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ASSOCIAÇÃO DAS ANTIGAS ALUNAS ASSOCIAÇÃO DAS ANTIGAS ALUNAS DO DO INSTITUTO DE ODIVELAS INSTITUTO DE ODIVELAS

Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas

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A história dos 95 anos da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas (AAAIO)

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ASSOCIAÇÃO DAS ANTIGAS ALUNASASSOCIAÇÃO DAS ANTIGAS ALUNASDODO

INSTITUTO DE ODIVELASINSTITUTO DE ODIVELAS

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ASSOCIAÇÃO DAS ANTIGAS ALUNASDO

INSTITUTO DE ODIVELAS

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Ficha Técnica

TÍTULO: Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas

AUTORAS: Virgínia Paccetti, Rosete Milheiro e Maria Noémia de Melo Leitão

POSFÁCIO: M. Margarida Pereira-Müller

ISBN: 978-989-98103-1-0

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O INÍCIO1919-1987

Por Virgínia PaccettiAA N.º 66/1923 (1988)

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P or iniciativa do Director do Instituto, Coronel Ferreira de Simas, foi criada em 1919, a Associação das Antigas Alunas do Instituto Feminino de Educação e Trabalho, a qual fez parte da sua importante obra social realizada.

Encontrava-se o nosso Director em missão militar, em Inglaterra, a presidir à delegação portuguesa da “Comission Internationale de Ravitaillement”, quando escreveu à antiga aluna do Instituto Maria João de Lemos Luna, nº 80/1905, incumbindo-a de pôr em prática a sua ideia de se criar a nossa Associação.

Esta aluna foi para o efeito, auxi-liada pelo Professor Capitão Eduardo Andermatt da Silva que veio a ser seu marido, e foram pais da antiga aluna nº 63/1935, Maria Antónia Luna Andermatt Brás de Oliveira, que fez parte da Mesa da Assembleia Geral da Associação.

O referido professor elaborou o projecto dos Estatutos e cedeu ao célebre “Curso X” a que Maria João pertencia – assim chamado por ser constituído por um grupo de alunas de elevado nível – a honra da sua criação, em conjunto com o Coronel Simas que incondicionalmente aprovou a redacção proposta para os Estatutos.

O original dos Estatutos escritos, à mão, pela aluna Maria João que veio a ser professora efectiva do instituto e faleceu em 1979, foi-nos, por ela, amavelmente oferecido e encontra-se no Cofre da Associação, destinando-se ao futuro museu.

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Aprovada a criação da Asso-ciação, com todos os requisitos exigidos pela lei então em vigor, pelo Governo de que faziam parte professores do Instituto, foi um exemplar depositado no Governo Civil de Lisboa.

Assim, nasceu com o maior entusiasmo uma Obra que sem-pre esteve no espírito dos diri-gentes e professores do Insti-tuto, que muito a acarinharam, ajudando as antigas alunas, que ainda não eram muitas.

A Associação é uma instituição hu-manitária, com sede em Odivelas, tendo por fim realizar as-sistência material e moral às antigas alunas.

A quota mensal era de $10 (10 cen-tavos).

Maria João Lu na foi a primeira presi-dente da Direcção.

Pelos elementos que me chegaram às mãos verifica-se que as preocupa-ções dominantes do fundador eram as seguintes:

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Que todas as antigas alunas fossem sócias Que se criasse um Lar para as antigas alunas Que se organizassem reuniões de confraternização.

Em 29 de Abril de 1928 realizou-se, a favor da Associação, uma grande festa no Instituto com a fraterna colaboração de alunas e antigas alunas.

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DE BRAÇO DADO

Almas irmãs que assim acalentandoVinha o mesmo regaço maternal,Como pombas em volta do pombal,Ao redor desta Casa andam pairando.

Passam alegres, em risonho bando,Na clara luz da hora matinal.A mesma aspiração, o mesmo idealPara o ninho de infância as vai guiando.

Novas e antigas, demo-nos o braço:Na senda carinhosa da bondade,Unidas caminhemos, firme o passo.

Terna bênção de amor e de saudade,Em nossos corações estreite o laçoDa verdadeira e sã fraternidade!

Soneto recitado e distribuído a favor da Associa-ção das Antigas Alunas do Instituto Feminino de

Educação e Trabalho na festa realizada em 29 de Abril de 1928 com a fraterna colaboração das

novas e antigas alunas.

Da Acta nº 3, de 13 de Abril de 1932, a Mesa da Assembleia Geral propõe que se trabalhe para se conseguir organizar um Fa-lanstério, em Odivelas.

No dia 29 de Outubro de 1933 realizaram-se eleições, no giná-sio do Instituto, para os corpos gerentes da Associação, de que se juntam duas fotografias.

Da Acta nº 7 de Outubro de 1940, a presidente da Direcção, antiga aluna Laura Gonçalves Canelhas, à data Regente da 2ª Secção, diz con-siderar que a Associação se está a desviar do estipulado nos Estatutos e pede que uma cópia da acta seja enviada ao Director Coronel Simas.

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Eleições para os Corpos Gerentes da Associação– 1933 –

Na mesa encontram-se, da direita para a esquerda, Auta Moura (nº40/1923), Zaida Galamba (nº 38/1924), Alice Correia (nº 124/1920), Maria Júlia Mesquita

dos Santos (nº 417/1927) e Virgínia Paccetti (nº 66/1923)

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Da Acta nº 8, de 12 de Outubro de 1940, Laura Canelhas fala no estabelecimento de um Lar para que as antigas alunas tenham onde se instalar, sobretudo as da província, quando necessitam empregar-se na capital, dizendo que se deve procurar uma casa que não traga dispêndio de renda para a Associação. É nomeada uma comissão composta por Maria João Andermatt da Silva, Bernardina Corrêa de Sousa Neves e Maria Joana Mendes Leal para tratar deste assunto, que deveria merecer o maior interesse possível de todas as alunas e antigas alunas.

Entretanto, circunstâncias várias, como o afastamento do Insti-tuto do Director Ferreira de Simas, em 1941, ainda no decorrer do ano lectivo, a existência da Mocidade Portuguesa Feminina onde as alunas foram integradas, etc., determinaram a paralisação da vida associava, durante cerca de trinta anos. Julgar-se-ia até que tinha findado, como aconteceu à Mutualidade Escolar “Futuro” e à Cooperativa Escolar.

O dinheiro existente nestas Obras, que ainda era bastante, transitou para a Mocidade Portuguesa Feminina.

Por determinação superior cessam as actividades das Obras Sociais existentes no Instituto.

A nossa Associação teve pois a sua primeira fase de vida desde 1919 até 1941.

Como se pode compreender a sua actividade não foi grande, limitando-se à cobrança de quotas e a alguns auxílios, como peque-nos subsídios ou empréstimos.

No entanto, a caderneta da Caixa Geral de Depósitos não foi entregue. Ficou em poder da última tesoureira, a Maria Jacinta Cardoso, nº 11E/1910.

A NOSSA ASSOCIAÇÃO NASCERA PARA O FUTURO!

O Coronel Simas, verdadeiro democrata foi, pelo regime político então no poder, impedido de entrar no Instituto. Desejando ver as alunas, ia à Praça dos Restauradores, à paragem dos carros eléctri-cos, donde aquelas seguiam para o Lumiar, com destino a Odivelas.

Mas não deixámos de confraternizar! Várias reuniões de antigas alunas se realizaram, em Lisboa, com o Director Ferreira de Simas, que era um Amigo, um Homem que estimávamos e admirávamos.

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MUTUALIDADE ESCOLAR “FUTURO”MUTUALIDADE ESCOLAR “FUTURO”

Era uma Associação de Socorros Mútuos legalmente fundada no Instituto, pelo Director Coronel Simas, com Estatutos aprovados por Alvará do antigo Ministério do Trabalho, passado em 12 de Março de 1920, com alterações aprovadas por despacho do Ministério das Finanças, de 21 de Abril de 1922 (nota nº 88 da Direcção dos Serviços da Mutualidade livre, de 24 de Junho de 1922).

Entretanto, as Associações de Socorros Mútuos tinham sofrido profundas alterações, ficando subordinadas ao Instituto Nacional do Trabalho e Previdência, de harmonia com a Lei nº 1884, de 16 de Março de 1935.

A nossa Mutualidade não acompanhara a evolução, do ponto de vista legal e económico. Nunca actualizara os Estatutos, mas cumpria as suas obrigações para com as sócias. Estas, aos 25 anos de idade, tinham direito a receber um dote de 1000$00, calculado em 1920 e, portanto desactualizado.

Confraternização de antigas alunas com o seu Director, em Lisboa

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Entendeu-se que a aluna ao deixar o Instituto necessitaria de adquirir roupas e ter dinheiro para diplomas, propinas, livros e outras despesas. Seria pois preferível actualizar os Estatutos da Associação a dissolvê-la, dividindo o capital pelas sócias.

Além de dotes, a Mutualidade Escolar destinava-se a conceder subsídios de doença e de funeral e ainda pensões de velhice, ha-vendo sócios efectivos, protectores e honorários. As receitas eram constituídas por quotas, donativos e rendimento de capital.

No dia 14 de Janeiro de 1933 houve uma venda, no Instituto, a favor desta Associação.

SAUDAÇÃO AO INSTITUTO

Pela aluna Maria da Piedade Leote do Rego14 de Janeiro de 1933

Minhas Senhoras, Senhores:É de todo o coração que as alunas de Odivelasagradecem a atençãodos carinhos e louvoresdados por almas tam belas.

Confirmando este deverde sincera cortesia,permiti que mais vos diga:- é grande a nossa alegriapor hoje vos ver e terdentro desta Casa amiga!

Hoje – dia assinalado –por fazer anos Alguémque hoje e sempre adorarei:- a minha segunda Mãeque, com ternura e cuidado,me ensinou tudo o que sei.

Minhas Senhoras, Senhores:– faz hoje trinta e três anosesta Escola de Bondade –p’los afectos sobre-humanos,graças, sorrisos, favores, a tanta e tanta orfandade.

E a todos que ora me ouvisrogarei, com fé veemente,que, num viva bem sentidoe dando palmas gentis,- o Instituto tam queridosaudeis ardentemente!

Prof. Lobo de Campos

A FAVOR DA

MUTUALIDADE ESCOLAR

DO

INSTITUTO

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Em 29 de Novembro de 1941, a Directora Dr.ª Aida da Conceição transmitiu à Direcção da Mutualidade Escolar o despacho do dia 22 anterior, do Subsecretário de Estado da Guerra, Santos Costa:

“Extinguir a Associação de Socorros Mútuos existente no Instituto com o nome de Mutualidade Escolar “Futuro”. A Direcção do Instituto mandará encerrar a conta da Mutualidade e comunicará ao Ministério a sua existência, a fim de ulteriormente lhe ser indicado destino.”

A Direcção da Mutualidade, à data, tinha a constituição seguin-te: Laura Gonçalves Canelhas, Jesuína Branco, Maria João Andermatt da Silva, Irene Barreto e Guilhermina Trindade.

Não tendo esta Direcção dado imediato cumprimento àque-le despacho, em 16 de Março de 1943, é superiormente determi-nado que até ao fim desse mês se comunicasse ao Ministério da Guerra a respectiva existência e se justificasse a demora, como se fez.

Em 30 de Agosto do mesmo ano é exarado o despacho seguinte: “Aceito a sugestão da Directora do Instituto. Integre-se a Mutualidade no Centro da Mocidade Portuguesa Feminina existente no Instituto, destinando-se os seus fundos à prestação de assistência pós-escolar às alunas, nos termos do artigo 4º do Decreto nº 32615. Os valores que transitam são de 142 697$94.

COOPERATIVA ESCOLARCOOPERATIVA ESCOLAR

A Cooperativa Escolar era uma Sociedade anónima legalmente constituída.

O Estatuto da Cooperativa Escolar do Instituto Feminino de Educação e Trabalho foi aprovado em Conselho de Professores Efectivos, em 10 de Maio de 1926 e pelo Ministro da Guerra, em 28 de Junho de 1926.

Esta Sociedade Cooperativa de Consumo denominada “Coope-rativa Escolar” era pois uma instituição oficial que tinha por fim

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fornecer aos sócios (alunas, antigas alunas, professores e pessoal do Instituto) artigos escolares, vestuário, etc.

Competia às alunas mais adiantadas do Curso do Comércio fazer as escritas das organizações associativas das alunas: Mutualidade Escolar “Futuro”, Cooperativa Escolar, Caixa Económica e das Ins-tituições Agrícolas que procediam também à venda de artigos na Cooperativa.

As colegas Maria Jacinta Cardoso e Maria Amélia Dias, muito competentes em escrituração comercial e com uma óptima caligra-fia, tinham a seu cargo as escritas da Cooperativa e das Oficinas Escolares, respectivamente.

Em 1921 foram expostos no Teatro Nacional, em Lisboa, os trabalhos executados pelas alunas nas Oficinas Escolares, os quais mereceram os maiores elogios: bordados a richelieu, regionais de Castelo Branco, Viana do Castelo e Ilhas, rendas de bilros, tapetes de Arraiolos, costura e pinturas.

Em 1925 os trabalhos das Oficinas atingiram a importância de 17 000$00 e os trabalhos artísticos renderam 1 189$00.

Em 27 de Agosto de 1941, deixou o cargo de Gerente da Coo-perativa o Professor do Instituto Major Ney Pompílio da Veiga Mata que foi substituído pela Professora, antiga aluna, Clotilde Rebelo de Almeida, nº 226/1923. Em 15 de Outubro seguinte é nomeada uma Comissão provisória constituída pelo Professor Capitão Dr. Eugénio Carlos Garcia (advogado) e pelas Regentes Laura Canelhas e Jesuína Branco, sendo chefe da contabilidade a Professora, antiga aluna, Maria João Andermatt da Silva.

Com a saída dos professores do sexo masculino, em Dezembro desse ano, o presidente da Comissão foi substituído por Maria João Andermatt da Silva que, em Abril de 1943, apresentou as contas desde Julho de 1941 até 31 de Dezembro de 1942, dado que pelo Decreto-Lei nº. 16731, de 1929, o ano económico passara a coincidir com o ano civil.

O lucro ilíquido era de 33 147$62 e o líquido de 18 246$42, havendo um fundo de reserva elevado depositado na Caixa Geral de Depósitos e em cofre 1214$89. O valor das mercadorias diversas exis-tentes era de 62 517$46, mais uma cédula na importância de 1000$00.

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Por curiosidade, a seguir indico alguns accionistas. Cada ac-ção tinha o valor de 5$00 e constituíam o capital da Cooperativa Escolar:

Consº. de Administração do InstitutoCooperativa EscolarFerreira de Simas (Cor.)Alberto David Branquinho (Cor.)Bernardina C. de Sousa NevesEmília Neves Alves CaetanoAlfredo Ribeiro Ferreira (Major)Maria Ernestina Costa e SilvaDr. Fernando Cunha (Médico)Maria Emília Henriques (Regente)Eugénio Carlos Garcia (Cap.)Ilda DuarteIrene BarretoMaria Jacinta CardosoNey Pompílio da Veiga Mata (Major)Aurora Macias de FigueiredoEster de MeloAlbertina Veiga e SousaAna MesquitaAurélia Ramos PereiraSara de Sousa

Como pelo Decreto nº 32234, de 31 de Agosto de 1942, as alunas do Instituto de Odivelas foram integradas nos Cen-tros Escolares da Mocidade Portuguesa Feminina, foi superior-mente determinado que se fizesse entrega de todos os bens, verbas ou dotações existentes, ao respectivo Centro da referida Institui-ção. “Compete ao Centro Escolar da Mocidade Portuguesa Femi-nina no Instituto de Odivelas, tomar posse dos fundos da Mutua-lidade Escolar “Futuro” e dos valores existentes na “Cooperativa Escolar”, integrando-os na sua obra de formação e auxílio pós--escolar”.

Maria João L. Andermatt da SilvaJosé Augusto Melo Vieira (Cor.)Laura Gonçalves CanelhasTereza Leitão de BarrosJesuina BrancoAlbertina GonçalvesGuilhermina TrindadeMaria Amélia MenaIrene OchôaEdith OchôaIlídia FigueiredoOtília Paiva RuaJoana CaldasJúlia GonçalvesAlice do Céu GilMaria José RuivoElvira TavaresAida AzinhaisMaria Antónia L. Andermatt da SilvaLídia Gonçalves de MeloAmália Penalva

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Os accionistas da Cooperativa poderiam ser reembolsados do valor das suas acções e os sócios não-alunas poderiam receber o dote pecuniário da Mutualidade.

Para as alunas era obrigatória a inscrição no Centro da Mocidade Portuguesa, na data da admissão no Instituto.

Os Estatutos respectivos seriam de alterar, de harmonia com os princípios estabelecidos para as Cantinas e mais Associações escola-res para a integração nos Centros Escolares da Mocidade Portuguesa, a aprovar em Assembleia-geral e depois pelo Ministro da Guerra.

Num despacho de 13 de Julho de 1943, respeitante à Coopera-tiva Escolar assim diz: “Revogo o despacho de 28 de Junho de 1926 que aprovou os Estatutos da Cooperativa Escolar do antigo Instituto Feminino de Educação e Trabalho, devendo a mesma Cooperativa ser dissolvida. Autorizada a constituição, no Instituto de Odivelas, de uma Cantina Escolar, nos termos propostos pela Direcção”.

Finalmente, por despacho de 12 de Março de 1944, do Ministro da Guerra, General Fernando de Santos Costa, irmão da antiga alu-na Maria da Encarnação Santos Costa, transmitido pela Directora,D. Aida da Conceição, a Cooperativa Escolar e a Mutualidade Escolar foram integradas no Centro Escolar da Mocidade Portuguesa que funcionava no Instituto, para manutenção do Lar a que se refere o art. 4º. da Lei Orgânica do Instituto de Odivelas (Dec. lei nº 32615, de 31.12.1942).

Com a discordância da Professora do Instituto, Maria João Luna Andermatt da Silva, antiga aluna que andou sempre ligada, com a maior dedicação às Obras Sociais do Instituto, criadas pelo Coronel Simas, houve que se cumprir as determinações superiores que foram completadas, como segue:

“e as Direcções das Instituições integradas devem abandonar as suas funções”.

A extinção destes Organismos e a transferência dos seus fundos para a Mocidade Portuguesa Feminina como simplesmente se dizia, a acrescentar a factos anteriores, sendo o principal o afastamento do Director, causou grande descontentamento entre as antigas alunas.

Quando a Mocidade Portuguesa foi extinta, em 1974, falou-se em se pedir a restituição dos tão falados dinheiros, ou uma com-

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pensação em material, de que tanto necessitávamos para a nossa Associação, que tinha acabado de abrir o Lar.

Porém, em face de documentos em que me baseio, concluo agora que as coisas não foram bem esclarecidas oportunamente e que os referidos fundos que na época eram quantia elevada, na totalidade, terão sido depositados à ordem do Instituto para beneficiar as antigas alunas que após ali concluírem os cursos ficam instaladas no Lar das ex-alunas, enquanto exteriormente prosseguem estudos superiores.

Após a nomeação da Dr.ª Deolinda Santos para Directora do Instituto, reabrem-se as portas às antigas alunas que, com a maior alegria ali acorrem principalmente no dia 14 de Janeiro, revivendo o espírito de camaradagem e o amor ao Instituto, do que veio a resultar o ressurgimento da Obra iniciada em 1919: a Associação das Antigas Alunas!

Nos anos de 1958 e 1959 “naquele dia extraordinário da festa do aniversário…”, eu disse algumas palavras de agradecimento e alusivas ao nosso tempo de educandas.

As alunas que ali concluíram o Curso do Magistério Primário em 1935, entre as quais me in-cluo, decidiram comemorar as “bodas de prata”, ideia que foi bem aceite. Convida-dos professores do nosso tempo, outras colegas se associaram às cerimónias que, de manhã, se efectuaram no Instituto com missa, pequeno almoço, home-nagem aos Fun-

A Colega Felismina apresenta os uniformes das alunasdo Instituto Infante D. Afonso, do IFET e do IO

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14 de Janeiro: Festas de antigas Alunas do Instituto

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Alegoria à Plantação da Árvore

Ginástica Sueca

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Homenageando D. Afonso

Saudando a Bandeira de Portugal

dadores e Dirigentes, seguida de visita às instalações. À tarde, na Messe de Oficiais, em Pedrouços, com a presença da Directora e Subdirectora do Ins-tituto, Dr.ª Ofélia de Sena Martins, e duas alunas convidadas. Uma delas foi a Teresa Pacetti nº 312/1957, certamente escolhida por ser filha de uma das antigas alunas que festejava a con-clusão do curso, em Odivelas.

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Este curso, que por alunas mais novas, era apelidado de “Tolis-fério”, é certamente um dos que mais tem mantido a sua união, e ligação ao Instituto e à Associação das Antigas Alunas.

Em Pedrouços, nessa agradável tarde primaveril, após arealização do nosso programa, a antiga aluna Felismina Osório,nº 361/1931, que também estava presente, tomou a iniciativa de, com muita graça e elevação, nos proporcionar mais uma série de recordações do Instituto para o que ainda chamou outras colegas como a Piedade Leote do Rego, Alda Pignatelli Moutinho, Eyle Ba-talha e Silva, o que muito divertiu e agradou a todos os presentes.

No dia 14 de Janeiro de 1961 realizou-se no Instituto a primeira festa organizada pela nossa colega Felismina e muitas anualmente se seguiram em que um grupo de antigas alunas, de que também fiz parte, muito recordou, muito se divertiu, principalmente nos ensaios, e julgo que muito divertiu a assistência desde o mais alto Magistrado da Nação, Almirante Amér ico T o m á s , que dis-p e n s a v a o lugar na Tr i b u n a para ficar pertinho do palco, s u a C o -m i t i v a , Ministros, Direcção do Insti-tuto e res-p e c t i v o Corpo Docente, Oficiais dos três Ramos das Forças Armadas, alunas e antigas alunas, familiares, restante pessoal e outros convidados.

Estas festas que foram um bom exemplo para as alunas e que ainda mais nos uniram, principalmente o grupo actuante, realiza-

ANTIGAS ALUNAS DE ODIVELAS

Reunião das alunas que saíram do IO em 1935

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ram-se até à comemoração das “Bodas de Diamante” do Instituto, em 1975, e ainda posteriormente, em 1980.

Desse grupo recordamos com muita saudade as Colegas Amigas já falecidas como a Margarida Braga, Piedade Leote do Rego, Maria Gomes da Silva, Clementina Garcia Lopes Galvão, Olga Passos, Ricardina Boavida Chagas.

Num desses dias de festa a colega Maria Avelina Monteiro de Oliveira Marinho Falcão, nº 54/1911, que também fora vigilante e lá teve filhas a educar, falou à Directora sobre a nossa Associação, pedindo-lhe que conseguisse autorização do Ministro do Exército, Coronel Almeida Fernandes, pai de duas alunas naquele tempo, para que a mesma pudesse reentrar em actividade, como se encontravam as Associações dos Antigos Alunos do Colégio Militar e dos Pupilos do Exército. O “Sim” não demorou. Porém nada se fez!

Em 1968, o caso de uma antiga aluna doente – a Vitória Maria Melo Gomes da Silva Cosmelli (nº 72/1915), que necessitou de auxílio até falecer provocou entre nós, por iniciativa da Maria Amélia Dias (nº 340/1922), a que logo me associei, um movimento de solidariedade tal que reforçou a ideia já existente, de ser através da Associação das Antigas Alunas, a melhor maneira de acudir a casos idênticos, pelo cumprimento dos objectivos e meios expressos nos Estatutos.

Firmes desta convicção, tivemos uma conversa com a Directora do Instituto que amavelmente manifestou a sua concordância e acompanhou com o maior interesse os nossos trabalhos prelimina-res, ali iniciados, dando-nos o seu apoio e auxílio, designadamente, quanto a instalações para trabalhar.

Tendo-me oferecido à Maria Amélia para reorganizarmos a As-sociação, pedi à colega/amiga Aida Vidigal da Costa Moura Vaz, nº 160/1921, que se nos juntasse. E assim, com o maior entusiasmo, surgiu este “triunvirato” que, em virtude das condições anormais em que se encontrava a Associação, se auto denominou de “Comissão Reorga-nizadora”, a manter até à entrada em exercício dos Corpos Gerentes a eleger, logo que possível, e a que a Felismina apelidou de “Os três Mos-queteiros”, chamando-lhe eu depois, justificadamente, “D’Artagnan”.

A vida da Associação perdera alento ao ponto de ter caído como que num sono de que íamos tentar despertá-la. Mas com a nossa

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firme decisão e esforço ela iria renascer, pois foi criada por bem e para bem! Devemos querer-lhe. Todas!

Dado que de 1919 a 1941 funcionara no Instituto nada possuí-amos e de tudo necessitávamos.

Já constando o nosso propósito, a Maria Jacinta Cardoso en-tregou-nos um exemplar dos Estatutos e uma caderneta da Caixa Geral de Depósitos com a importância de trinta e oito mil escudos. Actualizados com os juros dos anos decorridos, atingiu o montante de 51636$, capital com que iniciámos o nosso trabalho e que logo considerámos intocável.

Tínhamos cinquenta mil escudos e sonhávamos criar umLar!...

Lemos os Estatutos e entendemos que estavam muito bem ela-borados. Apenas elevámos a quota mensal para 10$00.

Por indicações conseguidas na Caixa Geral de Depósitos soube-mos os nomes das pessoas autorizadas a movimentar a conta e por um caderno de Actas que nos foi entregue pela colega Irene Barreto, nº 1904/1914, à data professora do Instituto, tomámos conhecimento do nome de parte das antigas alunas que haviam pertencido aos últimos corpos gerentes.

A elas nos dirigimos, em 28 de Dezembro de 1968, lamentando que a Associação há tantos anos estivesse inactiva, já porque a sua acção ficou suspensa com prejuízo para as antigas alunas, já porque sendo uma herança d’Aqueles para quem o nosso futuro era uma preocupação, nos assistia o dever de lhe querer e de a continuar, embora conscientes das muitas dificuldades que encontraríamos. E, pedimos o parecer dessas colegas mais antigas e experientes: Maria João de Luna Andermatt da Silva, Bernardina Correia de Sousa Ne-ves, Irene de Moura Furtado Garcia Barreto, Maria Ernestina Costa e Silva (agora já falecidas) e Maria Jacinta Cardoso Miranda, as quais acolheram entusiasticamente a ideia, o que nos deu grande estímulo para iniciarmos as primeiras diligências.

Os trabalhos preparatórios ocuparam-nos muito tempo e foram obscuros. Acrescia o facto de sermos três funcionárias do Estado com muito trabalho de responsabilidade, e a par disso com as ocupações da vida familiar e até com problemas de saúde graves.

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No entanto, demos o melhor do nosso esforço à Associação ao iniciarmos a segunda fase da sua vida, com sacrifícios vários e nada mais tivemos em vista do que tentar fazer frutificar as sementes de uma Obra de grande alcance social, outrora lançados à terra com tão grande amor e esperança. Sejamos dignas do Fundador!

A Maria Amélia tinha iniciada a organização de um ficheiro. Nas festas do “14 de Janeiro”, em que também sempre teve partici-pação importante até como poetisa – e em todas as oportunidades, ela ia anotando nomes, números de aluna, moradas, telefones, etc., trabalho que logo continuámos com todo o afinco e por todos os meios ao nosso alcance.

Conseguimos cerca de 1800 fichas, mas faltavam muitas pois calculávamos já terem passado pelo Instituto umas 5000 alunas.

Comovidamente enviámos para o correio cerca de 2000 cartas para variadíssimos destinos, desde o Continente a Timor, para Espanha, França, Inglaterra, Itália, Grécia, Brasil, EUA, Canadá, África do Sul, para onde quer que residisse uma antiga “Menina de Odivelas”, anunciando a nossa intenção.

HINO DAS ANTIGAS ALUNAS(Adaptação da Maria Amélia Dias para a entrada das nossas festas)

Ai há quantos anosEu parti chorandoDeste meu saudosoCarinhoso Lar!...Foi há vinte? Há trinta?!...Nem já sei há quanto!Meu bom Instituto!Que estremeço tanto,Que feliz me sinto Por te vir saudar!...

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HINO DO INSTITUTO

(Letra do Director Cor. Ferreira de Simas)

É o nosso ideal a verdadeA verdade é a crença mais bela.O trabalho é p’ra nós liberdade, A virtude a melhor sentinela.

Pois fixemos as nossas esperançasNo trabalho, virtude tão sã.Pois se hoje ‘inda somos criançasNós seremos mulheres amanhã.

Salve bela terra onde nascemos,Salve Santa Pátria portuguesaSalve nossa Escola a quem devemosA luz do saber, nossa riqueza.

Salve, salve; Salve, salve!

Foi o hino do I.F.E.T. que em 1942 foi substi-tuído pelo da Mocidade Portuguesa.

Cantado no final das nossas festas, voltou a ser o Hino do Instituto.

Nesta casa amiga,Tudo nos sorriu;Que bonita estradaCada qual seguiu!...Dela irradiaram,Mercê dos carinhosE cuidados teus, Tão belos caminhos!...Desçam sobre tiAs graças de Deus!

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Muitas aderiram prontamente ao nosso chamamento, não só

inscrevendo-se como sócias, mas dirigindo-nos também palavras que muito nos sensibilizaram e encorajaram.

Verificámos que a maioria das sócias eram antigas alunas in-gressadas no Instituto entre 1920 e 1939.

Infelizmente grande parte não respondeu à nossa circular e mui-tas nos foram devolvidas por mudança de residência e falecimento.

Recebemos cartas enternecedoras de Colegas muito antigas e de outras bem jovens.

Nesse ano de 1969 a Associação comemorou as suas “Bodas de Ouro”, e evocando a memória do Fundador a 11 de Maio, dia do seu nascimento, com respeito, admiração e carinho, sendo o grande chamamento que presidiu ao nosso propósito, pois esta Obra nascida da sua ternura por nós, é para o Instituto de sempre, para as antigas alunas de qualquer época!

A cobrança iniciou-se em 1970.A primeira antiga aluna a recorrer à Associação foi a filha de

um antigo Director do Instituto.Em fins de 1970 a colega Maria Jacinta, que foi passar uma

temporada com familiares, em Angola, aproveitou a oportunidade para visitar antigas alunas do Instituto. Ali angariou dezassete sócias e entregou-nos a importância de 5470$00 de quotas, mais 1000$00 que seus parentes nos enviaram como donativo. Quando da sua despedida em Luanda, as colegas organizaram uma reunião de confraternização e a Maria Luiza Pavão Veloso dedicou-lhe um poema inserto no nosso livro de “Recordações”, juntamente com a sua resposta.

Entretanto, pensámos actualizar os Estatutos, principalmente porque a legislação então em vigor obrigava a aprovação ministe-rial. Elaborado o respectivo projecto, por nós três, marcou-se uma assembleia-geral para sua apreciação, para Janeiro de 1972. Porém, o Ministro do Exército, através da Directora do Instituto, manifes-tou o desejo de tomar conhecimento do seu conteúdo e de o fazer

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examinar pela Repartição competente do seu Ministério, tal como o teria feito relativamente aos das Associações dos Antigos Alunos do Colégio Militar e do Instituto Técnico Militar.

Estiveram os Estatutos dez meses naquele Ministério, findos os quais os recebemos com propostas de pequenas alterações, algumas mais de forma que de fundo, que mereceram a nossa concordância. Reentregues pessoalmente, o Ministério só nos devolveu o projecto no dia 29 de Janeiro de 1973, com o despacho seguinte, exarado em 18.1.1973: “Julgo em condições de ser enviado o presente projecto para aprovação do Ministério do Interior”.

Em Fevereiro de 1973 foram os mesmos lidos, discutidos e apro-vados em assembleia-geral de sócias, no ginásio do Instituto, com a presença da Directora. Nesse dia foram entregues cartões às sócias.

O Ministério do Interior considerou não ser competente para aprovar os Estatutos da nossa Associação. A idêntica conclusão chegaram outros Ministérios e Serviços, encontrando-se os mesmos no Ministério do Exército, em Abril de 1974, quando passou a haver liberdade associativa, como em 1919.

Se tiverem paciência para ler o respectivo “dossier” existente no nosso arquivo, poderão avaliar o trabalho, os contactos que tivemos, o tempo de que tivemos de dispor para este fim.

A receita de quotas dos primeiros três anos foi a seguinte:

Média mensal

1970 – 34 517$50 2 876$00

1971 – 52 595$50 4 382$00

1972 – 53 861$00 4 488$00

Com cerca de 4 500$00 por mês não poderia a Associação atin-gir os seus objectivos. Por isso se apelou para que todas as antigas alunas fossem sócias, para que cada sócia conseguisse novas sócias, pois só com a colaboração de todas se poderia fazer trabalho útil.

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A NOSSA CASAA NOSSA CASA

Era nossa intenção, em primeiro lugar, organizar e fortalecer devidamente a Associação e só depois nos voltaríamos para outras actividades, como a criação do Lar.

Porém, inesperadamente surgiu a oportunidade de se alugar, em Odivelas, o Palacete situado na R. Dr. Alexandre Braga, n.os 6-6A e 6B, para a sede da Associação e a nossa Casa, com três pisos, amplas divisões, algumas delas bastante valorizadas, pelas suas adequadas decorações nos tectos e paredes, e, com um parque arborizado que logo se projectou ajardinar e fazer uma pequena horta.

Como não houve cobrança de quotas nem quaisquer receitas durante cerca de trinta anos não estava a Associação em condições de arrendar qualquer casa. Desejando, no entanto, não se perder tal oportunidade e em face do interesse demonstrado pelo Senhorio em dar preferência à nossa Instituição, como eu recentemente tivera contactos com os Serviços Sociais das Forças Armadas lembrei-me e logo decidimos expor a nossa pretensão aos referidos Serviços, consi-derando que a iniciativa se enquadrava perfeitamente no seu âmbito.

Preocupou-nos o facto de não se poder dispor de quartos indivi-duais mas, do contacto havido com as assistentes sociais daqueles Serviços, posteriormente confirmado por outras opiniões e pela visita efectuada a um Lar de Assistência Social bem organizado, em Lousa, ficámos com a convicção de que esse inconveniente não existe, pois está provado serem vantajosos os quartos para três ou quatro senhoras. Acresce que, no nosso caso, já todas vivêramos em condições idênticas, no Instituto.

Assim, depois de verificadas as condições existentes pelos Ser-viços Sociais das Forças Armadas que sobre a visita efectuada elabo-raram um relatório pormenorizado, foi-nos concedido um subsídio mensal de quinze mil escudos que cobria a despesa da renda da casa, tendo esta sido fixada naquele limite, após muitas e demoradas diligências, junto do casal proprietário, que habitara a casa.

Finalmente, a 29 de Março de 1971, foi efectuada, em notário, a escritura do contrato de arrendamento.

A nossa Casa foi um Pavilhão de Caça do início do século XIX.

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Casa da Associação das Antigas Alunas do Instituto

Aqui viveu o Dr. Fernando Cunha com sua família e aqui ti-nha consultório, este médico do Instituto. Como a casa tem duas cozinhas e é grande, fora dividida ao meio e passou a ser também ocupada por um seu cunhado e família. Quando este saiu, a sua parte, o lado direito, foi ocupado pela família Canelhas, incluindo as antigas alunas Laura e Inocência. Após o falecimento do Dr. Cunha, em 1938, o lado esquerdo foi habitado pela família Alves de Sousa, tendo sido alunas do Instituto as três filhas: Maria da Graça, Maria Manuela e Maria Helena que, com o seu Curso de Magistério Primário, ainda é uma distinta professora oficial numa escola de Odivelas. O Dr. Alves de Sousa fora professor do Rei D. Carlos.

Laura Canelhas afastada do seu lugar de Regente do Instituto, enquanto ali era Directora a Dr.ª Aida da Conceição, muito doente vem a falecer naquela casa em 1946, e sua irmã Inocência ali viveu posteriormente, no Lar da nossa Associação.

Antes de concluídas as formalidades para o arrendamento do edifício já havíamos pensado no equipamento necessário ao fun-

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cionamento da nossa Casa, encargo a que a Associação não poderia igualmente fazer face.

O mobiliário, embora simples, deveria ser tanto quanto possível, adequado às características do Palacete o qual teria de reunir sufi-cientes condições de comodidade e de eficiência de funcionamento.

Ocorreu-nos então dirigirmo-nos à Fundação Calouste Gul-benkian, não sem previamente nos termos informado, a título priva-do, se aquela Fundação acolheria um pedido desta natureza. Fomos esclarecidas de que o fizéssemos, mas que juntássemos uma relação de tudo o que era necessário obter, com os respectivos orçamentos.

A Maria Amélia fez, divisão por divisão, uma relação de todo o mobiliário com as medidas exactas de cada móvel e de tudo o mais. Encontra-se na Associação um caderno com este perfeito trabalho executado após as suas horas de serviço oficial, mas já em mau estado porque foi atingido pelas inundações de 1980. Elaborou-se também uma lista de roupas, louças, material de aquecimento, equi-pamento de cozinha, etc. Tudo foi visto e revisto nos mais pequenos pormenores com a preocupação de que nada pudesse faltar.

Seguidamente procedeu-se aos pedidos de orçamentos. Não po-dem avaliar o que representou esse trabalho que foi um verdadeiro pesadelo para nós. Tínhamos que abrir o Lar, nada tínhamos e os orçamentos já atingiam 1.200.000$00.

Resolvemos não esperar mais e, em 23 de Fevereiro de 1972, endereçámos à Fundação C. Gulbenkian o nosso pedido, de que acusaram a recepção, em 13 de Abril seguinte.

Nesse ano, no dia 11 de Maio, comemorámos condignamenteo centenário do nascimento do Fundador, Coronel Ferreira de Simas.

Entretanto solicitámos uma audiência ao Chefe de Estado. O Almirante Américo Tomaz, Amigo do Instituto e de bem-fazer, recebeu-nos no Palácio de Belém, no dia 17 de Maio de 1972, e mostrou-se muito interessado na nossa Obra, desejando saber, em pormenor, como era a casa, quantas antigas alunas poderia com-portar, o que era necessário e disse-nos logo que necessitaríamos de uns 1.300.000$00.

Já convencidas que a Fundação Gulbenkian nos não concederia a totalidade da quantia pedida, decidíramos recorrer também ao

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Ministro da Defesa Nacional. O Chefe do Estado prometeu a sua in-tervenção a nosso favor e logo no dia seguinte cumpriu a sua palavra.

No entanto, qualquer demora era grande para nós, pois os SSFA estavam a pagar a renda da casa e havia antigas alunas inscritas para entrada urgente no Lar.

Recebidas pelo Dr. Azeredo Perdigão, Presidente do Conselho de Administração da Fundação C. Gulbenkian, disse-nos do in-teresse manifestado pelo Almirante Tomaz que já por duas vezes lhe falara no assunto, mas não se mostrou muito optimista, talvez por ter surgido àquela Fundação a necessidade de entrar numa fase especial de restrições. Porém, terminou a conversa com frase animadoras.

O Dr. Sá Machado, um dos Administradores da Fundação visitou demoradamente o edifício, ficou bem impressionado com as suas condições para receber 25 antigas alunas e foi-nos concedido um subsídio de 300.000$00.

A nossa esperança estava pois na Defesa Nacional.Tendo conhecimento, através do Decreto-lei nº 413/71, que o

Instituto da Família e Acção Social patrocinava iniciativas desta natureza, em 22 de Junho de 1972, entregámos pessoalmente ao Ministro das Corporações e Assistência uma exposição fundamenta-da, na qual solicitávamos a concessão de um subsídio mensal para despesas com a manutenção do Lar. O Dr. Rebelo de Sousa, casado com uma antiga aluna do Instituto, do nosso tempo, mostrou-se interessado pelo nosso projecto, prometeu auxiliar-nos e fez chegar a exposição às mãos da Directora-Geral da Assistência, a Dr.ª Maria Raquel Ribeiro, também antiga aluna dedicada ao Instituto, que apoiou a nossa iniciativa.

Em Julho de 1972, recebemos um subsídio de 100.000$00.Também fomos recebidas pelo Ministro da Marinha, o bondoso

Almirante Pereira Crespo que nos disse ter tido uma irmã a educar no Instituto, já falecida, e muito nos auxiliou juntamente com um funcionário superior do seu Ministério, irmão da antiga aluna Sofia Ivo de Carvalho, nº 132/1920, residente no Brasil.

Recebemos um donativo de vinte mil escudos, passadeiras, tapetes e bastantes roupas de casa.

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Antigas alunas que, como eu, ingressámos no Institutoem 1923, ali nos reunimos no dia 20 de Outubro de 1973,com outras colegas para comemorar a data. No Claustro da Mou-ra, junto à pedra com a inscrição “1923”, por ser a data da construção do ginásio e de arranjo daquela ala após a queda daCasa do Rei, com a presença da Directora e Subdirectora do Insti-tuto, depois de ter proferido algumas palavras evocativas da efe-méride, entregámos uma lápida comemorativa do 50º aniversário do acontecimento, seguindo-se uma visita ao Lar e um lanche no Instituto.

Por despacho do Ministro da Defesa Nacional, General Sá Viana Rebelo, com quem tivéramos uma audiência, foi concedido à Asso-ciação um subsídio eventual, para equipamento do Lar. Porém, como demorava a sua entrega, avistámo-nos com o seu sucessor, o Prof. Doutor Silva e Cunha em 20 de Dezembro de 1973, que prometeu dar cumprimento a esse despacho.

Então, como podíamos contar com mais essa verba de 700.000$00 decidimos inaugurar a nossa Casa em 28 de Fevereiro seguinte, em homenagem à antiga aluna, Professora e Regente Laura Canelhas, que nascera nesse dia, lutara pela existência do Lar e ali tinha residido, sofrido e falecido.

Mas não fazia sentido que dos milhares de alunas que passa-ram por um Colégio como o nosso, onde se vive durante anos em ambiente verdadeiramente familiar e onde se criavam e criam laços de amizade que duram uma vida inteira, não se conseguisse reunir, para fins de auxílio mútuo, um número de sócias suficiente para dar vida à Associação. Fez-se um apelo!

A nossa acção tinha que ser rápida e prática.A abertura do Lar, ainda que para um número reduzido de

antigas alunas, que iria aumentando na medida em que também fossem aumentando as disponibilidades financeiras, teria que ter um mínimo de condições.

Então, a Maria Emília Bragança Chaves, nº 67/1927, além da oferta de objectos de grande utilidade para o Lar, entregou-se a um trabalho importante para a Associação, pois dos muitos contactos que decidiu efectuar, conseguiu a inscrição de mais de cem novas sócias.

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E nós, dirigimo-nos a Serviços do nosso conhecimento que nos indicaram armazéns onde possuíam móveis já em desuso que nos puderam dispensar ou entregar por um preço simbólico. Escolhemos o que poderíamos aproveitar, entre teias de aranha, num edifício com as portas das janelas trancadas, sem electricidade, à luz de uma vela. Aí mesmo se procedeu, noutros dias, a uma primeira limpeza do pó e depois com aguarrás e cera.

Recebemos ofertas de algumas antigas alunas e pedimos à Ma-nutenção Militar o transporte desses móveis em duas camionetas, o que nos foi oferecido. A secretaria ficou mobilada com secretárias, mesa, cadeiras, armários e duas máquinas de escrever com as res-pectivas mesas e cadeiras. Do Instituto veio a fotografia do Fundador que lá se encontra.

A Auta Moura enviou uma cómoda e duas camas, das quais fi-zemos quatro e assim formámos o primeiro quarto. Da Maria Isabel Melo de Oliveira, da Violeta e da Laura da Câmara Menezes Alves recebemos móveis úteis e, por falecimento da nossa querida sócia Margarida Braga, filha do Dr. Alexandre Braga que tão comparado

Um quarto Uma sala

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foi ao Infante D. Afonso e cujo nome foi dado à rua onde estamos instaladas, recebemos móveis para a sala, e parte da sua biblioteca. Posteriormente, a família Ferreira de Simas ofereceu-nos o piano que também se encontra na sala, onde está a sua fotografia e uma mobília chinesa oferecida pela viúva de um oficial que a adquirira em Timor.

Alguns dos móveis que nos foram cedidos tiveram que ser restaurados.

Recebemos ainda de algumas firmas importantes, louças e vidros e a fábrica Portugal ofereceu-nos um lava-louça e entregou-nos um bom fogão industrial com um desconto apreciável.

A Câmara Municipal de Loures encarregou-se da limpeza do jardim.

Aspecto do Jardim

A primeira antiga aluna a dar entrada na nossa CASA, foi a Leontina Passos e Sousa – nº 4/1912.

A inauguração efectuou-se com certa solenidade tendo sido con-vidado o Conselho Directivo dos Serviços Sociais das Forças Arma-das, as Direcções do nosso Instituto, do Colégio Militar, dos Pupilos do Exército e das respectivas Associações dos Antigos Alunos, etc. Após uma visita às instalações e de proferidas palavras adequadas

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de homenagem, de satisfação e agradecimento, foram os convidados presentes obsequiados com um lanche, após o qie se realizou uma alegre confraternização de antigas alunas.

A NOSSA CASA

Abrem-se as portas todas, par a par,Em amoroso canto de alegria.Desponta triunfante a luz do dia,Na gloriosa paz deste Solar!

Vinde amigas, entrai no nosso Lar!Deixai lá fora mágoas, nostalgia…Que os sentimentos de melancoliaDos nossos corações irão calar… De novo irmãs seremos, mais unidas.Demos as mãos. É uma as nossas vidasE as recordações serão mais belas…

Bendita seja a Casa acolhedora,Alegre, generosa, protectora,De todas as meninas de Odivelas!

Tchilay1974/Fevereiro

De salientar a ajuda que sempre nos dispensaram as assistentes sociais dos SSFA, Dr.ª Maria Valentina Silveira Machado e Dr.ª Maria Armanda Guimarães de Almeida que foram o elo de ligação entre as nossas sugestões e os seus superiores.

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Entretanto, ingressa no Lar a nossa colega Soledade Pontes, nº 83/1922, que toma a iniciativa do governo da Casa.

Finalmente, recebemos o cheque da Defesa Nacional, de sete-centos mil escudos.

Como esta quantia não foi levantada antes de 25 de Abril de 1974, quando foi apresentado no Banco de Angola, já as suas assi-naturas não tinham validade.

Isso me deu bastantes trabalhos, preocupações, deslocações e contactos, conseguindo por fim a substituição do cheque, por de-terminação do General Costa Gomes, o qual me foi entregue em 1 de Julho de 1974, pelo Tenente-Coronel Florêncio de Almeida, pai de uma antiga aluna.

No dia das 1.as eleições – A Mesa da Assembleia

No dia 11 de Maio de 1974 efectuaram-se eleições para os Corpos Gerentes. Enviámos duas listas e na escolhida podiam as sócias efectuar as alterações que entendessem. A votação pode ser feita por delegação escrita e cada sócia pode entregar até cinco listas de colegas. Após o apuramento dos votos, em caso de igualdade

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prefere a sócia que tenha tido mais longa permanência no Instituto e, em igualdade de condições a de maior idade. Depois, as eleitas distribuem entre si os diferentes encargos.

Como não se pode manter pessoal remunerado todo o serviço de Secretaria, da Associação e do Lar tem que ser executado por nós.

Muitas antigas alunas visitam a nossa Casa e as colegas aqui residentes, às quais trazem os seus mimos.

Por esta época a nossa colega Aida Moura a que a Associação/Lar tanto ficou devendo, por motivos familiares e de doença, deixa de nos dar apoio, em trabalho. Muito fizera ela!

Pedi então a colaboração da Felismina Osório por a considerar vocacionada para o trabalho a realizar. E acertei! Prontamente à nossa disposição, além da oferta de trabalhos artísticos da sua autoria, em pouco tempo se equipou totalmente a nossa Casa, e o mais economicamente possível.

Além das antigas alunas já referidas, e não desejando esquecer alguma, vou referir os nomes de colegas que até 30 de Junho de 1987, data em que deixei de pertencer à Direcção, de qualquer forma útil colaboraram com a Associação/Lar.

Eugénia Lourenço Amaral Maria Isabel Palermo de FariaEdith Magalhães C. Figueiredo Zaida O. Rodrigues Galamba de PaivaÁurea da Conceição Barradas Clementina R. Garcia Lopes GalvãoMaria Isabel Veloso de Sousa Virgínia Tenreiro TavaresMargarida Migueis B. Conceição Maria Salette Simões B. Ruivo TerenoDeolinda Pereira de Silva Maria Paula Machado Sousa FigueiredoIlda Vieira Maria Teresa Paccetti LoboRosa Maria Lobato Faria Elisa Albuquerque Marques

Muitas se têm destacado pela sua generosidade.Não é necessário relembrar que estamos perante uma Obra com

características especiais e muito diferentes dos restantes lares. Aqui, somos uma Família com um passado comum e muitas recordações. Por isso qualquer problema que surja poderá ser resolvido tal como em ambiente familiar, em que se conta sempre e acima de tudo com a amizade, a compreensão e ajuda de todos.

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No dia 11 de Maio de 1975 efectuou-se uma romagem ao Cemi-tério do Alto de S. João, ao jazigo nº 538 – Rua 31 – onde repousam os restos mortais do Director F. de Simas. Após proferir palavras de sentimento, cada antiga aluna ali depositou uma flor como teste-munho de saudade. Estava criado e a funcionar o Lar, como era seu desejo! Realizaram-se eleições na Associação e houve uma Missa na Igreja do Instituto pelo seu eterno descanso e pela prosperidade da sua Obra, que prosseguimos com amor. No percurso para a Asso-ciação para o Instituto, em Odivelas, fez-se uma pequena paragem na Rua Coronel Ferreira de Simas.

Estando em curso, no Estado-Maior do Exército, estudos versan-do a reestruturação dos estabelecimentos de ensino não militares, dependentes daquele Ministério, foi a nossa Associação também chamada a emitir parecer sobre a reestruturação do Instituto de Odivelas. Com a colaboração de antigas alunas mais recentes licen-ciadas, e dentro do prazo muito limitado que nos foi dado, elabo-rámos um parecer para ser apresentado em assembleia de sócias, em 19 de Julho de 1975.

Entretanto, ingressaram no Lar várias antigas alunas regressadas das nossas províncias ultramarinas, algumas em condições bastante lamentáveis.

Embora a nossa Casa exista exclusivamente para instalação de antigas alunas do Instituto, de qualquer idade, dado não se encontrar totalmente preenchida e poder ser considerada anti-social, tivemos que aceitar a sugestão dos SSFA de, excepcionalmente, alargarmos o seu âmbito a outras senhoras da Família Militar, o que somos as primeiras a lamentar, pois foi um enorme esforço e carinho que ela foi criada para as antigas “Meninas de Odivelas”.

A média mensal das quotas de 1976/1977 foi de 6.000$00…Em face de tão reduzida receita as quotas foram elevadas para

20$00 por mês.Em Junho de 1978, a Associação colaborou numa exposi-

ção e venda que a Cruz Vermelha Portuguesa promoveu no Palácio Foz.

Depois disso, pedimos trabalhos às antigas alunas ou objectos para mantermos uma venda permanente na Associação e planeá-

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mos uma festa para a época dos Santos Populares a favor do Lar, em que seriam convidadas as alunas finalistas do Instituto, a qual não chegou a realizar-se.

A partir de 1979 realizámos tardes de convívio no segundo sábado de cada mês, durante as quais se conversa, se toca piano, canta-se recorda-se e fazem-se projectos, dão-se e recebem-se su-gestões e lancha-se.

No mês de Junho de 1979 efectuámos uma excursão a Badajoz e Olivença que foi uma experiência animadora.

No ano seguinte organizei nova excursão a Fátima e Tomar, com visita ao Convento de Cristo e almoço na Messe dos Oficiais, seguindo-se um muito agradável passeio de barco na bela albufeira da Barragem do Castelo de Bode.

Os Serviços Sociais das Forças Armadas consideram o nosso Lar um dos que oferece melhores condições de conforto, higiene, alimentação e vivência familiar.

O número máximo de senhoras ali instaladas foi de vinte e duas.No dia 29 de Março de 1980, inesperadamente, abateu o chão de

uma das casas de banho, do primeiro andar. Só não houve vítimas porque as senhoras estavam todas lanchando. Lavatórios, banheira, etc. ficaram pendurados. Um grande desastre, uma tristeza, como podem ver nas fotografias que junto, de que poderia prever-se uma repetição nas instalações confinantes.

Quando do aluguer da Casa, dado o fim a que se destinava, pedíramos ao senhorio a adaptação de mais uma divisão a casa de banho. Depois do sucedido, verificou-se que a obra não fora executada com as necessárias estruturas, pelo que não resistiu às infiltrações e ao peso dos sanitários.

Socorreram-nos os Bombeiros de Odivelas que removeram sanitários e entulho, e os Serviços Sociais das Forças Armadas que escoraram as instalações mais em perigo.

O casal a quem alugámos o edifício já havia falecido e foisua herdeira uma sobrinha residente em Espanha, que logo ven-deu todos os imóveis, desejando também desfazer-se da nossa Casa.

Participámos-lhe a triste ocorrência e a situação aflitiva em que nos encontrávamos, mas não respondeu. Visto estarmos em perigo,

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era seu desejo que abandonás-semos a Casa, como mais tarde declarou.

Tinha que se recorrer a alguém competente e da nossa maior confiança.

Lembrei-me do Prof. Enge-nheiro Artur Mendes Magalhães, irmão de duas colegas, o qual orientara a última fase das obras no Instituto. Muito lhe ficámos devendo!

Após a derrocada de uma casa de banho

Foi um precioso auxiliar para nós, um Amigo! Com tantos afazeres e sempre pronto, sempre amável, um diplomata perante mestres de obras…

Aqui fica expresso o nosso profundo reconhecimento!Sabíamos que tudo tinha solução, mas faltava-nos dinheiro e

não era pouco.

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A Câmara Municipal de Loures enviou-nos um arquitecto e uma assistente social, e posteriormente um vereador. Depois intimou a senhoria a executar, com urgência, as obras indispensáveis, mas esta nada fez, e pouco depois escreve-nos aumentando a renda da casa de quinze mil para 120.000$00, sem qualquer fundamento, pois o nosso Lar não tem fins lucrativos. A sua resolução ficou pois sem efeito.

Entretanto, dadas as características da Casa, solicitámos à Secretaria de Estado da Cultura que fosse considerado “edifício a preservar” e assim ficou classificado.

Quando se aproximou o Natal, lembrou-se a nossa colega Fe-lismina que se cada sócia retirasse do seu 13º mês 1.000$00 para oferecer ao Lar, seria uma boa ajuda para as obras.

Assim, se iniciou a “campanha dos mil”, como lhe chamámos e resultou!

Em Maio de 1981 realizámos, numa noite, a “Festa da Flor” no ginásio do Instituto, a favor da Associação. A antiga aluna Maria Elvira Mendes de Magalhães V. de Sá, nº 338/1927, que saiu do Instituto com o Curso do Magistério Primário, à data professora de decoração floral, arte a que se dedicou enquanto viveu no México, fez uma interessante demonstração desta sua especialidade, com acompanhamento de trechos musicais e literários pelas colegas Ana Maria Sousa Dias e “Tchilay”, respectivamente.

Os arranjos florais foram sorteados e houve um “Bring and buy” com preços fixados pelas ofertantes, em que quase tudo se vendeu.

Com os donativos recebidos da “campanha dos mil”, juntamente com o produto destas festas e ainda com um excedente da última excursão, apurámos 140.000$00, que depositámos a prazo.

Nesse ano de 1981 a importância das quotas recebidas totalizou 120.000$00 manifestamente insuficiente para ocorrer às despesas da Associação e subsidiar o Lar, onde as Senhoras entram com uma parte das suas pequenas pensões, sendo algumas subsidiadas pelos Serviços Sociais das Forças Armadas. Antigas alunas filhas ou viúvas de civis não têm direito a esse subsídio. Pediu-se então um auxílio à Defesa Nacional que nos equilibrou as despesas com um subsídio de 180.000$00.

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Penso que no orçamento do Instituto não seria impossí-vel incluir uma dotação para assistência a antigas alunas, daqual nos seria entregue mensalmente, o respectivo duodécimo, ou parte, mas nesse sentido não chegámos a efectuar qualquer dili-gência. Relativamente às senhoras que não podem ser subsidiadas pelos SSFA recorremos à Segurança Social que nos tem atendido.

Para a realização das obras contactei os Serviços de Obras do Exército, que me indicaram várias firmas para o efeito. Os orçamen-tos foram elevados. Avistámo-nos então com os Serviços Sociais das Forças Armadas, Estado-Maior do Exército, da Armada e da Força Aérea que, reunidos, encaminharam o nosso pedido para o Estado-Maior General das Forças Armadas. Aí fomos recebidas pelo General Melo Egydio, pai de uma antiga aluna do Instituto, que muito amavelmente nos prometeu auxílio, o que demorou, mas acabámos por receber um subsídio de mil contos, já depois de iniciadas as obras, quando a Câmara Municipal de Loures também nos auxiliou com 500.000$00, a Segurança Social com 300.000$00 e a Fundação Calouste Gulbenkian com 200.000$00.

Audiência com o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas– Oferta do General Melo Egydio “com votos de muitos êxitos na nossa

meritória Obra”

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A meu pedido e por amabilidade dos SSFA, essa 1ª fase das obras foi fiscalizada pelo seu técnico, Engº Melo de Oliveira, irmão da nossa colega Maria Isabel.

A Maria Amélia Dias, já aposentada, solteira, vivendo só, em Odivelas, dava uma assistência diária e quase permanente ao Lar, encarregando-se dos trabalhos de secretaria, orientação geral do Lar e assistência às antigas alunas residentes.

Teve, no entanto, a infelicidade de adoecer gravemente e não ficar em estado de ter a seu cargo o menor trabalho ou preocupação. A sua ausência é muito sentida.

Ela foi considerada a nossa primeira “Sócia Benemérita” por ter iniciado a reorganização da Associação, pela vontade firme de se concretizar a ideia da criação do Lar e pelo trabalho honesto que com a maior devoção dedicou a esta Obra.

Nos termos estatutários, como Vice-Presidente da Direcção, assumi o lugar de Presidente, cargo para que depois fui eleita e que exerci até 30 de Junho deste ano de 1987.

A Aida Vidigal da Costa Moura Vaz foi designada a nossa se-gunda “Sócia Benemérita”, porque também fez parte da Comissão Reorganizadora desde o início, bem como dos Corpos Gerentes. Com a sua elevada inteligência, competência e iniciativa, foi um elemento precioso em todos os trabalhos iniciais desta Obra, in-cluindo o Lar. Todas muito lhe devemos! Veio a falecer a 20 de Janeiro de 1985.

É também “Sócia Benemérita” a colega Dr.ª Maria Raquel Ribeiro porque, dentro das importantes funções oficiais que ocupa, muito tem auxiliado a nossa Casa e as antigas alunas residentes.

Vendo-me só, em Janeiro de 1982, pedi à colega/amiga do meu curso, Zaida Galamba de Paiva que me ajudasse nos trabalhos de tesouraria, depois do que foi eleita tesoureira, lugar que exerceu auxiliada por seu marido, António Miranda de Paiva a quem estamos muito gratas pela sua competência, dedicação e meticulosidade.

Entretanto, houve que elevar o quantitativo mensal das quotas para 50$00 e as mensalidades das residentes que foram de 8.500$00, 10.500$00, 12.000$00 e 15.000$00 foram fixadas em 20.000$00.

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Quando há anos foi efectuada a urbanização da zona de Odive-las, para lá dos contornos do jardim da nossa Casa, os terrenos do edifício ficaram abaixo do nível da base dos prédios próximos, tendo ficado, entre a base do muro circundante do logradouro e a sua parte superior um escasso metro, numa extensão circundante de cerca de quinze a vinte metros, o que era praticamente uma porta aberta à entrada de rapazes para o jardim do Lar, que até se banhavam no lago, incomodando as senhoras. E do lado da ribeira de Odivelas, o muro era outro veículo favorável a incursões de intrusos.

Impunha-se pois o levantamento do muro de forma a defender toda a propriedade, o que levou tempo a conseguir-se, nunca fican-do como seria de desejar, pois as redes são facilmente retiradas ou semi-destruídas.

Não se encontrando a ribeira devidamente desobstruída, foi a nossa Casa muito atingida pelo temporal e inundações de Novem-bro de 1982. A água atingiu cerca de um metro de altura em todas as dependências do rés-do-chão, inutilizando-se bastante material de expediente, atingindo móveis, louças, frigorífico, fogão, piano, carpetes e soalho.

Retirada a água pelos Bombeiros de Odivelas, ficou a lama. O trabalho foi árduo e dispendioso.

A Directora do Instituto socorreu-nos com alimentação, ofere-ceu-nos alojamentos, etc.

O leito da ribeira desviara-se do seu curso normal, o que poderia afectar grandemente a nossa Casa. Foi mais um período de muito trabalho para mim, preocupações e responsabilidade. Ajudou-nos a Câmara Municipal de Loures, a Junta de Freguesia de Odivelas e os Serviços de Segurança Social.

O Presidente da Câmara Municipal de Loures, Severiano Falcão, sempre nos atendeu e auxiliou e intercedeu junto da Direcção dos Serviços Hidráulicos para o tratamento da ribeira e deslocação das enormes pedras arrastadas, para que aquela retomasse o seu leito habitual.

Uma engenheira dos Serviços Camarários, amavelmente ce-dida, fiscalizou a última fase das nossas obras, com grande uti-lidade.

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Durante a primeira fase procedeu-se à reposição da casa de banho que ruíra e à reparação das restantes instalações sanitárias, reparação geral do telhado e reservatórios de água, parede da escada principal, construção de um estendal semi-tapado, reparações várias por motivo de infiltrações, novas canalizações de água, esgotos, etc.

Durante as obras pensei que seria bom para as Senhoras a exis-tência de um local de recolhimento, uma Capelinha.

Mais uma vez recorri à nossa colega Felismina, presidente da Mesa da Assembleia-Geral. Escolhido um pequeno recanto, onde as senhoras estendiam roupa e o pessoal das obras arrecadava tin-tas e outro material aqui surgiu, de uma inspiração feliz o nosso pequenino Santuário que é o relicário da Casa.

A colega Áurea bordou primorosamente os linhos necessários e tivemos ofertas preciosas, como um Crucifixo e uma Nossa senhora da Conceição, antigos.

Inaugurada no dia 9 de Março de 1984, com a presença da Subdirectora do Instituto e uma representante dos SSFA, demos a maior elevação possível à cerimónia. Depois de benzida, ali foi celebrada a primeira Missa.

A nossa Capelinha

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À CAPELINHA DA NOSSA CASA

A tarde ia morrendo docemente…No coração de todos espera, inquieta, delicada…Nas carinhosas mãos uma florDe transparente brancura palpitava…Rebrilha resplandecente a Capela arrumadaLembra um pequeno andor ataviado,Enfeitado de rendas e de Amor.Tudo é casto de silêncio e respeitoso enleio…A tarde ia morrendo lentamente…Não sei que encanto ou nostalgiaNos prendeu a alma, um nó tão apertado,De suave ternura, uma lágrima, um sorriso, uma oração mais ternaUm bem querer…No coração de todos mais doçura,Nas piedosas mãos uma flor murchava…A tarde ia morrendo ternamente…E a singela Capelinha que um vitral iluminavaEm matizes de penumbra,Ficou tão abençoadoNa placidez deste Lar.É agora SantuárioDe doce Paz religiosa.E as vozes tão comovidasNas almas em comunhãoSão preces enternecidasÀ Virgem Nossa SenhoraSenhora da ConceiçãoE um sentimento infinito

A despesa com as aquisições e manutenção da Capelinha tem sido suportada por donativos das antigas alunas.

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De grande amor fraternalNos encheu o coração.Pois tivemos a certezaMais que nunca esta verdade, De como é simples na vidaSer amiga e ser Irmão!

Piedosamente a tarde adormeceu…

Tchilay1984/ 9 de Março

Confraternização de antigas alunas em Faro

Dado ter avultado bastante o trabalho na associação e no Lar e já ser elevado o número de sócias residentes em Coimbra, como ali estive durante dois meses, em serviço oficial, promovi algu-mas reuniões de confraternização que foram muito agradáveis e escolheu-se para Delegada distrital a antiga aluna Maria Augusta Moutinho Pereira, nº 97/1941.

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Posteriormente, promovi também umas reuniões em Faro onde ficou, como Delegada a Maria Clementina Telo de Jesus, nº 175/1942, que dedicadamente desempenhou a sua missão.

Quando da inauguração da Creche do Instituto, em 1913, viera da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa uma menina com um mês de idade, Emília Lopes Pereira, que foi entregue aos cuidados das alunas finalistas do Curso X. Muito querida de todos foi crescen-do, especialmente protegida pela Regente da 1ª Secção a quem ela chamava “Mamã”, vindo a ser aluna. Era a Emilinha, a nº 6, e foi minha colega na Instrução Primária e nos primeiros anos do liceu. Depois adoeceu, esteve no Sanatório do Lumiar e faleceu.

A nossa Associação, quando era presidente da Direcção Laura Canelhas, adquiriu duas campas no Cemitério da Igreja de Odive-las, onde ficaram os ossos da Emilinha e de outras alunas, além do corpo da Regente Senhora D. Maria Emília Henriques.

Após as grandes cheias em Odivelas foi inaugurado um outro cemitério para onde transferiram toda a existência do primitivo. Então a Junta de Freguesia ofereceu à Associação dois ossários onde repousam, em urnas que adquirimos, os restos mortais das nossas colegas.

Quando do aumento das rendas de casa de habitação, a nossa senhoria propôs-nos novamente uma actualização da renda de 15.000$00 para 53.670$00. Considerando uma percentagem inexpli-cável, limitei-me a perguntar qual a base legal em que se fundamen-tava, lembrando-lhe que não procedera às obras que fora intimada a efectuar e que a lei permite que o quantitativo dispendido pelo inquilino, o qual no nosso caso já atingia cerca de 3.000.000$00, seja descontado nas rendas. Não enviou qualquer resposta.

Por motivo das últimas inundações houve que proceder nanossa Casa à reparação de móveis e de todo o piso inferior, incluin-do restauro do pavimento de madeira da sala de jantar, por tijo-leira, com o enchimento da respectiva caixa de ar, além de uma revisão geral de todas as instalações, pinturas de portas, portões e

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janelas, colocação de vidros que frequentemente são partidos do exterior, instalação de um mais potente quadro de electricidade, etc.

Por motivo das obras em curso não realizámos eleições.Depois, para substituição dos Corpos Gerentes convocámos

100 sócias.Da primeira vez escolhemos cinquenta antigas alunas licen-

ciadas, mas nem uma compareceu. Com as cinquenta convocadas posteriormente, aconteceu o mesmo.

Continuámos diligenciando substitutas ou pelo menos sócias que auxiliassem no trabalho de secretaria: uma Vice-Presidente e uma Secretária. Seria pedir muito? Ninguém se oferecia, nenhuma aceitava. Havia pois que continuar.

O Lar funciona tal como a nossa Casa. Há uma pequena en-fermaria e apenas duas empregadas, sendo uma para o serviço de cozinha e a outra para limpezas. Tratando-se de um “lar sem fins lucrativos”, no que respeita a trabalho são consideradas empregadas domésticas, mas estão integradas no regime geral de previdência, pois só a nossa Casa está parcialmente isenta do desconto.

As antigas alunas residentes são livres! Apenas há que partici-par ausências demoradas e respeitar horários, quando necessário flexíveis, com uma disciplina normal.

O uso do nosso emblema é obrigatório… Tem a vantagem de nos conhecermos em qualquer lugar. E com isso dão-se casos bem interessantes entre antigas alunas de idades muito diferentes…

O lema que escolhi “Ser Amiga é ser Irmã” é adaptação do verso de um soneto do nosso professor Artur Lobo de Campos.

Durante o Verão de 1984 consegui compilar bastantes poesias de várias colegas, relacionadas com o Instituto.

No ano seguinte coordenei um trabalho sobre a Fortaleza de Santo António da Barra – CASA DE VERÃO DO INSTITUTO DE ODI-

VELAS, São Julião da Barra (Feitoria – Colégio Militar), Cascais, a Cidadela e os seus Regimentos. Este trabalho também destinado às antigas alunas foi por elas adquirido, com o mesmo fim, tendo-se esgotado. Pelos dois trabalhos recebeu a Associação/Lar a impor-tância de 180.000$00.

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Também o Dr. Simas Alves de Azevedo ofereceu alguns exem-plares de um trabalho da sua autoria “Os Ferreira de Simas” que tem despertado o interesse das sócias.

Este ano apresentei, como novidade, os porta-chaves com o nosso emblema que foram muito apreciados e logo se esgotaram, e posteriormente adquirimos autocolantes também com o emblema. Os fundos obtidos destinam-se a necessárias aquisições eventuais para o Lar.

O Instituto ao comemorar os seus oitenta anos de existência ao serviço da educação, lançou uma medalha da autoria da professora, antiga aluna, a escultora Ruth Jacobetty e ofereceu o produto líquido da sua venda à Associação, 65.000$00.

Lembrei-me que seria interessante criar-se o “Dia da Antiga Aluna”. Mas quando? O nosso “14 de Janeiro” é sempre o Dia da grande confraternização no Instituto.

Então, recordando o dia da fundação legal do Colégio, passou a ser o 9 de Março, “o nosso Dia”.

Maria da Piedade Gouveia Leite Ferraz descerrou o retrato de D. Afonso

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No parque da nossa CASA

Pela primeira vez o comemorámos, em 1986, na nossa Casa, prestando homenagem ao Infante D. Afonso de Bragança. Após al-gumas palavras que proferi, o seu retrato, por Ele assinado, “Affonso Henriques, Duque do Porto” emoldurado a ouro, com a coroa, foi descerrado pela nossa querida colega Maria da Piedade Gouveia Leite Ferraz, de 91 anos de idade, a mais antiga e a mais idosa an-tiga aluna residente no Lar, afilhada da Rainha Dona Maria Pia e também nascida a 16 de Outubro. Foi celebrada Missa e seguiu-se um muito animado convívio.

Este ano, no dia da Antiga Aluna, a homenagem ao nosso In-fante foi prestada junto ao seu túmulo, no Panteão da Dinastia de Bragança. Após a deposição de flores, em representação de todas as antigas alunas, Felismina Osório falou de D. Afonso, do Instituto e da razão da nossa presença ali. Depois as antigas alunas Maria do Carmo da Conceição (Tchilay) e Rosa Lobato Faria disseram poemas da sua autoria que a seguir se inserem. À tarde, na nossa Casa, foi celebrada Missa e houve eleições para os novos corpos gerentes.

A Directora do Instituto tem facultado às antigas alunas instalação, no mês de Setembro, na “CASA DE VERÃO”, o que

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representa um benefício, muito agradável para quem necessita de ares de praia.

À VENERANDA MEMÓRIA DE S.A.R.O INFANTE D. AFONSO DE BRAGANÇA

Se eu pudesse depor carinhosamente a teus pésTodas as pétalas que floriram no Instituto,A majestosa jóia de pedra rendilhada,Que um dia, a tua infinda generosidadeOfereceu a meninas que não tinham pai!

Se eu pudesse enlear-te na frescura De todas as manhãs cor de marfimE o Sol a renascer fosse uma lágrimaDe assombro e deslumbramento à belezaDo mosteiro encantado que nos deste…

Se eu pudesse envolver-te no manto prateado,Do místico luar cheio de mistérioQuando os claustros, silhuetas bíblicas,Adormecem, inundados de poesiaEsplendorosamente desde que tempos…

Se eu pudesse aquecer a tua solidãoNas trevas dum silêncio que te abraça– A melancolia de tanta desventura –E tivesse palavras de carinhoso afectoCheias de gratidão e de ternura…

Se eu pudesse, num sonho de menina,Que surgisses da bruma onde te encontras,A etérea visão sorrindo luminosaÀ singela homenagem feita só de amor…

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Se eu pudesse, generoso Infante,Queria tudo istoNem que fosse apenas um instante!

Tchilay

1987/ 9 de Março

ROMANCE DO DUQUE DO PORTO

As meninas de Odivelasguardadas no seu mosteiroforam as primeiras estrelasdum pensamento primeiro. Pensamento acontecidodo sentimento realpois fora de rei nascidoAfonso de Portugal.

As meninas de Odivelasno seu convento fechadojá sonhavam todas elascom seu príncipe encantado.

D. Afonso é generosoD. Afonso é foliãoD. Afonso é valorosoquando lho pede a nação.

E as meninas de Odivelasguardadas no seu conventoouvem-no gritar “Arreda”sobre a cantiga do vento.

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D. Afonso é desditosoD. Afonso é infelize tem de deixar saudosoas terras do seu país.

E as meninas de Odivelasno seu convento fechadojá choraram todas elaso seu príncipe encantado.D. Afonso, D. Afonsomeu duque sem ter ducadonum quarto gelado e esconsovais morrer abandonado.

E as meninas de Odivelasguardadas no seu mosteiroouviram no vento lesteseu suspiro derradeiro.

Mas a lembrar para sempreo nobre gesto do Infanteque a nossa casa fundoueste amor adolescenterepara que não mudou.

São dois momentos de amorguardados na nossa história:o do teu gesto, senhore o nosso tempo de florque deu fruto na memória.

Rosa Maria Lobato de Farianº 132/1945

9.3.1987

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As alunas que concluíram o Curso do Magistério Primário em 1935, novamente se reuniram. Em 1985 comemoraram as “Bodas de Ouro” com uma ementa colegial a que não faltou o “Amarelo”, o arroz doce e um bolo com o nosso emblema. Quadras, um soneto, troca de lembranças, maridos presentes e uma união e amizade que são um exemplo! Todas são sócias, com as quotas em dia e têm contribuído para a Associação com o seu trabalho, com as suas vocações, com donativos.

APÓS 50 ANOS…

RECORDANDO O INSTITUTO, EU QUERIA…

Eu queria que tudo o que sinto dentro de mimPudesse ser por todo o Mundo divulgado!Eu queria que este desvelo e carinho sem fimPudesse ser por toda a gente avaliado!

Eu queria ter mil vidas, para viverPara poder com ternura, deixar escrito!Eu queria o impossível, podem crer,Para dizer tudo, o que ainda não foi dito!

Eu queria ser e fui, a mais humilde e agradecidaDas tantas meninas, que sentiram também,O que eu tenho em mim, de dedicação e Ardor

Por sentir tanto carinho, nesta casa amada e queridaEu queria poder até mesmo no Além,Sentir ainda pelo meu Instituto, o mesmo Amor!

Mª Carmo Fonseca Brito Figueiroa

Nº 68/1926

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Bodas de ouro de antigas alunas do Magistério Primário1935-1985

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Na homenagem à Dr.ª Ofélia de Sena Martins

Em 1986, as antigas alunas homenagearam a Subdirectora do Instituto, Drª Ofélia de Sena Martins, quando por atingir o limite de idade deixou o cargo que desempenhou com a maior devoção durante mais de quarenta anos, sendo por todas muito estimada e considerada.

A Directora do Instituto visita as antigas alunas residentes na nossa Casa e nunca delas se esquece, mimoseando-as.

Algumas das sócias mais antigas têm falecido, mas muitas das antigas alunas mais recentes se têm inscrito e presentemente quase todas as sócias contribuem com uma quota superior à fixada, além do que são generosas com os donativos e adquirem o que temos para lhes oferecer. Como não temos cobrador foi feito um apelo às “devedoras” para que pusessem as quotas em dia, ideia que foi muito bem aceite, resultando como desejávamos. Neste trabalho tivemos o auxílio da antiga aluna residente Deolinda Pereira da Silva, colaboradora noutros trabalhos de secretaria, vendas e anga-riações de sócias.

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Concluídas as obras gerais que foram realizadas, por fase anu-ais, após a derrocada da casa de banho e das inundações, nas quais despendemos a importância total de 3.330.349$00 obtida por sub-sídios eventuais de Entidades Oficiais em vários anos, organizada e fortalecida a Associação, com o Lar a funcionar, desejámos entregar tudo e m ordem a Colegas mais novas, competentes.

Queremos a continuidade da Obra em boas mãos!Com muita dificuldade consegui, finalmente elaborar duas listas

para eleições que se efectuaram no “Dia da Antiga Aluna”. A lista “A” foi a vencedora.

Findo o primeiro semestre deste ano, as eleitas tomaram posse no dia 1 de Julho de 1987.

Mesa da Assembleia Geral:Presidente: Felismina Pereira Osório MartinhoVice-Presidente: Mª do Carmo Rodrigues da Conceição (Tchilay)Secretária: Mª Antónia de Luna Andermatt Braz de Oli-

veiraSecretária: Mª Clementina Telo Machado de Jesus

Direcção:Presidente: Maria Rosete Fernandes MilheiroVice-Presidente: Domingas Marques da CruzTesoureira: Maria Miquelina Borges Baeta Secretária: Jovita CorreiaVogal: Fernanda Paredes ValenteSuplente: Maria de Lourdes SantanaSuplente: Maria Luiza Diogo dos Santos Chamberll

Conselho Fiscal:Presidente: Maria Teresa Paccetti dos Santos Lobo CorreiaSecretária: Cândida dos Reis Rosa Santos BoavidaRelatora: Maria Isabel Pereira Veloso de SousaSuplente: Maria Júlia Beato Ribeiro da CruzSuplente: Suzette Emília do Nascimento M. dos Santos

Amaral

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Por se considerar necessário, nesse dia, foi ainda constituída uma Comissão para expressamente se dedicar à Assistência ao Lar, composta pela Vice-Presidente Domingas Marques da Cruz, pela Maria de Lourdes Santana, que reside em Odivelas, e pela Maria Salette Barreto Tereno, que já anteriormente auxiliava a Associação nos trabalhos de tesouraria e secretaria incluindo o arquivo que reorganizou.

Em face do avanço da idade das antigas alunas residentes, ficou expresso o meu pedido de prioridade para a obtenção de meios humanos e outros para assistência a acamadas.

Com dedicação, método, bondade, firmeza, espírito de justiça, economia e completa isenção, tudo conseguirão para engrandecer a Associação que, será cada vez mais a ASSOCIAÇÃO DE TODAS AS

ANTIGAS ALUNAS DO INSTITUTO!Além da Acta da posse lavrou-se também uma Acta de transmissão

de bens. Entregámos todo o património da Associação/Lar inventariado, biblioteca, arquivo, e o Cofre contendo os documentos mais importan-tes e 490.508$00 em dinheiro, documentos comprovativos da existên-cia de depósitos à ordem no valor de 300.228$00 e de 4.250.000$00, a prazo, totalizando 5.040.736$00, além de artigos para obtenção de donativos: livros, emblemas, porta-chaves e autocolantes.

Finalmente não posso deixar de mencionar o discreto e sereno auxílio que, sob várias formas, sempre me foi prestado por meu marido, durante estes vinte anos que me ligaram à Associação.

Que esta Associação reforceA nossa grande amizade.Meninas de há tanto tempoQue nos importa a idade?!

E, assim pela vida foraOntem, hoje e amanhãSeguiremos nosso lema“SER AMIGA É SER IRMÔ!

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CAMINHANDOCADA VEZ MAIS ALTO

1987-1990

Por Rosete MilheiroAA N.º 117/1952

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A saudosa colega Virgínia Paccetti expressou no livro que escreveu sobre temas relacionados com o nosso Instituto, toda a afectividade e ternura que lhe mereceu a casa onde fez a sua formação académica e de onde

saiu, já mulher com a consciencialização perfeita do seu carácter.Ao falar de pormenores da casa e seus elementos arquitectóni-

cos, passando pela família real, com evidente admiração pela rainha D. Maria Pia e o Infante D. Afonso, tudo a inspirou para encontrar nesta Casa de Educação o encantamento dos anos aqui passados que a prepararam para enfrentar a vida.

Antigas alunas e elementos dos corpos sociais da AAIO anteriores ao nosso mandato Virginia, Felismina e Aida

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E as boas recordações perduraram, revia-se nas emoções e senti-mentos que a foram acompanhando ao longo do tempo preenchido por uma gama de coloridos diferentes, consoante eram horas de brincar, de sonhar, de conversar ou de estudar.

Não se esqueceu da importância de princípios que justificavam a união das pessoas, através de associações de mutuo auxílio, reco-nhecia-lhes o mérito e, por isso, não deixou de sonhar da restituição, à vida, da Associação das Antigas Alunas esquecida desde 1942.

Ao seu sonho juntaram-se os de duas colegas e, transpostos alguns obstáculos, não mais pararam, e a Associação ergueu-se na firmeza de uma obra acarinhada e responsabilizada.

Entretanto o entusiasmo foi-se alastrando e, em grande número antigas alunas aderiram à ideia e tornaram-se colaboradoras.

Mas, como diz a Virgínia, ao fim de vinte anos dedicados por inteiro à Associação e tendo, a partir de certa altura, deixado de contar com a colaboração preciosa da Maria Amélia Dias e a da Aida Vidigal da Costa Moura, atingidas por doença, entendeu que seria altura de realizar eleições e responsabilizar outras antigas alunas.

E, num gesto de clarividência, e cumpridos os trâmites legais, procedeu-se à votação de duas listas que se apresentaram ao sufrá-gio, ganhando a lista A, neste acto eleitoral que teve lugar no dia da antiga aluna nove de Março de 1987.

Os corpos sociais eleitos tomaram posse no dia um de Julho de 1987.

Mesa da Assembleia Geral:Presidente: Felismina Pereira Osório MartinhoVice-Presidente: Mª do Carmo Rodrigues da Conceição (Tchilay)Secretária: Mª Antónia de Luna Andermatt Braz de Oli-

veiraSecretária: Mª Clementina Telo Machado de Jesus

Direcção:Presidente: Maria Rosete Fernandes MilheiroVice-Presidente: Domingas Marques da Cruz

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Tesoureira: Maria Miquelina Borges Baeta Secretária: Jovita CorreiaVogal: Fernanda Paredes ValenteSuplente: Maria de Lourdes SantanaSuplente: Maria Luiza Diogo dos Santos Chamberll

Conselho Fiscal:Presidente: Maria Teresa Paccetti dos Santos Lobo CorreiaSecretária: Cândida dos Reis Rosa Santos BoavidaRelatora: Maria Isabel Pereira Veloso de SousaSuplente: Maria Júlia Beato Ribeiro da CruzSuplente: Suzete Emília do Nascimento M. dos Santos

Amaral

Elaboraram um plano de actividades como um meio indispensá-vel de orientação do trabalho a efectuar e, face à realidade, seguiram as opções determinantes. A primeira acta de 12 de Julho de 1987 apresenta a seguinte ordem de trabalhos:

1.º Análise da situação e ambiente do lar;2.º Informação e análise de algumas alíneas do relatório de

contas do ano de 1986;3.º Distribuição de tarefas e responsabilidade pelos membros

eleitos;4.º Pessoal;5.º Recolha de sugestões – medidas a tomar.

Decidiu-se posteriormente prestar uma homenagem à antiga Direcção como prova de reconhecimento pelo trabalho prestado. Todas estavam imbuídas do mesmo ânimo e espírito de fraternidade das suas antecessoras não esquecendo portanto o significado do lema “Ser Amiga é Ser Irmã” – lema que deve estar sempre presente em deliberações a tomar.

Em contacto com a realidade mais próxima dos pontos versados na acta acima referida logo se verificou o quanto o lar constituiu de benéfico refúgio para antigas alunas fustigadas pela idade, por

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carências de saúde e económicas e por agruras de uma vida que, de um momento para o outro mudou radicalmente, obrigando-as a regressar do Ultramar sem esperança e sem liquidez.

Esta experiência maravilhosa sustentada por profundos la-ços de solidariedade e de fraternidade (Lar), com o tempo, com a legislação e com a intensidade da procura de outras AA mostrou--se insustentável, devido à incapacidade financeira da nossa Associação.

Contudo, iam ressaltando outras circunstâncias que, sem belis-car a felicidade sentida, obrigavam a uma demorada reflexão sobre como fazer face às despesas da Instituição.

Daí que se mostrasse premente a revisão dos estatutos existen-tes e consequente legalização da Obra junto da Direcção Geral de Finanças e da Segurança Social, assim como uma maior interligação aos Serviços Sociais das Forças Armadas.

NOVOS ESTATUTOS(Vínculos e Reorganização do Lar e AAAIO)

Os novos Estatutos, aprovados em Assembleia Geral foram registados nos termos do artigo 11º do Decreto-Lei nº119/83, de 25 de Fevereiro (Diário da República – III Série – nº 126 de 2/6/89 – pág. 9563).

A Associação foi registada no Livro nº 4 das Associações de Solidariedade Social, sob o nº 70/89, a fls. 84 verso e 85.

A Associação foi reconhecida como pessoa colectiva de utili-dade pública, conforme consta na Declaração publicada no Diário da República – III Série – nº 20 de 21/1/1990 – pág. 1432.

Pelos novos Estatutos lavrou-se a escritura de constituição da Associação, como uma IPSS em 1989, registada no Livro de Soli-dariedade Social.

Procedeu-se, então, às alterações necessárias para diversificar as actividades/objectivos da Associação, das quais se destacam as enumeradas no Artigo 4º – “criar e manter um Lar de Idosas, centro de convívio, actividades de tempos livres, outros serviços de apoio no âmbito da prestação de serviços sociais”.

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Alargou-se o univer-so das sócias ao pessoal docente e discente do IO, reforçando o espírito de família e de equipa, valores transmitidos pela cultura do IO e que permaneciam ao longo da vida.

Na sequência dos pro-cedimentos acima mencio-nados, também em 1990, se procedeu à assinatura de um acordo de cooperação entre a AAAIO e o Instituto de Segurança Social para valência (resposta social) do Lar com a capacidade para 25 Residentes. Este acordo de cooperação era indispensável para fazer face às baixas reformas das AA que não comportavam

o preço da mensalidade, ainda que modesto. A Segurança Social atribuía por cada Residente uma verba que compensava a diferença. Em contrapartida a AAAIO ficava obrigada a reservar duas vagas para beneficiárias da Segurança Social que necessitassem de inter-namento em Lar, se bem que houvesse sempre a possibilidade de a AAAIO recusar, desde que devidamente fundamentada, a proposta.

Este vínculo à Segurança Social não mereceu por parte de al-gumas antigas alunas aceitação fácil porque entendiam que a vinda de pessoas estranhas quebrava o espírito formativo do IO. Embora a Direcção vigente compreendesse a opinião dessas AA, manteve-se a decisão aprovada por ser a única que possibilitava a sobrevivência/sustentabilidade do Lar.

O vínculo existente com a Segurança Social teve como con-sequência imediata a reorganização da Instituição, separando-se

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a actividade associativa dos serviços do Lar e que se passam a pormenorizar:

– Legalizou-se a Associação junto dos Serviços de Finanças para recuperação do IVA.

– Legalizou-se e alargou-se o Quadro de Pessoal procedendo-se à reclassificação profissional das trabalhadoras existentes e admitiram-se: uma funcionária para a Secretaria e uma técnica do serviço Social e uma funcionária que exercia o cargo de Encarregada Geral.

– Fomentou-se a formação profissional do pessoal com princi-pal incidência no ano 1993 para as categorias profissionais de Ajudantes de Lar e da cozinha. A maioria da formação foi realizada pela Federação da Igreja para a Terceira Idade (FITI) da qual a AAAIO se torna sócia.

Celebraram-se contratos de Prestação de serviços com um médico, um enfermeiro e uma advogada.

REORGANIZAÇÃO DO LAR

À medida que o tempo passava e entravam senhoras residentes apresentando quadros de diversos comportamentos houve neces-sidade se tomarem diversos procedimentos dentre de um conceito de liberdade mas promovendo um clima disciplinar.

– Elaborou-se um Regulamento Interno com o estabeleci-mento de regras de comportamento essenciais para o bom ambiente do funcionamento do Lar, abrangendo Residentes e Pessoal.

– Realizou-se uma reunião com participação das Residentes e seus familiares, da técnica do Serviço Social e de elementos da Direcção para troca de impressões por via a aprofundar e aperfeiçoar os laços humanos e funcionais.

– Admitiram-se funcionárias para assegurar o serviço nocturno.– Foi implementado um sistema de avaliação de desempenho

aplicado periodicamente às funcionárias existentes.

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– Fez-se um seguro colectivo que abrangia pessoal, roubo e incêndio.

– Fixou-se uma Caixa de Sugestões para receber sugestões ou reclamações das Residentes sem identificação obrigatória.

– Abriu-se um Livro de Ocorrências onde se registavam os incidentes diários para consulta da Direcção, pessoal téc-nico e voluntariado com o objectivo de tomar as medidas adequadas.

– Abriu-se um Livro de Registo de Saída das Residentes, nomi-nal e respectivo contacto.

– Foi criada uma Biblioteca, tendo sido feito o acervo documen-tal de todos os livros e revistas existentes.

– Foi feita manualmente a actualização das fichas das sócias e posterior informatização das mesmas para uma leitura mais rápida.

– Proporcionou-se às Residentes que o desejassem a assistência religiosa prestada pelo capelão do Instituto de Odivelas.

– Formou-se um grupo de AA que realizavam voluntariado aos fins-de-semana.

SERVIÇOS DE BENEFICIAÇÃO NO LAR

O Lar tem constituído desde a primeira hora, uma preocupação, dada a responsabilidade que cabe à AAAIO em lidar com pessoas que têm de ser tratadas com dignidade e respeito. São antigas alu-nas e outras senhoras provenientes de diversas origens, umas em boas condições de saúde e outras que obrigavam a uma persistente vigilância, pelo que se criou uma estratégia que respondesse, na medida do possível, às exigências surgidas. Assim:

– Instituiu-se um serviço de assistência de saúde tendo-se con-tratado um médico e um enfermeiro. Tornou-se necessário organizar um espaço onde funcionasse uma enfermaria que acolhesse as Residentes doentes e/ou acamadas. A organiza-ção deste sector da saúde e respectivo investimento baseou--se no facto desta Direcção sentir que devia proporcionar às

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Residentes uma ambiente de convívio e bem-estar até ao fim dos seus dias, evitando que o agravamento da sua saúde e o seu declínio, as obrigasse a procurar outro abrigo, conforme estava determinado anteriormente.

A enfermaria foi inaugurada pela Sra. D. Maria Luísa Firmino Miguel, grande amiga da AAAIO e assídua visitante.

A lotação da enfermaria veio a atingir o número de seis camas articuladas. Adquiriram-se ainda duas cadeiras de rodas.

– Adquiriu-se uma carrinha de nove lugares, posta ao serviço do expediente da casa e de toda a inerente vida associativa, quer na aquisição e transporte de bens alimentares, quer no transporte das senhoras a pequenos passeios. Em virtude do escasso orçamento de que a Associação dispunha e numa óptica de polivalência do pessoal, esta carrinha era conduzida por uma funcionária dos Serviços Administrativos.

– Uma vez que o edifício é constituído por dois pisos e a sala de jantar ficar instalada no rés-do-chão, montou-se uma pla-taforma elevatória entre o rés-do-chão e o primeiro andar, de

Inauguração da Enfermaria

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forma a permitir que as Residentes com maiores dificuldades de locomoção pudessem deslocar-se sem esforço.

EDIFÍCIO DA ASSOCIAÇÃO E DO LAR(Problemas e Buscas de Soluções)

O edifício onde se encontravam instalados os serviços da As-sociação e do Lar era muito bonito, o que proporcionava um con-vívio de grande dignidade, mas apresentava grandes deficiências de construção, com algum perigo, até, para quem o habitava, o que obrigou à realização de várias obras, algumas de custo elevado, das quais destacamos:

– A renovação/instalação eléctrica. – A adaptação das casas de banho à idade das Residentes. – A remoção do telhado e a cobertura do pavimento, em ladrilhos,

do chão da sala de jantar e do hall de entrada danificada pelas várias cheias da ribeira de Odivelas que corre junto ao edifício.

O edifício era fustigado por cheias periódicas e indesejáveis, que inva-diam todo o rés-do-chão, cobrindo-o com lama, o que danificava os móveis e equipamentos diversos bem como o espaço do logradouro. Para minorar estes efeitos solicitou-se junto dos serviços espe-cializados do Instituto da Água, ex-Direcção de Serviços Hidráulicos, as devidas correcções ao leito e margens, o que foi

conseguido. Foi entendido não estarmos ainda aptos logisti-camente para tal.

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Os custos de todas as obras realizadas ao longo destes pouco mais de dez anos foram suportados pelas quotas e donativos de antigas alunas, pelo contributo da Segurança Social e ainda pelos Serviços Sociais das Forças Armadas (SSFA). As Forças Armadas, através dos seus serviços sociais, demonstraram sempre pela nossa Associação uma consideração especial. Em reunião realizada com a presença das técnicas dos serviços sociais da SSFA e membros da Direcção da AAAIO, foi-nos proposta a realização de um serviço de atendimento domi-ciliário conjunto, sendo o estudo, a gestão e a execução da responsabilidade da AAAIO e os meios humanos e materiais da responsabilidade dos SSFA. Este atendimento domiciliá-rio compreenderia apoio doméstico, tratamento de roupa e fornecimento de refeições. A Associação propôs-se avaliar a sua capacidade para dar uma resposta condigna e responsável aos serviços solicitados, tendo requerido um alargamento do prazo de resposta a dar.

Até 1997, os SSFA asseguraram o pagamento da renda do edifício, comunicando a partir desta data que deixariam de a pagar por não se enquadrar nos objectivos sociais estabeleci-dos no novo Estatuto do IASFA.

– Não obstante a arquitectura da casa e a beleza do logradouro que a envolvia, tornava-se premente encontrar os meios indis-pensáveis ao bem-estar das Residentes. Considerámos adquirir a casa e adaptá-la às condições exigidas para o tratamento e acompanhamento de pessoas idosas, construir um edifício de raiz, adaptado aos mesmos fins.

– Uma das maiores dificuldades com que a Associação se debateu foi a actualização do valor da renda em função da legalização do arrendamento da casa. O senhorio invocava o aumento do valor da renda devido à circunstância de a ar-rendatária não ser apenas a Associação mas coexistindo com o Lar.

Todos os anos era recebida uma carta do senhorio, apresentan-do um valor de renda incomportável com a disponibilidade financeira da Associação.

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Todos os anos a Associação se sentia pressionada pelo des-conforto de uma ameaça de despejo e pela iminência de ter de continuar a despender milhares de contos em obras, como tinha feito até aqui.

Nem as reuniões entre a Associação e o senhorio, realizadas periodicamente desde 1991, conseguiram minimizar o con-tencioso existente.

Como forma de ultrapassar esta situação a Direcção começou a procurar várias alternativas e envidou vários esforços no sen-tido de encontrar ajuda financeira. Que fazer: formular uma proposta de aquisição do edifício onde estava a Associação, adquirir um novo edifício e adaptá-lo às suas necessidades ou construir um edifício de raiz?

O senhorio apresentou uma proposta de aquisição de valor muito elevado.

Por isso a Associação entregou um caderno de encargos feito por um técnico credenciado com o objectivo de sensibilizar o senhorio para diminuir o valor inicial, tendo em conta as elevadas despesas já efectuadas para a adaptação e conser-vação do edifício. O senhorio ficou de analisar o documento e de dar uma resposta. Apesar de todas as boas vontades, este assunto não era de fácil resolução, pelo que as partes envolvidas depuseram-no nas mãos dos respectivos advo-gados.

Para dar resposta a uma das alternativas a Associação colocou a hipótese de aquisição de terrenos para construção própria. Neste sentido contactou-se:– A Câmara de Loures, para a aquisição/doação de terrenos baldios.– A Direcção do IO, visando a possibilidade de doação e construção

num espaço da Quinta do Instituto. – O CEME, tendo em vista a possível ocupação/doação de edifícios

militares devolutos ou apoio financeiro.– A Segurança Social, visando apoio financeiro para arranjo do

edifício ou construção de um novo edifício.

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Realçamos a reunião com a Segurança Social ocorrida em Feve-reiro de 1993. Como resultado das diligências feitas e das instâncias junto dos CEME (General Paiva Morão e General Espírito Santo) quer por via escrita quer por entrevista, recebeu-se uma resposta escrita do General Espírito Santo indicando que o terreno do IO não poderia ser utilizado pela AAAIO, que os edifícios militares devolutos eram vendidos por valores elevados e que o quartel da Pontinha não iria ser desactivado. Assim, restou à Associação o recurso à Segurança Social.

Por indicação dos serviços da Segurança Social, a Associação foi aconselhada a apresentar o pedido de subsídio através de um ofício adequado, o qual mereceu deferimento. O pedido foi devidamente enquadrado num programa de assistência a idosos, denominado PILAR. Este subsídio foi aprovado ficando a aguardar as diligências a efectuar.

DINÂMICA SOCIAL

Foi preocupação da Direcção estabelecer laços de amizade com a então Junta de Freguesia de Odivelas e o Município de Loures.

Recorda-se com gratidão e até saudade o então Presidente da Câmara Municipal de Loures – Sr. Severino Falcão pela presença amiga e assídua nas festas de Natal da AAAIO e do donativo anual de cem contos com que nos presenteava.

Da mesma forma se procedeu em relação às Associações con-géneres estrangeiras (Colégio Militar do Brasil e Légion d’Honneur com a qual se estabeleceram vários contactos e visitas recíprocas) e ainda com as AAA congéneres nacionais (Colégio Militar e Ins-tituto dos Pupilos do Exército).

Além dos contactos anteriormente referidos reforçaram-setambém os laços com o Instituto de Odivelas e a comunidade. Outras formas de sociabilização foram concretizadas em várias vertentes.

A Associação interessou-se em estabelecer contactos coma Comissão para a Igualdade do Género (CIG), ex-CIDM, tendo tido uma representação no Conselho Consultivo da Condição

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Feminina com possibilidade de representação no Fórum Europeu de Mulheres.

ACTIVIDADES CULTURAIS E LÚDICAS(Processo de Integração Social)

– Criou-se um Coro, que se estreou a 14 de Janeiro de 1992, cons-tituído por algumas alunas e professoras do IO e AA Residentes no Lar, que posteriormente actuou algumas vezes no IO e na As-sociação.

Actuação dos Pupilos

– Privilegiaram-se os convívios entre a Associação e as alunas do IO através de visitas regulares feitas ao Lar por alunas acompa-nhadas de uma professora. Estes convívios eram simultaneamente positivos, quer para as Residentes que se sentiam menos sós e reconfortadas com a presença da juventude, quer para as alunas que se habituavam a respeitar a velhice e a admirá-la como fonte de experiência de vida e ainda a interiorizar o espírito de entrea-juda e de solidariedade da Associação. Por vezes estes convívios

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eram rematados por um saboroso lanche ou por um agradável jantar.

– Esta aproximação da Associação às alunas verificou-se também em conferências que antigas alunas foram proferir ao IO sobre problemáticas relacionadas com a terceira idade e testemunhos referentes à sua integração na vida activa.

Alguns eventos foram realizados em Lisboa, fora da sede da As-sociação, nomeadamente na Cooperativa Militar, com o objectivo de oferecer melhor acessibilidade às antigas alunas mais velhas.

Entre estes acontecimentos, aproveitando também a realização de eleições para o triénio de 1992-1995 e por inspiração da ex-posição “CIRCA” que decorreu em Nova Iorque, onde Portugal se

Convivio cultural

fez representar pelas obras mais emblemáticas do nosso acervo artístico, a AA Maria Noémia Leitão proferiu uma conferência sobre a CIRCA e a projecção portuguesa no Mundo à qual assis-tiram não só AA, mas também professoras, a então directora do IO Dra. Maria Cândida Balcão Reis e a ex-Directora Dra. Deolinda Santos.

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Actividades culturais

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De salientar a preparação de uma feira chamada “SUCESSO 91”, a ocorrer no espaço da antiga FIL, aberta a antigos alunos das três associações (AAAIO, AAACM e APE) que quisessem apresen-tar e divulgar produtos ou serviços dos quais fossem sócios ou proprietários.

Este evento que teve data marcada para a sua realização não chegou a concretizar-se, mas sobre ele desenvolveram-se várias acções, das quais destacamos a nomeação de uma comissão e uma medalha comemorativa do acontecimento sendo o design aprovado em concurso. A este concurso apresentaram-se as AA Helena Caldei-ra e Fernanda Ruth Jacobetty Vieira, cuja proposta foi seleccionada.

Tendo em vista as dificuldades no mundo laboral, à época, a AAAIO promoveu exposições de artes plásticas, e não só, para divulgação de trabalhos artísticos e ofereceu o espaço (cacifos) para correspondência endereçada, caso a AA exercesse ou quisesse exercer uma profissão liberal e não tivesse possibilidade financeira para arrendar um escritório.

Abriam-se também as portas a AA residentes fora de Lisboa, que nas suas deslocações à capital poderiam ficar hospedadas no Lar desde que existissem camas disponíveis.

Também não menos importante foi a instituição em Novembro de 1987 de um prémio anual a atribuir, na sessão solene da abertura de cada ano lectivo, à aluna do IO que, no ano transacto, tivesse prestigiado a Associação quer através da elaboração/apresentação de um trabalho escrito ou por relevante colaboração em actividades com a AAAIO. Este prémio foi regularmente atribuído a partir da sua instituição. Oferecemos também um ano de quotas a outras alunas que também desenvolveram algum trabalho relevante em prol da Associação.

Com a intenção de localizar antigas alunas e assim facilitar o contacto publicou-se um anuário de sócias e não sócias na lógica das Listas Amarelas dos CTT, designado “O Amarelo”, onde cons-tavam todos os nomes, profissões, moradas e telefones conhecidos, à época, de antigas alunas.

A Associação subsidiou a edição dos livros da AA Deolinda Pereira da Silva, dos quais destacamos “Menina de Odivelas”.

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PASSEIOS E CONVÍVIOS

Muitos foram os passeios organizados com a colaboração da Câmara de Loures, que punha à disposição um autocarro e em que

tomavam parte antigas alu-nas, as senhoras Residentes e familiares.

A escolha dos locais a visi-tar recaía sobre diversos aspec-tos como paisagem, interesse histórico, social e artístico.

Terras como Évora, Vila Viçosa, Alter do Chão, Coim-bra e Conímbriga, Alcobaça, Óbidos, Caldas da Rainha, Ma-fra e respectiva Tapada e Sa-gres foram objecto do interesse e da satisfação demonstrados pelos participantes.

Actuação das Crianças do Castelo (coro infantil)

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Salientamos a amabilidade dos Comandantes dos estabeleci-mentos militares, em que se almoçou, pela forma calorosa como fomos recebidas, não faltando o requinte da decoração floral das mesas, da indicação dos lugares e da deferência, nalguns casos, da presença do comandante presidindo à refeição.

Para além destas deslocações que exigiam um dia inteiro havia visitas a tempo parcial, nomeadamente a museus situados em Lis-boa, em Loures, em Sintra e outros locais.

Muitos foram os convívios realizados na nossa Casa ao longo dos anos, com principal incidência para:

– A Sardinhada – O Magusto– A Festa de Natal

A Festa de Natal trazia a evocação da família, a ternura da pre-sença do espírito natalício. A decoração simples, mas expressiva no seu conteúdo, com o presépio feito por AA, que evocamos com saudade, e o convívio com familiares e convidados, a celebração da Eucaristia, tudo se conjugava, para que à volta da mesa do lanche houvesse um sentimento de alegria e partilha.

Passeio a Fátima

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Passeioa Santarém

Em casa da AA Margarida Miguéns

Também não era esquecido o Dia da Antiga Aluna, cuja festa era celebrada na nossa Casa, no sábado mais próximo do dia 9 de Março, de forma a permitir a maior participação possível de antigas e actuais alunas.

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Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas84

BANDEIRA DA ASSOCIAÇÃO(Símbolo de União)

O Homem viveu sempre de símbolos.A Direcção sentiu que se impunha algo que representasse na

abstracção e também na sua concretização o espírito que irmana as antigas alunas do Instituto de Odivelas.

Assim surgiu a Bandeira.

Bandeira

Em 1991 foi aberto um concurso para a confecção da ban-deira da Associação, ao qual concorreram Fernanda Ruth Jacobety Vieira, Helena Caldeira e Felismina Osório. Os desenhos apresen-tados foram apreciados por um júri constituído pelas AA Maria Noémia Leitão, Maria Salete Tereno, Maria Miquelina Baeta e Maria Rosete Milheiro. O desenho seleccionado foi o da AA Fer-nanda Rute Jacobety Vieira. Foi pedido o orçamento a duas casas especializadas e decidiu-se que o trabalho deveria ser executado

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em seda e bordado a ouro e prata. A bandeira foi hasteada pela primeira vez junto ao altar da igreja do IO, para a missa de 14 de Janeiro de 1993.

LAÇOS (Revista da Associação)

A Laços é a revista da Associação fundada em 1988 por uma equipa entusiasta, a qual, segundo o primeiro editorial, escrito pela AA Maria Rosete Milheiro, tinha como objectivo “criar um elo vivo de comu-nicação e união, para trocar ideias e experiências, divulgar informações, promover encontros e intercâmbios, evocar lembranças e sonhar futuros – para estarmos mais perto e sermos mais fortes”, objectivo que se tem mantido.

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Revista da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas

3/13 Pela continuidade do IOPela continuidade do IO

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Através destes anos, a revista é uma referência cultural, social e intergeracional, em que as actuais alunas colaboram não apenas com artigos da sua autoria mas também relatando notícias sobre o Instituto e a sua actividade escolar, entre outras.

Gostaríamos de salientar a qualidade que esta revista tem vindo a adquirir (“Cada Vez Mais Alto, Cada Vez Mais Alto”), recordando o quão distante vão os tempos em que a mesma era concebida na sede da Associação em Odivelas. Os espaços eram medidos a régua e esquadro e depois de finalizada a sua composição a mesma era fotocopiada. É de salientar toda a contribuição prestada pela AA Maria de Lurdes Santana pela orientação dada à revista Laços, assim como toda a equipa colaborante, incluindo a renovação do design para a capa da revista, feita pela AA Fernanda Ruth Jacobety Vieira, um dos melhoramentos mais notáveis.

A ASSOCIAÇÃO E O INSTITUTO DE ODIVELAS(O Elo que Não Quebrou)

Esta Direcção teve sempre as melhores relações com as Direc-toras do IO com quem trabalhou.

A Dra. Deolinda Santos assistiu ao renascer da AAAIO realizado pela Direcção da Virginia Paccetti. Continuou sempre, enquanto esteve à frente do IO, a demonstrar o seu interesse e carinho pela nossa Instituição desenvolvendo esforços de abertura à Associação entre os quais destacamos a permissão de utilização do espaço do Forte de Santo António pelas AA Residentes na “Nossa Casa”, não só durante um determinado período no Verão ou na celebração de alguns eventos (piquenique e lanches) promovidos pela Associação.

De realçar que tanto a Direcção da Dra. Deolinda Santos como as que se seguiram (Dra. Maria Cândida Balcão Reis e Dra. Maryse An-tollin y Moura) tiveram a preocupação de preservar a doação feita ao IO do Forte de Santo António, utilizando o seu espaço pela presença de alunas e antigas alunas através de férias, encontros e convívios.

Sob a direcção da Dra. Maria Cândida Balcão Reis e da Dra. Maryse Antollin y Moura, a Associação continuou a sentir a mesma disponibilidade e aproximação.

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Excursão de Finalista do IO a Macau que teve um donativo monetário da AAAIO

Todas correspondiam aos convites endereçados para estarem presentes nas nossas actividades.

Durante o consulado da Dra. Maryse Antollin y Moura, a AAAIO foi pela primeira vez convidada a emitir parecer sobre a nova nor-ma que visava a possibilidade de o IO passar a ser semi-internato, tendo a nossa Direcção convocado uma Assembleia Geral Sessão Extraordinária para auscultar o parecer das sócias.

CONCLUSÃO

O que se escreveu não é nem pretende ser exaustivo. Contém apontamentos considerados relevantes na reestruturação da AAAIO e no funcionamento do Lar.

Para o mais pormenorizado conhecimento podem consultar-se as Actas das reuniões realizadas entre Julho de 1987 e Março de 1999, bem como a revista Laços publicada em igual período. Na aparente frieza da enumeração dos pontos mais destacáveis não

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coube, na sua plenitude, o traço humano que sempre se procurou elevar, como forma de dar substância ao lema “Ser Amiga É Ser

Irmã”.Todos os

dias foi preocu-pação o bem--estar físico e psicológico das Residentes, à semelhança do que a Direcção precedente ha-via feito.

Houve dias a s s ina lados , como por exem-

plo, o aniversário de uma qualquer residente, onde não faltava o bolo e as respectivas velas, bem como a presença de familiares que quises-sem estar junto da festejada, tomando parte numa refeição se assim o desejas-sem.

De sa-l i en ta r a alegria e a ajuda das Residentes em festas como a dos santos po-pulares ou outras. O parque (lo-g r a d o u r o do Palacete) prestava-se a uma decoração alargada e adaptada ao acontecimento sobretudo quando havia a sardinhada ou outros convívios.

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O dia de Natal era vivido de uma forma especial. O Presépio decorado primorosamente por AA era o símbolo renascido da Ale-gria e da Esperança.

Um apontamento artístico precedia sempre o ritual religioso constituído pela Missa acompanhada por cânticos de vozes inspi-rados pela Fé, o que consti-tuía o momen-to mais signi-ficativo dos sentimentos fraternos que a todos unia.

As pala-vras do cape-lão repassadas do significado, da mensagem de Cristo Me-nino despertavam, certamente, lembranças da infância distante.

E foi na envolvência de sentimentos fraternos que sempre se orientou a árdua tarefa de dirigir a AAAIO e o Lar, enquanto durou o exercício destes Corpos Sociais.

Verifica-se que quem lhes sucedeu tem continuado com redo-brados esforços a herança recebida.

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CONSOLIDAÇÃOE ABERTURA À SOCIEDADE

1999-2013

Por Maria Noémia de Melo LeitãoAA N.º 245/1931

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É com grande emoção que se dá início ao relato do conjunto de actividades que marcou a Direcção da AAAIO entre 1999 e 2013. A todo este trabalho está ligada a lembrança da Ana

Maria Pinto Soares Hoeppner, incansável trabalhadora durante o tempo em que foi orientadora e responsável pela Direcção da nossa instituição associativa.

Foi seu grande desejo continuar o livro da descrição do que fo-ram os primeiros anos da Associação das Antigas Alunas do IO que nos deixou a também lembrada AAVirgínia Pacetti, e em que deixa transparecer a sua ternura pela obra de certo modo ligada à Escola em que se educou. Pelo conjunto do relato dos três períodos que contam 26 anos e foram orientados por Corpos Sociais diferentes, verifica-se que todos souberam cumprir e não desiludiram quem neles confiou concedendo-lhes o voto que legitimou a sua direcção.

A história da AAAIO embora curta, no que concerne a uma Instituição da sua responsabilidade, revela uma maturidade in-condicional, demonstrando, portanto, quanto realizaram os Corpos Sociais seus responsáveis.

Em 1998, cessaram funções os Corpos Sociais votados, sucessi-vamente ao longo de doze anos e cuja presidente foi a Maria Rosete Milheiro.

Mesa da Assembleia Geral:Maria Noémia Neto Miranda de Melo LeitãoFernanda Ruth Jacobetty Santos VieiraMaria Luísa Lino Santos Oliveira

INTRODUÇÃO

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Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas94

Direcção:Maria de Lourdes de Mesquita Gomes Martins EleutérioAna Maria de Athaíde S. M. Pinto Soares HoeppnerMaria Isabel Rio Ferreira Braga GomesMaria Antónia C. Serpa Soares Figueiredo PaixãoLeonor Ornelas de Medeiros Tavares

Conselho Fiscal:Maria de Lourdes F. F. de Sant’Anna Sacavém CardosoMaria Alcinda da Silva Cruz Esteves da FonsecaCesaltina do Nascimento Silva

Porque os Estatutos impediam a reeleição após um largotempo de ocupação dos cargos – doze anos – as novas eleiçõesrealizadas em 27 de Março de 1999, aprovaram os nomes in-dicados na lista votada, sendo presidente a AA Maria de Lour-des Eleutério e Vice-Presidente a AA Ana Maria Pinto Soares Hoeppner.

Mas, em 15 de Março de 2001, a Maria de Lourdes Eleutério pediu a demissão do cargo, por motivo de doença, ascendendo ao lugar agora vago, a Ana Maria Pinto Soares Hoeppner, função que exerceu até à sua morte, em 27 de Março de 2013.

Iniciaram funções com todo o entusiasmo, debruçando-se sobre temas da maior importância, e nem sempre de resolução fácil.

Entre a súmula de tarefas a cumprir, apontam-se a acção social da AAAIO, a procura de novas sócias e colaboradoras, incrementar a vida associativa e encontrar novas instalações para a Associação e o Lar.

Numa estratégia de mudança, havia que dinamizar a AAAIO, não atendendo apenas à responsabilidade do Lar, mas alargar o campo a outras acções sociais que projectassem a nossa Associação e constituíssem exemplo de integração na comunidade.

A nova Direcção estava ciente de como era necessário encon-trar uma nova casa. Tomou logo contacto com a degradação da que se habitava, em Odivelas, não obstante a beleza arquitectónica do edifício e o logradouro uma mais valia incondicional.

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Consolidação e Abertura à Sociedade (1999-2013) 95

Tal como se tinha iniciado, anteriormente, foram-se removendo montanhas por forma a encontrar uma solução que, à partida, se apresentava com várias restrições.

A construção de uma casa exigia a garantia de uma ajuda fi-nanceira; o usufruto de um estabelecimento militar cedido pelo Ministério da Defesa Nacional dependia de haver um que estivesse vago e oferecesse as condições exigidas.

Vários foram os contactos estabelecidos com autoridades mi-litares, com evidência para os Chefes de Estado Maior, de então.

Podiam ser-nos cedidas umas ruínas do Palacete do Gravato, em Algés, mas a sua superfície era insuficiente, em relação ao espaço exigido.

Quando o Instituto de Odivelas completou cem anos, a Directo-ra, Drª Maryse Antolin y Moura convidou o Ministro da Defesa – Dr. Castro Caldas – e a Direcção da Associação aproveitou a oportunida-de para o abordar. Ficou acordado que se marcaria uma audiência, o que se verificou no seu gabinete do Ministério, donde se avista o Tejo, numa perspectiva de grande beleza, tendo por horizonte a crista das elevações do outro lado do rio, de onde sobressai o casario.

A conversa foi curta. O Senhor Ministro logo indicou o Quartel da Graça, espaço enorme, onde funcionavam, vários organismos militares e outros. Alguns seriam de difícil despejo, entre eles o espaço ocupado por uma banda militar. Sendo excelente o local, os inconvenientes apontados e ainda a degradação do espaço que nos era atribuído, tornaram impraticável a aceitação da oferta.

Continuaram, portanto, as preocupações para encontrar uma solução cuja premência ia aumentando, à medida que o senhorio da casa de Odivelas avançava com os meios de que dispunha para executar a saída da Associação.

Contudo, a acção dos Corpos Sociais não se fixava exclusi-vamente neste ponto, ainda que ele fosse de grande importância. A Direcção enfrentava múltiplos afazeres que lhe absorviam a atenção e obrigavam a encontrar a dinâmica indispensável para os resolver.

Numa instituição algo complexa não se podem descurar certos assuntos em benefício de outros, ainda que pareçam prementes,

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Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas96

pelo que tem de se resolver uns e outros, em simultâneo. A solução encontrada resulta de um acto de reflexão, seguindo-se a acção.

São muito claros os objectivos que se pretende sejam alcan-çados, mas o caminho a seguir deve ser tranquilo, envolvendo a Associação, na sua globalidade.

Projecto ambicioso, é certo, mas se o sonho comanda a vida, torná-lo realidade é um imperativo.

ACÇÃO SOCIAL – O Lar

Não é fácil destrinçar os elementos que, numa perspectiva glo-bal, envolvem a AAAIO, numa acção social.

O Lar é a principal preocupação, não só pelo encargo económico que representa, mas pelos cuidados especiais que têm de rodear as/os residentes que o procuram.

Casa antiga interiores – Sala de refeições

Começou a funcionar sob a Direcção da Virgínia Pacetti, cons-tituindo, então, um abrigo para algumas AA que se sentiram sós ou para outras que regressaram do Ultramar, já idosas, desiludidas e pobres.

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Eram em número reduzido, pelo que viviam o mais familiar-mente que é possível. Entre-tanto o número de senhoras foi aumentando, procurando o aconchego e a tranquilidade de que se sentiam carentes.

A realidade de hoje é bem diferente. O número de Resi-dentes é de 44 e, segundo os novos Estatutos, está aberto ao género masculino.

Quem procura o Lar da AAAIO e aí ingressa, é aco-lhido carinhosamente, sem constrangimentos, havendo a preocupação de que logo haja relacionamento com as/os Residentes, a fim de esta-belecer laços de são convívio. Infelizmente este desiderato

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nem sempre é conseguido, porque tudo depende do estado de saúde da/o recém-chegada/o, ou, também, da sua maneira de ser. Contudo, estes são casos fortuitos, podendo dizer-se que o ambiente do Lar é tranquilo.

A AAAIO, ao propor executar certas actividades (culturais ou lúdicas) fá-lo, não apenas por um interesse directo, mas contando com as/os utentes do Lar. Há como que uma simbiose a estreitar os laços de uma e do outro, porque, afinal, é de interesse comum estar ao serviço das Antigas Alunas, sobretudo das mais carecidas de cuidados.

A Direcção luta por que nada lhes falte em higiene, boa alimen-tação, cuidados de saúde, distracções várias, e o respeito dignificante da personalidade das/os Residentes.

A SAGA DA CASA NOVA

Conforme já vinham referindo as Direcções da AAAIO que ocuparam o cargo entre 1987-1998, e, ainda sob a orientação da Virgínia Pacetti (como ela refere) a degradação da casa de Odive-las processava-se mais rapidamente do que o desejado. A beleza arquitectónica do edifício, o seu logradouro e a sua

situação no cen-tro da cidade não constituíam um ar-gumento forte que justificasse a per-manência naquele espaço.

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Refira-se, também, que o senhorio avançava com a execução judicial do despejo (no dia 31/12/2004) o que impunha que se encon-trasse uma casa que pudesse abrigar as Senhoras e todo o mobiliário da casa. Desde 1999, como já foi citado, se faziam contactos a nível oficial e militar, mas sem resultado.

Entretanto, estreitaram-se as relações entre a AAAIO e aAAACM, sendo Presidente o General Paiva Morão que propôs se fizesse uma parceria que permitisse às duas Associações encontra-rem instalações para a ocupação de 44 camas, dando oportunidade a que ambas usufruíssem benefícios da Acção Social. Ocupando aAAACM um largo espaço no Quartel da Formação, a AAAIO propôs que lhe fosse cedida uma parte deste terreno e aí construísse uma casa.

O entusiasmo foi grande, de parte a parte, e logo se iniciaram contactos com o MDN para obter o despacho que permitisse a ocupação do terreno destinado à nossa Associação. A burocracia a vencer foi muito enervante até que, finalmente, em 10 de Maio de 2002 chegou o despacho assinado pelo Ministro da Defesa Nacional – Dr. Paulo Portas – autorizando o Exército Português a

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assinar o protocolo de cedência do espaço do Quartel da Formação, durante 36 anos, a fim de que as Associações pudessem construir o seu espaço social.

Festejando a assinatura do protocolo

A assinatura do protocolo teve lugar no Quartel do Governo Mi-litar de Lisboa, com a presença da/o Presidente da AAAIO e AAACM.

Assim se tornou possível construir a Casa Nova.

O FORTE DAS MAIAS

Mas, as interrogações e expectativas continuavam. Quantos anos havia ainda que esperar pela nova casa? Impunha-se encontrar um abrigo que acolhesse as senhoras do Lar, enquanto o novo edifício se construísse. A Associação estava perante outra grande dificuldade, mas cuja solução se encontrou, até com vantagens, na situação do local e outras, exigindo estas serem resolvidas após obras de algum volume financeiro.

Na orla marítima que acompanha o encontro do Tejo com o mar e se estende até Cascais, foram construídas fortalezas, algumas de

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pequenas dimensões, que Filipe I mandou edificar, como defesa de possíveis ou previsíveis ataques de inimigos. Entre essas fortalezas, encontra-se o Forte de S. João das Maias, junto a Santo Amaro de

Forte das Maias

Oeiras. O seu traço delicado, uma entrada ampla que dá acesso ao edifício do Forte e a um pavilhão modesto e funcional destinado a receber filhos de pescadores em colónia de férias, resolveu as dificuldades em que a AAAIO se encontrava.

A ocupação deste pavilhão e a área envolvente resolveu-se pela assinatura de um Protocolo de Comodato entre AAAIO e o IASFA, com a prévia concordância do Ministério da Defesa Nacional e Assuntos do Mar.

A perspectiva de as Residentes aqui permanecerem era de dois a três anos (o tempo que se supunha absorvidos pelas obras da Casa Nova). Afinal decorreram seis anos (2004-2010).

O pavilhão, desactivado há muitos anos, apresentava um as-pecto de grande degradação, embora o seu traçado se ajustasse às condições de comodidade e de segurança exigidos nos cuidados a prestar a pessoas idosas.

É constituído por um piso, de janelas rasgadas por onde entram o Sol e a luz em abundância.

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As divisões (salas e quartos) de grande superfície dão para um corredor que acompanha a estrutura da casa. Depois de pintado, substituída a instalação eléctrica e a canalização, decorada a preceito com tecidos de cores alegres, ficou uma casa muito bonita.

O mar, companheiro de todas as horas, fazendo-se ouvir quando mais agitado, oferecia poentes magníficos, espelhando na água o dourado enrubescido de dias quentes, com o Sol despedindo-se, lenta-mente, até mergulhar e levar a sua luz e calor ao outro lado do Oceano.

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As residentes sentiam-se ali muito bem, e a partida para a resi-dência definitiva sentiu o amargo da saudade.

Foi mais outra mudança que teve de ser bem planeada, bem es-truturada, de modo a causar o menor embate psicológico, sobretudo nas Residentes mais débeis.

Entretanto, a vida associativa não parava. Havia sempre ne-cessidade de atender a esta ou aquela situação, cumprir missões, projectar a nossa Instituição.

QUARTEL DA FORMAÇÃO

A construção da Casa Nova, ainda que necessária, exigia ponde-ração, pela enorme responsabilidade com que se debatia a Direcção da AAAIO.

Envolvia uma quantia elevada de que a Associação não dispu-nha, na totalidade, embora a Segurança Social se comprometesse em contribuir com uma percentagem.

Lançaram-se campanhas para angariação de fundos, como a «Campanha dos Laços» e contou-se com a generosidade de algumas antigas alunas que, gostosamente aderiram ao apelo feito. Acrescem a todas as dificuldades as exigências das entidades oficiais ligadas ao IPAAR e aos técnicos do ISS.

O plano da obra foi iniciado pela Arquitecta Teresa ArnãoMetello, antiga aluna do IO, que se ofereceu para fazer o pro-jecto, gra-tuitamente. Infelizmen-te a morte s u r p r e e n -deu-a sem terminar o trabalho, a que deu se-gu imento , nas mesmas condições, a

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sua filha Marta Metello. Pessoas generosas que se comprometeram, sem qualquer interesse material, a executar o plano de uma obra que se mostrava complicada.

Tudo levou seu tempo. O concurso público lançado em Julho envolveu onze concorrentes, tendo vencido a Constrope que assinou o contrato em 8/12/07.

Anteriormente, em 14 de Janeiro, foi assinado o Auto de Consig-nação e as obras começaram, com as máquinas a preparar o terreno.

Em 6 de Agosto de 2009 teve lugar a recepção provisória e, em 14 de Janeiro de 2010 a Nova Casa foi inaugurada pelo Presidente da República, Professor Cavaco Silva.

A Direcção da AAAIO sentiu uma imensa alegria quando viu terminada a obra, embora soubesse que ainda havia muito a que atender, com o apetrechamento de certos serviços e adequação a novas situações.

Mas a esperança, a tenacidade, a força interior não faltaram às responsáveis por este empreendimento, orien-tadas pela inesgotável resistência da Presiden-te da Direcção, a saudo-sa Ana Maria.

Houve Mecenas que deram grande impulso ora com as suas pala-vras de incitamento, ora pela sua colaboração, como o General Paiva Morão, Engºs Ayala Bot-to, Vítor Caetano, Jorge Botelho, Lília Silva, a Teresa Archer de Carva-lho, firmas e privados, APE – a todos a AAAIO deixa a expressão da sua gratidão.

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Entretanto, havia que abandonar o Forte de São João das Maias, com alguma saudade, visto que decorreram em saudável convívio os anos que permiti-ram a contemplação de uma paisagem colorida pelo azul do mar e as diversas tonalidades de poentes magníficos.

Uma nova mudan-ça, com todo o trabalho inerente à deslocação de objectos, mas espe-cialmente de pessoas, algumas emotivas e an-siosas, cujos sentimen-tos e emoções obrigam a determinados cuidados.

Os mecenas da construção da Casa Nova

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Dezembro de 2010 foi o mês em que as Senhoras residentes deram entrada na Casa Nova. Todas se mostraram agradadas com as novas instalações, bonitas, bem decoradas, oferecendo espaços confortáveis.

Estava alcançado o grande objectivo há tantos anos acarinhado e sonhado, e cuja realização foi muitas vezes posta em causa.

2ª VALÊNCIA SOCIALCENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DE BENS

Por iniciativa da Junta de Freguesia de Odivelas, com a cola-boração do Ministério da Segurança Social, e por sua indicação, a AAAIO – como IPSS que é – ficou responsável pela execução do projecto cuja finalidade era o encaminhamento, em várias vertentes, das crianças e jovens do bairro problemático da Arroja.

A AAAIO aceitou, confiadamente, responsabilizar-se pelo pro-jecto, pois que além de ir ao encontro do seu objectivo socializante, projectava a sua acção na comunidade.

Entrega dos sacos de Natal na Arroja em dezembro de 2006

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Esta acção impunha imaginação e capacidade de coordenação nas tarefas a executar pelas crianças (desde a pré-primária ao pri-meiro básico) incluindo assistência a idosos. O primeiro aniver-sário em 2003 foi assinalado com uma sessão na sede do projecto da Arroja, tendo sido apreciada toda a acção social desenvolvida, com a presença do Presidente da Junta de Freguesia de Odivelas e de representantes de Órgãos Oficiais do Concelho.

Este projecto que estava integrado na luta contra a pobreza, promovido pelo Instituto de Segurança Social tinham prazo deter-minado, pelo que a Associação cessou a sua intervenção.

Todavia, a AAAIO passou a ser a IPSS que manteve as activi-dades já implementadas, com apoios financeiros da Câmara Mu-nicipal e Junta de Freguesia de Odivelas e do ISS. Foi mantido o ATL – outra valência – com a ocupação para cinquenta crianças, o centro de convívio para trinta adultos e vários ateliers para crianças, jovens e adultos.

O Banco Alimentar Contra a Fome, por protocolo assinado em 2004, fornece semanalmente vários géneros alimentares que são distribuídos por 264 famílias carenciadas do Bairro da Arroja, num total de mais de 800 pessoas das quais mais de 300 crianças.

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Por alteração das políticas escolares, iniciadas em 2009, os ATL, lentamente, foram deixando de exercer a sua função pelo que se encerrou o da Arroja.

Durante oito anos, a Associação acompanhou trinta e seis crianças das escolas existentes na Arroja e proporcionou-lhes, des-de 2005, férias no Forte de S. João das Maias, onde permaneciam algumas horas na praia e beneficiavam do apoio estratégico dado pela Associação.

Esta parceria que envolveu a Associação, a Junta de Freguesia, o ISS e outros parceiros foi uma experiência muito gratificante para a Associação e, estamos certas, para os colaboradores que ajudaram nas diferentes tarefas.

Persiste ainda, a valência relacionada com a distribuição de bens alimentares com o apoio do Banco Alimentar Contra a Fome e de comerciantes e empresários locais.

PROJECÇÃO DA AAAIO

É desejável que a AAAIO continue a projectar-se na sociedade envolvente, através da sua adesão a convites que lhe são dirigidos para tomar parte num ou noutro evento.

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Assim, a Associação tem estado presente em conferências, sessões culturais ou de homenagem, organizadas pela Câma-ra Municipal de Odivelas, ou em exposi-ções de pintu-ra, escultura, etc. Da parte da Associação houve sempre d e m o n s t r a -ção de consi-deração face à autarquia responsável pelo desen-v o l v i m e n t o do concelho, desejando que assim prossiga, para bem dos munícipes.

Na qualidade de um dos vários elementos da CIDM, a Associa-ção tem esta-do presente em algumas actividades, com desta-que para a entrega de prémios, na Galeria da S o c i e d a d e Portuguesa de Autores, a t r ibu ídos a mulheres

que versaram temas diversos, como investigação sobre literatura, divulgação e reportagem.

A Luísa Alice Santos Pereira AA nº 319/1952 entrega uma lembrança ao Prof. Furtado após a conferência sobre o

futuro do livro

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Em Maio de 2007, a AAAIO assinou com a Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP) um protocolo com a finali-dade de estabelecer um relacionamento que permitisse satisfazer objectivos de interesse cultural, exposições, colóquios, conferên-cias, investigação histórica e sociológica, não esquecendo a defesa da identidade nacional e a modernidade da sociedade portuguesa.

ACÇÕES CULTURAIS

Desde sempre, foi timbre da Associação interessar-se por acções culturais, focando vários temas.

No espírito dessas acções há um aspecto que deve pôr-se em evidência: o de, simultaneamente, proporcionar uns momentos de são entretenimento e de interesse não só às nossas Sócias como também às/os Residentes do Nossa Casa.

Exposições de pintura, ponto de cruz, fotografia; sessões lite-rárias – poesia ou prosa – concertos de piano, exibição de coros,

Artur Pizarro deu um belissimo recital no ginásio do IO a 14 de janeiro de 2005

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jogos florais, lançamento de livros de vários autores, encontros com a gastronomia, entre outros, estão na linha de manifestações culturais, com um bom nível.

Sendo estas actividades realizadas, na sua maioria, por antigas alunas ou antigas professoras do IO, é muito gratificante verificar--se que não foram esquecidos princípios de camaradagem e de solidariedade.

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O DIA DA ANTIGA ALUNA9 de Março

Prestando homenagem à assinatura dos Estatutos do Instituto D. Afonso, pelo Rei D. Carlos, em 9 de Março de 1900, estabeleceu-se este dia como o da Antiga Aluna.

É um dia celebrado com alguma emoção, em que os Corpos So-ciais intervêm, expondo alguns pontos da realidade da Associação, como elemento activo do universo das AA, e, num ano ou noutro,

A primeira AA a ser condecorada no Dia da Aniga Aluna foi Ilda Vieiraa 9 de março de 2004

intervém um conferencista. Procura-se que haja um momento cul-tural (musical, literário com recitativos), como encerramento da cerimónia.

O Refeitório das Monjas oferece o cenário que confere à nossa reunião (de que fazem parte ilustres convidados) toda a dignidade, sobretudo quando se homenageia uma antiga aluna que se distin-guiu na sua entrega à Associação e a quem se entrega a Medalha de Mérito.

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Desde 2004 foi instituído, pelos seus filhos, o Prémio Ma-ria das Neves Rebelo de Sousa, antiga aluna que frequentou o Colégio durante dez anos, e se projectou, posteriormente, como uma Mulher que esteve sempre no lugar certo, como mãe e como companheira do

marido que ocupou altos cargos do Estado.

O prémio distribui-se pelas alunas mais classificadas do segundo e terceiro Básico, e a do Ensino Secundário.

VOLUNTARIADO

Reconhecendo o valor do voluntariado, já praticado desde a reorganização da Associação, foi preocupação da Direcção destes últimos anos dilatar o número de voluntárias e imprimir outra eficácia à sua prática.

Começou com um número reduzido de voluntários, havendo, actualmente, trinta colaboradores que acompanham as/os Re-sidentes em várias actividades culturais e lúdicas e a consultas hospitalares.

Os passeios poderão ser apenas de um percurso por lugares aprazíveis de Lisboa e a paragem para um café ou um chá, ou visitas a exposições, museus ou concertos.

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As voluntárias são igualmente muito pres-tativas nas férias que algumas residentes vão gozar no Forte de Santo António, no Estoril.

As senhoras gostam imenso dos dias aqui pas-sados, não apenas porque saem do seu quotidiano, como apreciam a vasti-dão do mar até à linha do horizonte, descansando o olhar na superfície azul enrugada pela brisa que sopra, suavemente, ou mais agitada quando o vento se faz ouvir.

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Encanta-as, sempre, a abóbada azul do céu, mesmo quando salpicada de nuvens brancas, e o repouso cortado pelo marulho das águas batendo nas rochas.

ACTIVIDADES LÚDICAS

Como actividades lúdicas e de convívio, pode citar-se a orga-nização do Chá da Primavera, a Festa dos Santos Populares (sardi-nhada), o Magusto e a Festa do Natal para além da co-organização do convívio do 14 de Janeiro no IO. Entre os muitos realçamos o de 2005 que terminou com um excelente recital de piano por Artur Pizarro, filho da AA Maria Laura Pizarro Subtil Sequeira Costa.

Estas actividades envolvem o empenhamento das voluntárias, enfeitando a preceito o local da reunião, revelando, com a sua inspiração, o gosto com que aderem à tarefa confiada. Conforme a época, assim se destacam os enfeites que vão desde flores, até folha-gens secas, passando pelos arcos e balões, manjericos perfumados e iluminação colorida.

A festa mais tocante é o Natal. Muitas/os Residentes se lem-brarão do Natal da sua infância ou da Festa de Família a quecompareciam filhos e netos, espalhando a alegria dos presentes recebidos.

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No Lar, embora sem este quadro de jubilosa inocência, estão presentes os familiares que o desejem, dilatando a família con-vencional.

O presépio, com toda a sua carga simbólica de ternura e encan-tamento, é o elemento que se aguarda com alguma ansiedade, pois que o conjunto que configura a transcendência do Mistério, resulta da imaginação de quem se encarregou de o organizar.

E, em cada ano, há que louvar o Menino e a sensibilidade de quem o vive. A Missa é o ponto alto da Festa natalícia e um coro no qual intervêm algumas Residentes, transporta na melodia simples dos seus cânticos a Esperança da renovação da Vida.

LAÇOS

Dentro das actividades culturais, há que destacar a revista «Laços», oscilante no espaço da sua publicação, (ora trimestral, ora quadrimestral) é aguardada com muito interesse pelas sócias da AAAIO.

Já completou vinte anos, pode dizer-se que robustos, vigorosos e firmes, por tal forma surgem novas colaboradoras dissertando sobre temas diversos.

O nome Laços fala da sua finalidade em ligar gerações, pelas notícias que difunde e pela oportunidade de que sejam lembradas algumas alunas que, com o rolar dos anos, se tinham perdido na memória de outras.

Permite, ainda, que as actuais alunas do IO dêem notíciasdo Instituto, em diversas vertentes, ou exprimam, em artigoindividualizado o seu pensamento sobre o que mais lhes inte-ressar.

A revista tem vindo a melhorar, num processo calmo, mas con-tinuado, tornando-se mais apelativa depois que foi possível a sua impressão a cores. Eclética e diversificada completa-a a vertente informativa, embora de uma forma sintética.

Só há que desejar que a Laços sobreviva por muitos anos, sem quebra do entusiasmo que suscita, em quem colabora, e nas res-ponsáveis pela sua publicação.

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Este ano termina o consulado dos Corpos Sociais que, nem sempre ocu-pando as mesmas funções perfizeram doze anos, tendo como Presidente a saudosa Ana Maria Pinto Soares Hoeppner. São doze anos de uma dedicação profun-da ao desenvolvimento da Associação, passando-lhes pelas mãos trabalhos de vulto e de responsabilidade. O mesmo é dizer que foi um largo período exigente, obrigando a preocupações e responsabi-lidades pressionadas pelo tempo, em que algumas situações deviam ser resolvidas, como foi a saída da Casa de Odivelas, e, depois, do Forte de São João das Maias.

Todas estas circunstâncias não invalidaram o desejo de projec-ção da Associação, o que foi conseguido, não na totalidade (nada é absoluto) mas, segundo as aspirações dos Corpos Sociais.

Foi desejo da Direcção, que a AAAIO tivesse a sua sede, em Odivelas.

Provisoriamente, está instalada num pequeno espaço que per-tence ao Instituto – a Casa do Capelão – e, quanto ao futuro, ver-se-á.

De entre a projecção da Associação, contam-se as relações com o IO, com as suas Directoras e, ultimamente com o Director. A As-sociação foi sempre convidada para acontecimentos culturais ou festivos que ali tiveram lugar. E usufruía – por vontade da Direcção do Instituto, de disponibilidade para organizar a data do 9 de Março.

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A história das bandeirasA história das bandeiras

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2/12As três homenageadasAs três homenageadas

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Um destaque especial para o Capelão do Instituto que todas as semanas vem celebrar a Eucaristia ao Lar e aten-de as Senhoras com toda a atenção.

Foram igualmente cordiais os contactos com as Direcções da AA-ACM e da APE, institui-ções congéneres de gran-de projecção no meio militar e na sociedade.

No cômputo de to-das as actividades reco-nhece-se que se conse-guiu uma maior projec-ção da nossa Associação na comunidade, pelas várias vertentes que se atingiram e todas elas prestigiantes.

Estamos confiantes que a passagem de testemunho a outros Cor-pos Sociais que forem eleitos vai processar-se com o desejo sincero de que a obra continue, cada vez mais de harmonia com os valores que prezamos e queremos servir, para bem de quem se acolhe à nossa Casa, exaltando as virtudes da Escola onde nos educámos, e de onde saímos reconhecendo a valorização do trabalho, do cumprimento do dever que, no sentido lato, implica compromissos incontornáveis.

Continuaremos a lutar por sermos solidárias, integradas numa sociedade exigente por muitas carências que não devem passar ao nosso lado.

Procuraremos justificar a existência da AAAIO pela partilha da nossa amizade, vivendo o lema «Ser Amiga é ser Irmã»

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POSFÁCIO

E stando a fechar-se um ciclo de direção da AAAIO, achou a nossa colega Ana Maria Pinto Soares Hoeppner, à data Presidente da AAAIO, que se reeditasse o livro da Virgínia Paccetti sobre a nossa associação, introduzindo dois novos

capítulos com a sua história a partir de 1988.Assim, pedimos à Rosete Milheiro, que liderou a AAAIO entre

1988 e 1999, e à Maria Noémia de Melo Leitão, que foi presidente da Mesa da Assembleia Geral entre 2006 e 2010, que gravassem em papel o percurso da associação.

Nos finais de 2010, a Ana Maria Pinto Soares Hoeppner decidiu voltar a propor uma lista, apesar de estatutariamente só poder per-tencer aos Corpos Sociais durante dois mandatos – e ela já estava há três mandatos à frente da AAAIO. Mas entendeu que deveria levar a cabo a obra que tinha iniciado, a construção da Nova Casa. O Lar já estava construído, tendo sido até inaugurado pelo Presidente da República, mas havia ainda muitas dívidas e para a Ana Maria seria pouco ético passar a uma nova direção uma associação com dívidas avultadas. Propôs assim em Assembleia Geral manter-se à frente da AAAIO durante mais três anos comprometendo-se a entregar no final do mandato a associação com as contas reguladas.

No mandato de 2008-2010, eu era suplente da Direção, mas em outubro de 2010 a Ana Maria convidou-me para ser vice-presidente na lista que estava a organizar para o triénio de 2011-2013. Não me agradava a ideia de ter um cargo diretivo ativo na associação. Gosto de trabalhar atrás da cena, gosto da liberdade de movimentos e de expressão que uma simples sócia de base tem à sua disposição.

M. Margarida Pereira-MüllerAA Nº 244/1967

Presidente da AAAIO

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Além disso, estava ainda em plena atividade profissional e familiar. Após várias reuniões, acabei por ceder com a garantia de que ela ficaria com os pelouros do lar e dos contactos com as instituições e eu dedicar-me-ia às edições da LAÇOS (revista, boletim e livros) e às relações públicas.

Na vida, porém, os nossos planos por muito bem traçados que estejam, podem ser alterados por razões que não estão ao nosso alcance. Logo no final desse nosso primeiro ano de direção, Ana Maria fica gravemente doente, deixando de poder dar a assistência diária à nossa associação. Em janeiro de 2011 assumo a presidência interina da AAAIO que fui alternado com a Ana Maria em momen-tos em que a sua saúde o permitia, até que, em março de 2013, me tornei de facto presidente após a sua morte.

Foram sem dúvida, 24 meses muito atribulados. Além dos pro-blemas inerentes à associação, à gestão dum lar e dum centro de distribuição de bens com compromissos junto de entidades gover-namentais, agravou-se a situação política no que respeita ao nosso Instituto de Odivelas. Em outubro de 2011, tínhamos recebido na associação a visita de dois técnicos do Ministério da Defesa Nacio-nal que estavam a fazer um estudo sobre os três colégios militares, entretanto, cunhados com o nome comum de Estabelecimentos Militares de Ensino e abreviado para EME. Os resultados deste es-tudo não nos deixaram muito apreensivas, uma vez que o Instituto de Odivelas mostrava ser o colégio com custos menores e melhores resultados escolares. Tudo porém ficou alterado com o 2º grupo de trabalho, liderado pelo Prof. Marçal Grilo, usado pelo Ministro da Defesa Nacional para dar o golpe fatal ao IO e programar o seu encerramento no final do ano letivo de 2014-2015.

O Despacho n.º 4785/MDN/2013, de 25 de março tem vindo a exigir de nós, associação e sócias individualmente, tudo o que podemos dar para que o projeto educativo da nossa escola, no qual nós acreditamos, se mantenha vivo. Não iremos permitir que um despacho extinga uma escola com um percurso já secular que foi criada por um decreto-lei e com um curriculum de excelência que o diferencia de outras escolas públicas e que o torna uma escola única no panorama escolar português.

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Posfácio 121

O trabalho de lobbying e de planeamento de ações quer junto da opinião pública quer junto das instâncias do poder tem tomado grande parte dos nossos esforços e do nosso tempo.

No entanto, ao terminar este trabalhoso triénio, sairemos de consciência tranquila de ter dado todas as nossas energias positi-vas à nossa associação que irá perdurar nos tempos, sendo o polo centralizador das Antigas Alunas e, ao mesmo tempo, ajudando quem precisa.

Adivinha-se para breve uma viragem na nossa associação. Novos ventos irão levá-la por outros rumos, mas o objetivo manter-se-á inabalável: a defesa do Instituto de Odivelas e das suas Antigas Alunas, fazendo fé ao lema da AAAIO, “Ser Amiga é ser Irmã”.

DVC IN ALTVM

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ÍNDICE

O INÍCIO (1919-1987)

Virgínia Paccetti

5

CAMINHANDO CADA VEZ MAIS ALTO (1987-1990)

Rosete Milheiro

63

CONSOLIDAÇÃO E ABERTURA À SOCIEDADE (1999-2013)

Maria Noémia de Melo Leitão

91

POSFÁCIO

M. Margarida Pereira-Müller

119

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