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1 ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE FIGUEIRO DOS VINHOS ATA Nº 26 (Quadriénio 2013/2017) Sessão de 24.06.2017 ------ Ao vigésimo quarto dia do mês de junho do ano de dois mil e dezassete, pelas 11:30 horas, reuniu em Sessão Extraordinária, na Casa da Cultura, a Assembleia Municipal de Figueiró dos Vinhos, sob a presidência do Exmo. Sr. Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro, sendo ladeado pelos membros da Mesa da Assembleia Municipal, Dr. Carlos Manuel Simões da Silva, Presidente, Srª. Prof. Celeste Ribeiro Cardoso Dias, Primeira Secretária e o Sr. António Manuel Ferreira da Silva, Segundo Secretário, com a seguinte ordem de trabalhos:-------------------------------------------------------------------------------------------- Comemoração do Dia do Concelho --------Estiveram presentes os seguintes Membros da Assembleia Municipal: Drª. Maria Margarida Herdade Santos Lucas, Dr. Fernando Manuel da Conceição Manata, Sr. Jorge Manuel Alves Domingues, Sr. João Cardoso de Araújo, Dª Ana Bela da Conceição Silva, Eng.º Miguel Ângelo Portela da Silva Caetano, Eng.º André Jorge Neves Quevedo Lourenço, Sr. Paulo Jorge Mendes Lima Camoezas Beça, Sr. Fernando Manuel de Carvalho Batista, Sr. Armando Domingos Gonçalves, Dr. António Pedro Serra Lopes Prior Ladeira; Sr. Carlos Alberto Godinho Simões, Presidente da Junta de Freguesia de Aguda; Eng.º Luís Filipe Antunes da Silva, Presidente da União das Freguesias de Figueiró dos Vinhos e Bairradas; Dr. Nuno Filipe Conceição Rodrigues, Presidente da Junta de ATA DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE FIGUEIRÓ DOS VINHOS, REALIZADA NO DIA 24 DE JUNHO DE 2017

ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE FIGUEIRO DOS VINHOScipe/Atas/Atas_de... · 3 Senhor responsável da Protecção Civil de Figueiró dos Vinhos Senhor Dr. Lídio Lopes, Director da SCML, em

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE FIGUEIRO DOS VINHOS

ATA Nº 26 (Quadriénio 2013/2017)

Sessão de 24.06.2017

------ Ao vigésimo quarto dia do mês de junho do ano de dois mil e dezassete, pelas

11:30 horas, reuniu em Sessão Extraordinária, na Casa da Cultura, a Assembleia

Municipal de Figueiró dos Vinhos, sob a presidência do Exmo. Sr. Secretário de

Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro, sendo ladeado

pelos membros da Mesa da Assembleia Municipal, Dr. Carlos Manuel Simões da

Silva, Presidente, Srª. Prof. Celeste Ribeiro Cardoso Dias, Primeira Secretária e o Sr.

António Manuel Ferreira da Silva, Segundo Secretário, com a seguinte ordem de

trabalhos:--------------------------------------------------------------------------------------------

• Comemoração do Dia do Concelho

--------Estiveram presentes os seguintes Membros da Assembleia Municipal: Drª. Maria

Margarida Herdade Santos Lucas, Dr. Fernando Manuel da Conceição Manata, Sr. Jorge

Manuel Alves Domingues, Sr. João Cardoso de Araújo, Dª Ana Bela da Conceição Silva,

Eng.º Miguel Ângelo Portela da Silva Caetano, Eng.º André Jorge Neves Quevedo

Lourenço, Sr. Paulo Jorge Mendes Lima Camoezas Beça, Sr. Fernando Manuel de

Carvalho Batista, Sr. Armando Domingos Gonçalves, Dr. António Pedro Serra Lopes Prior

Ladeira; Sr. Carlos Alberto Godinho Simões, Presidente da Junta de Freguesia de Aguda;

Eng.º Luís Filipe Antunes da Silva, Presidente da União das Freguesias de Figueiró dos

Vinhos e Bairradas; Dr. Nuno Filipe Conceição Rodrigues, Presidente da Junta de

ATA DA SESSÃO

EXTRAORDINÁRIA DA

ASSEMBLEIA MUNICIPAL

DE FIGUEIRÓ DOS VINHOS,

REALIZADA NO DIA 24 DE

JUNHO DE 2017

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Freguesia de Arega.------------------------------------------------------------------------------------

--------Nos termos previstos no artigo 48º da Lei nº 169/99, de 18 de setembro, com as

alterações introduzidas pela Lei nº 5-A/2002, de 11 de janeiro, a Câmara Municipal fez-

se representar pelo Sr. Presidente da Câmara, Sr. Jorge Manuel Fernandes de Abreu.

Presentes também a Sr.ª Vereadora e Vice-Presidente, Dr.ª Marta Inês Dinis Brás

Cardoso Fernandes, o Sr. Vereador, Eng.º Manuel da Conceição Paiva, o Sr. Vereador,

José Manuel Fidalgo de Abreu Avelar e o Sr. Vereador, Eng.º Rui Manuel Almeida e

Silva.-------------------------------------------------------------------------------------------------

--------Constatada a existência de quórum, a secretária do Gabinete de Apoio, à

Assembleia Municipal, Adelaide Paiva, cumprimentou o Sr. Secretário de Estado das

Comunidades Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro, e, em seu nome, convidou para

intervir o senhor Dr. Carlos Manuel Simões da Silva, Presidente da Assembleia

Municipal, que antes de dar início à sessão solene, que assinala o Dia do Concelho,

solicitou um minuto de silêncio em homenagem a todos os que faleceram no trágico

incêndio ocorrido no passado dia dezassete de junho.------------------------------------------

Seguidamente com a permissão do Sr. Secretário de Estado das Comunidades

Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro, deu início aos trabalhos, e proferiu o seguinte

discurso:

“Exmo. Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Estimado Amigo

Dr. José Luis Carneiro, a quem agradeço penhorado a sua presença na Presidência

desta sessão solene do Dia do Concelho de Figueiró dos Vinhos

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal, Jorge Abreu

Senhores Deputados da Assembleia da República

Senhores Presidentes das Câmaras Municipais de Castanheira de Pêra, Proença a

Nova e Alvaiázere

Senhora Vereadora e senhores Vereadores

Senhoras e senhores Deputadas e Deputados Municipais

Senhores Presidentes das Juntas de Freguesia de Aguda, Arega, Campelo e União de

Freguesias de Bairradas e Figueiró dos Vinhos

Senhor Comandante dos Bombeiros Voluntários de Figueiró dos Vinhos

Senhor Comandante do Posto da GNR de Figueiró dos Vinhos

3

Senhor responsável da Protecção Civil de Figueiró dos Vinhos

Senhor Dr. Lídio Lopes, Director da SCML, em representação do Provedor Dr. Pedro

Santana Lopes

Senhores Sérgio Monte e Luis Correia, Secretários Gerais Adjuntos da UGT

Senhores Luis Azinheira e Joaquim Mendes Dias Presidente e Tesoureiro da

Associação e da Escola Profissional Agostinho Roseta

Senhores representantes de outras entidades da Administração Pública

Demais convidados

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Desde 1204, com a outorga da carta de foral por D. Pedro Afonso, filho de Dom Afonso

Henriques, Figueiró dos Vinhos consolidou a sua existência e é hoje um dos mais

antigos concelhos de Portugal.

Uma história longa de 813 anos que nos obriga, hoje como sempre, a afirmarmos

orgulhosamente que chegámos até aqui porque os figueiroenses foram resilientes,

lutadores, determinados e persistentes em afirmar-se como comunidade, região, com

uma história e uma cultura multi-secular que garantiu a nossa sobrevivência dentro do

nosso próprio País.

Por aqui passaram tantas figuras da nossa história nacional, umas que por cá

nasceram. Outras que se fixaram, mas todas apaixonadas por uma região bela de

séculos, com as suas serras povoadas de luxuriantes e verdejantes florestas, ribeiras e

regatos por entre elas serpenteando, aldeias escondidas no seu seio, fazendo despontar

as multicoloridas árvores, flores e todas as plantas que contribuíram para esta beleza

natural que levou José Malhoa a considerar Figueiró “a Sintra do Norte”.

Hoje é o Dia do Concelho e por isso devemos, cada ano que passa, relembrar quem

somos, porque somos e o que queremos ser, qualquer que seja a bonança ou o

vendaval, mesmo que sejamos abalados por desastres naturais ou provocados,

festejaremos o Dia do Concelho de Figueiró dos Vinhos. A isso a história, a memória

dos nossos avós e tetravós que nos antecederam nos obriga.

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Devia ser sempre Dia de Festa este 24 de Junho, Dia de São João, orago de Figueiró,

tempo de marchas populares e arraial nas ruas da vila e do concelho.

Mas neste ano de 2017, não estamos em condições de festejar o que quer que seja,

excepção feita a esta sessão evocativa do Dia do Concelho, o Dia do orgulho

figueiroense.

Por respeito aos que partiram numa triste tarde de 17 de Junho, destruídos por uma

calamidade de proporções bíblicas que arrastou famílias, amigos, jovens e menos

jovens, homens e mulheres, meninos e meninas sem olhar a quem ou a que condição.

Ainda hoje Figueiró rendeu homenagem a mais três dessas 64 vítimas do fogo que só

ontem foi considerado dominado.

Em memória dessas vidas interrompidas sem sentido, e dos que hoje choram os seus

familiares e amigos, foram canceladas as Festas deste Concelho com 813 anos.

E a nossa Sintra do Norte eclipsou-se da noite para o dia, o verde passou a negro, a

vida passou a morte, a cinzas e pó.

Mas se as vidas não as conseguimos reaver, a nossa paisagem, o verde das nossas

serras há-de reerguer-se, não fossemos nós uma comunidade que honra o seu passado

e a memória dos que nos antecederam.

Mas também estamos obrigados, nós figueiroenses, em conjugação de esforços com os

nossos vizinhos de Castanheira de Pêra e de Pedrógão Grande, de Góis, da Sertã, da

Pampilhosa da Serra e de Penela a arregaçar as mangas e a reconstruir o que se

perdeu.

Estamos obrigados a isso.

É essa força motriz humana que nos deve galvanizar numa hora de Luto e de Perda de

tantos dos nossos.

Os que partiram merecem que nos batamos por fazer renascer a nossa terra das cinzas

e que continuemos, em tempos futuros, a festejar o São João e o Dia do Concelho nas

ruas. Em clima de Festa.

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Mas hoje não.

É tempo de recolhimento e reflexão. É tempo de oração e prece, de homenagem sentida

à imprevisibilidade da morte.

É tempo de homenagear quem morreu, mas também render preito de homenagem a

todos quantos lutaram para que a besta fosse dominada.

Sim, a besta só é dominada por gente heróica, corajosa, que se bate denodadamente

contra alguém que a transcende em força bruta e assassina.

Gente como os nossos Bombeiros de Figueiró dos Vinhos e de todo o País.

Neste momento, enquanto Presidente da Assembleia Municipal de Figueiró dos Vinhos,

desejo e é meu dever ético prestar esta homenagem aos nossos homens e às nossas

mulheres, que honram a farda de Bombeiro que vestem com galhardia, na pessoa do

comandante Paulo Renato.

Na sua pessoa honro de forma singela todos os Bombeiros portugueses.

Vocês são motivo de orgulho permanente para uma terra com 813 anos de história.

Bem hajam!!!

Mas quero também prestar a minha homenagem a todos e todas que, de forma

voluntária e altruísta, se solidarizaram com o sofrimento e a dor das nossas gentes, que

partilharam a entreajuda, e que prosseguem esse trabalho de apoio a quem dele mais

necessita, sejam organizações da sociedade civil, sejam meros indivíduos, ou sejam

também as muitas entidades da Administração Pública e da Administração Local.

Uma palavra de reconhecimento aos trabalhadores do Município, incansáveis na sua

disponibilidade, ainda que tenham sido tocados pela infelicidade e pela tragédia alguns

deles.

Não quero incluir aqui quaisquer divagações sobre o que aconteceu, à forma como

aconteceu e como alcançou proporções dantescas.

Espero, como figueiroense e como cidadão deste país democrático e livre, que a culpa

não morra solteira.

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Se a catástrofe não pôde ser evitada, talvez pudesse não ter os contornos gigantescos

que atingiu, com custo incalculável de vidas humanas e património.

Haja coragem para mudar, para organizar territórios e mentalidades, para apoiar

quem tudo perdeu, mas também para penalizar quem abandona terras e casas que

põem em perigo a comunidade.

Em democracia, os cidadãos não têm só direitos.

Também têm deveres, não apenas para com o Estado ou a Lei.

Sobretudo têm o dever de cumprir a cidadania, no pleno respeito pelos outros, pelos

vizinhos, pela sua comunidade, por quem aceitou legados e heranças.

Temos todos muito para aprender.

Os 64 que morreram obrigam-nos a essa aprendizagem e a esse esforço colectivo de

sermos melhores connosco próprios.

Esse é um ensinamento que, sinceramente, espero que se retire desta calamidade.

Cabe ao Governo, direi melhor, ao actual e aos futuros Governos, não se demitirem das

suas responsabilidades sociais e políticas, não cederem aos interesses económicos do

lucro e aos “amiguismos”, e porem mão à obra, criando e aplicando medidas que

evitem a repetição do que aqui aconteceu.

Em memória dos que partiram, das suas famílias e amigos, da nossa terra, do nosso

concelho, dos nossos vizinhos.

Diria mesmo mais, em nome de Portugal, que é quem sofre quando sofrem os seus

filhos, estamos obrigados a fazer tudo para evitar que se repita esta catástrofe.

Mesmo em tempo de Luto, e porque os que partiram e os que por cá continuam

merecem, quero terminar com um sentido:

VIVA FIGUEIRÓ!!!”

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--------De seguida usou da palavra a líder da bancada do CDS-PP , Sr.ª Prof.ª Celeste

Dias, que proferiu o seguinte discurso:

“Exmo Sr. Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro

Exmo Sr. Presidente da Assembleia Municipal

Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal

Exmos Senhores Vereadores

Exmos Senhores Deputados Municipais

Exmos Presidentes de Juntas de Freguesia

Exmos restantes Autarcas

Exmos Representantes de Entidades presentes

Minhas Senhoras e meus Senhores

Amigos Figueiroenses:

Aqui, neste local, estivemos há um ano a celebrar o dia do Concelho de

Figueiró dos Vinhos, o nosso espaço, a nossa terra, onde nos é permitido sonhar, mas

onde muitas vezes, não nos permitem viver e construir o futuro.

É dentro deste contexto, que eu, como independente, mas representando o CDS-

PP, ocupo este lugar, nesta mesa.

Há poucos dias atrás, eu elevaria este território como privilegiado, no que

concerne às várias espécies vegetais, que pelos montes e vales se erguiam

orgulhosamente, perfumando e colorindo os seus ambientes. Hoje, neste momento, direi

que uma grande parte desta vida morreu, foi consumida pelas chamas, deixando um

rasto de cinzas, de esqueletos erguidos sem vida, que nos tocam profundamente.

Sei que foi doloroso para todos sentir este cenário dantesco, de uma crueldade

extrema, pois as vidas que foram travadas tão repentinamente deixaram-nos uma

imagem do quanto a natureza, quer seja “a natureza mãe” ou “a natureza dos

humanos” que sempre espreita o momento oportuno para trair e destruir.

Pergunto:

-Quem e porquê? Não encontro resposta.

Embora tenhamos sempre presente esta calamidade, que se abateu sobre estas

terras, não posso, no entanto deixar de afirmar, que nunca é demais falar das

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potencialidades, que este território nos oferece, quer a nível de locais paradisíacos,

quer a nível de oferta diferenciada, a quem tiver a capacidade de criar algo de si

próprio, a quem possuir um verdadeiro interesse neste espaço, mas sobretudo a quem

tiver a veleidade de por vezes correr um risco, e dele apenas esperar uma alternativa e

a concretização de um sonho, que não deixou esvaziar.

Somos um Concelho, que prima pela cultura do som, da cor, das palavras, dos

sorrisos e por vezes até das lágrimas.

Seria demasiado fastidioso explorar cada uma delas, pois creio, que todos nós

saberemos entender o seu conteúdo.

Quero, apenas falar na cultura dos sorrisos, onde podemos incluir as crianças,

a quem tem sido oferecido a satisfação das necessidades básicas ao desenvolvimento

harmonioso do seu crescimento. As escolas, no aspeto material estão sumamente

apetrechadas, esperando que as mesmas sejam orientadas e possam usufruir de todo

esse bem. Diz o ditado popular: ”Quem os meus filhos beija, minha boca adoça. ”Pois

bem, seria urgente, que tudo aquilo que lhes proporcionam, servisse para que na sua

idade jovem, fosse o corolário dos seus sonhos, das suas ambições.

É certo, que nem todos os jovens podem ser doutores, eng. ou ter um grau médio

ou superior. Muitas vezes, os mais afortunados academicamente não são os que dão

provas mais eficazes no trabalho que executam. Urge, pois, olhar para os que não

conseguem chegar a um patamar mais alto, conduzi-los e orientá-los para uma

preparação profissional diferenciada, cujos objetivos estariam ao seu alcance.

Não ficaria bem comigo, se não dissesse algo relacionado com a área onde “a

troco de nada” eu me insiro, ou seja, na observância das “lágrimas”.

É na realidade uma evidência, que o concelho de Figueiró dos Vinhos, já

bastante desertificado, nos mostra que o emprego é um bem de casualidade. Diz-se

muitas vezes, ”ó não querem trabalhar”...acentuando-se a cultura de “subsídio-

dependência.” Talvez, mas não é a regra, contudo, há um número elevado de pessoas,

que se encontram nesta situação.

Conheço bem as pessoas a quem estendemos os braços e abrimos as mãos.

Podemos fazê-lo, porque além da nossa disponibilidade o entender, também as

Entidades Oficiais deste Concelho, onde o Município e a União das Freguesias de

Figueiró dos Vinhos e Bairradas marcam presença e ainda porque há pessoas

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generosas, onde se integram os beneméritos conhecidos e todos, os que no anonimato

são capazes de com o pouco fazer levedar o todo, do muito que precisamos, para

enxugar as lágrimas dos mais frágeis e deserdados da vida!

Voltando à calamidade, que dizimou uma grande parte do nosso Concelho,

assim como outros concelhos vizinhos, não posso deixar de apresentar em nome do

CDS-PP e em meu nome pessoal as sinceras condolências a todas as Famílias

enlutadas e dizer a essas mesmas Famílias, que não desistam da vida, dos seus sonhos,

que lutem permanentemente e que a confiança e a esperança se tornem cada vez mais

fortes , pois só desta forma, poderão vencer as provações a que foram sujeitas.

Deixo também o meu reconhecimento a todos os bombeiros, soldados da Paz,

que arriscaram a sua vida pelos outros; aos que estiveram no terreno correndo os

mesmos perigos; a toda a população que se mobilizou para ajudar em tudo o que a

trágica situação exigia; aos escuteiros que abraçando o seu lema concretizaram-no,

servindo; aos jovens que também compareceram dando mais uma vez provas da sua

generosidade, que lhe é tão peculiar.

Resta-me apelar, a quem de direito, para que todos os contributos que a esta

causa se destinarem, sejam equitativamente distribuídos, tendo em conta as

necessidades dos diferentes agregados familiares. Que o bom senso e o sentido de

justiça imperem, para que os legítimos fins, não sejam defraudados.

Desejaria ainda, que todos os projetos já enumerados e conhecidos, sejam uma

realidade, pois o Concelho de Figueiró dos Vinhos precisa de dar guarida às suas

gentes, dar valor a todos que têm capacidade de elevar a sua terra ao nível de alguns

Municípios mais dinâmicos e empreendedores, e sobretudo de se afirmar como uma

região turística de excelência, de gente trabalhadora, criativa, geradora de emprego,

sobretudo de jovens guerreiros, que sejam capazes de transformar este solo fértil e

acolhedor em terra de promissão!...

Por último, gostaria, que até às Autárquicas, que ocorrerão a um de Outubro

deste mesmo ano, seja um tempo tranquilo, sereno, que ninguém se torne escravo das

suas ideologias, repito ideologias, pois todo aquele que perfilha essa postura, não

revela espírito democrático, nem é amante da liberdade.

Apelo, para que todo o Figueiroense se concentre no essencial, que as pessoas

devem estar sempre em primeiro lugar, independentemente dos seus credos ou opções,

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quer religiosas ou políticas.

Auguro, para que este tempo que decorrerá até Outubro, seja de pura verdade e

autenticidade. Não é desprezando ou maldizendo o outro, que eu subo mais um patamar

na minha dignidade pessoal e profissional, mas se enveredar por um caminho adverso,

serei capaz de identificar-me tal como sou, perante o povo, que me olhará com

esperança e assim saberá fazer a sua opção, que desejo ardentemente possa contribuir

para corrigir e melhorar a vida de todos os Munícipes deste Concelho de Figueiró dos

Vinhos.

VIVA FIGUEIRÓ DOS VINHOS!”

-------De seguida usou da palavra o líder da bancada do Partido Socialista, Dr.

Fernando Manata, que proferiu o seguinte discurso:

- SR. SECRETÁRIO DE ESTADO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS;

-SR. PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL;

-SR. PRESIDENTE E SRS. VEREADORES DA CÂMARA MUNICIPAL;

-SRS. PRESIDENTES DE JUNTA E RESTANTES AUTARCAS;

-SRAS. E SRS. CONVIDADOS;

-SRS. REPRESENTANTES DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

-FIGUEIROENSES;

- Cumprimentamos o Sr. Secretário de Estado e agradecemos-lhe pela sua presença no

concelho, e em particular nesta sessão de Assembleia Municipal.

- O dia 24 de Junho, dia do concelho, é, no ano de 2017, e para todos os Figueiroenses,

o dia de evocação da nossa terra e das suas gentes.

- Este ano, porém, os trágicos acontecimentos dos últimos dias que trouxeram ao

Município e aos seus habitantes o preto da perda de vidas e o negro que se vislumbra

pela terra ardida na maior parte do concelho, leva-nos a que, com emoção, deixemos

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um sentimento de vincado pesar à famílias dos nossos amigos e dos nossos

conterrâneos pelos acontecimentos verdadeiramente macabros, de ceifa de vidas e de

queima de bens essenciais ao viver quotidiano de quantos, que serão todos os

Figueiroenses, ficaram marcados no íntimo do seu ser.

- Figueiró perdeu criança, jovens e idosos, por via da actuação de um dos mais

traiçoeiros fenómenos que nos visitam com regularidade – “ o fogo florestal”-.

- Curvamo-nos pelos que partiram desta vida, deixando em lágrimas, pais, filhos, avós,

netos, irmãos e cônjuges.

- Curvamo-nos também perante as entidades que forma lutando contra ventos e

tempestades, explicitando os Bombeiros Voluntários, tantas vezes impotentes para

minimizar uma adversidade tão fúnebre.

- É nossa obrigação curvarmo-nos ainda perante todos quanto lutaram, ajudaram e

colaboraram, insistindo dia e noite para que o inferno vivido se fosse apagando; e aqui

não podemos deixar de transmitir uma palavra de reconhecimento e agradecimento,

pelo trabalho desenvolvido, à Câmara Municipal, na pessoa do seu Presidente, que,

arduamente, consistentemente e também serenamente soube defender o interesse do

concelho e dos Figueiroenses.

-O extremo do norte do distrito de Leiria, ou se se quiser o Nordeste do Distrito de

Leiria, onde incluímos os nossos vizinhos concelhos de Castanheira de Pêra e

Pedrógão Grande, perderam, juntos, muito do que é seu, que é bem menos do que existe

noutras partes do País.

- Mas este recanto de Portugal, que pelos piores motivos, trouxe até si, em

solidariedade, proximidade e angústia, as mais altas individualidades que nos

governam, e relembramos, a Presidência da República, a Assembleia da República e o

Governo, ficou seguro de que houve um passo importantíssimo dado no sentido de que

o País terá de passar a ser mais uno, mais próximo, menos dispenso, menos desigual do

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que sempre tem sido.

- O Pais Rural não pode deixar de ter todos os direitos que o tornem cada vez menos

desigual, onde têm de ser aplicadas, sem qualquer tergiversação, medidas de real

discriminação positiva.

- Só desta forma entenderemos a preocupação, que cremos real, que todo o português

tem – do Algarve a Trás os Montes, passando pelo Terreiro do Paço e por Belém – de

contribuir para um País mais coeso, social e economicamente.

- Aqui, em Portugal, pela memória dos que partiram, deixando em sofrimento os que

ficaram, acreditamos que ninguém vai falhar ou desistir.

- Todos têm de sentir que os portugueses se identificarão uns com os outros garantindo

em uníssono que nunca mais poderão passar por momentos de tanta preocupação.

- De facto o País, além de ser solidário, e por isso mesmo, é uno e indivisível.

É nestas ideias que nos revemos; é nelas que acreditamos.

VIVA FIGUEIRÓ!

VIVA PORTUGAL!”

-------A seguir usou da palavra o líder da bancada do Partido Social Democrata, Sr.

João Cardoso Araújo, que leu o seguinte discurso:

“Exmo. Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas,

Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Figueiró dos Vinhos,

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos,

Exmos Senhores Deputados à Assembleia da Republica,

Exmos. Senhores Vereadores da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos,

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Exmos. Senhores Deputados Municipais e Presidentes das Juntas de Freguesia de

Campelo, Aguda, Arega e União das freguesias de Figueiró dos Vinhos e Bairradas,

Exmos, Senhores Presidentes das Câmaras Municipais dos concelhos de Alvaiázere,

Castanheira de Pera e Proença-a-Nova,

Exmos. Representantes de Entidades Oficiais, Regionais e Concelhias,

Exmos. Representantes das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto,

Caríssimos Figueiroenses,

Digníssimos convidados e convidadas,

Comunicação social presente,

Comemora-se, hoje, mais um Dia do Concelho de Figueiró dos Vinhos.

Comemora-se para reforçar a unidade e a coesão de todos. Para despertar o justo

orgulho de ser Figueiroense.

A data pode ser vivida como uma igual a tantas outras ou pode ser para nós um dia que

nos convida a refletir sobre a tragédia que há poucos dias se abateu sobre todos nós.

Inesperadamente e sem aviso.

O Concelho está em choque. A região está em choque.

As famílias estão em sofrimento. O país está desolado.

A história e os que nos antecederam lembram-nos a nossa força, do que fomos capazes,

do que somos capazes, do que podemos e precisamos de mobilizar para ultrapassar a

tragédia que nos assolou.

Esta é uma hora de luto e dor, mas também de resistência e de confiança no ultrapassar

as dificuldades.

Figueiró dos Vinhos é forte e mesmo ferido e a sangrar levanta-se. Sempre!

Sr Secretário de Estado

Minhas Senhoras Meus Senhores

Entendemos Figueiró dos Vinhos como um todo e não como uma realidade isolada. Não

somos nada sem a região de que fazemos parte. Os nossos interesses são os interesses

dos nossos vizinhos. Entenda-se isto, também, como um abraço solidário com que daqui

hoje saudamos Pedrogão Grande, Castanheira de Pêra, Ansião, Pampilhosa da Serra,

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Alvaiázere, Penela, Lousã, Gois, Arganil e Sertã

Concelhos que como nós sentiram bem as amarguras destes dias.

Para os incansáveis e abnegados Bombeiros, para todas as entidades envolvidas, para

a nossa população, o nosso reconhecimento, a nossa gratidão e o nosso incondicional

apoio. Realçamos os extraordinários exemplos de solidariedade vinda de muitos e de

regiões diversas. De todos aqueles que de fora de Portugal, pessoas, Instituições,

Estados, nos expressaram solidariedade, palavras de ânimo e de carinho, e de tantos

Portugueses que se mobilizaram de uma forma extraordinária, ajudando de formas

muito diversas. E nesse apoio e nessa onda de solidariedade os Figueiroenses foram

enormes. Todos eles.

Para as famílias que perderam os seus familiares nesta tragédia, que nos comove e que nos

choca a todos pela sua dimensão, sinceros votos de enorme pesar.

Sr Secretário de Estado

Minhas Senhoras Meus Senhores

É importante que tudo isto se recorde e não apenas quando estas ocasiões acontecem.

Temos todos a responsabilidade de não deixar morrer essa esperança de, a seu tempo,

saber o que aconteceu e o porquê para que situações como esta não se voltem a repetir.

Mas para isso, não basta ouvir, é necessário fazer. Não bastam só palavras é preciso

algo mais. Muito mais. Agir, mudar, transformar, melhorar. Até porque como sabemos

os problemas não se resolvem apenas falando deles, resolvem-se identificando as suas

causas, encontrando as soluções adequadas e pondo-as em prática.

Aproveitamos a oportunidade da presença de V.EXcia. Sr Secretário de Estado para lhe

pedir que transmita ao governo as nossas preocupações, as nossas angústias, os nossos

anseios e a nossa esperança num futuro melhor. Que não nos fiquemos, como

infelizmente muitas vezes acontece, pelas palavras e boas intenções, mas que elas

tenham tradução efetiva na ajuda que a nossa população precisa e que todos

reclamamos.

Sr Secretário de Estado

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É em nome de tudo o que aconteceu. De tanta dor na hora da partida. De tanta saudade

já sentida. De tanta lágrima caída. É em nome das nossas gentes que lhe pedimos isso.

Elas merecem-no e nós devemos-lhes isso.

Minhas Senhoras Meus Senhores

Em tempos difíceis como os que vivemos hoje e numa terra pequena como a nossa não

se devem desperdiçar forças nem energias sob pena de perdermos o presente e

hipotecarmos o futuro.

As dificuldades com que nos deparamos hoje deverão fazer com que todos tenhamos a

obrigação de deitar para trás das costas eventuais pequenas coisas que nos possam

dividir para darmos as mãos em torno das grandes coisas que certamente não podem

deixar de nos unir, Figueiró e os Figueiroenses.

Minhas Senhoras Meus Senhores

Comemorar Figueiró dos Vinhos é, acima de tudo, e nestas circunstâncias tão

tragicamente especiais, homenagear um povo que soube sempre encontrar na

adversidade a força necessária para vencer.

Gente boa

Gente solidária e de trabalho

Gente empenhada na consolidação do nosso presente e na construção do nosso futuro.

Por que uma coisa é certa. Há e haverá sempre um outro caminho. Assim o saibamos

construir e tenhamos a coragem de o trilhar.

Terminamos agradecendo a vossa atenção e sublinhando o grato prazer de, apesar de

todas as vicissitudes, podermos celebrar o Dia do Concelho, aqui convosco, reforçando

o significado da história que nos une e partilhando a esperança e o alento de um futuro

melhor que nos espreita e espera.

Obrigado”

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--------Seguidamente, usou da palavra o Sr. Presidente da Câmara Municipal, Jorge

Abreu, que proferiu o seguinte discurso:

Exm.º Sr. Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas

Exm.º Sr.s Deputados da Assembleia da Republica

Exm.º Sr. Presidente da Assembleia Municipal

Exm.ºs Srs. Presidentes de Câmara

Exmos. Srs. Deputados Municipais

Exmos. Srs. Vereadores Municipais

Exmos. Srs. Presidentes de Junta de Freguesia

Restantes autarcas

Demais representantes das entidades e organismos presentes

Figueiroenses

Comunicação social

Começo por agradecer de uma forma particular, a presença do Sr. Secretário de

Estado das Comunidades Portuguesas.

Permitam-me também destacar a presença dos colegas presidentes de Câmara

que, mais uma vez aceitaram o meu convite para vir a Figueiró dos Vinhos e por esse

motivo o meu muito obrigado pelas manifestações de solidariedade.

No dia 24 de Junho, dia do nosso concelho, e como sempre, eu tinha a

espectativa de que fosse um dia de festa, um dia de celebração.

Quis o destino que assim não acontecesse.

Lamentavelmente o dia do nosso concelho é hoje assinalado de uma forma que

nenhum presidente de Câmara, que nenhum autarca, que nenhum Figueiroense, que

ninguém certamente desejaria.

Um dia que numa normal e comum circunstância seria de festa e celebração, é

hoje assinalado envolto num manto de tristeza.

Hoje somos um concelho ferido, hoje somos um concelho de luto, hoje choramos

a destruição, a perda de bens, mas em primeiro lugar e acima de qualquer outra perda,

choramos a perda de vidas, choramos vidas perdidas prematuramente.

Um modelo de ocupação do solo desajustado, uma composição florestal

desadequada, um ordenamento territorial obsoleto, desregrado, a falta de gestão dos

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espaços florestais, aliados a condições meteorológicas propícias, formaram a fórmula

perversa e perfeita, para que hoje sejamos uma região dizimada.

Muitos são os que sofrem neste momento, muitos são os que tudo perderam,

muitos foram os que partiram.

A todos eles, presto aqui a minha sentida homenagem e às famílias e amigos dos

que perderam a vida, endereço o meu voto de pesar e de solidariedade.

Muitos são os que precisam e merecem receber tudo o que lhes possa aliviar a

dor da perda, e lhes permita reconstruir as suas vidas.

Após esta tragédia um vasto conjunto de instituições públicas, privadas, de

cidadãos anónimos, de empresas, de tanta gente que se e uma enorme onda de

solidariedade formou-se para responder a esta tragédia.

O socorro e a satisfação de necessidades imediatas das populações afectadas,

foi e está assegurada pela conjugação do esforço de inúmeros homens e mulheres que

com a sua entrega pessoal, conseguiu mitigar o sofrimento de muitos Figueiroenses.

Todos eles merecem o meu e o nosso reconhecimento e a eles deixo o meu mais

profundo agradecimento.

Muito obrigado a todos pelo apoio e muito obrigado a todos aqueles que

diariamente nos foram manifestando solidariedade e disponibilidade para nos

ajudarem.

Há um tempo que é de luto. Há um tempo de chorar pelos que partiram mas

também há um momento de ultrapassarmos este drama.

Uma equipa com representantes de vários ministérios e autarquias, encontra-se

há vários dias a fazer um levantamento exaustivo de todas as pessoas afectadas e de

todas as suas perdas e prejuízos. Até ao próximo dia 30 deste mês, toda esta informação

estará concluída e temos o compromisso do governo, de que uma resposta célere será

dada às dificuldades identificadas.

Eu pessoalmente assumo que tudo farei para que assim seja, mas também

assumo o compromisso perante todos vós, de que tudo farei para que nada volte a ser

como antes.

Este é o tempo de começar um novo ordenamento do território e dos nossos

espaços florestais, de começar de uma vez por todas a resolver um problema de

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décadas que se vai arrastando por incapacidade de sucessivos governos.

Este momento de tragédia, terá que ser transformado numa oportunidade de

resolver problemas que durante demasiados anos nunca tiveram solução.

Por aqueles que tudo perderam, por aqueles que perderam a vida, exige-se que

assim seja.

Não dá mais para adiar a solução para este problema. É tempo de soluções, é

tempo de exigir que não mais se repita uma situação destas.

Somos um povo resiliente, somos um povo solidário, somos um povo que não

perde a esperança, e tenho a certeza que unidos e devidamente apoiados, rapidamente

partiremos para um tempo de reconstrução.

Muito obrigado a todos

Viva Figueiró dos Vinhos”

--------Por fim, usou da palavra o Sr. Secretário de Estado das Comunidades

Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro, que começou por cumprimentar todos os

presentes, agradeceu o convite efetuado pelo Sr. Presidente da Câmara, Jorge Abreu;

dirigiu um cumprimento muito especial, franco, leal, ao Dr. Carlos Silva, amigo a quem

agradeceu também o convite. ----------------------------------------------------------------------

Seguidamente, disse que não apenas constitui seu dever aceitar o convite, como

simultaneamente significa uma honra presidir ao dia do concelho de Figueiró dos

Vinhos. Infelizmente, os acontecimentos vieram a transformar este dia, que era um dia

de festa, como tinha sido transmitido há cerca de um mês, quando da primeira conversa

com o Senhor Presidente da Assembleia Municipal. Manifestou a sua solidariedade para

todos na pessoa do Sr. Presidente da Assembleia Municipal e do Sr. Presidente da

Câmara Municipal.-----------------------------------------------------------------------------------

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A seguir saudou os Senhores Deputados, Dr.ª Odete João e Dr.º José Miguel Medeiros,

os Senhores Presidentes de Câmara presentes, de Alvaiázere , Castanheira de Pêra e

Proença a Nova, transmitindo-lhes, também, uma palavra de solidariedade e de apoio

num momento tão difícil. --------------------------------------------

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Deixou um abraço ao Senhor Presidente da Câmara de Pedrogão Grande, que, não

estando presente fisicamente, não deixa de estar presente do ponto de vista espiritual,

porque tem sido especialmente afetado e fustigado com acontecimentos tão graves.

Saudou, ainda, o representante da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Dr. Lídio

Lopes, o Comandante dos Bombeiros Voluntários de Figueiró dos Vinhos, Sr. Paulo

Renato, e na sua pessoa cumprimentou todos os bombeiros, dos mais velhos aos mais

novos, os cadetes, referindo que é emocionante ver a força, não apenas nos mais velhos,

mas também naquelas crianças que aprendem já, nos bombeiros, a escola do caráter e do

serviço público. Cumprimentou o Presidente da direcção da Corporação dos Bombeiros,

Eng.º Filipe Silva, estrutura de serviço aos outros e de solidariedade e de profundo

humanismo. ------------------------------------------------------------------------------------------

Seguidamente, referiu-se às intervenções dos Senhores Deputados Municipais, palavras

que têm esta dupla dimensão: por um lado a dimensão do luto, da tristeza, da dor, da

perda, mas por outro lado, também, as palavras de quem olha para este município, e

para esta região, e encontra nela fatores de vida futura, fatores de confiança no futuro.

Momentos de perda são momentos trágicos, vividos com muita tristeza. Deixou uma

palavra de solidariedade, de apoio, mas ao mesmo tempo, também, uma palavra de

disponibilidade do Governo para com as populações, os seus autarcas, trabalharem para

fazerem das fraquezas forças, a fim de enfrentarem o futuro com confiança, porque uma

terra como Figueiró dos Vinhos, com mais de 800 anos de história, já viveu muitos

momentos difíceis, e a prova de que foi capaz de vencer as dificuldades foi que se

tornou num dos Municípios mais antigos de Portugal. -----------------------------------------

A seguir referiu-se ao Dia do Município, em que, pese embora as circunstâncias em que

foi comemorado, não deixa de servir para valorizar o Municipalismo. O valor do

Municipalismo será, talvez, um dos valores mais importantes da formação do Estado

Português, e o Município de Figueiró dos Vinhos é dos Municípios a ter os primeiros

forais outorgado pelo filho de D. Afonso Henriques, D. Pedro Afonso, em 1204, e que

faz do Município um dos que primeiro viu reconhecidos o seu estatuto Político-

Administrativo. Os forais pioneiros foram forais que tiveram fundamentalmente poderes

associados ao Juízo de Paz e também ao lançamento e cobrança de impostos em

articulação com o poder Real, mas, o Município de Figueiró dos Vinhos também está no

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conjunto dos Municípios que foram objeto de uma reorganização Político-

Administrativa por altura do nascimento do Estado Moderno com D. Manuel I, que

procura reorganizar os primeiros forais e ultrapassar alguma arbitrariedade que se tinha

colocado no exercício desses dois poderes fundamentais. Estando este Município nos

primórdios dos primeiros poderes Municipais do País, é de opinião que se faça deste

Município um exemplo do ponto de vista público daquilo que tem que ver com um

princípio que é tão caro à Europa e que é tão caro ao nosso País e que tem que ver com

o princípio da subsidiariedade, que se viveu de forma muito intensa nestes dias, que se

traduz numa mensagem muito simples, que vem já dos Gregos e dos Romanos, que

depois vem para a Europa pela via do pensamento Alemão e que esteve na origem dos

próprios Estados Federados Alemães, e tem a ver com um valor muito simples mas

muito importante na vida das nossas comunidades locais, que é o valor do que está mais

perto das pessoas, mais facilmente pode ser governado por aqueles que lá vivem, que

sentem e que devem ser os decisores das matérias que diretamente lhes dizem respeito,

e portanto, numa ótica de transferência de competências dos Poderes Centrais para os

Poderes Locais, o Município de Figueiró dos Vinhos encontra-se entre os primeiros que

viveu este sentimento de Administração Central, esteja ela no país ou esteja ela na

Europa, o modo como essa Administração Central procurou fazer valer esse princípio da

cooperação entre Poderes Centrais e Poderes Locais por intermédio da outorga dos

primeiros forais. Posteriormente os forais foram renovados por D. Manuel I e portanto

aqui se comemorou, e hoje se comemora, o dia do Município e o valor da autonomia, da

autonomia não apenas das Instituições do Poder Local, mas a autonomia individual na

medida em que autonomia significa liberdade e a liberdade significa responsabilidade,

porque ela significa que cada homem e cada mulher estão investidos de uma

responsabilidade concedida pela sua comunidade, pelos seus pares, para em conjunto

construírem as soluções do coletivo. É este valor que se comemora no dia do Município

de Figueiró dos Vinhos. O princípio da autonomia individual, autonomia,

responsabilidade, mas também o princípio autonomia Institucional dos poderes Locais,

autonomia da responsabilidade do compromisso do dever.------------------------------------

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A seguir referiu-se ao presente e ao futuro porque a comemoração do dia de cada

Município é importante para olhar para o futuro. E olhando para o futuro, questionou se

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estarão as nossas políticas alinhadas com aquilo que é o modelo que desejamos para nós

próprios? É interessante verificar que foi lembrado um dos talvez mais expressivos

arautos da cultura que tem uma ligação muito profunda com Figueiró dos Vinhos – José

Malhoa, que olhou para Figueiró e lhe atribuiu o cognome de Sintra do Norte, da Nova

Sintra, pela paisagem, pela beleza paisagística, pela beleza natural, pela beleza das suas

caraterísticas, e foi a partir desse Movimento que depois se desenvolve o Movimento

Naturalista, e que articulava muito o desenvolvimento rural com a paisagem e com as

caraterísticas próprias dos territórios, em certa medida um pouco com o que se passou

com o Romantismo olhando para a cultura, para as pessoas. Uma das caraterísticas

expressas no século IX quando um outro escritor, para fazer referência a um outro

território muito equivalente a Figueiró, um território também com montanha, com rio,

resolve fazer um texto chamado “Civilização”, em torno de duas personagens, um

personagem representava o urbano, que vivia na cidade das luzes, do racionalismo, da

técnica, da invenção, da inovação e vivia em Paris, século XIX e um personagem que

vivia no meio rural, o primeiro chamava-se Jacinto, o segundo chamava-se José

Fernandes, e ambos desenvolvem um grande diálogo, um diálogo que depois foi

inspirador. Primeiro o conto foi publicado no Brasil e depois deu origem ao romance “A

Cidade e as Serras” de Eça de Queirós, que se fazia então no século XIX, também a

elite intelectual debate-se com as melhores formas de encontrar a felicidade humana, e

não apenas a nossa mas um pouco por toda a Europa e havia até a “geração vencida”

que se encontrava para “chorar sobre o leite derramado”, no fundo sobre os enganos

daquilo que se pensava ser o desenvolvimento que era a técnica, o racionalismo, que era

o empirismo que tudo media, que tudo conseguia quantificar, tudo conseguia trazer à

humanidade, mas afinal a humanidade parecia que vivia numa tristeza profunda e não

conseguia vencer essa tristeza porque, não encontrava nessa técnica as condições de

felicidade, bem-estar da felicidade. E é por isso que na comemoração do dia do

Município, olhando para a Europa, olhando para o país, olhando para o futuro coletivo,

não podem deixar de passar uma mensagem que é muito indutora da confiança, porque

é hoje reconhecido na própria Europa, que temos de ser capazes de compatibilizar o

desenvolvimento urbano com o desenvolvimento rural. Desenvolveu-se, até agora, um

instrumento comunitário que está em aperfeiçoamento, denominado Instrumento de

Diálogo Urbano Rural que visa responder ao desafio das regiões geograficamente

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ameaçadas, essa é a terminologia da própria União Europeia, porque entendeu que

devem ser mobilizados recursos para apoiar a ocupação humana destes territórios mais

ameaçados do ponto de vista demográfico e do ponto de vista geográfico, porque os

desafios são muito intensos nomeadamente os territórios de montanha são territórios de

montanha, contudo são desafios muito intensos para os grandes centros urbanos, porque

se é verdade que os territórios de montanha perderam muita população nas últimas

décadas, a própria Europa vive esse desafio. A Europa teve cerca de 20% da população

mundial até 1950 e estima-se que até 2050 apenas tenha 7% da população mundial. Isto

mostra bem o desafio com que todas as sociedades Europeias e muito particularmente as

sociedades dos mundos rurais, o modo como elas estão confrontadas, é um desafio que

interpela a todos. -------------------------------------------------------------------------------------

Disse que vê a articulação da inovação, da inteligência, do conhecimento, começar cada

vez mais a transferir-se para os territórios rurais, para os Municípios de menor

densidade populacional, também o encontrar instrumentos de apoio comunitário, taxas

de majoração diferentes aos Municípios de menor densidade populacional, e também

Municípios rurais. -----------------------------------------------------------------------------------

Disse ver, também, preocupações com o fomento das condições ambientais, da

sustentabilidade ambiental, que desce ao nível das energias renováveis e necessidade de

as articular com as condições de habitação, com as condições de transporte,

preocupações muito importantes que são preocupações que não produzem resultados de

um dia para o outro, produzem resultados no desfecho de gerações, de transação de

gerações, políticas devem fortificar e ser intensificadas para conseguirem produzir os

seus efeitos.-------------------------------------------------------------------------------------------

A seguir referiu-se à dimensão da Justiça Social, às preocupações com a inclusão social,

uma preocupação da região, a tentativa de qualificar as pessoas para que elas sejam

mais autónomas, mais autodeterminadas nas suas escolhas, as preocupações com as

políticas de inclusão em relação aos mais idosos e de apoio aos mais carenciados. ----

Disse que também foi autarca e sabe a tristeza que se vive nestes momentos. Esteve em

Londres, aquando do incêndio num edifico urbano, vive intensamente estes momentos

de dor coletiva, de dor profunda, um autarca vive de uma forma muito especial essa

relação com as pessoas, com as suas vidas, com o seu envelhecimento, com a perda,

com as suas tristezas. ------------------------------------------------------------------------------

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Disse que o modo como olham para a Europa, o modo como olham para o país e, apesar

de tudo, mais de 800 anos depois, comemoram os valores e a têmpera das gentes que

souberam resistir às mais duras dificuldades de outros tempos, e hoje também

encontram forças para enfrentar uma autêntica tragédia e transmitir às gerações futuras.

Bem hajam--------------------------------------------------------------------------------------------

Viva Figueiró dos Vinhos---------------------------------------------------------------------------

Viva Portugal-----------------------------------------------------------------------------------------

--------Por último, não havendo mais assuntos a tratar e depois de agradecer a presença

de todos, eram treze horas quando o Sr. Presidente da Mesa, após aquiescência do

senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, deu por encerrada esta

Sessão Solene da Assembleia Municipal, da qual, para constar, se lavrou a presente Ata

que, depois de lida e aprovada será assinada pelo Presidente e Secretários da Mesa. -----

A MESA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL

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