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6.CASO DE ESTUDO

ASO DE STUDO - Repositório Aberto · compactados com até 103 % do Proctor Modificado e foram posteriormente enviados para o laboratório de ensaio. A humidade das amostras submetidas

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6.CASO DE ESTUDO

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Miguel Teixeira Caso de Estudo

6.1 INTRODUÇÃO

O caso de estudo apresentado insere-se num projecto de reciclagem com espuma de

betume e profundidade máxima de 25 cm, de dois troços de um pavimento localizado

na Grécia e que se encontrava bastante deteriorado. Este pavimento faz parte da auto-

estrada que liga Atenas a Korinthos e a intervenção projectada totalizava cerca de 21

km. Como parte deste projecto e como caso de estudo deste trabalho, o objectivo era

determinar a envolvente de rotura de Mohr-Coulomb das diversas formulações da

mistura consideradas, assim como determinar sempre que possível os respectivos

módulos elásticos (Módulo Resiliente, Mr).

Na impossibilidade de realizar a produção das amostras no laboratório de ensaio

localizado em Stellenbosch na África do Sul, as misturas foram efectuadas na Grécia

com o material proveniente da desagregação do pavimento, moldados os respectivos

provetes e posteriormente enviadas para o laboratório de ensaio. No laboratório da

universidade de Stellenbosch procedeu-se ao ensaio dos provetes para determinação

das características já referidas.

6.2 CARACTERIZAÇÃO DO PAVIMENTO

O perfil transversal do pavimento era constituído por um New-Jersey ao centro,

marginado por uma berma com cerca de 0,75m; 3 faixas de rodagem com cerca de

3,8 metros de largura e uma berma exterior com cerca de 2,8 metros de largura, ver

figura 6.1.

Figura 6.1 - Perfil Transversal do Pavimento

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Miguel Teixeira Caso de Estudo

A directriz da estrada é constituída por uma sucessão de rectas e curvas circulares de

grande raio.

O pavimento apresentava um estado de ruína avançado, e as mais variadas patologias

tais como deformações acentuadas, fendilhamentos de diversos tipos e uma

existência farta de reparações localizadas (Figuras 6.2 e 6.3).

Figura 6.2 - Fendas Figura 6.3 - Reparações localizadas

Para investigar a constituição das camadas do pavimento e sua profundidade foram

abertos poços com uma profundidade adequada, de modo a poder observar

visualmente todas as camadas constituintes. Constatou-se que ao longo da extensão

da intervenção a realizar existiam três tipos distintos de estruturas.

Uma das estruturas era constituída por uma camada de desgaste espessa, que

consistia numa sobreposição de antigas camadas de desgaste mais esbeltas que foram

construídas como medida de reabilitação ou reforço estrutural (MB). Esta camada

sobreponha-se a uma camada de macadame betuminoso, que por sua vez se

sobrepunha a uma camada base granular (Granular) bastante consistente e de baixa

plasticidade (Figura 6.4).

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Miguel Teixeira Caso de Estudo

Figura 6.4 - Estrutura 1

A segunda solução estrutural encontrada era constituída por uma camada de desgaste

delgada (MB) que se sobrepunha a uma camada base tratada com cimento (AGEC)

que apresentava duas sub camadas distintas, consequência da sua provável

construção em duas etapas. Esta camada sobrepunha-se a uma camada de material

granular que na sua metade superior era constituída por material britado e na metade

inferior material natural.

Figura 6.5 - Estrutura 2

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Miguel Teixeira Caso de Estudo

Por fim o último tipo de estrutura observado era constituído por uma camada de

desgaste (MB) que se sobrepunha a uma base granular constituída por material

britado na parte superior e material natural na parte inferior. Na camada de material

britado podiam ser identificadas duas sub camadas provenientes do processo de

construção.

Figura 6.6 - Estrutura 3

Na figura 6.7 apresentam-se esquemas das diversas soluções estruturais observadas

neste pavimento.

Figura 6.7 - Estruturas do Pavimento

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Miguel Teixeira Caso de Estudo

6.3 COMPOSIÇÃO DAS MISTURAS COM ESPUMA DE BETUME

Para caracterização das misturas com espumas de betume foram seguidas várias

etapas. Numa primeira etapa foram realizadas várias misturas com percentagens de

espuma de betume entre 2 e 3 % e 1 entre 1,5 % de cimento conforme a mistura,

sendo depois fabricados provetes tipo “Marshall”.

As misturas foram efectuadas misturando várias proporções de cada tipo de camada

existentes no pavimento a reabilitar. A determinação desta formulação foi estimada

tendo em conta a cota final do pavimento após reabilitação e é apresentada na tabela

6.1. Na figura 6.8 apresenta-se a representação dos fusos granulométricos das sete

misturas efectuadas. Um quadro com os valores de passados em cada peneiro para o

material retirado de cada camada constituinte do pavimento e para as misturas é

apresentado no anexo 1

Tabela 6.1

Percentagens de cada Camada Reciclada na Mistura

Mistura MB (%) AGEC (%) Granular (%)

A 100 0 0

B 75 0 25

C 50 0 50

D 25 0 75

E 75 25 0

F 50 50 0

G 25 75 0

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Figura 6.8 - Fusos Granulométricos das Camadas e das Misturas

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Como se pode observar na figura 6.8 os fusos das misturas inserem-se no intervalo

limite recomendado, não sendo este facto totalmente verdadeiro apenas devido à falta

de materiais finos. É em parte devido a este facto que advém a necessidade de

adicionar cimento às misturas de modo a corrigir a percentagem de materiais finos

necessários na mistura. Um outro facto que minimiza esta falta de finos é que se

antecipa que a fresadora a utilizar obtenha materiais ligeiramente mais finos durante

a construção do novo pavimento.

Posteriormente, os provetes foram submetidos aos ensaios de compressão diametral

para determinação da tensão de rotura de tracção por compressão diametral. Este

ensaio foi realizado sobre provetes secos e saturados.

Foi também medida a baridade das misturas. Procedendo deste modo, foi possível

determinar qual a percentagem de espuma de betume, e correspondente percentagem

de betume, que maximizava as propriedades da mistura. As folhas resumo deste

estudo são apresentadas no anexo 1.

Na fase seguinte foram fabricados provetes, com 15 cm de diâmetro e 12 cm de

altura, contendo as percentagens dos ligantes óptimas determinadas na fase anterior e

compactados com 100 % da compactação com o Proctor modificado.

A cura destes provetes consistiu na sua conservação à temperatura ambiente durante

24 horas seguida duma fase em que eram conservados num saco plástico selado e

conservado a 40 ºC durante 48 horas. Estes provetes foram posteriormente

submetidos a três tipos de ensaios. O ensaio de compressão diametral (CD), para

determinação da tensão de rotura por tracção. Este ensaio foi efectuado sobre

provetes saturados e com a humidade ambiente. O ensaio de compressão simples

(CS), para determinação da tensão de rotura por compressão sem pressão de

confinamento. Ensaios de rotura por compressão com diferentes tensões de

confinamento para determinação da envolvente de rotura de Mohr-Coulumb. A

tabela 6.2 apresenta um resumo dos valores obtidos. Desta tabela constam já os

resultados dos ensaios triaxiais com pressão de confinamento realizados no

laboratório de ensaios da Universidade de Stellenbosch e que serão alvo de atenção

pormenorizada em ponto posterior deste texto.

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Tab

ela

6.2

Val

ores

obt

idos

nos

Ens

aios

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6.4 ENSAIOS TRIAXIAIS REALIZADOS

6.4.1 MONOTÓNICOS (ENVOLVENTE DE MOHR-COULOMB)

Os ensaios triaxiais foram realizados no Departamento de Engenharia Civil da

Universidade de Stellenbosch na África do Sul. Estes provetes foram moldados na

Grécia, com 15 cm de diâmetro e aproximadamente 30 cm de altura, sendo

compactados com até 103 % do Proctor Modificado e foram posteriormente enviados

para o laboratório de ensaio. A humidade das amostras submetidas a ensaio variava

no intervalo compreendido entre 1,6 % para as misturas A a E e 4,2 % para as

misturas F e G. Os provetes eram conservados no saco plástico de origem sendo

colocados na câmara climática antes do ensaio de modo a atingir a temperatura de

equilíbrio do interior da câmara.

Figura 6.9 - Provetes antes do Ensaio

Os ensaios foram efectuados num sistema servo-hidráulico comandado

electronicamente da marca Material Test System (MTS), figura 6.10. Este aparelho

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Miguel Teixeira Caso de Estudo

tem uma capacidade máxima de carga de 100 kN e é capaz de medir deslocamentos

até ao máximo de 100 mm. A precisão da medição dos deslocamentos ao longo dos

100 mm de percurso é de 0,1 mm.

Os ensaios podem ser conduzidos quer em deslocamento controlado, quer em carga

controlada. Os dados obtidos durante o ensaio são armazenados em tempo real num

computador.

Para a realização dos ensaios triaxiais é utilizada uma célula triaxial da marca inglesa

Wykeham-Farrance, com capacidade máxima para pressões de confinamento de

1700 kPa, figura 6.11. A pressão de confinamento é aplicada por meio de ar que é

comprimido recorrendo a uma bomba.

Figura 6.10 - Aparelho de Ensaio Figura 6.11 - Célula Triaxial

O ensaio triaxial monotónico foi realizado até à rotura do material tem-se como

objectivo determinar a resistência do mesmo em termos de coesão (c) e ângulo de

atrito interno (Ø). Foram realizados três testes com pressões de confinamento

crescentes, 50, 150 e 300 kPa e com os resultados obtidos determinam-se a

envolvente de rotura de Mohr-Coulomb do material, ver figura 6.12.

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σ

τ

c

φ

σ3 σ1,f

Figura 6.12

Envolvente de rotura de Mohr-Coulomb

Para a realização do ensaio o provete a ser submetido a ensaio tem de ser

previamente preparado. Assim o provete é coberto por uma membrana de látex,

figura 6.13, que é selada nos extremos com um “o-ring” de borracha que envolve as

bases metálicas nos topos, figura 6.14. Deste modo pretende-se prevenir a eventual

existência de fugas de ar. Estes ensaios triaxiais são realizados sob uma temperatura

de 25 ºC controlada, de modo a que não existam oscilações da mesma durante o

ensaio. O ensaio é conduzido sob deslocamento controlado a uma taxa de 6,25 mm

por minuto, equivalente a uma taxa de deformação de 2,6% por minuto.

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Figura 6.13

Colocação da Membrana de Látex

Figura 6.14

Selagem da Membrana de Látex

Para cada ensaio procedeu-se ao registo da carga aplicada e da deformação axial do

provete.

Posteriormente com os dados obtido, para cada mistura e para cada pressão de

confinamento, traçou-se um gráfico da carga do ensaio em função da extensão axial

do provete. Estes gráficos são apresentados nas figuras 6.15 a 6.21.

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5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

50.000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

Extensão Axial (%)

Forç

a (N

)

50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 6.15

Carga aplicada em função da Extensão Axial para a mistura A

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

50.000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

Extensão Axial (%)

Forç

a (N

)

50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 6.16

Carga aplicada em função da Extensão Axial para a mistura B

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40.000

45.000

50.000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

Extensão Axial (%)

Forç

a (N

)

50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 6.17

Carga aplicada em função da Extensão Axial para a mistura C

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

50.000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

Extensão Axial (%)

Forç

a (N

)

50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 6.18

Carga aplicada em função da Extensão Axial para a mistura D

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50.000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

Extensão Axial (%)

Forç

a (N

)

50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 6.19

Carga aplicada em função da Extensão Axial para a mistura E

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

50.000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

Extensão Axial (%)

Forç

a (N

)

50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 6.20

Carga aplicada em função da Extensão Axial para a mistura F

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40.000

45.000

50.000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

Extensão Axial (%)

Forç

a (N

)

50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 6.21

Carga aplicada em função da Extensão Axial para a mistura G

Da observação dos gráficos podemos concluir que a resistência do material aumenta

com o aumento da pressão de confinamento, como seria de esperar. É também

possível observar que a extensão de rotura é bastante superior ao limite de 1%

característico dos materiais granulares o que evidencia as propriedades aglomerantes

da espuma adicionada à mistura.

Na tabela 6.3 apresentam-se os valores da tensão de rotura dos provetes ensaiados.

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Tabela 6.3

Tensões de Rotura

Tensão de Confinamento

(kPa)A B C D E F G

50 898,0 1212,6 1638,2 1760,2 1315,6 1573,2 1304,8

150 1370,0 1738,2 1884,5 2236,9 1776,2 1759,9 1879,1

300 1714,7 2148,4 2969,7 3080,9 2178,2 2403,2 2826,1

Tensão (kPa)

Na tabela 6.4 é apresentado em percentagem o acréscimo no valor da tensão de

rotura das misturas B a G relativamente à mistura A.

Tabela 6.4

Acréscimo na Tensão de Rotura relativamente á Mistura A

Tensão de Confinamento

(kPa)A B C D E F G

50 100,0 135,0 182,4 196,0 146,5 175,2 145,3

150 100,0 193,6 209,9 249,1 197,8 196,0 209,3

300 100,0 239,2 330,7 343,1 242,6 267,6 314,7

Acréscimo de Tensão(%)

Podemos afirmar que a inclusão de material granular ou material estabilizado com

cimento das camadas inferiores do pavimento dão origem a um material com

melhores características resistentes. É também evidente que quanto mais elevada for

a percentagem destes constituintes na mistura melhor o desempenho da mesma. Este

facto pode ser observado de uma forma mais evidente na tabela 6.5. Nesta tabela é

apresentado o acréscimo do valor da tensão de rotura, também em percentagem, das

misturas C e D relativamente á mistura B, misturas constituídas por mistura

betuminosa e material granular, e das misturas F e G relativamente á mistura E,

misturas constituídas por MB e AGEC.

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Miguel Teixeira Caso de Estudo

Tabela 6.5

Acréscimo na Tensão de Rotura relativamente às misturas B e E

Tensão de Confinamento

(kPa)B C D E F G

50 100,0 135,1 145,2 100,0 119,6 99,2

150 100,0 155,4 184,5 100,0 133,8 142,8

300 100,0 244,9 254,1 100,0 182,7 214,8

Acréscimo de Tensão(%)

Com os dados obtidos foram traçados os círculos de Mohr de cada mistura para as

três pressões de confinamento, (ver figuras 6.22 a figura 6.28). Foi também traçada a

envolvente de rotura de Mohr-Coulomb. A determinação desta envolvente era o

objectivo deste caso de estudo, como foi já referido no ponto 5.1. A determinação

das características desta envolvente (c e Ø) foram determinadas analiticamente, com

um grau de correlação muito próximo da unidade, o que atesta a sua validade. Os

valores obtidos são os já apresentados no quadro 6.2.

0

200

400

600

800

1000

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200

Tensões Normais (kPa)

Tens

ões

de C

orte

(kPa

)

s3 = 50 kPas3 = 150 kPas3 = 300 kPaEnvolvente de Rotura

Figura 6.22

Envolvente de Mohr-Coulomb da mistura A

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400

600

800

1000

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200

Tensões Normais (kPa)

Tens

ões

de C

orte

(kPa

)s3 = 50 kPa

s3 = 150 kPa

s3 = 300 kPa

E l d

Figura 6.23

Envolvente de Mohr-Coulomb da mistura B

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800 3000

Tensões Normais (kPa)

Tens

ões

de C

orte

(kPa

)

s3 = 50 kPas3 = 150 kPas3 = 300 kPaEnvolvente de Rotura

Figura 6.24

Envolvente de Mohr-Coulomb da mistura C

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1200

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0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800 3000 3200

Tensões Normais (kPa)

Tens

ões

de C

orte

(kPa

)

s3 = 50 kPas3 = 150 kPas3 = 300 kPaEnvolvente de Rotura

Figura 6.25

Envolvente de Mohr-Coulomb da mistura D

0

200

400

600

800

1000

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200

Tensões Normais (kPa)

Tens

ões

de C

orte

(kPa

)

s3 = 50 kPas3 = 150 kPas3 = 300 kPaEnvolvente de Rotura

Figura 6.26

Envolvente de Mohr-Coulomb da mistura E

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400

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1000

1200

1400

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800 3000

Tensões Normais (kPa)

Tens

ões

de C

orte

(kPa

)

s3 = 50 kPas3 = 150 kPas3 = 300 kPaEnvolvente de Rotura

Figura 6.27

Envolvente de Mohr-Coulomb da mistura F

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800 3000 3200

Tensões Normais (kPa)

Tens

ões

de C

orte

(kPa

)

s3 = 50 kPas3 = 150 kPas3 = 300 kPaEnvolvente de Rotura

Figura 6.28

Envolvente de Mohr-Coulomb da mistura G

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A observação das envolventes de rotura permite retirar algumas conclusões, embora

que limitadas ao caso específico apresentado. As misturas B, C e D que contêm na

composição o material proveniente das camadas granulares do pavimento têm uma

maior coesão (c) do que as restantes. Esta observação pode ser explicada pela maior

presença de material fino na camada granular. Deste modo o betume pode dispersar

de uma forma mais eficaz no agregado criando o já referido mástique que aglomera

as partículas de maiores dimensões criando uma estrutura mais coesa. Este facto é

ainda mais evidente se atentarmos que as misturas que apresentam menor coesão são

as misturas E, F e G ou seja, as que contêm o material CBM substituindo o material

granular e cujos fusos granulométricos são os que contêm menos material fino.

Quanto ao ângulo de atrito interno das misturas podemos observar que atinge os

valores maiores para as misturas contendo CBM, diminuindo nas misturas contendo

material da camada granular, atingindo os valores menores na mistura contendo

material da camada betuminosa.

6.4.2 ENSAIOS CICLÍCOS (MÓDULO ELÁSTICO)

Este ensaio triaxial visa a quantificação do módulo elástico a diferentes pressões de

confinamento. A tensão aplicada é incrementada e o módulo elástico é calculado.

Depois de proceder ao registo gráfico dos dados obtidos, figura 6.29, é possível

estimar uma relação entre o módulo elástico relativamente às tensões aplicadas. Este

ensaio é realizado para três tensões de confinamento, sendo que para cada uma destas

são obtidos 5 pontos.

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Miguel Teixeira Caso de Estudo

Figura 6.29

Representação gráfica do Módulo Elástico em Função do Total das Tensões Principais

Os provetes utilizados neste ensaio tinham as mesmas dimensões dos provetes

utilizados nos ensaios monotónicos. Uma vez que os deslocamentos medidos são

muito pequenos, da ordem dos 1 mm, é necessário proceder à medição dos mesmos

no próprio provete. Para tal foram instalados 3 LVDT’s com curso de 10 mm e

precisão de 0,02 mm. Estes aparelhos foram colocados no terço central da altura do

provete distribuídos de uma forma uniforme relativamente à base do provete, a

ângulos de 120º. Deste modo evitam-se eventuais perturbações de leitura

provenientes dos efeitos de má distribuição de tensões nos extremos do provete a

ensaiar, figuras 6.30 e 6.31.

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Figura 6.30

Colocação da Membrana

Figura 6.31

Selagem da Membrana

Neste caso de estudo este ensaio foi realizado apenas para a mistura C. Este ensaio é

efectuado aplicando uma pré-carga de 20 kPa após a qual é aplicada a carga restante

até perfazer o valor máximo estipulado e que é aplicada sob a forma de uma

sinusóide com frequência de 2 Hz. Para cada configuração de carga aplicada os

dados são recolhidos durante 5 segundos, correspondente a 10 ciclos de carga, e só

após a aplicação de 120 impulsos de carga para condicionar o provete de ensaio. As

configurações de tensão utilizadas neste ensaio são apresentadas na tabela 6.5.

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Tabela 6.6

Combinação de Tensões para Ensaio

Pressão de Confinamento (kPa)

Nº de Ordem do Ensaio

Soma das Tensões Principais ( θ )

Relação da Tensão Principal ( σ1 / σ1,f )

1 274 0,122 353 0,173 433 0,224 513 0,285 592 0,336 671 0,381 574 0,132 661 0,173 749 0,224 836 0,265 923 0,301 1.014 0,192 1.148 0,253 1.283 0,324 1.417 0,385 1.550 0,446 1.684 0,50

50

150

300

Como se verifica no quadro a relação máxima entre a tensão principal aplicada e a

tensão principal máxima de rotura não ultrapassa o valor de 50 % de modo a limitar a

deformação do provete.

Os resultados obtidos no ensaio são apresentados no gráfico da figura 6.32.

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0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

100 300 500 700 900 1.100 1.300 1.500 1.700 1.900

Soma das Tensões Principais θ (kPa)

Mód

ulo

Elás

tico

Mr (

MPa

)

50 kPa 150 kPa 300 kPa

Figura 6.32

Módulo Elástico em função do Total das Tensões Principais

Podemos observar neste gráfico que o valor do módulo elástico demonstra um

comportamento independente das tensões aplicadas e um valor de cerca 1800 MPa.

Este comportamento pode ser explicado por (pela existência de um elevado teor de

ligante (betume e cimento) na mistura) mas deveria ter sido mais explorado e

validado com o ensaio das outras misturas. Como tal não foi possível a explicação

apresentada fica condicionada este caso particular com algum cepticismo.