150
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL PATRÍCIA CRISTIANE SOARES CÂMARA AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA AREA DE SAÚDE E O PROCESSO DE ADOECIMENTO DA (O) ASSISTENTE SOCIAL NATAL/RN 2013

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA AREA DE SAÚDE E O …€¦ · uma temática tão difícil. Pela elegância do ensino e orientação à reflexão crítica. Sem sombra de dúvidas, amadureci

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

PATRÍCIA CRISTIANE SOARES CÂMARA

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA AREA DE SAÚDE E O

PROCESSO DE ADOECIMENTO DA (O) ASSISTENTE

SOCIAL

NATAL/RN

2013

PATRÍCIA CRISTIANE SOARES CÂMARA

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA AREA DE SAÚDE E O PROCE SSO DE

ADOECIMENTO DA (O) ASSISTENTE SOCIAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFRN, como requisito à obtenção do título de mestre em Serviço Social.

Orientadora: Profa. Dra. Iris Maria de Oliveira

NATAL/RN

2013

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Câmara, Patrícia Cristiane Soares.

As condições de trabalho na área de saúde e o processo de adoecimento da (o) Assistente Social / Patrícia Cristiane Soares Câmara. - Natal, RN, 2013.

150 f.: il. Orientadora: Profa. Dra. Iris Maria de Oliveira. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Programa de Pós-graduação em Serviço Social.

1. Serviço Social - Dissertação. 2. Assistente social -

Dissertação. 3. Condições de trabalho - Dissertação. 4. Saúde ocupacional - Dissertação. 5. Qualidade de vida no trabalho - Dissertação. I. Oliveira, Iris Maria de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA CDU 364-45

“Me digas do que te ocupas e eu direi do que adoecerás” (RAMAZZINI).

Dedico esta pesquisa aos assistentes sociais

do Brasil, especialmente, as (os) profissionais

no Rio Grande no Norte que tem atuado em

meio às contradições existentes no trabalho

em saúde e que vivenciam agravos no seu

processo saúde-doença e cotidiano

profissional.

.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que estiveram presentes na minha vida, nestes momentos

de construção de conhecimento, principalmente àqueles de sentimento de

desistência, mas que estiveram ali comigo me incentivando e levantando minhas

forças para continuar essa etapa da formação continuada que escolhi trilhar e

percorri com muitas dificuldades.

Em especial

Ao Marcelo, meu esposo, mesmo muitas vezes, não compreendendo a

importância deste estudo para a minha vida e profissão, pôde me apoiar da maneira

dele, durante todo o tempo em que me dediquei a este estudo nestes três anos.

Aos meus filhos Marcelo Henrique Júnior e Gabriele Cristine, deixo o

resultado do meu sucesso, e exemplo profissional na academia. Eu consegui! Peço

perdão pelos dias negligenciados junto a vocês. São e sempre serão minha razão de

viver.

À minha orientadora, Dra. Iris, pela paciência. Meu respeito e os mais

sinceros agradecimentos por ter acreditado que eu seria capaz de dissertar sobre

uma temática tão difícil. Pela elegância do ensino e orientação à reflexão crítica.

Sem sombra de dúvidas, amadureci como pessoa, como profissional e como

acadêmica devido a sua parceria nesta pesquisa.

Às minhas coordenadoras, Daisy, Ednice e Dra. Almerinda que colaboraram

nesta minha formação profissional permitindo liberação de tempo necessário à

finalização da escrita desta dissertação.

A minha mãe que muitas vezes não compreendia o significado e a

importância deste mestrado para a minha vida. Questão de objetivo/realização

profissional, ufa como foi sofrido!

Às minhas amigas de profissão Célia, Lívia, Kátia, Ednara, Rosemary e

tantas outras que não me deixaram desanimar em meio a tantas dificuldades. O meu

obrigada a vocês amigas e companheiras de formação.

Às minhas amigas da Assessoria de Planejamento e Projetos Estratégicos

da SEMTAS, Jussara, Juliana, Águida, Ana Paula e Fabrízia que estiveram comigo

desde o início do interesse e seleção para o mestrado acadêmico, principalmente

para a delimitação do objeto de estudo dessa pesquisa.

Às minhas colegas de turma do mestrado: Ana Cristina; Rayanne; Maria

Lúcia; Sayonara; Jeane; Rose Marrie; Elizângela, Isabelle Emanuelle e Janine, que

compartilharam de perto esse doloroso processo de produção e aquisição de

conhecimento nas diversas temáticas e objetos de estudo. Àquelas que me

confortaram diante do sentimento de desistência. Meu muito obrigada pelo consolo,

conforto, encorajamento e palavras de afirmação que foram necessárias ao

prosseguimento nesta caminhada.

Às Professoras Dras. Silvana Mara e Denise Câmara, pelas valiosas

contribuições na disciplina Seminário de Dissertação.

Às professoras Dras. Maria Regina Ávila e Silvana Mara pela contribuição na

qualificação desta pesquisa, por acreditaram na relevância desse estudo.

À professora Dra. Moema pelo aceite de pronto a fazer parte da banca de

defesa desse mestrado. Obrigada pelo carinho e contribuição com a reflexão final

para a escrita desta dissertação. Meus agradecimentos ainda, pela disponibilidade

do seu tempo, valioso para minha qualificação profissional, enquanto formação

continuada.

A Dra. Edla Hoffmann por ter se disponibilizado, a fazer parte da minha

banca da defesa neste mestrado acadêmico contribuindo com a minha formação

profissional na área da saúde, temática do seu interesse e competência no

DESSO/UFRN.

Ao meu pastor e amigo Walmir Paes que cuidou de mim nos momentos

difíceis e de muita solidão e tristeza durante o percurso desse mestrado. Agradeço

as muitas vezes que me relembrou da certeza de que Deus estava comigo e que Ele

me daria à vitória, uma vez que Ele tinha permitido esta etapa na minha vida.

A todas as irmãs e amigas da Igreja Batista Shekinah que me apoiaram

nesta minha escolha, respeitando minhas decisões, mas que mostravam que

deveria ter em mente as prioridades na minha vida, sendo primeira buscar o Reino

de Deus e honrar a família que Ele me deu. Em destaque à Martha e Miriam Jacome

que me consolaram muitas vezes nesse processo.

A todas as (os) profissionais (assistentes sociais) que contribuíram com suas

experiências para que eu pudesse solidificar este estudo tão importante para nossas

vidas.

A Nathália e Iracema, colega de trabalho na COHUR, meus agradecimentos

pela ajuda quanto às minhas dificuldades de informática para estruturação dessa

dissertação.

Agradeço especialmente as colegas Rozineide, Juvanilda, Jaqueline,

Verônica, Severina, Suely que me ajudaram de maneira compromissada na coleta

de dados para viabilizar essa pesquisa, afirmando junto às outras colegas sobre a

importância da participação neste estudo.

RESUMO

As exigências no mundo do trabalho na contemporaneidade repercutem na

qualidade de vida, na saúde dos trabalhadores, nas suas relações com os usuários

e demais profissionais da equipe de saúde. Diante desta realidade, este estudo

discute as condições de trabalho na área da saúde e o processo de adoecimento da

(o) assistente social, possuindo como objetivos analisar as implicações das

condições de trabalho no adoecimento das (os) assistentes sociais dos hospitais

estaduais da Região Metropolitana de Natal (RMN); identificar as principais doenças

que afetam Assistentes Sociais nos hospitais da SESAP na RMN e desvelar a

relação entre os processos de adoecimento das (os) assistentes sociais e as

condições de trabalho nos hospitais estaduais na RMN. A pesquisa teve como

questões norteadoras a fim de revelar como se configuram o trabalho, as condições

desse trabalho e o processo de adoecimento da (o) assistente social. Para

apreender o perfil socioeconômico das (os) assistentes sociais; a caracterização do

trabalho, as atribuições e competências no espaço sócio-ocupacional; os fatores que

interferem no processo saúde-doença das (os) assistentes sociais da RMN, e ações

e investimentos da Política de Saúde do Trabalhador no RN correlacionando ao

adoecimento nos dias atuais é que partimos para o desvelamento do movimento do

objeto de estudo através do percurso metodológico com pesquisa documental

destinada à revisão bibliográfica; observação direta extensiva correlacionada à

observação na vida real e aplicação de 66 (sessenta e seis) questionários. Os dados

das questões fechadas foram tratados utilizando-se o Statistical Package for the

Social Sciences (SPSS). As questões abertas foram transcritas e posteriormente

analisadas à luz da produção teórica sobre a temática. A pesquisa revela que os

assistentes sociais estão submetidos a condições e relações de trabalho

precarizadas, ocasionando adoecimento devido alguns agravos à saúde destes

profissionais, dentre esses se encontram: o stress, alergias e ou dermatoses,

Ler/DORT entre outras doenças. Assim, entende-se a necessidade de debates sobre

a relação trabalho da (o) assistente social e saúde do trabalhador diante das

contradições do capital, também, presentes nos serviços públicos de saúde.

Palavras Chaves : Condições de trabalho. Assistente social. Adoecimento. Saúde do

trabalhador.

ABSTRACT

The requirements in the world of work in the contemporary impact on quality of life,

health workers in their relations with users and other professionals of the healthcare

team. Given this reality, this study discusses the working conditions in health and

disease process of (a) having social goals as analyze the implications of working

conditions in the disease (the) social workers in state hospitals Metropolitan Region

Christmas (NMR); identify the main diseases affecting social workers in hospitals in

the SESAP NMR and reveal the relationship between the disease processes of social

and working conditions in hospitals in the state NMR. The research was guiding

questions to reveal how to configure the work, conditions of work and of the disease

process (the) social worker. To grasp the socioeconomic profile of (the) social

workers, the characterization of the work, duties and responsibilities in the socio-

occupational, factors that interfere with the disease process of (the) social workers of

RMN, and actions and investments Policy on Occupational Health RN correlating to

illness today is that we set for the unveiling of the movement of the object of study

through the methodological approach with documentary research aimed at literature

review; extensive direct observation correlated to real life observation and application

of 66 (sixty-six) questionnaires. The data from the closed questions were treated

using the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). The open questions

were transcribed and then analyzed the light of theoretical work on the subject. The

research reveals that social workers are subject to conditions and labor relations

precarious illness causing health problems because some of these professionals,

among them are: stress, allergies and skin conditions or, Read / WMSD among other

diseases. Thus, we understand the need for debates about the relationship work

(the) social worker and worker health before the contradictions of capital also present

in public health services.

Key Words: Working conditions. Social worker. Illness. Health worker.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Dados dos municípios da Região Metropolitana do Natal (RMN) ........... 41

Quadro 2- Quantitativo de Internações nas Unidades Hospitalares da RMN/2011 ... 43

Quadro 3 – Número de assistentes sociais nos hospitais da SESAP na RMN ......... 66

Quadro 4 – Eixo de Atuação com descrição das atribuições profissionais das (os)

assistentes sociais .................................................................................................... 75

Quadro 5 – Eixo de Atuação: atribuições profissionais das (os) assistentes sociais

junto aos usuários ..................................................................................................... 76

Quadro 6 – Eixos de Atuação: atribuições profissionais cotidianas das (os)

assistentes sociais ................................................................................................... 78

Quadro 7 – Eixos de Atuação: atribuições profissionais privativas das (os)

assistentes sociais .................................................................................................... 79

Quadro 8 – Fatores do trabalho associados a altos índices da síndrome de burnout

.................................................................................................................................. 95

Quadro 9 – Doenças notificadas no SINAN/MS ......................................................100

Quadro 10 – Principais agravos à saúde das (os) assistentes sociais da RMN ......101

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa das Regiões de Saúde no RN ......................................................... 40

Figura 2 – Mapa dos municípios do RN com Rede Sentinela ................................... 55

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Faixa etária dos assistentes sociais na RMN ......................................... 67

Gráfico 2 – Gênero/Sexo dos assistentes sociais na RMN ....................................... 68

Gráfico 3 – Pertença étnico-racial dos assistentes sociais na RMN .......................... 69

Gráfico 4 – Renda familiar da (o) assistente social na RMN ..................................... 70

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ADIN Ação Direta de Inconstitucionalidade

AFB Assistência Farmacêutica Básica

ATM Atestado médico

AS Assistentes Sociais

CAPS Centro de Apoio Psicossocial

CEBES Centro Brasileiro de Estudos de Saúde

CECAN Centro Avançado de Oncologia

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CEREST Centro de Referência em Saúde do Trabalhador

CF Constituição Federal

CFESS Conselho Federal de Serviço Social

CIB Comissões Intergestores Bipartite

CIT Comissões Intergestores Tripartites

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CNS Conferência Nacional de Saúde

CNS Conselho Nacional de Saúde

CNST Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador

CONASEMS Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde

CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde

CRESS Conselho Regional de Serviço Social

CRH Coordenadoria de Recursos Humanos

CRST Centro de Referência em Saúde do Trabalhador

DO Declaração de Óbito

DORT Doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho

DPVAT Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre

DST/AIDS Doenças Sexualmente Transmissíveis/ Síndrome da Imunodeficiência

Adquirida.

ECA Estatuto da Criança e Adolescente

FAE Fração Assistencial Especializada

FAEC Fundo de Ações Estratégicas e Compensação

GM Gabinete Ministério

HJM Hospital João Machado

HMWG Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel

HRDML Regional Deoclécio Marques de Lucena

HRPS Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira dos Santos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICCN Incentivo ao Combate das Carências Nutricionais

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IPERN Instituto de Previdência dos Servidores do Rio Grande do Norte

LER Lesões por esforços repetitivos

LOSs Leis Orgânicas da Saúde

MPS Ministério da Previdência Social

MPT Ministério Público do Trabalho

MS Ministério da Saúde

MST Movimentos dos trabalhadores Rurais Sem Terra

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

MTST Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto

NASSE Núcleo de Assistência ao Servidor

NAST Núcleos de Atenção a Saúde do Trabalhador

NOAS Norma Operacional da Assistência à Saúde

NOBs Normas Operacionais Básicas

NOST Norma Operacional de Saúde do Trabalhador

NURSAT Núcleos Regionais de Saúde do Trabalhador

OAB Ordem dos Advogados do Brasil

ONG Organização não -governamental

OS Organização Social

PAB Piso de Atenção Básica Fixo

PACS Programas de Agentes Comunitários de Saúde

PDR Plano de Regionalização

PDT Psicodinâmica do Trabalho

PEP/SS Projeto Ético-Político do Serviço Social

PID Programa de Internação domiciliar

PNST Política Nacional em Saúde do Trabalhador

PPI Programação Pactuada de Interiorização

PPGSS Programa de Pós- Graduação de Serviço Social

PRAD Programa de Atenção aos Diabéticos

PSF Programas de Saúde da Família

PST Programas de Saúde do Trabalhador

RENAST Rede nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador

RGP Regime Geral de Previdência

RGU Regime Jurídico Único

RMN Região Metropolitana de Natal

RN Rio Grande do Norte

SESAP Secretaria de Estado da Saúde Pública

SINAN Sistema Nacional de Notificação

SINMED/RN Sindicato dos Médicos do Estado do Rio Grande do Norte

SM Salários mínimos

SMRT Saúde Mental Relacionada ao Trabalho

SPSS Programa de Estatística Específico em Pesquisa Social

SUCAM Superintendência de Campanhas de Saúde Pública

SUDS Sistema Único Descentralizado de Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

TCG Termo de Compromisso de Gestão

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

URSAP Unidades Regionais de Saúde Pública

USP Universidade de São Paulo

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VISA Vigilância Sanitária

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 20

2 O TRABALHO EM HOSPITAIS PÚBLICOS .......................................................... 28

2.1 O TRABALHO EM SAÚDE NO CONTEXTO DO SUS ........................................ 28

2.2 A POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL .................................................................. 31

2.2.1 Definição e implementação da Política de Saúd e na instância estadual .. 33

2.3 A POLÍTICA DE SAÚDE NO RN ......................................................................... 40

2.4 A FORMAÇÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE DO TRABALHADOR NO BRASIL .... 45

2.5 A POLÍTICA DE SAÚDE DO TRABALHADOR NO RN ....................................... 50

2.5.1 A Atenção ao Trabalhador da Saúde no RN ................................................. 54

3 O TRABALHO DA (O) ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE PÚBL ICA DA RMN .. 59

3.1 SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE: DA GÊNESE AOS DIAS ATUAIS ..................... 59

3.2 ATUAÇÃO PROFISSIONAL NO ÂMBITO HOSPITALAR .................................... 63

3.3 PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DAS (OS) ASSISTENTES SOCIAIS .................. 66

3.4 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ASSISTENTES SOCIAIS NA RMN .......... 73

3.5 CONDIÇÕES DE TRABALHO NO ESPAÇO SÓCIO-OCUPACIONAL DAS (OS)

ASSISTENTES SOCIAIS NAS UNIDADES HOSPITALARES DA RMN ................... 80

3.5.1 Condições objetivas: materiais permanentes e de expediente .................. 82

3.5.2 Condições subjetivas: desgaste físico e emoci onal/mental ...................... 83

4 AS IMPLICAÇÕES DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NO PROCE SSO DE

ADOECIMENTO DAS (OS) ASSISTENTES SOCIAIS ............................................. 86

4.1 ADOECIMENTO ADVINDO DO TRABALHO PRECARIZADO NO SERVIÇO

PÚBLICO DE SAÚDE: PRINCIPAIS AGRAVOS À SAÚDE NO TRABALHO DE

ASSISTENTES SOCIAIS .......................................................................................... 92

4.2 IMPLICAÇÕES OBJETIVAS DAS DEMANDAS PROFISSIONAIS ..................... 97

4.3 IMPLICAÇÕES SUBJETIVAS: DESGASTE FÍSICO E MENTAL ..................... 103

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 106

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 113

APÊNDICES .......................................................................................................... 126

APÊNDICE A - CARTA DE ANUÊNCIA DA DIREÇÃO DO HOSPITAL LÓCUS DA

PESQUISA ............................................................................................................. 127

APÊNDICE B - CARTA DE APRESENTAÇÃO DA PESQUISA AO CEP/UFRN ..... 128

APÊNDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .......... 129

APÊNDICE D - SOLICITAÇÃO DE MEDIAÇÃO DA CHEFIA NA COLETA DE DADOS

............................................................................................................................... 132

APÊNDICE E - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA: AS CONDIÇÕES DE TRABALHO

NA ÁREA DE SAÚDE E O PROCESSO DE ADOECIMENTO DO (A) ASSISTENTE

SOCIAL .................................................................................................................. 133

APÊNDICE F - CARTA DE AGRADECIMENTO AOS ASSISTENTES SOCIAIS DAS

UNIDADES HOSPITALARES LÓCUS DA PESQUISA .......................................... 138

ANEXOS ................................................................................................................ 139

ANEXO A – MAPA DA REGIONALIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS ..............................140

ANEXO B- MAPA DA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL .............................. 141

ANEXO C – TRAJETÓRIA INTELECTUAL DA PROFISSÃO DO SERVIÇO SOCIAL

............................................................................................................................... 142

ANEXO D – DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO NA QUALIFICAÇÃO DA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO NA PÓS- GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

(PPGSS) NA UFRN ................................................................................................ 143

ANEXO E – PARECER DE APROVAÇÃO DA PESQUISA NO COMITÊ DE ÉTICA

EM PESQUISA (CEP) DA UFRN ........................................................................... 144

ANEXO F – PORTARIA Nº. 31/2013-GS/SESAP (POLÍTICA ESTADUAL DE

VALORIZAÇÃO DO TRABALHO E DA SAÚDE DO TRABALHADOR DO SUS/RN)

............................................................................................................................... 146

20

1 INTRODUÇÃO

O trabalho em saúde1 demonstra a interação social existente entre os

sujeitos, na qual se destacam as necessidades tanto do trabalhador como dos

usuários dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Para Pires (1999) citado

por Souza (2011, p. 165) “é um trabalho da esfera da produção não material que se

completa no ato de sua realização”. Na medida em que a saúde passa a ser

funcional ao processo de acumulação do capital, onde os serviços de saúde são

atrelados ao capital produtivo, se institui ao serviço público um estatuto flexível do

trabalho compatível com o setor privado, ocasionando a hipertecnificação da

profissão em saúde com a desresponsabilização do Estado.

Observou-se, nessa pesquisa, a particularidade nociva do trabalho em

saúde, dentre outras áreas de atuação, expressa no adoecimento precoce dos

trabalhadores ocasionado pelos agravos advindos do processo de flexibilização

precarização nos espaços sócio-ocupacionais do Serviço Social. Este estudo

apresenta as condições objetivas e subjetivas de trabalho da (o) assistente social no

contexto do trabalho em saúde, enquanto trabalhador assalariado no RN. Objetivou-

se apreender as especificidades do trabalho das (os) assistentes sociais da SESAP

nas unidades hospitalares da Região Metropolitana de Natal (RMN). Desse modo,

a classe trabalhadora, na atualidade, compreende a totalidade dos assalariados, nos termos de Antunes (1999), intitulada como a classe-que-vive-do-trabalho. Destaca-se que, além dos trabalhadores produtivos a classe trabalhadora é composta também dos improdutivos, cujas formas de trabalho são utilizadas como serviço, seja para o uso público ou para o capitalista. (SOUZA, 2011, p. 49).

O desvelamento das particularidades do exercício profissional da (o)

assistente social que faz parte da classe trabalhadora assalariada e que vive do

trabalho remete à discussão para o âmbito da natureza e formas de inserção da

profissão e das práticas desenvolvidas nos serviços de saúde. A inserção dos

assistentes sociais neste contexto, no Brasil, é decorrente das demandas derivadas

1 A Saúde fora incluída na Constituição Federal de 1988 como política social, juntamente com a Assistência Social e Previdência, compondo o tripé da Seguridade Social. “Políticas concebidas como mecanismos de concretização de direitos, ao introduzirem inovações nas formas de financiamento, benefícios e formas de organização pautadas pelo princípio da universalidade.” (PEREIRA, 2000 apud RODRIGUES, 2012, p. 19).

21

das expressões da questão social, que é matéria-prima/objeto do trabalho

profissional destes nas diversas políticas sociais.

Assim, conforme Costa (2000), somente é possível pensar o trabalho do

assistente social no sistema público de saúde levando-se em consideração as três

dimensões da realidade profissional nos processos de trabalho: as condições

históricas, a partir das quais se desenvolve a política de saúde; a dinâmica do

trabalho coletivo e o complexo teórico e prático metodológico constitutivo da

profissão.

O interesse por estudar o trabalho dos assistentes sociais parte da busca de

conhecimento desde a experiência profissional no estágio curricular obrigatório na

área da saúde no CECAN (2004-2005)2 até o exercício profissional nos Hospitais:

Regional Deoclécio Marques de Lucena (HRDML) (2010), Hospital Estadual Dr. Ruy

Pereira dos Santos (HRPS) (2010-2011), Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel

(HMWG) e na Coordenadoria de Operações de Hospitais e Unidades de Referência

(COHUR, 2011-2013) em detrimento da escolha para atuação exclusiva3 na área de

saúde no serviço público no RN, após requerimento de exoneração do cargo efetivo

na Secretaria de Trabalho e Assistência Social da Prefeitura de Natal/RN.

Desta maneira, ao pensar sobre as exigências do mundo do trabalho na

atualidade postas ao assistente social4 e as mudanças que vêm acompanhadas de

uma crescente precarização no que se refere às condições de emprego e trabalho, o

que repercute na qualidade de vida, na saúde dos trabalhadores, nas suas relações

com os usuários e demais profissionais da equipe de saúde é que nos propusemos

realizar esta pesquisa5 e analisar possíveis implicações das condições de trabalho

2 O Projeto de intervenção fora junto às mulheres mastectomizadas tendo como resultado dessa intervenção a produção do Trabalho de Conclusão de Curso com a monografia intitulada: A importância da prática educativa do profissional de serviço social para os usuários dos serviços de saúde. (GUIMARÃES; CÂMARA, 2006). 3 Aprovação em concurso público com nomeação em novembro de 2009 para ocupação do Cargo na SESAP. 4 De acordo com a Lei n º. 8662/1993 (CFESS, 2011), de regulamentação da profissão, é exigido do assistente social tornar a pesquisa como um elemento constitutivo do seu trabalho profissional, como precondição do exercício profissional competente e qualificado. Assim é que, no cumprimento das atribuições e competências socioprofissionais, há que se realizar permanentemente a pesquisa das condições e relações sob as quais o exercício profissional se realiza, dos objetos de intervenção, das condições e relações de vida, do trabalho e resistência dos sujeitos sociais que recebem os serviços. Contudo, se faz necessário não apenas coordenar e executar políticas sociais, projetos e programas, mas também avaliá-los, coordenar pesquisas, realizar vistorias, perícias e laudos, emitir parecer técnico, formar assistentes sociais. Aqui se reconhece e se enfatiza a natureza investigativa das competências profissionais. Mais do que uma postura, o caráter investigativo é constitutivo de grande parte das competências/atribuições profissionais. 5 Ao ingressar no mestrado em 2010, após ter cursado como aluna especial no ano de 2009 e pela

22

no processo de adoecimento profissional de assistentes sociais que atuam nas

unidades hospitalares da Rede Estadual de Saúde na Região Metropolitana de

Natal.

A pesquisa voltou-se para a realidade do trabalho no serviço público do

Estado do Rio Grande do Norte (RN), em que a responsabilidade dos serviços de

saúde pública, especificamente de alta complexidade no âmbito hospitalar, está sob

gestão da Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP) na execução das ações

de prevenção, promoção, e recuperação da saúde nas diversas unidades

hospitalares e de referência no estado.

Nas unidades hospitalares existem fatores relacionados às condições de

trabalho que, devido à precarização das condições objetivas e subjetivas, envolvem

aspectos éticos, políticos e de infraestrutura, com frequente falta de materiais;

danificação de equipamentos e ou sucateamento; falta de medicamentos,

insuficiente quadro funcional efetivo, falta de nomeação de aprovados em concurso

público, a fim de suprir o quadro necessário às demandas, e recursos materiais mal

administrados pelos gestores, dentre outros aspectos da precarização no trabalho

em saúde.

Sabe-se que o assistente social na área da saúde é chamado a cumprir,

também, o papel de articulador junto aos usuários e equipes, além de outras

funções/atribuições. Segundo Costa (2000) ao “estabelecer o elo ‘perdido’, quebrado

pela burocratização das ações”, pode se qualificar o trabalho reconhecido

tecnicamente pela utilidade e eficácia da sua atuação profissional na implementação

dos direitos sociais garantidos na Constituição Federal de 1988 no Brasil, envidando

questões inerentes à gerência e direção societária que também pode interferir na

saúde6 do profissional, o qual também é usuário do Sistema Único de Saúde (SUS)7.

decisão de atuar somente na área da saúde, como servidora pública que escolheu abdicar do cargo no serviço público municipal na área da assistência social, procurei desenvolver uma pesquisa que pudesse contribuir com prática profissional no serviço público estadual de saúde, a título de formação continuada/permanente, embora o plano de cargos, carreira e salários da saúde (Lei Complementar nº. 333, de 29 de junho de 2006) não contempla a valorização do aprimoramento intelectual á nível de pós-graduação. 6 Mota et al (2009, p. 263) afirmam que os profissionais de saúde, como os demais trabalhadores, estão também sujeitos aos riscos profissionais e, portanto, expostos aos acidentes do trabalho, às doenças profissionais e às doenças do trabalho. 7 Segundo Nogueira (2009) citado por Barros (2011) as mudanças introduzidas na atenção de saúde pelo SUS amplia o conceito de saúde de acordo com os determinantes sociais, redefinem a análise sobre o processo saúde-doença, ultrapassando os esquemas tradicionais de prevenção e cura para o de promoção da saúde, incluindo-a como um dos pilares estruturantes dos sistemas públicos de bem estar construídos no século XX.

23

Desta forma, para atender as exigências atuais das competências

profissionais8, ressaltam-se as possibilidades da pesquisa, tendo em vista, de um

lado, a apreensão das reais condições de trabalho dos assistentes sociais como

elemento fundamental para o exercício profissional qualificado, visando alcançar os

objetivos, metas pretendidas e apreensão das diversas sequelas que a exploração

da força de trabalho no capitalismo causa na vida da classe trabalhadora, nas suas

condições de vida e formas de enfrentamento (GUERRA, 2009).

De acordo com Baptista (1999) a realidade é uma construção da qual o

investigador participa, onde o processo investigativo com pressupostos e técnicas da

pesquisa quantitativa e qualitativa mostra que estas não são excludentes e na

perspectiva do conhecimento da totalidade, não apenas da regularização dos dados,

mas como análise das relações que se interpõem entre os sujeitos e o contexto

social mais amplo.

Neste entendimento e observando a resolução do Conselho Federal de

Serviço Social (CFESS) n.º 383 de 29/03/1999, que qualifica tecnicamente o

assistente social a intervir, como profissional de saúde, no âmbito das políticas

sociais, como a da Saúde, integrante da Seguridade Social é que nos propusemos

diante da formação permanente a investigar sobre o trabalho e o processo de

adoecimento dos assistentes sociais a fim de identificar implicações das condições

de trabalho no processo saúde-doença. (CFESS, 1999).

A relação do processo de adoecimento profissional e o trabalho em si,

segundo Mendes e Dias (1991), coloca aos trabalhadores a possibilidade de

adoecimento ou morte devido a causas relacionadas ao trabalho, como

consequência da profissão que exercem ou exerceram, ou pelas condições

adversas em que seu trabalho é ou foi realizado.

Diante disso, algumas inquietações motivaram a pesquisa devido a

experiência profissional durante o estágio supervisionado obrigatório durante o

período de 2004-2005.

Apreender a especificidade e utilidade do trabalho dos assistentes sociais no

seu espaço de atuação justifica a busca do objeto de estudo que viabilizasse a

produção teórica na área de atuação profissional de assistentes sociais

desvendando a intervenção profissional, no exercício em jornadas de trabalho

8 Hoje balizadas pelos Parâmetros de atuação de assistentes sociais na política de saúde.

24

executadas em regimes de plantão nos serviços de saúde da Rede Estadual da

RMN, a partir de questões norteadoras do processo investigativo desta pesquisa

durante o período de 2010-2013, a saber:

� Como se configuram o trabalho dos assistentes sociais e as condições

de trabalho nos hospitais públicos no RN?

� Qual é o perfil sócio-econômico das (os) assistentes sociais?

� Qual a caracterização do trabalho das (os) assistentes sociais na RMN?

� As atribuições e competências do exercício profissional de assistentes

sociais na RMN no espaço sócio-ocupacional dos hospitais da Rede

Estadual na RMN estão de acordo com os parâmetros de atuação de

assistentes sociais na Política de Saúde?

� Quais são os fatores que interferem no processo saúde-doença das (os)

assistentes sociais da RMN?

� Quais são as ações e investimentos para a Política de Saúde do

Trabalhador no RN?

� Verificar se o adoecimento de assistentes sociais é contemplado nas

ações da Política da Saúde do Trabalhador no RN?

Tais questões permitiram definir como problema de pesquisa: as

implicações das condições de trabalho no adoecimento no/pelo trabalho de

assistentes sociais nos serviços de saúde na RMN. Este remeteu a pensar sobre o

espaço sócio-ocupacional e o exercício profissional das (os) assistentes sociais na

área da saúde de modo articulado e sintonizado ao movimento dos trabalhadores e

dos usuários pela real efetivação do SUS e da Política de Saúde do Trabalhador.

Para analisar as implicações das condições de trabalho no adoecimento das

(os) assistentes sociais que atuam nos hospitais do Estado na Região Metropolitana

de Natal (RMN) objetivamos especificamente:

� Identificar as principais doenças que afetam assistentes sociais nos

hospitais da SESAP na RMN;

� Desvelar a relação entre os processos de adoecimento das (os)

assistentes sociais e as condições de trabalho nos hospitais da SESAP

na RMN;

� Refletir sobre a função da Política de Saúde do Trabalhador nos serviços

de saúde do RN diante das condições objetivas e subjetivas de trabalho.

25

O percurso teórico-metodológico envolveu uma revisão de literatura,

destinada a conhecer estudos sobre a temática e fundamentação teórica sobre as

categorias centrais desta pesquisa. Destaca-se deste processo a reflexão propiciada

pela produção teórica de autores que oferecem importantes contribuições para a

análise crítica neste estudo. Assim, sobre a relação do trabalho com o processo de

adoecimento das (os) assistentes sociais que atuam e hospitais estaduais dos

serviços de saúde na RMN, nos reportamos a Lourenço (2009, 2010), Alves (2011),

Silva (2011), Vasconcelos (2006) dentre outros autores que fundamentaram a

análise do objeto de estudo9 desta pesquisa.

Adotam-se como referências as pesquisas de Meneses (2010), Barros

(2011), Mello (2012) e Rodrigues (2012) que tratam da temática analisada. Para

análise do trabalho em hospitais públicos no contexto do SUS nos direcionamos por

Mészáros (2007), Mota et al (2009), Lacaz (2010), Behring e Boschetti (2009),

Oliveira (1988), Bravo (1996), Teixeira (2006), Nogueira (1989). Para o estudo da

gênese da profissão10 dos assistentes sociais e das atribuições até os parâmetros

de atuação na política de saúde, fundamentadas em Baptista (1999), Costa (1998,

2009, 2010), Guerra (1995), Iamamoto (2001, 2007, 2010), Martinelli e Koumrouyan

(1994), Martinelli (1999), Netto (1996), Nicolau (2005), Vasconcelos (2002), Pontes

(2009), Bardin (2004), entre outros autores que trabalham as distintas temáticas das

categorias centrais.

Respeitados os cuidados éticos e com a devida aprovação do Comitê de

Ética em pesquisa,11 foram aplicados questionários para coleta de dados junto a 66

(sessenta e seis) profissionais das unidades hospitalares do Estado na RMN,

apresentando indicadores sobre a idade, sexo, estado civil/situação conjugal,

número de Filhos, religião e se praticante da religião, pertença étnico-racial,

orientação sexual e lazer, a fim de traçarmos o perfil profissional.

Na aplicação da técnica de coleta de dados na pesquisa de campo,

observamos a inviabilidade de aplicação de questionários com todas as

profissionais, levando-se em consideração que se trata de adesão à pesquisa

através do livre consentimento para as (os) profissionais aceitarem participar deste

9 Considerando que o conhecimento teórico será tanto mais correto e verdadeiro quanto mais fiel o sujeito for ao objeto. (NETTO, 2009, p. 663). 10 Trouxemos brevemente a historicidade da profissão para poder operacionalizar a análise quali-quantitativa sobre as implicações das condições de trabalho na saúde do profissional de Serviço Social, da qual faço parte.

26

estudo, contribuindo destarte, com as informações que estávamos buscando

apreender.

Os dados obtidos12 na realidade empírica foram analisados à luz das

categorias centrais que fundamentaram o estudo, a saber: trabalho, condições de

trabalho, política de saúde, saúde do trabalhador e adoecimento profissional. Para

tanto, problematizamos qualitativamente e quantitativamente estes na técnica de

pesquisa13 de análise de conteúdo aplicada, e através da observação direta

extensiva - observação na vida real (LAKATOS; MARCONI, 2008) sobre as

implicações das condições de trabalho das (os) assistentes sociais e o processo de

adoecimento profissional.

A estrutura dessa dissertação contempla cinco seções para exposição dos

resultados do estudo. Na introdução são apresentados a motivação e o percurso

metodológico da pesquisa.

A segunda sessão aborda o trabalho em hospitais públicos no contexto do

SUS, evidenciando a Política de Saúde implementada no RN correlacionando-a com

a Política de Saúde do Trabalhador no RN.

Entende-se por Saúde do Trabalhador a concepção que reconhece a relação saúde/doença como um processo histórico-social expresso no corpo, onde o trabalho é incorporado como categoria central e objeto fundamental na análise da relação trabalho e saúde. (MANUAL DA CUT apud LOURENÇO, 2010).

Na tentativa de contribuir com o debate acerca da temática saúde do

trabalhador e a relação trabalho e saúde. Realizou-se análise de conteúdo nas

respostas ao questionário da pesquisa de campo correlacionando-as essas com a

pesquisa bibliográfica.

A terceira sessão situa o exercício profissional da (o) assistente social no

contexto do trabalho em saúde no âmbito hospitalar, ressaltando as atribuições

deste caracterizadas em eixos de intervenção, analisados à luz dos parâmetros de

atuação de assistentes sociais na Política de Saúde junto ao debate da Saúde do

11 Parecer nº. 057/2012 (Protocolo 274/11- CEP/UFRN) anexo E. 12 Os dados obtidos através de questionário foram tratados através de programa de estatística específico em pesquisa social - Programa SPSS. 13 Entre as diversas técnicas de pesquisa social, adotamos a análise de conteúdo segundo Bardin (2004), como orientação teórico-metodológica para análise e problematização dos conteúdos obtidos nas informações prestadas nos questionários aplicados com assistentes sociais das unidades hospitalares da RMN, sujeitos integrantes dessa pesquisa.

27

Trabalhador. Mostra o perfil sócio-econômico das (os) assistentes sociais,

caracterizado a partir das informações obtidas, nos questionários aplicados durante

o período de junho a agosto de 2012, evidenciando a análise comparativa, proposta

na qualificação desta pesquisa, ao estudo do perfil do assistente social no Brasil

realizado pelo CFESS/CRESS em 2004. Trata ainda, sobre as condições de trabalho

elencadas de acordo com a Resolução CFESS nº. 493/2006, destacando os

elementos objetivos e subjetivos e a relação com o processo de adoecimento de

assistentes sociais devido às condições de trabalho.

Na quarta seção tecemos apontamentos sobre o adoecimento profissional

como resultado da intensificação do trabalho nos serviços de saúde pública na RMN

e das implicações das condições de trabalho na vida das (os) assistentes sociais.

Aspectos objetivos e subjetivos existentes nas condições de trabalho como

determinantes para o adoecimento no/do trabalho na saúde na RMN, verificando as

relações sociais, ambientais e físicas aí implicadas.

O trabalho é concluído na quinta seção, trazendo considerações acerca das

questões norteadoras dessa pesquisa.

28

2 O TRABALHO EM HOSPITAIS PÚBLICOS

Para falarmos do trabalho nos hospitais públicos da Rede Estadual de

Saúde no Rio Grande do Norte (RN), recorte empírico dessa pesquisa, entendemos

ser necessário a apreensão de como se configuram o trabalho em saúde no

contexto do SUS; a política de Saúde no Brasil e a implementação da Política de

Saúde na instância estadual, perpassando a formação da Política de Saúde do

Trabalhador a partir da Constituição Federal de 1988 e sua implementação no RN,

observando as ações de atenção ao Trabalhador da Saúde no RN, a fim de

traçarmos considerações sobre o trabalho em saúde e suas implicações na saúde

das (os) assistentes sociais da RMN.

2.1 O TRABALHO EM SAÚDE NO CONTEXTO DO SUS

O trabalho em seu sentido ontológico é um ato em que o homem media,

regula, e controla seu metabolismo com a natureza, produzindo assim riqueza.

Entendemos que o próprio desenvolvimento do corpo, do cérebro, da fala e da

relação entre os homens são originadas do trabalho, e esse processo de trabalho

retrata a ação humana.

De acordo com Carcanholo (2011) para ocorrer processo de trabalho é

fundamental existir força, meios e objetos relacionados ao trabalho do ser humano

em que a atividade produtiva exercida pelo trabalhador produz riqueza.

Considera-se indispensável o entendimento sobre à existência da

centralidade do trabalho em qualquer sociedade capitalista, onde a riqueza

produzida tem relação direta com o modo de produção e reprodução advindas da

exploração do capital sobre o trabalho.

O trabalho é, portanto, o fundamento ontológico da sociabilidade humana,

como causa do estranhamento em que o trabalhador encontra-se alienado em dois

sentidos: um com relação ao fruto de seu trabalho e o outro em relação ao grau de

satisfação de seu trabalho, já que é condição para a satisfação de necessidades.

Trabalho como elemento fundante do ser social é exclusivamente humano

onde o homem, através dos seus instintos básicos, desde sua origem, realiza atos

sociais, socializando suas necessidades, transformando a natureza e se apropriando

29

dela como nenhuma outra espécie viva (LOURENÇO, 2009). Ele ocupa centralidade

na vida humana e sua existência está posta, independentemente dele mesmo, cujas

necessidades são satisfeitas sendo criadas novas necessidades ao mesmo tempo.

Para avançarmos na reflexão sobre o trabalho, especificamente em saúde,

precisamos entender a organização do trabalho em saúde como resultado da

produção de serviços no desenvolvimento da política social e de saúde no Brasil,

permeados de competitividade, corporativismo, polivalência e estranhamento para

com a classe trabalhadora diante das tendências contemporâneas no mercado de

trabalho da saúde.

Nesse sentido a temática trabalho e saúde merece “novos e incessantes

olhares” como Mota (2011, p. 187) destaca para o moderno cotidiano mundo do

trabalho demonstrando o caráter contraditório do sistema capitalista. Mészáros

(2002) alerta para o “sociometabolismo do capital” em que o processo de

acumulação do capital tem gerado repercussões para a classe trabalhadora14 (na

vida humana e na sua relação com a natureza).

Diante dessa lógica, passamos a pensar sobre o trabalho despendido na

política social de saúde implementada no Brasil a partir da Constituição Federal de

1988, na qual, o valor necessário à reprodução da força de trabalho revela uma

relação contraditória do lucro expropriado no excedente do trabalho necessário a

produção dos serviços de saúde15, representando graus de intensidade no ato da

compra e venda da força trabalho de acordo com interesses dos trabalhadores e dos

empregadores.

Apreender essa dialética no trabalho em saúde requer o conhecimento sobre

os sentidos do trabalho16 como parte da vida humana cotidiana, ou seja, trata-se do

estatuto ontológico da práxis humana “permitindo uma reflexão sobre o tempo, o

14 Para Alves (2011), a classe trabalhadora passa na contemporaneidade pela diminuição dos postos de trabalho e o aumento da exploração de sua força de trabalho, resultado das transformações e formas modernas de produção. Assim, o trabalho torna-se meio para satisfação das necessidades objetivas e não mais ‘primeira necessidade’ de realização humana devido à “precariedade e perversidade do capital na sociedade capitalista”, portanto, assume novas formas diante desse capitalismo “manipulatório” (MOTA, 2011, p. 189). Segundo Antunes (2010) ela engloba tanto os trabalhadores produtivos (geradores de mais valor) como os improdutivos, em que o serviço prestado configura o trabalho consumido como valor de uso (para o público e ao capitalista). 15 Considerado trabalho improdutivo segundo a interpretação de Antunes (2010, p.25). 16 Uma vida cheia de sentido fora do trabalho supõe uma vida dotada de sentido dentro do trabalho abrangendo todas as esferas da vida fora do trabalho, a desfetichização sociedade do consumo e a desfetichização no modo de produção. (ANTUNES, 2010, p.37).

30

tempo de trabalho, o autocontrole sobre o tempo de trabalho e o tempo de vida”

(ANTUNES, 2010, p. 37).

Assim, é necessário apreender que o processo de trabalho adquire

características da sociabilidade capitalista, onde a classe trabalhadora fragmentou-

se, heterogeneizou-se e complexificou-se ainda mais, tornando-se mais qualificada

em vários setores [...] e desqualificou-se e precarizou-se em diversos ramos,

aparecendo a figura do trabalhador “polivalente e multifuncional”.

Essa classe inclui os sujeitos que vendem sua força de trabalho incluindo a

totalidade do trabalho social (trabalho coletivo assalariado), no qual se encontram

correlações de forças sociais, políticas e econômicas desiguais que precisam ser

apreendidas na vida real observando o projeto societário que fundamenta a

capacidade organizativa dos trabalhadores.

Desse modo, os serviços de saúde prestados nos hospitais públicos do

Brasil, no contexto do SUS, envolvem um conjunto de determinantes decorrentes da

contradição do capital versus trabalho, uma vez intensificado pelo objetivo do

aumento de lucros/produtividade, com naturalização das condições precárias17 de

trabalho, onde a coletividade dos trabalhadores sofrem os mais variados graus de

fragilização de sua saúde devido à extração da mais valia (relativa e absoluta)

advinda da exploração da força de trabalho gerando agravos objetivos e subjetivos

no corpo e/ou na mente do trabalhador diante dessa realidade na vida.

A intervenção estatal junto à produção de serviços essenciais à vida,

conforme a Constituição Federal Brasileira, encontra-se no patamar da abstração

como um construto social no âmbito da Questão Social (objeto de trabalho do

Serviço Social) que, de acordo com Lourenço (2009), está diretamente relacionada à

política social em resposta as necessidades humanas conforme o movimento da

produção/consumo/reprodução presentes no sistema capitalista.

Destarte, para entendermos o processo de trabalho em saúde, devemos

contextualizar a historicidade da Política de Saúde no Brasil, considerando o recorte

temporal a partir dos anos 1980 com a estruturação do SUS, a fim de descrevermos

17Condições precarizadas “consentida socialmente” (LOURENÇO, 2009, p.56) a partir de uma apreensão do favorecimento a um ambiente no trabalho sem condições adequadas, com baixos salários e sem garantias sociais, com relações de produção, favoráveis à agravos na saúde dos trabalhadores ocasionando crises na vida pessoal, na sociabilidade e na autorreferência pessoal como resultado de organizações e relações sociais de trabalho a partir das desigualdades sociais imanentes ao sistema capitalista, atingindo os “homens que vivem do trabalho” como bem

31

a saúde pública no estado do Rio Grande do Norte com enfoque na discussão da

política de saúde do trabalhador, possibilitando a análise das implicações das

condições de trabalho nas unidades hospitalares da Rede Estadual de saúde na

Região Metropolitana de Natal (RMN) e sua relação com o processo de adoecimento

de assistentes sociais nesses espaços sócio-ocupacionais.

2.2 A POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL

Os anos 1980 no Brasil foram marcados pela efervescência dos movimentos

populares18 e lutas contra as repressões da ditadura militar, que por mais de vinte

anos havia sufocado os ideais de democracia19. Na sociedade brasileira, neste

ínterim, surge o Movimento de Reforma Sanitária, ou sanitarista, buscando romper

com o modelo médico-assistencial privatista que permeou a Política de Saúde até o

final dos anos 1970.

A mobilização popular dessa época trouxe para o debate, questões inerentes

às desigualdades sociais e sua relação com as condições de vida e de saúde da

população, havendo uma preocupação, no movimento da Reforma Sanitária, em

reorientar o conceito e a prática de saúde. Eram novas ideias que perpassavam os

movimentos sociais e que acabaram desencadeando alguns fatos importantes na

área da saúde.

O evento que ganhou destaque ressaltado como marco importante para um

novo conceito de saúde pública no Brasil foi a VIII Conferência Nacional de Saúde

ocorrida em março de 1986, na cidade de Brasília/DF. Essa conferência contou com

a participação de instituições do setor da saúde, representantes da sociedade civil e

categorizou Lukács, expondo novas dimensões das metamorfoses sociais do trabalho nessa barbárie social da qual vive a classe trabalhadora. 18 Dentre os movimentos, citamos os Movimentos dos trabalhadores Rurais sem Terra (MST); Movimentos dos trabalhadores Sem Teto (MTST); Movimento Hippie; Movimento Feminista; Movimento Estudantil dentre outros que revelaram forte enfoque teórico oriundo do Marxismo vinculado ao espaço rural e/ou urbano. 19 De acordo com Fleury (1997) o movimento pela democratização da saúde que tomou corpo no Brasil durante a segunda metade da década de setenta possibilitou a formulação do projeto da Reforma Sanitária Brasileira, sustentado por uma base conceitual e por uma produção teórico crítica. Diversos estudos e artigos publicados especialmente através do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) atestam a vitalidade desse movimento e, contemplam, com distintas ênfases, os aspectos político-ideológicos, organizativos e técnico-operacionais da Reforma Sanitária. Mesmo que o debate desenvolvido não chegue a configurar um novo paradigma (FLEURY, 1992), teve a importância de questionar a concepção de saúde restrita à dimensão biológica e individual, além de apontar diversas relações entre a organização dos serviços de saúde e a estrutura social.

32

partidos políticos. Três temas básicos foram discutidos nesse evento: saúde como

direito; reformulação do sistema nacional de saúde e financiamento do setor.

A VIII Conferência Nacional de Saúde, referência para a ampliação do

conceito de saúde no Brasil, pelo qual consideram-se como determinantes do

processo de saúde/doença as condições de habitação, a educação, o lazer, o

transporte, o trabalho, o meio ambiente e as demais dimensões da vida humana.

Uma saúde, como direito de todos e dever do Estado, como conquista histórica, fruto

de mobilizações da organização de segmentos do setor da saúde e dos setores

organizados da sociedade civil, legalmente reconhecida pela Constituição Federal -

CF de 1988, integrante da Seguridade Social. (MENESES, 2010).

Para Mendes (1993), a Constituição Federal de 1988 incorporou um

conjunto de conceitos, princípios e diretrizes extraídas da prática corrente e

hegemônica da sociedade capitalista, apesar de ter, em seu arcabouço, implícito um

novo modelo organizacional advindo da Reforma Sanitária, sua estratégia não retira

a lógica voltada para o lucro, para acumulação de capital que explora cada vez mais

a classe trabalhadora, em prol do seu objetivo: ‘crescimento econômico’. Assim,

conforme o autor, a questão da saúde na Carta Constitucional ressalta aspectos

fundamentais como:

O conceito de saúde entendido numa perspectiva de uma articulação de políticas sociais e econômicas; o entendimento da saúde como direito social universal derivado do exercício de uma cidadania plena; a caracterização das ações e serviços de saúde como de relevância pública; a criação de um Sistema Único de Saúde organizado segundo as diretrizes de descentralização em cada esfera do governo, o atendimento integral e a participação da comunidade e a integração da saúde no espaço mais amplo da seguridade. (MENDES, 1993, p. 47).

Além disto, ressaltam-se aspectos que abrigam contradições de um

processo de transição que, mesmo avançando na ordem social, incorporou

interesses corporativos e cartoriais a partir de ideais liberais que possibilitaram a

formulação de um discurso pela necessidade de uma reforma estrutural, ou seja,

uma reforma do Estado brasileiro.

Este movimento demandou uma política de saúde participativa,

descentralizada e universal que resultou na criação do decreto lei nº. 94.657/87, o

qual regulamentou o Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS). Por

conseguinte, as novas diretrizes estabelecidas na Reforma Sanitária serviram mais

33

tarde, como embasamento, ‘pano de fundo’ para a instituição de projetos de leis que

concretizaram a saúde como direito universal, defendendo um conceito que levava

em consideração não apenas uma ação de saúde curativa, mas também a

prevenção das doenças que estavam em maior expansão e conhecimento.

Diante dessa instituição de projetos e leis destacamos o campo específico

da Saúde do Trabalhador, em que na Carta Constitucional (BRASIL, 1988) foram

estabelecidos parâmetros legais à saúde do trabalhador no SUS, o qual sofre

também exposição às doenças e agravos à saúde como os demais sujeitos da

população brasileira usuária dos serviços de saúde.

2.2.1 Definição e implementação da Política de Saúd e na instância estadual

O processo de descentralização20 política e financeira vigente no Brasil

levou o Estado a dividir as responsabilidades da Política Social de Saúde com os

estados e municípios, primando pela universalidade do acesso à saúde previsto na

Constituição. A partir daí, entram em cena as parcerias com a sociedade civil21, no

sentido de implementar tal política. Assim, para reafirmar o papel da

descentralização com poder de gestão aos municípios foram aprovadas as leis

8.080 e 814222 (BRASIL, 1990a, 1990b), Leis Orgânicas da Saúde (LOS)s. Esta

última estabeleceu percentual financeiro a ser transferido a Estados, Distrito Federal

e Municípios, utilizando a combinação dos seguintes critérios, segundo análise

técnica de programas e projetos: perfil demográfico da região; perfil epidemiológico

da população a ser coberta; características quantitativas e qualitativas da rede de

saúde na área; desempenho técnico, econômico e financeiro no período anterior;

níveis de participação do setor saúde nos orçamentos estaduais e municipais;

previsão do plano quinquenal de investimentos da rede; ressarcimento do

atendimento a serviços prestados para outras esferas de governo. (BRASIL, 1990b).

Segundo Cunha (2000), a dificuldade em praticar esses critérios fez com que

o Governo Federal editasse as Normas Operacionais Básicas (NOB), iniciadas pela

NOB nº. 01/91- SUS, a partir da qual, os gestores municipais e estaduais foram

20 Ver análise de Teixeira (2007). 21 Formada por Instituições filantrópicas e ONGs. 22 Lei Orgânica de Saúde Complementar.

34

igualados aos de natureza privada ou filantrópica, ou seja, passaram a ser

ressarcidos conforme a produção dos serviços na saúde.

A NOB/SUS de 1993 institucionalizou a questão da pactuação com o intuito

de fortalecer a descentralização do SUS a partir das Comissões Intergestores

Bipartite (CIB) e as Comissões Intergestores Tripartites (CIT). Além disso,

estabeleceu para os municípios três modalidades de gestão: incipiente, parcial e

semiplena avançando assim, no processo de descentralização. Estabeleceu ainda,

os mecanismos de financiamentos das ações de saúde, em particular, a assistência

hospitalar, ambulatorial e as diretrizes para investimento no setor. (BRAVO; MATOS,

2002).

Já a NOB/SUS de 1996 intensificou o processo de responsabilização do

poder local com a Política de Saúde, reduzindo as condições de habilitação há duas

modalidades: a Gestão Plena de Atenção Básica (primária) do Sistema Municipal,

desarticulada da atenção secundária (Média complexidade) e terciária (Alta

complexidade), e a Gestão Plena do Sistema Municipal de Saúde. Dividindo assim,

o SUS em duas modalidades: hospitalar e básico.

Para Mendonça (2002), uma preocupação que marca a NOB/96 é a

reorientação do modelo assistencial, a partir do estabelecimento do Piso de Atenção

Básica fixo (PAB), Fração Assistencial Especializada (FAE), Programas de Saúde da

Família (PSF), Programas de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), Incentivo ao

Combate das Carências Nutricionais (ICCN), Ações Básicas de Vigilância Sanitária

(VISA) e Assistência Farmacêutica Básica (AFB).

Assim, ainda de acordo com Mendonça (2002), para o aprofundamento da

descentralização, deve-se ampliar a ênfase na regionalização e no aumento da

equidade, buscando a organização de sistemas funcionais com todos os níveis de

atenção, não necessariamente confinados aos territórios municipais, e, portanto, sob

responsabilidade coordenada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Neste

sentido, a Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS–SUS/2001) atualiza a

regulamentação da assistência à saúde, considerando os avanços já obtidos com as

NOBs, enfocando os desafios a serem superados no processo permanente de

consolidação e aprimoramento do Sistema Único de Saúde.

Desse modo, a retomada da instância estadual como lócus de definição e

implementação da política de saúde no processo de descentralização para as três

esferas de governo conforme a NOAS/01 tem como principais objetivos: a

35

elaboração do plano diretor de regionalização; a ampliação do acesso e da

qualidade da atenção básica; a qualificação das microrregiões na assistência à

saúde; a organização dos serviços de média complexidade; a organização da

política de atenção de alta complexidade e custo; o processo de programação da

assistência; a responsabilização a cada nível de governo na garantia do acesso da

população referenciada; do processo de controle, da avaliação e regulação da

assistência; da gestão dos hospitais públicos sob outro nível de governo; e das

condições de habilitação dos municípios e estados como um conjunto de estratégias

essenciais ao avanço do SUS (BRASIL, 2002a). Portanto, atualiza a regulamentação

da assistência, considerando os avanços ocorridos enfocando os desafios a serem

superados no processo permanente de consolidação e aprimoramento do Sistema

Único de Saúde.

Para Rezende (2006), a Lei Orgânica da Saúde estabeleceu como atribuição

comum da união, dos estados, do distrito federal e dos municípios, a elaboração e

atualização periódica do plano de saúde, bem como promover a articulação da

política e dos planos de saúde, base das atividades e programações dos gestores

do SUS e seu financiamento que será de acordo com a proposta orçamentária.

Dessa forma, o Plano Diretor requer a gestão compartilhada entre as três

esferas do governo, possibilitando o acompanhamento da execução das ações e a

avaliação de sua eficácia e efetividade. Destarte, isso não seria possível sem a

participação popular garantida na Constituição Federal de 1988. O controle social foi

regulamentado em 1990 com a promulgação da Lei 8.142 (BRASIL, 1990b), a qual

determina como se dará esse controle social na saúde. A Lei garante o controle em

duas instâncias que são também espaços de luta: o Conselho de Saúde e as

Conferências de Saúde. Os conselhos são compostos por 50% de usuários e 50%

de gestores da saúde, prestadores de serviços e trabalhadores em saúde.

Aqui encontra-se um dos maiores desafios: o acompanhamento e execução

em consonância com os ideais da reforma sanitária, pois o que se tem visto são

gestões descontínuas balizadas por interesses político partidários com discursos em

prol de uma política de saúde universal e integral.

Bravo e Matos (2002) observam que historicamente o controle social era

entendido como o controle do Estado sobre a sociedade civil, entretanto na

realidade histórica a partir da Constituição Federal de 1988, o termo significando a

36

participação da população na elaboração, implementação e fiscalização das políticas

sociais, ou seja, seria a própria sociedade controlando as ações do Estado.

Nos dias atuais este controle social sofre uma crise de objetividade, com

esvaziamento de participação efetiva de usuários que tenham a percepção e

consciência crítica da necessidade de confrontação com os interesses dominantes

diante dos direitos sociais.

O Ministério da Saúde instituiu a programação da assistência à saúde em

âmbito nacional, especificamente a política de alta complexidade/custo, que é gerida

através de normas e cadastros nacionais dos prestadores de serviços, possibilitando

os procedimentos de alta complexidade23 e de acesso equânime, garantia de

melhoria e qualidade dos serviços prestados à população.

Entretanto, haja visto o avanço no texto legal o que se verifica ainda são

aspectos clientelistas, até mesmo coronelistas nas relações de poder no âmbito

municipal.

No plano institucional, o governo deveria dar ênfase ao fortalecimento

técnico e financeiro de estados e municípios, com vistas à efetiva gestão

descentralizada do SUS, e valorização da política de recursos humanos no intuito da

formação profissional qualificada, implementando a democratização nas relações de

trabalho e humanização do atendimento à população a fim de reduzir os impactos na

vida dos trabalhadores.

Quanto à gestão, o Ministério da Saúde formulou o Pacto pela Saúde como

um conjunto de reformas institucionais pactuadas entre as três esferas de gestão do

Sistema Único de Saúde, tendo por objetivo promover inovações nos processos e

instrumentos de gestão. Sua implementação se dá por meio da adesão de

municípios, estados e União ao Termo de Compromisso de Gestão (TCG), que,

renovado anualmente desde 2006, substitui os anteriores processos de habilitação e

estabelece metas e compromissos para cada ente da federação.

Desta forma, o processo de descentralização ampliou o contato do SUS com

a realidade social, política e administrativa do país com suas especificidades

regionais, colocando os gestores à frente de desafios que buscassem superar a

23 Segundo Camilo (apud SILVA, 2000) a alta complexidade constitui-se no serviço de maior densidade tecnológica com procedimentos de alto custo, destinado a uma pequena parcela da população, contando com prestadores de serviço do setor público [...] e do setor privado.

37

fragmentação das políticas e programas de saúde por meio da organização de uma

rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços e da qualificação da gestão.

Frente a esta necessidade, o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de

Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais

de Saúde (CONASEMS) pactuaram responsabilidades entre os três gestores do

SUS no campo da gestão do Sistema e da atenção à saúde.

A partir do documento das Diretrizes do Pacto pela Saúde em 2006 –

Consolidação do Sistema Único de Saúde, publicado na Portaria/GM nº. 399, de 22

de fevereiro de 2006 que contempla o Pacto firmado entre os gestores do SUS, em

suas três dimensões: pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Pacto que

apresenta mudanças significativas para a execução do SUS, dentre as quais se

destacam a substituição do atual processo de habilitação pela adesão solidária aos

Termos de Compromisso de Gestão; a regionalização solidária e cooperativa como

eixo estruturante do processo de descentralização; a integração das várias formas

de repasse dos recursos24 federais; e a unificação dos vários pactos existentes.

Dentre as pactuações ressalta-se o Pacto pela Vida como um compromisso

entre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a

situação de saúde da população brasileira, nela incluindo os trabalhadores. A

definição das prioridades deve ser estabelecida por meio de metas nacionais,

estaduais, regionais ou municipais. Prioridades estaduais ou regionais que podem

ser agregadas às prioridades nacionais, conforme pactuação local. Os

estados/regiões/municípios devem pactuar as ações necessárias ao alcance das

metas e objetivos propostos.

Desta maneira, a efetivação do SUS ampliou a concepção de saúde a partir

de novos discursos e práticas profissionais voltados para a educação em saúde.

Como uma diretriz constitucional que preconiza a atenção integral à saúde e aponta

para a concretização dos princípios da universalidade de acesso e equidade em

relação aos direitos sociais. Colocando a partir da descentralização das ações e

serviços, as intervenções profissionais, em todos os níveis do sistema de saúde,

24 Os recursos correspondentes ao financiamento dos procedimentos relativos à média e alta complexidade em saúde compõem o Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar dos municípios, do Distrito Federal e dos estados. Os recursos destinados ao custeio, dos procedimentos pagos atualmente através do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC) deverão ser incorporados ao Limite Financeiro de cada município, Distrito Federal e Estado, conforme pactuação entre os gestores. Para maiores informações sobre o Financiamento das Políticas Públicas, consultar Salvador (2010).

38

numa busca permanente de comunicação25, ou seja, devem efetivar o canal de

referência e contra referência para que possam ser atendidas as reais demandas de

saúde da população. (MENESES, 2010).

Dos três níveis de atenção à saúde, de acordo com o Ministério da Saúde o

da alta complexidade até 2003, tinha uma ausência de papel definido que se

caracterizava pelo predomínio do setor privado contratado e que atualmente

complementa a ação do Estado principalmente na saúde. Entretanto, é sabido que,

de fato, este predomínio ainda continua sendo prioritário, principalmente nas ações

de alta complexidade, devido a influência dos interesses do capital privado.

Behring (2008) ressalta que a centralidade do fundo público para a

reprodução do capitalismo reflete as disputas entre as sociedades de classes

(trabalhadores) e o capital (participação do Estado através de políticas de subsídios

econômicos e do mercado financeiro na alocação do orçamento público). Portanto,

segundo Salvador (2010, p. 134) é “uma disputa entre os recursos destinados à

reprodução do capital e os fundos destinados à manutenção das políticas sociais”.

Essa construção histórica da estruturação da saúde pública no Brasil

perpassou diversas reformas na estrutura do Ministério da Saúde (MS), com

destaque a de 1974, na qual as Secretarias de Saúde e de Assistência Médica

foram englobadas, passando a constituir a Secretaria Nacional de Saúde, para

reforçar o conceito de que não existia dicotomia entre Saúde Pública e Assistência

Médica. No mesmo ano, a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública

(SUCAM) passa à subordinação direta do Ministro do Estado, para possibilitar-lhe

maior flexibilidade técnica e administrativa, elevando-se a órgão de primeira linha.

Foram criadas as Coordenadorias de Saúde, compreendendo cinco regiões:

Amazônia, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, ficando as Delegacias Federais

de Saúde compreendidas nessas áreas subordinadas às mesmas. As Delegacias

Federais de Saúde deixavam, assim, de integrar órgãos de primeira linha. É criada

também, a Coordenadoria de Comunicação Social como órgão de assistência direta

e imediata do Ministro de Estado e instituído o Conselho de Prevenção Antitóxico,

como órgão colegiado, diretamente subordinado ao Ministro de Estado.

Assim, no final da década de 80, a Constituição Federal Brasileira de 1988

legitima a garantia da universalidade da política de saúde a toda a população de

25 Comunicação que na prática ainda não esta articulada, no texto legal seria perfeita, porém o visto na realidade norte rio-grandense é a mais desarticulada.

39

maneira universal e, para tanto, criou o Sistema Único de Saúde que necessitava de

maior especificação das ações, as quais foram delimitadas nas Leis Orgânicas da

Saúde nº. 8080 e nº. 8142/90, que detalharam sobre o funcionamento do SUS.

Na atualidade, o decreto nº. 7.508 de junho de 2011 institui um

aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS), tanto pela sua abrangência

quanto pelo seu nível hierárquico na legislação a partir da busca de atualização de

instrumentos de gestão por meio da efetividade da Lei nº. 8.080/90, entre outros

aspectos. Desta forma, visa a transparência da estrutura organizativa do SUS com a

finalidade de garantir maior segurança jurídica na fixação das responsabilidades dos

entes federativos para que o cidadão possa, de fato, conhecer, em detalhes as

ações e os serviços de saúde ofertados nas regiões de saúde, em suas redes

assistenciais.

Trata-se de um avanço na gestão do SUS, a qual precisa ser transparente,

deixando às claras quais os serviços, ações de saúde, responsabilidades,

atribuições e recursos financeiros que garantirão a efetividade do direito à saúde do

cidadão nas redes assistenciais, permitindo, assim, à população o exercício da

democracia participativa, princípio constitucional do SUS.

Nessa evolução histórica da Política Pública de Saúde, apontamos para a

Lei Complementar nº. 141, editada em 16 de janeiro de 2012, a qual regulamenta o

§ 3º do Art. 198 da CF, dispondo sobre valores mínimos a serem aplicados

anualmente pela União, Estados, DF e Municípios em ações e serviços públicos de

saúde. Estabelece, ainda, critérios de rateio dos recursos de transferências para a

saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde

nas três esferas de governo, revoga dispositivos das Leis nº. 8.080/90 e nº.

8.689/93.

As transferências da União para os Estados, Distrito Federal e Municípios

deverão observar critérios da Lei Complementar nº. 141 (Arts. 17 a 21), do art. 35 da

Lei nº. 8.080, cabendo à Comissão Intergestores Tripartite (CIT) definir a

metodologia de cálculo, que deverá ser aprovada no Conselho Nacional de Saúde

(CNS), com os valores dos recursos das transferências da União publicados

anualmente, possibilitando aos Conselhos de Saúde e Tribunais de Contas, maior

controle sobre os usos dos recursos destinados ao SUS, sendo imprescindível que o

Sistema Nacional de Auditoria audite o ente federativo que utilizou os recursos

indevidamente repondo-os em reaplicações em ações e serviços de saúde, os quais

40

foram prejudicados.

Assim, entendemos que, enquanto dispositivo legal sobre o sistema de

financiamento e aplicação de recursos, houve avanços significativos, embora

encontremos retrocesso ou diria uma ‘apatia’ quanto à intervenção dos Conselhos

no controle às infrações cometidas pela gestão pública, que deverá responder

administrativa e penalmente conforme os termos das leis específicas. Portanto,

depara-se com o desafio da participação social efetiva e não só de regulamentação

garantida legalmente.

2.3 A POLÍTICA DE SAÚDE NO RN

A Política Social de Saúde, implementada pela Secretaria de Estado da

Saúde Pública (SESAP) no RN se dá pela execução de ações/ serviços e atividades

de promoção, recuperação e tratamento da Saúde nas diversas unidades

hospitalares dos municípios do Estado (Anexo A), como legitimada nos referenciais

legais a fim de análise dos interesses políticos e econômicos que estão

demandando tais ações, serviços e atividades nos municípios do RN conforme

regionalização no mapa a seguir.

Figura 1- Mapa das Regiões de Saúde no RN

Fonte: RN (2011a).

Limitaremos geograficamente o estudo na Região Metropolitana de Natal

(RMN) - também conhecida como a Grande Natal, formada pelos seguintes

municípios: Ceará- Mirim; Nísia Floresta; São José de Mipibú; Monte Alegre; Vera

Cruz; Extremoz; São Gonçalo do Amarante; Macaíba; Parnamirim e Natal, conforme

41

quadro 1 a seguir. Tem uma população estimada em 1.350.840 habitantes no ano de

2010, segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatatística (IBGE).

Quadro 1 - Dados dos municípios da Região Metropolitana de Natal (RMN)

Município Área (Km 2) População (2010) PIB em R$ (2008)

Natal 170,298 803 811 8 656 932,020

Ceará-Mirim 739,686 67 844 290 640,459

Extremoz 125,665 24 550 369 463,932

Macaíba 512,487 69 538 608 621,296

Monte Alegre 200,000 20 670 80 288,409

Nísia Floresta 306,051 23 818 106 919,018

Parnamirim 120,202 202 413 1 654 984,717

São Gonçalo do Amarante 251,308 87 700 660 111,278

São José de Mipibu 293,877 39 771 196 777,049

Vera Cruz 92,117 10 725 40 347,557

TOTAL 2 811,691 1 350 840 11 597 431 Fonte: IBGE (2010)

Essa região do RN tem muitas peculiaridades em relação à dinâmica política

de crescimento sócio-econômico no Brasil, onde são vistos aspectos modernos

correlacionados com questões clientelistas/coronelistas, burocratizadas perpetuando

a ideologia do favor, da dependência em contraposição aos direitos preconizados

legalmente.Tratam-se de apectos políticos ‘ultrapassados’, conservadores, ainda

presentes no contexto sócio-econômico e político da RMN.

A referência empírica, para realização do presente estudo, foram as

unidades hospitalares da Rede Estadual na 7ª Região de Saúde no Estado do Rio

Grande do Norte, considerada de acordo com o Plano de Regionalização (PDR) da

saúde - Mapa anterior, com apenas com 5 (cinco) municípios em divergência ao

registrado no IBGE (2010) que considerava a população de 10 (dez) municípios

integrantes à Região Metropolitana de Natal (RMN).

A RMN é a 7ª Região26 de Saúde no RN (anexo B), que de acordo com sua

estratégia de intervenção na média e na alta complexidade, contém 25 (vinte e

cinco) hospitais gerais, sendo 14 (quatorze) hospitais públicos e 11 (onze) hospitais

26 De acordo com o Decreto nº. 7.508/2011 Regiões de Saúde trata-se do espaço geográfico contínuo constituído por aglomerado de municípios com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde que serão referência para a transferência de recursos entre os entes federativos (BRASIL, 2011b).

42

privados, segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

(CNES) do Ministério da Saúde (MS).

São unidades de saúde que desenvolvem ações de tratamento, recuperação

e promoção na saúde da população norte rio-grandense, através da intervenção dos

diversos profissionais que desempenham suas atribuições no intuito de cumprir com

o compromisso para com os usuários do SUS nos níveis de média e alta

complexidade.

Dentre as unidades hospitalares da Rede Estadual de Saúde na RMN

contam-se com: Hospital Dr. José Pedro Bezerra – Santa Catarina (Pronto-Socorro e

maternidade); Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (Geral e para demandas de

urgência e emergência); Hospital Dra. Giselda Trigueiro (Referência para doenças

infectocontagiosas); Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena (referência em

tratamento de traumato-ortopedia); Hospital Dr. João Machado (referência psiquiatria

e leitos de retaguarda em clínica médica); Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes

(referência em cuidados pediátricos); Hospital Regional Alfredo Mesquita Filho27-

Macaíba/RN (Hospital geral e obstetrícia); Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira dos

Santos (Programa de Atenção aos Diabéticos (PRAD) - alta complexidade, leitos de

retaguarda em Clínica médica) e o Hospital Central Coronel Pedro Germano28 – da

Polícia Militar (maternidade e pediátrico).

Nessas unidades são oferecidos serviços de saúde de urgência29 e de

emergência30, com exceção do Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira dos Santos e

Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes que oferecem serviços de referência

através de ‘Portas Fechadas’, onde as transferências/internamentos são realizadas

através de regulação referenciada para admissão de pacientes assim como são as

admissões de pacientes clínicos no HRPS e a partir de janeiro de 2013 no HJM.

Segue quadro 2, com a produção das internações em 2011 nas unidades

hospitalares da RMN, lócus da pesquisa. Estes registros foram informados no

sistema de informação do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

(CNES/MS) para título de faturamento para recebimento dos repasses financeiros

27 Interditado no início de 2012, devido às más condições de trabalho, problemas na estrutura física, deterioração dos equipamentos dentre outros problemas. 28 Destaca-se que apesar de não ser uma unidade hospitalar da Rede SESAP, sua estrutura de funcionamento (gêneros, insumos e recursos humanos) é mantida pela SESAP. 29 Ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo usuário necessita de assistência rápida. 30 Constatação de condições de agravo à saúde que implicam risco de morte ou sofrimento intenso,

43

aos serviços de saúde executados. Ressalta-se que as demandas dos usuários

internados são assistidos pela (o) assistente social, profissional que presta

orientações diversas conforme atribuições e competências vistas na seção três

dessa pesquisa retratando a sobrecarga de serviço no trabalho em saúde, não

sendo exclusivamente a esta categoria profissional.

Quadro 2 - Quantitativo de Internações nas Unidades Hospitalares da RMN/2011

Nome da unidade Total de

internações

Média

mensal

Hospital R. Deoclécio Marques de Lucena (HRDML) –

Parnamirim

4432 369

Hospital Alfredo Mesquita Filho (HAMF) – Macaíba 575 48

Hospital Dr. José Pedro Bezerra (HJPB) – Natal 8755 730

Hospital Maria Alice Fernandes (HMAF) – Natal 2841 237

Hospital Dra. Gizelda Trigueiro (HGT) – Natal 2576 215

Hospital Dr. João Machado (HJM) – Natal 2093 174

Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel/Pronto Socorro Clóvis

Sarinho (HMWG/PSCS) – Natal

10159 847

Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira dos Santos (HRPS) – Natal 1415 118

Hospital Coronel Pedro Germano – Natal 2177 181

Fonte: RN (2012b)

Os serviços de saúde nas unidades hospitalares são determinados de

acordo com os níveis de complexidade/ especialidade de referência e perfil para

atendimentos implementados conforme diretrizes do SUS através de um conjunto de

ações articuladas entre as diferentes formas de atenção à saúde (básica

ambulatorial e hospitalar). Ressaltamos que em torno de 90% destes atendimentos

requerem o trabalho da (o) assistente social no seu exercício profissional,

praticamente todos os pacientes atendidos no ambulatório do Pronto Socorro e/ou

internado são direcionados ao Serviço Social para demandar muitas atribuições que

na maioria das vezes não são de competência desta categoria profissional, de

acordo com as legislações regulamentadoras da profissão, embora historicamente

tais ações fossem demandadas aos assistentes sociais nos serviços de saúde.

lesões irreparáveis cujo portador necessita de atendimento imediato.

44

Uma das principais dificuldades, no âmbito estadual na saúde pública do

SUS, trata-se da não efetividade da programação pactuada de interiorização (PPI),

que devido à ausência de disponibilização dos serviços no âmbito municipal

ocasiona superlotação nas unidades hospitalares que oferecem o mínimo de

estrutura e assistência à saúde dos sujeitos demandantes dos serviços de saúde.

Estes, à medida em que não conseguem acesso aos serviços de saúde no seu

município de origem se deslocam aos grandes centros e para outros municípios,

principalmente para a capital, que possui oferecimento de serviços de saúde

adequados às principais necessidades imediatas da população brasileira.

No âmbito estadual, os serviços de alta complexidade de alta tecnologia e

custo elevado deveriam viabilizar o acesso à rede credenciada em cada área de

assistência especializada (cardiovascular; traumato-ortopedia; saúde auditiva e

nefrologia, dentre outras) qualificada de modo a integrar os outros níveis de atenção

à saúde (básica e de média complexidade) para se propiciar à população a

efetivação da política pública de saúde garantida constitucionalmente.

Assim, os serviços de saúde do SUS contam com uma estrutura

organizacional das instituições que requer um aparato de profissionais formados por

diversas categorias: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos,

psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, dentre outros que cotidianamente

executam atividades de diferentes demandas da saúde pública, que mesmo tendo

caráter universal, na operacionalização/implementação apresenta-se seletiva,

excludente e focalizada.

Outrossim, reconhecemos que

a natureza coletiva do processo de trabalho em saúde é perpassada por determinantes históricos, econômicos, culturais e políticos, como elementos constitutivos da totalidade. Na sociabilidade capitalista, o processo de trabalho em saúde tem como principais características: a fragmentação das ações profissionais; a imobilidade dos profissionais; a desarticulação entre as linhas de intervenção e dos sistemas de informação; e a burocratização. Há o predomínio do modelo assistencial centrado no ato médico, que decide sobre o diagnóstico; exames complementares; terapêutica; uso ou não dos vários equipamentos de ponta; bem como delega partes do trabalho assistencial a outros profissionais de saúde. (MENESES, 2010, p. 63).

Essa delegação, muitas vezes pode gerar implicações no processo saúde-

doença, em que a responsabilização personalizada considerada como uma

sobressolicitação mental e as condições de trabalho refletem condições que

45

emergem no contexto do trabalho e da saúde como um todo, a qual envolve

diversos determinantes e condicionantes correlacionados aos interesses do

capital/demandante dos serviços.

2.4 A FORMAÇÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE DO TRABALHADOR NO BRASIL

A Saúde do Trabalhador no Brasil surgiu enquanto uma prática social

instituinte, que se propõe a contribuir para a transformação da realidade de saúde

dos trabalhadores, e por extensão a da população como um todo, a partir da

compreensão dos processos de trabalho particulares, de forma articulada com o

consumo de bens e serviços e o conjunto de valores, crenças, ideias e

representações sociais próprios de um dado momento da história humana.

Em condições práticas, as ações de Saúde do Trabalhador apresentam

dimensões sociais, políticas e técnicas indissociáveis. Como consequência, esse

campo de atuação tem interfaces com o sistema produtivo e a geração de riqueza, a

formação e o preparo da força de trabalho, as questões ambientais e a seguridade

social. As ações de saúde do trabalhador estão ainda integradas às de saúde

ambiental, uma vez que os riscos gerados nos processos de trabalho podem afetar,

também, o meio ambiente e a população em geral.

Para Lacaz (1996), a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo

com a Constituição Federal de 1988 e as leis nº. 8.080/90 e nº. 8.142/9031 previram

a incorporação das ações em saúde dos trabalhadores como parte da Política social

de Saúde na perspectiva do direito à saúde.

Em 1998 destaca-se a portaria nº. 3.908 de 30 de outubro instituindo no

Ministério da Saúde a Norma Operacional de Saúde do Trabalhador (NOST) em que

se recomendava a criação de unidades especializadas de referência em saúde do

trabalhador. A Rede nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST)

principal estratégia do SUS fora um marco dessa recomendação, onde a criação de

uma rede nacional de informação e práticas de saúde organizada propunha a

implementação de ações assistenciais de vigilância e de promoção à saúde no SUS.

31 Desde essa época colocou-se em debate a necessidade de se implantar e implementar uma Política Nacional em Saúde do Trabalhador (PNST) que integrasse os vários ministérios afetos a essa problemática dentre eles, principalmente o Ministério da Saúde (MS), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Ministério da Previdência Social (MPS). (LACAZ, 2010, p.199)

46

Desta maneira, entre os determinantes da Saúde do Trabalhador encontram-

se os compreendidos como condicionantes macro estruturais vinculados aos

aspectos sociais, políticos, econômicos e tecnológicos, além daqueles inerentes aos

processos e ambientes de trabalho, tais como os fatores de riscos ocupacionais

(físicos, químicos, biológicos, mecânicos, ergonômicos) e aqueles decorrentes da

organização laboral. Portanto, as ações de Saúde do Trabalhador deveriam ter

como foco as mudanças nos processos de trabalho que contemplem as relações

saúde-trabalho-doença em toda sua complexidade, por meio de uma atuação

interdisciplinar, intersetorial e multiprofissional.

O objetivo da implantação do Centro de Referência em Saúde do

Trabalhador (CRST), desde 2002, fora ser polo irradiador como suporte técnico e

científico em saúde do trabalhador nas relações do processo de trabalho com a

saúde dos trabalhadores em todos os territórios. Entretanto, Lacaz, Machado e Porto

(2002), consideram que ele não se tornou unidade de retaguarda técnica e sim porta

e entrada para acolher trabalhadores vítimas de doenças e acidentes do trabalho no

sentido de tratá-los e reabilitá-los à reinserção no mercado de trabalho.

A 1ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador (I CNST) fora um marco

legal para a superação da vinculação aos conceitos de medicina do trabalho32 e ao

da saúde ocupacional33, diante do processo saúde-doença socialmente determinado

historicamente e biologicamente na relação trabalho e saúde.

Como forma de enfrentamento aos problemas advindos no/pelo trabalho, na

década de 1990, diversas portarias e leis foram criadas com o objetivo de garantir os

princípios básicos e a efetivação da Política Nacional em Saúde do Trabalhador34

(PNST).

32 Para Domingos e Pianta (2012), concepção baseada na unicausalidade, que reconhece que todo acidente ou doença tem uma única causa e cada causa determina um único acidente ou doença. Os acidentes são explicados como a resultante exclusiva da ação isolada do trabalhador, ato inseguro, e as doenças como resultantes específicas da atuação de agentes patogênicos específicos sobre o organismo do trabalhador através da Abordagem biologicista e individual; Centrada no conhecimento médico; Exposição a agentes externos e Relação causa-efeito. 33 Para Domingos e Pianta (2012), concepção baseada na multicausalidade, que reconhece a multiplicidade ou interação de vários agentes físicos, químicos, mecânicos e biológicos como causadores de acidentes e doenças. Valoriza os aspectos externos ao trabalhador, reproduzindo a forma tradicional da engenharia e da medicina de encarar os acidentes e as doenças, fenômenos de ordem técnica ou biológica centrados no indivíduo, e adotando medidas saneadoras sobre o ambiente de trabalho, higiene no trabalho através da Abordagem multicausal e interprofissional; Centrada nas relações técnicas do trabalho; Intervenção baseada na diminuição da frequência e no nível de exposição e da Relação risco versus doença. 34 Conforme Dias (1994) a Saúde do Trabalhador pode ser abordada a partir de três principais períodos históricos: O primeiro retrata dos anos 1978 a 1986, em que experiência italiana de

47

Nesse enfrentamento temos os protagonistas sociais e políticos envolvidos

na II Conferência Nacional de saúde do Trabalhador (II CNST, março de 1994) que

debateram e reafirmaram a responsabilidade do SUS frente aos acidentes de

trabalho. O relatório final da II CNST garantiu “[...] a unificação no SUS de todas as

ações de saúde do trabalhador”. Esta conferência também foi marcada pela disputa

quanto aos espaços de atuação entre os Ministérios do Trabalho e da Saúde.

Segundo Lourenço e Bertani (2007, p.122), na área da Saúde do

Trabalhador, a participação política de trabalhadores35 e demais sujeitos foi

responsável pelas definições dos elementos de incentivo, tanto econômicos como

ideológicos, do Ministério da Saúde (MS) para implantação concreta dessa área do

conhecimento e de intervenção, a qual passa a ter condições concretas de ser

efetivada a partir da publicação da Portaria 1.679 de 19 de setembro de 2002

(BRASIL, 2002a).

Esta portaria normatiza a “habilitação” e o convênio entre os municípios, o

Estado e o Ministério da Saúde (MS) para a implantação dos Centros de Referência

em Saúde do Trabalhador (CRST)36 em âmbito regional, reconhecendo que, nos

ambientes e processos de trabalho, há condições que favorecem agravos à saúde

“de quem trabalha” na perspectiva epidemiológica dos trabalhadores expostos à

insegurança no trabalho.

realização de eventos sobre a temática trabalho e saúde e pela criação dos Programas de Saúde do Trabalhador (PST) possibilitou uma aproximação do movimento sindical nesta temática. O segundo período (1987-1990) fora norteado pelos acontecimentos da construção da Carta Constituinte e da Lei Orgânica da Saúde, dando legitimidade e inclusão legal à saúde do trabalhador como atribuição da saúde pública e para implantação na rede de serviços de saúde. O terceiro momento corresponde ao da contradição entre o avanço legal do setor saúde do trabalhador e a adoção política do neoliberalismo com proposição inversa às garantias constitucionais para defesa do Estado mínimo frente às políticas sociais públicas. 35 O modelo da Saúde do Trabalhador foi construído a partir da intervenção direta dos trabalhadores nas questões que dizem respeito à sua saúde, no local de trabalho. [...] Cansados de terem seus direitos violados passaram a exigir das empresas e do governo a sua participação direta no controle da saúde e do risco nos locais de trabalho. O modelo de fiscalização do Estado através das Delegacias Regionais do Trabalho (DRT) do Ministério do Trabalho (MTb), passou a ser questionado, já que apenas reproduz o controle “técnico” dos riscos ambientais, sem prever a participação permanente dos trabalhadores nas decisões que dizem respeito à sua saúde. Viu-se também que estas intervenções “pontuais” e esporádicas do Estado não eram suficientes para garantir boas condições de trabalho e o fim das doenças e acidentes. 36 Através de uma rede de Centros de Referência e Saúde do Trabalhador (CRST) associado à rede de Atenção Básica (AB) e ao Programa Saúde da Família (PSF) hoje Estratégia da Saúde da Família (ESF). Essa rede fora a principal medida apontada na portaria 1.679 para organização das ações e serviços voltados à atenção da saúde dos trabalhadores.

48

Segundo a portaria supracitada, o pessoal que comporá as equipes dos

CRTS, deverá ser composto de 03 (três) profissionais de nível superior37 para o

CRST regional e 05 (cinco) do estadual, mediante pactuação na Comissão

Intergestores Bipartite (CIB) tendo parâmetro de carga horária mínima de 20horas

de acordo com cada tipo de CRTS.

A portaria nº. 2.437 de 07 de dezembro de 2005 dispusera sobre a

ampliação e fortalecimento da RENAST passando o CRST a ter a sigla de CEREST,

ainda como unidade especializada de retaguarda para as ações em Saúde do

Trabalhador. Assim a forma de atendimento definida pelo modelo de atenção da

RENAST e operacionalizada pelos CERESTs responsáveis pela rede de cuidado

segundo as vertentes: da atenção a agravos à saúde relacionada ao trabalho e

alocada em atenção básica, urgência, emergência, e média e alta complexidade

através da rede sentinela e a vertente da atuação em ambientes e situações de

trabalho geradoras de doenças através da Vigilância em Saúde englobando a

Vigilância Sanitária, Epidemiológica, ambiental e em Saúde do Trabalhador. Desse

modo, ampliaria e fortaleceria a intrassetorialidade de forma articulada entre o

Ministério da Saúde, as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos

municípios, a fim da adequação e ampliação da rede de Centros de Referência em

Saúde do Trabalhador (CERESTs) e da inclusão das ações de saúde do trabalhador

na atenção básica.

O agravamento dos problemas de saúde relacionados ao trabalho é

importante indicador para avaliar os efeitos do processo de reestruturação produtiva

para os trabalhadores. As mudanças no universo da produção e do trabalho

agravadas pelas condições de trabalho e pela quase impossibilidade de fiscalização

nos ambientes de trabalho resultou em agravos físicos e psíquicos à saúde dos

trabalhadores.

Logo, identifica-se um amplo espaço de intervenção do trabalho do

assistente social na área da saúde na atribuição de esclarecimento, na

37 Pelo menos dois médicos e um enfermeiro com formação em saúde do Trabalhador. Para a equipe do CRST estadual, está previsto 05 (cinco) profissionais de nível superior, sendo dois médicos, e um enfermeiro e mais 03 (três) profissionais de nível médio, sendo um auxiliar de enfermagem. Dentre os profissionais de nível superior com formação em saúde do trabalhador que podem compor as equipes dos estão os médicos generalistas, médico do trabalho, médicos sanitaristas, engenheiro, enfermeiro, psicólogo, assistente social, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, sociólogos, ecólogos, biólogo, terapeuta ocupacional e advogado (BRASIL, 2002a).

49

democratização de informações, dados e pesquisas sobre as condições de trabalho,

as doenças, controle de riscos e determinantes sociais e ambientais.

Compete a assistentes sociais no campo da Saúde do Trabalhador no que

diz respeito ao SUS:

I- Participar da assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho;

II- Participar em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais a saúde existentes no processo de trabalho;

III- Tornar público os agravos que as tecnologias provocam a saúde; IV- Informar ao trabalhador e a sua respectiva entidade sindical e as

empresas, a partir de estudos dos usuários atendidos, sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho;

V- Tornar publico a ausência/deficiência de fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;

VI- Participar da comunicação as instancias competentes sobre doenças originadas no processo de trabalho, buscando a colaboração das entidades sindicais;

VII- Publicizar dados que indiquem a necessidade de interdição de maquina, de setor de serviço ou de todo o ambiente de trabalho, que signifiquem exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores. (VASCONCELOS, 2007, p.262-263 apud OLIVEIRA, 2009).

Contudo, para intervenção profissional se faz necessário saber que a Lei

Orgânica da Saúde de 1990 delegou ao SUS a revisão periódica da listagem oficial

de doenças originadas no processo de trabalho a partir da Lista de Doenças

Relacionadas ao Trabalho, revista anualmente possibilitando ainda, a inclusão de

novas doenças, assim como a inclusão por parte do Ministério da Previdência e

Assistência Social, da regulamentação do conceito de Doença Profissional e de

Doença Adquirida pelas condições em que o trabalho é realizado (BRASIL, 2001b),

sendo ainda utilizada a expressão acidentes de trabalho para ser referido às

doenças ocasionadas pelo e no trabalho.

De acordo com Bravo (2000, p. 113), “a política de saúde tem sua

consolidação articulada a dois projetos societários em direções opostas”. O primeiro,

a Reforma Sanitária - projeto contra-hegemônico e democrático - em busca da

ampliação dos direitos sociais. O outro projeto privatista - hegemônico neoliberal -

pautado na política de ajuste neoliberal com caráter focalizado para atender às

populações vulneráveis através do pacote básico para a saúde, ampliação da

privatização, estímulo ao seguro privado, descentralização dos serviços em nível

local, eliminação da vinculação de fonte com relação ao financiamento.

50

Nessa construção histórica da saúde no Brasil, a implantação da atenção à

saúde do trabalhador no SUS foi marcada pelo caos do Sistema de Saúde, no

embate entre propostas antagônicas construídas, uma na perspectiva do projeto da

Reforma Sanitária e outra do projeto neoliberal; pelas disputas corporativas e pela

ausência de mecanismos claros e efetivos de financiamento para as ações no SUS.

Portanto, a apreensão das contraditórias implicações das condições de

trabalho na saúde (processo saúde-doença) das (os) assistentes sociais na Região

Metropolitana de Natal (RMN), sujeitos dessa pesquisa38, se faz necessário para

analisarmos aspectos que podem influenciar no processo de adoecimento

ocasionado a partir das condições de trabalho nos serviços de saúde pública.

Como exemplo, tem-se a falta e/ou perda do adicional de insalubridade,

condição objetiva inserida na condição econômica que retrata o direito do

trabalhador em ambientes que ocasionam algum dano a sua saúde dentre as perdas

de direitos que refletem complexas relações de interesses na dinâmica do capital na

contemporaneidade diante dos investimentos na Atenção à Saúde do Trabalhador

não se limitando apenas ao financiamento dos Cerest’s.

2.5 A POLÍTICA DE SAÚDE DO TRABALHADOR NO RN

A política de Saúde do Trabalhador no RN é implementada pelo CEREST39

que é unidade especializada de retaguarda para ações de Saúde do Trabalhador no

SUS de assistência à rede de cuidados, subsidiando a formulação de políticas

públicas. Oferece, ainda, subsídio técnico para o SUS nas ações de promoção,

prevenção, vigilância, diagnóstico, tratamento e reabilitação em Saúde dos

Trabalhadores tanto urbanos e rurais.

Para a Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP) do RN a Saúde do

Trabalhador é uma área da Saúde Pública, tendo como objeto de estudo e

intervenção das relações entre o trabalho e a saúde dos trabalhadores do SUS no

RN. Seus objetivos prioritários são a promoção e a proteção do trabalhador,

traduzidas nas ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições

de trabalho, bem como a vigilância dos agravos (acidentes e doenças) decorrentes.

Preocupa-se também com a organização e prestação dos serviços assistenciais aos

38 Nesse estudo não foram abordados índices dos acidentes de trabalho. 39 Instituído na portaria nº. 2.437 de 07 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005c).

51

trabalhadores40 vitimados com agravos decorrentes do trabalho, compreendendo

procedimentos de diagnóstico, tratamento, notificação e reabilitação de forma

integrada e regionalizada no SUS.

Nessa perspectiva segundo a portaria nº. 2.728/09-MS para que as

Secretarias de Saúde Estaduais e do Distrito Federal definissem diretrizes,

regulassem e pactuassem ações de Saúde do Trabalhador no seu âmbito respectivo

e, quando necessário, atuar de forma integrada ou complementar aos Municípios e

aos serviços de referências regionais, na qualidade de instância gestora, técnica e

política da área de saúde do Trabalhador na região, com as seguintes

competências:

I - Elaborar a Política de Saúde do Trabalhador, definir o financiamento, pactuar na CIB e submeter à aprovação do Conselho e Saúde, em seu âmbito respectivo; II - Conduzir as negociações nas instâncias do SUS no sentido de inserir as ações e indicadores de Saúde do Trabalhador no Plano de Saúde e na Programação Anual de Saúde, bem como seu financiamento no seu âmbito respectivo; III - Contribuir na elaboração de projetos de lei e normas técnicas pertinentes à área, com outros atores sociais como entidades representativas dos trabalhadores, universidades e organizações não governamentais; IV - Inserir as ações de Saúde do Trabalhador na Atenção Básica, Urgência/Emergência e Rede Hospitalar, por meio da definição de protocolos, estabelecimento de linhas de cuidado e outros instrumentos que favoreçam a integralidade; V - Executar ações de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental voltadas à Saúde do Trabalhador no seu âmbito respectivo; VI - Implementar as ações de atenção de média e alta complexidade, definidas em conjunto com a CIB; VII - Assessorar os CERESTs, os serviços e as instâncias regionais e municipais na realização de ações de Saúde do Trabalhador, no seu âmbito respectivo; VIII - Definir e executar projetos especiais em questões de interesse próprio com repercussão local, em conjunto com as equipes municipais, quando e onde couber; IX - Realizar estudos e pesquisas definidos a partir de critérios de

40 São considerados trabalhadores todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de trabalho, nos setores formais ou informais da economia. Estão incluídos nesse grupo os indivíduos que trabalharam ou trabalham como empregados assalariados, trabalhadores domésticos, trabalhadores avulsos, agrícolas, autônomos, públicos, cooperativados e empregadores – particularmente, os proprietários de micro e pequenas unidades de produção. São também considerados trabalhadores aqueles que exercem atividades não remuneradas – habitualmente em ajuda a membro da unidade domiciliar que tem uma atividade econômica, os aprendizes e estagiários e aqueles, temporária ou definitivamente, afastados do mercado de trabalho por motivo de doença, aposentadoria ou desemprego. (RN, 2012b, p.1).

52

prioridade, considerando a aplicação estratégica dos recursos e conforme a demanda social; X - Articular e capacitar, em parceria com os Municípios e com os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, os profissionais de saúde do SUS, em especial as equipes dos centros regionais, da atenção básica e de outras vigilâncias e manter a educação continuada e a supervisão em serviço, respeitadas as diretrizes para implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde; XI - Implementar estratégias de comunicação e de educação permanente em saúde dirigidas à sociedade em geral, aos trabalhadores e a seus representantes, aos profissionais de saúde e às autoridades públicas; XII - Estabelecer e definir fluxo de trabalho integrado com a rede de serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, incluindo, entre outros, exames radiológicos, de anatomia patológica, de patologia clínica, de toxicologia e retaguarda de reabilitação; XIII - Estabelecer e definir fluxo de trabalho integrado com a rede de laboratórios de análises para avaliações de amostras de contaminantes ambientais e produtos de interesse à Saúde do Trabalhador; XIV - Pactuar na CIB a Rede Sentinela e os Municípios Sentinela em Saúde do Trabalhador no seu âmbito respectivo; XV - Propor as linhas de cuidado para todos os agravos de notificação compulsória dispostos na Portaria nº. 777/GM, de 28 de abril de 2004, a ser seguidas para a atenção integral dos trabalhadores usuários do SUS, a ser aprovada pela CIB; XVI - Propor os fluxos de referência e contra-referência de cada linha de cuidado de atenção integral à Saúde do Trabalhador, a ser aprovado na CIB; XVII - Propor normas relativas a diagnóstico, tratamento e reabilitação de pacientes portadores de agravos à saúde decorrentes do trabalho, a ser aprovada na CIB; e XVIII - Participar nas instâncias de definições políticas de desenvolvimento econômico e social junto às demais Secretarias do Estado e Distrito Federal. (BRASIL, 2009a).

No Rio Grande do Norte existem três CEREST regionais, responsáveis,

dentre outras, pelas seguintes atribuições: atuar como agentes facilitadores na

descentralização das ações de saúde do trabalhador; capacitar a rede de serviços

de saúde do trabalhador a nível local e regional; ser referência técnica para as

investigações de maior complexidade, em conjunto com técnicos do CEREST

estadual; estabelecer os fluxos de referência e contra-referência com

encaminhamentos para níveis de complexidade referenciada; desenvolver práticas

de aplicação e de treinamento regional para a utilização dos protocolos em saúde do

trabalhador, visando à consolidação dos CEREST como referências de diagnóstico e

de estabelecimento da relação entre o quadro clínico e o trabalho; efetuar o registro,

a notificação e os relatórios sobre os casos atendidos e o encaminhamento dessas

53

informações aos órgãos competentes, visando às ações de vigilância e proteção à

saúde; desenvolver ações de promoção à saúde do trabalhador; participar de

treinamento e da capacitação de profissionais relacionados com o desenvolvimento

de ações no campo da saúde do trabalhador, em todos os níveis de atenção.

Desta maneira, o Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador

(CEREST) constitui um polo irradiador da cultura especializada, subentendida na

relação processo de trabalho x processo saúde/doença, assumindo a função de

suporte técnico e científico deste campo do conhecimento. Suas ações devem estar

articuladas aos demais serviços da rede SUS, orientando-os e fornecendo

retaguarda às suas práticas, de forma que os agravos à saúde relacionados ao

trabalho possam ser atendidos em todos os níveis de atenção do SUS, de forma

integral e hierarquizada.

O CEREST assume, ainda, a função de monitoramento e avaliação da rede

de serviços sentinela para a saúde do trabalhador no Estado; implementação de

práticas conjuntas de intervenção intersetorial, incluindo a vigilância dos ambientes,

processo e organização do trabalho; capacitação de recursos humanos;

desenvolvimento de estudos e pesquisas na área de saúde e meio ambiente do

trabalho; monitoramento e avaliação dos CEREST Regionais; além de exercer um

importante papel na organização e estruturação da assistência de média e alta

complexidade do Estado.

Há 03 (três) tipos de habilitação para implantação dos CEREST’s no RN: o

de abrangência estadual, regional e municipal (BRASIL, 2009a). O Centro de

Referência em Saúde do Trabalhador Estadual foi habilitado pela Portaria n°.

135/GM/MS, em 2004. No mesmo ano, foi habilitado pela Portaria n°. 455/GS/MS, o

CEREST da Regional Metropolitana, sediado em Natal e sob a gestão da Secretaria

Municipal de Saúde, o qual abrange 05 municípios. Em 2006, foram habilitados pela

Portaria N° 653/GS/MS os CEREST’s das Regionais de Mossoró, que abrange 27

municípios, e Caicó, que abrange 25 municípios.

Em 22 de outubro de 2007, através da Portaria nº. 306/GS foi instituída a

Rede Sentinela no estado do Rio Grande do Norte, que é composta por unidades de

saúde, incluindo serviços de Pronto Atendimento, Centro de Apoio Psicossocial

(CAPS), CEREST Regional, Hospital Psiquiátrico e demais unidades com serviços

especializados, cuja responsabilidade é diagnosticar, notificar e tratar casos

54

confirmados de doenças e/ou acidentes relacionados ao trabalho. A rede sentinela

atualmente é composta por 51 unidades.

Atualmente destaca-se o desafio quanto às notificações, uma vez que

muitos casos são subnotificados não correspondendo à realidade, devido a alguns

motivos, dentre eles a questão do registro e informação através de atestados

médicos (ATM) os quais dependendo do número de dias pode implicar no desconto

de produtividade que complementa os rendimentos dos profissionais da saúde,

dentre eles a (o) assistente social.

Como notificar, por exemplo, o stress causado no cotidiano profissional na

saúde pública no Brasil? Vimos o acréscimo dos agravos à saúde dos trabalhadores

e principalmente nos últimos anos no RN não diferindo do resto do país, embora

haja o discurso da prioridade de governo, mas na realidade não seja o investimento

prioritário do governo.

O CEREST estadual atua segundo o princípio da desconcentração de ações

que são desenvolvidas pelas unidades regionais de saúde (URSAP), sediadas nos

municípios de São José do Mipibú, Mossoró, João Câmara, Caicó, Santa Cruz e Pau

dos Ferros. Os técnicos responsáveis atuam em unidades especializadas

denominadas Núcleos Regionais de Saúde do Trabalhador (NURSAT), cuja missão

é desenvolver as ações de Saúde do Trabalhador na região. Contudo, a atuação de

ações efetivas que promovam a saúde dos trabalhadores da saúde, ainda se mostra

ínfima, apenas no plano da implantação da estrutura no nível estadual e municipal,

sem efetivação da promoção da saúde e sim de forma a evidenciar a necessidade

da prevenção, promoção e recuperação dos agravos a saúde dos trabalhadores do

RN, principalmente àqueles expostos a agrotóxicos entre outros danos à saúde.

2.5.1 A atenção ao Trabalhador da Saúde no RN

Os Núcleos de Saúde do Trabalhador (NURSAT) são unidades de serviço

instaladas nas Unidades Regionais de Saúde Pública (URSAP), compostos por

profissionais de saúde de nível médio e superior, cuja missão constitui-se numa

extensão técnica e operacional do CEREST estadual, para o fortalecimento e

consolidação da Política de Saúde do Trabalhador na região, contribuindo para a

regionalização da Saúde do Trabalhador.

No Rio Grande do Norte existem 06

funcionamento nas Unidades Regionais de

municípios de São José de

(III NURSAT), Caicó (IV NURSAT), Santa Cruz (V NURSAT) e Pau dos Ferros (VI

NURSAT).

A rede sentinela

unidades sentinelas) que notificam e, quando confirmados, investigam os casos de

doenças e/ou acidentes relacion

servirão de base para que de imediato solicite

medidas necessárias que assegurem a proteção dos trabalhadores.

A rede sentinela, no estado do Rio Grande do Norte, é composta por

unidades de saúde presentes nos

figura a seguir:

Figura 2

Fonte: RN (2012

Entendemos que a intervenção da rede sentinela

de maneira pontual. Por exemplo, a questão da investigação sobre o uso dos

Equipamentos de Proteção Individual (EPI), os quais são desrespeitados na maioria

dos campos de trabalho como nos serviços de saúde.

41 Composta de unidade se saúde com Hospital Psiquiátrico e demais unidades com serviços especializados.

No Rio Grande do Norte existem 06 (seis) NURSATs, eles estão em pleno

funcionamento nas Unidades Regionais de Saúde Pública (URSAP

São José de Mipibú (I NURSAT), Mossoró (II NURSAT), João Câmara

NURSAT), Caicó (IV NURSAT), Santa Cruz (V NURSAT) e Pau dos Ferros (VI

A rede sentinela41 é composta por unidades de saúde (chamadas de

unidades sentinelas) que notificam e, quando confirmados, investigam os casos de

doenças e/ou acidentes relacionados ao trabalho. As ocorrências identificadas

servirão de base para que de imediato solicitem-se a empresa

medidas necessárias que assegurem a proteção dos trabalhadores.

A rede sentinela, no estado do Rio Grande do Norte, é composta por

presentes nos municípios que compõem ess

2 – Mapa dos municípios do RN com Rede Sentinela

(2012b)

Entendemos que a intervenção da rede sentinela na maioria dos

or exemplo, a questão da investigação sobre o uso dos

Equipamentos de Proteção Individual (EPI), os quais são desrespeitados na maioria

dos campos de trabalho como nos serviços de saúde.

e se saúde com serviços de Pronto Atendimento, CAPS, CEREST Regional,

Hospital Psiquiátrico e demais unidades com serviços especializados.

55

, eles estão em pleno

URSAP) localizadas nos

Mipibú (I NURSAT), Mossoró (II NURSAT), João Câmara

NURSAT), Caicó (IV NURSAT), Santa Cruz (V NURSAT) e Pau dos Ferros (VI

é composta por unidades de saúde (chamadas de

unidades sentinelas) que notificam e, quando confirmados, investigam os casos de

ados ao trabalho. As ocorrências identificadas

a empresa/serviço público

medidas necessárias que assegurem a proteção dos trabalhadores.

A rede sentinela, no estado do Rio Grande do Norte, é composta por 54

essa rede conforme

Mapa dos municípios do RN com Rede Sentinela

na maioria dos casos se dá

or exemplo, a questão da investigação sobre o uso dos

Equipamentos de Proteção Individual (EPI), os quais são desrespeitados na maioria

serviços de Pronto Atendimento, CAPS, CEREST Regional,

56

O Núcleo de Assistência ao Servidor (NASSE) vinculado a Coordenadoria de

Recursos Humanos (CRH) da SESAP, tem como atribuição o recebimento das

queixas42 sobre transtornos mentais ocasionados aos trabalhadores. Esse serviço

vem implementando, desde 2010, projetos com ações voltadas à qualidade de vida

dos trabalhadores do nível Central da SESAP, numa perspectiva de proposta à

melhoria da saúde desses trabalhadores.

Embora entenda-se que essas ações podem refletir momentaneamente nas

questões relativas às tensões e a comemorações de datas festivas, contudo não

interferem nas reais condições de trabalho dos trabalhadores da saúde, onde

verificam-se sucateamento de equipamentos, problemas na infraestrutura,

intensificação do trabalho entre outros aspectos que deveriam ser levados em

consideração diante dos transtornos ocasionados no e pelo trabalho na saúde.

Ressaltamos que as atividades desenvolvidas para a qualidade de vida no

trabalho são importantes para descontração diante da complexidade das demandas

existentes dos usuários do SUS na SESAP, mas não interferem nos determinantes

objetivos do desgaste físico e mental dos trabalhadores. Ressaltamos que na

maioria dos profissionais contemplados nessas atividades assistenciais encontram-

se os profissionais terceirizados, os quais vivenciam o mais alto grau de exploração

no trabalho no serviço público de saúde do RN.

Sabe-se ainda, que os recursos destinados a investimentos nas ações da

Política de Saúde do Trabalhador são insuficientes, pois são recursos destinados

apenas ao custeio para o funcionamento dos CERESTs e para capacitações.

Fica o questionamento de como garantirem-se condições adequadas de

trabalho no RN? O valor repassado ao RN no ano de 2011 (R$ 480.000,00) não dá

conta de todas as demandas dos trabalhadores da saúde no RN. Igualmente,

destaca-se que ações e serviços pontuais43 não resolvem as contradições inerentes

42 Não foi possível obter dados para levantamento das queixas das (os) assistentes sociais. 43 Dentre essas ações pontuais, encontra-se a ação judicial (0804247-39.212.8.20.1000) por danos morais coletivos, impetrada pelo Sindicato dos Médicos do Estado do Rio Grande do Norte – SINMED, contra o Estado. Onde a petição de indenização por danos morais foi motivada devido às condições de trabalho e de atendimento nas unidades de saúde, como também, a questão do desrespeito ao direito relacionado às férias e licenças as quais estão sendo violados a partir da justificativa do Decreto de Calamidade na Saúde Pública do RN. Nesta ação, fora pedido que o direito conquistado pelo trabalhador não seja violado pela questão da situação caótica que se encontra a saúde pública no RN, uma vez que não se considera que essa medida adotada (Decreto nº. 22.844 de 4 de julho de 2012) não irá resolver os problemas de ingerência e insuficiência de recursos necessários a prestação dos serviços de maneira digna para os trabalhadores executarem suas funções junto a população demandante dos serviços públicos de saúde no SUS. Destacarmos

57

ao sistema capitalista. Ressalta-se a importância da atuação do CEREST estadual

nos termos de cooperação firmados, contudo, questionamos a atuação do CEREST

diante do Decreto de Calamidade pública no RN em 2012, diante das reais

condições de trabalho dos trabalhadores da saúde nas diversas unidades

hospitalares do RN em que existe sucateamento, problemas de infraestrutura, não

reposição dos servidores que estão se aposentando, entre outros problemas

identificados na saúde pública do RN, o que não difere muito no âmbito municipal,

onde a gestão opta por contratações de empresas terceirizadas afirmando que as

Organizações Sociais (OS) tem condições de prestar um serviço de melhor

qualidade do que o ofertado no serviço púbico através de servidores públicos

efetivos de carreira. Aqui se encontra a desvalorização do trabalho permeando as

explorações e contradições inerentes ao processo saúde-doença dos trabalhadores

na vida cotidiana no serviço público de saúde no RN.

As condições de trabalho e de funcionamento/atendimentos da saúde

pública no RN estão muito precarizadas, faltam materiais, medicamentos, insumos e

estrutura física que comporte toda a demanda dos usuários do SUS na atualidade.

Presenciam-se gestões que transferem suas responsabilidades ocasionando

superlotações nas unidades hospitalares do Estado na RMN, uma vez que se os

serviços fossem implementados regionalmente como previsto nas normativas legais

balizadas pelos ideais sanitaristas da descentralização da gestão e de recursos

poderiam viabilizar uma atenção em saúde mais justa, igualitária e universal.

Investir e normatizar os Núcleos de Atenção à Saúde do Trabalhador

(NAST), se faz necessário no RN, pois as intervenções em algumas unidades

hospitalares são importantes esforços para proteção da saúde dos trabalhadores da

que se trata de uma ação para uma única categoria (corporativista) que tem uma instituição de representação forte, o que não ocorre para a totalidade das outras categorias profissionais de saúde. Outro exemplo de ação pontual vivenciado no RN é o Termo de Cooperação Técnica assinado em agosto de 2012 entre a SESAP e o Ministério Público do Trabalho - MPT/RN, numa aproximação institucional para com atenção aos agravos à saúde de crianças e adolescentes, decorrentes de situação de trabalho. Tem por objetivo a proteção, preservação e recuperação da integridade física e mental da saúde de crianças e adolescentes em situação de trabalho, direitos garantidos pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e Adolescente - ECA. Portanto, esse Termo de Cooperação Técnica visa trazer maior agilidade e efetividade às ações, através do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), que assume a função de suporte técnico e científico deste campo do conhecimento, tratando o processo de trabalho como uma relação entre os processos da saúde e da doença. Para tanto, CEREST assume o compromisso de enviar trimestralmente ao MPT/RN, informações e documentos obtidos em fiscalizações e apurações administrativas e caberá ao MPT/RN, adotar, em conjunto ou separadamente, providências cabíveis para o afastamento de crianças e adolescentes das situações de trabalho proibido.

58

saúde podendo se estender ao âmbito da SESAP/RN, uma vez normatizado,

protocolado como atividade de promoção à saúde do trabalhador.

Embora a intervenção das equipes dos NAST’s seja apenas em alguns

hospitais da rede estadual, através de ações preventivas e assistenciais, resultado

da ‘boa vontade e interesse’ de alguns gestores, existem as dificuldades postas

quanto a falta de recursos destinados às atividade e para a composição de equipe

com dedicação exclusiva a fim de viabilizar a implementação das diretrizes da

Política de Saúde do Trabalhador no âmbito estadual, de forma institucionalizada,

realizando atividades direcionadas à prevenção e assistência ao Trabalhador da

Saúde nestas unidades.

Essas ações podem ser consideradas como projeto piloto a ser ampliado a

toda rede hospitalar no Estado como enfrentamento à questão das condições

objetivas e subjetivas de trabalho nos serviços de saúde, através de ações que

efetivem a Política de Saúde do Trabalhador no RN procurando avançar para além

das normativas legais apesar das transformações no mundo do trabalho

contemporâneo.

59

3 O TRABALHO DA (O) ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE PÚBL ICA DA REGIÃO

METROPOLITANA DE NATAL

Esta seção mostra a apreensão de como se configura o exercício

profissional do assistente social no contexto do trabalho em saúde, no RN.

Apresenta-se uma breve historicidade da profissão de Serviço Social com

atuação profissional no âmbito hospitalar com a devida motivação da análise crítica

da intervenção profissional identificando o perfil socioeconômico das (os) assistentes

sociais que atuam nos hospitais da SESAP na RMN. Analisam-se as atribuições e

condições objetivas e subjetivas de trabalho desse profissional para apreensão das

especificidades do trabalho das (os) assistentes sociais da SESAP nas unidades

hospitalares da RMN.

3.1 SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE: DA GÊNESE AOS DIAS ATUAIS

O ponto de partida para as reflexões aqui desenvolvidas é apreender como

se caracteriza o trabalho das (os) assistentes sociais que atuam nos hospitais da

Rede Estadual na RMN. Para chegar a essa caracterização, precisa retomar

elementos que apresentam a emergência da profissão nesse campo. Nesse

contexto, Lessa (2003, p. 66) ressalta

que o Serviço Social emergiu como profissão paramédica (subsidiária da ação médica) na divisão sociotécnica do trabalho em saúde, num contexto de ascensão do saber clínico e hospitalar contemporâneo, destacando que o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) foi a primeira instituição de saúde a incorporar o trabalho dos assistentes sociais em 1943.

Nessa época, de acordo com Iamamoto (2003), no campo do Serviço Social

‘médico’, as iniciativas dos assistentes sociais eram ligadas à puericultura e à

profilaxia de doenças transmissíveis e hereditárias. Portanto, a atuação se dava a

partir de triagens, elaboração de fichas pessoais, distribuição de auxílios financeiros,

conciliação de acesso dos pacientes, vistos como clientes, aos tratamentos e

cuidados quanto aos aspectos psicológicos e emocionais, assim como atuavam na

adequação de comportamentos dos seus clientes44 às normas e rotinas

44 Hoje definidos como usuários com direitos sociais.

60

institucionais a fim de garantirem os objetivos da classe dominante a partir do

processo de produção capitalista. Desse modo, a função do assistente social de

auxiliar o médico e suas atribuições eram determinadas por esse profissional, função

subalterna desde os primórdios devido a utilidade social da profissão.

Somente no final do ano de 1960, a partir da criação do Instituto Nacional da

Previdência Social (INPS) que se deu com mais intensidade, no Brasil, a abertura do

campo de trabalho na área da saúde para além da ação coercitiva e assistencialista

do profissional de Serviço Social.

A partir de então, segundo Iamamoto (1982), é institucionalizada a profissão,

sendo o Estado o maior empregador, passando o assistente social a trabalhar no

desenvolvimento das Políticas Sociais implantadas pelo governo, como um

profissional assalariado, condição assalariada que envolve parâmetros institucionais

e trabalhistas, os quais regulam as relações de trabalho consubstanciadas nos

contratos de trabalho (jornada, salário, controle do trabalho, índices de produtividade

e metas a serem cumpridas).

Com a Constituição Federal de 1988, na qual a saúde passa a ser um direito

de todos e dever do Estado, houve ampliação de postos de trabalho para os

assistentes sociais nos serviços de saúde dentre outros da Seguridade Social do

Brasil.

Lessa (2003) destaca que esse avanço no campo da Política de Saúde

trouxe algumas mudanças para a profissão do Serviço Social, dentre elas as três

dimensões seguintes: as alterações do mundo do trabalho, as novas demandas que

foram postas ao assistente social e a identificação da direção das respostas para

essas demandas. Diante disso, surge para esses profissionais a necessidade de um

novo posicionamento, um novo modo de realizar suas ações.

As exigências atuais da interlocução com os sujeitos participantes das

relações sociais, econômicas e políticas descrevem o que Vasconcelos (2006),

afirma ser o Serviço Social: indispensável à dinâmica institucional, que precisa de

‘tranquilidade’ no seu cotidiano, o que exige ‘abafar’ os conflitos, dando uma

aparência de calma e normalidade ao andamento da ação médica. A equipe médica

requisita medicamentos e exames necessários ao tratamento, sem ter a

preocupação se o paciente tem ou não a condição financeira de prosseguimento ao

tratamento, ou mesmo quer saber as condições sociais e econômicas para aquisição

destes medicamentos e serviços através de recursos próprios.

61

Para o profissional do Serviço Social cabe a responsabilidade de intervir nas

situações, dando respostas e encaminhamentos que poderão propiciar o tratamento

e suas mediações. Especificidade do trabalho dos assistentes sociais que na sua

cotidianidade se vê em meio às alienações frente aos confrontos entre possíveis e

impossíveis, ou seja, poder que coisifica as relações entre as pessoas.

A partir de 199945 o assistente social (Artigo 2º.) é considerado profissional

da saúde, sendo qualificado com competência técnica, teórico-metodológica, para

intervir nas diferentes dimensões da questão social, no âmbito das Políticas Sociais

presentes nos espaços sócio-ocupacionais do serviço público de saúde.

Essa normativa regulariza a intervenção do assistente social junto às

questões socioculturais e econômicos na prestação de serviços nos níveis de

promoção, proteção e/ou recuperação da saúde. Embora, contribua para o

atendimento às demandas imediatas da população, democratiza o acesso às

informações e ações educativas para que a saúde possa ser percebida como

produto das condições gerais de vida e da dinâmica das relações sociais,

econômicas e políticas do País.

O amadurecimento da trajetória46 da profissão47 na área da saúde pode ser

vislumbrado a partir da resolução CFESS em março de 2009, ao estabelecer

atribuições do profissional de Serviço Social e nos parâmetros de atuação do

assistente social na saúde voltado à direção dos projetos da Reforma Sanitária e do

Ético-Político do Serviço Social, no intuito do fortalecimento do trabalho dos (as)

assistentes sociais na saúde, imprimindo maior qualidade ao atendimento prestado à

população usuária dos serviços de saúde em todo o Brasil.

Apesar desta regulamentação a conjuntura política e econômica está a favor

da recomposição do ciclo de reprodução do capital, determinando mudanças no

45 A Resolução n.º 383 de 29/03/1999 do CFESS/CRESS, que considerando a resolução do Conselho Nacional de Saúde - CNS nº 218 de 06 de março de 1997, caracterizou o assistente social como profissional de saúde (Art.1º) para atuar no âmbito das Políticas Sociais. (CFESS, 1999). 46 Sobre a trajetória intelectual ver Anexo C. 47 O encontro com a teoria marxista permitiu a profissão a compreensão do seu sentido e o lugar que esta ocupa no conjunto das contradições capitalistas. A incorporação desta orienta a construção do Projeto Ético Político da profissão que se expressa na formação da (o) assistente social através de um novo currículo, permitindo assim, um direcionamento na sua formação para uma visão crítico-dialética, a partir da qual, pode-se avançar de práticas assistencialistas a respostas efetivas através das Políticas Sociais, as quais são estratégias do sistema capitalista para responder as expressões da Questão Social. Desta forma os assistentes sociais contam ainda, com legislações que balizam o fazer profissional, dentre elas, o Código de Ética Profissional e a Lei de Regulamentação da Profissão (Lei nº. 8662/93) que norteiam a prática deste profissional possibilitando-a ser mais politizada.

62

mundo do trabalho provocando impactos nas práticas sociais que intervém no

processo de reprodução material e espiritual da força de trabalho.

Desse forma, tais impactos são vistos no trabalho do assistente social em

diversas dimensões: nas condições de trabalho, na formação profissional, nas

influências teóricas, na ampliação da demanda e na relação com os demais

profissionais e movimentos sociais. Amplia-se o trabalho precarizado e os

profissionais são chamados a “amenizar” a situação da pobreza absoluta a que a

classe trabalhadora é submetida, da qual o profissional de Serviço Social também é

participante.

Assim, faz-se necessário elucidar o exercício profissional nas particulares

condições e relações de trabalho em que se inscreve, reconhecendo tanto suas

características enquanto trabalho útil48 ou concreto, quanto a sua dimensão do

trabalho humano abstrato49.

Exercício profissional realizado pela mediação do trabalho assalariado que

tem no Estado (serviço público) e nos seus organismos privados os pilares de maior

sustentação dos espaços ocupacionais desse profissional. Trabalho que na maioria

das instituições hospitalares da RMN não são exercidos de acordo com as

condições éticas e técnicas do exercício profissional do assistente social

estabelecidos na Resolução CFESS nº. 493/2006, de 21 de agosto de 2006.

Essa Resolução determina que o local de atendimento destinado ao

assistente social deve ser dotado de espaço suficiente, para abordagens individuais

ou coletivas, conforme as características dos serviços prestados, e deve possuir e

garantir as seguintes características físicas: iluminação adequada ao trabalho diurno

e noturno, conforme a organização institucional; recursos que garantam a

privacidade do usuário naquilo que for revelado durante o processo de intervenção

profissional; ventilação adequada a atendimentos breves ou demorados e com

portas fechadas; espaço adequado para colocação de arquivos para a adequada

guarda de material técnico de caráter reservado (Art. 2º).

Ao analisar a refração da reestruturação produtiva para a classe

trabalhadora Mota e Amaral (2008) destacam seus rebatimentos também para a (o)

48 O trabalho como criador de valores de uso, características dos processos de trabalho. 49Trabalho abstrato é o trabalho humano na sua dimensão QUANTITATIVA que leva em conta o tempo de trabalho realizado e se abstrai dele sua utilidade, qualidade e heterogeneidade. É a quantidade de trabalho existente na mercadoria, que possibilita que se troque por outra mercadoria que contem outro trabalho humano indiferenciado, homogêneo, igualado somente pela quantidade.

63

assistente social, enquanto trabalhador assalariado, inserido na divisão sócio-técnica

do trabalho, dispondo de sua força de trabalho e da sua relativa autonomia, embora

dependa das instituições empregadoras para a viabilização da sua intervenção

profissional, bem como a construção de outras formas de sociabilidade figuradas em

alternativas à ordem do capital.

Essa conjuntura adversa é responsável, de acordo com Behring e Boschetti

(2007, p.133), pelas mudanças na organização do trabalho, como por exemplo: “o

desemprego de longa duração, a precarização das relações de trabalho, a

ampliação de oferta de empregos intermitentes, em tempo parcial, temporários,

instáveis e não associados a direitos.”.

A (o) assistente social, colocado nestes espaços, requer o conhecimento da

problematização e análise prospectiva e propositiva sobre a realidade em que atua,

tendo consciência que não dispõem de todas as condições necessárias à efetivação

de uma prática coerente com os princípios do Projeto Ético-Político do Serviço

Social, o qual não se pauta pela defesa de interesses específicos de uma profissão,

ou de um segmento, suas lutas fundamentam-se: no reconhecimento da liberdade,

autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; na defesa

intransigente dos direitos humanos e na recusa do arbítrio e do autoritarismo; na

ampliação e consolidação da cidadania, com vistas à garantia dos direitos das

classes trabalhadoras; na defesa da radicalização da democracia, enquanto

socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida; no

posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegurem

universalidade de acesso aos bens e serviços, bem como sua gestão democrática; e

no empenho para a eliminação de todas as formas de preconceito. (CFESS, 2011).

O desafio ético-político consiste na transformação da consciência do direito

numa possibilidade efetiva, uma vez que o Serviço Social não está alheio à

realidade social da sociedade capitalista.

3.2 ATUAÇÃO PROFISSIONAL NO ÂMBITO HOSPITALAR

A partir da experiência profissional no Hospital Regional Deoclécio Marques

de Lucena (HRDML) no município de Parnamirim, Região Metropolitana de Natal

(LIMA, 2011).

64

(RMN) e da observação das condições de saúde das (os) profissionais de Serviço

Social no referido hospital e interrogando acerca das reflexões que culminaram na

elaboração dos Parâmetros de atuação de assistentes sociais na Política de saúde.

Diante desta inquietação, nos propusemos desvelar e aprofundar

conhecimentos sobre as atribuições profissionais, espaço sócio-ocupacional,

condições de trabalho e o processo saúde-doença das (os) assistentes sociais que

atuam nas unidades hospitalares públicas de saúde da RMN, da qual sou partícipe

como servidora pública na Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP) do RN.

A experiência do trabalho no ambiente hospitalar50 permitiu observar que os

profissionais de saúde são submetidos a um processo de adoecimento ocasionado

pelo desgaste físico e mental gerado pela sobrecarga de trabalho presente nas

rotinas dos plantões51. No cotidiano da vida hospitalar identificamos profissionais

com depressão, problemas de pressão alta, muitas vezes ocasionados por tensões

presentes no cotidiano e até mesmo pela rotina de vida que não possibilita

atividades físicas que poderiam propiciar uma melhor qualidade de vida e de saúde

para trabalhadores que atuam junto ao processo saúde-doença dos usuários do

SUS na sua intervenção profissional.

A observação realizada no espaço sócio-ocupacional nos hospitais

permitiram o acesso a relatos de contaminação em ambientes de trabalho, sobre a

insegurança no atendimento e insatisfações dos usuários para com os serviços

prestados, responsabilizando o Serviço Social pela ineficiência do Estado nas

‘soluções’ das queixas e demandas apresentadas na imediaticidade.

Tal situação mostra as dificuldades interrelacionais com os demandados no

cotidiano profissional, os quais requisitam a mediação junto a outros profissionais,

principalmente médicos, a fim de efetivar o comparecimento ao consultório para

atendimento e assistência aos pacientes dentre outros aspectos/conflitos.

Solicitações que não dependem exclusivamente do contato do profissional de

Serviço Social.

Para tanto, segundo Guerra (2009) destaca-se a necessidade da

50 Experiência profissional no HRDML, no Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira dos Santos, Pronto Socorro Clóvis Sarinho e no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. 51 O artigo 21 da Lei complementar nº. 333, de 29 de junho e 2006, institui a jornada de trabalho de doze horas diárias completas em regime de plantão, para os servidores ocupantes dos cargos do Grupo Ocupacional Saúde Pública, da Secretaria de Estado da Saúde Pública, que desenvolvam suas atividades funcionais em unidades de saúde que funcionem em regime de vinte e quatro horas ininterruptas de trabalho. (RN, 2006b).

65

compreensão do significado social e histórico da profissão, de suas determinações

constitutivas e de seu papel na contemporaneidade. Reconhecer que a lógica do

sistema capitalista exigem respostas imediatas, emergencialmente, permeadas dos

antagonismos presentes nas contradições do sistema capitalista no mundo do

trabalho. Portanto, é fundamental identificar a contradição. Exige a adoção de um

referencial teórico-metodológico que ultrapasse a imediaticidade da vida cotidiana, a

aparência e as fragmentações da realidade social em que atua.

Assim, destacamos a importância do conhecimento do trabalho e as

condições desse trabalho,52 sabendo que esse, na saúde, se materializa através da

flexibilização, precarização com admissão do Serviço Social como especialização do

trabalho coletivo, e sua prática de atuação se dá na concretização de um processo

de trabalho no enfrentamento às inúmeras expressões da questão social.

Diante do exposto, questionam-se os fatores determinantes que podem

implicar ou contribuir para o sofrimento no/do trabalho. Analisando numa perspectiva

de construção social do adoecimento aos profissionais de Serviço Social, a partir do

processo de trabalho desenvolvido nos serviços públicos de saúde, sabendo que

não é específico desta profissão, mas que possui particularidades, as quais se

destacam correlacionadas às atribuições e funções no exercício profissional nesses

espaços sócio-ocupacionais. Os desmontes dos direitos sociais visualizados nas

expressões da questão social a favor da ‘flexibilização’ da relações trabalhistas,

revelam desigualdades e/ou explorações inseridas no trabalho a partir das

transformações no mundo do trabalho nos serviços de saúde.

Assim, encontra-se novo desafio aos assistentes sociais, segundo Fávero

(2009) de saber como trabalhar nos serviços de saúde comprometido com o projeto

profissional, cuja defesa se pauta na bandeira da justiça social equitativa diante do

autoritarismo, do desrespeito aos direitos, da má vontade, da banalização da vida

humana e da violência conjuntural e estrutural na saúde pública brasileira.

As respostas necessitam ser buscadas e construídas a partir dos espaços

políticos, profissional e institucional de trabalho, sistematizando metodologias de

52 Condições de trabalho representadas pelo conjunto de fatores - exigências, organização, execução, remuneração e ambiente do trabalho – capaz de determinar a conduta do trabalhador. A isso, o indivíduo responde com a execução de uma atividade ou conduta passível de ser analisada sob diferentes aspectos: perceptivos, motores e cognitivos. Satisfação, conforto, carga de trabalho, fadiga, estresse, doenças e acidentes são as consequências dessa resposta individual sobre o estado físico, mental e psicológico do trabalhador. As condições de trabalho marcam o corpo do

66

intervenção concretas sobre a realidade, mesmo diante de espaços

sócioocupacionais vinculados a instituições que primam pelo apego a ritos, normas

fixas e burocracias, mas caminhando em direção à ruptura das ações

conservadoras, estabelecendo uma relação com a profissão tendo presente que

quem produz a prática são os sujeitos sociais dela participantes cujos legitimadores

são exatamente os usuários e não os mandantes e /ou contratantes da prática

profissional.

3.3 PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DAS (OS) ASSISTENTES SOCIAIS

A (o) assistente social é a (o) profissional liberal que atua em vários campos

do saber, áreas e políticas setoriais, dentre as quais: assistência social, educação,

previdência, sócio-jurídico, criança e adolescente, questão agrária, recursos

humanos, empresas, ONG’s, sindicatos, conselhos de políticas setoriais,

movimentos sociais e saúde dentre outros.

Para desvendar o perfil socioeconômico das (os) assistentes sociais,

buscaram-se dados quantitativos e subjetivos desses profissionais que atuam nas

unidades hospitalares da RMN, os quais totalizavam em 2010, 126 (cento e vinte e

seis) profissionais distribuídos conforme o quadro 3.

Quadro 3 – Número de assistentes sociais nos hospitais da SESAP na RMN

Unidade hospitalar – Rede Estadual Total de

profissionais Hospital Doutor José Pedro Bezerra – Santa Catarina (Pronto-Socorro e maternidade)

17

Hospital Central Coronel Pedro Germano – da Polícia Militar (maternidade e pediátrico)

08

Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (urgências e emergências) 35

Hospital Giselda Trigueiro (doenças infecto contagiosas) 15

Hospital Deoclécio Marques de Lucena (referência em traumato-ortopedia)

17

Hospital João Machado (psiquiatria) 13 Hospital Materno Maria Alice Fernandes (maternidade e pediátrico) 14

Hospital Regional Alfredo Mesquita Filho (Macaíba/RN) 03 Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira dos Santos (Programa de Atenção aos Diabéticos (PRAD) – alta complexidade). (SESAP, 2011).

04

TOTAL 126 Fonte: RN (2011b) trabalhador, pois as condições, a organização do trabalho e o tipo de tecnologia modelam os trabalhadores, impondo uma representação diferente de um grupo a outro. (ABEN, 2006).

67

Apresentam-se a seguir, informações que caracterizam o perfil

socioeconômico, através de dados (primários) coletados junto a 66 (sessenta e seis)

profissionais, no tocante à faixa etária (idade), sexo, estado civil (situação conjugal),

número de filhos, religião, etnia, orientação sexual e lazer.

No que se refere à faixa etária das (os) profissionais, 36,9% possuem idade

entre 41 a 50 anos, 35,4% com mais de 50 anos, 16,9% entre 31 e 40 anos e 10,8%

na faixa etária entre 21 e 30 anos de idade, correspondendo as quantidades do

gráfico 1. Essa informação mostra que houve um acréscimo no grupo da faixa etária

entre 41 e 59 anos, se compararmos com os dados do perfil profissional elaborado

pelo CFESS em 2004.

Gráfico 1 – Faixa etária dos assistentes sociais na RMN

Fonte: Câmara (2012).

Confirmou-se ainda, a tendência histórica da profissão com a predominância

do sexo feminino entre a categoria das (os) assistentes sociais, onde na RMN se

conta, entre os sujeitos partícipes da pesquisa, com apenas com 1,5% assistentes

sociais do gênero masculino e 98,5% do feminino como mostra o gráfico 2.

Gráfico 2 – Gênero/Sexo dos assistentes sociais na RMN

Fonte: Câmara (2012).

7

11

24 23

0

5

10

15

20

25

30

de 21 a 30 anos

de 31 a 40 anos

de 41 a 50 anos

mais de 50 anos

IDADE

0

10

20

30

40

50

60

70

Sexo

Masculino

Feminino

68

Sobre a situação conjugal das (os) assistentes sociais, revelou-se que 53%

são casadas (os), 30,3% solteiras (os), 12,1% separadas (os) /divorciadas (os) e

4,5% com companheiro (a).

Essa informação pode revelar que provavelmente são profissionais que

possuem outras jornadas no âmbito particular. Possuindo famílias, onde a maioria,

49,2% tem de um a dois filhos, 38,5% nenhum filho e 12,3% possuem de três a

quatro filhos.

Sobre a opção religiosa, 57,6% são da religião católica, 24,2% são

protestante/evangélica, 12,1% espírita, e 4,5 não seguem nenhuma religião. Dentre

essas religiões verificamos que 72,7% são praticantes e 24,2% afirmaram não

serem praticantes da sua religião. Demonstrando assim, que continua existindo a

diversidade religiosa entre as (os) profissionais conforme tendência da população

brasileira, onde a religião católica, ainda se mantém majoritária segundo censo do

IBGE de 2010.

Observa-se a estreita vinculação religiosa na intervenção profissional, haja

vista a prática da caridade na gênese do Serviço Social. Não se pode entender que

existe uma neutralidade do trabalhador que enquanto ser humano, com seus valores

e princípios éticos e morais envida em sua intervenção profissional o

reconhecimento dos usuários e colegas e trabalho ações voltadas para os

parâmetros da Política nacional de humanização frente às condições de saúde dos

demandantes dos serviços no cotidiano profissional enquanto partícipe do processo

socioeconômico.

Sobre a pertença étnico-racial, 53,1% se identificam com a cor branca,

43,8% parda, e 3,1% negra. Portanto, esse índice mostra uma mudança no perfil

étnico, onde aumentaram-se os profissionais de cor parda e diminuíram-se os de cor

negra, gráfico 3, retratando a mudança com relação aos índices apresentados no

perfil de 2004.

69

Gráfico 3 – Pertença étnico-racial dos assistentes sociais na RMN

Fonte: Câmara (2012).

O perfil profissional da (o) assistente social mostra a especificidade do

sujeito, com características que o definem enquanto ser humano partícipe da

sociedade brasileira sujeita às mudanças sociais e demográficas no Brasil. O Censo

2010 do IBGE,

registrou modificações nas características gerais da população, como, por exemplo, a aceleração do processo de envelhecimento populacional, redução na taxa de fecundidade e a reestruturação da pirâmide etária. A investigação sobre cor ou raça revelou que mais da metade da população declarou-se parda ou preta. (IBGE, 2010).

Assim, depreendemos a necessidade do estudo sobre o perfil profissional de

assistentes sociais relacionado a formação da sociedade brasileira, observando a

historicidade da formação sócio-histórica e política desta, com reconhecimento e

consciência político-econômica da classe trabalhadora para delimitação

característica desta categoria profissional também assalariada.

Sobre a orientação sexual, 95,3% afirmaram ser heterossexual, 1,6%

homossexual, 1,6% bissexual e 1,4% não responderam. Demonstrando a

predominância do relacionamento heterossexual na categoria profissional.

Perguntamos ainda, se na vida das (os) assistentes sociais havia tempo

para lazer no dia-a-dia, 93,8% das (os) assistentes sociais informaram que sim e

6,2% responderam não possuir lazer em sua rotina de vida. Depreende-se assim,

que o lazer é essencial aos seres humanos dando significado à vida de qualquer

sujeito.

Dentre as principais atividades de lazer praticadas destacam-se:

caminhadas, viagens, atividades religiosas, jantar fora, ir a barzinho e restaurantes,

pedalar, uso da internet, ir a shows e teatros esporadicamente, tocar violão, ir à

3428

4

Branca

parda

negra

70

academia e assistir a jogos de futebol. Tais atividades na rotina destes profissionais

possuem papel fundamental no processo saúde-doença, uma vez que uma vida sem

lazer, certamente ocasionaria problemas de saúde advindos dos desgastes físicos e

emocionais devido ao estresse do dia a dia.

Obtivemos ainda, indicadores sobre as relações de trabalho, observando

aspectos sobre a renda familiar e/ou Rendimento único (em salários mínimos),

quantidade de vínculo empregatício, tempo de trabalho no serviço público na área

de saúde, turno de trabalho no serviço público, carga horária semanal de trabalho, o

exercício profissional em função de chefia/coordenação/gerência e

formação/capacitação profissional a título de educação permanente, especializações

delimitando os tipos das especializações e participações em capacitações.

Sobre a Renda familiar, 44,6% recebem de 7 a 9 S/M, 26,2% recebem acima

de 10 S/M, 21,5% recebem de 4 a 6 S/M e 7,7% percebem até 3 S/M, conforme

gráfico 4 quantifica.

Gráfico 4 – Renda familiar da (o) assistente social na RMN

5

14

29

17

0 5 10 15 20 25 30 35

Até 3 S/M

De 4 a 6 S/M

De 7 a 9 S/M

Acima de 10 S/M

Renda Familiar

Fonte: Câmara (2012).

Assim, quanto ao rendimento familiar podemos correlacionar a

predominância dos que percebem de 7 (sete) a 9 (nove) salários mínimos (S/M)53

com o tempo de serviço e vínculos empregatícios. Sendo estes 66,7% profissionais

que possuem apenas um vínculo empregatício, 28,8% possuem dois vínculos e

4,5% informaram não possuir nenhum vínculo empregatício54. 64,6% informaram

estar atuando no serviço público de saúde a mais de 16 anos, 26,2% estão a menos

de 5 anos, 4,6% de 11 a 15 anos e 4,6% de 5 a 10 anos. Este fato mostra um índice

53 De acordo com o decreto nº. 7.655 de 23 de dezembro de 2011, o valor do Salário Mínimo no Brasil no ano de 2012 é de R$ 622,00. 54 Esse dado revela a terceirização do serviço, em que se repassa parte dos valores percebidos pelos

71

de previsão para futuras aposentadorias necessitando a pasta do governo se

preparar para novos provimentos de vagas a fim da manutenção dos campos de

trabalho para o Serviço Social nas unidades hospitalares da rede estadual.

Quanto à carga horária de intervenção profissional em regime de plantão55,

65,6% atuam com 40horas/semanais executadas através de plantões de 12h ou

24horas totalizando no mês a 144h devido ao plano de cargos, carreiras e salários

da SESAP. Seguido de 18% com carga de 60horas/semanal e 16,4% com 30horas

semanais com destaque para unidade que disponibiliza o serviço social apenas

durante o turno diurno.

Fora informado ainda, que 66,7% trabalham em duas unidades de serviço, e

33,3% em mais de três unidades de serviço. Com predominância de 61,5% atuando

no turno de trabalho num regime de plantão com escalas de 24horas, 35,4% no

turno diurno e 3,1% no noturno. Os plantões de 24h favorecerem aos profissionais

que possuem outro vínculo de trabalho, necessitando de horário para execução de

serviços em outras instituições.

Ressalta-se que os plantões de 24horas ininterruptos e os noturnos podem

gerar interferências no processo saúde-doença, uma vez que os profissionais se

submentem a esse tipo de jornada de trabalho recebem apenas como compensação

adicional noturno56, subsídio financeiro que complementa a renda familiar como se

fosse rendimento fixo.

Com relação à função de chefia, coordenação, gerência no exercício

profissional nas unidades hospitalares da RMN, 81,5% não exercem ou exerceram

tais funções, enquanto que 18,5% assumem a função de chefia e/ou coordenação

de setor/divisão de Serviço Social na atual conjuntura. Ressalta-se que as

atribuições profissionais destes serão estudadas posteriormente no eixo de atuação

profissional privativa das (os) assistentes sociais.

plantões a serem executados nas unidades hospitalares. Portanto, sem nenhuma garantia trabalhista. 55 Conforme jornada de trabalho instituída na Lei Complementar nº. 333 de 29 de junho de 2006 (RN, 2006b). Essa a nosso ver já necessita de alterações haja vista a realidade na qual se encontra o serviço público de saúde no RN. A jornada especial de trabalho na saúde do RN é um regime de trabalho em que o serviço é prestado durante 12horas e/ou 24horas ininterruptamente, de acordo com o regime adotado de trabalho. O exercício profissional da (o) assistente social através de escala de plantão nas unidades de saúde através de atividades realizadas com os usuários, familiares, acompanhantes e outros profissionais que demandam sua intervenção na prestação de orientações diversas (previdenciária, documentação, realização de exames, aconselhamento dentre outras), encaminhamentos internos e externos e esclarecimentos quanto as normas internas e burocracias à efetivação do direito à saúde. 56 O Artigo 7º da Constituição Federal de 1988, “dos direitos sociais”, inciso (IX), legitima que é direito

72

Para atualização profissional/formação permanente, 46% das (os)

assistentes sociais tem feito especializações, 47% em cursos de curta duração,

assim como participação em eventos, e 7% fizeram ou estão concluindo mestrado

acadêmico. Esse menor percentual de formação permanente/titulação pode ser

analisado junto a não valorização no atual Plano de Cargos, Carreiras e Salários da

Saúde (PCCS) no RN57 que não estimula maior qualificação profissional no serviço

de saúde.

Apenas 33,3% participam de capacitações coletivas envolvendo a

participação de todas as (os) profissionais, enquanto que 66,7% não participam de

capacitações, em que todas (os) tenham o privilegio de se fazerem presentes,

desmotivando as (os) profissionais, pois são realizados rodízios para as

capacitações.

No tocante às informações sobre a utilização dos instrumentais de trabalho e

legislação específica da profissão que norteiam a intervenção na área da saúde,

destaca-se a percepção das (os) profissionais que compreendem a linguagem como

um instrumental de garantia/efetivação do direito dos usuários demandantes dos

serviços de saúde, onde essa pesquisa mostra que 78,9% das (os) assistentes

sociais consideram o uso da linguagem como instrumento de trabalho necessário

que viabiliza a intervenção profissional podendo assegurar a efetivação dos direitos

relativos à saúde dos usuários e dos próprios trabalhadores. Entretanto, 21,1%

destacaram que somente o uso desse instrumental não permite a mediação

necessária às respostas das demandas postas no cotidiano profissional, devido a

relativa autonomia dos assistentes sociais nos serviços de saúde dentre outros

interesses fundamentados na acumulação do capital.

Os dados apontados buscaram caracterizar o perfil profissional de

assistentes sociais na RMN, sujeitos participantes neste estudo, assim como

informações pertinentes às relações de trabalho e fatores da qualificação

profissional desses trabalhadores.

dos trabalhadores do período noturno um acréscimo no valor total do salário que se deve perceber. 57 Lei Complementar nº. 333 de 29 de junho de 2006 (RN, 2006b).

73

3.4 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ASSISTENTES SOCIAIS NA RMN

As atribuições profissionais das (os) assistentes sociais da RMN ganham

materialidade nas demandas presentes nesse espaço sócioocupacional, onde as

ações profissionais deveriam ser desenvolvidas em conformidade com as

dimensões assistenciais; em equipes coletivas e ações sócio educativas. Tais ações

nos serviços de saúde são regulamentadas nos Parâmetros de Atuação de

assistentes Sociais na Política de Saúde (CFESS, 2009).

No entanto, no cotidiano dos serviços dos assistentes sociais, predominam

requisições que não competem ao assistente social segundo os Parâmetros de

Atuação de Assistentes Sociais nos serviços de saúde. Desta maneira, são

demandados aos assistentes sociais:

a) Marcação de consultas e exames; b) Solicitação e regulação de ambulância para remoção e alta; c) Identificação de vagas em outras unidades nas situações de necessidade de transferência hospitalar; d) Pesagem e medição de crianças e gestantes; e) Convocação do responsável para informar sobre alta e óbito; f) Comunicação de óbitos; g) Emissão de declaração de comparecimento na unidade quando o atendimento for realizado por quaisquer outros profissionais que não o assistente social. h) Montagem de processo e preenchimento de formulários para viabilização de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), medicação de alto custo e fornecimento de equipamentos (órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção) bem como a dispensação destes. (CFESS, 2009, p.24).

Considera-se que essas demandas, historicamente postas tem causado

implicações na vida profissional, identidade e autonomia, pois apesar de não serem

competências, se fazem presentes no exercício profissional. Não se conseguindo

romper com essas ações burocratizadas, rotineiramente exigidas ao profissional de

Serviço Social que deve intervir junto aos usuários do SUS.

Compreende-se, assim, que ao ter na questão social o objeto de

intervenção, enquanto especialização do trabalho, o profissional de Serviço Social

deve buscar objetivos na intervenção profissional segundo os parâmetros de

atuação, listados a seguir:

74

a) Esclarecer as suas atribuições e competências, elaborando junto com a equipe propostas de trabalho que delimitem as ações dos diversos profissionais através da realização de seminários, debates, grupos de estudos e encontros;

b) Elaborar, junto à equipe de saúde, a organização e realização de treinamentos e capacitação do pessoal técnico-administrativo com vistas a qualificar as ações administrativas que tem interface com o atendimento ao usuário tais como a marcação de exames e consultas, a convocação da família e/ou responsável nas situações de alta e óbito;

c) Incentivar e participar junto aos demais profissionais de saúde da discussão do modelo assistencial e da elaboração de normas, rotinas e da oferta de atendimento, tendo por base os interesses e demandas da população usuária, rompendo com o modelo assistencial baseado na procura espontânea e no tratamento isolado das doenças;

d) Criar junto à equipe, uma rotina que assegure a plena informação para o usuário/família na unidade de sua situação de saúde e a discussão sobre as suas reais necessidades e possibilidades de recuperação. Identificando os aspectos sociais da situação apresentada;

e) Realizar em conjunto com o médico, o atendimento à família e/ou responsáveis em caso de óbito, cabendo ao assistente social o apoio necessário para o enfrentamento da questão e, principalmente, esclarecer a respeito dos benefícios e direitos referentes à situação, previstos no aparato normativo e legal vigente tais como, os relacionados à previdência social, ao mundo do trabalho (licença) e aos seguros sociais (DPVAT) bem como informações sobre sepultamento gratuito, translado (com relação a usuários de outras localidades), entre outras garantias de direitos;

f) Participar, em conjunto com a equipe de saúde, de ações socioeducativas nos diversos programas e clínicas, como por exemplo: no planejamento familiar, na saúde da família, na saúde da mulher, da criança e do idoso, na saúde do trabalhador, nas doenças infectocontagiosas (DST/AIDS, tuberculose, hanseníase, entre outras), e nas situações de violência sexual e doméstica;

g) Planejar, executar e avaliar com a equipe de saúde ações que assegurem a saúde, enquanto direito;

h) Sensibilizar o usuário e/ou sua família para participar do tratamento de saúde proposto pela equipe;

i) Participar do projeto de humanização da unidade na sua concepção ampliada, sendo transversal a todo o atendimento da unidade e não restrito à porta de entrada, tendo como referência o projeto de Reforma Sanitária;

j) Realizar a notificação, frente a uma situação constatada e/ou suspeita de violência aos usuários atendidos, às autoridades competentes bem como a verificação das providências cabíveis.

k) Orientar socializar informações tendo como referencial a educação em saúde. (CFESS, 2009, p.27-28).

As orientações expostas remetem a prática nos seguintes aspectos:

informação e debate sobre rotinas e funcionamento dos serviços de saúde nas

unidades hospitalares, devendo ter por objetivo a democratização dessas

informações e as necessárias mediações; análise dos determinantes sociais da

situação apresentada pelos usuários; democratização dos estudos realizados pela

equipe (com relação à rede de serviços, perfis epidemiológicos, socioeconômicos e

culturais dos usuários); análise da política de saúde e dos mecanismos de

75

participação popular.

Contudo, cabe questionar: como realizar esses objetivos na intervenção

profissional diante da precarização do trabalho em saúde e ao desmonte dos

direitos, de modo geral e especificamente os serviços de saúde na alta

complexidade?

A pesquisa realizada revela que: as principais atribuições profissionais das

(os) assistentes sociais nas unidades hospitalares da RMN nem sempre são

coerentes com o recomendado nos parâmetros de atuação profissional na saúde e

na maioria das vezes dificultam o acesso da população aos serviços qualificados de

custo elevado e tecnologia avançada a contento, viabilizando a promoção da saúde

integralmente.

A pesquisa revela algumas especificidades de atuação profissional das (os)

assistentes sociais que relataram suas atribuições e demandas presentes na

unidade hospitalar em que atuam. Destacam-se tais atribuições, segundo eixos de

atuação categorizados nos quadros, a seguir, a fim de permitir a reflexão à luz dos

princípios do Código de Ética e da lei de regulamentação da profissão.

Quadro 4 – Eixo de Atuação com descrição das atribuições profissionais das (os) assistentes sociais Eixos de at uação Descrição das atribuições

I. Atuação junto à

equipe multiprofissiona

l

1. Acolhimento ao paciente; 2. Visita aos leitos dos pacientes; 3. Mediação de condutas e orientações quanto às

demandas para ouvidoria; 4. Atendimento aos funcionários da instituição; 5. Elaboração de planos, programas, projetos e

atividades e ações de trabalho no âmbito individual familiar e em grupo;

6. Execução de projetos dos programas de atenção à saúde;

7. Agilizar altas para vagas em leitos; Solicitação de prontuários e boletins para questões de INSS e DPVAT dentre outros direitos e benefícios;

8. Articulação com outros profissionais (enfermeiros, médicos, direção) para uma maior agilidade na desospitalização dos pacientes;

9. Emissão de parecer social; 10. Evolução no prontuário médico (multidisciplinar) para

pacientes com as informações sobre os atendimentos do Serviço Social e ou/demandas;

11. Assessorar a direção nos projetos institucionais; 12. Intermediar solicitações da equipe multiprofissional

(médica, enfermagem, nutrição, dentre outras); 13. Exercício interdisciplinar com a psicologia/segurança

no trabalho/medicina do trabalho/enfermagem do

76

trabalho e participação em eventos: congressos, palestras, cursos entre outros;

14. Articulação intersetorial, no intuito de viabilizar as transferências e registros destas no censo diário;

15. Realizar mapeamento diário dos pacientes graves principalmente internados em leitos de UTI;

16. Discutir com a equipe da assistência a situação de moradores de rua, apenados e de longa permanência.

Fonte: Câmara (2012).

Esses eixos retratam o preconizado para a intervenção profissional

qualificada com certa autonomia profissional no exercício no espaço socio-

ocupacional permeado pelas contradições dos interesses diversos presentes nas

demandas postas.

Quadro 5 – Eixo de Atuação: atribuições profissionais das (os) assistentes sociais junto aos usuários do SUS

I. Atuação junto aos usuários

1. Entrevista social no ato do internamento do paciente; 2. Preenchimento/orientação e acolhimento da assinatura

para o Termo de Responsabilidade; 3. Entrevista social no Pronto Socorro com paciente em

observação; 4. Orientações sobre direitos e deveres e quanto às normas e

rotinas do hospital; 5. Acolhimento às vítimas de violência sexual e doméstica; 6. Orientação sobre licença maternidade e paternidade; 7. Contatos telefônicos para usuários e familiares a fim de

comunicar altas e necessidade de comparecimento imediato ao hospital;

8. Intermediar relações de usuários/instituição; 9. Fazer levantamento (censo) dos pacientes internados; 10. Participar de grupos de trabalho de humanização; 11. Participar de reuniões sobre assuntos pertinentes à central

de exames; 12. Caracterização de perfil dos usuários; 13. Visitas domiciliares a pacientes inseridos no PID

(Programa de Internação domiciliar) através de entrevistas domiciliares, encaminhamento a entidades sociais da rede municipal;

14. Busca ativa de óbitos e potenciais doadores de órgãos; 15. Acolhimento; atendimento individual com escuta

especializada; 16. Encaminhamentos interinstitucionais (internos e externos

públicos, filantrópicos ou privados); Emissão de parecer social/ relatos e registros em prontuários;

17. Assistência aos pacientes com supervisão às enfermarias, realização de grupos, atividades extra-hospitalar (passeio ao parque das Dunas), encaminhamento a outros órgãos caso seja necessário (INSS, Promotorias, OAB);

18. Prestar esclarecimentos aos pacientes e seus familiares, visando reduzir tensões decorrentes de situações críticas

77

por eles experimentadas, durante o período de permanência no hospital; Solicitação de documentos e orientação das normas e rotinas do hospital, direitos e deveres e sobre regulação de exames de média e alta complexidade;

19. Prestar informações sobre solicitação de cópias de prontuários e boletins de atendimento;

20. Orientações e entregas de documentos em caso de óbitos; 21. Articulação intersocial; 22. Solicitar xérox da documentação.

Fonte: Câmara (2012).

Nesses eixos, encontram-se os deveres éticos e políticos que a (o)

assistente social se compromete ao se graduar na profissão do Serviço Social

observando os princípios do Código de ética e competências profissionais

legitimadas na Lei 8.662/1993. Entende-se que

[...] a inserção dos Assistentes Sociais no conjunto dos processos de trabalho, encontra-se profunda e particularmente enraizada na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores do Serviço Social recortam e fragmentam as próprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenção sobre essas necessidades. (COSTA, 2000, p. 37).

As atribuições do segundo eixo, a seguir, descrevem funções privativas de

assistentes sociais para orientação de estágio supervisionado do Serviço Social. No

entanto, o primeiro eixo se destaca por ser, na grande maioria, atividades

burocráticas, mas que dependendo da estratégia e linguagem utilizada, ou seja dos

instrumental utilizado pode direcionar ao rompimento com a política da ajuda, do

favor.

Embora se saiba que tais ações dependem das decisões e deliberações

diversas, que retratam questões político econômicas do sistema capitalista,

permeado pela lógica acumulativa, excludente e cotista presentes nas ações e

discurso dos governantes e gestores.

78

Quadro 6 – Eixos de Atuação: atribuições profissionais cotidianas das (os) assistentes sociais I. Contatos institucionais 1. Contatos institucionais diversos para providências

quanto a exames, alta, benefícios e outros; 2. Comunicação a central de transplante quando da

ocorrência de óbito; 3. Contatos com municípios para solicitar ambulância

para transporte de paciente em alta hospitalar; 4. Contatos com a vara da infância, conselho tutelar,

secretarias de saúde dos municípios, em ocorrências de demandas de crianças e adolescentes;

5. Agendar exames (CAT) entre outros que não são efetivados na unidade hospitalar;

6. Marcação de consultas e exames; 7. Articular contato com prestador que realiza exames de

alta complexidade para marcação/agendamento de exames já autorizados.

II. Atuação junto a estagiários

1. Supervisionar estagiários de Serviço Social; 2. Realizar atividades educativas (individual e grupal).

Fonte: Câmara (2012).

Segundo Costa (2000), como resultado do novo modelo de

operacionalização do SUS, observa-se à persistência de condições que

historicamente compõem as dificuldades do sistema e o surgimento de problemas

que derivam da atual situação. Emerge daí, um conjunto de demandas expressivas

no conflito existente entre as ações conservadoras da saúde e as novas proposições

do SUS e que também determinam a dimensão da atuação profissional para o

Serviço Social.

Essa operacionalização revela o desafio posto à profissão e aos assistentes

sociais dentre as outras categorias profissionais da classe trabalhadora que

necessitam enfrentar, compreender e interpretar as determinações da ofensiva do

capital principalmente na área de saúde no Brasil.

Desafios presentes no dia-a-dia do exercício profissional frente às demandas

que são postas na imediaticidade da intervenção diante do processo saúde-doença

tanto dos usuários como dos trabalhadores que executam serviços de saúde.

79

Quadro 7 – Eixos de Atuação: atribuições profissionais privativas das (os) assistentes sociais. I. Atuação na chefia/coordenação

de divisão na unidade hospitalar

1. Planejar, coordenar e avaliar a atuação das (os) profissionais de Serviço Social;

2. Elaborar normas e rotinas hospitalares; 3. Discutir com a direção técnica proposta anual de

trabalho; 4. Supervisionar frequências, trocas, férias, escalas dentre

outras demandas da divisão de Serviço Social; 5. Planejar programas e capacitações; 6. Representar setor e outras demandas no NAST:

acolhimento; ações educativas em palestras e outros programas, prevenção, SQVT, preparação aposentadoria;

7. Realização de cursos de curta duração para servidores (Educação Permanente) da unidade hospitalar;

8. Coordenar o planejamento, execução e monitoramento das ações desenvolvidas no setor;

9. Delegar funções e estabelecer diretrizes que norteiem o exercício profissional da (o) assistente social;

10. Realizar reuniões para acompanhamento das atividades desenvolvidas na divisão de Serviço Social;

11. Visitas institucionais; 12. Elaboração de ficha de acompanhamento social sobre

mediação paciente/família/instituição com relação aos direitos, deveres e assistência em casos de óbito e encaminhamento a outras instituições;

13. Elaboração de relatórios sobre encaminhamentos e visita a pacientes internados nas UTI’s.

Fonte: Câmara (2012).

Neste eixo destacam-se as atribuições profissionais relacionadas aos

direitos de usuários e atribuições privativas dos assistentes sociais que poderão

evidenciar

a promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento reabilitação de forma integrada, no SUS. (BRASIL, 2001a, grifo nosso).

Atuação profissional que revela a finalidade social da profissão na luta por

direitos sociais e trabalhistas na perspectiva da resistência contra a barbarização da

vida social, articulada às lutas imediatas e históricas da classe trabalhadora a partir

da realidade concreta de vida dos sujeitos.

80

3.5 CONDIÇÕES DE TRABALHO NO ESPAÇO SÓCIO-OCUPACIONAL DAS (OS)

ASSISTENTES SOCIAIS NAS UNIDADES HOSPITALARES DA RMN

Conforme Boschetti (2011, p. 561-562) as consequências da crise mundial

de 2008 impactam de modo destrutivo a vida da classe trabalhadora, incluindo as

(os) assistentes sociais. Embora não se tenha dados sobre as condições de trabalho

especificamente de assistentes sociais, é sabido que os efeitos da crise tem relação

direta com a resposta do Estado às desigualdades sociais presentes também no

trabalho em saúde, onde precárias condições de trabalho a que estão submetidos os

trabalhadores, não sendo exclusividade do profissional de Serviço Social, mas de

toda a classe submetida às mesmas determinações do capital.

Assim, o Trabalho nos marcos da contemporaneidade atende às

necessidades do próprio capital em busca do lucro e acúmulo de riqueza tangendo a

espoliação da vida do trabalhador.

Destacam-se tendências que trazem mudanças no mundo do trabalho,

inclusive no serviço público encontram-se as condições de trabalho precarizadas na

execução das políticas sociais e uma prevalente superexploração da força de

trabalho. Um exemplo disso é a inserção das (os) profissionais em dois ou mais

espaços sócioocupacionais com contratos precários, temporários. É consequência o

trabalhador polivalente, sendo exigido o desempenhar várias funções sem nenhum

acréscimo de salário.

Essa configuração do mercado de trabalho causa adoecimento físico e

mental na vida dos trabalhadores. Adoecimento compreendido como agravos à

saúde, não como problemas particulares de um determinado sujeito ou trabalhador,

mas que são vividos singularmente como problemas sociais frutos da organização e

relações sociais de trabalho compondo a totalidade do mundo do trabalho e das

relações nele estabelecidas.

Expressão da Questão Social na vida dos trabalhadores, apontando para

excesso de trabalho, baixos salários, pressão por produtividades e falta de

efetividades nas políticas públicas para o transporte, lazer, cultura e de seguridade

social também influenciam a saúde dos trabalhadores.

Essa configuração se faz presente em todos os campos de atuação e

consideramos ter se intensificado no trabalho em saúde. Soma-se a isso as relações

do trabalho que não garantem as condições técnicas e éticas de trabalho, conforme

81

estabelecido em regulamentações profissionais, especialmente na Lei nº.

8662/1993, o Código de Ética Profissional e a Resolução nº. 493, de 21 de agosto

de 2006. Direitos são violados e situações de adoecimento profissional são

decorrentes também destas violações.

Mota e Amaral (2008, p. 26) ressaltam que “a principal tarefa posta para o

Serviço Social, na atual conjuntura, é a de identificar o conjunto das necessidades

(políticas, sociais, materiais e culturais), quer do capital, quer do trabalho”, que estão

interferindo nas relações sociais e econômicas. Nesta direção, encontra-se estudo

sobre a saúde ocupacional que é uma concepção baseada na multicausalidade

envolvendo aspectos externos ao trabalhador na multiplicidade ou interação de

vários agentes físicos, químicos, mecânicos e biológicos como causadores de

acidentes e doenças.

Assim, inferimos que a defesa por condições éticas e técnicas de trabalho

para as (os) assistentes sociais deve se somar às lutas sociais e ao fortalecimento

dos movimentos sociais da classe trabalhadora. Portanto, os desafios postos ao

trabalho profissional não são exclusivos da profissão de Serviço Social,

e somente as lutas coletivas em defesa da classe trabalhadora podem provocar mudanças nas condições de vida e de trabalho daqueles que dependem da venda de sua força de trabalho para assegurar a produção e a reprodução de suas vidas. (BOSCHETTI, 2011, p. 564).

Outrossim, entendemos que a luta por melhores condições de trabalho tem

como contribuição o compromisso histórico do conjunto CFESS/CRESS inserindo-se

na luta pelo direito ao trabalho com qualidade pra toda a classe trabalhadora.

Nessa direção cabe ressaltar a importância das lutas da categoria

profissional: por concurso público, por salários compatíveis com a jornada de

trabalho, funções e qualificação profissional estabelecidos em Planos de Cargos,

Carreiras e Remuneração em todos os espaços sócioocupacionais, estabilidade no

emprego e todos os requisitos inerentes ao trabalho.

Apresentamos a seguir a configuração das condições de trabalho nos

hospitais da rede estadual na RMN. Uma análise das implicações destas na vida das

(os) assistentes sociais.

82

3.5.1 Condições objetivas: materiais permanentes e de expediente

Dentre as condições objetivas técnicas no espaço sócio-ocupacional, a

pesquisa leva em consideração aspetos materiais como iluminação, questionando

se esta se faz adequada ao trabalho diurno e noturno, uma vez que, as execuções

dos serviços nas unidades hospitalares da RMN são em jornadas com cumprimento

de carga horária em regime de plantão de 12 ou 24horas.

Para tanto, sobre iluminação, 69,2% das (os) assistentes sociais

consideram-na adequada à intervenção profissional, enquanto que, 30,8%

afirmaram não ser adequada ao espaço físico da sala destinada ao trabalho da (o)

assistente social nos hospitais da rede estadual na RMN.

Quanto aos recursos materiais, que garantam a privacidade do usuário,

naquilo que for revelado durante o processo de intervenção profissional (como

colocação de arquivos para a adequada guarda de material técnico de caráter

reservado resguardando o sigilo profissional), 60,6% informaram não possuir essa

condição técnica de trabalho e 39,4 consideram serem adequados os recursos que

possuem no ambiente profissional.

Levou-se em consideração ainda a condição objetiva referente à ventilação

no ambiente para atendimentos breves ou demorados com portas fechadas, sobre a

adequação da mesma. Nesse aspecto, 56,9% informaram não ser adequada, e

43,1% consideram a ventilação existente adequada ao ambiente de trabalho, como

condição técnica do espaço sócio-ocupacional.

No tocante ao espaço reservado para descanso no trabalho em regime de

plantão, questionou-se a efetividade do direito reservado durante a jornada de

trabalho extensiva aos assistentes sociais nas unidades hospitalares da RMN.

57,8% consideram não ser adequado e 42,2% afirmaram ser adequado.

Diante das observações e experiência profissional, destaca-se que tais

concepções refletem baixa criticidade relativa ao direito às condições de trabalho.

Assim, identifica-se a alienação do trabalho diante da atividade produtiva dos

assistentes sociais que participam da produção/reprodução da vida social, na

dimensão econômica, social e política.

Quanto à existência de materiais permanentes e de expediente para a

realização do trabalho segundo protocolos necessários, 53,2% afirmaram não

haver/existir, ou seja, serem disponíveis, e 46,8% informam que existem tais

83

materiais para a intervenção profissional nas unidades hospitalares da RMN, embora

ressaltem que são insuficientes à demanda posta diariamente.

Infere-se certa apatia dos assistentes sociais diante do não abastecimento

adequado à demanda, recaindo na prática assistencialista da ajuda, do favor,

colaboração, fazendo-se cotas para aquisição de materiais necessários ao exercício,

por exemplo: livros atas, papel ofício, pastas, canetas dentre outros itens

imprescindíveis à intervenção profissional, ao invés de unir forças, junto aos outros

trabalhadores na luta pela garantia dos insumos e materiais imprescindíveis ao

exercício profissional na saúde.

3.5.2 Condições subjetivas: desgaste físico e emoci onal/mental

Apesar de ter atribuições e competências regulamentadas no Código de

Ética Profissional (CFESS, 1993), sabe-se que as (os) assistentes sociais da saúde,

assim como de outras áreas, desenvolvem ações/atividades que não são

propriamente de sua competência/atribuição/responsabilidade. Meneses (2010)

mostra essa realidade na pesquisa Processo de Trabalho em Saúde: uma análise

das condições de trabalho dos assistentes sociais no âmbito hospitalar, onde são

absolvidas atividades no dia-a-dia pertinente a outras categorias profissionais.

Os usuários, ao receberem atendimento, buscam respaldo no Serviço social

como resposta/mediação para conflitos e soluções aos problemas que envolvem

uma série de decisões e poderio. São demandados ainda, aspectos sobre

mobília/objetos quebrados e /ou mal conservados (macas, ventiladores, lâmpadas,

telefones, computadores, impressoras entre outros); sobre o desaparecimento de

objetos pessoais, condução e saída e pacientes acompanhantes e visitantes ao

hospital. Sabe-se que tais demandas são atribuições e competências das direções,

especialmente da direção administrativa, chefias de setores/divisões como os da

enfermagem, farmácia, nutrição, entre outros responsáveis na unidade hospitalar.

Interferir nesses casos pode gerar constrangimentos, mal-estar,

principalmente, por causa do desconhecimento das atribuições/competências da (o)

assistente social que ao longo de sua gênese agiu de forma coercitiva, policiando,

fiscalizando usuários e profissionais, assim como auxiliando “subalternamente” os

serviços médicos.

Isso pode ser considerado como o ataque à dignidade do trabalhador

84

através da dominação no trabalho “desqualificado” (SILVA, 2011) como um trabalho

não qualificado determinado a partir das correlações de poder não é reconhecido

como qualificado devido à intensificação da dominação exercida sobre os

trabalhadores que sofrem desgastes mentais na dinâmica saúde-doença das (os)

assistentes sociais, uma vez que o processo de reconhecimento é essencial a

consolidação da identidade incluindo a instância subjetiva no trabalho, onde o

trabalhador procura dar o máximo de si como esforço para a realização das

tarefas/funções exigidas, portanto, a exploração da vida mental dos trabalhadores.

Essa contradição favorece o desmonte dos direitos sociais e trabalhistas

conquistados historicamente. Observa-se que do ponto de vista psicossocial, sem a

pretensão de esgotar o debate sobre os significados das profissões, embora se

destaca que faz-se mister uma maior reflexão quanto à histórica discriminação para

com o trabalho das (os) assistentes sociais o que perpetua a desvalorização

profissional colocando numa condição de subalternidade em relação às categorias

profissionais de nível superior.

Nessa pesquisa identificam-se indicadores relativos à discriminação, e

relações interpessoais no trabalho das (os) assistentes sociais. 98,4% dos

profissionais participantes informaram não haver discriminação por questões de

inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade

e condição física e apenas 1,6% se posicionaram afirmativamente existir esse tipo

de discriminação no cotidiano profissional.

No entanto, 59,6% dos profissionais afirmaram haver relações interpessoais

em conformidade e respeito às atribuições e competências dos trabalhadores nas

diversas categorias profissionais, 40,4% informaram não haver respeito às

competências e atribuições privativas das profissões de saúde, dentre elas o Serviço

Social.

Quanto à existência de demandas que não são competência do Serviço

Social, atribuídas à categoria profissional, como por exemplo, a questão da

regulação de transporte/ambulância dentre outros aspectos, 92,3% afirmaram serem

presentes no trabalho dos assistentes sociais, enquanto que apenas 7,7% não

identificam atribuições que não lhes competem. Esses dados mostram aspectos

ligados à subjetividade dos sujeitos podendo ocasionar desgastes emocionais no

trabalho atacando a autoimagem e identidade social do trabalhador.

Observando essas informações e a partir da experiência profissional,

85

ressalta-se a necessidade da análise sobre as implicações das condições de

trabalho das (os) assistentes sociais que atuam nos hospitais da RMN e o

adoecimento no/pelo trabalho olhando para as particularidades do fazer profissional

da (o) assistente social, a fim de desvendar alternativa estratégica diante das ações

dos governos nas políticas públicas e gestões das políticas sociais.

No XIII CBAS foram apresentados pesquisas e dados que revelam ser os

assistentes sociais a categoria profissional mais exposta ao stress e riscos para a

saúde depois dos policiais e professores. Essa realidade nos incita a desvendar

implicações das condições de trabalho no processo saúde-doença e suas

expressões decorrentes da produção e reprodução social existentes nos serviços de

saúde, onde os processos de adoecimento são ocultados frente à precarização das

condições e relações de trabalho levando ao não reconhecimento dos agravos

relacionados ao trabalho e a consequente ausência de proteção social.

O que para Mendes e Wünsh (2011, p. 475) evidencia

A construção social da invisibilidade do processo de saúde-doença e compreendê-la significa tornar possível o desvendamento dos mecanismos sociais que ocultam esse processo e encontrar possibilidades de ação. Isso resulta na perspectiva de superação do que vem limitando a área da saúde do trabalhador a incorporar os seus avanços e, ao mesmo tempo, possibilitar a construção crítica do conhecimento frente ao já instituído. Entendem-se os diferentes espaços sócio-ocupacionais em que a saúde do trabalhador se apresenta como objeto profissional para o assistente social, com imensos desafios. Porém a contribuição e as respostas da profissão não podem prescindir da busca da elucidação da realidade social, bem como do reconhecimento, do lugar e do papel o trabalhador nesse contraditório campo de intervenção.

No intuito de apresentar esse desafio na interface entre o Serviço Social e a

saúde do trabalhador é que buscamos elencar elementos sobre as condições

objetivas e subjetivas pensando a saúde do trabalhador como um direito social

inerente ao homem, condição indispensável à vida e a sociabilidade humana.

86

4 AS IMPLICAÇÕES DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NO PROCE SSO DE

ADOECIMENTO DAS (OS) ASSISTENTES SOCIAIS

Segundo Mendes e Dias (1991), os trabalhadores compartilham os perfis de

adoecimento e morte da população em geral, em função de sua idade, gênero,

grupo social ou inserção em um grupo específico de risco.

Um adoecer específico, que são as doenças próprias da atividade laboral desempenhadas, e que necessitam ser contempladas pelas ações em saúde que estão acompanhadas das transformações, nos aspectos organizacionais e estruturais do trabalho, que vêm ocorrendo necessitam ser periodicamente repensadas, para que, a partir desse entendimento, o sofrimento no trabalho, bem como os danos à saúde desses trabalhadores possam ser minimizados e prevenidos. (KRUG, 2006, p. 17).

Os trabalhadores necessitam de atualizações e esforços para acompanhar

as rápidas e profundas modificações sociais, políticas, culturais, econômicas e

tecnológicas que tem ampliado o desgaste físico e mental devido à grande carga de

trabalho que tem ocasionado sofrimento psíquico na vida destes.

Dejours (1992) em sua extensa produção científica58 acerca da

psicopatologia do trabalho demonstra e considera as vivências subjetivas dos

trabalhadores nos seus ambientes de trabalho, não considerando apenas os seus

corpos biológicos submetidos a formas distintas de organização do trabalho, mas

tratando-os como sujeitos, com intensa produção e interação subjetiva, onde o

universo do trabalho costuma ocupar a maior parte de suas vidas.

Acrescente-se a isso o aumento significativo do desemprego entre a classe trabalhadora e seus efeitos como a deterioração da capacidade de compra de bens e serviços essenciais ao bem-estar; a deterioração da auto-estima e da auto-imagem dos trabalhadores atingidos; o desenvolvimento de mecanismos de defesa para garantir a estabilidade no emprego; o acirramento dos conflitos interpessoais no trabalho e o enxugamento dos quadros de trabalhadores nas empresas. (KRUG, 2006, p.30-31).

O indivíduo, ao necessitar da definição de sua situação de saúde, deve

julgar seu estado não somente por suas manifestações intrínsecas, mas a partir de

58 Nos estudos de Dejours (1992) encontram-se alguns efeitos da precarização no trabalho. Onde o primeiro efeito pode ser visto na intensificação do trabalho e aumento do sofrimento subjetivo, no segundo a neutralização da mobilização coletiva contra o sofrimento, ou seja, a apatia contra a dominação e contra a alienação, o terceiro a estratégia defensiva do silêncio, da cegueira e da surdez (negar o sofrimento alheio é negar o seu), e o quarto efeito como o individualismo.

87

seus efeitos extrínsecos, tornando-se, assim, doente para o outro e para a

sociedade demandando serviços de saúde que compreendem uma totalidade de

aspectos inerentes ao ser humano.

Diante desse entendimento, destaca-se o que afirma Iamamoto (2003) como

proposta aos assistentes sociais, conciliada com os novos tempos, reforçando e

ampliando a competência crítica, que o profissional pense, analise, pesquise e,

acima de tudo, decifre a realidade social da qual faz parte. Portanto, a (o) assistente

social, ao dispor de condições privilegiadas pela proximidade com demandas,

também pela sua realidade, poderá contribuir para um novo rumo, a começar pela

defesa e luta de seus próprios direitos.

Assim, o trabalho de assistentes sociais tem papel social na democratização

das informações, deve realizar uma prática reflexiva, que envolva sujeitos sociais

(usuários e profissionais), buscando assegurar processos públicos de tomadas de

decisão e exercício de poder coletivo, rompendo com o papel histórico,

exclusivamente, de complementação das ações dos outros profissionais de saúde,

mas como luta coletiva contra o projeto capitalista neoliberal. (MOTA et al, 2009),

uma vez que o trabalho assume função educativa e se constitui um fator decisivo

como instrumento de realização humana.

Essas funções/exigências contemporâneas no cotidiano do trabalho em

hospitais permite formular questionamentos sobre as implicações das condições de

trabalho precarizadas no serviço público de saúde do RN, analisando a relação

trabalho/condições precarizadas e processo de adoecimento que retrata o processo

saúde-doença59 para os profissionais de Serviço Social da RMN.

No entanto, entendemos que não se trata de uma visão endógena e, sim,

que está correlacionada à sociabilidade do capital, o qual expropria o gasto e

desgaste da força de trabalho dos trabalhadores assalariados.

Segundo Iamamoto (2007), a condição assalariada dos assistentes sociais,

envolve parâmetros institucionais e trabalhistas que regulam as relações de

trabalho.

Entendemos a necessidade do desvendamento da relação das condições de

trabalho com o processo saúde-doença no cotidiano profissional da (o) assistente

59 Aqui consideraremos o modo de entender esse processo como o estabelecimento de causalidades entre saúde e doença. Uma relação direta entre as limitações para o desempenho de atividades cotidianas e um estado de mal estar físico e/ou emocional. Entretanto, exigindo a superação de uma

88

social nas unidades hospitalares de Rede Estadual da RMN, não como fenômeno

clínico/individual (binômio saúde-doença), mas sim sociológico/coletivo, em que a

linguagem da doença refere-se ao comprometimento do indivíduo em dar respostas

à sociedade e às relações sociais, e não necessariamente em primeiro lugar, ao seu

corpo.

Relações que não excluem a exploração e o consumo da força de trabalho

submetida a processos desumanos, ocasionando agravos físicos e psíquicos no

estado de saúde dos trabalhadores.

O cotidiano profissional tem processos de trabalho perpassando disputas

distintas, forças instituintes à produção e reprodução da mercadoria força de

trabalho, onde o adoecimento e sofrimento no trabalho revelam novas exigências

mentais no trabalho que provocam stress, ou ritmos de trabalho que se tornam

humanamente insustentáveis, como resultado do trabalho coletivo no capitalismo

global com espírito do toyotismo60, desubjetivando a individualidade pessoal e de

classe do trabalhador.

O trabalho, enquanto atividade humana produtiva, na forma como ele se

estrutura e se organiza, produz danos à saúde dos trabalhadores. Esses danos

podem ser identificados através de doenças específicas (ocupacionais), acidentes

de trabalho, mortes e outros diversos e inespecíficos danos dentre eles a síndrome

de burnout61 observada nos fatores e características tratadas posteriormente.

visão estática sobre o adoecer e ter saúde. 60 Compreende a nova “ideologia orgânica” da reestruturação produtiva, onde a desespecialização dos profissionais qualificados os transforma em trabalhadores multifuncionais, uma nova forma de subsunção real do trabalho ao capital. (ALVES, 2011). 61 Expressão inglesa que significa “queimar-se” ou “consumir-se pelo fogo” foi utilizada pela fácil semelhança metafórica com o estado de exaustão emocional, o “estar consumido”, fenômeno vivenciado mais frequente e intensamente por algumas categorias profissionais (MASLACH; SCHAUFELI, 1993 apud GRANGEIRO; ALENCAR; BARRETO, 2008; SCHAUFELLI; BUUNK, 1996 apud GRANGEIRO; ALENCAR; BARRETO, 2008). De acordo com alguns estudiosos da temática, o burnout surge inicialmente como um problema social (SCHAUFELI; ENZMANN, 1998 apud GRANGEIRO; ALENCAR; BARRETO, 2008), sendo descrito na literatura como uma síndrome psicológica, resultado de uma tensão emocional frequente, vivenciada por profissionais que dependem de relacionar-se frequentemente com pessoas que necessitam de algum tipo de assistência. É apresentado como um construto multidimensional, formado por: exaustão emocional, despersonalização (ou cinismo) e diminuição da realização pessoal (MASLACH, 1993 apud GRANGEIRO; ALENCAR; BARRETO, 2008; MASLACH; JACKSON, 1986 apud GRANGEIRO; ALENCAR; BARRETO, 2008).

89

Do ponto de vista da saúde do trabalhador, essa diversidade de manifestações dos danos à saúde possui uma complexa e múltipla determinação, categorizada como processo saúde-doença dos grupos humanos, neste caso, relacionado com o trabalho. Esse ponto de vista não se reduz a “estabelecer um vínculo causal entre a doença e um agente específico ou a um grupo de fatores de risco presentes no ambiente de trabalho”. (MENDES; DIAS, 1993, p. 383 apud BAPTISTA, 2004, p.2).

A necessidade da determinação social da doença e o modo de vida dos

indivíduos ao se considerar a subjetividade no processo saúde-doença coloca em

foco o processo produtivo e o trabalho, explicando o adoecer e morrer dos

trabalhadores por causas relacionadas aos agravos a que são expostos

cotidianamente.

Essa percepção coloca a questão sobre os agravos (doenças) à saúde do

profissional de Serviço Social que executa, no seu exercício profissional cotidiano,

atribuições que envolvem muitos aspectos.

Sabe-se que estar ou ter uma doença é contingência vital e social, que de

acordo com Ribeiro (2010, p.307) pelo “juízo de valor da sociedade moderna do

trabalho e de classe, tornou-se uma condição ou atributo permanente negativo”.

Ressalte-se que a saúde e seu anverso (a doença) são estados definidos pela

capacidade de produzir.

O adoecimento é subjetivo e a doença algo que incomoda e da qual o sujeito

toma conhecimento pela sensação de desvalia ou dor que dificulta ou impede o

fazer [...]. É uma percepção sensitiva e intelectiva. Assim, socialmente a doença é

um estado provisório ou definitivo de exclusão em que o Estado e patronato da

sociedade moderna de classes se mostram numa estranheza diante dos

sofrimentos62 dos que vendem a força de trabalho.

Para analisar esse processo de adoecimento na vida das (os) assistentes

sociais, buscaram-se informações sobre os motivos dos afastamentos do trabalho

devido a agravos à saúde. 60,6% das (os) assistentes sociais na RMN, afirmaram

ter se afastado por motivos de adoecimento e 39,4% não se afastaram por tal

motivação.

Quanto à identificação do adoecimento com as condições de trabalho e/ou

atividade desenvolvida, 63,2% profissionais destacaram que o adoecimento pode

ser ocasionado pelas condições objetivas de trabalho, citadas na pesquisa de

62 Sofrimento como uma realidade concreta e não desejada, expressa em sensações, mudanças corporais, mentais e comportamentais que impõem limitações físicas, psíquicas e afetivas.

90

Meneses (2010) como: a falta de equipamentos, materiais de expediente, materiais

permanentes e de consumo, salas pequenas e sem ventilação, com grandes

aglomerações de profissionais em atendimento ao mesmo tempo, infringindo o

direito do usuário ao sigilo profissional como ética no exercício profissional.

No entanto, a pesquisa revelou que 36,8% profissionais não identificam o

adoecimento com as suas condições de trabalho. Analisando essa informação vimos

que esse índice remete-se ao adoecimento advindo por herança genética, dentre

outros tipos de agravos não correlacionados ao ambiente de trabalho.

Embora possam interferir/implicar em agravamentos, necessitando assim de

afastamentos, os quais podem implicar em perdas financeiras, principal motivo pelo

qual são utilizados atestados médicos, uma vez que ao se afastar formalmente

através de atestado médico há alguns descontos (produtividade, plantões eventuais

– extras a carga horária) que implicam em diminuição do rendimento líquido do

trabalho em serviços de saúde através do Plano de Cargos, Carreiras e salários da

SESAP.

Desse modo, podemos confirmar a justificativa de 82,8% profissionais terem

afirmado ter trabalhado em condições de adoecimento (doentes), e 17,2%

responderam nunca ter trabalhado doente. Dos 66 profissionais participantes na

coleta de dados, 22% responderam nenhuma vez ter trabalhado doente, 16% entre

três e quatro vezes (3-4), 56% de uma a duas vezes (1-2), 4% mais de seis vezes e

2% entre cinco e seis vezes (5-6). Contudo, em conversa informal com as (os)

profissionais se destaca a estratégia de realizar trocas (de plantões) com outras (os)

colegas, a colocar atestado médico, pois esse direito usufruído implica em perda

financeira prejudicando rendimento final.

O que se pode observar no que se refere ao agravamento das condições de

trabalho nos serviços de saúde para o profissional de Serviço Social, dentre outros

trabalhadores da saúde, que ao atuar nesses serviços tem sido acometidos por

doenças63, necessitando afastar-se do trabalho devido aos agravos64 à sua saúde,

consequência da exposição diária a diversos tipos de doenças, resultado da

exploração e gasto de sua força de trabalho, da mercantilização nos serviços de

63 A Portaria nº. 1.339/GM, de 18 de novembro de 1999, lista as doenças relacionadas ao trabalho (BRASIL, 1999). 64 Citaremos problemas de pressão alta, depressão, contaminação devido ao trânsito em ambientes insalubres dentre outros, embora não se tenha garantido o Adicional de Insalubridade na maioria das unidades hospitalares embora em algumas já tenham sido concedido.

91

saúde cuja dinâmica extrai o máximo possível e impossível do trabalhador que

precisa se “adaptar” às exigências atuais do mercado de trabalho.

Desta maneira, sabe-se que as exigências atuais no mundo do trabalho

podem trazer implicações objetivas e subjetivas, às quais procura-se desvelar a

relação entre os processos de adoecimento das (os) assistentes sociais e as

condições de trabalho nos hospitais da SESAP na RMN. Uma vez que,

o trabalho em ambientes contaminados ou em contato com produtos orgânicos ou animais contaminados expõe o trabalhador a infecções (bactérias, vírus, riquétsias, clamídias e fungos), parasitoses (protozoários, helmintos e artrópodes), reações alérgicas e intoxicações (poeiras contendo pelos, pólen, esporos, fungos ou picadas e mordeduras). (BELLUSCI, 1996, p. 51).

Ao saber que os trabalhadores da saúde, em contatos com pacientes ou

materiais contaminados, estão mais expostos aos agravos pertinentes ao ambiente

de trabalho, e das pressões existentes no dia-a-dia de intervenção profissional,

inferimos que alguns motivos dos afastamentos no trabalho, através de atestado

médico (ATM) podem ser relacionados às características listadas no quadro 7, tendo

em vista que os adoecimentos podem ser resultantes das alterações do mundo do

trabalho, das novas demandas postas aos profissionais da saúde expostos às

situações apresentadas por Bellusci anteriormente.

Destaca-se que os motivos/causas para os afastamentos que necessitaram

de atestados médicos legalmente constituídos para afastamentos devido às doenças

que não permitem o exercício profissional com a situação de doença listadas a

seguir.

a) Virose bacteriana; b) Dengue; c) Bronquite; d) Crise reumática; e) Hipertensão arterial; f) Alergia/problema respiratório; g) Dor na coluna; h) Condromalácia patelar; i) Gripe; j) Sinusite; k) Problemas cardiovasculares; l) Doença gastrointestinal; m) Pré-infarto; n) Infecção urinária; o) Pneumonia;

92

p) Depressão; q) Enxaqueca; r) Paralisia facial. (CÂMARA, 2012).

Outrossim, sabe-se que se houvesse viabilidade das (os) profissionais

atuarem com o agravamento à saúde, estes não iriam usufruir do direito ao ATM,

pois ao colocarem ATM acima de 10 (dez) dias sofrem perda salarial na percepção

do valor destinado à produtividade e ao valor destinado a plantões eventuais que

complementam os vencimentos.

Assim, constata-se que o enfrentamento da questão do adoecimento dos

trabalhadores, nos dias atuais, não se deve somente a uma eficiente fiscalização

dos ambientes de trabalho, atendimentos médico previdenciário e jurídico, ao

cumprimento de leis que protegem os trabalhadores e sim da elevação da

consciência sanitária dos trabalhadores para o exercício do papel de guardiões da

salubridade ambiental tanto interna como externa à produção “[...] na perspectiva de

uma maior articulação entre o movimento sindical, ambientalista e de consumidores”

(LACAZ; GÓMEZ, 2005, p. 150) no combate às implicações dos problemas que

causam a exploração no trabalho, lutando pela diminuição dos agravos à saúde na

vida dos trabalhadores.

Desta maneira, observar e refletir sobre o agravamento dos problemas de

saúde relacionados ao trabalho como um indicador, poderá possibilitar uma

avaliação dos efeitos/implicações do trabalho na vida dos trabalhadores.

4.1 ADOECIMENTO ADVINDO DO TRABALHO PRECARIZADO NO SERVIÇO

PÚBLICO DE SAÚDE: PRINCIPAIS AGRAVOS À SAÚDE NO TRABALHO DE

ASSISTENTES SOCIAIS

Sabemos de acordo com Boschetti (2011) que o trabalho no Brasil tem sido

marcado pela precarização com superexploração da força de trabalho, inserções em

mais de dois ou três campos de atuação profissional (empregos) o que tem

ocasionado adoecimento físico e mental.

Adoecimento identificado nos agravos à saúde, nesse estudo, focalizado aos

assistentes sociais nas unidades hospitalares da RMN, durante o exercício

profissional nos ambientes de trabalho.

Destacam-se dos agravos que acometem estes profissionais as

93

dermatoses65, as LER/DORT66, os transtornos mentais e stress Sem a pretensão de

esgotar a discussão sobre os agravos nem de tecer conhecimento absoluto,

optamos por falar do estresse, uma vez que esse tipo de doença tem sido muito

comum nos dias atuais entre todos os trabalhadores, os quais podem sofrer

implicações advindas da correlação desigual de poderes impostos no trabalho e

sobre o trabalhador. Portanto, o desgaste da força de trabalho que traz adoecimento

ocasionando perda de capacidade potencial e/ou afetiva, corporal e psíquica. Para

Laurell e Noriega (1989) o desgaste mental propiciado no trabalho devido às

situações de vulnerabilidade humana expropria a subjetividade do trabalhador

segundo Silva (2011, p. 139) característico aos:

I – quadros clínicos que correspondem ao desgaste literal: desgaste orgânico; II – Variações do Mal-estar: fadiga mental e física; III – Desgaste que afetam a subjetividade, atingindo a identidade do trabalhador através do ataque à dignidade e/ou da corrosão dos valores e do caráter.

Tais níveis de desgaste são possíveis de aparecer no cotidiano profissional

de qualquer trabalhador levando ao adoecimento. O reconhecimento da submissão

às condições precarizadas de trabalho a que se encontra a classe trabalhadora se

faz necessário diante dos determinantes sociais, econômicos e políticos na atual

conjuntura mundial.

Diante dos níveis de desgaste expostos acima, entende-se a relevância de

maior reflexão sobre o adoecimento advindo no trabalho no serviço público,

ressaltando a necessidade de um novo posicionamento, um novo modo de realizar e

65 De acordo com Bellusci (1996, p. 77) as dermatoses do trabalho podem ser provocadas por contato direto com substâncias químicas (irritantes e/ou alergênicas), agentes físicos (radiações ionizantes, raios X, raios solares, eletricidade, frio, calor), agentes mecânico (fricção, vibração, traumatismo) e agentes biológicos (microrganismos e parasitas). São lesões do tegumento (pele) produzidas ou agravadas em um ambiente de trabalho. 66 Lesões por esforços repetitivos (LER), mais recentemente denominadas doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT). A modernização e os avanços tecnológicos nas últimas décadas trouxeram o trabalho automatizado, de ritmo acelerado, fragmentado, sem pausas para recuperação, com repouso insuficiente para compensar o desgaste provocado por suas jornadas inadequadas ao uso forçado de equipamentos em condições que agridem o ser humano e nele provocam doenças. No entanto, é sabido que LER OU DORT não é uma doença, mas um nome para designar um grupo de doenças osteomusculares e suas repercussões sociopsicológicas que têm em comum o fato de serem provocadas por condições inadequadas no trabalho. Outrossim, LER/DORT é o nome dado para quadros clínicos que podem aparecer isoladamente ou associados, tais como: cervico-braquiagia, mialgia, tenossinovite, tendinite, epicondilite, peritendinite, bursite, sinuvite, síndrome da tensão do pescoço, síndrome do túnel do carpo, cisto sinovial, síndrome do desfiladeiro torácico, entre outros. (BELLUSCI, 1996, p. 113- 116).

94

pensar as ações dos trabalhadores em seus espaços sócio-ocupacionais na

contemporaneidade, diante das mudanças ocorridas no mundo do trabalho

acompanhado de crescente precarização relativa às condições de emprego e

trabalho verificando as relações existentes nessa problemática.

No mesmo entendimento de Silva (2011), ressaltamos que Laurell (1982)67

oferece embasamento teórico que nos permite estudar sobre os desgastes que

geram adoecimento. No entanto, sabemos que somente esta perspectiva não dá

conta de todos os aspectos determinantes, os quais interferem no adoecimento

profissional, necessitando ainda, outros estudos relacionados aos elementos

específicos da dimensão mental no desgaste do trabalhador em seu ambiente de

trabalho. Estudo analisados à luz de abordagens teóricas de especialistas e

pesquisadores da área “psi” que estudam a Saúde Mental no trabalho e dos que

estudam as determinações de ordem sociopolítica e econômica, a fim de

identificarem as interseções do processo de trabalho e de saúde-doença.

Ressalta-se que não há, neste estudo, a pretensão de trilhar o caminho da

análise psicanalítica tão bem tratada por Silva (2011), mas enfatizam-se as

considerações apresentadas por Pitta (1994), no sentido de esclarecer e informar

outros fatores importantes, também imbricados na teia de relações que envolvem o

adoecimento no trabalho. Entendendo que

o sofrimento no trabalho torna-se patogênico a partir do momento em que, tendo em vista o esgotamento de todos os recursos defensivos, esse continua a provocar uma descompensação do corpo ou da mente, pois o sujeito se vê preso em uma monotonia que o empurra para um sentimento de incapacidade, de imbecilidade. Na tentativa de melhor executar a tarefa, o trabalhador se engaja de maneira a colocar toda a sua energia e investimento pessoal, mas quando esse esforço não é reconhecido, nem por seus pares nem pela hierarquia, essa falta de reconhecimento é geradora de sofrimento. Todos esses fatores contribuem para gerar um ambiente depressivo, nem sempre claramente manifesto, mas traduzido pela presença de diversos sinais e sintomas, entre eles a síndrome de esgotamento, ou síndrome de exaustão, popularizada pelo termo inglês burnout68. (KRUG, 2006, p, 123).

67 Asa Cristina Laurell formulou e elaborou um quadro teórico nos anos 1980 envolvendo o conceito de desgaste para o entendimento do adoecimento estudado na perspectiva da Saúde do trabalhador (materialismo dialético) e nesta perspectiva abordamos de maneira geral os apontamentos sobre as implicações das condições de trabalho na saúde das (dos) assistentes sociais da RMN, entendendo que essa realidade não difere das outras regiões de saúde no RN. 68 De acordo com Krug (2006) esse termo foi inicialmente empregado nas produções científicas a partir, sobretudo, dos anos 1980 para descrever os sintomas apresentados por trabalhadores cujas atividades envolvem alto grau de contato com outras pessoas, como é o caso das profissões de saúde. É uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto e excessivo com outros seres humanos, particularmente quando esses estão preocupados ou com problemas. Essa

95

Nessa pesquisa identificam-se fatores determinantes ao adoecimento

ocasionado no/pelo trabalho das (os) assistentes sociais vistos no quadro 7 em

conformidade com algumas características inerentes à síndrome de burnout, diante

dos efeitos da investida do capital com suas novas faces69, são predominantes, cada

vez mais, as condições de adoecimento profissional entre os profissionais da saúde,

onde se pode identificar a relação das crises de subjetividade humana (crise da vida

pessoal, a crise de sociabilidade e a crise de autorreferência pessoal), como

principais sintomas das crises do capital capazes de atingir não apenas os homens

que trabalham, mas, sobretudo os “homens que vivem do trabalho” (MOTA, 2011, p.

190).

Quadro 8 – Fatores do trabalho associados a altos índices da Síndrome de Burnout Fatores Características

Sobrecarga

Quantidade ou qualidade excessiva de demandas que ultrapassam a capacidade de desempenho, por insuficiência técnica, de tempo, de infraestrutura ou organizacional; Pressão no trabalho propicia, principalmente, exaustão emocional.

Baixo nível de controle das atividades ou acontecimentos no próprio trabalho; e baixa participação nas decisões sobre mudanças organizacionais.

Provoca pouca ou nenhuma satisfação do trabalhador pelo seu trabalho.

Expectativas profissionais Indivíduos com discrepâncias entre suas expectativas de desenvolvimento profissional e aspectos reais de seu trabalho

Sentimentos de injustiças e iniquidades nas relações laborais

Podem ser consequentes a carga de trabalho, salários desiguais para o mesmo cargo; ascensão de colega sem merecimento.

Trabalhos por turnos ou noturnos Chega a afetar 20% dos trabalhadores acarretando transtornos físicos e psicológicos; Mais propensos: os que precisam efetuar mudanças

síndrome representa uma resposta ao estresse emocional crônico, onde estão presentes o esgotamento físico e/ou emocional, a diminuição da produtividade, significativa despersonalização, atitude negativa frente aos pacientes ou outras pessoas com que trabalha, absenteísmo, mudança frequente de emprego e outras condutas evasivas, como o uso de drogas. Silva (1994) apresenta alguns sinais e sintomas típicos de sofrimento mental vinculado ao trabalho desenvolvido, como insônia, episódios de cefaleia, dores generalizadas, irritabilidade, episódios de amnésia, desmotivação, diminuição ou aumento do apetite, entre outros. 69 Para Navarro e Prazeres (2010), o agravamento dos problemas de saúde relacionados ao trabalho é importante indicador para avaliar os efeitos do processo de reestruturação produtiva para os trabalhadores. [...] Efeitos que se caracterizam pelo agravamento das condições de trabalho e pelo descaso do Estado. Essa realidade se mostra presente, principalmente no governo local quanto aos problemas vivenciado desde 2012 nos serviços de saúde no RN no âmbito municipal e estadual do RN.

96

em períodos de tempo a cada 2 ou 3 dias, passando alternadamente do período diurno para o noturno e vice e versa.

Precário suporte organizacional e relacionamento conflituoso entre colegas

Provocam pensamentos de não poder contar com ninguém; Sentem-se desamparados, carentes de orientação; desrespeitados;

Tipo de ocupação Piora na presença de indivíduos competitivos, distantes, excessivamente críticos ou preguiçosos.

Relação muito próxima do trabalhador às pessoas a que deve atender; responsabilidade sobre a vida de outrem.

É maior em relação aos cuidadores em geral

Conflitos de papel (funções)

Papel: conjunto de funções, expectativas e condutas que uma pessoa deve desempenhar no seu trabalho. Conflitos de Papel: embates entre informações e expectativas do trabalhador sobre seu desempenho em um determinado cargo ou função na instituição

Ambiguidade de papel (funções) Normas, direitos, métodos e objetivos pouco delimitados ou claros por parte da organização.

Fonte: Trigo, Tung Teng e Hallak (2007).

Desse modo os fatores da síndrome de burnout são vistos no trabalho das

(os) assistentes sociais revelando situações de maior vulnerabilidade humana, onde

o desgaste humano no trabalho, em sentido amplo, tenderá a ser mais grave e tanto

mais intenso quanto maior for a precariedade das condições de vida e quanto menos

forem estabelecidos e efetivados os direitos sociais fundamentais e à cidadania do

trabalhador na saúde pública do RN.

Segundo Domingues Júnior (2005) o servidor público está submetido a

condições de trabalho e de proteção social tendo o Estado como patrão, sem

garantias efetivas no seu ambiente de trabalho, falta de cumprimento legal, ausência

de fiscalizações e disponibilidade de equipamentos de proteção e prevenção a

doenças ocasionadas no/pelo trabalho, uma vez que

A aplicação do Regime Jurídico Único, conjugada com a independência entre as esferas federais, estaduais e municipais, faz com que o servidor público seja efetivamente defenestrado do sistema de saúde e segurança ocupacional. Diferentemente dos segurados do Regime Geral de Previdência, não há uma consolidação dos dados e ás vezes nem há coleta de dados; não se avaliam as condições de trabalho do servidor, com a desculpa de que para o servidor não há perda de salário, pois o Estado continuará pagando, mesmo com o seu afastamento. (DOMINGUES JÚNIOR, 2005, p. 130).

97

Diante desta constatação é que esta pesquisa se direciona a reflexão de que

não é necessário um tratamento especial para a saúde do servidor público, mas que

a política e saúde do trabalhador70 seja institucionalizada e efetivada no âmbito da

administração pública observando as possíveis implicações objetivas e subjetivas

das condições de trabalho aqui delimitadas nessa análise para as (os) assistentes

sociais que atuam nas unidades hospitalares da RM numa discussão para além das

normativas legais.

4.2 IMPLICAÇÕES OBJETIVAS DAS DEMANDAS PROFISSIONAIS

A Saúde Pública e o processo de adoecimento dos trabalhadores no Estado

do Rio Grande do Norte - RN não difere da situação dos trabalhadores brasileiros e

principais tipos de doenças que acometem a estes. Segundo a Coordenadoria de

Recursos Humanos (CRH) da SESAP, no ano de 2012 havia no Estado do RN cerca

de 30% dos servidores afastados dos seus postos de trabalho nos diversos

setores/divisões devido a agravos (Físico e mental) à saúde destes.

Para analisar as implicações objetivas das condições de trabalho no

processo de adoecimento das (os) assistentes sociais a partir da relação das

condições materiais e as atribuições profissionais cotidianas, fora necessária uma

análise comparativa com a pesquisa de Meneses (2010), podendo inferir que as

observações realizadas naquele momento continuam presentes no cotidiano

profissional, onde as atividades estão direcionadas pela dimensão

assistencial/emergencial burocratizada.

O excesso de responsabilidades e atribuições postas aos assistentes sociais

nos processos de trabalho que não são exclusivamente organizados, demandados

por profissionais da mesma categoria. Portanto, os empregadores dos serviços

estão imersos a questões políticas, sociais e econômicas geradoras de novas

exigências profissionais na atualidade.

Tais exigências profissionais, segundo Silva (2011), tem gerado patologias

como a hipertensão arterial; doença coronariana inclusive infarto do miocárdio,

alterações do ritmo cardíaco; distúrbios funcionais do aparelho digestivo, gastrite

70 Destaca-se a Portaria n. 31/2013-GS/SESAP, em 28 de janeiro de 2013, que instituído legalmente no âmbito do SUS do RN a Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN.

98

nervosa; asma, dentre outros distúrbios, os quais são estudados sob o enfoque

psicossomático. No entanto, é insuficiente para explicar a psicopatogênese de

diferentes categorias relacionadas aos transtornos mentais ocasionados no/pelo

trabalho.

A mesma autora mostra que existem dificuldades de diálogo entre os

pesquisadores das diferentes correntes teóricas para as investigações da relação do

cotidiano profissional com os fatores ambientais e psicossociais. Fazem-se

necessárias distintas abordagens revelando novos aspectos para a discussão do

adoecimento ocasionado no/pelo trabalho como resultado de condições de trabalho

precarizadas através do modelo metodológico que considera a forma pela qual a

situação de trabalho dominado/explorado atua poderosamente sobre o trabalhador

por inteiro. Portanto, modelos teóricos que articulem e integrem contribuições dos

estudos sobre o estresse e da Psicodinâmica do Trabalho (PDT).

Dejours (1992) defende que os modelos os quais consideram o conceito de

estresse são dirigidos a objetivação de fatores reducionistas da perspectiva

positivista não considerando as vivências subjetivas.

Estudar esses fatores no processo de adoecimento das (os) assistentes

sociais compreende um desafio da apreensão dos efeitos do trabalho na vida destes

profissionais. Uma vez que as dificuldades inter-relacionais com outros profissionais

no ambiente de trabalho nos hospitais da RMN são resultantes da relação de

verticalidade do gestor com os profissionais (ausência de reuniões); do excesso de

demandas para poucos profissionais e ausência de comunicações internas.

Segundo Martinelli (2009) não devemos nos esquecer dos desafios postos

ao exercício profissional nos espaços sócio-ocupacionais, onde existem muitos

profissionais primando pela “permanência”, pelo apego a ritos, normas fixas e

burocracias, em meio a ações pontuais e ineficazes para a garantia de direitos como

o da Saúde do Trabalhador, fruto de lutas coletivas, as quais podem direcionar à

ruptura da tradição de práticas conservadoras.

A partir das condições éticas e técnicas em conformidade com a Resolução

CFESS nº. 493/2006 vê-se possibilidades para novas reflexões sobre a prática do

profissional alienada, subalterna diante das outras categorias profissionais

qualificadas a intervir nas necessidades dos cidadãos brasileiros.

Concorda-se com Oliveira (2009) ao afirmar que, após décadas da

regulamentação da atribuição constitucional para a atenção integral à saúde do

99

trabalhador na Lei Orgânica da Saúde, nº. 8.080/90, o SUS, ainda não incorporou

efetivamente o lugar que o trabalho desempenha na vida dos trabalhadores

considerando as contradições presentes nas relações sociais e espaços

sócioambientais do cotidiano profissional.

Ressalta-se a compreensão das interações dos fatores presentes no

cotidiano profissional que levam a afastamentos devido a adoecimento físico e

mental.

Com o padrão técnico-científico que temos, se os interesses dominantes não fossem o do capital, se os imperativos não fossem os do capital, poderíamos ter uma jornada de trabalho muito menor, com menos tempo e dias de trabalho, tendo a população trabalhadora vivendo com mais dignidade e aumentando seu tempo de vida fora do trabalho. (NAVARRO; PRAZERES, 2010, p. 194-195).

A Junta Médica71 do Instituto de Previdência dos Servidores do Rio Grande

do Norte (IPERN)72 possui informações sobre o adoecimento médico, privilegiando

essa categoria em detrimento das outras na SESAP. No entanto, identifica o gênero

feminino dos servidores que mais adoecem. Mulheres com predominância das

doenças psiquiátricas, onde 34% são acometidas por depressão e 15% de doenças

do tecido ósteo-muscular e conjuntivo dentre outras, já entre os homens as doenças

que mais os acometem são as doenças cardiovasculares.

Diante desse dado e devido a não existência de dado estatístico sobre o

adoecimento de assistentes sociais é que, nesta pesquisa, buscam-se conhecer os

tipos de doenças que mais os acometem. Utilizamos dados referentes às

notificações por agravos à saúde do trabalhador no RN descrito no quadro 8, a fim

de propiciar uma reflexão com as informações coletadas no trabalho de campo desta

pesquisa.

71 O Decreto Governamental n.º 18.936, por meio do Artigo 2º, Inciso IV de 22 de Fevereiro de 2006 regulamentou as comissões de Avaliação Médico Periciais do Estado em que “[...] as Juntas Médicas Oficiais do Estado como Órgãos Colegiados de 2º Grau, autônomas, vinculadas diretamente ao Gabinete do Diretor Presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado, sediadas nas cidades de: Currais Novos, Caicó, Mossoró, Pau dos Ferros e Natal.” (RN, 2006a). 72 Informações obtidas na apresentação da Dra. Isis Cristina S. Souto da Junta médica do IPERN, na I Oficina Estadual de Valorização do Trabalho e Saúde do Trabalhador do SUS/RN e no II Fórum da Política Estadual de Humanização do SUS/RN realizada nos dias 11 e 12 de agosto de 2011 no Hotel

100

Quadro 9 – Doenças notificadas no SINAN/MS Notificações no Estado do Rio Gr ande do Norte

Tipo de agravo Ano

2006 2007 2008 2009

Intoxicações ocupacionais 0 1 7 22

Acidentes graves 2 66 114 492

Acidentes biológicos 0 260 375 353

Dermatoses 0 1 0 2

LER/DORT 0 8 12 30

Pneumoconioses 2 8 3 1

PAIR 0 0 0 0

Transtornos mentais 0 0 10 8

Cânceres 0 0 00

Total de notificações 4 344 521 908

Fonte: Brasil (2009b).

Contudo sabe-se que há uma subnotificação por diversos motivos, seja a

não notificação porque pode interferir no rendimento (salário) do próprio servidor

dentre outros aspectos que vão desde a não estrutura dos diversos municípios até o

não preparo dos setores responsáveis pela notificação ao sistema nacional.

Exemplo disso são profissionais que não colocam atestado médico porque haveria

perda salarial seja na produtividade ou nos plantões eventuais que complementam o

salário/rendimento final deste trabalhador assalariado.

Ainda analisando os índices apresentados das notificações, pode-se

observar a evolução das doenças não transmissíveis como a LER/DORT,

repercutindo no processo saúde de qualquer profissional, assim como as

intoxicações ocupacionais um fator de insegurança nos indicadores de saúde. Além

destas, o stress encontra-se entre outros tipos de agravos (listados no quadro 10) à

saúde das (os) assistentes sociais na RMN que mais tem acometido esta categoria

profissional devido a sua especificidade.

Praia Mar em Natal/ RN.

101

Quadro 10 – Principais agravos à saúde das (os) assistentes sociais da RMN Doenças ligadas ao

aparelho respiratório LER/DORT

Doenças relacionadas a

aspectos diversos

Rinite alérgica Dores na lombar Stress

Gripe Tendinite na mão direita Cardiopatia

Bronquietasia Agressões físicas Hipertensão arterial

Sinusite Dor na coluna Cefaleia

Crises de garganta Artrite reumatoide Infecção urinária

Otite de repetição

Fonte: Câmara (2012).

Algumas dificuldades no trabalho das (os) assistentes sociais das unidades

hospitalares, listadas nos itens a seguir, são entraves à intervenção profissional com

competência técnica resolutivamente efetivadora do direito à saúde integralmente

que poderia dar respostas como preconizado na Política Social de Saúde.

a) Estrutura física inadequada com sala que não viabiliza a garantia do sigilo profissional no atendimento individual devido a falta de privacidade ao acolhimento do usuário do SUS; b) Processo de trabalho realizado sem observar o Projeto ético-político do Serviço Social (PEP/SS); c) Desvalorização da profissão e a falta de conhecimento das atribuições e competências do assistente social por outras categorias profissionais; d) Entraves de alguns profissionais para implantar a humanização; e) Falta de continuidade no atendimento às demandas dos usuários; f) Jornada de trabalho diurno de 12h sem descanso e repouso em péssimas condições para o descanso nos plantões noturnos; g) Insegurança pessoal no trabalho; h) Presença de Preconceitos no ambiente de trabalho e na sociedade como um todo: não aceitação do portador de transtorno mental pela família e sociedade; i) Falta efetiva intervenção dos NASTs e ou ausência do mesmo em alguns hospitais; j) Péssimas condições objetivas de trabalho no tocante a recursos materiais (material de escritório, informática e material permanente) e Equipamentos obsoletos; k) Sobrecarga de trabalho: Alta demanda e reduzido quadro de profissional (quantidade diária), portanto, recursos humanos insuficientes a demanda posta; l) Falta de apoio técnico da SESAP/CRESS/universidades no tocante a cursos e atividades de educação continuada/permanente; m) Desarticulação interprofissional; n) Falta de protocolo/regimento interno da instituição normatizando condutas dos diversos setores, profissionais e funcionários; o) Falta de macas e medicamentos, pois as demandas são maiores do que a capacidade física, material e humana; p) Ausência no hospital de setor de informações o que gera no setor demanda desnecessária e que não compete aos assistentes sociais; q) Falta de clareza no diálogo do médico com o paciente gerando angústia e perguntas ao profissional de Serviço Social;

102

r) Crescente demanda e precárias condições socioeconômicas dos pacientes; s) Ambiente profissional com péssima estrutura física e iluminação precária; t) Ambiente de trabalho insalubre e estressante com cadeiras desconfortáveis e inadequadas gerando problemas de saúde, necessidade de deslocamento através de escadas devido aos constantes problemas funcionais dos elevadores; u) Falta de estrutura adequada à prestação de serviços de saúde com qualidade, o que desmotiva/desacredita os profissionais de saúde diante da impotência em meio a falta de leitos de UTI e em enfermarias, cobertores, cadeiras de rodas, equipe de enfermagem suficiente e que preste serviços com humanização respeitando o direito dos usuários e de seus familiares. (CÂMARA, 2012).

Todas essas dificuldades, postas na estrutura dos serviços de saúde pública

na RMN, vivenciadas pelas (os) assistentes sociais trazem desgastes físicos e

mentais ocasionando adoecimento no/pelo trabalho. Somados a estas, citamos a

seguir alguns exemplos de demandas que não são competência da (o) assistente

social.

a) Guardar objetos pessoais de paciente e receber pertences de pacientes achados e perdidos; b) Solicitação/Regulação de ambulância; c) Expedir xérox do prontuário; d) Marcação de exames; e) Localizar prontuário e boletins; f) Solicitar prontuários de pacientes; g) Solicitação de alimentação para paciente; h) Triagem de pacientes; i) Recebimento de reclamação sobre atendimento médico; j) Solicitação de médicos para parecer; k) Informações sobre portaria/recepção; l) Solicitação para intervir na conduta médica; m) Procurar médico para resolver sobre Declaração de Óbito (DO); v) Autorização de refeição. (CÂMARA, 2012).

Tal fato se dá devido à reiteração do não reconhecimento da especificidade

e utilidade social do trabalho do profissional de Serviço Social por parte dos gestores

que ainda centram na figura do médico a relevância do trabalho nos serviços de

saúde.

Fica como possibilidade de enfrentamento aos desafios no trabalho dos

assistentes sociais a luta pela intervenção profissional, com condições de trabalho

que viabilizem a dignidade do atendimento na efetivação do direito à saúde no RN,

segundo os Parâmetros de atuação de assistentes sociais na Política de Saúde

reconhecendo as influências políticas e conservadoras dos interesses políticos e

econômicos presentes nas demandas postas historicamente ao Serviço Social.

103

4.3 IMPLICAÇÕES SUBJETIVAS: DESGASTE FÍSICO E MENTAL

Acerca das implicações subjetivas na vida do trabalhador como resultado de

indicadores da precarização do trabalho no Brasil, Druck (2011, p. 430-431)

apresenta cinco tipos de precarização estudados, que podem explicar melhor o

agravo à saúde no aspecto subjetivo devido as formas de mercantilização da força

de trabalho; o processo de construção das identidades individual e coletiva; a

organização e das condições de trabalho; as condições de segurança no trabalho;

as condições de representação e de organização sindical.

Interessa no presente estudo, trazer a contribuição com relação ao tipo de

precarização da organização e condições de trabalho e das condições de segurança

no trabalho. Sabe-se que o primeiro tipo de precarização trata-se da ampliação do

ritmo do trabalho, metas inalcançáveis, extensão da jornada, polivalência,

rotatividade, multiexposição aos agentes físicos, químicos, ergonômicos e

organizacionais conduzindo à intensificação do trabalho potencializada pelo

desenvolvimento tecnológico da microeletrônica. E o segundo refere-se à

fragilização das condições de segurança no trabalho, diluição de responsabilidades

flexibilizadas, precárias condições de trabalho implicando maior exposição a riscos

gerando agravos a saúde e à segurança no trabalho.

Tais agravos podem ser analisados a partir de enfoques sobre o campo da

Saúde Mental Relacionada ao Trabalho (SMRT), o qual possui diferentes correntes

de pensamento científico segundo Silva (2011, p.122-123) a saber:

1) Abordagens com raízes na teoria do estresse que leva em consideração as correlações entre o work-stress e patologias com enfoque psicossomático procurando identificar os fatores de risco (estressores); 2) Abordagem voltada para a utilização do referencial psicanalítico importante para pesquisas qualitativas proporciona ações terapêuticas ao atendimento de trabalhadores adoecidos (processos subjetivos ou intrapsíquicos e as relações interpessoais), no exame dos fenômenos de caráter coletivo no cenário com locais e situações de trabalho; 3) Modelo que adota o conceito de desgaste emergindo de estudos dos processos de trabalho com consumo do substrato e das energias vitais do trabalhador. Portanto, adota como fundamento teórico o materialismo dialético e a perspectiva histórica.

104

Assim, considera-se que na perspectiva do materialismo histórico podem ser

reveladas implicações objetivas e subjetivas para as (os) assistentes sociais no

serviço público nos hospitais devido ao desgaste e consumo da força de trabalho.

A exploração do substrato e das energias vitais desse trabalhador são

aspectos geradores de agravos físicos e mentais à saúde destes, conforme dados

da pesquisa de campo, com destaque para algumas informações que revelam

causas do adoecimento mental entendido como efeito/agravo psicológico e ou

mental para as (os) assistentes sociais:

a) Sobrecarga de trabalho, onde alguns profissionais não assumem suas atribuições repassando para o Serviço Social resolver, o que muitas vezes não depende da competência inerente à categoria profissional; b) Falta uma direção mais efetiva73 e que saiba as reais atribuições e competências das (os) assistentes sociais; c) Falta de fiscalização efetiva e ausência do CRESS74 no ambiente de trabalho; d) Fragmentação das ações e excesso de demandas para poucos profissionais; e) Falta de comunicação multidisciplinar75, sobre estado de saúde do paciente, intercorrências, evolução do processo saúde-doença; f) Insatisfação devido à impossibilidade de efetivar os direitos dos pacientes do SUS devido Ausência de vagas de leitos de UTI que contemple a demanda existente e pelas dificuldades de equipamento de comunicação no ambiente de trabalho; g) Desestímulo devido à desvalorização76 do servidor na esfera estadual e baixa remuneração, não observância da Lei das 30h no PCCS da SESAP em jornada de trabalho em regime de plantão; h) Jornada de trabalho excessiva e ambiente de trabalho com intrigas interprofissionais, condições de trabalho desfavorável e sem mecanismo de incentivo e valorização profissional; i) Ausência de uma Política Efetiva de Recursos Humanos que leve em consideração a Política de Saúde do Trabalhador; j) Não resolutividade imediata de acordo com as demandas por atendimentos e realização de exames de apoio diagnóstico que viabilize o tratamento adequando aos usuários envolvendo a tomada de decisões considerando as partes envolvidas. (CÂMARA, 2012).

Acrescidas a estes fatores encontram-se as dificuldades inter-relacionais, as

quais dificultam o trabalho e potencializam o stress, prejudicando os

encaminhamentos, gerando sintomas característicos do colapso resultante da

73 Pois a gestão se mostra autoritária com ações que refletem aos interesses políticos a que são dependentes. 74 Destaca-se que o CRESS/RN realizou fiscalização nos espaços sócio-ocupacionais das (os) assistentes sociais no ano de 2012, conforme relatório anexo, mas que não obteve resolutividade que alterasse significativamente as condições de trabalho das (os) assistentes sociais. 75 Estas dificuldades são um dos principais fatores geradores de stress no ambiente de trabalho. 76 Esta motivação causa stress e adoecimento profissional devido à insatisfação decorrente do não reconhecimento da competência do profissional de Serviço Social.

105

exaustão diante das exigências profissionais e insatisfação para os usuários e

assistentes sociais. Desse modo, dificulta o direcionamento correto e em tempo hábil

das ações e/ou intervenções profissionais na solução dos problemas dos usuários

demandantes dos serviços. Portanto, observamos implicações nas condições de

vida das (os) assistentes sociais, devido às condições objetivas e subjetivas de

trabalho e aos agravos ocasionados, pelo desgaste físico e mental, no/pelo trabalho

nos hospitais da RMN do RN por causa das atribuições e competências realizadas

nos espaços sócio-ocupacionais.

106

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que as doenças relacionadas ao trabalho, constituem-se em um

sério problema social e de saúde pública que atinge um número significativo de

trabalhadores.

Considerando algumas pesquisas em saúde e trabalho desenvolvidas no

Brasil, bem como a excelência de grupos de pesquisa envolvidos com esse debate,

chamamos a atenção para a necessidade de uma abordagem mais ampla que

envolva Política de Saúde do Trabalhador. Daí a tentativa de dialogar com outras

áreas do conhecimento científico, a fim de compreender a diversidade que envolve o

tema. Portanto, este estudo buscou descortinar as reais possibilidades de avanços

na constituição de indicadores e ações que possam contribuir para o conhecimento

dessa realidade e possível proposição diante destas.

O acidente e as doenças relacionadas ao trabalho constituem-se um sério

problema social e de saúde pública que atinge um número significativo de

trabalhadores. A combinação das inovações tecnológicas como os novos métodos

gerenciais, tem gerado intensificação do trabalho traduzida numa série de agravos

físicos e mentais à saúde. Enquanto trabalhador (a) assalariado (a), a (o) assistente

social não esta isento (a) desta implicação, uma vez que o trabalho é determinante

nos modos de viver e de trabalhar dos sujeitos e, nesse sentido, o acidente e o

adoecimento são expressões que retratam a maneira como o trabalho vem se

configurando na atualidade na vida dos trabalhadores.

Diante disso, nosso processo investigativo pesquisou a atuação dos

profissionais de Serviço Social, nas jornadas de trabalho em regimes de plantão, nos

hospitais da Rede Estadual de Saúde na RMN. Esse trabalho fora pensado como

serviço de saúde público e as condições objetivas e subjetivas deste, norteando todo

o percurso teórico metodológico desta pesquisa.

Ao questionarmos como se configuravam o trabalho e as condições de

trabalho dos assistentes sociais nos hospitais públicos no RN, tínhamos o

pressuposto de que esse trabalho encontrava-se em condições precarizadas, com

demandas cada vez mais polivalentes, sobrecarregando os trabalhadores, devido a

interesses capitalistas que permeam as implementações das políticas sociais.

Assim, tivemos a intencionalidade de apreender as relações mais complexificadas,

as quais envolvem condições objetivas e subjetivas de trabalho da (o) assistente

107

social, tentando ir além da relação direta entre homem e natureza, mais

precisamente, uma relação estabelecida entre os próprios seres sociais.

Dos recursos repassados pelo Ministério da Saúde à implementação da

Política de Saúde do Trabalhador no RN, observa-se que são custeadas

capacitações e qualificações as quais devem subsidiar as ações da Política de

Saúde do Trabalhador no ente municipal, ao qual compete a execução de ações

preventivas entre a promoção do estado de saúde diante do processo saúde-doença

dos trabalhadores do RN. Identificou-se ainda a presença da prática profissional de

assistentes sociais nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador.

Compreende-se que o trabalho enquanto categoria central é fundante do ser

social e, portanto, indeterminado enquanto trabalho humano. Constituído pelas

complexas interações entre instrumentos de trabalho e relações sociais, tecnologia e

sociedade. Nessa apreensão, vê-se que os demandantes da intervenção profissional

de assistentes sociais no trabalho em saúde e a relação histórica da profissão, como

subsidiária de outras profissões, são determinantes que interferem nas atribuições e

competências no espaço sócio-ocupacional desta categoria profissional nos

hospitais da Rede Estadual na RMN.

Depreendendo-se que na realidade do cotidiano profissional as demandas

postas, na maioria das intervenções, não estão em conformidade com os

parâmetros de atuação de assistentes sociais na Política de Saúde. Isto configura o

atual desafio para rompimento de práticas burocratizadas, conservadoras a fim de

assumir de fato função/atribuição tecnicamente qualificada a intervir junto aos

usuários do SUS com consciência crítica não alienada.

Constata-se que o perfil socioeconômico das (os) assistentes sociais revela

profissionais na faixa etária de 41 a 50 anos, predominantemente do sexo feminino,

com situação civil casada (o), possuindo em média dois filhos, com orientação

sexual para heterosexualidade, na maioria com pertença étnico-racial branca,

percebendo de 7 a 9 salários mínimos, predominantemente com apenas um vínculo

empregatício e com mais de 16 anos de trabalho no serviço de saúde, atuando em

regime de plantões com carga horária de 40h semanais.

Estes realizam atualização profissional através de especializações e cursos

de curta duração e que disponibilizam tempo para lazer na vida cotidiana, o qual tem

relação direta com atividades que promovam saúde física e mental.

Ressalta-se que o trabalho das (os) assistentes sociais nos hospitais da

108

Rede Estadual na RMN apresenta continuidade, na realidade já vista por Meneses

em 2010, onde o processo de trabalho em hospitais fora marcado pela

competitividade e corporativismo dos servidores e pela falta de consciência de

classe devido,

às fragilidades enfrentadas pelo conjunto da classe trabalhadora, como: a precarização da força de trabalho por meio da terceirização; as extensas jornadas de trabalho (plantões de 12 e/ou 24 horas); ações individualizadas e imediatas; a intensificação do trabalho por duplo ou até triplo vínculo; as privatizações; a não existência de um Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS), condizente com a realidade; e a massiva flexibilização das relações de trabalho. (MENESES, 2010, p. 114, grifo nosso).

A análise sobre o trabalho da (o) assistente social, principalmente no campo

da saúde, permite afirmar que este profissional, mesmo realizando atividades

partilhadas com outros profissionais, dispõe de ângulos particulares de observação

na interpretação dos mesmos processos sociais e uma competência também distinta

para o encaminhamento das ações.

Quanto às atribuições profissionais essas envolvem competências e

atribuições privativas assim com funções relativas aos princípios do código de ética.

No entanto, a execução de atribuições que não são competências, desvirtua a

principal função social da intervenção profissional diante das expressões da questão

social no espaço sócio-ocupacional.

Existe uma diversidade de atribuições/atividades no exercício profissional de

assistentes sociais na RMN, haja vista a desresponsabilização dos gestores

municipais e estaduais. Esse último negligencia a atenção à saúde do trabalhador

servidor público, onde no cenário atual os trabalhadores vivenciam em seus espaços

sócio-ocupacionais precarização, falta de materiais de trabalho77, de consumo,

permanente, estrutura física e infraestrutura adequada ao exercício profissional.

Faltam materiais básicos, inclusive os de proteção, o que evidencia as implicações

objetivas das condições de trabalho no processo de adoecimento por causas

77 As condições materiais de trabalho – telefone, transporte, material de expediente, computador, impressora, aparelho de fax –, não são disponibilizados de acordo com a necessidade do Serviço Social, mas pelo poder de convencimento – “jogo de cintura” –, do poder de barganha de determinados profissionais, interferindo na rotina profissional, pois nem todos assistentes sociais se utilizam destes recursos, e simplesmente, na falta de condições materiais, cada um realiza o trabalho como dá/pode, e não como deveria conforme constatara Meneses em 2010 na pesquisa: “PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE: uma análise das condições de trabalho dos assistentes sociais no âmbito hospitalar”.

109

externas, configurando adoecimento por motivos diretamente relacionados ao

ambiente e relações de trabalho.

Assim, identificamos como determinantes aos agravos físicos e mentais para

o adoecimento profissional de assistentes sociais que atuam nos hospitais da Rede

Estadual na RMN, as condições objetivas e subjetivas de trabalho. No entanto,

ressaltamos que com o padrão técnico científico que se tem, se os interesses

dominantes não fossem os do capital, se os imperativos não fossem os do capital,

poderíamos ter uma jornada de trabalho muito menor, com menos tempo e dias de

trabalho, com melhores condições de trabalho, podendo desse modo, os

trabalhadores, dentre eles os assistentes sociais, viver com mais dignidade e

aumentando seu tempo de vida fora do trabalho.

Entendemos a necessidade de um debate ampliado sobre as exigências

atuais do mundo do trabalho, que exige aumento na produtividade e metas

estabelecidas ao exercício profissional, assim como a atualização para novas

tecnologias, seja parte da reflexão e educação permanente/continuada das (os)

assistentes sociais, haja vista que as implicações/ rebatimentos das mudanças no

mundo do trabalho, também negam direitos e desregulamenta relações de trabalho,

assim como fragilizam movimentos sociais e sindicais. Portanto, vive-se uma

sociabilidade capitalista que admite relações individualistas, competitivas e

mercantilizadas coisificando as relações sociais.

Foi possível compreender por meio desse estudo, o significado do trabalho,

enquanto confirmação da importância e existência humana no mundo. Percebem-se

as (os) assistentes sociais como trabalhadores (as), sujeito histórico, parte da classe

trabalhadora no processo coletivo, que concentra expressivo número de

trabalhadores desprovidos do acesso à riqueza socialmente produzida, sujeito às

profundas mudanças ocorridas no mundo do trabalho com um cenário de

acumulação flexível permeado pela intensificação do trabalho, precarizações,

desregulamentações, elevados índices de desemprego, dentre outros aspectos

fixados no momento atual, os quais repercutem diretamente nos modos de viver e

de trabalhar dos sujeitos.

Nesse sentido, esta possibilidade quase ilimitada de transformações no que

concerne à reprodução social é a base para a compreensão do modo de produção

capitalista que, para além de uma relação entre trabalhador e produto do trabalho, é

estabelecida uma relação de produção específica social, de origem histórica que faz

110

o trabalhador instrumento direto de criação da mais-valia. Assim, o trabalho coletivo

adquiriu importância central no modo de produção capitalista, pois representou e, na

atualidade representa cada vez mais, uma forma de exploração e extração da mais-

valia.

Ademais, cabe ainda ressaltar que a relação entre agravos e precárias

condições de trabalho parece redundante. No entanto, o estudo revelou-se

extremamente importante, possibilitando desvelar, na realidade do trabalho de

assistentes sociais dos hospitais da Rede Estadual na Região Metropolitana de

Natal, que os adoecimentos provenientes dos desgastes físicos e emocionais são

resultantes da precariedade das condições de trabalho no serviço público do RN.

Nessa conjuntura, o trabalho das (os) assistentes sociais perpassa a

precarização de condições objetivas e subjetivas diante da complexidade que

envolve o Sistema Único de Saúde diante do projeto hegemônico da categoria, a

favor de uma sociedade mais justa e igualitária, deparando-se no cotidiano

profissional com exclusão social, fragmentação e não observância do princípio da

universalidade do SUS diante da lógica do capital e suas repercussões nos direitos

sociais e trabalhalhistas em nome de crises que se afirmam ser dos altos índices de

acumulação. Toda essa realidade tem ocasionado agravos considerados

implicações na vida dos trabalhadores, dentre eles os assistentes sociais que tem

adoecido no/pelo trabalho.

A sistematização apresentada representa a finalização da formação

profissional acadêmica, que só foi possível de ser realizada em razão da

disponibilidade dos responsáveis pelas instituições e pela concessão de informações

das (os) profissionais que se dispuseram a relatar sua compreensão sobre o

trabalho e condições deste, assim como dados sobre adoecimento, que nos

conduziram refletir quanto às implicações das condições de trabalho no processo de

adoecimento da (o) assistente social que atua no contexto hospitalar.

Ressalta-se a necessária construção e consolidação de novos estudos,

sobretudo acerca do espaço sócio-ocupacional nos serviços de saúde dentre outros

campos de atuação, para áreas e aspectos ainda desconhecidos ou pouco

explorados nessa pesquisa como a Política Nacional de Recursos Humanos para os

trabalhadores da saúde no SUS nas dimensões da composição e distribuição da

força de trabalho, formação e qualificação profissional de acordo com o mercado e

campos de atuação, organização do trabalho, condições desse trabalho, regulação

111

do exercício profissional, relações de trabalho e administração/gestão de pessoas.

Necessita-se de ruptura com o círculo vicioso de instituições burocratizadas

e sujeitos alienados, através de experiências que mexam na arquitetura

organizacional, na lógica de gestão e nos modos de inclusão dos trabalhadores no

processo decisório com base na redefinição dos objetivos organizacionais, para

produzir valores de uso para a sociedade e a inserção dos trabalhadores na luta por

uma política de Saúde do Trabalhador efetiva na vida destes.

Observando o desafio posto no SUS diante da discrepância entre as

expectativas e as experiências inerentes à dinâmica social no campo da saúde e

crenças dos atores sociais/trabalhadores diante do processo de mudanças no SUS,

destacamos a reflexão de Vasconcelos (2005), que afirma o prevalecimento do

incrementalismo como lógica de implementação das ações que trilharam as regras e

os procedimentos instituídos para o SUS, pois o Ministério da Saúde do Brasil não

apostou na construção de um projeto de reforma setorial que altere os arranjos e

mecanismos institucionais bem como a lógica de formulação, financiamento e

gestão da política de saúde efetivamente conforme os ideais da Reforma Sanitária.

Essa realidade pode ser analisada transversalmente nas atribuições

profissionais das (os) assistentes sociais, em cuja intervenção no cotidiano

profissional prevalecem ações incoerentes com o preconizado nos Parâmetros de

Atuação de assistentes sociais na Política de Saúde remetendo ao desafio a ser

enfrentado na contemporaneidade nos serviços públicos de saúde dentre outros, a

fim de refletir em mudanças que viabilizem direitos à vida dos assistentes sociais,

envolvendo ações inerentes ao processo saúde-doença dos trabalhadores da saúde

dentre outras áreas.

Identificam-se como causas do adoecimento mental das (os) assistentes

sociais:

1. Sobrecarga de trabalho;

2. Falta de uma direção mais efetiva e que saiba as reais atribuições e

competências das (os) assistentes sociais;

3. Falta de fiscalização efetiva e ausência do CRESS no ambiente de trabalho;

4. Fragmentação das ações e excesso de demandas para poucos profissionais;

5. Falta de comunicação multidisciplinar, sobre estado de saúde do paciente,

intercorrências, evolução do processo saúde-doença;

112

6. Insatisfação devido à impossibilidade de efetivar os direitos dos pacientes do

SUS;

7. Desestímulo devido à desvalorização do servidor na esfera estadual e baixa

remuneração, não observância da Lei das 30h no PCCS da SESAP em

jornada de trabalho em regime de plantão;

8. Jornada de trabalho excessiva e ambiente de trabalho com intrigas

interprofissionais, condições de trabalho desfavoráveis à intervenção

profissional;

9. Ausência de uma Política Efetiva de Recursos Humanos que leve em

consideração a Política de Saúde do Trabalhador;

10. Não resolutividade imediata às necessidades dos usuários quanto aos

exames de apoio diagnóstico que viabilize o tratamento adequado na

recuperação dos pacientes demandantes dos serviços de saúde.

Ressalta-se que estas causas do adoecimento provenientes das condições

precárias de trabalho tem ocasionado agravos subjetivos à vida das (os) assistentes

sociais, como resultado das últimas transformações no mundo do trabalho,

presentes também nos vínculos formais de trabalho do serviço público imperando a

exploração exacerbada da força de trabalho resultante dos interesses do capital.

113

REFERÊNCIAS

ALVES, Giovanni. O novo (e precário) mundo do trabalho : reestruturação produtiva e crise do sindicalismo. São Paulo: Boitempo, 2010a. ALVES, Giovanni. Trabalho e saúde . São Paulo: LTR, 2011. ALVES, Giovanni. Trabalho, capitalismo global e “captura” da subjetividade: uma perspectiva crítica. In: SANT’ANA, Raquel et al (Orgs.). O avesso do trabalho II : trabalho, precarização e saúde do trabalhador. São Paulo: Expressão popular, 2010b. p. 41-59. ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 1999. ANTUNES, Ricardo. Produção liofilizada e a precarização estrutural do trabalho. In: SANT’ANA, Raquel et al (Orgs.). O avesso do trabalho II : trabalho, precarização e saúde do trabalhador. São Paulo: Expressão popular, 2010. p. 21-40. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM. Cartilha do trabalhador de enfermagem: saúde, segurança e boas condições de trabalho. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ cartilha_aben.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2013. BAPTISTA, Dulce M. Tourinho. O debate sobre o uso de técnicas qualitativas e quantitativas de pesquisa. In: MARTINELLI, M. L. Pesquisa qualitativa: um instigante desafio. São Paulo: Veras Editora, 1999. BAPTISTA, Myrian Veras; BATTINI, Odária. A prática profissional do assistente social : teoria, ação, construção de conhecimento. São Paulo: Veras Editora, 2009. v.1. BAPTISTA, Renata Coelho. Doença e outros agravos à saúde produzidos pelo trabalho. Cadernos Interdisciplinares: Saúde, Tecnologia e Questão Social, ano 1, n.1, v.1, 2004. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo . 3.ed. Lisboa: Edições 70, 2004. BARROS, Rose Marrie de Araújo. O trabalho dos assistentes sociais : os desafios da formação permanente nos hospitais universitários Onofre Lopes (HUOL) e hospital Ana Bezerra (HUAB) da UFRN. 2011. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Natal, RN, 2011. BEHRING, Elaine Rossetti. Acumulação capitalista, fundo público e política social. In: BOSCHETTI, Ivanete et al (Orgs). Política social no capitalismo: tendências contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2008. p. 44-63. BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social : fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2007. (Biblioteca Básica de Serviço Social).

114

BEHRING, Rossetti Elaine; BOSCHETTI, Ivanete. Política social: fundamentos e história. 6.ed. São Paulo: Cortez, 2009. BELLUSCI, Silvia Meirelles. Doenças profissionais ou do trabalho . 11. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 1996. BERNARDO, Marcia Hespanhol. Trabalho duro, flexível . São Paulo: Expressão Popular, 2011. BISPO, Andréia Carvalho. Estresse e trabalho : assistentes sociais na mira do Burnout. In: RODRIGUES, Maria Lúcia; LIMENA, Maria Margarida Cavalcanti (Orgs.). Metodologias multidimensionais em ciência humana. Brasília: Liber Livro Editora, 2006. BOSCHETTI, Ivanete. Condições de trabalho e a luta dos (as) assistentes sociais pela jornada semanal de 30 horas. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 107, p. 557-584, jul./set. 2011. BRASIL. A saúde no Brasil: reforma sanitária e ofensiva neoliberal. In: Política Social e Democracia . 2. ed. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: UERS, 2002b. p. 197-215. BRASIL. Portaria/GM nº. 399, de 22 de fevereiro de 2006. Diretrizes do Pacto pela Saúde em 2006 – Consolidação do Sistema Único de Saúde, publicado na Portaria/GM nº. 399, de 22 de fevereiro de 2006. BRASIL. Casa Civil. Decreto nº. 7.655 de 23 de dezembro de 2011. Regulamenta a Lei nº. 12.382, de 25 de fevereiro de 2011, que dispõe sobre o valor do salário mínimo e a sua política de valorização de longo prazo. Diário Oficial da União, Brasília, 26 dez. 2011a. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Lei nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. 1990a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm>. Acesso em: 12 jan. 2012. BRASIL. Lei nº. 8.142/90, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. 1990b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm>. Acesso em: 4 abr. 2012. BRASIL. Lei nº. 8662 de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 8 jul. 1993.

115

BRASIL. Ministério da Saúde. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de saúde (CNES). Disponível em: <http://cnes.datasus.gov.br/Lista_Es_Nome.asp>. Acesso em 24 jan. 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº. 218 de 06 de março de 1997. 1997. Disponível em: <conselho.saude.gov.br/resolucoes/ 1997/Reso218.doc>. Acesso em: 28 jan. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Decreto nº. 7.508 de 28 de junho de 2011. Implantação do decreto 7.508/11 e aprimoramento do pacto pela saúde. 2011b. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ 2b_apresentacao_nov2011.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério do Trabalho e Emprego. Ministério da Previdência e Assistência Social. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 8., 1986, Brasília. Relatório Final . Brasília: Ministério da Saúde, 1986a. BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério do Trabalho e Emprego. Ministério da Previdência e Assistência Social. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR, 1., 1986, Brasília. Relatório Final . Brasília: Ministério da Saúde, 1986b. BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério do Trabalho e Emprego. Ministério da Previdência e Assistência Social. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR, 2., 1994, Brasília. “Trabalhar, sim! Adoecer, não!”. Relatório Final . Brasília: Ministério da Saúde, 1994. BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério do Trabalho e Emprego. Ministério da Previdência e Assistência Social. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR, 3., 2005, Brasília. “Construindo uma Política de Saúde do Trabalhador!”. Coletânea de textos . Brasília: Ministério da Saúde, 2005a. BRASIL. Ministério da Saúde. Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS-SUS 01/2001). Ministério da Saúde: Brasília, 2001a. BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. 2001b. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/ pdf/02_0388_M1.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Saúde . 2005b. Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/pns/arquivo/Plano_Nacional_de_Saude.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 1.339/GM, de 18 de novembro de 1999. Lista de doenças relacionadas ao trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, 19 nov. 1999.

116

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 1.679 de 19 de setembro de 2002. Dispõe sobre a estruturação da rede nacional de atenção integral à saúde do trabalhador no SUS e dá outras providências. 2002a. Disponível em:<http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2002/Gm/GM-1679.htm>. Acesso em: 26 jan. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 2.437 de 07 de dezembro de 2005. Dispõe sobre a ampliação e o fortalecimento da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador - RENAST no Sistema Único de Saúde - SUS e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 8 dez. 2005c. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 2.728 de 11 de novembro de 2009. Dispõe sobre a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 12 nov. 2009a. BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). 2009b. Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb>. Acesso em: 17 jan. 2013. BRAVO, Maria Inês Souza. As políticas brasileiras de seguridade social. In: Capacitação em Serviço Social e Política Social. Brasília: UNB; CEAD, 2000. p. 104-115. (Módulo 3: Políticas Sociais Setoriais e por Segmento). BRAVO, Maria Inês. Serviço social e reforma sanitária : lutas sociais e práticas profissionais. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: UFRJ, 1996. BRAVO, Maria Inês S. et al (Orgs.). Saúde e Serviço Social . 4. ed. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: UERJ, 2009. BRAVO, Maria Inês Souza; MATOS, M. C. A saúde no Brasil: reforma sanitária e ofensiva neoliberal: In: BRAVO, M. I. S.; PEREIRA, P. A.P. (Orgs.). Política social e democracia. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2002. p.197-215. BRAZ, Marcelo. O governo Lula e o projeto ético-político do Serviço Social. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, ano 25, n.78, p. 48-68, jul. 2004. CÂMARA, Patrícia Cristiane Soares. As condições de trabalho na área de saúde e o processo de adoecimento da (o) Assistente Socia l: dados da pesquisa de campo. Natal, 2012. CARCANHOLO, Reinaldo A. (org.). Capital : essência e aparência. São Paulo: Expressão Popular, 2011. v.1. 176p. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Carta de Maceió . Seguridade Social pública: é possível. Maceió: CFESS; CRESS, 2000. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Parâmetros para a Atuação de Assistentes Sociais na Saúde. In: ENCONTRO NACIONAL DO CFESS E CRESS, 36., 37., Brasília. Anais... Grupo de trabalho “Serviço Social na Saúde”. Brasília: CFESS, 2009.

117

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Resolução n. 273, de 13 de março de 1993. Institui o Código de Ética do Assistente Social. 1993. Disponível em: <http://www.cfess.org.br>. Acesso em: 14 jan. 2013. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Resolução nº. 290, 1993: Lei 8.662/93 de regulamentação da profissão. 9. ed. Brasília: CFESS, 2011. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP2011_CFESS.pdf> Acesso em: 20 jan. 2012. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Resolução nº. 383, de 29 de março de 1999. Dispõe sobre o assistente social como profissional da saúde. Brasília: CFESS, 1999. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Resolução nº. 493, de 21 de agosto de 2006. Dispõe sobre as condições éticas e técnicas do exercício profissional do assistente social. Brasília: CFESS, 2006. COSTA, Cristiane vinhas; PITTA, Ana Maria Fernandes. A assistência aos pacientes terminais como fator de estresse para profissionais de saúde. Revista Serviço Social e Sociedade , São Paulo, ano 26, n.82, p. 148-159, jul. 2005. COSTA, Maria Alda Medeiros da; MEDEIROS, Cyntia Cibele R. Lima de. Serviço Social e a democratização do acesso aos serviços de saúde. 1996. Monografia (Graduação em Serviço Social) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 1996. COSTA, Maria Dalva Horácio da. O Trabalho nos Serviços de Saúde e a Inserção dos(as) Assistentes Sociais. In: MOTA, Ana Elizabete et al (Orgs.). Serviço Social e Saúde: formação e trabalho profissional. 4.ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: OPAS, 2009. p. 304-351. COSTA, Maria Dalva Horácio da. Os elos invisíveis do processo de trabalho no Sistema Único de Saúde: um estudo sobre as particularidades do trabalho dos assistentes sociais na área da saúde pública de Natal (RN). 2000. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2000. COSTA, Maria Dalva Horácio da. Os serviços na contemporaneidade. In: MOTA, Ana Elizabete (Org.). A nova fábrica de consensos. São Paulo: Cortez, 1998. COSTA, Maria Dalva Horácio da. Serviço social e intersetorialidade : a contribuição dos assistentes sociais para construção da intersetorialidade no cotidiano do Sistema Único da Saúde. Recife, 2010. CUNHA, Rosani Evangelista da. Organização e gestão das políticas sociais no Brasil: o financiamento de políticas sociais no Brasil. In: Capacitação em Serviço Social e Política Social . Brasília, DF: CFESS; ABEPSS, 2000. p. 88-102. DEJOURS, Christophe. A Loucura do Trabalho : estudo de psicopatologia do trabalho. 5.ed. São Paulo: Cortez, 1992.

118

DESLANDES, Suely Ferreira et al. Pesquisa social : teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. DIAS, E. C. A atenção à saúde dos trabalhadores no setor saúde no Brasil: realidade, fantasia ou utopia? 1994. 335f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1994. DOMINGOS, Lino; PIANTA, Fátima. Saúde e Trabalho: conceitos gerais. In: INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE NO TRABALHO. Conteúdos Básicos para uma ação sindical. Disponível em: <www.instcut.org.br>. Acesso em: 15 dez. 2012. DOMINGUES JÚNIOR, Luiz Roberto Pires. O processo saúde: doença no serviço público e suas consequências ao Estado, ao cidadão e ao servidor. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR, 3. 2005, Brasília. “Trabalhar, sim! Adoecer, não!”. Coletânea de textos . Brasília: Ministério da Saúde, 2005. p. 130-137. DRUCK, Graça. trabalho, precarização e resistências: novos e velhos desafios? Caderno CRH, Salvador, v.4, n.esp, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccrh/v24nspe1/a04v24nspe1.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2012. FÁVERO, Eunice Teresinha. Desafios e perspectivas do exercício profissional do assistente social na efetivação de direitos. In: BAPTISTA, Myrian Veras; BATTINI, Odária. A prática profissional do assistente social: teoria, ação, construção de conhecimento. São Paulo: Veras Editora, 2009. v.1. p. 159-175. FLEURY, Sônia. Saúde e democracia : a luta do CEBES. São Paulo: Lemos Editorial, 1997. FLEURY, Sônia. Saúde: Coletiva? Questionando a onipotência do social. Rio de Janeiro: Relume Dumará; 1992.Fleury S. Reforma Sanitária – En busca de una teoria.1992. GRANGEIRO, Maria Vanessa T.; ALENCAR, Denyse Torquato de; BARRETO, Julyanne de O. Paes. A Síndrome de Burnout: uma revisão da literatura. Saúde Coletiva: Coletânea, n.2, nov. 2008. Disponível em: <coletanea2008.no.comunidades.net/index.php?pagina=1225285076>. Acesso em: 27 jan. 2013. GUERRA, Yolanda Guerra. A instrumentalidade do Serviço Social . São Paulo, Cortez, 1995. GUERRA, Yolanda. O conhecimento crítico na reconstrução das demandas profissionais contemporâneas. In: BAPTISTA, Myrian Veras; BATTINI, Odária. A prática profissional do assistente social: teoria, ação, construção de conhecimento. São Paulo: Veras Editora, 2009. v.1. p. 79-106.

119

GUIMARÃES, Célia Maria; CÂMARA, Patrícia Cristiane Soares. A importância da prática educativa do profissional de serviço social para os usuários dos serviços de saúde . 2006. 107f. Monografia (Graduação em Serviço Social) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2006. IAMAMOTO, Marilda V. Assistentes Sociais no Brasil: elementos para o est udo do perfil profissional . Brasília: CFESS, 2005. IAMAMOTO, Marilda V. Atribuições privativas do (a) Assistente Social em questão . Brasília, DF: CFESS; CRESS, 2002. IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na contemporaneidade : trabalho e formação profissional. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2003. IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na divisão do trabalho. In: Renovação e Conservadorismo no Serviço Social : ensaios crítico. São Paulo: Cortez, 1982. p. 87-105. IAMAMOTO, Marilda V. Serviço Social em tempo de capital fetiche : capital financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez, 2007. IAMAMOTO, Marilda Villela. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2001. IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2010 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010. 2010. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/apps/mapa>. Acesso em: 15 jan. 2013. KRUG, Suzane Beatriz Frantz. Sofrimento no trabalho : a construção social do adoecimento de trabalhadoras da saúde. 2006. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006. LACAZ, F. A. C. Política Nacional de saúde do trabalhador: desafios e dificuldades. In: SANT’ANA, Raquel et al (Org.). O avesso do trabalho II : trabalho, precarização e saúde do trabalhador. São Paulo: Expressão popular, 2010. p.199-230. LACAZ, F. A. C. Reforma Sanitária e Saúde do Trabalhador. Saúde e Sociedade , n.3, p.41-59, 1994. LACAZ, F. A. C. Saúde do trabalhador: um estudo sobre as formações discursivas da academia, dos serviços e do movimento sindical. 1996. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1996. LACAZ, F. A. C.; GÓMEZ, C. Minayo. Saúde do Trabalhador: novas-velhas questões. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR, 3. 2005, Brasília. “Trabalhar, sim! Adoecer, não!”. Coletânea de textos . Brasília: Ministério

120

da Saúde, 2005. p. 150-154. LACAZ, F. A. C.; MACHADO, J.; PORTO, M. Estudo da Situação e Tendências da Vigilância em Saúde do Trabalhador no Brasil: relatório de Pesquisa. 2002. Disponível em: <www.opas.org.br/saudedotrabalhador>. Acesso em: 15 jan. 2012. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica . 6.ed. São Paulo: Atlas, 2008. LAURELL, Asa Cristina. A saúde-doença como processo social. Revista Latinoamericana de Salud, México, n.2, p. 7-25, 1982. Disponível em: <a.yimg.com/kq/groups/23089490/574657748/name/saudedoenca.pdf> Acesso em: 8 jan. 2013. LAURELL, Asa Cristina; NORIEGA, Mariano. Processo de produção e saúde: trabalho e desgaste operário. São Paulo: Hucitec, 1989. LESSA, Ana Paula Girão. O Trabalho do Assistente Social no SUS: desafios e perspectivas. In: O Serviço Social no Sistema Único de saúde . Fortaleza, CE: Ed. Nacional LTDA, 2003. p. 65-76. LIMA, Rita de Lourdes de. Fundamentos Teóricos Metodológicos do Serviço Social. Natal: UFRN, 2011. Notas de Aulas da disciplina. LOURENÇO, Edvânia Ângela de Souza. In: SANT’ANA, Raquel Santos et al (Org.). O avesso do Trabalho II: trabalho, precarização e saúde do trabalhador. São Paulo: Expressão Popular, 2010. LOURENÇO, Edvânia Ângela de Souza. Na trilha da saúde do trabalhador : a experiência de Franca. Franca: UNESP; FHDSS, 2009. LOURENÇO, Edvânia Ângela de Souza; BERTANI, Íris Fenner. Saúde do Trabalhador no SUS: desafios e perspectivas frente à precarização do trabalho. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional , São Paulo, v.32, n.115, p.121-134, 2007. MARTINELLI, Maria Lúcia (Org.). Pesquisa qualitativa um instigante desafio. São Paulo: Veras Editora, 1999. MARTINELLI, Maria Lucia. O trabalho do assistente social em contextos hospitalares: desafios cotidianos. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 107, p. 497-508, jul./set. 2011. MARTINELLI, Maria Lúcia. Sentido e direcionalidade da ação profissional: projeto ético-político em serviço social. In: BAPTISTA, Myrian Veras; BATTINI, Odária. A prática profissional do assistente social: teoria, ação, construção de conhecimento. São Paulo: Veras Editora, 2009. v.1. p. 149-158 MARTINELLI, Maria Lúcia; KOUMROUYAN, Elza. Um novo olhar para questão dos instrumentos técnico-operativos em Serviço Social. Serviço Social e Sociedade ,

121

São Paulo, ano 15, n.45, p. 137-141, ago. 1994. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. Tradução Luiz Cláudio de Castro e Costa. São Paulo: Martins Fontes, 2002. MELLO, Cristiane Ferraz Quevedo de. O trabalho do assistente social no contexto hospitalar : uma análise na perspectiva do trabalho em equipe. 2012. 127f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social). Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. MENDES, Eugênio Vilaça. Distrito Sanitário: o processo social de mudança das práticas sanitárias no sistema de saúde. São Paulo: Hucitec; Abresco, 1993. MENDES, Jussara Maria Rosa; WÜNSH, Dolores Sanches. Serviço Social e a Saúde do Trabalhador: uma dispersa demanda. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 107, p. 461-481, jul./set. 2011. MENDES, R.; DIAS, E. C. Da Medicina do Trabalho à Saúde do Trabalhador. Revista de Saúde Pública, São Paulo, n. 25, p. 341-349, 1991. MENDES, R.; DIAS, E. C. Saúde do Trabalhador. In: ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e Saúde. 4. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1993. MENDES, R.; DIAS, E. C. Uma Agenda para a Saúde . 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1999. MENDONÇA, Maria Helena M. de. Sistema Único de Saúde no Brasil: entre o formal e o real, as vicissitudes da construção de uma intervenção pública moderna. Revista Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v.26, n.60, p. 9-24, jan./abr. 2002. MENESES, Érika Silva. Processo de trabalho em saúde : uma análise das condições de trabalho dos assistentes sociais no âmbito hospitalar. 2010. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010. MÉSZÁROS, Istvan. O desafio e o fardo do tempo histórico . São Paulo: Boitempo, 2007. MÉSZÁROS, István. Para Além do capital. São Paulo: Boitempo, 2002. MOTA, Ana Elizabete et al (Orgs.). Serviço Social e Saúde . 4. ed. São Paulo: Cortez; Brasília: OPAS, 2009. MOTA, Ana Elizabeth; AMARAL, Ângela A. Reestruturação do capital, fragmentação do trabalho e Serviço Social. In: MOTA, Ana Elizabeth (Org.). A nova fábrica de consensos: ensaios sobre a reestruturação produtiva empresarial, o trabalho e as demandas ao Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2008. MOTA, Daniel Pestana. Direito, trabalho e saúde: uma equação possível? In: VIZZACARO-AMARAL, André Luís; MOTA, Daniel Pestana; ALVES, Giovanni,

122

(Orgs.). Trabalho e saúde : a precarização do trabalho e a saúde do trabalhador no século XXI. São Paulo: LTr, 2011. p.187-217. NAVARRO, Vera Lúcia; PRAZERES, Taísa Junqueira. Reestruturação produtiva, precarização e saúde do trabalhador na indústria de calçados de Franca (SP). In: SANT’ANA, Raquel et al (Orgs.). O avesso do trabalho II : trabalho, precarização e saúde do trabalhador. São Paulo: Expressão popular, 2010. p.179-196. NETTO, José Paulo. Introdução ao método da teoria social: pesquisa e produção do conhecimento na área do Serviço social. In: Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais. Brasília: CFESS, 2009. NETTO, José Paulo. Transformações societárias e Serviço Social: notas para uma análise prospectiva da profissão no Brasil. Revista Serviço Social e Sociedade , São Paulo, ano 17, n.50, 1996. NICOLAU, Maria Célia. O aprender do fazer: Serviço Social, trabalho e representações sociais. Natal: EDUFRN, 2005. NOGUEIRA, Roberto Passos. Capital e trabalho nos serviços de saúde: introdução e o conceito de serviços; determinação geral. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1989. (Mimeo). NOGUEIRA, Roberto Passos. O trabalho em Serviços de Saúde. [2011]. Disponível em: < http://pt.scribd.com/doc/39100746/o-Trabalho-Em-Saude>. Acesso em: 11 mar. 2012. NOGUEIRA, Vera Maria Ribeiro; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Desafios atuais do Sistema Único de Saúde – SUS e as exigências para os Assistentes Sociais. In: MOTA, Ana Elizabete et al (Orgs.). Serviço Social e Saúde: formação e trabalho Profissional. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2009. OLIVEIRA, Francisco de Oliveira. O surgimento do antivalor: capital, força de trabalho e fundo público. In: ______. Os direitos do antivalor: a economia política da hegemonia imperfeita. Petrópolis: Vozes, 1988. p. 19-48. OLIVEIRA, Nildete Terezinha de. O processo de adoecimento do trabalhador da saúde : o setor de enfermagem do pronto socorro de um hospital universitário. 2009. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Faculdade de Serviço Social, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. PEREIRA, Potyara A. P. Concepções e propostas de política social: tendências e perspectivas. In:______. Política Social: temas & questões. São Paulo: Cortez, 2009. p.163-179. PITTA, Ana. Hospital: dor e morte como ofício. 3.ed. São Paulo: 1994. POCHMANN, Márcio. A batalha pelo primeiro emprego: as perspectivas e a situação atual do jovem no mercado de trabalho brasileiro. São Paulo: Publisher, 2000.

123

PONTES, Reinaldo Nobre. A mediação e Serviço Social: um estudo preliminar sobre a categoria teórica e sua apropriação pelo serviço social. 6.ed. São Paulo: Cortez, 2009. RAICHELIS, Raquel. O assistente social como trabalhador assalariado; frente às violações de seus direitos. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n.107, p. 420-437, jul./set. 2011. REZENDE, Conceição A. P. Principais programas e ações do governo Lula: Janeiro/2003 a julho/2005: SUS no governo Lula. 2006. Disponível em: <http://www.pt.org.br>. Acesso em: 7 abr. 2006. RIBEIRO, Herval Pina. O público e o privado das políticas contemporâneas do Estado Moderno. Ascensão e queda dos direitos de cidadania e a emergência do individualismo e do neoconservadorismo em saúde. In: SANT’ANA, Raquel et al (Orgs.). O avesso do trabalho II : trabalho, precarização e saúde do trabalhador. São Paulo: Expressão popular, 2010. p. 307-316. RIO GRANDE DO NORTE. Decreto nº 18.936, de 22 de fevereiro de 2006. Aumenta o número máximo de sessões mensais da Comissão Permanente de Avaliações Periciais de que trata a alínea “d”, do inciso II, do art. 1º, do Decreto Estadual n.º 14.423, de 13 de maio de 1999, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado, n. 11.177, 23 fev. 2006a. RIO GRANDE DO NORTE. Decreto nº. 22.844 de 4 de julho de 2012. Decreta estado de calamidade pública no setor hospitalar e nas unidades do serviço de saúde do Estado do Rio Grande do Norte. 2012a. Disponível em: <http://www.gabinetecivil.rn.gov.br/acess/pdf/dec22.844.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2012. RIO GRANDE DO NORTE. Governo do Estado. Secretaria do Estado de Saúde Pública. Saúde do trabalhador. 2012b. Disponível em: <http://www.cerest.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/sesap_cerest/principal/enviados/index.asp> Acesso em: 26 dez. 2012. RIO GRANDE DO NORTE. Lei Complementar nº. 333 de 29 de junho de 2006. Dispõe do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) da SESAP. 2006b. Disponível em: <http://www.saude.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/sesap/ saude_destaque/gerados/pccr.asp>. Acesso em 23 de julho de 2011. RIO GRANDE DO NORTE. Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde. Mapa das regiões de saúde do RN: sala de situação em saúde – RN. 2011a. Disponível em: <petsaudern.blogspot.com.br>. Acesso em: 20 dez. 2012. RIO GRANDE DO NORTE. Secretaria do Estado de Saúde Pública. Portaria n. 31/2013-GS/SESAP, em 28 de janeiro de 2013. Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN. 2013. Disponível em: <http://187.60.79.2/dei/dorn/docview.aspx?id_jor=00000001&data=20130130&id_doc=408468>. Acesso em: 4 fev. 2013.

124

RIO GRANDE DO NORTE. Secretaria do Estado de Saúde Pública. Unidades hospitalares na Região Metropolitana de Natal . 2011b. Disponível em <http://www.saudern.gov.br>. Acesso em 16 de fevereiro de 2011. RODRIGUES, Priscila Françoise Vitaca. O trabalhador e as repercussões do adoecimento e acidente de trabalho na sua vida . 2012. 172f. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Porto Alegre, RS, 2012. SALVADOR, Evilásio. Fundo público e seguridade social no Brasil . São Paulo: Cortez, 2010. SAMPAIO, Ana Cristina de Souza. Meandros do processo de transição da agricultura convencional para a de base agroecológi ca: experiência dos agricultores familiares do território de Itapipoca – Ceará. 2011. Projeto de Pesquisa (Mestrado em Serviço Social) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2011. SANT’ANA, Raquel Santos et al (Org.). O avesso do trabalho II: trabalho, precarização e saúde do trabalhador. São Paulo: Expressão Popular, 2010. SANTOS, Marta Alves. A reestruturação produtiva e seus impactos na saúde do trabalhador. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, ano 26, n.82, p. 73- 85, jul. 2005. SANTOS, Silvana Mara de Morais dos. O CFESS na defesa das condições de trabalho e do Projeto Ético-Político profissional. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n.104, p. 694-714, out./dez. 2010. SILVA, Edith Seligmann. Trabalho e desgaste mental : o direito de ser dono de si mesmo. São Paulo: Cortez, 2011. SILVA, Edith Seligmann. Desgaste mental no trabalho dominado . São Paulo: Cortez, 1994. SILVA, José Fernando Siqueira da. Desafios e possibilidades para o estágio supervisionado na formação profissional: a experiência desenvolvida na faculdade de Serviço Social da UNISA. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM SERVIÇO SOCIAL, 6., 2000, São Paulo. Anais... , São Paulo, 2000. 1 CD ROM. SOUZA, Moema Amélia Serpa Lopes de. Trabalho em saúde: as (re)configurações do processo de desregulamentação do trabalho In: DAVI, Jordeana; MARTINIANO, Cláudia; PATRIOTA, Lúcia Maria (Orgs.). Seguridade Social e saúde: tendências e desafios. 2.ed. Campina Grande, PB: Eduepb, 2011. p. 147-174. TEIXEIRA, Solange Maria. Descentralização e participação social: um novo desenho das políticas sociais. Rev. Katálisys, Florianópolis, v.10, n.2, p. 154-163, jul./dez. 2007.

125

TEIXEIRA, Sônia Fleury.. Reformas Sanitárias na Itália e no Brasil: Comparações. In: Reforma Sanitária: em busca de uma teoria. 3.ed. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2006. TRIGO, Telma Ramos; TUNG TENG, Chei; HALLAK, Jaime Eduardo Cecílio. Síndrome de burnout ou estafa profissional e os transtornos psiquiátricos. Revista de Psiquiatria Clínica, v.34, n.5, p.223-233, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpc/v34n5/a04v34n5.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2012. VASCONCELOS, Ana Maria de. A prática do Serviço Social: cotidiano, formação e alternativas na área da saúde. São Paulo: Cortez, 2002. VASCONCELOS, Ana Maria de. A prática do Serviço Social: cotidiano, formação e alternativas na área da saúde. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2006. VASCONCELOS, Ana Maria de. Serviço Social e práticas democráticas. In: MOTA, A. E. et al (Orgs.). Serviço Social e saúde . 2.ed. São Paulo: OPAS, OMS, 2007. VASCONCELOS, Cipriano Maia de. Paradoxo na mudança no SUS . 2005. Tese (Doutorado) - Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.

126

APÊNDICES

127

APÊNDICE A - CARTA DE ANUÊNCIA DA DIREÇÃO DO HOSPITAL LÓCUS DA

PESQUISA

Ilma. Sr(a).

__________________________________________

Diretor (a)

Hospital ____________________________________

Senhor (a) Diretor (a),

Submeto a pesquisa intitulada “As condições de trabalho na área de saúde e

o processo de adoecimento do(a) assistente social” a ser realizada neste hospital. A

pesquisa visa analisar as implicações das condições de trabalho no adoecimento

dos (as) Assistentes Sociais que atuam nos serviços de saúde de urgência e

emergência da Região Metropolitana de Natal – RMN. O conhecimento dessa

realidade é uma necessidade para apreensão da saúde dos trabalhadores de saúde

na RMN.

Solicito sua anuência para desenvolver entrevista com assistentes sociais e

aplicação de questionário com chefia da divisão de Serviço Social e coordenador de

Recursos Humanos da referida unidade hospitalar para que sejam levantados dados

que subsidiem a dissertação de mestrado em Serviço Social no curso do Programa

de Pós-Graduação em Serviço Social – PPGSS da UFRN.

Atenciosamente,

___________________________

Patrícia Cristiane Soares Câmara CRESS 2797 - RN

Servidora da SESAP Rua: Jatobá, 154. Nova Parnamirim. Parnamirim/RN. CEP: 59150-796.

Fones: (84) 3208-1485; (84)88751587/99893702; (84)3232-5519. E-mail: [email protected].

Natal, ____de ____________de 2011.

128

APÊNDICE B - CARTA DE APRESENTAÇÃO DA PESQUISA AO CEP/UFRN

Natal, 03 de novembro de 2011.

Ilma. Sra.

Profa. Dra. Dulce Almeida

Presidente do Comitê De Ética Da UFRN

Prezada Professora,

Submetemos ao Comitê De Ética Da UFRN o Projeto da Pesquisa intitulada

“As condições de trabalho na área de saúde e o processo de adoecimento do(a)

assistente social”. A pesquisa visa analisar as implicações das condições de trabalho

no adoecimento dos (as) Assistentes Sociais que atuam nos serviços de saúde de

urgência e emergência da Região Metropolitana de Natal – RMN. O conhecimento

dessa realidade é uma necessidade para apreensão da saúde dos trabalhadores de

saúde na RMN, bem como à literatura profissional, que pesquisa a inserção dos

assistentes sociais nesta área. O trabalho também poderá contribuir com o Conselho

Regional de Serviço Social – CRESS do RN quanto ao trabalho de fiscalização das

condições de trabalho nestas unidades hospitalares.

Atenciosamente,

______________________________ Patrícia Cristiane Soares Câmara

CRESS 2797 - RN Servidora da SESAP

Mestranda na PPGSS - UFRN

129

APÊNDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Prezado (a) Sr. (a),

Este é um convite para você participar da pesquisa As condições de

trabalho na área de Saúde e o processo de adoecimen to do(a) assistente

social , cuja temática envolve o trabalho e saúde do trabalhador, no período de 2010

a 2012, coordenada pela mestranda Patrícia Cristiane Soares Câmara do

Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFRN.

Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a

qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum

prejuízo ou penalidade.

Essa pesquisa tem como objetivo analisar as implicações das condições de

trabalho no adoecimento dos (as) Assistentes Sociais que atuam nos hospitais do

Estado na Região Metropolitana de Natal – RMN.

As informações serão colhidas através de perguntas abertas e fechadas num

questionário a ser preenchido por você e todos (as) assistentes sociais da Rede

Estadual de Saúde na RMN.

Caso decida aceitar o convite, você responderá este questionário de acordo

com a sua disponibilidade até o dia 30 de abril de 2012 , de modo a facilitar a

realização e sistematização da pesquisa.

A presente pesquisa apesar de não haver riscos previsíveis e mensuráveis,

mas por ser uma pesquisa com ser humano de acordo com o Comitê de Ética,

envolve riscos que a nosso ver são considerados mínimos. O recolhimento dos

questionários será realizado através de contato direto com a sua chefia imediata

para operacionalizar o preenchimento e a participação de todas as profissionais

contemplando assim a sugestão da Banca de qualificação desta pesquisa78, a qual

entende a relevância de envolver se possível todas as profissionais do Serviço

Social nos Hospitais da SESAP na RMN.

Entendemos que se necessário num segundo momento realizar-se-á grupo

focal para aprofundamento dos assuntos na temática da pesquisa. Para esse

78 Ver Declaração de aprovação na qualificação do mestrado acadêmico em Serviço Social pela PPGSS/UFRN anexo D.

130

aprofundamento poderemos convidá-la para debater as categorias da pesquisa a

serem melhor problematizadas.

Garanto uma participação com respeito e consideração a sua dignidade

humana, assegurando a você o direito de recusar-se responder a qualquer questão

que lhe cause constrangimento de alguma natureza em qualquer momento da

pesquisa.

É importante esclarecer que, apesar desta pesquisa não beneficiá-lo(a)

diretamente, poderá proporcionar a você e a gestão dos Recursos Humanos da

Secretaria de Estado da Saúde Pública – SESAP, ao CFESS a atualização dos

dados sobre o perfil profissional e ao CRESS/RN, importante benefício, no sentido

de disponibilizar uma reflexão sobre as condições de trabalho nas diversas unidades

hospitalares da Rede Estadual de Saúde na Região Metropolitana de Natal - RMN

para contribuir com melhores condições de trabalho na saúde no RN.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será

identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a

divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os sujeitos da

pesquisa.

Você não terá nenhum gasto com esta pesquisa, caso isto ocorra você será

ressarcido. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente

decorrente desta pesquisa, você terá direito a indenização.

Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a

respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para a responsável pela

pesquisa Patrícia Cristiane Soares Câmara, no endereço: Rua: Jatobá, 154. Nova

Parnamirim. Parnamirim/RN ou pelos telefones: Residencial: 3208-1485; celular:

88751587/9989-3702; trabalho: 3232-2657.

Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao

Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN no endereço: Campus Universitário ou pelo

telefone: 3215-3135.

Consentimento Livre e Esclarecido

Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os

riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa

As condições de trabalho na área de Saúde e o proce sso de adoecimento do(a)

131

assistente social , na temática trabalho e saúde do trabalhador, no período de 2010

a 2012.

Participante da pesquisa:

NOME: _____________________________________________________________

ASSINATURA:_______________________________________________________

Pesquisador responsável:

___________________________________________________________________.

Patrícia Cristiane Soares Câmara.

Rua: Jatobá, 154. Nova Parnamirim. Parnamirim/RN. CEP: 59150-796. Fones: (84)

3208-1485; (84)88751587/99893702; (84)3232-5519.

E-mail: [email protected].

132

APÊNDICE D - SOLICITAÇÃO DE MEDIAÇÃO DA CHEFIA NA COLETA DE DADOS

Sra. _______________________________________________________________

Chefe da Divisão de Serviço Social do Hospital _______________________________________________________________

Submeto a pesquisa intitulada “As condições de trabalho na área de saúde

e o processo de adoecimento do (a) assistente socia l” aprovada pelo Comitê de

Ética da UFRN a ser realizada neste hospital.

A pesquisa objetiva analisar as implicações das condições de trabalho no

adoecimento dos(as) Assistentes Sociais que atuam nos serviços de saúde da Rede

Estadual na Região Metropolitana de Natal – RMN. O conhecimento dessa realidade

é uma necessidade para apreensão da saúde dos trabalhadores de saúde na RMN,

nesses incluindo os (as) assistentes sociais.

Solicito sua mediação nesta coleta de dados e participação na pesquisa de

todas as assistentes sociais dessa unidade hospitalar na resposta ao questionário

(re)elaborado após as sugestões da Banca de Qualificação dessa pesquisa.

Ao concordar com esta participação, peço que ao serem preenchidos os

questionários vide pasta entregue junto a esta solicitação, que seja feito contato a

fim de viabilizar o tratamento dos dados, análise e possível grupo focal caso

necessário aprofundamento de conteúdo, para viabilizar a produção da dissertação

de mestrado em Serviço Social no curso do Programa de Pós-Graduação em

Serviço Social (PPGSS) da UFRN.

Atenciosamente,

___________________________

Patrícia Cristiane Soares Câmara CRESS 2797 – RN/Servidora da SESAP

Rua: Jatobá, 154. Nova Parnamirim. Parnamirim/RN. CEP: 59150-796. Fones: (84) 3208-1485; (84)88751587/99893702; (84)3232-5519.

E-mail: [email protected]

133

APÊNDICE E - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA ÁREA DE SAÚDE E O PROCESSO DE

ADOECIMENTO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL

QUESTIONÁRIO Nº _________

I. PERFIL DO (A) ASSISTENTE SOCIAL DAS UNIDADES DE SAÚDE DO ESTADO NA RMN

1- Idade: 1. ( ) menos de 20 anos 2.( ) 20 a 30 anos 3.( ) 31 a 40 anos 4.( ) 41 a 50 anos

5.( ) mais de 51 anos 2 - Estado Civil/situação conjugal:

1. ( )solteira 2.( )casada 3.( ) com companheiro 4.( ) separada/divorciada 5.( ) viúva

3 - Número de Filhos: 1. ( )nenhum 2. ( )1-2 3.( )3-4 4.( )5-6 5.( )+ de 6 4 - Sexo:

1. ( ) masculino 2. ( ) feminino

5 - Religião: 1. ( ) Nenhuma 2. ( ) Católica 3. ( ) protestante 4. ( ) Umbanda 5. ( )

Espírita 6. ( ) outra. Qual?____________________________________________ 6 - Você é praticante da sua religião:

1. ( ) sim 2. ( ) não 7 - Qual a sua pertença etino-racial?

1( ) branca 2. ( ) negra 3. ( ) pardo 4. ( ) indígena 8 - Qual a sua orientação sexual:

1. ( ) hetero 2. ( ) homo 3. ( ) bissexual

9 - Renda Familiar e/ou Rendimento único (em salários mínimos): 1. ( ) até 3 S/M 2. ( ) de 4 a 6 S/M 3. ( ) de 7 9 S/M 4. ( ) Acima de 10 S/M

10 – Tem quantos vínculos empregatícios:

1. ( ) Nenhum 2. ( ) um 3. ( ) dois 4. ( ) três ou mais 11 - Se mais de dois, qual o tipo principal de vínculo empregatício

1. ( ) Estatutário 2. ( ) Celetista 3. ( ) Serviço prestado 12 – Como você tem efetivado a atualização profissional/Formação Continuada: 1. ( ) Feito Mestrado 2. ( ) Feito Doutorado 3. ( ) Feito Especializações. 4. ( )

134

Participado de cursos de curta duração

13 - Se especialista, cite quantas e quais as especializações?_______________________________________________________________________________________________________________________. 14 - Quanto tempo de trabalho no serviço público na área de saúde: 1. ( )menos e 5 anos 2. ( ) 5 a 10 anos 3. ( )11 a 15 4. ( )16 ou mais

15 - Trabalha só nesta unidade de saúde, se não em quantas?

1. ( ) duas 3. ( ) mais de 3 16 - Tem exercido função de chefia/coordenação/gerência atualmente: 1. ( ) sim 2. ( ) não. Se sim, qual função? ______________________________ 17 - Qual o Turno de trabalho no serviço público:

1. ( )M 2.( )T 3. ( )N 18 - Carga horária semanal de trabalho:

1. ( ) 30h 2. ( ) 40h 3. ( ) 60h 19 - Há tempo de lazer em sua vida cotidiana?

1. ( ) sim 2. ( ) não 20 - Se sim, qual é o tipo de atividade de lazer praticada? 1. ( ) ir a praia 2. ( ) assistir a filme em cinema 3. ( ) descanso em família 4. ( ) encontro com amigos 5. ( ) ler um livro 6. ( ) outras. Se outra, qual?_________________________________________________. II. CONDIÇÕES E RELAÇÕES DE TRABALHO DO (A) ASSISTE NTE SOCIAL NAS UNIDADES HOSPITALARES DA RMN 21 - Descreva as suas atribuições/demandas na unidade hospitalar em que trabalha. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________22- Há iluminação adequada ao trabalho diurno e noturno, conforme a organização institucional?

1. ( ) sim 2. ( ) não 23 - Há recursos que garantam a privacidade do usuário naquilo que for revelado durante o processo de intervenção profissional (colocação de arquivos para a adequada guarda de material técnico de caráter reservado resguardando o sigilo profissional)?

135

1. ( ) sim 2. ( ) não 24 - Há ventilação adequada, a atendimentos breves ou demorados com portas fechadas, por exemplo, no caso de um acolhimento/orientação quanto aos procedimentos relativos a óbitos?

1. ( ) sim 2. ( ) não 25 - Há espaço adequado para descanso reservado a jornada de trabalho em regime de plantão?

1. ( ) sim 2. ( ) não 26 - Existem materiais permanentes e de expediente para a realização do trabalho de acordo com os protocolos necessários?

1. ( ) sim 2. ( ) não 27 - Há existência de discriminação por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade e condição física (Princípios Fundamentais do Código de Ética, 1993)?

1. ( ) sim 2. ( ) não 28 - Há relações interpessoais de acordo com o respeito às atribuições e competências de cada categoria?

1. ( ) sim 2. ( ) não 29 - Há capacitação profissional em que todas participam?

1. ( ) sim 2. ( ) não 30 - O uso da linguagem como instrumento de trabalho, durante o cotidiano profissional permite a mediação da relativa autonomia e possíveis encaminhamentos que assegurem a efetivação dos direitos relativos à sua saúde e dos pacientes, dentre outros?

1. ( ) sim 2. ( ) não 31 - Há existência de demandas que não são competência do SS, como parte da responsabilização pessoal da categoria profissional, por exemplo, a questão da regulação de transporte/ambulância dentre outros aspectos.

1. ( ) sim 2. ( ) não 32 - Se sim, cite alguma (s)____________________________________________ 33 - Dos agravos a saúde, descritos abaixo, quais já te acometeram neste hospital durante sua prática profissional? 1. ( ) Agravo acometido no ambiente de trabalho 2. ( ) Intoxicação ocupacional 3. ( ) Acidentes graves 4. ( ) Acidentes biológicos 5. ( ) Dermatoses 6. ( ) LER/DORT 7. ( ) Pneumoconioses 8. ( ) PAIR 9. ( ) Transtornos mentais 10. ( ) Cânceres

136

11. ( ) stress 12. ( ) outro. Qual. __________________________________________________________ 34 - Você se afastou do trabalho por motivo de doença?

1. ( ) sim 2. ( ) não 35 - Se sim, quantas vezes?

1. ( ) nenhuma 2. ( ) 1-2 3.( ) 3-4 4. ( ) 5-6 5. ( )+ de 6 36 - Qual foi o motivo do atestado médico/afastamento? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 37 - Se você tiver sido acometido (a) por alguma doença, você identifica que tem alguma relação com as condições de trabalho, ou seja, com a atividade desenvolvida no hospital?

1. ( ) sim 2. ( ) não 38 - Você já trabalhou doente?

1. ( ) sim 2. ( ) não 39 - Se sim, quantas vezes?

1. ( ) nenhuma 2. ( ) 1-2 3.( ) 3-4 4. ( ) 5-6 5. ( )+ de 6 40 - Existem dificuldades inter-relacionais com os outros profissionais no seu trabalho em saúde?

1. ( ) sim 2. ( ) não. 41 - Se sim, como isso interfere no seu cotidiano de trabalho na saúde?________________________________________________________________________________________________________________________________. 42 - Você tem conhecimento se existe intervenção do Núcleo de Assistência a Saúde do Trabalhador – NAST e/ou do CEREST na unidade hospitalar em que trabalha?

1. ( ) sim 2. ( ) não 43 - Relate as principais dificuldades que encontra na realização do seu trabalho nesta unidade hospitalar. _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

Data do preenchimento:____/____/_____.

Sigla da Unidade Hospitalar: ____________. Pesquisadora responsável: Patrícia Cristiane Soares Câmara. Rua: Jatobá, 154. Nova Parnamirim.

137

Parnamirim/RN. CEP: 59150-796. Fones: (84) 3208-1485; (84)88751587/99893702.Trab.: 32322657 E-mail: [email protected].

Agradeço a sua participação nesta pesquisa! Suas respostas subsidiarão minhas reflexões/anális e quanto à relação

condições de trabalho/Saúde/adoecimento.

138

APÊNDICE F - CARTA DE AGRADECIMENTO

À divisão de Serviço social do______________________

Venho, por meio deste, agradecer a participação de cada assistente social na

minha pesquisa intitulada “As condições de trabalho na área de saúde e o processo

de adoecimento do(a) assistente social” a ser analisada nesse hospital.

Comprometo-me em retornar as informações levantadas e analisadas sobre

as implicações das condições de trabalho no adoecimento dos (as) Assistentes

Sociais que atuam nos serviços de saúde da rede Estadual - Região Metropolitana

de Natal – RMN.

Solicito encaminhar cópia deste agradecimento e documentação sobre a

pesquisa em anexo para o setor responsável pelo arquivo da participação de

servidores desta unidade hospitalar em pesquisas e projetos de extensão.

Agradeço desde já a anuência dada pela direção desse hospital para que os

questionários fossem aplicados com assistentes sociais o que será de extrema

relevância para subsidiar a sistematização da dissertação de mestrado em Serviço

Social no curso do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social – PPGSS da

UFRN.

Atenciosamente,

___________________________

Patrícia Cristiane Soares Câmara CRESS 2797 - RN

Servidora da SESAP Rua: Jatobá, 154. Nova Parnamirim. Parnamirim/RN. CEP: 59150-796.

Fones: (84) 3208-1485; (84)88751587/99893702; (84)3232-5519. E-mail: [email protected].

Natal, ____de ____________de 2012.

139

ANEXOS

140

ANEXO A - MAPA DA REGIONALIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS

TibauTibauTibauTibau

6ª Região

Venha Venha Venha Venha VerVerVerVer

São São São São MiguelMiguelMiguelMiguel

Dr. Dr. Dr. Dr. SeverianoSeverianoSeverianoSeveriano

1ª Região

2ª Região 3ª

Região

4ª Região

5ª Região

8ª Região

Metropolitana

BaraúnaBaraúnaBaraúnaBaraúna MossoróMossoróMossoróMossoró

GrossoGrossoGrossoGrossossss Areia Areia Areia Areia

BrancaBrancaBrancaBranca Serra do Serra do Serra do Serra do

MelMelMelMel Gov. Dix. Gov. Dix. Gov. Dix. Gov. Dix. Sept. Sept. Sept. Sept. RosadoRosadoRosadoRosado

Felipe Felipe Felipe Felipe GuerraGuerraGuerraGuerra

ApodiApodiApodiApodi CaraúbaCaraúbaCaraúbaCaraúba

ssss

UpanemUpanemUpanemUpanemaaaa Campo Campo Campo Campo GrandeGrandeGrandeGrande

JanduísJanduísJanduísJanduís MessiaMessiaMessiaMessias s s s TarginoTarginoTarginoTargino

Porto do Porto do Porto do Porto do MangueMangueMangueMangue CarnaubaiCarnaubaiCarnaubaiCarnaubaissss

PendênciaPendênciaPendênciaPendênciassss

AssúAssúAssúAssú

Alto do Alto do Alto do Alto do RodriguesRodriguesRodriguesRodrigues Afonso Afonso Afonso Afonso

BezerraBezerraBezerraBezerra Pedro Pedro Pedro Pedro

AvelinoAvelinoAvelinoAvelino IpanguaçúIpanguaçúIpanguaçúIpanguaçú

Espírito Espírito Espírito Espírito Santo do Santo do Santo do Santo do

OesteOesteOesteOeste

São São São São RafaelRafaelRafaelRafael

ItajáItajáItajáItajá AngicoAngicoAngicoAngicossss Fernando Fernando Fernando Fernando

PedrozaPedrozaPedrozaPedroza LajeLajeLajeLajessss

MacaMacaMacaMacauuuu

GuamaréGuamaréGuamaréGuamaré GalinhoGalinhoGalinhoGalinho

ssss Caiçara Caiçara Caiçara Caiçara

do do do do NorteNorteNorteNorte

São São São São Bento Bento Bento Bento

do do do do

Pedra Pedra Pedra Pedra GrandeGrandeGrandeGrande

São São São São Miguel Miguel Miguel Miguel

de de de de TourosTourosTourosTouros

JandaíraJandaíraJandaíraJandaíra ParazinhParazinhParazinhParazinhoooo

Pedra Pedra Pedra Pedra PretaPretaPretaPreta Jardim Jardim Jardim Jardim

de de de de

João João João João CâmaraCâmaraCâmaraCâmara

PurezPurezPurezPurezaaaa

Rio Rio Rio Rio do do do do

FogFogFogFog

Caiçara Caiçara Caiçara Caiçara do Rio do Rio do Rio do Rio dos dos dos dos

Bento Bento Bento Bento FernandFernandFernandFernand

eseseses

Poço Poço Poço Poço BrancoBrancoBrancoBranco TaipúTaipúTaipúTaipú

Ielmo Ielmo Ielmo Ielmo MarinhoMarinhoMarinhoMarinho

CearáCearáCearáCeará----MirimMirimMirimMirim

MaxaranguaMaxaranguaMaxaranguaMaxaranguapepepepe

RiachueloRiachueloRiachueloRiachuelo SantanSantanSantanSantan

a do a do a do a do MatosMatosMatosMatos JucurutuJucurutuJucurutuJucurutu

FlorâniaFlorâniaFlorâniaFlorânia Ten.Ten.Ten.Ten. Laur.Laur.Laur.Laur.

BodBodBodBodóóóó

Cerro Cerro Cerro Cerro CoráCoráCoráCorá

Lagoa Lagoa Lagoa Lagoa NovaNovaNovaNova

Currais Currais Currais Currais NovosNovosNovosNovos

São São São São VicentVicentVicentVicent

CarnaúbCarnaúbCarnaúbCarnaúba dos a dos a dos a dos

DantasDantasDantasDantas ParelhParelhParelhParelhasasasas

EquadEquadEquadEquadorororor

SantanSantanSantanSantana do a do a do a do

SeridóSeridóSeridóSeridó

Jardim Jardim Jardim Jardim do do do do

SeridóSeridóSeridóSeridó

AcariAcariAcariAcari

Ouro Ouro Ouro Ouro BrancoBrancoBrancoBranco São João São João São João São João

do Sabugido Sabugido Sabugido Sabugi

CaicóCaicóCaicóCaicó Serra Serra Serra Serra Negra Negra Negra Negra

do do do do

Timbaúba Timbaúba Timbaúba Timbaúba dos dos dos dos

BatistasBatistasBatistasBatistas

São São São São FernandFernandFernandFernand

oooo

Jardim Jardim Jardim Jardim de de de de

PiranhaPiranhaPiranhaPiranha

CruzetaCruzetaCruzetaCruzeta

São São São São ToméToméToméTomé

Ruy Ruy Ruy Ruy BarbosBarbosBarbosBarbos

aaaa BarceloBarceloBarceloBarcelonananana Lagoa Lagoa Lagoa Lagoa

de de de de VelhosVelhosVelhosVelhos

São São São São Paulo Paulo Paulo Paulo

do do do do

Santa Santa Santa Santa MariaMariaMariaMaria

São São São São PedroPedroPedroPedro Bom Bom Bom Bom

JesuJesuJesuJesussss

Sen. Sen. Sen. Sen. Elói de Elói de Elói de Elói de SouzaSouzaSouzaSouza Serra Serra Serra Serra

CaiadaCaiadaCaiadaCaiada Boa Boa Boa Boa

SaúdeSaúdeSaúdeSaúde Campo Campo Campo Campo RedondoRedondoRedondoRedondo

Lajes Lajes Lajes Lajes PintadasPintadasPintadasPintadas

Sítio Sítio Sítio Sítio NovoNovoNovoNovo

Cel. Cel. Cel. Cel. EzequielEzequielEzequielEzequiel JaçanJaçanJaçanJaçanãããã

São São São São Bento Bento Bento Bento

do Traírido Traírido Traírido Traíri JapiJapiJapiJapi

Santa Santa Santa Santa CruzCruzCruzCruz

TangarTangarTangarTangaráááá São José São José São José São José

de de de de CampestreCampestreCampestreCampestre

ExtremoExtremoExtremoExtremozzzz

NatalNatalNatalNatal São Gonçalo São Gonçalo São Gonçalo São Gonçalo do Amarantedo Amarantedo Amarantedo Amarante

ParnamirimParnamirimParnamirimParnamirim MacaíbMacaíbMacaíbMacaíbaaaa São São São São

José de José de José de José de MipibuMipibuMipibuMipibu

Nísia Nísia Nísia Nísia FlorestaFlorestaFlorestaFloresta

Vera Vera Vera Vera CruzCruzCruzCruz Monte Monte Monte Monte

AlegreAlegreAlegreAlegre Lagoa Lagoa Lagoa Lagoa SalgadaSalgadaSalgadaSalgada LagoaLagoaLagoaLagoa de de de de

PedrasPedrasPedrasPedras SerrinhaSerrinhaSerrinhaSerrinha

Monte Monte Monte Monte das das das das

GameleirGameleirGameleirGameleir

Serra Serra Serra Serra de São de São de São de São

Passa Passa Passa Passa

e e e e

Nova CruzNova CruzNova CruzNova Cruz Lagoa Lagoa Lagoa Lagoa D’antaD’antaD’antaD’anta

Santo Santo Santo Santo AntôniAntôniAntôniAntôni

oooo MMMMMMMMoooooooonnnnnnnnttttttttaaaaaaaannnnnnnnhhhhhhhhaaaaaaaa

ssssssss

Baía Baía Baía Baía FormosaFormosaFormosaFormosa

CanguaretamCanguaretamCanguaretamCanguaretamaaaa

Vila Vila Vila Vila FlorFlorFlorFlor

Tibau Tibau Tibau Tibau do Suldo Suldo Suldo Sul GoianinhaGoianinhaGoianinhaGoianinha

Espírito Espírito Espírito Espírito SantoSantoSantoSanto VárzeaVárzeaVárzeaVárzea

PassagePassagePassagePassagemmmm

BrejinhoBrejinhoBrejinhoBrejinho

IpueiraIpueiraIpueiraIpueira

Pedro Pedro Pedro Pedro VelhoVelhoVelhoVelho

ArêsArêsArêsArês Sen. Georgino Sen. Georgino Sen. Georgino Sen. Georgino AvelinAvelinAvelinAvelinoooo

Severiano Severiano Severiano Severiano MeloMeloMeloMelo Rodolfo Rodolfo Rodolfo Rodolfo

FernandeFernandeFernandeFernandessss

ItaúItaúItaúItaú Riacho Riacho Riacho Riacho da Cruzda Cruzda Cruzda Cruz Tabuleiro Tabuleiro Tabuleiro Tabuleiro

GrandeGrandeGrandeGrande São Fco São Fco São Fco São Fco do Oestedo Oestedo Oestedo Oeste Fco Fco Fco Fco

DantaDantaDantaDanta

PortalegrPortalegrPortalegrPortalegreeee

ViçosViçosViçosViçosaaaa

UmarizUmarizUmarizUmarizalalalal

Olho Olho Olho Olho D’água D’água D’água D’água dos dos dos dos

AlminAlminAlminAlmino o o o AfonsAfonsAfonsAfons

LucréciLucréciLucréciLucréciaaaa FrutuosFrutuosFrutuosFrutuoso o o o João João João João DiasDiasDiasDias

Antônio Antônio Antônio Antônio

MartinsMartinsMartinsMartins AlexandriaAlexandriaAlexandriaAlexandria

PilõesPilõesPilõesPilões SerSerSerSerrinha rinha rinha rinha

dos dos dos dos

MartinsMartinsMartinsMartins

Ten. Ten. Ten. Ten. AnaniasAnaniasAnaniasAnanias

Marcelino Marcelino Marcelino Marcelino VieiraVieiraVieiraVieira

ParanParanParanParanáááá

Major Major Major Major SalesSalesSalesSales

Luis Luis Luis Luis GomeGomeGomeGome

José da José da José da José da PenhaPenhaPenhaPenha

Riacho de Riacho de Riacho de Riacho de SantanaSantanaSantanaSantana

Cel. Cel. Cel. Cel.

João João João João PessoPessoPessoPesso

EncantoEncantoEncantoEncanto Rafael Rafael Rafael Rafael

FernandeFernandeFernandeFernande

Pau dos Pau dos Pau dos Pau dos FerrosFerrosFerrosFerros

Água Água Água Água NovaNovaNovaNova

Triunfo

Potiguar Patu

141

ANEXO B - MAPA DA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL

Natal

Parnamirim Macaíba

H.A.M.F

São Gonçalo do Amarante

Extremoz Hospital

● Clinica Médica – ■ Clinica Cirúrgica – ▲ UTI Geral – ► UTI Pediátrica – ▼ UTI Cardiológica – ◄ UTI Cirúrgica – ♦ UTI Neo – ☼ Obstetrícia – ♥ Pediátrico –

● ■ ▲ ♥

● ■ ☼

● ■ ▲ ► ▼ ◄ ♦ ☼

H.M.W.G .H.G.T H.P.B. H.M.M.A.F

142

ANEXO C – TRAJETÓRIA INTELECTUAL DA PROFISSÃO

TRAJETTRAJET ÓÓRIA INTELECTUAL DARIA INTELECTUAL DA PROFISSÃOPROFISSÃO

SERVIÇO SOCIAL TRADICIONALConservadorismo

2º momento: 1945/65 - Funcionalismo Cristão

1º momento: 1936/45 - Doutrina Social da IgrejaPositivismo/ Neotomismo

Influência européia

Influência norte-americanaEM BUSCA DA ATUALIZAÇÃO

Conservadorismo * Anos 60 - Puebla e Medellín – Paulo Freire

Teologia da Libertação / JAC/ JEC/ JUCSinalização da Erosão Serviço Social Tradicional

1961 - Descoberta do Desenvolvimentista

(abortamento abril de 1964)

Novos Documentos da Igreja

Novos Documentos da IgrejaCongressos, encontros e

semináriosRECONCEITUAÇÃO

Erosão do Serviço Social Tradicional – Crise (Conservadorismo e Ideologiadesenvolvimentista)

RENOVARENOVAÇÇÃOÃO

DIREDIREÇÇÕESÕES 2. Reatualiza ção do Conservadorismo 1975/78 - Sumaré (1978) (Influência da fenomenologia) – Surge na PUC do RJ

3. Inten ção de Ruptura1972/83

1.Moderniza ção ConservadoraExpressa-se em dois encontros

(Estrutural funcionalismo)

Araxá- 1967- ConsolidaçãoTeresópolis-1970 - Cristalização

1º momento: EmersãoSurgimento: BH-1972/752º momento: Consolida ção Acadêmica - 1° patamar (maior idade intelectual) - 1975/82 - 2°patamar3° momento: Espraiamento – 1982/83

É a partir da “ Inten ção de ruptura ” que o Servi ço Social se aproxima da tradi ção marxista (at é os dias atuais)

143

ANEXO D – DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO NA QUALIFICAÇÃO DA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO NA PÓS- GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

(PPGSS) NA UFRN.

144

ANEXO E – PARECER DE APROVAÇÃO DA PESQUISA NO COMITÊ DE ÉTICA

EM PESQUISA (CEP) DA UFRN.

145

146

ANEXO F – PORTARIA Nº. 31/2013-GS/SESAP (POLÍTICA ESTADUAL DE

VALORIZAÇÃO DO TRABALHO E DA SAÚDE DO TRABALHADOR DO SUS/RN).

http://187.60.79.2/dei/dorn/imagens/marcatop.gif

Rio Grande do Norte

Secretaria de Estado da Saúde do RN Gabinete do Secretário

Portaria nº 31/2013-GS/SESaP, 28 de janeiro de 2013. O SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE DO RIO GRANDE DO NORTE, no uso das atribuições que lhe confere o Art. 66 da Constituição do Estado do RN, ciente de sua responsabilidade para com a Saúde dos que laboram no Sistema Único de Saúde – SUS do Estado do Rio Grande do Norte, e CONSIDERANDO: a) Os incisos XXII e XXIII do Art. 7º e o § 3º do Art.39, ambos da Constituição Federal; b) As convenções da Organização Internacional do Trabalho - OIT, ratificadas pelo Brasil, que referendam compromissos relativos à saúde do trabalhador, a exemplo das Convenções 155 e 161; c) O § 6º do Art. 28 da Constituição Estadual do Rio Grande do Norte; d) O Decreto nº 18.960, de 7/03/2006, que instituí o Programa Qualidade de Vida e Saúde no Trabalho para o servidor público do estado; e) A Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador - RENAST como estratégia em saúde do trabalhador no SUS, de acordo com a Portaria Nº 2728/GM/MS, de 11 de novembro de 2009; f) A importância de criar instrumentos de planejamento de ações voltadas à promoção da saúde do trabalhador do SUS operacionalizadas pelos gestores públicos e empregadores privados; g) Os trabalhadores do SUS como todos aqueles que se inserem direta ou indiretamente na gestão e atenção à saúde nas instituições que compõem o SUS; h) As diretrizes da Política Nacional de Humanização – PNH com ênfase na valorização do trabalho e da saúde do trabalhador. i) Que a qualidade do trabalho e a promoção de saúde do trabalhador implicam também, dentre outras ações, a existência de planos de carreiras, cargos e salários; educação permanente; desprecarização dos vínculos de trabalho; cessão e provimento de profissionais; gestão democrática; ambientes e processos de trabalho adequados; e j) Que a abrangência e objeto da Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN vinculam-se às áreas de Saúde do Trabalhador e da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, estabelecendo uma articulação estratégica para o desenvolvimento do SUS e o compromisso dos gestores e empregadores com a qualidade do trabalho e com a valorização dos trabalhadores, RESOLVE: Art. 1º - Instituir, no âmbito do Sistema Único de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte, a Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN e suas Diretrizes. § 1º- A Política de que trata o caput deste artigo visa promover a melhoria das condições de saúde do trabalhador do SUS/RN, por meio do enfrentamento dos aspéctos gerais e

147

específicos dos fatores de risco dos ambientes, relações e organização do trabalho que possam propiciar a ocorrência de agravos à saúde, do empoderamento dos trabalhadores (atores sociais dessas transformações) e de ações de atenção integral à saúde, específicas para o adoecer em decorrência do trabalho. § 2º - A Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN visa assegurar o cumprimento dos requisitos da legislação em vigor no país e das cláusulas de saúde estabelecidas em instrumentos coletivos, além de fortalecer a implementação de programas de proteção à saúde dos trabalhadores de iniciativas próprias. Art. 2º - A Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN, de que trata o art. 1º desta Portaria, será regida pelos seguintes princípios: I - universalidade, que se refere à abrangência da Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN para todos os trabalhadores dos diferentes órgãos e instituições integrantes do SUS, independentemente do tipo de vínculo ou contrato de trabalho; II - democratização das relações de trabalho, que se refere à garantia da participação dos trabalhadores, por intermédio de mecanismos legitimamente constituídos, na formulação, no planejamento, na gestão, no desenvolvimento, na avaliação das políticas e ações relacionadas à segurança e saúde do trabalhador do SUS, nos processos e nas relações de trabalho. III - integralidade da atenção à saúde do trabalhador do SUS, que pressupõe ações de promoção da saúde; prevenção de agravos; vigilância; assistência; recuperação e reabilitação, realizadas de forma articulada; IV - intersetorialidade, que compreende o compromisso mútuo da área da saúde com outras áreas de governo, setores e atores sociais para articulação, formulação, implementação e acompanhamento das diversas políticas públicas que tenham impacto sobre os determinantes da saúde dos trabalhadores do SUS; V - qualidade do trabalho, entendida como um conjunto de ações que priorizem formas de gestão, divisão e organização do trabalho que permitam a promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde do trabalhador do SUS; VI - humanização do trabalho em saúde, que pressupõe construir um novo tipo de interação entre os atores envolvidos na produção de saúde a partir da cogestão dos processos de trabalho, do desenvolvimento de corresponsabilidades, estabelecimento de vínculos solidários, indissociabilidade entre atenção e gestão e fortalecimento do SUS; VII - negociação do trabalho em saúde, que pressupõe estabelecer processo de negociação permanente dos interesses e conflitos inerentes às relações de trabalho; VIII - valorização dos trabalhadores, que pressupõe reconhecer o papel fundamental do trabalhador do SUS na atenção integral à saúde da população garantindo políticas e ações que permitam o fortalecimento do coletivo, o crescimento pessoal e profissional e estimulem relações e condições de trabalho adequadas; e IX - educação permanente, que pressupõe a aprendizagem a partir da problematização do processo de trabalho, pautando-se pelas necessidades de saúde dos trabalhadores e usuários do SUS, com o objetivo de transformar as práticas profissionais e a própria organização do trabalho. Art. 3º - As Diretrizes da Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN a serem observadas na elaboração dos planos, programas, projetos e ações de saúde voltada à população trabalhadora do SUS são: I - promover a intersetorialidade entre as diversas políticas existentes para a melhoria da qualidade de vida e redução da vulnerabilidade e dos riscos relacionados à saúde do trabalhador do SUS;

148

II - promover a atenção integral à saúde do trabalhador do SUS de forma descentralizada e hierarquizada, conforme critérios epidemiológicos, respeitando a legislação em vigor e as responsabilidades de cada empregador; III - promover e desenvolver políticas de gestão do trabalho de forma descentralizada e participativa com a formação de espaços compartilhados de gestão dos processos de trabalho e das relações interpessoais no trabalho, considerando a Agenda Nacional do Trabalho Decente, a desprecarização de vínculos trabalhistas, a humanização do trabalho em saúde, a democratização das relações de trabalho e a avaliação do desempenho com a participação dos trabalhadores; IV - incentivar a formação e garantir o funcionamento da Mesa de Negociação Estadual Permanente entre gestores e trabalhadores do SUS, com a implementação dos protocolos firmados na Mesa de Negociação Estadual Permanente do SUS - MNNP; VI - promover a adoção de Planos de Carreira, Cargos e Salários nos órgãos e instituições que compõem o SUS a fim de garantir um instrumento que otimize a gestão, a capacidade técnica, o desenvolvimento e a valorização dos trabalhadores, criando estratégias com vistas a assegurar o cumprimento das Diretrizes Nacionais para a Instituição ou Reformulação de Planos de Carreiras, cargos e Salários no âmbito do SUS; VII - promover processos de educação permanente no âmbito do SUS/RN a fim de qualificar e transformar as práticas de saúde; a organização das ações e dos serviços; o desenvolvimento pessoal e institucional dos trabalhadores e gestores, pautando-os no desenvolvimento do trabalho em equipe e na interdisciplinaridade; VIII - fomentar a participação efetiva da representação dos trabalhadores nas Comissões de Integração Ensino-Serviço - CIES; IX - fomentar a inclusão das temáticas e questões pertinentes à saúde do trabalhador na matriz curricular dos cursos de formação e qualificação das instituições formadoras, promovendo a permanente atualização de conhecimentos; X - fomentar estudos e pesquisas sobre promoção da saúde do trabalhador do SUS de acordo com as necessidades loco-regionais do SUS, possibilitando: a) desenvolver ferramentas de dimensionamento e alocação da força de trabalho, considerando as necessidades quantiqualitativas de profissionais requeridos para as áreas de assistência, vigilância, administração e gestão, inclusive aquelas com dificuldade de provimento de profissionais, de modo a permitir uma melhor organização do processo de trabalho; b) levantar dados e divulgar informações sobre o adoecimento dos trabalhadores do SUS e seu respectivo impacto financeiro e social, como estratégia para buscar investimentos na promoção da saúde, prevenção de agravos e vigilância em saúde do trabalhador; c) subsidiar a objetivação do nexo da doença com a atividade laboral e seu registro nos diversos sistemas de informação do SUS e Instituto de Previdência do Estado do RN - IPERN; d) construir indicadores para a avaliação e o monitoramento das condições de saúde dos trabalhadores; e) subsidiar as ações de vigilância em saúde do trabalhador do SUS; f) desenvolver ferramentas de prevenção e proteção à saúde nos locais de trabalho; g) favorecer as ações de mapeamento de riscos e propor mudanças nas condições técnicas ou organizacionais que ofereçam riscos à saúde dos trabalhadores; h) garantir a implementação das mudanças ergonômicas nos ambientes de trabalhos que considerem processos, ritmos, espaço físico, máquinas e equipamentos; XI - ampliar e adequar a capacidade institucional, nos aspectos de infraestrutura física, de material e recursos humanos, buscando reduzir a vulnerabilidade institucional e social como estratégia para a promoção da saúde, prevenção de agravos e vigilância em saúde do trabalhador do SUS; XII - desenvolver ações de promoção da saúde do trabalhador do SUS nos espaços de convivência e de produção de saúde, favorecendo ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis em suas múltiplas dimensões, livres de assédios e de violências;

149

XIII - difundir conhecimentos sobre os determinantes sociais da saúde entre os gestores e trabalhadores do SUS; XIV- estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas no âmbito das ações de promoção da saúde do trabalhador do SUS, considerando os fatores que determinam o processo saúde-doença; XV - considerar como estratégia desta Política a articulação com a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador – RENAST; XVI - integrar ações de promoção, assistência e vigilância em saúde na atenção integral à saúde do trabalhador do SUS/RN: a) garantir a notificação compulsória dos agravos à saúde do trabalhador, de acordo com a legislação em vigor; b) desenvolver um sistema de informação para acompanhamento da saúde do trabalhador do SUS/RN, integrando os bancos de dados existentes; c) utilizar informações epidemiológicas dos agravos à saúde do trabalhador do SUS/RN para subsidiar o planejamento e as ações da atenção à saúde do trabalhador do SUS, em conjunto com o controle social e entidades sindicais e Ministério Público do Trabalho; d) criar, implementar e sistematizar indicadores que possibilitem o reconhecimento da relação saúde e trabalho no âmbito do SUS. XVII - ampliar o uso de mecanismos de registros e caracterização de doenças e acidentes relacionadas ao trabalho para a população trabalhadora do SUS; XVIII - pactuar a implementação dos Protocolos Nacionais de Atenção à Saúde do Trabalhador junto aos serviços do SUS; XIX - fortalecer a vigilância de ambientes, organização e processos de trabalho no SUS relacionada a riscos, agravos e doenças, por meio da área técnica de Gestão de Pessoas das Secretarias de Saúde, possibilitando ainda a incorporação dos trabalhadores do SUS em todas as etapas; XX - adotar, no âmbito do SUS, as diretrizes das Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego; XXI - incentivar empregadores do SUS e a construir linhas de cuidado na atenção à saúde dos seus trabalhadores que considerem os exames admissionais, periódicos e demissionais, na mudança de função e retorno ao trabalho; XXII - assegurar serviços de reabilitação e readaptação funcional, inclusive os de assistência psicossocial, na construção das referências para assistência ao trabalhador do SUS nos serviços públicos e/ou privados por meio do mapeamento da rede, definição de fluxo e divulgação permanente desses serviços. XXIII - fomentar a criação de comissões paritárias de saúde do trabalhador nos estabelecimentos de saúde para o planejamento, monitoramento, fiscalização e avaliação de questões relativas à promoção e prevenção da saúde do trabalhador do SUS; XXIV - adotar a Política Nacional de Promoção da Saúde e a Política Nacional de Humanização do SUS no planejamento e avaliação da qualidade da atenção à saúde do trabalhador do SUS; XXV - garantir, nos instrumentos de planejamento do SUS, inclusive no aspecto orçamentário, de forma transparente, participativa e descentralizada as diretrizes da Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN, objetivando sua implementação; XXVI - estabelecer ações que contemplem as perspectivas de gênero, etnia, necessidades especiais e envelhecimento humano na Promoção da Saúde do Trabalhador do SUS; XXVII - integrar a Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN às demais políticas de saúde a fim de garantir a integralidade da atenção à saúde do trabalhador do SUS. XXVIII – garantir, estimular e apoiar iniciativas de integração, lazer e cultura, com a participação dos trabalhadores.

150

Art. 4º - O processo de monitoramento e avaliação da implantação e implementação das Diretrizes da Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN deverá ocorrer de acordo com as pactuações realizadas em âmbito estadual e municipal e sob a responsabilidade do Comitê Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN, Conselho Estadual de Saúde, Comissões Intergestores Regionais e Comissão Intergestores Bipartite – CIB. § 1º - O monitoramento e avaliação tem como finalidade o cumprimento dos princípios e diretrizes dessa Política, buscando verificar sua efetividade sobre a valorização do trabalho e a saúde dos trabalhadores do SUS, subsidiando eventuais correções e ou adequações. § 2º - Uma avaliação mais detalhada da Política Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN e o seu monitoramento deverão ocorrer no âmbito dos planos, programas, projetos, estratégias e atividades dela decorrentes. § 3º - Para essa avaliação e monitoramento há de se definir critérios, parâmetros, indicadores e metodologia específicos, objetivando identificar, modificar ou incorporar novas diretrizes a partir de sugestões apresentadas pelo Comitê Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde. § 4º - O Comitê Estadual de Valorização do Trabalho e da Saúde do Trabalhador do SUS/RN deverá ser composto pelos setores da SESAP (CRH, CPS/CEREST, COHUR, Núcleo Articulador da PNH, URSAP’s, Programa Qualidade de Vida Saber Viver), Sindicatos e Conselhos de Classe da saúde, Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador – CIST/CES, Ministério Público Estadual, COSEMS e CIES. § 5º - A implementação das ações orientadas pelas diretrizes desta política deverá estar a cargo do setor responsável pela gestão de pessoas das secretarias municipais e estadual de saúde. Art. 4º - Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação, revogada as disposições em contrário. Gabinete do Secretário de Estado da Saúde do RN, em Natal, 28 de janeiro de 2013.

Isaú Gerino Vilela da Silva Secretário de Estado da Saúde do Rio Grande do Norte.