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Universidade de Lisboa Instituto Superior de Agronomia Relatório de Projeto de Final de Curso da Licenciatura de Biologia 2013/2014 Aspetos da dinâmica populacional de Mus spretus na Tapada da Ajuda Aluna: Kristina Pereira Leong Orientadores: Susana Dias e Pedro Vaz Coordenadora: Leonor Morais

Aspetos da dinâmica populacional de Mus spretus na Tapada ... · Universidade de Lisboa Instituto Superior de Agronomia Relatório de Projeto de Final de Curso da Licenciatura de

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Universidade de Lisboa

Instituto Superior de Agronomia

Relatório de Projeto de Final de Curso da Licenciatura de Biologia

2013/2014

Aspetos da dinâmica populacional de Mus spretus na

Tapada da Ajuda

Aluna: Kristina Pereira Leong

Orientadores: Susana Dias e Pedro Vaz

Coordenadora: Leonor Morais

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Índice

1. Introdução ....................................................................................................................................... 1

2. Materiais e Métodos ....................................................................................................................... 3

2.1. Área de estudo: ........................................................................................................................... 3

2.2. Captura de micromamíferos ................................................................................................... 6

2.3. Amostragem de vegetação .................................................................................................... 11

2.4. Análise de dados .................................................................................................................... 11

3. Resultados ..................................................................................................................................... 12

3.1. Espécies encontradas e abundância...................................................................................... 12

3.2. Capturas de Mus spretus por período do dia ........................................................................ 13

3.3. Variação biométrica no tempo .............................................................................................. 13

3.3.1. Comprimento ................................................................................................................ 13

3.3.2. Peso ............................................................................................................................... 14

3.4. Densidade populacional de Mus spretus nos habitats olival e ribeira .................................. 15

4. Discussão ....................................................................................................................................... 16

Anexos ................................................................................................................................................... 21

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Resumo

O conhecimento sobre as modificações provocadas na biodiversidade dos habitats das áreas urbanas

tem aumentado, pois é importante perceber se essas alterações vão ser prejudiciais para as

comunidades nessas áreas. A Tapada da Ajuda é uma vasta área florestal e agrícola, contudo está

localizada na cidade de Lisboa, o que suscitou interesse para o nosso trabalho e fez dela a nossa área

de estudo. Os micromamíferos são um grupo que prevalece nestas áreas urbanas, pertencendo a

este grupo a espécie Mus spretus em que o nosso trabalho se centra. Foram realizadas campanhas

de captura dos animais vivos, com base em técnicas de armadilhagem para dois habitats diferentes

por campanha em cada mês (Novembro, Março, Abril e Maio). Foram capturadas três espécies

diferentes: Mus spretus, Mus domesticus e Rattus norvegicus. Sendo que a espécie com o maior

número de capturas foi o Mus spretus, os dados analisados focaram-se apenas nesta espécie. Os

nossos resultados revelaram que a densidade populacional de Mus spretus foi maior para o habitat

Olival e que o mês com maior densidade populacional foi o mês de Abril, tanto para o Olival como

para a Ribeira. A avaliação da preferência das espécies amostradas pelos diferentes habitats e a

avaliação de alguns dos parâmetros da dinâmica populacional desta espécie será importante para a

caracterização da comunidade de micromamíferos na Tapada.

Palavras-chave: Áreas urbanas, Tapada da Ajuda, Micromamíferos, Mus spretus

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1. Introdução

A comunidade faunística nas áreas urbanas encontra-se normalmente reduzida (em termos de

diversidade) em comparação com outras áreas naturais. Tem sido assim de elevado interesse

perceber-se como as diferentes espécies respondem às modificações dos diferentes habitats em

áreas urbanas (Gomes et al., 2011).

Estas áreas apresentam diferentes condições ambientais, pois, no centro urbano, os ambientes

apresentam-se mais modificados e em parques e jardins os ambientes apresentam-se mais

conservados, eventualmente, com manchas de vegetação nativa (White et al., 2005,- in Ferreira,

2011).

O aumento que tem havido na população urbana levou à fragmentação, modificação e destruição

dos habitats (Gomes et al., 2011). Apesar da sua importância para a conservação da biodiversidade

mundial, poucos estudos avaliaram os efeitos da urbanização e da fragmentação do habitat na

biodiversidade dos ecossistemas de tipo mediterrânico (Klausmeyer and Shaw, 2009,- in Fernández &

Simonetti, 2013).

A estrutura dos microhabitats e macrohabitats também influencia a distribuição das comunidades

dos micromamíferos (Fuente 1992, in Gomes et al., 2011). Estas comunidades desempenham um

papel importante nas cadeias alimentares, incluindo os ecossistemas urbanos, isto porque eles

podem influenciar a presença ou ausência de outros animais selvagens devido a interações

competitivas, e á sua ação como presa para outros animais, como carnívoros, aves e répteis (Ekernas

& Mertes, 2006).

Estes micromamíferos, podem ser indicadores valiosos da qualidade do habitat pois não só podem

moldar a dinâmica de sucessão, como podem também moldar a futura composição da estrutura da

vegetação (Gomes et al., 2011).

De entre os micromamíferos, o presente trabalho irá focar-se apenas em alguns roedores (Ordem

Rodentia), mais propriamente nos roedores da família Muridae. Os roedores são a maior ordem dos

mamíferos, representando atualmente cerca de 40% das espécies conhecidas desta classe (Mathias

et al., 1999).

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Estes estão classificados em 3 subordens (Sciuromorpha, Myomorpha e Hystriconorpha) e esta

classificação é feita com base no funcionamento do sistema de músculos mandibulares que

controlam os seus maxilares, visto que a ação de roer é a essência da vida dos roedores (Macdonald

& Priscila, 1993). A família Sciuridae inclui apenas um género (Sciurus), a família Arvicolidae é a mais

numerosa, com dois géneros (Arvicola e Microtus), a família Muridae tem dois géneros de ratinhos

(Apodemus e Mus) e um género de ratazanas (Rattus) e ainda a família Gliridae que inclui um género

(Eliomys) (Mathias et al., 1999).

Os micromamíferos possuem uma elevada fecundidade e também a possibilidade de colonizarem

muitos ambientes diferentes (Mathias et al., 1999). Por estas e mais razões, eles têm sido usados

como organismos modelo para a biologia da conservação e para a ecologia, pois permitem fáceis

previsões sobre como as espécies vão responder a perturbações, o que é difícil de se observar com

espécies raras ou de maior tamanho (Barrett & Peles 1999; Wolff 1999,- in Gomes et al., 2011).

Os micromamíferos habitam com frequência espaços verdes como parques e jardins de áreas

urbanas (Mahan & O’Connell, 2005,- in Gomes et al., 2011). Na cidade de Lisboa podemos encontrar

muitos jardins, matas, parques, quintas, hortas, tapadas e jardins botânicos, sendo a zona do parque

florestal de Monsanto a mais vasta área florestal na cidade de Lisboa com cerca de 900 ha (Anexos 1-

Fig.1).

A Tapada da Ajuda é um Parque Botânico com cerca de 100 hectares e encontra-se situada na

encosta Sul do parque florestal de Monsanto (Pina, 2011). Estando a Tapada da Ajuda situada numa

grande área urbana como a cidade de Lisboa, é um bom sitio para podermos estudar algumas das

espécies de micromamíferos, já que não se conhecem estudos feitos sobre a comunidade de

micromamíferos nesta área.

O ratinho-ruivo (Mus spretus) é uma das espécies mais abundantes nos habitats agrícolas ibéricos

(Marques, 2011) e como tal potencialmente bem representado nas zonas peri-urbanas da grande

Lisboa, em que a Tapada da Ajuda é um exemplo, no entanto pouco se conhece sobre a sua dinâmica

nestes habitats, quando em simpatria com o ratinho das casas (Mus domesticus).

O objetivo do presente trabalho é contribuir para a caracterização da comunidade de

micromamíferos na Tapada da Ajuda, especialmente da espécie Mus spretus. Especificamente,

pretende-se fazer uma primeira abordagem de alguns aspetos da abundância, padrões potenciais de

atividade diária, biometria, e dinâmica populacional de Mus spretus, comparando esses aspetos em

alguns habitats com importância ecológica na Tapada da Ajuda. Com base nas capturas e recapturas

por armadilhagem a efetuar espera-se ainda apresentar uma primeira estimativa da densidade

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populacional de Mus spretus. Como hipóteses associadas a alguns destes objetivos, espera-se que: (i)

haja variação da abundância de Mus spretus com o período do ano da campanha de armadilhagem e

com o habitat; (ii) que haja uma maior abundância nas capturas durante o período da manhã, após

um período espectável de maior atividade durante a noite; (iii) fatores como a idade dos animais

capturados, bem como aspetos biométricos (e.g. comprimento, peso) poderão diferir entre

campanhas de amostragem, provavelmente em resposta nomeadamente à dinâmica temporal e a

especificidades dos habitats relativamente a fatores ambientais (e.g. temperatura, altura da

vegetação).

2. Materiais e Métodos

2.1. Área de estudo:

O presente estudo foi realizado na Tapada da Ajuda que se encontra situada na encosta Sul da Serra

de Monsanto e está limitada a Norte pelo Parque Florestal de Monsanto e a Sul pelo Bairro de Santo

Amaro (Pina, 2011).

Esta Tapada apresenta uma grande variedade não só ao nível da vegetação e da fauna, como

também de espaços com funções agrícolas, florestais, pedagógicas e de lazer (Roque, 2011) (Anexos

1- Fig. 2).

A Tapada da Ajuda é constituída por formações calcárias numa faixa central nas zonas mais elevadas,

mas estas zonas são uma exceção, pois o resto da Tapada é formada fundamentalmente por

formações basálticas (Pina, 2011; Roque, 2011) (Anexos 2- Fig.3). O terreno da Tapada da Ajuda

apresenta um aspeto superficial uniforme, com uma textura argilosa e de cor acastanhada na sua

generalidade, pois em alguns locais pode apresentar uma cor castanho-avermelhada. As terras de

tom avermelhado vivo são as terras argilosas provenientes de calcários (Roque, 2011).

O clima de Lisboa/Ajuda é mesotérmico húmido, de acordo com a classificação climática de Köppen,

em que o Verão é quente e seco, com temperaturas superiores a 20⁰ C e um Inverno é fresco e

chuvoso, sendo que a sua temperatura média é superior a 10⁰C (Pina, 2011). Segundo a classificação

de Thornthwaite, é um clima sub-húmido chuvoso temperado, com grande deficiência de água no

Verão e pequena concentração de eficiência térmica estival (Pina, 2011).

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A temperatura máxima diária varia entre os 29,2 ⁰C e os 15,1 ⁰C, em Agosto e Janeiro,

respetivamente. O valor médio da temperatura máxima anual é de 22 ⁰C. A temperatura mínima

diária varia entre os 7,2 ⁰C e os 16,4 ⁰C, em Janeiro e Agosto, respetivamente, sendo o valor médio

anual de 11,8 ⁰C (Pina, 2011; Roque, 2011). Durante os 4 dias de capturas de cada mês em que se

realizou o presente estudo, a temperatura média no mês de Março foi de 13 °C, no mês de Abril foi

de 15,8 °C e no mês de Maio foi de 17,8 °C. A precipitação durante esse mesmo período foi de 0.025

mm no mês de Março, 0.025 mm no mês de Abril e no mês de Maio não choveu nesse período

(Dados da estação meteorológica Lisboa/Tapada da Ajuda) (Anexo 2-Fig.4).

A Tapada da Ajuda apresenta uma grande variedade e riqueza de coberto vegetal (Pina, 2011). Com o

passar do tempo é natural que a paisagem de coberto vegetal sofra algumas mudanças. De acordo

com (Anexos 3- Fig.5) podemos observar que em 1932 a Tapada estaria delineada por parcelas que

nos indicam a vinha, a horta, o olival, o pomar, etc (Pina, 2011; Roque, 2011).

A Tapada da Ajuda vai sofrendo algumas mudanças no delineamento das parcelas e vão aparecendo

povoamentos florestais, pelo que se pode ver na figura (Anexos 3- Fig.6) encontram-se a Poente,

povoamentos de Pinus pinea L. e Pinus halepensis Miller. No Pinhal de Junot que fica junto ao

Observatório temos Pinus pinea L. e uma pequena mancha de Pinus halepensis Miller, junto à Terra

do Moinho. Junto a estes, encontram-se povoamentos de Acacia spp. e alguns zambujeiros (Olea

europaea L. var. sylvestris) (Pina, 2011). Existe também uma pequena área de Quercus suber L. junto

à Geradora (Pina, 2011).

A grande diversidade faunística detetada na Tapada deve-se não só à grande diversidade de áreas

verdes como hortas, zonas cultivadas com cereais e vinhas, jardins e estratos arbóreos e arbustivos,

como também à confluência que a Tapada tem com o Parque Florestal de Monsanto (Rodrigues et

al., 1997,- in Oliveira, 2013).

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Tabela 1- Síntese da descrição da fauna da Tapada da Ajuda (Fonte: Oliveira, 2013).

Os locais da Tapada da Ajuda que foram escolhidos como habitat para realizarmos as capturas, foram

o Olival junto ao portão do Monsanto, a Sebe que margina a terra grande e a separa do parque de

merendas e um troço da Ribeira, por baixo da ponte, junto ao banco do Junot, (Fig.1).

Classe Peixes: 3 Espécies confirmadas;

Classe Anfíbios: 9, no total; 5 espécies confirmadas;

Classe Répteis: 17, no total; 14 espécies confirmadas;

Classe Aves: 75, no total; 60 espécies confirmadas; 15 espécies ocasionais;

Classe Mamíferos: 18, no total; 16 espécies confirmadas; 2 espécies ocasionais;

Fig. 1- Mapa da Tapada da Ajuda- Com referência dos locais de amostragem (Fonte: Google maps, 05-06-14)

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2.2. Captura de micromamíferos

Para a amostragem de micromamíferos foram usadas técnicas de armadilhagem que permitem

capturar os animais vivos, identifica-los e recolher informação sobre alguns parametris biológicos.

A armadilhagem de pequenos mamíferos é tanto uma arte como uma ciência (Gurnell & Flowerdew,

1990). Para que a captura seja bem-sucedida é necessário que os animais encontrem, explorem e

entrem dentro das armadilhas e isto depende da escolha do sítio onde se colocam as armadilhas e

ainda de como estas são dispostas (Gurnell & Flowerdew, 1990).

Existe uma grande diversidade de modelos diferentes de armadilhas, especificas para diferentes

tamanhos das espécies de pequenos mamíferos (Sutherland, 2006). A armadilha que foi utilizada no

nosso estudo é uma armadilha de metal que é específica para apanhar pequenos roedores. Esta

armadilha é do tipo Sherman (8 x 9 x 23 cm) (Fig.2) (Gomes et al., 2011). Para a captura de

insectívoros foram usadas umas armadilhas do tipo trip-trap, de cor castanha (Fig.3).

As armadilhas têm de conter condições necessárias para que os animais sobrevivam em boas

condições à armadilhagem. Essas condições são garantidas com o algodão e com a comida (Gurnell &

Flowerdew, 1990). A comida serve não só de isco, pelo seu cheiro forte para atrair os animais, mas

também como fonte de alimento para estes mesmos (Sutherland, 2006). São usadas muitas coisas

como isco, como a aveia, trigo e outros cereais (Gurnell & Flowerdew, 1990).

No nosso caso usámos uma mistura de atum com aveia e óleo já usado e fizemos uma pasta. Nas

armadilhas foram também colocadas sementes de cevada e rodelas de cenoura como fonte de

hidratação. Para o aquecimento das armadilhas foi usado algodão.

Fig. 3- Armadilhas tipo Trip-Trap Fig. 2- Armadilhas tipo Sherman

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Existem dois padrões geralmente utilizados para os pontos de armadilhagem, que são linhas de

armadilhas e grelhas de armadilhas (Gurnell & Flowerdew, 1990).

O espaço correto entre os pontos de armadilhagem no padrão de grelhas de armadilhas depende das

distâncias de movimento das espécies em estudo, de fatores do habitat em si e da altura do ano em

que o estudo é feito (Gurnell & Flowerdew, 1990).

No nosso caso as armadilhas foram colocadas com uma distância de 5 m entre elas (Gurnell &

Flowerdew, 1990), usando-se o padrão de grelha no Olival e o padrão de linhas na sebe. Na Ribeira

foram usados os dois padrões (Fig. 4,5 e 6).

Fig. 5- Sebe (junto à terra grande) - Armadilhas dispostas em linha (Fonte: Google maps, 07-06-14). As bolas

amarelas são as armadilhas e as linhas verdes mostram o padrão linear em que elas são colocadas.

5 m

5 m

Fig. 4- Olival- Armadilhas dispostas em grelha (Fonte: Google maps, 07-06-14). As bolas amarelas são as

armadilhas e as linhas verdes mostram o padrão de grelha em que elas são colocadas.

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O número de armadilhas disponíveis vai determinar o tipo de estudo e a intensidade do estudo que

se pretende fazer. Com 20 ou mais armadilhas já se consegue fazer um estudo mais sistemático e

com dados quantitativos (Gurnell & Flowerdew, 1990). No nosso caso, em cada semana de capturas

foram usadas 80 armadilhas em que seriam divididas pelos dois habitats escolhidos, ficando cada um

dos habitats com 40 armadilhas. As armadilhas estavam todas marcadas com números e o seu local

de colocação foi devidamente anotado, para que não se perdesse nenhuma. Segundo (Gurnell &

Flowerdew), deve-se obter um equilíbrio entre o número de pontos de armadilhagem escolhidos e o

número de armadilhas colocadas em cada ponto, que está de acordo com a distribuição feita no

nosso trabalho, com o mesmo número de armadilhas nos dois locais.

O presente estudo foi realizado entre o mês de Março e Maio de 2014, onde foi realizada uma sessão

de capturas por cada um dos meses. Foi também realizada uma sessão de capturas no mês de

Novembro de 2013, sendo esta uma primeira sessão experimental. Cada sessão de captura foi

realizada durante 3 dias e 3 noites, o período recomendado para estudos que envolvam captura-

marcação-recaptura (Gurnell & Flowerdew, 1990). Em cada sessão de armadilhagem, as armadilhas

foram colocadas ao anoitecer no primeiro dia, depois eram vistas duas vezes por dia e no último dia

eram recolhidas após a verificação das capturas (Sutherland, 2006). Caso as armadilhas estivessem

Fig. 6- Ribeira- Armadilhas dispostas em grelha e em linha (Fonte: Google maps, 07-06-14). As bolas amarelas

são as armadilhas, as linhas a cor-de-rosa delimitam três zonas dentro da Ribeira, as linhas azuis representam

a linha de água e as linhas a vermelho mostram os padrões de grelha e de linha em que as armadilhas foram

colocadas em cada uma dessas três zonas na Ribeira.

5 m

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fechadas, os animais capturados eram observados e depois as armadilhas eram novamente

colocadas abertas nos mesmos locais.

Para a remoção do animal, coloca-se a abertura da armadilha num saco grande de polietileno e

segura-se bem a entrada do saco junto à armadilha e depois abre-se a armadilha para que o animal

possa cair para dentro do saco (Gurnell & Flowerdew, 1990). A recolha de informação sobre o

exemplar capturado poderá ser feita com o animal dentro do saco (Gurnell & Flowerdew, 1990),

organizado nos seguintes tópicos: identificação da espécie, ver se o animal já estava marcado, o sexo,

se está prenha (no caso de ser fêmea), condições gerais do corpo (incluindo a presença de feridas), a

presença de ectoparasitas, as medidas do comprimento da cauda e do corpo e as pesagens (Gurnell

& Flowerdew, 1990). No nosso caso, usámos uma garrafa de 1.5l cortada ao meio, onde era colocado

o ratinho, para pesar e só depois é que colocávamos o ratinho dentro de um saco (Fig.7) para fazer o

resto das observações e medições. A garrafa utilizada tinha um peso de 8.7 g e a balança onde os

ratinhos eram pesados tinha uma tara de 0.1 g (Fig.8). As medições do comprimento do corpo e do

comprimento da cauda foram realizadas com o ratinho dentro do saco e com uma régua em mm

(Fig.7,8 e 9).

Fig. 7- Saco de polietileno com o ratinho Fig. 8- Balança (0.1 g) e Régua (mm) que foram usadas

Fig. 9- Biometrias gerais de um mamífero (Fonte: Macdonald & Barret, 1993).

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Nos roedores, a identificação do sexo pode ser difícil em animais jovens ou em animais que não

tenham crias, mas é simples em adultos.

No presente trabalho seguimos o critério indicado em Gurnell & Flowerdew (1990): a distância entre

o clitóris e o ânus nas fêmeas é muito mais curta que a distância entre o pénis e o ânus nos machos

(Fig.10) e (Anexos 3 – Fig.7).

As marcações feitas nos animais para efeitos de identificação de potenciais recapturas foram

realizadas apenas em Abril e Maio, através de pequenos cortes no pelo (1cm de extensão) (Fig.11 e

12). Para as fêmeas o corte foi feito do lado esquerdo, na parte de cima do corpo (para a grande

maioria, alguns em exceção foram feitos em baixo) e para os machos o corte foi feito do lado direito,

em cima (com exceção de alguns que ficaram com o corte na parte de baixo). Para os animais

recapturados, anotou-se a presença e a posição do corte. No fim de todo o manuseamento os

animais foram libertados nos mesmos locais onde foram capturados.

Fig.10- Características sexuais de machos (à esquerda) e fêmeas (à direita) (Fonte: Gurnell & Flowerdew, 1990).

Fig. 11- Exemplo de um corte feito do lado esquerdo em cima (fêmea).

Fig. 12- Exemplo de corte feito do lado direito em baixo (macho).

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2.3. Amostragem de vegetação

No fim de cada sessão de amostragem foram recolhidos dados referentes à vegetação encontrada

em cada um dos locais de amostragem. Esses dados foram, a altura da vegetação (Anexos 4 - Fig.8),

medida com uma régua de madeira (Anexos 4 - Fig.9), com marcações de 1 em 1 cm e o grau de

coberto vegetal (estrato herbáceo e arbustivo) pelo método do quadrat, com um quadrado com 33

cm de lado (Anexos 4 - Fig. 10). Para cada habitat foram retiradas 50 medidas, tanto da altura da

vegetação, como do grau de coberto vegetal, nos locais onde as armadilhas estiveram instaladas (ver

também Anexos 4 – Fig. 11, 12 e 13).

2.4. Análise de dados

Todos os dados recolhidos dos diferentes meses de capturas foram estruturados numa folha de

cálculo (Microsoft Excel) de modo a obter o número de animais capturados por espécie, classe etária

(jovem, adulto) e sexo, bem como os comprimentos e pesos individuais. Atendendo a que

aproximadamente 100% das capturas foi de Mus spretus, a análise dos dados focou-se nessa espécie.

O teste do qui-quadrado (χ2) foi usado para comparar a frequência de capturas entre Março, Abril, e

Maio no habitat Olival. O teste χ2 foi também usado para comparar frequências observadas e

esperadas em duas tabelas de contingência 2x2 com habitats (Olival, Ribeira) versus classe etária

(Jovem, Adulto) ou sexo. Para o habitat Olival, a análise de variância (ANOVA) de um fator foi usada

para comparar a média de comprimentos e pesos entre Março, Abril, e Maio. Neste caso, o teste de

Tukey foi aplicado para a comparação múltipla de médias com o intuito de testar que meses eram

diferentes entre si. Para os habitats Olival e Ribeira, duas ANOVA de dois fatores foram usadas para

testar os efeitos principais e as interações dos fatores habitat (Olival, Ribeira) e mês (Abril e Maio)

nos comprimentos e pesos. Nas análises estatísticas usadas considerou-se o valor-p <0.05 para

rejeitar a hipótese nula.

Os dados de capturas e recapturas foram utilizados para explorar o seu potencial para estimar a

população de Mus spretus em cada um dos habitats recorrendo ao método de Petersen para

populações fechadas (ou seja onde não se verifiquem nascimentos, mortes ou movimentos

migratórios durante o período de estudo) e a adaptação de Chapman para amostras reduzidas (como

é o caso).

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N= [(NA1+1) (NB1+1)/(n11+1)],

Em que NA1 são os ratos capturados e marcados na primeira amostragem (A), NB1 são os ratos

capturados na segunda amostragem (B) e n11 os ratos capturados tanto na primeira como na

segunda amostragem ou seja as recapturas.

3. Resultados

3.1. Espécies encontradas e abundância

Durante o período de amostragem capturaram-se 65 indivíduos de três espécies, Mus spretus, Mus

domesticus, e Rattus norvegicus (Tabela 2). Dado que o número de indivíduos capturados no habitat

sebe foi zero em Novembro e Março, optou-se por não amostrar esse habitat nas campanhas de

amostragem de Abril e Maio, sendo a sebe substituída pelo habitat Ribeira. A espécie com maior

número de capturas foi o Mus spretus, pelo que a análise de dados se centra nesta espécie.

Tabela 2. Número de capturas por espécie nas quatro campanhas de amostragem. N.d. = Não disponível (não amostrado).

O número de capturas de Mus spretus em Abril e Maio no habitat Olival e no habitat Ribeira (Tabela

3) não diferiu significativamente (χ2= 0.091, p = 0.763). Da mesma forma, nestas campanhas (Abril,

Maio) a frequência de machos e fêmeas foi independente (χ2= 1.784, p = 0.182) do local (Olival,

Ribeira). Pelo contrário, a relação entre jovens e adultos não foi independente do local (χ2= 3.882, p =

0.049), com o Olival a ter 21 jovens para 6 adultos.

Novembro Março Abril Maio Total

Sebe 0

0 N.d N.d 0

Olival 0

Mus spretus - 9 Mus domesticus - 1

Mus spretus - 18

Mus spretus- 10 38

Ribeira N.d

N.d

Mus spretus- 13 Rattus norvegicus- 1

Mus spretus- 13 27

Total 0 10 32 23 65

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Tabela 3. Número de capturas da espécie Mus spretus nas campanhas de Abril e Maio nos habitats Olival e Ribeira. Valores estratificados por Sexo e Faixa etária. O total de capturas por habitat difere da soma nos dois estratos (sexo e faixa etária), dado que nem sempre foi possível determinar o sexo ou a faixa etária dos animais.

Olival Ribeira

Machos 18 16 Fêmeas 10 5

Jovens 21 13 Adultos 6 12

Total no habitat 28 26

3.2. Capturas de Mus spretus por período do dia

O número de capturas da espécie Mus spretus durante o período da manhã foi sempre superior ao

da tarde. Além disso, apenas se capturaram animais no período da tarde no habitat Ribeira (Fig. 13).

Fig. 13 – Capturas por períodos do dia (Manhã/Tarde) nos habitats Olival e Ribeira.

3.3. Variação biométrica no tempo

3.3.1. Comprimento

No habitat Olival, onde obtivemos dados de três campanhas (Março, Abril, e Maio), a média total de

comprimentos apresenta uma tendência não significativa de aumento ao longo do tempo (F = 2.842,

p = 0.072). Considerando os habitats Olival e Ribeira, onde obtivemos dados de 2 campanhas (Abril,

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Manhã Tarde Manhã Tarde

Olival Ribeira

Capturas por período do dia

Abril

Maio

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Maio), a média dos comprimentos não difere significativamente entre campanhas (F = 0.266, p =

0.609) ou habitats (F = 0.363, p = 0.550), havendo uma interação marginalmente significativa entre

esses dois fatores (F = 3.710, p = 0.061). A diferença na média de comprimentos entre machos e

fêmeas não é significativamente diferente nas três campanhas (Fig. 14).

Fig. 14 - Gráfico de barras da média dos comprimentos totais e intervalos de confiança a 95% dos machos e das fêmeas (os valores do mês de Março dizem apenas respeito ao habitat Olival).

3.3.2. Peso

No habitat Olival, a média total de pesos difere significativamente ao longo do tempo (F = 4.331, p =

0.021). O teste post hoc de Tukey revela que neste habitat houve um decréscimo significativo na

média de pesos entre o mês de Março e o mês de Maio. Considerando os habitats Olival e Ribeira a

média dos pesos diminui de uma forma marginalmente significativa entre campanhas (F = 3.831, p =

0.057). Entre habitats, a diferença na média dos pesos não é significativa (F = 0.004, p = 0.947),

havendo uma interação marginalmente significativa entre esses dois fatores (F = 4.032, p = 0.051).

Nos dados recolhidos a média dos pesos das fêmeas foi sempre maior do que a média dos pesos dos

machos, embora essa diferença não seja significativa, a diferença na média de pesos entre fêmeas e

machos foi maior na campanha de Março (no Olival) (Fig. 15).

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

Março Abril Maio

Média dos comprimentos totais

Macho

Fêmeas

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15

Fig. 15- Gráfico de barras da média dos pesos e intervalos de confiança a 95% entre machos e fêmeas por cada mês de capturas (os valores do mês de Março dizem apenas respeito ao habitat Olival).

3.4. Densidade populacional de Mus spretus nos habitats Olival e Ribeira

De um modo geral a densidade populacional de Mus spretus foi maior no habitat Olival. Em ambos os

habitats, a densidade populacional estimada foi aproximadamente 3 vezes superior em Abril, quer no

caso das estimativas mínimas quer no caso das estimativas máximas (Tabela 4).

Tabela 4. Estimativa da densidade populacional (nº de capturas / hectare) de Mus spretus nos habitats Olival e Ribeira em Abril e Maio. Densidades estimadas pelo índice de Lincoln (ou método de Petersen).

Abril Maio Habitat Mínimo Máximo Mínimo Máximo

Olival 65 84 23 28

Ribeira 40 58 13 23

Março Abril Maio

0

5

10

15

20

25

Média dos pesos

Macho

Fêmea

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4. Discussão

Os resultados deste trabalho permitiram fazer uma primeira abordagem de alguns aspetos da

abundância, padrões potenciais de atividade diária, biometria, e dinâmica populacional de Mus

spretus, comparando esses aspetos em dois habitats com importância ecológica na Tapada da Ajuda.

Com base nas capturas e recapturas por armadilhagem efetuadas foi possível apresentar uma

estimativa da densidade populacional nessas áreas: Olival e Ribeira.

4.1. Abundância de Mus spretus nas capturas por armadilhagem

A espécie Mus spretus é uma das três espécies mais representativas em áreas Mediterrâneas (Pita et

al., 2003, in - Gomes, 2011), tendo-se verificado a sua grande abundância em todas as campanhas de

amostragem realizadas neste estudo. Por exemplo, nos estudos de Marques & Mira (2011) a espécie

com maior número de indivíduos capturados foi também Mus spretus. Tal como no presente

trabalho, em alguns dos estudos anteriores, os locais com maior abundância de pequenos

mamíferos são os olivais situados perto de zonas urbanas, sendo o carácter generalista e oportunista

destas espécies uma explicação possível (Blanco, 1998, in- Vicente, 2008). De facto, a densidade

populacional de Mus spretus no presente trabalho foi maior no habitat Olival. Sabendo que a

estrutura e a distribuição das espécies de micromamíferos dependem de características do habitat,

como a vegetação que lhes serve de alimento e refúgio de predadores (Vicente, 2008), é possível

dizer que a abundância destas espécies num determinado habitat é influenciada pelos diferentes

fatores que esse habitat lhe oferece. O habitat Olival pode ser considerado um bom habitat para a

espécie Mus spretus, pois este apresenta características que lhe são favoráveis, como uma área de

campos abertos, com solos cultivados, com uma vegetação baixa e com um ambiente relativamente

seco (Macdonald & Priscila, 1993; Mathias et al., 1999). Este habitat proporciona ainda uma

diversidade de elementos ricos à dieta desta espécie, como sementes, folhas, caules e frutos

(Macdonald & Priscila, 1993; Mathias et al., 1999).

4.2. Padrões potenciais de atividade diária

O nosso estudo revelou ainda um período de capturas superiores sempre pela manhã, sendo que a

espécie Mus spretus tem uma atividade essencialmente noturna (Mathias et al., 1999). Contudo o

estudo de (Gray, 1998), indica que a luz não é o fator determinante na atividade desta espécie,

defendendo que o padrão de atividade de Mus spretus está relacionado tanto com a temperatura do

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ambiente, como com a pressão causada pela predação. Segundo o estudo de Gray (1998), a

diminuição da atividade do Mus spretus entre as 02:00 e as 08:00 ocorre quando a temperatura está

no seu mínimo. A sua atividade também foi baixa entre as 10:00 e as 18:00, onde a temperatura teve

valores mais elevados. Naquele caso os autores justificam essa baixa atividade por uma eventual

pressão predatória durante esse período por parte, por exemplo de cobras.

No caso do presente estudo, só foram capturados indivíduos no período da tarde na Ribeira, o que

pode estar relacionado com o facto da vegetação na Ribeira ser mais alta, logo mais propícia a

condições de maior ensombramento, a que se acrescenta ser uma área mais fechada em termos de

coberto arbóreo e ainda ao facto de ter uma pequena linha de água o que torna este local mais

húmido e fresco. Estes fatores poderão favorecer uma maior atividade diurna no habitat Ribeira

relativamente ao habitat Olival que, no caso da Tapada da Ajuda é um habitat onde nomeadamente

a presença humana é maior.

4.3. Variação Biométrica

O decréscimo significativo observado na média de pesos entre o mês de Março e Maio no habitat

Olival pode estar relacionado com a subida das temperaturas e com a chegada da Primavera que é

uma das épocas de maior atividade destas espécies e ainda com o período de reprodução que

também apresenta um pico nessa época do ano (Macdonald & Priscila, 1993; Mathias et al., 1999). O

aumento da atividade à medida em que se aproxima a Primavera, pode provocar também um

aumento no desgaste físico e consequentemente uma maior diminuição do peso. É especialmente

notória essa diminuição de peso nas fêmeas, o que poderá estar relacionado com o facto de que

algumas estariam prenhas, ou com um maior desgaste nos cuidados com a prole.

4.4. Dinâmica populacional e estimativas de densidade populacional – Porquê

mais Mus spretus em Abril?

Neste estudo verificou-se também que a densidade populacional de Mus spretus, foi maior no mês

de Abril, tanto no habitat Olival como no habitat Ribeira, podendo estes resultados ter sido

influenciados pelas mudanças de temperatura entre os diferentes meses em que se realizaram as

campanhas (Anexos 2 - Fig. 4). Perante condições climatéricas adversas a sobrevivência destes

indivíduos pode estar ameaçada (Gray et al., 1998). No entanto, o período específico das campanhas

de amostragem coincidiu sempre com um período seco, sem precipitação (Anexos 2 - Fig. 4).

Contudo no mês de Novembro foi realizada uma campanha em que não se obteve capturas, muito

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provavelmente devido às baixas temperaturas e a precipitação deste mês, que podem ter

influenciado negativamente a atividade desta espécie.

Gomes (2011) verifica que existe um aumento de abundância relativa com a distância à cidade e

reforça a ideia de que a intensificação do processo de urbanização iria provocar a diminuição da

abundância destes pequenos mamíferos.

Sendo que a Tapada da Ajuda está inserida na cidade de Lisboa, uma área muito urbanizada, é

importante estudar-se os efeitos que a urbanização pode trazer para as comunidades existentes na

Tapada. Este trabalho foi importante para se estudar a população de Mus spretus e perceber-se as

suas dinâmicas neste tipo de área.

Podemos concluir com o presente trabalho que a população de Mus spretus não é muito afetada por

estar inserida numa área urbana, pois a Tapada da Ajuda, apresenta as condições necessárias para a

abundância desta espécie.

Agradecimentos

Aos orientadores Susana Dias e Pedro Vaz por me terem ajudado em toda a realização deste projeto,

por tudo o que me ensinaram e por toda a simpatia e disponibilidade. Ao CEABN pela cedência do

espaço para a realização de todo o trabalho de campo e laboratório. E a todas as pessoas do CEABN,

pela simpatia com que sempre me receberam. Ao Professor Francisco Abreu pela cedência dos dados

meteorológicos da estação meteorológica de Lisboa/Tapada da Ajuda. Aos senhores do pomar junto

à Ribeira pela simpatia e cedência do espaço. E por fim a todos os meus familiares e amigos pelo

apoio, por toda a amizade e carinho. Em especial ao meu irmão Miguel Leong, pela ajuda nas

formatações, ao Joab Ferreira pela ajuda nas imagens e impressões e à minha mãe Lénia Leong por

todos os artigos que imprimiu.

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Referências bibliográficas

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Pesquisa na internet- Imagens:

-https://www.google.pt/search?q=trip

trap+mouse+trap&espv=2&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=PAGTU7b9AsPy7AbB0ID4Dg&v

d=0CAgQ_AUoAQ&biw=1366&bih=667#facrc=_&imgdii=_&imgrc=WA4MLToakSb

HM%253A%3BjX1u8AuypyhOFM%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.nhbs.com%252Fimages%

52Fjackets_resizer_xlarge%252F18%252F186142_1.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.nhb

.com%252Feconomy_- ( 07-06-2014).

- http://pt.wikipedia.org/wiki/Microtus_lusitanicus#mediaviewer/Ficheiro:Microtus_lusitanicus.jpg- (21-06-

2014)

- http://www.naturephoto-cz.com/brown-rat-photo-17424.html- (21-06-2014)

- http://www.naturephoto-cz.com/apodemus-sylvaticus-photo_lat-11426.html- (21-06-2014)

- http://www.naturephoto-cz.com/black-rat-photo-17940.html- (21-06-2014)

- http://www.arkive.org/greater-white-toothed-shrew/crocidura-russula/image-A14397.html- (21-06-2014)

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Anexos

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Anexos 1

Fig. 1- Parques e Jardins de Lisboa (Fonte: http://www.cm-

lisboa.pt/fileadmin/VIVER/Ambiente/Parques_e_Jardins/ParquesJardins.pdf).

Fig. 2- Carta atual de Zonamentos (Fonte: Carta cedida pela Professora Ana Luísa Soares,

2011,- in Roque, 2011).

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Anexos 2

Fig. 4- Variação da temperatura média com respetivo erro-padrão (standard error, +-SE) e da

precipitação total em mm para o período de amostragem (4 dias de amostragem de cada mês).

Dados da estação meteorológica Lisboa/Tapada da Ajuda, 2014.

0,00

1,00

2,00

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Março Abril Maio

(mm) (◦C)

Mês

Temperatura média diária (+-SE) ºC Precipitação total (mm)

Fig.3- Carta de Geologia da Tapada da Ajuda (Fonte: MATOS, 1994,- in Pina, 2011).

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Anexos 3

Fig. 5- Carta da ocupação do solo em 1932 (Fonte: MATOS,

1994,- in Roque, 2011).

Fig. 6- Carta de Vegetação (Fonte: COSTA, 2004,- in Pina, 2011).

Fig. 7- Representação de como era feita a observação do sexo do animal

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Anexos 4

Março Abril Maio

0

10

20

30

40

Altura da vegetação no Olival

Média

Março 43%

Abril 24%

Maio 33%

% Coberto herbáceo no Olival

0

10

20

30

40

50

60

% Coberto herbaceo Altura da vegetação

Dados da vegetação da Ribeira

Maio

Fig. 8- Média das medidas da altura da vegetação no Olival, em cada mês de amostragem.

Fig. 9- Modo como foram realizadas as medidas da

altura da vegetação.

Fig. 10- Média das percentagens de coberto herbáceo no Olival, em cada mês de amostragem.

Fig. 11- Habitat Olival na campanha de Maio

Fig. 13- Habitat Ribeira na campanha de Maio Fig. 12- Dados da vegetação da Ribeira

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Anexos 5

Microtus lusitanicus (Rato- cego) (Gerbe, 1879)

Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Cricetidae Género: Microtus Espécie: M. lusitanicus

(Fonte: http://pt.wikipedia.org/)

Estatuto de conservação Pouco preocupante

Características gerais - Orelhas, olhos pequenos e cauda curta; - Coloração do dorso quase sépia e ventre acinzentado e cauda bicolor catanho-escuro dorsalmente e de tonalidade mais clara inferiormente.

Biometrias - Comprimento do corpo: 90 mm; - Comprimento da cauda 25 mm; - Peso 18g.

Distribuição - Em Portugal é uma espécie comum no Norte e centro do território continental.

Habitat - É muito abundante em pomares e hortas.

Alimentação - Tem uma dieta essencialmente herbívora.

Reprodução - Continua ao longo do ano; - Período de gestação: cerca de 3 semanas.

Comentários - Constrói túneis subterrâneos com o auxílio dos dentes incisivos e das patas posteriores, a uma profundidade de cerca de 10-30 cm; - Principal predador: coruja-das-torres; - Longevidade na Natureza: 18 meses.

Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/

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Anexos 6

Apodemus sylvaticus (Ratinho-do-campo) (Linnaeus, 1758)

Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Muridae Género: Apodemus Espécie: A. sylvaticus

(Fonte: http://www.naturephoto-cz.com/)

Estatuto de conservação Pouco preocupante

Características gerais - Corpo alongado com a cabeça bem separada do tronco; - Orelhas e olhos bem desenvolvidos; - Focinho pontiagudo; - Cauda longa.

Biometrias - Comprimento do corpo: 90 mm; - Comprimento da cauda: 95 mm; - Peso: 22 g.

Distribuição - Em Portugal, é conhecido em todo o território continental.

Habitat - Ocorre em bosques e áreas florestais e também em áreas agrícolas.

Alimentação - Dieta variada, incluindo grãos e sementes, plantas verdes, frutos silvestres, insetos e outros invertebrados.

Reprodução - Com dois períodos bem marcados: Fevereiro-Julho e Setembro-Novembro.

Comentários - Cava túneis subterrâneos a profundidade até cerca de 18 cm, onde usualmente constrói os ninhos; - Principal predador: muitos carnívoros, incluindo o gato doméstico; - Duração de vida na Natureza: 18 meses.

Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/

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Anexos 7

Rattus norvegicus (Ratazana-castanha) (Berkenhout, 1769)

Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Muridae Género: Rattus Espécie: R. norvegicus

Fonte: http://www.naturephoto-cz.com/

Estatuto de conservação Pouco preocupante

Características gerais - Corpo alongado com a cabeça bem distinta do resto do tronco; - Orelhas e olhos bem desenvolvidos; - Focinho pontiagudo e cauda longa; - Coloração do dorso: castanho-acinzentado; - Coloração do ventre: branco-acinzentado.

Biometrias - Comprimento do corpo: 250 mm; - Comprimento da cauda: 200 mm; - Peso: 350 g.

Distribuição - Em Portugal, é conhecida em todo o território continental e em todas as ilhas dos Açores, e ainda nas ilhas da Madeira e Porto Santo.

Habitat - Ocupa áreas de vegetação baixa perto de água, em concordância com as suas necessidades hídricas (17-36 ml/dia).

Alimentação - Alimenta-se de carne, peixe, vegetais, ovos, fruta, invertebrados e pequenos animais domésticos.

Reprodução - A maior atividade sexual ocorre no Verão e no Outono.

Comentários - Escava galerias, com 65-90 mm de diâmetro e pouco profundas; - Principais predadores: nas áreas rurais, as raposas, os toirões e as aves de rapina, e nas cidades, os cães e os gatos vadios; -Duração de vida na Natureza: 1-2 anos.

Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/

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Anexos 8

Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/

Rattus rattus (Ratazana-preta) (Linnaeus, 1758)

Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Muridae Género: Rattus Espécie: R. rattus

Fonte: http://www.naturephoto-cz.com/

Estatuto de conservação

Pouco preocupante

Características gerais -Corpo alongado; - Orelhas e olhos bem desenvolvidos; - Focinho pontiagudo; - Cauda muito longa.

Biometrias - Comprimento do corpo: 200 mm; - Comprimento da cauda: 230 mm; - Peso: 250 g.

Distribuição - Em Portugal continental, ocorre de norte a sul do país.

Habitat - É muito abundante em áreas florestais, em áreas agrícolas e também em algumas áreas urbanas. E tem preferência por lugares secos e com temperaturas médias.

Alimentação - Alimenta-se de material vegetal, grãos, sementes, frutos, invertebrados, ovos e pequenos vertebrados.

Reprodução Ocorre de meados de Março a meados de Novembro.

Generalidades - Nas áreas rurais, constrói o ninho a alguns metros acima do solo; - Nas áreas urbanas, procura locais escuros e pouco acessíveis; - Principais predadores: gato doméstico (na cidade), vários carnívoros e aves de rapina; - Duração de vida na Natureza: 18 meses.

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Anexos 9

Mus domesticus (Ratinho-caseiro) (Rutty, 1772)

Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Muridae Género: Mus Espécie: M.domesticus

Estatuto de conservação

Pouco preocupante

Características gerais - Corpo alongado, orelhas e olhos desenvolvidos; - Focinho pontiagudo e cauda longa; - Coloração geral: escura.

Biometrias - Comprimento do corpo: 90 mm; - Comprimento da cauda: 95 mm; - Peso: 20 g.

Distribuição - Em Portugal ocorre em todo o território continental e nos arquipélagos dos Açores e Madeira.

Habitat Comum em vários habitats urbanos, como casas, lojas, fábricas, armazéns e moinhos. Mas também se encontra em áreas rurais, como campos abertos.

Alimentação - Dieta basicamente granívora, mas inclui também uma grande variedade de alimentos que também são consumidos pelo Homem.

Reprodução - Na forma comensal é contínua ao longo de todo o ano, mas na forma selvagem é muito reduzida no Inverno.

Generalidades - Forma selvagem: pode construir sistemas de túneis, onde incluem vários ninhos forrados de vegetação; - Forma comensal: ocupa cavidades em paredes ou soalhos onde constrói ninhos de papel ou tecido; - Principais predadores: muitos carnívoros, incluindo o gato domestico, e aves de rapina; - Na Natureza raramente sobrevivem a dois Invernos.

Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/

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Anexos 10

Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.or

Mus spretus (Ratinho-ruivo) (Lataste, 1883)

Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Rodentia Familia: Muridae Género: Mus Espécie: M.spretus

Estatuto de conservação

Pouco preocupante

Características gerais - Corpo alongado, orelhas e olhos desenvolvidos; - Focinho pontiagudo e cauda longa; - Coloração do dorso acastanhada; - Tem geralmente duas manchas brancas na base posterior das orelhas.

Biometrias - Comprimentos do corpo: 85 mm; - Comprimento da cauda: 70 mm; - Peso: 14 g.

Distribuição - Em Portugal, é localmente muito abundante em todo o território continental.

Habitat - Prefere ambientes secos; - Ocorre em áreas cultivadas, jardins, vinhas, pinhais e campos de gramíneas; - Geralmente não entra nas habitações humanas.

Alimentação - Dieta essencialmente herbívora; - Consome sementes, folhas, caules e frutos.

Reprodução - Atividade máxima durante a Primavera e o Verão e mínima no Inverno.

Generalidades - Atividade principalmente noturna, com dois picos: ao amanhecer e ao anoitecer. - Principais predadores: alguns carnívoros, como a raposa e algumas aves de rapina, em particular a coruja-das-torres; - Na Natureza raramente sobrevivem a dois Invernos.

Page 35: Aspetos da dinâmica populacional de Mus spretus na Tapada ... · Universidade de Lisboa Instituto Superior de Agronomia Relatório de Projeto de Final de Curso da Licenciatura de

Anexos 11

Crocidura russula (Musaranho-de-dentes-brancos) (Hermann, 1780)

Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mamalia Ordem: Insectívora Familia: Soricidae Género: Crocidura Espécie: C. russula

Fonte: http://www.arkive.org/

Estatuto de conservação

Pouco preocupante

Características gerais - Focinho pontiagudo; - Orelhas pequenas e olhos pequenos.

Biometrias - Comprimentos do corpo: 70 mm; - Comprimento da cauda: 38 mm; - Peso: 10 g.

Distribuição - Está distribuído de Norte a Sul do país.

Habitat - Ocorre em locais associados ao Homem, como hortas e jardins e também se encontra em campos abertos e florestas.

Alimentação - Na sua dieta constituem minhocas e insetos.

Reprodução - Apresenta duas épocas de reprodução, sendo uma delas no Inverno e a outa no Outono.

Generalidades - Apresenta pegadas muito pequenas; - Os principais predadores são as aves de rapina noturnas; - Na natureza vivem cerca de dois anos.

Baseado em Mathias, M. 1999; Macdonald, D. & Priscilla, B. 1993; http://www.iucnredlist.org/