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As nossasapostasDo desporto
à gastronomia, daciência à literatura, do
ambiente à agricultura,as nossas doze apostas
para 2018.
Continuamosa cumprira tradição de,na última ediçãodo ano, eleger os12 nomes em queapostamos parao ano seguinte.A escolha é feitapor especialistascom provas da-das em 12 áreas.Da ciência àmúsica, da lite-raturaà gastronomia,do ambienteao desporto, estaé a nossa seleçãonacional deesperanças.
Textos Alexandra Tavares-Teles
e Catarina Fernandes Martins
"PERCEBI QUE NÃO CONSEGUIAVIVER SEM MUSICA"
MARIANA SECCA (MAROI
RuiVeloso aposta nela co-
mo revelação musical de
2018. Porque «compõe,toca e canta bem em várias lín-guas». E porque «tem uma vozrara». Aos 23 anos, MarianaSecca, lisboeta de ascendênciaitaliana, irlandesa e cabo-ver-diana, está a dias de licenciar--se em Música pela BerklccCollege of Music (Boston). An-tes de viajar para os EstadosUnidos, fez o ensino secundá-rio em Ciências e Tecnologias
e o Conservatório de Piano,que começou com 4 anos. Aos11 compunha, aos 13 aprendeusozinha a tocar guitarra, aos 14
dava aulas de piano, guitarra e
formação musical. Porém, ape-sar de muito presente, a músi-ca não fazia verdadeiramenteparte dos seus planos. Preferiajogar futebol ou ténis - e tinhadecidido seguir Medicina Ve-terinária. A mudança deu-senum ano em que parou para fa-zer melhorias de nota. «Tive
tempo para pensar na minhavida e descobri que não conse-
guia viver sem música. Percebi
que era realmente feliz naque-las noites em que, tendo de es-tudar para o meu exame de Bio-logia ou Matemática, do dia se-
guinte às oito da manhã, ficavaa tocar e a cantar até às quatroou cinco sem perceber que tan-tas horas tinham passado.»
Escolheu nome - MARO -,publicou uns vídeos no YouTu-be. Apresentou-se como artista,
com temas originais, em 2015,na Berklee. Em 2016, deu o pri-meiro concerto completo. Ago-ra, nova etapa traz novas pro-messas e estreias: a mudançade Boston para Los Angeles, on-de ficará a viver pelo menos umano. Nos próximos meses acon-tecerá o lançamento do seu pri-meiro álbum. Os próximos 12
meses serão «um investimen-to de corpo e alma nos sonhos»,
que passamtambém por um diaviver em Portugal. A.T.T.
MÚSICA
A ESCOLHA
DE RUI VELOSO
Trinta e cinco anos decarreira comemoradosem 2015 com um concer-to no Meo Arena de umnome incontornável damúsica nacional. Nasceuem Lisboa em 1957,foi criado no Porto desdeos 3 meses, aos 6 anostocava harmónica e aos23 lançava Arde Rock,o álbum que inclui Chico
Fininho, marco no rockcantado em português.
JOSÉ CONDESSA
Nãoé fácil impressionar Dio-
go Infante. José Condessa,com apenas 20 anos, con-
seguiu: «Pelo talento bruto e pe-la invulgar capacidade de entre-ga ao personagem, ao momento,à emoção, sem medo e sem rede.»Conheceram-se nas gravações deJardins Proibidos, e da impres-são à convicção foi um passo: «É
alguém de quem vamos ouvirfalarem 2018, 19, 20, 21 e por aí fora.»
José Condessa cresceu a ver o
pai, ator amador, no antigo Tea-tro Camões. Sem saber ler nemescrever, decorou a primeira pá-gina de texto reproduzindo as pa-lavras que ouvira ao pai, no palco.Aos 5 anos fez o primeiro monó-logo. Em 2009 oficializou a pai-xão e entrou para o teatro infan-til da Academia de Santo Ama-ro. Na altura de decidir o futuroacadémico não hesitou. NaEscola
Profissional de Teatro de Cascais
aprendeu «a arte da representa-ção cornos melhores». E desde ce-do assumiu trabalhos de fôlego:ainda aluno, fez o Auto da Barcado Inferno e o Auto da índia, foiprotagonista numa peça de Ibsen(Peer Gynt), representou Shakes-
peare, Ricardo Boléo, Jean Genet.Gostadeterabolanospés. Ete-
vc-a. Dos 5 aos 15 anos jogou fu-tebol no Benfica, representando a
seleção nacional do escalão. «Umapaixão que poderia ter sido o meufuturo se não tivesse tido uma le-são que me levou a parar um ano.»Depois de umapassagem pelofut-sal, em 2016, decidiu dedicar-se a
cem por cento ao teatro. A que se
juntou a televisão. «Os projetosaparecem uns atrás dos outros, e
eu não sei como agradecer nem a
quem.» Isto ele sabe: quer deixarmarca na representação. A.T.T.
ARTESPERFORMATIVAS
A ESCOLHA
DE DIOGO INFANTE
Ator e encenador, es-treou-se profissional-mente em 1989 na peçaAsSabichonas, de Moliè-re. Fez televisão e cine-ma, é reconhecido pelospares e pelo público.Desempenhou os cargosde diretor artísticodo Teatro Maria Matos(de 2006 a 2008) e do
Teatro Nacional D. MariaM|de2ooBa2oll).Está agora à frentedo Teatro da Trindade.
SÉRGIO MACIEL
Umdos mais promisso-
res atletas portugue-ses nasceu em Dar-
que, Viana do Castelo. Tem 19
anos, é eletricista, aprendeu a
gostar de canoagem c quer ser
campeão do mundo e partici-par nuns Jogos Olímpicos. Osrecentes pódios no Mundial e
no Europeu, na categoria sub--23, e a obtenção de várias me-dalhas em competições inter-nacionais na modalidade pro-vam que Sérgio Maciel está afazer o caminho. Carlos Pau-la Cardoso distingue o jovem e
chama a atenção para o talento
do canoísta num elogio sem re-serva: «Resistência, capacida-de de trabalho efairplay são
palavras que ajudam a defini--lo como um dos maiores talen-tos do desporto português.»
Sérgio Maciel queria ser joga-dor de futebol c eletricista. Elc-tricistajáé, comdiplomapassa-do. O futebol, esse, foi trocadopela modalidade de que apren-deria a gostar. O caso começoutinha Sérgio 8 anos. Nas fériasescolares, Carlos Maciel inscre-veu o filho no clube de canoa-gem perto de casa. Apaixonou-se pelas canoas. De tal forma
que arrastou toda a família: o
pai começou a fazer canoagemaos 39 anos e o irmão, de 11, jáestá «viciado».
Dos 8 aos 12 anos, Sérgio pra-ticou kayak Kl. Aos 12 passou afazer canoa Cl. Sempre a con-quistar títulos. Rema todos os
dias, duas a quatro horas, e ini-ciou recentemente o curso deTreinador de Canoagem. Ex-petativas? Todas: «Tenho comoprojeto tentar o título de cam-peão do mundo de maratonase o sonho de lutar pela qualifi-cação para um lugar nos JogosOlímpicos.» A.T.T.
A ESCOLHA
DE CARLOS PAULA
CARDOSODoutorado em Física
eex-presidentedoConselho Diretivo daFaculdade de Ciênciasda Universidade deLisboa, foi atleta do
Benfica (velocistaj,clube onde praticouatletismo e pelo qualconquistou diversostítulos. Líder do Euro-pean Non-Governmen-tal Sports Organisationdesde 2015, presidea Confederaçãodo Desporto de Portu-gal há 14 anos. Tem 60.
CARLA PAISÉÉ M autorapublicoucm2ol7
o seu primeiro roman-Culpa, afirman-
do uma voz ainda em construçãomas já consistente no panorama damais jovem ficção portuguesa.» É a
aposta de Manuel Valente, que va-ticina: «Em 2018 veremos a plenaconfirmação do seu valor.»
Carla Pais diz da sua escrita
que é «estranha», «crua». Cansa-da de paninhos quentes, o roman-ce de estreia nasceu do seu desen-tendimento com o preconceito e
«os rótulos que colamos na testado outro». Foi escrito em nove me-ses, num processo ora demoradoora torrencial. «Sofrido também.»Quer continuar a trabalhar e a es-
crever livros. «Não peço mais na-da. Se sou feliz assim, para quê mu-dar?» Nascida em 1979, numa pe-quena aldeia perto de Leiria, aos 17abandonou a escola para ser mãe e
casar-se. «Enquanto os outros ado-lescentes andavam a tirar cursos jáeu andava a criar filhos.» Termi-naria o secundário, à noite. Ainda
se inscreveu na universidade, masabandonou. «Queria estarpresentena vida dos meus filhos, queria fa-zer à minha maneira. » Fez .
«Ávida não me deve nada, sem-
pre me empurrou paraos caminhoscertos. Mesmo quando em 2012cheguei a França para fazer limpe-zas ou embalar salmão.» Já lá, con-correu ao Prémio Literário Horá-cio Bento Gouveia, naMadeira. Ga-nhou com o conto AAlm a do Diabo.Era chegado o momento de «escre-ver um romance a sério». A.T.T.
"SÓ QUERO CONTINUAR ATRABALHAR E A ESCREVER"
LITERATURA
A ESCOLHA DE
MANUEL VALENTE
Escritor e editor. Diretoreditorial da Porto Edito-ra Idepoisda Dom Quixo-te e da Asa), ManuelAlberto Valente nasceuem Vila Nova de Gaia,em 1945. É licenciado emDireito pela Universida-de de Lisboa, cidadeonde reside. Após umabreve passagem pelojornalismo, dedicou todaasuavidaàatividadeeditorial. Publicou
quatro livros de poesia.
DIOGO TELESMM 2018 devemos
mantê-lo debaixode olho», aconselha
Simon Schaefer, e a justifica-ção vem de seguida. «Apaixãoe os planos do Diogo nesta áreasão visionários.» Diogo Te-les agradece e sorri. Em 2009,programava aplicações mobilecom um iPhone que o levariamàblip.pt, startup do Porto, obrade um grupo restrito de ami-gos, que hoje congrega cente-nas de pessoas. Depois decidiu
arriscar e criar em parceria umprojeto mais pessoal, a Mobit-to, uma aplicação que permitiarecomendar empresas ou lo-jas c dava acesso a promoções.A aventura não correu comoo previsto, a aplicação fechou.Mas Diogo continua a consi-derá-la uma etapa fundamen-tal, aprendeu c suou muito.Aseguira Faber Ventures, fun-do de investimento em tecno-logia, onde trabalhou no apoioa vários projetos. E foi aí que
descobriu o que agora é a sua
paixão: a aplicação da tecnolo-
gia e a sua consequência numproduto, empresa ou mercado.
Depois de três anos naFaber,decidiu que era Lempo de Ira-balhar numa empresa de es-cala. Escolheu a Booking.com.Após um ano e meio de «casa»,lidera a criação de novos pro-dutos relacionados com as via-gens. «É um desafio enorme e
isso é o que quero fazer no pró-ximo ano.»
Nascido no Ribatejo, teve o
primeiro computador aos 10
anos. «Jogava muito, nuncaprogramei, nunca fui um em-preendedor desde cedo. Comoaluno não era nada de espe-cial, como programador tam-bém não, a única coisa que me
apaixonava era a aplicação das
tecnologias.». Em Aveiro, fezquatro anos e meio de Enge-nharia de Computadores e Te-lemática. Tem 31 anos, vive emAmesterdão. A.T.T.
TECNOLOGIA
A ESCOLHA DE
SIMON SCHAEFER
CEO da Startup Portugal,a entidade que gere a
estratégia do governono âmbito do apoio ao
empreendedorismo,empreendedor e busi-ness angei alemão.Tem 40 anos.
LUÍS LOPES
DirkNiepoort elogia-lhe o
«espírito aberto c a vontadede conhecer o mundo» e diz
que «mais do que fazer vinho, é al-guém que respeita a vinha; maisdo que enólogo, é adegueiro, e isso
é importante».As experiências no estran-
geiro, depois da licenciatura emEnologia (UTAD, Vila Real), essa
aprendizagem e o panorama na-cional da viticultura, a enologia eo mercado do vinho foram mar-cos importantes do percurso deLuís. Assim como a colaboraçãocom a Quinta da Pellada, as opor-tunidades que aí teve e das quaisresultou uma experiência mar-cante: Moreish Branco 2015, umvinho «sem produtos», comercia-lizado em Portugal e na França.Uma colaboração que terminouem outubro passado para se de-dicar de outra forma à vinha e ao
vinho. Enólogoeviticultorhádezanis, colabora, desde 2008, coma Herdade do Carvalhal de SãoLuís (Troviscais, Odemira) e comAntónio Madeira (Santa Mari-nha, Seía, Dão), desde 2010.
Nascido em Torres Novas em19 84, criado numa aldeia, semprequis ter um emprego ao ar livre.Porque não enólogo ou viticul-tor? Afinal, desde os 9 anos quesubia encostas de vinha, arras-tando potes de vindima e, adoles-
cente, já gostava de «desengaçaruvas na ciranda». Para ele, «ter-ra, como a paixão, é um negócioque não existe sem sensações, vi-vências, dificuldades e alegrias».Defende a escrupulosa racionali-dade na gestão dos ciclos de ma-neira que não se excedam os re-cursos. Até porque quer «deixar o
mundo umpouco melhor» do queo encontrou. A.T.T.
AGRICULTURA
A ESCOLHA
DE DIRK NIEPOORTProdutor de vinho eenólogo, está à frenteda Niepoort, empresafamiliarfundadaem1842. Nascido em 1964no Porto, descobriu o
mundo do vinho duran-te os seus estudos na
Suíça. Também inte-grou os Douro Boys,
que redinamizaramos vinhos na região.
FRANCISCAONOFREm m Francisca é uma mi-
úda muito magri-Pergunto-me
sempre quando vai partir-se.É uma missionária de voca-ção, vive para os outros, dá atéà exaustão, sem olhar a meios,com a garantia de que os fins se-rão alcançados. Só é pequeninafisicamente, enquanto ser hu-mano é enorme. Acredito que,esteja onde estiver, fará a di-ferença.» Foi com este elogiorasgado que Conceição Zagaloescolheu Francisca Onofre,32 anos, como o nome a acom-panhar na solidariedade em
2018. Francisca, que se estreouno voluntariado aos 9 anos adistribuir refeições aos idosos
apoiados pela Santa Casa daMisericórdia, quis ser freira.Durante dois anos fez o novicia-do na Congregação do SagradoCoração de Jesus, mas acabou
por perceber que a sua vida não
passaria por ali. «Queriaservo-luntária e estar ao serviço», diz.Depois do incêndio de PedrógãoGrande, emjunho deste ano, or-ganizou a Missão Aqui e Agora,com o apoio dos jesuítas, paraajudar as vítimas. Tem vividoentre Lisboa e Castanheira de
Pêra desde então. A dedicaçãoao interior do país depois das
tragédias de junho e outubrofizeram-na perder o empregonum colégio onde acompanha-va alunos de educação especialcm Lisboa. «Disseram-me quenunca me tinham visto tão fe-liz e realizada e acho que perce-beram que eu ia continuar a pe-dir licenças para acompanharas vítimas. Perceberam que eunão era a melhor aposta agora.Fiquei triste porque tenho con-tas para pagar, mas temos de ar-riscar e confiar no que ávida nosvai dando.» C.F.M
A ESCOLHA DE
CONCEIÇÃO ZAGALO
Depois de quase AO
anos na IBM Portugal,Conceição Zagalo pediua pré-reforma paraabraçar o voluntariado.Fundou o GRACE, umgrupo de preparação e
apoio à cidadania em-presarial e responsabi-lidade social das em-presas. Em 2017 tomou
posse como vereadorada Câmara Municipalde Lisboa pelacoligação Nossa LisboaICDS-PP/PPM/MPT).
VASCO COELHO SANTOS
"COZINHO COMO A MINHAAVO, NO TACHO, LENTAMENTE"
M ¦ Vasco está a fazer umaI I carreira perfeita. Quer\J ser um chefe de renomee vai ser. Em 2018 vai ganhar umaestrela Michelin», diz LjubomirStanisic sobre Vasco Coelho San-tos, 30 anos. Vasco começou porestudar Gestão na UniversidadeCatólica do Porto, mas acabou afa-zer um curso de cozinha no Atelierde Cozinha Michel em Lisboa, on-de se deixou cativar «pela adrena-lina e pelo stress». Trabalhou comOlivier, estagiou com Avillez no
Tavares Rico e mudou-se para Es-panha para trabalhar nos concei-tuados Mugaritz, Arzak e El Bulli.Após uma viagem de exploraçãoturística e gastronómica na Ásia,testou o estilo de cozinha em jan-tares privados no Porto e pouco de-
pois montou o primeiro restauran-te - Baixopito. Nova viagem até ao
Japão daria origem ao Euskaldu-na, inaugurado em 2016, onde Vas-co não apresenta menu, cozinhan-do apenas o que lhe apetece, coma condição única de os produtos
serem cem por cento portugueses.«Não fazemos cozinha portugue-sa, mas cozinhamos como se faziaantigamente, abaixa temperatura,como a minha avó fazia, no tacho,lentamente», diz. Em 2018, Vas-co não tem planos para novos res-taurantes, preferindo concentrar--se nos que tem em mãos. «Tenho
pensado em abrir uma coisinha di-ferente, mas é surpresa.» Possíveisnovidades em 2018, já que Vasconão parece conseguir estar muitotempo parado. C.F.M.
GASTRONOMIA
A ESCOLHA DE
LJUBOMIR STANISIC
Sete anos depois de
chegara Portugal, osérvio Ljubomir Stani-sic abriu o seu primeirorestaurante, o 100
Maneiras, inauguradoem 2004 em Cascais e
reaberto em 2009 noBairro Alto. Em 2010,abriuoßistrôlOOManeiras no Chiado.0 programa Pesadelona Cozinha fez deleuma estrela televisiva.
"LISBOA PERMITE-ME SERPRODUTIVO"
LUÍS LÁZARO MATOS
m ú Luís entrega-se in-
¦Jteiro nas fragili-dades e nas forças,
que são os mesmos sítios. Issonota-se nos temas que abor-da, no facto de não ter medodo ridículo, na inexistência de
autocensura.» Foi essa a pri-meira impressão de José Pe-dro Croft ao ser júri da candi-datura de Luís Lázaro Matos a
umabolsaFulbrightparaestu-dar nos Estados Unidos. A im-pressão do artista plástico foi
confirmada pelos restantesmembros do júri, que atribuí-ram a bolsa ao jovem. Luís de-veria estar a concluir esse pro-grama de estudos, mas desis-liu a meio porque não gosLouda experiência. Luis LázaroMatos, 30 anos, quis ser arqui-teto como o pai, mas decidiu irpara Artes Plásticas para evi-tar um destino num meio em-presarial. Nem o curso de Es-cultura nem o de Pintura nasBelas-Artes o satisfizeram e
Luís acabou por mudar-se pa-ra Londres para estudar noGoldsmiths College. Em 2012,ao fim de quatro anos no Rei-no Unido e numa altura em quemuitos jovens deixavam Portu-gal devido à crise, Luís aperce-be-se da precariedade da vidaem Londres e faz o caminhoinverso, intuindo que a qua-lidade de vida em Lisboa lhedaria o espaço necessário pa-ra desenvolver a criatividade.«Lisboapermite-meestarbem
emocionalmente para ser pro-dutivo», diz. A nomeação pa-ra o Prémio EDP em 2013 co-locou-o no mapa de novos ar-tistas e pouco depois aceitou o
convite da Galeria Madragoa,que o representa até hoje. Emmaio de 2018 será publicadoo primeiro livro de Luís rela-tivo à exposição que esteve naArte Madrid e na mesma altu-ra o artista lançará a nova ex-
posição, inspirada na morte deLuís II da Baviera. C.F.M.
ARTES PLÁSTICAS
A ESCOLHA DE
JOSÉ PEDRO CROFTArtista plástico reco-nhecido nacional e
internacionalmente,está presente em cole-ções como a do CAM- Fundação CalousteGulbenkian, a do Centrode Arte Reina Sofia, emMadrid, ou a do Museude Arte Moderna do Riode Janeiro. Neste anorepresentou Portugalna Bienal de Veneza.
RUI BENTOfl fl Rui está e vai continu-I lara liderar nas qucs-
toes fundamentaisdo sctor do turismo - os desafiosà regulação existente e o aumen-to da liberdade de escolha dos
consumidores», diz Adolfo Mes-quita Nunes sobre Rui Bento,33 anos, diretor-deral da Über pa-ra a Península Ibérica. Rui Bentoestudou Ciências Computacio-nais c obteve um MBA na Uni-versidade de Berkeley, na Cali-fórnia trabalhou como consul-tor na McKinsey e na Apple paraa Europa, Médio Oriente, índiae África. A nomeação de Adol-fo Mesquita Nunes surpreendeuRui, acabando por levá-lo a pen-sar no paralelismo entre a Übere o turismo. «Estamos a concen-trar-nos em ser uma constânciana vida das pessoas que viajam,oferecendo-lhes simplicidade e
familiaridade», diz. Ao ser o ros-to da Über em Portugal, Rui Ben-to enfrenta uma guerra abertacom os taxistas, mas desvalori-za a questão. «A mobilidade temmudado muito nos últimos anos eé natural que diferentes países se
adaptem de formas diferentes e aritmos diferentes. Estamos empe-nhados em garantir que em Portu-gal sej a aprovado um novo quadroregulatório para o setor da mobi-lidade», diz. Antecipando o anode 2018, Rui Bento fala na segun-da pessoa: «Queremos descobriráreas de crescimento além da áreatradicional. Queremos ir além damobilidade, como fizemos nes-te ano com o Über Eat ou como játínhamos feito com o Über Gre-en, em que Portugal foi o primeiromercado de todo o mundo a dispo-nibilizar o serviço dos carros cem
por cento elétricos.» C.F.M.
TURISMO
A ESCOLHA DE
ADOLFO MESQUITA
NUNES
É um dos vice-presi-dentes do CDS-PP. Foisecretário de Estado doTurismo com AntónioPires de Lima comoministro da Economiano XIX Governo Consti-tucional. Nas últimas
autárquicas concorreuà Câmara da Covilhã,cidade de origem dafamília e onde viveu.
HELENA SANTOSmm Jk Helena é extrema-
mente dedicada àdo ambien-
te e conservação da natureza e
sinto que vai conseguir fazer a
ponte entre a geração anteriore o futuro», diz Serafim Riemsobre a sua aposta para o am-biente em 2018. Helena Santos,29 anos, acabou de concluir o
doutoramento em Biologia da
Conservação, tendo estuda-do espécies crípticas de mor-cegos na Península Ibérica.O foco de Helena nos morce-gos tem que ver com a raridade
da investigação em torno des-ta espécie, mas acima de tudocom o facto deseremum grupo«com vantagens a nível ecoló-
gico eparaasociedade, alimen-tando-se de pragas agrícolas e
de espécies que podem ser ne-fastas para o ser humano co-mo os mosquilos ou as Iraças»,diz. Como membro da dircçãodo FAPAS, Helena tem-se em-penhado em angariar mais jo-vens para a associação, tare-fa que não é fácil, diz. «A im-portância dada ao ambienteem Portugal é quase nula - há
pouca gente a trabalhar comambiente e há muito pouco vo-luntariado», diz. Situação que,contrariamente ao que Helenaesperaria, não se alterou subs-tancialmente depois dos incên-dios de 2017- «É um assunto ur-gente e é preciso chamar a so-ciedade e particularmente as
gerações mais jovens, que infe-lizmente não conseguem mui-tas vezes dar do seu tempo pa-ra o ambiente porque as asso-
ciações não têm fundo, não têmpossibilidade de se desenvolvercomo deveriam.» C.F.M.
A ESCOLHA
DE SERAFIM RIEM
Ambientalista e cofun-dador da Quercus e daFAPAS - Fundo para a
Proteção dos AnimaisSelvagens. Nas últi-mas décadas tem-sededicado ao volunta-riado na área do am-biente. Em 1989, foi
parte ativa no protestodo povo de Valpaçoscontra os eucaliptosnova Ledo Lila.
ZITA SANTOS¦ m scolhi a Zita porque ad-
miro o seu entusiasmoe a curiosidade científi-
ca que brilha nos seus olhos. A sua
inquietude científica tem-na fei-to sair da "caixa" da sua especiali-dade e levou-a a fazer descobertas
importantes», diz Jorge Carnei-ro sobre Zita Santos, 33 anos, bió-loga e investigadora no Laborató-rio Comportamento Alimentar e
Metabolismo na Fundação Cham-palimaud. Zita, que fez o curso de
Biologia Microbiana e Genética na
Faculdade de Ciências da Univer-sidade de Lisboa e o doutoramentono Instituto Gulbenkian para Ci-ência, está a estudar como o estadometabólico dos animais influenciao seu comportamento e o seu apeti-te. Utilizando como modelo a mos-ca da fruta, a linha de investigaçãoda equipa em que trabalha podeter impacto ao nível de doenças co-mo a obesidade, a diabetes e o can-cro. Ao escolher o seu nome, JorgeCarneiro questionou «se o sistemacientífico nacional tem capacidade
para a assimilar, guardar e estimu-lar para fazer novas descobertas».Zita Santos acha que, «em geral,a qualidade da ciência em Portu-gal é muito elevada, apesar de nãohaver muitas opções para cientis-tas investigadores fazerem car-reira académica». O sonho de Zi-ta é ter o próprio laboratório e «fi-car em Portugal, a fazer ciência».No fim de 2018, quando termina o
pós-doutoramento financiado pelaFCT, Zita perceberá se esse sonho
pode ou não ser cumprido. C.F.M.
"A QUALIDADE DA CIÊNCIANACIONAL E MUITO ELEVADA"
CIÊNCIA
A ESCOLHA DE
JORGE CARNEIRO
É um cientista interdis-ciplinar que colaboroucom especialistas emmatemática, estatísti-ca, biofísica, biologiacelular e molecular,imunologia, ciência da
computação e robótica.Em 1997 recebeu o graude doutorem Biomedi-cina pela Universidadedo Porto. Desde 2013é o diretor adjunto paraa Ciência do InstitutoGulbenkian de Ciência.