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Página 1 de 36 AS QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS O processo de industrialização, iniciado com a Revolução Industrial no século XVIII, e o consequente crescimento explosivo da população, fizeram aumentar de forma acentuada o consumo dos recursos do nosso planeta, originando desequilíbrios bioclimáticos graves. O crescimento económico ilimitado e da população determinaram níveis de consumo de recursos insustentáveis: - a agricultura intensiva e o aumento das áreas cultivadas têm reflexos negativos no ambiente, acelerando o esgotamento dos solos e a desflorestação; - a explosão demográfica e o crescimento urbano que a acompanhou aumentaram ainda mais o desenvolvimento das atividades humanas, principais causas da degradação ambiental. Com as catástrofes locais de amplas consequências (Chernobyl, a redução do mar de Aral, o ar asfixiante de Atenas e da Cidade do México, a poluição do Reno...), percebemos que os problemas ambientais ignoram as fronteiras nacionais, afetando vastas regiões do planeta. Assim sendo, a consciencialização da globalização dos fenómenos ambientais é fundamental. RESÍDUOS SÓLIDOS Não basta viver, é preciso que a nossa vida seja a melhor possível e se desenvolva nas melhores condições. De entre estas condições, as de natureza ambiental são muito importantes porque contribuem para o nosso bem-estar físico, psicológico e social. Todos nós desejamos ter uma vida com boa qualidade. Quer dizer, é importante ter boa água, bom ar, bons produtos para a nossa alimentação e vestuário; que lugar onde vivemos seja agradável; que os locais onde habitamos estejam ordenados e conservados, de modo a que nos sintamos bem; que a fauna e a flora possam viver juntamente connosco e que os serviços de que necessitamos (correios, finanças, escolas, bibliotecas, museus, hospitais, serviços de água, luz e outros) sejam eficazes e estejam próximos de nós. Gases com efeito de estufa Disponível na Internet: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=633101 Resíduos sólidos urbanos Disponível na Internet: http://www.ufrgs.br/vies/vies/do-lixo-tudo-brota/

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AS QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS

O processo de industrialização, iniciado com a Revolução Industrial no século XVIII, e o consequente

crescimento explosivo da população, fizeram aumentar de forma acentuada o consumo dos recursos do

nosso planeta, originando desequilíbrios bioclimáticos graves.

O crescimento económico ilimitado e da população determinaram níveis de consumo de recursos

insustentáveis:

- a agricultura intensiva e o aumento das áreas

cultivadas têm reflexos negativos no ambiente,

acelerando o esgotamento dos solos e a

desflorestação;

- a explosão demográfica e o crescimento

urbano que a acompanhou aumentaram ainda

mais o desenvolvimento das atividades

humanas, principais causas da degradação

ambiental.

Com as catástrofes locais de amplas

consequências (Chernobyl, a redução do mar de

Aral, o ar asfixiante de Atenas e da Cidade do México, a poluição do Reno...), percebemos que os

problemas ambientais ignoram as fronteiras nacionais, afetando vastas regiões do planeta. Assim sendo,

a consciencialização da globalização dos fenómenos ambientais é fundamental.

RESÍDUOS SÓLIDOS

Não basta viver, é preciso que a nossa vida seja a melhor possível e se desenvolva nas melhores

condições. De entre estas condições, as de natureza ambiental são muito importantes porque contribuem

para o nosso bem-estar físico,

psicológico e social. Todos nós

desejamos ter uma vida com boa

qualidade. Quer dizer, é importante

ter boa água, bom ar, bons produtos

para a nossa alimentação e vestuário;

que lugar onde vivemos seja

agradável; que os locais onde

habitamos estejam ordenados e

conservados, de modo a que nos

sintamos bem; que a fauna e a flora

possam viver juntamente connosco e

que os serviços de que necessitamos

(correios, finanças, escolas, bibliotecas, museus, hospitais, serviços de água, luz e outros) sejam eficazes e

estejam próximos de nós.

Gases com efeito de estufa

Disponível na Internet: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=633101

Resíduos sólidos urbanos Disponível na Internet:

http://www.ufrgs.br/vies/vies/do-lixo-tudo-brota/

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No sentido de desenvolvermos a nossa qualidade de vida, há um aspeto que é muito importante: a

preservação dos recursos naturais, apesar de termos que utilizá-los para fazer face às nossas

necessidades. Como sabemos, precisamos dos recursos naturais para viver, isto é, precisamos da água, do

ar, da terra, dos minerais (por ex.: petróleo), da fauna (os animais) e da flora (as plantas). No entanto,

devemos saber usá-los sem comprometer a continuidade da sua existência no tempo futuro.

Um dos aspetos que mais contribuem para a degradação do planeta é a existência dos resíduos

sólidos, vulgarmente conhecidos por "Iixo", que todos produzimos diariamente.

"Quantas coisas vamos deitar

fora hoje? A caixa de uma nova bis-

naga de pasta de dentes? A caixa

de cereais vazia ou o pacote do

leite? O bilhete do autocarro?

Talvez um pacote de batatas fritas

e uma lata de refrigerante vazia?

Elabo remos uma lista de coisas

que deitamos fora num dia e

ficaremos espantados com o seu

número.

“Atualmente, uma família média

portuguesa deita fora:

- papel velho que precisou de

seis árvores para ser

produzido;

- mais de 300 latas, das quais 100 são de comida para animais; - 47 kg de plástico;

- 32 kg de metais;

- 45 kg de comida;

-74 kg de vidro.

Isto significa que cada um de nós produz, por ano, quantidades de lixo que são dez vezes superiores ao

peso do nosso corpo.”

In Guia do Jovem Consumidor Ecológico - John Elkington e Jullia

No sentido de podermos viver melhor no presente e de permitir que as próximas gerações também o

possam fazer devemos poupar os recursos e deixar uma Terra mais limpa (desenvolvimento sustentável).

Devemos fazê-lo porque pensamos em nós e nas gerações que hão-de vir (vindouras). Que fazer, então,

para vivermos num mundo melhor, mais limpo e para deixarmos recursos para as gerações futuras?

De entre outros problemas ambientais, cuja resolução é importante tanto para o presente como para

o futuro, há o problema do chamado "Iixo". Este aparece-nos ligado a algo que não vale nada, que não

presta. Mas não é bem assim! ... Dado que, nele, podemos incluir materiais que podem voltar a ser

utilizados e aproveitados, é mais correto chamar-lhe resíduos sólidos. Papel velho não é lixo! Vidro velho

Resíduos elétricos e eletrónicos Disponível na Internet:

http://essetalmeioambiente.com/o-cenario-do-lixo-eletroeletronico-no-brasil/

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não é lixo! O mesmo se pode dizer das latas e dos restos de comida!... E tantas outras coisas que não são

lixo!... São resíduos sólidos que podem ser

aproveitados.

Podemos considerar que há vários tipos

de resíduos: resíduos domésticos, resíduos

sólidos urbanos (RSU), resíduos hospitalares,

resíduos sólidos industriais e resíduos tóxicos

ou perigosos (os pesticidas, os diluentes, os

decapantes e alguns produtos para a limpeza

doméstica). Iremos centrar mais a nossa

atenção nos resíduos domésticos e resíduos

sólidos urbanos porque é em relação a estes

que, mais diretamente, podemos, desde já,

enquanto cidadãos, tomar uma atitude,

assumir um gesto verde, como sugere o título

deste texto. Contudo os resíduos industriais não deixam de ser uma dos maiores problemas que afetam o

ambiente.

Para onde vão os resíduos sólidos?

1. Muitas vezes são colocados em depósitos, as chamadas "lixeiras", nas bermas das estradas, nas

margens dos rios. Esta forma de colocação é negativa porque se corre risco de incêndio, de

contaminação dos solos e da água, de mau cheiro e de degradação da paisagem.

2. Outras vezes são depositados em aterros autorizados, que, se forem bem geridos, serão mais seguros

que as "lixeiras", mas, mesmo assim, não estão isentos de riscos e, além disso, atingem a sua capacidade

máxima rapidamente.

3. Outras vezes são transportados para incineradoras onde se transformam em gases tóxicos, poeiras,

cinzas e escórias, que também têm que ser postas em algum lugar.

4. Nalguns casos são enviados para 0 fundo dos mares, o que contribui para os poluir e afetar a vida

marinha.

5. Na melhor das hipóteses, grande parte deles podem ser reaproveitados como matéria-prima em

indústrias de reciclagem.

In Sugestões para a Redução dos Lixos Domésticos - Instituto do Consumidor

Em conclusão: nenhuma das maneiras que temos para nos desembaraçarmos dos resíduos é

totalmente inofensiva. Eles têm que ser colocados em algum lado e causam sempre algum impacto

ambiental, isto é, causam alguma perturbação e sujam sempre o ambiente. Por isso, é indispensável

que 0 seu depósito seja pensado e planeado.

Mas melhor será, antes de mais, reduzir, isto é, todos fazermos um esforço no sentido de produzirmos

menos resíduos sólidos; reutilizar e reciclar os produtos que utilizamos.

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Política dos 3 R: Que atitudes tomar face aos resíduos?

A resposta a esta pergunta implica três palavras, todas elas começadas pela letra R. São elas: reduzir,

reutilizar e reciclar. Este princípio dos três R foi adotado pela União Europeia, na sequência da Confe-

rência do Rio de janeiro, em 1992. Havia já muito tempo que as pessoas que se preocupam com as

questões do ambiente, os ecologistas, vinham chamando a atenção para a importância do conteúdo

destas três palavras. Mais recentemente, outros conceitos têm sido integrados nesta abordagem dos R

como Restaurar, Recuperar, Repensar e Respeitar. Por uma questão metodologia apenas abordaremos os

conceitos associados aos 3 R.

Todos os cidadãos devem preocupar-se com estas três palavras que expressam ideias fundamentais

para a proteção do ambiente. Neste sentido, todos podemos fazer qualquer coisa, por pouco que seja,

para melhorar a qualidade de vida. Todos – os industriais, os

comerciantes, os políticos, os militares, os agricultores, os

engenheiros, todos os homens e todas as mulheres,

independentemente da sua idade ou profissão – podem fazer

qualquer coisa pelo ambiente, mesmo que pareça pouco. As páginas

que se seguem poderão ajudar a descobrir o pequeno contributo de

cada um, que por mais pequeno que seja, poderá ser muito

importante! Basta que façamos um pequeno esforço para adquirir ou reforçar alguns "gestos verdes", que

são pequenas atitudes que podemos tomar no nosso dia-a-dia, tais como reduzir o consumo, deitar' as

garrafas no vidrão, recolher o papel, as pilhas, as latas...

"É falso que pequenas iniciativas e esforços não pesem na mudança de atitudes: “gesto verde”' não é

aquele que se recomenda aos outros, mas que se pratica na escolha do tira-nódoas, na utilização do

detergente, no interesse em conhecer as economias de energia, em saber porque se rejeita uma pilha com

mercúrio, entre tantas outras atitudes.

Não se trata de comprar mais, mas de comprar diferente nos produtos de consumo corrente. Há até

'gestos verdes' que não exigem qualquer compra. São gestos que preservam fisicamente o nosso meio.

As embalagens de produtos alimentares e os sacos de plástico representam uma porção significativa

de resíduos difíceis de eliminar, o melhor é fugir deles: rejeitar produtos excessivamente embalados,

utilizar frequentemente o saco das compras em pano e aproveitar os sacos de plástico."

In Guia do Bom Cidadão Ecológico - Beja Santos

Todos, a começar por cada um de nós, somos responsáveis pelo destino a dar aos resíduos que

produzimos. Vejamos, agora, mais detalhadamente em que consistem os 3 (4) R. Na verdade

1. Reduzir Reduzir é uma ação muito importante, porque se atuarmos a este nível, haverá menos problemas

depois com os resíduos que resultam do nosso consumo.

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Se fizermos um esforço para consumir em menor quantidade alguns dos produtos que, bem vistas as

coisas, até podem ser dispensáveis, então estaremos a reduzir a

produção de resíduos. Por exemplo, evitar trazer demasiados

sacos do supermercado. Sacos de papel ou de plástico?

"Os sacos de plástico são, muitas vezes, mais cómodos do que

os de papel - só que não são biodegradáveis (mesmo os que são

biodegradáveis nunca desaparecem completamente - apenas se

desfazem em pedaços), além de que todo o plástico é feito a

partir do petróleo, um material não renovável. Os sacos de

plástico vão muitas vezes parar aos oceanos, matando animais

marinhos que neles ficam presos ou os engolem.

A tinta usada para impressão em sacos de plástico contém

cádmio, um metal pesado tóxico. Portanto, quando os sacos de

plástico são queimados, libertam metais pesados para a

atmosfera.

Os sacos de papel são recicláveis e biodegradáveis, mas,

por outro lado, não saem baratos. Os sacos dos supermercados, por exemplo, são sempre feitos com papel

virgem - nunca reciclado - porque, dizem os fabricantes, para fazer sacos que aguentem pesos grandes são

necessárias as fibras compridas de pasta de papel."

In 50 Coisas Simples que Você Pode Fazer para Salvar a Terra - The Earth, Works Group

Pelo que acima fica dito, devemos pensar duas vezes antes de trazer o saco do supermercado, quer

seja de plástico, quer seja de papel. Quando formos às compras, sempre que possível, levemos o nosso

próprio saco que poderá ser de pano ou de outro material durável.

Há atitudes que podem contribuir para reduzir o consumo e o desperdício, tais como: escrever nas

duas faces das folhas de papel, evitar a utilização abusiva do automóvel e evitar consumir bebidas

enlatadas porque assim se reduz o "Iixo". E se consumirmos produtos concentrados, reduziremos

também o número de embalagens. Do mesmo modo, devemos evitar o uso de produtos em forma de

spray, porque contribuem para a destruição da camada de ozono e

muitas outras coisas.

...Muitos fazem a mudança!

O "Ponto Verde" indica que a empresa fabricante do produto

assinalado, participa num programa de recolha de embalagens para

posterior reciclagem ou valorização. Desta forma, deveremos passar a

preferir este tipo de embalagens quando escolhemos um produto.

Se fizermos um esforço para reduzir o consumo de bens indispen-

sáveis, então também estaremos a reduzir os desperdícios. Ex.:

consumir menos água a regar, a tomar banho, a lavar automóveis, consumir menos papel, porque se

poupa a floresta, a água, o ar e a energia necessários para o fabricar.

Disponível na Internet:

http://www.atitudessustentaveis.com.br/artigos/sustentabilidade-reaproveitamento-de-

residuos-solidos/

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Para reduzir também é importante preferir produtos que sejam amigos do ambiente, isto é, que sejam

biodegradáveis - que se reintegram na Natureza - ou que sejam menos poluentes e menos tóxicos. Para

obteres esta informação, nada melhor do que ler a rotulagem e preferir produtos que sejam amigos do

ambiente, se possível reciclados e que possam ser recicláveis.

A propósito de produtos amigos do ambiente, vamos falar um pouco dos detergentes e de alguns

cuidados a ter no que respeita à escolha destes produtos.

" A maioria dos detergentes contém fosfatos e outros componentes químicos ricos em fósforo. Os

fabricantes utilizam-nos porque amaciam a água e evitam que as partículas de sujidade voltem a aderir à

roupa.

(...) [os fosfatos] produzem muitos efeitos secundários graves no ambiente: quando são arrastados

para os rios e os lagos, os fosfatos servem de "alimento" às plantas aquáticas - isto é, fertilizam-nas de tal

modo que se dá uma proliferação de plantas, em especial de algas, dando origem às chamadas "marés

vermelhas". Quando as algas morrem, seguindo 0 seu ciclo natural, as bactérias que fazem a sua decom-

posição - um processo que precisa de grandes quantidades de oxigénio – consomem o oxigénio de que

outras plantas e animais necessitavam para sobreviver. Resultado: os rios e os lagos podem morrer."

50 Coisas Simples que Você Pode

Fazer para Salvar a Terra - The Earth,

Works Group

Em casa tentemos esclarecer os

elementos da família acerca destes

problemas. Comecemos por

observar a embalagem do

detergente que é usado. Nela está

registada a quantidade de fósforo

que o detergente possui e aparece

normalmente sob a designação de “fosfatos” Multipliquemos o número que consta na embalagem por 3 e

obteremos assim o teor de fosfato. Assim, se o detergente contém 8% de fósforo multipliquemos por 3 e

obteremos 24% de fosfato que é um valor alto, porque, há detergentes que existem no mercado com

apenas 0,5% de fosfatos.

Exemplo:

O TIDE máquina contém entre outros ingredientes:

- <5% de Policarboxilatos, tensoativos não iónicos, tensioativos catiónicos, branqueadores à base de

oxigénio, Zeolitos.

- 5% -15% Tensoativos aniónicos.

- 15% - 30% Fosfatos.

- Enzimas.

Relativamente à escolha dos detergentes, que poderemos fazer de modo a evitar a morte de rios e

lagos?

Disponível na Internet:

http://intervirnoambiente.blogspot.pt/

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Usar menos detergente; escolher um detergente com menos fosfatos (os detergentes líquidos

normalmente não contêm fosfatos) ou usar sabão em pó, se a água não for muito calcária.

Em conclusão: reduzir o consumo de produtos e bens é uma forma de ser amigo do ambiente e da

Natureza. Este é um gesto simples e que está ao teu alcance.

2. Reutilizar Reutilizar quer dizer voltar a

utilizar, ou seja, usar de novo os

mesmos produtos. Há toda uma

série de produtos que podemos

voltar a utilizar. Às vezes,

pensamos que "o usar e deitar

fora" é o melhor, mas não é bem

assim para todos os casos. Por

exemplo, talvez seja melhor

preferir o vasilhame de vidro com

retorno, que é aquele que tu

podes devolver para voltar a ser utilizado. Usar uma garrafa de vidro uma só vez é pouco aconselhável

para o ambiente. O melhor seria utilizá-la mais que uma vez. Mas, no caso de tal não ser possível, então o

melhor será pô-la no vidrão para a reciclagem, como haveremos de ver!

Reutilizar também é uma atitude importante para preservar o ambiente. Exemplos de reutilização:

fazer um esforço para voltar a utilizar os sacos para as compras, para o pão, preferir o vasilhame com

retorno, os sacos de pano, os guardanapos de pano de entre outros casos.

No sentido de melhor reutilizar, há outras atitudes que também são muito importantes, como sejam:

reparar e manter os bens duráveis, não se desfazer de certos objetos de uma forma leviana (um bom

exemplo é o caso dos eletrodomésticos).

Na mesma ordem de ideias, outra atitude muito importante será emprestar ou partilhar bens que

são utilizados raramente.

Em vez de deitar fora o que não precisamos, podemos dar ou vender esses bens para que não

aumentem mais os resíduos e, entretanto, outras pessoas poderão beneficiar deles.

3. Reciclar

Reciclar consiste em recolher e transformar um resíduo de modo a que este possa ser novamente utili-

zado para o mesmo fim ou para outro diferente do que estava inicialmente previsto.

Como poderemos contribuir para facilitar a reciclagem?

Em primeiro lugar, escolher produtos e embalagens recicláveis e quando não precisarmos deles,

colocá-los em locais apropriados, tais como o recipiente do papel, das pilhas, dos metais, do vidro, do

plástico e outros.

Em segundo lugar, poderemos optar por produtos feitos de materiais recicláveis.

Imagem disponível na Internet:

http://contrarioaoesperto.blogspot.pt/

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Em terceiro lugar, no caso de termos o nosso próprio quintal ou jardim, fazermos nós próprios a

compostagem de resíduos de jardim e dos alimentos. Quer dizer, em vez de deitarmos fora estes resíduos

(restos de comida, de aparas do jardim, de plantas e de sebes), poderemos nós mesmos reciclá-los

porque deles resulta matéria orgânica, que

é um ótimo adubo biológico a usar para

enriquecer a terra. Assim, em vez de

utilizarmos adubo químico, procedamos à

sua substituição por adubo biológico que é

mais saudável, não polui o solo nem as

águas, e evitamos com esta medida

sobrecarregar ainda mais os locais onde se

depositam os resíduos sólidos. Há, deste

modo, várias vantagens na transformação,

por compostagem, dos resíduos biológicos

em matéria orgânica.

Em Portugal, aos poucos, vão-se

adquirindo hábitos de colocação dos vários resíduos nos locais apropriados e indicados para o vidro, o

papel, o plástico e as pilhas. Há países onde cada um, logo em sua casa, separa a matéria biológica - restos

de comida e de aparas - que coloca num recipiente adequado para o efeito; noutro recipiente coloca o

vidro, noutro as pilhas, noutro as latas e noutro os plásticos. Em Portugal também estamos no bom

caminho! E, se todos aderirmos, o resultado será ainda melhor e mais rápido.

Reciclagem do vidro

“O vidro é feito a partir de areias siliciosas, carbonato de sódio e cal, que são submetidos a várias

transformações. Fundido em fornos a altas temperaturas, vertido para os moldes que lhe hão-de dar a

forma, rapidamente arrefecido, o vidro transforma-se em objetos e recipientes. A produção do vidro

evoluiu ao longo dos tempos. Hoje, a

quantidade de matérias-primas e de

energia que é necessária à sua produção

diminuiu. A recolha e o aproveitamento

do vidro velho muito contribuíram para

essa redução.

Desde que esteja separado de outros

produtos, o vidro é um material

reciclável. Separá-lo dos outros resíduos

é uma forma de contribuir para um

melhor ambiente porque a sua presença

no conjunto dos resíduos, o "lixo", é muito agressiva. Aproveitando o vidro, também estaremos a

contribuir para não extrair abusivamente areia, uma vez que ela é necessária para produção do vidro. Por

Processo de preparação de garrafas de vidro para reciclagem Imagem disponível na Internet:

http://www.setorreciclagem.com.br/reciclagem-de-vidro/como-montar-uma-empresa-de-reciclagem-de-vidro/

Latas prensadas para reciclagem. Imagem disponível na Internet:

http://www.florestalrecicla.com/2011/05/brasil-perde-r-8-bilhoes-anualmente-por.html

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cada tonelada de vidro velho que se recolhe, poupam-se 400 kg de areia. Também se poupa energia e

água.”

Guia do Bom Cidadão Ecológico (adaptado) - Câmara Municipal de Lisboa

Reciclagem do papel

“Se pensarmos bem, o papel é um produto que nos acompanha no nosso dia-a-dia. A sua presença é

constante na nossa vida diária, em casa (guardanapos, lenços, copos, pratos, toalhas, jornais, revistas, cai-

xas, embalagens e outros), na escola e nos locais de trabalho (para fotocópias, para o computador...) É

agradável tê-lo na carteira sob a forma de papel-

moeda.

Procuremos um pouco a história do papel. O papel foi inventado na China, no início da era cristã.

Chegou à Europa pela mão dos árabes no séc. XII.

Vulgarizou-se devido à imprensa de Gutenberg (no

séc. XV), ao desenvolvimento das comunicações (nos

sécs. XIX e XX) e aos processos de fabrico. Para a sua

fabricação é necessária a celulose, extraída das fibras

vegetais das árvores, grandes quantidades de água e

muitos produtos químicos. A fabricação da pasta de

papel exige assim muitos recursos naturais e provoca

muito impacte ambiental: a desflorestação implica a

diminuição da biodiversidade - porque a pasta de

papel deriva, em geral, da monocultura do eucalipto -,

a erosão dos solos, a poluição das águas provocada

pela utilização dos produtos químicos.”

Guia do Bom Cidadão Ecológico (adaptado) - Câmara Municipal de Lisboa

Pelas razões acima referidas, nos nossos dias a reciclagem do papel é muito importante. Para isso, é

necessário que as pessoas, em vez de deitarem o papel para o "lixo", o depositem nos locais apropriados.

Depois, vai ser recolhido e utilizado para fabricar novamente papel. Assim, produz-se papel, poupa-se

água, energia, madeira proveniente das árvores e o solo na sua riqueza.

Plásticos

O plástico é um produto muito utilizado por todos nós no dia-a-dia e é uma componente forte nos

nossos resíduos. Os plásticos vão-se acumulando nas "lixeiras" e praticamente não se decompõem. Há

uns anos atrás, procedia-se à sua incineração, mas esta é uma solução com consequências indesejáveis

porque lança para a atmosfera agentes tóxicos e cinzas que contribuem para as chuvas ácidas a para a

destruição da camada de ozono.

Processo de preparação de papel para reciclagem Imagem disponível na Internet:

http://naturlink.sapo.pt/Intervir/Artigos-Praticos/content/Reciclagem-do-papel-como-e-

feita-e-qual-a-sua-importancia?bl=1&viewall=true

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É difícil, pelo menos por enquanto, dispensar o plástico do nosso quotidiano. Então, qual a solução?

Reciclagem. Para isso, coloca os plásticos no

plasticão.

Só assim, será possível a recolha seletiva de

plásticos para posteriormente reciclagem.

Óleos

"Um único litro de óleo para automóvel pode

poluir 950 millitros de água potável.

E meio litro de óleo usado pode originar uma

mancha venenosa com cerca de meio hectare de

diâmetro."

50 Coisas Símples que Você Pode Fazer para Salvar a Terra - The Earth, Works Group

É pois enorme o impacto que os óleos podem causar no ambiente. O que acontece ao óleo do carro

quando vamos à oficina fazer a revisão? E que destino é dado ao óleo usado nas máquinas das fábricas

onde trabalhamos?

Pilhas

“É muito importante que as pilhas não sejam lançadas no conjunto dos resíduos, porque contaminam

o solo e as águas, devido ao facto de conterem elementos

altamente poluentes, tais como o mercúrio, o cádmio e o

níquel.

Por isso, não devemos deitar as pilhas nos conjuntos dos

resíduos sólidos, mas guardá-las e entregá-las na Autarquia ou

num recipiente próprio para evitar que sejam abandonadas e

vão contaminar o solo e a água.

A propósito do mercúrio, vale a pena ler o texto que se

segue.

"No séc. XVII, os chapeleiros, que usavam mercúrio no trata-

mento do feltro e das peles, começaram a ter um

comportamento estranho. Como ninguém sabia que se tratava, afinal, de intoxicação pelo mercúrio,

partiam do princípio de que os chapeleiros estavam todos loucos. É daí que vem a expressão "louco como

um chapeleiro" e até o Chapeleiro Maluco, personagem de “Alice no País das Maravilhas."

50 Coisas Simples que Você Pode Fazer para Salvar o Ambiente, The Earth, Works Group

Processo de preparação de garrafas de plástico para reciclagem Imagem disponível na Internet: http://naturlink.sapo.pt/Intervir/Artigos-

Praticos/content/Reciclagem-do-papel-como-e-feita-e-qual-a-sua-importancia?bl=1&viewall=true

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Lembremo-nos que uma única pilha contamina o solo durante 50 anos. Prefira pilhas recarregáveis

porque, ainda que também contenham mercúrio, duram mais tempo. Escolha também as pilhas que

contenham menor teor de mercúrio.

Resíduos industriais “Os resíduos industriais gerados em processos produtivos, bem como os que resultam das atividades de

produção e distribuição de eletricidade, gás e

água são uma forma de poluição que suscita

uma crescente preocupação, tanto para as

empresas como para toda a Sociedade. Além

dos diversos impactes ambientais implícitos,

causadores de desequilíbrios graves nos

ecossistemas e na saúde humana, existe

também o custo económico associado à

produção de resíduos industriais. "Gerar cada

vez menos resíduos industriais", através da

implementação de estratégias de prevenção,

passa pela racionalização do consumo de

matérias-primas e energia, melhorando os

índices de produtividade, pela aplicação de

tecnologias mais limpas ou das melhores tecnologias disponíveis aos processos produtivos e de suporte e,

particularmente, passa pelo cumprimento dos planos nacionais de prevenção e gestão de resíduos

industriais publicados nos vários diplomas

legais existentes nesta matéria. A legislação é

indispensável, enquanto forma de enquadrar

normas, objetivos, planos e prazos, para que

essa mudança se concretize e funciona também

como um instrumento para a punição de

agentes prevaricadores. Existem razões de

diferente natureza que inadequadamente,

ainda são atualmente utilizadas como

argumento para justificar situações de más

práticas na gestão de resíduos industriais,

nomeadamente o desconhecimento da

legislação aplicável nesta matéria, o

desconhecimento de outras soluções técnicas

mais eficientes e dos benefícios daí resultantes,

a desvalorização que é dada ao impacte ambiental da atividade industrial, entre outras. Torna-se por isso

fundamental um esforço acrescido de informação, formação e sensibilização sobretudo aos Industriais

(incluindo as Administrações e todas as Partes Envolvidas numa Organização), que deverão encarar a

Resíduos industriais perigosos Imagem disponível na Internet:

http://quimicadjg.blogspot.pt/2013/06/como-deve-ser-feito-o-descarte-dos.html

Resíduos industriais perigosos Imagem disponível na Internet:

http://meioambiente.culturamix.com/recursos-naturais/opersan-residuos-industriais

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gestão adequada dos seus resíduos, não somente como uma obrigação ambiental para com a Sociedade,

mas também, como uma estratégia de negócio, em que a aplicação de técnicas/tecnologias de prevenção,

minimização, valorização e gestão apropriada dos resíduos produzidos, significa um melhor

aproveitamento dos recursos materiais e energéticos, com benefícios financeiros quantificáveis e como um

fator de "Competitividade Responsável" em mercados globais.”

In Vieira, Conceição et al. Manual de Gestão de Resíduos Industriais (2011) Associação Empresarial de Portugal

Do velho se faz novo e bonito Depois de falarmos de redução,

reutilização e reciclagem, e poderemos

ainda, com alguma imaginação, fazer

objetos artísticos a partir do que é

considerado velho e sem interesse.

Podem construir-se bonecos de pano,

espantalhos e outros objetos com coi-

sas velhas.

Um dia, o famoso pintor Picasso

criou uma bela escultura, chamada

"Cabeça de Touro", com um guiador e

um selim de uma velha bicicleta que

foram apanhados no lixo. Quer dizer,

com muita imaginação, aproveitou o

que outros deitaram fora e construiu

uma escultura. Mas Picasso foi apenas

um dos muitos artistas que procuraram

aproveitar o “lixo” para produzir obras

artísticas, para passaram mensagens

ambientais e estéticas.

Na parte final deste documento poderá encontrar textos que abordam a relação entre o ambiente e

a cultura.

Este texto sobre resíduos foi essencialmente retirado de com adaptações: Moura, Carminda; Teixeira, V.

Isabel. Eu e os outros (sd) Porto: Porto Editora

Observação: São inúmeras as fontes disponíveis para abordar a temática dos resíduos. Deixamos aqui

dois documentos disponíveis na Internet, que abordam globalmente o tema:

- Guia do professor para educar para o ambiente (sd) Associação de Municípios de S. Miguel

- Manual de Gestão de Resíduos Industriais (2011) Associação Empresarial de Portugal

Vaso decorativo feito de jornais e revistas

Imagem disponível na Internet: http://planetapegadaverde.blogspot.pt/2011/04/o-velho-vira-

novo.html

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ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

“As alterações climáticas são já uma realidade: as temperaturas estão a aumentar, os padrões da

precipitação estão a mudar, os glaciares e a neve estão a derreter e o nível médio das águas do mar

está a subir. É de esperar que estas alterações prossigam e que se tornem mais frequentes e intensos os

fenómenos climáticos extremos que acarretam perigos como inundações e secas. Na Europa, os

impactos e as vulnerabilidades no que respeita à natureza, à economia e à nossa saúde diferem entre

regiões, territórios e setores económicos.

É muito provável que a maior parte do aquecimento observado desde meados do século XX se deva ao

aumento das concentrações de gases com efeito de estufa (GEE), resultantes das emissões provocadas

pela atividade humana. A temperatura global subiu cerca de 0,8 ºC nos últimos 150 anos e prevê-se que

continue a aumentar.

Um aumento superior a 2 °C das temperaturas registadas na época pré-industrial aumenta o risco de

ocorrência de alterações perigosas para os sistemas humano e natural à escala global. A Convenção-

Quadro das Nações Unidas relativa às Alterações Climáticas consagra como objetivo limitar o aumento da

temperatura média global registado desde a era pré-industrial a um valor inferior a 2 °C.

Como atingir este objetivo? É preciso que as emissões mundiais de GEE estabilizem na presente

década e que, até 2050, se registe uma diminuição de 50% relativamente aos níveis de 1990. Tendo em

conta os esforços necessários por parte dos países em desenvolvimento, a UE apoia o objetivo de reduzir

as suas emissões de GEE em 80% a 95% até 2050 (face aos valores de 1990).

Ainda que as políticas e esforços destinados a reduzir as emissões se venham a revelar eficazes,

algumas alterações climáticas serão inevitáveis, pelo que serão igualmente necessárias estratégias e

medidas de adaptação ao seu impacto.

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Impactos e vulnerabilidades das alterações climáticas

Na Europa, os maiores aumentos da temperatura verificam-se no sul do continente e na região do

Ártico. As quedas mais acentuadas da precipitação são registadas no sul, enquanto no norte e noroeste se

registam aumentos. Os aumentos previstos da intensidade e frequência das vagas de calor e das

inundações, assim como as alterações da distribuição de algumas doenças infetocontagiosas e dos

pólenes têm efeitos adversos para a saúde humana.

As alterações climáticas constituem uma pressão suplementar para os ecossistemas, levando várias

plantas e espécies animais a deslocarem-se para norte e para terrenos de maior altitude. Esta situação

afeta negativamente a agricultura, a silvicultura, a produção de energia, o turismo e as infraestruturas em

geral.

Entre as regiões europeias particularmente vulneráveis às alterações climáticas contam-se:

o sul da Europa e a bacia do Mediterrâneo, onde Portugal se integra (devido ao aumento das

vagas de calor e da seca);

as zonas de montanha (devido ao aumento do degelo);

as zonas costeiras, deltas e planícies aluviais (devido à subida do nível médio das águas do mar e

ao aumento das chuvas intensas, inundações e tempestades);

o extremo norte da Europa e o Ártico (devido ao aumento das temperaturas e ao degelo).

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Causas das alterações climáticas induzidas pelo Homem

Os GEE são emitidos, quer através de processos naturais, quer através de atividades humanas, sendo

que o GEE natural mais importante

presente na atmosfera é o vapor de água.

As atividades humanas libertam grandes

quantidades de outros GEE na atmosfera, o

que aumenta as concentrações

atmosféricas desses gases e,

consequentemente, o efeito de estufa,

contribuindo para o aquecimento do clima.

As principais fontes de GEE de origem

humana são:

a queima de combustíveis fósseis

(carvão, petróleo e gás) na produção

de eletricidade, nos transportes, na

indústria e em utilizações

domésticas (CO2);

a agricultura (CH4) e as alterações da utilização dos solos, tal como a desflorestação (CO2));

os aterros sanitários (CH4);

a utilização de gases industriais fluorados.

O aquecimento global pode ser explicado pelo efeito de estufa, produzido pela libertação de gases,

como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), hidrofluorocarbonetos (HFC), hidrocarbonetos

Mecanismo do efeito de estufa Disponível na Internet:

http://site.noticiaproibida.org/fotos/Image/atuais/esquema_do_efeito_estufa_reduzido.jpg

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perfluorados (PFC), hexafluoreto de enxofre (SF6) e óxido nitroso (N2O), que aumentam a capacidade de a

atmosfera absorver a radiação infravermelha, favorecendo a retenção de calor. “

In Alterações Climáticas, Agência Europeia do Ambiente. Disponível na Internet:

http://www.eea.europa.eu/pt/themes/climate/intro, adaptado

Políticas e instrumentos de combate às alterações climáticas “A Cimeira do Rio, com o título oficial de Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e

Desenvolvimento, teve lugar em 1992 e culminou anos de preparação de diferentes tratados e

documentos na área do Ambiente.

Estes tratados ambientais eram a resposta da

comunidade internacional ao crescendo de

preocupações sobre tendências alarmantes no

ecossistema global. A própria noção de questão

ambiental global era então recente e questionava a

comunidade internacional sobre os conceitos e as

instituições necessárias.

A evidência científica acumulava-se: os primeiros

relatórios do Painel Intergovernamental sobre

Alterações Climáticas apontavam para a possível

existência de interferência humana no clima global; as

estimativas sobre a perda de biodiversidade genética

eram progressivamente mais alarmantes; a

desertificação crescente e a sobreexploração dos oceanos eram crescentemente documentadas em

múltiplos relatórios do Programa das Nações Unidas para o Ambiente.

Foi neste ambiente que no Rio são assinados vários documentos, entre os quais predominam três

Tratados:

1- A Convenção-Quadro das Nações Unidas para o Combate às Alterações Climáticas

(UNFCC), pedra basilar do regime jurídico internacional sobre clima.

2- A Convenção sobre Diversidade Biológica, ou Convenção da Biodiversidade

(UNCDB);

3- A Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD).

Convenção-Quadro das Nações Unidas para o Combate às Alterações Climáticas

A Convenção-Quadro das Nações Unidas relativa às Alterações Climáticas (CQNUAC) tem como

objetivo de longo prazo a estabilização das concentrações de gases com efeito de estufa (GEE) na

atmosfera a um nível que evite uma interferência antropogénica perigosa no sistema climático. Para

Conferência das Nações Unidas para o Clima e o Desenvolvimento – Eco 92, Rio de Janeiro

Disponível na Internet: http://www.meioambiente.coppe.ufrj.br/eco-

92-e-rio20/

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atingir esse objetivo, a temperatura global anual média da superfície terrestre não deverá ultrapassar 2 °C

em relação aos níveis pré-industriais.

A emissão de gases com efeito de estufa é um fenómeno comum a vários setores de atividade,

justificando, por isso, o caráter transversal das políticas de mitigação das Alterações Climáticas e de

adaptação aos seus efeitos.

Efetivamente, para fazer face ao problema das Alterações Climáticas existem essencialmente, duas

linhas de atuação – mitigação e adaptação.

Enquanto a mitigação é o processo que visa reduzir

a emissão de GEE para a atmosfera, a adaptação é o

processo que procura minimizar os efeitos negativos

dos impactes das alterações climáticas nos sistemas

biofísicos e socioeconómicos. (…)

Uma vez que as Alterações Climáticas

constituem um problema global, as decisões no que respeita quer à mitigação quer à adaptação

envolvem ações ou opções a todos os níveis da tomada de decisão, desde o nível mais local e da

comunidade ao nível internacional, envolvendo todos os governos nacionais. A resposta política a este

problema requer uma ação concertada e assertiva, traduzida na tomada de medidas que minimizem as

causas antropogénicas e que preparem a sociedade para lidar com os seus impactes biofísicos e

socioeconómicos.

A Convenção sobre Diversidade Biológica, ou Convenção da Biodiversidade

A Convenção sobre a Diversidade Biológica tem como objetivos: "a conservação da diversidade

biológica, a utilização sustentável dos seus componentes e a partilha justa e equitativa dos benefícios

provenientes da utilização dos recursos genéticos".

A Convenção é o primeiro acordo que engloba todos os aspetos da diversidade biológica: genomas e

genes; espécies e comunidades; habitats e ecossistemas.

Com a Convenção, a conservação da

diversidade biológica deixou de ser encarada

apenas em termos de proteção das espécies

ou dos ecossistemas ameaçados ao

introduzir uma nova forma de abordagem,

ao reconciliar a necessidade de conservação

com a preocupação do desenvolvimento, baseada em considerações de igualdade e partilha de

responsabilidades. Reconhece-se assim que a conservação da diversidade biológica é uma preocupação

comum da Humanidade e parte integrante do processo do desenvolvimento económico e social.

A Convenção sobre a Diversidade Biológica é pois um dos mais recentes e significativos instrumentos

do direito internacional e das relações internacionais no âmbito do ambiente e desenvolvimento.

A Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação

Com o aumento das preocupações ambientais ao nível da Desertificação, foi aprovada a Convenção

sobre Combate à Desertificação, tendo como objectivo o combate contra o fenómeno numa escala

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internacional, reconhecendo que o problema da seca prolongada não tem soluções simples e de curto

prazo. Todas as resoluções, decisões e programas trabalhadas na Convenção direccionavam-se

inicialmente para os países Africanos, devido ao seu carácter único em termos económicos, sociais e

ambientais. Mas à medida que a perceção da globalidade do problema foi aumentando, outros países

passaram a ter Parte na Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, de modo a

serem atingidos os objectivos da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas e a

Convenção sobre a Diversidade Biológica.

Protocolo de Quioto

O Protocolo de Quioto foi o primeiro (e até à data, o único) tratado jurídico internacional que

explicitamente pretende limitar as emissões quantificadas de gases com efeito de estufa dos países

desenvolvidos. Como Protocolo à Convenção-Quadro de Alterações

Climáticas, herda daquela os princípios fundamentais do regime

climático, em particular o princípio das responsabilidades comuns, mas

diferenciadas. É esse princípio que explica o facto de no Protocolo de

Quioto aparecer replicada a divisão mundial em:

Países desenvolvidos (Anexo I). De entre estes países, o Protocolo

distingue ainda um subconjunto: o Anexo B do Protocolo lista

aqueles países que têm limites quantificados às suas emissões. De

fora ficam países como a Turquia.

Países em vias de desenvolvimento (conhecidos como os "não-

Anexo I). Estes países não têm metas quantificadas de redução de

emissões.

Tal como a Convenção, também o Protocolo estabelece órgãos

próprios. À semelhança da Convenção, as Partes do Protocolo

encontram-se uma vez por ano ao mais alto nível, na chamada Reunião

das Partes (MOP

- Meeting of the Parties) e semestralmente nos

Órgãos subsidiários. Por razões logísticas, as

reuniões das Partes à Convenção e Protocolo

coincidem no tempo.

Uma das características do Protocolo de Quioto

é o da introdução de diferenciação entre metas de

redução entre diferentes países. Esse conceito,

introduzido na negociação pelos Estados Unidos,

permitia diferentes tipos de argumentos que

pudessem justificar circunstâncias especiais na

consideração de metas para cada Parte. No final, o

conjunto de reduções e limitações acordadas (nem

todos as Partes se comprometeram a reduzir, algumas Partes, como a Austrália, têm um compromisso de

limitar o crescimento) resultam na redução estimada global das emissões destes países em cerca de 5%.

Protocolo de Quioto

O Protocolo de Quioto foi

discutido e negociado

em Quioto no Japão em 1997.

Foi aberto para assinaturas

em 1997 e ratificado em 15 de

março de 1999. Para entrar

em vigor precisou da

assinatura de 55 países, que

juntos eram responsáveis pela

emissão de 55% das emissões.

Tal só veio a acontecer em

2005, depois da Rússia o ter

ratificado em Novembro

de 2004.

Imagem da Conferência que aprovou o Protocolo de Quioto, Japão,1997

Disponível na Internet:

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1361640-5603,00-

MAIS+UMA+CONFERENCIA+SOBRE+CLIMA+E+ACORDO+AMBICIOSO+AINDA

+E+MIRAGEM.html

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Infelizmente a não-ratificação pelos Estados Unidos limitou severamente a eficácia ambiental do

Protocolo.

Cada uma das metas inscritas no Anexo B como uma percentagem do ano-base é convertida num

volume de direitos de emissão, i.e. toneladas de CO2-equvalente. Esse volume, a que é dado o nome de

Quantidade Atribuída corresponde ao máximo de emissões que devem ser emitidas pela Parte ao longo do

período de Quioto. A título de exemplo, a Quantidade Atribuída do Japão é de 1,261,441,934.08 toneladas

de CO2eq (dados de emissões em 1990) × 0.94 (6% de redução) × 5 (os anos do período de Quioto) =

5,928,777,090.16 [tCO2 eq]. Ou seja, o Japão está limitado a emitir, no período de Janeiro de 2008 a

Dezembro de 2012, aproximadamente 6 biliões de tCO2eq. Caso emita mais do que este valor, deverá ter

adquirido, através dos mecanismos de flexibilidade, outras unidades de cumprimento.

O Protocolo de Quioto é particularmente inovador, enquanto tratado internacional de ambiente, por

ter sido o primeiro acordo internacional a reconhecer o potencial de utilização da economia de mercado

como instrumento para ajudar à concretização das metas acordadas. Os mecanismos de flexibilidade

inscritos no Protocolo de Quioto permitem às Partes com metas (Anexo B do Protocolo) adquirir direitos de

emissão adicionais, permitindo a essas Partes uma forma potencialmente mais eficiente de atingir o seu

objectivo global.

São três os mecanismos de mercado do Protocolo de Quioto:

Os mecanismos do desenvolvimento limpo;

O mecanismo de implementação conjunta;

O mecanismo do comércio internacional de emissões.”

As políticas da União Europeia

Tendo em conta as convenções e protocolos assinados no âmbito das Nações Unidas relativas às

questões das alterações climáticas, a União Europeia desenvolveu, entre outras, as seguintes medidas:

a ratificação do Protocolo de Quioto, que instava os 15 Estados-Membros (UE-15) a reduzirem as

suas emissões coletivas, durante o período de 2008-2012, em 8% relativamente aos níveis

registados em 1990;

a melhoria contínua da eficiência energética de uma vasta gama de equipamentos e

eletrodomésticos;

a imposição do

aumento da

utilização de fontes

de energia

renováveis, tais como

a eólica, a solar, a

hídrica e a biomassa,

bem como de

combustíveis

renováveis, como os

biocombustíveis, nos

transportes;

o apoio ao

Disponível na Internet: http://www.publico.pt/ciencia/noticia/relatorio-confirma-culpa-humana-nas-

alteracoes-climaticas-recentes-1607259

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desenvolvimento de tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS), a fim de

capturar e armazenar o CO2 emitido por centrais elétricas e outras instalações de grande escala;

a implementação do Regime Europeu do Comércio de Licenças de Emissão (RCLE-UE, um

instrumento fundamental da UE para reduzir as emissões de GEE provenientes da indústria.”

In Alterações Climáticas, Agência Portuguesa do Ambiente, Disponível na Internet: http://www.apambiente.pt/index.php?ref=16&subref=81, Adaptado

Em resumo:

As atividades humanas estão a provocar alterações na atmosfera a um ritmo sem precedentes, como

consequência do aumento da poluição: as emissões de gases perturbadores do efeito de estufa (gás

carbónico, metano, óxido de azoto) continuam a aumentar, contribuindo para a alteração do equilíbrio

térmico do planeta, cuja principal consequência será o aumento médio da temperatura do planeta entre

1,4°C e 5,8 °C até ao ano 2100.

O ritmo de concentração de gases de efeito de estufa é superior à capacidade humana para impor

restrições às suas atividades. Como resultado dessas concentrações, destacam-se:

- o aumento do nível médio das águas do mar, em resultado da expansão térmica dos oceanos e da

fusão dos glaciares e das calotas de gelo polares;

- a desertificação de vastas áreas, sobretudo em

regiões intertropicais, ampliada pela agricultura

intensiva, desflorestação, queimadas, etc.;

- as alterações do ciclo hidrológico, com profundas

consequências nos ecossistemas naturais e na

agricultura, devido às mudanças na distribuição e

frequência das precipitações a nível mundial;

- a diminuição drástica da calota polar ártica.

Para estabilizar imediatamente a concentração

destes gases aos níveis atuais, o que não impedirá

uma alteração do clima da Terra, seria necessário

reduzir sem demora as emissões mundiais em 50 a

70%,o que não está a acontecer.

As perspetivas futuras são pouco animadoras, se atendermos aos seguintes aspetos:

- a população mundial continua a crescer;

- a expansão industrial recente em muitos países, de que são exemplo os BRICS;

- a reduzida capacidade dos oceanos e das plantas para absorver a grande quantidade de C02 lançado

para a atmosfera;

- a contribuição cada vez mais intensa por parte dos países em desenvolvimento para a poluição, em

particular, atendendo a que a incapacidade financeira e tecnológica não permitirá controlar, num futuro

próximo, o lançamento de gases resultantes do consumo de energia, da desflorestação e até da queima

de gás natural excedentário.

Para saber mais sob alterações climáticas, consultar Alterações climáticas, publicação editado pela

Comissão Europeia e visualizar o documentário “Uma Verdade Inconveniente” realizado por AL Gore.

Consequências das alterações climáticas

Disponível na Internet: http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/alteracoes-climaticas-

vao-limitar-barragens-e-regadio-no-sul-1630359

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A redução da camada de ozono

A camada de ozono estratosférico constitui um filtro frágil, com espessura reduzida, mas vital à vida

no nosso planeta, pois impede que as radiações ultravioletas a atinjam a superfície terrestre.

As investigações levadas a cabo têm mostrado a relação existente entre a redução da camada de

ozono, o aparecimento de “buracos” e o aumento da concentração atmosférica de compostos de cloro e

flúor artificiais, constituintes de um produto químico conhecido por clorofluorcarboneto (CFC).

A redução da camada de ozono tem sido particularmente importante nas latitudes médias do

hemisfério Norte (200 N e 600 N de latitude), onde vivem 75% dos seres humanos, e em todas as regiões

a sul do paralelo 60° S.

Além de contribuírem para a perturbação do efeito de estufa, os CFC, ao provocarem a diminuição da

camada de ozono, estão a aumentar a possibilidade de os raios ultravioleta do sol chegarem à

superfície terrestre.

O aumento da incidência deste tipo de radiações provocará num período de tempo não muito

dilatado:

- o aumento do cancro de pele;

- o aumento dos problemas oftalmológicos, com particular incidência no número de casos de

cataratas;

- a destruição do plâncton dos oceanos;

- a rutura de cadeias

alimentares.

A consciencialização da gravidade

dos efeitos ambientais decorrentes

da constante utilização de CFC levou

a comunidade internacional a reagir

de forma rápida e decisiva no sentido

de reduzir drasticamente a sua

produção.

Em 1987, foi assinado o protocolo

de Montreal, posteriormente

renegociado em Londres, em 1990.

Em consequência, grande número de países signatários comprometeu-se a diminuir a emissão de CFC e

de outros gases poluentes até final do século XX.

A resposta internacional, apesar de digna, não resolveu todos os problemas associados à destruição da

camada de ozono. A grande estabilidade química dos CFC permite que este composto, depois de lançado

na atmosfera, possa manter-se ativo por um período superior a 50 anos.

As chuvas ácidas

A chuva ácida é a deposição húmida e seca de poluentes atmosféricos, em especial derivados do

dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de azoto (NO2), que se dissolvem nas nuvens e gotas de chuva,

formando ácido sulfúrico (H2S04) e ácido nítrico (HNO3).

Buraco na camada do ozono sobre os pólos: recuperação prevista até meados do século

Disponível na Internet: http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/buraco-na-camada-de-ozono-esta-a-fechar-e-o-co2-pode-dar-uma-ajuda-1669322

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As regiões urbano-industriais são as principais responsáveis pela emissão dos gases referidos. No

entanto, mesmo em áreas virtualmente

“desindustrializadas” como os trópicos, a chuva ácida

ocorre principalmente em função da queima de florestas e

do transporte do ar poluído pelo vento.

Os efeitos das chuvas ácidas fazem-se sentir um pouco

por todo o globo, com particular intensidade: nas florestas,

nos solos, na agricultura, nos ecossistemas aquáticos, nos

edifícios e monumentos.

A redução das emissões dos compostos responsáveis

pelo aumento das chuvas ácidas insere-se num conjunto

mais vasto de ações e protocolos cujo principal objetivo é

reduzir outros impactes da poluição atmosférica,

particularmente no efeito de estufa e na camada de ozono.

O smog ou nevoeiro fotoquímico

O smog ou nevoeiro fotoquímico é um fenómeno que resulta da poluição do ar que ocorre em

algumas das grandes cidades mundiais como resultado da combinação de poluentes atmosféricos e de

determinadas condições meteorológicas.

Cidades como Beijing (Pequim) ou Paris enfrentam ciclicamente este problema que tem como

consequências, por exemplo, o agravamento das doenças respiratórias e alteração do sistema imunitário.

Diminuição da biodiversidade

As previsões apontam para uma perda de biodiversidade de entre 2 a 7% das espécies mundiais nos

próximos 20 anos, ao ritmo de 20 a 75 espécies por dia (atendendo apenas às espécies identificadas).

As causas da degradação incessante dos ecossistemas naturais do planeta que atentam contra a

biodiversidade são:

- a desflorestação da floresta tropical, onde vivem 2/3 das espécies

da fauna e da flora do mundo;

- a pressão agrícola, com a criação de ecossistemas artificiais

protegidos dos seres indesejáveis;

- a caça e a pesca não regulamentadas, que têm dizimado espécies;

- a poluição da água, do ar e dos solos.

Os ecossistemas funcionam e têm vitalidade com base numa

cadeia de interações que, se forem interrompidas, põem em causa

o seu equilíbrio. Se juntarmos a menor diversidade biológica às

rápidas mudanças climáticas em curso, a capacidade de adaptação

será menor, comprometendo a evolução da vida no planeta e a

Apesar de estrem a diminuir as chuvas ácidas em algumas regiões do planeta, os

seus efeitos persistem

Disponível na Internet: http://www.negociofechadousa.com/noticias_view.ph

p?noticia=cresce-acides-em-rios-dos-eua-devido-chuva-cida

Poluição ameaça a biodiversidade

Disponível na Internet: http://knowledge.allianz.com/environment/climate_change/?663/how-biodiversity-protects-against-climate-change-gallery

Page 23: AS QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS · Página 1 de 36 AS QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS O processo de industrialização, iniciado com a Revolução Industrial no século XVIII, e o consequente

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sobrevivência dos seres humanos.

Promoção do desenvolvimento sustentável

As desigualdades de desenvolvimento, a consciência das limitações dos recursos naturais e a

degradação ambiental do nosso planeta puseram em evidência a necessidade de promover o

desenvolvimento sustentável.

A noção de desenvolvimento sustentável tem implícito um compromisso de solidariedade com as

gerações do futuro, no sentido de

assegurar a transmissão do

“património” capaz de satisfazer as

suas necessidades. Implica a

integração equilibrada dos sistemas

económicos, sociocultural e

ambiental.

Subjacente ao desenvolvimento

sustentável deve estar a resiliência

que consiste em assegurar o

desenvolvimento das capacidades de

indivíduos, organizações e governos

de forma a preparar a sociedade para

enfrentar as crises e recuperar das

mesmas.

A consciência dos perigos que

corremos multiplicou o número de organizações e programas cujo grande objetivo é alterar o nosso

sistema de valores, os nossos estilos de vida, introduzindo a componente ecológica.

Surgiram um pouco por todo o mundo associações e partidos ecologistas; Ministérios do Ambiente

foram criados em mais de 70 países; organizaram-se conferências internacionais; foram criados o PNUA e

outros programas de pesquisa e ação.

As medidas a adotar para proporcionar o equilíbrio

entre o homem e ambiente passam por diferentes

níveis, por exemplo:

- abandono das políticas exclusivamente baseadas no

crescimento económico; a cooperação internacional: é

essencial para permitir a mitigação e adaptação aos

problemas ambientais, mas também para promover o

desenvolvimento sustentável e evitar retrocessos graves

no desenvolvimento humano;

- intensificação da cooperação entre os países

mais desenvolvidos e os países menos desenvolvidos,

dado que estes últimos são os mais vulneráveis aos pro-

blemas ambientais e não possuem recursos económicos

A sustentabilidade ambiental tornou-se uma das preocupações das sociedades atuais

Disponível na Internet: http://www.ids.pt/desenvolvimento.html

Disponível na Internet: http://www.petshopmagazine.com.br/2012-04-cfmv-e-o-desenvolvimento-sustentavel-16449

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que lhes permitam reagir e adaptar-se, por exemplo, às consequências das alterações climáticas;

- investimento em atividades industriais que reduzam a produção de resíduos e desenvolvam

processos de reciclagem e reutilização de materiais; participação ativa da sociedade civil ao nível

da denúncia e da ajuda à superação dos problemas;

- melhorar a informação (mais e melhor informação sobre as condições sociais ambientais e

económicas das populações, incluindo os custos reais da utilização do ambiente - exemplo da

pegada ecológica);

- minimizar a utilização dos recursos não renováveis e prevenir a erosão dos recursos renováveis;

- utilizar todos os recursos com a máxima eficiência;

- Abrandar o elevado crescimento da população e regular de forma eficaz a ocupação do espaço

pelas atividades humanas;

- cumprimento dos acordos internacionais e a integração das questões ambientais nos debates no

seio da OMC.

Promover estas alterações no rumo ao desenvolvimento revela-se fundamental, sem esquecer que a

aplicação de estratégias de

desenvolvimento ecologica-

mente corretas depende:

- da ação individual e

coletiva de cada

indivíduo, do papel do

Estado e das políticas do

ambiente;

- do papel das empresas e

de todos os agentes

económicos;

- do respeito pelos

tratados e acordos

internacionais e do cum-

primento dos caminhos

traçados desde as

Conferências de Es-

tocolmo, em 1972;

- da ação das organizações

nacionais e

internacionais.

Finalmente, é preciso

reafirmar a incapacidade dos atuais modelos de desenvolvimento para resolver o problema da pobreza,

do desemprego e da insatisfação das necessidades não materiais.

A solução passará, com certeza, pela redistribuição mais equilibrada dos custos/benefícios e pelo

modo como as populações acedem aos recursos.

A sustentabilidade ambiental tornou-se uma das preocupações das sociedades atuais

Disponível na Internet: http://www.jrrio.com.br/construcao-sustentavel/sustentabilidade.html

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RELAÇÃO ENTRE A ARTE E O AMBIENTE

Arte e Ambiente: que conceitos, atitudes e ações estão por detrás desta dicotomia? Ao longo da

história do Homem e dos objetos têm sido atribuídos diferentes sentidos e significados ao conceito de

Arte e ao conceito de Ambiente. Desde os primeiros vestígios da pré-história, a arte passou a ser parte

integrante da cultura do homem, tornando-se, para muitos, uma necessidade e um modo de expressão

perante o mundo que os rodeia. A arte veio também enriquecer, embelezar e melhorar a qualidade de

vida do homem, completando-a.

Com o desenvolvimento das diversas culturas e sociedades, o ser humano criou diversos artefactos,

aproveitando e adequando matérias-primas encontradas na natureza, dando-lhes formas úteis, funcionais

e belas à medida e à vontade do homem, as quais proporcionaram satisfação ao fruidor, refletindo o

modo de pensar e os valores de cada cultura e de cada sociedade.

Hoje em dia, numa sociedade que integra no seu seio uma cultura materialista que cultiva o

consumismo, instalando a moda do “usar e deitar fora”, grande parte dos recursos materiais e

energéticos necessários para esta produção

desenfreada ainda é considerada como inesgotável e a

natureza é entendida como tendo capacidade infinita

para suportar quaisquer agressões. Além disso, está à

nossa disposição uma enorme variedade e oferta de

objetos e, desde que lhes seja dada oportunidade, as

pessoas gostam de adquirir coisas.

No entanto, nos últimos anos apareceram

diferentes atores no campo artístico, com diferentes

manifestações, hoje designados por artistas, artesãos

e designers que face aos grandes problemas

ambientais, criaram uma nova relação com a

Sociedade e com a Natureza.

Um dos inúmeros problemas ambientais tem a ver com a poluição, que é uma palavra muito comum

nos dias de hoje. O seu significado é muito claro e visível pelos resíduos deixados na Natureza. A gestão

dos resíduos está a tornar-se um problema complexo que requer a participação de todos. Torna-se

necessário aumentar a consciência global das pessoas relativamente às questões relacionadas com o

ambiente e tentar dar um novo sentido à responsabilidade individual.

Segundo o filósofo e educador J. Krisnamurti, “Qualquer viagem começa sempre com o primeiro

passo”. Todos os esforços para salvar o planeta devem começar em casa de cada um, a um nível pessoal

e em cada escolha que fazemos. Cada um de nós pode fazer a diferença. É necessária uma nova

consciência de que a nossa relação com o ambiente é uma questão de moralidade social, e é

responsabilidade de cada geração deixar aos seus sucessores um mundo melhor.

Para salvar o planeta e os seus hóspedes é necessária a construção de sociedades do conhecimento

baseadas na educação para a sustentabilidade e na educação para o futuro, que tenham um papel

importante na transformação da sociedade, que assente na mudança de valores e atitudes.

Cada dia aparecem mais projetos e iniciativas que aproveitam os resíduos, transformando-os em

recursos: energia, compostagem, matérias-primas e também em arte. Neste campo são inúmeras as

publicações, exposições, documentários e eventos que mostram esta nova tendência a uma audiência

internacional. Mostram o poder transformador individual e coletivo de artistas, artesãos e designers

que aproveitam o lixo que todos deitamos fora todos os dias para o transformarem em matéria-prima

Artur Bordalo, um jovem lisboeta de 26 anos, que

estudou Pintura na Faculdade de Belas-Artes, dedica-

se a transformar lixo em animais, em Lisboa.

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útil para os seus projetos sustentáveis e de baixo impacto ambiental. São experiências que têm a ver

com o dia-a-dia, divertidas, criativas, funcionais,

estéticas, úteis, de “fazer algo a partir do nada” e,

acima de tudo, amigas do ambiente. (...)

Temos que contribuir para uma Cultura Material

mais sustentável. É possível reutilizar criativamente

materiais de fácil acesso e consumo, na conceção de

artefactos, integrando-os na nossa vida quotidiana. (...)

Cada um de nós poderá encontrar função e beleza nos

objetos construídos a partir de materiais onde os outros

apenas o veem como lixo.

Será possível comprar e consumir menos, e criar

mais? Este é o grande desafio com o qual todos temos

de nos confrontar. “ Desenvolver a capacidade criativa

e a consciência cultural para o século XXI é uma tarefa

simultaneamente difícil e essencial. É necessário que todas as forças da sociedade se empenhem na

tentativa de assegurar que as novas gerações deste século adquiram os conhecimentos e capacidades e,

o que é porventura ainda mais importante, os valores e atitudes, os princípios éticos e as normas

morais necessárias para serem cidadãos responsáveis do mundo e garantes de um futuro sustentável”.

Galante, Manuela (2009) Arte e Ambiente – Que conceitos, atitudes e acções estão por detrás desta dicotomia? Roteiro para a Educação Artística, Aspea – Associação Portuguesa de Educação Ambiental. Disponível na Internet em: http://www.aspea.org/XVIJ_Oficina%20Arte%20Ambiente%20Manuela%20Galante.pdf, data de consulta a 22-04-2015, adaptado.

A REUTILIZAÇÃO AO SERVIÇO DA CRIAÇÃO ARTISTICA

"Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma",

Antoine Laurent de Lavoisier (1743 - 1794)

A célebre frase de Lavoisier “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” foi utilizada

como ideia basilar para a redação deste artigo. (...)

Importa antes de mais clarificar os conceitos de

reutilização e de lixo: reutilização significa pegar numa

preexistência e dar-lhe uma nova função; lixo é todo o

material sólido sem utilidade.

Recuperar e reutilizar lixo transformando-o em obras de

arte foi uma prática que atravessou o século XX e que

ganhou mais força nos últimos anos. Artistas como Picasso,

Tatlin e Marinetti, Mimmo Rotella, Louise Nevelson, Marcel

Duchamp, Kurt Schwitters, Chirstian Boltanski e

Rauschenberg são alguns dos artistas que se interessaram

pelos materiais considerados lixo, descartáveis e que os

usaram como “matéria-prima” para as suas criações artísticas.

O artista mexicano Alejandro Duran, utiliza resíduos

plásticos, e não só, que dão à costa no México, para

realizar as suas coloridas criações artísticas.

Nature morte à la chaise canée, 1912. Óleo e

aplicações na tela com corda ao redor, Pablo

Picasso. Imagem retirada de VERGINE, Lea 2007.

p.129.

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Na verdade os artistas da vanguarda do início do século XX utilizaram “lixo” nas suas obras. O Futurismo,

o Cubismo e o Dadaísmo foram os

movimentos que mais se destacaram

neste contexto de arte, apenas mais tarde

considerado como tal. A intenção destes

artistas era deixar claro que utilizando,

papel de rascunho, cordas, cordéis, lixo,

bilhetes de navios e de comboio, ou seja,

material que foi considerado de baixo

valor, era possível fazerem-se criações

artísticas, idênticas àquelas que recorrem

a materiais tradicionais.

O dadaísta Marcel Duchamp, um dos

autores que mais fronteiras abriu para

uma nova forma de pensar a arte,

retirava peças do seu contexto original

inserindo-as num contexto de difusão de

arte, questionando profundamente o

valor implícito de arte moderna. As diversas formas de interpretação de peças, já existentes com uma

determinada função, obrigam a um processo complexo, mas claro

e objectivo – de tentar fazer entender o visitante como se

pretende que o objeto seja compreendido. (...) Duchamp atribuiu

novos significados a objetos que desempenhavam uma

determinada função quotidiana, pertencendo a uma nova

definição de significado, abrindo e expandindo o campo daquilo

que poderia ser considerado arte e sua definição.

Entre 1960 e 1970 o uso de “lixo” expandiu-se para quase

todos os trabalhos artísticos

como forma de denúncia do

consumismo excessivo e de

crítica social destas épocas,

considerando as teorizações

dos grupos Fluxus, Poesia

Visiva, Nouveau Réalisme e

Pop Art. No entanto, os anos

1980 e 1990 foram de

extrema exploração poética.

Os pós-modernistas continuaram a partir de objetos usados, objetos

desatualizados ou simplesmente de lixo, continuaram a produzir

objetos de arte.

O conceito de reutilização acabou por migrar para o designe e

hoje há imensos criadores que recorrem à reutilização para

produzirem os seus objetos.

Carreto, Filipe Cardoso; Carreto, Albuquerque Ferreira (sd) In Convergência 12: Revista de Investigação e Ensino das Artes. Disponível na Internet em: http://convergencias.esart.ipcb.pt/artigo.php?id=104, data de consulta a 22/05/2015, adaptado

Roda de bicicleta, ready-made,

1913. Marcel Duchamp,

Imagem retirada de Web Site:

http://fakeline.wordpress.com/2009

/10/, data de acesso 26 de Maio

Com Barulho Secreto, 1916. Reay-made: novelo de

cordel entre duas chapas de latão ligadas por quatro

parafusos. Se deslocar o ready-made ouve-se um barulho.

[Marcel Duchamp, Imagem retirada de Web Site:

picasaweb.google.com/fotosaula/Dadaismo#, data de acesso

24 de Março de 2010].

A Vitória, 1920, montagem,

colagem e óleo sobre cartão,

104.5 x 79 cm. [Kurt Schwitters,

Imagem retirada de Web Site:

http://mediaspin.com/blog/?p=4

45, data de acesso 26 de Maio

de 2010].

Robert Rauschenberg, "Mercado

Negro", 1961.

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LIXO QUE DÁ À COSTA TRANSFORMADO EM ARTE CONTRA O DESPERDÍCIO

O lixo de uns é a arte de outros. No caso de Alejandro Duran, para além de arte, o lixo dos outros é

também o seu manifesto.

O artista mexicano utiliza resíduos plásticos, e não só, que dão à

costa no México para as suas coloridas criações artísticas que se

misturam e evidenciam no espaço em que se encontram.

É um alerta para os efeitos da sociedade de consumo que afeta

também os locais mais remotos:

“Eu trabalho o tema do modo

como os resíduos viajam pelo do

oceano até às costas de Sian Ka’na, a maior reserva governamental

do México”, refere. Este local, “património mundial da Unesco, é

também habitat de uma vasta panóplia de fauna e flora e a segunda

maior barreira de coral do mundo. Infelizmente, (…) é também

repositório para o lixo do mundo.”

Washed Up é mais do que arte, é um alerta. Apesar dos

resultados visualmente aprazíveis, o objeto artístico fala sobretudo das nossas preocupações ambientais e

na forma como lidamos com o desperdício.

In Lixo que dá à costa transformado em arte contra o desperdício [Consultado em 2015-03-17 22:09:00] Disponível na Internet em: http://charivari.pt/2015/04/19/lixo-que-da-a-costa-transformado-em-arte-contra-o-desperdicio/, adaptado

VIK MUNIZ: O HOMEM QUE TRANSFORMOU LIXO E A VIDA DOS CATADORES EM ARTE

Vik Muniz é um dos grandes nomes da arte contemporânea mundial sendo o artista brasileiro que

mais obras vende no estrangeiro. Radicado em Nova Iorque, tem

obtido grande sucesso junto da crítica e do público devido aos

trabalhos e às obras de arte que tem produzido com recurso a

materiais abandonados pela sociedade.

Nascido numa família pobre, Vik resolveu fazer alguma coisa para

retribuir à sociedade tudo o que ganhou. Foi daí que surgiu a ideia de

transformar lixo em arte. No seu documentário “Lixo

Extraordinário”, de 2010, premiado nos importantes festivais de

Berlim e de Sundance, o artista plástico revela o seu processo

criativo, desde a seleção do lixo que vai utilizar até à exposição das

peças em museus e mostras.

O documentário revela o outro lado dos resíduos descartados

pela sociedade, através da exposição do dia-a-dia de sete catadores

de material reciclável do aterro do Jardim Gramacho, um dos

maiores aterros controlados de todo o planeta.

Auto-retrato de Vik Muniz à base de

lixo lixo

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Vik passou dois anos na maior lixeira do mundo a trabalhar com os apanhadores, transformando os

seus retratos em obras gigantescas compostas por materiais abandonados. O dinheiro arrecadado com a

venda das obras foi doado à associação de

catadores local e a vida das pessoas que

ajudaram Vik mudou para sempre.

O documentário “Lixo Extraordinário”

(Waste Land no original) foi nomeado para

um Oscar, sendo uma bela reflexão sobre

felicidade, consumismo, pobreza e

solidariedade. Vik mostra os catadores como

os seres humanos que são (com sonhos,

falhas e alegrias) e devolve dignidade a

esses homens e mulheres invisíveis que

prestam um grande serviço ao país.

Obviamente que não precisamos ir tão

longe na realização de arte com o lixo. Nós

mesmos podemos reutilizar muitas coisas

com os resíduos que temos em casa. Para

além da beleza e sustentabilidade, a

reutilização de materiais pode ser de facto bastante interessante e divertida, uma vez que envolve a

criatividade na criação das peças. Garrafas PET, jornais, caixas de papelão, revistas velhas, enfim, quase

tudo que descartamos diariamente, se usado com

criatividade e com bom gosto, pode tornar-se numa

peça de decorativa ou mesmo numa obra de arte.

Os artigos eletrónicos também são bastante úteis

para a criação de peças decorativas. Após a remoção e a

correta separação dos componentes tóxicos (como as

baterias, por exemplo). O material plástico pode ser

utilizado na composição de muitas peças. Porta-joias,

porta-retratos, vasos, entre muitas outras coisas, podem

ser criados apenas com algumas partes desses de

aparelhos.

Aqueles que querem aventurar-se no mundo

artístico de forma sustentável, devem preocupar-se em

selecionar apenas materiais ecologicamente corretos

para a realização das peças, priorizando tintas e

solventes à base de água, por exemplo, livrando-se

corretamente de todos os materiais, componentes ou

partes de objetos que não forem utilizados na criação

das peças, de acordo com as boas práticas da

separação de resíduos.

In Gluck Project (2014). vik muniz: o homem que transformou lixo e a vida dos catadores em arte [Consultado em 2015-04-20 21:25:00] Disponível na Internet em: http://www.gluckproject.com.br/o-homem-que-transformou-lixo-e-a-vida-dos-catadores-em-arte/, adaptado e In Arte com lixo: uma bela atitude sustentável (2008) [Consultado em 2015-04-20 21:20:00] Disponível na Internet em : http://www.fragmaq.com.br/blog/arte-com-lixo-uma-bela-atitude-sustentavel/, adaptado

Uma das obras de Vik Muniz feita à base de lixo

Disponível na Internet: http://www.gluckproject.com.br/o-homem-que-

transformou-lixo-e-a-vida-dos-catadores-em-arte/

Uma das obras de Vik Muniz realizada com recurso a lixo

Disponível na Internet: http://www.gluckproject.com.br/o-homem-que-

transformou-lixo-e-a-vida-dos-catadores-em-arte/

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ARTE SUSTENTÁVEL: 10 ARTISTAS INCRÍVEIS QUE TRANSFORMAM LIXO COMUM EM ARTE

Muitos artistas conseguem transformar lixo de todo o tipo – colheres velas, cabides usados,

pedaços de madeira encontrados na rua – em arte maravilhosa. Conheça dez exemplos de artistas que

fazem arte sustentável.

Para do brasileiro Vik Muniz, existem muitos outros artistas pelo mundo fora que fazem excelente uso

do lixo, transformando objetos fora de uso em obras de arte expressivas. O mais interessante é que a

maioria apropria-se da condição de lixo desses materiais, seja como memória do que foram um dia, ou

pelo facto de terem sido abandonados, e, portanto, libertados da sua condição anterior.

Sayatka kajita – A artista japonesa Sayaka Kajita cria figuras

dinâmicas e cheias de poesia usando peças de plástico

descartáveis, como colheres e copos. O mais impressionante é a

sensação de movimento que emana das suas esculturas, assim

como a natureza das formas que se situam no limiar entre o

orgânico e o artificial.

Ann P. Smith – A americana Ann P. Smith dedica-se a fazer

esculturas de peças de eletrodomésticos e equipamentos

eletrónicas abandonadas. Ela desmonta cada uma das máquinas e

reutiliza-as para criar as suas esculturas-robôs, em forma de

animais. Além de criar as peças, Ann ainda grava pequenos clipes

de stop-motion com robôs, numa alusão ao ciclo natural de todos

os materiais da terra.

Haroshi – O artista japonês Haroshi empilha antigos skates para criar

esculturas tridimensionais, nas quais é possível notar as camadas

coloridas, a que dá ênfase. Às vezes, altera a forma de empilhar as

pranchas, criando novos padrões coloridos.

Jaime Prades – Nas suas obras o artista brasileiro Jaime

Prades usa pedaços de madeira recolhidos das ruas, deles

fazendo árvores que evocam a memória e o nascimento. A

árvore que foi transformada em móvel, que se tornou lixo,

que voltou a ser árvore...

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Wim Delvoye – O belga Wim Delvoy trabalha uma ideia pouco usual:

esculpir pneus, criando belas figuras inesperadas. Ele esculpe à mão

delicados padrões florais, tornando um objeto descartado num objeto

decorativo. Wim trabalha com outros objetos reutilizados como botijas

de gás, que acabam parecendo porcelana pintada.

Jane Perkins – A britânica Jane Perkins usa todo o tipo de quinquilharia (de

pedaços de bijuteria quebrada, botões, brinquedos de plástico, grampos

de cabelo velho) para criar retratos de pessoas famosas. Ela usa esses

pequenos objetos como reminiscências: as pessoas como retratos, são

feitos de fragmentos de memórias.

Paul Villinski – Paul Villinsky, de Nova Iorque, usa materiais

descartados para criar figuras que evocam a liberdade. Com

pares de luvas usadas, cria belas asas, e com o que sobra das

latas de cerveja, faz borboletas. Segundo ele, a transformação

do lixo em arte é uma forma própria de meditação.

David Mach – David Mach usa materiais inusitados nas suas gigantescas esculturas

(cabides velhos, fósforos ou qualquer outro material usado) que as outras pessoas

poderiam considerar lixo.

Erika Iris Simmons – A norte-americana Erika Iris Simmons

utiliza fitas de cassete, símbolo do obsoleto, para construir

uma interessante metáfora de como elas ajudaram a

imortalizar o espírito dos ícones da música.

Robert Bradford – O artista Robert Bradford usa pequenos

brinquedos velhos ou estragados do filho para criar obras,

explicando que o que mais gosta no trabalho que faz é notar

que cada pequena parte que constituiu o todo tem uma

história, um passado.

In Arte sustentável: 10 artistas incríveis que transformam lixo comum em arte (sd), in Fala Cultura. [Consultado em 2015-03-23 15:10:00] Disponível na Internet em: http://falacultura.com/10-arte-lixo/, adaptado

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A REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS COMO UMA PRÁTICA CRIATIVA

O que pode ser feito, por exemplo, com um velho regador ou com uma cadeira de madeira que se

partiu? As casas e as gavetas dos nossos avós enchiam-se de objetos que já não estavam em condições

de serem usados nas funções para que haviam sido criados, mas, na hora certa, eles sabiam que destinos

lhes dar, faziam aquilo a que nós hoje chamamos

reutilização.

Faziam isso porque viviam em tempos difíceis.

Não era fácil criar coisas novas e, por isso, cada

objeto era tratado com cuidado e moderação, de

modo a durar o mais tempo possível. Quando

deixava de ser usado na sua primeira função, havia

sempre um novo destino para lhes dar.

Hoje estamos dar novos usos às coisas, a

reutilizá-las por razões exatamente opostas às dos

nossos avós: temos uma grande oferta de novos objetos,

de uso singular e de baixo custo, que se não as

reutilizarmos, acabaremos por ficar rodeados de lixo.

A situação de emergência em que nos encontramos,

coloca-nos perante a necessidade de mudança radical

de perspetiva. É aqui que entra o eco-design, assente

em princípios de sustentabilidade, que olha para os

resíduos como recurso e não apenas como um

problema. O eco-design procura pensar a nossa relação com as coisas, dando nova vida aos objetos

quando eles deixam a sua utilização "oficial”.

In DIDATTICARTEBLOG-ensinar e aprender arte e criatividade (30 de junho, 2013) [Consultado em 2015-04-23

23:12:00] Disponível na Internet em: http://www.didatticarte.it/Blog/?p=693&lang=pt, adaptado

ECOD BÁSICO: ECODESIGN E DESIGN SUSTENTÁVEL

A vertente preza pelo design aliado à sustentabilidade/Foto: Luce Beaulieu

Uma nova filosofia de responsabilidade socioambiental está a mudar o conceito de design em todo o

mundo. Os profissionais e estudiosos mais atentos já

estão a aderir ao eco-design e ao design

sustentável para acelerar a mudança nos processos de

produção e consumo e ajudar a criar alternativas

sustentáveis para o desenvolvimento.

Diferente do design convencional, que procura

agregar valor a um produto apenas para alavancar o

seu potencial económico, o ecodesign e o design

sustentável procuram projetar soluções para o

consumidor sem abrir mão do respeito pelo meio ambiente e pela sociedade. Para isso, são utilizadas

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técnicas específicas, tecnologias limpas, materiais apropriados e estimuladas atitudes social e

ecologicamente corretas.

Para entendermos melhor como isso funciona, é preciso diferenciar ecodesign de design sustentável. O

primeiro termo começou a ser discutido na década de

80, com o aparecimento das primeiras discussões sobre

desenvolvimento sustentável. O seu objetivo era

preservar ao máximo o meio ambiente por meio de

técnicas de design e assegurar que as gerações futuras

tenham direito a usufruir dos recursos naturais, como

nós o fazemos hoje.

O design sustentável vai um pouco além. Engloba as

vertentes ambiental, social e económica ligadas ao

desenvolvimento e à utilização de um produto. Para

isso, durante o processo de planeamento e

desenvolvimento do material, o profissional do design

sustentável estuda todo ciclo de vida do produto em

causa, desde a matéria-prima utilizada até ao seu

abandono, e fica atento a uma série de fatores que podem influenciar a forma como aquele produto irá

ter impacte no ambiente.

O conceito de design sustentável pode ser aplicado de diversas formas, como:

Por meio da recuperação de material. Os materiais utilizados devem estar o mais próximos

possível de seu estado natural para que sejam facilmente recuperados. Materiais compostos são de

difícil recuperação e reciclagem, pois muitas vezes não é possível a segregação dos componentes

originais.

Desenvolvendo projetos “simples”. Os produtos desenvolvido de formas simples – sem descuidar

do fator estético – geralmente têm custo de produção menor, pois utilizam menos materiais e

permitem maior facilidade de montagem e desmontagem.

Reduzindo as matérias-primas na fonte. Esta atitude visa reduzir o consumo de materiais ao longo

do ciclo de vida do produto, o que reduz também a quantidade de resíduos gerados no final do

ciclo de vida.

Recuperando e reutilizando os resíduos. É um engano pensar que resíduos só são gerados na

altura de nos livramos dos objetos. Essa é apenas uma fração de tudo o que é deitado fora durante

todo o processo, o que inclui o fabrico e o uso de um produto. Por isso, é importante adotar

tecnologias que recuperem os resíduos, aproveitando ao máximo a matéria-prima e obtendo

ganhos económicos e ambientais.

Utilizando formas de energia renováveis. Esse é um dos pressupostos do desenvolvimento

sustentável, porém é preciso ficar atento ao ciclo de vida dos equipamentos que utilizam energias

renováveis para se determinar a viabilidade, tanto ambiental quanto económica, desses

equipamentos. Pode ocorrer que para o fabrico de um coletor solar, por exemplo, seja consumida

uma grande quantidade de recursos não renováveis e seja gerada uma grande quantidade de

resíduos perigosos.

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Utilizando materiais eco-friendly. Os designers sustentáveis, sempre que possível, optam por

utilizar matérias-primas renováveis substituindo as não-renováveis. São materiais como o bambu,

as tintas de origem vegetal (substituindo as químicas), as madeiras de reflorestamento, os plásticos

reciclados, etc..

Optando por produtos com maior durabilidade. A extensão da vida útil de um produto contribui

significativamente para a ecoeficiência, já que um produto durável evita a necessidade de

fabricação de um substituto.

Recuperando as embalagens. A aplicação desta prática prevê que as embalagens possam ser

reaproveitadas, seja na reutilização ou na reciclagem. Para isso, é importante que os fabricantes

assumam a responsabilidade pelas suas embalagens e desenvolvam sistemas de recolha que

facilitem a reutilização ou a reciclagem.

In EcoD. N. Ecodesign e design sustentável (2015) [Consultado em 2015-04-23 00:15:00] Disponível na Internet em: http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/profissionais-unem-design-e-sustentabilidade-numa#ixzz3cmyiUDSi, adaptado

MEIO AMBIENTE E LITERATURA

“A literatura, através da sua força simbólica, revela a visão do mundo do homem em cada época. (...)

Dessa forma, o autor traz à luz, através do texto, todas as situações vividas em determinadas épocas em

vários sentidos: ético, político, social, ambiental, sentimental, religioso, psicológico, mitológico, geográfico

e histórico. A criação literária, portanto, transfigura a realidade já que nela se veem refletidos todos os

enigmas bem como todos os fenómenos ligados à vida humana. (...)

Pode-se dizer que literatura e natureza caminham juntas desde que o

homem tentou traduzir o mundo de alguma forma, como se pode ver nas

escritas rupestres. Observando a mitologia, vê-se que sempre houve uma

tentativa de explicar o universo e todos os

seus fenómenos. Assim, o meio ambiente,

que ora parece tão distante da arte literária,

na verdade, sempre a acompanhou e

alimentou servindo de inspiração os seus

criadores. (...)

A natureza sempre fez parte da

literatura, porém nem sempre foi abordada

sob uma mesma perspetiva, ou seja, a forma de concebê-la no período

medieval não tem o mesmo interesse da clássico-renascentista, assim

como o olhar romântico sobre a natureza não é o mesmo que hoje se

tem sobre o meio ambiente. (...)

Locais onde a natureza, considerada como processo em que as transformações induzidas pela ação

humana tiveram, em princípio, pouca relevância, vão sendo transformados pelo trabalho humano,

deixando marcas sociais cujas consequências dependem da profundidade e da intensidade dos processos

desencadeados. Nesse contexto, é interessante notar como a literatura, em seu sentido mais amplo,

reflete esses estágios de transformação. Romances como os Bichos, de Miguel Torga, a Cidade e as

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Serras , de Eça de Queirós, Vidas Secas, de Graciliano Ramos, Os Sertões, de Euclides da Cunha e Grande

Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, As Cidades Invisíveis, de Italo

Calvino, entre muitas outras, nos seus contextos de época, são

bons exemplos dessa realidade.

A história de um povo numa determinada região vai sendo

contada pelo trabalho literário. Funciona à semelhança de uma

trama narrada através de um enredo de conquistas, de avanços e

de retrocessos no qual as transformações ambientais vão sendo

reveladas e de certa forma reconstituídas no ambiente local dessas

transformações.

É através da estética utilizada por cada autor na sua época que a

ação, muitas vezes desmesurada do homem sobre o meio

ambiente, vai sendo revelada pela literatura regional. Por isso, é

possível dizer que os componentes “naturais” e humanos,

examinados pela lente literária, são de grande importância para

compreender o sentido que o

homem quis dar ao que ele chama de “evolução”, mas que, muitas

vezes, pode se considerar como uma involução, na medida em que não

se consegue efeitos generalizáveis em termos da melhoria da

qualidade de vida dos homens. Essa realidade é particularmente

preocupante no contexto atual da globalização, em que os processos

de transformação ambiental tendem para o uso indiscriminado dos

stocks de recursos naturais ao ponto do comprometimento da própria

qualidade de existência e de sobrevivência humana. É nesse ambiente,

portanto, que a literatura se apresenta com sua força significativa, com

a sua capacidade de descodificação da complexa relação dos homens

com o seu meio. (...)

A literatura, esteticamente, mostra o

indivíduo representado pelas relações homem-natureza, ou seja, a

literatura, esteticamente, mostra o mundo e o homem, tanto na perspetiva

ecológica quanto social. A palavra ecologia nunca teve tanta importância,

em virtude do contexto vivido hoje, pela humanidade, numa ameaça

contínua de destruição do seu habitat. O vocábulo Ecologia é um termo

criado por Ernest Haeckel, a partir da palavra grega iokos (casa), para

denominar uma disciplina da área da Biologia que teria como função

estudar as relações entre as espécies animais e seu ambiente orgânico e

inorgânico. (...) O homem é um ser que vive em constante transformação

tanto na perspetiva socioeconómica como na intelectual e espiritual. Está

sempre em conflito com a sua posição no mundo, porque ao tentar

traduzir-se, sempre se depara com os paradoxos do próprio ser e a dualidade que lhe é inerente. A

literatura, ao longo das épocas reflete isso mesmo, evidenciando quão ténue é, por vezes, a fronteira que

separa o racional do irracional, o homem do bicho e vice-versa.”

In Almeida, Maria do Socorro Pereira. Literatura e meio ambiente : Vidas Secas, de Graciliano Ramos e Bichos, de Miguel

Torga numa perspetiva ecocrítica. (2008) Campina Grande. [Consultado em 2015-04-20 21:07:00] Disponível na Internet em: http://pos-graduacao.uepb.edu.br/ppgli/download/dissertacoes/Dissertacoes2008/Maria-Socorro_Dissert.pdf, adaptado

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LITERATURA E MEIO AMBIENTE

(...) O tema da consciência ambiental, nas últimas décadas, tem recebido crescente adesão não apenas

de ambientalistas, mas também de intelectuais, políticos, escritores. A atenção dada ao tema da

degradação ambiental, funcionando como alerta implícito sobre as precárias condições de vida futura no

nosso planeta demonstra que estamos perante um dos problemas mais sérios da vida contemporânea.

(...)

Governos e organizações nacionais e supranacionais, como ONU e UNESCO, têm investido

sistematicamente em pesquisas, debates e até acordos relativos ao controle do aquecimento global, à

distribuição mais equitativa dos rendimentos nos países em desenvolvimento ou na preservação de

recursos naturais. Este é, pois, um tema nuclear para questões relativas à preservação, subsistência

e sustentabilidade dos espaços habitáveis. (...) Assim sendo, a degradação ambiental, as condições

precárias de saúde, as condições de vida futura no nosso planeta, o relacionamento e a sobrevivência do

homem na Terra e, mais recentemente, a sustentabilidade são apenas alguns dos muitos problemas que

desafiam as pesquisas e as artes contemporâneas e que, de algum

modo, têm sido objeto de abordagem pela literatura. Isso explica-se,

sobretudo, pelo facto de a literatura permitir um olhar múltiplo,

mostrando-se capaz, a partir de sua perspetiva diferencial, percecionar

a complexidade das visões necessárias para se ler a diversidade e a

mutabilidade do mundo. Ela se dota-se, nesse sentido, da potência

oracular de antecipar imaginários e transformações negativas, como

degradações, desastres, guerras, dominações, hecatombes, mudanças

climáticas relevantes, que poderiam, caso ela fosse ouvida (ou lida),

ser evitadas.

Importa obviamente salientar a propriedade positiva que possui a

literatura de prever riquezas, novas formas de alimentos,

sustentabilidade, saúde, a serem potencializadas em benefício do

homem, do meio ambiente, da vida. Grande parte dos fenómenos que

regulam ou desregulam o meio ambiente são-nos muitas vezes

impercetíveis. Isso porque não nos é dado ver ou assimilar certas ocorrências

que ao fugirem de sua ordem habitual, causam-nos mal-estar ou mesmo

inquietação. (...)

Ao longo da história da humanidade, a literatura tem-se muitas vezes

mostrado, mais do que outras formas de conhecimento, capaz de

representar o irrepresentável ou o indizível. Ou seja: dota-se da potência de

traduzir aquilo que outras linguagens não são capazes de expressar. Assim

sendo, graças às virtualidades imagéticas da criação literária, torna-se-lhe

possível dar materialidade e visibilidade àqueles elementos que, doutra

forma, seriam intraduzíveis e impercetíveis a olho nu. (...) Ao abordar

questões relativas a espaço e meio ambiente, a literatura faz a integração ou

o desajustamento entre homem e natureza. De certa forma, ao preocupar-se com problemas de

preservação e sustentabilidade de nosso planeta, ela não deixa de equacionar em que medida cada um

desses elementos se vê limitado ou potencializado pelo outro.

In Aletria Fantini Scarpelli, Marli. Revista de Estudos de Literatura (2007) Literatura e Meio Ambiente. [Consultado em 2015-04-17 22:09:00] Disponível na Internet em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/1396/1494, adaptado