Assistência de Enfermagem Ao Paciente Com Tuberculose Pulmonar Com Base Na Teoria Ambiental de Florence Nightingale

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Assistncia de enfermagem ao paciente com tuberculose pulmonar com base na Teoria Ambiental de Florence Nightingale

ResumoA Tuberculose uma pandemia mundial que j afeta um tero da populao do planeta. uma infeco respiratria, mas que pode ter um acometimento em todo o organismo. Est intimamente ligada pobreza, aglomerao, condies precrias de sade e nutrio deficiente. A doena transmitida atravs de aerossois e gotculas de um indivduo infectado; seus sinais e sintomas so insidiosos. A pessoa tuberculosa apresenta tosse improdutiva ou com escarro mucopurulento persistente, sudorese noturna, fadiga e perda de peso. O tratamento da tuberculose pulmonar realizado com agentes quimioterpicos antituberculosos. No entanto, alm da terapia medicamentosa, um local de tratamento onde predominem medidas adequadas de higiene, tranquilidade, luz, calor e uma dieta adequada so componentes que favorecem o restabelecimento da sade.AbstractTuberculosis is a worldwide pandemic that now affects one third of the population of the planet. It is a respiratory infection, but that may have an involvement in the whole organism. It is closely linked to poverty, overcrowding, poor conditions and poor health and nutrition. The disease is transmitted through aerosols and droplets from an infected person, their signs and symptoms are insidious. The person has tuberculosis or unproductive cough with purulent sputum persistent night sweats, fatigue and weight loss. The treatment of pulmonary tuberculosis is performed with antituberculosis chemotherapy agents. However, in addition to drug therapy, a treatment site where proper hygiene measures predominate, peace, light, heat and a proper diet are components that favor the restoration of health.Palavras-Chave:tuberculose pulmonar, pandemia, teoria ambientalJustificativaReviso de material cientfico para esclarecimento e orientaes acerca da assistncia de sade prestada pela enfermagem na tuberculose pulmonar.MetodologiaUtilizou-se, para a elaborao deste trabalho, uma reviso da literatura atravs de livros, revistas cientficas e sites, de modo a buscar novas atualizaes e conhecimentos no processo do cuidado do indivduo portador de tuberculose pulmonar na profisso da enfermagem.ObjetivoApresentar a assistncia de enfermagem ao paciente com tuberculose pulmonar com base na teoria ambiental de Florence Nightingale. Evidenciar a Sistematizao da Assistncia de Enfermagem (SAE) no processo do cuidar e informar o impacto desta patologia na populao mundial.1. IntroduoSegundo SMELTZER et al. (2009), a tuberculose (TB) uma doena infecciosa que afeta predominantemente o parnquima pulmonar, mas que tambm pode acometer rgos como as meninges, os rins, os ossos e os linfonodos. O principal agente causador da infeco oMycobacterium tuberculosis, bastonete aerbico cido-resistente que tem lento crescimento. A TB uma questo de sade pblica mundial, uma vez que indicada como a principal causa de morte por doena infecciosa no mundo. Ainda, a TB est diretamente relacionada pobreza, subnutrio, condies de aglomerao e condies precrias de cuidados de sade. De acordo com FERREIRAet al. (2005), a TB uma das causas de morte mais evidentes em regies tropicais, assim como as diferenas sociais entre pases desenvolvidos e em desenvolvimento contribuem para que essa situao aumente. A Organizao Mundial da Sade (OMS) aponta que um tero da populao mundial est infectada com o bacilo da TB. Em 2009, as mortes decorrentes desta doena chegaram a 1,7 milhes de pessoas e neste mesmo ano 9,4 milhes contraram o bacilo. A TB uma pandemia mundial; dos 15 pases com as taxas de incidncia mais altas, 13 encontram-se no continente africano e as formas resistentes da TB no respondem ao tratamento de primeira linha.2. FisiopatologiaCHAIMOWICZ (2010) explica que quando o indivduo contaminado, partculas contendo o bacilo so carregadas at os alvolos e l so fagocitadas pelos macrfagos. Os locais mais acometidos dos pulmes so as regies mdia e inferior, isso devido serem mais ventilados. Os bacilos no fagocitados multiplicam-se lentamente e destroem os macrfagos tomando todo o tecido pulmonar. O processo continuar por semanas, com multiplicao logartmica dos bacilos. Ocorrem metstases aps trs semanas de inalao dos bacilos. Ao alcanarem os linfonodos e a corrente sangunea, afetaro outros rgos. Nos ambientes ricos em oxignio, como reas superiores dos pulmes, rins, extremidades dos ossos longos e crebro, os bacilos se multiplicam at que a imunidade especfica acontea. Junto com a imunidade celular, o organismo desenvolve a chamada hipersensibilidade do tipo retardado (HTR); tal hipersensibilidade elimina macrfagos que no foram ativados e que contm bacilos. A HTR possibilita sua destruio no meio extracelular. Segundo SMELTZERet al. (2009), granulomas contendo massas de bacilos vivos so convertidos em uma massa de tecido fibroso que tem sua poro central denominada tubrculo de Ghon. Essa massa evolui para forma necrtica podendo ficar calcificada; nesse estgio, as bactrias ficam latentes e no h progresso da doena ativa. Uma resposta errada do sistema imunitrio pode desenvolver a doena ativa, assim como uma reinfeco; o tubrculo de Ghon ulcera levando para os brnquios material infectado. H, ento, uma disseminao adicional da doena.3. ImunobiologiaConforme TARANTINOet al. (2008), a TB no uma doena hereditria, embora j houvesse descrito na literatura raros casos congnitos. A resistncia natural diz respeito da seleo natural durante milnios em contato com oM. tuberculosis.O contato por um longo tempo com o bacilo selecionou no meio populaes relativamente resistentes tuberculose na espcie humana. A ao secular do bacilo seleciona populaes cada vez mais resistentes e capazes de se protegerem. Logo, aqueles que nunca entraram em contato com a doena e chegam a locais onde existam tuberculosos so vitimados pela doena. A imunidade adquirida refere-se aos infectados pelo bacilo que desenvolvem processo imune que lhes proporcionam maior resistncia a novas infeces. A vacina BCG uma forma de conferir processo imunitrio de variados graus. Tal imunidade, porm, pode ser quebrada por fatores que deprimem o organismo, tais como estresse, estafa devido a excesso de trabalho, silicose, diabetes, alcoolismo, tabagismo, e, ultimamente, epidemias de HIV. Em relao ao sexo e idade, nos adultos a doena predominante nos homens.4. Transmisso e Fatores de RiscoBERTAZONE (2003) aponta que a transmisso se d por aerossois e gotculas, por meio de contato prximo com a pessoa infectada atravs da fala, tosse e espirro. As partculas eliminadas atravs desses meios ressecam e ficam suspensas no ar podendo ser inaladas por uma pessoa suscetvel. No entanto, a probabilidade de uma pessoa ser contaminada est relacionada concentrao de partculas suspensas no ar e ao tempo de exposio a esse ambiente. Segundo TARANTINOet al. (2008), as formas extrapulomonares no so transmissveis.Os fatores de risco incluem, conforme SMELTZERet al. (2009): Contato aproximado com algum que tem a doena ativa. Funo imunolgica comprometida (p.ex., aqueles infectados por HIV, portadores de cncer). Pessoas que no possuem moradia. Portadores de patologias como o diabetes, insuficincia renal crnica, subnutrio. Imigrantes de pases onde haja grande prevalncia de TB. Condies de institucionalizao (p.ex., asilos, prises, hospitais psiquitricos). Condies de vivncia subumanas e de aglomerao. Profissionais de sade que exercem atividades de alto risco (p.ex., procedimentos de induo de escarro, broncoscopia, aspirao, cuidado domiciliar).FERREIRA et al. (2005) afirmam que as diferenas sociais entre pases desenvolvidos e em desenvolvimento contribuem em alto ndice para a disseminao da doena.5. Quadro Clnico e Complicaes da Tuberculose PulmonarSegundo SMELTZERet al. (2009), os sinais e sintomas so insidiosos. A febre baixa est presente, assim como tosse persistente, sudorese noturna, fadiga e perda de peso. A tosse pode ser tanto improdutiva quanto com escarro mucopurulento. HINRICHSENet al. (2005) referem que as complicaes mais frequentes devido tuberculose so a hemoptise, o hemotrax e o empiema pleural. Quando h colonizao fngica nas grandes cavidades como nos lobos superiores, ocorre a formao de micetomas que provocam grandes hemoptises.6. DiagnsticoAinda segundo HINRICHSEN et al., o diagnstico feito realizando-se o isolamento doM. tuberculosis. Coleta-se escarro para baciloscopia, inicialmente trs amostras (pela manh, antes da higiene oral) por trs dias consecutivos. Esse escarro corado pelo mtodo de Ziehl-Neelsen para pesquisa direta de bacilos lcool-cido-resistentes (BAAR). A cultura para o bacilo um mtodo eficaz para o diagnstico da tuberculose. A bipsia pulmonar a cu aberto ou a videotoracoscopia so condutas de exceo, utilizadas somente quando outros mtodos no foram eficazes. O PPD, ou teste tuberculneo, um teste cutneo realizado com a injeo da tuberculina. Segundo SMELTZER et al. (2009), a reao cutnea uma ppula semelhante urticria. A reao ao teste acontece quando esto presentes a indurao (enrijecimento) e o eritema.7. Tratamento da Tuberculose PulmonarConforme SMELTZERet al. (2009), a TB tratada com agentes quimioterpicos antituberculosos por 6 a12 meses. A terapia inclui quatro medicamentos de primeira linha: INH, rifampicina, pirazinamida e etambutol. Medicamentos adicionais incluem outros aminoglicosdeos, quinolonas, rifabutina, clofazimina e combinaes medicamentosas. SANTOS (2008) ressalta que um indivduo considerado no infeccioso depois de 2 a 3 semanas de terapia farmacolgica contnua.8. Processo do Cuidado com Base na Teoria Ambientalista de Florence NightingaleCARRARO (2004) afirma que as primeiras prticas para o controle de infeces tiveram incio no sculo XVIII, poca em que foram criados os primeiros hospitais. Ressalta-se a atuao de Florence Nightingale por elaborar prticas de controle epidemiolgico na preveno e controle das doenas infecciosas. Implementaram-se, j nesta poca, os procedimentos de assepsia, antissepsia, desinfeco, esterilizao e antibioticoterapia; procedimentos tais que perduram at os dias atuais. A observao e ateno ao estado emocional do ser humano, as relaes interpessoais, o conforto e bem-estar e as condies oferecidas pelo meio ambiente so componentes imprescindveis para a recuperao e promoo do indivduo que requer cuidados de sade. Fatores como medo, dor, procedimentos, individualidade, falta de privacidade e falta de dilogo so exemplo de relaes interpessoais negativas que interferem na energia e esgotam o indivduo dando sensao de solido e mutilao. Segundo ROZARIOet al. (2005), fatores ambientais como o tratamento em local adequado, tranquilo, limpo e fresco so fatores que estimulam positivamente a promoo e recuperao da sade. O conforto e bem-estar devem sempre ser priorizados pela equipe que presta os cuidados de sade. Segundo BOCKet al. (2009), luz, calor, quietude e a adequada escolha e administrao da dieta tambm compreendem fatores que implicam diretamente na sade do indivduo. Os autores explicam que Nightingale prestava o ambiente fsico por exercer influncia crtica no equilbrio do organismo.9. Processo de Enfermagem no Tratamento da Tuberculose Pulmonar A Sistematizao da Assistncia de Enfermagem (SAE)9.1. HistricoSegundo SMELTZERet al. (2009), importante fazer um levantamento da histria completa do indivduo acometido com TB, assim como o exame fsico. Observar manifestaes de febre, anorexia, perda de peso, sudorese noturna, fadiga, tosse e produo de escarro. Avaliar os pulmes e os sons respiratrios e palpar linfonodos.9.2. Diagnstico de EnfermagemSILVAet al. (2007) ressaltam os seguintes diagnsticos atravs das manifestaes clnicas do paciente: Padro respiratrio ineficaz. Nutrio alterada relacionada ingesto abaixo das necessidades corporais. Dficit do conhecimento relacionado falta de orientao acerca da doena. Intolerncia atividade.SMELTZERet al. (2009) observam que complicaes potenciais podem advir desta doena, tais como desnutrio, efeitos colaterais da terapia medicamentosa, resistncia a mltiplas drogas e disseminao da infeco tuberculosa.9.3. Planejamento e MetasPara SMELTZERet al. (2009), as metas para o cuidado do indivduo acometido por TB incluem a permeabilidade das vias areas, maior conhecimento sobre a doena e regime de tratamento, a adeso ao tratamento medicamentoso, maior tolerncia atividade e ausncia de complicaes.9.4. Prescries de EnfermagemAinda segundo SMELTZERet al. (2009), as prescries de enfermagem devem incluir a promoo da depurao das vias areas, defesa de adeso ao regime de tratamento, promoo atividade e nutrio adequada, monitorao e tratamento das complicaes potenciais. Deve-se incentivar a ingesto de lquidos para a hidratao sistmica de forma a promover expectorao efetiva. Compreender o regime medicamentoso, planejar um esquema de atividades que focalize a tolerncia atividade e fora muscular e o incentivo de pequenas refeies com maior frequncia so fatores importantes que devem ser rigorosamente seguidos.9.5. EvoluoSMELTZERet al. (2009) ressaltam que os resultados esperados do indivduo acometido pela TB devem ser: uma via area permevel, um nvel de conhecimento adequado acerca da doena, aderncia ao regime medicamentoso conforme as prescries mdicas, participao nas medidas de preveno, manuteno dos horrios de atividade, ausncia de complicaes e empreendimento de etapas para minimizar os efeitos colaterais da terapia medicamentosa.10. ConclusoPor ser a TB uma infeco respiratria com grande mortalidade, observa-se a necessidade de maior esforo das autoridades sanitrias para levar informao e esclarecimento acerca desta doena. Observa-se que a literatura mostra uma enorme disparidade social, fato que aumenta e favorece a disseminao da TB. H uma necessidade de empenho de polticas sociais para que se alcance um maior controle da enfermidade. A enfermagem desempenha papel indispensvel no ensino, na promoo, na preveno e no cuidado da doena. A literatura evidencia pouco material disponvel na assistncia ao paciente tuberculoso no que diz respeito ao processo de enfermagem. Deve-se, desta forma, empenhar-se em mais pesquisas de maneira a otimizar a assistncia prestada pelos profissionais da enfermagem.

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