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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR APENDICULAR COM QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS: UM ESTUDO TRANVERSAL Alana Monteiro Bispo da Silva NATAL/RN 2021

ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

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Page 1: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU

EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA

MUSCULAR APENDICULAR COM QUALIDADE DE VIDA

EM IDOSOS: UM ESTUDO TRANVERSAL

Alana Monteiro Bispo da Silva

NATAL/RN

2021

Page 2: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

ii

ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

APENDICULAR COM QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS: UM ESTUDO

TRANVERSAL

ALANA MONTEIRO BISPO DA SILVA

Projeto de dissertação apresentado ao Programa

de Pós-graduação em Educação Física da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como pré-requisito para obtenção do grau de

Mestre em Educação Física.

ORIENTADOR: Prof. Dr. ANA PAULA TRUSSARDI FAYH

COORIENTADOR: Prof. Dr. EDUARDO CALDAS COSTA

NATAL/RN

2021

Page 3: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

Silva, Alana Monteiro Bispo da. A ssociação entre força muscular e massa muscular apendicularcom qualidade de vida em idosos: um estudo tranversal / AlanaMonteiro Bispo da Silva. - 2021. 61f.: il.

Dissertação (Mestrado em Educação Física) - UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde,Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Natal, RN, 2021. Orientadora: Dra. Ana Paula Trussardi Fayh. Coorientador: Dr. Eduardo Caldas Costa.

1. Envelhecimento - Dissertação. 2. Bioimpedância -Dissertação. 3. Força do aperto de mão - Dissertação. 4. Testede sentar e levantar - Dissertação. 5. Qualidade de vidarelacionada à saúde - Dissertação. I. Fayh, Ana Paula Trussardi.II. Costa, Eduardo Caldas. III. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 616-053.9

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263

Page 4: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

iii

ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA

MUSCULAR APENDICULAR COM QUALIDADE DE VIDA

EM IDOSOS: UM ESTUDO TRANVERSAL

Projeto de dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação Stricto

Sensu em Educação Física, da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte – UFRN como pré-requisito para obtenção do título de Mestre em

Educação Física.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Professor Dr. Ana Paula Trussardi Fayh

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientador

____________________________________________

Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Co-orientador

____________________________________________

Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Membro Titular Interno

____________________________________________

Prof. Dr. Renata Moraes Bielemann

Universidade Federal de Pelotas

Membro Titular Externo

Aprovado em: ___/___/2021.

NATAL/RN

Page 5: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

iv

Dedico este trabalho a Deus, minha família e

queridos amigos.

Page 6: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

v

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, meu criador, redentor e Pai. Pois sem seu

direcionamento e permissão, nada disso seria possível.

Gostaria de agradecer também aos meus pais, Luciano e Cristina, por tamanho amor,

investimento, incentivo e cuidado. Sem vocês eu nada seria!

Agradeço também aos meus irmãos, Luciana e Leonardo, por todo o suporte e

irmandade que me ajudaram a chegar até aqui. Amo vocês.

Quero expressar minha gratidão à minha orientadora, Ana Paula e seu grupo de pesquisa

GEMEN, primeiramente por ter me acolhido e, posteriormente, dado todo o suporte necessário

para que eu chegasse até aqui. Meu muito obrigada a todos vocês!

Quero agradecer imensamente ao meu coorientador, Eduardo Caldas, e ao seu grupo de

pesquisa GPEACE, por terem me acolhido, ensinado e ajudado quando eu mais precisei. Sem

a ajuda de cada um de vocês dessa família eu não conseguiria ter chegado até aqui. Serei

eternamente grata por tamanha empatia e amor pelo trabalho que fazem! Obrigada a todos

vocês!

Agradeço também aos meus antigos colegas e professores do grupo de pesquisa LAFIS,

os quais me introduziram no mundo da pesquisa na educação física. Obrigada pela jornada que

vivemos!

Quero agradecer a todos os amigos do mestrado e da vida, colegas e participantes desse

estudo que, de alguma forma, contribuíram para que esse trabalho fosse feito. Da mesma

forma, a todos os docentes por quem passei nessa pós-graduação e que de alguma forma

deixaram um pouco deles em mim, muito obrigada por todo aprendizado.

Em especial, gostaria de agradecer ao meu grande amigo Elmir Henrique por acreditar

em mim e me incentivar durante todo o processo, se não fosse por você, amigo, eu não teria

feito aquela seleção. Agradeço também ao amigo Matheus Dantas que me socorreu por

diversas vezes durante essa jornada, obrigada de coração! E aos queridos Geovani e Márcio

que me deram todo o suporte necessário durante as coletas e organização do banco de dados,

Ludmila pelo ombro amigo durante toda essa trajetória e Rodrigo, pelo suporte durante a fase

final de análise estatística e organização do trabalho. Serei eternamente grata a cada um de

vocês!

Page 7: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

vi

Por último, mas não menos importante, gostaria de agradecer ao meu noivo e melhor

amigo, Flávio Anselmo. Que me incentivou, ajudou e acolheu desde o período de estudos para

o processo seletivo e que durante toda essa jornada esteve comigo, dando todo o suporte

necessário para que eu pudesse caminhar, se não fosse por você, nada disso estaria

acontecendo. Eu te amo e obrigada por tudo!

Page 8: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

vii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 15

2 OBJETIVO GERAL......................................................................................... 16

2.1 Objetivos Específicos....................................................................................... 16

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................... 17

3.1. Envelhecimento Populacional: Epidemiologia................................................. 17

3.2. Força Muscular: Fisiopatologia e Mecanismos de Identificação..................... 18

3.3. Massa Muscular Apendicular: Fisiopatologia e Mecanismos de

Identificação. 20

3.4. Qualidade de Vida no Envelhecimento: Associação com a Perda da Função

Física............................................................................................................ 22

3.5. Associação entre massa e força muscular com qualidade de vida em idosos 25

4. MÉTODOS........................................................................................... 29

4.1. Delineamento do Estudo.............................................................................. 29

4.2. Caracterização da Amostra............................................................................... 29

4.3. Aspectos Éticos................................................................................................ 29

4.4. Logística do Estudo.......................................................................................... 30

4.5. Avaliações........................................................................................................ 30

4.5.1. Características Socioeconômicas e demográficas............................................ 30

4.5.2. Avaliações de Força e Massa Muscular........................................................... 31

4.5.3. Avaliação Antropométrica e da Composição Corporal ................................... 31

4.5.4. Força Muscular................................................................................................. 32

4.5.5. Qualidade de Vida: WHOQOL-BREF (escore total e seus domínios)............ 32

4.5.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................... 33

5. RESULTADOS................................................................................................ 34

6. DISCUSSÃO.................................................................................................... 42

7. CONCLUSÃO.................................................................................................. 46

8. REFERÊNCIAS............................................................................................... 47

ANEXO I – Questionário de Qualidade de Vida: WHOQOL-BREF.............. 56

APÊNDICES.................................................................................................... 58

Análise bivariada entre qualidade de vida e potenciais variáveis de confusão

dos idosos, residentes em Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de

2019............................................................................................................ 58

Covariáveis incluídas nos modelos ajustados multivariáveis da figura 2, de

idosos, residentes em Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de

2019............................................................................................................. 59

Razão de prevalência para baixos scores de QV entre os idosos com baixa

vs. adequada força de MMII, baixa vs. adequada força de MMSS e baixa vs.

adequada MMA de idosos, residentes em Natal/RN, outubro de 2018 a

dezembro de 2019............................................................................................ 60

Page 9: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características dos participantes do estudo (n = 399)......................... 35

Tabela 2- Correlação entre teste de força de preensão manual, teste de sentar e

levantar e massa muscular apendicular com qualidade de vida em

idosos................................................................................................... 38

Tabela 3 - Prevalência para baixos e altos scores de qualidade de vida entre os

idosos com desempenho no teste de sentar e levantar baixo vs.

adequado, força de preensão manual baixa vs. adequada e massa

muscular apendicular baixa vs. adequada............................................ 39

Tabela

suplementar

1 -

Análise bivariada entre qualidade de vida e potenciais variáveis de

confusão...............................................................................................

58

Tabela

suplementar

2 -

Covariáveis incluídas nos modelos ajustados da Tabela 6..................

59

Tabela

suplementar

3 -

Razão de prevalência para baixos scores (necessita

melhorar/regular) de qualidade de vida entre os idosos com

desempenho no teste de sentar e levantar baixo vs. adequado, força

de preensão manual baixa vs. adequada e massa muscular

apendicular baixa vs. adequada........................................................... 60

Page 10: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do Estudo........................................................................... 34

Figura 2 - Razão de prevalência para baixos scores de QV e baixa vs adequada

força de MMII, MMSS e MMA............................................................ 40

Page 11: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Levantamento dos principais estudos associando força de MMII,

MMSS, MMA e QV. 27

Page 12: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

xi

LISTA DE ABREVIATURAS

AVC Acidente Vascular Cerebral

BIA Bioimpedância Elétrica

CORE Cardiovascular, Cognitive and Exercise Study in Elderly

DEXA Absorciometria por Raios-X com Dupla Energia

DP Desvio Padrão

EDG Escala de Depressão Geriátrica

EWGSOP2 Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em Pessoas Idosas

FPM Força de Preensão Manual

HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC Intervalo de Confiança

IMC Índice de Massa Corporal

MMA Massa Muscular Apendicular

N Valor absoluto

NAF Nível de Atividade Física

NHSS Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

OMS Organização Mundial da Saúde

PESQCLIN Laboratório de Pesquisa Clínica

QV Qualidade de vida

RP Razão de Prevalência

SARQOL Questionário de Qualidade de Vida para Sarcopenia

SM Salário Mínimo

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TSL Teste de Sentar e Levantar

WHO World Health Organization

WHOQOL Grupo de Qualidade de Vida

MMSS Membros superiores

MMII Membros inferiores

Page 13: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

xii

RESUMO

ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

APENDICULAR COM QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS: UM ESTUDO

TRANVERSAL

Autor: Alana Monteiro Bispo da Silva

Orientador: Prof. Dr. Ana Paula Trussardi Fayh

Co-orientador: Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa

Introdução: Alterações neuromusculares são observadas com o envelhecimento, incluindo

composição corporal e força muscular. Reduções na massa muscular apendicular (MMA) e

força muscular são associadas com eventos adversos à saúde em idosos. Porém, a relação entre

MMA e força muscular de membros superiores e inferiores com qualidade de vida (QV) de

idosos ainda é pouco compreendida. Objetivo: Analisar a associação da força de membros

inferiores e superiores e MMA com a QV de idosos. Métodos: Estudo transversal realizado

com 399 idosos, entre 60 e 80 anos, não institucionalizados e residentes em Natal/RN. A força

muscular de membros inferiores (MMII) foi avaliada pelo teste de sentar e levantar em 30 s

(TSL) e a força de membros superiores (MMSS) pela força de preensão manual (FPM). A

MMA foi avaliada por bioimpedância elétrica. Valores abaixo do percentil 25 de força de

MMII, MMSS e MMA, estratificados por sexo, foram considerados como “baixa MMA” e

“baixa força muscular”. A QV foi avaliada pelo questionário WHOQOL-BREF (geral e

domínios específicos: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente). Escores de QV

geral e domínio específico “regular” e “necessita melhorar” foram agrupados para as análises

multivariadas. Resultados: Houve correlação positiva entre MMA e domínios psicológicos e

relações sociais da QV (r = 0,105-0,121; p < 0,05). Não houve correlação entre força de

MMSS e QV (p > 0,05). A força de MMII se correlacionou positivamente com todos os

domínios da QV (r = 0,175-0,343; p < 0,05). Baixa MMA foi associada com baixa QV no

domínio psicológico (razão de prevalência [RP]: 1,30, IC 95% 1,12–1,52). Baixa força de

MMSS foi associada com baixa QV geral (RP: 1,09, IC 95% 1,01–1,17). Baixa força de MMII

foi associada com baixa QV geral (RP: 1,20, IC 95% 1,05–1,39), domínio físico (RP: 1,34, IC

95% 1,10–1,63), psicológico (RP: 1,34, IC 95% 1,10–1,63) e meio ambiente (RP: 1,12, IC

95% 1,00–1,24). Conclusão: A força muscular, principalmente de MMII, foi associada com a

qualidade de vida dos idosos não institucionalizados, o que não ocorreu com a massa muscular

apendicular e a força de MMSS.

Page 14: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

xiii

Palavras-chave: Envelhecimento; Bioimpedância, Força do aperto de mão; Teste de sentar e

levantar; Qualidade de vida relacionada à saúde.

ABSTRACT

ASSOCIATION BETWEEN MUSCLE STRENGTH AND APPENDICULAR MUSCLE

MASS WITH QUALITY OF LIFE IN OLDER ADULTS: A CROSS-SECTIONAL

STUDY

Author: Alana Monteiro Bispo da Silva

Advisor: Prof. Dr. Ana Paula Trussardi Fayh

Co-advisor: Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa

Introduction: Neuromuscular alterations are observed with age, including body composition

and muscle strength. Reduction of appendicular muscle mass (AMM) and muscle strength are

related to adverse events in older adults health. However, relation between AMM and muscle

strengh of lower and upper limbs with quality of life (QoL) of older adults is not sufficiently

understood. Objectives: Evaluate the relation between muscle strength of lower and upper

limbs and AMM with QoL of older adults. Methods: Cross-sectional study composed by 399

older adults with 60 to 80 years old community-dwelling. Muscle strength of lower limbs (LL)

was evaluated by sit-to-stand test in 30 seconds (SST) and strength of upper limbs (UP) by the

test of hand grip strength (HGS). AMM was evaluated by bioelectrical impedance. Data lower

than 25 percentiles of LL, UP and AMM by gender were considerate “low AMM” and “low

muscle strength”. QoL was evaluated by WHOQOL-BREF questionnaire (general and

specifics aspects: Phisical, Psychological, Social, Environmental). General and specifics

aspects scores of QoL such as “needs to improve” and “regular” were grouped for multivariate

analysis. Results: There was positive correlation between AMM and Pshycological and Social

aspects of QoL (r = 0,105-0,121; p < 0,05). There was no correlation between strength of UP

and QoL (p > 0,05). Strength of LL was correlated positivily with all the aspects of QoL (r =

0,175-0,343; p < 0,05). Low AMM was related to low QoL in Psychological aspect

(prevalence ratio [PR]: 1,30, IC 95% 1,12–1,52). Low muscle strength of UP were associated

to low general QoL (PR: 1,09, IC 95% 1,01–1,17). Low muscle strength of LL were

associated to low general QoL (PR: 1,20, IC 95% 1,05–1,39), physical aspect (PR: 1,34, IC

95% 1,10–1,63), psychological (PR: 1,34, IC 95% 1,10–1,63) and environmental (PR: 1,12, IC

Page 15: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

xiv

95% 1,00–1,24). Conclusion: Muscle strength, lower limbs mainly, was related to quality of

life in older adults community-dwelling but did not with appendicular muscle mass and

strength of UP.

Key words: Aging; Bioimpedance; Strength of hand grip; Sit-to-stand test; Quality of life

related to health.

Page 16: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

15

1. INTRODUÇÃO

No envelhecimento, observam-se alterações na composição corporal, incluindo perda de

força muscular e massa muscular esquelética (1). A partir dos 50 anos, a perda de músculo dos

membros inferiores é de 1 a 2% ao ano e a perda de força de 1,5 a 5% por ano (2). Em alguns

indivíduos, essas alterações são atribuíveis ao envelhecimento, em outros as causas podem ser

fatores genéticos e de estilo de vida, nutrição, sedentarismo e outras doenças (3).

A redução de força e massa muscular apendicular (MMA) está associada a vários

eventos adversos para a saúde, como maior risco de declínio funcional, mobilidade reduzida,

incapacidade física, hospitalização e aumento do tempo de internação, maior número de

quedas, fraturas, aumento do risco de fragilidade (4). Todas essas consequências têm um efeito

prejudicial sobre a qualidade de vida (QV), além de aumentar a dependência de idosos (5).

O Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL), da Organização Mundial da Saúde (OMS),

define QV como o entendimento do ser humano de seu posicionamento na vida no contexto

cultural e sistema de valores nos quais ele está inserido e em relação às suas metas,

expectativas, padrões e aflições. Nesse conceito estão englobadas a subjetividade, o contexto

social e cultural, a multidimensionalidade, o biológico e o psicológico (6).

A força e massa muscular reduzidas tem prevalência de 16,6 a 34,4% e 4,3 a 5,5% (7),

respectivamente, em homens e mulheres, da população brasileira a partir dos 50 anos (7,8). No

entanto, podem ter sua aparição retardada quando proporcionado um envelhecimento ativo e

saudável (9). Para valorizar medidas preventivas, é essencial conhecer as repercussões dessas

mudanças e seu impacto na QV de idosos não institucionalizados, que seriam idosos

considerados com melhor QV (9,10).

Apesar de estudos avaliarem a baixa força, quantidade muscular e QV (1,5,11), a

maioria avalia somente a força de membros superiores (MMSS) e usa a absorciometria por

raios-X com dupla energia (DEXA) como ferramenta de avaliação corporal. No entanto, sabe-

se que a perda é diferente entre os membros no envelhecimento (12,13), e o DEXA nem

sempre é viável na prática clínica, devido ao alto custo do equipamento (14,15). Além disso,

pouco se sabe sobre a associação da força de MMSS, de membros inferiores (MMII) e da

MMA com a QV de idosos, a partir da BIA que é uma ferramenta prática, de menor custo e de

fácil uso na prática clínica. Diante disso, há a necessidade de avaliar o impacto desses

parâmetros na QV, principalmente em idosos, que seria o público mais afetado pela perda de

força e MMA (4,5) e fornecer subsídios para a prática clínica na prevenção e tratamento.

Page 17: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

16

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar a associação da força de MMII, MMSS e MMA com a qualidade de vida em idosos

não institucionalizados.

2.2 Objetivos Específicos

1) Descrever a força de MMII, MMSS e MMA de idosos não institucionalizados;

2) Descrever a QV de idosos não institucionalizados;

3) Investigar a associação da força muscular e MMA com a QV de idosos não

institucionalizados.

Page 18: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

17

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Envelhecimento Populacional: Epidemiologia

O envelhecimento humano é mediado e influenciado por mudanças complexas. Em nível

biológico, o envelhecimento é associado ao acúmulo de uma grande variedade de danos

moleculares e celulares (16). Com o tempo, esse dano leva a uma perda gradual nas reservas

fisiológicas, um aumento do risco de contrair doenças e um declínio geral na capacidade

inerente ao indivíduo (11).

Segundo a Organização Mundial da Saúde, entre 2015 e 2050, a proporção da população

mundial com mais de 60 anos quase dobrará, com estimativas de aumento de 12% para 22%

(18). O Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas nessa faixa etária, representando 13% da

população do país. Esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas, segundo a Projeção

da População divulgada em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (19).

A partir dos 60 anos de idade, é comum a perda de audição, visão e movimentos

relacionados ao envelhecimento, bem como a aparição de doenças crônicas não transmissíveis,

incluindo doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, doenças respiratórias crônicas, câncer

e demência (16,20). Além disso, o envelhecimento também é associado ao risco de

multimorbidade. O impacto da multimorbidade no funcionamento, utilização de instalações de

saúde e custos é inúmeras vezes significativamente maior do que poderia ser esperado dos

efeitos individuais dessas condições (16).

Além dos problemas de saúde citados, a perda da musculatura esquelética é um

problema de grande interesse na saúde pública, e é consequência das mudanças demográficas

na população (17,21). Está associado a alto risco de quedas, perda de autonomia em idosos e

institucionalizações e suas causas incluem a idade, mudanças na composição corporal,

inflamação e desequilíbrio hormonal (17). Ademais, associar as mudanças na massa e na força

muscular, em conjunto, implica em aceitar que há uma relação causal entre estas variáveis e

que alterações na massa muscular são direta e integralmente responsáveis pela mudança na

força muscular (22). Portanto, recomenda-se a investigação individual de cada variável e seus

impactos na QV dos idosos.

Page 19: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

18

3.2. Força Muscular: Fisiopatologia e Mecanismos de Identificação

Estudos longitudinais envolvendo massa e forca muscular vem demonstrando uma

redução muito mais rápida da forca muscular do que da massa muscular em idosos, sugerindo

que, ao envelhecer, ocorre um comprometimento da qualidade do músculo e que o ganho de

massa muscular, isoladamente, pode não prevenir o declínio da forca muscular (23–25). Nesse

contexto, autores sugerem que seja separado o conceito de redução de massa muscular do

conceito de redução de força (2,7,11,26).

A perda de força muscular é um declínio multifatorial em que a massa muscular pode ser

uma das causas (27,28). As modificações corporais do processo de envelhecimento geram

alterações na qualidade das fibras musculares com consequente redução da sua capacidade

intrínseca de gerar força (29). Os mecanismos envolvidos incluem a perda de elasticidade e

alterações nos processos celulares e moleculares, que afetam as células satélite, a função

mitocondrial, o acoplamento excitação-contração e a interação entre os miofilamentos (28,30).

Além disso, a arquitetura geral do músculo esquelético é alterada com o envelhecimento,

observando-se diminuição nas dimensões dos fascículos musculares e do ângulo de inserção

dos tendões (ângulo de penação) (31). A diminuição do comprimento fascicular leva a uma

perda de sarcómeros em série e consequentemente redução da velocidade de encurtamento

muscular, ou seja, além da perda de sarcómeros, um decréscimo no potencial de gerar força

muscular (32).

A perda de força muscular relacionada à idade parece ter maior peso em sua aparição em

indivíduos com estilo de vida sedentário, doenças crônicas, histórico de quedas, perda

inexplicada de peso, fatores psicológicos ou percepção subjetiva de limitações (33). A perda

de força é um preditor de incapacidade e mortalidade mais importante do que a perda da massa

muscular isoladamente, principalmente a força dos membros inferiores (34). Uma possível

explicação seria o fato de ela estar mais relacionada com a realização de tarefas cotidianas, as

quais são habilidades básicas relacionadas com o nível de independência funcional (35).

Embora essa diminuição seja um fenômeno sistêmico, identificar o grupo muscular

representativo desta alteração pode agilizar o processo avaliativo dos idosos com propensão de

desenvolver a síndrome (26).

Segundo Marques e colaboradores (2019), aproximadamente um quarto da população do

seu estudo com idosos apresentava baixa força, principalmente associada ao sexo masculino,

Page 20: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

19

idade avançada, menor circunferência do braço e panturrilha e tríceps como menor dobra

cutânea. A baixa força representa maior risco de morbimortalidade em pessoas idosas. Além

disso, a avaliação da força muscular pode ajudar nos procedimentos de intervenção para

impedir ou retardar futuras limitações ou deficiência em idosos (37).

Reconhecendo este contexto, torna-se importante avaliar tanto a força de MMSS quanto

a de MMII, já que se sabe que há diferenças desse parâmetro entre os membros (12,38,39).

Sugere-se que a perda de força de MMII tem maior influência nas atividades da vida diária e

na autonomia que a força de MMSS (40).

Para avaliar força existem testes direcionados para avaliação de força de MMSS e

MMII, validados e com indicação de uso pelo Consenso Europeu de Sarcopenia (EWGSOP2)

(2,41). Para avaliar força de MMSS pode ser utilizado o teste de força de preensão manual

(Grip strength) através do equipamento dinamômetro de preensão manual (42), para força de

MMII, o teste de sentar e levantar da cadeira (Chair stand test) (43), onde o indivíduo senta e

levanta 5 vezes ou repete esse movimento durante 30 segundos (44,45).

Apesar da baixa força muscular estar associada ao envelhecimento, o seu

desenvolvimento é reconhecido por começar mais cedo na vida e tem muitas causas que

contribuem para o surgimento no envelhecimento (46). É grande a importância de se conhecer

sobre esse fenômeno bem como ter possibilidades cada vez maiores de prevenir, retardar e

tratar o aparecimento por meio de intervenções precoces e eficazes (16).

Page 21: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

20

3.3. Massa Muscular Apendicular: Fisiopatologia e Mecanismos de Identificação

O músculo esquelético representa aproximadamente 40% do peso corporal total e

deteriora-se quantitativa e qualitativamente com o processo de envelhecimento (47). Entre os

20 e 80 anos estima-se uma redução de 30% na massa muscular e de 20% na área de secção

transversal muscular, sendo mais notável a redução nos grupos musculares dos MMII (48).

O músculo esquelético é constituído por milhares a centenas de milhares de fibras, que

de acordo com a sua estrutura e composição molecular são classificadas em tipo I (fibras

lentas) e tipo II (fibras rápidas) (29,32). As fibras do tipo I são de contração lenta e têm

elevada capacidade oxidativa devido à grande quantidade de mitocôndrias e enzimas aeróbias,

sendo por isso altamente resistentes à fadiga. As fibras do tipo II são fibras de contração rápida

e com menor capacidade de oxidação (fadigam mais rapidamente), são adaptadas para

contrações rápidas e descontínuas. As do tipo II podem ainda ser subdivididas em IIA (perfil

de contração e metabólico intermediário) e IIB (mais rápidas e dependentes de glicólise)

(30,49).

A diminuição da massa muscular com o envelhecimento parece ser devida

principalmente à diminuição do número de fibras musculares, que afeta na mesma proporção

as fibras do tipo I e II (29,30). Porém, o diâmetro das fibras musculares também é afetado,

predominantemente as do tipo II que sofre uma redução de 10% a 40% (32). Estudos têm

demonstrado que as fibras do tipo IIB são as que percentualmente são mais afetadas tanto em

quantidade como em tamanho (29,49).

Vale ressaltar que várias alterações fisiológicas, além das citadas, estão associadas ao

envelhecimento muscular e que muitas delas não acontecem dentro das fibras musculares (28).

Como o acúmulo de tecido adiposo entre as fibras musculares, a perda de neurónios motores, a

remodelação das unidades motoras através da reinervação colateral e o comprometimento da

ativação neuromuscular (28,32).

Embora tenha sido postulado que a redução de massa muscular desempenha um papel

importante no declínio de força relacionado à idade, uma coorte de adultos com idade

avançada demonstrou que mudanças na quantidade de massa muscular poderiam explicar

apenas 5% da variabilidade do declínio da força (50). A construção da massa muscular é

regulada tanto por fatores sistêmicos quanto por fatores como concentração sarcoplasmática de

cálcio, estoque de nutrientes, concentração intramuscular de oxigênio, citocinas e temperatura.

Page 22: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

21

Esses fatores aumentam diretamente ou indiretamente a quantidade de proteínas da miofibrila

que compõe a musculatura esquelética (51).

A massa muscular esquelética pode ser estimada por uma variedade de técnicas

validadas para uso na prática clínica e em pesquisas, na maioria dos estudos utiliza-se a massa

muscular apendicular que é a massa muscular dos membros superiores e inferiores e é

postulada como medida padrão para investigação de doenças associadas ao músculo (2). A

massa muscular esquelética pode ser avaliada pela MMA através do DEXA (14), avaliação da

massa muscular esquelética ou apendicular (52) pela ressonância magnética e impedância

bioelétrica (BIA) (53), além de avaliação da massa muscular pela imagem de corte transversal

do músculo lombar pela tomografia computadorizada (2,54,55). Além disso, vários métodos

propiciam o ajuste desses valores pela altura, peso ou para o IMC (35). A maioria dos estudos

utiliza o DEXA e a BIA como ferramenta de avaliação da massa muscular (7).

A BIA se apresenta como uma ferramenta prática e de fácil uso para estimativa da massa

muscular total ou apendicular (56). O equipamento BIA estima a massa muscular, derivando a

informação a partir de informações da condutividade da passagem de uma corrente elétrica de

baixa intensidade no corpo inteiro (53). Trata-se de um método duplamente indireto de

composição corporal. É amplamente disponível, portátil e, em sua maioria, acessível,

especialmente instrumentos de frequência única (57). Idade, etnia e outras discrepâncias

relacionadas entre populações e pacientes devem ser consideradas na avaliação, além da

escolha da fórmula de predição de composição corporal mais adequada para a amostra (58).

Além disso, as medições da BIA também podem ser influenciadas pelo estado de hidratação

do paciente, uso de adornos ou acessórios de metal, prática de atividade física nas 24 horas

antecedentes ao exame, entre outros fatores (59). A BIA tem alta correlação com as medidas do

DEXA (60) e boa reprodutibilidade (61). Para acessibilidade e portabilidade, as determinações da

massa muscular baseadas na BIA podem ser preferíveis ao DEXA (28,29).

Page 23: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

22

3.4. Qualidade de Vida no Envelhecimento: Associação com a Perda da Função Física.

Segundo o Grupo de Qualidade de Vida, da Divisão de Saúde Mental da OMS, a QV

pode ser conceituada como a capacidade do indivíduo de perceber sua posição na vida no

contexto cultural e sistema de valores nos quais ele vive e, também, em relação aos seus

objetivos, expectativas, padrões e preocupações (63). Seu conceito é subjetivo e

multidimensional, incluindo elementos de avaliação positivos e negativos (63). Os

especialistas no assunto diferem ao conceituar QV, uma tentativa de definição engloba desde

estado de saúde, assim como uma variedade de domínios, como meio-ambiente, recursos

econômicos, relacionamentos, tempo para trabalho e lazer (33).

De acordo com essas definições, é necessário planejar um envelhecimento saudável para

a população idosa e esse processo é definido como o sistema de desenvolvimento e

manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar em idade avançada, segundo a

OMS (65). Para que aconteça o indivíduo precisa priorizar dois parâmetros, a capacidade

intrínseca, que se refere ao composto de todas as capacidades físicas e mentais que um

indivíduo pode apoiar-se em qualquer ponto no tempo (21). E os ambientes nos quais vivem e

suas interações neles. Esses ambientes fornecem uma gama de recursos ou barreiras que

decidirão se pessoas com um determinado nível de capacidade pode fazer as coisas que

consideram importantes (66). Portanto, embora pessoas com mais idade possam ter a

capacidade limitada, elas ainda podem ser capazes de realizar atividades da vida diária se

tiverem acesso a medicamentos, recursos de apoio (como muleta) e viverem próximas a

transportes acessíveis (16).

A QV é uma construção multidimensional proposta como um indicador de saúde da

população e sua avaliação é importante para planejar ações de promoção em saúde. A OMS,

em seu programa de saúde mental, desenvolveu alguns instrumentos para avaliar qualidade de

vida, como o WHOQOL-100, WHOQOL-OLD e WHOQOL-BREF (6).

Dentre os instrumentos mais comuns para se avaliar QV, tem-se o WHOQOL-BREF.

Ele consiste em um questionário simples e curto, que valoriza a percepção individual, podendo

avaliar a QV em diversos grupos e situações, independendo o nível de escolaridade do

indivíduo avaliado. Sua pontuação varia de zero a 100, e uma pontuação mais perto de 100

significa uma melhor qualidade vida. O instrumento apresenta propriedades psicométricas

satisfatórias e demanda pouco tempo de aplicação, além de ser possível descrever a percepção

Page 24: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

23

subjetiva de um indivíduo em relação à sua saúde física e psicológica, às relações sociais e ao

ambiente (67).

O WHOQOL-BREF tem 26 questões que variam a respeito da qualidade de vida global

e demais domínios, como “físico” (dor física e desconforto, dependência de

medicação/tratamento, energia e fadiga, mobilidade, sono e repouso, atividades da vida

cotidiana, capacidade para o trabalho), “psicológico” (sentimentos positivos e negativos, espi-

ritualidade/crenças pessoais, aprendizado/memória/concentração, aceitação da imagem

corporal e aparência, autoestima), “relações sociais” (relações pessoais, atividade sexual,

suporte/apoio social) e “ambiente” (segurança física, ambiente físico, recursos financeiros,

novas informações/habilidades, recreação e lazer, ambiente no lar, cuidados de saúde,

transporte) (67,68).

Levando em consideração os aspectos envolvidos na avaliação da qualidade de vida, é

importante pensar os impactos dos problemas relacionados à massa, força e função muscular

na vida dos idosos. A diminuição da função física está diretamente relacionada com a QV,

levando em conta que aproximadamente um terço dos idosos caem pelo menos uma vez por

ano e 4,1% das quedas resulta em fraturas (69). As quedas estão associadas à incapacidade

física, prejuízo funcional, dependência em atividades de vida diária, institucionalização,

aumento da morbidade e mortalidade (70). Vários fatores de risco foram encontrados para

predispor os idosos a quedas, incluindo velhice, sexo feminino, medo de cair, prejudicado

cognição, mobilidade e marcha, e um dos potencialmente fatores de risco modificáveis são a

baixa força e massa muscular (69,71).

Segundo um estudo transversal com 3493 participantes portugueses de ambos os sexos,

a partir dos 65 anos de idade, a baixa função muscular demonstra ter maior impacto sobre o

risco de dependência física em comparação com baixa massa muscular de forma isolada (72).

Além disso, força muscular foi associada a prejuízo cognitivo em múltiplas dimensões e

função cognitiva global (73). A obesidade, associada a esses componentes, aumentou o risco

de queda nesta população (74). Os idosos com baixa massa muscular esquelética ou baixa

função muscular são mais propensos a correr o risco de perder independência física na vida

adulta, principalmente acima de 90 anos. Embora baixa massa muscular represente fator de

risco para a independência física, a função muscular demonstra ter papel de liderança neste

relacionamento, e juntas, as condições desempenham um papel sinérgico na aumentando o

risco de perda de independência física (72).

Page 25: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

24

Em particular, a força muscular diminui com o envelhecimento, pois os níveis de

citocinas inflamatórias aumentam devido à infiltração de gordura no músculo e diminuição da

massa muscular pela à resistência à insulina (75). Um estudo coreano que avaliou dieta e

estado nutricional em idosos observou que a dificuldade com a preparação das refeições à

medida que o funcionamento físico se deteriora com o passar dos anos é um importante fator

de risco para a desnutrição, aumentando o nível de estado nutricional de vulnerabilidade e

consequentemente, diminuindo a massa, força e função muscular (76). Programas

multidimensionais e multidisciplinares que enfatizam nutrição e exercícios são necessários

para melhorar a FPM e massa muscular em idosos (46).

Diante disso, é importante prezar pelo cuidado para pessoas com baixa força e massa

muscular, pois tem altos encargos pessoais, sociais e econômicos quando não tratadas (66).

Esta situação de baixa massa muscular e força aumenta o risco de quedas e fraturas, prejudica

a capacidade de realizar atividades da vida diária, além de ser associada a um aumento do

risco de doenças crônicas e mortalidade precoce (70). Em termos financeiros, a baixa massa e

força muscular têm alto custo para os sistemas de saúde, aumentando o risco de hospitalização

e o custo dos cuidados durante a estadia do paciente no hospital e o tempo de internação (2).

Por fim, estudos enfatizam a importância da promoção do envelhecimento fisicamente ativo

com foco em programas de treinamento de resistência, para não apenas aumentar a massa

muscular, mas também força e função muscular são determinantes para adiar dependência

física no envelhecimento (42,49).

Page 26: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

25

3.5. Associação entre massa e força muscular com qualidade de vida em idosos

Na tentativa de proporcionar um envelhecimento ativo e saudável para pessoas idosas e

proporcionar mais autonomia e independência nas atividades da vida diária (65), é possível

observar um aumento crescente nos estudos sobre os parâmetros de massa e força muscular e

sua influência na QV de idosos (11,46,78–80).

Na Bélgica, um estudo longitudinal denomidado “SarcophAge” acompanhou 534 idosos,

a partir dos 65 anos, durante um ano e usou o DEXA para avaliar composição corporal e a

FPM para avaliar força de MMSS e o TSL para avaliar força de MMII. O estudo encontrou

que os indivíduos com baixa força e massa muscular estiveram associados a piores escores de

QV, idade mais avançada, a mais comorbidades, desnutrição e consumo de polifarmácia (1).

Na Coréia, um estudo transversal que avaliou a qualidade de vida em associação com a

FPM em 2377 idosos a partir dos 65 anos, encontrou 25,4% de baixa FPM nessa amostra.

Além disso, a baixa força se associou com piores escores de QV nos domínios, mobilidade,

autocuidado, atividades usuais, dor e desconforto, ansiedade e depressão. Foi usado o

instrumento EuroQol de auto relato de QV (46). Essas evidências mostram que o suporte,

interesse e intervenções da sociedade devem ser fornecidos de forma efetiva para idosos com

baixa força. Além disso, a promoção e educação sobre a importância da FPM adequada em

idosos (81).

De acordo com um estudo transversal realizado na Áustria, com idosos a partir dos 65

anos, não foi observada associação entre a massa muscular esquelética e QV (78). Em relação

às valências físicas, este mesmo estudo mostrou uma associação entre equilíbrio, habilidades e

força de preensão manual com QV, sendo o equilíbrio a valência com mais forte asociação aos

domínios de QV de saúde física, autonomia e participação social (78). Ainda nesta

perspectiva, outro estudo prospectivo e observacional realizado em Portugal, com o intuito de

comparar os níveis de força, massa muscular e QV em idosos não institucionalizados, avaliou

105 idosos a partir dos 60 anos e usando o questionário SF-36 de QV, e encontrou que maior

massa muscular esquelética foi associada com maior QV nessa amostra (79).

De acordo com os estudos internacionais apresentados, apesar da associação da força

com a QV, pouco se pesquisou sobre a associação da força de MMII e seu impacto nos

diferentes domínios de QV já que se sabe que a força se altera diferentemente entre os

membros superiores e inferiores no processo de envelhecimento (12,13). Além disso,

diferentes instrumentos têm sido utilizados entre os países para avaliação da QV, dificultando

Page 27: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

26

a padronização dessa análise, apesar de termos instrumentos validados mundialmente pela

OMS para avaliação dessa variável (6).

No Brasil, um estudo transversal avaliou 584 idosos do sul do país, a partir dos 60 anos.

Os autores avaliaram a associação entre FPM, baixa massa muscular e QV, e observaram que

associação positiva entre FPM e QV e associação negativa entre baixa força e massa muscular

com QV (11). Nesta mesma perspectiva, um outro estudo brasileiro avaliou a associação entre

desempenho físico de membros inferiores, FPM e QV em idosos. Esse estudou tranversal

avaliou 608 idosos de Minas Gerais a partir dos 60 anos e usou o WHOQOL-BREF e o

WHOQOL-OLD para avaliar QV, a FPM para avaliar força de MMSS e o Short Physical

Performance Battery (SPPB) para avaliar desempenho físico dos MMII. Piores escores de QV

se associaram a menor força de MMSS e menor desempenho de MMII (80).

Os estudos brasileiros começam a investigar a associação também da força de MMII

com a QV, além da força de preensão manual, e se tem preferido usar os instrumentos

desenvolvidos pela OMS para avaliação da QV melhorando a padronização dos estudos (80).

Ainda assim, os estudos usam apenas o DEXA para avaliação da massa muscular, que além de

alto custo para financiamento das pesquisas não é uma ferramenta prática nem viável para uso

na prática clínica na investigação de baixa massa muscular esquelética (11,79). Além disso,

estudos avaliando tanto os parâmetros de força quanto o de massa muscular nos mesmos

indivíduos e associando com a QV se fazem necessários para entender não só a repercussão

deles na QV, mas também para compreender se isoladamente tratados ou prevenidos trazem

algum impacto positivo na QV dos idosos.

O Quadro 1 sintetiza panorama geral dos estudos associando força de MMII e MMSS

com QV. De uma forma geral, é possível observar que existe uma relação linear direta entre a

massa muscular e a qualidade de vida. No entanto, resta saber se esta relação ocorre de forma

semelhante entre os MMII e MMSS, pois a escassez de estudos na temática não nos permite

tirar esta conclusão.

Page 28: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

27

Quadro 1 – Levantamento dos principais estudos associando força de massa muscular apendicular total e de membros

superiores e inferiores com a qualidade de vida.

Autor (ano)/

Local

Delineamento do estudo

e amostra Variável avaliada

Instrumento de

Avaliação Principais Resultados

Beaudart et al

(2015) / Bélgica

Prospectivo longitudinal

com duração de cinco

anos/ N = 534/ ≥ 65 anos

MMA

Força de MMSS

Força de MMII

QV

DEXA

FPM

TSL

SF-36

Baixa força e MMA se associaram a

piores escores de QV, idade mais

avançada, mais comorbidades,

desnutrição e consumo de polifarmácia.

Kwak, Kim

(2017) / Coreia

Transversal/ N = 2377/ ≥

65 anos

Força de MMSS

QV

FPM

EuroQol

Baixa força se associou com piores

escores de QV nos domínios,

mobilidade, autocuidado, atividades

usuais, dor e desconforto, ansiedade e

depressão.

Haider et al

(2016) / Áustria

Transversal/ N = 83/ ≥ 65

anos

MMA

Força de MMSS

Força de MMII

BIA

FPM

TSL

Não foi observada associação entre a

MMA e QV. Força de MMSS se

associou com QV geral.

Page 29: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

28

QV WHOQOL-BREF e

WHOQOL-OLD

Miguel, Guerreiro

(2021) / Portugal

Prospectivo

observacional/ N = 105 /

≥ 60 anos

MME

Força de MMII

QV

BIA

Cadeira isocinética

SF-36

Maior massa muscular esquelética foi

associada com maior QV.

Marques et al

(2018) / Brasil

(Florianópolis)

Transversal / N = 584 / ≥

60 anos

MMA

Força de MMSS

QV

DEXA

FPM

Associação positiva entre FPM e QV e

associação negativa entre baixa força e

massa muscular com QV.

Mara et al (2021)

/ Brasil (Minas

Gerais)

Transversal / N = 608 / ≥

60 anos

Força de MMSS

Força de MMII

QV

FPM

TSL

WHOQOL-BREF e

WHOQOL-OLD

Piores escores de QV se associaram a

menor força de MMSS e menor

desempenho de MMII.

Abreviações: N, número de participantes do estudo; MME, massa muscular esquelética; MMA, massa muscular apendicular; MMII, membros inferiores; MMSS,

membros superiores; QV, qualidade de vida; DEXA, absorciometria por raios-X com dupla energia; FPM, força de preensão manual; TSL, teste de sentar e

levantar; WHOQOL-BREF, questionário de QV; WHOQOL-OLD, questionário de QV; SF-36, questionário de QV; EuroQol, questionário de QV.

Page 30: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

29

4. MÉTODOS

4.1. Delineamento do Estudo

Trata-se de um estudo observacional de corte transversal.

4.2. Caracterização da Amostra

A pesquisa foi realizada com idosos de ambos os sexos, com idade entre 60 e 80 anos,

não institucionalizados, residentes em Natal-RN. O estudo foi divulgado em mídia (i.e., rádio,

televisão e jornal) e redes sociais para recrutamento da amostra por conveniência. Os critérios

de elegibilidade foram: i) idade entre 60 e 80 anos; ii) ausência de histórico de doenças ou

eventos cardiovasculares (i.e., infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico,

doença arterial coronariana, arritmias, doença vascular periférica); iii) ausência de limitações

osteomioarticulares que impedissem a realização de testes físicos. Critério de exclusão: não

comparecimento nas avaliações.

Trata-se de um estudo proveniente de um estudo guarda chuva intitulado de

“Cardiovascular, Cognitive and Exercise Study in Elderly” (CORE) que avaliou a saúde

cardiovascular de idosos residentes em Natal/RN. A amostra por conveniência, a limitação da

idade até 80 anos, critérios de inclusão e exclusão e tamanho amostral foram definidos de

acordo com o estudo maior.

4.3 Aspectos Éticos

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL (CEP-HUOL)

da UFRN (protocolo CAAE: 82609318.0.0000.5292; número do parecer: 2.603.422 /2018).

Os sujeitos da pesquisa foram totalmente esclarecidos no que diz respeito à natureza, aos

riscos e aos objetivos inerentes da pesquisa através do TCLE, de acordo com a Resolução

466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. A desistência da participação neste estudo pôde ser

feita a qualquer momento sem nenhum prejuízo ao participante.

Page 31: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

30

Ao final, foi entregue um relatório da avaliação realizada com cada idoso e seus

resultados com explicações de fácil entendimento para que os participantes pudessem ter uma

ideia de seu estado geral de saúde e qualidade de vida.

4.4. Logística do Estudo

As coletas de dados aconteceram no Laboratório de Pesquisa (Pesqclin) nas

dependências do Hospital Universitário Onofre Lopes e no departamento de educação física,

de junho a Dezembro de 2019. Foi realizada uma triagem inicial nos idosos com o objetivo de

definir melhor os sujeitos que participariam da pesquisa. Após a apresentação dos motivos e

métodos adotados na pesquisa, o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foi

explicado e assinado. Em seguida os idosos foram questionados sobre o histórico de doenças

para que fosse confirmada a sua elegibilidade como participante efetivo do estudo.

Cada indivíduo compareceu aos laboratórios da Universidade em três momentos

diferentes, para obtenção de dados de caracterização da população estudada, aplicação dos

testes físicos e de força, além do questionário de qualidade de vida.

4.5 Avaliações

4.5.1. Características Socioeconômicas e demográficas

As variáveis demográficas e socioeconômicas analisadas foram sexo, idade em anos,

renda per capita (se possuía mais ou menos que um salário mínimo), escolaridade (se possuía

ou não ensino superior), convivência marital dividida em duas categorias: sem companheiro e

com companheiro. A renda foi coletada através da renda total da família, incluindo auxílios e

benefícios recebidos e dividido pelo número de pessoas que vivem dessa renda. Quanto à

escolaridade foi perguntado até que série escolar o indivíduo estudou e após a coleta foi feita a

divisão se tem ou não ensino superior. Foram coletadas também informações sobre tabagismo,

se fumante, ex-fumante ou não fumante, de uso abusivo de álcool (quatro ou mais doses para

mulheres e cinco ou mais doses para homens), nível de atividade física (se ativo ou inativo de

acordo com os mets/semana) e presença de comorbidades como obesidade, diabetes,

hipertensão arterial e dislipidemias. Todas essas informações foram coletadas através de

questionário lido pelos responsáveis pela pesquisa.

Page 32: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

31

4.5.2. Avaliação Antropométrica e da Composição Corporal

Foram coletadas as seguintes medidas antropométricas para a caracterização da

população: massa corporal (Kg) e estatura (m). Para a medida da massa corporal foi utilizada a

balança eletrônica do equipámento InBody 270. A estatura foi aferida em estadiômetro digital

Charder modelo HM-210D (Charder Eletronic Co., LtdTaiwan) sem uso de nenhum

procedimento para minimizar as peculiaridades envolvidas no envelhecimento para avaliação

da estatura. Tanto para avaliação de peso quanto estatura o indivíduo foi orientado a estar

descalço, ereto, com roupas leves e sem adornos ou acessórios de cabelo que pudessem

atrapalhar a avaliação. As medidas de peso e estatura foram utilizadas para o cálculo do IMC:

[IMC = peso (kg)/ altura (m)²], em que o estado nutricional foi organizado de acordo com a

classificação utilizada pelo Ministério da Saúde para idosos, com pontos de corte de ≤

22kg/m2 para baixo peso, de 22 a 27kg/m2 para adequado, ≥ 27kg/m2 para sobrepeso e

adicionado o estado nutricional de obesidade para IMC maior que 30kg/m² (82).

Para avaliação da composição corporal foi utilizada a bioimpedância tetrapolar pelo

equipamento InBody 270 modelo BPM040S12F07 (InBody Co., Ltda). A BIA é uma técnica

para avaliação da massa magra apendicular com alta correlação com as medidas obtidas pelo

DEXA (60). Ela foi citada como método de avaliação da massa magra pelo Consenso Europe

de Sarcopenia (2,53), além de boa reprodutibilidade (61). O participante foi instruído de

acordo com as orientações do fabricante para realização da avaliação. Foi avaliada nesse

exame a massa muscular esquelética apendicular (MMA), cujo valor foi obtido diretamente do

equipamento em kg. O participante precisava estar em jejum de água e comida por pelo menos

três horas, sem nenhum utensílio ou adorno de metal e não realizar atividade física nas 24

horas antecedentes a avaliação. No momento da avaliação, o paciente precisava estar descalço

e estar em contato com os quatro eletrodos de metal do equipamento, dois encostados nos pés

e dois encostados nas mãos.

4.5.3. Força Muscular

Para avaliar força MMSS (kg) foi utilizado o teste de Força de Preensão Manual (FPM)

com o dinamômetro Jamar® modelo 5030J1. Tal procedimento foi conduzido conforme o

protocolo adotado por Coldham e colaboradores (83), e teste foi indicado pelo Consenso

Page 33: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

32

Europeu de Sarcopenia pra avaliação da força muscular (2,41). Os voluntários foram

orientados a realizar a preensão com o cotovelo do braço dominante na angulação de 90°, sem

estar apoiado ao corpo, durante a expiração, sem realizar a manobra de Valsalva e estimulados

verbalmente durante todo o teste, a aferição foi repetida três vezes com intervalo de um a dois

minutos entre cada medição (2). Essa avaliação foi feita em ambos os braços, com o pulso na

posição neutra e foi utilizado o maior valor entre as medições para as análises estatísticas.

Foi realizado também o TSL como medida de força MMII, a partir do número de

repetições. Foi contabilizado 30 segundos para o indivíduo realizar o máximo de repetições do

movimento de sentar e levantar em uma cadeira reta, sem “braços” e com encosto. Os

voluntários foram orientados a realizar o movimento com os braços levemente cruzados a

frente do peito e com os cotovelos em linha reta com os ombros, sem estar apoiado ao corpo

(37).

4.5.4. Qualidade de Vida: WHOQOL-BREF (escore total e seus domínios)

Para avaliar qualidade de vida foi utilizado o questionário WHOQOL-BREF (Anexo 1),

desenvolvido pela OMS, com unidade de medida em pontos. Este instrumento é constituído de

26 perguntas atribuídas a quatro domínios: Capacidade física, bem-estar psicológico, relações

sociais e meio ambiente. Além disso há um domínio separado que analisa a qualidade de vida

global. O instrumento WHOQOL-BREF apresenta desempenho psicométrico satisfatório em

idosos brasileiros, sendo uma alternativa útil na aferição de qualidade de vida da população

idosa. Suas questões são formuladas para respostas em escalas incluindo intensidade (“nada” a

“extremamente”), capacidade (“nada” a “completamente”), frequência (“nunca” a “sempre”) e

avaliação (“muito insatisfeito” a “muito satisfeito”; “muito ruim” a “muito bom”). Sua

classificação foi definida em pontuação menor que 59 (Necessita Melhorar a QV), pontuação

entre 60 a 79 (QV regular), entre 80 a 99 (boa QV) e 100 (Muito boa QV) (67,84,85).

4.5.5. Escala de depressão geriátrica (EDG)

A versão brasileira da GDS-15.20 é uma escala dicotômica, em que os participantes

responderam 15 perguntas sobre a presença ou a ausência de sintomas referentes a mudanças

de humor e a sentimentos específicos como desamparo, inutilidade, desinteresse,

aborrecimento e felicidade. A classificação dos resultados foi definida em pontuação 0 a 5

Page 34: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

33

“depressão improvável”, 6 a 9 “possível depressão” e 10 a 15 “depressão provavelmente

presente” (86).

4.5.6. Análise estatística

Os dados contínuos e categóricos foram expressos como média ± desvio padrão e

frequências absolutas e relativas, respectivamente. Os testes correlação de Spearman, Qui-

quadrado e exato de Fisher foram usados para a análise bivariada. Na análise multivariável, o

modelo de regressão de Poisson com variância robusta foi usado para calcular a razão de

prevalência (RP) e seus intervalos de confiança (IC) de 95% para baixos scores (“Necessita

melhorar”/”Regular”) de QV entre os idosos com “baixo” e “adequado” níveis de força de

MMSS, MMII e MMA.

Em relação aos resultados de força de MMSS, MMII e MMA, a distribuição dos dados

foi avaliada para determinar os quartis da amostra. Para determinar baixa força de MMSS,

baixa força de MMII e baixa MMA, foi utilizado como ponto de corte o percentil 25 (P25) da

amostra, estratificado por sexo, seguindo a metodologia proposta por Rikli e Jones (1999), que

sugerem considerar valores abaixo do percentil 25 como abaixo da média para desempenho

físico funcional de idosos, considerando sexo e faixa etária, além disso, a amostra por

conveniência também propiciou a escolha dessa metodologia (87).

Todos os modelos multivariáveis foram ajustados para as variáveis independentes que

foram associadas aos desfechos de QV nas análises bivariadas com um p < 0,20 (ver Tabela

Suplementar 1). A permanência da variável independente no modelo multivável obedeceu a

um p < 0,20, bem como sua capacidade de aprimorar o modelo por meio do teste de Omnibus

(ver Tabela Suplementar 2). Os pressupostos da regressão de Poisson foram verificados. O

teste Omnibus foi usado para verificar a qualidade do ajuste dos modelos; um modelo bem

ajustado é representado por um p < 0,05. O nível de significância adotado no estudo foi p <

0,05. A análise estatística foi realizada por meio do programa IBM SPSS Statistics for

Win/v.27.0 (IBM Corp., Armonk, NY).

Page 35: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

34

5. RESULTADOS

Os pontos de corte para homens na força de MMII, MMSS e MMA foram 12,0 rep, 30,2

kg e 7,4 kg/m², respectivamente. Já para as mulheres, os pontos de corte para força de MMII,

MMSS e MMA foram 11,0 rep, 18,9 kg e 5,9 kg/m², respectivamente.

A Figura 1 apresenta o fluxograma do estudo. Dos indivíduos, 702 foram potencialmente

elegíveis para o estudo, desses 232 não foram avaliados devido aos critérios de inclusão e

exclusão, 71 foram perdas durante o seguimento e 399 foram incluídos e analisados no estudo.

Figura 1 | Fluxograma do estudo: Associação entre força muscular e MMA com QV em

idosos: um estudo transversal.

A Tabela 1 apresenta as características dos participantes. Um total de 399 idosos foram

incluídos na análise final (Figura 1). A maioria dos participantes foram mulheres (~73%), com

convivência marital (~69%) e com renda per capita maior que 1 salário mínimo (~61%).

Alguns participantes eram fumantes (3,8%), ex-fumantes (35,1%) e faziam o uso abusivo de

Potencialmente elegíveis

(n = 702)

Incluídos e analisados

(n = 399)

Não avaliados (n = 232)

• Desistência voluntária (n = 109)

• Dados de contato errados (n = 101)

• Idade não compatível (n = 8)

• Doença cardiovascular (n = 9)

• Histórico de AVC (n = 5)

Perdidos durante seguimento (n =71)

• Dados ausentes (n =71)

Elegibilidade confirmada

(n = 470)

Page 36: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

35

álcool (7,0%). Além disso, a maioria dos participantes tinha hipertensão (~67%), diabetes

(~34%) e obesidade (~39%).

Tabela 1 | Características sociodemográficas dos idosos, residentes em Natal/RN,

outubro de 2018 a dezembro de 2019 (n = 399).

Média ± DP ou N (%)

Idade, anos 66,3 ± 4,8

Feminino 290 (72,7%)

Ensino superior 97 (24,3%)

Convivência marital 276 (69,2%)

Renda per capita > 1 SM 243 (60,9%)

IMC, kg/m2 28,9 ± 4,9

Força MMII, n 13,4 ± 3,6

Força MMSS, kgf 26,3 ± 8,4

MMA, kg/m² 6,9 ± 1,1

Qualidade de vida

Físico 66,9 ± 16,0

Psicológico 70,5 ± 14,8

Relações sociais 70,6 ± 17,4

Meio ambiente 58,8 ± 14,6

Geral 65,9 ± 12,5

Escala de depressão geriátrica 3,7 ± 2,6

Possível depressão 74 (18,5%)

Depressão provavelmente presente 15 (3,8%)

Ex-tabagista 140 (35,1%)

Tabagista 15 (3,8%)

Uso abusivo de álcool 28 (7,0%)

Inativo fisicamente 199 (49,9%)

Page 37: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

36

Comorbidades

Obesidade 157 (39,3%)

Diabetes 137 (34,3%)

Hipertensão 266 (66,7%)

Dislipidemia 154 (31,3%)

Os dados são expressos em média ± desvio padrão ou frequência absoluta (n) e relativa (%).

Abreviações: IMC, índice de massa corporal; MMA, massa muscular apendicular; MMII, membros

inferiores; MMSS, membros superiores; SM, salário mínimo.

A Tabela 2 apresenta a correlação entre teste de força de MMII, MMSS e MMA com

qualidade de vida. A força de MMII se correlacionou positivamente e significativamente com

todos os domínios de QV, bem como com o escore geral de QV (p < 0,05). A MMA se

correlacionou positivamente e significativamente apenas com os domínios psicológicos e de

relações sociais de QV (p < 0,05). Não foram observadas correlações significativas entre força

de MMSS e QV (p > 0,05).

As Tabelas Suplementares 1 e 2 indicam, respectivamente, as análises bivariadas entre

QV e as possíveis variáveis de confusão que poderiam entrar na análise, bem como as

covariáveis que após o p valor no teste de modelo de efeitos se encontrou menor que 0,20,

sendo incluídas no estudo (ver tabela suplementar 2).

A Tabela 3 apresenta os valores de prevalência para baixos (necessita melhorar/regular)

e altos (boa/muito boa) scores de QV entre os participantes de acordo com seu perfil de força

de MMII, MMSS e MMA. No baixo domínio físico e meio ambiente, a maior prevalência foi

nos participantes com baixa força de MMII (~84% e ~94%, respectivamente). A maior

prevalência de baixa QV geral foi encontrada nos participantes que tiveram baixa força de

MMSS (~93%, n = 64). Já nos baixos domínios psicológico e de relações sociais, a maior

prevalência ocorreu nos participantes com baixa MMA (~81% e ~74%, respectivamente).

A Figura 2 e a tabela suplementar 3 (em apêndice) mostram a RP para baixos (necessita

melhorar/regular) scores de QV em idosos com baixa força de MMII, MMSS e MMA em

comparação com o grupo de referência (níveis adequados). O grupo com baixa força de MMII

apresentou maior RP para baixos níveis de QV geral (RP 1,20, IC 95% 1,05–1,39) e seus

domínios físico (RP 1,34, IC 95% 1,10–1,63), psicológico (RP 1,34, IC 95% 1,10–1,63) e de

Page 38: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

37

meio ambiente (RP 1,12, IC 95% 1,00–1,24). O grupo como com baixa força de MMSS

apresentou maior RP para QV geral (RP 1,09, IC 95% 1,01–1,17), mas não para os domínios

de forma isolada. O grupo com baixa MMA apresentou maior RP para baixo domínio

psicológico de QV (RP 1,30, IC 95% 1,12–1,52). A MMA não se associou com os demais

domínios de QV, bem como com a QV geral.

Page 39: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

38

Tabela 2 | Correlação entre força de MMII, MMSS e MMA com QV dos idosos, residentes em Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de

2019.

Os resultados estão expressos em coeficiente de correlação (r) de Spearman.

Abreviações: MMII, membros inferiores; MMSS, membros superiores; MMA, massa muscular apendicular.

Domínio

Físico

Domínio

Psicológico

Domínio

relações sociais

Domínio

meio ambiente

Qualidade

de vida geral

R P R P R P R P R P

n = 390

Força MMII, n 0,343 <0,001 0,257 <0,001 0,175 0,001 0,230 <0,001 0,325 <0,001

n = 394

Força MMSS, kgf –0,013 0,802 –0,072 0,155 –0,070 0,169 –0,074 0,142 –0,055 0,278

n = 399

MMA, kg/m² 0,075 0,135 0,121 0,015 0,105 0,037 0,039 0,435 0,098 0,051

Page 40: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

39

Tabela 3 | Prevalência para baixos e altos scores de qualidade de vida entre os idosos com baixa vs. adequada força de MMII, baixa vs.

adequada força de MMSS e baixa vs. adequada MMA dos idosos residentes em Natal/RN, de outubro de 2018 a dezembro de 2019.

Domínio físico Domínio psicológico Domínio relações

sociais

Domínio meio

ambiente

Qualidade de vida

geral

Necessita

melhorar/Regular

Necessita

melhorar/Regular

Necessita

melhorar/Regular

Necessita

melhorar/Regular

Necessita

melhorar/Regular

Força MMII n = 390

Baixa MMII 264 (84,1%) 240 (76,4%) 226 (72,0%) 296 (94,3%) 287 (91,4%)

Adequada MMII 44 (57,9%) 43 (56,6%) 44 (57,9%) 62 (81,6%) 55 (72,4%)

Força MMSS n = 394

Baixa MMSS 57 (82,6%) 55 (79,7%) 49 (71,0%) 65 (94,2%) 64 (92,8%)

Adequada MMSS 255 (78,5%) 232 (71,4%) 220 (67,7%) 297 (91,4%) 282 (86,8%)

MMA n = 399

Baixa MMA 80 (81,6%) 79 (80,6%) 72 (73,5%) 90 (91,8%) 89 (90,8%)

Adequada MMA 237 (78,7%) 213 (70,8%) 202 (67,1%) 277 (92,0%) 262 (87,0%)

Os dados são expressos em frequência absoluta (n) e relativa (%).

Abreviações: MMII, membros inferiores; MMSS, membros superiores; MMA, massa muscular apendicular.

Page 41: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

40

Abreviações: FM de MMSS, força de membros superiores; FM de MMII, força de membros inferiores;

MMA, massa muscular apendicular; RP, razão de prevalência; QV, Qualidade de vida; IC, intervalo de

confiança.

Figura 2 | Razão de prevalência para baixos scores de QV e baixa força de MMII, MMSS

e baixa MMA dos idosos, residentes em Natal/RN, de outubro de 2018 a dezembro de

2019.

Foi analisada a RP para baixos scores (necessita melhorar/regular) de qualidade de vida

entre os idosos com baixa vs. adequada força de MMII (n = 390), baixa vs. adequada força de

MMSS (n = 394) e baixa vs. adequada MMA (n = 399). Os modelos foram analisados pela

regressão de Poisson com variância robusta e foram expressos em RP e IC de 95%. Todos os

modelos apresentaram o p valor < 0,05 no teste Omnibus. Os modelos foram ajustados para as

covariáveis que se associaram a cada desfecho na análise bivariada (veja Tabela suplementar

2).

Além disso, nós realizamos modelos múltiplos adicionais dos modelos múltiplos

significativos a fim de analisar se a força e massa muscular são preditores da qualidade de vida

Page 42: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

41

de forma independente um do outro. Referente aos modelos preditores do domínio físico, a

força de MMII permaneceu como preditor significativo, independente da massa muscular (RP

1,32; IC 95% 1,08 –1,61; p = 0,006). Quanto aos modelos preditores do domínio psicológico,

a massa muscular continuou um preditor significativo, independente da força de MMII (RP

1,28; IC 95% 1,09 –1,50; p = 0,003) e MMSS (RP 1,29; IC 95% 1,10 –1,61; p = 0,001). Já nos

modelos preditores do domínio de meio ambiente, a força de MMII perdeu seu poder preditivo

após a inclusão da massa muscular no modelo múltiplo (RP 1,11; IC 95% 1,00 –1,24; p =

0,054). Por fim, referente aos modelos preditivos da qualidade de vida geral, a força de MMII

(RP 1,19; IC 95% 1,03 –1,37; p = 0,017) e MMSS (RP 1,09; IC 95% 1,01 –1,17; p = 0,026)

continuaram preditores significativos após a inclusão da massa muscular no modelo múltiplo.

Page 43: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

42

6. DISCUSSÃO

Os principais achados deste estudo foram que a força muscular, principalmente de

MMII, se associou com mais domínios de QV (físico, psicológico, meio ambiente e geral), a

força de MMSS se associou somente com a QV geral e a MMA se associou somente com o

domínio psicológico da QV. Além disso, esse foi o primeiro estudo que avaliou esses

parâmetros em conjunto nos mesmos indivíduos e com ferramentas acessíveis, de baixo custo

e de fácil uso na prática clínica, podendo ser utilizado como parâmetro de investigação desses

fatores frente à realidade de saúde pública brasileira.

A perda de força muscular pode ser diferente entre os membros durante o processo de

envelhecimento e por isso a importância de medir essa variável em ambos (12,13). Em nosso

estudo, somente 17,4% dos indivíduos tinham baixa força tanto de MMSS quanto de MMII. É

possível encontrar na literatura uma gama de estudos que avaliam força somente de MMSS,

mostrando a limitação do uso somente da FPM em comparação com TSL, pelo qual a força de

MMII se associou a todos os domínios (46,88,89).

A força de MMII, medida através do TSL, demonstrou estar associada a todos os

domínios da QV, menos o de relações sociais, confirmando resultados de estudos anteriores

que encontraram associação entre força de MMII e QV (80,90). Essa associação pode ser

explicada pela relação dos músculos dos MMII às atividades da vida diária e locomoção, além

disso, perda de força nesses músculos é fator de risco para quedas e fraturas e gera

dependência para realizar atividades do dia a dia (91). Ademais, o teste engloba mais do que

somente força, para realizar tal avaliação o indivíduo necessita de outras habilidades

relacionadas à funcionalidade como coordenação, potência e equilíbrio, por exemplo. (92).

Em relação à força de MMSS, nesse estudo, a baixa FPM demonstrou associação

somente com a QV geral, diferentemente de outros estudos (1,72) como um realizado com 534

idosos com média de idade de 73,5 ± 6,16 anos, de ambos os sexos, que encontrou que baixa

QV teve associação com baixa FPM em mais domínios. Embora 92,8% dos participantes do

nosso estudo que tinham baixa FPM tenham sido classificados com QV “regular/necessita

melhorar”, uma possível justificativa para associação da força de MMSS apenas com QV geral

é que esse teste avalia somente força, sem adição de outro parâmetro físico (93).

No presente trabalho, a MMA se associou somente com o domínio psicológico da QV.

Nossos resultados são semelhante a um estudo prospectivo realizado com 534 idosos a partir

dos 65 anos que usou o SarQol para avaliar QV e encontrou que avaliações baseadas apenas

Page 44: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

43

na massa muscular, nenhuma diferença na QV foi vista, somente nos domínios atividades da

vida diária e medo (5). O medo tem relação com o domínio psicológico, afirmando a relação

da MMA com fatores psicológicos e QV (94). Além disso, estudos que abordem o impacto das

mudanças de composição corporal do envelhecimento no âmbito psicológico dos idosos se

fazem necessários para compreender melhor esse processo e como os indivíduos se percebem.

O maior escore no domínio de relações sociais da QV pode ser explicado por todos

idosos morarem com alguém, o que contribui para melhor resultado de parâmetros como as

relações pessoais, suporte social e atividade sexual (95). Já o menor escore encontrado foi no

domínio meio ambiente e pode ser justificado por 40% dos participantes terem renda menor

que um salário mínimo. Recursos financeiros interferem no poder de escolha, preferências e o

controle de parâmetros ambientais, e consequentemente, interferem na QV (16).

A associação entre o domínio psicológico, baixa força de MMII e baixa MMA pode

estar relacionada ao processo de envelhecimento propriamente dito, marcado por mudanças

que ocasionam perdas nas reservas fisiológicas e declínio geral na capacidade intrínseca. Esse

comprometimento pode levar a perda da funcionalidade privando-os do engajamento em

atividades físicas, sociais e de lazer que possibilitam a manutenção do bem-estar psicológico,

maior sociabilidade e integração social (16,96). A ocorrência dessas mudanças corporais pode

gerar sentimentos negativos em relação à imagem corporal e aparência, além disso, pressupõe-

se que as próprias alterações de força e massa muscular possam gerar descontentamento nos

idosos sobre suas conquistas e perspectivas futuras influenciando o domínio psicológico (80).

O domínio físico e a baixa força de MMII se associaram e uma possível justificativa é a

relação entre as perdas motoras do envelhecimento e o comprometimento com o desempenho

físico, principalmente de MMII dos idosos (16), adicionando o fato de que metade da amostra

é inativa fisicamente (97). Dessa forma, com a diminuição da independência, a necessidade de

auxílio para desempenhar funções pode afetar sua autonomia (98,99). Além do mais, a vida

íntima dos idosos fica afetada já que, muitas vezes, residir com familiares, causa sentimento de

incômodo e pode interferir nas relações e sensações sobre companheirismo e amor na vida e,

consequentemente, interfere nas capacidades físicas do indivíduo (80,99).

Referente à associação da QV geral, baixa força de MMII e MMSS, sugere-se que os

declínios do envelhecimento geram repercussões negativas para os próprios idosos e para a

sociedade impactando nas relações sociais, no meio ambiente, no psicológico, no físico e,

consequentemente, na QV geral (80).

Page 45: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

44

É importante destacarmos que para as associações de baixa massa muscular e força,

usamos valores de referência extraído da nossa própria população para esta categorização.

Com isso, não podemos realizar comparações com estudos que realizaram estas mesmas

análises usando os pontos de corte sugeridos no EWGSOP2 (2). Em nosso trabalho, os

parâmetros de força de MMII foi de 12 repetições para homens e 11 repetições para mulheres,

enquanto Rikli e Jones preconizam 9 e 8 repetições respectivamente, a partir dos 60 anos (45).

Para MMSS encontramos P25 de 30,2kg para homens e 18,9kg para mulheres enquanto o

EWGSOP2 traz valores de <27kg e <16kg, respectivamente. Quanto a MMA foi de 7,4kg para

homens e 5,9kg para mulheres, enquanto o EWGSOP2 preconiza menor que 7kg e menor que

6kg, respectivamente. De acordo com esses dados, os resultados do nosso P25 não se

distanciam dos pontos de corte preconizados pelas referências, no entanto, as caracteristicas da

população não eram condizentes com risco de sarcopenia. E por isso optou-se por avaliar o

ponto de corte derivado da própria população.

Além desses achados principais, houve uma maior participação de indivíduos do sexo

feminino no estudo (72,7%) e isso confirma os dados de que mais da metade dos indivíduos

com idade igual ou superior a 60 anos são mulheres (100). Além disso, mulheres estão mais

presentes em ações ou eventos de saúde, visto que vivem mais e culturalmente utilizam os

serviços de saúde com mais frequência que os homens (37).

É interessante observar que nenhum participante deste estudo relatou morar sozinho.

Esse resultado coincide com o perfil geral dos idosos brasileiros, visto que 85% dos idosos

afirmam morar com alguém (100). Ademais, morar com alguém pode influenciar na relação

social, meio ambiente e pode prejudicar funções físicas já que sempre terá alguém a auxiliar

em tarefas diárias e isso pode implicar em melhor QV no domínio psicológico por ter sempre

companhia (80). Um estudo transversal feito com 796 idosos da comunidade em Uberaba/MG

que avaliou arranjo domiciliar e QV verificou que residir com filhos ou outras pessoas geram

menores escores de QV quanto a sentidos, autonomia, participação social e intimidade (101).

Como limitações do estudo, vale destacar que a populaçao refere-se a pessoas idosas,

não institucionalizadas e sem limitações físicas. A amostra foi principalmente composta por

mulheres e pessoas que vivem com companheiro. Por isso, provavelmente, essa amostra tem

melhor perfil de saúde do que a população em geral e, assim, possivelmente melhor força

muscular e QVa. Desse modo, havendo pouca heterogeneidade em exposição e desfecho, a

possibilidade de observar associações diminui. Outra limitação é o tamanho amostral, que por

Page 46: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

45

se tratar de um estudo secundário e exploratório, utilizou-se o tamanho amostral do estudo

principal que encontrou um n de 184 participantes.

Outra limitação é o método de avaliação da massa muscular utilizado. Embora a BIA

seja reconhecida como um método amplamente difundido na prática clínica para avaliação da

composição corporal, ele é um método duplamente indireto. Com isso, a estimativa de massa

muscular ocorre por equações preditivas de composição corporal, podendo ainda sofrer

interferência na avaliação por diversos fatores como quebra do jejum de comida e água,

realização de exercício físico em tempo menor que 24 horas, etc (58). Além disso, o

equipamento utilizado no presente estudo não informa qual equação de predição de MMA foi

utilizada pelo equipamento, limitando assim a avaliação. Essas características provavelmente

fazem com que as associações com QV sejam fracas e limitam a validade externa do estudo.

Como pontos fortes do estudo, temos que este é um estudo pioneiro em associação da

QV com a força de MMII, MMSS e MMA na mesma amostra e comparando a diferença entre

os membros, além disso, trata-se de uma amostra do nordeste brasileiro trazendo mais dados

regionais para trabalhos futuros e com equipamentos de fácil manuseio e aquisição na prática

clínica.

Diante disso, as intervenções que visam promover ou manter altos níveis de atividade

física, particularmente direcionado às adaptações neuromusculares, como o treinamento

resistido ou treinamento de força, podem ser ferramentas úteis para a prevenção e tratamento

da perda de força e de massa muscular (102). Foi observado que as intervenções têm um efeito

benéfico na massa muscular, força e função física, isoladamente (103). Há divergências na

literatura quanto às configurações do programa de exercícios ideais para indivíduos com a

diminuição desses parâmetros, porém, o treinamento resistido é recomendado nessas

populações devido aos seus efeitos na hipertrofia do músculo esquelético (102,103).

Ademais, existem diretrizes elaboradas pelo Americam College of Sports Medicine

(ACSM) e pela OMS para orientar esse treinamento (104,105). No entanto, embora exercícios

e alimentação interfiram nas variáveis de força e massa muscular é necessário estudar de

maneira isolada essas variáveis, pois o ganho de força está mais associado a habilidade do

sistema nervoso em ativar os músculos envolvidos em movimentos específicos (106–109).

Dessa forma, um indivíduo com um bom controle neural e capacidade de recrutar as fibras de

maneira mais eficiente vai gerar mais força do que uma pessoa que tem uma maior quantidade

de fibras musculares, mas não consegue recrutá-las (110).

Page 47: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

46

7. CONCLUSÃO

A força muscular, especialmente de MMII, está mais associada com menores escores de

QV de idosos não institucionalizados. Na prática, investigar e prevenir a diminuição de força e

MMA, além de estimular a prática de exercícios de força, principalmente dos MMII, pode

auxiliar na melhora da QV dos indivíduos.

Page 48: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

47

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Page 57: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

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ANEXOS

Anexo 1. Questionário de Qualidade de Vida: WHOQOL-BREF.

Page 58: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

57

Page 59: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

58

APÊNDICES

Tabela suplementar 1 | Análise bivariada entre qualidade de vida e potenciais variáveis de confusão dos idosos, residentes em

Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de 2019.

Domínio físico Domínio

Psicológico

Domínio de

relações sociais

Domínio de meio

ambiente

Qualidade de

vida geral

x2 p x2 P x2 P x2 P x2 p

Idade 1,138 0,768 2,819 0,420 9,109 0,028 6,336 0,096 2,486 0,478

Sexo 21,300 <0,001 8,909 0,003 4,598 0,032 11,669 0,001 19,809 <0,001

Ensino superior 10,214 0,001 6,923 0,009 0,432 0,511 23,246 <0,001 13,736 <0,001

Renda per capita 5,292 0,021 4,186 0,041 5,018 0,025 12,908 <0,001 7,644 0,006

Convivência marital 1,605 0,205 0,000 0,997 0,117 0,732 0,003 0,957 0,161 0,688

EDG 23,562 <0,001 26,241 <0,001 20,440 <0,001 5,299 0,071 15,665 <0,001

Tabagismo* 4,287 0,038 0,634 0,426 2,715 0,099 0,944 0,331 1,121 0,290

Uso abusivo de álcool 0,365 0,546 0,051 0,822 0,886 0,346 3,950 0,047 2,010 0,366

Nível de atividade física 7,291 0,007 7,811 0,005 3,244 0,072 0,522 0,470 7,571 0,006

Obesidade 6,778 0,009 7,838 0,005 0,069 0,793 8,204 0,004 6,173 0,013

Diabetes 1,705 0,192 0,237 0,627 1,269 0,260 1,247 0,264 0,761 0,383

Hipertensão 1,714 0,190 0,579 0,447 0,011 0,915 1,281 0,258 1,593 0,207

Dislipidemia 0,744 0,389 0,130 0,719 0,001 0,970 0,000 0,992 0,966 0,326

Page 60: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

59

Os valores em negrito são resultados com valor de p < 0,20. *Tabagismo: fumantes e ex-fumantes.

Abreviações: EDG, escala de depressão geriátrica.

Tabela suplementar 2 | Covariáveis incluídas nos modelos ajustados multivariáveis da figura 2, de idosos, residentes em

Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de 2019 .

Domínio

físico

Domínio

psicológico

Domínio

relações

sociais

Domínio

meio ambiente

Qualidade

de vida geral

Força de

MMII

Escolaridade, EGD,

tabagismo, NAF,

dislipidemia e obesidade.

Escolaridade, EGD, NAF

e obesidade.

Renda, EGD,

tabagismo e

diabetes.

Escolaridade, EGD,

obesidade e diabetes.

Escolaridade, EGD, NAF

e obesidade.

Força de

MMSS

Escolaridade, EGD,

NAF, obesidade, sexo,

dislipidemia e tabagismo

Sexo, escolaridade, EGD,

NAF e obesidade.

Renda, EGD,

tabagismo e

diabetes.

Sexo, escolaridade, EGD,

obesidade e diabetes.

Sexo, escolaridade, EGD,

NAF e obesidade.

MMA Escolaridade, EGD,

NAF, obesidade,

tabagismo, dislipidemia e

sexo.

Sexo, escolaridade, EGD,

NAF e obesidade.

Renda, EGD,

tabagismo e

diabetes.

Sexo, escolaridade, EGD

e obesidade.

Sexo, escolaridade, EGD,

NAF e obesidade.

Abreviações: Abreviações: MMII, membros inferiores; MMSS, membros superiores; MMA, massa muscular apendicular ajustada por altura; EGD,

escala de depressão geriátrica; NAF, nível de atividade física.

Page 61: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

60

Tabela suplementar 3 | Razão de prevalência para baixos scores (necessita melhorar/regular) de qualidade de vida entre os

idosos com desempenho no teste de sentar e levantar baixo vs. adequado, força de preensão manual baixa vs. adequada e massa

muscular apendicular baixa vs. adequada de idosos, residentes em Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de 2019.

Domínio

físico baixo

Domínio

psicológico baixo

Domínio

relações sociais baixo

Domínio

meio ambiente baixo

Qualidade

de vida geral baixa

RP (IC 95%) P RP (IC 95%) P RP (IC 95%) P RP (IC 95%) P RP (IC 95%) P

Força de

MMII

Modelo bruto n = 390

Baixa MMII 1,45 (1,19; 1,77) <0,001 1,35 (1,10; 1,66) 0,004 1,24 (1,01; 1,52) 0,036 1,16 (1,03; 1,29) 0,010 1,26 (1,09; 1,46) 0,001

Modelo

ajustado

Baixa MMII 1,32 (1,09; 1,32) 0,005 1,21 (0,99; 1,49) 0,064 1,17 (0,96; 1,43) 0,127 1,11 (1,00; 1,24) 0,049 1,20 (1,04; 1,38) 0,013

Força de

MMSS

Modelo bruto n = 394

Baixa MMSS 1,05 (0,93; 1,19) 0,409 1,12 (0,97; 1,28) 0,116 1,05 (0,89; 1,24) 0,577 1,03 (0,96; 1,10) 0,377 1,07 (0,99; 1,16) 0,096

Modelo

ajustado

Baixa MMSS 1,09 (0,96; 1,22) 0,174 1,13 (0,99; 1,30) 0,073 1,05 (0,90; 1,23) 0,532 1,05 (0,98; 1,13) 0,129 1,09 (1,01; 1,17) 0,034

MMA

Modelo bruto n = 399

Baixa MMA 1,04 (0,93; 1,16) 0,523 1,14 (1,01; 1,29) 0,035 1,09 (0,95; 1,26) 0,214 1,00 (0,93; 1,07) 0,952 1,04 (0,97; 1,13) 0,277

Modelo

Page 62: ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR

61

ajustado

Baixa MMA 1,08 (0,95; 1,23) 0,258 1,28 (1,09; 1,) 0,002 1,08 (0,94; 1,25) 0,251 1,04 (0,96; 1,13) 0,338 1,09 (0,99; 1,20) 0,087

Os modelos foram analisados pela regressão de Poisson com variância robusta e foram expressos em razão de prevalência (RP) e intervalo de

confiança (IC) de 95%. Todos os modelos ajustados apresentaram o p valor < 0,05 no teste Omnibus.

Os valores de referência foram força de MMII adequada, força de MMSS adequada e MMA adequada, respectivamente.

Os modelos foram ajustados para as covariáveis que tiveram um p valor < 0,20 dentro da análise.

Abreviações: MMII, membros inferiores; MMSS, membros superiores; MMA, massa muscular apendicular.