Aspectos Linguisticos II (Vol. i)

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    Linguagens, Cdigos e suas TecnologiasPORTUGUS:Compreenso Textual e Aspectos Lingusticos II Volume 01 01

    Observe os itens abaixo:

    I. ...abriu Ezequiel boca a. to xcara Cheguei-lhe a trmulo quaseentornei que a, disposto mas cair a faz-la goela abaixo pela, lhe caso

    sabor repugnasse o, a ou temperatura, frio porque caf estava o... no

    que mas sei senti fez recuar me que. mesa Pus a cima em xcara em

    da e mim por dei beijar a doidamente menino cabea do a.

    II. ...Ezequiel abriu a boca. Cheguei-lhe a xcara to trmulo que quasea entornei, mas disposto a faz-la cair pela goela abaixo, caso o sabor

    lhe repugnasse, ou a temperatura, porque o caf estava frio... mas

    no sei que senti que me fez recuar. Pus a xcara em cima da mesa e

    dei por mim a beijar doidamente a cabea do menino.(Machado de Assis Dom Casmurro)

    Texto a manifestao das ideias de um emissor, que, escritas

    ou faladas, ou ainda no verbais, so transmitidas e interpretadaspor um interlocutor de acordo com seus conhecimentos lingus-ticos e culturais.

    Quanto constituio do item I, embora conheamos vriaspalavras nele presentes, como abriu, boca, xcara, cair, abaixo,beijar, entre outras, podemos afirmar que, na sequncia em quese encontram, no colaboram para a transmisso de uma ideia,portanto no constituem um texto, que tem como objetivo esta-belecer uma comunicao.

    No item II, temos um conjunto de palavras e frases articula-das, estruturando um texto cujos elementos estabelecem relaoentre si.

    Assim, a respeito dos elementos do item II, pode-se afirmar que: O verbo abrirest na 3apessoa do singular para concordar

    com Ezequiel, a pessoa do discurso de quem se fala. O verbo chegarest na primeira pessoa do singular, porque

    tem como referente a pessoa que fala. A bocaea xcara, respectivamente, so complementos diretos

    dos verbos abrire chegar. Em quase aentornei, o elemento em destaque tem como

    referente xcara, evitando repetio, o que tambm ocorrecom o elemento destacado em faz-la.

    A palavra menino, no final do trecho, retoma a palavraEzequiel, que o inicia. relao que se cria entre os elementos do texto d-se o nome

    de coeso; se um texto apresenta-se coeso, leva compreenso,possibilita a interpretao, pois ele tem sentido, coerente.

    Captulo

    01

    A PRTICATEXTUALEOESTUDODOSELEMENTOSDEREFERNCIAPESSOAL

    Os Pronomes Pessoais do Caso Reto e do Caso Oblquo; osPronomes Possessivos e os Relativos; a Flexo Verbal.

    A Tessitura do Texto

    01

    TEXTO IDOM CASMURRO

    Machado de AssisCAPTULO IDo Ttulo

    Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo,encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que euconheo de vista e de chapu. Cumprimentou-me, sentou-se aop de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-meversos. A viagem era curta, e os versos pode ser que no fosseminteiramente maus. Sucedeu, porm, que, como eu estava cansado,

    fechei os olhos trs ou quatro vezes; tanto bastou para que eleinterrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. Continue, disse eu acordando. J acabei, murmurou ele. So muito bonitos.

    Vi-lhe fazer um gesto para tir-los outra vez do bolso, mas nopassou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizerde mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro.Os vizinhos, que no gostam dos meus hbitos reclusos e cala-dos, deram curso alcunha, que afinal pegou. Nem por isso mezanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graa,chamam-me assim, alguns em bilhetes: Dom Casmurro, domingo

    vou jantar com voc. Vou para Petrpolis, Dom Casmurro; acasa a mesma da Rennia; v se deixas essa caverna do EngenhoNovo, e vai l passar uns quinze dias comigo. Meu caro DomCasmurro, no cuide que o dispenso do teatro amanh; venha edormir aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe ch, dou-lhe

    cama; s no lhe dou moa.No consultes dicionrios. Casmurrono est aqui no sentidoque eles lhe do, mas no que lhe ps o vulgo de homem calado emetido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos defidalgo. Tudo por estar cochilando! Tambm no achei melhor ttulopara a minha narrao; se no tiver outro daqui at o fim do livro,vai este mesmo. O meu poeta do trem ficar sabendo que no lheguardo rancor. E com pequeno esforo, sendo o ttulo seu, podercuidar que a obra sua. H livros que apenas tero isso dos seusautores; alguns nem tanto.

    Explique o sentido da seguinte expresso do texto: que euconheo de vista e de chapu.

    Em Uma noite destas, o termo em destaque indica:A) Uma noite qualquer. D) Uma noite distante.B) Uma noite especial. E) Uma noite turbulenta.C) Uma noite prxima.

    (MOD. ENEM H18) Assinale o item em que o elementodestacado concorre para a estruturao do texto, indicandoque o foco narrativo o de primeira pessoa:A) Meucaro Dom CasmurroB) ...sentou-seao p de mim...C) ...e acabou recitando-meversos.D) ...no cuide que odispenso do teatro amanh.E) ...sendo o ttulo seu...

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    Linguagens, Cdigos e suas TecnologiasPORTUGUS:Compreenso Textual e Aspectos Lingusticos II Volume 0102

    Os pronomes relativos Ex.:Apreciamos as obras do autor o qualfoi considerado um

    gnio da histria da literatura; ele escreveu romances os quaisforam lidos no mundo inteiro.Observao:Os pronomes destacados retomam, pela ordem, autor eromances, levando os verbos, respectivamente, para a 3apessoa do singular e para a 3apessoa do plural.

    A flexo verbal Ex.: Meu caro Dom Casmurro, no cuide que o dispenso

    do teatro amanh;venhae dormiraqui na cidade; dou-lhecamarote, dou-lhe ch, dou-lhe cama; s no lhe doumoa.Observaes:1. A flexo do verbo indica a pessoa do discurso; no exemplo

    acima, as formas cuide, venha e dormir apontampara a pessoa com quem se fala (voc); dispenso e dou,para a que fala (eu).

    2. Indicando a pessoa do discurso, a flexo do verbo dispensaa presena expressa do sujeito, evitando a repetio (eulhe dou camarote, eulhe dou ch, eulhe dou cama; eus no lhe dou moa), dando ao texto uma boa coeso.

    Realiza-se a referenciao anafrica quando um termo retomaoutro anteriormente expresso no texto.

    Ex.:Machado de Assis dedicou-se a vrios gneros; elees-creveu poemas, contos e romances belssimos.

    Realiza-se a referenciao catafrica quando um termo antecipaoutro no texto.

    Ex.:Eletem suas obras traduzidas em quase todo o mundo.Machado de Assis , realmente, um escritor de quem os brasileirosse orgulham.

    QUADRO DOS PRONOMES

    Pessoais(designam as pessoas do discurso)

    retos: eu, tu, ele, ns, vs elesoblquos:me, mim (co)migo nos,(co)nosco

    te, ti, (con)tigo vos, (con)voscoo, a, lhe, se, si (con)sigo os, as lhes, se,si, (con)sigotratamento:voc, Vossa Excelncia,

    Vossa Senhoria etc

    Possessivos(atribuem um nome substan-tivo a uma pessoa do discurso)

    meu(s), minha(s), nosso(s), nossa(s)teu(s), tua(s), vosso(s), vossa(s)seu(s), sua(s), dele(s), dela(s)

    Demonstrativos(indicam posio emrelao s pessoas do discurso)

    este(s), esta(s), istoesse(s), essa(s), issoaquele(s), aquela(s), aquilo

    Indefinidos(indeterminam o ser a que sereferem)

    algum, nenhum, todo, outro, muito,pouco, certo (e mais as flexes de gneroe nmero), algum, ningum, cada,nada etc

    Interrogativos (indicam o elemento sobreo qual se quer uma informao) que, quem, (o, a) qual, (os, as) quais

    Relativos(substituem um nome que osantecede, funcionando como conectorinteroracional)

    que, onde, cujo (a, as, os)

    (MOD. ENEM H18) Assinale o item em que, na estruturaodo texto, a palavra destacada no se refere a um termo ante-riormente expresso:

    A) ...um rapaz aqui do bairro, queeu conheo de vista e dechapu.

    B) Sucedeu, porm, que, como eu estava cansado, fechei osolhos trs ou quatro vezes...

    C) Os vizinhos, queno gostavam dos meus hbitos reclusos

    e calados...D) ...no sentido que eles lhe do, mas no quelhe ps o vulgode homem calado...

    E) H livros queapenas tero isso dos seus autores...

    Indique o item em que o termo destacado foi corretamentesubstitudo por um pronome.

    A) Encontraram os velhos escritos de Machado. Encon-traram-os.

    B) Os amigos queriam convidar Dom Casmurropara jantar. Os amigos queriam convid-lo para jantar.

    C) Disse o rapaz: fizeste belo poema. Disse o rapaz: fiz-lhe.D) Os grandes autores constroem grandes obras. Os

    grandes escritores constroem-as.E) bom ler as obras do grande escritor. bom ler-lhes.

    Em que item o termo sublinhado foi substitudo por outro,respeitando a norma culta da lngua?

    A) Encontrei no trem da central um rapaz. Encontrei-lheno trem da central.

    B) Fechei os olhostrs ou quatro vezes. Fechei-lhes trsou quatro vezes.

    C) Deram curso alcunha. Deram-lhe curso.D) Contei a anedota aos amigos. Contei-lhe aos amigos.E) Para que ele interrompesse a leitura. Para que ele lhe

    interrompesse.

    Entre os elementos de coeso de um texto, esto aqueles dereferncia pessoal, isto , que se referem s pessoas do discurso:a que fala, a com quem se fala e a de quem se fala. Entre essescomponentes textuais encontram-se:

    Os pronomes pessoais (retos, oblquos, de tratamento) Ex.: Machado de Assis foi um grande escritor. Ele con-

    siderado o introdutor do Realismo no Brasil e o pblico leitoroadmira muito.Observaes:1. Indicando 3a pessoa, os pronomes oblquos o, a, os, as

    substituem os complementos diretos dos verbos; lhe e

    lhes, os indiretos.2. Quando se ligam a verbos terminados em r, s ou z, os pro-nomes oblquos o, a, os, as se transformam, respectivamenteem lo, la, los e las; quando ligados a verbos terminados emsom nasal, transformam-se em no, na, nos e nas.

    Os pronomes possessivos Ex.:Machado de Assis despertou meuinteresse pela leitura.

    Fico impressionado com o nvel de suasobras.Observao:Os pronomes possessivos acompanham ou substituem umsubstantivo, atribuindo-o a uma pessoa do discurso; no exemploacima, percebe-se que o interesse da primeira pessoa (aque fala) e obras, da terceira pessoa (de quem se fala), graas

    presena dos possessivos meu e suas.

    Referenciao Anafrica e ReferenciaoCatafrica

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    Elementos de Referncia Pessoal: os Pronomes

    e a Flexo Verbal

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    TEXTO 2BENTO

    CAPITOLINA

    Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no cho. Ergueu-oslogo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confisso decrianas, tu valias bem duas ou trs pginas, mas quero ser pou-pado. Em verdade, no falamos nada; o muro falou por ns. Nonos movemos, as mos que se estenderam pouco a pouco, todasquatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. No marquei ahora exata daquele gesto. Devia t-la marcado; sinto a falta deuma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com oserros de ortografia que trouxesse, mas no traria nenhum, tal eraa diferena entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regrasdo escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e eravirgem de mulheres.

    No soltamos as mos, nem elas se deixaram cair de cansadasou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de

    vagarem ao perto, tornavam a meter-se uns pelos outros... Padrefuturo, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma dasfaces a Epstola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o clix,os lbios, a patena. Faltava dizer a missa nova, por um latim queningum aprende, e a lngua catlica dos homens. No me tenhaspor sacrlego, leitora minha devota; a limpeza da inteno lava o quepuder haver menos curial no estilo. Estvamos ali com o cu emns. As mos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma s,mas uma s criatura serfica. Os olhos continuaram a dizer coisasinfinitas, as palavras de boca que nem tentavam sair, tornavamao corao caladas como vinham...

    Assinaleo item em que o pronome destacado faz, no texto,uma referncia catafrica.A) Voltei-me para elaB) Ergueu-oslogoC) Tuvalias bem duas ou trs pginasD) Devia t-lamarcado

    Aponte o item em que o pronome tem o mesmo referenteque o destaque em Voltei-mepara ela.

    A) ...o muro falou por nsB) No nos movemos...

    C) ...leitora minha devotaD) ...estava assim diante dela

    Marque a opo em que o referente do termo destacado nofoi corretamente indicado.

    A) Ergueu-oslogo os olhosB) No nosmovemos o narrador e CapituC) ...apertando-se as mosD) ...com os erros de ortografia quetrouxesse o narrador

    As palavras em destaque nos itens abaixo so elementos dereferenciao excetoem:A) ...e queeu poria aqui...B) ...tornavam a meter-seuns pelos outros...C) ...estava assim diante delacomo de um altar...D) ...as palavras de boca quenem tentavam sair...

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    (MOD. ENEM H1) Levando-se em conta os recursos expres-sivos do texto 1, inclusive seu ttulo, pode-se concluir que ele essencialmente:

    A) injuntivo. D) descritivo.B) explicativo. E) opinativo.C) dissertativo.

    (MOD. ENEM H19) A funo da linguagem predominanteno texto 1 a:

    A) referencial: centraliza-se no referente, pois o emissordescreve fatos de sua realidade.

    B) emotiva: centralizada no emissor, deixa transparecer suasemoes.

    C) apelativa: pretende influenciar o comportamento do leitor,utilizando um verbo no imperativo.

    D) ftica: objetiva manter o contato com o receptor, ou seja,com o leitor do texto.

    E) metalingustica: faz referncia ao prprio cdigo, ou seja,ao romance a ser escrito.

    (MOD. ENEM H23) Pode-se inferir que o objetivo do texto1 :A) justificar a origem do ttulo do romance.B) relembrar fatos interessantes do passado.C) introduzir um novo personagem da narrativa.D) denunciar o plgio de autores de obras literrias.E) mostrar as ms consequncias para quem no d ateno

    aos outros.

    (MOD. ENEM H27) Assinale o item que apresenta umaestrutura lingustica no texto 1 em desacordo com a normaculta da lngua.

    A) Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo...

    B) Cumprimentou-me, sentou-se ao p de mim...C) Continue, disse eu acordando.D) Vi-lhe fazer um gesto para tir-los outra vez do bolso...E) No dia seguinte, entrou a dizer de mim nomes feios...

    (MOD. ENEM H18) Aponte a opo em que foi correta-mente indicado o termo do texto 1 a que se refere o destaque:A) ... e acabou acunhando-meDom Casmurro Dom CasmurroB) ... passar uns quinze dias comigo Dom CasmurroC) Casmurro no est aqui no sentido que eleslhe do os

    amigosD) ... mas no que lheps o vulgo de homem calado e metido

    consigo CasmurroE) H livros que apenas tero isso dos seus autores cuidar

    que a obra sua

    (MOD. ENEM H18) Em Sucedeu, porm, que, comoeuestava cansado, fechei os olhos trs ou quatro vezes;, notexto 1, o elemento em destaque, na progresso do texto,estabelece sentido de:A) concesso. D) comparao.B) conformidade. E) condio.C) causa.

    (MOD. ENEM H18) O trecho do texto 1 que estabelecesentido de condio :

    A) Vindo da cidade para o Engenho Novo...B) ... que no fossem inteiramente maus.C) ...tanto bastou para que ele interrompesse a leitura...D) ...v se deixa essa caverna do Engenho Novo

    E) ...sendo o ttulo seu...

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    Linguagens, Cdigos e suas TecnologiasPORTUGUS:Compreenso Textual e Aspectos Lingusticos II Volume 0104

    (MOD. ENEM H27) O narrador do texto 2, como conhece-dor das regras do escrever, deveria assim se expressar:

    A) Quanto a Capitu, conheci-lhe ainda na infncia.B) Ofereci-a o meu amor.C) Tentaram afast-la de mim.D) Fitei-lhe por muito tempoE) Suas mos, eu lhes tinha entre as minhas.

    (MOD. ENEM H22) Comparando-se os textos 1 e 2, pode-seafirmar que a caracterstica de Machado de Assis presente emambos :

    A) Viso objetiva e pessimista da vida, do mundo e das pes-soas.

    B) Anlise psicolgica profunda das contradies humanas.C) Envolvimento do leitor, transformando-o em participante

    do enredo.D) A metalinguagem.E) Reflexo sobre a mesquinhez humana.

    (MOD. ENEM H16) Personificao, ou prosopeia, umafigura de estilo que consiste em atribuir a objetos inanimadosou seres irracionais sentimentosou aes prprias dos sereshumanos. No texto 2, encontra-se esse recurso no seguinte

    trecho:A) Capitu tinha os olhos no cho.B) No marquei a hora exata daquele gestoC) ...sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite...D) Estvamos ali com o cu em ns.E) ...tornavam ao corao caladas como vinham...

    (MOD. ENEM H16) Em Os olhos fitavam-se e desfitavam-se,no texto 2, o autor utilizou um recurso expressivo conhecidocomo:

    A) metfora. D) smile.B) metonmia. E) paradoxo.C) catacrese.

    (MOD. ENEM H16) Para construir o trecho ...sendo uma

    das faces a Epstola e a outra o Evangelho. A boca podia ser oclix, os lbios, a patena. Faltava dizer a missa nova, por umlatim que ningum aprende, e a lngua catlica dos homens.,no texto 2, o autor utilizou-se de:

    A) pardia. D) comparao.B) metonmia. E) gradao.C) hiprbole.

    (MOD. ENEM H18) Em Confisso de crianas, tu valias bem duasou trs pginas, masquero ser poupado., o termo destacado podeser substitudo, mantendo-se a progresso do texto, por:

    A) pois D) por issoB) porque E) portantoC) porm

    (MOD. ENEM H22) Aponte, entre as imagens j feitas de DomCasmurro expostas abaixo, a que poderia ilustrar o texto 2.

    A) B)

    C) D)

    E)

    (MOD. ENEM H18) Indique a passagem do texto 2 em que umelemento concorre para transmitir ideia de possibilidade.

    A) ... tu valias bem duas ou trs pginas...B) Devia t-la marcado;C) ...e que eu poria aqui com os erros de ortografia que

    trouxesse...D) A boca podia ser o clix...E) Estvamos ali com o cu em ns.

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    No captulo anterior, vimos que os elementos de um texto se

    relacionam intrinsecamente, realizando seu papel para efetivao da

    Captulo

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    A PRTICATEXTUALEOESTUDODOSELEMENTOSDEREFERNCIAESPAO-TEMPORAL

    Os Advrbios e as Locues Adverbiais de Lugar; as OraesAdverbiais Temporais; a Flexo Verbal; os Pronomes Demons-trativos.

    Os Elementos de Referncia Espao-Temporal

    01

    coeso textual e estudamos, na ocasio, os elementos de refernciapessoal. Mas, para a compreenso de um texto, necessrio saber,tambm, que uma enunciao apresenta marcas de espao e detempo em que os fatos acontecem, instaurando-se um campo dereferenciao entre locutor e interlocutor.

    A partir do sujeito que fala, o emissor, torna-se possvel a lo-calizao, no espao e no tempo, dos objetos do texto.

    Os elementos de referenciao de espao e de tempo, quepossibilitam marcar as circunstncias apresentadas pelo enunciador,

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    podem ser representados pelos advrbios e locues adverbiaisde tempo e de lugar; pelas oraes adverbiais temporais; pelospronomes demonstrativos; pelos verbos.

    Esses elementos associam-se a verbos, no texto, sendo capazesde determinar as circunstncias de lugar e de tempo em que ocor-rem as aes, tornando as enunciaes mais claras e expressivas.

    TEXTO 1A casa materna

    H, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna.As grades do porto tm uma velha ferrugem e o trinco se ocultanum lugar que s a mo filial conhece. O jardim pequeno parecemais verde e mido que os demais, com suas plantas, tinhores esamambaias que a mo filial, fiel a um gesto de infncia, desfolhaao longo da haste.

    sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quandoas mos filiais se pousam sobre a mesa farta de almoo, repetindouma antiga imagem. H um tradicional silncio em suas salas e umdorido repouso em suas poltronas. O assoalho encerado, sobre oqual ainda escorrega o fantasma da cachorrinha preta, guarda asmesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. Ascoisas vivem como em prece, nos mesmos lugares onde as situaramas mos maternas quando eram moas e lisas. Rostos irmos seolham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem muda-mente. O piano fechado, com uma longa tira de flanela sobre asteclas, repete ainda passadas valsas, de quando as mos maternascareciam sonhar.

    A casa materna o espelho de outras, em pequenas coisas que o

    olhar filial admirava ao tempo que tudo era belo: o licoreiro magro,a bandeja triste, o absurdo bibel. E tem um corredor escutade cujo teto noite pende uma luz morta, com negras aberturaspara quartos cheios de sombras. Na estante, junto escada, h umtesouro da juventude com o dorso pudo de tato e de tempo. Foiali que o olhar filial primeiro viu a forma grfica de algo que passariaa ser para ele a forma suprema de beleza: o verso.

    Na escada h o degrau que estala e anuncia aos ouvidos mater-nos a presena dos passos filiais. Pois a casa materna se divide emdois mundos: o trreo, onde se processa a vida presente, e o decima, onde vive a memria. Embaixo h sempre coisas fabulosas nageladeira e no armrio da copa: roquefort amassado, ovos frescos,mangas espadas, untuosas compotas, bolos de chocolate, biscoitode araruta pois no h lugar mais propcio do que a casa materna

    para uma boa ceia noturna. E porque uma casa velha, h sempreuma barata que aparece e morta com uma repugnncia que vemde longe. Em cima ficaram guardados antigos, os livros que lem -bram a infncia, o pequeno oratrio em frente ao qual ningum, ano ser a figura materna, sabe por que queima, s vezes, uma vela

    votiva. E a cama onde a figura paterna repousava de sua agitaodiurna. Hoje, vazia.

    A imagem paterna persiste no interior da casa materna. Seuviolo dorme encostado junto vitrola. Seu corpo como se marcaainda na velha poltrona da sala e como se pode ouvir ainda o brandoronco de sua sesta dominical. Ausente para sempre da casa, a figurapaterna parece mergulh-la docemente na eternidade, enquantoas mos maternas se fazem mais lentas e mos filiais mais unidasem torno da grande mesa, onde j vibram tambm vozes infantis.

    (Vincius de Moraes)

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    01

    http://pt.wikibooks.org/wiki/Portugu%C3%AAs/Classifica%C3%A7%C3%A3o_das_palavras/Adv%C3%A9rbios

    (ADAPTADO)

    Advrbios e Locues Adverbiais de Tempo ede Lugar

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    Nos dois primeiros pargrafos do texto, podemos reconheceros seguintes marcadores:

    ESPACIAIS desde a entrada; na casa materna; num lugar; aolongo da haste; sobre a mesa farta de almoo; em suas salas; emsuas poltronas; sobre o qual; nos mesmos lugares;

    TEMPORAIS sempre; (mesmo) aos domingos; quando asmos filiais se pousam; quando eram moas e lisas.

    Transcreva, do 3oe do 4opargrafo, os marcadores:

    A) ESPACIAIS;B) TEMPORAIS.

    Alm de ligarem-se aos verbos indicando espao e tempo,os advrbios e as locues adverbiais podem modificar o signifi-cado inerente a um verbo, a um adjetivo ou a outro advrbio,

    indicando vrias outras circunstncias. importante que se digaque a compreenso disso faz parte do campo da semntica,contribuindo para um bom entendimento do texto.

    O advrbio e a locuo adverbial podem indicar:

    MODOAssim, bem, mal, debalde (inu-ti lmente ), como, dep ressa, derepente, devagar, melhor, pior,bondosamente, generosamente eoutros terminados em -menteetc.Locues adverbiaiss pressas, s claras, s cegas, toa, vontade, s escondidas, aospoucos, desse jeito, desse modo,dessa maneira, em geral, frente afrente, lado a lado, a p, de cor,

    em mo etc.

    LUGARAbaixo, adentro, adiante, afora,a, alm, algures (em algum lugar),alhures (em outro lugar), nenhures(em nenhum lugar), ali, aqum,atrs, c, dentro, embaixo, exter-namente, l, longe, perto etc.Locues adverbiaisA distncia, distncia de, de longe,de perto, em cima, direita, esquerda, ao lado, em volta, embaixo, aqui etc.

    TEMPOAfi nal , ago ra, amanh , amide

    (com frequncia), ontem, breve,cedo, constantemente, depois,enfim, entrementes (enquantoisso), hoje, imediatamente, jamais,nunca, outrora, primeiramente,tarde, provisoriamente, sempre,sucessivamente, j etc.Locues adverbiaiss vezes, tarde, noite, de manh,de repente, de vez em quando,de quando em quando, a qualquermomento, de tempos em tempos,em breve, hoje em dia etc.

    NEGAOJamais, no, nunca, tampouco.Locues adverbiaisDe forma nenhuma, de jeitonenhum, de modo algum.

    DVIDAAcaso, casualmente, porventura,possivelmente, provavelmente,qui, talvez.Locues adverbiaisPor certo, quem sabe.

    INTENSIDADEAssaz (bastante, suficientemente),bastante, demais, mais, menos,muito, quanto, quo, quase, tanto,to, pouco.Locues adverbiaisEm excesso, de todo, de muito, porcompleto, s pressas, to poucoquanto.

    AFIRMAOCertamente, certo, decididamente,deveras (realmente), decerto,efetivamente, indubitavelmente,realmente, sim.Locues adverbiais

    Sem dvida, de fato, por certo,com certeza.

    INTERROGATIVOSOnde (lugar), quando (tempo),como (modo), por que (causa).

    EXCLUSOApenas, exclusivamente, somente,unicamente etc.

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    Linguagens, Cdigos e suas TecnologiasPORTUGUS:Compreenso Textual e Aspectos Lingusticos II Volume 0106

    TEXTO 2 Amanhecera um domingo alegre no cortio, um bom diade abril. Muita luz e pouco calor. As tinas estavam abandonadas; os coradouros despidos.Tabuleiros de roupa engomada saam das casinhas, carrega-dos na maior parte pelos filhos das prprias lavadeiras que semostravam agora quase todas de fatos limpos; os casaquinhosbrancos avultavam por cima das saias de chita de cor. Desprezavam-se os grandes chapus de palha e os aventaisde aniagem; agora as portuguesas tinham na cabea um lenonovo de ramagens vistosas e as brasileiras haviam penteadoo cabelo e pregado nos cachos negros um ramalhete de doisvintns; aquelas tranavam no ombro xales de l vermelha, eestas de croch, de um amarelo desbotado. Viam-se homensde corpo nu, jogando a placa, com grande algazarra. Umgrupo de italianas, assentado debaixo de uma rvore, conversaruidosamente, fumando cachimbo. Mulheres ensaboavam osfilhos pequenos debaixo da bica, muito zangadas, a darem-lhesmurros, a praguejar, e as crianas berravam, de olhos fechados,esperneando. A casa da Machona estava num rebulio, porque afamlia ia sair a passeio; gritava Nenen, gritava o Agostinho. Demuitas outras saam cantos ou sons de instrumentos; ouviam-se

    guitarras, cuja discreta melodia era de vez em quando inter-rompida por um ronco forte de trombone.

    (Alosio Azevedo)

    Em porquea famlia ia sair a passeio(texto 2), o elementoem destaque s NO pode ser substitudo por:

    A) uma vez queB) porquantoC) conquantoD) visto que

    Identifique os seguintes elementos do texto 2, usando o cdigo:(1) marcador temporal; (2) marcador espacial.( ) das casinhas( ) agora( ) por cima das saias de chita de cor( ) na cabea( ) debaixo da bica( ) de muitas outras( ) de vez em quando

    (MOD. ENEM H25) Indique o item em que, no texto 1, foiutilizada uma variante informal da lngua.A) O jardim pequeno parece mais verde e mido...B) sempre quieta a casa materna...C) H um tradicional silncio em suas salas...D) E tem um corredor escuta...E) Seu violo dorme encostado junto vitrola.

    (MOD. ENEM H1) Pela anlise de sua linguagem e dos re-cursos expressivos utilizados, pode-se afirmar que o texto 1

    essencialmente:

    A) narrativo. D) argumentativo.B) dissertativo. E) opinativo.C) descritivo.

    (MOD. ENEM H19) A funo da linguagem predominanteno texto 1 a:A) metalingustica, pois explica detalhadamente como era a

    casa materna.

    B) potica, porque valoriza o texto na sua elaborao.C) referencial, pois tematiza algo que participa da realidadede todos: a casa materna.

    D) conativa, porque procura envolver emocionalmente oreceptor.

    E) apelativa, porque tem como foco o receptor, reativandosuas prprias lembranas.

    (MOD. ENEM H22) Comparando-se os textos 1 e 2, pode-seafirmar que eles apresentam em comum:

    A) a predominante objetividade do emissor.B) iseno de subjetividade.C) linguagem conotativa em profuso.D) a tipologia textual.E) a emoo do emissor.

    (MOD. ENEM H18) Indique o item em que a passagem doltimo pargrafo do texto 1 NO contribui para sua progressocomo um marcador espacial.

    A) A imagem paterna persiste no interior da casa materna.B) Seu violo dorme encostado junto vitrola.C) Seu corpo como se marca ainda na velha poltrona da sala...D) e como se pode ouvir ainda o brando ronco de sua sesta

    dominical.E) e mos filiais mais unidas em torno da grande mesa...

    (MOD. ENEM H22) Marque a mxima popular (adgiopopular) cuja ideia se distancia daquelas expressas no texto 1.

    A) Quem semeia amor colhe saudade.B) Amor com amor se paga.

    C) Saudade a presena dos ausentes.D) Longe dos olhos, longe do corao.E) O que bem comea bem acaba.

    (MOD. ENEM H18) No ltimo pargrafo do texto 1, foiutilizado um elemento que serve como referncia temporalna passagem:

    A) A imagem paterna persiste no interior da casa materna.B) Seu violo dorme encostado junto vitrola.C) Seu corpo como se marca ainda na velha poltrona da sala...D) ...a figura paterna parece mergulh-la docemente na eter-

    nidade...E) ... onde j vibram tambm vozes infantis.

    (MOD. ENEM H1) Com relao ao gnero do texto 1, correto afirmar que, como crnica, s noapresenta:

    A) lirismo, buscando interpretar de forma potica os senti-mentos.

    B) assunto cotidiano, acabando por criar reflexes mais am-plas.

    C) linguagem distante da coloquial, afastando o pblico leitor.D) sensibilidade no contato com a realidade.E) informalidade e intimismo.

    (MOD. ENEM H18) Foi utilizado, no texto 2, um elementoque funciona como referncia espacial na passagem:

    A) As tinas estavam abandonadasB) A casa da Machona estava num rebulioC) Amanhecera um domingo alegre no cortioD) ...jogando a placa, com grande algazarraE) cuja discreta melodia era de vez em quando interrompida

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    Linguagens, Cdigos e suas TecnologiasPORTUGUS:Compreenso Textual e Aspectos Lingusticos II Volume 01 07

    (MOD. ENEM H16) A passagem do texto 2 que confirmasua filiao ao estilo naturalista :

    A) As tinas estavam abandonadas; os coradouros despidos.B) Tabuleiros de roupa engomada saam das casinhas...C) Que se mostravam agora quase todas de fato limpos;D) Um grupo de italianas, assentado debaixo de uma rvore,

    conversa ruidosamente...E) E as crianas berravam, de olhos fechados, esperneando.

    (MOD. ENEM H20) A literatura desempenhou papel impor-tante ao suscitar reflexo sobre as desigualdades sociais. Notexto 2, essa reflexo permitida quando o autor:

    A) utiliza vocbulos diminutivos como casinhas e casaquinhospara demonstrar sua afeio aos menos favorecidos.

    B) proporciona aos moradores do cortio um dia de felicidade:Amanhecera um domingo alegre no cortio.

    C) denuncia o mau relacionamento de mes pobres com seusfilhos: ...muito zangadas, a darem-lhe murros.

    D) atravs de termos, como casinhas, saias de chita, ra-malhete de dois vintns, amarelo desbotado, apresentaa condio humilde das personagens.

    E) apresenta hbitos das classes humildes, como fumar

    cachimbo e jogar placa.(MOD. ENEM H1) Pela anlise da linguagem e dos recursosexpressivos utilizados, pode-se afirmar que o texto 2 essencialmente:

    A) narrativo. D) pico.B) dissertativo. E) lrico.C) descritivo.

    (MOD. ENEM H18) Assinale o item em que h elemento que, naprogresso do texto 2, contribui com a ideia de intensidade.

    A) Muita luz e pouco calor.B) Desprezavam-se os grandes chapus de palha...C) ...jogando a placa com grande algazarra.D) ...muito zangadas, a darem-lhes murros...E) ...interrompida por um ronco forte de trombone.

    (MOD. ENEM H23) Com o trecho As tinas estavam aban-donadas; os coradouros despidos., o autor do texto 2 tem comoobjetivo mostrar:

    A) o descuido dos moradores com os objetos da comunidade.B) que as lavadeiras no trabalhariam naquele dia.C) o descaso do dono do cortio para com os inquilinos.D) a desateno do governo com a populao carente.E) que esses objetos tornaram-se obsoletos.

    (MOD. ENEM H18) Assinale o item em que o referente doverbo do texto 2 est corretamente indicado.

    A) Mostravam (l. 6) filhos das lavadeirasB) Tranavam (l. 12) portuguesasC) Praguejar (l. 18) filhos pequenosD) Estava (l. 19) MachonaE) Saam (l. 21) de muitas outras

    As oraes adverbiais temporais e as flexes verbais de temporepresentam, principalmente nas narrativas, um importante instru-mento para a interpretao e construo do texto, permitindo odesenvolvimento coerente de sequncia de fatos em relao s

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    As Oraes Adverbiais Temporais; a FlexoVerbal

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    indicaes de tempo em que ocorrem. As expresses de tempofornecem ao destinatrio condio para que possa formar umarepresentao mental coerente, pois contribuem para a locali-zao dos fatos (anterior, simultnea ou posterior) em relao aomomento da enunciao.

    TEXTO 3Tragdia brasileira

    Misael, funcionrio da Fazenda, com 63 anos de idade.Conheceu Maria Elvira na Lapa prostituda com sfilis, der-

    mite nos dedos, uma aliana empenhada e os dentes em petiode misria.

    Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado noEstcio, pagou mdico, dentista, manicura... Dava tudo quantoela queria.

    Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logoum namorado.

    Misael no queria escndalo. Podia dar uma surra, um tiro, umafacada. No fez nada disso: mudou de casa.

    Viveram trs anos assim.Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava

    de casa.Os amantes moraram no Estcio, Rocha, Catete, Rua General

    Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marqus deSapuca, Niteri, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estcio, Todosos Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Invlidos...

    Por fim na Rua da Constituio, onde Misael, privado de sentidose inteligncia, matou-a com seis tiros, e a polcia foi encontr-lacada em decbito dorsal, vestida de organdi azul.

    Manuel Bandeira

    No texto 3 do captulo, as oraes adverbiais temporaisQuando Maria Elvira se apanhou de boca bonita e Toda vez queMaria Elvira arranjava namorado tm um papel importante para acompreenso do leitor, pois localizam no tempo, respectivamente,

    os fatos de Maria Elvira arranjar um namorado e de Misael mudarde casa. Funcionam como os advrbios e as locues adverbiais,mas, como giram em torno de um verbo, constituem oraes.

    No segundo e no terceiro pargrafo, as formas verbais conhe-ceu, instalou e pagou indicam aes inteiramente concludasno passado, ou seja, antes do momento da enunciao; j as formasdava e queria indicam aes iniciadas no passado, porm con-

    tinuadas, no acabadas: Misael continuava dando a Maria Elvira tudoo que ela continuava querendo essa informao contribui para queo leitor forme juzos sobre os comportamentos dos personagense os julgue no final da histria.

    As oraes adverbiais, alm de funcionarem como marca-dores de tempo, podem indicar vrias outras circunstncias emque ocorrem as aes dentro de um texto:

    CAUSA O autor ficou melanclico porque visitou a casamaterna.

    CONDIO Se leres este texto, ficars emocionado. CONCESSO Embora seja adulto, sente falta da infn-

    cia. FINALIDADE Escreveu o texto para reviver o passado. COMPARAO Para ele, a me era to importante

    quanto o pai. CONFORMIDADE Como se sabe, Vincius era chamado

    carinhosamente de poetinha. CONSEQUNCIA Seus poemas so to belos que

    agradam a um grande pblico. PROPORO Quanto mais leio Vincius, mais o admiro.

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    Linguagens, Cdigos e suas TecnologiasPORTUGUS:Compreenso Textual e Aspectos Lingusticos II Volume 0108

    TEXTO 4O Coveiro

    Millr Fernandes

    Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profis-so coveiro era cavar. Mas, de repente, na distrao doofcio que amava, percebeu que cavara demais.Tentou sair dacova e no conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que

    sozinho no conseguiria sair. Gritou. Ningum atendeu. Gritoumais forte. Ningum veio. Enrouqueceu de gritar, cansou deesbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova,desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silncio das horastardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, no seouviu um som humano, embora o cemitrio estivesse cheiode pipilos e coaxares naturais dos matos. S pouco depois dameia-noite que vieram uns passos. Deitado no fundo da covao coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabea briaapareceu l em cima, perguntou o que havia: O que que h?

    O coveiro ento gritou, desesperado: Tire-me daqui,por favor. Estou com um frio terrvel! Mas, coitado! condoeu-se o bbado Tem toda razo de estar com frio.Algum tirou a terra de cima de voc, meu pobre mortinho!

    E, pegando a p, encheu-a e ps-se a cobri-lo cuidadosamente.Reflexo:Nos momentos graves preciso verificar muito

    bem para quem se apela.

    Reconhea no texto 4 e transcreva trechos em que o verbo:

    A) indica que a ao realizada pelo coveiro est em anda-mento, um processo ainda no finalizado.

    B) indica que o acontecimento referente ao coveiro se pro-longou ao longo do tempo com incio e fim no passado.

    C) indica que o coveiro iniciou e terminou a ao no passado; uma ao completamente concluda.

    D) indica um fato ocorrido no passado do coveiro, mas ante-rior a outra ao, tambm passada.

    (MOD. ENEM H18) Na estruturao do texto 4, o trecho emque o verbo foi utilizado para expressar uma possibilidade :A) Tentou sair da cova e no conseguiu.B) que sozinho no conseguiria sair.C) Embora o cemitrio estivesse cheio de pipilos e coaxares

    naturais dos matos.D) Os passos se aproximaram.E) Uma cabea bria apareceu l em cima...

    Assinale o item em que h um marcador temporal:

    A) ...desistiu com a noite.B) A noite chegou, subiu...C) ...fez-se o silncio das horas tardias.D) Bateu o frio da madrugada...E) S pouco depois da meia-noite que vieram uns passos.

    A orao adverbial embora o cemitrio estivesse cheio depipilos e coaxares naturais dos matos. expressa valor semn-tico de:

    A) causa. D) concesso.B) explicao. E) conformidade.C) consequncia.

    (MOD. ENEM H18) No texto 3, o emprego do verbo emPodia dar uma surra, um tiro, uma facada. indica:

    A) uma certeza. D) ao habitual.B) um direito. E) ao concluda.C) uma possibilidade.

    (MOD. ENEM H18) No texto 3, o trecho que indica a con-tinuidade da ao pelo personagem :

    A) No fez nada disso: mudou de casa.B) Viveram trs anos assim.

    C) Os amantes moraram no Estcio...D) Podia dar uma surra, um tiro, uma facada.E) Dava tudo quanto ela queria.

    (MOD. ENEM H23) No texto 4, o verbo em Tire-me daqui,por favor. foi utilizado para:

    A) dar uma ordem.B) dar um conselho.C) fazer um pedido.D) fazer um convite.E) fazer uma recomendao.

    (MOD. ENEM H18) O elemento do texto 4 que concorrepara sua progresso imprimindo ideia de modo :

    A) de repente (l. 2) D) para cima (l. 4)

    B) demais (l. 3) E) desesperado (l. 15)C) mais forte (l. 5)

    (MOD. ENEM H18) Identifique, entre os elementos desta-cados do texto 4, aquele que se relaciona com o coveiro.

    A) queamava (l. 3)B) Sentou-seno fundo da cova... (l. 7)C) subiu(l. 8)D) Bateuo frio da madrugada... (l. 9)E) ouviu(l. 10)

    (MOD. ENEM H1) Pela anlise de sua linguagem, pode-se dizerque o poema de Bandeira (texto 3) tem caractersticas de:

    A) um dirio. D) uma notcia.B) um relato pessoal. E) uma reportagem.

    C) um artigo de opinio. (MOD. ENEM H1) Com relao temtica abordada e

    concepo narrativa do texto 3:

    A) escrito em terceira pessoa, com narrador onisciente,apresentando a relao entre um homem e uma mulherem linguagem sbria, condizente com a temtica socialabordada.

    B) Evidencia uma crtica sociedade em que vivem os perso-nagens, por meio de uma linguagem objetiva e formal.

    C) escrito em terceira pessoa, com narrador oniscientedenunciando nossa formao cultural a ideologia queadmite a ao de Misael contra Maria Elvira; a verdadeiratragdia brasileira, anunciada no ttulo, a que assistimosdiariamente.

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    D) Traduz, em linguagem subjetiva e intimista, os dramaspsicolgicos da mulher moderna, s voltas com a questodo cime.

    E) Escrito com linguagem jocosa, pretende ridicularizaratitudes de homens como Misael que, embora seja altofuncionrio pblico, liga-se a uma prostituta.

    (MOD. ENEM H16) Em literatura, a ironia pode ser utili-zada, entre outras formas, com o objetivo de denunciar, decriticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor descreve arealidade com termos aparentemente valorizantes, mas coma finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor ou o ou-vinte a ser ativo durante a leitura, para refletir sobre o tema eescolher uma determinada posio.

    (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ironia)

    Entre os nomes dos lugares em que o casal da histria morou,aponte aquele que, em relao mensagem, compe uma ironia.

    A) Rua General Pedra D) Boca do MatoB) Olaria E) Rua da ConstituioC) Rua Clapp

    (MOD. ENEM H23) Os amantes moraram no Estcio...A enumerao dos lugares em que os amantes moraram foi

    utilizada com o objetivo de mostrar:A) o esprito nmade do casal.B) o poder aquisitivo de Misael, funcionrio da Fazenda.C) a ascenso social de Maria Elvira.D) as inmeras vezes em que Elvira arranjara namorado.E) o nacionalismo que caracterizou o Modernismo, a que

    Manuel Bandeira se filiava.

    (MOD. ENEM H1) O poema de Manuel Bandeira, texto 3, podeser considerado como um texto:

    A) argumentativo. D) descritivo.B) narrativo. E) teatral.C) dissertativo.

    (MOD. ENEM H25) No texto 3, Manuel Bandeira d forma a

    um dos itens do iderio modernista, que o de firmar a feiode uma lngua mais autntica, brasileira, ao expressar-senuma variante de linguagem popular identificada no item:

    A) uma aliana empenhadaB) os dentes em petio de misria.C) privado de sentidos e intelignciaD) cada em decbito dorsalE) vestida de organdi azul.

    (MOD. ENEM H22) Comparando-se os textos 3 e 4, podeafirmar:

    A) Enquanto o texto 3 preocupa-se mais com a descrio dospersonagens, o 4 predominantemente narrativo.

    B) O foco narrativo, nos dois textos, o de terceira pessoa.C) O texto 4 utiliza linguagem estritamente formal, enquanto

    o 3 quebra, por vezes, a formalidade da lngua.D) Percebe-se a presena de narrador onisciente somente no

    texto 4.E) Ambos os textos preservam a formalidade da lngua.

    (MOD. ENEM H19) Na ltima linha do texto 4, est presentea funo da linguagem:

    A) emotiva, pois o autor expressa suas ideias e emoes.B) potica, porque h preocupao com a elaborao da

    mensagem.C) conativa, pois pretende levar o interlocutor a uma mudana

    de comportamento.D) referencial, limitando-se a transmitir uma informao.E) metalingustica, porque explica o que se disse anterior-

    mente.

    (MOD. ENEM H18) Indique o elemento destacado que, naprogresso do texto 4, estabelece valor semntico de causa.

    A) Enrouqueceu de gritarB) cansou de esbravejarC) desistiu com a noite.D) cheio de pipilos e coaxaresE) Tire-me daqui, por favor.

    (MOD. ENEM H16) Chama-se de metonmia outransnominaouma figura de linguagem que consiste noemprego de um termo por outro, dada a relao de semelhanaou a possibilidade de associao entre eles.

    (http://pt.wikipedia.org/wiki/Meton%C3%ADmia)

    Assinale o item em que se usou uma metonmia.

    A) Sentou-se no fundo da cova...B) A noite chegou...C) fez-se o silncio das horas tardias.D) Os passos se aproximaram.E) Algum tirou a terra de cima de voc...

    No quadro apresentado no captulo 01, vimos que os pronomesdemonstrativos indicam posio em relao s pessoas do discurso.Aqui nos deteremos nesses pronomes, que funcionam comomecanismos de referncia, revelando uma noo espacial ou umanoo temporal, isto , indicando posio de algo em relao spessoas do discurso, situando-o no tempo e/ou no espao.

    Observe o quadro abaixo:

    Noo espacialNootemporal

    Formasvariveis

    Formasinvariveis

    Proximidade dapessoa que falaou coisa muitoprxima

    PresenteEste, esta,estes, estas

    Isto

    P r o x i m i d a d eda pessoa comquem se fala oucoisa pouco dis-tante

    Passadorecente oufuturoprximo

    Esse, essa,esses, essas

    Isso

    Proximidade dapessoa de quem

    se fala ou coisamuito distante

    Passado

    remoto

    Aquele, aquela,

    aqueles, aquelas Aquilo

    http://comuered.blogspot.com/2010/10/mecanismos-de-coesao-textual.html

    Agora, veja os seguintes exemplos para confirmar as infor-maes do quadro:a) Em relao ao espao

    O pronome ESTE foi utilizadocorretamente porque o carrinho(algo de que se fala) est muitoprximo do garoto (a pessoa quefala).

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    Os Pronomes Demonstrativos

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    Linguagens, Cdigos e suas TecnologiasPORTUGUS:Compreenso Textual e Aspectos Lingusticos II Volume 0110

    No momento da elocuo, o Haroldo, o tigre do Calvin, estmuito distante tanto da me (a pessoa que fala) quanto do menino(a pessoa com quem ela fala), portanto deveria ter sido usado opronome aquele (aquele tigre); j em esse tipo de coisa noaconteceria., o pronome foi usado corretamente, visto referir-sea algo j mencionado: o roubo do tigre.

    b) Em relao ao tempoNaquela poca no tinha maquinaria, meu pai trabalhava na

    enxada. Meu pai era de Mdena, minha me era de Capri e ficarammuito tempo na roa. Depois a famlia veio morar nessa travessada avenida Paulista; agora est tudo mudado, j no entendo nadadessas ruas.

    O trecho transcrito acima de um depoimento de Ecla Bosi,descendente de imigrantes, na obraMemrias e Sociedade, portantoa depoente utilizou corretamente a forma naquela, pois fala dapoca em que seus pais chegaram ao Brasil, muito distante domomento de seu depoimento.

    Alm de estabelecerem relaes de espao e de tempo, ospronomes demonstrativos podem estabelecer ligaes entre aspartes do discurso, relacionando, numa frase ou num texto, o quej foi dito com o que ainda se vai dizer.

    Observe:a. O desejo da criana era este: ganhar um carrinho de brin-

    quedo.b. Ganhar um carrinho de brinquedo. Esse era o desejo da

    criana.As formas de primeira pessoa referem-se ao que ainda vai ser

    dito, enquanto as de segunda pessoa referem-se ao que j foi ditona frase ou no texto.

    Observe ainda:agora as portuguesas tinham na cabea um leno novo de

    ramagens vistosas e as brasileiras haviam penteado o cabelo epregado nos cachos negros um ramalhete de dois vintns; aquelastranavam no ombro xales de l vermelha, e estasde croch, deum amarelo desbotado.

    (Alusio Azevedo O Cortio)

    Retomando elementos j citados no discurso, as formas deprimeira pessoa referem-se ao mais prximo, e as de terceira pes-soa, ao mais distante. Assim, no trecho anterior, a forma aquelasserefere s portuguesas, e a forma estas, s brasileiras. Confirma-se,assim, a importncia dos pronomes para a coeso do texto, pois,se a posio dos pronomes fosse trocada, o autor estaria passandouma informao diferente daquela que pretendia.

    Combinando-se com as preposies deouem, os demonstra-tivos adquirem as formasdeste, desse, disso, naquele, naquela,naquilo. interessante a mensagem deste quadrinho que acabei de ler. Naquela poca no tinha maquinaria,... O adorno daquelas era de l vermelha; o destas, de croch

    amarelo.

    Tambm so pronomes demonstrativos: o, a, os, as quando equivalem a isto, isso, aquilo,

    aquele, aqueles, aquelasExs.: As portuguesas eram asque usavam xales de l ver-

    melha. (aquelas) Precisamos usar bem os pronomes; necessrio que o

    faamos em nossos textos. (isso)

    As palavras mesmo (e suas flexes), prprio (e suasflexes), semelhante(s), tal e tais, quando determinam substan-tivos.

    Exs.: Em tal poca no havia maquinaria. No acreditei em semelhante afirmao. O prprio escritor estava presente no congresso.

    TEXTO 5

    Ah, MariaOs Paralamas do Sucesso

    Eu queria falar com vocTe dizer o que eu sentiaAh, Maria, MariaEu sei que voc est em algum lugarNessas ilhasEu queria viver com vocPoder te ter todo diaAh, Maria, MariaAgora voc vAquela estranha mesquitaO fim da tarde, a gua escura do marFica pra trs a sombra das ilhasAh, Maria, MariaNo te machuca os psAndar descala na ruaO cais do porto, as igrejas e o cuA noite, os rios e as outras meninasAh, Maria, MariaSer que voc sorriuLembrando daqueles dias

    TEXTO 6

    Big BangOs Paralamas do Sucesso

    Se o sol pudesse verTudo que iria acontecerTalvez no nascesse aquele diaSe as oraes das mesTivessem sido ouvidasNada disso acontecia

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    Linguagens, Cdigos e suas TecnologiasPORTUGUS:Compreenso Textual e Aspectos Lingusticos II Volume 01 11

    achava que uma vez no vento esses homens seriam como trastes,como qualquer pedao de camisa nos ventos. Eu me lembravados espantalhos vestidos com as minhas camisas. O mundo eraum pedao complicado para o menino que viera da roa. No vinenhuma coisa mais bonita na cidade do que um passarinho. Vi que

    tudo que o homem fabrica vira sucata: bicicleta, avio, automvel.S o que no vira sucata ave, rvore, r, pedra. At nave espacialvira sucata. Agora eu penso uma gara branca de brejo ser mais lindaque uma nave espacial. Peo desculpas por cometer essa verdade.

    Manuel de Barros.Memrias inventadas. So Paulo: Planeta, 2003, XV.

    TEXTO 9

    No descomeo era o verbo.S depois que veio o delrio do verbo.O delrio do verbo estava no comeo, l onde acriana diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.A criana no sabe que o verbo escutar no funcionapara cor, mas para som.Ento se a criana muda a funo de um verbo, ele delira.E pois.Em poesia que voz de poeta, que a voz de fazer

    nascimentos O verbo tem que pegar delrio.

    (Barros, 2001b, p. 15)

    TEXTO 10

    Prezoinsetos mais que avies.Prezo a velocidadedas tartarugasmais que a dos msseis.Tenho em mimesse atraso de nascena.Eu fui aparelhadopara gostar de passarinhos.Tenho abundnciade ser feliz por isso.Meu quintal maior do que o mundo.

    Manuel de Barros

    Relacione o ttulo do texto 8 ao seu contedo.

    Explique por que o autor utilizou, no texto 8, o verbo cometer,em vez de dizer.

    Transcreva do texto 10 uma orao com valor semntico decomparao.

    Explique o emprego do pronome isso no texto 10.

    As questes de 05 a 15 tm como base o texto 8.

    (MOD. ENEM H23) O pronome Isto, que inicia os dois

    primeiros perodos do texto, foi utilizado com o objetivo de:

    Mas naquele dia at Deus se escondeuNo quis ouvir pedidos de socorro

    A voz da razo sumiuQuando a polcia civil subiu o morroFogo sobre os dois irmosNem mo nem contramo s sangue, terra e cocanaA ferida rasga a terra e mostra um coraoQue sangra e se contaminaMas naquele dia at Deus se escondeuNo quis ouvir pedidos de socorro

    A voz da razo sumiu

    TEXTO 7

    A marcha das utopias

    No era esta a independncia que eu sonhavaNo era esta a repblica que eu sonhavaNo era este o socialismo que eu sonhavaNo era este o apocalipse que eu sonhava

    (Os melhores poemas de Jos Paulo Paes. 3. ed.

    So Paulo: Global, 2000, p.158.)

    De acordo com o texto 5, pode-se afirmar que:

    A) o eu lrico encontra-se nas mesmas ilhas em que est Maria.B) a mesquita est prxima do eu lrico, porm perto de Maria.C) os dias dos quais Maria se lembra so recentes.D) a mesquita est distante dos interlocutores.

    Explique por que, no texto 6, usou-se a forma aquela noverso 3, e naquela no verso 7.

    Em Nada dissoacontecia, texto 6, a que se refere o pronomeem destaque?

    Como se justifica o uso dos pronomes esta e este no texto 7?

    (MOD. ENEM H22) Comparando-se os textos 5, 6 e 7, pode-seafirmar que h abordagem de temtica social em:

    A) 5 e 6. D) 6, somente.B) 6 e 7. E) 7, somente.C) 5 e 7.

    TEXTO 8

    SOBRE SUCATAS

    Isto porque a gente foi criada em lugar onde no tinha brin-quedo fabricado. Isto porque a gente havia que fabricar os nossosbrinquedos: eram boizinhos de osso, bolas de meia, automveisde lata. Tambm a gente fazia de conta que sapo boi de sela eviajava de sapo. Outra era ouvir nas conchas as origens do mundo.Estranhei muito quando, mais tarde, precisei de morar na cidade.Na cidade, um dia, contei para minha me que vira na Praa umhomem montado no cavalo de pedra a mostrar uma faca compridapara o alto. Minha me corrigiu que no era uma faca, era umaespada. E o homem era um heri da nossa histria. Claro que euno tinha educao de cidade para saber que heri era um homemsentado num cavalo de pedra. Eles eram pessoas antigas da histriaque algum dia defenderam nossa Ptria. Para mim aqueles homensem cima da pedra eram sucata. Seriam sucata da histria. Porque eu

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    A) indicar que o personagem fala de algo muito distante emrelao ao tempo da elocuo.

    B) indicar que o personagem ainda dir algo que explicitaro pronome.

    C) sugerir a continuao de uma conversa iniciada anterior-mente.

    D) dar pouca importncia ao que ainda ser dito.E) mostrar que falta um trecho do texto no qual est presente

    o referente. (MOD. ENEM H18) Em Para mim aqueleshomens em

    cima da pedra eram sucata., o elemento destacado indica,na progresso do texto:

    A) que o menino est, no momento da fala, diante de umaesttua.

    B) que havia vrias esttuas semelhantes que o meninodescrevera, distantes dele no momento da fala.

    C) que o menino est, no momento da fala, diante de vriasesttuas.

    D) que o emissor ainda um menino no momento da comu-nicao.

    E) que o emissor, j adulto, refere-se a uma escultura com-posta por vrios homens, que ele vira na infncia.

    (MOD. ENEM H18) Em Peo desculpa por cometer essaverdade., o pronome essa tem como referente:

    A) Eles eram pessoas antigas da histria que algum dia defen-deram nossa Ptria.

    B) Para mim aqueles homens em cima da pedra eram sucata.C) O mundo era um pedao complicado para o menino que

    viera da roa.D) Vi que tudo que o homem fabrica vira sucata:E) Agora eu penso uma gara branca de brejo ser mais linda

    que uma nave espacial.

    (MOD. ENEM H18) Assinale o item em que o verbo indicaum fato passado em relao a outro tambm no passado (opassado do passado, algo que aconteceu antes de outro fato

    tambm passado).A) Isto porque a gente foi criada em lugar onde no tinha

    brinquedo fabricado.B) Outra era ouvir nas conchas as origens do mundo.C) ...que vira na Praa um homem montado no cavalo de

    pedra...D) Minha me corrigiu que no era uma faca, era uma espada.E) E o homem era um heri da nossa histria.

    (MOD. ENEM H18) Em E o homem era um heri da nossahistria., o destaque refere-se:

    A) histria da me e do menino.B) histria que est sendo lida.C) histria do Brasil.D) histria da populao urbana.

    E) histria do povo da roa. (MOD. ENEM H25) O mundo era um pedao complicado

    para o menino que viera da roa. Para indicar a origem domenino da roa , o autor utilizou um tipo de variao lin-gustica que se manifesta:

    A) na fonologia.B) no uso do lxico.C) no grau de formalidade.D) nas marcas de oralidade.E) no emprego da pontuao.

    (MOD. ENEM H22) Leia o que diz o crtico Raphael Barbosade Lima Arruda sobre a escritura de Manuel de Barros: Nospoemas de Manuel de Barros, h uma forte carga semntica

    e estilstica, pois o poeta brinca com as palavras, mudando,

    muitas vezes, o significado real que possuem.; a afirmaode Raphael confirma-se no seguinte trecho do texto:

    A) Tambm a gente fazia de conta que sapo boi de sela eviajava de sapo.

    B) E o homem era um heri da nossa histria.C) Claro que eu no tinha educao de cidade para saber que

    heri era um homem sentado num cavalo de pedra.D) Eles eram pessoas antigas da histria que algum dia defen-

    deram nossa Ptria.E) Peo desculpas por cometer essa verdade.

    (MOD. ENEM H25) E Manoel vai romper com a lnguapadro, com a norma culta, para fazer arte..., articulandooralidade e escrita.

    (http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt07/t075.pdf)

    A afirmao acima evidenciada no seguinte trecho do texto:A) Na cidade, um dia, contei para minha me que vira na Praa

    um homem montado no cavalo de pedra...B) Para mim aqueles homens em cima da pedra eram sucata.C) Seriam sucata da histria.D) Isto porque a gente foi criada em lugar onde no tinha

    brinquedo fabricado.

    E) O mundo era um pedao complicado para o menino queviera da roa.

    (MOD. ENEM H19) Esto presentes no texto as seguintesfunes da linguagem:

    A) Referencial e metalingustica.B) Conativa e potica.C) Expressiva e potica.D) Metalingustica e expressiva.E) Referencial e conativa.

    (MOD. ENEM H16) O poema em prosa, gnero a que per-tence o texto, utiliza recursos que mostram sua comunicaocom o poema em versos. Um desses recursos a metfora,que est presente em:

    A) E o homem era um heri da nossa histria.B) Eles eram pessoas antigas da histria que algum dia defen-deram nossa Ptria.

    C) Porque eu achava que uma vez no vento esses homensseriam como trastes...

    D) Para mim aqueles homens em cima da pedra eram sucata.Seriam sucata da histria.

    E) Agora eu penso uma gara branca de brejo ser mais lindaque uma nave espacial.

    Acho que o quintal onde a gente brincou maior do que acidade. A gente s descobre isso depois de grande. A gente desco-bre que o tamanho das coisas h que ser medido pela intimidadeque temos com as coisas. H de ser como acontece com o amor.

    Assim, as pedrinhas do nosso quintal so sempre maiores do queas outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade.Manuel de Barros

    (MOD. ENEM H22) Sabendo que Manuel de Barros...cresceu brincando no terreiro em frente casa, p no cho,entre os currais e as coisas desimportantes que marcariamsua obra para sempre.

    (http://www.releituras.com/manueldebarros_bio.asp),

    Assinale o itemem que o trecho do texto 8 confirma as ideiasde Manuel de Barros transcritas acima.

    A) Tambm a gente fazia de conta que sapo boi de sela eviajava de sapo.

    B) Outra era ouvir nas conchas as origens do mundo.

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    C) Minha me corrigiu que no era uma faca, era uma espada.D) Porque eu achava que uma vez no vento esses homens

    seriam como trastes...E) Agora eu penso uma gara branca de brejo ser mais linda

    que uma nave espacial.

    (MOD. ENEM H22) Comparando-se os textos 8 e 9, pode-seafirmar:

    A) A informalidade da linguagem s est presente no texto 8.B) Nos dois textos, a funo predominante da linguagem amesma.

    C) Ambos os textos apresentam ponto de vista infantil.D) Apenas o texto 9 apresenta linguagem conotativa.E) Somente o texto 9 apresenta poeticidade.

    (MOD. ENEM H16) Em Eu escuto a cor dos passarinhos.,texto 9, foi usado um recurso expressivo chamado:

    A) paradoxo. D) metonmia.B) sinestesia. E) prosopopeia.C) metfora.

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    (MOD. ENEM H22) O verso No descomeo era o verbo,texto 9, mantm com o trecho bblico NO PRINCPIO ERAO VERBO E O VERBO ERA DEUS E O VERBO ESTAVA COMDEUS (JO 1:1) E O VERBO SE FEZ CARNE E HABITOUENTRE NS. (JO 1:14) uma relao de:

    A) interdiscursividade. D) plgio.B) pardia. E) complementaridade.C) intertextualidade.

    (MOD. ENEM H22) O trecho do texto 8 que vai ao encontrodo que diz o destaque do texto 10 :

    A) Na cidade, um dia, contei para minha me que vira na Praaum homem montado no cavalo de pedra...

    B) E o homem era um heri da nossa histria.C) Claro que eu no tinha educao de cidade para saber que

    heri era um homem sentado num cavalo de pedra.D) Eles eram pessoas antigas da histria que algum dia defen-

    deram nossa Ptria.E) Outra era ouvir nas conchas as origens do mundo.

    Captulo

    03A PRTICATEXTUALEOESTUDODOSGRAUSDEFORMALIDADEDOTEXTO

    Norma Culta; Variantes Lingusticas Regionais; o NvelInformal da Linguagem; o Nvel Coloquial da Linguagem

    O Preconceito Lingustico Texto paraReflexo

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    Papos

    Me disseram... Disseram-me. Hein? O correto disseram-me. No me disseram. Eu falo como quero. E te digo mais... Ou digo-te? O qu? Digo-te que voc... O te e o voc no combinam. Lhe digo?

    Tambm no. O que voc ia me dizer? Que voc est sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu

    vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como que se diz?

    Partir-te a cara. Pois . Parti-la hei de, se voc no parar de me corrigir. Ou

    corrigir-me. para o seu bem. Dispenso as suas correes. V se esquece-me. Falo como

    bem entender. Mais uma correo e eu... O qu? O mato. Que mato? Mato-o. Mato-lhe. Mato voc. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?

    Eu s estava querendo... Pois esquea-o e para-te. Pronome no lugar certo e elitismo! Se voc prefere falar errado... Falo como todo mundo fala. O importante me entenderem.

    Ou entenderem-me? No caso... no sei.

    Ah, no sabe? No o sabes? Sabes-lo no? Esquece. No. Como esquece? Voc prefere falar errado? E o certo

    esquece ou esquea? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me,vamos.

    Depende. Depende. Perfeito. No o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o

    soubesses, mas no sabes-o. Est bem, est bem. Desculpe. Fale como quiser. Agradeo-lhe a permisso para falar errado que mas ds.

    Mas no posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia. Por qu? Porque, com todo este papo, esqueci-lo.

    (Luis Fernando Verssimo)

    Com base no texto 1 e nos conhecimentos sobre os usos dalngua, resolva as questes abaixo:

    coerente a afirmao O correto disseram-me. Nome disseram.? Por qu?

    Explique o sentido da frase O te e o voc no combinam..

    Devemos concordar com o interlocutor que diz Que vocest sendo grosseiro, pedante e chato.? Justifique.

    coerente a frase O importante me entenderem.? Por

    qu?

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    O que se pode concluir, em relao ao processo de comuni-cao, da frase final do texto: Porque, com todo este papo,esqueci-lo.?

    No se trata, nessa discusso, de certo ou errado. As variaeslingusticas (histrica, geogrfica, social ou estilstica) devem serrespeitadas e consideradas adequadas, tendo-se em vista quem soos interlocutores e qual a situao de comunicao. Um pescadorda Prainha, no Cear, que diz Ns pega o peixe no devesofrer preconceito lingustico como tambm o adolescente quefala Galera, o ministro t doido ou o compositor que afirma quea gente somos intil.

    De acordo com os linguistas, o conceito de correto, que oensino tradicional da gramtica normativa impe, d origem a umpreconceito contra as variedades fora da norma padro.

    Rosngela dos Santos, em seu artigo intitulado Lngua portuguesaou lngua brasileira?, diz: O portugus no padro no pobre,carente nem errado. Pobres e carente so, sim, aqueles que ofalam, e errada a situao de injustia social em que vivem. (...)Atravs de exemplos comprovados com pesquisas feitas pelos lin-guistas, Bagno(*) ressalta que nenhuma lngua errada, pois comopoderia ser errado aquilo que j nasce com o indivduo? Toda adiversidade lingustica tem que ser respeitada, o que em nenhummomento restringe o indivduo no que se refere ao estudo da lnguaculta, que por sua vez originada da gramtica normativa em umatentativa de representao da lngua.

    (*) Bagno = Marcos Arajo Bagno(Cataguases, 21 de agosto de 1961) um professor, linguista e escritor brasileiro.

    http://www.webartigos.com/artigos/lingua-portuguesa-ou-lingua-brasileira/28538

    Ainda sobre o preconceito lingustico, leia o que diz a linguistae pesquisadora do CNPq Marta Scherre:

    O preconceito lingustico o mais sutil de todos eles atingeum dos mais nobres legados do homem, que o domnio de umalngua. Exercer isso retirar o direito de fala de milhares de pes-soas que se exprimem em formas sem prestgio social. No querodizer com isso que no temos o direito de gostar mais, ou menos,do falar de uma regio ou de outra, do falar de um grupo socialou de outro. O que afirmo e at enfatizo que ningum tem odireito de humilhar o outro pela forma de falar. Ningum tem odireito de exercer assdio lingustico. Ningum tem o direito decausar constrangimento ao seu semelhante pela forma de falar. (...)

    Sei que muitos devem achar que isso bobagem, que todos

    devem deixar de falar errado. Mas todo mundo tem direito de seexpressar, sem constrangimento, na forma em que senhor, emque tem fluncia, em que capaz de expressar seus sentimentos,de persuadir, de manifestar seus conhecimentos. Enfim, de falar asua lngua ou a variante dela.

    (http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI110515-17774,00-O+PRECONCEITO+LINGUISTICO+DEVERIA+SER+CRIME.html)

    Mas a escola funciona para transmitir e conservar a lngua que a dos poderes poltico, econmico e social. Para os estudantes, usuriosda lngua, importante lutar para dominar a variedade lingustica demaior prestgio, pois, se no o fizerem, podero sofrer, em certoscontextos, censura, discriminao e bloqueio ascenso social. E porisso que estudaremos, neste captulo, alm das variedades lingusticas,

    aspectos que regem a norma padro da nossa lngua.

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    01

    O que Certo ou Errado no Momento daComunicao?

    02

    Voc fala direito? Aposto que sim. Mas aposto tambm que,no calor de uma conversa animada, voc j se flagrou engolindoo rde um verbo no modo infinitivo. A letra s, quando indicaplural, costuma ser devorada nas rodas mais finas de bate-papoespecialmente em So Paulo. J os mineiros (at os doutores!)

    traam sem piedade o d que compe o gerndio. No Pas todo,come-se s toneladas o primeiro a da preposio para. Aprimeira slaba de todas as formas do verbo estar, ento, essaj uma iguaria difcil de achar. Portanto, poucos se espantamao ouvir uma frase assim:

    Num v consegui durmi purqu os cara to tocano muitoalto.

    Isso errado?Depende. Se os seus olhos quase saltaram da rbita ao fitar a

    frase acima, leia em voz alta para perceber que ela no soa toabsurda. Expresses como tocano e v consegui atentamcontra a norma-padro da lngua portuguesa ensinada na escolapara preservar um cdigo comum a todos os falantes do idioma.Do ponto de vista da lingustica, entretanto, elas so s objetos

    de estudo. Retratam fielmente aquilo que o portugus brasileiro hoje. E fornecem pistas sobre o que a lngua padronizada podevir a ser daqui a 10, 100 ou 1 000 anos.

    Um bilogo nunca diria que uma bactria est errada, afirmao linguista Ronald Beline, da USP. A lingustica cincia queestuda a linguagem assim como a biologia se ocupa dos seres

    vivos tampouco pode dizer se uma palavra est certa ou er-rada. De certo modo, a linguagem tambm um organismo vivo.Elementos lingusticos, como clulas, nascem e morrem o tempo

    todo, modificando o sistema. Em todos os idiomas, palavras sealongam, encurtam e trocam de significado; expresses socriadas enquanto outras perdem a razo de existir; substantivos,verbos, adjetivos e advrbios emprestam sentido uns aos outros.

    [...] (NOGUEIRA, M.A lngua solta. Revista Superinteressante, ed. 225, 2006.)

    http://super.abril.com.br/ciencia/lingua-portuguesa-lingua-solta-446334.shtml

    Com base no texto 1 e nos conhecimentos sobre os usos dalngua, resolva as questes a seguir:

    Assinale a alternativa que contm uma informao FALSA emrelao ao fenmeno da variao lingustica.

    A) A variao lingustica consiste num uso diferente da lngua,num outro modo de expresso aceitvel em determinadoscontextos.

    B) A variedade lingustica usada num texto deve estaradequada situao de comunicao vivenciada, ao assuntoabordado, aos participantes da interao.

    C) As variedades que se diferenciam da variedadeconsiderada padro devem ser vistas como imperfeitas,incorretas e inadequadas.

    D) As lnguas so heterogneas e variveis e, por isso, osfalantes apresentam variaes na sua forma de expresso,

    provenientes de diferentes fatores.

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    () Como no ter Deus?! Com Deus existindo, tudo d es-perana: sempre um milagre possvel, o mundo se resolve.Mas, se no tem Deus, h-de a gente perdidos no vaivm, e a

    vida burra. o aberto perigo das grandes e pequenas horas,no se podendo facilitar todos contra os acasos. TendoDeus, menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fimd certo. Mas, se no tem Deus, ento, a gente no tem licenade coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem est

    presa, encantoada erra rumo, d em aleijes como esses,dos meninos sem pernas e braos. ()(Guimares Rosa, Grande serto: veredas.)

    Uma das principais caractersticas da obra de Guimares Rosa sua linguagem artificiosamente inventada, barroca at certoponto, mas instrumento adequado para sua narrao, na qualo serto acaba universalizado.

    A) Transcreva um trecho do texto apresentado, onde essetipo de inveno ocorre.

    B) Transcreva um trecho em que a sintaxe utilizada por Rosaconfigura uma variao lingustica que contraria o registroprescrito pela lngua padro.

    EU TE AMO

    Ah, se j perdemos a noo da horaSe juntos j jogamos tudo foraMe conta agora como hei de partir

    Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvariosRompi com o mundo, queimei meus naviosMe diz pra onde que inda posso ir

    (...)

    Se entornaste a nossa sorte pelo choSe na baguna do teu coraoMeu sangue errou de veia e se perdeu

    Como, se na desordem do armrio embutidoMeu palet enlaa o teu vestidoE o meu sapato inda pisa no teu

    Como, se nos amamos feito dois pagos (...)

    No, acho que ests s fazendo de contaTe dei meus olhos pra tomares conta

    Agora conta como hei de partir (Tom Jobim Chico Buarque)

    (FUVEST MOD. ENEM H25) Nesse texto, em que pre-domina a linguagem culta, ocorre tambm a seguinte marcada linguagem coloquial:

    A) Emprego de HEI no lugar de TENHO.B) Falta de concordncia quanto pessoa nas formas verbais

    ESTS, TOMARES e CONTA.C) Emprego de verbos predominantemente na segunda pes-

    soa do singular.D) Redundncia semntica, pelo emprego repetido da palavra

    CONTA na ltima estrofe.E) Emprego das palavras BAGUNA e CARA.

    (MOD. ENEM H27) Assinale o verso do texto cuja estruturaest em desacordo com os ditames da gramtica normativa.A) Rompi com o mundo, queimei meus naviosB) Meu sangue errou de veia e se perdeuC) Meu palet enlaa o teu vestidoD) E o meu sapato inda pisa no teuE) Te dei meus olhos pra tomares conta

    (MOD. ENEM H26) Assinale o item em que a palavrasugerida para substituir outra do texto NOcausaria desar-monia com a atmosfera da letra, levando-se em conta a situaode comunicao:

    A) Baguna mixrdiaB) Conta (1aocorrncia) revelaC) Cara semblanteD) Desvarios loucurasE) Cara aspecto

    (MOD. ENEM H1) Pela anlise de sua linguagem e dosrecursos expressivos utilizados, pode-se afirmar que o textoanterior :

    A) pico. D) descritivo.B) epistolar. E) dissertativo.

    C) argumentativo. (MOD. ENEM H18) Os versos Ah, se j perdemos a noo

    da hora,/Se juntos j jogamos tudo fora, estabelecem, notexto, sentido de:

    A) condio. D) causa.B) concesso. E) comparao.C) conformidade.

    (MOD. ENEM H18) No verso Se, ao te conhecer, dei prasonhar, fiz tantos desvarios,, o trecho em destaque tem valorsemntico de:

    A) causa. D) tempo.B) consequncia. E) explicao.C) concesso.

    (MOD. ENEM H16) Na construo dos versos Se entor-naste a nossa sorte pelo cho,/Se na baguna do teu corao/ Meu sangue errou de veia e se perdeu... foi utilizado, pre-dominantemente, o seguinte recurso expressivo:A) personificao. D) metfora.B) metonmia. E) hiprbole.C) sinestesia.

    (MOD. ENEM H19) Predomina no texto a funo da lin-guagem:A) conativa. D) referencial.B) apelativa. E) ftica.C) emotiva.

    (MOD. ENEM H1) O texto anterior pertence ao gneroliterrio. Nele, o que caracteriza a linguagem desse gnero :

    A) o uso de expresses lingusticas populares.B) o uso de formas da norma padro da lngua.C) a transgresso da gramtica normativa.D) a utilizao de linguagem conotativa.E) a predominncia de linguagem denotativa.

    (MOD. ENEM H23) Com o objetivo de mostrar os momen-tos partilhados em conjunto, o eu lrico e seu interlocutor, oautor utiliza o seguinte verso:

    A) Ah, se j perdemos a noo da horaB) Se entornaste a nossa sorte pelo choC) Te dei meus olhos pra tomares contaD) Agora conta como hei de partirE) Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios

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    Linguagens, Cdigos e suas TecnologiasPORTUGUS:Compreenso Textual e Aspectos Lingusticos II Volume 0116

    (MOD. ENEM H23) Com a utilizao de metfora em Meupalet enlaa o teu vestido/E o meu sapato inda pisa no teu,o autor pretende mostrar:A) a superioridade masculina.B) a desorganizao da amada.C) a relao visceral que sempre tomou conta dos amantes.D) os momentos partilhados pelos amantes.E) que o amor dos amantes limitado temporalmente.

    (U. F. VIOSA MOD. ENEM H26) Suponha um aluno sedirigindo a um colega de classe nestes termos: Venho res -peitosamente solicitar-lhe se digne emprestar-me o livro. Aatitude desse aluno se assemelha atitude do indivduo que:

    A) comparece ao baile de gala trajando smoking.B) vai audincia com uma autoridade de short e camiseta.C) vai praia de terno e gravata.D) pe terno e gravata para ir falar na Cmara dos Deputados.E) vai ao Maracan de chinelo e bermuda.

    (MOD. ENEM H22) Considere o texto abaixo:

    A variao inerente s lnguas, porque as sociedades so divididasem grupos: h os mais jovens e os mais velhos, os que habitam numa

    regio ou outra, os que tm esta ou aquela profisso, os que so deuma ou outra classe social e assim por diante. O uso de determinadavariedade lingustica serve para marcar a incluso num desses grupos,d uma identidade para os seus membros. Aprendemos a distinguira variao. Quando algum comea a falar, sabemos se de SoPaulo, gacho, carioca ou portugus. Sabemos que certas expressespertencem fala dos mais jovens, que determinadas formas se usamem situao informal, mas no em ocasies formais. Saber umalngua ser poliglota em sua prpria lngua. Saber portugus no s aprender regras que s existem numa lngua artificial usada pelaescola. As variaes no so fceis ou bonitas, erradas ou certas,deselegantes ou elegantes, so simplesmente diferentes. Como aslnguas so variveis, elas mudam.FIORIN, Jos Luiz. Os Aldrovandos Cantagalos e o preconceito lingustico.

    InO direito fala. A questo do preconceito lingustico. Florianpolis.Editora Insular, pp. 27, 28, 2002.

    Assinale a alternativa que apresenta ideia incompatvel com oque se defende no texto do professor Jos Luiz Fiorin.

    A) Todo o falante nativo de uma determinada lngua temcompetncia lingustica, portanto a norma padro seriauma dentre as variedades da lngua.

    B) Visto que qualquer lngua essencialmente heterognea,cabe escola enfatizar o conhecimento das regras, a fimde que os falantes desenvolvam a competncia discursiva.

    C) A lngua sofre a influncia do contexto em que o falante estinserido, dessa forma ensino da lngua no preconceituosopressupe reconhecer o fato de que as diferentes formasde falar constituem variedades lingusticas que no devemser desprezadas.

    D) A competncia discursiva do aluno no pode ser medidapela variedade lingustica por ele empregada.

    E) O falante poliglota revela sua competncia lingustica,uma vez que capaz de distinguir diferentes variaes emsua prpria lngua.

    (FUVEST 2000 MOD. ENEM H25) Leia o texto a seguirpara responder questo.

    Voc pode dar um rol de bike, lapidar o estilo a bordode um skate, curtir o sol tropical, levar sua gata pra surfar.

    Considerando-se a variedade lingustica que se pretendeureproduzir nessa frase, correto afirmar que a expressoproveniente de variedade diversa :

    A) dar um rol de bike.B) lapidar o estilo.C) a bordo de um skate.D) curtir o sol tropical.E) levar sua gata pra surfar.

    Que boa ideia

    Empresa americana usa jatos Que s tm primeira classe

    Uma pequena companhia area americana abriu as portas noms passado com uma novidade que est despertando a curiosi-dade dos passageiros e intrigando as empresas concorrentes. Nanova empresa, Legend Airlines, com sede em Dallas, os avies stm primeira classe. Todos os passageiros que embarcam em seusvoos viajam em poltronas de couro de 75 centmetros de largura,tomam champanhe francs a bordo e assistem TV por assinaturaem monitores individuais. Tudo pela tarifa econmica. (...)

    Num mercado em que as companhias esto na pindaba nomundo todo, a experincia da Legend Airlines vem sendo acom-panhada com lupa, pois pode apontar um caminho de sobrevivncia

    para o setor. (...)Veja. 10 de maio de 2000

    (MOD. ENEM H25) Considerando a variedade lingusticaque prevalece no texto, correto afirmar que a expressoproveniente de variedade diversa :

    A) a bordoB) champanhe francsC) assistem TVD) esto na pindabaE) Tudo pela tarifa econmica

    A lngua que falamos determina, para os nossos interlocu-tores, quem somos, funcionando, assim, como uma espcie dedocumento de identidade: somos reconhecidos como homemou mulher; criana, jovem ou adulto; procedente de determinadaregio; pertencente a uma classe social ou a um grupo especfico;profissional de certa rea.

    Entre as variaes da lngua, est aquela considerada culta, padroni-zada pela elite intelectual (lngua padro); a de maior prestgio social,utilizada em situaes formais de comunicao; a variedade lingusticaensinada na escola para que se obedeam s regras estabelecidas pelagramtica normativa; est presente nos bons jornais, nas revistas, noslivros cientficos e didticos, entre outros canais.

    Dependendo do contexto social em que se d a comunicao,

    a linguagem que utilizamos pode ser mais formal ou mais informal.

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    Lngua Culta e Outras Variedades Lingusticas

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    Variaes de Registro Graus de Formalismo

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    Linguagens, Cdigos e suas TecnologiasPORTUGUS:Compreenso Textual e Aspectos Lingusticos II Volume 01 17

    I. Formal a linguagem utilizada quando no h familiaridadeentre os interlocutores; est presente quando nos dirigimos,no trabalho, aos nossos superiores hierrquicos; nos discursospblicos; nas salas de aula, por exemplo.

    II. Informal (ou coloquial) Na comunicao com nossos fa-

    miliares ou com nossos amigos, podemos nos permitir o usode uma lngua mais espontnea, sem muita preocupao comas formas lingusticas, cometendo pequenos deslizes grama-ticais.

    Exs.:Me conta essa histria, menina. Cad o livro que te emprestei?

    III. Inculta (ou vulgar) utilizada por pessoas sem instruo que,livres das convenes sociais, infringem sobremaneira as nor-mas gramaticais.

    Ex.:Nis ouvimo diz que ela chega amanh.

    A lngua regional constitui um patrimnio lingustico prprio deuma regio. No Brasil, devido sua enorme extenso e grandemistura de etnias, essa marca lingustica aparece em muitase variadas formas. Usadas no Cear, por exemplo, expressescomo galinha cabidela (ao molho pardo), rebolar (jogar fora)e terreiro (ptio de terra batida, quintal) parecem estranhas emoutras regies do Pas.

    Observe a matria abaixo, veiculada no G1, que confirma oque se afirma acima:

    PAULISTA, RAONI CARNEIRO ENSINA A MANIA DESUA TERRA NATAL: O X

    Ator conta que deixou a cidade aos 15 anos: Fui ser maluco

    e arriscar a vida

    Atualizado em 22/11/2011 s 15h20Raoni Carneiro relembra Itapetininga, sua terra natal

    (Foto: Domingo / TV Globo)

    Nascido no interior de So Paulo, Raoni Carneiro lembra asgrias que os moradores de Itapetininga, sua cidade natal, costumamusar. O ator deixou a cidade aos 15 anos para morar na capital. Fuiser maluco e arriscar a vida, afirmou.

    Raoni lembra de duas manias lingusticas que os moradores deItapetininga adotaram. A primeira o x. X tudo. quaseum pronome (SIC), contou o ator.

    Segundo Raoni, o mesmo termo pode ser usado em diversoscontextos, seja em uma situao agradvel ou para lamentar algo.

    A segunda coisa tudo no diminutivo. Como est a vida?Andandinho. S fui reparar que eu falava assim quando sa de l,

    revelou. Apesar de no morar mais em Itapetininga, Raoni admitiuque ainda mantm as mesmas grias quando conversa com a famlia:Eu convivo com o meu irmo e falo.

    Observe, tambm, a piada abaixo:Voc sabia que, em cada estado, os mortos so enviados para

    IMLs diferentes?Vejam s:Paran Instituto Mdico LegalR.G. do Sul Instituto Mdico Tri-LegalBahia Instituto Mdico PorretaMinas Instituto Mdico Bom Demais da ContaRio Instituto Mdico Maneiro, APernambuco Institutcho Mdico Pai DguaSo Paulo Baita Instituto Mdico MeuCear Instituto Mdico da Mulstia

    (http://www.stickel.com.br/Piadas/estassaoboas/medico_e_louco.html

    As variedades lingusticas sociais so ligadas a grupos sociais eao grau de instruo das pessoas; entre essas marcas esto as grias,que fazem parte do vocabulrio de grupos especficos e os jarges,que se relacionam com as categorias profissionais (advogados,mdicos, mecnicos, por exemplo)

    Exemplos de jarges:Jarges FinanceirosAo:Documento que indica ser o seu possuidor o proprietrio

    de certa frao de determinada empresa.Ao ao portador:Atualmente este tipo de ao no existe

    mais, foi revogada pela lei 8201/90. Esta ao no trazia o nomedo seu proprietrio. Portanto, pertencia a quem a tivesse em seupoder.

    Ao cheia: Ao cujos direitos (dividendos, bonificao,subscrio) ainda no foram exercidos.

    Ao com valor nominal:Ao que tem um valor impresso,estabelecido pelo estatuto da companhia que a emitiu.

    Jarges de MdicosAbdome agudo:Dor abdominal, em geral de incio sbito, pro-

    gressiva, que costuma associar-se a doenas de resoluo cirrgica.Necessita de avaliao mdica urgente. Algumas causas de abdomeagudo so apendicite, colecistite, pancreatite etc.

    Ablao:Extirpao de qualquer rgo do corpo.Abortamento: Interrupo precoce da gravidez, espontnea

    ou induzida, seguida pela expulso do produto gestacional pelocanal vaginal (Aborto). Pode ser precedido por perdas sanguneasatravs da vagina.

    Abscesso:Coleo de pus produzida em geral por uma in-feco bacteriana. Pode se formar em diferentes regies doorganismo (crebro, osso, pele, msculo). Pode causar febre,calafrios, tremores e vermelhido e dor na rea afetada.http://www.jorwiki.usp.br/gdnot07/index.php/Exemplos_de_jarg%C3%B5es

    Como a lngua dinmica, sofre alteraes ao longo do tempo.No falamos nem escrevemos como o faziam, dcadas atrs.

    Variedade Lingustica Regional

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    Variedades Lingusticas Sociais

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    Variedades Lingusticas Histricas

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    Leia um trecho da crnica Ser Brotinho, que Paulo MendesCampos escreveu em 1960:

    Ser Brotinho Paulo Mendes Campos

    Ser brotinhono viver em um pncaroazulado: muitomais! Ser brotinho sorrir bastante dos homens e rir intermina-

    velmente das mulheres, rir como se o ridculo, visvel ou invisvel,provocasse uma tosse de riso irresistvel.Ser brotinho no usar pintura alguma, s vezes, e ficar de

    cara lambida, os cabelos desarrumados como se ventasse forte, ocorpo todo apagado dentro de um vestido to de propsito semgraa, mas lanando fogo pelos olhos. Ser brotinho lanar fogopelos olhos.

    viver a tarde inteira, em uma atitude esquemtica, a contem-plar o teto, s para poder contar depois que ficou a tarde inteiraolhando para cima, sem pensar em nada. passar um dia tododescala no apartamento da amiga comendo comidade lata ecortar o dedo. Ser brotinho ainda possuir vitrola prpria eperambular pelas ruasdo bairro com um ar sonso-vagaroso,abraada a uma poro de elepscoloridos. dizer a palavra feiaprecisamente no instante em que essa palavra se faz imprescindvel

    e to inteligente e natural. tambm falar legal e brbarocomum timbre to por cima das vs agitaes humanas, uma inflexoto certa de que tudo neste mundo passa depressa e no tem amenor importncia. (...)

    Leia, agora, uma adaptao da crnica para este sculo:

    SER TEEN

    Ser teenno viver em uma montanha azulada: muitomais! Ser teen sorrir bastante dos homens e rir interminavelmentedas mulheres, rir como se o ridculo, real ou virtual, provocasseuma tosse de riso irresistvel.

    Ser teen no usar pintura alguma, s vezes, e ficar de caralambida, os cabelos desarrumados como se ventasse forte, o corpo

    todo apagado dentro de um vestidinho to de propsito sem graa,mas lanando fogo pelos olhos. Ser teen lanar fogo pelos olhos. viver a tarde inteira, em uma atitude esquemtica, a contem-

    plar o teto, s para poder contar depois que ficou a tarde inteiraolhando para cima, sem pensar em nada. passar um dia tododescala no apartamento da amiga comendo comida aquecidano micro-ondas e queimar o cu da boca. Ser teen aindapossuir Ipodprprio e perambular pelo shoppingdo bairro comum ar sonso-vagaroso, abraada a uma poro de mp3e jpegscoloridos. dizer um palavro precisamente no instante em queesse palavro se faz imprescindvel e to inteligente e natural. tambm falar maneiro e caracascom um timbre to por cimadas vs agitaes humanas, uma inflexo to certa de que tudoneste mundo passa depressa e no tem a menor importncia. (...)

    http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_cronica_00039_ser_teen.htmlAdaptada por Edas Lopes Jnior (2006):

    Chopis CentisMamonas Assassinas

    Eu d um beijo nelae chamei pra passear.A gente fomos no shopping,pra m de a gente lancha.Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim.At que tava gostoso, mas eu prefiro aipim.

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    Quantcha gente,E quantcha alegria,A minha felicidade um credirionas Casas Bahia.

    Esse tal Chopis Centis muito legalzinho,pr levar as namorada e d uns rolzinho.Quando eu estou no trabalho,no vejo a hora de descer dos andaimepr pegar um cinema, do Schwarzenegere tambm o Van Damme.

    Quantcha gente,E quantcha alegria,A minha felicidade um credirionas Casas Bahia.

    http://www.vagalume.com.br/mamonas-assassinas/ch