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Malumã Keren Adão Lopes ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO Centro Universitário Toledo Araçatuba 2.018

ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

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Page 1: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

Malumã Keren Adão Lopes

ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

Centro Universitário Toledo

Araçatuba

2.018

Page 2: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

Malumã Keren Adão Lopes

ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

Trabalho de conclusão do Curso de Graduação em

Direito, da Universidade Toledo de Araçatuba do

Estado de São Paulo – UniToledo, apresentado como

requisito parcial para a aprovação no componente

curricular Metodologia da Pesquisa Jurídica. Sob

orientação da Professora Doutora Emanuele Seicenti de

Brito.

Centro Universitário Toledo

Araçatuba

2018

Page 3: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

Malumã Keren Adão Lopes

ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

Trabalho de conclusão do Curso de Graduação em

Direito, da Universidade Toledo de Araçatuba do

Estado de São Paulo – UniToledo, apresentado como

requisito parcial para a aprovação no componente

curricular Metodologia da Pesquisa Jurídica. Sob

orientação da Professora Doutora Emanuele Seicenti de

Brito.

Araçatuba, 01 de outubro de 2018.

Aprovado em: 01 /10 /2.018.

Nota: 10,0 (Dez).

___________________________________________________________

Orientanda: Malumã Keren Adão Lopes

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________

Orientadora: Professora Doutora Emanuele Seicenti de Brito

___________________________________________________________

Examinadora: Professora Mestre Leiliane Rodrigues da Silva Emoto

___________________________________________________________

Examinador: Professor Doutor Moacyr Miguel de Oliveira

Centro Universitário Toledo

Araçatuba

2018

Page 4: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

Dedico este árduo trabalho, primeiramente a Deus, por me dar forças e sabedoria

para trilhar o caminho que escolhi; dedico também a ti, mãe querida, grande

mulher de fé e coragem.

Page 5: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por me guiar e dar forças para conquistar meus

sonhos, por me dar sabedoria e paciência quando foi preciso tomar alguma decisão, por me dar

coragem para superar os medos e grandes desafios, agradeço pela saúde, oportunidades e

proteção que o Senhor me deu, de Ti recebi bem mais do que pedi e mereci. Ao Senhor

seja dada toda honra, graça e glória, sou eternamente grata.

Agradeço também a minha família, especialmente a minha querida rainha Maria Lucia

Adão, ela que durante esses cinco anos foi mãe, amiga e conselheira, esteve presente e me

apoiando em cada escolha e passo que foi dado, me motivou nos dias que pensei em desistir,

me ensinou o valor de um sonho, com ela aprendi que não existem sonhos impossíveis.

Agradeço aos meus queridos heróis, Valdir Lopes e Luiz Carlos Francisco, meu melhor

amigo e meu segundo pai, sou grata pelo carinho e força que me dão. Agradeço também aos

meus irmãos, Wesley Gulitts Adão Lopes e Guthiérrys Henrique Adão Lopes, por estarem

sempre presentes nesta jornada em busca do meu tão desejado sonho; A minha querida tia

Mirian dos Reis, grande Psicóloga, que mesmo de longe não mediu esforços para me orientar

em algumas pesquisas; A minha cunhada Daniele Mazzucatto Ferro Adão Lopes também

grande Psicóloga, agradeço a ela por ter me dado o motivo da minha maior

alegria, minhas sobrinhas Giovanna Louise Ferro Lopes e Lorena Lis Ferro Lopes, aos meus

avós Esmelinda Conceição Adão, Antônio Adão, Josefa Lopes (em memória) e Antônio Lopes

(em memória); agradeço carinhosamente meu querido primo Wellington Luis Adão de Caires

por ser meu maior exemplo de superação, garra e fé. Minha querida tia Elenice Cristina Adão

dos Santos, por ser minha amiga, irmã mais velha e, em alguns momentos, foi minha mãe, a ela

agradeço, pois sempre esteve presente. Agradeço, de coração, a todos os meus familiares, não

citarei todos, mas saibam que de alguma forma vocês fizeram parte desta conquista.

Agradeço aos meus amigos, Gabriely Gâmba Guimarães, Camila Cristina dos Santos,

Deinesly Andrade, Leticia Carvalho Massarolli, Arthur Iassia Finati, Melina Gregatti, Nathália

Oliveira, Isabella Maneta Gomes, Keyla Belchior, José Roberto Costa Junior, Guilherme

Collangeli, Lunara Alves, Milena Eloy, Raul Teti Galvão, Caio Cintra, Heloísa Lupino, pois

sempre me motivaram e aconselharam, sou grata por me ouvirem nos dias que mais precisei.

Em especial agradeço a minha querida e grande amiga, Najla Polato por mostrar o

quanto ler um livro pode mudar tudo, sou grata pela ajuda, conselhos e orientações em algumas

pesquisas. E também sou grata a minha antiga professora de gramática Juliana Sanches, por não

medir esforços no momento de ajudar na correção deste trabalho.

Agradeço aos meus amigos de turma, Cláudio Lisías Junior, Carolina Lacerda, Tatiana

Terumi, Júlia Arriero, Bianca Massarini, Isbella Gon, Patrícia Passanezi, Letícia Melo, Bruna

Carla, Rafaela Rodrigues, Patrícia Oliveira, Bruna Lacerda, Nathalia Nahiman, Mariana Ellen,

por trilharem este árduo caminho ao meu lado, em busca do nosso tão almejado sonho.

Agradeço aos meus grandes Mestres, que durante esses cinco anos me ensinaram não

somente a matéria do direito, mas também me ensinaram grandes valores, e como ser um ser

humano melhor.

Em especial sou grata a minha orientadora Professora Doutora Emanuele Seicenti de

Brito, pela paciência, dedicação, humildade e conhecimento compartilhado no decorrer desta

Page 6: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

pesquisa. Também agradeço a toda família UniToledo, pois parte do ser humano que sou hoje,

me tornei graças a atenção e dedicação que tiveram por mim.

Page 7: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

Tudo o que fizerem, seja em palavre ou em ação, façam-no em nome do Senhor

Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai.

Colossenses 3:17

Page 8: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

“Eu fiz a minha fantasia de vida, mais

poderosa do que a minha vida real”

JEFFREY DAHMER

Page 9: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

RESUMO

O presente estudo examina os assassinos em série a luz da psicologia e do direito, busca analisar

seu perfil criminal, as características, a imputabilidade a luz do direito penal brasileiro,

doutrinas e demais legislações. Este trabalho tem como objetivo principal analisar e comparar

as discussões doutrinárias produzidas no Brasil, verificando a melhor resposta jurídica a ser

aplicada a tal caso. A problemática parte da análise do perfil psicológico dos assassinos em

série, que são considerados como indivíduos com transtorno da personalidade antissocial e não

doentes mentais incapazes de responder pelos seus atos. Ao final, considera-se que no Brasil

não existe uma alternativa adequada para esses indivíduos, pois a forma de pena e a medida de

segurança não são eficazes para estes casos.

Palavras-chave: Assassino em série; Transtorno de Personalidade; Imputabilidade; Medida

de Segurança.

Page 10: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

ABSTRACT

The present study examines the serial killers in the light of psychology and law, seeking to

analyze their criminal profile, characteristics, imputability under Brazilian criminal law,

doctrines and other legislations. This research has as main objective to analyze and make a

comparative the doctrinal discussions produced in Brazil, seeking the best legal answer to be

applied. The problematic part of the analysis of the psychological profile of serial killers,

regarded as individuals with antisocial personality disorder and not mentally ill people unable

to respond for their deeds. In the end, it is considered that in Brazil there is no adequate

alternative for these individuals, since the form of sentence and the security measure are not

effective for these cases.

Keywords: Serial killer; Personality Disorder; Imputability; Security Measure.

Page 11: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Linha Fronteiriça.....................................................................................................20

Figura 2 – As seis fases do ciclo do assassino em série............................................................24

Page 12: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Diferença entre assassinos em série organizados e desorganizados......................21

Page 13: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CF – Constituição Federal

CP – Código Penal Brasileiro

CPP – Código de Processo Penal

FBI – Federal Bureau of Investigation

LEP – Lei de Execução Penal

MS – Medida de Segurança

NCAVC – National Center for the Analysis of Violent Crime

OMS – Orgaização Mundial da Saúde

QI – Quociente de inteligência

STJ – Superior Tribunal de Justiça

TP – Trantorno da Personalidade

TPA – Trantorno da Personalidade Antissocial

TPE – Trantorno da Personalidade Esquizoide

TPP – Trantorno da Personalidade Paranoide

VICAP – Violent Criminal Apprehension Program

Page 14: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15

1. BREVE HISTÓRICO ............................................................................................ 18

1.1. Quem é o assassino em série?............................................................................. 18

1.2. Características e fatores que identificam um assassino em série ....................... 20

1.3. Por que eles matam? ........................................................................................... 23

1.4. Aspectos gerais e psicológicos do assassino em série ........................................ 24

2. CLASSIFICAÇÃO DE TRANSTORNOS MENTAIS E

COMPORTAMENTAIS ............................................................................................ 27

2.1. Transtorno da Personalidade Paranoide ............................................................. 28

2.2. Transtorno da Personalidade Esquizoide ............................................................ 29

2.3. Transtorno da Personalidade Antissocial ........................................................... 30

3. ESTUDO DE CASOS: A VIDA DOS MAIORES ASSASSINOS

EM SÉRIE DO BRASIL ............................................................................................ 32

3.1. Perfil e Crimes do Serial Killer de Goiânia ........................................................ 32

3.2. Perfil e Crimes de Chico Picadinho .................................................................... 33

3.3. Perfil e Crimes de Pedrinho Matador ................................................................. 35

3.4. Perfil e Crimes do Maníaco do Parque ............................................................... 36

4. RESPONSABILIDADE PENAL ........................................................................ 38

4.1. Da Culpabilidade ................................................................................................. 38

4.3. Da Inimputabilidade ........................................................................................... 40

4.4. Semi-Imputabilidade .......................................................................................... 41

4.5. Medida de Segurança ......................................................................................... 42

Page 15: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

4.6. Projeto de Lei do Senado – Nº 140/2010 ........................................................... 44

4.7. Direito penal brasileiro em face do assassino em série ...................................... 47

4.8. Tratamento e Ressocialização do assassino em série ......................................... 49

5. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 51

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 55

Page 16: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

15

INTRODUÇÃO

O tema escolhido trata-se de um crime que gera um grande destaque na mídia, o crime

é cometido por assassinos em série, tal indivíduo, é considerado pela psiquiatria como

psicopata. Porém é importante ressaltar que tal crime ocorre com frequência pelo mundo todo,

mas no Brasil, ocorre em toda região, mas os crimes são tratados como casos aleatórios, até

concluir que se trata de assassinatos em série.

Este trabalho aborda o estudo do assassino em série, por se tratar de um indivíduo com

grau elevado de periculosidade para a sociedade, ao decorrer do trabalho também será analisada

a psicopatia do indivíduo, sua personalidade e características que facilitam a entender melhor o

assassino em série.

Também será analisada as sanções imputadas atualmente a esses indivíduos com base

no Direito Penal Brasileiro, bem como a dificuldade do poder judiciário de punir um assassino

em série, por não haver uma legislação especifica e apropriada para tal crime.

Por se tratar de um crime que vem criando grande discussão no mundo jurídico, o

objetivo deste trabalho não é somente apontar a dificuldade do poder judiciário, que enfrenta a

falta de legislação especifica para punir um assassino em série, mas também a dificuldade

dentro da psicologia, de poder comprovar que tal indivíduo tem ou não um transtorno mental,

e também a dificuldade no tratamento e na descoberta de uma possível cura para a psicopatia

desses indivíduos.

Este trabalho adotou como ferramenta de pesquisa o método de caráter explicativo,

exploratório e descritivo, objetivando identificar fatores que explicam o porquê das coisas, bem

como proporcionar uma familiaridade maior com o problema através de pesquisas

bibliográficas e analises de casos. Objetiva também descrever características que identificam

indivíduos que têm transtorno mental, e questionamentos que podem ajudar no levantamento

de respostas e soluções para a problemática abordada no tema deste trabalho.

O procedimento técnico adotado neste trabalho foi o de caráter bibliográfico e

documental, sendo usado como fonte primária o de caráter bibliográfico, bem como as

doutrinas, legislação vigente e projetos de leis que abordam o tema estudado.

Já a fonte secundaria é a de caráter documental, que abrange os estudos de casos, livros,

documentários, artigos científicos, teses, entrevistas e publicações especializadas no assunto

estudado.

Page 17: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

16

Inicialmente no Capítulo I será apresentado um breve histórico resumindo a criação e

trajetória do termo serial killer, traduzido para o português como assassino em série. Também

será apresentado o conceito de assassino em série, quem é o indivíduo que pode ser considerado

como assassino em série, as principais características e fatores que possa-o identificar, bem

como os aspectos gerais e psicológicos.

No Capítulo II, será apresentado como base um estudo psicológico, apresentando a

classificação de transtornos mentais e comportamentais do assassino em série, sendo divido em

três tipos de transtornos de personalidade, sendo eles: o transtorno paranoide, esquizoide e

antissocial, estes são os transtornos mais comuns apresentados em diagnósticos de assassinos

em série.

Já no Capítulo III, será mostrado os casos dos maiores assassinos em série, e os mais

famosos do Brasil, sendo dividido em três etapas, na primeira etapa haverá a apresentação do

perfil, na segunda a infância e na terceira etapa será apresentado os crimes cometidos por eles.

Os assassinos em série apresentados neste trabalho serão: Tiago Henrique Gomes da Rocha

(Serial Killer de Goiânia), Francisco Costa Rocha (Chico Picadinho), Pedro Rodrigues Filho

(Pedrinho Matador) e Francisco de Assis Pereira (Maníaco do Parque).

E no Capítulo IV, o assunto abordado será a responsabilidade penal do agente, bem

como a sua culpabilidade e capacidade penal. A inimputabilidade por doença mental com base

no artigo 26 do Código Penal, também será objeto de estudo deste trabalho, bem como a semi-

imputabilidade do agente que está prevista no parágrafo único do mesmo artigo.

Em seguida, o assunto tratado será a medida de segurança após a reforma psiquiátrica,

este assunto está expresso no artigo 97 do Código Penal. Após abordar os assuntos mais

importantes, será apresentado um breve resumo a respeito do Projeto de Lei do Senado nº

140/2010 que tinha como intenção reformar e inserir no Código Penal Brasileiro a figura do

assassino em série.

Ainda no Capítulo IV haverá uma discussão a respeito do direito penal brasileiro em

face do assassino em série, bem como o conflito do projeto de Lei Nº 140/2010 com a

Constituição Federal vigente. E para finalizar este capítulo será apresentado os possíveis

tratamentos a serem aplicados a estes sujeitos, se há ou não uma possibilidade de

ressocialização do assassino em série.

E caso seja possível a ressocialização do indivíduo, que ele possa voltar a conviver em

sociedade sem colocar em risco a si próprio e a vida dos demais conviventes da sociedade.

Page 18: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

17

Visando sempre resguardar um dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal, o

direito a segurança dos cidadãos.

Page 19: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

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1. BREVE HISTÓRICO

O termo Serial Killers é uma expressão norte-americana relativamente nova, cuja a

tradução para o português é “assassinos em série”, este termo foi criado em 1970, nos Estados

Unidos, por um agente especial do Federal Bureau of Investigation (FBI), Robert Ressler. O

agente especial Ressler, foi fundador da chamada Unidade de Ciência Comportamental, que

tinha como principal finalidade estudar comportamentos de assassinos e desvendar qual seria o

próximo ato a ser praticado, evitando que ocorressem outras atrocidades (CASOY, 2014a).

Assassinos em série sempre existiram, mas eles não eram chamados assim, antigamente

quando ocorria um caso de assassinato em série os noticiários da época chamavam os autores

do crime de “demônios assassinos”, “monstros sanguinários” ou “diabos em forma humana”.

O que mudou a partir do momento em que Ressler criou o termo “Serial Killer” foram os

requisitos necessários para definir quem é o assassino em série, a definição é dividida em três

elementos, sendo a quantidade de vítima, lugar da consumação e o intervalo de tempo entre um

assassinato e o outro (SCHECHTER, 2013).

Além dos três elementos citados é possível que um assassino em série deixe uma marca

ou algo em comum nos seus crimes, como uma assinatura nas vítimas ou no local do crime. As

definições servem para diferenciar um assassino único de um em série, tendo em vista que o

primeiro mata uma pessoa conhecida por algum motivo, já o segundo mata pessoas aleatórias

e desconhecidas sem nenhum motivo (TENDLARZ, GARCIA, 2013).

Em 1985, o FBI criou o Violent Criminal Apprehension Program (VICAP), um

programa de agentes especializados para avaliar e solucionar esses crimes. Também foi criado,

o National Center for the Analysis of Violent Crime (NCAVC) um Centro Nacional para a

analisar crimes violentos, onde se estuda o comportamento de tais indivíduos, realizando

investigações (BONFIM, 2010 apud. SAMPAIO, 2015).

E com o passar do tempo os estudos realizados foram ajudando a aprimorar mais o

entendimento a respeito do conceito de assassino em série, facilitando a compreensão da

personalidade e como identificar as principais características de tal indivíduo, apesar do

assassino em série se comportar normalmente, os estudos feitos ajudam a identifica-los.

1.1. Quem é o assassino em série

Page 20: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

19

Trata-se do indivíduo que pratica uma série de homicídios dentro de um lapso temporal,

isto é, ele pratica homicídios de forma sequencial, basicamente existem três tipos de assassinos,

sendo dois tipos patológicos, os quais estão diretamente ligados a uma deformidade mental, já

no outro tipo, não há ligação com a patologia, é apenas um criminoso comum que visa ao

benefício a partir dos homicídios praticados (CASOY, 2014a).

Entre os criminosos patológicos, há àquele que mata com espaços temporais, ou seja,

ele mata de tempo em tempo, dando um intervalo nos homicídios praticados, este é chamado

de Serial Killer ou assassino em série. E tem àquele que mata várias pessoas de uma vez só,

este é conhecido como Mass Murderer ou assassino em massa. Já no caso em que não há ligação

com a patologia, o indivíduo é considerado como Hitman ou assassino de aluguel, cuja

finalidade dos homicídios visa ao benefício próprio, ou seja, é um meio de vida, espécie de

serviço para manter sua sobrevivência (BRAYNER, 2016).

O assassino que mata com um intervalo de tempo, é considerado como um assassino

serial propriamente dito, este indivíduo está ligado aos psicopatas, pois são frios e sem

consciência. Já o assassino que mata várias pessoas por impulso, está ligado a outro mecanismo

mental, este indivíduo é considerado como um assassino serial atípico (FARIAS, 2012).

Para um indivíduo ser considerado como um assassino em série deve ser destacado o

motivo que o levou a praticar o crime, esse, deve ser de cunho psicológico, e originário de

fantasias ou desejos íntimos do agressor. Tal motivo, na maioria das vezes será considerado um

absurdo para as outras pessoas, completamente irracional e ilógico para a sociedade. Outro

aspecto importante a ser destacado, diz respeito a escolha de suas vítimas, elas serão escolhidas

aleatoriamente e mortas sem um motivo justificável para nós espectadores (CORDEIRO;

MURIBECA, 2017).

Mas para a psiquiatria forense, o assassino em série vive em uma zona fronteiriça entre

a loucura e a normalidade, ou seja, ele se enquadra em um meio termo, entre uma pessoa

completamente louca e uma pessoa completamente sã, para a psiquiatria eles são considerados

como indivíduos híbridos, pois eles não têm o conhecimento completo da ação em razão de

uma deformidade mental (FARIAS, 2012; BONFIM, 2010).

Page 21: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

20

FIGURA 1 – Linha Fronteiriça

Fonte: Elaborado pela autora

Segundo Palomba (2017a, p. 44) os indivíduos que vivem nessa zona fronteiriça entre a

loucura e a normalidade são considerados como condutopatas:

Não são doentes mentais, mas também não são normais mentalmente. Isso se explica

assim: de um lado está a loucura, do outro a normalidade mental e entre ambas, a zona

fronteiriça na qual habitam esses semiloucos, da mesma forma que entre a noite e o

dia existe a aurora, que não é nem noite e nem dia.

Palomba explica bem o conceito de condutopatas, e para facilitar a entender mais sobre

esses indivíduos, existem algumas características e fatores que podem ajudar a identificar um

assassino em série, que será demonstrado no tópico seguinte.

1.2. Características e fatores que identificam um assassino em série

Conforme o entendimento do psiquiatra e pesquisador Palomba (2016b), será

considerado como um assassino em série o indivíduo que cometer dois ou mais homicídios com

um curto lapso temporal, já Casoy (2014a) e Schechter (2013) entendem que o indivíduo deve

cometer no mínimo três ou quatro assassinatos com um intervalo temporal, além de cometer

vários assassinatos é necessário que o indivíduo possua alguns aspectos psicológico.

Alguns assassinos em série podem ser considerados psicopatas e outros não:

O assassino serial, rigorosamente falando pode ser psicopata ou não. O clássico

assassino serial propalado pela mídia, é um psicopata. Tal fato ficou estabelecido pelo

uso repetitivo da ideia, mostrando um indivíduo perverso, frio, calculista, sem

distúrbios de inteligência, às vezes sedutor, que mata suas vítimas quase sempre de

maneira semelhante (PALOMBA, 2016b).

Loucura

Assassino emsérie

Normalidade

Page 22: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

21

Já os assassinos em série que não forem considerados psicopatas, certamente serão

considerados como psicóticos, Dalgalarondo (2008) traz o conceito de síndrome psicóticas:

As síndromes psicóticas caracterizam-se por sintomas típicos como alucinações e

delírios, pensamento desorganizado e comportamento claramente bizarro, como fala

e risos imotivados. Os sintomas paranoides são muito comuns, como ideias delirantes

e alucinações auditivas de conteúdo persecutório (JANZARIK, 2003 apud.

DALGALARRONDO 2008).

Neste caso, para entender melhor, os assassinos em série são divididos em duas

categorias, sendo os assassinos organizados (psicopatas) e os desorganizados (psicóticos),

essas duas categorias podem ser subdivididas em quatro classes de assassinos em série, neste

caso haverá o assassino visionário, o missionário, o emotivo e o sádico.

QUADRO 1 – Diferença entre assassinos em série organizados e desorganizados.

ORGANIZADOS (Psicopatas) DESORGANIZADOS (Psicóticos)

- Emotivo e Sádico

- Socialmente competentes;

- Imagem masculina;

- Sabe ser simpático;

- Forte autocontrole e autoestima;

- Possui trabalho estável;

- Controle durante o crime.

- Missionário e Visionário

- Socialmente imaturos;

- Descuidados no aspecto físico;

- Fugido, rejeita contato físico;

- Personalidade frágil, precisa de ajuda;

- Não trabalha, ou com um emprego

pouco qualificado;

- Descuidado.

- Inteligência médio-alta - Baixa inteligência

- Dispõe de mobilidade geográfica - Mora e trabalha perto do local do

crime

- Segue os meios de comunicação - Não segue os meios de comunicação

- É um preso modelo - Comportamento conflituoso

- Pode estar casado e ter filhos - Mora sozinho ou na companhia dos

pais

- Tenta ocultar o cadáver;

- Limpa a cena do crime.

- Não se preocupa com a cena do crime

- A vítima é alguém desconhecido - Mata pessoas conhecidas

- Sexualmente competente - Sexualmente incompetente

Fonte: RÁMILA, 2012 apud. BARBOSA, 2016.

O assassino em série organizado tende a ser muito inteligente, alguns com QI

superdotado, outros possuem uma inteligência elevada mas têm fraco desempenho na escola ou

no trabalho, esse tipo de assassino em série pode ser subdividido em duas classes, sendo o

emotivo e o sádico.

O assassino em série emotivo é psicopata, isto é, ele possui uma frieza e falta de

empatia, eles não sofrem alucinações nem delírios, alguns chegam a utilizar requintes sádicos

e cruéis em suas vítimas, ele age através da raiva, são completamente explosivos, diferente do

Page 23: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

22

assassino em série sádico que também é um psicopata, mas não mata por raiva e sim por desejo,

ele disfarça perfeitamente e possui várias personalidades, pois não são completamente insanos,

e dificilmente eles perdem o contato com a realidade, ou seja, eles sabem a diferença do que é

certo e do que é errado.

O assassino em série sádico é mais comum de ser encontrado, eles matam por desejo,

torturam suas vítimas através de mutilações, estupros, alguns chegam a praticar a necrofilia, o

desejo do sádico é ver a vítima chegar ao ápice do sofrimento, ele calcula cada ato a ser

praticado.

Já os assassinos em série desorganizados agem por impulso, são completamente

insanos, e são subdivididos em duas classes, os missionários e visionários.

O assassino em série missionário é psicótico, isto é, ele possui um transtorno mental

grave, o que atinge a sua personalidade, ele sofre de alucinações e delírios, alguns chegam a

perder o contato com a realidade, eles matam determinados grupos de pessoas (por exemplo:

homossexuais, prostitutas, moradores de ruas, estupradores, pedófilos, traficantes, etc.) por

acreditarem que estão fazendo um bem à sociedade.

Por outro lado, os assassinos em série visionários são completamente insanos, vivem

em um mundo criado por eles mesmos, ouvem vozes dentro de sua cabeça, chegam a sofrer

delírios e alucinações, eles costumam obedecer às vozes que escutam, e acreditam friamente

serem reais.

Alguns fatores ajudam a identificar um assassino em série e surgem na infância, como

distúrbio emocional, instinto destrutivo, prazer sexual ao praticar crueldades, satisfação por

atear fogo, entre outros fatores. Os distúrbios emocionais frequentes são problemas com sono,

excesso de timidez, rendimento escolar baixo, urinar na cama com frequência, ansiedade e

tristeza (SCHECHTER, 2013).

O distúrbio mais constante é a urina na cama, apesar de não ser preocupante na infância,

mas deve se tornar preocupante se ocorrer com frequência na puberdade do indivíduo. Já o

instinto destrutivo é praticado na infância, o ato mais comum é provocar incêndios em alguns

objetos, animais ou em latas de lixo.

Há também, a prática de crueldade em animais, este é o distúrbio mais costumeiro

praticado na infância, pois de alguma forma serve para aprimorar as formas de tortura, para

Edmund Kemper (assassino em série americano) a prática de crueldades em animais não era

apenas uma fase de sua vida, mas servia como um ensaio. Já Jeffrey Dahmer (assassino em

série britânico) também praticava crueldades com animais, ele costumava estrangular gato para

saber quando tempo levaria para o animal morrer, ambos praticavam seus atos cruéis em

Page 24: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

23

animais, para que mais tarde pudessem praticar em suas vítimas (CASOY, 2014a; SILVA,

2014; SCHECHTER, 2013; ROLAND, 2014).

1.3. Por que eles matam?

Há diversas teses a respeito desta pergunta, uma delas envolve a cultura, isto é, como

esta influência na maneira do ser humano ver as coisas. Segundo a teoria de Aristóteles o

“homem é um animal político, porque os seres humanos tendem naturalmente à convivência

com os outros homens”. Já Maquiavel, tem um entendimento contrário, “os homens tendem, a

ser mau por natureza”, ou seja, o homem é mau por natureza, já na teoria de Hobbes a natureza

humana é má, ou seja, o homem nasce mau e não sabe conviver em sociedade (PINZANI,

2004).

Mas Freud, em 1926, já explicava com sua teoria de onde surgia a maldade do homem:

A maldade é a vingança do homem contra a sociedade, pelas restrições que ela impõe.

As mais desagradáveis características do homem são geradas por esse ajustamento

precário a uma civilização complicada. É o resultado do conflito entre nossos instintos

e nossa cultura (FREUD, 1926b).

Pode-se notar que, segundo a teoria de Freud a bondade do homem é corrompida por

causa das restrições impostas pela sociedade, fazendo com que o indivíduo desperte o pior

instinto que há dentro de si. Neste caso, fica visível que não há uma resposta objetiva, isto é,

um motivo concreto para um indivíduo cometer assassinatos em série, muitas teorias foram

apresentadas, mas nenhuma teve uma explicação real e exata. Ainda assim, algumas das teorias

que foram apresentadas ao longo do tempo ajudaram a explicar um pouco sobre as causas que

incentivam o indivíduo a praticar assassinatos em série, a teoria mais comum diz respeito a

danos cerebrais, os quais podem ser causados de diversas maneiras (PALOMBA, 2016b).

O dano cerebral pode ser causado por traumas ou doenças ao longo de sua infância, ou

o indivíduo pode herdar uma doença mental hereditária, como também, o feto pode ser gerado

com uma má formação cerebral. Outra teoria diz respeito aos abusos infantis, a grande maioria

dos indivíduos que se tronam assassinos em série já sofreram abusos físicos e psicológicos na

infância, é raro um assassino serial que não tenha uma história de abuso e negligência dos pais.

(CASOY, 2014b)

Isso não significa que toda criança que tenha sofrido algum tipo de abuso seja um

matador em potencial. Esses abusos e maus tratos são decorrentes de criações familiares

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abusivas, que resultam em alguns danos cerebrais, tornando-se o motivo da agressividade e

frieza do assassino em série (SCHECHTER, 2013; CASOY, 2014a; PALOMBA, 2016b)

1.4. Aspectos gerais e psicológicos do assassino em série

Os aspectos principais do assassino em série está composto dentro do ciclo que ele segue

para cometer o crime, esse ciclo é composto por 6 (seis) fases. Segundo o entendimento de

Casoy (2014a, p. 21) o indivíduo ultrapassa seis fases até cometer um novo assassinato, sendo

a fase áurea a primeira fase, onde o indivíduo começa a se afastar da realidade, a segunda é a

fase de pesca, onde ele passa a procurar e escolher sua próxima vítima. A terceira fase o agente

seduz ou engana sua vítima atraindo ela para uma armadilha, a quarta fase é a de captura, nesta

a vítima cai na armadilha do assassino em série. Na quinta fase, denominada como fase do

assassinato ou totem, o indivíduo está no auge da sua emoção, é nesta fase que ele realiza todas

as suas fantasias antes de matar a vítima. Após matar sua vítima, vem a fase da depressão, sendo

esta a sexta e última fase do ciclo.

FIGURA 1 – As seis fases do ciclo do assassino em série

Fonte: Elaborado pela autora.

Nota-se que após a última fase o assassino engatilha novamente o início das fases,

iniciando novamente todo processo, voltando a primeira fase (áurea), tornando assim um ciclo

rotativo e contínuo.

Há diversos aspectos psicológicos a respeito da ação dos assassinos em série, alguns

aspectos são visíveis na infância, mas isso não significa que esses aspectos que surgem na

FASE ÁUREA

FASE DA PESCA

FASE DA CONQUISTA

FASE DA CAPTURA

FASE DO TOTEM

FASE DA DEPRESSÃO

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infância o defina como assassino, existem outros aspectos que dizem respeito ás ações que eles

praticam, como condutas dissimuladas, roubos, isolamento social, entre outros. O mais comum

de acontecer é a chamada tríade terrível ou tríade psicopatológica, trata-se do sadismo precoce,

enurese e destruição, a maioria dos assassinos em série ao relatar a infância citaram os três atos

da tríade, alguns relataram que praticavam o sadismo precoce como um treinamento. Jeffrey

Dahmer, em uma entrevista disse que asfixiava os animais para saber quanto tempo eles

levavam para morrer, deste modo ele teria noção de quanto tempo sua vítima levaria para falecer

(SCHECHTER, 2013; SILVA, 2014).

Outro aspecto muito importante é a fantasia, o assassino em série usará suas fantasias

como um divertimento ou fuga da realidade, neste caso a vítima será apenas um elemento da

fantasia do assassino em série. A fantasia é o aspecto mais importante para ser analisado, pois

todo assassino gosta de se sentir no controle, a fantasia aumenta a sensação de domínio sobre

as vítimas, alguns assassinos em série chegam ao clímax através das fantasias sexuais e desejos

compulsivos, outros só atingem esse ponto culminante com a morte da vítima. Eles são

extremamente obsessivos, e vivem a procura de vítimas que possam saciar suas fantasias, é por

esse motivo que o assassino em série cria um perfil para escolher as suas vítimas (ROLAND,

2014; CASOY, 2014a).

É importante lembrar, que alguns assassinos em série não demonstram que são maus,

agressivos ou loucos, eles simplesmente possuem diversos perfis, eles conseguem ser educados,

atenciosos, convencem as suas vítimas com um charme sem explicação, eles são bons em

dialogar, e extremamente inteligentes. Mas em algumas situações eles são complemente

imprevisíveis, ou seja, em qualquer momento eles podem perder o controle emocional da

situação, podendo chegar ao extremo, e cometer mais um homicídio, o simples fato de tirar eles

do sério ou deixá-los em situações desagradáveis, já é um motivo para que eles cometam mais

um assassinato (SILVA, 2014; PALOMBA, 2017a).

Não tem como falar dos aspectos gerais e psicológicos do assassino em série sem falar

da psicopatia. A psicopatia nada mais é do que um distúrbio psíquico, que afeta a interação

social do indivíduo, ou seja, ela é causada por uma anomalia orgânica cerebral, em outras

palavras é um transtorno mental psicológico ou neurológico (DSM-5, 2014; KAPLAN,

SADOCK, RUIZ, 2017).

Para Palomba (2016, p.197) a definição de psicopatia é:

Psicopatia é uma perturbação a saúde mental que se caracteriza por transtorno de

conduta, ou seja, a deformidade do indivíduo está no comportamento anormal. A

psicopatia não é propriamente doença mental, pois esta pressupõe ruptura com a

realidade, mas também não é normalidade mental. Fica, portanto, na zona fronteiriça

entre ambas. Por analogia, é como se tivéssemos de um lado a noite; do outro o dia; e

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no meio, a aurora, tal qual de um lado está a doença mental, do outro a normalidade e

entre ambas encontra-se a psicopatia (PALOMBA, 2016b).

A psicopatia também pode surgir através de fatores biológicos ou genéticos, no caso de

Pedrinho Matador (o maior assassino em série brasileiro) a sua psicopatia foi causada por

fatores de má formação cerebral. Durante a gravidez a mãe de Pedrinho foi espancada diversas

vezes por seu marido, pouco antes de dar à luz, ela sofreu fortes agressões, tanto é que Pedrinho

nasceu com o crânio fraturado, o que pode ter sido a causa de seu distúrbio cerebral, que acabou

resultando neste quadro de psicopatia (CASOY, 2014b; SILVA, 2014; DSM-5, 2014).

Também é muito importante diferenciar psicopatas de psicóticos, pois existe uma

grande diferença entre eles. A medicina diferencia os dois, pode-se dizer que os psicopatas não

são completamente insanos, apesar de possuírem distúrbios mentais graves, eles sabem a

diferença do que é certo ou errado, os psicopatas possuem uma falta de emoção, têm

comportamento antissocial.

A falta de empatia de um psicopata é notável, pois ele enxerga as outras pessoas como

um simples objeto, não se importa com ninguém, ele é extremamente egoísta, não sabe amar,

não sente pena, e só se importa consigo mesmo. Já o psicótico também tem um transtorno

mental grave, mas diferente do psicopata, o psicótico sofre delírios, na maioria das vezes ele

não sabe o que está fazendo, pois escuta vozes e confia friamente nas suas alucinações, o

psicótico por viver em um mudo criado por ele, não sabe o que está fazendo, mas pode matar

(BARROS, 2010).

Portanto, é raro encontrar um assassino em série psicótico, pois a maioria dos assassinos

em série são psicopatas. Porém, há registro de uma exceção, Herbert Mullin foi um assassino

em série paranoico esquizofrênico, chegou a cometer 13 homicídios (SCHECHTER, 2013).

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2. CLASSIFICAÇÃO DE TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS

O conceito de saúde mental é amplo, pode-se dizer que a união de alguns elementos faz

com que o indivíduo possua uma saúde mental adequada, os elementos essenciais são: o

equilíbrio emocional, capacidade de amar e estar bem consigo, ou seja, saúde mental é a

capacidade que o indivíduo tem de reconhecer seus limites, sabendo controlar sua vida,

emoções e mudanças do cotidiano. Portanto, a saúde mental nada mais é do que a ausência de

psicopatologia. Mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) vem conceituando a saúde mental

como bem-estar físico, mental e social, isto é, a saúde deve ser completa, composta por esses

elementos e não somente a ausência de psicopatologia (DSM-5, 2014; KAPLAN, SADOCK,

RUIZ, 2017; OMS, 2014).

Já o transtorno mental, é um distúrbio que o indivíduo tem, ou seja, é uma anormalidade,

alteração mental que afeta o comportamento do indivíduo. O transtorno mental por se tratar de

uma alteração na mente, tem vários tipos, o mais comum é o transtorno da personalidade (TP),

também denominado como perturbações da personalidade. A OMS define o transtorno mental

como um distúrbio formado por grandes problemas e diversos sintomas, mas o que realmente

define um transtorno mental é a combinação de pensamentos anormais, algumas emoções e

comportamentos em relacionamentos com outras pessoas (DSM-5, 2014; OMS, 2014).

Para Kaplan & Sadock (2017, p.1.418) o transtorno mental é definido como uma:

Doença psiquiátrica ou enfermidade cujas manifestações são caracterizadas

primeiramente por prejuízo comportamental ou psicológico da função, medida em

termos de desvio de algum conceito normativo; associado a sofrimento ou doença,

não apenas a uma resposta esperada a um evento particular ou limitado a relações

entre uma pessoa e a sociedade.

Os TP’s formam uma classe de transtornos, contendo vários tipos, para entender mais o

assassino em série será apresentado alguns transtornos mentais, sendo eles: o transtorno da

personalidade paranoide, o transtorno esquizoide e o antissocial (CID-10, 2011).

Os TP’s se manifestam simultaneamente em duas ou mais áreas especificas, como a

cognição, a afetividade, o funcionamento interpessoal e o controle de impulsos. Na área da

cognição o que é afetado são as formas de perceber e interpretar outras pessoas ou a si mesmo.

Já na área da afetividade, as partes prejudicadas são: a variação, a intensidade e a

resposta emocional do indivíduo, ou seja, alguns sentimentos poderão ser mais ou menos

intensos que os outros. O funcionamento interpessoal, refere-se aos comportamentos esperados

pela sociedade, isto é, se o indivíduo está dentro dos padrões sociais, se ele é uma pessoa

proativa, ou seja, um indivíduo resiliente que evita situações negativas, com isso, se espera que

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o indivíduo saiba interagir e viver em sociedade, e saiba lidar com as pessoas no trabalho, em

casa, no cotidiano, pois as relações interpessoais devem ser boas e produtivas. E por fim tem o

controle de impulso, neste caso o indivíduo perde o controle em algumas situações, ou seja, ele

acaba sendo explosivo em alguma ocasião (DSM-5, 2014; KAPLAN, SADOCK, RUIZ, 2017).

Nota-se que nenhum fator isolado será a causa da psicopatia de um indivíduo, ou seja,

para que o indivíduo seja diagnosticado com psicopatia deve haver a junção de vários fatores,

sendo os fatores biológicos, sociais e ambientais.

2.1. Transtorno da Personalidade Paranoide

Os TP’s são comprometimentos graves do caráter da pessoa, e quase sempre é associado

a uma ruptura das regras e boa convivência social, os indivíduos com transtorno da

personalidade possuem comportamentos inflexíveis e sentimentos disfuncionais. O sujeito que

tem transtorno da personalidade paranoide (TPP) possui desconfiança e suspeita constantes das

pessoas, eles têm uma incapacidade enorme de confiar, de acreditar na integridade e na palavra

das outras pessoas, ou seja, eles não enxergam a realidade de forma saudável e nem como ela

é, mas sim de uma forma distorcida. (DSM-5, 2014).

A pessoa que tem TPP é extremamente vulnerável, pois acredita que todas as outras

pessoas estão manipulando e engando ela, por esse motivo, são pessoas completamente

reservadas e vivem na defensiva, isto é, não dão liberdade para que outras pessoas se aproximem

dela, pois não sabem aceitar a falha do outro.

Existem alguns critérios que definem a pessoa que tem TPP, um deles é a suspeita sem

fundamento de que as pessoas estão explorando, maltratando e enganando-a. Outro critério diz

respeito a confiabilidade e lealdade de seus colegas, o indivíduo com TPP tem suspeitas

recorrentes acerca da fidelidade do seu parceiro, ele reluta a cofiar nos outros, pois acredita que

mais tarde as pessoas possam usar o que sabem sobre ele para prejudica-lo, ele também é

implacável com insulto e deslize (MAZER; MACEDO; JURUENA, 2016).

A maioria dos assassinos em série têm TPP, pois é possível notar a desconfiança que

eles têm de todas as pessoas que se aproximam deles, não conseguem confiar em ninguém ao

seu redor. Os assassinos em série vivem achando que as pessoas a sua volta estão tramando

algo contra elas, é por isso que quando desconfiam que alguém está tramando algo ou

conspirando contra, eles acabam cometendo outro assassinato sem hesitar. Além do TPP, é

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29

possível que o assassino em série seja diagnosticado com mais algum tipo de transtorno da

personalidade o que é muito comum acontecer, neste caso o assassino em série é considerado

uma pessoa com dupla personalidade.

2.2. Transtorno da Personalidade Esquizoide

O indivíduo que tem Transtorno da Personalidade Esquizoide (TPE), tem uma ligação

maior com o mundo interno e não com o mundo externo, essas pessoas se distanciam da

realidade social. Pode-se observar um grande distanciamento da vida social, eles não possuem

e nem desejam desfrutar de relações, sejam elas de qualquer tipo, eles preferem fazer atividades

reservadas e solitárias, como leituras, jogos, assistir programas de televisão, seriados, entre

outros. Os indivíduos com TPE não podem ser confundidos com os indivíduos que tem

esquizofrenia ou autismo, pois são transtornos completamente diferentes, que não possuem

qualquer tipo de assimilação direta (DSM-5, 2014).

As pessoas com esse transtorno, são pessoas reclusas, que têm seus sentimentos presos,

não possuem qualquer tipo de expressão sentimental, são pessoas frias, e totalmente indiferentes

em relação a críticas e elogios, eles não têm relações amorosas e nem amizades, pois não

conseguem se relacionar, as pessoas mais próximas que eles vão ter serão os parentes de 1º grau

(MAZER; MACEDO; JURUENA, 2016).

Eles também não podem ser comparados a pessoas tímidas, pois há uma diferença entre

eles, os tímidos são pessoas receosas, inseguras e sentem vergonha na frente de outras pessoas,

já o indivíduo que tem transtorno da personalidade esquizoide não são tímidos, não sentem

vergonha e nem são inseguras, eles simplesmente não sentem vontade de ter relações sociais.

O assassino em série que tiver TPE possivelmente terá outro transtorno mental, como o

transtorno da personalidade antissocial e o transtorno da personalidade paranoide, esses são os

transtornos mais comuns diagnosticados em assassinos em série, além de serem considerados

como psicopata.

Outro ponto importante a respeito dos indivíduos que tem TPE é sua inteligência, uma

característica muito visível e comum nos assassinos em série. A grande maioria dos indivíduos

que tem TPE certamente possuirá um quociente de inteligência (QI) bem acima da média, mas

como comprovado eles terão uma capacidade de interagir muito baixa.

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30

2.3. Transtorno da Personalidade Antissocial

Hoje em dia não se utiliza mais o termo psicopatia, pois ele é cunhado como transtorno

da personalidade antissocial (TPA). Neste caso, para ser considerado como uma pessoa com

TPA são necessários alguns requisitos como, atos antissociais contínuos, inabilidade para seguir

regras sociais (pessoas que não reconhecem as regras mínimas) vivem inconsequentemente,

anormalidades mentais neste transtorno não está presente, ou seja, o indivíduo com esse

transtorno antissocial não sofre de delírios ou alucinações ele age completamente consciente

(DSM-5, 2014).

Este transtorno terá início na adolescência seguindo na fase adulta de forma crônica,

geralmente atinge mais homens do que mulheres. Mas o fato de ter início não adolescência não

significa que ele será diagnosticado com TPA, a certeza desse diagnostico só é dada depois dos

18 anos completos. O indivíduo com transtorno antissocial terá dificuldade para percepção do

outro, isto é, tem dificuldade para pensar nas pessoas ao seu redor, pois não pensa nas

consequências de seus atos. Ele terá uma impulsividade em relação ao futuro, e uma

agressividade intensa em algumas situações, principalmente quando algo planejado não saia

como eles queriam.

Provavelmente este indivíduo terá negligencia pela própria segurança ou a segurança

das pessoas ao seu redor, são inteligentes e um grande poder de persuasão, eles levam grande

vantagem em quase tudo pois sabem convencer as pessoas do ponto de vista deles, isto e, eles

seduzem as pessoas.

Apesar de serem extremamente inteligentes, eles terão uma irresponsabilidade

profissional, muitos iniciam o trabalho, mas acabam saindo por causa de seu comportamento

irresponsável. Eles têm manifestações diferenciadas de emoções, ou seja, não sentem remorso

quando causam algo negativo a alguém, eles não conseguem reconhecer que estão causando

um sofrimento ao outro, possuem dificuldade para aprender com as experiências (MAZER;

MACEDO; JURUENA, 2016).

A pessoa com TPA sente prazer em enganar e agredir alguém seja de forma verbal ou

fisicamente, esse indivíduo pode se sentir diferente, mas ele gosta dessa diferença e sente prazer

com seus comportamentos negativos.

Já em relação aos seus relacionamentos, eles serão sempre conflituosos, muito instáveis,

a relação com seus familiares será bastante perturbado, e por fim esse indivíduo levará uma

vida completamente instável e sem grandes construções.

Page 32: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

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Este transtorno é o mais comum de ser diagnosticado nos criminosos, principalmente

em assassinos em série, pelo simples fato deles não conseguirem seguir as regras sociais

básicas, eles possuem frieza e indiferença excessiva em relação as leis morais e jurídicas.

Crimes violentos e de grande repercussão são praticados por assassinos em série, a

crueldade dos atos é em algumas vezes confundida com uma mente em desequilíbrio, e na

maioria das vezes esse transtorno é confundido com algum sofrimento mental ou loucura.

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3. ESTUDO DE CASOS: A VIDA DOS MAIORES ASSASSINOS EM SÉRIE DO

BRASIL

Neste capitulo será apresentado os maiores casos de assassinatos em série que já

ocorreram no Brasil, casos atuais e importantes. Também será mostrado um breve resumo sobre

a história dos assassinos em série citados, descrevendo como era a infância deles, a convivência

com seus familiares, amigos e no local de trabalho, e também os métodos que eles utilizavam

para cometer os crimes.

Outro assunto muito importante que também será abordado no decorrer deste capitulo

diz respeito a personalidade psicológica de cada um deles, assunto fundamental para entender

mais sobre eles.

3.1. Perfil e Crimes do Serial Killer de Goiânia

Um dos assassinos a ser apresentado será Tiago Henrique Gomes da Rocha, o caso mais

atual no Brasil, Tiago praticou diversos crimes entre o ano de 2011 até o ano de 2014. Seus

assassinatos chocou a população do município de Goiânia-GO, a maioria das vítimas foram

mulheres. Tiago chegou a cometer crimes contra homossexuais e moradores de rua, atualmente

ele está preso, foi condenado por diversos homicídios, mas ainda há processos para serem

julgados.

Tiago, mais conhecido como “Serial Killer de Goiânia”, assassino em série mais famoso

da atualidade, réu confesso de aproximadamente 39 vítimas. Tiago foi criado pela mãe e avós,

ele nunca conheceu o pai, sempre foi um menino muito quieto e tímido, mas muito inteligente,

não saía muito de casa na infância.

Na sua adolescência, Tiago sofria violência psicológica na escola, era vítima de

bullying, sofreu abuso sexual, e teve relacionamentos homossexuais. Durante toda adolescência

Tiago conviveu em sua casa com visitas de mulheres, travestis e homossexuais, ele sempre

culpou sua mãe por não ter conhecido seu pai. Já adulto, Tiago passou a trabalhar como

vigilante, porém, ele levava uma vida dupla, em seus períodos de folga do trabalho ele cometia

assaltos e assassinatos (TOLEDO, 2012).

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Tiago possuía mais de 5 tipos de personalidade, mas o perfil que o define é o de um

psicopata com transtorno da personalidade antissocial, porém muito inteligente, manipulador,

frio em todas as suas ações e extremamente calculista. Tiago possui uma deformidade afetiva e

sempre agia seguindo sua razão e não a emoção.

Uma das personalidades de Tiago era seu lado agressivo, nos primeiros assassinatos ele

matava homossexuais, através de atos cruéis, como facadas e estrangulamentos, ele não sentia

remorso nem piedade, simplesmente achava que estava fazendo um bem para a sociedade

tirando a vida dos homossexuais.

A segunda personalidade de Tiago mostrava um lado menos agressivo, pois ele

proporcionava que suas vítimas tivessem uma espécie de “eutanásia”, matava moradores de rua

com apenas um tiro na cabeça, pois achava que estava livrando eles de tanto sofrimento e

miséria.

A terceira personalidade de Tiago mostrava toda sua raiva, e extremo ódio que sentia

pelas mulheres que lembravam a sua mãe fisicamente, ele matava suas vítimas com apenas um

tiro no peito, sem hesitar e sem piedade nenhuma.

A quarta personalidade de Tiago mostrava-o como uma pessoa extremamente fria, nos

assaltos que praticava ele não alterava a voz e nem apressava as vítimas, ele agia com intensa

tranquilidade e frieza.

Já em sua quinta personalidade ele era apenas uma pessoa tímida e quieta, trabalhava

como vigilante, não tinha muitos amigos, porem era muito educado e atencioso com as outras

pessoas, ninguém poderia imaginar que por trás de uma pessoa como ele poderia existir várias

personalidades e um assassino cruel.

Tiago Henrique Gomes da Rocha foi condenado por diversos homicídios, e assaltos,

contra ele havia mais de 42 processos, sendo 35 por homicídios, Tiago confessou cerca de 39

homicídios, mas ainda restam processos para serem sentenciados.

3.2. Perfil e Crimes de Chico Picadinho

Outro caso a ser apresentado será do assassino em série Francisco Costa Rocha, cometeu

dois assassinatos cruéis no ano de 1.966, e o segundo em 1.976, dez anos após ser liberado da

prisão. Francisco cumpriu a maior pena na história do Brasil, atualmente devido a um processo

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civil de interdição, Francisco está em um hospital de custódia tendo tratamento psiquiátrico,

apesar de ter cumprido 30 (trinta) anos de prisão (tempo máximo de pena previsto no Brasil)

ele ficará internado por tempo indeterminado.

Francisco, mais conhecido como “Chico Picadinho”, um dos assassinos em série mais

conhecido do Brasil. Chico teve uma infância bastante conturbada, costuma enxergar e

conversar com assombrações, ele gostava de histórias de terror, como vampiros e lobisomens,

Chico gostava de brincar com fogo e matar gatos para saber se eles realmente teriam sete vidas.

Sofreu de enurese até seus seis anos de idade. A mãe de Chico exercia como profissão a

prostituição, ela atendia seus clientes em casa, Chico com apenas oito anos de idade,

presenciava sua mãe sendo agredida e tendo relações com seus clientes, Chico cresceu sem uma

figura masculina em casa, sem a presença de um pai (CASOY, 2014b).

Aos treze anos Chico incentivado por um tio, é levado a um cabaré e tem seu primeiro

relacionamento sexual com uma prostituta. Com o passar do tempo, aos dezessete anos Chico

começou a se relacionar com homens. Quando completou 18 anos, ele tentou ser policial

militar, mas não conseguiu, então decidiu trabalhar como corretor de imóveis, era o trabalho

perfeito para manter sua vida de sexo e drogas.

Para a psiquiatria forense, Chico é diagnosticado como um psicopata, na época em que

foi preso ele também foi diagnosticado com o transtorno da personalidade antissocial e

transtorno da personalidade sádica. Hoje em dia, o DSM-5 não apresenta mais o transtorno da

personalidade sádica, ele foi incluído ao transtorno do sadismo sexual e no transtorno do

masoquismo sexual (DSM-5, 2014).

Chico sempre se apresentou como uma pessoa manipuladora, dissimulado e muito

sedutor, ele sabia como conquistar as suas vítimas. Sua primeira vítima foi assassinada de forma

cruel, ela foi estrangulada e esquartejada. Chico, após esquartejar a vítima, tentou sumir com

os pedaços do corpo, mas não conseguiu. Ele foi condenado a aproximadamente 20 anos de

prisão, mas não cumpriu muito tempo de pena, logo ele foi liberado por bom comportamento,

assim que completou 8 anos de pena a justiça entendeu que ele já estava apto para voltar a viver

em sociedade (MOREIRA, 2016).

Logo após ser solto, Chico foi atrás de sua segunda vítima, ela foi estuprada e

estrangulada, mas não morreu, a vítima apenas desmaiou, ao perceber que ela estava viva, Chico

deixou o local e fugiu, ele sabia que se cometesse outro crime seria reincidente. A vítima

sobrevivente da tentativa de homicídio denunciou Chico.

Em 13 de setembro de 1976, a empregada doméstica Rosemeire, de 20 anos, conheceu

Francisco na Lanchonete Elenice, onde ele a convidou para acompanha-lo ao Hotel

Carnot, juntamente com mais um casal.

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35

Enquanto estavam tendo relações sexuais, Francisco começou a ter um

comportamento bastante violento.

Mordeu sua parceira várias vezes além de tentar esganá-la. Segundo o depoimento da

moça ela desmaiou e quando voltou a si percebeu que Francisco tentava morder a sua

“veia do pescoço”.

Ao levantar-se, sangue escorreu por entre suas pernas. [...] Rosemeire, que estava no

início de uma gravidez, perdeu o bebê. Em 15 de setembro foi instaurado um processo

contra Francisco Costa Rocha por lesão corporal dolosa.

Entre a saída da prisão e a fatídica noite de outubro de 1976, quando Francisco

cometeria seu segundo crime, ele mesmo notou a escalada de violência em que se

encontrava. A cada relação sexual que praticava, seus instintos sádicos estavam mais

exacerbados.

Por volta de meia dúzia de mulheres sentiram a agressividade dos “quase”

estrangulamentos, mas como a excitação sexual por privação de oxigênio (hipoxifilia)

é prática comum em relações de sadomasoquistas, não reclamaram.

Quando a condição sádica é severa, e quando está associada ao transtorno de

personalidade antissocial, o indivíduo pode ferir gravemente ou matar suas parceiras.

Francisco sabia que esse dia não estaria longe (CASOY, 2014, p. 97).

Mesmo foragido Chico foi atrás de outra vítima, sua terceira vítima foi seduzida assim

como a primeira, ele fez uso do mesmo modus operandi que utilizou contra a primeira vítima,

estrangulou e esquartejou ela, e de forma cruel ele tentou sumir com os pedaços da vítima,

algumas partes ele colocou em uma mala, outras ele jogou no vaso sanitário e deu descarga, o

restante dos pedaços ele colocou em sacos plásticos.

Chico em seu segundo crime foi condenado a aproximadamente 30 anos de prisão, em

2017 o advogado de Chico fez um pedido para que ele fosse liberado, tendo em vista que ele

está internado a mais de 40 anos, Chico foi interditado civilmente.

3.3. Perfil e Crimes de Pedrinho Matador

O caso do Pedro Rodrigues Filho também é bastante interessante e atual, ele diz ter

cometido mais de 100 (cem) assassinatos dentro e fora do sistema penitenciário, Pedro foi preso

no ano de 2011, atualmente ele está cumprindo pena, a qual tem previsão de término no ano de

2019.

Pedro, mais conhecido como “Pedrinho Matador”, considerado o maior assassino em

série do Brasil, Pedrinho em uma entrevista exclusiva à Marcelo Rezende para o programa

Repórter Record, afirmou que já matou mais de cem pessoas, a maioria delas dentro do sistema

prisional. Em relação a negligencia de seus pais, Pedrinho teve uma infância muito parecida

com a de Chico Picadinho, mas diferente de Chico, Pedrinho teve uma figura paterna na sua

infância, mas seu pai era muito controlador, e frequentemente praticava violência doméstica,

quem sofria mais era a mãe de Pedrinho que sempre foi muito maltratada (TOLEDO, 2012).

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36

Quando Pedrinho tinha 14 anos ele cometeu seu primeiro homicídio, matou duas

pessoas por vingança, após cometer seu primeiro crime Pedrinho se mudou. Na cidade em que

foi morar, ele se envolveu com tráfico de drogas e mais homicídios, entre seus 15 anos de idade

até ser preso, Pedrinho cometeu mais de 30 homicídios fora do sistema prisional, mas dentro

do sistema prisional ele cometeu dezenas de homicídios (CASOY, 2014b).

Pedrinho, logo após alguns anos de prisão, fez exames clínicos psicológicos, foi

diagnosticado como um encefalopata, isto é, ele tem uma alteração patológica em relação ao

encéfalo, e tem transtorno da personalidade antissocial, ele não apresenta outras personalidades,

sempre se mostrou muito frio e explosivo, nunca respeitou as regras sociais, Pedrinho tinha

suas próprias regras, sempre agindo pela razão e não pela emoção.

Em todos os crimes que Pedrinho cometeu ele sabia perfeitamente o que estava fazendo,

cometia assassinatos de forma fria e sem hesitar, ele não tinha piedade das suas vítimas, suas

armas preferidas para assassinar eram as armas brancas, como madeira, facas, pedaço de

mármore, entre outros, mas ele também já utilizou armas de fogo ou estrangulamento.

Pedrinho foi condenado a aproximadamente 400 anos de prisão, ele chegou a cumprir

30 anos. Foi liberado em 2007, mas quatro anos depois voltou a cometer homicídios, foi

condenado novamente e permanece preso até a atualidade.

3.4. Perfil e Crimes do Maníaco do Parque

E para completar será apresentado o caso do Francisco de Assis Pereira, ele praticou

diversos assassinatos até o ano de 1.998, Francisco praticava os assassinatos da forma mais

cruel possível, seu foi o mais chocante do Brasil, pelo jeito que ele praticava os crimes, todas

as vítimas foram mulheres.

Francisco de Assis Pereira, mais conhecido como “Maníaco do Parque”, assim como

Pedrinho e Chico Picadinho, Francisco também teve uma infância conturbada, foi criado por

sua mãe e uma tia, ele não teve um exemplo paterno. Francisco relata que na sua infância e até

mesmo depois de adulto ele tinha diversos pesadelos, não conseguia dormir direito, ainda

menino, Francisco era molestado sexualmente por essa tia que ajudou cria-lo. Quando

adolescente Francisco começou a trabalhar, ele teve um patrão que o assediava, após esses

assédios ele começou a se interessar por relações homossexuais (PEREIRA, 2015).

Page 38: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

37

Francisco foi diagnosticado como um condutopata, ou seja, a patologia e a deformidade

se encontram nas condutas praticadas por ele, isto é, ele é um psicopata extremamente egoísta,

ele também foi diagnosticado com o transtorno da personalidade antissocial (PALOMBA,

2017a).

Para seduzir as suas vítimas, ele se mostrava muito atencioso e educado, ele conseguia

conquistar elas de uma maneira cruel, ele atacava o “querer ser” da vítima, isto é, ele atacava

os sonhos das suas vítimas, Francisco se apresentava como um agente de modelos de uma

empresa multinacional, com isso ele conseguia atrair as mulheres.

Seus crimes eram praticados de forma completamente cruel, Francisco atraia suas

vítimas para uma mata, ele agredia elas com socos, pontapés e canibalismo, estuprava e para

finalizar ele estrangulava suas vítimas, em algumas vezes ele usava um cadarço ou um cordão

para mata-las.

Após matar suas vítimas Francisco arrumava o corpo delas em uma posição de decúbito

genu-peitoral, ele é considerado um assassino em série organizado, pois planejava todos seus

ataques e arrumava os corpos de suas vítimas no local do crime. Ele costumava voltar dias

depois no local do crime para visita-las e praticar necrofilia. Francisco foi condenado por 9

homicídios, ocultação de cadáver, estupro e atentado ao pudor, somando todas as condenações

chega a 268 anos de prisão, atualmente Francisco encontra-se preso (PEREIRA, 2015).

Page 39: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

38

4. RESPONSABILIDADE PENAL

No capítulo anterior foi apresentado um breve estudo a respeito do perfil e principais

crimes de alguns assassinos em série brasileiros, o que facilita e ajuda a entender se há

responsabilidade penal do agente ou não, neste capitulo será demonstrado quando vai haver a

responsabilidade penal.

Haverá responsabilidade penal nos casos que houver capacidade penal do agente, a

capacidade penal é composta por um conjunto de condições. Deste modo, para que o sujeito

seja titular de direitos e obrigações na esfera penal é necessário que ele possua capacidade penal.

Uma das condições da capacidade penal é a culpabilidade do agente, ou seja, o indivíduo será

culpado por praticar alguma infração penal, a outra condição é a imputabilidade do agente, que

diz respeito ao entendimento do agente (BITENCOURT, 2015; CAPEZ, 2015; GRECO, 2015;

NUCCI, 2015).

4.1. Da Culpabilidade

A culpabilidade é a capacidade que o agente tem para decidir livremente entre o certo

ou o errado, portanto só haverá culpabilidade quando existir liberdade de decisão do agente, é

a culpabilidade que distinguirá a conduta do indivíduo normal do indivíduo insano. Para Capez

(2015, p.317), a culpabilidade será atribuída ao indivíduo que praticar um fato típico e ilícito,

isso não significa que é um elemento do crime, mas sim um pressuposto que será usado na

imposição da pena (BITENCOURT, 2015; CAPEZ, 2015).

A culpabilidade também é considerada como uma reprovação pessoal que recai sobre o

agente, decorrente da conduta típica e ilícita praticada por ele, alguns doutrinadores entendem

que há uma responsabilidade moral do agente, ou seja, o indivíduo possui livre arbítrio para

fazer suas próprias escolhas, ele é voluntariamente livre, mas se praticar uma conduta típica e

ilícita ele sofrerá sanções penais imposta pelo Estado. Parte da doutrina entende que o agente

deve ser imputável, neste caso ele vai agir com sua própria consciência, e no final, caso ele não

respeite as regras impostas pelo direito, consequentemente ele responderá por seus atos

juridicamente (GRECO, 2015; NUCCI, 2015).

Page 40: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

39

Ao longo do tempo, a culpabilidade foi evoluindo e, com a sua evolução, surgiram novas

teorias, mas a que prevalece hoje, explica que a culpabilidade é um elemento importante do

crime, segundo a teoria psicológica ela é vista como um elemento subjetivo, o qual representa

o dolo ou a culpa do agente. Neste caso, a doutrina que adota essa teoria entende que a

imputabilidade do agente é um pressuposto fundamental, ou seja, o indivíduo deve ser

imputável mentalmente (sã) e possuir mais de 18 anos. Portanto, o indivíduo que agir com dolo

e ser considerado imputável, consequentemente possuirá culpabilidade, tornando-se

responsável pelos atos praticados na infração penal (NUCCI, 2015).

4.2. Da Imputabilidade

Tendo em vista que a imputabilidade do agente é um pressuposto fundamental para que

haja a responsabilidade penal do indivíduo, existem diversos conceitos a respeito da

imputabilidade, conforme o entendimento do doutrinador Greco (2014, p. 448), a

imputabilidade penal nada mais é do que a possibilidade de atribuir, imputar o fato típico ilícito

ao agente.

A imputabilidade é constituída por dois elementos: um intelectual (capacidade de

entender o caráter ilícito do fato), outro volitivo (capacidade de determinar-se de

acordo com esse entendimento). O primeiro é a capacidade (genérica) de compreender

as proibições ou determinações jurídicas. Bettiol diz que o agente deve poder prever

as repercussões que a própria ação poderá acarretar no mundo social”, deve ter, pois,

a percepção do significado ético-social do próprio agir. O segundo, a capacidade de

dirigir a conduta de acordo com o entendimento ético-jurídico. Conforme Bettiol, é

preciso que o agente tenha condições de avaliar o valor do motivo que o impele à ação

e, do outro lado, o valor inibitório da ameaça penal (SANZO BRODT, 1996 apud.

GRECO, 2014).

Nota-se que para o psiquiatra Palomba (2016, p.135) o conceito de imputabilidade é a

atribuição do crime ao indivíduo:

Imputar é atribuir alguma coisa a alguém. Imputabilidade penal é a atribuição do crime

ao indivíduo. Portanto, se um indivíduo comete um crime e é normal mentalmente,

esse crime lhe é imputado penalmente, e será julgado responsável pelo ato praticado.

Por outro lado, se um indivíduo comete um crime e é doente mental, e há nexo causal

entre ambos, o crime praticado é inimputável ao indivíduo que é absolvido do crime

e julgado irresponsável. Disso deflui que a imputabilidade está no ato, e a

responsabilidade está no indivíduo, donde ser erro dizer “esse indivíduo é

inimputável”, como a maioria diz e consta até mesmo do Código Penal. O indivíduo

não é inimputável; inimputável é o crime que ele cometeu. O indivíduo é irresponsável

(PALOMBA, 2016b).

Page 41: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

40

E para Dámasio de Jesus (2014b) a imputabilidade nada mais é do que a atribuir a

alguém a responsabilidade de alguma coisa:

Imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente

capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de um fato punível.

Imputável é o sujeito mentalmente são e desenvolvido, capaz de entender o caráter

ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento (JESUS, 2014

apud. BAPTISTA, 2015).

Tendo em vista que a imputabilidade (sanidade mental e maturidade), do agente é um

pressuposto fundamental para que haja responsabilidade penal, é importante dizer que uma das

formas de excluir a culpabilidade será por meio da inimputabilidade. Neste caso a

inimputabilidade pode ser por doença mental ou por idade.

4.3. Da Inimputabilidade

O Código Penal, em seu artigo 26, apresenta duas hipóteses de inimputabilidade, sendo:

I- inimputabilidade por doença mental;

II- inimputabilidade por imaturidade natural.

Para este trabalho, o importante é entender a inimputabilidade por doença mental ou

desenvolvimento mental incompleto ou retardado. A doutrina traz diversos conceitos a respeito

da inimputabilidade por doença mental, e apresentam alguns critérios que nos ajuda a verificar

se o agente é inimputável.

A inimputabilidade por doença mental nada mais é do que a falta de sanidade mental do

agente, ou seja, são os indivíduos que ao tempo ou momento da ação criminosa não apresentava

capacidade de entendimento e/ou não apresentava determinação por doença mental. Caso a

inimputabilidade esteja presente e seja comprovado por uma avaliação psiquiátrica o agente

não responde pelo crime praticado, pois a ele não pode ser atribuído responsabilidade pelo

cometimento de um ilícito penal, mas a pena do agente inimputável será substituída por uma

medida de segurança (NUCCI, 2015).

Para o doutrinador Greco, a inimputabilidade por doença mental existe somente se

houver a junção de dois critérios, sendo:

I- Existência de uma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou

retardado;

Page 42: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

41

II- A absoluta incapacidade de, ao tempo da ação ou da omissão, entender o caráter

ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Portanto, isso significa que o Código Penal, pelo seu art. 26, caput, adotou o critério

biopsicológico para a aferição da inimputabilidade do agente (GRECO, 2015, p.448-449).

O critério biopsicológico surgiu da junção de dois critérios, isto é, a junção do critério

biológico e psicológico, significa dizer que não basta somente a comprovação da doença mental

ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado do agente, também será necessário a

verificação e comprovação, de que no momento da ação do ato ilícito, o agente era inteiramente

incapaz de entender a ilicitude do fato (GRECO, 2015).

Neste caso, para comprovar que um indivíduo tenha transtorno mental, é necessário que

seja confirmado por meio de uma perícia médica, ou seja, o indivíduo deverá fazer exames

clínicos.

Caso haja a comprovação total da inimputabilidade do agente, isto é, se comprovado

que o indivíduo tem doença mental, ele será absolvido, conforme a redação expressa no inciso

VI do art. 386 do Código de Processo Penal, ao invés de cumprir pena privativa de liberdade

em uma penitenciária, ele será submetido a uma medida de segurança.

Contudo, de acordo com a Lei nº 11.690, de 9 de junho de 2008, o agente inimputável

será submetido a um tratamento para o transtorno mental, que será de cunho obrigatório.

4.4. Semi-Imputabilidade

O parágrafo único do artigo 26 do Código Penal, faz referência às pessoas semi-

imputáveis, essas pessoas são vistas pela psiquiatria como indivíduos fronteiriços, que vivem

em uma zona entre a loucura e a sanidade mental, conforme expressa o referido artigo, nota-se

que:

A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente em virtude de perturbação

da saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era

inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo

com esse entendimento (BRASIL, 1940a).

De acordo com o que está expresso na lei, os semi-imputáveis não serão isentos da pena,

mas terão suas penas reduzidas de um a dois terços, a lei também faz referência aos agentes que

Page 43: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

42

praticam crimes em virtude de uma perturbação da saúde mental, ou por desenvolvimento

mental incompleto ou retardado, ou seja, indivíduos com transtornos mentais.

É na semi-imputabilidade que os assassinos em séries se enquadram, eles vivem em uma

linha intermediaria entre a imputabilidade e a inimputabilidade, neste caso o indivíduo semi-

imputavel possui culpabilidade, e responderá pelos atos que praticar.

O item 2.4 deste trabalho, refere-se às pessoas que possuem transtorno de personalidade

psicopática (psicopatia), conforme estudado anteriormente, os indivíduos com psicopatia têm

total capacidade para compreender seus atos, eles sabem o que é certo ou errado, portanto basta

o entendimento para serem responsáveis pelos crimes praticados.

Neste caso, não há o que se falar em isentar o indivíduo semi-imputável da pena, embora

ele viva em uma zona fronteiriça, e não tenha total capacidade de discernir o valor ético social,

para a psiquiatria ele é capaz de entender a gravidade dos seus atos e discernir o certo do errado,

mas infelizmente eles não conseguem se controlar.

Neste caso seria possível o tratamento especial do indivíduo semi-imputável, e a pena

reduzida de um a dois terços, poderá ser convertida em Medida de Segurança com a internação

do indivíduo em Casa de Custódia, conforme expressa o artigo 98 do Código Penal.

4.5. Medida de Segurança

Após a reforma psiquiátrica que ocorreu em 06 de abril de 2001 por meio da lei nº

10.216, a legislação penal brasileira passou a aplicar a medida de segurança para os agentes

inimputáveis que praticassem um fato típico, ilícito, mas não culpável. Conforme expressa o

artigo 59 do Código Penal, a pena tem como finalidade reprovar e prevenir a pratica de infrações

penais (GREGO, 2014).

Desde então a finalidade da Medida de Segurança (MS) é totalmente diferente da pena.

Pois trata-se de uma forma legal que a justiça encontrou para tratar pessoas com transtornos

mentais que infringiram a lei. Neste caso o indivíduo não será considerado como um criminoso,

mas sim como o sujeito ativo da infração penal, a MS tem caráter preventivo, pois visa impedir

que o infrator volte a delinquir. Por esse motivo, o indivíduo é submetido a um tratamento

durante o tempo em que estiver cumprindo a medida de segurança (COHEN, 2006).

Palomba (2016, p. 149) define a Medida de Segurança como:

Page 44: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

43

Medida de Segurança é a sanção penal imposta pelo juiz nos casos de

inimputabilidade, que implica o reconhecimento de que o agente é portador de

periculosidade social. Em outras palavras, indivíduos cujos atos delituosos não lhes

foram imputados, por serem portadores de transtornos mentais, presume-se que sejam

portadores de periculosidade, e o juiz aplica medida de segurança, em vez de pena

restritiva de liberdade (PALOMBA, 2016b).

Para que a pena seja substituída por uma medida de segurança é necessário que haja

alguns critérios cumulativos, como a prática de um fato típico e antijurídico, deve ser cometido

pelo indivíduo inimputável, comprovação da incapacidade absoluta do agente por causa de uma

doença mental ou, um desenvolvimento mental incompleto ou retardado (GRECO, 2014).

Neste caso caberá ao juiz com base no artigo 386, inciso VI do Código de Processo

Penal (CPP) determinar a absolvição do réu mencionando a causa que isentará o réu da pena. É

importante ressaltar que a doença por si só não isentará o indivíduo da pena, é necessário que

em decorrência da doença mental o sujeito não tenha capacidade no momento do fato de

entender o que é certo ou errado. Caso falta um desses critérios não há o que se falar em medida

de segurança (MIRABETE, 2015).

O artigo 97 do Código Penal (CP) traz expressamente que: “se o agente for inimputável,

o juiz determinará sua internação (artigo 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível

com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial”.

Deste modo, o juiz determinará a internação do indivíduo conforme com o que está

descrito no artigo 26 caput do CP:

É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental

incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz

de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse

entendimento (BRASIL, 1940a).

O Código Penal, em seu artigo 96, também cita as medidas de segurança possíveis para

os indivíduos inimputáveis sendo elas:

I – Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro

estabelecimento adequado;

II – Sujeição a tratamento ambulatorial (BRASIL, 1940a).

Quanto a esta segunda espécie de medida de segurança, o tratamento ambulatorial, no

artigo 101 da Lei de Execuções Penais (LEP) dispõe que: “Será realizado no Hospital de

Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local com dependência médica adequada.”

(BRASIL,1984).

Page 45: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

44

A espécie de medida de segurança imposta e o prazo mínimo dependerão de alguns

fatores, como o tipo de crime praticado:

Art. 97 – Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26,). Se,

todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-

lo a tratamento ambulatorial (CP).

§1º – A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado,

perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de

periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 a 3 anos (BRASIL, 1940a).

Essa determinação do tratamento em função do tipo de delito (internação para crimes

punidos com reclusão e tratamento ambulatorial para crimes punidos com detenção), baseado

em prazos fixos (mínimo de 1 a 3 anos), é totalmente incompatível com os princípios da Lei

10.216/01.

Outro aspecto importante da Medida de Segurança é o critério de periculosidade. Para

Correa, Lima e Alves (2007) a natureza reducionista da compreensão do ser humano ao eleger

a periculosidade como a única expressão possível do sujeito compromete o cuidado integral a

saúde da pessoa com transtorno mental e a garantia dos seus respectivos direitos (p. 1998).

A medida de segurança perdura enquanto não for averiguada a cessação da

periculosidade, não bastando a estabilização do quadro patológico diagnosticado anteriormente.

Essa circunstância de perpetuar a restrição de ir e vir da pessoa com transtorno mental, configura

uma situação de desrespeito aos princípios dos direitos humanos.

A perícia médica de averiguação de cessação da periculosidade deve ser realizada ao

termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o

determinar o juiz da execução (Art. 97, §2º CP).

4.6. Projeto de Lei do Senado – Nº 140/2010

A lei nº 140/2010 foi proposta pelo Senador Romeu Tuma, tal projeto tem como objetivo

a inserção da figura do assassino em série no direito penal brasileiro, visando um tratamento

adequado para esses indivíduos que possuem um transtorno de personalidade.

A intenção de Tuma era inserir no artigo 121 do Código Penal novos parágrafos, esses

parágrafos teriam como objetivo conceituar a definição de assassinos em série, além de aplicar

uma pena mais severa, e tratamento adequado para tais indivíduos.

Page 46: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

45

Na atualidade, o direito brasileiro ainda não possui um conceito especifico para

assassinos em série, o que dificulta muito na aplicação da pena e no tratamento devido para os

assassinos em série.

Em 2010, quando o projeto de lei do Senador Tuma foi apresentado, ele trazia um

conceito, uma pena mais severa e o tratamento adequado para o agente, conforme demonstra

os parágrafos do projeto de lei:

§6º – Considera-se assassino em série o agente que comete 03 (três) homicídios

dolosos, no mínimo, em determinado intervalo de tempo, sendo que a conduta social

e a personalidade do agente, o perfil idêntico das vítimas e as circunstâncias dos

homicídios indicam que o modo de operação do homicida implica em uma maneira

de agir, operar ou executar os assassinatos sempre obedecendo a um padrão pré-

estabelecido, a um procedimento criminoso idêntico.

§7º – Além dos requisitos estabelecidos no parágrafo anterior, para a caracterização

da figura do assassino em série é necessário a elaboração de laudo pericial, unânime,

de uma junta profissional integrada por 05 (cinco) profissionais:

I – 02 (dois) psicólogos;

II – 02 (dois) psiquiatras;

III – 01 (um) especialista, com comprovada experiência no assunto.

§8º – O agente considerado assassino em série sujeitar-se-á a uma expiação mínima

de 30 (trinta) anos de reclusão, em regime integralmente fechado, ou submetido à

medida de segurança, por igual período, em hospital psiquiátrico ou estabelecimento

do gênero.

§9º – É vedado a concessão de anistia, graça, indulto, progressão de regime ou

qualquer tipo de benefício penal ao assassino em série (BRASIL, 2010).

Como é possível notar, este projeto de lei apresentava possíveis soluções para a omissão

do Código Penal Brasileiro, os tratamentos seriam aplicados de uma forma mais rígida, a pena

apresentada no projeto de lei era extremamente mais severa do que as penas aplicadas hoje em

dia para um assassino em série.

Além das possíveis soluções apresentadas, o parágrafo 6º do projeto de lei trazia um

conceito para assassinos em série, apresentando requisitos específicos para compreender e

determinar quem é o assassino em série, além de todos os requisitos apresentados, o indivíduo

só poderia ser considerado como assassino em série, se houvesse um laudo pericial

comprovando tal situação do indivíduo.

O parágrafo 7º tratava do laudo pericial, além de apresentar os profissionais necessários

para validar o laudo, sendo eles os profissionais: dois psicólogos, dois psiquiatras e um

especialista com experiência no assunto.

Já o parágrafo 8º apresentava a pena que seria aplicada ao assassino em série, após a

comprovação de que o indivíduo era mesmo um assassino em série, ele seria submetido a uma

pena de 30 (trinta) anos de reclusão, em regime integralmente fechado, a pena também poderia

Page 47: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

46

ser substituída por uma medida de segurança por igual período, tal medida deveria ser cumprida

em hospital psiquiátrico ou outro estabelecimento do gênero.

Percebe-se, que a pena apresentada no projeto de lei é o limite máximo de pena que um

indivíduo pode ficar preso no Brasil, ou seja, trata-se da pena máxima aplicada, a qual seria

cumprida em regime integralmente fechado.

Quanto ao parágrafo 9º, ele apresentava as vedações, bem como qualquer concessão de

anistia, graça ou induto. Também era vedado a progressão de regime ou qualquer tipo de

benefício penal para o assassino em série, como foi apresentado no parágrafo anterior, o

indivíduo iria cumprir sua pena em regime integralmente fechado, não tendo direito nenhum a

progressão de regime.

Uma das causas que mais motivou a propositura do projeto foi o repúdio da sociedade

em relação a tal delito, por se tratar de um crime muito cruel, o legislador fez um projeto

adotando medidas extremas, medidas que entrava em conflito com a Constituição Federal (CF)

de 1988.

A proposta feita no projeto de Lei do Senado entra em conflito com a Constituição

Federal vigente, que não permite a aplicação de penas de caráter perpetuo, conforme expressa

o artigo 5º, inciso XLVIII da CF, caso o projeto fosse sancionado estaria ferindo o Princípio da

Limitação das Penas, tal projeto também entra em conflito com a legislação penal vigente que

não permite cumprimento de penas restritivas de liberdade acima de 30 anos. Como é possível

notar no artigo 75, §1º do CP, diz que:

Art. 75 – O tempo de cumprimento das privativas de liberdade não pode ser superior

a 30 (trinta) anos.

§1º – quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja

superior a 30 (tinta) anos, devem elas ser unificadas, para atender ao limite máximo

deste artigo (BRASIL, 1940a).

Ou seja, o indivíduo poderá ter uma condenação maior do que 30 (trinta) anos, mas ele

só cumprirá 30 (trinta) anos de pena no máximo. Mesmo que não esteja expressamente previsto

no Código Penal, tal medida foi adequada à proibição constitucional. Também é importante

lembrar que a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu na Súmula nº 527 que:

“O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo de pena

abstratamente cominada ao delito praticado” (BRASIL, 2015b, on-line; BITENCOURT,

2015).

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47

4.7. Direito penal brasileiro em face do assassino em série

Atualmente, crimes de assassinatos em série estão sendo tratados como crimes

continuados, neste caso aplica-se o artigo 71, parágrafo único do Código Penal, o qual expressa

que:

Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes

da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras

semelhanças, devem os subsequentes se havidos como continuação do primeiro,

aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,

aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Parágrafo único – nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com

violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os

antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e

as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave,

se diversas até o triplo (BRASIL, 1940).

Observa-se que o parágrafo único tem uma pena maior, para crimes contra vítimas

diferentes, e cometidos com violência á pessoa, neste caso a pena do crime será aumentada até

o triplo.

Neste caso, também pode ser aplicado o artigo 69 do Código Penal, o qual expressa que:

Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,

idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em

que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de

detenção, executa-se primeiro aquela (BRASIL, 1940).

Este artigo faz referência ao concurso material de crimes, onde o agente pratica mais de

uma conduta para consumar o crime, dependendo do concurso aplicado a pena do agente será

somada, isto é, o agente será julgado por seus crimes, e por fim a pena aplicada a cada um dos

crimes praticados será somada. Diferente do crime continuado onde a pena é aumentada

(GRECO, 2014; NUCCI, 2015).

A Lei nº 7.210 de julho de 1984, denominada como Lei de Execução Penal (LEP),

também faz referência a soma ou unificação das penas, conforme expressa em seu artigo 111,

pode-se notar que:

Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em

processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo

resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração

ou remição.

Parágrafo único – Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena

ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime (BRASIL,

1984).

Page 49: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

48

Neste caso, cada crime será tratado de forma independente e não como crime

continuado. Mas observando os elementos de conexão do crime, isto é, o modus operandi,

locus, o tempus, ritual e assinatura que o indivíduo usa. O modus operandi é basicamente as

seis fases do ciclo que o assassino em série passa até consumar o crime, o locus trata-se dos

locais em que ele deixa os corpos das vítimas, o tempus é o intervalo que ele dá até cometer

outro crime.

Já o ritual nada mais é do que a realização de todas as fantasias que o assassino em série

tem em mente, este ritual pode acontecer antes ou depois de matar a vítima. E por fim a

assinatura, trata-se de como ele deixa o local do crime, esses elementos definem a existência de

um crime continuado.

Atualmente no Brasil a sanção penal aplicada ao assassino em série é a pena do crime

de homicídio qualificado, previsto no artigo 121, §2º do Código Penal, o qual expressa que:

Art. 121 – Matar alguém:

Pena – Reclusão, de seis a vinte anos.

§2º – Se o homicídio é cometido:

I – Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II – Por motivo fútil;

III – Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso

ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV – À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que

dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;

V – Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Pena – reclusão, de doze a trinta anos (BRASIL, 1940a).

Nota-se que a pena mínima do homicídio qualificado é o dobro da pena mínima do

homicídio simples, isto é, o indivíduo condenado pelo crime de homicídio qualificado terá uma

pena mínima de 12 (doze) anos, podendo chegar a 30 (trinta) anos de reclusão.

No tópico 4.4 o assunto tratado foi a respeito do projeto de Lei nº 140/2010, fazendo

uma breve recapitulação a respeito da pena proposta na lei vimos que a pena mínima era 30

(trinta) anos de reclusão, sendo 30 (trinta) anos o valor da pena máxima aplicada no Brasil.

Conforme expressa a súmula nº 527 do STJ, caso o tempo de duração da medida de

segurança for maior do que 30 (trinta) anos, estará ferindo o Princípio da Isonomia ou

Igualdade, um dos princípios constitucionais previsto no Art. 5º da CF, o referido artigo

expressa que, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, portanto

não seria constitucional aplicar uma pena mais grave a um indivíduo inimputável (BRASIL,

1988).

Portanto é notável a ineficácia do direito penal brasileiro em face do assassino em série,

uma vez que já foi comprovado que a ressocialização desses indivíduos não é possível, pois

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49

mais cedo ou mais tarde eles serão reincidentes. Neste caso, não há o que se falar em sanções

normais e ressocialização, deve ser aplicado as eles um tratamento especifico e aprofundado

com acompanhamento de psicólogos, psiquiatras e especialistas no assunto.

4.8. Tratamento e Ressocialização do assassino em série

Conforme o entendimento de Casoy (2014a), a agressão nasce dos conflitos internos do

indivíduo, já a Escola Clássica defende a ideia de que os indivíduos cometem seus crimes

utilizando o seu livre arbítrio, ou seja, o indivíduo toma uma decisão consciente. Mas a Escola

Positivista, defende que os indivíduos não têm controle sobre suas ações, ou seja, eles são

influenciados por algum fator, sendo este fator genético ou social (p.19).

Nos casos dos assassinos em série, o fator que leva esses indivíduos a cometer crimes é

o fator genético, portanto, eles não deveriam ser encarcerados em uma penitenciaria sem

nenhum tratamento psicológico ou psiquiátrico. Isso colocaria em risco a integridade física dos

outros presos e também dos próprios indivíduos com transtornos mentais.

É de total importância falar sobre o tratamento imposto aos assassinos em série no

Brasil, tal tratamento é falho aos olhos da sociedade, pois ao invés de tratar e ressocializar o

indivíduo acaba deixando ele pior.

Após esses indivíduos serem diagnosticados com transtornos mentais são submetidos a

cumprir suas penas em uma casa de custódia, por outro lado, caso não sejam diagnosticados

com nenhum transtorno mental, eles cumprem a pena em uma penitenciaria.

Conforme está expresso no artigo 10 da LEP: “A assistência ao preso e ao internado é

dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em

sociedade”, ou seja, deve haver um tratamento para recuperar a moral e a dignidade do apenado

enquanto durar a pena ou sanção penal imposta a eles (BRASIL, 1984).

O tratamento ao assassino em série é completamente possível, devendo ser um

tratamento ambulatorial, o qual deve ser realizado em um Hospital de Custódia e Tratamento

Psiquiátrico. Neste caso, o indivíduo deve ter um acompanhamento médico e tratamento

adequado, conforme o que está previsto nos artigos 97 do Código Penal e artigo 101 da Lei de

Execução Penal.

Mesmo que o indivíduo com transtorno mental cumpra sua sanção penal em Hospital

de Custódia, não significa que ele estará apto para voltar a conviver em sociedade futuramente,

Page 51: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

50

pois o tratamento fornecido não tem sido totalmente eficaz, tendo em vista que a situação do

sistema carcerário e dos hospitais de custódia do pais não está em boas condições, e também o

transtorno mental que eles têm, é incurável, ou seja, não há como reverter, pois, eles não se

enquadram em nenhuma linha de pensamento especifica, neste caso, não há cura.

Conforme o entendimento do doutrinador Greco (2014), o indivíduo inimputável

mesmo após anos de tratamento, não pode voltar a conviver em sociedade:

Estamos cientes de que o Estado não fornece o melhor tratamento para seus doentes,

devemos deixar de lado o raciocínio teórico e ao mesmo tempo utópico de que a

medida de segurança vai, efetivamente, ajudar o paciente na sua cura.

Muitas vezes o regime de internação piora a condição do doente o que justifica a

edição de novo diploma legal que proíbe a criação de novos manicômios públicos.

Contudo, a situação não é tão simples assim. Casos existem em que o inimputável,

mesmo após longos anos de tratamento, não demonstra qualquer aptidão ao retorno

ao convívio em sociedade, podendo-se afirmar, até que a presença dele no seio da

sociedade trará riscos para sua própria vida (GRECO, 2014, p. 757).

Deste modo, a volta deste indivíduo a convivência social traria riscos a ele e também a

sociedade, temos como exemplo o caso do Chico Picadinho, ele ficou 10 (dez) anos preso, e

após ser solto cometeu um crime idêntico ao primeiro. Chico está preso a mais de 30 (trinta)

anos em um hospital de custódia. (CASOY, 2014b)

Antes era possível o tempo de uma medida de segurança ultrapassar 30 (trinta) anos no

Brasil, mas após a reforma psiquiátrica e discussões nos tribunais, isso não pode mais acontecer,

antes a medida de segurança era a sanção penal que se encaixava ao doente mental, hoje o

judiciário sofre para encontrar um meio eficaz para solucionar esse problema.

Sendo assim, é de responsabilidade da penitenciaria ou do hospital de custódia fornecer

o tratamento adequado ao indivíduo, até que ele cumpra a sua pena. O agente deve ser

acompanhado durante todo tratamento, ele também deve ser orientado de forma correta, pois

ele precisa compreender que em breve voltará a reintegrar à sociedade.

Page 52: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

51

5. CONCLUSÃO

A luz de todas as discussões expostas no decorrer deste trabalho, foi possível concluir

que o assassino em série vive em uma zona fronteiriça entre a loucura e a normalidade, para a

psiquiatria forense esses indivíduos são considerados como sujeitos híbridos. Deste modo, o

assassino em série poderá ser considerado como um psicopata ou psicótico, que comete dois ou

mais crimes com um lapso temporal entre eles.

O assassino em série organizado certamente será diagnosticado como um psicopata,

podendo ser emotivo (mata por raiva) ou sádico (mata por desejo), estes indivíduos não sofrem

alucinações e nem delírios, possuem diversas personalidades. Já o assassino em série

desorganizado será diagnosticado como indivíduo psicótico, podendo ser missionário (sofre

alucinação) ou visionário (sofre delírio).

O indivíduo utilizará um modus operandi, que se trata das seis fases do ciclo que o

assassino em série leva para consumar o crime. O modus operandi será composto pelas

seguintes fases: a áurea, da pesca, a da conquista, de captura, do totem/assassinato e por fim a

fase da depressão. Após atingir a última fase (depressão) o indivíduo irá iniciar novamente o

ciclo retornando a fase áurea e assim seguirá um ciclo rotativo e contínuo. Logo após atingir a

execução do crime, o indivíduo sempre deixará uma assinatura no local do crime, e também

levará consigo um pertence da vítima como se fosse um troféu.

Conclui-se também que existem vários aspectos gerais e psicológicos comuns na vida

dos assassinos em série, como: abusos na infância, condutas dissimuladas, isolamento social,

sadismo precoce, enurese, mania de destruição, violência contra animais entre outros. Além dos

aspectos gerais e psicológicos, existe também os fatores que podem ser a causa da psicopatia

de um indivíduo, neste caso deve haver a junção de alguns fatores, sendo eles: os biológicos,

sociais e ambientais. Deste modo, a junção destes fatores poderá predispor o desenvolvimento

de um transtorno da personalidade, podendo ser um transtorno da personalidade paranoide,

esquizoide ou antissocial.

Dentre os três transtornos estudados, o mais comum de ser diagnosticado em um

assassino em série é o transtorno da personalidade antissocial, o sujeito com esse transtorno não

sofre alucinações e nem delírios. Estes indivíduos não têm empatia com o próximo, dificilmente

pensam nas consequências, e seja qual for a situação eles não se arrependem de seus atos, além

de não conseguirem obedecer às regras sociais básicas e as demais regras impostas a eles.

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52

Em relação a responsabilidade penal do agente, só haverá se houver a capacidade penal

do indivíduo, neste caso, deve haver o conjunto de duas condições, sendo a culpabilidade e a

imputabilidade do agente. A culpabilidade será atribuída ao indivíduo que agir dolosamente e

cometer um fato típico e ilícito. Ao modo que, a imputabilidade nada mais é do que a capacidade

de entender o caráter ilícito do fato praticado, ou seja, haverá imputabilidade do agente, quando

o mesmo for mentalmente são no momento em que praticar a infração penal. É de grande

relevância notar que o artigo 26, parágrafo único do Código Penal refere-se aos indivíduos

semi-imputáveis, são aqueles que estão na zona fronteiriça entre a loucura e a normalidade

mental, a esses indivíduos a pena será reduzida de um a dois terços.

É importante observar que a culpabilidade poderá ser excluída se houver

inimputabilidade do agente, trata-se da falta de sanidade mental do indivíduo no momento da

prática da infração penal. De acordo com o artigo 26 caput do Código Penal, haverá

inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento metal incompleto ou retardado. Para

que a inimputabilidade seja confirmada, deve haver a comprovação mediante perícia médica de

que o indivíduo no momento do ato ilícito era inteiramente incapaz.

Neste caso, a doutrina adota o critério biopsicológico. Ao modo que, o critério biológico

refere-se à comprovação da doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou

retardado, e o critério psicológico trata-se do agente que era no momento do fato inteiramente

incapaz de compreender o ilícito penal.

Atualmente no Brasil é aplicado a esses casos o artigo 121 do Código Penal, em razão

da inexistência de um artigo especifico para tal crime, neste caso o indivíduo pode ser

considerado como imputável, semi-imputável ou inimputável.

No caso de o indivíduo ser considerado imputável seria aplicado a ele o artigo 121, com

um limite máximo de 30 anos de pena, com direito a progressão de regime e liberdade

condicional. Caso o indivíduo fosse considerado semi-imputável, seria aplicado a ele o artigo

26, parágrafo único do Código Penal, com uma redução de um a dois terços da pena ou poderia

ser aplicado uma medida de segurança, dependendo do caso.

Nota-se que o indivíduo na semi-imputabilidade não seria isento da pena, mas teria a

redução da pena. Já no caso de o indivíduo ser considerado doente mental, seria aplicado a ele

a inimputabilidade penal nos termos do artigo 26 caput do Código Penal, sendo imposto a ele

uma Medida de Segurança, a qual a sanção penal será a internação ou tratamento ambulatorial,

neste caso o indivíduo seria isento da pena, porem seria submetido a uma sanção penal. A

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medida de Segurança não deveria ser limitada ao tempo, mas sim ser limitada a recuperação do

indivíduo, isto é, deveria durar até ser notável a melhora do sujeito.

Deve-se observar também as leis vigentes, as hipóteses de exclusão da imputabilidade,

e sanções adequadas, para que seja aplicado aos indivíduos nos casos em que eles forem

considerados como pessoa com transtornos mentais ou não. E caso seja comprovado que o

indivíduo é inimputável, que possa ser aplicado a ele um tratamento ambulatorial especifico e

adequado, devendo este tratamento, ser acompanhado por profissionais qualificados e que

entendam do assunto.

Resta observar que o assunto gera uma grande comoção social, o que levou a criação de

projetos para reformar a legislação vigente, bem como o Projeto de Lei do Senado nº 140/2010.

O projeto de lei demonstrava uma grande preocupação com o assassino em série, tinha como

finalidade diferencia-los dos criminosos comuns, bem como a preocupação de proteger a

sociedade vitima desses indivíduos.

Mas tal projeto de lei foi arquivado por haver conflitos com a Constituição Federal e

Legislação penal vigentes. Tal conflito com as normas vigentes diz respeito aos anos de

cumprimento da penal, o que hoje é previsto 30 (trinta) anos de tempo máximo para um

indivíduo cumprir a pena, no projeto foi apresentado 30 (trinta) anos como tempo mínimo a de

cumprimento da pena, que seria imposto ao sujeito considerado assassino em série.

É de extrema importância a criação de uma política criminal, tendo em vista que o

Brasil não possui uma lei especifica a respeito de tal crime, sendo aplicado a tal caso o artigo

121 do Código Penal, cumulado com o artigo 71, parágrafo único do mesmo código. O artigo

71 traz um aumento de pena até o triplo. Se os crimes cometidos forem idênticos aumenta-se

até o triplo somente um dos crimes, ao modo que, nos crimes diversos somente aplica-se esse

aumento de pena até o triplo, no crime considerado mais grave. Nota-se, que não ocorre o

aumento de pena até o triplo em todos os crimes, mas sim, em somente um deles, isto é, no

crime diverso ou no mais grave.

Não seria a punição que diminuiria a criminalidade, e também não será as sanções a

possível chave para curar os assassinos em série, mas sim novas medidas de tratamentos para

recuperar esses indivíduos, tendo como base novas reformas políticas e sociais especificas.

Mas como foi apresentado no decorrer deste trabalho, esses indivíduos são

considerados para o direito como pessoas normais capazes de entender o resultado de seus atos,

e para a psiquiatria e psicologia eles são considerados como pessoas doentes, o que gera um

conflito, e acaba prejudicando na aplicação da sanção.

Page 55: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

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Deste modo, é necessário que haja uma união entre os profissionais do direito, da

psiquiatria e da psicologia, para que possam chegar a um consenso e atingir o devido tratamento

do assassino em série e atingir uma solução para esse problema.

Em outros países esses indivíduos são considerados como psicopatas e totalmente

responsáveis pelos seus atos. Mas no Brasil caso eles sejam considerados como seres

imputáveis, será aplicado a eles penas com a finalidade de uma possível ressocialização futura.

Mas caso seja atribuído a inimputabilidade ou semi-imputabilidade será aplicada uma sanção

penal ou diminuição da pena.

Neste caso, se esses indivíduos não são acometidos de transtornos mentais, não deve ser

aplicado a eles uma medida de segurança, mas sim uma pena e tratamento adequado, com

acompanhamento e supervisão de um profissional especializado. E aos que são acometidos de

transtornos mentais, deve ser aplicado a eles a medida de segurança apropriada, com o devido

acompanhamento e supervisão de profissionais capacitados.

É de extrema importância observar os direitos dos cidadãos, até mesmo as pessoas que

não tem transtornos, neste caso, é necessária uma atenção maior, muita cautela com esses

indivíduos e mais estudo para saber o quanto, e o que é preciso para manter esses sujeitos em

segurança de si mesmos e das pessoas que os cercam.

Esses transtornos são internos, não dá para perceber sem uma observação constante e

alguns testes psicológicos. Ficando assim, mais difícil de perceber e tomar a medida correta.

Mas é um motivo de grande preocupação, pois a sociedade está cada vez mais ansiosa, nervosa

e sem limites. E não precisa ser um assassino em série para matar. Tendo em vista que a

ansiedade, os estresses constantes podem estimular e causar um transtorno mental.

Vale ressaltar que não é possível que haja a ressocialização desses indivíduos, tendo em

vista que não há cura e também não há uma explicação concreta para tal problema. Portanto a

única solução possível no momento seria um tratamento aprofundado, contínuo, específico e

supervisionado por profissionais qualificados. Este tratamento, também deveria durar até o

cumprimento da pena ou sanção imposta a eles. O que dificilmente ocorre hoje em dia nas

penitenciárias e casas de custódias do Brasil, por falta de alguns recursos.

Page 56: ASSASSINOS EM SÉRIE E O DIREITO PENAL BRASILEIRO

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