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QUESTÃO 01 I - TEORIA GERAL DA PROVA 1. Conceitos Prova: é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Sua finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador. Elemento de prova: todos os fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz (Tourinho). Ex. depoimento de testemunha; resultado de perícia; conteúdo de documento. Meio de prova: instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são introduzidos no processo (Magalhães). Ex. testemunha, documento, perícia. Fonte de prova: pessoas ou coisas das quais possa se conseguir a prova (Magalhães). Ex. denúncia. Meio de investigação da prova: procedimento que tem o objetivo de conseguir provas materiais. Ex. busca e apreensão; interceptação telefônica. Objeto de prova: fatos principais ou secundários que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma comprovação (Tourinho). 2. PRINCÍPIOS Contraditório: prova, tecnicamente é aquela colhida sob o crivo do contraditório, com a atuação das partes; Imediatidade do juiz: a prova deve ser colhida perante o juiz e, como regra, esse juiz irá julgar (identidade física do juiz); Concentração: em regra as provas devem ser produzidas em uma única audiência; Comunhão das provas: uma vez produzida, a prova pode ser utilizada por ambas as partes; não há “dono” da prova. 3. Fatos que independem de prova: Fatos axiomáticos ou intuitivos: são os fatos evidentes. Exemplo: em um desastre de avião, encontra-se o corpo de uma das vítimas completamente carbonizado. Desnecessário provar que estava morta;

Assunto Para Estudar Processo Penal

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Page 1: Assunto Para Estudar Processo Penal

QUESTÃO 01

I - TEORIA GERAL DA PROVA

1. Conceitos

Prova: é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Sua

finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador.

Elemento de prova: todos os fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz (Tourinho). Ex.

depoimento de testemunha; resultado de perícia; conteúdo de documento.

Meio de prova: instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são introduzidos no

processo (Magalhães). Ex. testemunha, documento, perícia.

Fonte de prova: pessoas ou coisas das quais possa se conseguir a prova (Magalhães). Ex. denúncia.

Meio de investigação da prova: procedimento que tem o objetivo de conseguir provas materiais. Ex.

busca e apreensão; interceptação telefônica.

Objeto de prova: fatos principais ou secundários que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma

comprovação (Tourinho).

2. PRINCÍPIOS

Contraditório: prova, tecnicamente é aquela colhida sob o crivo do contraditório, com a atuação das partes;

Imediatidade do juiz: a prova deve ser colhida perante o juiz e, como regra, esse juiz irá julgar (identidade física do juiz);

Concentração: em regra as provas devem ser produzidas em uma única audiência;

Comunhão das provas: uma vez produzida, a prova pode ser utilizada por ambas as partes; não há “dono” da prova.

3. Fatos que independem de prova:

Fatos axiomáticos ou intuitivos: são os fatos evidentes. Exemplo: em um desastre de avião, encontra-se

o corpo de uma das vítimas completamente carbonizado. Desnecessário provar que estava morta;

Fatos notórios: são os de conhecimento geral em determinado meio. Exemplo: não é necessário provar

que o Brasil foi um Império;

Presunções legais: verdades que a lei estabelece. Podem ser absolutas (juris et de iure), que não

admitem prova em contrário, ou relativas (juris tantum), que admite prova em contrário. Exemplo: menor

de 18 anos é inimputável.

* o fato incontroverso não dispensa a prova – busca da verdade real

Page 2: Assunto Para Estudar Processo Penal

* não é preciso provar o Direito, pois, se seu conhecimento é presumido por todos, principalmente do

juiz, aplicador da Lei.

Como exceção à regra, será necessário provar:

a) leis estaduais e municipais;

b) leis estrangeiras;

c) normas administrativas;

d) costumes.

4. Ônus da prova

É o encargo que as partes têm de provar os fatos que alegam. Nos termos do art. 156 do Código de

Processo Penal, o ônus da prova incumbe a quem fizer a alegação.

De acordo com a doutrina tradicional: cabe à acusação provar a existência do fato criminoso e de

causas que implicar aumento de pena, a autoria e também a prova dos elementos subjetivos do crime

(dolo ou culpa). Ao réu, por sua vez, cabe provar excludentes de ilicitude, de culpabilidade e

circunstâncias que diminuam a pena.

Os poderes instrutório do juiz também estão no art. 156 do CPP. O juiz pode, de ofício:

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas

urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;

II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para

dirimir dúvida sobre ponto relevante.

5. Sistemas de apreciação da prova

Prova legal ou tarifado: as provas têm valor preestabelecido. Aparece em nosso ordenamento como

exceção, no art. 158 do CPP.

Convicção íntima do juiz ou certeza moral: juiz é livre para apreciar a prova e não precisa fundamentar

sua decisão. Vigora em nosso ordenamento, como exceção, no julgamento pelo Tribunal do Júri.

Livre convencimento motivado do juiz ou persuasão racional: é o sistema adotado como regra pelo

nosso Direito, conforme art. 155, caput, do Código de Processo Penal, conjugado com o art. 93, IX, da

Constituição da República.

Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e

fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em

determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a

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preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à

informação

Art. 155, caput, do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em

contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos

colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

6. Prova emprestada

A maior parte da doutrina aponta para a necessidade de essa prova, quando encartada nos autos,

passar pelo crivo do contraditório, sob pena de perder sua validade. Aponta-se ainda que ela não deve

ser admitida em processo cujas partes não tenham figurado no processo do qual ela é oriunda.

7. Liberdade de prova

No processo penal, somente no que diz respeito ao estado de pessoa é que se observará a restrição à

prova, imposta pela lei civil (art. 155, parágrafo único, do CPP); isso quer dizer que um casamento se

prova, também na esfera penal, pela certidão de casamento extraída dos assentos do Registro Civil das

Pessoas Naturais.

No mais, o processo penal brasileiro admite todo e qualquer meio de prova, ainda que não

expressamente previsto em nosso Código.

8. Prova proibida

a) prova ilegítima: obtida com violação de regras de ordem processual. Exemplo: utilização de prova

nova no plenário do júri, sem ter sido juntada aos autos com antecedência mínima de três dias, violando

a regra contida no art. 479 do Código de Processo Penal.

b) prova ilícita: obtida com violação a regras de direito material ou normas constitucionais.

Notadamente, as garantias da pessoa, elencadas na Constituição da República, se violadas, gerarão

prova ilícita, conforme preceitua o art. 5º, LVI, da própria Constituição. Exemplos: provas obtidas com

violação do domicílio, mediante tortura, por meio de interceptação ilegal de comunicação.

* Boa parte da doutrina admite a prova ilícita se for o único meio de provar a inocência do acusado no

processo, pois estar-se-ia privilegiando bem maior do que o protegido pela norma, qual seja, a liberdade

de um inocente.

* Princípio da proporcionalidade, oriundo do Direito alemão, que busca estabelecer o equilíbrio entre

garantias em conflito por meio da verificação de como um deles pode ser limitado no caso concreto,

tendo em vista, basicamente, a menor lesividade.

* Prova ilícita por derivação: aquela que é lícita se tida isoladamente, mas que por se originar de uma

prova ilícita, contamina-se também de ilicitude (art. 157, § 1º, do CPP). É a aplicação da teoria fruits of

poisonous tree, do Direito norte-americano, ou, “frutos da árvore envenenada”, cuja imagem traduz com

Page 4: Assunto Para Estudar Processo Penal

bastante propriedade a idéia da prova ilícita: se a árvore é envenenada, seus frutos serão

contaminados.

Exceções: se não evidenciado o nexo de causalidade entre ela e a tida como ilícita, bem como se ela

puder ser obtida por fonte independente da ilícita (art. 157, § 1º, do CPP). Considera-se fonte

independente aquela que por si só, segundos os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou

da instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto de prova (art. 157, § 2º, do CPP).

QUESTÃO 2

Procedimento adotado nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher?

Não existe Procedimento Especial para os casos de Violência Doméstica, bem como não existe Crime

de Violência Doméstica. O procedimento a ser adotado será o ordinário ou sumário, a depender do

crime de violência domestica praticado. O processo irá tramitar no Juizado de Violência Doméstica e

Familiar contra a Mulher (não se trata de Juizado Especial Criminal – Jecrim). Inclusive, o STF entendeu

que o art. 41 da Lei Maria da Penha é constitucional, ou seja, não se aplica a Lei 9.099/95 nos casos de

violência doméstica e familiar contra a mulher. Assim, se o crime de violência familiar contra a mulher

for de Menor Potencial Ofensivo, não poderá ser aplicada a Lei 9.099/95. O processo irá tramitar no

Juizado de Violência Domestica e Familiar Contra a Mulher e se adotará o Procedimento Comum

Ordinário ou Sumário.

QUESTÃO 3

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO - (foi alterado pela reforma do CPP, mais precisamente pela Lei

11.719/08)

Cabimento: Pena máxima em abstrato igual ou superior a 4 anos (art.394 §1º,I CPP)

O art. 394 §5º do CPP dispõe que:

§ 5º -  Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do Procedimento Ordinário.

Já sabemos que o Procedimento Ordinário e o Procedimento Sumário sofreram alteração pela lei 11.719/08. Antes desta reforma, havia uma preocupação muito grande quanto à lentidão do Processo Penal, com risco iminente de ocorrência de prescrição. Assim, a partir da reforma dada pela Lei 11.719/08 conseguiu trazer para o Processo Penal: celeridade; oralidade; concentração dos atos de instrução (audiência una); possibilidade de absolvição sumária.

Page 5: Assunto Para Estudar Processo Penal

MARCHA PROCESSUAL DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

I - OFERECIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA (AÇÃO PENAL)

a) Denúncia (art. 46 CPP e art. 129 CF/88);

b) Queixa (art. 38 CPP);

II - RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA(art. 395 CPP, a contrário sensu)

III - CITAÇÃO

a) Citação Pessoal (art. 351 CPP);

b) Citação por Hora Certa (art. 362 CPP);

c) Citação por Edital (art. 361 CPP);

IV - RESPOSTA DO ACUSADO (Art.396 c/c art.396-A do CPP)

V - ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, SE FOR O CASO (Art.397 do CPP)

VI - AIJ (art. 400 CPP) – o juiz tem que marcar a AIJ em 60 dias:

a) Ofendido (art. 201 CPP);

b) Testemunhas de Acusação e Defesa (art.202 CPP) - Obs: até 8 testemunhas por fato e não crime (ex. bomba que causa três homicídios)

c) Perito (art. 158 CPP);

d) Acareação (art. 229 CPP);

e) Reconhecimento de Pessoas e Coisas (art. 226 CPP);

f) Interrogatório (art. 185 CPP) - Obs: antigamente, o interrogatório era após a citação do acusado

g) Alegações Finais Orais (art.403 CPP) – é a regra a ser realizado pela acusação e defesa, e excepcionalmente a apresentação das alegações finais por escrito através dos memoriais.

VII - SENTENÇA PENAL (Art.381 do CPP)

a) Absolutória (art. 386 CPP);

b) Condenatória (art. 387 CPP);

QUESTÃO 4

Page 6: Assunto Para Estudar Processo Penal

O art. 383 CPP dispõe sobre a

EMENDATIO LIBELLI

O art. 384 CPP dispõe sobre a

MUTATIO LIBELLI

OBS: Ambos são fenômenos de Sentença (art. 381 CPP).

Art. 383 CPP – O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na Denúncia ou Queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave.

§1º - Se, em conseqüência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. VIDE SÚM. 337 DO STJ

§2º - Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.

Art. 384 CPP – Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a Denúncia ou Queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.

§1º - Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art.28 CPP.

§2º - Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento.

§3º - Aplicam-se as disposições dos §§1º e 2º do art. 383 ao caput deste artigo.

§4º - Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.

§5º - Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.

Ao se oferecer uma Ação Penal (Denúncia ou Queixa), logo em sua propositura, o titular dessa demanda, segundo dispõe o art. 41 do CPP, deverá expor:

o Fatos; o as circunstâncias do crime;

Na Mutatio Libelli, os fatos mudam durante a instrução processual, aparecendo circunstâncias novas não contidas nos fatos trazidos na inicial acusatória (Ação Penal). E por sabermos que ninguém poderá ser condenado por aquilo que não se defendeu, neste caso de Mutatio Libelli o juiz não poderá sentenciar, onde então deverá:

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o a qualificação do acusado ou sinais que possa identificá-lo;

o apresentar o rol de testemunhas;o classificação do crime

(tipificação dos fatos).

Este último requisito é muito subjetivo, pois o mesmo fato poderá a vir ser classificado de maneira diferente pelo delegado, promotor, defensor e juiz.

No CPP, com base na congruência, correlação, contraditório e ampla defesa, ninguém irá se defender de números, ou seja, de artigos da lei, mas sim irá se defender dos fatos a ele imputados!!!

O que seria a Emendatio Libelli?

É quando os fatos narrados na inicial permanecem iguais durante toda a instrução processual. Assim, na Emendatio Libelli o que fora exposto nos fatos passará por uma confirmação durante a instrução processual. Logo, se os fatos alegados foram confirmados durante a instrução processual estaremos diante da possibilidade do juiz criminal definir por um crime mais grave ou definir por um crime menos grave. No fenômeno da Emendatio Libelli, o magistrado tem liberdade na sua tipificação, que é algo extremamente subjetivo.

ATENÇÃO: Está errado dizer: “O magistrado nunca poderá aumentar a pena capitulada na denúncia ou queixa, ou seja, não poderá agravar a pena.” Sendo o caso de Emendatio Libelli é claro que o juiz poderá aumentar a pena!!! O juiz não é obrigado a concordar com o titular da ação penal!!

a) provocar o titular da ação penal a aditá-la, no prazo de 5 dias, para que nela seja inserido os novos fatos (art. 384 CPP);

b) Após o aditamento, no prazo de 5 dias, cada parte poderá arrolar 3 testemunhas; (art. 384 §4º CPP)

c) O juiz fará uma mini instrução processual, ou seja, uma nova instrução, onde designará audiência, nova oitiva das testemunhas, novo interrogatório e debates, isso, justamente para se discutir o novo apresentado no aditamento da Ação Penal.

E se o MP não quiser aditar a denúncia?

Nesse caso, a recusa de aditamento pelo MP ensejará a aplicação do art. 384 §1º do CPP, que remete a aplicação do art.28 CPP.

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QUESTÃO 5

Princípios das nulidades processuais:

a)Princípio da transcendência ou pas de nullité sans grief: Informa que não há nulidade sem prejuízo;

b) Princípio da conservação dos atos processuais: prevê que a incompetência do juízo somente anula os atos decisórios, prestigiando os princípios da economia processual, da necessidade, da celeridade e da razoável duração do processo;

c) Princípio de que não é dado a alguém se beneficiar da própria torpeza: veda que a parte que tenha dado causa ao defeito ensejador da nulidade alegue-o posteriormente;

d) Princípio do interesse: só a parte que for beneficiada pela declaração de nulidade tem interesse em alegá-la, não podendo levantar nulidade referente à formalidade cuja observância só a parte contrária interesse;

e) Princípio da instrumentalidade das formas ou princípio da finalidade: a nulidade não deve ser declarada quando o ato, praticado de outra forma, tiver atingido sua finalidade ou não tenha influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa;

f) Princípio da convalidação dos atos processuais: possibilita que o ato viciado seja sanado mediante sua ratificação ou suprimento do defeito em razão do ato ter atingido sua finalidade (princípio da finalidade), de não ter sido arguido o vício oportunamente (princípio da oportunidade ou preclusão temporal), ou de ter a parte interessada anuído com seus efeitos (princípio da preclusão lógica);

g) Princípio da causalidade ou da consequencialidade: a declaração de nulidade de um ato causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência.

QUESTÃO 6

Impronúncia: decisão interlocutória mista de conteúdo terminativo, que encerra a primeira fase do

processo (formação da culpa ou judicium accusationis), sem haver juízo de mérito. Assim, inexistindo

prova da materialidade do crime ou não havendo indícios suficientes de autoria, deve o magistrado

impronunciar o réu.

“Significa julgar improcedente a denúncia ou queixa (extingue-se o processo sem julgamento de mérito)

e não a pretensão punitiva do Estado. Desse modo, se, porventura, novas provas advierem, outro

processo pode instaurar-se”.

Page 9: Assunto Para Estudar Processo Penal

Para a majoritária Doutrina, o instituto da impronúncia viola o princípio da presunção de inocência (CF.

art. 5º LVII) com a imposição de uma “suspeita indefinida” (nos limites da prescrição), na qual o Estado

afirma a inocorrência do crime e aduz não haver indícios de autoria para, ao final, impor a possibilidade

de voltar a efetuar a persecução sobre os mesmos fatos. Justifica, sob o manto de ‘controvérsia

jurisprudencial’ (RT 636/320), que possam existir provimentos que não ponham fim a uma determinada

pretensão, como se não houvesse ocorrido qualquer tipo de atividade cognitiva a respeito do objeto

processual. Rigorosamente falando, os resultados são marcadamente gravosos para a pessoa acusada.

Neste ponto, a distorção é tamanha que se torna mais desejável seja a pessoa pronunciada e

submetida a Júri, onde inexoravelmente alcançará um resultado de mérito, que ficar aguardando a

produção de provas numa prescrição vintenária.

QUESTÃO 7

DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

1. Conceito

“Medidas assecuratórias são providências cautelares de natureza processual, urgentes e provisórias,

determinadas com o fim de assegurar a eficácia de uma futura decisão judicial” (Fernando Capez).

“São as providências tomadas, no processo criminal, para garantir a futura indenização ou reparação à

vítima da infração penal, o pagamento das despesas processuais ou das penas pecuniárias ao Estado

ou mesmo para evitar que o acusado obtenha lucro com a prática criminosa” (Guilherme de Souza

Nucci).

Como se percebe, as medidas assecuratórias, como o próprio nome já adianta, se prestam para

garantir um futuro e eventual pagamento (multa, indenização, despesas processuais) pelo réu à vítima,

Estado ou terceiros.

Elas estão previstas nos artigos 125 a 144 do CPP.

2. Espécies

a) Sequestro

É a medida assecuratória consistente em reter os bens móveis e imóveis do indiciado (durante o

inquérito) ou acusado (durante o processo), ainda que em poderes de terceiros, quando adquiridos com

o proveito da infração penal. Tem a finalidade de não serem desfeitos durante o curso da ação penal,

possibilitando indenizar a vítima, Estado ou terceiro, ou impossibilitando que o acusado tenha lucro com

sua atividade criminosa.

Page 10: Assunto Para Estudar Processo Penal

Para que o juiz determine o sequestro basta haver indícios veementes da prova de origem ilícita dos

bens.

O pedido de sequestro será autuado em apartado e réu poderá contestá-lo, assim como qualquer

terceiro prejudicado poderá oferecer embargos.

O sequestro é cabível, assim, quando a coisa e sua procedência é litigiosa (está em discussão), e

quando não cabível a busca e apreensão, nos moldes do artigo 140 do CPP.

Após a resposta do acusado e de eventual embargos de terceiro, feita a devida instrução, o juiz julgará

o pedido de sequestro, cuja decisão desafia apelação.

O CPP utiliza o termo “sequestro” indevidamente em alguns artigos.

b) Arresto

O arresto tem lugar quando houver apenas bens móveis suscetíveis de penhora. Isso porque se houver

bens imóveis, estes deverão sofrer primeiro a constrição conhecida como hipoteca legal, como veremos

adiante.

A penhora é ato de constrição judicial que incide sobre os bens móveis do réu, os quais não tem relação

com o crime cometido (nem foi auferido com seu produto). Caso contrário, seria cabível o sequestro.

Esses bens ficarão indisponíveis até decisão judicial final.

Assim como no sequestro, o arresto será processado em autos apartados para que não atrapalhe o

andamento da ação penal propriamente dita.

c) Especialização de hipoteca legal

Procedimento semelhante ao arresto, só que incide sobre bens imóveis que não tenham relação com a

lide principal (não podem ter sido adquiridos com o crime, direta ou indiretamente).

Embora haja menção no CPP que esta constrição caberia apenas no processo, na realidade é cabível

também na fase do inquérito, dede que se tenha certeza da materialidade do crime e indícios de ter sido

o réu o autor.

Cabe ao ofendido, assim, requerer o bloqueio, indicando e especificando o(s) imóvel (is) sobre os quais

incidirão a constrição, tendo em vista o valor de uma eventual condenação.

Neste procedimento, o juiz poderá acolher o pedido, declarando a indisponibilidade do bem, mandará

avaliar o imóvel e arbitrará o valor da responsabilidade. Da decisão judicial que julgar a hipoteca caberá

apelação.

3. Encerramento do processo principal

Page 11: Assunto Para Estudar Processo Penal

Antes do julgamento do réu, qualquer medida (determinada ou indeferida) poderá ser revista e

modificada, tratando-se de decisão provisória proferida em processo cautelar.

Após julgado o réu, as medidas assecuratórias tomarão rumo diversos. Caso tenha sido condenado, a

constrição permanecerá, garantindo a futura indenização que será cobrada na ação civil em razão do

delito (ação civil ex delicto).

Em caso de absolvição, transitada em julgado a sentença, as constrições judiciais serão desfeitas, a

não ser em caso de ter sido o fato realizado sob o manto de uma das causas de excludente de ilicitude,

como a de estado de necessidade, cuja responsabilidade civil do réu poderá restar configurada.

QUESTÃO 8

O Art. 617 CPP traz o Princípio da Proibição da reformatio in pejus, ou seja, quando só a defesa recorre

o Tribunal está impedido de agravar a sua pena imposta na primeira instância, ou, de qualquer forma

prejudicar o recorrente acusado.

Reformatio in pejus indireta: Ocorre na hipótese em que, anulada a sentença por força de recurso

exclusivo da defesa, outra vem a ser exarada, agora impondo pena superior, ou fixando regime mais

rigoroso, ou condenando por crime mais grave, ou reconhecendo qualquer circunstância que a torne, de

qualquer modo, mais gravosa ao acusado. Exemplo: Imagine-se que o réu, condenado a dez anos de

reclusão, recorra invocando nulidade do processo. Considere-se, também, que o Ministério Público não

tenha apelado da decisão para aumentar a pena. Se o tribunal, acolhendo o recurso da defesa, der-lhe

provimento e determinar a renovação dos atos processuais, não poderá a nova sentença agravar a

situação em que já se encontrava o réu por força da sentença (v.g., fixando quinze anos de prisão), sob

pena de incorrer em reformatio in pejus indireta. Entretanto, opostamente ao que ocorre com a

reformatio in pejus direta, que não admite nenhuma ressalva, na reformatio in pejus indireta a maioria

jurisprudencial aceita a possibilidade de sua ocorrência nos julgamentos levados a efeito pelo júri

quando, no novo julgamento decorrente de recurso exclusivo da defesa, os jurados reconhecerem

causas de aumento de pena ou qualificadoras não aceitas no júri anterior.

"A regra que estabelece que a pena estabelecida, e não impugnada pela acusação, não pode ser

majorada se a sentença vem a ser anulada, em decorrência de recurso exclusivo da defesa, sob pena

de violação do princípio da vedação da reformatio in pejus indireta, não se aplica em relação as

decisões emanadas do Tribunal do Júri em respeito à soberania dos veredictos "(REsp1132728/RJ, 5ª

Turma, Rel. Min. Felix Fischer, DJ 04.10.2010).

Page 12: Assunto Para Estudar Processo Penal

QUESTÃO 9

a) não havendo acordo - o processo irá prosseguir e, sendo ação pública incondicionada, o MP oferecerá uma proposta de Transação Penal (art. 76 L. 9.099/95), que é uma Pena Restritiva de Direitos ou Multa, ou seja, uma Pena Alternativa. A transação penal é oferecida como acordo pelo MP, sendo o seu oferecimento obrigatório (Princípio da Obrigatoriedade Regrada) e tratando-se de direito do acusado, salvo ficar caracterizada as situações do art. 76, §2º L. 9.099/95, além do que a aceitação pelo acusado é facultativa:

Art. 76 L.9.099/95 - Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

§ 1º Na hipótese de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.

§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:

I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;

II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;

III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

§ 3º - Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.

§ 4º - Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.

§ 5º - Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.

§ 6º - A imposição da sanção de que trata o §4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.

OBS: O MP é obrigado a oferecer a Transação Penal, conforme o princípio da Obrigatoriedade Regrada. E se assim não o faz? Na falta do MP, o juiz pode conceder de ofício a Transação Penal? Então, aplica-se, por analogia o art. 28 do CPP, remetendo para o Procurador Geral.

Esse entendimento da Transação Penal não está sumulado como ocorre na Suspensão Condicional do Processo na Súmula 696 STF:

Page 13: Assunto Para Estudar Processo Penal

Súmula nº 696 do STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.

OBS: Cabe transação Penal em crime de ação penal privada?

Seguindo um critério de interpretação puramente literal ou gramatical ou literal não sustentaríamos que a transação penal cabe somente na ação penal pública. Ocorre que, muitos doutrinadores adotando uma interpretação sistemática e teleológica adotam tese oposta. Fernando da Costa Tourinho Filho concorda com a transação penal na ação penal privada:

“... sabe-se ser possível a transação nos delitos de alçada privada. A propósito, o Enunciado n. 26 do VI Encontro Nacional de Coordenadoria de Juizados Especiais Cíveis e Criminais: ‘Cabe transação e suspensão condicional do processo também na ação penal privada’. No mesmo

sentido a 11ª conclusão da Comissão Nacional da Escola Superior da Magistratura: ‘O disposto no art. 76 abrange os casos de ação penal privada’. Assim também, dentre outras, a decisão da 5ª Turma do STJ, publicada no DJU, 22-11-1999, p. 164, ao apreciar o Habeas Corpus n. 8.480-SP” (TOURINHO FILHO, Fernando da Costa – Comentários à Lei dos Juizados Especiais Criminais, p. 99, 2ª edição, 2002, Ed. Saraiva).

A jurisprudência igualmente tem aceitado a tese da admissibilidade da transação:

“Habeas Corpus. Lei 9.279/96. Crime de concorrência desleal. Ação Penal Privada. Transação Penal. Cabimento. Ordem Concedida. 1. Enquanto resposta penal, a transação penal disciplinada no artigo 76 da Lei 9.099/95 não encontra óbice de incidência no artigo 61 do mesmo Diploma, devendo, como de fato deve, aplicar-se aos crimes apurados mediante procedimento especial, e ainda que mediante ação penal exclusivamente privada (Precedente da Corte). 2. Ordem concedida para assegurar a aplicação da transação penal no processo em que se apura crime de

concorrência desleal” (STJ – 6ª Turma – RESP n. 17601 – Rel. Min. Hamilton Carvalhido – DJU de 19/12/2002).

Nesse mesmo sentido:

“A lei 9.099/95, desde que obedecidos os requisitos autorizadores, permite a transação e a suspensão condicional do processo, inclusive nas ações penais de iniciativa exclusivamente privada (Precedentes). Habeas Corpus Concedido” (STJ – HC n. 13.1337 – RJ, DJU 13.08.01, Seção 1, p. 841, j.

15.05.01).

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro igualmente aprovou enunciado segundo o qual “cabe transação em crimes de ação privada” (TJRJ, Enunciado Consolidado nº 35, DO 18/01/2002)

OBS: Lembre-se que até aqui não há processo, não está ainda sob o Procedimento Sumaríssimo, pois a transação é anterior à deflagração da Ação Penal!!!

OBS: Em caso de descumprimento da Transação Penal pelo acusado, há possibilidade de prendê-lo? A Jurisprudência e doutrina são pacíficas no sentido de que o descumprimento

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imotivado da Transação Penal gerará o prosseguimento do processo, ou melhor, o processo se iniciará, pois ele ainda não havia se iniciado.

OBS: Qual seria a conseqüência em se aceitar a Transação Penal para fins de reincidência ou maus antecedentes? A transação penal não gera nada disso, já que do contrário ninguém a aceitaria. Então, a única conseqüência em se aceitar a Transação Penal está no art. 76, §§4º e 6º da L.9.099/95, ou seja, não importará em reincidência e será tão somente registrada para impedir este benefício pelo prazo de 5 anos.

OBS: Caberá o Recurso de Apelação da sentença que reconhece a Transação Penal (art.76 §5º L.9.099/95). Entretanto, é de raríssima hipótese alguém questioná-la, pois o autor do fato precisa concordar com a proposta oferecida.

OBS: O acordo fica ao alvedrio das partes envolvidas, mas o que dificulta o acordo é o orgulho e as mágoas. Assim, não se aceitando o acordo, ou não tendo direito à Transação Penal o autor do fato por já ter sido beneficiado no prazo de 5 anos, iniciar-se-á a Fase Processual ou Judicial. Só nesse momento que o Procedimento Sumaríssimo se iniciará.

b) Suspensão Condicional do Processo (SURSIS PROCESSUAL) - Art.89 l.9.099/95 ≠ Suspensão Condicional da Pena (art. 77 do CP), que se dá no momento da sentença penal condenatória.

Art. 89 L.9.099/95 - Nos crimes em que a pena “MÍNIMA” cominada for IGUAL OU INFERIOR A UM ANO (ex. art. 171 do CP – pena de 1 a 5 anos), abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

§ 1º - Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:

        I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

        II - proibição de freqüentar determinados lugares;

        III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;

        IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

§ 2º - O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.

§ 3º - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.

§ 4º - A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.

§ 5º - Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.

§ 6º - Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.

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§ 7º - Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.

Notem que a Suspensão Condicional do Processo é uma Medida Despenalizadora não exclusiva do JECRIM ou aplicada nos crimes de menor potencial ofensivo, podendo ser utilizado fora do juizado, ou seja, em outros procedimentos conforme dispõe este dispositivo: “abrangidas ou não por esta lei”.

OBS: O SUSRSIS Processual poderá ser utilizado também em outros crimes que não sejam crimes de menor potencial ofensivo. Entretanto, deverá possuir pena MINIMA igual ou inferior a 1 ano, onde então o Processo ficará suspenso, ou seja, chamado de Período de Prova, que pode ser de 2 a 4 anos!!!

OBS: Esse Período de Prova de 2 a 4 anos poderá ser aumentado em alguma hipótese? Segundo o art. 28 da Lei 9.605/98, que dispõe sobre os crimes ambientais, permite que o Período de Prova seja acrescido de 1 ano!!!

OBS: O MP não só tem obrigatoriedade em ofertar a Suspensão Condicional do Processo como também tem o Poder /Dever de fazê-lo. Agora, aceitar a Suspensão Condicional do Processo que é facultativo pelo acusado. Assim, sendo possível a Suspensão Condicional do Processo e não sendo oferecida pelo MP, o juiz não poderá oferecer o benefício, devendo, por analogia aplicar o art. 28 do CPP, remetendo para o Procurador Geral, isso, segundo dispõe a Súmula 696 STF.

OBS: O art. 89 L.9.099/95, quando diz “ao oferecer a denúncia” diz que o MP ao oferecer a denúncia deve propor, quando for o caso, a suspensão do processo. O MP deve oferecer o Sursis Processual e se o acusado recusar deve-se iniciar o processo. Assim, não sendo possível a Suspensão Condicional do Processo porque o acusado não tem direito (pena mínima superior a 1 ano ou porque não quis aceitar o benefício), então o processo se iniciará. O Procedimento Sumaríssimo está previsto nos arts. 77 a 81 da L.9.099/95.

OBS: Não sendo o caso de SURSIS processual, depois de oferecida a Denúncia ou Queixa, o juiz citará

o causado para a AIJ. Abrindo a audiência, não tendo havido possibilidade de conciliação, transação

penal ou suspensão do processo, o juiz instará o MP. Não obtendo êxito, o autor do fato oferece sua

defesa e, após recebida a denúncia ou queixa, o juiz passará à instrução.

QUESTÃO 10

1. Instalação

O toque na campainha marca a abertura do Tribunal do Júri pelo juiz-presidente, com a presença do

promotor, escrivão e oficiais de justiça.

O juiz pede ao oficial de justiça que proceda à chamada dos jurados sorteados que estão presentes.

O juiz passa a analisar os pedidos de dispensa apresentados pelos jurados.

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2. Escolha dos jurados

O juiz-presidente do Tribunal do Júri, com a presença do promotor de justiça, do escrivão e do porteiro,

verifica se a urna mantém as cédulas de 25 jurados.

* Se compareceram menos de 15 jurados, o juiz dirá: deixo de instalar a sessão do Tribunal do Júri por

falta do número legal de jurados.

Se compareceram 15 ou mais jurados, o juiz declara instalada a sessão do Tribunal do Júri.

As cédulas com os nomes dos jurados serão colocadas na urna para posterior sorteio.

3. Anúncio do processo/pregão

O juiz dirá: “O senhor oficial de justiça deverá realizar o pregão, certificando a diligência nos autos”.

4. Chamada das testemunhas

As testemunhas presentes devem ser recolhidas em salas distintas, separadas as de acusação das de

defesa, para que não ouçam o depoimento umas das outras e não se comuniquem.

5. Condução do réu ao plenário

O réu deverá ser conduzido ao plenário. A escolta deverá justificar o uso imprescindível das algemas,

necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas, garantia e integridade física dos

presentes.

6. Sorteio dos jurados

O Juiz procede ao sorteio dos jurados, dentre os presentes, para formar o conselho de sentença (sete

jurados), mas antes adverte que não poderão servir no mesmo conselho:

I - marido e mulher;

II - ascendente e descendente;

III - sogro e genro ou nora;

IV - irmãos e cunhados, durante o cunhadio;

V - tio e sobrinho;

VI – padrasto, madrasta ou enteado.

O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável reconhecida

como entidade familiar.

Não poderá servir o jurado que:

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I - tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da causa

determinante do julgamento posterior;

II - no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que julgou o outro

acusado;

II – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado.

O juiz adverte ainda aos senhores jurados que, uma vez sorteados, não poderão se comunicar com

outras pessoas nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do conselho.

Poderão sempre dirigir a palavra ao juiz.

Realizado o sorteio, o juiz pede aos jurados que desliguem os celulares, antes de serem recolhidos

pelos oficiais de justiça.

Em seguida, o juiz dispensa os jurados que não foram sorteados, ressaltando que deverão comparecer

no próximo julgamento para o qual foram sorteados.

Após, o juiz concita os jurados a examinarem com imparcialidade a causa, e que dêem a decisão de

acordo com suas consciências e com os ditames da Justiça. Pede a todos que ergam a mão direita à

frente e respondam: “Assim o prometo”.

O oficial de justiça distribui aos jurados cópia da pronúncia e do relatório do processo.

7. Oitiva das testemunhas

Se as partes quiserem ouvir testemunhas, os jurados são avisados de que poderão fazer perguntas ao

ofendido e às testemunhas por intermédio do juiz-presidente.

O juiz pergunta ao promotor, à defesa e aos jurados se desejam alguma acareação, reconhecimento de

pessoas e coisas, e esclarecimento de peritos.

8. Eventual leitura de peças

O juiz indaga ao promotor, à defesa e aos jurados se querem que se proceda à leitura de alguma peça

dos autos.

9. Interrogatório do réu

Antes de proceder ao interrogatório, o juiz esclarece ao réu seu direito constitucional de ficar em

silêncio. Se o réu não se opuser a ser interrogado, o juiz indaga ao promotor, à defesa e aos jurados se

querem fazer alguma pergunta ao réu.

10. Debates entre acusação e defesa

Com a palavra, o promotor terá uma hora e meia para a acusação.

Page 18: Assunto Para Estudar Processo Penal

Em seguida, é dada a palavra ao defensor que terá uma hora e meia para a defesa.

No caso de réplica e de tréplica, o promotor e o defensor terão mais uma hora cada um para debates.

Havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de uma hora e

elevado ao dobro o da réplica e da tréplica.

11. Leitura dos quesitos

O juiz passa a ler os quesitos que serão postos em votação.

O promotor, o defensor e os jurados recebem uma cópia dos quesitos.

Após ler os quesitos, o juiz indagará à acusação e à defesa se há algum requerimento ou reclamação a

fazer, e se os jurados querem alguma explicação sobre os quesitos.

n Se não houver nenhum pedido de explicação, o juiz convida os jurados, o escrivão, o promotor de

justiça e o defensor a se dirigirem com ele à sala secreta.

12. Votação na sala secreta

O juiz adverte as partes de que não será permitida qualquer intervenção que possa perturbar a livre

manifestação do Conselho, sob pena de ser retirada da sala a pessoa que se comportar

inconvenientemente.

Após a votação, o juiz diz aos jurados que está encerrada a incomunicabilidade e que vai proferir a

sentença.

13. Sentença

Após o encerramento da votação na sala secreta, o juiz lavrará a sentença.

Os jurados tomarão seus lugares, e, com todos presentes, o juiz, após pedir a todos que fiquem de pé,

lerá a sentença.

Terminada a leitura da sentença, o juiz encerra a sessão com as seguintes palavras: “Agradeço aos

senhores jurados a presença e o cumprimento do dever. Os senhores jurados estão dispensados.

Agradeço também ao Dr. Promotor de Justiça, ao Dr. Defensor e aos serventuários da Justiça aqui

presentes”.

Finalmente o juiz dirá: “Declaro encerrada a sessão”.