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Bacharel em ensino de História, Licenciado em História, Mestre em Ciências Politicas e Relações Internacionais. Director da Escola secundaria
do 2º Ciclo Eduardo Mondlane de Gorongosa, Docente colaborador da Universidade Católica de Moçambique e Instituto Superior de Ciências e
Tecnologia Alberto Chipande, nas cadeiras de História das Instituições politicas, das Sociedades, Antropologia cultural, Sociologia Geral, Direito das sociedades e político. Já leccionou varias classes no sistema do ensino moçambicano desde a 1ª a 12ª Classes.
Paulo Lucas Quembo Raposo
AS AUTARQUIAS LOCAIS (PROPORÇÃO PROGRAMAS GOVERNATIVOS E A ÂNSIA DO
ELEITORADO EM SOCIEDADES RURAIS) - CASO DA AUTARQUIA DE VILA DE
GORONGOSA 2008-2013.
Mestrado em Ciências Políticas e Relações Internacionais
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS ALBERTO CHIPANDE
Beira, Agosto de 2014
Paulo Lucas Quembo Raposo
AS AUTARQUIAS LOCAIS (PROPORÇÃO PROGRAMAS GOVERNATIVOS E A ÂNSIA DO
ELEITORADO EM SOCIEDADES RURAIS) - CASO DA AUTARQUIA DE VILA DE GORONGOSA
2008-2013.
Dissertação apresentada em cumprimento
parcial dos requisitos exigidos para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências
Politicas e Relações Internacionais,no
Instituto Superior de Ciências e
Tecnologia Alberto Chipande
Supervisor: Dr. Victor Sibanda
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA ALBERTO CHIPANDE- BEIRA
Agosto 2014
AS AUTARQUIAS LOCAIS (PROPORÇÃO PROGRAMAS GOVERNATIVOS E A ÂNSIA DO
ELEITORADO EM SOCIEDADES RURAIS) - CASO DA AUTARQUIA DE VILA DE GORONGOSA
2008-2013.
Dissertação apresentada em cumprimento
parcial dos requisitos exigidos para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências
Políticas e Relações Internacionais, no
Instituto Superior de Ciências e
Tecnologia Alberto Chipande
Mestrando: Paulo Lucas Quembo Raposo
Supervisor: Dr. Victor Sibanda
O Júri
Presidente ---------------------------------------------------------Data/ /
Supervisor ---------------------------------------------------------Data/ /
Oponente -----------------------------------------------------------Data/ /
Beira, Agosto, 2014
Declaração de Honra
Eu Paulo Lucas Quembo Raposo, declaro que este trabalho é resultado da minha investigação pessoal e
das orientações do meu supervisor. O conteúdo é original e as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas de rodapé e na bibliografia final.
Declaro ainda, que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção e
qualquer outro grau académico.
Beira, Agosto de 2014
_________________________
(Paulo Lucas Quembo Raposo)
i
Dedicatória
Dedico com tanta honra este trabalho aos meus PAIS, Lucas BizequeQuembo Raposo (na eternidade) e
Maria Estrela Andrade, pelo conselho virado a academia que sempre me deram com tanta paciência desde
as classes iniciais, ao meu supervisor, Esposa, Filhos, Irmãos, Serviço Distrital da Educação Juventude e
Tecnologia de Gorongosa, Colegas de Serviço e em especial a Movitel por todo apoio incondicional e
paciência.
Thanks
ii
Agradecimentos
Quero agradecer em primeiro lugar a Deus pelo dom gratuito da vida que me concedeu e, em segundo
lugar aos meus pais que tanto me apoiaram para o meu crescimento físico, moral, intelectual e pela
iniciação da educação de base que me deram e por terem investido em tudo que esteve ao seu alcance
para que eu continuasse com os meus estudos. Pai e Mãe, minha família, este trabalho é mais vosso do
que meu, o meu muito obrigado.
Aos meus irmãos e filhos, que sirva de exemplo para vocês.
Agradeço ao Camarada Henriques Bonjece, Primeiro Secretário Provincial da Frelimo em Sofala e ao
Governo do distrito de Gorongosa por ter me dado a oportunidade de frequentar este Mestrado.
Agradeço também aos meus Docentes do Curso de Ciências Políticas e Relações Internacionais, ao dr.
Tomas Languane que me apoiou na pesquisa, ao Dr. Victor Sibanda, meu supervisor, que humanamente
foram dissipando as dificuldades que tive e me deram a mão na hora em que mais precisei.
Ao Reitor, Dr. Rizuane Mubarak, muito obrigado pelo incentivo e encorajamento.
―Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor, mas
lutamos para que o melhor fosse feito. Não somos o
que deveríamos ser, não somos o que iremos ser, mas
Graças a Deus, não somos o que éramos‖.
Martin Luther King
iii
ÍNDICE
Declaração de Honra………………………………………………………………..……………iii
Agradecimento…………………………………………………………….……………………...iv
Resumo (Abstrat)………………………………………………………………………………….v
Lista de Abreviaturas……………………………………………………………………….……vi
Índice de projectos……………………………………………………………………………….vii
Índice geral……………………………………………………………………………………...viii
CAPITULO I
1.Introdução………………………………………………………………...……………………12
1.2. Colocação do Problema……………………………………………………………………..15
1.3.Hipóteses…………………………………………………………………………..…………17
1.4. Justificativa do Tema……………………………………………………………………..…17
1.5. Revisão da Literatura…………………………………………..……………………………19
1.6. Objectivos da Pesquisa……………………………………..……………………………….25
CAPITULO II
2.Metodologias do trabalho………………………...……………………………………………27
2.1.Delimitação do tema……………………………………………………………………….29
2.2.Resultados esperados………………………………………………………………………29
2.3.Relevância Social e Científica……………………………………….……..………………30
CAPITULO III
3. Conceituação e Fundamentação……………………..………………………………………32
3.1. O Processo de Municipalização…………………………………………..…………………32
3.2. A Vila Municipal de Gorongosa…………………………………………………………….33
3.2.1 Situação Físico-Geográficas da Vila (Limites) ……………………………………………33
3.3. Historial da Vila Municipal de Gorongosa………………………………………………….34
3.4. A Assembleia Municipal da Vila de Gorongosa…………………………………………36
3.4.1 Estrutura e Funcionamento………………………………………………………………...36
3.5. Quadro analítico-Participação e Representação dos cidadãos na autarquia………………...37
3.5.1 Tendência dos Resultados Eleitorais………………………………………………...…….37
3.6. Nível de Participação do Cidadão e Confiança nas Instituições Municipais………..………38
3.7. Representação e Participação Política…………………………………………………..…..47
3.7.1 A Representação Política………..…………………………………………………………47
3.7.2 Governação Participativa………………………………………………………………….52
3.7.3 Características das práticas participativas municipais……………………………………..53
3.7.4 Análise da Representação e Participação na Assembleia Municipal de Gorongosa………55
3.7.5 Mecanismos base de participação de cidadãos na governação local………………………59
3.7.6 O papel dos munícipes na gestão e desenvolvimento municipal………………………60
3.7.7 Espaços de participação Existentes no Município da Vila de Gorongosa………………..62
3.7.8 Formas de Participação da Sociedade Civil nos Municípios……………...……………….64
3.7.9 Líderes tradicionais, o poder local face a exigências actuais………………………………65
3.7.10 O papel das Autoridades Comunitárias………………………………………...…………67
CAPITULO IV
4.Abstencoes, votos nulos, em branco (PORQUÊ?)……………..………………………………69
4.1.Abstenções…………………………………………………………………….……………..69
4.3. Causas Gerais das Abstenções…………………...………….……………………………72
4.4 Estudos sobre Comportamento Eleitoral ao longo dos tempos……………………………76
4.4.1 Modelo de Colúmbia………………………………………………………………………77
4.4.2 Modelo de Michigan……………………………………………………………………….78
4.4.3 Teoria da escolha racional………………………...……………………………………….80
4.5 A importância da integração social no combate as abstenções……………………………..82
4.6 Voto Nulo…………………………………………………………………………………….83
4.6.1 Historial no Brasil………………………………………………………………………….84
4.6.2 Diferença entre voto em branco e nulo……………………………………………………84
4.6.3 Problemática das abstenções excessivas e anulação das eleições……………………….85
4.5 Os recursos humanos e o desafio das autarquias……………………………………………85
CAPITULO V
5.Conclusões e Recomendações…………………………………………………………...........87
5.1 Conclusões…………………………………………………………………………….……87
5.2 Recomendações……………………………………………………………………………..90
BIBLIOGRAFIA………………………………………………………………………….……..94
Apêndices e Anexos
RESUMO
O presente trabalho é apresentado para dar uma reflexão sobre as formas de governação municipal
participativa que se desenvolvem em Moçambique desde 1998, em particular para o Município da
Vila de Gorongosa que entrou para a municipalização pela primeira vez em 2008, onde é o objecto
de estudo desta dissertação.
Ciente de que o tema trará novas abordagens sobre os processos de governação municipal e
perspectivas eleitorais, as possíveis causas da satisfação ou insatisfação dos munícipes serão
aprofundadas com a certeza de dar mais domínio aos aspectos ligados a Auto-governacão,
descentralização, governação participativa. Ainda com mais afinco, esta pesquisa vai abordar a
proporção ou relação entre os Planos municipais, os graus de execução, satisfação e insatisfação dos
munícipes e a sua influência no processo eleitoral. O factor de reajustamento anual dos programas
municipais será focado neste trabalho para compreender que por vezes os planos Quinquenais se
desajustam às reais necessidades dos munícipes ao longo dos tempos precisando assim de consulta
permanente aos munícipes, isso devido a dinâmica social do momento.
Tal como varias reflexões o papel da Assembleia Municipal na divulgação das realizações do
Município será visto dando mais ênfase na dinâmica do conjunto. Mais em diante uma reflexão
sobre as abstenções, voto nulo, voto em branco, fenómenos que caracterizam os processos eleitorais
na autarquia de Gorongosa que é o objecto deste estudo. Logo a prior questionamos:
-Qual é o impacto dos planos quinquenais dos municípios na satisfação dos munícipes?
-Qual é a relação entre cumprimento ou incumprimento dos planos municipais e a participação/ os
resultados eleitorais?
Palavras-chaves: Governação municipal, Governação participativa, Participação,
Representação política, planos municipais, satisfação e insatisfação municipal, abstenções,
votos nulos e em branco.
___________________________________
Dissertação para o Mestrado em Ciências Politicas e Relações Internacionais Paulo Lucas Quembo Raposo
SUMMARY (ABSTRACT)
The present work is presented to give a reflection on the forms of participative municipal
government that is being developed in Mozambique since 1998, particularly the municipal district
of Gorongosa which was founded in 2008, of which is the object of study of this dissertation.
Aware that the theme will bring new approaches about the processes of municipal government and
electoral perspectives, the possible causes of the satisfaction or dissatisfaction of the citizens will be
deeply looked into with the certainty of emphasizing more to the aspects which have got to do with
Solemnity-government, decentralization and participative government. With more insistence, this
research will approach the proportion or relationship among the municipal plans, the execution
degrees, satisfaction and dissatisfaction of the citizens and their influence in the electoral process.
The factor of annual readjustment of the municipal programs will be focused in this work to
understand that sometimes the 5 year plans are changed according to the real necessities of the
citizens of which it is very important to have permanent consultation of the citizens due to social
dynamic of the moment.
Just as a reflection the role of the Municipal Assembly in the divulgation of the accomplishments of
the Municipal district will be focused giving more emphasis in the dynamics of the group.
Furthermore, we will have a reflection on the abstentions and null and blank votes, a phenomenon
that characterizes the electoral processes in the municipal district of Gorongosa that is the object of
this study. Therefore to prior we question:
-What is the impact of the 5 year plans of the municipal districts in the satisfaction of the citizens?
-Which is the relationship between execution and non accomplishment of the municipal plans and
the participation / the electoral results?
Keys-word: Municipal Government, participative government, Participation, political
Representation, municipal plans, municipal satisfaction and dissatisfaction, abstentions, null
and blank votes.
__________________________________
Dissertação para o Mestrado em Ciências Politicas e Relações Internacionais Paulo Lucas Quembo Raposo
Lista de Abreviaturas
AM -Assembleia Municipal
AMAVIDA- Associação Amor pela Vida.
ANAMM -Associação Nacional dos Municípios de Moçambique
CC -Conselho Constitucional
CM -Conselho Municipal
CMVG- Conselho Municipal da Vila de Gorongosa
CNE -Comissão Nacional de Eleições
FIL- Fundo para Iniciativas Locais
FOSCG- Fórum das Organizações da Sociedade Civil de Gorongosa
FRELIMO- Frente de Libertação de Moçambique
IDELGO- Iniciativa para Desenvolvimento local de Gorongosa
MDM-Movimento Democrático de Moçambique
OLE - Órgãos Locais do Estado
ONG- Organizações Não Governamentais
OSC -Organização da Sociedade Civil
PROL- Programa de Reforma dos Órgãos Locais
RENAMO (UE)- Resistência Nacional Moçambicana (União Eleitoral)
STAE - Secretariado Técnico de Administração Eleitoral
______________________________
Dissertação para o Mestrado em Ciências Politicas e Relações Internacionais Paulo Lucas Quembo Raposo
Índice de tabelas e gráficos
Tabela 1- Tabela da % das abstenções nas eleições autárquicas de 2013
Gráfico 1 - Contacto com Presidente do Conselho Municipal
Gráfico 2 - Contacto com Vereador Municipal
Gráfico 3 - Contacto com Membros da Assembleia Municipal
Gráfico 4 - Percentagem de pessoas que não conhecem o nome de pelo menos um membro
Gráfico 5 - Nível de confiança dos munícipes residentes na vila de Gorongosa (Inquérito nos sete
bairros da Autarquia)
_______________
Dissertação para o Mestrado em Ciências Politicas e Relações Internacionais Paulo Lucas Quembo Raposo
CAPITULO I
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho traz à ribalta uma reflexão das formas de governação municipal participativa
e sugere um salto qualitativo e arrojado para uma gestão pública local política e socialmente
mais inclusiva, com os cidadãos mais autónomos nos processos de tomada de decisão.
O tema que aqui propomos para estudo vai reflectir a governação municipal na Autarquia de
Gorongosa no período do primeiro mandato (2008-2013) uma abordagem que responde à
necessidade de apresentação da dissertação para a obtenção do grau académico de Mestre, e para
o caso vertente, Ciências Politicas e Relações Internacionais.
Nos últimos anos o mundo tem assistido mudanças significativas nos modelos de democracia. A
democracia representativa, através da qual os cidadãos escolhem os seus representantes para
conduzir os seus destinos vem sendo, de forma acelerada, substituída pela democracia
participativa considerada melhor forma de governação e de promoção do desenvolvimento.
Trata-se de uma abordagem Político-social que pretende dar uma contribuição na busca, análise e
implementação de mecanismos institucionais e estruturais que garantem a participação e
representação política em Moçambique e em Particular na Autarquia de Gorongosa, por forma a
permitir o desenho de plataformas de boa governação, baseada na inclusão e participação de
todos, nas diversas áreas de governação municipal, abrindo espaço de interacção e maior
comunicação.
A abordagem tem como motivação a necessidade de potenciar as autoridades comunitárias com
respeito e valor, como bases de organização das comunidades, contribuindo para devolução de
poderes às autoridades Comunitárias e tradicionais, segundo o decreto 15/2000. O estudo busca o
aperfeiçoamento de mecanismos e estratégias para uma participação e representação cada vez
mais activa dos cidadãos na vida política dos locais onde vivem.
A dissertação está dividida em 5 capítulos onde o primeiro retrata a visão geral do projecto, onde
`estão patentes o problema, delimitação, hipóteses e objectivos da pesquisa. No Segundo e
terceiro capítulos trazem a abordagem genérica sobre o processo de municipalização em
Moçambique e em Gorongosa, tal como a sua localização no entanto que unidade de analise
nesta pesquisa, onde também trazemos as variadas leis vigentes que legitimam a municipalização
que foi assistida pela primeira vez em Gorongosa nas eleições de 2008 ganhas pela Frelimo e seu
candidato.
O funcionamento dos órgãos eleitos e os termos Participação e Representação, que buscam e
proporcionam a confiança e a assistência do cidadão nos programas e na vida municipal se
aprofundam, apresentando-se algumas leis científicas do Poder e da Liderança para potenciar
mais os dirigentes municipais ambiente acolhedor no exercício das suas tarefas e na sua relação
com o público eleitor.
Neste capítulo é aprofundado o termo político mais destacado que sustenta as designações da
democracia modernas quanto aos Estados de Partidos1, que congregam dos termos
Representação política e Participação política, fundamentos importantes para a governação
democrática actual.
1Paulo Otero (2001, p. 205) Apresenta que esse modelo trata se, em primeiro lugar de Estado que assenta, em termos jurídicos-
constitucionais, numa estrutura organizativa de poder político herdada directamente do constitucionalismo liberal: afirmação
do princípio da separação de poderes, valorização do parlamento como órgão de representação política da comunidade e
principal fonte legitimadora da governação e do ordenamento jurídico. Baracho (1983, p. 111), os partidos políticos são o
principal meio instrumental para que a sociedade possa actuar como povo. Por intermédio dos partidos, segundo essa
afirmação, realiza-se o objectivo maior do regime democrático, o que demanda construir, em torno deles, todo o sistema
político, de modo a permitir sua correta utilização pela sociedade. O princípio básico do Estado de partidos é o de proporcionar,
na medida do possível, que cada partido se preocupe em tornar hegemónicas as suas ideias e a concepção de mundo, tendo
sempre por base, por sua vez, os princípios da democracia e da disciplina intrapartidária.
O papel dos munícipes, da autoridade tradicional e a gestão dos funcionários fica versado neste
trabalho na perspectiva de recrutamento formação e aproveitamento das experiencias adquiridas
nas formações anteriores tal como defende a Rosita Valói, Representante da AWEPA2.
No último capítulo desenvolvemos alguns conceitos operacionais e dos termos em estudo e que
fazem a relação entre o cumprimento dos planos e a satisfação ou insatisfação dos munícipes que
acaba virando na resposta eleitoral com as abstenções, votos nulos e em branco, importantes
elementos que serve de termómetro para os eleitos e para a avaliação da legitimidade dos
dirigentes na democracia, buscando o objectivo real da ânsia populacional (eleitores).
Os tipos e as razões das abstenções, votos nulos e em branco, são referenciados dando mais
ênfase as razões típicas e locais. No último, face as conclusões e recomendações, salientar que
tem-se observado ultimamente a fraca participação dos Munícipes na governação local, facto que
tem levantado problemas de relacionamento dos Órgãos Municipais com os Munícipes, e
consequente planificação não assente na base e na satisfação das necessidades pontuais dos
Munícipes, dai que urge a necessidade de contrapor tal situação, constituindo esta contraposição
a cerne do presente estudo.
Concluímos que as actuais formas de governações municipais são frágeis e pouco profundas para
uma governação local que se pretende mais democrática e promotora de desenvolvimento local.
Por esse facto, simpatizamo-nos com a ideia de os municípios deveriam acompanhar o
movimento do mundo e adoptarem modelos de participação política, representação política e
planificação e Orçamento Participativo no seu verdadeiro sentido.
2A Associação de Parlamentares europeus com a África (AWEPA) é uma organização do fundo internacional não governamental
através de Parlamentares europeus para reduzir pobreza e proteger direitos humanos apoiando o bom funcionamento dos
em África e mantendo África e a Europa dentro dos programas de trabalho político. Em Moçambique a AWEPA trabalha no
apoio institucional e na capacitação de Recursos Humanos nas antigas e novas autarquias.
As Autarquias Locais (Proporção programas governativos e a ânsia do eleitorado em
sociedades rurais).
- Caso da Autarquia de Vila de Gorongosa 2008-2013
1.2. COLOÇAÇAO DO PROBLEMA
As autarquias são importantes para a consolidação da Democracia. Em Moçambique, as
autarquias são a única forma de governo local legalmente eleito é, como tal, a legalidade e
execução eficiente dos seus programas quinquenais são anuais e fundamentais para a
legitimidade junto aos cidadãos, motivando ou chamando a participação activa na vida e
construção municipal para a consolidação e institucionalização de uma boa governação e da
democracia no Pais. (Relatório sobre desenvolvimento Municipal, 1ª Década, 2009).
Ao nível teórico acredita-se que a democracia local é condição essencial para a Democracia
geral, tal como refere McCarnery (apudSmith; 1998) que, o governo local é frequentemente
reorganizado à medida que os países levam a cabo transições democráticas, que podem provir da
noção Tocqueviliana3 de que o governo local é um campo de treino para a Democracia.
As autarquias tem também o papel a desempenhar quer assumindo e aprofundando o
empenhamento nos processos formais de governação, quer dando aos pobres maior a capacidade
de representação para ter voz e oportunidade de acesso e serviços públicos através de uma maior
participação em actividades de planificação e orçamentação.
As autarquias podem facilitar as sinergias nas zonas rurais, particularmente no município de
Gorongosa, para melhorar a diversificação de rendimentos com base de fluxos de bens, pessoas,
recursos financeiros e informação como elementos essenciais para o suporte do estilo de vida dos
munícipes rumo a diversificação de rendimentos. Facto que implica a existência de certas
3Alexis-Charles-Henri Clérel, visconde de Tocqueville, dito Alexis de Tocqueville, (29 de Julho de 1805 — 16 de
Abril de 1859) foi um pensador político, historiador e escritor francês. Tornou-se célebre por suas análises da Revolução
Francesa, cuja pertinência foi destacada por François Furet, da democracia americana e da evolução das democracias ocidentais
em geral. Raymond Aron pôs em evidência sua contribuição à sociologia. Foi um defensor da liberdade e da democracia. A sua
obra mais célebre, baseada nas suas viagens nos Estados Unidos, foi traduzida para o português com o nome de "A democracia
na América" e é frequentemente usada em cursos de história americana do século XIX e de teoria política moderna.
discrepâncias entre os programas governativos municipais, a estratégia de implementação e a
realidade da zona em estudo.
O indicador da crise de confiança, segundo Costa (s/d), é encontrado nos altos índices de
abstenção eleitoral, aliado a uma tendência geral do declínio da identificação com os partidos e
o distanciamento entre a participação política e a resolução de problemas sociais.
Segundo o relatório da CNE (2013)4, depois de uma participação, considerada positiva nas
eleições de 1994 de 87% dos eleitores a dirigirem-se às urnas, a abstenção dominou em todas as
eleições seguintes.
Segundo a mesma fonte, em 1999 o nível de abstenção foi de 31%, em 2004 a abstenção
aumentou para 64% e em 2009 atingiu 55%. Há portanto queda de confiança nas instituições
democráticas e nas instâncias representativas existentes.
Estes elementos indicadores da crise do sistema representativo, são encontrados na realidade
moçambicana. O nível de participação nas eleições presidenciais e legislativas tem vindo a
decrescer desde as eleições fundadoras da democracia realizadas em 1994.
Segundo Brito (2007:6), o facto de mais de metade dos eleitores não participar nos últimos
escrutínios, pode significar que os cidadãos não sentem que o seu voto possa ter qualquer
utilidade e, portanto, ―um sinal de disfuncionamento do sistema político‖. Os elevados índices de
abstenção são, também, visíveis e preocupantes nas eleições municipais.
Nas primeiras eleições autárquicas realizadas em 1998 em 33 cidades, segundo o relatório da
CNE (2008), o nível de abstenção foi valores exactos de 85%, sendo que nas eleições seguintes
(2013) a taxa de abstenção situou-se nos 75,84%. As eleições, realizadas no ano de 2008 em 43
cidades e vilas, o nível de abstenção foi de 55%, a mesma taxa de abstenção nas eleições
legislativas e presidenciais realizadas um ano após as autárquicas. Nas 4ªs eleições autárquicas,
4Relatório da Comissão Nacional de Eleições, 2013, (CNE), entidade organizadora e gestora dos Processos eleitorais em
Moçambique.
segundo o relatório de STAE5 Distrital (2013), a taxa de abstenção na Vila de Gorongosa, foi na
ordem de 51,68%, como ilustra a tabela abaixo:
Tabela da % das abstenções nas eleições autárquicas de 2013
Total de
inscritos
% Total de
Votantes
% Votos
Válidos
% Total de
Abstenções
% Votos
Nulos
% Votos em
branco
%
14.249 100 6.885 48.31 6.447 93.6 7.364 51.68 159 0.23 279 0.40
Fonte: STAE- Gorongosa
Perante estes desafios expostos deixamos as seguintes questões a aprofundar neste trabalho:
-Qual e o impacto dos planos quinquenais dos municípios na satisfação dos munícipes?
-Qual e a relação entre cumprimento ou incumprimento dos planos municipais e a
participação/ os resultados eleitorais?
- O porque das abstenções, votos e branco e nulos?
1.3. HIPÓTESES
1.3.1. Hipótese Principal
Pouca cultura de cumprimento, actualização rigorosa dos planos quinquenais e uma
governação participativa assente no contacto permanente com o munícipe.
1.3.2. Hipóteses Secundárias
Desconfiança permanente entre governantes e governados motivados pelo
desconhecimento da convivência no território municipal;
Situação do distanciamento dos representantes em relação aos seus eleitores;
Escassez da massificação da Educação cívica e cultura patriótica nos cidadãos;
Desajustamento dos mecanismos existentes que permitem maior aproximação/ligação do
cidadão ao seu representante.
1.4. JUSTIFICATIVA DO TEMA
A moderna Administração Publica exige uma planificação prévia e organizada, com metas
estabelecidas, dai que a resposta de cada município aos problemas da população está estampada
5STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral), entidade que se subordina a CNE. É um órgão executivo e gestor do
processo eleitoral, ele e que operacionaliza as orientações da CNE e do governo no âmbito eleitoral em Moçambique.
no seu programa, dai que se exige a elaboração de programas de acordo com as acções objectivas
adoptadas pelo Partido e defendido pela direcção Municipal.
― Nenhum vento auxilia o Navio que não sabe em que porto quer atracar” (ELISEU
GUIMARÃES)6
O Município da vila de Gorongosa, criado no ano 2008, herdou, por um lado, uma estrutura
organizativa extremamente fraca e infra-estruturas que na generalidade, não tinham recebido
manutenção ou melhoramentos desde a era colonial e, por outro, uma base de tributações muito
limitada, com registos de propriedade desactualizados ou inexistentes e uma fraca cultura de
pagamento de impostos, taxas e outras fontes de receitas.
Embora tenham sido alcançados progressos significativos desde a sua instalação, os desafios são
imensos em todas as áreas da prestação de serviços, conjugados com o rápido aumento da
procura que resulta de uma crescente população nesta vila, fenómeno que na maioria dos casos é
resultante do êxodo rural provocado pela guerra civil que o país enfrentou durante dezasseis anos
(1976-1992), onde Gorongosa era um dos seus principais palcos de teatro de operações militares,
embora actualmente outros factores poderão ser acrescidos. A pressão para a melhoria dos
serviços, incluindo aqueles que não são da restrita atribuição das autarquias, é sentida pelo
Presidente do Conselho Municipal e pelos seus vereadores, uma vez que as autarquias são
responsáveis, administrativamente, pela maior parte do território urbano de Moçambique.
Assumindo a importância da representação e participação política nas democracias actuais,
importa analisar a dinâmica da relação representante/representado nos novos espaços de
interacção política, concretamente municípios, desde o período da implementação da primeira
autarquização local nesta vila de Gorongosa que e o nosso foco de estudo, sua evolução até a
tendência actual. O estudo irá procurar compreender e descrever o impacto dos planos
quinquenais dos municípios na satisfação dos munícipes, a relação entre cumprimento ou
incumprimento dos planos municipais e a participação/ os resultados eleitorais e os mecanismos
através dos quais é garantida a participação do cidadão no processo de tomada decisão a nível
6 Especialista em elaboração de planos de governação municipais, governação participa e planificação participa no Brasil
local, e relacionar esses mecanismos com a tendência geral de abstenções, que se situa em média
acima dos 50% em todos pleitos eleitorais. Decorrente da actual conjuntura política do país,
caracterizada por uma elevada taxa de abstenção nas eleições gerais e principalmente municipais,
com especialidade neste município.
1.5. REVISÃO DA LITERATURA
As autarquias são importantes para a consolidação da Democracia. Em Moçambique, as
autarquias são a única forma de governação local legalmente eleito e, como tal, a legalidade e
execução eficiente dos seus programas quinquenais e anuais são fundamentais para a
legitimidade junto aos cidadãos, motivando ou chamando a participação activa na vida e
construção municipal para a consolidação e institucionalização de uma boa governação e da
democracia no Pais. (Relatório sobre desenvolvimento Municipal, 1ª Década, 2009).
Ao longo do período em estudo, a governação municipal desta autarquia da vila de Gorongosa,
foi caracterizada de aceitável, segundo a reunião nacional dos municípios realizada no Maputo
2013. Salientar que o mesmo período caracterizou se por várias tendências politicas
caracterizadas por aparecimento de movimentos políticos para desacreditar e por em causa a
legitimidade dos órgãos municipais.
A legitimidade segundo (Jorge Miranda 1996), citando Max Weber que defende a legitimidade
legal, assunto com que tem se confrontado qualquer governo ou estado para justificar o que esta
em conformidade com os critérios, objectivos e valores aceites na comunidade.
Para estes pensadores, destacam se dois tipos de legitimidade: Primeira de Titulo, aquela ligada
a satisfação dos requisitos para concorrer ou ocupar um cargo. A Segunda de Exercício, que
deriva (conquista-se) da confiança, aproximação, estima que um governante adquire pelo seu
carisma e pela satisfação da anciã dos munícipes o eleitorado pelo facto de ter em tempo recorde
satisfeito as suas necessidades pontuais, o cumprimento dos planos quinquenais e a
aproximação/ligação permanente do cidadão ao seu representante.
Ainda destacaremos nesta bibliografia os pensamentos de John Lock sobre a representação
política e Montesquieau7 e Jellinek sobre a Participação política.
O conceito de participação é utilizado para designar variadas formas de envolvimento dos
cidadãos nos processos de governação, independentemente do grau de profundidade com que os
cidadãos são envolvidos em tais processos. Os níveis de envolvimento dos cidadãos nos
processos de governação, vão desde a partilha de informações que os governos detêm, passando
pela consulta até à partilha do poder decisório (Babcocketal, 2008). Podem considerar-se
participativos governantes que partilham com as suas comunidades informações sobre as
decisões tomadas unilateralmente utilizando diferentes meios (media ou reuniões); assim
também o são os que antes de tomar uma decisão (ou tendo tomado há incertezas sobre a sua
razoabilidade pelo que não a torna pública antes) consultam aos cidadãos; de igual modo, são
participativos os governos que adoptam mecanismos de partilha do poder de decisão sobre
actividades e recursos através da planificação participativa e do orçamento participativo.
“ Os Pobres tomam conta dos seus próprios negócios, os ricos tomam intendente. É a História das Nações
Modernas. O sistema representativo é uma procuração dada a um certo número de homens pela massa do povo que
quer que os seus interesses sejam por eles defendidos” (BENJAMIM CONSTANT, 1815).
Na democracia os governos são representativos porque são eleitos (Manin, Przeworski8 e Stokes,
2006), por outro lado, para Lüchmann (2007), a trajectória da constituição dos modelos de
democracia tem sido marcada pelas noções de representação e participação, que embora
referenciados na ideia de participação política, ambos conceitos registam, com orientações
diversas, dois modelos centrais de organização política democrática, que são a democracia
representativa e a democracia participativa.
7Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu, conhecido como Montesquieu, nasceu a 18 de
Janeiro de 1689 — Paris, 10 de Fevereiro de 1755), foi um político, filósofo e escritor francês. Ficou famoso pela sua teoria da
separação dos poderes, actualmente consagrada em muitas das modernas constituições internacionais. Nesse período escreveu sua
principal obra, "Do Espírito das Leis" que se tornou referência mundial para advogados, legisladores e outros cientistas sociais. A
obra faz um vasto estudo nas áreas de direito, história, economia, geografia e teoria política que percorreu mais de dez anos até
sua publicação em 1748.
8Adam Przeworski (1940- ) é um cientista político e professor da Universidade de Chicago nascido na Polônia.Tem o
tema democracia como principal eixo de reflexão, em torno do qual não escapam estudos sobre o Estado, a social-
democracia, representatividade, eleições, etc. É autor da obra "Estado e Economia no Capitalismo".
“O modelo da democracia representativa, assente na ideia de que as decisões
políticas são derivadas das instâncias formadas por representantes escolhidos
por sufrágio universal, e o modelo da democracia participativa, por sua vez
baseado na ideia de que compete aos cidadãos, no seu conjunto, a definição e
autorização das decisões políticas, constituem os dois modelos centrais de
organização política democrática” (LÜCHMANN, 2007:3).
Entretanto, tanto a democracia representativa bem como a participativa constituem o culminar de
um longo processo, no qual a democracia, segundo Sartori (1994) adquiriu diversos significados
relativos a contextos históricos muito diferentes, assim como a ideais muito diferentes.
A lógica da representação política fundamenta-se no facto de que em contextos actuais (do
Estado Moderno) não ser possível todos os integrantes do Estado sentarem em assembleia e
definirem as suas leis.
Para Manin citado por Loureiro (2007), os princípios representativos fundamentam a
legitimidade dos regimes, a formação da autoridade, os arranjos institucionais e as formas de
vinculação entre os cidadãos e o poder nas democracias contemporâneas. Entretanto tem
crescido, no debate sobre a representação política, a ideia de que o governo representativo está a
atravessar uma crise. Segundo Manin (1995), a crise do governo representativo expressa-se na
distância crescente entre representantes e representados. Para o autor os partidos deixaram de ser
forças que canalizam as demandas da sociedade, facto que significa uma crise de intermediação e
representatividade.
“O que está actualmente em declínio são as relações de identificação entre representantes e representados e a
determinação da política pública por parte do eleitorado” (MANIN 1995:5).
Outro indicador da crise da representatividade é encontrado nos altos índices de abstenção
eleitoral, aliado, segundo Costa (s/d), a uma tendência geral do declínio da identificação com os
partidos e o distanciamento entre a participação política e a resolução de problemas sociais,
portanto a queda de confiança nas instituições democráticas e nas instâncias representativas
existentes.
Portanto, para o Estado moçambicano está evidente que a comunidade é um parceiro de
desenvolvimento, pois ―as autarquias apoiam-se na iniciativa proatividade, empreendedorismo e
na capacidade intelectual, técnica, habilidades, financeira, económica das populações em
colaboração com as organizações de participação dos cidadãos‖ (Moçambique, 20054a).
A proatividade e capacidade de gerir as mentes passa por uma liderança tal como diz; Paulo
Lourenço Afonso ( 2009: 63) no seu Livro –Liderança, Chave do Processo, Conceitua Liderança
como a capacidade de um individuo para influenciar, motivar e habilitar outros a contribuírem
para a eficácia e o sucesso das organizações de que são membros.
Mas ainda, Robert Greene e Joost Eleffer (1998), no seu Livro‖ As 48 Leis do Poder, trazem a
lei 16, 43 e 46 para sustentar o poder dos que o exercem para o bem da maioria dele mesmo.
Retomando o relatório do MARP (2008), a participação formal dos cidadãos e comunidades
auto-organizadas no desenvolvimento do país está condicionada ao registo para além de que as
organizações da sociedade civil que formalmente participam no processo de desenvolvimento
fazem-no com qualidade questionável.
Segundo o relatório da CNE (2013), depois de uma participação, considerada positiva nas
eleições de 1994 com cerca de 87% dos eleitores a dirigirem-se às urnas, a abstenção dominou
em todas as eleições seguintes.
Segundo a mesma fonte, em 1999 o nível de abstenção foi de 31%, em 2004 a abstenção
aumentou para 64% e em 2009 atingiu 55%.Há portanto queda de confiança nas instituições
democráticas e nas instâncias representativas existentes.
Estes elementos indicadores da crise do sistema representativo, são encontrados na realidade
moçambicana. O nível de participação nas eleições presidenciais e legislativas tem vindo a
decrescer desde as eleições fundadoras da democracia realizadas em 1994.
A análise empírica do comportamento eleitoral tem seu desenvolvimento mais expressivo na 2a
metade do século XX. Até os anos 50, eram poucos os estudos, destacando-se segundo
Perea(l999, p.48), as obras de Siegfried (l913),9Merriam eGosnell (1927),
10Tingsten (l937)
11, e
9André Siefried nasceu na França em 1875 e morreu em l959. Sua obra Tableau politique de la France de
l’OuestsouslaTroisieme Republique, publicada em l913, é considerada pioneira a respeito docomportamento eleitoral.
10
A pesquisa de MerriameGoesnell, por exemplo, tem como base as eleições presidenciais de l924 nos Estados Unidos e seus
dados são relativos à pesquisa realizada na cidade de Chicago. Uma de suas conclusões é a de que a participação eleitoral tem
Lazarsfeld12
(l944).Nesse sentido, aprofunda se a contribuição de estudos e pesquisas
desenvolvidos pelas Universidades de Colúmbia e Michigan, nos Estados Unidos, foi de
8pfundamental importância não só em relação a este país, mas também pela influência que
exerceu em outros países: ―Colúmbia e Michigan foram pioneiras na aplicação de técnicas de
colecta de dados para a análise político e eleitoral. A aplicação das mesmas se estendeu pela
maioria das sociedades industriais com democracias pluralistas‖ (JUSTEL, 1995, p.16).
Modelo de Colúmbia
O que ficou conhecido como ―Modelo de Colúmbia‖ começou a ser elaborado na década de 40,
quando professores e pesquisadores da Universidade de Colúmbia, sob a liderança de Paul
Lazarsfeld, realizaram diversas pesquisas em eleições presidenciais nos Estados Unidos.
O pressuposto central desse modelo é a compreensão de que o comportamento eleitoral
individual só pode ser compreendido no contexto social mais amplo. Os resultados das pesquisas
de eleições presidenciais, por exemplo, apontavam para a estabilidade do comportamento e das
preferências dos eleitores e, portanto, foram interpretados como resultado de predisposições
políticas com origens em características sócio demográficas.
Essas pesquisas tinham por objectivo analisar como se davam os processos de integração,
comunicação e interacção dos eleitores em determinada eleição e, a partir daí, construir um
modelo que se centra no modo como os indivíduos estão integrados na sociedade e como isso
reflecte na sua participação eleitoral.
uma relação directa com o statussocioeconômico: “os indivíduos mais escolarizados têm maior probabilidade de se registrar e
votar” (Merriam e Gosnell, l927, p.98).
11O estudo de Herbert TingstenPoliticalbehaviour. Studiesinelectionstatistics, publicado em l937, relacionou o género, a idade, a
ocupação e o statussocioeconômico com a taxa de abstenção eleitoral.
12O trabalho de Paul Lazarsfeld (l901-1976), citado por Perea (l999, p.48), é Thepeople’sChoice, escritojunto com Bernard
Berelson e HazelGaudet, quando era professor da Universidade de Colúmbia. O livrofoi publicado em l944 (Colúmbia
UniversityPress) e se tornou uma referência importante para os estudosposteriores sobre comportamento eleitoral.
Modelo de Michigan
A Escola de Michigan elabora um modelo distinto de explicação do comportamento eleitoral. A
ênfase é a dimensão psicológica, privilegiando a formação de identidades subjectivas do
indivíduo. Ele foi elaborado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Michigan, EUA,
sob a liderança de Angus Campbell, no final dos anos 50.
Como afirmam Balbachevsky13
e Holzhaker (2004, p.243): Para os autores desse modelo, as
unidades de análises são os indivíduos. E assim as decisões dos votantes são explicadas em
termos de atitudes políticas a longo prazo, destacando-se a importância das atitudes, o
compromisso psicológico com a política, a responsabilidade, o dever cívico, a identidade
partidária, etc.
O que descarta, portanto, as características sócio económicas como determinantes do
comportamento eleitoral. Nessa escola, como afirmam Reis e Castro (1992), o tema da
identidade partidária ganha especial relevo, destacando-se não apenas o papel importante no
condicionamento da decisão do voto pela identificação psicológica do eleitor com um partido,
mas também o fato de que essa identificação tende a apresentar grande estabilidade ao longo do
tempo, independente das classes sociais e ideologias. Assim, a lealdade adquirida (ou herdada)
em relação a um partido tende a ser mais decisiva.
Teoria da escolha racional
Basicamente, a teoria da escolha racional visa explicar e predizer o comportamento dos atores
políticos a partir de um conjunto de supostos (―supostos da racionalidade‖), ou seja, parte do
13Elizabeth Balbachevsky possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, mestrado em Ciências Sociais
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, doutorado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e é livre
docente pelo Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo e professora associada no mesmo Departamento. É
vice-coordenadora do Núcleo de Pesquisa sobre Políticas Públicas (NUPPs/USP), associada ao Grupo de Estudos em Ensino
Superior do Centro de Estudos Avançados da UNICAMP e associada ao HEG, HigherEducationGroup, Universidade de
Tampere, Finlândia. É pesquisadora principal do projecto PRONEX (FAPESP/CNPq) "Brasil, 25 anos de democracia - balanço
crítico: políticas públicas, instituições, sociedade civil e cultura política", onde coordena a área de pesquisa em políticas de educação.
princípio de que todos os fenómenos sociais têm de ser compreendidos como produto da acção
dos indivíduos, no qual o indivíduo racional actua tendo em conta o comportamento que espera
de outros atores.
Dows (2000) formula os principais elementos dessa teoria. Ao tratar da questão do voto, o autor
afirma que o homem racional decide votar, assim como toma outras decisões, se os benefícios
superam os custos. No modelo proposto por Dows, a decisão do voto é concebida como produto
da acção racional individual orientada por cálculos de interesse pessoal, tendo em vista o
objectivo de maximizar ganho. Assim, a participação nas eleições ocorre somente se os
benefícios esperados forem superiores aos custos do voto, ou seja, o eleitor racional se motiva a
votar apenas se os benefícios esperados forem suficientemente importantes e recompensadores.
Segundo Dows (2000, p.279) ―presumimos que todo homem racional decide se vota ou não o
mesmo modo que todas as decisões: se os retornos esperados superam os custos, ele vota, se não,
se abstém‖.
De acordo com essa teoria, o ato de votar é interpretado por meio da perspectiva da racionalidade
económica, adaptada ao universo da política: o ato de votar é concebido como uma relação que
tem custos e benefícios.
Como diz Castro (1994), a perspectiva da escolha racional baseia-se na perspectiva micro do
individualismo metodológico, segundo o qual é possível explicar comportamentos políticos se
considerar que os indivíduos são racionais e agem como consumidores do mercado económico,
procurando antes de tudo diminuir seus custos, maximizar e optimizar seus ganhos. Dows, ao
elaborar essa teoria, introduziu o conceito de renda utilitária, que se tornou um parâmetro que o
eleitor usa para mensurar os benefícios que obterá junto a cada candidato, uma vez eleito. Para o
autor, o indivíduo vota no partido que acredita que lhe trará maiores ganhos, ou seja, maior
índice de renda utilitária no próximo período.
1.6. OBJECTIVOS DA PESQUISA
1.6.1.GERAL:
Compreender o impacto dos planos quinquenais dos municípios na satisfação dos
munícipes na vila de Gorongosa.
1.6.2.ESPECIFICOS:
Descrever a relação entre cumprimento ou incumprimento dos planos municipais e a
participação/ os resultados eleitorais;
Analisar os mecanismos através dos quais é garantida a participação do cidadão no
processo de tomada decisão a nível local;
Identificar os factores que contribuem para o distanciamento dos representantes em
relação aos seus eleitores;
Analisar as consequências do distanciamento entre representantes e os eleitores no
sistema representativo;
Identificar os mecanismos existentes que permitem maior aproximação/ligação do
cidadão ao seu representante.
Relacionar esses mecanismos com a tendência geral de abstenções, votos nulos e brancos
nesta autarquia.
CAPITULO II
2. METODOLOGIAS DO TRABALHO
Neste trabalho foram usadas várias metodologias que permitiram a sua realização e a
materialização dos objectivos previamente definidos, alguns procedimentos metodológicos
deram suporte ao trabalho:
Método de abordagem
Hipotético - dedutivo - que permitiu a abstracção para compreender o objecto da pesquisa a
partir do geral, na base de artigos ou obras que abordam a temática sobre a governação e
programas municipais, participação e representação na governação local, o impacto dos planos
quinquenais dos municípios na satisfação dos munícipes, a relação entre cumprimento ou
incumprimento dos planos municipais e a participação/ os resultados eleitorais e os mecanismos
através dos quais é garantida a participação do cidadão no processo de tomada decisão a nível
local, e relacionar esses mecanismos com a tendência geral de abstenções.
Métodos de Pesquisa
Bibliográfico - O uso deste método consistiu na consulta de diversas obras que tratam assuntos
relacionados com o pacote Autárquico em particular, legislação Eleitoral e Autárquico de outras
obras. Este método foi usado ainda para buscar informação sobre a aplicação dos procedimentos,
mecanismos de envolvimento dos Munícipes que podem garantir maior intervenção dos mesmos
na construção conjunta de uma governação Participativa, Representativa e Inclusivo, usando os
mecanismos pautados em instrumentos flexíveis para o efeito (legislação).
Pesquisa do Campo- A aplicação deste método consistiu na observação, pesquisa de dados no
Conselho e Assembleia Municipal de Gorongosa, o que favoreceu a identificação das
características da Autarquia em termos de actividades económicas, funcionamento dos Órgãos
Municipais e sua relação com as OSCs, e Autoridades Comunitárias.
Histórico – Consistiu na investigação dos factos, processos do passado, para verificar a sua
influência e seu impacto na sociedade, para melhor compreender o papel que actualmente
desempenha na sociedade. Desde modo, este método permite-nos compreender certos fenómenos
de realidade política, social, cultural e económica, a partir daquilo que as fontes históricas forem
a nos revelar sobre o passado da Autarquia e do Distrito.
Estatístico/Matemático - permitiu o apuramento dos resultados numéricos e o processamento de
dados estatísticos.
Técnicas de Pesquisa
Entrevista e Inquérito- consistiu no questionamento e auscultação de Órgãos Municipais (
Membros da AM, 1Vereador do CM e o respectivo Presidente) Munícipes residentes em 7
Bairros escolhidos de forma aleatória, Organizações da Sociedade Civil, políticos de várias
forças politicas da zona Autárquica .
Entrevistas foram feitas ao presidente da AM, a 2 vereadores (Administração e Finanças e
Desenvolvimento Económico local) do CMVG, ao presidente do CMVG, 6 membros de
diferentes organizações da sociedade civil que operam na zona Autárquica, 3 líderes
Comunitários, 14 Munícipes residentes em 7 Bairros da Autarquia. Este exercício, de carácter
qualitativo, permitiu interpretar a natureza de contacto que se estabelece entre os membros da
AM com a comunidade local, bem como entre a AM e os restantes órgãos representativos
eleitos. Visto que os nossos elementos de análise incluíam resultados das eleições e o seu nível
de confiança, Mecanismos de participação, variáveis que podem ser mensurados e apresentados
com base em números, o recurso aos métodos matemático e gráfico, através da criação de um
banco de dados que sistematiza a informação recolhida foi indispensável, para a análise dos
inquéritos e leitura da tendência dos resultados nas eleições.
Este método foi muito importante para o pesquisador no processo de colecta de dados e
informações, pois, este método contribuiu para ajustar e actualizar dados e informações colhidas
no processo de pesquisa bibliográfica, para obtenção de uma informação mais segura e concisa.
Assim, foi possível analisar os resultados obtidos na observação sobre o modelo das sessões da
AM e participação da sociedade civil, procurar esclarecimentos sobre as principais razões
paralelas às dificuldades de criação de mecanismos flexíveis que garantam a inclusão na
governação local, bem como na verificação do nível proporcional dos Munícipes e da Sociedade
Civil na compreensão das matérias relacionadas ao pacote Autárquico.
2.1.DELIMITAÇÃO DO TEMA
Este trabalho se cingiu na investigação de aspectos ligados a governação municipal, planos
governativos municipais, a relação entre a sua execução e a satisfação dos munícipes. Ainda o
mesmo vai abordar sobre a participação democrática e cívica dos munícipes na tomada de
decisão em momentos eleitorais, numa visão as abstenções, votos nulos e em branco.
Concernente a delimitação espacial e temporal, o estudo foi realizado na autarquia da Vila de
Gorongosa, no período que corresponde ao primeiro mandato da sua criação, isto é, desde 2008 à
2013, espaço temporal sobre o qual recai analise.
2.2.RESULTADOS ESPERADOS
Tal como podemos dizer em função das referências sobre a criação das autarquias locais, estas
podem facilitar as sinergias nas zonas rurais, principalmente no município de Gorongosa, para
melhorar a diversificação de rendimentos com base de fluxos de bens, pessoas, dinheiro e
informação como elementos essenciais para o suporte do estilo de vida dos munícipes rumo a
diversificação de rendimentos. Facto que será m minuciosamente aprofundado neste estudo, com
destaque a existência de certas discrepâncias entre os programas governativos municipais, a
estratégia de implementação e a realidade da zona em estudo.
O indicador da crise da representatividade e confiança, é encontrado nos altos índices de
abstenção eleitoral, aliado a uma tendência geral do declínio da identificação com os partidos e o
distanciamento entre a participação política e a resolução de problemas sociais.
Importa referir que autarquias são importantes para a consolidação da Democracia. Em
Moçambique, as autarquias são a única forma do governo local legalmente eleito e, como tal, a
legalidade e execução eficiente dos seus programas quinquenais e anuais são fundamentais para
a legitimidade junto aos cidadãos, motivando ou chamando a participação activa na vida e
construção municipal para a consolidação e institucionalização de uma boa governação e da
democracia no Pais. (Relatório sobre desenvolvimento Municipal, 1ª Década, 2009).
Dai dizer que com este estudo espera-se que os dirigentes, dirigidos e outros actores sociais
passem a compreender o impacto dos planos quinquenais dos municípios na satisfação dos
munícipes na vila de Gorongosa; a necessidade de cumprimento dos planos municipais e a
participação/ os resultados eleitorais; os mecanismos através dos quais é garantida a participação
do cidadão no processo de tomada decisão a nível local; identifiquem e desfaçam os factores que
contribuem para o distanciamento dos representantes em relação aos seus eleitores, tal como as
consequências do distanciamento entre representantes e os eleitores no sistema representativo;
melhorem os mecanismos existentes que permitem maior aproximação/ligação do cidadão ao seu
representante e que se procure compreenderem as reais causas de abstenções, votos nulos e
brancos nesta autarquia.
2.3.RELEVÂNCIA SOCIAL E CIENTIFICA
No âmbito Social
Com este estudo pode-se contribuir para reforçar o relacionamento das comunidades e os órgãos
Municipais á luz da legislação referida anteriormente.
O estudo reveste-se de uma importância social crucial na medida em que uma planificação
baseada em consultas locais pode reflectir as verdadeiras necessidades, inquietações e anseios
dos munícipes.
Com o presente estudo, espera-se dar uma contribuição para o desenho de plataformas de boa
governação baseada na inclusão e participação de todos, nas diversas áreas de governação
municipal, abrindo espaço de interacção e maior comunicação de modo a fazer uma análise
profunda sobre o impacto dos planos quinquenais dos municípios na satisfação dos munícipes, a
relação entre cumprimento ou incumprimento dos planos municipais e a participação/ os
resultados eleitorais e os mecanismos através dos quais é garantida a participação do cidadão no
processo de tomada decisão a nível local, e relacionar esses mecanismos com a tendência geral
de abstenções, votos nulo e em brancos que caracterizaram a nossa eleição nos períodos
referenciados anteriormente.
Com esta abordagem espera-se incutir nos cidadãos a cultura democrática e participativa, cultura
de educação fiscal, de paz, de auto-estima, de cidadania. Incentivar os órgãos Municipais a
cultura de prestação de contas para além da necessidade de consulta permanente sobre as
aspirações populares no desenvolvimento Autárquico.
No âmbito Científico
As sociedades constituem um manancial de fenómenos sociais que de forma permanente
convidam o mundo académico para a sua pesquisa e no nosso país as investigações científicas
são de extrema importância.
Os resultados desta pesquisa podem contribuir no campo da Educação, sobretudo na inclusão de
temas como educação ambiental, Educação Fiscal, preservação e rentabilização de locais
públicos e históricos, valorização dos símbolos e órgãos de soberania, valorização das
Autoridades Comunitárias no currículo local, aspectos culturais que podem contribuir para
superar diferentes dificuldades da urbe.
CAPITULO III
3. CONCEITUAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO.
3.1. O Processo de Municipalização
As autarquias locais são consagradas na Constituição da República pelo artigo 272 e,
segundon°2 do artigo 1, da lei nº. 2/97, as autarquias são pessoas colectivas públicas dotadas de
órgãos representativos próprios que visam a prossecução dos interesses das populações
respectivas sem prejuízo dos interesses nacionais e da participação do Estado.
É nesta perspectiva que a lei nº 10/97, de 31 de Maio, cria os primeiros 33 municípios de
categorias ―cidade e vila‖, e na mesma lógica a lei nº 3/2008, de 2 de Maio criou 10 novos
municípios de ―vila‖ totalizando os 43 municípios existentes.
Ao abrigo da lei 2/97, em 1998 realizaram-se as primeiras eleições autárquicas em 33municípios,
tendo se seguidas as eleições de 2003, e nas eleições de 2008 mais 10 novas autarquias foram
estabelecidas ao abrigo da lei 3/2008.
Estes primeiros três (3) mandatos são geralmente considerados como correspondendo a fases
distintas do processo de municipalização. Nguenha (2009)14
, afirma que o período entre os
anos1997 a 2002, corresponde a fase do estabelecimento e organização administrativa dos
municípios. Aponta que nesta fase, o governo dedicou especial atenção à reorganização da
máquina administrativa herdada da anterior estrutura de administração do Estado.
De facto, o primeiro mandato das autarquias ainda deparava com problemas herdados dos
extintos conselhos executivos, como infra-estruturas obsoletas e pessoal sem formação
académica. Foi um período caracterizado principalmente pela organização interna dos órgãos
autárquicos. A segunda fase, de 2003 a 2008, é caracterizada, segundo Nguenha (idem), por uma
harmonização da organização técnico-administrativo e da articulação entre os órgãos autárquico
e autoridades comunitárias. Nesta fase os municípios são encorajados a desenvolver formas de
articulação e participação das autoridades comunitárias, sector privado e outras formas de
organização da sociedade civil. Por fim encontramos a terceira fase, que iniciou em 2009
estendendo-se até 2013, representando o período da consolidação do mecanismo de consulta
comunitária ou estabelecimento de práticas de planificação e orçamento participativo.
Para Nguenha (idem), neste terceiro mandato vislumbram-se duas possibilidades que podem
contribuir no aprofundamento e na consolidação da democracia através da participação. Para o
14
Eduardo JossiasNguenha é pós-graduado em Administração Pública e Licenciado em Economia. Professor Estagiário de
Finanças Públicas no Departamento de Ciência Política e Administração Pública da Faculdade de Letras e de Ciências Sociais da
Universidade Eduardo Mondlane. Acumula mais de oito anos de experiência de trabalho em descentralização e gestão de
Finanças Públicas locais. É actualmente consultor no Município de Maputo.
autor, A primeira possibilidade é de os municípios consolidarem os mecanismos de consulta
comunitária por via dos fóruns, dos conselhos consultivos e das presidências abertas. A segunda
possibilidade que se vislumbra é de os governos municipais poderem aproveitar a metodologia
do orçamento participativo implementado no município de Maputo, para envolver os cidadãos na
discussão de problemas, identificação de necessidades e conceder poder de decidir as actividades
e recursos orçamentais.
3.2. A Vila Municipal de Gorongosa
3.2.1 Situação Físico-Geográficas da Vila (Limites)
A Autarquia de Gorongosa, localiza se na província central de Sofala, Distrito de Gorongosa,
localidade de Tambarara, com uma extensão 53 km2, limita-se:
Norte- Povoado de Tambarara;
Sul- Povoado de Nhamissongora Aldeia através do rio Nhamissongora;
Este- Povoado de Mangara;
Oeste- Rio Nhandare e Vanduzi, Povoado de Bangorangoma.
O Relevo é apresentado sob forma escaldante, predominado por planaltos e algumas elevações,
fazendo parte do prolongamento do planalto de Manica. Nalgumas vezes com baixas, onde se
localiza a cintura verde da Autarquia, com solos férteis para uma agricultura tradicional ligada a
produção de hortícolas, leguminosas, frutas e tubérculos que garantem o abastecimento
constante em produtos agrícolas, a população Municipal. O Clima é relativamente tropical
modificado de altitude. Percorrem da vila alguns rios de curso permanente e com margens que
apresentam uma vegetação de beleza natural, atractiva para o Turismo de praia fluvial e com
forte potencial para irrigação e abastecimento de água potável para a Autarquia. Os principais
rios são Nhandare, Mapombue, Matucudur, Vanduzi e Nhamissongora. As precipitações
observam-se de Novembro a Abril, cuja média oscila entre os 900 a 2000 mm anuais.
3.3. Historial da Vila Municipal de Gorongosa
O Município da vila de Gorongosa, criado no ano 2008, herdou, por um lado, uma estrutura
organizativa extremamente fraca e infra-estruturas que na generalidade, não tinham recebido
manutenção ou melhoramentos desde a era colonial e, por outro, uma base de tributações muito
limitada, com registos de propriedade desactualizados ou inexistentes e uma fraca cultura de
pagamento de impostos, taxas e outras fontes de receitas.
Embora tenham sido alcançados progressos significativos desde a sua instalação, os desafios a
serem enfrentados são imensos em todas as áreas da prestação de serviços, conjugados com o
rápido aumento da procura que resulta de uma crescente população nesta vila, fenómeno que na
maioria dos casos é resultante do êxodo rural provocado pela guerra civil que o país enfrentou
durante dezasseis anos (1976-1992), onde Gorongosa era um dos seus principais palcos de
manobras militares, embora actualmente outros factores poderão ser acrescidos. A pressão para a
melhoria dos serviços, incluindo aqueles que não são da restrita atribuição das autarquias, é
sentida pelo Presidente do Conselho Municipal e pelos seus vereadores, uma vez que as
autarquias são responsáveis, administrativamente, pela maior parte do território urbano de
Moçambique.
A vila é habitada maioritariamente pela população vinda do Distrito de Bárue na Província de
Manica e de Cheringoma na Província de Sofala, que se movimentavam devido a guerra de
resistência Nacional.
Os primeiros habitantes desta urbe tinham como Chefe o Cambaranje15
. Mais tarde passou pela
vila um colono Português chamado Paiva de Andrade, nome atribuído a vila pelo Governo
Colonial a 18 de Maio de 1963, ano que ascendeu a categoria de vila.
Com a ascensão da Independência Nacional em Moçambique em Junho de 1975 passou a ser
chamado Vila de Gorongosa. Baseando-se no seu desenvolvimento socioeconómico,
populacional, institucional e boa governação, o Governo Central decidiu que se passasse a
estatuto de vila Municipal.
15Chefe tradicional descado historicamente na resistencia Barue de 1917 contra a ocupacao colonial neste territorio(
Mocambique). Refira-se que a resistencia Barue marcou o ultimo reduto da resistencia contra a ocupacao colonial em
Mocambique.
Para percebermos melhor a História da vila relaciona se com a História do Distrito todo pelo
que ora saibamos:
Gorongosa passou várias fases da sua História que condicionou o seu crescimento como
aconteceu em outros vários territórios da África, e em particular Moçambique, que afectou sobre
maneira o papel das comunidades e das suas lideranças na altura devido os interesses dos
dominadores, (D‘Andrade, 1890 & Sousa 1905). A educação sempre estava patente nas
comunidades Waduma (Wagorongozi), visto que, esse processo educativo estive em frente dos
líderes comunitários na condução do destino da comunidade que garantiu a permanência dos
valores mais nobres das próprias comunidades. Até 1929, não havia em Gorongosa
estabelecimentos de ensino e nem comerciais, visto que, o funcionamento da Administração
local era exercido pelos estrangeiros, sobretudo militares. Um dos marco importante para os
primeiros residentes e os próprios colonizadores caracterizou-se pela inauguração em vila Paiva
de Andrade de um posto de telegrafia sem fio, (Anuário de L.Marques, 1930, Pg107,).
Com a introdução das primeiras Escolas ―capelas‖ nos anos 1933 pelo padre Francisco, as
autoridades comunitárias desempenharam papel muito importante na mobilização das
comunidades junto aos seus colaboradores para recrutamento dos primeiros alunos em
Gorongosa nas zonas Sadjungira, Canda e Tambarara e os professores vinham da missão de
Chupanga (Marromeu) e mais tarde de Amatonga (Gondola). Essas comunidades já praticavam
actividades agro-pecuárias caracterizadas pelo cultivo de algodão, tabaco, mapira, feijão e a
criação de caprino.
O poder tradicional era representado pelo Régulo Tambarara e actualmente os Secretários dos
Bairros também exercem o seu poder como pessoas influentes da Vila, continuam a colaborar
com as autoridades governamentais na implementação dos programas da Autarquia.
3.4. A Assembleia Municipal da Vila de Gorongosa
3.4.1. Estrutura e Funcionamento.
A Assembleia Municipal da vila de Gorongosa, funcionou durante o tempo em análise com duas
(2) Bancadas nomeadamente a FRELIMO e a RENAMO, com treze assentos distribuídos de
seguinte forma: Bancada da Frelimo 12, Bancada da Renamo 1.
Em termos estrutural a mesma funciona com Uma Mesa de Assembleia Constituído por:
Presidente da Assembleia Municipal, Vice-Presidente, Secretário da Mesa. Esta é também
denominada por Comissão permanente;
Comissão de Género, Assuntos sociais;
Comissão de plano e Finanças;
Comissão de Desenvolvimento Económico (Mercados e Feiras).
Durante o tempo em análise (2008 -2013), segundo a Entrevista cedida pelo Presidente da
Assembleia Municipal, realizaram-se 10 Sessões Ordinárias e 52 Extraordinárias. As sessões da
Assembleia Municipal contam com convidado permanente: O Representante do Estado na
Autarquia, Secretários dos Bairros. Para o seu funcionamento, a AM usa diversos instrumentos
reguladores como por exemplo: O regimento, A legislação Autárquica, LOLE entre outros. A
relação Conselho Municipal versus Assembleia é considerado salutar na medida em que o plano
deste primeiro órgão tem passado sem nenhuma dificuldade tendo em conta a maioria
pertencente a mesmo partido do Candidato, considerada ainda de consulta permanente. Em
relação a participação de OSCs, este órgão, segundo Presidente, nota-se sua participação mas de
forma fraca, pois tem sido convidados para participar nas sessões segundo, preconizado na
legislação Autárquica em vigor.
3.5. Quadro analítico-Participação e Representação dos cidadãos na autarquia
3.5.1 Tendência dos Resultados Eleitorais: (Uma Análise dos Níveis de Abstenção e dos
votos):
As eleições constituem um dos fundamentos básicos das democracias representativas, sendo o
voto um elemento crucial para a legalidade e, até certo ponto para a legitimidade dos
governantes. É com base nas eleições que os eleitores seleccionam os representantes de sua
confiança.
Desta forma, os elevados índices de abstenção nos pleitos eleitorais devem constituir
preocupação por parte dos principais actores do sistema político, pois como afirma Brito (2007),
a abstenção manifesta o desengajamento dos cidadãos em relação ao sistema e aparece como um
sintoma de crise do processo democrático, tomando em consideração a sua importância.
Analisando a tendência da participação eleitoral nas eleições autárquicas do município de
Gorongosa, constata-se que o cenário é semelhante ao do país no geral, com as abstenções a
situarem-se em média, acima dos 50%.Das duas eleições autárquicas (regulares) realizadas,
somente as eleições de 2008 é que tiveram uma taxa de participação acima dos 50%, sem
contudo apresentar uma grande variação na tendência do voto.
As eleições de 1998, além de constituírem a primeira experiência eleitoral local no país, foram
boicotadas pela maioria dos partidos da oposição, tendo sido o partido Frelimo o único
vencedor.
Entretanto, o facto de as eleições terem sido boicotadas pela oposição, não pode ser apresentado
como a causa da fraca participação, pois nas eleições seguintes, mesmo com a participação da
oposição a abstenção se manteve.
A Frelimo e os seus candidatos sempre mantiveram constante o número de votos a seu favor,
acima de 90% dos votos válidos. As eleições autárquicas no município de Gorongosa
apresentam-se como sendo um elemento sustentador da existência, manteve-se em alta a
hegemonia do partido no poder.
Entretanto, a entrada do partido Renamo-UE a partir das eleições de 2003 no País em geral e na
Autarquia de Gorongosa a partir de 2008, tanto como a entrada do PDD, não influenciou nos
resultados que foram sempre favoráveis ao partido Frelimo.
Desta forma, urge questionar que factores estarão na origem de altas taxas de abstenção?
Analisando a legislação autárquica em vigor, a Assembleia Municipal é constituída por membros
eleitos por sufrágio universal, directo, igual, secreto, pessoal e periódico dos cidadãos eleitores
residentes no respectivo círculo eleitoral.
Entretanto, o facto de os eleitores votarem em uma lista fechada proposta e ordenada pelos
partidos políticos, sem a participação directa do munícipe, pode ser apontado como um dos
factores que contribui para a fraca participação eleitoral. Sendo assim, a mudança para um
sistema proporcional de lista aberta, pode ser apresentada como uma das formas de revitalizar e
promover uma dinâmica no ambiente político, bem como garantir uma maior aproximação entre
os candidatos e os eleitores.
Outro elemento de análise é o nível de importância atribuída pelo cidadão às eleições. Segundo o
relatório do Afrimap (2009)16
, a afluência dos cidadãos a pleitos eleitorais fornece-nos um dos
principais indicadores sobre o grau de importância e relevância atribuído por àqueles ao sistema
eleitoral e político, bem como ao voto.
…se o eleitorado percebe as eleições como momentos em que importantes questões nacionais estão em jogo, e,
principalmente, que os diversos candidatos possuem diferentes posições acerca destas questões, espera-se uma
maior valorização do pleito eleitoral e uma maior participação…(AFRIMAP, 2009:100).
Este facto pode ser aliado ao fraco interesse do munícipe em assuntos políticos. Num inquérito
administrado a 70 cidadãos da Vila de Gorongosa, 66,7% dos entrevistados afirmaram ter pouco
interesse em assuntos políticos, enquanto apenas 33,3% afirmaram ter muito interesse nos
assuntos políticos.
3.6. Nível de Participação do Cidadão e Confiança nas Instituições Municipais
16
África GovernanceMonitoringe é um Projecto de Advocacia (AfriMAP), é uma iniciativa de sociedade que aponta para
promover boagovernance na Sociedade civil africana. É um programa das Fundações de Sociedade Abertas. A visão de AfriMAP
é de democrático, feira e governanceefetivo em países africanos. A missão de AfriMAP é influenciar lei, política, e prática em
áreas específicas para protecção melhor de direitos humanos, governance melhorado o fortalecimento e engajamento
democrático.
Fazendo uma leitura do objectivo constitucional das autarquias locais em Moçambique, Nguenha
(2009) identifica três (3) elementos importantes: a organização dos cidadãos para facilitar o
diálogo com o Estado ou Governo; o aprofundamento e consolidação da democracia como
principal meio de alcançar o desenvolvimento local (desenvolvimento local tido como sendo o
terceiro elemento). A lógica de organizar os cidadãos para facilitar o diálogo com o governo,
centra-se na ideia de garantir maior participação do cidadão no processo de governação, através
de uma maior aproximação na troca de informações entre as comunidades e os dirigentes.
A lei 2/97 estabelece que as decisões dos órgãos das autarquias são publicadas mediante afixação
durante trinta dias consecutivos na sede da autarquia local, bem como a criação de um sistema
adequado de informação sobre a actividade pública autárquica. Por outro lado, de forma a
permitir a partilha de informação e participação do munícipe no debate anterior as deliberações,
o artigo 43 da lei 2/97, estabelece que as sessões da Assembleia Municipal são públicas, estando
livre de participar qualquer cidadão ou grupo de cidadãos. Art.13; Lei 1/97 de 18 de Fevereiro.
Desta forma nota-se que a participação na governação municipal é de natureza informativa,
embora exista o espaço para que os cidadãos dêem propostas de solução, não existe nenhum
mecanismo legal e flexível que obrigue os gestores públicos de seguirem as propostas dos
cidadãos. Este facto, reflecte-se no número de pessoas que procuram os membros da Assembleia
e Conselho municipais para dar a sua opinião e/ou propor soluções nos problemas locais.
Do inquérito realizado nos bairros do município de Gorongosa abarcando um universo de 70
pessoas, 61 cerca de 87.1%, responderam nunca terem contactado um membro da AM. vide
gráfico a seguir:
Nunca AM
Uma vez AM
Algumas vezes
Muitas vezes
Gráfico 1- Contacto com Membros da Assembleia Municipal
Gráfico 2 - Contacto com Presidente do Conselho Municipal
Gráfico 3 -
Contact
o com Vereado
r Municip
al
NOTA:
Os
dados
dos gráficos1, 2, 3 demonstram que o número de pessoas que entram em contacto com entidades políticas é bastante reduzido.
Em relação a este fraco contacto entre o munícipe com as entidades eleitas para o representar
como o presidente do Conselho Municipal e da Assembleia Municipal, Forquilha (2007:16)
associa este facto a práticas ligadas ao neo-patrimonialismo presentes nos governos locais, e que
não favorecem a participação de diferentes actores no processo de tomada de decisão, pois a
lógicaneo-patrimonial reforça uma ordem política fundamentalmente à volta do chefe.
“…no contexto municipal, a lógica neo-patrimonial enfraquece a ligação entre a elite detentora do poder político e
os munícipes (…), …favorecendo a reprodução dum modelo de dominação personalizado e a protecção da elite no
poder e limitando no máximo o acesso da periferia aos recursos detidos pelo centro”(FORQUILHA, 2007:16)17
.
17Salvador Forquilha, Doutorado em Ciência Política pela Universidade de Bordeaux, França. Umas das suas obras é―O
Paradoxo da Articulação dos Órgãos Locais do Estado com as Autoridades Comunitárias em Moçambique: Do discurso sobre a
descentralização à conquista dos espaços políticos a nível local‖.
Contactaram PM
Poucas vezes Contactarm
uma vez contactram PM
Nunca Contactaram
nunca vereador
uma vez V
Alguma vezes
Muitas vezes
Este fraco contacto entre o cidadão com os seus representantes, sustentando pela tendência
doneo-patrimonialismo nos órgãos locais de poder, pode ser confirmado pelo número de pessoas
que contactam os líderes religiosos no município de Gorongosa.
De facto, dos inquiridos cerca de 72,8% contactaram mais de uma vez um líder religioso,
enquanto que do total entrevistados cerca de 90% afirmaram nunca terem contactado um
membro da AM e 78,5%, afirmam nunca terem contactado o Presidente do Conselho Municipal.
Por outro lado, o fraco contacto entre o munícipe com os seus representantes, ganha forma com o
número de munícipes que não conhecem os seus representantes na AM. Do inquérito
administrado na Vila de Gorongosa, pode-se constatar que 94,16% dos inqueridos não
conheciam o nome de pelo menos um membro da AM.
Gráfico 4 - Percentagem de pessoas que não conhecem o nome de pelo menos um membro
O número de pessoas que não conhecem o nome de pelo menos um membro da AM, ronda
os95%, e, novamente, a problemática das listas fechadas é incontornável. Enquanto os eleitores
se apresentam para votar num candidato desconhecido, que não possui nenhum compromisso
directo com ele, a quem ficaria refém num sistema de listas abertas.
Nos períodos de campanha eleitoral, os partidos apresentam listas, porém quem entra em
contacto com o cidadão para auscultar os problemas e propostas de soluções ao longo do
mandato é o ―deputado anónimo‖.O fraco contacto entre os representantes com os representados
0
10
20
30
40
50
60
Nomecorrecto
N.incorrecto Sabia
Presidente
Vereador
Membro da Assembleia
e o não conhecimento dos membros das AM por parte do eleitor/munícipe, limita membros de
AM.
A fraca confiança nos membros das AM encontra eco, principalmente nos conhecidos pelos
cidadãos. O nível de confiança ao Conselho Municipal é bastante elevado quando comparado
com o que os munícipes depositam nos membros da AM.
Gráfico 5 - Nível de confiança dos munícipes residentes na vila de Gorongosa.(Inquéritonos sete bairros da
Autarquia)
Os membros da AM apresentam-se ―escondidos‖ atrás do partido, o eleitor não vê a apresentação
como a dos candidatos que pedem a confiança do cidadão durante a campanha. O facto do
presidente do Conselho Municipal ser conhecido pelos munícipes, durante a campanha eleitoral,
apresentando-se ao eleitor, pode explicar a disparidade do nível de confiança entre as duas
entidades.
O conselho municipal no geral e o presidente particularmente, é visto pelos munícipes como
sendo o provedor das soluções e das realizações que se verificam na urbe. Nestas circunstâncias
só nível de confiança que o munícipe deposita neste órgão é maior, quando comparado com o
crédito de confiança depositado à AM.
De facto, o número de pessoas que depositam a sua confiança nos membros das AM é bastante
reduzido, situando-se abaixo tanto do presidente do Conselho Municipal (eleito por sufrágio
universal), bem como do nível de confiança aos líderes tradicionais, que apesar de não
02468
1012141618
Presidente
Vereador
Membro da AssembleiaMunicipal
merecerem muita confiança do munícipe, segundo os resultados dos inquéritos, estão acima dos
membros da AM.
Olhando para as realidades atrás referidas importa referenciar neste trabalho o comportamento
antropológico que se vive nessa região de Gorongosa perante uma certa estrutura ou instancia,
trago essa análise para sustentar as ideias dadas no Estudos sobre Comportamento Eleitoral na 2a
metade do século XX. Até os anos 50 que aconselham dois modelos para o amealhamento de
votos, sento um o Modelo de Colúmbia que defende a integração Social, ―A compreensão é de
que os eleitores socialmente mais integrados têm maiores probabilidades de votar do que os mais
Isolados‖. E o Modelo de Michigan que da ênfase é a dimensão psicológica, privilegiando a
formação de identidades subjectivas do indivíduo, por exemplo aqueles que se identificam com a
Frelimo e Juram a Frelimo.
Ai vejamos o aprofundamento da ideia que se apresenta nessa dissertação, quanto ao ponto que
apoio referente ao primeiro modelo que defende a Integração Social para simpatias para voto. A
Integração social que aqui se refere não se enquadra no pensamento de um bom emprego, salário
e regalias, por mais que isso possa ser, socialmente sente se integrado aquele que consigo
partilha os bons e maus momentos, até que consultas permanentemente quando algo de
importante queres fazer e necessariamente partilha alguns momentos de lazer, só apenas um
sorriso, um levantar da mão, apoio social a grupos sociais diversos (grupos culturais,
desportivos, etc…), participação em cerimónias fúnebres, alavancam o espírito de humildade que
passa a trazer verdadeira integração social que o autor anteriormente recomenda.
Dai sentimos noutra vertente a influencia de um lado da dificuldade dessa integração social para
esta autarquia por mais que os dirigentes queiram para os seus dirigidos, acrescido de ser um
território menor, o obstáculo deriva do complexo de inferioridade que paira na antropologia de
Gorongosa onde uma pequena fortuna é personalizada o proprietário de estar a ―gingar‖ ou
―Wazungo18‖ o que trás a auto desintegração social.
18 Termo usado habitualmente em Gorongosa pelas pessoas com alto grau de complexo de inferioridade para designar aos que
eles acham de mais civilizados.
Compulsadas estas rivalidades que atentam a governação local nesta autarquia a que tomar
atenção aos Dirigentes Municipais e outros para cultivar o espírito de liderança, espírito
aglutinador, tal como defende Afonso ( 2009: 63)19
no seu Livro –liderança, Chave do Processo,
Conceitua Liderança como a capacidade de um individuo para influenciar, motivar e
habilitar outros a contribuírem para a eficácia e o sucesso das organizações de que são
membros.
Analisada essa conceituação da Liderança, e possível verificar as tendências a cultivar nas
palavras chaves como: Um Individuo- O Líder; Influenciar- influencia-―puxar‖;Habilitar que
pressupõe Desenvolvimento;Outros- Seguidores; Eficácia- Objectivo.
Afonso (2008), citando Strogdill ―O Líder é caracterizado por uma busca intensa da
responsabilidade e da realização das tarefas, vigor e persistência no sentido dos objectivos,
aceitação do risco, procura da originalidade na resolução de problemas, esforço por tomar
iniciativa em situações sociais de decisão e acção, prontidão, capacidade para influenciar o
comportamento dos outros e capacidades para estruturar sistemas de interacção social dirigidos
para o fim em vista‖.
Mas ainda, Robert Greene20
e Joost Eleffer (1998), no seu Livro‖ As 48 Leis do Poder, trazem a
lei 16, 43 e 46 para sustentar o poder dos que o exercem para o bem da maioria dele mesmo.
Antes ele adverte ―A sensação de não ter nenhum poder sobre pessoas e acontecimentos é, em
geral, insuportável — quando nos sentimos impotentes, ficamos infelizes. Ninguém quer menos
poder; todos querem mais. No mundo actual, entretanto, é perigoso parecer ter muita fome de
poder, ser muito premeditado nos seus movimentos para conquistar o poder. Temos de parecer
justos e decentes. Por conseguinte precisamos ser sutis, agradáveis porém astutos, democráticos
mas não totalmente honestos‖.
19
Paulo Lourenço Afonso é oficial da Marinha Portuguesa e Mestre em Comportamento Organizacional pelo Instituto Superior
de Psicologia Aplicada (ISPA).Actualmente é professor de Comportamento Organizacional e Liderança, e responsável pelo
Departamento de Formação em Comportamento Organizacional da Escola de Fuzileiros — Marinha.O seu trabalho de
investigação reparte-se pelas áreas da Eficácia da Liderança (Unidades Militares em ambientes dinâmicos; Equipas de Avaliação)
e Competências de Liderança (Modelos de Competências em Ambientes Multiculturais). 20Robert Greene (Los Angeles, 14 de Maio de 1959) é um escritor estadunidense, mais conhecido pelos livros
de estratégia, sedução e poder. Esteve em colaboração com o rapper 50 Cent para o lançamento do livro The 50th Law. É junto
com Joost Elefferproprietários dos livros As 48 leis do poder entre outros.
Lei 16- USE A AUSÊNCIA PARA AUMENTAR O RESPEITO E A HONRA
―Circulação em excesso faz os preços caírem: quanto mais você é visto e escutado, mais comum
vai parecer. Se você já se estabeleceu em um grupo, afastando-se temporariamente se tornará
uma figura mais comentada, até mais admirada. Você deve saber quando se afastar. Crie um
valor com a escassez.
O que se retrai, o que se torna escasso, de repente parece merecer o nosso respeito e estima. O
que permanece tempo demais, saturando-nos com sua presença, desperta o nosso desprezo. Na
Idade Média, as senhoras exigiam constantemente de seus cavaleiros provas de amor, enviando-
os para longas e árduas buscas — tudo para criar uma oscilação entre ausências e presenças.
Tudo no mundo depende de ausências e presenças. Uma forte presença atrai o poder e as
atenções para você — você brilha mais do que as pessoas ao seu redor. Mas tem um ponto,
inevitavelmente, em que a presença em demasia cria o efeito contrário: quanto mais você é visto
e ouvido, mais o seu valor diminui‖.
Lei 43- CONQUISTE CORAÇÕES E MENTE DOS OUTROS
―A coerção provoca reacções que acabam funcionando contra você. É preciso atrair as pessoas
para que queiram vir até você. A pessoa seduzida torna-se um fiel peão. Seduzem-se os outros
actuando individualmente em suas psicologias e pontos fracos. Amacie o resistente actuando em
suas emoções, jogando com aquilo de que ele gosta muito ou teme. Ignore os corações dos outros
e eles o odiarão. Pág. 390.Você se torna um hábito. Não importa o quanto você tente ser
diferente, subtil, sem você saber por que as pessoas começam a respeitá-lo cada vez menos. E
preciso aprender a se retirar no momento certo, antes que elas inconscientemente o forcem a isso.
E um jogo de pique-esconde‖.
Lei 46- NÃO PAREÇA PERFEITO DEMAIS
―Parecer melhor do que os outros são sempre perigosos, mas o que é perigosíssimo é parece não
ter falhas ou fraquezas. A inveja cria inimigos silenciosos. É sinal de astúcia exibir
ocasionalmente alguns defeitos, e admitir vícios inofensivos, para desviar a inveja e parecer mais
humano e acessível. Só os deuses e os mortos podem parecer perfeitos impunemente. Pág. 225‖.
Aida para sustentar e aconselhar os dirigentes modernos nas suas acções de Liderança, Maxwell
(2008)21, no seu Livro‖ As 21 Irrefutáveis, Leis da Liderança, aconselha no espírito de
descentralização:
Lei 7- Lei do Respeito: As pessoas seguem naturalmente líderes mais fortes do que elas. Pág. 93
Lei 12- Lei do Investimento: Somente líderes seguros dão autoridade aos outros. Pág. 164
Lei 14- Lei da Adesão: As pessoas aderem o Líder e depois a visão. Pág. 194
Lei 18- Lei do Sacrifício: O líder deve abdicar para reinar. Pág. 246
3.7. Representação e Participação Política.
3.7.1 A Representação Política
O termo representação possui vários significados possíveis, decorrentes da origem etimológica
da palavra. Segundo Mezzaroba (2004, p. 10)22, ―Representação tem como origem o substantivo
latino repraesentare, cujo sentido seria o de tornar presente algo que, na verdade, encontra-se
mediatizado, comportando também o sentido de reprodução de um objecto dado‖.
“Até hoje, não conhecemos esses que elegemos!” LUIS DE BRITO23
,citando um cidadão de Ancuabe, Cabo
Delgado.
21John Calvin Maxwell (1947) é um autor cristão evangélico, conferencista e pastor que escreveu mais de 60 livros, centrado
principalmente em liderança, incluindo "As 21 irrefutáveis leis da liderança" e "As 21 indispensáveis qualidades de um líder".
Seus livros já venderam mais de dezanove milhões de cópias, com alguns na lista do New York Times BestSeller, traduzidos em
mais de 50 idiomas.
22Orides Mezzaroba, Professor Associado em Dedicação Exclusiva nos Programas de Graduação e Pós-Graduação em Direito
(Mestrado eDoutorado) da Universidade Federal de Santa Catarina. Possui Graduação em Direito pela Pontifícia Universidade
Católicado Paraná (1986). Especialização em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(1989).Mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (1991). Doutorado em Direito pela Universidade
Federal de Santa Catarina (2000). Pós- Doutorado junto à Universidade de Coimbra - Portugal (2008).
23Luis de Brito, PhD, Universidade de Paris VIII (1992); Diploma, Centro de Estudos Africanos – Universidade Eduardo
Mondlane (1981), BA, Universidade Eduardo Mondlane (1976). Director do IESE, coordenador do Grupo de Investigação
―Cidadania e Governação‖ e Professor Associado de Antropologia Política da Universidade Eduardo Mondlane.
A representação em sua face política não pode ser entendida como aquela encontrada no Direito
Privado,24
visto que não tem as mesmas vertentes e é directamente relacionada ao exercício do
poder público.
Conforme demonstram os historiadores, a representação política aparece somente depois das
revoluções havidas em sistemas que não contemplavam alguma forma de participação política,
ou seja, onde o poder se encontrava nas mãos de um ou de poucos e a maioria do povo não tinha
direito à participação nas decisões de governo. Assim, somente quando o povo (ou instâncias
deste) se insurgiu para se fazer ouvir por seus governantes e, por conseguinte, quando o poder se
deslocou das mãos de um ou de poucos para a nação, a representação aparece como instrumento
político das massas.
Na formação do parlamento inglês, as primeiras reuniões, compostas por lordes, cavalheiros e
burgueses, tinham como objectivo discutir assuntos somente por convocação do rei. Com a
crescente instabilidade encontrada pela monarquia absolutista, esses ―parlamentares‖ passaram a
ser vistos, mesmo que ainda no regime absolutista, como representantes de suas comunidades e,
por consequência, do povo, investidos da responsabilidade de resguardar os interesses daqueles
que os comissionaram (MEZZAROBA, 2004, p. 16-19).
Consequência desse período no recém-constituído Estado Liberal originado na luta contra as
monarquias absolutistas, a formação estatal acabou por dar corpo ao instituto da representação e
torná-lo uma das principais características da democracia, com a marca do fim dos regimes
absolutistas e da chegada dos governos das massas. Nesse modelo, os representantes são aqueles
eleitos para actuar junto ao governo em nome dos interesses de seus representados, em quem
reside todo o poder.
Com a crescente luta por liberdade e igualdade, o Estado Liberal apresentou linhas mais bem
definidas e, com a Declaração dos Direitos do Homem, na França de 1789, essa evolução do
pensamento restou brilhantemente demonstrada. Fruto desse contexto filosófico e político,
24Direito Privado é o conjunto dos preceitos e normas que regulam a condição civil dos indivíduos e das coletividades
organizadas (pessoas jurídicas), inclusive o Estado e as autarquias, e bem assim os modos pelos quais se adquirem, conservam,
desfrutam e transmitem os bens e também as relações de família e as sucessões. O Direito Privado é caracterizado quando há uma
acção entre Pessoas, ou seja, Pessoa X Pessoa.
Sieyès25
desenvolve uma doutrina baseada fundamentalmente no conceito de nação, que acabou
por tornar-se um dos principais impulsos para a Revolução Francesa. Para Sieyès (apud
MEZZAROBA, 2004, p. 38-39), tendo-se por parâmetro a igualdade entre os indivíduos, o poder
constituinte somente pode ser eficaz se for determinado pelo princípio da representação.
Faz-se importante observar, contudo, que a Constituição Francesa de 1791 declara que os
parlamentares eleitos já não são considerados representantes de seus representados em particular
– como se observou no desenvolvimento inicial do parlamento inglês –, mas de toda a nação
(MEZZAROBA, 2004, p. 43). A actuação do representante, portanto, é condicionada não mais
aos interesses de uma colectividade, mas ao seu próprio plano de políticas públicas para a
direcção da vontade estatal, apresentado para a nação durante a campanha eleitoral.
Teoricamente, são eleitos aqueles que apresentam planos que atendam à maior parcela da nação.
A democracia como governo do povo, então, somente poderia se realizar por meio de
representantes que actuassem segundo o mandato determinado pelo próprio povo. Surge, assim,
o termo democracia representativa que, segundo Kelsen (1992, p. 283)26, é aquela em que ―a
função legislativa é exercida por um parlamento eleito pelo povo, e as funções administrativa e
judiciária, por funcionários igualmente escolhidos por um eleitorado‖.
Pode-se inferir que a representação política não se confunde com o conceito de
Democracia,27
mas é, para a realização efectiva desse, instrumento essencial, visto que a nação é
agora a titular da soberania e, pela impossibilidade material de exercê-la de forma directa,
transfere-a para seus representantes. Assim, toda a teoria da democracia tem no instituto da
representação política, um dos seus principais fundamentos.
25Emmanuel Joseph Sieyès, nascido aos 3 de Maio de 1748 - Paris, 20 de Junho de 1836) foi um político, escritor e
eclesiástico francês. Junto com Napoleão Bonaparte, teve participação decisiva no Golpe do 18 de Brumário. Foi cônsul junto
com Napoleão e Roger Ducos. Conflituado com o regime, esteve exilado entre os anos de 1816 e 1830 por questões políticas. 26Hans Kelsen (Praga, 11 de Outubro de 1881 — Berkeley, 19 de Abril de 1973) foi um jurista e filósofo austríaco, um dos mais
importantes e influentes do século XX Foi um dos produtores literários mais profícuos de seu tempo, tendo publicado cerca de
quatrocentos livros e artigos, com destaque para a Teoria Pura do Direito (''Reine Rechtslehre'') pela difusão e influência
alcançada. Kelsen nasceu em Praga e com três anos se mudou, juntamente com a sua família, para Viena. Estudou direito na
Universidade de Viena, recebendo o seu título de doutor em 1906. Em 1911, recebeu o título de Livre-docente e publicou o seu
primeiro trabalho PROBLEMAS FUNDAMENTAIS DA TEORIA DO DIREITO DO ESTADO (Hauptprobleme der
Staatsrechtslehre), o qual recebeu a segunda edição, com famoso prefácio, em 1923.. 27Democracia é a forma de governo em que a soberania é exercida pelo povo. É um regime de governo em que todas as
importantes decisões políticas estão com o povo, que elegem seus representantes por meio do voto.
Importante lembrar que a representação política sempre vai se dar entre eleitos e eleitores, haja
vista não se poder falar em representação sem uma eleição que permita ao detentor do poder – o
povo – a escolha daqueles que melhor demonstrem representá-lo.
O sistema representativo, para Baracho (1983, p.111)28
, está directamente relacionado à
―dinâmica do processo político eleitoral, que por sua vez constitui a base do equilíbrio social e a
estabilidade política‖. O autor define a figura jurídica da representação a partir da ―relação
representativa‖ que dela decorre, considerando quatro quesitos:
a) Os eleitos não representam seus eleitores, mas uma entidade abstracta, a Nação ou a
colectividade popular inteira;
b) Não existe qualquer relação jurídica entre ―representantes‖ e ―representados‖;
c) Não existe a possibilidade, na maioria dos Estados, de os eleitores revogarem o mandato
concedido aos eleitos;
d) A relação é exclusivamente bilateral, entre representante e representado, não trilateral, com a
representação da vontade (Baracho, 1983, p. 107).
Observa-se, dessa forma, a clara necessidade de haver, um sistema que consagre a representação
política, legitimidade dos representantes eleitos, a qual não será encontrada no sistema jurídico
propriamente dito, mas subjacente ou superior a ele. Isso porque somente a representação
legítima como fonte do poder de autoridade gera a obediência legítima, essencial para a
manutenção do equilíbrio político-social (Baracho, 1983, p. 111).
À ligação entre o representante e o representado, que diz respeito ao conteúdo próprio da relação
de representação política, é dado comummente o nome de mandato. Ainda segundo Baracho
(1983, p.110), ―a instrumentalização do processo político ocorre através de mecanismos
jurídicos, entre os quais destaca-se o ‗mandato representativo‖. Historicamente, entretanto, o
28José Alfredo de Oliveira Borracho Júnior, Doutorado em Direito. Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil,
1998. Apresentador da Teoria e prática do voto distrital. Revista de Informação Legislativa, Brasília, ano 20, n. 78, abr/jun 1983.
mandato representativo não foi o primeiro formato que se apresentou como solução para o
problema da representação.
A união entre a participação e a representação política vem sendo apontada pela literatura como
sendo uma das formas que é, efectivamente, capaz de reavivar o relacionamento entre Estado e
sociedade.
Segundo Corrêa (2008)29
, se as instâncias institucionalizadas de participação visam aumentar a
contabilidade e a responsabilidade dos governantes, elas possuem alto potencial para alterar o
padrão de interacção entre cidadãos e representantes, mas também a relação destes entre si.
No que diz respeito aos cidadãos, é frequente o caso em que suas reacções são do tipo ―guia
livre‖, dado que sua participação, individualmente considerada pode ter baixa possibilidade de
afectar o processo.
Desta forma, e numa lógica racional, a participação do cidadão será valioso para este, se os
benefícios superarem os custos, no caso do legislativo os benefícios estariam relacionados ao
facto do cidadão conseguir que a política de sua preferência seja implementada, por exemplo.
Importante ressaltar que tanto representados quanto representantes consideram os cálculos
racionais que eles mesmos fazem com relação aos benefícios e aos custos da participação. Neste
sentido, como aponta Tsebelis (1998) citado por Corrêa (idem), é importante ter em mente que
os actores – sejam eles representantes ou cidadãos – actuam em diversas arenas da vida e em
quase todas elas – excepto em campos como afecto e família – agem racionalmente.
Corrêa (idem), salienta que, ao passo em que aos cidadãos são permitidos alguns movimentos
dentro do formato institucional específico em que participam em busca dos resultados da
política, cabe aos representantes a regulação deste formato. Alterações nas instituições
participativas vão, sempre, depender do cálculo racional dos representantes acerca dos
movimentos que deverão ser permitidos e daqueles que deverão ser proibidos.
29
Isabela Corrêa, (2008), autora do trabalho: Entre a Representação ea Participação: Coordenação e Competição na
Implementação da Participação Popular no Ciclo Orçamentário Em BeloHorizonte E Em Minas Gerais; Teoria e Sociedade,
Não obstante o Legislativo se destaque como o lugar, por excelência, da expressão e do
processamento das diferentes demandas da sociedade, nada impede que o Executivo amplie para
sociedade o debate sobre as políticas que serão implementadas.
Apesar de a legislação autárquica abrir espaço para um maior exercício da accountability vertical
ao nível da governação as conclusões dos estudos já feitos, tendem a mostrar que isso não está a
acontecer. Além das razões apresentadas anteriormente que inibem o exercício da accountability,
a falta do conhecimento por parte dos munícipes dos seus direitos e deveres, afigura-se como
sendo também uma das razões.
― quanto aos seus direitos poucos foram os cidadãos que tocaram no aspecto da obrigatoriedade da auscultação e
de prestação de contas aos munícipes por parte dos órgãos municipais”.MACUÁCUA (2004:74)30
.
Este autor ainda mostra que os munícipes raramente ou, quase nunca, promovem acções de
protesto contra os órgãos municipais, em particular para AM que, nem sequer faz o seu papel de
elo de ligação dos munícipes com o CM (prestando contas aos mesmos sobre as acções do CM).
Decorrente da falta de auscultação, Macuácua (2004) refere que, em relação ao conhecimento
dos cidadãos sobre a agenda municipal, a maior parte dos cidadãos não soube referir uma
programação de acções (pelo menos visados pelos planos dos seus órgãos municipais), isto
porque há ausência do processo de auscultação pública. Para este autor mesmo para casos em
que os munícipes estão satisfeitos com o desempenho dos seus órgãos municipais, é mérito deste
em responder às promessas feitas, do que observância de um processo de auscultação aos
cidadãos.
3.7.2 Governação Participativa
De acordo com MASC31
, no seu guião sobre a Participação Comunitária e da Sociedade Civil e
Promoção da Boa Governação (2011), a Governação participativa refere-se a articulação e
30Ernesto Macuácua (2004), A experiência de cidadania no contexto Autárquico‖. In: Partidos, Cidadãos e Eleições Locais em
Moçambique-2003; Maputo: Instituto, Sociedade e Administração.
cooperação entre o governo municipal, actores sociais e políticos (que inclui não apenas redes
sociais formais, mas também redes sociais informais que compreende a sociedade civil local,
religiosa, líderes tradicionais, organizações comunitárias, associações de vária ordem), na gestão
dos interesses económicos, sociais, políticos e culturais do âmbito municipal.
O conceito de participação é utilizado para designar variadas formas de envolvimento dos
cidadãos nos processos de governação, independentemente do grau de profundidade com que os
cidadãos são envolvidos em tais processos. Os níveis de envolvimento dos cidadãos nos
processos de governação, vão desde a partilha de informações que os governos detêm, passando
pela consulta até à partilha do poder decisório (Babcocketal, 2008).
A governação participativa é indispensável porque promove:
Prestação de contas e responsabilização quer das autoridades locais assim como da
sociedade civil;
Eficiência e eficácia no fornecimento de bens públicos e melhoria na qualidade dos
serviços prestados aos cidadãos;
Transparência na gestão dos bens públicos e comunitários;
Aumento do controlo social das decisões colectivas;
Apropriação das comunidades locais dos processos públicos locais;
3.7. Características das práticas participativas municipais
Podem considerar-se participativos os governantes que partilham com as suas comunidades
informações sobre as decisões tomadas unilateralmente utilizando diferentes meios (media ou
reuniões); assim também o são os que antes de tomar uma decisão (ou tendo tomado há
incertezas sobre a sua razoabilidade pelo que não a torna pública antes) consultam aos cidadãos;
de igual modo, são participativos os governos que adoptam mecanismos de partilha do poder de
31
Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil, Guião de Consulta para a Participação Comunitáriae da Sociedade Civil na Promoção
da Boa Governação-Âmbito Municipal, revista sobre Como Compreender a Governação Participativa, Participação e Sociedade
Civil.
decisão sobre actividades e recursos através da planificação participativa e do orçamento
participativo.
Governa-se participativamente quando há:
Envolvimento dos cidadãos e da sociedade civil no processo de identificação dos
problemas locais;
Envolvimento dos cidadãos e da sociedade civil na definição das prioridades e
necessidades;
Envolvimento dos cidadãos e da sociedade civil na tomada de decisão;
Envolvimento dos cidadãos e da sociedade civil na implementação das soluções
aprovadas;
Envolvimento dos cidadãos e da sociedade civil na monitoria do grau de cumprimento
das decisões;
Envolvimento dos cidadãos e da sociedade civil na avaliação dos resultados alcançados;
Envolvimento dos cidadãos e da sociedade civil na responsabilização e prestação de
contas.
De acordo com Nguenha (2009), a participação na governação municipal é fundamentalmente de
carácter informativo e consultivo. Os midia são o principal veículo de canalização de
informações relativas às decisões tomadas para a partilha com as comunidades locais. Com
excepção dos dez municípios constituídos em 2008, todas as restantes estabeleceram conselhos
consultivos e/ou fóruns de consulta. O estabelecimento de conselhos consultivos que
variavelmente integram autoridades comunitárias, por vontade do presidente do município,
cumpre o Decreto 51/2004, de 1 de Dezembro e o Diploma ministerial 80/2004, de 14 de Maio.
Os conselhos consultivos de pequenos municípios com população abaixo de 100.000 habitantes,
principalmente os de categoria D e Vilas, integram na sua estrutura posições permanentes de
autoridades comunitárias, contrariamente ao que ocorre nos municípios de categorias superiores,
eventualmente por estes já possuírem estruturas técnico-administrativas relativamente
complexas. As autoridades comunitárias existentes nos municípios com população acima de
100.000 habitantes são convidados pelos respectivos presidentes dos municípios a participar das
sessões do conselho consultivo local.
A frequência de participação varia entre uma vez e três vezes por ano, sendo que quanto mais
pequeno for o município mais é a regularidade com que o presidente do município se reúne com
as autoridades comunitárias.
Grande inconveniente das consultas comunitárias é que embora através delas os cidadãos tenham
a possibilidade de expressarem as suas necessidades e até propostas de solução, nem sempre as
decisões que os gestores públicos tomam têm como base tais propostas. Isto significa as
consultas comunitárias não asseguram uma participação efectiva dos cidadãos.
3.7.4Análise da Representação e Participação na Assembleia Municipal de Gorongosa
Antes de se fazer uma análise global da representação e participação na AM de Gorongosa,
importa analisar outro indicador, que nos ajudará a compreender e avaliar a frequência de
contacto entre os membros da AM com os munícipes.
Gráfico 6 - Numero de vezes que os Membros da AM, passam dos Bairros
Nunca
uma vez
Algumas vezes
Muitas vezes
Gráfico7- Ansiedade dos municípios em termos de visitas que deveriam ser efectuadas pelos membros da AM.
O gráfico ilustra de forma resumida a realidade actual com a vontade do munícipe do que seria o
contacto ideal com o seu representante. Entre á realidade actual e a vontade do munícipe existe
uma grande desproporcionalidade. O ideal apresentado por cerca 52.8% dos inqueridos é de que
os membros da AM deveriam passar quase todo seu tempo passar pelos bairros. Entretanto,
apenas 15.7% dos inquiridos afirmaram que os membros da AM passavam pelo bairro pelo
menos uma vez por mês.
Outra constatação é o número de pessoas que não tem informação de quando é que os membros
da AM passam pelo bairro, enquanto que na outra extremidade da situação actual, 52.8%dos
inqueridos afirmaram que os membros da AM nunca passavam pelo bairro.
O nível de desproporcionalidade entre a realidade actual e os anseios do munícipe é bastante
elevado, facto que nos leva a questionar até que ponto os representantes (eleitos) estarão de facto
a materializar os anseios dos representados. O numero de pessoas que nunca ouviram de Código
de postura situa se em 84.2%, isto leva ao desconhecimento de algumas normas da urbe, o que
contribui para constantes violações de código de postura. Deste número mais 62 % dão a
responsabilidade dos Órgãos Municipais sobretudo a AM, em não ter divulgado o pacote
Autárquico e o Código de postura entre outros documentos, decisões tomadas nas sessões.
No nosso quadro teórico apresentamos quatro princípios que norteiam a lógica da representação
política. São eles: a ideia de que os representantes são eleitos pelos governados; os
representantes conservam uma independência parcial diante das preferências dos eleitores; a
Quase todo tempo
Uma vez por semana
1 Vez por mes
1 vez por ano
opinião pública sobre os assuntos políticos pode se manifestar independentemente do controlo do
governo; e as decisões políticas são tomadas após debate.
Confrontando o primeiro princípio ―os representantes são eleitos pelos governados‖ com a
realidade municipal de Gorongosa, podemos constatar que realmente os representantes são
eleitos pelos governados, através do voto secreto, igual e periódico conforme estabelecido pela
lei.
Portanto do ponto de vista da legalidade, os representantes obedeceram todos os mecanismos
para ocuparem os seus cargos. Entretanto, a legitimidade dos representantes começa a ser
manchada, quando avaliamos o nível de participação eleitoral. A taxa de abstenção é demais
preocupante como foi apresentado nos mapas anteriores neste estudo.
LANGUANE, apup, FRANCISCO (2008), afirma que o significado da abstenção pode ser
melhor entendido se o seu peso for devidamente incorporado na análise sobre a participação
eleitoral, distinguindo o ―voto oficial‖ e o ―voto popular‖. No voto oficial, a Frelimo tem
conseguido vitórias isentas de questionamento pela percentagem de votos a seu favor (acima de
90%), portanto do ponto de vista de formalidade e legalidade a Frelimo é o partido oficialmente
vencedor.
Francisco (2008)32, faz uma diferenciação entre o voto oficial e voto popular, destacando ―Voto
oficial‖ aquele que corresponde, segundo o estipulado na lei, aos votos chamados válidos; exclui
votos inválidos, em branco e nulos, bem como a abstenção. Já o ―voto popular‖, abrange o
universo eleitoral todo, incluindo: votos inválidos e a abstenção.
32António Alberto da Silva Francisco, Director de investigação do IESE e Professor Associado da Faculdade de Economia da
Universidade Eduardo Mondlane, é Doutorado em Demografia em Dezembro de 1997, pela AustralianNationalUniversity
(ANU), ResearchSchoolof Social Sciences (RSSS), Canberra, com a tese submetida em 1996 intitulada: ‗Considerations for a
two-sexdemography: when, whyandhowshouldbothsexesmatter to demography?' (pdf). Em 1989 adquiriu o grau de Mestre em
Demografia (M.A.), na AustralianNationalUniversity (ANU), Canberra. Em 1987 obteve o grau de Licenciatura em Economia,
na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Maputo, com a tese ‗A Produção e a comercialização de hortofrutícolas da zona
suburbana para a Cidade de Maputo no contexto da liberalização dos preços'. Em 1981 obteve o grau de Bacharelato em
Economia (Maputo, UEM).
São as abstenções que sempre estiveram acima dos 60%, com excepção das últimas eleições
(2013) onde a taxa de abstenção situou-se nos 53%, aliadas as fragilidades dos mecanismos de
participação e ao distanciamento dos membros da AM, que mancham a legitimidade dos
representantes do município de Gorongosa.
O segundo princípio, ―os representantes conservam uma independência parcial diante das
preferências dos eleitores‖, conjugado com o terceiro princípio ―a opinião pública sobre os
assuntos políticos pode se manifestar independentemente do controlo do governo‖, apresenta
uma certa controversa no município de Gorongosa. Realmente os munícipes são livres de
expressarem as suas opiniões na governação municipal, porém, a abertura da AM a participação
limita-se a presença e não a participação. O munícipe é livre de opinar, porém a AM não é
obrigada a seguir as propostas do munícipe. Os espaços de diálogo existentes são basicamente
―espaços de informação‖ e principalmente de demonstração do respeito pelo estipulado pela lei e
não verdadeiramente espaços de participação do cidadão na governação local.
No que se refere ao quarto princípio, ―as decisões políticas são tomadas após debate‖, certamente
este representa um ponto de mensuração no município de Gorongosa. A composição no
mandato passado (mandato 2009-2013) da AM era de 13 membros, dos quais 12 pertencem ao
Partido Frelimo e 1 ao partido Renamo. Face a este grande desequilíbrio na composição da AM
torna-se difícil garantir um debate pluridimensional, uma participação política em plenitude,
partindo do princípio de que os membros da AM são indicados pelo partido, o que influencia
baseia-se na disciplina partidária.
Partindo desta visão parte um desafio para os dirigentes eleitorais e políticos no novo mandato
(2014-2019), onde a representação política mudou o xadrez político como resultados das eleições
de 2013, onde o Partido MDM teve uma reviravolta a Renamo que não participou nas eleições,
amealhando 6 assentos contra os sete da Frelimo.
Fazendo a compulsação de dados após o estudo minucioso da pesquisa e das entrevistas, fica
evidente o descontentamento dos munícipes para com o mandato anterior motivado por vários
factores que no verdadeiro sentido essa pesquisa ou dissertação poderá não trazer.
Aliado, a estes factores ligados aos princípios que norteiam a democracia representativa,
encontramos questões de ordem histórica como o centralismo dos mecanismos de governação
nas duas primeiras duas décadas que seguiram a proclamação da independência nacional, as
práticas de neo-patrimonialismo como sendo factores que minam a qualidade da relação
munícipe com os órgãos representativos.
Aspectos apresentados no presente estudo, nomeadamente o baixo nível de contacto entre os
munícipes e as autoridades municipais e a fraca confiança depositada nestes, bem como o frágil
relacionamento entre a AM e as organizações da Sociedade Civil, reflectem-se também na fraca
prestação de contas, fraca inclusão e institucionalização dos mecanismos de consulta, se
reflectem na capacidade que os munícipes têm de influenciar as decisões dos governos
municipais, e consequente perda da legitimidade em exercício.
3.7.5. Mecanismos base de participação de cidadãos na governação local
Em estados democráticos os cidadãos não são meros receptores das decisões tomadas pelos seus
governantes. Os cidadãos são também parte activa do processo de participação na governação. É
da responsabilidade do governo garantir a criação das condições para a participação dos
Cidadãos, também da Sociedade Civil, na busca de soluções para o bem-estar da sociedade
(artigo 26 e 27 do decreto 51/2004, de 1 de Dezembro).
Quando os cidadãos participam na governação há mais possibilidade de se desenvolver confiança
entre estes e os seus governos e de fortalecer a qualidade da democracia e aumentar a capacidade
cívica.
Os mecanismos de participação compreendem as diversas formas de envolvimento dos cidadãos
nos processos de governação. Inclui o conjunto de acções do munícipe individual ou
colectivamente com vista a provocar mudança nas decisões políticas que as autoridades
Municipais tomam de modo a que elas possam responder interesses e expectativas dos
Munícipes.
―A governação participativa refere-se a articulação e cooperação entre o
governo Municipal, actores sociais e políticos (que inclui não apenas redes
sociais formais, mas também redes sociais informais que compreende a
sociedade civil local, religiosa, líderes tradicionais, Organizações
Comunitárias, Associações de varia ordem), na gestão de interesses
económicos, sociais, políticos e culturais do âmbito Municipal”( LANGUANE,
2014)
Entretanto no estudo feito, existem na Autarquia 18 OSCs, 52 Igrejas e 7 líderes Comunitários e
Um Regulado, para além de Rádio Comunitária. Até ao presente espaço em estudo (2009-2013)
A associação AMAVIDA, promoveu um programa junto do Conselho Municipal na providência
de água através de um contrato para gestão de Pequeno Sistema de Abastecimento água para a
unidade C e D do Bairro de Tsuassicana, abrangendo perto de 1000 consumidores, para além de
promover campanhas de limpeza e saneamento do meio na Autarquia. A IDELGO já promoveu a
capacitação de jovens em matéria de formação profissional, tendo já formado mais de 300 jovens
em diversas áreas.
A governação participativa é indispensável porque promove: prestação de contas e
responsabilização quer das autoridades locais assim como da sociedade civil, dando maior
eficiência e eficácia no fornecimento de bens públicos e melhoria na qualidade dos serviços
prestados aos cidadãos; transparência na gestão dos bens públicos e comunitários, aumento do
controlo social das decisões colectivas; apropriando as comunidades locais dos processos
públicos.
3.7.6. O Papel dos Munícipes na gestão e desenvolvimento Municipal
A participação na gestão zelosa do património do Município, assim como o pagamento de
impostos e taxas constituem papel importante dos cidadãos na contribuição para o
desenvolvimento social, económico e cultural do Município. Do inquérito efectuado no presente
estudo revela que 70% dos inquiridos nunca pagaram impostos, 72.8% não sabiam da
importância do Imposto, algo que leva a edilidade a redobrar mais o seu esforço.
Em relação ao conhecimento do código de postura os números ainda representam um forte
desconhecimento da lei em vigor a quase cinco anos na Autarquia como podemos ver 81.4% dos
inquiridos nunca ouviram falar do Código de postura e que ficam surpreendidos com multas
pesadas decorrentes de violação do mesmo e demais legislação. Mais uma vez pode se perceber
que há falta de divulgação destes documentos reguladores da urbe.
Em relação a participação em trabalhos voluntários, 58% dos inquiridos responderam nunca
terem participado em campanha de limpeza e saneamento do Bairro, alegando ser da
responsabilidade única do Conselho Municipal. Dos inquiridos que participam nas actividades de
carácter voluntário 76 % participam de forma não voluntária. Isto leva a entender que o
voluntarismo ainda é fraco e que melhor seria fortificar o Movimento Associativista para melhor
envolver as comunidades ou os Munícipes na gestão dos problemas da Urbe.
Os deveres e direitos dos Munícipes encontram se definidos nas respectivas posturas Municipais
de cada órgão Autárquico. A sociedade Civil deve apoiar os Munícipes na obtenção de
conhecimento não somente sobre os seus direitos, mas também aos seus deveres para com o
Município onde residem. De forma geral, os deveres dos Munícipes são os seguintes:
Eleger os órgãos do Município (AM e PM);
Conhecer os seus representantes ao nível do Município;
Conhecer as responsabilidades e prerrogativas que os órgãos Municipais têm na
prossecução do desenvolvimento sócio-económico e cultural local;
Participação na gestão do património Municipal;
Colaborar com as Autoridades Municipais nos processos de consulta Comunitária;
Cumprir com as suas obrigações fiscais, pagando impostos ao Município;
Fazer bom uso das Infra-estruturas e espaços Municipais.
Apreciando os aspectos destacados sobre a participação e a contribuição dos munícipes, dizer
que a um dado passo as aspirações da governação municipal são ofuscadas pela mobilização
―barata‖ e errada dos mal intencionados partidos políticos na oposição e pela falta da cultura de
responsabilidade e envolvimento s próprios munícipes que tem chegam a pensar que o corte de
capim de fronte do seu quintal ser responsabilidade da edilidade.
No entanto, todos intervenientes acima arrolados caem por terra quando os visados demonstram
desconhecer tais canais de participação. Sobre este assunto, a Ministra de Administração Estatal,
órgão de tutela dos municípios, Carmelita Namashulua, disse na abertura da VIII Reunião
Nacional dos Municípios, em Maputo, sob o lema ―Por um Desenvolvimento Sustentável e
Participativo das Autarquias:
―a participação dos cidadãos na governação municipal, particularmente nos processos de
tomada de decisão, é a chave para o desenvolvimento inclusivo e sustentável destas
circunscrições territoriais”.(CARMELITA NAMASHULUA, informação verbal).
A Ministra, que, instou os municípios a pautar pela transparência, cultura de prestação de conta e
responsabilização. O desenvolvimento não é simultâneo no que diz respeito à pretensão de criar
novos municípios, enquanto outros ainda não se consolidaram.
Manuel Rodrigo Ramissane, Presidente da Assembleia provincial de Sofala, disse num dos
encontros com os funcionários de Gorongosa ―o processo de desenvolvimento Municipal não
sendo simultâneo deve continuar de município a município enquanto os outros se afirmam. ―Não
podemos esperar que os municípios se consolidem para criarmos outros, temos que avançar. O
processo deve ser gradual‖.
3.7.7. Espaços de participação Existentes no Município da Vila de Gorongosa
A participação dos Munícipes e da Sociedade civil na vila de Gorongosa é feita através de várias
formas de acordo com as linhas gerais de desenvolvimento municipal e os códigos que regem
cada organização da sociedade civil e cada grupo de cidadãos através de:
O processo eleitoral de uma forma geral – O Município permite que os Cidadãos se
organizem e apresentem candidaturas tanto para a Presidência do Conselho Municipal
como para a Assembleia Municipal;
Participação, embora passiva (sem direito a palavra), nas sessões da Assembleia
Municipal, assim como audiências das Comissões de trabalho deste órgão; neste caso tido
ainda fraco, dada a falta de informação sobre a realização das sessões.
Contacto com as Comissões de trabalho: no seu processo de fiscalização de actividade
do executivo autárquico e de consultas a sociedade para elaboração de parecer para a
tomada de decisão; que na opinião dos inqueridos, estas comissões deviam passar quase
todo seu tempo nos Bairros, para uma consulta permanente.
Sessões do Conselho Consultivo Municipal, mediante convite do Presidente do Conselho
Municipal, que pode decorrer de uma solicitação da Sociedade civil ou havendo um
assunto importante da vida Municipal, que requer a participação activa da sociedade Civil;
tendo se visto a participação efectiva das Organizações da Sociedade Civil quase em todas
sessões, embora exista uma confusão sobre o funcionamento do Conselho Consultivo local
e as OSCs.
A nível dos Distritos – através dos Conselhos Consultivos, nos quais a sociedade civil esta
representada. Nesta perspectiva como referenciou-se anteriormente pelos entrevistados que
a Sociedade Civil é confundida com o Conselho Consultivo, quanto ao funcionamento.
Nas audiências directas com o Presidente do Conselho Municipal - Normalmente o
pedido de audiência é dirigido ao Chefe do Gabinete do PM, em média segundo o Relatório
do Gabinete do Presidente, são marcadas 20 audiências directas semanais que se encarrega
de marcar o dia para mesma. Os entrevistados afirmaram terem contactado quase com
frequência, como mostra os números de pessoas que contactaram o presidente é maior em
relação aos que contactaram aos Membros da AM, conforme mostra o quadro
anteriormente apresentado.
Os vereadores também, Embora a percentagem seja baixa do contacto destes com o
eleitorado, eles podem receber os Munícipes para exporem os seus problemas nas áreas
pelas quais são responsáveis ou por delegação do PM.
As presidências e/ou governações abertas – Segundo o Relatório do Gabinete do PM
(2013), são planificadas em media 3 rondas semestrais de presidências abertas em cada
Bairro onde o PM apresenta as realizações do Município e ausculta as preocupações das
populações. Os cidadãos podem organizar-se individualmente e/ou em OSCs para exporem
os seus problemas ao governo Municipal de forma mais estruturada nas presidências e
também posteriormente acompanhar a implementação das decisões.
3.7.8. Formas de Participação da Sociedade Civil nos Municípios
Até 2014, operam na vila Autárquica de Gorongosa, 18 Organizações da Sociedade Civil33
, estas
filiadas no Fórum das Organizações da Sociedade Civil, cuja sua participação ainda é tida fraca,
por falta de mecanismos flexíveis que garantam a sua participação e contribuição, pelo que a sua
participação e mais informal, e devido ao carácter político partidário em que algumas actuam
levam a este distanciamento.
O inquérito administrado revelou que apenas 25.7% dos inqueridos pertencem a OSCs, mas 42%
pertencem as Congregações Religiosas e 31 % pertencem aos Partidos Políticos.
De acordo com a lei vigente e os espaços que existem a partir da prática Municipal, as formas de
participação que a sociedade civil pode adoptar:
Na gestão participativa - Nos processos de elaboração de programas de
desenvolvimento e na planificação e orçamentação, fornecendo subsídios aos programas
de desenvolvimento e aos planos e orçamentos anuais;
Na prestação de Contas - Fiscalizando a actividade dos órgãos Municipais e verificando
a implementação dos planos e execução dos orçamentos Municipais;
Representação política Indirecta - Influenciando a Assembleia Municipal e o Conselho
Municipal para discutir os assuntos de interesses da Sociedade civil;
33
Sociedade civil é um conjunto de organizações e instituições cívicas voluntárias devidamente organizadas eestruturadas que
agregam, articulam, representam e advogam interesses de uma dada comunidade relativamente às questões sociais,
económicas, culturais, políticas e etc. A sociedade civil embora seja considerada como sendo composta por organizações, elas
não se podem confundir com partidos políticos nem mesmo com empresas. Sendo assim, as Organizações da Sociedade Civil
(OSC) são os canais através dos quais as pessoas participam na vida política, social, económica e cultural do seu município.
Representação política directa - a partir da organização de um grupo de cidadãos
eleitores para participarem em processos eleitorais para o cargo de Presidente do
Conselho Municipal e/ou Membros da Assembleia Municipal.
Contudo, nenhum dos dispositivos anteriormente se faz sentir para participação das OSCs na
governação local.
3.7.9. Líderes tradicionais, o poder local face a exigências actuais
Um dos princípios básicos da política de descentralização é o pluralismo e a participação. A
evolução da sociedade moçambicana no sentido da auto-organização e autogestão das
comunidades locais é antecipada pela participação directa dos cidadãos na tomada de decisão e
na representação dos interesses locais pela administração municipal. A prática parece contudo
ser algo diferente.
A avaliar pelas eleições autárquicas e o estabelecimento dos novos órgãos locais, é difícil ver
neles um crescente activismo das comunidades locais no actual processo de descentralização.
Os líderes tradicionais têm autoridade e influência em muitas comunidades em Moçambique, em
especial nesta autarquia de Gorongosa pelo seu historial tradicionalista. Muito afectadas pelo
desenvolvimento social e político do país nas últimas décadas, as autoridades tradicionais
continuam a ser consideradas como agentes importantes da comunidade, sobretudo fora das
modernas zonas urbanas.
A autoridade tradicional começou a ser estudada em Moçambique, de uma forma séria e aberta
em 1991, por iniciativa do Ministério da Administração Estatal (MAE), e no âmbito do desafio
colocado pela descentralização, sem aprofundar a natureza, história e variações locais da
autoridade tradicional.
Os líderes tradicionais são uma expressão socio-política das organizações sociais locais
africanas, com base na linhagem. Estão fora do tempo relativamente à autoridade legítima do
actual Estado moderno, que não é um produto da cultura local. Além disso, a autoridade
tradicional não é centralizada. Não existem chefes tribais; os líderes tradicionais com base na
linhagem estão localizados num território específico. A autoridade tradicional inclui a elite
tradicional local.
O papel e funções das autoridades tradicionais variaram consideravelmente de acordo com as
realidades políticas e sociais da história de Moçambique. Durante o período colonial, os
funcionários portugueses exploraram a organização social das comunidades africanas de forma a
aumentar o seu controle. Criaram também o posto de régulo (pequeno rei), concedendo-lhe a
liderança ou poder sobre comunidades nativas num determinado limite territorial. Após a
independência, a diversidade de autoridades tradicionais foi limitada pelo novo governo.
A Frelimo considerou num dado período, os régulos como meros agentes da anterior
administração colonial e ignorou a legitimidade que os líderes tradicionais gozavam em muitas
comunidades. Contudo, na medida em que a administração estatal não se conseguiu estabelecer
eficazmente entre as comunidades locais, o espaço deixado em aberto pela administração distrital
nomeada pelo governo central ao nível das comunidades locais foram em grande medida
ocupado por chefes tradicionais, grupos religiosos e ONGs/instituições internacionais de ajuda
humanitária, operando à margem ou fora das estruturas do Estado. A condenação das autoridades
tradicionais por parte dos novos líderes nacionais levou a que muitos dos líderes tradicionais se
aliassem à oposição, que aproveitou a oportunidade para estabelecer as suas próprias estruturas
com base na liderança local.
Se as curtas visitas às comunidades não permitiram tirar mais conclusões, elas revelaram pelo
menos a situação marginalizada e de pobreza dos régulos e das suas comunidades em geral. Os
bairros são uma realidade em si, desligada de quaisquer serviços municipais. Embora seja difícil
avaliar a posição dos régulos nas suas comunidades, parece não existir qualquer outra autoridade
a esse nível.
Conforme observado por Artur e Weimer, ao excluir da reforma administrativa formas africanas
de governo e liderança, o Estado moçambicano moderno e a administração continuam a
distanciar-se e a permanecer como uma realidade alheia à grande maioria da população. Isto é
visível na forma como o papel dos líderes tradicionais é re-direccionado e limitado no âmbito da
reforma da descentralização pela lei 2/97. É opinião mais ou menos generalizada, tal como
afirmava um funcionário do Estado, que o poder dos líderes tradicionais é essencialmente
conservador, na medida em que têm poder social para impedir que as coisas aconteçam, mas não
têm saber nem capacidade para iniciar ideias.
No entanto, na ausência de qualquer outra autoridade, os líderes tradicionais são importantes
como representantes orgânicos da comunidade social e deverão ser integrados em qualquer
reforma que vise uma maior participação da comunidade.
Essa importância tem mais evidência na autarquia de Gorongosa, embora alguns aspectos sobre
a pobreza referenciados por Artur e Weimer sejam comuns. Contudo partindo da tradição dessa
região as lideranças tradicionais são o ponto de partida para qualquer acção, social, política e
económica, pois qualquer realização, abertura da machamba, construção passa por uma
cerimónia tradicional. A sua legitimidade é um facto real nesta autarquia embora a sua
participação política é um desafio.
3.7.10. O papel das Autoridades Comunitárias
O Poder local na Autarquia de Gorongosa e exercido pelo Regulado de Tambarara, os
Secretários dos Bairros de Mapombue, Matucudur, Tsuassicana, Madibe, Nhataca, Aerodromo,
Nhambondo. Estes estabelecem um papel de réplica das orientações e decisões tomadas pelos
Órgãos Municipais.
Nas sessões do Conselho e Assembleia Municipal são convidados permanentes, sobretudo nas
sessões da Assembleia Municipal. Mas a sua principal missão é vista aqui como mero
transmissor das decisões.
Segundo, o líder Comunitário do Bairro de Tsuassicana (Secretário), Nhagumbo José Carlos, as
populações sabe das decisões e planos do governo Municipal, através dos seus líderes, mas
aqueles que participam nas sessões, embora poucas vezes levam em manga as preocupações dos
residentes a Autoridades Municipais.
Entretanto pode se notar que o papel das Autoridades Comunitárias limita se em informador e
representante do povo naquele Bairro, o que até certo ponto devia abrir mais espaço para o seu
empandeiramento.
A legitimação das Autoridades locais, segundo as competências que são atribuídas de
mobilizadores dos Cidadãos nas campanhas de limpezas e abertura de estradas, promoção da
higiene, promoção do desporto e cultura nas suas comunidades dariam garante ao
desenvolvimento participativo. Como pode se ver no inquérito, dos 94.2% dos inqueridos
responderam que os líderes Comunitários são importantes na organização dos Bairros dentro da
Autarquia, isto significa que há um grande reconhecimento e acreditação deste nas
Comunidades.
Para efeito constitui papel das autoridades comunitárias:
a) Divulgar as leis, deliberações e outras informações úteis a comunidade;
b) Colaborar na manutenção da paz e harmonia social;
c) Mobilizar e organizar as comunidades locais para a construção e manutenção
nomeadamente de salas de aulas e casas para professores, enfermeiras e casas para
enfermeiros, casas de espera para mulheres grávidas e para parteiras, centros de
reabilitação nutricional para crianças mal nutridas;
d) Mobilizar as comunidades para a construção e reabilitação dos cemitérios, vias de
acessos e latrinas melhoradas;
e) Mobilizar a população para realizar actividades de limpeza e saneamento do meio e
educá-los sobre as melhores formas de preservação do meio ambiente, desenvolver
medidas educativas preventivas de casamentos prematuros, sensibilizar as populações
para se integrarem no parcelamento de produção agrícola;
f) Mobilizar e organizar as comunidades para participarem nas acções de prevenção de
epidemias tais como: cólera, meningite diarreias, malária bem como de outras doenças
contagiosas DTS/SIDA, Tuberculose, e ainda na campanha de vacinação e saneamento
do meio;
g) Mobilizar as populações para o recenseamento anual, eleitoral e tanto como para
participarem do processo eleitoral;
h) Mobilizar as comunidades a pagar impostos34
, incentivar a promoção de desportos
recreativos escolares e outros jogos de carácter formativo e educativo das crianças.
CAPITULO IV
34Pela fraca tributacao, o Conselho Municipal lancou uma campanha neste 20014, denominada‖ Com a suaibutacao o seu
Municipio vai crescer‖ como forma de cultivar nos municipes a necessidade de contribuirem para o fortalecimento da base
tributaria do municipio para fazer face as suas exigencias.
4. ABSTENÇÕES, VOTOS NULOS, EM BRANCO (PORQUÊ?)
4.1 Abstenções
Abstenção é uma palavra que tem sua origem no latim: abstinere, que significa abster, suprimir,
privar-se de, evitar. A expressão começa a ser usada no Direito privado, como renúncia ou não
exercício de um direito ou obrigação, nomeadamente a uma herança. Depois passa para a
linguagem política, querendo significar a renúncia ao exercício de direitos políticos,
nomeadamente o fato de o eleitor não comparecer para votar no dia da eleição.
Em Ciência Política35
, abstenção é o acto de se negar ou se eximir de fazer opções políticas.
Abster-se do processo político é visto como uma forma de participação passiva. Também
importante de referir que a abstenção eleitoral é uma atitude aceite por anarquistas e muitas
vezes condenada por alguns democratas.
Para todos os efeitos, a abstenção não deve ser encarada como recusa de participação e
irresponsabilidade, mas sim até certo ponto como "cegueira social" desencadeada por factores
externos aos cidadãos, a qual num Estado ou autarquia dita "democrática" deveria ser analisada
amplamente de forma a promover a inclusão social, e participação das populações na política.
Segundo Pasquino36
(l986, p.7), o termo é utilizado basicamente para definir a não participação
no ato de votar. Pode, no entanto, compreender a não-participação em um conjunto de
35Ciência Política é o estudo da política — dos sistemas políticos, das organizações e dos processos políticos. Envolve o estudo
da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo — ou qualquer sistema equivalente de organização
humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Os cientistas políticos podem estudar instituições
como empresas, sindicatos,igrejas, ou outras organizações cujas estruturas e processos de acção se aproximem de um governo,
em complexidade e interconexão. O termo "ciência política" foi cunhado em 1880 por Herbert Baxter Adams, professor
de História da Universidade Johns Hopkins.A Ciência Política é a teoria e prática da política e a descrição e análise dos sistemas
políticos e do comportamento político.
36Gianfranco Pasquino (born 1942 in Turin) é cientista de an Italian political, atualmente professor
of politicalscience atthe University de Bolonha.Ele também é um professor ao " Bolonha Centro " at DickinsonCollege and ao
actividades políticas, sendo definida como apatia, alienação: A alienação eleitoral deve-se
entender como a ausência de uma escolha de representante em determinada eleição, de
indivíduos que, aptos a votarem, por variadas razões, não o fazem, ou seja, ou se abstêm, ou
votam nulo ou em branco. Há, portanto, três componentes: a abstenção, os votos em branco e os
nulos.
Laguna (2004) 37
afirma que os estudos eleitorais identificam tradicionalmente a abstenção
eleitoral com a ausência do exercício do direito de sufrágio activo, quer dizer, com o não votar
em um processo eleitoral determinado. Esta abstenção eleitoral, segundo o autor, pode ter sua
origem em uma discrepância radical com o regime político (ou inclusive, com a democracia), em
que ―não se deseja participar de nenhuma forma (...) ou em um convencimento de que nada pode
mudar realmente ganhe quem ganhar as eleições, entre os principais motivos que fundamentam
esta atitude‖.
4.2. Tipos de abstenções
Na maior parte das Democracias, existem duas formas de manifestar-se a abstenção:
Não presencial: o eleitor expressa a abstenção ausentando-se do instrumento e no momento
de votação por descontentamento ou por temer algo que atente a sua vida tal como se
caracterizou em Gorongosa nas eleições autárquicas de 2013 motivado pela tensão política,
onde vários eleitores deslocaram se para fora do distrito temendo ataques da RENAMO no
na passagem do dia 19 a 20 de Novembro. Também pode ser a ausência por vários outros
vários motivos.
Presencial: o eleitor utiliza o instrumento de votação para expressar a atitude abstencionista.
por exemplo nesta autarquia de Gorongosa, trata-se de votos nulos e em branco, podem
incluir decisão abstencionista para além de outras manifestações de pensamento.
SAIS Bolonha centro of Johns Hopkins University. Ele estudou a the University de Turin under Norberto Bobbio and
especializou under Giovanni the University de Sartori at de Florença. Na vida profissional dele, ele foi associado com a
Universidade de Florence, Harvard University, University de Califórnia, Losthe School de Angeles and de Studies in Washington
Internacional Avançado, DC. Ele era o editor do diário " IlMulino " entre 1980 e 1984, e " A Revisão italiana de Ciência "
Política entre 2001 e 2003. Ele era um senador em the ItalianSenate between 1983 e 1992 e 1994 e 1996 como representante da
Esquerda Independente e the Alliance de Progressives, respectivamente. Em 2005 ele foi eleito sócio da Academia Nacional
italiana de Ciências.
37Juan Bravo Laguna (Nasceu em 24 de Junho de 1803,em Madrid, Morreu a 11 de Fevereiro de 1873) foi
um político, jurista e economistaespanhol. Foi Presidente do Conselho de Ministros durante o reinado de Isabel II.
Contudo Freire e Magalhães (2002)38
, aborda sobre a abstenção voluntária, que chamam de
“abstenção política”, ou seja, aquela protagonizada por indivíduos com razoáveis níveis de
recursos (materiais e educacionais) e de integração social, que assumem a abstenção como uma
opção estratégica para mostrar o seu descontentamento com o funcionamento do sistema e/ou
com os partidos. Portanto, a abstenção política é aquela que expressa um rechaço às alternativas
partidárias existentes, a determinados regimes políticos e/ou a lideranças partidárias. Entretanto,
há outro tipo de abstenção, é aquela forçada pelas circunstâncias: dificuldades climáticas,
indisposições ou acidentes, por viagens não previstas, enfim por acontecimentos pessoais de
índole variada. Nesse caso, não é uma abstenção voluntária, que Laguna denomina de
“abstenção técnica” (difícil de quantificar, mas certamente parte da abstenção eleitoral).
Existem, portanto, uma abstenção voluntária e outra que ele chama de ―técnica‖, que se
caracterizam pela não-participação no processo eleitoral, ou seja, uma abstenção não
participante. Esse tipo de abstenção é chamada de ―abstenção negativa‖.Mas, abster-se
eleitoralmente, para o autor, não significa somente não votar ou não participar nas eleições,
―também pode significar não expressar preferência por nenhuma das opções eleitorais
concorrentes‖, votando em branco ou anulando o voto. Nesse caso, trata-se de um tipo de
abstenção, distinta da anterior, que ele chama de ―abstenção activa‖, que ―tem sido
tradicionalmente descuidada nos estudos eleitorais e não tem merecido a atenção específica que
requer‖.
4.3 Causas Gerais das Abstenções
A abstenção pode ser resultante de uma ou várias razões que anteriormente referenciamos no
tema que acabamos de ler, mas especificados neste trabalho nas referências a seguir:
Desigualdade colossal na exposição de partidos políticos nos Mídia, um partido e falado
mais que o outro; 38
FREIRE, André; MAGALHÃES, Pedro. A abstenção eleitoral em Portugal. Lisboa:Imprensa de Ciências Sociais, 2002
Falta de esclarecimento eleitoral (mais concretamente: informação sobre programas, regras
eleitorais, e legislação inerente);
Desmobilização do eleitorado pela divulgação de sondagens em tempo de campanha as quais
dão ênfase reforçado na necessidade de voto útil nos "grandes partidos" (normalmente
constatada em sistema bipartidarista);
Desagrado pelo sistema de votação vigente e/ou modelo de Democracia;
Barreiras sociais de acesso ao voto ( inexistência de novas tecnologias de votação: internet e
telefone, incapacidade seja no custeamento da deslocação seja por incapacidade física na
mobilidade ao local de voto);
Desinteresse generalista pela classe política;
Falhas de ordem técnica nos instrumentos de votação;
Desespero e sentimento de desintegração social e política.
Muitos defensores da ― obrigatoriedade do Voto‖39
têm uma visão simplista crendo que desta
forma assegura-se a resolução da problemática da abstenção. Contudo para que exista obrigação
de voto, é necessário garantir o aprofundamento da Democracia a todos os níveis eliminando
todos os obstáculos atrás enunciados, pois caso contrário, o problema da abstenção origina outro
problema: voto inconsciente.
"A abstenção é um fenómeno muito importante. E ela é importante porque representa uma forma funcional de
desigualdade política e, participação desigual significa influência desigual, na medida em que acarreta importantes
consequências para quem é eleito e para o conteúdo das políticas públicas."(AREND ALIJPHART, 2011)40
Geralmente as abstenções são classificadas em função das ausências dos eleitores nas urnas, mas
não se aprofundam as razões ficando apenas as culpas para o cidadão que e acusado de não ter o
39Faz parte de uma lei que obriga a todo cidadao com 18 anos ou mais a ir obrigatoriamente votar sub pena de ser julgado e
condenado em caso de não votar. Em mocambique esta lei não existe. As eleições no Brasil são pelo sistema universal e direto,
com voto obrigatório e secreto. São eleitores os maiores de 16 anos, alistados na forma da lei. Mas o voto e o alistamento são
facultativos para os analfabetos, os maiores de setenta anos, os jovens entre 16 e 18 anos. 40
ArendLijphart,Professor Emeritus de Ciência Política Ph.D. Universidade de Yale, 1963 Políticas Comparativas, Instituições
Democráticas, Ethnicity e Políticas. O campo de Lijphart de especialização é políticas comparativas, e a pesquisa actual dele é
focalizada no estudo comparativo de instituições democráticas. Ele é o autor ou editor de mais que uma dúzia de reservam,
including Democracy em Sociedades Plurais.
sentido patriótico, mas neste estudo importa-nos referir e analisar alguns factores que podem
deixar uma doze de culpas as autoridades eleitorais, que passam por:
i. As mortes que sucedem os períodos após recenseamento que não são ajustadas aos
cadernos de recenseamento;
ii. As deslocações regiões para regiões após o recenseamento devido várias razões
iii. Dificuldade de localização do nome no dia da votação por ma inscrição pelas
autoridades responsáveis.
Ainda neste estudo queríamos deixar uma reflexão sobre uma abstenção que não e analisada e
avaliada, e a abstenção no período de recenseamento que pode ser motivada pelo desinteresse
político ou falta de alternativa política.
A abstenção é um processo perigoso para a democracia, uma vez que tende a evoluir em
crescendo, assumindo a forma de uma espiral desvinculativa.
Não interessa depois estabelecer se é a fraca capacidade da governação que afasta os cidadãos ou
se é o desinteresse dos cidadãos que fomenta a má prestação política. O que se sabe é que o
cidadão tem o papel fundamental na realização da higiene mínima democrática, quer porque
opina soberano no acto eleitoral, seja porque permanece vigilante durante o mandato.
Aquele que se abstém porque ignora ou odeia o político, considerando-o de corrupto,
incompetente e, inversamente, o governante despreza-o, tomando-o por básico, emocional,
ilógico, insignificante. Dai a destacar dois momentos da análise do cidadão eleitor quanto ao
dirigente ou candidato:
Primeiro passo da desvinculação: a indiferença e, logo imediatamente, o desprezo.
Numa segunda fase, o político entrega-se ao aparelhismo partidário e denota falta de qualidades
reais de liderança, contentando-se, por um lado, em vender slogans e ter uma imagem mediática
aprazível e, por outro, em jogar nos bastidores com seu pessoal-de-mão dentro do aparelho
partidário.
O cidadão ora embevece pelo lado promocional do produto, ora abespinha-se com a "banha da
cobra". Globalmente, a política deixa de estar no seu horizonte vivencial e a abstenção soube
ainda mais. A governação, exercida deste modo, sofrerá da erosão mediática típica de qualquer
outro produto comercial. O povo cansa-se da novela e anseia por tecnocratas, esquecendo-se que
a complexidade humana exige sempre opções do foro social e cultural. Infelizmente, na
democracia, a "realidade" são as pessoas.
O que se sabe é que o cidadão tem o papel fundamental na realização da higiene mínima
democrática, quer porque opina soberano no acto eleitoral, seja porque permanece vigilante
durante o mandato.
O significado político da abstenção poderá ser melhor entendido se o seu peso for devidamente
incorporado na análise sobre a participação eleitoral. Para melhor se entender este ponto, vale a
pena distinguir dois conceitos operacionais aqui designados como ―voto oficial‖ e o ―voto
Popular‖. Voto oficial corresponde, segundo o estipulado na lei, aos votos chamados válidos;
excluiu votos inválidos, em branco e nulos, bem como a abstenção. Já o voto popular abrange o
universo eleitoral todo, incluindo: votos válidos, votos inválidos e abstenção.
Se a abstenção fosse reconhecida como uma das forças políticas formalmente concorrentes,
também já deveria ter assumido sua vitória. Não precisa de esperar pelos resultados finais. Um
facto parece evidente. Mesmo se a abstenção, nas últimas eleições autárquicas, se aproximar
mais dos 50% do que nas eleições anteriores, o seu peso e significado continuam incontestáveis.
Isto sem entrar na problemática (é cedo para ajuizar) sobre a proporção da participação realmente
voluntária e a que resultou de manipulação e coacção.
A abstenção representa actualmente a principal ameaça, tanto para o partido no poder como para
os partidos na oposição. Seja ela consciente ou inconsciente, a abstenção reflecte desilusão,
fadiga e negação de voto positivo, não apenas a um ou a outro partido, mas ao sistema todo.
Aliás, no próprio sistema, os que consideram a democratização um risco inaceitável, também
engrossa a abstenção.
Nas recentes eleições autárquicas, pediu-se e suplicou-se o voto. Até em imprensa independente
não se poupou a apelos efusivos, como o seguinte: ―Votar é governar!‖ (Magazine Independente,
19.11.08, p. 07). Se votar é governar, como exigir responsabilidade pela desgovernação, no
sentido de má ou péssima governação? Numa situação em que as alternativas parecem piores do
que a ―posição‖, como votar negativamente sem converter o voto positivo num voto inválido? A
resposta a estas questões é simples: votar na abstenção. Votos em branco e nulos são
politicamente inválidos, mas votos na abstenção não. Em muitos casos são afirmações negativas
de dignidade, em que o nosso dedo fica limpo, transparente e não comprometido.
Na falta de melhor, a população tem optado por se acantonar massivamente na abstenção. Pouco
lhe importa as acusações de falta de patriotismo, fraca consciência e falta de sentido cívico. A
manipulação política é esperta, mas o povo também sabe aprender a não ser parvo.
Moçambique, Gorongosa em especial, não tem cultura de voto em branco, mas está a
desenvolver uma cultura de abstenção positiva e resistente por vários factores ligados a
globalização, e maior dinâmica cultural e movimentação dos povos de um Pais para outro e a
nível interno de uma província, distrito para outro e vice e versa. Existe aqui uma grande ironia.
Muitos dos críticos da abstenção aprenderam, no tempo colonial, na base do antigo vocábulo, a
contrariar a ideia vulgar de que quem cala consente. Aprenderam a sobreviver calando-se, mas
sem consentirem o estado de coisas. Todavia, em vez de mais argumentos em torno da questão
da abstenção, este estudo oferece um convite à meditação sobre alguns factos, para além das
amarras analíticas do modelo convencional de avaliação eleitoral prevalecente.
4.4 Estudos sobre Comportamento Eleitoral ao longo dos tempos.
A análise empírica do comportamento eleitoral tem seu desenvolvimento mais expressivo na 2a
metade do século XX. Os de Até anos 50, eram poucos os estudos, segundo de destacando-se
Perea (l999, p.48)41
, como de de obras Siegfried (l913), Merriam e Gosnell (1927), Tingsten
(l937), e Lazarsfeld (l944). Eram estudos que podem ser enquadrados na sociologia eleitoral e
que adoptam basicamente enfoques ecológicos, ou seja, análises a partir de dados agregados (por
região, estado ou país). A explicação desse procedimento metodológico dava-se, em boa parte,
por só se dispor de dados agregados, tanto eleitorais, como económicos e demográficos.
Para Justel (l995, p.20)42
, até os anos 40, a sociologia eleitoral adoptou enfoques ecológicos, em
boa medida porque só dispunha de dados agregados para unidades geográficas e administrativas.
E como a maioria dos dados disponíveis era de tipo económico e demográfico, esses foram os
factores que de forma prioritária eram aludidos para explicar esse comportamento. Isso significa
afirmar que, pelo menos até o início dos anos 50 prevaleceram as análises agregadas tanto do
voto quanto da abstenção eleitoral, em que privilegiavam os factores explicativos de carácter
sociológico e económico.
No entanto, a partir dos anos 50, os enfoques analíticos e modelos explicativos do voto, tanto na
Europa quanto nos Estados Unidos, onde as pesquisas eram mais frequentes, passaram a
incorporar técnicas estatísticas mais refinadas. No estudo sobre comportamento eleitoral, mais
especificamente, passaram a ser utilizadas pesquisas de opinião, possibilitando obter, de forma
mais sistemática, as características, opiniões, atitudes e comportamentos individuais.
41
Eva AnduizaPerea, é professora associada ao Departamento de Ciência Política do UAB desde 2003. Ela segura um grau em
Ciência Política e Sociologia da Universidade de Complutense Madrid, um diploma pós-graduado em análise de dados de ciência
social da Universidade de Essex, e um PhD em político e ciências sociais do Instituto Universitário europeu em Florença. Ela
ensinou ciência política na Universidade de Salamanca e Murcia na Espanha. Os campos principais dela de pesquisa são
participação política, atitudes políticas e eleições. Ela também está interessada em epistemological e assuntos metodológicos
em ciência social research. Ela é atualmente a investigadora principal do grupo de pesquisa em Democracia, Eleições e
Cidadania (SGR981), coordenando vários diferentes projectos. She also coordinates the UAB Masters Program in Political
Science.
42
Manuel Justel,diputado de la de deasambleamadridenla ii legislatura grupo parlamentario: centro democrático y social (cds)
fecha y de de lugar nacimiento: de dedeuña quintana (zamora), 27 de de agosto de de 1945 de deen licenciado ciencias
políticas y sociología (universidad de decomplutensemadrid). como sociólogo, especializado enopinión pública y sociología
política, ha participado múltiplesproyectos de investigación, así como encongresos y seminarios. desde 1979 miembrodel
gabinete técnico del centro de investigaciones sociológicas, en el que hadesempeñado funciones de jefe de servicio de análisis
e informes. haenseñadosociologíaen varias universidades de madrid. actualmenteesprofesorasociadoenlafacultad de ciencias
políticas y sociología de launiversidadcomplutense.
Nesse sentido, a contribuição de estudos e pesquisas desenvolvidos pelas Universidades de
Colúmbia e Michigan, nos Estados Unidos, foi de fundamental importância não só em relação a
este país, mas também pela influência que exerceu em outros países: ―Colúmbia e Michigan
foram pioneiras na aplicação de técnicas de colecta de dados para a análise político e eleitoral. A
aplicação das mesmas se estendeu pela maioria das sociedades industriais com democracias
pluralistas‖ (JUSTEL, 1995, p.16).
4.4.1 Modelo de Colúmbia
O que ficou conhecido como ―Modelo de Colúmbia‖ começou a ser elaborado na década de 40,
quando professores e pesquisadores da Universidade de Colúmbia, sob a liderança de Paul
Lazarsfeld, realizaram diversas pesquisas em eleições presidenciais nos Estados Unidos.
O pressuposto central desse modelo é a compreensão de que o comportamento eleitoral
individual só pode ser compreendido no contexto social mais amplo. Os resultados das pesquisas
de eleições presidenciais, por exemplo, apontavam para a estabilidade do comportamento e das
preferências dos eleitores e, portanto, foram interpretados como resultado de predisposições
políticas com origens em características sócias demográficas.
Essas pesquisas tinham por objectivo analisar como se davam os processos de integração,
comunicação e interacção dos eleitores em determinada eleição e, a partir daí, construir um
modelo que se centra no modo como os indivíduos estão integrados na sociedade e como isso
reflecte na sua participação eleitoral. A compreensão é de que os eleitores socialmente mais
integrados têm maiores probabilidades de votar do que os mais isolados. Essa integração os torna
mais expostos a estímulos sociais e políticos, portanto, têm mais informações, se mobilizam
mais, proporcionando maior participação política.
Para os seguidores dessa escola, mesmo considerando que o voto é individual, são características
sociais que determinam as preferências políticas. O indivíduo, ao viver em sociedade, estabelece
relações interpessoais nos grupos aos quais ele pertence e que determinam suas preferências
políticas (família, amigos, etc.). As acções individuais, portanto, derivam da integração social.
Como afirma Figueiredo (l991, p.43)43
a respeito desse modelo, não são os indivíduos e sim os
colectivos sociais que imprimem dinâmica à política. Nesse sentido, o que precisa ser explicado
são os resultados agregados de acções colectivas.
4.4.2 Modelo de Michigan
A Escola de Michigan elabora um modelo distinto de explicação do comportamento eleitoral. A
ênfase é a dimensão psicológica, privilegiando a formação de identidades subjectivas do
indivíduo. Ele foi elaborado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Michigan, EUA,
sob a liderança de Angus Campbell, no final dos anos.
Como afirmam Balbachevsky e Holzhaker44
(2004, p.243): O modelo de Michigan, ao enfatizar
como a opinião das pessoas sobre os partidos, candidatos e assuntos públicos influencia a
decisão do voto, criou uma nova perspectiva de análise para o comportamento eleitoral. Dentro
desta perspectiva três variáveis são importantes para predizer o voto dos eleitores: a identidade
partidária, suas opiniões sobre assuntos políticos e a imagem dos candidatos. A identidade
partidária tem um valor chave nesse esquema: é um elo relativamente estável do eleitor com o
mundo da política e tende a condensar, num formato simbólico rarefeito, as inclinações do
eleitor, e suas percepções sobre a política. Esta identidade incorpora um factor psicológico, não
completamente racional, que se forja ao longo do tempo, na interacção do eleitor com a política.
Um dos trunfos nas análises de Michigan foi justamente mostrar como esta identidade é o melhor
produtor da escolha eleitoral.
Para os autores desse modelo, as unidades de análises são os indivíduos. E assim as decisões dos
votantes são explicadas em termos de atitudes políticas a longo prazo, destacando-se a
importância das atitudes, o compromisso psicológico com a política, a responsabilidade, o dever
cívico, a identidade partidária, etc. O que descarta, portanto, as características sócio económicas
como determinantes do comportamento eleitoral.
43Rubens Figueiredo é o Cientista Político, consultor da fundação espaço democrático, Director Geral do Cepac, pesquisa e
comunicação no Brasil. 44Denilde Oliveira Holzhacker, [email protected]. Doutorado Ciência Política. USP. Política Externa;. Direitos humanos,
sociedade civil, movimentos sociais.
Nessa escola, como afirmam Reis45
e Castro (1992), o tema da identidade partidária ganha
especial relevo, destacando-se não apenas o papel importante no condicionamento da decisão do
voto pela identificação psicológica do eleitor com um partido, mas também o fato de que essa
identificação tende a apresentar grande estabilidade ao longo do tempo, independente das classes
sociais e ideologias. Assim, a lealdade adquirida (ou herdada) em relação a um partido tende a
ser mais decisiva.
Ao se enfatizar a dimensão psicológica, é elaborado um modelo explicativo do comportamento
eleitoral que se contrapõe ao determinismo social da Escola de Colúmbia.
Como diz Justel (l995, p.24, tradução nossa): é um modelo mais psicológico e latitudinal. Se
privilegia a formação de identidades subjectivas do indivíduo, ante os componentes estruturais,
institucionais e temáticos do sistema político. Não exclui a mediação ou influxo do entorno
ponto em que se encontram com os colegas de Colúmbia – mas sempre o factor chave é de
carácter psicológico: é o indivíduo que elege, é o que actua ou se inibe antes as opções que se
apresentam.
Na pesquisa sobre as eleições presidenciais, nos Estados Unidos, também objecto de análise por
parte de pesquisadores da Universidade de Michigan, o comportamento eleitoral é explicado
baseado em atitudes políticas e a participação dos indivíduos relaciona-se ao grau de implicação
dos cidadãos na política. O interesse pela campanha, a preocupação com o resultado da eleição, a
sensação de eficácia política, o sentido de responsabilidade cidadã, e em menor medida, a
identificação partidária são atitudes que influenciaram positivamente a participação eleitoral.
4.4.3 Teoria da escolha racional
Basicamente, a teoria da escolha racional visa explicar e predizer o comportamento dos atores
políticos a partir de um conjunto de supostos (―supostos da racionalidade‖), ou seja, parte do
45Antonio Carlos Alkmim dos Reis,Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, UFF, Mestre e
Doutor em Ciência Política (Ciência Política e Sociologia) pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. Tem curso
de Metodologia Quantitativa pela Universidade de Michigan. Actualmente é pesquisador sénior da Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio.
princípio de que todos os fenómenos sociais têm de ser compreendidos como produto da acção
dos indivíduos, no qual o indivíduo racional actua tendo em conta o comportamento que espera
de outros atores.
Dows (2000)46
formula os principais elementos dessa teoria. Ao tratar da questão do voto, o
autor afirma que o homem racional decide votar, assim como toma outras decisões, se os
benefícios superam os custos. No modelo proposto por Dows, a decisão do voto é concebida
como produto da acção racional individual orientada por cálculos de interesse pessoal, tendo em
vista o objectivo de maximizar ganho. Assim, a participação nas eleições ocorre somente se os
benefícios esperados forem superiores aos custos do voto, ou seja, o eleitor racional se motiva a
votar apenas se os benefícios esperados forem suficientemente importantes e recompensadores.
Segundo Dows (2000, p.279) ―presumimos que todo homem racional decide se vota ou não o
mesmo modo que todas as decisões: se os retornos esperados superam os custos, ele vota, se não,
se abstém‖.
De acordo com essa teoria, o ato de votar é interpretado por meio da perspectiva da racionalidade
económica, adaptada ao universo da política: o ato de votar é concebido como uma relação que
tem custos e benefícios. Como diz Castro (1994), a perspectiva da escolha racional baseia-se na
perspectiva micro do individualismo metodológico, segundo o qual é possível explicar
comportamentos políticos se considerar que os indivíduos são racionais e agem como
consumidores do mercado económico, procurando antes de tudo diminuir seus custos, maximizar
e optimizar seus ganhos.
46Anthony Dows (/daʊnz/; born November 21, 1930) is an American economist specializing in public policy and public
administration. Since 1977 he is a senior fellow at the Brookings Institution in Washington D.C. Downs received a B.A.
from Carleton College and later a Ph.D. in economics from Stanford University. Downs has served as a consultant to many of the
nation's largest corporations and public institutions, including the Department of Housing and Urban Development and the White
House. President Lyndon B. Johnson appointed him to the National Commission on Urban Problems in 1967, and HUD
Secretary Jack Kemp appointed him to the Advisory Commission on Regulatory Barriers to Affordable Housing in 1989. He is
officer or trustee of General Growth Properties and the NAACP Legal Defense and Educational Fund. He is the author or co-
author of 24 books and over 500 articles. His most influential books are An Economic Theory of Democracy(1957) and Inside
Bureaucracy (1967);
Dows, ao elaborar essa teoria, introduziu o conceito de renda utilitária, que se tornou um
parâmetro que o eleitor usa para mensurar os benefícios que obterá junto a cada candidato, uma
vez eleito. Para o autor, o indivíduo vota no partido que acredita que lhe trará maiores ganhos, ou
seja, maior índice de renda utilitária no próximo período.
Segundo Elster47
(l989, p.182), as premissas básicas da teoria da escolha racional são:
- Que as restrições estruturais não determinam completamente as acções praticadas por
indivíduos em uma sociedade;
- Que dentro do espectro de acções factíveis e compatíveis com aquelas restrições, os indivíduos
escolhem as que acreditam lhe trarão os melhores resultados.
Nesse modelo, o comportamento dos indivíduos, portanto, sustenta-se na maximização do lucro
individual. A concepção fundamental é a de que existem motivações racionais para o
comportamento eleitoral.
Desde sua formulação, na década de 50, esta abordagem tem recebido inúmeras contribuições,
como, entre outros, Tullock48
e Buchanan49
(l962), Riker e Ordeshook50
(l968), Olsen (l992) e
Elster (l994), mas também muitas críticas, especialmente a respeito do grau de generalizações e
limitações empíricas.
47JonElsterPh.D na Universidade de Paris (1972) é um filósofo norueguês radicado nos Estados Unidos, notável expoente
do marxismo analítico e um crítico da economia neoclássica. 48Gordon Tullock (born February 13, 1922) is an economist and retired Professor of Law and Economics at the George Mason
University School of Law. He is best known for his work on public choice theory, the application of economic thinking to
political issues. He is one of the founding figures in his field.
49James Buchanan, Jr. (1791-1868) foi um advogado, burocrata e políticoestadunidense, ocupando diversos cargos no
governo norte-americano. Foi o décimo quinto Presidente dos Estados Unidos, de 1857 a 1861 e o primeiro
presidente homossexual da história americana. Foi também embaixador dos Estados Unidos naRússia, Ministro no Reino Unido e
de Secretário de Estado dos Estados Unidos, entre 1849 e 1850. Nas eleições presidenciais de 1856, foi
eleito presidente dos Estados Unidos, pelo Partido Democrata, e no discurso de sua posse em 1857, deixou bem claro a
determinação do domínio norte-americano com a afirmação de que:"A expansão dos Estados Unidos sobre o continente
americano, desde o Árctico até à América do Sul, é o destino de nossa raça (...) e nada pode detê-la."
50Peter C. Ordeshook é Cientista em política americana. Professor de Ciência política no instituto de Tecnologia de Califórnia
em Pesadena. Ele recebeu Ph.D. em Ciências Politicas pela Universidade de Rochester e Bacharelato em Ciências
pelo Massachusetts InstituteofTechnology. Where he studied engineering, economics and politics. He has been a professor at
Caltech since 1987. He has authored influential papers and books, such as "The Calculus of Voting" (co-authored with William
H. Riker). He is a Fellow of the American Academy of Arts and Sciences.
4.5 A importância da integração social no combate as abstenções
Para Justel (l995) até os anos 70, a maioria das hipóteses explicativas da participação e da
abstenção eleitoral converge para o marco mais geral da teoria da integração social. A
compreensão subjacente é a de que a alienação eleitoral é resultado da marginalidade social,
política e/ou económica, ou seja, são os factores sócio estruturais que a definem ou determinam.
Essa é a explicação mais geral adoptada pelo que ficou conhecida como ―Escola Francesa‖, na
qual um dos principais representantes é Alain Lancelot51
.
Numa obra publicada em l968, L’abstencionnisme électoralen France, que pode ser considerada
pioneira na Europa entre os trabalhos dedicados especificamente ao estudo da abstenção eleitoral
numa perspectiva sociológica, Lancelot analisa a influência da condição social dos eleitores
sobre sua propensão a se absterem.
A hipótese explicativa da participação eleitoral formulada pelo autor, é a de que a integração
social condiciona o nível de participação eleitoral, ou seja, o grau de integração social, como
característica da situação de uma categoria social em relação ao conjunto da sociedade, ou de um
indivíduo em relação ao grupo de actividades.
“A análise política permite compreender a maior parte das variações do abstencionismo. Mas ele não explica a
maior parte das abstenções, que nos leva a buscar a chave em um factor de ordem sociológica: a integração
social”.(LANCELOTl968, p.171, tradução brasileira):
Desta forma, quanto mais integrado está o indivíduo na sociedade, mais ele desenvolve um
sentido de responsabilidade cívica em relação ao voto; e quanto mais consciente e informado
sobre a eleição, maior será a probabilidade de votar. Abster-se de votar numa eleição significa,
em última instância, uma fraca ou insuficiente integração social. Há, portanto, uma relação de
causalidade entre o processo de inserção social e a participação eleitoral. Quanto maior a
integração, maior a participação. Importa ter sempre em conta um factor geral ( extra - político
no sentido restrito do termo) que é o grau de integração à colectividade‖. Mas salientar que o
51Alain Lancelot, Politologo frances, mais destacado pelas suas obras viradas aos processos eleitorais. Fez o estudo profundo das
abstecoes nas eleicoes francesas. E animador da televisao, o que lhe leva a ser fogura popular na Franca.
estudo das abstenções não e acabado pois vai ganhando outros contornos derivados de vários
pensamentos.
4.6 Voto Nulo
A expressão voto nulo é usada para designar a ocorrência em que, numa eleição, o eleitor
comparece ao local da votação, mas insere um número que não corresponde a nenhuma das
opções de voto ou, especificamente para voto em boletim de papel, no caso de Moçambique
particularmente Gorongosa, o eleitor faz uma marcação que não possibilita a identificação da
intensão do voto. É geralmente confundido com o voto em branco e também não é contabilizado
ao total de votos válidos.
Alguns sectores da sociedade entendem que o voto nulo é uma forma de os
cidadãos expressarem o descontentamento com o sistema político vigente no acto eleitoral.
Outros, porém, entendem que o acto de votar nulo é na verdade uma manifestação de falta de
cidadania, que contribui para piorar o nível dos ocupantes de cargo público. Há uma enorme
controvérsia a respeito do voto nulo, sendo porém impossível determinar o que quis dizer o
eleitor ao efectuar este procedimento, a não ser o fato de que ele simplesmente não quis votar em
nenhum candidato. Exemplo do voto nulo é sempre confirmar o número zero "00", valor nulo.
4.6.1 Historial no Brasil
No Brasil, historicamente era chamado de voto nulo quando o eleitor rasurava o boletim de
votação, marcando mais de uma opção, escrevendo palavras estranhas ou nomes de candidatos
fictícios.
Com a introdução da urna electrónica a nível nacional a partir das eleições de 1996, passou a ser
considerado voto nulo a acção do eleitor quando este digita um número ao qual não corresponde
nenhum candidato ou partido político (por exemplo, 00).
Em Moçambique a urna electrónica foi ensaiada pela primeira vez no dia 17 de Junho de 2014,
pelo actual presidente da Comissão Nacional de Eleições, Abdul Carimo e Director geral do
STAE, Felisberto Naife. De fabrico indiano, a urna electrónica foi ensaiada na presença dos
partidos políticos. Ficou garantido pelos órgãos eleitorais que a mesma não é para o uso nas
eleições de Outubro de 2014, (TVM, noticiário do dia 17.6.14).
4.6.2 Diferença entre voto em branco e nulo
De acordo com a definição do Glossário Eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o voto
em branco é aquele no qual o eleitor não manifesta preferência por nenhum dos candidatos. Já o
voto nulo ocorre quando o eleitor manifesta sua vontade de anular, digitando na urna electrónica
um número inexistente, que não corresponde a nenhum candidato ou partido político
oficialmente registados. No caso de Moçambique, voto nulo é quando em boletim de papel, o
eleitor faz uma marcação que não possibilita a identificação clara da intenção do voto para
nenhum candidato ou partido político.
O voto nulo é apenas registado para fins de estatísticas e não é contabilizado como voto válido,
isto é, não vai para nenhum candidato, partido político ou coligação.
O voto em branco é interpretado como um acto de conformismo, em que o eleitor está satisfeito
com qualquer candidato que vencer. O voto nulo é considerado um protesto, significa que o
eleitor está descontente com a proposta de todos os candidatos.
4.6.3 Problemática das abstenções excessivas e anulação das eleições
Segundo Machado52
, mesmo que os votos em branco e nulo representem mais da metade do
total, não é possível anular uma eleição por este motivo. ―Esse é um grande equívoco‖. A
52Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de Junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de Setembro de 1908) foi
umescritor brasileiro, amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. Escreveu em praticamente todos
população em geral acredita que anulando ou deixando em branco mais de 50% dos votos a
eleição será anulada, o que levaria ao desperdício eleitoral ou desmando propositado. Isto não é
verdadeiro, pois eles não serão computados aos votos válidos e poderão até ajudar o candidato
que não é do desejo popular maior‖.
Essa discussão tem sido objecto de debate em várias frentes políticas e mídias no nosso País.
4.5 Os recursos humanos e o desafio das autarquias
A lei 2/97, Lei base das Autarquias locais preconiza que as autarquias locais são pessoas
colectivas públicas, adoptadas de órgãos representativos próprios que visam a prossecução de
interesses das populações, sem prejuízo dos interesses nacionais e de participação do Estado. As
autarquias locais são municípios vilas ou povoações, no caso da vila de Gorongosa.
No tocante aos recursos humanos a lei acima no seu artigo 18, oferece o quadro do pessoal das
autarquias locais, salientando que as mesmas dispõem de um quadro próprio de acordo com as
necessidades, onde a sua mobilidade vai de acordo com a lei.
Perante esse desafio urge a necessidade de formação permanente do pessoal das autarquias em
especial na autarquia de Gorongosa onde e o ponto de estudo dessa dissertação para corresponder
as exigências actuais da administração pública, quer na interacção com o público, quer no uso de
novas tecnologias.
O grande desafio que o estudo foi partilhado por Rosita Valói, oficial dos Programas dos
Municípios na AWEPA Moçambique, na sua entrevista ao jornal Diário de Moçambique no dia
30 de Abril 2014, onde apresenta uma preocupação sobre o desperdício ou não aproveitamento
dos recursos humanos já formandos em mandatos seguintes. Tendo salientado ainda que o
objectivo da sua organização e formar os recém-eleitos para a nova dinâmica.
os géneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, e crítico
literário.7 8Testemunhou a mudança política no país quando a República substituiu o Império e foi um grande comentador e
relator dos eventos político-sociais de sua época.9
“Os recursos humanos formados e capacitados a nível das autarquias do Pais devem ser aproveitados e cada
mandato em proldo desenvolvimento municipal, dadas as habilidades e qualidades por ele adquiridas…” Rosita
Valói ( AWEPA 2014).
Essa reflexão deixa-nos com mais ambições e perspectiva para a nossa autarquia da vila de
Gorongosa que inicia o seu mandato, ai questiona se como aproveitar os vereadores cessantes e
os membros da AM que não renovaram perante os conhecimentos adquiridos aquando em
exercício no mandato anterior?
CAPITULO V
5.Conclusões e Recomendações
O percurso sobre a governação municipal democrática em Moçambique permitiu-nos
compreender que existe um ambiente legal e institucional favorável para o exercício de práticas
democráticas participativas. Ao longo destes anos de municipalização em Moçambique e dos
primeiros cinco em Gorongosa, diversas formas de participação tiveram espaço.
Muitas das experiências de governação participativa carecem de institucionalização, facto que as
torna instáveis e vulneráveis a descontinuidades ou arbitrariedades dos gestores públicos, o que
nos leva a concluir que as actuais formas de governação participativa dos municípios são frágeis
e pouco profundas para uma governação local que se pretende, mais democrática e promotora
de desenvolvimento local.
Da mesma forma acautelamos que os modelos aplicação da governação participativa sejam
elementos apenas para tomar em consideração e eles não devem ser aplicados de forma
indiscriminada pois cada realidade é um caso diferente.
Entende-se como a inclusão política, o processo de incorporação de escolhas públicas
determinantes, nomeadamente orçamentais, de cidadãos tradicionalmente excluídos da
democracia representativa devido à sua condição económica e social. A inclusão política é forte
quando os cidadãos podem decidir de forma autónoma as escolhas orçamentais e é débil quando
a abordagem participativa limita-se à consulta aos cidadãos. Ainda a inclusão social define-se
como o melhoramento das condições de vida dos cidadãos com baixos rendimentos através de
uma redistribuição da riqueza e de um reforço do laço social.
Nota importante desta conclusão vai fazer um casamento com um dos motivos mais claros sobre
uma das razões das abstenções anteriormente focado neste estudo quando se abordou o estudo do
comportamento eleitoral e as abstenções. De facto há necessidade de criação de espaço de
convivência democrática pautada pelo debate político e tomada de decisões sobre a alocação de
recursos públicos em prol do desenvolvimento local. Essa convivência e partilha de poderes
entre os gestores públicos e comunidade local legitimam a governação dos primeiros e aumenta
confiança entre ambos.
Os cidadãos, de facto, passam de meros espectadores a agentes de transformação no sentido em
que o processo participativo vai clarificar o seu papel e as suas responsabilidades no
desenvolvimento local. Porque todos, a comunidade local e os gestores públicos ficam ao mesmo
nível de conhecimento sobre os problemas, necessidades e recursos disponíveis, fortalece-se a
solidariedade e cooperação entre os vários grupos sociais participantes.
Dando um detalhe mais virado a edilidade, a participação dos munícipes na governação
municipal, passa necessariamente pela criação de espaços e mecanismos que facilitem e
estimulem o engajamento das comunidades locais no processo de municipalização política em
curso no país, como anteriormente nos referimos.
Nesta perspectiva, a AM de Gorongosa tem procurado aproximar-se do cidadão através de
encontros que realiza nos diversos bairros e na preocupação em transformar as suas sessões num
fórum de debate de ideias. Entretanto, verifica-se que a AM ainda não conseguiu materializar
este objectivo, a avaliar pela fraca aproximação dos seus membros em relação aos munícipes no
mandato passado (o primeiro), conforme indicam os resultados das entrevistas e inquéritos
realizados. A AM é caracterizada, também pelo ―anonimato‖, pela falta de confiança e pelo não
conhecimento da agenda e das actividades que desenvolve no seio desta urbe, motivada pela
fraca divulgação das actividades da AM, facto que é reconhecido pelo executivo do município
de Gorongosa (CMVG):
“…a Assembleia Municipal precisa redobrar os esforços na divulgação das actividades que leva a cabo, pois
apesar de estar a trabalhar muito bem, as pessoas não tem muita informação do que ela faz e nem como
participar…”(MOREZE, edil do Município).
Segundo Presidente da IDELGO (Entrevista, 13/05/14) O recurso as presidências abertas e a
afectação dos vereadores pelos bairros da cidade afiguram-secomo sendo estratégias que
garantem uma maior aproximação do munícipe aos órgãos dirigentes.
Analisando o presente trabalho, elementos como a tendência das abstenções, nível de confiança e
de participação dos munícipes, bem como a relação que se estabelece entre as organizações da
sociedade civil com a AM, CM e com os cidadãos, os resultados demonstram que apesar da
aceitação generalizada da importância do envolvimento de todos os segmentos da sociedade na
governação municipal, o nível de participação do munícipe é ainda baixo devido a vários
factores tal como e apresenta em várias passagens desta dissertação.
A fraca organização e mobilização dos munícipes na governação municipal resultante do passado
histórico recente caracterizado pela limitação do espaço político às instituições oficiais do
Estado, leva os munícipes bem como os governantes a criarem um imaginário de que a
participação do cidadão na governação municipal constitui uma cortesia dos dirigentes políticos.
Este facto cria um distanciamento crescente entre o munícipe e as instituições de poder, que
acredita que a tomada de decisão limita-se aos dirigentes e que a sua participação não altera o
funcionamento da máquina governativa, dai abstenções, votos nulos e em branco.
Este fraco engajamento é visível através da fraca participação nos pleitos eleitorais, pelo número
de munícipes que afirma nunca ter contactado um membro da AM, pelo distanciamento dos
representantes no seio da comunidade, bem como através da quebra de confiança nas instituições
democráticas e nas instâncias representativas existentes. Nesta perspectiva, nota-se que o
município da Vila de Gorongosa ainda não conseguiu definir estratégias e mecanismos que
coordenem da melhor forma a ligação entre a entidade com os munícipes, capitalizando a
participação do cidadão munícipe rural.
Importante notar que o desenvolvimento municipal progrediu nos últimos cinco anos, mas não
existe a ligação entre os membros da AM com os munícipes, como foi demonstrado no trabalho
e nem com as organizações da sociedade civil. O município de Gorongosa mantém, ou seja, está
a reproduzir a centralização do poder a nível local, facto que ainda se passa neste novo mandato.
Caso de acautelar-se.
Face a fraca participação dos munícipes na governação municipal, a pesquisa recomenda:
Para o Governo Municipal: Desenvolver os instrumentos básicos para uma planificação e
programação eficaz; Criar, reforçar eficácia e melhorar as capacidades das autarquias para a
planificação e efectuar a provisão de serviços; Criar acções para a resolução dos problemas dos
munícipes, dentro do plano ou pelo imperativo de circunstâncias; Cultivar uma democracia
formal assente na participação, representação, partilha de ideias, com envolvimento do munícipe
e da sociedade civil; Revitalizar as estruturas dos Bairros; Aumentar os encontros populares nos
diversos Bairros da autarquia como forma de aproximar o cidadão, divulgar as realizações,
prestar contas e lançar a imagem; Criar de momentos informais de diversão e convivência social
com os munícipes de modo a cultivar a integração social; Procurar no máximo granjear simpatia,
aumentando a legitimidade; Usar as redes de comunicação social para divulgar as realizações e
promover a autarquia.
Para a Assembleia Municipal: Aproximar o cidadão através de encontros que realiza nos
diversos bairros e na preocupação em transformar as suas sessões num fórum de debate de
ideias; Aumentar aproximação e o contacto dos seus membros em relação aos munícipes, facto
reclamado no mandato passado (o primeiro); Acabar com o ―anonimato‖, motivado pelo
desengajamento, falta de confiança e pela não entrega as actividades e fraca divulgação da lei
tributaria e postura camarária vigente; Criar de espaço de convivência democrática pautada pelo
debate político e tomada de decisões sobre a alocação de recursos públicos em prol do
desenvolvimento local; Desenhar estratégias com vista a estimulara participação do munícipe nas
suas sessões, mas também devem-se desenhar estratégias que aproximem os membros da AM
aos bairros; Divulgar da legislação autárquica, das sessões e da agenda da AM no seio da
população através do uso dos órgãos de comunicação social, encontros nos bairros e dos espaços
de participação existentes (conselhos consultivos dos bairros); Organizarem parceria com os
Secretários dos Bairros, encontros/debates regulares nos bairros, nos quais as pessoas sejam
capazes de dar o seu contributo na governação municipal; Introduzir a Educação pela cidadania
como uma acção cívica e moral permanente nas escolas, mercados, aglomerados e bairros, ligado
ao Processo eleitoral, democracia e Cidadania, contribuiria para redução de níveis de abstenção
eleitoral, o distanciamento entre os representantes e representados.
Para as organizações da Sociedade civil: Assumir o seu papel e fazer uso dos espaços de
participação existentes de forma coordenada e construtiva; Recomenda-se que as OSCs
procurem aproximar-se da AM e que sejam mais proactivas e não reactivas, de modo ultrapassar
o comodismo em que se encontram mergulhadas actualmente na relação com a AM; Que sejam
promotores de bons actos e divulguem as realizações do CM, e que não passem de meros
instigadores de conversas não abonatórias dos bastidores; Sejam frontais, críticos e participativos
em fóruns próprios para o aconselhamento aos órgãos eleitorais.
Os Secretários dos Bairros:
Erradamente, por vários factores, que um deles seja a aceitação pelo facto de estarem a exercer o
poder no Bairro há muito tempo e tendo já perdido a legitimidade, geralmente, estes substituem o
cidadão na governação municipal, passando sigilosamente a responderem e a decidirem sozinhos
sobre algumas consultas da edilidade sobre determino acto ou realização. São eles a definirem as
prioridades dos bairros e por vezes a decidirem quem deve participar nos encontros que se
realizam nos bairros.
Desta forma, recomenda-se: Capacitar e revitalizar os Secretários dos Bairros de modo a
melhorar o seu papel na governação municipal, garantindo a participação dos residentes do seu
bairro; Planos colectivos devem ser desenhados de modo a garantir um maior fluxo de
informação, tanto a partir das estruturas do poder para a comunidade, bem como da comunidade
para o centro de tomada de decisão; Trabalhar em parceria com os membros da AM para
auscultar a população e mobilizá-la a participar na identificação e discussão dos seus problemas;
Aproveitar a Rádio Comunitária não apenas na difusão das realizações e dos planos do governo
municipal, mas também na divulgação das actividades do Bairro, criando a aproximação entre os
vários actores que actuam no município, através da promoção de debates abertos regulares; Criar
Núcleos de voluntários nos Bairros a exemplo da Autarquia do Dondo, para a divulgação de
actividades sobre higiene, limpeza, e participação, como forma de capitalizar a aproximação dos
Cidadãos aos seus representantes eleitos;
Para os munícipes: Contribuírem activamente nas suas obrigações fiscais, sociais como
cidadãos municipais; Usarem condignamente a os órgãos eleitorais para exigir os seus direitos;
Apresentarem as suas reclamações através da AM, na comissão de petições ou audiências para
efeito; Participarem nas reuniões públicas no seu bairro para que possam contribuir para o bem
da autarquia; Pedirem para assistir a sessões da AM de acordo com o estipulado na lei; Serem
críticos e sugestivos.
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Apêndice I
Autoridades Comunitárias da vila de Municipal de Gorongosa
NrOrd Bairro Nome do seu líder
01 Bairro de Madibe Félix Mandoza
02 Bairro de Mapombue Gonçalo José Vasco
03 Bairro de Matucudur MarianoNhandoroFartneira
04 Bairro de Nhambondo Clemente Miquecene
05 Bairro de Nhataca II NgoroZegriaVardinho
06 Bairro de Tsuassicana NhagumboJose Carlos
07 Bairro de Aerodromo José Maria
Apêndice II
GUIÃO DE ENTREVISTAS
I. Organizações da Sociedade Civil
1. Qual é o papel das OSC‘s na governação local/municipal?
2. A organização possui algum vínculo com o Conselho municipal? Se sim qual?
3. Como é garantida a participação da sociedade civil e do cidadão singular na governação
municipal? (A questão varia em função do nível de envolvimento da organização na
governação local).
4. A AM reclama a fraca participação das OCS nas suas sessões? O que estará por detrás
deste fraco interesse?
5. Em relação a Assembleia Municipal, qual é o nível de participação das organizações da
sociedade civil?
6. Como é feita a articulação entre as OSC locais e a Assembléia Municipal?
7. O que acha que pode ser feito/melhorado para a participação efectiva das organizações
locais no funcionamento da Assembléia Municipal?
8. Até que ponto acha ser relevante a participação do cidadão/ sociedade civil na
governação municipal?
9. Que avaliação faz da participação da sociedade civil e do cidadão na governação
municipal?
10. Em relação ao sistema eleitoral (listas fechadas), que avaliação se faz?
11. O domínio absoluto do partido no poder tem alguma influência na fraca participação da
SC?
12. Nos últimos 12 meses qual é a tendência da participação. Aumento/melhoria ou
diminuição?
13. Até que ponto confia nas instituições do Governo? E que análise faz do nível de
confiança nessas instituições?
Apêndice III
GUIÃO DE ENTREVISTAS
II. Conselho Municipal da Vila de Gorongosa
1. Qual é o papel do Conselho Municipal na fortificação dos valores de cidadania?
2. Como funciona o processo de planificação e elaboração de projectos/planos?
3. Como é garantida a participação da sociedade civil e do cidadão singular na
governaçãomunicipal?
4. Quais são os espaços criados e reivindicados para a participação?
5. Como é medida o nível de participação?
6. Até que ponto acha ser relevante a participação do cidadão/ sociedade civil nagovernação?
7. Que avaliação faz da participação da sociedade civil e do cidadão na governaçãomunicipal?
8. Nos últimos 12 meses qual é a tendência da participação. Aumento/melhoria oudiminuição?
9. Como avaliam as eleições passadas quanto a participação eleitoral?
10. Como avaliam as eleições passadas quanto a tendência dos votos?
11. Como avaliam as eleições passadas quanto a abstenções?
Comentários: (5 linhas)
Apêndice IV
Questionário
O presente questionário é parte integrante do processo de recolha de dados para a elaboração do
trabalho do fim de curso (Dissertação) de Paulo Lucas Quembo Raposo, estudante do Instituto
Superior de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande na Beira.
O objectivo principal do questionário é de perceber a relação que existe entre os munícipes com
a Assembleia e Conselho Municipal, o impacto do cumprimento e incumprimento dos planos
municipais e aferir o seu nível de confiança em relação as instituições públicas.
Bairro...........................................................Data..........................................................................
Idade..................................................... Sexo: M........................ F..............................................
1. Até que ponto você tem interesse em assuntos políticos
Muito Interesse….. Um Certo Interesse…. Algum Interesse…..Pouco Interesse…. Não Sabe
(não ler) 9
2. Durante o ano passado, quantas vezes contactou uma das seguintes pessoas para resolver um
problema importante ou para lhes dar a sua opinião.
A. Presidente do Conselho Municipal:
Nunca... Apenas.....Uma Vez.....Algumas/Poucas.......Muitas vezes.......NãoSabe......
B. Um Vereador Municipal
Nunca....Apenas.... Uma Vez......... Algumas/Poucas....... Muitas vezes......Não Sabe.........
C. Um Membro (Deputado) da Assembleia
Municipal
Nunca............Apenas............Uma Vez......................Algumas/Poucas..................Muitas
vezes.........
Não Sabe......................
3. Pense da última vez que contactou um
daqueles líderes; Você foi: Sozinho?..... Em grupo.................
A. Sozinho ou em Grupo tratava de:
Problema comunitário...............
ProblemaPessoal.....................
B. Discutir um problema da comunidade.........ou umproblema pessoal .....................
4. Durante o Ano Passado,quantas vezes contactou asseguintes pessoas para resolver
um problema importante ou paralhes dar a sua opinião:
A. Um líder religioso
Nunca..........Apenas umavez......... Algumas/Poucas vezes...............Muitas vezes.................
B. Um líder tradicional
Nunca..........Apenas umavez......... Algumas/Poucas vezes...............Muitas vezes.................
C. Qualquer outra pessoa influente
Nunca..........Apenas umavez......... Algumas/Poucas vezes...............Muitas vezes.................
5. E capaz de me dizer o nome de:
A. Um vereador Municipal
Seimasnãomelembro.........
NomeCorrecto.....................
NomeIncorrecto...................
C. Um membro/deputado daAssembleia Municipal
Sim.
Nome:_____________________
6. Até que ponto você confia no(a)
A. Presidente do Município
Nem Um.............Pouco..........Só Um.......Pouco........... Razoavelmente.........Muito.......... Não
sabe............
B. Membro/Deputado da Assembleia Municipal Nem Um.............Pouco..........Só Um.......Pouco........... Razoavelmente.........Muito.......... Não
sabe............
C. Partidos Políticos
Nem Um.............Pouco..........Só Um.......Pouco........... Razoavelmente.........Muito.......... Não
sabe............
D. Tribunais
Nem Um.............Pouco..........Só Um.......Pouco........... Razoavelmente.........Muito.......... Não
sabe............
E. Polícia
Nem Um.............Pouco..........Só Um.......Pouco........... Razoavelmente.........Muito.......... Não
sabe............
F. Líderes Tradicionais
Nem Um.............Pouco..........Só Um.......Pouco........... Razoavelmente.........Muito.......... Não
sabe............
7. Quanto Tempo (ler as opções)
A. Um membro/deputado da Assembleia Municipal passa neste
Bairro.
Quasetodoseutempo............Pelomenosumavez porsemana.............
Pelomenosumavezpormês..........Pelomenosumavezporano.......... Nunca............
B. Um membro/deputado da Assembleia Municipal deveria passar
neste bairro visitar o bairro/cidadãos.
Quase todo seu tempo............Pelo menos uma vez por semana.............
Pelo menos uma vez por mês..........Pelo menos uma vez por ano.......... Nunca............
8. E membro de algum(a) SimNão Sabe
A.Partido Político
Sim.....Não......
C. Congregação Religiosa Sim.....Não.......
D. Organização da Sociedade Civil
Sim........Não.........
Apêndice V
Inquérito 2
Pretende-se com o presente inquérito aferir sobre a participação de Munícipes na governação
local, concretamente na Autarquia de Gorongosa, no espaço de 2008 a 2013. Queira por favor
responder de forma cuidada e reflectiva as questões colocadas marcando X para o espaço que lhe
convém.
Para garantir anonimato como aspecto ético, não está reservado espaço para identificação
completa, pelo que se pede maior colaboração.
1. Participação em trabalhos de carácter voluntário (Jornadas de limpezas, aberturas
de estradas, construção de salas de aulas e outras)
1.1 Tem participado nas actividades acima referenciadas no teu Bairro ?
a)---Sim b)------Não c)------Algumas vezes
1.2 Como tem participado?
a) -------De forma voluntária b)-------- Obrigatória c)-------- Não sabe
1.3 Que acha da sua participação nas actividades acima indicadas para teu Bairro?
a)-------Sem importância b) ---------Pouco relevante c)------Muito importante
1.4. N a tua opinião, a limpeza, o saneamento do meio é da responsabilidade de quem?
a)--------De Ninguém b) --------Do Conselho Municipal c)---------Dos munícipes
1.5. Os Secretários dos Bairros, líderes Comunitários podem organizar campanhas de
limpezas?
a)------Não b) -------Sim c)------ Não e da responsabilidade deles d)-------Não sei
1.6. Os líderes Comunitários são importantes na organização dos Bairros dentro da
Autarquia?
a)------Sim b)-------Não
1.7. A emancipação e emponderamento das Autoridades Comunitárias seria solução para
envolvimento das Comunidades na governação local?
a)------Não b) -----Sim,
1.8. Na elaboração de planos locais estratégicos de governação tem envolvido a participação
dos líderes Comunitários?
a)-----Sim b)-----Não c)--------Poucas vezes d)------ Só enviam tudo feito
1.9. A interacção mútua entre órgãos Municipais e líderes Comunitários nos planos
estratégicos daria garante para uma governação participativa?
a) ------Não b) ------Sim c)-------Pouco.
2. A Autarquia para seu funcionamento Financeiro depende de?
a)------- Somente de fundo de Compensação Autárquica b)-------- Fundo do partido vencedor
c)-------- Pagamento de Impostos d)-------de Doações exteriores
2.1. Os impostos tem importância?
a) -------Sim, b)-------Não,
2.2. Tem pago impostos ?a)-----Não b)----- Sim
3. Ja ouviu do código de postura?
a)-------Não b)-------Sim.
3.1. Queacha da divulgação do código de postura Municipal?
a) -----abrangente b)-----Pouco abrangente c)-------- Não abrangente
3.2. A divulgação do código de postura, a consciencialização e educação Municipal pode
minimizar os problemas da Autarquia?
a)----------Sim b)----------Não
4. Que acha de contacto Órgãos Municipais com a base (Munícipes)?
a)-----Excelente, permanente e de louvar b)-----Boa e permanente
c)-----Razoável devendo reforço d)-----Péssima e sem comunicação.
4.1. Que achas da participação da Sociedade civil na governação local?
a) ------- Eficaz, sem carácter político partidário b)--------Com influência política partidária c)---
-----Algumas vezes participa d)----Não participa
5. Queapreciação faz da governação Autárquica no período 2008 a 2013?
a)-------Excelente b)------Boa)------ Razoável d)---------Péssima.