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MARIANA GONÇALVES VELOSO TEIXEIRA MOTA 1
AS PRIMEIRAS ADAPTAÇÕES
Psicologia do desenvolvimento
Existem duas visões distintas que ilustram o conceito de adaptação na
disciplina de Psicologia do Desenvolvimento. Uma perspetiva evolucionista assenta-se
no sucesso reprodutivo, estando a adaptação dependente da transmissão de genes à
geração seguinte, e na capacidade de luta pela sobrevivência, sendo o individuo
capaz de satisfazer as suas necessidades básicas. O segundo olhar diz que a
capacidade que o sujeito demonstra a integrar-se no meio, sendo este social ou físico,
revela o quão forte é a sua capacidade adaptativa. Neste ponto de vista, a adaptação
é evidenciada por características como a autonomia, regulação emocional, sendo
capazes de lutar e satisfazer as
necessidades que para si são
essenciais.
Os processos de adaptação dos
indivíduos estão condicionados, não só,
pelas oportunidades que o meio lhe
proporciona mas também pelos
processos de assimilação e acomodação, sendo o primeiro conceito a integração de
dados novos nas estruturas mentais do ser humano e o segundo a modificação destas
estruturas mentais devido às informações novas que foram recebidas. A interligação
destes processos e o seu equilíbrio são responsáveis pela construção da inteligência
humana e cruciais na Auto estruturação do individuo. Deste modo, como é dito na
teoria da cognição de Piaget, a equilibração é um dos elementos da adaptação (ver
figura acima).
Como já foi relatado, o bebé ao nascer apresentada um cérebro imaturo e o
processo de desenvolvimento pós-natal é muito lento, apesar de possuir
características que o ajudam na sua adaptação. Porém, o facto de este ser um ser
neoténico torna-se numa vantagem porque o longo período de desenvolvimento e de
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crescimento é vital para a sua sobrevivência, tornando-se apto para lidar com as
exigências do meio e sendo capaz de influenciar o mesmo.
As competências adaptativas do recém nascido podem ser caracterizadas em
quatro níveis hierárquicos. A regulação autonómica representa o sistema nervoso
autónomo e controla as funções involuntária dos diversos órgãos do corpo humano e
que não podem ser mudadas conscientemente como a atividade cardíaca e
respiratória. Tome-se como exemplo deste sistema o índice de APGAR que é um
sistema de avaliação simples e eficaz de avaliar um recém nascido. Este modelo
avaliativo surgiu em 1952 pela Dra. Virgínia Apgar e é usado no primeiro e no quinto
minuto após o nascimento. O segundo nível designa-se regulação motórica e
coordena os reflexos, a postura e a tonicidade muscular. A atividade reflexa consiste
em respostas automáticas e organizadas que são geradas por um dado estimulo e não
necessitam de aprendizagem prévia. Esta atividade é muito importante na avaliação
das estruturas nervosas subcorticais. Para clarificar o conceito de reflexos, há que
distinguir reflexos de sobrevivência e os que não têm função especifica. Tome-se
como exemplo a sucção que é um reflexo de sobrevivência e a preensão palmar que é
um reflexo sem função específica.
O terceiro nível hierárquico designa-se por regulação de estados que
representa um conjunto de comportamentos organizados que evidenciam as
condições do RN desde o sono profundo até ao choro, sendo possível ver até que
ponto os processos neuronais estão ativados. Porém, há que sublinhar que cada
estado mostra uma organização e regulação especificas da atividade cerebral.
Por fim, a regulação da intencionalidade representa uma dimensão muito
importante já que representa o controlo, não só, da extração da informação, mas
também dos processos de retenção e de utilização da informação. Dentro desta
dimensão, há que ter em conta a análise da atividade sensorio-perceptiva que
manifesta tipos de resposta não verbal, sendo valorizadas reações fisiológicas e
comportamentais. Estas manifestações são bastante notórias ao nível dos cinco
sentidos. Tome-se como exemplo a visão já que o recém nascido revela preferências
por determinadas configurações. É deveras curioso que, conforme ilustram alguns
dos procedimentos experimentais, o bebé tem forte preferência pela face humana,
sendo esta preferência notada pouco tempo após o parto (4 a 9minutos). Além disso, a
criança mostra uma convergência binocular já que é capaz de seguir um determinado
alvo em movimento lento, havendo uma preferência, mais uma vez, pela configuração
da face humana, nomeadamente caras não invertidas. A nível auditivo, o recém
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nascido tem um grande pode para distinguir a voz humana (nomeadamente da mãe)
de outras vozes ou sons. O poder gustativo do bebé também é bastante significativo.
Este, através de reações mimicas, ilustra emocionalmente as suas preferências
gustativas uma vez que apresenta uma expressão de satisfação ao provar soluções
doces, o que já não acontece em soluções mais acidas. À semelhança do gosto, o
olfato também está muito desenvolvido no recém nascido e as reações aos diversos
cheiros também são reveladas através de expressões faciais diversas. Este, consegue
reconhecer de uma forma muito eficaz o cheiro da Mãe. Quando é posto, por toda a
sua cara, um pequeno pano que tenha estado em contacto com a Mãe, este tenta
procurar conforto junto deste. Isso é visível porque quando se troca o pano de sitio, o
bebé segue o rasto olfativo e quando e colocado outro pano que não tenha o cheiro da
Mãe, não é demonstrado nenhum desejo de conforto.
Dentro deste ultimo estádio, a aprendizagem tem uma importância crucial já
que, durante imenso tempo, dizia-se que a criança era incapaz de aprender uma vez
que possuía pouca mienalização ao nível das estruturas corticais. Contudo, o facto ser
o ser humano ser inacabado e dependente dos adultos por um grande período de
tempo, faz que a aprendizagem esteja no centro do seu processo evolutivo, sendo um
processo cognitivo que nos torna humanos. Existem vários processos de
aprendizagem que estão ligados a comportamentos distintos, podendo estes estar
ligados a estímulos do meio ou intimamente ligados à forma como o individuo vê a
realidade. Dos diferentes tipos de aprendizagem que serão aprofundados neste
documento, começo por bordar a aprendizagem não associativa. O ser humano está
completamente envolvido por diversos estímulos que caracterizam o meio onde este
está envolvido. Desta forma, este aprende a ignorar grande parte dos estímulos já que
o sujeito se habitua a eles e aprende a relativizar, dando importância apenas àqueles
que são essenciais para si. Em conjunto com a habituação, a sensitização é outro
processo é outro processo de aprendizagem. Este, está atento aos estímulos
ameaçadores, distinguindo as suas propriedades e criando no individuo instintos de
defesa.
A segunda forma de aprendizagem, mais complexa do que a anterior, intitula-
se aprendizagem associativa e divide-se em condicionamento clássico e operante.
Vamos analisar a experiencia seguinte, realizada pelo investigador Pavlov, que mostra
de forma simples o que esta forma de aprender. Para a experiencia ser percetível, vou
clarificar alguns conceitos:
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Estímulo neutro – estímulo que não leva à resposta desejada. Ex. Campainha
Estímulo incondicionado – estímulo que desencadeia uma resposta que não foi
aprendida. Ex. carne
Resposta incondicionada – resposta inata que é provocada pelo cheiro da carne
Estímulo condicionado – o estimulo neutro é associado ao estímulo incondicionado e
provoca uma resposta semelhante à desencadeada por este. Ex. o som, depois de
associado à carne, leva logo à salivação
Resposta condicionada – Ex. salivar quando ouve o som.
Neste modelo de aprendizagem o sujeito é passivo e há que sublinhar que se o
estimulo condicionado fosse apresentado sem ser acompanhado pela carne, a
resposta condicionada ia acabar por desaparecer. Todavia, o condicionamento
operante faz-se representar pelo investigador Skinner com uma experiência celebre
(ver vídeo). Deste modo, concluísse que o rato aprendeu de que forma poderia obter
alimento, sendo essa aprendizagem feita por reforço (estimulo que traz consequências
positivas o que faz com que a probabilidade de uma dada resposta acontecer
aumente). Porém, este reforço pode ser positivo levando a consequências agradáveis
ou negativo, quando o individuo percebe que pode evitar uma situação dolorosa se se
comportar de um dado modo.
A aprendizagem por observação e imitação, também designada por Albert Bandura
por Aprendizagem social subentende-se que o individuo pode adquirir um novo
comportamento por modelação e que passa a fazer parte do seu quadro de respostas.
Porém, Bandura observou que o sujeito, neste caso a criança, não é produto exclusivo
do ambiente, sendo o motor das suas decisões. Deste modo, ele encara a
aprendizagem como “a aquisição de conhecimentos através do processamento
cognitivo da informação”:
Em suma, a organização inicial dos comportamentos do bebé está marcada pelo
conhecimento dos objetos e das relações entre os mesmo, seguido da integração
desses mesmos conhecimentos, fazendo com que o sujeito perceba que as suas
ações podem influenciar os contextos.
Webgrafia
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psipesq/v5n1/v5n1a06.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
65641997000200013&script=sci_arttext&tlng=es