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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CEILÂNDIA CURSO DE ENFERMAGEM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À SAÚDE MENTAL DE GESTANTES E PUÉRPERAS NA ATENÇÃO BÁSICA BRASÍLIA/DF, 2017

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À SAÚDE MENTAL …Email: [email protected] Correspondência : Pâmela Souza Peres 5 Qnn 17 conj. C casa 13 Ceilândia Norte CEP 772225173 - Brasília

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE CEILÂNDIA

CURSO DE ENFERMAGEM

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À SAÚDE MENTAL DE GESTANTES E PUÉRPERAS NA

ATENÇÃO BÁSICA

BRASÍLIA/DF, 2017

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE CEILÂNDIA

CURSO DE ENFERMAGEM

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Pâmela Souza Peres

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À SAÚDE MENTAL DE GESTANTES E PUÉRPERAS NA

ATENÇÃO BÁSICA

Esta é uma pesquisa referente ao trabalho de

conclusão de curso de Enfermagem na Faculdade

de Ceilândia, Universidade de Brasília.

Orientadora: Profa. Dra. Diane Maria Scherer Kuhn Lago

Brasília/DF, 2017

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3 PERES, Pâmela Souza

Assistência de enfermagem à saúde mental de gestantes e puérperas na atenção básica

Trabalho de conclusão de curso de Enfermagem

apresentado à Faculdade de Ceilândia da Universidade

de Brasília como requisito de obtenção do título de

Bacharel em Enfermagem.

Aprovada em 23/06/2017.

Comissão Julgadora

_______________________________________

Profª Drª Diane Maria Scherer Kuhn Lago

Orientadora

Universidade de Brasília / Faculdade de Ceilândia

_______________________________________

Profª Drª Ana Cláudia Afonso Valladares Torres

Avaliadora

Universidade de Brasília / Faculdade de Ceilândia

_______________________________________

Profª Drª Alecsandra de Fátima Silva Viduedo

Avaliadora

Universidade de Brasília / Faculdade de Ceilândia

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4 Assistência de enfermagem à saúde mental de gestantes e puérperas na atenção

básica

Pâmela Souza Peres1, Diane Maria Scherer Kuhn Lago2

RESUMO

Objetivo: avaliar percepções de sinais e sintomas de depressão em gestantes e

puérperas por profissionais de enfermagem na atenção básica. Método: trata-se de um

estudo transversal e descritivo, no qual foram entrevistados 41 profissionais de

enfermagem, sendo 16 enfermeiros e 25 técnicos de enfermagem, com o auxilio de um

questionário semiestruturado. Posteriormente seguiu-se a observação, norteada por um

roteiro, de 5 consultas de gestantes . Resultados: todos os enfermeiros relataram não

terem, em sua prática profissional aplicado instrumentos de detecção de depressão

gestacional ou puerperal. Alguns técnicos alegam já ter aplicado, porém não souberam

identificar qual instrumento seria. A maioria dos profissionais soube identificar sintomas

de depressão e sugerir intervenções, mas alegaram pouco conhecimento para trabalhar

com questões de saúde mental. Discussão: a análise dos dados aponta uma deficiência

na consciência da importância da saúde mental nos serviços de saúde acessíveis à

comunidade estudada, no entanto os profissionais apontam sugestões de assistência e

abertura para implementação da mesma. Conclusão: não existe uma rotina de

identificação ou detecção de depressão gestacional ou puerperal nas unidades básicas

de saúde avaliadas. Percebe-se, no entanto, a receptividade dos profissionais aos

instrumentos norteadores relatados neste estudo. Descritores: Saúde mental; Depressão

gestacional; depressão puerperal; Enfermagem.

1Acadêmica de Enfermagem UNB. Brasília, Brasil. Email: [email protected]

Correspondência : Pâmela Souza Peres

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5 Qnn 17 conj. C casa 13 Ceilândia Norte CEP 772225173 - Brasília (DF), Brasil

(061) 98181-3024

2Doutora em Enfermagem pela Universidade de Brasília (2015), possui Mestrado em

Gerontologia pela Universidade Católica de Brasília (2007), Especialização em

Operacionalização de Serviços de Saúde pela Universidade de Brasília (2010),

Especialização em Bioética pela Universidade de Brasília (2003), Formação Em

Psicanálise Clínica pela Associação Nacional de Psicanálise Clínica (2001), Especialização

em Saúde da Família pela Universidade de Brasília (1999), Graduação em Enfermagem

pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (1997).

Atualmente é professora adjunta da Universidade de Brasília - UNB. Atua nas áreas de

Saúde Mental, Psiquiatria, Gestão em Saúde, Saúde Pública e Gerontologia.

1. INTRODUÇÃO

A depressão durante a fase gestacional ou puerperal é um sério problema de

saúde pública, apresentando altos índices de incidência. Traz consequências danosas

para a saúde da mãe e da criança e para a dinâmica familiar.1

A gestação é um processo natural que envolve aspectos biológicos, psicológicos e

sociais em decorrência das transformações no corpo e na vida emocional da gestante e

da família.2

Essa fase de transição leva a necessidade de reestruturação e reajustamento em

várias dimensões, proporcionando momentos de vulnerabilidade emocional, nos quais

sentimentos de ambivalência são frequentemente relatados.3

Na atenção básica de saúde o pré-natal se constitui de ações desenvolvidas por

profissionais como o acolhimento que visa o bom desenvolvimento gestacional e a saúde

materno-fetal. Para estabelecer os cuidados durante a gestação é necessário

compreender o contexto no qual a gestante está inserida, pois para garantir uma

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6 assistência que atenda de forma integral é importante extrapolar os cuidados que

atentam apenas para o lado biológico, incorporando também ações no âmbito de saúde

mental.4

As variações endócrinas complexas afetam a condição psicológica da mãe e ao

interagirem com fatores sociais e emocionais pode resultar em depressão gestacional,

que é um episódio patológico desenvolvido durante a gestação. A depressão gestacional

pode causar grave sofrimento psíquico e comprometer a qualidade de vida afetando

inclusive o desenvolvimento da criança. Está associada a eventos como parto prematuro,

baixo peso ao nascer e necessidade de parto cirúrgico.5

Estudos apontam que a prevalência de depressão varia conforme o grau de

desenvolvimento do país. Em países considerados desenvolvidos economicamente as

taxas de prevalência estão em torno de 10 a 15%, já em países em desenvolvimento,

como o Brasil, a média está por volta de 25%.1, 6 Esses dados indicam uma condição

frequente e um problema relevante de saúde pública, no entanto, nota-se pouca

atenção na avaliação da saúde mental das gestantes, fato este que revela uma crença

por parte dos profissionais de saúde de que só é necessário avaliar no puerpério, quando

é mais recorrente o surgimento de transtornos psicóticos.1

O período que se encaminha após a gravidez e parto, marcado pela expulsão da

placenta dá início ao puerpério, este segue até o momento que o organismo materno

volta às condições pré-gestacionais. As vivências emocionais e psicobiológicas que

marcam essa fase de transformações tornam a mulher mais suscetível a desenvolver um

transtorno mental.7-8

A depressão puerperal (DPP) é definida pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (American Psichyatric Association, 2002) como presença de humor

deprimido ou perda de interesse e prazer por quase todas as atividades (Episódio

Depressivo Maior), e se manifesta em torno de duas semanas após o parto. A DPP

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7 apresenta uma incidência de 10 a 16% nas puérperas, porém alguns estudos apontam

que em torno de 70% das pacientes apresentam sintomas do blues puerperal, que é um

estado depressivo mais brando.5

Pesquisas relatam que as causas mais associadas à DPP são o suporte/apoio

familiar e social inadequados ou inexistentes, gestação sem parceiro, conflitos

conjugais, histórico familiar de depressão, antecedente de transtornos depressivos,

gravidez não programada, infertilidade, história de perdas gestacionais, sentimentos

negativos em relação à gestação ou ao bebê e diagnóstico de má formação fetal.7,9

A ocorrência de depressão durante a gestação e ou puerpério repercute de forma

negativa na criança e na saúde materno-fetal, afetando diretamente a relação entre

mãe e bebê. Dentre as diversas implicações que a depressão durante a gravidez e o

puerpério pode causar estão: diminuição na afetividade e negligência nos cuidados com

o bebê, baixo desempenho em testes de desenvolvimento da criança, transtornos de

conduta, comprometimento da saúde física da mãe e bebê, problemas de

relacionamentos com a tríade mãe- pai-bebê- e episódios depressivos.7

A atenção básica como forma de entrada da gestante no acompanhamento

gestacional e posteriormente puerperal é o nível de atenção ideal para promover a

assistência à saúde mental, principalmente no período gestacional, pois a atuação nessa

fase previne o desenvolvimento da DPP que tem sintomas mais graves. A equipe de

enfermagem mantém contato contínuo com a assistência das gestantes e puérperas na

atenção básica, por isso precisa estar preparada para atuar com ações preventivas da

depressão pós-parto. Essas ações devem se iniciadas durante o pré-natal, pois a

depressão começa ou dá sinais de predisposição já nos primeiros meses gestacionais. No

pré-natal o enfermeiro e a gestante tem um ambiente favorável para a criação de

vínculo, isso favorece o desenvolvimento de uma atenção aos processos psicológicos das

gestantes.10

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8 Existem instrumentos validados que auxiliam os profissionais de saúde na triagem

da depressão pós-parto, como a Escala de Depressão Pós-natal de Edimburgo (EPDS)

desenvolvida na década de 1980. É uma escala de 10 itens de fácil e rápida aplicação,

podendo ser utilizada também para depressão no período gestacional. Devido à

simplicidade de ser trabalhada pode ser facilmente adotada na rotina de avaliação

gestacional e puerperal nas unidades básicas de saúde (UBS) proporcionando, desta

forma, uma ferramenta de investigação em saúde mental para esse público.8, 9, 11

Outro instrumento que auxilia na investigação de saúde mental é o WOQOL-BREF,

que avalia aspectos da qualidade de vida, que estão intimamente ligados ao

desenvolvimento de depressão.12

2. OBJETIVO

Este estudo tem como objetivo avaliar as ações e as percepções em saúde mental

durante a gestação e pós-parto por parte dos profissionais de enfermagem que atendem

gestantes e puérperas em unidades básicas de saúde de uma região administrativa do

Distrito Federal.

3. MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal e descritivo, com a utilização de métodos

mistos. A coleta dos dados teve início após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética

em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília

(FS/UNB) e com anuência do CEP da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal

(FEPECS/SES/DF) sob parecer consubstanciado de número 1.962.632 (ANEXO I).

O estudo foi realizado em cinco unidades básicas de saúde da região

administrativa (RA IX) de Ceilândia que pertence à Região de Saúde Oeste do Distrito

Federal, no período entre abril e junho de 2017.

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9 Foram convidados a participar do estudo os profissionais de enfermagem que

trabalham diretamente na assistência a gestantes e puérperas. Foram entrevistados os

enfermeiros e técnicos que trabalham na sala da mulher e os que trabalham nas equipes

de Estratégia Saúde da Família (ESF) das unidades selecionadas para o estudo. Foram

excluídos da pesquisa os enfermeiros e técnicos de enfermagem que não trabalhavam

com saúde da mulher.

Foram realizadas observações, norteadas por um roteiro (APÊNDICE I) planejado

pelas pesquisadoras, das consultas de enfermagem em pré-natal. As consultas

autorizadas foram gravadas em vídeo (áudio e imagem) para avaliação dos sinais de

linguagem paraverbal dos participantes. Em outro momento foram coletados os dados

dos enfermeiros que atuam na assistência às gestantes e puérperas utilizando-se o

roteiro norteador para a coleta do perfil sociodemográfico e clínico e informações sobre

o conhecimento sobre os sinais e sintomas de depressão passíveis de detecção

(APÊNDICE II) e as ações desenvolvidas para promoção da saúde, prevenção de depressão

e de tratamento às gestantes e puérperas que apresentam sintomas específicos.

As entrevistas autorizadas, após a assinatura dos termos de consentimento livre e

esclarecido - TCLE (APÊNDICE III) e de autorização de som e imagem (APÊNDICE IV),

foram gravadas em áudio e imagem para posterior análise das informações coletadas. Os

participantes do estudo foram respaldados conforme o disposto na Resolução CNS/MS

466/12. Foi esclarecido todo o procedimento do trabalho para os profissionais de

enfermagem e explicado a relevância social e científica da pesquisa bem como lhes foi

assegurado o direito a desistência, anonimato e posterior acesso aos resultados obtidos

com o estudo.

4. RESULTADOS

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10 Foram entrevistados 41 profissionais de enfermagem, sendo que destes, 16 eram

enfermeiros e os demais, técnicos de enfermagem. Os resultados quantitativos

referentes ao questionário foram distribuídos em um quadro e os resultados qualitativos

foram trabalhados no corpo do trabalho.

QUESTÃO ENFERMEIROS TÉCNICOS

SIM NÃO SIM NÃO

1- Já aplicou algum instrumento para

detecção de depressão gestacional ou

puerperal?

0 (0%) 16 (100%) 4 (16%)

21 (84%)

3- Já observou sinais de depressão ou de

predisposição em suas pacientes de pré-

natal e/ou puerpério?

13 (81%)

3 (19%)

25 (100%)

0 (0%)

4- Já encaminhou ou fez alguma

intervenção em pacientes com suspeita ou

diagnóstico de depressão gestacional ou

pós-parto?

11 (69%)

5 (31%)

22 (88%)

3 (12%)

5- Conhece ou já ouviu falar de algum

instrumento de saúde mental? qual? (EDPS

ou WHOQOL-BREF)

4 (25%)

12 (75%)

3 (12%)

22 (88%)

6- Acredita que é importante uma atenção

com relevância para saúde mental em

específico para DPP e para depressão

gestacional durante as consultas de pré-

natal e puerpério? Por quê?

15 (94%)

1 (6%)

24 (96%)

1 (4%)

7- Conhece ou/e indica algum método ou

atividade para prevenir depressão em

13 (81%) 3 (19%) 7 (28%) 18 (72%)

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11 gestantes e puérperas? Quais?

4.1- Respostas dos participantes enfermeiros:

Todos os enfermeiros responderam que não aplicaram nenhum instrumento para

detecção de depressão gestacional ou puerperal e apenas três justificaram, conforme

descrito abaixo, a resposta relatando que não o fizeram devido à Secretaria de Saúde

não recomendar o uso.

E.1: Olha, nós não temos nenhum instrumento disponível na rede, por isso não

conhecemos esses instrumentos. Então acaba que a gente avalia de acordo com a fala da

paciente e com o conhecimento que a gente tem.

E.2: Nem na faculdade nós aprendemos sobre esses instrumentos, para conhecer

eles tem que gostar de saúde mental e ir atrás.

E.3 Não aplicamos nenhum instrumento. Vamos mais pela clínica, analisamos

comportamento, relatos do paciente, disposição em vir pras consultas e fazer os

exames.

A segunda pergunta do questionário é referente a qual instrumento o profissional

já aplicou. Como todos os enfermeiros relataram nunca terem aplicado instrumentos de

triagem em saúde mental ela não foi respondida. Os sinais de depressão observados e

apontados pelos 13 enfermeiros que responderam positivamente a esta pergunta foram:

choro (8), tristeza profunda (fala e face) (6), negligência nos cuidados com o bebê (4),

desânimo (3), relatos de gravidez indesejada (3), ansiedade (2), distanciamento ou falta

de apoio da família (2) e negligência nos cuidados consigo mesma (2).

No relato de um enfermeiro participante do estudo o choro foi um dos sinais

identificados:

E.1: Sim, muitas vezes, a paciente relata que não desejava a gravidez, então

chora muito.

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12 Dos 13 enfermeiros que já observaram sinais de depressão ou de predisposição a

depressão em suas pacientes de pré-natal e/ou puerpério, apenas dois responderam

negativamente a questão sobre já ter encaminhado ou aplicado alguma intervenção em

pacientes com suspeita ou diagnóstico de depressão gestacional ou pós-parto, e dentre

eles, um relatou tentar aumentar a autoestima das gestantes e puérperas, mas não

considerou essa postura como intervenção em saúde mental.

Dos 11 enfermeiros que responderam positivamente a questão sobre aplicação de

intervenção às mulheres com sinais de depressão, seis relataram encaminhar as

pacientes para profissionais que atuam na área de saúde mental (psiquiatras,

psicólogos), dois apontaram a referência para outros profissionais do SUS, mas relataram

a dificuldade de ter acesso a eles e o alto custo de profissionais da rede particular. Dois

enfermeiros referenciam o acompanhamento psicológico gratuito oferecido por

faculdades particulares. Três relataram encaminhar as pacientes para assistência social

e três relataram encaminhar para o médico obstetra ou para o clínico da equipe de ESF.

Dois enfermeiros relataram realizar intervenções de acolhimento e estratégias junto à

equipe de ESF e a família da gestante, pois relataram que o profissional que acompanha

mais de perto os casos é o agente comunitário de saúde.

Os enfermeiros contaram um pouco da rotina no encaminhamento dessas

pacientes:

E.1: A gente encaminha as pacientes para o médico psiquiatra ou para o serviço

de psicologia, mas a secretaria não dispõe dessas vagas. A gestante acaba que ganha

bebê sem ser chamada nem para o alto risco quando precisa. Pra te falar a verdade eu

nunca vi vaga aqui de psiquiatria. A gente já teve aqui o caso de paciente com

depressão com um quadro mais sério, que ela nem levantava, e a gente não conseguiu

que chamassem ela depois do encaminhamento, aí acaba que a gente fica fazendo

terapia no consultório.

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13 E.3: Quando o paciente pode pagar a gente encaminha pra psicoterapia.

Dos quatro enfermeiros que relataram ter ouvido falar dos instrumentos

apresentados na pesquisa, dois escutaram sobre o EPDS e dois sobre WHOQOL-BREF,

porém, não relataram ter experiência na aplicação ou conhecimento aprofundado sobre

os mesmos.

Durante as entrevistas alguns enfermeiros e técnicos mostraram interesse em

conhecer os instrumentos, até mesmo sugerindo que os instrumentos fossem

apresentados na UBS para serem implantados no atendimento as gestantes e puérperas.

E.1: Eu tenho interesse com certeza porque já trabalhei na linha de frente dessa

questão com as puérperas, aí acaba que a gente avalia pela fala, porque teve uma

puérpera inclusive que relatou pra gente que deixou o bebê dela sozinho em casa

abandonado porque ela não queria ele, aí a gente lida com a fala mas com o

instrumento não.

Quando questionados sobre a pergunta número 6 apenas 1 enfermeiro respondeu

não, alegando que a verdadeira necessidade é de se fazer um atendimento em saúde

mental de forma geral e não para situações específicas:

E.3: Olha, eu acho que não específico, porque quando a gente especifica em

saúde, que é até um problema muito grande que acontece no ministério da saúde hoje

em dia, a gente vai fragmentando a pessoa, porque aquela mulher que é gestante ou

puérpera ela é mulher, então eu acho que não específico, mas ter pra onde encaminhar

todos os pacientes.

Os demais justificaram suas respostas em 6 áreas: Prevenção de agravos à saúde

física da mãe e bebê (5). Auxiliar e dar apoio aos momentos de fragilidade das pacientes

(3). Promover saúde mental (3). Prestar assistência integral (3). Para evitar que afete a

dinâmica familiar (2). Combater o preconceito na área de saúde mental (1). Rotina (1).

Segundo um enfermeiro:

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14 E.5: É muito importante, porque pode afetar o aleitamento materno, o

desenvolvimento da criança e toda a dinâmica familiar.

E.6: Porque ajuda a promover qualidade de vida e faz parte de prestar uma

assistência integral.

Em resposta à questão de n. 7, dois enfermeiros relataram não conhecer e nem

indicar uma atividade para prevenir depressão gestacional ou puerperal. As indicações

mais sugeridas foram: participação em palestras educativas (4), atividades físicas (3),

atividades de lazer e artesanato (3), rodas de conversa para trocas de experiências e

grupos de apoio (4), terapias com práticas integrativas de saúde (6), acompanhamento

psicológico (2), apoio da família (1), acesso a blogs informativos (1), acolhimento com

escuta qualificada (2).

Segue relato de uma enfermeira sobre sua conduta:

E.1: Eu sempre fui da sala da mulher, mas tenho formação também em

psicologia, então quando eu percebia que a paciente tava com um quadro de depressão

a gente primeiro tentava um fitoterápico (passiflora), orientava pra fazer uma

atividade física, conversava pra ver se conseguia mudar o olhar dela sobre a gestação,

quando a gente via que não tava resolvendo na próxima consulta, aí a gente entrava

com tratamento medicamentoso.

Os enfermeiros participantes do estudo relataram acreditar ser importante

receber grupos de apoio as gestante que desenvolvam rodas de debate sobre parto,

aleitamento materno, cuidados com recém nascidos, onde as gestantes possam trocar

experiências, tirar dúvidas e encontrar apoio. Também incentivam a adesão a práticas

integrativas de saúde.

E.4: Acho que a gente deve incentivar elas a organizarem as atividades, se

prepararem, fazer um bom atendimento aqui no posto com acolhimento, recomendar a

auto massagem.

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15 E.5: Tem que ter atendimento de terapeutas ocupacionais, atividades de arte

terapia, artesanato, atividade física moderada.

E.7: Recomendo a prática de atividades físicas leves praquelas que podem, a

terapia comunitária ou individual também ajuda muito, seria bom montar grupos de

apoio com voluntárias que quisessem trocar experiências sobre ser mãe.

E.8: A escuta qualificada faz toda diferença, fazer perguntas abertas pra

gestante ou puérpera se sentirem a vontade pra responder.

E.9: Deveríamos investir mais nas palestras, porque elas ficam com medo por

causa das dúvidas que surgem.

E.10: Eu incentivo elas procurarem blogs informativos, porque eles ajudam a

tirar as dúvidas e ainda fazem elas se empolgarem.

4.2- Respostas dos participantes técnicos em enfermagem:

A pergunta 1 quando respondida pelos técnicos apresentou 4 profissionais que

alegaram já ter aplicado instrumentos relativos a detecção de sinais de depressão

gestacional ou puerperal ou de avaliação de qualidade de vida. No entanto nenhum

deles soube dizer que instrumento era.

Sobre a pergunta número 3 os sinais mais apontados foram: com maior frequência

choro (10), seguido de tristeza profunda (fala e face) (9). Em terceiro lugar negligencia

nos cuidados com o bebê (7), quarto lugar relatos de gravidez indesejada (6), quinto

lugar desânimo (5), em sexto lugar ansiedade (3), em sétimo distanciamento ou falta de

apoio da família (2) e Estresse (2). Por último aparecendo uma vez Insônia (1).

As respostas mais frequentes na questão número 4 pelos técnicos foram:

Encaminhar para o médico clínico ou ginecologista (9). Encaminhar para o enfermeiro da

ESF ou da saúde da mulher (8). Encaminhar para o serviço social (3). Acolhimento (2).

Práticas integrativas (1).

Relatos obtidos nas entrevistas:

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16 T.1: Eu tento agilizar a consulta, passar ela na frente quando detecto sinais de

depressão.

T.2: Encaminho pra práticas integrativas, recomendo terapias de relaxamento, é

uma maravilha.

T.3: Tem que ir pro serviço social, porque a maioria das gestações não são

planejadas.

T.4: A gente encaminha pro enfermeiro, porque aqui a gente só faz a triagem,

não dá pra passar um tempo maior com a paciente.

Dos 3 técnicos que responderam sim para a pergunta número 5 dois relatam

conhecer o EPDS e 1 o WHOQOL-BREF, mas nenhum deles sabia como era exatamente o

instrumento ou como utilizá-lo.

Na pergunta número 6 apenas um técnico respondeu negativamente, mas não quis

identificar o porquê. As respostas se dividiram em: Auxiliar e dar apoio aos momentos de

fragilidade das pacientes (6). prevenção de agravos à saúde física da mãe e bebê (5).

Promover saúde mental (4). Prestar assistência integral (2). Para evitar que afete a

dinâmica familiar (2). Combater o preconceito na área de saúde mental (2). Rotina (1).

T.4: É muito importante! Eu sei porque eu já tive depressão gestacional e

puerperal. Depois que você passa por isso fica mais atenta, principalmente porque eu

não tive acolhimento e acompanhamento.

T.5: A saúde mental é muito esquecida. Os profissionais não recebem preparo

para lidar com as demandas, e o lado social é o que mais pesa.

T.6: Saúde mental é vida, se a cabeça não vai bem nada vai bem, imagina na

gestação e pós-parto?

T.7: Principalmente com as vítimas de violência, pois elas ficam mais

vulneráveis.

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17 T.8: Eu já passei por isso, as pessoas não dão importância, existe um preconceito

sabe?

Nas respostas a questão número 7 respondidas pelos técnicos, 6 apontaram

métodos ou atividades para prevenir a depressão nas gestantes e puérperas, como:

Acolhimento com dialogo e escuta qualificada (2). Atividades em grupo e rodas de

debate (1). Incentivar a práticas religiosas (1). Atividades físicas (1). Incentivar o

planejamento familiar (1). Palestras e educação em saúde da mulher (1).

T.9: O melhor método é incentivar o planejamento.

T.10: Eu sugiro práticas religiosas, boas leituras e atividade física. O acolhimento

aqui ajuda também.

T.11: Indicar conversas com outras mães, se ocupar, participar de grupos.

Orientar sobre o que acontecerá no pós-parto.

4.3- Roteiro norteador para a observação das consultas de pré-natal:

Foram observadas cinco consultas de pré-natal realizadas por enfermeiros durante

o período das entrevistas. Observou-se que no primeiro critério que é referente à

recepção da paciente pelo enfermeiro 80% da amostra adotou um posicionamento

amigável em relação à gestante em contrapartida de 20% que manteve um

posicionamento hierárquico. Na percepção do contato visual em 80% das consultas os

enfermeiros mantiveram contato visual prestando atenção à fala da paciente, 20%

mantém a atenção ao registro e aos documentos. Em todas as consultas observadas os

profissionais buscaram estabelecer um vínculo de confiança promovendo diálogos que

permitiam a paciente se sentir mais confortável.

No quarto tópico foram observados aspectos em relação à realização dos exames,

80% preencheram a alternativa: Enfermeiro explica a técnica e o porquê do exame a ser

realizado e dá o retorno após o término. Em 20% o enfermeiro apenas solicitou a

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18 cooperação do paciente para realizar os exames. Foi observado que em nenhuma

consulta o enfermeiro questionou aspectos diretos da saúde mental da paciente e em

apenas 20% das consultas foi realizada alguma pergunta sobre qualidade de vida.

Não foi constatado pelos enfermeiros nenhum sinal de depressão durante as

consultas observadas. Os comportamentos mais frequentes por parte das gestantes

durante as consultas foram, em primeiro lugar, calmas e cooperativas, seguido de faces

de felicidade e vínculo terapêutico com o enfermeiro. Em apenas uma consulta (20%), o

enfermeiro realizou orientação específica para a prevenção de depressão na gestação

e/ou puerpério.

5. DISCUSSÃO:

A análise das respostas obtidas nas questões mostrou que mais de 90% da amostra,

composta de técnicos e enfermeiros que atuam na área da saúde da mulher, não haviam

aplicado instrumentos de rastreamento para depressão gestacional e ou puerperal. Essa

constatação aponta uma deficiência na consciência da importância da saúde mental nos

serviços de saúde acessíveis à comunidade.13

As falas dos enfermeiros também evidenciaram que a saúde pública não dispõe de

recursos humanos nem materiais para a assistência específica em saúde mental. Esse

cenário pode ainda ser encontrado devido ao preconceito envolvido na área de saúde

mental, apesar da crescente consciência de necessidade de assistência aos aspectos

mentais os progressos ainda são curtos, principalmente quando se trata de saúde mental

relacionada à saúde da mulher.14

Foi relatado, tanto por enfermeiros como por técnicos de enfermagem, a

predominância de comportamentos de choro e expressão de tristeza na face e fala das

gestantes e puérperas acompanhadas. No entanto, nem todas as mulheres chegam a

demonstrar sinais evidentes diante do profissional. Para melhorar a detecção precoce da

depressão perinatal recomenda-se o uso de instrumentos de rastreabilidade como o

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19 EPDS, que é a ferramenta mais utilizada nos estudos por ser um instrumento de

respostas simples que pode ser aplicado por profissional não especializado em saúde

mental. Esse instrumento pode ser usado desde a gestação até 1 ano pós-parto com boa

sensibilidade.1 7

Outros eventos estressantes e dados sociais também deveriam ser observados e

investigados nas gestantes e puérperas durante a assistência de enfermagem, como por

exemplo, renda familiar, grau de escolaridade da mãe, que são fatores apresentados

com correlação positiva no desenvolvimento de transtornos mentais durante gestação e

puerpério. A negligência da investigação desses aspectos reforça o despreparo dos

profissionais na implementação da saúde mental em seus serviços. 15

O estudo demonstrou também que mais de 60% dos profissionais de enfermagem,

apesar de não estruturarem a assistência baseada nas questões de saúde mental

notaram a necessidade desses serviços e buscaram intervir da forma que acharam

melhor. A equipe de enfermagem sugeriu atividades de educação em saúde, lazer,

exercícios físicos, rodas de conversa, apoio familiar e social, terapias integrativas e

outros tipos de intervenções que vem sendo descritas, em estudos recentes, como

fatores de proteção contra o desenvolvimento de transtornos psicológicos e também

como intervenções eficazes para mulheres com sintomas de ansiedade e depressão

gestacional ou puerperal, essa postura aponta a percepção dos profissionais de

enfermagem em relação às questões de impacto na saúde mental. As intervenções

sugeridas, que se dão principalmente nas áreas de planejamento familiar, qualidade de

vida e apoio social, também são recomendadas em outros estudos.6 7 16

Esse estudo possibilitou identificar bons métodos, que poderiam facilmente ser

adotados na assistência em saúde mental de gestantes e puérperas, por parte dos

profissionais de enfermagem que participaram da pesquisa, dentre os recursos que

poderiam ser empregados está o acompanhamento e incentivo da participação do pai na

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20 gestação e no pós-parto, esse método influencia o bem estar perinatal da mãe e ajuda

no desenvolvimento do relacionamento pai-filho.17 Outro recurso é a construção de sites

de enfermagem de apoio a gestação e puerpério de qualidade, este ultimo foi relatados

nas entrevistas por mais de um profissional, a web tem se apresentado como eficiente

método para auxiliar em terapias de saúde.18

Nas observações referentes ao roteiro de consultas foi constatado que em 80% dos

atendimentos acompanhados pelas pesquisadoras, os enfermeiros buscaram realizar o

acolhimento, adotando posicionamento amigável e com atenção à fala da gestante. Em

todas as consultas, os profissionais buscaram estabelecer um vínculo de confiança

promovendo diálogos que permitiam a paciente se sentir mais confortável. Esses

comportamentos refletem de forma positiva na criação do vínculo terapêutico, que é

imprescindível para o sucesso da assistência em saúde.19

Apesar da preocupação dos enfermeiros em estabelecerem um bom vínculo

terapêutico, vemos que suas ações estão centradas nos aspectos físicos das pacientes

em que o enfermeiro explica a técnica e motivos da consulta dando um feedback dos

resultados à gestante. No entanto as ações em saúde mental voltadas para bem estar e

qualidade de vida são pouco observadas, principalmente no tocante à percepção da

gestante sobre sua qualidade de vida.13

Os profissionais de enfermagem que participaram neste estudo confirmam dados

da literatura referentes à importância de desenvolver políticas para a atenção de saúde

mental de gestantes e puérperas com vista à detecção precoce dos sintomas, pois as

intervenções empregadas em tempo oportuno reduzem complicações. Nota-se

principalmente a necessidade da assistência a saúde mental de gestantes, já que nessa

fase os profissionais dão pouca importância aos sinais. A depressão no terceiro trimestre

gestacional leva a manifestações sintomáticas no puerpério, como a negligencia nos

cuidados com o bebê, rejeição à amamentação e outros.20 Essa manifestação no

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21 puerpério pode ser confundida com depressão restrita a essa fase, mas na verdade deve

ser abordada na gestação. Por isso a implementação do planejamento de uma

assistência estruturada à saúde mental de gestantes e puérperas se apresenta como

proposta eficiente na melhoria das políticas de saúde da mulher para prevenção das

morbidades causadas pela depressão gestacional e puerperal que afetam mulheres,

crianças, família e sociedade. 9

5. CONCLUSÃO:

Este estudo permitiu notar a percepção dos profissionais de enfermagem

em relação a sinais relacionados à depressão nas pacientes gestantes e puérperas. No

entanto, não existe uma rotina de triagem de depressão gestacional ou puerperal nos

serviços de saúde da mulher nas unidades básicas de saúde avaliadas. Percebe-se a

receptividade dos profissionais em relação aos instrumentos norteadores relatados nesta

pesquisa.

A prevenção da depressão gestacional e/ou puerperal, com a percepção precoce

dos sinais e sintomas em gestante e puérperas durante o atendimento realizado por

profissionais de enfermagem merece especial atenção devido ao impacto social, familiar

e financeiro que esta doença pode causar.

Este estudo apresentou dados relevantes para se avaliar a prestação de serviços

em saúde mental oferecida a gestantes e puerpéras assistidas na atenção básica de

Ceilândia, no entanto uma das limitações foi o pouco tempo de observações.

Recomenda-se que mais estudos sejam desenvolvidos nessa área, englobando não só os

profissionais mais também avaliando as pacientes, famílias e comunidade.

Os profissionais de enfermagem devem estar preparados para identificar os sinais

e sintomas precocemente possibilitando, desta forma, o planejamento de intervenções

de forma eficaz assegurando uma assistência integral e eficiente visando à qualidade dos

serviços de saúde pública oferecido para as mulheres.

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22 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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gestação e fatores associados: estudo longitudinal. Acta paul enferm vol30 no1

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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

21002017000100039&lang=pt#B6. Acesso em: 17/06/2017

2. Ferreira ACD, Sintomas Psicopatológicos e Suporte Social na Gravidez e no Pós-

Parto: Um olhar sobre a parentalidade. Covilhã. 2013. Disponível em:

https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/2614/1/TESE%20FINAL_ANACAROLI

NA.pdf. Acesso em: 17/06/2017

3. Zeoti FS, Petean EBL. Apego materno-fetal, ansiedade e depressão em gestantes

com gravidez normal e de risco: estudo comparativo. Estud psicol (Campinas)

vol32 no4 Campinas Oct/Dec. 2015. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

166X2015000400675&lang=pt. Acesso em: 17/06/2017

4. Barreto CN, Ressel LB, Santos CC, Wilhelm LA, Silva SC, Alves CN, Atenção pré-

natal na voz das gestantes. Rev enferm UFPE on line .2013. jun Recife 7(5):4354-

63. Disponível em:

www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/download/..

./6376. Acesso em: 17/06/2017

5. Moraes EV, Campos RN, Avelino MM. Sintomas depressivos na gravidez: a

influência dos aspectos sociais, psicológicos e obstétricos. Rev Bras Ginecol

Obsteto Vol38 no6 Rio de Janeiro junho. 2016. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-

72032016000600293&lang=pt. Acesso em: 17/06/2017

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23 6. Biratu A, Haile D. Prevalência de depressão pré-natal e fatores associados entre

mulheres grávidas em Addis Abeba, Etiópia: estudo transversal. Reprod Health.

2015. Disponível em:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4627391/. Acesso em:

17/06/2017

7. Almeida NMC, Arrais AR. O Pré-Natal Psicológico como Programa de Prevenção à

Depressão Pós-Parto Psicol cienc prof vol36 no4 Brasília Oct/Dec. 2016.

Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-

98932016000400847&lang=pt. Acesso em: 17/06/2017

8. Moraes GPA, Lorenzo L, Pontes GAR, Montenegro MC, Cantilino A. Triagem e

diagnóstico de depressão pós-parto: quando e como? Trends Psychiatry

Psychother Vol39 no1 Porto Alegre Jan/Mar. 2017. Disponivel em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-

60892017000100054&lang=pt. Acesso em: 17/06/2017

9. Abuchaim ESV, Caldeira NT, Lucca MMD, Varela M, Silva IA, Depressão pós-parto e

autoeficácia materna para amamentar: prevalência e associação. Acta paul

enferm vol29 no6 São Paulo Nov/Dec. 2016. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

21002016000600664&lang=pt. Acesso em: 17/06/2017

10. Sobreira NAS, Pessôa CGO. Assistência de enfermagem na detecção da

depressão pós-parto. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.5

- N.1 - Jul./Ago. 2012. Disponível em:

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enfermagem-na-deteccao-da-depressao-pos-parto.pdf. Acesso em: 17/06/2017

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24 11. Albuquerque MR, Corrêa H, Couto TC, Santos W, Silva MAR, Santos LMP. Uma

proposta para uma nova versão brasileira de seis itens da Escala Pós-natal de

Depressão de Edimburgo. Trends Psychiatry Psychother Vol39 no1 Porto Alegre

Jan/Mar. 2017. Disponível em :

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-

60892017000100029&lang=pt. Acesso em: 17/06/2017

12. Josieli Piovesan J, Scortegagna SA, Marchi ACB. Qualidade de vida e

sintomatologia depressiva em mães de indivíduos com autismo. Psico-USF vol 20

no 3 Itatiba Sept/Dec. 2015. Disponível em:

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82712015000300505&lang=pt. Acesso em: 19/06/2017

13. Marsay C, Manderson L, Subramaney U. Validação das perguntas Whooley para

depressão pré-natal e ansiedade entre as mulheres de baixa renda na África do

Sul urbana S Afr J Psyc Vol23 n1 Pretoria. 2017. Disponível em:

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67862017000100014&lang=pt. Acesso em: 17/06/2017

14. Moraes RCP, Silva CRC. Sentidos e Processos Psicossociais envolvidos na Inclusão

pelo Trabalho na Saúde Mental. Psicol. cienc. prof. vol.36 no.3 Brasília

July/Sept. 2016. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-

98932016000300748&lang=pt. Acesso em: 03/07/2017

15. Alvarenga P, Frizzo GB. Eventos de vida estressantes e saúde mental feminina

durante a gravidez e pós-parto. Paidéia vol 27 no 66 Ribeirão Preto Jan/Apr.

2017. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

863X2017000100051&lang=pt Acesso em: 03/07/2017

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25 16. Manente MV, Rodrigues OMPR. Maternidade e trabalho: associação entre

depressão pós-parto, apoio social e satisfação conjugal. Pensando fam vol20 no1

Porto Alegre jul. 2016. Disponível em:

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-

494X2016000100008. Acesso em: 17/06/2017

17. Pilkington P, Milne L, Cairns K, Whelan T. Melhorando o apoio de parceiros

recíprocos para prevenir a depressão e ansiedade perinatal: um estudo de

consenso de Delphi. BMC Psychiatry . 2016. Disponível em:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4739319/?tool=pubmed Acesso

em: 04/07/2017

18. Lee EW, Denison FC, Hor K, Reynolds RM. Intervenções baseadas na Web para

prevenção e tratamento de transtornos do humor perinatal: uma revisão

sistemática. BMC Gravidez Parto. 2016. Disponível em:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4770541/?tool=pubmed Acesso

em: 04/05/2017

19. Arruda CAM, Bosi MLM. Satisfação de usuários da atenção primária à saúde: um

estudo qualitativo no Nordeste do Brasil. Interface (Botucatu) vol21 n61 Botucatu

Apr/June 2017 Epub Oct 03. 2016. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-

32832017000200321&lang=pt. Acesso em: 17/06/2017

20. Joanna Koss J, Bidzan M, Smutek J, Bidzan L. Influência da Depressão Perinatal

sobre Medo Associado ao Trabalho e Anexo Emocional à Criança em Gravidez de

Alto Risco e os Primeiros Dias Após a Entrega. Med Sci Monit . 2016. Disponível

em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4818031/?tool=pubmed.

Acesso em: 05/07/2017

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26 7. APÊNDICES

APÊNDICE I - Questionário Sociodemográfico e clínico – profissionais de enfermagem

O(a) senhor(ra) já aplicou algum instrumento para detecção de depressão gestacional ou

puerperal?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

Quais? Com que frequência?

____________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

Já observou sinais de depressão ou de predisposição em suas pacientes de pré-natal

e/ou puerpério?

____________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

Já encaminhou ou fez alguma intervenção em pacientes com suspeita ou diagnóstico de

depressão gestacional ou pós-parto?

____________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

Conhece o EDPS ou/e o Whoqol-Bref?

____________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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27

Acredita que é importante uma atenção com importância para saúde mental em

específico para DPP e para depressão gestacional durante as consultas de pré-natal e

puerpério? Porquê?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

Conhece ou/e indica algum método ou atividade para prevenir depressão em gestantes e

puérperas?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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28 APÊNDICE II - Roteiro de observação de consultas de enfermagem ao pré-natal

Centro de saúde: __________ N. da consulta___________

Tipo consulta: ( ) gestante ( ) puérpera

1. Recepção da paciente pelo enfermeiro

( ) Posicionamento amigável

( ) Posicionamento hierárquico

6. Anamnese:

( ) O Enfermeiro questiona sobre aspectos da qualidade de vida da

paciente.

( ) O Enfermeiro não aborda o tema qualidade de vida de maneira direta.

2. Contato visual:

( ) Sim. Presta atenção à fala da paciente

( ) Pouco. Presta atenção ao registro/documento

7. O(A) Enfermeiro(a) detectou algum sinal de depressão na

gestante/puérpera durante a consulta?

( ) sim ( ) Não. Se sim, qual(is)?

_________________________________________________________________

_____

3. Estabelecimento de diálogo:

( ) Busca estabelecer um vínculo de confiança promovendo diálogos

8. Se o enfermeiro detectou sinal de possível depressão, tomou alguma

atitude relacionada à prevenção?

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29 que permitam a paciente se sentir mais confortável.

( ) Estabelece diálogo objetivo para as técnicas de consulta não

permitindo expressão da paciente.

( ) sim ( ) Não. Se sim, qual(is)?

_________________________________________________________________

_____

4. Realização dos exames:

( ) Enfermeiro explica a técnica e o porque do exame a ser realizado e

dá o feedback após o término.

( ) Enfermeiro apenas solicita a cooperação do paciente para realizar

os exames.

9. Observação do comportamento da paciente:

( ) Calma e cooperativa ( ) Faces de

tristeza

( ) Ansiosa, não envolve-se na consulta ( ) Vínculo com o

profissional

( ) Faces de felicidade na consulta ( ) Resistência ao

profissional

5. Anamnese:

( ) O Enfermeiro realiza perguntas voltadas ao estado mental da

paciente.

( ) O Enfermeiro não realiza nenhum questão específica acerca deste

tema.

10. O(A) Enfermeiro(a) realizou alguma(s) orientação específica para a

prevenção de depressão na gestação e/ou puerpério?

( ) sim ( ) Não. Se sim, qual(is)?

_________________________________________________________________

____

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30

11. Observações:

Observador: ____________________________________________

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APÊNDICE III – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

O(A) Senhor(a) está sendo convidada a participar da pesquisa sobre

depressão durante gestação e puérperio referente a um projeto do curso de

Enfermagem, sob a responsabilidade da pesquisadora Diane Maria Scherer Kuhn

Lago. O projeto consiste em identificar fatores de risco para o desenvolvimento

da depressão pós parto e sinais de depressão gestacional nas gestantes e

puérperas assistidas nas unidades básicas de saúde de Ceilândia.

O objetivo desta pesquisa é abordar a importância da detecção precoce de

sinais e sintomas de depressão em gestantes e puérperas.

O(A) senhor(a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no

decorrer da pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá, sendo

mantido o mais rigoroso sigilo por meio da omissão total de quaisquer

informações que permitam identificá-lo(a).

A sua participação se dará por meio da realização de uma entrevista no

centro de saúde no qual o(a) senhor(a) é atendido em pré-natal ou período

puerperal enquanto espera ou após ter sido consultado pelo enfermeiro ou

médico. A entrevista será realizada na presença de um profissional de

enfermagem da unidade. Se o(a) senhor(a) for enfermeiro a pesquisa será onde

desempenha suas funções, em um período em que estiver disponível para a

aplicação dos instrumentos.

Os instrumentos utilizados neste estudo são: para as gestantes e puérperas

– 1. Questionário sociodemográfico e clínico para coleta de informações sobre o

perfil; 2. Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EDPS) e 3. Instrumento

para avaliação da qualidade de vida (WHOQOL-Bref). Para os enfermeiros – 1.

Questionário sociodemográfico e clínico para coleta de informações sobre o perfil

e conhecimento sobre os sinais e sintomas de depressão, além de ações

desempenhadas para a promoção da saúde, prevenção e tratamento da

depressão em gestantes e puérperas;

As entrevistas serão filmadas para posterior análise. O tempo estimado

para a duração é de 20 minutos. Informamos que o(a) senhor(a) pode se recusar a

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responder qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de

participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo no seu

atendimento no Centro de Saúde ou na realização de suas funções. Sua

participação é voluntária, isto é, não há pagamento por sua colaboração.

Os riscos decorrentes de sua participação na pesquisa são você sentir

coagido a participar da pesquisa na primeira etapa da pesquisa, para isso será

explicado que a não participação da pesquisa não acarretará em prejuízos na sua

assistência. Outro risco é de que a coleta de dados prejudique sua assistência no

centro de saúde. Neste caso, esclareço que a estudante já cursou disciplinas que

tratam de conteúdos de enfermagem na assistência à saúde da mulher, estando

assim capacitada para realização da sua avaliação criteriosa após as consultas

com o enfermeiro da unidade. Outro risco por participar deste estudo, pode-se

considerar, no caso de gestantes e puérperas, a possibilidade de confrontar os

dados existentes nos instrumentos, que poderá levá-lo(a) a refletir sobre a

possibilidade de desenvolver depressão. Para tanto, como benefício por

participar, você poderá discutir os medos e anseios relativos à gestação com

enfermeira especialista em saúde mental e refletir sobre o momento em que está

vivenciando.

Se o(a) senhor(a) aceitar participar, estará contribuindo para o

estabelecimento do perfil das gestantes e puérperas assistidas nos centros de

saúde de Ceilândia e colaborando para a informação de sinais e fatores de risco

no desenvolvimento de depressão gestacional e puerperal.

O(a) Senhor(a) pode se recusar a responder (ou participar de qualquer

procedimento) qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir

de participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo para o(a)

senhor(a).

Todas as despesas que você tiver relacionadas diretamente ao projeto de

pesquisa (tais como, passagem para o local da pesquisa) serão cobertas pelo

pesquisador responsável. Caso haja algum dano direto ou indireto decorrente de

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sua participação na pesquisa, você poderá ser indenizado, obedecendo-se as

disposições legais vigentes no Brasil.

Os resultados da pesquisa serão divulgados, para fins de propagação de

conhecimentos internamente, na Faculdade Ceilândia/Universidade de Brasília,

bem como por meio de publicação de artigos científicos em periódicos nacionais

e/ou internacionais. Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sob a

guarda da pesquisadora responsável por um período de, no mínimo, cinco anos,

após isso serão destruídos ou mantidos na instituição.

Se o(a) Senhor(a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor,

telefone para a professora Diane Maria Scherer Kuhn Lago (pesquisadora

responsável e orientadora do estudo) nos telefones: 61 - 98138 0348 ou 61 –

35363721, as ligações podem ser feitas à cobrar e em qualquer dia da semana.

Outra forma de contato é pelo email: [email protected].

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade

de Ciências da Saúde (CEP/FS) da Universidade de Brasília e pelo Comitê de Ética

em Pesquisa da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde – Secretaria

de Estado de Saúde do Distrito Federal (CEP FEPECS-SES/DF). O CEP é composto

por profissionais de diferentes áreas cuja função é defender os interesses dos

participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade e contribuir no

desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos.

As dúvidas com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do participante

da pesquisa podem ser esclarecidos pelo CEP/FS no telefone (61) 3107-1947 ou e-

mail [email protected] ou [email protected], horário de atendimento de 10:00hs

às 12:00hs e de 13:30hs às 15:30hs, de segunda a sexta-feira. O CEP/FS se

localiza na Faculdade de Ciências da Saúde, Campus Universitário Darcy Ribeiro,

Universidade de Brasília, Asa Norte.

As dúvidas com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da

pesquisa também podem ser esclarecidos pelo CEP FEPECS–SES/DF através do

telefone: (61) 3325-4955 ou do e-mail: [email protected],

Page 34: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À SAÚDE MENTAL …Email: pamela.s.peres@gmail.com Correspondência : Pâmela Souza Peres 5 Qnn 17 conj. C casa 13 Ceilândia Norte CEP 772225173 - Brasília

horário de atendimento de 08:30hs às 11:30hs, de segunda a sexta-feira. O CEP

FEPECS-SES/DF se localiza na FEPECS - Fundação de Ensino e Pesquisa em

Ciências da Saúde SMHN Quadra 03, conjunto A, Bloco 1, Edifício Fepecs.

Caso concorde em participar, pedimos que assine este documento que foi

elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador responsável e a outra com

o(a) Senhor(a). Brasília, ___ de __________de _________

Participante: Nome e assinatura

Pesquisador Responsável: Nome e assinatura

Page 35: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À SAÚDE MENTAL …Email: pamela.s.peres@gmail.com Correspondência : Pâmela Souza Peres 5 Qnn 17 conj. C casa 13 Ceilândia Norte CEP 772225173 - Brasília

APÊNDICE IV - TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA UTILIZAÇÃO DE IMAGEM E SOM

DE VOZ PARA FINS DE PESQUISA.

Eu, _________________________________________, autorizo a utilização

da minha imagem e som de voz, na qualidade de participante/entrevistado(a) no

projeto de pesquisa intitulado Depressão na gestação e puerpério, sob

responsabilidade de Diane Maria Scherer Kuhn Lago vinculado(a) ao/à

Universidade de Brasília faculdade de Ceilândia.

Minha imagem e som de voz podem ser utilizadas apenas para análise por

parte da equipe de pesquisa, apresentações em conferências profissionais e/ou

acadêmicas, atividades educacionais.

Tenho ciência de que não haverá divulgação da minha imagem nem som de

voz por qualquer meio de comunicação, sejam elas televisão, rádio ou internet,

exceto nas atividades vinculadas ao ensino e a pesquisa explicitadas acima.

Tenho ciência também de que a guarda e demais procedimentos de segurança

com relação às imagens e sons de voz são de responsabilidade do(a)

pesquisador(a) responsável.

Deste modo, declaro que autorizo, livre e espontaneamente, o uso para

fins de pesquisa, nos termos acima descritos, da minha imagem e som de voz.

Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o(a)

pesquisador(a) responsável pela pesquisa e a outra com o(a) participante.

____________________________

Assinatura do (a) participante

Nome e Assinatura do (a)

pesquisador (a) Brasília, ___ de __________de _________