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As Décadas de Discordância Da America Do Norte

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As décadas de discordância da América do Norte

Introdução

No século XVIII, observamos o processo de crise das monarquias absolutistas, sinalizando o fim de um período chamado pelos liberais de Antigo Regime. Combatendo os princípios religiosos, filosóficos e políticos que fundamentavam a definição de um poder centralizado e a manutenção de certas práticas feudais, as revoluções burguesas sinalizavam a criação de uma nova forma de poder estabelecido.

De acordo com a historiografia, a primeira experiência revolucionária a defender as ideias iluministas e reivindicar o fim da opressão monárquica, ocorreu no território das Treze Colônias inglesas. De posse da Coroa Britânica, as Treze Colônias desenvolveram certas peculiaridades econômicas, políticas e culturais. Sem contar com um modelo homogêneo de exploração colonial, os habitantes dessa região tinham uma relação diferente com sua metrópole.

Conhecida como “negligência salutar”, a liberdade concedida pelo governo britânico aos colonos norte-americanos foi responsável pelo florescimento de um espírito autônomo e a consolidação de diferentes formas de exploração do território. Ao sul, a economia baseada na plantation de exportação sustentada pelo trabalho escravo fazia contraste com as pequenas propriedades e as atividades comerciais empreendidas pelos colonos do norte.

A apropriação privada da terra na América Latina, sempre foi mais importante a exploração da terra do que o seu cultivo útil. Os ranços mais retrógrados do sistema de posse da terra e exploração do capital nacional vêm dos períodos de maior prosperidade e não dos períodos de crise.

A legislação brasileira desde os primórdios do açúcar e sua queda, junto com a do ouro e dos diamantes, e com ascensão do cultivo do café nasce uma lei e um sistema cartorial que foi reforçada e ratificada pelo capital que somente a compra tornaria possível o acesso à terra, sendo praticamente impossível ao lavrador a legalização de sua posse.

Em contra ponto a isso o sistema dos Estados Unidos levavam suas fronteiras até onde o homem pudesse ir produzir e sobreviver. Os pioneiros e suas carretas iam derrubando florestas e indígenas à medida que avançavam. A legislação americana (Lei Lincoln 1862 [Homested Act]) garantia a cada família à propriedade de lotes de 65 hectares para cultivar. Terras de domínio publico, que foram rapidamente ocupadas e começaram a produzir e prosperar.

Nesse dois sistemas opostos fica claro as diferenças e desigualdades de ocupação dos extremos do país: interior e costa, norte e sul. Mais do que uma diferença geográfica essas diferenças nasceram da expansão imperialista americano. Desde os primórdios da colonização o norte e o sul-americano geraram modelos sociais pouco parecidos e objetivos totalmente distintos.

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Colonização dos Estados Unidos

Para entendermos melhor o processo de independência norte-americano é importante conhecermos um pouco sobre a colonização deste território. Os ingleses começaram a colonizar a região no século XVII. A colônia recebeu dois tipos de colonização com diferenças acentuadas:

Colônias do Norte: região colonizada por protestantes europeus, principalmente ingleses, que fugiam das perseguições religiosas. Chegaram na América do Norte com o objetivo de transformar a região num próspero lugar para a habitação de suas famílias. Também chamada de Nova Inglaterra, a região sofreu uma colonização de povoamento com as seguintes características : mão-de-obra livre, economia baseada no comércio, pequenas propriedades e produção para o consumo do mercado interno.

Colônias do Sul: colônias como a Virgínia, Carolina do Norte e do Sul e Geórgia sofreram uma colonização de exploração. Eram exploradas pela Inglaterra e tinham que seguir o Pacto Colonial. Eram baseadas no latifúndio, mão-de-obra escrava, produção para a exportação para a metrópole e monocultura.

Os Mayflower vieram para a América não em busca de tesouros ou riqueza, mas a reproduzir na América o mesmo modelo europeu de onde eles vinham. O objetivo não era a acumulação de bens ou riquezas, mas povoar. Esse modelo explica a expansão do dos Estados Unidos como unidade nacional e mostra a importância de um projeto expansionista voltado para a produção agrícola e reafirma a ascensão e o sucesso de um sistema economicamente autônomo, que não drenava pra fora a riqueza gerada em seu seio.

Processo de Independência das 13 Colônias

Antes da Independência, os EUA eram formado por treze colônias controladas pela metrópole: a Inglaterra. Dentro do contexto histórico do século XVIII, os ingleses usavam estas colônias para obter lucros e recursos minerais e vegetais não disponíveis na Europa. Era também muito grande a exploração metropolitana, com relação aos impostos e taxas cobrados dos colonos norte-americanos.

Com a perseguição da dinastia Stuart aos puritanos na Inglaterra, fez com que burgueses puritanos alugassem embarcações para fugirem para o nordeste do que hoje chamamos de Estados Unidos da América. Esses burgueses que chegaram na América era calvinista, portanto tinham em suas mentes que eram predestinados e a América foi dado por Deus, sem levar em consideração os índios que aqui habitavam. Essa colonização Inglesa teve um diferencial em relação as colonizações da América Hispânica e Portuguesa, foi uma colonização de povoamento vieram para criar uma Nova Inglaterra.

Com o desenvolvimento na América do norte e com os gasto da metrópole com principalmente revoluções e guerras com a França, principalmente a guerra dos sete anos teve início a uma grande cobrança de impostos que não agradavam aos colonos

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ingleses, que também não tinham participação na política inglesa. Com as influências do iluminista Inconformados com tais desmandos e inspirados pelos escritos dos pensadores John Locke e Thomas Paine – francos opositores da dominação colonial – os colonos norte-americanos começaram a se opor à presença britânica nas Treze Colônias.

Em dezembro de 1773, organizaram uma revolta contra o monopólio do chá que ficou conhecida como Boston Tea Party. Intransigente aos protestos coloniais, a Inglaterra decidiu fechar o porto de Boston (local da revolta) e impor as chamadas Leis Intoleráveis. Os colonos queriam fazer parte do parlamento Inglês ou teriam o direto de se revolta contra a metrópole. Com os aumentos dos impostos e sem participação no parlamento os colonos começaram a boicotar os produtos Ingleses como por exemplo o chá.

Com as revoltas dos colonos a metrópole enviou soldados principalmente na cidade de Boston onde um confronto acarretou na morte de 5 colonos. A ideia de independência fez com os colonos criassem uma constituição e declarasse independência a Inglaterra. Com o apoio das colônias do sul que eram colônias de exploração de matérias primas para a Inglaterra os treze colônias se fortaleceram e declarou guerra a metrópole, mas só conseguiram a conquista de sua independência com o apoio da Franca e Espanha.

O final do século XVII e todo o século XVIII foram acompanhados de muitas guerras na Europa e na América. De muitas formas, essas guerras significaram o início do processo de independência das 13 colônias com relação a Inglaterra.

A primeira dessas guerras ocorreu no final do século XVII, anunciando o clima de conflitos permanentes que acompanhariam as 13 colônias durante quase todo o século XVIII. Trata-se da Guerra da Liga de Augsburgo, que, nas colônias inglesas, foi chamada de guerra do Rei Guilherme.

Essa guerra foi uma reação da Inglaterra á essa politica expansionista do rei Luis XIV da França. O rei Guilherme ao subir ao trono declara guerra a França.

Essa guerra (1688-1697) já apresenta as características seguintes: iniciam-se na Europa e contam, na America, com a participação do índios. Este, aliados dos franceses quase tomaram Nova York, mas navios da colônia de Massachusetts impediram a investida.

A guerra Franco-Índia e a dos sete anos acabaram por eliminar o Império Francês na América do Norte. Derrotada na Europa e na América, a França entrega para a Inglaterra uma parte de suas possessões no Caribe e no Canadá.

A guerra dos sete anos foi a mais importante de todas as guerras do século XVIII. Deixou evidente o que já aparecera em outras guerras: os interesses ingleses nem sempre eram idênticos ao dos colonos da América.

A derrota da França afastou o perigo permanente que as invasões francesas representavam na América, deixando os colonos menos dependentes do poderio militar

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inglês para a sua defesa. Além disso, os habitantes das 13 colônias tinham experimentado a prática do exercício da força para conseguir seus objetivos e haviam tido, ainda que francamente, sentimentos de unidade contra inimigos comuns . A política fiscal inglesa para com as colônias, após a Guerra dos Sete Anos, alterou-se bastante. É absolutamente correto relacionar as guerras coloniais com as origens da independência das 13 colônias.

Guerra dos Sete Anos

Esta guerra ocorreu entre a Inglaterra e a França entre os anos de 1756 e 1763. Foi uma guerra pela posse de territórios na América do Norte e a Inglaterra saiu vencedora. Mesmo assim, a metrópole resolveu cobrar os prejuízos das batalhas dos colonos que habitavam, principalmente, as colônias do norte. Com o aumento das taxas e impostos metropolitanos, os colonos fizeram protestos e manifestações contra a Inglaterra.

Metrópole aumenta taxas e impostos

A Inglaterra resolveu aumentar vários impostos e taxas, além de criar novas leis que tiravam a liberdade dos norte-americanos. Dentre estas leis podemos citar: Lei do Chá (deu o monopólio do comércio de chá para uma companhia comercial inglesa), Lei do Selo ( todo produto que circulava na colônia deveria ter um selo vendido pelos ingleses), Lei do Açúcar (os colonos só podiam comprar açúcar vindo das Antilhas Inglesas).

Estas taxas e impostos geraram muita revolta nas colônias. Um dos acontecimentos de protesto mais conhecidos foi a Festa do Chá de Boston ( The Boston Tea Party ). Vários colonos invadiram, a noite, um navio inglês carregado de chá e, vestidos de índios, jogaram todo carregamento no mar. Este protesto gerou uma forte reação da metrópole, que exigiu dos habitantes os prejuízos, além de colocar soldados ingleses cercando a cidade.

Primeiro Congresso da Filadélfia

Os colonos do norte resolveram promover, no ano de 1774, um congresso para tomarem medidas diante de tudo que estava acontecendo. Este congresso não tinha caráter separatista, pois pretendia apenas retomar a situação anterior. Queriam o fim das medidas restritivas impostas pela metrópole e maior participação na vida política da colônia.

Porém, o rei inglês George III não aceitou as propostas do congresso, muito pelo contrário, adotou mais medidas controladoras e restritivas como, por exemplo, as Leis Intoleráveis. Uma destas leis, conhecida como Lei do Aquartelamento, dizia que todo colono norte-americano era obrigado a fornecer moradia, alimento e transporte para os soldados ingleses. As Leis Intoleráveis geraram muita revolta na colônia, influenciando diretamente no processo de independência.

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Segundo Congresso da Filadélfia

Em 1776, os colonos se reuniram no segundo congresso com o objetivo maior de conquistar a independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Porém, a Inglaterra não aceitou a independência de suas colônias e declarou guerra. A Guerra de Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados Unidos com o apoio da França e da Espanha.

Não reconhecendo as resoluções do Congresso da Filadélfia, a Inglaterra entrou em conflito contras as 13 colônias. Esses confrontos marcaram a chamada Guerra de Independência das Treze colônias. Apoiados pelos franceses, inimigos históricos da Inglaterra, as Treze Colônias venceram a guerra, tendo sua independência reconhecida em 1783.

Constituição dos Estados Unidos

Em 1787, ficou pronta a Constituição dos Estados Unidos com fortes características iluministas. Garantia a propriedade privada (interesse da burguesia), manteve a escravidão, optou pelo sistema de república federativa e defendia os direitos e garantias individuais do cidadão. Adotando um sistema político republicano e federalista, os Estados Unidos promulgaram sua carta constitucional em 1787. Os ideais de liberdade e prosperidade defendidos pelos fundadores da república norte-americana não refletiam a situação dispares dos estados do Norte e do Sul. Tais diferenças acabaram por promover um conflito interno, que ficou conhecido como Guerra de Secessão.

Conclusão

Bibliografia

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MADISON, James; HAMILTON, Alexander; JAY, John. Os Artigos federalistas 1787-1788. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.

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