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 A s n ovasBri g ad as Po pu lares: a ap o st a ch eg a aoim p asse... V i vem os em um pe od o de ap rofun da m en to da crise estrutural do cap itali sm o mundial e demud an ças n a co n g ur açã o da lut a d e cl asse s na A m érica Lati na . E ssa reali da de est á e str e i t a m e n t e vi n cu la d a a o sur g i m e n t o d e r u p t u r a s rev o luci o nári a s c o mo ca p it a li sm o de pe nd e nte emnosso co nti ne n t e . A ssi m , as c on di çõ es o bj eti vas p ar a a revol ão br as ileir a e lati no - am er icana vol t am à or de m dodia pa ra no sso s p ovo s, m as na m aioria do s p aíses da A m ér ica Lati n a eCar i beai n da es t am os muit o d ist an t es d os instr um entos p o líti co s e d o s p r o j e t o s hist ó ri co s n e ce ssá ri o s p a ra o cu m p ri m e n t o d e ss a t a r e f a. F a lt a - n o s u ma e feti va a r t i cu la çã o r ev o lu ci o n á ria co n t ine n t a l q u e po ssa co n t rib u ir co m o ava n ço d a s lutas po pu l ar es e classistas ne sse pe od o p r é -r evo l uc i on ári o qu e co m am os a na veg ar co m o b r a si leir o s e l a tin o - a m e ri ca n o s. Essa r ea li da de ap on t a a ne ce ssi da d e dar ec on st r ão da es qu er dar evo l uc i o ria. Por i sso em 20 10at ua m os r m em en t e n o sen t i do da f usãode qu atro a gr up am en tos - Briga da s P o p ul a r e s, C o leti vo A u t o cr íti ca , C o leti vo 2 1 d e J u n h o ( C 2 1J) e do M ov i m e n t o R e vo l u ci o rio N a ci o n al ista rcu l o s b o l ivari a n o s ( M O R E N A cb ) p a ra ini ci ar o pr oc ess o de co nstrução de uma no va organi za çã o po l í tica de ca r á t er na ci on a l , po p ul ar e soci a l ista - as no vas B ri ga da s P op ul ar es qu e contri b sse para su pe ração do s d es a os q u e aatu a l r e a l i d a d e a p onta p a ra a e squer d a rev o l u cio n á ri a . P or ou t r o l ad o, ess e pr oc esso de f us ã o t am b ém f oi pe r ce bi do pe l os di r i g en tes co m o a possi bi l i da de de sup er açã o d os l i m ites en contr ad os no de sde a constr uçã o de cad a um de sses ag rupamen t os. H oj e, ap ós p ouco m ai s de do i s an os d esse esf or ço d e f usão e constr uçã o d as n ovas B r i ga da s P op ul ar es ch eg am os aum i m pa sse p ol í t i co m ui t o g r ave. N aci on al m ente, encontr am o- no s e mum pr ocesso avança do de subst i t ui ção da f usão pa ra um a p ol í t i ca de i nc or po r ão ou m e r a “ am pl i ã o” d as vel ha s B r i ga da s P op ul a res de M i n a s G e ra i s. I ss o se ca ract e r i za p e l a i n si st ê n ci a e m m an t e r a l i n h a p o l í t i cae a f o r m a o r ga n i za ti va d e “m ov i m e n t o so ci a l d e n ovoti p o d a s a nti ga s B ri g a d a s P o p u lare s n o cotidiano do p r oc ess o de co ns tr ã o da s n ova s B r i ga d as P op ular es . E ssa po t ica ge rou um a rie de contr ad i çõ es q uenão f o r am re etidas co leti vam en t e na s i nst â ncias d evi d as ou f or am escam ot ead as desde o pr ocesso de f usão par a q uenãoocorr essem os de bates ne ce ssá rios. E m sum a, tai s co ntr ad i çõe s n ão f or am en f r en t ad as e a op ção denão de ba tê-l as clara e co l et iva m e nt e n a s in st â n ci a s f o i r e sp o n ve l p o r cr i se s co m o a q u e l evo u à sa íd a d a m aioria dos diri ge ntes de S Cháal gu ns m eses e a qu e está ocorrendo ne sse momen t o no R io deJa ne iro, na qu al a m an ifest ã o de var ia da s e xp r es sões doli b erali sm o distor ce m o f un ci onamen t o do cen t rali sm o de m ocrático e im pe dem a tom ad a de de ci sõe s co letivas. Essar ea lid a d e l ev o u a u m a l u ta i n t erna se m p ri nc í p i o s qu e ali m e n t o u an a t u rali za çã o d e valor e s co n trarr evo luci o n á ri o s com o para d i g m a s p ar a a so ci a b ili d a d e in t ern a . C o m t u d o i sso os en cam i nh am en t os e de cisõe s p ol í t i cas do parti do qu e pr eva l ecem o são di scu t i d os no s e sp aços co l eti vos e n a maioria da s vez es sã o f rut o d e de ci es t om ad as f ora da s inst ân cias l eg í ti m as e im po stas sem ne nh um de ba te.

As Novas Brigadas Populares

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Vivemos em um período de aprofundamento da crise estrutural do capitalismo mundial e de mudanças na configuração da luta de classes na América Latina. Essa realidade está estreitamente vinculada ao surgimento de rupturas revolucionárias com o capitalismo dependente em nosso continente.

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As novas Brigadas Populares: a aposta chega ao impasse...Vivemos em um perodo de aprofundamento da crise estrutural do capitalismo mundial e de mudanas na configurao da luta de classes na Amrica Latina. Essa realidade est estreitamente vinculada ao surgimento de rupturas revolucionrias com o capitalismo dependente em nosso continente. Assim, as condies objetivas para a revoluo brasileira e latino-americana voltam ordem do dia para nossos povos, mas na maioria dos pases da Amrica Latina e Caribe ainda estamos muito distantes dos instrumentos polticos e dos projetos histricos necessrios para o cumprimento dessa tarefa. Falta-nos uma efetiva articulao revolucionria continental que possa contribuir com o avano das lutas populares e classistas nesse perodo pr-revolucionrio que comeamos a navegar como brasileiros e latino-americanos.Essa realidade aponta a necessidade da reconstruo da esquerda revolucionria. Por isso em 2010 atuamos firmemente no sentido da fuso de quatro agrupamentos - Brigadas Populares, Coletivo Autocrtica, Coletivo 21 de Junho (C21J) e do Movimento Revolucionrio Nacionalista crculos bolivarianos (MORENA cb) para iniciar o processo de construo de uma nova organizao poltica de carter nacional, popular e socialista - as novas Brigadas Populares que contribusse para superao dos desafios que a atual realidade aponta para a esquerda revolucionria.Por outro lado, esse processo de fuso tambm foi percebido pelos dirigentes como a possibilidade de superao dos limites encontrados no desde a construo de cada um desses agrupamentos. Hoje, aps pouco mais de dois anos desse esforo de fuso e construo das novas Brigadas Populares chegamos a um impasse poltico muito grave.Nacionalmente, encontramo-nos em um processo avanado de substituio da fuso para uma poltica de incorporao ou mera ampliao das velhas Brigadas Populares de Minas Gerais. Isso se caracteriza pela insistncia em manter a linha poltica e a forma organizativa de movimento social de novo tipo das antigas Brigadas Populares no cotidiano do processo de construo das novas Brigadas Populares. Essa poltica gerou uma srie de contradies que no foram refletidas coletivamente nas instncias devidas ou foram escamoteadas desde o processo de fuso para que no ocorressem os debates necessrios.Em suma, tais contradies no foram enfrentadas e a opo de no debat-las clara e coletivamente nas instncias foi responsvel por crises como a que levou sada da maioria dos dirigentes de SC h alguns meses e a que est ocorrendo nesse momento no Rio de Janeiro, na qual a manifestao de variadas expresses do liberalismo distorcem o funcionamento do centralismo democrtico e impedem a tomada de decises coletivas. Essa realidade levou a uma luta interna sem princpios que alimentou a naturalizao de valores contrarrevolucionrios como paradigmas para a sociabilidade interna. Com tudo isso os encaminhamentos e decises polticas do partido que prevalecem no so discutidos nos espaos coletivos e na maioria das vezes so fruto de decises tomadas fora das instncias legtimas e impostas sem nenhum debate.Movimento social ou partido? Fuso ou incorporao?Entendemos que o processo de fuso tinha inegvel potencial promissor e que foi capaz de sintetizar teoricamente, a partir das diferentes tradies que se somavam, as bases necessrias para contribuir com a recomposio de uma alternativa popular de enfrentamento ao capitalismo dependente e associado e ao Estado capitalista vigente. Entretanto, apesar de no negligenciarmos o valor que esta experincia teve no avano coletivo dos sujeitos envolvidos no processo, avaliamos que a fuso das quatro organizaes que apontaria para a superao das mesmas foi substituda pela incorporao s velhas Brigadas Populares de Minas Gerais.Essa poltica de incorporao se expressou em vrios momentos de maneira velada ou explcita nos ltimos dois anos, desde o surgimento das novas Brigadas Populares. Porm, nos ltimos meses vem tornando-se cada vez mais incontestvel e irreversvel. A clareza entre os distintos papeis desenvolvidos pelos partidos e movimentos sociais no cotidiano da luta poltica e na revoluo brasileira, ainda que estejam descritos nos documentos fundamentais das novas Brigadas Populares, no se expressa na prtica poltica hegemnica do partido.A organicidade das Brigadas centra-se na fetichizao da atuao em ocupaes urbanas, a ponto de limitar suas estruturas manuteno destas ocupaes e luta por moradia. Ao invs de uma nova prxis voltada para a construo de um partido militante, popular e de massas capaz de fazer poltica nos espaos cotidianos das lutas populares e classistas institui-se a continuidade da linha poltica e a forma organizativa das antigas Brigadas Populares de Minas Gerais no cotidiano do processo de construo das novas Brigadas Populares.Assim, as Brigadas Populares, ao invs de se consolidarem como um partido revolucionrio, confundem-se com um movimento de luta por moradia de novo tipo: um movimento social que articula instrumentos de apoio sua luta especfica no formato de frentes reforma urbana, mulheres, juventude, antiprisional que servem, tambm, secundariamente, como espaos de propaganda da estratgia poltica desse movimento social.A organizao poltica, por mais reflexo que possa fazer sobre os limites e desafios histricos de sua construo, no pode simplesmente assumir a lgica dominante nos movimentos sociais mais combativos e de massas para enfrentar esses limites e desafios. A defesa de compromissos irrenunciveis em relao aos seus objetivos imediatos, da rejeio a fazer politica no enfrentamento com o Estado, da fetichizao do poder da base e da possibilidade da revoluo sem tomada do poder devem ser vistos como momentos de um percurso de conscientizao revolucionria dos lutadores e lutadoras dos movimentos sociais em relao necessidade e o papel dos partidos revolucionrios.Porm, se essa lgica for assumida pela organizao poltica transforma-se em uma mera retrica repetitiva que impede essa tomada de conscincia sobre a necessidade e o papel dos partidos revolucionrios e sobre qualquer definio de prioridades, impedindo a construo dos mesmos.Surgem dessa contradio o recrutamento baseado no jargo quem luta brigadista e o mtodo equivocado de atuao na luta por moradia, em que quadros do partido ligados artificialmente realidade cotidiana das ocupaes assumem sua direo, substituindo ou tutelando os sujeitos histricos dessas lutas, acabando por criar obstculos construo da autonomia desses espaos e sujeitos.Entendemos que a premissa necessria da relao do partido revolucionrio com os movimentos sociais deve ser a construo de uma relao de confiana recproca; contar com sua combatividade, sem prejudicar sua autonomia, e sem abrir mo da presena direta do partido nas lutas de massas. Isso s vivel em uma organizao politica que rompa com seu funcionamento como movimento social. Do contrrio, o aparelhismo revela-se como recurso necessrio para garantir a hegemonia nesses espaos.O no entendimento dessa necessria relao entre os partidos revolucionrios e movimentos sociais ajudam a entender a dificuldade das Brigadas Populares em romper com os limites da luta por moradia, sua lgica de alianas e de aparelhismo no movimento estudantil e a dificuldade de ampliao em outros movimentos sociais e no movimento sindical e operrio.Rio de Janeiro e a luta interna sem princpio levada s ltimas consequncias: a consolidao do centralismo autocrtico pequeno burgus.Uma das principais peculiaridades das novas Brigadas Populares o fato de sua fundao ser fruto da fuso de quatro organizaes locais. Por consequncia, apesar da fuso, a estrutura de cada estado ou municpio tendeu a manter parte das caractersticas e tradies da organizao anterior. Temos a clareza de que por tratar-se de um processo, esta tendncia no pode ser negada ou mecanicamente criticada, mas no caso do Rio a insistncia permanente na conservao de traos da forma organizativa do MORENA foi um dos principais determinantes para que se configurasse a luta interna.O MORENA exibia uma limitao decisiva em seu formato: ainda que contasse com um claro horizonte ttico estratgico e uma linha poltica definida, foi incapaz de determinar sua estrutura e organicidade a partir destes, e exatamente no sentido contrrio acabava por configurar-se como uma organizao hegemonizada pelo liberalismo, limitando-se a um espao produtivo para o fluxo de ideias. Sem qualquer instncia fortalecida e sem alcanar uma insero concreta nas lutas sociais, tornou-se apenas um grupo de debate, educao poltica e solidariedade internacional pontual, com ampla capacidade de realizar agitao, mas um potencial poltico profundamente limitado. Tal realidade ps em xeque, inclusive, a continuidade deste instrumento, sendo um dos fatores impulsionadores da fuso, sob a expectativa de que as novas Brigadas Populares criassem as condies para superar tais limitaes.O permanente apelo a uma estrutura organizativa que reproduzisse os limites do MORENA, apenas poucos meses da fundao das novas Brigadas, iniciou uma crise no RJ que demoramos a mensurar e compreender. Organizvamo-nos segundo a lgica mais liberal possvel: uma direo poltica limitada a tratar dos problemas mais graves e imediatos; reunies sempre curtas e sem qualquer debate aprofundado; instncias enfraquecidas, sem vida poltica e sem insero social. A incapacidade de estruturar uma poltica de formao e de finanas, por exemplo, expressa-se duramente no ecletismo da formao dos militantes e nas dificuldades de exercer qualquer tarefa que demande financiamento do partido. Tambm era comum o tarefismo, o voluntarismo e a indisciplina, centralizando em poucos militantes um enorme montante de tarefas, ou ainda limitando a ao em determinadas reas em funo da negativa de militantes assumirem o trabalho poltico. Ainda sob esta lgica, e combinado a uma tendncia nacional da organizao, as instncias atuavam de maneira independente, reivindicando muitas vezes liberdade e autonomia perante outras Frentes e da prpria direo politica sob a compreenso de que o Partido enquanto todo a mera soma das partes , reafirmando assim uma tendncia valorizao de interesses particularistas ou setoriais impregnando o Partido de princpios individualistas pequeno-burgueses e garantindo a prevalncia de interesses de um limitado grupo sobre o coletivo.Tais questes poderiam ser facilmente superadas se no fosse somado a este cenrio expresses ainda mais graves de liberalismos, como a negao do princpio de crtica e autocrtica, impedindo qualquer anlise critica das prticas individuais e coletivas no interior do Partido. Tal negao impediu de maneira brusca e truculenta que a lgica de reproduo do MORENA fosse sequer debatida, instaurando um processo de exceo: todos aqueles que decidiram enfrentar e duramente criticar as prticas cristalizadas que faziam com que as Brigadas Populares no Rio de Janeiro se tornasse dogmtica e sectria eram desqualificados a partir de acusaes baseadas em um contedo estigmatizador, muitas vezes oriundo de desvios machistas e heteronormativos.Este processo consolidou no Partido uma pequena cpula que tomava as decises fundamentais fora dos espaos deliberativos e instrumentalizava as instncias de acordo com seus interesses. Utilizavam as relaes pessoais e a amizade para constituir uma hegemonia artificial e assim fundar uma maioria eventual em torno das divergncias. Com tais procedimentos impediu-se o debate politico nas instncias em que no havia consenso, e em nome do pragmatismo e da objetividade mergulhamos no reinado do centralismo autocrtico. Todos os mecanismos de estmulo ao debate, dialtica e percepo das contradies foi substitudo pela burocracia e pela lgica punitiva baseadas no estilo vulgar dos partidos burgueses. Foram sendo implementadas estratgias de afastamento dos espaos coletivos de todos aqueles que no concordavam com esta minoria que conquistou uma maioria eventual a partir de mtodos personalistas. Aos poucos, os que questionam esse processo de degenerao foram sendo desqualificados em conversas paralelas s instncias, tendo sua militncia e trajetria poltica ridicularizada, expulsos de maneira infundada de reunies e assembleias, suspensos por motivos irrelevantes ou burocrticos e expostos de maneira desrespeitosa no mbito externo das Brigadas Populares.Em meio a tudo isso, decises polticas complexas, que no foram precedidas de qualquer debate coletivo, no puderam ser refletidas da maneira crtica como deveriam e tornaram-se assunto proibido, como por exemplo, a aliana com o PT/governismo, na Uerj, que sequer permitiu atingir o objetivo usado para justificar tal aliana (a construo do DCE pela base), o que prejudicou profundamente a atuao em outros espaos de militncia; a atuao aparelhista no movimento comunitrio de favelas; ou ainda a absurda eleio de um dirigente do PT para a direo municipal das Brigadas Populares, baseado na autonomia de escolha de sua instncia de base.No foram poucos os princpios essenciais de uma organizao politica revolucionria negados ou distorcidos nesse processo. Porm, o mais grave foi a consagrao do centralismo autocrtico. Baseados em uma perspectiva meritocrtica e sustentados por mecanismos burocrticos, essa pequena cpula conseguiu naturalizar nas Brigadas Populares do municpio do Rio de Janeiro uma distoro de centralismo democrtico no qual no se considera o valor da direo coletiva. Com isso a direo do partido em nada expressa qualquer acmulo das instancias intermedirias e de base. A expresso direo manda e todo mundo obedece no foi pronunciada poucas vezes nesse processo.A omisso o equivoco que se faz no fazendo...A sada para buscar a soluo de tais contradies no Rio de Janeiro foi recorrer Coordenao Poltica Nacional para tentar supera-las a partir dos princpios e das normas de funcionamento da organizao. Porm, paulatinamente percebemos que a luta interna no Rio tornou-se funcional ao processo de incorporao nacional.Desde o incio, os militantes do Rio de Janeiro defenderam o processo de fuso combatendo em diversos momentos a lgica de incorporao, na mesma direo em que combatamos a reproduo dos limites do MORENA.Entretanto, o acirramento das contradies no Rio de Janeiro instaurou um processo de fracionamento na organizao que facilitou a substituio da fuso pela mera ampliao nacional das velhas Brigadas Populares de Minas Gerais. Da mesma maneira, a deciso poltica de no enfrentar a sada dos vrios militantes das Brigadas Populares de Santa Catarina em 2013 por parte da direo nacional, facilitou a consolidao de antigas prticas nas instncias do partido. Em ambos os cenrios de crise poltica a direo nacional desconsiderou o real contedo da crtica prendendo-se exclusivamente a aparncia dos fenmenos e optando por um tratamento burocrtico que despolitizou as divergncias, e afastou ou induziu o afastamento dos militantes que articulavam as crticas.Compreendemos finalmente a principal motivao da Coordenao Poltica Nacional para tergiversar durante quase seis meses sobre o que por fim acabaram por denominar comoimbrgliocarioca ,e decidir pelo nosso afastamento da organizao. Afinal, enfrentar duramente as razes dessa situao significaria iniciar uma reflexo coletiva nas instncias nacionais e inaugurar o to necessrio debate sobre a degenerao do processo de fuso.Este cenrio nos coloca um duro impasse: permanecer disputando essa nova organizao poltica, que pretendia contribuir com a reconstruo da esquerda revolucionria no Brasil - na qual apostamos durante quase dois anos, ainda que diante de um diagnstico de tendncia gradativa do aprofundamento dos equvocos que sua prpria fundao se propunha a superar- ou aceitar que sem as bases mnimas necessrias para a disputa poltica em termos revolucionrios a permanncia nas Brigadas Populares nos encaminharia para o atoleiro do imobilismo ou da degenerao reformista.Romper com as Brigadas Populares e continuar na luta...A soluo para o impasse que nos impuseram foi produto de um processo longo de reflexo coletiva com todos aqueles que militando nas instncias de base e de direo das Brigadas Populares conscientizaram-se da necessidade do rompimento.Identificamos a tendncia a mdio prazo do rebaixamento do programa e linhas polticas das Brigadas Populares s demandas imediatista dada a anlise limitada aos aspectos superficiais da luta de classe, em funo de sua organicidade de partido ser determinada, contraditoriamente, por uma lgica de movimento social. Ou seja, a consequncia direta de uma organizao que se afirma como partido, mas assume uma prtica poltica de movimento social, ser um reformismo de baixo perfil, no qual seus posicionamentos polticos e programas tero de estar de acordo com o que se escuta da sociedade ou nas bases dos movimentos sociais e, portanto, limitado s relaes de fora e poder existentes. A longo prazo, uma organizao com essas caractersticas acabar por no tolerar opes radicalizadas e denunciar como esquerdismo toda lgica que atue em contradio com esse reformismo de baixo perfil.Aps dois meses conclumos lamentavelmente que a superao desse impasse a sada coletiva das Brigadas Populares dos militantes e dirigentes que assinam esse documento. Rompemos com as Brigadas Populares compromissados com a aposta de construir um instrumento politico partidrio que no reproduza os limites das organizaes que se propuseram fuso e que avance nos acertos que aprendemos nessa tentativa.Dedicaremos nossas energias para contribuir com a construo de um novo instrumento poltico partidrio que afirme o carter socialista da revoluo brasileira assumindo o papel fundamental da Teoria Marxista da Dependncia como instrumento de anlise e contribuio para a ao poltica na realidade brasileira e latino-americana. Uma organizao revolucionria que tenha clareza da atualidade do nacionalismo-revolucionrio como expresso latino-americana da estratgia de libertao nacional rumo ao socialismo e do papel do brizolismo e do bolivarianismo na transio ao socialismo no Brasil e na Ptria Grande.Um partido revolucionrio que desenvolva uma linha de massas onde a ao direta seja a forma de ligao com os movimentos sociais capaz de conceber os trabalhadores e trabalhadoras como sujeitos e no meros objetos da estratgia revolucionria, delimitando assim com clareza o papel da organizao politica revolucionria e dos movimentos sociais.Sabemos que esse um caminho longo e complexo e um problema para muitas geraes. Porm, essa constatao no nos impedir de fazer novas apostas polticas nem tampouco deixaremos nos levar ao imobilismo.O mundo no precisa de soldados! Precisa de guerreiros, meu irmo!Soldado segue general e guerreiro s segue o corao! Guerreiro Urbano - BANDACORISCOBrasil, 03 de julho de 2014Alex Lima militante da Frente de Juventude Rio e do Crculo Brigadista Horcio Macedo.Amanda Neder militante da Frente de Juventude Rio e do Crculo Brigadista UFRJ.Andre Gustavo fundador das Novas Brigadas Populares e militante da Frente de Reforma Urbana.Aurelio Fernandes fundador das Novas Brigadas Populares, militante da Frente de Reforma Urbana e do Crculo Brigadista Horcio Macedo.Erico Augusto militante da Frente de Reforma Urbana.Fred Borges militante da Frente de Juventude Rio e do Crculo Brigadista UFRJ.Julio Lacerda (Julio do Jorge Turco) militante da Frente de Reforma Urbana.Mariana Beltro fundadora das Novas Brigadas Populares, militante da Frente de Juventude Rio e do Crculo Brigadista UFRJ.Renan Quintela militante da Frente de Juventude Rio e do Crculo Brigadista Horcio Macedo.Sabrina Mendona militante da Frente de Juventude Rio e do Crculo Brigadista UFRJ.Victor Leonardo militante da Frente de Reforma Urbana.Winston Sacramento militante da Frente de Reforma Urbana.