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16/9/2014 As Tarefas das Uniões da Juventude http://www.marxists.org/portugues/lenin/1920/10/02.htm 1/15 MIA > Biblioteca > Lénine > Novidades As Tarefas das Uniões da Juventude V. I. Lênin 2 de Outubro de 1920 Primeira Edição: Discurso pronunciado por Lenine no III Congresso da Komsomol (União da Juventude Comunista da Rússia), em 2 de Outubro de 1920. O Congresso realizou-se em Moscovo de 2 a 10 de Outubro de 1920 e nele estiveram presentes cerca de 600 delegados, provenientes de todas as regiões do país. Na ordem do dia figuravam as seguintes questões: situação económica e militar da República, a Internacional Comunista da Juventude, o relatório de actividade do Comité Central, a educação socialista da juventude, o programa e os estatutos da Umão da Juventude Comunista da Rússia. O discurso de Lenine foi proferido na primeira sessão do Congresso e publicado na Pravda, n.ºs 221, 222 e 223, de 5, 6 e 7 de Outubro de 1920. Fonte: Cadernos Cultura Popular nº 6 - Publicações Nova Aurora, Lisboa, 1974. Tradução: Manuel L. Martins Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo (Lenine é acolhido pelo Congresso com uma calorosa ovação) Camaradas: Queria falar hoje convosco sobre as tarefas fundamentais da União da Juventude Comunista e, com este tema, do que devem ser as organizações da juventude na República socialista em geral. Este problema merece tanto mais a nossa atenção porquanto, pode dizer-se, em certo sentido, é precisamente à juventude que incumbe a verdadeira tarefa de criar a sociedade comunista. Porque é evidente que a geração de trabalhadores educada na sociedade capitalista pode, no melhor dos casos, cumprir a tarefa de destruir os alicerces do antigo regime capitalista baseado na exploração. O mais que poderá fazer é resolver os problemas postos pela criação de uma ordem social que ajude o proletariado e as classes trabalhadoras a conservar o poder nas suas mãos e a criar uma sólida base, sobre a qual só poderá verdadeiramente construir a geração que começa a trabalhar já em condições novas, numa situação em que não existem relações de exploração entre os homens. Pois bem, ao abordar deste ponto de vista a questão das tarefas da juventude, devo dizer que estas tarefas da juventude em geral e das uniões

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    MIA> Biblioteca > Lnine > Novidades

    As Tarefas das Unies daJuventude

    V. I. Lnin

    2 de Outubro de 1920

    Primeira Edio: Discurso pronunciado por Lenine no III Congresso da Komsomol (Unioda Juventude Comunista da Rssia), em 2 de Outubro de 1920. O Congresso realizou-seem Moscovo de 2 a 10 de Outubro de 1920 e nele estiveram presentes cerca de 600delegados, provenientes de todas as regies do pas. Na ordem do dia figuravam asseguintes questes: situao econmica e militar da Repblica, a Internacional Comunistada Juventude, o relatrio de actividade do Comit Central, a educao socialista dajuventude, o programa e os estatutos da Umo da Juventude Comunista da Rssia. Odiscurso de Lenine foi proferido na primeira sesso do Congresso e publicado na Pravda,n.s 221, 222 e 223, de 5, 6 e 7 de Outubro de 1920.Fonte: Cadernos Cultura Popular n 6 - Publicaes Nova Aurora, Lisboa, 1974. Traduo: Manuel L. Martins Transcrio e HTML: Fernando A. S. Arajo

    (Lenine acolhido pelo Congresso com umacalorosa ovao)

    Camaradas:

    Queria falar hoje convosco sobre as tarefasfundamentais da Unio da Juventude Comunista e, comeste tema, do que devem ser as organizaes dajuventude na Repblica socialista em geral.

    Este problema merece tanto mais a nossa atenoporquanto, pode dizer-se, em certo sentido, precisamente juventudeque incumbe a verdadeira tarefa de criar a sociedade comunista. Porque evidente que a gerao de trabalhadores educada na sociedade capitalistapode, no melhor dos casos, cumprir a tarefa de destruir os alicerces doantigo regime capitalista baseado na explorao. O mais que poder fazer resolver os problemas postos pela criao de uma ordem social que ajude oproletariado e as classes trabalhadoras a conservar o poder nas suas mose a criar uma slida base, sobre a qual s poder verdadeiramente construira gerao que comea a trabalhar j em condies novas, numa situaoem que no existem relaes de explorao entre os homens.

    Pois bem, ao abordar deste ponto de vista a questo das tarefas dajuventude, devo dizer que estas tarefas da juventude em geral e das unies

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    da juventude comunista e outras organizaes em particular, poderiamdefinir-se com uma s palavra: aprender.

    claro que isto no mais que uma palavra. E esta palavra noresponde s perguntas principais e mais essenciais: que aprender e comoaprender? E o essencial neste problema que, com a transformao davelha sociedade capitalista, o ensino, a educao e a instruo das novasgeraes, chamadas a criar a sociedade comunista, no podem continuar aser o que eram dantes. O ensino, a educao e a instruo da juventudedevem partir dos materiais que a antiga sociedade nos legou. S poderemosedificar o comunismo com a smula dos conhecimentos, organizaes einstituies, com o acervo de meios e foras humanas que herdmos davelha sociedade. S transformando radicalmente o ensino, a organizao ea educao da juventude conseguiremos que os esforos da jovem geraodem como resultado a criao de uma sociedade que no se parea com aantiga, quer dizer, da sociedade comunista. Por isso, devemos examinar emdetalhe o que temos de ensinar juventude e como h-de esta aprender sequer merecer realmente o nome de Juventude Comunista e como necessrio prepar-la para que seja capaz de preparar e coroar a obra porns iniciada.

    Devo dizer que a primeira resposta e, ao que parece, a mais natural que a Unio da Juventude, e em geral toda a juventude que queira passarao comunismo tem que aprender o comunismo.

    Mas esta resposta, aprender o comunismo, demasiado geral. Que que necessitamos para aprender o comunismo? Que que devemosescolher, entre o conjunto de conhecimentos gerais, para adquirir a cinciado comunismo? Uma srie de perigos nos ameaam neste terreno, perigosesses que surgem a cada passo quando se expe mal a tarefa de aprendero comunismo ou se entende esta de uma maneira demasiado unilateral.

    A primeira vista, naturalmente, parece que aprender o comunismo assimilar o conjunto de conhecimentos que se expem nos manuais,folhetos e obras comunistas. Mas isso seria definir de um modo demasiadogrosseiro e insuficiente o estudo do comunismo. Se o estudo do comunismoconsistisse unicamente em assimilar o que dizem os trabalhos, livros efolhetos comunistas, isto dar-nos-ia com excessiva facilidade escolsticos oufanfarres comunistas, o que muitas vezes nos causaria dano e prejuzo,porque estas pessoas, depois de terem lido muito e aprendido o que seexpe nos livros e folhetos comunistas, seriam incapazes de coordenartodos estes conhecimentos e actuar como realmente exige o comunismo.

    Um dos maiores males e calamidades que nos deixou como herana aantiga sociedade capitalista o completo divrcio entre o livro e a vida

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    prtica, pois tnhamos livros nos quais tudo estava escrito numa formaperfeita e a maior parte das vezes esses livros no eram seno umarepugnante e hipcrita mentira, que nos pintava um quadro falso dasociedade capitalista.

    Por isso, seria um grande equvoco limitarmo-nos a assimilarsimplesmente o que dizem os livros do comunismo. Os nossos discursos eartigos de agora no so uma simples repetio do que antes se disse sobreo comunismo; pois esto ligados ao nosso trabalho quotidiano em todos ossectores. Sem este trabalho, sem a luta, o conhecimento livresco docomunismo, adquirido em folhetos e obras comunistas, no temabsolutamente nenhum valor, j que no faria mais do que continuar oantigo divrcio entre a teoria e a prtica, sse mesmo divrcio queconstitua o mais repugnante rasgo da velha sociedade burguesa.

    Seria, porm, mais perigoso pretendermos aprender somente asconsignas comunistas. Se no compreendssemos a tempo este perigo, seno fizssemos todo o gnero de esforos para o evitar, a existncia demeio milho ou de um milho de jovens de ambos os sexos, que depois desemelhante estudo do comunismo se chamassem comunistas, no causariaseno um grande prejuzo causa do comunismo.

    Pe-se-nos, pois, a questo de saber como havemos de coordenar tudoisto para aprender o comunismo. Que devemos tomar da velha escola, davelha cincia? A velha escola declarava que queria criar homens instrudosem todos os domnios e que ensinava as cincias em geral. Sabemos queisso era pura mentira, porque toda a sociedade se baseava e sustentava nadiviso dos homens em classes, em exploradores e oprimidos. Como natural, toda a velha escola, inteiramente impregnada do espirito de classe,no dava conhecimentos seno aos filhos da burguesia. Cada uma das suaspalavras era arranjada para favorecer os interesses da burguesia. Nestasescolas, mais que educar os jovens operrios e camponeses, preparavam-nos para maior proveito dessa mesma burguesia. Tratavam de prepararservidores teis, capazes de proporcionar lucros burguesia, semperturbar, ao mesmo tempo, a sua ociosidade e sossego. Por isso, aocondenar a antiga escola, propusemos-nos tomar dela unicamente o quenos era necessrio para conseguir uma verdadeira educao comunista.

    Agora, vou tratar das reprovaes, das censuras que correntemente sedirigem escola antiga e que conduzem muitas vezes a interpretaesinteiramente falsas. Diz-se que a velha escola era uma escola livresca, umaescola de adestramento autoritrio, uma escola de ensino memorista. Isto correcto, mas h que saber distinguir o que tinha de mau e de til para nsa velha escola, h que saber escolher dela o indispensvel para ocomunismo.

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    A velha escola era livresca, obrigava a armazenar uma massa deconhecimentos inteis, suprfluos, mortos, que atulhavam a cabea etransformavam a gerao jovem num exrcito de funcionrios talhados pelomesmo padro. Mas se da tentardes deduzir que se pode ser comunistasem ter assimilado o tesouro de conhecimentos acumulado pelahumanidade, cometereis um erro crasso. Seria errado pensar que bastaassimilar as palavras de ordem comunistas, as concluses da cinciacomunista, sem adquirir a soma de conhecimentos adquiridos de que oprprio comunismo um produto. O marxismo um exemplo que mostracomo o comunismo saiu do conjunto dos conhecimentos humanos.

    Tereis lido e ouvido que a teoria comunista, a cincia comunista, criadaprincipalmente por Marx, que esta doutrina do marxismo deixou de ser obrade um s socialista se bem que genial, verdade do sculo XIX para setransformar na doutrina de milhes e dezenas de milhes de proletrios domundo inteiro, que a aplicam na sua luta contra o capitalismo. E seperguntardes por que pde a doutrina de Marx conquistar o corao demilhes e dezenas de milhes pertencentes classe mais revolucionria,ser-vos- dada uma nica resposta: porque Marx se apoiava na slida basedos conhecimentos humanos adquiridos sob o capitalismo. Ao estudar asleis do desenvolvimento da sociedade humana, Marx compreendeu ainelutabilidade do desenvolvimento do capitalismo, que conduz aocomunismo, e, o que mais importante, demonstrou-o baseando-seexclusivamente no estudo mais exacto, mais detalhado e mais profundodesta sociedade capitalista, por ter assimilado plenamente tudo o que acincia tinha produzido at ento, Marx analisou de um modo crtico, semdesdenhar um nico ponto, tudo o que a sociedade humana tinha criado.Analisou tudo o que o pensamento humano tinha criado, passou-o pelocrivo da crtica, comprovou-o no movimento operrio e extraiu da asconcluses que as pessoas, encerradas nos limites estreitos do quadroburgus, ou atenazadas pelos preconceitos burgueses no podiam extrair.

    H que ter isto em conta quando falamos, por exemplo, da culturaproletria. Sem compreender claramente que s se pode criar esta culturaconhecendo com preciso a cultura que a humanidade criou em todo o seudesenvolvimento e transformando-a, sem compreender isto, no poderemoscumprir esta tarefa. A cultura proletria no surge de fonte desconhecida,no uma inveno dos que se chamam especialistas em cultura proletria.Isso pura estupidez. A cultura proletria tem que ser o desenvolvimentolgico do acervo de conhecimentos conquistados pela humanidade sob ojugo da sociedade capitalista, da sociedade dos proprietrios de terras, dasociedade burocrtica. Todos esses caminhos e carreiros conduziram econtinuam a conduzir at cultura proletria, do mesmo modo que aEconomia Poltica, transformada por Marx, mostrou-nos aonde tem dechegar a sociedade humana, indlcou-nos a passagem para a luta de classes,

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    para o comeo da revoluo proletria.

    Quando ouvimos com frequncia tanto a alguns representantes dajuventude como a certos defensores dos novos mtodos de ensino, atacar avelha escola dizendo que ela s fazia aprender de memria os textos,respondemos-lhes que necessrio tomar dessa velha escola tudo o que elatem de bom. No h que imit-la sobrecarregando a memria dos jovenscom a quantidade desmesurada de conhecimentos, dos quais so inteis asnove dcimas partes e o resto desvirtuado; mas isso no significa quepassamos a contentar-nos com concluses comunistas e limitar-nos aaprender palavras de ordem comunistas. Desse modo no se pode edificar ocomunismo. S se pode chegar a ser comunista quando se enriquece amemria com todo o tesouro da cincia acumulado pela humanidade.

    No queremos um ensino memorista, mas precisamos de desenvolver eaperfeioar a memria de cada estudante dando-lhe factos essenciais,porque o comunismo seria uma vacuidade, ficaria reduzido a uma fachadavazia, o comunista no passaria de um fanfarro se no reelaborasse nasua conscincia todos os conhecimentos adquiridos. No deveis assimilarunicamente estes conhecimentos, deveis assimil-los com esprito criticopara no atulhar o vosso crebro com um conjunto de coisas mal ordenadase inteis, para enriquec-lo pelo conhecimento de todos os factos sem osquais no possvel ser um homem moderno e culto. O comunista que sevangloriasse de ser comunista simplesmente por ter decorado umasconcluses j estabelecidas, sem ter realizado um trabalho muito srio,muito difcil e muito grande, sem analisar os factos, frente aos quais obrigado a adoptar uma atitude crtica, seria um comunista muitolamentvel. Semelhante atitude superficial seria funestssima. Se eu sei quesei pouco, esforar-me-ei por saber mais; mas se um homem diz que comunista e que no tem necessidade de conhecimentos slidos, nuncasair dele nada que se parea a um comunista.

    A velha escola forjava os dceis lacaios de que os capitalistasnecessitavam; fazia dos homens da cincia pessoas obrigadas a escrever ea falar ao gosto dos capitalistas. Isso quer dizer que devemos suprimi-la.Mas se devemos supriml-la, destru-la, deduz-se da que no devamostormar dela tudo o que a humanidade acumulou e necessrio para ohomem? Depreende-se da que no devamos saber distinguir entre o quenecessitava o capitalismo e o que necessita o comunismo?

    Em vez do adestramento autoritrio que se praticava na sociedadeburguesa contra a vontade da maioria, ns colocamos a disciplinaconsciente dos operrios e camponeses, que unem ao seu dio contra avelha sociedade a deciso, a capacidade e o desejo de unir e organizar assuas foras para esta luta, a fim de criar, com milhes e dezenas de milhes

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    de vontades dispersas, isoladas, fraccionadas e desperdiadas pela imensaextenso do nosso pas, uma vontade nica, j que sem ela seremosinevitavelmente vencidos. Sem esta coeso, sem esta disciplina conscientedos operrios e dos camponeses, a nossa causa est condenada a fracassar.Sem ela no poderemos derrotar os capitalistas e proprietrios de terras detodo o universo. No s no chegaremos a construir a nova sociedadecomunista, como nem sequer chegaremos a assentar solidamente os seusalicerces. Do mesmo modo, apesar de condenarmos a velha escola, apesarde sentirmos contra ela um dio absolutamente legtimo e necessrio,apesar de apreciarmos o desejo de destru-la, devemos compreender que avelha escola livresca, o velho ensino memorlsta e o velho adestramentoautoritrio devem ser substitudos pela arte de assimilar todo o conjunto deconhecimentos humanos, e assimil-los de tal modo que o vossocomunismo no seja algo aprendido de memria, mas algo pensado por vsmesmos, como uma concluso que se impe necessariamente do ponto devista da instruo moderna.

    assim que se devem expor as tarefas fundamentais quandodiscutimos o problema de aprender o comunismo.

    Para vos explicar isto e abordar, ao mesmo tempo, a questo de comoestudar, tomarei um exemplo prtico. Todos sabeis que agora,imediatamente depois dos problemas militares, dos problemas da defesa daRepblica, surge perante ns o problema econmico. Sabemos que impossvel edificar a sociedade comunista sem restaurar a indstria e aagricultura, e no na sua forma antiga, claro est. H que restaur-las deacordo com a ltima palavra da cincia, sobre uma base moderna. Vssabeis que essa base a electricidade; que s no dia em que todo o pais,todos os ramos da indstria e da agricultura estiverem electrificados, no diaem que tiverdes realizado esta tarefa, s ento, podereis edificar para vsprprios a sociedade comunista que a gemo velha no poder edificar.Levanta-se diante de vs a tarefa de fazer renascer a economia de todo opas, de reorganizar e restaurar a agricultura e a indstria sobre uma basetcnica moderna, fundada na cincia e na tcnica modernas, naelectricidade. Compreendereis perfeitamente que a electrificao no podeser obra de ignorantes e que para isso faz falta algo mais que noesrudimentares. No basta compreender o que a electricidade; h que sabercomo apllc-la tecnicamente indstria, agricultura e a cada um dos seusramos. Tudo isso temos que aprend-lo ns prprios, e devemos ensin-lo atoda a nova gerao trabalhadora. Essa a tarefa que se coloca a cadacomunista consciente, a todo o jovem que se considere comunista ecompreenda claramente que, ao ingressar na Unio da JuventudeComunista, contraiu o compromisso de ajudar o Partido a edificar ocomunismo e de ajudar toda a jovem gerao a criar a sociedadecomunista. Deve compreender que s sobre a base da instruo moderna

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    poder criar esta sociedade, e que, na falta dessa instruo, o comunismono ser mais que um desejo.

    A tarefa da gerao precedente consistia em derrubar a burguesia.Criticar a burguesia, fomentar nas massas o sentimento de dio contra ela,desenvolver a conscincia de classe e a habilidade para agrupar as suasforas eram ento as armas essenciais. A nova gerao tem diante de siuma tarefa mais complexa. No vos basta unir todas as vossas foras paraapoiar o Poder operrio e campons contra a invaso dos capitalistas.Tendes que fazer isso. Que vs o compreendestes, v-o claramente todo ocomunista. Mas isso insuficiente. Sois vs que deveis edificar a sociedadecomunista. A primeira metade do trabalho est j, em muitos sentidos,terminada. O antigo regime foi destrudo, como deveria s-lo; no maisque um monto de runas, que aquilo a que devia ficar reduzido. Oterreno est j desbravado e, sobre este terreno, a nova gerao comunistadeve edificar a sociedade comunista. A vossa tarefa edificar, e s apodereis cumprir possuindo todos os coinheclmentos modernos, sabendotransformar o comunismo, em vez de frmulas feitas, conselhos, receitas,prescries e programeis aprendidos de cor, em algo vivo que coordene ovosso trabalho imediato, sabendo converter o comunismo em guia do vossotrabalho prtico.

    Esta a vossa misso: no deveis perd-la de vista ao instruir, educar eelevar toda a gerao jovem. Deveis ser os primeiros entre os construtoresda sociedade comunista, entre os milhes de construtores que devem sercada rapaz e cada rapariga. Se no incorporais a esta edificao docomunismo toda a massa da juventude operria e camponesa, noconstruireis a sociedade comunista.

    Isto leva-me, como natural, questo de como devemos ensinar ocomunismo e em que deve consistir a peculiaridade dos nossos mtodos.

    Deter-me-ei, em primeiro lugar, no problema da moral comunista.

    Tendes que fazer, de vs prprios, comunistas. A tarefa da Unio daJuventude consiste em organizar a sua actividade prtica de modo que,estudando, organlzando-se, unlndo-se, lutando, esta juventude faa a suaeducao de comunista e a de todos os que a reconhecem como gula. Todaa educao, toda a instruo e todo o ensino da juventude contemporneadevem desenvolver nela a moral comunista.

    Mas existe uma moral comunista? Existe uma tica comunista? evidente que sim. Pretende-se muitas vezes que ns no temos uma moralprpria, e a burguesia acusa-nos com frequncia de ns, os comunistas,negarmos toda a moral. Isto no mais que uma manobra para adulteraros conceitos e deitar poelra nos olhos dos operrios e dos camponeses.

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    Em que sentido negamos ns a moral, a tica?

    Negamo-la no sentido que lhe dava a burguesia, que punha na base damoralidade os mandamentos divinos. A este respeito dizemos,naturalmente, que no cremos em Deus, e sabemos multo bem que o clero,os proprietrios de terras e a burguesia falavam em nome de Deus paradefenderem os seus interesses de exploradores. Ou ento, em vez dededuzir esta moral dos preceitos da tica, dos mandamentos de Deus,deduziam-na de frases idealistas ou seml-idealistas que, definitivamente, separeciam sempre muito aos mandamentos de Deus.

    Ns negamos toda a moralidade dessa ndole, tomada de concepes ,margem da sociedade humana, margem das classes. Dizemos que isso enganar, iludir os operrios e camponeses e embolar a sua conscincia emproveto dos proprietrios de terras e capitalistas.

    Dizemos que a nossa moralidade est por completo subordinada aosinteresses da luta de classe do proletariado. A nossa tem por ponto departida os interesses da luta de classe do proletariado.

    A antiga sociedade baseava-se na opresso de todos os operrios e detodos os camponeses pelos proprietrios de terras e capitalistas. Eranecessrio destru-la, era necessrio derrubar esses opressores, mas paraisso precisvamos de criar a unio. E no era Deus que podia cri-la.

    Esta unio apenas podia vir das fbricas, de um proletariado instrudo,despertado do seu velho letargo. S quando se constituiu esta classe,comeou o movimento de massas que conduziu ao que vemos hoje; aotriunfo da revoluo proletria num dos pases mais dbeis, que se defendedesde h trs anos, frente aos embates da burguesia do mundo inteiro. Evemos como a revoluo proletria cresce em todo o globo. Agora dizemos,baseando-nos na experincia, que s o proletariado pde criar uma forato coesa, que seguida pela classe camponesa dispersa e fragmentada eque foi capaz de resistir a todos os ataques dos exploradores. S esta classepode ajudar as massas exploradoras a unir-se, a cerrar fileiras, a fazertriunfar e garantir definitivamente a sociedade comunista, a edific-la porcompleto.

    Por isso dizemos que, para ns, a moralidade tomada margem dasociedade humana no existe, um logro. Para ns, a moral estsubordinada aos interesses da luta de classe do proletariado.

    Ora bem, em que consiste esta luta de classes? Em derrubar o tsar, emderrubar os capitalistas, em aniquilar a classe capitalista.

    E que so as classes em geral? o que permite a uma parte da

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    sociedade apropriar-se do trabalho da outra. Se uma parte da sociedade seapropria de toda a terra, h uma classe de proprietrios de terra e umaclsse de camponeses. Se uma parte da sociedade possui as fbricas, asaces e os capitais, enquanto que a outra trabalha nessas fbricas, temosa classe dos capitalistas e a dos proletrios.

    No nos foi difcil desembaraarmo-nos do tsar: bastaram para issoalguns dias. No nos foi difcil derrubar os proprietrios de terras:conseguimos faz-lo nalguns meses. To-pouco foi muito difcil derrubar oscapitalistas. Mas suprimir as classes incomparavelmente mais difcil;subsiste ainda a diviso entre operrios e camponeses. Se um camponsinstalado numa parcela de terra se apropria do trigo excedente, quer dizer,do trigo que nem ele nem o seu gado necessitam, enquanto que os demaiscarecem de po, converte-se j num explorador. Quanto mais trigo retm,mais ganha, e no lhe importa que os outros passem fome; Quanto maisfome tiverem, mais caro venderei o meu trigo. preciso que todostrabalhem de acordo com um plano comum numa terra comum, em fbricascomuns e de acordo com regras comuns. fcil faz-lo? Vs prprios vdesque neste terreno no possvel conseguir solues com a mesmafacilidade que quando derrubmos o tsar, os proprietrios de terras e oscapitalistas. Para isso necessrio que o proletariado transforme, reeduqueuma parte dos camponeses e atraia para o seu lado os camponesestrabalhadores, a fim de quebrar a resistncia dos camponeses ricos, quelucram com a misria dos demais. Por conseguinte, a tarefa da luta doproletariado no terminou com o derrubamento do tsar e a expulso dosproprietrios de terras e capitalistas; lev-la ao termo , precisamente, amisso do regime que denominamos ditadura do proletariado.

    A luta de classes continua, somente mudaram as suas formas. a lutade classe do proletariado para impedir o regresso dos antigos exploradores,para agrupar numa estreita unio a massa dispersa do campesinatoignorante. A luta de classes continua, e a nossa misso subordinar todosos interesses a esta luta. Por isso, subordinamos a ela a nossa moralidadecomunista. Dizemos: moral tudo aquilo que contribui para destruir aantiga sociedade exploradora e para agrupar todos os trabalhadores emtomo do proletariado, criador da nova sociedade comunista.

    A moral comunista a que serve para esta luta, a que une ostrabalhadores contra toda a explorao e contra toda a pequenapropriedade, pois a pequena propriedade pe nas mos de um indivduoaquilo que foi criado pelo trabalho de toda a sociedade. No nosso pas, aterra considerada propriedade comum.

    Mas que acontecer se tomo uma parte dessa propriedade comum, secultivo nela duas vezes mais trigo do que necessito, se especulo com o

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    excedente da colheita, se calculo que quanto mais fome padeam os outros,mais caro me pagaro? Estarei a agir como comunista? No, estarei a agircomo explorador, como proprietrio. Temos de lutar contra isso. Se ascoisas continuam assim, voltaremos ao passado, cairemos de novo debaixodo Poder dos capitalistas e da burguesia, como ocorreu mais de uma vezem anteriores revolues. E para evitar que se restaure o Poder doscapitalistas e da burguesia, preciso proibir o mercantilismo, precisoimpedir que uns indivduos se enriqueam custa dos outros, preciso queos trabalhadores se unam estreitamente ao proletariado e constituam asociedade comunista. Consiste nisto, precisamente, o carcter essencialdaquilo que constitui a tarefa fundamental da organizao da juventudecomunista.

    A velha sociedade estava baseada no seguinte princpio: ou saqueias oteu prximo ou ele te saqueia a ti, ou trabalhas para outro, ou outrotrabalha para tl, ou s esclavagista ou s escravo. E compreensvel que oshomens educados em semelhante sociedade assimilem, com o leitematerno, por assim dizer, a psicologia, o costume, a ideia de que no hseno senhores ou escravos, ou pequenos proprietrios, pequenosempregados, pequenos funcionrios, intelectuais, numa palavra, homensque se ocupam exclusivamente de ter o seu sem pensar nos outros.

    Se eu exploro a minha parcela de terra, pouco me importam os outros;se algum tem fome, tanto melhor, venderei o meu trigo mais caro. Setenho o meu empregozinho de mdico, de engenheiro, de professor ou deempregado, que me importam os outros? Pode ser que, custa deadulaes e de complacnclas em relao aos poderosos, eu consigaconservar o meu lugarzinho, ou, na melhor das hipteses, possa fazercarreira e chegar a burgus. Semelhante psicologia e estado de nimo nopodem existir num comunista. Quando os operrios e camponesesdemonstraram que, com as nossas prprias foras, somos capazes dedefender-nos e de criar uma sociedade nova, nesse mesmo momentocomeou a nova educao comunista, a educao na luta contra osexploradores, a educao na aliana com o proletariado contra os egostas eos pequenos proprietrios, contra a psicologia e os costumes que dizem:Procuro o meu prprio benefcio e o resto no me interessa.

    Tal a resposta pergunta de como deve aprender o comunismo agerao jovem.

    Esta gerao s poder aprender o comunismo se ligar cada passo dasua instruo, da sua educao e da sua formao luta incessante dosproletrios e dos trabalhadores contra a antiga sociedade baseada naexplorao. Quando se nos fala de moralidade, dizemos: para umcomunista, toda a moral reside nesta disciplina solidria e unida e nesta luta

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    consciente das massas contra os exploradores. No cremos na moral eternae denunciamos o embuste de todas as mentiras acerca da moral. A moralserve para que a sociedade humana se eleve a maior altura, para que sedesembarace da explorao do trabalho.

    Para o conseguirmos, necessitamos da gerao dos jovens que numambiente de luta disciplinada e encarniada contra a burguesia comearama converter-se em homens conscientes. Nesta luta, a juventude forjarverdadeiros comunistas; a esta luta deve vincular e subordinar a todo omomento a sua instruo, a sua educao e a sua formao. A educao dajuventude comunista no deve consistir em oferecer-lhe discursosprazenteiros de todo o gnero e regras de moralidade. No, a educao noconsiste nisso. Quando um liomem viu o seu pa e a sua me viver sob ojugo dos proprietrios da terras e capitalistas, quando ele prprio participoudos sofrimentos dos primeiros que empreenderam a luta contra osexploradores, quando viu os sacrifcios que custa a continuao desta luta ea defesa do que foi conquistado e quo furiosos inimigos so osproprietrios de terras e os capitalistas, esse homem, nesse ambiente,forja-se como comunista. A base da moralidade comunista est na luta parareforar e levar a cabo a edificao do comunismo. Essa a base do estudo,da educao e da instruo comunistas. Tal a resposta pergunta decomo h que aprender o comunismo.

    No acreditaramos no estudo, na educao e na instruo se estasfossem encerradas nas escolas e separadas da vida agitada. Enquanto osoperrios e os camponeses estiverem oprimidos pelos proprietrios deterras e pelos capitalistas, enquanto as escolas continuarem nas mos dosproprietrios de terras e dos capitalistas, a gerao jovem permanecercega e ignorante. Mas a nossa escola deve dar aos jovens os fundamentosda cincia, a arte de forjarem por si mesmos uma mentalidade comunista,deve fazer deles homens cultos. No tempo que os jovens passam na escola,esta tem que fazer deles participantes na luta para se libertarem dosexploradores. A Unio da Juventude Comunista s ser digna deste nome,de ser a Unio da jovem gerao comunista, se vincular cada passo da suainstruo, educao e formao participao na luta comum de todos ostrabalhadores contra os exploradores. Porque sabeis perfeitamente queenquanto a Rssia for a nica repblica operria, e no resto do mundosubsistir o antigo regime burgus, seremos mais dbeis que eles, que nosameaam constantemente novos ataques, e que s aprendendo a manterentre ns a coeso e a unidade triunfaremos na luta ulterior e, uma vezfortalecidos, tornar-nos-emos verdadeiramente invencveis. Portanto, sercomunista significa organizar e unir toda a gerao jovem, dar exemplo deeducao e de disciplina nesta luta. Ento podereis empreender e levar acabo a edificao da sociedade comunista.

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    Para que compreendais mais claramente, darei um exemplo. Nschamamo-nos comunistas. Que um comunista? Comunista vem da palavralatina communis, que significa comum. A sociedade comunista significa quetudo comum: a terra, as fbricas, o trabalho. Isso o comunlsmo.

    Pode ser comum o trabalho se os homens exploram cada um a suaprpria parcela? O trabalho comum no se cria da noite para o dia. Isso impossvel. No cai do cu. H que consegui-lo aps largos esforos esofrimentos, h que cri-lo. E cria-se no curso da luta. No se trata aqui deum livro velho, em que ningum acreditaria. Trata-se da prpria experinciada vida.

    Quando Koltchak e Denikin avanavam a partir da Sibria e do Sul, oscamponeses estavam ao seu lado. No gostavam do bolchevismo, j que osbolcheviques lhes ficavam com o trigo ao preo legal. Mas depois de teremsofrido na Sibria e na Ucrnia o Poder de Koltchak e de Denikin, oscamponeses compreenderam que s podiam escolher entre dois caminhos:voltar ao capitalismo, que os submeteria escravatura dos proprietrios deterras, ou seguir os operrios, que, se certo que no prometem o ouro e omouro e exigem uma disoiplina frrea e uma firmeza indomvel na duraluta, os libertam da escravido dos capitalistas e dos proprietrios de terras.Quando at os camponeses mais ignorantes compreenderam e sentiram istopela sua prpria experincia, na dura escola da vida que tinham cursado,tornaram-se partidrios conscientes do comunismo. Esta mesmaexperincia deve ser tomada pela Unio da Juventude Comunista como basede toda a sua actividade.

    Respondi j s perguntas sobre que devemos aprender e que devemostomar da velha escola e da velha cincia. Tratarei de responder tambm pergunta de como devemos aprender isto: s ligando indissoluvelmente luta de todos os trabalhadores contra os exploradores, cada passo naactividade da escola, cada passo na educao, na instruo e na formao.

    Com alguns exemplos, extrados da experincia do trabalho de algumasorganizaes da juventude, mostrar-vos-ei concretamente como deve fazer-se a educao do comunismo. Todo o mundo fala de liquidar oanalfabetismo. Como sabeis, num pas de analfabetos impossvel edificara sociedade comunista. No basta que o Poder dos Sovietes d uma ordem,ou que o Partido lance uma palavra de ordem, ou que determinadocontingente dos melhores militantes se consagre a esta tarefa. precisoque a jovem gerao comunista deite ela mesma mos obra. Ocomunismo consiste em que a juventude, os rapazes e as raparigaspertencentes Unio da Juventude digam: isso a nossa misso, unir-nos-emos e marcharemos para as aldeias a fim de liquidarmos o analfabetismo,para que a nossa jovem gerao no tenha analfabetos. Ns aspiramos a

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    que a juventude em formao consagre a esta obra a sua iniciativa. Vssabeis que impossvel transformar rapidamente a Rssia ignorante eanalfabeta numa Rssia instruda; mas se a Unio da Juventude pe nisso oseu empenho, se toda a juventude trabalha para o bem-estar de todos, estaUnio, que agrupa 400 000 jovens, ter direito a chamar-se UnioComunista da Juventude. Outra das suas misses , ao assimilar um ououtro conhecimento, ajudar os jovens que no conseguiram desembaraar-se por si mesmos das trevas da ignorncia. Ser membro da Unio daJuventude significa comportar-se de maneira a pr o seu trabalho e as suasforas ao servio da causa comum. S efectuando esse trabalho um rapazou uma rapariga se converte num verdadeiro comunista. S serocomunistas se conseguirem resultados prticos neste trabalho.

    Tomai, por exemplo, o trabalho nas hortas suburbanas. Acaso no umtrabalho til? uma das tarefas que incumbem Unio da JuventudeComunista. O povo passa fome, nas fbricas e empresas h fome. Para noslivrarmos dela h que desenvolver a horticultura, mas os campos continuama cultivar-se antiga. preciso que os elementos mais conscientes metammos obra, e ento vereis crescer o nmero de hortas, aumentar a suasuperfcie e melhorar o seu rendimento. Neste trabalho deve participaractivamente a Unio da Juventude Comunista. Cada uma das suasorganizaes ou clulas deve consider-lo assunto seu.

    A Unio da Juventude Comunista deve ser um grupo de choque que da sua ajuda e manifeste a sua iniciativa, o seu esprito de empreendimento,em todos os terrenos. A Unio deve ser tal, que qualquer operrio veja nosseus membros pessoas cuja doutrina porventura no lhe seja facilmentecompreensvel, em cujas ideias talvez no creia imediatamente, mas cujotrabalho real e cuja ateno lhe mostrem que so eles, precisamente, quelhe indicam o caminho certo.

    Se a Unio da Juventude Comunista no sabe organizar assim o seutrabalho em todos os terrenos, significar que se desvia em direco aoantigo caminho burgus. Necessitamos vincular a nossa educao luta dostrabalhadores contra os exploradores para ajudar os primeiros a cumprir astarefas derivadas da doutrina comunista.

    Os membros da Unio devem consagrar todas as suas horas de cio amelhorar o cultivo nas hortas; ou a organizar numa fbrica qualquer ainstruo da juventude, etc. Queremos transformar a Rssia pobre emiservel num pas rico. E preciso que a Unio da Juventude Comunistauna a sua formao, a sua instruo e a sua educao ao trabalho dosoperrios e dos camponeses, que no se encerre nas suas escolas, nem selimite a ler livros e folhetos comunistas. S trabalhando com os operrios eos camponeses se pode chegar a ser um verdadeiro comunista. E preciso

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    que todos vejam qua qualquer dos membros da Unio da Juventude instrudo e, ao mesmo tempo, sabe trabalhar. Quando todos virem queexpulsmos da antiga escola o velho adestramento autoritrio, substituindo-o por uma disciplina consciente, que todos os nossos jovens participam nossbados comunistas, que utilizam as hortas suburbanas para ajudar apopulao, comearo a considerar o trabalho de outro modo.

    Compete Unio da Juventude Comunista organizar, na sua aldeia, ouno seu bairro, a ajuda numa obra como, por exemplo tomo um pequenoexemplo assegurar a limpeza ou a distribuio de vveres. Como sefaziam estas coisas na velha sociedade capitalista? Cada qual trabalhava spara si, ningum se preocupava que houvessem ancios ou enfermos, ouque todos os trabalhos domsticos recassem sobre uma mulher, que, porisso, se encontrava escravizada e oprimida. Quem tem o dever de lutarcontra tudo isso? As Unies da Juventude, que devem dizer: nstransformaremos isto, organizaremos destacamentos de jovens queajudaro nos trabalhos de limpeza ou na distribuio de vveres,percorrendo sistematicamente as casas, que actuaro organizadamente emproveito da sociedade, repartindo acertadamente as foras e demonstrandoque o trabalho deve ser um trabalho organizado.

    A gerao que tem agora cerca de 50 anos, no pode pensar em ver asociedade comunista. Ter morrido ntes. Mas a gerao que tem hoje 15anos, ver a sociedade comunista e ser ela que a construir. E deve saberque a edificao desta sociedade a misso da sua vida. Na velhasociedade, o trabalho fazia-se por famlias isoladas e ningum ocoordenava, exceptuando os proprietrios de terras e os capitalistas, queoprimiam as massas populares. Ns devemos organizar todos os trabalhos,por sujos ou duros que sejam, de modo que cada operrio e cada camponsdiga: eu sou uma pequena parte do grande exrcito do trabalho livre esaberei organizar a minha vida sem proprietrios de terras nem capitalistas,saberei estabelecer o regime comunista. preciso que a Unio daJuventude Comunista eduque a todos, desde cedo, no trabalho consciente edisciplinado. Assim, poderemos esperar que sejam cumpridas as tarefas quehoje se apresentam. Devemos ter em conta que faro falta no menos dedez anos para electrificar o pas, para que a nossa terra arruinada possa terao seu servio as ltimas conquistas da tcnica. Pois bem, a gerao quetem hoje 15 anos e que dentro de dez ou vinte anos viver na sociedadecomunista, deve organizar a sua instruo de maneira que cada dia, emcada aldeia ou cidade, a juventude cumpra praticamente uma tarefa detrabalho colectivo, por minsculo e simples que seja. medida que serealize isto em cada aldeia, medida que se desenvolva a emoluocomunista, medida que isso ocorra, ficar assegurado o xito daedificao comunista. S considerando cada um dos seus actos do ponto devista deste xito, s perguntando conscientemente a ns prprios se

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    Incluso 25/10/2008ltima alterao 09/03/2012

    fizemos o necessrio para chegarmos a ser trabalhadores unidos econscientes, conseguir a Unio da Juventude Comunista agrupar o meiomilho dos seus membros no grande exrcito nico do trabalho e granjear orespeito geral.

    (Calorosos aplausos).

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