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Às páginas tantas... o AMOR Manuel Burrica 02/04 M

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Às páginas tantas...

o AMOR

Manuel Burrica

02/04 M

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Às páginas tantas...

o AMOR

Manuel Burrica

Dezassete de Out ubro de Dois Mil e Treze

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Copyright © 2013 Manuel BurricaTodos os direitos reservados.

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Este liv ro, na sua pura e ingénua ex istência,

é dedicado... a Ti.

De

dic

ató

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Pre

fác

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Na Realidade em que vivemos nada é garantido e de um momento para o outro a vida resolve inverter a rotação do nosso mundo passando a senti-lo como nunca o sentimos,

a respirá-lo como se nada mais houvesse.

Esta é a Realidade do Amor sincero de um Homem comum, com muitos defeitos e virtudes como tantos outros, por uma Mulher. A sua visão do mundo, esse mundo em que

Ela penetrou, derrubando todas as barreiras,e virou do avesso.

Esta é a Realidade do Amor de um Homem, vivido na distância, por uma Mulher que apenas observa

sem nada dizer, nada fazer... nada sentir.

E, foi na imensidão desta Realidade que, às páginas tantas, nasceu este livro, fruto dessa relação de Sofrimento e

Solidão a que chamei... Amor.

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Ag

rad

ec

ime

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Uma obra nasce dos pensamentos e sentimentos de uma pessoa que coloca em palavras aquilo que mais lhe parece

ser a verdade das suas sensações e emoções...

Mas neste passar ao papel do que lhe vai na mente, no coração, na alma, há-de sempre faltar algo... aquele toque especial que dará à sua obra mais realce, mais expressão...

mais vida.

Neste primeiro livro pude ter a sorte, e imenso orgulho, em poder contar com a ajuda de uma grande Amiga que, pelos traços do seu lápis e da sua arte, fez os meus textos

respirarem mais levemente, com mais brilho e de uma forma extremante bela: Neusa Negrão.

Amiga, sem a tua sensibilidade artística, as tuas ideias geniais que trocámos naquela mesa de café... esta minha obra seria

mais pobre e não teria a luz que lhe conseguiste dar.Muito Obrigado!

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Um dia te encontrei

Sonho a preto e branco

Procuro o simples, só isso

Razões malditas...

Desassossego

Mulher

Silêncio!

O amargo da espera...

A pura magia dum atacador...

Pela porta de um Deus...

A noite fria da cidade

Na sombra me calo

Nos teus olhos...

Loucura ou Destino?

Um filho

Pequei, e peço perdão!

Tu longe e Eu distante...

Pinto-te como Te vi...

Do coração à alma

Acordei sorrindo...

Acredita, vais ver!

Porque te escondes?

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Chamamento de um beijo

Chuva num sonho

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Quero acreditar...

A força de um sorriso...

Vazio

Preciso saber que sorris...

Na palma da mão

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Pedaços do meu coração

Viver na sombra

Doce loucura a minha

Não sou anjo... apenas Eu!

Convite

Tu, tela de vida

Para Ti

Meu Sol da Meia Noite...

Fotografia

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Quatro paredes

Horizonte

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Porque lutas?

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Lutando contra o monstro

Tratado de uma paixão ( monólogo I )

Tratado de uma paixão ( monólogo II )

Tratado de uma paixão ( monólogo III )

Tratado de uma paixão ( monólogo IV )

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Os “S” da minha vida

Preciso de quem não precisa de mim...

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Dizes-me tu Amigo...

Por reticências te amo...

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Nada me dás mas tudo espero...

Quem Ama... cuida

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Um dia te encontrei...

Muitos acreditam que o “destino” de cada um estará marcado quando pela primeira vez respiramos o ar fora do ventre da nossa mãe... contudo há quem

não acredite nesta garantia e defenda que o “destino” está na mão de cada um, dependendo das suas acções, das suas crenças e opções que dia após dia vai

tomando.

Sendo apologista mais desta segunda teoria, em que a nossa vida depende principalmente das opções certas ou erradas que vamos tomando ao longo dos

tempos e perante cada situação com que nos deparamos, não posso porém deixar de acreditar também que algo mais pode interferir neste desenrolar de “destino” e que não seja consequência dos nossos actos e decisões tomadas... há alturas e momentos concretos na nossa vida em que os acontecimentos nos levam a questionar a origem ou o porquê de terem vindo alterar a nossa vida sem que para isso tenhamos feito algo que o implicasse, de forma racional.

Há um expressão tradicional que diz... “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!”. Ou seja, embora cépticos no que ao nosso destino diz respeito, por

vezes não conseguimos deixar de pensar que algo mais do que nós próprios faz despoletar na nossa vida acontecimentos que não conseguimos explicar.

Comigo aconteceu... um dia te encontrei.Te conheci há uns vinte anos atrás... ainda jovem rapariga. O tal “destino”

(neste caso cruel) fez com que nos tivéssemos cruzado e as nossas existências tivessem ficado ligadas por um fino laço de contacto: uma morada, um telefone

e um número. Perdi-te o rasto com as voltas que a vida nos fez dar. Dezanove anos passados... quis o mundo que as voltas que deu nos fizesse reencontrar numa esquina da vida. Tu, agora mulher feita, com uma carreira, e grandes responsabilidades. Eu, homem de cabeços grisalhos, armado em político e

empresário, vivendo a confusão da minha vida a centenas de quilómetros de distância.

As opções que tomei na vida vieram fazer com que duas décadas depois nos voltassemos a encontrar e, sem que nada o fizesse prever e fosse tão diferente do que foi a nossa ligação inicial, fizeste-me olhar para ti de forma como nunca

o tinha feito. Apaixonei-me. Eu que sempre evitei ligações fortes para não sofrer consequências e sofrimentos, não consegui resistir à mulher que agora

tinha à minha frente. Uma mulher linda nas suas convicções, nos seus ideais de vida, nos seus valores... uma mulher bela que nenhuma maquilhagem necessita

para se destacar das demais. E nesse olhar me perdi e conheci a alma

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que muitos classificam como gémea, mas que eu apenas defino como a parte importante que me faltava nesta vida que levo.

Qual invasor medieval, saltaste as minhas muralhas, as minhas defesas mais resistentes, e penetraste no meu coração. Desde então a minha vida virou-se do avesso, as minhas prioridades inverteram-se, as noites viraram dias sem

descanso, a angústia tomou conta de mim. Se ao menos esse assalto que fizeste à minha vida fosse para aqui morares... mas, para já, apenas saqueaste a minha

alma e fugiste para o teu esconderijo, onde não estou a conseguir entrar.

Um dia, o destino fez das suas e... encontrei-te.Desde esse dia o meu mundo já tomou várias cores, vários feitios... o meu

mundo já se moldou centenas de vezes a um sonho

em que tu fazes parte, em que és o papel principal. Planos e projectos de vida a dois que talvez (o mais certo...) nunca venham a sair do papel e deste meu coração. Estou lutando, como sabes, para que esse mundo, um dia, seja real. Acredito que pode sê-lo. Mas também sei que “são precisos dois para dançar

um tango”... e isso pode demorar um pouco mais de tempo do que o desejado.

Um dia encontrei-te... e ainda bem!Espero que este tal “destino” que nos voltou a ligar possa também um dia,

em ti, fazer-te olhar para mim de forma diferente e te faça sentir, como eu me senti, e sinto.

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Na sombra me calo...

Era tarde de Abril quando suoue angústia tamanha se abateuneste ser dúvidas mil entrouque de sofrimento quase enlouqueceu.

Sim... não... talvez... quem sabe?As entranhas mais profundas desta paixão mostroufeito nascimento de um ser puro e queridoabrindo seu coração e alma... sangrouna esperança de ser correspondido.

Mas Deus na sua divina graça não quizque este coração de sangrar parassedeixando a alma presa por um trizesperando que o Amor chegasse.

Na espera vivo... esperandoque divina graça se concedapaciente estou aqui pra ela olhandopor um sorriso que me dê singela prenda.

Desistir não é opção que more em meu peitopois só de olhar tal beleza me convenceque um dia ganharei seu amor e respeitoe num só seguiremos nesse futuro, que nos pertence.

Seu olhar, seu sorriso, seus gestos... são tudonuma mulher que aprendi a amar e querernada é demais nesta luta de “vale tudo”que justifique essa mulher pensar perder!

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Dói demais viver na sombra desse Amorsem de lá vir um sentimento igual

mas debaixo desta nuvem

há calor

dum Sol que decerto afastará este temporal.

Ela sabe bem a força que me move e fornecee a angústia em nada poder ao Sol fazermas é nessa certeza que ela conheceque tento fazê-la deixar de sofrer.

Aqui longe vivo à espera que a nuvem passee os raios de Sol de Verão iluminem minha triste vidasofrendo e amando feito poeta num impasseem sua escrita dedicada a uma paixão sofrida.

Queria que de amigo a companheiro passasse a sere poder mima-la dia a dia, a cada manhã e entardecerserá Sonho? será Ilusão? ou apenas Sofrer?...Amor é certamente, a razão que cá dentro dói pra valer!!

Para quando ao mundo gritarei...sem esta sombra que me cala o coração?

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Mulher

Mulher...Como definir este poema de beleza que um dia, por obra divina, permitiu que o Homem pudesse conhecer e fazer dela o seu desejo mais difícil de alcançar e

satisfazer?Como explicar o que se sente quando se olha para uma Mulher e tudo à sua volta desaparece, num toque de pura magia, pois nada mais interessa que

aquela figura de corpo esbelto, cabelo ao vento, pele suave, emanando pureza, doçura e sensualidade?

Como não entender as loucuras que o Homem faz quando o seu coração se enfeitiça por uma Mulher que, de forma incompreensível e inesperada, lhe

absorve tudo o que dentro de si sente?Como não aceitar que a vida de alguém deixe de ter sentido num universo singular e que passe apenas a ter nexo numa existência partilhada, sentida

profundamente num olhar a dois, num toque de mãos que unem as almas em busca dum só ser, duma só realidade, duma só pessoa?

Mulher...Amar uma Mulher é preencher o sentido da vida com algo que nada mais o

pode conseguir, nada mais o consegue realizar...Amar uma Mulher é passar a ver o mundo com as cores do arco-íris e não a

preto e branco, a um só e triste olhar.Amar uma Mulher é sentir nas entranhas o calor que vem directo de dentro do

seu olhar; sentir o corpo tremer de não saber como reagir para acompanhar essa sensação de luz intensa que entra no nosso coração dentro sem que

contra isso nada se consiga fazer... apenas aceitar e gozar esse calor no coração.Amar uma Mulher é perceber que a vida deixou de ter sentido lá fora; é

perceber que em tudo o que se faça haverá duas vontades a falar, dois queres numa só voz, duas visões num só olhar... duas vidas vividas num só corpo.

Mulher...Ser Mulher é trazer ao mundo um toque de beleza incomparável, intocável...

que dá brilho a quem passa por ela, a quem para ela olha.Ser Mulher é explicar ao Homem que a sua vida não precisa de ser já solitária,

egocêntrica e mesquinha... o poder da Mulher na vida do Homem fá-lo despir a sua capa de macho convencido e dono do mundo.

Ser Mulher na vida de um Homem é dar-lhe a possibilidade de apreciar a sua existência com um real sentido, experimentando sensações que nunca imaginou e que o farão olhar o mundo de forma mais bela, pura e humana.

Ser Mulher dentro de um Homem é mostrar-lhe que a palavra Amar tem uma

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razão de ser, uma finalidade na sua vida... o poder partilhar um corpo, um sentimento, amarguras e alegrias, vitórias e fracassos, sonhos e ilusões...

Mulher...O ser humano que traz luz e paixão ao mundo do Homem; o corpo que pode gerar o sonho de uma nova vida, a dois, a três ou mais... pois só do Amor de

ambos pode nascer um novo ser, uma nova vida, prova e testemunha da união de duas almas, de dois corpos, de dois corações.

A imagem da sensualidade, do gosto pelo belo, dos sentimentos puros e genuínos que se revelam num simples toque de mãos, num frontal olhar, na suavidade de uma simples palavra saída por entre dois lábios que num leve

beijar podem transmitir um novo mundo a quem o recebe... como raio de sol sublime que lhe entra directamente no coração e o fará entender a vida como

algo incompleta até àquele momento.A mais bela melodia que pode alguma vez entrar no âmago dum Homem,

fazendo disparar todo o seu interior num compasso de loucura em busca de tão sublime instrumento musical. Numa pauta melódica se misturam palavras após palavras, sensações em catadupa por entre a alma e o cérebro, entre a

razão e a emoção, entre o tormento e a paixão, entre um dó e um Sol que traz o eco do Amor para dentro do seu corpo... algo brutalmente irracional, mas

imensamente desejado.

Mulher...O bem mais precioso que algum homem poderá um dia ter ou desejar.

Mas há quem não o entenda... infelizmente.

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Tu longe e Eu distante...

Tu longe e eu distanteolhando os dois para a luaprocurando num instanteque ela seja apenas tua.

Ilumina o céu escuropor entre as nuvens negrasmas aquece feito sol puroesta alma a que não te entregas.

Fica, fica aqui dentro de mimbrilhando na noite friaaquece esta saudade que gela assimeste coração que já nada sentia.

Qual pássaro anunciando a Primaveraentraste em mim desalmadamente

deitaste abaixo

aquilo que eu erae agora... amo-te perdidamente!

Mas longe tu permanecesdos meus olhos, da minha mãomas sabes que aqui adormecesno pensamento... no coração.

Mas que maldição é estaque vira loucura a cada diaserá uma ilusão que resta...ou uma futura alegria?

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Diz-me tu que longe continuasfechando teu coração ao meu amorque destino será o nosso nestas ruaseu aqui à espera... e de ti nem um simples rumor.

É noite e na cidade vagueioolhando a lua no firmamentopor entre a estrada e o passeiopedindo a Deus o fim deste tormento.

Só que Deus não me ouvee nesse coração não entrapois se entrasse saberia dizer-tequanta dor esta paixão me atormenta.

Porque te fechas assim ao meu amortravando uma felicidade possível?Será ainda tamanha a dor?Ou medo de ser sensível?

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Procuro o simples, só isso

Quando me levanto, de manhã, apenas procuro o simples... apenas isso. É na simplicidade dos gestos, das palavras, dos olhares que me vejo ao despertar

todos os dias, quando abro a janela do quarto para deixar entrar o Sol. Sim, o Sol, a luz mais simples que existe e que, sendo única, nos dá tamanha sensação

de alegria, energia e liberdade.

Do armário procuro o que me dá conforto, o que me aconchega e que me transforma num trabalhador durante as horas que se seguem. Procuro por ti, simplesmente você. Na sala, vazia, não estás. Saíste? Não dei por conta...

pois simplesmente dormia. Mas relembro os momentos que horas antes partilhámos, juntos num quarto modesto, mas repleto de sentimentos e

profundas emoções. Amámo-nos, simplesmente...

Na rua, a senhora do rés-do-chão passeia o seu cachorro, dando-lhe alguma liberdade de movimentos e possibilidade de correr atrás das sombras da sua

canina imaginação... entro no café em frente; na mesa do canto lá estavas. Pois sabes que alí me dirijo, num ritual matinal, em busca dum começo de dia mais

energético. Sorris... sorrio.

Na simplicidade de um olhar, beijo-te, dando-te assim o meu “Bom Dia”. Tua mão quente sobrepõe-se na minha, e sem uma única palavra dizemos um

ao outro tudo o que sentimos... o quanto te amo, o quanto, simplesmente, preenches a minha vida. A empregada já caminha com a bica quente que todos os dias cumpre este ritual viciante... Sem de ti desviar o olhar, levo calmamente

o café aos lábios, saboreando o aroma suave que se reflecte na tua pele, na suavidade dos teus dedos. Um olhar profundo e silencioso, um toque de

mãos que fazem a união entre nós dois ser real... é apenas tudo aquilo que alí precisa ser dito. Nada mais... tudo o resto é acessório, é exagero. O burburinho

que ecoa à volta de nós não entra neste nosso mundo... pois só nós dois interessamos.

Com um simples olhar e um “vamos” dito em gestos labiais... saímos dalí, juntos, para um novo dia, de sol. As mãos entrelaçam-se, suavemente, e lado a lado caminhamos pela avenida. De repente deitas tua cabeça em meu ombro e,

num sussurro qual sopro vindo das profundezas do coração, lanças um “Amo-te”. Parámos. Frente a frente nos olhámos, e sem palavras nos fitámos dentro das nossas almas e nos beijámos. O universo podia até ter acabado naquele

instante... pois para nós ele tinha apenas agora começado!

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Quente, suave, muito calmo e prolongado... o beijo.Lábios nos lábios transferimos entre nossos corpos um completo poema de Drummond, todos os sentimentos e paixões nele contido... nossos corações

disseram um ao outro tudo aquilo que lhes ía na alma, simplesmente falaram... num simples e prolongado beijo.

Há alturas em que só o simples sabe falar... só a ingenuidade do espírito de uma criança consegue dizer mais que qualquer tratado literário de um adulto.

Sejamos crianças... amemo-nos feitos crianças , na sua purezae simplicidade. Complicar para quê?...

Procuro o simples... só isso.

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Loucura ou Dest ino?

Feita bala de canhão a minha muralha furastedeixando-me de rastos e sem reacçãocomo loba faminta conseguiste e entrastena minha vida com brutal devastação.

Cheguei onde não esperei...Só não sei se à loucura se ao meu destino!Aqui neste ponto quase morto pareisem saber que caminho não me tira o tino.

Caí de joelho perante tialgo que jurei nunca mais me acontecercomo foste capaz de me fazer reviver o que vivinoutros tempos em que me fizeram sofrer?

Tiras-me a força, meu corpo pára e se rendeao te ver entrando assim sem me pediresroubaste a chave que nessa porta defendeo meu ser, de loucuras e cruéis sentires...

Mas agora que entraste e aqui morasque mais posso eu fazer para contrariarse o teu corpo me traz à lembrança as horasque em teus olhos passei com vontade de te amar?

Minha vida está entre a loucura e a demênciapois sem ti não me consigo agora manternuma luta constante de sobrevivênciaonde o Amor por ti me faz dia a dia sofrer.

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Sei que tenho de revisitar a minha vidapara dela poder ter a lucidez e calmamas quando olho meu mundo te vejo contidaem cada gesto ou pensamento de minha alma.

Entre a loucura e esta cruel chamavives tu em meu peito de forma tão forteque meu corpo tão ardente se inflamaquando à noite me deito à minha sorte.

Entraste e agora não quero que daqui saiaspois a ti me liguei feito corrente d’açomeu coração se dividiu em duas praias

onde o mar e

o céu se

juntam num abraço.

Vieste aqui morar em meu peito e trouxesteamor, carinho, esperança e brilho à minha vidapassando a viver contigo dentro, mas nada dissestea este coração que não seria uma vida sofrida.

Até quando aguentarei esta chama vorazque me consome os dias e o pensamentoqueria ter a certeza que o futuro me trazum destino contigo feliz... e sem tormento.

Fiel ao meu coração me mantereilutando para que aqui dentro permaneçasolhando-te todos os dias ao acordar estareisonhando que as loucuras sejam apenas crenças.

Serei louco e tudo isto uma ilusão?Talvez sim... espero que não!

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O amargo da espera...

A vida é feita de esperas, até para se nascer esperamos longos meses, mas o fruto dessa delonga é algo que traz ao coração a infindável gratidão e aceitação

dessa espera.

Esperamos todos os dias que a vida nos dê aquilo que ansiamos, aquilo que desejamos, e muitas vezes esperamos até aquilo que não devíamos, pois

as probabilidades da sua realização são ínfimas e, não raro, impossíveis de alcançar. Mas o ser humano é feito disso mesmo, de esperanças de que a vida

lhe traga o que espera, que lhe proporcione o atingir dos seus sonhos, das suas ilusões. Não há volta a dar, está intrínseco na sua génese de ser humano,

de ser vivo que tem a capacidade e facilidade de imaginar, de acreditar nos impossíveis, de enfim, pensar que pode!

Só que a vida e os sonhos que se desejam alcançar nos vão dando, com o passar do tempo, as reais noções do que podemos ou não ambicionar, do

que está ou não na nossa mão poder aspirar a ter... e se esses sonhos, esses paraísos imaginários incluirem outro ser humano, então as probabilidades

tornam-se ainda exponencialmente mais inatingíveis... não é apenas uma só vontade, um só crer, um só desejo, mas passa a ser uma vontade condicionada

a um segundo desejo, a um segundo acreditar, a uma segunda aceitação, o que, diga-se, é algo demasiado derrotista dos nossos sonhos.

De nada serve sonhar sozinho quando esse sonho só poderá ser realidade se um outro “sim” for dado; de nada serve desejar sozinho se esse querer

irá depender de uma outra “vontade”... aos poucos tende a parecer qual um pedido de empréstimo onde a obrigatoriedade de um “fiador” é condição

essencial para o desejado aval do crédito que se ambiciona. E será que o nosso sonho, puro, pensado e sonhado sem condições, sem “ses” nem “mas” merece ser tratado tal qual uma transacção financeira? Não estaremos a desvirtuar a

pureza do sentimento sonhado, a paixão do amor querido?...

Porém, esta consciência dos impossíveis da vida, das esperas e desejos condicionados, da luz verde do outrem para o avanço dos nossos sonhos, não

será talvez aquele “sal” que tempera, dia após dia, o paladar desse querer, desse desejo pelo outro, da paixão pela pessoa amada? Não será o sofrimento infligido pela espera desse selo branco na declaração de amor, que faz o exame que o mesmo Amor quer ter para que aceite se dar? Será esta maldita espera

a “prova de esforço” que o Amor exige ao paciente para poder emitir-lhe o seu certificado de “capacidade” para amar a outra pessoa? Se isto é a verdade da

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realidade, se são estas privações que farão solidificar o sentimento que se diz ter por quem não nos sai do pensamento e do coração... não deixa de ser cruel, de ser uma crucificação demasiadamente sangrenta para quem apenas deseja dar ao outro, a quem ama, aquilo que mais puro, mais sério, mais sentido tem

dentro de si.

Se a espera infligida for assim tão amarga e punitiva, valerá a pena sofrer dessa forma por alguém, pelo Amor? Não será isto um contra-senso que não dignifica

o que é, ou devia ser, o Amor na sua essência mais pura? Se o Amor se torna tão difícil, rapidamente desmotiva, desacredita, desmobiliza quem dele sofre,

mas que nele não quer morrer a todo o custo, pois morto de nada valerá a quem ele se dedicou, a quem por ele se deixou punir e sacrificar.

Amar alguém deveria ser algo belo, simples e puro; um sentimento que sai da alma para os seus olhos e se reflecte nos olhos da pessoa amada... será necessário tamanho desgaste e arrasamento psíquico, físico e emocional para que o outro saiba e aceite ser amado? Não deveria ser uma troca de

sentimentos leve e de alegria, de reconhecimento mútuo pela sua paixão?...

Porque se fazem as mulheres tão difíceis quando se confrontam com alguém que realmente as ama, as deseja, as acarinha... que deseja cuidar delas?

Precisam mesmo de ser tão cruéis nesse seu olhar de lado, nesse seu “desdenhar” que muitas vezes dá razão ao ditado... e que querem “comprar”? Sabem, fazerem-se difíceis traz um toque de mistério, de glamour, de aguçar o

desejo... mas com o tempo, pode levar ao cansaço, à desistência, à desilusão de quem apenas as quer amar de verdade. O risco de perda é real...

E assim pergunto: para quê tanta espera? Para quê tanto sofrimento e angústia causados? Serem amadas, queridas, desejadas... não é afinal aquilo que

querem?.....

E muitas vezes tudo se resume a uma simples mensagem sms, a um simples telefonema, a um mísero email... dizendo “Sim, vamos sentar-nos e conversar.”

O resto serão os corações a dialogar e as almas a negociar... só isso.

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Do coração à alma

Ecos invadem os coraçõesdizendo que mais forte devem baterpois os olhos estão vivendo emoçõese já lágrimas começam a verter.

Máquina tão singela esta que nos comandanum bater palpitante de reacções em cadeiaparecendo por vezes que mais nada em nós mandasenão o compasso dessa força do sangue que bombeia.

Pelos olhares reage como um loucoao ver tanta beleza e doçura em sua frentelança mensagens de alerta e pede troconum sorriso que responda que está contente.

Reflexo emocionado de olhares trocadosbate como quem dalí quer à força saltarpara se juntar num abraço forte e beijos dadosnos lábios da alma que o liberta e faz vibrar.

Contudo as portas estão fechadasa tal intempestiva e desejada pretensãopois do outro lado apenas se dizem frases caladasque parecem não passar de mera intenção.

Ses, talvez, quem sabe... puras palavras dolorosasque de incertezas e dúvidas tudo trazeme que não acalmam nem desamarram as penosaslágrimas que cá dentro contidas jazem.

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Sangrando vai este pobre coração gritandopor liberdade e amor junto de quem amasó que a realidade da vida é barro que se vai moldandomais lentamente do que a emoção que o seu grito clama.

Nada mais poderá este prisioneiro fazerpois tal questão só o tempo poderá definirda razão ao coração abrirá e fará perceberse são apenas intenções ou o início dum novo sorrir.

Coisas do coração que só a alma entendeolhares trocados e sorrisos beijadossão na vida o fruto que mais se pretendeculminar de vontades e desejos sonhados.

Cuidemos pois de continuar batendoamarrado neste destino e olhando pela janelaquem sabe uma nova primavera não está trazendoo abrir dessa porta que impede chegar ao coração dela.

Cuidar é querer bem, estar junto e sofrernum só coração os ânimos e desânimos da vidapois quando num só coração se junta o amor e o querernão há força que consiga abafar tamanha batida!

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Sonho a preto e branco

A mente tem dias, ou melhor, noites, que resolve brincar connosco, jogando de forma “manhosa” com os nossos sentimentos, parecendo que nos está a fazer ver os próximos episódios desta novela mexicana que é, afinal, grande parte da nossa vida. Por vezes, em alternativa aos tradicionais “déjà vu”, lança-nos numa

visão monocromática dum futuro que, decerto, muito de diferente deverá ter pois a sequência de eventos e acções tidas até esse momento descrito irá

condicionar o mesmo.

Mas, mesmo possivelmente descaracterizado que venha a ser esse momento agora vivido em sonho real, não deixa de nos colocar atentos e, como foi o caso, esperá-lo com alguma ansiedade, tal foi o impacto e desejo que ele nos despertou. Relembrá-lo perfeitamente, em todos os seus detalhes e

pormenores, leva-nos a acreditar que, mesmo com “alterações” pelo caminho, é um sinal que poderá indicar a sua concretização...

Sonhei... eu, tu, um sofá numa sala, uma almofada e um quadro. Este foi o cenário construído pela minha mente para o episódio dessa noite... Tu deitada,

agarrada a uma almofada; eu, sentado no braço do sofá, tendo a meu lado o famoso quadro de dois anjos de Rafael Sanzio.

Entrando de rompante no momento em que adormeci, esta cena desenrolava-se numa conversa em que falavas do que esperavas da vida, do que tinhas

decidido alterar... dos riscos que irias correr e do abandonar dos receios que até então contigo viviam e te afastavam de poderes ser feliz, ou melhor, ainda

feliz. E qual não foi meu espanto, que nessas revoluções da tua existência a minha pessoa seria parte integrante e activa! Falavas, num misto de angústia e

tristeza mas repleto de esperança e felicidade, sobre o que tinhas perdido neste tempo de recolhimento, do que ainda querias ter na tua vida que pudesse

completar o que estava faltando...

E eu, limitava-me a ouvir... por momentos virava o olhar para essas duas criaturas de Sanzio com um ar em que assobiam para o lado, e perguntava-

lhes: vocês aí, estão a ouvir o mesmo que eu? São mesmo verdadeiras e reais essas palavras que estão a entrar em mim, sendo recebidas com uma alegria

desmesurada no meu coração e alma?Ou será isto um sonho, dentro de outro sonho?

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Aproximei-me de ti, olhei-te directamente nos olhos procurando a tua alma e, erguendo a mão direita, levei-a até teu rosto, tocando-o suavemente,

sentindo na tua pele o sentimento que acabavas de me transmitir naquele sofá. Percebes-te o que queria saber, a certeza que desejava ter quanto ao que me dizias... pegas-te na minha mão e, lentamente, pousaste-a no teu peito, em

cima do coração, dizendo: o que procuras está aqui.

Ficámos parados, fixados num olhar profundo, mudo mas ao mesmo tempo ensurdecedor de emoção. Sentaste-te ao meu lado, sem desviar o olhar.

Pousas-te tua cabeça no meu ombro e de mãos dadas e corações unidos alí ficámos sentindo que a partir daquele momento a vida, as nossas vidas, tinham entrado numa nova dimensão existencial. Por mais incerto, por mais assustador

que o futuro nesse momento nos parecesse, sabíamos que só poderia ser melhor do que o nosso passado tinha sido, longe um do outro, sofrendo à

distância. Nada nos metia agora medo...

O meu mundo, nesse sonho a preto e branco, tomou cor .Só falta saber se o filme era real ou pura ficção.

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Nos teus olhos...

Nos teus olhos quero sairpor este mundo inteiro aforapor entre montes e vales ouviro eco do teu sorriso de outrora.

Num olhar percorro o mundoao teu lado vejo paisagens belasque me fazem querer acima de tudoestar ali contigo, à espera das estrelas.

Olhando a noite a cair por entre a serrase escondendo para nos dar lugarabro o meu coração à terranuma forte vontade de te amar.

Viajo em ti sem tempo nem destinona beleza que teu olhar refletea uma velocidade que me tira o tinonuma loucura que meu coração sente.

Qual raposa procurando presanosso olhar se cruza e nos ferecom vontade de amar com tal certezanum momento em que nada mais se quer.

A lua em cima de nós sorriao ver tamanha beleza e paixãosabe que eu gosto tanto de tique te já vê morando em meu coração.

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Entra de vez nesta minha cruel vidaque de tristeza e sofrimento tem farturaacende essa lareira esquecidacom paixão, carinho e ternura.

Na varanda olhamos o horizontepensando que futuro nos traráaos dois no cimo daquele monte

venham raios ou chuva que NADA nos fará!

O amor que vejo no teu olharmete em mim a força de mil ventosleva-me a viajar por entre os rios e o marque a ti protejo de todos os tormentos.

És o furação que me puxa a força das entranhaslutando como Quixote contra moinhos de ventopodem vir tempestades e ventanias tamanhasque nada nem ninguém me tirará o alento!

Mas tudo isto seria verdadese de um Sonho não se tratasse...pois por ti aqui continuo olhando com saudadenuma solidão cruel, desejando que o tempo parasse.

Nos teus olhos... viajo.

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Silêncio!

Silêncio! Não me interrompas pois estou a falar com a tua alma.

Escuta apenas as minhas palavras que se entranham no teu corpo, gritando em

cada canto dele, o Amor que te quero dar.

Não me cortes as palavras que pelo meu olhar te entrego, vozes que te explicam o que o meu coração lança para fora de mim à procura de serem

escutadas dentro de ti... e te mergulhem na saudável confusão e loucura de as perceber e aceitar. São vozes de sonhos, desejos, paixões e anseios que só a tua alma saberá traduzir na linguagem que o teu coração percebe. A

linguagem do coração de um louco apaixonado só será percebida e aceite por quem reconheça na loucura a forma mais simples e bela de falar a verdade do coração, como esta que para ti emano por entre esse teu olhar cristalino que

em frente a mim já tive por momentos e que ficou gravado na minha memória.

Palavras de nada servem pois não queimam a quente os sentimentos que te desejo transmitir e com essa marca fiquem presos definitivamente em teu

corpo de mulher princesa que ao meu coração chegou feito raio de luz num amanhecer à beira mar e me trouxe de novo à vida, ao mundo bonito dos

sonhos e da paixão...

Cala-te, não digas nada...simplesmente cala essa voz e olha-me sem temor nem reticências. Procura ver

dentro de mim a verdade do que te falo quando te vejo junto a mim, nessa conversa muda mas que te declama um poema de Pessoa. Simplesmente,

olha-me nos olhos, sente-me na alma, lê-me no coração.É lá que eu estou à tua espera.

Este mundo está cheio de conversas, de autênticos monólogos que nada de puro e sincero trazem a quem tanto ama; são letras que um dia se juntaram e foram aprendidas num banco de escola mas que ao serem lidas não sabem

colocar na alma do Homem a profundeza dos sentimentos, a angústia da saudade, a luta contra a ausência do que é mais belo... de ti. Por isso, joguemos

as palavras fora desta conversa e olhemo-nos sem medos nem receios e falemos com os corações... eles sabem sem qualquer dúvida dizer entre si a

falta que sentem, o amor que neles palpita e transborda, a dor do afastamento, o desejo da união... deixemo-los falarem de Amor.

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Antes de qualquer palavra ser dita já o brilho do teu olhar terá entendido o que lhe digo e, no fim, se ambos decidirem deixar de ser dois e passarem a ser apenas um só, indivisível... então só nos resta unir as mãos, juntar os beijos e sentir as nossas almas se unirem também nessa fusão de sentimentos puros e sem limites que se atingiu. Sejamos apenas a carne que transporta a felicidade

de dois seres, de um Homem e uma Mulher, em que pelo olhar se falaram e passaram a viver.

Silêncio!

Sejamos mudos.Pois o Amor não precisa de palavras para dizer o que sente.

Calemos.

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Pinto-te como te vi na última noite com cores castanhas de pastel e mel doce como o suave toque da tua pele no meu rosto deslizando suave como pincel em tela de seda.

Pinto-te da cor dos teus olhos que em mim brilharam por onde vi tua alma sorrindo nos instantes que estivémos juntos. Tento colocar na tela o reflexo da lua que caía atrás da aldeia e trazia para junto de ti o manto quente duma noite de verão.

Pinto-te com as cores dum sorriso lindo de pôr-do-sol campestre pois mesmo de noite a luz desse sorriso de criança afasta o escuro. Rabisco e serpenteio este pincel de cerdas finas sobre a tela branca tentando que a luz que me colocaste no coração nela tenha futuro.

Pinto-te com a visão dessa candura de mulher que a ninguém deixa indiferente e a mim me faz vibrar. Meto minha mão por cima destas tintas e quem sabe se ao tocá-las também a possas sentir reproduzindo tudo aquilo que em mim significas.

Pinto-te com estas mãos trémulas de incerteza na real expressão do que sinto pois os sentimentos que me transmites são tão profundos que às vezes não sei dizer se são montes, vales ou planícies se são realidade, ilusão ou pura inquietude deste meu íntimo.

Queria pintar-te, em tela, em palavras, em toques de mãos... da forma que mais perto de ti conseguisse estar e manter-me. Só que a vida nem sempre é a tela bonita e colorida que desejamos nem os sonhos de um podem ser o desejo dos dois...

Pinto-te como Te vi...

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Mas pinto-te como posso, onde esse rosto doce me levar pois sei que ao pintar-te nas cores mais bonitas que imagino decerto saberás que é para ti que esta tela se destina e que tudo o que nela vires e sentires, foi escrito em pastel pelo meu coração.

Só sei que não podendo dizer-te nos olhos tudo o que preciso... te pinto da maneira ingénua e mais pura do que consigo, pois de outra forma... não posso.

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Razões malditas...

Ontem te vi, como há muito desejavae por fim alí junto de ti entendi

as razões que para longe me afastava.Mas não julgues tu, razão que há muito faz este coração bater,

que as razões que vi me fazem de ti esquecer.Pelo canto do olho procurei encontrar

a razão de alí mais uma vez querer estarmas depressa entendi que não valia tal esforço

pois era no coração que a iria encontrar.

Há sensações que não se vêem e gestos que tudo dizem...e olhando alí para ti vi... o que na alma me ía

já que logo percebi, nada mais que alí estar queria!O tempo que passou nada conseguiu fazer esquecer

o brilho que nesses olhos reflecte e seduzentrando feito energia cósmica em meu ser

iluminando esta alma e o motor que a conduz.

Mas porque nada posso eu neste momento fazerpara eliminar tais razões negras que a dominasinto as mãos fracas, impotentes e a tremer

num sentimento forte de dormência que as contamina.Como posso eu lutar, a teu lado nessa batalha

se a tua vontade até mim não veio?Une teu destino ao meu e lutaremos juntospois num só... nada me pára, nada receio!

Quero chorar tuas tristezas e angústiasquero sorrir tuas alegrias e vitóriasquero se tua sombra e proteger-te

para que a tua vida sejam apenas glórias!Sonho!... dizem essa malfadadas razões...Fé!... respondo eu ao olhar vossa imagem em frente a mim...

Se a certeza deste amor aumentou minhas convicçõesnada me fará deixar de por ti, lutar até ao fim!

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Ontem te vi, como há muito desejavae dalí saí de coração triste e sorridente

pois sofri por nada poder fazer por ti como ansiavamas de espírito iluminado de amor ardente.

Dalí saí... e ao alto coloquei meu coração,nas mãos de quem de cima nos olha e guardanenhuma razão maldita caberá nesta paixão

numa crença que em mim se espalha!

Ontem alí te vi...e comigo dois lindos sorrisos na mão fechei

guardados aqui junto ao peito os metitão vivos e reais... que só de pensar, os amei!

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Um filho

Do amor nasce um sercriatura bela e puraque um dia irá querertambém ele gerar ternura.

Amar um filho é saberque nada mais além existededicação, amor e querera toda a hora assim o exige.

Ser pai pode não ser de sanguepode nem ser de berço...Ser pai é querer amar sem limitese isso... eu nunca me esqueço!

Ver crescer um filhoé ver crescer o futuroVer crescê-lo é ter na alma um brilhoe no coração um orgulho.

Que luz mais forte existeque um sorriso no seu rosto?Não poder vê-lo tristequal punhal, qual desgosto...

Mas um filho é sempre fruto nascidode um Amor que se fez elevadono ventre de uma mulher adormecidoonde o grito de uma vida quis ser escutado.

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Porém ser Pai é mais que gerar um ser

é amor sem critério nem exigênciaé amar qual represa de água solta e bebernum olhar simples a pura inocência.

Ser Mãe e Pai é dia a dia doaro amor a quem do nada se fez genteuma paixão sem explicarpois a pureza nada mais consente.

E um dia também ele será Paie nós simplesmente avós...Que maior beleza da natureza sobressaique dar nome ao tempo que passa por nós.

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A pura magia dum atacador...

Olho para baixo, ao nível de quem a vida ainda é um mundo de fantasia e animação e uma força enorme me enche o coração pois sei que naquele ser a

vida ainda sorri, ainda brilha, ainda se reflecte no seu olhar de criança pequena, irrequieta e ofegante... como afinal deve ser a realidade de toda a criança antes de ser feito adulto pelas amarguras do dia-a-dia, pela agitação e loucura deste

mundo cada vez mais desumano. Numa correria louca pela sala queima as suas inesgotáveis energias que a qualquer adulto faz impressão e inveja...

De repente, num desviar de olhar daquele cirandar estonteante, reparo... nos seus atacadores. Pormenor que a muitos passaria despercebido pois o mundo

dos adultos há assuntos mais importantes a tratar, a conversar, a reparar. Chamo-o. Ela pára e solta um “haaaaa” de cansado daquela maratona em que

se encontrava... Abaixo-me em frente a si. Até eu me sinto cansado só de o ver assim... e apenas me limitava a observar! Face redonda e bochechinhas

rosadas, cabelinho com as pontas molhadas de suor. Inclino-me e mostro-lhe que um atacador estava desapertado podendo ele por isso cair durante a sua

brincadeira inocente.

Jogo as mãos até seu pé e enquanto dou o respectivo nó, levanto a cabeça e olho em seus olhos e maroto sorriso... foi o nascer do dia que já se fazia lá fora

noite! Pureza... meu coração bateu mais forte. Aquela sensação de emoção, meio dormente, que chega até nossos olhos como sinal de lágrimas prestes a

sair e verter pelo rosto me atinge e, a muito custo, me contenho, “engulo” essa emoção e acabo de atar aquele cordão que segura o sapato e protege o pé

daquele anjo.

Não sei se já alguma vez sentiram algo de tão forte e profundo que justifica tudo o que se possa sentir a necessidade de fazer, algo que dá razão a todos os esforços, a todas as lutas e sacrifícios que a vida nos exige e cada dia mais nos

inflige, colocando em causa também a vida destas almas pequenas e singelas... foi essa a sensação que naquele momento entrou feito raio na escuridão por

dentro de mim, deste meu coração! Emoção indescritível, que as palavras não conseguem atingir na sua plenitude por mais poema ou canção que se tente

fazer para a expressar... simplesmente única.

Se isto é o sentido que um filho dá a quem é PAi...que mais precisa quem o recebe? Nada, simplesmente nada!

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Um olhar cristalino e puro daqueles, transmitido acompanhado por um breve mas lindo sorriso suave... enche o coração de qualquer ser humano, mesmo quem tenha no lugar do coração uma pedra fria talhada pelas amarguras da

vida. Foi a primeira vez que o senti cá dentro... não mais esquecerei.

Quem sabe um dia tenha o privilégio de ser contemplado com novo toque de Deus no coração vindo pelo olhar puro de uma criança, de um filho...

Se nada mais naquela noite houvesse que também neste coração vive alucinadamente, aquele momento, aqueles segundos... valeriam a noite, o dia,

a semana, o mês... uma grande parte da vida.

E afinal, tudo por causa de um simples cordão, de um atacador!

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Acordei sorrindo...

Acordei sorrindo, homem feito criançasem saber o porquê nem razãosó me lembro que dormi na esperançade te ver deitada ao lado do meu coração.

Sonho lindo que parecia realluz que entrou em minha alma pela janelaacordando dum desejo matinalde olhar em teus olhos, alí tão bela.

Foi desejo apenas, não concretizadomas num sonho conseguimos verque na vida, o amor nem sempre realizadoé também aquilo que nos ajuda a crer.

Esperança num novo acordarsorrindo por finalmente alí te terao meu lado, deitada, a sonharparte de mim que quero cuidar e manter.

Nos lençóis a imagem duma noite agitadade paixão, unidos de um único quererfaz-me relembrar o quanto foi sonhadaa ânsia dum amor que sabe sofrer.

Deitada te vejo ao raiar do solde cabelos soltos e pele maciaolhas-te para mim, sentado no lençoltentando acreditar no quanto te queria.

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Ilusão, magia ou fantasianão interessa o que estou sentindo...sei que naquele momento nada mais queriaque ver-te, linda, para mim sorrindo.

Imagino cada acordar contigo ao meu ladocomo se um novo cantar dos pardais ecoassequal paisagem sublime numa manhã no pradoou serenata ao luar onde eu para ti cantasse.

Tu alí deitada, na nossa cama de emoções loucasleito de sentimentos e paixões vividas

pedes que ao teu lado me deite e una nossas bocasrevivendo olhares e entregas sentidas.

Num abraço forte, suado e quenteunimos nossos corpos num único sersonhando em conjunto um futuro decentepara nossos corações quando o dia amanhecer.

Acordei sorrindo, homem feito criançamas que poderemos mais nós desejar afinalsenão no acreditar que há esperançaem sermos felizes, juntos, no final.

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Desassossego

Nos dedos as palavras falammas aos poucos nestas teclas calam

num diálogo de conversas mudasque da mente saem surdas.

Tento sussurrar sentimentos do coraçãoque pela alma invadem sem noção

tornando esta conversa numa loucurae os sonhos numa terrível tortura.

De louco muito chego a parecertráz a lume o que não queremos ser

saudável confusão esta da mentequal mimo triste que se faz contente.

Dizer pela caneta já pouco servepois com tinta esta vida já nada escreveusemos então esta imaginação difusa

que nos impele em diálogos e conversa confusa.

Constante desassossego este que me desorientapor entre sonho e realidade de pura tormenta

constrói frases e linhas de cruéis vontadestentando na loucura dizer verdades!

Verdades minhas, pelos outros incompreendidastalvez por pouca razão nelas contidas

levadas no vento que sopra por entre estes dedosque na ânsia de se fazerem ouvir atraem meus medos.

No escuro dedilho com sofrimento sentimentos caladosesperando que o sol aqueça meus dedos quase parados

pois do cansaço a lógica das frases começa a faltarquestionando aos poucos se falo ou é melhor calar.

Se calo este desassossego, calarei também minha vidapois a ânsia da fala calada já não sara esta ferida

num querer expressar o que me vai na almame fará definhar aos poucos para uma eterna calma.

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Calma e desassossego, mistura incompreensível de emoçõescomo conseguir manter paradas tamanhas visões

dum futuro que nos gritos mudos e sofridos se afundanada trazendo de real e só queima o coração de forma profunda?

Mudo deverei ficar para sozinho enlouquecernegando ao mundo o conhecimento do meu sofrer

pois se a razão do mesmo cala aqui profundoa angústia de te querer, e não ter, no meu mundo...

Está nas tuas mãos a escrita de um novo amanhecernas nossas vidas que o destino um dia fez cruzar e perceber

que difícil seria a loucura não chegar até mimjá que no teu coração não consigo entrar nem achar um fim.

Só tu podes pegar nas minhas gastas mãose voltar a escrever as linhas deste sonho sem os nãos

dando novo alento e iluminando este livro escurode mágoas, tristezas e descrédito no futuro.

Entende... está nas tuas mãos a funçãode parares o desassossego deste meu, que é teu, coração.

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Pequei, e peço perdão!

Pequei, e peço perdão.Por imaginar-te aqui comigoPor sentir teu rosto junto ao meuPor desejar estar aqui contigoPor meter-te neste coração que é teu.

Pequei, e peço perdão.Por dar-te a mão e levar-te a dançarPor beijar-te a alma em pensamentoPor julgar que me podes desejar e amarPor querer estar contigo a todo o momento.

Pequei, e peço perdão.Por querer amar-te com toda a minha loucuraPor sentir o perfume da tua pele nos meus dedosPor desejar roubar-te esse lindo olhar que me torturaPor ansiar deitar-me a teu lado afagando teus cabelos.

Pequei, e peço perdão.Por despir-te lentamente em pensamentoPor olhar tanta beleza e não parar de sonharPor sentir esta forte sensação de aperto aqui dentroPor julgar que teus olhos para mim estão a olhar.

Pequei, e peço perdão.Por julgar que te posso em meu corpo protegerPor tuas lágrimas querer não mais deixar correrPor sentir teu suor em mim tocando e descerPor amar-te demais e de ti todo o sofrimento esconder.

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Pequei, e peço perdão.Por sentir-te tocando meu corpo num toque suave de paixãoPor querer acordar vendo-te dormindo em pazPor imaginar-te parte de uma família em santa uniãoPor pensar em ti como o maior tesouro que Deus me traz.

Pequei, e peço perdão.Por pedir a Deus que sejas minha eternamentePor querer contigo envelhecer, amando-te até à mortePor pensar que tenho o direito de te querer profundamentePor achar que mereço de Ti tal sorte.

Mas... se pequei foi por querer!Sim, pequei por querer que sejas minha mulherSim, pequei por querer que sejas a mãe dos meus filhosSim, pequei por querer que sejas esse lindo serSim, pequei por querer que sejas a razão do meu viver!

Pequei, e volto a pecar... se isso for razão para te poder Amar.

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Pela porta de um Deus...

Vagueio pela rua, deambulando nos meus pensamentos, por entre alegrias e tristezas, angústias e esperanças, entre a vida a cores e a preto e branco...

Procuro soluções que façam renascer aqui dentro os sonhos de criança, a ambição de jovem, os objectivos de adulto. Poucos restam intactos pois as voltas desta vida que nos trilha cada passo que damos ao acordarmos pelo

raiar do dia já nos tirou muito do que julgámos, talvez ingenuamente, vir a ser quando fossemos “grandes”...

Pensamos no hoje com todas as suas contingências, esperando que o amanhã seja algo de diferente do que se avizinha nesta sociedade em crise constante

em que vivemos, ou melhor, sobrevivemos... Tentar buscar os sonhos de criança e as ambições de jovem é esperar viver um tempo que não existe

mais, pelo menos aquele tempo que esperavamos que o hoje nos trouxesse, passados 20 ou 30 anos. Qual regresso ao passado procuramos trazer aos

poucos, em pequeninas parcelas pelo menos, essa imaginação, essas ilusões, esses sonhos coloridos para a nossa existência actual; tentamos procurar sentir um pouco daquilo que julgávamos poder estar hoje a sentir, a viver, a partilhar

com quem nos diz algo, com quem seria hoje a nossa família e os nossos amigos. Só que por mais que se vaguei por entre ruas e pracetas, as nuvens que

tapam o sol que alegra a nossa vida continuam lá, continuam a obstruir essa alegria e felicidade que almejamos, que ambicionamos e que poderia trazer um

colorido bonito às nossas existências terrestres.

Chego à praça e sento-me num banco de jardim, solitário, apenas visitado pelos habituais “fregueses” de duas asas, que de bico em riste tentam pelos veios da calçada alcançar algumas migalhas de alimento... em frente, uma porta

de madeira está aberta. Por cima o sinal da cruz, indicando que alí mora um Deus, amado por milhões, indiferente a outros tantos. Não dá para perceber a existência de qualquer luz dentro; nenhum som também se ouve senão o dos

caçadores de migalhas que à volta da praça saltitam.

Embora educado sob o catolicismo e de ter feito a primeira comunhão, nunca me tornei num cristão efectivo, daqueles que cumpre as regras do “bom cristão praticante”, e por isso aquela porta é para mim a passagem para uma realidade que decerto será diferente da de muitos católicos: no seu interior procuro falar com “alguém” que me dizem me estar a olhar num plano superior ao que me

encontro sentado ou de joelhos; procuro que “Ele” me diga se a minha postura

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perante a vida, as pessoas, as atitudes, etc, é ou não a mais correcta; que me perceba e me ajude a encontrar novos caminhos e soluções para virar a

bússula da minha existência para o Norte mais justo, mas feliz, mais coerente e responsável.

Resolvo erguer-me daquele banco da praça e encaminho-me para aquela porta castanha, alta que me convida a entrar qual chamamento para “trocar dois

dedos de conversa”. Entro. Olho à volta, postrado no início duma passadeira vermelha que recebe os convidados naquela casa “d’Ele”. Percebo que nesta casa é uma “mãe” que gere o ambiente... uma Santa. Sento-me na penúltima fila. Apenas uma senhora está sentada naquela casa... na segunda fila, lendo

um livro. Silêncio total, num ambiente algo escuro pois nem a luz fosca do exterior consegue entrar de forma a iluminar o espaço. Alguns momentos depois de me enquadrar com aquele belo espaço sagrado, bloquei meus

sentidos e, como homem crente que entra com alguma regularidade nestes espaços sagrados, decido rezar um Pai Nosso e uma Avé Maria.

É o mínimo que qualquer cristão, mesmo não praticante e regular deve fazer quando visita a casa “d’Ele”, certo?

Já que a vida não me tem trazido nada de bom e o pior estamos sempre à espera, remeto-me então à minha insignificância e peço orientação, ajuda,

apoio... aqueles pedidos que qualquer cristão faz perante o “seu” Deus, perante aquela figura omnipresente e que se espera que zele por todos nós.

Dirijo-me em especial à “dona” da casa, pois como mulher e mãe pode ter uma sensibilidade maior para os meus problemas, para as questões que me fazem

deambular pelos caminhos incertos...

O tempo passa e não se têm em conta... a concentração que se coloca nesta “conversa” abafa a realidade humana que existe para lá daquelas portas altas

de madeira por onde caminhei e aqui me trouxe. Olho em volta... a mesma senhora na segunda fila. Ninguém mais. Como cristão educado despeço-me

“protocolarmente” e retiro-me. O dia escureceu um pouco... a praça continua com os mesmos “fregueses” de bico afiado. Continuo a minha caminhada,

envolto em pensamentos e memórias do que há minutos foi falado naquele monólogo cristão.

Espero que alguém me tenha ouvido... espero que depois desta conversa comece a andar menos pela cidade, pelas ruas e pracetas.

Toda a ajuda é preciosa...

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Acredita, vais ver!

Cruel tempo que não abrea luz que esta flôr necessitapara que seu amor consagrenuma rosa tão bonita.

Flôr, fruto de um sonhoque ao longe a mente sufocana esperança de um encontroque traga algo em troca...

Mas Ela não percebe ou não querdar a mão a essa saudadeque todo o dia procura e requeramor, alegria e liberdade.

Rosa, flôr que deste alegriano olhar de quem pra ti espreitatraz amanhã e a cada diao amor a este que te aceita.

O tempo é apenas tempoque corta o desejo de quem te amanum tormento de ansiedade e angústiaque à noite a toda a hora te chama.

E de ti que sabe ele?Apenas que no coração vivessufocando o desejo delena ânsia de um dia serem livres.

Esperando aqui ao relento estoucom lágrimas que te regamtraz até mim esse rebentoque a paixão e o amor te entregam.

Valerá a espera desse sonhocruel que rasga o meu serdia a dia num semblante tristonho

que na dúvida me diz... acredita, vais ver!

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Está frio aqui onde me sento,esperando por ti olhando o cair da noite sobre o rio...

No horizonte os navios flutuam, no ondular da maré que se arrasta e que com ela leva de volta ao mar as esperanças de quem como eu, sentado, espera por

algo mais da vida.

As luzes da cidade ao fundo se acendem, iluminando quem mais um dia termina e, cansado, regressa a casa para junto da família. Regresso ao calor

dum lar, à companhia de quem é o chão que suporta a sua vida, de quem o faz feliz e lhe mostra que algo mais existe além desta confusão opressiva da cidade.

Amanhã será um novo dia, um raiar de novas emoções, de novas correrias e atropelos. Mas aí já o sol nos guia por entre os altos prédios da metrópole,

onde o relógio comanda o bater do coração e o respirar apressado de quem passa. Confusão, barulho, agitação constante... o ritual de todos os dias a que a

vida nos conduz para que à noite, ao regressar para junto de quem se ama,

o pão exista na mesa, a cama esteja quente, enfim, para que haja um sorriso naquele pequeno rosto que nos chama de Pai.

Aguentaremos esta loucura quanto tempo?Será isto que nos faz ser humanos?

Será que sem esta cidade o mundo de cada um de nós seria melhor?...Campo.. ó campo quanta beleza e tranquilidade nos dás! Alí, onde o horizonte

da planície se perde e nos embeleza a vista... alí, onde os montes altos nos trazem o eco dos pastoreios e nos dão paz à alma... alí, onde as ondas da

praia se estendem como lençóis de espuma lavando as lágrimas de quem aqui sentado as verte... sim, aqui.

Olho para o lado, e a agitação à minha volta acalmou; quase nada se vê, mas a cidade lá na outra margem já brilha, lançando a quem no espaço de cima a olha, convidando a descer e a vir conhecê-la. Bonita, como só Lisboa, com as

suas colinas sabe ser...

Realmente, está frio aqui neste pontão onde te espero...

A noite fria da cidade...

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Porque te escondes?

Olho o céu e o firmamentoprocuro alguém num sonhoneste mundo de tristeza e sofrimentoachar você me proponho.

Atrás da lua, escondida nos planetas

SERÁ QUE CONSIGO E N C O N T R A R - T E ?Por entre estrelas e cometaspercorro o céu a procurar-te.

Mas tu, Sol que brilhas em mimnestes cantos tão escuros te recolhesonde te escondes enfimpois de mim nada queres, nada escolhes...

Procura insana esta minhano breu deste céu sem estrelasporque negas tu a esperança que tinhade ver cá dentro entrar essas luzes tão belas?

Estarei com esta sina marcada de invejade por ti procurar e sofrer até ao fimsem que o brilho dos teus olhos vejaentrares nos meus e ver-te luzir assim?

Sai por favor detrás desse mantode escuridão que a mim nada deixa vere traz para esta minha vida o encantode contigo, até ao meu fim viver.

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Desce em mim essa tua luz de candeiae ilumina-me os passos neste tempopois o futuro já me escasseiapara seguir-te a todo o momento.

Cansado estou de corrernesta imensidão de céu tão escuroafasta de mim esse intenso sofrerpois nada mais neste mundo procuro.

Quero tocar-te, sentir-te e contigo brilharnum Sonho que faça o universo tremerdá-me a tua mão e vamos juntos brincarcomo crianças que nada têm para sofrer.

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Chamamento de um bei jo

Vem... ecoa na minha mente... vem!Confuso este meu espírito que não percebe se esse pedido é real ou se apenas

uma mensagem do meu coração. Vem, continuo a ouvir...Queria que fosse uma palavra dita por ti, dita pelo teu coração de menina

mulher que me consegue ver como o homem que lhe pode aconchegar o corpo e dar paz à sua angustiada alma.

Vem... vem me beijar.Louco estarei ou será verdade e não imagino que o possa ser?

Não te vejo aqui junto a mim e assim não entendo o alcance dessa maldita palavra que me coloca em ebulição o sangue que em mim corre como cavalo à

solta no campo em dia de primavera...

Vou, onde?Se não sei onde estás, de onde me chamas? O eco deambula em mim feito

aragem que corre à beira-mar mas que não se vê, apenas se sente...e de que maneira!

Vou, sim vou...para onde me disseres, para onde me mandares à procura desses teus lábios quentes, desses teus olhos de preciosas alexandritas que de tão raras só em ti

encontrei e me enfeitiçaram.

Vou, vou sim...procurar o toque suave de tua pele, o sentir sedoso dos teus cabelos, o calor irradiante das tuas mãos que me incendeiam cada centímetro de meu corpo.

Quero parar em frente a ti e penetrar dentro da tua alma olhando o que me diz esse espelho sobre o que por mim sentes, o que por mim te faz chamar.Quero ouvir as palavras que são ditas pelo teu sorriso lindo de menina...

sentir cada letra entrando no meu coração e formando a palavra que mais desejo ouvir: amo-te.

Vem... junta-te a mim.Malfadado chamamento que não percebo de onde parte para que possa nele

pegar e correr feito louco até ti!

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Onde estás, diz-me por favor...não quero permanecer neste limbo que coloca meu coração entre a espada e a parede sem poder agir! Não me faças sofrer tão cruelmente por não saber se o

que dizes, se por quem chamas é verdade, é real.

Junta, por favor, um beijo a essa palavra para que possa sentir na pele o teu calor, a tua boca suave me acariciando a alma... preciso que me olhes nos olhos

e que sintas o meu beijar dentro do teu coração.

Viver assim não é viver...é permanecer na beira do abismo tentando achar a fonte desse chamamento

que só me diz... vem!

, eu vou! Sim, eu quero ir... tu sabes que sim.

Onde? Diz-me tu.

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Chuva num sonho

Abro a janela... e lá fora choveno horizonte escuro negras nuvense o pensamento me foge e logo me moveaté ti, lá longe, que junto a mim não vens.

Gotas fortes num vento agreste caiemtornando o dia triste e melancólicoaguça a ânsia que nestas lágrimas saemdo rosto dum amor bucólico.

Olho gente correndo para da chuva fugirna procura de rápido chegar ao acolhimentomas porque correm assim, loucos, sem sentirque afinal a chuva que cai é a fonte do seu alimento?

Alimento que mata a fome dum corpoque mais sofre de não ter amor que o saciepois a fome da alma é pior que um soproque nos mata de angústia de não ter quem a alivie.

Olho o céu cavalgando em pensamentopor entre nuvens e gotas vindas lá de cimafeito lágrimas que choram este meu sentimentopor quem num sonho desperto me anima.

Sonho que te traz aqui... mentindojunto a esta janela que me separa do mundoolhando nos teus olhos e sorrindoao ver o Sol brilhando aqui dentro, bem fundo.

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Queria acreditar que apenas de um Sonho não se tratae ter a certeza que junto a mim realmente estásque num sorriso aberto e generoso se retratabela e contagiante como só tu és capaz.

Manda-me pelas nuvens o que senteslimpa o céu deste cinzento latejante que avistoalegra-me este coração com tuas puras sementesde amor, paixão e carinho... que eu não resisto!

Será que a chuva também te faz pensar em mimou serei apenas alguém lá longe, indiferente?Será que este meu coração não reflecte enfima luz que te faça ver como me fazes contente?

Estar um minuto ao teu lado é ganhar dias de vidatamanha sensação de amor me ofereces

queria poder dar-te também esta força sentidaque no coração carrego e que tu bem mereces...

Volto a olhar por detrás desta janelae de sol nada vejo nem encontro um sinal...Como tu, deve ser hoje uma miragem singelaum Sonho... que disso nada mais é, afinal.

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A força de um sorriso...

A madrugada avança e o cansaço já se faz sentir;noites longas de pensamentos, de sonhos acordados...

pois dormir é complicado ultimamente...ultimamente nos últimos vinte meses!

Num ritual diário olho a tua imagem, numa foto.Talvez seja ela que não me deixa adormecer já que ocupa todo o espaço existente na minha mente, no meu coração, na minha alma. Sorriso, um

fantabulástico sorriso (palavra algo imprópria de ser usada para quem como eu defende acerrimamente a nossa Língua e rejeita acordos absurdos que tentam apagar a nossa identidade de povo) que me enche o coração! É impossível não

te olhar, não tentar ler o que nesse momento estavas a pensar... expressão aberta e forte, mas ao mesmo tempo cristalina e pura que não consegue deixar

ninguém indiferente.

Mas os outros não me interessam na realidade... o que pensam ou deixam de pensar... a mim provocas uma sensação única de êxtase que me faz saltar da cama e começar a escrever estas linhas. É como que precisasse dizer-te agora mesmo, antes de procurar no horizonte da noite o descanso que não tenho

alcançado. É imaginar que estarás do lado de lá à espera destas palavras, destes elogios... deste meu imenso carinho e sentimento que por ti nutro.

Estranho alguém conseguir despertar sentimento tão fortes estando tão distante mas ao mesmo tempo tão perto, de tal forma perto que mora cá

dentro deste ser.

No dia em que entraste em mim reservaste todo o espaço e fechaste a porta para que mais ninguém entrasse... e assim, trancada contigo cá dentro

permaneço nesta vida de incertezas, de desejos, de angústias e imensos “ses”!Se... se... talvez... pode ser... assim têm sido estes largos meses olhando para o teu sorriso lindo, para essa face sempre alegre mesmo que a vida possa não ser aquilo que desejaste e te tenha pregado diversas partidas, falsas e traiçoeiras...

Quando contigo estou, diante desses olhos profundos que me encaminham até à imensidão da tua alma e me mostram a cada dia a razão porque aqui dentro

vieste ter e me ocupaste a vida, pergunto-me se algum dia serei o seu fiel depositário, aquele para quem de manhã, após acordares o diriges... enfim,

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ale

gri

ase algum dia terei a sorte de poder dizer que esse sorriso faz parte de mim, já que se tal acontecer um dia, essa expressão de alegria que se manifesta no mover suave dos teus lábios será também o reflexo da alegria e felicidade

que pelos meus olhos se está a reflectir em ti, expressão da minha alma e espírito completo e finalmente feliz.

Será que algum dia deixarei de olhar o teu sorriso por uma simples foto de papel ou imagem projectada numa tela de ecrã?

Só de pensar que tal possa vir a ser verdade já sorri...para ti.

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Na palma da mão

Na palma da mão seguroo destino traçado em finas linhaspromessas de um vasto futuroque nada mais são do que adivinhas.

Dizem que da sorte talvez mereçauns suspiros de alegria e paixãomas para que isso aconteçaterei que atravessar fases de grande privação.

No Amor ando pouco abastadopois o sofrimento não me traz quem desejotalvez não esteja nessas linhas traçado

paz de espírito e dedicação a um beijo .Se falarmos em ofício e suorna palma da mão já gasta pela idadesó vejo linhas de cansaço e ardorreflexo de lutas contra a maldade.

Qual cigana que olha com certezado que vê nas linhas traçadoeu preciso de saber com friezaqual o futuro certo do meu fado.

Valerá a pena esta luta a que me entregotodos os dias quando da cama saioou será que estarei a ser um cegopensando que melhor destino atraio?

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Quero acreditar piamente nesta ciganae seguir procurando tão almejada felicidadesabendo que com as linhas me enganapouco mais me resta que fazer delas minha realidade.

Olho o futuro que tanto desejoao lado da mulher que comigo envelheçacuidando como o maior bem que protejoregando com carinho para que sempre cresça.

Como da realeza não sou nem pertençodo trabalho terá de vir o sustentoapenas peço a essas linhas que tenham sensoe me dêem saúde para viver com alento.

Sina ou destino como queiram chamarna palma da mão alguns dizem lermas a realidade faz-me seriamente pensarque está em mim tudo aquilo que posso ser.

Peço apenas ao divino que me deu esses traçosque nunca essas mãos me possam faltarpara poder continuar a desejar ter nos braçosquem no coração mora e quero ter e cuidar.

Linhas direitas e tortasqual futuro que traçamos a cada diapodemos acreditar que estão vivas ou mortastentando viver com esperança e alegria.

Cigana que vives de ilusões diz-me tu... valerá a pena acreditar?

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Quero acreditar...

Se tu não consegues perceber quem tanto procuras, os seus actos, as suas ausências, os seus aparecimentos repentinos...

tens de tentar acreditar.Quem Ama acredita, tem de acreditar.

Eu quero acreditar quando dizes que não respondes às minhas mensagens porque não tens saldo no telemóvel... eu quero acreditar que não tens cinco minutos para um simples café quando te convido porque estás atarefada no

serviço; eu preciso acreditar...porque Te Amo.

Mas o que fazer quando essa crença é a voz do coração, da alma...mas a voz da razão me diz que outras serão as justificações?

Se quem ama não acredita, então esse sentimento deixa de ser puro, verdadeiro, fiel... e passa a ser desconfiança, dúvida e eterna angústia.

Passa a corroer o nosso íntimo e de sensação bela geradora de felicidade vai degenerando em ciúme, em pensamentos fúteis e impregnados de interrogações cruéis. E isso deixa de ser amor... deixa de ser paixão...

deixa de ser cumplicidade e dedicação.

Quem um dia se deparou com uma realidade que lhe era estranha e deixou de ter o total controlo de si, sendo preenchido em todas as suas forças pelo

sentimento de entrega a outrem, tem de acreditar!

Acreditar com todas as suas forças que não estava enganado e que se foi tocado por tamanha intensidade externa é porque sente, cá fundo na alma,

que tem de crer, de acreditar.

Ingenuidade? Talvez...mas não será o Amor também o regresso do nosso espírito à pureza que

tínhamos em criança onde colocávamos a meia na chaminé na espera incessante da chegada desse ser gorducho, de fato vermelho e animais

voadores, que nos vinha trazer prendas e que com os anos, esta vida absurda que vivemos nos retirou?

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Eu quero acreditar que as tuas acções nada têm de anormal, de segundas intenções... e assim continuar a crer que aquela Mulher por quem me

apaixonei e a quem dedico uma grande parcela da minha vida continua a ser o ser humano lindo no espírito, nas regras e sentimentos que diz acreditar e

seguir, na imagem que constantemente percorre a minha mente e me faz sorrir mesmo quando nada tenho que o justifique nesta vida.

Quero acreditar!

Sim, acredito.

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Preciso saber que sorris...

Sorri, sim sorri!Preciso sentir que sorris todos os dias...Preciso saber que quando te levantas o primeiro pensamento te faz sorrir...Preciso acreditar que mostras ao mundo todas as manhãs esse lindo sorriso que me faz brilhar a alma!

Sorri, sim sorri!Esquece o que ontem te fez triste elevou as lágrimas a escorrer por essa face sedosa...Esquece quem tentou abafar essa luzque te vem de dentro e que ilumina meu coração ao ver-te...Esquece tudo o que procurou afastar de tiquem tu mais amas e vê quem te procura amar todos os dias!

Sorri, sim sorri!Quero ver-te abrir esses lábiosdeixando transparecer a beleza dessa mulher...Quero sentir-te feliz olhando o nascer do dia e imaginandoa beleza do pôr-do- sol...Quero acariciar essa pele do teu suave rosto ereceber em troca um sorriso aberto e espontâneo!

Sorri, sim sorri!Mostra que as amarguras da vida que te machucaram por dentro de forma cruel são passado...Mostra que consegues amar eser amada sem receios, reticências ou falsidades...Mostra que estás viva e como mulher inteirapodes lutar por tudo aquilo que mais desejas, com quem amas!

Sorri, sim sorri!Não receies os vendavais que de longe,com ventos agrestes, ameaçam os teus macios cabelos...Não receies os olhares de quem passa epara ti olha com inveja ou desejo...Não receies a noite escura, em que a lua desaparece,pois sabes que ao teu lado estou, cuidando de ti!

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Sorri, sim sorri!Acredita que da vida ainda muito tirarás,lutando pelo teu lugar de princesa, neste mundo que não está fácil...Acredita que ao teu lado tens o fruto que de ti nasceu e que nunca poderá ser arrancado do teu coração...Acredita que mesmo nas horas mais difíceis,onde a tristeza e amargura do mundo se revela, tu encontrarás dentro de ti ede quem te ama, toda a força dum universo!

Sorri, sim sorri!Aprende que nada nesta vida nos aparece nas mãos sem acreditarmos que somos capaz de sorrir quando nos apetece chorar...Aprende que os olhares maldicentes e as palavras maliciosas que proferem são farpas que apenas nos dão mais força para lutar...Aprende que quando se luta junto, unindo dois corações quando se chega a casa, tudo o resto é poeira que não entra no quarto!

Sorri, sim sorri!Deixa que todos conheçam o sorriso que reside nessa criatura que me cativou num simples olhar...Deixa que todos possam entender que mesmo com vidas difíceis, há mulheres que não desistem e mostram toda a sua fibra e sensualidade...Deixa que vejam o quanto és amada por quem um dia te olhou de frente, sentiu as tuas palavras e recebeu no coração o toque da tua alma!

Sorri, sim sorri!Para a criança que todas as manhãs, quando abres a porta do quarto, te olha com ternura e te chama de mãe...Para o homem que ao teu lado te observa ainda dormindo dando graças por fazeres parte da sua vida...Para mim, que quero ser esse homem não apenas em pensamentomas que recebe num olhar teu, em cada entardecer, a confirmação de quanto me queres!

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Vazio

Eco... reflexo de um vazio que aqui dentro sinto. Só eco... nada mais.

Os pensamentos, tradução do que vai sentido este coração, apenas trazem em si um vazio, uma falta de certezas, uma falta cruel de esperança. Não que

o que nele vai não exista... existe sim! E como existe! Só que quando essas palpitações chegam ao centro da razão, o crivo por que passa, faz esvaziar de

conteúdo tudo aquilo que o coração mandou e sente!

Só eco emana por entre este corpo, vertendo-se em lágrimas pelos cantos dos olhos que, sem esperar, recordam o que lá atrás ficou preso na razão, pois do

amor do coração só a ilusão chegou.

Porquê este olhar o infinito em que Te procuro, imaginando um futuro sem limites nem negações dessa paixão que sinto, esperando que uma palavra Tua chegue pelo vento à minha alma iluminando esta penumbra em que se tornou

a minha vida desde que te conheci?

Porquê estes dias de angústia, de solidão e brutal saudade, por quem nem uma réstia de sentimento consegue transmitir, vindo desse vale prisioneiro onde

decidiste viver e não pareces querer sair?

Porquê esta construção de castelos de areia em que vejo a minha vida transformada, ansiando que uma onda soprada pelo vento sul me penetre no coração deixando a razão de mandar em mim e poder assim dar largas a este

amor, vivido tão intensamente nesta cela escura e fria, onde a luz teima em não entrar?

Já Te sentiste alguma vez manietada de reacções por viveres desalmadamente sentimentos proibidos e indesejados por outrem?

Já alguém Te fez sentir como se te sugassem o sangue e todas as funções do Teu corpo, condenando-Te a uma clausula de emoções que Te rasgam as

entranhas por tanto quereres e não poderes ter?

Já experimentas-Te a sensação de olhar o futuro, alí à Tua frente, e saberes que nunca o poderás atingir como tanto desejas, junto de quem mais amas e

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que seria a pessoa com quem Te deitarias até não mais um dia acordar,sem remorsos nem tristezas?

Já?...

Decerto não, espero sinceramente que não!Pois se tais sensações vivesses saberias a dor dilacerante e atroz que aqui

dentro sinto...

Como poderia eu algum dia pensar que estaria na minha história de vida guardado para viver tamanho episódio de sofrimento...

jamais julguei que chegaria a um ponto destes;jamais imaginei sequer que tanta dor teria de suportar.

E se de dor eu conheço!!...mas esta é pior, muito pior, que a física, que a carnal.

Dor que rói por dentro como ácido e que nenhum comprimido jamais poderá eliminar! Só Tu, mulher amada, só Tu, meu amor, a podes parar.

Só Tu.

Silêncio, nada mais que silêncio...eco de nada, de coisa nenhuma, que ao mesmo tempo me enfarta e sufoca.

Vazio.

Somente vazio...

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Meu Sol da meia noite...

Caiu a noite atrás da janelapontinhos branco começam a despontaré noite e a cidade se torna mais belapela luz que começa a brilhar.

Cá em baixo a cidade anima em cores diversasas gentes regressam no barulho para o larprocurando o descanso já sem pressasnuma mesa, em família, a jantar.

Aqui a mesa está vazia, sobrando espaço demasiadolugares onde deveria estar gente que sorriacontando histórias e lendas do passadomemórias à mesa em plena alegria.

Levanto-me e para a janela me deslocoolho a imensidão de estrelas naquela estradaesperando que num cometa vagando feito loucome traga quem à mesa deveria estar comigo sentada.

Silêncio é tudo aquilo que tenhotudo aquilo que a vida me permite tersentado à mesa, sozinho, me mantenhoesperando que daquela janela algo mais possa ver.

Se aqui comigo estivesses, te mostrarianesta mesa em frente a mim sentadaquem nem céu nem estrelas eu contemplariapois o Sol à minha frente estava.

Sol de meia noite que ilumina minha vidaaquecendo-me a alma só de para ti olharnesta mesa nada mais precisava ser servidade tão farta de prazer estaria para me saciar.

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Enches-me a alma, o espírito e o corpocom teu calor que desse sorriso emanamatas minha fome num só sorvoque recebo dos teus olhos em ardente chama.

Quando para ti páro e fico a olhartudo à volta se abafa num silêncio feito marfazes-me arder cá dentro até clamarde desejo de teus lábios e rosto beijar.

Minha mão até ti estendodesejando teu corpo suavemente tocarsentindo o que aqui dentro de mim prendosensações profundas que recebo desse olhar.

Mas qual Sol que à noite se refugiapara dar lugar ao belo luar no firmamentotu deixas a cadeira na mesa vaziaque olho de frente num triste sentimento.

No relógio da parede as horas avançamna mesa continua a cadeira despida que não sorriergo a mão e acendo as velas que nela descansam

tentando que suas luzes se reflictam em ti.

Regresso à janela donde te esperoaguardando que da noite se faça diaque teu Sol desça a rua como querome aquecendo nesta mesa em hora tardia.

Se soubesses como esta cadeira por ti anseiaviverias decerto um novo brilho nesse olharpois com teu Sol minha alma se incendeiaalegrando nossas vidas num constante sonhar.

Vem, meu Sol de meia noite... que esta cadeira te espera.

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Pedaços do meu coração

Ao longe cresce a incerteza de saber se o sonho iria concretizar-se em realidade ou se, mais uma vez, ficaria tudo num ambiente de “hoje não dá”...

A proposta era boa e falava directamente à nossa génese, ao mais puro sentimento de existência dos nossos seres. Mas se calhar isso seria a melhor

razão para que o “hoje não dá” se viesse novamente a sobrepor ao desejo de nos vermos, ou melhor, de me veres. Pois da minha parte, esse desejo há

muito que deixou se o ser... passou a ser uma ansiosa espera diária. A Saudade desse encontro é sentimento constante e vivido dia-a-dia, hora a hora... batida

a batida deste coração. Os minutos passavam e nada de ti sabia... aguardava resposta há 2 dias que não vinha.

Quando de repente um sinal no telemóvel ecoa e teu nome aparece no visor: confirmas que vens! A sensação de angústia pela falta de resposta é agora

substituída pela ansiedade da tua presença! O que tu conseguiste alterar neste meu interior faz com que a passagem entre sensações antagónicas e intensas

se faça em questão de segundos, numa breve leitura de um curto sms com teu nome. Tudo à volta perde o interesse, as pressas dão lugar à calma, as dúvidas dos objectivos a atingir transformam-se em pensamentos positivos de sucesso.

Pois se até tu vens... nada poderá correr mal!

Vejo-te chegar, a timidez quer tomar conta de mim... mas não posso deixar! Tenho de assumir como homem aquilo que sinto e olhar com toda a certeza

dos meus sentimentos para ti; tenho que falar-te tudo aquilo que desejo dizer-te mas só o posso fazer através do olhar, através de te olhar dentro dos olhos. A pose séria e mais distante do meu corpo não pode reflectir o que cá dentro me vai, a alegria que me invadiu simplesmente por te ver alí novamente em frente

a mim... meu Deus, como custa ter de ocultar o amor que sinto por ti!

Como queria poder dizer-te ao ouvido como estás bonita, como o dia brilha quando te vejo mesmo que seja de noite, como me apetecia pegar-te na mão

e sair dalí mostrando a todo o mundo que fazes parte da minha vida e que metade de ti anda comigo aqui dentro do coração.

Como desejava que pudesses sentir toda a emoção que me provocas quando te oiço falar do teu dia, das alegrias e tristezas, dos teus desejos e angústias...

nesse sotaque único e sorriso de lindas covinhas! Adoro ver esse teu ar de

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mulher madura com espírito de menina ingénua. Realmente nem imaginas em que estado de euforia me deixas quando te vejo... de tal forma me transformas que nem eu acredito que consiga estar assim! Tiras-me, literalmente, do sério!

Seria delicioso... se não fosse ao mesmo tempo doloroso,já que a realidade é afinal outra.

Se pudesses imaginar o quanto me alegra saber que algo que eu faça te consiga trazer alguma satisfação e alegria ficarias espantada! Sentir que posso ser a pessoa que te vai conseguir proporcionar alguns momentos que seja de divertimento, descontracção, de alheamento momentâneo da difícil realidade que é a vida que levamos, deixa-me com a alma cheia pois vejo no teu olhar

que algum impacto tenho na tua vida, mesmo que não seja aquele que desejo com tanta intensidade e paixão... mas já que não te posso ter como gostaria,

pelo menos vou tentando dar-te pequenos pedacinhos deste meu coração naquilo que te vou proporcionando e oferecendo.

Se tudo juntares... vais sentir algum do calor que neste coraçãome colocaste há mais de um ano a esta parte.

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Convite

Nasce a saudade no olharcoração recorda momentos vividosno corpo uma falta sufocante de arque o suor traz pelos tremores sentidos.

Na parede um calendário onde o tempo passeiamarcando os dias deste longo caminho perguntando por aquela data que se anseiaque não se quer reviver mais uma vez sozinho.

Pensamento percorre pela noite na aragematé onde a cura desta realidade se situamas que poderá ele levar consigo nessa viagempara que a resposta desejada seja a tua?

Dizer que a vida nestes tempos parouapenas deambulando na gestão do dia-a-diapoderás ver o que este coração choroupor desejar tanto o que ele queria?

De dia, sorriso seco nos lábiostentando esconder a dor que no peito ferepois ninguém precisa de conselhos sábiosde quem não percebe o que o nosso coração quer.

Mas à noite, no recanto dum espaço que é só meua tristeza invade a alma com brutal saudadelembrando-te num sorriso que é só teubrilhos de mulher que virou a minha realidade.

Os anos passam e com eles pensamos a vidarelembrando momentos abandonados, escondidossó que a hora chega e a tua mão é em mim sentidatrazendo à fogueira os sonhos e desejos retraídos.

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Percebemos que já não dá para continuarnegando a chama que despertaste nas entranhase no futuro passamos novamente a pensarembora questionando todas estas ideias para ti estranhas.

A data chega em breve, convite do meu coração receberásnele escrevi em sentimentos o que para mim significasquem sabe se ao lê-lo minha vida entenderás

e num “ sim” possas abrir esta caixa d’oiro onde todos os dias ficas.

Um ano mais nesta minha vida são apenas mais cabelos grisalhospois sem razões que justifiquem de outra forma serem vividasvou simplesmente somando datas num calendário em retalhosde momentos e aprendizagens sofridas e pouco sentidas.

Mas hoje, contigo dentro da minha vidadando as cartas neste jogo de incertezatornarias a alma deste Homem mais queridaao aceitar nesse dia te sentares à mesma mesa.

Olhar-te novamente nos olhos e ver teu cândido brilhoiluminaria minha existência como a lua cheia preenche as noites escurassentir-te alí à minha frente abrindo com teu sorriso mais um trilhopara te encaminhar até esta minha paixão de sensações puras.

Porém a tua realidade talvez seja outra que não estae até a folha do meu calendário a ti nada digamas a esperança de poder estar a noite junto a ti é ainda o que me restaneste convite que com muito amor e carinho no correio quero que siga!

Aceitas?

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Doce loucura a minha

Sinto a todo o momento vontade de poder estar em frente a ti e falar o que me assola este meu coração que verte gotas de sangue ao ver o tempo correr, os meses passarem e não descortinar uma solução para essa ferida

que aos poucos alastra aos outros órgãos. Não sei como parar tal sangria de sentimentos que só me fazem sofrer a cada dia que passa, a cada vez que te

vejo lá longe, inatingível a este meu ser... É um corpo que falece, sem força para reagir, deixando-se levar por uma angústia, por uma sede de te ver, de te tocar, de te beijar suavemente na testa como sinal do enorme respeito e carinho que tenho por ti, mulher “malvada” que me sufocas de tanto querer, de tanto amor

que tenho para te dar e não consigo.

Os dias nascem e terminam com uma única imagem no pensamento, na alma, no coração: a Tua. Como entender esta sentida paixão que me despertaste

se apenas contigo estive algumas horas nesta vida?... Como desejar tão arduamente ter-te ao pé de mim se o teu sentimento por este homem não é recíproco?... Como foi possível entrares assim tão facilmente neste meu

mundo, até então fechado e tão restrito? Como??...

Por mais que procure responder a estas perguntas, num termo lógico que me faça interiorizar a realidade, não consigo deixar de te sentir a cada dia

que passa mais presente em mim, correndo como seiva de vida nestas veias tão massacradas pela mesma, existência esta marcada pelo destino que me

guardou um triste fado para suportar até à morte... Fecho os olhos... e tu aqui estás. Estarei num tal estado de alucinação que já não consigo distinguir

a verdade da ilusão, o sonho do concreto, o desejo da realidade? Terás tu conseguido embutir-me em tão agudizante estado de embriaguez que perdi a

noção da minha vida?

Muitas vezes, ao longo dos já longos meses de travessia deste mar de paixão, tentei parar e retroceder aos tempos em que comandava os destinos do meu

ser, do meu corpo, do meu pensamento, do meu fado. Procurei incutir em mim mesmo o cruel sentido da Realidade que deixei de viver desde que Tu

penetraste neste corpo. Mas por mais lógica e bom-senso que julgue conseguir encontrar para me fazer voltar a colocar nos carris da Razão este comboio que descarrilou quando te encontrei naquela estação, o mundo vira-se e faz este

coração bombear feito louco o líquido da paixão, do carinho, do Amor que sinto por Ti. É algo que quer arrebentar interiormente feito revolta contra estas

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razões e lógicas que ele não entende e não aceita! O “monstro” toma vida, acorda e aniquila qualquer pensamento que me afaste de ti, dessa Mulher que fez despertar em mim sentimentos há muito abafados, retraídos. Amar alguém

é entregar-se por completo, sem restrições nem dúvidas... mas tal, quando não correspondido implica um sofrimento atroz que poucos ou ninguém

consegue imaginar.. uma devastação interior, vivida no silêncio, que rompe a carne de forma animalesca e dilacerante. Sofrer de Amor em silêncio é a maior crueldade que qualquer ser humano pode experimentar... um definhar interior desesperante. E por isso, raras foram as criaturas que atravessaram esta ponte e conseguiram entrar no meu mundo. Só que Tu, fizeste-o e nem imaginas com

que intensidade o conseguiste fazer... talvez nunca o venhas a saber.

Mas a loucura traz com ela o sabor suave e doce da paixão, do querer sentir- -te... por mais lógica que procure, o coração simplesmente me mostra que não posso lutar contra aquilo que tão fortemente sinto, que não irei conseguir virar costas ao Amor que nasceu e foi crescendo, feito criança acabada de vir a este mundo. É de tal forma intenso e real em mim este sentimento que por ti nutro,

que as forças que procuro para contra ele lutar de imediato se transformam em energia que me aviva a alma e anseia por encontrar novas formas de

te fazer ver e sentir o quanto és amada, o quanto este homem deseja ser o companheiro e amigo para os dias que ainda esta vida me traga... Fazer-te

Feliz, viver contigo todas as horas do dia encontrando maneiras de te ver sorrir, fazer brilhar em todas as manhãs esses olhos lindos, mostrar-te a todos os

momentos que és uma linda Mulher, a minha Mulher.

Contudo, mesmo vivendo nesta doce loucura que me atormenta a cada manhã, tarde e noite, e que aos outros decerto já teria deixado de ser uma realidade, não posso deixar de ter uma réstia de esperança, de

acreditar que o futuro não tem de ser sempre uma sucessão de negações e contrariedades. Se o que sinto é realmente Amor então não posso negá-lo e baixar os braços perante as adversidades... perante o teu olhar, o teu

afastamento. Todos os dias procuro encontrar forças que me levem um pouco mais para junto de ti, que me ajudem a percorrer esta longa distância que nos separa, física e sentimentalmente. Mostrar-te a cada dia, que tu mereces esta

minha luta, este meu sofrer e batalha interior, fará, quem sabe, um dia ouvir da tua boca a frase de que valeu a pena. Que o nosso destino finalmente se cruzou

e que merece, pelo menos, uma oportunidade.

Que a Loucura desta vida que vivo seja mais doce e saborosa quando nos teus olhos sentir idêntico sentimento. Só isso... basta.

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Para Ti

Toma, é para Ti.Aceita esta rosa encarnadada cor do líquido que nos dá a vidaque embora colhida numa manhã de geadao Sol a fez florida.

Tal como o sangue nos alimentaessa rosa me faz lembrar de Tipois o seu cheiro no meu pensamento aumentaas memórias que guardo em mim.

Pequenos gestos e sorrisos de ilusãoque aos outros passam ao ladosão fagulhas que avivam a louca paixão

em meu corpo, neste Amor calado.Pensamentos fluem no aroma dessa flôrdesejos que viajam no ar feito pólenesperando um dia cair nesta dortrazidos por gotas que de suas pétalas rolem.

Queria um dia poder entregar-te meu coraçãonuma simples e bela rosa perfumadaque guardasses bem fechada em tua mãoe no peito sentisses a paixão desta pessoa amada.

O valor e sentimento desta rosa encarnadanão se vê, não se cheira, não se ouveapenas se pode sentir na alma ao seu olhadao quanto significas para quem a trouxe.

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É encarnada mas podia ser branca ou amarelapois a cor não tem qualquer significadocontudo o vermelho torna-a mais belacomo Tu, aos olhos deste teu amado.

É uma rosa natural, colhida no meu jardimmas embora bela e gentil um dia secarápor isso pensei que para evitar esse triste fimte daria uma de veludo que, como meu Amor, jamais morrerá.

Mas no teu mundo fechado não consigo entrarpara esta rosa a Ti pessoalmente oferecertenta ao menos um dia para mim olharcomo alguém que apenas te deseja merecer.

Muitas rosas encarnadas tenho no meu peitoque todos os dias florescem com o teu nomeneste jardim que cultivo com tanto respeitopara que cada rosa que te dê possa matar a tua fome.

Rosa sinal de paixão ardentefogo que a cada dia consome o meu servem receber das minhas mãos este presenteque no coração foi plantado e a Ti quer pertencer.

Recebe, é para Ti!Para Ti... que meu mundo mudastePara Ti... que alteraste a minha realidadePara Ti... que em mim este jardim de rosas criastePara Ti... que tas dou com o meu Amor de Verdade.

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Viver na sombra

A vida de hoje leva-nos a ter de tomar decisões e seguir orientações que há anos atrás nunca julgávamos possível ou espectável podermos ter de o fazer. Hoje é difícil encontrar quem viva o dia-a-dia de forma totalmente

transparente, sem olhar ao que os outros ou ao que os modelos da Sociedade decidem que deve ser a forma correcta de se viver. Cada vez mais vivemos

vidas duplas, ou triplas... a de casa, a da família, a do emprego, a dos amigos... até já hoje, a vida das redes sociais.

Fomos tomados pela necessidade de nos moldarmos consoante o “target” a quem nos dirigimos ou a que frequentamos. A liberdade de se viver da

forma como se deseja e acha mais condizente consigo mesmo, com os nossos valores próprios, com a nossa consciência até, deixou de ser real, deixou de

ser possível. Estamos demasiado dependentes dos “outros”, do que os outros pensam ou vão pensar... enfim, estamos a viver na sombra de nós próprios.

Perdemos a nossa identidade de indivíduo.

Talvez muitos de nós estejamos a dar demasiada importância aos que esse “outros” pensam ou poderão pensar do que é a nossa vida, dos valores e

regras que defendemos, dos objectivos e expectativas que há muito traçamos para a nossa existência e que aos poucos foram sendo alterados devido a esta mentalidade mesquinha e subserviente aos demais. Julgo que raros dirão hoje que os desejos e sonhos de há uma década atrás sejam os mesmos que hoje mantêm e que perseguem... decerto que muitas alterações estes sofreram e a sua ingenuidade natural já foi contaminada pelo parecer discriminatório e

crítico desses “outros” que nos rodeiam a vida.

Quantos não se têm de refugiar atrás de duplas personalidades para poderem ter um pouco de realização pessoal, de fazer aquilo que um dia sonharam ou

até mesmo desejavam estar hoje a viver e que não o podem manifestar?Quantos têm de procurar as capas de pseudónimos como Fernando Pessoa o fazia tão bem, para poderem falar ao mundo aquilo que lhes vai no coração,

dos seus desejos e sonhos, das suas angústias e tristezas?Quem, com veia literária ou poética o consegue fazer vê nisso o seu escape de libertação da sua identidade perdida ou amordaçada; outros o procuram fazer junto de profissionais que fazem da sua profissão confessionários privados da

vida alheia...

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mas infelizmente, muitos não têm oportunidade de encontrar essa fórmula de salvação que os liberte do pesado fardo da nuvem negra de insatisfação que os

acompanha diariamente.

A vida quotidiana de hoje trás em si preocupações e angústias que também não ajudam a que se possa viver sem olhar para o lado, para o meio que nos rodeia e as regras com que se regem... o receio de perder um emprego, de

perder a pessoa que se ama, de perder a “credibilidade” junto da Sociedade, etc, leva a que grande parte das pessoas viva uma vida paralela à que idealizou, à que desejou viver. E isso é triste, angustiante e causa de muitas desilusões e frustrações individuais. O não poder, ou melhor, perceber que não pode, dizer ou agir da forma que acha mais justa e condizente consigo próprio pois isso lhe

trará consequências que marcarão a sua vida, leva a que se ande demasiado tempo com esta nuvem atrás... por vezes tempo demais, até um dia chegar ao

fim.

Quando chegará o dia em que já não precisaremos de ser aquilo que temos de parecer que somos?

Quando será o dia em que poderemos d i z e r tudo aquilo que desejamos dizer, sem que isso traga consequências futuras?

Quando será que poderemos viver sendo o que realmente somos? Quando?...

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Tu, tela de vida

Tu, que em frente a mim estásfeita pintura de artista famosopercebe a sensação que me fazquerer-te como homem feito moço.

Teu sorriso abre meu coraçãoà luz do sol que entra por essa janelaalegrando minha alma como bençãode um Deus que pinta essa aguarela.

Tu, que de mim tudo sabeslês em meus olhos minha almaque te diz o que em mim fazesquando a noite finalmente acalma.

Tens em mim quem te desejapara sempre na eternidademas nem assim se abre e almejaum futuro que a ambos traga vontade.

Tu, que quebraste este muro de solidãofizeste meu mundo virar-se ao contrárionum querer constante de forte paixãoalma alegre num corpo solitário.

Tudo em ti me faz desejar-te maistodo o dia, toda a noite... a cada instantenão sei como daqui me saisse em mim vives em ebulição constante.

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Tu, que me olhas feito anjo em corpo de mulherapenas de mim querendo amizade e carinhonão percebes que muito mais há para quererdentro deste homem que vive sozinho?

Trazes em ti uma angústia interiorque te afasta dos sentimentos deste que te amaarrisca sair dessa tela de triste pintore vem colorir de alegria a nossa cama.

Tu, que me ouves no silêncio das palavrasgritando ao vento por teu beijo e abraçotira com tua mão o punhal que me cravasneste coração que vive lutando em descompasso.

Tranquiliza por favor este meu olharque ao ver-te chora sôfrego de paixão

faz descer em

mim teu amorsem

falarnum só gesto que sossegue meu coração.

Tu, mulher que deu luz à tela da minha vidacom pinceladas de cor e de sentimentos fortesdiz-me se também é em ti pintada e sentidaa paixão de querer tentar, juntos, as nossas sortes.

Trago ao longe em mim esta colecção de coresque em ti quero dar vida e fazer brilharuma paisagem de sonho, fantasia e saboresnum quadro de família de alegre sonhar!

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Não sou anjo... apenas Eu!

Dizes que sou anjoenviado por um mestre divido até ti!

Mas como posso ser tal arcanjose de carne e osso sempre vivi?Um ser celeste não tem defeito

nem sentimentos carnais como eucomo posso ser tal sujeito

se na terra vivo e pago que nem réu?

A vida fez de mim maduro fora d’épocae dela tenho uma visão diferente

mas a ser anjo na terra decerto não souapenas tento estar sempre presente.

A quem a minha Amizade entregosem limites, exigências ou cobranças

procuro dar-lhes carinho, conforto e sossegonesta vida em que muito se vive de lembranças!

Sou Homem de carne e osso... como tantoslevando a vida com a sina que me calhou

e nesta estrada difícil e de problemas quantosna Amizade procuro ajudar para quem para mim um dia olhou.

A idade tem essa vantagemde olhar de outra forma o futuro

mais calma, serena e com coragemde parar e olhar com vontade aquilo que procuro.

Muitos me vêem como ser superiorqual sábio que num olhar os lê e compreendemas sou apenas um ser humano e não doutor

que seus próprios defeitos e tristezas nem sempre entende.Como mortal aqui em baixo trilho meu percurso

procurando como muitos a melhor Felicidadeque também se encontra na forma como uso

as palavras e conselhos ganhos com esta idade.

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Se de alguma coisa elas servem, não sei...espero em cada momento do dia que simmas se algo de bom sendo assim ganhei

foi de ter trazido Amigos como Tu para junto de mim!

Não sou anjo... apenas Euque de Ti recolhe o melhor para ser meu.

Não sou anjo... apenas Euum puzzle de sentimentos que Deus me deu.

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Fotografia

Imagem numa película reflectidaespelho do mundo em negativoque nos revela a verdade escondidaem cada olhar captado, em modo furtivo.

Sentimentos colocados a descobertopela luz que numa lente de vidro penetrae que nos fazem pensar em concretoem sonhos e ilusões numa imagem incerta.

Pela mão de um espectador atrevidopassa o mundo muitas vezes a preto e brancomas na mente se deseja mais coloridode forma alegre e com divino encanto.

Num simples toque se transportaa beleza e candura de quem passeiaimaginando que uma só imagem suportatodo um ser que indiferente nada receia.

Uma mulher em silhueta se nos revelanum conjunto de químicos, lavagens e papéismas será que essa imagem é tão pura e singelacomo o nosso olhar observa, pendurado nos cordéis?

Uma fotografia, tirada pela mão dum estranhodeveria trazer consigo os puros sentimentosque nos dissessem qual o real tamanhodessa luz que se projecta, numa máquina, em breves momentos.

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Seria algo de maravilhoso, fantástico e beloolhar pela lente a alma dessa mulher que nos fascinaconseguindo alí, fixado em papel e cor, tê-loo amor, que pela alma, ela nos mostra e reflecte na retina.

Momentos que paramos no tempo e no espaçoesse tempo que tão rápido nos corre e ultrapassamostrando que o futuro é feito por segundos e em compassonesta vida que fingimos que nunca nada se passa.

Curioso esse ser que por uma máquina vê a vidanão a sua, mas a dos outros em que apontapois se fosse a sua que visse nela reflectidatalvez mais cuidado tivesse, naquilo que nos conta.

Uma fotografia não é apenas uma imagem passada a papelé uma história real de quem nela se vê retratadomuitas vezes não se sabe que o seu mundo é mais cruelque aquilo que cada um de nós observa, lá longe, sentado.

Muito tempo vivi neste mundo de captar emoçõesvivendo cada olhar e sorriso como palavras não ditasmuitas vezes de alegrias abertas por sentimentos de coraçõesmuitas outras por tristezas e angústias escondidas.

A Fotografia é um mundo belo, sentido e floridomas que cada um interpreta da forma como vê o mundo.

Gostaria de poder fazer de cada imagem um horizonte coloridomas a realidade que captamos nem sempre é assim, lá no fundo.

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Preciso de quem não precisa de mim...

Alguma vez sentiram que essa sensação tão forte e arrebatadora por uma Mulher, é apenas sua e só sua, pois ela não precisa desses sentimentos?

Alguma vez tiveram a noção de estar a lutar dia após dia por algo que o mais certo é nunca se chegar a atingir, já que esse algo não cabe na vida dela?

Digam-me, alguma vez pararam para pensar se o mundo em que vivemos não é uma ilusão, uma nuvem no céu que o vento leva para longe, dando lugar a outra, e outra... Pois é, é assim que me sinto... um enorme e questionável

ponto de interrogação!

Porque raio havemos de lutar e nos massacrar por quem não pretende nem tem intenções de nos inserir na sua vida? Que estupidez é esta que nos manda fazer coisas, palermices, doidices e outras ices afins, tentando alcançar o que

pelos vistos não existe?

Autênticos D. Quixotes nesta era tecnológica, procuramos no Romantismo atingir o coração de alguém que de nós quase nem dá por conta e se bloqueia com passwords indecifráveis aos nossos ataques de paixão! Neste mundo cada vez mais solitário e que transforma as pessoas muito sérias pelas contingências da vida, será lógico e aceitável que se ignore quem ao nosso lado nos quer dar, sem exigências, os seus mais sinceros e puros sentimentos? Será este “capital

humano” desprezível nos dias que correm?

Sim, preciso de ti na minha vida, para me completares como ser humano, como Homem... e tu, de que precisas? Será que nada em mim te faz falta?

Serei alguém tão inóquo na tua vida que os meus sentimentos, que tão bem conheces, te são totalmente indiferentes?

Haverá quem possa dizer que estarei a ser egoísta ao querer fazer parte da vida de quem de mim não precisa... talvez também aches isso... mas quando olho para ti, dentro dos teus olhos, não é isso que sinto cá dentro, não é isso que a tua alma me transmite quando junto a ti estou... será uma má interpretação

dos meus sensores?

Serão estas noites em claro, estes pensamentos constantes sobre onde e como estás, estes arrepios de frios que me alertam para quando tu não estás

bem... sim, percebo isso! Nas tuas palavras, no teu “Bom Dia”, nos teus olhos... percebo-te como me percebo a mim.

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Mesmo em poucos momentos juntos, aprendi a sentir-te, acostumei-me aos teus “tiques”, aos pequenos mas importantes “pormenores” de ti...

Sinto-te aqui dentro de mim, fazes parte deste coração que deixou de ser apenas meu e reparte contigo o sangue que me faz viver.

Tu não sentes o que eu sinto e eu percebo isso. Aceito até essa realidade... ninguém pode ser obrigado a sentir o que não sente. Verdade. Mas também

verdade é esta minha vida dupla que levo desde há mais de um ano...ofereci-te meu corpo para viveres e fazeres dele a tua casa, o teu lar, o teu

aconchego, o recanto dos teus sentimentos, das tuas alegrias e tristezas, das angústias e certezas... de Ti por completa.

Sim, preciso de ti em mim mas tu não me queres. Hoje não... e amanhã?E daqui a um mês? Um ano?...

Sabes, o que sinto ultrapassa isto! Sou p a c i e n t e .Se já esperei muitos anos da minha vida para te encontrar, não vai ser um ano que me tirará esta certeza que tenho sobre o quanto te amo e que te desejo!

Serei o teu D. Quixote aqui presente, ao teu lado, olhando por ti...cuidando de ti.

Sabes...é que Quem Ama, Cuida.

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Porque lutas?

Por quem tu procuras que não te ouveo grito que cala o silêncio dessa paixãoque te faz correr monte acimaem busca de quem lá não está?

Porque que lutas conta o vento que não corretentando alcançar o coração de quem não senteo tremor infinito da saudadenessas noites insanas sem descanso?

Saberá ela a imensidão de sofrimentoque nesse corpo vai arfando de cansaçoprocurando dos seus olhos ver um brilhode esperança, ternura e aceitação?...Talvez sim... decerto que não!

Pois se soubesse estaria lutando tambémcontra quem, de paixão ardente sofreapenas de seu nome ler, nas estrelas no além.

Mas se sabe e nada faz... atroz sofrimento esse

que da mente aos pés dormente escorredesbravando tudo em ser caminhodeixando um coração à solta, sangrando... que morre.

Será tamanha a sua indiferençaque por este ser que tanto a amaum tal desperdício justificaviver na solidão... abdicando de viver?

Mulher que lês estas palavraspercebe que quem as diz sentidamenteapenas vê o futuro contigo, hoje, amanhã... e sempre!

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Tratado de uma paixão ( monólogo I )

Desde essa noite que as minhas horas de adormecer se prolongam para além das 3 da manhã, sem que eu nada possa fazer contra isso. A tua imagem, o teu

sorriso lindo, esse geitinho de falar... são a minha perdição!

Nessa horas sem dormir milhares são as ideias que me percorrem a mente;abrir o “jogo” para ti, dizer-te de frente e sem parar para respirar o que sinto por ti... mas o medo é mais forte que eu. Não considero cobardia porque desse mal penso que não sofro; medo, sem dúvida. Não de te dizer tudo mas de dar cabo

desta réstia de esperança que ainda perdura no meu ser.

É muito fácil chegarmos ao pé de outrem e dizermos tudo aquilo que sentimos, quando os sentimentos são verdadeiros, como considero que são os meus;

difícil é aguentarmos depois a pressão e a forte sensação de estar a perder tudo aquilo em que acreditamos, perder tudo aquilo porque temos vindo a lutar -

interiormente é certo - e não sabermos depois que sentido dar às nossas vidas, agora despejadas do que mais forte existia em nós.

Experiência anterior diz-me que devo aguentar mais algum tempo; o coração diz-me que é pior para mim viver assim a consumir-me por dentro. Não sei,

sinceramente o que fazer... Se cada vez que te vir ficar assim tão abatido, como agora me encontro, não sei...

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Lutando contra o monstro

Parei a vida no seu trajecto normal destes últimos meses...é difícil querer parar a vida que nos faz sofrer quando é a mesma vida que queremos que prossiga, mas num outro rumo, numa nova direcção, e com

alguém que nos mostre que esta mesma vida ainda tem sentido, ainda vale a pena ser vivida.

É absurda esta sensação de querer parar e não parar, de querer e não querer, de querer pensar mas desejar dormir sem nada a percorrer alucinadamente

por entre este sangue que nos refresca a memória... memória do que poderia ter sido, do que desejamos que aconteça, seja da forma que for... grande, forte, devastadora, arrepiante... dilacerante. Temos, quando amamos, algo dentro de

nós que é um demónio que nos tira da razão, da lógica!

Mas por mais ilógico e demolidor que isso seja, a vontade, o desejo, a paixão... o Amor, nada queremos fazer contra ele. Deixamos vivê-lo cá dentro, percorrendo a seu belo prazer por entre estas veias, estes olhos, este coração,

esta alma. O pensar que pode acontecer, que talvez um dia... tira qualquer iniciativa de combater este animal bravo que nos suga as entranhas mas que, de repente, com uma simples memória boa dum puro momento passado em

comum com quem se ama, faz esquecer essa luta interna e transforma-nos em alguém que esboça um suave sorriso no canto da face... relembrando quanto

foi bom esse momento.

O monstro passa a amigo... o São Jorge que há em nós nesta luta titânica recolhe a lança e abraça o animal.

A vida, cada vez mais, não pode ser vivida em ilusões, sobre fantasias nem “quases”... a realidade é dura e mais amarga a cada folha de calendário e temos

de aproveitar cada dia como se fosse um dos poucos que resta. Infelizmente usamo-la mais para lutar por bens materiais, por status sociais, por quezílias inóquas e estúpidas, em vez de procurarmos atingir a felicidade, que não é

nesses artifícios que se encontra! Claro que o tradicional “amor e uma cabana” hoje é utopia, é fantasia pura... mas se lutarmos por conquistar um pouco mais essa felicidade junto de quem se ama, de quem nos faz sentir bem e nos eleva a uma camada muito superior deste universo, talvez o nosso espírito estivesse

melhor preparado, melhor capacitado e fortalecido para ambicionar o resto que completará a nossa Realidade.

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Tentamos.. e como TENTAMOS !Tentamos esquecer o que nos afecta e nos prende a ilusões e fantasias, a

desejos e paixões, a sonhos e utopias... pois quando se sabe que por quem se luta, por quem este monstro aqui dentro nasceu e nos consome tem outro caminho que não coincide com o nosso, devemos perguntar-nos se valerá a

pena continuar... algum dia a nossa fantasia se tornará realidade?

Algum dia os nossos sonhos virão acompanhados de um beijo,de um abraço, de um carinho?

Algum dia a solidão que queremos deixar de sentir e poder fazer parte da vida de outra pessoa, preenchendo-a com o melhor que há em nós sairá do

estúpido papel onde se escrevem estas palavras para ser dito, olhos nos olhos, lábios nos lábios, mãos nas mãos... alma na alma?

Por mais que queiramos continuar a tentar... é algo que nos contraria.Dizemos sim mas no mesmo instante o coração diz “olha que não”!

Valerá a pena tentarmos esquecer o que faz parte de nós, o que está entranhado no nosso corpo... por sabermos que o mais certo

é que nunca será verdade?

Eu luto...mas a experiência diz-me que é algo inglório!

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Por ret icências te amo...

Três simples pontos numa folhaque alguém escreveu com o coraçãonão dizem nada a quem de fora olhamas tudo falam numa verdadeira paixão.

Queria dizer-te tudo aquilo que me sufocamas a realidade não permite que minha alma falee assim limito-me a escrever nesta forma que invocaa chama que queima meu corpo mas que faz com que me cale.

Quem me vê talvez pense que estou alucinadopor apenas me exprimir por estes solitários três pontosmas se soubessem qual o seu real significadode certo comigo escreveriam mais uns contos...

Calar meus sentimentos por Ti é pura loucuraviver num corpo que deambula na busca de uma decisãopois esta minha vida virou uma constante amargurapor pensar que no fim este sonho poderá ser uma efémera ilusão.

Nestes pontos me refugio do restante mundoesperando que os consigas decifrar nos sentimentosmas sei que ao lê-los não poderás ir ao fundodo Amor que te quero dar nesses precisos momentos.

Sei que percebes o que te quero dizer ao escrevê-lossei que entendes o quanto me dói ter de o fazer assimmas nossos mundos ainda não nos permitem dizê-lospalavra a palavra, sem o receio de chegarmos a um desejado fim.

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Por mim, bem sabes que a crítica do mundo não me interessaque suas maledicências e incompreensões não me afectammas meu Amor por ti não permite que algum mal te aconteçapelas mentes distorcidas que sentenças e ódios decretam.

Três pontos continuarei a escrever na minha vidaesperando que esta angústia um dia tenha um ponto final.Mas só a ti cabe mudar a forma como esta frase é lidae lado a lado caminharmos para atingir a Felicidade total.

Em reticências me expresso...

Por reticências te chamo . . .Em reticências me confesso...Por reticências te Amo.

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Quem Ama... cuida

No outro dia agradeceste-me o facto de ter ficado preocupado por te achar mais magra e com ar cansado numa foto... e eu apenas te respondi:

Quem Ama cuida.

Não sei se percebeste o alcance desta minha frase; não sei se a mesma te fez pensar... não sei, pois nada mais disseste. Por vezes o estar longe, ausente do

teu dia-a-dia permite que nos consigamos focar em aspectos, em pormenores, que muitas vezes, quem lida diariamente com outrem não se apercebe. São

pequenos focos de luz que nos saltam imediatamente à vista e que nos dizem que algo não está “no seu lugar”. E aos olhos de quem ama... essas luzes são

como que sirenes ofuscantes que nos lançam o alerta directamente ao coração, provocando ansiedade e angústia até saber o que se passa.

Quem Ama... cuida!Esta expressão, que à primeira vista parece vinda das terras do nosso país

irmão além atlântico, embora seja tão simples, tão curta, tão sintética, traz em si, a quem a pronuncia, uma montanha de sentimentos e sensações que por ela

tenta explicar a quem Ama o que realmente sente, e como sente.Diz Valquiria Silveira no blog “Feita Poesia” que “Amor implica atitude, não existe amor estático, só de palavras, quem ama incomoda. Amar é buscar o outro, é preocupar-se com ele, é gastar tempo com a pessoa e por causa da

pessoa. Amar é ter a coragem de se expor pelo outro.”... sem dúvida!Hoje sei disso...

Quem Ama, quem realmente Ama outra pessoa,a parte que ela ocupa em si, em cada pedacinho do seu corpo e pensamento

não permite apenas que se “cuide” em pensamentos, no recôndito de um quarto fechado longe de quem se adora, de quem preenche a sua existência.

Por mais que custe o batalhar por quem se ama, todo esse esforço valerá sempre a pena, mesmo que no final o destino não nos reserve o que tanto

desejamos e ambicionamos. Mas pior que esse desfecho final, é o viver constantemente na dúvida, na incerteza, na angústia do que pode ou poderia

ser um futuro a dois... não saber, não tentar, não arriscar, é um sentimento vivido de forma cruel interiormente. Passar noites em branco sem ao menos

saber que se tentou, que se lutou, que se expôs por quem se ama, é uma realidade que nos leva à mais insana loucura!

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Por mais que se queira, os sonhos de “Amor platónico” não existem no mundo de hoje! O Romantismo ainda sobrevive pois cabe a cada um manifestar da

forma que sabe e acha melhor os seus sentimentos para com quem ama; mas ficar no canto, atrás da janela, esperando que a outra pessoa nos bata à porta

pedindo para entrar na nossa vida... esqueçam, é pura ilusão, puro engano, uma mentirosa realidade em que se deseja acreditar.

Simplesmente, não funciona assim.

Se você realmente Ama alguém, se dentro de si todas as suas células lhe transmitem que estão morrendo por falta do oxigénio que só aquela pessoa lhe poderá trazer e fazer viver um futuro que valha a pena... então levante-se dessa cadeira, abra a porta e vá! Lute! Batalhe pela sua Felicidade! Mostre que você vale a pena fazer parte da vida da outra pessoa; que ela também ganhará por

tê-lo a si na sua vida! Acredite.

Quem Ama... cuida!Sim, quem nutre por outra pessoa os mais belos e sinceros sentimentos que

não cabem mais dentro de si, transporta para quem ama muita da sua energia e tal como se olha 24 horas por dia para um filho acabado de nascer com receio que algo lhe aconteça, assim o seu coração, a sua alma e pensamento passam a viver cuidando de quem você gosta, a quem você quer dar a sua mão e não

mais largar nessa caminhada em busca de um futuro preenchido de Amor, paixão, partilha, entrega pura sem compensação...

enfim, dividir uma vida a dois.

Cuidar de alguém é sentir, através de um suave olhar, de um simples gesto, de um profundo suspiro que quem você ama não está bem; cuidar é acordar

de manhã e pensar em como poderá você mudar para que o dia de quem ama seja mais bonito, mais alegre... cuidar é estar presente, é sentar ao lado

e mesmo sem dizer qualquer palavra, transmitir a quem ama que está alí para ela, cuidando dela, rindo ou sofrendo com ela. Cuidar é partilhar, é dar e receber sem qualquer obrigação, é espontaneidade, é pureza de sentimentos

que ajudem a fazer brilhar a alma do outro.

Quem Ama... cuida!Por isso, não estranhes o meu cuidar... pois

Eu Amo-te.

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Dizes-me tu Amigo...

Dizes-me tu, caro Amigoque nem tudo é como fazemos crerque este mundo já não é mais antigoe que a criança hoje está a crescer.

Falas que na vida tudo mudae que as nossas ideias estão já gastasmas como pode esta mudança ser tão profundaque torne as nossas ideias tão nefastas?

Acredito nos valores que me ensinaramdesde o berço à maturidadecomo posso pensar que deixaramde ter a razão e a credibilidade?

Creio na Família, na Amizade, no Amorsignificados que ultrapassam geraçõesporque terei agora de pensar com temorem aceitar que nada valem nos corações?

Aceito que tais valores evoluampara zonas além do meu conhecimentoe que aos olhos dos novos algo mais possuamdeixando talvez de haver tanto sentimento.

Educado na Sinceridade, Honestidade e no Respeitoem lições recebidas em casa e na escolamas agora dizes-me tu amigo que esse conceitode nada vale e que mais parece uma esmola...

Aceito que novos valores se levanteme que as minhas capacidades já não sejam as melhoresmas não posso crer que se assim se agigantemrelegando saberes e ensinamentos de grandes senhores!

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Aceito que o olhar romântico da vida de outrorajá não seja tão vivido nas gerações dos nossos diasmas há aspectos que me acompanharão vida forae que recuso a abandonar como Tu o farias!

Olha para as gerações de hoje... como maltratam o Amor!Olhando-o de lado como algo vulgar e passageirodesdenhando quem lhes devia merecer o ardorduma paixão e dedicação o dia inteiro.

A Mulher, ser belo, delicado e completofeito cristal de fino recorte e gentil tratoé apreciada mais pelo seu corpo e aspectoque pela sua riqueza interior e recato...

Aceito a evolução das geraçõesnuma Mulher mais cuidada e independentemas no fundo do seu ser há quereres e intençõesque aos Homens falha no seu olhar de frente...

Por muito que a evolução se tenha realizadoe ao mundo novas formas de serem olhadas exigiramas Mulheres continuam a ser um verdadeiro tratadode beleza, carinho e amor que muitos Homens ainda não sentiram.

Dizes-me tu Amigo que o mundo mudou e avançouultrapassando-nos na visão que temos de futuromas será que tudo isto não apenas começouporque nós deixámos de ligar ao que achávamos seguro?

Aceito que nada voltará a ser como dantesneste novo mundo de gerações rebeldes e agitadasmas valerá mesmo a pena sermos assim inconstantesdeixando de dar valor às lições da vida tiradas?

Os valores que trazemos de toda uma vidanão podem ser deitados assim ao ventosenão que significado teria para nós esta longa lidade paixões, amores e sentimento?

Que me dizes tu agora, Amigo?...

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Nada me dás mas tudo espero...

Enganado? Não, não fui.Vivo por minha conta e risco este amor que sinto por ti.

Cedo me disseste que em teu mundo não me desejavas, que teus sonhos não me incluíam. Mas como posso aceitar tal realidade se no meu universo entraste

feita Lua sorrindo, me iluminando as noites? Como posso aceitar tal filosofia se de dia o Sol me transforma a sombra na tua silhueta e à noite me entra pelo

quarto reflectindo esse teu olhar, lá longe, onde te encontras?

Teu projecto de vida tem alguém com quem nunca poderei nem quererei “concorrer” pois nada nem ninguém é assim tão importante, mas isso está-te a talhar o futuro e a oportunidade de seres feliz, como qualquer mulher deve

e tem direito a ser. Talvez esteja enganado, e quem sabe se alguém mais já fará parte desse teu mundo... mas enquanto disso não tiver ciente e certeza,

lutarei com as forças que tiver, mês a mês, dia a dia, hora a hora, minuto atrás de minuto, por te mostrar que, não sendo (sei-o bem!) o melhor dos ideais de Homem, serei decerto alguém que te Ama de Verdade, que em pouco tempo e por simples palavras, gestos e sorrisos, me conquistas-te de tal forma que sem

ti não consigo hoje idealizar minha vida...

Diz o criador do “louco” (será mesmo?) Don Quixote, Miguel de Cervantes, que “Faz parte da natureza das mulheres desprezar quem as ama e amar quem as detesta.”, mas espero que neste caso as suas palavras não confiram verdade à realidade... que o teu actual desprezo por quem tanto te ama e sonha contigo

além do que é imaginável não seja sinónimo de um impossível.

Tento cumprir cada dia que me levanto com as palavras que te disse e escrevi... tão reais e vivas ainda hoje. Procuro respeitar tudo o que são teus desejos e

sentimentos, teus afastamentos e até desdém... pois se alguma culpa tens no que sinto, essa apenas será a de seres quem és e de teres entrado em mim,

revoltando a minha alma adormecida, e me fazendo amar de forma tão intensa e louca como te amo.

Paixão? Não, não é isso... é mais que uma fogueira que sobrevive algumas horas à base de madeira; o que tu me provocas cada vez que para a tua foto olho, a cada palavra que escreves, a cada olhar que tenho a possibilidade de

trocar contigo... é Amor.

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Como posso estar a viver tal realidade quando apenas recentemente te conheci? Como posso ter eu esta certeza nas palavras que digo se o tempo que

estivemos juntos todo somado, não chegue a uns míseros dois ou três dias? Vivo, qual Don Quixote, olhando para uma Dulcineia que não existe como os

terríveis monstros que se reflectem nos moinhos? Não, sei que não.

Conheci-te, da forma mais intensa e profunda que poderia conhecer nesses poucos momentos de ligação... olhei dentro de ti e li teu coração, batendo por sentimentos lindos, inocentes e puros. Abri essa tua caixa de música

onde tens a alma e ouvi a mais bela melodia que um dia qualquer compositor poderia interpretar. Fixei teu brilho de olhar nos meus e decifrei essa mente, essa inteligência e sabedoria... que num olhar de criança não deixa ninguém

indiferente. Senti teu corpo de mulher sem mesmo lhe tocar, deitando por cada poro a beleza e sensualidade que me incendiou a alma e me fez desejar nele

entrar e unidos num só, partilhar um futuro uno, indivisível.

Achas mesmo que não te conheço?Será que tudo o que senti, vivi e experimentei contigo não passou apenas de

uma vaga e mentirosa ilusão? Sabes que não! Eu sei que não!...

Amar alguém é algo que tem de ser realmente sentido, sofrido nas entranhas como se fizésse parte de nós mesmos... e isso foi o que tu me fizeste sentir, é

como estou me sentido.

Enganado? Não, não fui.Foste bastante sincera nas tuas palavras... mas hoje, depois de tudo o que

fomos vivendo, estarei com o mesmo destino que me traçaste nessa altura? Será que nada em ti consegui mudar ao longo destes tempos, em que me

mantive afastado mas sempre presente?

Não deixes de querer ser FeLiZ ...Não esperes demasiado para voltar a olhar para ti como Mulher, pois há algo mais na vida que apenas um destino... Estou aqui. Estou lutando a

minha guerra diária para que um dia me chames para contigo travar uma nova batalha, lado a lado, em busca de conquistar um paraíso comum, onde

possamos concretizar a nossa Felicidade e nossos Sonhos.

A armadura está colocada e o meu cavalo ferrado...

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Caixinha de música

Bailarina, cingela boneca que redopiaao som de música afinadaalegra o dia a quem te escutano embalo de uma ilusão criada.

Dizes tu que és como nósmandada por cordas de metalmas não sabes que estamos tão sóse que a corda vai ter um final.

Baila, gira e redopiafaz-nos esquecer a nossa vidaao compasso dessa melodiaque nos agrada e convida.

Quem para ti olhagirando bela e feliz quer ser também uma folhaque leve ao vento se entrega e diz:

Leva-me nesse mundo de sonhoonde nada me pode fazer malfaz-me esquecer onde ponhoa solidão e a tristeza fatal.

R o d a , r o d a ... e dançacomo se a música entendessesmostra a quem te vê e balançaque o mundo pode ser o que quizesses!

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Feliz realidade a tuaboneca nessa caixinha mágicasó que o mundo lá fora, na ruaé outro... e a realidade por vezes trágica.

Movida a corda te manténsrodopiando aos nossos olhos tristesdá-nos um pouco dessa ilusão que tenspois assim seremos, por momentos, felizes.

Fecho essa caixinha de fantasiana esperança que amanhã voltes a girartrazendo aos nossos corações mais alegriapara aquecer o mundo frio que estamos a criar.

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Quatro paredes

Olho à volta , quatro paredes.O mundo lá fora está agitado mas aqui dentro, parado.

Por mais afazeres que existam na agenda à nossa espera, aqui no meio destas quatro paredes perdem todo o sentido e urgência. Quem aqui manda deixou

de ser o relógio, o telemóvel, as reuniões, o patrão e o cliente. Aqui, as ordens são dadas por uma bata, realista e que nos chama a todo o momento à razão, à

realidade da nossa vida, da nossa insignificante vida.

Procuramos trazer aqui para dentro o mundo lá fora mas as regras aqui ditam as nossas vontades. Deixamos de ser quem manda, abandonamos os vícios que

estão em nós entranhados e que para os quais arranjamos sempre desculpa para não abandonar. “Não posso ficar, tenho uma reunião importante!”...

“Não posso deixar de ir pois tenho um grande cliente à espera e isto não está tempo de se deixar os clientes à espera!”... enfim, enganos próprios de quem não percebe (ou melhor, não quer perceber!) que para não voltar para o meio destas quatro paredes será necessário ficar dentro delas o tempo necessário.

Talvez por terem já sido muitos anos aqui dentro destas paredes que nos faz não mais dentro delas querer permanecer... talvez seja a ânsia de não deixar

cair o “mundo lá fora” que nos levou muito tempo e desgaste a conseguir ganhar e manter dentro do possível, com maior ou menor sacrifício humano. Estar dentro destas quatro paredes significa perder tempo que corre muito

rápido, mais rápido do que parece correr para os outros! A luta de não querer deixar a vida jogar-nos a mão e sentar-nos numa cadeira ou cama esperando

sei lá o quê, dependendo dos outros, querendo à força lançar-nos numa dependência de tudo e de todos, algo contra o que sempre lutámos ao longo dos anos, vencendo crise após crise, reafirmando a nossa força de vontade!

Há alturas em que as forças se vão abaixo, que julgamos não mais valer a pena lutar contra algo que por vezes tende a ser mais forte que nós... mas se

andamos a lutar à tanto tempo porque haveríamos agora de desistire deixar vencer o “monstro”?Jamais! E ainda mais quando lá fora existe uma força ainda maior para

não desistir, uma razão séria e bonita por quem vale a pena manter a luta!

Talvez amanhã, depois de amanhã... estas quatro paredes já não façam falta.

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Tratado de uma paixão ( monólogo II )

Tratado de uma paixão ( monólogo III )

Tenho uma inveja tremenda quando olho para um casal de velhinhos e vejo no seu olhar aquele carinho, aquele gostar que já raramente se vê. O que eu daria

para poder ter alguém que partilhasse comigo uma vida inteira comum olhar daqueles!!...

Era assim que eu queria que tu me amasses, tal como eu te amo.Uma angústia constante quando não se pode estar ao pé de quem se ama.

Um vazio enorme, um perder da noção da realidade, uma procura tremenda da outra pessoa, o querer ser uma pessoa só.

Acordar a palpitar, viver apaixonado, adormecer feliz.

Na minha vida não tenho nada - salvo raras excepções ocasionais - que se diga ter sido fruto da sorte. Nada tenho que possa ser envejado pelos outros. Mas, se alguma coisa de positivo tive derivado do factor sorte, foi teres entrado na minha

vida. Se eliminarmos os “apertos de coração” e a angústia que me provocas, muito tenho de agradecer a quem te fez, um dia,

atravessar o meu caminho.

É numa esperança de ser atendido, que peço a quem lá em cima nos orienta, que algo se transforme em ti de modo a que tomes conhecimento que eu existo como ser humano e homem; peço para que tudo na tua vida corra o melhor possível, de modo a que essa alegria que em ti reside se mantenha; peço para que possa estar

contigo para sempre. Como seria bom se bastasse pedirmos as coisas assim..

Não sei se acreditas, pois sei que é por vezes difícil muitas pessoas perceberem a sensação que é a alegria que se sente quando sabemos que aquela pessoa de quem se gosta está bem. O gostar de alguém não é ter de estar sempre ao pé dela, tocando-lhe, falando com ela; gostar de uma pessoa é tudo isso e ainda bastar saber que ela está bem, quando não é possível ela estar junto a nós. Se essa pessoa que amo está bem, então eu estou bem. Claro que se puder juntar

tudo, aí atingimos a plenitude dos nossos sentimentos. Nada se compara ao estar ao pé de ti, falar contigo, ver-te sorrir, ver-te tocar esses cabelos; enfim, ter-te ali

à frente despertando-me toda aquela catadupa de sensações e sentimentos.

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Horizonte

Olho em frente, para essa linha que define o que é mar e o que é céu... o horizonte. Feito prata o mar reflecte a luz do sol dando-lhe brilho ondulante e quente, transmitindo a quem o contempla uma sensação de paz, de sossego.

Estou a olhá-lo agora...

Aqui sentado nesta esplanada, repartindo-me entre uma bebida fresca e uma caneta, procuro o descanso de um dia estafante onde contribuí, na minha

pequenez, como nos últimos quase vinte anos, para o dia “mais feliz” da vida de duas pessoas.

Nesta paz e tranquilidade onde escrevo estas linhas, o espírito aprecia o horizonte lembrando que o futuro poderia ser também assim prateado como

esta imensidão de água, se neste banco de verga aqui vazio ao meu lado estivesse quem está no coração. São momentos que nos fazem ver que nem tudo na vida é trabalho, que dezasseis horas de sacrifício físico e psicológico nada significam quando na realidade, no dia seguinte, o banco aqui ao lado

está vazio, sem Ti. Olhar este mar juntos teria outra cor, outro cheiro...outro horizonte.

Este mar que percorre milhas e milhas ao longo da nossa costa, que se liga a rios e riachos que perto de Ti existem. Será que nas suas ondas conseguiria fazer com que pudesses sentir a falta que me fazes aqui, junto a mim? Seria

ele capaz de te trazer até esta praia, esta esplanada, este banco... até mim que tanto te desejo?

Sinceramente... acho que só no meu pensamento.Pois tudo só depende de Ti... de mais ninguém.

Nenhuma força da Natureza tem essa capacidade, essa FORÇA,mesmo que seja este belo e imenso oceano de prata.

Olho o horizonte...como queria olhá-lo pelo reflexo dos teus olhos...

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Tratado de uma paixão ( monólogo IV )

No último dia relatei-te as minhas intenções em te dizer ou não o que cá dentro deste corpo vai a respeito de ti; tenho no entanto dias em que me apetecia

levantar muito cedo, largar tudo e todos, e abalar até junto de ti, ver-te, rever-te, tornar a ver-te e, quem sabe, acabar de uma vez por todas com esta confusão

e instabilidade que reina no meu mundo que, desde que nele entraste, passou a ser mais teu que meu, pois tão grande é a tua presença cá dentro que por vezes

me equaciono onde estará o “velho eu”...

Só que nessas alturas o meu lado realista reage em mim e começa a colocar questões que me fazem terminar ali mesmo com essas minhas pretensões

mais arrojadas. Nestes meses que se passaram, os meus dias têm sido de uma constante insegurança emocional; uma luta exaustiva e continuada se tem

travado no meu íntimo e da qual ainda não sei quem vencerá e terá direito a comandar o meu futuro próximo ou longínquo:

a Razão ou o Coração...

A noite está abrasadora; aqui na varanda deste 3º andar o ar está abafado e nem uma pequena brisa se faz sentir. E como nunca ninguém está satisfeito com

o que tem, muitos já clamam aos céus pela chegada do outono...

Quanto a mim, esse é um aspecto que pouco me perturba, não pelo efeito do frio ou calor, mas porque apenas o sinto pelo impacto que tem na minha ansiedade, aumentanda pela temperatura. Aqui sentado, olhando para o horizonte onde se

começa a fazer sentir o cair da noite, o vazio que me percorre o corpotende a dilatar.

Penso no que estarás a fazer, onde estarás e se alguém te acompanha;se te sentes sozinha como eu ou se no teu pensamento

alguma vez passa a minha imagem.

Será?

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Os “S” da minha vida...

Sempre... Só.

No coração vive a Saudadede quem nesta vida permanece em Silêncioe nada deixa de Seguro senão um Sorrisomatando de amor e de Suplício.

Nos olhos, Sedução desmedidaque este Sofrimento provocana vida sem Sentido, perdidade Solidão convoca.

Nesta Semântica vivoSeguindo atrás da Saúde incertaprocurando num Sonho esquivoa loucura duma mulher esperta.

Ó Sentinela cruelque no Signo se diz que balançavem Sensual e Sorrateiramexer com este coração de esperança.

Tira de mim esta dorque neste corpo me enlouquecee muda de vez essa maldita letra de amor

para M em vez de S!ww1/2418 / 24 .

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P.S.: amo-te.

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Às

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o A

mo

rTanta coisa aumentaa sede de deserto,tanta coisa invadeum só corpo sedento,tanta coisa aumentaa sede de amor,uma só coisa nasceno ínt imo,a própria da sede de desertooua própria da sede de amor,água para beber.Quando a própria da incerteza invade,A própria da sede invade,O próprio do amor invade.Invade-me ó v idae mata-me esta sedede Amor.

É isto que encont ro neste li v ro.

Neusa Negrão

Quando me pediste esta opinião, f iquei surpresa, não sabia que andavas a pôr no papel o que te vai na ALMA.Conheço-te há v inte e alguns anos e sabia que és o Homem dos 7 of ícios mas escritor, foi algo surpreendente!Espero que cont inues inspirado.Que o f ut uro se ja iluminado.

Maria Leonor Duarte