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5/17/2018 Aspectos jur dicos do IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Ve culos Automot...
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Coluna
Sexta, 11 de Junho de 2010 00h15
Aspectos jurídicos do IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
Podemos conceituar o IPVA como sendo o tributo que incide sobre a propriedade
de veículos automotores, qualquer que seja a sua natureza e que alcança, portanto,
veículos rodoviários, aeroviários e aquaviários (marítimos fluviais e lacustres). Cobrado
anualmente pelos Estados e pelo Distrito Federal, não tem relação direta com prestação
de serviço (asfalto em ruas, colocação de sinais etc.) como tinha a antiga Taxa Rodoviária
Única, que era recolhida com o objetivo de fazer os motoristas pagarem pelo uso e
manutenção das rodovias. Aliás, esta é a característica essencial de todo imposto: é uma
receita da União, Estados ou Municípios, utilizada para as despesas normais da
administração, tais como, educação, saúde, segurança, saneamento etc.
Registre-se que a propriedade do veículo automotor é comprovada por meio do
documento de propriedade emitido pelo DETRAN de cada Estado e que a incidência de
tal imposto se dá a partir da emissão do documento comprovante da propriedade que está
no seu conteúdo, ou seja, quando o veículo é pela primeira vez vendido, não incidindo o
imposto, todavia, enquanto estiver na fábrica ou na concessionária para ser vendido ao
primeiro proprietário.
O IPVA surgiu através da Emenda Constitucional nº. 27, de 28.11.1985, que
atribuiu aos Estados e ao Distrito Federal competência para instituir imposto sobre
propriedade de veículos automotores vedando a cobrança de impostos ou taxas
incidentes sobre a utilização de veículos, dispositivo esse ratificado pelo art. 155 da
CF/88. Ressalte-se que não permaneceu no dispositivo constitucional a vedação à
cobrança de impostos ou taxas incidentes sobre a utilização de veículos.
Merece destacar a percuciente lição de Hugo de Brito MAchado, in verbis:
Quanto às taxas, a vedação era dispensável, posto que o fato
gerador das taxas está sempre ligado à atuação estatal, não se
compreendendo mesmo uma taxa sobre o uso de um veículo
particular. Com ou sem a vedação expressa, infelizmente a
cobrança de taxas no licenciamento de veículos continuou e
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continua a ser praticada, em flagrante violência à Constituição.
Ninguém a isto se opõe, talvez em virtude do valor relativamente
pequeno cobrado de cada proprietário de veiculo.
Quanto aos impostos, parece-nos que a vedação somente seria
importante em face da competência dita residual, posto que o
sistema tributário brasileiro é rígido, discrimina as competências
delimitando o âmbito de cada imposto, de sorte que não seria
mesmo possível, a não ser no exercício da competência residual,
instituir um imposto sobre o uso de veículos automotores.
A função primordial do IPVA é fiscal, sendo que pode ser verificada uma função
extrafiscal quando verificada a diferença de alíquota em razão do tipo de combustível
utilizado pelo veículo.
A respeito do aspecto material do IPVA, ainda não foi editada a lei complementar
que trata do fato gerador, da base de cálculo e contribuintes do IPVA. Como os Estados
possuem competência suplementar para estabelecer normas gerais (art. 24, § 2º, CF),
eles exercem, nesse aspecto, competência plena.
O IPVA tem como fato gerador (continuado, porque repete-se anualmente) a
propriedade de veículos automotores (aqueles que possuem propulsão própria):
automóveis, ônibus, caminhões, motocicletas, tratores, jet-ski, barcos, lanchas, aviões de
esporte e lazer. Destaque-se que o IPVA tem que ser pago todos os anos.
O STF no RE 255.111/SP, entendeu que aeronaves e embarcações não são
veículos automotores.
Vale destacar que alguns doutrinadores afirmam que somente o proprietário pode
ser contribuinte do IPVA, o possuidor não, visto que CF só teria atribuído competência
para o ente federativo capturar como fato gerador a propriedade e não a posse.
O tributo é devido ao Estado onde o contribuinte tem seu domicílio ou residência,
pois é neste que o veículo deve ser registrado já que o fisco pode desconsiderar o
domicílio declarado com a finalidade de dissimular o fato gerador ou por outra razão
recusar o domicílio eleito pelo contribuinte que muitas vezes é de Estado cuja alíquota do
imposto é mais baixa.
No tocante ao aspecto quantitativo do IPVA, esse terá alíquotas mínimas fixadas
pelo Senado Federal e poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização
(art. 155, § 6º, CF). Quando o Senado tem a atribuição (não importa se facultativa ou não)de fixar alíquotas mínimas ou máximas de um imposto, a alíquota estabelecida pela
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resolução do Senado funciona apenas como piso ou teto. A resolução, nesses casos, de
forma nenhuma substitui a lei de cada estado.
Cada estado, na lei instituidora do imposto, deve estabelecer suas alíquotas. Se
houver uma alíquota máxima fixada em resolução, a lei do estado não pode estabelecer
alíquota superior a ela, e se existir alíquota mínima prevista em resolução, a lei do estado
não pode fixar alíquota menor. Note-se, que quem determina a alíquota aplicável
internamente em cada estado é o próprio estado mediante edição de lei própria.
Os Estados e o Distrito Federal, no âmbito das respectivas competências fixarão o
valor do imposto com a aplicação da alíquota sobre a base de cálculo, que é o valor do
veículo. Cinqüenta por cento do valor arrecadado com o IPVA deve ser repassado para o
município onde se deu o licenciamento.
A base de cálculo do IPVA é o valor venal do veículo, estabelecido pelo Estado
que cobra o imposto, submetendo-se aos princípios da estrita legalidade, das
anterioridades nonagesimal e do exercício financeiro.
È de se destacar que, corrente minoritária entende que incide IPVA sobre
qualquer tipo de veículo automotor. O STF entende que NÃO INCIDE sobre embarcações
e aeronaves.
Merece destacar que não pode haver diferença de alíquotas em razão da
procedência do veículo conforme entendimento do STF em alguns julgados (princípio da
uniformidade das alíquotas para veículos nacionais e estrangeiros, assim como de
Estados membros distintos no que se refere a mesma questão de ordem interna).
Pode, porém, ser diferenciada a alíquota em razão do tipo de veículo, por
exemplo, moto e carro de passeio, do tipo de combustível (gasolina e diesel).
Quanto ao aspecto temporal, a lei ou decreto que fixa a base de cálculo do IPVA
não se submete à regra da anterioridade do art. 150, III, “c”, da CF (90 dias), mas
somente à do artigo 150, III, “b”, da CF (exercício seguinte). O decreto ou outro
instrumento infralegal poderá fixar tal base de cálculo se proceder à simples correção dos
valores pela aplicação de índice oficial de correção monetária (art. 97, § 2º, CTN). A base
de cálculo é o valor venal do veículo. Frise-se que, considera-se ocorrido o fato gerador
no primeiro dia do ano.
É importante destacar, que quanto a incidência do IPVA sobre embarcações e
aeronaves, que os julgamentos do STF são no sentido de não incidência do IPVA sobre
aeronaves e embarcações. Todavia, não se trata de entendimento unânime entre osministros. Votos dos ministros, Marco Aurélio, no RE 134.509-8/AM, e Joaquim Barbosa,
no RE 379.572-4/RJ, discordam dessa posição, entendendo perfeitamente possível a
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incidência do IPVA sobre aeronaves e embarcações. Dessa forma, conclui-se, que
embora a decisão do Supremo Tribunal Federal seja um precedente de não incidência, o
IPVA, conforme prevê as legislações estaduais deve incidir sobre embarcações e
aeronaves justamente porque a TRU foi extinta, e o legislador ao criar o novo imposto não
especificou que incidiria apenas sobre veículos automotores terrestres porque esta não
era sua intenção.
Registre-se que o contribuinte do IPVA é o proprietário do veículo, presumindo-se
como tal a pessoa em cujo nome o veículo esteja licenciado pela repartição competente.
É importante salientar que há quem afirme que, tratando-se de veículo adquirido
com alienação fiduciária em garantia, o contribuinte do IPVA é a instituição financeira
credora, até que ocorra a quitação. Dessa forma, o imposto somente seria devido por
quem adquire o veículo automotor com alienação fiduciária em garantia depois da
quitação.
Aspecto interessante é o da imunidade, pois são imunes ao tributo, os veículos
das pessoas jurídicas de direito público, dos templos de qualquer culto desde que
utilizados em suas funções específicas e os veículos das instituições de educação e
assistência social.
No que diz respeito ao lançamento do IPVA, o mesmo é feito por homologação e
observa a lei estadual pertinente, pois o contribuinte recolhe o tributo sem prévio exame
do fisco, cabendo a legislação estadual definir a sistemática. No entanto, existe
jurisprudência decidindo que o credito tributário do IPVA se constitui de oficio em
decorrência de lei, sendo que o sujeito passivo realiza o fato gerador e apenas espera a
notificação.
Sendo o IPVA um imposto que incide sobre a propriedade, além do próprio veículo
garantir a satisfação do tributo em caso de inadimplência, o imposto acompanha o bem,
inclusive impossibilitando o licenciamento e/ou transferência, e aplica-se o disposto no art.
130 do CTB (Código Trânsito Brasileiro), in verbis:
Art. 130. Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou
semi-reboque, para transitar na via, deverá ser licenciado
anualmente pelo órgão executivo de trânsito do Estado, ou do
Distrito Federal, onde estiver registrado o veículo.
Destaque-se ainda que a distinção de alíquotas, feita pelas legislações estaduais
para aumentar o valor do imposto em relação aos veículos importados, fere o princípio daisonomia tributária, inserto no art. 150, II, da CF. Ademais, o STJ consagrou o
entendimento de que a distinção de alíquotas fere não só princípio da isonomia, como
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também o art. 152 da CF, que vede aos Estados, ao DF e aos Municípios estabelecer
diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua
procedência ou destino.
Quanto à possibilidade de ter que se pagar dois impostos sobre a propriedade de
veículo automotor no mesmo ano sobre o mesmo fato gerador, inexiste essa
possibilidade. Não há condições de um veículo que pagou o IPVA num Estado, com a
transferência para outro estado e no mesmo exercício, ter que pagar novamente o
imposto. Estando este imposto ligado ao local onde esteja registrado o veículo automotor,
no caso de aeronave e embarcações, mesmo atuando em território nacional, quando
registrada em outro país, parece que há impossibilidade de cobrança desse imposto.
Por fim, cumpre mencionar sobre a constitucionalidade da cobrança da taxa de
licenciamento, pois a taxa só pode ser cobrada se houver prestação direta de um serviço
ao cidadão, que, no caso da Taxa de licenciamento, seria a inspeção anual do veículo,
ademais é vedada a cobrança de impostos ou taxas sobre a utilização de veículos.
Fora o mencionado a acima e os tópicos trabalhados, o estudo desse instituto se
faz necessário para a melhor compreensão do tema “IIPVA” e para devida aplicação do
direito ao caso concreto por aqueles que almejam advogar na área tributária.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICASCASTRO, Aldemario Araújo. Direito Tributário. 3. ed. Brasília: Fortium, 2007MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 28. ed. São Paulo: Malheiros ,2007
Conforme a NBR 6023:2000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico
publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: ALMEIDA, Elizangela Santos de.
Aspectos jurídicos do IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores . Clubjus, Brasília-DF: 11
jun. 2010. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?coluna=648>. Acesso em: 22 mar. 2012.