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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE PSICOLOGIA PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL CURSO DE MESTRADO SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA AS MEMÓRIAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS ORGANISMOS DE INFORMAÇÃO POLÍTICA SOBRE A ESQUERDA BRASILEIRA (UM ESTUDO DE CASO – 1977-1990) Rio de Janeiro Julho 2009

AS MEMÓRIAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS ...livros01.livrosgratis.com.br/cp105305.pdfResumo Na ditadura e, de forma atenuada, na transição, o Estado brasileiro estruturou-se de

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE PSICOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL CURSO DE MESTRADO

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

AS MEMÓRIAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS ORGANISMOS

DE INFORMAÇÃO POLÍTICA SOBRE A ESQUERDA BRASILEIRA

(UM ESTUDO DE CASO – 1977-1990)

Rio de Janeiro

Julho 2009

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE PSICOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL CURSO DE MESTRADO

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

AS MEMÓRIAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS ORGANISMOS DE

INFORMAÇÃO POLÍTICA SOBRE A ESQUERDA BRASILEIRA

(UM ESTUDO DE CASO – 1977-1990)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Psicologia Social.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Vieiralves de Castro.

Rio de Janeiro

2009

CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CEH/A

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta tese.

___________________________________________ _______________ Assinatura Data

M929 Moura, Sérgio Mascarenhas de As memórias e representações sociais dos organismos de

informação política sobre a esquerda brasileira (um estudo de caso-1977-1990) / Sérgio Mascarenhas de Moura - 2009.

356 f. Orientador: Ricardo Vieiralves de Castro. Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de

Janeiro . Instituto de Psicologia. 1. Brasil - Política e governo -1977-1990 - Teses. 2.

Ditadura e ditadores - Brasil – Teses. 3. Representações sociais – Teses. I.Castro, Ricardo Vieiralves de. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Psicologia. III. Título.

CDU 32(81)

Para Lélia, Miguel, Marcela, Juliana, Fabiana.

Agradeço a Ricardo Vieiralves de Castro e a Fabiana Letícia Daguerre Lalane por seu

apoio e dedicação, sem os quais este trabalho não teria sido possível.

Resumo Na ditadura e, de forma atenuada, na transição, o Estado brasileiro estruturou-se de

forma a conter o conflito social delimitando a ação dos setores sociais às suas funções na sociedade. A construção desta representação social justificava a ação repressiva contra qualquer ameaça à estabilidade de seu núcleo.

Apesar do fim da ditadura, os arquivos do SNI reunidos no Arquivo Nacional permanecem inacessíveis ao público. Apenas o investigado ou parentes de mortos e desaparecidos podem ter acesso às informações recolhidas, e apenas sobre esta pessoa. Obtive o acesso a dezenove dossiês, reunidos entre 1977 e 1989, sobre minha militância.

No exame das versões da história e representações sociais contidas nas memórias pessoais do militante, analisadas em contraposição às informações obtidas pela ditadura, se organiza este trabalho.

O campo teórico-metodológico utiliza a noção de compartilhamento social na construção da memória pessoal de um momento histórico, que assume, em um grupo social determinado, o conteúdo de memória coletiva, descrito por Halbwachs (1990), em relação com o conceito de representação social de Moscovici (1978), onde o processo de produção do senso comum é o foco da psicologia social.

São utilizadas memórias autobiográficas, no sentido de histórias de vida, como desenvolvido por Sá (2005), e memórias geracionais, como em Mannheim (1982).

Tema e metodologia guardam, dada à precariedade das informações até hoje obtidas sobre os “porões da ditadura” e ao ainda pequeno número de trabalhos relacionando memórias e representações sociais, um relativo ineditismo.

As memórias e representações sociais construídas no período permitem, a cada novo olhar, a redescoberta de aspectos que influenciaram e influenciam nosso presente.

Palavras-chave: Esquerda; órgãos de informação; dossiês.

Abstract In the period of the military dictatorship, and, less, in the transaction, the Brazilian State

has structured itself in a conservative conception, which aimed to contain the social conflict by limiting the action from each social section. The construction of this social representation of the brazilian society among the population was built to get political support to repress any threats against the stability of it.

Even after the dictatorship was over, the files from SNI remain inaccessible to the public. Only the person who was under investigation or the families from those who have died or went missing can have access to the information, and only the files that refer to themselves. Researching the National Archive, I had access to nineteen files, with dates from 1977 until 1989, about my militancy.

This dissertation was organized by confronting the versions of the story and the social representations contained in the personal memory of the militant with the files by the dictatorship regime about the militant obtained in the National Archive.

The theorical-methodologic field uses the sense of “social sharing” in the construction of the personal memory in a specific historical period, building some kind of collective memory amongst a determined social group. The concept of collective memory was described by Halbwachs (1990), related with the concept of social representation from Moscovici (1978), in which the process of common sense production in the focus of social psychology.

There are two kinds of autobiographic memory used in this dissertation: Sá’s (2005) history of life, and generation memories, like in Mannheim (1982).

The theme and it’s methodology keep, because of the precariousness of the information released until this day about the “basements of the dictatorship” and due to the small amount of paper work relating the memories and the social representations, a relative novelty.

The social memories we have about the dictatorship and it’s conservative transition such as the social representations built in that time allow, on each new look at it, the rediscovery in ourselves of aspects which had and still have influenced our present. Key-words: Left-wing; information organs; files.

SÚMARIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................08

CAPÍTULO I - A ÉPOCA DOS DOSSIÊS..............................................................................11

1.1 - O golpe de 64 ..................................................................................................................13

1.2 - “Flashes” de memória......................................................................................................14

1.3 - A ditadura e a distensão ..................................................................................................32

1.4 - A grande greve de 78.......................................................................................................53

1.5 - A Conquista da Anistia....................................................................................................54

1.6 - Refundação da UNE.........................................................................................................57

1.7- Eleição direta da UNE.......................................................................................................58

1.8 - Fundação do PT................................................................................................................58

1.9 - O repúdio ao terror...........................................................................................................60

1.10 - Eleições de 82................................................................................................................64

1.11 - Fundação da CUT..........................................................................................................65

1.12 - O movimento das diretas e o governo Sarney...............................................................67

1.13 - A formação e atuação dos aparelhos de repressão........................................................73

CAPITULO II - REPRESENTAÇÕES E MEMÓRIAS SOCIAIS: PRESSUPOSTOS

TEÓRICOS PARA UM ESTUDO EMPÍRICO EM MEMÓRIA PESSOAL.........................78

CAPITULO III - A ANÁLISE DOS DOSSIÊS – AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA

ESQUERDA PELOS ÓRGÃOS DE INFORMAÇÃO............................................................96

3.1 - Metodologia.....................................................................................................................96

3.2 - A estrutura dos relatórios e dos dossiês...........................................................................98

3.3 – Os assuntos....................................................................................................................101

3.3.1 - As representações do movimento estudantil...............................................................106

3.3.2 - A Anistia.....................................................................................................................122

3.3.3 – O Partido dos Trabalhadores..............................................................................................124

3.3.4 – Sérgio Mascarenhas de Moura...................................................................................134

CONCLUSÃO........................................................................................................................136

BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................140

ANEXO A – Carta aos Brasileiros.........................................................................................148

ANEXO B – Tabela de Identificação e Qualificação dos Dossiês.........................................159

ANEXO C - Dossiês...............................................................................................................168

INTRODUÇÃO:

A minha geração não planejou protagonizar a oposição ao regime militar que se

instalou no país em 1964. Foi levada a tal pelas circunstâncias em que foi colocada pela

história.

Do ponto de vista dos que se instalaram no poder e dos que a eles se opuseram,

sistemas de valores, códigos de conduta, padrões éticos, normas morais, visões de mundo de

sentido inverso se formaram em conflito.

As memórias sociais e as representações geradas no período obedecem a lógicas

distintas constituindo universos à parte, mutuamente excludentes.

O fim da ditadura, pois não podia ser outro o sentido da oposição ou o fim da oposição,

pois tal é o sentido da ditadura são o conteúdo da acirrada disputa ideológica que se

estabelece e que se desdobra até os anos da transição conservadora.

As pessoas que, como eu, formaram suas opções identitárias no campo da oposição

neste momento histórico, o fizeram constituindo núcleos de representação sobre a realidade

neste período, cujo centro e sistemas periféricos tinham o sentido da liberdade, da

distribuição de renda, da solidariedade aos discriminados. Da parte dos que se apoiavam nos

que se instalaram no poder, no centro estavam a ordem, a disciplina, a concentração da renda,

a possibilidade de usarem as estruturas do estado a seu serviço

As memórias sociais constituídas a partir das representações sociais dos que estavam no

poder dependiam muito mais da conservação do controle do aparelho de estado para a sua

reprodução do que as que se constituíram no âmbito da oposição. Em parte pela valoração

subjetiva do conteúdo de ambas as visões de mundo terem sido julgadas pela história em

termos favoráveis aos oposicionistas. Em parte porque, na história, não costumam prevalecer

no longo prazo as visões dos derrotados.

Em todo caso, enquanto pode, a ditadura criou e manteve canais para a imposição de

seus pontos de vista.

Da análise deste conflito parte este trabalho.

Serão examinadas a versão da história e as representações sociais contidas nas

memórias pessoais do militante Sérgio, analisadas em contraposição ao que foi obtido sobre

tal militância em arquivos construídos pela ditadura.

O processo histórico é dinâmico e sujeito a injunções que têm de ser observadas.

Apesar do fim da ditadura, a forma como se esgotou o regime ainda não deu margem a que

todas as estruturas criadas por ele fossem extintas.

Permanecem ativos serviços de espionagem que conservam informações sobre pessoas

e organizações. Os limites da transição conservadora podem ser observados na dificuldade de

acesso às informações recolhidas pelos órgãos de segurança.

Os arquivos dos órgãos de informação reunidos pelo Serviço Nacional de Informações

(SNI) entre 1964 e 1989 foram encaminhados para o Arquivo Nacional. A partir daí as

informações de segurança interna passaram a ser centralizadas pela Agência Brasileira de

Inteligência (ABIN).

No entanto, os arquivos do SNI permanecem inacessíveis ao público. Apenas o próprio

investigado ou parentes de mortos e desaparecidos podem ter acesso às informações

recolhidas, e apenas sobre a sua pessoa. Para que estas possam ser acessadas se é sujeitado a

uma intimidadora “Declaração de Responsabilidade” pelo uso das informações e um

“Formulário de Livre acesso-interessado”, que garante à União o direito ao uso das

informações reunidas.

Ainda assim, apenas documentos em um “nível de sigilo” “C” são comumente

liberados.

Obtive, mediante pesquisa em meu nome no Arquivo Nacional, o acesso a dezenove

dossiês, reunidos entre 1977 e 1989 pelo SNI, sobre minha militância na oposição popular à

ditadura e à transição conservadora. Destes, apenas um, talvez entregue inadvertidamente, é

declarado de “nível de sigilo” “A”.

Ainda assim, constituem fonte de informação ímpar sobre como os setores sociais então

hegemônicos reuniam e centralizavam as informações que seriam retrabalhadas na

formulação de suas representações sociais sobre a oposição democrática e popular.

Partindo de uma noção de compartilhamento social na construção da memória pessoal

de um momento histórico, que assume no interior de um grupo social determinado o conteúdo

de memória coletiva, desenvolvido por Halbwachs (1990), este trabalho se desenvolve a

partir deste campo teórico e metodológico. Busca relação com o conceito de representação

social como desenvolvido por Moscovici (1978), em que o processo de produção do senso

comum é o foco de atenção da psicologia social.

A partir destes referenciais, o texto se desenvolve utilizando memórias autobiográficas,

no sentido de histórias de vida, como desenvolvido por Sá (2005), e de memórias geracionais,

como em Mannheim (1982).

O tema e a metodologia guardam, dada à precariedade das informações até hoje obtidas

sobre os “porões da ditadura” e ao ainda pequeno número de trabalhos relacionando

memórias e representações sociais, um relativo ineditismo e buscam responder às seguintes

indagações: Como se constroem as memórias sociais de um período histórico? A partir de que

representações sociais tais memórias são construídas e como estas representações sociais se

relacionam com a elaboração de tais memórias? Como as memórias sociais assim elaboradas

implicam na própria formulação destas representações? Na complexidade de tal relação se

estabelece o espaço de reflexão necessária à abordagem do fenômeno histórico que pretendo

discutir.

CAPÍTULO I - A ÉPOCA DOS DOSSIÊS

O objetivo desta dissertação de mestrado é promover estudos sobre as representações

sociais dos organismos de informação política sobre a esquerda brasileira utilizando-se do

relato encontrado em dezenove dossiês, produzidos pelos órgãos de informação – Centro de

Informações do Exército (CIEX), Centro de Informações da Aeronáutica (CISA), Centro de

Informações da Marinha (CENIMAR) e o Serviço Nacional de Informações (SNI), Agência

Central (AC) e Agências Regionais (AR) - sobre o militante Sérgio Moura. É um estudo

sobre memória autobiográfica assim como definiu Sá (2005), em seu pioneiro artigo sobre a

memória social.

O período examinado situa-se entre 1977 e 1990, ou seja, nos últimos anos do regime

militar e nos primeiros anos do governo de transição, que se inicia com a crise do regime

militar e a transição até o Congresso Constituinte e as eleições diretas de 1989. Vários fatos

concorrem para caracterizar este tempo: As manifestações estudantis em 1977. A entrada em

cena dos operários e os seus sindicatos, a partir da onda de greves iniciada em 1978 no ABC.

O fortalecimento das organizações de esquerda, das organizações populares e movimentos

democráticos como a luta pela anistia. A incorporação às mobilizações democráticas de

setores médios e populares. A reorganização da UNE em 79, a fundação do PT em 80 e da

CUT em 83. As mobilizações pelas diretas em 84. A formação do MST no mesmo ano. O

crescimento da participação político-institucional da oposição popular à ditadura militar e aos

setores que a ela foram aliados até o processo constituinte e as primeiras eleições diretas em

89.

Este período também é caracterizado, em situação de conflito, pela ação política e de

força dos beneficiários do regime militar e da exclusão dos trabalhadores da cena política. Os

setores que se mantinham no controle do Estado e à sua sombra. A direita e a extrema-direita

terrorista com larga influência e controle sobre os organismos de repressão, dos quais o

atentado no Riocentro na comemoração do Primeiro de Maio em 1981 é um exemplo. Os que

tentaram de todas as maneiras evitar o fim da ditadura ou usar dos mecanismos ao seu dispor

para permanecer no poder mesmo com a mudança no regime.

O objetivo estratégico da ação dos órgãos de repressão era o de impedir o surgimento e

consolidação de uma outra perspectiva do processo político, vale dizer, da construção de uma

outra visão sobre os fatos e acontecimentos de nossa história, impedindo a consolidação de

um projeto moral e ético distinto do então hegemônico.

Havia na sociedade brasileira naquele período uma disputa pela hegemonia na

condução dos processos políticos que se traduzia, grosso modo, no apoio ou na oposição ao

regime militar e sua transição institucional. Neste ambiente se produziam, em distintos grupos

sociais, diferentes representações sociais sobre a ditadura e seus apoiadores. Os setores então

dominantes, que davam suporte à ditadura e à transição conservadora, por sua vez, buscavam

influir junto aos grupos sociais não apenas no sentido da afirmação de sua própria

legitimidade, construindo uma representação social afirmativa de sua identidade, como

também construir uma representação social de seus adversários de acordo com sua própria

ideologia e adequada aos seus propósitos.

Uma representação social é uma forma de saber prático, e conseqüentemente com fortes

determinações pela ideologia (Jodelet, 2001) que liga o sujeito ao objeto representado e

define modos de vida no cotidiano,

Os órgãos de repressão procuravam saber sobre a oposição popular através de

informantes. Os relatos eram obtidos principalmente através de fontes testemunhais, além de

documentos, recortes de jornais etc. Todos os dossiês tratam da atividade oposicionista. Seu

efeito era potencializar a ação da repressão contra os movimentos sociais, no plano mais

imediato.

Mas esta ação era calcada em um suporte ideológico, um viés autoritário na forma de

ver o mundo, com outros efeitos práticos na vida concreta da população brasileira: O terror;

de ser investigado, preso, torturado, morto e desaparecido, de ser marginalizado, impedido de

estudar, ficar desempregado ou ser prejudicado profissionalmente, de se tornar clandestino, se

asilar, ser banido, seguir para o exílio, ou ver o mesmo acontecer com pessoas queridas é

talvez o mais relevante subproduto da repressão. A manipulação deste terror, por diversas

vezes justificado, criou o estigma do perigo, associado à representação social da oposição

popular elaborada pelos órgãos de informação. A idealização da autoridade, a valorização de

aspectos subjetivos da representação social da ditadura como a estabilidade, na oposição aos

quais era constituída a representação social dos setores oposicionistas são outros aspectos a

serem observados.

À medida que se tratava de uma política de estado, a ação dos órgãos de informação

perpassava toda a sociedade. As representações construídas, particularmente sobre a

esquerda, implicavam em como ser reconhecido socialmente e definiam ações políticas

concretas de repressão. Determinavam o acesso ou não a determinados ambientes, empregos

e instituições. Configuravam também simbolicamente uma ameaça permanente à ordem, à

estabilidade e à segurança; própria e dos que lhes são próximos.

O ambiente em que é elaborada a representação não é seu único destinatário. Concorre

na formação de um determinado senso comum apropriado aos interesses dos setores

hegemônicos, um lócus de disputa e polarização no interior da sociedade, buscando cooptar e

manter sob sua influência a maior parcela de população possível, compreendendo a disputa

social a partir das representações que interessavam ao bloco histórico então dominante.

O ponto de vista do SNI, uma espécie de central de inteligência repressiva do regime,

era uma forma de conhecimento socialmente elaborada e compartilhada, com o objetivo de

manter um determinado grupo no poder, formando uma determinada representação social

sobre seus oponentes, justificando uma continuada ação repressiva. Durante toda a ditadura e

a transição os órgãos de informação foram agentes políticos ativos e sua elaboração produziu,

quando apropriada pela comunidade de brasileiros, representações sociais com real incidência

nas políticas públicas.

O regime militar e a transição conservadora em nosso país foram construções políticas

históricas, conduzidas pelos setores hegemônicos das classes dominantes. A direção política,

econômica, ética e moral da sociedade a partir do controle do aparelho de estado é, desde

sempre, a estratégia em torno da qual se agrupam os grupos sociais que vêm a formar o bloco

histórico dominante. Como o percebeu Marx (1852-1977), a história da humanidade é a

história da luta de classes, é a história das guerras e revoluções.

A constituição de um conhecimento social compartilhado sobre as definições de

esquerda e direita durante o regime militar brasileiro foi fundamental para o seu tempo de

permanência e sua sustentação hegemônica na sociedade. Este estudo sobre os dossiês vem ao

encontro desta concepção e possibilitará desvendar melhor este período da história do Brasil.

1.1 - O golpe de 64

O golpe de estado realizado no Brasil em 1964, o regime militar e a transição

conservadora foram cenários nos quais a classe dominante atuou para melhor evitar a perda

do controle político da sociedade.

Formar um conjunto de referências sobre os setores que se oponham aos seus objetivos,

a começar pelos que se propõem a alterá-lo de maneira mais radical indo aos que oferecem

uma linha de menor resistência (e destes tentando acercar-se e seduzi-los) é um elemento

deste processo.

A abordagem estrutural na pesquisa das representações sociais do regime militar provê

um critério muito útil para a comparação entre as representações em termos das semelhanças

e diferenças entre os conteúdos temáticos que compõem seus respectivos sistemas centrais e

periféricos. Permite identificar os conteúdos temáticos que são mais provavelmente ligados à

memória coletiva predominante, em função da sua localização nos núcleos centrais das

respectivas representações.

Para Abric (1994), duas ou mais representações sociais serão diferentes quando seus

respectivos sistemas centrais tiverem composições temáticas distintas.

Pela memória social dos setores hegemônicos durante a ditadura, as representações de

sua própria imagem privilegiam um quadro de temas a ele favorável, como “disciplina”,

“ordem”, “respeito”, “segurança” e “defesa do país”, garantidor do que era apresentado como

um tipo peculiar de “regime democrático”. Seus opositores são representados de forma

negativa, como potencialmente danosos às perspectivas de progresso e desenvolvimento do

país. Questões como a divisão social da riqueza e liberdades democráticas não integram o

núcleo de seu sistema de representações.

Há, por outro lado, da parte dos setores contra hegemônicos, representações distintas,

opostas às sustentadas pelos setores dominantes. Na representação dos setores populares, por

exemplo, o regime militar foi uma ditadura, o que identificava uma resistência espontânea e

quase generalizada (à exceção dos setores mais reformistas) às tentativas de caracterizá-lo de

forma mais amena, como um mero ciclo de presidentes militares.

Para as representações de uma memória social como a da ditadura não há sequer termos

que tenham uma conotação meramente descritiva, sem importância. O que se encontra são

visões de mundo distintas, que tornam a memória histórica do regime militar uma realidade

psicossocial complexa.

Embora em última análise, sejam as pessoas a lembrar, a forma e parte do conteúdo das

suas memórias são socialmente determinadas, pelos grupos, pelas instituições, pelos marcos

mais amplos da sociedade, por recursos produzidos culturalmente, inclusive a própria

linguagem.

Portanto, não é necessário deixar de considerar que são as pessoas que se lembram,

para dar conta dos processos pelos quais a memória é tributária da sociedade, da história e

da cultura (Sá, 2007).

1.2 - “Flashes” de memória:

Esta história começa em 64, com os tanques de guerra entrando em Brasília pelo Eixão

(avenida que corta a cidade) e apontando os canhões para os prédios.

Nosso passado como povo, nação, estado é contado pela soma de relatos. Meu próprio

registro de 64 e dos fatos que se seguiram começa com uma de minhas primeiras memórias

elaboradas. Meu pai e minha mãe choravam abraçados em uma das janelas da sala do

apartamento 403 do prédio 9 (que depois virou “I”) da SQS 106 em Brasília, de frente para o

Eixo Rodoviário, por onde passavam dezenas de tanques e carros blindados apontando seus

canhões, que se moviam, na direção dos edifícios residenciais. Era como se esperassem

qualquer reação, que não veio, apenas a indignação muda e a perplexidade. Cheguei-me a

meus pais e soube que nossa vida mudara. A vida do país mudara.

Não houve aula, por um ou dois dias, no Dom Bosco. Quando voltamos à escola, o João

Vicente, que eu nem conhecia, mas que era aluno um ano adiantado em relação a mim, já não

estudava lá. Todos sabiam então que o filho do Jango tinha ido embora com os pais.

O carro da comadre da minha mãe, Leatrice, levou dois tiros e ela foi abordada por

soldados, como contou indignada, porque havia evitado entrar em uma rua em que estava

havendo uma blitz e seguido adiante para entrar na próxima rua.

Alguns meses mais tarde chegavam à minha, e às demais escolas privadas católicas de

Brasília, um grupo de missionários americanos, o “Viva a Gente”, um grupo de uns trinta

adultos e adolescentes louros que eram uma espécie de propagandistas da Aliança para o

Progresso1. Eram animados e cantavam e dançavam.

Lembro até hoje de uma de suas músicas. Em um português de gringos cantavam:

“Viva a gente/ Vocês poderão conhecer/ Montes de gente/ A melhor espécie de ser/ Se mais

gente cuidasse/ Das pessoas do porvir/ Existiriam menos fazendo bagunça/ E mais querendo

construir”.

1 Programa de John Kennedy em 1961 para os países latino-americanos. Previsto para uma duração de 10 anos, visava ações de desenvolvimento econômico para evitar a internacionalização da revolução cubana. Contou com o empenho de vinte bilhões de dólares, em sua maioria de responsabilidade do governo americano, mas também de países europeus, organizações internacionais e empresas privadas. A Aliança foi extinta em 1969, por Richard Nixon – Agudelo, Villa Hernando. 1966. La revolución del desarrollo. Origén e evolución de La Alianza para el Progresso. Editorial Roble, México D.F. Ao ser implementado no Brasil, entre os anos de 1961 e 1964, desempenhou uma função ideológica de luta contra o comunismo através de ações de propaganda – Silva, Vicente Gil da. 2008. A Aliança para o Progresso no Brasil: de propaganda anticomunista a instrumento de intervenção política (1961 – 1964). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em História.

Tive uma noção de quem eram os acusados de fazer bagunça num domingo em um

clube: Um grupo de universitários encenava uma peça em que havia um misterioso

caranguejo que mordia um rei e sua corte e todos passavam a andar para trás, quando um

grupo de homens de terno azul marinho começou a bater neles, a apontar armas e levá-los

presos. Foi a primeira vez que ouvi as palavras DOPS e Polícia Federal.

Meus pais me contaram a história de um pai que tinha sido preso porque, assistindo à

parada do 7 de setembro, seu filho havia apontado Castelo Branco e perguntado se aquele era

o milico gorila que ele tinha comentado em casa. Era uma maneira de explicar que eu não

devia repetir em público o que era dito em círculos mais íntimos.

Apesar de algumas freiras, claramente favoráveis aos militares, serem as professoras no

Colégio Dom Bosco de Brasília, as primeiras “Campanhas da Fraternidade” 2, promovidas

pela CNBB3, introduziam temas de solidariedade social proibidos de serem desenvolvidos

pela população civil. Depois dos temporais que inundaram o Rio de Janeiro em 1966, houve

uma grande campanha nacional para enviar agasalhos, alimentos não perecíveis etc. E

estabelecia-se uma relação entre a Igreja Católica e a solidariedade social, matriz do que veio

a se formar mais tarde nas comunidades eclesiais de base4.

Na trilha sonora da minha infância (ao lado do hino do Vigilante Rodoviário - “De noite

ou de dia/Sempre no volante...”- e do Nacional Kid “... nationalo kiido...”, ficou registrada a

música-tema de uma destas campanhas: “Para mim/ O vento que assobia/ É noturna melodia/

2 Campanha realizada anualmente na Quaresma pela Igreja Católica Apostólica Romana do Brasil, sobre um tema determinado, visando despertar a solidariedade da sociedade brasileira para a solução de algum problema concreto e um lema correspondente. A mudança na posição política da ação da Igreja no Brasil pode ser observada observando-se os lemas das Campanhas da Fraternidade em 1964: Lembre-se, você também é Igreja; 1965: Faça de sua paróquia uma comunidade de fé culto e amor; 1966: Somos responsáveis uns pelos outros e 1967: Somos todos iguais, somos todos irmãos, promovidas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Wikipédia.

3 Instituição que reúne o conjunto de bispos da igreja católica no país - diocesanos, auxiliares e titulares - e prelados das igrejas orientais católicas. Relaciona-se com outras Conferências Episcopais, particularmente as da América, e com o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) – Wiki Canção Nova 4 Sem que houvesse um ato fundador, as comunidades eclesiais de base surgiram e se espalharam pelo Brasil e outros países da América Latina nos anos sessenta, a partir de movimentos de catequese popular e educação de base. Tiveram grande impulso a partir da Conferência Episcopal de Medellín, em 1968, com a temática da “Libertação”, e de Puebla, em 1979, com a “opção preferencial pelos pobres”, adotadas pela maioria do clero católico nestes encontros. Reúne fiéis, às vezes também das Igrejas Metodista, Luterana. e Presbiteriana. Organizadas a partir da proximidade geográfica de seus membros, estas comunidades impulsionaram associações operárias, de mães, de moradores, contra a carestia etc, que participam ativamente dos movimentos sociais e atuaram de forma significativa na oposição ao regime militar. Encontraram expressão ideológica no que ficou conhecido, a partir de Medellín, como “Teologia da Libertação”. – Wikipédia, Documento da CNBB: As comunidades eclesiais de base na Igreja do Brasil, (1982), Revista Memória e Caminhada – Programa Integrado de Documentação e Pesquisas sobre a trajetória das Comunidades Eclesiais de Base. Universidade Católica de Brasília (UCB).

Mas para o pobre meu irmão/ Para ele a chuva fria/ Vai entrando em seu barraco/ E faz lama

pelo chão/ Como posso/ Ser feliz se ao próximo/ Eu neguei o coração/ Meu amor eu recusei/

Para mim/A chuva no telhado/ É cantiga de ninar/ Mas para o pobre meu irmão...”

Meu pai voltou a estudar Direito na Universidade de Brasília, em 1964. Um dia

anunciou que ia haver um protesto e que todos nós iríamos. A passeata era bem humorada,

parecia um carnaval fora de época. Havia pessoas com fantasias, Me lembro de um homem,

vestido como um mendigo, com um saco de pano e um cartaz escrito: “América Latina”. Aí

chegaram a PM, a PE e os homens de terno azul, batendo em todo mundo, uma correria

danada, bombas de gás. O sujeito da “América Latina” apanhou muito, acho que vi a foto

dele no jornal depois, ensangüentado. Foi a primeira vez que me interessei por um jornal.

Fomos embora com meu pai muito nervoso.

O João Saldanha5 apareceu na TV em um programa, acho que foi no “2 minutos com o

Saldanha”, e disse, ao vivo, que o maior herói latino americano tinha sido assassinado. Eu me

lembro, mas não descobri nenhum outro registro. Assim que anunciou este fato a transmissão

foi interrompida. Foi o anúncio da morte do Che Guevara.

Tinha aula de violão num prédio da SQS 305 que dava de frente para um grande

terreno, nos fundos de uma igreja. Não tinha conhecimento sobre o estudante Edson Luís6,

mas, neste local, entre a SQS 305 e a SQS 306, os estudantes promoviam a manifestação de

Brasília, das diversas que aconteciam em todo o país, em protesto pelo assassinato de Edson

Luis no restaurante Calabouço, no Rio.

Saíamos da aula quando houve uma forte repressão àquele ato público: bombas, tiros,

muito gás, gente surrada, pisoteada, arrastada. Éramos crianças, carregávamos violões, não

nos davam muita importância. Mesmo assim fomos ameaçados, corremos, presenciamos

muita violência. Eu fiquei intoxicado pelo gás, tive muita náusea, tontura, dor de cabeça e

5 Como definido por João Máximo em “João Saldanha – Sobre as Nuvens de Fantasia” (2005), através de um diálogo imaginário entre João e São Pedro: “Contrabandista aos seis anos, líder estudantil aos 20, dono de cartório aos 33, membro do PCB a vida toda. Jogador e técnico de futebol, campeão de basquete, jornalista, comentarista de rádio e televisão, analista de escola de samba, escritor, co-autor de enciclopédia, ator de cinema, candidato a vice-prefeito...”. Foi um pouco disto tudo e muito mais, um dos personagens mais interessantes que já passaram pelo Rio de Janeiro, o mais carioca dos gaúchos. Mas, antes de mais nada, um conhecido ativista: do socialismo e por mudanças no futebol brasileiro. (Hoje na História – Centro de Processamento de Documentação do Jornal do Brasil – do JB on Line)

6 Após o assassinato do estudante Edson Luís, em conflito com a PM no restaurante Calabouço em 28/03/68, ocorrem atos de repúdio em todo o país. No Rio, uma manifestação com mais de 50.000 pessoas. Site do Grupo de Estudos sobre a Ditadura, do Departamento de História e Pós Graduação em História Social da UFRJ, que desenvolve pesquisas sobre a repressão entre os anos de 1964 e 1985.

vomitei várias vezes até chegar em casa. Tive um febrão e fiquei uns dois dias de cama7. Na

escola, a tradicional brincadeira polícia e ladrão, durante algum tempo, passou a chamar-se

polícia e estudante.

Ouvia-se falar de manifestações em todo canto. Para além de Brasília e do Rio, ouviam-

se ecos de Paris, de Berlin, de Roma, de Praga8. Ouvia-se falar dos Panteras Negras9, do

“black is beautiful”10, do amor livre, do “flower power”11 e da campanha contra a guerra do

Vietnã12. Ouvia-se rock: Jimmy Hendrix13, Janis Joplin14, Rolling Stones15 e Beatles16, claro.

7 Em Brasília há registro de protestos na ocasião, como o que descrevo, sem que se precise data ou local, segundo o mesmo site do Grupo de Estudos sobre a Ditadura, do Departamento de História e do Programa de Pós Graduação em História Social na UFRJ.

8 Até a Disney lançou um Tio Patinhas especial para dar uma versão pró-América da guerra do Vietnã para as criancinhas nesta época, parte de uma grande disputa ideológica, que se abria. 9 Partido negro revolucionário norte-americano, fundado em 1966 e efetivamente extinto em meados dos anos 80. Oficialmente nomeado Partido Pantera Negra para Auto-Defesa, organizou-se a partir de patrulhas nos guetos negros para enfrentar a brutalidade policial. Tornou-se um partido revolucionário marxista. Defendia o armamento dos negros, o não pagamento de impostos à América branca, a libertação dos negros da cadeia, o pagamento de compensações aos negros por séculos de opressão – Wikipédia, verbete: “Panteras Negras”.

10 Movimento cultural, iniciado nos anos 60 por negros norte-americanos, difundido para o mundo pelos escritos do Movimento de Consciência Negra, de Steve Biko, da África do Sul. O movimento, que tinha sua marca registrada nos cabelos afro, tinha como proposta evitar atitudes que significassem internalizar o racismo, como alisar os cabelos ou clarear a pele. Wikipédia, verbete “Black is beautiful”.

11 Slogan dos hippies nos anos 60 e 70 como símbolo da não violência e do repúdio à guerra do Vietnã. Foi popularizado pelo poeta Allen Ginsberg em 1965. Wikipédia, verbete “Flower Power”.

Geraldo Vandré em “Para não dizer que não falei de flores” utiliza a expressão “... acreditam nas flores vencendo o canhão...”

12 Os revolucionários vietnamitas, que enfrentaram sucessivamente os invasores japoneses, de 1941 ao fim da 2ª guerra, a ocupação francesa até 54 (com o reconhecimento do Vietnã do Norte), e as tropas norte americanas (1959 a 1975) conquistaram efetivo apoio popular na América do Norte e simpatia em todo o mundo. A luta da Liga pela Independência do Vietnã (Viet Minh) e, a partir de 1960, da Frente Nacional de Libertação (Vietcong), ao lado do governo da parte norte do país, pela sua unificação, à medida em que se intensificou, conquistou cada vez mais solidariedade ativa, em particular nos Estados Unidos. O movimento de resistência à guerra ampliou-se consideravelmente nos EUA e em todo o mundo, com a divulgação do massacre de populações civis pelas tropas americanas no Vietnã, que, diante da iminente derrota militar, passaram a empregar táticas genocidas como na cidade de My Lai, cujos habitantes foram chacinados, além de estenderem a guerra também ao Laos e Camboja. Crescentes manifestações populares em solo norte-americano influíram decisivamente na política norte-americana, e na conjuntura mundial – Wikipédia, verbete: Guerra do Vietnã.

13 Se alguém lhe perguntasse, "qual é o melhor e mais famoso guitarrista de Seattle?", o que você responderia? Kurt Cobain? Tá brincando! Na verdade ele era negro, ficou famoso primeiro na Inglaterra para depois ser reconhecido em seu país, Estados Unidos da América e, morreu precocemente no auge de uma carreira de menos de cinco anos. Deixou um legado de mais de 800 horas de gravações que talvez nunca sejam divulgadas. Mudou completamente o conceito de como tocar uma guitarra. Foi também o pioneiro na utilização de efeitos como distorção, que arrancava de velhos amplificadores saturados no talo. Ajudou/inspirou fabricantes a criar pedais de efeitos na forma que conhecemos hoje. Aquele de quem estamos falando nasceu Johnny Allen Hendrix, no dia 27 de Novembro de 1942 às 22:15 no King County Hospital, em Seattle. O pai, James "Al" Hendrix, tempos depois mudaria o seu nome para James Marshall Hendrix. Marcaria o mundo a ferro e fogo, porem, simplesmente como JIMI HENDRIX. Site portaldorock.com.br.

Mesmo com a repressão brutal que ocorreu nos anos seguintes no Brasil, através da

crítica aos costumes, a peça Hair17, que havia sido lançada em New York em 68, chegou em

1970 ao Rio e São Paulo e levou milhares de pessoas da classe média a refletirem sobre a new

age e o fim da guerra do Vietnã e o significado da contracultura no contexto da hegemonia

norte-americana e por tabela, da caretice da ditadura brasileira e dos milicos em geral.

Na minha quadra tinha um campo de futebol de barro. Meninos e rapazes freqüentavam

o lugar. Havia um jovem negro, de pernas magras e meio tortas, que jogava sempre descalço.

Chamava-se Macalé (um Macalé local, não o menestrel). Uma manhã, pouco antes de subir

para almoçar e ir para a escola, um camburão parou perto, vários sujeitos saíram correndo na

direção de um grupo de rapazes e agarraram Macalé, que tentava se desvencilhar. Ele

apanhou muito e foi atirado dentro de camburão. Subversivo, foi o que disseram. Só o vi de

novo três ou quatro meses mais tarde, muito mais magro, com uma cara triste e compenetrada

e depois sumiu e nunca mais o vi ou soube dele18.

14 Janis Joplin foi considerada a principal cantora branca de blues dos anos 60, e certamente uma das maiores estrelas daquela época. Site portaldorock.com.br.

15 Rolling Stones é uma banda de rock inglesa formada em 25 de Maio de 1962, e que está entre as bandas mais antigas ainda em atividade. Ao lado dos Beatles, foram a banda mais importante da chamada Invasão Britânica ocorrida nos anos 1960, que adicionou diversos artistas ingleses nas paradas norte-americanas. Formado por Brian Jones, Keith Richards, Mick Jagger, Bill Wyman e Charlie Watts, o grupo calcava sua sonoridade no blues. Wikipédia.

16 The Beatles foi uma banda de rock de Liverpool, Inglaterra, com suas raízes no final da década de 1950 e formada na década de 1960. Constituído principalmente por Paul McCartney (baixo, piano e vocais), John Lennon (guitarra e vocais), George Harrison (guitarra solo e vocais) e Ringo Starr (bateria e vocais), o grupo é reconhecido por ter liderado a "Invasão Britânica" nos Estados Unidos, no início dos anos 60. Embora inicialmente o estilo musical do grupo tenha sido influenciado pelo rock and roll e pelo skiffle dos anos 50, a banda explorou, durante a carreira, gêneros que vão de rock melódico a rock psicodélico. Os "garotos de Liverpool", ou "Fab Four" – "Quarteto Fabuloso" - como eram chamados, obtiveram fama, popularidade e notoriedade até hoje inéditas para uma banda musical, e se tornaram a banda de maior sucesso e de maior influência do século XX. Wikipédia.

17 Menos de um ano após a assinatura do Ato Institucional nº 5, que instaurou a fase mais dura do regime militar, com cassações de direitos políticos em massa e prisão e torturas de adversários, estreava em São Paulo a montagem brasileira do musical Hair, no palco do Teatro Aquarius, mais tarde Teatro Zaccaro, no bairro do Bixiga. Wikipédia.

18 Numerosos casos de seqüestros e desaparecimentos de vítimas do regime militar permanecem sem solução. Em 22/06/2009, por exemplo, foi noticiado que o Ministério Público Militar decidiu reabrir 25 casos de investigação sobre desaparecidos políticos. Segundo tese do Procurador-Geral da República, Antônio Fernandes de Souza, seqüestros de pessoas não encontradas, vivas ou mortas constituem crimes em andamento. Desta forma tais delitos não prescrevem e não podem ser abrangidos pela Lei da Anistia. Site 24 Horas News.

No início da década de 70, a ditadura adotou, de forma sistemática, como meios de repressão, o seqüestro, cárcere privado, tortura, assassinato, esquartejamento do corpo das vítimas e ocultação das partes dos cadáveres. Há, registrados, 138 desaparecimentos na época da ditadura militar. Wikipédia, verbete “desaparecidos políticos no Brasil.

Em 1969 não se falava mais na escola ou na rua sobre política. Só em situação privada

se comentava alguma coisa. Cantar “Caminhando e cantando...”19 era um ritual. O

estabelecimento de uma cumplicidade simbólica na crítica ao regime instalado.

Uma construção da companhia telefônica que concentrava os troncos de cabos, situada

entre as SQS 208 e 408 começou a ser freqüentada dia e noite por muitos carros e desde esta

época passou-se a dizer para tomar cuidado com o que se dizia ao telefone, porque deste lugar

se fariam as escutas telefônicas.20

Um dia meu pai disse que o presidente da UNE, Honestino Guimarães21, havia

desaparecido e que provavelmente estaria morto.

Como partes do mesmo horror, à medida que se ampliava exponencialmente o medo,

associava-se a homofobia, a discriminação étnica, o moralismo. Ser “bicha” na época

equivalia a uma sentença de banimento interno. Quando uma torcida de futebol queria

estigmatizar um juiz ou um jogador adversário formavam um coro de milhares de vozes –

bicha, bicha - que se reproduzia em diversas situações sociais.

19 Com o nome original de “Pra não dizer que não falei das flores”, a canção escrita por Geraldo Vandré ficou em segundo lugar no Festival Internacional da Canção de 1968. Com o ritmo de um hino, a melodia foi adotada como tal pelos movimentos de resistência à ditadura, sendo proibida pelos militares. Wikipédia, verbete: “Pra não dizer que não falei das flores”.

Geraldo Vandré, paraibano de João Pessoa, advogado e fiscal (cassado em 68 e anistiado em 79) da extinta Superintendência Nacional de Abastecimento (SUNAB), hoje com 73 anos, foi um dos principais músicos brasileiros de sua geração e dono de uma das nossas biografias mais singulares e mais marcadas pela repressão.

Já autor consagrado, de grandes sucessos como “Disparada” e no auge de sua atuação, como músico e intérprete do momento político do país, após “Pra não dizer que não falei de flores” foi obrigado a sair clandestino do país, no carnaval de 1969, em direção ao Chile. Passou pela França, novamente ao Chile e ao Peru, iniciando uma carreira internacional.

Regressou ao país em 73 e, a partir daí, sua história entra em um desvão ainda obscuro. Teria ficado cerca de um mês, em julho de 69, preso no I Exército, no Rio de Janeiro.

A partir daí, crises seguidas de depressão, a produção de algumas músicas em honra da FAB (Força Aérea Brasileira), as “Fabianas”, e, a partir de 79, a volta ao emprego público até sua aposentadoria. Não se apresentou mais publicamente. Nuzzi, Vítor em 27/09/2005 na revista eletrônica Digestivo Cultural.

20 Na ditadura as garantias constitucionais foram suspensas, reuniões proibidas, correspondências violadas, escutas telefônicas instaladas além das prisões, torturas mortes e desaparecimentos, censura, cassação de partidos e políticos, empastelamento de jornais e o exílio de tantos. Fonte: artigo de Janne Calhau Mourão, no Site do Conselho Regional de Psicologia (CRP) - RJ.

21 Nascido em Itaberaí, Goiás, em 1947, Honestino foi para Brasília em 1960 com seus pais. Estudante de Geologia, a partir de 1965, pertenceu ao Diretório Acadêmico e foi presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília. Foi preso em agosto de 1968 e expulso da UnB em setembro. Ainda em 68 foi eleito vice-presidente da UNE, no XXX Congresso da entidade. Com a prisão de Jean Marc Von de Weid, então presidente, em 1969 assumiu a presidência interina até 1971, quando foi efetivado em um mini-congresso. Militante da Ação Popular Marxista-Leninista (APML), em 10 de outubro de 1973 foi preso e se tornou um dos desaparecidos da ditadura aos 26 anos de idade. Site Memória do Movimento Estudantil, verbete: Honestino Guimarães.

A Tradição Família e Propriedade (TFP)22 e o Comando de Caça aos Comunistas

(CCC)23, invadiam peças de teatro, agrediam atores e atrizes e faziam proselitismo em defesa

da moral e bons costumes.

A repressão cultural recrudesceu a partir do AI-524 e pelos anos seguintes. Chico

Buarque, Caetano, Gil25 e tantos outros no exílio. Elis, de tão ameaçada pelos militares, sendo

obrigada a cantar o hino nacional durante um show26 Censura nos jornais. Censura no teatro.

Censura no cinema. Censura nos livros.27

22 Organização católica tradicionalista, conservadora e anticomunista, fundada em 1960 por Plínio Corrêa de Oliveira, deputado constituinte em 1934. (Wikipédia).

23 Grupo paramilitar de extrema direita, existente desde 1963, o Comando de Caça aos Comunistas é responsável pelo incêndio da sede da UNE e o ataque à peça Roda Viva, de Chico Buarque, dentre diversos atentados e tumultos. Revista Resistência Nacionalista, número 02, artigo “O Comando de Caça aos Comunistas”.

24 Decretado em 13 de dezembro de 1968, o Ato Institucional número 5, ampliava os poderes da ditadura para enfrentar a oposição democrática e popular. Autorizava o fechamento de Congresso Nacional, a intervenção em estados e municípios, cassar mandatos parlamentares, suspender por dez anos os direitos políticos de qualquer cidadão, decretar o confisco de bens considerados ilícitos e suspender a garantia do habeas corpus. No mesmo dia foi fechado o Congresso Nacional até outubro de 69, quando foi reaberto para referendar a posse do general Médici. Vigorou até dezembro de 78. Site da FGV-CPDOC, verbete AI-5.

25Chico Buarque de Hollanda, músico, compositor e autor teatral, um mês após ter sido detido no Rio no início de janeiro de 69, seguiu para o exílio na Itália, onde permaneceu por 15 meses. Site Clique Music “O exílio de Chico Buarque, 32 anos depois”.

Caetano Veloso e Gilberto Gil, mais conhecidos expoentes musicais do tropicalismo (movimento cultural do final da década de sessenta, que buscava resgatar a efervecência de movimento culturais ocorridos anteriormente no país, como o antropofagismo – movimento cultural dos anos 40, inspirado por Oswald de Andrade - e o modernismo dos anos vinte), foram presos em São Paulo e transferidos para a polícia federal no Rio às vésperas do natal de 68, sendo soltos dois meses depois. Durante quatro meses permaneceram em Salvador, impedidos de exercer qualquer atividade. Seguiram para o exílio em Londres, de onde retornaram apenas em janeiro de 72. Site de “O Globo”, artigo de Lúcia Hipólito “Baianos no exílio” (27/12/2008).

26 Uma das maiores cantoras brasileiras, Elis Regina, havia participado de diversos festivais de música, protagonizado shows e programas de TV. Foi para o exterior na mesma época para apresentar-se na Europa, tendo regressado em seguida. A artista teria afirmado, em entrevista, que o país era governado por gorilas e só não foi presa por sua extrema popularidade. Site Letras.com.br – Biografia de Elis Regina 27 A censura, ampliada e exercida de forma sistemática durante a vigência do AI-5, permaneceu ativa até fins dos anos 80. Na imprensa, além da proibição de artigos, houve edições apreendidas, prisão de jornalistas e empastelamento de redações e gráficas. Na música, temas políticos e/ou que afligissem a “moral e bons costumes” eram vetados e seus autores estigmatizados, sendo alguns até mesmo presos, torturados e banidos do país. No cinema, apenas entre os filmes nacionais, 444, entre as décadas de 60 e 80, sofreram interferência da censura. No teatro, cortes de texto, proibição de peças, perseguição a atores, inclusive com prisões, seqüestros e tortura, e depredação de casas de espetáculo. Na literatura, proibição de obras, nacionais e estrangeiras e vigilância contra autores de obras suspeitas. Na TV, além da classificação por faixa etária, houve a proibição e a mutilação de programas e filmes. Vigorou também a proibição à simples menção a personalidades como D. Hélder Câmara na imprensa escrita, falada ou televisada. Site virgula.com.br – artigo: Censura na ditadura causou estragos em diversos setores, de Fabiana de Carvalho, em17/04/2009.

Logo após a decretação do AI-5, através de um decreto-lei, a ditadura havia

criminalizado o consumo de drogas (o código penal coibia o tráfico, mas o consumo não era

considerado crime).

Por volta de 1972, um grupo de rapazes e moças fumava maconha entre as SQS 106 e

107 e os vi serem duramente reprimidos, naquele mesmo esquema de vários carros e homens

à paisana. Nesta mesma época os cabelos dos jovens começavam a crescer no Brasil 28.

Estava de férias no Rio de Janeiro, era 73 e havia um montão de gente fumando no

Píer29, em Ipanema. As roupas dos homens e das mulheres foram ficando parecidas: estampas

coloridas, jeans desbotados de boca larga, túnicas e camisetas baby look. Na praia, homens e

mulheres usavam tangas minúsculas.

Buscando adaptar-se e dar um conteúdo conservador à mudança de costumes que se

anunciava em alguns setores da classe média, a ditadura estimulou a indústria pornográfica,

em especial, com financiamento da Embrafilme para a pornochanchada.30

Um dia, em 73, estava indo para um clube em Sobradinho (cidade satélite de Brasília)

quando cruzamos com uma imensa coluna de blindados. Segundo o que se comentava,

dirigiam-se ao Araguaia, o que nunca soube se era verdade, mas foi como soube que havia

uma guerrilha no Araguaia e uma operação militar de contra insurgência em curso31.

28 A contracultura, surgida nos anos 60, no rastro do movimento beatnik norte-americano, de crítica social e cultural, cresceu e internacionalizou-se nesta década e ao longo da década seguinte. Caracterizava-se pela valorização da natureza, vida comunitária, luta pela paz, contra a guerra, conflitos e a repressão, vegetarianismo, respeito às minorias, experiência com drogas, liberdade nos relacionamentos sexuais e amorosos, anticonsumismo, aproximação com práticas religiosas orientais, em particular o budismo, crítica aos meios de comunicação de massa, como a televisão e discordância com o capitalismo e a economia de mercado. Site Sua Pesquisa.com, verbete: Contracultura.

29 O Píer era uma estrutura de apoio à instalação do emissário submarino, Sua colocação, porém, possibilitou a formação de ondas perfeitas, que atraíram os surfistas, aos quais foram se juntando o pessoal da contra-cultura. Teve seu auge como ponto de encontro em 73. Site Saudades do Rio – O Clone.

30 A política cultural da ditadura no período, tendo como referência, inclusive, uma política mais geral de substituição de importações, buscava lançar as bases para o apoio popular a projetos que tinham como investidor um público incomum: o pequeno comerciante, o dono do posto de gasolina, o dono da sala de espetáculos, com seu particular modo de ver o mundo. A associação entre o momento político, a Embrafilme e a base social popular almejada pela ditadura, aliada à censura a outras manifestações explicam o fenômeno da pornochanchada, que perpassa os anos 70, até o afrouxamento da censura, em 79. Jornal da Unicamp, 16 a 22 de dezembro de 2002, artigo “Boca dos Sonhos” de Luiz Sugimoto.

31 A guerrilha do Araguaia, assim chamada por ter sido localizada próxima a este rio, na fronteira entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins, na verdade não havia sido deflagrada quando os militares descobriram seus preparativos. Foram necessárias três campanhas, entre abril de 1972 e dezembro de 1973 para que fosse derrotada, seguindo-se ainda a perseguição aos seus remanescentes. Praticamente abafado na mídia fortemente controlada de então, o conflito terminou com cerca de 76 mortos. Site UOL Educação – História – Artigo: Guerrilha do Araguaia Luta Armada no Campo, Vítor Amorim de Ângelo.

Depois de rumorosos seqüestros de diplomatas, libertação de presos e publicação de

manifestos tinha havido o estardalhaço sobre os assassinatos de Mariguela e Lamarca e um

silêncio pesado pairava. O Brasil era tricampeão de futebol, Fitipaldi era campeão de fórmula

1, a economia crescia, a oposição parecia neutralizada.32

A ditadura promovia suas campanhas publicitárias: “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”,

“Amazônia, integrar para não entregar” (associada à construção da Transamazônica) e

proselitismo semelhante sobre outras grandes obras, procurava ligar a idéia do regime a um

“Brasil Potência”, a um país que ia “pra frente”.

O golpe militar no Chile, destino de muitos brasileiros exilados e uma espécie de

paradigma para a oposição popular à ditadura foi deveras um rude golpe. Sabíamos da

Escuela de las Américas (centro de treinamento de contra-insurgência criado pelo

departamento de estado norte-americano no Panamá), dos sucessivos golpes militares,

inclusive no Brasil, Republica Dominicana, Bolívia e Uruguai, recentes então, e, num roteiro

de morte anunciada, assistimos ao locaute de produtores e caminhoneiros, o MIR ser

criminalizado e perseguido, a mídia insuflando o golpe e por fim os militares tomando o

poder e promovendo uma chacina, uma tragédia local e mais uma diáspora da esquerda

latino-americana rumo à Argentina (onde muitos, anos depois, viveriam novo drama) e vários

outros países, principalmente da Europa.

Segundo o professor Fiori em “Lições espanholas”:

A social democracia entre os anos 30 e meados dos anos 70 flertou com 3 modalidades históricas de gestão do capitalismo sustentadas por governos ou ministérios ditos socialistas: Os governos de coalizão, entre os anos 20 e 30 do século passado, em que tais alianças desenvolveram políticas monetaristas ortodoxas, apondo recessão e desemprego à inflação. Uma segunda modalidade foi desenvolvida a partir da Suécia, nos anos 30 e lançou as bases do “welfare state” e do keynesianismo. A partir da segunda guerra surgiu e se consolidou uma terceira vertente, que pensava ser possível administrar uma economia capitalista que, através de uma influência consciente da sociedade, obtivesse planejamento democrático e estatal. Este modelo teria tido seu limite no golpe militar no Chile. A partir de então este projeto perde apoio e partidos e governos influenciados por esta política adotam práticas neoliberais.

Para Raimundo Lenilton de Araújo em “Chile e Guerra Fria: A experiência de Allende”:

32 O chamado “milagre econômico brasileiro”, período de expansão econômica significativa no país, observada de 1968 a 1974 (apesar da redução no seu ritmo após o 1 choque do petróleo, em 1973 – quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo decidiu elevar o preço da comodite), permitiu um crescimento de 63% do PIB no período.

Este ciclo foi marcado também pelo crescimento do endividamento externo (o país superou os 10 bilhões de dólares em dívida externa).

Auxiliada pela censura, a ditadura reduziu a estimativa oficial da inflação média no período de 21 para 12%, contendo o crescimento da massa salarial e provocando concentração de renda. Site FGV,verbete Política econômica: o “milagre brasileiro” e Brasil:”milagre econômico de 68-73” explicado, Agência FAPESP, Alex Sander Alcântara.

Chegando ao governo em um sistema eleitoral que exigia a confirmação de sua

votação pelo parlamento, Allende, à frente de uma coalizão de partidos de esquerda, teve de negociar com a Democracia Cristã a sua posse. Pela segunda vez o Partido Socialista participava do governo no Chile. Dos anos 30 aos anos 50, entretanto, adotando um perfil considerado de centro-esquerda. Já em 70, o governo da Unidade Popular (UP), com amplo apoio popular e das correntes de esquerda, inicia profundas reformas. Nacionaliza o cobre, estatiza os bancos, as indústrias de carvão, salitre, ferro e as empresas telefônicas e começa a reforma agrária. O governo norte-americano, ao mesmo tempo em que toma medidas para desestabilizar economicamente o governo chileno, financia a oposição interna. Provoca desabastecimento, atentados, move campanhas em apoio à ação opositora nos meios de comunicação. Estimula e apóia o golpe militar. Além de Allende, encontrado morto abraçado a um fuzil que lhe fora presenteado por Fidel Castro, outros 30 mil foram assassinados e mais de cem mil presos e torturados pela ditadura, que durou mais 16 anos.

Macgovern e Nixon haviam disputado a presidência norte-americana. Nixon foi

indicado presidente. A opção mais truculenta para a guerra do Vietnã foi escolhida. O Laos e

o Camboja foram invadidos. Mas o escândalo da espionagem interna sobre o Partido

Democrata, o Watergate, somou-se às derrotas militares e à crescente oposição mundial e

interna à guerra, no desgaste do governo norte-americano.

Uma verdadeira operação militar, um recuo estratégico, foi realizada, com as renúncias,

primeiro do vice, Spiro Agnew – substituído, em indicação aprovada no Senado, por Gerald

Ford, que era o diretor-geral da CIA – e de Nixon em seguida, o que permitiu que Ford

assumisse a presidência, até que Jimmy Carter viesse a ascender ao posto.

O Movimento Democrático Brasileiro, MDB, partido que tinha sido fundado junto com

a Aliança Renovadora Nacional, ARENA, por ocasião do Ato Institucional número 233, era

presidido por Ulisses Guimarães. Ele possuía trânsito entre as várias correntes internas e abriu

espaço para alguns setores de esquerda (originalmente o PCB, o PC do B, a AP e o MR-8)34 e

a um grupo aberto a posições mais democráticas, os “autênticos”.

33 O AI-2, editado em 27/10/65, surgiu na escalada de radicalização do regime militar que se seguiu à derrota dos candidatos da ditadura em Minas e no Rio pelos oposicionistas moderados Israel Pinheiro e Francisco Negrão de Lima, do PSD. O general Castelo Banco enviou ao Congresso um pacote de leis em 06/10/65, ampliando o controle sobre o judiciário, o alcance da justiça militar e estabelecendo eleições indiretas para a presidência. Ante a reação oposicionista, editou o ato institucional que estabeleceu: a alteração da composição do STF acrescentando 5 ministros aos 11 já existentes, a competência para a Justiça Militar julgar civis, a extinção dos partidos até então legais, abriu a possibilidade de intervenção em estados e municípios, de decretar o recesso do Congresso e o estado de sítio por até 180 dias sem autorização do Congresso, demitir funcionários públicos civis e militares e o poder de emitir atos complementares e decretos-leis. Em 20 de novembro deste ano, com base no AI-2, foi editado o ato-complementar número 4, que definiu as regras para a formação de ARENA e MDB, como partidos consentidos. Site CPDOC-FGV, verbete: Atos Institucionais, artigo O AI-2 e a extinção dos partidos. (Sem autor).

34 Partido Comunista Brasileiro, Partido Comunista do Brasil, Ação Popular Marxista-Leninista e Movimento Revolucionário 8 de Outubro; organizações de esquerda clandestinas à época.

No ano de 1974 os candidatos da ARENA perderam em 14 estados, dos 22 existentes à

época, a eleição que indicou os integrantes de 1/3 do Senado e, na Câmara, o MDB elegeu 2/5

dos parlamentares.

Naquele ano, apresenta-se como um dos protagonistas teóricos do regime o General

Golbery do Couto e Silva. Ele constituiu uma teoria estratégica, onde as ações institucionais

deveriam antecipar-se aos acontecimentos e ditar os ritmos dos conflitos através da gestão e

manejo institucional do Estado. Preconizava o controle de um processo de “sístoles e

diástoles” que identificava em ciclos políticos mais ou menos longos. No controle destes

processos pretendia a continuidade dos grupos hegemônicos adaptando-os às circunstâncias

do momento histórico. Aos períodos de repressão deveriam se suceder momentos de

distensão e abertura. Sem, é claro, que isso evitasse ações tópicas de ajuste.

Segundo Elio Gaspari em “Ditadura Derrotada”:

... Geisel (o Sacerdote) e Golbery (o Feiticeiro) formaram uma parceria sem precedentes na história do Brasil. Era uma amizade a serviço. Começava e terminava no Planalto. Geisel era o presidente da República e Golbery, seu chefe do Gabinete Civil. Não se freqüentavam, não almoçavam juntos. Contam-se nos dedos as ocasiões em que Golbery foi ao palácio da Alvorada e aquelas em que Geisel o visitou na granja do Ipê, onde morava. Os dois generais aproximaram-se durante o primeiro governo da ditadura, quando Geisel, com 56 anos, chefiou o Gabinete Militar do presidente Castello Branco e Golbery, com 52, fundou e dirigiu o Serviço Nacional de Informações. Voltaram ao poder no dia 15 de março de 1974. Tinham o propósito de desmontar a ditadura radicalizada desde 1968, com a edição do Ato Institucional 5. Queriam restabelecer a racionalidade e a ordem. Geisel recebeu uma ditadura triunfalista, feroz contra os adversários e benevolente com os amigos. Decidiu administrá-la de maneira que ela se acabasse. Não fez isso porque desejava substituí-la por uma democracia. Assim como não acreditava na existência de uma divindade na direção dos destinos do universo, não dava valor ao sufrágio universal como forma de escolha de governantes. Queria mudar porque tinha a convicção de que faltavam ao regime brasileiro estrutura e força para se perpetuar.

Na outra margem do mesmo espectro político atuavam Leitão de Abreu35 e a chamada

linha dura militar, identificada com os generais Ednardo36 e Sílvio Frota37.

35 João Leitão de Abreu, falecido em 1992, aos 79 anos, foi o ministro chefe da Casa Civil no governo Médici. Foi ministro do STF e presidente do TSE. Um dos líderes civis da linha dura militar, chegou a ser cogitado para a sucessão de Geisel. Site Observatório da Imprensa, artigo: “Octávio Frias de Oliveira Outros Tempos, o mesmo refrão” – AlbertoDines, em 09/05/2006 e RicardoOrlandini.net, seção: Hoje na História.

36 Ednardo D`Ávilla Mello foi comandante do II Exército com sede em São Paulo. Foi defenestrado do cargo, em 17/01/1976, após os assassinatos de Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho nas dependências do DOI-CODI. Site Fundação Perseu Abramo, 28/08/1999, referência: 3º período: de 1973 a 1977: de Alexandre Vanucchi à criação dos CBAs.

37 Ministro do Exército de Geisel. Líder dos setores mais truculentos da ditadura, tentava se impor como alternativa na sucessão presidencial. Ao ser demitido, em 12/10/1977, quase provoca uma crise institucional. Tentou resistir por dez horas, sendo dissuadido pela falta de apoio militar. Site Observatório da Imprensa, artigo de Victor Gentilli de 20/06/2004 “A ditadura encurralada Nova versão de uma história não contada”.

Ambos setores concordavam no modelo de desenvolvimento capitalista associado aos

interesses hegemônicos norte-americanos, expressos em linhas gerais no primeiro e segundo

PNDs., voltados para a auto suficiência do Brasil nos setores estratégicos, capaz de funcionar

de forma autônoma em um contexto de isolamento em uma hipótese geoestratégica de

desmoronamento da ordem capitalista na guerra fria. Mas havia divergências na ação política.

Golbery achava necessário reduzir um pouco a pressão para reduzir a radicalização.

Outros setores queriam o esmagamento da oposição.

Golbery é vitorioso e estabeleceu um calendário, com a organização da distensão, com

a assunção do General Geisel à presidência da República e a saída do General Médici38. Neste

calendário havia a previsão, caso o processo de distensão fosse bem sucedido, da volta de

eleições diretas para os governos estaduais (embora apenas entre Arena e MDB) e a

possibilidade de eleições diretas em seguida, nas capitais dos estados e municípios de

segurança nacional, excetuando-se o Distrito Federal, também restritas aos dois partidos.

Esperava-se, contudo, manter sob controle o ritmo e a condução do processo. Meses

depois, a derrota eleitoral da Arena, nas eleições parlamentares, e dentro da Arena, a vitória

de Maluf em São Paulo, que garantiu seu controle sobre o diretório local do partido com o

apoio da linha dura, gerou um período de ajuste em que ampliou-se o número de atores

políticos com peso institucional.

A oposição desenvolvia-se em múltiplos cenários. Diversos autores brasileiros como

José Celso, Vianinha, Plínio Marcos, Guarnieri, Boal e outros, que haviam sido afastados da

cena cultural pela ditadura no início dos anos 70, começam a ser retomados no teatro39. Na

38 Pela Emenda Constitucional número 1 à constituição de 1967, outorgada pela ditadura, as eleições presidenciais previstas para 15 de janeiro de 1974 seriam realizadas através de um colégio eleitoral, cuja composição seria determinada por lei complementar. Em meio a especulações sobre a recondução ao cargo de Médici, o MDB formulou um projeto de colégio eleitoral que não foi aceito pela ditadura. O governo encaminhou outro, prevendo 125 delegados indicados nas Assembléias estaduais que se somaram aos integrantes do Congresso Nacional, para a sua composição.

O general Ernesto Geisel, presidente da Petrobrás e irmão do ministro do exército Orlando Geisel, foi escolhido como o candidato do regime para a substituição de Médici, acompanhado do general Adalberto Pereira dos Santos, então presidente do Superior Tribunal Militar (STM), na condição de vice.

O MDB lançou as anticandidaturas de Ulisses Guimarães, presidente do MDB e Barbosa Lima Sobrinho para a disputa. Entendendo que tais anticandidaturas destinavam-se a abrir a discussão na sociedade e não no colégio eleitoral, os autênticos (21 dos 76 eleitores oposicionistas) abstiveram-se. Geisel foi indicado por larga maioria. Site cpdoc.fgv.br , verbete; Médici, Emílio Garastazu.

39 Nos anos 60, a tradição do teatro brasileiro privilegiar textos estrangeiros e importar encenadores europeus, acusada de ser culturalmente colonizada, começou a ser superada por uma nova geração de atores e diretores que prefere textos nacionais e montagens simples. O Teatro de Arena, com Augusto Boal (Marido magro, mulher chata), Gianfrancesco Guarnieri (Eles não usam black-tie), Oduvaldo Vianna Filho (Chapetuba Futebol Clube) e José Celso Martinez Correa no Grupo Oficina (O rei da vela e Roda viva, do músico Chico Buarque de Holanda), em São Paulo, e o Grupo Opinião, no Rio de Janeiro (Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, de Oduvaldo Vianna Filho e Plínio Marcos em Dois perdidos numa noite suja e Navalha na carne), são

música, Raul Seixas, Rita Lee, Sérgio, Arnaldo, Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Moraes

Moreira e Ney Matogrosso40, dentre outros, estiveram na linha de frente do bom combate. Na

platéia dos shows e peças em Brasília muitos jovens. Chico, Caetano e Gil retornam ao

Brasil.

No dia em que começou a Revolução dos Cravos eu estava no Conservatório de

Música, me preparando para uma aula de Teoria Básica da Música, quando o professor falou

de sua origem portuguesa e da fuga de seus pais do salazarismo. Eufórico, disse que naquele

dia não haveria aula. Com um enorme rádio portátil sintonizava em alguma estação que

reproduzia o que ocorria em Portugal, com emocionados locutores com sotaque luso

descrevendo a tomada de Lisboa pelos soldados junto com a população, e que punham a tocar

a toda hora Granola Vila Morena: “Granola vila morena/Terra da fraternidade/O povo é quem

mais ordena/Dentro de ti/Ó cidade...”, a música que tocou em todas as rádios que passavam a

apoiar o governo revolucionário.

Como afirmam Suely Fadul Villibor Flory e Elêusis Míriam Carnocardi em “A

Revolução dos Cravos” e suas representações na mídia e na literatura”:

A Revolução de 25 de abril de 1974 utilizou-se da mídia radiofônica como o seu

meio de comunicação por excelência, para chegar quase instantaneamente a todos os recantos de Portugal. As músicas populares eram senhas para identificação entre o povo e o MFA (Movimento das Forças Armadas).

O movimento militar do dia 25 de Abril de 1974 derrubou o regime político que

vigorava em Portugal desde 1926, com amplo apoio popular. O levante foi conduzido pelos

oficiais intermediários da hierarquia militar (o MFA), na sua maior parte capitães, que tinham

participado na Guerra Colonial. Portugal passou por um período conturbado de cerca de 2

anos, marcados pela luta entre a esquerda e a direita. Foram nacionalizadas as grandes

empresas. Passado um ano realizaram-se eleições constituintes e foi estabelecida uma

democracia parlamentar de tipo ocidental. A guerra colonial acabou e as colônias africanas

tornaram-se independentes antes do fim de 1975.

Os sinais eram contraditórios.

representativos da resistência cultural, duramente reprimida pela ditadura. Site Passeiweb – Portal de estudos na internet, verbete: Teatro/Brasil. 40 Músicos brasileiros, que promoveram espetáculos no início dos anos 70 em várias cidades do país. Com sua rebeldia e irreverência mantinham profunda empatia com o público jovem que freqüentava seus shows.

No Brasil a ditadura sofria uma derrota eleitoral. A revolução avançava em Portugal e

nas colônias. Ao mesmo tempo a ditadura avançava no Chile41 e Isabelita Perón se aliava a

Videla e aos milicos que depois a derrubariam42.

Os norte-americanos eram finalmente derrotados no Vietnã, no Laos e Camboja.43

O apartheid era liquidado na Rodésia, que se tornava Zimbawe44.

Maluf era governador e comunistas eram caçados em São Paulo.

Geisel era o general-presidente.

Ednardo D`Ávila era o comandante do segundo exército, sediado em São Paulo. Sílvio

Frota era o ministro do exército.

Vladimir Herzog era um militante comunista, ligado ao PCB, jornalista e professor da

USP em São Paulo. Preso e barbaramente torturado, foi morto nas dependências do DOI-

CODI de São Paulo.45

Em São Paulo, na Sé, com a presença de D. Paulo Evaristo Arns46 e outros religiosos,

foi realizado um ato ecumênico de protesto*, que se realizou também em outras cidades.

Como afirma Luiza Villaméa em “A memória e o silêncio”:

Num protesto silencioso e contido, mais de oito mil pessoas desafiaram a linha-dura

do regime ao participar de ato ecumênico em memória de Herzog na Catedral da Sé, no dia 31 de outubro.

41 A ditadura chilena, comandada por Pinochet, manteve-se no poder de 1973 a 1990. Além de dizimar a oposição interna, patrocinou, ao lado de militares argentinos, paraguaios, uruguaios, bolivianos e brasileiros, a operação Condor, destinada a eliminar opositores às ditaduras no exterior. Site Educaterra, artigo: Chile: A derrubada da democracia (de Allende a Pinochet), sem indicação de autoria.

42 Isabelita Perón, eleita vice-presidente, com a morte de Juan Domingo Perón assume a presidência em 1974. Seu ministro de Bem-Estar Social, José López Rega, articula-se com a extrema direita através da Triple A (Aliança Anticomunista Argentina – AAA). Em 1976 é apeada do governo pelo golpe de estado conduzido por Videla, por ela mesma indicado comandante do Exército. Site Comissão de cidadania e Reprodução (CCR), artigo: Presidente eleita nunca se associou ao feminismo e é contra legalizar o aborto, sem indicação de autoria.

43 Em 1975 ocorre a retirada total das tropas americanas destes países. Site Sua pesquisa.com. Verbete: Guerra do Vietnã.

44 A guerrilha contra o governo de aparthaid na antiga Rodésia fortaleceu-se ao longo dos anos 70. Com a vitória do Zanu, o movimento guerrilheiro, em 1980, foi constituído e reconhecido internacionalmente o estado do Zimbawe. Site co.terra.com , artigo: Robert Mugabe: O grande sobrevivente; de BBC World Editor, em 31/03/2008.

45 A morte do jornalista Wladimir Herzog, em outubro de 1975 nas dependências do DOI-Codi em São Paulo, ainda cria embaraços ao Exército. A versão do suicídio foi derrubada pela Justiça há anos - AGÊNCIA Brasil-Radiobrás 20/10/2004

46 Arcebispo metropolitano de São Paulo de 1970 a 1998. Atual Arcebispo Emérito da Diocese. Site Arquidiocese de São Paulo.

Em Brasília o ato ecumênico em protesto contra o assassinato de Vladimir Herzog

ocorreu na igreja dos padres salesianos. Houve um clima de terror na saída, muitos homens à

paisana, vários fotografando, fomos aconselhados a sairmos em grupos de dez. Dois

estudantes que panfletavam na entrada foram presos na saída.47

Ednardo foi chamado a Brasília, mas, em vez de se encontrar com Ernesto Geisel,

presidente da República, reuniu-se apenas com Sílvio Frota, que determinou uma “sindicância

para apurar a razão do suicídio” do preso48.

Três meses depois outro assassinato no DOI-CODI. Manuel Fiel Filho, operário

comunista, militante do PCB e do movimento sindical é também torturado até a morte. Novos

atos em todo o país, em Brasília novamente nos salesianos. Ednardo é afastado, tenta se

articular para resistir, mas não tem respaldo suficiente e é substituído por Dilermando Alves,

apesar da insatisfação de Frota. Brasília viveu alguns dias de pânico, à espera do

“pinochetazo”, que enfim não ocorreu.

Como relatou o jornal O Estado de S. Paulo, em 28 ago. 1977:

... haverá o julgamento de 23 pessoas, último processo de uma série relacionada à reorganização do Partido Comunista no Brasil. Os primeiros processos referem-se à localização de uma gráfica do PCB no Rio de Janeiro em 12/74, e outra no Cambuci, em São Paulo, em 02/75; à prisão de vários membros da cúpula do PCB em São Paulo; à existência de uma célula do Partido Comunista dentro da Polícia Militar no decorrer do qual ocorreu a morte do primeiro-tenente José Ferreira Almeida; às prisões de professores, advogados e jornalistas, entre os quais, Vladmir Herzog; e às prisões de alguns operários, entre eles, Manoel Fiel Filho. A morte deste operário levou ao afastamento do general Ednardo D'Ávilla Mello do comando do II Exército. É este o último processo a ser julgado.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

foram entidades cuja oposição ao regime tornou-se emblemática, por simbolizarem uma

alteração na correlação de forças, com a perda de apoio nos setores médios da sociedade civil.

O atentado que destruiu o sétimo andar da ABI no Rio de Janeiro (que havia sido palco

da manifestação carioca contra a morte de Herzog), e o artefato que foi encontrado e

desarmado sem explodir na sede da OAB, também no Rio, eram sinais que a linha dura

mantinha poder de fogo, não pretendia dar tréguas apesar de suas contradições no interior do

regime e se fiava em sua impunidade cúmplice pela ditadura49.

47 Não há, que eu tenha podido obter, qualquer outro registro do ocorrido.

48 Não obtive registro desta viagem. Os fatos eram censurados na mídia. Era, contudo, a versão que circulava sobre o ocorrido nos meios em que andava, onde não faltavam jornalistas.

49 Em 19 de agosto de 1976, uma bomba explodiu no sétimo andar da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), destruindo dois banheiros próximos ao gabinete da presidência. O segundo veio no mesmo dia, quando outra bomba foi encontrada na caixa de força da sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

O falecimento de Juscelino Kubitschek foi motivo de grande comoção popular Os

atentados terroristas promovidos pela ultra direita do regime, fez com que todo o repúdio ao

regime militar em Brasília viesse à tona e encontrasse a ocasião de se expressar no féretro de

Juscelino.

De acordo com o site projetomemoria.art.br:

No enterro: “O povo leva!”: Transportado para o Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro, o corpo de Juscelino Kubitschek foi em seguida velado no saguão do edifício da revista Manchete, na praia do Russel, pelo qual, durante toda a manhã de 23 de agosto, desfilaram milhares de pessoas.

Às quatro da tarde, o caixão desembarcava em Brasília, onde, depois de alguma hesitação, o governo do general Ernesto Geisel decretou luto oficial – o primeiro em honra de um adversário do regime militar. O velório iniciado no Rio prosseguiu na catedral metropolitana.

Ainda em 1976, no dia 22 de setembro, o bispo dom Adriano Hipólito foi seqüestrado, espancado e abandonado despido e com o corpo pintado de vermelho num matagal em Jacarepaguá. Seu carro foi levado, em seguida, até as proximidades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na Glória, e destruído numa explosão. Na mesma madrugada, até mesmo o presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho, também seria vítima dos terroristas: uma bomba explodiu no telhado da sua residência no Cosme Velho, destruindo parte do segundo andar. O grupo Aliança Anticomunista Brasileira assumiu a autoria de alguns desses atentados, mas nenhum envolvido foi identificado pelas autoridades. Todo o bloco do noticiário do Jornal Nacional dedicado ao assunto foi censurado. Site memoriaglobo.globo.com

Após emocionada missa de corpo presente, os bombeiros tiveram dificuldade para colocar a urna na carreta que a conduziria ao Campo da Esperança, o cemitério de Brasília. Em mais de uma ocasião a multidão tomou-a nas mãos, aos gritos de “O povo leva! O povo leva!”.

O cortejo se arrastou por quatro horas, e já eram 23h35 quando o corpo do ex-presidente finalmente baixou à sepultura, debaixo de um coro em que "Viva JK!" e "Viva a democracia!" se alternavam com as estrofes de "Peixe vivo", a canção preferida de Juscelino, cantadas pela multidão”.

Juscelino inspirava sentimentos contraditórios. A firmeza com que enfrentou a brutal

campanha contra a construção de Brasília, incluindo o êxito em impor-se em duas crises

militares em seu governo, as alianças que manteve com setores de direita e esquerda, que o

credenciavam como uma liderança alternativa ao bloco hegemônico e a sensação de que havia

sido injustiçado, tinha sua contrapartida na figura do folgazão que presenteara com cartórios

seus familiares e amigos, enriquecera seus aliados políticos em empreiteiras, através de obras

arranjadas e superfaturadas, que se revelara um pusilânime moralmente incapaz de mobilizar

a sociedade contra os golpistas. O repúdio à ditadura uniu nas ruas os que gostavam dele,

particularmente funcionários públicos que construíam sua vida na capital, e todos os setores

democráticos que não toleravam a usurpação do poder pelos militares. Centenas de milhares

de pessoas, talvez mais de meio milhão, literalmente arrancaram o caixão do carro do corpo

de bombeiros que o conduzia. Às vezes um grupo de soldados do Exército tomava o caixão e

o devolvia ao carro de bombeiros para, alguns metros adiante, novamente o corpo ser

resgatado e seguir nas mãos da população.

Na falta de bandeiras e faixas, ramos de árvores foram arrancados e sacudidos como

estandartes. Palavras de ordem como: Abaixo a ditadura, O Povo Unido Jamais Será Vencido

e uma versão da marchinha “Peixe Vivo”, que era: “Como pode um povo livre/Viver sem

democracia”, eram gritadas por todos.

Quando a multidão aproximou-se do cemitério, a repressão tentou prender

seletivamente os que mais se destacavam no coro das palavras de ordem. Muitos dos que

foram detidos eram arrancados das mãos de militares fardados e agentes à paisana pelos

próprios populares (eu inclusive). Tentaram dividir a manifestação atravessando-a por

colunas de tropas de choque e cerrando os portões do cemitério, deixando uns dentro e outros

fora. Para isso usaram de extrema violência: apontando armas, jogando bombas de gás

lacrimogêneo e de efeito moral, avançando com cavalos e cachorros e batendo com sabres e

cassetetes.

A população arrancou e derrubou os portões e a própria cerca do cemitério, rompeu os

cordões de militares, correu atrás dos agentes à paisana e dos militares que fugiam

desorganizados e atônitos, ao som da palavra de ordem “Se bater apanha”. Finalmente as

tropas foram retiradas e o enterro ocorreu, sob a guarda apenas dos manifestantes. A censura

impediu que estes fatos tivessem o devido registro na imprensa.

Foi realizada também no campus da UnB em 1976, neste período, a 28ª reunião da

Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC. A comunidade científica e

acadêmica avançou sobre a cena política. Nas diversas reuniões gerais, em muitos trabalhos

apresentados e nas Assembléias de abertura e encerramento, as Liberdades Democráticas e a

Anistia eram reivindicadas.

Florestan Fernandes50 deu uma aula aberta em frente ao refeitório em que, se dizendo

trotskista (termo que começava a despertar minha atenção), apontava a luta democrática da

derrubada da ditadura como a questão central para os socialistas.

Além de pela primeira vez ouvir alguém se definir como trotskista, vi alguém com

autoridade política e intelectual para falar as palavras ditadura e socialismo, abolidas do dia a

dia inclusive das reuniões estudantis por medo.

Pois bem, isso ser dito em alto e bom som em um discurso coerente e preciso e ser

delirantemente aplaudido refletia o grau de politização e radicalização generalizada naquele

momento na SBPC.

50 Sociólogo e político brasileiro nascido na cidade de São Paulo, (SP), considerado o fundador da sociologia crítica no Brasil. Iniciou sua formação primária no Grupo Escolar Maria José, em Bela Vista, São Paulo (1926), fez o Tiro de Guerra (1936) e o Curso Madureza no Ginásio Riachuelo em São João da Boa Vista, São Paulo (1938-1940 e licenciou-se na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras na Universidade de São Paulo-USP (1943), ano em que escreveu seu primeiro artigo para o jornal O Estado de São Paulo, intitulado O Negro na Tradição Oral. Casou-se com Myriam Rodrigues Fernandes, com quem teve seis filhos (1944) e tornou-se assistente do Professor Fernando de Azevedo na cadeira de Sociologia II (1944). Obteve o título de Mestre em Ciências Sociais - Antropologia, com uma dissertação sobre a Organização Social dos Tupinambás (1947) e defendeu sua tese de Doutor em Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP, também sob orientação do Professor Fernando Azevedo (1951) e ainda sobre o tema dos Tupinambás. Passou a Livre Docente, na Cadeira de Sociologia I, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP (1953) e tornou-se Professor Titular da mesma cadeira, com a tese A Integração do Negro na Sociedade de Classes (1964). Defensor da Escola Pública, sempre foi ligado aos movimentos sociais e reivindicatórios e às organizações políticas de esquerda. Preso político no presídio do Exército em São Paulo (1964), ao ser libertado tornou-se Professor Catedrático na USP, efetivado por concurso de Títulos e provas (1965). Novamente preso (1965), foi solto no ano seguinte através de um Habeas Corpus. Afastado de suas atividades na USP através do Ato Institucional nº 5 da Ditadura Militar (1969), ficou asilado no Canadá (1969-1970). Professor de Sociologia como Residente Latino Americano na Universidade (1970-1972), voltou ao Brasil (1972) passando a trabalhar como professor de cursos de Extensão Cultural no Instituto Sedes Sapientiae em São Paulo, foi professor visitante da Universidade de Yale (1977), até ser contratado como Professor da PUC, SP, no final daquele ano (1977), na qual tornou-se Professor Titular (1978). Elegeu-se Deputado Federal Constituinte (1996) pelo Partido dos Trabalhadores (1987-1990), onde destacou-se na defesa da Escola Pública e no projeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Ainda foi reeleito Deputado Federal (1990), também pelo Partido dos Trabalhadores (1991-1994). Faleceu no dia 10 de agosto, em São Paulo, seis dias após um mal sucedido transplante de fígado. Autor de uma extensa e diversificada obra, entre seus livros citam-se a tradução e a Introdução do livro Contribuição à Crítica da Economia Política de Karl Marx (1946), Organização Social dos Tupinambás (1949), A Função Social da Guerra na Sociedade Tupinambá (1952) e Método de Interpretação Funcionalista na Sociologia (1953). Site Netsaber Biografias.

Outros pontos altos foram as intervenções de Dom Tomas Balduíno51, sobre a questão

indígena e D. Pedro Casaldáliga52 sobre a questão agrária, ambas situando no fim do regime

militar e no socialismo as condições para a reforma agrária e o fim do genocídio dos povos

indígenas.

1.3 – A ditadura e a distensão:

Jimmy Carter53 assumiu o governo norte-americano embalado em um programa de

resgate do tema “direitos humanos”. Os temas de liberdades democráticas e anistia se

impunham na agenda nacional.

51 Dom Tomás Balduíno é filho de José Balduíno de Sousa Décio e de Felicidade de Sousa Ortiz. Teve mais dez irmãos. Ele estudou filosofia no seminário dos Dominicanos, em Perdizes, (SP); cursou Teologia e fez mestrado, na mesma área, em Saint Maximin, na França. Em 1965, terminou pós-graduação em Antropologia e Lingüistica, na Universidade de Brasília (UnB). Um dos principais responsáveis pela criação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975, ele também ajudou a fundar o Conselho Indigenista Missionário (CIMI). A CPT colabora diretamente com as iniciativas das Igrejas cristãs, especialmente a Igreja Católica, na luta dos camponeses e dos trabalhadores rurais do Brasil. Mas a luta de Dom Tomás Balduíno pela terra se intensificou a partir de 1999, quando ele assumiu a presidência da CPT e até hoje está no comando da entidade. Durante 31 anos, ele foi bispo da Cidade de Goiás (hoje, Goiás Velho), antiga capital goiana. De 1965 a 1967 foi o responsável pelo prelado de Conceição da Araguaia, no Pará, sempre lutando em favor dos índios e dos trabalhadores rurais. Site Radiobrás.

52 Catalão de Barcelona, onde nasceu em 1928, Casaldáliga ingressou na Ordem Claretiana, e ordenado sacerdote em 1943. Veio para o Brasil e, em 1968, mergulhou na Amazônia. Em 1971, nomearam-no bispo de uma prelazia amazônica, à beira do rio Araguaia: São Félix do Araguaia. Adotou como divisa princípios que haveriam de nortear literalmente sua atividade pastoral: "Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar". No dedo, como insígnia episcopal, um anel de tucum, que se tornou símbolo da espiritualidade dos adeptos da Teologia da Libertação.

São Félix é um município amazônico do Mato Grosso, situado em frente à Ilha do Bananal, numa área de 36.643 km2. Na década de 1970, a ditadura militar (1964-1985) ampliou a ferro e fogo as fronteiras agropecuárias do Brasil, devastando parte da Amazônia e atraindo para ali empresas latifundiárias empenhadas em derrubar árvores para abrir pastos ao rebanho bovino. Casaldáliga, pastor de um povo sem rumo e ameaçado pelo trabalho escravo, tomou-lhe a defesa, entrando em choque com os grandes fazendeiros; as empresas agropecuárias, mineradoras e madeireiras; os políticos que, em troca de apoio financeiro e votos, acobertavam a degradação do meio ambiente e legalizavam a dilatação fundiária sem exigir respeito às leis trabalhistas.

Dom Pedro tem sido alvo de inúmeras ameaças de morte. A mais grave em 1976, em Ribeirão Bonito, no dia 12 de outubro - festa da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Ao chegar àquela localidade em companhia do missionário e indigenista jesuíta João Bosco Penido Burnier, souberam que na delegacia duas mulheres estavam sendo torturadas. Foram até lá e travaram forte discussão com os policiais militares. Quando o padre Burnier ameaçou denunciar às autoridades o que ali ocorria, um dos soldados esbofeteou-o, deu-lhe uma coronhada e, em seguida, um tiro na nuca. Em poucas horas o mártir de Ribeirão Bonito faleceu. Nove dias depois, o povo invadiu a delegacia, soltou os presos, quebrou tudo, derrubou as paredes e pôs fogo. No local, ergue-se hoje uma igreja.

Cinco vezes réu em processos de expulsão do Brasil, Casaldáliga mora em São Félix num casebre simples, sem outro esquema de segurança senão o que lhe asseguram três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Site adital.com.br , “Pedro Casadáliga, santo e herói”. Frei Betto.

53 James Earl Carter, Jr. nasceu em 1924 na Geórgia, em uma rica família de plantadores de amendoim. Em 1946 formou-se pela Academia Naval de Annapolis e permaneceu durante sete anos na Marinha, cinco dos quais no programa de submarinos nucleares. Regressou à Geórgia em 1953, para dirigir os negócios da família. Pregador batista leigo, opôs-se à segregação racial em seu estado. Elegeu-se senador estadual em 1962 e

De forma crescente, a partir de meados dos anos 70, manifestações populares

ocorriam com reivindicações de direitos de liberdade de manifestação e expressão, de atuação

sindical, liberdade partidária, eleições diretas, Constituinte, libertação dos presos políticos e o

retorno dos exilados.

O texto “Carta aos brasileiros” (ANEXO A), exarado por Goffredo da Silva Telles, em

08/08/1977, com o apoiamento de uma série de democratas, representativos da oposição

brasileira à ditadura, é o documento que melhor espelha as aspirações populares então

expressas.

No primeiro ano na universidade, em 1976, li no jornal uma nota sobre a prisão e

tortura de um metalúrgico no interior de São Paulo. Seu nome era Brambilla. Algumas coisas

me chamaram a atenção. Ele militava em uma organização da qual ouvia falar pela primeira

vez, a Liga Operária, identificada como trotskista.

Eu tinha lido “10 dias que abalaram o mundo” (1917) de John Reed e História da

Revolução Russa (1930-1933), de Leon Trotsky54, este em sua primeira edição brasileira

(aliás, um ano antes havia comprado minha coleção de “O Capital” (1867-1885-1894)55 de

Marx, que só teve sua primeira edição completa em português, que eu saiba, com a

Revolução dos Cravos). Estava muito impactado com o relato, e absolutamente convencido

da aplicabilidade de conceitos como “desenvolvimento desigual e combinado” e “revolução

permanente” (avançar nas reivindicações democráticas como estratégia para a revolução

governador da Geórgia em 1971, cargo que serviu de plataforma para que alcançasse a presidência dos Estados Unidos, pelo Partido Democrata, vencendo o republicano Gerald Ford em 1976. Centrando sua política externa na defesa internacional dos direitos humanos, Carter procurou diminuir a tensão com a União Soviética, estabeleceu relações com a China e promoveu a assinatura dos acordos de Camp David entre Israel e Egito. Firmou também com o governo panamenho um acordo para a futura devolução da soberania do canal do Panamá a esse país. Seus esforços na política exterior foram frustrados pela crise de 1979 com o Irã, quando militantes islâmicos, depois de derrubarem o xá, invadiram a embaixada americana. O longo seqüestro do pessoal diplomático debilitou a imagem de Carter. A invasão do Afeganistão pela União Soviética, no mesmo ano, interrompeu as boas relações entre as duas superpotências. Em seu governo cresceram a inflação, o desemprego e o déficit orçamentário. Candidato à reeleição em 1980, foi derrotado por Ronald Reagan. Site Milênio.

54 Ambos os livros tratam do desenrolar do processo político e do quadro histórico em que se deu a revolução russa, com mais detalhes e maior preocupação histórica no texto de Trotsky e com a agilidade de um registro jornalístico, em Reed. Nos dois o tom apaixonado de quem pertencia àquela luta. Do ponto de vista teórico, as conclusões eram idênticas: A luta democrática pelo fim da monarquia czarista, por um governo capaz de, imediatamente, parar a guerra e fazer a paz, garantir a produção e a distribuição (o pão) e a terra (reforma agrária) – a consigna: pão, paz e terra – levou a Rússia à revolução socialista.

55 Obra fundadora da economia política de Karl Marx. Introduz elementos chaves à sua compreensão como a teoria do valor, a mais valia, a tendência decrescente da taxa de lucro, o processo de produção, circulação e da produção global de capitais. É a primeira grande tentativa de síntese da compreensão da dinâmica da economia capitalista. Em linhas gerais os seus pressupostos ainda podem ser utilizados. O primeiro volume foi publicado ainda durante a vida de Marx. Os dois outros volumes foram compilados por Engels, após sua morte.

socialista), desenvolvidos por Trotsky, para compreender o processo político no Brasil e no

mundo56.

Também admirava Mário Pedrosa, Florestan Fernandes, os poetas concretistas de São

Paulo Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari, também tidos como trotskistas e

criticados por meu pai, que à época julgava-os descolados da oposição real por um excessivo

intelectualismo.

Brambilla, ex-presidente do DCE da Universidade Federal de São Carlos (SP), era um

estudante que havia se tornado operário como parte de uma opção política.

Houve manifestações em São Paulo e no Rio e eu ouvi falar da atuação de Comitês

pela Anistia, que tendo participado das manifestações contra os assassinatos de Herzog e Fiel

Filho, passavam a apoiar a libertação imediata de Brambilla e denunciar sua tortura.

Como descrito por Vanya Sant`Anna, no artigo “A Campanha pela Anistia”: Desde 1973, com as manifestações contra a morte nas prisões, como no caso de

Alexandre Vannuchi Leme, de apoio aos presos políticos nas várias greves de fome que fizeram em protesto contra as condições das cadeias, com o Natal de Paz organizado em São Paulo pela Cúria Metropolitana, formava-se a consciência de que a luta pela democracia tinha, como ponto de partida, o fim das torturas e das prisões dos opositores. As mortes, em São Paulo, do jornalista Vladimir Herzog (outubro/75) e do operário Manuel Fiel Filho (janeiro/76) deram ponto final ao medo que atormentava amplos setores da sociedade brasileira quanto à ação e mobilização políticas. Significaram um enorme basta! ao terror que parecia sem fim. As igrejas pontuaram o momento com a firmeza e coragem. As mulheres, companheiras e mães, foram as primeiras, na sociedade, a clamar por Anistia. Em 1975 foi criado em São Paulo, com a liderança de Terezinha Zerbini, o Movimento Feminino pela Anistia (MFPA) após a realização do Congresso Mundial da Mulher, no México, onde se decidiu que aquele seria o Ano Internacional da Luta pela Anistia. Cientistas e intelectuais brasileiros lançaram seus manifestos por liberdade e democracia exigindo Anistia na 28º Reunião da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), em Brasília, em 1976, e pela volta ao Estado de Direito na "Carta aos Brasileiros", lida por Goffredo da Silva Telles sob as arcadas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, dia 8 de agosto de 1977. Nesses mesmos anos, os estudantes, na luta pela reconstrução de suas entidades, proscritas pelos militares, lançaram sua palavra de ordem pela Anistia.

Os decretos-lei 477 e 228 foram instituídos para controlar a organização e representação

dos estudantes universitários. Com base nesta legislação, alunos poderiam ser proibidos por

até dez anos de estudar em qualquer instituição de nível superior e banidos para sempre da

vida acadêmica em caso de reincidência em atos que houvessem provocado a pena. Parte

destes textos “legais” havia sido incorporada pelos regimentos internos das universidades.

56 Como observaram Trotsky e Reed, entre o pensamento de Trotsky em Revolução Permanente e Lenine em O estado e a Revolução havia uma síntese. A partir das Teses de Abril, Lênin se opõe a que um governo democrático provisório ficasse indefinidamente no poder e passa a defender que as organizações de operários, soldados e camponeses tomem o poder na Rússia. Toda a preparação estratégica deste período parte desta formulação. Como afirmara Trotsky, em um processo de revolução permanente, trabalhadores e soldados deveriam permanecer independentes em relação a outros setores democráticos de forma a se tornarem alternativa de poder. Nada de acordo com Kerensky. Pão, paz e terra.

Havia dois tipos de estrutura de representação autorizada nas universidades a partir de

1967:

1) Os Diretórios Acadêmicos, eleitos nas Faculdades ou Departamentos, que elegiam

indiretamente os Diretórios Centrais de Estudantes

2) as Representações Estudantis, que eram eleitas por curso, e eleições gerais para um

Diretório Universitário eleito de forma direta.

Em Brasília houve a adoção do segundo modelo

Os setores do movimento estudantil mais identificados com o PCB, com o PC do B e o

MR-8 haviam-se adaptado a esta estrutura e evitavam discutir esta interferência na

representação institucional dos estudantes.

Em São Paulo, uma parcela do movimento estudantil, identificado com a tendência

Liberdade e Luta (impulsionada pela Organização Socialista Internacionalista) e depois

também a Refazendo (ligada à Ação Popular), começavam a defender a ruptura com esses

modelos, para criar Centros Acadêmicos Livres (não ligados à estrutura da universidade) e

eleições diretas para um DCE - Livre.

No Rio, o Ponto de Partida (ligado à Liga Operária), e as corrente Peleia, no RS, e

Centelha em Minas - que vieram a constituir a Democracia Socialista (Dossiê XIII, ANEXO

C) - se propunham primeiro a realizar eleições diretas, que seriam referendadas pelos

Diretórios Acadêmicos ou Centros Acadêmicos, depois aderiram à proposta de entidades

livres.

Indo mais adiante, esta era uma crítica paradigmática. Formava-se uma crítica no

interior da universidade ao atrelamento da participação de cunho sindical dos estudantes à

estrutura da universidade. Num plano mais geral, a mesma crítica começava a ser elaborada à

estrutura sindical.

No meu primeiro ano de faculdade estava prevista a primeira eleição para o Diretório

Universitário. Duas chapas haviam se inscrito para disputar o Diretório: A Unidade, que tinha

membros de quase todas as tendências do Movimento Estudantil, abarcando de uma das

correntes que vieram a integrar a Liberdade e Luta, ao PCB, AP, MR-8 e PC do B; e a

Oficina, dirigida por posadistas57. Os estudantes presos na missa em protesto pela morte de

Herzog faziam parte da Oficina. Ambas as chapas defendiam o fim do AI-5, do 228 e do 477,

da censura, a defesa das liberdades democráticas e da anistia.

57 A organização brasileira Partido Operário Revolucionário Trotskista - Posadista, que tem como principal referência teórica o uruguaio J. Posadas.

Eu era um dos poucos estudantes que participavam do movimento estudantil que tinha

carro. Convenceram-me a emprestar o carro para buscar Valdir Azevedo, mestre do choro que

havia se radicado em Brasília, para um show na universidade.

A partir de então, emprestei o carro em outras ocasiões. Logo depois, passei a ser o

condutor do carro e não mais emprestá-lo. Desta maneira, passei a buscar rolos de sobra de

papel dos jornais para fazer cartazes. E tive a oportunidade de conhecer Cartola58. Nesta

ocasião e também em outra, no ano seguinte, eu o conduzi para um show que organizamos na

UnB e depois saímos para beber conhaque Presidente e cerveja Brahma em um bar chamado

Zebrinha, na Asa Norte.

Passei a organizar outros shows e trouxemos

Ivan Lins59 e Nélson Cavaquinho60, com a ajuda não programada do Projeto Pixinguinha /

Seis e Meia61, que trazia artistas para shows em teatros em Brasília. Fomos contatá-los nos

58 Angenor de Oliveira (1908-1980), o mestre Cartola é considerado por músicos como Nelson Cavaquinho e Paulinho da Viola como maior sambista de todos os tempos. Cartola não só fundou a escola de samba Estação Primeira de Mangueira, como lhe deu nome e as cores verde e rosa (para quem dizia que as cores não combinavam, ele respondia: "Ora, o verde representa a esperança, o rosa representa o amor, como o amor pode não combinar com a esperança?"). Muito gravado pelos grandes cantores da década de 30, ele desapareceu e somente no final década de 50 foi encontrado pelo cronista Sérgio Porto trabalhando como lavador de carros.

Ele sua esposa Zica fundaram na década de 60 o bar Zicartola no centro do Rio de Janeiro, que foi um pólo irradiador do samba e onde surgiram vários talentos. Somente aos 65 anos conseguiu gravar seu primeiro disco. Seus dois primeiros discos, gravados por Marcus Pereira, são marcos da música brasileira e obrigatórios na discoteca de qualquer um que goste samba. É autor de sambas imortais como O Mundo é um Moinho, As Rosas não Falam e Autonomia. Site samba-choro.com.br .

59 Influenciado pelo jazz e pela bossa nova, aos 18 anos Ivan Lins começou a tocar piano de ouvido. Anos depois, formou-se em engenharia química, mas não conseguiu se desligar da música durante o período estudantil e aliou-se ao MAU – Movimento Artístico Universitário (ao lado de Gonzaguinha, Aldir Blanc e outros). Aos 25 anos, comandava com Elis Regina o Som Livre Exportação, um campeão de audiência da TV Globo. Nos últimos anos, passou a se dedicar também a carreira internacional e conquistou diversos prêmios, incluindo um Grammy. Site Área Vip.

No Congresso de Refundação da UNE, em 1979, em Salvador, foi um dos artistas que se apresentaram, em show de apoio à entidade. Nota do autor.

60 Nelson nasceu em 28 de outubro de 1910 e viveu intensamente. Começou tocando cavaquinho (daí o apelido) na adolescência e, como o pai era contramestre da banda da Polícia Militar, acabou por se tornar soldado em 1930. Casou, descasou, trocou de mulher e de instrumento, passando para o violão e criando sua maneira personalíssima de tocar. Já boêmio da mais fina extração, freqüentava os redutos de samba, principalmente na Mangueira, onde se fez amigo de Cartola, Carlos Cachaça, Zé da Zilda e outros compositores, iniciando-se na arte de criar sambas. Site mpb.com.br.

hotéis em que estavam alojados e eles se dispuseram a se apresentar na Universidade em

shows organizados pelo movimento estudantil.

José Carlos Azevedo, capitão de mar e guerra, teve seu ingresso na Unb como vice-

reitor em 1968 Coube a ele desarticular o movimento estudantil desde aquela ocasião em

Brasília, ou pelo menos era o que se dizia dele, constituindo assim, no cotidiano, uma

representação sobre as funções da repressão e seus poderes.

Muita coisa se falava. Que havia se reunido para discutir as reivindicações com as

lideranças estudantis, logo que havia entrado para a vice-reitoria; que desta forma foram

identificadas, afastadas pelo 477 ou pelo regimento interno e presas. Que tinha sido um dos

responsáveis pelo desaparecimento de Honestino Guimarães. Que havia se graduado em

contra-insurgência na Escuela de las Américas. Que integrava a comunidade de informações.

Foi vice-reitor por quase dez anos. Quando assumiu a reitoria, em 1976, determinou a

suspensão do processo eleitoral para o DU e abriu um processo disciplinar contra vários

alunos ao fim do qual sete foram suspensos e sete expulsos.

O movimento estudantil reagiu com assembléias e mobilizações.

Pela primeira vez via assembléias com milhares de pessoas. Solicitamos assinaturas em

um abaixo-assinado. Fomos ao Congresso Nacional em busca de apoio para a abertura de

negociações. Ayrton Soares, João Gilberto e Odacir Klein62 eram nossos cicerones.

Magalhães Pinto63 além do apoio deu algumas recomendações. Meio na brincadeira,

meio a sério, pedia que, se tomássemos o poder, lembrássemos daquele seu apoio a nós,

quando estivesse sendo submetido a julgamento em um tribunal popular.

61 Projeto criado por Hermínio Bello de Carvalho, em 1977, a partir de outro projeto cultural, o Seis e Meia, que Albino Pinheiro criou no Rio de Janeiro. Levou músicos consagrados a diversas cidades do Brasil. Site cultura.gov.br.

62 Deputados que integravam o grupo autêntico do MDB (composto por parlamentares, em geral, mais jovens e comprometidos com propósitos democráticos, na sua maioria exercendo sua primeira legislatura, eleitos em 1974).

63 À época senador, dono do banco Nacional, foi governador de Minas e uma das principais lideranças civis do golpe militar em 64. Foi presidente da Associação Comercial de Minas Gerais presidindo a Federação de Comércio daquele estado. Em 1943 foi diretor do Banco da Lavoura. Assinou o "manifesto dos mineiros" sendo afastado por imposição do governo federal.

Em 1944 fundou o Banco Nacional de Minas Gerais. Conservador, foi fundador também da União Democrática Nacional (UDN). Foi deputado à Assembléia Constituinte de 1946, renunciou ao mandato para ocupar o cargo de secretário de Finanças de Minas Gerais no governo Milton Campos.

Governou o estado de 1961 a 1966, quando criou o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Nesta época, financiou o IPES e foi um dos principais artífices do golpe militar de 1964.

Em 7 de outubro de 1963, foi o mentor do trágico evento Massacre de Ipatinga. Após o Golpe de 1964, sua fortuna se multiplicou e incorporou mais seis bancos em 1972, criando em

seguida o Banco Nacional S/A.

Em busca de apoios na sociedade civil começamos a nos reunir com os Sigmaringa

Seixas64, pai e filho, e, através deles, com a OAB.

Estreitamos relações também com D. Tomás Balduíno e D. Pedro Casaldáliga, através

do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que funcionava em um apartamento da SQN

409. D. Tomás, inclusive compareceu a uma de nossas assembléias.

Ocorreu neste período, em 1976, o segundo Encontro Nacional de Estudantes (ENE), na

Escola de Comunicação e Artes (ECA) na Universidade de São Paulo (USP). O primeiro, na

Universidade Federal de São Carlos, havia se realizado no primeiro semestre.

O movimento estudantil tinha tido sua estrutura nacional destruída pelo golpe e pela

luta contra a ditadura que se seguiu. Depois de haver liderado a oposição popular nas ruas,

parte de sua liderança havia sido derrotada na luta armada e estava clandestina, exilada, presa,

morta ou fora da luta política. Os militantes que permaneciam ativos integravam grupos de

funcionamento muito fechado. Participar em qualquer entidade de representação era visto

pela repressão com suspeita. Possivelmente, provavelmente, a pessoa seria investigada65.

A Universidade pública mantinha em seu interior uma divisão de informações que se

relacionava com o SNI. A UNE não havia sobrevivido durante os anos mais duros da

repressão. Mas a rede de Diretórios Acadêmicos, Representações Estudantis, e depois Centros

Acadêmicos, DCEs e DCEs livres começou a ser construída, apoiada na representatividade

das correntes, as tendências do movimento estudantil. Com lideranças em geral externas ou

No governo Costa e Silva, foi ministro das Relações Exteriores, articulador de empréstimos

internacionais para obras de infra-estrutura, política (“Diplomacia da Prosperidade"). Como a détente entre os EUA e a URSS modificava as regras da política global, em especial com o agravamento do antagonismo Norte-Sul, propugnava uma aliança com o Terceiro Mundo. Nesse período o Brasil passa a compor o recém criado Grupo dos 77, além de se recusar em assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Foi grande financiador de empreiteiros de obras públicas na época do Milagre brasileiro. Foi duas vezes deputado federal por Minas Gerais e senador entre 1971 e 1979. Wikipédia.

64 Advogados e políticos no Distrito Federal, conselheiros da OAB.

65 De acordo com os registros do Arquivo Nacional, 308 mil brasileiros foram fichados pela ditadura. Ao ter o nome inserido no Cada, sigla do Cadastro Nacional do SNI, a pessoa recebia um código, precedido da letra "B" e de um número. As fichas remetem a outros arquivos, todos microfilmados. O material compreende cerca de 1 milhão de páginas sobre o dia-a-dia desses alvos da ditadura.

O trabalho do Arquivo Nacional confirmou que o SNI criou braços de espionagem por toda a máquina do Estado, dos ministérios às autarquias, passando por estatais e universidades.

A historiadora Vivien Fialho da Silva Ishaq, supervisora do núcleo dos Acervos da Ditadura e assessora técnica da coordenadoria regional do Arquivo Nacional, fez um levantamento das unidades federais que recebiam e enviavam documentos do SNI e concluiu que pelo menos 248 lugares participaram da rede de informações. "Para a época, era um sistema monumental", diz a historiadora.

A rede se valia de dois tipos de organismos: as DSIs (Divisões de Segurança e Informação), ligadas aos gabinetes dos ministros, e as ASIs (Assessorias de Segurança e Informação), criadas em outros órgãos. Site Folha On Line, artigo: Ditadura “fichou” 308 mil, revelam arquivos do SNI; de Rubens Valente.

clandestinas no movimento estudantil, estes grupos tinham um método de funcionamento que

dificultava a ação da repressão. A impessoalidade e a extrema politização das tendências

aguçavam o sentido de grupo e facilitavam o debate político. Em cima da concordância com

determinados eixos políticos tinham-se acordos e programas de ações comuns.

O movimento estudantil divergia sistematicamente, através de suas correntes

identitárias: algumas eram contra as liberdades democráticas, porque eram burguesas, outras

contra a anistia, porque era capitulação, ainda outras contra o abaixo a ditadura, porque afinal

eram a favor da ditadura do proletariado e aquilo podia confundir as massas. A única unidade

era contra o regime militar.

“Contra o Regime Militar” e “Pela reconstrução de entidade de representação nacional

dos estudantes”, como metas implícitas, foi realizado o primeiro Encontro Nacional de

Estudantes, em São Carlos (SP), em 1976. Os pontos em divergência, porém focos também

das discussões, eram a construção de uma estrutura de entidades livres e o debate sobre as

eleições de 1976.

No segundo Encontro, ainda em 76, eu participei da delegação de 20 pessoas da UnB

que foram à ECA na USP. Os critérios de segurança eram rigidamente seguidos. Estivemos

no Mackenzie66 e em duas escolas da USP recebendo senhas, antes de sermos encaminhados

ao auditório da ECA, onde, durante dois dias discutimos os rumos do movimento a nível

nacional.

Havia delegações de praticamente todo o país.

De volta a Brasília, a situação diante da suspensão do processo eleitoral do Diretório

Universitário continuava em impasse.

A reitoria concordou em retomar negociações, através do Conselho Universitário,

mediante processo administrativo contra 14 alunos.

Os integrantes da Unidade e da Oficina se comprometiam a recuar das mobilizações

enquanto os alunos eram julgados.

Argumentei que aquilo era um absurdo. Era ceder a uma chantagem sem garantia

alguma de que seríamos atendidos em nossa reivindicação de nenhuma punição. Era aceitar a

uma situação kafkiana, em que nossos colegas eram réus em um processo que não

reconhecíamos. Era fazer o jogo da direita, em última instância agindo em conchavo com a

reitoria e a repressão.

66 Universidade privada do Estado de São Paulo.

Quando disse isso, quase a assembléia veio abaixo. Gritos, assovios, vaias. Fui

desacatado rispidamente. Desautorizado até por quem considerava aliado.

Aprendi mais algumas coisas. O movimento entrava momentaneamente em refluxo, em

parte por não saber para onde se conduzir. Aquela Assembléia já era menor e mais esvaziada

que as anteriores.

No Conselho Universitário, Azevedo fez aprovar a expulsão de sete estudantes e

suspensões para os demais (Correio Braziliense, 02/12/2008).

O movimento estudantil em São Paulo já havia construído, desde o início dos anos 70,

uma estrutura de organização, baseada num conselho de Centros Acadêmicos. Após mobilizar

a comunidade universitária com abaixo assinados e plebiscito contra a proposta de ensino

pago, o movimento estudantil enfrentou o assassinato de Alexandre Vanucci Leme67, em

1973, um de seus participantes e, meses depois, a prisão de outros criando o Comitê de

Defesa dos Presos Políticos.

A Refazendo (associada à Ação Popular - AP), com o apoio dos grupos Organizar a

Luta (relacionado ao Movimento pela Emancipação do Proletariado - MEP), Alternativa

(Política Operária - Polop), do grupo ligado ao MR-8 que depois veio a se chamar Mãos à

Obra e do Ponto de Partida (Liga Operária), elegeu a primeira diretoria do DCE-Livre da USP

em junho de 1976, vencendo as adversárias Liberdade e Luta (ligada à Organização Socialista

Internacionalista - OSI – que havia acabado de se constituir, da fusão dos grupos Fração

Bolchevique Trotskista e Outubro, que originaram a Organização Marxista Brasileira e desta

com a Organização de Mobilização Operária) e Caminhando (PC do B). O grupo Unidade

(PCB) não participou da eleição.

No início de 1977, em Brasília, a Unidade venceu a primeira (e única) eleição para o

DU – já que a próxima entidade geral dos estudantes da UnB veio a ser o DCE-Livre

Honestino Guimarães.

Em 01/04/77, Geisel edita o “pacote de abril”. O Congresso foi colocado em recesso.

Um terço do senado, que seria renovado em 2/3, o seria em eleições indiretas. A perspectiva

de eleições diretas nas capitais e municípios de segurança nacional é descartada. A Lei

Falcão, outorgada meses antes, em iniciativa atribuída ao então ministro da justiça Armando

67 Alexandre Vannucchi Leme, aluno da Universidade de São Paulo (USP), é preso e morto pelos militares. A missa em sua memória, realizada em 30 de março na Catedral da Sé, em São Paulo, é o primeiro grande movimento de massa desde 1968. Site boni.wordpress.com ; Breve Cronologia da ditadura civil-militar no Brasil, 03/06/2008

Falcão, que reduzia a propaganda eleitoral à apresentação de foto, nome e número do

candidato, é mantida. A composição da Câmara é alterada, acentuando-se a distorção na

representação dos estados mais populosos em benefício da sobrerepresentação dos menos

populosos estados do norte, nordeste e centro-oeste, mais controlados pelas oligarquias. A

composição dos tribunais superiores é alterada, de forma a acomodar mais aliados políticos

de Geisel. A presidência do Congresso Nacional passa para o Senado e as futuras eleições de

governador também continuariam biônicas68.

Quatro operários e quatro estudantes identificados com a Liga Operária e o MEP

haviam sido detidos durante uma panfletagem em São Bernardo do Campo. Diversas

manifestações em protesto contra as prisões começam a ser realizadas em todo o país e dão

início à Jornada Nacional de Luta pela Anistia.

O Diretório Universitário e os diversos grupos do movimento estudantil de Brasília

haviam concordado em promover uma manifestação pela Anistia no campus. O Ato ocorreria

também em várias capitais, como havia sido acordado no 2º ENE, e marcado em comum

acordo com outras entidades, no 1º Dia Nacional de Luta pela Anistia.

O local escolhido, uma pequena praça em frente ao prédio da Letras, foi batizado Praça

Edson Luís.

Uma das maiores dificuldades na época para a difusão da ação política era a dificuldade

de acesso à produção de material gráfico. Os cartazes e faixas eram pintados à mão ou com

máscaras de silkscrean. Nossos panfletos eram batidos à máquina e impressos em

mimeógrafos a álcool conhecidos como “cachacinhas”. Havia um temor inclusive quanto à

propriedade das máquinas de escrever, cujos tipos poderiam ser reconhecidos e constituírem

prova em eventuais processos baseados na lei de segurança nacional. Rodar material em

68 O Pacote de Abril foi um conjunto de leis outorgado em 13 de abril de 1977, pelo então Presidente da República do Brasil, Ernesto Geisel que dentre outras medidas fechou temporariamente o Congresso Nacional. A imprensa chamou este conjunto de leis de Pacote de Abril.

Este pacote constituía-se de uma emenda constitucional e de 6 decretos-leis que eram impostas à sociedade, e que alteravam as futuras eleições. Um terço dos senadores não mais seriam eleitos por voto direto, mas sim indicados pelo presidente da República, os chamados senadores biônicos. Esta medida visava na época garantir ao regime militar uma maior base de apoio no Congresso Nacional. O "pacote" também estabelecia a extensão do mandato presidencial de cinco para seis anos, a manutenção de eleições indiretas para governador e a diminuição da representação dos estados mais populosos no Congresso Nacional.

Parlamentares sob as mais diversas acusações são cassados, as regras eleitorais são alteradas para forçar a vitória do partido que dá sustentação ao Governo Militar, a Aliança Renovadora Nacional - ARENA.

No campo político o pacote estabeleceu, dentre outras medidas, que metade das vagas em disputa para o Senado, que naquele ano de 1978 renovaria dois terços de seus integrantes, seria preenchida por votação indireta através de um colégio eleitoral reunido nas respectivas Assembléias Legislativas.

Estes senadores foram apelidados de senadores biônicos. Wikipédia

gráficas, além da questão do custo, envolvia um risco considerável de segurança. Os

responsáveis podiam ser presos. Ter um cachacinha em casa então era um risco considerável.

Os professores de escolas de 1º e 2º graus costumavam ter acesso aos mimeógrafos à

álcool das escolas, bem como a máquinas de escrever, para poder distribuir provas para seus

alunos. Alguns destes mimeógrafos e máquinas eram também usados pelo movimento

estudantil.

Minha mãe tinha uma Olivetti mecânica portátil, com uma boa força de impressão.

Usávamos a máquina freqüentemente e um dos cachacinhas às vezes ficou em minha casa.

Para a convocação do ato da campanha pela Anistia, porém, usamos panfletos feitos em

um mimeógrafo maior, à tinta, de operação manual. Fizemos uma grande tiragem para a

época (uns 20 mil panfletos), metade para serem distribuídos na UnB, e o restante em escolas

de 2º grau.

Junto com um grupo de cinco colegas, fui panfletar. Em algumas escolas deixávamos os

panfletos com alunos a quem pedíamos que repassassem aos colegas. Nas maiores, faríamos

uma ação relâmpago: Um falaria e os outros distribuiriam o material e tomariam conta,

atentos a uma eventual chegada da repressão.

No Curso Objetivo SPB, onde havia feito o 2º grau, era cerca de meio dia, o hall da

entrada estava lotado e eu falava. Uma menina, que depois me disseram ser filha de um

coronel, havia chamado o guarda de trânsito da PM, que trabalhava na porta da escola, para

vir me prender. Enraivecida me apontava o dedo e dizia: - “Ali, prende ele. Comunista!”

O PM trêmulo, de arma na mão, me prendeu, A Polícia Federal foi chamada e fui

levado em um camburão a toda velocidade. Depois de circular um bocado pela cidade, a

viatura dirigiu-se para a sede da Polícia Federal. Fui interrogado, de maneira alternada, por

dois delegados: Deusdetes e Jonas Fontenele. Fui ameaçado por diversas vezes de ser levado

para o PIC69, acusado de ter participado e organizado as manifestações por ocasião da morte

de Juscelino. Negando-me, no interrogatório, a identificar quem seriam outras pessoas e

grupos políticos envolvidos nesta manifestação, fui levado ao que denominavam “sala de

interrogatório”.

Nela havia três paus de arara, várias raquetes de palmatória, engenhocas com baterias,

fios e prendedores tipo jacaré para dar choques e uma parede, contra a qual tive de ficar de

69 O Pelotão de Investigações Criminais (PIC) do Exército era, ao lado do Departamento de Operações Internas-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), conhecido como responsável pela tortura, morte e desaparecimento de presos políticos.

frente e em pé por várias horas, cheia de manchas aparentemente de sangue70. Com o objetivo

do terror, não chegaram a me agredir fisicamente. Fui qualificado e fichado e novamente

interrogado por Deusdetes. Deixaram-me em uma sala até uma hora da madrugada. Nesta

hora, aproximadamente, me disseram que eu estava livre. Saí pelo pátio, em uma passagem

que passava por um trecho do cerrado, senti muito medo de ser baleado pelas costas.

Atravessei as vias até a W2 e corri o mais que pude por algumas quadras. Depois entrei em

um táxi e fui para casa.

Meus pais souberam que eu havia sido detido, mas não conseguiram nenhuma

informação sobre meu paradeiro. Alguns estudantes do Objetivo me conheciam e

comunicaram minha família. Todos os órgãos recusaram qualquer informação sobre meu

destino. Meus pais ficaram muito felizes com meu retorno e, mesmo receosos, respeitaram

minha decisão de comparecer ao ato no dia seguinte.

A notícia de minha prisão tinha sido divulgada naquela mesma tarde na Universidade e

uma Assembléia havia sido realizada. A OAB foi informada e também a imprensa, que

noticiou o fato, o que ampliou a repercussão do ato pela Anistia.

70 O “pau-de-arara”

(...) O pau-de-arara consiste numa barra de ferro que é atravessada entre os punhos amarrados e a dobra do joelho, sendo o “conjunto” colocado entre duas mesas, ficando o corpo do torturado pendurado a cerca de 20 ou 30 cm. do solo. Este método quase nunca é utilizado isoladamente, seus “complementos” normais são eletrochoques, a palmatória e o afogamento. (...)

O choque elétrico (...) O eletrochoque é dado por um telefone de campanha do Exército que possuía dois fios longos que

são ligados ao corpo, normalmente nas partes sexuais, além dos ouvidos, dentes, língua e dedos. (...) A “pimentinha” e dobradores de tensão

(...) havia uma máquina chamada “pimentinha”, na linguagem dos torturadores, a qual era constituída de uma caixa de madeira; que no seu interior tinha um ímã permanente, no campo do qual girava um rotor combinado, de cujos terminais uma escova recolhia corrente elétrica que era conduzida através de fios que iam dar nos terminais que já descreveu; que essa máquina dava uma voltagem em torno de 100 volts e de grande corrente, ou seja, em torno de 10 amperes; que detalha essa máquina porque sabe que ela é a base do princípio fundamental: do princípio de geração de eletricidade; que essa máquina era extremamente perigosa porque a corrente elétrica aumentava em função da velocidade que se imprimia ao rotor através de uma manivela; que, em seguida, essa máquina era aplicada com uma velocidade muito rápida a uma parada repentina e com um giro no sentido contrário, criando assim uma força contra eletromotriz que elevava a voltagem dos terminais em seu dobro da voltagem inicial da máquina; (...)

(...) um magneto cuja característica era produzir eletricidade de baixa voltagem e alta amperagem; que, essa máquina por estar condicionada em uma caixa vermelha recebia a denominação de “pimentinha”; (...)

(...) que existiam duas outras máquinas que são conhecidas, na linguagem técnica da eletrônica, como dobradores de tensão, ou seja, a partir da alimentação de um circuito eletrônico por simples pilhas de rádio se pode conseguir voltagem de 500 ou 1000 volts, mas, com correntes elétricas pequenas, como ocorreu nos cinescópios de televisão, nas bobinas de carro; que essas máquinas possuíam três botões que correspondiam a três seções, fraca, média e forte, que eram acionadas individual ou em grupo, o que, nesta dada hipótese, somavam as voltagens das três seções; (...)

Outros modos e instrumentos de tortura (...) A palmatória é uma borracha grossa, sustentada por um cabo de madeira, (...)

Site dhnet.org.br ; “Modos e instrumentos de tortura”, produzido a partir de depoimento de ex-presos.

No dia do Ato a reitoria soltou uma nota proibindo a manifestação e criticando a

proposta de anistia e o envolvimento dos estudantes com movimentos estranhos às funções da

universidade e opostos à harmonia com a ordem constituída, na defesa de terroristas e

comunistas.

O ato foi realizado com mais de cinco mil pessoas na pracinha Edson Luís. Seguimos

em passeata por todo o campus até a reitoria.

Entre as palavras de ordem, para desespero dos que eram contra, voltou, inefável, o

“Abaixo a ditadura”. Antecipando o conflito que se desenhava, a multidão entoou em frente à

reitoria: “Se houver punição vai haver paralisação”.

A mídia pouco repercutiu o evento. Na verdade toda a grande imprensa era patronal e,

em grau maior ou menor, comprometida com o regime militar. Daí a uma relativa contradição

com o senso comum de justiça, com o direito de opinião e, em muitos casos, com o próprio

exercício da profissão de jornalistas.

Tentou-se a realização do 3º ENE em Belo Horizonte em 1977. A ditadura promoveu

bloqueios nas estradas. Todos os acessos a BH foram fechados. Diversas blitzes em toda a

cidade e particularmente perto dos campi e tropas por toda a cidade tornaram a capital

mineira uma cidade sitiada. Quatrocentos estudantes de todo o país são presos71 e, embora

soltos em seguida, cerca de 40 passam a responder a um Inquérito Policial Militar (IPM),

como incursos na Lei de Segurança Nacional.

Dez dias após o ato pela anistia, eu tinha prova de Introdução à Sociologia no primeiro

horário. Quando cheguei ao local da prova, o professor abraçou-me comovido. Tinha

lágrimas nos olhos e se desculpava por não poder me dar a prova.

Só então soube que eu e Rocini, o presidente do DU, havíamos sido suspensos por 29

dias, e outros 14 colegas haviam sido também suspensos por períodos que variavam de 3 a 10

dias, enquanto uma comissão de inquérito administrativo do Conselho Universitário (o

mesmo fórum que determinara as expulsões e suspensões de alunos no ano anterior)

investigaria o nosso procedimento e de outros estudantes no ato pela anistia, definido pela

reitoria como ilegal.

Os demais colegas, em comum acordo com o professor, resolveram não fazer a prova.

Já estava marcada para as 10 h uma Assembléia Geral no Teatro de Arena.

71 4/6/77 - Tentativa de realização do III Encontro Nacional de Estudantes em Belo Horizonte. Prisão de mais de 400 estudantes, delegados eleitos em todo o País. Site Fundação Perseu Abramo.

Aquela assembléia foi um marco na retomada do movimento estudantil. Nela se iniciou

a primeira greve geral de estudantes em uma Universidade federal desde 68, um dos mais

longos e radicalizados processos grevistas ocorridos durante a ditadura. Mais de 8 mil

estudantes e alguns professores lotavam o teatro de arena e adjacências. Nos declaramos em

Assembléia permanente até a reitoria recuar das punições. Haveria diariamente dois

momentos de deliberação, ao final da manhã e da tarde. Foi formado um comando de greve e

escolhida uma comissão de segurança72.

Antes do meio dia, com a universidade completamente parada, tivemos uma primeira

invasão do campus pela polícia militar e dezenas de agentes à paisana. Formamos colunas de

braços trançados e impedimos que invadissem ou nos desalojassem do prédio central do

campus, o minhocão.

Diante de nossa firmeza os agentes e a PM retiraram-se ao fim da tarde.

Após nossa Assembléia, a vanguarda foi para a sede do DU para uma reunião do

comando.

Por suspeita e curiosidade tive a idéia de olhar através de uma abertura que havia no

teto, uma espécie de porta de sótão.

O DU era uma construção de madeira, de um tipo que havia sido empregada em

alguns prédios da universidade nos anos 60. Leve, arejado e funcional, foi uma das

construções que “foi ficando” à medida em que eram construídos o minhocão e alguns

prédios isolados, em alvenaria.

Requisitado pelos estudantes, havia sido cedido pela reitoria para o Diretório.

Ao olhar pela abertura, no espaço entre o telhado e o forro, vi uma enorme quantidade

de fios. Como toda a fiação da construção era embutida em caixilhos na parede e ligava-se em

dutos aparentes à iluminação do teto, desconfiei e, junto com outros colegas puxamos e

retiramos centenas de metros de fio e dezenas de microfones a ele ligados, que cobriam de

escutas todos os cômodos do prédio.

Após rápida votação dos presentes, fizemos uma fogueira e queimamos os aparelhos de

escuta no pátio. No inquérito administrativo que respondemos mais tarde, por este fato, dentre

outros, fomos acusados de “destruir material da universidade”.

72 No comando, composto das entidades estudantis e pelos estudantes reconhecidos como tal (já que contávamos com provocadores) que desejassem participar, centralizávamos informes, material, finanças, contatos com a sociedade civil e parlamentares em busca de apoio e a relação com a imprensa.

Na comissão de segurança organizamos os piquetes, a proteção da entrada e saída dos que mais falavam nas assembléias e dos que participavam do comando em geral, cuidávamos da identificação de agentes infiltrados e provocadores.

No terceiro dia da greve, após várias escaramuças entre o piquetão que passou a circular

toda a universidade e as tropas de choque da PM e os paisanos que passaram a reprimir o

movimento inutilmente, o reitor decretou um recesso de três dias ao fim dos quais esperava os

“ânimos serenados e o fim do movimento”.

Ao fim dos tais três dias, o reitor Azevedo usou de todos os meios a seu dispor para

tentar pôr fim à greve. Cartas para as famílias de todos os estudantes, matérias nos jornais, um

abaixo assinado de alunos de direita, pressão sobre os professores para que realizassem

provas, bloqueio nos acessos à universidade para deter quem fosse identificado com a

liderança e a ocupação do campus por tropas do exército.

A pedido de uma autodenominada comissão de negociação, composta dos senadores

Magalhães Pinto e Henrique Laroque, da Arena, e Itamar Franco e Saturnino Braga, do MDB,

foi proposta (e prontamente rejeitada por unanimidade pelos estudantes) a suspensão da greve

em função da simples abertura de negociações.

Pelo contrário, a greve passou a exigir, além da anulação das punições, o afastamento

do reitor.

Para entrar na universidade ao invés de irmos pelas ruas que se encontravam ocupadas

pelas blitz, entrávamos por caminhos que passavam pelo cerrado. Apenas um pouco mais

tarde que nos dias anteriores já estávamos em Assembléia. O piquete interrompeu algumas

poucas provas que estavam sendo aplicadas a alunos atemorizados em salas fechadas. Os

testes e listas de presença foram queimados, após rápidas assembléias, por alunos de outras

disciplinas.

À noite, imediatamente após a reitoria ter decretado novo recesso, desta vez de 90 dias,

e a abertura de processo disciplinar junto ao Conselho Universitário contra um número

indeterminado de alunos, e nossa Assembléia ter-se definido pela continuidade do

movimento, militares começaram a prender seletivamente algumas lideranças.

Fui avisado para não voltar para casa. Neste meio tempo Sigmaringa Seixas Filho

negociava, em nome da OAB, um relaxamento de nossa ordem de prisão junto ao delegado

Jonas Fontenele, que presidia o Inquérito Policial Militar que havia sido instalado. Destas

negociações resultou o acordo de que eu seria ouvido como testemunha e não seria indiciado

desde que comparecesse para depor. A ordem de prisão foi rasgada na frente dele, foi o que

disse o advogado, para reforçar o apelo de comparecer para depor e sair da situação de

clandestinidade. Resolvi comparecer.

Quando lá cheguei, na companhia do Dr. Sigmaringa e meus pais, vimos o delegado

mandar bater nova ordem de prisão. Fui conduzido para o cárcere onde fiquei no isolamento

por 3 dias, dos cerca de trinta em que permaneci preso, até a captura de Flávio Botelho, que

dividiu a cela comigo por três semanas, antes de sermos conduzidos para outra ala, na cela

onde estavam os demais presos da UnB.

Estávamos presos em situação de isolamento, sem receber visitas. Eu, isolado inclusive

dos demais até o terceiro dia. Um de nós, Hudson, o primeiro a ser levado a interrogatório,

havia sido espancado.

Eu, além do isolamento, tive os incômodos de luzes fortes acesas todo o tempo, vários

dias sem ver o sol, comer com as mãos, ter cascalho misturado na comida, ter armas

destravadas e apontadas em minha direção e algum tipo de mecanismo que aquecia e

resfriava a cela de forma alternada.

Meus pais e os pais de outros presos iam para a Polícia Federal onde estávamos detidos

e não conseguiam nos ver. A Lei de Segurança Nacional73 tornava “legal” nossa

incomunicabilidade por 10 dias prorrogáveis por mais 10.

Um grupo de militantes do Movimento pela Emancipação do Proletariado havia sido

preso no Rio e São Paulo. Em protesto contra as prisões dos estudantes da UnB e dos

militantes do MEP e exigindo o fim da tortura, a quebra da incomunicabilidade, a nossa

imediata libertação e anistia ampla, geral e irrestrita realizaram–se manifestações no Rio e em

São Paulo.

Em Brasília acontecia o Festival de Cinema. O público, atores, diretores, produtores,

roteiristas e demais trabalhadores da indústria cinematográfica, com a UnB ocupada pelo

exército e em recesso, envolveram-se profundamente com o movimento.

Assembléias reunindo na platéia a categoria artística, a estudantada e o público em geral

sucediam-se a cada sessão dos filmes apresentados.

73 A Lei de Segurança Nacional (LSN), promulgada em 4 de abril de 1935, definia crimes contra a ordem política e social. Sua principal finalidade era transferir para uma legislação especial os crimes contra a segurança do Estado, submetendo-os a um regime mais rigoroso, com o abandono das garantias processuais.

A LSN foi aprovada, após tramitar por longo período no Congresso e ser objeto de acirrados debates, num contexto de crescente radicalização política, pouco depois de os setores de esquerda terem fundado a Aliança Nacional Libertadora. Nos anos seguintes à sua promulgação foi aperfeiçoada pelo governo Vargas, tornando-se cada vez mais rigorosa e detalhada. Em setembro de 1936, sua aplicação foi reforçada com a criação do Tribunal de Segurança Nacional.

Após a queda da ditadura do Estado Novo em 1945, a Lei de Segurança Nacional foi mantida nas Constituições brasileiras que se sucederam. No período dos governos militares (1964-1985), o princípio de segurança nacional iria ganhar importância com a formulação, pela Escola Superior de Guerra, da doutrina de segurança nacional. Setores e entidades democráticas da sociedade brasileira, como a Ordem dos Advogados do Brasil, sempre se opuseram à sua vigência, denunciando-a como um instrumento limitador das garantias individuais e do regime democrático. Site CPDOC-FGV

“Abaixo a ditadura”, “Libertem nossos presos agora, já” e “A greve continua, bota o

capitão na rua” eram as palavras de ordem que se repetiam ao fim de cada assembléia

improvisada nas salas de espetáculo.

Tereza Cruvinel,74com o apoio de alguns colegas, conseguiu driblar a segurança de

Rosalyn Carter, esposa do então presidente norte americano Jimmy Carter, que visitava

oficialmente o Brasil. Durante sua ida ao Congresso Nacional, entregou a ela uma carta em

que denunciava o desrespeito aos direitos humanos pela ditadura, denunciava nossa prisão,

defendia nosso direito de livre organização e expressão e a anistia aos presos políticos. A

sucessão de manifestações e a pressão popular, além do gesto ousado de Tereza obtiveram

algum êxito. Fui chamado à presença do delegado Fontenele e conduzido por ele a uma sala.

Nela encontrei Tereza e, desta forma, a partir daí, nossa incomunicabilidade foi quebrada.

A partir deste instante meus familiares sofreram diversas espécies de coerção:

invariáveis atrasos na hora determinada para a visita, imposição às nossas mães, irmãs,

amigas e companheiras a humilhação da revista íntima.

Para Adriana Cristina Borges e o Prof. Dr. Luiz Antônio Cabello Norder em “Tortura e

Violência por motivos políticos no regime militar no Brasil”:

Os atos praticados pelo governo que levavam à humilhação, também se estenderam

a amigos e familiares, que até hoje não sabem o paradeiro dos mortos em tortura e guerrilhas. Situação esta que caminha para o fato de se indagar que, se hoje após todos estes anos de luta da ONU, e com a realidade atual, estas famílias estão tendo respaldo do governo no que diz respeito ao cumprimento destes direitos humanos. É preciso considerar que se trata de um direito para estas famílias ter acesso a informação sobre o que realmente aconteceu naquela época. Quando muitos desapareceram após terem sido capturados pelos militares, deixando seus familiares sem saber o paradeiro o qual tomaram.

Os perseguidos e presos políticos não tinham a quem recorrer judicialmente, já que a violência era imposta pelo próprio Governo brasileiro. Uma violência oficial, por um sistema baseado no autoritarismo, que não tinha limites nas suas ações.

Minha mãe rebelou-se, ameaçou denunciar aos jornais, ir aos tribunais, obteve apoio

das outras mães, dos movimentos de anistia, da OAB e assim, liberaram as mães, namoradas

e parentes da revista íntima.

Azevedo determinou que fôssemos depor no inquérito administrativo. Após mais de 20

dias presos, saímos pela primeira vez da sede da polícia federal. Fomos conduzidos

algemados em um comboio, composto de duas Kombis que nos levaram com vários agentes e

diversos carros com sirene aberta até a UnB. Era também a primeira vez que eu e Flávio

tínhamos contato com os demais desde a prisão. Antes de sairmos fomos colocados juntos aos

demais. Pudemos então combinar uma estratégia comum nos depoimentos. Acordamos que

74 Importante jornalista dos atuais periódicos nacionais. Presidindo atualmente a TV Brasil do governo federal.

todos nos negaríamos a depor por não reconhecermos legitimidade no Conselho Universitário

e no reitor.

De volta à cadeia, alguns dias depois eu e Flávio fomos colocados na mesma cela que

os demais. A cela era menor, superlotada e sem banheiro, apenas uma divisória e um buraco

para a fossa, com uma torneira. Ficava em um corredor de grades que dava para outras celas e

um pequeno pátio com um teto também gradeado, onde tínhamos meia hora para um banho

de chuveiro e banho de sol.

À tarde do primeiro dia em que estávamos na nova cela, um garoto menor de idade foi

conduzido detido para o corredor gradeado. Os policiais federais que o prenderam disseram

que o menino havia sido preso fumando maconha na cidade satélite do Guará.

Algumas horas mais tarde o menino foi levado por dois policiais. Quando retornou

estava coberto de sangue e hematomas. Foi colocado novamente no corredor entre as celas.

Demos a ele água, um travesseiro e um cobertor. O garoto gemeu e chorou a noite toda. Antes

que amanhecesse foi levado novamente e não o vimos mais.

Leis que buscavam legitimar o governo autoritário foram criadas, como o Ato Institucional número cinco e o Decreto-Lei n.898 de 1969, que modificava alguns artigos da Lei de Segurança Nacional. Este Decreto-lei enquadrava todos criminosos praticantes de roubo, assalto, ou arrombamento de estabelecimento bancário, numa mesma classificação, seja ou não por motivação política. (SÁ, 1996) Assim, é prática comum nesse período a permanência de presos comuns e de prisioneiros políticos em um mesmo presídio, esta categoria de presos ficou conhecida como os LSN (Lei de Segurança Nacional). Dentre as instituições prisionais que receberam esses prisioneiros no Rio de Janeiro, podemos citar a Fortaleza de Santa Cruz, o Instituto Penal Cândido Mendes e a Penitenciária Milton Dias Moreira, objetos de nossa pesquisa.

No que diz respeito à memória coletiva, esta deve ser compreendida como um fenômeno coletivo e social, individualmente seria formada na interação social, ou seja, no convívio entre indivíduos e suas tradições. Portanto, ela é resultado de uma operação coletiva e, sobretudo seletiva dos acontecimentos e das perspectivas do passado, sendo impossível pensar em alguma memória coletiva que não tenha se desenvolvido em um quadro espacial. (HALBWACHS, 1990)

Usaremos o conceito de Pierre Nora, “lugares de memória”, onde o local é concebido como um espaço material, simbólico e funcional, no qual se engendra uma parte da memória nacional.

Grosso modo, há uma tentativa de utilizar a memória como definição dos sentimentos de pertencimento e identidade de um determinado grupo, seja ele macro ou micro. (POLLACK, 1989). Portanto, baseando-se no conceito de memória coletiva adotado por Maurice Halbwachs, podemos afirmar que memória construída nas prisões é um exemplo de formação de memória coletiva. Quando um grupo está inserido num espaço como o prisional sua memória liga-se ao contexto das experiências vividas naquele lugar, formando-se os grupos que são ligados por essa memória comum. (HALBWACHS; 1990). XIII Encontro de História Anpuh-Rio. Memória e Espaço: A inserção dos presos políticos nos presídios do Estado do Rio de Janeiro. Bárbara Nunes Loureiro; Bianca Izumi Maeda; Fabio Villani Simini.

Flávio e eu, três dias após, retornamos para a cela anterior. Ouvimos que os demais

seriam soltos e que Flávio e eu continuaríamos presos por termos sido encarcerados depois

dos outros. O dia foi resumido à angústia de continuar preso.

Eu peguei uma caneta esferográfica e escrevi na parede da cela: Trinta dias presos em

luta pela liberdade!

Fontenele apareceu na cela e disse que iria mandar nos soltar junto com os demais, mas,

ao ver o que havia escrito, perguntou de quem era a responsabilidade. Quando respondi que

era minha, falou que apenas Flávio seria libertado. Depois que o levaram me deu uma

borracha e disse que se eu apagasse o que havia escrito também seria solto. Meia hora depois,

com a borracha já meio gasta e a inscrição pela metade fui levado à presença dos demais, a

uma sala de espera que ficava entre as salas dos delegados. Havia uma festa lá fora. Nossos

familiares e vários amigos nos esperavam no pátio da polícia federal e pudemos ir embora

com eles. Corria o ano de 1977.

Também os presos do MEP foram soltos. Diversas mobilizações pela anistia sucediam-

se no Rio, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e outras cidades.

Pelo site da Fundação Perseu Abramo:

As mortes, em São Paulo, do jornalista Vladimir Herzog (outubro/75) e do operário

Manuel Fiel Filho (janeiro/76) deram ponto final ao medo que atormentava amplos setores da sociedade brasileira quanto à ação e mobilização políticas. Significaram um enorme basta! ao terror que parecia sem fim. As igrejas pontuaram o momento com a firmeza e coragem. As mulheres, companheiras e mães, foram as primeiras, na sociedade, a clamar por Anistia. Em 1975 foi criado em São Paulo, com a liderança de Terezinha Zerbini, o Movimento Feminino pela Anistia (MFPA) após a realização do Congresso Mundial da Mulher, no México, onde se decidiu que aquele seria o Ano Internacional da Luta pela Anistia. Cientistas e intelectuais brasileiros lançaram seus manifestos por liberdade e democracia exigindo Anistia na 28º Reunião da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), em Brasília, em 1976, e pela volta ao Estado de Direito na "Carta aos Brasileiros", lida por Goffredo da Silva Telles sob as arcadas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, dia 8 de agosto de 1977. Nesses mesmos anos, os estudantes, na luta pela reconstrução de suas entidades, proscritas pelos militares, lançaram sua palavra de ordem pela Anistia. O Movimento de Justiça e Libertação constituiu um importante fórum em defesa de religiosos ameaçados de prisão e expulsão do país por causa de suas posições em favor da população oprimida.

Na posse de Carlos Castelo Branco na presidência do Sindicato de Jornalistas falei, em

nome dos estudantes. À saída um grupo de policiais federais presentes à cerimônia me

abordou, só não me prendendo porque saí escoltado pelos deputados Ayrton Soares, João

Gilberto e Odacir Klein, que me levaram de carro até em casa.

Logo após minha saída da cadeia, ainda em 1977, consegui um emprego de repórter no

Jornal de Brasília, onde trabalhei por cerca de um mês, até que fui chamado pelo editor para

me comunicar que por “ordens superiores” eu fora demitido.

Desde antes da greve me reunia com um grupo de estudantes que, embora próximos à

tendência Oficina, não integravam o PORT (Partido Operário Revolucionário Trotskista),

organização que a impulsionava.

Com minha prisão este grupo se desarticulara. Após minha soltura decidimos que

devíamos ingressar em alguma organização ou fundar uma.

Viajei para o Rio de Janeiro e abri contato com a Liga Operária. Dos que participavam

em nosso grupo, por ocasião das manifestações de Brasília, cerca de 40 pessoas, quase todos

entraram para a Liga Operária.

O processo administrativo na UnB determinou minha expulsão junto com outros 29

estudantes e a suspensão por até noventa dias de outros sessenta e quatro.

Com o término do recesso e a universidade ainda invadida pelo exército, PM e agentes

à paisana, a greve ainda se manteve por mais duas semanas.

Muitos estudantes da UnB não regressaram. Vários abandonaram seus cursos, muitos

foram para outras universidades. Foi como um batismo de fogo e a luta contra a ditadura

entrou em um novo patamar para muitos de nós.

A IV Internacional, organização internacional fundada por Trotsky em 1938, reunia

organizações e partidos de vários países. Destruída como instância centralizada no pós-

guerra, pela ação combinada de órgãos de repressão no mundo inteiro, buscava sua

reconstrução em um congresso mundial em 1963.

Impulsionada pelo êxito da revolução cubana, a idéia da revolução e o

internacionalismo proletário se dissociavam dos modelos russo e chinês. Ao mesmo tempo

em que Fidel e Che convocavam a OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade),

a IV voltava a se articular.

O principal setor da IV, ligado à Ligue Communiste Révolutionnaire (LCR) francesa,

Socialist Workers Party (SWP) norte-americano, os grupos argentinos Ejército

Revolucionario Del Pueblo e Partido Socialista de los Trabajadores que tinham Santucho e

Nahuel Moreno como dirigentes mais conhecidos, o Partido Obrero Revolucionario (POR)

boliviano, dentre uma série de outras organizações de vários países, constitui o Secretariado

Unificado (SU) da IV Internacional.

As organizações francesas Lutte Ouvriére de Arlette Laguiller75, e Organisation

Communiste Internationaliste (OCI) de Lambert76, o SWP inglês e os grupos argentino e

uruguaio do folclórico dirigente J. Posadas não reconhecem o Congresso e formam suas

próprias articulações internacionais.

O PORT brasileiro associa-se aos posadistas.

75 Revolucionária francesa 76 Revolucionário francês

Tempos depois, dois de seus dirigentes, o ex-sargento da PM de Pernambuco Júlio

Tavares e o biólogo Vito Leitizia, formam a Fração Bolchevique Trotskista. A organização

divide-se. O setor ligado a Leitizia liga-se internacionalmente ao setor lambertista.

Mandel77 e os dirigentes ligados à maioria da IV estabelecem relações no Brasil com

um grupo de militantes que participavam da dissidência do PCB: Política Operária.

Parte deste agrupamento veio a formar o Partido Operário Comunista (POC), que

atuava em íntima associação com o ERP argentino e tinha, dentre outros dirigentes, Raul

Pont.

Com a desarticulação do POC, alguns de seus quadros unem-se ao setor da FBT

agrupado por Júlio Tavares, a ex-integrantes do Movimento Nacionalista Revolucionário

(MNR), da AP e do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e formam a Liga

Operária, com o apoio internacional de Nahuel Moreno.

Com o fim da greve ficamos diante da dura realidade de ex-alunos expulsos de

instituições públicas durante o regime militar.

Minha vida em Brasília estava difícil.

Aquela etapa em Brasília estava a se encerrar. Eu e meu grupo havíamos ingressado na

Liga Operária. Resolvi mudar para o Rio e tentar o vestibular na PUC.

Aprovado no vestibular, fui integrado na célula das universidades particulares do Rio,

no período preparatório do Congresso que transformava a Liga Operária no Partido Socialista

dos Trabalhadores (PST) e lançava a proposta de uma ampla frente de todos os socialistas

para a construção de um partido socialista, a Convergência Socialista. Participei como

delegado do Congresso de fundação da CS e eleito relator final dos grupos de trabalho na

parte de programa. Na volta participei de uma escola de quadros de duas semanas para a

formação de dirigentes. Cerca de cem militantes do PST reunidos em um sítio em Tribobó,

perto de Niterói, participavam de doze horas diárias de estudo e debate.

Mal o curso acabou, começaram as quedas de militantes do PST e da organização

internacional liderada por Nahuel Moreno. Quando começaram as prisões de militantes do

PST, em 1978, vários integrantes da organização passaram à clandestinidade. Vários

integrantes da direção do PST e da corrente internacional em que participava foram presos,

inclusive Nahuel Moreno. Em vários países as embaixadas brasileiras foram alvos de

manifestações. Cerca de 300 militantes do PST iniciaram greves de fome em locais públicos

77 Principal teórico do Secretariado Unificado da IV Internacional e dirigente da LCR.

exigindo a libertação imediata dos presos. Atos pela soltura dos presos realizaram-se em

muitas cidades.

De acordo com o site do PSTU:

Um dia depois da I Convenção Nacional da CS, que reuniu cerca de 1.200 pessoas

numa escola do Cambuci, em São Paulo, no dia 20 de agosto de 1978, 24 militantes são presos, entre os quais a maioria do Comitê Executivo do clandestino PST. A pior conseqüência desse erro é que Nahuel Moreno, o principal dirigente da Fração Bolchevique, que visitava o Brasil a convite da direção para conhecer a experiência da CS, também é preso. Sua prisão significava uma ameaça direta à sua vida já que Moreno, naquela época exilado na Colômbia, podia ser deportado pelo governo militar do Brasil para a Argentina, o que significaria uma morte segura nas garras da ditadura genocida daquele país. Depois de uma campanha internacional e de mobilizações em todo o país, Moreno é expulso do país e enviado de volta à Colômbia. No entanto, oito dirigentes da CS, aos quais se somam outros dois mais tarde, permanecem presos até dezembro, sendo indiciados na Lei de Segurança Nacional e depois anistiados.

A ditadura argentina queria a extradição de Moreno. A ditadura brasileira enquadrou os

presos na Lei de Segurança Nacional. Pressionada pela sucessão de manifestações os presos

são soltos. Moreno e os demais membros da direção internacional de sua corrente seguiram

para a Colômbia.

As aulas haviam começado. A campanha pela anistia promovia atos públicos quase

semanais na cidade, em geral comícios relâmpago, seguidos de panfletagem. A esquina da rua

São José com a Avenida Rio Branco, tradicional ponto de agitação dos estudantes em 68,

voltava a ser utilizado pela estudantada.

Grupos de estudantes saíam à noite para, nos intervalos das peças de teatro,

promoverem falações, arrecadarem recursos e distribuírem panfletos pela anistia, em comum

acordo estabelecido previamente com atores, atrizes e diretores.

Pelo menos uma vez por semana, os membros de cada grupo político, saíamos para

vender os jornais de nossas organizações nos bares.

E muitas vezes também saíamos em grupos de pichação, em geral de quatro ou cinco

pessoas. Enquanto duas pichavam, duas tomavam conta e um ficava no carro com o motor

ligado, pronto para fugir. O CBA mantinha um plantão de advogados nestes dias para socorro

jurídico caso alguém fosse preso nas pichações. No final da noite nos encontrávamos nos

pontos que definíamos para nos assegurar que ninguém havia sido preso ou tomar as

providências de acionar os advogados do CBA quando isto ocorria.

Realizamos em São Paulo, em 1978, na USP, o 4º ENE, decisivo para a recente história

do movimento estudantil por ter marcado para o início do ano seguinte o Congresso de

Reconstrução da UNE.

Além da reconstrução da entidade, os pontos centrais do encontro foram a campanha

pela anistia e o posicionamento dos estudantes em relação às eleições, as primeiras a se

realizar para o Congresso Nacional e assembléias estaduais após o pacote de abril editado em

abril de 1977.

A posição do PST era a de apoio ao voto nos candidatos “operários e socialistas” do

MDB78.

O MDB no Rio, embora contasse com um grande número de apoios entre o que se

convencionou chamar esquerda naquele período e que ia do MR-8 ao PST, tinha seus postos

de comando rigidamente controlados pelo grupo chaguista79, que controlava em íntima

relação com a ditadura, o governo do estado.

1.4 A grande greve de 78

No Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, através da

experiência prática que passou a se acumular a partir da greve de 1978, iniciada na Scania e

que se estendeu para a Ford, a Volks e outras fábricas da região, começou a ser montada uma

estrutura que o tornaria relativamente incólume ao controle exercido pelas ameaças da

ditadura e pelas instâncias do Ministério do Trabalho. Além da diretoria, passou a ser

78 A dificuldade era localizar os tais operários socialistas na legenda.

79 Chaguismo: nome da ação política de Antonio de Pádua Chagas Freitas, ex governador do antigo estado da Guanabara e do Rio de Janeiro junto ao seu grupo do jornal “O DIA” com as instituições democráticas, ou seja, as relações do clientelismo com a dinâmica daquelas que em tese fundamentam-se no princípio da representatividade. Na realidade, o clientelismo chaguista ou chaguismo, ao se apropriar de mecanismos destas instituições as faziam preservarem-se na forma e, no entanto, as destruíam no conteúdo. Toma-se como elemento inicial para esta análise, o voto.

No Chaguismo, o voto deixava de ser um direito do cidadão livremente exercido na coisa pública, e se transformava em moeda de troca. Estabelecia-se assim, uma transformação na relação do indivíduo com os direitos sociais. O que anteriormente pressupunha um direito adquirido tornava-se uma mera forma de pagamento ao “favor” concedido pelo político. O favor, como operação bem organizada, é a forma de privilégio que impulsionava o clientelismo chaguista, era uma ação que levava o aparato institucional democrático a se manifestar como o ápice da demagogia.

Conforme Eli Diniz, o clientelismo chaguista que permeava os partidos eliminava a possibilidade de frentes intrapartidárias, que retardavam a dinâmica do processo de decisão, fazendo com que um pequeno grupo dominante, controlasse os mecanismos de inserção de novos filiados. XIII Encontro de História Anpuh-Rio. Coronelismo e chaguismo na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Nelson Ricardo Mendes Lopes.

organizada uma rede de diretores de base, eleitos nas principais fábricas e um fundo de greve,

com sede e direção própria. Mesmo uma intervenção no sindicato, o afastamento de sua

diretoria, a ocupação de sua sede (como de fato ocorreu nos dois anos seguintes), ou mesmo a

prisão dos diretores (ocorrida em 1980), não desorganizariam completamente o movimento

sindical na categoria.

Como descreve Júlio de Grammont em “Os subversivos de 1978”:

Nas greves de 1978, os trabalhadores do ABC escreveram com seus próprios corpos

a palavra democracia no Paço Municipal de São Bernardo; praça que junto com o Estádio de Vila Euclides viraram palcos das lutas da categoria. Como não lembrar as assembléias com mais de 100 mil trabalhadores, o Fundo de Greve que recebeu a solidariedade do País inteiro? Site Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. 50 anos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC: construindo um Brasil justo e democrático. Sérgio Nobre. 12/05/09

O Fundo de Greve, pensado no ano anterior, serviu de ponto de aglutinação da militância. Foi um marco também da solidariedade da população aos metalúrgicos em greve. As pessoas enviavam mantimentos, roupas e dinheiro para ajudar os trabalhadores em luta. Funcionou em igrejas e sua maior referência foi o pátio da Matriz de São Bernardo. Depois transferiu-se para a rua Alferes Bonilha, com a contribuição de vários militantes, como Arquimedes, Keiji, Terezinha e a rainha das greves, a famosa "Tia". Um mês depois, mesmo com todo o apoio e melhor preparados, os metalúrgicos começaram a dar sinais de cansaço. Os boatos aumentavam e a situação ficou perigosa com a informação de que seus contratos de trabalho poderiam ser rescindidos, após trinta dias sem aparecer na empresa, caracterizando abandono de emprego. Ao mesmo tempo, a repressão e as prisões aumentavam. Com Lula e lideranças presos, o movimento dava sinais de recuo. Muitos já haviam retornado ao trabalho. Foi quando surgiu a idéia de realizar a passeata das mulheres dos metalúrgicos, com a bandeira de "liberdade para nossos maridos". Era preciso um novo estímulo. A idéia desta passeata nasceu num restaurante do Bixiga, numa conversa entre Wagner Lino e dois jornalistas, que avaliavam a necessidade de criar um fato novo no movimento. Wagner levou a proposta para o "Grupo dos 16" (que eram 14, na verdade) e lá decidiram realizar a passeata. O "Grupo dos 16" foi criado em uma reunião da diretoria e de militantes como alternativa ao comando, caso os dirigentes fossem presos. Foi esse grupo que acabou segurando a greve.

A alteração no cálculo dos índices de inflação, como fórmula para enxugar a massa

salarial, evitando reajustes pelo valor presumido pela regra adotada anteriormente, às

vésperas da data-base do reajuste da maior parte das indústrias automobilísticas instaladas no

ABC, foi o estopim da primeira greve expressiva de trabalhadores desde as greves de Osasco

e Contagem, que haviam ocorrido em 1968.

Além da vitória em obrigar o governo e as montadoras a aceitarem a reposição salarial

pelo índice que queriam alterar, a greve provocou substanciais alterações na conjuntura: Após

ter reprimido duramente as mobilizações estudantis, com a entrada em cena da classe

operária, a ditadura havia sido forçada a recuar. O governo foi obrigado a alterar de forma

significativa sua política monetária. A mobilização serviu de exemplo para todas as demais

categorias assalariadas, influindo decisivamente em seu processo de auto-organização. Em

todo o país, a solidariedade ativa à greve se materializava na formação de comitês de fundo

de greve que recolhiam finanças e estabeleciam laços entre categorias. O movimento

estudantil, os movimentos de anistia e sindicalistas, no curto espaço de duas semanas, ao

promoverem atos em apoio, recolherem recursos e romperem o isolamento dos grevistas,

estabelecendo vínculos entre estes e as demais categorias e a classe média, iniciaram a

constituição do bloco histórico que passou a ter a iniciativa da ação política no período entre

o fim do regime militar ao término da transição.

1.5 – A Conquista da Anistia

A partir da primeira greve do ABC, os movimentos de anistia incorporaram algumas

formas de luta que desenvolvêramos no apoio ao movimento operário.

Passou a ser comum, nos intervalos entre os atos nas peças de teatro, a função ser

interrompida com o apoio de atores e atrizes como Sérgio Brito, Bibi Ferreira Marieta Severo,

Lucélia Santos, Paulo Betti e outros, para que fizéssemos rápidas falações e recolhêssemos

fundos e assinaturas em abaixo-assinados pró-anistia.

Generalizavam-se também atos e panfletagens pela anistia pelo país.

Todos os sábados a visitação aos presos políticos do presídio da Frei Caneca tornou-se

uma atividade militante que reunia um número crescente de ativistas.

Os presos tinham um coletivo que estabelecia discussões políticas com os diversos

grupos organizados e com os comitês de anistia, em particular o Comitê Brasileiro pela

Anistia (CBA). Perly Cipriano, Gilney, Nélson Rodrigues Filho, Alex Polari, Manoelzinho,

Jabour, dentre outros, cada qual com sua história particular, mas com tanto em comum,

passaram, de dentro da cadeia, através de greves de fome e de sucessivos manifestos, a ser

ativos participantes da luta pela sua própria libertação, dos demais presos políticos, da volta

dos exilados, da punição para assassinos e torturadores.

Segundo a Fundação Perseu Abramo:

As Principais Greves de Fome

1970: Ilha das Flores-Rio - greve dos presos políticos objetivando denunciar o seqüestro de que foram vítimas companheiras presas políticas à porta do Presídio Feminino de Bangu, depois de terem sido soltas, por mandato do Superior Tribunal Militar. 1971: Ilha Grande-RJ - greve de fome dos companheiros visando conseguir alojamento específico para os presos políticos, separado dos presos comuns, bem como condições carcerárias condignas; duração de 17dias. - Linhares (Juiz de Fora-MG) - março/71, 42 presos políticos, homens e mulheres, fizeram

13 dias de greve de fome reivindicando melhoria de condições carcerárias, contra o rigor e a disciplina militar que se tentava impor aos presos - Linhares (JF-MG) - setembro/71, greve contra a invasão da penitenciária ordenada pelo Doi-Codi e executada pelas tropas da PM contra a humilhação pessoal e a depredação dos bens; e principalmente contra a transferência súbita das companheiras da ala feminina para local ignorado, sob o pretexto de que estava havendo uma "tentativa de motim" no presídio, por parte dos presos políticos. Participaram cerca de 50 companheiros -Tiradentes (São Paulo-SP) - greve de fome contra a política de isolamento e separação dos presos políticos, sob ameaça de morte; durante 12 dias - Tiradentes-Carandiru (São Paulo-SP) - nova greve dos companheiros, contra a política de distribuição dos presos políticos por diversos presídios do Estado, onde não se teria garantias para sua segurança, e pela reunificação dos mesmos; durou 32 dias 1974 - Fortaleza de Santa Cruz (Rio de Janeiro-RJ) - em novembro, 14 presos políticos em greve de fome pelo fim da política de destruição física e psicológica a que estavam sendo submetidos, inclusive com espancamento, bombas de gás lacrimogêneo nas celas, etc. - Instituto Penal Sarazate - Fortaleza -CE - greve de fome dos presos políticos contra as restrições à visitação e às más condições carcerárias 1975 - Ilha Grande - Rio-RJ - 33 presos políticos em greve de fome pela transferência para outro estabelecimento penal situado no continente, na cidade do Rio de Janeiro, iniciada me 5 de maio e terminada a 22 de maio, resultando em vitória; - Itamaracá - Recife-PE - julho; greve de fome por 15 dias, por melhoria das condições carcerárias, contra as arbitrariedades policiais e pela quebra do isolamento a que estavam submetidos os companheiros levados para quartéis. - Itamaracá- Recife-PE - outubro; 25 dias de greve de fome, pela volta dos companheiros transferidos para os quartéis e pela cessação do isolamento a que estavam submetidos 2 companheiros condenados à prisão perpétua (Rholine Sonde E Carlos Alberto Soares), dentro do próprio presídio - Barro Branco - São -SP - final/75, greve de fome contra as arbitrariedades e limitações impostas às condições carcerárias. 1977 - Bangu - Feminina (Penitenciária Talavera Bruce) – Rio - RJ - greve de fome das companheiras pela transferência para uma ala especial do Presídio Político Frei Caneca - Frei Caneca - Presídio Político do Rio de Janeiro - RJ (Divisão de Segurança do Presídio Milton Dias Moreira) e Bangu Masculino (Presídio Esmeraldino Bandeira) - greve de fome contra o descaso das autoridades quanto às reivindicações das companheiras de Bangu - Feminino e de apoio à transferência das mesmas; -Lemos de Brito - Salvador-BA - greve de fome em solidariedade às companheiras de Bangu (Rio - RJ) 1978 - Itamaracá -Recife-PE -abril/maio - greve de fome pela quebra do isolamento dos companheiros Rholine Sonde Cavalcante e Carlos Alberto Soares, condenados à prisão perpétua. -Segue-se uma sucessão de greves de fome de apoio e solidariedade aos companheiros de Itamaracá, da parte dos presos políticos dos seguintes presídios: Frei Caneca-RIo; Bangu-Feminino-Rio; Barro Branco- SP; Lemos de Brito -Salvador-BA; Linhares -Juiz de Fora - MG - em 6 Estados, perfazendo o total de 84 grevistas. A greve de fome dos companheiros

de Itamaracá durou 27 dias, terminando a 10 de maio, quando também terminaram as demais greves de solidariedade. 1979 - Greve de Fome Nacional dos Presos Políticos de repúdio ao projeto governamental de Anistia Parcial e de apoio às lutas pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. Iniciada a 22 de julho, pelos presos políticos da Frei Caneca - Rio, e seguida pelos presos políticos dos seguintes presídios: Itamaracá- Recife, Fortaleza; Natal-RN; Penitenciaria Feminina de São Paulo (Elza Menerat), Barro Branco-SP e Lemos de Brito-Salvador/BA.

Com a ameaça da prisão de Lula e outros sindicalistas do ABC e de intervenção no

sindicato, durante a segunda greve da categoria na região (que acabaram se concretizando na

greve do ano seguinte, em 1980), a campanha pela Anistia tomou um caráter de massa.

Eu recém havia saído do PST, em função de divergências quanto à linha política, em

particular por defender o voto nulo nas eleições de 78 contra a posição de apoio a candidatos

do MDB.

Após a campanha pelo voto nulo, em comitês que reuniam o Movimento

Revolucionário do Proletariado (MRP), Organização de Combate Marxista Leninista Política

Operária (OCML-Polop), Movimento pela Reconstrução da Política Operária (MR-Polop) e

OSI no Rio de Janeiro, ingressei na OSI.

Minha primeira tarefa militante foi coordenar a atuação do grupo na campanha pela

Anistia.

Tendo como referência os presos na prisão de Itamaracá, que, além de reunir alguns dos

que estavam presos há mais tempo, encerrava alguns dos que tinham penas mais longas,

fundamos o Comitê pela libertação dos presos políticos de Itamaracá.

Dentre várias ações, realizamos um show em conjunto com o CBA em um circo que

instalamos no interior da PUC.

O MPB 4, o Quarteto em Cy, Gilberto Gil, João Bosco, Aldir Blanc e vários outros

participaram. Para além da importância política da participação dos artistas neste evento,

merece registro a situação, meio hilária, meio constrangedora, criada por Jorge Mautner que,

ao entrar no palco, gritou: “Anistia, anistia, anistia...” para no final acrescentar, para espanto e

irritação de todos: “anistia para os bandidos de lá e de cá...”.

Apesar das confusões a pressão tornou-se irresistível e a ditadura, após atos públicos

que já reuniam mais de 30 mil pessoas no centro de Rio e São Paulo, acabou por aprovar a lei

de anistia.

Em matéria sobre a regulamentação da Lei da Anistia, afirma o JB online:

O último general-presidente, João Batista de Figueiredo, regulamentou a Lei da

Anistia, aprovada pelo Congresso por 206 contra 201 votos. A medida beneficiou 4.650 pessoas punidas por atos de exceção no período entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto

de 1979. Entre os anistiados estavam os ex-governadores Leonel Brizola e Miguel Arraes, e os ex-líderes estudantis Vladimir Palmeira e José Dirceu. O projeto de iniciativa governista não atendeu o apelo da opinião pública, que clamava pela anistia ampla, geral e irrestrita. A lei deixou de fora os condenados por terrorismo, assalto e seqüestro e favoreceu os militares, incluindo os responsáveis pelas práticas de tortura. A anistia do regime militar foi criticada porque não investigou os agentes de órgãos de segurança envolvidos em atos ilegais contra presos políticos.

Segundo o Superior Tribunal Militar (STM), havia então 52 presos políticos, dos quais 17 foram imediatamente libertados e 35 permaneceram à espera de uma análise mais demorada dos seus processos. Além de abrir as portas das prisões, a anistia permitiu a reintegração ao serviço público de centenas de funcionários cassados. Entretanto, o reaproveitamento de servidores civis e militares ficou subordinado à decisão de comissões especiais criadas no âmbito dos respectivos ministérios para estudar cada caso. No mesmo dia em que a lei entrava em vigor, foi denunciado, no Congresso Nacional, a descoberta dos restos mortais de alguns presos políticos, entre eles os de Luis Eurico Tejera Lisboa, dado como desaparecido.

Os anistiados vinham retornando ao Pais, e eram recebidos com festas, desde que a lei fora sancionada em agosto. Leonel Brizola retornou ao país no dia 6 de setembro, após 15 anos de exílio. No dia 15 do mesmo mês, retornaram ao Brasil, Miguel Arraes, e o ex-deputado federal, Márcio Moreira Alves. No mês seguinte, Luiz Carlos Prestes desembarcou no Aeroporto do Galeão, no Rio, e foi recebido por cerca de 10 mil pessoas.

1.6 - Refundação da UNE

Eleito delegado pela Sociologia na PUC-RJ fui, no meu Fusca, para Salvador, onde foi

realizado o histórico Congresso de reconstrução da UNE, em 1979.

Antônio Carlos Magalhães80, que comandava a política na Bahia, tentava passar uma

imagem de tolerância e aceitou que o encontro fosse realizado no Centro de Convenções, no

bairro de Armação, do governo municipal de Salvador.

Apesar disso, o Congresso teve por diversas vezes a luz cortada durante os debates e

algumas bombas terroristas explodiram no estacionamento durante o evento.

Panfletos ameaçadores do Comando de Caça aos Comunistas e do Morte aos

Comunistas – grupos paramilitares ativos na época - apareciam espalhados. Uma delegação

80 Antonio Carlos Magalhães (DEM, ex-PFL) comandou a Bahia em duas ocasiões durante os anos de chumbo, entre 1971 e 1975 e de 1979 a 1983. Durante o governo Lula, ACM fez oposição a um governo federal pela primeira vez em sua carreira política, apesar de inicialmente ter se aproximado deste governo. "Painho", para os simpatizantes, e "Toninho Malvadeza", para a oposição, ACM se destacou pela maneira truculenta como conduziu o Ministério das Comunicações, durante o governo militar e na Presidência de José Sarney, e a sua repressão aos partidos de oposição em seu Estado. A família Magalhães possui outros representantes no Congresso, como o deputado ACM Neto e o, agora, senador ACM Júnior, que assume a vaga do pai como suplente .Em 2001, ACM renunciou ao seu cargo de senador para não sofrer um processo de punição política, após ter assumido que violou o painel do Congresso, tal como o então senador José Arruda (à época no PSDB e atualmente no DEM), hoje governador do Distrito Federal. Nas eleições seguintes (2002), ACM voltou ao Senado. Em 2006, ACM apoiou a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), para a Presidência, e a de seu correligionário Paulo Souto, para o Governo da Bahia. Ambos perderam, mas a eleição de Jacques Wagner (PT) para governador interrompeu uma hegemonia político-eleitoral que remonta à ditadura militar. Morreu dia 20 de julho,de 2007. Site Brasil de Fato. Derrotado politicamente, ACM morre em São Paulo aos 79 anos Da Redação.

da Arena-jovem (setor de juventude do partido de apoio da ditadura), integrada, dentre outros,

por Ciro Gomes, que não havia participado do processo de escolha de delegados no DCE que

controlava, em Fortaleza, promoveu uma confusão tentando inutilmente impedir o Congresso.

O PC do B, que dirigia a maioria dos DCEs e, desde o IV Encontro Nacional de

Estudantes, tinha a maioria na Comissão Pró-UNE, havia concebido um Congresso em que a

mesa foi colocada em um palco com 2,5 m de altura e apenas um acesso, controlado por uma

comissão de seguranças que evitavam assim apartes e questões de ordem. Porém as correntes

à esquerda colocaram um imenso tonel que, depois de muita confusão, foi aceito como espaço

alternativo para subir ao palanque e poderem se manifestar usando microfones.

Naquele encontro a questão mais polêmica, do ponto de vista organizativo era: a

proposta de eleições diretas para a UNE que foi aprovada.

Rui César, do DCE da UFBA, e de um setor do PC do B que futuramente veio a romper

com este partido e participar do PT, e representantes de diversos DCEs de todo o país

formaram a diretoria provisória da UNE que encaminhou meses depois a primeira eleição

direta da entidade.

1.7 - Eleição direta da UNE

Alguns meses mais tarde fui candidato a vice presidente pela região Sudeste para a

diretoria da UNE, nas primeiras eleições diretas para a entidade, na chapa da Liberdade e

Luta, que acabou em quarto lugar no pleito, das cinco chapas inscritas.

Em quinto lugar ficou a chapa denominada “Maioria”, com o apoio da extrema direita,

inclusive do CCC e do MAC, além da Arena, com Ciro Gomes na vice-presidência.

Em terceiro a chapa apoiada pelo MEP, DS e CS. Em segundo a chapa que unia o MR-

8 e o PCB. Em primeiro a chapa da AP e do PC do B, presidida por Rui César. O MR-8, no

entanto, havia infiltrado alguns de seus quadros na AP e acabou tendo um peso significativo

nesta gestão.

No entanto, como esta se deu em um quadro em que os movimentos sociais começavam

a adquirir autonomia em relação à frente que se dava no MDB, o movimento estudantil

passou a uma condição bem menos protagonista que em momentos anteriores. O centro da

oposição à ditadura havia passado a gravitar em torno aos movimentos que se aliaram aos

trabalhadores em luta, particularmente no ABC.

1.8 - Fundação do PT

Uma série de setores opositores à ditadura no campo popular defendia a constituição de

um partido de oposição de um tipo distinto da que era exercida institucionalmente pelo MDB.

Os trotskistas e os setores oriundos do racha no PCB denominado POLOP, defendiam

há muito a constituição de um partido da classe trabalhadora. No mesmo sentido atuavam os

setores identificados com as comunidades eclesiais de base.

O PCB, o PC do B e o MR-8 consideravam-se eles próprios este partido,

conseqüentemente eram contra qualquer movimentação nesta direção.

A AP, a Ala Vermelha do PC do B e o MEP defendiam a constituição de um partido

popular, sem um corte de classe mais definido, mas que se pusesse a fazer uma ponte entre os

setores mais à esquerda no plano institucional e os movimentos sociais.

Brizola, Almino Afonso, Doutel de Andrade, Darcy Ribeiro, oriundos do trabalhismo e

Miguel Arraes pessedista com postura nacionalista e aliados à esquerda, pensavam em um

partido institucional à esquerda do MDB.

A ditadura, apostando em uma reformulação do quadro partidário, flexibilizou as regras

para a formação de partidos legais. Proibia, no entanto pela legislação, a formação de

partidos de classe.

Brizola, Almino e Arraes convocam um encontro em Lisboa, em 1979, com o apoio da

social-democracia, para viabilizar sua proposta de partido. A AP e o MEP chegaram a mandar

seus representantes para esta reunião.

Os sindicalistas do ABC, que eram convidados também para este encontro não

compareceram e preferiram dirigir-se a outro encontro, realizado em João Monlevade, em

MG, que lançou a proposta de um Partido Operário Independente. Este encontro, articulado

em 1979 por Paulo Skoromov, presidente do Sindicato de Coureiros de São Paulo dirigente

de uma fração da OSI denominada Fração Operária Trotskista, Jacó Bittar (Sindicato dos

Petroleiros de Campinas), Olívio Dutra (Sindicato dos Bancários de Porto Alegre), Valdemar

Rossi, da Pastoral Operária de São Paulo e Lula (Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo

do Campo e Diadema), é seguido de outro, em Belo Horizonte, em que são aprovados o

Manifesto, a Carta de Princípios e o primeiro programa do movimento pró-PT e recebem a

adesão da DS e da CS

A proposta de formação do PT esvazia a proposta de Brizola e Arraes, que

necessitavam de “base operária” para viabilizar seu projeto.

MEP, AP e Ala Vermelha aderem à proposta do PT. AP e MEP assumindo a intenção

de torná-lo um “partido popular”.

Arraes e Almino Afonso decidem ir para o PMDB, Brizola, Doutel e Darcy mantém a

idéia de recriar o PTB. De volta ao Brasil, Brizola tem um novo baque; Golbery manda a

justiça eleitoral da ditadura entregar a legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) para

Ivete Vargas. Brizola lança então a proposta de formação do Partido Democrático Trabalhista

(PDT), e passa a ter também o apoio das dissidências do PCB que se referenciavam em

Prestes.

O quadro partidário legal passou a ser formado então pelo PDS (originado da Arena),

PP (que reuniu os seguidores de Aureliano Chaves, vice de Figueiredo da Arena, e de

Tancredo Neves e Chagas Freitas do MDB, levando também na mão grande o nome “partido

popular” que havia sido defendida por anos por uma parcela dos movimentos sociais), PMDB

(com a maioria do antigo MDB, PCB, PC do B e MR-8), PTB (com lideranças de segunda

linha da Arena e MDB, além de Ivete Vargas e Jânio Quadros), PDT (com antigos

trabalhistas e prestistas) e o PT, com o sindicalismo combativo, as comunidades eclesiais de

base, a esquerda reformista não estalinista e as organizações da esquerda revolucionária.

Embora a ditadura ainda não tivesse assimilado totalmente tornar-se letra morta a

legislação que proibia partidos de classe, o período seguinte levou todos os partidos a filiarem

um milhão de pessoas pelo menos cada, o que tornou inviável tentar medidas adicionais de

coerção.

Pouco depois das eleições diretas para a UNE rompi com a OSI, que era contra a

proposta de fundação do PT e seguia defendendo a idéia de um partido operário

independente. Formei uma célula com outros militantes trotskistas independentes ou que

haviam saído da OSI, passei a militar em uma pastoral operária, e junto com a Fração

Operária Trotskista (FOT), o Movimento Comunista Internacionalista (MCI - grupo trotskista

do Ceará), de remanescentes da Fração Bolchevique Trotskista (FBT), do Rio Grande do Sul,

e de ex-militantes da Convergência Socialista, formamos o Comitê de Ligação dos Trotskistas

Brasileiros (CLTB), que veio a fundir-se com a Democracia Socialista (DS).

A OSI aderiu ao PT alguns meses depois. Em poucos meses, ainda em 1980,

conseguimos o número necessário de filiações para legalizarmos o partido.

1.9 – O repúdio ao terror.

A direita terrorista, contudo, ainda estava ativa. Em uma escalada que tem início em

janeiro de 1980, uma série de atentados é praticada. Bancas de jornais, que vendiam

periódicos da imprensa alternativa, sedes destes veículos, entidades democráticas,

movimentos e personalidades são alvos de ataques. Dentre outros fatos destacam-se o

seqüestro dos dois últimos desaparecidos políticos durante a ditadura, no aeroporto do

Galeão81, os atentados na OAB, em que morreu Dona Lida82, funcionária da entidade, e na

81 Um telegrama enviado ao Departamento de Estado dos EUA pela embaixada americana em Buenos Aires em abril de 1980 é um indício do envolvimento de brasileiros no desaparecimento de dois guerrilheiros argentinos no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, em março de 1980. Horacio Campiglia, 31, e Mónica Binstock foram vistos pela última vez, meses depois, numa prisão militar nos arredores da capital argentina.

O documento foi incluído no processo da Justiça italiana que resultou nas ordens de captura internacional emitidas nesta semana contra pelo menos 11 militares e policiais brasileiros. Campiglia era ítalo-argentino.

Liberado pela lei americana de liberdade de informação, o telegrama confidencial foi entregue à Itália pelo ativista Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul e testemunha no processo.

O telegrama narra o encontro de um funcionário da embaixada americana com "membro do serviço de inteligência argentino" que teria falado sob condição "estrita de confidencialidade". A fonte teria relatado a montagem de uma operação, com autorização do Brasil, para prender Campiglia e Mónica quando chegassem ao Rio.

Campiglia, segundo a fonte, era um nome importante ("quarto ou quinto na estrutura") da maior organização guerrilheira da Argentina, os Montoneros, grupo responsável por uma série de atentados, seqüestros e mortes de militares ao longo da ditadura argentina (1976-1983). Segundo a fonte argentina, Campiglia continuava comandando, no México, operações de guerrilha.

"Eles [guerrilheiros] resolveram voltar à Argentina no contexto de uma contra-ofensiva montonera. Queriam reunir todos os montoneros que estavam fora, voltar e derrubar a ditadura", disse Krischke.

Alertados supostamente por agentes infiltrados, os militares argentinos passaram a prender e interrogar os montoneros que tentavam regressar. Muitos foram assassinados.

Nos casos de Campiglia e Mônica, segundo o documento dos EUA, a fonte argentina disse que a inteligência militar "contatou sua contraparte da inteligência militar brasileira para obter a permissão para conduzir uma operação no Rio". Segundo o documento, "os brasileiros garantiram sua permissão e uma equipe especial argentina" foi enviada num avião C130.

Os argentinos teriam capturado os dois montoneros e regressado a Buenos Aires no mesmo avião. Os militares argentinos teriam também falsificado a hospedagem dos dois presos num hotel do Rio, para dar a impressão de que eles tinham sumido no Brasil.

A fonte argentina relata que ambos estavam, em abril de 1980, na prisão militar de Campo de Maio, em Buenos Aires.

O relato do telegrama é corroborado em parte por uma testemunha já ouvida pela Justiça italiana. A ex-guerrilheira Silvia Tolchinsky informou ter se encontrado no Campo de Maio com Campiglia e Mônica.

Um ex-preso, Víctor Basterra, também declarou, em processo na Justiça argentina, que avistou Campiglia e Mônica no Campo de Maio "por volta do Natal de 1980". Segundo Jair Krischke, há indícios de que ambos foram assassinados num dos "vôos da morte" --arremessados ao mar de um helicóptero ou avião. Site Fórum de entidades nacionais de direitos humanos. “Papel dos EUA afirma que Brasil autorizou seqüestro”.

82 "Foi, sem dúvida, um dos dias mais chocantes da minha vida". A afirmação foi feita, nesta sexta-feira (27/8/1980) pelo decano do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE, ministro Sepúlveda Pertence, ao comentar a passagem dos 24 anos da explosão da bomba na sede da OAB.

“Acabara de almoçar com amigos, o presidente do Conselho Federal da OAB, Eduardo Seabra Fagundes, estava fora do Rio de Janeiro, quando cheguei ao prédio onde funcionava a sede da Ordem dos Advogados do Brasil, na avenida Marechal Câmara, e notei que havia um movimento anormal. Custei a acreditar no que me disseram: uma bomba explodira nas mãos de dona Lida, uma antiga funcionária da entidade. Minutos antes ela havia sido encaminhada para o hospital em estado gravíssimo onde veio a falecer. O choque foi incrível na medida não só da dor pessoal mas também o que aquilo significava no momento político então vivido pelo país”, relatou Pertence.

E completou: “Claro, já havia uma e outra bomba mas sem vítimas pessoais. Logo depois veio a notícia de que bombas similares haviam sido postas na Câmara Municipal e na Associação Brasileira de Imprensa-ABI. Não tenho como descrever o que se passou naquele dia de agitação, de temores, de inquietação. Havia apenas uma razão para exigir do governo federal uma ação conclusiva. Éramos uma entidade federal brutalmente atingida. A reunião se seguiu e a indignação se transformou em cobrança. Deste aquele dia se pode dizer que

Câmara de Vereadores do Rio, que mutilou José Ribamar83, assessor do vereador Antônio

Carlos, ligado ao MR-8, que implicaram em amplas manifestações populares de repúdio, e o

fracassado atentado no Riocentro, no dia 30 de abril de 1981, que expôs irremediavelmente a

extrema direita militar e impôs o seu refluxo.

O coronel Dickson Grael, ex-diretor do Riocentro, afastado dias antes do atentado,

realizou uma investigação extra-oficial paralela ao inquérito destinado a apurar o atentado. Dentre outras constatações, arrolou 41 atentados terroristas contra a oposição à ditadura, ocorridos entre janeiro de 1980 e abril de 1981:

1980 18/01 - desativada bomba no Hotel Everest, no Rio, onde estava hospedado Leonel Brizola. 27/01 - bomba explode na quadra da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, no Rio, durante comício do PMDB. 13/03 - desativada bomba no escritório do advogado Sobra Pinto, no rio 22/03 - bomba interrompe palestra de Gregório Bezerra. 27/03 - bomba no aeroporto de Guararapes, no Recife. 30/03 - duas bombas explodem no jornal Hora do Povo, no Rio de Janeiro. 13/04 - coletaria federal de Resende, no Rio, é danificada por uma bomba de baixo poder explosivo. 26/04 - Show de 1º de maio - 1980: bomba explode em uma ler já do Rio que vendia ingressos. 30/04 - Em Brasília, Rio, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Belém e São Paulo, bancas de jornal começam a ser atacadas, numa ação que durou até setembro. 23/05 - bomba destrói a redação do jornal Em Tempo, em Belo Horizonte. 29/05 - bomba explode na sede da Convergência Socialista, no Rio. 30/05 - explodem duas bombas na sede do jornal Hora do Povo, no Rio. 27/06 - bomba danifica a sede da Casa do Jornalista, em Belo Horizonte. 11/08 - bomba é encontrada em Santa Tereza, no Rio, num local conhecido por Chororó. Em São Paulo, localizada uma bomba no Tuca, horas antes da realização de um ato público. 12/08 - bomba fere a estudante Rosane Mendes e mais dez estudantes na cantina do Colégio Social da Bahia, em Salvador. 27/08 - no Rio, explode bomba - carta enviada ao jornal Tribuna Operária. Outra bomba - carta é enviada à sede da OAB, no Rio, e na explosão morre a secretária da Ordem, Lídia Monteiro. Ainda nesta data explode outra bomba – carta, desta vez no prédio da Câmara Municipal do Rio. 28/06 - desativada bomba - carta enviada à sede da Delegacia Regional da Sunab, no Rio. Nesse mesmo dia explodem bombas no Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia, num terreno baldio, em Barbacena e na sede da Junta de Alistamento Militar em Antônio Carlos, cidades do interior de Minas Gerais. 04/09 - desarmada bomba no Largo da Lapa, no Rio. 08/09 - explode bomba-relógio na garagem do prédio do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, em Viamão (RS). 12/09 - duas bombas em São Paulo: uma fere duas pessoas em um bar em Pinheiros e a outra danifica automóveis no pátio da 2º Companhia de Policiamento de Trânsito no Tucuruvi. 14/09 - bomba explode no prédio da Receita Federal em Niterói.

cresceu a autoridade da OAB para a luta pela retomada do processo democrático". Site Consultor Jurídico 27/08/2004.

83 No dia 27 de agosto de 1980, três bombas explodiram no Rio de Janeiro. Uma causou a morte de D. Lyda Monteiro, secretária da Ordem dos Advogados do Brasil. Outra, no gabinete do vereador Antonio Carlos Carvalho, destruiu as salas, feriu gravemente o José Ribamar de Freitas, seu tio e companheiro de luta, e atingiu mais quatro funcionários. Uma terceira, na madrugada, atingiu e danificou a sede do jornal Tribuna Operária. Site cecac.org.br , Atentados a bomba contra o movimento democrático e popular no Rio de Janeiro.

18/11 - bomba explode e danifica a Livraria Jinkings em Belém. 08/12 - o carro do filho do deputado Jinkings é destruído por uma bomba incendiária em Belém.

1981 05/01-outro atentado a bomba em supermercado do Rio. 07/01 - na Cidade Universitária, no Rio, uma bomba explode em ônibus a serviço da Petrobrás. 16/01 - bomba danifica relógio público instalado em Humaitá, no Rio. 02/02 - é encontrada, antes de explodir, bomba colocada no aeroporto de Brasília. 26/03 - atentado às oficinas do jornal A Tribuna da Imprensa, no Rio. 31/03 - bomba explode no posto do INPS, em Niterói. 02/04 - atentado a bomba na residência do. Deputado Marcelo Cerqueira, no Rio. 03/04 - parcialmente destruída, com a explosão de uma bomba, a Gráfica Americana, no Rio. 28/04 - o grupo Falange Pátria Nova destrói, com bombas, bancas de jornais em Belém. O 41º atentado terrorista é o do dia 30 de abril. O do Riocentro. Dirigido contra o processo de abertura política em curso no governo. Figueiredo e conquistado pela sociedade brasileira. O Coronel Dickson .Grael acrescenta ao pé da relação de atentados: Tantas vezes vai o atentado à fonte que um dia se quebra". E, páginas adiante, comenta: Quatro meses após o atentado do Riocentro, durante um baile no Clube Independente, em Belford Roxo, no Rio de Janei¬ro, alguém acionou um tubo de gás lacrimogêneo no salão. No pânico que se seguiu, 400 pessoas se precipitaram para a única sarda. Quatro moças morreram pisoteadas e cerca de 40 pessoas ficaram feridas. Considerando-se esses dados e extrapolando-os para o atentado do Riocentro, não parece absurdo afirmar que tivesse ele se consumado - logo nos primeiros minutos ocorreriam cerca de duas mil vitimas, entre mortos e feridos. Afinal de contas, a quem realmente cabe a responsabilidade pelo atentado do Riocentro? Conquanto não se possa afirmar que a concepção do ato em si, tal como foi planejado, tenha partido dos escal6es mais elevados, insulta a inteligência negar que alguma ordem para que se promovesse uma condição anormal - visando desestabilizar o processo de abertura política - não tenha partido desses escalões. Os encarregados da execução não ousariam agir como fizeram sem algum tipo de determinação superior. Dita a razão que alguém, provavelmente em Brasília, tenha imaginado criar uma situação de impacto, para depois lançar a responsabilidade pelo que eventualmente acontecesse sobre organlzaç6es de esquerda e assim justificar o "fechamento" do regime. Na verdade, essa tática, já usada pelos seguidores de Hitler ao provocarem em 1933 o Incêndio do "Relchstag e também no "Plano Cohen" - prelúdio do golpe que originou o Estado Novo em 1937 - é sobejamente conhecida. Mas talvez seus idealizadores tenham também se inspirado em fato mais recente: a explosão do bomba na estação ferroviária de Bolonha, em 1980, por membros da extrema direita italiana, visando comprometer o Partido Comunista daquele país. O que não é possível negar, contudo, é que o Riocentro foi deliberadamente escolhido por agentes do DOI-CODl do Rio de Janeiro com a possível cumplicidade do Secretário de Segurança do Estado e quase certamente de elementos do próprio Riocentro, sendo a maior suspeita Ângela Capobiango (Cíntia). Essa senhora, por não ter determinado que se destrancassem os portões "antipânico" do local do "show: criou condições para que uma terrível tragédia viesse a ocorrer, caso o atentado se concretizasse em toda a sua extensão, o que só não sucedeu pela incompetência dos executores em geral, por força da imprudência do Sargento Rosário ou, quem sabe, pela graça do destino. No entanto, se não é possível garantir que aos escalões superiores coube o planejamento em si, pode-se afirmar que eles agiram inescrupulosamente ao utilizarem todos os meios possíveis para evitar o conhecimento da verdade, chegando ao extremo de promoverem um inquérito espúrio, cujas conclus6es, pelo seu absurdo, foram veementemente contestadas pelo ministro do Superior Tribunal Militar, Almirante Júlio de Sá Bierrenbach. E nessa trama de obscurecimento dos fatos compactuaram muitos, talvez partindo do princípio que preservar o DOI-CODI e a comunidade de informações era mais importante do que a divulgação da verdade.

Mas, importante para quem? Certamente não para a Nação e sim para eles próprios. Porém de tal forma se confundiram que acabaram por se expor.

Andréia Neves, estudante de História, havia sido minha colega de sala no básico (como

era conhecido o primeiro ano da graduação). Simpatizante do movimento estudantil, estava

namorando Serginho, ligado à Refazendo, militante do CA da Economia.

Naquele primeiro de maio, o CEBRADE, Centro Brasil Democrático, uma organização

impulsionada pelo PCB, estava promovendo uma manifestação diferente: Com a conquista da

anistia, a volta dos exilados, a semi legalidade dos partidos de esquerda e as grandes

manifestações de repúdio à ditadura e o terrorismo, havia decidido realizar um ato com um

caráter comemorativo.

Na noite do dia 30 de abril de 1981, rompendo a madrugada do 1º de maio, um grande

show com diversos artistas, para um público de vinte mil de pessoas foi realizado no

Riocentro.

Como soubemos nos dias seguintes, Serginho e Andréia estacionavam seu carro,

quando, na vaga ao lado, um Puma explodiu. Um homem estava morto no veículo, o sargento

Guilherme Pereira do Rosário, como divulgado depois. O capitão Wilson Luis Chaves

Machado, atordoado, tentava sair do veículo ao mesmo tempo em que segurava as suas

vísceras. Andréia e Serginho o ajudaram a sair, o levaram para o hospital e avisaram a

imprensa. Descobre-se que uma bomba havia explodido na casa de força do Riocentro e que

outras, inclusive duas, no Puma, não haviam explodido.

Ambos os militares eram lotados no DOI-CODI do Rio de Janeiro.

A notícia caiu realmente como uma bomba, mas sobre a ditadura. O general Golbery,

ministro-chefe da Casa Civil de Figueiredo e considerado artífice da distensão do regime, é

afastado do cargo. Para o seu lugar retorna Leitão de Abreu, tido como alinhado à linha dura.

1.10 – Eleições de 82

A abertura, todavia, acelera-se. É enviada, em regime de urgência, ao Congresso, uma

nova lei de reforma política: as eleições para o senado voltam a ser diretas, embora

mantenham-se nos cargos, até o fim de seus mandatos, os senadores biônicos indicados na

legislatura anterior e são restabelecidas as eleições diretas para governadores. Como havia

sido determinado no final do período Geisel a prorrogação do mandato de vereadores e

prefeitos, as eleições de 1982 seriam coincidentes para quase todos os cargos. As exceções

eram as eleições para prefeitos das capitais e municípios considerados de segurança nacional

e as eleições presidenciais, estas estabelecidas para 15 de janeiro de 1985, que permaneciam

indiretas.

Em 82 o PT participou pela primeira vez do processo eleitoral. O Programa Eleitoral

com que o partido disputou a eleição foi definido II Encontro Nacional. Fui eleito relator final

do programa em disputa com Chico Oliveira84. O partido era de tal forma radical e

democrático que um estudante revolucionário pode disputar e vencer a relatoria, diante de um

dos intelectuais mais reconhecidos que tínhamos.

Cinco partidos, Partido Democrático Social (PDS), Partido do Movimento Democrático

Brasileiro (PMDB), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Democrático Trabalhista

(PDT) e Partido dos Trabalhadores disputaram eleições para vereadores, deputados estaduais,

governadores, deputados federais e um terço do Senado.

O PMDB elegeu 8 e o PDT 2 governadores, dentre os estados mais importantes da

federação.

Em sua primeira participação eleitoral o PT elegeu oito deputados na Câmara Federal,

sendo seis por São Paulo, um pelo Rio de Janeiro e um por Minas Gerais. Nos estados, o PT

elegeu nove deputados estaduais em São Paulo, dois no Rio de Janeiro e um em Minas

Gerais. Também elegeu 117 vereadores no País, dos quais 78 eram paulistas, e duas

84 Sociólogo e Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira, mais conhecido como Chico de Oliveira trabalhou na Sudene ao lado de Celso Furtado, participou do Cebrap, assistiu ativamente à ascensão do PT no cenário nacional e ajudou a fundar o PSOL. Chico de Oliveira nasceu em Recife no dia 7 de novembro de 1933, ingressou na então Universidade do Recife, hoje Universidade Federal de Pernambuco, em 1953. Nesse ano, Oliveira se filiou ao Partido Socialista. Em 1957, fez um curso na Comissão Econômica para a América Latina (Cepal). Em 1959, Oliveira ingressou na Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Lá trabalhou até 1964 ao lado do economista Celso Furtado. Após o golpe, passou 60 dias preso. No ano seguinte, o professor tornou-se assessor da Organização das Nações Unidas na Guatemala. Em 1966, mudou-se para o México para lecionar no Centro de Estudos Monetários Latino Americanos. Oliveira voltou para o Brasil e começou a trabalhar com planejamento privado no ano em que o Ato Institucional número 5 (AI-5) foi implementado. Convidado a trabalhar no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) na década de 70, se dedicou a dirigir a Revista Novos Estudos. Em 1974, todos os funcionários do Cebrap foram chamados a depor na Operação Bandeirantes. “Fomos obrigados a colocar capuz e fazer declarações de que éramos bons moços”, ironiza. Meses depois, foi a vez do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops) enquadrar Oliveira. “ Identificaram-me como membro de um grupo sei lá qual, e me prenderam”, narra. “Aí torturaram para valer. Passei pelo pau-de-arara, fios ligados nos dedos, cadeira do dragão. Quando você tem 40 anos ainda dá para agüentar.” A partir da década de 80, Oliveira e outros pesquisadores do Cebrap começaram a se aproximar do movimento sindical da região do ABC e São Bernardo do Campo. Em 10 de fevereiro de 1980, o sociólogo assinou com outras 2 mil pessoas o manifesto de fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1988 foi convidado a ingressar na pós-graduação da Universidade de São Paulo. Terminou o doutorado e prestou o concurso para professor titular da USP em 1992. Sete anos depois, se aposentou, mas continuou dando aulas na pós-graduação. Em 28 de agosto de 2009, recebeu o título de Professor Emérito da Universidade. Após sair do PT, o professor contribuiu para a fundação do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em 2004. Site USP. revista Espaço Aberto. Talita Abrantes

prefeituras, as de Diadema (São Paulo) e de Santa Quitéria (Maranhão). Mas o prefeito deste

pequeno município maranhense logo se bandeou para o PDS.

1.11 - Fundação da CUT

O período de fundação do PT coincidiu internacionalmente com a vitória da guerrilha

na Nicarágua e o surgimento do sindicato Solidariedade na Polônia.

Eram comuns nas passeatas da época as palavras de ordem: “Brasil/Polônia/ América

Central/a classe operária/é internacional”.

Diferenças à parte, era um momento de mudança de ciclo e de paradigmas nestes e em

vários países.

A crise do regime militar no Brasil tinha várias dimensões; dentre elas também a do

esgotamento da estrutura sindical herdada da era Vargas, e que havia servido a todos os

regimes desde então. Esta havia se tornado estreita para os novos marcos em que se colocava

o movimento sindical.

O impulso dado à organização independente da classe trabalhadora pela formação do

PT apontava para a completa ruptura com a vinculação do movimento sindical à estrutura

corporativa dos sindicatos existentes. O exemplo do sindicato nacional polonês baseado na

filiação individual contrapunha-se à cultura existente, de um sindicalismo voltado para

organizar as reivindicações específicas de cada categoria.

Na contramão deste sindicalismo, começaram a ser articulados por alguns dos setores

que deram origem ao PT os Encontros Nacionais de Trabalhadores em Oposição à Estrutura

Sindical (ENTOES).

Ao lado de militantes organizados principalmente pelas comunidades eclesiais de base e

setores independentes da sociedade como sindicalistas, associações de moradores, clubes de

mães, movimentos contra a carestia, de luta pela terra, pela moradia etc, os ENTOES,

realizados em 1981 e 1982, no Centro de Formação de Líderes de Moquetá (entidade

pertencente à diocese de Nova Iguaçu) deram origem à ANAMPOS (Articulação Nacional

dos Movimentos Populares e Sindicais), que poderia ter-se desenvolvido como uma central de

todos estes movimentos.

No entanto, a prática sindical tinha sua própria dinâmica e ritmo.

Havia na legislação, na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) além das Federações

e Confederações a hipótese de convocação dos Encontros Nacionais das Classes

Trabalhadoras (ENCLAT) e Congresso Nacional das Classes Trabalhadoras (CONCLAT),

encontros e congresso convocados pelos sindicatos, federações e confederações.

Os setores ligados ao PT rapidamente estavam ganhando a direção de vários dos

principais sindicatos.

PCB, MR-8 e PC do B aliados a pelegos mantinham, contudo, influência em muitos

sindicatos, a começar do maior sindicato em base numérica, o dos metalúrgicos da capital de

São Paulo. A idéia da unidade, em princípio, é uma idéia muito forte.

Tentou-se um processo unitário, através de ENCLATs e CONCLAT.

Com isso a ANAMPOS explodiu e sua parte mais ligada aos movimentos de sem terra

deu origem ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pouco mais de um

ano depois.

O setor sindical do petismo participou do processo que levou ao CONCLAT de Praia

Grande, em fevereiro de 83, presidido por Joaquinzão85, que culminou com o racha dos

setores combativos. Assim, em agosto de 83 foi realizado o Congresso de fundação da

Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Bernardo do Campo, no qual fui delegado

pela Associação Profissional dos Sociólogos do RJ.

Frei Betto aborda este mesmo processo apoiado em alguns outros dados:

Em 1978, Fernando Henrique Cardoso convidou-me para uma conversa em São Paulo. Presentes também Plínio de Arruda Sampaio e Almino Afonso.

Estavam convencidos de que a ditadura chegara a seus estertores. Em breve, a abertura política propiciaria o surgimento de novos partidos. No bolso do colete, eles traziam do exílio o projeto de fundação de um partido socialista. Tinham a fôrma, e cobiçavam as CEBs como recheio...

Em dois encontros e muita discussão, enfatizei que as CEBs não se prestariam a servir de massa de manobra a intelectuais iluminados. Nem se converteriam, como supunha FHC, num novo PCB: o Partido das Comunidades de Base. O prognóstico das CEBs, que mais tarde obteve a concordância de Plínio de Arruda Sampaio, era de que, do movimento social irrompido nos anos 70 (luta contra a carestia, oposições sindicais etc.), brotaria um partido de baixo para cima, e não de fora para dentro do país.

Relatei isso a Lula no almoço em João Monlevade. Ele havia participado da campanha de FHC ao Senado e, desde então, se perguntava por que trabalhador não elegia trabalhador. Seis meses antes, num congresso sindical em Salvador, ele sugerira a criação de um partido dos trabalhadores. Idéia que lhe veio à cabeça no

85 Sindicalista de grande atividade na década de 70, foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a maior e mais rica entidade no gênero da América Latina. Encarnou uma época áurea do sindicalismo e tornou-se o símbolo do peleguismo nos tempos do regime militar. Conseguiu seu primeiro emprego como metalúrgico nas Indústrias Matarazzo e fez carreira na Arno, de eletrodomésticos. Nomeado interventor no Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos em 1964, elegeu-se um ano depois presidente do sindicato em São Paulo. Reelegeu-se para quatro mandatos consecutivos até 1978, quando a abertura política encorajou antigos militantes a disputar a direção da entidade. Ao aliar-se ao PCB, conseguiu permanecer no cargo até 1987, quando foi substituído por Luiz Antonio de Medeiros. Joaquim dos Santos Andrade era boêmio, gostava de freqüentar gafieiras, usava brilhantina, sapatos brancos, anel de topázio e um bigodão enorme. Joaquinzão faleceu aos 70 anos, em 5 de fevereiro de 1997. Site Memorial da fama

mesmo dia em que Marisa dava à luz ao filho Sandro, 15 de julho de 1979. A proposta do PT, criado oficialmente no mês seguinte ao nosso encontro, afinava-se com as expectativas das CEBs. Nutridas pela Teologia da Libertação, que sistematizava os princípios norteadores da relação fé e política, elas não se deixaram absorver pelos núcleos do PT. Nem o PT cedeu à tentação de repetir o erro cometido em países socialistas, cujos partidos comunistas fizeram de sindicatos e movimentos sociais meras correias de transmissão de seus objetivos políticos.

Lula era avesso a quem tentasse fazer-lhe a cabeça. Malgrado sua atuação na campanha de FHC, mantinha distância da esquerda organizada e dos políticos profissionais, à exceção de alguns poucos, como o senador Teotônio Vilela, que o apoiou nas greves.

A formação religiosa de Lula facilitou sua aproximação com a Pastoral Operária, integrada também por metalúrgicos que se destacavam na atividade sindical. Devoto de Jesus e de São Francisco de Assis, Lula gosta de orar, tem por hábito fazer o sinal da cruz antes das refeições, e nunca falta à Missa do Trabalhador, celebrada todo 1º de Maio na igreja matriz de São Bernardo do Campo. No entanto, preserva a sua fé com a mesma discrição com que protege a família do assédio da mídia. Do nosso encontro em João Monlevade nasceu a ANAMPOS (Articulação Nacional dos Movimentos Populares e Sindicais), destinada a congregar, em caráter suprapartidário e supraconfessional, militantes e entidades identificados com as aspirações libertárias expressas na prática pastoral das CEBs e na Carta de Princípios do PT.

Terminada a cerimônia de posse, rumamos para Belo Horizonte, onde chegamos tarde. Na falta de vôos para São Paulo, fomos dormir em casa de meus pais. Não havia cama para todos. No tapete da sala de jantar dormiram, lado a lado, Lula, Olívio Dutra, Henos Amorina, Joaquim Arnaldo e outros dirigentes sindicais. A ANAMPOS gerou a CUT, em agosto de 1983, após o racha no congresso. sindical da Praia Grande (SP), em fevereiro daquele ano. 10 anos depois, a ANAMPOS desapareceu para dar lugar ao surgimento da CMP (Central de Movimentos Populares).

1.12 - O movimento das diretas e o governo Sarney

O PT e um setor do prestismo, o Coletivo Gregório Bezerra, que participava do PDT,

iniciaram ainda em 83 as primeiras articulações visando a organização de uma campanha

pelas eleições diretas para presidente. Já no Congresso de Fundação da CUT, em que ambos

os setores participaram, começou-se a discutir o tema.

A aspiração popular por eleições diretas para presidente era uma das formas que tomava

o sentimento de oposição contra a ditadura, que afinal, havia tirado do eleitor este direito.

Pelo fato das eleições proporcionais serem feitas de forma dividida entre os estados,

ainda com a distorção produzida pelas normas eleitorais da ditadura, temos que as eleições

diretas para presidente eram “politicamente corretas”. Desde que garantida liberdade

partidária, tempo igual de televisão, financiamento público, as eleições presidenciais diretas

poderiam ser uma base para discutir um projeto nacional para o país.

Dante de Oliveira, um deputado do MDB de Mato Grosso, que havia sido próximo ao

MR-8 quando estudante de engenharia no Rio, havia apresentado em 02/03/83 um projeto de

emenda constitucional promovendo eleições diretas para 15 de janeiro de 1985. Decidimos

apoiá-la.

A partir do Congresso da CUT, porém sem relação direta com ela, na medida em que

participavam diversos setores dos movimentos sociais, começaram a ser articulados Comitês

pelas Diretas-já.

Participavam partidos, sindicatos e associações profissionais, associações de moradores,

CUT, federações, jornais alternativos, parlamentares, organizações estudantis.

No Rio, nos reunimos algumas vezes na Assembléia Legislativa, com o objetivo de

constituir o Comitê Estadual de Defesa das Eleições Diretas. Participei representando o jornal

Em Tempo.

Em São Paulo, o comitê local realizou um primeiro Ato-público no Pacaembu, com

cerca de 15 mil pessoas, em 27/11/1983, sem qualquer apoio do governo ou da prefeitura.

A campanha teria que vencer as reservas dos governadores, mesmo oposicionistas,

principalmente dos estados mais determinantes na política nacional. Os mandatos destes

governantes estariam pela metade em janeiro de 1985. Chegou-se mesmo a falar em

prorrogação do mandato de Figueiredo por dois anos.

O Rio formalizou seu Comitê em 08/12/1983. Em janeiro realizamos dois Atos: uma

caminhada com artistas em Ipanema dia 14 e uma atividade de lançamento da campanha na

sede da Associação Brasileira de Imprensa, dia 18/01/84.

Após diversos atos no país, realizamos uma primeira grande manifestação, com mais de

50.000 pessoas em passeata entre a Candelária e a Cinelândia em 16/02, seguida de nova

passeata em Ipanema dois dias depois.

Em meio a uma sucessão de enormes manifestações que se sucedem em todo o país,

embora boicotada por parte da grande imprensa, constituímos um Comitê que para ter maior

sustentação institucional passou a ser presidido por Augusto Villas-Boas, conselheiro da ABI

com trânsito junto à esquerda e o governador, em 09/03/84. O Comitê pró Diretas RJ, passou

a organizar a continuidade da campanha no Rio com um novo ato público no dia 21/03/84.

Embora colocássemos mais de 300 mil pessoas na Avenida Rio Branco neste dia,

ocupando completamente a extensão entre a Candelária e a Cinelândia, nenhum dos

governadores compareceu.

A campanha em todo o país não arrefecia. Com a data definida para a votação da

emenda no dia 25/041984 (quem sabe uma ironia ou alguma alusão à Revolução dos Cravos),

marcamos novo Ato para o Rio no Dia 10/04/84 e São Paulo o seu para o dia 16. Em um

rasgo de ousadia, São Paulo marcou o para o Vale do Anhangabaú e o Rio para a Candelária,

no sentido da Avenida Presidente Vargas. Ou seja, precisaríamos de cerca de um milhão de

pessoas em cada um dos atos para que “saíssemos bem na foto” (por mais que as principais

empresas de comunicação não nos fotografassem, quase).

Em qualquer manifestação pública há uma preocupação com a segurança. Na ditadura,

mesmo em seu epílogo, a hipótese de um confronto, alguma provocação não deve ser

descartada.

Algumas vezes ajudei a organizar “comissões de segurança” para garantir a realização

de algumas atividades e a incolumidade de alguém.

No comício das diretas do Rio, apesar da presença do governador e do apoio da PM e

dos seguranças dos demais governadores e autoridades, organizamos nossa própria comissão

de segurança. Sem armas e sem qualquer instrumento de comunicação, cerca de 150

companheiros de sindicatos e partidos, recebemos umas fitas azuis que usaríamos no braço

para que nos identificássemos.

Antes do meio dia, de uma manifestação prevista para o fim da tarde, já dava para notar

a completa inutilidade daquilo. Literalmente sumimos no meio da multidão que garantiu ela

própria sua segurança.

Mais de um milhão de pessoas no Rio, mais de um milhão em São Paulo, mais de cinco

milhões em atos em todo o país, na maior campanha unitária de nossa história. Apesar disso a

emenda não obteve a votação necessária no congresso.

A frustração em todo o país era evidente.

Após a campanha das diretas, a continuidade da ditadura ficou insustentável.

O repúdio popular à derrota da proposta de emenda constitucional, apresentada pelo

deputado peemedebista Dante de Oliveira, revelava o descompasso entre a sociedade e o

estado.

A operação política do desembarque da ditadura buscou cambiar a percepção popular

das representações sociais em torno da ditadura e das figuras públicas mais representativas do

regime.

Houve marchas e contramarchas no processo.

A reorganização partidária realizada dois anos antes havia produzido um quadro que,

em certa medida, havia fugido ao controle dos setores dominantes. A mobilização pela

conquista de uma série de liberdades democráticas como o direito de manifestação e

expressão, a anistia, o direito de greve, culminando com as manifestações pelas diretas

precipitaram o fim do regime militar. A elite, no entanto, organizou por cima uma transição.

Diante de uma oposição que vinha sendo liderada nas ruas por um partido formado da união

de diversas correntes distintas da esquerda, minoritário na sociedade e no movimento

sindical, com exceção de São Bernardo e Diadema, mas que crescia e começava a articular de

forma autônoma o proletariado, setores médios e populares, buscou legitimar-se operando

dentro do quadro institucional

O quadro produzido pelas eleições de 82, com a vitória do PDT no RS e no RJ, e as

vitórias do PMDB, particularmente em São Paulo, Pernambuco e Minas Gerais (onde o setor

de Tancredo Neves, assim como os chaguistas no Rio, havia retornado do PP e ocupado o

controle da legenda), embutiram novos condicionantes ao processo político.

Com a campanha das diretas, a derrota da emenda das diretas no Congresso e a

tentativa, dirigida pelos setores dissidentes do bloco hegemônico, de transformar as

mobilizações democráticas em respaldo à apresentação de uma chapa alternativa no Colégio

Eleitoral – à exceção do PT - operaram-se novas transformações no quadro partidário.

Os governadores, Tancredo Neves à frente, articulam-se com uma dissidência do PDS

que procura se dissociar da ditadura terminal. Maluf, por outro lado, assegura-se do controle

sobre o partido.

Apesar da abstenção definida pelo PT, que não aceita legitimar o colégio eleitoral, três

de seus parlamentares votam em Tancredo e são expulsos da legenda: Ayrton Soares, Beth

Mendes de São Paulo e José Eudes, do RJ. Coube a esse uma nota incômoda. Pediu uma

declaração de voto, para declarar que votava em Tancredo, mas que repudiava o voto em

Sarney e que, se pudesse votaria no primeiro e anularia o voto em Sarney. Como Tancredo

morreu antes da posse e ele foi expulso do PT, virou uma espécie de zumbi político até o fim

de seu mandato e não mais se reelegeu.

Os meios de comunicação que haviam se afastado completamente da opinião pública

durante a campanha das diretas, tentaram recuperar-se através de um apoio maciço a

Tancredo na sucessão. Buscava-se restabelecer através dele uma legitimidade institucional.

Sarney não era garantia para tal, por seus compromissos anteriores, de quadro

importante no esquema da ditadura.

A doença e o calvário de Tancredo foram explorados no limite na mídia, de forma a

comover e galvanizar o apoio popular à transição, que agora era encarnada em Sarney.

A transição prosseguiu na solução negociada de reunir a Câmara e o Senado e fazer um

congresso constituinte como saída para evitar uma ruptura institucional.

Esta transição, como tantas na história brasileira, foi operada pelas classes dominantes

de forma a não permitir a perda de controle de seu ritmo e resultado.

Mesmo após a eleição indireta de Tancredo/Sarney e a posse deste último o quadro

partidário continuava em mudança.

O PT se consolidava com um partido de classe de corte anti-hegemônico. Os partidos

ditos comunistas, embora formalmente ilegais, atuavam abertamente. Em alguns estados,

como no Rio de Janeiro, PCB, PC do B e MR-8, aliados a setores independentes próximos à

social-democracia, como o do senador Saturnino Braga chegaram, quando da ida dos setores

mais conservadores do antigo MDB para o PP, a dividir a condução hegemônica do PMDB.

Com o retorno da maior parte dos chaguistas ao PMDB, voltavam à condição de

coadjuvantes. Saturnino, que seria candidato a governador em 82 e foi preterido em favor de

Miro Teixeira, aliou-se a Brizola e reelegeu-se senador pelo PDT, naquela eleição. A nova

dissidência de apoiadores do regime militar, batizada PFL, articulada para apoiar

Tancredo/Sarney no Colégio Eleitoral ganhava musculatura nos estados com o apoio de

Sarney, que embora filiado ao PMDB por exigência da legislação eleitoral à época do Colégio

Eleitoral, mantinha notável influência naquele partido.

Um dos fatos cruciais neste momento político foi a operação em torno das eleições

municipais de 1985. Primeiras eleições diretas nas capitais e municípios considerados de

segurança nacional desde o AI-2 era um passo decisivo para determinar o rumo institucional

da transição.

O retorno da maioria do PP (incluindo o setor chaguista do Rio) ao PMDB ampliou o

controle conservador da legenda, com incidência direta sobre os rumos e prazos da transição.

Esta mudança teve também conseqüências diretas sobre as primeiras eleições diretas

para a prefeitura da história da cidade do Rio de Janeiro.

Havia na cidade à época um poderoso movimento autônomo em relação a partidos e à

máquina de estado, a FAMERJ – Federação das Associações de Moradores da Cidade do Rio

de Janeiro.

Seu principal dirigente, Jó Resende, um ex-militante da Ação Popular, não era filiado a

nenhum partido, mas era identificado politicamente com a esquerda social da cidade. Sua

filiação ao PT e o lançamento de sua candidatura a prefeito começou a ser articulada por um

largo espectro do partido, em um movimento que ampliaria significativamente a base social

da legenda.

Leonel Brizola, eleito governador três anos antes, com o apoio de Prestes, pressionava

Saturnino Braga, então senador pelo PDT, a se candidatar. Diante de sua resistência, chegou a

aventar a hipótese de sua renúncia ao governo do estado para disputar a prefeitura do Rio, tal

a importância que atribuía ao pleito. Diante da pressão, Saturnino admitiu assumir a

candidatura.

Havia então um quadro em que as duas principais candidaturas postas à prefeitura da

cidade eram identificadas com a esquerda.

Com o fim das restrições, na prática, à formação de partidos, o quadro partidário

institucional, que já vinha se esgarçando desde a posse de Sarney, foi totalmente rearrumado.

O PP havia retornado ao PMDB, que quase certamente indicaria Miro Teixeira.

Brizola então propôs a vaga de candidato a prefeito para Saturnino e a de vice a Jó

Resende pelo PDT.

Miro, antevendo a derrota, levou o PMDB a apoiar Marcelo Cerqueira pelo PCB. A

direita dividiu-se entre vários candidatos: Medina (PFL/PS), Álvaro Valle (PL), Wilson Leite

Passos (PDS), Carlos Imperial (PTN), Aarão Steimbruch (PASART), Paiva Ribeiro (PRP),

Sérgio Bernardes (PMN) e Fernando Carvalho PTB.

O PT ficou isolado e marcou posição com a candidatura do mecânico de refrigeração

Wilson Farias, ligado a comunidades eclesiais de base.

Os serviços de informação acompanharam de dentro toda esta movimentação.

O Brasil já vinha flertando com a hiperinflação desde meados do governo Figueiredo,

dentro do quadro mais geral de crise que se abateu sobre as economias que está na origem da

onda neoliberal.

No entanto, diante de uma oposição popular em rápido crescimento e enraizamento,

com a CUT ampliando os seus espaços e se tornando hegemônica no movimento sindical, o

aparecimento do MST como força política, colocando a reforma agrária na agenda nacional, o

fortalecimento organizativo e eleitoral do PT e sucessivas greves e mobilizações populares, o

governo Sarney não tinha condições políticas de implementar o receituário neoclássico que

vinha sendo aplicado em diversos países: A adoção de medidas visando o enxugamento da

base monetária que teriam no imediato um conteúdo recessivo. Frente à ameaça de perda do

controle do processo político, foi formulado em fevereiro de 86 o Plano Cruzado, o primeiro

dos vários choques heterodoxos, que buscaram estabilizar a economia a partir da restrição do

balanço de pagamentos.

O amplo respaldo popular ao crescimento da massa salarial e à contenção da inflação,

que permitiram ampla vitória eleitoral do governo nas eleições para o congresso constituinte -

momento crucial para a transição – e em 22 dos 23 governos estaduais (inclusive no Rio, com

Moreira Franco), ia, porém, na contramão do estrangulamento dos créditos externos.

A continuidade de uma política de distribuição de renda dependeria do controle das

fontes de financiamento internas e externas. Sem poder romper internamente com os setores

dominantes (sua própria classe de origem e de quem era representante e beneficiário) e

permanecendo submetido ao financiamento da dívida externa, produziu, após a eleição,

seguidos planos de ajuste até entrar em moratória técnica (em fevereiro de 2007) por três

meses, a que se seguiram os Planos Bresser e Feijão com Arroz (de Maílson da Nóbrega), na

prática dirigidos em comum acordo com a missão do FMI.

As correntes trotskistas tinham tido um papel fundamental na construção do PT e da

CUT. A corrente majoritária do partido foi vertebrada por militantes oriundos da dissolução

de uma fração da organização lambertista, a OSI. As oposições mais sectárias a esta direção,

nesta época no PT, eram a Causa Operária, da Tendência Quarta Internacionalista (pequeno

agrupamento internacional de grupos que se reivindicam trotskistas) e a corrente morenista

Convergência Socialista. O setor mais forte da chamada esquerda partidária era a Democracia

Socialista, ligada ao Secretariado Unificado da Quarta Internacional.

A situação no país talvez rumasse para uma crise revolucionária, não fosse a

expectativa com o resultado do congresso constituinte e, principalmente, com a conquista de

eleições diretas

Mediante farta distribuição de favores entre os congressistas, com destaque para

concessões de rádio FM, postos de loteria esportiva, franquias de correio, concessões para

postos de combustíveis, provimento de cargos públicos, liberação de verbas para emendas

parlamentares, obras públicas dirigidas de acordo com os interesses dos postulantes e apoio

para o recebimento de fundos de campanha, Sarney conseguiu que o congresso constituinte

não estabelecesse em quatro anos (como estava acordado na chamada Frente Democrática

que apoiou a chapa que integrou com Tancredo, no Colégio Eleitoral) seu mandato e sim em

cinco.

1.13 - A formação e atuação dos aparelhos de repressão.

Estruturados como uma “repartição de agentes secretos”, com ligação com um

submundo de ações paramilitares, seqüestros, prisões, torturas, assassinatos e

desaparecimentos, precisavam manter o regime e a transição conservadora para manterem-se

incólumes, imunes a ações legais. Procuravam manter também suas fontes de renda, além

talvez de uma adesão ideológica e quiçá psicológica à ação repressiva e ao apoio às classes

dominantes.

Para os órgãos de informação, além da óbvia função repressiva, a construção de

representações sobre a oposição popular era a razão determinante para sua existência.

Os atores sociais participantes da comunidade de informações são mantidos incógnitos.

Portanto, dentro da perspectiva metodológica que adoto, o material examinado nos dossiês é

tomado como o ponto de vista comum, institucional, do grupo social que produziu as

representações.

O lócus institucional a partir do qual se estabeleceu a formação e a circulação dos

conteúdos destas representações é o Serviço Nacional de Informações, espaço de coordenação

dos diversos órgãos de espionagem da ditadura, a partir de informações obtidas entre 1977 e

1990.

Como pôde ser observado durante a ditadura militar no Brasil e no período de transição

que a ela se seguiu, os aparelhos de repressão política funcionam em sintonia com

instrumentos de legitimação do poder político na produção de consensos.

Sua atuação não se limita ao monopólio da prerrogativa do uso da força. Além das

diversas práticas coercitivas legais e para-legais como inquéritos, processos e prisões, e

também seqüestros, torturas, assassinatos e desaparecimentos, o uso da provocação, da

espionagem, e de fatores mais subjetivos como a intimidação (que gera comportamentos sub-

reptícios de auto-censura do que é percebido como potencialmente perigoso ao establishment

e, portanto, passível de ser reprimido), os aparelhos repressivos buscam ser fonte de

memórias históricas documentais, que retroalimentam a justificativa de sua atuação, na lógica

da permanência da dominação do grupo social específico que representavam sobre os demais

na ordem social estabelecida.

Os arquivos da ditadura visitados nos permitem entrever seu conteúdo valorativo e

aspectos de seu objetivo estratégico de serem instrumentos de afirmação do que era a

concepção dominante, imposta ao conjunto da sociedade.

O objetivo dos arquivos dos órgãos de repressão política não era o de se afirmar como

fonte documental de consulta para historiadores e pesquisadores, até pelo caráter sigiloso que

tinham e seguem tendo seus documentos. Extraídos de formas escusas por seus prepostos e

acobertando seu próprio comportamento criminoso, a comunidade de informações nunca

pretendeu franquear o acesso aos documentos que produziu. Seu interesse não era (é) o da

preservação da informação e sim, além do propósito da ação repressiva imediata à oposição, o

da construção da memória do período pautando as ações políticas do grupo dominante.

Em meados dos anos 70, a Operação Bandeirantes era sucedida pelos DOI-CODI e pelo

PIC (Pelotão de Investigações Criminais) do Exército, em Brasília.

Os centros de informação do Exército (CIEX), Marinha (Cenimar) e Aeronáutica (Cisa)

são reformulados e passam a atuar integrados com as outras estruturas de repressão.

Uma rede de informantes, delatores e provocadores que se havia disseminado em várias

esferas da administração pública, autarquias e estatais em divisões de informação passavam a

atuar coordenadas no SNI. Se articulavam também com o comando das Forças Armadas, com

as Delegacias de Ordem Política e Social, a Polícia Federal, agentes infiltrados nos

movimentos sociais e torturadores e assassinos. E havia também seus apoiadores na mídia e

na política, associados á hierarquia militar e às classes dominantes como bloco hegemônico.

Nenhum regime político surge de forma fortuita. É gerado em função de uma correlação

de forças determinada e em função da garantia de interesses específicos impostos pelas

necessidades do bloco histórico hegemônico.

Como parte do processo de dominação, as classes dominantes possuem um poderoso

instinto de auto-preservação, observável na condução que dão ao enfrentamento das

dissensões quanto à sustentação do Estado, que vão da repressão à adaptação, cooptação e

síntese em relação à dissidência. Freqüentemente ocorre na história que, para preservarem o

caráter do Estado, as classes dominantes apoiaram mudanças no governo ou, indo mais fundo,

operaram a transição do regime. Por exemplo, no Brasil, sem que houvesse grandes alterações

no Estado, operou-se a transição da ditadura militar para o atual regime, onde já se

sucederam, com apoios diversos entre as classes dominantes, vários governos.

O Estado deve ser compreendido como um consenso produzido na formação de um

senso comum, obtido pela interação de inúmeros fatores que perpassam de cima abaixo a

sociedade. Do monopólio da coerção à superestrutura política jurídico-institucional, destas até

a ordem familiar, percorrendo as diversas formas de interação social, dando suporte à ordem

econômica e à divisão das classes sociais, os mecanismos de acesso ao mercado de trabalho, a

educação, atividades artísticas, culturais, esportivas, de lazer, relações de moradia, de

religiosidade etc, replicadas permanentemente na mídia.

Esta ordem estabelecida apóia-se na tradição e em uma memória histórico-documental

organizada. Inscreve-se nos códigos legais, nas carteiras de trabalho, nos contratos civis, nos

documentos oficiais, no que tem a chancela do estado, da sociedade civil e nos usos e

costumes. Impõe-se como hegemonia política, mas também nas esferas ética, moral, estética,

artística, cultural etc. Busca desta forma organizar e legitimar um determinado

comportamento social mantenedor das estruturas que o geraram. Da mesma forma procura

manter as representações hegemônicas que determinaram este comportamento.

Quando ocorrem mudanças na correlação de forças na sociedade, estas implicam em

uma série de alterações na periferia dos núcleos centrais das representações sociais do Estado.

Dependendo de seu volume e qualidade, estas mudanças na periferia das representações

podem determinar que estes núcleos centrais não possam se manter estáveis. Nestes casos os

setores hegemônicos passam a buscar processos de transição controlada nestes núcleos de

representação social mais significativos para o controle social, como os que concernem à

organização do Estado. A alternativa é que esta elite seja desalojada pelos setores contra

hegemônicos e termos uma completa substituição na sociedade dos núcleos das

representações sociais do Estado.

Assim, a dimensão de atitude (dimensão avaliativa das representações), e, no caso da

disputa ideológica pela hegemonia na sociedade, a análise da conjuntura e a ação política dela

decorrente pelos grupos sociais são determinantes nos processos mnemônicos.

A estratégia de construção da hegemonia utiliza memórias históricas elaboradas a partir

de representações onde o controle do que é lembrado pela sociedade condiciona largamente

sua hierarquia.

No caso concreto das representações sociais da ditadura e da transição os aportes

permitidos pelo processo histórico, ao forçarem mudanças institucionais, implicaram em que

o conteúdo do pensamento social sobre o período tenha como principais referências às

memórias comuns articuladas às memórias pessoais dos opositores do regime militar.

Os mecanismos de formação da opinião são usados para o controle do poder político

pelos diversos meios de interação social, em parte de forma científica, em parte de maneira

intuitiva, através dos anos pelas elites sociais. O domínio das memórias institucionais, que

integram as memórias-hábito de Bergson (1999), onde o passado, no plano da representação,

impõe-se ao presente, fundado em práticas performativas que buscam sua permanência, é um

dos instrumentos privilegiados de formação do senso comum.

As ações sociais provocam em cada grupo social, por determinação de seus sujeitos, o

surgimento de memórias históricas orais. Nelas são refletidas as circunstâncias em que foram

construídas e seu processo de elaboração. É uma memória da história, estabelecida em cada

grupo social específico, onde ao grupo social hegemônico cabe a condição de memória

nacional e, aos demais, o de memórias comunitárias, étnicas etc.

Estabelecer-se como memória nacional, ser a versão dos fatos e da história aceita

majoritariamente na sociedade, sustentada e difundida no senso comum, é uma condição para

o exercício da hegemonia.

Ocorre, portanto, entre as memórias públicas e as memórias de massa, quando surge e

se aprofunda uma dissensão entre largas parcelas da sociedade e o estado, uma disputa pela

hegemonia, que se verifica na relação com as memórias práticas e nas versões em torno das

memórias históricas orais, percebidas como memória nacional.

Estas memórias de massa constróem-se a partir de depoimentos individuais que

oferecem visões distintas das versões dos fatos emanadas pela mídia, que podem ganhar

fidedignidade na opinião pública conferindo autoridade a seus propagadores e constituindo-se

em fonte alternativa de informação. As opiniões veiculadas pelas elites através do aparelho de

estado e repercutidas pela mídia oficial e oficiosa que visam manter o controle dos aparelhos

ideológicos e, no limite, manter o controle de eventuais transições podem, na disputa

ideológica no interior da sociedade, perder a hegemonia na construção das representações.

Nesta situação se precipitam mudanças sociais.

Evidenciar seu conteúdo é uma tarefa que nos remete imperativamente à psicologia

social.

CAPITULO II - REPRESENTAÇÕES E MEMÓRIAS SOCIAIS: PRESSUPOSTOS

TEÓRICOS PARA UM ESTUDO EMPÍRICO EM MEMÓRIA PESSOAL.

A principal finalidade desta dissertação foi identificar as representações e memórias

sociais da esquerda, ante os processos de investigação utilizados pelos órgãos de repressão

política do Estado Brasileiro no último período do regime militar e no inicio do governo de

transição.

A memória deste período no Brasil vem sendo redimensionada por diversos

protagonistas dos processos políticos: livros, filmes, reportagens, pesquisas, construídos a

partir de depoimentos pessoais, têm buscado trazer à tona aspectos da realidade deste

momento da vida nacional.

Sua relevância se estabelece na análise deste período crítico da história brasileira,

utilizando-se dos pressupostos teóricos da psicologia social dinâmica, assim expressados

pelos autores correlacionados ao campo teórico inaugurado por Moscovici (1978) e pelo texto

de Sá (2005), relacionando as concepções de Halbwachs (2004) a estes paradigmas da

psicologia social.

A articulação entre estes campos é nova e vem sendo desenvolvida principalmente pelo

grupo inscrito no diretório de pesquisas do CNPQ, coordenados pelo prof. Celso Pereira de

Sá, do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da UERJ. Já foram produzidos

alguns trabalhos com base na articulação entre os estudos de representação social e memória

social86 nesta instituição, mas ainda o caráter de inovação e “aventura” prevalecem.

86 “Memória e Representações Sociais de Cuiabá e de sua juventude por três gerações na segunda metade do século XX.”, Tese de Doutorado de Ana Rafaela Pecora, com orientação do Prof. Dr. Celso Pereira de Sá, defendida em 05/10/2007; “História e Memória: As políticas de saúde mental e as lutas dos psicólogos cariocas

Como afirma Sá em “A construção do objeto de pesquisa em representações sociais”:

Trata-se de um campo que ainda permite - e solicita mesmo - algo como um espírito de aventura na perseguição do conhecimento científico. Não há nele procedimentos cristalizados, cuja não observância possa resultar na imediata exclusão de alguém do rol de ‘pesquisadores sérios’. O que se exige é uma seriedade autêntica no engajamento do pesquisador em sua própria aventura metodológica.

Na análise das representações sociais produzidas pelos órgãos de informação sobre a

esquerda são utilizados: os dossiês produzidos pelos órgãos de repressão e informação

política que tinham como referência a minha militância na esquerda naquele período; minhas

memórias pessoais sobre os fatos, constituídas como um relato autobiográfico que se

relacionam aos fatos descritos e aos acontecimentos do regime.

A trajetória no movimento estudantil, a prisão, a perseguição política, a clandestinidade,

a formação das organizações de esquerda, seus processos de rupturas e fusões, a formação

dos movimentos de anistia, a disputa pelo controle dos sindicatos, a formação de

organizações populares e partidárias, as lutas democráticas são descritas a partir da relação

que estabeleço entre a memória pessoal e os acontecimentos históricos.

O testemunho histórico documental foi recolhido a partir da pesquisa nos dezenove

dossiês que foram redigidos pelos organismos de segurança acerca desta minha militância,

abarcando do ano de 1977 a 1990, quando o serviço de informações do governo federal

passou a ser centralizado pela ABIN.

O material examinado foi obtido no Arquivo Nacional, que passou a centralizar, pelo

menos em parte, o que se encontrava no Serviço Nacional de Informações (SNI) até 1990.

Fui um opositor ao regime militar e, como militante de esquerda, minha participação foi

considerada, em minhas memórias autobiográficas, como um caso que pode ser estudado para

melhor entender o que se passou neste tempo.

Vou ao encontro de Sá em “As memórias da memória social”:

“... São memórias sociais no duplo sentido de sua construção e do seu conteúdo, mas o lócus deste processo constitutivo é a pessoa, assim como é ao passado dela que estão continuamente referidas as lembranças, mesmo que os seus conteúdos sejam fatos sociais,

nos anos 70-80, Dissertação de Mestrado de Alessandra Daffon dos Santos, com orientação da Prof.ª Drª Ana Maria Jacó Vilela, defendida em 27/03/2003; “Memórias e Representações Sociais de práticas religiosas de matriz africana”, Dissertação de Mestrado de Gilmara Santos Mariosa, com orientação do Prof. Dr. Ricardo Vieiralves de Castro, defendida em 20/06/2007; “Santo Daime, Memória e Representações nas práticas sociais”, Dissertação de Mestrado de Maria Clara Rebel Araújo, com orientação do Prof. Dr. Ricardo Vieiralves de Castro, defendida em 18/04/2005; “A representação da perfeição na memória das personalidades no espiritismo” Dissertação de Mestrado de Thiago Paes Albuquerque, com orientação do Prof. Dr. Ricardo Vieiralves de Castro, defendida em 13/01/2009.

culturais ou históricos de que ela tenha participado, testemunhado ou simplesmente ouvido falar”...

Esta espécie de memória pessoal permitirá constituir uma leitura deste período que,

mediante seu registro, poderá ser incorporada aos estudos de memória social realizados sobre

o regime militar. É importante ressalvar que o estudo realizado por Sá, Castro, Möller e

Bezerra (2005) sobre as memórias do regime militar em jovens da cidade do Rio de Janeiro,

que apontam, entre todos os seus resultados, dois dados significativos: a valência negativa

conferida pelos jovens a este período do Brasil; e a ausência de memória sobre os

acontecimentos ocorridos e as personalidades atuantes no regime, que nos direcionam para a

imperativa afirmação da necessidade de promoção e qualificação de mais estudos

relacionados à prática política no Brasil.

O trabalho, ao apresentar as memórias pessoais que disponho da militância na oposição

popular neste período, permite relacionar as memórias de uma geração militante da esquerda

brasileira com a dos aparelhos de informação policial e política do Brasil.

Pretende-se desta forma abrir a possibilidade de religar o sentido das experiências

pessoais com a ambiência psicossocial daquele período, com as representações que foram lá

constituídas, convergindo a história pessoal com a do mundo que a encerra.

Se o ato individual de lembrar condiciona fortemente a identidade, no social este

compartilhamento é chave para a compreensão da realidade social.

Evitar o esquecimento social de fatos que marcaram fortemente não apenas indivíduos,

mas que se produziram sobre toda a sociedade, implica na construção de “lugares de

memória” (Nora, 1997) em que tais experiências e fatos fiquem referenciados para a

lembrança. Trata-se de organizar e classificar esta memória, de forma a que esta lembrança

possa ser acessada e incorporada pela sociedade.

Busca-se assim oferecer uma contribuição para o juízo ético, político, econômico,

social, moral e cultural sobre este período da historia do país, oferecendo indicadores para a

compreensão e absorção de seu significado para a psicologia social em sua interface com as

demais ciências sociais.

O estudo baseia-se nos pressupostos teórico/metodológicos estabelecidos nos estudos

recentes de Memória Social, em associação com os estudos sobre Representações Sociais.

Apesar das articulações entre o conceito de memória coletiva, assim como foi

primeiramente apresentado por Halbwachs (2004), e o conceito de representações sociais,

assim como foi desenvolvido por Moscovici (1978) serem incipientes e ainda por fazer,

considero que a possibilidade de tratamento das expressões de memória e de representações,

não podem ser tratadas sem os referenciais estabelecidos nestes dois conceitos fundamentais

para o entendimento das práticas e da dinâmica psicossociais.

Como em Sá em Representações sociais: investigações em psicologia social:

A existência de relações estreitas entre a memória social ou colectiva e as

representações sociais tem sido apontada e explorada por diversos autores no âmbito da psicologia social (Jodelet,1992; Haas & Jodelet,1999; Sá,2000; Sá & Vala,2000; de Rosa & Mormino, 2000; Rossiau & Bonardi, 2000, Sá & Oliveira, 2002). Mas também na sociologia encontra-se um reconhecimento de tal afinidade através, por exemplo, da definição da memória colectiva por P. Jedlowsky (1997) como um conjunto de representações sociais sobre o passado. Diz esse autor, de forma bastante próxima às proposições da teoria psicossocial das representações sociais, que a imagem do passado é produzida, conservada, elaborada e transmitida por um grupo através da interacção de seus membros.

O ato de lembrar foi, em geral, tratado pelas ciências sociais e a história como uma espécie de falsificação da realidade, reduzido ao conceito de ideologia ou considerado como ignorância científica. O ato de lembrar foi situado no âmbito do senso comum, e, para aqueles campos de saber, é uma expressão vulgar da análise histórica.

Na psicologia, a memória foi abordada pelas teorias de base cognitivista que a

dividiam em duas espécies: uma de lembrar o passado, o já vivido; outra de uma ferramenta

para a compreensão de novas situações, ou melhor, dizendo como um campo de lembranças

que constituem uma série de habilidades para o agir no mundo. A primeira refere-se aos

objetos conhecidos e lembrados, a segunda permite enfrentar novas situações.

Para a antropologia, os estudos da memória do grupo eram vitais para o entendimento sobre a permanência de valores, saberes e técnicas de uma determinada cultura.

Entretanto, o que parece ter acontecido é que os estudos de memória foram

considerados pouco relevantes, prevalecendo o juízo dos teóricos da ideologia e de uma

forma de olhar positivista.

O curioso é que, para a experiência humana, o ato de lembrar é um indicador constitutivo de humanidade, logo paradigmático para a definição do próprio homem.

Esta possibilidade, de grupos sociais de forma compartilhada construírem elementos

simbólicos e narrativas que permitam significar sua própria história e a história do mundo em

que se encontram inseridos, faz com que estudos sobre memória social ganhem profunda

relevância e importância para os estudos psicossociais.

De acordo com Castro em “O esquecimento social: ensaios sobre a

contemporaneidade”:

Se para o indivíduo o ato de lembrar é um forte acontecimento constituinte de sua identidade, o deslocamento do conceito de memória para o social não minimiza esta relevância e importância. O compartilhamento é a chave para o entendimento do conceito de memória social.

Halbwachs (2004), discípulo de Durkheim, apresentou na primeira metade do século XX uma interessante abordagem sobre a memória, especialmente a coletiva. Da mesma maneira que seu mestre Durkheim fez com as representações coletivas e individuais, Maurice Halbwachs transportou para o conceito de memória, hierarquizando a memória coletiva sobre a individual, atribuindo, a uma, um caráter psicológico (individual), e, à outra (coletiva), sociológico.

D’une part, c’est dans le cadre de sa personnalité, ou de sa vie personelle, que

viendraient prende place ses souvenirs: ceux-là-mêmes qui lui sont communs avec d’autres ne seraient enviságes par lui que sous l’aspect qui l’intéresse em tant qu’il se distingue d’eux.D’autre part, il serait capable à certains moments de se comporter simplement comme le membre d’um group qui contribue à évoquer et entretenir des souvenirs impersonnels, dans la mesure où ceux-ci intéressent le groupe. Si ces deux mémoires se pénètrent souvent, en particulier si la mémoire individuelle peut, pour confirmer tels de ses souvenirs, pour le préciser, et même pour combler quelques-unes de ses lacunes,s’appuyer sur la mémoire collective, se replacer en elle, se confondre momentanément avec elle, elle n’en suit pas moins sa voie propre, et tout cet apport extérieur est assimilé et incorporé progressivement à sa substance. La mémoire collectiv, d’autre part, enveloppe les mémoires individuelles, mais ne se confond pas avec elles (Halbwachs).

A grande contribuição de Maurice Halbwachs foi a de compreender a memória em

seu aspecto coletivo, logo, construída socialmente através do compartilhamento social. Halbwachs, neste propósito, estabelece um novo campo teórico e metodológico para a psicologia, especialmente a psicologia social.

O que e como lembramos, a partir das reflexões destes autores, possibilitou articular a

memória com as interações e compartilhamentos sociais, o que condiciona a apropriação

deste objeto por um conhecimento que transcenda o corte disciplinar. A psicologia social, em

sua vertente européia, ou, como se convencionou denominar, uma psicologia social/social, é

um campo de saber que não pode, necessariamente, ser constituído exclusivamente pelas

contribuições psicológicas. Nesta abordagem, há, para a psicologia social, a necessidade de

um diálogo profícuo e íntimo com as outras ciências humanas e sociais, para a compreensão

deste objeto.

A memória social é ativa e dinâmica, e determina que lembrança e esquecimento estão

submetidos a este dinamismo da ação do tempo e das interações sociais.

Desta maneira, as inter-relações entre memória e história deixam o viés do dualismo falso/verdadeiro, para serem estabelecidas sobre o binômio lembrança/esquecimento na construção semântica da narrativa, onde a atribuição de valores é o que realmente importa. O conhecimento histórico é um interlocutor privilegiado para estabelecer as dinâmicas sociais de valência e permanência de determinados acontecimentos. Assim, memória social é um campo de interface, intercruzamento e interseção de vários campos de saber.

Estudos de memória social, situados no binômio esquecimento/lembrança e tomando

em conta, na sua constituição, a identificação e dinâmica das relações intersubjetivas e

sociais, nos fazem necessariamente ter como preocupação: a complexidade das redes de

comunicação contemporâneas; os exercícios de poder; e o dinamismo social. Esse campo,

reapropriado pelas psicologias, é necessariamente abordado na transversalidade dos

conhecimentos, impedindo, por pura incapacidade, a leitura disciplinar.

O renovado interesse pela memória e a retomada de seu estudo em termos sociais,

abordada por Celso Pereira de Sá no texto “As memórias da memória social” (capítulo do

livro Memória, Imaginário e Representações Sociais, organizado pelo mesmo autor) 87 aponta

o interesse multidisciplinar do tema.

Antropólogos, sociólogos, historiadores, aos quais vieram a se associar estudiosos da

psicologia social se contrapuseram à localização do estudo das memórias no domínio

individual exclusivo e a sua explicação em termos estritamente psicológicos.

Parte da perspectiva sociológica de Halbwachs (1925/1994, 1950/1990), em

continuação ao pensamento durkheimiano, em relação com a corrente psicossocial legada por

Bartlett (1932/1995) a partir de observações de conteúdo antropológico. Situa a posição de

diversos autores a partir destes aportes teóricos. Lida com contribuições de outras disciplinas,

como a história e a psicologia cognitivista, que ampliam a diversificação conceitual, teórica,

temática e metodológica do estudo das representações.

Nesta perspectiva, aponta a memória social como campo genérico e unificado de

estudo, a partir de uma premissa comum, a de que a memória humana não é a mera

reprodução de experiências passadas, mas a reconstrução que se faz a partir dela.

Assim, apresenta e discute as várias facetas do fenômeno da memória e sua abordagem

por uma ampla gama de estudiosos. Mapeia o campo de estudo das memórias da memória

social e discorre sobre memórias pessoais, memórias comuns, memórias coletivas, memórias

históricas, memórias históricas documentais, memórias históricas orais, memórias práticas,

memórias públicas e outras, e anuncia o propósito de desdobrar e aprofundar o exame de cada

uma das memórias da memória social a partir de uma perspectiva psicossocial.

87 Na obra, que reúne dez, dentre as contribuições de 28 conferencistas presentes na III Jornada Internacional e I Conferência Brasileira sobre Representações Sociais, que, ao lado de outro livro, organizado por Denise Oliveira e Pedro Humberto Campos, com trabalhos de dezoito outros autores, dentre os mais de trinta estudiosos presentes no evento, com o nome: “Representações sociais, uma teoria sem fronteiras”, fornece um amplo painel multidisciplinar de estudos sobre as representações sociais, Sá discute esta própria interdisciplinariedade do tema, a partir de uma reflexão acerca dos diversos campos de estudo contidos na memória social

O conceito de representação social, assim como foi desenvolvidos por Moscovici (1978), tornou-se um marco teórico no campo da psicologia social. Moscovici, introduziu uma nova compreensão do pensamento social para a psicologia, transformando o senso comum em um objeto privilegiado para a psicologia social e, em especial, para o entendimento da dinâmica psicossocial.

Moscovici, em uma releitura do conceito de representações coletivas como foi

desenvolvido por Durkheim, estabeleceu que as representações sociais são dinâmicas e se

constituem do saber do senso comum. Construídas socialmente e pelo compartilhamento

social.

Para Jodelet em “Representações sociais: um domínio em expansão”, a finalidade

principal de uma representação social é transformar o não-familiar em familiar:

Uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Igualmente designada como saber de senso comum ou ainda saber ingênuo, natural, esta forma de conhecimento é diferenciada, entre outras, do conhecimento científico. Entretanto é tida como objeto de estudo tão legítimo quanto este, devido a sua importância na vida social e a elucidação possibilitadora dos processos cognitivos e das interações sociais.

É a possibilidade de articulação entre o conceito de memória social e de representações

sociais que pode permitir o entendimento do processo de enfrentamento político da esquerda

brasileira contra o regime militar e a transição conservadora sob o monitoramento dos órgãos

de informação, pela sua significância social e influência na realidade político-institucional.

Celso Sá, quando disserta sobre a vastidão e amplitude do campo de estudos sobre

representações sociais, nos possibilita pensar a possibilidade destas interações que serão

fundamentais para podermos nos aproximar cuidadosamente deste objeto em questão: “... o

termo representações sociais designa tanto um conjunto de fenômenos quanto o conceito que

os engloba e a teoria construída para explicá-los, identificando um vasto campo de estudos

psicossociológicos.”

A gênese das representações é buscada através das motivações históricas e políticas do

período. Segundo Jodelet (2001 – Eduerj) as representações sociais são compostas por

atitudes, opiniões e imagens (que formam crenças e scripts); conteúdo (que corresponde a

estas crenças e a idéias); e elementos e relações. Este conjunto forma nódulos de significado,

que se situam na fronteira entre o indivíduo e a sociedade do ponto de vista psicológico. O

sujeito está mediado por suas relações sociais. Partilha o funcionamento destas relações

mediado por grupos. Está dentro da história.

O grupo não é um dado demográfico. O que o forma e molda é uma série de práticas

sociais. Uma representação social se constrói sobre esta base. Sem ela, não há representação

social. Sem a representação do grupo, não há representação social.

Socialmente produzidas e socialmente diferenciadas, as representações sociais são uma

maneira de ver um aspecto do mundo, que se traduz no julgamento da ação, um conjunto de

conhecimentos, de atitudes e crenças e um conjunto de elementos cognitivos, ligados por

relações.

Dirigidas a um universo particular, refletem uma visão organizada do mundo, possuem

um quadro de referência aceito pelo grupo e assumem uma função de harmonização.

Em referência ao nosso objeto as representações sociais identificam uma visão da lógica

intrínseca da ação da esquerda e da oposição popular à ditadura e da transição conservadora:

“não familiar” para o regime militar e seus apoiadores, e a ação dos serviços de informação

como instâncias sociais que promovem a constituição de consensos ancorados em situações

familiares ao cotidiano dos cidadãos comuns de então, a partir da utilização de vários meios

para a constituição de espaços de compartilhamentos.

A representação deve ser compreendida como um sistema que organiza e estrutura o

pensamento social. É mais que o conhecimento sobre algo. As representações sociais devem

ser compreendidas como sendo socialmente produzidas e socialmente diferenciadas.

Segundo a posição teórica desenvolvida a partir de Doise (1990), na Universidade de

Genebra, as representações sociais seriam “os princípios geradores que estão ligados a

inserções especificas dentro de um conjunto de relações sociais”.

Os processos de ancoragem se desenvolvem a partir de um meta sistema, composto de

múltiplos esquemas organizadores. Desta forma: “... cenários, regras, normas pertinentes para

cada ocasião regulam as diferentes interações sociais, dentro das quais os indivíduos (...)

participam”.

Operam-se, nas representações sociais, regulações em que este meta sistema propicia a

objetivação e a ancoragem sobre o sistema cognitivo individual, através de seus princípios

organizadores.

Estes princípios organizadores que correspondem às representações sociais que

constituem a memória – de elementos e estruturas a fatos concretos cuja materialidade pode

ser demonstrada – como afirmam Clémence, Doise e Lorenzi-Cioldi (1994) – implicam em

que “esses princípios resultam de um processo sócio histórico que os torna precisamente

comuns” (Rouquette, 1997).

Os processos de objetivação e de ancoragem das representações que Moscovici (1976)

descreveu em La psychanalyse son image et son public, apontam a interface entre os meta

sistemas e as representações sociais, ao apontar a possibilidade de termos:

...em ação dois sistemas cognitivos, um que procede por associações, inclusões, discriminações, deduções, isto é, o sistema operatório, e outro que controla, verifica, seleciona apoiando-se em regras, lógicas ou não; trata-se de uma espécie de meta sistema que retrabalha a matéria produzida pelo primeiro.

Ou ainda, como afirma Moscovici (1976), temos de um lado relações operatórias e, de

outro, relações normativas que controlam, verificam e dirigem as primeiras.

Como em Nicolas Roussiau e Èlise Renard (2003), o meta sistema, em sua dimensão

normativa, é colocado dentro da história do grupo e da sua participação na construção social

normativa da realidade.

A abordagem psicossocial do pensamento social inaugurou uma compreensão da

psicologia social onde a relação entre indivíduo e sociedade não são mais consideradas

dicotômicas. Indivíduo e sociedade não são constituídos, em suas práticas, identidades e

estruturas por um processo isolado; são necessária e imperativamente interdependentes e no

acontecimento do fenômeno social, difíceis de serem identificados per si.

A articulação entre a teoria das representações sociais e os estudos recentes sobre

memória social, nesta perspectiva da psicologia social dinâmica, estabelecem para a

psicologia social, novos paradigmas para o entendimento da realidade social

Para Sá (2005), à memória social deve ser dada total relevância, na concepção teórica

das representações sociais. Por seu intermédio a história pode contribuir com um suplemento

de sentido, permitindo avançar do atual estágio da pesquisa a um terreno que possibilite um

maior esclarecimento das realidades sociais do presente. O incremento da produção científica

no campo das representações sociais abrirá o caminho a trabalhos que, estabelecendo

diferentes relações entre representação e memória social, reservará a esta o lugar merecido.

Na teoria do núcleo central, assim como foi formulada por Abric em “Pratiques

sociales et representations”. e Sá em “Imaginários e Representações Sociais”. a

representação social caracteriza-se por ser uma estrutura hierarquizada compreendida por um

sistema central que se relaciona com sistemas periféricos. Segundo Abric (1989),

... o núcleo central da representação é determinada em parte pela natureza do objeto apresentado e, em outra parte, pela relação que o sujeito tem com esse objeto.

Para ele também (1994),

esse núcleo central é constituído de um ou de vários elementos que ocupam dentro

da estrutura da representação, uma posição privilegiada: são eles que dão à representação sua significação. Ele é determinado em uma parte pela natureza do objeto representado e de outra parte pela relação que o sujeito – ou o grupo - mantém com este objeto, enfim pelos sistemas de valores e de normas sociais que constituem o ambiente ideológico do momento e do grupo.

A representação social seria, segundo o mesmo autor, ligada simultaneamente à

memória coletiva e à história do grupo. É a conexão entre o sistema central, que se caracteriza

pela estabilidade, e as causas de sua resistência à mudança.

“Quem controla o passado controla o futuro Quem controla o presente controla o passado”.

A genial construção de George Orwell em “1984” constata a importância decisiva do

controle da memória social, através da reconstrução do passado, como um mecanismo usado

de forma permanente, de forma a garantir uma dada hegemonia política.

Uma das grandes contribuições de Halbwachs (2004), contrariando Bérgson (1990) e

Freud (1974) a esta abordagem psicossocial da memória social diz respeito a possibilidade de

reconstrução das lembranças, em oposição à noção de lembrança/arquivo. Para Stoetzel

(1976), saber e lembranças são conhecimentos não conservados e sim reconstruídos e em

Blondel (1996) a memória é marcada pelos eventos sociais, que vão determinar o que e

quanto algo será ou não lembrado.

A memória humana, compreendida nesta perspectiva psicossocial, deve ser vista como

uma reconstrução das experiências passadas, realizada a partir das necessidades do presente e

com os recursos proporcionados pela sociedade e pela cultura.

O conjunto de informações que se obtém sobre um determinado período histórico, no

momento em que ocorrem ou a posteriori, é fundamental na construção da memória histórica

dos diversos grupos sociais.

É preciso ressalvar que ter acesso à informação e a sua qualificação, quantidade e

crítica, porém, por si só, é algo sujeito a condições do contexto no ambiente social em que

essa informação circula. E este lócus da circulação e do compartilhamento tem conseqüência

direta na organização política da sociedade implicando, por exemplo, na existência em maior

ou menor grau de liberdades democráticas. Da posição do sujeito na escala social depende

também a quantidade e a qualidade da informação recebida. Sua participação e interesse

também são relevantes. Diferenças de formação cultural, níveis de escolaridade, uma série de

fatores podem implicar na elaboração de diferentes representações sociais do passado.

Segundo Halbwachs (2004), define-se memória coletiva como:

... um conjunto de representações sociais acerca do passado que cada grupo produz,

institucionaliza, guarda e transmite através da interação de seus membros.

Numa resposta a perguntas que remetam à investigação característica da psicologia

social, sobre as representações sociais da ditadura e dos que a ela se opunham no Brasil, é

preciso verificar o que foi produzido como fonte documental pelo aparelho de estado no

período e o que se lembra em relação ao regime militar. E, neste caso, em termos da memória

social histórica, identificar as lembranças que sejam apenas comuns e as que sejam

compartilhadas por determinados grupos sociais.

Para vários pesquisadores nos campos da história, da sociologia e da psicologia é

necessário um certo distanciamento temporal dos fatos analisados para permitir uma

abordagem mais abrangente de seus impactos sobre a vida dos indivíduos e em sociedade.

Passados mais de vinte anos do fim do regime militar, já há tempo histórico suficiente

para que se possa examinar a memória social gerada pelas representações sociais construídas

nos anos da ditadura e da transição.

Moscovici (1976) declarou que no pensamento social o passado costuma prevalecer

sobre o presente e a memória sobre a dedução. A forte e intensa identificação entre

representações sociais observam-se através da ancoragem de experiências novas em

conhecimentos preexistentes.

Segundo Abric (1994), na abordagem estrutural das representações sociais, a história do

grupo e sua memória coletiva desempenham funções determinantes na constituição do

sistema central de uma representação. Esta “memória coletiva” seria também uma das

características do sistema central das representações. Já a memória social deve ser vista como

variável no processo representacional. É capaz de, através do tempo, modelar o filtro que

constitui uma realidade social representada. São aspectos complementares e interdependentes.

O sistema institucional que assegura o bom funcionamento da memória grupal pode

assimilar, em certos casos, este filtro, afirma Douglas (1996). Pode passar a ter para Haas

(1999), em complementaridade com a história do grupo (em seus símbolos, mitos, crenças

etc), um sentido privilegiado de orientação e de controle da trama histórica.

Toda realidade é representada socialmente, filtrada por um código de leitura dependente

das características formadas nos indivíduos pelos seus grupos sociais. A psicologia social

dinâmica rompe com a dualidade clássica entre sujeito/objeto, realismo/dualismo. O

fenômeno psicossocial apreendido como objeto por esta forma de conhecimento impede a

diferenciação e, a torna, irrelevante para a compreensão e explicação do objeto.

Jodelet (1991) define, ao insistir que a representação social é uma forma de

conhecimento do cotidiano, que o senso comum organiza e estrutura o real. Estabelece modos

privilegiados de acesso à realidade socialmente elaborada e compartilhada, um recorte prático

de organização, de controle do ambiente (material e no plano das idéias) e a orientação de

condutas e comunicações que compartilham uma visão de realidade comum de um conjunto

social ou de uma cultura dada.

Para Rouquette (1994),

uma representação social determinada provém de representações anteriores, ou de estados anteriores de si mesma. Se funda em uma filiação determinada, de forma que é possível empreender uma “pesquisa de paternidade” onde a psicologia social e a história se conjugam na aproximação de um mesmo objeto.

Pode-se, portanto, a partir destes autores, relacionar a mudança das representações

sociais com a história.

As concepções teóricas inovadoras desenvolvidas por Moscovici e Vignaux (1994)

sobre a thêmata e por Rouquette (1994) sobre os nexus oferecem elementos suplementares da

reflexão sobre a ligação entre as representações sociais, a dimensão histórica e memória

social.

O conceito de memória social se encontra, no atual desenvolvimento de sua inserção no

âmbito das teorias psicossociais, em um estado de construção, o que exige um

aprofundamento teórico deste conceito em um domínio dinâmico, como o imperativo de

estudos empíricos nesta abordagem que venham, ao mesmo tempo em que produzem dados,

exigir novas construções teóricas.

Para Jodelet e Haas (1999),

No estado atual é difícil de encontrar definições conceituais do que seja a memória social ou coletiva. Nos referimos tanto ao fato dela ser compartilhada dentro de uma coletividade (sociedade, grupo social ou grupo etário), quanto dela se constituir se apoiando em processos sociais, como a comunicação social, ou que ela seja constituída por referência a elementos fornecidos pela organização social e a modos de expressão da sociedade.

A memória social pode ser definida com relação às representações sociais segundo as

diferentes orientações que ela mobiliza.

Para Abric e Guimelli (1998), o contexto influencia as representações de duas

maneiras: através do contexto imediato, o que, na maior parte dos casos, significa que as

representações são observadas e conhecidas através da produção discursiva, e o contexto

social global, o contexto ideológico (a história do grupo) e o lugar do indivíduo ou grupo no

sistema social. A interação entre memória social e contexto se dá com a segunda forma de

contexto, o contexto social global.

Na definição de Abric e Guimelli podemos encontrar múltiplas representações dessa

forma de contexto. Por exemplo, percebe-se a evidência de uma memória social pelo impacto

de certas instituições sobre os indivíduos. Logo, a institucionalização da memória coletiva

provoca uma tensão particular. Como afirmam Haas e Jodelet (1999):

Os conteúdos e as formas do pensamento social são estritamente dependentes dos contextos sociais, espaciais ou temporais, nos quais são elaborados.

Daí a importância do interesse na relação entre a esfera institucional e a evolução e

mudança nas representações sociais, pois as instituições podem ser verdadeiros filtros de

representações.

Como sugere Sá (2005), para discutir os vários aspectos de uma mesma memória social,

é necessário desdobrar e aprofundar o exame de cada uma das memórias da memória social

sob uma perspectiva social explícita.

De acordo com Jedlowski (2000), como uma categoria especial da memória social, as

memórias constituídas na esfera pública pertencem a um campo da vida social contemporânea

onde as questões políticas são discutidas.

Estas memórias públicas são constituídas por inspiração dos grupos sociais

hegemônicos através do aparelho de estado e da mídia.

O processo de formação desta hegemonia remete-se necessariamente ao passado, de

onde emana a legitimidade do que se organiza na superestrutura da sociedade.

É na esfera pública que mais se percebe a relação entre poder e memória, por meio do

uso público da história. Nela se opõe os motivos dos chamados deveres de memória e os da

necessidade do esquecimento, que cada vez mais se subordinam aos interesses representados

nos meios de comunicação de massa.

Os interesses organizados historicamente nos blocos sociais hegemônicos valem-se, de

forma central, na formação do senso comum que os legitima, do aparelho de estado. O

controle do estado por um determinado bloco histórico significa a garantia da prioridade do

atendimento dos interesses deste grupo social na condução das questões afetas ao domínio

público. Neste quadro deve ser entendida a busca pela perenização das condições do exercício

do poder político, a partir da cristalização de uma determinada correlação de forças na

sociedade, como inerente à organização do Estado como o conhecemos.

Seu controle é, ao mesmo tempo, o objetivo estratégico e o instrumento privilegiado da

luta política. Garante a apropriação do excedente pelos grupos sociais dominantes, a redução

de danos e prejuízos por outros e, até, a perspectiva de que se alterem as relações sociais por

classes revolucionárias.

Como subproduto ideológico de suas motivações, a manutenção do poder político gera

uma determinada versão da história, um conjunto de representações específicas do grupo

social dominante, que dão base e sustentação às memórias sociais criadas no período. Por

outro lado, da parte dos setores não hegemônicos, uma outra versão da história, base a outras

representações sociais e legitimando outras memórias sociais, pode ser construída.

De acordo com Jodelet (1992), freqüentemente memórias de massa constróem-se em

dissonância com as memórias emanadas de forma hegemônica na esfera pública.

Disputam com estas a hegemonia da compreensão da história e dos fenômenos sociais,

em particular na construção da responsabilidade coletiva e na mobilização em favor dos

direitos humanos, sobretudo nos períodos históricos mais ditatoriais e autoritários.

As memórias públicas, além da ação do estado e dos meios de comunicação de massa,

formam-se numa profunda afirmação semiológica. Estabelecem-se como memórias práticas

através de comportamentos que, ritualizados desde a juventude, induzem mais que o faria a

sua transmissão explícita. Para Candau (1998):

...elas mais conservam, reiteram e reproduzem do que transformam, criam e reconstroem.

O excelente e inovador texto de Jovchelovitch (2000) promove relações entre o público

e o privado mediados pela teoria das representações sociais. Neste texto Jovchelovitch nos

traz uma compreensão de interdependência entre o público e o privado, sujeito/sociedade,

onde define que não podemos mais atingir o individuo sem a mediação social.

No caso da Psicologia Social - e não nos esqueçamos do poder da ciência para

disseminar representações sociais - não há dúvida, como Moscovici (1990: 77) demonstrou, “que a contribuição da Psicologia social para a objetificação da representação social da sociedade de massas é feita através do conceito de eu ou indivíduo”. Isso porque, afirma ele, o individualismo da Psicologia Social é uma ficção. Atrás da pessoa e da maneira como ela é descrita, podemos encontrar a sociedade de massas. Na espreita, lá está a massa indefinida, a multidão anônima, um agregado sem forma de pequenas identidades,

cada uma isolada da outra. Aqui, é claro, estamos lidando com metáforas, mas metáforas que fazem dos grandes números a essência da sociabilidade (1990: 70). Ao negligenciar o espaço público, a sociedade de massas põe o indivíduo no centro do palco, mas, paradoxalmente, deixa-o lá sozinho. (pág 88)

A historiografia da ditadura militar em nosso país possui hoje uma gama de trabalhos

extensa e relevante. Historiadores, jornalistas, sociólogos, analistas políticos de vários

matizes esforçam-se na descrição e avaliação das implicações daquele período.

Porém, autores como Dreifuss (1981), Gorender (1987), Skidmore (1998) e Gaspari

(2002 e 2003), dentre outros, embora descrevam e interpretem os fatos do período, o fazem

em uma perspectiva histórica ou jornalística, que auxilia a produção teórico/metodológica

sobre este período, a partir da orientação psicossociológica, mas não a reduz a este campo de

saber.

Sociólogos, pioneiros no campo da psicologia social como Halbwachs (2004),

historiadores como Nora (1997) e psicólogos sociais como Jodelet (1992), apontam

claramente esta diferença, e a função de condicionantes como a comunicação de massa na

elaboração da memória dos fatos históricos.

Celso Sá (2005) chama “memória histórica” as memórias sociais que se produziram,

além do testemunho dos fatos ou do relato de quem os vivenciou, com o apoio de documentos

e outros registros e também da transmissão oral do sucedido.

Le Goff (1992) define que a memória histórica serve ao presente e ao futuro como

possibilidade ética de constituir um processo civilizatório de liberdade.

Memory, on which history draws and which it nourishes in return, seeks to save the

past in order to serve the present and the future. Let us act in such a way that collective memory may serve the liberation and not the enslavement of human beings. (pág. 99)

Desta forma, os produtos da história escrita e oral são fontes da memória histórica. O

que integra textos e relatos à memória histórica é a condição de que sejam realmente

absorvidos a ponto de serem incorporados pela memória das pessoas e dos grupos aos quais

pertencem.

Baseado em Sá (2005) podemos discutir o conceito de memória na psicologia social de

forma ampla, permitindo que os arquivos da ditadura a que tive acesso, confrontados com

meu próprio relato sobre os fatos abordados, na qualidade de testemunho dos fatos, possam se

transformar em objetos de análise e estudo.

O acesso que obtive aos arquivos da ditadura – tornado possível apenas por se tratar de

uma pesquisa sobre o meu próprio nome, já que as atividades da “comunidade de

informações” da ditadura e dos governos civis que a sucederam ainda se encontram ocultas –

demonstra a viabilidade de sua utilização como fonte para a construção de memórias que se

tornaram históricas, dada a hegemonia de um grupo social específico quando foram

elaboradas. Meu relato, como parte de uma formulação contra hegemônica à época, oferece

pistas de como versões dissidentes da memória oficial podem se afirmar.

Contribui também para a discussão acerca da utilização do poder de estado e de sua

repercussão na mídia para a formação de um determinado senso comum pelo bloco social

dominante.

Os registros a que se recorrem hoje sobre a história do país durante o regime militar e a

memória social do período não correspondem às expectativas do bloco social dominante à

época. Ao lado das fontes historiográficas independentes e freqüentemente contra

hegemônicas, formou-se uma memória de massa, respaldada em aspirações democráticas,

com apoio em outros grupos sociais, que incorporaram numerosas histórias e relatos pessoais

em sua elaboração.

Como ensinam Halbwachs (2004) e Stoetzel (1976), a interação entre a memória

histórica de um país e as memórias pessoais de seus cidadãos é bastante complexa.

A memória humana é uma construção que se faz em função da realidade do presente,

com os recursos da informação e da cultura proporcionados pela sociedade, sobre as

experiências passadas.

Os “quadros sociais da memória” (Halbwachs, 1994) e a “convencionalização social”

(Bartlett, 1995), nessas e em outras formulações, demonstram o caráter não apenas

reprodutivo da memória. Apontam a influência das necessidades e interesses presentes na

reconstrução do passado.

São a interação e a comunicação sociais que determinam a construção, a manutenção e

a atualização da memória social, até mesmo nas manifestações mais pessoais.

Como foi sugerido por Connerton (1993), muito do que Halbwachs chamava de

memória coletiva pode ser explicado como fenômenos de comunicação.

O que torna esse princípio de interesse especial para a abordagem psicossocial é que são

a interação e comunicação – intra e/ou intergrupais, erudita e/ou de massa – que

fundamentam a tese da reconstrução do passado em função das necessidades e interesses do

presente.

Memória e pensamento sociais são indissociáveis e praticamente indistinguíveis. O que

é lembrado do passado está sempre mesclado com aquilo que se sabe sobre ele.

De acordo com o definido por Sá, é designada "memória social" o conjunto dos

fenômenos ou instâncias sociais da memória.

O termo "memórias pessoais" provém de Connerton (1993), que assim designa

"aqueles atos de recordação que tomam como objeto a história de vida de cada um (...), que se

localizam num passado pessoal e a ele se referem".

As memórias pessoais não se formam com uma origem e um funcionamento apenas

individual, mas como resultado de um processo de construção social.

Embora o lócus deste processo seja a pessoa, estas são sempre memórias sociais.

Mesmo que as lembranças estejam referidas ao passado individual, estas se remetem

necessariamente aos fatos sociais, culturais ou históricos em que tenha participado,

testemunhado ou mesmo ouvido falar.

Na pesquisa empírica, as memórias pessoais são denominadas “memórias

autobiográficas”. Incluem-se nelas as “histórias de vida”, a partir da reconstrução mais

completa possível da memória pessoal e da recuperação de episódios específicos,

denominadas “recollective memory” por Brewer (1999).

Memórias comuns são coleções de muitas memórias pessoais acerca de um mesmo

objeto, construídas independentemente umas das outras, como definido por Jedlowski (2000).

Designam as lembranças comuns a conjuntos de pessoas que não se mantém necessariamente

em interação e não chegam a discuti-las ou a elaborá-las coletivamente.

Por terem tido uma participação comum em um determinado período histórico, uma

configuração cultural ou um estrato social, teriam sido expostas às mesmas influências e desta

forma guardariam lembranças similares.

É um conceito que pode ser usado na compreensão de fenômenos, como as “memórias

geracionais”, balizadas por circunstâncias históricas, mudanças sociais e preferências

culturais que foram objeto de elaboração por algum grupo social em um determinado período.

O conceito utilizado por Halbwachs (2004) de memórias coletivas designa as memórias

que são objeto de discursos e práticas coletivas por parte de grupos sociais definidos em sua

construção.

Jedlowski (2001) define a memória coletiva como:

... um conjunto de representações sociais acerca do passado que cada grupo produz, institucionaliza, guarda e transmite através da interação de seus membros.

Ainda em Jedlowski (2005), deve-se aos meios de comunicação de massa a crescente

ampliação e homogeneização das memórias, eliminando praticamente a elaboração coletiva.

A influência unidirecional e acabada dos meios de comunicação de massa vem

crescentemente tomando o lugar da comunicação e da negociação inter e intragrupais.

O termo: “memória histórica” é usado para tentar dar conta da complexa interface entre

memória e história.

Embora para Halbwachs a expressão memória histórica fosse uma contradição em

termos, uma vez que a história começaria onde a memória estivesse se extinguindo, nada

impede que a partir de uma “história da memória”, como em Le Goff (1996), se possa

pesquisar uma “memória da história” em duas modalidades: documental e oral.

Nas “memórias históricas documentais” busca-se dar conta do que Jedlowski chama de

memória social. Embora consistam em qualquer registro ou traço do passado, na forma de

documentos em sentido lato, na perspectiva psicossocial só se tornam realmente memória na

medida em que são efetivamente acessados, interferindo assim na formação da memória

social.

Como observou Candau (1998), esse critério de “mobilização documental” é pouco

preciso. Mas, até por isso, atendem à flutuação característica dos fenômenos psicossociais. Os

arquivos da ditadura militar brasileira, por exemplo, se constituíram como documentos e

estão passando hoje, na medida em que são abertos, à condição de memória.

As “memórias históricas orais” fazem interface com a história não escrita ou que

recentemente passou a ser transcrita, a chamada história oral.

É parte da "memória da história". Por não dispor ou desconhecer documentos em que se

apoiar ou repudiar os existentes, vale-se apenas da rememoração e as transmissões orais.

A discussão política não se faz sem referência constante ao passado e às representações

sobre o passado. Constitui a arena onde memórias coletivas múltiplas se confrontam. É na

esfera pública que mais nitidamente se observam as relações entre poder e memória, onde

proliferam os chamados “usos públicos da história”, onde são opostos os argumentos do

“dever de memória” e da “necessidade de esquecimento” e onde as memórias estão mais e

cada vez mais submetidas à influência dos meios de comunicação de massa.

As “memórias de massa”, propostas por Jodelet (1992) emergem como um fenômeno

social que transcende limites grupais estritos, situando-se numa escala social mais abrangente

que as memórias coletivas. Possui afinidade com a noção de memórias públicas, mas

constrói-se no âmbito da sociedade civil, no desenvolvimento da responsabilidade coletiva e

na mobilização pelos direitos humanos.

Estas categorias esboçadas não são mutuamente excludentes e, como sugere Jedlowski,

algumas instâncias transformam-se em outras – memórias comuns em memórias coletivas,

por exemplo – nos processos psicossociais de reconstrução da memória social.

A memória não é apenas um atributo do indivíduo, uma função biológica em que as

lembranças são guardadas por processos mnemônicos fisiológicos aos quais recorremos na

medida de nossas necessidades, como o compreendido por uma concepção psicologista.

Tampouco é um processo exclusivo no âmbito da sociedade ou dos grupos sociais, como o

faria uma posição sociologista. Em uma perspectiva psicossocial, como diz Sá,

... são os indivíduos que se lembram, embora a forma e o conteúdo do que se lembram é socialmente determinada, pelo grupo próximo, pelas instituições, pelos marcos mais amplos da sociedade. Por recursos culturalmente produzidos, dentre os quais a própria linguagem.

O ato de lembrar é um forte acontecimento constituinte da identidade do indivíduo. O deslocamento do conceito de memória para o social não minimiza esta relevância

e importância. A possibilidade de grupos sociais construírem de forma compartilhada elementos simbólicos e narrativas sobre sua história e a do contexto em que foi elaborada, permite uma reflexão de profunda relevância e importância para os estudos psicossociais.

Investigar, deste ponto de vista, os aspectos que envolvem a relação do indivíduo com a

sociedade, para além das perspectivas psicológica, sociológica, antropológica e histórica,

permite uma visão abrangente e necessária, de nível psicossocial, para questões como a

memória social da ditadura brasileira e seu processo de transição.

Concentremo-nos. Não desperdicemos o pouco tempo que nos resta. Percorramos de

novo nosso caminho. As recordações virão em nosso auxílio. No entanto, as recordações não aflorarão se não formos procurar nos recantos mais distantes da memória. O relembrar é uma atividade mental que não exercitamos com freqüência porque é desgastante ou embaraçosa. Mas é uma atividade salutar. Na rememoração reencontramos a nós mesmos e a nossa identidade, não obstante os muitos anos transcorridos, os mil fatos vividos. Encontramos os anos que se perderam no tempo, as brincadeiras de rapaz, os vultos, as vozes, os gestos dos companheiros de escola, os lugares, sobretudo aqueles da infância, os mais distantes no tempo e, no entanto, os mais nítidos na memória. (Bobbio, 1997. pág. 31).

O relato autobiográfico é o encontro das experiências pessoais com outros da mesma

geração que militavam na esquerda naquele período. Esta forma de compreender o

compartilhamento social humaniza a experiência coletiva e permite identificar dramas, fatos

vividos, afetos e pensamentos de toda uma geração com rosto e nome.

O que vivi, representa, como uma metáfora, um conjunto de experiências de outros

jovens, que como eu, se situavam em oposição a ditadura militar naqueles tempos. São relatos

pessoalizados que podem, com certeza, serem apropriados em semelhança por muitos outros

jovens que se auto-identificam com os acontecimentos relatados. O que faz a diferença é que

são impregnados de afeto, de emoção, e provocam, ao serem lembrados nesta dissertação,

revisões e releituras sobre fatos que, como bem diz Bobbio (1997), “não exercitamos com

freqüência”.

O que importa, em critérios éticos e políticos, que esta minha rememoração promova a

rememoração de outros de minha geração, companheiros no mesmo caminho escolhido, e

assim, desta forma, estabeleçam o edito de condenação definitiva da ditadura militar no Brasil

e o banimento definitivo desta forma de organização de poder em nosso país.

CAPÍTULO III - A ANÁLISE DOS DOSSIÊS – AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA

ESQUERDA PELOS ÓRGÃOS DE INFORMAÇÃO.

3.1 – Metodologia:

O trabalho de pesquisa desta dissertação baseou-se em dois aspectos teórico-

metodológicos: o primeiro a associação entre os conceitos de representações e memórias

sociais; o segundo na articulação entre minhas memórias autobiográficas, as referências

histórico-culturais de minha geração e o objeto da pesquisa, a análise dos dossiês dos órgãos

de informação sobre minha militância no período abordado.

As relações entre a teoria das representações sociais, assim como foi desenvolvida a

partir de Moscovici (1978), e a memória social foram debatidas no segundo capítulo desta

dissertação. É preciso, entretanto, ressalvar sua novidade e sua importância para a

configuração desta espécie de psicologia social dinâmica e que tem, imperativamente, um

forte componente empírico.

A novidade desta articulação, e por conseqüência a existência de novos problemas

epistemológicos e conceituais, está definida pela existência de apenas seis dissertações e teses

sobre este tema produzidos no Brasil, exclusivamente a partir do mesmo grupo de pesquisas

inscritos no diretório de pesquisas do CNPq, coordenados pelo Prof. Celso Pereira de Sá, da

Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A psicologia social nesta abordagem é inovadora e

dinâmica e apresenta uma possibilidade de leitura de fenômenos psicossociais que, por sua

complexidade, exigem novas formas de aproximação.

Acrescenta-se a esta situação a escolha do objeto desta dissertação, onde os dossiês

produzidos na investigação sobre a minha pessoa constituem o universo pesquisado. A

distância necessária para analisá-lo e a dificuldade de evitar uma “contaminação” com os

afetos que inevitavelmente advêm desta situação não é uma tarefa fácil, afinal fui perseguido

pelo regime por minhas opiniões e ações, e analisar as representações dos agentes de

informação sobre mim e as circunstâncias e fatos correlacionados é como um retorno

mnemônico àqueles tempos e àquelas experiências. Sem o auxílio do importante texto de Sá

(2005) que descreve a memória pessoal como uma memória de uma geração e que esta é uma

espécie de memória social não teria sido possível abordar o objeto escolhido.

Para tal correlação com o conceito estabelecido por Sá (2005) realizei no primeiro

capítulo uma descrição autobiográfica daquele tempo em correlação com os dossiês dos

órgãos de informação e com os fatos e acontecimentos daquele período. O texto

autobiográfico e mnemônico dialoga com as notas que o ancoram no acontecimento social e

nas experiências de minha geração.

A Lei 11.111 de maio de 2005 possibilitou que os cidadãos brasileiros tivessem acesso

aos relatórios e dossiês construídos pelos órgãos de informação através de solicitação pessoal.

Há restrições quanto ao sigilo (nem todos foram abertos), além de outros arquivos fechados

dos órgãos de informação das forças armadas. Entretanto, tive a possibilidade de encontrar

estes relatos e assim identificar as representações neles contidas sobre a esquerda brasileira e

sobre mim.

Foram considerados 19 dossiês de 1977 a 1990 dos seguintes órgãos de informação:

Serviço Nacional de Informações (SNI), Agência Central (AC) e Agências Regionais (ARs);

Centro de Informações do Exército (CIEX); Centro de Informações da Marinha (CENIMAR);

Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica e Polícia Federal. São distribuídos em

155 páginas e tratam de vários assuntos que serão organizados e tratados posteriormente.

O método utilizado para o tratamento dos dossiês e dos relatórios foi o da análise de

conteúdo temática assim como foi definido por Bardin (1977), que nos ensina que é preciso

estabelecer um ethos na abordagem do objeto:

A primeira atividade consiste em estabelecer contacto com os documentos e analisar

e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressões e orientações (...). Pouco a pouco, a leitura vai-se tornando mais precisa, em função de hipóteses emergentes, da projeção de teorias adaptadas sobre o material e a possível aplicação de técnicas utilizadas sobre materiais análogos. (pág.96).

Na análise realizada sobre os dossiês e relatórios aplicou-se o critério de classificação

temática, baseados na própria categorização estabelecida pelos órgãos de informação situados

sob a denominação “assunto”. Os órgãos de informação classificavam todos os relatórios e

dossiês de forma temática e consideramos que este procedimento já estabelecia os grandes

temas a serem abordados na análise.

A análise foi feita partir da identificação da representação social dos agentes de

investigação dos órgãos de informação, estabelecida a partir dos dossiês e relatórios e que se

encontram ancorados na ideologia de segurança nacional. Esta representação será identificada

em toda a análise do conteúdo dos relatórios e dossiês permitindo que tenhamos uma maior

clareza das conseqüências no cotidiano e nas ações da polícia política.

A partir da classificação temática (adotada a mesma dos órgãos de informação),

realizamos uma classificação de todos os assuntos relacionados ao tema estabelecendo uma

subclassificação temática que desenha o alcance do cenário investigado e a abrangência da

representação. A unidade de análise foi a frase, considerada como sentença lógica dotada de

sentido, identificando nas palavras a atribuição de valor adequado a partir da constituição da

ideologia do regime e de suas ações. Esta unidade semântica foi relacionada, a todo o tempo,

com a literatura sobre o período e com as memórias autobiográficas estabelecidas no primeiro

capítulo.

Por fim, considero que estes acontecimentos não são desprovidos de afeto. Emociono-

me ao recordá-los e esta forte experiência não poderia ficar fora deste trabalho. Assim sendo

termino a análise falando em primeira pessoa para poder pensar que tudo o que vivi cria

empatia com outros que viveram as mesmas coisas (como nos ensina Sá). Recorro a Bobbio

(1997), para apoiar-me na descrição destes sentimentos:

O tempo do velho, repito ainda uma vez, é o passado. E o passado revive na memória. O grande patrimônio do velho está no maravilhoso mundo da memória, fonte inesgotável de reflexões sobre nós mesmos, sobre o universo em que vivemos, sobre as pessoas e os acontecimentos que, ao longo do caminho, atraíram nossa atenção. Maravilhoso, este mundo, pela quantidade e variedade inimagináveis e incalculável de coisas, que traz dentro de si: imagens de vultos há muito desaparecidos, lugares visitados em anos distantes e jamais revistos, personagens de romances lidos quando éramos adolescentes, fragmentos de poesias que aprendemos de cor na escola e nunca mais esquecemos; e quantas cenas de filmes e de peças de teatro, e quantos vultos de atores e atrizes esquecidos sabe-se lá há quanto tempo, mas sempre prontos a reaparecer no momento em que vem o desejo de revê-los, e quando os revemos experimentamos a mesma emoção da primeira vez; e quantas melodias de canções, árias de ópera, trechos de sonatas e de concerto voltamos a cantarolar sozinhos, acompanhando as notas murmuradas e o ritmo marcado com movimentos imperceptíveis do corpo (...) . Este imenso tesouro submerso jaz à espera de ser trazido de volta à superfície durante uma conversa ou leitura; ou quando nós mesmos vamos à sua procura nas horas de insônia; outras vezes surge de repente por uma associação involuntária, por um movimento espontâneo e secreto da mente.

Se o mundo do futuro se abre para a imaginação, mas não nos pertence mais, o mundo do passado é aquele no qual, recorrendo a nossas lembranças, podemos buscar refúgio dentro de nós mesmos, debruçar-nos sobre nós mesmos e nele reconstruir nossa

identidade; um mundo que se formou e se revelou na séria ininterrupta de nossos atos durante a vida, encadeados uns aos outros, um mundo que nos julgou, nos absolveu e nos condenou para depois, uma vez cumprido o percurso de nossa vida, tentarmos fazer um balanço final (...).

Cumpre-nos saber, porém, que o resíduo, ou o que logramos desencavar desse poço sem fundo, é apenas uma ínfima parcela da história de nossa vida. Nada de parar. Devemos continuar a escavar! Cada vulto, gesto, palavra ou canção, que parecia perdido para sempre, uma vez reencontrado, nos ajuda a sobreviver. (pág. 54-55).

3.2 – A estrutura dos relatórios e dos dossiês:

O estilo dos relatórios produzidos pelos agentes baseava-se em dois aspectos centrais: a

objetividade e o detalhamento. Por objetividade entende-se a descrição dos acontecimentos

em ordem cronológica e factual e por detalhamento entende-se o maior número de

informações possíveis cumprindo a ordem estabelecida.

A objetividade e o detalhamento encontrados nos dossiês vem ao encontro da noção

cientifica do processo investigatório porque além da produção de informações fidedignas para

o combate estabelecido pela bipolaridade, a informação transforma-se no próprio campo de

batalha.

Lutando contra toda a idéia crítica, os militares têm a convicção de estarem destruindo o comunismo internacional.

Assim sendo, compreende-se a importância dos serviços de informação. A elite das Forças Armadas dedica-se à informação. (Comblinn, 1978. pág. 49).

O estabelecimento de uma linguagem objetiva permitia a classificação dos dossiês para

a promoção da rápida identificação e planejamento da atividade. Desta maneira, como um

resumo de biblioteca, outros agentes poderiam consultar e utilizar.

O detalhamento das informações é complementar à objetividade estabelecida. Pelo

detalhamento poder-se-ia chegar ao centro do inimigo: suas ações, retórica, redes de relações

e, principalmente, seus pontos de fraqueza. O estilo dos relatórios fazia parte do processo de

guerra contra os inimigos criados na luta ideológica.

Os relatórios iniciam-se com um texto que resume os acontecimentos. Quatro

informações básicas, que se repetem em todos os outros dossiês, determinam a descrição dos

fatos para o acompanhamento objetivo: a primeira informação determina o que ocorreu; a

segunda, onde ocorreu, a terceira, o conteúdo dos acontecimentos e a quarta, as

conseqüências.

O quadro 1, a título de exemplo, descreve as informações básicas que orientam os

relatórios dos dossiês:

Quadro 1 – descrição das informações.

Texto Qualidade

1. MOVIMENTO GREVISTA OCORRIDO NA UNB A PARTIR DE MAI 77, COM PARALISAÇÕES DE AULAS, ASSEMBLEIAS ESTUDANTIS E DE PROFESSORES, PIQUETES, PASSEATAS E APLICAÇÃO DE PUNIÇÕES POR PARTE DA REITORIA.

O que ocorreu

2. AS ASSEMBLEIAS ERAM REALIZADAS NA PRAÇA DA CULTURA, DENOMINADA PELOS ESTUDANTES COMO PRAÇA EDSON LUIZ.

Onde ocorreu

3. OS PRINCIPAIS TEMAS ABORDADOS DURANTE A GREVE FORAM: CONDIÇÕES DE ENSINO, LUTA CONTRA O JUBILAMENTO E AS PUNIÇÕES, DIVULGAÇÃO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL DE BRASILIA, CRITICAS AO REITOR DA UNB, CRITICAS AO ENSINO PAGO, E LUTA PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

O conteúdo dos acontecimentos

4. A UNB EXPULSOU, SUSPENDEU E JUBILOU OS PARTICIPANTES DO MOVIMENTO, MUITOS ALUNOS QUE PARTICIPAVAM ATIVAMENTE DAS MANIFESTAÇÕES FORAM DETIDOS PELA POLICIA E PROCESSADOS COM BASE NA LEI DE SEGURANÇA NACIONAL. CONSTAM DADOS DE QUALIFICAÇÃO.

Os resultados

Após o resumo descritivo das informações iniciava-se uma descrição das atividades

com os seguintes graus de informação a serem organizadas e descritas. O quadro 2 abaixo

exemplifica o grau de detalhamento do relatório.

Quadro 2 – detalhamento das informações.

No dia 10 MAI 77, às 12:30hs, na entrada do RU ( Restaurante Universitário) da UnB, foi realizada uma Assembléia Geral contra o jubilamento e em apoio ao Movimento Estudantil de São Paulo.

Data, local e motivo.

A Assembléia contou com a participação de cerca de 300 alunos e foi dirigida pelos estudantes: - ROCINE CASTELO DE CARVALHO - ANTONIO RAMAIANA DE BARROS RIBEIRO - ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA

Identificação das lideranças

A assembléia transcorreu da seguinte maneira: - RACINE CASTELO DE CARVALHO disse que a assembléia tinha como objetivo adotar posicionamento de solidariedade aos estudantes punidos em São Paulo e levar ao conhecimento dos estudantes da UnB a situação da USP (Universidade de São Paulo) e PUC (Pontifícia Universidade

O que foi dito e por quem (somente apuram-se sobre as

Católica) - ANTONIO RAMAIANA DE BARROS RIBEIRO leu uma “CARTA ABERTA” oriunda de São Paulo, explicando que os estudantes de São Paulo estavam em greve em razão das prisões corridas a 1º de MAI 77 e por exigirem “liberdades democráticas”; - FLÁVIO ALBERTO BOTELHO sugeriu que a posição adotada pelos estudantes da UnB, deveria ser a de mobilização em solidariedade à luta travada em São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, pelos estudantes. Eu não era justo o ME não contar com o apoio da UnB; - ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA sugeriu que fosse feito greve na UnB, como na PUC e USP, pois o baixo nível de ensino atinge também a UnB. Citou a falta de professores, falta de verbas e equipamentos,a situação do governo que não tinha condições de manter o nível de ensino no país: - PAULO HENRIQUE VEIGA falou sobre a má elaboração de horários da UnB, sempre em choque, acarretando jubilamento de alunos. Sugeriu que as RE (representações Estudantis) se responsabilizassem por este problema e fizessem pressões junto às secretarias, para uma mudança de horários; - MARCO ANTONIO RIBEIRO V. LIMA sugeriu que, no dia 9 MAI 77, os participantes desta assembléia, se concentrassem nas entradas Sul e Norte do ICC, formasse comissões e fossem em todas as salas de aula, fizesse a paralisação das mesmas, para a discussão dos últimos acontecimentos em São Paulo e leitura de “CARTA ABERTA”; - MARIA ÂNGELA NORONHA SERPA, concordando com o que havia sido tratado durante a Assembléia, propôs o seguinte: os assuntos a serem discutidos, não deveriam ser realizados através representações e sim por meio de comissões, que levariam as discussões às salas de aula; que deveria haver no mínio 3 (três) assembléias por semana, até se chegar a paralisação total das aulas; - Uma aluna não identificada sugeriu que as discussões deveriam ter início ainda naquele dia, para maior mobilização por parte dos alunos da UnB; - ANTONIO RAMAIANA DE BARROS RIBEIRO solicitou que os representantes ali presentes se dirigissem ao DU (Diretório Universitário) para uma reunião.

lideranças)

São citados 43 nomes completos em ordem alfabética Quem participou

No RU foram afixados cartazes com os seguintes dizeres: - “PELA ANISTIA AOS EXILADOS POLÍTICOS” - “PELA LIBERDADE IMEDIATA DOS COLEGAS PRESOS” - “CONTRA AS TORTURAS” - “POR LIBERDADES DEMOCRÁTICAS”

Ações derivadas

Foram identificados os seguintes estudantes afixando cartazes no RU:

Quem as coordenou.

- HUDSON CUNHA - CARLOS GERALDO MEGALE - ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA - HÉLIO LOPES DOS SANTOS - ELIANE CUNHA B. CRUZ VIEIRA

Após a descrição do fato que deu inicio ao dossiê, outros fatos em seqüência,

associados ao fato primeiro eram relatados da mesma maneira, seguindo a mesma ordem

estabelecida na constituição daquele primeiro relatório.

Ainda no curso do relatório há a identificação do método de investigação. Este

relatório, utilizado como exemplo, foi realizado por observação direta do agente (Dossiê I –

ANEXO C):

O presente relatório é fruto de observação direta de Agente no decorrer da Assembléia, alusiva ao chamado ATO PÚBLICO, realizado no Teatro de Arena da UnB, no horário de 10:45 às 12:15hs do dia 15-06-77. O mesmo representa comentário do Agente, pois. Doados precisos referente ao assunto poderão ser extraídos das fitas magnéticas gravadas no local. Este, portanto, visa apesar oferecer ao Analista sobre os discursos de JOSÉ DE OLIVEIRA CAMPOS, HEITOR MATALLO JÚNIOR, MARIA FRANCISCA A. SOUZA e SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA, cuja maneira de serem pronunciados, quis parecer ao Agente possuírem forte conotação marxista.

O relatório termina com a identificação dos investigados, acompanhados de uma análise

do ambiente familiar. A investigação sobre a família permite ao investigador a descoberta das

causas da posição política do investigado. Assim, sou identificado desta maneira:

Dados conhecidos sobre SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA: Segundo informe de um oficial da PmDF, sobre o nominado, este NOp recebeu os seguintes dados: a. FIL: MIGUEL DE MOURA e LÉLIA MASCARENHAS DE MOURA - O pai é funcionário do TFR - Seção de Turmas - Os pais (ambos) seriam do PCB - Sérgio teria todo o apoio da família - Caso aconteça alguma coisa com Sérgio, seria enviado para o exterior. - Seus tios (irmã de sua mãe e marido da tia) teriam vindo recentemente da RÚSSIA. b. Dados da qualificação - Sérgio é filho único DDN: 03/04/58 - BH/MG IDENT. 416079/SSP/DF END: SQS 106 B1 I Apto. 403 FONE: 422936

3.3 – Os assuntos:

Os relatórios, partes integrantes dos dossiês, são classificados por assuntos que

configuram os temas principais estabelecidos pelos agentes dos órgãos de informação

política, segundo suas prioridades de investigação e para orientar os órgãos na vigilância

futura do investigado e as suas referências temáticas88.

Na tabela 1 abaixo estão descritos os assuntos dos relatórios assim como definidos

pelos agentes dos órgãos nos relatórios dos dossiês. O texto relativo a “apoio recebido pelo

movimento sindical”, embora referido como assunto, não aparece nos dossiês.

Destaco a seguir, como ilustração, a análise dos assuntos: movimento estudantil,

anistia, Partido dos Trabalhadores e Sérgio Mascarenhas de Moura.

TABELA 1 – ASSUNTOS NOS RELATÓRIOS DOS DOSSIÊS

ASSUNTO QUANTIDADE 1. MOVIMENTO ESTUDANTIL NA UNB. 8 2. APOIO RECEBIDO PELO MOVIMENTO SINDICAL. 3. SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA 3 4. MANIFESTAÇÃO PELA ANISTIA. RIO. 1 5. IDENTIFICAÇÃO DE AGENTES DOS SERVIÇOS DE INFORMAÇÕES.

1

6. RELAÇÃO DE MILITANTES, ALIADOS OU SIMPATIZANTES DA OSI E CS. 1 7. MILITANTES E SIMPATIZANTES DA ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA INTERNACIONALISTA, OSI, NOS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E ESPIRITO SANTO

1

8. INFILTRAÇÃO COMUNISTA NOS PARTIDOS POLITICOS DIRETORIOS REGIONAIS E MUNICIPAIS DO PT NOS ESTADO DO RJ E ES.

1

9. CONVENÇÃO REGIONAL EXTRAORDINARIA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DO RIO DE JANEIRO PT RJ.

1

10. IDENTIFICAÇÃO DE MILITANTES TROTSKISTAS 1 11. PARTIDO DOS TRABALHADORES RJ; REUNIÃO DO DIRETORIO REGIONAL

3

12. ORGANIZAÇÕES TROTSKISTAS, RELATORIO ANUAL, 3.1.1.1 1 13. ATO EM HOMENAGEM A NAHUEL MORENO. PROMOVIDO PELA CONVERGENCIA SOCIALISTA, CS, NO RIO DE JANEIRO

1

14. INFILTRAÇÃO COMUNISTA NOS PODERES LEGISLATIVOS DO MUNICIPIO E DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

1

15. COMPOSIÇÃO DO DIRETORIO REGIONAL E RELAÇÃO DE VEREADORES DO PARTIDO DOS TRABALHADORES, PT, NO RIO DE JANEIRO E ESPIRITO SANTO.

1

16. DELEGADOS AO VI ENCONTRO NACIONAL DO PT 1 17. APOIO RECEBIDO PELO MOVIMENTO ESTUDANTIL 1 18. MOVIMENTO ESTUDANTIL 5

19. INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO 1 20. O PARTIDO DOS TRABALHADORES NO RIO DE JANEIRO 1

88 E importante ressalvar que não havia nesta época arquivos em computadores e o processo de classificação, provavelmente orientado por arquivistas ou bibliotecários, tinha que ser, em papel, eficiente para o gerenciamento de informações.

Nestes assuntos o movimento estudantil tem destaque, como alvo de interesse dos

agentes.

Arthur Poerner, em 1968, escreve o Poder Jovem: história da participação política dos

estudantes brasileiros, que foi, segundo o autor, “um dos primeiros vinte livros a serem

oficialmente proibidos no Brasil” (pág. 17). Poerner (2005) em um seminário realizado em

2004 em São Paulo, no TUCA/PUC, promovido pelo projeto de memória do movimento

estudantil, estabelece algumas razões para que o movimento estudantil naqueles anos tivesse

importância e relevância.

Afirma que antes do golpe de 1964, no governo João Goulart, havia um crescente

movimento de trabalhadores rurais e urbanos que se configurava em torno da plataforma

política das reformas de base, propostas naquele governo trabalhista. Com o golpe, a ditadura

reprimiu de maneira violenta os movimentos de trabalhadores, afastando-os

momentaneamente do centro da cena política brasileira. É quando surge o movimento

estudantil preenchendo esta lacuna e assumindo as bandeiras de mudança, preconizadas pelos

setores populares.

A ditadura se deu de modo muito violento. No campo, houve a cooperação direta entre a polícia e o latifúndio. Muitos líderes foram simplesmente exterminados. Nas cidades, houve intervenção nos sindicatos, exílio e prisão de muita gente.

Essa lacuna aberta no movimento social foi sendo preenchida pelo movimento estudantil. Por quê? Porque era um movimento de classe média, na época muito mais de classe média do que é hoje, porque não havia ainda esse acesso maior, essa multiplicação de universidades e faculdades; quem chegava á universidade era, com raríssimas exceções da classe média para cima. Havia sempre aquelas honrosas exceções, mas eram poucas.

A ditadura, vendo que os estudantes preenchiam esta lacuna, participavam e levavam as bandeiras de todos estes atores reprimidos e expulsos do palco, lançou a tese de que estudante devia se limitar a estudar, não deveria se meter em política, como os padres deveriam se restringir às missas e orações. (Poerner, 2005. pág. 18).

A ditadura militar, ao reprimir violentamente os movimentos dos trabalhadores que

reivindicavam reformas inclusivas para a organização social brasileira teve, em oposição à

sua postura totalitária, este movimento solidário e democrático, apoiado em jovens da classe

média, que assumiam bandeiras não necessariamente ligadas ao seu status social.

O regime militar, no processo de sua constituição, estabeleceu, de pronto, as bases de

uma forma de conhecimento social, interligado à sua estrutura autoritária, onde a organização

social do Estado baseava-se em uma hierarquização imutável de funções sociais. Ancorando-

se na finalidade de cada instituição, impedia a mobilidade no tecido social e podia exigir, em

sua ação de Estado, que cada ator social cumprisse o papel correspondente.

A representação da sociedade brasileira, apoiada em uma hierarquia sem mobilidade,

possibilitava a construção de uma retórica e de uma prática repressiva, que combatia qualquer

fato ou acontecimento que destoava da finalidade reduzida da instituição. Desta maneira a

ditadura constituiu um roteiro investigativo para seus agentes, objetivando o

desmantelamento das ações populares, baseado em dois aspectos: o primeiro identificando na

própria existência do movimento estudantil (ou qualquer outro movimento organizado) um

perigo, considerado como um desvio na sua finalidade; o segundo, ao atribuir a qualquer

ação, de qualquer natureza política, cultural ou social, a condição de perigo à ordem do

sistema instalado e, conseqüentemente, um objeto central de investigação e repressão.

Ressalta nos assuntos organizados pelos agentes de repressão, a referência aos partidos

políticos de esquerda, então clandestinos, como focos da atenção dos órgãos de informação

Comblinn (1978) em seu clássico texto sobre a ideologia de segurança nacional afirma

que, na realidade, a base de coesão desta concepção ideológica nasce nos Estados Unidos.

No entanto, é incontestável que essa doutrina vem diretamente dos Estados Unidos.

É nos Estados Unidos que os oficiais dos exércitos aliados aos EUA aprendem-na. (pág. 14).

Acrescenta que esta não ocorre na definição da proteção dos bens de Estado e

sociedade que devem ser segurados ou preservados, mas a partir da antítese, do inimigo que é

o comunismo.

Em suma, a segurança nacional não sabe muito bem quais são os bens que devem ser postos em segurança de qualquer maneira, mas sabe muito bem que é preciso colocá-los em segurança. Ela quer e com todas as forças de seu poder físico algo que não sabe muito bem o que é.

Como pode ser bem sucedido um conceito aparentemente tão paradoxal? Não julguemos apressadamente seus defensores. O conceito de segurança nacional torna-se muito operacional desde o momento em que se define o inimigo. A segurança nacional talvez não saiba muito bem o que está defendendo, mas sabe muito bem contra quem: o comunismo. (pág. 55)

Nas representações da esquerda, como inimiga do sistema e da ordem, fundia-se a

noção de hierarquia funcional imóvel, em que a prova de um pensamento alienígena, no caso

o comunismo, em suas várias vertentes, comprova o desvio funcional dos estudantes que

deixavam de estudar. Nas representações de senso comum, descritas no capítulo 1 das minhas

memórias autobiográficas, a associação entre mudanças nos costumes, como forma de vestir,

de usar o cabelo, na compreensão de sexualidade, e ideologias estrangeiras era constante e se

fazia, desta maneira, como demonstração no real de todas as justificativas para a repressão.

Na época, com fortes restrições na manifestação de opinião e na organização partidária,

o movimento estudantil era o desaguadouro das aspirações populares. As bandeiras do

movimento estudantil estavam correlacionadas às bandeiras das organizações de esquerda e a

oposição ao regime.

Nos assuntos relacionados pelos relatórios contidos nos dossiês é mote, por conta de

todas estas representações existentes, a investigação associada entre movimento estudantil e

esquerda.

Outro assunto que é tratado pelos relatórios associa-se ao movimento pela anistia

política ocorrido no final dos anos 70, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo.

O jornalista Caio Túlio Costa (2005) associa explicitamente o movimento estudantil da

década de 70 com a anistia:

A partir de 1973, o movimento estudantil renasce e começa a ganhar força. Em

1974, cria-se um movimento de defesa dos presos políticos, que é o primeiro grande movimento mais organizado, e que vem da universidade, para buscar a própria anistia e para defender os direitos humanos dos presos, que então estavam no presídio do Barro Branco, no Rio de Janeiro, em Pernambuco e em vários outros lugares.

Depois, em 1975, os estudantes organizam muito bem a reação e ajudam na organização do próprio culto ecumênico em função da morte, por tortura também, do Vladimir Herzog, e acontece uma greve importante na época. Em 1976, já acontecem algumas passeatas na rua, depois há a invasão na PUC, e ocorre a própria anistia em 1979. E o estudante está ali como uma espécie de um batedor, aquele que vem na frente do movimento de massa, com um objetivo muito forte e muito específico, que era o da redemocratização, e usando armas culturais que já tinham sido testadas e polemizadas na década de 1960. (pág. 79)

O movimento pela anistia, que tinha como palavra de ordem: anistia ampla, geral e

irrestrita, foi considerado pelo regime como uma ameaça e associada em todos os discursos

oficiais à noção de vingança ou revanche dos inimigos do sistema. A representação associada

à bipolaridade: amigos ou inimigos do sistema, trazia para a cena política a noção de

continuidade temporal desta bipolaridade, que não se extinguiria com a transição do regime,

como o demonstra a continuidade da investigação sobre o Partido dos Trabalhadores,

observável nos dossiês que se seguem, pelo menos até o ano de 1990.

Já a anistia promulgada pelo regime absolveu previamente os atos da ditadura e

estabelecia condições que sequer permitiram a libertação imediata de todos os condenados

pela justiça militar

O assunto Partido dos Trabalhadores, escolhido pelos órgãos de informação política,

desperta a atenção por dois aspectos: o PT foi organizado legalmente em 1980, constituído

como um partido composto por várias tendências de esquerda com críticas ao leste europeu

(sindicalistas, organizações revolucionárias, esquerda católica, social democratas etc.), como

algo estranho à institucionalidade até então vigente na ditadura. O segundo é o tempo de

investigação realizado, atravessando o fim da ditadura, o governo de transição e as primeiras

eleições diretas para Presidente da República.

A investigação sobre a militância no PT encontra-se ancorada em um conceito que

suspende os direitos e a legalidade: na ideologia de segurança nacional, estabelecida sob a

noção de bipolaridade e uma estratégia de guerra.

Desta maneira, nas representações ancoradas na bipolaridade da sociedade brasileira, a

investigação sobre o PT, ainda que seja este partido legal, situa-o na condição de inimigo de

guerra, onde não há limites para que se alcance a vitória.

E, há o assunto Sergio Mascarenhas de Moura nos relatórios. Ao me escolher o sistema

de informações identifica o inimigo, com base na bipolaridade. Busca esmiuçar minha

existência, devassar minha intimidade, descobrir minhas influências, decifrar minha

personalidade. Querem saber de minha família, meus amigos, meus colegas, minha vida

escolar e profissional. Saber o que li, o que fiz, de onde vieram os desvios de meu

comportamento. Saber onde está o erro para ser erradicado, para que não se repita.

O processo de ancoragem das representações dos assuntos abordados nos relatórios dos

dossiês inclui: a finalidade das instituições e sua perenidade como condição para a ordem, a

bipolaridade entre a estabilidade e seus inimigos, o estado de guerra e o controle da

informação, a identificação de inimigo e o processo de sua formação. .

Desta forma, a classificação realizada pelos agentes dos órgãos de informação política

segue as noções de segurança nacional representadas pelo regime, em sua definição sobre o

papel e atividades da esquerda brasileira.

3.3.1 – As representações do movimento estudantil:

O movimento estudantil foi intensamente investigado pelos agentes dos órgãos de

repressão. Com a decretação do AI-5, demais Atos Institucionais, aplicação da censura prévia

e outras leis, decretos e portarias normativas, que impediam a livre manifestação de opinião

no Brasil, e após a forte repressão ao movimento sindical e popular realizada a partir da queda

do governo de João Goulart, o movimento estudantil foi um significativo foco de resistência

ao regime.

Podemos dividir o movimento estudantil em 3 fases (Costa, 2003), após o golpe de 64:

a primeira, dos primeiros anos do regime até o início dos anos 70 (governo Médici) onde o

movimento estudantil caracterizava-se ainda por forte penetração nas universidades e

promovia grandes manifestações de massa; o segundo, na primeira metade dos anos 70, onde

parte da esquerda, em especial composta por estudantes, optou pela reação armada ao regime

e o movimento estudantil foi desmantelado; o terceiro, a partir da segunda metade da década

de 70, da retomada e reorganização do movimento estudantil.

Os dossiês sobre minha participação no movimento estudantil estão referidos a esta

terceira fase. Nela, os debates e as atividades protagonizadas pelo movimento estudantil

apoiavam-se sobre três eixos fundamentais: o primeiro, sobre a estrutura e organização do

movimento estudantil; o segundo, na crítica e superação do regime militar e, o terceiro, na

crítica à estrutura de poder da universidade.

A ditadura militar tinha imposto a modificação da representação estudantil na

universidade, alterando, através da mudança de estatutos da universidade, o caráter, a

estrutura e a finalidade desta representação.

Uma polêmica, nesta fase do movimento estudantil, estabelecia-se sobre o caráter da

estrutura do movimento. Alguns defendiam a posição de ocupar as representações existentes

e, a partir daí, construir a mudanças necessárias no caráter representacional; outros defendiam

a ruptura com esta espécie de representação ao propor uma organização autônoma do

movimento estudantil, sob a bandeira de: CAs (Centros Acadêmicos) e DCEs (Diretórios

Centrais) livres.

No movimento estudantil, tivemos polêmicas imensas a respeito da participação nos

diretórios estudantis criados pela ditadura. Durante muito tempo achou-se que deveríamos participar só dos Centros Acadêmicos (CA), que existiam antes do golpe, mas não dos Diretórios Acadêmicos (DA), criados depois. (Martins, 2005. pág. 98)

Na terceira fase do movimento estudantil na ditadura prevaleceu a tese dos CAs e DCEs

livres.

A crítica e a superação do regime militar eram temas centrais na retórica e nas ações do

movimento estudantil nesta fase. Sob as bandeiras de “Liberdades Democráticas” ancoravam-

se a conquista do estado de direito, anistia, liberdade de opinião e expressão, de livre

organização sindical e partidária, eleições livres. O movimento estudantil nesta época é o

principal apoio para o movimento em favor da anistia, da crítica a ditadura e a luta

democrática, da sustentação de veículos de imprensa críticos à ditadura e da catálise de outros

movimentos sociais, que são convidados “para dentro” da universidade.

A crítica à ausência de democracia na sociedade foi derivada para a universidade. A

democracia interna, a participação dos estudantes, professores e funcionários técnico-

administrativos no “governo” da universidade, o fim do controle das instâncias

administrativas sobre o movimento estudantil e a liberdade de organização e a liberdade de

opinião foram questões que ganharam força nesta fase do movimento estudantil.

Reivindicava-se também a possibilidade de acesso a toda literatura e informação, com o fim

da censura e a discussão dos currículos escolares.

A luta democrática tornava-se assim o principal objeto para a investigação dos agentes

dos órgãos de informação política.

As representações dos agentes dos órgãos de informação política foram classificadas

em relação aos três eixos fundamentais: estrutura e finalidade do movimento estudantil;

crítica e superação do regime; critica e reforma da universidade.

Em relação ao primeiro eixo, estrutura e finalidade do movimento estudantil, os agentes

de investigação dos órgãos de informação política estabeleceram uma representação onde a

agenda interna do movimento estudantil ancorava-se na agenda política nacional. A pauta dos

estudantes, na promoção do debate sobre a estrutura e organização do movimento estudantil,

onde o centro da discussão apoiava-se na liberdade de organização, assemelhava-se ao debate

nacional sobre as reivindicações dos setores de oposição ao regime para o estabelecimento de

liberdades de organização sindical e partidária. Desta maneira, este debate deveria ser vigiado

e relatado, porque, a partir dos conceitos de bipolaridade e de guerra permanente inscritos na

ideologia de segurança nacional, naquela discussão, encontrava-se os elementos para a

promoção da instabilidade do regime e de ameaça a ordem estabelecida.

Nesta perspectiva, não há diferenciação entre o micro e o macro, nem qualquer

hierarquia na análise de força. O sistema de informações políticas do regime tratava qualquer

fato, evento ou manifestação verbal, com o mesmo grau de periculosidade.

Uma espécie de teoria imunológica radical, onde o vírus do comunismo internacional e

do antagonismo ao regime deve ser considerado pelo grau de periculosidade estabelecida por

sua identidade, “virulenta e destrutiva” per si.

Desta forma, em referência a esta visão totalizante, a crítica à elaboração de horários da

UnB era motivo de destaque nos relatórios produzidos pelos agentes de informação política:

PAULO HENRIQUE VEIGA falou sobre a má elaboração de horários da UnB,

sempre em choque, acarretando jubilamento de alunos. Sugeriu que as RE (representações Estudantis) se responsabilizassem por este problema e fizessem pressões junto às secretarias, para uma mudança de horários. (Dossiê I, ANEXO C).

O que representava alternativas à forma oficial estabelecida de organização estudantil

tinha destaque:

MARIA ÂNGELA NORONHA SERPA, concordando com o que havia sido tratado durante a Assembléia, propôs o seguinte: os assuntos a serem discutidos, não deveriam ser realizados através representações e sim por meio de comissões, que levariam as discussões às salas de aula; que deveria haver no mínimo 3 (três) assembléias por semana, até se chegar a paralisação total das aulas. (Dossiê I ANEXO C).

Mesmo que o próprio movimento ainda não soubesse muito claramente qual a nova

forma a ser implementada. E tampouco seu lugar na oposição ao regime:

Um elemento sem vínculo com a UnB, identificado como IVAN ORNELAS -

Vereador em FORMOSA/GO, provavelmente aluno do CEUB, pediu a palavra e, de maneira eloqüente, disse que o Governo precisava reconhecer o Movimento Estudantil, que é de âmbito nacional e não tem caráter subversivo, com era na época do “JOÃO GOULART”. Que estes movimentos que buscam liberdade, são verdadeiramente nacionalistas. Este elemento foi entusiasticamente aplaudido. (Dossiê I, ANEXO C).

Um aluno não identificado, exaltou a capacidade que tinham de levantar à frente os

seus movimentos, sem badernas e sem anarquia. (Dossiê I ANEXO C).

Aqui o agente, baseado na representação de que o inimigo era, em antagonismo com o

regime, ideologicamente consistente e que sempre tem uma coerência interna, destaca o

aplauso a uma observação que criticava o movimento da época de João Goulart como

possuindo uma identidade subversiva. Ou seja, a representação dos agentes dos órgãos de

informação, não poderia conter contradições, elaborações parciais e/ou incompletas,

confusões conceituais. O estudante militante tinha a identidade de inimigo e, nesta

bipolaridade não há espaço para nuances ou variações.

É também impressionante o registro de que não haverá “baderna e anarquia”. As

acusações sistemáticas, na época, baseavam-se no pressuposto da hierarquia funcional sem

mobilidade, no qual os estudantes deveriam estudar, e quando, se afastavam deste princípio,

necessariamente promoveriam “anarquia e baderna”, desestabilizando a ordem. O registro

realizado suspeita deste discurso e revela que sob a condenação feita pelo estudante algo se

esconde e deve ser mais bem investigado.

A revelação da dificuldade do movimento em conseguir recursos para as suas

atividades, na mesma linha anterior da representação baseada na bipolaridade, constituía força

ao inimigo. Não tinha a leitura da fraqueza ou da restrição da abrangência ou apoio do

movimento estudantil, mas da intenção subversiva e inimiga ali implícita, na produção de

materiais em um “mimeógrafo” (em geral à álcool - que permitia, com muito esforço, uma

tiragem de 100 exemplares) e no uso de megafone (que tinha um efeito sonoro limitado, por

ter um sistema de som unidirecional - o que obrigava aos ouvintes, com o lapso na escuta, a

compor as frases perdidas).

O aluno Antonio João da Silva, sugeriu que fosse feita uma calourada para o DU, pois o mesmo não tinha dinheiro e havia a necessidade desta coleta para a compra de papel e tinta para a confecção de cartazes, aquisição de um Megafone e um Mimeógrafo. Frisou

ainda que os “dedos duros” ali presentes, tivessem consciência do que estavam fazendo, pois havia colega punido que não tinha participação do movimento. (Dossiê I, ANEXO C)

Havia consciência de que o movimento estudantil era investigado por agentes de

informação, que era monitorado e de que havia infiltração. No entanto, esta informação era

difusa e não havia capacidade de contra-inteligência instalada no Movimento Estudantil para

a identificação dos agentes e de seus métodos.

O debate sobre os CAs e DCEs livres, que naquele momento pertencia à pauta do

movimento estudantil, foi acompanhado sistematicamente pelos agentes dos órgãos de

informação. A representação bipolarizada dos agentes de investigação política exigia que esta

informação fosse considerada relevante e prioritária. Nesta representação, onde o micro e o

macro se fundem e toda e qualquer alteração da ordem deve ser vista como uma ameaça a

todo o sistema, a identificação da noção de contaminação e de periculosidade associadas à

liberdade de organização não podem deixar de ser registradas. O registro da manifestação do

estudante Michel Zaidan e de outros, assemelha a organização nova, proposta pelo

Movimento Estudantil, às organizações de partidos comunistas e/ou de esquerda com visão

revolucionária. É interessante observar que nenhuma análise é feita sobre o “poder de fogo”

deste movimento, suas restrições de abrangência e suas bases de apoio na sociedade. O que

importa é a caracterização do lugar de inimigo, que deve ser monitorado de maneira efetiva e

permanente.

O aluno de pós-graduação Michel Zaidan, fez uma análise minuciosa de todos os estágios do ME até àquela data. Salientou que a Greve não era o fim e sim o começo de uma tomada de posição e o primeiro estágio de movimento que deveria se desenvolver, objetivando tornar-se permanente como uma força. E que para isso, havia chegado o momento de se criar um cada Departamento, uma célula deste Movimento, com a finalidade de mantê-lo ativo e sólido a ponto de: em caso da direção central ser abafada, estas células terem condições de manter o movimento vivo, mesmo que trabalhando na clandestinidade, pois somente assim o estudante se garantiria como força nas Universidades.

1. Um aluno não identificado - do DCE LIVRE da USP, usou da palavra e disse que a posição dos alunos da UnB, de terem conseguido aquela mobilização e paralisado as aulas (GREVE), já representava uma grande vitória. A seguir o referido aluno comentou um caso vivido na USP - em 1975, quando eles entraram em Greve, objetivando a saída do Diretor do Departamento de Comunicação, mas que não conseguiram nada, pois até hoje ele ocupa o mesmo cargo, motivo pelo qual não acreditava que os alunos da UnB conseguissem tirar o Reitor. O que os alunos da UnB poderiam e deviam fazer, era a criação de DCEs-LIVRES. E que; no seu modo de entender, podiam até faltar às aulas até que recebessem uma reposta do Reitor sobre as revogações e se esta fosse negativa, entrariam novamente em Greve e desta feita, até que a punições fossem revogadas. Ao finalizar disse: “a greve não é a única arma que temos, mas sim um dos meios de luta que abre canais para outros tipos de mobilização”.

O aluno Michel Zaidan Filho, comentou que havia a necessidade de uma organização imediata, para lutas futuras e inclusive independente do resultado do julgamento dos alunos suspensos. Disse que teriam que se organizar para houvesse a necessidade de uma greve, possuírem condições para tal. Esta organização , disse: tem como objetivo inicial a criação da Das, por Departamentos i Institutos e por intermédio

destes, a fundação dos DCEs-LIVRES e independentes da Reitoria. Ressaltou ainda que; esta organização era fundamental para a consecução de “liberdades democráticas”.

A aluna Arlete Avelar Sampaio, ratificou o pensamento anterior, acrescentando que; através do DCE-LIVRE mais acesso e um melhor contato com a população, para discutir os problemas que a afeta. Dizendo que esse contado, teria como objetivo principal, fortalecer o Movimento Estudantil.

O aluno José Ralf de O. Campos, emprestou o seu apoio à idéia de criação de DCEs-LIVRES, visando um melhor encaminhamento na luta. Disse que os problemas vêm se ampliando por muito tempo e que os DCEs-LIVRES não deveriam ter nenhum vínculo com a Reitoria, como o DU que era cadastrado. Sugeriu ainda que a formação desse DCE, deveria ter início no segundo semestre desse ano: através de campanhas e assembléias e marcou a data de 30.08.77 para a primeira assembléia e 15.09.77 para as eleições.

O aluno Sérgio Mascarenhas de Moura, enfatizou a necessidade de se organizarem para o III Encontro Nacional de Estudantes. Salientando que seria necessário formar uma comissão para participar da 29ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC, que será realizada na primeira quinzena de julho/77 - na cidade de Fortaleza -CE. Sugeriu ainda que fosse feita uma moção a todas as Universidades, objetivando marcar a realização do III ENE, no mesmo local e época da SBPC. Finalizou dizendo que todas as Universidades deveriam se mobilizar em assembléias, com a finalidade de fazer voltar a extinta União Nacional de Estudantes - UNE.

O aluno Agamenon de Araújo Souza, esclareceu aos presentes, que a formação de DCE-LIVRE era uma idéia prematura, pois ainda não haviam conseguido nem a revogação das punições, como é que queriam pensar em DCEs? Teriam, isto sim, era que aguardar o resultado da reunião do Conselho Universitário, pois eles não sabiam se as punições seriam revogadas ou não e que sem este certeza não poderiam prever nada. Por isso, finalizou: “esqueçam os DCEs, pois sem algo de concreto, não passaria de um futuro fantasmas. (Dossiê I, ANEXO C).

A polêmica sobre a agenda política de organização e estrutura do movimento estudantil

é registrada, mas não significa, no registro do agente de investigação dos órgãos de

informação, que deva ser considerada uma variante das posições estabelecidas pelos

estudantes que defendiam os CAs e DCEs livres. A representação bipolarizada reduz tudo a

um binômio amigo/inimigo ou ordem/desordem. A ameaça atravessa todos os fatos,

acontecimentos, discursos e ações. Nada pode escapar do relato do agente, porque ali estão

inscritos os “germes e os vírus” da subversão e do antagonismo ao regime. O regime deve ser

implacável no controle.

O outro eixo estabelecido pelo movimento estudantil daquele período constituía-se na

oposição ao regime. A questão central para o movimento estudantil era a democracia: o fim

da repressão política, liberdade de opinião, liberdade de organização, todas estabelecidas sob

a palavra de ordem: “Por liberdades democráticas”.

Iniciava-se, por parte da esquerda no Brasil, uma crítica ao modelo estabelecido no leste

europeu, dirigido pela União Soviética. A burocracia de Estado, a corrupção, o autoritarismo

político, embalados pelo contato europeu dos exilados, eram fortemente criticadas na

esquerda que buscava uma outra espécie de socialismo.

Ainda assim, quero acrescentar algumas frases a um livro integralmente dedicado à

relação democracia-socialismo, que tem como tese fundamental que a liberdade é uma

necessidade vital para o movimento operário e socialista, antes e depois da liquidação das estruturas e do poder capitalista.

Devemos nos precaver contra a tendência a dividir o mundo em duas partes: uma, onde a democracia política é indispensável, e outra onde não é. A democracia é indivisível. De um modo ou de outro, não pode existir socialismo sem ela. (Hobsbawn, no seu já citado relatório apresentado ao convênio gramsciano de Florença). E ainda: ‘A experiência nos levou à conclusão_ assim como ocorreu para outros partidos comunistas da Europa capitalista_ que a democracia hoje não é apenas o terreno no qual o adversário de classe é obrigado a retroceder, mas é também o valor historicamente universal sobre o qual deve ser fundada uma sociedade socialista original. (Radice, 1979. pág. 27)

Coutinho (1979) publica o texto: “A democracia como valor universal”, e em análise de

textos marxistas, traz para o debate da esquerda uma visão da democracia.

Em outras palavras: o socialismo não elimina apenas a apropriação privada dos

frutos do trabalho coletivo; elimina também - ou deve eliminar - a apropriação privada dos mecanismos de dominação e de direção da sociedade como um todo. A superação da alienação econômica é condição necessária mas não suficiente para a realização do humanismo socialista: essa realização implica também a superação da alienação política. (uma necessidade de que Lênin era também consciente: basta lembrar a sua concepção da cozinheira que dirige o Estado). A superação da alienação política pressupõe o fim do ‘isolamento’ do Estado, sua progressiva reabsorção pela sociedade que o produziu e da qual ele se alienou; ora, isso só se tornará possível através de uma crescente articulação entre os organismo populares de democracia direta e os mecanismos ‘tradicionais’ de representação indireta (partidos, parlamentos, etc.). Essa articulação fará com que esses últimos adquiram uma nova função - ampliando o seu grau de representatividade - na medida em que se tornarem o local de uma síntese política dos vários sujeitos políticos envolvidos. (pág. 38).

Longe de unanimidade na esquerda, os textos relacionando democracia e socialismo,

introduziram, apesar de todas as divergências teóricas e conceituais, a questão no âmbito da

esquerda brasileira, relacionando a crítica ao regime ditatorial do Brasil à necessidade de um

projeto futuro onde liberdade e democracia estivessem inscritas. O trotskismo, já exercia esta

função crítica da URRS, principalmente pelo expurgo de Trotsky e suas críticas ao stalinismo.

A grande questão era o fim da ditadura e do regime de força que impedia a livre

manifestação. O movimento estudantil estabelecia a tese de que se houvesse “liberdades

democráticas” a população, as organizações civis e outros atores políticos, se manifestariam e

terminariam por findar o regime militar.

Os agentes de investigação dos órgãos de informação política estavam atentos a esta

possibilidade. Orientados pela repressão ao inimigo estabelecida na representação bipolar,

tinham as “liberdades democráticas” como o grande risco para a manutenção do sistema e

assim, a vigilância neste tópico tinha que ser redobrada.

Esta preocupação estava expressa na identificação das palavras de ordem, que tinham de

ser permanentemente descritas.

No RU foram afixados cartazes com os seguintes dizeres:

- “PELA ANISTIA AOS EXILADOS POLÍTICOS” -“PELA LIBERDADE IMEDIATA DOS COLEGAS PRESOS” - “CONTRA AS TORTURAS” - “POR LIBERDADES DEMOCRÁTICAS”

Em vários trechos dos relatórios os agentes de informação demonstram a vinculação do

movimento estudantil com o cenário político nacional, destacando a questão das liberdades

democráticas e a anistia aos presos políticos. A pauta democrática não tinha relação

necessária com projeto revolucionário ou de insurreição. Apoiava-se na defesa de um estado

de direito estabelecido sob a bandeira das “liberdades democráticas”.

Hoje, 19 Maio, pela manha, de acordo com as instruções de ROCINE CASTELO DE CARVALHO, os alunos deveriam sair, pelas salas de aulas da UnB, paralisando as aulas e convocando todos os estudantes para a assembléia geral, que deverá ser realizada às 11hs, em protesto às prisões dos estudantes; contra o jubilamento, contra o estudo pago e em favor da libertação dos presos políticos.

À convite de ROCINE CASTELO DE CARVALHO e ALCIDES, o grupo que se formou na entrada Sul partiu para a entrada Norte, cantando, batendo palmas e gritando “por Liberdades Democráticas”.

Formou-se um grande grupo na entrada Norte do ICC e foi iniciada a caminhada em direção à praça, passando pela frente do RU e posteriormente pelo DU. Durante todo o deslocamento cantavam partes da música “Para não dizer que não falei das flores” - de GERALDO VANDRÉ e também gritavam uníssono: “Liberdades Democráticas”. À testa do grupo, alguns alunos se alternavam conduzindo duas faixas com os seguintes dizeres: “Por liberdades democráticas” - “Anistia Plena e Irrestrita aos Presos Políticos. (Dossiê I ANEXO C)

As questões sociais e ambientais também aparecem:

O aluno WALLACE JOSÉ SESANA, usando da palavra, fez uma comparação entre

a situação da UnB e a dos operários, dizendo que a situação deste s último era bem pior, porque não tinham nenhuma condição de mobilização. Citou que o Governo devia se preocupar mais com o problema de transportes, saúde, habitação e alimentação, examinando por exemplo o que ocorre na Amazônia, onde , onde a VOLSWAGEN incendiou uma vasta área de floresta, o que foi provado por fotografias científicas, representando isto uma grande perda nas reservas de oxigênio no mundo. Citou que as empresas norte-americanas estão se apoderando da Amazônia - “o que é bem para os ESTADOS UNIDOS é bom para o BRASIL e vice-versa.

Uma aluna não identificada pediu que acabassem com os grupos isolados “Unidade-Oficina-Construção-Raio que o parta” e partissem para um movimento unificado, esquecendo-se as divergências. Sugeriu que fosse feita uma passeata pelo Campus, manifestando repúdio ao jubilamento, taxas e MGA. Sugeriu também que saíssem à rua e nos supermercados vissem os preços do feijão, arroz, leite e pão e comparassem com os salários vigentes, para perceberem que havia muita gente passando fome.

Durante o descolamento todos gritavam em coro: “ABAIXO A REPRESSÃO, MAIS ARROZ E MAIS FEIJÃO” - “ANISTIA AOS PRESOS POLÍTICOS”, “POR LIBERDADES DEMOCRÁTICAS”, “ABAIXO O MGA”!

Em seguida, o aluno FLÁVIO ALBERTO BOTELHO procedeu à leitura de uma carta dos universitários de GOIÁS apoiando o ME-UnB e de uma outra, também em apoio ao ME-UnB, mandada pelos alunos do 6º ano de Medicina da UFMG. Posteriormente, explicou aos presentes, que havia a necessidade de se fazer uma análise da atual Situação Política do BRASIL, e que estas “repressões” não passariam de ameaças, porque quando há manifestação existem problemas, tais como: falta de transporte, melhores salários, baixo nível de ensino e liberdades democráticas. Concluiu dizendo que “esta conversa de dizer

que o lugar do Universitário é dentro do Campus é mentira, pois nós temos as mesmas dificuldades e problemas que sofrem a população; o Governo dá só 4% de verba prá a educação enquanto dá 12% para o Exército.

A aluna ÉRIKA JUCÁ KOKAY, disse que: “O Reitor é um agitador que só sabe repreender. Ele é o símbolo da repressão do Brasil. É necessário que levemos imediatamente ao conhecimento da população, que estamos em Greve, pois a população também luta por LIBERDADES DEMOCRÁTICAS, por melhores condições de vida, saúde, transporte, salário, habitação e melhoria de ensino no Brasil. As massas necessitam de liberdade para discutirem os seus problemas, mas quando pensam em fazê-lo, são ameaçados por mira de fuzil”.

O aluno Carlos Alberto de Albeida, usando da palavra comentou o aumento dos preços das passagens de ônibus, afirmando que isso só ocorreu porque eles não fizeram um quebra-quebra, conforme haviam combinado em “assembléias” anteriores. As discussões a respeito do assunto deveriam ter prosseguido e isto não foi feito. Com a paralisação das discussões, disse: “favoreceu para que houvesse a aprovação da majoração das novas tarifas, que vem afetar à população, refletindo no nosso meio” (Dossiê I, ANEXO C).

A convocação de uma Assembléia Constituinte para redigir uma nova Constituição para

o Brasil, era a estratégia que se esboçava para a conquista do estado de direito e a democracia.

O aluno JOSÉ RALF DE OLIVEIRA CAMPOS comentou que “os alunos não

deveriam esperar o apoio do MDB, OAB e ABI porque esses grupos tinham seus problemas e quando eles intervêm é porque tem os seus próprios interesses, deveriam confiar é na manifestação popular e frisou ainda a necessidade de uma assembléia constituinte livre e soberana em todos os setores da população para lutarem por “Liberdades democráticas”.

O aluno SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA concordou com o aluno JOSÉ RALF CAMPOS, “mas que a assembléia constituinte deveria ser formada pela comunidade, pois só assim a população conseguiria resolver seus problemas. Sugeriu ainda, que os secundaristas ali presentes, deveriam apanhar várias cartas abertas para serem levadas para seus colégios. (Dossiê I, ANEXO C).

O agente comenta os fatos ocorridos. Nestes comentários destacam-se:

a) os métodos utilizados: observação direta “O presente relatório é fruto de observação direta de Agente no decorrer da Assembléia, alusiva ao chamado ATO PÚBLICO”, realizado no Teatro de Arena da UnB, no horário de 10:45h às 12:15h do dia 15-06-77; gravações.

Dados precisos referente ao assunto poderão ser extraídos das fitas magnéticas

gravadas no local. (Dossiê I, ANEXO C).

b) O relatório apresenta comentários do Agente para oferecer material para o Analista.

O mesmo representa comentário do Agente, pois. Este, portanto, visa apesar

oferecer ao Analista sobre os discursos de JOSÉ DE OLIVEIRA CAMPOS, HEITOR MATALLO JÚNIOR, MARIA FRANCISCA A. SOUZA e SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA, cuja maneira de serem pronunciados, quis parecer ao Agente possuírem forte conotação marxista. (Dossiê I, ANEXO C)

c) Destaques de indivíduos com comentários:

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA 1) O aluno, além de aparentar estar indicado para “dar um recado especial”, pois,

falou de maneira a estar conduzindo uma mensagem externa, citou “movimentos de base” que se vem realizando em São Paulo, no caso, Associações de Bairro, citando ainda movimento de operários no seu discurso. Obs: o agente está em dúvida ter sido este aluno

ou se HEITOR MATALLO JUNIOR que abordou a necessidade de criação de uma UNE União Nacional dos Estudantes.

2) Sérgio Mascarenhas de Moura, contradisse o que foi dito por Flávio Alberto Botelho, na assembléia, quando Flávio tentou justificar o porque da carta aberta à população, dizendo que “tudo que é de interesse da população é do trabalhador, é do interesse dos universitários, porque estes também são trabalhadores e filhos de trabalhadores, e fazem parte da população. Que entre eles, existem vários colegas universitários que não tem uma mesada, porque o pai ganha vive oprimido, eles, os universitários, devem falar, reivindicar em favor de todos, e contar com o apoio de toda a população”.

3) Sérgio Mascarenhas de Moura, em seu pronunciamento, ressaltou a posição deles, os universitários, que “tem os pais para sustentá-los, e por isso a maioria não trabalha, em conseqüência, podem dispostas de tempo para se organizar e montar grupos de trabalho para manter a greve. (Dossiê I, ANEXO C).

Estes comentários sobre indivíduos militantes e lideranças do movimento estudantil

tinham por objetivo desenhar um perfil deste militante, sua trajetória, retórica e identidade.

Desta maneira, o agente conferia “face” ao inimigo e sabia quem devia ser vigiado e

monitorado. O agente, quando me destaca, infere que eu estava dando “um recado especial,

pois, falou de maneira a estar conduzindo uma mensagem externa”, estabelecendo parâmetros

para a ancoragem na bipolarização inscritas nas representações construídas a partir da

ideologia de segurança nacional. O inimigo tinha relações externas à universidade, ou

instituição, e ao país, nesta versão dos últimos períodos da guerra fria.

Deputados do MDB, partido de oposição consentida à ditadura militar, identificados

como o grupo dos “autênticos”, que mantinha uma postura mais oposicionista ao regime,

minoritários no MDB, associam-se aos estudantes e às reivindicações por “liberdades

democráticas”, apoiando naquele momento, a função de catálise que o movimento estudantil

representava. Os agentes de investigação dos órgãos de informação registraram todas estas

relações que começavam a ser constituídas.

Aproximadamente 1.500 pessoas se acomodaram no “Teatro de Arena”, onde foi

iniciado a palestra, durante a qual foram abordados os seguintes assuntos: 11.1. O aluno Alcides Bartolomeu de Farias, anunciou a presença dos

Senhores Deputados AIRTON SOARES, JOÃO GILBERTO e SANTILLI SOBRINHO, passando a palavra para o primeiro.

11.2. O Deputado Airton Soares, falou que o momento não era oportuno para falar sobre “Constituinte”, mas já que estavam ali ofereciam todo o apoio ao movimento. Todavia, ressaltou que precisavam regressar imediatamente à Câmara, pois estava pra ser cassado um de seus colegas, Deputado MARCOS TITO, como já devia ser do conhecimento de todos. Informou a seguir que passaria a palavra ao seu colega Deputado JOÃO GILBERTO.

11.3. O Deputado João Gilberto, se manifestou inicialmente dizendo que era uma satisfação rever aquela juventude “sair do silêncio da escuridão, pois era desse despertar que a Nação esta precisando para sair do silêncio”. “Essa luta é como a nossa por liberdades democráticas”. Ela (a luta) é de vocês e todos os estudantes, assim como também nós lutamos no Congresso , contra as cassações e outros atos.

11.4. O Deputado Santilli Sobrinho, informou dar todo apoio e está a disposição de todos para fazer palestra sobre qualquer assunto. Que não poderia entretanto se engajar na luta, mas que admirava muito a luta estudantil em busca da verdadeira

democracia. Luta reivindicatória da verdadeira liberdade que o regime atual não permite. Salientou a todos que não imitassem a seus pais que; quando jovens empreendiam este mesmo tipo de luta, mas que agora estão no modismo. Que todos deviam manter acesa a chama da luta pelas liberdades democráticas e que o idealismo deveria estar sempre presente entre eles.

11.5. O Deputado Airton Soares, retomou a palavra e disse que tinha um ponto de vista importante que não poderia deixar de manifestar: em todas as Universidades do país houve manifestação e não houve punição , será que os outros Reitores são incompetentes ou o Reitor da UnB é mais “letrado” que os outros? Ou é opor que ele está mais próximo do “poder”?

11.6. Depois que os Deputados se retiraram o aluno Jorge Augusto de O. Vinhas, assumiu o megafone e pediu que ninguém dispersasse pois precisava ler algumas propostas:

a. formar uma comissão para entregar um comunicado ao Reitor, informando-o da greve. Esta proposta foi rejeitada

pois levantaram a hipótese do Reitor identificar e punir os componentes da comissão;

b. todos que estavam ali deveriam se deslocar para a Reitoria, levando o comunicado. Esta proposta também foi rejeitada;

c. que o documento fosse mandado pelo protocolo. Também foi rejeitada, pois alegaram que demoraria um mês para chegar ao destinatário (risos). (Dossiê I, ANEXO C)

“É disso que precisamos”

As “bandeiras” para o Brasil apresentadas pelo movimento estudantil da época estudada

incluíam-se no rol do debate democrático, onde a função social do Estado tinha destaque. Os

agentes de investigação dos órgãos de informação, ao descreverem passo a passo, com

detalhes, pseudocientificismo e comentários analíticos, a ação política dos estudantes

registravam a oposição do regime militar à pauta política ancorada em uma proposta de

estado de direito, democracia, liberdade de opinião, função social do Estado e término da

repressão política. O fim da ditadura era o objetivo. O futuro do país deveria ser desenhado

em ambiente democrático e participativo. Os agentes, na representação bipolarizada,

compreendiam esta posição dentro da ação do inimigo, o comunismo internacional, que

necessitava ser combatido em todos os fóruns e instâncias (micro ou macro estruturadas). A

representação paranóica do regime e de seus agentes de investigação filtrava a análise e

estabelecia, na perspectiva da guerra, uma lente torta, distorcida e com opacidade. Na

realidade se batiam contra a defesa de um Estado democrático.

- “É disso que precisamos”.

Uma aluna não identificada, fazendo uso da palavra, disse que o Reitor só sabe dar

punições, quando os alunos necessitam de melhores condições de ensino. Acrescentou que o problema da UnB é idêntico ao problema da população, pois existem setores onde a população está passando fome e, na realidade era disso que “eles” deveriam cuidar. Problemas como: transporte, educação, alimentação, saúde e melhores condições de vida humana. E finalizou: “como vocês sabem, é disso que precisamos”. (Dossiê I, ANEXO C).

O último eixo de debates do movimento estudantil naquele período refere-se à crítica à

democracia interna na universidade. O fato que deu origem aos relatórios dos agentes de

investigação dos órgãos de informação foi intensamente relatado no primeiro capítulo, por

ocasião da relação das minhas memórias autobiográficas com a conjuntura do período.

O Reitor da Universidade de Brasília, UnB, o capitão-de-mar-e-guerra José Carlos de

Almeida Azevedo pune e expulsa estudantes por manifestações realizadas, convoca a polícia

e as forças armadas para invadirem o campus, apóia a prisão e o enquadramento de estudantes

na Lei de Segurança Nacional.

No site oficial da UnB está descrito aquele momento:

Com a posse do professor, doutor em Física e oficial da Marinha, José Carlos de

Almeida Azevedo, em maio de 1976, as manifestações recomeçaram. Um ano após a mudança na reitoria, multiplicaram-se os protestos de alunos contra a má qualidade do ensino, ociosidade nos laboratórios, falta de professores, entre outros pontos.

A crise política da UnB ultrapassou os limites do campus. O Senado Federal criou uma comissão para interferir no conflito. Cerca de 150 professores entraram como mediadores entre a reitoria e os estudantes. Novamente, em 6 de junho de 1977, tropas militares invadiram a UnB, prendendo estudantes e intimando professores e funcionários.

O eixo da democracia na universidade estava apoiado em dois pontos substantivos de

reivindicações: o primeiro com relação a um conjunto de reivindicações de ordem

administrativa e acadêmica relacionadas, desde solicitações de melhor infra-estrutura física

até um conjunto de solicitações, para a melhoria da qualidade do curso.

O conjunto de reivindicações de ordem administrativas e acadêmicas pode ser

subdividido da seguinte maneira:

a) a interferência nas prioridades administrativas e acadêmicas que se definia por

reestruturação da infra-estrutura acadêmica de laboratórios e equipamentos.

-ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA sugeriu que fosse feito greve na UnB,

como na PUC e USP, pois o baixo nível de ensino atinge também a UnB. Citou a falta de professores, falta de verbas e equipamentos, a situação do governo que não tinha condições de manter o nível de ensino no país. (Dossiê I, ANEXO C).

b) no estabelecimento do calendário acadêmico e da estruturação dos horários:

-PAULO HENRIQUE VEIGA falou sobre a má elaboração de horários da UnB,

sempre em choque, acarretando jubilamento de alunos. Sugeriu que as RE (representações Estudantis) se responsabilizassem por este problema e fizessem pressões junto às secretarias, para uma mudança de horários. (Dossiê I, ANEXO C)

c) o outro conjunto de solicitações para a melhoria da qualidade do curso refere-se,

especialmente à reestruturação dos currículos dos cursos e a qualificação de professores:

... um outro aluno sugeriu que o currículo do Curso de Arquitetura e Urbanismo fosse encaminhado à reitoria juntamente com as reivindicações e que os estudantes só deveriam voltar às aulas após o resultado de seu encaminhamento ao MEC com as mudanças do currículo. Nesse documento seria exigido a contratação de professores competentes, com melhores salários. (Dossiê I ANEXO C).

A questão democrática mais imediata, interna à universidade estava diretamente

relacionada ao repúdio das atitudes autoritárias do reitor Azevedo, sua íntima vinculação com

o regime e sua forma de lidar com as reivindicações estudantis, convocando a polícia e os

órgãos de repressão.

Azevedo foi a metáfora para dentro da universidade de todo o regime e de suas práticas

de força contra a livre opinião e a liberdade de organização. A reivindicação social dos

estudantes por “liberdades democráticas” no Brasil encontrava, a partir dos atos do reitor, um

ponto de catálise e, desta maneira, o Brasil democrático significava também uma

universidade democrática.

Assim sendo: “fora Azevedo, abaixo Azevedo”, se equivaliam ao “fora ditadura”,

“abaixo a ditadura”, palavras-de-ordem utilizadas sistematicamente pelos estudantes na

oposição ao regime.

Ao aproximarem-se do prédio da Administração Central - Reitoria, fortaleceram o coro e passaram a gritar: “ABAIXO O AZEVEDO”

Postaram-se em frente à Reitoria e ao verem o Reitor, gritavam “FORA - FORA - FORA”, gesticulando com o polegar voltado para abaixo.

. O aluno ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA, sugeriu que se deslocassem até o RU. O deslocamento foi iniciado em direção ao Restaurante, onde predominava o brado: “Se Houver Punição, Haverá Paralisação”.

Ao chegarem no Restaurante, se aglomeraram em concentração, onde se verificou uma baderna generalizada, com gritarias, assovios, barulho de bandejas, etc.. 1. O aluno Antonio Ramaiana, abriu a assembléia, informando que o objetivo da mesma era adotar posição contra as punições impostas pelo “Azevedo” a 16 colegas. 4. A aluna Florianita Coelho Braga, expressou-se dizendo que essas repressões estudantis são de caráter nacional e que aqui em Brasília o “Azevedo” é o símbolo dessa repressão que se espalha por todo o Brasil. Citou que ali naquela assembléia haviam policiais e que distorciam os assuntos dando informações contrárias. (Dossiê I, ANEXO C)

A presença de policiais era conhecida, mas não identificada. O movimento estudantil

denunciava a relação entre a administração da universidade com os agentes de investigação

dos órgãos de informação.

15.1. O aluno Marco Antonio Ribeiro V. de Lima, fez a abertura da assembléia, com as seguintes palavras: “Pessoal, eu acho que neste momento, nós devemos nos unir ainda mais, pois como vocês estão vendo aí, por todo canto tem policiais. Não é por causa disso que nós vamos enfraquecer a nossa luta, pelas nossas reivindicações e por melhores condições de vida dos próprios policiais aqui presentes, que também são povo e se eles estão aqui é porque são mandados pelo Reitor. Quero deixar claro que a presença deles não nos intimida.

15.2. O aluno Antonio Ramaiana de B, Ribeiro, usou da palavra e explicou que, logo cedo, quando chegaram, o ICC estava tomado por policiais do “Azevedo”, que os agrediam tomando, rasgando e chutando os cartazes. E que isto ‘so aconteceu pelo fato de apenas uma minoria dos estudantes se encontrar em atividade. Em tom provocativo e alta voz, o referido aluno conclamou que a presença dos policiais não os intimidava e como prova disso; apontando para o meio da assembléia disse: tempos aí faixas e cartazes, porque vocês policiais não tenta retirá-los?”. Essas palavras foram retrucadas pelos presentes, acusando-o de estar usando palavras provocativas”, (Dossiê I, ANEXO C).

Os estudantes utilizaram-se de atividades culturais para criticarem a repressão imposta.

Todas foram registradas pelos agentes de investigação.

15.3. Por volta das 09:30h, foi apresentada uma peça “O REI THOR NO REINO DOS URUBUS”, a qual criticava de maneira cômica o Reitor da UnB e a sua administração. Esta peça foi apresentada no Hall da entrada Sul do ICC e foi presenciada por +- 700 pessoas. (Dossiê I, ANEXO C)

Teve início o Show de MPB, na entrada Norte do ICC, com o seguinte desenvolvimento: 1. A aluna Maria Ângela Noronha Serpa, esclareceu aos presentes que não haviam convidado nenhuma pessoa do meio artístico para aquele Show, mas se todos colaborassem poderia haver aquela programação, portanto, o Show estava a disposição dos voluntários. 2. O aluno Everaldo de Maia Queiroz, deu início ao Show, cantando três música não reconhecidas pelo informante. 3. O aluno Sérgio Mascarenhas de Moura, deu prosseguimento ao Show cantando as músicas: “para não dizer que não falei de flores” (Geraldo Vandré), “Asa Branca” (Luiz Gonzaga) e outras também conhecidas do informante. 4. Um aluno não identificado, apresentou-se tocando dois instrumentos ao mesmo tempo (Gaita e Violão) - foi bastante aplaudido , ao final. 5. O aluno Sérgio Mascarenhas de Moura, postado ao centro, comandava o Show e à medida que ia tendo notícia da realização de aulas, ordenava ao “piquete central permanente” que deslocava-se até o local e interrompia as mesmas. 6. O aluno Wallace José Sesana, chegou por volta das 10:45h, trazendo uma grande aparelhagem de som e a instalou nas proximidades da sala de exposições da Arquitetura e a seguir, transferiu o Show para este novo local. 7. Três alunos não identificados, fizeram as suas apresentações, Porém , sistematicamente, ofereceram as suas músicas ao Reitor. 8. As 12:00h, o número de participantes já era diminuto e pode ser considerado como final do Show, em que pese o fato do som haver continuado durante toda a tarde. (Dossiê I, ANEXO C).

A peça teatral programada paralelamente ao “Ato Público”, tinha a seguinte denominação: “Os Sapos da TIA AZEDINHA ou Como o Universildo proclamou a sua Independência”. Satirizando o Reitor da UnB e toda sua Administração e foi apresentado pelo “grupo” PAZ NA HORA. (Dossiê I, ANEXO C).

A greve dos estudantes foi registrada em detalhes. Os agentes de investigação dos

órgãos de informação tinham a greve como um ato contestatório de alta gravidade. A greve

interrompia a normalidade, estabelecia uma situação clara de conflito e exigia medidas para a

sua superação. Neste aspecto, a greve dos estudantes foi considerada um exemplo, na

representação bipolarizada de um ato de guerra do inimigo.

Tentar se dissociar do estigma do perigo, associada à militância identificada com a

esquerda, situando-se em um suposto “centro”, foi compreendido como um “deboche” pelo

agente de investigação:

9. O aluno Agamenon de Araújo Souza, voltou a fazer uso da palavra, dizendo que se a GREVE continuava era uma situação imposta pelo próprio “Azevedo”, pois ele ficava lá de cima do seu gabinete parecendo um POMBO e que ele “o Azevedo”era a maioria e os estudantes a minoria. (em tom de deboche o aluno em questão falou que não era da esquerda nem da direita, era do centro). (Dossiê I, ANEXO C)

O reconhecimento dos lugares questionava, de maneira irônica, a ocupação da Reitoria

da UnB por um capitão da marinha. A hierarquia imóvel tinha a sua aplicação contra o

próprio sistema.

O aluno João Simplício Lopes Martins, explicou que: se estavam em GREVE, era

por que existiam erros no ENSINO e ADMINISTRAÇÃO. Continuando, o referido aluno disse que havia aprendido que o lugar do aluno é na escola, o lugar do empresário é na fábrica, o lugar do político é no Congresso e sua própria pergunta, houve um período de aproximadamente 1 (um) minuto de palmas, gritos e assovios, aplaudindo o referido aluno. (Dossiê I, ANEXO C)

... um aluno não identificado, disse que eles tinham era que tirar o Reitor, pois o mesmo era um incapacitado para tal posto, acrescentando: “o que ele entende mesmo é de Marinha, uma vez que é Capitão-de-mar-e-guerra, (Dossiê I ANEXO C).

O que vai promover, em conseqüência, a exigência de demissão do Reitor:

O aluno Pedro Paulo Eleutério de Barros Lima, usuário da palavra, disse: “a situação que estamos vivendo é devido a um regime imposto pelo governo e o “Azevedo” é o único responsável pela parte inflamatória da UnB. Mas, na verdade, nós agora não estamos lutando só para que haja revogação das punições dos colegas, mas sim para forçar um pedido de demissão desse CARA (o Reitor), pois não mais suportamos sua presença. (Dossiê I, ANEXO C).

O aluno Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, apresentou a proposta de que fosse feito

um “Abaixo Assinado, exigindo a demissão do Reitor, por eles tinha forças para isso. E repetiu o assunto por várias vezes: “nós tempos é que exigir e não pedir, nós temos forças para isso. (Dossiê I, ANEXO C).

e a continuidade da greve até que as punições sejam revogadas:

A aluna Arlete Avelar Sampaio, apoiou o aluno acima, dizendo: “A GREVE TEM QUE CONTINUAR e só parar quando houver a revogação das punições, (Dossiê I, ANEXO C).

1. O aluno Agamenon de Araújo Souza, comentou que o “Azevedo” havia dito a vários órgãos lá de fora, que as negociações com os alunos andavam às mil maravilhas, mas que tudo isto era mentira “o Reitor é um mentiroso”, acrescentou: “esta mentira, nós alunos temos que admitir que é de uma inteligência muito grande”. Alegou ainda o aluno que, teve de passar o fim de semana escondido com medo da polícia, pois não queria ser preso. Finalizou sugerindo que fosse formada uma comissão para ir levar as reinvidicações ao Reitor e ao mesmo tempo discutir as negociações sobre a revogação das punições e que

ele próprio seria um dos voluntários para fazer parte da mesma, pois estava querendo muito falar com esse cara (o Reitor) “uma vez que ele puni, ele mesmo terá que revogar as punições”.

O aluno Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, disse que a Greve tinha uqe continuar até a revogação das punições; que não adiantava a força policial que na quarta-feira Haia prendido mais de 80 alunos dentro do Campus e que continuava prendendo até mesmo em suas residências. Adiantando que tinham de se posicionar, fortalecendo ainda mais o movimento, pois quem tinha que recusar era o Reitor e não eles (Dossiê I, ANEXO C).

O aluno Agamenon de Araújo Souza , disse que era a favor de que a Greve continuasse até a revogação das punições, pois era a única arma de que dispunham e portanto deveriam usá-la e acrescentou: “ele usou de mentira safadas (referindo-se ao Reitor). “Nós queremos voltar às aulas, ele e o único culpado; ele deveria humilhar-se pelo menos uma vez desta sua posição de Ditador, que lhe custaria ser humilde e reconhecer que está errado, ter um pouco de compreensão e dialogar abertamente conosco, o que lhe custaria isto?” E continuou: “este mundo é uma montanha de merda e para remove-la é necessário que metamos a mão. Meter a mão calçadas com luva, com inteligência, por que o Reitor quer é jogar a merda em cima de nós”. E finalizando dizendo que não poderia paralisar a Greve, por isto seria voltara estaca Zero” (Dossiê I, ANEXO C)

A participação dos professores na crise estabelecida a partir do movimento deflagrado

pelos estudantes é periférica e pouco decisiva. A mediação entre os estudantes e o reitor é

burocrática e em muitas vezes são registradas manifestações a favor da posição do reitor

Azevedo.

... e outra aluna não identificada e dos professores Henrique Kriger, Ganda e Savoia, foi recebida pela Reitoria e retornou com as seguintes propostas do Reitor: - que não revogaria o Ato; - que o Conselho Universitário já era órgão prevista pelo Regimento Interno em vigor; - que os recursos que fossem apresentados teriam efeito suspensivos e seriam analisados; - que as provas e aulas seriam objeto de Instrução da Reitoria, resguardados os alunos que não impediram se atividades acadêmica; - que não dava garantias prévias de que não haveriam novas punições pelo motivo da Greve.

15h00minh - A Comissão retorna e se dirige à concentração. O aluno Hudson Cunha, informa que o Reitor não estava disposto a revogar o Ato de punição; que as forças policiais só sairiam do Campus quando os alunos voltassem às aulas e comunicou também que outras decisões haviam sido tomadas, o que gerou protesto com manifestação de vaias e gritos de “A GREVE CONTINUA” - “FORA O AZEVEDO”.

18h00minh - O professor Gláucio Dilon Soares, telefonou ao SPP, perguntando se os alunos podiam sair da UnB sem serem molestados pela polícia e foi informado positivamente. Logo após este telefonema, o grande grupo de alunos que estava na entrada Norte do ICC, começou a se dispersar. (Dossiê I, ANEXO C).

O aluno Heitor Matallo Júnior, disse que nessa reunião, os Professores, juntamente

com o Prof. Edson Machado, haviam tentando convencê-los a assinar um documento comprometendo-se a terminar com a Greve, o que não foi aceito por eles (os alunos).

O aluno Hudson Cunha, fazendo uso da palavra disse: “se concordássemos em paralisar a Greve, o Reitor e o Conselho Universitário iriam revogar as punições e por isto a Greve deve continuar”. E acrescentou: “esta invasão do Campus pela polícia é contra os direitos humanos”, pois existia, inclusive, alunos hospitalizados e até com braço quebrado. Disse também que as Representações Estudantis haviam sido violadas e seus materiais estragados, principalmente no Diretório Universitário e na Medicina (Dossiê I, ANEXO C).

Os Professores que integraram a Comissão das 17:00h, saíram de uma reunião que estava acontecendo no Anfiteatro no. 9, com +- 120 Professores, sob a presidência do Professor Frederico Simões Barbosa. Dessa reunião de professores saiu uma nota apócrifa publicada pela imprensa local em 04.06.77, em nome dos professores da UnB. (Dossiê I, ANEXO C).

Um grupo de +- 15 alunos, percorre todo o ICC, interrompendo as aulas. Um

Professor ficou bastante nervoso e solicitou ajuda do Vigilante para prosseguir a sua aula, sendo por este informado que não podia prestar-lhe aquele serviço, porque tinha orientação em contrário e que professor se dirigisse à sua chefia.

16:20h - Um grupo de “piquete” chegou ao Departamento de Direito, com o objetivo de não permitir o início de uma aula (havia na sela somente a Professora e 3 alunos). A Professora não permitiu a entrada dos Grevistas, deu-lhes uma tremenda broca dizendo que eles estavam era querendo tumultuar e que aquilo não era democrático (não permitir que os colegas assistissem aulas) e por isso era bom que a polícia entrasse e “baixasse o pau neles. (Dossiê I, ANEXO C).

Por ser um movimento de jovens, a militância exercida cedia aos apelos da própria

idade. Os agentes de investigação dos órgãos de informação registravam tudo isto, mas não

atenuavam a representação de inimigo, baseada na bipolarização. Os jovens não eram

reconhecidos na sua juventude, mas como inimigos do sistema que deveriam ser combatidos.

Interromper a assembléia porque estavam com fome,

Um aluno não identificado levantou uma questão de ordem e pediu que iniciassem logo a passeata, por todos já estavam com fome. Em seguida sugeriu que, em passeata, fossem até a Reitoria, batendo palmas e cantando. (Dossiê I, ANEXO C)

debochar do ato de suspensão,

... um aluno não identificado afirmou que não se deveria levar em conta as declarações do reitor da UnB em suspender os alunos que faltassem às aulas à partira das 08:00 hs de ontem e disse que, como os estudantes já estavam em greve, se fossem suspensos não faria diferença. Esse estudante foi muito aplaudido.

eram manifestações que identificavam a faixa etária dos estudantes e que eram registradas,

mas tornadas sem efeito para a análise crítica dos participantes. Nada poderia ser atenuado na

análise daqueles agentes.

É muito interessante o fato da mulher que aparece e pede para rezar um Pai-Nosso.

Mais interessante ainda é que os estudantes atendem.

Uma Senhora não identificada e a nosso ver desconhecida no meio estudantil, pediu

a palavra e criticando o tipo de movimento (Greve), disse: “esta não é a forma ideal de luta”. Salientou a seguir que ao invés de fazerem “assembléias” com palavras de mau trato e agravantes, se unissem em oração. E acrescentou: “será que todos vocês perderam a fé? Pois como diz a Bíblia: FÉ REMOVE MONTANHAS. É de uma fé forte como esta que nós necessitamos, por isso vamos nos dar as mãos e rezar o PAI NOSSO”. A proposta foi aceita e realizada imediatamente. (Dossiê I, ANEXO C).

As “liberdades democráticas” impunham-se no imaginário como alternativa à ditadura.

O regime lia de outra maneira este movimento. O temor de um processo revolucionário, e as

representações dos agentes da repressão determinavam seu olhar crítico sobre os

acontecimentos.

“1, 2, 3,... minoria são vocês”. A palavra de ordem cantada pelos estudantes reafirmava

a bandeira democrática e a crítica ao regime. Estabelecia uma leitura antagônica, com poucas

palavras, ao discurso oficial do regime, que caracterizava o movimento estudantil como uma

manifestação de minorias que, influenciadas por ideologias “estrangeiras” (no caso o

comunismo), visavam criar instabilidade para a maioria. A democracia exigia novas vozes e

estas gritaram por democracia.

Neste local, por aproximadamente uns três minutos, gritavam: “1, 2, 3 MINORIA SÃO VOCÊS”. A seguir, cantaram mais uma vez, o Hino Nacional. (ao término do qual houve várias, gritos e assobios. Ato contínuo, o grande grupo encaminhou-se para o RU, onde se dissolveu. (Dossiê I, ANEXO C).

3.3.2 – A Anistia:

Em 1978, o movimento pela anistia ampla, geral e irrestrita, tem manifestações

organizadas por várias cidades e capitais brasileiras. O movimento era dirigido,

principalmente, pelo Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA) que tinha a participação e

liderança de parentes de exilados ou desaparecidos, de lideranças estudantis, de autênticos do

MDB, entidades ligadas a setores da Igreja Católica críticos ao regime e militantes de

diversas organizações de esquerda.

Roberto Martins (1979), jornalista, afirma:

...ano de 1978 marcou um extraordinário avanço da luta pela anistia política no país, a ponto de obter suas primeiras conquistas. Isto não se deu sem profundas razões. A reivindicação de anistia vem sendo formulada desde 1964. Desde aí, vozes se manifestam favoravelmente a este gesto de alta sabedoria política, no dizer de Rui Barbosa, como necessidade para recompor a unidade da nação, então rompida. Mas foram precisos 10 anos para que estas vozes se avolumassem e fossem tomando o caráter de exigência nacional, de irreversibilidade na conquista do objetivo. Passou-se pelas primeiras organizações em 1975, foi-se para as ruas em 1977. Mas em 78 se generalizou, obteve importantes adesões, a ponto de romper com o próprio silêncio até então mantido pelo regime militar, forçando-o a manifestar-se, ora frontalmente contra, ora apresentando ‘alternativas’, ora admitindo medidas de caráter parcial. (pág. 187)

O movimento pela anistia associava-se “passo a passo” com o desenvolvimento da

oposição popular e democrática ao regime. As instituições e pessoas que aderem ao

movimento estabeleciam a anistia como pré-requisito para a democracia.

Assim, passo a passo, as mais variadas correntes de opinião e os mais variados setores sociais, categorias profissionais, instituições e entidades diversas, aderiram ao reclamo da anistia, vendo esta como o pré-requisito para a democracia. Como o elo mais urgente, decisivo e viável no processo de conquistas das liberdades democráticas. (Martins,1979, pág. 191)

Em associação ao movimento pela anistia há um conjunto de reivindicações que se

estabelecem como uma agenda política imediata e de futuro.

a) A imperiosa necessidade de se modificar as condições carcerárias dos presos políticos,

impedindo a tortura como método de investigação; as irregularidades processuais e as

péssimas condições carcerárias estavam associadas à luta pela anistia.

b) O retorno dos exilados e a questão dos passaportes. O regime havia retirado o direito a

passaporte aos brasileiros exilados em diferentes países, e com isto, o direito à nacionalidade.

O número de brasileiros atingidos naquele momento é muito significativo.

Hoje calcula-se viverem no exílio cerca de 10 mil brasileiros, entre os exilados

propriamente ditos e seus familiares. (Martins, 1979. pág. 199)

c) O fim do banimento. O banimento foi uma figura jurídica que cassava a nacionalidade e

estabelecia punição criminal em processos julgados à revelia (por não comparecimento) ou

interrompidos.

d) o retorno dos cassados a vida política ou civil.

e) O fim da tortura e sua punição. Findar a tortura como método de investigação e punir os

responsáveis por tal fato, caracterizando a tortura cometida no Brasil como um crime contra a

humanidade. A tortura nunca foi reconhecida pelo regime. Durante um bom tempo dizia-se, a

partir das denuncias de presos políticos e familiares, que era uma contra-propaganda dos

comunistas para enfraquecer o regime. A multiplicação de denúncias levou o regime ao

silêncio.

A tortura sempre foi o ponto mais fraco do regime militar. Apesar do caráter bárbaro do tratamento dispensado de forma generalizada aos presos políticos, especialmente depois do AI-5, nunca pode o regime reconhecer oficialmente o uso da tortura, pois isso significaria - e certamente significará - o seu próprio fim. Condenada no Brasil e no mundo inteiro como um crime contra a humanidade, a tortura no Brasil sempre foi denunciada, mesmo nos momentos mais obscuros, como entre os anos de 69 a 73. (Martins, 1979. pág. 202)

A luta pela anistia ampla, geral e irrestrita ganhou forte adesão do movimento

estudantil. Em um primeiro lugar pelo grande número de exilados e presos políticos que eram

estudantes quando os fatos ocorreram, em especial no Governo Médici (1970-1974), após a

decretação do AI-5. Em segundo, que o movimento estudantil naquele período, estava em

processo de reorganização e a bandeira das liberdades democráticas era o principal eixo

aglutinador da oposição ao regime.

Os relatórios dos dossiês, a partir da investigação dos agentes dos órgãos de

informação, identificam a manifestação pública em agosto de 79 no Rio de Janeiro e as

entidades participantes.

As entidades foram as seguintes:

COMITE BRASILEIRO PELA ANISTIA CBA. COMITE CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL CC PC DO B. DIRETORIO CENTRAL DE ESTUDANTES DA PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO DE JANEIRO DCE PUC RJ. MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO MDB. MOVIMENTO PELA EMANCIPAÇÃO DO PROLETARIADO MEP. MOVIMENTO REVOLUCIONARIO 8 OUT MR 8. PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO PCB. PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO REVOLUCIONARIO PCBR. PARTIDO OPERARIO INDEPENDENTE POI. SINDICATO DOS TRABALHADORES DA INDUSTRIA PETROQUIMICA DE DUQUE DE CAXIAS RJ SIND IQUIMICA RJ. UNIVERSIDADE DE BRASILIA UNB (Dossiê V, ANEXO C)

As personalidades listadas foram:

1 - JOSÉ EUDES FREITAS (Dep. Est. MDB/RJ); 2- CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA (presidente do Sindicato dos Jornalistas/RJ); 3 - UBIRACI DANTAS DE OLIVEIRA (metalúrgico de São Paulo); 4 - SIDNEY LIANZA (militante do MIP); 5 - SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA (ex-estudante; expulso da UnB; militante do POI); 6 - PEDRO CLÁUDIO BRANDO BOCAYUVA CUNHA (membro do CBA/RJ; militante do MR8); 7 - IRAMAYA QUEIROZ BENJAMIN (membro do CBA/RJ); 8 - DELZIR ANTONIO MATHIAS (membro do Comitê Central do PC do B); 9 - JOÃO CARLOS ARAÚJO SANTOS (presidente do Sindicato dos Petroquímicos de Duque de Caixias/RJ); 10 - CARLOS ABERTO DE OLIVEIRA (presidente do Sindicato dos Bancários/RJ); 11 - MARCIO DONICCI (advogado do CBA/RJ); 12 - FRANCISCA ABIGAIL BARRETO PARANHOS (ex-militante do PCBR; advogada do CBA/RJ); 13 - “MIMI” (cantora argentina); 14 - SÉRGIO AGUIAR DE MEDEIROS (presidente do DCE/PUC/RJ); 15 - CARLOS VEREZA (ator de teatro e TV); 16 - ROSALICE MAGALDI FERNANDES (suplente Dep. Est. MDB/RJ); 17 - RAIMUNDO TEODORO CARVALHO DE OLIVEIRA (Det. Est. MDB/RJ; militante do MR-8); e 18 - NEUSA CERVEIRA DE ALENCAR (filha do ex-banido JOAQUIM PIRES CERVEIRA)” (Dossiê V, ANEXO C).

O caráter lacônico dos relatórios demonstra, ainda hoje, o quanto esta questão ainda é

presente. Os relatórios não descrevem os discursos, nem as denúncias realizadas e outros

mais. Persiste, na atualidade, a não divulgação de vários arquivos daquele período, por

consideração de que ainda exigem sigilo, revelando a influência que ainda possui a

comunidade de informações e a doutrina de segurança nacional. A anistia não foi ampla, nem

geral, nem irrestrita, mas impôs um silêncio de Estado sobre o ocorrido. A representação

bipolar exigiu uma anistia onde a luta terminou em “empate”. Cada qual cuida de seus mortos

e de suas dores.

O jornalista Roberto Martins (1979) naquele tempo afirmou que:

... e muitos problemas a serem esclarecidos, como o dos desaparecidos, estarão na ordem do dia.

As recentes investigações sobre os desaparecidos no Araguaia mantêm, 30 anos depois,

a afirmação do jornalista.

3.3.3 – O Partido dos Trabalhadores:

O Partido dos Trabalhadores foi fundado em 1979, com registro legal em 1980, ainda

no regime militar. Originou-se do movimento operário de metalúrgicos do ABC paulista que

realizaram várias greves reivindicatórias no final dos anos 70, tendo sido um grande

movimento de massas no país.

Os números da greve Municípios Adesão dos Metalúrgicos Grande da Serra 54.000(90%) S.Bernardo/Diadema 133.000 (95%) S. Caetano 32.000 (80%) Taubaté/Pindamonhangaba 19.800 (90%) Piracicaba 15.300 (90%) Lorena 4.000 (100%) Sertãozinho 4.5000 (100%) Cruzeiro 5.000 (100%) Mococa 2.000 (80%) (Aconteceu Especial, 1980. pág.7)

Este movimento de massas, motivado por reivindicações salariais, sofreu forte

repressão do regime, com a prisão de seus líderes, que foram enquadrados na Lei de

Segurança Nacional. Lula, hoje Presidente da Republica do Brasil, um dos principais líderes

daquele movimento, também foi preso.

A solidariedade estabelecida entre estes movimentos sindicais e os movimentos

democráticos de anistia e em defesa de liberdades democráticas, movimento estudantil,

associações de moradores, organizações de esquerda e comunidades de base começou a furar

o bloqueio do bipartidarismo autorizado e a impor o alargamento do espaço institucional. O

surgimento deste campo possibilitou não apenas o surgimento e a legalização do PT, como a

própria liberdade partidária.

Abriu espaço também para uma esquerda que representasse um projeto de futuro para o

país e combatesse o regime militar, em sua fase final.

O debate dividiu a oposição entre uma parte, composta por partidários do PCB, do

PCdoB, de intelectuais como Fernando Henrique Cardoso, que defendiam a posição de

permanecer no MDB, então transformado em PMDB e fortalecer uma frente democrática de

oposição ao regime e de condução para uma transição para a democracia; os seguidores de

Brizola e Prestes e setores nacionalistas e outra, composta por exilados que participaram da

luta armada, das organizações revolucionárias, da esquerda católica e de intelectuais como

Mário Pedrosa e Florestan Fernandes, defendiam a posição de construir um partido político

amplo, de massas e que constituísse uma oposição ao regime para uma transição não

conservadora.

O Partido dos Trabalhadores é criado e surge como o principal oposicionista ao regime

instalado. Em seus estatutos e em suas práticas o PT defendia a organização livre dos

trabalhadores e com isto, ao mesmo tempo em que ia construindo o partido, ia-se organizando

uma nova estrutura sindical e de movimentos sociais que enfrentavam o regime.

O PT nasceu como um partido de esquerda com fortes críticas aos regimes instalados no

leste europeu, introduzindo vários conteúdos em suas posições teóricas; do trotskismo, da

ética de esquerda de setores católicos, do gramscismo. Defendia o socialismo, afirmava a

democracia e a idéia de que os movimentos sociais deveriam ser ativos para impedir o

“desvio burocrático” da esquerda.

A democracia interna estabelece-se como um valor paradigmático no PT que

estimulava nos primeiros anos de sua fundação a organização em núcleos de base que

discutiam toda a proposta e as ações do partido na vida política nacional.

O acompanhamento das atividades desenvolvidas pelos dirigentes do PT, as reuniões

dos diretórios regionais e as convenções, desvela que a ação dos agentes de investigação dos

órgãos de informação atravessou o período de transição e seguiu nos relatórios até as

primeiras eleições diretas para Presidente da República.

A ação destes agentes demonstrava também que o “serviço” que prestavam ao regime

não tinha condicionantes legais e que nem havia nenhuma espécie de análise ou consideração

na mudança dos tempos. Os agentes continuavam agindo, mesmo depois de algumas reformas

democráticas atenuantes ao regime, sob a mesma representação bipolarizada e em estado de

guerra.

Isto se comprova na investigação sobre a:

INFILTRAÇÃO COMUNISTA NOS PARTIDOS POLITICOS DIRETORIOS

REGIONAIS E MUNICIPAIS DO PT NOS ESTADO DO RJ E ES. (Dossiê IX, ANEXO C).

Neste relatório, o texto principal que organiza o assunto afirma que:

O PT RJ ESTA ESTRUTURADO EM DIRETORIOS REGIONAIS, MUNICIPAIS E ZONAIS, DOS QUAIS PARTICIPAM NOTORIOS COMUNISTAS CUJAS PRESENÇAS DENUNCIAM O CARATER MARXISTA DO PARTIDO. NO ESTADO DO ES, O PT, QUE INSTALOU DIRETORIOS MUNICIPAIS EM VITORIA E MAIS QUATRO MUNICIPIOS, LANÇOU CANDIDATOS AS ELEIÇÕES DE 1982 QUE POSSUEM ANTECEDENTES RELACIONADOS COM ORGANIZAÇÕES SUBVERSIVAS. VIDE MICROFICHA ALTERAÇÃO MF1. (Dossiê IX, ANEXO C)

Também busca identificar organizações comunistas, indicando como tal inclusive a

Ação Católica Operária.

Entidade AÇÃO CATOLICA OPERARIA ACO. AÇÃO POPULAR MARXISTA LENINISTA. ALA VERMELHA. CONVERGENCIA SOCIALISTA CS. MOVIMENTO DE EMANCIPAÇÃO DO PROLETARIADO. ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA INTERNACIONALISTA OSI. PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO REVOLUCIONARIO. PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL PCB ALA POMAR. PARTIDO DOS TRABALHADORES PT. UNIÃO DOS COMUNISTAS BRASILEIROS. (Dossiê IX, ANEXO C)

A investigação sobre a “infiltração comunista” estabelece que a representação

bipolarizada independente do tempo. Não há qualquer espécie de consideração sobre

diferenças de posicionamento no âmbito da esquerda, ou de concepção em relação ao

socialismo. Como no núcleo da representação do pensamento autoritário a concepção

democrática não é presente, tampouco se considera a forte afirmação democrática do PT ou

dos demais grupos investigados.

Em outro relatório o mesmo tema é abordado:

1. Lançado oficialmente no Estado do RIO DE JANEIRO, em Set 79, o Partido dos Trabalhadores (PT) encontra-se, desde 82, registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), de RJ, com a seguinte estrutura: - Diretório Regional, dezenove (19) Diretorias Municipais e dezoito (18) Diretorias Zonais do Município do RIO DE JANEIRO, cujos integrantes estão relacionados no Anexo A. Dessa relação participam notórios comunistas de várias correntes cujas presenças denunciam o caráter marxista do PT, haja vista a Carta de Princípios, o Programa do Partido e o Programa Mínino do PT/RJ (referencia “b”).

2. Através da INFÃO referenciada em “c”, esta AR assinalou o nome dos candidatos lançados pelo PT do Estado no ESPÍRITO SANTO que possuem antecedentes relacionados com organizações subversivas. A composição dos Diretórios Municipais do PT em VITORIA, CACHOEIRO DO ITAPEMIRIM, SÃO MATEUS, SERRA e VILA VELHA, consta do Anexo. 3. ANEXO: A - CÓPIA DA INFORMAÇÃO No. 18-C/82/EX/24 SEC, DE 12 JAN (PRG-C437/82). (Dossiê IX, ANEXO C).

No relatório sobre a Convenção Regional Extraordinária do PT realizada no Rio de

Janeiro em 1984, as mesmas representações são encontradas no texto organizador do assunto.

REALIZOU SE NOS DIAS 15 E 16 DEZ 84, NA ALERJ, A CONVENÇÃO REGIONAL DO PT RJ. NA OCASIÃO, FICOU DECIDIDO QUE O PT RJ PARTICIPARA DA CONVENÇÃO NACIONAL DO PARTIDO EM JAN 85; DEVERA PEDIR O DESLIGAMENTO DOS PARLAMENTARES QUE NÃO ESTÃO ACATANDO AS ORIENTAÇÕES DO PARTIDO E QUE, NÃO PARTICIPARA DA ESCOLHA DO NOVO PRESIDENTE DA REPUBLICA. O PT RJ MANIPULADO POR CONTESTADORES DO REGIME E OU MILITANTES DE ORGANIZAÇÕES SUBVERSIVAS, APRESENTOU SE A POPULAÇÃO CARIOCA COMO UMA AGREMIAÇÃO QUE PROCURA ASSUMIR UMA POSTURA POLITICA DIFERENTE DOS DEMAIS PARTIDOS, NUMA TENTATIVA DE SENSIBILIZAR A OPINIÃO PUBLICA A SUA CAUSA. REIVINDICAÇÕES FEITAS DURANTE O EVENTO; ASSUNTOS ABORDADOS E POSIÇÃO A SER ADOTADA PELO PT FRENTE AO FUTURO GOVERNO DA ALIANÇA DEMOCRATICA. (Dossiê X, ANEXO C).

O elemento novo apresentado, a crítica do PT à organização partidária brasileira,

apoiada na corrupção e no fisiologismo, é configurado como uma tática de conquista e não

como uma contestação da organização política brasileira. O combate à corrupção e ao

fisiologismo, a democracia interna e a participação em movimentos sociais são consideradas,

na representação bipolarizada, estratégias de adesão.

No relatório descrevendo a reunião do diretório regional do PT realizada em 24 de

março de 1985, com cerca de 45 pessoas, impressiona a clareza dos detalhes e a curiosidade

acerca do método de investigação utilizado. Nesta reunião é discutida a crise financeira do

partido e o agente de investigação faz um resumo detalhado,

NO DIA 24 MAR 85, FOI REALIZADA, NA SEDE DA AMAST, NO RIO

DE JANEIRO RJ, UMA REUNIÃO DO DR PT RI COMPARECERAM AO EVENTO CERCA DE 45 PESSOAS REPRESENTANDO AS ORGANIZAÇÕES DE ESQUERDA E OUTRAS ENTIDADES QUE ATUAM DENTRO DAQUELE PARTIDO, BEM COMO SINDICALISTAS E ELEMENTOS LIGADOS A IGREJA. NA OCASIÃO, FORAM DEBATIDOS TEMAS RELACIONADOS AO LANÇAMENTO DA CANDIDATURA DE JAR, PRESIDENTE DA FAMERJ, A PREF RIO DE JANEIRO RJ E, PRINCIPALMENTE, A ATUAL CRISE EM QUE SE ENCONTRA O PARTIDO. VISANDO EQUILIBRAR AS FINANÇAS DO PARTIDO, FORAM FORMULADAS DIVERSAS HIPOTESES, SENDO APROVADAS AS SEGUINTES: COBRAR 15 MILHÕES DE CRUZEIROS DEVIDOS PELO DEPUTADO FEDERAL JEF, CORRESPONDENTE A 40 POR CENTO DE SEUS VENCIMENTOS, AINDA NÃO RECOLHIDOS AO PARTIDO; VENDA DA MAQUINARIA GRAFICA DO PARTIDO; E, ESTABELECER UM PLANO DE FINANÇAS E PROCEDER A DISPENSA DE FUNCIONARIOS. (Dossiê XII, ANEXO C).

Em outro relatório o mesmo tema é abordado:

1. O Diretório Regional/RJ ao Partido dos Trabalhadores esteve reunido dia 24 MAR 85, das 10:00 ás 15:30hs, na sede da Associação dos Moradores e Amigos de Santa Teresa (rua Almirante Alexandrino 501), em virtude da loja onde funcionava o PT/RJ, na rua Augusto Severos haver sido entregue ao proprietário, por dificuldades em efetuar o pagamento do aluguel mensal.

2. A essa reunião estiveram presentes 43 pessoas, representando organizações de esquerda e entidades diversas, atuantes dentro do PT, como a ORM-DS (Organização Revolucionária Marxista-Democracia Socialista), FQI (Fração Quarta Internacional), MEP (Movimento pela Emancipação do Proletariado), pessoas vinculadas à Igreja e sindicalistas:

LISZT BENJAMIM VIEIRA - Dep Est PT/RJ BENEDITA SOUZA DA SILVA - Vereadora PT/RJ SIDNEY LIANZA - Militante do MEP JOAQUIM SORIANO - Militante da ORM-DS ISABEL FONTENELE PICALUGA SÉRGIO ANDRÉA - diretor da FAMERJ (Federação de Associações de Moradores/RJ e membro da Secretaria de Bairros e Favelas do PT/RJ) PEDRO JORGENSEN JUNIOR - Militante da FOI SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA - Militante da ORM-DS ADAIR LEONARDO ROCHA JOÃO LEAL DE ARAÚJO CARLOS WALTER GONÇALVES FRANCISCO ABIGAIL BARRETO PARANHOS ex-militante do PCBR CID QUEIROZ BENJAMIM - ex-militante do MR-8; ex-banido RICARDO DUTRA - Militante da ORM-DS LEO QUEIRÓZ BENJAMIM ex-militante do MR-8 MANUEL SEVERINO DOS SANTOS CANAGÉ VILHENA

3. Foram discutidos os prós e os contras do PT/RJ lançar a candidatura do atual

presidente da FAMERJ, JÔ REZENDE, à prefeitura do Rio de Janeiro, não se chegando a nenhuma conclusão, uma vez que as bases não foram consultadas.

Foi condenada a "falência", a "desestruturação orgânica "caos", em que se transformou o PT/RJ, com as finanças inteiramente abaladas.

Diversas hipóteses foram formuladas para por em ordem as finanças, sendo aprovadas as seguintes: cobrar 15 milhões de cruzeiros que o Dep Fed. JOSÉ EUDES FREITAS deixou de recolher ao partido, correspondente a 40% de seus vencimentos referentes a vários meses; venda da maquinaria gráfica do parti do; estabelecer um plano de finanças e dispensar os funcionários do partido.

Os trabalhos dessa reunião foram coordenados por JOAQUIM SORIANO, ISABEL FONTENELE PICALUGA e SIDNEY LIANZA. (Dossiê XII, ANEXO C).

A estrutura organizacional do PT também é motivo de investigação. A identificação de

todas as estruturas de um órgão investigado passam a ser importantes para a configuração da

hierarquia, das atividades correlatas à organização e a possibilidades de ampliação do objeto

investigado. Em junho de 1987, a reunião do diretório regional do PT RJ que tratou somente

de aspectos de organização interna partidária foi alvo de investigação.

O DR PT RJ REALIZOU, EM JUN 87, UMA REUNIÃO QUANDO APROVOU O PLANO DE TRABALHO PARA O PARTIDO QUE ENGLOBA: AS TAREFAS PRIORITARIAS, A DIVISÃO DO ESTADO EM SUB-REGIÕES, E CRIAÇÃO DE

NOVAS SECRETARIAS E COMISSÕES. COMO PRIORIDADE FORAM APONTADOS: DESENVOLVIMENTO DA CAMPANHA PELAS ELEIÇÕES DIRETAS PARA PRESIDENTE; O PROCESSO DE CONVENÇÕES LEGAIS DO PARTIDO NAS ZONAS ELEITORAIS, NOS MUNICIPIOS E NO ESTADO; E A EDIÇÃO REGULAR DE UM BOLETIM INTERNO PARA O PARTIDO, ALCANÇANDO O CONJUNTO DE SUA ESTRUTURA. RELAÇÃO DAS SUB- REGIÕES CRIADAS E SEUS RESPONSAVEIS; SECRETARIAS QUE COMPÕEM O DR PT RJ E COMISSÕES CRIADAS COM SUAS RESPECTIVAS ATRIBUIÇÕES (Dossiê XV, ANEXO C)

Os princípios políticos que nortearam a criação do PT são descritos em relatório

analítico feito pelo agente de investigação dos órgãos de informação. Neste relatório

destacam-se a critica aos partidos de esquerda tradicionais e as formas de organização

propostas pelo partido:

1. O PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) foi lançado, oficialmente , em 28

Jul 79, em BELO HORIZONTE/MG, por líderes sindicais, na presença de aproximadamente 300 (trezentas) pessoas, tendo como convidado de honra MÁRIO PEDROSA DE ANDRADE, intelectual e criador do GRUPO BOLCHEVIQUE-LENIN (GRU), primeiro núcleo trotskista surgido no BRASIL”.

O PT se propunha a ser criado “de baixo para cima, repudiando toda a forma de manipulação política das massas exploradas, o que fazer declarar-se comprometido e empenhado com a tarefa de colocar os interesses populares na cena política, e de superar a atomização e dispersão das correntes classistas e dos movimentos sociais, além de manifestar intensa solidariedade com tas as massas oprimidas do mundo. Para esse fim, pretendia implantar seus núcleos de militantes em todos os locais de trabalho, sindicatos, bairros, municípios e regiões.

Tudo isso, fiel à “CARTA DE PRINCÍPIOS”, lançada nas principais capitais do país, contendo uma plataforma política calcada em 03 (três) fundamentos básicos: Liberdades Democráticas; Melhores Condições de Vida e de Trabalho; e Questão Nacional.

Destes fundamentos, destacamos os seguintes aspectos:

a. LIBERDADES DEMOCRÁTICAS: - Sindicatos livres e independentes do Estado, extinção da estrutura sindical vigente; - efetiva liberdade de organização nos locais de trabalho; - pleno direitos sindicais aos funcionários públicos; - direito irrestrito de greve; - desativação dos Órgãos repressivos e dissolução dos grupos para-militares; - fim do regime militar; e - convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte; Livre, Democrática e Soberana. b. MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA E DE TRABALHO - Socialização da medicina e desenvolvimento da medicina preventiva; - democratização do ensino, com ensino gratuito para todos; - trabalho igual, salário igual; e - salário mínimo nacional único. c. QUESTÃO NACIONAL - Erradicação dos latifúndios improdutivos e distribuição da terra aos trabalhadores sem terra; - estímulo à organização de forma cooperativista dos pequenos proprietários; - estatização das empresas que prestam serviços básicos de transporte de massas, educação, saúde, produção e distribuição de energia; - nacionalização e estatização de todas as empresas estrangeiras; e - controle popular dos fundos públicos. Posteriormente, lançou um documento intitulado “MANIFESTO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES”, contendo o seu Programa e Estatuto. (Dossiê IX, ANEXO C)

A vigilância sobre Lula relaciona-o a interesses estrangeiros, próprio da representação

bipolarizada que orientava todas as análises.

O seu principal líder, articulador e Presidente, atual, é LUIZ INÁCIO DA SILVA

(“LULA”), que viajou para a Alemanha, no primeiro semestre de 1977, a fim de freqüentar um curso sobre política/ou sindicalismo, com duração de dois meses. Essa viagem e o curso foram financiados pela Internacional Socialista (II Internacional), através do SPD, partido da social-democracia Alemã. (Dossiê IX; ANEXO C).

A criação do PT no Rio de Janeiro também mereceu o registro, com a identificação dos

atores sociais que constituíram o partido nesta cidade.

2. No Rio de Janeiro, o PT nasceu, como reflexo do seu surgimento em São Paulo,

após os movimento grevistas dos metalúrgicos do Rio e de Niterói, dos garis e dos rodoviários, no início de 1979; assumido e impulsionado por, ainda limitados setores operários, movimentos de bairro e movimentos ditos de pequena Burguesia e por algumas Organizações Subversivas de esquerda. Foi lançado, oficialmente, no dia 30 set 79, durante “atos públicos” realizados no Cine-Show de Madureira, em Nova Iguaçu e Volta Redonda, com as presenças de “ “LULA”, JOSÉ IBRAHIN, PAULO MATOS, SMPQ-MOV e dirigentes sindicais deste Estado.

3. No dia 11 Mai 79 foi realizada a I Plenária do Movimento pelo PT/RJ, durante a qual deveria ser aprovada uma política de ampliação das bases do partido; contudo, isso não aconteceu em virtude da diversidade das tendências que compunham. Alguns, defenderam um programa mais definido; outras, preferiram discutir uma melhor definição sobre o caráter de classe; e, ainda, outras, se omitiram na definição de uma política mais geral.

No dia 02 Dez 79, nas instalações do Diretório Central Estudantil (DCE) da UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF), na presença de, aproximadamente, 500 (quinhentas) pessoas, o PT realizou a sua II Plenária em que foram declaradas várias questões importantes; entre elas, a campanha política a ser desenvolvida até a realização do seu I Encontro Regional. Esse Encontro foi realizado no dia 11 Mai 81, na Assembléia Legislativa, ocasião em que defendia a proposta de programa a ser apresentado no Encontro Nacional do Partido, fundamentada em 03 (três pontos básicos: Pelo fim da Ditadura Militar; Por Amplas Liberdades Democráticas; Por melhores condições de vida e de trabalho e Contra qualquer tipo de discriminação racial, religiosa e sexual (Dossiê IX, ANEXO C)

Em Jul 81, em Nova Iguaçu, realizou uma outra Plenária, auto intitulada “PLENÁRIA REGIONAL DEMOCRÁTICA”, durante a qual foram aprovadas algumas resoluções políticas, reguladoras do Partido.

Assim, o PT foi criando corpo neste Estado, estando estruturado, até ao presente data, e registrado no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, em 01 (um) Diretório Regional e em 19 (dezenove) Diretórios municipais, sendo que no município do Rio de Janeiro, em 18 (dezoito) Zonas Eleitorais; assim discriminados:

1. DIRETÓRIO REGIONAL

1) Membros: - ANTONIO DE NEIVA MOREIRA NETO - militante da UNIÃO DOS COMUNISTAS BRASILEIROS (UCB); - ANTONIO LUCIANO FUZER - Presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro; - ADAIR LEONARDO ROCHA - ligado à CONVERGÊNCIA SOCIALISTA (CS); - ARTHUR CARLOS DA ROCHA MULLER - membro do COMITÊ BRASILEIRO PELA ANISTIA (CBA); - CID QUEIROZ BENJAMIN - ex-militante do MR-8; - DANIEL AARÃO REIS - ex-militante do MR-8; - ELIO CABRAL DE SOUZA - militante da ALA VERMELHA (AV);

- EMIDIO GEREMIAS (“TESTA”) - ativista do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro; - FERNANDA DUCIOS CARÍSIO (“RENATA”) - militante do MOVIMENTO PELA EMANCIPAÇÃO DO PLORETARIADO (MEP); - LUIZ ARNALDO DIAS CAMPOS - militante do MEP; - HILDÉSIA ALVES MEDEIROS - dirigente do CENTRO ESTADUAL DOS PROFESSORES (CEP); - ISABEL FONTENELLE PICALUGA - militante do PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB); - JOAQUIM ARNALDO DE ALBUQUERQUE - ex-militante do MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO (MPL); atualmente, militante da AÇÃO CATÓLICA OPERÁRIA (ACC); - JOSÉ DOMINGOS CARDOSO - ex-militante do MPL e ex-dirigente nacional da COC-Internacional; - JOSÉ EUDES DE FREITAS - Deputado Estadual/RJ e militante da AÇAO POPULAR MARXISTA LENINISTA (APML); - JORGE RICARDO BITTAR - Presidente do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro; - JORGE JOSÉ L. MACHADO RAMOS; - JAIR FERREIRA DE SÁ (“DORIVAL”) - militante da APML; - JOÃO LEAL DE ARAUJO - ativista no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro; - JORGE ALOICE GOMES (“MARCOS”) - militante do MEP; - JOSÉ SÉRGIO LEITE LOPES - professor, ativista do MOVIMENTO AMIGOS DE BAIRRO (MAB), em Nova Iguaçu/RJ; - LUIZ ROBERTO TENÓRIO - ex-militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR); - LIA CIOMAR MACEDO FARIA; - LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA SILVA; - MARCELO JOSÉ BER - em 1979, era membro da direção da Cooperativa dos Profissionais da Imprensa; - MARIA ANGELINA DE OLIVEIRA; - MARIA INÊS PEREIRA GUIMARÃES - militante da CONVERGÊNCIA SOCIALISTA (CS); - NIVALDO RENATO GUIMARÃES - militante do MEP; - ROBERTO RIBEIRO MARTINS - militante do PC do B-Ala Pomar; - ROMILDO RAPOSO TAVARES; - SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA - militante da ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA INTERNACIONALISTA (OSI) - SIDNEY LIANZA - militante do MEP (Dossiê IX, ANEXO C).

O relato da convenção extraordinária realizada na Assembléia Legislativa do Rio de

Janeiro em dezembro de 84 mereceu o registro com a descrição de todo o processo de

organização daquela reunião, seus objetivos, a identificação de militantes, a pauta da reunião,

e as discussões realizadas.

O PT naquela ocasião debatia a sua participação ou não no Colégio Eleitoral após a

derrota da emenda Dante de Oliveira que propunha a realização de eleições diretas no Brasil.

5. Quanto a ida do PT ao Colégio Eleitoral que escolhera o novo Presidente do

BRASIL, após muitos debates e discussões, ficou decidido que o partido não comparecerá, por conseguinte deixando de participar do evento que definirá a sucessão presidencial.

6. No que tange a posição a ser adotada pelo PT de ter no futuro governo da Aliança Democrática, em caso de vitória de seu candidato, foram apresentadas três propostas:

a. 1ª proposta: Apoio à Aliança Democrática. Foi apresentada em plenário por JOÃO LEAL DE ARAÚJO e defendida por militantes petistas adeptos da TEORIA AUTONOMISTA e por militantes da FQI, saindo vencedora, obtendo 101 votos;

b. 2ª propostas: Não participação na Frente Democrática, fazendo oposição sistemática. Foi apresentada em plenário por JOAQUIM CALHEIROS SORIANO e defendida por militantes da SC/ARJS, ORM-DS, CQI, PRC e ex-militantes da ALA VERMELHA, ficando em 2º lugar com 84 votos.

c. 3ª proposta: Participar da Aliança Democrática e sempre que possível fazer oposição quando as oportunidades surgirem. Foi defendida pelo grupo de WLADIMIR GRACINDO SOARES PALMEIRA e pelo grupo de ex-militantes do MEP, ficando em último lugar com 33 votos.

7. No que tange a situação dos parlamentares que viessem a desobedecer às diretrizes do partido, ficou definido por proposta de militantes da FQI, CS/AJS e da OQI, que ao parlamentar caberia a iniciativa de solicitar pelo parlamentar infrator, então o Partido Determinaria o referido desligamento. (Dossiê X, ANEXO C).

O agente reafirma o caráter subversivo do PT e que sua estratégia de sensibilizar a

opinião pública estava baseada na afirmação de sua diferença em relação à prática política do

país.

O PARTIDO DOS TRABALHADORES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, manipulado por contumazes contestadores do regime e/ou militantes de diversas organizações subversivas, apresentou-se perante a população carioca, por ocasião de sua Convenção Regional, como uma agremiação que procura assumir uma postura política diferente dos demais partidos, numa tentativa de procurar sensibilizar a opinião pública à sua causa. (Dossiê X, ANEXO C)

Em junho de 87, já durante o governo de transição, o PT continuava vigiado pelos

órgãos de informação.

O Diretório Regional do PARTIDO DOS TRABALHADORES DO RIO DE JANEIRO (DR/PT/RJ) realizou em JUN 87, uma reunia, onde aprovou o seguinte plano de trabalho para o Partido neste Estado:

1 - Prioridades Foram definidas trás tarefas como prioritárias para os próximos meses:

a - o desenvolvimento da campanha pelas eleições diretas para Presidente, para o que foi criada uma comissão específica sob a coordenação de um membro da Executiva; b - o processo de convenções legais do partido nas zonas eleitorais, nos municípios e no estado, processo este cuja coordenação estará e cargo da Secretaria de Organização; c - e edição regular de um boletim interno para o partido, alcançando o conjunto de sua estrutura, e cargo da Secretaria Geral.

2 - Divisão do Estado em sub-regiões Por proposta aprovada na ultima Convenção Regional, o Estado foi dividido em

sub-regiões, cada qual tendo direito a enviar um representante eleito pelos municípios que a compõem, para participar com voz nas reuniões do Diretório Estadual. Resolveu-se, no Diretório, complementar essa proposta com a indicação de elementos da Direção Estadual, responsáveis pelo acompanhamento do trabalho em cada uma das sub-regiões abaixo: a - Município do RIO DE JANEIRO (dada a maior facilidade de contato, n o foram indicados responsáveis do Diretório Estadual pelo acompanhamento). b - Baixada Fluminense - responsáveis: ORLANDO JÚNIOR, ROSÂNGELA MIGUEL, JOÃO GONÇALVES, ERASMO BARBOSA DE FARIAS e JOSÉ ALEXANDRE PEDROSA. c - NITERÓI, SÃO GONÇALO e ITABORAÍ - responsáveis: JOSÉ BARROSO, CARLOS AUGUSTO ANCÉDE NOUGUÉ e JORGE RICARDO BITTAR. d - Litoral Sul - Fluminense responsáveis: RONALDO MARCHESINI e JOSÉ CASTILHO.

e - Interior Sul-Fluminense - responsáveis: LEONARDO NOGUEIRA e SÉRGIO MURILO NASCIMENTO PEREIRA. f - Região Serrana - responsáveis: EDIL NUNES DE BARROS, RENATO DA COSTA SANTOS, CARLOS ALBERTO VIANA MONTARROYOS e ERNANI DE SOUZA COELHO. g - Região dos Lagos - responsáveis: JOSÉ ALBERTO SALÕES DO NASCIMENTO e CARLOS ALBERTO DE CASTRO MARTINS. h - Norte Fluminense - responsáveis: JOSÉ ALBERTO SALÕES DO NASCIMENTO e MÁRCIO AZEVEDO.

Os municípios que não se enquadrarem em alguma destas sub-regiões poderão optar por integrar-se em uma dentre as que estejam mais próximas.

Os responsáveis pelas sub-regiões deverão visitá-las regularmente, assegurando o relacionamento do Diretório Estadual com cada uma delas. Foi, também, recomendado a eles que, a cada visita, encarreguem-se não só de orientar e auxiliar a organização do PT naqueles municípios em torno das questões locais, mas também levem àquelas regiões informes e materiais de diferentes Secretarias do Partido.

3 - As Secretarias Com a criação de algumas novas, o Diretório Estadual passou a ter as seguintes

Secretarias: a - Secretaria Geral Atribuições: coordenação geral das atividades do partido e do trabalho das demais secretarias, difusão das informações no interior do partido; edição do Boletim Interno. Responsável CID QUEIROZ BENJAMIN. b - Secretaria de Organização Atribuições encaminhamento do processo de convenções legais; organização do cadastro de filiados do partido; definição e implementação de um plano de expansão do partido para áreas em que ele ainda não esteja implantado. Responsável JOSÉ ALBERTO SALÕES DO NASCIMENTO. c - Secretaria de Finanças Atribuições: organizar o trabalho de finanças do partido. Responsável ELISANA COSTA. d - Secretaria de Educação Política Atribuições: preparar, com o auxílio da FUNDAÇÃO WILSON PINHEIRO cursos e debates que auxiliem a formação política de militantes do partido. Responsável: CARLOS ALBERTO VIANA MONTARROYOS. e - Secretaria Sindical Atribuições: organizar a intervenção unificada aos militantes petistas no movimento sindical, dentro da linha do partido para o setor. Responsável: GERALDO CANDIDO DA SILVA. f - Secretaria do Negro Atribuições: organizar a intervenção do partido no que se refere à luta contra a discriminação racial. Responsáveis: JORGE DAMIÃO e JUREMA DA SILVA g - Secretaria de Movimentos Urbanos Atribuições: organizar a intervenção unificada dos militantes petistas nos movimentos de moradores de bairros e de favelas, assim como em outras lutas desenvolvidas pelas comunidades urbanas. Responsáveis: CLEUNICE DIAS DE ALMEIDA e ORLANDO JUNIOR. h - Secretaria de Imprensa Atribuições produzir panfletos e "releases", assim como organizar o acesso do partido aos órgãos de imprensa em geral; avançar na definição de uma política de imprensa para o PT/RJ. Responsável SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA,. Ficou de ser definida posteriormente a conveniência ou não de se criar a Secretaria da Mulher.

4 - Comissões Além das Secretarias, três Comissões de Trabalho foram também criadas:

a - Comissão das Diretas Atribuições coordenar e estimular a aço do partido no que se refere à luta pelas diretas. Responsável: MOZART SCHIMITT QUEIROZ ("O GAUCHO"). b - Comissão de Política Municipal

Atribuições: sistematizar um conjunto de normas que orientem os militantes petiscas em relação a política municipal em geral, de forma a subsidiar a formulação de programas e as campanhas nas eleições municipais de 1988. c - Conselho Editorial de uma revista para o PT Atribuições: sistematizar uma revista que, do um lado, divulgue as posições do partido e, do outro, estimule a discussão e a reflexão sobre temas importantes das conjunturas nacional e estadual, a idéia e que a revista tenha uma periodicidade bimestral e, após alguns números, possa ser autofinanciada. Responsáveis: CARLOS ALBERTO VIANA MONTARROYOS, SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA, CID QUEIROZ BENJAMIN, CESAR DE OLIVEIRA FACCIOLI, CESAR QUEIROZ BENJAMIN, JOSÉ FERNANDES DIAS e CLÁUDIO GURGEL. (Dossiê XV, ANEXO C)

No VI encontro nacional do PT, em 1989, os dados solicitados são impressionantes. A

ditadura permanecia nos órgãos de informação (principalmente, é muito interessante a

determinação para a difusão destes dados), o que significava a manutenção da rede de

informações para o acompanhamento de um partido legal, com registro público e que

disputava eleições de maneira legítima.

DADOS CONHECIDOS a. Dos 550 delegados previstos para participarem do VI Encontro Nacional do PT compareceram cerca de 500, conforme relação anexa. b. Vários nomes estão incompletos e incorretos. 2. DADOS SOLICITADOS 1) Completar e corrigir os nomes se for o caso. 2) Confirmar e/ou levantar militância atual ou ligações com antigas organizações do período da Luta Armada. 3) Cargos de direção do PT que ocupam na área, se for o caso. 4) Atuação em entidades sindicais e/ou dos Movimentos Populares, 5) Ligações com o “clero progressista”. 6) Outros dados julgados úteis. 3. INSTRUÇÕES ESPECIAIS Solicita-se a difusão dos dados obtidos a medida que forem levantados. (Dossiê XIX, ANEXO C)

O que se apreende da investigação realizada pelos agentes dos órgãos de informação

sobre o PT é principalmente a permanência dos mesmos princípios aplicados durante a

ditadura militar no período de transição até as primeiras eleições presidenciais diretas pós 64.

O sistema de informações, estruturado em uma representação bipolarizada, manteve-se como

instrumento de controle hegemônico por setores enquistados no aparelho de estado, tornando-

se parte da transição conservadora. Junto a aliados políticos que foram beneficiários da

ditadura, sobrevivem às mudanças ocorridas na sociedade brasileira. Sua lógica, como reserva

estratégica dos setores dominantes, permanece a do estado de guerra, e o inimigo o mesmo,

tentando ocupar novas roupagens. O PT virou, no período imediatamente após a ditadura, a

continuidade da presença do inimigo na cena política. Teve que ser vigiado, seus militantes

identificados e a democracia negada.

3.3.4 - Sérgio Mascarenhas de Moura:

Em alguns relatórios dos dossiês o assunto central sou eu. Nestes relatos dos agentes

sou qualificado com dados de filiação, data de nascimento, identidade, residência e profissão.

DADOS DE QUALIFICAÇÃO - Filiação: Miguel de Moura e Lélia Mascarenhas de Moura - DLN: 03 Abr 58 - BELO HORIZONTE/MG - Identidade: 416.078-SP - Residência: Rua Santa Clara nº 188/602- Telefone 236-5619 - Copacabana - RIO DE JANEIRO/RJ. - Profissão: Estudante de Sociologia/PUC/RJ (matricula no. 7812435-0). (Dossiê III, ANEXO C). 1. SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA, filho de Miguel de Moura e Lélia Mascarenhas de Moira; nascido em 03 Abr 58, em Belo Horizonte/MG; Cédula de Identidade no. 416.078/MG; cursa Sociologia na PUC/RJ; residiu, até cerca de um mês atrás, na rua Santa Clara 188/602, fone 236-5619; e vivem com MARIA TERESA de tal. (Dossiê IV, ANEXO C).

Após minha qualificação os agentes informam meus antecedentes. Iniciam meus

antecedentes com o meu indiciamento na Lei de Segurança Nacional por “participar de

manifestações subversivas no campus da UnB” ou com a minha militância no PST (Partido

Socialista dos Trabalhadores) e terminam o relatório com destaque para os concursos que

realizei para órgãos públicos.

ANTECEDENTES Em 1977, foi indiciado no artigo 45 da Lei de Segurança Nacional, por participar de manifestações subversivas no campus da UnB (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA). Em 27 Jun 77, foi preso pela Polícia Federal, em BRASÍLIA/DF, por ter participado das manifestações estudantis, ocorridas no mês de junho de 1977, no campus da UnB. Em Jul 77, o marginado foi excluído da UnB.R. Em Mar 78, ingressou no PST, no RIO DE JANEIRO. No dia 20 Ago 78, participou da I Convenção Nacional da Convergência Socialista, realizada em SÃO PAULO/SP.” No dia 31 Out 78, participou de uma manifestação pública realizada, no centro da cidade do RIO DE JANEIRO, quando da passeata realizada pelo Senador NELSON CARNEIRO, do MDB” (Dossiê III, ANEXO C) Foi militante do PST no início de 1978, em Brasília/DF, junto com um grupo do POR, origem de sua militância. Em jul/Ago 78 foi afastado do PST por 3 meses, como punição, desligando-se, então dessa organização e entrando para o POI (OSI, atualmente). Foi expulso da UnB. É assíduo participante de todos os atos públicos e passeatas realizadas no Rio, do decorrer de 1979. Em 09 Dez 79 faz concurso para o BNDE, no Rio. Dias antes já havia feito concurso para a Comissão Nacional de Energia Nuclear. (Dossiê IV, ANEXO C).

Assim, na representação bipolarizada dos agentes de investigação dos órgãos de

informação, reduzido à minha categorização como comunista e inimigo do regime, transitei,

como tantos, da ditadura à transição conservadora. Dados monitorados, familiares, amigos,

colegas e companheiros de idéias reconhecidos, vida acadêmica, profissional, política e

pessoal acompanhadas.

Na condição de testemunha do passado autoritário que a sociedade brasileira deve

enfrentar para que jamais se repita.

CONCLUSÃO

No período autoritário e, de forma atenuada, na transição, o Estado brasileiro

estruturou-se em torno a uma concepção conservadora, que buscava conter o conflito social

em bases nas quais as funções exercidas na sociedade delimitavam o espaço de ação de cada

um dos setores sociais, de forma a limitar suas ações. Assim igreja era para rezar, estudante

para estudar, trabalhador para trabalhar etc buscando estabelecer no senso comum que sair

desta norma era um comportamento desviante a ser reprimido

A construção desta representação social da sociedade brasileira junto à população

justificava e buscava criar apoio político à ação repressiva acerca de quaisquer atos ou fatos

capazes de ameaçar a estabilidade de seu núcleo.

Em um plano mais elementar, a ação política da parte investigativa do aparelho

repressivo se dava base a um roteiro que se atinha a dois aspectos: O primeiro, a simples

existência per si de qualquer movimento, por implicar no deslocamento de seus promotores

de sua atividade precípua. Por exemplo, quando um estudante freqüentava seu centro

acadêmico ou um trabalhador participava de seu sindicato, tais ações eram apresentadas como

anômalas e, conseqüentemente, passíveis de serem reprimidas. O segundo, apontando

qualquer movimento ou manifestação política, cultural ou social como uma ameaça potencial

a ser investigada, avaliada e, se necessário, reprimida, por implicarem em algum perigo à

ordem estabelecida.

Em um nível mais elevado, a atenção da ação repressiva se voltava para elementos que

tinham como função a participação política propriamente dita, em particular os partidos e

organizações de esquerda, clandestinos ou não, como objetos de investigação e

acompanhamento.

Esta prática é baseada na ideologia de segurança nacional, concepção ideológica

nascida nos EUA segundo Comblinn (1978). A ação política de seus agentes, por esta

concepção não ocorre, por definição, na proteção do Estado, da sociedade e de seus bens, mas

decorre do combate à sua antítese, o inimigo, o comunismo.

Não importa muito, para a ideologia da segurança nacional quais bens ela se propõe a

colocar em segurança. Seu propósito é dissuadir, mediante a ameaça que consiste o seu poder

bélico e a violência de seus meios, qualquer comportamento social que configure alguma

suposta mudança na ordem estabelecida. A idéia da segurança está ligada à imobilidade. Não

se questiona em que ou porque uma mudança pode ser ameaçadora. Se concentra e coloca

todas as forças ao seu dispor para que nada mude.

Não se deve subestimar, porém, um pensamento aparentemente tão boçal. A própria

boçalidade pode ser muito eficaz quando está a serviço de algum propósito. Em uma

estratégia de guerra, cuja intenção é isolar o inimigo, vencê-lo e eliminá-lo, o conceito de

segurança nacional torna-se muito operacional. Não importa muito o que se está defendendo.

O que importa é contra quem, no caso o comunismo.

Por parte do pensamento de caserna, na ideologia de segurança nacional, base da

formação dos órgãos de informação, as representações sociais da esquerda e as de qualquer

comportamento considerado desviante fundem-se e assumem um conteúdo potencialmente

desestabilizador. Mudanças nos costumes, nas roupas, nos cabelos, na compreensão da

sexualidade representam, no senso comum da direita, a ideologia da subversão, o comunismo,

desestabilizador do estado, da família, da propriedade, do regime, de tudo que se pretendia

imóvel, e constituem parte integrante do inimigo a ser enfrentado.

Até a entrada em cena da classe trabalhadora, em ações mais ostensivas de

enfrentamento com o regime, abolindo, na prática, as restrições à manifestação de opinião e à

organização partidária, o movimento estudantil cumpriu a tarefa de arauto das liberdades, ao

mesmo tempo em que formava em suas fileiras boa parte dos quadros das organizações de

esquerda. No enfrentamento com a ditadura, no apoio às greves de trabalhadores e na

campanha da anistia, o movimento estudantil deu importante contribuição à luta democrática.

Não à toa, portanto, boa parte dos assuntos tratados pelos relatórios contidos nos

dossiês dizem respeito às representações existentes sobre a associação entre a esquerda e o

movimento estudantil

O movimento de anistia, inclusive, principalmente no Rio e São Paulo no final dos anos

70, é associado, com alguma razão, ao movimento estudantil.

O jornalista Caio Túlio Costa (2005) liga explicitamente o movimento estudantil da

década de 70 com a luta pela anistia, fazendo a relação entre a reorganização das entidades

estudantis e a luta que se desenvolvia na defesa dos presos políticos, da denúncia de tortura e

assassinatos à conquista da anistia.

A campanha pela anistia foi tratada pela ditadura como uma ameaça direta. Tratou-se de

uma disputa real pela consciência, por corações e mentes na sociedade. Se as representações

dos inimigos do regime não podiam mais ser criminalizadas, tornava-se crime tê-los

prendido, mantê-los presos e, ainda mais, ter torturado, matado e desaparecido. A palavra de

ordem: anistia ampla, geral e irrestrita soava como uma condenação aos integrantes do

regime. Foi considerada uma ameaça e os militares o associaram ao sentimento de vingança e

de revanche dos inimigos da ditadura.

Há, neste ponto, uma representação associada à bipolaridade: amigos X inimigos da

ditadura, que tem continuidade na contraposição confiáveis X não confiáveis que se

comprova na investigação sobre o Partido dos Trabalhadores demonstrada pelos relatórios

que se seguem até dezembro de 1989.

A anistia pela qual se lutou nas ruas e que era dirigida apenas aos perseguidos pelo

regime não foi promulgada em Lei. A proposta que foi enviada pelo governo e aprovada pelo

congresso além de anistiar os que cometeram torturas, assassinatos, mutilação e ocultação de

cadáveres, manteve na cadeia ainda por alguns meses prisioneiros como Perly Cipriano. A

sociedade, no entanto, persistiu em reivindicar a libertação de todos até obtê-la, como, ainda

hoje exige a apuração dos crimes cometidos na ditadura. O próprio Ministério Público

Federal vem tentando reabrir na Justiça Federal ações contra assassinos que participaram do

desaparecimento de presos políticos por crime continuado de ocultação de cadáveres, de

acordo com o site desaparecidospoliticos.org.br .

Deve ser destacada a investigação sobre o PT, organizado legalmente desde 1980, que

permanece sendo espionado durante e após a ditadura e o governo da transição conservadora,

como está registrado nos dossiês, até dezembro de 1989.

Os mesmos pressupostos da ideologia de segurança nacional são mantidos na

investigação sobre o PT, sob as mesmas representações bipolares associadas ao conceito de

guerra, que suspende noções de direitos e legalidade.

Na guerra só contam os golpes aplicados ao inimigo: que ele seja vencido pela lei

ou pela sujeição, pelo exército ou pela polícia, pela técnica ou pelo capital, pela

superioridade econômica ou pela ação psicológica, pouco importa. Tudo é uma questão de adaptação à conjuntura. O rumo da guerra pode fazer entrar em ação as mais diversas forças, dependendo das necessidades da guerra: tudo o que é mobilizável é poder. As circunstâncias é que dizem se é preciso empregar meios de sujeição ou não, meios militares ou psicológicos: esses meios não contêm, em si mesmos, nenhuma indicação de restrição ou de limite a seu emprego: eles são poderes. Seu valor ou sua oportunidade são uma questão de estratégia. A necessidade de vitória torna-os todos iguais. (Comblinn, pág. 59)

Desta maneira, nas representações ancoradas na bipolaridade da sociedade brasileira, a

investigação sobre o PT, mesmo estando este partido estabelecido na legalidade, situa-se de

maneira coerente na noção de guerra, onde não há legalidade nem qualquer outro obstáculo

para a ação, a não ser o ato de poder para vencer.

E, por fim, a escolha do assunto nos relatórios de Sergio Mascarenhas de Moura. Aqui,

ao me escolherem como assunto pertinente, o sistema de informações confere face ao

inimigo, com base na bipolaridade. O inimigo deve ser decifrado, sua filiação conhecida para

que se possa identificar quais erros foram cometidos na educação familiar, sua escola

investigada para a revelação da ação formativa dos professores, seus amigos identificados

para observar sua má influência. O inimigo com face revelada é um objeto da investigação

científica da formação de comportamentos alienígenas ao sistema e do componente da traição

ao regime. É uma parte do mal absoluto que deve ser combatido e afastado da vida social.

Além disso, o conceito de Segurança Nacional unifica e reduz a um mesmo critério

todas as formas de ameaça. Qualquer ato suspeito por parte de um país vizinho, qualquer ato de anti-conformismo de um cidadão, vistos à luz da Segurança Nacional, contêm um germe de destruição da Nação. No mais leve delito a semente do Mal absoluto está presente: a sobrevivência do Estado está em jogo e é invocada para reprimir o malfeitor. Uma vez adotada como critério, a Segurança Nacional tende a aumentar indefinidamente a gravidade de qualquer ameaça. (Comblinn, pág. 226)

A partir dos relatórios encontrados nos dossiês, observa-se que as representações

construídas pelos órgãos de informação ancoram-se nos seguintes aspectos: 1) nas finalidades

das instituições existentes na sociedade, interpretadas de maneira estática e que apontam para

a imobilidade que determina a noção de ordem; 2) na bipolaridade entre os amigos e os

inimigos do sistema, onde qualquer manifestação de inconformismo significa uma identidade

contrária ao status quo; 3) que esta bipolaridade estabelece um estado de guerra, onde a

informação joga um papel central; 4) que o inimigo precisa ser identificado e decifrado para

que haja um entendimento do processo ocorrido para tal fato.

O processo classificatório das informações recolhidas pelos agentes da repressão segue

as noções estabelecidas pela ideologia de segurança nacional como método de ação política

contra a esquerda e as organizações democráticas e populares.

As memórias sociais que temos sobre a ditadura e a transição conservadora e as

representações sociais construídas no período permitem, a cada novo olhar, a redescoberta em

nós mesmos de aspectos que influenciaram e ainda influenciam nosso presente. A realização

deste trabalho, além de permitir uma apreciação inédita sobre uma fração da informação

subtraída ao povo pelos órgãos de informação, possibilita, em um quadro de contraste,

observar memórias e representações sociais do período sob uma ótica militante.

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ANEXO A - Carta aos Brasileiros / Goffredo Telles Júnior

Das Arcadas do Largo de São Francisco, do “Território Livre” da Academia de

Direito de São Paulo, dirigimos, a todos os brasileiros esta Mensagem de Aniversário, que é a

Proclamação de Princípios de nossas convicções políticas.

Na qualidade de herdeiros do patrimônio recebido de nossos maiores, ao ensejo do

Sesquicentenário dos Cursos Jurídicos no Brasil, queremos dar o testemunho, para as

gerações futuras, de que os ideais do Estado de Direito, apesar da conjuntura da hora

presente, vivem e atuam, hoje como ontem, no espírito vigilante da nacionalidade.

Queremos dizer, sobretudo aos moços, que nós aqui estamos e aqui permanecemos,

decididos, como sempre, a lutar pelos Direitos Humanos, contra a opressão de todas as

ditaduras.

Nossa fidelidade de hoje aos princípios basilares da Democracia é a mesma que sempre

existiu à sombra das Arcadas: fidelidade indefectível e operante, que escreveu as Páginas da

Liberdade, na História do Brasil.

Estamos certos de que esta Carta exprime o pensamento comum de nossa imensa e

poderosa Família – da Família formada, durante um século e meio, na Academia do Largo de

São Francisco, na Faculdade de Direito de Olinda e Recife, e nas outras grandes Faculdades

de Direito do Brasil – Família indestrutível, espalhada por todos os rincões da Pátria, e da

qual já saíram, na vigência de Constituições democráticas, dezessete Presidentes da

República.

1. O Legal e o Legítimo

Deixemos de lado o que não é essencial.

O que aqui diremos não tem a pretensão de constituir novidade. Para evitar

interpretações errôneas, nem sequer nos vamos referir a certas conquistas sociais do mundo

moderno. Deliberadamente, nada mais diremos do que aquilo que, de uma ou outra maneira,

vem sendo ensinado, ano após ano, nos cursos normais das Faculdades de Direito. E não

transporemos os limites do campo científico de nossa competência.

Partimos de uma distinção necessária. Distinguimos entre o legal e o legítimo.

Toda lei é legal, obviamente. Mas nem toda lei é legítima. Sustentamos que só é

legítima a lei provinda de fonte legítima.

Das leis, a fonte legítima primária é a comunidade a que as leis dizem respeito; é o

Povo ao qual elas interessam – comunidade e Povo em cujo seio as idéias das leis germinam,

como produtos naturais das exigências da vida.

Os dados sociais, as contingências históricas da coletividade, as contradições entre o

dever teórico e o comportamento efetivo, a média das aspirações e das repulsas populares, os

anseios dominantes do Povo, tudo isto, em conjunto, é que constitui o manancial de onde

brotam normas espontâneas de convivência, originais intentos de ordenação, às vezes usos e

costumes, que irão inspirar a obra do legislador.

Das forças mesológicas, dos fatores reais, imperantes na comunidade, é que emerge a

alma dos mandamentos que o legislador, na forja parlamentar, modela em termos de leis

legítimas.

A fonte legítima secundária das leis é o próprio legislador, ou o conjunto dos

legisladores de que se compõem os órgãos legislativos do Estado. Mas o legislador e os

órgãos legislativos somente são fontes legítimas das leis enquanto forem representantes

autorizados da comunidade, vozes oficiais do Povo, que é a fonte primária das leis.

O único outorgante de poderes legislativos é o Povo. Somente o Povo tem competência

para escolher seus representantes. Somente os Representantes do Povo são legisladores

legítimos.

A escolha legítima dos legisladores só se pode fazer pelos processos fixados pelo Povo

em sua Lei Magna, por ele também elaborada, e que é a Constituição.

Consideramos ilegítimas as leis não nascidas do seio da coletividade, não

confeccionadas em conformidade com os processos prefixados pelos Representantes do Povo,

mas baixadas de cima, como carga descida na ponta de um cabo.

Afirmamos, portanto, que há uma ordem jurídica legítima e uma ordem jurídica

ilegítima. A ordem imposta , vinda de cima para baixo, é ordem ilegítima . Ela é ilegítima

porque, antes de mais nada, ilegítima é a sua origem. Somente é legítima a ordem que nasce ,

que tem raízes, que brota da própria vida, no seio do Povo.

Imposta, a ordem é violência. Às vezes, em certos momentos de convulsão social,

apresenta-se como remédio de urgência. Mas, em regra, é medicação que não pode ser usada

por tempo dilatado, porque acaba acarretando males piores do que os causados pela doença.

2. A Ordem, o Poder e a Força

Estamos convictos de que há um senso leviano e um senso grave da ordem.

O senso leviano da ordem é o dos que se supõem imbuídos da ciência do bem e do mal,

conhecedores predestinados do que deve e do que não deve ser feito, proprietários absolutos

da verdade, ditadores soberanos do comportamento humano.

O senso grave da ordem é o dos que abraçam os projetos resultantes do entrechoque

livre das opiniões, das lutas fecundas entre idéias e tendências, nas quais nenhuma autoridade

se sobrepõe às Leis e ao Direito.

Ninguém se iluda. A ordem social justa não pode ser gerada pela pretensão de

governantes prepotentes. A fonte genuína da ordem não é a Força, mas o Poder.

O Poder, a que nos referimos, não é o Poder da Força, mas um Poder de persuasão.

Sustentamos que o Poder Legítimo é o que se funda naquele senso grave da ordem,

naqueles projetos de organização social, nascidos do embate das convicções e que passam a

preponderar na coletividade e a ser aceitos pela consciência comum do Povo, como os

melhores.

O Governo, com o senso grave da ordem, é um Governo cheio de Poder. Sua

legitimidade reside no prestígio popular de quase todos os seus projetos. Sua autoridade se

apóia no consenso da maioria.

Nisto é que está a razão da obediência voluntária do Povo aos Governos legítimos.

Denunciamos como ilegítimo todo Governo fundado na Força. Legítimo somente o é o

Governo que for órgão do Poder.

Ilegítimo é o Governo cheio de Força e vazio de Poder.

A nós nos repugna a teoria de que o Poder não é mais do que a Força. Para nossa

consciência jurídica, o Poder é produto do consenso popular e a Força um mero instrumento

do Governo.

Não negamos a utilidade de tal instrumento. Mas o que afirmamos é que a Força é

somente útil na qualidade de meio , para assegurar o respeito pela ordem jurídica vigente e

não para subvertê-la ou para impor reformas na Constituição.

A Força é um meio de que se utiliza o Governo fiel aos projetos do Povo.

Desgraçadamente, também a utiliza o Governo infiel. O Governo fiel a utiliza a serviço do

Poder. O Governo infiel, a serviço do arbítrio.

Reconhecemos que o Chefe do Governo é o mais alto funcionário nos quadros

administrativos da Nação. Mas negamos que ele seja o mais alto Poder de um País. Acima

dele, reina o Poder de uma Idéia: reina o Poder das convicções que inspiram as

linhas mestras da Política nacional. Reina o senso grave da Ordem, que se acha definido na

Constituição.

3. A Soberania da Constituição

Proclamamos a soberania da Constituição.

Sustentamos que nenhum ato legislativo pode ser tido como lei superior à Constituição.

Uma lei só é válida se a sua elaboração obedeceu aos preceitos constitucionais, que

regulam o processo legislativo. Ela só é válida se, em seu mérito, suas disposições não se

opõem ao pensamento da Constituição.

Aliás, uma lei inconstitucional é lei precária e efêmera, porque só é lei enquanto sua

inconstitucionalidade não for declarada pelo Poder Judiciário. Ela não é propriamente lei, mas

apenas uma camuflagem da lei. No conflito entre ela e a Constituição, o que cumpre,

propriamente, não é fazer prevalecer a Constituição, mas é dar pela nulidade da lei

inconstitucional. Embora não seja razoável considerá-la inexistente, uma vez que a lei existe

como objeto do julgamento que a declara inconstitucional, ela não tem, em verdade, a

dignidade de uma verdadeira lei.

Queremos consignar aqui um simples mas fundamental princípio. Da conformidade de

todas as leis com o espírito e a letra da Constituição dependem a unidade e coerência do

sistema jurídico nacional.

Observamos que a Constituição também é uma lei. Mas é a Lei Magna. O que, antes de

tudo, a distingue nitidamente das outras leis é que sua elaboração e seu mérito não se

submetem a disposições de nenhuma lei superior a ela. Aliás, não podemos admitir como

legítima lei nenhuma que lhe seja superior. Entretanto, sendo lei, a Constituição há de ter,

também, sua fonte legítima.

Afirmamos que a fonte legítima da Constituição é o Povo.

4. O Poder Constituinte

Costuma-se dizer que a Constituição é obra do Poder. Sim, a Constituição é obra do

Poder Constituinte. Mas o que se há de acrescentar, imediatamente, é que o Poder

Constituinte pertence ao Povo, e ao Povo somente.

Ao Povo é que compete tomar a decisão política funda mental, que irá determinar os

lineamentos da paisagem jurídica em que deseja viver.

Assim como a validade das leis depende de sua conformação com os preceitos da

Constituição, a legitimidade da Constituição se avalia pela sua adequação às realidades

sócioculturais da comunidade para a qual ela é feita.

Disto é que decorre a competência da própria comunidade para decidir sobre o seu

regime político; sobre a estrutura de seu Governo e os campos de competência dos órgãos

principais de que o Governo se compõe; sobre os processos de designação de seus

governantes e legisladores.

Disto, também, é que decorre a competência do Povo para fazer a Declaração dos

Direitos Humanos fundamentais, assim como para instituir os meios que os assegurem.

Em conseqüência, sustentamos que somente o Povo, por meio de seus Representantes,

reunidos em Assembléia Nacional Constituinte , ou por meio de uma Revolução vitoriosa,

tem competência para elaborar a Constituição; que somente o Povo tem competência para

substituir a Constituição vigente por outra, nos casos em que isto se faz necessário.

Sustentamos, igualmente, que só o Povo, por meio de seus Representantes no

Parlamento Nacional, tem competência para emendar a Constituição.

E sustentamos, ainda, que as emendas na Constituição não se podem fazer como se

fazem as alterações na legislação ordinária. Na Constituição, as emendas somente se efetuam,

quando apresentadas, processadas e aprovadas em conformidade com preceitos especiais, que

a própria Constituição há de enunciar, preceitos estes que têm por fim conferir à Lei Magna

do Povo uma estabilidade maior do que a das outras leis.

Declaramos ilegítima a Constituição outorgada por autoridade que não seja a

Assembléia Nacional Constituinte, com a única exceção daquela que é imediatamente

imposta por meio de uma Revolução vitoriosa, realizada com a direta participação do Povo.

Declaramos ilegítimas as emendas na Constituição que não forem feitas pelo

Parlamento, com obediência, no encaminhamento, na sua votação e promulgação, a todas as

formalidades do rito, que a própria Carta Magna prefixa, em disposições expressas.

Não nos podemos furtar ao dever de advertir que o exercício do Poder Constituinte, por

autoridade que não seja o Povo, configura, em qualquer Estado democrático, a prática de

usurpação de poder político.

Negamos peremptoriamente a possibilidade de coexistência, num mesmo País, de duas

ordens constitucionais legítimas, embora diferentes uma da outra. Se uma ordem é legítima,

por ser obra da Assembléia Constituinte do Povo, nenhuma outra ordem, provinda de outra

autoridade, pode ser legítima.

Se, ao Poder Executivo fosse facultado reformar a Constituição, ou submetê-la a uma

legislação discricionária, a Constituição perderia, precisamente, seu caráter constitucional e

passaria a ser um farrapo de papel.

A um farrapo de papel se reduziria o documento solene, em que a Nação delimita a

competência dos órgãos do Governo, para resguardar, zelosamente, de intromissões

cerceadoras dos poderes públicos, o campo de atuação da liberdade humana.

5. O Estado de Direito e o Estado de Fato

Proclamamos que o Estado legítimo é o Estado de Direito, e que o Estado de Direito é

o Estado Constitucional.

O Estado de Direito é o Estado que se submete ao princípio de que Governos e

governantes devem obediência à Constituição.

Bem simples é este princípio, mas luminoso, porque se ergue, como barreira

providencial, contra o arbítrio de vetustos e renitentes absolutismos. A ele as instituições

políticas das Nações somente chegaram após um longo e acidentado percurso na História da

Civilização. Sem exagero, pode dizer-se que a consagração desse princípio representa uma

das mais altas conquistas da cultura, na área da Política e da Ciência do Estado.

O Estado de Direito se caracteriza por três notas essenciais, a saber: por ser obediente

ao Direito; por ser guardião dos Direitos; e por ser aberto para as conquistas da cultura

jurídica.

É obediente ao Direito, porque suas funções são as que a Constituição lhe atribui, e

porque, ao exercê-las, o Governo não ultrapassa os limites de sua competência.

É guardião dos Direitos, porque o Estado de Direito é o Estado-Meio, organizado para

servir o ser humano, ou seja, para assegurar o exercício das liberdades e dos direitos

subjetivos das pessoas.

E é aberto para as conquistas da cultura jurídica , porque o Estado de Direito é uma

democracia, caracterizado pelo regime de representação popular nos órgãos legislativos e,

portanto, é um Estado sensível às necessidades de incorporar à legislação as normas tendentes

a realizar o ideal de uma Justiça cada vez mais perfeita.

Os outros Estados, os Estados não constitucionais, são os Estados cujo Poder Executivo

usurpa o Poder Constituinte. São os Estados cujos chefes tendem a se julgar onipotentes e

oniscientes, e que acabam por não respeitar fronteiras para sua competência. São os Estados

cujo Governo não tolera crítica e não permite contestação. São os Estados-Fim, com

Governos obcecados por sua própria segurança, permanentemente preocupados com sua

sobrevivência e continuidade. São Estados opressores, que muitas vezes se caracterizam por

seus sistemas de repressão, erguidos contra as livres manifestações da cultura e contra o

emprego normal dos meios de defesa dos direitos da personalidade.

Esses Estados se chamam Estados de Fato. Os otimistas lhes dão o nome de Estados de

Exceção. Na verdade, são Estados Autoritários, que facilmente descambam para a Ditadura.

Ilegítimos, evidentemente, são tais Estados, porque seu Poder Executivo viola o

princípio soberano da obediência dos Governos à Constituição e às leis.

Ilegítimos, em verdade, porque seus Governos não têm Poder, não têm o Poder

Legítimo, que definimos no início desta Carta.

Destituídos de Poder Legítimo, os Estados de Fato duram enquanto puderem contar

com o apoio de suas forças armadas.

Sustentamos que os Estados de Fato, ou Estados de Exceção, são sistemas subversivos,

inimigos da ordem legítima, promotores da violência contra Direitos Subjetivos, porque são

Estados contrários ao Estado Constitucional, que é o Estado de Direito, o Estado da Ordem

Jurídica.

Nos países adiantados, em que a cultura política já organizou o Estado de Direito, a

insólita implantação do Estado de Fato ou de Exceção – do Estado em que o Presidente da

República volta a ser o monarca lege solutus – constitui um violento retrocesso no caminho

da cultura.

Uma vez reimplantado o Estado de Fato, a Força torna a governar, destronando o Poder.

Então, bens supremos do espírito humano, somente alcançados após árdua caminhada da

inteligência, em séculos de História, são simplesmente ignorados. Os valores mais altos da

Justiça, os direitos mais sagrados dos homens, os processos mais elementares de defesa do

que é de cada um, são vilipendiados, ridicularizados e até ignorados, como se nunca tivessem

existido.

O que os Estados de Fato, Estados Policiais, Estados de Exceção, Sistemas de Força

apregoam é que há Direitos que devem ser suprimidos ou cerceados, para tornar possível a

consecução dos ideais desses próprios Estados e Sistemas.

Por exemplo, em lugar dos Direitos Humanos, a que se refere a Declaração Universal

das Nações Unidas, aprovada em 1948; em lugar do habeas corpus; em lugar do direito dos

cidadãos de eleger seus governantes, esses Estados e Sistemas colocam, freqüentemente, o

que chamam de Segurança Nacional e Desenvolvimento Econômico.

Com as tenebrosas experiências dos Estados Totalitários europeus, nos quais o lema é, e

sempre foi, “Segurança e Desenvolvimento”, aprendemos uma dura lição. Aprendemos que a

Ditadura é o regime, por excelência, da Segurança Nacional e do Desenvolvimento

Econômico. O Nazismo, por exemplo, tinha por meta o binômio Segurança e

Desenvolvimento. Nele ainda se inspira a ditadura soviética.

Aprendemos definitivamente que, fora do Estado de Direito, o referido binômio pode

não passar de uma cilada. Fora do Estado de Direito, a Segurança, com seus órgãos de terror,

é o caminho da tortura e do aviltamento humano; e o Desenvolvimento, com o malabarismo

de seus cálculos, a preparação para o descalabro econômico, para a miséria e a ruína.

Não nos deixaremos seduzir pelo canto das sereias de quaisquer Estados de Fato, que

apregoam a necessidade de Segurança e Desenvolvimento, com o objetivo de conferir

legitimidade a seus atos de Força, violadores freqüentes da Ordem Constitucional.

Afirmamos que o binômio Segurança e Desenvolvimento não tem o condão de

transformar uma Ditadura numa Democracia, um Estado de Fato num Estado de Direito.

Declaramos falsa a vulgar afirmação de que o Estado de Direito e a Democracia são “a

sobremesa do desenvolvimento econômico”. O que temos verificado, com freqüência, é que

desenvolvimentos econômicos se fazem nas mais hediondas ditaduras.

Nenhum País deve esperar por seu desenvolvimento econômico, para depois implantar

o Estado de Direito. Advertimos que os Sistemas, nos Estados de Fato, ficarão

permanentemente à espera de um maior desenvolvimento econômico, para nunca implantar o

Estado de Direito.

Proclamamos que o Estado de Direito é sempre primeiro , porque primeiro estão os

direitos e a segurança da pessoa humana. Nenhuma idéia de Segurança Nacional e de

Desenvolvimento Econômico prepondera sobre a idéia de que o Estado existe para servir o

homem.

Estamos convictos de que a segurança dos direitos da pessoa humana é a primeira

providência para garantir o verdadeiro desenvolvimento de uma Nação.

Nós queremos segurança e desenvolvimento. Mas queremos segurança e

desenvolvimento dentro do Estado de Direito.

Em meio da treva cultural dos Estados de Fato, a chama acesa da consciência jurídica

não cessa de reconhecer que não existem, para Estado nenhum, ideais mais altos do que os da

Liberdade e da Justiça.

6. A Sociedade Civil e o Governo

O que dá sentido ao desenvolvimento nacional, o que confere legitimidade às reformas

sociais, o que dá autenticidade às renovações do Direito, são as livres manifestações do Povo,

em seus órgãos de classe, nos diversos ambientes da vida.

Quem deve propulsionar o desenvolvimento é o Povo organizado, mas livre, porque ele

é que tem competência, mais do que ninguém, para defender seus interesses e seus direitos.

Sustentamos que uma Nação desenvolvida é uma Nação que pode manifestar e fazer

sentir a sua vontade. É uma Nação com organização popular, com sindicatos autônomos, com

centros de debate, com partidos autênticos, com veículos de livre informação. É uma Nação

em que o Povo escolhe seus dirigentes, e tem meios de introduzir sua vontade nas

deliberações governamentais. É uma Nação em que se acham abertos os amplos e francos

canais de comunicação entre a Sociedade Civil e o Governo.

Nos Estados de Fato, esses canais são cortados. Os Governos se encerram em Sistemas

fechados, nos quais se instalam os “donos do Poder”. Esses “donos do Poder” não são, em

verdade, donos do Poder Legítimo: são donos da Força. O que chamam de Poder não é o

Poder oriundo do Povo.

A órbita da política não vai além da área palaciana, reduto aureolado de mistério,

hermeticamente trancado para a Sociedade Civil.

Nos Estados de Fato, a Sociedade Civil é banida da vida política da Nação. Pelos chefes

do Sistema, a Sociedade Civil é tratada como um confuso conglomerado de ineptos, sem

discernimento e sem critério, aventureiros e aproveitadores, incapazes para a vida pública,

destituídos de senso moral e de idealismo cívico. Uma multidão de ovelhas negras, que

precisa ser continuamente contida e sempre tangida pela inteligência soberana do sábio tutor

da Nação.

Nesses Estados, o Poder Executivo, por meio de atos arbitrários, declara a incapacidade

da Sociedade Civil, e decreta a sua interdição.

Proclamamos a ilegitimidade de todo sistema político em que fendas ou abismos se

abrem entre a Sociedade Civil e o Governo.

Chamamos de Ditadura o regime em que o Governo está separado da Sociedade Civil.

Ditadura é o regime em que a Sociedade Civil não elege seus Governantes e não participa do

Governo. Ditadura é o regime em que o Governo governa sem o Povo. Ditadura é o regime

em que o Poder não vem do Povo. Ditadura é o regime que castiga seus adversários e proíbe a

contestação das razões em que ela se procura fundar.

Ditadura é o regime que governa para nós, mas sem nós.

Como cultores da Ciência do Direito e do Estado, nós nos recusamos, de uma vez por

todas, a aceitar a falsificação dos conceitos. Para nós a Ditadura se chama Ditadura, e a

Democracia se chama Democracia.

Os governantes que dão o nome de Democracia à Ditadura nunca nos enganaram e não

nos enganarão. Nós saberemos que eles estarão atirando, sobre os ombros do povo, um manto

de irrisão.

7. Os Valores Soberanos do Homem, Dentro do Estado de Direito

Neste preciso momento histórico, reassume extraordinária importância a verificação de

um fato cósmico. Até o advento do Homem no Universo, a evolução era simples mudança na

organização física dos seres. Com o surgimento do Homem, a evolução passou a ser, também,

um movimento da consciência.

Seja-nos permitido insistir num truísmo: a evolução do homem é a evolução de sua

consciência; e a evolução da consciência é a evolução da cultura.

A nossa tese é a de que o homem se aperfeiçoa à medida que incorpora valores morais

ao seu patrimônio espiritual. Sustentamos que os Estados somente progridem, somente se

aprimoram, quando tendem a satisfazer ansiedades do coração humano, assegurando a fruição

de valores espirituais, de que a importância da vida individual depende.

Sustentamos que um Estado será tanto mais evoluído quanto mais a ordem reinante

consagre e garanta o direito dos cidadãos de serem regidos por uma Constituição soberana,

elaborada livremente pelos Representantes do Povo, numa Assembléia Nacional Constituinte;

o direito de não ver ninguém jamais submetido a disposições de atos legislativos do Poder

Executivo, contrários aos preceitos e ao espírito dessa Constituição; o direito de ter um

Governo em que o Poder Legislativo e o Poder Judiciário possam cumprir sua missão com

independência, sem medo de represálias e castigos do Poder Executivo; o direito de ter um

Poder Executivo limitado pelas normas da Constituição soberana, elaborada pela Assembléia

Nacional Constituinte; o direito de escolher, em pleitos democráticos, seus governantes e

legisladores; o direito de ser eleito governante ou legislador, e o de ocupar cargos na

administração pública; o direito de se fazer ouvir pelos Poderes Públicos, e de introduzir seu

pensamento nas decisões do Governo; o direito à liberdade justa, que é o direito de fazer ou

de não fazer o que a lei não proíbe; o direito à igualdade perante a lei que é o direito de cada

um de receber o que a cada um pertence; o direito à intimidade e à inviolabilidade do

domicílio; o direito à propriedade e o de conservá-la; o direito de organizar livremente

sindicatos de trabalhadores, para que estes possam lutar em defesa de seus interesses; o

direito à presunção de inocência, dos que não forem declarados culpados, em processo

regular; o direito de imediata e ampla defesa dos que forem acusados de ter praticado ato

ilícito; o direito de não ser preso, fora dos casos previstos em lei; o direito de não ser mantido

preso, em regime de incomunicabilidade, fora dos casos da lei; o direito de não ser condenado

a nenhuma pena que a lei não haja cominado antes do delito; o direito de nunca ser submetido

à tortura, nem a tratamento desumano ou degradante; o direito de pedir a manifestação do

Poder Judiciário, sempre que houver interesse legítimo de alguém; o direito irrestrito de

impetrar habeas corpus; o direito de ter Juízes e Tribunais independentes, com prerrogativas

que os tornem refratários a injunções de qualquer ordem; o direito de ter uma imprensa livre;

o direito de fruir das obras de arte e cultura, sem cortes ou restrições; o direito de exprimir o

pensamento, sem qualquer censura, ressalvadas as penas legalmente previstas, para os crimes

de calúnia, difamação e injúria; o direito de resposta; o direito de reunião e associação.

Tais direitos são valores soberanos. São ideais que inspiram as ordenações jurídicas das

nações verdadeiramente civilizadas. São princípios informadores do Estado de Direito.

Fiquemos apenas com o essencial.

O que queremos é ordem. Somos contrários a qualquer tipo de subversão. Mas a ordem

que queremos é a ordem do Estado de Direito.

A consciência jurídica do Brasil quer uma cousa só: o Estado de Direito, já.

Goffredo Telles Júnior

NOTA: Antes de sua leitura, a “CARTA” foi subscrita pelos seguintes “Signatários -

Lançadores”:

José Ignácio Botelho de Mesquita, Professor Titular da Faculdade Direito da USP; Fábio Konder Comparato, Professor Titular da Faculdade Direito da USP; Modesto Carvalhosa, Professor da Faculdade Direito da USP e Presidente da Associação dos Docentes da USP; Irineu Strenger, Professor Titular da Faculdade Direito da USP; Dalmo de Abreu Dallari, Professor Titular da Faculdade Direito da USP e Presidente da Comissão Justiça e Paz da Cúria Metropolitana de SP; Mário Simas, Vice-Presidente da Comissão Justiça e Paz; Geraldo Ataliba, Professor da Faculdade Direito da USP e da Faculdade Direito da PUC, ex-Reitor da PUC; José Afonso da Silva, Professor Titular da Faculdade Direito da USP; Miguel Reale Júnior, Professor da Faculdade de Direito da USP; Ignácio da Silva Telles, Professor da Faculdade de Direito da USP; Tércio Sampaio Ferraz, Professor da Faculdade de Direito da USP; Alcides Jorge Costa, Professor da Faculdade de Direito da USP; Gláucio Veiga, Professor da Faculdade de Direito da USP e da Faculdade Direito do Recife; Mário Sérgio Duarte Garcia, Vice-Presidente da Ordem dos Advogados de SP; Antônio Cândido de Mello e Souza, Professor Titular da USP; Paulo Duarte, Professor Catedrático da USP, aposentado; André Franco Montoro, Professor Catedrático da PUC e Senador; Flávio Flores da Cunha Birrembach, Professor da Faculdade Direito da PUC; José Carlos

Dias, Advogado, Consultor Jurídico da Comissão Justiça e Paz, da Cúria Metropolitana de SP; Aliomar Baleeiro, ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal e Professor da Faculdade Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Hermes Lima, ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal e Professor da Faculdade de Direito da Universidade Fedederal do Rio Janeiro; Heleno Fragoso, Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Janeiro; João Batista de Arruda Sampaio, Desembargador do TJSP, aposentado; Raul da Rocha Medeiros, Desembargador do TJSP, aposentado; Odilon da Costa Manso, Desembargador do TJSP, aposentado; Darcy de Arruda Miranda, Desembargador TJSP, aposentado; Hélio Bicudo, Procurador da Justiça de SP; Dom Cândido Padim, Bispo de Bauru, Bacharel pela Faculdade de Direito da USP; Sérgio Bermudes, Conselheiro Federal da Ordem dos Advogados; Tércio Lins e Silva, Conselheiro da Ordem dos Advogados do Rio; Cid Riedel, Conselheiro da Ordem dos Advogados do Distrito Federal; Ruy Homem de Mello Lacerda, ex-Presidente da Associação de dos Advogados de SP e Conselheiro; Walter Ceneviva, Vice-Presidente da Associação de Advogados; Sérgio Marques da Cruz, Conselheiro e ex-Presidente da Associação dos Advogados; Luciano de Carvalho, Secretário da Educação e Fazenda, do Governo Carvalho Pinto; João Nascimento Franco, Conselheiro do Instituto do Advogado e Ordem Advogado; Domingos Marmo, ex-Conselheiro da Ordem dos Advogados; Walter Laudísio, Conselheiro da Associação dos Advogados; Homero Alves de Sá, Conselheiro da Associação dos Advogados; Salim Arida, Conselheiro da Associação dos Advogados; José Carlos da Silva Arouca, Conselheiro da Associação dos Advogados; Joaquim Pacheco Cyrillo, Conseslheiro da Associação dos Advogados; Rubens Ignácio de Souza Rodrigues, Conselheiro da Associação dos Advogados; Jayme Cueva, Conselheiro da Associação dos Advogados; Maria Luiza Flores da Cunha Birrenbach, Procuradora do Município de SP; José Gregori, Advogado e Professor da PUC; Lauro Malheiros Filho, Advogado; Aldo Lins e Silva, Advogado; José Roberto Leal de Carvalho, Advogado; Cantídio Salvador Filardi, ex-Conselheiro da Ordem dos Advogados; Antônio Carlos Malheiros, Advogado; Luiz Eduardo Greenhalgh, Advogado; Márcia Ramos de Souza, Advogado; Arnaldo Malheiros, Advogado; Dione Prado Stamato, Procuradora do Estado de SP; Erasmo Valladão Azevedo e Novaes França, Advogado; Pedro Garaude Júnior, Advogado; Alberto Pinto Horta Júnior, Advogado; Manoel Ferraz Whitaker Salles, Advogado; Maria Eugênia Raposo da Silva Telles, Advogada; Edmur de Andrade Nunes Pereira Neto, Advogado; Márcia L. B. Jaime, Advogado; Areobaldo Espínola de Oliveira Lima Filho, Advogado; Alexandre Thiollier Filho, Advogado; Jayme A. da Silva Telles, Advogado; Clóvis de Gouvêa Franco, Advogado; Agripino Doria, Advogado; Edgard de Novaes França Neto, Advogado; Edgard de Novaes França Filho, Advogado; José V. Bernardes, Advogado; Luiz Baptista Pereira de Almeida Filho, Advogado; Luiz Baptista Pereira de Almeida, Advogado; Marcelo Duarte de Oliveira, sacerdote e bacharel, Advogado; Celso Cintra Mori, Advogado; Clarita Carameli, Advogado; Paulo Pereira, Advogado; José Melado Moreno, Advogado; Maria Ferreira Lara, Advogada; Pedro Luiz Aguirre Menin, Advogado; José Nuzzi Neto, Advogado; João Henrique de Almeida Santos, Advogado; Carlos Alberto Queiroz, Advogado; Jayme Queiroz Lopes Filho, Advogado; Paulo R. C. Lara, Advogado; Walter Arruda Júnior, Advogado; Joaquim Renato Correia Freire, Advogado; Darcy Paulilo dos Passos, Advogado; Sílvio Roberto Correia, Advogado; Francisco Mencucci, Advogado; Antônio Costa Correia, Advogado; Francisco Otávio de Almeida Prado, Advogado; Marco Antônio Rodrigues Nahun, Advogado; Léo Duarte de Oliveira, Advogado.

ANEXO B - TABELA DE IDENTIFICAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DOS DOSSIÊS

Dossiê I

1 – Data da emissão: 28/06/1977

2 – Acontecimento: Movimento grevista na UNB

3 – Origem: 31 AC

4 – Sigilo: C

5 - Redifusão: AC A111093 7 77

6 – Identificação da Agência: AC

7 – Conteúdo: Diversas informações numeradas, na maioria informes produzidos por agentes,

documentos de IPM e da reitoria da Unb.

8 – Entidades: As que estão relacionadas de alguma forma com a investigação: ABI, DCE

Livre UNB, DCE Livre USP, DU UNB, ENE, Federação de Estudantes de Engenharia e

Agronomia do Brasil – FEEAB, Grupo Construção, MDB, OAB, UNB, USP

9 - Anexos: a) Relação de pessoas identificadas que apóiam o ME

b) Cópia de manifestos

c) Relatórios

10 – Outros: Dados pessoais e dados de familiares (relatório 048 pág. 309)

Dossiê II

Obs.: Está embutido no primeiro relatório do Dossiê I, como informe 0344/19/AC/77.

1- Data da emissão: 01/06/1977

2- Acontecimento: Apoios recebidos

3- Origem: 19 AC

4- Sigilo: C

5- Redifusão: AC A105866 6 77

6- Identificação da agência: AC

7- Conteúdo: Avaliação da ação, identificação de apoiadores, referência ao CEBRAP,

informe sobre a continuidade da operação.

8- Entidades: Cebrap (caracterizado como "entidade marxista")

9- Anexos: a) Relação de apoiadores

b) Cópia de manifesto

10- Outros: Identificação de 22 lideranças "esquerdistas" do Movimento Estudantil

Dossiê III

1- Data da emissão: 28/12/1978

2- Acontecimento: Antecedentes políticos e filiação partidária

3- Origem: CIE

4- Sigilo: C

5- Redifusão: AC A000236 7 79

6- Identificação da agência: AC

7- Conteúdo: Dados de qualificação, antecedentes e histórico de militância em Brasília e no

Rio. Fundação da Convergência Socialista, incluindo participação na I Convenção Nacional

da CS e em manifestação no Centro do Rio.

8- Entidades: PST, Convergência Socialista e UNB.

9- Anexos: Fotografia

Dossiê IV

1- Data da emissão: 15/12/79

2- Acontecimento: Histórico de militância, com descrição da saída do PST para a OSI, e

relatório de atividades profissionais (matrícula em Sociologia na PUC-RJ e, inclusive, sobre

prestação de concursos públicos para o BNDES e NUCLEBRAS).

3- Origem: CISA RJ

4- Sigilo: C

5- Redifusão: AC A005086 6 80

6- Identificação da Agência: AC

7- Conteúdo: Qualificação, dados pessoais, histórico de militância no PST e OSI e

participação em concursos públicos.

8- Entidades: BNDE, OSI, POI, PST, PUC-RJ, UNB

9- Anexos:

10- Outros: O dossiê, com origem no CISA, adota para o investigado a classificação A-1 e

destina o documento para difusão junto à AC/SNI, CIE e CENIMAR.

Dossiê V

1- Data: 10/09/1979

2- Acontecimento: Manifestação pela anistia, no Rio, em 22/08/79.

3- Origem: CISA RJ

4- Sigilo: C

5- Redifusão: A0035516 6 79

6- Identificação da agência: AC

7- Conteúdo: Identificação de alguns militantes na referida manifestação

8- Entidades: CBA, PC do B, DCE PUC-RJ, MDB, MEP, MR8, PCB, PCBR, POI*,

Sindicato dos Petroquímicos de Caxias, UNB

9- Anexos: Referência a 21 fotos (censuradas).

Dossiê VI

1- Data: 27/03/1981

2- Acontecimento: Diante das medidas de segurança tomadas pelas organizações populares

para isolar e conter as ações de provocadores e infiltrados, foi realizada pesquisa nacional

para apurar seus métodos de atuação e preparar contra-medidas. Identificados alguns

militantes que organizavam a segurança popular nas manifestações.

3- Origem: 16 AC

4- Sigilo: C

5- Redifusão: AC A015135 0 81

6- Identificação da agência: AC

7- Conteúdo: Relação de militantes

8- Entidades

9- Anexos: Recortes de jornal

Dossiê VII

1- Data: 20/03/1981

2- Acontecimento: Processo de fusão da Convergência Socialista e a OSI (parte do processo

de unificação de duas correntes internacionais)

3- Origem: CISA RJ

4- Sigilo: C

5- Redifusão: AC Ao15138 5 81

6- Identificação da agência: AC

7- Conteúdo: Relação de militantes, aliados e simpatizantes identificados de ambas as

organizações.

8- Entidades: OSI, CS, CI, IV Internacional.

Dossiê VIII

1-Data: 17/09/1982

2-Acontecimento: Mapeamento dos militantes da OSI nos estados do ES e RJ

3-Origem 116 ARJ

4-Sigilo: C

5-Redifusão: ARJ C006959 0 82 AC, C006959 0 82.

6-Identificação da agência: RJ

7-Conteúdo :Relação de militantes da OSI identificados nos estados do RJ e ES*

8-Entidades: OSI, UFES.

Dossiê IX

1- Data: 11/03/1982

2- Acontecimento: Histórico da formação do PT de 79 a 82

3- Origem: 116 ARJ

4- Sigilo: C

5- Redifusão: ARJ C005859 2 82 AC; C005859 2 82.

6- Identificação da Agência: RJ

7- Conteúdo: Descrição da estrutura de funcionamento do PT no RJ e Espírito Santo,

descrição do lançamento do PT em 23 julho de 1979 em Belo Horizonte, avaliação da Carta

de Princípios, Programa do Partido e Programa Mínimo, algumas considerações sobre a

militância de Mário Pedrosa e Lula, destaque à participação de alguns dirigentes no

lançamento do PT, relações com a social-democracia alemã, informação sobre a "infiltração

comunista" no partido, composição das direções regional do RJ, municipais e zonais do PT no

RJ e ES.

8- Entidades: Ação Católica Operária, Ação Popular Marxista Leninista, Ala Vermelha,

Convergência Socialista, Movimento de Emancipação do Proletariado, Organização

Socialista Internacionalista, Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, Partido Comunista

do Brasil – Ala Pomar, Partido dos Trabalhadores, União dos Comunistas Brasileiros, Grupo

Bolchevique Lênin, SPD, II Internacional.

9- Anexos: Cópia da Infão 000018 E I EX, de 12 de janeiro de 1982 PRG C000 137 82 e

composição dos diretórios regional do RJ e municipais do RJ e ES *.

Dossiê X

1- Data: 28/12/1984

2- Acontecimento: Convenção Extraordinária do PT/RJ

3- Origem: IEX

4- Sigilo: C

5- Redifusão: ARJ C011571 0 85**

6- Identificação da agência: RJ

7- Conteúdo: Descrição da Convenção que definiu a posição do PT-RJ em relação ao Colégio

Eleitoral, identificação de militantes ligados a organizações que participavam do PT,

percentuais de votos em propostas, proporção de delegados eleitos por cada uma das chapas

de delegados e sua composição, avaliação da direção do partido no estado.

8- Entidades: ALERJ, CUT, PT-RJ e UBES.

Dossiê XI

1- Data: 26/03/1984

2- Acontecimento: Identificação de militantes trotskistas

3- Origem: CI DPF

4- Sigilo: C

5- Redifusão: AC A048293 6 85**

6- Identificação da agência: AC

7- Conteúdo: Forma de organização do informe; orientação da investigação; relação de

militantes trotskistas do AJS, OSI, ORM-DS, PORT-P; OQI e organizações não

identificadas*(Pastas de conteúdo censurado)

8- Entidades: AJS; OQI; ORM-DS; OSI; PORT-P.

Dossiê XII

1- Data: 02/04/1985

2- Acontecimento: Reunião do Diretório Estadual do PT

3- Origem: CISA RJ

4- Sigilo: C

5- Redifusão: AC A049150 0 85**

6- Identificação da agência: AC

7- Conteúdo: Descrição da reunião do diretório estadual (discussão sobre finanças e

administração do partido, debate sobre a candidatura de Jô Resende a prefeito); identificação

de alguns entre 43 presentes, relação de alguns destes militantes com grupos organizados.

8- Entidades: Associação dos Moradores e Amigos de Santa Tereza, DR do PT-RJ, FAMERJ,

FQI, MEP, ORM-DS.

Dossiê XIII

1- Data: 27/05/1987

2- Acontecimento: Relatório anual sobre as organizações trotskistas

3- Origem: CIE

4- Sigilo: C

5- Redifusão: AC A064196 0 87

6- Identificação da Agência: AC

7- Conteúdo*: Totalmente censurado, deveria conter, segundo o índice remissivo, o

acompanhamento das atividades da CS, ORM DS, OT QI, PORT P, detalhes de sua estrutura,

funcionamento, atividades, formação, publicações, atividades financeiras, ações políticas de

massa, institucionais, em entidades e luta armada.

8- São relacionadas dezenas de entidades com as investigadas

9- Anexo*: Totalmente censurado, há uma referência a ele no índice remissivo: RAI 000004

CIE DE 27 MAI 87. ...IND-MIC: S 145

10- Em atendimento a uma solicitação verbal da AC/SNI, o CIE fornece um documento

avaliação A- 1, do Relatório Anual de Informações (RAI nº 04-A/87), sobre a ORM-DS.

Dossiê XIV

1- Data: 17/03/1987

2- Acontecimento: Ato em homenagem póstuma a Moreno

3- Origem: CISA RJ

4- Sigilo: C

5- Redifusão: AC C014464 2 87 ARJ; C014464 2 87**.

6- Identificação da agência: RJ

7- Conteúdo: Descrição do Ato público, com a identificação de militantes e suas respectivas

organizações.

8- Entidades: CS, LIT QI, MAS, Sindicato dos Bancários.

Dossiê XV

1- Data: 12/08/1987

2- Acontecimento: Reunião do Diretório do PT

3- Origem: 110 ARJ

4- Sigilo: C

5- Redifusão: ARJ C015064 2 87 AC, C015064 2 87

6- Identificação da agência: RJ

7- Conteúdo: Descrição da reunião do Diretório Regional do PT-RJ; informe político sobre as

deliberações, incluindo as atribuições de funções na executiva e diretório e suas comissões.

8- Entidades: DR-PT RJ, Fundação Wilson Pinheiro.

9- Anexo*: Censurado, há apenas a referência "... IND-MIC: N05", no índice remissivo.

Dossiê XVI

1- Data: 04/01/1988

2- Acontecimento: Registro legal do DR RJ do PT

3- Origem: 110 ARJ

4- Sigilo: C

5- Redifusão: ARJ C015528 7 88 AC; C015528 7 88

6- Identificação da Agência: RJ

7- Conteúdo: Composição do Diretório e Executiva Regionais do PT RJ

8- Entidades: Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro; DR-PT RJ.

9- Anexo*: Censurado, há apenas a referência "... IND-MIC: N 03".

Dossiê XVII

1- Data 22/05/1989

2- Acontecimento: Assessoria de militantes de esquerda à ALERJ e Câmara Municipal do

Rio.

3- Origem: 120 ARJ

4- Sigilo: C

5- Redifusão: ARJ C017840 8 89 AC; C017840 8 89.

6- Identificação da Agência: RJ

7- Conteúdo*: Delação da nomeação de militantes de esquerda por vereadores; dois

documentos censurados (referências 22 e 23 no texto); relação de alguns militantes e

simpatizantes lotados na ALERJ e Câmara Municipal do Rio, com nome, um número de

identificação (por exemplo: o meu é B0020849), filiação, lotação, identificação da corrente

em que participa e condição (militante ou simpatizante) – esta relação também foi censurada,

constando apenas uma página da mesma

8- Entidades: CS, FQI, MEP, MR8, ORM DS, PCB Ala Prestes, PBB, PC do B, PSDB, PDT,

PT.

9- Anexo: Censurado, há referência ao Documento "... IND-MIC: N 06".

Dossiê XVIII

1- Data: 17/10/89

2- Acontecimento: Composição do Diretório Regional e vereadores filiados

3- Origem: 110 ARJ

4- Sigilo: C

5- Redifusão: ARJ C018940 6 89 AC; C018940 6 89.

6- Identificação da agência: RJ

7- Conteúdo*: Embora constem do índice remissivo a composição dos diretórios regionais e a

relação dos vereadores no ES e RJ, há apenas os nomes correspondentes ao RJ.

8- Entidades: DR-PT ES, DR-PT RJ; PT

9- Anexo: Censurado, há referência ao Documento "... IND-MIC: N 18".

Dossiê XIX

1- Data: 11/!2/1989

2- Acontecimento: VI Encontro Nacional do PT

3- Origem: 113 AC

4- Sigilo: C

5- Redifusão*: AC A 073781 1 90

6- Identificação da agência: AC

7- Conteúdo: Dados solicitados e dados conhecidos sobre delegados ao VI Encontro do PT.

8- Entidades: PT

9- Anexos: Censurado, há referência ao Documento "... MIND-MIC: S 26".

ANEXO C - DOSSIÊS

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA / CASA CIVIL

ARQUIVO NACIONAL Coordenação Regional do Arquivo Nacional no DF

SIG Quadra 06 Lote n° 800 Brasília – DF Cep: 70 610-460

Tel:0xx(61) 3321 1008, 3226 9026 e e-mail: arquivonacional.coreg.gov.br

Carta n° 687/2006/COREG-AN

Brasília, 1° de junho de 2006.

A Sua Senhoria o Senhor

Sérgio Mascarenhas de Moura

Assunto: Consulta

Prezada Senhor,

1. Em atenção ao requerimento, referindo a consulta aos dados existentes nos

acervos do Conselho de Segurança Nacional – CSN, da Comissão Geral de Investigações –

CGI e do Serviço Nacional de Informações - SNI, encaminhamos, em anexo, Certidão dos

dados dos acervos solicitados por Vossa Senhoria.

2. Na oportunidade encaminhamos, também, os formulários "Declaração de

Responsabilidade Pelo Uso de Informações Sobre Terceiros", a via assinada deverá ser

enviada a essa Coordenação Regional para que possamos remeter os documentos pesquisados

(não preencher o n° do processo) e o "Formulário de Livre acesso – interessado" após

conhecimento do conteúdo dos documentos sobre sua a pessoa dando plenos direitos a União

Federal para uso das informações neles contidos

3. Quaisquer esclarecimentos poderão ser obtidos pelo endereço eletrônico

[email protected] ou pelos telefones (61) 3321 1008, 3226 9026.

Atenciosamente,

MARIA ESPERANÇA DE RESENDE

Coordenadora-Geral Regional do Arquivo Nacional no Distrito Federal – COREG

CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

SECRETARIA EXECUTIVA/ARQUIVO NACIONAL

COORDENAÇÃO REGIONAL NO DISTRITO FEDERAL

Em cumprimento ao despacho exarado no Requerimento n° 1.596/2006 de Sérgio

Mascarenhas de Moura, brasileiro, filho de Miguel de Moura e Lélia Mascarenhas de Moura,

portador da Carteira de Identidade n° 416078, expedida pela SSP/DF, e do CPF n°

550.172.077-91, autuado sob o n. 00322.000721/2006, no qual solicita certidão de dados

existentes nos fundos SNI/CGI/CSN. CERTIFICO que a pesquisa nas bases de dados

identificou que o nome "Sérgio Mascarenhas de Moura" é citado nos seguintes dossiês/ACEs:

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem

Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

31 AC 28/6/1977 C A1110937 A1110937 AC A111093 7 77

AC

Assunto

MOVIMENTO ESTUDANTIL NA UNB.

Texto

MOVIMENTO GREVISTA OCORRIDO NA UNB A PARTIR DE MAI 77, COM

PARALISAÇÕES DE AULAS, ASSEMBLEIAS ESTUDANTIS E DE PROFESSORES,

PIQUETES, PASSEATAS E APLICAÇÃO DE PUNIÇÕES POR PARTE DA REITORIA.

AS ASSEMBLEIAS ERAM REALIZADAS NA PRAÇA DA CULTURA, DENOMINADA

PELOS ESTUDANTES COMO PRAÇA EDSON LUIZ. OS PRINCIPAIS TEMAS

ABORDADOS DURANTE A GREVE FORAM: CONDIÇÕES DE ENSINO, LUTA

CONTRA O JUBILAMENTO E AS PUNIÇÕES, DIVULGAÇÃO DO MOVIMENTO

ESTUDANTIL DE BRASILIA, CRITICAS AO REITOR DA UNB, CRITICAS AO

ENSINO PAGO, E LUTA PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO. A UNB EXPULSOU,

SUSPENDEU E JUBILOU OS PARTICIPANTES DO MOVIMENTO, MUITOS ALUNOS

QUE PARTICIPAVAM ATIVAMENTE DAS MANIFESTAÇÕES FORAM DETIDOS

PELA POLICIA E PROCESSADOS COM BASE NA LEI DE SEGURANÇA NACIONAL.

CONSTAM DADOS DE QUALIFICAÇÃO.

Entidade

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA ABI.

DIRETORIO CENTRAL DOS ESTUDANTES LIVRE DA UNIVERSIDADE DE

BRASILIA DF DCE LIVRE UNB. DIRETORIO CENTRAL DOS ESTUDANTES LIVRE

DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DCE LIVRE USP. DIRETORIO

UNIVERSITARIO DA UNIVERSIDADE DE BRASILIA DF DU UNB.

ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES 03 ENE.

FEDERAÇÃO DOS ESTUDANTES DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO BRASIL

FEEAB. GRUPO CONSTRUÇÃO.

MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO MDB.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL OAB.

UNIVERSIDADE DE BRASILIA DF UNB.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO USP.

Anexos do Documento

RELAT 000001 UNB DE 23 JUN 77.

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem

Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

19 AC 1/6/1977 C A1058666 1977 AC A105866 6 77

AC

Assunto

APOIO RECEBIDO PELO MOVIMENTO SINDICAL.

Texto

ANTECEDENTES POLITICOS DE SIGNATARIOS DO DOCUMENTO INTITULADO

MANIFESTO DOS PROFESSORES, ALGUNS DELES, MEMBROS DO CEBRAP; E

PROFISSÃO OU ENTIDADE A QUAL FAZEM PARTE PESSOAS QUE APOIAM O

MOVIMENTO ESTUDANTIL.

Entidade

CENTRO BRASILEIRO DE ANALISE E PLANEJAMENTO CEBRAP.

Anexos do Documento

RELAÇÕES NOMINAIS.

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem

Data da Emissão Sigilo

Numero do ACE

Ano do

ACE Redifusão

Identificação da Agência

CIE 28/12/1978 C A0002367 1979 AC. A000236 7 79

AC

Assunto

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

Texto

SMM E MILITANTE DO PST, SEUS ANTECEDENTES REGISTRAM QUE

PARTICIPOU DE MANIFESTAÇÕES SUBVERSIVAS NA UNB, QUANDO FOI

INDICIADO NO ARTIGO 45 DA LEI DE SEGURANÇA NACIONAL; FOI PRESO PELA

POLICIA FEDERAL, EM BRASILIA, POR TER PARTICIPADO DE MANIFESTAÇÕES

ESTUDANTIS; FOI MEMBRO DO GRUPO ESTUDANTIL OFICINA; PARTICIPOU DA

I CONVENÇÃO NACIONAL DA CS; PARTICIPOU DE UMA MANIFESTAÇÃO

PUBLICA REALIZADA NO CENTRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, QUANDO

DA PASSEATA REALIZADA PELO SENADOR NELSON CARNEIRO.

Entidade

CONVERGENCIA SOCIALISTA CS.

PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES PST.

UNIVERSIDADE DE BRASILIA UNB.

Anexos do Documento

UMA FOTOGRAFIA

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA SMM B0020849.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem

Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

CISA RJ 19/12/1979 C A0050866 1980 AC. A005086 6 80

AC

Assunto

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA, ATIVIDADES.

Texto

O NOMINADO FOI MILITANTE DO PST NO INICIO DE 1978 EM BRASILIA. EM JUL

AGO FOI AFASTADO POR 3 MESES COMO PUNIÇÃO, DESLIGOU SE DA

ORGANIZAÇÃO E FOI PARA O POI, ATUAL OSI. EXPULSO DA UNB, CURSA

ATUALMENTE SOCIOLOGIA NA PUC RJ. E ASSIDUO PARTICIPANTE DE TODOS

ATOS PUBLICOS E PASSEATAS REALIZADAS NO RIO DE JANEIRO, DURANTE

1979. FEZ CONCURSO PARA O BNDE E COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA.

Entidade

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO BNDE.

ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA INTERNACIONAL OSI.

PARTIDO OPERARIO INDEPENDENTE POI.

PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES.

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA RJ PUC RJ.

UNIVERSIDADE DE BRASILIA UNB.

Anexos do Documento

SEM INFORMAÇÃO

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA B0020849.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem

Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

CISA RJ 10/9/1979 C A0035166 1979 AC. A003516 6 79

AC

Assunto

MANIFESTAÇÃO PELA ANISTIA. RIO.

Texto

NA MANIFESTAÇÃO PUBLICA REALIZADA EM 22 AGO 79, NA CINELANDIA RIO

DE JANEIRO RJ, PATROCINADA PELO CBA, EM FAVOR DE UMA ANISTIA AMPLA

GERAL E IRRESTRITA, FORAM IDENTIFICADOS, ENTRE OUTROS, OS

ELEMENTOS ABAIXO RELACIONADOS.

Entidade

COMITE BRASILEIRO PELA ANISTIA CBA

COMITE CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL CC PC DO B.

DIRETORIO CENTRAL DE ESTUDANTES DA PONTIFICIA UNIVERSIDADE

CATOLICA DO RIO DE JANEIRO DCE PUC RJ.

MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO MDB.

MOVIMENTO PELA EMANCIPAÇÃO DO PROLETARIADO MEP.

MOVIMENTO REVOLUCIONARIO 8 OUT MR 8.

PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO PCB.

PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO REVOLUCIONARIO PCBR.

PARTIDO OPERARIO INDEPENDENTE POI.

SINDICATO DOS TRABALHADORES DA INDÚSTRIA PETROQUIMICA DE DUQUE

DE CAXIAS RJ SIND IQUIMICA RJ.

UNIVERSIDADE DE BRASILIA UNB.

Anexos do Documento

21 FOTOS.

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA B0020849.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

16 AC 27/3/1981 C A0151350 1981 A015135 0 81

AC

Assunto

IDENTIFICAÇÃO DE AGENTES DOS SERVIÇOS DE INFORMAÇÕES.

Texto

AS DIVERSAS ENTIDADES DE CONTESTAÇÃO QUE ATUAM NO PAIS VEM

COLOCANDO EM EXECUÇÃO MEDIDAS DE SEGURANÇA ATIVAS, ATRAVES DE

COMISSÕES DE SEGURANÇA, ENCARREGADAS DE DENUNCIAR, AFASTAR E,

EVENTUALMENTE, PROVOCAR OS AGENTES DE INFORMAÇÕES DURANTE A

REALIZAÇÃO DE EVENTOS DE NATUREZA PUBLICA. SOBRE O ASSUNTO FOI

REALIZADO PESQUISA NACIONAL E LEVANTADOS DIVERSAS FORMAS DE

AGIR DOS ATIVISTAS DAS COMISSÕES DE SEGURANÇA DAS ENTIDADES DE

CONTESTAÇÃO. AS TECNICAS E PROCESSOS DE ACOMPANHAMENTO DE

EVENTOS CONTESTATORIOS TERÃO QUE SE ADEQUAR E SUPLANTAR AS

CONTRA MEDIDAS TOMADAS PELAS COMISSÕES DE SEGURANÇA.

Entidade

MOVIMENTO ESTUDANTIL ME.

MOVIMENTO OPERARIO MO.

Anexos do Documento

SEM INFORMAÇÃO

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA B0020849.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

CISA RJ 20/3/1981 C A0151385 1981 AC. A015138 5 81

AC

Assunto

RELAÇÃO DE MILITANTES, ALIADOS OU SIMPATIZANTES DA OSI E CS.

Texto

A ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA INTERNACIONALISTA, OSI, E A CONVERGENCIA

SOCIALISTA, CS, DEVERÃO CONSTITUIR SE EM SEÇÃO NACIONAL DA

INTERNACIONAL, COMITE INTERNACIONAL, CONFORME DECISÃO DA

CONFERENCIA MUNDIAL ABERTA. LISTA DE MILITANTES, ALIADOS OU

SIMPATIZANTES DAS CITADAS ENTIDADES.

Entidade

SEM INFORMAÇÃO

Anexos do Documento

DUAS RELAÇÕES DE MILITANTES E SIMPATIZANTES DA OSI E CS.

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA OU LUCAS.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

116 ARJ 17/9/1982 C C0069590 1982 ARJ C006959 0

82 AC. C006959 0 82

RJ

Assunto

MILITANTES E SIMPATIZANTES DA ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA

INTERNACIONALISTA, OSI, NOS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E ESPIRITO

SANTO.

Texto

OS ELEMENTOS ABAIXO RELACIONADOS FORAM LEVANTADOS COMO

MILITANTES DA 0SI NOS ESTADOS DO RJ E ES. FUNÇÃO NA ORGANIZAÇÃO.

Entidade

ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA INTERNACIONALISTA OSI.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO UFES.

Anexos do Documento

RELAÇÃO NOMINAL.

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

116 ARJ 11/3/1982 C C0058592 1982 ARJ C005859

2 82 C005859 2 82

RJ

Assunto

INFILTRAÇÃO COMUNISTA NOS PARTIDOS POLITICOS DIRETORIOS REGIONAIS

E MUNICIPAIS DO PT NOS ESTADO DO RJ E ES.

Texto

O PT RJ ESTA ESTRUTURADO EM DIRETORIOS REGIONAIS, MUNICIPAIS E

ZONAIS, DOS QUAIS PARTICIPAM NOTORIOS COMUNISTAS CUJAS PRESENÇAS

DENUNCIAM O CARATER MARXISTA DO PARTIDO. NO ESTADO DO ES, O PT,

QUE INSTALOU DIRETORIOS MUNICIPAIS EM VITORIA E MAIS QUATRO

MUNICIPIOS, LANÇOU CANDIDATOS AS ELEIÇÕES DE 1982 QUE POSSUEM

ANTECEDENTES RELACIONADOS COM ORGANIZAÇÕES SUBVERSIVAS. VIDE

MICROFICHA ALTERAÇÃO MF1.

Entidade

AÇÃO CATOLICA OPERARIA ACO.

AÇÃO POPULAR MARXISTA LENINISTA

ALA VERMELHA

CONVERGENCIA SOCIALISTA CS.

MOVIMENTO DE EMANCIPAÇÃO DO PROLETARIADO.

ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA INTERNACIONALISTA OSI.

PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO REVOLUCIONARIO.

PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL PCB ALA POMAR.

PARTIDO DOS TRABALHADORES PT.

UNIÃO DOS COMUNISTAS BRASILEIROS.

Anexos do Documento

COPIA DA INFÃO 000018 E2 I EX, DE 12 JAN 82 PRG 0000137 82 E COMPOSIÇÃO

DOS DIRETORIOS MUNICIPAIS DO PT ES.

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem

Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

IEX 28/12/1984 C C0115710 1985 ARJ C011571 0 85

RJ

Assunto

CONVENÇÃO REGIONAL EXTRAORDINARIA DO PARTIDO DOS

TRABALHADORES DO RIO DE JANEIRO PT RJ

Texto

REALIZOU SE NOS DIAS 15 E 16 DEZ 84, NA ALERJ, A CONVENÇÃO REGIONAL

DO PT RJ. NA OCASIÃO, FICOU DECIDIDO QUE O PT RJ PARTICIPARA DA

CONVENÇÃO NACIONAL DO PARTIDO EM JAN 85; DEVERA PEDIR O

DESLIGAMENTO DOS PARLAMENTARES QUE NÃO ESTÃO ACATANDO AS

ORIENTAÇÕES DO PARTIDO E QUE, NÃO PARTICIPARA DA ESCOLHA DO NOVO

PRESIDENTE DA REPUBLICA. O PT RJ MANIPULADO POR CONTESTADORES DO

REGIME E OU MILITANTES DE ORGANIZAÇÕES SUBVERSIVAS, APRESENTOU

SE A POPULAÇÃO CARIOCA COMO UMA AGREMIAÇÃO QUE PROCURA

ASSUMIR UMA POSTURA POLITICA DIFERENTE DOS DEMAIS PARTIDOS, NUMA

TENTATIVA DE SENSIBILIZAR A OPINIÃO PUBLICA A SUA CAUSA.

REIVINDICAÇÕES FEITAS DURANTE O EVENTO; ASSUNTOS ABORDADOS E

POSIÇÃO A SER ADOTADA PELO PT FRENTE AO FUTURO GOVERNO DA

ALIANÇA DEMOCRATICA.

Entidade

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ALERJ.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES CUT.

PARTIDO DOS TRABALHADORES RIO DE JANEIRO PT RJ.

UNIÃO BRASILEIRA DE ESTUDANTES SECUNDARISTAS RIO DE JANEIRO UBES

RJ.

Anexos do Documento

SEM INFORMAÇÃO

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA B0020849.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

CI DPF 26/3/1984 C 1A0482936 11985 1AC A048293 6 85

AC

Assunto

IDENTIFICAÇÃO DE MILITANTES TROTSKISTAS.

Texto

MILITANTES DE ORGANIZAÇÕES SUBVERSIVAS TROTSKISTAS, ATUANTES EM

DIVERSOS ESTADOS DA FEDERAÇÃO. ANTECEDENTES E OU ATIVIDADES DE

ALGUNS DESSES MILITANTES.

Entidade

ALICERCE DA JUVENTUDE SOCIALISTA AJS.

ORGANIZAÇÃO QUARTA INTERNACIONAL OQI .

ORGANIZAÇÃO REVOLUCIONARIA MARXISTA DEMOCRACIA SOCIALISTA ORM

DS.

ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA INTERNACIONALISTA OSI.

PARTIDO OPERARIO REVOLUCIONARIO TROTSKISTA POSADISTA PORT P.

Anexos do Documento

SEM INFORMAÇÃO

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

CISA RJ 2/4/1985 C A0491500 1985 AC A049150 0 85

AC

Assunto

PARTIDO DOS TRABALHADORES RJ; REUNIÃO DO DIRETORIO REGIONAL.

Texto

NO DIA 24 MAR 85, FOI REALIZADA, NA SEDE DA AMAST, NO RIO DE JANEIRO

RJ, UMA REUNIÃO DO DR PT RI COMPARECERAM AO EVENTO CERCA DE 45

PESSOAS REPRESENTANDO AS ORGANIZAÇÕES DE ESQUERDA E OUTRAS

ENTIDADES QUE ATUAM DENTRO DAQUELE PARTIDO, BEM COMO

SINDICALISTAS E ELEMENTOS LIGADOS A IGREJA. NA OCASIÃO, FORAM

DEBATIDOS TEMAS RELACIONADOS AO LANÇAMENTO DA CANDIDATURA DE

JAR, PRESIDENTE DA FAMERJ, A PREF RIO DE JANEIRO RJ E, PRINCIPALMENTE,

A ATUAL CRISE EM QUE SE ENCONTRA O PARTIDO. VISANDO EQUILIBRAR AS

FINANÇAS DO PARTIDO, FORAM FORMULADAS DIVERSAS HIPOTESES, SENDO

APROVADAS AS SEGUINTES: COBRAR 15 MILHÕES DE CRUZEIROS DEVIDOS

PELO DEPUTADO FEDERAL JEF, CORRESPONDENTE A 40 POR CENTO DE SEUS

VENCIMENTOS, AINDA NÃO RECOLHIDOS AO PARTIDO; VENDA DA

MAQUINARIA GRAFICA DO PARTIDO; E, ESTABELECER UM PLANO DE

FINANÇAS E PROCEDER A DISPENSA DE FUNCIONARIOS.

Entidade

ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES E AMIGOS DE SANTA TERESA AMAST RIO DE

JANEIRO RJ NNNNNNNN. DIRETORIO REGIONAL DO PARTIDO DOS

TRABALHADORES NO RIO DE JANEIRO DR PT RJ NNNN NNNN. FEDERAÇÃO

DAS ASSOCIAÇÕES DE MORADORES E ENTIDADES AFINS DO ESTADO DO RIO

DE JAN EIRO FAMERJ NNNNNNNN.

FRAÇÃO QUARTA INTERNACIONAL FQI.

MOVIMENTO PELA EMANCIPAÇÃO DO PROLETARIADO MEP.

ORGANIZAÇÃO REVOLUCIONARIA MARXISTA DEMOCRACIA SOCIALISTA ORM

DS.

Anexos do Documento

SEM INFORMAÇÃO

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

CIE 27/5/1987 C A0641960 1987 AC A064196 0 87

AC

Assunto

ORGANIZAÇÕES TROTSKISTAS, RELATORIO ANUAL, 3.1.1.1., SE121 AC.

Texto

ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES DA CS, ORM DS, OT QI, OQI E PORT P,

ENTIDADES TROTSKISTAS NO BRASIL, AS QUAIS COMPÕEM SE EM SEÇÕES

BRASILEIRAS DE UM ORGANISMO INTERNACIONAL, QUE DIZ SER A EXTINTA

QI. DADOS SOBRE: EVENTOS REALIZADOS; ESTRUTURA DA ORGANIZAÇÃO;

RECRUTAMENTO E FORMAÇÃO DE QUADROS; LIGAÇÕES COM O MCI;

ATIVIDADES FINANCEIRAS; PUBLICAÇÕES; ORGANIZAÇÃO DE FRENTE E

FACHADA, ATUAÇÕES NO CAMPO POLITICO E NOS MOVIMENTOS DE MASSA;

INFILTRAÇÕES E LUTA ARMADA REFERENTES ATAIS ENTIDADES.

Entidade

ACS EDITORA LTDA SÃO PAULO SP.

ALA COMBATIENTE.

ALA LA VERDAD.

ALA VERMELHA DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL ALA V PC DO B.

ANGEL EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA SP.

ARTICULAÇÃO FEMINISTA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES.

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MINAS GERAIS.

ASSOCIAÇÕES DE BAIRROS DE RIO BRANCO AC.

ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DOS SERVIDORES EM ESTABELECIMENTOS

HOSPITALARES E CONGENE RES DE MINAS GERAIS.

ASSOCIAÇÃO COMUNITARIA DO CAMPO DA TUCA RS.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL DE AMIZADE JOSE MARTI BELO HORIZONTE MG.

ASSOCIAÇÃO DE ENSINO UNIFICADO DO DISTRITO FEDERAL AEUDF.

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES NO BAIRRO INDEPENDENCIA PETROPOLIS RJ.

ASSOCIAÇÃO DE MULHERES DO SETOR METALURGICO MG.

ASSOCIAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE PROCESSAMENTO DE DADOS NO RIO

GRANDE DO SUL.

ASSOCIAÇÃO DOS DESEMPREGADOS DE PASSO FUNDO RS.

ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS

ADUFGO.

ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERDIDADE DO RIO GRANDE DO SUL.

ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE DO AMAZONAS.

ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

ADUFEPE.

ASSOCIAÇÃO DOS EMPREGADOS DA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E

TELEGRAFOS DO RIO DE JANEIRO.

ASSOCIAÇÃO DOS EMPREGADOS DAS CENTRAIS ELETRICAS DE SÃO PAULO.

ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONARIOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO

SANTO UFES.

ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONARIOS DA UNIVERSIDADE DE CAMPINAS SP.

ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONARIOS DA UNIVERDIDADE DE SÃO CARLOS SP.

ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONARIOS DO FRIGORIFICO MUNICIPAL DE

FORTALEZA CE FRIFORT.

ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONARIOS DO HOSPITAL HELIOPOLIS SP.

ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONARIOS DO INSTITUTO NACIONAL DE PREVIDENCIA

SOCIAL RS.

ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONARIOS DO JUDICIARIO DO ESTADO DO PARA.

ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONARIOS DO JUIZADO DE MENORES DE PORTO

ALEGRE RS.

ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONARIOS DOS CORREIOS E TELEGRAFOS DO ESTADO

DE SÃO PAULO ACE TESP.

ASSOCIAÇÃO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO ACRE.

ASSOCIAÇÃO DOS MEDICOS DE UBERLANDIA MG.

ASSOCIAÇÃO DOS MEDICOS RESIDENTES DO HOSPITAL DAS CLINICAS DE

CURITIBA PR.

ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DE ANDRADE DE ARAUJO NOVA IGUAÇU RJ.

ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIÃO E LUTA DF.

ASSOCIAÇÃO DOS MUNICIPARIOS DE PORTO ALEGRE RS.

ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DE CONTAGEM MG.

ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DO ACRE ASPAC.

ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DO ENSINO OFICIAL DE PERNAMBUCO.

ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DO ENSINO OFICIAL DO CEARA APEOC.

ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DO ENSINO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO

PAULO APEOESP.

ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES PUBLICOS DE MINAS GERAIS.

ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO RIO DE

JANEIRO.

ASSOCIAÇÃO DOS QUADRINHISTAS E CARICATURISTAS DE SÃO PAULO AQC

SP.

ASSOCIAÇÃO DOS QUIMICOS DE SÃO JOSE DOS CAMPOS SP.

ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES ADMINISTRATIVOS DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO CEARA.

ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA SECRETARIA DE SAUDE DO ESTADO DO

AMAZONAS AS SESAU.

ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS

GERAIS UFMG.

ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA UNIVERDIDADE FEDERAL DO PARA

ASUFPA.

ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES FAZENDARIOS DO ESTADO DO ACRE.

ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES MUNICIPAIS DE SÃO JOSE DOS CAMPOS SP.

ASSOCIAÇÃO DOS TRABALHADORES NO ENSINO DA REGIÃO DE BARBACENA

MG ATERB.

ASSOCIAÇÃO DOS USUARIOS DO SISTEMA DE TELEFONIA E AFINS DO CENTRO

EMPRESARIAL DE SÃO PAULO AUSTAGEM.

ASSOCIAÇÃO DOS VIGILANTES DE BELO HORIZONTE MG.

ASSOCIAÇÃO METROPOLITANA DOS ESTUDANTES SECUNDARISTAS DO RIO

DE JANEIRO R3 AMES.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR AM.

ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL DO ECONOMISTA DO ACRE.

ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL DOS AUXILIARES DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

DE PASSO FUNDO R 5.

ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES DE IMPERATRIZ MA APPI.

ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES DO AMAZONAS APPAM.

ASSOCIAÇÃO RECIFENSE DOS ESTUDANTES SECUNDARISTAS PE ARES.

BAR CAFE BELAS ARTES SÃO PAULO SP.

BANCO DO BRASIL SA BBSA.

BOLETIM DE CAMPANHA O TRABALHO SUCESSOR DA REVISTA O TRABALHO

51850120.

CAIXA ECONOMICA FEDERAL CEF.

CAFE EXPRESSO EUROPA SÃO PAULO SP.

CENTRAL GERAL DOS TRABALHADORES DO CEARA CGT CE.

CENTRAL GERAL DOS TRABALHADORES CGT.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DA BAHIA CUT BA.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DA PARAIBA CUT PB.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DE GOIAS CUT GO.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DE MINAS GERAIS CUT MG.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DE PERNAMBUCO CUT PE.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DE SÃO PAULO CUT SP.

CENTRAL UNICA IDOS TRABALHADORES DO ACRE CUT AC.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DO AMAZONAS CUT AM.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DO CEARA CUT CE.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DO DISTRITO FEDERAL CUT DF.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DO ESPIRITO SANTO CUT ES.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DO PARA CUT PA.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DO PIAUI CUT PI.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DO RIO DE JANEIRO CUT RJ.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES DO RIO GRANDE DO SUL CUT RS.

CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES CUT.

CENTRO ACADEMICO TRISTÃO DE ATHAIDE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

CEARA CATA CE.

CENTRO DE ASSESSORIA MULTIPROFISSIONAL PORTO ALEGRE RS CAMP.

CENTRO DE ESTUDOS CIENCIAS CULTURA E POLITICA SÃO PAULO SP CECCP.

CENTRO DE ESTUDOS DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO POPULAR CRICIUMA

SC CEDIP.

CENTRO DE ESTUDOS SINDICAIS SOCIAIS E PESQUISAS 5Ã2 TAULO SP CESEP.

CENTRO INTERNACIONAL DE RECONSTRUÇÃO DA QUARTA INTERNACIONAL

CIR QI.

COMITE DE ENLACE DE MILITANTES TROTSKISTA CHILE CEMT.

COMITE DE LIGAÇÃO DOS TROTSKISTAS BRASILEIROS CLTB.

COMITE DE ORGANIZAÇÃO PELA RECONSTRUÇÃO DA QUARTA

INTERNACIONAL CORQI.

COMITE DE SOLIDARIEDADE AOS POVOS DA AMERICA CENTRAL.

COMPANHIA EDITORA JURUES PINHEIROS SP.

CONVERGENCIA SOCIALISTA CS.

CORRENTE COMUNISTA PRESTISTA.

DIRETORIO CENTRAL DOS ESTUDANTES DA PONTIFICIA UNIVERSIDADE

CATOLICA DE MINAS GE RAIS.

EDITORA APARTE APARTE LTDA PINHEIROS SP 80083781.

EDITORA CIDADE HOMEM LTDA SÃO PAULO SP B2127260.

EDITORA CIENCIAS CULTURA E POLITICA LTDA SÃO PAULO SP.

EDITORA Z LIDA SÃO PAULO SP B2127283.

EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS ECT.

EMPRESA BRASILEIRA DE NOTICIAS EBN.

EMPRESA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E EMPREENDIMENTOS SÃO PAULO SP

ENAE B2127295.

FEDERAÇÃO DE ORGÃOS PARA ASSISTENCIA SOCIAL E EDUCACIONAL RIO DE

JANEIRO RJ FASE.

FRAÇÃO BOLCHEVIQUE TROTSKISTA FBT.

FRAÇÃO BOLCHEVIQUE FB.

FRAÇÃO LENINISTA TROTSKISTA FLT.

FRAÇÃO QUARTA INTERNACIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES FQI

PT.

FRENTE AMPLA FA.

GAZETA DA LAPA SÃO PAULO SP.

GRUPO DE ESTUDOS AGRARIOS PORTO ALEGRE RS GEA.

GRUPO DE VARGA OU LIGA INTERNACIONALISTA REVOLUCIONARIA QUARTA

INTERNACIONAL EU ROPA ORIENTAL LIRQI.

GRUPO OUTUBRO.

GRUPO PONTO DE VISTA RS GPV.

GRUPO TERRAGENTE.

INSTITUTO NACIONAL DE ASSISTENCIA MEDICA DA PREVIDENCIA SOCIAL

INAMPS.

INTERNACIONAL REVOLUCIONARIA.

INTERNACIONALE PRESSE CORRESPONDEZ.

JORNAL CAUSA OPERARIA.

JORNAL CONVERGENCIA SOCIALISTA.

JORNAL CORREIO SOCIALISTA 82642050.

JORNAL DO CENTRO DE CULTURA SOCIALISTA.

JORNAL EM TEMPO.

JORNAL FRENTE OPERARIA B2642086.

JORNAL GAZETA DE PINHEIROS SP B2578475.

JORNAL O TRABALHO B1850120.

LIGA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES QUARTA INTERNACIONAL

ARGENTINA LIT QI.

LIVRARIA BELAS ARTES SÃO PAULO SP.

LUTTE OUVRIERE FRANÇA LO.

MINISTERIO DA FAZENDA.

MOVIMENTO AL SOCIALISMO MAS.

MOVIMENTO COMUNISTA INTERNACIONAL MCI.

MOVIMENTO COMUNISTA REVOLUCIONARIO MCR.

MOVIMENTO PELA EMANCIPAÇÃO DO PROLETARIADO MEP.

O TRABALHO PELA RECONSTRUÇÃO DA QUARTA INTERNACIONAL OT QI.

ORGANIZAÇÃO COMUNISTA DEMOCRACIA PROLETARIA OCDP.

ORGANIZAÇÃO COMUNISTA INTERNACIONALISTA OCI.

ORGANIZAÇÃO DE COMBATE 01DE MAIO OC 01 MAIO.

ORGANIZAÇÃO DE MOBILIZAÇÃO OPERARIA OMO.

ORGANIZAÇÃO MARXISTA BRASILEIRA OMB.

ORGANIZAÇÃO QUARTA INTERNACIONAL OQI.

ORGANIZAÇÃO REVOLUCIONARIA MARXISTA DEMOCRACIA SOCIALISTA ORM

DS.

ORGANIZAÇÃO REVOLUCIONARIA MARXISTA POLITICA OPERARIA ORM

POLOP.

ORGANIZAÇÃO REVOLUCIONARIA TROTSKISTA.

ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA INTERNACIONALISTA OSI.

ORGANIZAÇÃO TROTSKISTA REVOLUCIONARIA PERU OTR.

PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO PCB.

PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO REVOLUCIONARIO PCBR.

PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL PC DO B.

PARTIDO DA FRENTE LIBERAL PFL.

PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA PDT.

PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO PMDB.

PARTIDO DOS TRABALHADORES PT.

PARTIDO NEGRO BRASILEIRO PNB.

PARTIDO OPERARIO REVOLUCIONARIO TROTSKISTA POSADISTA PORT P.

PARTIDO OPERARIO REVOLUCIONARIO BOLIVIA POR P.

PARTIDO REVOLUCIONARIO COMUNISTA PRC.

PARTIDO REVOLUCIONARIO DOS TRABALHADORES EXERCITO

REVOLUCIONARIO DO POVO PRT ERP.

PARTIDO REVOLUCIONARIO SOCIALISTA.

PARTIDO REVOLUCIONARIO.

PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO PSB.

PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES.

PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO PTB.

PETROLEO BRASILEIRO SA PETROBRAS.

POLITICA OBRERA ARGENTINA PO.

POLITICA PROLETARIA VENEZUELA PP.

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL.

QUARTA INTERNACIONAL POSADISTA OU SECRETARIADO LATINO

AMERICANO DA QUARTA INTERNACIONAL ROMA ITALIA SLA QI.

QUARTA INTERNACIONAL QI.

REVISTA CORREIO INTERNACIONAL OU CORREO INTERNACIONAL.

REVISTA INPRECOR.

REVISTA LEIA.

REVISTA TRIBUNA INTERNACIONAL 82699187.

REVOLUTIONARY WORKERS PARTY INGLATERRA RWP.

SECRETARIA NACIONAL UNIVERSITARIA SNU.

SECRETARIADO UNIFICADO DA QUARTA INTERNACIONAL FRANÇA SU QI.

SINCICATO DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE CONTAGEM MG.

SINDICATO DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE SANTOS SP.

SINDICATO DE ARTISTAS E TECNICOS CE.

SINDICATO DE METALURGICOS DE IPATINGA MG.

SINDICATO DOS ALFAIATES CE.

SINDICATO DOS ARQUITETOS DO RIO DE JANEIRO.

SINDICATO DOS ARQUITETOS DO RIO GRANDE DO SUL.

SINDICATO DOS ARTISTAS E TECNICOS EM ESPETACULOS DE DIVERSÕES NO

ESTADO DE SÃO P AULO.

SINDICATO DOS BANCARIOS DE PORTO ALEGRE RS.

SINDICATO DOS BANCARIOS DE SÃO LEOPOLDO RS.

SINDICATO DOS BANCARIOS DE SÃO PAULO.

SINDICATO DOS BANCARIOS DE UBERLANDIA MG.

SINDICATO DOS BANCARIOS DO CEARA.

SINDICATO DOS BANCARIOS DO RIO DE JANEIRO.

SINDICATO DOS BORRACHEIROS DO RIO DE JANEIRO.

SINDICATO DOS COMERCIARIOS DE BELO HORIZONTE MG.

SINDICATO DOS COMERCIARIOS DE FORTALEZA CE.

SINDICATO DOS COMERCIARIOS DE JUIZ DE FORA MG.

SINDICATO DOS COMERCIARIOS DE PASSO FUNDO RS.

SINDICATO DOS COMERCIARIOS DE PERNAMBUCO.

SINDICATO DOS COUREIROS DE SÃO PAULO.

SINDICATO DOS ECONOMISTAS DE MINAS GERAIS.

SINDICATO DOS ELETRICITARIOS SP.

SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCARIOS DE BELO

HORIZONTE MG.

SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCARIOS DE

BRASILIA DF.

SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCARIOS DE

PERNAMBUCO.

SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE PASSO FUNDO RS

SINDICATO DOS ENFERMEIROS DE BELO HORIZONTE MG.

SINDICATO DOS ENFERMEIROS DO RIO DE JANEIRO.

SINDICATO DOS GRAFICOS EM SÃO PAULO.

SINDICATO DOS HIDRELETRICOS MG.

SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DE PORTO ALEGRE RS.

SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO.

SINDICATO DOS JORNALISTAS RS.

SINDICATO DOS MARCENEIROS DE BELO HORIZONTE MG.

SINDICATO DOS MEDICOS DO ESTADO DO AMAZONAS.

SINDICATO DOS MEDICOS VETERINARIOS DO ESTADO DE MINAS GERAIS.

SINDICATO DOS MEDICOS MG.

SINDICATO DOS METALURGICOS DA BAIXADA SANTISTA SP.

SINDICATO DOS METALURGICOS DE BELO HORIZONTE E CONTAGEM MG.

SINDICATO DOS METALURGICOS DE CAMPINAS E REGIÃO SP.

SINDICATO DOS METALURGICOS DE CANOAS RS.

SINDICATO DOS METALURGICOS DE MANAUS AM.

SINDICATO DOS METALURGICOS DE NOVO HAMBURGO RS.

SINDICATO DOS METALURGICOS DE PORTO ALEGRE RS.

SINDICATO DOS METALURGICOS DE RECIFE PE.

SINDICATO DOS METALURGICOS DE SÃO JOSE DOS CAMPOS CAÇAPAVA

JACAREI E SANTA BRANC A SP.

SINDICATO DOS METALURGICOS DE SÃO LEOPOLDO RS.

SINDICATO DOS METALURGICOS DE SANTOS SP.

SINDICATO DOS METALURGICOS E ELETRICOS DE SÃO LEOPOLDO RS.

SINDICATO DOS METALURGICOS MECANICOS DE MATERIAIS ELETRICOS DE

CANOAS RS.

SINDICATO DOS METROVIARIOS DO RIO DE JANEIRO.

SINDICATO DOS OFICIAIS MARCENEIROS E TRABALHADORES NAS

INDUSTRIAS DE SERRARIAS MOVEIS DE MADEIRAS CORTINADOS E

ESTOFADOS DE BELO HORIZONTE MG.

SINDICATO DOS PETROLEIROS DE SÃO JOSE DOS CAMPOS SP.

SINDICATO DOS PETROLEIROS DO RIO GRANDE DO SUL.

SINDICATO DOS PORTUARIOS DA BAIXADA SANTISTA SP.

SINDICATO DOS PORTUARIOS DO RIO DE JANEIRO.

SINDICATO DOS PROFESSORES DE BELO HORIZONTE MG.

SINDICATO DOS PROFESSORES DO RIO DE JANEIRO.

SINDICATO DOS PROFESSORES DO RIO GRANDE DO SUL.

SINDICATO DOS PROFESSORES EM ESTABELECIMENTO DE ENSINO

PARTICULAR DE PERNAMBUCO PE.

SINDICATO DOS PSICOLOGOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

SINDICATO DOS QUIMICOS DE SÃO PAULO.

SINDICATO DOS SECURITARIOS DE PERNAMBUCO.

SINDICATO DOS SECURITARIOS DE PORTO ALEGRE RS.

SINDICATO DOS SECURITARIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO.

SINDICATO DOS TECELÕES DE BELO HORIZONTE MG.

SINDICATO DOS TRABALHADORES DAS INDUSTRIAS DE CONSTRUÇÕES E

PAVIMENTAÇÃO DE OBRAS E TERRAPLENAGEM EM GERAL DO RIO GRANDE

DO SUL.

SINDICATO DOS TRABALHADORES DAS INDUSTRIAS URBANAS DE ALAGOAS.

SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DE EMPRESAS DE.

TELECOMUNICAÇÕES E OPERADORES DE MESAS TELEFONICAS DO.

ESTADO DE PERNAMBUCO SINTTEL PE.

SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DE TELECOMUNICAÇÕES E

OPERADORES DE MESAS TELEFONICAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

SINTTEL RS.

SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS FERROVIARIAS DA ZONA

CENTRAL DO BRASIL RJ.

SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ESTABELECIMENTOS BANCARIOS DE

ALAGOAS.

SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ESTRADAS DE RODAGEM RS.

SINDICATO DOS TRABALHADORES EM INDUSTRIAS MECANICA E MATERIAL

ELETRICO DE SÃO LEOPOLDO RS.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NA INDUSTRIA DA DESTILAÇÃO E

REFINAÇÃO DE PETROLEO D E FORTALEZA CE.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NA INDUSTRIA DE ARTEFATOS DE COURO

DE SÃO PAULO.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS DA CONSTRUÇÃO E E DO

MOBILIARIO DE SANTOS SP.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS DE SABÃO E VELAS 'E DE

PRODUTOS QUIMIC OS PARA FINS INDUSTRIAIS DE PORTO ALEGRE CANOAS

ESTEIO E SÃO LEOPOLDO RS.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS GRAFICAS DE SÃO

PAULO.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS METALURGICAS DE

PORTO ALEGRE RS.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS METALURGICAS E

MECANICAS DE VESPASIANO MG.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS METALURGICAS

MECANICAS E DE MATERIAL ELETRICO DE BELO HORIZONTE E CONTAGEM

MG.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS QUIMICAS E

FARMACEUTICAS DE SÃO PAULO.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS QUIMICAS E

FARMACEUTICAS DO ABC SP.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS QUIMICAS E

FARMACEUTICAS DE JACAREI SÃO JOSE DOS CAMPOS CAÇAPAVA TAUBATE

TREMENBE E SANTA BRANCA SP.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NO COMERCIO DE PASSO FUNDO RS.

SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE BRASILEIA AC.

SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE PASSO FUNDO RS.

SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE UNAI MG.

SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE XAPURI AC.

SINDICATO DOS URBANITARIC)S DO RIO DE JANEIRO.

SOCIALIST LABOUR LEAGUE SLL.

SOCIEDADE PARANAENSE DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS SPDDH.

TENDENCIA BOLCHEVIQUE TB.

TENDENCIA LENINISTA TROTSKISTA TLT.

TENDENCIA LIBERDADE E LUTA LIBELU.

TENDENCIA MAJORITARIA INTERNACIONAL TMI.

TENDENCIA MARXISTA REVOLUCIONARIA INTERNACIONAL FRANÇA TMRI.

TENDENCIA QUARTA INTERNACIONALISTA TQI.

TENDENCIA SINDICAL REVOLUCIONARIA.

TENDENCIA SINDICAL.

TENDENCIA TROTSKISTA BRASIL TT.

UNIÃO DEMOCRATICA RURALISTA UDR.

UNIÃO ESTADUAL DE ESTUDANTES DO RIO DE JANEIRO.

UNIÃO ESTADUAL DOS ESTUDANTES DE SÃO PAULO.

UNIÃO JOSEENSE DE ESTUDANTES SECUNDARISTAS SP.

UNIÃO METROPOLITANA DE ESTUDANTES SECUNDARISTAS DA BAIXADA

SANTISTA SP.

UNIÃO METROPOLITANA DE ESTUDANTES SECUNDARISTAS DE BELO

HORIZONTE MG.

UNIÃO METROPOLITANA DE ESTUDANTES SECUNDARISTAS DE PORTO

ALEGRE RS.

UNIÃO METROPOLITANA DE ESTUDANTES SECUNDARISTAS DE RECIFE PE.

UNIÃO MUNICIPAL DE ESTUDANTES SECUNDARISTAS DE SOROCABA SP.

UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES UNE.

UNIÃO PASSO FUNDENSE DE ESTUDANTES RS.

UNIDADE DE ESTUDOS DE EDUCAÇÃO DE IMPERATRIZ MA UEEI.

UNIVERSIDADE CATOLICA DE GOIAS.

UNIVERSIDADE CATOLICA DE MINAS GERAIS.

UNIVERSIDADE CATOLICA DE PERNAMBUCO UNICAP.

UNIVERSIDADE CATOLICA DO PARANA UCPR.

UNIVERSIDADE DE BRASILIA DF UNB.

UNIVERSIDADE DE CAMPINAS SP UNICAMP.

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO RS.

UNIVERSIDADE DO AMAZONAS.

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS RS.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA PR.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SÃO PAULO.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO UEMA.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA UFPB.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS UFGO.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS SP.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA MG.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO UFES.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE RJ.

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO.

Anexos do Documento

RAI 000004 CIE DE 27 MAI 87. ...IND-MIC: S 145.

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem

Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

CISA RJ 17/3/1987 C C0144642 1987 AC C014464 2 87

ARJ C014464 2 87

RJ

Assunto

ATO EM HOMENAGEM A NAHUEL MORENO. PROMOVIDO PELA

CONVERGENCIA SOCIALISTA, CS, NO RIO DE JANEIRO; SE12 ARJ.

Texto

EM 26 FEV 87, FOI REALIZADO NO SBRJ UM ATO EM HOMENAGEM A NM,

FALECIDO EM 25 JAN 87, PROMOVIDO PELA ORGANIZAÇÃO TROTSKISTA CS,

SEÇÃO BRASILEIRA DA LIT QI. O EVENTO CONTOU COM O COMPARECIMENTO

DE CERCA DE 200 PESSOAS. FORAM LIDAS DIVERSAS MENSAGENS DE

PESAMES, SAUDAÇÕES DE DIVERSAS ENTIDADES, INCLUSIVE A HOMENAGEM

DO ESCRITOR E JORNALISTA INGLES PF. APOS OS DISCURSOS ENCERRANDO O

ATO TODOS CANTARAM DE PE, BRAÇO ESQUERDO ERGUIDO E PUNHO

FECHADO, O HINO DA INTERNACIONAL. ENTIDADES QUE SE FIZERAM

REPRESENTAR E PESSOAS IDENTIFICADAS.

Entidade

CONVERGENCIA SOCIALISTA CS.

LIGA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES DA QUARTA INTERNACIONAL

LIT QI NNNNNNNN. MOVIMENTO AO SOCIALISMO ARGENTINA MAS.

SINDICATO DOS BANCARIOS DO RIO DE JANEIRO SBRJ.

Anexos do Documento

SEM INFORMAÇÃO

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

110ARJ 12/8/1987 C C0150642 1987 ARJ C015064 2

87 AC C015064 2 87

RJ

Assunto

REUNIÃO DO DIRETORIO REGIONAL DO PT RJ.

Texto

O DR PT RJ REALIZOU, EM JUN 87, UMA REUNIÃO QUANDO APROVOU O PLANO

DE TRABALHO PARA O PARTIDO QUE ENGLOBA: AS TAREFAS PRIORITARIAS,

A DIVISÃO DO ESTADO EM SUB REGIÕES, E CRIAÇÃO DE NOVAS SECRETARIAS

E COMISSÕES. COMO PRIORIDADE FORAM APONTADOS: DESENVOLVIMENTO

DA CAMPANHA PELAS ELEIÇÕES DIRETAS PARA PRESIDENTE; O PROCESSO DE

CONVENÇÕES LEGAIS DO PARTIDO NAS ZONAS ELEITORAIS, NOS MUNICIPIOS

E NO ESTADO; E A EDIÇÃO REGULAR DE UM BOLETIM INTERNO PARA O

PARTIDO, ALCANÇANDO O CONJUNTO DE SUA ESTRUTURA. RELAÇÃO DAS

SUB REGIÕES CRIADAS E SEUS RESPONSAVEIS; SECRETARIAS QUE COMPÕEM

O DR PT RJ E COMISSÕES CRIADAS COM SUAS RESPECTIVAS ATRIBUIÇÕES.

Entidade

DIRETORIO REGIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DO RIO DE

JANEIRO DR PT RJ.

FUNDAÇÃO WILSON PINHEIRO.

Anexos do Documento

...IND-MIC: N 05.

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem

Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE Redifusão Identificação da Agência

110 ARJ 4/1/1988 C C0155287 ARJ C015528 7 88

AC C015528 7 88

1988 RJ

Assunto

DIRETORIO REGIONAL DO PT RJ.

Texto

O DOE RJ, PUBLICOU, NA SUA EDIÇÃO DE 22 DEZ 87, O REGISTRO DO DR PT RJ.

O DEPUTADO ESTADUAL ESC, FOI ELEITO PRESIDENTE DA COMISSÃO

EXECUTIVA, TENDO COMO SECRETARIO GERAL CQB. COMPOSIÇÃO DO DR PT

BEM COMO DE SUA COMISSÃO EXECUTIVA.

Entidade

DIARIO OFICIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DOE RJ.

DIRETORIO REGIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES NO RIO DE

JANEIRO DR PT RJ B271 8972.

Anexos do Documento

...IND-MIC: N 03.

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

120 ARJ 22/5/1989 C C0178408 1989 ARJ C017840 8

89 AC C017840 8 89

RJ

Assunto

INFILTRAÇÃO COMUNISTA NOS PODERES LEGISLATIVOS DO MUNICIPIO E DO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Texto

APOS A POSSE DOS NOVOS VEREADORES DO RIO DE JANEIRO RJ, EM 01 JAN 89,

TEVE INICIO, POR PARTE DE ALGUNS EDIS COMUNISTAS E ATIVISTAS DE

ESQUERDA, A NOMEAÇÃO SISTEMATICA DE MILITANTES E OU EX MILITANTES

COMUNISTAS PARA PREENCHER OS CARGOS DE ASSESSORAMENTO PREVISTO

EM CADA GABINETE POLITICO. ATE A PRESENTE DATA, HA QUE SE

DESTACAR, COMO EXEMPLOS, AS NOMEAÇÕES FEITAS PELA VEREADORA

LMMC, DO PCB E O VEREADOR ESS, DO PC DO B, OS QUAIS FRANQUEARAM

AOS SEUS PARTIDOS A NOMEAÇÃO DE MILITANTES PARA OS SEUS

GABINETES.

Entidade

CONVERGENCIA SOCIALISTA CS.

FRAÇÃO QUARTA INTERNACIONAL FQI.

MOVIMENTO PELA EMANCIPAÇÃO DO PROLETARIADO MEP.

MOVIMENTO REVOLUCIONARIO 8 DE OUTUBRO MR8.

ORGANIZAÇÃO REVOLUCIONARIA MARXISTA DEMOCRACIA SOCIALISTA ORM

DS.

PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO ALA PRESTES PCB.

PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO PCB.

PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL PC DO B.

PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA PSDB.

PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA PDT.

PARTIDO DOS TRABALHADORES PT.

Anexos do Documento

RELAÇÃO DE MILITANTES COMUNISTAS INFILTRADOS NOS PODERES

LEGISLATIVOS DO MUNICIPIO E DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. ...IND-MIC: N

06.

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA 80020849.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem

Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

110 ARJ 17/10/1989 C C0189406 1989 ARJ C018940 6

89 AC C018940 6 89

RJ

Assunto

COMPOSIÇÃO DO DIRETORIO REGIONAL E RELAÇÃO DE VEREADORES DO

PARTIDO DOS TRABALHADORES, PT, NO RIO DE JANEIRO E ESPIRITO SANTO.

Texto

COMPOSIÇÃO DO DR PT ES E DO DR PT RJ, BEM COMO RELAÇÃO DOS

VEREADORES FILIADOS AO PT EM VARIOS MUNICIPIOS DO RIO DE JANEIRO E

ESPIRITO SANTO. RESSALTA SE QUE ALGUNS MILITANTES DO PARTIDO TEM

LIGAÇÃO COM ORGANIZAÇÕES DE ESQUERDA.

Entidade

DIRETORIO REGIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES NO ESPIRITO

SANTO DR PT ES B1846279.

DIRETORIO REGIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES NO RIO DE

JANEIRO DR PT RJ 8271 8972.

PARTIDO DOS TRABALHADORES PT.

Anexos do Documento

RELAÇÃO NOMINAL. ...IND-MIC: N 18

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA 80020849.

BASE DE DADOS SNIG

Sigla de Origem Data da Emissão

Sigilo Numero do ACE

Ano do ACE

Redifusão Identificação da Agência

113 AC 11/12/1989 C A0737811 1990 AC A073781 1 90

AC

Assunto

DELEGADOS AO VI ENCONTRO NACIONAL DO PT. DV11 AC.

Texto

ELEMENTOS QUE COMO DELEGADOS, POR ESTADO, PARTICIPARAM DO 06

ENCONTRO NACIONAL DO PT COM SUAS RESPECTIVAS MILITANCIAS.

Entidade

PARTIDO DOS TRABALHADORES PT.

Anexos do Documento

...IND-MIC: S 26.

Nome

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA 80020849.

Dos dossiês identificados, caso seja necessário, o Arquivo Nacional poderá emitir

cópias dos documentos nos quais constam os fatos relacionados. E para constar onde convier,

eu, Maria Marça Regina do Nascimento Silva, Agente de Analista Documental, matricula

SIAPE 440882, passei a presente certidão, que assino. E eu, Vivien Fialho da Silva Ishaq,

Especialista de Nível Superior da COREG, matrícula SIAPE 1618880, a conferi e assino.

Brasília, 29 de maio de 2006. Maria Esperança de Resende, Matrícula SIAPE n° 0161623,

Coordenadora-Geral da Coordenação Regional do Arquivo Nacional, no Distrito Federal.

CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

SECRETARIA EXECUTIVA/ARQUIVO NACIONAL COORDENAÇÃO REGIONAL NO DISTRITO FEDERAL

DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE PELO USO DE INFORMAÇÕES SOBRE TERCEIROS

Eu, ______, portador(a) do Documento de identificação n° ______, expedido pelo ______, em

______ e do CPF no. ______, residente na rua/av. ______, no. ______, apt./casa ______, bairro

______, cidade ______, UF ______, tel: ( ) ______, correio eletrônico ______, inscrito no

processo na Coordenação Regional do Arquivo Nacional no DF, sob o n° ______/______ declaro

estar ciente:

a) de ser de minha inteira responsabilidade, cabendo-me responder civil e criminalmente sobre danos

morais ou materiais que possam advir da divulgação de informações sobre terceiros, eximindo de

qualquer responsabilidade o Arquivo Nacional e seus agentes;

b) da obrigatoriedade de, por ocasião da divulgação das referidas informações, mencionar que os

respectivos originais pertencem ao acervo do Arquivo Nacional;

c) das restrições a que se referem os artigos 4° e 5° de Lei n° 8.159, de 8 de janeiro de 1991 (Lei de

Arquivos), o artigo 20 de Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) e o capítulo V do

Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).

Brasília, ______ de ______ de 200

Assinatura do consulente

EXCERTOS DA LEGISLAÇÃO

LEI N° 8.159, DE 8 DE JANEIRO DE 1991 (LEI DE ARQUIVOS)

Art 4° Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informes de seu interesse

particular ou deinteresse coletivo ou geral, contidas em documentos de arquivos, que serão

prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja

imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, bem como à inviolabilidade da

intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas.

Art 6° Fica resguardado o direito de indenização pelo dano material ou moral

decorrente da violação do sigilo, sem prejuízo das ações penal, civil e administrativa.

LEI No. 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002 (CÓDIGO CIVIL)

Art 20°. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à

manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a

publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a

seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa

fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para

requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

DECRETO-LEI N° 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 (CÓDIGO PENAL)

CAPÍTULOV - DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Calúnia

Art. 138. Caluniar alguém, imputando -lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos; e multa de um conto a três contos de réis.

§ 1° Na mesma pena incorre que, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

§ É punível a calúnia contra os mortos.

Exceção da verdade

§ 3° Admite-se a prova da verdade, salvo:

I - se, constituindo D fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por

sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n. I do art. 141;

III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença

irrecorrível.

Difamação

Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, de quinhentos mil reis a três contos de réis.

Exceção da verdade

Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário

público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

Injúria

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe - dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a

seis meses, ou multa, de quinhentos mil réis a dois cantos de réis.

§ 1° O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio

empregado, se considerem aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, de quinhentos mil réis a três contos de réis,

alem da pena correspondente à violência.

Disposições comuns

Art. 141. As penas cominadas neste capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos

crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da

difamação ou da injúria.

Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se

a pena em dobro.

Exclusão do crime

Art 142. Não constituem injúria ou difamação punível:

I - A ofensa irrogada em juízo na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;

II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca

a intenção de injuriar ou difamar;

III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação

que preste no cumprimento de dever do oficio.

Parágrafo único. Nos casos dos as. e Da, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá

publicidade.

Retratação

Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da

difamação, fica isento de pena.

Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem

se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-ias ou, a critério

do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.

Art. 145. Nos crimes previstos neste capitulo somente se procede mediante queixa, salvo,

quando no caso do art. 140, § 2°, da violência resulta lesão corporal.

Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do n. I do

artigo 141, e mediante representação do ofendido, no caso do n° II do mesmo artigo.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA / CASA CIVIL

ARQUIVO NACIONAL COORDENAÇÃO REGIONAL DO ARQUIVO NACIONAL NO DF

SIG Quadra 06 Lote n° 800 Brasilia - DF Cep: 70 610-460

Tel:0xx(61) 3321 1008, 3226 9026 e e-mail: [email protected]

Carta n° 688/2006/COREG-AN.

A Sua Senhoria o Senhor

Sérgio Mascarenhas de Moura

Brasília, 1° de junho de 2006.

Prezado Sr,

1. O Arquivo Nacional encaminha, em anexo, certidão com os resumos de dossiês e/ou

processos dos acervos do Serviço Nacional de Informações, da Comissão Geral de Inquérito e

do Conselho de Segurança Nacional nos quais Sérgio Mascarenhas de Moura é citado.

2. Dos dossiês e/ou processos relacionados, caso seja necessário, o Arquivo Nacional

poderá emitir cópias dos documentos nos quais constam os fatos relatados. Nesse caso, essa

solicitação de cópias obedecerá à ordem de atendimento aos referidos acervos. As cópias

terão um custo, unitário de R$ 0,15 (quinze centavos de Real) e o serviço será cobrado no ato

de entrega dos documentos requeridos.

3. Para a realização do pedido de cópias, encaminhe a guia, em anexo, informando os

seguintes dados, segundo os documentos de cada acervo:

· SNI - o número do ACE que consta no cabeçalho de cada resumo de dossiê.

· CGI - Comissão Geral de Investigação: número do processo e número de caixa,

· CSN - Conselho de Segurança Nacional: o nome do pesquisado.

4. Quaisquer esclarecimentos poderão ser obtidos pelo endereço eletrônico

[email protected] ou pelos telefones (61) 332 -1008, 3226- 9026.

Atenciosamente,

Maria Esperança De Resende

Coordenadora-Geral Regional do Arquivo Nacional

no Distrito Federal – COREG

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA / CASA CIVIL ARQUIVO NACIONAL

COORDENAÇÃO REGIONAL DO ARQUIVO NACIONAL NO DF SIG Quadra 06 Lote n° 800

Brasilia - DF Cep: 70 610-460 Tel:0xx(61) 3321 1008, 3226 9026 e e-mail: [email protected]

GUIA DE PEDIDOS DE CÓPIAS

Acervos Serviço Nacional de Informações – SNI/Comissão Geral de Investigações-

CGI/Conselho de Segurança Nacional – CSN

Requerente:

Nome do Pesquisado:

Cópias dos documentos:

· SNI – Serviço Nacional de Informações número da ACE que consta no cabeçalho de cada

resumo de dossiê:

1.

2.

3.

4.

5.

· CGI — Comissão Geral de Investigações

1. número do processo: número de caixa:

2. número de processo: número de caixa:

· CSN — Conselho de Segurança Nacional

O nome do pesquisado:

· Endereço completo e legível para remessa dos documentos:

· Local e data:

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA / CASA CIVIL ARQUIVO NACIONAL

COORDENAÇÃO REGIONAL DO ARQUIVO NACIONAL NO DF SIG Quadra 06 Lote n° 800

Brasilia - DF Cep: 70 610-460 Tel:0xx(61) 3321 1008, 3226 9026 e e-mail: [email protected]

Brasilia, 31 de maio de 2006. A Sua Senhoria o Senhor

Sérgio Mascarenhas de Moura

Assunto: Consulta

Prezado Senhor,

1. Em atenção ao requerimento, referindo a consulta aos dados existentes nos acervos do

Conselho de Segurança Nacional — CSN, da Comissão Geral de Investigações — CGI e do

Serviço Nacional de Informações - SNI, encaminhamos, em anexo, cópias dos documentos

dos acervos solicitados por Vossa Senhoria.

2. Quaisquer esclarecimentos poderão ser obtidos pelo endereço eletrônico

[email protected] ou pelos telefones (61) 3321 1008, 3226 9026.

Atenciosamente,

MARIA ESPERANÇA DE RESENDE Coordenadora-Geral Regional do Arquivo Nacional

no Distrito Federal — COREG SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES

AGÊNCIA CENTRAL

INFORMAÇÃO No. 0344/19/AC/77

DATA: 26 MAI 77

ASSUNTO: APOIO RECEBIDO PELO MOVIMENTO ESTUDANTIL

ORIGEM: AC/SNI

DIFUSÃO: CH/SNI

ANEXOS: A) Cópia xerox de relação de pessoas que apóiam o Movimento Estudantil-ME.

B) Cópia xerox de Manifesto dos Professores.

1. As lideranças esquerdistas do Movimento Estudantil conseguiram parcial sucesso no que

chamam “sensibilizar os demais setores oprimidos da população”. Nas recentes

movimentações, observou-se que, além de parte da imprensa, os elementos relacionados no

Anexo “A” - políticos, jornalistas, escritores, clérigos e subversivos - apoiaram clara ou

veladamente as reinvidicações espúrias dos estudantes.

2. Em SÃO PAULO, também em apoio às movimentações estudantis. Foi lançado um

Manifesto de Professores (ANEXO C) com cerca de 600 assinaturas, dentre as quais vários

elementos membros da entidade marxista Centro Brasileiro de Análise e Planejamento -

CEBRAP.

3. A AC/SNI continua processando o assunto e complementará a presente INFORMAÇÃO

tão logo disponha de novos dados.

DF MICHEL ZAIDAN FILHO UNB - PÓS-GRADUAÇÃO

HISTÓRIA E GEOGRAFIA DF MITCHURIM BORGES DINIZ ALUNO UNB DF MÁRIO ANTÔNIO RIBEIRO V. LIMA UNB DF OLEGÁRIO MUNDINI UNB DF PAULO HENRIQUE VEIGA UNB DF PAULO SÉRGIO DE CARVALHO UNB DF REGINA CÉLIA DE OLIVEIRA CAMPOS UNB DF ROCINE CASTELO DE CARVALHO UNB - CURSO DE FÍSICA DF RICARDO FERREIRA DA SILVA UNB DF SAMUEL JOSÉ SIMON RODRIGUES UNB DF SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA UNB DF SUELI APARECIDA NAVARRO GARCIA UNB - CURSO DE ECONOMIA DF TÂNIA FERNANDES FERREIRA UNB - CURSO DE ECONOMIA DF VERÔNICA JUCA KOKAY ESTUDANTE COLÉGIO

FLAMA/DF DF WALLACE JOSÉ CESANA UNB SP ANTÔNIO GALVÃO DE ALMEIDA - RG. 5

478 469 UNIV.FED.S.CARLOS/SP

SP ARMANDO FRONTINI ESTUDANTE CAMPINAS/SP SP BEATRIZ DE CASTRO BICUDO TIBIRIÇA ESTUDANTE CAMPINAS/SP SP CARLOS ROBERTO MONTEIRO DE

ANDRADE ESTUDANTE CAMPINAS/SP

SP CAIO MARCELO CIANINI PRES. CA XI AGOSTO SP CARLOS ALBERTO SERRANO PUC/SP SP CÉSAR MENEZES FORMADO NA FGV, REDATOR

JORNAL “DECISÃO”

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL

1 - ASSUNTO MOVIMENTO ESTUDANTIL

2 - ORIGEM SI/SR/DPF/DF

3 - CLASSIFICAÇÃO -

4 - DIFUSÃO CI/DPF - 2ª SEC/CMP - AC/SNI - COMAR VI - CNS

5 - DIFUSÃO ORIGEM -

6 - ANEXO -

7 - REFERÊNCIA -

Reg. 0707/77

INFORMAÇÃO No. 303/77 - SI/SR/DPF/DF

(20 MAI 77)

Informamos que, conforme o previsto, realizou-se a concentração estudantil, no

“campus” da UNB, em data de 19/5/77, no local denominado “Praça Edson Luiz”, sendo que

a mesma foi concluída por volta de 12,30h.

Participaram da mesma, aproximadamente, 1.500 estudantes, sob a coordenação de

ROCINE CASTELO DE CARVALHO e ANTONIO RAMAIANA RIBEIRO, com a

distribuição, primordialmente, de um impresso intitulado “CARTA ABERTA À

POPULAÇÃO EM ATO PÚBLICO”. O estudante ROCINE fez a leitura do citado

documento, seguido de uso da palavra por parte do estudante do Curso de Direito da UDF

IVAN ORNELAS, momento em que este fez apologia do movimento estudantil, dizendo

ainda que o mesmo não possui caráter subversivo.

Após o uso da palavra, por parte de vários estudantes, rebatendo no tema “liberdade

democrática, prisão de estudantes, anistia aos presos políticos, abaixo o jubilamento, abaixo o

MGA, etc”, foi realizada uma passeata em direção à Reitoria da UNB, sendo que no percurso,

os estudantes gritavam em côro chavões como “abaixo a repressão, mais arroz e mais feijão,

anistia aos presos políticos, etc”.

Informamos ainda que entre os estudantes comentava-se que em data de hoje, 20/5/77, o

Bispo DON BALDUINO, de Goiás, comparecerá à UNE para uma palestra com os

universitários, sendo que a sua presença é aguardada com ansiedade.

Dentre os universitários que tomaram parte na concentração, destacaram-se: LEILA

ABDALAH, ANTONIO JOÃO DA SILVA, MARIA ÂNGELA NORONHA SERPA,

OLEGÁRIO JOSÉ MUNDIN, PAULO HENRIQUE VEIGA, ROCINE CASTELO DE

CARVALHO, ANTONIO RAMAIANA RIBEIRO, IVAN ORNELAS, AGAMENON DE

ARAÚJO SOUZA, ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA, WALLACE JOSÉ SESANA,

MARIA ÂNGELA NORONHA SERPA, JOSÉ RALF CAMPOS e SÉRGIO

MASCARENHAS DE MOURA, dentre outros que não puderam ser identificados.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL

1 - ASSUNTO MOVIMENTO ESTUDANTIL

2 - ORIGEM SI/SR/DPF/DF

3 - CLASSIFICAÇÃO -

4 - DIFUSÃO CI/DPF - 2ª SEC/CMP - AC/SNI - COMAR VI - CNP

5 - DIFUSÃO ORIGEM -

6 - ANEXO -

7 - REFERÊNCIA -

INFORMAÇÃO No. 335/77 - SI/SR/DPF/DF

(31 MAI 77)

Informamos que os estudantes da UNB, através de Assembléia Geral, decidiram

entrar em greve a partir das 11h de hoje, em sinal de protesto às punições aplicadas pela

Reitoria aos 16 (dezesseis) estudantes que tomaram parte na promoção do “ATO PÚBLICO”

do dia 19 passado.

Os estudantes punidos foram os seguintes:

- ROCINE CASTELO DE CARVALHO, suspenso por 29 dias;

- SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA, suspenso por 29 dias;

- CAETANO ERNESTO DA FONSECA, suspenso por 10 dias;

- JOSÉ RALF DE OLIVEIRA, por 10 dias;

- MICHEL ZAIDAN FILHO, por 10 dias;

- BRUNO BORMANN ZERO, por 03 dias;

- CARLOS GERALDO MEGALE, por 03 dias;

- FLÁVIO ALBERTO BOTELHO, por 03 dias;

- LEILA ABDALLAH, por 03 dias;

- MANOEL AUGUSTO DOS SANTOS, por 03 dias;

- MANUEL MOZART MACHADO, por 03 dias;

- OLEGÁRIO JOSÉ MUNDIM, por 03 dias;

- JOÃO SIMPLICIO LOPES MARTINS, por 03 dias;

- MARIA AUXILIADORA DE M. VALLE, por 03 dias;

- MILTON BIAGE, por 03 dias e

- WALLACE JOSÉ CEZANNA, por 03 dias.

Informamos, outrossim, que vários estudantes daquela UNB estão promovendo

“piquetas”, nas partes Sul e Norte do ICC, cujas áreas foram tomadas de cadeiras, impedindo

o acesso de pessoas e de alunos aos anfiteatros.

Várias faixas encontraram-se estendidas com os seguintes dizeres: “ESTAMOS BOTINA

COM O DEDORISMO”, “HOUVE PUNIÇÃO, HAVERÁ PARALIZAÇÃO”, “GREVE

GERAL DEVIDO A PUNIÇÃO DOS DEZESSEIS COLEGAS”.

Informamos ainda, que os estudantes em número de 300 (trezentos) aproximadamente,

escreveram no asfalto do “campus” as expressões: “ANISTIA AOS PRESOS POLÍTICOS”.

Tais “pichamentos” se processaram tanto no asfalto, como em paredes e portas da

Universidade.

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

GABINETE DO REITOR

ATO DA REITORIA No 173/77

O Presidente da Fundação e Reitor da Universidade de Brasília, no uso de suas

atribuições, tendo em vista o Artigo 160, letras b e c, Parágrafo 1º, itens II, III, IV, V e VI,

Parágrafo 2º do Regimento Geral, Artigo 9º, letras b e c e Artigos 11 e 12 do Regimento

Disciplinar da UnB e o Parecer no. 4866/75 do Conselho Federal de Educação.

RESOLVE:

1. Aplicar aos alunos da UnB cujos nomes constam das relações em anexo a este Ato as

seguintes sanções disciplinares:

a) vinte e nove dias de suspensão para os dois alunos cujos nomes constam da relação A;

b) dez dias de suspensão para os três alunos cujos nomes constam da relação B;

c) três dias de suspensão para os onze alunos cujos nomes constam da relação C.

2. Fica vedada até a segunda ordem, a concessão de bolsas de estudo pela UnB aos

alunos cujos nomes constam das relações A, B e C que também ficam proibidos, sob qualquer

hipótese, de serem contratados pela UnB.

3. Aplica-se o disposto no inciso anterior ao ex-aluno ADILSON CARVALHO

BENJAMIN.

Brasília, 30 de maio de 1977.

JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA AZEVEDO

Reitor

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

GABINETE DO REITOR

RELAÇÃO A

ROCINE CASTELO DE CARVALHO.......................................... 73/08132

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA ..................................... 76/02375

RELAÇÃO B

CAETANO ERNESTO DA FONSECA C. PEREIRA DE ARAÚJO73/01871

JOSÉ RALF DE OLIVEIRA CAMPOS ......................................... 75/71097

MICHEL ZAIDAN FILHO............................................................. 76/70559

RELAÇÃO C

BRUNO BORMANN ZERO ......................................................74/04930

CARLOS GERALDO MEGALE................................................72/09819

FLÁVIO ALBERTO BOTELHO ...............................................73/13756

LEILA ABDALLAH...................................................................73/05494

MANOEL AUGUSTO DOS SANTOS ......................................70/09127

MANUEL MOZART MACHADO ............................................75/01811

OLEGÁRIO JOSÉ MUNDIM ....................................................76/18026

JOÃO SIMPLÍCIO LOPES MARTINS......................................68/02036

MARIA AUXILIADORA DE M. VALLE.................................74/06282

MILTON BIAGE ........................................................................74/09061

WALLACE JOSÉ CEZANNA ...................................................73/13241

((Outra versão desse relatório nas páginas 77 a 79))

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL

1 - ASSUNTO MOVIMENTO ESTUDANTIL

2 - ORIGEM SI/SR/DPF/DF

3 - CLASSIFICAÇÃO -

4 - DIFUSÃO CI/DPF - 2ª SEC/CMP - AC/SNI - COMAR VI - CNS - DI/CIPO/SEP -

PM2

5 - DIFUSÃO ORIGEM -

6 - ANEXO -

7 – REFERÊNCIA –

Reg. 0842/77

INFORMAÇÃO No. 364/77 - SI/SR/DPF/DF

(16 JUN 77)

Informamos que nos dias 15 a 16/6/77, houveram as seguintes manifestações, no

"campus" da UNB:

- Em 15/6/77, teve início o "Ato Público", por volta de 10h, estendendo-se até às 12h, o qual

foi realizado no Teatro de Arena da UNB sendo que a palavra foi utilizada pelos seguintes

alunos:

- MARCOS ANTONIO RIBEIRO, fez a leitura de uma carta dos alunos secundaristas de

Brasília, apoiando o movimento da UNB;

- FLÁVIO ALBERTO BOTELHO, precedeu a leitura de uma carta dos universitários de

Goiás, apoiando o movimento estudantil da UNB. Fez também a leitura de uma carta de

apoio, enviada pelos alunos do sexto ano de Medicina da UFMG;

- Ainda no uso da palavra, o aluno FLÁVIO ALBERTO BOTELHO, explicou aos presentes

que havia a necessidade de “fazer-se uma análise da situação política do Brasil no momento,

e que essas repressões não passariam de apenas ameaças, porque quanto há manifestação é

porque existe um problema, tais como - falta de transporte, melhores salários, baixo nível de

salários, liberdades democráticas.” Citou ainda que “dizer que o lugar do universitário é

dentro do “campus” é mentira, pois nós temos as mesmas dificuldades e problemas que sofre

a população. Explicou ainda que o governo destina somente 4% de verba para educação,

enquanto destina 12% para as Forças Armadas;

- JOSÉ RALF DE OLIVEIRA CAMPOS, comentou que os alunos não deveriam esperar o

apoio do MDB, OAB, ABI, etc, porque esses grupos têm seus problemas e quando eles

intervêm é porque possuem seus próprios interesses. Frisou ainda que os estudantes deveriam

confiar na manifestação popular, dizendo ainda ser necessária a criação de uma Assembléia

Constituinte, livre e soberana, em todos os setores da população, para lutarem por

“Liberdades democráticas”.

- VIRGÍLIO RIBEIRO NETO, usando a palavra, fez o seguinte esclarecimento, “colegas,

hoje pela manhã, quando aqui chegamos, nos deparemos com uma bandeira nacional com

uma foice e um martelo no seu centro. Quero explicar que isso não foi obra nossa, mas sim de

alguém que quer nos provocar, portanto não devemos de maneira alguma, aceitar essas

provocações. Fato como este só pode ter sido por parte do “seu Azevedo” ou da Polícia que

tem capacidade para esse tipo de coisa.”

- ANTONIO RAMAIANA DE B. RIBEIRO fez a leitura de uma carta, enviada pela FEEAB,

em apoio às reinvidicações dos alunos da UNB, pela revogação das punições injustas aos

dezesseis colegas pré, digo suspensos;

- HEITOR MATALLO apóio o aluno JOSÉ RALF DE O. CAMPOS, bem como comentou

ainda que a população sofre tais repressões devido a falta de Sindicatos organizados que lhes

dessem o apoio, por liberdades democráticas;

- MARIA FRANCISCA A. DE SOUZA, sugeriu que fosse comentado sobre a cassação do

Deputado MARCOS TITO, ocorrida ontem, o que não foi aceito pelo plenário;

- SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA, concordou com RALF CAMPOS, mas que a

Assembléia Constituinte deveria ser formada pela comunidade, só assim a população

conseguiria resolver seus problemas. Sugeriu que os secundaristas ali presentes, deveriam

apanharem várias cartas abertas e as levarem a seus colégios;

- FLÁVIO ALBERTO comentou que o Conselho Universitário estava se reunindo, hoje ou

amanhã, para o julgamento dos recursos pela revogação das suspensões. Convocou ainda, os

estudantes, para, a partir das 14h se reuniram na Rampa 02, para continuação do movimento

estudantil, bem como organizarem “piquetes”.

Neste dia, foi observado a chegada de um grupo de alunos secundaristas, dos colégios -

MARISTA, SPB, PRÉ-UNIVERSITÁRIO tendo a frente o aluno CARLOS GERALDO

MEGALE. Traziam uma faixa com os seguintes dizeres: “SECUNDARISTAS APOIAM”.

- No dia de hoje, por volta de 8,20h, foram afixados cartazes, no “campus”, com os seguintes

dizeres “A GREVE CONTINUA”.

- Às 8,30h foram formados vários “piquetes”, com o objetivo de percorrerem as salas de aula

e impedir o respectivo andamento, naquelas que estivessem sendo ministradas.

- ADILSON MARCONDES e JOSÉ CARLOS TERAMUSSI lideravam os “piquetos” que

impediram uma aula que seria realizada no Centro de Espertes.

- MARIA AUXILIADORA DE M. VALLE, acompanha de vários alunos, impediram que

fosse ministrada uma aula no Anfiteatro no. 04, impedindo também a continuidade de uma

aula no Anfiteatro no. 02.

- às 9,30h o aluno Hudson Cunha colocou uma faixa na entrada do ICC, com os dizeres, “A

GREVE É NOSSA, Á A ARMA DA LUTA”.

- Às 9,50h foi instalado um sistema de som, na entrada do ICC, tendo esta aparelhagem sido

utilizada pelo aluno FLÁVIO ALBERTO BOTELHO, o qual convidou os alunos a

participarem de uma reunião naquele local, imediatamente.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL

1 - ASSUNTO: INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO

2 - ORIGEM: SI/SR/DPF/DF

3 - CLASSIFICAÇÃO

4 - DIFUSÃO: CI/DPF - 2ª SEC/CMP - AC/SNI - COMAR VI - CNS - DI/CIPO/SEP -

PM2

5 - DIFUSÃO ORIGEM

6 - ANEXO

7 - REFERÊNCIA

8 - REGISTRO: 0853/SI/77

INFÃO 365/SI/SR/DF

(20 JUN 77)

Informamos que face o cometimento de ilícitos atentatórios à Segurança Nacional, ocorridos

e ocorrentes até a presente data, durante as recentes manifestações estudantis e conseqüente

greve, de alunos na UnB, foi instaurado Inquérito Policial, por esta SR/DPF/DF, de

conformidade com o que estatui o Decreto-Lei no. 898, de 29 de setembro de 1.969.

Esclarecemos, outrossim, que consubstanciado no Artigo 59, do referido ordenamento

jurídico, foram indiciados e, conseqüentemente decretado a prisão pelo prazo de trinta (30)

dias, dos seguintes estudantes:

01 - JOSÉ RALF DE OLIVEIRA CAMPOS.

02 - MICHEL ZAIDAN FILHO.

03 - PAULO HENRIQUE VEIGA.

04 - ANTONIO HAMAIANA DE BARROS RIBEIRO.

05 - LUIZ ANTONIO NIGRO FALCOSKY.

06 - FLÁVIO AUGUSTO BOTELHO.

07 - HUDSON CUNHA.

08 - SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA.

09 - JOÃO SIMPLÍCIO LOPES MARTINS.

10 - ROCINE CASTELO DE CARVALHO.

11 - MARIA ÂNGELA NORONHA SERPA.

12 - FLORIANITA COELHO BRAGA.

13 - MARIA AUXILIADORA DE MEDEIROS VALLE.

14 - LEILA ABDALAH.

Informamos, ainda, que até o presente, foram presos e recolhidos ao xadrez desta SR, os

seguintes indiciados:

01 - JOSÉ RALF DE OLIVEIRA CAMPOS.

02 - MICHEL ZAIDAN FILHO.

03 - ANTONIO HAMAIANA DE BARROS RIBEIRO.

04 - LUIZ ANTONIO NIGRO FALCOSKY.

05 - HUDSON CUNHA.

06 - JOÃO SIMPLÍCIO LOPES MARTINS.

17 - MARIA ÂNGELA NORONHA SERPA.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL

1 - ASSUNTO: MOVIMENTO ESTUDANTIL

2 - ORIGEM: SI/SR/ DF

3 - CLASSIFICAÇÃO

4 - DIFUSÃO: CI/DPF - 2ª SEC/CMP - AC/SNI - COMAR VI - CNS - DI/CIPO/SEP -

PM2

5 - DIFUSÃO ORIGEM

6 - ANEXO

7 - REFERÊNCIA

8 - REGISTRO: 0854/SI/77

INFÃO 366/SI/SR/DF

(20 JUN 77)

Informamos que no dia 17.06.77, das 15:20 às 18:10 horas, no “campus” da UnB, local

denominado Teatro da Arena, foi realizado uma Assembléia Estudantil, a qual reuniu

aproximadamente 1.800 alunos, sob a coordenação de ALCIDES AUGUSTO DE O. LINHA,

JOÃO FRANCISCO DE S. CASTRO GOMES e MARIA ÂNGELA NORONHA SERPA.

Destacaram-se, dentro outros, na referida Assembléia, os seguintes indivíduos:

- ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA, fez a abertura da Assembléia, explicando aos

presentes que a mesma tinha por objetivo, debater propostas sobre a luta daqui pra frente.

- MARIA ÂNGELA NORONHA SERPA, fez a leitura de uma carta feita pelo Reitor, onde

solicitava a colaboração dos professores, no sentido de que a partir do dia 20.06.77, as aulas

voltassem ao seu normal. Ao término da referida leitura, houve uma vaia generalizada.

- VIRGÍLIO RIBEIRO NETO, fez a seguinte denúncia: “pessoal! Vocês estão vendo parte do

2º andar da reitoria, com as cortinas fechadas e uma janela aberta e uma luz acesa. Aquilo é

uma máquina de filmar, sendo que eles estão filmando a gente.”

- MARIA AUXILIADORA DE M. VALLE, sugeriu que fosse criado DCEs-Livres.

Sua proposta não foi ouvida pelos demais, devido a um tumulto generalizado

proporcionado pelo aluno NEWTON CAMARGO DE PAULO, que interrompeu a

Assembléia, gritando aos colegas, a fim de que fosse identificado um senhor estranho ali

presente, afirmando tratar-se de um policial.

Após o tumulto, o aluno JOÃO SIMPLÍCIO LOPES MARTINS, pediu que fosse criado

uma comissão de segurança, com a finalidade de identificar pessoas estranhas de

Assembléias.

- CARLOS ALBERTO DE ALMEIDA, disse que aquela greve teve como estímulo a greve

de arquitetura, vez que ela serviu como estrutura e base para o amadurecimento do ME, coisa

que não era da esperança deles.

- MICHEL ZAIDAN FILHO, disse que havia necessidade de se organizarem imediatamente

para lutas futuras e, inclusive, independente do resultado do julgamento dos alunos suspensos.

Teriam que se organizarem para quando houvesse necessidade de uma greve. Esta

organização, tem como princípio a formação de D.A., por Departamentos e Institutos, que

através disto teriam condições de fundarem os DCEs-Livres e independentes da Reitoria.

Ressaltou, ainda, que esta organização é fundamental para conseguirem liberdades

democráticas.

- ARLETE AVELAR SAMPAIO, sugeriu, também, que deveriam partir para a fundação

DCE-Livre. Enfatizando que o problema estudantil está ligado com o de toda a população e

que através do DCE-Livre, teriam maiores contatos com a população. Estes contatos, teriam

como objetivo, dentre outros, o fortalecimento do ME.

- JOSÉ RALF DE O. CAMPOS, apoiou também a idéia da formação de DCEs-Livres, para

um melhor encaminhamento dessa luta e que os mesmos deveriam ser totalmente

desvinculados da Reitoria, ao contrario do que ocorre com o D.U.

Sugeriu, outrossim, que a criação do DCE, deveria ter início no 2º semestre através de

campanhas, assembléias, etc, e tendo como data para a 1ª assembléia, 30 de junho de 1.977, e

15 de setembro do mesmo ano, para as eleições.

- SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA, explicara aos presentes sobre a necessidade de se

organizarem para o III Encontro Nacional de Estudantes. Comentou, ainda, que seria

necessário formar uma comissão para participarem da Reunião Anual da Sociedade Brasileira

para o Progresso da Ciência - SBPC -, que será realizada na 1ª quinzena de julho/77, na

cidade de Fortaleza/CE. Deveriam, também, ser feito moção a todas as universidades, com a

finalidade do III ENE, ser na mesma época da SBPC e no mesmo local.

Comentou, ainda, que todas as universidade deveriam se mobilizarem em assembléias,

fazendo uma votação para a volta da extinta “UNE”.

- IVANEOR PERIS DA SILVA, ressaltou que há necessidade de se formar um DCE-Livre.

Teria como base principal a formação dos Das, que discutiriam os problemas em salas de

aulas e assembléias por Departamento, com promoções diversas. Também deveria ser feito

notas aos alunos, visando a fundação dos DCEs-Livres, para que todos votassem conscientes

do seu objetivo.

- PEDRO PAULO ELEUTÉRIO DE BARROS LIMA, iniciou a conversa explicando que

toda repressão vivida no “campus”, neste período, é símbolo do Reitor que é o próprio

regime. (Neste momento começaram a vaiá-lo e chamá-lo de dedo-duro).

Referido elemento, em seguida, disse ser filho de militar, mas que era universitário e

tinha interesse em defender seus objetivos; “como filho de militar sou conhecedor das

técnicas usadas pela repressão para reprimir e, para isto, me coloco a disposição para instruí-

los a respeito dos mesmos”.

- AGAMENON DE ARAÚJO SOUZA, explicou aos presentes que a formação dos DCE-

Livre, era uma idéia prematura, pois se ainda nem conseguiram a revogação das punições,

como é que queriam DCEs-Livres. Teriam que aguardar o resultado do Conselho

Universitário, vez que sem um resultado final da greve, não poderiam prever nada. Por isso,

esquecessem os DCEs, pois sem algo concreto, não passaria de um futuro fantasma.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL

1 - ASSUNTO: SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

2 - ORIGEM: SI/SR/DPF/DF

3 - CLASSIFICAÇÃO - 4 - DIFUSÃO: CI/DPF - 2ª SEC/CMP - AC/SNI - COMAR

VI - CNS - DI/CIPO/SEP

5 - DIFUSÃO ORIGEM -

6 - ANEXO -

7 - REFERÊNCIA -

INFORMAÇÃO 378/77-SI/SR/DPF/DF

(27 JUN 77)

Informamos que o nominado, indiciado no IPL 44/77/CRJ/SR/DPF/DF, pela prática de

ilícito previsto na Lei da Segurança Nacional foi preso e recolhido ao xadrez desta

SR/DPF/DF, em data de hoje.

INFORMAÇÃO No. 2384/31/AC/77

DATA: 5 MAI 77

ASSUNTO: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - MOVIMENTO ESTUDANTIL

DIFUSÃO: SC - 1

ANEXO: VER ITEM 9

1. No dia 4 MAI 77, às 10:00hs, cerca de 80 alunos da UnB, liderados por ROCINE

CASTELO DE CARVALHO, ANTONIO RAMAIANA DE BARROS RIBEIRO e

HUDSON CUNHA, concentraram-se no Bloco “B” do ICC Sul, para a realização de uma

Assembléia Geral, com a finalidade de lavar a Reitoria o resultado do Plebiscito realizado

pelo DU (Diretório Universitário) no dia 29 ABR 77.

2. Por sugestão de ROCINE CASTELO DE CARVALHO o grupo dirigiu-se às salas de aulas

convidando os demais alunos para participarem da Assembléia. De maneira desrespeitosa,

ignorando a presença dos professores, os alunos entraram nas saldas de aulas convidando os

demais alunos. No ANFITEATRO no. 9 foram recebidos energicamente pelo professor de

EPB que ali ministrava sua aula. Em seu descolamento pelo ICC, o grupo batia palmas e

gritava:

- “AVAMOS À REITORIA”

- “CONTRA O JUBILAMENTO”

- “CONTRA O ENSINO PAGO”

3. Após percorrerem todo o ICC, cerca de 300 (trezentos) alunos dirigiram-se ao prédio da

Administração Central da UnB, onde concentraram-se para a realização da Assembléia Geral

4. A assembléia geral transcorreu da seguinte maneira:

- O aluno ROCINE CASTELO DE CARVALHO dirigiu-se aos alunos presentes perguntando

se iriam diretamente ao Reitor fazer a entrega do documento que relatava o resultado do

“Plebiscito” e se havia outros assuntos a ser tratado:

- ANTONIO RAMAIANA DE BARROS RIBEIRO leu o documento que relatava o resultado

do “Plebiscito”:

- PAULO HENRIQUE VIEGA exigiu que fosse dado o prazo de até o dia 9 MAI 77 do

REITOR, para que o mesmo respondesse o documento. Sugeriu que o DU formasse uma

comissão que juntamente com a Imprensa, receberia a resposta ao documento na Reitoria ao

dia 9 MAI 77;

- ROCINE CASTELO DE CARVALHO solicitou fosse formada a comissão que entregaria o

documento à Reitoria.

A comissão ficou assim constituída:

ROCINE CASTELO DE CARVALHO

ANTONIO RAMAIANA DE BARROS RIBEIRO

RICARDO FERREIRA DA SILVA e

Representantes da imprensa ali presentes;

- Enquanto a comissão dirigia-se à Reitoria, HUDSON CUNHA assumiu a direção da

Assembléia, sugeriu que fossem apresentadas novas propostas para serem discutidas.

Apresentou nova proposta do DU: a criação de comissões departamentais com a finalidade de

relatar todas as deficiências existentes nos cursos da UnB e discussão das mesmas em salas de

aulas;

- Um aluno não identificado afirmou que achava precipitada a idéia de encaminhar este

documento à Reitoria, sem o prévio estudo dos Departamentos e a aprovação por uma

assembléia. Alegou que nada havia sido feito em termos de solidariedade aos colegas

expulsos no ano passado. Que a comissão que agora entregava o documento à Reitoria

poderia ser expulsa o que ninguém faria movimento de solidariedade aos mesmos. Foi vaiado.

- MARIA AUXILIADORA DE MEDEIROS VALLE afirmou estar de acordo com o que

disse o aluno não identificado. Disse que o movimento ainda é fraco para tomar a decisão que

estava tomando;

- MARIA ÂNGELA NORONHA SERPA alegou uma série de deficiências encontradas na

UnB;

- não dispor de Curso de Comunicação de um jornal para que os alunos desenvolvam sua

capacidade profissional prática

- falta de professores

- os alunos de agronomia não têm nenhuma capacitação prática, pois na fazenda da UnB “só

existe um cavalo e as galinhas são conhecidas através fotografia”

- MARIA DO ROSÁRIO CETAO ressaltou a falta de professores, o número excessivo de

alunos e salas de aula, salas estas sem a acústica necessária. O que “acarreta o jubilamento de

muitos alunos”;

- FLÁVIO ALBERTO BOTELHO leu uma “NOTA” oriunda de São Paulo pela qual os

universitários protestaram contra a prisão de 9 (nove) alunos da USP (Universidade de São

Paulo) no dia primeiro de maio de 1977, por distribuírem panfletos;

- Uma aluna não identificada, namorada de Wallace José Cesaro, propôs a elaboração de uma

“NOTA” em solidariedade aos colegas de São Paulo;

- Outra aluna não identificada disse que os problemas não são só dos universitários e sim de

toda a população, tais como: alimentação deficiente, transporte deficitários, salários irrisórios

e outros. Tentou insuflar a assembléia contra o sistema vigente. Foi muita aplaudida;

- Um aluno não identificado lembro que às 13:00hs haveria o julgamento de FRANCISCO

PINTO. Disse que todo apoio deveria ser dado a este homem, defensor da democracia no

Brasil. Ressaltou a necessidade de se por em liberdade os presos políticos do país e retorno

dos exilados;

5. Os participantes da Assembléia resolveram então dirigir-se à Reitoria, No deslocamento

gritavam:

- “ABAIXO O JUBILAMENTO”

- “CONTRA O ENSINO PAGO”

- “VAMOS AO JULGAMENTO DE CHICO PINTO”

No trajeto, encontraram a comissão que voltava da Reitoria. A pedido de ROCINE

CASTELO DE CARVALHO, voltaram para tomar conhecimento do diálogo com o Reitor.

6. ROCINE CASTELO DE CARVALHO disse que o Reitor havia se recusado a receber o

documento, pois o mesmo não continha assinaturas. Que o Reitor havia lido o documento,

feito algumas marcações, “sem dúvida procurando erros de português”, analisando alguns

pontos. Que o Reitor mandou tirar uma Xerox e devolveu o documento. ANTONIO

RAMAIANA DE BARROS RIBEIRO disse que havia informado ao Reitor que o documento

não estava assinado, por tratar de um problema que afeta a todos os estudantes.

7. ROCINE CASTELO DE CARVALHO convocou então todos os Representantes

Estudantis para uma reunião no DU às 12:00 hs, do dia 6 MAI 77. Avisou que o DU iria

elaborar uma “NOTA” em solidariedade aos estudantes de São Paulo que seria distribuída no

dia 5 MAI 77.

8. Foram assinalados na Assembléia Geral os seguintes Estudantes:

- Adilson Marcondes

- Alcides Bartolomeu de Faria

- Agamenon de Araújo Souza

- Ana Maria Navarro Garcia

- Antonio Flávio Testa

- Antonio João da Silva

- Araquem Nascentes Alves

- Areolino Moreira do Bonfim

- Bento José de Menezes e Silva

- Bruno Rautes Nunes

- Bruno Bormann Zero

- David Duarte Lima

- Eliana Bontempo Rabelo

- Eliana Cunha e Cruz Vieira

- Edser Guimarães Costa

- Eurípedes Alvarenga Barbosa

- Evelyn de Oliveira Pena

- Francisco de Assis Sabino Dantas

- Francisco Ferreira de Araújo

- Heitor Mattalo Júnior

- Helici Heleno Ferreira

- Hélio José Araújo Brandão

- Helio Lopes dos Santos

- João Francisco de S. Castro

- José Carlos Camapum Barroso

- Jose Eduardo Guimarães Alves

- Juares Pires da Silva

- José Jorge Bazaga

- Lucas Vieira Barros

- Levy Emerick

- Lucia Farias Ferreira

- Luciano A. Gonzaga Vilarino

- Marcos Antonio Ribeiro de Lima

- Manoel Mozart Machado

- Margrit Dutra Schimitd

- Maria da Conceição Correia de Caldas Rodrigues

- Maria Inez de Sousa Baesse

- Maria Laiz da Cunha Pereira

- Maria Celina Dutra de Leandro Oliveira

- Maylena Clécia Gonçalves

- Mauro Assis

- Neusa de Paula Xavier

- Olegário José Mundim

- Paulo Roberto Cardoso de Miranda

- Percival de Sá Cruz Júnior

- Raimundo Nonato Aires

- Rubens de Carvalho Filho

- Sueli Aparecida Navarro

- Themis Lima Fernandes Martins

- Virgílio Ribeiro Neto

- Wallace José Cesana

- Carlos Adalberto Estuqui Filho

- Luiz Antonio Nigro Falcoski

- Paulo Afonso Linhares

- José Carlos Teramussi

- Luciano Rocha

- Geraldo Tadeu Araújo

- Erli Ferreira Gomes

- Sérgio Mascarenhas de Moura

9. Em anexo:

Cópia Xerox de nota distribuída no ICC/Unb, às 10:00 hs, do dia 4 MAI 77, do Grupo

OFICINA, concitando os estudantes para o julgamento do Ex-Dep. FRANCISCO PINTO.

INFORMAÇÃO No. 2968/31/AC/77

(INFÃO No. 233/MOP/RS/77)

DATA: 10 MAI 77

ASSUNTO: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - MOVIMENTO ESTUDANTIL

DIFUSÃO: SC-1

ANEXO: X.X

1. No dia ?? MAI 77, às 12:30hs, na entrada do RU ( Restaurante Universitário) da UnB, foi

realizada uma Assembléia Geral contra o jubilamento e em apoio ao Movimento Estudantil

de São Paulo. A Assembléia contou com a participação de cerca de 300 alunos e foi dirigida

pelos estudantes:

- ROCINE CASTELO DE CARVALHO

- ANTONIO RAMAIANA DE BARROS RIBEIRO

- ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA

2. A assembléia transcorreu da seguinte maneira:

- RACINE CASTELO DE CARVALHO disse que a assembléia tinha como objetivo adotar

posicionamento de solidariedade aos estudantes punidos em São Paulo e levar ao

conhecimento dos estudantes da UnB a situação da USP (Universidade de São Paulo) e PUC

(Pontifícia Universidade Católica)

- ANTONIO RAMAIANA DE BARROS RIBEIRO leu uma “CARTA ABERTA” oriunda

de São Paulo, explicando que os estudantes de São Paulo estavam em greve em razão das

prisões corridas a 1º de MAI 77 e por exigirem “liberdades democráticas”;

- FLÁVIO ALBERTO BOTELHO sugeriu que a posição adotada pelos estudantes da UnB,

deveria ser a de mobilização em solidariedade à luta travada em São Paulo, Bahia, Minas

Gerais e Rio de Janeiro, pelos estudantes. Eu não era justo o ME não contar com o apoio da

UnB;

- ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA sugeriu que fosse feito greve na UnB, como na

PUC e USP, pois o baixo nível de ensino atinge também a UnB. Citou a falta de professores,

falta de verbas e equipamentos, a situação do governo que não tinha condições de manter o

nível de ensino no país:

- PAULO HENRIQUE VEIGA falou sobre a má elaboração de horários da UnB, sempre em

choque, acarretando jubilamento de alunos. Sugeriu que as RE (representações Estudantis) se

responsabilizassem por este problema e fizessem pressões junto às secretarias, para uma

mudança de horários;

- MARCO ANTONIO RIBEIRO V. LIMA sugeriu que, no dia 9 MAI 77, os participantes

desta assembléia, se concentrassem nas entradas Sul e Norte do ICC, formasse comissões e

fossem em todas as salas de aula, fizesse a paralisação das mesmas, para a discussão dos

últimos acontecimentos em São Paulo e leitura de “CARTA ABERTA”;

- MARIA ÂNGELA NORONHA SERPA, concordando com o que havia sido tratado durante

a Assembléia, propôs o seguinte: os assuntos a serem discutidos, não deveriam ser realizados

através representações e sim por meio de comissões, que levariam as discussões às salas de

aula; que deveria haver no mínio 3 (três) assembléias por semana, até se chegar a paralisação

total das aulas;

- Uma aluna não identificada sugeriu que as discussões deveriam ter início ainda naquele dia,

para maior mobilização por parte dos alunos da UnB;

- ANTONIO RAMAIANA DE BARROS RIBEIRO solicitou que os representantes ali

presentes se dirigissem ao DU (Diretório Universitário) para uma reunião.

3. Forma assinalados os seguintes estudantes na Assembléia Geral:

- Aderval Borges da Silva

- Angela Maria Bezerra Varella

- Areolino Moreira do Bonfim

- Bento José de Menezes e Silva

- Carlos Adalberto Estuqui Filho

- Carlos Geraldo Megale

- Eliana Bontempo Rabelo

- Evelyn de Oliveira Pena

- Felício Sala Neto

- Florianita Coelho Braga

- Francisco de Assis Sabino Dantas

- Francisco Ferreira de Araújo

- Geraldo Duarte Menezes

- Heitor Mattalo Júnior

- Ivaneck Perez Alves

- João Francisco de S. Castro Gomes

- José Carlos Teramissi

- Jorge Augusto Oliveira Vinnas

- José Alves Bezerra Filho

- Jose Eduardo Guimarães Alves

- Juares Pires da Silva

- Levy Emerick

- Leila Abdalah

- Luciano A. Gonzaga Vilarino

- Luiz Antonio Nigro Falcoski

- Luiz Antonio Oliveira Campos

- Margrit Dutra Schimitd

- Maylena Clécia Gonçalves

- Maria Auxiliadora de M. Valle

- Maria da Conceição Correia de Caldas Rodrigues

- Maria do Rosário Caetano

- Maria Tereza G. de Souza

- Marisia Dias de Oliveira

- Mauro Carneiro

- Mauro Assis

- Mirian Leal Carvalho

- Neusa de Paula Xavier

- Olegário José Mundim

- Paulo Henrique Veiga

- Paulo Roberto Cardoso de Miranda

- Raimundo Nonato Aires

- Ricardo Ferreira da Silva

- Sérgio Mascarenhas de Moura

- Sueli Aparecida Navarro

- Tânia Fernandes Ferreira

- Virgílio Ribeiro Neto

- Wallace José Cesana

4. No RU foram afixados cartazes com os seguintes dizeres:

- “PELA ANISTIA AOS EXILADOS POLÍTICOS”

- “PELA LIBERDADE IMEDIATA DOS COLEGAS PRESOS”

- “CONTRA AS TORTURAS”

- “POR LIBERDADES DEMOCRÁTICAS”

Foram identificados os seguintes estudantes afixando cartazes no RU:

- HUDSON CUNHA

- CARLOS GERALDO MEGALE

- ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA

- HÉLIO LOPES DOS SANTOS

- ELIANE CUNHA B. CRUZ VIEIRA

5. No dia 10 MAI 77, das 10:00 às 11:20 hs, no ICC Norte, Bloco A, sala 18 - Departamento

de Comunicações, o DRP - JOSÉ FREITAS NOBRE (MDB/SP) proferiu palestra sobre o

tema “A Lei de Imprensa”. O evento foi patrocínio do RE/COM (Representação Estudantil de

Comunicações) e contou com a participação de aproximadamente 50 (cincoenta) alunos.

A palestra não teve conotação política.

RELATÓRIO No. 2239/31/AC/77

DATA: 19 MAI 77

ASSUNTO: MOVIMENTO ESTUDANTIL NA UnB

CLASSIFICAÇÃO: B-2

DIFUSÃO: CH/AC - SC-1

Em 13 Mai, às 10:00hs, realizou-se uma assembléia geral de estudantes na UnB, que

contou com a participação de 300 (trezentos) alunos, aproximadamente, e foi dirigida por

LUIS ANTONIO NIGRO FALCOSKI e por uma aluna Não identificada.

A assembléia transcorreu da seguinte maneira:

- A aluna ÂNGELA MARIA NORONHA SERPA fez a leitura de uma nota do Departamento

de Comunicações, em solidariedade aos alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo;

- LUIS ANTONIO NIGRO FALCOSKI leu a reportagem do “Jornal de Brasília”, de 18 Mai

que versa sobre o Movimento Estudantil em que o reitor da UnB promete punições, em tom

crítico e disse que o Movimento do Curso de Arquitetura não é só da representação estudantil,

mas de todos os alunos presentes àquela assembléia;

- um aluno não identificado afirmou que não se deveria levar em conta as declarações do

reitor da UnB em suspender os alunos que faltassem às aulas à partira das 08:00 hs de ontem

e disse que, como os estudantes já estavam em greve, se fossem suspensos não faria

diferença. Esse estudante foi muito aplaudido;

- um outro aluno sugeriu que o currículo do Curso de Arquitetura e Urbanismo fosse

encaminhado à reitoria juntamente com as reivindicações e que os estudantes só deveriam

voltar às aulas após o resultado de seu encaminhamento ao MEC com as mudanças do

currículo. Nesse documento seria exigido a contratação de professores competentes, com

melhores salários;

- LUIZ ANTONIO FALCOSKI disse que , enquanto perdurasse a paralisação das aulas, os

alunos deveriam fazer reuniões diárias no Departamento de Arquitetura e Urbanismo, para

discutirem os problemas existentes naquele departamento;

- os alunos HUDSON CUNHA e REGINA CÉLIA OLIVEIRA CAMPOS distribuíram,

durante a assembléia geral, panfletos e uma nota de convocação para a assembléia geral de

hoje, 19 Mai;

- No Instituto Central de Ciências (ICC) outros dois alunos colhiam assinaturas para o abaixo-

assinado que será remetido a SÃO PAULO;

- Nos colégios CETEB, ELEFANTE BRANCO e CASEB foram afixados faixas, convidando

os alunos secundaristas a participassem do “Ato Público” de hoje, 19 Mai.

No Campus da UDF ontem à noite, 18 Mai, foram distribuídas idênticas notas de

convocação.

Na UnB, foi ventilado que o estudante SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA teria

sido preso em 18 Mai por elementos dos Órgãos de Segurança, ao afixar uma faixa numa das

Universidades de BRASÍLIA.

Ontem, 18 Mai, durante uma reunião realizada no Restaurante Universitário-RU da UnB,

sob a direção de ROCINE CASTELO DE CARVALHO, foi lida uma nota de protesto pela

prisão de SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA. No meio da leitura da nota, SÉRGIO

pareceu , dizendo que havia sido liberado.

Hoje, 19 Mai, pela manha, de acordo com as instruções de ROCINE CASTELO DE

CARVALHO, os alunos deveriam sair, pelas salas de aulas da UnB, paralisando as aulas e

convocando todos os estudantes para a assembléia geral, que deverá ser realizada às 11:00hs,

em protesto às prisões dos estudantes; contra o jubilamento, contra o estudo pago e em favor

da libertação dos presos políticos.

RELATÓRIO No. 3322/31/AC/77

DATA: 20 MAI 77

ASSUNTO: MOVIMENTO ESTUDANTIL NA UnB - “ATO PÚBLICO” DE 19 MAI 77.

DIFUSÃO: SC-1

1. Por volta das 10:30h, PAULO HENRIQUE VEIGA e outro foram visto conduzindo uma

faixa pelo ICC (POR LIBERDADES DEMOCRÁTICAS), convidando a todos para o “Ato

Público”.

2. Vários alunos foram observados convidando verbalmente os demais para comparecerem ao

“Ato Público” (OLEGÁRIO JOSÉ MUNDIM, LEILA ABDALAH, MARIA ÂNGELA

NORONHA SERPA, ANTONIO JOÃO DA SILVA).

3. À convite de ROCINE CASTELO DE CARVALHO e ALCIDES, o grupo que se formou

na entrada Sul partiu para a entrada Norte, cantando, batendo palmas e gritando “por

Liberdades Democráticas”.

4. Formou-se um grande grupo na entrada Norte do ICC e foi iniciada a caminhada em

direção à praça, passando pela frente do RU e posteriormente pelo DU. Durante todo o

deslocamento cantavam partes da música “Para não dizer que não falei das flores” - de

GERALDO VANDRÉ e também gritavam uníssono: “Liberdades Democráticas”. À testa do

grupo, alguns alunos se alternavam conduzindo duas faixas com os seguintes dizeres: “Por

liberdades democráticas” - “Anistia Plena e Irrestrita aos Presos Políticos”.

5. Os participantes se aglomeravam em um grande círculo, ao mesmo tempo que recebiam

uma nota intitulada “CARTA ABERTA À POPULAÇÃO EM ATO PÚBLICO”.

6. O aluno ROCINE, se dirigiu a todos e solicitou que fosse iniciado o “Ato Público”com a

leitura da “Carta Aberta”, todos ao mesmo tempo, (em forma de oração). (Anexo Carta

Aberta).

7. O aluno ANTONIO RAMAIANA, leu a nota da Arquitetura e Urbanismo, que informava

terem paralisados as aulas dia 16 mai.

8. O aluno ROCINE, informou que a palavra estava franqueada.

9. Um elemento sem vínculo com a UnB, identificado como IVAN ORNELAS - Vereador

em FORMOSA/GO, provavelmente aluno do CEUB, pediu a palavra e, de maneira

eloqüente, disse que o Governo precisava reconhecer o Movimento Estudantil, que é de

âmbito nacional e não tem caráter subversivo, com era na época do “JOÃO GOULART”.

Que estes movimentos que buscam liberdade, são verdadeiramente nacionalistas. Este

elemento foi entusiasticamente aplaudido.

10. Um aluno não identificado, exaltou a capacidade que tinham de levantar à frente os seus

movimentos, sem badernas e sem anarquia.

11. O aluno AGAMENON DE ARAÚJO SOUZA, pediu que não se limitassem apenas a

bater palmas, que aquele movimento não era só do DU, era de todos. Explicou que falava

assim, porque sabia que se aparecessem apenas uns 50, ficaria fácil da Reitoria punir.

12. O aluno ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA tomou a palavra e informou que o

movimento tem caráter mundial, citando como exemplo ANGOLA e MOÇAMBIQUE, onde

foi ativa a participação do estudante. Informou que precisavam parar as ameaças, pois ontem

mesmo ele e mais quatro colegas foram ameaçados diretamente pelo Reitor, quando foram

procurar saber do paradeiro de um colega que havia sido preso. Informou também que este

colega logo foi liberado em virtude das pressões que exerceram .

13. O aluno WALLACE JOSÉ SESANA, usando da palavra, fez uma comparação entre a

situação da UnB e a dos operários, dizendo que a situação deste s último era bem pior, porque

não tinham nenhuma condição de mobilização. Citou que o Governo devia se preocupar mais

com o problema de transportes, saúde, habitação e alimentação, examinando por exemplo o

que ocorre na Amazônia, onde , onde a VOLSWAGEN incendiou uma vasta área de floresta,

o que foi provado por fotografias científicas, representando isto uma grande perda nas

reservas de oxigênio no mundo. Citou que as empresas norte-americanas estão se apoderando

da Amazônia - “o que é bem para os ESTADOS UNIDOS é bom para o BRASIL e vice-

versa”.

14. Uma aluna não identificada pediu que acabassem com os grupos isolados “Unidade-

Oficina-Construção-Raio que o parta” e partissem para um movimento unificado,

esquecendo-se as divergências. Sugeriu que fosse feita uma passeata pelo Campus,

manifestando repúdio ao jubilamento, taxas e MGA. Sugeriu também que saíssem à rua e nos

supermercados vissem os preços do feijão, arroz, leite e pão e comparassem com os salários

vigentes, para perceberem que havia muita gente passando fome.

15. O aluno MITCHURIM BORGES DINIZ pediu a palavra e informou que unificando a sua

foz a de todos os componentes do grupo construção, ia proceder à leitura de uma nota de

apoio e solidariedade ao movimento de Arquitetura.

16. A aluna MARIA ÂNGELA NORONHA SERPA sugeriu que o movimento fosse levado a

todos os secundaristas, pois estes também eram afetados pelo problema de verbas.

17. A aluna MARIA TEREZA O. DE SOUZA usou da palavra, mas não foi bem ouvida pelos

informantes.

18. O aluno AGAMENON DE ARAÚJO SOUZA, voltou a usar da palavra e informou que

uma colega que se encontrava ao seu lado, estava sugerindo que fosse criado um “comitê de

Anistia” e que este “comitê” fosse formado em 20 Mai, por ocasião da palestra de Dom

TOMÁS BALDUINO.

19. Um aluno não identificado levantou uma questão de ordem e pediu que iniciassem logo a

passeata, por todos já estavam com fome. Em seguida sugeriu que, em passeata, fossem até a

Reitoria, batendo palmas e cantando.

20. O deslocamento em direção à Reitoria, foi iniciado às 11:50h, logo que terminou o “ato

Público”.

21. Durante o descolamento todos gritavam em coro: “ABAIXO A REPRESSÃO, MAIS

ARROZ E MAIS FEIJÃO” - “ANISTIA AOS PRESOS POLÍTICOS”, “POR LIBERDADES

DEMOCRÁTICAS, “ABAIXO O MGA”!

22 Ao aproximarem-se do prédio da Administração Central - Reitoria, fortaleceram o coro e

passaram a gritar: “ABAIXO O AZEVEDO”

23 Postaram-se em frente à Reitoria e ao verem o Reitor, gritavam “FORA - FORA - FORA”,

gesticulando com o polegar voltado para abaixo.

24. Uma moça não identificada, pertencente à rede de ensino secundário, disse que muitos

colegas dela deveriam está ali, mas foram impedidos de sair de dentro do colégio. Que ela

Haia conseguido fugir e tinha vindo trazer o apoio dos demais, pois todos também pretendem

um dia “entrar” aqui (foi ouvida em silencio e foi entusiasticamente aplaudida).

25. Uma aluna não identificada, ao ouvir a aluna secundarista fazer, sugeriu que fosse criada

a “Confederação Metropolitana do Estudante”.

26. O aluno ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA, sugeriu que se deslocassem até o RU.

O deslocamento foi iniciado em direção ao Restaurante, onde predominava o brado: “Se

Houver Punição, Haverá Paralisação”.

Ao chegarem no Restaurante, se aglomeraram em concentração, onde se verificou uma

baderna generalizada, com gritarias, assovios, barulho de bandejas, etc..

27. O aluno ANTONIO RAMAIANA, sugeriu que fosse feita uma coleta para a compra de

um mega fone e imediatamente todos os presentes começaram a desembolsar dinheiro, que

era escolhido pelo pessoa legado ao DU.

O aluno de Pós-Graduação JOSÉ RALF DE O. CAMPOS, subiu em um banco e

recomendou que ninguém saísse Dalí sozinho, para evitar prisões . Que procurassem formar

grupos de 10 e se qualquer um fosse preso, os outros procurassem se comunicar com o DU,

para que este tomasse imediatas providências e que a providência mais concreta seria a greve

geral.

NOTA: durante a passeata em direção à Reitoria, o aluno SÉRGIO MASCARENHAS DE

MOURA foi observado como um dos mais exaltados

28. Foram identificados os seguintes elementos:

- ARLETE AVELAR SAMPAIO

- JORGE AUGUSTO OLIVEIRA VINNAS

- MARCO ANTONIO RIBEIRO V. LIMA

- MARIA ANGELA NORONHA SERPA

- MARIA TEREZA G. DE SOUZA

- BENTO JOSÉ DE MENEZES E SILVA

- DAVID DUARTE LIMA

- ELIANE CUNHA E CRUZ VIEIRA

- ELIANE MARIA FLEURY SEIDL

- EVELYN DE OLIVEIRA PENA

- FLORIANITA COELHO BRAGA

- FRANCISCO DE ASSIS SABINO DANTAS

- HEITOR MATTALO JÚNIOR

- HELIO LOPES DOS SANTOS

- JÃO (JOÃO) SIMPLÍCIO LOPES MARTINS

- LUCIANO A. GONZAGA VILARINO

- LUIZ ANTONIO OLIVEIRA CAMPOS

- MARIA AUXILIADORA DE M. VALLE

- MARIA DA CONCEIÇÃO CORREIA DE CALDAS RODRIGUES

- MARIA DO ROSÁRIO CAETANO

- MARISIA DIAS DE OLIVEIRA

- MAURO ASSIS

- PAULO HENRIQUE VEIGA

- RAIMUNDO NONATO AIRES

- RUBENS DE CARVALHO FILHO

- PAULO ROBERTO CARDOSO DE MIRANDA

- IVANECI PEREZ ALVES

- GILSON MASSTRINI MUZA

- MAURO CARNEIRO

- ARMANDO NOBRE MENDES

- CLÁUDIA HOFFMAN MOTA

- REGINA CÉLIA OLIVEIRA CAMPOS

- ANTONIO SANCHEZ SALES

- ELLEN MARAVALHAS

- SUELI APARECIDA NAVARRO GARCIA

- SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

- AREOLINO MOREIRA DO BONFIM

- BRUNO BORMANN ZERO

- CARLOS GERALDO MEGALE

- CATSUMI IWAKAWA

- ELIANA BONTEMPO RABELO

- EURÍPEDES ALVARENGA BARBOSA

- FLÁVIO ALBERTO BOTENHO

- HELICI HELENO FERREIRA

- JOÃO FRANCISCO DE S. CASTRO GOMES

- JOFRE RESENDE FILHO

- JORGE GUSHIKEN

- JOSÉ ALVES BEZERRA FILHO

- JOSÉ AUGUSTO VARELA NETO

- JOSÉ CARLOS CAMAPUM BARROSO

- JOSÉ CARLOS TERAMUSSI

- JOSÉ EUSTÁQUIO NARCISO

- JUVENAL LIRA DE MESQUITA

- LEANDRO LOPES DE RESENDE

- LEVI SMERICK

- LUCAS VIEIRA BARROS

- LUIZ ROBERTO PASSAMANI

- MANOEL AUGUSTO DOS SANTOS

- MANOEL MOZART MACHADO

- MARGRIT DUTRA SCHIMITD

- MAYLENA CLÉCIA GONÇALVES

- MILTON BIAGE

- NEUSA DE PAULA XAVIER

- NEWTON CAMARGO DE PAULA

- OLEGÁRIO JOSÉ MUNDIM

- PAULO FACCIO NETO

- PERCIVAL DE SÁ CRUZ JÚNIOR

- REGINA CELY MENCARINI

- REGINALDO RIOS MACIEL

- RICARDO FERREIRA DA SILVA

- RUTE SILVA LIMA

- SEVERINO FIRMINO DOS SANTOS

- SILVIO ROBERTO CARDOSO

- THEMIS LIMA FERNANDES MARTINS

- VIRGÍLIO RIBEIRO NETO

- WESLEY MARTINS FERNANDES

- WANDERLEY BARROSO

- SHONICHI TANIOKA

- SIDNEI DA COSTA MAIA

- EDGAR LUIZ EICHEP

- ANA BEATRIZ MENDES CLETO

- EVANDRO CARDOSO BOAVENTURA

- JOSÉ BENIZ NETO

- ARTUR ANTONIO M. FONSECA

- GEORGE (HENRI) HENRIQUE REBELO

- MARIO LUCIO LACERDA DE MEDEIROS

- LUIZ ANTONIO DE LIMA REZENDE

- JOÃO ALBERTO GOMES E SILVA

- LEILA ABDALAH

- LUIZ ROBERTO B. DOMINGOS

- ALBERTINO DE SOUZA CARVALHO

- HELOISA HELENA A. B. DA SILVA

- FELÍCIO SALA NETO

- ROBERTO TEIXEIRA ALVES

- CARLOS ADALBERTO ESTUQUI FILHO

- JOAQUIM VIEIRA DA SILVA FILHO

- LUIZ ANTONIO NIGRO FALCOSKI

- MIRANTAN BARBOSA DE SOUSA

- HUDSON CUNHA

- MARIA RITA DE MEDEIROS

- SOLOMON CYTRYNOWICZ

- PAULO AFONSO LINHARES

- ADÃO LUIZ BASTOS BESSA

- ISAC PAULO TEIXEIRA

- TAKAMIRO TAKAHASHI

- KELSON CORTE

- MARIONICE F. DA COSTA

- LUCIANO ROCHA

- WILLIAN JOSÉ DEVOTE

- HENRIQUE NOGALES VASCONCELOS

- MARIA HELENA FERREIRA DA COSTA

- JOÃO BOSCO DE SOUZA NATAL

- LUIZ GONZAGA DA CUNHA

- EDUARDO GRIBEL BONFIM DE CASTRO

- WILSON FERREIRA GOMES

- REGINA HELENA DA SILVA NASCIMENTO

- JOSÉ ROBERTO BERNARDES

- JOÃO NOGUEIRA FANUCHI

- GUY NICOLAU D'ALMEIDA CARDOSO

- GILBERTO CORDEIRO TEIXEIRA

- GEORGE HENRIQUE GOMES DA SILVA

- HELIANA WILKE CONTRIN

- ELSER GUIMARÃES COSTA

- DANIEL (GONLA) GOLÇALVES MENDES

- CAETANO ERNESTO DA FONSECA C. P. DE ARAÚJO

- AUGUSTO SILVEIRA DE CARVALHO

- AUGUSTO DIAS CARDOSO

- ARAQUEM NASCENTES ALVES

- ÂNGELA MARIA BEZERRA VARELLA

- ADILSON CARVALHO BENJAMIN

- ANA MARIA NAVARRO GARCIA

- ADILSON MARCONDES

- ADERVAL BORGES DA SILVA

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

INFORME - SEP - 14/77

ASSUNTO: Movimento Estudantil

EVENTO: “Assembléia Geral” e “Passeata”

OBJETIVO: Protestar contra as punições impostas pela Reitoria 30.05.77 e paralisação das

aulas

DIVULGAÇÃO: Faixas, cartazes e contive direto

DATA: 31.05.77

HORÁRIO: de 10:25 às 12:20h.

LOCAIS: Anfiteatro no. 09 - Todo o ICC - Tecnologia e Lateral Sul do Restaurante

No. DE PARTICIPANTES: +- 500

COORDENAÇÃO: Mesa composta por aproximadamente 40 (quarenta) alunos, componentes

das chamas que disputaram as últimas eleições, liderados por ANTONIO RAMAIANA DE

BARROS RIBEIRO

ASSUNTOS ABORDADOS

1. O aluno Antonio Ramaiana, abriu a assembléia, informando que o objetivo da mesma era

adotar posição contra as punições impostas pelo “Azevedo” a 16 colegas.

2. A Alina Maria Tereza O. de Souza, tomou a palavra e declarou que aquela assembléia nada

mais tinha a resolver, por o que tinha de ser feito era a paralisação das aulas (greve),

conforme havia sido decidido no “Ato Público”.

3. O aluno Heitor Matalo Júnior, sugeriu que fosse feito um novo “Ato Público”, ainda hoje

ou amanha.

4. A aluna Florianita Coelho Braga, expressou-se dizendo que essas repressões estudantis são

de caráter nacional e que aqui em Brasília o “Azevedo” é o símbolo dessa repressão que se

espalha por todo o Brasil. Citou que ali naquela assembléia haviam policiais e que distorciam

os assuntos dando informações contrárias.

5. O aluno Juarez Pires da Silva, ratificou a sugestão de greve e sugeriu a possibilidade de

aproveitaram amanhã para fazer contatos com deputados, para que viessem aqui às 10:00h

para falar sobre política. Sugeriu ainda, que fosse feita uma “carta aberta” a todas as entidades

estudantis, OAB, CIME, ABI e a população em geral, convidando para aderirem ao

movimento de greve.

6. O aluno Jorge Augusto de O. Vinhas, também se manifestou ratificando a posição de greve

defendida pelos demais e pedindo que não se acomodassem.

7. O aluno de pós-graduação - José Ralf de O. Campos, se manifestou informando que aquela

assembléia estava ali reunida, em cumprimento à promessa que foi feita por ocasião do último

“Ato Público” (SE HOUVER PUNIÇÃO HAVERÁ PARALISAÇÃO). Sugeriu que a referia

assembléia não passasse das 10:00h, a fim de que ninguém se dispersasse o que partissem

logo em passeata pelo “minhocão” e depois para o Restaurante, onde deveriam continuar

aquela assembléia.

8. O aluno Flávio Alberto Botelho, informou que o objetivo daquela assembléia não era se

posicionarem apenas contra as punições, mas contra o jubilamento, taxas, MGA. BN baixo

nível de ensino, etc.

9. O aluno Wallace José Cesana, lembrou a todos que quarta feira seria a posse da nova

Diretoria do DU e que todos deveriam se fazer presentes a esse ato, pois o DU são todos e

não apenas a Diretoria.

PASSEATA

1. A assembléia se desfez em passeata e se deslocou em direção a ala Norte do ICC, gritando

em coro: “HOUVE PUNIÇÃO HAVERÁ PARALISAÇÃO” “ABAIXO A REPRESSÃO

COM A PARALISAÇÃO” - “GREVE - GREVE - GREVE”.

2. Rumaram em seguida para área da Tecnologia, de onde partiram para o Restaurante.

3. Ingressaram no Restaurante convidando a todos que participassem da continuidade da

assembléia que seria realizada na parte externa daquele RU. Os alunos Paulo Henrique Veiga

e Maria Auxiliadora M. Valle, foram observados sobre um banco convidando os usuários a

participarem da assembléia.

REINÍCIO DA ASSEMBLÉIA

1. O aluno Virgílio Ribeiro Mota, sugeriu que fosse imediatamente criadas algumas

comissões para poder levar esta luta de uma maneira organizada e sólida.

2. O aluno Alcides Bartolomeu de Faria, declarou que o movimento tende a crescer e que o

Reitor com estas novas punições tentou mais uma vez dar fim a esta luta que não vai parar,

até que sejam resolvidas as punições, as taxas, o jubilamento e toda forma de repressão.

3. O aluno macro Antonio Ribeiro V. Lima, sugeriu que formassem comissões para ir à

Faculdade de Educação, Educação Física e Sobradinho, a fim de que todos aderissem à greve.

4. A aluna Artlete Avelar Sampaio, declarou que a única forma de dialogar do Reitor da UnB

era abraçando com punições.

5. O aluno Carlos Geraldo Megale, manifestando-se sugerindo que fosse feito uma “NOTA

DE REPÚDIO” a toda imprensa de Brasília, porque a mesma dá todo o apoio às decisões do

“Azevedo”.

6. O aluno Antonio João da Silva sugeriu que fosse feita uma calourada para o DU, pois o

mesmo não tinha dinheiro e havia a necessidade desta coleta para a compra de papel e tinta

para a confecção de cartazes, aquisição de um Megafone e um Mimeógrafo. Frisou ainda que

os “dedos duros” ali presentes, tivessem consciência do que estavam fazendo, pois havia

colega punido que não tinha participação do movimento.

7. Uma aluna de pós-graduação em Sociologia, explicou aos presentes que os alunos de pós-

graduação iriam se reunir hoje às 15:00h, na Sociologia, para aderir à greve, em virtude de

terem sido punidos três de seus colegas.

8. O aluno Paulo Henrique Veiga, solicitou que fossem logo formadas as comissões e se

distribuíssem logo pelas entradas do ICC, a fim de bloquear o ingresso dos demais alunos.

9. O aluno Flávio Alberto Botelho, avisou a todos que a partir de amanhã será iniciada a

“assembléia permanente”.

10. Em seguida, se dispersaram par ao almoço.

MOVIMENTO DE GREVE

1. Os grupos que se postaram nas entradas do ICC, enfileiraram cadeiras retiradas de aulas

adjacentes, bloqueando o acesso daqueles que chegavam para assistir as aulas da tarde

2. Outros grupos se dirigiram às salas de aula de onde chegaram a solicitar que o Professor as

retirasse.

3. No restaurante, houve pichação com giz de cera.

4. Na Agronomia, vários alunos se postaram confeccionando cartazes com os mais diversos

dizeres: “GREVE - GERAL”, etc.

5. Um grupo de alunos se descolou até ao Departamento de Biblioteconomia, com a

finalidade de paralisar as aulas.

6. Outro grupo se dirigiu ao Departamento de Educação Física, por volta das 16:00h, com a

mesma finalidade.

7. Na faculdade de Estudos Sociais Aplicados, observou-se que alguns dos seus

Departamentos foram fechados à base de pressões de grupos grevistas.

8. Os anfiteatros foram fechados após a retirada dos alunos que participavam da aula.

9. Algumas escadas de acesso às sobrelojas do ICC, foram bloqueadas, com cadeiras.

OUTROS PARTICIPANTES IDENTIFICADOS

- Agamenon de Araújo Souza

- Araquem Nascentes Alves

- Ana Maria Navarro Garcia

- Aderbal Borges da Silva

- Adão Luiz Bastos Bessa

- Areolino Moreira do Bonfim

- Armando Nobre Mendes

- Bruno Bormann Zero

- Bento José de Menezes e Silva

- Caetano Ernesto da Fonseca C. P. de Araújo

- Carlos Adalberto Estuqui Filho

- Daniel Golçalves Mendes

- Eliane Cunha e Cruz Vieira

- Evelyn de Oliveira Pena

- Eliana Bontempo Rabelo

- Eurípedes Alvarenga Barbosa

- Edser Guimarães Costa

- Francisco de Assis Sabino Dantas

- Felício Sala Neto

- Hudson Cunha

- Helio Lopes dos Santos

- João Simplício Lopes Martins

- Jose Eduardo Guimarães Alves

- José Carlos Camapum Barroso

- João Alberto Gomes e Silva

- Joaquim Vieira da Silva Filho

- José Roberto Bernardes

- João Nogueira Fanuchi

- João Francisco de S. Castro Gomes

- Lucas Vieira Barros

- Levi Emerick

- Luiz Antonio Nigro Falcoski

- Luiz Gonzaga da Cunha

- Leila Abdalah

- Luciano A. Gonzaga Vilarino

- Maria da Conceição Correia de Caldas Rodrigues

- Maria do Rosário Caetano

- Marisia Dias de Oliveira

- Mauro Assis

- Manoel Augusto dos Santos

- Manoel Mozart Machado

- Maria Rita de Medeiros

- Mirantan Barbosa de Sousa

- Mitchurim Borges Diniz

- Maria Angela Noronha Serpa

- Maria Auxiliadora de M. Valle

- Neusa de Paula Xavier

- Olegário José Mundim

- Paulo Faccio Neto

- Paulo Roberto Cardoso de Miranda

- Percival de Sá Cruz Júnior

- Raimundo Nonato Aires

- Regina Helena da Silva Nascimento

- Regina Célia Oliveira Campos

- Reinaldo Rios Maciel

- Ricardo Ferreira da Silva

- Rocine Castelo de Carvalho

- Rute Silva Lima

- Rubens de Carvalho Filho

- Sérgio Mascarenhas de Moura

- Silvio Roberto Cardoso

- Severino Firmino dos Santos

- Shunichi Tanioka

- Solomon Cytrynowicz

- Sueli Aparecida Navarro Garcia

- Wesley Martins Fernandes

- Wilson Ferreira Gomes

ESE - 11.05.77

SPP

((Outra versão desse relatório nas páginas 32 a 34))

RELATÓRIO No. 3900/31/AC/77

DATA: 15 JUN 77

ASSUNTO: Movimento estudantil na UnB dia 15 jun 77

Difusão: CH/AC - SC-1

Hoje, 15 jun 77, os alunos da UnB realizaram uma assembléia no Teatro de Arena, que se

iniciou às 10:20hs e teve seu término às 12:00hs. Durante a assembléia, que contou com a

participação de certa de 1.500 estudantes, foram abordados os seguintes assuntos:

1. Inicialmente houve uma apresentação de uma PEC a teatral intitulada. “Os sapos da tia

Azedinha” por um grupo de 08 a 10 alunos;

2. O aluo MARCO ANTONIO RIBEIRO LIMA fez a leitura de uma carta dos alunos

secundaristas de BRASÍLIA, em apoio ao Movimento da UnB;

3. Em seguida, o aluno FLÁVIO ALBERTO BOTELHO procedeu à leitura de uma carta dos

universitários de GOIÁS apoiando o ME-UnB e de uma outra, também em apoio ao ME-

UnB, mandada pelos alunos do 6º ano de Medicina da UFMG. Posteriormente, explicou aos

presentes, que havia a necessidade de se fazer uma análise da atual Situação Política do

BRASIL, e que estas “repressões” não passariam de ameaças, porque quando há manifestação

existem problemas, tais como: falta de transporte, melhores salários, baixo nível de ensino e

liberdades democráticas. Concluiu dizendo que “esta conversa de dizer que o lugar do

Universitário é dentro do Campus é mentira, pois nós temos as mesmas dificuldades e

problemas que sofrem a população; o Governo dá só 4% de verba prá a educação enquanto dá

12% para o Exército”.

4. O aluno JOSÉ RALF DE OLIVEIRA CAMPOS comentou que “os alunos não deveriam

esperar o apoio do MDB, OAB e ABI porque esses grupos tinham seus problemas e quando

eles intervêm é porque tem os seus próprios interesses, deveriam confiar é na manifestação

popular e frisou ainda a necessidade de uma assembléia constituinte livre e soberana em todos

os setores da população para lutarem por “Liberdades democráticas”.

5. O aluno VIRGÍLIO RIBEIRO NETO usando da palavra fez o seguinte esclarecimento:

“colegas, hoje pela manhã quando aqui chegamos, deparemos com uma Bandeira Nacional

com uma foice e um martelo no seu centro. Quero explicar que isso não foi obra nossa e sim

de alguém que quer nos provocar, portanto não devemos de maneira alguma aceitar essas

provocações. Fatos como este só podem ser do Sr. AZEVEDO ou da Polícia, que tem

capacidade para esse tipo de coisa...”

6. O aluno ANTONIO RAMAIANA DE B. RIBEIRO fez a leitura de uma carta, enviada pela

FEEAB, em apoio às reinvidicações dos alunos da UnB, ou seja pela revogação das punições

“injustas” aos 16 colegas suspensos.

7. O aluno HEITOR MATALLO JUNIOR apoiou o aluno JOSÉ RALF DE O. CAMPOS e

comentou que a população sofre tais repressões devido à falta de sindicatos organizados que

lhes dêem apoio para lutarem por “liberdades democráticas”;

8. A aluna MARIA FRANCISCA A. DE SOUZA sugeriu que fosse comentada sobre a

cassação do Dep. MARCOS TITO, ocorrida ontem, o que não foi aceito pelo plenário;

9. A aluna MARIA AUXILIADORA DE M. VALLE manifestou-se, mas não foi ouvida;

10. O aluno SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA concordou com o aluno JOSÉ RALF

CAMPOS, “mas que a assembléia constituinte deveria ser formada pela comunidade, pois só

assim a população conseguiria resolver seus problemas. Sugeriu ainda, que os secundaristas

ali presentes, deveriam apanhar várias cartas abertas para serem levadas para seus colégios”

(anexo);

11. O aluno FLÁVIO ALBERTO BOTELHO comentou que o conselho universitário estaria

se reunindo ainda hoje ou amanhã, 16 jun, para o julgamento do recurso pela revogação das

punições e convocar o pessoal para à partir das 14:00hs se reunirem na R. II (?), para

continuar com o ME.

NOTA : Foi observado a chegada de um grupo de alunos secundaristas dos colégios

MARISTAS, SP-B, PRÉ-UNIVERSITÁRIO, tendo à sua frente o aluno CARLOS

GERALDO MEGALLE. Traziam ainda uma faixa com os seguintes dizeres:

“SECUNDARISTAS APOIAM”.

RELATÓRIO 2255/31/AC/77

(RELATÓRIO OP. no. 048/NOp/BS/77)

DATA: 15 JUN 77

ASSUNTO: UnB/Mov. Estudantil - Assembléia Estudantil (“ATO PÚBLICO”)

LOCAL: Teatro de Arena/UnB

DIFUSÃO: SC-1

1. O presente relatório é fruto de observação direta de Agente no decorrer da Assembléia,

alusiva ao chamado ATO PÚBLICO”, realizado no Teatro de Arena da UnB, no horário de

10:45 às 12:15hs do dia 15-06-77. O mesmo representa comentário do Agente, pois,. Doados

precisos referente ao assunto poderão ser extraídos das fitas magnéticas gravadas no local.

Este, portanto, visa apesar oferecer ao Analista sobre os discursos de JOSÉ DE OLIVEIRA

CAMPOS, HEITOR MATALLO JÚNIOR, MARIA FRANCISCA A. SOUZA e SÉRGIO

MASCARENHAS DE MOURA, cuja maneira de serem pronunciados, quis parecer ao

Agente possuírem forte conotação marxista.

a. JOSÉ RALF DE OLIVEIRA CAMPOS, que as caracteriza pela maneira de proceder

nas reuniões de que toma parte, sempre sendo escutado como conselheiro; no decorrer do seu

discurso abordou, dentre outros tópicos como: “Anistia de presos políticos” - “a palavra de

ordem” “construção já publicou em sua imprensa” “necessidade de criação de órgãos de

base” etc.

b. HEITOR MATALLO JUNIOR, este aluno, pelo que se tem observado, apesar de ser

atuante no Movimento Estudantil é bastante comedido em seus pronunciamento s perante as

Assembléias que se vem realizando na UnB neste últimos dias; entretanto, em 15/06/77, ao

discursar, fê-lo, apoiando JOSÉ RALF, e, usando linguagem e gestos que reforçaram ainda

mais o cunho aparentando marxista do discurso daquele.

c. MARIA FRANCISCA A. DE SOUZA (segundo identificação do SPP/UnB).

A aluna não chegou a discursar limitando-se apenas a uma proposta, aliás, recebida em

silêncio pela Assembléia. Tal proposta foi a seguinte - “já que estamos falando em liberdades

democráticas, precisamos lavrar um termo de apoio ao deputado MARCOS TITO - o MDB”.

Tal proposta não foi aceita pela assembléia.

- “Cassado por estar lutando também por liberdades democráticas” (mais ou menos o que foi

pronunciado pela aluna).

Obs: Esta mesma aluna, em 10/06/77, durante a Assembléia matinal realizada na Ala Norte

do IC/UnB, portava e leu, na citada assembléia, uma carta do ex-Deputado CHICO PINTO

em apoio aos estudantes da UnB.

d. SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

1) O aluno, além de aparentar estar indicado para “dar um recado especial”, pois, falou de

maneira a estar conduzindo uma mensagem externa, citou “movimentos de base” que se vem

realizando em São Paulo, no caso, Associações de Bairro, citando ainda movimento de

operários no seu discurso. Obs: o agente está em dúvida ter sido este aluno ou se HEITOR

MATALLO JUNIOR que abordou a necessidade de criação de uma UNE União Nacional dos

Estudantes.

2) Sérgio Mascarenhas de Moura, contradisse o que foi dito por Flávio Alberto Botelho, na

assembléia, quando Flávio tentou justificar o porque da carta aberta à população, dizendo que

“tudo que é de interesse da população é do trabalhador, é do interesse dos universitários,

porque ésteres também são trabalhadores e filhos de trabalhadores, e fazem parte da

população. Que entre eles, existem vários colegas universitários que não tem uma mesada,

porque o pai ganha vive oprimido, eles, os universitários, devem falar, reivindicar em favor

de todos, e contar com o apoio de toda a população”.

3) Sérgio Mascarenhas de Moura, em seu pronunciamento, ressaltou a posição deles, os

universitários, que “tem os pais para sustentá-los, e por isso a maioria não trabalha, em

conseqüência, podem dispostas de tempo para se organizar e montar grupos de trabalho para

manter a greve”.

2. Ainda fatos observados sobre MARIA FRANCISCA AMARAL de SOUZA

a. Em 10 JUN 77, durante assembléia na Rampa 2 do ICC/Norte, MARIA FRANCISCA

AMARAL DE SOUZA, aluna do curso de Pedagogia da UnB mat. 7407903, leu uma carta de

apoio de jornalistas aos estudantes, da qual o ex-Dep FRANCISCO PINTO era um dos

signatários.

Ainda no dia 10 JUN, entregou a comissão de alunos que foi a OAB-DF - Ordem dos

Advogados do Brasil, Secção DF.

b. Em 15 JUN, durante assembléia realizada no Teatro da Arena, apresentou uma moção

de apoio ao ex-Dep MARCOS TITO, uma vez que na assembléia estava se discutindo sobre

Liberdades Democráticas e Direitos Humanos. Essa moção não foi aceita pela assembléia.

c. Dados de qualificação.

- FIL: CARLOS EDUARDO ALVES DE SOUZA e BEATRIZ BARROS DO AMARAL

- DDN: 21 DEZ 57 - Rio de Janeiro/RJ

- IDT: 5965 - MRE

- END: SQN 408 - K - 102

3. Dados conhecidos sobre SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA:

Segundo informe de um oficial da PmDF, sobre o nominado, este NOp recebeu os

seguintes dados:

a. FIL: MIGUEL DE MOURA e LÉLIA MASCARENHAS DE MOURA

- O pai é funcionário do TFR - Seção de Turmas

- Os pais (ambos) seriam do PCB

- Sérgio teria todo o apoio da família

- Caso aconteça alguma coisa com Sérgio, seria enviado para o exterior.

- Seus tios (irmã de sua mãe e marido da tia) teriam vindo recentemente da RÚSSIA.

b. Dados da qualificação

- Sérgio é filho único

DDN: 03/04/58 - BH/MG

IDENT. 416079/SSP/DF

END: SQS 106 B1 I Apto. 403

FONE: 422936

CURSO: BÁSICO DE AGRONOMIA - MAT. 76/02375

INFORMAÇÃO No. 4055/31/AC/77

(INFÃO 376/NOp/BS/77)

DATA: 20 jun 77

ASSUNTO: UnB/MOVIMENTO ESTUDANTIL

DIFUSÃO: SC/1

Relação de alunos da UnB que têm tido participação ativa no Movimento Estudantil,

durante o mês Jun 77:

- Agamenon de Araújo Souza (*)(**)

- Antonio Carlos de Alcântara Valente

- Antonio Marcio Junqueira Lisboa Junior

- Antonio Ramaiana de Barros Ribeiro (*)(**)

- Areolino Moreira do Bonfim

- Arlete de Avelar Sampaio (*)

- Alexandre Pereira da Costa

- Augusto Dias Cardoso

- Carlos Adalberto Estuqui Filho

- Carlos Alberto Pires Rayol (*)

- Carlos Geraldo Megale

- Daniel Golçalves Mendes (*)

- Eliane Cunha e Cruz Vieira

- Everaldo Maia de Queiroz

- Evelyn de Oliveira Pena (*) (irmã de HELENY DE O. PENA)

- Felipe Pullen Parente

- Flávio Alberto Botelho (*)(**)

- Florianita Coelho Braga (*)(**)

- Francisco de Assis Sabino Dantas

- Heitor Mattalo Júnior (*)(**)

- Hélio José Araújo Brandão (*)

- Helio Lopes dos Santos (**)

- Heleny de O. Pena (*)

- Hudson Cunha (*)(**)

- João Francisco de S. Castro Gomes (*)

- João Simplício Lopes Martins (*)(**)

- Jorge Augusto Oliveira Vinnas (*)(**)

- José Leme Galvão Júnior

- Juarez Pires da Silva (*)(**)

- Leila Abdalah

- Licia Nara de Carvalho Pereira

- Luciano A. Gonzaga Vilarino (*)(**)

- Luiz Antonio Nigro Falcoski (*)(**)

- Marcos Antonio Ribeiro de Lima (*)(**)

- Maria Auxiliadora de Medeiros Vale (*)(**)

- Maria Angela Noronha Serpa (*)(**)

- Maria Francisca Alves de Souza (*)(**)

- Maria Tereza G. de Souza (*)(**)

- Michel Zaidan Filho (*)(**)

- Nilson de M. A. Cerqueira

- Olegário José Mundim

- Paulo Henrique Veiga (*)(**)

- Paulo Roberto Cardoso de Miranda (*)

- Raimundo Nonato Aires

- Ralfe de Oliveira Campos (*)(**)

- Ricardo Ferreira da Silva

- Salomão Cytrynowicz

- Sérgio Mascarenhas de Moura (*)(**)

- Sidnei da Costa Maia

- Tânia Fernandes Ferreira (*)

- Virgílio Ribeiro Neto (*)(**)

- Waltair Vieira Machado (*)

LEGENDA:

(*) Alunos que se pronunciam com freqüência, durante as assembléias

(**) Elementos considerados mais atuantes no Movimento Estudantil.

ENCAMINHAMENTO No. 4230/31/AC/77

DATA: 28 JUN 77

ASSUNTO: MOVIMENTO ESTUDANTIL NA UnB - RELATÓRIO

DIFUSÃO: SC-1

Esta SC-3 encaminha relatório elaborado pela Reitoria da UnB, versando sobre o ME

naquela Universidade no período de 31 Mai a 22 Jun 77.

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - RELATÓRIO 01/77

ÍNDICE

NOTAS

a - NOME - Página onde foi citado

b - (*) = quantas vezes foi citado na mesma página

- Aderval Borges da Silva - 61.

- Adilson Marcondes - 43, 44.

- Agamenon de Araújo Souza - 18(2), 26, 30, 33, 43, 51, 56, 59, 61.

- Alcides Bartolomeu de Faria - 3, 6, 8, 15, 32, 37, 43(2), 46, 51(2), 52.

- Aluízio da Costa e Silva (Professor) - 16.

- Ana Lúcia do Carmo Luiz - 43.

- Antonio João da Silva - 3.

- Antonio Ramaiana de Barros Ribeiro - 1, 9, 10, 11, 12, 13(3), 21, 23, 26, 32, 39, 41, 43, 52.

- Arlete Avelar Sampaio - 3, 19, 21, 25, 48, 49.

- Carlos Alberto de Almeida - 49, 56, 58.

- Carlos Geraldo Megale - 3, 19, 42, 44, 61, 63.

- Carlos Idemi Uesugui - 60, 62.

- Celso Chiarini (Professor) - 47.

- Cláudia Hoffman Mota - 60, 62.

- David Emerich (ex-aluno) - 39.

- Edson Machado (Professor-MEC) - 27.

- Eraldo Soares Dias - 60.

- Érika Jucá Kokay - 12, 20, 61.

- Eurípedes Alvarenga Barbosa - 61.

- Evelyn de Oliveira Pena - 37(2).

- Everaldo Maia de Queiroz - 35, 37.

- Flávio Alberto Botelho - 2, 4, 12, 15, 17(2), 20, 22(2), 25, 27, 28, 29(3), 34, 36, 37, 38, 40,

41, 45(2), 46(2), 47, 53(2), 61(2), 65.

- Florianita Coelho Braga - 1, 18, 30.

- Frederico Simão Barbosa (Professor) - 23.

- Ganda (Professor) - 22.

- Geysa Maria Brasil Xaud - 61.

- Gláucio Dilon Soares (Professor) - 23.

- Hailim Lauriano Dias - 55.

- Heitor Mattalo Júnior - 1, 10, 21, 22, 27(2), 33, 41, 61.

- Helio Lopes dos Santos - 26, 62.

- Henrique Keiger (Professor) - 22.

- Hudson Cunha - 21, 22, 27(2), 33, 36, 37, 43, 45, 52.

- Ivaneck Perez Alves - 23, 30, 32, 50.

- João Bosco de C. de Aquino - 47.

- João Constantin Kefalas - 56.

- João Francisco de C. S. Gomes - 37.

- João Francisco de S. Castro - 60.

- João Nogueira Fanuchi - 56.

- João Simplício Lopes Martins - 11, 15, 26, 39, 43(2), 45, 49.

- Jorge Augusto Oliveira Vinnas - 2, 7, 14, 21, 22, 27, 37.

- José Alves Bezerra Filho - 52.

- José Carlos Teramussi - 44, 64.

- Jose Eduardo Guimarães Alves - 61.

- José Ralf de Oliveira Campos - 2, 8, 10, 17, 36, 37, 40, 41(2), 46(2), 49, 50.

- Juarez Pires da Silva - 2, 8, 49, 58, 61(2), 62.

- Juvenal Lira de Mesquita - 37(2), 61.

- Leila Abdalah - 37, 42, 43, 63.

- Lúcia Farias Ferreira - 14, 58.

- Luciano A. Gonzaga Vilarino - 19, 21, 23, 25, 28, 61.

- Luiz Antonio Nigro Falcoski - 15, 21, 42, 43.

- Luiz Paulo Rosemberg (Professor) - 16.

- Limi Kihara - 61.

- Manoel Mozart Machado - 18, 32, 61, 62.

- Marco Antonio Ribeiro V. de Lima - 3, 11, 20(2), 29(2), 31, 40, 61.

- Maria Angela Noronha Serpa - 12, 15, 35, 43, 45, 48.

- Maria Auxiliadora de M. Valle - 3, 32, 33(2), 37, 38, 39, 41, 43, 44(2), 45(2), 48, 60.

- Maria Bueno Benevides - 34.

- Maria do Rosário Caetano - 14.

- Maria Tereza G. de Souza - 1, 13, 21, 32, 34, 43, 46, 48(2), 59.

- Michel Zaidan Filho - 9, 10, 31, 49.

- Milton Biage - 63.

- Milton Palma Cabral (Professor) - 16.

- Mitchurim Borges Diniz - 57.

- Mauro Assis - 63.

- Olegário José Mundim - 37.

- Paulo Henrique Veiga - 3, 4, 9, 10, 13, 14, 15(2), 26, 34, 37.

- Paulo Roberto Cardoso de Miranda - 15.

- Pedro Paulo Eleutério de Barros Lima - 19, 31, 50.

- Rocine Castelo de Carvalho - 38, 52.

- Savóia (Professor) - 22.

- Sérgio Baião Cordeiro (Professor) - 16.

- Sérgio Mascarenhas de Moura - 35(2), 37, 41, 42, 50.

- Wallace José Cesana - 3, 14, 19, 27, 41, 43, 48, 53, 58, 60(2), 65.

* Catsumi Iwakawa - 64.

* Mauro Carneiro - 15.

* Newton Camargo de Paula - 48, 52.

* Sueli Gonzales (Professora) - 16.

* = fora de ordem.

ERRATA - Na página 58, onde se lê Lúcia Ferreira Farias, leia-se: Lúcia Farias Ferreira.

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

RELATÓRIO No. 01/77

RETROSPECTIVA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL DESENVOLVIDO ENTRE

31.05.77 e em 31.05.77 (terça-feira)

2. Alguns grupos de alunos, logo por volta das 08:30h, começaram a preparar, nas paredes das

diversas repartições, faixas e cartazes divulgando uma “assembléia geral” para as 10:00h no

Anfiteatro no. 9 do ICC.

3. O objetivo desta assembléia foi protestar contra as punições impostas pela Reitoria em 30.05.77 e

visando a paralisação total das aulas.

4. A “assembléia” se desenvolveu entre 10:25 e 11:15h, com um número aproximadamente de 500

participantes s sob a coordenação de uma mesa composta por +- 40 (quarenta) alunos componentes

das chapas que disputaram as últimas eleições par ao Diretório Universitário - DU, liderados por

Antonio Ramaiana de B. Ribeiro.

5. Os assuntos abordados nesta “assembléia” foram os seguintes:

9.1. O aluno Antonio Ramaniana, abriu a assembléia, informando que objetivo da mesma era adotar

posição contra as punições impostas pelo “Azevedo” a 16 colegas.

9.2. A aluna Maria Tereza G. de Souza, tomou a palavra e declarou que aquela “assembléia” nada

mais tinha a resolver, pois o que tinha de ser feito era a paralisação das aulas (greve), conforma havia

sido decidido no “Ato Público .

9.3. O aluno Heitor Matallo Júnior, sugeriu que fosse feito um novo “Ato Público”, ainda naquele dia

ou no seguinte.

9.4. A aluna Florianita Coelho Braga, expressou-esse dizendo que essas repressões estudantis são de

caráter nacional e que aqui em Brasília o “Azevedo” é o símbolo dessa repressão que se espalha por

todo o Brasil. Citou que ali naquela assembléia haviam policiais e que distorciam os assuntos dando

informações contrárias.

4.5. O aluno Juarez Pires da Silva, ratificou a sugestão de greve e sugeriu a possibilidade de

aproveitarem o dia seguinte para fazer contatos com deputados, para que viessem aqui às 10:00h para

falar sobre política Sugeriu ainda, que fosse feita uma “carta aberta” a todas as entidades estudantis,

OAB, CIME, ABI e à população em geral, convidando para aderirem ao movimento de greve.

4.6. O aluno Jorge Augusto de O. Vinhas, também se manifestou ratificando a posição de greve

defendida pelos demais e pedindo que não se acomodassem.

4.7. O aluno de pós-graduação José Ralf de O. Campos, se manifestou informando que aquela

assembléia estava ali reunida em cumprimento à promessa feita por ocasião do “Ato Público” (SE

HOUVER PUNIÇÃO, HAVERÁ PARALISAÇÃO). Sugeriu que a referida assembléia não passasse

das 11:00h, a fim de que ninguém dispersasse e que partissem logo em passeata pelo “minhocão” e

depois para o Restaurante, onde deveriam continuar aquela assembléia.

4.8. O aluno Flávio Alberto Botelho, informou que o objetivo daquela assembléia não era se

posicionarem apenas contra as punições, mas contra o jubilamento, taxas, MGA, baixo nível de

ensino, etc.

4.9. O aluno Wallace José Sesana, lembrou a todos que quarta-feira seria a posse da nova Diretoria

do DU e que todos deveriam se fazer presentes a esse ato, por o DU são todos e não apenas a

Diretoria.

6. Por volta das 11:20h, a “assembléia” se transformou em passeata e se deslocou em direção à ala

Norte do ICC, gritando em coro: “HOUVE PUNIÇÃO, HAVERÁ PARALISAÇÃO” - “ABAIXO À

REPRESSÃO, COM A PARALISAÇÃO” - “GREVE - GREVE - GREVE”.

7. Rumaram em seguida para a área da Tecnologia, de onde partiram para o Restaurante.

8. Ingressaram no Restaurante e convidaram a todos os usuários que ali se encontravam a

participarem de nova assembléia que seria realizada na parte externa daquele RU. Os alunos Paulo

Henrique Veiga e Maria Auxiliadora M. Vale, foram observados sobre um banco convidando os

usuários a participarem da assembléia.

9. Por volta das 11:40h, a “assembléia “ é reiniciada, sendo nela abordados os seguintes assuntos:

9.1. O aluno Virgílio Ribeiro Neto, sugeriu que fossem imediatamente criadas algumas comissões

para conduzirem a luta de uma maneira organizada e sólida/

9.2. O aluno Alcides Bartolomeu de Faria, declarou que o movimento tendia a crescer e que o Reitor,

com estas novas punições, havia tentado mais uma vez dar fim a esta luta que não vai parar até que

sejam resolvidas as punições, as taxas, o jubilamento e toda forma de repressão.

9.3. O aluno Marco Antonio Ribeiro V. Lima, sugeriu que formassem comissões para irem à

Faculdade de Educação, Departamento de Educação Física e Hospital de Sobradinho, a fim de que

todos aderissem à greve.

9.4. A aluna Arlete Avelar Sampaio, declarou que a única forma de dialogar do Reitor da UnB era

ameaçando com punições.

9.5. O aluno Carlos Geraldo Megale, manifestou-se sugerindo que fosse elaborada uma “NOTA DE

REPÚDIO” a toda imprensa de Brasília, porque a mesma dá todo apoio às decisões do “Azevedo”.

9.6. O aluno Antonio João da Silva, sugeriu que fosse feita uma coleta para o CU, pois o mesmo não

tinha dinheiro e havia a necessidade desta coleta para a compra de papel e titã para a confecção de

cartazes aquisição de um Megafone e um Mimeógrafo. Frisou ainda que os “dedos duros”ali

presentes, tivessem consciência do que estivessem fazendo, pois havia colega punido que não tinha

participado do movimento.

9.7. Uma aluna de pós-graduação em Sociologia, explicou aos presentes que os alunos de Pós-

Graduação iriam se reunir naquela data - às 15:00h, na Sociologia, para aderirem à greve, em virtude

de terem sido punidos três de seus colegas.

9.8. O aluno Paulo Henrique Veiga, solicitou que fossem logo formadas as comissões e se

distribuíssem logo pelas entradas do ICC a fim de bloquear o ingresso dos demais alunos.

9.9. O aluno Flávio Alberto Botelho, avisou a todos que a partir do dia 01.06.77 seria iniciada a

“assembléia permanente”.

9.10. Em seguida, se dispersaram para o almoço.

MOVIMENTO DE GREVE

10. Logo nas primeiras horas da tarde os grupos de “piquete” se mobilizaram para assegurar a greve

geral.

9.1. Os grupos que se postaram nas entradas do ICC, enfileiraram cadeiras retiradas de salas

adjacentes, bloqueando o acesso daqueles que chegavam para assistir as aulas da tarde.

9.2. Outros grupos se dirigiram às salas de aula, de onde chegaram a solicitar que o Professor se

retirasse.

9.3. No Restaurante, houve pichação com giz de cera.

9.4. Na Agronomia, vários alunos se postaram confeccionando cartazes com os mais diversos dizeres:

“Greve Geral”, etc.

9.5. Um grupo de alunos se deslocou até ao Departamento de Biblioteconomia, com a finalidade de

paralisar as aulas.

9.6. Outro grupo se dirigiu no Departamento de Educação Física por volta das 16:00h, com a mesma

finalidade.

9.7. Na faculdade de Estudos Sociais Aplicados, observou-se que alguns dos seus Departamentos

foram fechados à base de pressões de grupos grevistas.

9.8. Os Anfiteatros foram fechados após a retirada dos alunos que participavam de aulas.

9.9. Algumas escadas de acesso às sobrelojas do ICC, foram bloqueadas com cadeiras.

9.10. Um grupo de aproximadamente 150 alunos, se postou em círculo na entrada Norte do

ICC, onde permaneceram até por volta das 19:30h.

9.11. Do local acima, o grupo se deslocou para as dependência do DU, onde permaneceu até

por volta das 00:30h.

9.12. Consta que durante a permanência no DU, citada acima, um elemento foi ouvido

orientando os demais presentes sobre como usar máscara contra gases. O citado elemento fez

demonstração com uma máscara e formou que na ausência da mesma fosse usado um lenço

umedecido.

9.13. Por determinação da Reitoria, todo o Serviço de limpeza da UnB foi mobilizado para

recolocar todas as cadeiras nas salas de aulas, o que foi feito no período noturno.

Em 01.06.77 (quarta-feira)

2. Por volta das 07:30h, foi observado que os moradores do bloco “A” do Centro Desportivo

(alojamento estudantil), desceram quase todos juntos e se dirigiram ao ICC, onde, juntamente com

outros que lá estavam começaram a transportar cadeiras das salas de aulas para novamente refazerem

os bloqueios às entradas principais e extremidades.

3. A medida em que as salas iam sendo abertas pelos funcionários responsáveis, o grupo ia retirando

as cadeiras para serem usadas nos “piquetes”.

4. Em seguida passaram a agir, divididos em grupos, paralisando as aulas que já haviam se iniciado.

5. Após alguns minutos de pressão, conseguiram, inclusive, paralisar uma prova de uma das

disciplinas do curso de Biologia.-

6. Foi também observado um grupo que se deslocou para a Faculdade de Educação, onde invadiram

as salas de aulas solicitando que os alunos se retirassem e amontoaram cadeiras nos cantos das salas.

7. Por volta das 09:30h, foi apresentada uma peça “O REI THOR NO REINO DOS URUBUS”, a

qual criticava de maneira cômica o Reitor da UnB e a sua administração. Esta peça foi apresentada no

Hall da entrada Sul do ICC e foi presenciada por +- 700 pessoas.

8. Deste local, um grupo saiu para o Departamento de Engenharia Elétrica, a fim de interromper as

aulas e os demais se dirigiram ao Anfiteatro no. 9.

9. No anfiteatro no. 9 observou-se que um elemento não identificado (moreno claro, +-1,75m,

cabelos pretos, óculos de grau, meia barba) informou aos demais eu os Deputados estavam com receio

de ir àquele recinto para falar sobre o tema “Constituinte”, tendo em vista a situação de greve.

10. Outro elemento, também não identificado (barbudo, barba fechada e bem preta), levantou-se e

disse que não estava certo os Deputados na o quererem falar, pois a luta também era deles, portanto a

palestra tinha que ser dada, mesmo que fosse sobre outro assunto correlato com a situação. Em

seguida sugeriu que aquela reunião fosse transferida para o “Teatro da Arena”.

11. Por volta das 10:30h, iniciaram o deslocamento, em passeata, para o “Teatro de Arena”,

chegando ao referido local às 10:40h.

12. Aproximadamente 1.500 pessoas se acomodaram no “Teatro de Arena”, onde foi iniciado a

palestra, durante a qual foram abordados os seguintes assuntos:

11.1. O aluno Alcides Bartolomeu de Farias, anunciou a presença dos Senhores Deputados

AIRTON SOARES, JOÃO GILBERTO e SANTILLI SOBRINHO, passando a palavra para o

primeiro.

11.2. O Deputado Airton Soares, falou que o momento não era oportuno para falar sobre

“Constituinte”, mas já que estavam ali ofereciam todo o apoio ao movimento. Todavia, ressaltou que

precisavam regressar imediatamente à Câmara, pois estava pra ser cassado um de seus colegas,

Deputado MARCOS TITO, como já devia ser do conhecimento de todos. Informou a seguir que

passaria a palavra ao seu colega Deputado JOÃO GILBERTO.

11.3. O Deputado João Gilberto, se manifestou inicialmente dizendo que era uma satisfação

rever aquela juventude “sair do silêncio da escuridão, pois era desse despertar que a Nação esta

precisando para sair do silêncio”. “Essa luta é como a nossa por liberdades democráticas”. Ela (a luta)

é de vocês e todos os estudantes, assim como também nós lutamos no Congresso , contra as cassações

e outros atos.

11.4. O Deputado Santilli Sobrinho, informou dar todo apoio e está a disposição de todos para

fazer palestra sobre qualquer assunto. Que não poderia entretanto se engajar na luta, mas que

admirava muito a luta estudantil em busca da verdadeira democracia. Luta reivindicatória da

verdadeira liberdade que o regime atual não permite. Salientou a todos que não imitassem a seus pais

que; quando jovens empreendiam este mesmo tipo de luta, mas que agora estão no modismo. Que

todos deviam manter acesa a chama da luta pelas liberdades democráticas e que o idealismo deveria

estar sempre presente entre eles.

11.5. O Deputado Airton Soares, retomou a palavra e disse que tinha um ponto de vista

importante que não poderia deixar de manifestar: em todas as Universidades do país houve

manifestação e não houve pinicão , será que os outros Reitores são incompetentes ou o Reitor da UnB

é mais “letrado” que os outros? Ou é opor que ele está mais próximo do “poder”?

11.6. Depois que os Deputados se retiraram o aluno Jorge Augusto de O. Vinhas, assumiu o

megafone e pediu que ninguém dispersasse pois precisava ler algumas propostas:

a. formar uma comissão para entregar um comunicado ao Reitor, informando-o da greve.

Esta proposta foi rejeitada pois levantaram a hipótese do Reitor identificar e punir os componentes da

comissão;

b. todos que estavam ali deveriam se deslocar para a Reitoria, levando o comunicado. Esta

proposta também foi rejeitada;

c. que o documento fosse mandado pelo protocolo. Também foi rejeitada, pois alegaram

que demoraria um mês para chegar ao destinatário (risos).

11.7. O aluno Alcides Bartolomeu de Farias, pediu para ler um telegrama que estava recebendo

naquele momento do “Secretario Geral do Comitê Internacional de Anistia aos Presos Políticos”. Esse

telegrama oferecia todo apoio ao movimento estudantil. Informou também que as Universidades

Brasileiras já recebera m apoio, através de notas, das Universidades de LISBOA e de COIMBRA.

11.8. O aluno Juarez Pires da Silva, solicitou um “VIVA” de todos para a PUC que também

acabava de entrar em greve.

11.9. A aluna Arlete Avelar Sampaio, avisou a todos que no dia seguinte - às 10:00h, os alunos

da música fariam um Show de música latino americana. Este Show seria realizado em frente ao DU.

11.10. O aluno José Ralf de Ol Campos, pediu que todos fizessem silêncio , pois o movimento

tinha que ser organizado. Disse que pelo que tinha entendido, seria encaminhada uma “nota” à

imprensa, retirada daquela assembléia. Que ia tentar relembrar todas as propostas ali debatidas e que

se alguém lembrasse de mais alguma, que acusasse. Sugeriu que fossem formados imediatamente os

grupos de “piquete” e se distribuíssem cada qual em seus postos, a fim de que iria haver uma prova no

Departamento de Música e que tinha que evitar tal acontecimento. Ratificou o convite para o “Show”

do dia seguinte e reforçou oconvite para que todos comparecessem à palestra de MAHNICK

ESTÊVÃO, sobre “terras”. Solicitou ainda que qualquer informação com proposta sobre palestra,

show, notícias de outras Universidades, etc. fossem encaminhadas à Representação da Física. Pediu

que todos os grupos de “piquete” estivessem no dia seguinte em seus postos a partir das 07:00h.

11.11. Os participantes se dispersaram gritando em coro: “PARALISAÇÃO, ABAIXO A

REPRESSÃO”.

13. Um grupo partiu para o Departamento de Música, com a finalidade de interromper uma prova.

14. Durante toda a tarde, foi observado que os grupos de “piquetes”continuavam sua ação em todo o

Campus, inclusive conservando as entradas do ICC bloqueadas por amontoados de cadeiras.

15. Foram instaladas caixas de som à entrada Sul do ICC, local de reunião dos diversos grupos de

“piquete”, naquele dia.

16. Após as 18:30h. nenhum movimento foi mais observado no Campus.

Em 02.06.77 (quinta-feira)

2. Por volta das 07:45h, foi observado que um grupo de aproximadamente 70 (setenta alunos se

deslocava do Centro Desportivo (blocos de alojamento estudantil) em direção ao ICC.

3. Ao chegarem à extremidade Sul do ICC, observaram que a Vigilância interna estava reforçada e

foram avisados que não poderiam deslocar cadeiras das salas de aula para bloquear as entradas.

4. O grupo se deslocou pelo corredor do bloco “A” do ICC, gritando em uníssono: Ä

PARALISAÇÃO, ABAIXO A REPRESSÃO”.

5. Neste momento surgem na entrada Sul do ICC, os alunos Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, Paulo

Henrique Viega e Michel Zaidan, os quais foram de encontro aos demais, gritando a mesma frase que

o grupo bradava.

6. Ao chegarem todos à entrada Sul do ICC, se gruparam e de repente surgiram alguns alunos

conduzindo diversos cartazes para serem afixados ali e em outras áreas de circulação.

7. Neste ínterim, o Chefe do SPP dirigiu-se aos alunos Antonio Ramaina, Paulo Henrique Veiga e

Michel Zaidan, informando-lhes diretamente e de viva voz que não era permitido a colocação de

cartazes. Chegaram a insistir, afixado ao chão alguns daqueles cartazes, mas o próprio Chefe do SPP e

os Vigilantes destacados para a área arrancaram os mesmos.

8. O grupo começou a perceber a presença de “policiais à paisana”, segundo comentários entre eles

e

9. O Chefe do SPP, se dirigiu a todo o grupo e informou que não podiam impedir que os alunos

entrassem para assistir aulas, enquanto ouvia o coro: “ABAIXO A REPRESSÃO”.

10. Um grupo de alunos deram-se os braços e se postaram à frete da entra da Sul do ICC, com a

intenção de interromper a entrada dos demais que, àquela hora (08:00h), começava a chegar.

11. Um outro grupo copiava o mesmo procedimento na entrada Norte do ICC, onde eram liderados

por Heitor Matallo Júnior e José Ralf de Oliveira Campos.

12. Por volta das 08:30h, já havia aproximadamente 400 alunos na entrada Sul e +- 200 na entrada

Norte.

13. Os alunos da entrada Sul começaram a se deslocar pelo corredor o bloco “B”, em direção aos

Anfiteatros, com a intenção de paralisar as aulas que porventura estivessem havendo. Durante o

deslocamento gritavam: “PARALISAÇÃO, ABAIXO A REPRESSÃO”.

14. Na metade do percurso foram interrompidos por Vigilantes, mas retornaram em direção à entrada

Norte. A cada momento foram adquirindo maior número de adeptos.

15. Ao chegarem à entrada Norte do ICC, retornaram novamente em passeata ao hall de entrada Sul,

cantando o hino da independência e ali por volta das 09:15h. deram início a uma assembléia que, a

esta altura, passou a contar com a presença de +- 600 alunos.

16. Nesta assembléia, foram abordados os seguintes assuntos:

15.1. O aluno Marco Antonio Ribeiro V. de Lima, fez a abertura da assembléia, com as

seguintes palavras: “Pessoal, eu acho que neste momento, nós devemos nos unir ainda mais, pois

como vocês estão vendo aí, por todo canto tem policiais. Não é por causa disso que nós vamos

enfraquecer a nossa luta, pelas nossas reivindicações e por melhores condições de vida dos próprios

policiais aqui presentes, que também são povo e se eles estão aqui é porque são mandados pelo Reitor.

Quero deixar claro que a presença deles não nos intimida.”

15.2. O aluno Antonio Ramaiana de B, Ribeiro, usou da palavra e explicou que, logo cedo,

quando chegaram, o ICC estava tomado por policiais do “Azevedo”, que os agrediam tomando,

rasgando e chutando os cartazes. E que isto ‘so aconteceu pelo fato de apenas uma minoria dos

estudantes se encontrar em atividade. Em tom provocativo e alta voz, o referido aluno conclamou que

a presença dos policiais não os intimidava e como prova disso; apontando para o meio da assembléia

disse: tempos aí faixas e cartazes, porque vocês policiais não tenta retirá-los?”. Essas palavras foram

retrucadas pelos presentes, acusando-o de estar usando palavras provocativas.

15.3. O aluno João Simplício Lopes Martins, explicou que: se estavam em GREVE, era por

que existiam erros no ENSINO e ADMINISTRAÇÃO. Continuando, o referido aluno disse que havia

aprendido que o lugar do aluno é na escola, o lugar do empresário é na fábrica, o lugar do político é no

Congresso e sua própria pergunta, houve um período de aproximadamente 1 (um) minuto de palmas,

gritos e assovios, aplaudindo o referido aluno.

15.4. A aluna Érika Juça Koksi, se manifestou pedindo apoio para o Encontro Nacional dos

Estudantes, a realizar-se em S. Paulo, mas as suas idéias não encontraram total receptividade.

15.5. Em seguida a aluna Maria Angela Noranha Srpa, apresentou a proposta de que o restante

do pessoal que se encontrava na ala Norte, estava reprimido com o grande número de policiais lá

existente, portanto seria necessário que se deslocasse até àquela ala, para dar mais apoio ao pessoal

que lá as encontrava. Sua proposta foi aceita o a seguir começaram a se levantar, quando foram

interpelados pelo aluno Antonio Ramaina, explicando a todos que como o movimento era de âmbito

nacional, deveriam cantar o Hino Nacional. O que realmente foi feito.

15.6. O grande grupo deslocou-se para a entrada Norte e no trajeto cantaram o Hino Nacional

duas vezes e o Hino da Independência uma vez.

15.7. Na concentração da entrada Norte, o aluno Flavio Alberto Botelho explicou a todos que

pela presença dos policiais, dava para se analisar o “tipo de Reitor” que tinha a Universidade de

Brasília. Que aquilo era uma das medias de repressão que o Reitor sempre usou e que eles estudantes

não precisavam de policiais, precisavam ora de melhores condições de ensino (e foi muito aplaudido).

15.8. Uma aluno não identificada, fazendo uso da palavra, disse que o Reitor só sabe dar

punições, quando os alunos necessitam de melhores condições de ensino. Acrescentou que o problema

da UnB é idêntico ao problema da população, pois existem setores onde a população está passando

fome e, na realidade era disso que “eles” deveriam cuidar. Problemas como: transporte, educação,

alimentação, saúde e melhores condições de vida humana. E finalizou: “como vocês sabem, é disso

que precisamos.

15.9. O aluno Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, apresentou a proposta de que fosse feita uma

“nota” a todas as Universidades e entidades que lutam por liberdades democráticas, como: OAB, ABB

e MDB, bem como à imprensa do país, posicionando-se contra as medidas arbitrárias do “Capitão de

Mar e Guerra - AZEVEDO, nesta Universidade”.

15.10. O aluno Paulo Henrique Veiga, propôs a todos que a partir das 14:00h, voltassem a se

concentrar em assembléia permanente, pois em momento algum deveriam abandonar a luta.

15.11. A aluna Maria Tereza F. de Souza, usando da palavra, disse que diante de tudo isso, o

mais importante era a maneira de organização. Que todos deveriam ter o mesmo espírito de luta. Que

o pensamento de um deveria ser o de todos.

15.12. O aluno Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, apresentou a proposta de que fosse feito um

“Abaixo Assinado, exigindo a demissão do Reitor, por eles tinha forças para isso. E repetiu o assunto

por várias vezes: “nós tempos é que exigir e não pedir, nós temos forças para isso”.

15.13. Em seguida os participantes dirigiram-se em passeata para Ala Sul do ICC e ato contínuo

rumaram para uma concentração na Praça da Cultura, por eles denominada de “Praça Edson Luiz”.

17. Na praça da cultura, a concentração contou com aproximadamente 1.500 alunos e os assuntos

abordados foram os seguintes:

16.1. O aluno Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, organizou o reinício da “assembléia”,

explicando aos presentes que havia a necessidade de que fossem apresentadas propostas concretas,

porque só as passeatas não iriam adiantar. Eles precisavam era fazer um documento para a reitoria, na

pessoa do Capitão de Mar e Guerra “Azevedo”, para que fossem revogadas as punições impostas aos

16 colegas e se este não resolvesse o problema, que fossem até ao Ministro da Educação e se preciso

ao presidente da república.

16.2. Em seguida o aluno Paulo Henrique Veiga, fez a leitura de duas cartas de apoio ao

movimento, sendo a primeiro oriunda do Departamento de Direito da própria UnB, informando que os

alunos daquele curso, em reunião no dia anterior, decidiram aderir à GREVE, em virtude da atitude

“mesquinha” do Professor LANDIM, que atentou contra o moral e a integridade física de um aluno e

ainda o fendeu com palavras de baixo calão e a segunda carta vinha dos alunos do curso de Medicina

Especializada, também da UnB d, dando todo apoio ao ME e por liberdades democráticas.

16.3. Um aluno não identificado, sugeriu que esta luta não dever a ter como objetivo apenas a

revogação das punições ali citadas, mas também pela melhoria do nível de ensino e contratação de

novos professores.

16.4. Outra aluno também não identificado, sugeriu que a revogação ora pretendida, deveria

atingir não somente as 16 punições em questão, mas também possibilitar o retorno à UnB dos 7

colegas expulsos no ano passado..

16.5. O aluno Virgílio Ribeiro Neto, pediu aos presentes que colaborassem com o movimento,

dando qualquer quantia em dinheiro para subvenção da GREVE e imediatamente começou a efetuar a

coleta.

16.6. Em seguida um aluno não identificado, sugeriu que deveriam ir imediatamente ao MEC.

Discordando da proposta, o aluno Jorge Augusto de O. Vinhas disse que aquilo não seria possível,

pois se saíssem do Campos seriam presos. Complementando o assunto, a aluna Lúcia Frias Ferreira,

explicou que não adiantava irem ao MEC porque o Ministro dava todo apoio ao Reitor e que este era

autônomo em suas decisões.

16.7. A aluna Maria do Rosário Caetano, sugeriu ao plenário que a primeira atitude sensata que

deveriam ter em mente, era não querer resolver tudo globalizadamente, mas sim, gradativamente, uma

coisa de cada vez.

16.8. Um aluno não identificado, apoiou à sugestão anterior, acrescentando que, realmente não

poderiam exigir das suspensões atuais e volta à UnB dos colegas expulsos no ano passado, pois estas

duas reinvidicações criariam um impasse ainda maior e não iriam conseguir nenhuma das duas.

16.9. Outros participantes que se manifestaram mas que não foram bem ouvidos pelo

informante: João Simplício Lopes Martins, Paulo Roberto O. de Miranda e Alcides Bartolomeu de

Faria.

16.10. O aluno Mauro Carneiro, pediu aos presentes que não aceitassem provocações dos

“guardinhas” de maneira alguma e nem tão pouco dos policiais que estavam no Campus.

16.11. O aluno Flávio Alberto Botelho, explicou aos presentes que o movimento esteve pouco

desnorteado na pela da manha, devido à presença dos policiais no Campus e que no dia seguinte,

deveriam chegar ao Campus às 07:00h, objetivando uma melhor organização.

16.12. A aluna Maria Ângela Noronha Serpa, perguntou aos presentes se queriam uma palestra

com quatro Professores da USP, pois os mesmos haviam se oferecido para virem à UnB. Esta sugestão

foi imediatamente aprovada (data a ser marcada e publicada posteriormente).

16.13. O aluno Paulo Henrique Veiga, pediu aos presentes que se deslocassem em grupos até o

RU e que às 14:00h deveriam se reunir novamente nas rampas (entradas do ICC), para fazeres os

“piquetes” e às 15:00h reuniram-se mais uma vez em assembléia, em local que posteriormente seria

comunicado.

16.14. Quando a assembléia começou a se dispersar, o aluno Luiz Antonio Nigro Falcoski,

chegou apavorado e pediu para que o aluno Paulo Henrique Veiga avisasse a todos que não saíssem

do Campus, pois a UnB estava escada pela PM.

17. Em seguida, deslocaram-se até o RU, cantando durante o percurso o Hino da Independência e o

Hino Nacional.

18. Do DU, a maioria retornou à entrada Sul do ICC, onde permaneceram discutindo a greve e

ouvindo músicas, predominantemente do compositor Geraldo Vandré.

19. Às 17:00h, foi observado que um grupo de professores se reunia no Anfiteatro no. 9, de onde

deveria sair um grupo de mediadores.

20. Após esta reunião, uma comissão de professores foi recebida pelo Reitor.

21. A Comissão era composta de seis professores, entre eles:

- Sérgio Balão Cordeiro

- Luiz Paulo Rosemberg

- Aloísio da Costa e Silva

- Sueli Gonzales

- Milton Palma Cabral

22. A intenção dessa Comissão era fazer uma reunião com professores onde o nome deles seria ou

não confirmados para falar pelos demais.

23. Foram confirmados, através de reunião com +- 40 professores.

24. Esta comissão se reunia com os alunos grevistas e levou para o Reitor as seguintes solicitações:

a) autorização para realizar uma “Assembléia Geral” às 08:00h do dia seguinte;

b) garantias de não serem molestados ao saírem do Campos;

c) garantias para essa “Assembléia Geral”;

d) isenção no julgamento dos recursos; e

e) reposição de provas e aulas.

Em 03.06.77

1. Neste dia o movimento se desenvolveu da seguinte maneira:

08:00h - os moradores dos alojamentos estudantis (+- 70), chegaram ao ICC e entraram pela

extremidade Sul, gritando em coro: “ GREVE CONTINUA” - ABAIXO A REPRESSÃO”. O

mesmo policiamento do dia anterior encontrava presente.

08:15h - Outro grupo começa a atuar na entrada Norte do ICC, gritando as mesmas palavras

de ordem: “A GREVE CONTINUA” - “ABAIXO A REPRESSÃO”.

08:40h - Um grande grupo se deslocava ao longo do prédio do ICC,

gritando:“ASSEMBLÉIA GERAL NA ALA SUL” - “A GREVE CONTINUA”.

09:00h - é observado que pequenos grupos de +- 8 alunos, estavam iniciando como “vigia

avançado”, informando a existência de aulas, para que o grande grupo de “piqueta” pudesse

agir para interrompe-las.

09:20h - Todos se dirigiram ao Teatro de Arena, para uma concentração. Nesta concentração

foram abordados seguintes assuntos:

1. O aluno Flávio Alberto Botelho, deu por iniciada a assembléia, fazendo a leitura de uma

declaração do Reitor, contida no Jornal de Brasília e em seguida criticou a mesma. A seguir, procedeu

a leitura de uma carta de apoio dos médicos residentes do Hospital de Base do DF. Finalizou

informando que o “Azevedo”já estava cedendo e por isso havia necessidade de que a greve

continuasse.

2. A palavra foi franqueada aos presentes.

3. O aluno José Ralf de O. Campos, disse que os professores iam se reunir naquela manhã, visando

uma tomada de posição, frente a atual situação dos alunos, porque na reunião do dia anterior apenas

uns 150 professores haviam comparecido, mas que para essa pretendiam conseguir um número bem

maior.

4. O aluno Flávio Alberto Botelho, sugeriu a necessidade de uma tomada de posição para o dia

seguinte, pois havia programação de provas para vários Departamentos, inclusive à noite, solicitando

dos alunos ali presentes que não viessem fazer essas provas e aos membros das comissões de

“piquetes”, que não permitissem a realização das mesmas.

5. O aluno Agamenon de Araujo Souza, sugeriu que fosse feito um abaixo assinado de todos os

alunos e distribuído à imprensa, ao congresso, ao palácio do planalto, etc. Acrescentou que “o

Azevedo é uma pessoa que não aceita o diálogo e que a repressão é a sua arma favorita, pois ele é a

imagem de um Machão Brasileiro”.

6. O aluno Manoel Mozart Machado, retrucou a sugestão anterior dizendo que não seria

conveniente o abaixo-assinado. Eles teriam, isto sim, era que continuar a Greve, pois esta era única

maneira de pressionarem a Reitoria.

7. A aluna Florianita Coelho Braga, sugeriu a continuidade da greve, com uma “semana de debates”

por LIBERDADES DEMOCRÁTICAS. Disse a seguir que era preciso formar uma comissão

(Delegados) para ir a Belo Horizonte, assistir o III Encontro Nacional e Estudantes e ao mesmo tempo

informar a situação da Universidade de Brasília. Finalizou comunicando ao plenário que no dia

15.06.77, seria realizado o 2º Ato Público, em todo o Brasil (um dia de greve em todo o Brasil).

Salientou que “esta luta deverá se estender a todas as Universidades Brasileiras deverá ser unificadas”.

8. O aluno Agamenon de Araújo Souza, voltou a fazer uso da palavra, dizendo que se a GREVE

continuava era uma situação imposta pelo próprio “Azevedo”, pois ele ficava lá de cima do seu

gabinete parecendo um POMBO e que ele “o Azevedo”era a maioria e os estudantes a minoria. (em

tom de deboche o aluno em questão falou que não era da esquerda nem da direita, era do centro).

9. O aluno Virgílio Ribeiro Neto, sugeriu ao plenário, o seguinte: “gente, esta praça aqui chama-se

Teatro de Arena, mas a partir de hoje devemos mudar o seu nome ironicamente para a “Praça da

Minoria”.

10. O aluno Pedro Paulo Eleutério de Barros Lima, usuário da palavra, disse: “a situação que estamos

vivendo é devido a um regime imposto pelo governo e o “Azevedo” é o único responsável pela parte

inflamatória da UnB. Mas, na verdade, nós agora não estamos lutando só para que haja revogação das

punições dos colegas, mas sim para forçar um pedido de demissão desse CARA (o Reitor), pois não

mais suportamos sua presença”.

11. O aluno Luciano A. Gonzaga Vilarino, salientou que seria de tudo oportuno fazer uma “carta

aberta” à toda população, OAB, CLERO, CONGRESSO NACIONAL e se necessário ao próprio

Presidente da República, mostrando a situação da UnB e informando que eles não podiam dialogar,

pois “quem era que conseguia dialogar com fuzil apontado para eles e todo o campus cercado por

tropas e camburões da Polícia”.

12. A aluna Arlete Avelar Sampaio, apoiou firmemente a proposta anterior, acrescentando: “esta

GREVE deve continuar, pois devido à proximidade do poder, ela vai deixar muita gente preocupada

com a repercussão que terá em todo o país”.

13. O aluno Carlos Geraldo Megale, disse que o “Azevedo” publicou uma nota no jornal e que esta

nota SAFADA dizia que eles já estava negociando com os alunos e que este movimento era liderado

por uma minoria. “Mas então porque estes três mil policiais nas imediações e dentro do Campus,

juntamente com os guardinhas que recebem um salário reprimido? Esta atitude mostra que ele já está

cedendo às nossas reinvidicações”.

14. Um aluno não identificado, sugeriu que fosse feita uma carta para a embaixada americana,

contando a situação da UnB.

15. Complementando, o aluno Marco Antonio Ribeiro V. de Lima disse que esta carta deveria ser

mandada não só para a Embaixada Americana, mas sim para todas as Embaixadas e também para a

esposa do CARTER - A senhora Rosalynn Cartter, que está vindo ao Brasil em missão sobre os

Direitos Humanos e ela precisava saber dos diretos humanos que existem no Brasil.

16. A aluna ÉRIKA JUCÁ KOKAY, disse que: “O Reitor é um agitador que só sabe repreender. Ele

é o símbolo da repressão do Brasil. É necessário que levemos imediatamente ao conhecimento da

população, que estamos em Greve, pois a população também luta por LIBERDADES

DEMOCRÁTICAS, por melhores condições de vida, saúde, transporte, salário, habitação e melhoria

de ensino no Brasil. As massas necessitam de liberdade para discutirem os seus problemas, mas

quando pensam em fazê-lo, são ameaçados por mira de fuzil”.

17. O aluno Marco Antonio Ribeiro v. de Lima, disse que seria necessário fazer uma carta ao

Congresso Nacional, apoiando os três Deputados que aqui estiveram, pois os mesmos já estavam

praticamente cassados.

PROPOSTAS APROVADAS

1. Carta Aberta à População.

2. Carta ao Congresso Nacional, em apoio aos Deputados do MDB que estavam sujeitos a cassassão

pelo governo.

3. Continuar com a Greve até a revogação das punições.

4. Criação de uma comissão para a Belo Horizonte, por ocasião do II ENE.

5. Carta para todas as Embaixadas e para a Senhora Rosalynn Cartter e se possível a mesma vir à

UnB para ver de perto os direitos humanos que lhes são assegurados.

OBS: as propostas foram lidas pelo aluno Flávio Alberto Botelho.

NOTAS:

a) o aluno LUCIANO. A. GONZAGA VILARINO, disse que um funcionário havia dito que:

“quanto um chefe de família não tem condições de resolver um problema em casa é que pede

a interferência de terceiros, o que era o caso do Reitor que foi chamar a polícia”;

b) a aluna Arlete Avelar Sampaio, disse: “se por ventura a UnB for invadida pela polícia para

dissolver a Greve, todos fiquem calmos e mantenham-se sem provocá-los”.

10:45h - Foi observada a presença de alguns professores informando aos alunos que dentro de

meia hora o Campus seria invadido pela polícia.

10:50h - Um grupo de +- 80 alunos se dirige ao Anfiteatro no. 9, para se reunir com

Professores. Um outro grupo saia pelos Departamentos, convidado professores para essa

reunião.

11:00h - O Reitor se reúne com +- 90 professores, no auditório da reitoria, entre eles os

Diretores de Unidades e dos Decanos. Essa reunião foi realizada a portas trancadas e

terminou por volta das 12:30h.

11:15h - Os alunos voltam a se reunir na entrada Norte do ICC.

12:10h - A polícia (PM) ingressa no Campus com suas tropas, mas não desembarca.

12:25h - A polícia (PM) retira-se do campus.

12:30h - Ouve-se o canto do Hino Nacional, pelos alunos que permaneciam concentrados na

entrada Norte do ICC (=- 800).

13:00h - É escolhida uma comissão para ir ao Reitor, juntamente com os professores e a a

seguir se dispersaram em direção dão Restaurante.

13:45h - Retornam à entrada Norte do ICC onde re reinicia a concentração.

14:00h - Uma comissão, composta dos alunos: Heitor Matallo Júnior, Hudson Cunha, Jorge

Augusto Vinhas, Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, Luiz Antonio Nigro Falcoski, Maria

Tereza G. de Souza, e outra aluna não identificada e dos professores Henrique Kriger, Ganda

e Savoia, foi recebida pela Reitoria e retornou com as seguintes propostas do Reitor:

- que não revogaria o Ato;

- que o Conselho Universitário já era órgão prevista pelo Regimento Interno em vigor;

- que os recursos que fossem apresentados teriam efeito suspensivos e seriam analisados;

- que as provas e aulas seriam objeto de Instrução da Reitoria, resguardados os alunos

que não impediram se atividades acadêmica;

- que não dava garantias prévias de que não haveriam novas punições pelo motivo da

Greve.

15:00h - A Comissão retorna e se dirige à concentração. O aluno Hudson Cunha, informa que

o Reitor não estava disposto a revogar o Ato de punição; que as forças policiais só sairiam do

Campus quando os alunos voltassem às aulas e comunicou também que outras decisões

haviam sido tomadas, o que gerou protesto com manifestação de vaias e gritos de “A GREVE

CONTINUA” - “FORA O AZEVEDO”.

15:20h - O aluno Flávio Alberto Botelho, apresentou um elemento como sendo filho do

Senador Marcos Freire e que este levaria os problemas ao seu pai no Senado. Informou na

ocasião, que os jornalistas de Brasília iriam publicar uma “Nota” de solidariedade ao

movimento.

16:00h - Os alunos permaneciam concentrados na entrada norte do ICC.

17:00h - Forma-se uma outra Comissão, composta por alunos e professores , entre eles : Prof.

Paulo Tavares e Prof. Henrique Kriger e os alunos: Heitor Matallo Júnior, Flávio Alberto

Botelho e Jorge Oliveira Vinhas, para comunicar ao Reitor que a decisão da assembléia,

diante de suas propostas, foi totalmente negativa e que continuariam com a Greve.

18:00h - O professor Gláucio Dilon Soares, telefonou ao SPP, perguntando se os alunos

podiam sair da UnB sem serem molestados pela polícia e foi informado positivamente. Logo

após este telefonema, o grande grupo de alunos que estava na entrada Norte do ICC, começou

a se dispersar.

18:10h - Todas as atividades da Greve foram suspensas até a 2ª feira.

NOTAS: 1. Os Professores que integraram a Comissão das 17:00h, saíram de uma reunião

que estava acontecendo no Anfiteatro no. 9, com +- 120 Professores, sob a presidência do

Professor Frederico Simões Barbosa. Dessa reunião de professores saiu uma nota apócrifa

publicada pela imprensa local em 04.06.77, em nome dos professores da UnB.

2. Entre 15:20 e 16:40h, na entrada Norte do ICC, em ambiente de assembléia, foram

abordados, entre outros, os seguintes assuntos:

a) o aluno Antonio Ramaniana de B. Ribeiro, explicou que era muito importante a forma

de organização do movimento , tendo em vista que já estavam conseguindo algumas vitórias,

como por exemplo: “conseguirmos retirar os policiais do Campus”. Finalizou acrescentando

que não acreditava que a polícia tivesse coragem de intervir diretamente com os alunos.

b) O aluno Luciano A. Gonzaga Vilarino, fez uso da palavra e disse que não adiantaria

pressionarem outros setores como: MEC, CÂMARA e Presidência da República, pois quem

havia praticado as punições era o Reitor e portanto, ele era quem deveria ser pressionado e

acrescentou: “não vale a pena pressionar estes setores, pois o Presidente da República é igual

ao Reitor”. A seguir citou como exemplo as cassações dos Deputados.

c) O aluno Ivaneck Perez Alves, disse que: “mesmo com a assembléia encerrada,

devemos aguardar a decisão dos Professores que encontram-se reunidos”.

Em 04.06.77 (sábado)

Como estava anunciado que alguns alunos iriam fazer provas pela manha, alguns grupos

de “piquete” começaram agir logo à partir das 08:00h, na Faculdade de Tecnologia e ICC,

informando aos demais que estavam em greve e que não iriam permitir a realização de provas

ou aulas.

Em 05.06.77 (domingo)

Nenhum movimento foi registrado. Os jornais da cidade publicaram a notícia de que a

Reitoria decidira dar três dias de recesso: 06, 07 e 08.06.77.

Em 06.06.77 (segunda-feira)

08:00h - Toda a periferia do Campus passa a ser controlada pela PM-DF.

08h30 - Inicia-se uma concentração na entrada Sul do ICC e logo após uma passeata com

todos os participantes gritando: “A GREVE CONTINUA” - “ABAIXO A REPRESSÃO”.

09:00h - A concentração, já na entrada Note do ICC, contava com aproximadamente 500

alunos.

12:00h - Começaram a dispersar.

12:10h - A PM-DF entra no Campus, prendendo alguns dos participantes do movimento.

Em 07.06.77 (terça-feira)

Nenhum movimento foi registrado no Campus, que permaneceu sob o mesmo esquema

policial

Em 08.06.77 (quarta-feira)

Em 09.06.77 (quinta-feira/feriado)

Nenhum movimento foi registrado e o esquema policial foi relaxado. Neste dia, foi

observado apenas que por volta das 12:00h, desembarcaram de um corcel branco - licença

AK-7456-DF e de um Volks sedam-branco - licença AH-1683-DF, 07 (sete) elementos , que

entraram no DU, mas logo saíram , pois um deles deu o alarme de que a polícia estava

rondando a área.

Em 10.06.77 (sexta-feira)

Conforme entendimentos da Reitoria com alguns Senadores, foi dado autorização para

que o grupo grevista realizasse uma “Assembléia Geral”, no Anfiteatro no. 9, a fim de decidir

sobre o término da Greve. Essa “assembléia” foi transferida para o Teatro de Arena; teve

início às 09:50h; término às 11:50; contando com um número de +-1.500 participantes, onde

foram abordados os seguintes alunos.:

2. O aluno Luciano A. Gonzaga Vilarino, disse que apesar das repressões ocorridas durante a

semana, em que vários alunos foram presos pela polícia, não iriam deixar de lutar pelos seus direitos,

ou seja: “a Greve não vai parar”.

3. O aluno Flávio Alberto Botelho, explicou aos presentes, que o Reitor já estava com medo, pois

ele estava sentindo que os alunos estava organizados e mais fortes e que ele (o Reitor) já estava

reconhecendo a sua fraqueza. A seguir, adiantou aos presentes, que começassem a pensar na vitória,

uma vez que o Reitor dito: “o que os alunos estão querendo é muito barato”. E acrescentou: pelas

declarações do Reitor, podemos deduzir que ele está pensando em revogar as punições e finalizou:

“não acredito que ele volte atraz, pois isto implicaria num enfraquecimento de sua autoridade.

4. A aluna Arlete Avelar Sampaio, apoiou o aluno acima, dizendo: “A GREVE TEM QUE

CONTINUAR e só parar quando houver a revogação das punições.

5. O aluno Agamenon de Araújo Souza, comentou que o “Azevedo” havia dito a vários órgãos lá de

fora, que as negociações com os alunos andavam às mil maravilhas, mas que tudo isto era mentira “o

Reitor é um mentiroso”, acrescentou: “esta mentira, nós alunos temos que admitir que é de uma

inteligência muito grande”. Alegou ainda o aluno que, teve de passar o fim de semana escondido com

medo da polícia, pois não queria ser preso. Finalizou sugerindo que fosse formada uma comissão para

ir levar as reinvidicações ao Reitor e ao mesmo tempo discutir as negociações sobre a revogação das

punições e que ele próprio seria um dos voluntários para fazer parte da mesma, pois estava querendo

muito falar com esse cara (o Reitor) “uma vez que ele puni, ele mesmo terá que revogar as punições”.

6. O aluno Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, disse que a Greve tinha uqe continuar até a revogação

das punições; que não adiantava a força policial que na quarta-feira Haia prendido mais de 80 alunos

dentro do Campus e que continuava prendendo até mesmo em suas residências. Adiantando que

tinham de se posicionar, fortalecendo ainda mais o movimento, pois quem tinha que recusar era o

Reitotr e não eles.

7. O aluno João Simplício Lopes Martins, falou que no Rio de Janeiro e em São Paulo haviam

prendido muitos alunos e que o DOPS estava afixando listas de até 100 nomes de alunos para depor

nas delegacias, mas que aqui não deveriam nunca permitir que isto acontecesse. A seguir informou

que os seus colegas do bloco “A” (deve ser do CD) ficaram sem poder sair para lugar nenhum e que

inclusive cortaram água, luz, etc. E acrescentou: não permitiram nem mesmo que um colega doente

fosse levado ao Hospital e ele estava com malária.

8. Um aluno não identificado, disse que eles tinham era que tirar o Reitor, pois o mesmo era um

incapacitado para tal posto, acrescentando: “o que ele entende mesmo é de Marinha, uma vez que é

Capitão-de-mar-e-guerra”.

9. O aluno Paulo Henrique Veiga, disse que as punições foram de exclusiva autoria do Reitor e que

assim sendo, ele mesmo teria que revogá-las, caso contrário, a Greve continuaria.

10. O aluno Virgílio Ribeiro Neto, falou mas não foi bem ouvido pelo informante,.

11. Um aluno não identificado, sugeriu que acabassem com a Greve, mas que fizessem uma

“assembléia” todos os dias no RU, aguardando uma decisão da Reitoria, com um prazo que seria dado

pelos próprios alunos e que, caso esta decisão fosse contraria às suas reinvidicações, voltariam

novamente à Greve (foi vaiado e chamado de “filho do Reitor”).

PROPOSTAS APROVADAS:

a) Continuar a Greve.

b) Formar uma comissão para negociar com o Reitor.

c) Formar um conselho universitário composto de 2 (dois) alunos e 2 (dois) Professores.

Por volta das 16:00h, chegaram à UnB, os alunos Hudson Cunha, Flávio Alberto

Botelho, Heitor Matallo Júnior e Jorge Augusto de O. Vinhas que juntamente com 4 (quatro)

professores não identificados e que também não compareceram ao Campus, foram ao MEC

mas não conseguiram ser atendidos. Dirigiram-se então par AA residência do Professor

Edson Machado (Diretor da DAU), onde debateram o problema da Greve, segundo

informação dos próprios alunos.

A seguir, cada aluno manifestou-se individualmente;

a) O aluno Heitor Matallo Júnior, disse que nessa reunião, os Professores, juntamente com o Prof.

Edson Machado, haviam tentando convencê-los a assinar um documento comprometendo-se a

terminar com a Greve, o que não foi aceito por eles (os alunos).

b) O aluno Hudson Cunha, fazendo uso da palavra disse: “se concordássemos em paralisar a Greve,

o Reitor e o Conselho Universitário iriam revogar as punições e por isto a Greve deve continuar”. E

acrescentou: “esta invasão do Campus pela polícia é contra os direitos humanos”, pois existia,

inclusive, alunos hospitalizados e até com braço quebrado. Disse também que as Representações

Estudantis haviam sido violadas e seus materiais estragados, principalmente no Diretório Universitário

e na Medicina.

c) O aluno Flávio Alberto Botelho, salientou que já haviam feito novas “cartas” à população e que

esta lhes dava integral apoio, pois a população estava descontente, principalmente motivada pela

inflação, o que lhes dava certeza de que o povo lutaria unido a eles. Finalizou dizendo que teriam de

dar uma resposta do Professor Edson Machado, até às 17:30h e informando que a assembléia prevista

para a próxima segunda-feira iria ser realizada com ou sem as garantias solicitadas e que, em caso

negativo, a Greve continuaria.

d) O aluno Luciano A. Gonzaga Vilarino, sugeriu que fosse revelado, um por um, os nomes dos

Professores que formaram a comissão que foi ao MEC e inclusive como foi constituída esta comissão.

e) A Professora Dalva (do laboratório de nutrição e doenças tropicais), que fazia presente, chamou

um aluno não identificado e lhe informou que a comissão de professores foi escolhida pelos

professores que participaram da mesma assembléia que escolheu a comissão que levou propostas à

Reitoria.

f) Finalmente, ficou decidido que na próxima segunda-feira (13.06.77) haveria a assembléia, com

ou sem garantias.

Em 11.06.77 (sábado)

Houve apenas uma reunião no DU, no horário compreendido entre 15:15 e 17:30h,

contando com aproximadamente 80 (oitenta) pessoas. Nesta reunião, foi observada a presença

de um elemento, a nosso ver estranho à comunidade, com as seguintes características: moreno

claro, com 1,70m de altura, óculos de grau - lentes brancas, armação tartaruga, aparentando

uns 38 anos, calvice parcial, cabelos pretos, trajando calça caqui e camisa branca.

Em 12.06.77 (domingo)

Nenhum movimento foi registrado.

Em 13.06.77 (segunda-feira)

08:00h - Tem início a colocação de cartazes e faixas, em todo o ICC, com os dizeres: “A

GREVE CONTINUA” - “ABAIXO A REPRESSÃO” e convidando para uma

“assembléia”na entrada Norte do ICC, enquanto, na Representação Estudantil da Física, o

aluno Flávio Alberto Botelho, comandava a confecção de novas remessas.

08:30h - Formação e início das atividades dos grupos de “piquete”, impedindo a realização de

aulas e provas.

09:20h - Tem início uma passeata pelo ICC, convidando a todos para uma “assembléia” na

entrada Norte.

09:40h - às 11:50h, foi realizada uma assembléia geral, no Teatro de Arena, na qual foram

abordados os seguintes assuntos:

1. O aluno Marco Antonio Ribeiro V, de Luma, fez uma retrospectiva das atividades da semana

anterior e a seguir, passou a palavra ao seu colega Flávio Alberto Botelho.

2. O aluno Flávio Alberto Botelho, comentou que a imprensa de Brasília estava se posicionando em

favor do “Azevedo”, uma vez que em suas críticas, não falaram da invasão do Campus quando

quebraram portas e equipamentos, bateram em professores e funcionários, quebrando, inclusive, o

braço de um professor. A seguir, fez a leitura de uma carta aberta que havia sido encaminhada à

população na semana anterior, bem como a carta publicada no sabão - 11.06.77.

3. O aluno Marco Antonio Ribeiro V. de Lima, retomou a palavra e procedeu à leitura de uma “nota

de esclarecimento do Departamento de Direito”, invalidando a carta anterior, feita por uma minoria do

Departamento e afirmando que aquela sim, representava o pensamento dos alunos do ditado

Departamento, pois havia sido tirada de uma reunião geral, onde ficou decidido que dariam integral

apoio ao movimento e era assinada pela Representação Estudantil do Direito.

4. situação política do Brasil “que não era de brincadeira não”. Que poderiam admitir até mesmo

uma paralisação provisória da Greve, até saberem o resultado da decisão do Reitor, se revogava as

punções ou não. Acrescentando que o Reitor já estava cedendo, pois o MEC havia chamado uma

comissão de alunos para pedir que acabassem com a Greve. Finalizou dizendo que, quando estiveram

no MEC eles disseram-lhes que estavam do lado moderador e então ele perguntou que lado moderador

e este mandavam a polícia invadir o Campus, prender alunos, etc.? Disse ainda que a maioria dos

professores estava do alado dos alunos.

5. Um aluno não identificado, sugeriu que fosse criada uma nova comissão para elaborar outra carta

aberta à população, uma vez que a primeira não havia sido bem redigida.

6. A aluna Florianita Coelho Braga, salientou que deveriam trabalhar com inteligência,

aproveitando a O aluno Agamenon de Araújo Souza , disse que era a favor de que a Greve continuasse

até a revogação das punições, pois era a única arma de que dispunham e portanto deveriam usá-la e

acrescentou: “ele usou de mentira safadas (referindo-se ao Reitor). “Nós queremos voltar às aulas, ele

e o único culpado; ele deveria humilhar-se pelo menos uma vez desta sua posição de Ditador, que lhe

custaria ser humilde e reconhecer que está errado, ter um pouco de compreensão e dialogar

abertamente conosco, o que lhe custaria isto?” E continuou: “este mundo é uma montanha de merda e

para remove-la é necessário que metamos a mão. Meter a mão calçadas com luva, com inteligência,

por que o Reitor quer é jogar a merda em cima de nós”. E finalizando dizendo que não poderia

paralizar a Grave, por isto seria volta Ra estaca Zero.

7. O aluno Ivaneck Perez Alves, pediu aos presentes sue respeitassem as propostas dos seus colegas,

quaisquer que fossem elas, pois tinha gente aí querendo deturpar as propostas apresentadas.

8. O aluno de pós-graduação Michel Zaidan, fez uma análise minuciosa de todos os estágios do ME

até àquela data. Salientou que a Greve não era o fim e sim o começo de uma tomada de posição e o

primeiro estágio de movimento que deveria se desenvolver, objetivando tornar-se permanente como

uma força. E que para isso, havia chegado o momento de se criar um cada Departamento, uma celular

deste Movimento, com a finalidade de mantê-lo ativo e sólido a ponto de: em caso da direção central

ser abafada, estas células terem condições de manter o movimento vivo, meso que trabalhando na

clandestinidade, pois somente assim o estudante se garantiria como força nas Universidades.

9. O aluno Pedro Paulo Eleutério de Barros Lima, pediu a palavra e disse que havia muita gente

histérica ali presente. E o que eles estavam precisando era de calma... (foi muito vaiado e solicitado

que se retirasse, o que ocorreu imediatamente).

10. Havia um documento para ser entregue ao Reitor e um aluno não identificado, sugeriu a

formação de uma comissão com esse objetivo, o que foi feito imediatamente,. A comissão seguiu para

a Reitoria, enquanto o aluno marco Antonio Ribeiro V. de Lima solicitava aos presentes que

permanecessem no local, com a finalidade de tornarem tomarem conhecimento havia ou não recebido

o documento.

11. Um aluno não identificado - do DCE LIVRE da USP, usou da palavra e disse que a posição dos

alunos da UnB, de terem conseguido aquela mobilização e paralisado as aulas (GREVE), já

representava uma grande vitória. A seguir o referido aluno comentou um caso vivido na USP - em

1975, quando eles entraram em Greve, objetivando a saída do Diretor do Departamento de

Comunicação, mas que não conseguiram nada, pois até hoje ele ocupa o mesmo cargo, motivo pelo

qual não acreditava que os alunos da UnB conseguissem tirar o Reitor. O que os alunos da UnB

poderiam e diviam fazer, era a criação de DCEs-LIVRES. E que; no seu modo de entender, podiam

até faltar às aulas até que recebessem uma reposta do Reitor sobre as revogações e se esta fosse

negativa, entrariam novamente em Greve e desta feita, até que a punições fossem revogadas. Ao

finalizar disse: “a greve não é a única arma que temos, mas sim um dos meios de luta que abre canais

para outros tipos de mobilização”.

12. O aluno Manoel Mozart Machado, um dos membros da comissão que entregou o recurso ao

Reitor, disse que ele recebeu o documento, mas negou-se a passar o recibo. Idagou por eles não havião

assinado o documento e prometeu dar uma repostas entre quarta e sexta-feira. E acrescentou:

“esperamos 01:15h para sermos recebidos e na hora de falar com ele ficamos apenas com um minuto e

meio.

13. O aluno Alcides Bartolomeu de Faria, usando da palavra, disse que: “a greve tem que continuar,

porque voltar a traz seria entregar os pontos, voltar ao nada.

14. O aluno Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, disse que esta conversa de que o movimento era

subversivo não passava de uma grande mentira. E salientou: “subversivos são os policiais que

invadiram o Campus e porque não invagem novamente?”. Isto prova que estava havendo

enfraquecimento do regime, e continuou: “porque não cassaram os Deputados que vieram aqui e o

Marcos Tito? Isto mostra que estão cm receio”. Sugeriu finalmente que deveriam voltar as aulas até a

resposta sobre a revogação das punições.

15. Os alunos Wallace José Sesana, Maria Auxiliadora de M. Vale e Maria Tereza G. de Souza,

manifestaram-se favoravelmente à continuidade da Greve.

16. O aluno Ivaneck Perez Alves, pediu a palavra e disse que os alunos ali presentes deveriam se

posicionar e se mobilizar para a continuidade da Greve, com a formação de “piquetes” para impedir

aulas na Pedagogia e outros Departamentos. Que ninguém saísse do Campus, pois a Greve era aqui e

não em casa ou outros locais, como : clubes, cinema, etc. A seguir, convocou os presentes para

reunião dos alunos sextanistas de medicina, na sala Itamaraty - PS e para uma “assembléia” dos

alunos de Pós-Graduação, às 15:00h, na entrada Norte do ICC.

PROPOSTAS APROVADAS:

a) Continuar com a Greve.

b) Formação de piquetes.

NOTA: a seguir a concentração dispersou e saíram todos em direção ao RU.

14:20h - Os alunos Agamenon de Araújo Souza , Hudson Cunha e Heitor Matalo Júnior, entre

outros, iniciaram a retirada de cadeiras das salas de aulas , para bloquear as entradas do ICC

(piquetes). Quando abordados pelo Vigilante, disseram: “ninguém nos impedirá, vamos

continuar a qualquer custo”.

16:00h - Foram observados vários piquetes em ação e grande quantidade de cartazes, entre

outras atividade, convidando para uma reunião no “Itamaraty-OS” -as 1as 16:00h.

17:10h - Não era notado nenhuma movimentação na entrada Norte do ICC e todo o grupo

grevista havia se dispersado.

17:30h - Foi observada a existência de uma reunião na Pós-Graduação de Economia. Esta

reunião era liderada por Luiz Antonio Nigro Falcosck e não pode ser observada em virtude de

haverem colocado porteiros (espiões) à entrada da sala.

NOTA: não houve uma reunião prevista para o “Itamaraty-FS”. Segundo se soube, o Diretor

da unidade não permitiu a abertura da porta.

18:00h - Foi observada uma reunião (a portas fechadas) na Representação de Agronomia, sem

a possibilidade de obtermos detalhes.

18:30h - Apenas as presenças dos alunos Paulo Henrique Veiga, Maria Auxiliadora de M.

Vale, Maria Bueno Renovides e Maria Tereza G. de Souza, foram observadas na entrada

Norte do ICC.

18:35h - Um grupo de alunos, liderado por Maria Auxiliadora de M. Vale, retirava cadeiras

das salas de aulas e as amontoavam em frete aos Anfiteatros, objetivando impedir a realização

das provas previstas para os mesmos.

19:00h - Um grupo de piquete impediu a realização de prova de “eletricidade”, previstas para

os Anfiteatros 10, 11, 12 e 13.

20:30h - Reinava a absoluta tranqüilidade no Campus. Apenas alguns alunos perambulavam

pelo ICC e havia um pequeno grupo nas dependências do DU.

Em 14.06.77 (terça-feira)

08:40h - Até este horário, não foi vista nenhum aula sendo ministrada no ICC.

08:50h - Havia um grande grupo de alunos na entrada Norte, que rapidamente dividiu-se em

dois; um deles liderado por João Simplício Lopes Martins, dirigiu-se para o DU, enquanto o

outro liderado por Leila Abdalah, dirigiu-se para a Representação Estudantil da Medicina e de

lá para as salas de aula, fazendo “piquetes” e paralisando as atividades acadêmicas.

09:15h - Um grupo de “piquete”, deslocou-se até ao Departamento de Engenharia Mecânica e

interrompeu as aulas.

09:30h - Um grupo de “piquete”, formado por aproximadamente 30 alunos dirigiu-se ao

Departamento de Biblioteconomia e interrompeu as aulas.

09:40h Um grupo de +- 20 alunos, liderado pelo aluno Flávio Alberto Botelho, dirigiu0-se ao

DU, onde permaneceu por longo tempo.

09:40h - Um grupo de “piquete” de +- 20 alunos, acabou com as aulas na Faculdade de

Educação.

09:45h - O show de Musica Popular Brasileira - MPB, marcado inicialmente para as 09:00h,

foi transferido para as 10:30h, através de cartazes improvisados.

10:00h - Teve início o Show de MPB, na entrada Norte do ICC, com o seguinte

desenvolvimento:

9. A aluna Maria Ângela Noronha Serpa, esclareceu aos presentes que não haviam convidado

nenhuma pessoa do meio artístico para aquele Show, mas se todos colaborassem poderia haver aquela

programação, portanto, o Show estava a disposição dos voluntários.

10. O aluno Everaldo de Maia Queiroz, deu início ao Show, cantando três música não reconhecidas

pelo informante.

11. O aluno Sérgio Mascarenhas de Moura, deu prosseguimento ao Show cantando as músicas: “para

não dizer que não falei de flores” (Geraldo Vandré), “Asa Branca” (Luiz Gonzaga) e outras também

conhecidas do informante.

12. Um aluno não identificado, apresentou-se tocando dois instrumentos ao mesmo tempo (Gaita e

Violão) - foi bastante aplaudido , ao final.

13. O aluno Sérgio Mascarenhas de Moura, postado ao centro, comandava o Show e à medida que ia

tendo notícia da realização de aulas, ordenava ao “piquete central permanente” que deslocava-se até o

local e interrompia as mesmas.

14. O aluno Wallace José Sesana, chegou por volta das 10:45h, trazendo uma grande aparelhagem de

som e a instalou nas proximidades da sala de exposições da Arquitetura e a seguir, transferiu o Show

para este novo local.

15. Três alunos não identificados, fizeram as suas apresentações, Porém , sistematicamente,

ofereceram as suas músicas ao Reitor.

16. As 12:00h, o número de participantes já era diminuto e pode ser considerado como final do

Show, em que pese o fato do som haver continuado durante toda a tarde.

10:05h - Um grupo de “pique”, formado por +- 8 alunos, invadiram a sala ICC-B-2.21 e

acabaram com uma aula que estava sendo ministrada par amais ou menos 10 (dez) alunos.

10:25h - Foram colocadas diversas faixas, convocando os grevistas para uma reunião geral do

IH, na sala ICC-B-2.09 - às 11:00h.

10:30h - Um grupo de alunos, assistido por Hudson Cunha e Hélio Lopes dos Santos,

confeccionava grande quantidade de cartazes e faixas, na Representação Estudantil da Física.

10:45h - O aluno Wallace José Sesana, juntamente com mais uns quatro alunos, chegaram à

entrada Norte trazendo um equipamento de som. Foram transportados no Volkswagen -

branco - AL-4508-DF.

10:50h - Foi observada a realização de uma reunião no Instituto de Humanidades, sob a

liderança de José Ralf de O. Campos, com aproximadamente 50 participantes.

14:30 - Um grupo de Engenharia Civil, deixou o ICC com destino ao próprio Departamento.

Não se sabe o motivo.

- Foi observada a presença de aproximadamente 70 alunos, em frente ao Departamento

de Engenharia Mecânica. Tudo nos leva a crer que estavam realizando uma reunião.

- O filme anteriormente programado para o Anfiteatro no. 9 - às 1:00h, foi transferido

para a sala no. 06 do Departamento de Arquitetura - às 16:00h.

14:55h - O aluno Flávio Alberto Botelho, informa na entrada Norte, para aproximadamente

100 alunos, que possivelmente ainda naquele dia, seria convocado o Conselho Universitário,

composto por ele (Flávio), Juvenal Lira de Mesquita, João Francisco S. C. Gomes e Evelym

de Oliveira Pena, fazendo a seguir os seguintes pronunciamentos:

a) Haverá o “Ato Público”- amanha - às 09:00h, na praça “Edson Luiz” (Praça da Cultura), durante

o qual será apresentada uma peça teatral;

b) que havia recebido uma carta de apoio de uma Universidade do Ceará;

c) que na próxima quinta-feira haveria uma Conferencia na Medicina, sobre problemas de saúde.

Nesta reunião, foram identificados os seguintes alunos:

- Hudson Cunha

- Juvenal Lira de Mesquita

- Olegário José Mundim

- Leila Abdalah

- Alcides Bartolomeu de Faria

- Evelyn de Oliveira Pena

- Maria Auxiliadora M. do Vale

- Jorge Augusto O. Vinhas

- Everaldo Maia de Queiroz

- Sérgio Mascarenhas de Moura

- Paulo Henrique Veiga

- José Ralf de Oliveira Campos

15:20h - Foi observada uma reunião na Representação Estudantil da Geociências. Não foi

possível obter detalhes. O mesmo acontecendo com uma reunião na RE-FIS.

- Foi observada a existência de uma reunião, com aproximadamente 60 alunos, nas

proximidades da Engenharia Elétrica. Esta reunião era composta por alunos grevistas e alunos

formados do presente semestre, na qual estes pediam que a greve fosse suspensa pois não

queriam ser prejudicados e aqueles informaram que só poderiam decidir depois de sexta-feira,

após a resposta do Reitor e que ainda dependeria de aprovação da maioria.

15:30h - O aluno Flávio Alberto Botelho, juntamente com uma pessoa não identificada e

gesticulando bastante, deslocou-se da entrada Norte do ICC, com destino à Reitoria (prédio

da Administração Central)O. Logo a seguir, também se fazendo acompanhar de uma pessoa

não identificada, o aluno Rocine C. de Carvalho, tomou o meso rumo do seu colega acima.

Minutos depois o aluno Rocine, foi visto no guichê de atendimento da Diretoria de Assuntos

Acadêmicos.

16:40h - Um elemento (forte, +-1,80m, barbuso, meio calvo, aparentando 35 anos, calça

branca, tênis branco e camiseta branca com desenhos azuis), desceu do Alfa-Romeu - Preto -

FZ-5641-SP - Capital e foi conversar com outro elemento, também desconhecido, que

encontrava-se no interior da viatura Brasília - licença BD-6026-GO - Anápolis.

- O elemento desconhecido, que estava em companhia de Flávio A. Botelho (15:30h), ao

regressar do prédio da Administração Central, dirigiu-se à Representação Estudantil da Física.

16:50h - Foi captado em um bate-papo de Representantes Estudantis que alguns líderes

estavam abandonando a luta e a continuar assim, ficariam pouso e o Reitor puniria todo

mundo.

17:00h - Na RE-FIS, estava confeccionando uma grande faixa de pano com os dizeres: “POR

LIBERDADES DEMOCRÁTICAS”, para ser utilizada durante o “Ato Público” do dia

seguinte.

18:15h - Um grupo de alunos, liderado pela aluna Maria Auxiliadora do M. Vale, manteve o

“piquete” do ICC, não permitindo atividades acadêmicas.

NOTA: nesta data, foi distribuída, no Colégio Objetivo SPB uma “Carta ao Secundarista” -

Anexo I

Em 15.06.77 (quarta-feira)

08:20h - Os grevistas iniciaram a colocação de cartazes, divulgando o “Ato Público” para o

teatro da “minoria” (Teatro da Arena).

- grupos de alunos, postados às portas das salas de aulas (Anfiteatros), impediam a

entrada dos colegas.

- A peça teatral programada paralelamente ao “Ato Público”, tinha a seguinte

denominação: “Os Sapos da TIA AZEDINHA ou Como o Universildo proclamou a sua

Independência”. Satirizando o Reitor da UnB e toda sua Administração e foi apresentado pelo

“grupo” PAZ NA HORA.

09:10h - Três alunos não identificados, colocaram cartazes na área da Faculdade de

Educação.

09:30h - Um grupo de aproximadamente 30 alunos, entre eles Antonio Ramaiana de B.

Ribeiro, João Simplício Lopes Martins e Maria Auxiliadora de M. Male, saiu da entrada

Norte com destino ao Departamento de Engenharia Civil, com a finalidade de impedir a

realização das aulas. Após o que, rumou à Faculdade de Educação , com o mesmo objetivo.

09:40h - Foi distribuído, não se sabe como, grande quantidade de exemplares, em papel, nos

corres preto e branco, da Bandeira Nacional, com o centro deturpado, ou seja: sem a faixa e

os dizeres ORDEM E PROGRESSO e com o símbolo comunistas. Continha ainda os dizeres:

“PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO - 1922/1977, 55 anos de lutas contra a opressão.

10:00h - Um grande grupo promoveu um deslocamento de ida e volta extremidade Norte do

ICC, gritando: “LIBERDADES DEMOCRÁTICAS”- “A GRAVE CONTINUA”

10:15h - O ex-aluno David Emerick, foi visto na entrada norte do ICC, tendo, posteriormente,

se deslocado para a entrada Sul.

10:20h - Começou o deslocamento dos grevistas para o Teatro de Arena, cantando durante os

percurso: “UnB, UnB - AZEVEDO NA REITORIA, COMO PODE UM POVO LIVRE

VIVER SEM DEMOCRACIA” - “A GRAVE CONTINUA, PONHA O CAPITÃO NA

RUA” - VAMOS TODOS AO ATO PÚBLICO, A GREVE CONTINUA”.

10:40h - A aglomeração, no Teatro de Arena, já contava com aproximadamente 1.500

participantes. Inicialmente foi apresentada a peça citada na página 39 (08:20h) e a seguir o

“Ato Público”, que ao seu término contava com +- 600 alunos e no qual foram abordados os

seguintes assuntos:

1. O aluno Marco Antonio Ribeiro V. de Lima, fez a leitura de uma carta dos alunos secundaristas

de Brasília, dando apoio ao movimento da UnB.

2. O aluno Flávio Alberto Botelho, fez a leitura de duas cartas de apoio ao Movimento Estudantil da

UnB; sendo a primeira dos Universitários de Goiás e a segunda dos sextanistas de medicina da

Universidade Federal de Minas Gerais. Continuando de posse da palavra, o aluno enfatizou a

necessidade de se fazer uma análise da situação política do país, afirmando que, no momento, estas

repressões não passariam de meras ameaças, pois quando há manifestação é porque existem

problemas como: falta de transporte, baixos salários, baixo nível de ensino e falta de liberdades

democráticas e acrescentou: “esta conversa de dizer que o lugar de universitário é dentro do campus é

mentira, pois nós temos as mesmas dificuldades e os mesmos problemas da população. O governo dá

só 4% de verba para a educação ao mesmo tempo que dá 12% para o exército”.

3. O aluno José Ralf de Oliveira Campos, disse que eles (alunos) não deveriam esperar apoio de

MDB, OAB, ABI, etc. pois estes grupos também tinha os seus problemas e que quando eles

intervinham era por que tinham seus próprios interesses; deviam, isto sim, confiar na manifestação

popular e frisou: “nós necessitamos é de uma Assembléia Constituinte, Livre e Soberana, em todos os

setores da população, para lutar por “Liberdades Democráticas”.

4. O aluno Virgílio Ribeiro Neto, usando da palavra, fez o seguinte pronunciamento: “colegas, hoje

pela manhã, quando aqui chegamos, deparamos com uma bandeira nacional com uma foice e um

martelo no seu centro. Quero explicar que isto não foi obra nossa e sim de alguém que quer nos

provocar; portanto, não devemos a maneira alguma, aceitar estas provocações. Fato como este só pode

ser obra do Senhor “Azevedo” ou da polícia, que têm capacidade para este tipo de coisa.

5. O aluno Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, procedeu a leitura de uma carta, segundo ele

encaminhada pela FEEAB, em apoio às reivindicações dos alunos da UnB, ou seja: “pela revogação

das punições impostas aos 16 colegas suspensos”.

6. O aluno Heitor Matallo Júnior, deu integral apoio ao aluno José Ralf de O. Campos,

acrescentando que, a população sofre essas pressões porque não dispõe de sindicatos organizados, que

lhe permita lutar por “Liberdades Democráticas”.

7. A aluna Maria Francisca A. de Souza, sugeriu que fosse comentada a cassassão do Deputado

Marcos Tito, ocorrida dia anterior, mas não foi atendida pelo plenário.

8. A aluna Maria Auxiliadora de M. Valle, manifestou-se , porém não foi ouvida pelo informante.

9. O aluno Sérgio Mascarenhas de Moura, concordou com o seu colega José Ralf de O. Campos,

acrescentando apenas que a assembléia constituinte deveria ser formada pela comunidade, pois

somente assim a população conseguiria resolver seus problemas. Finalizando, sugeriu que os

secundaristas ali presentes, levassem algumas “cartas-abertas” apara distribuírem em seus colégios

10. O aluno Flávio Alberto Botelho, antes de dar por encerrado o “Ato Público”, comentou que o

Conselho Universitário estaria se reunindo ainda naquele dia ou no dia seguinte, para proceder ao

julgamento do recurso impetrado pela revogação das punições. A seguir, convidou a todos para que

voltasse a se reunir, a partir das 14:00h, na entrada Norte do ICC, para continuarem com o Movimento

Estudantil e organizarem os “piquetes”, entre outras providências.

NOTAS:

a) Foi observada a chegada de um grupo de alunos secundaristas dos colégios: Marista, Objetivo -

SP-B, Pré-Universitário, etc., tendo à frete o aluno Carlos Geraldo Megale. O grupo trouxe uma faixa

como os dizeres: “Secundaristas Apóiam”.

b) durante o “Ato Público”, foi distribuída uma “carta Aberta” - Anexo no. III.

11:00h - Terminou a apresentação da peça teatral e o grupo começou a dispersa-se, tanto que

no término da reunião, o número era de aproximadamente 600 alunos.

12:00h - Foi encerrado o “Ato Público” e os participantes, em sua grande maioria, dirigiram-

se para o RU, enquanto que os estudantes secundários, foram vistos levando farta quantidade

de panfleto “carta aberta”

13:20h - Teve início uma reunião nas dependências do DU, sem a mínima condição de

observação, em virtude de haverem encostado armários e estantes nas paredes e colocado

pano nos vidros.

14:15h - A aluna Leila Abdalah, Luiz Antonio Nigro Falcoski e outros alunos não

identificados, formaram um grupo de “piquete” de +- 12 alunos e impediram as aulas da Ala

Norte do ICC.

14:30h - Foi observada a realização de uma reunião na Representação Estudantil de

Geociências, no. aproximadamente 40 participantes. Ao mesmo tempo, Sérgio Mascarenhas

de Moura e outros alunos não identificados, colocavam vários quadros-murais, na entrada

Norte do ICC.

15:00h - Foi notado a presença, nas proximidades da Faculdade de Educação, das seguintes

viaturas:

a) Volkswagen - branco - AA-5818-MT (Cuiabá); e

b) Volkswagen - creme - EP-0637-SP (São Paulo).

15:00h - Os grevistas deram à colocação de papéis, recortes e fotografias (exposição), nos

murais colocados na entrada Norte do ICC e anteriormente citados.

- Os alunos João Simplício Lopes Martins Alcides Bartolomeu de Farias e Agamenon de

Araújo Souza, lideraram um grupo de aproximadamente 20 alunos, que fizeram o “piquete”

que percorreu todos os prédios das Engenharias Civil , Mecânica e Elétrica, interrompendo

uma aula nesta última.

15:50h - A aluna Ana Lúcia do Carmo Luiz, comandava o sistema de som instalado na

entrada Norte do ICC, enquanto que na entrada Sul, dois alunos não identificados, colocavam

cartazes com os dizeres: “Divulgue seus trabalhos, participando da reunião na Ala Norte”.

16:00h - Teve início uma feira de Arte, na entrada Norte do ICC.

16:20h - Dois elementos não identificados, mas que estavam junto ao pessoal do Som, saíram,

utilizando-se do Volkswagen - branco AD-5375-MG (Belo Horizonte).

17:25h - Apenas a feira de arte e o som movimentava a entrada Norte do ICC, com um

número reduzidíssimo de alunos.

18:20h - Um grupo de “piquete”, composto inicialmente por Hudson Cunha, João Simplício

Lopes Martins, Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, Maria Auxiliadora de M. Vale, não permitiu

a realização de aulas e provas nos Anfiteatros no.s 04, 07 e 09.

18:30h - Um grupo de “piquetes” composto por Adilson Marcondes, Leila Abdalah, Maria

Tereza G. de Souza, Alcides Bartolomeu de Fa rias e Luiz Antonio Nigro Falcoski, não

permitiu a realização de aulas e provas nos Anfiteatros 12, 14 e 17.

19:35h - Foi observado que uma Kombi - branca/verde - CA-3983-DF, pertencente ao

CIMAN/Supletivo, parou próximo ao DU, do seu interior desceu um elemento que: entrou no

DU, retirou um pacote, colocando-o na Kombi e retirando-se em seguida.

19:40h - Foi visto, nas mãos do aluno Carlos Geraldo Megale, um panfleto com o título: “III

Carta Aberta à População”.

20:10h - Foi observada a presença de aproximadamente 30 alunos nas dependências do DU,

ao que parece ensaiando uma peça, pois em alguns intervalos ouvia-se manifestação de

aplauso.

20:20h - O mesmo grupo de alunos, permanecia no DU, em reunião.

22:30h - Termina a reunião do DU.

Em 16.06.77 (quinta-feira)

08:20h - Teve início a colocação de cartazes aluzivos à Greve e formação de grupos de

“piquetes”.

- Um grupo de 05 (cinco) alunos, entre eles Adilson Marcondes e José Carlos Teramusi,

impedia a entrada do Centro Desportivo.

08:50h - Um grupo de 16 alunos, liderado por Maria Auxiliadora M. Vale, interrompeu uma

aula no Anfiteatro no. 04.

- No Anfiteatro no. 02, o mesmo grupo encontrou uma professora dando aula para 22

alunos e exigiu que o grupo justificasse a atitude perante os seus alunos. A Professora

indagou: “essa greve por acaso é legal? Vocês podem estar fazendo isto? Ocasião em que um

aluno do grupo grevista respondeu que a greve era legal, visto que o próprio MEC a

reconheceu. A aluna Maria Auxiliadora de M. Vale, reforçou o argumento dizendo que os

seus colegas não poderiam ter aula, pois tinham hoje muita atividade (feira de arte, show,

etc.) e ato contínuo, dirigiu-se ao quadro-verde e, em atitude de absoluto desrespeito à

Professora e aos alunos que encontravam-se em aula, escreveu a frase: “A GREVE

CONTINUA”.

09:00h - Haviam dois grupos de “piquetes” em plena atividade; uma na Ala Norte, liderado

pela aluna Maria Auxiliadora de M. Vale e outro na Ala Sul, liderado por João Simplício

Lopes Martins.

09:10h - Foi observado que a aluna Maria Auxiliadora de M. Vale, liderava um grupo de

alunos, na Ala Sul do ICC, desta feita tirando cadeiras das salas de aulas, para bloquear as

entradas do prédio.

09:30h - É observada uma reunião na sala ICC-B-2.12, com a finalidade de escolher uma

comissão para o Centro Acadêmico.

- O aluno Hudson Cunha, é visto pregando uma faixa no ICC, com os dizeres: “A

GREVE É NOSSA E É ARMA DA LUTA”.

09:50h - Foi instalado o sistema de som na entrada Norte do ICC e ao aluno Flávio Alberto

Botelho, foi visto convidando dos demais a participarem de uma reunião naquele local.

10:30h - Tem início uma “assembléia geral” na entrada Norte do ICC, com a participa;cão de

aproximadamente 350 pessoas. Inicialmente foi apresentada uma peça teatral e a seguir, a

assembléia propriamente dita, na qual foram tratados os seguintes assuntos:

1. A aluna Maria Ângela Noronha Serpa, procedeu a leitura de uma panfleto com o timbre de

UNIDADE. Ao término da leitura, esclareceu que aquele trabalho não era da responsabilidade do

Grupo Unidade e nem dos alunos. E a seguir disse: “isso só pode ser trabalho do Reitor, juntamente

com a polícia”.

2. O aluno Flávio Alberto Botelho, informou que o Conselho Universitário havia sido convocado

pelo Reitor, para uma reunião, no dia seguinte, às 15:00h.

3. O aluno José Ralf de O. Campos, salientou que há muito tempo vinham pensando na criação de

um DCE-LIVRE e que agora havia chegado a hora e que era necessário que todos começassem a

pensar no futuro do Movimento Estudantil.

4. O aluno Flávio Alberto Botelho, disse que os panfletos encontrados na UnB, naquele dia e

também no anterior, eram de autoria do Senhor “Azevedo”, juntamente com a polícia e como prova

disso deu o seguinte exemplo: “já identificamos dois Opalas; sendo um branco e outro azul”. E

acrescentou: “esses carros são da polícia”.

5. A aluna Maria Tereza G. de Souza, apoiou plenamente a proposta do seu colega José Ralf de O.

Campos, pedindo o esforço de todos para que a proposta seja tornada realidade o mais rápido possível.

6. Antes de encerrar a reunião, o aluno Flávio Alberto Botelho, fez a leitura de uma nota da

Reitoria, sobre a reunião das 15:00h. do dia seguinte. Finalizando, solicitou a todos os presentes, que

viessem para um “passeio” pelos campus e a seguir, uma concentração para aguardar o resultado ou

decisão da Reitoria.

10:40h - É observado o deslocamento de um grupo de “piquete” de 21 alunos, para a

Faculdade de Educação.

11:00h - Foram colocadas faixas de grandes proporções, com os dizeres: PERMANEÇA NO

CAMPUS”.

- Neste horário, o número de participantes da assembléia/peça teatral, era de

aproximadamente 500.

14:00h - Foi observada a atuação, no ICC, de um grupo de “piquetes” impedindo o acesso à

duas salas de aula.

15:45h - Foi feita uma convocação para uma reunião na Representação Estudantil da Física,

com alunos e professores. Esta reunião terminou às 17:20h.

16:40h - Foi visto um elemento baixo, de terno, dando uma entrevista para a televisão, em

frente à secretaria da Geociência.

17:00h - O Professor Celso Chiarini, foi até a entrada Norte, solicitar dos alunos que não

fizessem assembléia no dia seguinte, pois os candidatos do Concurso da Câmara dos

Deputados, viriam apanhar os cartões de identificação.

17:30h - A viatura - Brasília - branca - AK-3561-DF, dirigida por João Bosco C. de Aquino

(aluno desta UnB - Matrícula 75/01450 - cursando Estatística e Bolsista no CPD - Matrícula

59753/8); chegou ao DU, trazendo alguns fardos de papéis (aparentando ser jornais).

20:00h - O campus estava praticamente deserto, via-se apenas uma movimentação muito

pequeno no DU.

NOTA: não foi possível saber o título da peça teatral, uma vez que ao informante viu

apenas parte dela. Ouviu somente a explicação de um dos dirigentes da peça, que disse tratar-

se de uma “auto-crítica” da situação em que encontrava-se o Movimento Estudantil, como

também manifestar o desejo dos estudantes por “liberdades democráticas”.

Em 17.06.77 (sexta-feira)

08:30h - Foi observado que grupos de “piquete” agiam no ICC, liderados (orientados) pelo

aluno Flávio Alberto Botelho.

09:30h - Grupos de “piquete” chegam à Faculdade de Educação e interrompem as aulas.

- No ICC, são colocadas faixas convidando para uma assembléia às 15:00h.

11:15h - São colocados painéis na entrada Norte do ICC, bem como um grande numero de

cartazes, com os dizeres: “PERMANEÇA NO CAMPUS” - VAMOS AGUARDAR

DECISÃO DA REITORIA”.

15:00h - Uma Kombi da Fundação Cultural - verte - licença AI-3861-DF, é vista nas

proximidades do SG-6, com alguns elementos entrevistando um Senhor de estatura mediana,

forte, cabelos grisalhos.

15:15h - Um grupo de aproximadamente 150 alunos, já se encontrava no Teatro de Arena e o

seu número continuava aumentando.

15:30h - Foi visto um grupo de alunos distribuindo um panfleto na entrada Norte do ICC

(anexo ), entre eles”Arlete Avelar Sampaio e Maria Tereza F. de Souza.

- Tem início a assembléia no Teatro de Arena. Maria Tereza G. de Souza inicia

distribuindo panfletos para os presentes, que a essa altura já se aproximava de 1.000 pessoas.

Houve momento em que a assembléia contou com +- 1.500 alunos e foram tratados os

seguintes assuntos:

1. O aluno Alcides Bartolomeu Faria, fez a abertura da assembléia, explicando aos presentes que a

mesma tinha como objetivo, debater proposta sobre a luta dali em diante.

2. A aluna Maria Ângela Noronha Serpa, procedeu a leitura de uma carta feita pelo Reitor,

solicitando a colaboração dos Professores, no sentido de que: a partir do dia 20.06.77, as aulas

voltassem ao seu normal. Ao terminar a leitura a aluna disse: “assinado: José Carlos de Almeida

Azevedo”. Houve uma grande vaia.

3. O aluno Virgílio Ribeiro Neto, fez a seguinte denúncia: “pessoal, vocês estão vendo aquela parte

do segundo andar da Reitoria? Com as cortinas fechadas e uma janela aberta com uma luz acesa?

Aquilo é uma máquina de filmar . Eles estão filmando a gente”.

4. A aluna Maria Auxiliadora do M. Valle, sugeriu a criação de um DCE-LIVRE. Não sendo

possível ouvir o restante da proposta, devido a um tumulto criado pelo aluno Newton Camargo de

Paula, que interrompeu a assembléia, convidando seus colegas para identificar um Senhor estranho, ali

presente. O aluno em questão estava muito exaltado, fato que lhe é peculiar, dizer que o cidadão era

da polícia. Somente voltando a ficar calmo, devido a interferência do seu colega Juarez Pires da Silva,

que o convidou par ao centro da assembléia.

5. Terminado o tumulto, o aluno João Simplício Lopes Martins, sugeriu que fosse criada uma

comissão de segurança, com a finalidade de identificar todas as pessoas estranhas ali existentes.

6. O aluno Carlos Alberto de Almeida, disse que aquela Greve, teve como estímulo a Greve da

Arquitetura. Pois ela serviu como estrutura a base para o amadurecimento do ME, coisa que não era

esperado por eles.

7. O aluno Michel Zaidan Filho, comentou que havia a necessidade de uma organização imediata,

para lutas futuras e inclusive independente do resultado do julgamento dos alunos suspensos. Disse

que teriam que se organizar para houvesse a necessidade de uma greve, possuírem condições para tal.

Esta organização , disse: tem como objetivo inicial a criação da Das, por Departamentos i Institutos e

por intermédio destes, a fundação dos DCEs-LIVRES e independentes da Reitoria. Ressaltou ainda

que; esta organização era fundamental para a consecução de “liberdades democráticas”.

8. A aluna Arlete Avelar Sampaio, ratificou o pensamento anterior, acrescentando que; através do

DCE-LIVRE mais acesso e um melhor contato com a população, para discutir os problemas que a

afeta. Dizendo que esse contado, teria como objetivo principal, fortalecer o Movimento Estudantil.

9. O aluno José Ralf de O. Campos, emprestou o seu apoio à idéia de criação de DCEs-LIVRES,

visando um melhor encaminhamento na luta. Disse que os problemas vêm se ampliando por muito

tempo e que os DCEs-LIVRES não deveriam ter nenhum vínculo com a Reitoria, como o DU que era

cadastrado. Sugeriu ainda que a formação desse DCE, deveria ter início no segundo semestre desse

ano: através de campanhas e assembléias e marcou a data de 30.08.77 para a primeira assembléia e

15.09.77 para as eleições.

10. O aluno Sérgio Mascarenhas de Moura, enfatizou a necessidade de se organizarem para o III

Encontro Nacional de Estudantes. Salientando que seria necessário formar uma comissão para

participar da 29ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC, que será

realizada na primeira quinzena de julho/77 - na cidade de Fortaleza -CE. Sugeriu ainda que fosse feita

uma moça a todas as Universidades, objetivando marcar a realização do III ENE, no meso local e

época da SBPC. Finalizou dizendo que todas as Universidades deveriam se mobilizar em assembléias,

com a finalidade de fazer voltar a extinta União Nacional de Estudantes - UNE.

11. O aluno Ivanoek Peres da Silva, manifestou-se reproduzindo as palavras do seu colega José Ralf

de O. Campos, acrescentando apenas que todos deveriam estar conscientizados dos seus votos.

12. Um aluno não identificado, conclamou aos policiais ali presentes, que lutassem por melhores

condições de vida e melhores salários, e acrescentou: “eles não têm culpa de estar aqui, pois o

governo aproveita da situação e eles (os policiais) têm que fazer o que ele (o governo) quer, uma vez

que são pais de famílias e não podem perder o emprego”.

- O aluno Pedro Paulo Eleutério de Barros Lima, usando da palavra, disse que toda essa

repressão vivida no durante esse período, era o símbolo do Reitor; que por sua vez era o

símbolo do próprio regime (neste momento o plenário começou a vaiá-lo e chamá-lo de dedo-

duro). Foi então que ele (o aluo) disse: “realmente sou filho de militar. Mas além de filho de

militar, sou universitário e tenho interessem em defender os meus objetivos. Como filho de

militar sou conhecedor das técnicas usadas pela repressão. E para tanto, coloco-me à

disposição para instruí-los a respeito”.

13. O aluno Agamenon de Araújo Souza, esclareceu aos presentes, que a formação de DCE-LIVRE

era uma idéia prematura, pois ainda não haviam conseguido nem a revogação das punições, como é

que queriam pensar em DCEs? Teriam, insto sim, era que aguardar o resultado da reunião do

Conselho Universitários, pois eles não sabiam se as punições seriam revogadas ou não e que sem este

certeza não poderiam prever nada. Por isso, finalizou: “esqueçam os DCEs, pois sem algo de concreto,

não passaria de um futuro fantasmas”.

NOTAS:

a) Um aluno não identificado, informou à mesa que haviam prendido um aluno nas imediações do

RU. Esta notícia, foi transmitida ao plenário, pelo aluno Alcides Bartolomeu de Faria, que pediu

calma e disse que iam saber qual aluno vinha sido preso.

b) Foi formada uma comissão para ir à Reitoria, pedir a interferência do Conselho (que estava

reunido) na prisão do aluno, uma vez que a mesma havia sido consumada no Campus.

c) O aluno Alcides Bartolomeu de Faria, informou ao plenário, que já havia mandado alguém à

OAB, denunciar a arbitrariedade.

d) um elemento não identificado, sugeriu a formação de uma comissão para assistir uma reunião na

OAB - oitavão andar do Palácio da Justiça, prontificando-se inclusive, AA levar o pessoal , pois teria

que ir até lá pra esta reunião.

e) o aluno Alcides Bartolomeu de Faria, comunicou a realização de uma palestra, no dia seguinte,

na Câmara dos Deturpados - Auditório Nereu Ramos, às 10:00h e que na segunda-feira, haveriam

assembléia às 08:00h, no Teatro de Arena.

f) no início da assembléia, foram vistas na entrada Norte do ICC, os alunos Rocine Castelo de

Carvalho, Antonio Ramaiana de B. Ribeiro, Hudson Cunha e José Alves Bezerra.

16:20h - Alguns alunos tentaram levar mesas do Departamento de Arquitetura para o Teatro

de Arena, para montagem do ambiente para uma peça teatral.

17:20h - Foi iniciada a formação de grupos de “piquete”com missão de “segurança’” contra a

polícia, sendo o aluno Newton Camargo de Paula, um dos principais elementos que

identificaram e desmoralizaram policiais, apenas com palavras e gozações, sem nenhum

agressão física.

17:50h - A concentração começou a se dispersar e a movimentação em direção ao Ru,

aumentou bastante.

18:00h - Um grupo de aproximadamente 15 alunos, sai do Teatro de Arena para a parte térrea

da Reitoria, onde permaneceu aguardando o resultado da reunião do Conselho Universitário.

18:20h - O restante do grupo que permanecia no Teatro de Arena, estimando em 600 pessoas,

começou a deslocar-separa a entrada Norte do ICC, onde permaneceu aguardando o resultado

da reunião do Conselho Universitário.

18:30h - O aluno Virgílio Ribeiro Neto, que havia subido as escadarias (rampas) do prédio da

Administração Central, desce com a notícia de que através de um furo, conseguiu saber que o

Reitor já havia enfiado nota à imprensa, informando que tinha a sua decisão.

20:20h - Seis cidadãos de terno, foram vistos fazendo contatos com os alunos que ainda se

encontravam na entrada Norte do ICC.

21:00h - Um grupo de aproximadamente 80 alunos, permanecia na entrada Norte do ICC,

cantando e proseando.

21:15h - Termina a reunião do Conselho Universitário.

21:30h - O aluno Flávio Alberto Botelho, reúne-se ao grupo que o agradava aguardava na

entrada Norte do ICC, para expor o resultado da reunião do Conselho Universitário, da qual

tomou parte.

22:00h - Após o contato com o aluno Flávio Alberto Botelho, o grupo começou a bradar em

uníssono: “A GREVE CONTINUA” - “A GREVE CONTINUA”..

22:05h - Foram efetuadas algumas prisões na entrada Norte do ICC.

NOTA: durante a concentração, foram distribuídas ainda mais duas Notas - (anexos)

Em 18.06.77 (sábado)

08:10h - Objetivando melhorar o aspecto da entrada Norte do ICC, para a realização do

Concurso de Assessor Legislativo - Câmara / UnB, foram arrancados todos os cartazes e

faixas da área, aluzivos à greve. Não houve nenhum protesto. Isolamos a área apenas com

cordas, sob os olhares de apenas uns quatro alunos.

08:30h - Formaram-se, na entrada Norte, dois pequenos grupos de alunos (+- 8 em cada) .

Um dos grupos dirigiu-se à Engenharia Elétrica e interrompeu uma aula; enquanto isto os

componentes do outro grupo, entraram em alguns automóveis e saíram do Campus.

14:00h - Ala Norte movimentada, em razão do concurso da Câmara. Porém tudo normal.

15:00h - O ICC absolutamente tranqüilo e mito pouco movimentação na BCE, sendo que na

roleta da saída da mesma, havia um bilhete com os seguintes dizeres: “Chico, vai haver

reunião da Câmara dos Deputados às 15:00h e em estou lá”. Ass. “Wellington”.

15:15h - Tivemos notícia de que um grupo de aproximadamente 150 alunos compareceu à

Câmara dos Deputados, para participar do simpósio do MDB e em seguida fizeram uma

reunião no salão verde, onde foram expostos os assuntos tratados pelo Conselho

Universitário, no dia anterior.

Em 19.06.77 (domingo)

Pela manhã registrou-se um bom movimento, em razão do Concurso da Câmara dos

Deputados, realizado na Ala Norte do ICC, transcorrendo tudo normalmente.

Em 20.06.77 (segunda-feira)

07:30h - Ouve-se um alunos acordando os demais, no blocos “A” do CD (alojamento

estudantil), aos gritos de: “ESTAMOS EM GREVE”.

07:50h - Foi colocada uma grande faixa na entrada Norte do ICC, convocando uma

“assembléia geral” para as 08:00h.

08:00h - Grupos variando de 10 a 15 componentes, formados por alunos residentes no bloco

“A” - CD, começam a chegar ao ICC e iniciam as atividades de “piquete”.

08:30h - Um grupo de aproximadamente 20 alunos, em passeata pelo ICC, gritando e batendo

palmas: “ASSEMBLÉIA NA ALA NORTE”.

09:00h - A concentração na entrada Norte do ICC, já contava com aproximadamente 2.000

alunos.

09:15h - Teve início o deslocamento do pessoa para o Teatro de Arena.

09:20h - Com um número de participantes estimado em 2.000 pessoas, teve início a

“assembléia geral”, na qual foram tratados os seguintes assuntos:

1. Uma Senhora não identificada e a nosso ver desconhecida no meio estudantil, pediu a palavra e

criticando o tipo de movimento (Greve), disse: “esta não é a forma ideal de luta”. Salientou a seguir

que ao invés de fazerem “assembléias” com palavras de mau trato e agravantes, se unissem em oração.

E acrescentou: “será que todos vocês perderam a fé? Pois como diz a Bíblia: FÉ REMOVE

MONTANHAS. É de uma fé forte como esta que nós necessitamos, por isso vamos nos dar as mãos e

rezar o PAI NOSSO”. A proposta foi aceita e realizada imediatamente.

2. O aluno Haili Lauriano Dias, fez uma análise da reunião do Conselho Universitário, ocorrida no

dia 17.06.77, criticando a atitude do Reitor e afirmando que ele (o Reitor) havia convocados os seus

“cupichas”, por saber que estes só poderiam votar favoravelmente à continuidade das punições. A

seguir, o aluno esclareceu que, no início da reunião, o Reitor procedeu a leitura de um relatório

minucioso de todas as atividades estudantis, a partir do dia 19.05.77, acrescentando que o tal relatório

narrou até os cochichos dos alunos. Finalizando disse: “como é de conhecimento de todos, a reunião

começou às 15:00h e terminou às 21:00h. Mas, às 16:00h o Reitor já havia dito à imprensa o que o

Conselho havia mantido as punições”.

3. Um aluno não identificado, do curso de direito, fez a leitura de uma “nota de esclarecimento”,

quanto à posição do seu curso. Sendo que esta nota fazia uma crítica aos alunos de direito que eram

contrários à Greve. Disse que a nota publicada nos jornais, era assinada por alunos suspeitos, tais

como: Alex Ribeiro - filho de Deputado da Arena e outros. Sugeriu ainda o aluno, que a

Representação Estudantil deveria renunciar imediatamente.

4. O aluno João Nogueira Fanuchi, deu informações a respeito de seus colegas presos na sexta-feira

e no sábado passados, dizendo que os mesmos estavam passando bem; recebendo bons tratos e que

não estavam incomunicáveis. Esclareceu que estas informações foram fornecidas pela OAB, que

estava apoiando amplamente o Movimento Estudantil.

5. O aluno João Constantin Kefallas, procedeu a leitura de uma carta (IV Carta Aberta à População),

esclarecendo que aquela carta, que usava o nome do DU era falsa, pois o DU nada tinha a ver com o

conteúdo da mesma. E terminou dizendo: “isto só pode ser mais um golpe do Reitor, juntamente com

a polícia”.

6. O aluno Carlos Alberto de Albeida, usando da palavra comentou o aumento dos preços das

passagens de ônibus, afirmando que isso só ocorreu porque eles não fizeram um quebra-quebra,

conforme haviam combinado em “assembléias” anteriores. As discussões a respeito do assunto

deveriam ter prosseguido e isto não foi feito. Com a paralisação das discussões, disse: “favoreceu para

que houvesse a aprovação da majoração das novas tarifas, que vem afetar à população, refletindo no

nosso meio”.

7. O aluno Agamenon de Araújo Souza, tomou a palavra e pediu à “mesa” que lhe desse tempo

ilimitado, uma vez que tinha muita coisa a falar: Inicialmente o aluno fez uma auto-critica, dizendo

que haviam cometido o mais grave erro e a maior besteira em aceitarem aquele Conselho

Universitário, pois o meso não foi criado pelos alunos e sim pelo Reitor, cujo interesse era manterá

sua posição inflexível de representante do regime e bradou: “este Reitor É UM CANALHA DE

DITADOR. Em assembléias anteriores eu cheguei a chamá-lo até de INTELIGENTE, mas agora vejo

que o mesmo é muito BURRO, porque está usando de meios ilegais como por exemplo: o nome do

DU, para escrever cartas com idéias contrárias à dos estudantes, tentando jogar a comunidade contra a

gente. Outra BURRICE dele é a de não querer diálogo com os alunos, pois esta seria uma maneira de

se popularizar e pensar no seu futuro. Através deste canal quando saísse daqui, seria um forte

candidato a Ministro da Educação”. Esclarecendo o problema de subversão, disse “aqui não se trata

desse assunto, o nosso jogo é limpo e eu tenho a minha consciência tranqüila, por que nunca participei

de movimentos clandestinos. Vejam como os nossos colegas foram caçados com armas e algemas; eu

sei que ao sair daqui posso ser preso. Mas, estou tranqüilo com minha consciência, pois o que falei até

é hoje é pura verdade e falar sobre essas reivindicações, me é assegurado pelos direitos humanos”.

Prosseguindo, fez as seguintes propostas:

a) elaboração de um relatório dos acontecimentos, juntamente com O reitor, para ver quem havia

cometido mais arbitrariedade e que, visando a liberdade dos colegas presos, este documento seria

assinado pelos alunos; pelos professores e pela Reitoria e encaminhado às autoridades competentes;

b) convidar o Reitor, para uma discussão dos problemas no Teatro de Arena.

8. O aluno Mitchuria Borges Diniz, informou que em vários Departamentos estava havendo aula, o

que deixava claro a posição dos professores e acrescentou: “devemos procurá-los para saber qual a

posição dos mesmos; queremos uma definição: se estão do nosso lado ou do lado do Reitor”.

PROPOSTAS APROVADAS:

1. Continuidade da Greve.

2. Realização de uma Passeata pelo Campus.

NOTAS:

1. O aluno Juarez Pires da Silva, solicitou aos presentes, que contribuíssem com qualquer quantia

em dinheiro, para compra de material necessário à manutenção do ME.

2. Os alunos Virgílio Ribeiro Neto, Lúcia Ferreira Farias e outros não identificados, fizeram a

coleta, arrecadando uma boa quantidade de dinheiro.

3. O aluno Carlos Alberto de Almeida, comunicou ao plenário que na parta de tarde, ou seja: às

15:00h, o Senador Marcos Freire, iria proferir uma palestra ao Senado. Sugeriu a seguir que se fizesse

uma comissão para assistir à mesma. Comunicou ainda que, à noite haveria uma assembléia geral da

OAB, em sua sede e também a inauguração da sede da ABI, no Edifício Novacap.

4. Às 11:20h, a assembléia transforma-se em passeata e os seus participantes, aproximadamente

2.500 pessoas, percorreram todo o ICC, interrompendo as aulas; saem para a extremidade Sul;

atravessam o pátio de estacionamento Sul e dirigem-se para: Faculdade de Educação, Faculdade de

Tecnologia, Departamento de Música, Restaurante Universitário e finalmente Reitoria. Durante o

percurso: cantaram os Hinos Nacional e da Independência e também a música “Peixe Vivo” (adaptada

aos seus interesses) e bradaram as palavras de ordem: “ABAIXO A REPRESSÃO E TAMBÉM O

CAPITÃO” - “A GREVE CONTINUA, PÕE O CAPITÃO NA RUA” - “CONTRA O REPRESSOR,

ALUNO e PROFESSOR” - “SOLTEM NOSSOS COLEGAS” - “VAMOS À REITORIA PRA

MOSTRAR A MINORIA”. Quando se aproximavam de um grupos de alunos que não estava

participando da passeata, diziam: “1, 2, 3 precisamos de vocês”.

5. Ao se aproximarem da Reitoria, gritavam em uníssono: “ABAIXO O AZEVEDO”- ABAIXO O

AZEVEDO”. A seguir, concentraram-se nas proximidades dos mastros das bandeiras. Nesta ocasião,

alguns alunos não identificados tentaram arriar as bandeiras, mas foram impedidos pelos próprios

colegas.

6. Neste local, por aproximadamente uns três minutos, gritavam: “1, 2, 3 MINORIA SÃO VOCÊS”.

A seguir, cantaram mais uma vez, o Hino Nacional. (ao término do qual houve várias, gritos e

assobios. Ato contínuo, o grande grupo encaminhou-se para o RU, onde se dissolveu.

10:15h - A aluna Maria Tereza G. de Souza e o aluno Agamenon de Araújo Souza, deixaram

o recinto da assembléia e se dirigiram ao ICC, acompanhados por uma pequeno grupo, mas o

último retornou em seguida.

10:20h - Uma senhora não identificada, dirige-se ao Vigilante de serviço na Biblioteca

Central e pede-lhe que faça alguma coisa pois os grevistas haviam entrado no Departamento

de Biblioteconomia, tomando provas dos alunos e apagando o que estava escrito na louça.

10:50h - Um grupo de aproximadamente 15 alunos, entram no Anfiteatro no. 11 e

interrompem uma aula.

12:00h - A passeata permanece nas proximidades da Reitoria.

12:10h - Desloca-se em direção ao ICC e dali para o Restaurante, onde, após convocarem

nova assembléia para às 15:00h, dissolvem-se.

14:00h - Iniciam-se os convites para uma reunião na entrada Norte do ICC.

- É observado um grupo de aproximadamente 20 alunos, fazendo piquete, no

Departamento de Engelharia Elétrica.

- São colocados vários cartazes, alusivos à Greve, nas dependências do ICC.

14:30h - O aluno Virgílio Ribeiro Neto, é observado à frente de todo o movimento.

- Grupos de “piquete”, interrompem aulas nos Anfiteatros no.s 07, 07, do ICC.

14:35h - Foi colocada uma faixa na entrada Sul do ICC, com os seguintes dizeres: “Traidores

do ME: Alex Dias Ribeiro e Paulo Rodrigues Alves”.

15:10h - A aluna Maria Auxiliadora de M. Valle, liderando um grupo de aproximadamente 15

alunos, entre eles Carlos Hidemi Uesugui, João Francisco de S. Castro e Eraldo Soares Pires.

15:50h - Informe de que aproximadamente 150 alunos, encontravam-se nas galerias públicas

da Câmara dos Deputados.

16:00h - Os alunos Virgílio Ribeiro Neto e Claudia Hofmann, juntamente com outros alunos

não identificados, foram vistos colocando grande quantidade de cartazes, em todo o ICC.

16:05h - Todo o grupo que encontrava-se na Ala Norte do ICC, dispersou. Tal gesto, deveu-

se a um boato de que o Campus seria invadido pela polícia.

16:35h - Movimentação normal no ICC. Poucos alunos circulavam pelo Campus.

16:55h - Aproximadamente 250 alunos, ouvem o discurso do Senador Marcos Freire, no

Senado.

18:00h - Movimentação normal pelo Campus.

ALUNOS IDENTIFICADOS À FRENTE DA PASSEATA

- Heitor Matallo Júnior

- José Eduardo Guimarães Alves

- Luciano A. Gonzaga Vilarino

- Eurípedes Alvarenga Barbosa

- Juvenal Lira de Mesquita

- Aderval Borges da Silva

- Lumi Kihara

- Erika Jucá Kokai

- Juarez Pires da Silva

Em 21.06.77 (terça-feira)

08:20h - Um aluno não identificado (de Engenharia Elétrica), chega a entrada Norte do ICC e

convida seus colegas para bloquearem uma prova que aconteceria no Anfiteatro no. 04.

08:45h - Um grupo de +-15 alunos tentam interromper aulas no ICC. Porém em algumas salas

não conseguem fazê-lo.

09:00h Um grupo de aproximadamente 30 alunos, desloca-se pelo CIC tentando interromper

as aulas. Estava havendo aula em quase todas as salas.

09:10h - Tem início uma assembléia, no Teatro de Arena, com aproximadamente 1.300

participantes que, liderada pelos alunos Flávio Alberto Botelho, Agamenon de Araújo Souza,

Geysa Maria Brasil Xaud, Manoel Mozart Machado, Juarez Pires da Silva, Carlos Gerado

Megale e Marco Antonio Ribeiro V. de Lima, abordou os seguintes assuntos:

1. O aluno Flávio Alberto Botelho, fez a leitura de várias propostas, objetivando estruturar melhor o

movimento de Greve, conseguindo a provação de três delas, que são:

a. elaboração de uma carta aos professores, exigindo uma posição mais solidária, para com

o movimento, no sentido de que acabem com as tentativas de aplicação de Provas;

b. elaboração de mais uma “carta aberta” à população, explicando a situação dos ambientes

universitários, onde os alunos reivindicam seus direitos dentro do próprio Campus e são punidos com

a LEI DE SEGURANÇA NACIONAL, e indagou: “afinal de contas, que país é esse? A polação da

qual fazemos parte, precisa saber o que estamos passando”;

c. fosse feita uma moção à Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência.

2. O aluno Juarez Pires da Silva, informou que estava havendo aulas no ICC, Faculdade de

Tecnologia e Faculdade de Educação.

3. O aluno Manoel Mozart Machado, comunicou aos presentes que o pessoal preso, ficou muito

alegre em saber do movimento realizado no dia anterior e acrescentou: “eles mandaram abraços para

todos os grevistas da UnB”.

09:20h - Aulas em andamento na UnB: 3 a 4 salas na Faculdade de Educação, com +- 8

alunos em cada e no Departamento de Biblioteconomia, uma aula com 18 alunos.

10:05h - Os alunos Carlos Hidoni, Cláudia Hoffman, e Hélio Lopes dos Santos, foram vistos

chegando à assembléia.

10:10h - Havia +- 5 alunos no Anfiteatro no. 3, fazendo prova de uma matéria do curso de

psicologia, quando a aluna Leila Abdalah foi vista anotando os nomes e números de

matrícula, a título de ameaça.

10:20h - Termina a concentração na Arena e o grande grupo dirige-se ao ICC, onde tem inicio

uma passeata, com os gritos de ordem: “NÓS PRECISAMOS DE VOCÊS”- “A GREVE

CONTINUA” - “SOLTEM NOSSOS COLEGAS”.

10:30h - O “piquete”, composto por aproximadamente 500 alunos, encerrou todas a s aulas

que ainda estavam em andamento.

11:30h - Continuava a concentração na entrada Norte do ICC, com aproximadamente 400

alunos.

11:35h - Os grevistas concentrados na entrada Norte comentavam um inquérito.

12:00h - Dispersam-se em direção ao RU e outras áreas.

12:50h - Ouve-se convites verbais para uma reunião no Departamento de Agronomia,

programada para às 13:00h, entre alunos e professores.

14:10h - É observada uma reunião no Departamento de Geologia

- Formação de “piquetes” na RE da Física.

- É programada uma reunião para o Departamento de Engenharia Florestal, coma

participação de alunos e professores.

14:20h - É instalado um sistema de soma na Engenharia Elétrica.

14:35h - Um grupo liderado por Leila Abdalah e Milton Biage, interrompe uma aula no

Anfiteatro no. 3.

- David Emerick, é visto na entrada Norte do ICC.

- É observada a existência de reuniões, nas Representações Estudantis de Química, Física

,Geociências, Biologia e Medicina.

- Na reunião da GEO, é notada a presença de dois Senhores estranhos e de terno.

- Havia bastante entusiasmo (aplausos), na reunião da RE-FIS.

14:45h - Um grupo de “piquete”, com +- 30 alunos, saiu da entrada Norte, com destino do

Departamento de Biblioteconomia e interrompeu as aulas em andamento.

14:50h - Um grupo de aproximadamente 20 alunos, saiu da entrada Norte do ICC, com

distino aos Departamentos de Engenharia Civil, Elétrica e Mecânica, onde interromperam as

aulas. Este grupo era conduzido, de longe, pelos alunos Mauro Assis e Carlos Geraldo

Megale.

15:15h - Foi observado uma sala no Departamento de Matemática, com aproximadamente 20

alunos. Esta aula foi ministrada as portas trancadas e chegou normalmente ao seu final.

15:40h - Um grupo de +- 10 alunos, liderado pelos alunos Katsumi Fwakawa e José Carlos

Teramici, interrompeu uma aula no Departamento de Psicologia e outra num laboratório do

Departamento de Biologia.

16:00h - Um grupo de +- 15 alunos, percorre todo o ICC, interrompendo as aulas. Um

Professor ficou bastante nervoso e solicitou ajuda do Vigilante para prosseguir a sua aula,

sendo por este informado que não podia prestar-lhe aquele serviço, porque tinha orientação

em contrário e que professor se dirigisse à sua chefia.

16:20h - Um grupo de “piquete” chegou ao Departamento de Direito, com o objetivo de não

permitir o início de uma aula (havia na sela somente a Professora e 3 alunos). A Professora

não permitiu a entrada dos Grevistas, deu-lhes uma tremenda broca dizendo que eles estavam

era querendo tumultuar e que aquilo não era democrático (não permitir que os colegas

assistissem aulas) e por isso era bom que a polícia entrasse e “baixasse o pau neles”.

16:30h - Um grupo de aproximadamente 50 alunos, percorreu todos os prédios da Faculdade

de Educação e das Engenharias Mecânica, Elétrica e Civil, interrompendo aulas.

17:30h O Secretário do Departamento de Engenharia Civil, informou ao SPP que o Chefe do

Departamento ia aplicar uma prova e que solicitava: a) abertura do prédio S-12, às 19:00h; e

b) dois Vigilantes para efetuar a segurança. Foi informado que o prédio seria aberto no

horário solicitado e que; com relação aos Vigilantes, somente com orientação superior.

18:10h - Um grupo de 6 (sei) elementos, confeccionava cartazes na RE- FIS e nenhum outro

movimento era observado no Campus.

NOTAS:

1. Durante a assembléia, o aluno Flávio Alberto Botelho, propôs que se formasse uma comissão de

divulgação, uma comissão de “piquete” e uma comissão permanente de manutenção da Greve.

2. O aluno Virgílio Ribeiro Neto, propôs que ninguém tivesse medo; que cada uma se manifestasse

livremente, porque a segurança de cada uma estava no parto de permanecer nos limites do campus.

3. Através da Instrução da Reitoria no. 005/77, o Magnífico Reitor, determinou recesso acadêmico

na UnB, no período de 22/06 a 24/07/77.

Em 22.06.77 (quarta-feira)

08:30h - Poucos alunos foram vistos pelo Campus. No ICC foram vistos os alunos Hélio dos

Santos, Raimundo Nonato e Ana Lúcia de Carmo Luiz.

08:45h - Teve início a colocação de cartazes, em todo o ICC, convidado para uma missa.

09:25h - Informa de que Sobral Pinto, havia dado integral apoio aos alunos grevistas e que

estaria presente à missa.

09:40h - Por determinação superior, os Vigilantes deram início à retirada dos cartazes, em

toda área do ICC. Algumas mães, acompanhadas de crianças, solicitaram dos Vigilantes que

não retirassem os cartazes.

- Dois alunos não identificados, seguravam uma faixa, nas imediações da BCE,

convidando para a missa.

09:50h - Aproximadamente 150 pessoas, encontravam-se entre os Departamentos de Física e

a entrada Norte do ICC.

10:00h - Todo o grupo começou a dispersar, deixando o ICC praticamente sem movimento.

18:00h - Nenhuma movimentação foi registrada.

RELAÇÃO DOS PARTICIPANTES IDENTIFICADOS

1 - Adélia Justina A. Aquino

2 - Aderval Borges da Silva

3 - Adilson Carvalho Benjamin

4 - Adilson Marcondes

5 - Adilson Micheloni

6 - Adolfo Peres Castro Pinto

7 - Agamenon de Araújo Souza

8 - Albertino de Souza Carvalho

9 - Alcides Bartolomeu de Faria

10 - Alexandre Abou El Moor

11 - Alexandre G. Gervemoni

12 - Alicio Rodrigues Boaventura

13 - Álvaro Homem

14 - Ambar Rodrigues de Queiroz

15 - Amélia Powen Costa

16 - Ana Beatriz Mendes Cleto

17 - Ana Lúcia do Carmo Luiz

18 - Ana Lúcia Machado de Mattos

19 - Ana Maria Cervino de Macedo

20 - Ana Rita de Almeida França

21 - Ângela Maria Bezerra Varella

22 - Ângela Maria Mouro

23 - Ana Maria Navarro Garcia

24 - Aníbal Mabih Gebria

25 - Antonio Barbosa da Silva

26 - Antonio da Silva Jamara

27 - Antonio de Pádua G. Novaes

28 - Antonio Eustáquio dos Santos

29 - Antonio Flávio Testa

30 - Antonio João da Silva

31 - Antonio José Ferreira

32 - Antonio Ramaiana de B. Ribeiro

33 - Antonival Lima Albuquerque

34 - Antonio Sanches Sales

35 - Antonio Yosibi Huwae

36 - Aparício Secundus Pereira Lima

37 - Arabela Amaral da Silva

38 - Armando Nobre Mendes

39 - Araquem Nascentes Alves

40 - Areolino Moreira do Bonfim

41 - Arlete Avelar Sampaio

42 - Artur Cornélio Otto

43 - Augusto Dias Cardoso

44 - Augusto Silveira de Carvalho

45 - Aurea Lúcia Maia Queiróz

46 - Bento José de Menezes e Silva

47 - Bruno Bormann Zero

48 - Caetano Ernesto da Fonseca Costa de Araújo

49 - Carlos Adalberto Estuqui Filho

50 - Carlos Alberto de Almeida

51 - Carlos Alberto de Assis Viegas

52 - Carlos Antonio H. de Morais

53 - Carlos Idemi Uesugui

54 - Carlos Geraldo Megale

55 - Carlos José de Oliveira Michiles

56 - Carlos Otavio Schraam

57 - Catsumi Iwakawa

58 - Cesar Augusto M. de Almeida

59 - Claudemir Maurício da Silva

60 - Cláudia Hoffman Mota

61 - Daniel Bueno Teixeirense Filho

62 - Daniel Henrique Silva de Domenico

63 - Daniel Gonçalves Mendes

64 - David Duarte Lima

65 - Demétrio Felix da Silva

66 - Deuzani Candido Noleto

67 - Didino Carvalho Teles

68 - Dilermano Alvarenga de Souza

69 - Dineuzita Vieira da Souza

70 - Dione Gomes Bezerra

71 - Doraey Souza da Silva

72 - Douglas dos Santos Júnior

73 - Edgar Luiz Eicher

74 - Edmar Pirineus Cardoso

75 - Edser Guimarães Costa

76 - Eduardo Gribeel Homem de Castro

77 - Eliana Bontempo

78 - Eliane Maria Fleury Seidl

79 - Eliana Somavilla Bonfim

80 - Eliana Wilke Contrin

81 - Eliane Cunha e Cruz Vieira

82 - Eliane Pasidre

83 - Elizabeth Malheiros de Miranda

84 - Eneide Bueno Benevides

85 - Érika Jucá Kokay

86 - Erli Ferreira Gomes

87 - Eudes de A. Mousinho

88 - Eustáquio Alves Grilo

89 - Eurípedes Alvarenga Barbosa

90 - Eurípedes Francisco Batista

91 - Evandro Cardoso Boaventura

92 - Evelyn de Oliveira Pena

93 - Everaldo Maia de Queiroz

94 - Fábio da Silva Bortoli

95 - Felício Sala Neto

96 - Folisbelo Santos Brandão

97 - Fernando Cesar Morais de Jesus

98 - Fernando de Queiróz Cunha

99 - Fernando Ferreira Daltro

100 - Fernando José Remos Melo

101 - Flávio Alberto Botelho

102 - Florianita Coelho Braga

103 - Francisco das Chagas Lisboa dos Reis

104 - Francisco de Assis Sabino Dantas

105 - Francisco José Patrício Franco

106 - Francisco Raimundo de Morais

107 - Frank Wagner Bisson

108 - George Henrique Gomes da Silva

109 - George Henrique Rebelo

110 - Geraldo Moreira de Melo

111 - Geysa Maria Brasil Xaud

112 - Gilberto Raisson Santos

113 - Gilberto Cordeiro Teixeira

114 - Gilson Maestrini Musa

115 - Glória Maria de Queiroz

116 - Guy Nicolau D'Almeida Cardoso

117 - Hailhi Lauriano Dias

118 - Heitor Mattalo Júnior

119 - Helici Heleno Ferreira

120 - Hélio Ferreira Gomes

121 - Helio Lopes dos Santos

122 - Hélio José Araújo Brandão

123 - Heloisa Helena A. Barbosa B. da Silva

124 - Heitor José Cravo Guimarães

125 - Heloisa André Pontes

126 - Henrique Nogales Vasconcelos

127 - Homero Fernandes Bernardo

128 - Hudson Cunha

129 - Ivaneck Perez Alves

130 - Ivone Alves Borges

131 - Isac Paulo Teixeira

132 - Jesus Adjalma Costa Júnior

133 - João Alberto Gomes e Silva

134 - João Batista da Silva

135 - João Batista Spina

136 - João Bosco Correia de Aquino

137 - João Bosco de Souza Natal

138 - João Constantin Kefalas

139 - João de Deus Carvalho Pereira

140 - João dos Reis Borges Muniz

141 - João Francisco Cintra Nobre

142 - João Francisco de S. Castro Gomes

143 - João Nogueira Fanuchi

144 - João Severino P. de Araújo

145 - João Simplício Lopes Martins

146 - Jorge Bastos Moreno

147 - José Alves Bezerra Filho

148 - Jouquim Vieira da Silva Filho

149 - Joffre Resende Rilho

150 - Jorge Augusto de Oliveira Vinnas

151 - José Alberto C. Lima Ribeiro

152 - José Antonio Coelho

153 - José Augusto Varela Neto

154 - José Muniz Neto

155 - José Carlos Camapum Barroso

156 - José Carlos Teramussi

157 - José Carlos Soares Grilo

158 - Jose Eduardo Guimarães Alves

159 - José Eduardo Prates

160 - José Eustáquio Narciso

161 - José Gentil Brito

162 - José Gomes Ferreira

163 - José Henrique Auvray Guedes

164 - Jorge Gushiken

165 - José Jorge Bazaga

166 - José Leocádio T. G. Lima

167 - José Luiz Gomes

168 - José Manoel dos Reis Neto

169 - José Ralf de Oliveira Campos

170 - José Roberto Bernardes

171 - José Umberto de Almeida

172 - Josino Luiz Santos Filho

173 - Juarez Pires da Silva

174 - Júlia Issy Abrahão

175 - Juvenal Lira de Mesquita

176 - Kelson Corte

177 - Lázara Maria Galvão

178 - Leila Abdalah

179 - Leonel Graça G. Pereira

180 - Leandro Lopes de Resende

181 - Levy Emerick

182 - Levy Melo Souto

183 - Lucas Vieira Barros

184 - Lúcia Farias Ferreira

185 - Luciano A. Gonzaga Vilarino

186 - Luciano Rocha

187 - Luiz Antonio de Lima Rezende

188 - Luiz Antonio Nigro Falcoski

189 - Luiz Antonio Oliveira Campos

190 - Luiz Antonio Vessani

191 - Luiz Carlos Duarte Mendes

192 - Luiz Carlos Gomes da Silva

193 - Luiz Carlos Puglia

194 - Luiz Gonzaga da Cunha

195 - Luiz Roberto B. Domingos

196 - Luiz Roberto Passamani

197 - Luiz Sebastião Santana

198 - Lumi Kihara

199 - Magda Montalvão

200 - Manoel Augusto dos Santos

201 - Manoel Mozart Machado

202 - Marcelo Borman Zero

203 - Marcelo Rodrigues Borges

204 - Márcia Raphanelli de Brito

205 - Marco Antonio Ribeiro V. Lima

206 - Marco Antonio Rocha de Araújo

207 - Marcos Aurélio Borges Paola

208 - Marcos de Castro Falleiros

209 - Marcos Travassos de Brito

210 - Margarida Maria Losada Moreira

211 - Margrit Dutra Schimitd

212 - Maria Ângela Noronha Serpa

213 - Maria Auxiliadora de M. Valle

214 - Maria da Conceição Correia de Caldas Rodrigues

215 - Maria de Fátima Carvalho Lima

216 - Maria do Rosário Caetano

217 - Maria Fátima das G. P. E. Reis

218 - Maria Francisca A. de Souza

219 - Maria Helena Ferreira da Costa

220 - Maria Rita de Medeiros

221 - Maria Tereza G. de Souza

222 - Mariana Gabriel Pacheco

223 - Marilene Lopes Martins

224 - Mario Lucio Lacerda de Medeiros

225 - Marionice Faria da Costa

226 - Marisia Dias de Oliveira

227 - Martiniano Lopes Martins

228 - Mauro Assis

229 - Mauro Carneiro

230 - Maylena Clécia Gonçalves

231 - Mareli Gomes de Carvalho

232 - Michel Zaidan Filho

233 - Milton Biage

234 - Mirantan Barbosa de Sousa

235 - Mitchurim Borges Diniz

236 - Nair Heloisa Bicalho

237 - Nei Joaquim Vieira

238 - Nelson de M. A. Cerqueira

239 - Neiry de Oliveira Chaves

240 - Neusa de Paula Xavier

241 - Newton Camargo de Paula

242 - Nudmir Kornijezuk

243 - Olegário José Mundim

244 - Oliveira Alves Vieira

245 - Olívia de Havillana F. Bezerra

246 - Crismélia Maria Mota Gomes

247 - Oscar Gonçalves Caiado

248 - Paulo Evandro de A. Mousinho

249 - Paulo Faccio Neto

250 - Paulo Henrique Veiga

251 - Paulo José Brando Santilli

252 - Paulo Roberto Cardoso de Miranda

253 - Paulo Sérgio de Carvalho

254 - Paulo de Tarso Ribeiro E. Neto

255 - Pedro Braga Netto

256 - Pedro Paulo Eleutério de Barros Lima

257 - Percival de Sá Cruz Júnior

258 - Raimundo José Cavalcante de Aquino

259 - Raimundo Nonato Aires

260 - Raimundo No??to Ferreira Prado

261 - Regina Cely Mencarini

262 - Regina Célia Oliveira Campos

263 - Regina Coeli Lopes

264 - Regino Luiz Viand

265 - Regina Helena da Silva Nascimento

266 - Reinaldo Hirdoshi Matsunaga

267 - Reinaldo Seixas Fonteles

268 - Renata Inês Zika

269 - Reinaldo Rios Maciel

270 - Ricardo Ferreira da Silva

271 - Roberto Cossih Furtado

272 - Roberto Pinto Martins

273 - Roberto Teixeira Alves

274 - Rocine Castelo de Carvalho

275 - Rogério Muniz Netto

276 - Roseane Maior Morais

277 - Rubens de Carvalho Filho

278 - Rute Silva Lima

279 - Sandra Regina Pimentel

280 - Sérgio Mascarenhas de Moura

281 - Severino Firmino dos Santos

282 - Silvia Maria de Magalhães

283 - Silvio Carlos Duarte

284 - Silvio Roberto Cardoso

285 - Shahram Kaiorramshahi

286 - Shunichi Tamioka

287 - Sidnei da Costa Maia

288 - Solomon Cytrynowicz

289 - Sueli Aparecida Navarro Garcia

290 - Sueli Correa Marques

291 - Susana C. de Almeida Dourado

292 - Tames Najar Seixas

293 - Takahiro Takahashi

294 - Tânia Fernandes Ferreira

295 - Tânia Lenice Potter

296 - Tânia Regina Chepary Monteiro

297 - Tarsiso Araújo

298 - Themis Lima Fernandes Martins

299 - Tossie Yamashita

300 - Valter José Coser

301 - Valtrudes Pereira Franco

302 - Vânia Fernandes Ferreira

303 - Vanisse Jughatha Bonna

304 - Venceslau Calaf de Calaf

305 - Virgílio Ribeiro Neto

306 - Vitória Helena Abras

307 - Wallace José Sesana

308 - Wanderley Barroso

309 - Wesley Martins Fernandes

310 - Wilian José Devoti

311 - Wilson A. Lima

312 - Wilson Ferreira Gomes

313 - Wilson William Brandão

314 - Zenaide Silva Santos

Brasília-DF, 23 de junho de 1.977

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO

GABINETE DO MINISTRO

BRASÍLIA, DF 28 DEZ 1978

INFORMAÇÃO NO. 1626/S-102-A5-CIE

1. Assunto: SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

2. Origem: I EX

3. Difusão: AC/SNI - CISA - CENIMAR - CI/DPF

4. Difusão Anterior:

6. Anexo: Uma fotografia.

1. SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA é militante dó PST (PARTIDO SOCIALISTA

DOS TRABALHADORES).

2. DADOS DE QUALIFICAÇÃO

- Filiação: Miguel de Moura e Lélia Mascarenhas de Moura

- DLN: 03 Abr 58 - BELO HORIZONTE/MG

- Identidade: 416.078-SP

- Residência: Rua Santa Clara nº 188/602- Telefone 236-5619 - Copacabana - RIO DE

JANEIRO/RJ.

- Profissão: Estudante de Sociologia/PUC/RJ (matricula no. 7812435-0).

3. ANTECEDENTES

a. Em 1977, foi indiciado no artigo 45 da Lei de Segurança Nacional, por participar de

manifestações subversivas no campus da UnB (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA).

b. Em 27 Jun 77, foi preso pela Polícia Federal, em BRASÍLIA/DF, por ter participado das

manifestações estudantis, ocorridas no mês de junho de 1977, no campus da UnB.

c. Em Jul 77, o marginado foi excluído da UnB.

d. Em 1977, quando da UnB, era membro do grupo estudantil “OFICINA” .

e. Em fins de 1977, o marginado “rachou” com o POR.

f. Em Mar 78, ingressou no PST, no RIO DE JANEIRO.

g. No dia 20 Ago 78, participou da I Convenção Nacional da Convergência Socialista,

realizada em SÃO PAULO/SP.

h. No dia 31 Out 78, participou de uma manifestação pública realizada, no centro da cidade

do RIO DE JANEIRO, quando da passeata realizada pelo Senador NELSON CARNEIRO, do

MDB.

Foto

Ficha de distribuição de processamento de documentos

MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA - CISA -

Em 10 SET 1979

1 - ASSUNTO: MANIFESTAÇÃO PELA ANISTIA - RIO

2 - ORIGEM: CISA-RJ

3 - DIFUSÃO: AC/SNI-CIE-CENIMAR-CI/DPF-CISA/BR

4 – DIFUSÃO: ANTERIOR

5 - ANEXO: 21 (vinte e uma) fotos.

Na manifestação pública realizada dia 22 Ago 79 na Cinelândia/Rio, sob os auspícios do

Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA), em favor de uma anistia ampla, geral e irrestrita, foram

obtidas as fotos anexas, nas quais são identificados alguns elementos:

1 - JOSÉ EUDES FREITAS (Dep. Est. MDB/RJ);

2 - CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA (presidente do Sindicato dos Jornalistas/RJ);

3 - UBIRACI DANTAS DE OLIVEIRA (metalúrgico de São Paulo);

4 - SIDNEY LIANZA (militante do MIP);

5 - SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA (ex-estudante; expulso da UnB; militante do

POI);

6 - PEDRO CLÁUDIO BRANDO BOCAYUVA CUNHA (membro do CBA/RJ; militante

do MR8);

7 - IRAMAYA QUEIROZ BENJAMIN (membro do CBA/RJ);

8 - DELZIR ANTONIO MATHIAS (membro do Comitê Central do PC do B);

9 - JOÃO CARLOS ARAÚJO SANTOS (presidente do Sindicato dos Petroquímicos de

Duque de Caxias/RJ);

10 - CARLOS ABERTO DE OLIVEIRA (presidente do Sindicato dos Bancários/RJ);

11 - MARCIO DONICCI (advogado do CBA/RJ);

12 - FRANCISCA ABIGAIL BARRETO PARANHOS (ex-militante do PCBR; advogada do

CBA/RJ);

13 - “MIMI” (cantora argentina);

14 - SÉRGIO AGUIAR DE MEDEIROS (presidente do DCE/PUC/RJ);

15 - CARLOS VEREZA (ator de teatro e TV);

16 - ROSALICE MAGALDI FERNANDES (suplente Dep. Est. MDB/RJ);

17 - RAIMUNDO TEODORO CARVALHO DE OLIVEIRA (Det. Est. MDB/RJ; militante

do MR-8); e

18 - NEUSA CERVEIRA DE ALENCAR (filha do ex-banido JOAQUIM PIRES

CERVEIRA).

MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA

- CISA -

Em 19 DEZ 1979

1 - ASSUNTO: SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

2 - ORIGEM: CISA-RJ

3 - CLASSIFICAÇÃO: A-1

4 - DIFUSÃO: AC/SNI-CIE-CENIMAR

5 - CLASSIFICAÇÃO ANTERIOR:

6 - DIFUSÃO ANTERIOR:

INFORME No. 0397/CISA-RJ

1. SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA, filho de Miguel de Moura e Lélia Mascarenhas

de Moira; nascido em 03 Abr 58, em Belo Horizonte/MG; Cédula de Identidade no.

416.078/MG; cursa Sociologia na PUC/RJ; residiu, até cerca de um mês atrás, na rua Santa

Clara 188/602, fone 236-5619; e vivem com MARIA TERESA de tal.

2. Foi militante do PST no início de 1978, em Brasília/DF, junto com um grupo do POR,

origem de sua militância.

3. Em jul/Ago 78 foi afastado do PST por 3 meses, como punição, desligando-se, então dessa

organização e entrando para o POI (OSI, atualmente).

4. Foi expulso da UnB.

5. É assíduo participante de todos os atos públicos e passeatas realizadas no Rio, do decorrer

de 1979.

6. Em 09 Dez 79 faz concurso para o BNDE, no Rio.

7. Dias antes já havia feito concurso para a Comissão Nacional de Energia Nuclear.

MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA

- CISA -

Em 13 MAR 1981

1 - ASSUNTO: IDENTIFICAÇÃO DE AGENTES DOS SERVIÇOS DE

INFORMAÇÕES

2 - ORIGEM: CISA-RJ

3 - CLASSIFICAÇÃO: B/2

4 - DIFUSÃO: AC/SNI

5 - CLASSIFICAÇÃO ANTERIOR:

6 - REFERENCIA: PB no. 126/16/AC-SNI de 19 Ago 90

7 - ANEXO: 3 (três) matérias da Imprensa

INFORME No. 0144/CISA-RJ

1. A ação das chamadas “Comissões de Segurança” sem sido, realmente, freqüente na maior

parte dos atos e manifestações ultimamente promovidos pela esquerda, e as matérias da

Imprensa que anexamos são uma prova.

2. Com relação aos elementos que, efetivamente, vêm participando dessas “Comissões de

Segurança”, foram identificados, até o momento:

a) ANTONIO IVO DE CARVALHO: militante do MR-8; médico; no dia 24 Ago 80, durante

“ato público” em Nova Iguaçu, fotografava ostensivamente as pessoas as quais julgava serem

agentes de 0011;

b) ANA ALICE TEIXEIRA PEREIRA: Médica do INAMPS, em Nova Iguaçu/RJ; fotógrafa,

munida com uma teleobjetiva, agentes dos 0011 que fazem a cobertura de “atos públicos”;

c) JOSÉ GERALDO DE JESUS (“Candonga”): “guarda-costas” de SÉRGIO DE

MAGALHÃES GOMES JAGUARIBE, do Jornal “Pasquim”;

d) SIDNEY LIANZA: militante do MEP; participou da “Segurança de “ato público”

realizado no Rio de Janeiro, no dia 24 Abr 80;

e) SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA e PEDRO CLÁUDIO BRANDO BOCAYUVA

CUNHA (“Kunca”): participaram da “Segurança” de “ato público” realizado no Rio de

Janeiro, em 13 jun 80.

3. Este Centro manterá o PB referenciado em aberto, e informará se obtidos novos dados a

respeito.

JORNAL: HORA DO POVO (ALA PETISTA/PCB+MR-8)

DATA: 06 FEV 1981 A 13 FEV 1981

Pau na moleira

Galinha verde é escorraçado em Minas Gerais

JORNAL: REPÓRTER

DATA: FEV 1981

SPC ajuda SNI a prender jornalistas e M??

JORNAL: ÚLTIMA HORA

DATA: 05 DEZ 1980

Polícia prende polícia em ato de estudantes

MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA

- CISA -

Em 20 MAR 1981

1 - ASSUNTO: RELAÇÃO DOS MILITANTES, ALIADOS OU SIMPATIZANTES DA

OSI e CS

2 - DIFUSÃO: AC/SNI

3 - CLASSIFICAÇÃO ANTERIOR:

4 - ANEXO: Duas relações c/ 42 fls

5 - REFERÊNCIA: TELEX 92/16/AC de Mar 81

NUMERAÇÃO

PNI: 3.1.8

ENCAMINHAMENTO No. 0025/CISA-RJ

1. Atendendo solicitação contida no telex de referência, este Centro encaminha duas relações

de militantes, aliados e simpatizantes da Organização Socialista Internacionalista e

Convergência Socialista.

2. A relação referente à OSI contém 736 nomes e 241 codinomes pertencentes a elementos

não identificados.

3. A da CS contém 604 nomes e 89 codinomes pertencentes a elementos não identificados.

4. Evidentemente essas relações conterão incorreções e, também, muitos dos codinomes

pertencerão a elementos já identificados sem que se tenha meios de fazer essa vinculação.

5. As duas organizações trotskistas que deverão constituir-se em seção nacional da

“Internacional/Comitê Internacional”, conforme decisão da Conferencia Mundial Aberta,

reúnem, portanto, no mínimo cerca de 1.400 militantes aliados ou simpatizantes.

RELAÇÃO DOS MILITANTES, ALIADOS E SIMPATIZANTES

CONVERGÊNCIA SOCIALISTA

ADAMIR MARINI

ANITA MARIA FABOI (“VERA”)

ANDRÉ JUNQUEIRA AYRES VILAS BOAS

ASTROGILDO BERNADINO ESTEVES ?? (“DJALMA”)

NOME FUNÇÃO NO PARTIDO ÓRGÃO OU MOVIMENTO QUE

ATUA

AGOSTINHA DE JESUS GOMES

ÁLVARO JOSÉ DA COSTA E SÁ CORREA

AFONSO CARLOS VIEIRA MAGALHÃES (“AFONSINHO”)

ARIVELTON VIEIRA ARRABAL (“PENINHA”)

ANA MARIA DE CARVALHO PEREGRINO (C)

ANA MARIA TOLENTINO DE CARVALHO (S)

ANA MARIA MENDONÇA

AUGUSTO CESAR DE FARIAS ALVES

ANTONIO ALCÂNTARA OLIVEIRA

ARNALDO WELNOWICKY

AUGUSTO SÉRVULO CINTRA DE MELLO (“CARLOS AUGUSTO”)

ADEMIR BATISTA DE CUNHA

ALCIDES BARTOLOMEU DE FARIA

ANIGNIO CARLOS RAMOS PEREIRA (“CARLÃO”)

ARTUR TRINDADE FILHO

ADILSON LUIZ CUNHA DE AGUIAR MARIZ

ANTONIO CARLOS

ARNALDO SHREINER (“MARIO”; “IVAN”, “ALMIR”, “GABRIEL”, “ZÉ-PEDRO”,

“SANTANA”)

ANTONIO JOSÉ MOREIRA FILHO (“JORGE”, “TONINHO”)

ANA LÚCIA VALADÃO CAMPOS RIBEIRO (“ANA PRETA”, “ANINHA”, “RENATA”)

ANTONIO SÉRGIO AZEVEDO CAMY

ARISTIDES TAVARES DOS SANTOS

AGAMENON DE ARAÚJO SOUZA

SALUSTIANO PEREIRA NETO MILITANTE

SÉRGIO GOMES MALTA CR/RJ/OSI

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

MILITANTE

SÉRGIO TADEU MARTINEZ MILITANTE

SIMONE SUZANA DOS SANTOS

MILITANTE

SOLANGE MARIA AZARANY MILITANTE

SONIA MARIA GONÇALVES NEDER

MILITANTE

SUELY DIAS CAVALCANTI MILITANTE

ANTONIO PINHEIRO FILHO

SANDRA COSTA CAJAZEIRA (C)

SANDRA SCHORNBAUN CORTES COSTA (S) (“SANDRA”)

SONIA SPIGUEL

SEBASTIANA PESSORANI RODRIGUES

SOLANGE DE MELO PAMI

SARA LIPMAN

SONIA MARIA SANTOS RODRIGUES

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA (“LUCAS”)

SILVANA NICOLOSI

SUZETE MARIA DE LIMA PAVÃO

SUELI MARA RIBEIRO FIGUEIREDO

SONIA COGIOLA CALEFI

SUELI APARECIDA XAVIER DA SILVA

SONIA FRADLA KAWA (“TONICA”)

SÉRGIO MORROT

SANDRA LOPES MACHADO

SEBASTIÃO BERTHOUD

SILVANO LOUZADA

SABINO M. GIRARDI

SAVIO UCHOA REGUEIRA

SILVIA BRENER MORANDI

SEVERO ALVES MAIASILVANO FERNANDES BAIA

TEREZA GARBAYO DOS SANTOS (“DEDÉ”)

TACUME YAMAMOTO

TELMO LIMA MARINHO

TELMA SANDRA AUGUSTO DE SOUZA

VIRGINIA PALHANO DE ALCÂNTARA HOFFMAN (“ANA”)

WAGNER DE QUEIROZ CORBO

WANIA MARIA BARROSO

VERONICA ISABELA CORDEIRO DE MIRANDA (“MARIA”, “TATIANA”)

WALDEMAR SAFIOTTI

VERA LUCIA SARGES GARRIDO

WALDO MERMELSTEIN (“BETO”, “ANTONIO”, “NELMES”)

WALFRIDO LIMA (“ARLINDO”)

WENDEL SUSSUARAMA SETUBAL (“CHICO”)

WERBSTER GOMES BRAVO

WILLIAN BUGARIM VENEZES DOS SANTOS (“CELSO”)

WALDEREZ DUARTE

VIRGÍLIO ANTONIO CUNHA MATTOS

CAPA DE ACE

SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES

AGENCIA RIO DE JANEIRO

INFORMAÇÃO No. 013/116/ARJ/82

ACE 5859/82

DATA: 11 de março

ASSUNTO: INFILTRAÇÃO COMUNISTA NOS PARTIDOS POLÍTICOS-

DIRETÓRIOS REGIONAIS E MUNICIPAIS DO PT NOS ESTADOS DO RJ E ES.

a) TELEX No. 081/16/AC/82, DE 05 MAR

b) INFORMAÇÃO No. 157/115/ARJ/81, DE 12 NOV ACE 5394-81

c) INFORMAÇÃO No. 029/116/ARJ/82 DE 25 FEV ACE 5824-82

ÁREA:

PAÍS:

DIFUSÃO ANT.:

DIFUSÃO: AC/SNI

ANEXO: RELACIONADO NO ITEM 3 DESTA INFORMAÇÃO.

4. Lançado oficialmente no Estado do RIO DE JANEIRO, em Set 79, o Partido dos

Trabalhadores (PT) encontra-se, desde 82, registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE),

de RJ, com a seguinte estrutura:

- Diretório Regional, dezenove (19) Diretorias Municipais e dezoito (18) Diretorias

Zonais do Município do RIO DE JANEIRO, cujos integrantes estão relacionados no Anexo

A.

Dessa relação participam notórios comunistas de várias correntes cujas presenças

denunciam o caráter marxista do PT, haja vista a Carta de Princípios, o Programa do Partido e

o Programa Mínino do PT/RJ (referencia “b”).

5. Através da INFÃO referenciada em “c”, esta AR assinalou o nome dos candidatos

lançados pelo PT do Estado no ESPÍRITO SANTO que possuem antecedentes relacionados

com organizações subversivas.

A composição dos Diretórios Municipais do PT em VITORIA, CACHOEIRO DO

ITAPEMIRIM, SÃO MATEUS, SERRA e VILA VELHA, consta do Anexo .

6. ANEXO: A - CÓPIA DA INFORMAÇÃO No. 18-0/82/EX/24 SEC, DE 12 JAN (PRG-

C437/82)

B - COMPOSIÇÃO DOS DIRETÓRIOS MUNICIPAIS DO PT/ES.

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO

I EXERCITO

12 JAN 82

1. ASSUNTO: O PARTIDO DOS TRABALHADORES NO RIO DE JANEIRO - 4.4.2.

2. ORIGEM: I Ex

3. AVALIAÇÃO:

4. DIFUSÃO: ARJ/SMI - Arq.

5. DIF. DESDE ORIGEM:

6. ANEXO:

7. REFERÊNCIA:

INFORMAÇÃO No. 18-C/82

1. O PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) foi lançado, oficialmente , em 28 Jul 79, em

BELO HORIZONTE/MG, por líderes sindicais, na presença de aproximadamente 300

(trezentas) pessoas, tendo como convidado de honra MÁRIO PEDROSA DE ANDRADE,

intelectual e criador do GRUPO BOLCHEVIQUE-LENIN (GRU), primeiro núcleo trotskista

surgido no BRASIL.

O PT se propunha a ser criado “de baixo para cima:, repudiando toda a forma de

manipulação política das massas exploradas, o que fazer declarar-se comprometido e

empenhado com a tarefa de colocar os interesses populares na cena política, e de superar a

atomização e dispersão das correntes classistas e dos movimentos sociais, além de manifestar

intensa solidariedade com tas as massas oprimidas do mundo. Para esse fim, pretendia

implantar seus núcleos de militantes em todos os locais de trabalho, sindicatos, bairros,

municípios e regiões.

Tudo isso, fiel à “CARTA DE PRINCÍPIOS”, lançada nas principais capitais do país,

contendo uma plataforma política calcada em 03 (três) fundamentos básicos: Liberdades

Democráticas; Melhores Condições de Vida e de Trabalho; e Questão Nacional.

Destes fundamentos, destacamos os seguintes aspectos:

a. LIBERDADES DEMOCRÁTICAS:

- Sindicatos livres e independentes do Estado, extinção da estrutura sindical vigente;

- efetiva liberdade de organização nos locais de trabalho;

- pleno direitos sindicais aos funcionários públicos;

- direito irrestrito de greve;

- desativação dos Órgãos repressivos e dissolução dos grupos para-militares;

- fim do regime militar; e

- convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte; Livre, Democrática e Soberana.

b. MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA E DE TRABALHO

- Socialização da medicina e desenvolvimento da medicina preventiva;

- democratização do ensino, com ensino gratuito para todos;

- trabalho igual, salário igual; e

- salário mínimo nacional único.

c. QUESTÃO NACIONAL

- Erradicação dos latifúndios improdutivos e distribuição da terra aos trabalhadores sem terra;

- estímulo à organização de forma cooperativista dos pequenos proprietários;

- estatização das empresas que prestam serviços básicos de transporte de massas, educação,

saúde, produção e distribuição de energia;

- nacionalização e estatização de todas as empresas estrangeiras; e

- controle popular dos fundos públicos.

Posteriormente, lançou um documento intitulado “MANIFESTO DO PARTIDO DOS

TRABALHADORES”, contendo o seu Programa e Estatuto.

O seu principal líder, articulador e Presidente, atual, é LUIZ INÁCIO DA SILVA

(“LULA”), que viajou para a Alemanha, no primeiro semestre de 1977, a fim de freqüentar

um curso sobre política/ou sindicalismo, com duração de dois meses. Essa viagem e o curso

foram financiados pela Internacional Socialista (II Internacional), através do SPD, partido da

social-democracia Alemã.

2. No Rio de Janeiro, o PT nasceu, como reflexo do seu surgimento em São Paulo, após os

movimento grevistas dos metalúrgicos do Rio e de Niterói, dos garis e dos rodoviários, no

início de 1979; assumido e impulsionado por, ainda limitados setores operários, movimentos

de bairro e movimentos ditos de pequena Burguesia e por algumas Organizações Subversivas

de esquerda. Foi lançao, oficialmente, no dia 30 set 79, durante “atos públicos” realizados no

Cine-Show de Madureira, em Nova Iguaçu e Volta Redonda, com as presenças de “ “LULA”,

JOSÉ IBRAHIN, PAULO MATOS, SMPQ-MOV e dirigentes sindicais deste Estado.

3. No dia 11 Mai 79 foi realizada a I Plenária do Movimento pelo PT/RJ, durante a qual

deveria ser aprovada uma política de ampliação das bases do partido; contudo, isso não

aconteceu em virtude da diversidade das tendências que compunham. Alguns, defenderam um

programa mais definido; outras, preferiram discutir uma melhor definição sobre o caráter de

classe; e, ainda, outras, se omitiram na definição de uma política mais geral.

No dia 02 Dez 79, nas instalações do Diretório Central Estudantil (DCE) da

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF), na presença de, aproximadamente, 500

(quinhentas) pessoas, o PT realizou a sua II Plenária em que foram declaradas várias questões

importantes; entre elas, a campanha política a ser desenvolvida até a realização do seu I

Encontro Regional. Esse Encontro foi realizado no dia 11 Mai 81, na Assembléia Legislativa,

ocasião em que defendia a proposta de programa a ser apresentado no Encontro Nacional do

Partido, fundamentada em 03 (três pontos básicos: Pelo fim da Ditadura Militar; Por Amplas

Liberdades Democráticas; Por melhores condições de vida e de trabalho e Contra qualquer

tipo de discriminação racial, religiosa e sexual.

Em Jul 81, em Nova Iguaçu, realizou uma outra Plenária, auto intitulada “PLENÁRIA

REGIONAL DEMOCRÁTICA”, durante a qual foram aprovadas algumas resoluções

políticas, reguladoras do Partido.

Assim, o PT foi criando corpo neste Estado, estando estruturado, até ao presente data, e

registrado no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, em 01 (um) Diretório Regional e

em 19 (dezenove) Diretórios municipais, sendo que no município do Rio de Janeiro, em 18

(dezoito) Zonas Eleitorais; assim discriminados:

1. DIRETÓRIO REGIONAL

1) Membros:

- ANTONIO DE NEIVA MOREIRA NETO - militante da UNIÃO DOS COMUNISTAS

BRASILEIROS (UCB);

- ANTONIO LUCIANO FUZER - Presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro;

- ADAIR LEONARDO ROCHA - ligado à CONVERGÊNCIA SOCIALISTA (CS);

- ARTHUR CARLOS DA ROCHA MULLER - membro do COMITÊ BRASILEIRO PELA

ANISTIA (CBA);

- CID QUEIROZ BENJAMIN - ex-militante do MR-8;

- DANIEL AARÃO REIS - ex-militante do MR-8;

- ELIO CABRAL DE SOUZA - militante da ALA VERMELHA (AV);

- EMIDIO GEREMIAS (“TESTA”) - ativista do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro;

- FERNANDA DUCIOS CARÍSIO (“RENATA”) - militante do MOVIMENTO PELA

EMANCIPAÇÃO DO PLORETARIADO (MEP);

- LUIZ ARNALDO DIAS CAMPOS - militante do MEP;

- HILDÉSIA ALVES MEDEIROS - dirigente do CENTRO ESTADUAL DOS PROFESSORES

(CEP);

- ISABEL FONTENELLE PICALUGA - militante do PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO

(PCB);

- JOAQUIM ARNALDO DE ALBUQUERQUE - ex-militante do MOVIMENTO POPULAR DE

LIBERTAÇÃO (MPL); atualmente, militante da AÇÃO CATÓLICA OPERÁRIA (ACC);

- JOSÉ DOMINGOS CARDOSO - ex-militante do MPL e ex-dirigente nacional da COC-

Internacional;

- JOSÉ EUDES DE FREITAS - Deputado Estadual/RJ e militante da AÇAO POPULAR MARXISTA

LENINISTA (APML);

- JORGE RICARDO BITTAR - Presidente do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro;

- JORGE JOSÉ L. MACHADO RAMOS;

- JAIR FERREIRA DE SÁ (“DORIVAL”) - militante da APML;

- JOÃO LEAL DE ARAUJO - ativista no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro;

- JORGE ALOICE GOMES (“MARCOS”) - militante do MEP;

- JOSÉ SÉRGIO LEITE LOPES - professor, ativista do MOVIMENTO AMIGOS DE BAIRRO

(MAB), em Nova Iguaçu/RJ;

- LUIZ ROBERTO TENÓRIO - ex-militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA

(VPR);

- LIA CIOMAR MACEDO FARIA;

- LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA SILVA;

- MARCELO JOSÉ BER??? - em 1979, era membro da direção da Cooperativa dos Profissionais da

Imprensa;

- MARIA ANGELINA DE OLIVEIRA;

- MARIA INÊS PEREIRA GUIMARÃES - militante da CONVERGÊNCIA SOCIALISTA (CS);

- NIVALDO RENATO GUIMARÃES - militante do MEP;

- ROBERTO RIBEIRO MARTINS - militante do PC do B-Ala Pomar;

- ROMILDO RAPOSO TAVARES;

- SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA - militante da ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA

INTERNACIONALISTA (OSI)

- SIDNEY LIANZA - militante do MEP;

SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES

AGENCIA RIO DE JANEIRO

INFORME No. 123/116/ARJ/82

DATA: 17 de setembro

ASSUNTO: MILITANTES E SIMPATIZANTES DA ORGANIZAÇÃO

SOCIALISTA INTERNACIONAL (OSI) NOS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E

ESPÍRITO SANTO.

ORIGEM:

AVALIAÇÃO:

ÁREA: A-2

REF: PEDIDO DE BUSCA No. 064/16/AC/82, DE 08 JUN

DIF. ANTERIOR:

DIFUSÃO: AC/SNI

ANEXO: RELAÇÃO NOMINAL

Os elementos constantes da relação anexa foram levantados como militantes da OSI nos

Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. (Dados de Set 82)

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO

I EXERCITO

28 DEZ 84

1. ASSUNTO: CONVENÇÃO REGIONAL EXTRAORDINÁRIA DO PARTIDO

DOS TRABALHADORES DO RIO DE JANEIRO (PT/RJ)

2. ORIGEM: I Ex

3. AVALIAÇÃO:

4. DIFUSÃO: CIR - ARJ/SNI - 1º DE - 2º Bds Inf - 5ª Bda C Bld - 1º DN

5. DIF. DESDE ORIGEM:

6. ANEXO:

7. REFERÊNCIA:

INFORMAÇÃO No. 277-C/84

1. Realizou-se nos dias 15 e 16 Dez 84, na ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO (ALERJ), a CONVENÇÃO REGIONAL

EXTRAORDINÁRIA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DO RIO DE

JANEIRO (PAR/RJ). O evento, preparatório para a Convenção Nacional do Partido que

está prevista para 05 e 06 Jan 85, teve como finalidade definir a posição do Partido do

RIO DE JANEIRO, frente a questões referentes a sucessão presidencial e a retirar

delegados do Estado para a citada Convenção Nacional.

2. Precedida por convenções zoais e de núcleos de categoria, o evento reuniu ceva de

300(trezentas) pessoas entre delegados e observadores.

3. Foram identificados os seguintes elementos:

- SIDNEY LIANZA - militante do MEP e presidente regional do PT, que presidia o

evento;

- ISABEL FONTENELLE PICALUGA - membro do Diretório Nacional do PT e

Secretária Geral do PT;

- JOAQUIM CALHEIROS SORIANO, membro da Executiva Regional do PT/RJ e

militante da ORM/DS;

- ABDIAS JOSÉ DOS SANTOS, membro do Diretório Regional do PT/RJ e presidente

do SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE NITERÓIL

- GERALDO CÂNDIDO DA SILVA, membro do Diretório Regional do PT/RJ e

presidente do SINDICATO DOS METROVIÁRIOS/RJ;

- ARTHUR OBINO NETO, ex-militante do MEP;

- CLARA ZILBERSTAJN DE ABREU, ex-militante do MEP;

- AGENOR LUDGERO ALVES NETO, ex-militante do MEP;

- HERMES CAVALCANTI CARNEIRO, ex-militante do MEP;

- OG CARRAMILDO BARBOSA, ex-militante do MEP;

- LUIZ ARNALDO DIAS CAMPOS - militante do MEP e membro do Diretório

Regional do PT/RJ;

- JAIR FERREIRA DE SÁ - ex-militante da APML;

- SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA - militante da ORM-DS;

- JOÃO LEAL DE ARAUJO - membro do Diretório Regional do PT/RJ;

- PEDRO JORGENSEM JÚNIOR, militante da FQI (Ex-OSI) e membro do Diretório

Regional do PT/RJ;

- EUGÊNIA VITÓRIA LOUREIRO SERRANO, militante da FQI e pertencente ao

Núcleo do PT na categoria dos Arquitetos;

- ADAIR LEONARDO ROCHA - membro do Diretório Regional do PT/RJ;

- MARIA CECÍLIA SOARES GUEDES, militante da FQI e membro do Diretório da

7a ZE do PT/RJ;

- JOSÉ SÉRGIO GUEDES, militante da FQI;

- MARCELO BORGES SERENO, militante da FQI;

- LUIZ ROBERTO TENÓRIO, militante do PT/RJ;

- MAURO SÉRGIO MALTA DO NASCIMENTO, membro do Diretório Regional do

PT/RJ;

- MARCEL DA COSTA HOMAN BISPO, militante do PT/RJ, membro do Diretório

da 7a ZE;

- JOSÉ MARIA GALDEANO, membro do Diretório Regional do PT/RJ;

- CIRO GARCIA, militante da CS/AJS;

- TEREZA REGINA MACHADO BASTOS, militante da CS/AJS;

- SONIA MARIA NORONHA DE LIMA, militante da CS/AJS;

- MARCO TÚLIO PAOLINO, militante da CS/AJS;

- ONIR DE ARAÚJO, militante da CS/AJS;

- JÚLIO CÉSAR COSTA FILHO, militante da CS/AJS;

- CARLOS GUILHERME HAUSER, militante da CS/AJS;

- RICARDO TAVARES AFFONSO, militante da CS/AJS;

- ELAINE ROSSEATI BHERING, possível militante da ORM-DS;

- GENILDA ALVES DE SOUZA, militante da CS/AJS;

- LEANDRO PIQUET CARNEIRO, militante da CS/AJS;

- JOSÉ EDUARDO DE FIGUEIREDO BRAUNSCHWEIGER, militante da CS/AJS;

- ALCEBIADES DE SOUZA TEIXEIRA FILHO, militante da ORM-DS;

- WLADIMIR GRACINDO SOARES PALMEIRA;

- MERCEDES FERREIRA GALVÃO, militante do PT/CAIXIAS/RJ;

- MARIA LÚCIA SILVA MARTINS, membro do Diretório do PT da 3ª ZE;

- CLÁUDIO ROBERTO MARQUES GURGEL, ex-militante do PCBR e membro do

Diretório Municipal do PT/NITERÓI;

- ÂNGELA MARIA FONTENELLE PICALUGA, militante do PT, membro do

Diretório da 19ª ZE;

- JOSÉ AMAURI PINTO, ex-militante do MEP, militante do PT/2ª ZE;

- NELSON OSIRIS DE CASTRO, militante do OQI;

- ERNANI DE SOUZA COELHO, membro do Diretório Municipal do PT de São João

de Meriti; e

- LUIZ CARLOS SIXEL DE OLIVEIRA, membro do Diretório Regional do PT/RJ.

4. A Convenção desenvolveu-se obedecendo uma pauta que abordava os assuntos

propostas da seguinte forma:

- Sábado (15 dez 84) - Questão da ida ou não ao COLÉGIO ELEITORAL;

- Domingo (15 dez 84) - Posição frente ao provável governo de TANCREDO

NEVES e situação dos parlamentares que desobedecerem às diretrizes do Partido;

- Pacto Social;

- Escolha dos delegados.

5. Quanto a ida do PT ao Colégio Eleitoral que escolhera o novo Presidente do

BRASIL, após muitos debates e discussões, ficou decidido que o partido não

comparecerá, por conseguinte deixando de participar do evento que definirá a sucessão

presidencial.

6. No que tange a posição a ser adotada pelo PT de ter no futuro governo da Aliança

Democrática, em caso de vitória de seu candidato, foram apresentadas três propostas:

a. 1ª proposta: Apoio à Aliança Democrática. Foi apresentada em plenário por

JOÃO LEAL DE ARAÚJO e defendida por militantes petistas adeptos da TEORIA

AUTONOMISTA e por militantes da FQI, saindo vencedora, obtendo 101 votos;

b. 2ª propostas: Não participação na Frente Democrática, fazendo oposição

sistemática. Foi apresentada em plenário por JOAQUIM CALHEIROS SORIANO e

defendida por militantes da SC/ARJS, ORM-DS, CQI, PRC e ex-militantes da ALA

VERMELHA, ficando em 2º lugar com 84 votos.

c. 3ª proposta: Participar da Aliança Democrática e sempre que possível fazer

oposição quando as oportunidades surgirem. Foi defendida pelo grupo de WLADIMIR

GRACINDO SOARES PALMEIRA e pelo grupo de ex-militantes do MEP, ficando em

último lugar com 33 votos.

7. No que tange a situação dos parlamentares que viessem a desobedecer às diretrizes

do partido, ficou definido por proposta de militantes da FQI, CS/AJS e da OQI, que ao

parlamentar caberia a iniciativa de solicitar pelo parlamentar infrator, então o Partido

Determinaria o referido desligamento.

8. Foram escolhidos 31 delegados (1/7 da Convenção), assim distribuídos:

- 14 para o grupo formado pelos adeptos da TEORIA AUTONOMISTA e pelos

militantes da FQI

- 12 para o grupo formado pelos militantes da CS/AJS, ORM-DS, PRC, CQI e AV;

- 03 para o grupo formado pelos ligados a WLADIMIR PALMEIRA e ex-mili-

9. O PARTIDO DOS TRABALHADORES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,

manipulado por contumazes contestadores do regime e/ou militantes de diversas

organizações subversivas, apresentou-se perante a população carioca, por ocasião de

sua Convenção Regional, como uma agremiação que procura assumir uma postura

política diferente dos demais partidos, numa tentativa de procurar sensibilizar a opinião

pública à sua causa.

SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES

AGÊNCIA CENTRAL

PEDIDO DE BUSCA No. 002/16/AC/84

DATA: 05 JAN 1984

ASSUNTO: IDENTIFICAÇÃO DE MILITANTES TROTSKISTAS.

ORIGEM: AC/SNI

DIFUSÃO: CIE - CIM - CISA - CI/DPF

ANEXOS: a) RELAÇÃO DE MILITANTES DA ALICERCE DA JUVENTUDE

SOCIALISTA (AJS)

b) RELAÇÃO DE MILITANTES DA ORGANIZAÇÃO SOCIALISTA

INTERNACIONALISTA (OSI)

c) RELAÇÃO DE MILITANTES DA ORGANIZAÇÃO REVOLUCIONÁRIA

MARXISTA - DEMOCRACIA SOCIALISTA (ORM-DS)

d) RELAÇÃO DE MILITANTES DO PARTIDO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIO

TROTSKISTA-POSADISTA (PORT-P)

e) RELAÇÃO DE MILITANTES DA ORGANIZAÇÃO QUARTA

INTERNACIONAL (OQI)

f) RELAÇÃO DE MILITANTES TROTSKISTAS, ORGANIZAÇÃO NÃO

IDENTIFICADA.

DADOS RECEBIDOS

a. Por meio de vários documentos recebidos, esta AC/SNI elaborou relações de militantes

das organizações trotskistas que atuam no País.

b. Essas relações estão sendo encaminhadas aos Centros, para serem atualizadas.

DADOS SOLICITADOS

1. Endereços atualizados, funções exercidas nas organizações, setores de atuação, cidade(s)

onde militam, entidade (Diretório, Sindicato, Organismo de pressão, etc.), exercício de cargo

diretivo na organização, estruturação em dissidências, codinomes, exercício de cargos

Governamentais ou parlamentares;

2. Incluir, excluir e modificar, nas relações anexas, os nomes de militantes que forem

necessários; e

ANEXO “B”

II MILITANTES DA OSI NO RIO DE JANEIRO

ORDEM NOME

01 ANA MARIA NAVARRO GARCIA

02 ALCEBÍADES PEREIRA

03 ÂNGELO ANDRÉ DA SILVA SANTOS

04 AMAURI CORREIA DE ALMEIDA MORAES

05 ANTONIO LOPES DA SILVA

06 ANTONIO TAVOLARO

07 CARLOS ALBERTO SOMES FILHO

08 CARLOS ALBERTO PIRES SERRANO

09 CLÁUDIO MAGNO MARTINS

10 CELSO EDUARDO ARAÚJO SILVA

11 DACIO GOMES MALTA

12 DEOLINDA ALVES DE OLIVEIRA

13 DIMAS SOUZA MARTINS

14 EDSON JOSÉ FERREIRA

15 ELIZABETE IVONE DE SOUZA ANICETO

16 ELIZABETH MENDES DE OLIVEIRA

17 ESMERINO RODRIGUES JÚNIOR

18 EUGÊNIA VITÓRIA LOUREIRO SERRANO

19 FÁTIMA BASTOS DIAS

20 FLÁVIO NOGUEIRA PINHEIRO DE ANDRADE

21 FLÁVIO PINTO BOLLIGER

22 FRANCISCO CLESO JUNQUEIRA FRANCO

23 GLÁUCIA MARIA BOM

24 ILMA YOKUMAOJA

25 ISAURA MACHADO DE OLIVEIRA

26 JACY BAIMA ARRUDA

27 JANE MARIA DA FONSECA MENEZES

28 JOÃO RIBEIRO CAVALCANTI

29 JOSÉ CARLOS GAMEIRO MIRIGAYA

30 JESUS DE ALVIM BARROS

31 JOSÉ MARIA GALHASSI DE OLIVEIRA

32 JOSÉ SÉRGIO GUEDES

33 JOSÉ WILSON MONTEIRO DE MELO

34 JÚLIO FLÁVIO GAMEIRO MIRAGAYA

35 LAURA DE OLIVEIRA IBRAHIM

36 LAZARA MARIA PEREIRA

37 LÉLIA MASCARENHAS DE MOURA

38 LÉIDA VARGAS

39 LUIZ ANTONIO CAMPOS SENRA

40 LUIZ CARLOS AZARANY

41 LUIZ PAULO SERÔA TAVARES DE CAMPOS

42 LUIZ ROBERTO VICALHO DOMINGOS

43 MARCELO BORGES SERENO

44 MÁRCIA ELISABETH FRANCO REIS

45 MARIA MARGARIDA PINHEIRO DE ANDRADE

46 MARIA CECÍLIA SOARES GUEDES

47 MARIA INÊS CORRÊA MAROQUI

48 MARTIN FREED BRAUN

49 MAYRA RODRIGUES DE ALMEIDA

50 MÔNICA MEDRADO DA COSTA

51 PAULO FERDINANDO PINTO DANTAS

52 PEDRO ANTONIO DA SILVA CASTRO

53 PEDRO JORGENSEN JÚNIOR

54 RENATO JEYOUX DE CARVALHO

55 SALUSTIANO PEREIRA NETO

56 SÉRGIO GOMES MALTA

57 SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

58 SÉRGIO TADEU MARTINEZ

59 SIMONE SUZANA DOS SANTOS

60 SOLANGE MARIA AZARANY

61 SÔNIA MARIA GONÇALVES NEDER

62 SUELY DIAS CAVALCANTI

63 THAIS PEREIRA DE LIMA

64 WALDILÚCIO PINHEIRO

CAPA DE ACE

ACE 49150/85

AGÊNCIA CENTRAL

FICHA DE DISTRIBUIÇÃO DE DOCUMENTOS

ACE 49150/85

MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA

CENTRO DE INFORMAÇÕES DA AERONÁUTICA

INFORME N. 0214/85/220/CISA

DATA 02 ABR 1985

ASSUNTO PARTIDO DOS TRABALHADORES/RJ - REUNIÃO DO DIRETÓRIO

REGIONAL

REFERENCIA

ORIGEM CISA-RJ

AVALIAÇÃO A- I

ÁREA

PAIS

DIFUSÃO ANTERIOR

DIFUSÃO SNI/AC-CIE-CENIMAR-CISA/BR

ANEXO

1. O Diretório Regional/RJ ao Partido dos Trabalhadores esteve reunido dia 24 MAR 85,

das 10:00 ás 15:30hs, na sede da Associação dos Moradores e Amigos de Santa Teresa (rua

Almirante Alexandrino 501), em virtude da loja onde funcionava o PT/RJ, na rua Augusto

Severos haver sido entregue ao proprietário, por dificuldades em efetuar o pagamento do

aluguel mensal.

2. A essa reunião estiveram presentes 43 pessoas, representando organizações de

esquerda e entidades diversas, atuantes dentro do PT, como a ORM-DS (Organização

Revolucionária Marxista-Democracia Socialista), FQI (Fração Quarta Internacional), MEP

(Movimento pela Emancipação do Proletariado), pessoas vinculadas à Igreja e sindicalistas:

LISZT BENJAMIM VIEIRA - Dep Est PT/RJ

BENEDITA SOUZA DA SILVA - Vereadora PT/RJ

SIDNEY LIANZA - Militante do MEP

JOAQUIM SORIANO - Militante da ORM-DS

ISABEL FONTENELE PICALUGA

SÉRGIO ANDRÉA - diretor da FAMERJ (Federação de Associações de Moradores/RJ e

membro da Secretaria de Bairros e Favelas do PT/RJ)

PEDRO JORGENSEN JUNIOR - Militante da FOI

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA - Militante da ORM-DS ADAIR LEONARDO

ROCHA

JOÃO LEAL DE ARAÚJO

CARLOS WALTER GONÇALVES

FRANCISCO ABIGAIL BARRETO PARANHOS ex-militante do PCBR

CID QUEIROZ BENJAMIM - ex-militante do MR-8; ex-banido

RICARDO DUTRA - Militante da ORM-DS

LEO QUEIRÓZ BENJAMIM ex-militante do MR-8

MANUEL SEVERINO DOS SANTOS

CANAGÉ VILHENA

3. Foram discutidos os prós e os contras do PT/RJ lançar a candidatura do atual

presidente da FAMERJ, JÔ REZENDE, à prefeitura do Rio de Janeiro, não se chegando a

nenhuma conclusão, uma vez que as bases não foram consultadas.

Foi condenada a "falência", a "desestruturação orgânica "caos", em que se transformou o

PT/RJ, com as finanças inteiramente abaladas.

Diversas hipóteses foram formuladas para por em ordem as finanças, sendo aprovadas as

seguintes: cobrar 15 milhões de cruzeiros que o Dep Fed. JOSÉ EUDES FREITAS deixou de

recolher ao partido, correspondente a 40% de seus vencimentos referentes a vários meses;

venda da maquinaria gráfica do parti do; estabelecer um plano de finanças e dispensar os

funcionários do partido.

Os trabalhos dessa reunião foram coordenados por JOAQUIM SORIANO, ISABEL

FONTENELE PICALUGA e SIDNEY LIANZA.

MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA

CENTRO DE INFORMAÇÕES DA AERONÁUTICA

INFORME No. 0091/ 87/150/CISA-RJ.

DATA 17 MAR 1987

ASSUNTO ATO EM HOMENAGEM A NAHUEL MORENO - PROMOVIDO PELA

CONVERGÊNCIA SOCIALISTA (CS) NO RJ

REFERENCIA TLX 473/TS-150/RECISA/250287

ORIGEM CISA-RJ

AVALIAÇÃO A- 2

ÁREA

PAIS

DIFUSÃO ANTERIOR

DIFUSÃO SNI/AC-CIE-CIM-ARJ/SNI-CISA/BR

ANEXO

1. Foi realizado no dia 26 FEV 87. com inicio is 19:30h e término às 22:30 h, no Sindicato

dos Bancários do Rio de Janeiro, à Av. Presidente Vargas no. 502/21º andar - Centro, um ato

em homenagem a NAHUEL MORENO (falecido em 25 JAN 87), promovido pela

organização trotskista CONVERGÊNCIA SOCIALISTA (CS), Seção Brasileira da LIGA

INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES/QUARTA INTERNACIONAL (LIT/QI). O

ato contou com o comparecimento de aproximadamente 200 (duzentas) pessoas cuja

apresentação ficou a cargo de ANA LUISA FIGUEIREDO GOMES e a mesa foi composta

por: JOSE WELMOVCKY (membro da Direção Nacional da Convergência Socialista),

EDSON DA SILVA COELHO (membro da Direção Nacional da "CS"), ANTONIO

CARLOS DA COSTA GALVÃO (membro da Direção Nacional da "CS"), CYRO GARCIA

(membro da Direção Nacional da "CS"), NEY DE SOUZA NUNES (membro da Comissão

Sindical da Light e militante da "CS"), CARLOS AUGUSTO ALVES SANTANA

(Presidente do Sindicato dos Ferroviários do RJ e, provavelmente, militante do "MCR")

GERALDO CÂNDIDO DA SILVA (Presidente do Sindicato dos Metroviários do RJ),

ERNANI DE SOUZA COELHO (representando a Bancada Estadual do PT), VALDIR

ARAUJO DA ROCHA (Pres Sindicato dos Portuários do RJ), PEDRO JORGENSEN

JÚNIOR (representando o Boletim "O Trabalho", militante da ex-FQI, (atual OT/QI), LUIZ

ARNALDO DIAS CAMPOS (representando o MCR - Movimento Comunista

Revolucionário), CARLOS GOMES VILELA FILHO (representando o PRC - Partido

Comunista Revolucionário), SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA (representando a

Organização Revolucionária Marxista Democracia Socialista - ORM-DS), RONALD

SANTOS BARATA (Pres do Sindicato dos Bancários do RJ), ANTONIO PEREIRA DA

SILVA FILHO "PEREIRINHA" (Militante do PCB ala Prestes, diretor do Sindicato dos

Bancários do RJ), e MARCOS ANTONIO CHAGAS DE ALMEIDA (Pres Sindicato dos

Bancários da Baixada).

Compareceram ao evento as seguintes pessoas: ALEXANDRE SCHURF DA COSTA,

CINTIA FERREIRA, CARLOS GUILHERME HAESER, ELIAS JOSÉ ALFREDO,

GENILDA ALVES DE SOUZA, GLÓRIA MARIA VARGAS QUEIROZ; JOSÉ CARLOS

COMES (CUICA), JULIO CESAR COSTA FILHO, JULIO CESAR VIEIRA DOS

SANTOS, JOSE EDUARDO S. BRAUNS CHWEIGER (ZEQUINHA), JOSE DE

CARRANCHO, JOÃO PEDRO BARROCAS MACHADO, JORGE VIEIRA DOS

SANTOS, LUIZ ERNESTO TAVARES, LILIAN IRENE QUEIROZ, MARCOS AURÉLIO

DA SILVA (TAQUIL), DEL CARMEN TUBIO PEREIRA MARIA JOSÉ DE OLIVEIRA

(ZEZÉ), MARIA LÚCIA DE OLIVEIRA PÁDUA PINTO, MARCOS TÚLIO MARIA

ELISA WILDHAGEN GUIMARÃES, MARCUS VINICIUS SANTOS E SILVA,

RICARDO TAVARES, RONALDO MORENO DE MELLO, SÉRGIO RENATO DA

SILVA MAGALHÃES (SERJÃO), SÉRGIO LUIZ PEREIRA DA SILVA, WALTER

HENRIQUES, IZABEL FONTENELLE PICALUGA, ANTONIO FÉLIX FONTENELLE

PICALUGA (Diretor do Sindicato dos Bancários RJ, FRANCISCO SÉRGIO RAYOL DE

FREITAS (Diretor do Sindicato dos Bancários do RJ) e as não identificadas: ESTELA,

FÁTIMA, JUSSARA, MARCO ANTONIO, MARINA, TÂNIA, CARLOS MAURO,

GERALDO, TILA, RUBENS, HAROLDO, MEIRE, RENATO, FÁTIMA, BRÁS, PAULO,

SILAS, ADRIANA, ANDRE, FELIPE, ANA PAULA e SÉRGIO.

II. Participaram, ainda, uma delegação do "MAS", membros da executiva do PT,

Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis/RJ, membro do Movimento Negro do RJ,

membros da Oposição do Sindicato dos Gráficos, AMES e outros. Foram observadas faixas

da "A CLASSE OPERÁRIA É INTERNACIONAL - "CONVERGÊNCIA SOCIALISTA" -

"LIT/LIGA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES", "COMPANHEIRO MORENO

ATÉ O SOCIALISMO SEMPRE" e cantados os seguintes refrões: "OLÉ, OLÉ! (bis) Somos

a morte do capital, somos trotskistas da IV INTERNACIONAL" - "BRASIL, POLÔNIA,

AMÉRICA CENTRAL, a classe operária - Internacional".

III. Foram lidas diversas mensagens de pêsames, saudações de diversas entidades,

inclusive a homenagem do escritor e jornalista inglês PETER FRYER; apus os discursos

encerrando o ato todos cantaram de pé, braço esquerdo erguido e punho fechado, o hino da

"INTERNACIONAL".

CAPA DE ACE

ACE 015064/87

REUNIÃO DO DIRETÓRIO REGIONAL DO PT/RJ

O Diretório Regional do PARTIDO DOS TRABALHADORES DO RIO DE JANEIRO

(DR/PT/RJ), realizou em JUN 87, uma reunia, onde aprovou o seguinte plano de trabalho

para o Partido neste Estado:

1 - Prioridades

Foram definidas trás tarefas como prioritárias para os próximos meses:

a - o desenvolvimento da campanha pelas eleições diretas para Presidente, para o que

foi criada uma comissão específica sob a coordenação de um membro da Executiva;

b - o processo de convenções legais do partido nas zonas eleitorais, nos municípios e no

estado, processo este cuja coordenação estará e cargo da Secretaria de Organização;

c - e edição regular de um boletim interno para o partido, alcançando o conjunto de sua

estrutura, e cargo da Secretaria Geral.

2 - Divisão do Estado em sub-regiões

Por proposta aprovada na ultima Convenção Regional, o Estado foi dividido em sub-

regiões, cada qual tendo direito a enviar um representante eleito pelos municípios que a

compõem, para participar com voz nas reuniões do Diretório Estadual. Resolveu-se, no

Diretório, complementar essa proposta com a indicação de elementos da Direção Estadual,

responsáveis pelo acompanhamento do trabalho em cada uma das sub-regiões abaixo:

a - Município do RIO DE JANEIRO (dada a maior facilidade de contato, n o foram

indicados responsáveis do Diretório Estadual pelo acompanhamento).

b - Baixada Fluminense - responsáveis: ORLANDO JÚNIOR, ROSÂNGELA MIGUEL,

JOÃO GONÇALVES, ERASMO BARBOSA DE FARIAS e JOSÉ ALEXANDRE

PEDROSA.

c - NITERÓI, SÃO GONÇALO e ITABORAÍ - responsáveis: JOSÉ BARROSO,

CARLOS AUGUSTO ANCÉDE NOUGUÉ e JORGE RICARDO BITTAR.

d - Litoral Sul - Fluminense responsáveis: RONALDO MARCHESINI e JOSÉ

CASTILHO.

e - Interior Sul-Fluminense - responsáveis: LEONARDO NOGUEIRA e SÉRGIO

MURILO NASCIMENTO PEREIRA.

f - Região Serrana - responsáveis: EDIL NUNES DE BARROS, RENATO DA COSTA

SANTOS, CARLOS ALBERTO VIANA MONTARROYOS e ERNANI DE SOUZA

COELHO.

g - Região dos Lagos - responsáveis: JOSÉ ALBERTO SALÕES DO NASCIMENTO e

CARLOS ALBERTO DE CASTRO MARTINS.

h - Norte Fluminense - responsáveis: JOSÉ ALBERTO SALÕES DO NASCIMENTO e

MÁRCIO AZEVEDO.

Os municípios que não se enquadrarem em alguma destas sub-regiões poderão optar por

integrar-se em uma dentre as que estejam mais próximas.

Os responsáveis pelas sub-regiões deverão visitá-las regularmente, assegurando o

relacionamento do Diretório Estadual com cada uma delas. Foi, também, recomendado a eles

que, a cada visita, encarreguem-se não só de orientar e auxiliar a organização do PT naqueles

municípios em torno das questões locais, mas também levem àquelas regiões informes e

materiais de diferentes Secretarias do Partido.

3 - As Secretarias

Com a criação de algumas novas, o Diretório Estadual passou a ter as seguintes

Secretarias:

a - Secretaria Geral

Atribuições: coordenação geral das atividades do partido e do trabalho das demais

secretarias, difusão das informações no interior do partido; edição do Boletim Interno.

Responsável CID QUEIROZ BENJAMIN.

b - Secretaria de Organização

Atribuições encaminhamento do processo de convenções legais; organização do cadastro

de filiados do partido; definição e implementação de um plano de expansão do partido para

áreas em que ele ainda não esteja implantado. Responsável JOSÉ ALBERTO SALÕES DO

NASCIMENTO.

c - Secretaria de Finanças

Atribuições: organizar o trabalho de finanças do partido. Responsável ELISANA

COSTA.

d - Secretaria de Educação Política

Atribuições: preparar, com o auxílio da FUNDAÇÃO WILSON PINHEIRO cursos e

debates que auxiliem a formação política de militantes do partido. Responsável: CARLOS

ALBERTO VIANA MONTARROYOS.

e - Secretaria Sindical

Atribuições: organizar a intervenção unificada aos militantes petistas no movimento

sindical, dentro da linha do partido para o setor. Responsável: GERALDO CANDIDO DA

SILVA.

f - Secretaria do Negro

Atribuições: organizar a intervenção do partido no que se refere à luta contra a

discriminação racial. Responsáveis: JORGE DAMIÃO e JUREMA DA SILVA

g - Secretaria de Movimentos Urbanos

Atribuições: organizar a intervenção unificada dos militantes petistas nos movimentos de

moradores de bairros e de favelas, assim como em outras lutas desenvolvidas pelas

comunidades urbanas. Responsáveis: CLEUNICE DIAS DE ALMEIDA e ORLANDO

JUNIOR.

h - Secretaria de Imprensa

Atribuições produzir panfletos e "releases", assim como organizar o acesso do partido

aos órgãos de imprensa em geral; avançar na definição de uma política de imprensa para o

PT/RJ. Responsável SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA,. Ficou de ser definida

posteriormente a conveniência ou não de se criar a Secretaria da Mulher.

4 - Comissões

Além das Secretarias, três Comissões de Trabalho foram também criadas:

a - Comissão das Diretas

Atribuições coordenar e estimular a aço do partido no que se refere à luta pelas diretas.

Responsável: MOZART SCHIMITT QUEIROZ ("O GAUCHO").

b - Comissão de Política Municipal

Atribuições: sistematizar um conjunto de normas que orientem os militantes petiscas em

relação a política municipal em geral, de forma a subsidiar a formulação de programas e as

campanhas nas eleições municipais de 1988.

c - Conselho Editorial de uma revista para o PT

Atribuições: sistematizar uma revista que, do um lado, divulgue as posições do partido e,

do outro, estimule a discussão e a reflexão sobre temas importantes das conjunturas nacional

e estadual, a idéia e que a revista tenha uma periodicidade bimestral e, após alguns números,

possa ser autofinanciada. Responsáveis: CARLOS ALBERTO VIANA MONTARROYOS,

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA, CID QUEIROZ BENJAMIN, CESAR DE

OLIVEIRA FACCIOLI, CESAR QUEIROZ BENJAMIN, JOSÉ FERNANDES DIAS e

CLÁUDIO GURGEL.

Z3: CML/2ª SEÇÃO

CAPA DE ACE

ACE 064196 87

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO

GABINETE DO MINISTRO

CIE

BRASÍLIA/DF, 2 7 MAI 1987

INFORME No. 114 - S/102-A6-CIE

DATA: 2 7 MAI 1987

ASSUNTO: ORGANIZAÇÕES TROTSKISTAS (RELATÓRIO ANUAL) - 3.1.1.1.

ORIGEM: C I E

AVALIAÇÃO: A1

DIFUSÃO: AC/SNI

REFERÊNCIA:

ANEXO: Relatório Anual de Informações (RAI no. 04-A/87).

Em atendimento à solicitação verbal dessa Agência, encaminho-vos o documento

constante do anexo.

I. INTRODUÇÃO

A ORM-DS é uma organização trotskista, que tem as suas origens em um grupo de

militantes da extinta ORM-POLITICA OPERARIA (POLOP), participante das atividades

subversivas na década de 60. Ao final de 1979, com a fusão de diversos grupos organizações

comunistas, ocorre o congresso de fundação da DEMOCRACIA SOCIALISTA, que as sumiu

a sua atual denominação em novembro de 1981, apos a sua fusão com a ORGANIZAÇÃO

REVOLUCIONARIA TROTSKISTA a OS é a Seção brasileira (ou nacional) do Secretariado

Unificado da IV Internacional (SU) tendo participado do XII Congresso do SU realizado, no

inicio de 1985, na EUROPA, ocasião em que foi considerada como uma das seções racionais

mais importantes, juntamente com a FRANÇA, MÉXICO, EUA, ESPANHA,

INGLATERRA, SUÉCIA, SUÍÇA e JAPÃO.

O que possibilitou e motivou a sua fundação em 1979, foi o entendimento da necessidade

de unificar correntes de "marxistas revolucionários numa organização política, para intervir

no processo de desenvolvimento do PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), com duas

tarefas fundamentais: a construção de um partido de classes, independente da burguesia, e a

organização de sua direção por uma elite comunista revolucionária.

II. PRINCIPAIS ATIVIDADES DO PERÍODO

1. EVENTOS A DESTACAR

a. Congresso

1) Conforme seu Estatuto,a Organização deve realizar seu Congresso dê 2 em 2 anos, tendo:

realizado o II Congresso em 1984, e o III Congresso Nacional em SÃO PAULO/SP, nos dias

27, 28, 29 Jun 86. Visando a aumentar a segurança do citado evento, o mesmo foi realizado

em grupos e em diversos locais, o que impediu um acompanhamento efetivo do conclave;

Um dos grupos se reuniu no COLÉGIO "IRMÃS MISSIONÁRIAS JESUS

CRUCIFICADO", situado. na Rua Dr. SÉRGIO JABUR MALUF, nº 75 - CAPÃO

REDONDO SANTO AMARO/SÃO PAULO/SP, local onde u Movimento Revolucionário

Oito de Outubro (MR-8) também costuma se reunir.

Participaram do evento, entre outros, os seguintes elementos:

- FRANCISCO CARLOS DE SOUZA "CHICO" - SP;

- GERALDO SANTIAGO PEREIRA - SP;

- EDUARDO COTA GUIMARÃES - SP;

- AMÉRICO TRISTÃO BERNARDES - SP;

- CEZAR CASADO - RJ;

- DEILA CRISTINA TAVARES - RJ;

- CARMEN HENRIQUE DA COSTA - RJ;

- JORGE ANGLADA PONT - RS;

- JOSÉ CARLOS DIAS DE OLIVEIRA - RS;

- MÁRIO LUIZ TEZA - RS;

- MÁRCIA PINTO CAMARGO - RS;

- MARILDO MENEGAT - RS;

- PAULO DINIZ D’AVILA - RS;

- PAULO CÉZAR DA ROSA - RS;

- JOSÉ CLOVIS AZEVEDO - RS; e

- CARMEN SYLVIA RIBEIRO.

OBS: Cabe ressaltar que após o evento foi recolhido no local o rascunho de um "documento",

no qual encontramos como itens da discussão os assuntos clandestinidade e investimentos na

construção de aparelhos (Grifo do CIE).

2) Segundo declarações de JOÃO MACHADO BORGES NETO, dirigente da OS, o

Congresso discutiu, basicamente, três temas:

- a conquista atual e as tarefas que se colocam para o Movimento Operário e Popular;

- a análise e as tarefas especificas do Movimento Sindical; e

- a construção do partido revolucionário.

A discussão do tema conjuntura atual centrou-se em três grandes eixos a saber;

- "um balanço geral da transição burguesa, um ano e meio após o fim da ditadura, e as

perspectivas da evolução da luta de classes no próximo período;

- uma avaliação da política econômica do governo SARNEY, o Pano Cruzado, seus efeitos e

como enfrentá-lo; e

- a maneira de combinar a luta do Movimento Sindical com a participação do Movimento

Operário na Constituinte, nestes próximos meses”.

Quanto às tarefas para o Movimento Sindical, foi elaborada uma "Resolução" que

abrange os seguintes pontos:

- uma sistematização do papel particular do sindicato e da ORM-DS na luta nesse

movimento;

- um balanço dos avanças do Movimento Operário, desde o ascenso de 1978/79;

- uma proposta de conjunto para a transformação radical da atual estrutura sindical rumo a um

sindicalismo classista, democrático, autônomo e unitário"; e

- a definição de um programa de reivindicações e de uma tática para uma campanha nacional

unificada do movimento Operário, rumo à greve geral.

No tema "A Constituição do Partido", acordou-se que há uma intima relação entre a

construção da ORM-DS e o fortalecimento política do Partido dos Trabalhadores (PT), com a

sua conseqüente transformação em um "partido revolucionário de massas". Foram,

igualmente, debatidos, nesse contexto, o relacionamento e a aproximação da ORM-DS com

outras correntes consideradas "revolucionárias", atuantes no PT.

O III Congresso, entretanto - segundo o dirigente da ORM-DS -, não conseguiu resolver

duas questões, que terão o seu debate aprofundado no próximo período intercongresso: a

"estratégia ou o caráter da Revolução Brasileira"; e a aplicação da "tática de Frente Única

Revolucionária" (FUR), na atual conjuntura.

JOÃO MACHADO declara, ainda, que a ORM-DS visualiza o processo de construção do

PT como o "processo de desenvolvimento de uma ampla vanguarda operária e popular e, ao

mesmo tempo, de convergência de revolucionários de várias origens, o qual, se bem sucedido,

chegará a um partido revolucionário". Por fim, afirma que a direção da ORM-DS é totalmente

favorável à adoção, pelo PT, de uma regulamentação para a ação política das tendências

ideológicas que atuam no Interior do partido, prevista para o inicio de 1987, desde que,

naturalmente; tal regulamentação assegure, de fato, o "direita de tendência".

As declarações do dirigente da ORM-DS, ratificam a estratégia trotskista de "construir

um partido revolucionário capaz de dirigir o movimento operário e demais setores do

movimento de massas para tomarem o poder, através da revolução”. Além disso, transparece

a tática da ORM-DS de “frete única revolucionária”- com outras organizações subversivas - e

a definição da atuação no Movimento Operário-Sindical, como maneira de intervir nas

deflagrações de greve e, até, no “processo constituinte”.

b. Conferências

GERT SCHINKE, militante de nível da organização, ao retornar da NICARÁGUA

(Mai/86), passou a proferir uma série de palestras sobre o período que permaneceu naquele

País. As referidas palestras foram ilustradas com slides e tiveram como finalidade

arregimentar voluntários para a colheita de café, verbas, e principalmente remédios, visando

ao auxílio humano e material àquela Nação.

Nessas palestras, foi destacado que logo após a chegada naquele País, embora se

destinassem à colheita do café, os voluntários foram treinados em guerrilha urbana e rural. O

treinamento foi realizado com armas portáteis bastante sofisticadas, de origem cubana e russa,

que foram empregadas na defesa das plantações durante a colheita, nos deslocamentos das

cargas e nos locais de industrialização do produto. O serviço de guarda e segurança prestado

pelos participantes, em todo de três vezes por semana, constituiu-se em ótimo treinamento.

c. 2º Congresso Nacional da CUT (II CONCUT)

O documento intitulado “PLASTILUTA” condensa as teses apresentadas e defendidas

pela ORM-DS durante a realização do II CONCUT.

Após a realização do citado evento a Organização fez uma avaliação do por de influencia

das Tendências no interior da CUT, registrando os seguintes percentuais:

- Sindicalistas: 50%

- ORM-DS: 40% (apoiada pelo PRC, MRC e PCBR)

- CS: 10% (taxada de sectária pelas demais OS).

Dos temas apresentados destacamos os seguintes:

- “O movimento operário frente à ‘Nova República”: da recusa ao pacto, ao

enfrentamento do pacote;

- As condições para a retomada geral das lutas;

- Campanha nacional de lutas;

- A luta do campo;

- Pela aliança dos trabalhadores da cidade e do campo".

d. Balanço do II Congresso Nacional da OS

No inicio de 1986, visando à preparação do seu II Congresso Nacional, o CC/ORM-DS

fez um balanço de seu II Congresso realizado em 1984, ocasião em que chegou as seguintes

conclusões:

- ocorrendo em um momento de crise da organização, o II Congresso voltou-se mais para

responder a atrasos e problemas acumula dos do que propriamente para criar condições para

urna atuação ofensiva da organização na luta de classes;

- a ORM-DS entraria no III Congresso mais unificada politicamente, com a sua direção

nacional mais organizada ê com avanços importantes em seus principais centros de

construção. No entanto, estes avanços ainda seriam insuficientes (no que diz respeito ã

construção da direção nacional e na superação dos graves problemas regionais) e limitados

frente às possibilidades ajeitas no período.

Visando a atingir metas de construção da organização foram enumeradas as seguintes

propostas:

- triplicar o número de militantes até o IV Congresso;

- melhorar de forma significativa a capacidade de centralização da organização, através do

fortalecimento da direção nacional e dos comitês regionais;

- aumentar de modo substancial a coesão política e organizativa, através do investimento na

formação do militante, na construção de um "aparato" financeiro e na ampliação e melhoria

de imprensa;

- aprofundar a inserção da organização no movimento operário e o fortalecimento da CDT;

- intensificar a participação na construção do PT, de acordo com as metas definidas pela OS;

- eleger uma bancada de deputados federais e estaduais de acordo com as resoluções sobre a

tática eleitoral definidas pelo Comitê Central.

Para atingir as metas de construção definidas, a OS selecionou dez medidas organizativas

a saber:

- “reorganizar e fortalecer os comitês regionais;

- definir uma nova política de relação com a periferia da organização;

- realizar uma esforço especial de recrutamento;

- estabelecer as seguintes prioridades para a construção da OS; SÃO PAULO - prioridade 1,

RIO GRANDE DO SUL, MINAS GERAIS e RIO DE JANEIRO - prioridade 2, Nordeste -

prioridade 3. A quarta prioridade fica com GO, PR, ES e PA, onde a ORM-DS, em graus

diversos, exerce um papel minoritário na construção da CUT e PT;

- investir na construção de um aparato de organização e financeiro;

- construir uma estrutura de formação permanente;

- reorganizar o trabalho de mulheres; e

- articular o trabalho internacionalista”.

2. ESTRUTURA DA ORGANIZAÇÃO

a. Estrutura

A ORM-DS estrutura-se nacionalmente em um Comitê Central (CC), um Comitê

Executivo (CE), um Secretariado e uma Secretaria Nacional de Formação (SNF), sendo os

dois últimos organismos compostos por militantes profissionais, eleitos entre os integrantes

do CE.

No âmbito dos Estados, há os Comitês Regionais, e na base da estrutura, as células. Na

atualidade existem comitês intermediários nos grande municípios, coincidindo com as Zonas

Eleitorais em que eles se dividem.

A maioria de seus militantes, identificados, concentra-se nos municípios de SÃO

PAULO, RIO DE JANEIRO, BELO HORIZONTE e PORTO ALEGRE, justificando o

crescimento e a atuação da organização nessas grandes regiões metropolitanas,

particularmente junto ao movimento operário-sindical.

Deve-se, também, destacar as suas atividades no interior do PT, partido político legal que

abriga os seus militantes.

Por ser a ORM-DS uma organização que adota um forte esquema de segurança não foi

possível durante o transcorrer de 1986, levantar sua estrutura, ou seja, Comitê Central (CC),

Comitê Regional (CR), etc. No entanto, foi possível a identificação e o acompanhamento das

atividades de seus principais militantes, podendo se destacar, os seguintes:

1) SÃO PAULO

- AMÉRICO CESAR ANTUNES

- AMÉRICO TRISTÃO BERNARDES

- ANDRÉ SALES DE ALMEIDA

- CARLOS HENRIQUE GOULART ÁRABE

- EDUARDO COTA GUIMARÃES

- ELIANE DO CARMO OLIVEIRA

- FLÁVIO FURTADO DE ANDRADE

- FRANCISCO CARLOS DE SOUZA “CHICO”

- JAYME BRENER

- JOÃO MACHADO BORGES NETO

- JOHN KENEDY FERREIRA

- JOSÉ CORREIA LEITE JUNIOR

- JOSÉ LUIZ NADAI

- JUAREZ ROCHA GUIMARÃES

- JÚLIO LEOCÁDIO TAVARES DAS CHAGAS

- LAAN IZIDORO

- LUCY AYALA DE PAULA COUTO

- MARIA DO CARMO GODINHO DELGADO

- ROBERTO FACHINI

- ROBSON AYRES PIMENTA

- SAMIRA ZAIDAN AYRES PIMENTA

- VIRGÍNIA MARIA GUIMARÃES PINHEIRO

2) RIO GRANDE DO SUL

- ÁLVARO ANDRÉ MELO GROHNANN

- ANDRÉ MARENCO DOS SANTOS

- CARMEM SYLVIA RIBEIRO

- CLÓVIS MADUREIRA RAMOS

- FLÁVIO KOUTZI

- GILMAR CARDOSO DOS SANTOS

- HELENA GOMES BONUMÁ

- JOSÉ CARLOS DIAS DE OLIVEIRA

- JOSÉ CLÓVIS DE AZEVEDO

- KÁTIA REGINA FRIZZO

- LILIANE SEIDE FOREMMING

- LUIZ ALBERTO GIRANDI

- MÁRCIA PINTO CAMARGO

- MARILDO MENEGAT

- MÁRIO LUIZ TEZA

- MIGUEL SOLDATELLI

- MILTON JOSÉ PANTELEÃO JÚNIOR

- PAULO CEZAR DA ROSA

- PAULO DINIZ D’ÁVILA

- RAUL JORGE ANSLADA PONT

- RICARDO FANZOI

- RENATO DE OLIVEIRA

- ROSANGELA TEREZINHA DOS SANTOS LIZARDO

- RUALDO MENEGAT

- SONIA MARIA PASSOS CORDEIRO

- WALTER FRANCISCO FERREIRA DE SOUZA

3) MINAS GERAIS

- ALUÍSIO EUSTÁQUIO DE FREITAS MARQUES

- HELENA GRECO

- VIRGÍLIO GUIMARÃES DE PAULA

4) RIO DE JANEIRO

- JOAQUIM CALHEIROS SORIANO

- SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

5) BAHIA

- ANTONIO HÉLDER BARBOSA SANTOS

OBS: Nos demais Estados onde a OS vem atuando, o acompanhamento das atividades de seus

militantes tem sido realizado, porém com menor intensidade.

b. Legalização

A OS é ilegal e não apresenta a curto ou médio prazo, qualquer programa com vistas à

sua legalização. Realizado no interior do PT “uma política à esquerda” de sua cúpula, a

ORM-DS pretende levar para o Partido uma direção majoritária de trotskistas, tornando-o um

verdadeiro "Partido Revolucionário".

c. Dissidências e aproximações

Em janeiro de 1985, a direção da ORM-DS fez urna proposta de fusão à Organização

Comunista Democracia Proletária (OCDP), ao Movimento pela Emancipação do proletariado

(MEP e Ala Vermelha do Partido Comunista do Brasil (ALA-V /PC do B). Em outubro de

1985, essas três OS se fundiram, dando origem do Movimento Comunista Revolucionário

(MCR). Agora, a direção da ORM-DS continua tentando uma aproximação com o MCR,

visando à sonhada fusão.

No final de 1985, foi localizado um "documento histórico" referente ao Comitê de

Ligação dos Trotskistas Brasileiros (CLTB), ficando claro que a maioria dos militantes desse

extinto Comitê, desde 1982, vinham atuando na ORM-DS.

Em 1986, após o frustrado assalto à Agência do BANCO DO BRASIL em

SALVADOR/BA, praticado por elementos do PCBR, diversos comentários surgiram no

âmbito das ORGANIZAÇÕES SUBVERSIVAS (OS). Dentre estes, PAULO DINIZ

D’ÁVILA (ORM-DS) afirmou que o grupo Ponto de Vista (PV) no RIO GRANDE DO SUL,

era o PCBR. Nesse Estado o PCBR está mantendo estreita ligação com a ORM-DS, à qual

empresta apoio, de cuja linha ideológica procura aproximar-se. Por concessão especial, tem

usado a sede da ORM-DS para realizar suas reuniões.

d. Medidas de Segurança

Vem adotando medidas rígidas e diversificadas, visto que o seu último congresso foi

fragmentado em diversos locais. Tais procedimentos são levados à risca, já que a organização

pretende continuar na clandestinidade, resguardando sua estrutura e as atividades de seus

quadros.

Nenhum simpatizante, mesmo oriundo de outra OS, ascenderá à condição de militante,

sem antes ser observado por um período mínimo de 2 (dois) anos.

No RIO GRANDE DO SUL foi determinado que todos os militantes usem codinomes.

Os que já usavam foram obrigados a trocar esses codinomes, devendo ser evitados os que

despertam atenção por terem conotação com nomes históricos ou humorísticos.

Em conseqüência dessas Medidas, a organização passou a utilizar códigos em sua

documentação, sendo levantado o significado de alguns deles:

Organismos: qualquer Comitê, Zonal ou Célula da OS;

- ZP: zonal Partenon;

- ZC: zonal Centro;

- ZS: zonal Sul;

- ZN: zonal Norte;

- CEs: células;

- CPG: Célula Professores de GRAVATAÍ;

Exemplo: ZP/14=2: Z: Zonal; P: Partenon; 1: CR/1; 4: Célula 4.

3. RECRUTAMENTO E FORMAÇÃO DE QUADROS

a. Recrutamento

O recrutamento à realizado prioritariamente no meio sindical. Nesse aspecto, em BELO

HORIZONTE/MG e em PORTO ALEGRE/RS a organização tem obtido algum sucesso.

b. Cursos e Palestras

A organização que, vinha formando seus militantes individualmente, passou a realizar

cursos com número variado de alunos. Os cursos estão sendo realizados em PORTO

ALEGRE e em Ser) PAULO e são os seguintes: curso para militantes, curso de chefia e curso

de comandos.

2) A organização dispõe de uma Secretaria Nacional de Formação (SNF), subordinada ao seu

Comitê Executivo, com a missão de elaborar cursos básicos e suplementares, indicar

candidatos a esses cursos e encaminhar militantes para cursos realizados por outras

organizações.

3) Os principais assuntos são os abaixo relacionados:

a) A Política dos Revolucionários no Movimento Sindical.

- As Formas da Organização do Proletariado.

- A Trajetória do Sindicalismo Combativo. - O Movimento operário e a "Nova Republica".

- A Construção de um Sindicalismo Classista, Democrático e Independente.

- As Questões da Unidades de Nova Estrutura e do Internacionalismo.

- O PT e o Movimento Sindical.

b) As Tarefas do Movimento Operário na Etapa Atual da Luta de Classes.

- A Crise do Capitalismo e a Política do Imperialismo.

- A "Transição" e o Novo Regime.

- O Primeiro Ano de Governo da Aliança Democrática.

- Natureza, Possibilidades e Ritmos da Crise de Transição Burguesa.

- O Estágio de Construção do Movimento Operário e Popular.

- O Período Atual da Revolução Brasileira.

- As Tarefas do Movimento Operário e Popular.

- A Intervenção no Processo Constituinte.

c) Noções Básicas do Marxismo.

d) Formas de Organização do Proletariado.

e) O PT e a Construção do Partido Revolucionário no Brasil.

f) Socialismo.

g) Concepção Leninista do Partido Revolucionário.

h) Construção da Internacional Revolucionária

4) Ao término do "Curso de Comandos", e com base nos tatutos da organização, os

formandos recebem orientações das quais destacamos a seguintes:

"a) os formandos retornarão às mesmas células às quais pertenciam e aos mesmos setores aos

quais eram vinculados (ensino, sindical, operário, entidades assistenciais, bairros, etc...);

b) passam a fazer parte do grupo de militantes "ESPECIAIS" da organização, com atuação

em todas as concentrações e manifestações em que a ORM-DS se engajar, com organizadores

da ação e da segurança dos demais companheiros;

c) apesar de continuarem pertencendo à mesma célula anterior, passam a ter subordinação

direta ao COMITÊ CENTRAL (CC) da organização;

d) nenhum militante, sob pena de punição, poderá negar-se ao cumprimento de qualquer

ordem oriunda de escalão superior;

e) os militantes profissionais (remunerados pela organização), bem como os "especiais", têm

direito a votarem e serem votados por ocasião da escolha de delegados que participarão de

convenções e dos congressos da OS;

f) todo militante poderá ser chamado para atuar em células locais de atividade diferente da

sua, se assim se fizer necessário para maior representatividade e força da OS;

g) ao retornaram às atividades nas suas células e fora delas, os formandos devem usar

codinome e evitar a identificação entre si, coibindo, se for o caso, comentários nesse sentido;

h) entre as punições disciplinares estão previstas:

- Tempo de paz: ADVERTÊNCIA, SUSPENSÃO TEMPORÁRIA e EXPULSÃO.

- Tempo de guerra revolucionária deflagrada: acrescenta-se às já citadas a EXECUÇÃO".

LIGAÇÕES COM O MOVIMENTO COMUNISTA INTERNACIONAL (MCI)

Internacionalmente, a OS, mantêm dependência e subordinação ideológica ao

SECRETARIADO UNIFICADO (SU) da IV Internacional, localizado em

BRUXELAS/BÉLGICA, constituindo-se na seção brasileira desse ramo do trotskismo

mundial. Durante o XII Congresso do SU, realizado na ARGENTINA no inicio de 1985,

houve o reconhecimento formal da ORM-DS como a sua seção brasileira (EM TEMPO no.

198, de Mar 85), além de três de seus militantes terem sido eleitos para integrarem os seus

organismos te direção internacional.

A ORM-DS não recebe apoio financeiro do exterior, seguindo, entretanto determinações

políticas e, até certo ponto, uma programação visando ao desenvolvimento de suas atividades

no BRASIL.

A OS relaciona-se com as seções nacionais - vinculadas ao SU - de 37 (trinta e sete)

países. Entre os dias 06 e 11 Ago 85, esteve em visita a PORTO ALEGRE o uruguaio

PARLO ROMEO CHOCHO BEVILAQUA, acompanhado de MARIA DE PILAR

FERNANDES. O nominado é militante do PST/URUGUAI, organização subversiva,

abrigada sob a sigla da Frente Ampla (FA). O PST é considerado como a Seção Uruguaia do

Secretariado Unificado da IV INTERNACIONAL (SU/IV). Os nomi nados hospedaram-se na

residência de PAULO DINIZ D'ÁVILA, militante da ORM-DS.

5. ATIVIDADES FINANCEIRAS

A organização tem coro fontes de renda até agora conhecidas as seguintes:

- contribuição de militantes;

- vendas de jornais e revistas;

- campanhas de auxílio-financeiro; e

- eventos, denominados "festas".

A contribuição para a organização é mensal e obrigatória, obedecendo a um percentual

que varia entre 3% e 50%, dependendo do nível salarial do militante, cujos Índices serão

aplicados sobre o liquido, abatendo-se dependente, aluguéis, gastos pessoais, etc...

6. PUBLICAÇÕES

a. EM TEMPO

É uma publicação da Editora Aparte Ltda, Pua Francisco Leitão, 57 - PINHEIROS, SÃO

PAULO - CEP 05414 - Fone: 852-8880 CGC no. 46.093.549/0001-10.

- Conselho Editorial: ALUISIO MARQUES, ÁLVARO MERLO, AMÉRICO TRISTÃO

BERNARDES, ANTÔNIO HELDER, CARLOS HENRIQUE GOULART ÁRABE,

SÉRGIO MOURA, JOAQUIM SORIANO, JUAREZ ROCHA GUIMARÃES, JÚLIO

LEOCÁDIO TAVARES DAS CHAGAS, LUCI AYALA DE PAULA COUTO, MARCIO

GOMES, OTAVIANO CARVALHO, RAUL ANELADA PONT, REGIS MORAES.

Jornalista Responsável: AMÉRICO ANTUNES - Reg MTPS no. 2.769.

- Composto e impresso na Companhia Editora Juruês - Rua Arthur de Azevedo, 1977 -

PINHEIROS - SÃO PAULO.

- O Jornal EM TEMPO é destinado à seus militantes e assinantes, não sendo vendido nas

bancas.

- Além de SÃO PAULO, os principais endereços do jornal são os seguintes:

1) PORTO ALEGRE/RS

- Rua FERNANDES VIEIRA no. 618 - Loja 4 - BOM FIM.

2) BELO HORIZONTE/MG

- Rua GUAJAJARAS, no. 329 - Sala 12

3) RIO DE JANEIRO/RJ

- Rua SENADOR DANTAS, no. 117 - Sala 1,414

4) VITORIA/ES

- Caixa Postal no. 1.427

5) - NATAL/RN

- Caixa Postal no. 1.550

6) BELÉM/PA

- Caixa Postal no. 4.001

7) FLORIANÓPOLIS/SC

- Caixa Postal no. 5.088

8) GOIÂNIA/GO

- Caixa Postal no. 469

b. PERSPECTIVA INTERNACIONAL

- E uma publicação da Editora Aparte Ltda, Rua Francisco Leitão, 57 - PINHEIROS - SÃO

PAULO - CEP 05414 - Fone: 652-8880 - CGC no. 46.093.589/0001-10.

- Jornalista Responsável: AMÉRICO CÉSAR ANTUNES - Registro no. 2769. Diretores:

MACHADO, JOSE LEITE e JÚLIO TAVARES

- Composição, fotolito e impressão: Cia Editora Juruês - Rua Arthur de Azevedo no. 1977 -

Fone: 815-4999 - PINHEIROS - SÃO PAULO.

- É uma revista de análise da luta de classes internacional, publicada no BRASIL em

colaboração com a revista INPRECOR (Internacionale Presse Conrespondez), que é editada

nos idiomas francês, inglês, castelhano, alemão, italiano e polonês.

- É um periódico bi-mensal, destinado somente aos seus assinantes, não sendo portanto,

vendido em bancas de revistas e jornais.

c. "INPRECOR INTERNACIONAL"

- A revista em tela é originaria da direção do SU, sendo distribuída em idiomas dos países

alvos:

- também é composta e impressa na Companhia Editora Juruês;

- cabe destacar que embora confeccionada originalmente em idioma francês, é enviada para a

direção da ORM-DS, que tem a responsabilidade de traduzir a revista para o castelhano e

distribuí-la para o países da AMÉRICA LATINA;

d. A organização possui o Boletim Interno (BI), com periodicidade mensal, que ao lado

do jornal e da revista, é um instrumento de comunicação entre o Secretariado Nacional e o

conjunta da militância. Tem como objetivo contribuir para a construção de uma coluna

vertebral interna, que possibilite a homogeneização política e a realização das decisões

nacionais. Neste sentido, traz informações e textos que contribuem para a centralização

política e organizativa da OS como: resoluções do CE e do CC, textos sobre a construção do

Partido e tática para as frentes e campanhas, artigos para o debate interno e formarão dos

militantes.

Assim, a leitura individual e a discussão do boletim nos CR e nas Células devem ser

parte integrante da vida cotidiana da organização. Os CR e os secretários de Células são os

responsáveis pela divulgação e distribuição destes Boletins. Além disso, os Boletins devem,

ser utilizados para o trabalho nas áreas próximas e para contatos e elementos de nível da

ORM-DS, paralelamente às suas funções dentro da organização, desenvolvem atividades

jornalísticas em vários veículos de comunicação , destacando-se as seguintes:

1) “REVISTA LEIA”, que embora não aborde temas relacionados com a IV

INTERNACIONAL, tem suas manchetes especificamente políticas.

2) O jornal “GAZETA DE PINHEIROS”, sito à Rua PINHEIROS, no. 928 -

PINHEIROS - SÃO PAULO, é um jornal de bairro que publica artigos criticando a política

governamental e no qual, militantes da ORM-DS, procuram influenciar a população, ainda

que dissimuladamente, em prol de seus objetivos.

7. ORGANIZAÇÃO DE FRENTE E FACHADA

A ORM-DS participa de entidades com diferentes interesses, ao lado de outras

organizações subversivas, mas não dispõe de um órgão específico por ela criado para

executar o seu trabalho de massa. Pelo seu desempenho, destacamos as organizações

constantes do quadro abaixo:

No. DE

ORDEM

NOME SIGLA LOCALIZAÇÃO ÁREA DE ATUAÇÃO

OBS

01 Grupo de Estudos Agrários

GEA P. ALEGRE M. rural e Sindical

Infiltrada

02 Centro de Assessoria Multiprofissional

CAMP P. ALEGRE M. Populares Infiltrada

03 Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional

FASE R. JANEIRO M. Popular e Rural

04 Associação Cultural de Amizade JOSÉ MARTI

BELO HORIZONTE

Intercâmbio Cultural

BRASIL-ARGENTINA Fachada

8. ATUAÇÃO NOS DIVERSOS SEGMENTOS SOCIAIS

a. Campo Político

1) Para a ORM-DS, o partido capaz de dirigir a revolução deve ser um partido de massas,

dirigido pelo proletariado ou por sua vanguarda, representado na atualidade pelo Partido dos

Trabalhadores (PT), já que os demais partidos se identificam com a burguesia e com os

reformistas.

Entende que, desde sua criação, o PT é o principal resultado do desenvolvimento da luta

da classe operária, não podendo ainda, ser considerado um partido revolucionário, mas tendo

condições de evoluir para tal, dependendo de duas condições básicas:

- "primeiro, que haja um grande ascenso das lutas operárias e a conseqüente radicalização das

massas, provocando uma mudança na correlação de forças entre as correntes que atuam no

movimento operário, em favor das que estão mais à esquerda;

- segundo, que exista uma organização marxista-revolucionária com grande influencia na

direção do PT, para que ele assuma um programa e uma ação revolucionários".

Dessa forma, a ORM-DS vem tentando crescer no interior do PT, aliando-se com outros

grupos e correntes, de forma a dominar e transformar esse partido político em um partido

revolucionário. Assim, vem realizando o chamado "entrismo" nesse Partido, ocupando alguns

cargos de destaque, principalmente, na Comissão Executiva Nacional, onde possui seis

militantes entre os 62 (sessenta e dois) membros efetivos, e um entre os 21 (vinte e um)

suplentes.

2) Em 1986, direcionou seus esforços para as atividades políticas, trabalhando em prol de

seus candidatos, próprios ou apoiados, às eleições de 15 Nov 86.

Buscou, por todos os meios, posições e destaque junto aos movimentos de massa e em

particular na CLT, tendo atuado intensamente nas greves. Dos 16 Deputados Federais eleitos

pelo PT, 2 (dois) são militantes e um simpatizante a saber VIRGÍLIO GUIMARÃES DE

PAILA (MG), PAULO RENATO PAIM BOLZANI (RS) e OLÍVIO DE OLIVEIRA

DUTRA (RS), que sendo simpatizante, foi apoiado pela OS.

3) Em Mai 86, a Organização distribuiu o panfleto "Sobre a Frente Popular - Contribuição

para a Discussão Interna do PT", entre seus militantes. Nele divulga seu posicionamento

sobre a criação da "Frente Popular" e explica as razões de seu apoio à formação dessa

entidade, que congregaria as seguintes correntes partidárias:- Partido dos Trabalhadores (PT);

- Partido socialista Brasileiro (PSB); - Partido Negro Brasileira (PNB); e Corrente Comunista

(Prestista). Algumas "Organizações Subversivas que atuam no interior do PT, se

posicionaram contrarias à formação dessa "Frente Popular", por acharem que partidos sem

expressão estariam tentando usar a popularidade do PT para se projetarem.

4) No cenário político atual a ORM-DS tem se orientado da seguinte maneira:

a) Constituinte

Segundo a OS "a Constituinte encerrará o processo de transição política, conduzido pela

burguesia", que tentará por todos os meios, manter o controle sobre os constituintes, evitando

inúmeras discussões, dentre as quais destaca a do papel das Forças Armadas e a da reforma

agrária.

Assim, a "diminuição do controle burguês sobre o processo constituinte" deverá ser o

objetivo que os movimentos de massa deverão buscar, de forma a criar condições que

possibilitem "desestabilizar o atual processo de transição".

Ainda segundo a ORM-DS, a política a ser defendida pelos marxistas revolucionários, no

processo constituinte, deverá ser direcionada no sentido de:

- "que o PT defenda um programa socialista de transformação da sociedade;

- que o PT e a Central Única dos Trabalhados (CUT) lutem por ações unitárias no contexto

dos movimentos operário e popular;

- que a participação do movimento operário e popular seja entendida como uma luta de

massas, devendo ser usadas todas as formas de mobilização: e

- que a participação do PT não significa compromisso ou reconhecimento da legitimidade da

Constituição que daí resultar".

b) Plano Cruzado

Após o lançamento do "Plano de Estabilização Econômica", a ORM-DS colocou-se

imediatamente contra ele, e tem procurado defender junto aos movimentos onde atua

(Operário/Sindical, Educacional e Popular), o seguinte pensamento:

- "a reforma decretada peto Governo Federal procurou reverter o quadro de desgaste em que

se encontrava o Executivo, bem como de desagregação da Aliança Democrática, além de

garantir a continuidade das perdas que os assalariados vinham sofrendo com a inflacão.

Serviu ainda para retirar a iniciativa dos trabalhadores que articulavam uma importante

ofensiva, através da Campanha Nacional de lutas da CUT. O Governo e a grande burguesia,

ao tomarem tal iniciativa, estabeleceram novas condições de lutas;

- a partir da compreensão do caráter anti-operário e anti-popular do “pacote”, a OS julga

imprescindível o estabelecimento de um conjunto de reinvidicações e de um plano

alternativo, que deverão continuar sendo apresentados ao Governo por meio da imprensa, do

PT e da CUT, consoante três eixos básicos:

- nenhuma parda salarial deve ser tolerada;

- instrumentos de defesa dos trabalhadores - para -, através de reinvidicações, tais como,

reajuste salarial automático a cada elevação de 5% nos índices e fiscalização pela CUT da

variação do custo de vida; e

- transformação do seguro-desemprego em salário mínimo-desemprego, além de garantia de

estabilidade no emprego e redução da jornada de trabalho.

c) Fundo Monetário Internacional

É a favor do rompimento com o FMI e do não pagamento da dívida externa;

d) Reforma Agrária

A ORM-DS posiciona-se contra o Plano Nacional de Reforma Agrária acusando-o de

não corresponder às reinvidicações e propostas mínimas dos trabalhadores rurais e camponês.

Defende uma reforma agrária massiva, realizada sob o controle dos trabalhadores, que

exproprie os latifúndios e avance no sentido de socializar e explorar coletivamente a terra,

principalmente aquelas hoje ocupadas pela monocultura. Assim vem pregando a necessidade:

- “de legalização imediata das terras ocupadas pelos trabalhadores em até três módulos por

família;

- de desapropriação de empresas rurais e das terras das multinacionais; e

- o estabelecimento de área máxima para toda e qualquer propriedade rural”.

b. Atuação nos Movimentos de Massa

1) Movimento Educacional (MEd)

Relegado a um segundo plano, tendo em vista a prioridade dada pela organização à área

Sindical e Rural.

2) Juventude

No movimento da juventude, aí incluídos os estudantes, defende a aliança e a unidade

com o movimento operário, devendo sua base social ser construída por proletários.

Considera os estudantes universitários, nas condições atuais, comprometidos com a

revolução socialista, e pretende uma universidade produzindo conhecimentos voltados aos

interesses dos trabalhadores.

Defende a organização da juventude não estudantil através dos sindicatos e dos

movimentos populares, tendo como ponte de partida e motivação, as atividades culturais.

3) Movimento Religioso

A organização não está atuando no campo religioso, e nem possui quadros em sua

estrutura para esse fim. No entanto, visando a atingir seu objetivo principal, a tomada do

poder pelo proletariado, a ORM-DS considera o trabalho rural tão importante quanto o

urbano, como força revolucionária em potencial. Assim, para penetrar neste segmento da

classe trabalhadora, está apoiando as iniciativas tomadas pelo “clero progressista” e se

engajando na luta pela Reforma Agrária, amplamente defendida por esses religiosos, os quais,

devido ao misticismo dos colonos, assumem a condição de líderes naturais dos grupos que

reinvidicam a posse da terra para a produção primária e meios de subsistência.

Seus militares que tratam e apóiam os assuntos inerentes aos “SEM TERRA” formam o

denominado “GRUPO TERRAGENTE”, pertencente à FEDERAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA

ASSISTÊNCIA SOCIAL E EDUCACIONAL (FASE) e atuam sob a liderança de RICARDO

FRANZOI.

4) Movimento Operário e Sindical (MO/MS)

Na área sindical, a ORM-DS vem considerando como tarefas fundamentais: o

reconhecimento, pelos trabalhadores, das lideranças que assumem as duas bandeiras; o

direcionamento da luta das diversas categorias contra o Governo, responsável pela política de

salários; e o fortalecimento das mobilizações que contenham ou que defendam posições

antiimperialista.

Entende que a existência de duas ou mais centrais sindicais concorre para o

enfraquecimento do movimento, tornando-se necessário combater os que defendem a sua

divisão e o pluralismo, rejeitando qualquer proposta que crie uma central a partir de um

instrumento legal (decreto ou lei). Essa central deve manter-se inteiramente desvinculada dos

órgãos governamentais e com uma ampla autonomia e liberdades sindicais.

Vem atuando na CUT, onde tem procurado obter o maior número de cargos possíveis.

9. INFILTRAÇÕES

Nada há de concreto sobre a infiltração de militantes de nível da ORM-DS em órgãos

públicos. De qualquer forma, não podemos descartar essa hipótese, principalmente, se

levarmos em conta o trabalho que a OS vem realizando no interior do PT, parido pelo qual

conseguiu eleger 2 (dois) militantes e 01 (um) simpatizante para a Assembléia Nacional

Constituinte.

A maior de seus militantes mais capacitados estão exercendo funções em empresas

jornalísticas.

10. LUTA ARMADA

a. Fiel aos princípios de TROTSKY, continua pregando que só através da Lutar Armada

é possível a conquista do poder. Como prova dessa assertiva passamos a transcrever algumas

citações de militantes da OS:

- “A revolução de 64 foi benevolente, pois apesar de ter desbaratado as Organizações

Subversivas que adotaram a LUTA ARMADA, não chegou a extremidades como na

ARGENTINA e URUGUAI, países onde a repressão praticamente dizimou uma geração

inteira de lamentos ligados à esquerda. Este fato permitirá que as organizações do passo

voltem a se agrupar de forma mais compacta, podendo tirar proveito dos ensinamentos

deixados pelo fracasso sofrido”.

FLÁVIO KOUTZII - Palestra nas dependências do plenário da Assembléia Legislativa do

RIO GRANDE DO SUL - (ORM-DS - 03 Dez 85)

- “Terrorismo contra militar não é terrorismo. E uma forma de luta contra o imperialismo”.

FLÁVIO KOUTZII - (ORM-DS - 03 Dez 85).

- “É inevitável o confronto sangrento entre a massa operária e o Exército burguês, sendo

necessário o extermínio das forças que sustentam o imperialismo. Por isso temos que formar

um Exército Revolucionário forte e bem treinado, que dará sustentação ao novo estados

proletário”.

MÁRCIA PINTO CAMARGO: - Instrutora do “Curso de Comandos” (ORM-DS - 11 Mai

86)

b. Punições disciplinares previstas

1) Tempo de Paz: advertência, suspensão temporária e expulsão.

2) Tempo de guerra revolucionária deflagrada: acrescenta-se às já citadas, a EXECUÇÃO.

(JOSÉ CARLOS DIAS DE OLIVEIRA - Instrutor do “Curso de Comandos” da ORM-DS -

Orientação fornecida com base nos estatutos da organização - Dia 06 Jul 86).

III. APRECIAÇÃO

a. Do exposto sobre a ORM-DS, podemos salientar as seguintes idéias:

- Consciente de que como organização trotskista atuante tem pouca representatividade junto

as massas, e que na legalidade estaria fadada a uma posição insignificante em relação à

dimensão dos outros partidos, a ORM-DS optou por continuar na clandestinidade, atuando no

interior do PT e da CUT.

- Por entender que a CUT e os Sindicatos Rurais são as agremiações que estão dominando as

massas, a OS vem atuando prioritariamente junto a elas, onde busca posições de destaque, na

certeza de que assim, estará aumentando sua influência no interior do PT.

- No período, esteve voltada para o apoio e filiação de seus militantes ao PT e para o avanço

do nível político dos mesmos. Com essas atividades, pretendeu obter peso nas convenções do

PT e melhorar e nível de consciência da classe trabalhadora.

- Embora venha preconizando a necessidade da criação de uma “Frente Popular”, tendo como

base o PT, não vem obtendo êxito, tendo em vista que outras OS se posicionam contra essa

idéia por julgarem que partidos sem expressão estariam tentando usar a popularidade do PT

para se projetarem.

- Entendendo que a organização política e sindical do proletariado brasileiro atingiu um

estágio, que já permite ao movimento operário-sindical marcar, de forma concreta, seu

objetivo d e conquista do poder, vem buscando definições do PT e da CUT, quanto aos seus

chamados: “projeto estratégico dos trabalhadores”, “projeto socialista do PT” e “a questão do

poder” (GRIFO DO CIE).

- Apesar do apoio que a OS vem emprestando ao chamado “clero progressista” no tocante à

Reforma Agrária, existem profundas divergências doutrinárias que tendem a se agravar. Isto

porque a “Igreja” e o Governo pretendem fazer a distribuição das terras aos colonos,

tornando-os legítimos proprietários dessas áreas, o que contraria a linha de ação da ORM-DS

para a solução do problema. Opina que a Reforma Agrária no País é necessária, mas “a terra a

ser distribuída deve permanecer sob o controle do Estado, que administraria toda a produção,

caracterizando o que preconiza o Sistema Socialista, e não da forma como está sendo

executada, cuja sistemática transforma os colonos em pequenos burgueses e,

conseqüentemente, atrelados e dando sustentação ao Sistema Capitalista vigente”.

- A realização do III Congresso em si e as declarações do dirigente da ORM-DS ratificam a

estratégia trotskista de “construir um partido revolucionário capaz de dirigir o movimento

operário e demais setores do movimento de massas para tomarem o poder, através da

revolução - “Revolução Brasileira” -, como, também, define o PT como seu ‘espaço político’

de atuação para a construção desse ‘partido’. Além disso, transparece a tática da ORM-DS de

“frente única revolucionária” - com outras organizações revolucionárias - e a definição da

atuação no Movimento Operário-Sindical, como maneira de intervir nas deflagrações de

greve e, até, no “Processo Constituinte”.

- Da mesma forma que a ex-FQI - hoje O Trabalho de Reconstrução da Quarta Internacional

(OT/QI) -, a ORM-DS concluiu que “os fatos indicam que se iniciou a segunda etapa da

revolução do proletariado, e tudo leva à certeza que o confronto armado entre governo e

trabalhadores é iminente - ...”.

- As resoluções do último Congresso da ORM-DS, suas rígidas medidas de segurança, e a

realização dos cursos de comandos, são dados indicadores de que a OS se preparando par ao

confronto “violento”.

b. A análise dos principais dados sobre a ORM-DS permite a seguinte projeção:

1) A curto prazo

- Através de seus militantes eleitos à deputado federal e “manobra das massas”, influir para

que a Constituição tenha características socialistas;

- continuar campanha de desmoralização do governo, visando à sua desestabilização;

2) A médio prazo

- Obter o maior número possível de direções sindicais;

- obter o maior número possível de cargos no PT e CUT, conseguindo com isto influir par que

a Constituição tenha características socialistas;

- continuar sua campanha de desmoralização do governo, visando à sua desestabilização;

3) A longo prazo

- Construir um Partido Revolucionário Socialista;

- participar da tomada do Poder e da instauração de uma ditadura do proletariado, juntamente

com outras OS.

CAPA DE ACE

ACE No. 015528/88

DIRETÓRIO REGIONAL DO PT/RJ

O DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (DO/RJ) publicou, na sua

edição de 22 DEZ 87, o registro do Diretório Regional do PARTIDO DOS

TRABALHADORES (PT/RJ) foi eleito Presidente da Comissão Executiva, tendo como

Secretário-Geral CID DE QUEIROZ BENJAMIN.

O Diretório Regional do PT/RJ ficou com a seguinte composição:

Membros do Diretório: ERNANI COELHO, GERALDO CANDIDO DA SILVA,

ANTONIO MENDES, CID DE QUEIROZ BENJAMIM, JOSÉ ALBERTO SOLÕES DO

NASCIMENTO, ELIZANA DA COSTA SILVA, JORGE RICARDO BITTAR, MOZART

SCHIMITT DE QUEIROZ, CARLOS ALBERTO VIANA MONTORROYOS, SÉRGIO

MURILO NASCIMENTO PEREIRA, SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA,

RONALDO MARCUESINI, CARLOS ALBERTO DE CASTRO MARTINS, ERASMO

BARBOSA FARIAS, JOSÉ BARROSO, ÂNGELA BORBA, JORGE DAMIÃO, JUREMA

BATISTA, LEONARDO NOGUEIRA GOMES, JULIO CESAR COSTA, CARLOS

ALBERTO RIBEIRO DA ROCHA, CARLOS AUGUSTO ANCEDA NOUGUE, JOÃO

GONÇALVES, JOSÉ ALEXANDRE BOUZES PEDROSA, BENEDITA SOUZA DA

SILVA, EDIL NUNES DE BARROS, ORLANDO ALVES DOS SANTOS JÚNIOR e

ROSANGELA AUGUSTA MIGUEL.

Suplentes: CESAR PACCIOLY, CLEONICE DIAS DE ALMEIDA, LUIZ EDUARDO

TRAVASSOS DO CARMO, LUIZ CARLOS DELGADO, LUIZ MARIO SANTOS,

GERÔNIMO GONÇALVES DA COSTA, LEONARDO CORREA, MARCIO AZEVEDO e

JOSÉ MARCOS CASTILHO.

Delegados: ERNANI COELHO, CARLOS ALBERTO VIANA MONTORROYOS,

ELIZANA DA COSTA SILVA e JORGE RICARDO BITTAR.

Suplentes: CID DE QUEIROZ BENJAMIN, SÉRGIO MURILO NASCIMENTO

FERREIRA, MOZART SCHIMIDT DE QUEIROZ e GERALDO CÂNDIDO DA SILVA.

Comissão Executiva:

- Presidente: ERNANI COELHO

- 1º Vice-Presidente: GERALDO CÂNDIDO DA SILVA

- 2º Vice-Presidente: ANTONIO MENDES

- Secretário-Geral: CID BENJAMIM

- 1º Secretário: JOSÉ ALBERTO SALÕES DO NASCIMENTO

- Tesoureiro: ELIZANA DA COSTA SILVA

- 1º Vogal: JORGE RICARDO SCHIMIDT DE QUEIROZ

- 3º Vogal: SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

Suplentes: SÉRGIO MURILO NASCIMENTO PEREIRA, ORLANDO ALVES DOS

SANTOS JÚNIOR e JOSÉ BARROZO.

CAPA DE ACE

ACE No. 017840/89

INFILTRAÇÃO COMUNISTA NOS PODERES LEGISLATIVOS DO MUNICÍPIO E

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Após a posse dos novos Vereadores do Município do RIO DE JANEIRO, em 01 Jan 89,

teve início, por parte de alguns edis comunistas e ativistas de esquerda, a nomeação

sistemática de militantes e/ou ex-militantes comunistas para preencher os cargos de

assessoramento previsto em cada Gabinete Político.

Até a presente data, há que se destacar, como exemplos, as nomeações feitas pela

Vereadora LÍCIA MARIA MACIEL CANINÉ (“RUÇA”) (B235009), do Partido Comunista

Brasileiro (PCB) E PELO Vereador EDSON SANTOS DE SOUZA (E2052891), do Partido

Comunista do Brasil (PC do B), os quais franquearam aos seus Partidos a nomeação de

militantes para os seus Gabinetes.

***

Z2: W/TR3/00105/120/B1C/260985

Z3: B7J

Z7: RELAÇÃO DE MILITANTES COMUNISTAS INFILTRADOS NOS PODERES

LEGISLATIVOS DO MUNICÍPIO E DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

RELAÇÃO DOS MILITANTES/SIMPATIZANTES DAS FACÇÕES COMUNISTAS E

ATIVISTAS DE ESQUERDA NOS PODERES LEGISLATIVOS DO MUNICÍPIO E DO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

NOME DADOS DE

QUALIFICAÇÃO

CARGO / ÓRGÃO /

ENTIDADE FACÇÃO

OUTROS DADOS

HERMES CAVALCANTE CARNEIRO

B1327720 Filiação: ARARE RODRIGUES CARNEIRO e YEDA DOS SANTOS CAVALCANTE DLN: 24.06.53 - RIO DE JANEIRO/RJ.

- Oficial de Gabinete - Ex-militante do Movimento pela Emancipação do Proletariado (MEP). - DCM No. 38, de 13 Mar 89 - Avaliação: 01

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA

B0020849 Filiação: MIGUEL DE MOURA e LELIA MASCAREINHAS DE MOURA DLN: 03.04.58 - BELO HORIZONTE/MG Doc/Idt: 416.078/SSP

Gabinete político do Vereador ADILSON NOGUEIRA PIRES.

Organização Revolucionária Marxista-Democrática Socialista (ORM-DS) Militante

- Assistente - Ex-militante da Fração Quarta Internacional (FQI) - DCM No. 38, de 13 Mar 89. - Avaliação: 01

CID QUEIRÓZ BENJAMIN

B0121289 Filiação: NEY BENJAMIN e IRAMAYA PAVAMLY DE QUEIROZ BENJAMIN DLN: 26.10.48 - RECIFE/PE.

Gabinete Político do Vereador do PT, FRANCISCO JOSÉ RODRIGUES DE ALENCAR (B1701228), ex-militante do PCB.

- Oficial de Gabinete - Ex-militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). - DCM No. 38, de 13 Mar 89

CÍCERO COSTARD

B1175415 Filiação:

Gabinete Político do

PCB Militante - Assessor - Ex-militante do

CAPA DE ACE

ACE No. 018940/89

COMPOSIÇÃO DO DIRETÓRIO REGIONAL E RELAÇÃO DE VEREADORES DO

PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) NO RIO DE JANEIRO E ESPÍRITO SANTO.

Em atendimento a solicitação verbal, esta B7J Informa que, em levantamentos efetuados,

foram constatados 53 (cinqüenta e três) vereadores filiados ao PARTIDO DOS

TRABALHADORES (PT) no Estado do ESPÍRITO SANTO/ES (Z7:A) e 19 (dezenove)

vereadores no Estado do RIO DE JANEIRO/RJ 9Z7:B).

Segue, em Z7:C, a composição do Diretório Regional do PT/RJ, publicado no DIÁRIO

OFICIAL DO ESTADO/RJ em DEZ/87 e, em Z7:D, a composição do Diretório Regional do

PT/ES.

Z7:A - Vereadores filiados ao PT/ES;

Z7:B - Vereadores filiados ao PT/RJ;

Z7:C - Composição do Diretório Regional do PT/RJ; e

NETO CARLOS ALMADA COSTARD e NILZA COSTARD DLN: 20.06.59

MR-8 - DCM No. 66, de 27 Abr 89. - Avaliação: 01

GISELLE SAFADI

B1573433 Filiação: CARLOS ALBERTO SAFADI e LAILA SAFADI DLN: 14.05.57 - RJ/RJ Doc/Idt: 3.831.552 - IFP/RJ

Vereador do Partido Social Democracia Brasileira (PSDB), SÉRGIO CABRAL DOS SANTOS (B0577790), militante do PCB.

- Oficial de Gabinete - Ex-militante do MR-8 - DCM No. 66, de 27 Abr 89. - Avaliação: 01

Z7:D - Composição do Diretório Regional do PT/ES.

ESTADO DO RIO DE JANEIRO/RJ

VEREADORES DO PT/RJ

ANGRA DOS REIS

- RAUL ALEVATO (B2838667);

- AURÉLIO GONÇALVES MARQUES (SDQ);

- MARIA HELENA FERREIRA DE OLIVEIRA (SDQ).

BARRA MANSA

- ELISA MARIA FERREIRA (SDQ);

- JOSÉ MAURÍCIO DE ALMEIDA (SDQ).

NITERÓI

- ENOC JOAQUIM DE OLIVEIRA (SDQ).

NOVA FRIBURGO

- EDIL NUNES DE BARROS (SDQ).

NOVA IGUAÇU

- MOACYR DE ALMEIDA CARVALHO (SDQ);

- ROSELY SOUZA DA FONSECA (SDQ).

RIO DE JANEIRO

- FRANCISCO RODRIGUES DE ALENCAR FILHO (B0764255) - ex-militante do

PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB);

- AUGUSTO MOREIRA PAZ (SDQ);

- ELIOMAR DE SOUZA COELHO (B1841397), militante da Convergência Socialista (CS).

SÃO JOÃO DE MERITI

- AURENIO VIANA (SDQ).

TERESÓPOLIS

- WALTER MENDE (SDQ)

TRÊS RIOS

- AMAURI DA SILVA RODRIGUES (SDQ)

VOLTA REDONDA

- WANDERLEY BARCELOS DE SOUZA (B2692855);

- REINALDO HIDALGO FERREIRA (SDQ);

- JOSÉ GARCIA (SDQ).

COMPOSIÇÃO DO DIRETÓRIO REGIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES

(PT) NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

MEMBROS EFETIVOS

- ERNANI DE SOUZA COELHO (B2111354) - Deputado Estadual pelo PT/RJ e militante

da Convergência Socialista (CS) - presidente

- GERALDO CÂNDIDO DA SILVA (B1553443) - ativistas de esquerda - 1º vice-residente

- ANTONIO MENDES (SDQ) - 2º vice-presidente

- CID DE QUEIROZ BENJAMIN (B0342646) - ex-militante do MOVIMENTO

REVOLUCIONÁRIO - 8 DE OUTUBRO (MR-8)

- ELIZA DA COSTA SILVA (SDQ)

- JORGE RICARDO BITTAR (B0342646) - candidato pelo PT à Prefeitura do RJ em 15

NOV 88 - ativista de esquerda.

- MOZART SCHIMITT DE QUEIROZ (SDQ)

- SÉRGIO MURILO NASCIMENTO PEREIRA (SDQ) - militante do PARTIDO

REVOLUCIONÁRIO COMUNISTA (PRC)

- SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA (B0020849) - militante da Democracia Socialista

(DS)

- RONALDO MARQUESINI (SDQ)

- CARLOS ALBERTO DE CASTRO MARTINS (SDQ)

- ERASMO BARBOSA FARIA (SDQ)

- JOSÉ BARROSO (SDQ)

- ÂNGELA BORBA (SDQ)

- JORGE DAMIÃO (SDQ)

- JUREMA BATISTA (SDQ)

- LEONARDO NOGUEIRA GOMES (SDQ);

- JULIO CESAR DA COSTA FILHO (B1414562) - militante da CS;

- CARLOS AUGUSTO ANCEDÊ NOUGUÊ (SDQ) - ex-militante do Movimento pela

Emancipação do Proletariado (MEP) até 1981;

- JOÃO GONÇALVES (SDQ);

- JOSÉ ALEXANDRE BOUZES PEDROSA (SDQ);

- BENEDITA DE SOUZA DA SILVA (B1758240) - Deputada Federal pelo PT/RJ e ativista

de esquerda;

- EDIL NUNES DE BARROS (SDQ);

- ORLANDO ALVES DOS SANTOS JÚNIOR (B2206602);

- ROSANGELA AUGUSTA MIGUEL (SDQ);

MEMBROS SUPLENTES

- CID DE QUEIROZ BENJAMIN (SDQ)

- SÉRGIO MURILO NASCIMENTO PEREIRA (SDQ)

- ORLANDO ALVES DOS SANTOS JUNIOR (SDQ)

- MOZART SHCIMIDT DE QUEIROZ (SDQ)

- GERALDO CÂNDIDO DA SILVA (SDQ)

- CESAR PACCIOLY (B0382796)

- CLEONICE DIAS DE ALMEIDA (B2190060)

- LUIZ CARLOS DELGADO (SDQ)

- LUIZ MARIO SANTOS (SDQ)

- GERÔNIMO GONÇALVES DA COSTA (SDQ)

- LEONARDO CORREA (SDQ)

- MARCIO AZEDO (SDQ)

- JOSÉ MARCOS CASTILHO (SDQ)

- JOSÉ BARROSO (SDQ)

DELEGADOS À CONVENÇÃO NACIONAL

- ERNANI DE SOUZA COELHO

- ELIZANA DA COSTA SILVA

- JORGE RICARDO BITTAR.

CAPA DE ACE

ACE No. 073781/90

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO

GABINETE DO MINISTRO

CIE

BRASÍLIA-DF, 16 AGO 1989

PEDIDO DE BUSCA No. 815S/102-A2-CIE

DATA: 09 AGO 89

1. ASSUNTO: DELEGADOS AO VI ENCONTRO NACIONAL DO PARTIDO DOS

TRABALHADORES (PT)

2. ORIGEM: CIE

3. DIFUSÃO: CML-CMSE-CMS-CMNE-CMA-CMP-CMO-4ª DE-5ª RM-6ª RM-8ª RM

-10ª RM-AC/SNI-SECINT-CIM-CI/DPF

4. DIFUSÃO ANTERIOR:

5. REFERÊNCIA:

6. ANEXO: Relação dos Delegados ao VI Encontro Nacional do PT

4. DADOS CONHECIDOS

a. Dos 550 relegados previstos para participarem do VI Encontro Nacional do PT

compareceram cerca de 500, conforme relação anexa.

b. Vários nomes estão incompletos e incorretos.

5. DADOS SOLICITADOS

7) Completar e corrigir os nomes se for o caso.

8) Confirmar e/ou levantar militância atual ou ligações com antigas organizações do período da Luta

Armada.

9) Cargos de direção do PT que ocupam na área, se for o caso.

10) Atuação em entidades sindicais e/ou dos Movimentos Populares,

11) Ligações com o “clero progressista”.

12) Outros dados julgados úteis.

6. INSTRUÇÕES ESPECIAIS

Solicita-se a difusão dos dados obtidos a medida que forem levantados.

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

NOME MILITÂNCIA

BENEDITA DA SILVA

CYRO GARCIA CS

GENILDA ALVES DE SOUZA CS

JÚLIO CESAR DA COSTA FILHO CS

SÉRGIO MASCARENHAS DE MOURA TP/DS

CARLOS ALBERTO IVANIR DOS SANTOS

EDIL NUNES DE BARROS

ISMAEL LOPES DE OLIVEIRA CS

LUIZ CARLOS

VANDERLEI BARCELOS DE SOUZA TP/DS

ADILSON PIRES

CARLOS ALEXANDRE HONORATO

ELISA MAPIA FERREIRA CS

JAILSON DE SOUZA E SILVA

MARIA KÁTIA GOMES

ANA LUIZA FIGUEIREDO GOMES

CARLOS GUILHERME HAESER CS

ELCI BENEDUZI

JOÃO TRAJANO DE MORAES

MOZART SCHIMITT DE QUEIROZ OT/QI

ÂNGELO JOSÉ RODRIGUES LIMA

CID DE QUEIROZ BENJAMIN ex-MR-8

ERNANI DE SOUZA COELHO CS

JORGE FLORENCIO

OG CARRAMILO BARBOSA PCR

ANTONIO CARLOS COSTA GALVÃO CS

CLÁUDIO ROBERTO MARQUES GURGEL PCBR

ERNESTO BRAGA SALGADO DE ANDRADE

JORGE RICARDO BITTAR

ROSALVO COSTA CORREIA

ANTONIO NEIVA MOREIRA NETO MCR

CLEONICE DIAS DE ALMEIDA

EWERTON CLAUDIO AZEVEDO

JOSÉ LUIZ FEVEREIRO

SÉRGIO DE OLIVEIRA

Total de Delegados presentes .........35

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