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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDUC CAMPUS DE CAICÓ CLEANE ANDRADE DE MEDEIROS AS RELAÇÕES DE CONVIVÊNCIA E DE DIVERGÊNCIAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CAICÓ/RN 2015

AS RELAÇÕES DE CONVIVÊNCIA E DE DIVERGÊNCIAS NA … · perfil do aluno da EJA no que concerne a idade e posição social, analisando a ... Proclamação da República, época

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDUC

CAMPUS DE CAICÓ

CLEANE ANDRADE DE MEDEIROS

AS RELAÇÕES DE CONVIVÊNCIA E DE DIVERGÊNCIAS NA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

CAICÓ/RN 2015

CLEANE ANDRADE DE MEDEIROS

AS RELAÇÕES DE CONVIVÊNCIA E DE DIVERGÊNCIAS NA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Monografia apresentada ao Departamento de Educação do Centro de Ensino Superior do Seridó- CERES, Caicó-RN da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, como requisito avaliativo para obtenção do título de Licenciatura Plena em Pedagogia, sob orientação do Profº: Dr°:Fernando Bomfim Mariana.

CAICÓ/RN 2015

CLEANE ANDRADE DE MEDEIROS

AS RELAÇÕES DE CONVIVÊNCIA E DE DIVERGÊNCIAS NA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Monografia apresentada como requisito parcial à conclusão do Curso de

Pedagogia, para a Banca de Exame formada pelos seguintes professores:

___________________________________________________

Prof.° Dr° Fernando Bomfim Mariana - Orientador

___________________________________________________

Profª. Ma. Célia Fonseca de Lima CERES/DEDUC/UFRN - examinadora

___________________________________________________

Prof.ª. Esp. Adriana Maria Cardoso - examinadora

CAICÓ/RN

2015

Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Medeiros, Cleane Andrade de.

As relações de convivência e de divergências na educação de

jovens e adultos / Cleane Andrade de Medeiros. - Caicó, 2016.

52f: il.

Orientador : Fernando Bomfim Mariana Dr.

Monografia (Licenciatura Plena em Pedagogia) Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do

Seridó - Campus Caicó.

1. EJA. 2. Relações. 3. Formação de professores. I.

Mariana, Fernando Bomfim. II. Título.

RN/UF/BS-CAICÓ CDU 37

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a Deus por mais essa etapa que chega ao fim,

por ter me dado força e coragem para seguir em frente, mesmo diante de

tantos obstáculos.

Agradecer a minha família (meus pais, irmãs e sobrinhos), aos meus colegas

de curso e dentre eles quero destacar a minha amiga Roseanne que esteve do

início ao fim do meu lado, me ajudou consideravelmente durante essa

caminhada. Não posso também deixar de destacar Welma, uma pessoa que se

tornou imprescindível na minha vida como também Luzânia e Marili. Destaco

também Marly, minha amiga desde a infância que também me ajudou

consideravelmente e, em nenhum momento me negou ajuda e apoio.

Meu muito obrigada ao meu colega de Curso Daniel Medeiros, que desde o

período do projeto monográfico me auxilia em todos os momentos que recorro

ao mesmo, por toda a ajuda que me foi dada durante este trabalho de

conclusão de curso.

Minhas companheiras de moradia, Rosângela, Mikarla, Janaína e Elaine que

estavam a todo tempo torcendo por mim, me apoiando sempre, meu muito

obrigada.

Agradecer ao meu orientador Drº Fernando Bomfim que teve toda a paciência

do mundo comigo durante essa jornada.

Agradecer a toda a equipe da escola que me receberam super bem e só assim

foi possível realizar uma boa pesquisa, desde a direção a professora da sala

que realizei a pesquisa e principalmente aos alunos que colaboraram para a

realização da pesquisa monográfica.

Enfim, quero agradecer a todos que direto ou indiretamente me ajudaram

nessa caminhada, cada gesto de carinho e cuidado para comigo o meu muito

obrigada por tudo e assim se fecha mais uma etapa da minha vida acadêmica,

não esquecendo jamais que isso é só o começo, afinal o caminho da vitória é

longo.

Não há saber mais ou menos: Há saberes diferentes.

Paulo Freire

RESUMO

O trabalho monográfico intitulado: AS RELAÇÕES DE CONVIVÊNCIA E DE DIVERGÊNCIAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS investiga a relação entre aluno/aluno, professor/aluno em sala de aula da EJA na Escola Municipal Irmã Vieira Assunta no município de Caicó-RN. Tendo em vista que a diversidade da faixa etária existente numa mesma sala pode ocasionar divergências e conflitos entre ambos, faz pertinente realizar um estudo com mais afinco e preciso dessas relações. Diante disso, foi utilizado o embasamento teórico de vários autores, dentre eles Paulo Freire 2008, Imbérnon 2010, Perrenoud 1993, BRASIL/71. Através das pesquisas concretizadas ficou esclarecido que as relações entre aluno/professor, aluno/aluno mesmo diante das diferenças encontradas, ocorre de forma pacífica e harmoniosa, pois os jovens, adultos e os idosos mantêm uma relação de respeito mútuo entre ambos. De fato o principal motivo de desgaste presente em sala de aula é o cansaço físico devido a jornada diária de trabalho. A diferença de idade não implica como fator determinante de desistência de aluno dos estudos, pelo contrário os jovens estão sempre incentivando os mais velhos. Palavras-Chave: EJA; Relações; Formação de professores.

Sumário

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10

2 PERCURSO HISTÓRICO: PRINCIPAIS MOMENTOS DA EJA NO DECORRER DO

TEMPO....................................................................................................................................... 12

3 A RELEVÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA A EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS ............................................................................................................ 22

4 RELATANDO A PESQUISA ............................................................................................... 31

4.1 CONHECENDO O CAMPO DE PESQUISA ........................................................ 32

4.2 CONHECENDO A TURMA .......................................................................................... 33

4.3 METODOLOGIA ............................................................................................................ 34

4.4 ANÁLISE DA ENTREVISTA COM A PROFESSORA - RELAÇÃO PROFESSOR

/ALUNO, ALUNO/ALUNO. .................................................................................................. 34

4.5 QUESTIONÁRIO COM OS ALUNOS- RESULTADOS OBTIDOS ........................ 37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 41

6 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 43

APÊNDICES ............................................................................................................................. 46

10

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico intitulado “As relações de convivência e

de divergências na educação de jovens e adultos” traz em seu bojo

discussões acerca da realidade educacional da educação de jovens e adultos

(EJA), tendo em vista analisar de forma crítica como atualmente encontra-se o

público da EJA, mostrando as relações de convivência entre aluno/professor,

aluno/aluno. Como também investigar por meio de pesquisa as causas que

levaram esses alunos ao afastamento das escolas no ensino regular, só

retornando agora na modalidade de ensino EJA, de modo que possa fazer uma

leitura clara do público presente em sala de aula.

A pesquisa também terá como foco o professor, objetivando sondar com o

professor a questão da formação continuada, se este participa ou se já

participou de algum programa de formação continuada destinada a essa

modalidade de ensino (EJA), bem como a forma que foi ofertada estas

formações para os profissionais docentes, destacando as possíveis

contribuições mediante sua prática pedagógica.

Nesse contexto, foi realizado um trabalho inicial de sondagem, onde

pudemos conhecer a realidade educacional da EJA da Escola Municipal Irmã

Vieira Assunta, localizada no município de Caicó-RN, onde pode-se traçar o

perfil do aluno da EJA no que concerne a idade e posição social, analisando a

relação do aluno/professor, aluno/aluno, na questão da heterogeneidade em

relação a faixa etária e como se dá as relações de convivência entre ambos,

bem como investigar as causas do afastamento da escola no ensino regular e

identificar em que aspectos os programas de formação continuada contribuem

para a prática pedagógica do professor no ensino da EJA.

Partindo desse pressuposto, surgem os respectivos questionamentos

que norteiam a pesquisa em questão: como trabalhar com uma sala de aula tão

mista? Quais os pontos positivos e negativos da heterogeneidade de faixa

etária? O professor está preparado para lidar com situações de conflitos

decorrentes das décadas de diferença que existe entre um aluno e outro?

A posteriori foi feito a coleta de dados da pesquisa, onde pode-se

verificar uma participação satisfatória, pois, boa parte dos alunos participaram,

contribuindo significativamente para com a mesma. Através das pesquisas

11

concretizadas pode-se comprovar resultados satisfatórios, haja vista que as

relações entre aluno/professor, aluno/aluno mesmo diante as diferenças

encontradas ocorrem de forma harmoniosa, pois os jovens, os adultos e os

idosos mantêm uma relação de respeito mútuo entre ambos. De fato, o

principal motivo de desgaste presente em sala de aula é o cansaço físico

devido a jornada diária de trabalho.

A diferença de idade não implica fator determinante de desistência de

aluno dos estudos, pelo contrário, os jovens estão sempre incentivando os

mais velhos, mantendo estas relações de profundo respeito e autoajuda em

meio ao processo educativo, o que favorece significativamente o processo de

ensino-aprendizagem na escola. Desse modo, é preciso compreender o aluno

no todo, respeitando sempre sua realidade, especificidades, limitações,

angústias, dentre outros aspectos que permeiam o universo da EJA.

O trabalho aqui proposto encontra-se estruturado em três capítulos: No

primeiro capítulo, trazemos uma breve fundamentação teórica do histórico da

EJA ao longo dos anos, onde, amparado no referencial teórico de alguns

autores, destaca todas as batalhas que a EJA vem enfrentando durante muitos

anos, todas as tentativas e lutas por programas de eficácia que pudessem ser

firmes e duradouros com resultados positivos.

O segundo capítulo deste trabalho trata da questão da formação

continuada destinada a professores da EJA, como também as relações de

convivência entre os alunos perante a diversidade da faixa etária, como se dá

essa relação entre aluno/aluno, aluno/professor. Tendo o embasamento de

alguns autores que discutem essa temática.

O terceiro capítulo traz os dados da pesquisa e resultados obtidos por

meio da mesma, onde é feito uma análise de tudo que foi pesquisado e

estudado durante a elaboração deste trabalho monográfico.

12

2 PERCURSO HISTÓRICO: PRINCIPAIS MOMENTOS DA EJA NO

DECORRER DO TEMPO

A trajetória da educação de jovens e adultos no Brasil não é recente, ela

pode ser percebida no período do Brasil Colônia, que teve início em 1500 e

teve duração até 1822, nessa época quando era feita referência a educação

para os adultos era voltado principalmente para a parte religiosa, do que de

fato a um sistema de ensino educacional. Nessa época, pode-se constatar uma

fragilidade da educação, por não ser esta responsável pela produtividade, o

que acabava por acarretar descaso por parte dos dirigentes do país (CUNHA,

1999).

A caracterização geral do período colonial é monocultor, agro-exportador

e escravista, ou seja, durante o Brasil Colônia tudo é exportado. Até 1530 é

conhecido como o período pré-colonial, pois Portugal ainda não tinha

colonizado o Brasil. Nessa primeira fase ocorreu a exploração do Pau-Brasil,

único meio de economia encontrado pelos Portugueses e essa busca pelo Pau-

Brasil é realizada pelos indígenas que são explorados por meio da mão de obra

que era livre.

No final do século XVII e início do século XVIII a mineração vai ser a

atividade econômica mais importante do Brasil Colônia que continua rentável

durante todo o século XVIII, durante a mineração em busca do ouro surge

vários movimentos dos brasileiros tentando impedir essa mineração, porém

todas fracassaram, dentre as que tiveram mais destaque, pode-se destacar a

Inconfidência Mineira, que mesmo não obtendo êxito, houve uma grande

repercussão no cenário brasileiro

A educação ou tentativa da mesma só tem início em 1549 com a

chegada dos Jesuítas no Brasil e quando se falava em educação, fazia-se

referência a uma população adulta que precisava ser catequizada para as

causas da Santa Fé, que tinha como propósito a catequização dos adultos,

mas consequentemente as crianças indígenas também fizeram parte desse

processo. Paiva (1973, p.165, apud Gil), ressalta que:

A educação dos adultos indígenas tornou-se irrelevante,o domínio das técnicas, da leitura e escrita não se fizeram necessárias para os membros da sociedade colonial, já que esta se baseava principalmente na exportação da matéria

13

prima, assim não havia preocupação em expandir a

educação a todos os setores sociais. Paiva (1973, p.165, apud Gil

Esse modelo de educação durou até a expulsão dos jesuítas que

ocorreu em 1822. Durante alguns anos o ensino é deixado de lado, novas

iniciativas sobre o ensino só surgem no Brasil Imperial, que teve início com a

independência do Brasil em 1822 e teve o seu término em 1889 com a

Proclamação da República, época marcada pelos monarcas no poder.

Nesse mesmo período é aprovada a Constituição Imperial de 1824, a

primeira Constituição brasileira garantia para todos os cidadãos a instrução

primária e gratuita, que reservava a todos os cidadãos a instrução primária

gratuita, e mesmo com a aprovação da constituição quem de fato vai ter

acesso a educação são as pessoas que fazem parte da elite, o pobre continua

sendo visto de forma marginalizada pela sociedade, por não saberem nem ler e

escrever, porém não passou de intenção legal.

No Brasil Império, o ato adicional de 1834 reservou ao governo imperial

os direitos sobre a educação das elites econômicas, os poucos que possuíam

cidadania, excluindo negros, indígenas e a maioria das mulheres. As

preocupações liberais expressas na legislação desse período acabaram por

não se consubstanciar. Segundo Holanda:

Pode-se afirmar que a educação imperial tinha caráter: classista, por ser destinada às elites; racista por não ser destinada aos negros, mesmo aos livres; de gênero, ao ser direcionada à formação dos homens já que a mulher ainda não tinha conquistado seu espaço no campo político e econômico; dual ao reforçar a hegemonia do bloco no poder que detinha o controle do aparelho estatal. (HOLANDA, 2001, pág. 87)

De acordo com a Constituição de 1934, pela primeira vez a EJA recebia

tratamento reservado, destinado a mesma. A nova Constituição propôs um

Plano Nacional de Educação. Houve a Criação do INEP, o Fundo Nacional de

Ensino Primário e regulamentação do fundo em 25% dos recursos destinados a

adolescentes e adultos.

No Brasil a campanha para a educação de jovens e adultos só ganha

destaque no cenário político educacional em 1940 mesmo já tendo sido

mencionada na Constituição de 1934, assim como ressalta Piletti:

14

A gratuidade já figurou na Constituição de 1824. A Constituição de 1891 nada disse a respeito, deixando ao Estado a responsabilidade, como encarregado do ensino primário. Gratuidade e obrigatoriedade aprecem juntas pela primeira vez na Constituição de 1934, que em seu artigo 150 institui o “ensino primário integral gratuito e a freqüência obrigatória, extensiva aos adultos”. A partir daí o princípio da gratuidade e da obrigatoriedade jamais deixou de estar presente em nossa Constituição. (PILETTI, 1997, p. 190)

Mesmo com a Constituição em vigor, somente ao final da década de

1940 que a educação de adultos veio se firmar como um problema de política

nacional, tendo em vista que era preciso pensar numa política de educação de

base ao mesmo tempo em que se buscava o progresso social e econômico do

país. Economicamente falando, a EJA surgiu como uma alternativa à

qualificação de mão-de-obra para atender as demandas do processo de

industrialização. Já do ponto de vista político, era importante para as elites que

os analfabetos soubessem ler e escrever para obterem o direito ao voto.

A partir do final da Segunda Guerra Mundial (1946) a educação de

jovens e adultos passou a ter maior destaque e abrangência no cenário global,

pois o analfabetismo aparece com altos índices. Entre os organismos

internacionais, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação,

Ciência e Cultura) teve um papel fundamental na construção de propostas para

a EJA, pois a mesma tinha uma proposta de alfabetização para os analfabetos

adultos, que foram bem vistas no Brasil já que ia ao encontro ao interesse das

elites.

A criação da UNESCO em 1945 trouxe implicações para a EJA, como a

Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo. Só por questões de

comparação, internacionalmente falando, em 1949 houve a primeira

CONFINTEA (Conferencia Internacional de Educação de Adultos) que, entre

outras recomendações, indicou que a EJA fosse uma educação aberta e sem

pré-requisitos.

PEREZ; NASCIMENTO; PARENTE 2002 pág. 166 destacam que de

acordo com as recomendações internacionais da CONFITEA (Conferência

Internacional de Educação de Adultos), a educação de jovens e adultos deve

ter como princípios:

15

Sua inserção num modelo educacional inovador e de qualidade, orientado para a formação de cidadãos democráticos, sujeitos de sua ação, valendo-se de educadores que tenham formação permanente como respaldo da qualidade de sua atuação

Currículo variado, que respeite a diversidade de etnias, de manifestações regionais e da cultura popular, cujo reconhecimento seja concebido como uma construção social fundada na interação entre a teoria e a prática e o processo de ensino e aprendizagem como uma relação de ampliação de saberes.

A educação de jovens e adultos deve abordar conteúdos básicos, disponibilizando os bens socioculturais acumulados pela humanidade.

As modernas tecnologias de comunicação existentes devem ser colocadas à disposição da melhoria da atuação dos educadores.

A articulação da educação de jovens e adultos à formação profissional, no atual estágio de desenvolvimento da globalização da economia marcada por paradigma de organização do trabalho, não pode ser vista de forma instrumental, mas exige um modelo educacional voltado para a formação do cidadão e do ser humano em todas as suas dimensões.

Em 1947, no governo do então Presidente Eurico Gaspar Dutra,

iniciaram-se as inúmeras tentativas governamentais para a erradicação do

analfabetismo, compreendida como educação de jovens e adultos, a

Campanha Nacional de Educação de Adultos no governo de Eurico Gaspar

lança a campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), que não

obteve êxito.

No Brasil, o período compreendido entre 1959 a 1964 denominou-se

período de luzes. De acordo com Freire (2006) o governo de Juscelino

Kubitschek de Oliveira, também conhecido como JK, mostrava-se politicamente

preocupado com a miséria do povo, que incluíam as questões educacionais.

Paulo Freire propôs que só se faria um trabalho para a democracia se o

processo de alfabetização dos adultos não fosse sobre ou para, mas com o

homem. Assim como JK, Jânio impôs uma política desenvolvimentista com um

método político de ação que consistia no contato corpo a corpo com a massa

de eleitores. Ele renunciou no mesmo ano. Assume a presidência do Brasil

João Goulart que desenvolveu uma política populista que desagradou setores

importantes da elite brasileira. Sucessivamente surgiram outros governos e

16

outras campanhas que não surtiram efeito a longo prazo, dentre elas destaca-

se: Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (1958, governo

Juscelino Kubitschek); movimento de educação de base ( Confederação

Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB); Movimento Brasileiro de Alfabetização (

MOBRAL- GOVERNO MILITARES); Fundação Nacional de Educação de

Jovens e Adultos-EDUCAR(1985, GOVERNO José Sarney); Declaração

Mundial de Educação para Todos (1993, assinada pelo Brasil em Jomtien,

Tailândia); Plano Nacional de Educação para Todos( 1993, Governo Itamar

Franco); Programa Alfabetização Solidária (1997, Governo Fernando Henrique

Cardoso).

Nenhum desses programas se efetivou, não passaram de tentativas

frustradas de cada governo que criaram programas, mas nenhum engajava

verdadeiramente e apenas se reinventavam a cada governo.

Das experiências no Brasil a que merece maior destaque é o Programa

Nacional de Alfabetização, que foi inspirado no método Paulo Freire, onde o

indivíduo era criador e ator de sua própria história, era totalmente contrária a

educação bancária, onde o conhecimento é depositado de forma mecânica.

Paiva (1973, p. 251 – 304), ao fazer uma caracterização do método Paulo

Freire, que segundo ele, passa a ser sistematizado, realmente a partir de 1962,

“diz que ele não era uma simples técnica neutra, mas todo um sistema

coerente no qual a teoria informava a técnica pedagógica e seus meios”.

O método de Paulo Freire de alfabetização teve destaque em todo o

cenário brasileiro de educação, foi a partir de Paulo Freire que o aluno da EJA

passou a ser visto como sujeito marginalizado pela sociedade e não um

marginal, ou seja passa de um sujeito que antes não era bem visto, para um

sujeito que é vítima da desigualdade presente numa sociedade, que não tem

os seus direitos assegurados e efetivados pelo simples fato de não saber ler.

As campanhas e programas inspirados no método de Paulo Freire

lograram êxito, pois as mesmas tinham o aluno como sujeito principal, as

experiências de cada um eram ouvidas, o ensino funcionava a partir da

realidade de cada um, através de uma educação libertadora e não uma

educação bancária, onde os conteúdos eram depositados nos alunos. Freire

1983, definia a sua prática na dialética educador-educando:

17

(...) a educação libertadora, problematizadora, já não pode ser

o ato de depositar, ou de narrar, ou de transferir, ou de transmitir “conhecimentos” e valores aos educandos, meros pacientes, à maneira da educação “bancária”, mas um ato cognoscente. Como situação cognosciológica, em que o objeto cognoscível, em lugar de ser o término do ato cognoscente, educador, de um lado, educando, de outro, a educação problematizadora, coloca, desde cedo a exigência da superação da condição educador-educando. Sem ela, não é possível a relação dialógica, indispensável a cognoscibilidade dos sujeitos cognoscentes, em torno do mesmo objeto cognoscente. (FREIRE, 1983, p. 78)

Com o golpe militar de 1964 os movimentos de educação e cultura

populares foram reprimidos, seus dirigentes perseguidos e seus ideais

censurados, as experiências de educação popular sofrem sérias

consequências, pois nessa época era proibido pensar, falar e agir. Nesse

período, Paulo Freire é exilado do Brasil, acusado de subversivo.

O período militar foi caracterizado pela repressão do Estado autoritário,

que tentou acabar com as práticas educativas que auxiliavam na explicitação

dos interesses populares. As respostas vieram com a fundação do Movimento

Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL e, posteriormente, com a implantação

do ensino supletivo, em 1971, quando da promulgação da Lei Federal 5.692.

O MOBRAL foi implantado com paralelismo em relação aos demais

programas de educação, a organização operacional descentralizada e a

centralização de direção do processo educativo. Para Paulo Freire, o MOBRAL

nasceu para negar o seu método e silenciar seu discurso. As principais

características do MOBRAL eram as seguintes: paralelismo aos demais

programas; organização operacional descentralizada através de Comissões

Municipais; centralização da direção no processo educativo através da

gerência pedagógica. Com o método do MOBRAL, o aluno só tinha que

aprender a ler e escrever de forma totalmente mecânica, nessa época ocorreu

o que chamamos hoje de analfabetismo funcional, pois o aluno aprendia a ler,

mas não conseguia interpretar. Anos depois, os alunos que foram alfabetizados

com o método MOBRAL desaprenderam a ler.

Uma parcela significativa do projeto educacional do regime militar foi

consolidada juridicamente na LDB 5.692 de 11 de agosto de 1971, a

regulamentação do Ensino Supletivo. O ensino supletivo foi apresentado a

18

sociedade como um projeto de escola do futuro e elemento de um sistema

educacional compatível com a modernização socioeconômica observada no

País nos anos 70. Não se tratava de uma escola voltada aos interesses de uma

determinada classe, como os movimentos de cultura popular, mas de uma

escola que não se distinguia por sua clientela, pois a todos devia atender em

uma dinâmica de permanente atualização.

O ensino supletivo tinha como objetivo construir uma nova concepção de

escola, em uma linha de escolarização não formal. Com a LDB 9394/96, a

nomenclatura Ensino Supletivo passa para EJA. Com o Parecer CEB/CNE

11/2000 que baseou a Resolução do CNE de Diretrizes Curriculares para a

EJA, são enfatizadas as mudanças da nomenclatura de ensino supletivo, o

direito público subjetivo dos cidadãos à educação, as funções: reparadora;

equalizadora e qualificadora, assim como distingue a EJA da aceleração de

estudos, concebem a necessidade de contextualização do currículo e dos

procedimentos pedagógicos e aconselha a formação específica dos

educadores.

Em 1988 ocorre a Promulgação da Constituição Federal de 1988 e seus

desdobramentos nas constituições dos estados e nas leis orgânicas dos

municípios, instrumentos jurídicos nos quais se materializou o reconhecimento

social dos direitos das pessoas jovens e adultas a educação fundamental, com

a consequente responsabilização do Estado por sua oferta pública, gratuita e

universal. Ainda em 1985 o MOBRAL é substituído pela fundação EDUCAR.

De acordo com Furlanetti (2001), durante a sua curta vigência, quatro

anos, a Fundação EDUCAR teve o mérito de subsidiar experiências inovadoras

de educação básica de jovens e adultos, conduzida por prefeituras municipais

e instituições da sociedade civil, que tinham como princípios filosóficos os

postulados freirianos. Em 1990 no início do governo de Fernando Henrique

Cardoso a fundação EDUCAR é extinta e é criado o Programa Nacional de

Alfabetização e Cidadania que não obteve bons resultados, em seguida foi

criado o Plano Decenal.

Após 1985, o ideário de Educação Popular é retomado e ganha

visibilidade em ambientes universitários. O Governo Collor representou a

transferência direta da responsabilidade pública dos programas de

alfabetização da União para os municípios. Durante o governo FHC, foi

19

promulgada a LDB/96 pelo qual a seção dedicada a jovens e adultos, trouxe

muitos avanços para o público da EJA: direito ao voto das pessoas não

alfabetizadas; a garantia do acesso ao ensino fundamental público e gratuito

como direito público subjetivo; o desafio da superação do analfabetismo e o

financiamento da educação. Esse direito foi reafirmado com a Lei de Diretrizes

e Bases – Lei 9394/96 que, em seu capítulo II do Título V, trata da educação

básica, dedica a Seção V à educação de jovens e adultos, caracterizada como

modalidade de ensino diferenciada e flexível, destinada a avaliar e certificar

conhecimentos adquiridos por meios extra-escolares ou prover escolaridade

não realizada na ―idade própria.

O perfil do educador da EJA, tal como a modalidade em si, encontra-se

ainda em construção, não existia um profissional preparado para se trabalhar

com os alunos da EJA, na maioria das vezes quem lecionava era uma pessoa

que tinha concluído o ensino médio normal, sem nenhuma especialidade em si.

O currículo deve envolver assuntos que surjam da curiosidade dos alunos,

temas práticos do cotidiano, que partam da realidade dos educandos,

considerando sua carga de experiências trazidas para a sala de aula.

Para Delors (1998), não é possível e nem adequada uma educação

puramente quantitativa. Torna-se necessário conceituar os quatro pilares da

educação, propostos por Delors – princípios da educação para o séc. XXI –

Aprender a aprender (despertar a sede de conhecimento), aprender a fazer

(aplicar, na prática, seus conhecimentos teóricos), Aprender a viver com os

outros (o conhecimento real e profundo da diversidade humana) e aprender a

ser (formar indivíduos autônomos e intelectualmente ativos).

A educação ao longo da vida baseia-se nesses 4 pilares, pelo qual deve

tirar proveito de todas as oportunidades de aprendizagens oferecidas pela

sociedade. A educação permanente é concebida como algo que vai muito mais

além do que se pratica e objetiva aprimorar e ampliar as formações

profissionais. Por fim, a educação continuada relaciona-se com a ideia de

construção do ser; compreende a aquisição de conhecimentos e aptidões e

atitudes e valores.

O governo de Fernando Henrique Cardoso pôs de lado o Plano Decenal

e priorizou a implementação de uma reforma político-institucional da educação

pública que compreendeu diversas medidas, dentre as quais a aprovação de

20

uma emenda constitucional, quase que simultaneamente a promulgação da

nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

A nova redação dada ao artigo 60 das Disposições Transitórias da

Constituição criou em cada um dos Estados o FUNDEF- Fundo de Manutenção

e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério-

desestimulou o setor público a expandir o ensino fundamental de jovens e

adultos. Em 2006 é criado o FUNDEB, na tentativa de superar os impasses

causados pelo FUNDEF.

No governo LULA nos anos de 2003 à 2010 vários programas foram

criados, dentre os que tiveram mais sucesso podemos destacar: o

desenvolvimento do Programa Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e

Adultos (PBA) e do Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação,

Qualificação e Ação Comunitária (ProJovem); a criação da Secretaria de

Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) ligada ao

Ministério da Educação (MEC); e a implantação do Fundeb, que passa a

abarcar a EJA.

Em 2009 o Brasil sediou a Conferência Internacional de educação de

Adultos- CONFITEA VI, ocorrida em Belém. O Brasil não apenas foi o primeiro

País do Hemisfério Sul a sediar uma CONFITEA, mas também junto aos

Fóruns Estaduais de Educação de Jovens e Adultos, mobilizou milhares de

pessoas em encontros estaduais, regionais e nacionais para discutir o estado

da arte em educação de jovens e adultos no Brasil, incorporada no documento

de base apresentado a UNESCO. As orientações do marco de ação de Belém,

que incluem várias recomendações do documento brasileiro, oferecem uma

diretriz que permite ampliar o nosso referencial na busca de uma educação de

jovens e adultos mais inclusiva e equitativa.

A luta por melhorias para a educação da EJA continua, avanços foram

notados, porém os desafios são constantes e a luta não pode parar.

Compreendem-se como desafios da EJA, o fato de que um segmento da

população representado por um universo grande de cidadãos sem acesso e

permanência escolar não tem tido a devida atenção, especialmente no preparo

e formação dos professores que atuam com esses alunos, para que possam

desenvolver a capacidade de selecionar conteúdos, utilizar procedimentos e

21

criar alternativas que possibilitem uma atuação voltada de forma mais

adequada ao aluno trabalhador.

No entanto, à interferência de fatores como condições de trabalho,

orientação qualificada, disponibilidade e adequação de recursos (espaço,

tempo, materiais didáticos), mesmo que não sejam adequados para a

realização de um bom trabalho, ainda assim, acredita-se que os professores

podem ser considerados os principais agentes na viabilização das mudanças

pretendidas nessa modalidade de ensino, independente da falta de recursos na

escola.

22

3 A RELEVÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA A EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS

Não é recente que discussões acerca da Educação de Jovens e Adultos

vem ocorrendo, porém muito pouco tem sido feito e ofertado a esse público. A

educação de Jovens e Adultos ainda é vista por muitos como uma modalidade

de ensino que não precisa de investimentos. O governo não vê a mesma como

algo que seja vantajoso investir, ou seja, quem perde com isso são os alunos

que querem ser “inseridos” na sociedade por meio da transformação que a

educação possibilita, tornando-os sujeitos ativos e partícipes na sociedade na

qual está inserido.

Os profissionais que atuam nessa área também não são preparados,

falta qualificação para atuar com esse público que tem suas limitações assim

como qualquer outro, mas que precisam ser compreendidos e ouvidos pelos

professores, tendo que ser levado em conta toda a sua bagagem de vida, que

os mesmos levam consigo ao adentrar numa sala de aula. Ribeiro (1999)

destaca a importância da qualificação dos profissionais que atuam nessa área:

Considerando que a insuficiência da formação dos professores já foi suficientemente reiterada nos estudos acadêmicos, seria oportuno que esses estudos passassem a se concentrar mais na produção e na sistematização de conhecimentos que contribuam no plano teórico para constituição deste campo pedagógico e, consequentemente, para a formação de seus educadores (RIBEIRO, 1999, p. 190).

Enquanto professor da EJA precisa-se ter um olhar mais amplo para o

aluno, que consiga enxergar muito além do que os olhos podem ver,

conseguindo então compreender o aluno no seu todo, nas suas

especificidades, nas suas limitações, angústias, baixa estima e trabalhar essas

questões diariamente com os mesmos.

A EJA tem na sua prática pedagógica o objetivo de inclusão, visto que

ela atende a um público que por determinado motivo foram excluídos da ida

escolar, só tendo esse retorno já estando fora da faixa etária do ensino regular,

então como profissional dessa área o professor tem que ter o zelo, o cuidado

para reingressar esse aluno na vida escolar, tornando o mesmo sujeito da sua

própria história. O conteúdo trabalhado com o educando tem que está de

acordo com a realidade de vida que os mes estão inseridos.

23

O docente precisa quebrar a barreira invisível que o aluno da EJA cria

entre ele e o professor, que acaba muitas vezes se tornando um aluno que só

escuta e não participa da aula, pois vê no professor o detentor de

conhecimentos e ele apenas um mero ouvinte, não sendo sujeito ativo,

somente passivo na sala de aula.

Muitos dos adolescentes, jovens, adultos e idosos ingressam na EJA trazem modelos internalizados durantes suas vivências escolares ou por outras experiências. O modelo predominante é o da escola com características tradicionais, onde o educador exerce o papel de detentor do conhecimento, e o educando de receptor passivo deste conhecimento. Com base nesses modelos, muitos depositam na escola a responsabilidade pela sua aprendizagem. Há necessidades de romper com esses modelos e motivar a autonomia intelectual, afim de que se tornem sujeitos ativos do processo educacional. PARANA (2005, p. 34)

Com o decorrer do tempo o perfil do aluno da EJA vem mudando, onde

antes só encontrava pessoas mais velhas, que não tiveram oportunidades de

ingressar na vida escolar na idade certa por motivos determinantes, também

temos a presença dos jovens que por vários motivos não ingressaram também

no ensino regular. De fato essa inserção dos jovens na modalidade de ensino

EJA, tem como principal causa a diminuição da idade legal para o acesso no

Ensino Fundamental da EJA de 18 anos para 15 anos de idade e de 21 para 18

no Ensino Médio, que é proposto pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº

9394/96. Outro fator que merece destaque é a repetência escolar, com isso o

aluno jovem já não se sente a vontade para acompanhar o ensino regular, visto

que ele logo se destaca entre os demais e acaba sendo rotulado como

repetente, com baixo desempenho escolar, indisciplinados, entre outros. Vindo

assim a não se sentir mais a vontade de compartilhar o mesmo espaço com

alunos menores e consequentemente acabam que optando por concluir os

estudos na modalidade de ensino EJA, onde o mesmo vai encontrar jovens na

mesma situação. Segundo Dayrell (2003), pode-se observar que:

O que se constata é que boa parte dos professores de EJA tendem a ver o jovem aluno a partir de um conjunto de modelos e estereótipos socialmente construídos e, com esse olhar, correm o risco de analisá-los de forma negativa, o que os impede de conhecer o jovem real que ali freqüenta (DAYRELL, 2003, p. 54).

24

A ausência de qualidade do ensino em muitas escolas públicas acaba

que contribuindo para a evasão dos alunos, e terminam escolhendo o ensino

na EJA:

Além das dificuldades de acesso e permanência na escola, os jovens enfrentam a realidade de instituições públicas que se orientam predominantemente para a oferta de conteúdos curriculares formais e considerados pouco interessantes pelos jovens. Isso implica em dizer que as escolas têm se apresentado como instituições pouco abertas para a criação de espaços e situações que favoreçam experiências de sociabilidade, solidariedade, debates públicos e atividades culturais e formativas de natureza curricular ou extra-escolar. (CARRANO, 2007,p.60)

Inevitavelmente vai surgir conflitos entre os jovens e os idosos na sala

de aula da EJA, pois o idoso ao contrário do adolescente é mais concentrado,

pois o mesmo necessita está mais focado na aula, enquanto que o adolescente

é mais disperso, mas em contrapartida ele consegue realizar atividades mais

rápido que o aluno idoso, não tem a aula como algo mais sério, por isso ele

brinca mais, fala mais.

Como o professor vai lidar/trabalhar com essas diferenças presentes em

sala de aula sem nenhum suporte? Com isso, enfaticamente surge a

necessidade da formação continuada destinada para os professores ter um

norte de como trabalhar com essas mudanças, tanto por se tratar de alunos da

EJA em si, como também a heterogeneidade presente em sala de aula, de

modo que todos consigam ter um bom desempenho na vida escolar.

É justamente na heterogeneidade que ocorre os ensinamentos, os mais

jovens conseguem aprender com os mais velhos, como também os mais

velhos aprendem com os mais jovens. A cultura internalizada de cada um, com

isso ocorre o respeito de cada um saber lidar e conviver com os diferentes

valores que cada geração traz consigo, fato esse que não ocorreria se tratasse

de uma sala homogênea, assim como destaca Souza:

Homogeneizar significa destruir uma enorme riqueza cultural. Essa representada pela diversidade de formas de viver da humanidade que os seres humanos tem inventado na busca não apenas de viver, mas de existir pela convivência intra e inter grupal. Pensar nesta destruição ou, pior ainda, realiza-la, atualmente, pode se constituir na violência das violências. (SOUZA, 2001, pág. 64)

25

A pesquisa monográfica tem como foco principal traçar o perfil do

alunado presente nas turmas da EJA de determinada escola, e realizar uma

investigação acerca da formação continuada e se os professores dessa

modalidade de ensino são contemplados. Surgindo assim alguns

questionamentos: quais as principais dificuldades encontradas ao se trabalhar

com a EJA? Como trabalhar com a heterogeneidade presente na sala de aula?

Muito se fala na preparação dos docentes para um melhor desempenho

em suas atividades, mas acaba que muitas vezes acaba caindo no comodismo,

sem nunca buscar aprimoramentos que venham contribuir com a sua prática

pedagógica. Na modalidade de ensino de jovens e adultos (EJA) não poderia

ser diferente, o docente precisa ser qualificado para exercer sua profissão,

procurar meios que sejam direcionados para a turma na qual vai atuar.

O que acontece é que a graduação não prepara significativamente o

docente para trabalhar na modalidade EJA, o pouco que se realiza é de forma

rasa. Para um melhor desempenho os professores encontram suporte na

formação continuada. Di Pierro (2003) faz um alerta sobre a educação de

jovens e adultos quando fala que “os docentes que atuam com os jovens e

adultos são, em geral, os mesmos do ensino regular”. Ou eles tentam adaptar a

metodologia a este público específico, ou reproduzem com os jovens e adultos

a mesma dinâmica de ensino-aprendizagem que estabelecem com crianças e

adolescentes. Diante disso volta à questão da importância da qualificação dos

professores que atuam nessa área, pois a graduação não prepara e não dá

condições suficientes para que os recém-formados possam atuar de forma

efetiva e eficácia. Por isso a grande relevância da formação continuada

principalmente no perfil da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Quando se fala em educação ao longo dos anos, percebemos que a

formação continuada não é um termo recente, muito se tem falado sobre o

processo de formação continuada dos professores evidenciando a frequência

na qual os docentes tem procurado buscar meios para se qualificarem.

Compreendemos que muitos têm acesso, e mesmo assim não participam, em

outros casos ocorre também a falta de informação. Constata-se que não existe

um trabalho de divulgação desses cursos de formação continuada, não é

incumbido a ninguém (seja escola ou município) o trabalho de divulgação.

26

Esta pesquisa pode contribuir significativamente para um momento de

reflexão das escolas, como o ensino de jovens e adultos está sendo tratado,

visto que o aluno da EJA tem suas implicações por se tratar de um aluno que

na maioria das vezes desiste da educação pela falta de preparo do professor,

que não trabalha com uma metodologia voltada especificamente para o tipo de

aluno que encontra na sua sala de aula, não levando em consideração a

bagagem que esse aluno traz de casa. Por isso destaca-se a importância da

formação continuada voltada para a modalidade EJA, com isso o professor terá

um embasamento acerca do seu alunado, visando suas qualidades, como

também suas limitações.

Formação continuada não é um conceito novo, principalmente quando

estamos tratando de formação de professores, já é bem recorrentes discussões

ao longo das décadas. Na década de 70 a formação continuada teve um

destaque maior devido ao advento da modernização social, e em decorrência

disso foi exigido recursos humanos mais preparados, que eram exigências do

governo militar, que ressaltava a importância de formar trabalhadores e essa

função era destinada aos educadores. Nesse sentido Imbernón destaca:

A década de 1970 foi um tempo em que a formação continuada viveu o predomínio de um modelo individual de formação: cada um buscava para si a vida formativa, ou seja, primava-se pela formação inicial, que era melhor ou pior segundo a época e o território, e se aplicava à formação continuada a ideia “forme-se onde puder e como puder”. Esse modelo caracterizava-se por ser um processo no qual os mesmos professores “se planejavam” e seguiam as atividades de formação que acreditavam que lhes poderiam facilitar algum aprendizado (IMBERNÓN, 2010, p. 16-17).

Na década de 80 o avanço da formação continuada permaneceu,

principalmente com a abertura política. Nessa década, com a conquista dos

direitos políticos, iniciou-se uma etapa na história da educação brasileira

marcada por uma participação mais efetiva dos professores nas questões da

educação. Dessa forma a preparação dos professores foi evidenciada,

destacando a importância de haver um aperfeiçoamento nas práticas

pedagógicas, pois como defende Perrenoud (1993) “não há formação inicial, há

apenas formação contínua”, ou seja, não existe um aprendizado pronto, o

professor está em constante processo de aprendizagem.

27

Mesmo havendo progressos significativos na abrangência da formação

continuada, Ribas (2000) indica que, desde a década de 80, as pesquisas

demonstram que a formação continuada oferecida pelos órgãos do Estado aos

profissionais da rede pública quase não tem surtido efeito, pois falta uma

política séria de capacitação, visto que as propostas implementadas pelo

governo são descontínuas e não atendem às necessidades da escola e dos

professores.

Collares; Moyses e Geraldi (1999, pág. 28-29)³, acrescentam:

Na verdade, a política de formação continuada de professores tem se tornado uma política de descontinuidade, pois se caracteriza pelo eterno recomeçar em que a história é negada, os saberes são desqualificados, o sujeito é assujeitado, porque se concebe a vida como um “tempo zero”. O trabalho não ensina, o sujeito não flui, porque antropomorfiza-se o conhecimento e objetiva-se o sujeito (COLLARES; MOYSES E GERALDI, 1999, p. 28-29).

As atividades que os professores participavam chamados de “pacotes de

treinamentos e encontros” não estavam conseguindo abarcar todas as

especificidades que o professor tinha que dá conta, então foi proposto que os

professores participassem de uma formação contínua, a qual ocorreria dentro

do seu âmbito de trabalho, onde o mesmo era encarregado de realizar uma

reflexão diária da sua prática pedagógica, para que encontrasse possíveis

falhas na sua metodologia e consequentemente corrigi-las. A necessidade da

formação continuada surge justamente para que os professores consigam se

moldar e acompanhar a demanda das transformações ocorridas na sociedade,

as constantes mudanças que o tempo nos apresenta.

Na atualidade, muitos programas referentes à formação continuada

continuam sendo oferecidos aos professores, o que falta são campanhas de

estímulos a esse profissional que muitas vezes se encontra desmotivado, sem

nenhum incentivo, seja por parte da instituição escolar, Estado, dentre outros.

Nesse aspecto, Imbérnon (2010, pág. 40) ressalta que, se a formação não se

concretizar acompanhada de mudanças contextuais, trabalhistas, de promoção

de carreira, de salário, entre outros fatores, pode-se “culturalizar o professor”,

mas não conseguirá que ele atinja a inovação desejada. Para complementar o

referido autor ainda destaca:

28

O desenvolvimento profissional é um conjunto de fatores que possibilita ou impede que os professores avancem na questão da identidade. A melhoria da formação e a autonomia para decidir ajudarão esse desenvolvimento, mas as melhorias de outros fatores também o favorecerão de forma muito decisiva (salários, estruturas, níveis de participação, carreira, clima de trabalho, legislação laboral, etc.). Podemos realizar uma excelente formação e encontrar-nos com um paradoxo de um desenvolvimento próximo da proletarização dos professores, porque talvez outros fatores não estejam suficientemente garantidos nessa melhoria ( IMBÉRNON, 2010, p. 40).

Diante disso fica claro que, a formação continuada não pode acontecer

isoladamente, consequentemente não terá bons resultados obtidos, pois a

mesma é imprescindível, porém se ocorrer inerente a outros fatores dificilmente

conseguirá transformações expressivas.

A formação dos profissionais que atuam na educação de jovens e

adultos (EJA) vem se configurando como uma prioridade nas políticas públicas

que anseiam formar uma educação de qualidade para essa modalidade de

ensino. As dificuldades encontradas por um professor que irá atuar numa sala

de aula, tendo como público alvo a EJA será imensa, visto que o mesmo não é

preparado para trabalhar com esses alunos durante o curso de graduação.

Segundo Barros:

O „silêncio permitido‟ por parte das instituições de ensino superior e de ensino médio em relação à formação inicial básica de profissionais para a alfabetização e a educação de jovens e adultos alfabetizadoras é decorrente de um modelo que não contempla uma formação para o professor alfabetizador de jovens e adultos (BARROS, 2005 p. 75).

Desse modo fica em evidência a necessidade desses docentes

participarem de uma formação continuada que venha abarcar todas as

fragilidades que esse profissional vai se deparar ao entrar em contato com uma

turma da EJA. Esse despreparo reflete diretamente na ação do professor visto

que de acordo com Di Pierro:

Os docentes que atuam com os jovens e adultos são, em geral, os mesmos do ensino regular. Ou eles tentam adaptar a metodologia a este público específico, ou reproduzem com os jovens e adultos a mesma dinâmica de ensino-aprendizagem que estabelecem com crianças e adolescentes. (DI PIERRO, p. 23)

29

Sendo assim, o perfil da educação de jovens e adultos de acordo com a

declaração de Hamburgo:

A educação de adultos engloba todo o processo de aprendizagem, formal ou informal, ao longo da vida onde pessoas consideradas „adultas‟ pela sociedade desenvolvem suas habilidades, enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas e profissionais, direcionando-as para a satisfação de suas necessidades e as da sua sociedade. A Educação de Adultos inclui a educação não-formal e o espectro da aprendizagem informal e incidental disponível numa sociedade multicultural, onde os estudos baseados na teoria e na prática devem ser reconhecidos. (Art. 3º da Declaração de Hamburgo in Conferência..., 1999, p. 19-20).

A educação de jovens e adultos está regulamentada de acordo com a

constituição Brasileira de 1988, em seu Art. 208, reza que o “dever do estado

com a educação será efetivado mediante a garantia do: I – ensino fundamental,

obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade

própria; ” Já a LDB Nacional nº 9.394, de 1996, nos seus artigos 37 e 38,

reconhece essa modalidade de ensino nos seguintes termos:

Art.37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não

tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na

idade própria.

Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos,

que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao

prosseguimento de estudos em caráter regular.

Mesmo sendo efetivada de acordo com a Lei, a educação de jovens e

adultos ainda sofre com a falta de investimentos destinados a mesma.

Consequentemente essa falta de investimento na educação de jovens e

adultos irá refletir diretamente no processo de qualificação dos profissionais

que atuam nessa área. A legislação que regulamenta a EJA o Parecer 11/2000,

recomenda uma formação específica para os professores, como enfatiza

(CURY, 2000 apud CELI, 2006).

Ressalta, de início, que o preparo de um docente voltado para a EJA deve incluir, além das exigências formativas para todo e qualquer professor, aquelas relativas à complexidade diferencial desta modalidade de ensino. Assim, esse profissional do magistério deve estar preparado para interagir empaticamente com essa parcela de estudantes e estabelecer o exercício do diálogo. (CURY, 2000).

30

Os conteúdos a serem trabalhados com os educandos têm que fazer

parte do dia à dia desse aluno, como destaca Freire::

Os conteúdos não podem ser totalmente estranhos àquela cotidianidade, o que acontece no meio popular, nas periferias das cidades, nos campos-trabalhadores urbanos e rurais reunindo-se para rezar ou para discutir seus direitos-, pois, “nada pode escapar à curiosidade arguta dos educadores envolvidos na prática da Educação Popular”. (FREIRE, 1983, p. 27).

O professor da EJA tem sempre que está buscando meios para um

melhor desempenho e um melhor conhecimento do seu aluno, havendo

sempre uma troca de conhecimentos entre educador e educando, uma relação

que tem que ser estabelecida entre o respeito e confiança entre ambos. Em

Pedagogia do Oprimido, Freire (1977,) afirma: “Não é no silêncio que os

homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”.

31

4 RELATANDO A PESQUISA

Primeiramente foi realizado um trabalho de observação durante quatro

dias na turma do 4º período, onde tinha como objetivo principal analisar como

era a relação de convivência entre educandos e professor, para então fazer

uma análise crítica.

Depois de várias idas a escola na tentativa de realizar a pesquisa eis

que dia 19 de maio é realizado o primeiro dia de observação. Durante esse

período pode-se constatar que existe uma relação de amizade muito forte entre

eles, é notório o companheirismo entre todos. Às vezes ocorre algumas

inquietações devido ao ritmo mais lento dos idosos na hora de atividades no

quadro, mas não chega a ser algo perceptível aos idosos na verdade os mais

idosos cobram mais de si mesmos, dá para perceber a ansiedade por parte dos

mesmos quando não conseguem entender determinado assunto, quando não

conseguem acompanhar o restante da turma nas tarefas escritas no quadro.

Existe, pode-se dizer que uma baixa estima muito elevada por parte dos

mais velhos, pois basta encontrar apenas uma dificuldade que já se julgam

incapazes de aprender algo e consequentemente já não querem mais terminar

a atividade. Porém, em contrapartida a professora está sempre muito atenta a

esses alunos que encontram mais dificuldade na hora dos exercícios, é o

tempo todo auxiliando eles nas suas carteiras.

Todos os alunos já são alfabetizados, porém ainda encontram

dificuldade na hora de ler e interpretar o que foi lido. Em um determinado

momento em que estava sendo abordada a importância da leitura um aluno

disse a seguinte frase: “o homem que não sabe lê é mesmo que ser cego e eu

vivi na escuridão muito tempo”, isso só mostra a importância que eles

depositam na escola, nenhum deles estão ali para passar tempo, de fato estão

ali para aprender e estão dispostos a isso.

Os questionários foram entregues aos alunos no dia 25 de maio e foi

estipulado o prazo de uma semana para os mesmos entregarem o

questionário. No dia 29 de maio foi recolhido os questionários e a entrevista

com a professora. Dos 11 (onze) questionários entregues, 8 (oito) foram

respondidos. Devido alguns alunos encontrarem dificuldades na escrita, teve

questionário que foi respondido na oralidade.

32

4.1 CONHECENDO O CAMPO DE PESQUISA

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

A pesquisa monográfica foi realizada na Escola Municipal Irmã Maria

Assunta Vieira que foi criada no ano de 1987, na gestão do prefeito Vidalvo

Silvino da Costa, para atender as necessidades da comunidade. A mesma está

localizada na praça Terezinha Lopes Bernardo n°10 no conjunto Vila do

Príncipe Zona Norte de Caicó-RN, tendo como diretor (a) Erifrance Rufino da

Costa, que foi eleita agora durante o período de observação da pesquisa. A

escola é de porte pequeno insuficiente, apesar de ter passado por algumas

melhorias em 2011. A Instituição conta com 05 (cinco) salas de aulas, 01(uma)

de leitura, 01(um) laboratório de informática, 01(um) almoxarifado, 01(uma)

cozinha, 01(uma) sala de direção que funciona a secretaria, supervisão e

arquivo, 04(quatro) banheiros, 01(um) pátio coberto, 01(uma) dispensa.

A Escola oferta o Ensino Infantil e Fundamental e a modalidade de

Ensino de Educação de Jovens e Adultos (EJA) nos períodos Matutino,

Vespertino e Noturno. Esse é o primeiro ano que a escola oferta a modalidade

33

de ensino EJA, em decorrência de uma escola vizinha não está mais ofertando

EJA nesse ano, com isso os alunos que antes frequentavam outra escola foram

transferidos para a Escola Municipal Irmã Maria Assunta Vieira, ela conta com

102 alunos da EJA matriculados no total. É oferecido o 2° período (referente a

segunda e terceira série), 3° período ( referente ao quarto e quinto ano), 4º

período ( referente ao sexto e sétimo ano) e o 5º período ( referente ao oitavo e

nono ano). Tem como Coordenadora geral da EJA a professora Suenyra

Nóbrega, que é coordenadora da EJA a quatro anos no município de Caicó-

RN.

4.2 CONHECENDO A TURMA

Ao início do ano a turma do 3º período referente ao 4º ano contava com

25 (vinte e cinco) alunos matriculados, no entanto destes que iniciaram o ano

letivo correspondia a 15 (quinze) alunos. A faixa etária desses discentes

variava entre 14 (quatorze) anos e entre 79 (setenta e nove) anos. Desse total

durante o período de observação o número máximo de alunos presentes em

sala de aula eram 11 (onze). A turma na sua é composta por mais homens, dos

11 (onze) alunos presentes, só contava apenas com 2 (duas) mulheres.

A sala de aula não é adequada para os alunos, pois ela é referente a

turma do Fundamental I da turma pela manhã, consequentemente os alunos

tem um certo desconforto com as cadeiras por serem pequenas.

Uma característica forte dessa turma é a ansiedade, eles querem

entender tudo que a professora passa muito rápido e isso acaba que

acarretando alguns problemas, pois na pressa de aprender eles meio que

esquecem de analisar com calma o que foi perguntado e respondem muito

rápido e como consequência disso vem a frustação de terem dado uma

resposta errada.

No geral pode-se constatar que é uma turma perspicaz, tem seus

sonhos, suas vontades e o desejo de aprender, principalmente os alunos mais

velhos. Por terem já vivido muitas experiências, terem colocado a escola em

segundo plano por determinados motivos, agora enfim chegou o momento, a

escola é prioridade.

34

4.3 METODOLOGIA

Com vistas a contemplar tais expectativas, o respectivo trabalho faz uso

de uma metodologia voltada para o campo da pesquisa qualitativa, sendo esta

caracterizada pelo exercício, compreensão e análise da realidade investigada.

A esse respeito, Bogdan e Biklen (1994) ressaltam que em investigação

qualitativa, uma das estratégias utilizadas baseia-se no pressuposto de que

muito pouco se sabe acerca das pessoas e ambientes que irão constituir o

objeto de estudo. Assim, o investigador qualitativo evita iniciar um estudo com

hipóteses previamente formuladas, defendendo que a formulação das questões

deve ser resultante da recolha de dados e não efetuada a priori.

É o próprio estudo que estrutura a investigação, não as ideias

preconcebidas ou um plano prévio detalhado. Dessa forma, demos

procedência à pesquisa utilizando como instrumento a entrevista por meio de

questionários abertos, com perguntas claras e objetivas direcionadas ao

investigador e a temática ora trabalhada. Nesse contexto, foram distribuídos

uma quantidade de 11(onze) questionários aos alunos, onde os indagávamos a

respeito da pesquisa em questão e 5 (cinco) questões dissertativas a

professora.

4.4 ANÁLISE DA ENTREVISTA COM A PROFESSORA - RELAÇÃO

PROFESSOR /ALUNO, ALUNO/ALUNO.

Muito se questiona na importância da relação entre aluno/ professor,

aluno/aluno, de fato não tem como haver um bom desempenho de ambas as

partes se um clima não estiver harmônico no ambiente escolar. Na EJA não é

diferente, o professor tem que ser cúmplice e acima de tudo amigo dos seus

alunos, ouvindo atentamente os seus relatos diários de vivência, algo que foi

possível comprovar durante o trabalho de laboratório, os alunos trazem muito

para sala de aula o que acontece no seu dia à dia, e tem o professor como

mestre e tratam-no com um respeito ímpar.

Segundo Gadotti:

35

O educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida. (GADOTTI, 1999, pág. 2)

O desempenho do aluno vai depender acima de tudo do estímulo que o

professor proporciona a cada um, o aluno da EJA precisa a todo o momento

está ciente que o professor não é detentor absoluto do conhecimento, que o

professor não sabe tudo e que o mesmo está ali para incentivá-lo a aprender

coisas novas que os mesmos tinham sido privados anteriormente, não existe

ninguém incapaz de aprender algo, basta dedicação e esforço, que todos são

capazes de aprender, respeitando sempre as suas limitações.

Segundo Paraná:

Muitos dos adolescentes, jovens, adultos e idosos ingressam na EJA trazem modelos internalizados durantes suas vivências escolares ou por outras experiências. O modelo predominante é o da escola com características tradicionais, onde o educador exerce o papel de detentor do conhecimento, e o educando de receptor passivo deste conhecimento. Com base nesses modelos, muitos depositam na escola a responsabilidade pela sua aprendizagem. Há necessidades de romper com esses modelos e motivar a autonomia intelectual, afim de que se tornem sujeitos ativos do processo educacional. (PARANA, 2005, P. 34).

A necessidade da formação continuada fica explícita ao analisarmos

uma sala de aula da EJA, e se tratando desse assunto o que mais se destaca é

no sentido da heterogeneidade, como o professor se prepara para atuar numa

sala tão heterogênea? Visto que a faculdade não prepara os discentes que

consequentemente serão professores e podem atuar numa sala de aula da

EJA?

Partindo desse ponto, fazemos uma análise das dificuldades que esses

profissionais vão encontrar ao se deparar com uma sala heterogênea, como

ensinar idosos e jovens ao mesmo tempo, sabendo que cada um tem um ritmo

diferente de aprendizagem? Como também na questão de convivência, de

como tornar uma sala harmônica onde várias gerações se encontram?

Partindo desse pressuposto surge a necessidade de realizar uma

pesquisa com a professora da EJA do terceiro período por meio de uma

36

entrevista, onde foram abordadas questões sobre formação continuada e no

que se refere a convivência entre ambos. A entrevista continha cinco perguntas

as quais foram: Como você descreve um professor que leciona na modalidade

de ensino EJA? Quais as principais características? Quais as maiores

dificuldades que você encontra na sala de aula, devido a heterogeneidade?

Como se dá a relação entre os alunos mediante a diversidade da faixa etária?

Quais as principais divergências que já foi presenciada em sala de aula devido

a heterogeneidade? Você participa, ou já participou de algum programa de

formação continuada? Se sim, qual a importância que teve para a sua prática

pedagógica? Se não, quais os pontos negativos que você avalia na ausência

de programas de formação continuada? Você se sente bem em lecionar na

EJA? Quais as vantagens e desvantagens em atuar na EJA?

Com a pesquisa em mãos foi possível descrever alguns pontos, que são

o enfoque da pesquisa monográfica. Quando perguntada sobre as dificuldades

encontradas devido a heterogeneidade de faixa etária a professora ressalta

que:

Professora: no início do ano ocorrem algumas divergências por parte dos jovens em relação aos adultos, mas com o tempo eles aprendem a respeitá-los e até se tornam ajudantes no processo de aprendizagem dos mesmos.

De fato, durante o período de observação pode-se constatar que existe

uma relação muito harmônica entre os alunos mais jovens e os mais velhos,

existe de fato um cuidado do jovem pelo idoso e na maioria das vezes são

ajudados pelos jovens nas atividades de sala de aula. Quando perguntada

sobre programas de formação continuada ela destacou que já participou de

alguns e isso teve uma relevante importância na sua prática pedagógica, pois o

professor tem que está sempre buscando formas de se atualizar.

A professora entrevistada já atua na EJA há 18 anos e diz que se sente

muito bem em lecionar na EJA, ela destaca que:

“São alunos carentes de aprendizagem que tem um conhecimento de mundo e muitas experiências vividas para serem trocadas. Portanto, compartilhamos conhecimentos e estabelecemos um vínculo de amizade e respeito muito forte. As desvantagens ficam por parte da evasão que é considerável, a falta de tempo para estudar em casa por causa do trabalho” (professora)

37

No início do ano foram realizadas 22 (vinte e duas) matrículas, desse

total apenas 15 (quinze) estão frequentando e até mesmo os que ainda

frequentam tem um índice de ausência muito alto, fator esse que dificulta a

aprendizagem, pois perdem muito conteúdo e explicações dos assuntos

estudados.

4.5 QUESTIONÁRIO COM OS ALUNOS- RESULTADOS OBTIDOS

Ao todo foram entregues 11 (onze) questionários, total máximo de

alunos que compareceram as aulas durante o período da pesquisa

monográfica, desse total 8 (oito) questionários retornaram. As questões eram

as seguintes:

Conhecendo o aluno

Atividades de Formação Cultural

A trajetória escolar anterior

OBS: A idade dos entrevistados varia em uma faixa etária que vai dos 17 aos

79 anos.

De acordo com a análise dos questionários vários resultados

surpreenderam, quanto a faixa etária é bem variada, entre 17 e 80 anos. Todos

são de classe média baixa, o salário varia até 3 salários no máximo e moram

no bairro em que a escola está localizada ou nos bairros mais próximos. Dos

que responderam o questionário 06 (seis) são do sexo masculino e 02 (duas)

do sexo feminino, uma tem 19 anos e a outra tem 80 anos. Quanto aos homens

o mais novo tem 17 e o mais velho 69 anos. Quando perguntados sobre o que

costumam ler, como revistas e jornais a maioria diz que leem raramente,

alegam como desculpa o fato de terem aprendido a ler tardiamente e isso fez

com que os mesmos não tivessem adquirido o hábito da leitura, como também

o tempo curto, ou seja, não tem o hábito da leitura, porém sempre destacam a

importância da leitura no dia a dia de qualquer pessoa. Todos sabem ler, mas

ainda não fazem uso da leitura fluentemente, encontram dificuldade em

algumas palavras, consequentemente esse também é um dos pontos que

destacam como justificativa para não lerem frequentemente, pois junta a falta

38

de tempo aliada a falta de prática da leitura, o que demanda tempo para

conseguir fazer uma interpretação do que estão lendo.

Mesmo estando num mundo bem mais tecnológico e avançado por meio

da internet, os alunos não fazem uso da internet frequentemente, o mais

curioso é que não se trata de falta de acesso e sim falta de interesse, mesmo

os alunos mais jovens, alegam que não tem interesse, acham perca de tempo

ficar em frente a um computador. Os alunos mais velhos a partir dos 50

(cinquenta) anos, como eles mesmo falaram não querem nem ouvir falar de

internet, um aluno(a) relata que:

Aluno A (50 anos): “No meu tempo não tinha essa tal da internet o povo novo trabalhava, mais agora só querem viver “pendurado” num computador ou no celular aprendendo o que não presta, pois, a internet ensina muita coisa ruim, eu num gosto dessas coisas não, gosto de conversar olho no olho”.

Esse relato é algo que precisa ser trabalhado, na maioria dos casos o

idoso não entende a importância da internet, o quanto ela pode contribuir para

o aprendizado das pessoas, quando usada de forma consciente e não de

qualquer jeito, e as pessoas mais velhas por falta de informação não tem noção

da contribuição que a internet pode oferecer.

Dos 08 (oito) entrevistados apenas 03 (três) iniciaram a vida escolar na

fase adulta, destes, 02(dois) iniciaram os estudos a 05 (cinco) anos atrás e o

outro a 03 (três) anos. Uma aluna destaca que casou muito cedo, então não

teve como estudar, pois, tinha que cuidar da família e dos filhos, só agora com

os filhos e netos criados decidiu começar a estudar, ela é a aluna mais velha

da turma com 80 (oitenta) anos de idade. Abaixo relato da aluna.

ALUNO B (80 anos): A minha filha eu fui inventar de casar muito moça, no meu tempo mulher só pensava em casar e ter filhos, foi o que eu fiz. Casei nova e logo “embuxei”, nem passava pela minha cabeça em estudar e nem tinha como mesmo, tinha filhos e marido pra cuidar. Agora depois de velha me deu vontade de aprender a ler, não pensei duas vezes e comecei a estudar.

Os outros 02 (dois) restantes, um deles disse que:

Aluno C (64 anos): “Não tinha professor quando eu era criança e depois de adulto não quis mais saber de estudos pois já tinha constituído uma família e não considerava estudo importante no momento, mas agora sonho em concluir o ensino

39

básico e quem sabe um dia conseguir entrar em uma faculdade”.

Desses 03 (três) apenas (01) um alegou que não estudou devido ao

trabalho, destacou que ainda criança teve que se mudar para trabalhar com o

pai em outra cidade e como entre outros tantos deixou os estudos em segundo

plano, só vindo iniciar a vida escolar na fase adulta. Os outros 05 (cinco)

restantes as idades variam entre 19 (dezenove) anos e 51 (cinquenta e um)

anos. Os mais jovens, idade entre 19, 24, 33 (dezenove, vinte e quatro e trinta

e três) destacam que não estudaram por preguiça, falta de interesse, ou seja,

não tiveram motivos superiores como ter que trabalhar ou falta de oportunidade

de estudar e sim, simplesmente por escolha própria. O mais curioso é que

esses alunos que antes não frequentaram a escola pelo simples fato de não

querer, sem nenhum motivo aparente, são os alunos que mais participam das

aulas, são dedicados e se empenham para aprender. Sonham com uma

faculdade e se lamentam por não terem estudado no ensino regular quando

podiam.

ALUNO D (19 anos): Desde pequena nunca gostei de estudar, sei lá não tinha vontade, achava chato. Quando casei decidi começar a estudar e agora quero concluir meus estudos e entrar na faculdade.

Os 02 (dois) restantes com idade de 51 (cinquenta e um) e 54 (cinquenta

e quatro) respectivamente, afirmam que não tinha professor na época que

começaram a estudar, mas não quis se aprofundar no assunto, explicar a

ausência desse professor, se era falta de professor ou se onde o mesmo

morava não tinha escola por perto. O outro aluno não respondeu a esse

questionamento.

Quando perguntados sobre o que esperam da escola hoje para eles, todos

falaram que aprender a ler e escrever, mesmo todos sendo já alfabetizados

mesmo assim, ainda encontram dificuldade na leitura e na escrita, não

conseguem ler e escrever fluentemente. No quesito relação com os demais

colegas, eles afirmam ter uma boa relação, não encontrando problemas de

convivência em decorrência da diversidade da faixa etária existentes. Tanto os

mais novos como os mais velhos mantêm uma excelente relação entre ambos,

a diferença de idade acabou que se tornando um detalhe. Um aluno mais velho

40

relatou que “ é bom ter essa mistura de idade, porque enquanto a gente vem

num ritmo mais lento eles já vem num mais acelerado, então as vezes a gente

dá uma “freada” neles e eles nos dão uma acelerada quando é preciso e assim

a gente se completa”. O que pode prejudicar consideravelmente esses alunos,

são as faltas constantes, dificilmente um aluno consegue vir todos os dias de

aula da semana, a professora relatou que isto é um problema recorrente, os

alunos estão sempre faltando seja por motivos de doença, cansaço e as vezes

até mesmo a falta de interesse.

Durante todo o processo de pesquisa ficou perceptível o poder e

transformação da educação na vida desses alunos, quem antes viam a escola

apenas como uma futura possibilidade de frequentar agora se apoiam fielmente

no poder da transformação da educação e veem a escola como o único agente

responsável dessa mudança. Tem sonhos que antes nem imaginam ser

possível se concretizar e o mais importante eles acreditam em si mesmos e

não tem pensamento de desistência.

41

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Realizando uma análise da trajetória inicial até ao final deste estudo, a

ideia que permaneceu firme foi o desejo de descobrir como se dá o processo

de convivência entre os alunos perante as adversidades e diferenças

encontradas numa sala tão heterogênea principalmente no que diz respeito a

diversidade da faixa etária entre ambos, como também conhecermos as

necessidades de formação continuada dos professores da EJA. Assim, os

conceitos e referências foram surgindo e se afirmando à medida que nos

aprofundávamos nos estudos e quando decidimos deter nosso olhar, de forma

precisa, para um foco específico. Dessa caminhada, certezas e incertezas

surgem, e saídas são definidas e redefinidas. Das certezas, sobreviveu o

primeiro desafio a ser enfrentado: categorizar a necessidade de formação, visto

que é um campo de estudo com poucas pesquisas no Brasil.

Tivemos dificuldade no que concerne ao material conceitual, pois pouco

se fala de formação continuada voltada para professores da Educação de

Jovens e Adultos (EJA), infelizmente essa modalidade de ensino ainda não tem

o seu devido reconhecimento no cenário da educação e consequentemente os

investimentos são bem menores, com poucos planejamentos voltados para a

melhoria da atuação desses profissionais.

O aluno da EJA ainda tem aquele conceito muito acoplado do perfil do

aluno, sempre categorizado como o aluno “arrasta chinelo”, ou seja, aquele

aluno mais “velho” que passa o dia inteiro trabalhando e chegando a noite

cansado na sala de aula. Com isso, o docente jovem que hoje já consta uma

boa parte bem expressiva presente na sala de aula, fica um pouco de lado

quando se vai caracterizar o aluno da EJA.

Partindo desse pressuposto a curiosidade que nos move fala mais alto,

como o jovem e o idoso se relacionam numa sala de aula dividindo o mesmo

espaço, sem que haja perdas de aprendizagem e só ganhos? Como que o

professor consegue lidar com uma sala tão heterogenea, onde ocorre dois

extremos, o ritmo frenético dos jovens que requerem uma “puxada de freio”,

uma desacelerada e, do outro lado, o oposto, o ritmo lento do aluno mais velho

que requerem uma acelerada. E é justamente para trabalhar nesses dois

42

extremos que surge a necessidade da preparação do professor, para enfrentar

as dificuldades que surgem na sala de aula.

Ao término desse trabalho, os resultados foram satisfatórios. O professor

mesmo não tendo acesso tão eficaz de formação continuada ofertada pelos

órgãos responsáveis, consegue perfeitamente ministrar uma sala de aula

perante todas as dificuldades encontradas e com maestria. Talvez isso se dê

em decorrência dos anos de trabalho atuando na EJA, o seu total desempenho

e dedicação a turma. Os alunos não encontram na professora, apenas aquela

detentora de conhecimento, que vai lhes ensinar, transmitir conhecimento e sim

uma amiga, pois durante a pesquisa ficou notório a postura da mesma, que

trata todos de igual para igual o tempo inteiro.

Quanto a relação entre ambos, aluno/aluno, aluno/ professor é algo sem

igual. Existe uma cumplicidade tão bonita de se ver. Ambos se ajudam, fica

claro que todos estão ali com o mesmo intuito, aprender, como eles mesmo

falaram, recuperar o tempo perdido. Os alunos mais velhos, o foco principal é

aprender a ler coerentemente, já os alunos mais jovens sonham com uma

faculdade, não querem apenas concluir o ensino normal.

Sendo assim, conclui-se esse trabalho com a sensação de dever

cumprido e ao mesmo tempo com uma alegria fora do comum. Ao início deste

trabalho monográfico acreditava-se encontrar professores desmotivados e

alunos com pouco interesse na educação. Ocorreu justamente o contrário,

mesmo sem recursos suficientes para realizar um bom trabalho, o professor

consegue, pois ele tem o mais importante que essa profissão exige, o amor

pelo que faz, não desiste jamais dos seus alunos, acredita no potencial de cada

um e consegue extrair o que cada um tem de melhor, respeitando sempre suas

limitações. Já os alunos, mesmo com todas as dificuldades encontradas,

principalmente os mais idosos, não desistiram da escola e nem de si mesmos.

Respeitam-se e o mais importante, se ajudam, um estimula o outro a continuar.

Em nenhum momento durante a realização do trabalho ficou perceptível algum

tipo de atrito ou desrespeito entre ambos, existe uma cumplicidade que é

explícita, realmente uma relação de amizade, não existe a imagem do

professor como detentor do conhecimento e sim alguém que está ali para

ensinar e aprender uns com os outros. Que essa realidade de educação esteja

presente em outras escolas e não só na escola pesquisada, pois a educação é

43

o agente transformador da sociedade em que vivemos. A base de tudo está na

educação, não existe tempo certo ou errado para aprender, o que não pode

existir jamais é a palavra desistência, essa sim é a que tudo enfraquece e

destrói.

6 REFERÊNCIAS

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46

APÊNDICES

47

APÊNDICE A

Perguntas para a professora

Como você descreve um professor que leciona na modalidade de ensino EJA?

Quais as principais características?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_________________________________________________

Quais as maiores dificuldades que você encontra na sala de aula, devido a

heterogeneidade?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

__________________________________________

48

Como se dá a relação entre os alunos mediante a diversidade da faixa etária?

Quais as principais divergências que já foi presenciada em sala de aula devido

a heterogeneidade?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

__________________________________________

Você participa, ou já participou de algum programa de formação continuada?

Se sim, qual a importância que teve para a sua prática pedagógica? Se não,

quais os pontos negativos que você avalia na ausência de programas de

formação continuada?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

__________________________________________

Você se sente bem em lecionar na EJA? Quais as vantagens e desvantagens

em atuar na EJA?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

________________________________________________________

49

Nome

completo:_______________________________________________________

__

Quantos anos atua na Eja?______________________________

APÊNDICE B

Questionário

I. Conhecendo o aluno

Sexo: ( )masculino ( )feminino Idade:____________

Estado civil___________

Tem filhos: ( )sim ( ) não

Quantos?_____________

Trabalha: ( ) sim ( ) não

Ocupação__________________________________

Carga horária do emprego atual_______________________________

Trabalha com carteira assinada? ( ) sim ( ) não

Outras formas de

registro______________________________________________

Salário: ( ) 1 a 3 SM ( ) 4 a 6 SM ( ) > de 6 SM

Com quem você mora atualmente?

Responsável pela maior parte da renda familiar? ( ) sim ( ) não

Idade com que começou a

trabalhar:______________________________________

Gostaria de trabalhar em outro ofício? ( ) não ( ) sim.

Qual o seu município de

origem?________________________________________

50

Cidade e bairro que

reside______________________________________________

Qual o grau de escolaridade da sua mãe? ( )analfabeta ( )ensino fundamental

incompleto ( ) ensino fundamental completo ( ) ensino médio incompleto ( )

ensino médio completo

Qual o grau de escolaridade do seu pai? ( )analfabeto ( )ensino fundamental

incompleto ( ) ensino fundamental completo ( ) ensino médio incompleto ( )

ensino médio completo

Atividades de Formação Cultural

Costuma ler jornais, revistas? ( ) frequentemente ( ) raramente

Qual a forma de acesso? ( ) na própria casa ( ) no ambiente de trabalho (

) em ambientes públicos ( ) na escola

Costuma acessar a internet? ( ) frequentemente ( ) raramente

Com que objetivo? ( ) pesquisa escolar ( ) informar-se ( ) divertir-

se ( ) comunicar-se com outras pessoas

Costuma assistir TV? ( ) sim ( ) não

Se sim, que tipo de

programas?_____________________________________________________

II. A trajetória escolar anterior

Com que idade começou a estudar?

__________________________________________________

Parou de estudar antes de vir para esta escola? ( ) sim ( ) não Em que

ano?________________

Por que teve que parar?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_____________________

Já desistiu outras vezes? Se sim, indicar quantas vezes e por qual razão.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

______________

51

Tinha dificuldades de aprendizagem? Quais?

_______________________________________________________________

_________________________________________________________

Encontrava dificuldades em alguma matéria em especial? ( ) sim ( )

não

O que você espera da escola hoje?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

______________

Como é a relação com os demais colegas?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

___________________________________

Você encontra alguma dificuldade de relação com os colegas devido a

diferença de idade?

-

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

__________________________________