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As invenções portuguesasA Time distinguiu uma criação de investigadores da Universidadedo Minho. Mas há muitos outros motivos de orgulho nos laboratóriosnacionais
BEBIDA
CAFÉ ALCOÓLICO
O que escreve a Time: «Investigadores portugueses e espanhóis anunciaram na revistaLWT-Food Science and Technology o nascimento de uma nova bebida com base no café.Secaram as borras usadas, ferveram o pó durante 45 minutos, removeram o líquido e
adicionaram açúcar e malte. Depois deixaram a mistura fermentar e concentraram-na
para aumentar o teor alcoólico. O resultado é uma bebida quase com 80 graus, comoa tequilha e o vodka. Constataram que é suficientemente boa para consumir, e que osabor pode melhorar com o envelhecimento. Mas cuidado: este café não nos mantémacordados, pois a maior parte da cafeína desaparece na destilação.»
O GÉNIO .PORTUGUÊSA seleção das 25 invenções do ano é um clássico da
prestigiada revista Time. Este ano, nessa lista exclusivaentrou uma bebida criada numa universidade portuguesaHistória desta e de outras criações nacionais que podemajudar a mudar o mundo. Ou simplesmente contribuir
para uma boa noite de farraPOR SARA SA
Nummisto de vergonha e re-
volta, Armando Sampaio,27 anos, admite fazer parteda «estatística de licencia-dos desempregados». Há
já quase dois anos que o
mestre em engenharia biológica, a morarem Santo Tirso, procura trabalho na indús-
tria, depois de lhe ter sido negada a bolsa de
doutoramento a que concorreu. Através da
VISÃO, recebeu uma notícia que poderáajudá-lo a dar a volta: a revista Time esco-lheu o seu trabalho de mestrado como umadas invenções do ano. Na lista de 25 itens
(publicada nas páginas seguintes), surgeuma bebida alcoólica à base de café, apre-sentada num artigo científico - o segundomais popular dos últimos três meses da re-vista LWT - Food Science and Technology.
Uma novidade que também apanhou de
surpresa os seus dois orientadores da Uni-versidade do Minho, Solange Mussatto, queteve a ideia de criar este produto, e José Tei-xeira. Produzida a partir da borra de café,a bebida, transparente e com um teor alco-ólico da ordem dos 40%, é uma espécie de
aguardente que conserva o sabor e o aro-ma a café. «Depois de uma pesquisa, aper-ccbi-mc de que não havia nada semelhanteno mercado. O licor, por exemplo, é feitoa partir do grão», nota Solange Mussatto.A investigadora, de 37 anos, tem vindo a es-
pecializar-se em aproveitamento de resí-duos, como os que resultam da poda da oli-veira. «O objetivo é valorizar o que se deita
fora, criando um produto novo.» No caso daborra do café, o fabrico passa pela extraçãodo aroma, a adição de açúcar, a fermentaçãoe a purificação. O processo está patenteadoe a ideia da cientista era comercializar a be-
bida, mas a ausência de parceiros na indús-tria deixou o plano em suspenso. «A produ-ção é relativamente simples e barata», notaa investigadora, que não perdeu de vista o
objetivo de levar a sua bebida às prateleirasdos supermercados. Já Armando Sampaio,que executou o projeto, limita-se a sonharcom um emprego no setor das bebidas.
Evitar a morte súbitaA invenção de Ana Teresa Freitas, 46 anos,não está na lista da revista norte-ameri-cana, mas acabou de ser reconhecida pelafundação espanhola Everis, que atribui um
prémio anual de empreendedorismo. Entre
271 candidatos, a empresa que fundou, a
HeartGenetics, conseguiu o segundo lugar,com um chip de DNA.
Mais importante do que ganhar prémios,este microchip, que analisa centenas de ge-nes em simultâneo, pode salvar vidas. Comoa do futebolista Alex Marques, que caiu ina-nimado num campo de futebol, no fim de
semana passado.
? A partir de uma amostra de sangue, o mi-
crochip desenvolvido por três cientistas
portuguesas identifica, de forma rápida e
precisa, o risco genético de cardiomiopatiahipertrófica -um espessamento do músculo
cardíaco que provoca morte súbita. Com o
diagnóstico na mão, o médico, que prescre-ve e recebe os resultados dos testes, pode su-
gerir um e stilo de vida adequado à condição,desaconselhando, por exemplo, o desportointenso. A HeartGenetics consegue aindadeterminar a tendência hereditária para a
hipertensão ou a trombofllia - uma patolo-gia que se traduz num risco acrescido de for-
mação de trombos, implicados nos abortos,
por exemplo. Ao laboratório da empresa,no Taguspark, em Oeiras, já começaram a
chegar amostras recolhidas em laboratóriosde análise e numa clínica de fertilidade. Masa grande aposta é a internacionalização, ad-mite a engenheira eletrotécnica. «O merca-do nacional é muito pequeno.»
0 microchipcriado por AnaTeresa Freitaspermite detetaras anomaliasgenéticas quecausam a mortesúbita no desporto
Ana Teresa FreitasA HeartGenetics, empresacriada pela engenheira,acabou de vencer um
prémio internacionalde empreendedorismo
Saídos da caixa
Para já, João Cavaleiro, 33 anos, contenta-secom o mercado nacional. O seu plano é pro-vocar uma invasão de fungos, mais precisa-
mente de cogumelos, nas casas portugue-sas. Cansado da vida instável e insegura de
bolseiro de investigação científica, decidiutomar conta do destino e criar o seu próprioemprego. Valeu-se dos conhecimentos de
biólogo e pôs-se a engendrar um método decrescimento da espécie Pleurotus ostreatus, a
partir de borra de café. Não demorou muitoaté chegar à fórmula. E agora é ver as vendas
crescerem... como cogumelos.Fundou uma empresa em Almeirim (na
antiga taberna do avô) e, em pouco mais
de um ano, conseguiu faturar 100 mil eu-ros com a sua caixa Eco Gumelo - uma em-balagem de cartão onde estão os esporos,enterrados em borra de café. Basta umaborrifadela por dia para, numa semana,os fungos começarem a deitar a cabeça de
fora. Cada caixa, que custa 12 euros, garan-te duas ou três colheitas. «Há outras solu-
ções parecidas com a nossa», admite. «Masa Eco Gumelo é a única em que o substrato
é inteiramente biológico», sublinha. Agora,
prepara-se para conquistar os mais novos,criando soluções direcionadas para o públi-co infanto-juvenil.
Afinar o coraçãoNa primeira vez que mostrou a sua inven-
ção a um painel de peritos, ninguém lhe deucrédito. Foi preciso pegar na arma secreta- uma febra de porco - para conseguir o be-nefício da dúvida. Com aquele pedaço de
Este país não é para inventoresPortugal não tem grande tradição no campoda inovação. Uma forma de o avaliar é
verificar o número de patentes pedidas: não
chegam a 200 por ano. Até 1998, não havia
qualquer registo efetuado por faculdades
portuguesas mas, aos poucos, a academiafoi conquistando espaço, neste campo, e,
em 2009, de um total de 180 pedidos,73 eram de universidades, de acordo comos dados da Pordata.Elvira Fortunato, 49 anos, é uma das mentesmais criativas do País. Inventou ostransís-tores de papel, a eletrónica transparente e
o azulejo fotovoltaico (na fofo). Empresascomo a Samsung estão de olho nas criaçõesda investigadora da Universidade Nova deLisboa e até já existem protóti pos de umecrã totalmente transparente, ao estilode Relatório Minoritário, baseados nessa
tecnologia de futuro.A cientista e a sua equipa do laboratórioCenimat entregaram 14 pedidos de patentes- sete já concedidos - e têm muito dinheiro
para gastar, sobretudo de financiamentos
europeus. Mas a genialidade de Elvira Fortu-nato embate nas leis de um país altamenteburocrático em que as universidades são
obrigadas a cumprir o código dos contratos
públicos, muito pouco compatíveis com os
tempos da investigação de ponta. Até paracomprar uma garrafa de álcool é precisoenviar um pedido por escrito à contabilida-de e a compra está sujeita à aprovação do
presidente do departamento. Um computa-dor novo tem de vir da central de comprasdo Estado, mesmo que noutro fornecedorexista disponível um equipamento melhor e
mais barato. E algumas aquisições chegama depender da assinatura da secretária deEstado da Ciência.Elvira Fortunato chega mesmo a temer o
fecho do laboratório. Tudo porque o teto de
75 mil euros para contratos estabelecidosentre empresas e institutos públicos a obri-
ga a cessar a relação com o seu fornecedorde gases raros, fundamentais para a sua
investigação, na área do desenvolvimentode semicondutores. «Sem gases não consi-
go trabalhar», denuncia a investigadora queprepara uma carta ao primeiro-ministro,alertando-o para o impasse. «Dizem-nos
que devemos concorrera projetos, apostarem patentes e inovação, para, depois, esbar-rarmos na lei», lamenta a cientista.
Elvira FortunatoPioneira na área da eletrónica
transparente, a cientistadenuncia os entravesburocráticos, incompatíveiscom o desenvolvimentoda tecnologia de ponta
carne na mão, António Abreu, 49 anos, con-
seguiu mostrar ao j úri de um prémio de ino-
vação atribuído pela Segurança Social queo seu carregador transcutâneo é capaz de
transferir energia sem queimar os tecidos.E arrebatou o primeiro lugar.
Desde que se entende por gente que o
engenheiro clctrotccnico gosta de inven-tar. Influenciado pela morte do pai, doen-te cardíaco, e por uma declaração de amor(uma namorada disse-lhe que, por causa
dele, precisava de ter o seu coração «ligadoà corrente»), pôs-se a magicar num apare-lho que pudesse recarregar externamentedispositivos médicos implantados no cor-
po, como os pacemakers. Atualmcntc, cada
um destes equipamentos tem de ser trocado
sempre que a pilha acaba, o que acontece,em média, a cada cinco anos. A intervençãoimplica cirurgias, anestesias gerais, interna-mentos. António Abreu, que nunca parou
de estudar e está a fazer o doutoramentocm Sistemas de Energia, no Programa MITPortugal, criou um equipamento que passa
por uma bobina implantada no corpo e porum carregador externo. O segredo é o car-
regamento ser feito através de um campomagnético, que só dentro do corpo se trans-forma em energia elétrica. Funciona parapacemakers e também com desfibrilhadores,
que exigem baterias ainda maiores. Um ovode Colombo tão necessário que custa acre-ditar que ninguém o tenha inventado antes.
O investigador patenteou o equipamento e
neste momento, com o apoio do MIT, pre-para-se para fazer ensaios em animais. «Nãome interessa o lucro, só quero que seja pro-duzido.»
Uma boa ideiaFarto da incerteza da vidade bolseiro, João Cavaleiro(à esq.) desenvolveu, comos amigos Tiago Marquese Rui Apolinário, ummétodo de produçãode cogumelos, a partirde borras de café
A empresa ocupouas instalações deuma velha taberna,emAlmeirim,ejáfaturou mais de100 mil eu ros. Asvendas continuama crescer... comocogumelos
Banco de plantasO trabalho é minucioso e exige mimos de
mãe. Mas Elisa Figueiredo, 32 anos, espe-cialista em biotecnologia vegetal, sabe o
valor que tem uma boa oliveira ou uma vi-deira com os melhores dos genes. Depoisde ter feito algum trabalho de investigação,desenvolveu um processo de recolha e mul-
tiplicação, em laboratório, das castas mais
interessantes. «Recolhemos no terreno os
melhores exemplares, retiramos os brotos,e em condições controladas multiplicamo-los exponencialmente», avança, sem des-vendar mais nada. «É uma técnica muitousada na biotecnologia vegetal. No nosso
caso, o segredo é a adaptação do método àvinha e à oliveira.»
Para explorar a tecnologia, a investiga-dora criou uma spin offda Universidade de
Coimbra, a Quality Plant, de forma a pres-tar serviços aos agricultores portugueses.A empresa também funciona como uma es-
pécie de banco de plantas. Sempre que há
uma inundação ou um sismo, a destruiçãonão atinge apenas casas ou carros. Tambémo património vegetal fica em risco. Para pro-
teger os bons genes das plantas nacionais, a
Quality Plant oferece também um banco de
germoplasma, onde é possível guardar as se-
mentes sem que estas percam a capacidadede germinar. Para não ser preciso começardo zero quando a catástrofe bater à porta.
Cell2BDavid Malta (à esq.),Daniela Couto e Franciscodos Santos conceberamum preparado de células
que reduz o risco de
rejeição de transplantes
António AbreuEngenhocas pornatureza, abdicoudos direitos sobreo seu carregadortransdérmicode pacemakers.«Só quero queseja produzido»
Células de vida
Tem quinze dias a autorização da AgênciaEuropeia do Medicamento para o início doensaio clínico da ImmuneSafe, um amon-toado de células que pode evitar a rejeiçãopós-transplante e ajudar a tratar doençascomo a artrite reumatóide. O preparado má-
gico foi desenvolvido pela empresa Celteß
(com pólos no TagusPark, em Oeira, e noBioCant, em Cantanhede), que já aplicou a
técnica em seis doentes, em parceria com o
Instituto Português de Oncologia. A partirde junho do próximo ano, as células - num
pacote com 50 ml, isoladas de um dador sau-dável e amplificadas em laboratório - serãotestadas em 50 doentes, de vários hospitais
europeus. O segredo da polivalência, expli-ca David Malta, 29 anos, cientista e um dos
fundadores da empresa, é que «estas célu-las funcionam como se fossem uma fábricade medicamentos. Sentem o que faz faltano organismo e produzem-no.» A empre-sa consegue produzir o material necessá-
rio para um paciente em apenas 48 horas,mas também é possível manter um bancode células, de utilização a pedido. Mais uma
revolução de umjovem cientista, que conse-
guiu também criar o seu próprio emprego,contrariando as negras estatísticas de queArmando Sampaio faz parte. Poderá a Timemudar o seu futuro? Brindemos a isso. ?
AS 25MELHORESCRIAÇÕESDO ANO0 que torna uma invenção maravilhosa? Algumasresolvem problemas que não pensávamos tersolução. Os arranha-céus não podem tornar-seinvisíveis. As canetas não escrevem no ar. Os para-plégicos nunca irão andar. Só que, afinal, tudo isto é
possível. Por outro lado, há invenções que resolvem
problemas que não sabíamos que tínhamos. Talvez
porque não percebêssemos que queríamos comerum donut e um croissant ao mesmo tempo, ouressuscitar uma rã extinta, ou transformar o corponuma «palavra-passe» viva. Quer uma lista das me-lhores coisas inventadas em 2013? Aqui está.
TRANSPORTE
PAVILHÃO SOLARDA VOLVO
Quando a Volvo desafiou os desig-ners a criarem algo inesperado parao seu novo híbrido V6O, a propostavencedora, da firma Synthesis Design& Architecture, foi um espetacularpainel solar flexível que carrega o car-ro e se dobra para caber na bagageira.Ainda não se encontra à venda, masos ensaios estSo em curso.
GENÉTICA
A RÃ DEGRAVIDEZGÁSTRICA
Cientistas da Universidadeaustraliana de Newcastleusaram o ADN de amos-tras de tecido congelado
para ressuscitar embriõesde uma rã extinta desde1983 que dá à luz pelaboca. Depois de o machoda rã de gravidez gástricafertilizar os ovos externa-mente, a fêmea engole-os,faz a gestação no estôma-
go e regurgita as rãzinhas.O Projeto Lázaro, como é
conhecida esta iniciativade desextinção, é dirigidopelo professor Mike Ar-cher, que já tem em vistaum projeto com o extinto
tigre da Tasmânia.
MOBILIDADE
VOLTARA ANDAR
Chamem-lhe
exoesqueletoou fato biónico,mas, para os
paraplégicos, éliberdade. Este
dispositivo inovador,desenvolvido
por um cientistaisraelita
tetraplégico, usa
sensores queprevêem mudançasno equilíbriodo utilizador etraduzem-nas emmovimentos comoandar ou estar de
pé. Já disponível na
Europa, o fato tevea sua estreia numepisódio da sérieG/cc e está a seravaliado pela FDA
para uso nos EUA.
TRANSPORTE
AMISSION R
Quanto a motos, a Mission R é uma besta de uma máquina, com ummotor de 160 cavalos que nos leva de 0 a lOOkm/h em três segun-dos. Atinge uma velocidade máxina de 240 km/h e um raio de açãode 225 km sem reabastecimento. Mas, ao contrário das grandesmáquinas, esta tem emissões de escape zero, não integra motor de
explosão barulhento e apresenta um painel de controlo com ecrãtáctil digital. Sem nenhuma das forças de inércia produzidas pelospistões, cambota, embraiagem ou qualquer outra parte mecânicadas motos tradicionais, a Mission R permite o tipo de manuseamen-to só possível com um veículo acionado por um austero motor elétri-co. Pode-se reabastecer em qualquer sítio que tenha uma tomada- em casa ou num posto de recarga.
ROBÓTICA
O ROBÔ 'ATLAS'
Consegue usar ferramentas, andarem terreno acidentado e localizarobjetos com câmaras e medidoresde distância a laser. O robô Atlasdestina-se a imitar os bombeiros,em resposta a desastres e recu-
peração de emergência, embora
para já só esteja a atuar em crisesencenadas. Desenvolvido pela Bos-
ton Dynamicss com financiamentomilitar, vai participar no concursode robótica DARPA, em dezembro.
RECREAÇÃO
A PISCINA PLUS
Concebida para flutuar nas águaspouco claras do East River, esta
piscina olímpica mata dois coelhosde uma cajadada: tem um sistemade filtros que limpa as águas do rioe oferece aos nova-iorquinos umsítio para nadar. Concebida porDong-Ping Wong, Archie LeeCoates IV e Jeffrey Franklin,a piscina permitiria aos nova-
-iorquinos mergulhar em águasfluviais limpas, pela primeira vez em100 anos. Até agora, o projeto de15 milhões de dólares (11 milhõesde euros) tem sido financiado pelaplataforma Kickstarterea equipaestá a reunir dinheiro para pôr a
piscina a flutuar no verão de 2016.
A Torre Infinito, na Coreia do Sul, é o primeiro arranha-céus do mundo que,durante algumas horas por dia, não corta a linha do horizonte. O projeto, da
GDS Architects (escolhida num concurso internacional, em 2008), usará umacombinação de tecnologia LED e 18 câmaras de alta definição à prova de água,fixadas na fachada, para dar a sensação de que o edifício é invisível a partirde certos pontos, O arquiteto principal apressou-se a garantir que o edifício
permanece visível para aves e aviões. A torre de 450 metros vai alojar um
complexo de entretenimento, incluindo a terceira plataforma de observaçãomais alta do mundo, e deve ficar concluído dentro de três a quatro anos.
ARQUITETURA
O ARRANHA-CÉUS INVISÍVEL
SUSTENTABILIDADE
OGRAVITYLIGHT
Foi pedido aos enge-nheiros da Deciwatt
que construíssem umcandeeiro por menos de10 dólares (€7,30), parasubstituir o perigoso e
poluente candeeiro a
petróleo, muito usadono mundo em desenvol-
vimento, especialmenteonde não há eletrici-dade. O GrnvityLightproduz 25 minutos deluz apenas com a forçaexercida pelo peso deum saco de pedras,areia ou água - de qual-quer coisa com peso.
FERRAMENTADE CRIATIVIDADE
A3DOODLER
A 3Doodler é um novo
tipo de caneta queesboça a três dimensõesem vez de duas.No essencial, trabalhacomo uma impressora3D, fundindo e arrefecen-do plástico colorido paracriar estruturas rígidasde qualquer formaimaginável (espécie de
pistola de cola quente,mas melhor). Inventada
por Maxwell Bogue, PeterDilworth e Daniel Cowenda empresa de brinque-dos WobbleWorks, de
Boston, a 3Doodler an-gariou mais de 2 milhõesde dólares e já é possívelfazer uma pré-encomen-da online, por $99 (€73).
BRINQUEDO
O CARRO SEMCONDUTOR
AAnki, de São Francisco, quer levar a robótica às
pessoas. A primeira proposta da empresa é o AnkiDrive, um jogo de corridas de 200 dólares (€148) em
que os carros de brincar se conduzem a si mesmos.Os carros contêm sensores que fazem chegar dados
a um iPhoneou iPad, que os jogadores podem usarpara controlar a velocidade e posição dos seus carros.Entretanto, a app da Anki calcula as açõesdos carros inimigos de modo a puderem competirtão manhosamente como os seres humanos.
FILME
CAIXA DE LUZ
Para o filme Gravidade, passado inteiramente no espa-
ço, o realizador Alfonso Cuarón teve que deitar fora o guiãonormal da ficção científica. A trabalharcom o cinematógrafo Emmanuel Lubezkic o supervisor VFX Tim Webber, criou uma«caixa de luz»: uma estrutura de 6 por 3
metros, coberta por 196 painéis, cada umcom 4 096 lâmpadas de LED para simulara luz extrema do espaço exterior. A caixateve a função adicional de poderem ser nela
projectadas imagens que foram, mais tar-de, adicionadas em computador, para queos atores tivessem uma referência visual.
MILITARES
ODRONEX-478
Depois dos aplausos ao drone MQ-1 Predator, da Força Aérea, a Marinha dos EUA está a subir a pa-rada, desenvolvendo o X-478 para ação a partir de porta-aviões. Ao contrário do Predator de umatonelada, com o seu motor de 4 cilindros e 115 cavalos, o X-478, de 20 toneladas, é acionado
pelo mesmo motor a jato usado nos caças de tamanho idêntico. É proje-tado para transportar 2 400 kg de armamento, em contraste com o
modesto par de mísseis Hellfire do Predator. Com uma vantagemespecial: a frota de X-478 terá maior raio de ação queos aviões pilotados, mantendo o navio-mãemais afastado da artilharia de costa.
FÍSICA
OAMPLITUEDRO
Os físicos do Instituto de Estudos Avançados de Princeton,New Jersey, encontraram, recentemente, um atalho impor-tante para prever as colisões de partículas subatómicas.0 novo método representa probabilidades como estruturaspiramidais, e, depois, combina as pirâmides numa estrutu-ra do tipo diamante, chamada amplituedro, simplificando,assim, profundamente, a tarefa de calcular as interaçõesdas partículas. Em última análise, o amplituedro pode levarà tão procurada teoria quântica da gravidade.
CIÊNCIA
MEMÓRIASARTIFICIAIS
0 cientistas do MITchamam-lhe ProjectInception. 0 seu objetivoera implantar num ratinhouma falsa memória,como um homem quejura - e acredita - teruma ideia que Leonardo
DiCaprio plantou na sua
cabeça. E conseguiram.Seguindo e ativando osneurónios relacionadoscom a memória, a equipa
fez com que um ratinho
reagisse como se tivesserecebido choques numsítio quando, na verdade,sentira dor noutro. 0 in-
vestigador Steve Ramirezdiz que o seu trabalho
pode conduzir a resulta-dos mais agradáveis nos
seres humanos, como
apagar ou melhorar más
recordações em pessoasque sofrem de depressãoou de stresse pós-trau-mático
FOTOGRAFIA
LENTES INTELIGENTESDA SONY
Com o seu grande sensor,vidro de alta qualidadee zoom óptico de 3,6x, a
Sony DSC-QXIOO temtudo o que uma câmara digital dealta qualidade possui - mas liga-seao iPhone ou telefone Android. Com a
app PlayMemories, da Sony, o telefonefaz pesquisa de imagens. Não ligado,serve de controlo remoto.A DSC-QXIOO é grande demais paralevar no bolso de umas jeans mas cabebem numa mala. Custa $499 (€369).
VISÃO
OARGUSII
A FDA aprovou o primeiro dispositivocapaz de restaurar a visão parcial a
quem sofre de retinite pigmentosagrave, que conduz à cegueira.O Argus II é constituído por uma re-tina artificial implantada e um par deóculos ligados a um sistema de vídeo
que permite ao doente ver o con-torno de imagens e o contrasteentre a luz e as sombras.
ENERGIA
FRACKING SEM ÁGUA
O debate sobre o fracking(fraturação das rochas) é umdiscussão sobre água.Os ecologistas receiam queos fluídos usados na operaçãocontaminem os lençóis freátícos.Solução: abandonar a água.A empresa canadiana GasFracusa vaselina líquida em vez de águapara fraturar os furos.A vaselina evapora-se debaixode terra, eliminando o risco de
contaminação. As companhiasde energia poupam dinheiro, e os
ecologistas respiram de alívio.
TRANSPORTE
SPACESHIPTWO
O SpaceShipTwo. da VirginGalactic, promete levar ao espaçoqualquer cidadão (os ricos, quepossam desembolsar 184 mil
euros...), já em 2014. A nave usaum motor de foguetão para seelevar na atmosfera, e depoisdescai para terra e aterra numa
pista de aviação. É a aposta da
Virgin para se tornar líder noturismo espacial, e pode pôr termoa uma era de viagens espaciaispromovidas pelos governos.
CRONOLOGIA
UM NOVO RELÓGIOATÓMICO
Para medir o tempo com precisão,os cientistas usam a frequência da
radiação como metrónomo. Mas opadrão atual dos relógios atómicos,baseado em átomos de césio exci-
tados, atrasa-se um segundo todosos 100 milhões de anos - uma im-
precisão intolerável. Os físicos doInstituto de Padrões e Tecnologia(dos EUA) estrearam um novo tipode relógio que mede átomos deitérbio contidos em caixas de luzdenominadas malhas ópticas. Tem
uma precisão cem vezes maior,atrasando-se um segundo ao longoda vida do Universo.
JOGOS
OOCULUSRIFT
0 Oculus Rift é um capacete derealidade virtual que permite ao uti-lizador sentir os jogos, em ambien-tes tridimensionais - basicamente,coloca o jogador dentro do jogo.Melhorando a função de seguimentoda cabeça, criando um amplo campode visão e mantendo o preço baixo,o Oculus Rift pode ser o dispositivoque torna real o mundo virtual.
MEDICINA
0 PÂNCREAS ARTIFICIALÉ O PRIMEIRO dispositivoaprovado pela FDA que detetauma quebra nos níveis de açúcare corta o fornecimento regularde insulina, nos diabéticos do
Tipo í, tal como o pâncreasfaria. O excesso de insulina,que é comum à noite, podecausar comas diabéticos queenvolvem risco de vida.
SEGURANÇA
A 'PALAVRA-PASSE' COMESTÍVEL
Manter senhas complicadas é fundamental, se quisermos evitar a
pirataria informática, mas memorizá-las pode ser muito difícil. Chega,assim, a Senha Comestível da Motorola, que é tão distópica como
parece. Engolido uma vez por dia, o comprimido é constituído por um
pequeno chip que usa os ácidos do estômago para se ligar. Uma vezativado, emite um sinal de 18 bits que é detetado pelo telefone ou pelocomputador, transformando assim o nosso corpo numa «palavra-pas-se». Não está prevista para breve a sua venda. Mas como a Motorola é
detida pela Google, é esperar para ver o que nos reservará o futuro...
SEGURANÇA
ALARME DEFUMO NEST
O Nest Protect é uma
reformulação altamenteevoluída de um dispo-sitivo muito antigo, o
velhinho detetor de fumoe monóxido de carbono.E dá conta de si: se a
«emergência» for apenasuma torrada a queimar,podemos calá-10, acenan-do-lhe simplesmente.Tem também um designelegante e pode ser
interligado: todas asunidades Nest Protectde uma casa «falam»umas com as outras e
com o smartphone do
proprietário, podendoenviar-lhe um smsquando as baterias estãoem baixo.
ALIMENTO
0 CRONUT
Em 2013, uma nova combinação de alimentos juntou o pastelcom recheio com o peru recheado. O cronut - feito de massado tipo croissant que é frita como o donut, recheada comnatas e coberta de açúcar - entrou na moda, quando ocozinheiro de Nova lorque Dominique Ansel começou avendê-10, em maio. A sua receita inspirou imitações em todoo mundo. Há clientes que não se importam de esperar horas
para o provar mas, no mercado negro, o pastel de 5 dólares(€3,70) chega a ser vendido por 40 (€3O).