades de transferecircncia cultural entre comunidades distintas40

28 O debate sobre a identidade eacutetnica se

desenvolveu desde a deacutecada de 1970 no sul da Itaacutelia ver o primeiro Congresso de Taranto que trata das

relaccedilotildees entre gregos e nativos (1961) Greci e

Italici in Magna Grecia 1961 Entretanto teorias

de etnicidade (ethnicity) (cf Barth F 1969) soacute foram aplicadas para o

estudo da histoacuteria antiga grega a partir do livro de

Hall JM 1997 seguido em 2002 pelo conceito de ldquohellenicityrdquo Hall

JM 2002 Ver tambeacutem Malkin I 2001 Confini

e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Hales

S e Hodos T 2010 Na Franccedila essa perspectiva eacute ainda bastante marginal

LuCe J-M 2007 Ruby P 2006 p 25-60 Muumlller

C e Prost F 2002

29 Essas criacuteticas foram formuladas a partir de

uma estreita colaboraccedilatildeo com Arianna Esposito

da Universidade da Borgonha Dijon Cf

Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013c (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013e (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013a (no prelo)

30 AntonaCCio CM 2010 p 32-53 bats m

2007 p 235-242

31 Ver em especial Pontrandolfo A e Rouveret A 1983

p 1051-1066

25

Se de um lado analisamos os gregos a partir de seus escritos por outro lado houve um interesse crescente pela ob-servaccedilatildeo dos elementos autoacutectones por intermeacutedio da arque-ologia em contextos coloniais Ateacute pouco tempo atraacutes esses nativos eram quase totalmente ausentes da literatura angloacute-fona mesmo se seu papel jaacute havia sido amplamente reconhe-cido pela historiografia nacionalista italiana podemos ressal-tar com objetivos obviamente diferentes as obras de E Pais seguido pelos estudiosos das comunidades antigas da Itaacutelia meridional enfim pelos arqueoacutelogos marxistas41 Em relaccedilatildeo agrave historiografia dos povos indiacutegenas no sul da Itaacutelia podemos identificar duas abordagens alternativas Primeiramente uma que podemos chamar de ldquodifusionistardquo que foi predominante entre as deacutecadas de 1970 e parte de 1980 Esta enfatizava o papel das influecircncias externas vindas do Mediterracircneo atraveacutes da colonizaccedilatildeo grega Foi o momento de apogeu de expressotildees tais como ldquopenetraccedilatildeo gregardquo ldquoeixos de penetraccedilatildeordquo fazendo sistematicamente uma oposiccedilatildeo entre o litoral e o interior entre gregos e nativos

A partir do final dos anos 1980 e mais intensamente nos uacuteltimos quinze anos uma segunda abordagem se desenvol-veu A maioria dos especialistas reconhece a importacircncia dos processos locais de longa duraccedilatildeo que comeccedilam desde a idade do Bronze e principalmente entre o final da idade do Bronze e o iniacutecio da idade do Ferro Duas regiotildees constituem as zonas privilegiadas dessas anaacutelises a planiacutecie de Siacutebaris e a peniacutensula de Salento (atual Puglia)42

Nesse contexto parece certo que tendo em considera-ccedilatildeo algumas precauccedilotildees metodoloacutegicas pode-se tratar o que os gregos chamavam de apoikiai como sendo um contexto de colonizaccedilatildeo M Finley e E Lepore jaacute haviam proposto uma seacuterie de ideias e de criteacuterios para a interpretaccedilatildeo da co-lonizaccedilatildeo grega43 Por outro lado certa literatura angloacutefona insiste no anacronismo e na ambiguidade na utilizaccedilatildeo desse vocabulaacuterio colonial44 O problema se refere agrave ideia segunda a qual o deslocamento de grandes contingentes de populaccedilotildees gregas na eacutepoca arcaica seria feito de modo organizado pelas metroacutepoles Aqui a questatildeo cronoloacutegica eacute essencial Natildeo te-mos condiccedilotildees de determinar de modo certo a cronologia da emergecircncia da cidade-Estado grega como fenocircmeno poliacutetico como uma forma peculiar de organizaccedilatildeo de uma comunida-de As pesquisas arqueoloacutegicas mais recentes tendem a mostrar

32 Boissinot P 2005 p 13-43 MerCuri L 2010 p 695-700

33 DesCoeudres J-P 1990

34 Atualmente o uso desse termo eacute principalmente associado agraves perspectivas de autores como Edward Said Homi KBhabha Gayatri Spivak ou mais recentemente por Stuart Hall Paul Gilroy Arjun Appadurai e James Clifford

35 Loomba A 2005

36 Amselle J-L 2002 p 239-333 (p 330) ldquoil serait impossible de parler de meacutetissage sans tomber dans le piegravege du vocabulaire racialisant et raciste des discours scientifiques contemporains des Empires coloniaux du XIXe siegraveclerdquo Ver tambeacutem nossa proacutepria discussatildeo a respeito da miscigenaccedilatildeo Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

37 Silliman SW 2005 p 55-74

38 Hall J 2012 p 19-34

39 Hall J 2007 p 337-354 40 Cf Lomas K 2004 p 475-498 p 476

41 Ver comentaacuterios em Esposito A e Leo G 2006 p 621-642 Sobre a literatura angloacutefona ver Whitehouse R e Wilkins J 1989 p 102-137 este volume foi publicado como resultado do congresso do primeiro World Archaeological Congress (WAC-1) de Southampton em 1986

26

reagrupamentos de edifiacutecios independentes uns dos outros jaacute em uma eacutepoca bastante antiga desde o seacuteculo IX aC O exemplo mais importante se encontra em Zagora na ilha de Andros nas Ciacutecladas45 Os vestiacutegios arqueoloacutegicos obviamen-te natildeo permitem atribuir qualquer caraacuteter preciso da organi-zaccedilatildeo poliacutetica das populaccedilotildees que ocupavam aqueles locais e assim o campo fica aberto para muitas interpretaccedilotildees Alguns especialistas veem nesses vestiacutegios um estado embrionaacuterio da organizaccedilatildeo de comunidades independentes e autocircnomas ou seja a cidade-Estado polis em grego Esses pesquisadores que atribuem um caraacuteter organizado e desenvolvido para as comunidades gregas desde as eacutepocas mais remotas natildeo tecircm dificuldades para imaginar que essas mesmas comunidades se-riam capazes de organizar uma expediccedilatildeo colonial aleacutem-mar Outros poreacutem questionam a capacidade dessas comunidades a organizar uma empresa tatildeo complexa quanto o envio de um contingente importante de pessoas R Osborne interpreta as primeiras mobilidades dos gregos no Mediterracircneo no seacuteculo VIII aC como sendo o resultado de escolhas individuais e natildeo de decisotildees tomadas pelas comunidades poliacuteticas na metroacutepole Em resposta agraves afirmaccedilotildees de R Osborne podemos argumentar que o envio de um grupo de pessoas devia contribuir a definir na metroacutepole aqueles que tinham e aqueles que natildeo tinham direito agrave cidadania o que equivale ao sentido original da cidade-Estado uma comunidade de cidadatildeos Um exemplo preciso deve bastar para sustentar essa ideia a lenda de fundaccedilatildeo de Taranto segun-do Estrabatildeo (VI 3 2) Segundo o relato os esparciatas depois de longos anos de conflitos militares para conquistar a regiatildeo vizinha da Messecircnia no Peloponeso retornam a Esparta e ex-pulsam os filhos ditos ilegiacutetimos filhos originados nas relaccedilotildees entre mulheres esparciatas e homens que natildeo tinham o estatuto de cidadatildeos Na medida em que esses indiviacuteduos satildeo filhos de esparciatas uma soluccedilatildeo consiste no envio de uma expediccedilatildeo para fundar uma nova cidade-Estado ou seja uma nova co-munidade onde esses homens considerados ilegiacutetimos na me-troacutepole podem adquirir o estatuto de cidadatildeos Eacute justamente o envio da expediccedilatildeo que em um movimento dialeacutetico define os criteacuterios da cidadania tanto na metroacutepole quanto na colocircnia criando assim as bases da polis grega em ambos os contextos metropolitano e colonial

Obviamente as fontes escritas gregas estatildeo condiciona-das por seu caraacuteter tanto fragmentaacuterio quanto tardio o que

42 Ver os trabalhos de R Peroni e seus alunos Cf

Peroni R 1989

43 Finley MI 1976 p 167-188 Lepore E

2000a p 29-87 Ver tambeacutem o prefaacutecio e a

introduccedilatildeo ao volume por E Greco e M Lombardo

44 Ver em especial Osborne R 1998 p 251-269 Yntema DG 2000

p 1-49 e um nuacutemero especial da revista Ancient West and East dedicado a

esse debate em particular GreCo E 2011 p 233-242 Domiacutenguez AJ

2011 p 195-207

45 Ver comentaacuterio em Hellmann M-C 2010

p 183-186

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

22

Tratando-se de santuaacuterios estabelecidos no meio rural pode-se apreender as relaccedilotildees entre a organizaccedilatildeo do territoacuterio e os limites de uma cidade-Estado grega Desde G Vallet17 ou ateacute mesmo desde a insistecircncia de N Fustel de Coulanges18 nas implicaccedilotildees da esfera sacra para as sociedades antigas es-tes santuaacuterios fora do centro urbano adquiriram uma grande relevacircncia para o estudo de uma cidade-Estado grega Seguin-do uma perspectiva inspirada pelas teorias de J P Vernant e P Vidal-Naquet o trabalho de F de Polignac19 representa a mais importante contribuiccedilatildeo relativamente recente para o estudo desses santuaacuterios rurais Esses siacutetios tambeacutem funciona-vam como centros para as trocas comerciais e culturais20 faci-litando os contatos entre gregos e nativos21 ao mesmo tempo em que transferiam produtos gregos de prestiacutegio para as elites locais Locais de culto podem assim ser interpretados como sendo um testemunho material de um processo de reciproci-dade nos contatos entre colonos e nativos22

poacutes-Colonial

Este tema da reciprocidade dos contatos entre colonos e nati-vos eacute a questatildeo principal da maioria dos estudos poacutes-coloniais A propoacutesito desses contatos o primeiro e mais importante avanccedilo foi a introduccedilatildeo do conceito de aculturaccedilatildeo23 A trans-posiccedilatildeo desse conceito para o estudo da colonizaccedilatildeo grega na Itaacutelia meridional natildeo eacute uma novidade S Gruzinski e A Rou-veret foram os pioneiros e seraacute suficiente referir-se agravequele es-tudo mesmo se muito foi feito desde entatildeo24 De acordo com a definiccedilatildeo original da aculturaccedilatildeo e com as possibilidades de sua aplicaccedilatildeo no contexto colonial grego do sul da Itaacutelia este fenocircmeno envolve o contato entre duas culturas uma delas sendo considerada como dominante sobre a outra A cultura dominada atraveacutes de contatos entre sociedades de forccedila de-sigual adota aspectos culturais da outra haacute a possibilidade de mudanccedila expressiva de assimilaccedilatildeo e de disseminaccedilatildeo de elementos culturais de uma sociedade dominante em direccedilatildeo agrave outra dominada Natildeo se pode deixar de notar a presenccedila de diversos fenocircmenos de resistecircncia ou de recusa

Na segunda metade da deacutecada de 1990 a mais impor-tante nova abordagem para as interpretaccedilotildees de dados arqueo-loacutegicos em contexto de interaccedilatildeo cultural eacute sem nenhuma duacute-

17 Vallet G 1967 p 67-142

18 Fustel de Coulanges N 1984

19 De PolignaC F 1995

20 De PolignaC F 1994 p 3-18

21 Torelli M 1977 p 45-61

22 Torelli M 1977 p 57 laquo La struttura

abitativa pagano-vicanica egrave strettamente connessa con tale dislocazione dei luoghi di culto nei quali

la motivazione prima dellrsquoinsediamento sacro

la sorgente e la situazione favorevole della rete viaria

origina anche una serie di momenti di carattere

collettivo la festa il teatro (come documentano gli esempi piugrave tardi e

monumentali) la fiera il mercato in ultima analisi tutte le manifestazioni di

natura sociale che nelle strutture urbane trovano

loro sede naturale allrsquointerno della cittagrave (hellip) Tutto questo

dimostra che tali luoghi di culto lungi dallrsquoessere

centri di occasionale pietas spontanea e popolare sono strettamente collegati con il funzionamento complessivo delle strutture economiche

sociali e politiche raquo Ver tambeacutem Guzzo PG

1987a p 475-526 Sobre o tema dos santuaacuterios de fronteira ver a discussatildeo

a respeito dos siacutetios extra-urbanos da Calaacutebria Guzzo

PG 1987b p 373-379 Asheri D 1988 p 1-5 Pugliese-Carratelli G

1988 p 149-158 Pugliese-Carratelli G 1990 p

137-142 GreCo G 1999 p 231-247 Ampolo C

1992 p 25-28

vida a introduccedilatildeo do conceito de ethnicity25 Para a definiccedilatildeo do termo e dessa perspectiva de anaacutelise seraacute conveniente usar o trabalho de S Jones26 que faz parte do arcabouccedilo teoacuterico anunciado no World Archaeological Congress (WAC)27 e que se focaliza nos componentes poliacuteticos de toda pesquisa que utiliza o conceito de ethnicity28

A principal criacutetica que podemos formular a esta aborda-gem29 eacute direcionada ao foco no aspecto eacutetnico como a principal chave de leitura30 que natildeo eacute necessariamente o mais apropria-do para comunidades cujas identidades ainda natildeo estatildeo intei-ramente conceitualizadas no momento dos primeiros contatos Natildeo eacute necessaacuterio aprofundar aqui que a definiccedilatildeo de certa iden-tidade grega natildeo se forma antes das guerras contra os persas e no que diz respeito aos gregos do Ocidente da batalha contra os cartagineses em Himera na Siciacutelia ambas datadas em 480 aC31 A proposta aqui eacute mudar o debate e tentar uma compre-ensatildeo dessas comunidades natildeo a partir de um aspecto eacutetnico mas sim a partir de suas dimensotildees poliacuteticas e sociais32

A histoacuteria contemporacircnea tambeacutem eacute em grande parte res-ponsaacutevel por uma mudanccedila de perspectiva no estudo de con-textos coloniais A descolonizaccedilatildeo e a queda dos regimes socia-listas influenciaram bastante a percepccedilatildeo da colonizaccedilatildeo antiga Nesse contexto houve certa emancipaccedilatildeo de certos tabus es-pecialmente aqueles relacionados ao colonialismo e agrave maacute cons-ciecircncia de diversos paiacuteses Essa nova maneira de se interpretar contextos coloniais eacute chamada poacutes-colonialismo Um congresso internacional organizado na Austraacutelia em 1990 pode ser consi-derado como um ponto de partida essencial para a introduccedilatildeo dessa nova perspectiva nos estudos de histoacuteria grega antiga33

Entretanto deve-se sublinhar em primeiro lugar a gran-de variedade de abordagens que podem ser agrupadas nes-se termo bastante vago de ldquopoacutes-colonialrdquo34 O termo veicula duas ideias diferentes De um ponto de vista estrito ele faz referecircncia a uma suposta nova era um periacuteodo posterior ao processo de descolonizaccedilatildeo35 Nesse sentido pode-se imaginar que ldquopoacutes-colonialrdquo se refere a uma nova forma de poliacuteticas coloniais e de imperialismo internacional que teria emergido depois da independecircncia da maioria das aacutereas coloniais Por outro lado o termo tambeacutem pode veicular um sentido ideoloacute-gico como o de ldquotomar o lugar de algordquo Aleacutem disso pode-se estabelecer uma oposiccedilatildeo entre colonial e poacutes-colonial atri-buindo ao uacuteltimo um sentido de tudo aquilo que eacute contraacuterio

23 Redfield R Linton R et al 1936 p 149-152

24 Gruzinski S e Rouveret A 1976 p 159-219

25 Dentre as diversas definiccedilotildees possiacuteveis (cf Meskell L 2001 p 189) S Jones parece ser quem mais insiste no caraacuteter dinacircmico da definiccedilatildeo da identidade Jones S 1997 Ver tambeacutem Hall JM 1997 Hall JM 2002 Malkin I 2001 MCInerney J 1999 Hansen MH 1996

26 laquo Ethnicity is a multidimensional phenomenon constituted in different ways in different social domains Representations of ethnicity involve the dialectical opposition of situationally relevant cultural practices and historical experiences associated with the different cultural traditions Consequently there is rarely a one-to-one relationship between representations of ethnicity and the entire range of cultural practices and social conditions associated with a particular group raquo Jones S 1997 p 100

27 Funari PPA Hall M et al 1999

24

a colonial Esta uacuteltima interpretaccedilatildeo se baseia principalmente nos diversos movimentos de resistecircncia colonial

Nesse sentido um caso especial a ser discutido consiste no conceito de hibridizaccedilatildeo (hybridization) bastante utilizado pela literatura poacutes-colonial L Amselle mostrou como seria impos-siacutevel tratar da miscigenaccedilatildeo sem cair na armadilha de um vo-cabulaacuterio racista nos discursos cientiacuteficos contemporacircneos dos impeacuterios coloniais do seacuteculo XIX36 Ao mesmo tempo em toda Ameacuterica latina hoje em dia estamos perante a uma desconstru-ccedilatildeo dos mitos da miscigenaccedilatildeo com muitos especialistas que enfatizam a matriz ideoloacutegica deste vocabulaacuterio desenvolvido pelas potecircncias coloniais A distinccedilatildeo entre uma cultura de con-tato (culture contact) e colonialismo eacute essencial para a arqueolo-gia norte-americana Recentemente S W Silliman sublinhou a tendecircncia geral de misturar esses dois conceitos que satildeo na ver-dade distintos37 Essa distinccedilatildeo se faz em oposiccedilatildeo agrave ortodoxia atual natildeo para negar o peso e a incidecircncia da colonizaccedilatildeo mas ao contraacuterio para redefinir o espectro epistemoloacutegico contra sua degradaccedilatildeo pela historiografia poacutes-colonial atual

Haacute certa coincidecircncia cronoloacutegica com o apogeu das te-orias poacutes-estruturalistas francesas e desde os anos 1980 com a abordagem da arqueologia poacutes-processual A partir desse pon-to de vista eacute interessante sublinhar que o sucesso dos estudos poacutes-coloniais em paiacuteses angloacutefonos (Estados Unidos Austraacutelia e Reino Unido) eacute contemporacircneo de um relativo desinteresse ou discriminaccedilatildeo na Europa continental e mais especifica-mente na Franccedila Em relaccedilatildeo ao mundo grego o principal tema de estudo se refere agrave ldquoidentidaderdquo grega38

O debate se concentrou em alguns poucos temas Na his-toriografia angloacutefona I Malkin continuou tentando definir a percepccedilatildeo grega deles mesmos e de sua pretendida ldquoidentida-derdquo A literatura recente tenta questionar mais profundamente a formaccedilatildeo e a evoluccedilatildeo de certa identidade grega39 Por um lado pode-se dizer que os gregos dos seacuteculos V e IV aC cristalizaram progressivamente a definiccedilatildeo de sua identidade por intermeacutedio de uma oposiccedilatildeo binaacuteria entre gregos e natildeo-gregos com a atri-buiccedilatildeo tardia de uma noccedilatildeo pejorativa ao termo ldquobaacuterbarordquo Por outro lado poreacutem os gregos em contexto colonial assim como durante a eacutepoca heleniacutestica entraram em contato direto com outras sociedades integrando uma definiccedilatildeo mais dinacircmica de sua proacutepria cultura considerando tambeacutem as possibilidades de transferecircncia cultural entre comunidades distintas40

28 O debate sobre a identidade eacutetnica se

desenvolveu desde a deacutecada de 1970 no sul da Itaacutelia ver o primeiro Congresso de Taranto que trata das

relaccedilotildees entre gregos e nativos (1961) Greci e

Italici in Magna Grecia 1961 Entretanto teorias

de etnicidade (ethnicity) (cf Barth F 1969) soacute foram aplicadas para o

estudo da histoacuteria antiga grega a partir do livro de

Hall JM 1997 seguido em 2002 pelo conceito de ldquohellenicityrdquo Hall

JM 2002 Ver tambeacutem Malkin I 2001 Confini

e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Hales

S e Hodos T 2010 Na Franccedila essa perspectiva eacute ainda bastante marginal

LuCe J-M 2007 Ruby P 2006 p 25-60 Muumlller

C e Prost F 2002

29 Essas criacuteticas foram formuladas a partir de

uma estreita colaboraccedilatildeo com Arianna Esposito

da Universidade da Borgonha Dijon Cf

Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013c (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013e (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013a (no prelo)

30 AntonaCCio CM 2010 p 32-53 bats m

2007 p 235-242

31 Ver em especial Pontrandolfo A e Rouveret A 1983

p 1051-1066

25

Se de um lado analisamos os gregos a partir de seus escritos por outro lado houve um interesse crescente pela ob-servaccedilatildeo dos elementos autoacutectones por intermeacutedio da arque-ologia em contextos coloniais Ateacute pouco tempo atraacutes esses nativos eram quase totalmente ausentes da literatura angloacute-fona mesmo se seu papel jaacute havia sido amplamente reconhe-cido pela historiografia nacionalista italiana podemos ressal-tar com objetivos obviamente diferentes as obras de E Pais seguido pelos estudiosos das comunidades antigas da Itaacutelia meridional enfim pelos arqueoacutelogos marxistas41 Em relaccedilatildeo agrave historiografia dos povos indiacutegenas no sul da Itaacutelia podemos identificar duas abordagens alternativas Primeiramente uma que podemos chamar de ldquodifusionistardquo que foi predominante entre as deacutecadas de 1970 e parte de 1980 Esta enfatizava o papel das influecircncias externas vindas do Mediterracircneo atraveacutes da colonizaccedilatildeo grega Foi o momento de apogeu de expressotildees tais como ldquopenetraccedilatildeo gregardquo ldquoeixos de penetraccedilatildeordquo fazendo sistematicamente uma oposiccedilatildeo entre o litoral e o interior entre gregos e nativos

A partir do final dos anos 1980 e mais intensamente nos uacuteltimos quinze anos uma segunda abordagem se desenvol-veu A maioria dos especialistas reconhece a importacircncia dos processos locais de longa duraccedilatildeo que comeccedilam desde a idade do Bronze e principalmente entre o final da idade do Bronze e o iniacutecio da idade do Ferro Duas regiotildees constituem as zonas privilegiadas dessas anaacutelises a planiacutecie de Siacutebaris e a peniacutensula de Salento (atual Puglia)42

Nesse contexto parece certo que tendo em considera-ccedilatildeo algumas precauccedilotildees metodoloacutegicas pode-se tratar o que os gregos chamavam de apoikiai como sendo um contexto de colonizaccedilatildeo M Finley e E Lepore jaacute haviam proposto uma seacuterie de ideias e de criteacuterios para a interpretaccedilatildeo da co-lonizaccedilatildeo grega43 Por outro lado certa literatura angloacutefona insiste no anacronismo e na ambiguidade na utilizaccedilatildeo desse vocabulaacuterio colonial44 O problema se refere agrave ideia segunda a qual o deslocamento de grandes contingentes de populaccedilotildees gregas na eacutepoca arcaica seria feito de modo organizado pelas metroacutepoles Aqui a questatildeo cronoloacutegica eacute essencial Natildeo te-mos condiccedilotildees de determinar de modo certo a cronologia da emergecircncia da cidade-Estado grega como fenocircmeno poliacutetico como uma forma peculiar de organizaccedilatildeo de uma comunida-de As pesquisas arqueoloacutegicas mais recentes tendem a mostrar

32 Boissinot P 2005 p 13-43 MerCuri L 2010 p 695-700

33 DesCoeudres J-P 1990

34 Atualmente o uso desse termo eacute principalmente associado agraves perspectivas de autores como Edward Said Homi KBhabha Gayatri Spivak ou mais recentemente por Stuart Hall Paul Gilroy Arjun Appadurai e James Clifford

35 Loomba A 2005

36 Amselle J-L 2002 p 239-333 (p 330) ldquoil serait impossible de parler de meacutetissage sans tomber dans le piegravege du vocabulaire racialisant et raciste des discours scientifiques contemporains des Empires coloniaux du XIXe siegraveclerdquo Ver tambeacutem nossa proacutepria discussatildeo a respeito da miscigenaccedilatildeo Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

37 Silliman SW 2005 p 55-74

38 Hall J 2012 p 19-34

39 Hall J 2007 p 337-354 40 Cf Lomas K 2004 p 475-498 p 476

41 Ver comentaacuterios em Esposito A e Leo G 2006 p 621-642 Sobre a literatura angloacutefona ver Whitehouse R e Wilkins J 1989 p 102-137 este volume foi publicado como resultado do congresso do primeiro World Archaeological Congress (WAC-1) de Southampton em 1986

26

reagrupamentos de edifiacutecios independentes uns dos outros jaacute em uma eacutepoca bastante antiga desde o seacuteculo IX aC O exemplo mais importante se encontra em Zagora na ilha de Andros nas Ciacutecladas45 Os vestiacutegios arqueoloacutegicos obviamen-te natildeo permitem atribuir qualquer caraacuteter preciso da organi-zaccedilatildeo poliacutetica das populaccedilotildees que ocupavam aqueles locais e assim o campo fica aberto para muitas interpretaccedilotildees Alguns especialistas veem nesses vestiacutegios um estado embrionaacuterio da organizaccedilatildeo de comunidades independentes e autocircnomas ou seja a cidade-Estado polis em grego Esses pesquisadores que atribuem um caraacuteter organizado e desenvolvido para as comunidades gregas desde as eacutepocas mais remotas natildeo tecircm dificuldades para imaginar que essas mesmas comunidades se-riam capazes de organizar uma expediccedilatildeo colonial aleacutem-mar Outros poreacutem questionam a capacidade dessas comunidades a organizar uma empresa tatildeo complexa quanto o envio de um contingente importante de pessoas R Osborne interpreta as primeiras mobilidades dos gregos no Mediterracircneo no seacuteculo VIII aC como sendo o resultado de escolhas individuais e natildeo de decisotildees tomadas pelas comunidades poliacuteticas na metroacutepole Em resposta agraves afirmaccedilotildees de R Osborne podemos argumentar que o envio de um grupo de pessoas devia contribuir a definir na metroacutepole aqueles que tinham e aqueles que natildeo tinham direito agrave cidadania o que equivale ao sentido original da cidade-Estado uma comunidade de cidadatildeos Um exemplo preciso deve bastar para sustentar essa ideia a lenda de fundaccedilatildeo de Taranto segun-do Estrabatildeo (VI 3 2) Segundo o relato os esparciatas depois de longos anos de conflitos militares para conquistar a regiatildeo vizinha da Messecircnia no Peloponeso retornam a Esparta e ex-pulsam os filhos ditos ilegiacutetimos filhos originados nas relaccedilotildees entre mulheres esparciatas e homens que natildeo tinham o estatuto de cidadatildeos Na medida em que esses indiviacuteduos satildeo filhos de esparciatas uma soluccedilatildeo consiste no envio de uma expediccedilatildeo para fundar uma nova cidade-Estado ou seja uma nova co-munidade onde esses homens considerados ilegiacutetimos na me-troacutepole podem adquirir o estatuto de cidadatildeos Eacute justamente o envio da expediccedilatildeo que em um movimento dialeacutetico define os criteacuterios da cidadania tanto na metroacutepole quanto na colocircnia criando assim as bases da polis grega em ambos os contextos metropolitano e colonial

Obviamente as fontes escritas gregas estatildeo condiciona-das por seu caraacuteter tanto fragmentaacuterio quanto tardio o que

42 Ver os trabalhos de R Peroni e seus alunos Cf

Peroni R 1989

43 Finley MI 1976 p 167-188 Lepore E

2000a p 29-87 Ver tambeacutem o prefaacutecio e a

introduccedilatildeo ao volume por E Greco e M Lombardo

44 Ver em especial Osborne R 1998 p 251-269 Yntema DG 2000

p 1-49 e um nuacutemero especial da revista Ancient West and East dedicado a

esse debate em particular GreCo E 2011 p 233-242 Domiacutenguez AJ

2011 p 195-207

45 Ver comentaacuterio em Hellmann M-C 2010

p 183-186

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

vida a introduccedilatildeo do conceito de ethnicity25 Para a definiccedilatildeo do termo e dessa perspectiva de anaacutelise seraacute conveniente usar o trabalho de S Jones26 que faz parte do arcabouccedilo teoacuterico anunciado no World Archaeological Congress (WAC)27 e que se focaliza nos componentes poliacuteticos de toda pesquisa que utiliza o conceito de ethnicity28

A principal criacutetica que podemos formular a esta aborda-gem29 eacute direcionada ao foco no aspecto eacutetnico como a principal chave de leitura30 que natildeo eacute necessariamente o mais apropria-do para comunidades cujas identidades ainda natildeo estatildeo intei-ramente conceitualizadas no momento dos primeiros contatos Natildeo eacute necessaacuterio aprofundar aqui que a definiccedilatildeo de certa iden-tidade grega natildeo se forma antes das guerras contra os persas e no que diz respeito aos gregos do Ocidente da batalha contra os cartagineses em Himera na Siciacutelia ambas datadas em 480 aC31 A proposta aqui eacute mudar o debate e tentar uma compre-ensatildeo dessas comunidades natildeo a partir de um aspecto eacutetnico mas sim a partir de suas dimensotildees poliacuteticas e sociais32

A histoacuteria contemporacircnea tambeacutem eacute em grande parte res-ponsaacutevel por uma mudanccedila de perspectiva no estudo de con-textos coloniais A descolonizaccedilatildeo e a queda dos regimes socia-listas influenciaram bastante a percepccedilatildeo da colonizaccedilatildeo antiga Nesse contexto houve certa emancipaccedilatildeo de certos tabus es-pecialmente aqueles relacionados ao colonialismo e agrave maacute cons-ciecircncia de diversos paiacuteses Essa nova maneira de se interpretar contextos coloniais eacute chamada poacutes-colonialismo Um congresso internacional organizado na Austraacutelia em 1990 pode ser consi-derado como um ponto de partida essencial para a introduccedilatildeo dessa nova perspectiva nos estudos de histoacuteria grega antiga33

Entretanto deve-se sublinhar em primeiro lugar a gran-de variedade de abordagens que podem ser agrupadas nes-se termo bastante vago de ldquopoacutes-colonialrdquo34 O termo veicula duas ideias diferentes De um ponto de vista estrito ele faz referecircncia a uma suposta nova era um periacuteodo posterior ao processo de descolonizaccedilatildeo35 Nesse sentido pode-se imaginar que ldquopoacutes-colonialrdquo se refere a uma nova forma de poliacuteticas coloniais e de imperialismo internacional que teria emergido depois da independecircncia da maioria das aacutereas coloniais Por outro lado o termo tambeacutem pode veicular um sentido ideoloacute-gico como o de ldquotomar o lugar de algordquo Aleacutem disso pode-se estabelecer uma oposiccedilatildeo entre colonial e poacutes-colonial atri-buindo ao uacuteltimo um sentido de tudo aquilo que eacute contraacuterio

23 Redfield R Linton R et al 1936 p 149-152

24 Gruzinski S e Rouveret A 1976 p 159-219

25 Dentre as diversas definiccedilotildees possiacuteveis (cf Meskell L 2001 p 189) S Jones parece ser quem mais insiste no caraacuteter dinacircmico da definiccedilatildeo da identidade Jones S 1997 Ver tambeacutem Hall JM 1997 Hall JM 2002 Malkin I 2001 MCInerney J 1999 Hansen MH 1996

26 laquo Ethnicity is a multidimensional phenomenon constituted in different ways in different social domains Representations of ethnicity involve the dialectical opposition of situationally relevant cultural practices and historical experiences associated with the different cultural traditions Consequently there is rarely a one-to-one relationship between representations of ethnicity and the entire range of cultural practices and social conditions associated with a particular group raquo Jones S 1997 p 100

27 Funari PPA Hall M et al 1999

24

a colonial Esta uacuteltima interpretaccedilatildeo se baseia principalmente nos diversos movimentos de resistecircncia colonial

Nesse sentido um caso especial a ser discutido consiste no conceito de hibridizaccedilatildeo (hybridization) bastante utilizado pela literatura poacutes-colonial L Amselle mostrou como seria impos-siacutevel tratar da miscigenaccedilatildeo sem cair na armadilha de um vo-cabulaacuterio racista nos discursos cientiacuteficos contemporacircneos dos impeacuterios coloniais do seacuteculo XIX36 Ao mesmo tempo em toda Ameacuterica latina hoje em dia estamos perante a uma desconstru-ccedilatildeo dos mitos da miscigenaccedilatildeo com muitos especialistas que enfatizam a matriz ideoloacutegica deste vocabulaacuterio desenvolvido pelas potecircncias coloniais A distinccedilatildeo entre uma cultura de con-tato (culture contact) e colonialismo eacute essencial para a arqueolo-gia norte-americana Recentemente S W Silliman sublinhou a tendecircncia geral de misturar esses dois conceitos que satildeo na ver-dade distintos37 Essa distinccedilatildeo se faz em oposiccedilatildeo agrave ortodoxia atual natildeo para negar o peso e a incidecircncia da colonizaccedilatildeo mas ao contraacuterio para redefinir o espectro epistemoloacutegico contra sua degradaccedilatildeo pela historiografia poacutes-colonial atual

Haacute certa coincidecircncia cronoloacutegica com o apogeu das te-orias poacutes-estruturalistas francesas e desde os anos 1980 com a abordagem da arqueologia poacutes-processual A partir desse pon-to de vista eacute interessante sublinhar que o sucesso dos estudos poacutes-coloniais em paiacuteses angloacutefonos (Estados Unidos Austraacutelia e Reino Unido) eacute contemporacircneo de um relativo desinteresse ou discriminaccedilatildeo na Europa continental e mais especifica-mente na Franccedila Em relaccedilatildeo ao mundo grego o principal tema de estudo se refere agrave ldquoidentidaderdquo grega38

O debate se concentrou em alguns poucos temas Na his-toriografia angloacutefona I Malkin continuou tentando definir a percepccedilatildeo grega deles mesmos e de sua pretendida ldquoidentida-derdquo A literatura recente tenta questionar mais profundamente a formaccedilatildeo e a evoluccedilatildeo de certa identidade grega39 Por um lado pode-se dizer que os gregos dos seacuteculos V e IV aC cristalizaram progressivamente a definiccedilatildeo de sua identidade por intermeacutedio de uma oposiccedilatildeo binaacuteria entre gregos e natildeo-gregos com a atri-buiccedilatildeo tardia de uma noccedilatildeo pejorativa ao termo ldquobaacuterbarordquo Por outro lado poreacutem os gregos em contexto colonial assim como durante a eacutepoca heleniacutestica entraram em contato direto com outras sociedades integrando uma definiccedilatildeo mais dinacircmica de sua proacutepria cultura considerando tambeacutem as possibilidades de transferecircncia cultural entre comunidades distintas40

28 O debate sobre a identidade eacutetnica se

desenvolveu desde a deacutecada de 1970 no sul da Itaacutelia ver o primeiro Congresso de Taranto que trata das

relaccedilotildees entre gregos e nativos (1961) Greci e

Italici in Magna Grecia 1961 Entretanto teorias

de etnicidade (ethnicity) (cf Barth F 1969) soacute foram aplicadas para o

estudo da histoacuteria antiga grega a partir do livro de

Hall JM 1997 seguido em 2002 pelo conceito de ldquohellenicityrdquo Hall

JM 2002 Ver tambeacutem Malkin I 2001 Confini

e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Hales

S e Hodos T 2010 Na Franccedila essa perspectiva eacute ainda bastante marginal

LuCe J-M 2007 Ruby P 2006 p 25-60 Muumlller

C e Prost F 2002

29 Essas criacuteticas foram formuladas a partir de

uma estreita colaboraccedilatildeo com Arianna Esposito

da Universidade da Borgonha Dijon Cf

Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013c (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013e (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013a (no prelo)

30 AntonaCCio CM 2010 p 32-53 bats m

2007 p 235-242

31 Ver em especial Pontrandolfo A e Rouveret A 1983

p 1051-1066

25

Se de um lado analisamos os gregos a partir de seus escritos por outro lado houve um interesse crescente pela ob-servaccedilatildeo dos elementos autoacutectones por intermeacutedio da arque-ologia em contextos coloniais Ateacute pouco tempo atraacutes esses nativos eram quase totalmente ausentes da literatura angloacute-fona mesmo se seu papel jaacute havia sido amplamente reconhe-cido pela historiografia nacionalista italiana podemos ressal-tar com objetivos obviamente diferentes as obras de E Pais seguido pelos estudiosos das comunidades antigas da Itaacutelia meridional enfim pelos arqueoacutelogos marxistas41 Em relaccedilatildeo agrave historiografia dos povos indiacutegenas no sul da Itaacutelia podemos identificar duas abordagens alternativas Primeiramente uma que podemos chamar de ldquodifusionistardquo que foi predominante entre as deacutecadas de 1970 e parte de 1980 Esta enfatizava o papel das influecircncias externas vindas do Mediterracircneo atraveacutes da colonizaccedilatildeo grega Foi o momento de apogeu de expressotildees tais como ldquopenetraccedilatildeo gregardquo ldquoeixos de penetraccedilatildeordquo fazendo sistematicamente uma oposiccedilatildeo entre o litoral e o interior entre gregos e nativos

A partir do final dos anos 1980 e mais intensamente nos uacuteltimos quinze anos uma segunda abordagem se desenvol-veu A maioria dos especialistas reconhece a importacircncia dos processos locais de longa duraccedilatildeo que comeccedilam desde a idade do Bronze e principalmente entre o final da idade do Bronze e o iniacutecio da idade do Ferro Duas regiotildees constituem as zonas privilegiadas dessas anaacutelises a planiacutecie de Siacutebaris e a peniacutensula de Salento (atual Puglia)42

Nesse contexto parece certo que tendo em considera-ccedilatildeo algumas precauccedilotildees metodoloacutegicas pode-se tratar o que os gregos chamavam de apoikiai como sendo um contexto de colonizaccedilatildeo M Finley e E Lepore jaacute haviam proposto uma seacuterie de ideias e de criteacuterios para a interpretaccedilatildeo da co-lonizaccedilatildeo grega43 Por outro lado certa literatura angloacutefona insiste no anacronismo e na ambiguidade na utilizaccedilatildeo desse vocabulaacuterio colonial44 O problema se refere agrave ideia segunda a qual o deslocamento de grandes contingentes de populaccedilotildees gregas na eacutepoca arcaica seria feito de modo organizado pelas metroacutepoles Aqui a questatildeo cronoloacutegica eacute essencial Natildeo te-mos condiccedilotildees de determinar de modo certo a cronologia da emergecircncia da cidade-Estado grega como fenocircmeno poliacutetico como uma forma peculiar de organizaccedilatildeo de uma comunida-de As pesquisas arqueoloacutegicas mais recentes tendem a mostrar

32 Boissinot P 2005 p 13-43 MerCuri L 2010 p 695-700

33 DesCoeudres J-P 1990

34 Atualmente o uso desse termo eacute principalmente associado agraves perspectivas de autores como Edward Said Homi KBhabha Gayatri Spivak ou mais recentemente por Stuart Hall Paul Gilroy Arjun Appadurai e James Clifford

35 Loomba A 2005

36 Amselle J-L 2002 p 239-333 (p 330) ldquoil serait impossible de parler de meacutetissage sans tomber dans le piegravege du vocabulaire racialisant et raciste des discours scientifiques contemporains des Empires coloniaux du XIXe siegraveclerdquo Ver tambeacutem nossa proacutepria discussatildeo a respeito da miscigenaccedilatildeo Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

37 Silliman SW 2005 p 55-74

38 Hall J 2012 p 19-34

39 Hall J 2007 p 337-354 40 Cf Lomas K 2004 p 475-498 p 476

41 Ver comentaacuterios em Esposito A e Leo G 2006 p 621-642 Sobre a literatura angloacutefona ver Whitehouse R e Wilkins J 1989 p 102-137 este volume foi publicado como resultado do congresso do primeiro World Archaeological Congress (WAC-1) de Southampton em 1986

26

reagrupamentos de edifiacutecios independentes uns dos outros jaacute em uma eacutepoca bastante antiga desde o seacuteculo IX aC O exemplo mais importante se encontra em Zagora na ilha de Andros nas Ciacutecladas45 Os vestiacutegios arqueoloacutegicos obviamen-te natildeo permitem atribuir qualquer caraacuteter preciso da organi-zaccedilatildeo poliacutetica das populaccedilotildees que ocupavam aqueles locais e assim o campo fica aberto para muitas interpretaccedilotildees Alguns especialistas veem nesses vestiacutegios um estado embrionaacuterio da organizaccedilatildeo de comunidades independentes e autocircnomas ou seja a cidade-Estado polis em grego Esses pesquisadores que atribuem um caraacuteter organizado e desenvolvido para as comunidades gregas desde as eacutepocas mais remotas natildeo tecircm dificuldades para imaginar que essas mesmas comunidades se-riam capazes de organizar uma expediccedilatildeo colonial aleacutem-mar Outros poreacutem questionam a capacidade dessas comunidades a organizar uma empresa tatildeo complexa quanto o envio de um contingente importante de pessoas R Osborne interpreta as primeiras mobilidades dos gregos no Mediterracircneo no seacuteculo VIII aC como sendo o resultado de escolhas individuais e natildeo de decisotildees tomadas pelas comunidades poliacuteticas na metroacutepole Em resposta agraves afirmaccedilotildees de R Osborne podemos argumentar que o envio de um grupo de pessoas devia contribuir a definir na metroacutepole aqueles que tinham e aqueles que natildeo tinham direito agrave cidadania o que equivale ao sentido original da cidade-Estado uma comunidade de cidadatildeos Um exemplo preciso deve bastar para sustentar essa ideia a lenda de fundaccedilatildeo de Taranto segun-do Estrabatildeo (VI 3 2) Segundo o relato os esparciatas depois de longos anos de conflitos militares para conquistar a regiatildeo vizinha da Messecircnia no Peloponeso retornam a Esparta e ex-pulsam os filhos ditos ilegiacutetimos filhos originados nas relaccedilotildees entre mulheres esparciatas e homens que natildeo tinham o estatuto de cidadatildeos Na medida em que esses indiviacuteduos satildeo filhos de esparciatas uma soluccedilatildeo consiste no envio de uma expediccedilatildeo para fundar uma nova cidade-Estado ou seja uma nova co-munidade onde esses homens considerados ilegiacutetimos na me-troacutepole podem adquirir o estatuto de cidadatildeos Eacute justamente o envio da expediccedilatildeo que em um movimento dialeacutetico define os criteacuterios da cidadania tanto na metroacutepole quanto na colocircnia criando assim as bases da polis grega em ambos os contextos metropolitano e colonial

Obviamente as fontes escritas gregas estatildeo condiciona-das por seu caraacuteter tanto fragmentaacuterio quanto tardio o que

42 Ver os trabalhos de R Peroni e seus alunos Cf

Peroni R 1989

43 Finley MI 1976 p 167-188 Lepore E

2000a p 29-87 Ver tambeacutem o prefaacutecio e a

introduccedilatildeo ao volume por E Greco e M Lombardo

44 Ver em especial Osborne R 1998 p 251-269 Yntema DG 2000

p 1-49 e um nuacutemero especial da revista Ancient West and East dedicado a

esse debate em particular GreCo E 2011 p 233-242 Domiacutenguez AJ

2011 p 195-207

45 Ver comentaacuterio em Hellmann M-C 2010

p 183-186

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

24

a colonial Esta uacuteltima interpretaccedilatildeo se baseia principalmente nos diversos movimentos de resistecircncia colonial

Nesse sentido um caso especial a ser discutido consiste no conceito de hibridizaccedilatildeo (hybridization) bastante utilizado pela literatura poacutes-colonial L Amselle mostrou como seria impos-siacutevel tratar da miscigenaccedilatildeo sem cair na armadilha de um vo-cabulaacuterio racista nos discursos cientiacuteficos contemporacircneos dos impeacuterios coloniais do seacuteculo XIX36 Ao mesmo tempo em toda Ameacuterica latina hoje em dia estamos perante a uma desconstru-ccedilatildeo dos mitos da miscigenaccedilatildeo com muitos especialistas que enfatizam a matriz ideoloacutegica deste vocabulaacuterio desenvolvido pelas potecircncias coloniais A distinccedilatildeo entre uma cultura de con-tato (culture contact) e colonialismo eacute essencial para a arqueolo-gia norte-americana Recentemente S W Silliman sublinhou a tendecircncia geral de misturar esses dois conceitos que satildeo na ver-dade distintos37 Essa distinccedilatildeo se faz em oposiccedilatildeo agrave ortodoxia atual natildeo para negar o peso e a incidecircncia da colonizaccedilatildeo mas ao contraacuterio para redefinir o espectro epistemoloacutegico contra sua degradaccedilatildeo pela historiografia poacutes-colonial atual

Haacute certa coincidecircncia cronoloacutegica com o apogeu das te-orias poacutes-estruturalistas francesas e desde os anos 1980 com a abordagem da arqueologia poacutes-processual A partir desse pon-to de vista eacute interessante sublinhar que o sucesso dos estudos poacutes-coloniais em paiacuteses angloacutefonos (Estados Unidos Austraacutelia e Reino Unido) eacute contemporacircneo de um relativo desinteresse ou discriminaccedilatildeo na Europa continental e mais especifica-mente na Franccedila Em relaccedilatildeo ao mundo grego o principal tema de estudo se refere agrave ldquoidentidaderdquo grega38

O debate se concentrou em alguns poucos temas Na his-toriografia angloacutefona I Malkin continuou tentando definir a percepccedilatildeo grega deles mesmos e de sua pretendida ldquoidentida-derdquo A literatura recente tenta questionar mais profundamente a formaccedilatildeo e a evoluccedilatildeo de certa identidade grega39 Por um lado pode-se dizer que os gregos dos seacuteculos V e IV aC cristalizaram progressivamente a definiccedilatildeo de sua identidade por intermeacutedio de uma oposiccedilatildeo binaacuteria entre gregos e natildeo-gregos com a atri-buiccedilatildeo tardia de uma noccedilatildeo pejorativa ao termo ldquobaacuterbarordquo Por outro lado poreacutem os gregos em contexto colonial assim como durante a eacutepoca heleniacutestica entraram em contato direto com outras sociedades integrando uma definiccedilatildeo mais dinacircmica de sua proacutepria cultura considerando tambeacutem as possibilidades de transferecircncia cultural entre comunidades distintas40

28 O debate sobre a identidade eacutetnica se

desenvolveu desde a deacutecada de 1970 no sul da Itaacutelia ver o primeiro Congresso de Taranto que trata das

relaccedilotildees entre gregos e nativos (1961) Greci e

Italici in Magna Grecia 1961 Entretanto teorias

de etnicidade (ethnicity) (cf Barth F 1969) soacute foram aplicadas para o

estudo da histoacuteria antiga grega a partir do livro de

Hall JM 1997 seguido em 2002 pelo conceito de ldquohellenicityrdquo Hall

JM 2002 Ver tambeacutem Malkin I 2001 Confini

e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Hales

S e Hodos T 2010 Na Franccedila essa perspectiva eacute ainda bastante marginal

LuCe J-M 2007 Ruby P 2006 p 25-60 Muumlller

C e Prost F 2002

29 Essas criacuteticas foram formuladas a partir de

uma estreita colaboraccedilatildeo com Arianna Esposito

da Universidade da Borgonha Dijon Cf

Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013c (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013e (no prelo)

Esposito A e Pollini A 2013a (no prelo)

30 AntonaCCio CM 2010 p 32-53 bats m

2007 p 235-242

31 Ver em especial Pontrandolfo A e Rouveret A 1983

p 1051-1066

25

Se de um lado analisamos os gregos a partir de seus escritos por outro lado houve um interesse crescente pela ob-servaccedilatildeo dos elementos autoacutectones por intermeacutedio da arque-ologia em contextos coloniais Ateacute pouco tempo atraacutes esses nativos eram quase totalmente ausentes da literatura angloacute-fona mesmo se seu papel jaacute havia sido amplamente reconhe-cido pela historiografia nacionalista italiana podemos ressal-tar com objetivos obviamente diferentes as obras de E Pais seguido pelos estudiosos das comunidades antigas da Itaacutelia meridional enfim pelos arqueoacutelogos marxistas41 Em relaccedilatildeo agrave historiografia dos povos indiacutegenas no sul da Itaacutelia podemos identificar duas abordagens alternativas Primeiramente uma que podemos chamar de ldquodifusionistardquo que foi predominante entre as deacutecadas de 1970 e parte de 1980 Esta enfatizava o papel das influecircncias externas vindas do Mediterracircneo atraveacutes da colonizaccedilatildeo grega Foi o momento de apogeu de expressotildees tais como ldquopenetraccedilatildeo gregardquo ldquoeixos de penetraccedilatildeordquo fazendo sistematicamente uma oposiccedilatildeo entre o litoral e o interior entre gregos e nativos

A partir do final dos anos 1980 e mais intensamente nos uacuteltimos quinze anos uma segunda abordagem se desenvol-veu A maioria dos especialistas reconhece a importacircncia dos processos locais de longa duraccedilatildeo que comeccedilam desde a idade do Bronze e principalmente entre o final da idade do Bronze e o iniacutecio da idade do Ferro Duas regiotildees constituem as zonas privilegiadas dessas anaacutelises a planiacutecie de Siacutebaris e a peniacutensula de Salento (atual Puglia)42

Nesse contexto parece certo que tendo em considera-ccedilatildeo algumas precauccedilotildees metodoloacutegicas pode-se tratar o que os gregos chamavam de apoikiai como sendo um contexto de colonizaccedilatildeo M Finley e E Lepore jaacute haviam proposto uma seacuterie de ideias e de criteacuterios para a interpretaccedilatildeo da co-lonizaccedilatildeo grega43 Por outro lado certa literatura angloacutefona insiste no anacronismo e na ambiguidade na utilizaccedilatildeo desse vocabulaacuterio colonial44 O problema se refere agrave ideia segunda a qual o deslocamento de grandes contingentes de populaccedilotildees gregas na eacutepoca arcaica seria feito de modo organizado pelas metroacutepoles Aqui a questatildeo cronoloacutegica eacute essencial Natildeo te-mos condiccedilotildees de determinar de modo certo a cronologia da emergecircncia da cidade-Estado grega como fenocircmeno poliacutetico como uma forma peculiar de organizaccedilatildeo de uma comunida-de As pesquisas arqueoloacutegicas mais recentes tendem a mostrar

32 Boissinot P 2005 p 13-43 MerCuri L 2010 p 695-700

33 DesCoeudres J-P 1990

34 Atualmente o uso desse termo eacute principalmente associado agraves perspectivas de autores como Edward Said Homi KBhabha Gayatri Spivak ou mais recentemente por Stuart Hall Paul Gilroy Arjun Appadurai e James Clifford

35 Loomba A 2005

36 Amselle J-L 2002 p 239-333 (p 330) ldquoil serait impossible de parler de meacutetissage sans tomber dans le piegravege du vocabulaire racialisant et raciste des discours scientifiques contemporains des Empires coloniaux du XIXe siegraveclerdquo Ver tambeacutem nossa proacutepria discussatildeo a respeito da miscigenaccedilatildeo Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

37 Silliman SW 2005 p 55-74

38 Hall J 2012 p 19-34

39 Hall J 2007 p 337-354 40 Cf Lomas K 2004 p 475-498 p 476

41 Ver comentaacuterios em Esposito A e Leo G 2006 p 621-642 Sobre a literatura angloacutefona ver Whitehouse R e Wilkins J 1989 p 102-137 este volume foi publicado como resultado do congresso do primeiro World Archaeological Congress (WAC-1) de Southampton em 1986

26

reagrupamentos de edifiacutecios independentes uns dos outros jaacute em uma eacutepoca bastante antiga desde o seacuteculo IX aC O exemplo mais importante se encontra em Zagora na ilha de Andros nas Ciacutecladas45 Os vestiacutegios arqueoloacutegicos obviamen-te natildeo permitem atribuir qualquer caraacuteter preciso da organi-zaccedilatildeo poliacutetica das populaccedilotildees que ocupavam aqueles locais e assim o campo fica aberto para muitas interpretaccedilotildees Alguns especialistas veem nesses vestiacutegios um estado embrionaacuterio da organizaccedilatildeo de comunidades independentes e autocircnomas ou seja a cidade-Estado polis em grego Esses pesquisadores que atribuem um caraacuteter organizado e desenvolvido para as comunidades gregas desde as eacutepocas mais remotas natildeo tecircm dificuldades para imaginar que essas mesmas comunidades se-riam capazes de organizar uma expediccedilatildeo colonial aleacutem-mar Outros poreacutem questionam a capacidade dessas comunidades a organizar uma empresa tatildeo complexa quanto o envio de um contingente importante de pessoas R Osborne interpreta as primeiras mobilidades dos gregos no Mediterracircneo no seacuteculo VIII aC como sendo o resultado de escolhas individuais e natildeo de decisotildees tomadas pelas comunidades poliacuteticas na metroacutepole Em resposta agraves afirmaccedilotildees de R Osborne podemos argumentar que o envio de um grupo de pessoas devia contribuir a definir na metroacutepole aqueles que tinham e aqueles que natildeo tinham direito agrave cidadania o que equivale ao sentido original da cidade-Estado uma comunidade de cidadatildeos Um exemplo preciso deve bastar para sustentar essa ideia a lenda de fundaccedilatildeo de Taranto segun-do Estrabatildeo (VI 3 2) Segundo o relato os esparciatas depois de longos anos de conflitos militares para conquistar a regiatildeo vizinha da Messecircnia no Peloponeso retornam a Esparta e ex-pulsam os filhos ditos ilegiacutetimos filhos originados nas relaccedilotildees entre mulheres esparciatas e homens que natildeo tinham o estatuto de cidadatildeos Na medida em que esses indiviacuteduos satildeo filhos de esparciatas uma soluccedilatildeo consiste no envio de uma expediccedilatildeo para fundar uma nova cidade-Estado ou seja uma nova co-munidade onde esses homens considerados ilegiacutetimos na me-troacutepole podem adquirir o estatuto de cidadatildeos Eacute justamente o envio da expediccedilatildeo que em um movimento dialeacutetico define os criteacuterios da cidadania tanto na metroacutepole quanto na colocircnia criando assim as bases da polis grega em ambos os contextos metropolitano e colonial

Obviamente as fontes escritas gregas estatildeo condiciona-das por seu caraacuteter tanto fragmentaacuterio quanto tardio o que

42 Ver os trabalhos de R Peroni e seus alunos Cf

Peroni R 1989

43 Finley MI 1976 p 167-188 Lepore E

2000a p 29-87 Ver tambeacutem o prefaacutecio e a

introduccedilatildeo ao volume por E Greco e M Lombardo

44 Ver em especial Osborne R 1998 p 251-269 Yntema DG 2000

p 1-49 e um nuacutemero especial da revista Ancient West and East dedicado a

esse debate em particular GreCo E 2011 p 233-242 Domiacutenguez AJ

2011 p 195-207

45 Ver comentaacuterio em Hellmann M-C 2010

p 183-186

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

25

Se de um lado analisamos os gregos a partir de seus escritos por outro lado houve um interesse crescente pela ob-servaccedilatildeo dos elementos autoacutectones por intermeacutedio da arque-ologia em contextos coloniais Ateacute pouco tempo atraacutes esses nativos eram quase totalmente ausentes da literatura angloacute-fona mesmo se seu papel jaacute havia sido amplamente reconhe-cido pela historiografia nacionalista italiana podemos ressal-tar com objetivos obviamente diferentes as obras de E Pais seguido pelos estudiosos das comunidades antigas da Itaacutelia meridional enfim pelos arqueoacutelogos marxistas41 Em relaccedilatildeo agrave historiografia dos povos indiacutegenas no sul da Itaacutelia podemos identificar duas abordagens alternativas Primeiramente uma que podemos chamar de ldquodifusionistardquo que foi predominante entre as deacutecadas de 1970 e parte de 1980 Esta enfatizava o papel das influecircncias externas vindas do Mediterracircneo atraveacutes da colonizaccedilatildeo grega Foi o momento de apogeu de expressotildees tais como ldquopenetraccedilatildeo gregardquo ldquoeixos de penetraccedilatildeordquo fazendo sistematicamente uma oposiccedilatildeo entre o litoral e o interior entre gregos e nativos

A partir do final dos anos 1980 e mais intensamente nos uacuteltimos quinze anos uma segunda abordagem se desenvol-veu A maioria dos especialistas reconhece a importacircncia dos processos locais de longa duraccedilatildeo que comeccedilam desde a idade do Bronze e principalmente entre o final da idade do Bronze e o iniacutecio da idade do Ferro Duas regiotildees constituem as zonas privilegiadas dessas anaacutelises a planiacutecie de Siacutebaris e a peniacutensula de Salento (atual Puglia)42

Nesse contexto parece certo que tendo em considera-ccedilatildeo algumas precauccedilotildees metodoloacutegicas pode-se tratar o que os gregos chamavam de apoikiai como sendo um contexto de colonizaccedilatildeo M Finley e E Lepore jaacute haviam proposto uma seacuterie de ideias e de criteacuterios para a interpretaccedilatildeo da co-lonizaccedilatildeo grega43 Por outro lado certa literatura angloacutefona insiste no anacronismo e na ambiguidade na utilizaccedilatildeo desse vocabulaacuterio colonial44 O problema se refere agrave ideia segunda a qual o deslocamento de grandes contingentes de populaccedilotildees gregas na eacutepoca arcaica seria feito de modo organizado pelas metroacutepoles Aqui a questatildeo cronoloacutegica eacute essencial Natildeo te-mos condiccedilotildees de determinar de modo certo a cronologia da emergecircncia da cidade-Estado grega como fenocircmeno poliacutetico como uma forma peculiar de organizaccedilatildeo de uma comunida-de As pesquisas arqueoloacutegicas mais recentes tendem a mostrar

32 Boissinot P 2005 p 13-43 MerCuri L 2010 p 695-700

33 DesCoeudres J-P 1990

34 Atualmente o uso desse termo eacute principalmente associado agraves perspectivas de autores como Edward Said Homi KBhabha Gayatri Spivak ou mais recentemente por Stuart Hall Paul Gilroy Arjun Appadurai e James Clifford

35 Loomba A 2005

36 Amselle J-L 2002 p 239-333 (p 330) ldquoil serait impossible de parler de meacutetissage sans tomber dans le piegravege du vocabulaire racialisant et raciste des discours scientifiques contemporains des Empires coloniaux du XIXe siegraveclerdquo Ver tambeacutem nossa proacutepria discussatildeo a respeito da miscigenaccedilatildeo Esposito A e Pollini A 2013b (no prelo)

37 Silliman SW 2005 p 55-74

38 Hall J 2012 p 19-34

39 Hall J 2007 p 337-354 40 Cf Lomas K 2004 p 475-498 p 476

41 Ver comentaacuterios em Esposito A e Leo G 2006 p 621-642 Sobre a literatura angloacutefona ver Whitehouse R e Wilkins J 1989 p 102-137 este volume foi publicado como resultado do congresso do primeiro World Archaeological Congress (WAC-1) de Southampton em 1986

26

reagrupamentos de edifiacutecios independentes uns dos outros jaacute em uma eacutepoca bastante antiga desde o seacuteculo IX aC O exemplo mais importante se encontra em Zagora na ilha de Andros nas Ciacutecladas45 Os vestiacutegios arqueoloacutegicos obviamen-te natildeo permitem atribuir qualquer caraacuteter preciso da organi-zaccedilatildeo poliacutetica das populaccedilotildees que ocupavam aqueles locais e assim o campo fica aberto para muitas interpretaccedilotildees Alguns especialistas veem nesses vestiacutegios um estado embrionaacuterio da organizaccedilatildeo de comunidades independentes e autocircnomas ou seja a cidade-Estado polis em grego Esses pesquisadores que atribuem um caraacuteter organizado e desenvolvido para as comunidades gregas desde as eacutepocas mais remotas natildeo tecircm dificuldades para imaginar que essas mesmas comunidades se-riam capazes de organizar uma expediccedilatildeo colonial aleacutem-mar Outros poreacutem questionam a capacidade dessas comunidades a organizar uma empresa tatildeo complexa quanto o envio de um contingente importante de pessoas R Osborne interpreta as primeiras mobilidades dos gregos no Mediterracircneo no seacuteculo VIII aC como sendo o resultado de escolhas individuais e natildeo de decisotildees tomadas pelas comunidades poliacuteticas na metroacutepole Em resposta agraves afirmaccedilotildees de R Osborne podemos argumentar que o envio de um grupo de pessoas devia contribuir a definir na metroacutepole aqueles que tinham e aqueles que natildeo tinham direito agrave cidadania o que equivale ao sentido original da cidade-Estado uma comunidade de cidadatildeos Um exemplo preciso deve bastar para sustentar essa ideia a lenda de fundaccedilatildeo de Taranto segun-do Estrabatildeo (VI 3 2) Segundo o relato os esparciatas depois de longos anos de conflitos militares para conquistar a regiatildeo vizinha da Messecircnia no Peloponeso retornam a Esparta e ex-pulsam os filhos ditos ilegiacutetimos filhos originados nas relaccedilotildees entre mulheres esparciatas e homens que natildeo tinham o estatuto de cidadatildeos Na medida em que esses indiviacuteduos satildeo filhos de esparciatas uma soluccedilatildeo consiste no envio de uma expediccedilatildeo para fundar uma nova cidade-Estado ou seja uma nova co-munidade onde esses homens considerados ilegiacutetimos na me-troacutepole podem adquirir o estatuto de cidadatildeos Eacute justamente o envio da expediccedilatildeo que em um movimento dialeacutetico define os criteacuterios da cidadania tanto na metroacutepole quanto na colocircnia criando assim as bases da polis grega em ambos os contextos metropolitano e colonial

Obviamente as fontes escritas gregas estatildeo condiciona-das por seu caraacuteter tanto fragmentaacuterio quanto tardio o que

42 Ver os trabalhos de R Peroni e seus alunos Cf

Peroni R 1989

43 Finley MI 1976 p 167-188 Lepore E

2000a p 29-87 Ver tambeacutem o prefaacutecio e a

introduccedilatildeo ao volume por E Greco e M Lombardo

44 Ver em especial Osborne R 1998 p 251-269 Yntema DG 2000

p 1-49 e um nuacutemero especial da revista Ancient West and East dedicado a

esse debate em particular GreCo E 2011 p 233-242 Domiacutenguez AJ

2011 p 195-207

45 Ver comentaacuterio em Hellmann M-C 2010

p 183-186

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

26

reagrupamentos de edifiacutecios independentes uns dos outros jaacute em uma eacutepoca bastante antiga desde o seacuteculo IX aC O exemplo mais importante se encontra em Zagora na ilha de Andros nas Ciacutecladas45 Os vestiacutegios arqueoloacutegicos obviamen-te natildeo permitem atribuir qualquer caraacuteter preciso da organi-zaccedilatildeo poliacutetica das populaccedilotildees que ocupavam aqueles locais e assim o campo fica aberto para muitas interpretaccedilotildees Alguns especialistas veem nesses vestiacutegios um estado embrionaacuterio da organizaccedilatildeo de comunidades independentes e autocircnomas ou seja a cidade-Estado polis em grego Esses pesquisadores que atribuem um caraacuteter organizado e desenvolvido para as comunidades gregas desde as eacutepocas mais remotas natildeo tecircm dificuldades para imaginar que essas mesmas comunidades se-riam capazes de organizar uma expediccedilatildeo colonial aleacutem-mar Outros poreacutem questionam a capacidade dessas comunidades a organizar uma empresa tatildeo complexa quanto o envio de um contingente importante de pessoas R Osborne interpreta as primeiras mobilidades dos gregos no Mediterracircneo no seacuteculo VIII aC como sendo o resultado de escolhas individuais e natildeo de decisotildees tomadas pelas comunidades poliacuteticas na metroacutepole Em resposta agraves afirmaccedilotildees de R Osborne podemos argumentar que o envio de um grupo de pessoas devia contribuir a definir na metroacutepole aqueles que tinham e aqueles que natildeo tinham direito agrave cidadania o que equivale ao sentido original da cidade-Estado uma comunidade de cidadatildeos Um exemplo preciso deve bastar para sustentar essa ideia a lenda de fundaccedilatildeo de Taranto segun-do Estrabatildeo (VI 3 2) Segundo o relato os esparciatas depois de longos anos de conflitos militares para conquistar a regiatildeo vizinha da Messecircnia no Peloponeso retornam a Esparta e ex-pulsam os filhos ditos ilegiacutetimos filhos originados nas relaccedilotildees entre mulheres esparciatas e homens que natildeo tinham o estatuto de cidadatildeos Na medida em que esses indiviacuteduos satildeo filhos de esparciatas uma soluccedilatildeo consiste no envio de uma expediccedilatildeo para fundar uma nova cidade-Estado ou seja uma nova co-munidade onde esses homens considerados ilegiacutetimos na me-troacutepole podem adquirir o estatuto de cidadatildeos Eacute justamente o envio da expediccedilatildeo que em um movimento dialeacutetico define os criteacuterios da cidadania tanto na metroacutepole quanto na colocircnia criando assim as bases da polis grega em ambos os contextos metropolitano e colonial

Obviamente as fontes escritas gregas estatildeo condiciona-das por seu caraacuteter tanto fragmentaacuterio quanto tardio o que

42 Ver os trabalhos de R Peroni e seus alunos Cf

Peroni R 1989

43 Finley MI 1976 p 167-188 Lepore E

2000a p 29-87 Ver tambeacutem o prefaacutecio e a

introduccedilatildeo ao volume por E Greco e M Lombardo

44 Ver em especial Osborne R 1998 p 251-269 Yntema DG 2000

p 1-49 e um nuacutemero especial da revista Ancient West and East dedicado a

esse debate em particular GreCo E 2011 p 233-242 Domiacutenguez AJ

2011 p 195-207

45 Ver comentaacuterio em Hellmann M-C 2010

p 183-186

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

27

as torna muito difiacuteceis de interpretar Contrariamente ao que afirma R Osborne essas dificuldades natildeo devem levar a uma atitude hiper-criacutetica que descarta completamente estas fontes tardias O que podemos sublinhar eacute o resultado bastante dis-cutiacutevel dessa nova abordagem da literatura angloacutefona a trans-formaccedilatildeo da colonizaccedilatildeo em uma operaccedilatildeo neutra realizada com a colaboraccedilatildeo das populaccedilotildees locais em um ambiente largamente paciacutefico Este seria baseado em diversas formas de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre as populaccedilotildees em contato levan-do a situaccedilotildees regulares de coexistecircncia e coabitaccedilatildeo multi-eacutetnica Se natildeo se deve substituir um modelo uacutenico por outro tatildeo enviesado quanto o anterior um efeito positivo eacute o reco-nhecimento de diversos fenocircmenos de mobilidade individual e formas de coexistecircncia e gerenciamento negociado como nos casos da regiatildeo de Siacutebaris em LrsquoAmastuola (Taranto) e em Incoronata (Metapontum)

Nos desenvolvimentos mais recentes diversos concei-tos tomados da antropologia e de outras ciecircncias sociais como inter-culturalidade (interculturality) creolizaccedilatildeo (creolization) identidade perifeacuterica (peripheral identity) ou transferecircncia cultural (cultural transfer)46 tiveram contri-buiccedilotildees de peso na literatura arqueoloacutegica todas enfati-zam a importacircncia das trocas culturais entres gregos e natildeo-gregos todas insistem na reciprocidade dos contatos na vontade e na habilidade em imitar modelos gregos com graus variaacuteveis de dificuldade e sucesso mas tambeacutem com alguma liberdade47 Mesmo se podemos apreender alguns exemplos de interaccedilotildees provavelmente paciacuteficas entre gre-gos e natildeo-gregos como os casos de Pithekoussai48 Zankle (Tuciacutedides VI 4 5-6) Megara Hyblaea (Tuciacutedides VI 4 1) ou Lipari (Diodoro Siacuteculo V 9 3-5) natildeo se pode fazer deles um modelo geral Nesse caso estariacuteamos adotando uma perspectiva enviesada que simplesmente substitui um modelo enviesado precedente por outro mudando de ldquoin-vasatildeordquo49 para ldquocoabitaccedilatildeordquo50

Algumas novas abordagens entretanto devem ser con-sideradas um pouco mais detalhadamente Primeiro a defi-niccedilatildeo de middle ground como foi utilizada por Irad Malkin para a anaacutelise da complexa situaccedilatildeo na Campacircnia durante o iniacutecio da eacutepoca arcaica51 um conceito tomado do historia-dor americano Richard White52

46 Hansen MH 1996 Knapp AB e Voskoacutes AI 2008 MCInerney J 1999 Van Dommelen P 2006 p 104-124 Sobre as transferecircncias culturais (cultural transfer) ver dentre outros Turgeon L Delacircge D et al 1996

47 Dentre publicaccedilotildees recentes ver Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Spatafora F e Vassallo S 2006 Treacuteziny H 2010

48 Mele A 2003 p 13-39

49 Lyons CL e Papadopoulos JK 2002 Gosden C 2001 Gosden C 2004 Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colonizzazione e colonialismo 2006

50 Cf Osborne R 1998 p 251-269 Owen S 2005 p 5-22

51 Malkin I 2002 p 151-181

52 White R 1991 p 50

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

28

On the Middle Ground diverse peoples adjust their differen-ces through what amounts to a process of creative and often expedient misunderstandings People try to persuade other who are different from them by appealing to what they per-ceive to be the values and practices of those others They often misinterpret and distort both the values and the practices of those they deal with but from these misunderstandings arise new meanings and through them new practices ndash the shared meanings and practices of the Middle Ground

Dessa forma o conceito de middle ground diz respeito a um espaccedilo de interface ldquoan in-between - between cultures between nationsrdquo um espaccedilo que eacute ao mesmo tempo geograacute-fico poliacutetico e social Ele designa um processo dinacircmico no qual nenhuma comunidade eacute hegemocircnica sobre as demais Se essa interpretaccedilatildeo pode talvez ser vaacutelida para a regiatildeo da Campacircnia nos seacuteculos VIII e VII aC ela natildeo parece relevante para as colocircnias aqueias como Sibari analisada logo abaixo

A partir de um ponto de vista metodoloacutegico uma abor-dagem criacutetica proveacutem da Arqueologia histoacuterica53 Original-mente desenvolvida para analisar a sociedade americana for-mada depois da conquista dos europeus as aacutereas de interesse da arqueologia histoacuterica se estenderam a outros contextos Esta postura convida arqueoacutelogos por um lado a confrontar cultura material e textos54 sem uma hierarquia entre esses dois tipos de fontes55 e por outro lado a desconstruir a literatu-ra arqueoloacutegica com um meacutetodo de interpretaccedilatildeo de texto analisando cada detalhe separadamente depois recolocando tudo junto novamente reconstruindo assim uma compreen-satildeo nova e mais profunda O principal aspecto da abordagem atraveacutes da arqueologia histoacuterica eacute a anaacutelise de questotildees como a exploraccedilatildeo de classes as diferenccedilas de status e os estudos de gecircnero Em suma a ecircnfase eacute dada nas relaccedilotildees de poder entre grupos sociais e indiviacuteduos nos mecanismos de dominaccedilatildeo e resistecircncia56 A esse respeito eacute cada vez mais reconhecido que a cultura material permite alguma compreensatildeo das classes sociais mais baixas especialmente atraveacutes da anaacutelise fina dos objetos do cotidiano incluindo as ceracircmicas57

Nesse sentido um aspecto muito interessante foi enfati-zado pelos estudos do que podemos chamar de ldquovozes subal-ternasrdquo (subaltern voices)58 Assim com uma massa de dados re-lativamente ampla e uma boa definiccedilatildeo do contexto histoacuterico

53 Orser Jr CE 2000 Funari PPA 1999

54 Funari PPA 1999 p 57 Funari PPA Zarankin A et al

2005 See also Meskell L 2001 p 187-213

LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 71

55 Small DB 1995a p 4-5 Small DB 1999

p 122-136 Dyson S 1995 p 25-44 Johnson

MH 1999 p 23-36 Para uma menccedilatildeo especiacutefica

agrave arqueologia grega ver Ober J 1995 p 91-123

Small DB 1995b p 143-174

56 Ver a perspectiva da ldquoThird wave feministsrdquo

Meskell L 2001 p 192-194 ou sobre a aplicaccedilatildeo

dos estudos de gecircnero em histoacuteria SCott JW

1986 p 1053-1075

57 Cf LawrenCe S e Shepherd N 2006 p 75 especialmente relacionado

com os movimentos coloniais dos gregos feniacutecios

e romanos ver Cunliffe B 2006 p 317 Ver

tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios Esposito A e Pollini A 2013d (no prelo) Esposito A e Pollini A 2013a (no

prelo) Para um comentaacuterio sobre possiacuteveis formas de

ldquostandardizaccedilatildeordquo dos objetos ceracircmicos ver Esposito A e

ZurbaCh J 2013

58 Hall M 1999 p 193-203 Gosden C

2004

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

29

eacute possiacutevel identificar semelhanccedilas e diferenccedilas nessas fontes Uma perspectiva que parece promissora eacute aquela que se focali-za nos conflitos ao inveacutes das convergecircncias Homi Bhabha59 jaacute mostrou como formas hegemocircnicas de controle necessitam de repeticcedilatildeo e de diferenciaccedilatildeo para serem efetivas o processo de repeticcedilatildeo introduz incertezas e pacircnico enquanto que o estabe-lecimento de diferenciaccedilatildeo aumenta os contrastes o resultado eacute a ambivalecircncia A superioridade cultural de um indiviacuteduo que deteacutem o poder requer repeticcedilatildeo constante Assim eacute no caso de ambivalecircncias onde as diferentes fontes a nossa dis-posiccedilatildeo satildeo contraditoacuterias e levam agrave quase impossibilidade de uma interpretaccedilatildeo clara que podemos compreender as vozes subalternas aquelas classes sociais subordinadas assim como as relaccedilotildees de poder que as mantecircm onde estatildeo

Devemos assim focalizar nas praacuteticas e nas relaccedilotildees de po-der dos atores sociais ao inveacutes de nos referirmos somente agraves enti-dades culturais cuja construccedilatildeo eacute particularmente problemaacutetica

Enfim a uacuteltima abordagem teoacuterica desenvolvida recen-temente constitui a aplicaccedilatildeo do modelo das redes (networks reacuteseaux) sobretudo na sua concepccedilatildeo conhecida pela expres-satildeo dos ldquoseis graus de separaccedilatildeordquo Podemos utilizar aqui a de-finiccedilatildeo de I Malkin para a transposiccedilatildeo desse modelo mate-maacutetico para a histoacuteria antiga

In sum we can now see a convergence for a revitalized in-terest in networks as applied to collective identities with commonalities that take into account enormous distances lived experience and historical continuities new prisms for historiographical research and historiographical paradigms of structures and connectivity a changing Zeitgeist of economy and cultural politics a globalized-glocalized world and a new framework of post-modern agenda that is network oriented It is a relevant approach I think to the Archaic Greek world

Segundo a teoria do Small World a adiccedilatildeo de um peque-no nuacutemero de noacutes de maneira aleatoacuteria provoca uma reduccedilatildeo consideraacutevel na distacircncia entre duas extremidades da rede quanto mais noacutes existem ldquomenorrdquo seraacute a rede

What is more strinking about the work of Watts and Stro-gatz is their claim that both the natural and artificial worlds (for example the neutral network of the worm C elegans and

59 Bhabha HK 1994

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

30

modern power grids) exhibit small-world properties This is a claim that network principles are universal provided the ne-tworks are dynamic and are in a state of neither total order nor complete randomness60

Se este modelo pode eventualmente funcionar para a anaacutelise de grandes movimentos no Mediterracircneo sua aplica-ccedilatildeo para o estudo de fenocircmenos mais precisos e em particular apoiados em fontes arqueoloacutegicas eacute muito problemaacutetica61

siacutebaris

Depois desta parte metodoloacutegica eacute preciso analisar os vestiacute-gios arqueoloacutegicos e a cultura material Para isso vamos utili-zar um caso de estudo a cidade de Siacutebaris (Σύβαρις)

Um discurso sobre Siacutebaris e seu territoacuterio se baseia e eacute de certa forma condicionado pelas fontes literaacuterias disponiacuteveis62 Em primeiro lugar eacute conveniente relembrar um trecho de Es-trabatildeo O geoacutegrafo-historiador afirma que a cidade possuiacutea tal fortuna que ela podia comandar quatro naccedilotildees vizinhas ter com suacuteditas vinte e cinco cidades e ter 300000 homens na batalha contra os crotoniatas com suas habitaccedilotildees preenchia ao todo uma aacuterea de 50 estaacutedios em torno do rio Crathis63

No mesmo sentido dessa passagem tambeacutem possuiacutemos a informaccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo sobre a concessatildeo da cidadania de Siacutebaris Diz o historiador que a cidade concedia generosa-mente o direito de cidadania que ela teve tanto progresso que seus habitantes eram conhecidos como os mais poderosos de todos os habitantes da Itaacutelia e que sua populaccedilatildeo abundante garantia tal superioridade numeacuterica que a cidade compreendia 300000 cidadatildeos64 Com a combinaccedilatildeo da tradiccedilatildeo literaacuteria e dos vestiacutegios materiais certos especialistas utilizam a expressatildeo ldquoimpeacuterio de Siacutebarisrdquo a partir do sentido antigo do termo grego ldquoἀρχήrdquo para se referir ao seu territoacuterio e agraves suas relaccedilotildees com os povos indiacutegenas do interior das terras65

A pesquisa arqueoloacutegica no territoacuterio de Siacutebaris natildeo eacute suficientemente desenvolvida para termos um panorama completo da ocupaccedilatildeo das terras pelos colonos aqueus66 En-tretanto os siacutetios de Francavilla Marittima e de Amendolara foram escavados de maneira sistemaacutetica haacute diversos anos e constituem duas fontes importantes para a interpretaccedilatildeo do

60 Malkin I 2011 p 15

61 Capdetrey L 2012 p iii

62 GreCo E 1992b p 465 O conjunto das

fontes literaacuterias sobre Siacutebaris foi estudado detalhadamente

por Beacuterard J 1957 p 140-151

O territoacuterio de Siacutebaris eacute o tema de pesquisas da

tese de doutorado de Leo G 2010 e de Esposito

A 2005 Agradeccedilo a generosidade de ambas

em ter disponibilizado os resultados preliminares de

seus estudos ainda ineacuteditos

63 Estrabatildeo Geografia VI 1 13 laquo Τοσοῦτον

δrsquoευτυχία διήνεγκεν ἡ πόλις αὕτη τὸ παλαιόν

ὡς τεττάρων μὲν ἐθνῶν τῶν πλησίον ὑπῆρξε

πέντε δὲ καὶ εἴκοσι πόλεις ὑπερκόους

ἔσχε τριάκοντα δὲ μυριάσιν ἀνδρῶν ἐπὶ Κροτωνιάτας

ἐστράτευσαν πεντήκοντα δὲ σταδίων

κύκλον συνεπλήρουν οἰκοῦντες ἐπὶ τῶ

Κράθιδι raquo

64 Diodoro Siacuteculo Biblioteca histoacuterica

XII 9 2 laquo Πολλοῖς δὲ μεταδιδόντες

τῆς πολιτείας ἐπὶ τοσοῦτο προέβησαν

ὥστε δόξαι πολὺ προέχειν τῶν κατὰ

τὴν Ἰταλίαν οἰκούντων πολυανθρωπία τε

τοσοῦτο διήνεγκαν ὥστε τὴν πόλιν ἔχειν

πολιτῶν τριάκοντα μυριάδας raquo

65 GreCo E 1992b p 459-485

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

31

modo de ocupaccedilatildeo do territoacuterio pelos colonos de Siacutebaris e das relaccedilotildees entre colonos e populaccedilotildees locais Os dados arque-oloacutegicos mostram que as populaccedilotildees instaladas em diversas localidades do territoacuterio da cidade estavam jaacute em contato com o elemento grego antes da fundaccedilatildeo da cidade de Siacutebaris67

Com a fundaccedilatildeo aqueia o desaparecimento ou ao me-nos a rarefaccedilatildeo da presenccedila indiacutegena nas necroacutepoles indicaria uma relaccedilatildeo provavelmente conflituosa entre os novos e os antigos ocupantes da planiacutecie de Siacutebaris Observa-se uma in-terrupccedilatildeo clara da ocupaccedilatildeo destes siacutetios a partir do uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII Os dois casos mais importantes satildeo como dissemos Francavilla Marittima e Amendolara

O siacutetio de Francavilla Marittima68 concentra a maior parte dos dados disponiacuteveis sobre Siacutebaris tanto a necroacutepole de Mac-chiabate quanto o santuaacuterio de Timpone della Motta o mais co-nhecido de Siacutebaris A necroacutepole datada da idade do Ferro na lo-calidade Macchiabate apresenta uma diminuiccedilatildeo expressiva do nuacutemero de tumbas indiacutegenas posteriores a 720 aC Os poucos nuacutecleos ainda presentes em Uliveto e em Temparella mostram unicamente tumbas femininas ou pertencentes a crianccedilas com uma ausecircncia absoluta de elemento masculino nessas tumbas M Osanna propocircs que se trate da incorporaccedilatildeo do elemento feminino indiacutegena na sociedade grega de Siacutebaris enquanto matildeo-de-obra dependente domeacutestica ou entatildeo no quadro dos casa-mentos mistos Essa questatildeo remete ao debate a respeito da in-tegraccedilatildeo ou natildeo de mulheres indiacutegenas nas sociedades coloniais da Grande Greacutecia69 Um segundo aspecto da conquista grega eacute perceptiacutevel pelo abandono total das cabanas proto-histoacutericas encontradas na zona do habitat ao sul da Motta

Em um segundo momento a partir do iniacutecio do seacuteculo VI os dois siacutetios parecem ser utilizados pelos colonos e mostram tumbas masculinas com depoacutesitos tipicamente gregos com ex-ceccedilatildeo de uma tumba (Temparella ndeg 25) que comporta uma ponta de lanccedila atribuiacuteda agrave tradiccedilatildeo indiacutegena No siacutetio de Uliveto as tumbas mais recentes se encontram na mesma zona das mais antigas sem qualquer respeito da necroacutepole indiacutegena precedente

A dominaccedilatildeo grega eacute mais fortemente representada pelo estabelecimento de um santuaacuterio no topo de uma co-lina em Timpone della Motta A ceracircmica mais antiga eacute coeva das primeiras atestaccedilotildees do centro urbano de Siacutebaris no uacuteltimo quarto do seacuteculo VIII principalmente as copas (kylix) de tipo Thapsos

66 Nossos breves comentaacuterios sobre os siacutetios arqueoloacutegicos de Siacutebaris se inspiram no estudo de M Osanna Osanna M 1992 p 115-153 e fichas topograacuteficas ndeg 1-40 p 155-166 Ver tambeacutem nossos proacuteprios comentaacuterios em Pollini A 2014 (em curso de publicaccedilatildeo) Natildeo tratamos aqui da regiatildeo depois da derrota de Siacutebaris em 511-510 aC nem do territoacuterio da colocircnia de Thourioi

67 Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Ver tambeacutem Esposito A 2005 Esposito A e ZurbaCh J 2013

68 Sobre o siacutetio de Francavilla Marittima ver em especial Osanna M 1992 p 159-161 ndeg 19 Genovese G 1999 p 31-42 Maaskant-Kleibrink M 1996 p 198-203Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 p 1-60 Maaskant-Kleibrink M 2005 p 754-772 Maaskant-Kleibrink M Barresi L et al 2012 JaCobsen JK e Handberg S 2010 Wielen Fvd e De LaChenal L 2007 Wielen Fvd e De LaChenal L 2008

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

32

O santuaacuterio da Motta parece ser o lugar sagrado extra-ur-bano mais importante da cidade onde ao todo os vestiacutegios de cinco edifiacutecios de eacutepoca grega foram encontrados A anaacutelise das funccedilotildees do santuaacuterio natildeo eacute faacutecil posto que ele natildeo parece en-trar na categoria de um ldquosantuaacuterio de fronteirardquo70 Ele seria mais provavelmente um siacutetio que marca a tomada do territoacuterio pelos gregos ao mesmo tempo em que as oferendas de tipo indiacutegena indicam uma utilizaccedilatildeo tambeacutem pelas populaccedilotildees locais Por conseguinte e a partir dos dados arqueoloacutegicos do santuaacuterio parece que as relaccedilotildees entre gregos e nativos eram muito mais nuanccedilados que uma simples conquista seguida de exterminaccedilatildeo dos homens e sujeiccedilatildeo das mulheres A esfera sacra mostra rela-ccedilotildees complexas e sutis entre os diferentes elementos em contato

A anaacutelise dos dados arqueoloacutegicos do territoacuterio de Siacuteba-ris mostra uma ausecircncia de ocupaccedilatildeo grega aleacutem do siacutetio de Francavilla em direccedilatildeo das montanhas do noroeste Em todo caso a interpretaccedilatildeo proposta por M Osanna71 a propoacutesito de Francavilla eacute de uma distinccedilatildeo entre os limites perceptiacuteveis da ocupaccedilatildeo grega e a definiccedilatildeo de uma fronteira Entretan-to essa ausecircncia grega aleacutem de Timpone della Motta deve ser nuanccedilada Um argumento ex absentia deve sempre ser tomado com muita prudecircncia sobretudo quando se trata da presenccedila de populaccedilotildees diferentes em contexto colonial

Na definiccedilatildeo da fronteira as fontes escritas e os conhe-cimentos histoacutericos devem intervir no discurso Se por um lado haacute a referecircncia aos quatro povos e agraves vinte e cinco ci-dades do trecho de Estrabatildeo (VI 1 13) por outro lado os dados arqueoloacutegicos provenientes de Amendolara mostram transformaccedilotildees importantes durante o seacuteculo VII Com efei-to podemos observar uma participaccedilatildeo maior de elementos gregos no interior da comunidade local atraveacutes de constru-ccedilotildees de casas com teacutecnicas gregas ou ainda nos objetos depos-tos em tumbas que apresentam quase exclusivamente vasos gregos Analisando esses dados M Osanna72 sugeriu uma in-tegraccedilatildeo do grupo indiacutegena estabelecido em Amendolara ao territoacuterio diretamente sob controle dos gregos de Siacutebaris E Greco inclusive identificou a fronteira norte de Siacutebaris com o cabo Spulico73 Na ausecircncia de outros dados eacute impossiacutevel ve-rificar essas hipoacuteteses de estudo poreacutem a presenccedila elevada de elementos gregos no siacutetio de Amendolara indica claramente a vontade de expansatildeo da dominaccedilatildeo sibarita seja sob a forma da integraccedilatildeo dos centros indiacutegena ao territoacuterio ciacutevico ou sob

69 Esposito A e ZurbaCh J 2010 p 51-70 especialmente p 55 e

conclusatildeo p 66 os autores natildeo somente sublinham as nuanccedilas necessaacuterias para a

interpretaccedilatildeo dessa questatildeo da inclusatildeo de mulheres indiacutegenas mas tambeacutem

mostram como o caso de Francavilla Marittima pode

representar uma situaccedilatildeo onde os modos dos

casamentos inter-eacutetnicos satildeo variaacuteveis ao longo do tempo podendo incluir relaccedilotildees de alianccedila entre

comunidades

70 Osanna M 1997 p 281

71 Osanna M 1997 p 281 et 288-289

72 Osanna M 1992 p 132-134

73 GreCo E 1992a p 34

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

33

a forma de alianccedilas entre a cidade grega e esses siacutetios indiacutege-nas A menccedilatildeo de Diodoro Siacuteculo (XII 9 2) sobre a generosi-dade na concessatildeo do direito de cidadania da parte de Siacutebaris constitui certamente um ponto para reforccedilar essa hipoacutetese

A constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo (ἀρχή) diz respeito natildeo somente agrave zona rural sob autoridade direta da cidade mas tambeacutem agraves regiotildees independentes que mantecircm relaccedilotildees estrei-tas de alianccedila Nesse sentido a fundaccedilatildeo de Metapontum por volta de 630 aC pode ser o primeiro movimento importante de Siacutebaris para se assegurar uma dominaccedilatildeo sobre um territoacute-rio mais extenso que os limites de suas terras ciacutevicas Segundo Estrabatildeo (VI 1 15) a escolha do lugar de instalaccedilatildeo da nova colocircnia aqueia cuja fundaccedilatildeo seguia um apelo lanccedilado por Siacutebaris garantiria em seguida a posse do territoacuterio de Siris pelos aqueus de Metapontum Esses interesses na fundaccedilatildeo de Metapontum parecem representar o primeiro sinal visiacutevel do objetivo de constituiccedilatildeo de um ldquoimpeacuteriordquo da parte de Siacutebaris

Um segundo movimento tambeacutem em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris foi a destruiccedilatildeo de Siris Eacute mais um movimento aleacutem das ldquofronteirasrdquo ciacutevicas e mesmo do siacutetio provavelmente indiacutegena de Amendolara contemporaneamente ao movimen-to da aliada Metapontum em direccedilatildeo sul A tomada de uma parte do antigo territoacuterio de Siris por Metapontum eacute confir-mada pelas fontes arqueoloacutegicas e podemos supor com razatildeo um movimento comparaacutevel da parte de Siacutebaris Em todo caso a expansatildeo de certa forma de dominaccedilatildeo sobre um territoacuterio mais extenso em direccedilatildeo ao norte de Siacutebaris eacute bem atestada

Aleacutem dos centros indiacutegenas do interior das terras os in-teresses de Siacutebaris tambeacutem incluiacuteam a costa tirrecircnica O mo-vimento mais importante e mais distante geograficamente eacute certamente a fundaccedilatildeo da sub-colocircnia Poseidonia por volta de 600 aC Poucos anos depois do sucesso da participaccedilatildeo de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Metapontum Poseidonia eacute fundada na costa do mar Tirreno Natildeo parece uma mera coincidecircncia que as duas novas colocircnias aqueias estejam situadas nas proximi-dades de dois rios importantes que serviam como indicaccedilatildeo de limites Estrabatildeo (VI 1 4) menciona a Lucania a Magna Greacutecia a Italigravea ou a Œnotria mas o traccedilo comum dessa re-giatildeo com diversas denominaccedilotildees eacute a definiccedilatildeo de seus limites entre o Sele (ao norte de Poseidonia) e o Bradano (ou a cidade de Metapontum) em um sentido e ateacute o curso do Laos para o limite sul74 Aleacutem disso o Sele e o Bradano marcam tambeacutem

74 Ver comentaacuterio recente sobre as denominaccedilotildees dessa regiatildeo principalmente nas fontes de eacutepoca romana como Estrabatildeo ou Tito Liacutevio Simon M 2011 p 65-80

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

34

a fronteira entre as cidades aqueias e populaccedilotildees itaacutelicas bem organizadas os etruscos na Campacircnia e os iapiacutegios ao nordeste do Bradano Essas mesmas balizas foram em seguida utilizadas igualmente para a definiccedilatildeo das regiotildees italianas de Augusto o Sele e o Bradano delimitam a regiatildeo III75 Assim eacute necessaacuterio constatar a coincidecircncia entre esses limites e os lugares direta-mente investidos pelos interesses do ldquoimpeacuteriordquo de Siacutebaris

No que concerne agraves relaccedilotildees entre Poseidonia Siacutebaris e as populaccedilotildees proacuteximas da costa do mar Tirreno E Greco tambeacutem inclui a fundaccedilatildeo de Veacutelia (Ὑέλη)76 segundo Heroacute-doto (I 167)77 deve-se ver uma participaccedilatildeo direta da parte de Poseidonia na fundaccedilatildeo dos colonos vindos de Foceia O historiador diz que os colonos de Foceia que haviam encon-trado refuacutegio em Rhegion (Ρήγιον atual Reggio Calabria) tinham sido aconselhados por um habitante de Poseidonia na interpretaccedilatildeo do oraacuteculo e no estabelecimento da colocircnia em terras da Œnotria quando a Piacutetia mencionava Kirnos ela natildeo estava se referindo agrave ilha de Kirnos (Coacutersega) mas agrave cons-truccedilatildeo de um santuaacuterio dedicado ao heroacutei de mesmo nome As razotildees para o interesse de Siacutebaris na fundaccedilatildeo de Veacutelia fo-ram sugeridas por E Greco78 como ligadas agrave rota comercial mariacutetima nas costas do mar Tirreno Os dados arqueoloacutegicos provenientes dos siacutetios ao sul de Veacutelia mostram de fato trocas comerciais importantes nessa regiatildeo79

Este panorama das influecircncias de Siacutebaris perceptiacuteveis em diversas regiotildees do sul da Itaacutelia eacute obviamente muito su-cinto mas permite a indicaccedilatildeo de possiacuteveis dimensotildees do ceacutelebre ldquoimpeacuteriordquo Essa descriccedilatildeo eacute importante para nosso discurso no sentido de que ateacute mesmo a implantaccedilatildeo de uma nova cidade como a sub-colocircnia de Poseidonia eacute prova-velmente o resultado material mais visiacutevel desta vontade de controle de um espaccedilo bastante extenso A localizaccedilatildeo de Poseidonia eacute sem nenhuma duacutevida o resultado de um caacutel-culo estrateacutegico de Siacutebaris E este mesmo caacutelculo deve estar na origem da fundaccedilatildeo de Metapontum

ConClusatildeo

A utilizaccedilatildeo de conceitos modernos tomados das ciecircncias sociais ou da histoacuteria a respeito de outros periacuteodos pode ser muito beneacutefica para o estudo da colonizaccedilatildeo grega arcaica no

75 Pliacutenio o Velho NH III 10 71 et 11 97

NiColet C 1988 p 302

76 GreCo E 1992b p 476-481 e GreCo E

2000 p 202

77 laquo Οἱ δὲ αὐτῶν ἐς τὸ Ρήγιον καταφυγόντες

ἐνθεῦτεν ὁρμώμενοι ἐκτήσαντο πόλιν

γῆς τῆς Οἰνωτρίης ταύτην ἥτις νῦν Ὑέλη καλέεται Ἔκτισαν δὲ

ταύτην πρὸς ἀνδρὸς Ποσειδωνιήτεω

μαθόντες ὡς τὸν Κύρνον σφι ἡ Πυθίη ἔχρησε κτίσαι ἥρων

ἐόντα ἀλλrsquoοὐ τὴν νῆσον Φωκαίης μέν τῆς ἐν Ἰωνίη οὕτως

ἔσχε raquo

78 GreCo E 1992bp 481

79 GreCo E 1975 p 81-109

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

35

sul da Itaacutelia Vimos como o conceito de frontier history pode organizar a interpretaccedilatildeo de um avanccedilo progressivo dos colo-nos gregos em terras recentemente conquistadas Em especial desde os trabalhos de Turner devemos observar natildeo somente a conquista militar mas tambeacutem as implicaccedilotildees dos processos sociais e econocircmicos Nesse sentido as perspectivas poacutes-colo-niais estatildeo certas quando insistem na anaacutelise das comunidades indiacutegenas e nos diferentes papeacuteis que estas podem ter tido nos contatos com os colonos gregos Contudo natildeo devemos subs-tituir um modelo em certo sentido generalizante que insistia na ldquopenetraccedilatildeordquo dos elementos gregos nas comunidades nati-vas por outro modelo uacutenico Certas correntes poacutes-coloniais sobretudo angloacutefonas subestimam a historiografia italiana e os resultados das pesquisas arqueoloacutegicas tanto em siacutetios colo-niais gregos quanto autoacutectones

O exemplo de Siacutebaris nesse sentido nos permite identificar e valorizar o elemento nativo tanto no interior da comunidade colonial grega quanto em siacutetios indiacutegenas em contato estreito com os colonos talvez sob sua hege-monia Ao mesmo tempo esse exemplo confirma a necessi-dade da anaacutelise dos contextos coloniais a partir de todos os tipos de dados disponiacuteveis e da observaccedilatildeo tanto dos aspec-tos eacutetnicos quanto sociais poliacuteticos e militares Contextos de coabitaccedilatildeo paciacutefica podem ser compatiacuteveis com interes-ses poliacuteticos e militares hegemocircnicos numa dialeacutetica nu-anccedilada onde os diversos atores devem ser recolocados em seus lugares sobretudo em relaccedilatildeo agraves definiccedilotildees de estatu-tos sociais e poliacuteticos e natildeo soacute eacutetnicos Somente quando as ambivalecircncias das situaccedilotildees coloniais satildeo consideradas de forma detalhada e precisa quando podemos analisar tanto os estratos das ldquovozes subalternasrdquo por intermeacutedio da ar-queologia quanto os objetivos das classes dominantes tais quais expressos em seus escritos podemos ter uma visatildeo mais completa dos contextos coloniais antigos

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

36

ilu

str

accedil

otildee

s

Fig

1 M

apa

da M

agna

Greacute

cia

com

a in

dica

ccedilatildeo

das

prin

cipa

is c

idad

es g

rega

s da

s eacutep

ocas

arc

aica

e c

laacutess

ica

copy A

Pol

lini

2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

37

Fig

2 M

apa

do te

rrit

oacuterio

de

Siacuteba

ris

com

a in

dica

ccedilatildeo

dos

prin

cipa

is s

iacutetio

s ar

queo

loacutegi

cos

da eacute

poca

arc

aica

copy A

Pol

lini

2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

38

referecircnCias

Ampolo C 1992 laquo The Economics of the sanctuaries in South-ern Italy and Sicily raquo in Economics of cult in the ancient world Proceedings of the Uppsala Symposium Uppsala p 25-28

Amselle J-L 2002 laquo Le meacutetissage une notion piegravege raquo in N Journet (org) La culture de luniversel au particulier la recherche des origines la nature de la culture la construction des identiteacutes Auxerre Eacuteditions Sciences humaines p 329-333

Andreau J e SChnapp A 2000 laquo Introduction raquo in E Lepore (org) La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de France (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard p 7-15

AntonaCCio C M 2010 laquo (Re)Defining ethnicity culture material culture and identity raquo in S Hales e T Hodos (orgs) Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press p 32-53

Asheri D 1988 laquo Agrave propos des sanctuaires extraurbains en Sicile et Grande Gregravece theacuteorie et teacutemoignages raquo Meacutelanges P Leacutevecircque I Religion Besanccedilon Universiteacute de Besanccedilon p 1-5

Avram A 2012 laquo Le rocircle des eacutepoikoi dans la colonisation grec-que en mer Noire quelques eacutetudes de cas raquo in L Martinez-Segraveve (org) Les diasporas grecques du VIIIe agrave la fin du IIIe siegravecle av J-C 89 Toulouse Presses universitaires du Mirail p 197-216

Barth F (org) 1969 Ethnic Groups and Boundaries The So-cial organization of cultural differences Boston Little Brown

Bats M 2000 laquo La chora de Massalia raquo in Problemi della chora coloniale dallOccidente al Mar Nero Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XL Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 491-512

________ 2007 laquo Un bilan quelques pistes raquo in J-M LuCe (org) Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Toulouse Presses Universitaires du Mirail p 235-242

Beacuterard J 1957 La colonisation grecque de lItalie meacuteridiona-le et de la Sicile dans lAntiquiteacute 2a ed Paris PUF Primeira ediccedilatildeo 1941

Bhabha H K 1994 The Location of culture Londres Routledge

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

Boissinot P 2005 laquo Sur la plage emmecircleacutes Celtes Li-gures Grecs et Ibegraveres dans la confrontation des textes et de lrsquoarcheacuteologie raquo in P Boissinot e P Rouillard (orgs) Lire les territoires des socieacuteteacutes anciennes Madrid Casa de Velaacutezquez p 13-43

Capdetrey L 2012 laquo Mobiliteacutes grecques histoire en mou-vement raquo in L Capdetrey e J ZurbaCh (orgs) Mobiliteacutes grecques Mouvements reacuteseaux contacts en Meacutediterraneacutee de leacutepoque archaiumlque agrave leacutepoque helleacutenistique Bordeaux Auso-nius p i-vi

Colonie di colonie Le fondazioni sub-coloniali greche tra colo-nizzazione e colonialismo 2006 in M Lombardo e F Frisone (orgs) Lecce Congedo editore 2009

Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente 1997 Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Isti-tuto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1999

Cunliffe B 2006 laquo Afterword historical archaeology in the wider discipline raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to Historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 314-319

De PolignaC F 1994 laquo Mediation competition and sover-eignty the evolution of rural sanctuaries in Geometric Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Placing the Gods Sanctuaries and sacred space in Ancient Greece Oxford Clar-endon Press p 3-18

________ 1995 La Naissance de la citeacute grecque Cultes es-pace et socieacuteteacute VIIIe-VIIe siegravecles 2a ed Paris La Deacutecouverte Primeira ediccedilatildeo 1984

DesCoeudres J-P (org) 1990 Greek Colonists and Native Populations Proceedings of the First Australian Congress of Classical Archaeology held in honour of Emeritus Professor A D Trendall Sydney 9-14 July 1985 Oxford Clarendon Press

Domiacutenguez A J 2011 laquo The origins of Greek colonisation and the Greek polis some observations raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 195-207

Dyson S 1995 laquo Is there a text in this site raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeo-logical views on texts and archaeology Leiden Brill p 25-44

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

40

Esposito A 2005 Entre Sybaris et Tarente archeacuteologie drsquoune frontiegravere Identiteacutes mythes et territoires dans le Golfe de Tarente (IXe-Ve s av J-C) Universiteacute de Paris I

Esposito A e Leo G 2006 laquo Archeacuteologie histoire et poli-tique nationale (1860-1970) lItalie meacuteridionale et Sybaris raquo European Review of History - Revue europeacuteenne dHistoire 13 ndeg 4 p 621-642

Esposito A e Pollini A 2013a laquo La Visibiliteacute des pauvres dans les sources archeacuteologiques raquo Ktegravema Civilisations de lOrient de la Gregravece et de Rome antiques

________ 2013b laquo Penser les meacutetissages en Grande Gregravece et en Sicile raquo in Penser les meacutetissages org M RedonQ Deluermoz et al Paris-Villetaneuse

________ 2013c laquo Post-colonialism from America to Magna Graecia raquo in Contextualising ldquoearly colonisationrdquo archaeology sources chronology and interpretative models between Italy and the Mediterranean org L Donnellan e V Nizzo Rome Primeira ediccedilatildeo sous presse

________ 2013d laquo Pottery and cultural borders in Magna Graecia and Sicily raquo in I Congreso Internacional sobre Estudios Ceraacutemicos Homenaje a la Dra Vegas org L Giroacuten Cadiz (Espagne)

________ 2013e laquo Relations interculturelles en Grande Gregravece et Sicile raquo in Le point de vue de lrsquoautre Relations cultu-relles et diplomatiques dans le monde meacutediterraneacuteen Dialogues dHistoire Ancienne org A Gonzales e M T SChettino Besanccedilon Presses universitaires de Franche-Comteacute

Esposito A e ZurbaCh J 2010 laquo Femmes indigegravenes et colons grecs quelques observations raquo in P Rouillard (org) Portraits de migrants portraits de colons 2 p 51-70

________ 2013 laquo Technological standardization and cul-tural contact Methodological considerations and case-stud-ies raquo in Proceedings of the European Association of Archaeolo-gists annual meeting

Finley M I 1976 laquo Colonies An attempt at a typology raquo Transactions of the Royal Historical Society sV XXVI p 167-188

Fohlen C 1965 LAmeacuterique anglo-saxone de 1815 agrave nos jours Paris PUF

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

41

Funari P P A 1999 laquo Historical archaeology from a world perspective raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) His-torical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 37-66

Funari P P A Hall M e Jones S (orgs) 1999 Historical Archaeology back from the edge One world archaeology 31 Londres Routledge

Funari P P A Zarankin A e Stovel E (orgs) 2005 Global archaeological theory contextual voices and contemporary thoughts New York Kluwer academicPlenum publishers

Fustel de Coulanges N 1984 La Citeacute antique Paris Flammarion Primeira ediccedilatildeo 1864

Genovese G 1999 I Santuari rurali nella Calabria greca Studia archeologica 102 Rome LErma di Bretschneider

Gosden C 2001 laquo Postcolonial archaeology issues of cul-ture identity and knowledge raquo in I Hodder (org) Archaeo-logical theory today Cambridge Polity p 241-261

________ 2004 Archaeology and colonialism cultural contact from 5000 BC to the present Topics in contemporary archae-ology Cambridge Cambridge University Press

Greci e Italici in Magna Grecia 1961 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia I Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

GreCo E 1975 laquo Velia e Palinuro Problemi di topografia antica raquo Meacutelanges de lEacutecole franccedilaise de Rome Antiquiteacute 87 1 p 81-109

________ 1992a Archeologia della Magna Grecia Rome-Bari Laterza

________ 1992b laquo Limpero di Sibari bilancio archeologico-topografico raquo in Sibari e la Sibaritide Atti del convegno di stu-di sulla Magna Grecia XXXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 459-485

________ 2000 laquo A Rhegion il poseidoniate i Focei e la fondazione di Velia raquo in M Gras E GreCo et al (orgs) Nel cuore del Mediterraneo antico Reggio Messina e le colonie calci-desi dellarea dello Stretto Corigliano Calabro (CS) Meridiana Libri p 199-206

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

42

________ 2011 laquo On the Origin of the Western Greek Po-leis raquo Ancient West and East (AWE) 10 p 233-242

GreCo G 1999 laquo Santuari extraurbani tra periferia cittadina e periferia indigena raquo La Colonisation grecque en Meacutediterraneacutee occidentale Actes de la rencontre scientifique en hommage agrave G Vallet 251 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome p 231-247

Gruzinski S e Rouveret A 1976 laquo Ellos son como nintildeos Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et lItalie meacuteridionale avant la romanisation raquo Meacutelanges de lEacutecole fran-ccedilaise de Rome Antiquiteacute 1 p 159-219

Guzzo P G 1987a laquo LArcheologia delle cittagrave italiote nel IV e III sec aC raquo in S Settis (org) La Calabria antica Rome-Reggio Calabria Gangemi editore p 475-526

________ 1987b laquo Schema per la categoria interpretativa dei santuari di frontiera raquo Scienze dellAntichitagrave Storia Archeo-Storia Archeo-logia Antropologia 1 p 373-379

Hales S e Hodos T 2010 Material culture and social identity in the Ancient world Cambridge Cambridge University Press

Hall J 2007 laquo The Creation and expression of identity in the Classical world Greece raquo in S E AlCoCk e R Osborne (orgs) Classical Archaeology Malden MA Blackwell Publishing p 337-354

________ 2012 laquo Early Greek settlement in the west the limits of colonialism raquo in K Bosher (org) Theatre Outside Athens Drama in Greek Sicily and South Italy Cambridge Cambridge University Press p 19-34

Hall J M 1997 Ethnic identity in Greek antiquity Cambridge Cambridge University Press

________ 2002 Hellenicity between ethnicity and culture Chicago University of Chicago Press

Hall M 1999 laquo Subaltern voices Finding the spaces be-tween things and words raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical archaeology back from the edge Londres Routledge p 193-203

Hansen M H 1996 laquo City-Ethnics as evidence for Polis identity raquo in M H Hansen e K Raaflaub (orgs) More

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

studies in the ancient greek polis 108 Sttutgart Franz Steiner Verlag p 169-196

Hellmann M-C 2010 Larchitecture grecque 3 Habitat urbanisme et fortifications Les Manuels dart et darcheacuteologie antiques Paris Picard

JaCobsen J K e Handberg S 2010 Excavation on the Tim-pone della Motta Francavilla Marittima (1992-2004) I The Greek pottery Bari Edipuglia

Johnson M H 1999 laquo Rethinking historical archaeology raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 23-36

Jones S 1997 The Archaeology of ethnicity Constructing identities in the past and present Londres Routledge

Knapp A B e Voskoacutes A I 2008 laquo Cyprus at the end of the Late Bronze Age crisis and colonization or continuity and hybridization raquo American Journal of Archaeology vol 112 p 659-684

La cittagrave e il suo territorio 1967 Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia 1968

Lattimore O 1962 Studies in frontier history collected pa-pers 1928-1958 Oxford Oxford University Press

LawrenCe S e Shepherd N 2006 laquo Historical archaeology and colonialism raquo in D HiCks e M C Beaudry (orgs) The Cambridge companion to historical archaeology Cambridge Cambridge University Press p 69-86

Le genti non greche della Magna Grecia 1971 Atti del Con-vegno di studi sulla Magna Grecia XI Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Leo G 2010 Recherches sur le territoire de Sybaris agrave leacutepoque archaiumlque Universiteacute de Paris I

Lepore E 1967 laquo Per una fenomelogia storica del rapporto cittagrave-territorio in Magna Grecia raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Is-tituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 29-66

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

44

________ 1969 laquo Problemi dellorganizzazione della chora coloniale raquo in Problegravemes de la terre en Gregravece Ancienne org M I Finley Paris Mouton amp Co p 15-47

________ 2000a laquo I Greci in Italia raquo in E GreCo e M Lom-bardo (orgs) Le Colonie degli antichi e dei moderni Rome-Paestum Donzelli editore Primeira ediccedilatildeo 1981 p 29-87

________ 2000b La Grande Gregravece aspects et problegravemes dune colonisation ancienne Quatre confeacuterences au Collegravege de Fran-ce (Paris 1982) Naples Centre Jean Beacuterard Primeira ediccedilatildeo 1982

Lewis A e MaCgann T 1963 The New world looks at its history Austin TX University of Texas Press

Lomas K 2004 laquo Hellenism Romanization and Cultural Identity in Massalia raquo in K Lomas (org) Greek Identity in the Western Mediterranean Papers in Honour of Brian Shefton Leiden Brill p 475-498

Loomba A 2005 Colonialism-postcolonialism 2a ed Londres Routledge Primeira ediccedilatildeo 1998

LuCe J-M (org) 2007 Identiteacutes ethniques dans le monde grec antique Pallas Toulouse Presses Universitaires du Mirail

Lyons C L e Papadopoulos J K (orgs) 2002 The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute

Maaskant-Kleibrink M 1996 laquo Le Scoperte piugrave recenti sul Timpone della Motta raquo Santuari della Magna Grecia in Calabria Naples Electa p 198-203

________ 2005 laquo The early Athenaion at Lagaria (Francavil-la Marittima) near Sybaris an overview of its early-geometric II and its mid-7th century BC phases raquo in Papers in Italian archaeology 6 Communities and settlements from the Neolithic to the Early Medieval Period Proceedings of the 6th conference of Italian archaeology held at the University of Groningen Gronin-gen Institute of Archaeology the Netherlands April 15-17 2003 BAR International series 1452 Archaeopress p 754-772

Maaskant-Kleibrink M Barresi L e Fasanella MasCi M 2012 Excavations at Francavilla Marttima 1991-2004 matt-patinted pottery from the Timpone della Motta The undu-lating bands style BAR international series 2423 1 Oxford Archaeopress

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

45

Maaskant-Kleibrink M e Sangineto M 1998 laquo Enotri a Timpone Motta (I) la ceramica geometrica dallo strato di cenere e materiale relativo delledificio V Francavilla Marit-tima raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 73 p 1-60

Magna Grecia e il mondo miceneo 1982 Atti del Convegno di studi sulla Magna Grecia XXII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia

Malkin I 2002 laquo A colonial Middle Ground Greek Etrus-can and local elites in the Bay of Naples raquo in C L Lyons e J K Papadopoulos (orgs) The archaeology of colonialism Los Angeles Getty Research Institute p 151-181

________ 2011 A Small Greek World networks in the An-cient Mediterranean Oxford Oxford University Press

________ (org) 2001 Ancient perceptions of Greek ethnicity Center for Hellenic studies colloquia 5 Washington Center of Hellenic studies Trustees for Harvard University

MCInerney J 1999 The Folds of Parnassos Land and ethnicity in ancient Phokis Austin TX University of Texas Press

Mele A 2003 laquo Le anomalie di Pithecusa Documentazioni archeologiche e tradizioni letterarie raquo Incidenza dellrsquoantico Dia-loghi di storia greca 1 p 13-39

MerCuri L 2010 laquo Monte San Mauro di Caltagirone (Sicile) histoire des interpreacutetations drsquoun site du premier acircge du Fer raquo in H Treacuteziny (org) Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire 3 Aix-en-Provence Centre Camille-Jullian p 695-700

Meskell L 2001 laquo Archaeologies of identity raquo in I Hodder (org) Archaeological theory today Cambridge Polity p 187-213

Monbeig P 1952 Pionniers et planteurs de Sao Paulo Cahiers de la Fondation nationale des sciences politiques 28 Paris Colin

Muumlller C e Prost F (orgs) 2002 Identiteacutes et Cultures dans le monde Meacutediterraneacuteen Antique Paris Publications de la Sorbonne

NiColet C 1988 LInventaire du monde Geacuteographie et politique aux origines de lEmpire romain Paris Fayard

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

46

Ober J 1995 laquo Greek Horoi artifactual texts and the con-tingency of meaning raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 91-123

Orser Jr C E 2000 Introduccioacuten a la arqueologiacutea histoacuterica Traduccedilatildeo de A Zarankin Buenos Aires Asociacioacuten amigos del Instituto nacional de antropologiacutea Primeira ediccedilatildeo 1992

Osanna M 1992 Chorai coloniali da Taranto a Locri docu-mentazione archeologica e ricostruzione storica Rome Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato

________ 1997 laquo Territorio coloniale e frontiera la docu-mentazione archeologica raquo in Confini e frontiera nella grecitagrave dOccidente Atti del Convegno di Studi sulla Magna Grecia XXXVII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 273-292

Osborne R 1998 laquo Early Greek Colonization The Nature of Greek Settlement in the West raquo in N Fisher e H Van Wees (orgs) Archaic Greece New Approaches and New Evi-dence Londres Duckworth p 251-269

Osorio Silva L 2003 laquo Fronteira e identidade nacional raquo in Anais do V Congresso Brasileiro de Histoacuteria Econocircmica Caxam-bu MG ABPHE p 101-125

________ 2006 laquo Tierras nuevas y construccioacuten del estado en Brasil y Argentina raquo Ameacuterica Latina en la Historia econoacute-mica 25 p 45-71

Owen S 2005 laquo Analogy Archaeology and Archaic Greek Colonization raquo in H R Hurst e S Owen (orgs) Ancient Colonizations Analogy Similarity and Difference Londres Duckworth p 5-22

Peroni R 1989 Popoli e civiltagrave dellrsquoItalia antica Protostoria dellrsquoItalia continentale la penisola italiana nelle etagrave del bronzo e del ferro 9 Rome Biblioteca di storia patria

Pollini A 2006 laquo Bibliographical note on the study of the territory in Magna Graecia raquo Workshop di Archeologia Classica Paesaggi costruzioni reperti p 37-56

________ 2014 Frontiegraveres et territoires en Grande Gregravece Archeacuteologie et histoire des repreacutesentations Naples Centre Jean Beacuterard

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

47

Pontrandolfo A e Rouveret A 1983 laquo La rappresentazio-ne del barbaro in ambiente Magno-greco raquo Modes de contacts et processus de transformation dans les socieacuteteacutes anciennes Actes du colloque de Cortone (24-30 mai 1981) Pisa-Rome Scuola Nor-male Superiore-Eacutecole Franccedilaise de Rome p 1051-1066

Pugliese-Carratelli G 1988 laquo I Santuari extramurani raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Magna Grecia Vita religiosa e cultura letteraria filosofia e scientifica 3 Rome Electa p 149-158

________ 1990 laquo Santuari extramurani in Magna Grecia raquo in G Pugliese-Carratelli (org) Tra Cadmo ed Orfeo Contri-buti alla storia civile e religiosa dei Greci dOccidente Bologne Il Mulino p 137-142

Redfield R Linton R e Herskovits M J 1936 laquo Mem-orandum for the study of acculturation raquo American Anthro-pologist NS 38 1 p 149-152

Ruby P 2006 laquo Peuples fictions Ethniciteacute identiteacute eth-nique et socieacuteteacutes anciennes raquo Revue des eacutetudes anciennes 108 1 p 25-60

SCott J W 1986 laquo Gender a useful category of histori-cal analysis raquo The American Historical Review vol 91 5 p 1053-1075

Silliman S W 2005 laquo Culture contact or colonialism Challenges in the archaeology of Native North America raquo American Antiquity 70 1 p 55-74

Simon M 2011 Le rivage grec de lItalie romaine la Grande Gregravece dans lhistoriographie augusteacuteenne Collection de lEcole franccedilaise de Rome 442 Rome Eacutecole Franccedilaise de Rome

Slotkin R 1992 Gunfighter nation The myth of the frontier in twentieth-century America New York Atheneum

________ 1998 The Fatal environment the myth of the fron-tier in the age of industrialization (1800-1890) Oklahoma University of Oklahoma

Small D B 1995a laquo Introduction raquo in D B Small (org) Methods in the Mediterranean historical and archaeological views on texts and archaeology Leiden Brill p 1-22

________ 1995b laquo Monuments laws and analysis combin-ing archaeology and text in Ancient Athens raquo in D B Small

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

48

(org) Methods in the Mediterranean historical and archaeologi-cal views on texts and archaeology Leiden Brill p 143-174

________ 1999 laquo The tyranny of the text lost social strate-gies in current historical period archaeology in the classical Mediterranean raquo in P P A Funari M Hall et al (orgs) Historical Archaeology back from the edge Londres Routledge p 122-136

Spatafora F e Vassallo S (orgs) 2006 Des Grecs en Sicile Grecs et indigegravenes en Sicile occidentale dapregraves les fouilles archeacuteolo-giques Palerme Dipartimento regionale dei beni culturali am-bientali ed educazione permanente

Torelli M 1977 laquo Greci e indigeni in Magna Grecia ideo-logia religiosa e rapporti di classi raquo Studi Storici 18 p 45-61

Treacuteziny H (org) 2010 Grecs et indigegravenes de la Catalogne agrave la mer Noire Bibliothegraveque drsquoarcheacuteologie meacutediterraneacuteenne et africaine du Centre Camille-Jullian 3 Aix-en-Provence Cen-tre Camille-Jullian

Turgeon L Delacircge D e Ouellet R (orgs) 1996 Trans-ferts culturels et meacutetissages Ameacuterique-Europe XVIe-XXe siegravecle Paris LHarmattan

Turner F J 1893 laquo The Significance of the Frontier in American History raquo Report of the American Historical Associa-tion p 199-227

________ 1896 laquo The problem of the West raquo Atlantic Monthly

________ 1921 The Frontier In American History New York Henry Holt and Company

Vallet G 1967 laquo La citeacute et son territoire dans les colonies grecques dOccident raquo in La cittagrave e il suo territorio Atti del convegno di studi sulla Magna Grecia VII Tarente Istituto per la Storia e lArcheologia della Magna Grecia p 67-142

Van Dommelen P 2006 laquo Colonial matters material cul-ture and postcolonial theory in colonial situations raquo in C TilleyW Keane et al (orgs) Handbook of Material Culture Londres Sage p 104-124

Weber D e RausCh J (orgs) 1994 Where cultures meet Wilmington Jaguar Books

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013

49

White R 1991 The Middle Ground Indians empires and republics in the Great Lakes region 1650-1815 New York Cambridge University Press

Whitehouse R e Wilkins J 1989 laquo Greek and Natives in South-East Italy approaches to the archaeological evidence raquo in T C Champion (org) Centre and periphery comparative studies in archaeology Londres Unwin Hyman p 102-137

Wielen F v d e De LaChenal L 2007 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marittima I1 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo I) Bollettino darte Vo-lume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

________ 2008 La dea di Sibari e il santuario ritrovato studi sui rinvenimenti dal Timpone Motta di Francavilla Marit-tima I2 Ceramiche di importazione di produzione coloniale e indigena (tomo 2) Bollettino darte Volume speciale Rome Istituto poligrafico e Zecca dello Stato Libreria dello Stato

Yntema D G 2000 laquo Mental landscapes of colonization the ancient written sources and the archaeology of early colonial-Greek southeastern Italy raquo Babesch Bulletin Antike Beschaving Annual papers on Classical archaeology 75 p 1-49

Recebido em marccedilo de 2013Aprovado em maio de 2013