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ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO JANE VANINI CÁCERES-MT FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NADHA POLIANA PEREIRA ROSA AS CHEIAS COMO EVENTO REGULADOR LIMNOLÓGICO NA PAISAGEM PANTANEIRA Cáceres, Agosto de 2017

AS CHEIAS COMO EVENTO REGULADOR LIMNOLÓGICO NA … · 2019. 3. 13. · 1 1 Revista de Ciências Agroambientais 2 3 As cheias como evento regulador limnológico na 4 paisagem pantaneira

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ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO JANE VANINI – CÁCERES-MT

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

NADHA POLIANA PEREIRA ROSA

AS CHEIAS COMO EVENTO REGULADOR LIMNOLÓGICO NA PAISAGEM

PANTANEIRA

Cáceres, Agosto de 2017

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NADHA POLIANA PEREIRA ROSA

AS CHEIAS COMO EVENTO REGULADOR LIMNOLÓGICO NA PAISAGEM

PANTANEIRA

Monografia apresentada ao Curso de

Ciências Biológicas da UNEMAT –

Campus Jane Vanini - Cáceres, como

requisito regulamentar obrigatório para

obtenção do grau de Licenciado em

Ciências Biológicas da Universidade do

Estado de Mato Grosso.

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Dedicatória

Aos meus pais Joao da Silva Rosa e Madalena Ribeiro Pereira.

Aos irmãos e ao meu esposo Michel que ao longo desta jornada

estiveram sempre ao meu lado com

paciência, compreensão e dedicação.

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Agradecimentos

A Deus, por permitir conquistar este objetivo tão sonhado, pela força e pela saúde.

Ao Meu Orientador Wilkinson Lopes Lázaro e ao Co-Orientador Prof. Dr. Claumir

César Muniz a pela paciência e dedicação.

A todos os professores principalmente que usaram de sua compreensão, pois não foi

fácil vencer esta jornada se não fosse por compreensão e companheirismo.

E as pessoas que direta e indiretamente contribuíram para realização deste meu trabalho.

Muito Obrigada!

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 2

2.1. Área de estudo e amostragens ................................................................................... 2

2.2. Variáveis Limnológicas ............................................................................................. 3

2.3. Análise dos dados ...................................................................................................... 3

3. RESULTADOS ............................................................................................................ 3

4. DISCUSSÃO ................................................................................................................ 6

4. CONCLUSÕES ............................................................................................................ 7

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 7

ANEXOS .......................................................................................................................... 8

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Revista de Ciências Agroambientais 1

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As cheias como evento regulador limnológico na 3

paisagem pantaneira 4

Nadha Poliana Pereira Rosa 1,, Claumir César Muniz 2 e Wilkinson Lopes Lázaro 2* 5

1 Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas-Campus de Cáceres; 6 2 Centro de Estudos em Limnologia Biodiversidade e Etnobiologia do Pantanal – CELBE – Universidade do Estado 7

de Mato Grosso; 8 * Autor Correspondente: [email protected] 9

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Resumo: O objetivo deste estudo foi identificar as variações limnológicas que ocorrem na maior planície 11 inundável do mundo durante os períodos sazonais, as variáveis analisadas foram oxigênio dissolvido, 12 temperatura, transparência, turbidez e pH. Os dados analisados foram obtidos através de coletas realizadas 13 durante os anos de 2009 a 2011 em lagoas parentais do Rio Paraguai, nas fases de cheia, vazante, estiagem e 14 enchente do hidroperíodo e em diferentes setores funcionais do Rio Paraguai. Houve variação significativa 15 entre os períodos de cheia, seca e intermediários. Na fase de cheia foi constatado um efeito homogeneizador 16 das características físico-químicas da água em relação aos setores funcionais do rio. Na fase de estiagem, os 17 corpos d’água situados nos diferentes setores apresentaram respostas diferentes quanto as mesmas variáveis. 18 Nosso estudo aponta para um efeito homogeneizador das cheias na paisagem aquática local. 19

Palavras-chave: Ecologia da Paisagem; Área úmida; Pulso de Inundação. 20

The floods as a limnological regulatory event in the Pantanal landscape 21

Abstract: The objective of this study was to identify the limnological variations that occur in the largest 22 floodplain in the world during the seasonal periods, the analyzed variables were dissolved oxygen, 23 temperature, transparency, turbidity and pH. The data analyzed were obtained through collections made 24 during the years 2009 to 2011 in parental lakes of the Paraguay River, in the flood, ebb, and drought phases 25 of the hydroperiod, and in different functional sectors of the Paraguay River. There was significant variation 26 between flood, dry and intermediate phases. In the flood phase, a homogenizing effect of the physical-27 chemical water characteristics was observed in relation to the functional sectors of the River. In the drought 28 phase, the water bodies located in the different sectors presented different answers regarding the same 29 variables. Our study points to a homogenizing effect of floods on the local aquatic landscape. 30

Key-words: Waterscape Ecology; Wetland; Flood Pulse. 31 32

1. INTRODUÇÃO 33

A Limnologia é uma área de atuação da Ecologia e muito tem a contribuir no estudo dos ecossistemas 34 aquáticos. Suas abordagens e ferramentas auxiliam na compreensão dos problemas que afetam os 35 ecossistemas aquáticos brasileiros e ao mesmo tempo subsidiam com informações qualificadas os gestores 36 dos ambientes. (REVISTA SENEAS. 2011). Estudos limnológicos visam obter uma compreensão abrangente 37 do funcionamento e da forma de organização de cada ambiente aquático, descrevendo sua dinâmica e as 38 inter-relações com a biota. (CALHEIROS & FERREIRA 1996). 39

O Pantanal mato-grossense é constituído de vários ecossistemas aquáticos como rios, baías, vazantes, corixós 40 e alagados, que são formados pela inundação periódica anual. (NUNES et al., 2006). É considerada a maior 41 área alagável/ inundável contínua do mundo e tem o rio Paraguai como o seu principal canal de drenagem. 42

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(SILVA et.al., 2002). A variação do nível da água provoca uma serie de transformação nas características 43 Limnológicas, promovendo aumento ou diminuição da transparência da água, do potencial hidrogeniônico, 44 da condutividade elétrica, do material em suspensão e da concentração dos nutrientes. (DA SILVA & 45 ESTEVES. 1995). 46

No Pantanal, alterações Limnológicas naturais provocam a ocorrência de mortandades de peixes, 47 principalmente no rio Paraguai e em sua área de inundação, cuja frequência e magnitude estão intimamente 48 relacionadas com o comportamento do ciclo hidrológico. (CALHEIROS & FERREIRA. 1996). 49

As diferentes características físicas e químicas dos corpos de água propiciam diferenças na qualidade e 50 quantidade de organismos aquáticos e constituem verdadeiras barreiras para determinadas espécies. Essas 51 caracteristicas são fundamentais pois determinam as condições ambientais que propiciam o crescimento e a 52 sobrevivencia de espécies vegetais e animais aquaticos. (LANDA & SCHURTER. 2000). 53

Diante disso é de suma importância aumentar o número e frequência de estudos limnológicos na planície 54 pantaneira visando maior compreensão do sistema quanto às funções de força e os processos biogeoquímicos 55 reguladores, sua caracterização e a detecção das interferências negativas provocadas por ações antrópicas, 56 subsidiando as ações de recuperação e de manejo. (CALHEIROS & JUNIOR. 1996). Sendo que as alterações 57 à qual os sistemas estão sujeitos pela ação antrópicas, possibilitam um quadro de poluição ambiental aquática. 58 (BUENO. 2011). 59

2. MATERIAL E MÉTODOS 60

2.1. Área de estudo e amostragens 61

O Pantanal Mato- Grossense é uma depressão sazonalmente alagável, totalmente contida na bacia de 62 drenagem do Alto Rio Paraguai e compreende aproximadamente 140.000 Km2. O termo Pantanal engloba 63 um conjunto de diferentes feições ou tipos de Pantanais, cuja a existência de há muito tempo é reconhecida 64 pelos pantaneiros e estudiosos, por isso a palavra pantanal é comumente usada. (Da SILVA, 1990). 65

Segundo Silva (1986), o clima é do tipo AW megatérmico e a precipitação pluviométrica de 1000 mm no setor 66 oeste e 1300 mm nos setores sul e leste. Na região norte do Pantanal a precipitação é de 1500 mm, podendo 67 chegar a 2000 mm ocasionando diferentes períodos de cheia no Pantanal (ADAMOLI, 1986) 68

O regime hidrológico do rio Paraguai é muito complexo, assim como a gênese de suas vazões, condicionado 69 pelas variações na distribuição das chuvas, pela geologia, pelo pequeno gradiente de declividade e influenciado 70 em alguns locais pelas ações antrópicas. O rio Paraguai possui declividade baixa, sempre inferior a 5 cm/km 71 (MARCHESE et al, 2002). 72

Na enchente e cheia, o rio Paraguai joga água para suas áreas de inundação e lagoas parentais e estas por sua 73 vez funcionam como um sistema de passagem retardada de sedimentos, nutrientes e, fundamentalmente, 74 água. Essas substâncias são retidas temporariamente no sistema, até retornarem para o rio por ocasião das 75 recessões das cheias, funcionando como reservatórios reguladores na descarga do rio (ADAMOLI, 1986). 76

Wantzen et al. (2005) ordenaram o percurso de 200 km de rio Paraguai da cidade de Cáceres a Estação 77 Ecológica de Taimã a partir do Conceito de Hidrosistema Fluvial de Petts e Amoros (1996). Este conceito 78 baseia-se na condição eco hidrológicas dos Hidrosistema fluviais e seus subsistemas dependentes, diretamente 79 relacionados as interações entre processos hidrogeomorfologicos e biológicos (Anexo 1). Estes autores 80 identificaram três (3) setores de diferentes características hidroecológicas sendo eles: 81

1 – Setor de meandro: Área que compreende desde a foz do rio Sepotuba à foz do Rio Jaurú. O canal 82 principal do rio mostra grande sinuosidade devido ao grande número de meandros; 2 – Setor reto: Desde a 83 foz do rio Jauru até a formação Morro Pelado, de baixa sinuosidade devido a cadeia de morraria; 3 – Setor 84 transição/lacustre: De morro pelado a ponta da reserva de Taimã. O canal principal volta a formar meandros, 85

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mas a sinuosidade ainda é menor em relação ao setor 1. Começa a aflorar um padrão de corpos d’água semi-86 lóticos ticos oriundos de processos geológicos. 87

As coletas foram realizadas em 12 (doze) lagos parentais ao rio Paraguai e no lado direito da ilha em dois 88 pontos pré-estabelecidos, em tréplicas, durante as fases dos hidroperíodos de 2009 a 2011 nos três setores do 89 rio Paraguai determinados por Wantzen et al. (2005), compreendendo 198 amostras (Figura 1). 90

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Figura 1 – Mapa de localização das lagoas amostradas na planície de inundação do Alto Rio Paraguai e da Estação 104 Ecológica de Taiamã . 105

2.2. Variáveis Limnológicas 106

Para coleta de dados de Oxigênio dissolvido, PH, Condutividade elétrica da água e temperatura da água 107 utilizou-se sonda Hach Hd-40. Para transparência da coluna d´água utilizou-se disco de Secchi. Os dados de 108 variação do nível do rio foram obtidos junto a Marinha do Brasil, Agência de Cáceres – MT. 109

2.3. Análise dos dados 110

Para testar a variação das medidas limnológicas usamos uma Análise de Variância de uma via (ONE-WAY 111 ANOVA). A fim de interpretar a variação usamos uma Análise de Componentes Principais, com o intuito de 112 notar algum tipo de ordenação nos dados. Todo o procedimento estatístico foi realizado em ambiente R 3.2.3 113 (R Core Group), assumindo todas as premissas de normalidade e homocedasticidade. 114

3. RESULTADOS 115

3.1.Temperatura e oxigênio dissolvido da água. A temperatura da água variou entre 26,2 e 35 °C, sendo 116 as menores temperaturas registradas na fase de vazante e as maiores na fase de estiagem. A variação entre 117 fases do hidroperíodo foi significativa (F=3,68; p=0,01) mas a variação entre setores do rio não (F=0,54; 118 p=0,57). (Figura 2a). 119 120

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Quanto ao oxigênio dissolvido na água, os menores valores foram registrados na faz de cheia, sendo o 121 mínimo de 0,8 mg/L. Os maiores valores foram registrados na estiagem no setor lacustre e vazante em todos 122 os setores, sendo a máxima 8 mg/L. A variação entre fases foi significativa (F=351,09; p<0,01) mas não entre 123 setores (F=1,23; p=0,10). (Figura 2b). 124

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Figura 2 - Gráficos de caixa representando a variação da temperatura (a) e oxigênio dissolvido (b) entre 134 trechos do Rio Paraguai e estações do hidroperíodo local. 135 136 3.2.Condutividade Elétrica e pH da água. A condutividade elétrica da água permaneceu relativamente 137

estável nas fases de estiagem e vazante, apresentando um pico na fase de enchente no setor de meandro, 138

alcançando o valor máximo de 125 µs/cm., e menores valores na fase de cheia do hidroperíodo (Figura 3a). A 139

variação entre fases foi significativa (F=9,44; p<0,01) mas não entre setores (F=1,16; p=0,31). 140

O pH da água também sofreu variação significativa entre fases do hidroperíodo (F=56.18; p<0,01), sendo os 141 menores valores registrados na fase de cheia, com o mínimo de 3,2, e os maiores valores sendo registrados na 142 estiagem com pico de 9 (Figura 3b). 143 144 145 146 147 148

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Figura 3 - Gráficos de caixa representando a variação da Condutividade elétrica (a) e pH da água (b) entre 153 trechos do Rio Paraguai e estações do hidroperíodo. 154 155 Figura 3 - Gráficos de caixa representando a variação da Condutividade elétrica (a) e pH da água (b) entre 156 trechos do Rio Paraguai e estações do hidroperíodo 157 158 3.3.Turbidez e Transparência da água. A variável turbidez apresentou variação significativa entre fases do 159 hidroperíodo (F=39,03; p<0,01) e entre setores do rio (F=8,95 p=0,02). Os menores valores de turbidez 160 foram registrados na fase de cheia no setor de meandro, com mínimo de 9 UNT, e os maiores valores foram 161 registrados na fase de estiagem no setor reto com pico de 79 UNT. Na estação de enchente, o setor lacustre 162

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apresentou menores valores em relação aos outros setores, sendo que na fase de vazante, apresentou os 163 maiores valores (Figura 4a). 164 165 Os menores valores de transparência da água (cm.) foram registrados na fase de estiagem com valor mínimo 166 de 5 cm. Os maiores valores foram registrados na fase de cheia alcançando valor máximo de 162 cm. Não 167 houve variação significativa entre setores (F=1,35; p=0,15), mas sim entre fases do hidroperíodo (F=169,71; 168 p<0,01). (Figura 4b). 169 170 171

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Figura 4 -Gráficos de caixa representando a variação de Turbidez e Transparência da água entre trechos do 180 Rio Paraguai e estações do hidroperíodos. 181 182 3.4.Análise de componentes principais 183 Ao analisarmos os dados em conjunto, pudemos perceber que um padrão temporal e espacial aninhado da 184 variação limnológica da região. O primeiro eixo formado pela ACP (PC1) segrega as amostras da fase de 185 cheia, fases intermediárias (enchente e vazante) e fase de estiagem (Figura 5). Esta segregação se deu 186 principalmente pela variável transparência da água (Transp.), pH e turbidez (Turb.), influenciando a dispersão 187 das amostras de cheia para o lado positivo do eixo PC1, e amostras de estiagem para o lado negativo do 188 mesmo eixo PC1. 189 190 O segundo eixo formado pela ACP (PC2), segrega as amostras das fases intermediárias do hidroperíodo 191 (enchente e vazante) e estiagem. A segregação em PC2 s deu principalmente pelas variáveis Oxigênio 192 dissolvido (OD), Condutividade (Cond.) e temperatura (Temp.). Estas variáveis dispersaram as amostras das 193 fases intermediárias e principalmente as amostras da fase de estiagem por toda a extensão do eixo PC2, 194 deixando as amostras da fase de cheia em dois aglomerados próximos na região negativa inicial do eixo. 195 196 Não houve aglomeração de amostras em relação aos setores do rio em nenhum dos eixos formados pela 197 ACP. 198 199

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Figura 5 -Gráficos de dispersão

multivariada representando os eixos

formados pela Análise de Componentes

principais e dispersão das amostras

coletadas em relação as variáveis

limnológicas em estudo.

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4. DISCUSSÃO 207

O resultado deste estudo é a demonstra da fase de cheia do pulso de inundação como fator de aumento de 208 similaridade limnológica entre os ambientes aquáticos do local de estudo. Durante a época de estiagem é 209 comum a diminuição da conectividade lateral das lagoas parentais com o rio Paraguai (ABDO, 2010), fazendo 210 com que estas tenham um tempo de retenção da água maior. Esse relativo atraso de circulação de massas 211 d’água dos ambientes da planície na época de estiagem levou a uma grande diferenciação das lagoas. Essa 212 nítida segregação entre os ambientes foi evidenciada na análise de componentes principais. Diferentemente, 213 nas cheias, fica clara a existência de uma maior homogeneização entre os hábitats aquáticos (THOMAZ et al., 214 2004). O extravasamento do leito do rio Paraguai permite uma maior movimentação de massas d’águas. 215 216 Nos trechos do rio as maiores temperaturas foram registradas no setor do rio lacustre, e a menor no setor do 217 rio reto (Figura 2). Para França (2002) os corpos lacustres armazenam a água e o sedimento transportados 218 pelo rio durante as cheias, atuando como um amortecedor energético e possibilitando o equilíbrio do sistema 219 como um todo. 220 221 Durante a cheias os ambientes estudados apresentaram os menores valores de oxigênio dissolvido. A entrada 222 de material orgânico da planície que aumenta as taxas de mineralização aeróbia e consequente diminuição do 223 oxigênio disponível nas primeiras camadas de água (ABDO & DA SILVA, 2004). Um outro fator que 224 contribui para a redução da concentração de oxigênio no período de cheia é a baixa taxa relativa de 225 fotossíntese do fitoplâncton, devido sua diluição na coluna d’água. (ESTEVES, 1998). 226 227 A temperatura é um fator chave no que diz respeito às concentrações de oxigênio dissolvido para lagos 228 tropicais (ESTEVES, 1998). Constatou-se que as concentrações de oxigênio dissolvido foram mais variáveis 229 durante as estações de enchente e estiagem, o que pode estar associado a maiores taxas de decomposição e de 230 respiração nesse período e à maior circulação das massas de água desses ambientes. 231 232 Segundo Mourão et.al (2000) no pantanal durante as enchentes, ocorre o fenômeno conhecido regionalmente 233 como “dequada”. Esse fenômeno está associado aos processos de decomposição da massa de matéria 234 orgânica submersa no início da enchente, o que provoca variações muito grandes e rápidas em parâmetros 235 como condutividade, alcalinidade e, especialmente, nas concentrações dos gases. 236 237 As principais fontes de oxigênio para a água são a atmosfera e a fotossíntese e a difusão deste oxigênio dentro 238 de um corpo de água dá-se principalmente pelo seu transporte em massas d’água. Um fator que contribui 239 para a redução da concentração de oxigênio no período de cheia é a baixa taxa relativa de fotossíntese do 240 fitoplâncton, devido sua diluição na coluna d’água. (ESTEVES, 1998). 241 242 Os baixos valores de condutividade elétrica na fase de cheia, e a variação de quase 2 pontos no pH entre a 243 fase de cheia e seca, indicam fortemente que outras funções de força locais, como, por exemplo, a 244 precipitação pluviométrica, são importantes para a dinâmica de fatores limnológicos do sistema rio-planície 245 do Paraguai. Para Andrade et.al (2014) os altos valores de condutividade elétrica no período de enchente 246 podem ser explicados pela entrada em grande quantidade de íons dissolvidos aportados do sistema aquático 247 que começa a receber as águas que lavam os campos inundados da planície. 248 249 Andrade et. al. (2013) Análise da turbidez da água indica a quantidade de interferência que a luz sofre ao 250 passar pela água devido aos sólidos suspenso, sendo eles de origem natural ou antrópica. A turbidez da água é 251 causada pela presença de partículas orgânicas e inorgânicas em estado coloidal, em suspensão e outros 252 organismos microscópicos (BUHLER, 2011). 253 254 No presente trabalho a turbidez apresentou os menores valores na cheia nos três trechos do rio. Para 255 Margalef (1991) valores menores de turbidez encontrados durante a cheia podem estar relacionados com a 256

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diluição do material em suspensão provocada pelo aumento do volume de água. Embora as águas do pulso de 257 inundação ganhem muitos sólidos suspensos no seston durante seu lento fluxo pelas áreas inundadas, estes 258 acabam por sedimentar rapidamente quando chegam as baías, parte deles não podendo ser aproveitados 259 sistemicamente, sendo disponibilizados nas camadas anóxicas. Este é também um dos mecanismos que 260 aumentam os valores de transparência da coluna d’água nas cheias, somando-se o efeito diluidor dos pulsos. 261 262 Na estiagem os valores de turbidez foram os mais altos e constantes nos três trechos do rio. Este resultado 263 corrobora com Buhler (2011) ao dizer que na estiagem, os valores de sólidos suspensos são bastante 264 semelhantes.Com a diminuição da turbulência, as partículas maiores (areia) devem ter sofrido deposição, 265 permanecendo suspensas somente as partículas muito reduzidas, justamente aquelas que contribuem para a 266 turbidez. 267 268 Este resultado corrobora com Abdo (2010) que registrou os menores valores de transparência da água nos 269 meses de enchente, e relacionou este a precipitação local e ao transporte de material dissolvido e particulado 270 proveniente das áreas adjacentes mais elevadas, aumentando a turbidez da água. 271

272

4. CONCLUSÕES 273

As variáveis limnológicas oxigênio dissolvido, transparência, saturação e condutividade elétrica apresentaram 274 variação >1 quando analisadas em ciclo hidrológico esta variação pode ser observada nos diferentes trechos 275 do rio. A única variável que apresentou variação <1 nas diferentes fases do ciclo hidrológico foi à 276 temperatura. 277

Estudos como este assume grande importância para que seja possível a compreensão do funcionamento do 278 ambiente aquático e assim realizar ações de manejo e preservação. 279

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 280

ABDO, M.S.A; DA SILVA, C.J. Limnological caracteristics of the water bodies of the Curutuba Nesting site In Brazil’s 281 Pantanal. Acta Limnologica Brasiliensia, 16, 2004. p. 359-368. 282

ABDO, M.S.A;; Avaliação da diversidade de macrófitas aquáticas do rio Paraguai, entre a cidade de Cáceres e Estação 283 ecológica Taiamã, Pantanal Mato-Grossense. 108f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Carlos, São 284 Carlos: UFSCar. 2011. 285

ANDRADE, Maria Helena da Silva, et al; Caracterização limnológica de dois ambientes de área de inundação do rio 286 Paraguai, Pantanal de Mato Grosso do Sul, com ênfase no fenômeno da ‘decoada’; Anais 5º Simpósio de 287 Geotecnologias no Pantanal, Campo Grande.MS, 2014; Embrapa Informática Agropecuária/INPE, p.220 -230 288

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BUENO, A.C.D. D.; Diversidade Da Entomofauna Aquática E Complexidade Do Habitat Em Cavas Do Alto Iguaçu: 293 Influência Das Características Ambientais; Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação ; 294 Universidade Federal Do Paraná; Curitiba-PR. 2011 295

CALHEIROS, D.F.; FERREIRA, C.J.A. Alterações Limnológicas no rio Paraguai “dequada” e o fenômeno natural de 296 mortandade de peixes no Pantanal Mato- Grossense – MS, Corumbá. MS. EMBRAPA-CPAP, P.51.1996. 297

DA SILVA, C.J; ESTEVES, F.A.; Dinâmica das Características Limnológicas das Baías Porto de Fora e Acurizal 298 (Pantanal de Mato Grosso) Em função da Variação do Nível da Água; Programa dePós-Graduação em Ecologia; 299 Instituto-UFRJ, Rio de Janeiro-RJ; Oecologia Brasiliensis. Vol.I.1995. 300

ESTEVES, F.A. Fundamentos da Limnologia; 2ª ed. Rio de Janeiro- RJ. ed. Interciência P. 226. 1998. 301

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LANDA G.G.; SCHURTER L.R.M; Características Físicas, Químicas E Biológicas ( Zooplancton) Da Água Que 302 Abastece A Estação Da Piscicultura Da Universidade Federal De Lavras-MG; Boletim do instituto de Pesca de 303 São Paulo; São Paulo-SP. 2000. 304

NUNES, Josué Ribeiro da Silva; Et.al; Variação Diária Das Características Limnológicas Da Baía Dos Coqueiros, 305 Pantanal De Poconé, MT; Uniciência.Vol.10.2006. 306

SILVA, Elizângela L. V. et al. ; Biomassa Perifítica em Rios de Planícies Alagáveis do Brasil: Pantanal e Alto Rio Paraná; 307 Universidade Estadual de Maringá, Corumbá – MS. 2002. 308

TUNDISI, José Galizia; Recursos Hídricos; Instituto Internacional de Ecologia; São Carlos, SP; Multiciências, outubro 309 2003. 310

TRINDADE, Patrícia M.P; FILHO, Waterloo Pereira; aula 4- Limnologia; Universidade Federal de Santa Maria, RS.2012. 311

VIEIRA, E.F. C; MAGALHÃES, S.C.M.; Hidrografia;4° período; Universidade Estadual de Montes Claro-MG. Ed. 312 Unimontes. Montes Claro, MG. 2010; 313

WANTZEN, K., M., DRAGO, E. and DA SILVA, C., J. Aquatic habitats of the upper Paraguay river-floodplain-system 314 and parts of the Pantanal (Brazil). Ecohydrol. Hydrobiol., 2005, vol. 6, n. 2, p. 107–126. 315

ANEXOS 316

Anexo I - Mapa de identificação dos setores funcionais demarcados por Wantzen et al. (2005) para a Planície 317 de Inundação do rio Paraguai: A – Setor de Meandro; B- Setor Reto e C/D– Setor lacustre. 318

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A B

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NORMAS DA REVISTA CIÊNCIAS AGROAMBIENTAIS 337

MODELO DE FORMATAÇÃO DE ARTIGO A SER ENCAMINHADO A RCAA 338

TITULO DO ARTIGO AQUI (Arial, Negrito, Centralizado, Tamanho 14, 2 caixa alta exceto para nome 339 científico) 3 NOME COMPLETO DO AUTOR(A) (S)1 , 340

NOME COMPLETE DO AUTOR(A) (S)2 4 5 (Arial, centralizado, tamanho 12, caixa alta) 6 1 7 341 Titulação, vinculação e endereço postal e eletrônico. (Arial, Justificado, Tamanho 10) 2 8 Titulação, 342 vinculação e endereço postal e eletrônico. (Arial, Justificado, Tamanho 10) 9 10 RESUMO: No máximo 300 343 palavras (Arial, Justificado, Tamanho 12) 11 Palavras-chave: No máximo cinco palavras diferentes do título 344 (Arial, Justificado, 12 Tamanho 12) 13 14 345

TITULO DO SEU ARTIGO AQUI EM LÍNGUA ESTRANGEIRA (ou português caso o 15 artigo 346 esteja em inglês ou espanhol) 16 (Arial, Centralizado, Tamanho 12, caixa alta) 17 18 ABSTRACT: No 347 máximo 300 palavras (Arial, Justificado, Tamanho 12) 19 Key words: Máximo cinco palavras diferentes do 348 título (Arial, Justificado, Tamanho 20 12) 21 INTRODUÇÃO 22 (ARIAL, NEGRITO, CENTRALIZADO, 349 TAMANHO 12) 23 24 Corpo do texto digitado em Arial 12, espaçamento 1,5 justificado. 25 Recuo de 350 parágrafo de 2 cm. Margens superior, inferior, esquerda e direita de 26 3,0 cm. 27 28 351

MATERIAL E MÉTODOS (ARIAL, NEGRITO, CENTRALIZADO, TAMANHO 12) 30 352 INSTRUÇÕES AOS AUTORES 1 Corpo do texto digitado em Arial 12, espaçamento 1,5 justificado 2 353 Recuo de parágrafo de 2 cm. Margens superior, inferior, esquerda e direita de 3 3,0 cm com intercalação de 354 Tabelas e Figuras no próprio corpo do trabalho. 4 5 355

RESULTADOS E DISCUSSÃO (ARIAL, NEGRITO, CENTRALIZADO, TAMANHO 12) 7 8 Corpo 356 do texto digitado em Arial 12, espaçamento 1,5 justificado 9 Recuo de parágrafo de 2 cm. Margens superior, 357 inferior, esquerda e direita de 10 3,0 cm com intercalação de Tabelas e Figuras no próprio corpo do trabalho. 358

CONCLUSÃO (ARIAL, NEGRITO, CENTRALIZADO, TAMANHO 12) 14 15 Corpo do texto digitado 359 em Arial 12, espaçamento 1,5 justificado. Recuo de 16 parágrafo de 2 cm. Margens superior, inferior, 360 esquerda e direita de 3,0 cm. 361

AGRADECIMENTO (opcional) (ARIAL, NEGRITO, CENTRALIZADO, TAMANHO 12) 20 21 362 Corpo do texto digitado em Arial 12, espaçamento 1,5 justificado. Recuo de 22 parágrafo de 2 cm. Margens 363 superior, inferior, esquerda e direita de 3,0 cm. 23 24 364

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (ARIAL, NEGRITO, CENTRALIZADO, TAMANHO 12) 26 27 365 Referências citadas em fonte Arial 10, espaçamento simples e justificado. 366

Universidade do Estado de Mato Grosso 367

Campus I - Rod. MT 208, KM 147 - Jardim Tropical - Fone: +55(66) 3521-2041 368

Revista de Ciências Agroambientais (ISSN 1677-6062) 369