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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS · 2 Julho | 2013 – Discagem gratuita 0800.601.3020 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL DIRETORIA EXECUTIVA 2012-2014

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Julho | 20132

www.advocef.org.br – Discagem gratuita 0800.601.3020

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOSDA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

DIRETORIA EXECUTIVA 2012-2014Presidente: Carlos Alberto Regueira de Castro e Silva (Recife)Vice-Presidente: Álvaro Sérgio Weiler Junior (Porto Alegre)Primeira Secretária: Lenymara Carvalho (Brasília)Segunda Secretária: Lya Rachel Basseto Vieira (Campinas)Primeiro Tesoureiro: Estanislau Luciano de Oliveira (Brasília)Segunda Tesoureira: Daniele Cristina Alaniz Macedo (São Paulo)Diretor de Articulação e Relacionamento Institucional: Júlio Vitor Greve (Brasília)Diretor de Comunicação, Relacionamento Interno e Eventos: Roberto Maia (Porto Alegre)Diretor de Honorários Advocatícios: Dione Lima da Silva (Porto Alegre)Diretor de Negociação Coletiva: Marcelo Dutra Victor (Belo Horizonte)Diretora de Prerrogativas: Maria Rosa de Carvalho Leite Neta (Fortaleza)Diretor Jurídico: Magdiel Jeus Gomes Araújo (João Pessoa)Diretora Social: Isabella Gomes Machado (Brasília)REPRESENTANTES REGIONAISElisia Sousa Xavier (Dijur/Suaju)|Meire Aparecida de Amorim (Dijur/Suten)|Paula GironMargalho (Aracaju)|Rodrigo Trassi de Araújo (Bauru)|José de Anchieta Bandeira MoreiraFilho (Belém)|Leandro Clementoni da Cunha (Belo Horizonte)|Marta Bufáiçal Rosa(Brasília)|Lya Rachel Bassetto Vieira (Campinas)|Alfredo de Souza Briltes (CampoGrande)|Renato Luiz Ottoni Guedes (Cascavel)|Sandro Martinho Tiegs (Cuiabá)|ManoelDiniz Paz Neto (Curitiba)|Edson Maciel Monteiro (Florianópolis)|Karla Karam Medina(Fortaleza)|Ivan Sérgio Vaz Porto (Goiania)|Magdiel Jeus Gomes Araújo (JoãoPessoa)|Rodrigo Trezza Borges (Juiz de Fora)|Altair Rodrigues de Paula (Londrina)|DioclécioCavalcante de Melo Neto (Maceió)|Kátia Regina Souza Nascimento (Manaus)|José Irajáde Almeida (Maringá)|Francisco Frederico Felipe Marrocos (Natal)|Daniel Burkle Ward(Niterói)|Leonardo da Silva Greff (Novo Hamburgo)|Cassia Daniela da Silveira (PassoFundo)|José Carlos de Castro (Piracicaba)|Fábio Guimarães Haggstram (PortoAlegre)|Augusto Cruz Souza (Porto Velho)|Aldo Lins e Silva Pires (Recife)|Sandro Endrigode Azevedo Chiaroti (Ribeirão Preto)|Luiz Fernando Padilha (Rio de Janeiro)|Linéia FerreiraCosta (Salvador)|Conrado de Figueiredo N. Borba (Santa Maria)|Leandro Biondi (São Josédos Campos)|Antonio Carlos Origa Junior (São José do Rio Preto)|Marcelo de MattosPereira Moreira (São Luís)|Camila Modena Basseto Ribeiro (São Paulo)|Rômulo dosSantos Lima (Teresina)|Felipe Lima de Paula (Uberaba)|Aquilino Novaes Rodrigues(Uberlândia)|Angelo Ricardo Alves da Rocha (Vitória)|Aldir Gomes Selles (Volta Redonda).CONSELHO DELIBERATIVOMembros efetivos: Davi Duarte (Porto Alegre), Anna Claudia Vasconcellos (Florianópolis),Patrícia Raquel Caires Jost Guadanhim (Londrina), Fernando da Silva Abs da Cruz (PortoAlegre), Luciano Caixeta Amâncio (Brasília), Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba) e HenriqueChagas (Presidente Prudente).Membros suplentes: Antônio Xavier de Moraes Primo (Recife), Justiniano Dias da Silva Junior(Recife) e Elton Nobre de Oliveira (Rio de Janeiro).CONSELHO FISCALMembros efetivos: Edson Pereira da Silva (Brasília), Jayme de Azevedo Lima (Curitiba) eAdonias Melo de Cordeiro (Fortaleza).Membros suplentes: Sandro Endrigo Chiarotti (Ribeirão Preto) e Melissa Santos PinheiroVassoler Silva (Porto Velho).Endereço em Brasília/DF:SBS, Quadra 2, Bloco Q, Lote 3, Sala 1410 | Edifício João Carlos Saad | Brasília/DFCEP 70070-120 | Fone (61) 3224-3020 | E-mail: [email protected] da ADVOCEF: Gerente administrativa e financeira: Ana Niedja Mendes Nunes |Assistente financeira: Kelly Carvalho | Assistente administrativa: Valquíria Dias deOliveira Lisboa | Recepcionista: Roane Gomes Máximo

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Edito

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Conselho Editorial: Álvaro Weiler Junior, Carlos Castro, Daniele Macedo, Dione Lima da Silva,Estanislau Luciano de Oliveira, Isabella Gomes Machado, Júlio Greve, Lenymara Carvalho, LyaRachel Basseto Vieira, Marcelo Dutra Victor, Maria Rosa de Carvalho Leite Neta, Magdiel JeusGomes Araújo e Roberto Maia|Jornalista responsável: Mário Goulart Duarte (Reg. Prof. 4662)- E-mail: [email protected].|Projeto gráfico: Eduardo Furasté|Editoração eletrônica:José Roberto Vazquez Elmo|Capa e contracapa: Eduardo Furasté|Ilustrações: Ronaldo Selistre|Tiragem: 1.100 exemplares|Impressão: Athalaia Gráfica e Editora|Periodicidade: Mensal.A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e a insti-tuições de ensino e jurídicas.

A versão eletrônica desta publicação está disponível no site da ADVOCEF.Para acesso e leitura exclusivamente naquele formato basta fazer a opção,

na área restrita do portal. Pense na sustentabilidade do Planeta.

As opiniões publicadas são de responsabilidade de seus autores,não refletindo necessariamente o pensamento da ADVOCEF.

O mês de junho de 2013 trouxe ares novos aonosso país e aos brasileiros.

Gestados de forma espontânea e independentede organizações de qualquer natureza, parcelas cres-centes da população foram às ruas manifestar preo-cupação, insatisfação e um modo novo de bradar plei-tos e incômodos pessoais e coletivos.

O Brasil conheceu um outro Brasil, até então ador-mecido ou descrente de sua própria grandeza e força.

Sacudiram-se conceitos, rasgaram-se teorias ereinventaram-se os meios tradicionais de demonstra-ção de anseios, com coberturas ao vivo e análisesmidiáticas improvisadas e incrédulas.

A Revista da ADVOCEF traz algumas manifesta-ções de seus associados, participando de modo con-creto em favor dessa análise e da busca de respostaspossíveis a uma das perguntas mais ouvidas nestesdias: e agora, o que será feito, como passaremos areagir e a permanecer vigilantes, atentos e protagonis-tas de novos tempos?

Um dos modos mais civilizados e formais de bus-car a solução de conflitos se consolidou em torno dochamado Estado-Juiz. Sua estrutura e forma de atua-ção, a par de ser constantemente aprimorada no cur-so do tempo, desde há algum tempo tem sido objetode aprofundados estudos.

Muitos se perguntam: mas afinal, até onde pode edeve ir o Estado na busca da pacificação social?

Tal objetivo tem estado cada vez mais distante,em razão da morosidade gerada pelos gargalos estru-turais do Judiciário e também da legislação processu-al posta a serviço dos cidadãos.

Um movimento muito forte tem despertado a aten-ção de muitas entidades e instituições brasileiras, in-clusive de parcelas crescentes do próprio Judiciário.

Começa a crescer, ou ressurgir, a busca por for-mas alternativas de conciliação de litígios, que afo-gam os tribunais e sufocam o direito de muitos.

A CAIXA tem sido uma das tantas instituições quecomeça a trilhar novos rumos no seu relacionamentocom clientes e instituições. Nesse projeto, seus advo-gados têm um papel privilegiado de atuação, em pro-veito da paz social e do pleno exercício de suaspotencialidades profissionais.

Para fomentar os debates sobre o tema, a ediçãotraz matéria sobre a conciliação extrajudicial. Algumasiniciativas regionais, via parceria estabelecida com aDefensoria Pública da União, mostra uma das muitasfacetas desse universo ainda a ser desbravado.

A partir de debate suscitado como um dos temasdo último Congresso da entidade, esta edição conti-nua a trazer reflexões e análises sobre o processo ju-dicial eletrônico e suas repercussões sobre nossasatividades.

Parece que conciliar pode ser uma forma de pro-testar contra as vicissitudes do processo eletrônico.

Ou algo assim como isso...

Diretoria Executiva da ADVOCEF

Protestar, conciliare peticionar

eletronicamente

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Quando e por que um país inteiro saiu para reclamar

O Brasil nas ruas

Lembrando 1992Ismael Geraldo Acunha Solé Filho, do Jurídico Porto Alegre

"Sempre procurei participar ativa-mente do cenário político do país, porentender que quando as pessoas debem se omitem também são respon-sáveis pela conduta daqueles que des-respeitam os princípios que devemreger a administração pública.

A diferença desta manifestaçãopara as demais de que participei é queesta trouxe às ruas pessoas sem ne-nhuma vinculação partidária ouassociativa e até mesmo pessoas con-trárias a este tipo de participação polí-tica. Nunca tinha visto algo semelhan-te no Brasil nestas proporções e, pelo

que tenho conhecimento, a últimavez que isto ocorreu foi no 'Fora Collor'em 1992, quando eu tinha apenas11 anos.

No entanto, ao contrário das ma-nifestações de 1992, desta vez a au-sência de uma pauta específica é umgrande entrave para que este movi-mento transforme de forma imediataa política do país. Por outro lado, te-nho convicção de que o tratamentoconferido ao povo pelos políticos epela imprensa sofrerá influências des-tes manifestos, o que nos traz umaperspectiva positiva a médio prazo."

De repente, a partirde meados de junho de2013, parece que o Bra-sil resolveu levar para asruas todos os seus proble-mas, mal resolvidos ounem tratados por muitosgovernos ao longo dosanos. E pelo menos sim-bolicamente o país intei-ro saiu para reclamar dacorrupção, de deficiênci-as na saúde e educação,dos gastos excessivospara a Copa do Mundo. Etudo começou por causa de R$ 0,20, au-mento pretendido para a passagem deônibus em cidades como São Paulo, PortoAlegre e Rio de Janeiro.

Os protestos abrangem até a forma defazer política no país, que privilegia interes-ses privados em detrimento do interessepúblico, de acordo com o advogado IsmaelGeraldo Acunha Solé Filho, do Jurídico Por-to Alegre. "Também é possível observar umagrande insatisfação com o papel da impren-sa na nossa democracia, a qual entendoque precisará se reinventar, abrindo espa-ço para a pluralidade política, de modo a seadaptar às alterações promovidas pelas re-des sociais."

O diretor de Articulação e Relaciona-mento Institucional da ADVOCEF, Júlio Gre-ve, nota que as manifestações surpreen-

deram pela evolução temática e o rápidoalastramento por todo o país. "Viu-se que asociedade organizada pode surpreender ospoderes constituídos, que achavam estarcom o povo 'sob controle'. A surpresa foitanta que passaram a adotar medidas deforma totalmente atabalhoada, tentando,com isso, minimizar a força dos movimen-tos. Mas o tiro acabou saindo pela culatra."

Greve lamenta "a infiltração de vânda-los, baderneiros, anarquistas e bandidosoportunistas no meio dos movimentos, queacabaram por manchar a bela demonstra-ção de mobilização levada a efeito pelasruas das principais cidades do país".

Insatisfação geralO advogado Aldo Lins e Silva Pires diz

que participou dos protestos, em Recife, an-

tes de tudo por um devercívico. "Acredito que o paísesteja realmente passan-do por um momento his-tórico, com o povo sain-do de uma inércia de vári-os anos e indo às ruas lu-tar pelos seus direitos."Constata que há um sen-timento geral de revolta,principalmente em rela-ção à corrupção, "fonteprecípua de todas as ma-zelas sociais a que somossubmetidos".

Seu colega no Jurídico Recife CarloCristhian Teixeira Nery também gostou deter participado. "Os políticos faziam suasfalcatruas e o povo não se manifestava",afirma. Para ele, a grande diferença de ou-tras manifestações é que, nestas, as críti-cas não estão relacionadas a umgovernante específico. "Há uma insatisfa-ção generalizada do povo contra a classepolítica", aponta. "É interessante ver aspessoas exigirem dos políticos o cumpri-mento da lei, mais investimento em saú-de e educação e que eles governem parao povo, exigindo o fim da corrupção, mes-mo sabendo que isso é uma utopia."

Carlo pensa adiante. "Seria interes-sante que os políticos também acordas-sem e vissem que o povo está vigilante eem suas próximas ações pensassem na

|||||Manifestantes tomam o Congresso Nacional, em 17 de junho

|||||Concentração em frente à Prefeitura de Porto Alegre,registrada pelo advogado Ismael Solé

Foto:

Rui

Rodr

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A violência no RioO advogado Luiz Fernando Padilha

ajudou a denunciar pela internet a sé-rie de abusos que, segundo ele, forampraticados pela polícia no Rio de Janei-ro, principalmente na manifestação de20 de junho, que reuniu cerca de ummilhão de pessoas na Av. PresidenteVargas.

Conta que, ao observar o confron-to surgido entre os vândalos e a polícia,os manifestantes, calmamente, inver-teram o sentido da caminhada que fa-ziam em direção à Prefeitura e come-çaram a retornar pacificamente para aigreja da Candelária. "A polícia, sem maisnem menos, iniciou ataques de formasimultânea ao longo da Av. PresidenteVargas sobre os manifestantes, com o usode bombas de gás lacrimogêneo e de efei-

Padilha continua:"A maior parte dos milhares de ma-

nifestantes presentes foi perseguida aolongo do centro do Rio de Janeiro, tendosofrido ataques covardes pela polícia.

"Vários dos manifestantes, estu-dantes universitários, fugiram do con-fronto abrigando-se em dois prédios per-tencentes à UFRJ, onde foram cerca-dos pela polícia, somente tendo conse-guido escapar em razão da presençada Comissão de Direitos Humanos daOAB."

Esses fatos, conforme o advo-gado, estão sendo apurados pelasComissões de Direitos Humanos daOAB e da Assembleia Legis-lativa, jun-

tamente com o pessoal da Faculdadede Direito da UERJ.

|||||A Cinelândia, no Rio, em 17/06/2013, descrita por LuizPadilha: ao contrário do que ocorreu a algumas quadras dali,a maior parte dos manifestantes protestou de forma pacífica

reação que sua decisão pode desenca-dear na população."

O presidente da ADVOCEF, Carlos Cas-tro, observa que as entidades sindicais,acostumadas a assumirem a responsabili-dade de reivindicar, desta vez foram pegasde surpresa. "Por várias razões se encon-travam adormecidas, apesar dos anuncia-dos desmandos e da inquietação popular."

Democracia diretaO advogado Luiz Fernando Padilha, do

Jurídico Rio de Janeiro, afirma que a internetpermitiu criar um sistema de comunicaçãointerativo e eficaz, ao ponto de cada partici-pante poder tirar suas próprias conclusõessobre as mudanças necessárias para opaís. "Estamos mais próximos de uma de-mocracia direta e horizontal e estamos maispróximos dos governos."

O advogado diz que a explicação paraa grande participação do Rio de Janeiro -um milhão de pessoas nas passeatas dosdias 17 e 20 de junho - está na crise queassola a população carioca pela má quali-

dade dos serviços públicose privados, associada aoaumento do custo de vidaem decorrência da Copado Mundo e dos JogosOlímpicos.

Padilha acusa: "A atu-ação das autoridades po-liciais durante essas ma-nifestações tem se desta-cado pela truculência eabuso de poder de formasimilar aos atos pratica-dos pelo poder público du-rante e após o golpe militar de 1964 e aoque é comumente praticado em opera-ções policiais em comunidades carentes."Informa que a apuração desses fatos estásendo promovida pelas Comissões de Di-reitos Humanos da OAB/RJ e daAssembleia Legislativa do Estado do Riode Janeiro.

A importância da internetO advogado Aldo Pires também fala na

importância da atuação das redes sociaisna propagação do movimento. "Isso real-mente é um fenômeno social bastante in-teressante", classifica, acrescentando queas manifestações, apartidárias, mostrama sociedade civil organizada e sem a inter-ferência de partidos políticos e sindicatos.

Para o advogado Ismael, no entanto,há falta de organização e de uma pauta, oque pode esvaziar o movimento. Na ma-nifestação de 24 de junho, em Porto Ale-gre, já observou a presença de criminososinfiltrados e a diminuição da esperança

dos manifestantes de que se possa me-lhorar o país. "Em que pese a desilusãodos brasileiros com os partidos, parececlaro que um mínimo de organização éfundamental, seja na forma de coletivos,associações, sindicatos ou até mesmonovos partidos políticos com ampla demo-cracia interna", raciocina. "De qualquer for-ma, entendo que a demonstração de ci-dadania demonstrada por esta nova gera-ção já consiste numa vitória que deve secomemorar e alimentar a nossa esperan-ça de que um futuro melhor se avizinha."

As lutas de sempreO advogado Júlio Greve não participou

diretamente das manifestações, mas viude perto a que ocorreu em João Pessoa,"bastante ordeira", em 20 de junho. E re-corda de sua participação nos atos reali-zados no ano passado, em Brasília, naEsplanada dos Ministérios:

"A temática era uma só: repúdio aqualquer tipo de corrupção. Aquelas ma-

|||||Em Recife: Aldo Pires, com a esposa, Flavia

|||||Recife: multidão nas Av. Agamenon Magalhães e Conde da Boa Vista.

to moral, além de armas com munição plás-tica, gerando pânico e terror."

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De 1984 a 2013Luiz Fernando Padilha, do Jurídico Rio de Janeiro

"Nas manifestações da campanhaDiretas Já em 1984 eu era pequeno e,embora meus pais já tivessem me escla-recido que vivíamos numa ditadura e quenunca puderam votarpara presidente daRepública, a única re-percussão que a cam-panha causou na mi-nha vida foi a televisãoparar de transmitirmeus desenhos ani-mados favoritos porcausa de um grandecomício.

Em 1992, nacampanha pelo im-peachment do entãopresidente Collor, acabei por conferir aela, aos 17 anos de idade, quase a mes-ma importância que conferi ao DiretasJá, quando tinha apenas 10, pois nãoacreditava na legitimidade daquele mo-

vimento, criado pela mesma televisão quetransmitia meus desenhos animados eque criou uma moda de 'falsa politização'da juventude graças a uma minissérie que

mostrou a resistênciade estudantes ao regi-me militar.

O movimento de2013 surgiu de formabem diferente. Aquelatelevisão que, em1992, tinha sido coad-juvante do movimento,não participou da suacriação, havendoquem diga ser sua gran-de adversária. A inicia-tiva surgiu nas redes so-

ciais, em decorrência do clima geral deinsatisfação da sociedade brasileira como governo em todos os níveis - tendo comoestopim o aumento da tarifa das passa-gens de ônibus."

|||||Cartaz exibido no Rio de Janeiro

O brilho dos olhosCarlos Castro, presidente da ADVOCEF

"Em 1983/1984, a luta do povo bra-sileiro era por liberdade, por democracia,por eleições diretas, pela pluralidade par-tidária, enfim, pela libertação do regimemilitar, que tantas vidas sacrificou emnome de uma cruel ditadura. E não pode-mos esquecer o papel preponderante daIgreja e da OAB, que estiveram sempre àfrente desses justos movimentos desdeos primeiros momentos.

Mas hoje, com a gota d'água do au-mento das passagens, o povo, juntamen-te com o Movimento Passe Livre, atravésdas modernas redes sociais (cartazesdeclaravam 'Saímos do Facebook'), forampara as ruas com os jovens estudantes e,o que é mais incrível, não permitindo aparticipação partidária.

A luta é por causas comprovadamen-te justas. Contra a corrupção e a impuni-

|||||Carlos Castro, na manifestação em Brasília, com a diretora daCONTEC, Rumiko Tanaka, e o secretário-geral, Gilberto Vieira

dade; por educação, saúde e trans-porte de qualidade (referidos como'padrão FIFA', em comparação àsbilionárias arenas construídas paraa Copa do Mundo); pela inadiávelreforma política e tributária; pormoradia digna; pela valorizaçãodos trabalhadores, em especial osprofessores; pelo fim do fatorprevidenciário.

Esses são alguns entre outrostemas não menos importantes emque o Brasil não consegue avançar,prejudicado pelo interesse de umaminoria, que atua às vezes como agentesdo próprio governo ou por maus políticos,em todas as esferas da Federação.

O recado foi dado a todos e acho atéque o Brasil daqui por diante não será maiso mesmo. Políticos começam a trabalhar,

medidas são tomadas pelo governo e aesperança retorna no brilho dos olhos damaioria dos brasileiros. Agora, que venha2014, ano que deverá ser de grandes mu-danças no cenário político estadual e fe-deral."

nifestações, também convocadas pelasredes sociais, organizadas pela socieda-de civil, com forte apoio da OAB nacio-nal, caracterizaram-se pela mais perfei-ta ordem e tranquilidade, desde a con-centração até o final da passeata e suadispersão na Praça dos Três Poderes.

"Foram antecedidas por manifesta-ções dos organizadores, especialmentepelos presidentes das diversasseccionais da OAB presentes ao evento.Não foi permitida qualquer manifesta-ção partidária, nem faixas, cartazes oubandeiras que identificassem qualquerpartido político."

Muito jovem e ainda estudante, re-cém-chegado à CAIXA, o presidente CarlosCastro participou das manifestações pelaabertura democrática do país e das Dire-tas Já. Acompanhou as grandes persona-lidades políticas do Brasil, como TancredoNeves, Ulisses Guimarães, Miguel Arraes,Leonel Brizola, Marcos Freire, PedroSimon, Jarbas Vasconcelos e Dante deOliveira. Ao lado de milhares de trabalha-dores e jovens como ele, seguia pelas ruasde Recife e até hoje não esquece o gran-de comício da Praia de Boa Viagem.

Nos protestos de junho deste ano,esteve na concentração das manifesta-ções em sua cidade de Olinda e se colo-cou à disposição da OAB para qualquereventualidade. "Fico feliz em constatarque no meu Estado de Pernambuco ocor-reram as manifestações mais pacíficasda nossa Pátria", comemorou. Na greve

geral de 11 de julho, em Brasília, desfi-lou representando a ADVOCEF.

A experiência é difícil de expressar,segundo Castro: "Não há como definir tervivenciado esses momentos e observa-do o quanto temos força quando nos en-contramos unidos em busca de um mes-mo objetivo. Espero que esse movimen-to seja um caminho sem volta, já que os

frutos estão aparecendo. Nunca vi, emtantos anos de militância no meio políti-co, o Congresso Nacional trabalhar tantoe em tão pouco tempo".

Não cabem no cartazA falta de uma pauta específica dos

protestos se reflete nos cartazes condu-zidos pelos manifestantes, repara Ismael

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Outras avaliaçõesEm manifesto divulgado em 26

de junho, a FENADV (Federação Na-cional dos Advogados) comunicouque os advogados se somavam às co-memorações pelas conquistas obti-das pelo movimento social, mas per-maneceriam mobilizados, "vigiandopara que a vontade manifestada nasruas prevaleça perante as esferas re-presentativas do poder constituído".

Alertou que, no embalo damobilização, "setores obscuros pas-saram a insuflar as manifestações,encartando nelas sua pauta reacio-nária". Deplora as "ações raivosas" ea ação dos "pescadores de águas tur-vas", que querem aproveitar os pro-testos para depor governantes elei-tos.

Assinado pelo presidente daFENADV, Walter Vettore, o documen-to ressalta que desta vez a indigna-ção popular encontra, de maneira iné-dita, "um tratamento dialogado e nãomero encaminhamento burocráticodas reivindicações coletivas". Refere-se à iniciativa do governo federal, querecebeu os representantes dos movi-

mentos sociais e os chefes dos outrospoderes da República.

Em 19 de junho, o desembargadorfederal do TRF da 1ª Região NévitonGuedes confessou-se "absolutamentesurpreso" com a "exultante e incon-trastável alegria, sem qualquer conces-são crítica" perante os protestos. Criti-cou a imprensa, intelectuais e juristasque tomaram o lado dos manifestan-tes e, "num clima de oba-oba cívico",praticamente pregaram o fim da demo-cracia representativa. Disse que viu al-guns "decretando até mesmo a mortedo Estado".

Diante das exigências "urgentes",Néviton lembrou alguns dispositivosconstitucionais: 1) ninguém será priva-do da liberdade ou de seus bens sem odevido processo legal; 2) aos litigantes,em processo judicial ou administrativo,e aos acusados em geral são assegura-dos o contraditório e ampla defesa, e3) a lei não prejudicará o direito adqui-rido, o ato jurídico perfeito e a coisajulgada.

Em seu blog, o juiz da 2ª Vara Crimi-nal da Zona Norte de Natal, Rosivaldo

Solé. Entre os percebidos por ele, os maisrecorrentes são os que pedem pela refor-ma política, por melhorias na educação,comparam os gastos da Copa com os dosserviços públicos e atacam a corrupção,a PEC 37 e a imprensa.

Em Recife, informa Carlo Cristhian, agrande maioria dos cartazes foi contra aPEC 37, a corrupção e o deputado MarcoFeliciano. As que criticam a corrupção ge-neralizada são as que mais interpretam ospleitos pessoais do advogado Aldo Pires.

|||||ADVOCEF, nas ruas de Brasília com Carlos Castro: contra a corrupção

Júlio Greveelegeu como maiscriativo o que dizia"Tem tanta coisaerrada neste paísque não caberiadescrever aqui".

Para LuizPadilha, o que re-sume o momentodo país é o quecontinha uma bar-

Toscano dos Santos Júnior, achou omovimento "confuso e caótico", comagressões e depredações que emnada lembram a revolta dos Caras-Pin-tadas, de que participou. Conclui:"Quem acordou não foi o gigante, maso monstro autoritário e violento. Fi-quemos em casa hoje com o peque-no Hitler que vive em cada um de nós."

Outro magistrado, Marcelo Semer,membro e ex-presidente da Associa-ção de Juízes para a Democracia, con-corda que é mesmo necessário encon-trar mecanismos de permeabilidadeda vontade coletiva, mas também con-trolar a ganância dos interesses pri-vados. "É gratificante que as pessoasqueiram tomar as rédeas do poder deseu país. Mas devem compreender,efetivamente, quem as impede."

|||||Manifestação no Busto do Tamandaré, em João Pessoa, visto porJúlio Greve e fotografado por sua esposa, Maika

ra de atualização "Emprogresso", no lugarda expressão "Ordeme Progresso" da ban-deira nacional.

Para Carlos Cas-tro, o cartaz de umaestudante traduzia oque ele pensa: "Temtanta coisa errada,

que nem cabe em um cartaz". Outro queachou interessante estava com uma senho-ra de 82 anos, que afirmava algo como:"Nasci em 1931. Vi duas guerras mundiais.Sobrevivi à ditadura. Acreditem, não é porR$ 0,20". Castro destaca ainda um tercei-ro cartaz, carregado por uma criança, quemostrava parte da bandeira nacional, pin-tada por ela: "Obrigado por lutar pelo meufuturo".

|||||WalterVettore:vigilante

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A questão virtualOs percalços do trabalho com o processo eletrônico

Just

iça

digi

tal

Não resta a menor sombra de dúvi-da de que o processo eletrônico é umprocedimento já devidamente consoli-dado, um fato inexorável, uma realida-de em relação à qual, gostemos ou não,todos, mais cedo ou mais tarde, tere-mos de nos adaptar, sob pena de nãomais termos condições de exercer a pro-fissão de operadores do Direito, fican-do sujeitos à pecha de obsoletos, ve-tustos, ultrapassados, "desconectados",etc. etc.

É inegável que os autos virtuaisapresentam, sob determinados aspec-tos, inúmeras vantagens.

Para quem laborou em época emque primeiro se ia ao foro, se entravaem uma fila do "atendimen-to de informações", ou deum terminal, para se obteruma espécie de extratocom os andamentos pro-cessuais, e após ir de varaem vara, esperar no balcãode cada uma para fazercarga dos autos, que nãoraro tinham que ser recolhi-dos posteriormente pelopessoal do transporte - tercondições, hoje, devisualizar todas as peçasdo processo, a hora quebem entender, sem sair damesa de trabalho, era, na-queles tempos de antanho,algo inimaginável.

Porém, como diz o velho e conheci-do ditado, toda moeda possui duas fa-ces, e com o processo eletrônico não édiferente, ou seja, nem tudo são flores.Diria até que, sob determinados aspec-tos, estamos bem longe disso.

Primeiramente, vale lembrar osproblemas decorrentes de permanecerdurante longas horas trabalhando úni-ca e exclusivamente no computador,olhar fixo numa tela. Sim, pois até oslivros, velhos companheiros dos advo-gados, estão cada vez mais em desu-so, tudo se faz, se pesquisa, se consul-ta através da telinha do "note" ou do"micro".

Rogério Spanhe da Silva (*)

É de conhecimento geral que o com-putador é um dos vilões para a visão,quando usado em demasia. Segundoestudo do National Institute ofOccupational Health and Safety (NIOSH),90% dos trabalhadores que passammais de três horas por dia diante da telado computador acabam desenvolven-do alguma espécie de problemaoftalmológico.

É possível imaginar o que acontececom quem trabalha em tais condiçõesvárias horas por dia e ainda, no seu lar,para o seu lazer, assiste televisão ou,novamente, liga o computador. "Sem per-ceber, em médio prazo acabam compro-metendo também sua performance no

ambiente de trabalho, além da visão eda saúde como um todo", afirma o oftal-mologista Renato Neves, diretor do EyeCare Hospital de Olhos, em São Paulo.

Síndrome do olho secoSão vários os males causados pelo

uso exagerado do computador:síndrome do olho seco, fadiga eirritação nos olhos. "A superexposiçãosem que sejam tomados os cuidadosnecessários também pode agravar pro-blemas já existentes, resultando emaumento de graus/dificuldade em en-xergar, bem como favorecer o apareci-mento de tremores involuntários dapálpebra, dificuldade de concentração

e dores de cabeça", alerta o oftalmolo-gista.

"Além dos problemas de visão, vári-os estudos associam o uso excessivo de

computador à síndrome me-tabólica, obesidade e se-dentarismo, problemas de re-lacionamento interpessoal,etc.".

Em que pese sua inegá-vel eficiência e praticidade, ouso extremado do computa-dor, como se vê, pode acarre-tar sérios e negativos efeitossobre a saúde dos usuários.

Todos os que trabalhamdiretamente com recursosinformatizados dificilmentepassam menos que oito ho-ras na mesma posição, coma visão fixa na telinha. De talcircunstância já se pode afe-rir que a visão e a postura es-

tão mais sujeitas aos riscos decorrentes.A utilização de forma imprópria e em

demasia do mouse e do ato dedigitalização pode resultar em um dosmales classificados entre as DoençasOsteomusculares Relacionadas ao Tra-balho (Dort), como tendinite e lombalgia.

Muito bem, se poderia argumentar,tais problemas não são exclusividadedos operadores do Direito, advogados,juízes e outros profissionais que em de-corrência de seu ofício também sãosubmetidos a longos períodos de traba-lho com o computador.

Tal af irmação é uma verdadeirrefutável. Contudo, somente o advo-

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Julho | 20138

gado, salvo raras exceções, possui apressão decorrente dos prazos proces-suais que lhe impõe o dever de realizaro trabalho até determinada data, e nes-se ponto o processo eletrônico, a parde suas evidentes vantagens, apresen-ta vários dificultadores.

A pesquisa dos magistradosEm relação ao trabalho dos juízes

em face do processo eletrônico, opor-tuno transcrever alguns dados do rela-tório sobre a percepção dos magistra-dos federais do Rio Grande do Sul quan-to às suas condições de saúde e recur-sos de informática disponibilizadospara a prestação jurisdicional, divulga-dos pela Associação dos Juízes Fede-rais do Rio Grande do Sul (Ajufergs), emjunho de 2011:

"As principais constatações indicamque algo está errado e providências de-vem ser adotadas porque: 78,89% sen-tiram piora em suasaúde e seu bem-estar no trabalhocom o processoeletrônico (per-gunta 2); 86,81%sentiram dificul-dades de visãocom o processoeletrônico (per-gunta 4); apenas 19,10% não sentiramdores físicas desde que começaram atrabalhar com o processo eletrônico (per-gunta 5); 95,56% acham que o proces-so eletrônico pode piorar sua saúde nofuturo (pergunta 9); nenhum associadose sente amplamente orientado paraprevenir problemas de saúde decorren-tes do processo eletrônico e apenas8,79% acham receber orientação razo-ável/suficiente (pergunta 12); 82,02%estão insatisfeitos com suas condiçõesde trabalho em relação ao processo ele-trônico (pergunta 8); 82,43% estão in-satisfeitos quanto à visualização de do-cumentos e autos eletrônicos no Eproc2(pergunta 21); 78,21% estão insatisfei-tos quanto às funcionalidades, opçõese comandos do Eproc2 (pergunta 23)."

Parece evidente o impacto da mu-dança, da quebra de paradigma que re-presenta a saída de cena do velhodossiê físico, da cultura do papel, parao trabalho exclusivamente em meio ele-trônico.

Vale ressaltar que os dadosespelhados na pesquisa são de-correntes do trabalho inerente aomagistrado, que, em regra, utilizaquase somente os autos virtuaispara produzir suas decisões, epossui toda uma equipe lhe auxi-liando. Já em relação aos advo-gados, principalmente de grandescorporações, como a CAIXA, oquadro se altera significativamen-te, agregando inúmeros outrosaspectos.

O "folhear" do processoA saída dos documentos em meio

físico representa uma alteração drásti-ca na forma de executar o trabalho, de-mandando do advogado considerávelaumento de conhecimento de ferra-mentas e procedimentos.

Os documentos e subsídios neces-sários encontram-se dispersos em inú-meros diretórios, arquivos ou pastas.

A consulta setorna mais lenta,"folhear" o proces-so se tornou umatarefa árdua, há di-ficuldade de semarcar ou retornarao ponto ou docu-mento consultado.

Oitivas de teste-munhas são filmadas e anexadas aosautos, sem transcrição, implicando ne-cessidade de se assistir repetidas ve-zes para atacar ou ressaltar pontos fa-voráveis.

Não há formatação padrão ou ade-quação dos limites estabelecidos pelaJustiça para indexação ao processo ele-trônico.

A digitalização de determinados do-cumentos nem sempre se encontrasatisfatória, nãoraro se apresentan-do totalmente ilegí-vel ou incompleta.

Os subsídiostambém devem serrequeridos eletronica-mente, implicandonovos procedimen-tos de digitalização eindexação, alimenta-ção de controles internos, etc.

O retorno da demanda solicitadanem sempre ocorre no prazo estipula-do ou de forma integral.

Os sistemas operacionais envolvi-dos não raro se apresentam lentos ouinstáveis, acarretando solução de con-tinuidade no trabalho desenvolvido,quando não a sua total perda, o queocasiona retrabalho.

Os ajuizamentos e movimentaçõesprocessuais demandam classificaçãode tipo, fase, escolha de arquivo, etc.Houve considerável transferência detrabalho braçal do Judiciário para o ad-vogado.

Não demanda maior esforço seconcluir que ao efetivo trabalho de ad-vogado - elaborar iniciais, contestações,recursos, memoriais, atuar em audiên-cias, dentre outros - novas e várias ta-refas foram agregadas, demandando odesenvolvimento e domínio, cada vezmaior, de novas aptidões e técnicas.

Questões para reflexãoParalelamente, foi possível consta-

tar que a velocidade, o fluxo do anda-mento processual, obteve significativoimpulso, decorrência de despachos pa-dronizados, movimentações em bloco,o que, por sua vez, acarretam retornomais célere ao advogado, o que resultaem aumento de trabalho, ao menospara ser verificado que nada há para

fazer.Parece ser um

exemplo da cons-tatação feita pelosociólogo italianoDomenico de Masiem seu livro "Eco-nomia do Ócio", deque nunca o serhumano teve à suadisposição tantos

recursos tecnológicos concebidos parafacilitar a sua existência e nunca, os quetêm trabalho, trabalharam tanto, curio-so paradoxo.

Novas tarefas foramagregadas ao trabalho doadvogado, demandando o

domínio de novasaptidões e técnicas.

A consulta se torna maislenta, "folhear" o

processo agora é umatarefa árdua.

|||||Domenico de Masi: mais tecnologia, mais trabalho

Just

iça

digi

tal

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Últimas sobre o PJePPPPPJe obrigatório no SJe obrigatório no SJe obrigatório no SJe obrigatório no SJe obrigatório no STTTTTJJJJJ. Com a publicação da Resolu-

ção 14/2013, em 03/07/2013, o Superior Tribunal de Jus-tiça determinou que os advogados têm 90 dias para aderirao peticionamento eletrônico obrigatório. A primeira etapaabrangerá os casos de conflito de competência, mandadode segurança, reclamação, sentençaestrangeira, suspensão de liminar e desentença e suspensão de segurança.

Depois, no prazo de 280 dias, apetição digital será exigida para os de-mais processos relacionados na reso-lução.

Informa o STJ que a obrigatoriedadenão se aplica a processos que ainda tra-mitem na forma física, ações e procedi-mentos de investigação criminal restri-tos e feitos de classe específica, como habeas corpus, açãopenal, revisão criminal e representação.

Hoje, no STJ, apenas 3% dos processos tramitam na for-ma física, mas apenas 30% das petições são apresentadas

eletronicamente. O restante é entregue pessoalmente, porfax ou pelos correios, exigindo digitalização posterior.

Curso para multiplicadores. Curso para multiplicadores. Curso para multiplicadores. Curso para multiplicadores. Curso para multiplicadores. Nos dias 3 e 4 de julho,a Escola Nacional de Advocacia (ENA), do Conselho Federal

da OAB, lançou o primeiro Curso Na-cional de Processo Judicial Eletrôni-co para Multiplicadores. Reuniu 106participantes, representando asSeccionais dos 26 Estados e do Dis-trito Federal, que assumiram a res-ponsabilidade de levar o conhecimen-to adquirido aos advogados de todoo país.

Segundo o presidente nacionalda OAB, Marcus Vinicius Furtado, os

cursos devem chegar a todos os advogados, mas a entidadecontinuará postulando aos tribunais "para que nãoimplementem o PJe de forma açodada, sem um diálogo coma advocacia".

Diante de tal quadro, e consideran-do que o processo eletrônico e seuscongêneres são uma realidadeinexorável, como referido acima, enten-do que neste momento, quando já fo-ram transcorridos alguns anos de exis-tência do processo apenas em meio vir-tual, seria conveniente o debate paraverificação de acertos e erros, possibi-lidade de ajustes e adequações.

Como é costumeiro acontecer, quan-do da implantação do processo eletrô-nico, várias soluções caseiras eemergenciais foram sendo criadas e épossível afirmar que todas lograram,em graus variados, atingir o resultado

Curioso paradoxo: nuncao ser humano teve à sua

disposição tantosrecursos tecnológicos e

nunca trabalharam tanto.

almejado. Afinal, otrabalho vem sendorealizado, e o resul-tado é amplamentepositivo.

Contudo, é pos-sível perceber, as-sim como espelhoua pesquisa da Asso-ciação dos JuízesFederais do RioGrande do Sul, quehá certo desgaste, fruto provável dasdificuldades acima exemplificadas.

Também é notório que alguns advo-gados se sentem mais confortáveis,

conseguem se orga-nizar e administrarmais eficazmente otempo e respecti-vos prazos.

Penso que omomento compor-ta algumas ques-tões para reflexão.

Seria a diferen-ça fruto de algumaaptidão inerente?

São pessoasque já foram educa-das na era da infor-mática?

Possuem nabagagem conhe-cimentos que lhesfacilitam o traba-lho?

São mais or-ganizadas, oucom maior capa-cidade de adapta-ção?

Há efetiva-mente sobrecarga

de tarefas decorrentes da informa-tização massiva?

É possível que tais tarefas sejam de-legadas a auxiliares?

As ferramentas à disposição res-pondem efetivamente às nossas neces-sidades?

Há suficiente padronização em nos-sas rotinas e procedimentos?

Há carência de treinamento paranivelamento de conhecimento e aplica-ção dos recursos disponíveis?

São o processo eletrônico e o volu-me de trabalho decorrente fontes dedesgaste e estresse?

Entendo que se mostra imperiosa anecessidade de responder a ques-tionamentos de tal ordem se almeja-mos enfrentar com profissionalismo eequilíbrio essa nova realidade.|||||Processo eletrônico traz problemas também aos magistrados

Foto:

TJ-M

T

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Notícias do novo Código PenalAdvogado da CAIXA coordena audiência pública em Fortaleza

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O conselheiro da Revista de Direito daADVOCEF Bruno Queiroz Oliveira coordenouaudiência pública sobre a reforma do Códi-go Penal, realizada em 7 de junho, em For-taleza. No evento, ocorrido na Seccional daOAB/CE, estavam os senadores EunícioOliveira (PMDB/CE) e Pedro Taques (PDT/MT), respectivamente presidente e relatorgeral da Comissão de Reforma do CódigoPenal no Senado. Participaram também opresidente da OAB/CE, Valdetário AndradeMon-teiro, e diversos especialistas na ma-téria, entre advogados e professores de Di-reito Penal.

Advogado da CAIXA em Fortaleza e con-selheiro da OAB/CE, Bruno Queiroz presidea Comissão de Estudos daReforma do Código Penal,criada na Seccional. Édoutorando em DireitoConstitucional (Unifor),mestre em Direito Públi-co (UFC), especialista emDireito Penal (Estácio deSá) e professor de DireitoPenal e Processo Penalno Centro UniversitárioChristus, na Escola Supe-rior do Ministério Públicodo Ceará, Escola da Advo-cacia do Ceará e cursospreparatórios para con-cursos públicos.

A reforma está sendo discutida por umaComissão Especial instituída pelo Projetode Lei do Senado 236/2012, apresentadopor um anteprojeto elaborado por juristas,após trabalho de discussão. O anteprojetorecebeu severas críticas da comunidadejurídica. Conforme informação do senadorEunício Oliveira, no segundo semestre de2013 será apresentado o pré-substitutivo,com a inclusão das emendas dos senado-res. Em seguida, haverá a votação do rela-tório final.

Na entrevista a seguir, Bruno fala so-bre a reforma e os principais pontos queestão em discussão.

ADADADADADVVVVVOCEF EM REVISOCEF EM REVISOCEF EM REVISOCEF EM REVISOCEF EM REVISTTTTTA - Quais fA - Quais fA - Quais fA - Quais fA - Quais fo-o-o-o-o-ram as principais críticas ao proje-ram as principais críticas ao proje-ram as principais críticas ao proje-ram as principais críticas ao proje-ram as principais críticas ao proje-to?to?to?to?to?

BRUNO QUEIROZ OLIVEIRABRUNO QUEIROZ OLIVEIRABRUNO QUEIROZ OLIVEIRABRUNO QUEIROZ OLIVEIRABRUNO QUEIROZ OLIVEIRA - A pri-meira crítica foi o prazo utilizado pela Co-missão de Juristas para apresentar o ante-

|||||Audiência pública na OAB/CE (da esq. para a dir.): o vice-presidente da OAB/CE, Ricardo Bacelar,senador Eunício Oliveira, advogado Bruno Queiroz, senador Pedro Taques e o presidente

da Câmara de Vereadores de Fortaleza, Walter Cavalcante

projeto com alteração de todo o CódigoPenal - sete meses -, considerado muitocurto para tratar de tantas mudanças e detemas polêmicos como aborto, eutanásiae a descriminalização das drogas. Estestemas merecem análise separada, a fimde que a sociedade possa participar am-plamente do debate e para que as mudan-ças não sejam fruto de açodamento. Alémdisso, houve um exagero nas penas utiliza-das nos delitos ambientais, cujas sançõesultrapassam em muito as penas previstasnos crimes contra a vida. Cito o artigo 304do anteprojeto, que trata do delito de omis-são de socorro animal, cuja pena é 12 ve-zes superior à do crime de omissão de so-

corro comum, hipótese em que a vítima éser humano. Houve muitas críticas tambémem relação ao texto de um artigo que nãoconsidera crime o aborto realizado por von-tade da gestante se, até a 12ª semana degestação, médico ou psicólogo atestar quea mulher não tem condições de arcar coma maternidade.

ADVOCEF - O que há no antepro-ADVOCEF - O que há no antepro-ADVOCEF - O que há no antepro-ADVOCEF - O que há no antepro-ADVOCEF - O que há no antepro-jeto em relação à eutanásia?jeto em relação à eutanásia?jeto em relação à eutanásia?jeto em relação à eutanásia?jeto em relação à eutanásia?

BRUNO BRUNO BRUNO BRUNO BRUNO - A eutanásia está previstacomo a conduta de "Matar, por piedade oucompaixão, paciente em estado terminal,imputável e maior, a seu pedido, para abre-viar-lhe sofrimento físico insuportável emrazão de doença grave". A pena será dedois a quatro anos de reclusão. A grandecrítica é que, segundo o projeto, o juiz pode-rá deixar de aplicar a pena avaliando ascircunstâncias do caso, como a relação deparentesco ou estreitos laços de afeiçãodo agente com a vítima. O problema é que

o dispositivo não exige qualquer laudo mé-dico para a comprovação do estado termi-nal e do sofrimento físico insuportável, oque dará margens para uma grande inse-gurança fática em torno da matéria.

ADVOCEF - E o dispositivo da bar-ADVOCEF - E o dispositivo da bar-ADVOCEF - E o dispositivo da bar-ADVOCEF - E o dispositivo da bar-ADVOCEF - E o dispositivo da bar-ganha? Poderá haver acordo entre oganha? Poderá haver acordo entre oganha? Poderá haver acordo entre oganha? Poderá haver acordo entre oganha? Poderá haver acordo entre oacusado e o promotor de Justiça,acusado e o promotor de Justiça,acusado e o promotor de Justiça,acusado e o promotor de Justiça,acusado e o promotor de Justiça,como nos Estados Unidos?como nos Estados Unidos?como nos Estados Unidos?como nos Estados Unidos?como nos Estados Unidos?

BRUNO BRUNO BRUNO BRUNO BRUNO - O anteprojeto de Código Pe-nal, inspirado no sistema norte-americano,traz para nosso ordenamento jurídico a pos-sibilidade de o Ministério Público, de umlado, e o advogado, de outro, celebraremacordo para a imediata aplicação de penacriminal ao acusado. Na prática, isso signi-

fica colocar num balcãode negócios a própriainocência, o que me pa-rece muito perigoso, con-siderando que o acusa-do muitas vezes preferi-rá cumprir uma penamenor do que sofrer asagruras e incertezas doprocesso. Já o verdadei-ro culpado, se aceitar oacordo, cumprirá penamínima e não poderá ini-ciar o cumprimento dapena no regime fechado.Ou seja, existe nesse

caso uma injustiça para o inocente, quecumprirá uma pena sem julgamento, e parao culpado, que cumprirá pena mínima di-ante do acordo. A única vantagem será asolução do problema da morosidade da Jus-tiça Criminal em parte, mas resolver esseproblema aniquilando as garantias proces-suais do acusado, como a presunção deinocência e o devido processo legal, seráum grande erro.

ADVOCEF - Quais são os pontosADVOCEF - Quais são os pontosADVOCEF - Quais são os pontosADVOCEF - Quais são os pontosADVOCEF - Quais são os pontospositivos do anteprojeto?positivos do anteprojeto?positivos do anteprojeto?positivos do anteprojeto?positivos do anteprojeto?

BRUNOBRUNOBRUNOBRUNOBRUNO - Cito o aumento do prazode progressão da pena privativa de liber-dade para 1/3 da pena, nos seguintescasos: condenados reincidentes, conde-nados por crimes cometidos com violên-cia ou grave ameaça e crime que causargrave lesão à sociedade. O atual prazode 1/6 de cumprimento da pena para aprogressão tem causado muita insatisfa-ção por parte da sociedade. Também cito

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Julho | 2013 11

| Advocacia pública

Destaques da reformaVeja itens a favor e contra o texto do novo Código Penal.

como aspecto positivo a possibilidade deacordo nos crimes patrimoniais sem vio-lência, como o furto, de modo que a repa-ração do dano, com o consentimento davítima, permitirá a extinção dapunibilidade. Tal medida poderá ter gran-de impacto para a solução do atual pro-blema da superlotação do sistema peni-tenciário no Brasil, de modo que as pe-nas privativas de liberdade sejam desti-nadas para os crimes mais graves. Outrogrande avanço é a responsabilização pe-nal da pessoa jurídica por atos pratica-dos contra a ordem econômica e finan-ceira e contra a economia popular, bemcomo pelas condutas e atividades consi-deradas lesivas ao meio ambiente e à ad-ministração pública. Atualmente, não háresponsabilidade penal da pessoa jurídi-ca no Brasil, exceto em relação ao meioambiente. As penas preveem multa, res-trição de direitos, prestação de serviços àcomunidade e perda de bens e valores.Entre as penas restritivas de direito, estãoprevistas a suspensão parcial ou total de

Pontos positivosPontos positivosPontos positivosPontos positivosPontos positivos

- Aumento do prazo de progressãoda pena privativa de liberdade de 1/6para 1/3 da pena, em casos de conde-nados reincidentes ou violentos.

- Possibilidade de acordo nos cri-mes patrimoniais sem violência, comoo furto, contribuindo para acabar com asuperlotação carcerária.

- Responsabilização penal da pes-soa jurídica por atos praticados contraa ordem econômica e financeira, a eco-nomia popular, o meio ambiente e a ad-ministração pública.

Pontos negativosPontos negativosPontos negativosPontos negativosPontos negativos

- Temas polêmicos como aborto, eu-tanásia e descriminalização das drogasmerecem análise separada, para parti-cipação ampla da sociedade.

- A pena para o delito da omissão desocorro animal é 12 vezes superior à docrime de omissão de socorro comum,hipótese em que a vítima é ser humano.

- O MP e o advogado podem cele-brar acordo para a imediata aplicaçãode pena criminal ao acusado, abrindo apossibilidade de criação de um balcãode negócios.

atividades; a interdição temporária de es-tabelecimento, obra ou atividade; a proibi-ção de contratar com o poder público e deobter subsídios, subvenções ou doações,bem como de contratar com instituições

financeiras oficiais. Haverá também a pos-sibilidade de responsabilizar a pessoa ju-rídica independentemente da respon-sabilização das pessoas físicas - o que ajurisprudência atual não reconhece.

O presidente daADVOCEF, Carlos Cas-tro, participou comoconvidado da CONTECdo XLII Encontro Naci-onal de Dirigentes Sin-dicais Bancários eSecuritários da Cam-panha Salarial de2013, realizado emSalvador, nos dias 4 e5 de julho. O encontroaprovou as reivindica-ções dos bancários dos bancos privadose públicos. A pauta prevê pedido de rea-juste pelo INPC do período 01/09/2012a 31/08/2013, acrescido de 5% de au-mento real.

Foram aprovadas as seguintes bandei-ras: Valorização do Piso - Aumento Real -PLR; Fim do assédio moral; Mais bancári-os, menos filas; Mais segurança para ban-cários e clientes; Saúde do Bancários; Fimda terceirização.

As assembleias para ratificar as deci-sões do encontro devem ser realizadas até

Pauta salarial 2013ADVOCEF participa de encontro nacional de bancários e securitários

31 de julho de 2013. As reivindicações de-vem ser entregues a partir de 1º de agosto.

Foram aprovadas ainda as seguintesmoções:

- Contra o PL 4330-A/2004, que insti-tui a terceirização, precariza o trabalho eatenta contra os direitos dos trabalhadores,especialmente bancários e securitários;

- Pela valorização da Fiscalização doTrabalho, com a realização de novos con-cursos públicos, a fim de serem contrata-dos novos auditores fiscais do Trabalho,para cumprimento das leis trabalhistas de

combate à explora-ção da classe traba-lhadora; e,

- Pela elaboraçãode Proposta de Emen-da à Constituição daRepública, a fim deque a competênciapara julgar ações deacidente do trabalhopasse da Justiça Esta-dual para a Justiça doTrabalho.

|||||Mesa da cerimônia de encerramento do XLII Encontro Nacional de Dirigentes Sindicais Bancários e Securitários

|||||Na CONTEC: Carlos Castro, Rumiko Tanaka eValdecir Reis, da ANEAC

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Julho | 201312

Defensores da conciliaçãoA

cord

o

Jurídico da CAIXA e Defensoria Pública da União atuam contra o litígio

|||||Assinatura do Acordo em 10/07/2013: diretor jurídico Jailton Zanon (ao microfone), com ossuperintendentes nacionais Alberto Braga (Contencioso) e Leonardo Faustino Lima (Atendimento

Jurídico e Controle da Rede), a gerente nacional de Desenvolvimento e Capacitação, MiriamSalete Barreto, e o defensor público-geral federal, Haman Tabosa Moraes e Córdova

|||||Haman Tabosa: afinado com a tendência da Justiça

Adotada definitiva-mente pela CAIXA, a con-ciliação ganhou um re-forço significativo em 10de julho de 2013, coma assinatura do Acordode Cooperação Técnicacom a Defensoria Públi-ca da União (DPU). A par-ceria tem o objetivo decriar mecanismos co-muns para a soluçãodas demandas recebi-das pela DPU envolven-do a CAIXA, no âmbitoextrajudicial.

De acordo com o di-retor jurídico da CAIXA,Jailton Zanon da Silveira, as instituiçõesdão uma demonstração de que é possí-vel solucionar conflitos de maneira rápi-da e objetiva, ao mesmo tempo contribu-indo para desafogar o Judiciário.

Segundo o consultor jurídicoFrederico Rennó, a iniciativa tenta, prefe-rencialmente, evitar o ajuizamento deações pela Defensoria Pública em todasas situações em que a CAIXA entenderser possível uma composição amigável."O projeto vai ao encontro da política con-ciliatória e da visão da DIJUR sobre a ne-cessidade de solução e, mais ainda, deprevenção dos litígios."

O defensor público-geral federal,Haman Tabosa de Moraes e Córdova, ex-plica que uma das principais funções daDefensoria Pública da União é a soluçãoextrajudicial de litígios, através da com-posição entre as partes. Salienta que o

objetivo está afinado com a atual tendên-cia do sistema de justiça brasileiro, debuscar soluções para corrigir o congestio-namento do Poder Judiciário.

"A partir dos mecanismos de concili-ação, a finalidade é dialogar com a partecontrária, a fim de evitar o ajuizamentode demandas e reduzir o alto índice delitigiosidade em juízo."

Essa é a intenção do trabalho desen-volvido com a CAIXA, prossegue Haman. "Pormeio da cooperação, o corpo jurídico daCEF e os defensores federais analisam oscasos concretos e verificam a possibilida-de de se chegar a uma saída que atenda aspartes e evite uma batalha pelas instânci-as do Judiciário." Recorrer à Justiça é a últi-ma opção, garante o defensor-chefe.

Em PernambucoEstabelecido agora em âmbito naci-

onal, o projeto vinhasendo incrementadodesde 2012 pelosJurídicos em váriosEstados. Em Per-nambuco, começoua ser elaborado em2 de março de 2012,quando houve a pri-meira reunião entreos gestores da CAIXAe da DPU, em Reci-fe. "O projeto piloto

aconteceu no dia 29 demarço do ano passado,com nove casos analisa-dos que redundaram emabsoluto sucesso", diz ogerente do Jurídico Reci-fe, Ricardo Siqueira.

Segundo Ricardo,após a primeira rodadade conciliação, o projetopiloto criado em Per-nambuco foi repassadopela própria DPU localpara outros Estados, queacabaram aderindo aoconceito. O plano foi le-vado, ainda em 2012,para umas das reuniões

da DIJUR, mas a assinatura oficial do Ter-mo de Cooperação regional com a DPUsó ocorreu em 10 de janeiro de 2013.

Participaram desse ato, representan-do a DPU, a defensora pública-chefe emPernambuco, Fernanda Marques, a de-

fensora pública federal Ana CarolinaCavalcanti Erhardt e a servidora Ana Ca-rolina Araújo Gomes. Pelo Jurídico Recifeestavam presentes o gerente RicardoSiqueira, os coordenadores IzabelUrquiza, Bianca Siqueira Campos, MariaLaura Alcoforado, Elmo Cabral dos San-tos, Roseane Maria de HollandaCavalcanti e Luiz Correia Sales, além doadvogado Bruno Paes Barreto Lima. "Que,aliás, foi quem primeiro teve a brilhanteideia e iniciou os contatos com a DPU lo-cal", informa Ricardo.

Franco e informalRogério Spanhe da Silva, do Jurídico Porto Alegre

Ao possibilitar que eventuais demandas sejam resolvi-das sem a necessidade de se bater às portas do Judiciário,estabelecendo um canal permanentemente aberto paranegociações através de um diálogo franco e desprovido demaiores formalidades, se viabiliza um dos anseios da soci-edade de obter de forma ágil e eficaz a resolução de proble-mas que, não raro, possuem grande importância para o indi-víduo e sua família.

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Julho | 2013 13

Ético e responsávelRicardo Siqueira, gerente do Jurídico Recife

|||||Assinatura em Recife, em 10/01/2013 (a partir da esq.): Ana Erhardt (DPU),Fernanda Marques (DPU), Bruno, Sales, Roseane, Elmo,

Laura, Bianca, Izabel e Ricardo

|||||Alexander, no encontro dos defensores públicos, em abril

Em BrasíliaNo 3º Encontro Nacional dos Defen-

sores Públicos Federais, realizado emabril de 2013, o coordenador de Conci-liação do Jurídico Brasília, Alexander daSilva Moraes, participou do painel "AConciliação e a Resolução Extrajudicialcom a Caixa Econômica Federal: NovasPerspectivas", em que apresentou os re-sultados do convênio firmado com aDPU/DF em 02/10/2012. "Essa parce-ria é um instrumento importante paraefetivação da política conciliatória daCAIXA, um dos pilares de sua políticamaior de redução da litigiosidade", de-fine o advogado.

dico Rogério Spanheda Silva, iniciativascomo essas "de-monstram inegávelamadurecimentodas instituições en-volvidas e da própriasociedade, sendoprova cabal de reco-nhecimento e afir-mação de cidada-nia".

Rogério diz que,além de propiciar àCAIXA uma forma de solução de lití-gios, a fórmula permite reduzir oenvolvimento da empresa em ações ju-

diciais, colaboran-do para a presta-ção jurisdicional. "Éuma concreta ma-nifestação da inten-ção de bem servir opovo brasileiro, oque se denota pe-los resultados am-plamente favorá-veis." E lembra queos resultados só fo-ram possíveis gra-ças ao espírito decooperação eprofissionalismo

das demais áreas da CAIXA.

Em Goiás e TocantinsEm 20 de maio de 2013, o termo de

cooperação foi assinado no JurídicoGoiânia, com a participação da gerenteda unidade, Marta Faustino, o defensorpúblico-chefe da DPU/GO, AdrianoCristian Souza Carneiro, e os gerentes re-gionais da CAIXA Cleomar Dutra Ferreirae Romy Maktub Conde de Deus, das Su-perintendências Sul e Norte de Goiás.

O documento registra que o objeti-vo do convênio éconjugar os esfor-ços das instituiçõesCAIXA e Defensoria"para propiciar am-biente adequado àrealização de roda-das de conciliaçãopara as soluçõesadministrativas dedemandas recebi-das pela DPU/GOque envolvam aCAIXA".

"A ideia já deu certo no Jurir Goiânia",avisa a advogada Marta Faustino. Quan-do a parceria foi estendida a Palmas/TO, em 29 de maio, Marta e a coorde-nadora jurídica da Rejur, Bibiane Borgesda Silva, proclamaram a importância doevento não apenas para o Jurídico, maspara todas as unidades da CAIXA noTocantins.

Uma das primeiras instituições pú-blicas a se preocupar com a soluçãonegociada de litígios, a CAIXA recebeuo Prêmio Innovare, na categoria Advo-cacia, em 2012. O projeto premiado,"Cidadania, direito sem litígio", aprova-do pelo Conselho Diretor da CAIXA nofinal de 2011, começou a ser executa-do em janeiro de 2012, com a colabo-ração da Ouvidoria e das agências. Oobjetivo é a promoção da conciliaçãoextrajudicial quando falhas constata-das na empresa são passíveis de ge-rar indenização por danos materiais emorais.

No mesmo dia em que era assina-do em Brasília, em 10 de julho, o Acor-do de Cooperação com a DefensoriaPública da União foi formalizado emvárias outras unidades jurídicas da CAI-XA. Seguindo o planejamento, ao final25 Jurídicos terão o modelo adotadoem âmbito regional.

A assinatura de acordos dessa natureza cumpre não sóuma das principais funções institucionais da Defensoria Pú-blica, como também atende uma das diretrizes básicas daDIJUR, que é promover prioritariamente a solução extrajudicialdos litígios, evitando-se a formação judicial do conflito e pro-curando solucionar de forma célere todas as justas reclama-ções de clientes, que certamente ficarão mais satisfeitos coma postura ética e socialmente responsável da CAIXA.

No encontro foram destacados osmutirões de conciliação acompanha-dos pela DPU e as palestras ministra-das pela CAIXA para os defensores pú-blicos e servidores, a respeito de te-mas como Fundo de Garantia, Siste-ma Financeiro da Habitação e financi-amento estudantil. Segundo Alexander,muitos ajuizamentos ocorriam porqueos defensores desconheciam os pro-dutos e as possibilidades de negocia-ção existentes.

No Distrito Federal, todas as deman-das recebidas pela DPU são encaminha-das para o Jurir Brasília, visando a conci-liação antes mesmo do ajuizamento. Ainiciativa reduziu significativamente o nú-mero de novos processos em desfavorda CAIXA, que pode também, conformefrisa Alexander, dar pronta resposta aoseu cliente, melhorando a imagem daempresa.

No Rio Grande do SulEm Porto Alegre, o acordo com a

Defensoria Pública foi firmado em 10 deabril de 2013. Para o coordenador jurí-

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Vale

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sabe

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RápidasDanos. Roubo em estacionamento. Limites da

responsabilidade. STJ"1. Em se tratando de estacionamento de veículos oferecido porinstituição financeira, o roubo sofrido pelo cliente, com subtraçãodo valor que acabara de ser sacado e de outros pertences, nãocaracteriza caso fortuito apto a afastar o dever de indenizar, tendoem vista a previsibilidade de ocorrência desse tipo de evento noâmbito da atividade bancária, cuidando-se, pois, de risco inerenteao seu negócio. Precedentes. 2. Diferente, porém, é o caso do esta-cionamento de veículo particular e autônomo - absolutamente in-dependente e desvinculado do banco - a quem não se pode impu-tar a responsabilidade pela segurança individual do cliente,tampouco pela proteção de numerário anteriormente sacado naagência e dos pertences que carregava consigo, elementos nãocompreendidos no contrato firmado entre as partes, que abrangeexclusivamente o depósito do automóvel. Não se trata, aqui, deresguardar os interesses da parte hipossuficiente da relação deconsumo, mas de assegurar ao consumidor apenas aquilo que elelegitimamente poderia esperar do serviço contratado, no caso aguarda do veículo. 3. O roubo à mão armada exclui a responsabili-dade de quem explora o serviço de estacionamento de veículos."(STJ, REsp 1.232.795 SP, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi,DJe 10/abr/2013.)

SFH. Vícios na execução. Litisconsórcio necessário doagente fiduciário. TRF 1

"1. Tratando-se de ação com pedido para anular execuçãoextrajudicial, por supostos vícios no seu procedimento, imprescindí-vel a citação do agente fiduciário para integrar a lide, visto quepoderá sofrer os efeitos da coisa julgada que vier a se operar noâmbito deste processo (CPC, art. 47, parágrafo único). Precedentesda Corte. 2. Processo anulado, ex officio, para que a parte autorapromova a citação do agente fiduciário, na qualidade de litisconsortepassivo necessário." (TRF 1, AC 0027511-31.2002.4.01.3300, Quin-ta Turma, Rel. Des. Fagundes de Deus, DJe 13/jun/2013.)

SFH. Custas da execução extrajudicial. TRF 4"Tendo sido o devedor quem deu causa ao processode execução, purgando a mora apenas após a expe-dição do edital de leilão, deve responder pelas des-pesas decorrentes do procedimento, nos termos doDL 70/66. Não comprovado abalo moral efetivo erelevante sofrido pela parte autora, descabe acolhero pedido de indenização por danos morais." (TRF 4,AC 5011823-30.2012.404.7108, Quarta Turma, Rel.Des. Vivian Josete Pantaleão Caminha, DJe 19/jun/2013.)

Execução. CCB. Possibilidade. TRF 4"1. A Cédula de Crédito Bancário, acompanhada dos extratos daconta corrente ou planilhas de cálculo das parcelas do crédito aber-to que foram utilizadas, constitui-se em título executivo extrajudicial,nos termos da Lei nº 10.931/04." (TRF 4, AC 5000470-27.2011.404.7011, Terceira Turma, Des. Rel. Fernando Quadrosda Silva, DJe 31/maio/2013.)

CPC. Verba alimentar. Depósito emcaderneta de poupança e outras aplicações

financeiras. Penhorabilidade. Limites. STJ"5. Essa sistemática legal não ignora a existência depessoas cuja remuneração possui periodicidade e va-lor incertos, como é o caso de autônomos ecomissionados. Esses podem ter que sobreviver porvários meses com uma verba, de natureza alimentar,recebida de uma única vez, sendo justo e razoávelque apliquem o dinheiro para resguardarem-se dasperdas inflacionárias. Todavia, a essa natureza, se-jam aplicadas em caderneta de poupança, até o limi-te de 40 salários mínimos, o que permite ao titular esua família uma subsistência digna por um prazo ra-zoável de tempo. 6. Valores mais expressivos, superi-ores aos 40 salários mínimos, não foram contempla-dos pela impenhorabilidade fixada pelo legislador, atépara que possam, efetivamente, vir a ser objeto deconstrição, impedindo que o devedor abuse do bene-fício legal, escudando-se na proteção conferida às ver-bas de natureza alimentar para se esquivar do cum-primento de suas obrigações, a despeito de possuircondição financeira para tanto. O que se quis assegu-rar com a impenhorabilidade de verbas alimentaresfoi a sobrevivência digna do devedor e não a manu-tenção de um padrão de vida acima das suas condi-ções, às custas do devedor." (STJ, REsp 1.330.567RS, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 17/jun/2013.)

SFH. Danos construtivos. Ilegitimidade daCAIXA. TRF 4

"Encontra-se consolidado no STJ o entendimento deque a relação obrigacional estabelecida entre o mu-tuário e a CEF se limita ao contrato de mútuo garanti-do por hipoteca, não tendo o agente financeiro res-ponsabilidade por eventual vício de construção, ain-da que financiado no âmbito do Sistema Financeiroda Habitação. Deve ser reconhecida, portanto, a ilegi-timidade passiva da CEF. (TRF4, AC 5000016-66.2010.404.7113, Quarta Turma, Rel. Des. CandidoAlfredo Silva Leal Junior, DJe 26/jun/2013.)

CPC. Improcedência do pedido deduzido na açãoprincipal. Execução da sentença cautelar.Impossibilidade da cobrança de multa. STJ

"8- Os efeitos da sentença proferida em ação cautelar - demandade natureza acessória e de efeitos temporários, cujo objetivo égarantir a utilidade do resultado de outra ação - não subsistemdiante do julgamento de improcedência do pedido deduzido noprocesso principal, o que inviabiliza a execução da multa lá fixada."(STJ, 1.370.707 MT, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe17/jun/2013.)

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| Vale a pena saber

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Jurisprudência

Elaboração

Jefferson Douglas SoaresSugestões e comentários dos colegas podem ser encaminhadospara o endereço:[email protected]

"ADMINISTRATIVO. PARCERIA IMOBILIÁRIA. CEF. VENDA CASA-DA. CONSÓRCIOS. NÃO-CONFIGURAÇÃO. A mera "insinuação", porparte dos funcionários da CEF, de que o fortalecimento das rela-ções seria instrumento hábil a "acelerar" os negócios referentesaos empreendimentos da parte autora não acarreta, por [si] só,defeito do negócio jurídico, não exemplificando eventual hipótesede lesão, estado de perigo ou dolo." (TRF 4, AC 5002342-16.2012.404.7117, Quarta Turma, Res. Des. Vivian JosetePantaleão Caminha, DJe 12/jun/2013.)

"RECURSO ESPECIAL. REPETITIVO. RITO DO ART. 543-C DO CPC.SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. LEGITIMIDADE ATIVA DOCESSIONÁRIO DE CONTRATO DE MÚTUO. LEI Nº 10.150/2000.REQUISITOS. 1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: 1.1 Tratando-sede contrato de mútuo para aquisição de imóvel garantido peloFCVS, avençado até 25/10/96 e transferido sem a interveniênciada instituição financeira, o cessionário possui legitimidade paradiscutir e demandar em juízo questões pertinentes às obrigaçõesassumidas e aos direitos adquiridos. 1.2 Na hipótese de contratooriginário de mútuo sem cobertura do FCVS, celebrado até 25/10/96, transferido sem a anuência do agente financiador e fora dascondições estabelecidas pela Lei nº 10.150/2000, o cessionárionão tem legitimidade ativa para ajuizar ação postulando a revisãodo respectivo contrato. 1.3 No caso de cessão de direitos sobreimóvel financiado no âmbito do Sistema Financeiro da Habitaçãorealizada após 25/10/1996, a anuência da instituição financeiramutuante é indispensável para que o cessionário adquira legitimi-dade ativa para requerer revisão das condições ajustadas, tantopara os contratos garantidos pelo FCVS como para aqueles semreferida cobertura. 2. Aplicação ao caso concreto: 2.1. Recursoespecial parcialmente conhecido e nessa parte provido. Acórdãosujeito ao regime do artigo 543-C do Código de Processo Civil e daResolução STJ nº 8/2008." (STJ, REsp 1.150.429 CE, Corte Especi-al, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas, DJe 10/maio/2013.)

"INDENIZAÇÃO. DANOS MATERIAIS E MORAIS. JOIA DADA EMPENHOR. RESGATE. FALSO PROCURADOR. INDENIZAÇÃO POR DANOMATERIAL. CABIMENTO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL NÃODEMONSTRAÇÃO. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA CONDENA-ÇÃO EM HONORÁRIOS. POSSIBILIDADE. SUSPENSÃO DAEXIGIBILIDADE ÀS HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 11, § 2º C/C ART.12. ADOÇÃO DA TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO REFERENCIADA ("PERRELATIONEM"). AUSÊNCIA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃOJURISDICIONAL. ENTENDIMENTO DO STF. 1. CUIDA-SE DE APELA-ÇÃO INTERPOSTA pela parte autora em face de sentença que julgoparcialmente procedentes os pedidos, responsabilizando a CaixaEconômica Federal em solidariedade com o corréu falsário, conde-nando ambos a ressarcir a parte autora, ora apelante, dos prejuí-zos materiais que sofreu, decorrente resgate indevido pelo corréufalso procurador, valor das joias em questão, R$ 625,00 (seiscen-tos e vinte e cinco reais), atualizados a partir de outubro de 2005,mês seguinte do ano do penhor acima noticiado, pelos índicesadotados no manual do Conselho da Justiça Federal - CJF. 2. Aautora/apelante foi condenada a pagar verba honorária, pro rata, a

todos aqueles que se encontram no polo passivo, no percentual de10% (dez por cento) sobre o valor da diferença entre o que preten-dia perceber e o valor que lhe foi reconhecido como devido, corrigi-do monetariamente a partir do mês seguinte ao da proposituradesta ação, sendo que essa verba honorária só será cobrada, noscinco anos que se seguirem ao trânsito em julgado desta sentençaou de acórdão que a mantenha ou que a modifique, caso se com-prove que a autora passou a ter condições econômico-financeiraspara tanto (art. 11 e § 2º c/c art. 12 da Lei nº 1.060, de 1950), faceao deferimento dos benefícios da justiça gratuita. 3. A mais altaCorte de Justiça do país já firmou entendimento no sentido de quea motivação referenciada ("per relationem") não constitui negativade prestação jurisdicional, tendo-se por cumprida a exigência cons-titucional da fundamentação das decisões judiciais. Adota-se, por-tanto, os termos da sentença como razões de decidir. 4. (...) "comose sabe e constou da sentença, a Lei nº 1.060/50 prevê que obeneficiário da assistência judiciária deverá ser condenado, sevencido na demanda, a pagar as despesas processuais e honorári-os advocatícios, condicionando, porém, sua exigibilidade às hipó-teses previstas no art. 11, § 2º c/c art. 12." 5. (...) "O dano moral,segundo a petição inicial e a réplica de fls. 42-44, decorreria dofato de que se tratariam de joias que teriam sido presenteadas àAutora por seu falecido companheiro. No que diz respeito a essaalegação, não há nenhuma prova nos autos. Também não encon-tro nenhuma outra prova no sentido de que a ora Autora teria sidoatingida moralmente por algum outro motivo, em face do noticiadoevento." 6. (...) "Como se sabe, a responsabilidade dos Cartórios e/ou dos seus Titulares, nesse tipo de procuração, é amainada quan-do a falsificação da assinatura não seja perceptível a olho nu. E, nopresente caso, isso não era possível, pois o próprio servidor daCaixa Econômica Federal-CEF, certamente experiente nesse mis-ter, foi enganado, ante a perfeição da falsificação, da mesma for-ma que foi enganado o servidor do Cartório. A própria ora Autora,ante a semelhança da assinatura falsa com sua assinatura verda-deira, declarou, na réplica, que "só uma PERÍCIA é que vai dizer sea assinatura é falsa ou não." 7. (...) "E a esse respeito a Caixa Econô-mica Federal-CEF consignou em sua defesa que "a assinatura apos-ta na procuração (doc 03) é semelhante à assinatura do contratode penhor (doc 04), conforme se denota de um simples examedos documentos ora juntados." 8. (...) "Ante a fragilidade desse tipode documento e a já referida ausência de indicação, por parte daora Autora, de qualquer procurador, como exigido no contrato, aCaixa Econômica Federal-CEF, repito, não poderia, nunca, ter en-tregue as joias da Autora para o referido Falsário. Apelaçãoimprovida." (TRF 5, AC 0015062-89.2007.4.05.8300, PrimeiraTurma, Rel. Des. José Maria Lucena, pub. 24/abr/2013.)

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Cen

a ju

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ca

|||||Ministro Celso de Mello

Prerrogativa indisponívelEm homenagem ao Dia do Advogado, no próximo dia 11 de

agosto, um trecho do voto do ministro do STF Celso de Mello, doacórdão da Ação Penal 470: "O exercício do poder-dever de questionar,

de fiscalizar, de criticar e de buscar acorreção de abusos cometidos por órgãos

públicos e por agentes e autoridades doEstado, inclusive magistrados, reflete

prerrogativa indisponível do advogado,que não pode, por isso mesmo, sercerceado, injustamente, na prática

legítima de atos que visem a neutralizarsituações configuradoras de arbítrio

estatal ou de desrespeito aos direitosdaquele em cujo favor atua."

|||||Gryecos (à esq.), com Carlos Castro e Rumiko Tanaka

Jantar com amigosJantaram juntos no restaurante Roma, em Brasília, em10 de julho, o novo gerente nacional da GERID, Gryecos

Attom Valente Loureiro, o presidente da ADVOCEF,Carlos Castro, e a diretora financeira da CONTEC,Rumiko Tanaka. "Foi um jantar de boas vindas a

Gryecos, que volta a residir em Brasília e gerencia umaárea na DIJUR de grande entrelaçamento com a

ADVOCEF", explicou Carlos Castro.

Muito pelo contrárioComentando as estranhas autodefinições dos

políticos, o jornalista Eugênio Bucci lembra na revistaÉpoca uma frase antiga de Lula: "Não sou socialista,sou torneiro mecânico". E, entre outras, recupera arecente declaração do então prefeito paulistano,

Gilberto Kassab, ao lançar sua nova legenda, o PSD:"O Partido Social Democrático não será de direita,

não será de esquerda, nem de centro".

Livro de DelloreO advogado Luiz Dellore lançou seu livro "EstudosSobre Coisa Julgada e Controle deConstitucionalidade" (Forense, 512 pág.),na LivrariaSaraiva do Shopping Paulista, em São Paulo, no dia17 de junho. O advogado está licenciado da CAIXApara assessorar o ministro do STJ Antonio CarlosFerreira.||||| Dellore e colegas do Jurídico, no lançamento de seu livro

Lei para a PEC 37A rejeição da PEC 37 representa mais uma vitória histórica domovimento pró-moralização do país, afirma o jurista Luiz Flávio Gomes,do Instituto Avante Brasil. Mas há coisas importantes pendentes, alerta.Como o Ministério Público investiga por meio de uma resolução, eleacha que é urgente a elaboração de uma lei que discipline com clarezaessa investigação, de forma a evitar todo tipo de abuso.

Advocacia em estataisA portaria nº 272/2013,

assinada pelo presidentenacional da OAB, Marcus ViníciusFurtado, criou em 24 de junho a

Comissão Especial de Advocaciaem Estatais (CEAE). A conquista

foi comemorada pela ANPEPF,que tem entre seus membros os

advogados da CAIXA CarlosCastro e Júlio Greve.

Advocacia em estatais 2Na portaria 272/2013, também foram designados os membros daCEAE: Otávio Rocha (Dataprev, presidente); Og Pereira (Infraero, vice-

presidente); Tarciso Melo (Conab, secretário-geral); Eriberto Gomes deOliveira (Correios); Daniel Rodrigo Castro (Imbel); Alessandro Luiz dos

Reis (Codevasf); Salvador Alcoforado de Pereira (Serpro); Carlos Castro(CAIXA); Eduardo Froes (Eletronorte/Eletrobras); Samya Lorene de

Oliveira Bernardes (Infraero).

|||||Júlio Greve e Carlos Castro

Corrupção atualizadaPesquisa divulgada em 9 de julho pela

Transparência Internacional revela que 81% dosbrasileiros consideram os partidos "corruptos ou

muito corruptos". É a pior concepção sobre ospolíticos, entre os 107 países incluídos na

pesquisa. No Brasil,a situação se

agravou: em 2010,o índice de

descontentamentosobre o tema era de

74%. (Fonte: OEstado de S. Paulo.)

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ADVOCEF participa de reuniões na BahiaPr

erro

gativ

as

Para debater o tema ponto eletrônico, que exi-ge tratamento diferenciado para a advocacia, opresidente da ADVOCEF, Carlos Castro, e a direto-ra de Prerrogativas, Maria Rosa Leite Neta, partici-param de reuniões em Salvador, nos dias 10 e 11de junho.

Foi uma ótima visita à OAB/BA, definiu a dire-tora Maria Rosa. "O presidente da Seccional, LuizViana Queiroz, foi muito receptivo, viabilizando umatroca de ideias produtiva em favor da situaçãopeculiar vivida pelos advogados da CAIXA daqueleEstado por conta de uma ação judicial do Sindica-to dos Bancários."

A Justiça do Trabalho da Bahia deve decidirem breve sobre a questão do controle de pontodos advogados da CAIXA. O presidente da OAB/BAafirmou que a Seccional está à disposição daADVOCEF e manifestou confiança de que a Justiçado Trabalho aplicará o Estatuto da Advocacia e aSúmula 5 do Conselho Federal da OAB, que regis-tra: "É vedado o controle de ponto de jornada, inclusive ele-trônico, ao advogado de entidade estatal e garantida a flexi-

bilidade do horário, obedecidos, de qualquer for-ma, os períodos de descanso mínimos previs-tos em lei".

Acompanharam os dirigentes na visita àOAB/BA os advogados Jair Mendes, Paulo Ritt eMyron Maranhão.

Ampliando as relaçõesNo mesmo dia, o presidente e a diretora fo-

ram recebidos no Jurídico Salvador. Maria Rosagostou de conhecer colegas com os quais tinha

Em visitas institucionais, a Associação trata do ponto eletrônico

contato apenas pelo Fórum do site da ADVOCEF. Elogiou adedicação dos colegas Jair, Fábio e Paulo Ritt, para tratar dos

assuntos da unidade.No dia 11, acompanhados do presidente da

ANEAC (Associação Nacional dos Engenheiros e Ar-quitetos da CAIXA), Mário Viana, o presidente e adiretora da ADVOCEF estiveram reunidos com o Sin-dicato dos Bancários da Bahia, estreitando o relaci-onamento entre as entidades e colhendo subsídiossobre o ponto eletrônico.

Carlos Castro e Maria Rosa realizaram visitainstitucional também ao Tribunal Regional do Traba-lho da 5ª Região.

(Com informações do site da OAB/BA.)

|||||Presidente da OAB/BA, Luiz Viana Queiroz (no centro, de roupa clara), recebe os advogadosda CAIXA Jair Mendes, Carlos Castro, Paulo Ritt, Maria Rosa Leite Neta e Myron Maranhão

|||||Visita ao Jurídico Salvador

|||||Reunião com o Sindicato dos Bancários da Bahia

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*Professor de Língua Portuguesa eRedação Oficial em diversas

instituições. Autor de diversoslivros em sua especialidade, como:Português Prático (AGE, 13.ª ed.),

Análise Sintática Aplicada (emcoautoria com Luiz Agostinho

Cadore, AGE, 3.ª ed.), Manual deRedação Oficial dos Municípios

(AGE/Famurs) e Guia Prático daNova Ortografia (AGE, 10.ª ed.),

entre outros.

Visite nosso sitewww.editoraage.com.br

51 3223.9385 | 3061.938551 9349.0533 | 3061.9384

Sugestão de leitura

Emprego do hífen empalavras compostas

Paulo Flávio Ledur*

CENAS DA HISTÓRIAOs fatos que modificaram osrumos da humanidade

Marcelo Duarte de Carvalho Ribeiro

Conforme prometido na ediçãoanterior, resumo a questão do empre-go do hífen em palavras compostas.Lembro, inicialmente, que ocorre pa-lavra composta sempre que o primei-ro elemento tenha vida autônoma nalíngua, ou seja, tenha uso sozinho nosignificado em que esteja emprega-do. Exemplo: sóciosóciosóciosóciosócio, quando se refe-re ao parceiro em algum negócio, temvida autônoma, enquadrando-se, por-tanto, na regra das palavras compos-tas; com o sentido de socialsocialsocialsocialsocial, não temuso sozinho, tendo, por isso, trata-mento de prefixo. Verifique essa dis-tinção nestes exemplos, que estãocorretamente grafados: sócio-ge-sócio-ge-sócio-ge-sócio-ge-sócio-ge-rente, socioeducativorente, socioeducativorente, socioeducativorente, socioeducativorente, socioeducativo.

O Acordo Ortográfico mante-ve o princípio que rege o empregodo hífen em palavras compostas: ohífen é usado para marcar mudan-ça de significado, que pode ser par-cial ou total. Exemplo: decreto-leidecreto-leidecreto-leidecreto-leidecreto-lei;é ato normativo diferente do decreto e dalei: assim, as duas palavras juntas cria-ram um novo significado, havendo, porisso, o hífen, que marca essa mudança.Em outros casos, é mais difícil de perce-ber a mudança de significado, como, porexemplo, nos dias úteis da semana: se-se-se-se-se-gunda-feiragunda-feiragunda-feiragunda-feiragunda-feira; como feirafeirafeirafeirafeira tem o sentidooriginal de descanso (daí férias, feria-férias, feria-férias, feria-férias, feria-férias, feria-dododododo...), a segunda-feira seria o segundo diade descanso, já que o primeiro é o domin-go; usa-se o hífen justamente para corrigiressa distorção de significado.

De uma forma ou de outra, todohífen em palavras compostas enquadra-se nesse princípio. Por serem casos defrequentes dúvidas, chamo atenção paraalguns casos em que se emprega hífen:

1. Compostos formados por dois oumais adjetivos: político-social-cultural,luso-brasileiro, surdo-mudo.

2. Compostos formados por dois subs-tantivos em que o segundo indicar tipo,forma ou finalidade em relação ao primei-ro: diretor-presidente, licença-maternida-de, auxílio-doença, grupo-controle. Por

não serem formados por dois subs-tantivos, não há hífen em casoscomo: diretor administrativo e dire-tor técnico.

3. Sempre que a palavra geralgeralgeralgeralgeral éusada na designação de cargos e re-partições: diretor-geral, secretaria-geral, secretário-geral, Procuradoria-Geral, procurador-geral, Advocacia-Geral, advogado-geral.

4. Sempre que a primeira pala-vra for verbo: guarda-chuva, para-raio,porta-malas, abre-alas. Por consagra-ção de uso, alguns casos sãografados sem o hífen, aglutinando-seos elementos: girassol, mandachuva,rodapé; o Acordo Ortográfico incluiutambém entre estas últimas a pala-vra paraquedasparaquedasparaquedasparaquedasparaquedas e derivadas:paraquedismoparaquedismoparaquedismoparaquedismoparaquedismo e paraquedista,paraquedista,paraquedista,paraquedista,paraquedista,sob a alegação de que “se perdeu anoção de composição”.5. Todos os nomes compostos de plan-

tas e animais: erva-doce, batata-doce, pi-menta-do-reino, erva-de-passarinho, ratão-do-banhado, pomba-rola. Com exceção dosnomes de plantas e animais, o Acordo Orto-gráfico retirou o hífen em palavras compos-tas que tenham preposição no meio: pé demoleque, mão de obra, fim de semana. Noentanto, o VOLP (Vocabulário Ortográfico daLíngua Portuguesa), provavelmente por en-gano, registra o hífen em pelo menos qua-tro casos desses: pé-de-meia, arco-da-ve-lha, água-de-colônia, cor-de-rosa.

São 23 ensaios sobre cenas decisivas para ahumanidade, como o julgamento de Sócrates,a última grande conquista de Alexandre e oSermão da Montanha de Jesus Cristo.

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O caminhoRoberta Mariana B. A. Corrêa (*)

Crô

nica

s

Lembro-me com muita saudade dos meus tempos de esco-la. Estudei em colégio jesuíta no qual, naturalmente,fazia parte do nosso programa a matéria reli-gião. Mas, ao contrário do que muitos pen-sam, nem todo professor dessa matériaficava a falar de ritos, santos, ressurrei-ção... Alguns acabavam adentrandono campo da filosofia, permitindoque todos nós vivêssemos raros einesquecíveis momentos de refle-xão e crescimento.

Um desses momentos aconte-ceu em um dia chamado pela es-cola de "dia de formação": não tí-nhamos aula e a turma era reunidaem um grande salão do colégio paradiversas atividades, dinâmicas, debates...Nesse ano, nosso professor de religião era osaudoso "Boloteca", um cara que, apesar do nomeengraçado, era sério e de postura firme, o que lhe permi-tia controlar, com louvor, um monte de adolescentesfaladores, questionadores e, certamente, agitados.

Ele nos colocou em círculo e perguntou a cada umde nós: "Para que você está aqui?". Saíram todos os tipos derespostas: "Para passar no vestibular e entrar na faculdade";"Para realizar o meu sonho e ser advogado"; "Para ter uma pro-fissão e ser rico"... E após cada uma de nossas respostas, ele

voltava a perguntar "Para quê?". E ía-mos gaguejando para achar, rapi-

damente, uma nova e lógicaresposta que acabava sendo

bombardeada com a mes-ma pergunta: "Para quê?".De repente, as vozes emrespostas simultâneas fo-ram fulminantemente inter-rompidas por ele, com seutom de voz alto e robusto:"Minha gente! Pra ser feliz!"

Silenciamos. Aquilo foi umbalde de água fria. Nunca esque-

ço aquele dia, que até hoje me fazparar para pensar... Fazemos tantas coi-

sas, somos envolvidos pela rotina e, de vezem quando (ou, para muitos, quase sempre), perdemos o

foco no que é primordial em nossas vidas: ser feliz. Apesardos percalços, decepções, frustrações, o agora é o único mo-mento para a felicidade. Como disse sabiamente Gandhi: "Não

existe caminho para a felicidade; a felicidade é o caminho".

(*) Advogada da CAIXA no Rio de Janeiro.

Podia ser o perfume de um quadro. De uma paisagem pintadanum. Via todo ele num ângulo de quase 180º. Quadro comcheiro de terra e mato molhados pela repentina quedad'água, sem dar sinais prévios aos desatentos comoele de que viria. Tão rápida veio, quase tanto sefoi. Quadro bonito, meio escuro. O sol já se pôs.Só a lua cheia o clareava. Ideal.

A boa música que ouvia no aparelhoeletrônico e o remetia a tantas boas sen-sações e lembranças formava belíssimacomposição com o som que vinha doquadro. O vento nas folhas da mata esuas fruteiras produzia sinfonia que oraaumentava ora diminuía de volume. E aívia mais do que a natureza exposta noquadro vivo, sentia mais do que seu cheiro,ouvia mais do que sua música.

Às vezes o cheiro se confundia com o damulher. O cheiro bom da mulher que discretamentevinha de vez em quando ver se ele precisava de algumacoisa. Não queria interrompê-lo. Sabia que ele escrevia enquantocontemplava o quadro que parecia confundir-se com a sua vida,agora. No momento em que ela se achegava era tomado tam-

O quadroAndré Falcão de Melo (*)

bém pela sensação de que o quadro perfumado evivo alcançara a completude. Foi quando per-

cebeu que do quadro também exalava ca-lor. Aquele que o aquecia, liberando a pas-

sagem do vento frio, compensando-o.Voltou a chover. Mais forte e com

vento. Sentia em seu rosto, mãos ebraços os raros finos pingos que con-seguiam alcançá-lo. Mesmo assimnão se movia, senão pelos dedosquase frenéticos a teclar. O mais -

ver, sentir, ouvir - era imóvel que o fa-zia. Como que a tentar fotografar para

sempre a imagem, o vento e o cheiro quevinham daquele quadro. Daquele quadro

e daquela mulher com um cheiro tão bom,que de vez em quando o compunha. E que nesse

momento era fotografado em sua mente e coração.Para eternizar-se.

(*) Advogado da CAIXA em Maceió.

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Julho | 2013 I

Suplemento integrante da ADVOCEF em Revista | Ano XII | Nº 125| JuJho | 2013

Juizados Especiais: nãolimitação da multa cominatória

ao valor da alçada

José Carlos Zanforlin

Consultor jurídico da EMGEA (Empresa Gestorade Ativos), em Brasília. Formado pela Casa deTobias, em Recife. É advogado desde 1976.

I – OBJETIVO1. A competência jurisdicional

pelo valor da causa se obtém da lei,logo, é na lei que se deve pesquisarseu conceito e sua abrangência. Leinova, consequentemente, pode mo-dificar esses parâmetros, inclusiveo que se conhece como “perpetua-ção da competência”, expresso noart. 87 do CPC em vigor1.

2. A competência jurisdicionalpela alçada não deve (ou não deve-ria) afetar a ameaça financeira (amulta cominatória) adjeta a uma sen-tença condenatória de um fazer ouum não fazer, para limitá-la ao valorde alçada. Na competência pelo va-lor da causa, a sentença seria efi-caz em toda a sua extensão, nos ter-mos do art. 87. Essa afirmação, to-davia, veio a ser infirmada pela Leinº 9.099/95, cujos art. 3º, § 3º e39 limitam a expressão financeira dasentença ao valor da alçada2, e o

“princípio” 3 da perpetuidade, nesseponto, tornou-se efêmero.

3. O Judiciário passou a enten-der que esses dispositivoslimitadores também abrangiam amulta cominatória, prevista para re-forço de algumas de suas decisões,como se a multa fizesse parte dasentença. E o que é pior, sem fun-damentação convincente.

4. A questão central deste tra-balho relaciona-se com os tópicosantes referidos e diz respeito ao en-tendimento que o STJ principia a for-mar relativamente aos valores demultas fixadas por Juizados Especi-ais excedentes da alçada, para re-duzi-las a esse limite. De fato, em

notícia de 13/02/13, veiculada noendereço eletrônico daquele Tribu-nal, informou-se que o “STJ admitereclamações contra multas fixadaspor juizados especiais em valor su-perior à alçada” (reclamações nºs9749, 10537, 10591 e 10967). Taisreclamações foram admitidas pelaMinistra Isabel Gallotti. O autor va-leu-se do Recurso em Mandado deSegurança nº 33.165-MA, julgadoem 28/06/11 e publicado em 29/08/11, de que ela foi relatora e de cujos

1 Art. 87. Determina-se a competência nomomento em que a ação é proposta. Sãoirrelevantes as modificações do estadode fato ou de direito ocorridas posteri-ormente, salvo quando suprimirem o ór-gão judiciário ou alterarem a competên-cia em razão da matéria ou da hierar-quia.

2 Art. 3º. O Juizado Especial Cível tem com-petência para conciliação, processo e jul-

gamento das causas cíveis de menor com-plexidade, assim consideradas:§ 3º. A opção pelo procedimento previstonesta Lei importará em renúncia ao crédi-to excedente ao limite estabelecido nesteartigo, excetuada a hipótese de concilia-ção.Art. 39. É ineficaz a sentença condenatóriana parte que exceder a alçada estabelecidanesta Lei.

3 Razão das aspas é que nunca se viu tantaenunciação de princípios jurídicos comose lê na produção doutrinária atual; tan-tos, que se torna difícil prosseguir-se alémdesses, fica-se nos princípios e deles nãose avança. No caso, se princípio fosse, nãoseria tão facilmente erradicado como temsido.

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Julho | 2013II

fundamentos valeram-se outros jul-gados por outros Ministros. Esse exa-me se fará adiante4.

II – JUIZADOS ESPECIAIS,ALÇADA E CAUSA DEMENOR COMPLEXIDADE

5. Os juizados especiais estãoprevistos no art. 98, inciso I da Cons-tituição5, e têm por objetivo conciliar,julgar e executar (para o que interes-sa a este trabalho) causas cíveis dededededemenor commenor commenor commenor commenor complepleplepleplexidadexidadexidadexidadexidade. Veja-se quena Constituição não se mencionanem se associa certo valor de causaa menor complexidade da demanda;portanto, o que caracteriza oo que caracteriza oo que caracteriza oo que caracteriza oo que caracteriza ojuizado especial , na letra dajuizado especial , na letra dajuizado especial , na letra dajuizado especial , na letra dajuizado especial , na letra daConstituição, é a menor comple-Constituição, é a menor comple-Constituição, é a menor comple-Constituição, é a menor comple-Constituição, é a menor comple-xidade da causa (conceito aber-xidade da causa (conceito aber-xidade da causa (conceito aber-xidade da causa (conceito aber-xidade da causa (conceito aber-to, sem dúvida), que pode outo, sem dúvida), que pode outo, sem dúvida), que pode outo, sem dúvida), que pode outo, sem dúvida), que pode ounão estar associada ao seu me-não estar associada ao seu me-não estar associada ao seu me-não estar associada ao seu me-não estar associada ao seu me-nor vnor vnor vnor vnor valoraloraloraloralor. As Leis 9.099/95 e10.259/01 foram promulgadas paradar concretude ao preceito constitu-cional, a primeira na Justiça comum,a segunda na Justiça federal.

6. A Lei nº 9.099/95 associou oreferido na Constituição como “me-nor complexidade” a certo valor decausa – 40 salários mínimos – emalgumas hipóteses, e em outras in-dependentemente de valor (aparen-temente), por remissão ao art. 275,II do CPC (procedimento sumário).

7. Houve desvirtuamento entre oque previu a Constituição e o queconstruiu o legislador ordinário rela-tivamente aos juizados especiais, cujoescopo original era resolver deman-das de menor complexidade sem le-var em conta seu valor. Na Lei 9.099/95, o § 3º do art. 3º faz presumir re-núncia do demandante ao créditoexcedente do limite de 40 saláriosmínimos, e o art. 39 proclama a inefi-cácia da sentença condenatória naparte que superar a alçada legal.

8. Confronto do art. 39 com o art.3º, II, ambos da Lei nº 9.099/95, podegerar alguma perplexidadeinterpretativa. É que o art. 3º enume-ra os elementos do conjuntoconstitutivo do juizado especial, e oinciso II (como um desses elementos)faz remissão ao art. 275, II do CPC,informativo da observância do proce-dimento sumário em causas, “qual-qual-qual-qual-qual-quer que seja o valorquer que seja o valorquer que seja o valorquer que seja o valorquer que seja o valor”, lá referi-das. Observe-se que o rito sumário jáé signo de demanda de menor com-plexidade, “qualquer que seja o va-lor” desta. Convenha-se tratar-se aí depaupérrima técnica legislativa: na mes-ma lei um dispositivo posterior revo-gar a outro anterior, em verdadeiro “ca-nibalismo” legal.

9. É possível arguir-se aconstitucionalidade dessa limitação,pois a ação do legislador ordiná-ação do legislador ordiná-ação do legislador ordiná-ação do legislador ordiná-ação do legislador ordiná-rio claramente diminuiu o âmbi-rio claramente diminuiu o âmbi-rio claramente diminuiu o âmbi-rio claramente diminuiu o âmbi-rio claramente diminuiu o âmbi-to de validade material do art.to de validade material do art.to de validade material do art.to de validade material do art.to de validade material do art.

98, I da Constituição98, I da Constituição98, I da Constituição98, I da Constituição98, I da Constituição, ao dizer quesimples é o de pouco valor, ou de va-lor limitado à alçada que ele legisla-dor ordinário entendeu fixar. Na ver-dade, o constituinte determinou a cri-ação de juizados especiais para con-ciliar, julgar e executar causas cíveisde menor complexidade menor complexidade menor complexidade menor complexidade menor complexidade com vis-tas a acelerar a prestação jurisdicionalnas demandas mais simples. Em de-corrência da lei ordinária, inúmerasações que proporcionariam maiorceleridade de tramitação não foramalcançadas pela lei ordinária, pois,embora simples, excediam o valor daalçada. E isso porque osE isso porque osE isso porque osE isso porque osE isso porque osjulgadores adotaram interpreta-julgadores adotaram interpreta-julgadores adotaram interpreta-julgadores adotaram interpreta-julgadores adotaram interpreta-ção que reuniu numa inexistenteção que reuniu numa inexistenteção que reuniu numa inexistenteção que reuniu numa inexistenteção que reuniu numa inexistenterelação de dependência o derelação de dependência o derelação de dependência o derelação de dependência o derelação de dependência o depouco valor ao não complexopouco valor ao não complexopouco valor ao não complexopouco valor ao não complexopouco valor ao não complexo.

III - BREVE EXPLANAÇÃOSOBRE A MULTACOMINATÓRIA

10. Há dois tipos de multas noCPC, (i) punitivaspunitivaspunitivaspunitivaspunitivas, que apenam con-dutas vedadas e (ii) cominatórias,que forçam a prática de condutas im-postas (dar, fazer, não-fazer), tam-bém conhecidas como astreintes (dodireito francês). Diferença básicaentre umas e outras é que as mul-tas punitivas sancionam a prática decondutas vedadas (litigância de má-fé, embargos protelatórios, requeri-mento indevido de citação por editaletc.); já as cominatórias sancionama omissão da prática da conduta de-vida, e podem não incidir, bastandoque o réu cumpra o que lhe foi judi-cialmente determinado.

11. A multa cominatória não com-põe a prestação jurisdicional,antecipatória ou definitiva, pois não re-solve questões materiais ou de outranatureza trazidas pelas partes, logo, nãoé terminativa do litígio. Simplesmente amotiva ao impor diminuição patrimonial,se não cumprida a determinação im-posta. Logo, a multa cominatória nem

"O que caracteriza ojuizado especial, na letra

da Constituição, é a menorcomplexidade da causa(conceito aberto, sem

dúvida), que pode ou nãoestar associada ao seu

menor valor."

4 Em DJe de 13/05/2013 foi publicado jul-gamento do RMS nº 38.884 – AC, RelatoraMin. Nancy Andrighi, em que o excesso novalor da alçada, em execução, inclusive demulta cominatória, não implica renúnciado excedente.

5 Art. 98. A União, no Distrito Federal e nosTerritórios, e os Estados criarão:I - juizados especiais, providos por juízestogados, ou togados e leigos, competentespara a conciliação, o julgamento e a execu-ção de causas cíveis de menor complexi-dade e infrações penais de menor potenci-al ofensivo, mediante os procedimentosoral e sumariíssimo, permitidos, nas hipó-teses previstas em lei, a transação e o jul-gamento de recursos por turmas de juízesde primeiro grau.

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Julho | 2013 III

sequer é adjeto da sentença. Mais:Mais:Mais:Mais:Mais:como o juiz a pode impor “inde-como o juiz a pode impor “inde-como o juiz a pode impor “inde-como o juiz a pode impor “inde-como o juiz a pode impor “inde-pendentemente do pedido do au-pendentemente do pedido do au-pendentemente do pedido do au-pendentemente do pedido do au-pendentemente do pedido do au-tor” tor” tor” tor” tor” 6, sentença também não é,, sentença também não é,, sentença também não é,, sentença também não é,, sentença também não é,pois “nenhum juiz prestará a tu-pois “nenhum juiz prestará a tu-pois “nenhum juiz prestará a tu-pois “nenhum juiz prestará a tu-pois “nenhum juiz prestará a tu-tela jurisdicional senão quando atela jurisdicional senão quando atela jurisdicional senão quando atela jurisdicional senão quando atela jurisdicional senão quando aparparparparparttttte ou inte ou inte ou inte ou inte ou interessado a reqeressado a reqeressado a reqeressado a reqeressado a requereruereruereruereruerer,,,,,nos casos e forma legais”, con-nos casos e forma legais”, con-nos casos e forma legais”, con-nos casos e forma legais”, con-nos casos e forma legais”, con-soante art. 2º, do CPCsoante art. 2º, do CPCsoante art. 2º, do CPCsoante art. 2º, do CPCsoante art. 2º, do CPC.

IV – MULTA COMINATÓRIA EALÇADA NOS JUIZADOSESPECIAIS

12. O que importa para enqua-dramento de certa demanda no limitede alçada de competência dos juizadosespeciais é o valor da causa, que seobtém segundo disposto no art. 259 eincisos, do CPC. Ainda que os artigos3º, § 3º, e 39 da Lei nº 9.099/95, rela-tivamente à plena eficácia financeira dasentença condenatória em juizados es-peciais, tenham infirmado o conteúdodo art. 87 do CPC (irrelevância das mo-dificações ocorridas posteriormente), oart. 259 é a regra prevalente para ob-tenção do valor da causa. E não se al-terou sua eficácia por causa daquelesdispositivos.

13. E não há a menor dúvida deque a multa cominatória (sua fixaçãoe incidência) não integra esse valor,pois nem sempre se inclui no pedi-do, e, mesmo que se inclua, seumontante é desconhecido, pois é fi-xado pelo juiz e sua incidência de-pende de conduta do próprio réu.

14. Ainda que a lei ordinária nãohouvesse violado o preceito constitu-cional de criação de juizados especi-ais por simplicidade da demanda (enão por valor da causa), a incidên-a incidên-a incidên-a incidên-a incidên-cia de multa cominatória não se-cia de multa cominatória não se-cia de multa cominatória não se-cia de multa cominatória não se-cia de multa cominatória não se-ria limitada ao valor da alçadaria limitada ao valor da alçadaria limitada ao valor da alçadaria limitada ao valor da alçadaria limitada ao valor da alçada. Ea razão, já referida anteriormente, é

porque a multa não integra o pe-porque a multa não integra o pe-porque a multa não integra o pe-porque a multa não integra o pe-porque a multa não integra o pe-dido, e, por consequência, a sen-dido, e, por consequência, a sen-dido, e, por consequência, a sen-dido, e, por consequência, a sen-dido, e, por consequência, a sen-tençatençatençatençatença. Essa interpretação não inves-te contra aquele art. 39, que se dirigeapenas contra a parte da senten-a parte da senten-a parte da senten-a parte da senten-a parte da senten-ça ça ça ça ça excedente da alçada.

15. Pode-se acrescentar, como ar-gumento de ordem prática, que limitarao valor da alçada o valor de multacominatória que incidiu é premiar odescumprimento da sentença. A inci-dência da multa expressa descaso doréu pela condenação sofrida. Limitá-laà alçada é avisar ao infrator, desdelogo, que sua infração não ultrapassa-rá o valor da alçada, para deixar a seucargo a decisão de cumprir ou não ocomando judicial!

16. A experiência demonstra que amaioria das destinatárias de tais mul-tas são empresas telefônicas, de eletri-cidade, de televisão a cabo, cuja pres-tação de serviço se dá por meio de con-trato de adesão. Aliando-se poder eco-nômico à prévia ciência de que a multaa que podem sujeitar-se limita-se a 40salários mínimos, então é de prever-seque o preceito constitucional de cria-ção de juizados especiais para melhoradministração da composição de litígi-os terá eficácia bem limitada, valerá 40moedas, rectius 40 salários mínimos.

V – ENTENDIMENTO DO STJ

17. Examina-se agora o raciocínio ex-pressado no Recurso em Mandado de

Segurança nº 33.155-MA, de que foiRelatora a própria Ministra que admitiuas quatro reclamações mencionadas noitem 4 deste trabalho. No décimo-quartoparágrafo de seu Voto, a Relatora expõeque a Lei º 9.099/95 elegeu o valor dealçada como signo de causa de “menorcomplexidade”: “O valor de alçada (qua-renta salários mínimos) é fator eleito pelalei para definir o que se entende por cau-sa de ‘menor complexidade’” 7 O autordeste trabalho entende que a lei afron-tou a Constituição nesse ponto, como jávisto.

18. Logo ao início da parte do Votoque examina a relação multa/alçada,a Relatora estabelece que “a multanão é estimada segundo critério ob-jetivo correspondente ao conteúdomaterial da obrigação que busca com-pelir o devedor a cumprir” 8 Pondere-se, aqui, não haver sincronia tempo-ral entre aferição do valor da alçada(que deve ser conhecido logo antesdo ajuizamento da demanda) e o va-lor da multa (conhecido somente apósa sentença, ou em adiantamento des-ta, e se houver inação do réu). Os cri-térios obviamente diferem.

19. Considerando-se que a multacominatória não integra a sentença, aadoção pela Relatora do argumento deque ela não faz coisa julgada constituiproposição verdadeira, embora, poressa mesma razão (não integrar a sen-tença), seja destituída de sentido prá-tico. Ocorre que da verdade des-Ocorre que da verdade des-Ocorre que da verdade des-Ocorre que da verdade des-Ocorre que da verdade des-sa proposição não se pode con-sa proposição não se pode con-sa proposição não se pode con-sa proposição não se pode con-sa proposição não se pode con-cluir que a multa seja limitada aocluir que a multa seja limitada aocluir que a multa seja limitada aocluir que a multa seja limitada aocluir que a multa seja limitada aovalor da alçadavalor da alçadavalor da alçadavalor da alçadavalor da alçada. Note-se que o nãotransitar em julgado não decorre doart. 461, § 6º, mas sim de não se tra-tar de sentença. Não há relação nemnecessária, nem eventual, nem dequalquer outra natureza entre não pas-sar em julgado a multa e por isso terde limitar-se ao valor de alçada.

"Houve desvirtuamentoentre o que previu aConstituição e o que

construiu o legislador, emrelação aos juizados

especiais, cujo escopo eraresolver demandas de

menor complexidade semlevar em conta seu valor."

6 CPC, Art. 461 § 4º. O juiz poderá, na hipóte-se do parágrafo anterior ou na sentença,impor multa diária ao réu, independentemen-te de pedido do autor, se for suficiente oucompatível com a obrigação, fixando-lhe pra-zo razoável para o cumprimento do preceito.

7 Trecho do Voto proferido no RMS nº 33.155-MA.

8 Idem, idem.

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Julho | 2013IV As matérias publicadas neste suplemento são de responsabilidade exclusiva de seus autores.O encarte pode ser acessado, na íntegra, no site da ADVOCEF (menu Publicações).

Ano XII | Nº 125 | Julho | 2013

20. O conjunto em que se inclu-em causas de menor complexidade oude valor limitado e as sentenças queas julgam não possui nenhum pontode contato com o conjunto das mul-tas cominatórias aplicadas por essassentenças. E isto porque, repita-E isto porque, repita-E isto porque, repita-E isto porque, repita-E isto porque, repita-se, multas não fazem parte dase, multas não fazem parte dase, multas não fazem parte dase, multas não fazem parte dase, multas não fazem parte dasentençasentençasentençasentençasentença. Não havendo pertinência,continência ou intersecção entre taisconjuntos, certamente o art. 39 da Leinº 9.099/95, limitador da eficácia fi-nanceira da sentença, não pode apli-car-se para limitar o valor da multaprevista potencialmente e aplicadacineticamente.

VI – REVISÃO DO VALOR DASMULTAS PELO STJ

21. Há julgados do STJ atributivosde sua competência para rever o va-lor da multa cominatória, se esta forde valor irrisório ou excessivo9. Paraestatuir tal competência, o STJ teve deafastar incidência da Súmula 7(impeditiva do reexame de matéria defato) de sua emissão. Ora, aplicaçãoda multa depende de descumprimento

de sentença prolatada por juiz de pri-meiro grau após exame exatamen-após exame exatamen-após exame exatamen-após exame exatamen-após exame exatamen-te dos fatos te dos fatos te dos fatos te dos fatos te dos fatos relacionados com aprestação determinada pelo juiz. Nãopode haver nada mais fático que apli-cação e incidência de multacominatória. Ainda assim o STJ fez-secompetente para rever o valor da mul-ta!

22. Agora a questão: o que vem aser valor irrisório ou excessivo damulta, que a transforme em questãode direito e não de fato, para que,afastada a incidência da Súmula 7,possa o STJ revisá-la? A indagaçãoprocede, pois ou a multa é questãode direito ou de fato, tertius nondatur. Não sendo de direito, a incidên-cia da Súmula 7 teria de ser plena,incondicionada, para que sua aplica-ção jamais pudesse caracterizar-secomo casuísmo.

"Convenha-se tratar-se aíde paupérrima técnica

legislativa: na mesma leium dispositivo posteriorrevogar a outro anterior,

em verdadeiro'canibalismo' legal."

natureza de tratar-se de meio virtual-mente coativo de cumprimento deprestação, imposta (pelo juiz) ou pac-tuada (pelas partes).

23.2 – Pontos divergentes: dife-dife-dife-dife-dife-rem, essencialmente, porque arem, essencialmente, porque arem, essencialmente, porque arem, essencialmente, porque arem, essencialmente, porque amulta possui natureza processu-multa possui natureza processu-multa possui natureza processu-multa possui natureza processu-multa possui natureza processu-al e a cláusula penal, naturezaal e a cláusula penal, naturezaal e a cláusula penal, naturezaal e a cláusula penal, naturezaal e a cláusula penal, naturezacivil. civil. civil. civil. civil. Essa diferença afasta, na visãodeste trabalho, qualquer possibilida-de de incidência, na multacominatória, do limitador previsto noart. 412 do Código Civil: “O valor dacominação imposta na cláusula pe-nal não pode exceder o da obrigaçãoprincipal”. Veja-se que extensão dalimitação civilista ao campo processu-al da multa cominatória implicará di-minuição do poder cogente da sen-tença e enfraquecimento de decisãoproveniente do Judiciário, sem baseem nenhuma norma de direito proces-sual.

24. Excesso ou eventual falta decritério na aplicação da multacominatória deveria ser corrigida pe-los meios disponíveis nesses âmbitosjurisdicionais. Relativização do âmbi-to de validade da Súmula 7 do STJ peloSTJ certamente relativiza, também, arazão de sua emissão e a força de suaaplicação. O ser irrisório ou excessi-vo o valor da multa cominatória apli-cada nas instâncias ordinárias se deveresolver no âmbito de competênciadessas instâncias e não por criticável“poder discricionário residual” do STJ.Logo, a expressão numérica da multanão impediria incidência da Súmula7 do STJ para vedar ao STJ revisão deseu valor.

Agradeço ao colega AdelayBonolo revisão e crítica.

(Artigo publicado originalmente naRevista Seleções Jurídicas –

COAD.)

9 Por exemplo: AgRg no Ag 1296667/RS AGRA-VO. REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRU-MENTO 2010/0062748-3. Relator(a) Minis-tro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (1147): “Afixação das astreintes por descumprimentode decisão judicial baseia-se nas peculiari-dades da causa. Assim, afastando a inci-dência da Súmula nº 7/STJ, somente com-porta revisão por este Tribunal quando irri-sória ou exorbitante, o que não ocorreu nahipótese dos autos, em que o valor foi arbi-trado em R$ 30,00 (trinta reais). Preceden-tes.”E AgRg no AREsp 259016 / SP. AGRAVO RE-GIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPE-CIAL 2012/0231930-6. Relator(a) MinistroSIDNEI BENETI (1137): - A revisão do valorda multa cominatória aplicada (astreinte)somente é possível, em sede de recursoespecial, quando o valor for irrisório ou exa-gerado, o que não ocorre no presente caso.Precedentes.”

23. Em tentativa de vislumbrar-sealgum viés não meramente fático namulta cominatória, pode-se compará-la com a cláusula penal prevista noart. 408 e seguintes do Código Civil.

23.1 Pontos em comum: a multaincide sob a condição de não cumpri-mento da prestação imposta pela sen-tença, enquanto a cláusula penal, porinadimplemento total ou parcial,culposo ou não do devedor de pres-tação. Possuem em comum, ainda, a