176

At Interpretado- Êxodo

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: At Interpretado- Êxodo
Page 2: At Interpretado- Êxodo

Digitalizado por: Presbítero

Page 3: At Interpretado- Êxodo

X

Êxodo

40 Capítulos 1.213 Versículos

Page 4: At Interpretado- Êxodo

299ÊXODO

O Código sacerdotal ou documento P (S ) originou-se por volta de 500 A.C., todavia sua redação prorrogou-se até 0 sec. IV. A.C. Esse documento evidência uma preferência por números e genealogias, distinguindo-se dos outros também quanto a seu ponto de vista sa- cerdotal e ritualístico.

Os críticos esclarecem que as fontes de Êxodo, além de distintas entre si, datam de um período bastante posterior aos eventos narra- dos. Eles acentuam também que 0 livro não só revela 0 trabalho de diferentes indivíduos, mas de diferentes escolas de registros históri- cos. Cada documento tem seu ponto de vista individual, assim como cada evangelho sinótico apresenta sua própria visão da vida de Cris- to. Certo erudito disse que 0 livro de Exodo era como uma grande sinfonia, a qual se pensou produzir uma harmonia uníssona, mas agora tem sido demonstrado que, em virtude de seus elementos intensamente discordes entre si, a harmonia produzida por ser ainda mais rica.

2. Relação com 0 Restante do Pentateuco. A narrativa de Êxodo está intimamente relacionada com a de Gênesis, pois continua a história dos descendentes dos patriarcas do ponto em que Gên. 50 parou, embora um tempo considerável tenha passado entre a morte de José e os primeiros eventos de Êxodo (1.7 ss.), período durante 0

qual 0 povo de Israel fora levado a posição de servidão. Depois de descrever a emigração do Egito, 0 livro relata a entrega da lei e da construção do tabernáculo. As regras para 0 sacrifício que seguem formam a primeira parte de Levítico. Êxodo não é tanto um livro independente quanto uma porção arbitrariamente definida de uma seção do Pentateuco que abrange três livros. A divisão entre Êxodo e Levítico é semelhante àquela entre I e II Samuel ou entre I e II Reis.

3. Ponto de Vista Literário. Como obra literária, Êxodo é inferior a Gênesis, embora algumas qualidades similares de estilo narrativo intenso e vigoroso estejam evidentes em certas porções. A despeito de algumas incertezas, este livro constitui valiosa fonte de história política e cultural. O conteúdo de Êxodo está dividido em partes quase iguais entre narrativa e seção legal. Os primeiros 19 capítulos são quase inteiramente narrativos, com exceção de pequenas se- ções legais, a saber, 12.14-27, 42-49; 13.1-16. O restante do livro trata solidamente da lei, com exceção do capítulo 24, que descreve 0

reconhecimento do pacto, e dos capítulos 32-34, que descrevem a rebelião do povo, a intercessão de Moisés e a renovação do pacto.

II. HistoricldadeGrandes são os problemas de historicidade, rota percorrida e

data do êxodo. Embora os pesquisadores não tivessem descoberto nenhuma prova contemporânea direta desse evento, uma série de evidências indiretas tem ajudado a esclarecer muitos detalhes. Os primeiros 12 capítulos descrevem principalmente as ocorrências da última parte do segundo milênio A.C. no Egito. Os eventos dos capí- tulos restantes aconteceram na península do Sinai. Um tratamento mais detalhado, concernente a história, localidade geográfica e cro- nologia é apresentado no presente artigo.

Nesta seção, limitamo-nos a apresentar um breve sumário de alguns aspectos importantes ressaltados pelos peritos no assunto:

1. Embora considerável porção reflita aspectos da vida e história, escassos são os detalhes que poderiam indicar 0 tempo preciso dos eventos narrados. Em nenhuma ocasião 0 rei do Egito é mencionado pelo nome. “Faraó” ou “rei do Egito” são as duas formas empregadas para referir-se a esse governante. Acreditava-se que a data do êxodo poderia ser determinada caso fosse descoberto que 0 Faraó morreu afogado. Todavia, esse detalhe não tem sido esclarecido, e 0 texto de Exodo nem mesmo indica que 0 rei necessariamente morreu afo- gado, mas somente que sofreu grande derrota, seus carros de guerra e sua carruagem afundaram, e seus capitães favoritos se afogaram.

2. A declaração de Êxo. 1.8, “Entrementes se levantou novo rei sobre 0 Egito, que não conhecera a José”, sugere fortemente que a expulsão dos hiesos ocorreu no período entre a morte de José e 0

nascimento de Moisés. Neste caso, seria fácil entender por que 0

novo rei teria uma atitude hostil em relação àqueles que ele associa­

INTRODUÇÃO

O livro de Êxodo, segunda seção da Tora, é chamado em hebraico de We'ele, ou às vezes, Shemoth, nomes derivados de suas palavras iniciais “Estes são os nomes” ou, mais abreviadamente, “nomes dos”, pois esta seção da Tora começou com os nomes dos patriarcas que desceram do Egito. Em português, 0 termo êxodo é a forma latinizada que se derivou da septuaginta, versão grega do Antigo Testamento (ex - fora + hodos - caminho = “saídas”).

EsboçoI. Composição

1. Autoria e Data2. Relação com 0 Restante do Pentateuco3. Ponto de Vista Literário

II. HistoricidadeIII. Quatro Áreas Salientadas

1. Redenção dos Hebreus da Terra do Egito2. Estabelecimento do Pacto3. A Lei4. O Culto

IV. ConteúdoV. Seção Legal

1. Leis Dadas Antes do Sinai2. Os Dez Mandamentos3. O Livro do Pacto4. Regulamentações para 0 Tabernáculo e Estabelecimento do

Sacerdócio5. O Decálogo Ritual

VI. MilagresVII. Bibliografia

I. Composição1. Autoria e Data. Semelhantemente ao gue ocorre nos outros

livros do Pentateuco, a questão da autoria de Êxodo divide os estudi- osos em duas classes: a. a do ponto de vista conservativo e b. a da escola crítica.

a. Ponto de Vista Conservativo. Os conservativos reivindicam que Êxodo, tanto quanto 0 Pentateuco como um todo, foi escrito por Moisés. Eles admitem que talvez Moisés tenha usado fontes antigas, orais ou escritas, mas a despeito disso é 0 único autor dos cinco primeiros livros da Bíblia. Os que mantém essa opinião suportam seu ponto de vista com base nas seguintes passagens de Êxodo: 1. Duas vezes 0 livro declara que Deus falou para Moisés escrever (17.14; 34.27); 2. uma vez 0 livro diz que Moisés escreveu (24.4); 3. Cristo declarou que Moisés escreveu (João 5.46,47); 4. Em Mar. 7.10, Cris- to atribuiu também Êxo. 20.12 e 21 .17 a Moisés; 5. Em Mar. 12.26 Jesus se refere ao “livro de Moisés”, contudo os conservadores admi- tem que neste trecho talvez Jesus estivesse referindo-se à tradição judaica que atribuía a Moisés a responsabilidade pelo conteúdo do livro. A autoria mosaica implicaria uma data provavelmente no século XIII A.C.

b. Ponto de Vista Crítico. Os críticos afirmam que Êxodo é resul- tado da compilação dos documentos J.E .D e P(S) (ver 0 artigo cor- respondente no Dicionário) em que cada um desses documentos consistia em uma narrativa e numa série de leis.

O documento J é constituído de narrativas judaicas antigas, e seu autor revela interesse pelo reino judaico e seus heróis (850 A.C.). A palavra Yahweh (Jeová) é usada neste documento para referir-se a Deus.

O documento E contém as antigas narrativas afraemitas origina- das por volta de 750 A.C. O escritor de E demonstra interesse pelo reino do Norte de Israel e por seus heróis. Ele emprega 0 vocábulo Eloim em lugar de Yahweh (Jeová) para referir-se a Deus.

O documento D, também chamado Código Deuteronômico, foi encontrado no templo em 621 A.C. Esse documento aborda 0 fato de que 0 amor é a razão mesma do servir, e salienta a doutrina de um único altar.

Page 5: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO300

2. Estabelecimento do Pacto. O pacto fundamentou-se no fato de que Deus, tendo redimido Seu povo, tinha 0 direito de esperar dele aliança e lealdade. (Referências à redenção, sobre a qual 0 pacto se baseia: 19.4-6; 20.2; 22.21; 23.9-15). Para Deus, os remidos se tor- naram 0 povo de Seu pacto, e Ele prometeu protegê-los e dirigi-los. Em troca, eles deveriam obedecer à Sua lei.

3. A Lei. A declaração do pacto inicia-se com 0 grande sumário da lei moral dos Dez Mandamentos e apresenta a seguir várias leis importantes para a vida daqueles que são destinados a formar uma nação santa e um povo consagrado a Deus.

4. O Culto. Este tema é referido em Êxo. 3.5,6 e nas regras da Páscoa no capitulo 12, que estabeleceram na mente das gerações subseqüentes a natureza da redenção de Deus e a necessidade de participação individual e pessoal. A questão de reverência é tratada especialmente nos capítulos 25-31, que descrevem os preparativos para a construção do tabernáculo e a separação dos sacerdotes, e no relato da construção do tabernáculo nos capítulos 35-40.

IV. ConteúdoA. Os Hebreus no Egito (1.1-12.36)

1. A opressão (1.1-22)a. Os descendentes de Jacó no Egito (1.1-14)b. Moisés nos é apresentado (1.15-22)

2. Preparação dos representantes de Deus (2.1— 4.31)a. Nascimento e educação de Moisés (2.1-10)b. Moisés mata um egípcio e foge para Midiã (2.11-22)c. Moisés é chamado por Deus (2.23— 3.22)d. Deus concede poderes a Moisés (4.1-17)e. Moisés regressa ao Egito (4.18-31)

3. Tentativas de sair do Egito (5 .1— 7.13)a. Moisés e Arão falam ao Faraó (5.1-5)b. O Faraó intensifica a opressão (5.6-14)c. Moisés, rejeitado por Israel e encorajado por Deus (5 .1 5 -6 .1 3 )d. Genealogias de Moisés e Arão (6.14-27)e. Moisés fala novamente ao Faraó (6.28— 7.3)

4. As dez pragas (7 .14-11.10)a. As águas tornam-se sangue (7.14-25)b. Rãs (8.1-15)c. Piolhos (8.16-19)d. Moscas (8.20-32)e. peste nos animais (9.1-7)f. Úlceras nos homens e nos animais (9.8-12)g. Chuva de pedras (9.13-35)h. Gafanhotos (10.1-20)i. Trevas (10.21-29)j. A morte dos primogênitos é anunciada (11.1-10)

5. A instituição da Páscoa (12.1-28)6. Realização da décima praga: morte dos primogênitos

(12.29-36)B. Os Hebreus no Deserto (12 .37-18 .27 )

1. A saída dos israelitas do Egito (12.37-51)a. Consagração dos primogênitos (13.1-16)b. Deus guia 0 povo pelo caminho (13.17-22)

2. O Faraó tenta reconquistar Israel (14.1— 15.21)a. Perseguição contra Israel (14.1-14)b. Travessia do mar (14.15-25)c. Os egípcios perecem no mar (14.26-31)d. Hino de vitória (15.1-21)

3. Experiências no deserto (15 .22— 18.27)a. As águas amargas tornam-se doces (15.22-27)b. Deus manda 0 Maná (16.1-36)c. A água da rocha de Refidim (17.1-7)d. Amaleque ataca os israelitas (17.8-16)e. Jetro visita e aconselha a Moisés (18.1-27)

C. Os Hebreus no Monte Sinai (19.1 — 40.38)1. Estabelecimento do Pacto Divino (19.1— 24.11)

a. Preparação para 0 Pacto (19.1-25)

va aos hicsos, que também eram asiáticos e dominaram 0 Egito durante um considerável período de tempo.

3. A referência as cidades de Pitom e Ramessés em Êxo. 1.11 tem sido apontada como prova de que os eventos descritos não poderiam ter ocorridos até a 19a dinastia, considerando que os pri- meiros reis que levaram 0 nome Ramsés pertenciam àquela dinastia. Contudo, é possível que os nomes originais tenham sido substituídos no texto pelos nomes conhecidos posteriormente. A despeito do fato de que os Ramsés não reinaram até a 19â dinastia, poderia ter existi- do uma cidade com 0 nome Ramessés, pois 0 culto do deus RE ou RA alcançou proeminência em muitos períodos da história egípcia antiga e “mss” era um sufixo comum para nomes pessoais.

4. A opressão egípcia é descrita como muito severa. Comprovan- do este fato, abundantes evidências do período da 18a e 19a dianastia ilustram a crueldade dos egípcios em relação aos escravos e estran- geiros. O sinal hieroglífico representativo de um estrangeiro é a figura de um homem atado e com um ferimento sangrento na cabeça. Tal sinal é usado até mesmo em conexão com nomes de honrados reis estrangeiros com quais os egípcios faziam acordos. Portanto, há evidências de crueldade dos egípcios em relação aos estrangeiros, às quais ajuntam os eventos relatados no início de Êxodo. No passa- do pensava-se que as grandes pirâmides do Egito eram resultado do trabalho dos hebreus durante a opressão, contudo essa idéia não é pertinente: as pirâmides provavelmente foram levantadas pelo menos mil anos antes da época do êxodo.

5. Pesquisadores questionam a historicidade do êxodo e do evento do Mar Vermelho, com base no fato de que as ruínas do Egito antigo não mencionam tais ocorrências. Essa objeção, todavia, baseia-se numa concepção errônea da natureza da arqueologia egípcia. Muitos dos registros cotidianos e das ruínas das casas do Egito antigo estão debaixo da bacia de água no Delta, a região onde a maioria das pessoas viveu. Embora abundantes, as ruínas do Egito antigo con- sistem principalmente em sepulcros e monumentos construídos no deserto para celebrar conquistas e vitórias egípcias. Derrotas como a partida dos israelitas e 0 insucesso do Faraó em recapturá-los dificil- mente resultariam na construção de monumentos.

6. Outras questões são levantadas em relação à historicidade do livro de Êxodo, tais quais: a. Êxo. 1.5 declara que 0 número de pesso- as que desceu para 0 Egito era setenta, contudo estudiosos observam que esse é um número meramente aproximado, b. A historicidade do capítulo 1 tem sido questionada com base no fato de que uma grande multidão, tal qual a dos israelitas, requeria mais do que duas parteiras para salvar a vida dos meninos hebreus. Por outro lado, deve-se ob- servar que a passagem não afirma que havia somente duas parteiras,c. Há algumas objeções em relação à história de Moisés narrada no capítulo 2. Alguns estudiosos sugerem que a história do salvamento de Moisés através do cesto de junco seja um da história de Sargon que também fora salvo através de um barco. Outros observam que a histó- ria de Sargon, é de origem mesopotâmica e dificilmente teria servido de base para um história egípcia. Além disso, para as comunidades que viviam às margens do rio, esse incidente pode ser comparado ao de uma criança sendo abandonada na porta de uma casa atualmente e a existência de histórias com esse tema poderia ser perfeitamente independente, d. Aparentemente há uma contradição em relação ao nome do sacerdote de Midiã, que é chamado de Reuel em Êxo 2.18 e de Jetro em Êxo. 3.1. Segundo os críticos, esses nomes devem ter pertencido a documentos diferentes, e 0 uso de ambos comprova a combinação desses documentos.

III. Quatro Áreas Salientadas1. Redenção dos Hebreus da Terra do Egito. O livramento dos

israelitas do poder opressivo do Faraó é um dos aspectos acentuado, pois esse fato condicionou a mente dos israelitas para as eras vin- douras e estabeleceu um débito permanente de gratidão para com Aquele que os livrou da escravidão. Metaforicamente esse livramento salienta a importância da redenção da escravidão do pecado na vida de todo aquele que é remido por intermédio de Cristo, representado pelo cordeiro pascal (Exô. 12.1-14).

Page 6: At Interpretado- Êxodo

301ÊXODO

so deve ser submetido em tais situações. Estas leis geralmente iniciam com a partícula “se” introduzindo a descrição geral da situação.

Ocasionalmente a partícula “se” ocorre, acrescentando detalhes mais específicos da situação e introduzindo juntamente uma declara- ção da pena apropriada. As leis apodícticas consistem em declara- ções categóricas sobre os crimes, geralmente sem se referir à pena, como nos Dez Mandamentos, mas também acrescentando-a em cer- tas ocasiões e simplesmente terminando a declaração com a frase “ele será morto”, ou precedendo-a com a frase “amaldiçoado seja aquele que...”. Albrecht Alt, 0 estudioso que sugeriu a divisão das leis do Antigo Testamento nesses dois tipos, é de opinião que as leis casuisticas do Pentateuco foram extraídas das leis cananitas, en- quanto as leis apodícticas são de origem especificamente judaica. Alegando que ambos os tipos de leis são encontrados também nos tratados hititas e nas leis da Ásia Menor, Mendenhall refuta essa declaração. As porções seculares das leis indicam contatos com as leis de períodos anteriores; contudo, segundo os conservatistas, esse fato não coloca em questão a autenticidade das leis recebidas por Moisés.

As seções legais de Êxodo são extensivas e detalhadas. Os principais grupos são: 1. As leis dadas antes do Sinai. 2. Os Dez Mandamentos. 3. O Livro do Pacto. 4. Regulamentações para 0

tabernáculo e estabelecimento do sacerdócio. 5. O Decálogo Ritual.1. A leis dadas antes do Sinai compreendem a lei da páscoa, a

lei da consagração dos primogênitos e a lei do maná. Em Êxo 12.3- 13 0_ Senhor deu ordens explícitas quanto à cerimônia da páscoa e em Êxo. 12.13-49 e 13.1-16 estabeleceu regras permanentes a res- peito do grande festival anual e da consagração dos primogênitos. A lei do maná, em Êxo. 16.16; 23.33, estava relacionada à necessidade imediata de regular a arrecadação e 0 uso da comida.

2. Os Dez Mandamentos, tam bém chamados Decálogo (em hebraico, as Dez Palavras), estão contidos em Êxo. 20.1-17, e são repetidos com pequenas diferenças em Deu. 5.6-21. O caráter espe- ciai dos Dez Mandamentos, dizem os estudiosos bíblicos, reside; a. no fato de que eles foram “escritos pelo dedo de Deus” nas tábuas de pedra (Êxo. 31.18; 32.16; Deu. 9 .10) e b. no fato de que foram recitados para a nação de Israel como um todo. Isso está implícito em Êxo. 20 .18,19 (ver 0 artigo assim intitulado no Dicionário) e é explicitamente declarado em Deu. 5.4.

Os Dez Mandamentos distinguem-se das outras seções legais quanto a seu caráter sintético e formal de apresentar as leis. Esta seção consiste em um sumário das leis éticas, com poucos detalhes explicativos. Pena nenhuma é mencionada para a infração dos man- damentos.

A questão da originalidade dos Dez Mandamentos tem sido moti- vo de controvérsia entre os eruditos. Wellhausen e outros críticos afirmam que os Dez Mandamentos representam uma forma desen- volvida de lei, que dificilmente teria existido até 0 tempo do último reino israelita. A diferença de redação entre 0 mandamento de Sabá em Êxo. 20.8-11, e sua contrapartida em Deu. 5.12-15, indica que 0

mandamento original era ou mais longo, incluindo assim ambas as formas, ou mais resumido, sendo apresentado portanto em forma de sinóptico. Os que acreditam na plena inspiração das Escrituras afir- mam que os Dez Mandamentos incluem todas as palavras de ambas as passagens.

Quanto à e n u m e ração dos m an d a m e n to s , há três formas princi- pais: 1. a enumeração de Josefo (Antiq. Ill.c.6, see. 5); 2. a enumera- ção do Talmude; e 3. a enumeração de Agostinho. A maioria das igrejas protestantes não-luteranas e a igreja grega seguem a enume- ração de Josefo. A igreja católica romana e a maioria dos luteranos seguem a enumeração de Agostinho.

A disposição dos mandamentos nas tábuas tem sido motivo de polêmica:

1. Agostinho sugeriu que os três primeiros mandamentos esta- vam na primeira tábua, e os outros sete na segunda; 2. Calvin 0 - sugeriu que quatro estavam na primeira e seis na segunda; 3 Filo e

b. Os Dez Mandamentos (20.1-17)c. O temor do povo (20.18-21)d. Leis acerca dos altares (20.22-26)e. Leis acerca de escravos (21.1-11)f. Leis acerca da violência (21.12-36)g. Leis acerca da propriedade (22.1-15)h. Leis civis e religiosas (22.16-31)i. O testemunho falso e a injúria (23.1-5)j. Deveres dos Juizes (23.6-9)k. O ano de descanso (23.10-11)I. O sábado (23.12-13)m. As três festas (23.14-19)

2. Promessas divinas (23.20-33)3. A aliança de Deus com Israel (24.1-11)4. Deus dá instruções no Monte (24 .12— 31.18)

a. Moisés e os anciãos sobem ao monte (24.12-18)b. Direções para a construção do tabernáculo (25.1— 27.21)c. Direções quanto ao sacerdócio (28 .1— 29.46)d. Instruções suplementares (30 .1— 31.18)

5. Idolatria do povo (32.1— 33.23)a. O bezerro de ouro (32.1-6)b. A ira de Deus (32.7-10)c. Moisés intercede pelo povo (32.11-24)d. Moisés manda matar os idólatras (32.25-29)e. A Segunda Intercessão de Moisés (32.30-35)f. O anjo de Deus guiará 0 povo (33.1-23)

6. Restabelecimento do pacto (34 .1— 35.3)a. As segundas tábuas da lei (34.1-9)b. A Lei. Desdobramento do Décagolo (34.12-28)c. As três festas (34.18-28)d. O rosto de Moisés resplandece (34.29-35)e. O sábado (35.1-3)

7. Construção do tabernáculo (35 .4—40 .38 )a. Ofertas para 0 tabernáculo (35.4-29)b. Obreiros para 0 tabernáculo (35 .30— 36.7)c. As partes do tabernáculo (36 .8— 38.20)d. O custo do tabernáculo (38.21-31)e. As vestes dos sacerdotes (39.1-31)f. Os utensílios do tabernáculo são terminados e apresen-

tados (39.32-43)g. Deus manda Moisés levantar 0 tabernáculo (40.1-15)h. O tabernáculo é levantado (40.16-33)i. Manifestação divina de aprovação (40.34-38)

V. Seção LegalAs leis do livro de Êxodo têm como objetivos principais: a. esta-

belecer regras detalhadas para a conduta das pessoas em muitas situações, originando ordem e justiça entre os homens; e b. regular 0

relacionamento dos redimidos com Deus. Outros códigos de lei têm sido descobertos, alguns bem mais antigos que 0 de Êxodo, a saber: Código de Hamurabi, rei da Babilônia, encontrado em 1901 (XVIII A.C.) - um código sumérico cerca de dois séculos mais antigo, e um outro babilônico mais velho ainda; 0 Código Hitita (XIV A.C.) e as Leis Assírias (XII). Um exame da natureza desses códigos em rela- ção a Êxodo demonstra que uma diferença principal entre esses códigos e Êxodo é 0 fato de que os outros códigos são estritamente seculares, exceto quando ocasionalmente^ mencionam os privilégios ou responsabilidades dos sacerdotes. Êxodo, por outro lado, é pesadamente religioso: inclui regras para sacrifícios, festivais anuais e outros serviços religiosos.

Algumas semelhanças são também encontradas entre as leis de Êxodo e as de certos códigos, como por exemplo, a existência de dois tipos de lei, casuística e apodíctica, nos códigos Hititas e nas leis da Ásia Menor.

As leis casuísticas, também chamadas leis de sentença, referem- se a situações específicas, e formulam uma sentença à qual 0 crimino-

Page 7: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO302

que Moisés tinha sido realmente enviado por Deus; 2. 0 milagre das pragas que caíram sobre 0 Egito como castigo; 3. milagres de provi- dência e proteção divina no deserto. O milagre da sarça ardente, primeiro incidente de ordem sobrenatural do livro de Exodo, não pertence a nenhum desses três grupos. Nesse incidente, Deus co- municou-se particularmente com Mosés, revelando-lhe sua missão.

1. Entre os milagres que provaram a autenticidade da missão de Moisés, estão: a. a transformação da vara em serpente e vice-versa;b. 0 fenômeno da mão de Moisés que repentinamente se tornou leprosa e foi restaurada em seguida; c. 0 fenômeno da transformação da água em sangue.

2. Com exeção da décima, as pragas do Egito até certo ponto consistiram em fenômenos que poderiam ocorrer naturalmente na- quela região. Contudo, quatro aspectos peculiares dessas pragas provam 0 caráter sobrenatural desses fenômenos, a saber: a. a in- tensidade - foram fenômenos extremamente severos; b. a acelera- ção - aconteceram num curto período de tempo; c. a especificação - a terra de Gósen não foi atingida por certas pragas; d. a predição - Moisés podia prever quando a praga ocorreria.

O caráter miraculoso da décima praga consistiu na intervenção divina fornecendo instruções aos israelitas sobre como proceder para que a vida de seus primogênitos fosse poupada.

3. Entre os milagres de proteção e prov idência divina no deser- to estão: a. a travessia do M ar Vermelho; b. a coluna de nuvem durante 0 dia, e a coluna de fogo à noite, que guiaram 0 povo de Israel no deserto; c. a provisão de água em Mara e Refidim; d. provisão de alimento: codornizes e maná; e. a entrega dos Dez Mandamentos.

VII. BibliografiaALB AM A N ET BA E C I IB IO T NAP N O T W BC W ES S

CRONOLOGIA DOS PATRIARCASAs datas variam, de acordo com os cálculos dos emditos, em até 200

anos. E as versões, como a Septuaginta, também variam nessa proporção.

2 .166 A.C. Nascimento de Abraão(Gên. 11.26)

2 .066 A.C. Nascimento de Isaque(Gên. 21.5)

2.006 A.C. Nascimento de Jacó(Gên. 25.26)

1991 A.C. Morte de Abraão, aos 175 anos(Gên. 25.7)

1915 A.C. Nascimento de José(Gên. 30.23,24)

1898 A.C. José vendido ao Egito com 17 anos(Gên. 37.2,28)

1886 A.C. Isaque morre aos 180 anos(Gên. 35.28)

1876 A.C. Jacó muda-se para 0 Egito, aos 130 anos(José estava com 39 anos)(Gên. 47.9)

1859 A.C. Jacó morre aos 147 anos (17 anos depois deentrar no Egito)(Gên. 47.28)

1805 A.C. José morre aos 110 anos(Gên. 50.26)

Josefo afirmaram explicitamente que haviam cinco mandamentos em cada tábua.

3. O Livro do Pacto corresponde à porção de Êxo. 20.22 a 23.33. Essas leis abordam uma variedade de assuntos religiosos, morais, comerciais e humanitários. O livro do Pacto inicia-se com uma reite- ração da advertência contra a idolatria e segue com instruções sobre tipos de altares (Êxo. 20 .24-16). Princípios humanitários proporcio- nam 0 tema para a próxima seção, na qual são tratados problemas de relacionamento entre mestre e servo, preservação de proprieda- de, compensação de danos pessoais e preservação de direitos de propriedade. Esta seção acrescenta ainda mandamentos especifícos contra imoralidade, bestialismo, espiritismo, hostilidade ao fraco e oprimido etc.

O Livro do Pacto consiste basicamente em leis casuísticas, con- tudo seu propósito não é 0 de fornecer um conjunto completo de leis para todos os diferentes tipos de problemas que possam eventual- mente surgir, e, sim, indicar 0 tipo de punição que deve ser efetuado em algumas situações comuns.

4. Regulamentações para 0 tabernáculo e 0 estabelecimento do sacerdócio estão contidas entre Êxo. 25.1 e 31.17. Durante os 40 dias e 40 noites que Moisés permaneceu no Monte, 0 Senhor deu-lhe instruções quanto ao sistema israelita de adoração. Planos para a construção do tabernáculo, bem como de sua mobília e utensílios, foram estabelecidos com precisão. Segue uma descrição do uso e da natureza dos implementos usados pelos sacerdotes, tais como: a bacia de bronze para as sagradas abluções, e a preparação do per- fume e do óleo sagrados (Êxo. 30 .17-38).

Depois de seguidas as instruções desses versos, homens con- templados com 0 espírito de Deus eram apontados para construir 0

tabernáculo e toda a sua mobília (31.1-2). As descrições do santuá- rio, do sacerdócio e da forma do culto são seguidas por aquelas dos tempos e períodos sagrados (31.12 ss.). Sobre tempos sagrados há aqui referência somente ao sábado, e outros regulamentos são apre- sentados no que concerne às suas origens. A preparação do tabernáculo devia ter começado quando Deus entregou a Moisés as tábuas da lei, se 0 seu progresso não tivesse sido interrompido pelo ato de idolatria por parte do povo, e pelo seu conseqüente castigo pela ofensa, 0 que é 0 tema da narrativa nos capítulos 32-35. Contrá- ria e em oposição a tudo 0 que tinha sido feito por Jeová para Israel e na presença de Israel, a terrível apostasia deste último se manifes- ta da maneira mais melancólica, como um ominosamente significante fato profético, que é incessantemente repetido na história de gera- ções subseqüentes. A narrativa disso está intimamente ligada aos relatos precedentes a misericórdia e gratuita fidelidade de Jeová de um lado, e a descarada ingratidão de Israel do outro, intimamente associadas. Esta conexão forma a idéia central de toda a história da teocracia. Somente após a narrativa desse significativo evento é que 0 relato sobre a construção e 0 término do tabernáculo pode proce- der (35-40). Tal relato se torna mais circunstancial a medida que 0

assunto mesmo ganha maior importância.Acima de tudo, é fielmente demonstrado que tudo fora executado

segundo os mandamentos de Jeová. Na História descritiva de Êxodo um plano fixo de conformidade com os princípios apresentados an- tes, é consistente e visivelmente carregado — através de todo 0 livro, dando-nos assim a mais certa garantia da unidade de ambos: livro e autor.

5 . 0 Decálogo Ritual consiste em um grupo de leis dado em Êxo. 34.10-28. Alguns dos Dez Mandamentos e algumas das ordenanças religiosas do Livro do Pacto são repetidos neste trecho, exceto as leis casuísticas. A relação do Decálogo Ritual aos textos paralelos é um assunto polêmico. A teoria de que esta passagem é mais antiga do que os Dez Mandamentos propriamente ditos é bastante aceita.

IV. MilagresO livro de Êxodo descreve um dos grandes períodos de miraculosa

intervenção divina nas Escrituras. Os milagres deste livro podem ser classificados em três grupos: 1. milagres que provaram aos israelitas

Page 8: At Interpretado- Êxodo

303ÊXODO

Citações de Gênesis no Novo TestamentoIDADE COMPARADA DOS ANTEDILUVIANOS, DOS PATRI- ARCAS E DA ERA DO REINO

M ateus:

5.21 (Êxo. 2 0 .1 3 ); 5 .2 7 (Êxo. 2 0 .1 4 ); 5 .3 8 (Êxo. 21 .2 4 ); 15.4 (Êxo. 20.12; 21.17); 19.18 (Êxo.20.13-16); 19.19 (Êxo. 20.12); 22.32 (Êxo. 3.6); 26 .28 (Êxo. 24.8)

M arcos:

7.10 (Êxo. 20.12); 7 .10 (Êxo. 21.17); 10.19 (Êxo. 20.12-16); 12.26 (Êxo. 3.6); 14.24 (Êxo. 24.8)

Lucas:

2.23 (Êxo. 13.12); 18 .20 (Êxo. 20 .12-16); 20 .37 (Êxo. 3.6); 22 .20 (Êxo 24.8)

João:

6.31 (Êxo. 16.4); 19.36 (Êxo. 12.46)

Atos:

3.13 (Êxo. 3.6); 4.24 (Êxo. 20.11); 7.6 ss. (Êxo. 2.22); 7.7 (Êxo. 3.12); 7.15 (Êxo. 1.6); 7 .17 (Êxo. 1.7 ss.); 7 .19 (Êxo. 1.9 ss.); 7 .19 (Êxo. 1.18); 7 .20 (Êxo. 2.2); 7.21 (Êxo. 2.5); 7.21 (Êxo. 2.10); 7.23 (Ê xo. 2 .1 1 ); 7 .2 4 (Ê xo . 2 .1 2 ); 7 .2 7 ss. (Ê xo. 2 .1 3 ss.); 7 .2 9 (Êxo. 2 .15 ,22 ); 7 .3 0 (Êxo. 3 .3); 7 .3 2 (Êxo. 3.6); 7 .33 (Êxo. 3.5); 7.34 (Êxo. 2.24; 3.7 ss. 10); 7.35 (Êxo. 2.14); 7 .36 (Êxo. 7.3); 7.40 (Êxo. 32 .1 ,23); 7.41 (Êxo. 32 .4 ,6 ); 7 .4 4 (Êxo. 25 .1 ,40); 7.51 (Êxo. 33.3,5); 13.17 (Êxo. 6.1,6); 4.15 (Êxo. 20.11); 23.5 (Êxo. 22.28)

Rom anos:

7.7 (Êxo. 2 0 .14 ,17 ); 9 .1 5 (Êxo. 33 .19); 9 .1 7 (Êxo. 9.16); 9 .18 (Êxo. 7.3; 9.12; 14.4,17); 13.9 (Êxo. 20 .13 ss. 17)

I Coríntios:

5.7 (Êxo. 12.21); 10.7 (Êxo. 32.6); 11.25 (Êxo. 24.8)

II Coríntios:

3.3 (Êxo. 31.18; 34.1); 3 .7 ,10 ,13 ,16 (Êxo. 34 .29 ss.; 34 ss); 3.18 (Êxo. 24.17); 8 .15 (Êxo. 16.18)

Efésios:

6.2 ss. (Êxo. 20.12)

Hebreus:

8.5 (Êxo. 25.40); 9.20 (Êxo. 24.8); 9 .23 (Êxo 2.2); 9:24 (Êxo. 2.11); 9.28 (Êxo.12.21 ss.); 12.19 (Êxo. 19.16); 12.20 (Êxo. 19.12 ss.)

Tiago:

2.11 (Êxo. 20.13 ss.)

I Pedro

2:9 (Êxo. 19.5 ss.; 23.22)

900-1.000 anos 200-600 anos 100-200 anos 70 anos em média

De Adão a Noé: De Noé a Abraão: Os Patriarcas:Era do reino:

EVEN TO S DO G Ê N E S IS Q U E LEVARAM AO Ê X O D O

Os sonhos de José prediziam sua ascensão ao poder (Gên. 37.5-10)

Os invejosos irmãos de José vendem-no ao Egito (Gên. 37 .27 ss.)

No Egito, José é lançado na prisão (Gên. 39)

José é favorecido pelo Faraó mediante a interpretação de sonhos (Gên. 41)

José torna-se a segunda autoridade do Egito (Gên. 41.42 ss.)

A fome força Jacó e sua família a migrar de Canaã para 0 Egito (Gên. 46)

Israel em formação ocupa a terra de Gósen, uma região do Egito (Gên. 47)

Israel, como pequena nação, é escravizada por um Faraó que não conhecera a José

(Êxo. 1)

Aparecimento de Moisés (Exo. 2)

Israel, ao sair do Egito, conta com 3 milhões de pessoas (600 mil homens de guerra)

(Núm. 1.46)

Ao LeitorHistoricidade do Livro de Êxodo. Ver a segunda seção da Introdução.

Não há nos registros egípcios nenhuma informação da׳ saída de um grande número de pessoas que tenha deixado 0 Egito. É possível que grandes derrotas não fossem historicamente registradas. Mas várias li- nhas de arcabouço histórico (ver as notas sobre Êxo. 1.8) apontam para a 19ã dinastia (cerca de 1350 - 1200 A.C.) como 0 tempo provável do êxodo, embora os eruditos divirjam muito quanto a essas datas. O livro de Gênesis atribui uma razão espiritual para 0 êxodo. O Pacto Abraâmico (ver as notas em Gên. 15.18) tinha de ser cumprido, e parte desse cumprimento seria que a nação de Israel teria como pátria 0 território que Deus dera a Abraão, a saber, a terra de Canaã. Mas este lugar não poderia ser conquistado enquanto não terminasse 0 exílio de Israel no Egito, e enquanto os pecados dos habitantes originais de Canaã não tivessem chegado ao seu clímax. Mas, então, as populações cananéias seriam julgadas com a perda de suas terras. E a nação de Israel, livre da escravidão no Egito, seria a executora desse juízo. Ver Gên. 15.13,16.

As duas grandes seções do Livro de Êxodo são: 1. A emancipa- ção de Israel e seu retorno do exílio (Êxo. 1-18). 2. As vagueações de Israel pelo deserto (Êxo. 19-40). Moisés passa a ser aqui 0 herói do momento. Depois de Abraão, se não mesmo acima dele, Moisés surgiu como a maior figura isolada da história de Israel. Foi Moisés quem desenvolveu os alicerces espirituais de Israel, tendo sido ele 0

doador da Lei, a maior contribuição espiritual do povo de Israel. Ver no Dicionário 0 detalhado artigo intitulado Moisés.

Page 9: At Interpretado- Êxodo

11.6 (Êxo. 7 .17 ,19); 11 .15 (Êxo. 15 .18); 11 .17 (Êxo. 3.14); 11.19 (Êxo. 19.16); 14.7 (Êxo. 20.11); 15.3 (Êxo. 15.1); 15.3 (Êxo. 34.10);15.5 (Êxo. 40 .34); 15 .8 (Êxo. 4 0 .3 4 ss.); 16.2 (Êxo 9.9 ss); 16.3 (Êxo. 7.20); 16.4 (Êxo. 7.20); 16.5 (Êxo. 3.14); 16.10 (Êxo. 10.22);16.13 (Êxo. 8.3); 16.18 (Êxo. 19.16); 16.21 (Exo. 9.24)

Apocalipse:

1.4 (Êxo. 3.14); 1.6 (Êxo 19.6); 1.8 (Êxo. 3.14); 3.5 (Êxo. 32.33);4.1 (Êxo. 19.16,24); 4.5 (Êxo.19.16); 4.8 (Êxo. 3.14); 5.10 (Êxo. 19.6);8.5 (Êxo. 19.16); 8.7 (Êxo. 9.24); 8.8 (Êxo. 7.19); 9.3 ss. (Êxo. 10.12,15);

Page 10: At Interpretado- Êxodo

305ÊXODO

Deuteronômio 10.22 repete a m esm a informação. A Septuaginta fa la em setenta e dois nomes; e Estêvão, em A tos 7.14, usa esse m esm o número, por haver empre- gado a versão da Septuaginta, e não 0 orig inal hebraico, algo comum para os autores e outras personagens do Novo Testam ento. Ver as notas sobre essa questão em Gên. 46.27, e sobre Atos 7.14 no Novo Testamento Interpretado. Além dos setenta varões, havia as mulheres, as crianças e os escravos, as várias casas ou fam ílias que com punham a totalidade da com unidade — a nação de Israel em formação. Ta lvez estivessem envolvidas entre duzentas e trezentas pessoas. Mediante concubinas, outras pessoas, fora dos fam iliares imediatos, v iram -se envolvidas na multip licação, 0 que propiciou um a rápida multip licação dos descendentes de Abraão no Egito.

Alguns estudiosos crêem que 0 número setenta é simbólico e representativo, e não absoluto, e pode ter havido muitos outros varões que não foram mencionados.

1.6

Jo s é e toda aquela geração m orreram, ou seja, os patriarcas originais, 0

núcleo da nação de Israel, de acordo com 0 cam inho de todos os homens. Não havia mais testem unhas oculares. Seus descendentes continuaram a multip licar- se, a prosperar, até se tornarem um a grande nação. E, então, foram sujeitados à servidão. Ver Gên. 50.21. “A morte, que parece tão trágica como um incidente individual, é a condição para todo progresso. José morreu, como tam bém morre- ram as ricas memórias do serviço que ele havia prestado” (J. Edgar Park, in loa ). Então M oisés tornou-se 0 herói que ocupou 0 centro do palco, 0 novo instrumento especial dos propósitos de Deus.

1.7

Grande Posteridade e G rande Prosperidade. Uma das provisões do Pacto Abraâm ico falava na grande posteridade de Abraão, a qual desfrutaria abundân- cia de riquezas materiais. Ver as notas sobre Gên. 15.18 quanto a uma descrição detalhada desse pacto e suas provisões.

A u m e n ta ra m m u ito . No hebraico, “enxam earam ”, com o se fossem insetos a zum bir em razão de seu grande número. Ver Gên. 7.21. Houve extraordinária multiplicação; e foi precisam ente isso que assustou os egípcios, levando-os a subjugar a grande massa que aum entava mais e mais.

Israel se desenvolvera, im pondo sua própria identificação e seu poder. Havia muitos jovens em idade de serviço militar. A situação tornara-se explosiva. A hostilidade egípcia tinha sido assim despertada.

A te rra se en ch e u . Ou seja, a terra de G ósen (ver sobre ela no Dicionário), a região que 0 Faraó havia concedido à fam ília de Jacó (Gên. 45.10). Ela era tam bém cham ada terra de R am essés (Gên. 47.11), aquela porção do Egito que Faraó Ramsés II, mais tarde, desenvolveu, construindo ali muitas cidades. O tem po que se escoou entre Gên. 50.26 e Êxo. 1.7 foi, talvez, de cem anos. Uma posteridade numerosa fazia parte do Pacto Abraâm ico desde sua versão original (Gên. 12.1-3). A nação de Israel haveria de formar-se; receberia seu próprio território; e, então, ser-lhe-iam conferidas sua constituição nacional e suas leis.

1.8

José É Esquecido. O tem po passa; os eventos mudam; 0 que é importante acaba esquecido; novas fatos ocupam 0 palco. Uma coisa que é certa na vida é a mudança.

N o vo re i. O Faraó que tinha favorecido a José provavelm ente era um dos reis hicsos (ver sobre eles no Dicionário). Aquela foi uma dinastia de invasores semitas, e não de nativos cam itas. Na história, eles são conhecidos com o reis pastores. O Egito, porém, acabou libertando-se dos estrangeiros. Talvez 0 novo rei tenha sido 0 prim eiro m onarca forte da XIXa Dinastia, Ramsés II. Ele represen- tava um a nova era. Os intérpretes não concordam quanto à cronologia nem quan- to à questão dos reis do Egito mencionados nos livros de Gênesis e Êxodo. Ver 0

artigo intitulado Faraó, em sua terceira seção, Os Faraós Mencionados na Bíblia, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia״ ,. José tinha sido uma grande bênção para 0 Egito. Agora, porém, Israel tornara-se um a am eaça aos olhos dos egípcios. Ram sés II re inou de 1290 a 1224 A. C. Na esperança de recuperar seu perdido império asiático, os faraós m udaram sua capital de Tebas, conform e tinha sido na XVIIIa Dinastia, para 0 delta do rio Nilo.

Israe l E sc rav izad a (1.9-14)

1.9

A M udança de Poder. O Faraó que tinha agraciado a José dera a Jacó e a toda a sua fam ília 0 m elhor da terra (Gên. 47.6). Mas os filhos de Israel multiplica- ram-se como moscas (vs. 7). Assim , 0 que antes fora bom agora tinha azedado.

EXPOSIÇÃO

Capítulo Um

O s H ebreus no E g ito (1.1 — 12.36)

A O pressão (1.1-22)

O s D escen den tes de J a c ó no E g ito (1.1-14)

São estes os nomes é 0 título do livro de Êxodo no hebraico. O nome Êxodo vem da Septuaginta (tradução do Antigo Testam ento hebraico para 0 grego), e veio a ser 0 nome desse livro por ser 0 seu tem a principal. Os editores sacerdotes usavam regularmente as genealogias com o um artifício para prover a história da nação de Israel e da humanidade. Esta lista contém 0 m esm o conteúdo geral e a mesma ordem que aparece em Gên. 35.23-26, ficando assim ligados os livros de Gênesis e de Exodo. Assim, 0 livro de Êxodo é um a seqüência do livro de Gênesis. Os hebreus sem inôm ades tornaram -se a nação agrícola de Israel. Hou- ve aquele pequeno com eço em que setenta hom ens com suas fam ílias vieram para 0 Egito, para dar início à futura nação de Israel. Desse m inúsculo com eço foi que em ergiu a grande nação de Israel. Ao tem po do êxodo, Israel tornara-se uma nação de talvez três m ilhões de pessoas, dentre as quais havia seiscentos mil homens de guerra. Ver Números 1.46.

Os críticos atribuem 0 livro de Êxodo a várias fontes informativas que um editor-compilador teria reunido. Ver no Dicionário 0 artigo J.E .D .P .fS .) quanto à teoria das fontes múltip las do Pentateuco. Ver a prim eira seção da Introdução ao Êxodo, intitulada Composição. Os críticos atribuem a presente seção às fontes P ( S ) ,J e E .

1.1

Os nom es. Como sucedeu que 0 povo de Israel acabou escravizado no Egito? O autor sacro diz que houve um núcleo em torno do qual se formou a nação. Esse núcleo era formado por aqueles que desceram, com Jacó, da terra de Canaã ao Egito, os quais, então, se reuniram a José e sua família, que já estavam no Egito. Isso nos faz lembrar da história de José (sem que ela tenha de ser repetida). Ver anteriormente Eventos do Gênesis que Levaram ao Êxodo. Os nomes é a palavra que encabeça, como título, 0 nome deste livro, na Bíblia hebraica.

“A despeito da opressão, os descendentes de Abraão multip licaram -se e prosperaram, em cum prim ento à prom essa div ina (Gên. 12.2; 15.5). Os vs. 1-7 são um paralelo de Gên. 35.23-26 e 50.26” (O xfo rd A nno ta ted Bible, in loc.). Ver as notas em Gên. 15.18 sobre 0 Pacto Abraâm ico. Esse pacto prometia um território pátrio para os filhos de Israel, term inado 0 exílio no Egito (Gên. 15.13,16). De acordo com os cálculos do arcebispo Ussher, os eventos cobertos pelo livro de Êxodo abrangem um período de duzentos e dezesseis anos.

1.2

Rúben, S im eão , Lev i e Ju d á . Há artigos deta lhados sobre esses homens, com suas respectivas tribos, no Dicionário. Lia teve seis filhos, que aqui aparecem na ordem em que foram nascendo. Quatro neste versículo e dois no versículo seguinte, juntam ente com Benjam im, que já era filho de Raquel. Esta lista tem paralelo em Gên. 35.23, onde tem os a genealogia dos filhos de Jacó.

1.3

Issaca r, Z e b u lo m e B e n ja m im . Tem os aqui mais dois filhos de Lia e um de Raquel. Ver no Dicionário os artigos de ta lhados sobre esses homens. A lista tem paralelo em Gên. 35.24, m as não menciona Raquel e José. Este figura no vs. 4, como quem já se achava no Egito. Não há menção aos seus filhos, porquanto tam bém já estavam no Egito. H devem os com preender que José e seus fam iliares tam bém faziam parte do núcleo da nação de Israel que se foi form ando no Egito.

1.4

Dã e Nafta li, G ade e A se r. Ver no Dicionário os verbetes sobre esses ho- m ens e suas respectivas tribos. Essa lista tem paralelo em Gên. 35.25,26, mas não especifica as m ães desses hom ens (Bila, dos dois primeiros; e Zilpa, dos dois últimos).

1.5

T o d a s as p e s s o a s . . . fo ra m se te n ta . O trecho de Gên. 46.8-27 nos dá esse m esm o nú m ero de varões, m a s a lis ta c u id a d o s a m e n te os seus nom es.

Page 11: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO306

. .como a água que irrompe e se espalha, assim aumentavam em número os israelitas, cada vez mais, por toda a re g iã o .. . quando a Igreja de Deus tem sido mais violentamente perseguida, 0 número de convertidos aumenta, e os santos, sob a aflição, crescem na graça, na fé, no amor, na santidade, na humildade, na paciên- cia, na paz e na alegria. Ver Atos 12.1,2,12,24; Rom. 5.3-5” (John Gill, in loc.).

1.13

C om t ira n ia . O traba lho fo rçado foi in tensificado, em bora não estivesse produzindo os e fe itos desejados. Mas, devido à fa lta de alternativas, 0 antigo m étodo con tinuou sendo em pregado, posto que ainda com m aior rigor, a ponto da tirania. O labor dos filhos de Israel era exaustivo; a servidão de les era am arga. C rue ldade era a pa lavra de ordem dos capatazes egípcios. Heródoto descreve um a cena s im ila r em sua Hist, ii.158. O Faraó Neco destruiu cerca de cen to e vinte mil de seus súd itos através de traba lhos forçados. “ Esse tipo de crueldade contra os escravos, de feroc idade, de fa lta de sentim entos e de dureza de coração fo i a lgo pro ib ido aos filhos de Israel (Lev. 25 .43,46)” (Adam Clarke, in loc.). A pesa r dessa proib ição, no entanto, Salom ão caiu no erro de ag ir com o tinham fe ito os eg ípcios (I Reis 5.13). E isso acabou sendo um a das causas da separação do re ino un ido em do is re inos: Israel, ao norte, e Judá, ao sul (I Reis 12.18).

1.14

A idéia de tirania é re iterada (ver 0 versículo anterior). Havia trabalho forçado nos cam pos, nos projetos de construção. Havia dura servidão, e os direitos pes- soais não eram respeitados — 0 que sem pre acontece em todas as opressões. Normalmente, a história tem sido escrita por elem entos das classes altas, girando em torno dos feitos de reis e príncipes; essas histórias estão cheias de atos de violência, ódio e opressão. Mas 0 livro de Êxodo relata a história de homens com uns que estavam sendo oprim idos; e, em lugar de elogiar aos opressores, diz a verdade sobre eles.

“Os egípcios criaram uma boa variedade de maneiras para oprimir os israelitas; pois forçavam -nos a cavar grande núm ero de canais para 0 rio, ou a erig ir mura- lhas para suas cidades ou a levantar moles para conter as águas do Nilo, impe- dindo que 0 rio extravasasse para além de suas margens. Também obrigaram os filhos de Israel a edificar pirâm ides, com 0 que queriam desgastá-los”, disse Josefo em Antiq. (Ilv.ii. cap. ix. see. 1). Cf. Deu. 11.10.

Filo esclareceu que alguns israelitas trabalhavam com 0 barro, moldando-o em tijolos, ao passo que outros colhiam e transportavam palha e outro material para ser m isturado à massa. A lguns filhos de Israel serviam em casas; outros, nos cam pos, outros cavando canais, e a inda outros transportando cargas” (De Vita Mosis, 1.1 par. 608).

M o isé s N os é A p re s e n ta d o (1.15-22)

Parte iras Poupam os Recém -Nascidos. Os egípcios esperavam não so- mente quebrar 0 ânim o do povo de Israel, mas tam bém impedir a sua multiplica- ção. A matança em m assa dos infantes israelitas, às mãos das parteiras de Israel, foi um plano cruel e ousado que tencionava levar à humilhação e ao fim 0 povo de Deus do passado. Os planos dos egípcios passavam de medida opressiva para medida opressiva. E é em conexão com 0 ep isódio que envolveu as parteiras hebréias que a história de Moisés acaba por ser-nos apresentada. Moisés foi um dos poucos meninos hebreus salvo da matança.

1.15

O re i. Ou seja, 0 Faraó. Ver no Dicionário 0 artigo Faraó, sobretudo em sua terceira seção, que fa la sobre os faraós ligados com a Bíblia. Ver 0 vs. 8 deste capítulo quanto a idéias adicionais. A ordem para serem mortos os nascituros do sexo m asculino dentre os hebreus foi expedida diretamente por Faraó, sob a forma de um decreto nacional. Sem dúvida, as parteiras hebréias que não cum- prissem a ordem poderiam esperar ser punidas, talvez até por execução capital. O Faraó não tinha apenas fe ito um a sugestão.

Parteiras hebréias. A primeira vez que aparece a palavra “parteira,” na Bíblia, é em Gênesis 14.13. Ver também Gên. 35.17; 41.12. Provi' um artigo detalhado sobre elas, no Dicionário. Ver ali, igualmente, 0 verbete chamado Hebreus (Povo). Esse adjetivo pátrio indica um povo nômade, porque esse era 0 estilo de vida dos primeiros hebreus. No livra de Êxodo, todavia, esse termo atua com o um sinônimo de Israel, embora os israelitas fossem apenas um dos gmpos hebreus.

S ifrá . No hebraico, beleza. Ela era um a das duas parteiras hebréias, a quem 0

Faraó, rei do Egito, ordenou que matassem todos os m eninos que nascessem aos israelitas (Êxo. 1.15). Ela viveu em tomo de 1570 A. C.

Puá. No hebraico, sopro, declaração. Um termo cognato de esplêndido. No Antigo Testamento, esse é 0 nome de dois homens e de um a mulher. A mulher desse nome,

A política de boa viz inhança estava ultrapassada. Havia vários grupos minoritários no Egito, mas Israel parecia fora do controle dos egípcios. O texto português diz que 0 povo de Israel agora era m ais num eroso que os egípcios, e isso provocava nos egípcios 0 tem or de uma conquista v inda de dentro. Assim tam bém , a A lema- nha, devastada por ocasião da Primeira G rande G uerra (1914-1918), no breve período de apenas pouco mais de vinte anos, tornou-se uma ameaça para 0

mundo inteiro. Mas no caso germ ânico não havia apenas um a questão numérica; havia tam bém um grande poder m ilitar, m anuseado com m aestria por alguns poucos mas bem tre inados homens. Israel estava insta lado perto de um a das fronteiras do Egito, e poderia pôr-se a serviço de algum a potência estrangeira. Portanto, os egípcios sentiam que era chegado 0 m om ento de ag ir e prevenir um desastre nacional.

1.10

Ele se a ju n te co m o s n o s s o s in im ig o s . Os eslra tegistas egípcios imagina- vam um a força inim iga invasora, à qual os filhos de Israel poderiam aliar-se. Isso exigia um a ação preventiva astuciosa. E decid iram que a m elhor medida seria sujeitar os israelitas à escravidão, pois isso reduziria a zero a am eaça potencial de Israel. A história registra muitas invasões de povos contra 0 Egito, com o os árabes (que finalm ente conquistaram 0 Egito, predom inando ali até hoje), pois os coptas, apesar de serem sem itas m isturados com cam itas, não eram árabes), sem fa lar nos filisteus, nos sírios e nos hititas. Os grandes program as de constru- ção eram efetuados no m undo antigo com a a juda do labor forçado imposto a escravos. Salomão introduziu esse tipo de atividade no re ino unido (I Reis 5.13,14;9.15). Mas foi precisamente essa política opressiva que apressou a divisão de Israel em dois blocos: 0 do norte, Israel, e 0 do sul, Judá (I Reis 12.18). O programa traçado fazia dos egípcios supervisores, em bora os israelitas tivessem querido cooperar (Êxo. 5.14).

1.11

Fe itores de obras. Os israelitas foram reduzidos ao trabalho forçado, como escravos. Os feitores de obras eram supervisores egípcios, mas entre capatazes secundários pelo menos havia alguns hebreus (Êxo. 5.14). As cargas consistiam em trabalho físico pesado, além de imposições econômicas, com o taxas e impostos.

P ito m . No idiom a egípcio, esse nome significa m ansão de Atom. Era uma cidade do Egito, uma cidade-arm azém . Ficava localizada na porção nordeste do Egito, em bora sua localização exata pe rm aneça um mistério. Dei um detalhado artigo sobre esse lugar no Dicionário. Pelo menos sabe-se que ficava situada no moderno wadi Tumilat, que liga 0 rio Nilo ao lago Tim sah.

Ram essés. No egípcio, Pr-R ’mss, ou seja, propriedade do re i Ramsés. Foi um a cidade-residência das Dinastias XIXa e XXa, no delta do rio Nilo. Ali trabalharam os hebreus, de onde também partiram por ocasião do êxodo. O local da Pi-Ramessés egípcia tem sido muito debatido na egiptologia: em Tãnis (no hebraico, Zoã, que vide); ao sul do lago Menzalé, ou perto de Qantir, a cerca de vinte e sete quilômetros um pouco mais para 0 sudoeste. Em ambos os locais têm sido encontrados consi- deráveis restos de objetos da época daquele Faraó, em bora 0 último desses locais nunca tenha sido plenamente escavado. Pesados os prós e os contras, todavia, tudo leva a crer que devemos identificar Ramessés com a moderna Quantir, incluin- do 0 importante fator de que ela está na rota do êxodo dos israelitas. Ver no Dicionário 0 verbete Êxodo (0 Evento). Durante a XVIIIa Dinastia, a capital do Egito foi transferida de Tebas para aquele local, na esperança de que assim 0 Egito recuperaria ao menos parte de sua glória perdida. Os Faraós Sete I (1308-1290) e Ramsés II (1290-1224) estiveram envolvidos nessa mudança de capital.

O utros Labores? Josefo, 0 h istoriador judeu, ajunta que 0 povo de Israel tam bém ajudou a constru ir a lgum as das pirâm ides, 0 que é perfeitamente possí- vel, apesar de não contarm os com inform ações indiscutíveis a esse respeito. (Ver Antiq. lib. ii. cap. ix. see. 1.) E Filo disse algo similar.

1.12

Q u a n to m a is o s a flig ia m , ta n to m a is se m u lt ip lic a v a m . Os israelitas mos- travam -se extremamente resistentes. Mais aflição, mais resistência, mais multipli- cação, mais am eaças da parte dos egípcios. Estes já não sabiam 0 que fazer, havendo grande inquietação entre eles, pois parecia que 0 problem a não teria solução. Mas, em futuro próximo, Moisés haveria de ser 0 p ior pesadelo dos egípcios. Para 0 autor sacro, a aflição era um a espécie de sinal adverso, pois vencer as adversidades é um a prova de caráter forte. “Havia algo de esquisito e enervante nesse povo” (J. Coert Ryllararsdam , in loc.).

“Esse resultado não era natural. Só podem os atribuí-lo à providência de Deus, mediante a qual a ferocidade do homem foi forçada a louvá-Lo” (Ellicott, in loc.). Ver no Dicionário 0 artigo Providência de Deus.

Page 12: At Interpretado- Êxodo

307ÊXODO

de nascidos. Alguns estudiosos supõem que estaria envolvido em tudo isso um “esperto uso dos fatos”, ou seja, talvez 0 que as parteiras disseram até ocorria com certa freqüên- cia; mas 0 fato é que 0 autor sagrado contou aqui um a pequena piada. Ver uma de- monstração de v ivido humor em Gên. 29.26. Vários eruditos fazem grande esforço na tentativa de ilustrar como algumas mulheres dão seus filhos à luz, com grande facilida- de, especialmente entre as c lasses laboriosas. Apesar de alguns casos poderem ser apresentados como comprovação disso, tem os aí meras exceções, e não a regra do que acontece no ato do parto.

1.20

Deus fez bem às parte iras. Elas negaram-se a praticar uma imensa maldade, e Deus as abençoou. E assim Israel aumentou mais ainda em número e em poder por certo período de tempo. Por quanto tempo, 0 autor sagrado não nos informa. Mas 0

tempo passava, e 0 problema do Faraó ia apenas se acentuando, deixando-o vexado. Deus estava ganhando em cada “round” da luta. Uma de minhas fontes informativas diz que Deus abençoou àquelas mulheres, apesar de suas mentiras. Mas outros supõem que mentiras capazes de salvar vidas não se revestem de maldade. Obede- cer a Deus, e não aos homens, sempre será dever dos homens (Atos 5.29).

A providência de Deus é um dos tem as principais do livro de Êxodo, tal com o no livro de Gênesis. Ver os com entários sobre esse assunto no Dicionário.

1.21

Ele lhes c o n s t i tu iu fa m ília . Essa tradução é um a interpretação, O hebraico diz “fez-lhes casas", dando a en tender que os outros israelitas, vendo 0 bom serviço que elas tinham prestado, construíram casas para elas. Mas alguns estu- diosos dão ao Faraó 0 crédito: ele as teria posto dentro de casas, para que pudessem ser mais bem controladas. Todavia, 0 mais provável é que temos aqui uma alusão à fertilidade. Aquelas boas mulheres, ao ajudarem os casais israelitas, por não obedecerem às ordens de Faraó, foram abençoadas juntamente com suas respectivas famílias.

Este versículo amplia a idéia da bênção divina, referida no vs. 20. Como Deus poderia recompensar m e t o àquelas mulheres? Conferindo-lhes filhos delas mesmas.

1.22

Tirania Redobrada. V isto que 0 decreto dado às parteiras não funcionou, agora 0 Faraó deu ordens à sua própria gente para que se desvencilhasse dos pestiferos hebreus, lançando seus filhos de sexo masculino no Nilo, para que se afogassem. Entre outras coisas, 0 autor sagrado nos está dizendo aqui que a perseguição contra Israel tinha de c h e g a ra um ponto culm inante para que 0 povo de Israel fosse forçado a sair do Egito. Sem a perseguição, Israel ter-se-ia conten- tado em perm anecer em um a região tão fértil. Somente a adversidade poderia fazê-los querei· partir dali. Assim, quanto p io r se tornasse a pressão exercida pelo Faraó, tanto m elhor para 0 plano divino. Ver no Dicionário 0 artigo sobre 0 rio Nilo.

Quando Israel estava prestes a partir, por causa da opressão, então seria provido 0 agente da libertação, Moisés. Deus tem uma cronologia em Seu plano etemo, e também conta com os meios, humanos e outros, para satisfazer a essa cronologia.

inlanticídio. Esse crime, tão chocante para os ouvidos cristãos, tem uma histó- ria muito rica. Sua contraparte moderna é 0 aborto. Todos estamos familiarizados com a exposição às intempéries de crianças, nos tempos antigos, especialmente no caso de meninas, que eram deixadas ao léu a fim de morrerem, marcando-se um certo prazo. Se uma criança chegasse a resistir a tão cruel tratamento, então é que os deuses queriam que ela vivesse. Mas visto que usualmente a criancinha morria, chegava-se à conclusão de que os deuses não queriam sua sobrevivência.

“Em Esparta, 0 estado decid ia se um a criança viveria ou morreria. Em Ate- nas, uma lei de Sólon de ixava essa decisão ao encargo dos pais. Em Roma, a regra era que os infantes eram mortos, a menos que seus pais fizessem interven- ção, declarando que sua vontade era que a criança vivesse. Os sírios ofereciam crianças não-queridas a Moloque, em sacrifício. Os cartagineses sacríficavam-nas a Melcarte” (Ellicott, in io c ) . V isto que 0 rio N ilo era considerado um tanto divino, lançar crianças ali era um ato encarado com o sacrifício feito aos poderes divinos. O rio Nilo vivia cheio de crocodilos, e as crianças ali lançadas serviam de com ida para os répteis, e assim seus corpinhos não poluíam 0 rio.

Capítulo Dois

P reparação d o s R ep re se n ta n te s de D eus (2.1 — 4.31)

N asc im e n to e E duca ção de M o isé s (2.1-10)

Os intérpretes alegóricos, como Orígenes, vêem neste trecho a continuação do conflito entre os poderes malignos e divinos, entre Satanás e Deus, e onde os gmpos huma­

q je aparece neste versículo, era uma das duas parteiras (mencionadas por nome) que receberam ordens, da parte do Faraó, para matar a todos os meninos que nascessem aos filhos de Israel. Essa foi uma tentativa de reduzir a população de Israel, no Egito, a & .de impedir uma possível revolta dos israelitas ה

Não há no texto nenhuma indicação da razão pela qual as duas parteiras foram ciadas por nome, nem por que havia duas delas. Talvez fossem mulheres de alguma reputação, que serviam como exemplos de toda a classe das parteiras. Alguns eruditos supõem que havia alguma espécie de organização ou guilda de parteiras, e que essas duas mulheres eram as administradoras da organização.

1.16

Q u a ndo s e rv ird e s de pa rte ira . Embora nossa versão portuguesa assim não <íga, 0 original hebraico contém um a palavra de difícil tradução, obnayim, que literalmente significa “duas crianças” . A lgum as traduções dizem aqui “banqueta” . Parece que está em pauta algum tipo de assento onde as parturientes se senta- vam para dar à luz a seus filhos. Nossa versão portuguesa om ite a menção a esse objeto, fosse ele qual fosse. A lguns eruditos pensam em dois apoios, talvez feitos até de pedra, sobre os quais a m ulher se sentava. Uma posição sem dúvida incômoda. Mas a verdade é que até hoje não se achou ainda posição confortável para a mulher assumir, na hora do parto. A arqueologia tem provado que as mulheres egípcias davam à luz na posição sentada. E é bem provável que as mulheres hebréias lhes tivessem seguido 0 exemplo. Ver Jer. 18.3, onde essa palavra tam bém aparece, traduzida em nossa versão portuguesa por “rodas” .

As parteiras hebréias deveriam m atar os m eninos hebreus assim que nas- cessem. Mas às m eninas deveriam de ixar em vida.

Da opressão ao genocídio. Todos os meninos hebreus deveriam ser mortos assim que nascessem. As meninas seriam facilmente absorvidas na sociedade egíp- cia. Cf. essa matança com a matança dos inocentes, promovida por Herodes, 0

Grande (Mat. 2.16 ss.). Cf. isso com a história do genocídio de seis milhões de judeus a mando de Hitler, na Alemanha nazista, 0 qual queria criar um mundo dominado por uma suposta raça ariana pura. Qualquer povo que perca sistematicamente os seus meninos, mesmo que possa ficar com suas meninas, não demorará a entrar em extinção. Portanto, nenhum golpe contra a nação de Israel em formação, no Egito, foi tão bem calculado para atingir 0 povo de Deus. Um plano verdadeiramente satânico.

1.17

A s p a r te ira s . . . tem era m a D eus. As parteiras hebréias ouviram e assenti- ram com a cabeça (a fim de salvarem a própria vida). Mas, na hora critica, poupavam da morte aos meninos. Hum anidade, m isericórdia e tem or a Deus foram, para elas, motivos mais poderosos que 0 da autopreservação. O tem or a Deus e a m isericórdia fazem parte da verdadeira religiosidade.

Humor. Yahweh frustou 0 plano genocida do Faraó. Foram baixadas ordens de um a origem ainda superior às do Faraó, 0 próprio trono do Altíssimo. Assim, Israel continuou a multip licar-se e a prosperar, apesar de todos os planos do Faraó e suas ordens genocidas.

Quando Israel finalmente partiu do Egito, segundo disse Moisés, os israelitas pediram “emprestadas” coisas dos egípcios. E quando Arão tentou desculpar-se diante de Moisés sobre por que fizera um bezerro de ouro, Arão lançou culpa sobre 0 fogo, dizendo: “e eu 0 lancei no fogo, e saiu este bezerro" (Êxo. 32.24), como se ele tivesse ficado tão admirado quanto qualquer outra pessoa. Portanto, há bastante humor no livro de Êxodo. Mas podemos estar certos de que, no tocante às parteiras, a questão era tão mortiferamente séria quanto um a questão de vida e morte. Alguns estudiosos pensam que neste versículo há alguma indicação de que também esta- vam envolvidas parteiras egípcias, e não apenas hebréias. O fato foi que as partei- ras, como uma classe, responderam “sim” ao Faraó, mas agiram com um “não” , no que toca ao decreto real da matança dos m eninos hebreus.

1.18

P or q u e . . . d e ixa s te s v iv e r o s m e n in o s ? “Por que vocês desobedeceram às minhas ordens e agiram de modo contrário ao que eu tinha ordenado?" Assim perguntou 0 Faraó. Tratava-se de algo que não podia ser ocultado. O vs. 19 dá uma resposta ridícula em que 0 Faraó dificilmente poderia ter acreditado. Mas não lemos que ele tenha m andado castigar as parteiras. Ta lvez 0 autor sacro tenha querido poupar-nos dos detalhes sangrentos da vingança. Ver Eze. 16.4 quanto a itens envolvidos no antigo processo de nascimento.

1.19

M ais Humor. Ver as notas sobre 0 vs. 17 quanto à hum orística situação. As parteiras defenderam -se com uma mentira ridícula: as mulheres hebréias são tão vigorosas que elas têm filhos antes de as parteiras chegarem, e estas já encontra- vam a criança nascida. Mas, ainda que isso fosse verdade, nada impediria que as parteiras assassinassem, com pouco trabalho, os meninos hebreus, com pouco tempo

Page 13: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO308

Cristo, sobretudo como: 1. um líder; 2. um profeta; 3. um legislador. E adiciono aqui alguns detalhes sobre a questão:1. Moisés, tal como Cristo, foi divinamente escolhido (Êxo. 3.7-10; Atos 7.25; João

3.16).2. Ambos foram rejeitados por Israel (Êxo. 2.11-15; Atos 7.25; 18.8; 28.17 ss.; João

1 .1 1 ).

3. Durante seus períodos de rejeição, obtiveram ambos uma esposa gentílica (Êxo. 2.16-21; Mat. 12.14-21; Efé. 5.30-32).

4. Ambos tomaram-se libertadores de Israel (Êxo. 4.29-31; Rom. 11.24-26; Atos 15.14-17).

5. Ambos tiveram os mesmos ofícios: como profetas (Atos 3.22,23); como advogados (Êxo. 32.31-35; I João 2.1,2); com o líderes ou reis (Deu. 33.4,5; Isa. 55.4; Heb.11.27).

6. Um contraste: Moisés era apenas um servo na casa de outrem; Cristo era Filho adulto em Sua própria casa (Heb. 3.5,6).

2.3

Um cesto de junco . Era perigoso deixar 0 infante à margem do Nilo, onde enxameavam insetos, onde ele ficaria exposto ao tempo e onde havia animais preda- tórios. Porém, mais perigoso ainda era conservá-lo em casa. Portanto, de coração apreensivo, os pais de Moisés deixaram-no aos cuidados de Deus. A providência de Deus não haveria de desapontá-los. Ver no Dicionário 0 artigo Providência de Deus. Algumas vezes, somos chamados a fazer escolha entre duas alternativas aparente- mente más. Para tanto, precisamos de fé, e, além disso, Deus precisa operar em nosso favor.

O fu tu ro g ra n d e ho m em , po r essa a ltu ra dos a c o n te c im e n to s , era tão p equen ino que pôde ser po s to em um pequeno cesto fe ito de junco e de ixado à be ira do rio. N inguém lhe daria a tenção, exce to os seus pais. Mas por trás de tudo havia um po der que fru s tra r ia os in im igos de Deus. “A sorte dos sécu los depend ia da v ida de ou tro m in ú scu lo bebê, pe rsegu ido e caçado po r aque les que lhe procuravam t i r a ra vida (Mat. 2 .1 3 -2 3 )” (J. Edgar Park, in io c .) .

No ca rr iça l. Entre as hastes de papiro, um a planta muito comum das mar- gens do Nilo. O Faraó queria que os infantes hebreus fossem lançados no rio, a fim de morrerem afogados e serem destruídos. Curiosamente, esse pequeno menino foi salvo ao ser dessa form a escondido nas margens do rio. Os desígnios do Faraó viram -se assim frustrados.

2.4

S ua irm ã . O u se ja , M iriã (cu jo no m e só nos é da do em Êxo. 15 .20). Ela f ic o u v ig ia n d o . U m a s itu a ç ã o de p u ro d e s e s p e ro . S o m e n te a g ra ç a d iv in a da ria p ro teçã o ao m e n ino inde feso . M as D eus tinh a posto Sua m ão na s itua- ção. A filha do Faraó h a ve ria de to m a r con ta do m en ino . Este re ceberia um a e d ucação de p r im e ira c lasse e c re s c e r ia c e rca d o dos m ais a ltos p r iv ilé g ios . M as os pa is do pequen o M o isés não sab ia m d isso , po rtan to tive ram de con fi- a r no Senhor.

Esse incidente da vida de Moisés tem paralelo no nascimento de Sargão, de Agade (Robert William Roberts, editor, Cuneiform Parallels to the Old Testament, pág. 136). Transcrevemos aqui um trecho dessa obra:

M inha m ãe vesta l m e concebeu, em segredo deu-m e à luz.Pôs-m e num cesto de juncos, com pixe fechou a tampa;Lançou-m e no rio, que não se elevou acima de mim.O rio m e levou, a té Akki, 0 irrigador, e m e carregou.Akki, 0 ir r ig a d o r .. . m e elevou,Akki, 0 irrigador, com o seu f i lh o . . . m e criou.Akki, 0 irrigador, com o seu ja rd ine iro m e nomeou.

Os críticos vêem nisso um paralelo próximo, um a fonte da história de Moisés. Os eruditos conservadores não acham difícil crer que duas coisas sim ilares po- dem ter sucedido a duas pessoas diferentes da história.

Dizia Milton: ,Tam bém servem os que só se põem de pé, esperando” (do sone- to On His Blindness, e esse foi 0 caso de Miriã, aqui. Era tempo de orar, 0 que sem dúvida fizeram os pais de Moisés. Pouco conhecemos sobre as leis que governam a oração e seu poder, mas na oração há poder. Ver Lam. 3.26. Jesus disse que 0 Pai cuida até dos humildes pardais (Mat. 10.29). Assim, Moisés estava plenamente segu- ro no carriçal. Mas os pais de Moisés não sabiam que aquilo daria certo. E tiveram de confiar.

2.5

A f i lh a de Faraó . V er as no tas sobre Êxo. 1.8 e 2.1 quanto a conjecturas sobre quem seria esse Faraó. Ver tam bém no Dic ionário 0 artigo Faraó, em sua terceira seção, quanto aos faraós ligados ao Antigo Testam ento. As tradições judaicas fantasiam a história, dizendo que a filha do Faraó era leprosa, mas, ao tirar

nos envolvidos eram somente instrumentos dessa luta. Paulo temia esses elevados poderes da maldade, e entendia que eles fazem intervenções na vida diária do homem (ver Efé. 6.12 ss.). Havia um conflito entre Deus e 0 Faraó, este último 0 agente humano das forças malignas. O relato da sobrevivência de Moisés e sua subseqüente elevação à grandeza (algo que tinha acontecido a José, antes dele, mas com apoio de um Faraó, e não contra ele), alude ao propósito e aos poderes remidores de Deus. Foi assim que 0 êxodo (0 evento) tomou-se um símbolo da redenção da alma. Ver no Dicionário os artigos intitulados Êxodo (0 Evento) e Redenção.

2.1

Casa de Levi. Ver no Dicionário 0 artigo sobre Levi e sua tribo. A tribo de Levi era uma tribo genuína. Mas, nos dias de Moisés, Deus decidiu que ela não receberia território, que não seriam contados os homens da tribo e que estes tomar-se-iam uma classe sacer- dotal e seriam dispersos entre as outras tribos, deixando assim de ser uma tribo no sentido estrito do termo. Ver Núm. 1.47 ss. Além disso, José não contava com uma tribo que trouxesse 0 seu nome. Mas seus dois filhos, Efraim e Manasses, tomaram-se cabeças de tribos. Isso nos deixa com as doze tribos de Israel. Ver no Dicionário 0 artigo Tribo (Tribos de Israel). Alguns eruditos supõem que desde 0 começo Levi foi uma casta sacerdotal e não uma tribo. Ver Êxo. 32.26-29; Deu. 10.8,9; Núm. 18.21; Juí. 17.7; 18.3,14-31. Mas parece melhor supormos que, ainda no começo de sua história, a tribo de Levi tenha deixado de ser uma tribo por ter-se tomado a classe sacerdotal em Israel.

Moisés era levita por parte de pai e de mãe. O decreto do Faraó pôs em perigo a vida de Moisés; mas Deus estava com ele. Os nomes de seus pais não são dados aqui, mas aparecem em Êxo. 6.20: seu pai chamava-se Anrão, e sua mãe, Joquebede, a qual era tia de Anrão. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Incesto. O capítulo dezoito de Levítico proibia casamentos consanguíneos (e, no presente caso, ver Lev. 18.12), mas isso perten- d a a uma data posterior. Os pais de Moisés também tiveram dois outros filhos: Miriã (Êxo.15.20), que era a criança mais velha, e Anrão, irmão mais velho de Moisés (Êxo. 7.7). O trecho de Êxo. 2.2 parece fazer de Moisés 0 filho primogênito, mas nada nos proíbe de pensar que Anrão simplesmente não foi mencionado ali. Os críticos pensam que Anrão aparece como 0 filho primogênito em uma das fontes informativas, e que Moisés aparece como tal, em outra das fontes. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado J.E.D.P.fS.) quanto à teoria das fontes múltiplas do Gênesis. Moisés tinha oitenta anos de idade quando oconeu 0 êxodo (Êxo. 7.7), 0 que, ao que parece, ocorreu no começo do governo do Faraó Tutmés I (1526-1512 A. C.), ou então no fim do governo de Amenhotep I (1545-1526 A. C.). Contudo, os eruditos não concordam quanto à identificação dos faraós. Ver na End- clopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, em sua terceira seção, 0 artigo Faraó, quanto aos faraós mencionados na Bíblia.

Uma Introdução Simples. “Notemos a extrema simplicidade desse anúncio, e com- parem os com isso as lendas elaboradas com que as religiões orientais comumente circundam 0 nascimento daqueles que são reputados seus fundadores, como Thoth, Zoroastro e Orfeu. Até 0 nome do homem é aqui omitido, como destituído de importân- cia” (Ellicott, in loc.).

2.2

D eu à lu z u m f i lh o . S eu no m e não é d a do , co n fo rm e v im o s no fim do com entá rio sobre 0 vs. 1. M o isé s nos é a p resen tado com grande s im p lic idade e hum ildade. M as ainda não ou v im os fa la r em A rão . Te ria ele s ido escondido? A lg u n s e ru d ito s in s is te m em que M o isé s é aq u i a p re s e n ta d o com o 0 fi lho prim ogên ito ; m as Êxo. 7 .7 dá essa po s içã o a A rão . Ao que presum em os críti- cos, isso se deveria a d ife ren tes fon tes in fo rm ativas deste livro, segundo já dis- se m o s nas no tas sob re 0 vs. 1. A lg u n s têm s u g e rid o qu e A rão e M iriã eram f i lh o s m e d ia n te o u tro c a s a m e n to (E xo . 15 .20 ; N úm . 12 .1 ), m as essa é um a so lução a d hoc. O utros pensam que as ou tras c rianças já haviam sido adotadas po r outros pais, por a lgum a razão desconhec ida , ou que os pa is de M o isés ter- se - ia m se p a ra d o po r a lgu m tem po , d e p o is v o lta ra m a u n ir-se , e e n tão ge ra- ram M oisés. Mas essas tam bém são e xp la naçõ es a d hoc. O utra poss ib ilidade é que M iriã e A rã o t iv e s s e m n a s c id o a n te s do d e c re to do F a raó de serem sacrif icados os m eninos is rae litas . Assim , na fam ília , som ente M o isés foi ame- açado pe lo decreto real.

Era form oso. Todas as crianças, para seus pais, são bonitinhas; mas talvez Moisés realmente fosse formoso. As tradições e lendas adornam a questão neste ponto. Os judeus afirmam que ele era como um anjo de Deus. O trecho de Atos 7.20 comenta sobre a beleza de Moisés.

P or trê s m eses. Os pais de Moisés esconderam -no 0 máxim o que puderam. Sem dúvida as casas das fam ílias israelitas eram vascu lhadas pelos homens do desesperado Faraó. Eventualmente, sua existência chegaria à atenção de alguma autoridade, ou até mesmo um vizinho qualquer poderia jogá-lo no rio Nilo, em obediência ao decreto do Faraó (Êxo. 1.22). O trecho de Hebreus 11.23 diz que esse ato dos pais de Moisés foi um ato de fé.

Moisés, Tipo de Cristo. Ver no Dicionário 0 artigo geral intitulado Moisés. Ver a sétima seção daquele artigo quanto a algumas maneiras pelas quais Moisés tipificava a

Page 14: At Interpretado- Êxodo

309ÊXODO

2.9

Pagar-te-ei 0 teu salário . A lgumas vezes, as orações precisam de algum tempo para lograr resultado. Começam a tom ar forma, que não entendemos. Ocasionalmen- te, nossas orações são respondidas prontamente, quando isso está de acordo com a vontade do Senhor. Seja como for, em meio ao pior temporal, a oração mais tranqüila é ouvida pelo Senhor. Há tão pouco tempo, a mãe de Moisés, com 0 coração pesado, depositou seu precioso filhinho às margens do rio Nilo, orando para que houvesse em favor dele alguma forma de m ilagre. E então, quando menos esperava, a resposta estava dada; e Joquebede veio viver na casa do Faraó, a fim de cuidar de seu próprio filho. E ainda seria paga por isso! Que ninguém nos venha dizer que é ridículo orarmos a um Pai amoroso. O homem espiritual sabe dessas coisas.

E 0 c riou . “Entre os antigos hebreus, tal como na atual maneira de pensar dos árabes, a solidariedade étnica é estabelecida pelo ato de amamentar um infante. Os israelitas orgulhavam-se diante da noção de que 0 menino foi criado pela sua própria mãe, e que foi adotado por uma princesa do Egito” (J. Coert Rylaarsdam, in loc .). O Libertador precisava pertencer tanto ao Egito quanto a Israel.

2.10

A doção de Moisés pe la Princesa. Com a passagem do tempo, averiguou-se que Moisés não era um menino ordinário. Veio a ter duas mães: sua mãe natural, que foi quem 0 criou, e sua mãe adotiva, a princesa egípcia, que 0 adotou oficialm ente com o seu próprio filho. É lindo quando uma criança tem duas mães, pois há tantas crianças que não têm ao menos uma. O trecho de Atos 7.22 conta que Moisés foi educado nas escolas do Egito, tendo absorvido toda a sabedoria dos egípcios. Filo nos dá um a inform ação similar. Moisés recebeu uma educação de prim eira classe com o parte de sua preparação para a m issão que lhe competi- ria realizar. Finalmente, depois de quarenta anos, Moisés repudiou a sua herança egípcia, porquanto, em sua vida, já havia ultrapassado aquele estágio preparató- rio (Heb. 11.24,25). Mas durante os prim eiros quarenta anos, tal educação lhe era necessária, tendo-lhe sido útil para 0 resto de seus dias, em bora ele não quisesse viver com o egípcio.

F ilo d iz ia q u e a p r in c e s a e g íp c ia e ra um a m u lh e r ca sa d a , m as sem fi- lhos, e que corrig iu essa fa lha da na tu reza ao ado ta r a M o isés (D e Vita Mosis, c. 1 pa r. 604 e 6 0 5 ). A r ta fa n o s a ju n ta a isso que 0 m a rid o da p r in c e s a era ho m em re v e s tid o de g ra n d e a u to r id a d e no E g ito , que g o ve rn a va 0 E g ito na re g ião que fica va ao no rte de M ê n fis (A pud Euseb. P raepar. Evan. 1.9 c. 27, par. 432).

S end o 0 m e n in o já g ra n d e . Sem dúvida depois de desmamado. O menino cresceu de forma extraordinária, física e espiritualm ente. Josefo via nessas pala- vras algo de extraordinário [Antiq. Jud. ii.9 par. 6). Moisés era um vaso escolhido para um a elevada missão; e desde 0 com eço deu sinais disso.

Esta lhe ch a m o u M o isé s . Ver no Dicionário 0 artigo detalhado sobre ele. Mui provavelmente, esse nom e vem do egípcio Mes, que significa “filho” ou “crian- ça". A form a hebraica desse nome, com som sem elhante, Mosheh, quer dizer “tirado” , uma referência ao modo com o foi tirado do Nilo, talvez tam bém prevendo a “retirada" para fora do Egito, quando 0 êxodo tivesse lugar.

Um Tipo de Cristo. Quanto a Moisés com o tipo de Cristo, ver as notas em Êxo. 2.2.

M o isés Mata um E g íp c io e F o ge pa ra M id iã (2.11-22)

M o isés U ne-se a Seu P ovo (2.11-15)

Moisés, embora educado no Egito, não se deixou absorver por essa cultura. Sua missão requeria uma educação assim desde seus mais verdes anos, mas havia outros fatores em operação. Desde bem cedo, Moisés mostrou ser homem dotado de visão, espírito de sacrifício e determinação. Só um homem assim poderia livrar os israelitas do exílio no Egito. Ele observou a pesada servidão deles, e teve compaixão de seu povo. E, ao defender um compatriota hebreu, matou 0 egípcio atacante. Foi um ato lamentável, que não pode ser justificado. No entanto, apesar de sua ação precipitada, 0 propósito de Deus prosseguiu em sua vida, tal como Paulo tinha um registro de mortes em seu passado. Os caminhos de Deus estão acima dos nossos, e os vasos especiais, apesar de acidentes de percurso, finalmente triunfam.

Os eventos descritos nos vs. 11-14 deste capítulo cobrem um período de cerca de quarenta anos. Mas aqui 0 au tor sagrado condensou seu relato, forne- cendo-nos apenas a essência das coisas.

2.11

Perseguição e Cargas Pesadas. Além do trabalho pesado, os hebreus esta- vam sendo maltratados. Moisés observou isso, e seu coração voltou-se para 0 seu

0 cesto de dentro da água, ficou curada. A a rqueo log ia desente rrou 0 mural de uma antiga sinagoga em Dura-Europos que retrata a cena deste versículo. As men- tes estavam ligadas. A mente da mãe de Moisés; a m ente da princesa egípcia; a mente do infante Moisés. A s co inc idências não ocorrem por acaso. Nada sucede por acidente. Deus estava envolvido em tudo aquilo. “Com freqüência não pode- mos ver nenhum sentido ou razão na m aneira com o as coisas sucedem a outras pessoas, mas conform e envelhecem os vam os vendo uma espécie de providência na m aneira com o as coisas têm acontec ido conosco m e s m o s .. . Som os por de- mais adolescentes, espiritualm ente falando, para chegarm os àquela fé que Jesus possuía, mas percebemos que há algo ali que podem os seguir de longe” (J. Edgar Park, in loc.).

As Donzelas Perderam a Oportunidade. Elas estavam por demais preocupadas em obedecer ao decreto do Faraó. Mas a princesa não teve medo, e, por isso, a recom- pensa foi dela.

Josefo chamou essa princesa pelo nome de Therm uthis, adic ionando elemen- tos fabulosos à história. Esses elementos tornam -se uma leitura agradável, mas são distantes da realidade. A princesa foi à be ira do rio tom ar banho, sem dúvida um lugar onde as mulheres estavam acostumadas a fazê-lo. Talvez a mãe de Moisés 0

tenha deixado propositadamente onde as mulheres egípcias costumavam ir, na es- perança de que a lgum a delas usasse de m isericórd ia . E foi prec isam ente 0 que aconteceu.

2.6

O m e n in o c h o ra v a . O choro de um in fan te derre te 0 co ração de qua lque r mulher, e tam bém da maioria dos hom ens. Nada existe tão im potente quanto um infante humano, 0 qual, po r tan to tem po, se m ostra tão dependente . A princesa teve compaixão, em bora soubesse muito bem que 0 m enino era um hebreu. Mas 0 am or não faz as d is tinções que 0 ód io faz. O choro da criança representava 0

choro do m undo in te iro que D eus am ou, po is os hom ens, d ian te de Deus, nada mais são do que infantes im potentes. A lguns hom ens, por m eio de sua teologia, fazem esses “infantes” ser od iados e destruídos, em vez de ser tirados das águas perigosas. Mas 0 am or de Deus é suficiente para todos (João 3.16), e houve provi- são para todos (I João 2.2; I Ped. 4.6). Assim com o a princesa estendeu a mão e salvou 0 bebê, assim tam bém 0 longo braço da provisão divina realmente acode a todos os homens, e não apenas potencialmente. Não bastava que, potencialmente, a princesa pudesse tirar Moisés das águas. Foi m is te r tira r Moisés das águas, ou nada mais teria sentido. A providência de Deus m ostra-se claram ente evidente na natureza e em todos os aspectos da vida humana. Portanto, permitamos que flua 0

am or de Deus.

2.7

Uma das hebréias que sirva de ama. A provisão divina continuava. Moisés, salvo do rio, agora precisava de uma ama. Não há necessidade que Deus não supra; não há emergência que ele não resolva. Foi procurada uma mulher hebréia, porque 0

menino era hebreu. Coisa alguma acontece por mero acaso. E a irmã conseguiu uma mãe hebréia para 0 menino. Assim, terminou de súbito 0 pesadelo. A provisão em favor da criança apareceu mais cedo do que se esperava. O trecho de Hebreus 11.23 diz-nos que foi pela fé que 0 menino tinha sido ocultado. E, sem dúvida, oração ligada à fé. Nessa combinação há poder. O destino de Moisés exigia uma longa série de vitórias, muitas delas impossíveis, segundo a mente humana. “Sabemos que todas as cousas cooperam para 0 bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chama- dos segundo 0 seu propósito” (Rom. 8.28). “Que ninguém nos diga que é ridículo orar a um Pai amoroso por aquelas coisas pelas quais tanto nos esforçamos por obter" (J. Edgar Park, in loc.). Oh, Senhor, concede-nos tal graça.

Os Ta rguns e Jose fo fa lam sobre vár ias ten ta tivas sem êxito de ob ter um a am a entre as eg ípc ias, an tes de a p rópria m ãe de M o isés ser convocada para desem penhar esse serv iço . N ão po dem os te r ce rteza quanto a esse porm enor, mas podem os es ta r ce rtos de que 0 po de r de D eus se m anifesta na v ida hum ana.

2.8

A m ãe d o m e n in o . V er as notas sobre Êxo. 2.1 quanto a inform ações sobre a m ãe de Moisés. S om ente em Êxo. 6.20 ficam os sabendo 0 seu nome, Joquebede. Damos tam bém ali in fo rm es sobre 0 pai de Moisés. “ Em uma v iv ida exibição do controle de Deus sobre os eventos, a m ãe de Moisés foi reunida à sua criança — 0 que foi lega lm ente sancionado no lar, a p esar do edito de Faraó (Êxo. 1.22) — e ela chegou a ser rem unerada pe los seus serviços! (Êxo. 2.9)” (John D. Hannah, in loc.).

/ is Mulheres da Providência Divina. Neste ponto, Moisés foi rodeado por um círculo de mulheres protetoras: as parteiras; a mãe de Moisés; a irmã de Moisés; a filha de Faraó; e, sem dúvida, várias auxiliares da casa de Faraó, que recebe- ram tarefas visando 0 benefício do garotinho.

Page 15: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO310

deve ter parecido difícil para 0 jovem Moisés (então com quarenta anos de idade). Uma lição que devemos aprender de início é não esperar aplausos. A maioria das pessoas teme as verdades recém-descobertas que ameaçam os dogmas tradicionais.

O Erro Fatal de Moisés. Moisés tinha aplicado a violência; tinha assassinado; tinha perdido 0 respeito dos outros. Agora seria preciso muito tempo para ele vencer essa situação.

2.15

M o isé s fu g iu da p re se n ça de Faraó. Este estaria agora ouvindo a notícia ou em breve a ouviria, de que Moisés m atara a um egípcio. E então mandaria executar Moisés. Nisso consistia 0 m aior tem or de Moisés. E assim Moisés fugiu para seu exílio de quarenta anos, na terra de Midiã, 0 segundo grande ciclo de sua vida. Ver 0 vs. 11. Ele com eçara a tornar-se um a figura ameaçadora, intervin- do onde não devia, ag itando 0 povo. A lguns intérpretes vêem neste texto um esforço abortado de em ancipação. M as 0 autor sacro apresenta 0 episódio como um simples passo na preparação divina do cam inho de Seu servo. Este precisava internar-se no deserto por quarenta anos. Tudo isso fazia parte de sua prepara- ção.

Terra de M idiã. Ver no Dicionário 0 artigo Midiã, Midianitas. Moisés fugiu na direção sudeste, afastando-se de onde vivia talvez quatrocentos quilômetros. Midiã tinha sido um dos filhos de Abraão e Quetura (Gên. 25.1-6). Assim, os midianitas eram parentes distantes de Moisés, uma tribo árabe que vivia na região ao sul do Sinai e na porção noroeste da Arábia. Esse deserto diferia muito da favorecida região de Gósen, no Egito, que era onde estava 0 grosso da população israelita. Ver Gên. 45.10. Os midianitas eram seminômades. Seu centro ficava às margens do golfo de Ácaba. O local tradicional do monte Sinai ficava naquela região, Os nabateus, mui provavelmente, foram os sucessores dos midianitas na região, tendo sido os que edificaram a famosa cidade de Petra (ver a respeito no Dicionário).

J u n to a um p o ço . Local muito valorizado em uma terra ressequida. Ver no Dicionário os artigos intitu lados Poço e Cisterna. Moisés armou sua tenda nas imediações. Havia perdido sua exa ltada posição de filho da filha do Faraó, e agora era tão sem importância quanto antes era importante.

2.16

O sa ce rd o te de M id iã . A Septuaginta dá aqui 0 seu nome, Jetro. Mas 0

original hebraico só dá esse nome em Êxodo 3.1. E 0 vs. 18 deste capítulo dá outro nome desse hom em , fíeuel. Em Êxodo 18.12, Jetro é chamado “sogro” de Moisés. Mas em Números 10.29 e Juizes 4.11 esse homem é chamado Hobabe. Em Números 10.29, Hobabe figura com o filho de Reuel, e este último aparece ali como sogro de Moisés. Os eruditos têm -se esforçado por explicar essas discre- pâncias. Naturalmente, vem os que Jetro e Reuel são nomes diferentes de um mesmo indivíduo. Ou, então, um poderia ser 0 pai do outro. Não há com o resolver nitidamente a questão. Assim, alguns eruditos pensam que Reuel era 0 pai de Jetro, e para eles essa é a m aneira mais lógica de exp licar 0 problema. Ofereço artigos separados sobre cada um desses nomes, onde aparecem detalhes sobre 0 problema, além de informações de cunho geral.

T a lv e z R e u e l (e /o u J e tro ) fo s s e m re is -s a c e rd o te s , a e xe m p lo de M elquisedeque, e talvez prom ovessem algum a forma de fé religiosa que era conhecida por seu ancestral mais remoto, Abraão.

S ete f i lh a s , a s q u a is v ie ra m a t i r a r á g u a . À s m u lheres gera lm ente cabia essa tarefa. Ver ou tras ins tânc ias d isso, que envo lveram Rebeca e Raquel (ver G ên. 24 .13 ss. e 29 .2 ss.). A ss im ta m b é m aqui as se te filhas do sacerdote de M idiã ocu pavam -se no tra b a lh o de p u xa r ág ua pa ra os an im ais. O utro encon- tro , à b e ira de um po ço , re su lto u em um ca sa m e n to d iv in a m e n te a rran ja do , con fo rm e 0 a u to r sa g ra d o nos qu is fa z e r sab e r. O s co s tu m e s o r ie n ta is nada viam de pe jo ra tivo na filha de um che fe ou sace rdo te ocupar-se desse tipo de trabalho .

2.17

M o is é s . . . as d e fe n d e u . A s filhas do sacerdote não foram bem acolh idas. Antes, foram postas a corre r por certos pastores locais hostis. Mas Moisés de fendeu-as e em seguida a judou-as a tira r água para seus rebanhos. Essa foi a terceira vez em que M o isés ten tou a judar a outras pessoas em necessidade (ver Êxo. 2.12,13). Nas duas vezes an teriores, 0 resultado havia sido desastro- so. Mas dessa vez 0 resu ltado foi positivo . O texto, pois, apresenta Moisés com o um libertador, 0 que, fina lm ente , ele acabou sendo para todo 0 povo de Israel. Moisés figu ra aqui com o hom em dotado de m ente e de corpo v igoroso, pois, de outra sorte, não teria sido capaz de pôr em fuga 0 grupo de pastores fanfarrões, sem entrar em mais d ificu ldades. Ta lvez derrubar 0 líder deles tenha sido sufic iente.

povo. N esse pon to de sua v ida , M o isé s pe rce b e u qu a l se r ia a sua ta re fa . Mas segundo nossa m aneira de com putar, se ria p rec iso m u ito tem po para que essa tarefa tivesse início. Ele te ria de passar quaren ta anos in ternado no deserto. Era preciso muita preparação. No caso de sua mãe, 0 propósito de Deus teve cumpri- mento imediato. Mas, no caso do próprio Moisés, foi necessário um longo período de p reparação . O c ronogram a de D eus te r ia cum prim e n to , e n inguém poderia apressar esse cronograma.

Talvez um capataz eg ípc io estivesse ex ig indo do israe lita mais do que este poderia produzir; e então 0 capataz apelou para a força bruta. Sem dúvida, hou- ve espancam entos para fo rçar 0 escravo a tra ba lha r m ais do que 0 seu sistem a podia suportar. Era um caso claro de injustiça. Havia um “tra tam ento in justo” (ver A tos 7 .24). Os eg ípc ios não es tavam en tre as nações m a is crué is , mas havia abuso de poder.

Sendo M o isés já hom em . Ou seja, quando ele já estava com quarenta anos de idade (Atos 7.23), ou seja, no fim do primeiro de seus três ciclos de vida, os quarenta anos em que esteve sob a influência da educação e da cultura do Egito. Haveria de passar no exílio, em Midiã, outros quarenta anos. E haveria de tornar-se profeta no terceiro desses ciclos de quarenta anos. Moisés morreu com cento e vinte anos de idade (Deu. 34.7). Seu destino, pois, incluía três ciclos distintos. Há vezes em que as coisas funcionam assim na vida das pessoas.

2.12

M a tou 0 e g ípc io . Isso seguia 0 princípio de “v ida por v ida” (Êxo. 21.23), uma espécie de defesa em favor da vida, em bora 0 texto não diga que 0 egípcio estava prestes a tirar a vida do israelita. Moisés exagerou, não havendo com o desculpar 0 crime. Uma de minhas fontes informativas fa la em um a “ultrajante” combinação de precipitação e prudência. Moisés agiu por sua própria autoridade, mostrando um a audácia singular. Mas a coragem audaciosa, por si só, não é um a virtude. O diabo é audaz; resolveu enfrentar 0 próprio Deus. Mas isso não faz dele um ser justo.

C onta-se com o David L iv ingstone se sen tiu revo ltado dian te do tra tam ento bruta l dado aos escravos em um m ercado árabe de escravos. M u itos hom icíd i- os sem base estavam sendo com etidos con tra os escravos, sem m otivos sufici- entes. E L iv ingstone con fessou que sua p r im e ira reação fo i “a tira r nos assassi- nos com sua p is to la ” ( E n c y c lo p a e d ia B r it ta n ic a , em seu a r t ig o sob re Livingstone). M as a v ingança vem do Senhor, e não deve p rov ir de a lgum indi- víduo. A le i prom ove a v ingança div ina; e a vind icação que não ocorre, a vonta- de de Deus cu ida disso, afinal. Não há e rro que não venha a ser corrig ido . Ver Rom. 13.1 ss. e 12.19. A v io lê n c ia pa rece inev itá ve l, pe lo m enos em a lgum as o ca s iõ e s , m as e la sem pre en vo lve um erro . M u itos pa is ca s tig a m seu s filhos tom ado s po r um a ira v io len ta , u su a lm e n te p o r cau sa de a lgu m a incon ven iê n - c ia triv ia l que sofreram .

“Os comentadores judeus geralmente apreciavam 0 ato [de Moisés], ou mesmo elogiavam-no como uma ação patriótica e heróica. Mas sem dúvida foi um feito precipi- tado, efetuado em um espírito indisciplinado” (Ellicott, in loc.).

2.13

Provocação. Moisés ocu ltara as evidências de seu crime; m as a questão não term inou com 0 egípcio sepultado na areia. No dia seguinte, Moisés tentou inter- rom per uma briga entre dois hebreus. Mas acabou sabendo, da parte de um dos antagonistas, que seu ato hom icida tinha sido visto e, sem dúvida, discutido entre os observadores. Isso significava que, em breve, a história inteira seria descober- ta, e Moisés passaria a ser caçado pela justiça do Faraó. Ta lvez 0 hebreu tencio- nasse matar ao outro; mas afinal isso foi 0 que Moisés tinha feito. Ver II Sam. 14.6. A desintegração social e psicológica havia tom ado con ta do escravizado povo de Israel, e eles estavam abusando uns dos outros. O espírito de Moisés, pois, vexava-se diante do que v ia entre sua própria gente. Seu coração estava sendo preparado, mas um longo tem po seria necessário até tornar-se 0 instru- mento devido do poder de Deus. Ver Atos 7.26 quanto ao paralelo neotestamentário deste versículo.

2.14

O autor sacro segredava aqui que não chegara ainda 0 tem po de Moisés receber autoridade. Os israelitas ainda não estavam preparados; 0 próprio Moisés tam bém não estava preparado. Moisés era um príncipe no Egito, por ser filho adotivo da filha do Faraó, e seu pai adotivo sem dúvida era tam bém homem de grande autoridade (vs. 10). Para os hebreus, porém, ele nada significava. Não lhe cabia decid ir quem estava com a razão e quem estava errado, ainda que, posteri- ormente, ele se tivesse tornado 0 grande legis lador a quem todo 0 povo de Israel devia obediência. No Antigo Testamento, a justiça (no hebraico, mishpat! não era um conhecimento positivo nem um princípio metafísico, com o se dá com a filoso- fia ética. Era a lei imposta pelo D eus vivo. Os atos potencialm ente altruístas de Moisés, sua preocupação com os oprim idos, não foram bem acolhidos, e isso

Page 16: At Interpretado- Êxodo

311ÊXODO

Uma das vantagens dessa ocupação é que ele obteve um valioso conhecimento das condições locais da área do Sinai, onde, anos mais tarde, estaria conduzindo 0 povo de Israel. Ver Atos 7.30.

M o isés é C ham ado po r Deus (2.23 — 3.22)

O Pacto A b ra âm ico é T ra n sm it id o a M o isés (2.23-25)

Os anos de preparação, os quarenta anos em que Moisés viveu internado no deserto (Atos 7.30), cum priram -se. Estava morto 0 Faraó do qual Moisés havia fugido. Agora ia com eçar 0 te rceiro _e último estágio da vida de Moisés. Ele tinha vivido por quarenta anos no Egito (Êxo. 2.14). T inha vivido por quarenta anos no deserto de Midiã. E agora viveria por quarenta anos com o líder de Israel, com o 0

Libertador. A maior parte das inform ações de que dispomos sobre a sua vida diz respeito a esses quarenta anos finais.

O Libertador precisava ser um participante especial do Pacto Abraâmico, no qual é prometida um a pátria para 0 povo de Israel. A peregrinação e 0 exílio de Israel no Egito não poderiam m esm o perdurar para sempre. Os pecados dos habitantes da Terra Prom etida deveriam chegar ao seu ponto culminante; e então 0 ju ízo divino tiraria deles aqueles territórios, entregando-os aos descendentes de Abraão. Ver as notas sobre Gên. 15.13,16. Em Gên. 15.18 dou notas detalhadas sobre 0 Pacto Abraâm ico, reiterado por nada menos de dezesseis vezes no livro de Gênesis.

Havia morrido 0 Faraó do Egito (Seti I ou Ramsés II). Mas isso em nada alterou as condições do povo de Israel, que continuava encurvado sob pesada servidão. Seus clamores, porém, subiram a Deus (vs. 23). Chegara 0 tem po de Deus agir. Esse ato divino requeria a presença de um ator central, Moisés.

O s críticos atribuem esta seção a um a com binação das fontes informativas J, E e P(S). Ver no Dicionário 0 artigo intitu lado J.E.D .P.(S.) quanto à teoria das fontes múltip las do Pentateuco.

2.23

D e c o rr id o s m u ito s d ia s . Os quaren ta anos durante os quais Moisés esteve in te rnad o no d e se rto (A tos 7 .3 0 ). V e r as no tas de in troduçã o a esta seção. O p lano de D eus tem sua p róp ria c ro n o lo g ia (ve r G ên. 15 .13,16). Agora M o isés estava preparado, ao fim dos do is prim eiros cic los de quaren ta anos cada (Êxo. 2.14; A tos 7.30). Os próx im os quaren ta anos veriam ele com o 0 grande Liberta- dor de Israel. O rei egípcio que tinha am eaçado sua vida estava agora morto. Ver na Encic lopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, 0 artigo cham ado Faraó, em sua terceira seção, onde aparecem os faraós v inculados à Bíblia. Mas com o já disse- mos, a m orte daquele Faraó em nada m o d ifica ra as condições de vida do povo de Israel. Israel con tinuava escravizado, sem nenhum a perspectiva de mudança. Israel g e m ia e c la m a va d e ba ixo de suas ca rgas; e D eus ouviu esse c lam or, e p reparou-se para libertar 0 Seu povo.

O tre ch o de Ê xodo 7 .7 d á -n o s a idad e de M o isé s ne ssa época , a saber, oitenta anos. O te rce iro e m a io r c ic lo da v ida de M o isés ia com eçar em breve.

2.24

O P a c to A b ra â m ic o . O c ro n o g ra m a de D e u s re q u e r ia v á r io s a c o n te c i- m en tos : 0 ex ílio e a s e rv id ã o no E g ito ; os p e ca d o s do s ca n a n e u s te r ia m de c h e g a r a seu p o n to c u lm in a n te , a f im de que um ju s to ju íz o d iv in o v ie s s e a p r ivá -los de suas te rra s (G ên. 15 .13-16);_M 0 isés te r ia de cum prir um pe ríodo de q u a re n ta an os de e x ílio no d e s e rto (Ê xo . 2 .1 5 ; A tos 7 .30). M as um a vez sa tis fe ito s to d o s esses itens , 0 c ro n o g ra m a d iv in o pa ssa ria para 0 pa sso se- g u in te : a c h a m a d a de A b ra ã o . E e s ta le v a r ia 0 P ac to A b ra â m ico a um novo d e g ra u . V e r em G ên . 1 5 .18 as n o ta s c o m p le ta s qu e d a m o s a li so b re esse pacto . Um a de sua s p r in c ip a is e s tip u la çõ e s era que Israe l ha ve ria de te r seu p róprio te rr itó r io pá trio . Isso re q u e re ria que Israel fosse liv rado de sua escra- v id ã o no Egito.

“ Êxodo 2.24,25 é um eixo na narra tiva . A supressão, a escravidão e a mor- te sã o te m a s d o m in a n te s no tre c h o de Ê xo d o 1 .1 -2 .2 3 . D aqu i po r d ia n te , a ên fa se re ca irá sob re as id é ia s de l iv ra m e n to e tr iu n fo . D eus, em Seu po der sob erano , es ta va p re p a rado pa ra a g ir em con sonân c ia com as Suas p rom es- sas a fim de livrar e preserva r 0 Seu povo” (John D. Hanna, in loc.).

2.25

O Fa vor D ivino. Agora a g raça de D eus passa a ocupar um a posição forte, ev idente e e ficaz. V e r no D ic ionário 0 artigo intitu lado Providência de Deus.

Deus. No hebraico, Elohim. Ver as notas sobre esse nome d ivino no Dicionário, bem como 0 artigo geral Deus, Nomes Bíblicos de._

O sétimo versículo deste terceiro capítulo do Êxodo menciona 0 favor divino espe- ciai que estava prestes a entrar em ação, com base no amor de Deus e na compaixão Dele por Seu povo oprimido.

2.18

Por que v iestes ho je m a is cedo? Com a ajuda de Moisés, as filhas do sacerdo- te puderam terminar mais cedo do que 0 comum 0 seu trabalho. E isso surpreendeu a Reuel, pai delas. Suas perguntas levaram-no a Moisés, que dentro em pouco seria 0

marido de uma de suas filhas, Zípora (vs. 21). O nome dela significa passarinho. Ver no Dicionário 0 verbete intitu lado R eue l (Raguel). Ver tam bém sobre Jetro, e sobre 0

problema concernente ao fato de que ambos são chamados “sogro” de Moisés. Ver as notas sobre 0 vs. 16. O Targum de Jonathan cham a Reuel de “pai do pai” , e esse parece ser 0 modo mais provável de resolver esse problem a de nomes próprios. É possível que aqueles pastores hostis vez por outra atacassem as filhas do sacerdote de Midiã, fazendo-as chegar tarde na maioria dos dias. Mas uma vez que eles tinham sido tirados da cena, e com a ajuda de Moisés, elas puderam terminar mais cedo a tarefa do dia.

2.19

Um eg íp c io . Seu sotaque 0 denunciava. Adam Clarke mostrou como um egípcio não teria podido pronunciar as consoantes guturais do árabe, com o a do nome Reuel, que no hebraico aparece com o Raguel. E afirm ou que ouvir um árabe pronunciar esse nome soaria com o se ele estivesse gargarejando. Moisés era um benfeitor que procurava a judar às pessoas. Essa é um a característica de muitos dos líderes que Deus levanta. M as há muitos supostos líderes que só sabem prejudicar a seus sem elhantes, fazendo isso em nome de Deus.

2.20

Reuel não dem orou a perceber que ali estava um bom genro em perspecti- va. Afinal, ele tinha sete filhas para casar. E perguntou delas: “Por que deixastes lá 0 hom em ?” . E logo elas 0 convidaram para v ir com er na casa delas. Quantos rom ances têm com eçado na m esa de jan ta r? Reuel e suas filhas sentaram -se ali, e perto estava 0 s im pático hom em vindo do Egito. Z ípora lançava olhares sobre Moisés; e Moisés lançava olhares sobre Zípora ; e logo teve início um rom ance que ninguém poderia frear, tal com o não se pode im pedir a maré dos oceanos.

2.21

Moisés Achou La r Longe de Casa. Mudou-se para a casa de Reuel e come- çou a ajudá-lo em seu trabalho. Zípora, 0 passarinho, estava sem pre por perto. E não demorou para Moisés perceber 0 quanto precisava de um a mulher.

Zípora. No hebraico temos a forma feminina de zipor, “passarinho”. Ela era uma das sete filhas de Jetro (Reuel), sacerdote de Midiã (Êxo. 2.21,22). Eia foi a primeira esposa de Moisés, mãe de Gérson e Eliezer (Êxo. 2.22; 18.3,4). Viveu por volta de 1500 A. C., embora os eruditos variem disso por nada menos de duzentos anos..

Quando Moisés voltou de Midiã ao Egito, Zípora e os filhos do casal acompanha- ram-no. No caminho de volta, Yahweh repreendeu Moisés, ou porque ele não se cir- cuncidara antes de casar-se, ou porque não havia circuncidado um de seus filhos. As- sim, com muita relutância e protesto, Zípora obedeceu a seu marido, circuncidando seu filho. Ao que parece, ela tocou em Moisés com a pele do prepúcio, que pingava san- gue, e declarou: “Esposo sanguinário!” . E isso por causa da operação, que era muito dolorosa. Ela e seus dois filhos posteriorm ente retornaram a Jetro (Êxo. 18.2-4). E nunca mais se ouve falar em Zípora nas páginas da Bíblia. Filo afirmou que Moisés casou-se com setenta e sete anos de idade (Vita Mosis, foi. 9.1). Mas outros estudiosos datam esse casamento em muito antes disso.

2.22

G é rs o n . Esse nom e é de p rocedê nc ia e s trang e ira , tom ado por em présti- m o pe lo vo ca b u lá r io dos he b reu s . Seu s ig n if ic a d o é ince rto : ta lve z ve n h a do hebraico garas, “expu lsar” . Portanto, pode s ign ifica r fug itivo. V er Êxo. 2.22. To- davia , a pa lavra pode ser. co rrup te la de um a fo rm a estrang e ira orig ina l, envoi- vendo um jogo de pa lavras de a lgum a sorte . Se ja com o for, esse nom e desig - na trê s p e sso a s do A n tig o T e s ta m e n to . U m a d e la s fo i 0 f i lh o m a is ve lh o de M o isés, dos do is que lhe na sce ram na te rra de_ M id iã . Sua m ãe era Z ípora . O outro filho de M o isés cha m ava-se E lie ze r (ve r Êxo. 2 .22 e 18.3-4). Esses do is hom ens foram sim ples levitas, ao passo que os filh o s de seu tio, A rão, desfru- taram todos os priv ilég ios p róprios do sace rdóc io , b rand indo m u ito m a io r auto- r ida de (I C rô . 2 3 .1 5 ) . A o que p a re ce , M o isé s e ra im u n e ao n e p o tism o , um a a titude rara entre os líderes e os po líticos . A B íb lia in fo rm a-nos som ente quan- to ao n a sc im e n to de G é rso n , à sua c irc u n c is ã o e a_à sua g e n e a lo g ia . Seu nom e ve io a ser v incu la do a um dos c lãs lev itas . V e r Êxo. 24 .24-26 . E le viveu em to rno de 1500 A. C., mas os e s tu d iosos d ife rem nada m e nos de du zentos anos quanto a isso.

Embora nada seja especificado quanto a isso neste livro de Êxodo, Moisés atirou- se à árdua tarefa de ser pastor de ovelhas em uma terra árida, durante quarenta anos.

Page 17: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO312

de fogo físico, embora parecido com isso. Esse é um elemento comum nas experiênci- as místicas. Cf. Êxo. 19.18.

Sarça. A manifestação divina girou em tomou de um arbusto, uma sarça. Foi uma visão misteriosa, que Moisés se apressou a investigar (vs. 3). “Moisés foi visitado pelo Deus vivo" (J. Coert Rylaarsdam, in loc).

Zoroastro asseverou que, em um monte onde tinha ido meditar e estudar, teve uma visão de que 0 monte inteiro havia sido envolvido por chamas divinas. Algo similar foi noticiado por Esquilo. E há muitos paralelos nas crônicas religiosas.

3.3

A sarça não se qu e im a . Um estranhíssim o fenômeno, que fez Moisés voltar- se naquela direção, a fim de investigá-lo. No começo, não percebeu que estava em meio a um a espécie de m anifestação divina, 0 que por muitas vezes ocorre nos estágios iniciais de todas as experiências místicas. Além de ser um estranho fenômeno, capaz de atra ir a atenção, a ocorrência provavelm ente tinha por intuito indicar que 0 homem pode aproxim ar-se da cham a de Deus sem sofrer dano, e, de fato, é convidado a fazê-lo. Todavia, os hom ens tem em 0 Ser divino, especial- mente porque isso requer m uito da parle deles, a saber, sua própria vida. Os homens preferem dedicar-se a si mesmos, satisfazendo os interesses do corpo físico e buscando som ente as realidades tem porais.

M oisés ficou atônito e aco lhedor diante da aproximação do Ser divino. Ele reagiu favoravelm ente ao mistério; mostrou ser um inquiridor que estava prestes a fazer uma grande descoberta.

Possíveis Sím bolos da Sarça:1. O poder divino, 0 qual se aproxim a do homem com o se fosse uma chama,

sem causar nenhum dano ao homem.2. Israel sob aflição, mas sem ser consumido.3. Acesso a Deus por m eio das experiências místicas.4. Todos os crentes, que podem ser tentados e provados, mas nunca esqueci-

dos ou consumidos.5. A disponibilidade da presença divina por parte dos homens.6. A necessidade da vis itação divina, visando 0 bem da alma, bem como sua

iluminação e orientação.7. Os cuidados de Deus, que provê 0 necessário para os que Lhe pertencem.

Ver no Dicionário 0 artigo intitu lado Teísmo. Deus não abandonou a Sua criação, conform e estipula 0 Deísm o (ver no Dicionário).

3.4

S e n h o r , . . D eus. Esses nomes, no hebraico, são respectivamente Yahweh e Eiohim. Ver no Dicionário sobre esses nomes, com o tam bém 0 verbete Deus, Nom es Bíblicos de. A teofania (ver a esse respeito no Dicionário) manifestou-se na sarça e na voz divina que cham ou a Moisés. A presença divina chamou e Moisés respondeu. Tem os aí um a eterna lição espiritual que toda a humanidade precisa aprender. Moisés ficou atônito e aco lhedor diante da presença de Deus. isaías, diante da presença do Senhor, caiu em confissão, sentindo necessidade de absolvição. Embora essa atitude não seja aqui mencionada, trata-se de uma atitude com um nas experiências espirituais poderosas.

M o isés, M o isé s . A voz divina m anifestou-se pessoal, dirigindo-se a Moisés por seu nome. A vontade de Deus envolve cada indivíduo, chamando cada qual a uma m issão especial. Deus conhece os que Lhe pertencem, tal como diz 0 ensino sobre 0 Bom Pastor (João 10) e 0 trecho do Salm o 23. Deus manifesta-se indivi- dualmente, e não coletivam ente. “0 Senhor conhece 0 Seu povo um por um, chamando-o por seu nome. A repetição do nome [Moisés, Moisés] indica familiari- dade e um afeto veem ente por ele” (John Gill, in loc.).

3.5

Não te c h e g u e s . . . t ira as sa n d á lia s . Aqueles eram momentos solenes, em um lugar sagrado, 0 que requeria a m aior reverência da parte de Moisés. Moisés deveria descalçar seus nealim, provavelm ente um a espécie de sandálias. Em todos os países orientais havia 0 costume de descalçar-se por ocasião do culto, 0

que tem persistido até hoje entre os persas, árabes e outros povos. Juvenal (Sat. vi. ver 158) mencionou esse costum e. 0 trecho de Jos. 5.15 alude ao mesmo costume. “A té hoje, os judeus vão às suas sinagogas descalços, no dia da expia- ção” (John Gill, in loc.). Os sacerdotes da deusa Diana serviam-na descalços (Slin. Polyhistor. c. 16; Estrabão, 1.12, par. 370).

Terra san ta . Um lugar sagrado que posteriormente deu a Horebe 0 nome de “monte de Deus” (vs. 1). No m undo antigo, tal com o hodiernamente, formavam-se santuários em torno das aparições de algum poder divino, neste ou naquele lugar. Dois ou três crentes, reunidos em adoração cristã, podem esperar contar com a presença de Cristo (Mat. 18.20). Moisés chegou àquele local porque era um bom

CapítuloTrês

Cham ada e C om issão de M o isés (3.1 — 4.17)

O Pacto Abraâm ico foi confirm ado a M oisés (Êxo. 2.24). Ele foi nomeado para tornar-se um instrumento especial desse pacto, passando a desem penhar um papel cêntrico para tirar Israel do Egito e fazê-lo voltar à Terra Prometida. Jacó e seus filhos, ao fugirem da seca na terra de Canaã, desceram ao Egito para estarem em companhia de José (ver Gên. 46-50). Isso arm ou 0 palco para 0 exílio e a escravidão naquele país. Agora, essa situação seria revertida, e 0 cronograma de Deus estava avançando para um a fase nova. Ver Gên. 15.13,16 e as notas sobre 0 Pacto Abraâm ico em Gên. 15.18.

Os críticos pensam que esta seção é um a m escla das fontes informativas J, E e P(S). Ver no Dicionário 0 artigo intitu lado J.E .D .P .(S .) quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco.

Moisés era considerado 0 m aior de todos os profetas de Israel (Êxo. 34.10); e outros ainda 0 exaltavam mais do que isso (Núm. 12.6,7). Seja com o for, ele foi 0

homem escolhido por Deus para aquele m om ento crítico. Foi mister que ele recebesse uma autoridade e um poder real, e isso lhe foi concedido pela presença de Deus, que com eçou quando da teofania que lhe foi outorgada. Isso faz-nos lembrar da chamada de Isaías (Isa. 6).

A seção à nossa frente consiste em três divisões:1. Confrontação com Deus (Êxo. 3.1-12)2. Instruções (Êxo. 3.13-22)3. Queixas de Moisés (Êxo. 4.1-17).

3.1

A p a sce n ta va M o isé s 0 re b a n h o . Moisés sentia-se satisfe ito no deserto, enquanto ajudava a cuidar do rebanho de seu sogro. Não havia excitações, mas tam bém não havia am eaças nem necessidades. T inha tudo 0 de que precisava, com sua pequena família: sua esposa e seus dois filhos. Mas 0 plano de Deus em breve haveria de agitar a sua vida, preparando-o para um a importantíssima mis- são. Por igual modo, séculos depois, Davi tam bém foi arrancado de suas ocupa- ções pastoris para cum prir um notável destino.

Je tro . Em Êxo. 2.18, 0 nome do sogro de Moisés aparece com o Reuel. Ver as notas em Êxo. 2.16-18 quanto ao problem a da aparente confusão de nomes próprios. Talvez Reuel fosse 0 pai de Jetro. Provi artigos detalhados sobre ambos (ou sobre os diferentes nomes de um só nome) no Dicionário.

O lado o c id e n ta l d o d e se rto . Essa era a estreita fa ixa de terra fértil que ficava por trás da planície arenosa, estendendo-se desde a serra do S inai até as praias do golfo Elanítico.

H ore b e . C ham ado a lgu res de “ m onte de D eus” . C u ida ndo de seu reba- nho, M o isés acabou chegando a esse lugar. E ali, inesp era dam ente , teve um en contro com a presença de Deus. Parece que H orebe era 0 nom e de toda a cadeia m ontanhosa que havia naque la área. O S inai era ap enas um a parte dessa cadeia, po ste rio rm en te con hec ido com o Jeb e l M usa. V e r no D ic ionário 0 a rtigo in titu lado Horebe. A lguns es tu d iosos o p in am que H orebe e S ina i eram os nom es de do is p icos da serra em pauta . E H orebe, nesse caso, veio a ser conhec ido com o “ m onte de D eus” po rque fo i ali que D eus apareceu a Moisés.

3.2

O A n jo d o S enh or. Tem os aqui um a designação frouxa para um a teofania (ver a esse respeito no Dicionário). Um a verdade constante do livro de Gênesis, e agora tam bém do livro de Êxodo, é que Deus cham a seus vasos ou instrumentos especiais mediante profundas experiências místicas. Jacó teve muitas dessas experiências. Ver no Dicionário 0 verbete intitu lado Misticismo. Ver Gên. 12.1 e15.1 ss. quanto às experiências de Abraão; e ver Gên. 28.12 ss. quanto a uma dessas experiências de Jacó. É um a bênção d isporm os das Escrituras e de outros livros espirituais para os lerm os e estudarm os. É grande poderm os orar, 0

veiculo da petição e do poder espiritual. É notável disporm os do meio da medita- ção, pelo qual podemos dar ouvidos à voz de Deus. Mas tam bém precisamos do toque místico em nossa vida, a aproxim ação da presença de Deus, que nos ilumina e orienta.

S enhor. No hebraico, Yahweh. Ver no Dicionário sobre esse nome divino, com o tam bém 0 artigo Deus, N om es Bíblicos de. Encontram os aqui 0 grande tetragrama dos israelitas, YHWH.

N um a cha m a de fo g o . Um dos sím bolos da presença de Deus. Devemos entender aqui alguma form a de luz e m anifestação resplandecente, e não chamas

Page 18: At Interpretado- Êxodo

Apascentava Moisés 0 rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Midiã; e, levando 0 rebanho para 0 tado ocidental do deserto, chegou ao monte de Deus, a Horebe.

Êxodo 3.1

*★ * * * *

Horebe s ignifica deserto, sequidão (Êxo. 3.1; 17.6; Deu. 1.2,6 etc). A lguns supõem que Horebe fosse 0 nom e do pico m enor do monte Sinai, de onde a lguém poderia descer na direção sul. O utros estud iosos supõem que esse nom e des igne a cade ia inteira da qual 0

Sinai era apenas um cum e específico.

S IN A I Smith's Bible D ictionary

Page 19: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO314

mais comuns diziam que a Terra Prometida era um lugar repleto de riquezas naturais, ou de “ leite e mel” . Havia trechos de grande fertilidade, mas também havia porções desérticas. De acordo com os padrões antigos, era um território espaçoso, de cerca de setecentos e vinte e cinco quilômetros de norte a sul, enquanto de largura tinha entre noventa e seis a cento e noventa e dois quilômetros de largura. Sua área era mais ou menos a de um dos estados brasileiros, muito pequeno de acordo com os padrões modernos. Mas devemos lembrar que Moisés conduziu apenas cerca de três milhões de pessoas até fronteiras da Terra Prometida. Ver Números 1.46, onde se lê que havia seiscentos mil homens capazes de pegar em armas. Logo, para aquele número de pessoas, havia espaço abundante.

A expressão terra que m ana le ite e m e i ta lvez já fosse proverbial, em bora a encontrem os som ente aqui pela prim eira vez na Bíblia. Ver as referências no fim deste parágrafo. Em Hom ero (llía. ix. ver. 141) tem os a idéia que a te rra era como um se io que m anava leite. V e r tam bém V irg ílio (Aen. ib. iii. vs. 95). “Leite e mel, a lim entos que to rnam um te rritó r io um pa ra íso aos o lhos de popu lações sem inôm ades” {O xford A nno ta ted Bible, in loc.). Essa expressão tam bém aparece em Núm. 13.27; 14.8; 16.13,14; Lev. 20.24; Deu. 6.3; 11.9; 27.3; 31.20; Jos. 5.6; Jer.11.5; 32.22; Eze. 20.6,15.

Um Território com Vários Povos. O autor sacro alista seis tribos ou pequenas nações diferentes. Há notas sobre todos esses povos no Dicionário. A lgumas vezes, 0 termo cananeus podia indicar todos esses diferentes povos. E em Gênesis 15.16, 0 termo am orreus serve ao m esm o propósito. Aquele versículo afirma que a terra não podia tornar-se propriedade dos descendentes de Abraão enquanto os pecados dos cananeus não enchessem a taça. O juízo divino, porém, tiraria deles os seus territórios, que passariam para a posse do povo de Israel. O vs. 13 daquele mesmo capítulo do Gênesis mostra-nos que 0 exílio de Israel no Egito deveria ter lugar antes que a Terra Prom etida pudesse ser conquistada pelos filhos de Israel. E foi assim que, no cronogram a de Deus, uma vez passados esses dois eventos e suas condições, 0 Senhor com eçaria a providenciar quanto à saída de Israel do Egito, e então Israel tom aria conta da Terra Prometida. Cf. a menção dos povos aqui referidos com os trechos de Êxo. 3.17; 13.5; 23.23; 33.2;34.11.

3.9

Este versículo é um a repetição essencial das idéias e expressões de Êxo.2.25 e 3.7, onde dam os as notas expositivas. Deus desceu para fazer intervenção (vs. 8). Isso reflete 0 te ism o (ver a respeito no Dicionário). Deus não apenas criou, mas tam bém se faz presente e intervém; Ele muda 0 curso da história; Ele galardoa aos bons e castiga os maus. Isso é contrastado com 0 deism o (ver a respeito no Dicionário), que diz que Deus ou alguma força criativa abandonou a sua criação e a re legou às leis naturais. A repetição é um hábito de estilo literário do autor do Pentateuco.

3.10

O Propós ito Divino. Agora M o isés era enviado de vo lta ao Egito, não com o um filho exilado da filha do Faraó, mas com o um representante dos hebreus. Era chegada a plen itude do tem po para a libertação dos filhos de Israel. Deus have- ria de va le r-se da au dác ia e da au to rida de na tura l de M oisés, para le lam ente a seu p ro fun do sen so de ju s tiça , ad ic io n a r ia a isso 0 Seu próprio poder, e fa ria de le um L ibe rtad o r. Q ua n to a M o isés com o tipo de C ris to , ver as no tas sobre Êxo. 2.2. Há várias con jecturas sobre qual Faraó estaria envolvido nesses even- tos. Ver no D ic ioná rio 0 a rtigo in titu la do Faraó, em sua te rce ira seção, quanto aos faraós da Bíblia,

M o isés Recebe In s tru ç õ e s D iv inas (3.11-22)

Instrução e tre inam ento vieram antes do serviço. Quanto mais instrução e tre inam ento recebermos, m e lhor haverem os de servir. O prim eiro obstáculo que tinha de ser vencido eram aqueles do próprio Moisés. Em seguida, seria mister convencer aos hebreus da viabilidade do plano. E, finalmente, 0 Faraó teria de ser forçado a concordar.

3.11

Q uem so u eu para i r . . . ?

Moisés Apresentou Quatro Objeções. 1 .Inadequação pessoal (3.11). 2. A au- toridade de Deus (investida em Seu nome) entregue a Moisés diante de Israel (3.13). 3 .As dúvidas de Israel acerca da com issão e da autoridade recebida por Moisés da parte de Deus (4.1). 4. A fa lta de eloqüência de Moisés (4.10).

Moisés iniciou suas queixas fa lando sobre suas próprias inadequações. O augusto Faraó nem lhe daria ouvidos. É com o se Moisés tivesse dito: Domine, non sum dignus. “Os hom ens m ais aptos para grandes missões geralmente são os que se ju lgam mais despreparados. Q uando Deus chamou Jeremias para ser

lugar de pasto para seus rebanhos. Mas este acabou revestindo-se de uma importância muito maior do que Moisés tinha esperado.

Calçados. Ver no Dicionário 0 artigo com esse nome.

3.6

Uma Acum ulação de Títulos. O Deus de vários patriarcas provê a continua- ção da adoração ao mesmo Deus, desde Abraão até Moisés. Todos eles tinham 0

mesmo Deus e a m esm a herança espiritual, e tam bém com partilhavam do mesmo pacto (ver Êxo. 2.24 e Gên. 15.18 quanto a um a com pleta descrição). Esse acúm ulo de títulos tam bém em presta dign idade e adm iração diante do S er divino. Pois 0 Deus daqueles patriarcas era grandioso. E agora Moisés haveria de con- tem plar algo dessa grandeza, operante na saída do povo de Israel do Egito. Ver as notas sobre Gên. 26.4. Ver tam bém Êxo. 3.15,16,20; 15.2 e 18.4.

Criação, aliança e redenção têm sua origem no único Deus dos patriarcas. Existe um continuum divino.

Jesus usou esse texto para provar a imortalidade da alm a e a ressurreição contra os saduceus céticos. Ver Mar. 12.26,27.

Moisés escondeu 0 rosto . Provavelmente por trás de sua capa externa, confor- me fez Elias (I Reis 19.13). Ele estava com medo, algo bastante comum nas experiên- cias místicas, porquanto envolvem forças poderosas com as quais não costumamos tratar na vida diária. Tememos 0 desconhecido e qualquer poder imprevisível. Por isso mesmo foi que Jacó exclamou: “Quão temível é este lugar!” (Gên. 28.17).

Este texto pode ser com parado com algo similar, em Exo. 33.1,20; João 1.18. A teofania, ou seja as m anifestações visíveis de Deus, por mais tem ível que possa ser, não envolve a essência d iv ina propriam ente dita, a qual permanece misteriosa.

A A u d iê n c ia D iv ina (3.7 — 4.17)

Agora a revelação divina tom a a form a de instrução. Aquilo que é místico tem seus efeitos práticos, seus resultados. Todas as realidades espirituais produzem efeitos práticos, para nós e para outras pessoas. Não som os iluminados por motivo de mera curiosidade. Com pete-nos ag ir com base na iluminação recebida. A lei do am or manifesta-se em tudo, e deveria d irecionar todas as nossas ações. Ver no Dicionário 0 artigo intitu lado Amor. Moisés deveria ag ir em prol do amado povo de Deus, sim, am ado por Deus e pelo próprio Moisés.

Vi a a fliç ã o do m eu p o vo . O povo de Israel cham ava a atenção de Deus, conform e já vim os em Êxo. 2.25. Era chegado 0 m om ento certo de agir. A Terra Prometida deveria passar para 0 poder de Israel, após 0 exílio no Egito, e depois que a culpa dos cananeus chegasse ao seu ponto culm inante. Ver Gên. 15.13,16. Deus cuida de Seu povo. Por certo essa é a m ensagem central do evangelho. Deus am ou de tal maneira que deu (João 3.16), e um a provisão universal foi feita (I João 2.2). Ver no Dicionário 0 artigo M isericórdia (M isericordioso). Deus sabia da situação aflitiva de Seu povo, e não podia tolerá-la. V er Êxo. 3.7-9 e cf. Êxo. 2.24. E assim, foi planejada a libertação.

Exatores . Tem os aqui um a pa lavra diferente da que é em pregada em Êxo.1.11, onde nossa versão portuguesa diz le i to re s ” . Mas am bos os termos implicam um tratamento cruel. Os “exatores” não eram apenas capatazes. Tinham -se torna· do opressores; e era com eles que os escravos tinham de tra tar todos os dias. Deus sabia 0 quanto os israelitas sofriam fisicam ente, 0 quanto a mente deles se sentia aflita e 0 quanto seu espírito se sentia desolado. Pareciam abandonados a um a sorte pior do que poderiam suportar. Mas a vontade soberana de Deus estava prestes a reverter tudo isso.

3.8

P or isso d e sc i. Cf. Gên. 11.5 onde Deus desceu para verificar a situação na torre de Babel, e então lançou um a mald ição sobre ela. Deus desceu de Seu céu (Gên. 11.4; 19.24; 21.17; 22.11). É provável que, na teo logia m ais antiga dos hebreus, a descida de Deus fosse concebida com o a lgo literal. Mais tarde, porém, a expressão passou a ser usada em sentido figurado. Ver I Reis 8.27; Sal. 137.7· 16; Pro. 15.3. A té hoje usamos os verbos “descer” e “subir” ao referir-nos ao inter- re lacionamento entre os céus e a terra. Metaforicamente, 0 term o indica “pôr a própria presença em disponibilidade e realizar algum a obra” , ou mesmo consolar, iluminar, punir, recompensar, intervir, etc. Esta descida de Deus serve de expres- são dos cuidados■ divinos, com 0 intuito de rem over 0 terror im posto pelos egípci- os. Deus estava prestes a fazer intervenção.

S u b ir da que la te rra . A Terra Prom etida era um a das prom essas do Pacto Abraâmico, sobre 0 qual com ento com detalhes em Gên. 15.18. As descrições

Page 20: At Interpretado- Êxodo

315ÊXODO

3.15

Um Reforço do argumento contra a segunda objeção (vs. 13), aparece naquele versículo. O vs. 14 fornece-nos esse novo nome. E agora, este versículo fornece nomes divinos tradicionais que Israel haveria de conhecer e compreender. Isso posto, 0 Novo Nome estava ligado aos nomes anteriores, estando em pauta 0 mesmo Deus. Yahweh Elohim é 0 mesmo Deus que 0 “Eu Sou”. Assim, as antigas revelações, comuns na fé dos hebreus, não destoavam do novo nome, que estava sendo dado por intermédio de Moisés. Ver sobre esses nomes no Dicionário, como também 0 artigo intitulado Deus, Nomes Bíblicos de. Moisés estava trazendo uma nova revelação, mas que não contra- dizia as revelações anteriores, mas, antes, complementava-as.

O Deus dos Patriarcas. Cf. Êxo. 3.6 e ver as notas ali. O título acumulado (dos vários patriarcas) provê 0 elo de ligação que havia entre Abraão e Moisés. Tudo fazia parte de um único propósito, em bora estejam em pauta diferentes estágios do plano divino. O vs. 16 reforça isso com a expressão “Deus de vossos pais”. Ver também Êxo. 4.5, que com bina as expressões dos vs. 15 e 16. Ver Êxo. 29.42; 31.16 e Lev. 3.17, quanto à perpe tuidade esperada.

3.16

O s a n c iã o s . Estão aqu i em foco os líde res e conse lhe iros, em bora não se sa iba qual a na tu reza exa ta desses líde res. Não sabem os d ize r se 0 Faraó pe rm itia a lgu m a au tono m ia ao povo de Israel; e, se a perm itia , até onde ela ia. Mas este ve rs ícu lo en tende que havia a lgum a au tonom ia, pe lo m enos sob a fo rm a de au to rida des de le gad as . O s vs. 16 e 17 repetem a m ensagem essencia l dos vs. 7 e 8, de a co rdo com 0 estilo lite rá rio de repetição , usado pe lo au to r sagrado , tão ev ide n te no Penta teuco . Ta lvez de vam os pe nsar em che fes de tribos, que te r iam a lgu m a au to ridade , ap esar de seu es tado de servidão.

O D eus de v o s s o s pa is . Esses pais são os patriarcas. Esse Deus é referido aqui e no vs. 15. Ele era 0 enviador, e Moisés era 0 enviado. O antigo e 0 novo com binavam -se para conferir a Moisés a sua autoridade.

... m e ap a receu. Isto é, na sarça ardente (Êxo. 3.3 ss.). Moisés foi instruído a revelar essa elevada experiência espiritual que lhe conferiu sua com issão divina, aos líderes de Israel. Eles haveriam de saber que os homens de Deus são conduzidos desse modo, e isso forta leceria a Moisés.

... v o s te n h o v is ita d o . Em prim eiro lugar, Deus já os tinha visitado com 0

seu favor divino (vs. 7). E então visitara-os de novo, em Sua aparição a Moisés, representante deles. E mais tarde, de form a m ais evidente ainda, Sua visitação maior ocorreria, revertendo a situação de m iséria em que os filhos de Israel se achavam. A m anifestação maior da vis itação div ina ocorreria no próprio êxodo. Ver no Dicionário 0 artigo Êxodo (0 Evento). A prim eira indicação de Sua visita foi quando Ele olhou do céu e teve com paixão deles (vs. 7 e 8), do que resultaramoutras visitas. O am or estava na base dessa visitação em suas várias fases. Issoposto, a redenção hum ana é inspirada pelo am or (João 3.16), mostrando-se efi- caz para com todos (I João 2.2). Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Redenção. Destarte, Moisés tornou-se um tipo de Cristo, em Êxo. 2.2.

José havia predito essa vis itação divina. Ver Gên. 50.24.

Tu és! O culto em Teu segredo,Quem poderá sondá-lo?Profundo, tão profundo,Quem poderá achá-lo!

(M ichael Sachs)

Assim tam bém Deus, de form a m isteriosa, estava cum prindo 0 Seu plano remidor. Ele já tinha 0 Seu homem; e agora realizaria os Seus milagres. Estava em desdobram ento um a das m aiores histórias que já foram contadas.

3.17

Este ve rs ícu lo é um a v irtua l re ite ração do vs. 8, inclu indo a lista exa ta dos povos que seriam exp u lsos da te rra de C anaã. V er as no tas ali. Q uanto à “a fli- ção” que os israe litas estavam so frendo no Egito, ve r tam bém Gên. 15.13; Êxo.1.11,12; 3.7.

3.18

irá s , c o m o s a n c iã o s de Is ra e l. Os líde res fo rm ariam um a frente un ida. A p r im e ira v itó ria de M o isés se ria que os anc iãos de Israel (ver 0 vs. 16) con corda riam com 0 seu p lan o . A lguns re presentan tes do povo estavam des- tinados a judar M o isés em seus es fo rços por con vencer 0 Faraó. Isso não

um profeta, sua resposta foi: Ah! Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque não passo de uma criança (Jer. 1.6). Ambrósio lutou muito para não ser nomeado arcebispo de Milão. Agostinho relutou em aceitar a m issão na Inglaterra. Anselm o tem ia aceitar a íderança da igreja nos dias maus de Rufo” (Ellicott, in loc.).

D urante qua ren ta anos (A tos 7 .30), M o isé s tin h a s ido um hu m ilde pasto r no d e se rto . E s ta r ia e le a g o ra p re p a ra d o p a ra ir fa la r p e s s o a lm e n te com 0

Faraó? O F a raó t in h a g ra n d e p o d e r e um e x é rc ito bem e q u ip a d o . E 0 que tinha Moisés?

3.12

Resposta à P rim eira O bjeção. M o isés não era ap enas M o isés; ele era 0

M oisés em quem D eus estava cum prind o 0 Seu propós ito . Esse é um segredo un iversa l de hom ens ve rdade iram en te g randes. E les são cap ac itado s m edian- te a presença e 0 po de r d iv ino . O pro je to era de D eus, e não de M oisés. M oisés seria ap enas um ins trum en to . N a tu ra lm ente , suas ha b ilidades na tura is e seu con hec im ento seriam usa dos no p lano . E le não seria apenas uma m arionete.

O s in a l. Temos aqui um a garantia dada por Deus, com o se fora uma promes- sa, de que 0 plano teria êxito, de tal modo que, ao sa ir do Egito, 0 povo de Israel serviria a Deus naquele monte santo, 0 monte de Deus, Horebe, ou Sinai. E isso teve cum primento, com o é lógico. A lei foi concedida ali, e Israel tornou-se uma nova espécie de nação, uma teocracia.

A Moisés foi dado entender que 0 êxodo seria um em preendimento teocêntrico, envolvendo um sentido cósmico, 0 que significa que só 0 poder divino poderia realizar 0 feito.

A lguns eruditos pensam que 0 sinal foi a sarça ardente (vs. 3,4); mas isso é menos provável. Ver Êxo. 24.4,5 quanto ao cum prim ento do sinal, em com paração com Isa. 37.30, outro acontecimento da m esm a natureza.

3.13

A S egu nda O b jeção. Is rae l não da ria c ré d ito ao ra d ica l M o isés, que fa la va em v isões e co m issõ e s da das p e lo D eus de A bra ão . H averiam de con s id e rá -lo um v is io n á rio louco . N ão 0 ve r ia m com o um a au to rid a d e . Fa lta- va a M o isés a au to rid a d e d iv ina , de a co rd o com sua p ró p ria es tim a tiva , e 0

povo de Israe l não d e m o ra ria a p e rc e b e r isso. M o isé s te r ia a ta re fa de con vence r 0 povo de Israe l de que tin h a fa la d o com D eus e tin h a receb ido sua com issã o .

Q ua l é 0 se u n o m e ? De aco rdo com a Bíblia, 0 nom e de um a pessoa indica 0 seu caráter. Moisés, pois, estava re iv ind icando um a nova revelação, e isso requereria um novo nom e div ino para da r-lhe respaldo. Isso pode ser com - parado com a história do novo nom e de Jacó, Israel (Gên. 32.27 ss.). “Cria-se nos dias an tigos que a essência de um a pessoa se concentrava em seu nom e” (O xford A nno ta ted Bible, sobre Gên. 32.27). Um novo nom e é um novo “eu ” . No caso de Moisés, 0 novo nom e ind icava um a nova reve lação de Deus, um novo propósito.

Neste versículo está envolvido muito mais do que a idéia de 0 Deus de Israel ser identificado mediante um nome, em contraposição aos muitos nomes que eram adorados no Egito, conform e alguns eruditos têm interpretado.

3.14

Eu s o u 0 q u e s o u . O Ta rgum de Jon a tha n in te rp re ta aqui: “ Eu sou Aquele que é e que será” . O que é ind iscu tível é que esse nom e está alicerçado sobre 0 verbo s e r (no hebra ico , hayah). M as 0 tex to heb ra ico com porta mais de um a in te rp re tação . A lguns d izem : “ Eu sou po rque sou” , dando a en tender a vida independente ou ne cessá ria de D eus, em con tras te com a v ida de todos os seres criados, que é de rivada e depend en te . Ou en tão D eus é exata- mente 0 que Ele é, 0 Poder S uprem o, Im u táve l. N a tu ra lm ente , 0 te tragram a dos hebreus, YHW H (Yahweh), vem da m esm a ra iz. Assim , 0 nom e deste vers ícu lo seria um a espéc ie de m a n ipu la ção de ssa ra iz. Esse nom e ind icaria 0 Ser e te rno e pessoa l de Deus, a lém de Sua a tu ação e p resença no m undo. Ta lvez a m an ipu lação daque la ra iz tivesse tido 0 p ropós ito de fica r am bígua, v isto que 0 nom e Y ahw eh, por si m esm o, insp ira ad m iraçã o e espanto . Cf. Apo. 1.4,8; 4 .8 ; 11.17.

Atribu tos ou condições de Deus, im plíc itos nesse nome: auto-existência; eternidade; imutabilidade; constância; fide lidade. No tem plo de Apoio, em Delfos, foi encontrada uma inscrição que dizia: e im i (no grego, “eu sou”). O trecho de João 8.58 alude ao presente texto, e isso re fere -se à ete rn idade do Logo e à Sua un ião com Deus Pai. “ Eu sou. . . e a lém de m im não há D eus” (Isa. 44.6). Tem os aí um a declaração con trária ao po lite ísm o, 0 que provavelm ente tam bém está en tendido no Eu S ou do presente texto. Seja com o for, 0 Novo Nome de Deus indicava um a nova revelação . O pro je to de Deus estava po r trás dessa nova revelação.

Page 21: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO316

O trecho de Êxodo 12.35,36 mostra 0 cum primento dessa promessa. Na Igreja primitiva, a espoliação dos egípcios tomou-se um símbolo de como a Nova Fé deveria apropriar-se da herança cultural do mundo grego (ver Agostinho, On Christian Doctrine,II.40).

Houve uma predição direta no trecho de Gên. 15.14 sobre as circunstâncias des- critas nos vs. 20 e 21 deste capítulo (ver também Êxo. 12.35,36). Deus tiraria 0 povo de Israel do Egito, e isso em meio à abundância e à prosperidade, e não em abjeta neces- sidade.

3.22

A Espoliação dos Egípcios1. Os egípcios, para se verem livres de Israel, seriam generosos.2. Ou então, no coração dos egípcios haveria um genuíno espirito de generosi-

dade.3. Ou então este versículo contém um certo humor. Israel pediria coisas; mas

essa petição soaria com o exigências a um povo vergado pelo senso de perda, e os israelitas estariam com o que furtando coisas daqueles. A lguns estudiosos vêem aqui um a predição de saque virtual do Egito, por parte dos israelitas que estavam saindo do país.A Reparação. Sem im portar com o as coisas ocorressem, seriam consideradas um a reparação parcial pelos males e privações sofridos pelos filhos de Israel. Ver no Dicionário 0 artigo cham ado Reparação (Restituição), que é 0 princípio básico tanto para a justiça (como se vê no caso presente) quanto para 0

verdadeiro arrependim ento (como se dá em todos os casos individuais). Ver Êxo. 11.2,3 e 12.35,36 quanto ao cum prim ento da antecipação que se vê neste versículo.

E d e sp o ja re is o s e g íp c io s . Sem im portar se as coisas fossem tiradas à força de um povo aterrorizado, ou se houvesse da parte deste povo cooperação e generosidade, os filhos de Israel obteriam um a prodigiosa quantidade e variedade de coisas valiosas. O ouro e a prata ganhos seriam mais tarde utilizados na construção do tabernáculo (Êxo. 35.5,22).

Capítulo Quatro

D eus C once de P ode res a M o isé s (4.1-17)

Os críticos atribuem esta seção a um a combinação das fontes J, E e P(S). Ver no Dicionário 0 artigo J.E.D.P.fS.) quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco.

Moisés tinha recebido 0 inform e de que era participante do Pacto Abraâm ico (Êxo. 2.24). T inha recebido 0 N ovo N om e de Deus que impressionaria Israel com sua autoridade (Êxo. 3.14). T inha recebido muitas prom essas de sucesso (Êxo.3.16 ss.), a com eçar pelos anciãos de Israel, 0 que culm inaria com 0 resgate de Israel da servidão no Egito. Agora, porém, ele precisava receber poderes divinos, sendo esse 0 tem a da seção à nossa frente. Esses poderes seriam miraculosos, porquanto som ente milagres de Deus poderiam conseguir 0 livramento de Israel. Ver as notas sobre 0 Pacto Abraâm ico em Gên. 15.18, com o tam bém os vss. 13 e 16 daquele capítulo.

O tex to que se segue de s taca m a is duas ob je ções fe ita s por M oisés. Ver Êxo. 3.11 quanto às três ob je ções de M o isés, com suas respectivas re ferênci- as. A gora, era m is te r que M o isés au ten tica sse sua au to ridade dian te dos anciãos de Israel (Êxo. 4.1 ); e tam bém de ve ria haver a lgum a prov isão para que ele se com un icasse bem, po is não era hom em e loqüente (Êxo. 4.10). D eus cu idou pa c ie n te e e fica zm en te dos tem ores de M o isés. Mas quem não te ria ta is tem ore s se tivesse de en fren ta r ao Faraó e a um a tare fa aparen te- m ente im po ss íve l? D eus deu a M o isé s po dere s m iracu losos (vss. 3,5 -9) a fim de m ostra r-lhe que 0 p ro je to d iv ino con ta ria com 0 poder de Deus, que se m a n ifes ta ria a través dele.

No Egito florescia um a m ágica supersticiosa. M as não devemos supor que M oisés participasse dessas artes mágicas. Foi-lhe dado 0 poder divino, e não um poder mágico. A lguns estudiosos liberais atribuem esse relato a meras noções supersticiosas. O homem espiritual, porém, sabe que existem milagres. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Milagres.

4.1

Eis que não c re rã o . Moisés referia-se aos anciãos de Israel (ver os vss. 5 e 21). Além disso, 0 Faraó tam bém não daria crédito à simples palavra de Moisés. Era m ister que ele se tornasse um Moisés dotado de poderes miraculosos, para que seu testem unho fosse eficaz. Os m ilagres sem pre foram úteis para efeito de autenticação. Mas tam bém servem de veícu los da misericórdia divina. Cf. Atos 7.22. Moisés possuía toda a sabedoria do Egito, mas agora estava munido de muito mais do que isso. Agora tam bém fora divinam ente dotado, 0 que 0 distin- guia dos mágicos do Egito.

seria fácil porquanto, por muitos anos, ele desfru ta ra a vantagem de contar com 0

traba lho escravo dos filhos de Israel. E esse traba lho era sem pre im portante em grandes projetos públicos, com o os que estavam em andam ento no Egito. “A pre- dição sobre a acolhida que seria dada pelos anciãos preparou 0 cam inho da exibi- ção de fidelidade por parte de Moisés (4.1-16)” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.).

O S enh or, 0 D eus d o s h e b re u s . No hebraico tem os aqui os nomes divinos Yahweh Elohim. Esses são os nom es div inos tradic iona is dos hebreus (ver 0 vs. 15). Os egípcios eram um povo extrem am ente relig ioso, em bora politeísta. Talvez 0 Faraó se mostrasse sensível a um apelo que envolvesse um a diretiva divina. Não se tratava apenas de um a greve ou de um m ovim ento social. Era um projeto divino, 0 qual deveria ser ap resen tado ao Faraó. Essa expressão reflete 0

monoteísmo (ver acerca disso no Dicionário). De cada vez em que 0 Faraó fazia alguma concessão, as dem andas eram aum entadas (Êxo. 10.9-11). O propósito era dem onstrar a onipotência de Deus, contra um a crescente teim osia e endureci- mento de Faraó. Ver no Dicionário 0 artigo Atribu tos de Deus. A expressão “0

Deus dos hebreus” tam bém figura em Êxo. 5.3; 7.16; 9.1,13 e 10.3.

C a m in h o de trê s d ia s , M o isés deveria com eçar com um pedido pequeno e ra zoáve l, um a b reve jo rn a d a com p ro p ó s ito s re lig io so s , qu e 0 Faraó po deria en tender fac ilm ente. Moisés, todavia, não revelou seu real intu ito, seus planos a longo prazo: a to ta l re dençã o do povo de Israe l do ex ílio no Egito. A lguns su- põem que a distância com para tivam ente grande a que Israel iria, a fim de sacrifí■ car, tinha por fina lidade ev ita r as ob jeções dos eg ícp ios ao sacrifíc io de an im ais sagrados. Ta lvez, por esse tem po, ta is idé ias já tivessem penetrado na teo log ia dos eg ípc ios. Ao sa ir do Egito, f ina lm ente , Israel foi até ao m onte Sinai, para 0

que prec isou de três m eses (Êxo. 19.1), em bora fosse fazendo pausas ao longo do cam inho. Essa pequena v iage m de três d ias seria fe ita na d ireção do Sinai, m as não seria fe ita nenhum a ten ta tiva de che gar a Horebe, “0 m onte de D eus” (Êxo. 3.1).

3.19

O re i do E g ito nã o v o s de ixa rá ir. Em vez de perm itir a cam inhada de três dias, 0 Faraó reagiria de forma radical à sugestão, e aum entaria a carga de trabalho dos escravos israelitas. V er Êxo. 5.4 ss. Às vezes, um bom projeto com eça lentamente, ou m esm o chega a fa lhar a principio. Mas se Deus está presente, haverá provisão para 0 sucesso, afinal. A recusa do Faraó tinha sido claram ente prevista, mas m esm o assim era m iste r fazer 0 esforço. Aquilo era apenas um começo, apenas um a introdução. Conform e fosse aum entando a obs- tinação do Faraó, tam bém aum entaria a pressão divina, até que, por fim, haveria um a notável vitória. O episódio indica um m odelo de persistência. Nenhum projeto de importância pode lograr êxito sem que, prim eiram ente, haja entusiasmo. E, em segundo lugar, deve haver persistência.

3.20

Estendere i a m inh a m ão. Deus aplicaria 0 Seu poder ao caso, incluindo muitos milagres e sinais que não poderiam ser equivocadamente interpretados. Ver também Êxo. 6.1; 13.14,16; 32.11; Deu. 4.34; 5.15; 6.21; 7.8,19; 9.26; 11.2; 26.8 quanto à “poderosa mão" de Deus em operação. Haveria doze sinais maravilhosos, ou seja, as pragas divinamente produzidas, que demonstrariam 0 poder de Deus.

F e rire i 0 E g ito . O Faraó não daria ouvidos à razão. Som ente a força poderia levá-lo a ceder. Haveria dez pragas distintas, causadas pela intervenção divina na natureza. Ver no Dicionário 0 artigo intitu lado Teísmo. M ãos se estenderiam para ajudar, salvar ou danificar. A m esm a mão estendida que ajudaria Israel danificaria 0 Egito. Coisas novas aconteceriam. Ninguém, incluindo 0 Faraó, seria capaz de duvidar da natureza divina do que estava prestes a acontecer. Assim , eventual- mente ele daria liberdade aos filhos de Israel, mas não antes de um conflito instrutivo.

3.21

Eu da re i m e rcê . A vitória seria tão decis iva que os egípcios ansiariam por deixar 0 povo de Israel ir-se em bora, pois quereriam livrar-se das pragas e das aflições. Mas este versículo tam bém indica que 0 Espírito de Deus daria aos egípcios um espírito de generosidade, levando-os a doar muitas coisas úteis a Israel, para a jornada. Os egípcios, de coração esclerosado, mostrar-se-iam gene- rosos para com os israelitas. Esse foi um benefíc io que 0 povo de Israel dificil- mente esperaria receber.

. . .àquele que é poderoso para faze r infin itam ente mais do que tudo quanto pedim os ou pensam os, conform e 0 seu poder que opera em nós.

(E fésios 3.20)

Page 22: At Interpretado- Êxodo

317ÊXODO

4.6,7

O Segundo Milagre Autenticador. O prim eiro milagre, Moisés exibiu diante dos egípcios (Exo. 7.10 ss.). Mas este segundo milagre não foi efetuado diante do Faraó, pelo menos até onde vai 0 registro sagrado. Mas talvez 0 vs. 30 tencione dizer que assim aconteceu.

A m ão estava leprosa . Ver no Dicionário 0 artigo chamado Lepra, Leproso. No Oriente, essa era uma doença comum, ainda que outras enfermidades, e não somente a doença de Hansen, fossem chamadas por esse nome. Ver uma de suas mãos lepro- sa deve ter assustado Moisés mais ainda do que a serpente. Um mágico poderia fingir tal acontecimento, escondendo algo em sua capa que se apegasse à sua mão como se fosse pele leprosa. Mas um hom em que realmente ficasse com uma mão leprosa, mesmo que por alguns segundos apenas, certamente teria consciência do fato. Deus é aqui visto como aquele que pode curar doenças incuráveis. Moisés deve ter passado do horror para 0 alívio. Essa foi outra lição objetiva de poder. Esse poder foi posto à sua disposição. O primeiro sinal talvez não fosse convincente; mas 0 segundo sem dúvida convenceria (vs. 8).

Josefo, ao que parece, pensava que Moisés tam bém tinha usado esse segun- do sinal, em bora isso não seja reg is trado na Bíblia. Os eg ípcios cham avam os hebreus de le p ro s o s ” , ta lvez porque Moisés lhes tinha m ostrado esse sinal. Ver Contra Ap. i.26.

A modalidade esbranquiçada de lepra era considerada a pior, incurável. Ver Lev. 13.3,4; Num. 12.10. Alguns antigos escritores registraram que 0 povo de Israel foi expui- so do Egito porque entre eles havia tão grande número de leprosos que os egípcios não queriam contato com eles. Assim disseram Tácito (Hist. 1.5 c.3) e Trogo (Justino eTrogo, 1.36 c.2).

4.8

O S e g u n d o S ina l. O s ina l da m ão le p ro sa , qu e e ra cu rada , fo i 0 m a is e s to n te a n te , g a ra n t in d o qu e a M o isé s d a r-s e - ia c ré d ito . V e r no D ic io n á r io 0

artigo S in a l (M ila g re ). D iz l i te ra lm e n te 0 h e b ra ico , “ a voz do s in a l” . Ta l s ina l da ria um a m ensage m c la ra e c o n v in ce n te . N a tu ra lm e n te , há m ilag res fa lsos, ou seja, m ilagres por trás dos quais fa lam vozes malignas. As pessoas tam bém dão ouvidos a esses “fa lsos s ina is ” . Um m ilagre não serve de prova indiscutível de correção. No caso de M o isés, en tre tanto , eram esperados resultados positi- vos.

4.9

O T e rce iro S ina l. Jesu s tra n s fo rm o u ág ua em v inho (João 2). Esse fo i 0

Seu p r im e iro m ilag re . M o isés tra n s fo rm o u ág ua em sangue. P o ten c ia lm en te , esse fo i 0 seu te rce iro m ilag re . U m a vez m a is, não há re g is tro b íb lico de que ele ten ha usado esse “ m ila g re -s in a l” , tal com o no caso do segundo (vss. 6,7). “O D eus da fé b íb lica é se n h o r do m u ndo que E le m esm o criou . O D eus que co n tro la a té os d e m ô n io s não é a lg u é m qu e p o ssa se r liso n je a d o pe lo s ho- m ens; an te s , E le im p õ e ao ho m e m a re s p o n s a b ilid a d e e c h a m a -0 pa ra que e n tre em c o m p ro m is s o s é r io ” (J. C o e r t R y la a rs d a m , in loc .) . V is to que os e g íp c io s c o n s id e ra v a m 0 rio N ilo com o um a fo n te de v id a , e a lg u n s ch e g a - vam m e sm o a p e n s a r que esse rio e ra d iv in o , M o isé s , ao tra n s fo rm a r sua s águas em san gue , m o s tra r ia se r co n tro la d o r a té m e sm o da qu ilo que era tão re ve re n c ia d o pe lo s e g íp c io s . O vs. 30 d e s te c a p ítu lo po de s ig n if ic a r que os vá rio s s ina is (to dos e les ) fo ra m re a liza d o s , em b o ra na da de e sp e c ífico se ja d ito a respe ito . S e ja com o for, 0 re su lta d o fo i a crença, con fo rm e fora prom e- tido a M o isés. M a is ta rde , q u a n d o A rão fe r iu as águas do N ilo com sua vara, estas se transfo rm aram em sangue (Êxo. 7 .17-21). M ilagres com sangue apa- recem entre os m ilag res e os ju ízo s apoca líp tico s (Apo. 8.7; 11.6; 16.4).

O rio Nilo era considerado sagrado e vital para a vida humana no Egito. Se Moisés foi capaz de poluir ou causar dano às suas águas, então é que os egípcios tinham encontrado nele um respeitável adversário. A libertação de Israel seria 0 resultado final do dramático conflito.

A rão To rna -se 0 P orta -V oz (4.10-16)

Moisés ainda tinha uma ob jeção final. O homem que com parecesse diante do Faraó deveria ser não som ente poderoso, mas tam bém um orador eloqüente, pois seria necessário convencer 0 monarca. Mas Moisés falava de form a lenta e traba- lhosa. Como poderia ser vencida essa falha? Arão, irmão de Moisés, desempe- nharia 0 papel de porta-voz, pois era orador eloqüente.

/4s O bjeções de M o isé s são com enta das in ic ia lm ente nas notas sobre Êxo. 3.11. Je rem ias ap resen tou um pro tes to sem elhan te ao que acham os aqui (ver Jer. 1.6). M o isés tinh a g rande s do tes na tura is, m as não era perfe ito , e tinha os seus pon tos fracos. Fa lar não era um seu ponto forte. Por outro lado, era um dos pon tos fo rtes de A rão . M o isés parece que gaguejava em m om entos de crise; mas A rão, não. Portan to , tra ba lha riam m uito bem com o um a equipe.

O s m ilagres crista lizam-se em torno de certas crises do trato de Deus com 0

homem” (Ellicott, in loc).As palavras têm grande valor. Algumas vezes, porém, é mister adicionar obras. E

mais ocasionalmente ainda, deve haver obras m iraculosas se os propósitos de Deus tiverem de cumprir-se.

4.2,3

Um a vara. Provavelmente era um cajado com um . Mas logo a vara seria transformada em uma serpente. A habilidade dos mágicos egípcios aparentemen- te incluía a capacidade de hipnotizar um a serpente, fazendo-a tornar-se rígida. E assim os mágicos eram capazes de segurar na mão uma serpente hipnotizada, para admiração dos circunstantes. Era um truque de mágico. Mas fazer um peda- ço de madeira transformar-se realmente em um a serpente era coisa totalmente diversa.

Os céticos pensam que tem os aqui uma exibição de antigas artes mágicas, aprendidas no Egito por Moisés. Os mágicos são capazes de fazer coisas deve- ras admiráveis, em bora tudo não passe de ilusão. Mas quando Moisés fugiu da serpente, não havia nela nenhum a ilusão! Os egípcios, usavam de ilusão e imita- ção. Moisés, porém, realizava fe itos reais extraordinários. Essa era a diferença vital entre 0 antigo Moisés e 0 novo Moisés. Ver no Dicionário 0 artigo Serpentes (Serpentes Venenosas). Se os críticos vêem apenas um elem ento supersticioso nessa questão da “vara” , podemos estar certos de que havia ali poder, por causa do poder que Yahweh tinha atribuído a Moisés. Assim tam bém a coroa de um rei não tem, em si mesma, nenhum a autoridade. Trata-se apenas de um símbolo dessa autoridade. A vara de Moisés era apenas um objeto de madeira. Mas pareceu bem a Yahweh agir quando Moisés brandia aquela vara. Esta tornara-se emblema do poder divino nele investido, que funcionava sem pre que isso se tom ava necessário. Ver Êxo. 4.17 quanto a notas adicionais sobre a vara. Ver 0

gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14.

O Prim eiro Milagre. Tem os aqui 0 prim eiro m ilagre a ser registrado na Bíblia. Os in térpre tes judeus ornavam 0 texto com toda espécie de descrição pavorosa sobre as serpentes venenosas. Filo, porém , realm ente exagerou nos com entários, ao dizer que a serpente era, de fato, um enorm e dragão (De Vita Mosis, 1.1 614).

4.4

Pega-lhe pe la cauda. Moisés fugiu de medo, mas a voz de Deus ordenou- lhe que não tivesse medo e segurasse a serpente pela cauda, 0 que não exigia pequena coragem! Moisés obedeceu e, para seu espanto, a serpente transfor- mou-se de novo em um a simples vara. Esse ato final foi necessário para mostrar a Moisés que aquilo que tinha acontecido não era apenas uma ilusão. Moisés tinha que ver, antes de tudo, a autentic idade do poder divino, antes que pudesse convencer os outros a esse respeito.

Metáforas. O que os intérpretes judeus d izem aqui, em bora interessante, é totalmente inútil. A serpente é concebida com o 0 diabo, ao qual Moisés aprendeu a controlar. Além disso, seus três estados ilustrariam a vida de Israel: primeiro Israel floresceria no Egito, sob José (a serpente com o um a vara); então Israel seria escravizado (a serpente adquire vida e torna-se perigosa); e, então, Israel seria libertado (a serpente volta a ser uma vara, sem nenhum dano).

Os intérpretes cristãos vêem Cristo aqui: a vara, Sua força; Ele foi lançado por terra em Sua humilhação; finalm ente, foi-Lhe restaurado 0 poder. Mas outros eruditos pensam mais no ministério de Moisés: a principio, em conforto e em paz; então, em perigo; finalmente, foi-lhe devolvida a paz e a vitória.

A fé triunfou sobre 0 mero instinto. O instinto de Moisés consistiu em fugir da serpente. Mediante a fé, porém, foi capaz de vencer isso e segurar a serpente pela cauda. Por igual modo, ele seria capaz de dom ar a serpente, ou seja, 0

Faraó.

4.5

Para q u e c re ia m . Os m ilagres au ten ticam a fé, e esse tem sido sem pre 0

uso da fé. Este versícu lo faz-nos vo lta r aos nom es div inos que figuram com tanta im portância neste texto. Ver 0 Novo Nom e dado a Moisés para autentica- ção de sua m issão (Êxo. 3.14). Em seguida, Moisés levou a Israel os nomes tradic iona is de Yahweh e E lohim, assoc iando-se ao p ropósito que tinha operado através dos patriarcas (Êxo. 3.15). E isso é repetido neste versículo. Ver Êxo.3.13 quanto ao poder existente no nome de um a pessoa, de acordo com uma antiga crença.

Para que [e les] creiam. Esse “eles” (oculto em nossa versão portuguesa) refere-se aos anciãos de Israel, cuja cooperação com Moisés seria um sine qua non do projeto divino. O vs. 21, porém , aplica a questão aos egípcios.

“Sem 0 dom de milagres, nem Moisés teria persuadido os israelitas, nem os apóstolos teriam convertido 0 m undo” (Ellicott, in loc.).

Page 23: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO318

um a ilusão. A sugestão div ina foi que, em lugar de substitu ir Moisés, haveria de re forçá-lo no ponto de sua fraqueza. Arão, irm ão de Moisés, hom em que a m en- te d iv ina sab ia ser e loqüente (pois, a fina l de contas, Deus 0 havia c riado desse modo, vs. 11), seria um re forço para ga rantir 0 sucesso do projeto divino. Fosse com o fosse, con fo rm e m inha m ãe cos tu m ava d izer: “A lgum as vezes podem os barganhar com Deus, m as de ou tras vezes, não” . A dem ais, 0 hom em espiritual sabe que, a lgum as vezes, 0 m e lh or dos hom ens precisa ser fortalecido em seus pontos fracos, a fim de não fracassar. Deus lem bra-se de que som os apenas pó. (Sal. 103.14).

A E levação de Arão. Esse foi um dos fa tores que 0 qualificou para sua obra de sum o sacerdote, e qualificou a sua tribo, a dos levitas, a ocupar 0 o fic io sacerdotal. A rão tornou-se 0 porta-voz de Moisés. Neste versículo, Arão é cha- mado de levita. A lguns crít icos pensam que essa afirm ação tenha sido fe ita a fim de con ferir a A rão e à sua tribo a au toridade sacerdotal, mediante um texto de prova bíb lico que favo rece ta l autoridade. O autor sagrado estaria aqui fir- m ando os levitas com o um a ordem sacerdotal au torizada, mediante um a pala- vra divina.

... se a legrará em seu coração. Provavelmente essas palavras indicam que Arão sentir-se-ia feliz em participar do projeto de libertação, a despeito de seus perigos, e não apenas que se alegraria por ver Moisés, ao qual talvez já não visse por algum tempo, que não é aqui designado.

4.15

Duas Bocas Fa lariam pe lo Senhor. Foi formada uma equipe: 0 Líder e 0

Sacerdote. E isso se ajustava bem ao propósito divino. “Um bom sermão sempre é melhor do que aquilo que 0 pregador escreveu, melhor do que toda a sua meditação. A lgo acontece no púlp ito que ultrapassa tudo quanto ele se preparou para dizer” (J. Edgar Park, in loc.).

“ Moisés fornecia a ele (Arão] a matéria, e este vertia tudo em palavras, e am bos eram instruídos e influenciados pelo Senhor” (John Gill, in loc.).

Foi assim que Arão foi exaltado. Ele era 0 irmão mais velho (Êxo. 6.20), e brandia a vara sagrada dos milagres (Êxo. 7.9,10,19,20; 8.5,6; 16.17). Contudo, 0

profeta era superior ao sacerdote.

4.16

A H ie ra rq u ia de P ode res . D e u s -M o isé s -A rã o : 0 S e r S uprem o, 0 P rofe ta , 0 S a ce rd o te . A rã o ta m b é m fo i re v e s tid o de g ra n d e a u to r id a d e , se g u n d o se vê no fina l dos c o m e n tá r io s sob re 0 vs . 15. M as essa a u to rida de era de lega- da po r M o isé s . O fra s e a d o aq u i é e sp e c ia lm e n te fo r te : D eus e ra 0 D eus de M o isés; M o isé s era 0 d e us de A rão . A ss im , de sde 0 com eço ficou c la ro que não h a ve ria co n flito en tre os do is irm ã o s . Q ua ndo , p o s te rio rm e n te , A rão fa- b r ico u 0 b e ze rro de ou ro , isso fo i um a re b e ld ia d e fin id a e um a tra n s fe rê n c ia de au to rida de ; mas na m a io r pa rte do tem po , a h ie ra rq u ia de poderes fun c io - nava bem.

Ele te será po r boca. Não 0 cérebro que dirige, mas a boca que fala. Moisés era homem, principalmente, de poder. Sua grande debilidade (falta de eloqüência) seria contrabalançada mediante a intervenção de Arão. Arão era 0 intérprete de Moisés. Ele não compunha a mensagem, mas tão somente a expressava. Arão era 0 grande mes- tre, habilidoso na comunicação, mas cuja mensagem era a de seu irmão. Os ju izes de Israel que se sentavam na cadeira de Moisés eram chamados deuses, porquanto agi- am em favor de Deus. Assim se dava também com Arão. Ver Sal. 82.1,6.

4.17

Esta vara . S ímbolo de autoridade, instrum ento por meio do qual Deus atua- va. Nas mãos de Moisés, tornava-se um poder. Não era como a varinha dos mágicos, que enganavam os hom ens com suas ilusões. Provavelmente tratava-se de um cajado de pastor. Estava envolvido nas m aravilhas a serem realizadas no Egito.

Varas de Poder. Havia 0 ca jado de Baco; e tam bém 0 ca jado de Mercú- rio, que era 0 po rta -voz dos de uses. H om ero ap resen tava M ercúrio a tom ar de seu ca jad o a fim de o p e ra r m ilag res , quase nos m esm os term os que vem os neste ve rs ícu lo . Ver O dissé ia lib. xxiv. vs. 1 . 0 para le lo é tão próx im o que a lguns pensam que H om e ro tom ou a idéia po r em préstim o do livro de G ênesis, ou que 0 livro de G ên es is tom ou por em préstim o um a idéia de Hom ero. O H erm es de C ilene cha m ava as a lm as com sua varinha de ouro. V írgílio cop iou H om ero e suas varas de po der (Aeneíd. lib. iv. 242). A té hoje, os m ágicos p ro fiss iona is têm suas va r in h a s com as quais realizam truques. Os céticos pensam que a lgo ass im tra ba lha va no caso de M oisés, m as os conse rvad ore s vêem nisso apenas um s ím b o lo do poder que operava através de M oisés, 0 po de r de Y ahw eh.

4.10

Moisés conta aqui um a breve piada, ao que tudo indica. Em resultado de sua conversa com Yahweh Elohim, ele não melhorou nem um pouco quanto à questão da fala, embora tivessem acontecido outras coisas importantes. De fato, quanto à eloqüên- cia ele estava onde sempre esteve, lento de língua, desajeitado na expressão. Deus mostra-se suficiente em meio às nossas deficiências, das quais todos nós participamos. Ver I Cor. 1.27 quanto a esse tema.

“O melhor trabalho é feito por aqueles que pensam que não são capazes de fazê- Io. Mas fracassa 0 indivíduo dotado de todas as vantagens, dotes e segurança. De algum modo, esse é bom por demais na fala, bem traquejado socialmente, por demais robusto, muito seguro de si (Êxo. 32.21 -24). Toda grande coisa é feita apesar de algu■ m a c o is a .. . 0 homem humilde, com a ajuda de Deus, sem pre pode fazer melhor do que ele pensava que poderia (II Cor. 12.9; I Cor. 9.27; Sal. 118.22), quase tão bem quanto Deus tinha desejado que ele fizesse (Gên. 18.14; Mat. 19.26)” (J. Edgar Park, in he.).

Estêvão disse que Moisés era “poderoso em palavras” (Atos 7.22), mas isso deve referir-se ao efeito total de seus discursos diante do Faraó, com a ajuda de Arão.

4.11

Causas Secundárias. A teologia dos hebreus era fraca quanto às causas se■ cundárias. Assim sendo, tudo era atribuído à causa primária, ou seja, Deus. Assim, 0 vs. 11 apresenta várias perguntas que abordam a questão das causas secundári- as, para em seguida atribuí-las também a Deus. Deus é quem faz um homem ser pesado de língua, ou que 0 faz surdo, mudo ou cego. Portanto, se Deus fez tais coisas, também tem 0 poder de reverter essas condições. Moisés foi convocado a depender da provisão divina quanto às suas deficiências. Cf. Deu. 32.39.

4.12

Apesar da prom essa específica de que, em mom entos de crise, Moisés fala- ria com eloqüência, ele resistiu. O texto inteiro é antropom órfico, conform e é ilustrado no vs. 14, onde é dito que Deus se irou. Os homens, ao buscarem saber com o é Deus, atribuem a Ele suas próprias qualidades, em um grau máxim o. Ver no Dicionário 0 artigo Antropom orfismo.

O texto faz-nos lem brar 0 trecho de M ateus 10.19,20. Os m ártires não devem apresentar sua defesa de antemão. Em um m om ento de crise, ser-lhes-ia dado 0

que deveriam dizer. Este texto, sem em bargo, tem sido ridiculamente aplicado a todo discurso público relig ioso, 0 que dá licença aos pregadores preguiçosos a não se preparar. Usualmente, porém, tudo quanto Deus põe na boca dos pregui- çosos é ar quente. Este texto e 0 de Mat. 10.19,20, ap licado ao discurso público normal por meio do qual os oradores esperam que, de cada vez, alguma espécie de inspiração divina lhes seja conferida, são apenas um a m uleta para os pregui- çosos e despreparados. A prova disso é que aquelas cham adas declarações divinas, dadas espontaneam ente, invariavelm ente são mais pobres em conteúdo e força de expressão do que aquilo que John Gill, ou algum outro erudito, escre- veu muito tem po atrás. Isso não significa, todavia, que Deus não seja capaz de inspirar. Ele pode fazer isso, e assim 0 faz. Mas há muitos indivíduos ridículos que supostam ente falam em lugar de Deus, que soam mais com o crianças frenéticas do que com o porta-vozes de Deus.

4.13

E nvia A lgum Outro. Essa foi a incríve l resposta de M oisés, e im ed iatam en- te de po is de te r s ido cap a c ita d o a re a liza r m ila g re s es tu pen dos . O ra , se essa fo i a a titu d e de M o isé s , em um a ou o u tra o c a s iã o , e n tã o p o d e m o s e s p e ra r fa lh a r de fo rm a la m e n tá ve l, ve z p o r o u tra , sem no s to rn a rm o s c u lp a d o s em dem asia .

Aqueles que espiritualizam 0 texto pensam que Cristo seria a personagem que deveria ser corretamente enviada em lugar de Moisés. Em certo sentido, isso é uma verdade, mas dificilmente é 0 que é aqui antecipado. “Moisés quis dar a entender que realizaria a tarefa, se Deus insistisse; mas que seria muito melhor se Deus enviasse outrem” (Ellicott, in loc.).

4.14

... se acendeu a ira d o S enh or. Tem os aqui uma expressão antropomórfica. Ver no Dicionário 0 artigo Antropomorfismo. Por que 0 Senhor se irou? Não porque Moisés estava sendo humilde demais. Antes, estava demonstrando incredulidade e porque, naquele momento, preferia sacrificar sua grande missão e privilégio em troca de conforto pessoal. A maioria dos homens não se dispõe a sacrificar-se muito em favor de Deus e do bem. A maioria dos homens é egocêntrica.

O Substituto. O texto apresenta Deus a raciocinar com Moisés, cedendo diante de suas objeções e lim itações, e, por assim dizer, concordando com as suas condições. Todos nós procuramos tratar com Deus dessa maneira, mas isso é

Page 24: At Interpretado- Êxodo

319ÊXODO

teológica na controvérsia entre 0 determ inismo divino e 0 livre-arbítrio humano. Dou amplas informações sobre essa questão, expondo ambos os seus lados, nos seguintes artigos do Dicionário: Determinismo (Predestinação); Predestinação (e Livre-Arbítrio) e Livre-Arbítrio. E na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia ver 0 artigo Reprovação. Deus usa 0 livre-arbítrío humano sem destruí-lo, em bora não saibamos d izer como. Precisamos interpretar essas controvérsias do ponto de vista da polaridade. Tanto a predestinação quanto 0 livre-arbítrio são verdades ensinadas nas Escrituras, oomo pó- ios de uma doutrina mais ampla, da mesma forma que 0 globo terrestre tem dois pólos. Ensinar somente uma dessas verdades é ensinar uma teologia unilateral. Ver no Dicio- nário 0 artigo chamado Polaridade, um útil instrumento a ser aplicado a tais paradoxos. É fácil ensinar somente a predestinação; tam bém é fácil ensinar somente 0 livre-arbí- trio, mas am bos esses lados devem ser ensinados por nós. A salvação requer uma intervenção divina; 0 livre-arbítrio é necessário para que 0 homem possa ser moral- mente responsabilizado. Essas duas verdades são legítimas, fazendo parte de uma doutrina mais ampla, embora seja muito diíic il ensinar ao menos como isso pode ser verdade. É difícil ensinar aquela doutrina mais ampla, que engloba ambos os lados da questão. A Bíblia ensina tanto a divindade quanto a humanidade do Logos. Em doutri- nas assim, parece haver alguma contradição. Mas são pólos de alguma verdade maior. As Escrituras ensinam 0 juízo com o retribuição; e também ensinam 0 juízo como um remédio (I Ped. 4.6). Devem os esforçar-nos por ensinar aquela doutrina maior que contém ambas essas idéias. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Julgamento de Deus dos Homens Perdidos.

Cf. este versículo com Êxo. 8.15,32 e 9 .3 4 .0 fato de que Deus endureceu 0

coração do Faraó, pelo lado da doutrina da predestinação, paradoxalmente, foi tam bém 0 exercício da própria von tade livre do Faraó. Mas não sabemos dizer com o isso pode ter acontecido. Judas estava destinado a tra ir a Jesus Cristo; mas isso Judas fez de sua livre e espontânea vontade, por causa de sua perversidade interior e de seu coração corrom pido (Mat. 26.24). Mas como esses dois fatores interagiram, não sabem os determ inar.

A d u re z a do c o ra ç ã o d o F a ra ó é a t r ib u íd a a D e u s em Êxo. 4.21 ; 7 .3 ; 9 .1 2 ; 1 0 .1 ,2 0 ,2 7 ; 1 4 .4 ,8 . E ta m b é m é a tr ib u íd a ao p ró p r io Fa raó , em Êxo. 8 .15,32; 9.34. E tam bém é a tr ibu íd a ao próp rio coração do rei em Êxo. 7.13,22; 9 .7 ,3 5 . Em c o n s e q ü ê n c ia , a p o la r id a d e e 0 p a ra d o x o fa z e m p a rte da s ex- p re ssõ e s das p ró p ria s E sc ritu ra s . T rê s m o dos d ive rso s da m esm a op e ra çã o s ão s a lie n ta d o s ; m as não s a b e m o s d iz e r com o essa s co isas po ssam ser. É um a de sg ra ça h is tó r ic a r id íc u la qu e c re n te s ind iv id u a is , ig re ja s e de nom in a - ções se ten ham d iv id id o em to rn o d e ssa d o u trin a . Tam bé m é rid ícu lo que os e s tu d io s o s d e fe n d a m um ou o u tro p ó lo de um a d o u tr in a qu e , na ve rd a d e , tem do is pó los. V e r Rom . 9 .17 ss e sua s no tas expos itivas quanto ao uso que Paulo fez desta passagem .

4.22

Is ra e l é m e u f i lh o . T e m o s aq u i a e xa lta çã o da nação de Israel. A lém de ser 0 filho am ado de Y ahw eh, era Seu prim o g ê n ito , 0 filho p riv ileg iado , aque le d o ta d o do d ire ito de p r im o g e n itu ra e to d a s as v a n ta g e n s daí a d v in d a s . V e r no D ic ionário 0 artigo in titu la do Prim ogên ito . O Egito havia apris ionado aquele filho exa ltado , e ag o ra te r ia de p a g a r 0 p reço p o r seu e rro e pe rsegu ição . Se 0 f i lh o p r im o g ê n ito nã o fo s s e l ib e r ta d o , e n tã o te r ia m de m o rre r to d o s os fi- lh o s p r im o g ê n ito s do E g ito (vs. 2 3 ), um a te m ív e l p re d içã o , a qua l, d e v id o à igno rân c ia de Fa raó , aca bou to rn a n d o -s e re a lidade .

“ Um fi lh o p r im o g ê n ito e n tre a s n a çõ e s , um a p o s içã o p ro e m in e n te com base na adoção e na e le ição d iv ina s (Jer. 31 .9 ; O sé. 11.1)” (O x fo rd A n no ta ted Bible, in loc.).

Ver 0 trecho de Rom. 8.14-17 quanto a uma aplicação espiritual da idéia contida neste versículo, e ver também Rom. 9-11 quanto aos privilégios de Israel, mormente os vss. 9.4 ss.

4.23

A liberação do filho prim ogênito de Deus poderia ter salvo os prim ogênitos do Egito. Faraó, entretanto, calculou mal, m ediu exageradam ente 0 seu próprio poder e subestimou 0 Deus de Israel. Assim, reteve 0 prim ogênito de Deus no cativeiro, e, por esse motivo, perdeu seus próprios filhos primogênitos. Cf. Êxo. 11.5 e 12.29-34 quanto a outra advertência, seguida pe lo terrível cumprimento da amea- ça. Ό corolário da filiação de Israel é a paternidade de Deus" (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). Ver no Dicionário 0 verbete cham ado Paternidade de Deus. Um filho mantido na servidão significou m uitos filhos mortos.

C irc u n c is ã o de M o isé s e Seu F ilh o (4.24-26)

A circuncisão era 0 sinal do Pacto Abraâm ico (Gên. 17.10 ss.). Moisés, em seu exílio no Egito, e enquanto cuidava de ovelhas, na terra de Midiã, tinha negligenciado essa questão. A lguns críticos supõem que esta minúscula seção representa uma tradição diferente no que toca à circuncisão, como se ela tivesse com eçado com Moisés, e não com Abraão, e com o se houvesse duas tradições acerca da origem da circuncisão em Israel. Mas é melhor pensarmos em termos de

M oisés R egressa ao E gito (4.18-31)

Moisés foi chamado, instruído e do tado de poder para a sua m issão. E ago- ra voltou 0 rosto na d ireção do tem ível Faraó, e, com firm e propósito no coração e con fiança na m issão que D eus lhe dera, partiu para a cena onde se m ostraria ativo. Deixando sua “terra", na tura lm ente e le prec isou despedir-se daqueles que de ixava para trás, p r inc ipa lm ente seu sogro, Jetro , e ou tros pa rentes por casa- mento. Ele tinha m orado em M idiã pe lo espaço de quaren ta anos — 0 segundo dos três cic los de sua vida. Esse núm ero, “quaren ta ” , s im bo liza os “testes” pelos quais passamos. Ver no D icionário os artigos intitu lados Quarenta e Numerologia. Os últim os quaren ta anos de vida de M o isés seriam pa ssados no cum prim ento da m issão pa ra a qual e le tin h a s ido c u id a d o sa m e n te p repa rado . V e r Êxo.2.11 e suas no tas q u an to ao s trê s c ic lo s de q u a re n ta anos cada, na v ida de Moisés.

4.18

J e tro . Tan to R e u e l q u an to Je tro são ch a m a d o s de so g ro de M o isés. Ver Êxo. 2 .16,18 e os a rtigos sobre am bos qu anto a com p le tas exp lica ções sobre essa q u e s tã o , a té on de e la pode se r e x p lic a d a . M o isé s d e sp e d iu -se de seu sogro, em bora sem reve la r, na o p o rtu n id a d e , qu a l a v e rd a d e ira razão de sua viagem , d izendo apenas que tinh a de ve r novam en te os seus irm ãos, ou seja, os h e b re u s . A v o n ta d e de D eus , a n te s de sua e x e c u ç ã o , fo ra re v e la d a ao p ro fe ta e libe rtado r M o isés. H ave ria te m p o pa ra exp lica çõ e s e com un icaçõ es p o s te r io re s . M o isé s t in h a se rv id o c o r re ta m e n te Je tro , e não ho uve ob je çã o an te a sua p a rtid a . De fa to , Je tro a b e n ço o u M o isé s . E le bem qu e p re c isa va de to d a a bê n çã o que p u d e sse re ce b e r, v is to qu e , s e g u n d o os p a d rõ e s hu- m anos, e s ta va ocu p a d o em um a m is s ã o im p o s s ív e l. P a ra D eus, tod av ia , os im po ssíve is são po ss íve is (M at. 17.20).

“ Os laços triba is eram apertados, e ex ig iam que se pedisse perm issão para viajar, po is mesmo um a ausência tem porária , requeria 0 curso de ação apropria- do, m esm o que não fosse necessário” (Ellicott, in loc.).

4.19

Ver Mateus 2.19,20 quanto a um paralelo na vida de Jesus. Ver em Êxo. 2.2 quanto a Moisés com o um tipo de Cristo. Todos, em bora esteja no plural, tem em mente principalmente a pessoa de Faraó. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, 0 artigo intitulado Faraó, em sua terceira seção, onde se tenta identifi- car os faraós mencionados na Bíblia. Moisés era um “fugitivo da justiça”, porquan- to havia matado um egípcio quando defendia outro hebreu (Êxo. 2.15 ss.). Mas mortas agora as principais autoridades do Egito, Moisés podia reiniciar sua tarefa de libertador. Mas a sua m issão em breve haveria de identificá-lo com o um revolu- cionário radical, e sua vida tam bém se tornaria muito miserável. Moisés, todavia, estava pronto para 0 que viesse, e desceu ao Egito com bom ânim o e cheio de esperança.

O Faraó tinha falecido; os hom ens de seu governo, tam bém ; e outro tanto sucedia a todos quanto poderiam lem brar-se de Moisés. Moisés, pois, teve um novo começo, iniciando-se assim 0 terceiro de seus três cic los de quarenta anos cada. Ver as notas introdutórias ao vs. 18.

4.20

A s u a m u lh e r e a s e u s f i lh o s . S om ente um filho, até este ponto, fora men- cíonado por nome (Êxo. 2.22). Z ípora tam bém estava disposta a partir (vs. 25). O tre cho de Êxo. 18.5 dá a e n te n d e r que M o isés d e ixo u pa ra trá s sua esp osa e seus dois filhos. O trecho de Êxo. 18.2-4 procura concilia r a discrepância. Parece que ela foi com Moisés, m as então, foi m andada de volta com os filhos à casa de Jetro, por razões de segurança. Os filhos são Gérson e Eliezer, sobre os quais há verbetes no Dicionário.

L e vava na m ã o a va ra de D eus . V e r sobre esse ob je to nas no tas sobre 0

vs. 17. Q uanto ao uso desse ob je to , ve r Êxo. 7 .20 ; 8.6 ,17; 9 .23; 10.13; 14.16;17.5 e N ú m . 20.9.

4.21

T o d o s o s m ila g re s . T rês poderes específicos tinham sido dados a Moisés: tra nsfo rm ar a vara em um a serpente, e de novo em um a vara; faze r sua mão fica r leprosa, para então curá-la ; tra n s fo rm a r água em sangue. Esses prodíg i- os são co m e n ta d o s nas n o ta s so b re o s vss. 3 ,4 ,6 ,7 ,9 . E ram m ila g re s au ten ticadores e conv incen tes, a serem ex ib idos d ian te dos anc iãos de Israel e d ian te do Faraó (ver Êxo. 4.1 , onde estão em foco tan to os anc iãos quanto Faraó).

Eu lhe en d u re ce re i 0 co ra çã o . O relato sobre 0 duro coração do Faraó, que resistiu a tantos dos desafios de Moisés, tem -se tornado um cam po de batalha

Page 25: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO320

4.27

No m o n te de Deus. Ou seja, Horebe, não distante do Sinai. Ver no Dicionário sobre esse nome, e também as notas em Êxo. 3.1. O encontro com Arão foi cordial, segundo estava predito (vss. 14-17). Encontraram-se onde Moisés tinha visto a sarça a arder. Ver tam bém Êxo. 18.5 e 24.13, A iguns eruditos vêem aqui alguma forma de miiagre de transporte, ou, então, um encontro visionário de almas, e não um encontro físico, mas 0 texto sagrado não indica tais coisas. Pelo menos, parece que 0 encontro foi divinamente dirigido, a menos que entendamos que Moisés tinha mandado um recado a Arão, dizendo-lhe que ia chegar, 0 que não foi mencionado pelo autor sagrado. O vs. 14 mostra-nos que Arão já estava a caminho, embora 0 relato não nos diga p o r quê. Nem sempre os autores satisfazem à curiosidade de seus leitores quanto a pequenos detalhes.

O beijou. Ver Gên. 33.4; 45.14,15. Essa era a comum saudação oriental, equiva- lente a nosso aperto de mãos. Assim testificou Heródoto (Hist, i.134). Ver no Dicionário 0 artigo Beijo.

4.28

To das as pa la v ras . A Arão foi prestado um com pleto relatório da situação; caber-lhe-ia ser 0 porta-voz da divina e m iraculosa com issão. Moisés encontrou uma mente acolhedora e um espirito alerta em Arão. Moisés transmitiu a capaci- dade que recebera para realizar os três sinais de Yahweh (Êxo. 4.4-9). O que Jetro não podia saber (vs. 18), foi dito a Arão.

4.29

A jun ta ram to d o s os an c iã os. E assim explicaram as grandes coisas que, tão recentemente, haviam acontecido: comunicaram-lhes a mensagem divina; encoraja- ram-nos a entrar em ação; deram provas de que Yahweh estava por detrás do plano de libertação. É provável que os anciãos fossem chefes de tribos, e alguns deles tivessem recebido autoridade delegada, sob supervisão egípcia. Ver Êxo. 3.16.

4.30

Faiou to d a s as p a la v ra s . . . fez o s s in a is . Negócios sérios estavam sendo discutidos. Mas palavras, em bora bonitas, não seriam 0 bastante. Foi mister Moisés realizar os sinais que Deus lhe tinha dado. Ver os vss. 4-9 deste capítulo quanto aos três sinais, A lgum as vezes exercem os fé sem nenhum a evidência visível. De outras vezes, ajuda ver. Deus tom a as devidas providências, no tempo próprio, de acordo com as nossas necessidades. Isso faz parte das operações da graça e da misericórdia.

4.31

E 0 p o vo creu . . . e 0 a d o ra ra m . As palavras foram eficazes; os sinais mostraram-se absolutos. Seguiu-se a fé. Os anciãos ficaram convictos de que Moisés dizia a verdade, tendo recebido uma genuína com issão divina. Percebe- ram que 0 Deus de Abraão estava novamente fazendo intervenção na história humana, e que eles seriam os beneficiários. A história do povo de Israel lhes tinha ensinado que podiam esperar intervenções divinas. Ver no Dicionário 0 verbete Teismo. Deus não som ente criou, para então abandonar 0 Seu universo ao sabor das leis naturais, conform e postula 0 deísm o (ver no Dicionário). De fato, Deus está sem pre presente, pronto a recom pensar ou castigar, a guiar e a iluminar.

A do ra ra m . Não a Moisés, com o se este fosse um recém-descoberto deus- herói, mas ao Deus de Moisés, Yahweh, 0 Deus dos hebreus. Ver sobre esse nome divino no Dicionário. Esse ato de adoração demonstrou quão dispostos estavam e quanta ansiedade tinham de participar do plano divino de libertação.

Capítulo Cinco

Te n ta tiva s de Saída do E g ito (5.1 — 7.13)

M o isés e A rão Fa lam ao Faraó (5.1-5)

O Faraó era um homem idólatra e despótico. Reagiu às demandas de Moisés exibindo ambos esses defeitos. De imediato ficou claro que a tarefa consumiria muito tempo e muita luta. Duas qualidades são necessárias para alguém realizar um grande projeto: entusiasmo e persistência. O Faraó haveria de testar Moisés quanto a esses dois pontos. Seria necessário muito sacrifício pessoal. Para obterem livramento, os escravos sacrificam tudo mais (cf. Fil. 3.8). Os escravos do pecado, por igual modo, enfrentam 0 sacrifício de seus antigos caminhos, tendo de adotar um caminho total- mente novo. O mesmo se dá com a dedicação do crente ao Senhor (Rom. 12.1,2).

renovação e não em termos de origem, neste ponto. A circuncisão era uma prática deveras antiga, que acabou m isturada com assuntos religiosos, sendo muito difícil que tenha começado com Moisés. Em alguns lugares, a circuncisão era efetuada na puberdade, como um a espécie de rito de iniciação de entrada na vida adulta. Neste passo bíblico, porém, tem os a circuncisão tanto de um adulto quanto de um infante. Ver no Dicionário 0 artigo geral sobre esse assunto. Minhas notas sobre Gén. 17.10 ss. mostram como esse rito tornou-se parte importante da fé de Yahweh, bem como 0 sinal do Pacto A braâm ico (ver as notas de ta lhadas a respeito em Gên. 15.18). A lguns eruditos vêem aqui a circuncisão som ente do filho de Moisés, e não do pró- prio Moisés também.

4.24

E n c o n tro u -o 0 S enh or, e 0 q u is m a ta r. Provavelm ente por algum meio com o doença, acidente ou algo com o um ataque dem oníaco, com o 0 anjo destrui- dor. Moisés foi subitamente apanhado por algum poder, interior ou exterior, físico ou espiritual, que foi considerado um a am eaça à vida de Moisés. O trecho de Gên. 38.7 diz que Deus matou E r por ser ele maligno. Ver as notas ali quanto a explicações. Moisés m ostrara-se negligente quanto ao sinal do Pacto Abraâmico (ver a introdução a esta seção, acima), pelo que ficou sujeito a um ataque espiritu- al. Os povos antigos acreditavam que um ataque súbito dem oníaco (ou espiritual) podia ser evitado mediante a execução de algum rito. Assim , aqui, a circuncisão, efetuada por Zípora, foi a medida saneadora.

Moisés e seus fam iliares, estando de v iagem para 0 Egito, provavelm ente se hospedaram em algum a esta lagem (ver no Dicionário 0 artigo cham ado Hospeda- ria). Subitamente, Moisés viu-se debaixo de ataque. Dotada de mente alerta, Z ípora evitou a tragédia. Cf. a história do anjo que puxou da espada contra Balaão (Núm. 22.23 ss.).

4.25

Um a p e d ra a g u d a . P rova ve lm en te um a lasca de obs id iana , que ela usou com o faca, rea lizando 0 rito da c ircun c isão , p resum ive lm en te em M oisés e em um de seus filhos (por que em um só, não se sabe). Adem ais , 0 texto não diz espec ificam ente que M o isés tam bém foi c ircun c idad o , mas parece que isso ficou en tend ido. Os críticos vêem a lgum a con fusão no re la to, v isto que Moisés é cham ado , no hebra ico , cha than, um te rm o que pode ser tra duz ido por “ noi- vo". Isso poderia ser um a re fe rê nc ia ao rito e fe tuado pe lo p róprio M o isés na no ite do casam ento de les. Isso pode te r s ido fe ito para a fa s ta r a lgum ataque esp ir itua l que não pe rm itia que M o isés con sum asse 0 casam ento . E, então, a inda con fo rm e pensam os c rít icos , m a is ta rde um a fon te in fo rm ativa envoi- veu um filho de M o isés, e não 0 p róprio M o isés, e 0 te rm o “ no ivo" foi de ixado de sa je itadam en te na na rra tiva . O s e rud itos con servadores, porém , pensam que isso é exagera r a im portânc ia de um a pe quen a ev idênc ia . A final, 0 te rm o hebra ico cha than tam bém pode s ig n ifica r “m a rido ” (usado por duas vezes no An tigo Testam ento, nesse sen tido ) e até m esm o “ genro" (usado por dez ve- zes no An tigo Testam ento , nesse sen tido). Há um re la to , em Tob ias 6.13 -8.17, de natureza pa recida .

La nçou-o aos pés de M o isés. As palavras “de Moisés” são uma interpretação, de acordo com a maioria dos eruditos; mas outros pensam que os pés eram do anjo destruidor, como se fosse um ato aplacador, para evitar novos ataques. Os Targuns de Jonathan e de Jerusalém dão essa interpretação, dizendo que isso foi feito a fim de pacificá-lo. Embora tivesse realizado um ato heróico, Zípora ficou desgostosa diante de todo aquele sangue, lançando a culpa de tudo sobre seu marido.

4.26

O ataque cessou (sem im portar a sua natureza), quando 0 rito foi efetuado em Moisés ou em seu filho. Os Targuns fa lam sobre 0 anjo do Senhor com o quem ficou satisfeito com a oferenda, 0 prepúcio lançado aos seus pés. O sinal do Pacto Abraâm ico era agora um a posse de Moisés e de sua família. Também não nos é informado com o Zípora sabia 0 que fazer.

E s p o s o s a n g u in á r io . Ta l com o no ve rs ícu lo an terior. “Ta lvez tenha sido nessa ocas ião que Z ípora e os filhos do casa l vo lta ram a Je tro (Êxo. 18.2,3). A súb ita en fe rm idade de M o isés serv iu de ad ve rtê nc ia de que ele p rec isava o b edece r to ta lm en te a D eus e cu m p rir a sua m issã o ” (John D. Hannah, in loc.).

A rão e M o isés E n co n tra m -se (4.27-31)

Arão Fo i Convocado em Favor da Causa. A m ensagem divina lhe foi transmi- tida. Agora estava formada a equipe. O projeto divino tinha seus dois representan- tes; os anciãos tam bém aceitaram 0 plano e passaram a cooperar. As coisas estavam em pleno andamento. Mas havia muitos obstáculos a serem vencidos. Seria um a tarefa difícil.

Page 26: At Interpretado- Êxodo

0 IMPÉRIO EGÍPCIO

O B S E R V A Ç Õ E S

Israel foi formado como uma nação no exílio egípcio e terminou sua história antiga no exílio romano (132 D .C .). Os impérios dos seis poderes, vizinhos de Israel, causavam opressão e, em muitos casos, deportações daquela nação. Ciro foi a única exeção. Seu decreto gentil possibilitou Judá a voltar do exílio babilônico. Esse fato estendeu-se a história de Israel por mais sete séculos, até os tempos romanos.

O Egito há muito havia voltado a ser uma potência mundial, criando uma das maiores civilizações conhecidas pelo homem, passando por pelo menos dez dinastias, quando Abraão,0 nômade, entrou na Palestina. A primeira dinastia egípcia iniciou-se em cerca de 3 .100 A.C. Abraão viveu por volta de 1 .900 A.C.

Page 27: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO322

5.4

Ide às v o s s a s ta re fa s . O Faraó percebeu que 0 problem a envolvia apenas 0

relacionamento senhor-escravos. Hoje em dia a luta se dá entre 0 capital e 0 trabalho, e há muitos empregados que são virtuais escravos. Os oficiais dos governos vivem em escandalosa luxúria, com contas polpudas nos bancos nacionais e estrangeiros, ao passo que metade da população do país nem tem 0 suficiente para alimentar-se.

No versículo anterior, 0 Faraó tentou descartar Deus tão voluvelmente, e, agora, fazia-0 com Moisés. O porta-voz de Moisés recebeu um tratamento similar. Provável- mente, 0 Faraó supôs que Moisés tinha sido enviado como representante dos escravos. A parte divina da história seria uma fábula. Os escravos estariam tentando escapar de seus superintendentes, os quais desde há muito tinham provado ser homens sem ra- zão e sem misericórdia. Devem ter pensado que um apelo feito diretamente ao Faraó lograria resultados. O Faraó deve ter pensado que estava sendo promovida alguma agitação, e quis cortá-la pelas raízes. E assim, respondeu com severidade, não ceden- do um milímetro. Sua resposta para 0 problema foi mais trabalho. Não foram reconhe- cidos direitos dos trabalhadores, uma provocação que, finalmente, haveria de devastar 0 país inteiro.

5.5

greve ׳4 havia de ixado oc iosa pra ticam ente toda a população. A produtiv i- dade estancara, a um custo inca lcu lável! As pa lavras do Faraó foram um reca- do indireto a seus oficiais, sa lien tando 0 dano causado por aquele atrevido Moisés.

O p o v o da te r ra já é m u ito . Em algum as traduções lemos aqui: “0 povo da terra está preguiçoso”. Mas isso requer leve em enda textual, a qual, contudo, pode estar com a razão.

Se os escravos descansassem de seus labores, isso significaria “torná-los mais numerosos ainda” (John Gill, in loc.). 0 outro decreto do Faraó, ordenando que os meninos hebreus fossem afogados no rio Nilo, falhara miseravelmente, e 0

problem a tinha apenas aum entado. Ver Êxo. 1.22.

0 Faraó In te n s if ic a a O p re s s ã o (5.6-14)

5.6,7

N aque le m e sm o d ia . Cargas de Israel Foram Aumentadas. Se, anterior- mente, os capatazes, para facilitar as coisas, forneciam palha para 0 fabrico de tijolos, agora foi descontinuada essa pequena ajuda, aumentando mais ainda 0

trabalho dos escravos israelitas. E em bora agora tivessem de trabalhar extra para conseguir a palha, a quantidade de tijo los não foi d im inuída (vs. 8). “A palha era m isturada com a argila e a areia, não tanto com o agente cimentador, mas para fazer a argila tornar-se mais du radoura” (John D. Hannah, in loc.).

As pessoas que têm conhecim ento das coisas dizem que essa exigência deve te r dobrado 0 labor dos escravos. Usualmente, no Oriente, os tijolos eram secos ao sol, em bora tam bém haja provas de que alguns coziam seus tijolos ao forno. Filo (O per. edit. vol. íi. par. 86) refere-se ao processo e diz que a palha servia de liga. Ver no Dicionário 0 artigo cham ado Tijolo, quanto a informações sobre 0 fabrico de tijolos no m undo antigo.

Obter palha requeria dos escravos ir aos cam pos, cortar certas plantas, trans- portar 0 material a depósitos, e, finalm ente, trazê-lo até onde os tijolos estavam sendo feitos. No Egito, tijo los crus eram feitos do lodo do Nilo m isturado com palha cortada, que eram então secos ao sol. E os tijolos eram usados na constru- ção de casas, túmulos, muros, fortificações, recintos sagrados, edifícios e toda espécie de construção. E, em casos raros, eram usados até na construção de pirâmides. Ver Heródoto (Hist. vol. 2, par. 213).

5.8

E x ig ire is de le s a m e sm a co n ta de t i jo lo s . 0 ócio dos israelitas seria curado m ediante m aior carga de trabalho , 0 que os forçaria a desistir da idéia de perder tem po com inúteis cerim ôn ias re lig iosas. Em bora agora tivessem de traba lha r 0

dobro, porque tinham de conseguir a pa lha que antes lhes era fornecida, continua- vam tendo de p roduz ir a m esm a qu an tida de de tijo los . 0 fe rvor re lig ioso dos israelitas seria abafado com grande excesso de trabalho. Se 0 Faraó mostrou-se tão severo diante do pedido dos escravos de se afastarem por três dias, qual não seria sua severidade se eles qu isessem deixar 0 país de form a perm anente? A ira provocada pelas circunstâncias forma 0 am biente em volta do qual foi escrito 0 livro de Êxodo.

5.9

A g ra ve -se 0 s e rv iç o . Uma conversa tola seria descontinuada por um traba- lho físico redobrado. Moisés teria despertado esperanças de libertação no cora- ção dos israelitas, mediante “palavras mentirosas” (ver Êxo. 4.30). Também é

Moisés teria de enfrentar a cólera do Faraó, bem com o a insatisfação de sua própria gente. Coisa alguma funcionaria com suavidade.

5.1

Uma Petição Humilde. Moisés estava sondando a situação, como um lutador de boxe que não mostra 0 seu jogo logo no primeiro round. E fez uma petição humilde: queria apenas licença para um a breve jornada deserto adentro, a fim de realizar um ato religioso. Não disse claramente, mas deixou implícito, que traria 0 povo de Israel de volta depois de três dias (vs. 3). Talvez, porém, estivesse planejando continuar camt- nhando, efetuando assim um êxodo rápido, 0 que solucionaria a escravidão com um golpe simples e astucioso.

Faraó. Alegadamente filho de um a divindade, versado no folclore politeísta, era profundo conhecedor de verdades religiosas. Mas nunca tinha ouvido falar em Yahweh, 0 Deus dos hebreus, e não se dispunha a fazer nenhuma concessão a uma divindade estrangeira (e, para ele, falsa).

“Era absurdo que ele entregasse Israel a uma divindade que nem ao menos co- nhecia. A ironia do drama que se segue é que esse foi 0 próprio Deus que, progressiva- mente, despiu 0 Faraó de todas as coisas” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). 0 homem deificado seria derrotado miseravelmente no seu conflito contra 0 verdadeiro Deus. E assim sucedeu.

0 Targum de Jonathan diz: “Não encontrei 0 nome de Yahweh escrito no livro dos anjos. Não tenho medo dele”.

0 S enh or Deus. No hebraico, Yahweh Elohim, dois nomes tradicionais do Deus dos hebreus. Ver no Dicionário esses dois nomes divinos, como também 0 artigo Deus, Nomes Bíblicos de.

D eixa ir 0 m eu p o vo . Esse é 0 tem a centra l bem com o 0 grito de guerra do livro de Êxodo. Cf. Êxo. 4.22,23. 0 povo de Israel era 0 filho primogênito de Yahweh, 0 filho privilegiado. Se não fossem libertados, pereceriam todos os filhos primogênitos do Egito.

U m a fe s ta n o d e s e r to . N ão fo i e s p e c if ic a d a a n a tu re za de ssa fes ta . Os is ra e lita s cum prir ia m seu s de ve re s re lig io so s d ia n te de seu D eus. E então, p resum ive lm en te , vo lta riam ao E gito . A v iage m ao de se rto ta lvez tivesse sido p lane jada para im ped ir a ind ig naçã o dos eg ípc ios que seriam tes tem un has do sacrifício de anim ais que eles reputavam sagrados. Pelo menos, Moisés pode ter ap resen tado essa descu lpa com o razão p e la q u a l e le qu e ria um a sa ída até al- gum deserto.

5.2

N ão co n h e ço 0 S enh or. Faraó não poderia m esm o ter respondido de outra maneira. Primeiramente, porque nenhum perdido conhece 0 Senhor Deus, como um a experiência pessoal. Porquanto está morto em seus pecados. E, em segun- do lugar, porque Deus estava endurecendo 0 coração do Faraó, ao passo que 0

Faraó também endurecia, por sua vez, 0 seu próprio coração, conform e por tantas vezes se lê a respeito de todo este incidente longam ente historiado. Por conse- guinte, 0 Faraó falou de tal modo que exprim iu 0 seu caráter distorcido e a realidade de seu estado espiritual.

5.3

0 D eus d o s he b reu s . No hebraico, Elohim. Tam bém cham ado Yahweh (vs.2). Deus é quem havia ba ixado a ordem. Moisés afirmava ter tido um encontro pessoal com Yahweh, de acordo com 0 incidente registrado em Êxo. 3.2 ss., bem com o boa parte do quarto capítulo deste livro. T inha havido um a longa entrevista, que incluíra m uitas instruções. M oisés re ivindicava ter conhecim ento em prim eira m ão de seu Deus. Não havia apenas lido sobre Ele em algum livro, nem ouvira 0

Seu nome ser louvado por hom ens sábios e piedosos. Outro tanto tem acontecido a muitos homens espirituais. Se qu iserm os poder espiritual, terem os de receber 0

toque místico em nossa vida. A lém disso, esse poder é transformador, tal como Moisés, 0 humilde pastor de Midiã, agora era 0 líder de Israel, a proferir palavras exigentes diante do m onarca do Egito.

Ver Êxo. 3.18; 7.16; 9.1,13 e 10.3 quanto a esse título, “0 Deus dos hebreus” . O Deus único e verdadeiro foi posto em confronto com os muitos deuses e esp íritos venerados no an tigo Egito. V e r no D ic io n á r io 0 a rtigo in titu lado Monoteismo.

C am in ho de trê s d ias . Ou seja, do Egito ao Sinai (ou Horebe), 0 monte de Deus (Êxo. 3.1; 4.27), onde seriam efetuadas a festividade e a adoração.

E não ven ha e le s o b re nó s . Se 0 Deus de Israel fosse desobedecido, haveria punição. Para 0 Faraó, porém, isso pareceu apenas com o outro aspecto da mito logia de Moisés.

Page 28: At Interpretado- Êxodo

323ÊXODO

coisas estavam ficando tão ru ins que 0 livram ento, sem im portar por quais meios, tornar-se-Ía, em breve, um a necessidade absoluta. O Faraó estava forçando Israel para fora do Egito, em bora pensasse que estava sendo sábio, ao tentar retê-los para sempre.

5.16

O te u p ró p r io p o v o é q u e te m a c u lp a . Assim disseram ao Faraó os capa- taze s is rae litas . A p roduçã o de tijo los não pod ia d im inu ir, mas sem pa lha (e a ausência desta era culpa dos egípcios) a m esm a produtividade era agora impossí- vel. Acresça-se que os israelitas estavam sendo espancados por não serem capa- zes de com pletar suas tarefas d iárias. Q ua lquer hom em razoável teria dado ouvi- dos a esse apelo, mas 0 Fa raó pa rec ia te r pe rd ido 0 equ ilíb rio m ental. N ão se dispunha a desistir do trabalho prestado pelos escravos, mas haveria de forçá-los a fugir a qualquer preço.

L e m o s q u e no a n o d e 18 45, no s m o in h o s de L o w e ll, e s ta d o de M a ssa ch u se tts , nos E s ta d o s U n id o s da A m é rica , os o p e rá r io s tra b a lh a va m um a m é d ia de o n ze h o ras p o r d ia , d u ra n te 0 in ve rn o , e tre ze ho ras d iá r ias , d u ran te 0 ve rão . Os o p e rá r io s p ro te s ta ra m . O g o ve rno do es tado re cusou -se a ou v ir os p ro tes tos , e 0 N e w York Jo u rn a l o f C om m erce proc lam ou, p iam en- te , q u e a q u e s tã o e ra um c a s o m o ra l. E p u b lic o u es ta n o ta : “T ra b a lh a r so - m e n te de z h o ra s no v e rã o e o ito h o ra s no in v e rn o é d e s p e rd iç a r a v id a " . Portanto , aque les o p e rá rios e ram e scra vo s pa ra tod os os e fe itos p rá ticos . Os s in d ic a to s o p e rá r io s , a p e s a r de o c a s io n a lm e n te ta m b é m se m o s tra re m ab us ivos, f ina lm en te p res ta ram um se rv iço hu m an itá rio , podem os te r ce rteza disso.

5.17

E s ta is o c io s o s , e s ta is o c io s o s . Os a p e los dos esc ravos não fo ram ou- v id o s . E os p o b res s e rv iça is , q u e b ra n ta d o s de co rp o p o r ca u sa dos ab usos, fo ra m ta c h a d o s de o c io so s . N a e s tim a tiv a do Fa raó , so m e n te to lo s oc ioso s p e n sa ria m em in te rn a r-s e no d e s e rto p a ra e fe tu a re m rito s re lig io so s . A que - les escravos não tinham fé r ias nem fins de sem ana para descansar.

A Perturbada Mente do Faraó. Em seu desvario à cata de trabalho barato, e te- mendo perdê-lo, 0 Faraó renunciou a toda a capacidade de raciocinar. Lançou a culpa nas vítimas, um truque psicológico tão com um. Os escravos israelitas, por sua vez, tinham perdido todo significado da vida, e só pensavam em como escapar da demên- cia do Faraó.

M o s tra m -n o s os re g is tro s h is tó r ic o s qu e , p a ra os e g íp c io s , 0 ó c io e ra c o n s id e ra d o u m a d a s p io re s o fe n s a s . L o g o , 0 F a ra ó e s ta v a a p lic a n d o a é tica eg ípc ia à s ituação, em bora ceg asse vo lun ta ria m en te a sua m ente quan- to às re a is c o n d iç õ e s de v id a do s e s c ra v o s . A a rq u e o lo g ia tem d e sco b e rto in s c r iç õ e s em tú m u lo s q u e n e g a m e s p e c if ic a m e n te a p e c h a de p re g u iç a por pa rte da pe ssoa fa le c id a ( R e co rd s o f the Past, vo l. vi, pág. 137, Bunsen). N o p ó s - tú m u lo , de a c o rd o co m a s c re n ç a s e g íp c ia s , d ia n te de O s ir is , os ho m e n s m o rto s te r ia m de se ju s t i f ic a r de q u a lq u e r s u s p e ita de te r -s e m o s- tra d o p re g u iço so s d u ra n te seu p e río d o de v id a te rren a .

5.18

O D ecre to R ea l C onfirm ado. N ão seria fo rnec ida pa lha; que os israe litas a ob tivessem ; e que p roduz isse m a m e sm a quan tida de de tijo los . Ver 0 decreto orig inal, no vs. 8 deste capítu lo, onde dam os notas expositivas a respeito.

5.19

D esaparecera toda a esperança. A situação era insustentável. A vida tinha perdido 0 sentido. Era inútil esperar justiça ou m isericórdia. “ . . .servidão. . . m iséria . . . a f l iç ã o .. . ” (John Gill, in loc.}. “ Fora-se 0 último farrapo de dignidade, segurança e esperança” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.).

5.20

Moisés e Arão estavam esperando pelos representantes do povo de Israel, os capatazes que estavam tendo um a audiência com 0 Faraó, para ouvirem 0

relatório que trariam. Havia um a expectação doentia, doentia porque era inútil dialogar com 0 tresloucado Faraó, conform e Moisés e Arão já tinham descoberto quando tentavam dialogar com ele.

5.21

O lhe 0 S enh or. . . e v o s ju lg u e . Assim disseram os capatazes israelitas, Chegaram a invocar a Deus com o juiz. A sentença divina (conforme estavam certos os capatazes) seria que Moisés e Arão tinham produzido toda a miséria que tanto os afligia. O Faraó teria ficado ind ignado por causa da sugestão tola de

possível que 0 Faraó tenha percebido que a jornada de três dias, deserto adentro, fosse apenas um ardil para que partissem do Egito de forma permanente.

Um Paralelo Histórico. Abaixo transcrevemos um trecho do segundo capítulo do terceiro volume da obra de Carlyle, Past and Present:

“Uma pobre viúva irlandesa, tendo seu marido falecido em um dos becos de Edim- burgo, saiu com seus três filhos, destituída de todo e qualquer recurso, para pedir ajuda da Instituição de Caridade daquela cidade. Naquele lu g a r.. . não a atenderam; e então foi sendo rejeitada de lugar em lugar onde ia, recebendo sempre 0 mesmo tratamento. Suas forças lhe faltaram, e ela caiu doente com febre tifóide. Ela morreu, mas infectou 0

beco com a enfemidade, de tal modo que outras dezessete pessoas também vieram a falecer. Mas ela havia dito: “Eu sou irmã de vocês, ajudem-me. Vocês precisam ajudar- me. Eu sou irmã de vocês, osso do osso de vocês. Deus nos criou. Vocês precisam ajudar-me”. Mas eles tinham respondido: “Não. É impossível. Não és nossa irmã” . Mas ela provou que era irmã deles quando 0 tifo tam bém matou a muitos deles. Eram irmãos dela, embora 0 negassem. A criatura humana já desceu tanto para que ficasse provado alguma coisa?”

5 .10,11

A s s im d iz Faraó. Foi transm itido aos oficiais egípcios 0 recado de Faraó; e estes falaram aos escravos. Estes do is versículos repetem os elem entos dos vss. 7 e 8, onde são com entados. Os escravos teriam de cortar e picar a palha, transportá-la, guardá-la, trazê-la, e, então, m isturá-la à m assa com que eram fabricados os tijolos. Portanto, 0 trabalho deles dobrou. Confusão e espancam en- tos se seguiriam (vs. 14), porque era im possível m anter a taxa de produtividade sob tais condições.

5 .12,13

O p o vo se e sp a lh o u . A palha era procurada por todo 0 Egito. Havia muito trabalho somente para conseguir a palha. Esse trabalho era tão árduo quanto 0

trabalho de fabricar tijolos. Os capatazes m ostravam -se exigentes e cruéis, e 0

Egito transformou-se em um virtual acam pam ento de trabalhos forçados. Os su- perintendentes egípcios queriam que os escravos produzissem sua tarefa de cada dia tal com o faziam antes de terem de conseguir eles mesm os a palha.

“Mantinham-nos sob pressão e aperto no trabalho, requerendo a mesma produtividade que havia antes" (John Gill, in loc.).

5.14

A questão toda redundou em violência. Os capatazes dentre os filhos de Israel eram espancados pelos superintendentes egípcios. E a isso era adicionada a insultuosa pergunta de por que não tinham term inado a tarefa de cada dia, como antes. Podemos facilmente im aginar que os israelitas oravam a Yahweh para que fizesse vingança. Quando oramos, quase sem pre desejam os obter res- postas imediatas. E enquanto esperam os pela resposta, parece-nos que 0 moinho de Deus moe com enervante lentidão.

“Aqueles que nos ofendem geralm ente são punidos na terra pela injustiça que praticaram; mas com grande freqüência não nos é dada a satisfação de saber 0 que lhes aconteceu. Ao que parece, fica resolvido que os injuriadores serão punidos, mas que os injuriados não terão 0 prazer de ver cum prido 0 seu desejo de vingança” (Trollope). Ver no Dicionário 0 verbete Le i M ora l da Colheita segun- do a Semeadura.

M oisés, R e je itado p o r Israe l e E n co ra ja d o p o r D eus (5.15 - 6.13)

Os C apatazes A pe lam ao Fa raó (5.15-21)

Os capatazes (israelitas) chegaram a conclu ir que até os escravos têm certos direitos, e que, talvez, Faraó reconhecesse esse fato. Devem tam bém ter pensado que os superintendentes egípcios estariam ag indo por conta própria. Mas logo descobririam que sua m iséria fora determ inada pelo próprio Faraó. Entrementes, a causa de Moisés sofria detrimento, porquanto estava perdendo 0 apoio de seu próprio povo, apesar dos milagres que lhes havia mostrado, a fim de convencê-los de seu cham am ento divino (Êxo. 4.29 ss.). Não havia que duvidar de que 0 Faraó se saíra vencedor no prim eiro round, mas ainda restavam muitos rounds à frente. Homens ímpios e desarrazoados tornam insuportável a vida de seus sem elhan- tes. Mas há poder na espiritualidade, e perdas a curto prazo podem tornar-se vitórias a longo prazo.

5.15

C lam aram a Faraó. Não tiveram pejo de fazer um apelo pungente, porquan- to sua situação era insuportável. O s lim ites do homem são a oportunidade de Deus” (John Flavel). Todas as coisas estavam cooperando para 0 bem dos israelitas. Pois se Moisés haveria de sofrer uma rejeição temporária (Êxo. 5.20 ss.), as

Page 29: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO324

“Agora precisamos continuar a confiar no Senhor. A religião consiste em continuar a confiar em Deus, depois de termos envidado nossos esforços ao m áxim o... Moisés tinha feito 0 melhor ao seu alcance e estava desencorajado diante dos resultados; mas fizera 0

máximo que podia. Deus disse que, para ele, isso poderia parecer um adiamento desneces- sário, mas ele precisaria somente confiar em Deus, 0 qual entraria em ação quando chegas- se 0 momento oportund (J. Edgar Partt, in loc).

Por m ão p o dero sa . Haveria a intervenção divina, sem a qual Israel simples- mente nunca seria posta em liberdade. “A mão poderosa .. . 0 poder soberano, aplica- do de maneira súbita e com força” (Adam Clarke, in loc). A mão de Deus mostrar-se-ia tão poderosa que 0 Faraó em breve haveria de “deixá-los ir-se” . Seria alto demais 0

preço a ser pago, se ele quisesse reter 0 trabalho escravo.

6.2

Eu s o u 0 S enh or. A Presença de Deus continuava com Moisés. Por muitas vezes, vem os a presença divina, nos prim eiros livros da Bíblia. Toda decisão e mudança importante que os hom ens de Deus precisam enfrentar são acompanha- das pela presença de Deus: ou sob a form a do Anjo do Senhor (ver no Dicionário 0 verbete Anjo); ou sob a form a de um a teofania (ver sobre isso no Dicionário); ou sob a form a de um sonho (ver as notas sobre Gên. 28.12; 31.10). Ver também, no Dicionário 0 artigo intitulado Sonhos. Não basta tom arm os conhecimento acadê- mico das realidades espirituais, ler a Bíblia, orar e meditar. Precisamos do toque místico em nossas vidas. Ver no Dicionário 0 artigo intitu lado Misticismo.

S enh or. No hebraico, Yahweh. V er no Dicionário 0 artigo sobre esse nome divino, e tam bém Deus, N om es Bíblicos de. Yahweh era 0 nome divino que identificava a Nova Religião. Ver Êxo. 3.14. “Eu sou 0 Senhor" é expressão repetida por quatro vezes nos vss. 2-8 deste capítulo. Ver as notas sobre Êxo.3.14 quanto ao novo nome, Eu Sou, que se deriva da mesma raiz que 0 nome divino Yahweh. Para os antigos, 0 nome de um a pessoa representava 0 seu caráter e poder, bem com o as suas características e habilidades inerentes. Por- tanto, 0 Nom e Divino estava por trás do projeto de livram ento de Israel da servi- dão no Egito. Havia um potencial apropriado para esse projeto.

6,3

A p a re c i a A bra ão . Conform e se vê em Gên. 17.1, onde aparece pela primei- ra vez na Bíblia 0 nome El S haddai (ver abaixo). A com issão dada a Moisés estava ligada à história dos patriarcas de Israel. Cabia a Moisés dar continuidade ao plano divino, à história sagrada que tinha com eçado com aqueles. Este trecho do versículo tem paralelo em Êxo. 3.15. A com issão outorgada a Moisés estava vinculada à m issão dos patriarcas. No caso presente, são nomeados Abraão, Isaque e Jacó, e não meram ente Abraão.

O D eus T o d o -p o d e ro s o . No hebraico, E l Shaddai. Esse era um antigo nome de Deus, que significa “0 todo-sufic iente” , em bora outras idéias existam sobre 0

seu significado. Ver a respeito no Dicionário, como tam bém em Gên. 17.1. Esse nome não era usado exclusivam ente pelo povo de Israel. Ver Joel 1.15 e Deu.32.17. Deuses estrangeiros e poderes destrutivos tam bém podiam ser chamados assim. Jó usou esse nome por trin ta e um a vezes (Jó 5.17 e outros trechos).

O S enh or. No hebraico, Yahweh. De acordo com este versículo, um nome m ediante 0 qual Deus não se manifestara aos patriarcas. Essa declaração tem deixado os estudiosos perplexos. Os trechos de Êxo. 13.3; 17.2 e outros contêm esse nome. Os críticos supõem que essa declaração é oriunda da fonte informati- va P(S), ao passo que, em outras fontes, 0 nome Yahweh era conhecido entre os patriarcas com o um nome divino. Ver no Dicionário 0 artigo chamado J.E.D.P.(S.) quanto à teoria das fontes múltip las do Pentateuco. Os críticos vêem nisso apoio para sua teoria de fontes múltiplas, supondo que 0 nome Yahweh (J seria a fonte do nome) seria um nome divino usado por outra fonte informativa, mais tardia. Nesse caso, 0 aparecim ento do nom e Yahweh, nos relatos sobre os patriarcas, deveria ser visto com o inserções feitas por algum editor, em narrativas antigas, e não algo nativo a essas narrativas. Para Adão, 0 nome de Deus era Elohim; para Abraão, era Adonai; para Moisés, era Yahweh. Mas 0 culto a Yahweh foi estabe- lecido muito antes de Moisés, assim a confusão permanece de pé. Seja como for, 0 au tor sacro diz-nos aqui que podem os cham ar Deus de El-Shaddai ou de Yahweh, pois, em am bos os casos, nos estarem os referindo ao m esm o único Deus. Esse D eus único guiara a Abraão; e agora estava guiando a Moisés. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Monoteísmo.

Os eruditos conservadores opinam que 0 próprio Moisés inseriu 0 nome Yahweh nos relatos anteriores (ver Gên. 2.4; 3.14; 9.1-9 etc.). Adam Clarke escre- veu toda um a página de duas colunas tentando exp licar com o Yahweh já era um nome divino nos dias dos patriarcas, tendo achado esse nome até mesmo em outras culturas sem íticas do m undo antigo. Mas lemos aqui que não foi assim que as coisas sucederam. C larke não chegou a nenhum resultado definitivo, e é precisamente ai que nos encontramos, fazendo-lhe companhia.

Moisés e de Arão que os israelitas se internassem no deserto caminho de três dias. E apesar de os capatazes não terem sido encarcerados, a vida dos escravos tinha sido reduzida a frangalhos. A violência poderia irromper a qualquer instante. Os superintendentes egípcios tinham espadas nas mãos; 0 Faraó poderia apelar para a execução em massa. ‘׳Temor e desespero” eram as palavras que descreveriam bem a sorte dos israelitas. Moisés e Arão tinham posto a espada nas mãos de seus inimigos.

... n o s f ize s te s o d io s o s . Ou “mal che irosos” , conform e a palavra hebraica também pode ser traduzida. Aos olhos do Faraó, agora eles eram vis e repelentes. Cf. a idéia de “mau cheiro" com os trechos de Gên. 34.30; I Sam. 13.4; II Sam. 1 0 .6 .0 Papyr. Anastas, (i.27,7) diz algo semelhante. Agora as espadas poderiam aparecer na cena, a fim de m anter a ordem. E provavelm ente não tem os aí mera metáfora, mas uma negra realidade.

5.22

Então M o isés, to rn a n d o -se ao Senhor. Moisés apresentou diante de Deus a sua queixa. Diz um antigo hino: “Leva tua carga ao Senhor, e deixa-a com Ele” . Tão am arga foi a queixa de Moisés que ele reconheceu a alegada verdade daquilo que 0

povo tinha dito, e passou a lançar a culpa sobre Deus. É muito fácil lançarmos a culpa sobre Deus. O problem a do m a l (ver a esse respeito no Dicionário) abala-nos a vida. Clamamos procurando saber “a razão” de nosso sofrimento, e as respostas que obtemos não sãç> satisfatórias. E, então, a culpa pelo sofrimento humano é lançada sobre Deus. É verdade que Moisés aprendeu que aquela derrota inicial era, na verdade, uma prim eira vitória disfarçada. Deus castigaria Faraó por causa do que ele estava fazendo. Em outras palavras, as maldades do Faraó provocariam a ira divina, e esse seria, afinal, 0 poder que libertaria 0 povo de Israel, e não os pobres discursos que Moisés e os capatazes israelitas poderiam fazer. Naquela conjuntura, meras palavras nada resolviam. A mão divina feriria os oíensores.

Moisés estava à cata de uma solução rápida para um problema dificílimo. Ele tinha esperado fazer Israel sair do Egito com 0 simples ardil de levar 0 povo ao deserto num caminho de três dias (Êxo. 5.3), e, então, simplesmente desaparecer. Mas 0

truque não deu certo. O Faraó percebeu a artimanha. Moisés estava agora sem novas idéias. Mas 0 plano divino tinha muitas outras provisões guardadas na algibeira.

5.23

Pois desde qu e m e ap resen te i a Faraó. Moisés com eçou a duvidar da auten- ticidade de seu chamamento. E, p io r ainda, ele não tinha visto sua idéia operar como um passe de mágica, e, daí, presumiu que a Deus não restavam recursos. Aquilo que Deus tinha prometido, não havia cumprido. Há um antigo hino que alude à ansiedade causada pela “oração não respondida”. Nossa visão é muito míope. Nossa paciência é praticamente nula. Grandes vitórias jazem por trás do horizonte. Mas nas trevas não podemos enxergá-las, e ficam os a nos lamentar em meio às sombras. E então, quando ocorre alguma grande vitória, ficamos atônitos. Exclamou Jesus: “Homens de pequena fé”! (Mat. 6.30; 8.26; 14.31; 16.8). Quão bem e quão freqüentemente essas palavras se aplicam a nós. Por outra parte, nenhum projeto divino entra em colapso, somente porque os homens são fracos. O poder de Deus sempre se manifesta quando se torna necessário.

Capítulo Seis

R enovação da C o m issã o de M o isé s (6.1-9)

A lguns críticos pensam que os versículos à nossa frente apresentam a cha- mada e a com issão de Moisés do ângulo da fonte inform ativa P(S), não sendo apenas uma repetição daquilo que já fora dito (com reforços). Ver Exo. 3.2 ss. Os conservadores vêem nisso apenas um a re iteração. V er no Dicionário 0 artigo J.E.D.P.(S.) quanto à teoria das fontes múltip las do Pentateuco.

A renovação da com issão foi dada a M oisés no Egito. A com issão original tinha sido dada no Sinai ou no monte Horebe, 0 monte de Deus (Êxo. 3.1).

Uma das principais lições que precisam os aprender é que antigas derrotas tornam -se instrumentos: são os m eios pelos quais, por fim, poderem os chegar à vitória. A opressão faraônica havia aum entado muito, e isso provocara 0 Senhor à ira. A paciência de Deus estava no fim. Em breve Ele haveria de atingir 0 ofensor. O dia de 0 Faraó pagar por seus crimes estava cada vez mais próximo. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado L e i M ora l da Colheita segundo a Semeadura. Esta seção tam bém serve de dem onstração da con tínua providência de Deus. Ver no Dicionário os verbetes Providência de Deus e Teismo.

6.1

A g o ra ve rás . Deus repassava agora as prom essas que tinha feito ao povo de Israel, além de am eaçar Faraó. Am bos esses fatores eram necessários para 0

divino projeto de redenção de Seu povo.

Page 30: At Interpretado- Êxodo

A rte eg íp c ia - p e ixes e p lantas pintados

sobre um vaso.

Arte eg ípc ia - co lheres cortad as em m a d e ira sobre vasos usados

para conter líquidos, cosm éticos e outras substâncias.

R e p ro d u ç õ e s a r tís t ic a s d e D a rre l S te v e n C h a m p lim .

Page 31: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO326

Ver no Dicionário 0 artigo chamado Retribuição.

6.7

Compare as declarações deste versículo com Êxo. 19.5,6 e Deu. 7.6. Uma nação havia sido escolhida para tornar-se 0 veículo da mensagem espiritual e para produzir 0 Messias. Mas 0 mundo é 0 objeto dessa mensagem (João 3.16; I João 2.2). Deus era e sempre será 0 Deus de todas as nações (Sal. 67.4). Todos os povos são aceitos por Ele (Atos 10.35; ver também Mat. 8.5-13; Luc. 7.2-10; Atos 10.1-33). Con- fronte a escolha de Abraão, em Gên. 17.7,8, onde as notas expositivas se aplicam a este versículo. A providência de Deus (ver sobre esse assunto no Dicionário) è multifacetada. Ela opera através de Israel e beneficia a todas as demais nações, e não somente a nação de Israel.

D em onstrando a N atureza de Deus. Esse é um dos propósitos do livram en- to de Israel da serv idão no Egito. D eus seria exa ltado; Seu poder seria exibido; Sua jus tiça com provada; Sua m isericórd ia m ostrada; e Sua vingança seria pro- vada con tra os in justos, esp ec ia lm e nte con tra Faraó. Uma pessoa é conhecida por meio de seus atos.

6.8

A Prom essa sobre a Terra. Tem os aí um a das principais provisões do Pacto Abraâmico, que demonstrei nas notas sobre Gên. 15.18. Cf. Gên. 15,16 e 16.22.

Ju re i. No hebraico, le v a n te i m inha m ão”, em um gesto que indicava 0 ato de fazer um juram ento (Gên. 16.22). Yahweh é que fizera essa promessa (ver Êxo. 6.3). “Sendo Deus um Ser im utável e eterno, certamente haveria de dar a terra a eles” (Ellicott, in loc.).

6.9

M as e les não a te n d e ra m a M o isé s . Era com o nós diríamos: “É bom demais para ser verdade” . Em sua miséria, Israel, nessa oportunidade, não foi capaz de exercer fé na prom essa renovada de Deus. Eles tinham crido nos dois recados anteriores (Êxo. 3.18 e 4.31), mas as coisas tinham piorado, levando para baixo a fé deles. E as dúvidas deles fizeram Moisés duvidar de suas próprias habilidades (vs. 12). O prim eiro anúncio tinha-os de ixado exultantes; mas 0 fracasso inicial deixou-os deprim idos. Usualm ente, a realidade não depende de nossa fé. Algu- mas vezes, a fé consiste em cre r em algo que não corresponde à realidade vigente. Mas tam bém existem aquelas ocasiões em que não cremos na realidade dos fatos. Certo profeta afirmou que, em tem pos de tristeza, não devemos esperar que nossa fé seja vigorosa. Som os apenas pó (Sal. 103.14). Mas a nossa fé acaba voltando.

 n s ia de e s p ír ito . No hebraico tem os a expressão “respiração curta”. Esta- vam todos tão deprim idos que sim plesm ente não podiam confiar. Exercer fé era mais do que eles poderiam fazer.

A Inadeq uação de M o isé s (6.10,11)

6 .10,11

Ver Êxo. 6.10-13,28,30. A m issão foi renovada por ordem divina, repetindo um recado anterior. Moisés tinha de ir a Faraó e tinha de repetir: “Deixa ir os filhos de Israel” . Em Êxo. 4.22,23, lem os que 0 filho prim ogênito de Deus tinha de ser solto da escravidão. Em Êxo. 5.1 lemos: “ Deixa ir 0 meu povo” .

Esta seção em geral prepara-nos para a escolha formal de Arão com o com- p a n h e iro e p o rta -vo z de M o isé s . E n tre m e n te s , é dada um a ge nea lo g ia autenticadora, que mostra que Moisés e Arão tinham as credenciais históricas apropriadas para seus ofícios e missões.

Notemos que agora Moisés abandonou a artimanha da breve jornada de três dias (Êxo. 5.1-3). Agora, Moisés exigia total emancipação. Ele entrava no segun- do round com o se tivesse ganho 0 prim eiro com grande vantagem. Enfrentou 0

Faraó, que lhe dera um a surra, e apresentou exigências ainda mais radicais. A prim eira carga de Moisés até parecia leve; pois agora sua carga era verdadeira- mente pesada.

6.12

Os f i lh o s de Israe l não m e tê m o u v id o . Eles 0 haviam repelido. E com o 0

Faraó haveria de ouvi-lo? Moisés era um hebreu; os hebreus tinham-no rejeitado. Já tinham lutado 0 bastante. E como 0 perdedor Moisés poderia enfrentar 0 Faraó e seus exércitos? Nem ao menos ele pudera enfrentar com sucesso a sua própria gente!

Não sei fa la r bem . No hebraico tem os a expressão 'lenho lábios incircuncisos". Mas nossa versão portuguesa dá aqui a correta interpretação do hebraico. Moisés

Observou John Gill (in loc.): “ Isso não deve ser entendido em um sentido absoluto; pois é certo que Ele se fizera conhecer por Abraão, Isaque e Jacó por esse nome: Gên. 15.6-8; 26.2,24; 28.13. Mas com parativam ente.. . Ele não era tão bem conhecido por aqueles, por esse nome, do que era conhecido pelo outro nome [El Shaddai]” . Uma boa tentativa, mas não 0 suficiente.

Este versículo tem sido alistado em favor da chamada hipótese quenita, ou seja, de que Moisés aprendeu esse nom e divino, Yahweh, bem com o as práticas religiosas ligadas a esse nome, da parte dos midianitas, entre os quais permaneceu, com seu sogro, durante quarenta anos, na terra de Midiã. Ver Êxo. 18.1 e suas notas introdutórias, bem como as notas em Êxo. 18.12 onde a questão é mais amplamente ventilada.

6.4

Estabeleci a m inha aliança. O Pacto Abraâmico (ver as notas a respeito em Gên.15.18) reunia em um bloco toda a nação de Israel, a começar por Abraão, estendendo-se aos demais patriarcas, até Moisés, e, finalmente, a todo 0 povo de Israel. No livro de Gênesis, esse pacto é reiterado por dezesseis vezes, em várias conexões e graus de plenitude. Uma das principais provisões dessa aliança era que Israel teria um território pátrio. Mas antes que esse território lhes pudesse ser dado, deveria haver um período de exílio no Egito, ao mesmo tempo em que os habitantes originais da terra de Canaã teriam de preencher a sua taça de iniqüidade. Quando essa taça estivesse cheia, então Deus os julgaria, e um dos resultados desse juízo é que os cananeus perderiam seus territórios. E, então, 0 povo de Israel apossar-se-ia deles. Ver Gên. 15.13,16. Ver Êxo. 2.24 quanto a como Deus lembrou 0 Seu pacto com Abraão, e, por essa razão, tinha levantado Moisés para ser 0 libertador.

A terra em que habitaram com o peregrinos. Ver Gên. 17.8 e 23.4. “Abraão, Isaque e Jacó ocupavam a terra de Canaã por mera concessão; tinham permissão de ocupá-la, porque ela não lhes pertencia, mas foi-lhes dado esse direito por aqueles que realmente a possuíam. Esse território pertencia às nações cananéias, aos hititas, e outros (Gên. 20.15;23.3-20)” (Ellicott, in loc). Ver também Hebreus 11.13.

6.5

O uv i 0 g e m id o d o s f i lh o s de Israe l· Deus estava agindo por misericórdia. Este versículo repete a m ensagem de Êxo. 2.24. A com paixão de Deus, em com binação com considerações acerca do Pacto Abraâmico, levaram-no a levan- tar a Moisés para que libertasse Israel. Ver tam bém Êxo. 3.7-9, que afirma enfati- cam ente a m isericórdia divina. Deus é aqui apresentado com o 0 m isericordioso cum pridor de Sua promessa. Nenhum a palavra dita por Ele pode cair por terra; nenhum a situação fica fora de Seu controle; nenhum a tristeza está acima de Sua cura. A justiça divina provocou a intervenção div ina por m eio de Moisés. A lei da colheita segundo a sem eadura cuidaria de Faraó.

6.6

R eiteração da M ensagem D ivina. M o isés de ve ria an unc ia r ao povo a mes- m a m e n sa g e m a n te r io r . A g o ra Y ah w e h a t in h a re ite ra d o . Um g ra n d e liv ra - m ento estava surgindo no ho rizonte , e esse liv ram ento con tava com 0 poder de Deus.

... vo s resgata re i co m b raço e s te nd ido . O poder de Deus haveria de manifes- tar-se, e a tarefa da libertação seria cumprida. V er em Êxo. 3.20 as notas sobre a poderosa m ão de Deus. Ver Êxo. 3.10 quanto à declaração do propósito divino de libertação.

C om g randes m a n ifes ta ções de ju lg a m e n to . Esses juízos seriam dois: 1. Me- diante um a longa série de prodíg ios que produziriam confusão e destruição, culm inando na décim a praga mediante a qual pereceriam todos os primogênitos do Egito. Ver Êxo. 12.28 ss. Assim teria cum prim ento 0 que fora dito em Êxo.4.22,23. Ou 0 filho prim ogênito (Israel) de Yahweh seria libertado, ou teriam de m orrer todos os prim ogênitos do Egito. 2. Haveria 0 grande milagre de destruição na travessia do m ar Morlo (Êxo. 14).

A Recom pensa Perversa do Faraó:

Q uer alguém durma, ande ou este ja à vontade,A Justiça, invisível e muda, lhe segue os passos,Ferindo sua vereda, à direita e ã esquerda,Pois todo erro nem a noite esconderá!O que fizeres, de a lgum lugar, D eus te vê.E pensas que a retribuição ja z remota, longe dos m ortais?Bem perto, invisível, sabe m uito bem a quem deve ferir.Mas tu não sabes a hora quando, rápida e repentinamente,Ela virá e varrerá da terra aos iníquos.

(Esquilo)

Page 32: At Interpretado- Êxodo

327ÊXODO

tabernáculo. “Arão e Moisés estavam quatro gerações distantes de Jacó. É significativo que a linhagem não continuou por meio de Moisés, mas por meio de Arão. O genealogista queria mostrar que a classe sacerdotal teve um papel ativo na fundação da nação” (J. Coerl Rylaarsdam, in loc.).

G érson, Coate e M erari. Ver os verbetes sobre esses homens no Dicionário. A idade de Levi (cento e trinta e sete anos) ao morrer foi dada por ser ele 0 originador da casta sacerdotal em Israel, e este capítulo frisa a autoridade e os privilégios históricos dessa casta.

6.17

Libn i. No hebraico, branco. Esse era 0 nome do filho mais velho de Gérson, filho de Levi (Êxo. 6.17' Núm. 3.17,21; I Crô. 6.17). Ele foi 0 progenitor dos libnitas (Núm. 3.21,26,48). Em I Crô. 6.29 há menção a um outro Libni, um filho de Merari, filho de Levi.

S im e i. No hebraico, Yahweh é a fama. Esse é 0 nome de sete pessoas nas pá g inas do A n tigo T e s ta m e n to . Te m os aq u i m e nção a um filho de G érson , e neto de Levi (Êxo. 6.17; Núm. 3.18). Ver as notas no artigo desse nome, prim eiro ponto.

6.18

Os f i lh o s de C oate. V er no Dicionário 0 artigo detalhado chamado Coafe, Coatitas. Coate foi 0 segundo dos três filhos de Levi. Gên. 46.11.

A nrã o . No hebraico, 0 povo ou parente exaltado. Esse é 0 nome de três homens que figuram nas páginas do Antigo Testam ento. O primeiro era 0 primeiro dos filhos de Coate, um levita que se casou com sua tia, irmã de seu pai, e teve com ela Miriã, Arão e Moisés (Êxo. 6.18,20; Núm. 3.19; 26.59). Os anrameus eram seus descendentes, encarregados de deveres especiais no tabernáculo, no deserto. Anrão morreu aos cento e trinta e sete anos de idade, provavelm ente antes do êxodo.

J iza r. As traduções tam bém grafam seu nom e com o Izar. No hebraico, ungüento. Esse é 0 nom e de duas pessoas no Antigo Testam ento. Tem os aqui um neto de Levi, segundo filho de Coate (Êxo. 6.18,21; Núm. 3.19; 16.1; I Crô.6.2,18). Em I Crô. 6.22, Am ínadabe aparece em lugar de Izar, com o filho de Coate e pai de Coré. M uitos estud iosos pensam que se tra ta de um erro de transcrição , v isto que no vs. 38 reaparece 0 nom e Izar, com o deve ser. Seus descendentes tornaram -se conhecidos com o os izaritas. V iveu em torno de 1440 A. C.

H ebrom . No hebraico, com unidade, aliança. Nome de dois homens aludidos no Antigo Testam ento. Tem os aqui 0 terceiro filho de Coate, neto de Levi e irmão mais novo de Anrão, 0 qual foi 0 pai de Moisés e de Arão (Êxo. 6.18; Núm. 3.19;I Crô. 6.2,18; 23.12,19). Seus descendentes são cham ados hebronitas em Núm.3.27 e em outras referências bíblicas.

U z ie l. No he b ra ico , D eus é fo rça . E sse é 0 nom e de se is pe rsona gen s do A n tigo T e s ta m e n to . V e r sob re esse nom e no D ic ionário , sob 0 p r im e iro ponto.

Coate viveu por cento e trin ta e três anos. Sua idade é mencionada (ao passo que nada é dito sobre a idade dos outros), por ser ele figura importante da casta sacerdotal. A preocupação central da genealogia foi exaltar 0 prestígio e a autori- dade da tribo sacerdotal de Levi. Dos três filhos de Levi, Coate foi 0 continuador da linhagem. Essa linhagem , segundo é apresentada por este texto, passa atra- vés dos descendentes de Arão, e não através de Moisés.

6.19

Os f i lh o s de M erari. Esses foram apenas dois, a saber:

M ali. No hebraico, fraco, enferm iço. Há dois homens com esse nome no Antigo Testamento. Aqui acham os 0 filho m ais velho de Merari, neto de Levi (Êxo. 6.19; Núm. 3.20; I Crô. 6.19; 23.21; 24.26; Eze. 8.18,19). Mali teve três filhos: Libi (I Crô. 6.29), E leazar e Quis (I Crô. 23.21; 24.58). Seus descendentes eram conhecidos com o malitas (Núm. 3.33; 26.28). Foi-lhes outorgado um serviço es- pecífico, juntam ente com os m usitas (m esm a referência), seus irmãos, a saber, 0

de carregarem as arm ações e outras peças do tabernáculo e de seu equipam ento (Núm. 4.31-33).

M usi. No hebraico, sensível. Nome de um dos filhos de Merari, 0 qual, por sua vez, era filho de Coate (Êxo. 6.19; Núm. 3.20; I Crô. 6.19,47; 23.21,23; 24.26,30). O clã que descendia de Musi tornou-se conhecido como os musitas (Núm. 3.33; 26.58).

frisou sua fala pesada, tal como fizera em Êxo. 4.10 ss. Naquela passagem, Arão foi-lhe dado como porta-voz, para contrabalançar a deficiência. Agora 0 relato volta à mesma questão, e devemos entender que Arão tomava-se então 0 porta-voz formal de Moisés, mas alguns eruditos pensam que Moisés se queixou de sua inadequação moral e espiritual, e não somente de sua dicção pesada.

6.13

Arão e Moisés recebem agora a tarefa. Em Arão havia uma força que não existia em Moisés. Um suplementaria 0 outro. Mas a autoridade permaneceria com Moisés (Êxo. 4.16). Este versículo revê, de modo breve, 0 que é dado com maiores detalhes em Êxo. 7.1 -9. Ver também os vss. 28-30 deste capítulo.

G enealog ias de M o isés e A rão (6.14-27)

À prim eira vista, essa genealog ia parece deslocada . Mas devem o-nos lem- b rar que as conexões de fam ília eram qu es tõe s im po rtan tes para aque les que recebiam a lgum a m issão especia l. Assim , no p r im e iro cap ítu lo de M ateus e no terceiro capítulo de Lucas tem os a genealogia de Jesus, a qual mostra que, como filho de Davi, ele tinha 0 d ire ito de ser 0 Rei dos judeus. M oisés era descendente d ire to de A braão. A rão to rn o u -se 0 re p re se n ta n te da o rdem sace rdo ta l. A genea log ia de A rão m ostra -nos, po rtan to , que 0 sace rdo te desem pe nha va um papel ativo na fundação da nação de Israel, ten do pa rtic ipaçã o crítica em suas prim eiras vitórias. O s vss. 26 e 27 nos dá a razão do a u to r sag rado para in je ta r aqui as genealog ias: M o isés e A rão, ins trum en tos da libertação de Israel, eram descendentes de Abraão, 0 fundador da nação. Jun tam ente com a cham ada es- pecia l de D eus, que lhes fo i fe ita , ha v ia 0 fa to r a u te n tic a d o r de se rem am bos descendentes de Abraão.

Genealogia de Abraão a Moisés

Abraão

Ismael Isaque

Esaú JacóI

Levi

Gerson Coate Merari

Anrão Izar Hebrom Uziel1-------------1------------1

Arão Moisés Miriã

6.14

O s che fes das fa m ília s . Tem os aqui in form es que se repetem essencial- mente no vs. 25, pelo que a expressão encim a e encerra a genealogia. Essa genealogia é representativa, e não exaustiva. Ό propósito da genealogia de Arão e Moisés é traçar a linhagem sacerdotal a partir de Levi, filho de Jacó, e daí até Arão, e, então, passando pelo terceiro filho de Arão, Eleazar, até Finéias (Núm.3)” . E nisso os críticos vêem um a espécie de defesa da fonte informativa P(S), que teria origem sacerdotal, indicando a legitim idade dos sacerdotes pertencentes a essa linhagem. Ver no Dicionário 0 artigo J.E .D .P .(S .) quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco.

Os nomes deste versículo, que pertencem à casa de Rúben, são os mesmos nomes que aqueles dados em Gên. 46.9, onde há notas exposítívas sobre cada um deles.

6.15

O s f i lh o s de S im eão . Ver as notas sobre Gên. 46.10. Os mesmos nomes e na m esm a ordem são dados aqui. Ver tam bém os artigos separados sobre esses nomes, no Dicionário.

6.16

O s no m es d o s f i lh o s de Lev i. Ver Gên. 46.11, onde esses nomes apare- cem na mesma ordem. Este versículo, porém, adiciona a idade de Levi quando morreu, a saber, cento e trinta e sete anos, por ser 0 patriarca da linhagem sacerdotal, bem com o a principal personagem que 0 autor sagrado queria desta- car na genealogia. Dos seus três filhos, Coate seria 0 transm issor da linhagem sacerdotal. No terceiro capítulo de Núm eros é e laborado 0 m esm o padrão que vem os aqui, a fim de m ostrar 0 papel dos vários ramos da fam ília, no serviço do

Page 33: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO328

Aminadabe. No hebraico, m eu parente é generoso ou m eu parente é nobre. Esse é 0 nome de quatro hom ens que figuram no Antigo Testamento. Há um artigo detalhado sobre esses homens no Dicionário, onde 0 Aminadabe deste texto aparece em primeiro lugar.

Naassom. No hebraico, oráculo ou encantador. (Aqui e em Núm. 2.3; 7.12-17; Mat. 1.4; Luc. 3.32). Dentro da genealogia de Jesus, Naassom é chamado de filho de Aminadabe. Foi um dos chefes da tribo de Judá, ao tempo do êxodo. E quando das vagueações de Israel pelo deserto, ele foi 0 líder dessa tribo. Naassom, sem dúvida, foi homem dotado de considerável autoridade. Sua irmã, Eliseba, casou-se com Arão. A linhagem de Eliseba inclui nomes como Salma, Boaz, Obede, Jessé e Davi (Rute 4.20 ss.; I Crô. 2.10 ss.). Sendo um dos antepassados de Davi, naturalmente ele aparece como um dos ancestrais de Jesus, 0 Cristo.

Nadade. No hebraico, liberal ou bem-disposto. Há quatro homens com esse nome nas páginas do Antigo Testamento. Ver sobre esse nome no Dicionário. O homem que aparece neste texto é 0 primeiro da lista naquele verbete.

Abiú. No hebraico, de quem D eus é pai. Há um artigo detalhado sobre esse nome, no Dicionário.

Eleazar. No hebraico, Deus é ajudador. Há nove homens com esse nome no Antigo Testamento. Aquele que figura aqui é 0 primeiro da lista no artigo com esse nome, no Dicionário.

Itamar. No hebraico, ilha das pa lm eiras. Esse era 0 nome do quarto filho de Arão, irmão m ais velho de Moisés. Ele foi consagrado ao sacerdócio juntamente com seus irmãos (aqui e Núm. 3.2,3). Sabem os que a propriedade do tabernáculo foi deixada aos seus cuidados (Êxo. 38.21), e que ele supervisionava a atuação das seções levíticas de Gérson e Merari (Núm. 4.28); mas à parte disso, não tem os inform ações m a is específicas.

Itamar e seus descendentes ocuparam a posição de sacerdotes comuns, até que 0 sum o sacerdócio passou para essa fam ília na pessoa de Eli. Entretanto, são desconhecidas as causas dessa transferência de sumo sacerdócio. Abiatar, deposto por Salomão, foi 0 ú ltim o sum o sacerdote dessa linhagem, quando então 0 ofício reverteu à linhagem de Eleazar, na pessoa de Zadoque (I Reis 2.35).

Os dois irmãos mais velhos de Itamar, Nadade e Abiú, foram executados a mando do Senhor por terem oferecido fogo estranho sobre 0 altar (Lev. 10; Num. 3.4; 26). Quando Israel vagueava pelo deserto, ele era líder dos levitas (Êxo.38.21), e tam bém dos gersonitas (Núm. 4.28) e dos meraritas (Núm. 4.33; 7.8). O trecho de Esdras 8.2 mostra que a fam ília de Itamar sobreviveu com o um clã distinto, term inado 0 cative iro babilõnico.

6.24

Os filhos de Corá. Seus filhos tam bém foram três, a saber;

Assir. No hebraico, cativo. Ele foi um levita, filho de Corá (aqui e em I Crô.6 .22 ).

Elcana. No hebraico, Deus se apossou ou Deus criou. Há oito homens com esse nome no Antigo Testam ento. V er no Dicionário 0 artigo detalhado sobre esse nome. O Elcana deste texto é 0 núm ero um da lista daquele artigo.

Abiasafe. No hebraico, p a i da colheita. Ele era 0 mais jovem dos três filhos do levita Corá (só é m encionado aqui). V iveu depois de 1740 A. C. O nome Abiasafe pode aplicar-se a um a divisão dos levitas, descendentes de Corá. Em I Crônicas, Abiasafe é alistado entre os porteiros, em bora seja incerta a identifica- ção. Entre os descendentes notáveis dele figura 0 profeta Samuel, filho de Elcana (I Sam. 1.1).

6.25

Eleazar. Ver 0 vs. 23 e 0 artigo Eleazar, no Dicionário.

Putiel. No hebraico, aflig ido p o r D eus (El). Esse foi 0 nome do pai da esposa de Eleazar, 0 sacerdote. Essa mulher, cujo nome não é dado aqui, foi mãe de Finéias (ver abaixo). Eleazar era filho de Arão.

Finéias. No hebra ico , orácu lo . N om e de três hom ens que figu ram no A ntigo Testam ento . Há um de ta lhad o a rtigo sobre as pessoas desse nome, no Dicionário . E 0 p r im e iro nom e da que la lis ta corresponde ao F iné ias deste texto.

Os Levitas. Esta genealogia enfatiza a origem, a posição, a prioridade social e a autoridade da classe sacerdotal de Israel, juntam ente com a autoridade de Moisés e Arão, com o os antigos líderes que, orientados pelo poder de Deus, efetuaram 0 êxodo, pondo fim ao exílio egípcio de Israel.

6.20

Anrão. Ver as notas sobre 0 vs. 18, quanto a esse nome.

Joquebede. No hebraico , g lo r if icada p o r D eus ou Yahweh é a glória. Esse e ra 0 nom e de um a f i lh a de L e v i, irm ã de C o a te , e s p o s a de A nrã o , m ãe de M íriã , A rão e M o isés (Êxo. 6 .20 ; Núm . 26 .59). A lguns e rud itos põem em dúvi- da 0 sen tido desse nom e, que parece ser com posto com 0 nom e div ino Yahweh (ve r no D ic ionário ). Isso e les a legam po rq u e es tão co n ve n c id o s de qu e 0 uso do nom e d iv ino , Yahweh, vem da época de M o isés. H á ev idê nc ias , porém , de que esse nom e re a lm en te p ré -d a ta va os d ias de M o isés, e que era usado en- tre os p o vo s se m itas a n tig o s . V e r 0 a r t ig o sob re Je tro . Em Ê xodo 6 .2 0 es tá re g is trad o que Joq uebe de era irm ã de A nrã o , p e lo que era tia de seu p róprio m arido. V isto que casam entos en tre pa ren tes ass im chegados foram posterior- m e n te p ro ib id o s (Lev. 18 .12), v á r ia s te n ta tiv a s tê m s id o fe ita s pa ra a liv ia r a s ituação de incesto. M as essas ten ta tivas são inúte is, v isto que há provas claras de ta is re lações de sangue em ou tros casos. A bra ão caso u-se com Sara, sua m e ia -irm ã (Gên. 20 .12). A S eptuag in ta faz de Joquebede um a prim a de Anrão, m as isso som ente re fle te um a an tiga m o d ificação no texto sag rado . Expus um es tu d o de ta lh a d o sob re as in c id ê n c ia s de in ce s to no A n tig o T e s ta m e n to , na in trodução ao déc im o o itavo cap ítu lo do livro de Levítico . V e r tam bém , no Dici- onário, 0 artigo intitu lado Incesto. O s cos tum es socia is se m odificam , e há ensi- nos b íb licos que têm aco m pan had o essas m udanças. A reve lação é p rogress!· va, e não fixa e es tagnada. C o isas que an tes não e ram co n s id e ra das erradas pa ssavam a se r co n s id e ra d a s e rrada s , a co m p a n h a n d o 0 p rog re sso da ilum i- nação espiritual, e v ice-versa.

Anrão viveu até ao cento e trinta e sete anos. E esse detalhe é mencionado por ter sido ele 0 pai de Arão e Moisés.

6.21

Os filhos de Jizar. Esses filhos foram três, a saber:

Corá. Seu nome tam bém é grafado com o Cará. No hebraico, calvo. Nome de cinco pessoas do Antigo Testam ento. O do presente texto aparece no Dicionário no quinto lugar, onde há notas detalhadas a respeito.

Nefegue. No hebraico, rebento. Nome de dois hom ens que aparecem no Antigo Testamento. Ele era filho de Izar ou Jizar, filho de Coate. Só é mencionado aqui em todo 0 Antigo Testam ento. V iveu em torno de 1491 A. C.

Zicri. No hebraico, renomado. Nada menos de doze hom ens figuram no Antigo Testamento com esse nom e. O hom em do presente texto era filho de Izar ou Jizar, neto de Levi. Zicri só é mencionado aqui em todo 0 Antigo Testamento. Ver sobre ele no Dicionário.

6.22

Os filhos de Uziel. Esses filhos foram três, a saber:

Misael. No hebraico, quem é 0 que D eus é? ou quem é com o Deus? Ele foi 0

prim eiro dos filhos de Uziel a ser cham ado por nome. Uziel era irmão de Anrão, pai de Moisés. Por conseguinte, M isael era prim o de Moisés. Moisés ordenou-lhe que transportasse os cadáveres de Nadabe e Abiú, depois da transgressão e do pecado deles (Lev. 10.4). Isso ocorreu por volta de 1439 A. C.

Elzafã. No hebraico, proteg ido p o r Deus. Ele era filho de Uziel, um levita que descendia de Coate e prim o de Moisés. A judou a rem over os corpos mortos de Nadabe e Abiú do santuário, onde tinham morrido, depois de terem oferecido incenso proibido (aqui e Lev. 10.4).

Sitri. No hebraico, Yahweh é proteção. Era neto de Coate e filho de Uziel. Tam bém era prim o de Moisés. Só é m encionado aqui em todo 0 Antigo Testa- m ento. V iveu em cerca de 1530 A. C.

6.23

Família de Arão:

Eliseba. No hebraico, Deus é ju ra d o ro u aliança de Deus. O nome corresponde a Isabel, no Novo Testam ento. Era esposa de Arão e mãe de toda a família sacerdotal de Israel., Era filha de Am inadabe e irmã de Naasom, e, portanto, da tribo de Judá. Ver Êxo. 6.23. Ela teve quatro filhos: Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Os dois prim eiros perderam a vida por castigo do Senhor (Núm. 3.4). Os dois últimos tiveram descendentes que ocuparam 0 o fíc io sum o sacerdotal em diferentes épocas da história de Israel. E leazar foi 0 sucessor imediato de Arão (Núm. 20.25-28).

Page 34: At Interpretado- Êxodo

329ÊXODO

segunda ten ta tiva de co n ve n ce r ao Fa raó es ta va prestes a ocorrer. A prim eira ten tativa havia te rm inado em fracasso . V e r 0 qu in to cap ítu lo de Êxodo quanto a essa história.

O Faraó dispunha de seus manhosos magoi, os seus mágicos e sábios. Mas ele nunca tivera visto um poder esp iritual com o aquele que podia perceber na face de Moisés. Moisés seria como um deus para ele, algo insondável, acima da compreensão humana. Mesmo assim, seria preciso bastante tempo para esse poder mostrar-se efi- caz. O Faraó mostraria ser um homem verdadeiramente teimoso.

Este versículo dá a resposta à objeção feita por Moisés, em Êxo. 6.30.

7.2

Tu falarás tudo 0 que eu te ordenar. Deus exigiu obediência absoluta. Seria preciso bastante tem po. Haveria muitas ordens; muitos movimentos; muitas estratégias. Arão desempenharia seu papel de orador principal. A mensagem seria a mesma: “ Deixa que meu povo saia” . Deus tinha um filho, 0 Seu primogênito, que deveria ser tirado do Egito, pondo fim ao longo exílio que os israelitas sofreram ali. Ver sobre essa metáfora em Êxo. 4.22,23. Arão era 0 porta-voz de Moisés (Êxo. 4.16). Tanto Moisés quanto A rão falariam com Faraó (Êxo. 5.1). Mas aqui Arão é 0 único porta-voz.

7.3

Endurecerei 0 coração de Faraó. V er Êxo. 4.21 quanto a todas as implica- ções desta declaração. A notória obstinação de Faraó é enfatizada em Êxo. 3.19 e 4.21. E a razão disso é declarada no quinto versículo deste capítulo, onde 0

le itor deve exam inar as notas expositivas.O Faraó não teria pe rm issão de fac ilita r as coisas para Moisés. Moisés

estava aprendendo. O Faraó tam bém estava aprendendo. L ições im portantes estavam sendo ensinadas. H averia um sinal após outro, um prodígio após ou- tro, m as 0 Faraó não cederia enquanto 0 propósito d iv ino não tivesse total cum prim ento. Estava acontecendo m ais do que m eram ente a retirada de Israel do Egito.

Os meus sinais e as minhas maravilhas. Esses prodígios seriam didáticos. Ver no Dicionário 0 verbete cham ado S ina l (Milagre).

7.4

Porei a minha mão. A pe sa d a m ão de D eus se ria de sca rre g a d a con tra 0 E g ito . A d e rro ta do F a raó seria , ao m e sm o tem po, a d e rro ta do s de uses fa lso s do Egito . C ada um a da s dez p ra g a s se r ia um go lp e da do p e la mão de Deus.

As minhas hostes. Em a lg u m a s tra d u ç õ e s , m a is de a co rd o com 0 o r i- g ina l he b ra ico , lem o s aqui “fa m ília s ” . V e r as no tas sob re essa exp ressão em Exo. 6.26.

O meu povo. Ver essa expressão em Êxo. 3.7,10; 8.1; 9.13; 10.3 etc. Israel era 0

povo pertencente a Deus, em razão do Pacto Abraâmico (ver as notas sobre esse pacto em Gên. 15.18).

Os Números Envolvidos. O trecho de Números 1.46 mostra-nos que havia cerca de seiscentos mil homens capazes de pegar em armas, em Israel, por ocasião do êxodo. Isso indica que 0 total do povo de Israel deveria ser de cerca de três milhões de pessoas. Talvez esse povo tivesse sido organizado em unidades quase militares, con- forme a palavra “hoste”, aqui usada, dá a entender. É possível mesmo que os israelitas tivessem saído armados do Egito, preparados para com bater contra os egípcios, se estes saíssem ao seu encalço.

7.5

Eu sou 0 Senhor. No orig inal hebraico tem os aqui 0 nom e divino Yahweh. Este deveria ser conhecido pelo m undo todo, destacando-se sobretudo que Ele é 0 Deus único; que Ele favorece Israel e opera através desse povo; que os deuses do Egito são falsos; que todos os povos devem prestar lealdade a esse Deus único. O Faraó não sabia quem era Yahweh (Êxo. 5.1-2), e não queria obedecer aos Seus mandam entos. Os muitos sinais, m ilagres e pragas serviriam de vividas lições teológicas quanto à identidade e 0 poder de Yahweh. Ver 0 artigo detalhado sobre esse nome div ino no Dicionário, com o tam bém os artigos Deus, Nom es Bíblicos de e Monoteism o.

“O Egito era a maior m onarquia do m undo inteiro. Agora essa monarquia estava no m áxim o de seu resplendor. Dentre todas as form as de politeísmo exis- tentes, a form a egípcia era a mais fam osa; e os seus deuses devem ter parecido, não som ente para os egípcios, mas para todas as nações circundantes, os mais poderosos. Lançar esses deuses no descrédito era lançar no descrédito 0 politeísmo em geral” (Ellicott, in loc.).

O que há de estranho nesta genealogia é que nela os descendentes de Moisés não aparecem. Isso não se devia ao fato de que Moisés era hom em humilde, mas porque 0 propósito central do material aqui ap resentado é 0 de autenticar a classe sacerdotal. Os críticos pensam que esse material foi preservado pela fonte informativa P(S). Ver no Dicionário 0 artigo J.E .D .P .(S .j quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco.

6.26

/4s C re d e n c ia is de A rã o e M o is é s . A s g e n e a lo g ia s e ra m im p o r ta n te s ao s o lh o s d o s h e b re u s . O s d o is g ra n d e s l íd e re s , um d o s q u a is fo i 0

o r ig in a d o r da c la s s e s a c e rd o ta l de Is ra e l, a p a re c e m a s s im co m o q u e m é d o ta d o de a u to r id a d e h is tó r ic a e de p re s tíg io , p o r m e io da g e n e a lo g ia ac i- m a. P o r co n se g u in te , e n te n d e m o s que fo i Y a h w e h qu em os le va n to u e lhes co n fe r iu a u to r id a d e .

O nome de Arão aparece aqui não por ser ele 0 mais velho, mas porque a genealogia dada acima tinha enfatizado a importância da casta sacerdotal, da qual ele era 0 antepassado histórico.

Segundo as suas hostes. Essa declaração mostra que 0 povo de Israel mar- chou para fora do Egito em ordem, agrupado em clãs. Algumas traduções, em lugar de “hostes” ou “exércitos”, dizem “fam ílias”, mais de acordo com 0 original hebraico. Al- guns estudiosos supõem que os clãs se organizaram quase como batalhões, prepara- dos para a batalha, e, talvez, armados. Essa expressão reaparece em Êxo. 7.4 e 12.17,21.

6.27

São estes, Moisés e Arão. O s mesm os que tinham tido coragem de enfren- tar 0 Faraó com suas exigências atrevidas. O autor reforça sua autenticação da autoridade e da proem inência histórica dos dois.

“Nos vss. 20 e 26, Arão é mencionado antes de Moisés por ser 0 irmão mais velho. Mas em Êxo. 6.27, 0 nome de Moisés aparece em prim eiro lugar, porque tinha maior responsabilidade no êxodo.

Moisés Fala de Novo ao Faraó (6.28 — 7.13)

“Após a inserção da nova genealogia, foram ad icionados os vss. 28-30 para lembrar 0 le itor sobre 0 que tinha s ido dito an tes” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). Essa segunda convocação divina é bem parecida com a primeira, havendo as mesmas demandas e a m esm a reação favorável da parte de Moisés.

6 .28,29

Todos os elem entos desses dois versículos são vistos no texto anterior. Ver a exposição dos vss. 2,6,8,10 e 11 deste capítulo.

Algumas vezes, precisamos ser re lem brados de nossa missão, por assim dizer, um a segunda com issão, especialm ente quando já fizem os um a tentativa honesta mas abortada de cum prir as exigências divinas. A espiritualidade não depende de uma vitória em um golpe único. O cam inho da vitória está salpicado de pequenas derrotas e vitórias por um longo período de tempo.

6.30

A objeção que aparece no vs. 12 é aqui repetida. Ver as notas expositivas naquele ponto.

Capítulo Sete

Este capítulo, até 0 seu sétim o versículo, continua 0 assunto iniciado em Êxodo 6.28. Enfatiza aquilo que já pudem os ver, a nom eação de Arão (vss. 1-7); 0 equipam ento dado a Moisés e a Arão (vss. 8-13); as revelações iniciais do poder divino, necessário ao êxodo (Êxo. 7.14— 18.27). Deus multiplicou Seus sinais e prodígios, além de desferir as terríveis dez pragas contra 0 Egito (Êxo.7.14 — 11.10). A polu ição da linha de vida do Egito, 0 rio Nilo, foi 0 prim eiro golpe contra a arrogância do Egito.

7.1

... te constituí como deus sobre Faraó. Este versículo reitera os elementos essendais de Êxo. 4.16, exceto 0 fato de que agora Moisés seria “como deus sobre Faraó”, e não para Arão. A boca de Arão, naquele versículo, agora é substituída pela palavra ‘profeta”. Ver no Didonáno os artigos intitulados Profecia, Profetas e 0 Dom da Profeda. Já vimos a chamada e a comissão de Arão, no quarto capítulo deste livro. Isso é repetido para efeito de ênfase, agora que a

Page 35: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO330

O Dragão. Em apoio ao aumento do poder do milagre, os intérpretes têm salienta- do os outros usos da palavra hebraica tanin, em Sal. 54.13; Isa. 27.1; 51.9; Jos. 7.12, onde parece estar em pauta algum corpulento animal aquático ou anfíbio. Gên. 1.21 diz ali baleia. Assim, alguns supõem que teria sido agora produzido algum dragão ou crocodilo!

7.11

Fizeram também 0 mesmo. Essa foi uma duplicação fraudulenta. Os mila- gres nunca devem ser tomados como prova de uma doutrina ou justiça, visto que pode haver falsos milagres, produzidos pela fraude ou até mesmo por poderes demoníacos (II Tes. 2.9 fala sobre os “sinais e prodígios da mentira” do futuro anticristo). Ver também Mat. 7.22,23, um trecho que mostra que milagres fraudulentos (reais, mas não produzi- dos por Deus) podem ser produzidos até m esm o por falsos discípulos de Cristo. O trecho de II Timóteo 3.8 alude a como Janes e Jambres fizeram oposição a Moisés. Ver 0 Novo Testamento Interpretado onde a questão é ventilada. Ver também sobre os nomes desses opositores na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.

Com as suas ciências ocultas. Há um misticismo autêntico e há um misticismo falso. Ver no Dicionário os três artigos relacionados a este texto: Misticismo; Encantador e Magia.

O Targum de Jonathan, ao comentar sobre este texto, sublinha os nomes de Janes e Jambres. Josefo considerava-os sacerdotes. Provavelmente, pertenciam à classe sa- cerdotal egípcia (Antiq. 1.2 c. 13, see. 3).

Alguns mágicos possuem poderes miraculosos. Outros apenas usam truques. No Egito, os khakamim (sábios), os makashshephim (murmuradores de encantamentos) e os khartum im (escribas sagrados) tinham grande prestígio. Boa parte do Ritual dos Mortos era constituída por encantamentos e fórmulas mágicas. Aceitava-se que os en- cantamentos podem produzir ou curar enfermidades, ajudar pessoas, fazer 0 mal às pessoas, afastar ataques demoníacos ou de animais, obter presciência quanto ao futu- ro, a judar as almas dos mortos no m undo inferior etc. Ver no Dicionário 0 verbete Encantamento de Serpentes.

7.12

A dup licação do fe ito , pe los m ág icos eg ípc ios, fo i 0 bastante para 0 Faraó re je itar a au to ridade de M o isés, a p esa r de a serpente (ou dragão) de A rão ter de vorad o as se rpentes dos m ágicos. Para 0 co ração endurecido e para a mente incrédula , nenhum sinal é su fic ien te . Para 0 crente , são d ispensáve is os sinais.

O poder superior de Deus foi c laram ente exibido. Os deuses do Egito e seus agentes humanos foram derrotados, mas 0 Faraó continuava insistindo em montar um cavalo morto. Foi assim ilustrada a soberan ia de Deus (ver no Dicionário 0

verbete com esse nome).Os mágicos podem ter sido Janes e Jam bres da tradição hebréia. Ver tam-

bém II Tim. 3.8 e os com entários no N ovo Testamento Interpretado sobre esse trecho,

7.13

O coração de Faraó se endureceu. De outra sorte, 0 Faraó teria anuído prontam ente à ordem divina. O trecho de Êxo. 7.5 nos dá uma razão conspícua para isso. Deus estava dem onstrando 0 Seu poder, exaltando 0 Seu nome, derro- tando deuses falsos, insta lando nos corações a verdadeira fé e a espiritualidade, exibindo a Sua soberania, provocando um a revolução espiritual. Nada disso pode- ria ocorrer se 0 Faraó tivesse recuado pronta e facilmente. Muitas lições ainda seriam dadas. Estava em desdobram ento um plano divino, e não apenas a liberta- ção da servidão no Egito.

Em Êxodo 4.21 apresento notas com pletas sobre os problem as teológicos e morais envolvidos na história do coração endurecido do Faraó. Tam bém aludo ali a artigos que exam inam esse problem a por vários ângulos. O livro de Êxodo atribui 0 endurecim ento do coração do Faraó tanto ao próprio homem com o a Deus; e essa questão tam bém é com entada, com referências bíblicas apropria- das, em Êxo. 4.21. Deus se utiliza da vontade humana sem destruí-la, embora não saibam os d izer com o isso ocorre.

Como 0 Senhor havia dito. E ssa d u reza de coração por pa rte do Faraó h a v ia s ido a n te c ip a d a e p re d ita (Êxo. 7 .3 ). Isso deu m argem a que 0 S enh or m u ltip licasse os S eus s inais, os qua is são de scritos em Êxo. 7.14 — 18.27, as dez p ragas e os p ro d íg io s su b se q ü e n te s , com o a q ue les às m argen s do m ar V e rm e lho .

As Dez Pragas (7.14 — 11.10) Deus Revela Seu Poder Multifacetado (7.14 - 1 8 . 2 7 )

Ver no Dicionário 0 artigo P ragas do Egito. Yahweh e 0 Faraó engalfinharam- se em luta: 0 sagrado e 0 p rofano; 0 ve raz e 0 mentiroso. Dessa luta resultariam

7.6

Deus exigira obediência absoluta (7.2), e esta tinha sido dada. A vida de quase todos nós é como um saquinho de bolinhas de gude misturadas. Há as brilhantes e as escuras, todas elas misturadas no mesmo saco. Fazemos 0 que é correto; fazemos 0

que é errado; fazemos coisas bem-feitas; fazemos coisas malfeitas; tem os sucesso; fracassamos. Moisés e Arão, quando faziam seu melhor, conseguiam fazer tudo para agrado do Senhor. Mas Moisés, em suas dúvidas, tinha iniciado sua carreira um tanto capengante, com uma longa série de objeções. O quarto capítulo do Êxodo conta-nos essa história. Agora, porém, tudo isso estava relegado ao passado. A preparação de Moisés fora completa e eficaz.

7.7

Os Ciclos da Vida de Moisés. Houve três desses grandes ciclos, cada qual de quarenta anos. Ver Deu. 34.7 e cf. Atos 7.23. Moisés faleceu com cento e vinte anos de idade, e esses cento e vinte anos foram divididos em três períodos: 1. Durante seus primeiros quarenta anos, ele viveu e foi educado no Egito, sob 0 favor de Faraó, tendo sido adotado como filho da filha de Faraó (Atos 7.23; Êxo. 2.9,10). 2. Então, ao defender um compatriota israelita, Moisés matou um egípcio (Êxo. 2.11). E isso forçou-o a fugir para Midiã, onde ficou exilado voluntariamente, no deserto, durante quarenta anos, como um pastor, trabalhando para Jetro, seu sogro. 3. Este versículo mostra-nos que ele agora iniciava seu terceiro e ú ltim o cic lo de vida, aos oitenta anos de idade. E passaria a maior parte desse terceiro período em outro deserto, vagueando em várias direções, mas sem nunca entrar na Terra Prom etida— grande ironia!

Arão era três anos mais velho que Moisés. As tradições juda icas informam que Miriã, por esse tempo, estava com oitenta e sete anos. Ver Êxo. 2.4 quanto ao fato que ela já era uma garota quando Moisés nasceu. Arão morreu com cento e vinte e três anos (Núm. 33.39).

Profetas Idosos. Nos Targuns há comentários sobre 0 fato de que Moisés e Arão foram, realmente, os únicos profetas de grande idade. “Os monumentos egípcios es- tampam casos de oficiais ativamente empregados em suas funções depois que tinham feito cem anos de idade” (Ellicott, in loc.).

7 .8,9

O prim eiro s inal dado em Êxo. 4.3-9, que agora se cum pria. A questão é am plamente com entada em Êxo. 4.3,4. Os m ágicos do Faraó foram capazes de fazer a mesma coisa, por meio de truques ou do poder de Satanás (vs. 11). O fato de que as serpentes dos mágicos foram devoradas pela serpente de Arão não impressionou ao Faraó, 0 qual, de acordo com 0 que tinha sido predito, endurece- ria seu coração (vs. 13). Esses m ilagres já tinham sido realizados, a fim de convencer 0 povo de Israel (Êxo. 4.30). É interessante ser testem unha de um milagre, de algum prodígio desejado pelos curiosos (Luc. 23.8). O s m ilagres po- dem operar com o sinais convincentes, em bora, com freqüência, tam bém sirvam de medidas da m isericórdia e do am or de Deus entre os homens. Ver no Dícioná- rio os verbetes S ina l (M ilagre) e Milagres.

Vara. Provavelmente 0 cajado de pastor, ou algum a form a de bengala ou insígnia, que servia de instrumento de poder. Naturalmente, os mágicos, com seus truques, faziam outro tanto. Ver as notas sobre Êxo. 4.2,3. Agora a vara foi cham ada de Arão, porquanto Moisés a havia entregue a ele.

Ela se tornará em serpente. Não a m esm a pa lavra que fora usada em Êxo.4.3 (nahash), e, sim, tanin, “m onstro”. Mas aqui este term o é usado com o sinôni- mo daquele. Todavia, alguns intérpretes vêem nisso um aum ento de poder como produto do milagre.

“M ercúrio , 0 m e nsage iro dos d e u s e s . . . a p a re ce com o qu em b rand ia um cad uceu, um a va ra ou v a r in h a com s e rp e n te s to rc id a s ao lo n g o d e la ” (John Gill, in loc.).

7.10

A Ordem é Cumprida. O plano foi posto em execução. Moisés e A rão obtive- ram audiência com 0 Faraó. A vara de Arão transform ou-se em um a serpente. Isso já tinha sido feito com sucesso diante dos anciãos de Israel (Êxo. 4.30,31). Naquele caso, 0 resultado fora a crença; m as no caso de Faraó, 0 resultado foi apenas m ais obstinação e dureza de coração (vs. 13). Este versículo retém 0

termo hebrajeo tanin, usado no versículo anterior, mas um a palavra diferente daquela de Êxo. 4.3. Talvez devam os pensar em m era sinoním ia, em bora alguns estudiosos vejam um aum ento de poder no m ilagre e em seu resultado, pois agora teria sido produzido alguma espécie de monstro, É inútil especular quanto ao tipo de serpente ou de outro anim al que poderia esta r em foco.

A vara, trazida de Horebe (Êxo. 3.2), passou das mãos de Moisés para as de Arão, e tornou-se um instrum ento de poder. Ver as notas sobre Êxo. 7.14, que ilustram seu uso por meio de um gráfico.

Page 36: At Interpretado- Êxodo

331ÊXODO

rio como se fosse uma divindade, pelo que ritos religiosos eram efetuados às suas margens. Talvez fosse costume do Faraó participar deles. O deus Nilo seria humilhado diante dos olhos do rei. Ver Êxo. 4.2 quanto à vara usada pelos servos de Deus.

7.16

O Senhor, 0 Deus dos hebreus. No hebraico, Yahweh-Eiohim. Ver no D ici- onário sobre esses nomes divinos. O Eu Sou tinha entrado em ação (Êxo. 3.14). Yahweh estava prestes a atingir 0 deus Nilo, diante dos olhos do próprio Faraó. O Faraó nunca tinha ouvido fa lar em Yahweh (Êxo. 5.2). Mas agora encontrar-se-ia com ele face a face.

‘Deixa ir 0 meu povo” foi a expressão usada, confoime se comenta sobre Êxo. 5.1.

O Deus dc>s hebreus. Cf. Êxo. 3.18 (onde damos as notas expositivas a respeito), como também Êxo. 5.3; 9.1,13 e 10.3.

Para que me sirva. Os filhos de Israel deveriam ser liberados da servidão, e isso com um propósito, a saber, promover 0 culto de Yahweh, e, finalmente, tomar conheci- dos 0 Seu nome e 0 Seu poder entre todas as nações. O monoteísmo (ver a esse respeito no Dicionáúo) estava em ascensão, e, finalmente, triunfaria.

7.17

Águas do r io . . . se tornarão em sangue. Isso por fia t divino. O juízo de Deus foi despejado contra 0 próprio rio, seus tributários, e mesmo qualquer vaso que contivesse água (vs. 19).

Eu sou 0 Senhor. Portanto, Ele tinha 0 poder de derrotar 0 “deus” Nilo e todos os deuses falsos do Egito, além de ter autoridade de impor a Sua vontade (vs. 16).

A Explicação Natural. O rio Nilo assum ia um a coloração avermelhada quando suas águas estavam no seu nível máxim o, por causa de partículas vermelhas de barro ou por causa de m inúsculos organism os que tom avam conta do rio nessas ocasiões. Essa exp licação é inte iramente tola. Isso não sen/iria de sinal para 0

Faraó, nem 0 pressionaria a a lgum a coisa.

Contraste com Jesus. O m ilagre efetuado por Moisés foi destrutivo. O milagre de Jesus, que transform ou água em sangue, foi benéfico para todos. Ver João 2. Mas am bos os prodíg ios serviram aos propósitos de Deus, pois até os juízos divinos são meios que produzem 0 arrependim ento. A té 0 ju lgamento dos perdi- dos tem um propósito restaurador. Ver I Ped. 4.16 e, no Dicionário, 0 artigo Julgam ento de D eus dos H om ens Perdidos.

7.18

Os peixes. Esses não sobreviveram, nem os homens ousavam beber das águas do rio. As águas do rio Nilo se avermelham, ao chegar ele ao nível máximo. Até hoje “são usadas no Egito as palavras águas vermelhas, quando 0 solo vermelho dos montes da Abissínia 0 tingem” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). Mas nem por isso esse rio fica então poluído. Contudo, as águas do rio tomam-se suficientemente venenosas para matar os peixes. As explicações naturais falham, a menos que se possa demons- trar que, por alguma razão desconhecida, antigamente 0 rio Nilo ficava poluído por causas naturais. Todavia, não se dispõe de nenhuma informação sobre tal acontecí- mento. Pela segunda vez 0 poder de Yahweh venceu 0 poder dos mágicos egípcios. A serpente de Arão havia devorado as serpentes dos mágicos (Êxo. 7.12). Agora, 0

fenômeno do Nilo poluído não podia ser reproduzido pelo repertório dos truques dos mágicos egípcios. O vs. 22, contudo, mostra que eles conseguiram imitar 0 fenômeno, mas nada tão vasto como a poluição de um rio inteiro.

7.19

Toma a tua vara. Ver Êxo. 4.2 quanto à vara de poder, bem como 0 gráfico nas notas sobre 0 vs. 14 deste capítulo, onde se vê seu uso, em relação às dez pragas do Egito.

Sobre as águas do Egito. Todas as águas existentes no Egito foram afe tadas: 0 N ilo com seus tributários, qu a lque r lago ou lagoa, e até qualquer água con tida nos vasos que a lguém tivesse em sua casa, em cisternas, em Ianques etc. O m ilagre foi ve rdade iram ente grande. Não lemos onde os mági- cos egípcios encontraram água para duplicar 0 m ilagre (em bora em m inúsculas proporções) (vs. 22). Fosse com o fosse, 0 que fizeram foi algo muito pequeno, proporciona lm ente , mas 0 Faraó não deu atenção à d iferença. Seu coração estava tão em botado que nada podia perceber. Ver no D icionário 0 artigo ^aso, Receptáculo. O Egito não dispõe de água corrente, salvo as águas do Nilo e seus afluentes. Q ua lquer outra água tem de ser obtida em poços ou fontes. Os vss. 19 e 24 m ostram que 0 au tor sagrado tinha conhecim ento do sistem a hidráulico do Egito,

efeitos benéficos e prejudiciais. Levado pelo temor, 0 Faraó (Êxo. 5.15-21) descartou seus poderes racionais e se tomou um desvairado, espalhando destruição no Egito, por causa de sua dureza de coração. Moisés e Arão eram instmmentos divinamente esco- Ihidos. Deus sempre tem Seu homem para cada m issão específica. A providência de Deus (ver sobre ela no Dicionário) é um dos temas principais por todo 0 Pentateuco. A soberania de Deus (ver a esse respeito no Dicionário) também precisava ser não ape- nas demonstrada (Exo. 7.5) mas tam bém firmada. O Deus desconhecido, Yahweh, precisava tomar-se universalmente conhecido, começando primeiramente por Israel, e, então, pelo Egito (0 reino mais poderoso da época), e, finalmente, pelo resto do mundo. Jesus, 0 Cristo, tomaria universalmente conhecido a esse Deus desconhecido, de for- ma toda especial, mediante sua missão salvatícia universal.

Os críticos atribuem esta seção a uma combinação das fontes informativas J, E e P(Sj. Ver no Dicionário 0 verbete intitulado J.E.D.P.(S.) quanto à teoria das fontes múlti- pias do Pentateuco.

As dez pragas, ao que parece, tiveram lugar durante um período de nove meses. Foram agrupadas em três unidades de três pragas. E a décima praga — a morte dos prim ogênitos— foi a praga culminante. Foram dez milagres didáticos. “As dez pragas podem ter ocorrido por um período de cerca de nove meses. A primeira_delas ocorreu quando 0 rio Nilo estava na enchente ( ju lho -agosto ). A sétima praga (Êxo. 9.13), em janeiro, quando florescia a cevada e 0 linho. Os ventos prevalentes_ do oriente, em março e abril, teriam trazido os gafanhotos, que foi a oitava praga (Êxo. 10.13). E a décima praga (Êxo. 11 e 12) teria ocorrido em abril, 0 mês da instituição da páscoa. Deus estava julgando os deuses do Egito (havia muitos deles). Ver Êxo. 12.2; 18.11; Núm. 33.4” (John D. Hannah, in loc).

Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Pragas do Egito.

Primeira Praga: As Águas Tornam-se Sangue (7.14-25)

7.14

O coração de Faraó está obstinado. Mas agora ele começaria a colher 0 que tinha semeado. Ver no Dicionário 0 artigo Le i M oral da Colheita segundo a Semea- dura. Ver Êxo. 4.21 quanto a notas completas sobre 0 problema teológico envolvido na questão do coração endurecido, por atuação divina. A vontade de Deus usa e manipula a vontade humana sem destruí-la, embora não saibamos dizer com o isso sucede. O Faraó endureceu_seu próprio coração, e Deus endureceu 0 coração do Faraó, conforme se vê em Êxo. 4.21. Este versículo repete a mensagem de Êxo. 6.1. Os atos divinos tornavam-se agora milagres didáticos, mediante os quais a vontade de Deus seria efetuada, sem importar 0 que 0 homem desejasse.

Lei Moral da Colheita Segundo a Semeadura

Quando eu chegar ao fim do m eu cam inhoQuando eu descansar no fim do dia da vida,Quando “bem -vindo ” eu ou v ir Jesus dizer;Oh, isso será a aurora pa ra m im !

Sem eai um hábito, e colhereis um caráter;Sem eai um caráter, e colhereis um destino.S em eai um destino, e co lhereis Deus.

(Prof. Huston Smith)

Não vos enganeis; de D eus não se zom ba;po is aquilo que 0 hom em semear, isso tam bém ceifará.

(Gálatas 6.7)7.15

Um Milagre de Retaliação. As águas do rio Nilo ficam poluídas. Os egípcios tinham jogado crianças hebréias nas águas daquele rio. Agora 0 rio revoltava-se, espalhando destruição pelo Egito inteiro. Ver Êxo. 1.22. A prim eira praga foi tam bém a que durou por mais tempo, seíe dias (vs. 25). N ão provocou tanta destruição como as que se seguiram, mas era repelente ao extremo.

Uma advertência justa tinha sido feita (vs. 15-18). Mas 0 Faraó, com seu coração endurecido e estupeficado, rejeitou-a. Pela providência divina, 0 encontro entre Moisés (e Arão) e Faraó teve lugar às margens do próprio Nilo, onde ficaria claro que 0

fenômeno era real, e não algum tmque da natureza: foi produzido pelo poder de Deus, investido em Seus representantes. O Faraó seria testemunha ocular do prodígio, embo- ra isso não 0 comovesse. Ele imaginaria alguma explicação natural para 0 fenômeno. O Nilo, além de ser lugar onde os egípcios se banhavam, e onde havia abluções religio- sas, era também 0 local de festividades e celebrações. De qualquer modo, 0 Faraó estaria presente para ver 0 acontecimento. Aben Ezra pensava que 0 Faraó se fez presente a fim de observar até onde as águas do rio subiriam, pois 0 Nilo estava em regime de cheia, 0 que era importante para a sobrevivência do povo egípcio. A linha de vida do Egito, de súbito, tornou-se um a linha de morte. Muitos egípcios concebiam esse

Page 37: At Interpretado- Êxodo

AS DEZ PRAGAS DO EGITO

Pragas Advertências Modo Divindades Atacadas Reações

Primeiro Ciclo

1 . 0 N*J0 toma-se (Êxo. 7 .15-18) Vara usada Ápis, deus-boi; (sis, deusa Recusa (7.22-23)sangue (7.19) do Nilo

2 . Rãs (Êxo. 8.2-6) Vara usada Hequet, deusa do nascimento, Promessas falsas (8.8)(8.5-6) que tinha cabeça de rã

3. Piolhos Nenhuma Vara usada Set, deus do deserto Recusa (8.19)advertência (8.16-17)

Segundo Ciclo

4. Moscas (Êxo. 8.20-23) Sem vara Rá, deus-sol; Uatchit, simbolizado pela mosca

Promessas falsas de sacrifício (8.25)

5. Morte do gado (Êxo. 9.1-5) Sem vara Hactor, deusa de cabeça de vaca;

Recusa (9.7)

6. Úlceras Nenhumaadvertência

Sem vara Ápis, deus-boi; Sekhmet, deusa das doenças; Sunu, deus da peste

Recusa (9.12)

Terceiro Ciclo

7. Saraiva (Êxo. 9.18-35) Vara usada Nut, deus-céu; Osíris, deus da Promessas falsas (9.28)(9.22-23) agricultura

8. Gafanhotos (Êxo. 10.3-13) Vara usada Nut, deus-céu; Osíris, deus da Os homens podiam ir(10.11)(10.12-13) agricultura

9. Trevas Nenhuma Vara usada Rá, deus-sol; Nut, deus-céu Pessoas, mas não animais,advertência (10.21-22) podiam ir (10.24)

Juízo Definitivo

10. Morte dos primogênitos (Êxo. 11.4-8) Min, deus da reprodução; O Faraó pediu que 0 povoHequet, deusa do nascimento; ísis, protetora de crianças

fosse embora (12.31-32)

Page 38: At Interpretado- Êxodo

333ÊXODO

que, após 0 milagre da poluição das águas, dentro de somente sete dias, Moisés recebeu instruções de voltar ao Faraó e fazer um novo protesto. Presumivelmente, as águas foram livradas da poluição, embora 0 texto sagrado não esclareça Isso. Filo (De Vita Mosis, 1.1 par. 617) diz-nos que 0 Faraó solicitou que Moisés suspendesse a praga, e Moisés assim fez. Dentro do plano divino, porém, a primeira praga só cessou a fim de abrir espaço para a segunda, que viria logo em seguida.

Capítulo Oito

Segunda Praga: As Rãs (8.1-15)

Ver no Dicionário 0 verbete intitu lado Pragas do Egito. Devido ao seu coração embotado e à sua percepção amortecida, 0 Faraó conseguiu ignorar 0 grande milagre das águas poluídas (Êxo. 7.15-25). Filo diz que 0 Faraó pediu que Moisés suspendesse a praga; mas mesmo que essa informação seja correta, ele 0 fez motivado pelo egoís- mo, e não como reconhecimento do poder de Yahweh. E Moisés e Arão tiveram de continuar solicitando que fosse dado livramento ao povo de Israel. Mas a entrevista com 0 Faraó não logrou êxito. Não é mister que seja repetida a informação sobre _a dureza de coração do monarca; mas isso fica entendido. Ver as notas completas em Êxo. 4.21 sobre a questão: 0 lado divino e 0 lado humano.

Os críticos atribuem esta seção a uma mistura das fontes P(S) e J. Ver no Dicioná- rio 0 artigo J.E.D.P.(S.) quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco.

O Faraó estava colhendo 0 que tinha sem eado. Ver no Dicionário 0 artigo Le i M oral da Colheita segundo a Semeadura.

8.1

Este versículo é essencia lm ente igual a Êxo. 7.2, onde as notas deveriam ser consultadas. Continuava 0 conflito entre Yahweh e Faraó. Yahweh haveria de ganhar em todos os rounds, m as 0 Faraó não se daria por vencido. Ver tam bém Exo. 4.16 quanto a outro versículo parecido. Devem os entender que 0 Faraó continuava de coração em pedernido, m esm o quando isso não é dito especifica- mente. “ Deus, m ostrando grande m isericórdia pelo Faraó e pelos egípcios, anun- ciou de antem ão os grandes males que tencionava fazer cair sobre eles, se continuassem em sua obstinação” (Adam Clarke, in loc.).

Deixa ir 0 meu povo. Isso já ha v ia sido d ito ou a inda seria d ito em Êxo. 5.1; 7.16; 8.20; 9.1 e 10.3. Deus tinh a um filho p r im ogê n ito no exílio, 0 povo de Israel, e ex ig ia que esse povo fo sse l ib e r ta d o (ve r Exo. 4 .2 2 ,23 e suas no tas expositivas).

8.2

Castigarei com rãs. No hebraico, tesephardea, um termo que figura em três trechos no Antigo Testam ento (Êxo. 8.2-9,11-13; Sal. 78.45 e 105.30). No grego, a palavra é bátraxos, que ocorre som ente em Apo. 16.13.

No Antigo Testamento, essa pa lavra ocorre em conexão com uma das dez pragas que houve no Egito, ao passo que, no Novo Testamento, 0 sentido é metafórico (isto é, espíritos malignos). Tais rãs procederão da boca do dragão, da boca da besta ou anticristo e da boca do fa lso profeta.

D iversos tipos de rãs, do gênero Flana, eram nativos do vale do rio Nilo, e um a ou mais dessas espécies poderia te r causado a praga mencionado em Êxodo. Ta is rãs atingem um com prim ento de cerca de sete centím etros, 0 que s ignifica que são pequenas. A rã verde é com estível, mas tais batráquios eram considerados im undos pe los eg ípc ios e pe los israelitas. O rio Nilo, por ocasião da prim eira praga, ficou severam ente po lu ído, sendo essa a causa provável do aparecim ento das rãs, que saíram das águas margina is daquele rio, para invadi- rem os cam pos.

Nos lugares quentes e secos, as rãs desidratam-se e morrem rapidamente, 0 que resulta na putrefação, com seus odores desagradáveis e sua ameaça à saúde das pessoas. É uma ironia que as rãs se mostrem muito úteis no controle da multiplicação de insetos, e algumas das pragas que se seguiram à praga das rãs devem ter sido causadas pelos insetos, pelo menos em parte. Portanto, uma coisa conduzia à outra, em uma série de desastres, atribuídos à indignação de Deus contra os egípcios, Seja como for, é uma doutrina bíblica comum aquela que diz que a natureza revolta-se contra a pecaminosidade dos homens, e que eles se revoltam somente para seu próprio prejuízo. Por essa razão, pois, é que aqueles juízos divinos caíram sobre os egípcios.

Normalmente, as rãs permanecem perto dos rios, mas nessa ocasião elas tive- ram 0 impulso de invadir todos os lugares concebíveis. Deus poderia lançar contra os egípcios qualquer tipo de animal, como leões, crocodilos etc, Mas Ele preferiu a humilde rã, e insetos como os piolhos e as moscas. As pragas eram extremamente incômodas, mas menos ameaçadoras à vida do que outras que poderiam ter sido mandadas. Finalmente, os primogênitos dos egípcios foram mortos. E foi essa última praga que, finalmente, abrandou 0 coração esclerosado do Faraó.

Levantando a vara. A vara era um instrumento eficaz. Ver Êxo. 4.2 quanto a notas sobre esse instmmento. Foi usado em alguns dos dez prodígios: no primeiro, segundo, terceiro, oitavo e, talvez, nono. Ver 0 gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14. Esses prodígios atacavam deuses e deusas específicas do Egito, e, de modo geral, 0 politeísmo do Egito. Isso também aparece ilustrado no gráfico. Esse primeiro prodígio foi franco, e, sem dúvida, bem anunciado de antemão. O Faraó e seus oficiais, como talvez muitas outras pessoas, foram testemunhas oculares. O poder de Yahweh com eçava a ser demonstrado em grande estilo, tão visível, tão poderoso, tão convincente. O rio Nilo morreu, a fim de que 0

povo de Israel pudesse viver.

Deus e a Bondade São Atacados. Em primeiro lugar, 0 próprio rio Nilo era consi- derado uma divindade. A lém disso, Hapi (também cham ado Ápis) era 0 deus-boi, aquele associado bem de perto ao Nilo. E Khnum, 0 deus-carneiro, era 0 guardião do Nilo.

“Por trás das pragas, das catástrofes e dos infortúnios havia a causa real da dificul- dade: a dureza do coração do tirano" (J. Coert Rylaarsdam, in loc.).

7.21

O rio cheirou mal. Isso sucedeu ao rio que era tido com o um deus, associa- do a outros deuses. É provável que os egípcios pensassem que os poderes malignos poderiam vencer tem porariam ente 0 bem, assim a fé em suas divinda- des não pôde ser abalada. A água é vital à vida, e era 0 símbolo mesmo da vida. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Água, quanto a informações gerais e quanto a explicações da metáfora. A vitalidade do Egito havia recebido um golpe muito severo; era um a situação de em ergência, um a calam idade nacional.

O renascimento de Osíris, 0 deus da terra, dependia de águas limpas e de bom suprimento. E assim, foi posto em dúvida até 0 destino dessa divindade.

7.22

Os magos... fizeram também 0 mesmo. O autor sacro não nos revela como eles acharam água para a experiência, nem 0 ponto se reveste de importância, exceto para os céticos. Talvez 0 vs. 24 nos dê a resposta: as cisternas. Os mágicos encontraram pequena quantidade de água e transformaram-na em sangue, median- te 0 poder satânico, ou, então, mediante algum truque, fizeram-na parecer sangue. O trecho de II Tessalonicenses 2.11 mostra que alguns homens preferem acreditar na mentira. E Apocalipse 22.15 mostra que alguns homens am am a mentira. O coração endurecido do Faraó inclinava-0 a crer na mentira e amá-la. Por igual modo, existem milagres da mentira (II Tes. 2.9), ou seja, sinais que comunicam uma mensagem falsa para aqueles que anelam por acreditar nela.

7.23

O Faraó, aparentemente indiferente para com 0 grande milagre que acabara de ver, voltou para casa como se nada tivesse sucedido, 0 coração endurecido como sempre. Pois aqueles que são “convencidos contra sua vontade, continuam da mesma opinião". O coração endurecido do Faraó não recebeu nenhum a im■ pressão, apesar da fortíssima pressão de um prodíg io notável.

A Vontade de Não Crer. Homens de fé são acusados de terem a “vontade de crer” . E eles crêem, a despeito de quão pouca evidência tenham para a sua fé. De fato, algumas vezes a fé consiste em crer naquilo que não corresponde aos fatos. Por outra parte, os céticos e alguns críticos têm “a vontade de não crer". E, então, não há acúmulo de evidência, sem importar sua qualidade, que possa fazê-los crer. Ofereci na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia dois artigos sobre essa questão, intitulados: Vontade de Crer e Vontade de Não Crer. Agostinho agradecia a Deus por ter sido livrado da am adilha do ceticismo. Sempre é melhor crer demais do que crer de menos. É melhor ter uma mente por demais aberta do que por demais fechada.

7.24

Todos os egípcios cavaram. Essa foi a medida salvadora. Eles fizeram poços e cisternas, pois 0 ju lgam ento de Deus (tem perado com a misericórdia) tinha deixado intactas as cam adas freáticas. Pelo menos esses depósitos subter- râneos não foram atingidos pela praga. Os deuses do Egito tinham falhado; mas 0

povo tinha uma válvula de escape. Escavaram poços. A justiça retributiva não deixou 0 povo totalmente destituído, O propósito do castigo divino era remediar, e não destruir. Entendemos que quase todos os poços escavados ao iongo do rio Nilo obtêm sucesso. Ali a água do rio acum ula-se no subsolo das suas margens.

7.25

Este versículo setve de introdução ao oitavo capítulo. De fato, este parágrafo continua um pouco dentro do oitavo capítulo. Aqui é introduzida a informação de

720

Page 39: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO334

8.8

Chamou Faraó a Moisés e a Arão. O Faraó eslava abrandando. Pela primeira vez houve um vislumbre de mudança no Faraó. Embora seus mágicos tivessem podido produzir mais rãs, não tinham poddo diminuir 0 número delas. Para tanto, foi mister 0 poder de Yahweh; e somente Moisés podia invocar esse poder. A vida no pais não foi posta sob perigo real por essa segunda praga; mas foi algo tão inconveniente que 0 Faraó quase deixou escapar seu barato trabalho escravo. Sua insanidade retomou, contudo, assim que as pragas desaparece- ram. Uma mortalidade em massa, entre as rãs, acabou com a praga (vs. 14), restando apenas fazer um trabalho de limpeza.

Por essa altura, 0 Faraó já tinha cessado de zom bar de Yahweh; mas nem por isso reconhecia Seus direitos exclusivos de Deus soberano.

Resultados: 0 Faraó reconheceu 0 Senhor (Yahweh); agora 0 rei dependia do seu poder, e não do poder de seus deuses falsos. Tafnbém reconheceu a m issão e a autoridade de Moisés e Arão: eles podiam orar e reverter a praga. E 0 Faraó fez uma promessa solene de que permitiria a partida de Israel, talvez uma promessa sincera no momento. Mais tarde, porém, 0 Faraó voltou atrás em sua palavra' uma vez livre da pressão exercida pela praga.

8.9

Digna-te dizer-me quando. Moisés permitiu que 0 Faraó determinasse 0 tempo da soltura. É como se ele tivesse dito ao rei: “Dize-me quando mandarei embora as rãs”. E então ele levaria 0 pedido do Faraó à presença de Yahweh. Não haveria nenhuma coincidência nem explicação natural. O Faraó baixaria a ordem; Moisés transmitiria a ordem; Yahweh entraria em ação. Haveria uma óbvia reação em cadeia, e Deus estaria à frente de tudo, como a causa eficiente. Nada acontece por mero acaso. Ver os trechos de Mat. 8.13 e 15.28 quanto a algo similar.

Diz literalmente 0 texto hebraico, que algumas traduções preservaram: “Gloria-te em mim”, que eqüivale a “tu mesmo escolhe” e parece ser uma frase de cortesia tipicamente oriental. É como se Moisés tivesse dito: “Submeto-me à tua vontade”. Modernamente, diríamos “às ordens”, como se a outra pessoa estivesse no controle das coisas.

8.10,11

Ele respondeu: Amanhã. Essa foi a ordem do Faraó; Moisés a transmitiu a Yahweh, e assim sucedeu. Não havia com o alguém dizer: “Tudo aconteceu por mera coincidência” . O próprio Faraó tinha determ inado 0 prazo, e, m isteriosa e com pletam ente, assim ocorreu.

Talvez cham em os de coincidências muitas coisas que não são tais. A lgum poder arranja as coisas de modos curiosos! Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teolo- gia e Filosofia, 0 artigo Coincidência Significativa.

O fato do súbito desaparecim ento (m orta lidade em massa) das rãs (vs. 13) apontava para 0 senhorio de Yahweh.

“Coisa alguma poderia ser prova tão decisiva de que essa praga foi um acontecimento sobrenatural do que 0 fato que ao Faraó foi permitido determ inar 0

tem po em que ela seria rem ovida” (Adam Clarke, in loc.). As rãs simplesmente estavam m ortas de súbito. Nenhum processo natural poderia ter feito isso.

8.12,13

0 Senhor fez conforme a palavra de Moisés. Deus tinha investido em Moisés, e suas orações mostravam-se eficazes. “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tia. 5.16). Ademais, Moisés recebera uma missão divina, e tudo quanto estivesse envolvido nessa missão tinha sido determinado pelo Senhor. Portanto, não nos devemos admirar que Deus tenha removido as mesmas rãs que Ele fizera multiplicar-se de forma tão extraordinária. Houve um extermínio de rãs; e agora restava somente fazer a limpeza do Egito. Ver no Dicionário 0 artigo Oração.

O Faraó estava sendo submetido a teste. Ele mesmo havia marcado 0 dia da remoção das rãs. Não havia como aquilo fosse mera coincidência. A paciência de Yahweh manifestou-se naqueles momentos. O Faraó já tivera muitas oportunidades de arrepender-se e mudar suas ações. Geralmente é assim que os pecadores agem. O Faraó havia experimentado os seus próprios recursos. Seus mágicos tinham multi- plicado ainda mais as rãs (vs. 7), mas não tinham conseguido livrar-se delas. Os recursos dos pecadores não dão certo. Eles precisam apelar para 0 poder de Deus.

8.14

Montões e montões. O s corpos m ortos das rãs eram um inconveniente muito gran-de. Ta lvez 0 fogo pudesse reso lver 0 problem a. O Egito estava m om entaneam ente livre, mas não por m uito tem po, porque a causa do drama todo — a dureza de coração de Faraó — em nada havia m udado. Ta lvez os m ontões de rãs m ortas tenham sido a causa, ou, pelo menos, a causa contribu- inte, para a grande m u ltip licação de insetos que constitu iria a terceira e a quarta praga, dos p io lhos e das m oscas (Êxo. 8.16 ss. e 8.20 ss.).

Uma grande praga de rãs é mencionada por Eustácio (Com. in Horn. II. par. 35), que teve lugar na Paeônia e na Dardânia. O mau cheiro emitido pelas rãs,

8.3

Por onde estivessem os egípcios, ali estavam as rãs com seu incessante coaxar. Havia uma quantidade prodigiosa dos batráquios, os quais morreram e empestiaram 0

ar com seu mau cheiro. As rãs não vivem propriamente nos rios, mas em charcos e pequenas poças de água às margens dos rios, sobretudo em áreas pantanosas, onde abundam os insetos, de que elas se alimentam. Havia uma antiga superstição, que os críticos pensam que era compartilhada pelo autor sacro do livro de Êxodo, ou seja, que as rãs se multiplicam espontaneamente, sem se procriarem, a partir do lodo do Nilo. Até hoje persiste a crença de que 0 lodo do Nilo possui esse poder, entre os campesinos ignorantes do Egito.

Os egípcios atribuíam poderes div inos às rãs. A deusa egípcia Heqet tinha a forma de mulher com cabeça de rã. Seu marido, 0 grande deus Khnum, teria criado as coisas fazendo a vida sair pelas narinas de Heqet. Sua respiração anim aria os corpos criados por seu marido. Essa crassa superstição fazia a religião egípcia proibir a m atança de rãs. Por conseguin te , essa segunda praga foi um ataque contra a teo logia egípcia, e não apenas um período de no jento incôm odo. Ver 0 gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14, acerca de com o as dez pragas foram ataques contra os deu- ses e as deusas do Egito.

O trecho de Êxo. 5.2 mostra que Faraó nunca ouvira falar sobre Yahweh. Agora, porém, estava começando a saber algo sobre Ele. E continuaria aprendendo, até dis- por-se a fazer justiça, libertando 0 povo de Israel da servidão. O trecho de Romanos9.17 é um comentário paulino sobre 0 conflito entre Yahweh e 0 Faraó.

Uma Nação Higiênica. A h istória m ostra-nos que os eg ípcios davam grande va lo r à higiene pessoal. Mas agora havia rãs a té m esm o em seus leitos. Dos sacerdotes requeria-se que se vestissem com tra jes de linho fino e limpo. Mas agora saltavam rãs nos tem plos, chap inhando nos líqu idos sagrados. As rãs tam bém caíam sobre os utensílios de cozinha e nos pratos; entravam pelas gavetas, em vasos de plantas, em esgotos e em taças sagradas. As rãs eram onipresentes.

O íbis, uma ave que com ia rãs, ficava impotente diante de tão grande número de batráquios. O sistema ecológico estava sofrendo um trem endo desequilíbrio.

8.4

O Faraó e seus cortesãos não consegu iam desvenc ilha r-se das rãs. Usual- m ente, 0 poder e 0 d inhe iro podem a fa s ta r as p ragas que acossam os pobres. Mas as incansáveis rãs não poupavam as donze las de ngosa s e os cava lhe iros conhecedores das finuras palacianas. Os fornos dos pobres, os buracos fe itos no so lo e todos os lugares es tavam re p le tos de rãs; mas ou tro tan to acontec ia no pa lácio real e nas m ansões dos nobres. A s cam as dos pobres estavam cobertas de rãs; mas outro tanto se v ia nos leitos dos ricos. Rãs sub iam pelas paredes das cabanas hum ildes; m as as paredes do pa lác io real tam bém eram esca ladas pe- Ias rãs.

8.5-7

C om petição com Rãs. A vara de poder (ver Êxo. 4.2) que era de M oisés foi novam ente entregue a Arão, para ser usada. E teve lugar 0 g rande prodíg io da m ultip licação de rãs. As rãs surg iam em todos os lugares, onde quer que hou- vesse algum a água: rio, poça, lago, charco, riacho. Em bora as rãs prefiram ficar por perto de onde há água, onde tam bém há insetos que lhes servem de alim ento, aquelas rãs m archaram terra adentro em quantidades prodig iosas. O núm ero delas tornou-se tão grande que não havia espaço bastante em seu hábitat natura l. As rãs tornaram -se com o a are ia do mar, e 0 íbis, pássaro que consom e rãs, de estôm ago repleto, ficava a olhar, incapaz de consum ir tantos batráquios. O pecado do hom em perturba a todas as coisas, incluindo até 0

equilíbrio ecológico.

Arão estendeu a mão. Fez isso para usar a vara de poder. Ver 0 gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14, onde é ilustrado 0 uso da vara nos prodígios feitos contra 0

Faraó. A vara foi usada nas pragas de núm ero um, dois, três, sete, oito e, talvez, nove. Em cada caso, algum a divindade egípcia foi atacada e humilhada, 0 que tam bém aparece naquele gráfico.

Os magos fizeram 0 mesmo. O sétimo versículo mostra que os mágicos do Egito fizeram sair (mais ainda!) rãs do Nilo. Era uma exibição do poder satânico, real, mas negativo; ou, então, houve alguma manipulação ou fraude. Seja como for, 0

Faraó continuou a sentir-se justificado por ignorar a Yahweh, 0 poder divino real. É verdade que ele armou uma cena, chamando Moisés e prometendo libertar os israelitas, se Moisés mandasse embora as rãs (vs. 8 ss.). Porém, 0 Faraó não cumpriu a sua palavra.

O milagre negativo dos m ágicos egípcios aum entou mais ainda a aflição do povo egípcio! Assim acontece quando os hom ens m anipulam as forças do mundo dos espíritos, sem um a autêntica espiritualidade. Ver Exo. 7.22 quanto ao poder de os magos do Egito reproduzirem m ilagres fe itos por Moisés.

Page 40: At Interpretado- Êxodo

Arte e g íp c ia — um e s p e lh o de metal

R e p ro d u ç õ e s a r tís t ic a s d e D a rre ll S te v e n C h a m p lin

Page 41: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO336

Dicionário) que pode ser entendido como alusivo ao verdadeiro Deus ou a deuses, e 0

próprio vocábulo hebraico não nos indica como devemos compreendê-lo. Seja como for, os mágicos reconheceram que estava atuando algum poder divino, superior a tudo quanto já tinham visto, que não se submetia ao controle deles. Talvez Yahweh, a quem 0 Faraó não quisera reconhecer (Êxo. 5.2), estava começando a ser reconhecido.

Dedo de Deus. Ver também Êxo. 31.18; Deu. 9.10; Sal. 8.3; Luc. 11.20. É indica- do um poder divino que atua sobre circunstâncias específicas. Deus põe Seu dedo sobre certas circunstâncias que as modificam. Fazemos nossos atos e nossas realiza- ções por meio de nossos dedos.

O coração do Faraó estava endurecido, e isso pela sua vontade perversa e teimo- sa, ou, então, por parte de Deus. Ambas as coisas aparecem como verdades, no livro de Êxodo. Ver as notas sobre Êxo. 4.21 sobre essa questão, que inclui comentários sobre os problemas teológicos envolvidos. As rãs fizeram 0 Faraó hesitar (Êxo. 8.8 ss.). Mas os insetos não exerceram nenhum efeito sobre ele. Ele estava disposto a sofrer a dor a fim de reter seu trabalho escravo, prestado pelos israelitas, tão vital para seus projetos de construção.

A Quarta Praga: As Moscas (8.20-32)

Ver no Dicionário 0 artigo Pragas do Egito. Os críticos atribuem esta seção à fonte informativa J. Ver no Dicionário 0 artigo chamado J.E.D.P.fS.) quanto à teoria das fon- tes múltiplas do Pentateuco.

O drama tem a sua variedade. Assim como as operações do diabo podem fazer muitos exércitos marchar, assim também 0 poder de Deus pode atuar de muitas for- mas variegadas. O Faraó continua ali com seu coração endurecido, embotado, insensí- vel e teimoso. Assemelhava-se a um lutador de boxe que já tivesse perdido a luta, mas ainda esperava por algum golpe de sorte que lhe desse a vitória. Mas isso não haveria de suceder. Quanto mais ele estrebuchasse, mais seria espancado. E isso continuaria até que os primogênitos de todos os egípcios fossem mortos pelo anjo vingador. E esse seria 0 xeque-mate que 0 Faraó sofreria, e do qual não mais se recuperaria. Ver Êxo.11.4-8.

8.20

“ Essa quarta praga dá in íc io ao segundo cic lo de três ju ízos. Isso eviden- c ia-se m ediante a frase pe la m anhã (vs. 20; cf. Êxo. 7.15; 9.13). Tal com o nas três p r im e iras p ragas, essas três no vas p ragas res tring iram -se aos eg ípcios (ver Êxo. 8 .2 2 )” (John D, H annah, in loc.). V e r 0 g rá fico nas no tas sobre Êxo.7.14 que fo rnece m as ca ra c te r ís tica s bás icas das p ragas bem com o os deu- ses que estavam com batendo. Essa praga foi in ic iada m ediante um a nova en trev is ta com 0 Faraó, po rtan to teve seu av iso prév io apropriado e m isericor- d ioso.

Moisés e Arão deveriam sair de novo ao encontro do Faraó, às margens do rio Nilo, conform e vimos em Êxo. 7.15. Os versículos são praticamente iguais, logo as notas ali existentes são aplicáveis aqui tam bém .

Deixa ir 0 meu povo. Ver as notas sobre essa expressão em Êxo. 5.1. Ver tam bém Êxo. 8.1; 9.1 e 10.3.

O alvo a longo prazo do poder das pragas era levar 0 Faraó a libertar Israel de sua escravidão. E 0 propósito a curto prazo era exaltar a Yahweh (ver as notas a respeito em Êxo. 7.5).

8.21

Enxames de moscas. A quarta praga só esperava pela reação do Faraó para sobrevir ou não. Seria acom panhada por um sinal especial. A terra de Gósen, a região onde Israel habitava, seria totalmente poupada da praga, e ninguém encontraria uma razão natural para isso. Ver 0 vs. 22. Embora tivesse a oportuni- dade de arrepender-se (cf. Êxo. 8.2 e 9.2), 0 Faraó perdia todas as oportunidades. Portanto, estava colhendo 0 que havia semeado. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura.

Grandes enxam es de m oscas haveriam de cobrir 0 Egito. A idéia é de gran- des m assas em movim ento. As m oscas e outros insetos acumular-se-iam tanto no ar, no solo e por toda parte que “m oscas” seria outro nome virtual para “Egito” (ver Isa. 7.18; 18.1). A enchente e a vazante do rio Nilo, que provocavam poças de água estagnada, favoreciam essa multip licação; e os prodígios estavam aumen- tando 0 terror do povo egípcio. A putrefação das rãs tinha favorecido a grande multiplicação de insetos. Talvez as m oscas fossem as moscas de cão (musca canina), conhecidas por suas mordidas dolorosas. Assim explicou Filo (De Vita Mosis 1.1 par. 622).

O deus egípcio atacado por essa praga pode ter sido Rá, 0 deus-sol, e/ou Uatchit, 0 deus-mosca. O deus Anúbis era adorado sob a forma de um cão ou de uma kunomuia (palavra grega para mosca de cão). Esse era 0 principal inseto dessa quarta praga, que faria os egípcios relembrar seu deus-cão. A Septuaginta imagina que as kuonomuia estavam envolvidas, e assim traduziu 0 termo grego que aparece neste texto.

depois que estas morreram em massa, era tão insuportável que as pessoas simples- mente abandonaram a região até que 0 mau cheiro sumisse

8.15

Faraó... continuou de coração endurecido. Foi um triunfo da estupidez. Ao ver que 0 Egito estava livre, imaginou que tudo terminaria naquele ponto. Ele não se dispu- nha a perder 0 trabalho escravo prestado pelos filhos de Israel. Por isso, recuou quanto à promessa que fizera. Lemos aqui que 0 próprio Faraó endureceu seu coração. Em outros trechos do livro de Êxodo lemos que Deus endureceu 0 coração dele. Dei uma nota completa sobre isso (incluindo referências aos artigos que tratam dos problemas teológi- cos envolvidos, no Dicionário), em Êxo. 4.21. Alguma impressão fora feita sobre sua men- te (vs. 8), mas não 0 bastante para mudar 0 seu coração. Sua contínua obstinação aumen- tava sua culpa, cada vez mais. O pecador à vontade diante de seu pecado é um pecador obstinado. O trecho de Êxo. 7.14 mostra-nos que Yahweh tinha predito a resistência do Faraó.

A Terceira Praga: Os Piolhos (8.16-19)

8.16

Ver no Dicionário 0 artigo Pragas do Egito. Os críticos atribuem esta seção à fonte informativa P(S). Ver no Dicionário 0 artigo J.E.D.P.fS.) quanto à teoria das fontes múlti- pias do Pentateuco.

Entre os estudiosos não há consenso quanto ao inseto envolvido nesta praga. Assim, as traduções nos dão várias conjecturas: mosquitos, carrapatos, piolhos, pulgas etc. Um certo tipo de mosquito, transmissor da febre dengue, é um açoite terrível em países do Oriente Próximo e Médio, e vários emditos pensam que esse era 0 inseto envolvido nesta terceira praga. Assim como 0 lodo do rio Nilo havia produzido, espontaneamente, uma prodigiosa quantidade de rãs (Êxo. 8.3), assim também 0 pó da terra produzia 0 inseto que causava a terceira praga. Visto que 0 pó da terra tem um número praticamente infinito, ninguém pode calcular 0 número de insetos que 0 chão produziu.

O Faraó estava colhendo 0 que tinha sem eado. Ver no Dicionário 0 artigo Lei M o ra l da Colhe ita segundo a Sem eadura. A te rce ira praga sobreve io sem aviso prévio. Ver 0 gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14, quanto ao elemento mais importante de cada praga, bem como os deuses que elas atacavam . Set, 0 deus do deserto, talvez tenha sido a divindade humilhada nesta terceira praga.

Ver no Dicionário os artigos Piolho e Mosquito (Piolho, Carrapato), os quais expli- cam 0 grande poder de multiplicação de alguns insetos que podem ter estado envolvi- dos na terceira praga. Heródoto (Hist, ií.95) descreveu uma terrível praga de mosquitos que houve no Egito. “Desde os tempos antigos, mosquitos e mosquitos ferroadores têm sido pragas do Egito, especialmente no outono. O Nilo, ao com eçar a baixar suas águas, deixa poças de água estagnada, onde os insetos se multip licam” (Oxford Annotated Bible, in loc.).

8.17

Arão estendeu a mão com sua vara. Ver as notas sobre isso em Êxo. 4.2. As pragas de números um, dois, três, sete, oito e, talvez, nove, foram’ desfechadas com 0 uso da vara de Moisés. As partículas de poeira levantaram-se do solo sob a forma de minúsculas criaturas vivas. O milagre não foi uma multiplicação natural mas incomum de insetos. Cf. Êxo. 8.3, onde lemos que 0 lodo do rio produziu rãs em prodigiosa quantidade. “ Em um país poeirento como 0 Egito, essa multiplicação é um exagero que desafia toda compreensão" (J. Edgar Park, in loc).

Os egípcios eram um povo muito higiênico. Os seus sacerdotes ufanavam-se por usarem roupas limpas, de linho puro, e também em sua higiene pessoal. Eles tomavam banhos freqüentes e rapavam todos os pêlos do corpo. Mas agora estavam sendo atacados por insetos ferroadores, aos quais, sem dúvida, consideravam insetos imundos.

8.18

Porém não 0 puderam. O s m ágicos fracassaram pela prim eira vez. Antes, eles haviam falhado em parte. Haviam m ultip licado as rãs, mas não puderam removê-las (Êxo. 8.7). Mas no caso desta terceira praga de insetos, eles se mostraram absolutamente impotentes, de nada adiantando seus truques ou 0 poder satânico. Provavelmente, devemos entender que 0 próprio Yahweh impediu que esse poder satânico se manifestasse, e agora tomaram consciência disso (vs. 19). Algo de incomum estava sucedendo, e prontamente reconheceram 0 fato. “Se os mágicos agiam mediante agentes espirituais, neste caso descobrimos que a esses agentes foi estabelecido um limite além do qual não podiam ultrapassar; pois tudo no universo age sob a direção e 0 controle do Todo-poderoso” (Adam Clarke, in loc).

8.19

Isto é 0 dedo de Deus. Alguns estudiosos pensam que essa expressão deveria ser traduzida por “0 dedo de deus”, por suporem que os mágicos não tinham em mente especificamente a Yahweh. O termo hebraico envolvido é Elohim (ver a respeito no

Page 42: At Interpretado- Êxodo

337ÊXODO

A pe d re ja m e n to . E ssa era um a a n tig a fo rm a de exe cução cap ita l. V e r no D icionário 0 verbete com esse nom e. Era a form a de execução em certos casos de incesto (ver a in trodução ao cap ítu lo dezo ito de Levítico, onde apresento um gráfico).

8.27

Temos de ir caminho de três dias ao deserto. D esse modo a ex igênc ia dos líderes de Israel foi renovada. Antes, essa dem anda tinha sido repelida (Êxo.3.18 e 5.3 ss.). Ver notas com pletas a respeito, nesses versículos. Pode-se presu- m ir que a jo rnada de três d ias era apenas um ard il. Isso daria a Israel um bom com eço, de tal m odo que da li po deria m esca p a r com pletam ente . Pode-se pen- sar que sa iriam arm ados, o rgan iza dos quase com o um exército, form ado com o batalhões (ver Êxo. 6.26 e 7.4), ta lvez para evitar um ataque da parte do exército egípcio.

8.28

A s Q uatro Transigências P ropostas p e lo Faraó. Ver as no tas em Êxo. 8.25 e 10.11. A segunda delas é a que aparece neste versículo: “Vão, mas não se afastem muito do Egito na adoração de vocês” . Essa transigência tinha um óbvio sentido metafórico. A igreja permanece no Egito e adota as aspirações, as maneiras e até a música do mundo, ficando assim anulada a sua espiritualidade. Na quarta das transigências propostas, a idéia era que a Igreja não se radicalizasse demais, mas ficasse sempre nas proximidades do Egito (ver Êxo. 10.24).

O pe d id o fo i te n ta tiv a m e n te c o n fe r id o , m as com 0 re p a ro de qu e Is ra e l não se a fa s ta sse do E g ito , a lg o m e n o s do qu e os trê s d ia s de jo rn a d a so li- c ita d o s . N a tu ra lm e n te , 0 F a ra ó s u s p e ita v a de um a rd il, e q u e ria te r c e r te za de que p o d e ria a t ira r su a s tro p a s co n tra 0 po vo de Is ra e l em fuga , se seu s e s p iõ e s 0 in fo rm a s s e m qu e e le s e s ta va m p ro c u ra n d o e sca p a r. S o m e n te 0

d e s e s p e ro p o d e ria te r im p e lid o 0 F a ra ó , de c o ra ç ã o e m p e d e rn id o , a fa z e r ta l p ro p o s ta . O F a raó sem d ú v id a t in h a c o n h e c im e n to d a s an tig a s asso c ia - çõ e s de Is ra e l com a te r ra de C a n a ã , e daí s u s p e ita v a qu e 0 o b je tiv o rea l dos is ra e lita s e ra 0 re to rn o à g u e la te rra . O r ig in a lm e n te , e le tin h a su sp e ita - do das in te n çõ e s de M o isé s (E xo . 5 .8 ), e essa s s u sp e ita s não se ap agava m em sua m ente .

8.29

M oisés não confiava no Faraó, e 0 Faraó não confiava em Moisés; e ambos tinham razões para desconfiar um do outro. Essa exigência do Faraó, de os israelitas “não irem longe”, mostrava sua falta de confiança em Moisés. E Moisés referiu-se abertamente à duplicidade do Faraó. A té aquele ponto, 0 Faraó nada tinha feito que inspirasse confiança. M as apesar dos motivos óbvios de desconfi- ança, Yahweh oferecia ao Faraó outra oportunidade. No caso da praga das rãs, 0

Faraó não havia cum prido a sua prom essa (vs. 15). E, naturalmente, 0 rei repetiria agora sua atitude (vs. 32).

Amanhá. O livram ento ocorreria no prazo designado, 0 que tam bém já havia sucedido no caso da praga das rãs (vss. 9,10). Em am bos os casos, “am anhã" foi 0 tem po determ inado para 0 Egito livrar-se de duas das pragas.

O Faraó, em ce rtos m o m en tos pa rec ido com 0 re i-filóso fo im ag inado por P latão, m ostrava ser um m ode lo de exce lê nc ia e honestidade. Ele era reputa- do filho de um deus, um ser d iv ino . N ão obstan te , foi necessário que M o isés 0

repreendesse por causa de sua as túc ia e desonestidade . O Faraó estava apenas ag indo com o um po lít ico astu to , po is os po líticos não m udaram até hoje.

8.30

M oisés cu m p riu sua pa rte na ba rgan ha . C om o represen tan te de Yahweh, M o isés rogou ao po der d iv ino do A ltíss im o que cance lasse a terrível praga das m o scas. M o isés tin h a essa a u to r id a d e , não po r cau sa de quem ele era, mas por haver s ido investido por D eus de au to ridade e por ter recebido um a com is- são e um a m issão div ina. Cf. 0 caso de S im ão, 0 m ago (Atos 8.24).

8.31

A resposta de Deus foi, naturalm ente, positiva, e houve um notável milagre de remoção, tal com o antes houvera um notável milagre de multiplicação de moscas, por fiat divino. Elas vieram e se foram através da palavra divina, porque ali estava 0 poder de Deus.

“Quão poderosa é a oração!” (Adam Clarke, in loc.). Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Oração. Ao representante de Yahweh foi dado pleno poder, e ele pôde até mesmo d itar com o a resposta seria dada! É lindo quando obtemos imediatas e poderosas respostas às nossas orações. Seja feita a vontade de Deus. Senhor, proporciona-nos essa graça!

&22,23

A terra de Gósen. Aqui e em Êxo. 9.4,26 é dito especificamente que Israel foi poupado do efeito das pragas. É provável que outro tanto tenha ocorrido quanto a cada uma das dez pragas, embora somente neste ponto sejamos informados sobre como Israel foi poupado.

O Faraó da época de José tinha dado ao povo de Israel aquela região do Egito como lugar de habitação. Ver Gên. 45.10 e 46.28. Ver no Dicionário 0 artigo Gósen, quanto a amplos detalhes. Essa área foi poupada da praga das moscas, e isso serviu de sinal para 0 Faraó, de que algo divino estava envolvido na questão. Não havia explicação natural de por que aquela parte do país escapou dessa praga. A terra de Gósen, isentada da praga, mostraria que só Yahweh era 0 verdadeiro e único Deus. Cf. 0 sinal do tosão de Gideão (Juí. 6.36-40). “A terra de Gósen só pode ter sido algum trecho do delta oriental, um trecho de terreno em nada diferente do resto do Egito — baixo, plano, bem irrigado, fértil. A natureza não estabelecia nenhuma distinção entre ela e as demais regiões, onde residiam os egípcios. Portanto, a isenção da terra de Gósen das pragas por si mesma seria um milagre manifesto” (Ellicott, in loc).

Separarei a terra de Gósen. Deus faria descer uma rede invisível, que separaria Gósen do resto do Egito. As moscas não poderiam ultrapassar para além da rede. Essa circunstância seria um sinal da intervenção de Yahweh. A palavra aqui traduzida por ‘distinção” em outros lugares é traduzida por “redenção” . Em outras palavras, a provi- são divina seria uma espécie de redenção mundana de Israel, de uma praga, mas que indicava 0 favor divino que haveria de redim ir 0 povo de Israel de outras maneiras, rd u in d o 0 êxodo que em breve teria lugar. Ver também Êxo. 9.4,26; 10.23; 12.12,13.

8.24

O que foi apenas am eaçado no vs. 21, aqui torna-se um a realidade. Nem todas as pragas foram anunciadas de antem ão. V er 0 gráfico nas notas sobre 0

vs. 7.14 quanto a um sumário dos elem entos principais. As pragas de números três, seis e nove não foram anunciadas previamente.

“ Esse inseto, 0 kakeriaque (B iata orientatis), realmente enche a terra e moles- ta homens e animais; consome toda form a de material, devasta 0 interior e é muito mais perigoso que os mosquitos, visto que tam bém destruiu a propriedade dos egípcios" (Kalisch, in loc.).

Ver 0 Sal. 78.45 quanto a um com entário a respeito. A vara de poder (ver Êxo. 7.19; 8.5,6,16 etc.) não foi usada nesta praga. Foi um golpe divino direto.

M oscas e Deuses. Nos tem pos an tigos não havia inse tic idas nem conheci- mento capaz de reduzir as moscas, m esm o porque havia m enor atenção dada às medidas de higiene e as sociedades eram essencia lm ente agrícolas. Por isso, os insetos podiam multip licar-se à vontade. Assim , os deuses acabavam misturados com essa questão de moscas. Baalzebube era 0 deus das moscas; Hércules era 0

exterminador das moscas; Muagrus, dos eleanos, castigava as pessoas através de m oscas; Júp iter expelia as moscas; Uatchit, um a divindade egípcia, era associada às moscas.

8 .25,26

O F a ra ó P rop õe T ra n s ig ê n c ia s . V e r Ê xo. 10.11. E ssas p ro p o s ta s e ram q u a tro : 1. P ode m a d o ra r , m as p e rm a n e ç a m no E g ito (Ê xo . 8.25). 2. Vão, m a s n ã o se d is ta n c ie m d o E g ito (8.28). 3. V ão, m a s d e ix e m s e u s f i lh o s e sua s p o sse ssõ e s no E g ito . 4. V ão, d e ix e m seu ga d o no E g ito , m as po dem levar seus filhos (10.24).

Q ua ndo este ve rs ícu lo é po s to em co n fro n to com 0 vs. 26, parece que 0

Faraó da ria a lgum dia pe rm issão a Israel sa ir do Egito. P arece que ele ba ixa- ria 0 equ iva len te a um ed ito de to le rânc ia . P ode riam e fe tua r seus ritos re lig io- sos dentro das fro n te iras do Egito. Y ahw eh se r ia en tão re conhec ido com o um dos deuses ofic ia is do Egito, entre tan tos. N atu ra lm ente, isso não era ace itáve l para M oisés. Os papiros e le fan tinos m ostram que os eg ípc ios, posteriorm ente, reagiram com vio lência à adoração e fe tuada po r Israel (A. E. Cow ley, A ram a ic P apyri o f the F ifth C entury B. C.). Q uase tod os os sacr ifíc ios de an im ais, fe itos po r Is ra e l, lhes p a re c ia re p e le n te . A ss im , 0 p ro p o s to ed ito de to le râ n c ia do Fa raó fo i um grande pa sso aos seu s o lho s , em b o ra não fo sse su fic ie n te , na op in ião de Moisés.

Provavelmente, 0 Faraó teria permitido que Israel exercesse autonomia religiosa em Gósen, mas não fora daquele território. Somente ali Israel não ofenderia aos egípci- os; mas devemos supor que m esm o ali havia um a população mista, e tentativas de execução (por apedrejamento) poderiam ter lugar. Os egípcios consideravam que 0 boi era um animal sagrado para 0 deus Ré (Ápis), ao passo que a vaca representava a deusa egípcia, Hator. Portanto, sacrifícios desses animais seriam considerados blasfê- mias.

Diodoro Sículo (Bibliothec. 1.1 par. 75) deu notícias da violência de uma turba de egípcios ao verem uma mulher matar um gato, um animal que para eles era sagrado. “0 Egito tinha fortíssimos tabus contra as práticas relig iosas dos estrangeiros (Gên. 43.32)" (Oxford Annotated Bible, in loc).

Page 43: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO338

Além de ser econom icam ente desastrosa, a destruição de animais domésticos também era humilhante, religiosamente falando, por causa dos mitos egípcios sobre animais sagrados. Além de estarem sob ataque os deuses Hator e Ápis, também esta- va sob alvo Khnum, 0 deus-cameiro. Enquanto a ira de Deus espalhava a mortandade, os animais domesticados dos israelitas seriam poupados (Êxo. 9.4; cf. Êxo. 8.22,23 quanto a uma proteção semelhante).

Os camelos. Alguns estudiosos pensam que a menção a esse animal é um ana- cronismo, pois pensa-se que esse animal, na época de Moisés, ainda não era domesti- cado no Egito (século XIII A. C.). É verdade que os m onum entos egípcios daquele período não exibem esse animal, mas parece haver algumas referências literárias. Ademais, 0 cam elo era usado em outros lugares como besta de carga. Jacó, muito antes de Moisés, era possuidor de muitos camelos (Gên. 30.43). Há muitas menções ao camelo no capítulo vinte e quatro do Gênesis. Portanto, se 0 camelo não era então popularmente dom esticado no Egito, é razoável suporm os que haveria, ao menos, alguns deles naquele país.

9.4Proteção Dada a Israel. Enquanto no Egito os animais eram mortos em massa, na

terra de Gósen (dada a Israel para ali habitar) os animais eram protegidos por uma barreira protetora (redenção) de Yahweh, de tal maneira que nenhum animal era atin- gido pelas pragas. Temos aqui idéias e palavras que já tinham ocorrido em Êxo. 8.22,23, sobre a praga das moscas, onde as notas dali tam bém se aplicam aqui. Em Êxo.8.22,23, tem os a primeira menção à relação entre Israel e as pragas do Egito. Deve- mos supor que, em cada uma e em todas essas pragas,_0 povo de Israel foi protegido, embora isso não seja especificamente dito. Ver também Êxo. 9.26; 10.23; 12.12,13.

O vs. 7 mostra-nos que Faraó observou que 0 povo de Israel estava a salvo das pragas, mas nem mesmo um sinal tão óbvio fê-lo acordar.

9.5

O Senhor designou certo tempo. “A m a n h ã " a p ra g a te r ia in íc io . E isso a d ic io n a va fo rça à c irc u n s tâ n c ia . A p re c is ã o do com eço da p raga ag ir ia co m o s in a l de que Y a h w e h e ra a fo rç a p o r trá s das p ra g a s . Já v im o s esse fa to r em o p e ra çã o . V e r Êxo . 8 .1 0 ,2 9 (0 m o m e n to exa to em qu e a lg u m a pra- ga cessou).

9.6

Todo 0 rebanho. Não sobrou nenhum a cabeça de gado dos egípcios. Mas nos vss. 10,20,21 lem os que havia an im ais v ivos entre os egípcios. Os intérpretes debatem -se diante desse item secundário, e supõem uma destas três possibilida- des: 1. A palavra lo d o ” , neste versículo, é um a hipérbole. 2. A palavra “todo” é uma declaração exagerada e frouxa, que 0 autor sagrado logo adiante contradis- se. 3. A palavra “todo” significa todo 0 rebanho que estava nos campos. O gado guardado em estábulos etc. sobreviveu. O terceiro versículo, de fato, aponta para essa noção do gado “nos campos".

Seja com o for, a praga foi devastadora, atacando uma pedra fundamental das mais importantes da econom ia nacional, e produzindo grande consternação em uma sociedade essencia lm ente agrícola, mas que tam bém dependia muito de seu gado.

9.7

O fato de que os israelitas foram poupados tornou-se um fato conspícuo, que 0 Faraó não pôde ignorar. Isso deve ter-se tornado motivo da conversação entre todos os egípcios, motivo de alegria para Israel, mas da mais profunda consterna- ção para os egípcios. Porém, apesar dos vários sinais, 0 Faraó não se deixou abalar em sua obstinação.

Os Três Sinais. 1. Foi determ inado um tem po específico para início da praga. Nenhum a coincidência estaria envolvida. 2. O gado dos israelitas seria poupado.3. A praga foi generalizada, muito p ior do que qualquer outra que podia ser relembrada. Com o era óbvio, tratava-se de um ju ízo divino. O Faraó viu os sinais, mas conseguiu ignorá-los.

O coração de Faraó se endureceu. Ou por ele mesmo, ou por atuação de Yahweh, ou por am bos. Ver notas com pletas sobre essa questão, incluindo refe- rência aos artigos que abordam os problem as teológicos envolvidos, nas notas sobre Êxo. 4.21. Os textos diferem , algum as vezes dizendo que 0 Faraó endure- cia seu próprio coração, e a lgumas vezes d izendo que Yahweh 0 endurecera. Ver Rom. 9.17, onde Paulo reporta-se ao problem a referente ao endurecimento do coração de Faraó.

Sexta Praga; Úlceras nos Homens e nos Animais (9.8-12)

Ver no Dicionário 0 artigo intitu lado Pragas do Egito. Ver as notas em Êxo.7.14 quanto a um gráfico que alista os principais e reiterados elementos das p ra g a s .

8.32

Ainda esta vez endureceu Faraó 0 coração. Algum as vezes lemos que ele m esm o endureceu seu coração, com o aqui; m as de outras vezes, lemos que Deus endureceu 0 coração do Faraó. Assim, a vontade divina e a vontade humana coope- ram uma com a outra. Deus usa 0 livre-arbítrio humano, sem destrui-lo, embora não saibamos explicar como. Ver Êxo. 4.21 quanto a notas completas sobre essa questão e sobre os problemas suscitados acerca da teologia que circunda 0 determinismo versus 0 livre-arbítrio.

Paradoxalm ente, 0 endurecim ento do coração do Faraó, por parte de Deus, era 0 exe rc íc io do liv re -a rb ítrio do Faraó. Todav ia , não sabem os exp lica r com o isso sucede.

Uma vez mais, 0 Faraó quebrou sua promessa. Ver 0 vs. 15. Prevaleceu de novo a estupidez. Seu embotamento espiritual era refletido em sua falha moral, mediante “0

orgulho e a ambição” (John Gill, in loc.).

Capítulo Nove

A Quinta Praga: Peste nos Animais (9.1-7)

Ver no Dicionário 0 artigo Pragas do Egito. Ver 0 gráfico em Êxo. 7.14 que apresenta os principais elementos de cada praga. Esta quinta praga também foi anun- ciada de antemão, tal como foram as de números um, dois, quatro, cinco, sete, oito e dez. Mas não foi usada a vara de poder, conform e se v iu nas pragas de números quatro, cinco e seis. Vários deuses egípcios foram atacados e humilhados por esta praga. H ato r era a deusa com cabeça de vaca; Á pis era 0 deus-touro, símbolo de fertilidade.

Os críticos atribuem esta seção à fon te J. Ver no Dicionário 0 artigo cham ado J.E.D .P.(S.) quanto à teoria das fontes múltip las do Pentateuco.

Novamente, “am anhã” foi 0 prazo m arcado para início da quinta praga. Mas aqui (em contraste com as pragas das rãs e das moscas), 0 prazo dizia respeito ao com eço da praga, e não a quando um a praga seria descontinuada (Êxo. 8.10,29).

O Faraó estava colhendo 0 que tinha sem eado. Ver no Dicionário 0 artigo Lei M oral da Colheita segundo a Semeadura.

9.1

Apresenta-te a Faraó. Te ria in ic io ou tro es tág io da m issão d iv ina de M oisés. Este vers ícu lo é v irtu a lm en te igua l aos ou tros que in troduzem avisos sobre a v inda de pragas. V e r Êxo. 7.2 e 8 .1 . Q uanto às pa la vras “ Deixa ir 0

meu povo” , ve r Êxo. 5.1; 7.16; 8 .1 ,20 e 10.3. V e r tam bém Êxo. 4.16 qu anto a ou tro vers ícu lo s im ilar. M o isés era 0 po rta -voz de D eus. U m a das carac te rís ti- cas lite rá rias do au to r do P en ta teuco é a repe tição . D eus tinh a um filho p rim ogên ito no exílio , 0 povo de Israel, e che gara 0 tem po de ser liberado desse ex ilio . Ver Êxo. 4 .22,23.

O Deus dos hebreus. Ver acerca dessa expressão nas notas sobre Êxo. 3.18; 5.3; 7.16; 9.13 e 10.3. O nome divino aqui usado é Elohim, que tem um artigo no Dicionário. Mas Yahweh (ver tam bém no Dicionário) era 0 nome distinti- vo de Deus que estava sendo introduzido no Egito. Ver sobre isso em Êxo. 5.2,3, onde, com o aqui, Yahweh é cham ado “0 Deus dos hebreus” .

Para que me sirva. Uma nova adoração; um a nova fé religiosa; um passo a mais na direção da fé de Israel, mais tarde consolidada na lei. O m onoteísm o é a idéia suprem a dessa fé; e 0 Messias era 0 passo g igantesco da revelação divina que estava sendo antecipado.

9 .2,3

M orte entre os Animais. Foi prenunciada um a grande mortandade entre os animais. Ver 0 gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14, que dá os e lem entos principais das pragas, muitos dos quais se repetiram. O aviso prévio foi feito no caso das pragas de números um, dois, quatro, cinco, sete, oito e dez. D ivindades egípcias foram atacadas em cada praga, para provar que som ente Yahweh é Deus. Ver no gráfico. Na praga da m ortandade entre os anim ais, estiveram sob ataque a deusa de cabeça de vaca, Hator, e 0 deus-touro, Ápis, sím bolo da fertilidade. Outros anim ais sagrados tam bém haveriam de perecer. Ver Êxo. 8.25,26 quanto a deta- lhes gue dizem respeito a esta questão.

É impossível determinar que tipo de enferm idade ou enfermidades esteve en- volvido. A sugestão mais com um dos eruditos é 0 antraz. Trata-se de uma doença altamente infecciosa e causa febre alta. É causada pelo Bacillus anthracis e provoca muitas pústulas. A doença ataca tanto os animais quanto 0 homem. Essa doença, além de outras, poderia ter resultado das condições resultantes de pragas anterio- res. O antraz é uma enfermidade propagada pelas moscas e pelos mosquitos.

Page 44: At Interpretado- Êxodo

339ÊXODO

ten ta r im ita r os m ilag res, m as e les m e sm os se to rnaram v ítim a s da p raga das úlceras. Yahweh, pois, havia ganho a ba ta lha con tra os poderes sin istros. E em breve haveria um a com ple ta v itó ria sobre os opositores que já jaz iam caídos no pó.

“M esm o que os mágicos não tenham sido destruídos por esse horrendo juízo divino, pelo menos abandonaram a liça, e não mais contenderam contra os mensagei- ros de Deus” (Adam Clarke, in loc).

Ver Deu. 28.27 quanto a pragas como essa das úlceras do Egito.

9.12

O Senhor endureceu 0 coração de Faraó. Aqui, “Senhor” é Yahweh. A lgu- mas vezes, 0 texto diz que 0 Faraó endurecia 0 seu próprio coração; de outras vezes, lemos que Yahweh é quem endurecia 0 coração do Faraó. Os fatores divino e humano interagem. Deus usa 0 livre-arbítrio humano sem destruí-lo, embora não sai- bamos dizer como isso acontece. Comento sobre essa questão de forma pormenoriza- da (aludindo a artigos que abordam os problemas teológicos envolvidos), nas notas sobre Êxo. 4.21. As notas dadas ali oferecem as várias referências sobre essa questão do endurecimento do coração do Faraó.

Sétima Praga: Chuva de Pedras (9.13-35)

Ver no Dicionário 0 artigo Pragas do Egito.

Os Céus Estavam Irados. Agora as pragas mexiam com os próprios céus. Os críticos atribuem esta seção à fonte J, excetuando sua conclusão (vs. 35), que eles atribuem à fonte P(S). Ver no Dicionário 0 verbete J.E.D.P.(S.), quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco. Tal como em outras pragas, e, talvez, como em todas elas (embora isso não seja dito), lemos que 0 povo de Israel, na terra de Gósen, nada sofreu com a praga da saraiva.

Vários deuses e deusas do Egito estavam sendo atacados pelas pragas. Yahweh continuava a hum ilhar ao panteão egípcio. Nut, a deusa do céu, não foi capaz de fazer parar a saraiva. Osíris, 0 deus da fertilidade e das plantações, não pôde defen- der 0 Egito. Set, 0 , deus das tempestades, não parou a saraiva. 0 nome e 0 poder de Yahweh tinham-se tornado universais. Ver Êxo. 7.15.

0 Faraó estava colhendo 0 que havia sem eado. Ver no Dicionário 0 artigo Lei M oral da Colheita segundo a Semeadura.

Esta sétima praga deu início ao terceiro c iclo dos prodígios. Ver as notas sobre Êxo. 7.14 quanto a um gráfico ilustrativo desses ciclos, além de outros itens com uns a essas pragas. As pragas de números sete, oito e nove (0 terceiro ciclo) foram as mais severas até então. Mas depois viria a décim a praga, 0 golpe de morte, a morte dos filhos prim ogênitos do Egito.

Os quatro e lem entos proem inentes desta longa seção são os seguintes: 1. Instruções dadas a Moisés (Êxo. 9.13-19). 2. 0 poder destruidor da sétima praga (vss. 20-26). 3. O discurso de M oisés diante do Faraó (vss. 27-32). 4. Apesar de tudo, 0 Faraó prosseguiu em sua te im osia e estupidez (vs. 33-35).

9.13

Levanta-te pela manhã cedo. Tal com o se viu em Êxo. 7.15 e 8.20. Esse projeto requeria um com eço desde bem cedo. O sol levantar-se-ia e traria um novo dia, mas, para 0 Egito, um dia doloroso.

Apresenta-te_a Faraó. C om o em Êxo. 8.20. Agora, Moisés era como um deus para Faraó (Êxo. 7.1).

O Deus dos hebreus. Com o em Êxo. 3.18; 5.3; 9.1 e 10.3. Ver as notas em Êxo, 9.1. Elohim-Yahweh, 0 Deus que 0 Faraó não conhecia (Êxo. 5.2), era agora bem conhecido e havia reduzido a pó 0 panteão dos egípcios (ver a introdução à presente seção). Ver os artigos sobre am bos os nomes divinos no Dicionário, bem com o 0 artigo Deus, N om es B íblicos de.

Deixa ir 0 meu povo. C om o em Êxo. 5.1; 7.14,16; 8.1,8,20; 9.1; 10.3. Em Êxo. 4.23, lemos “deixa ir meu filho” , porquanto Israel era 0 povo primogênito de Deus, em bora estivesse no exílio, no Egito. Essa condição seria revertida, e as provisões do Pacto Abraâm ico seriam cum pridas. Israel deveria ter um território pátrio. Ver sobre 0 Pacto Abraâm ico nas notas sobre Gên. 15.18, que incluem essa questão do território pátrio.

Para que me sirva. Ver as notas a respeito em Êxo. 9.1.

9.14

Sobre 0 teu coração. Provavelmente, essas palavras indicam apenas que as pragas seriam extrem am ente convincentes, antes que os primogênitos do Egi- to fossem executados. O coração do Faraó é que estava esclerosado. Assim, todas aquelas pragas tinham por finalidade abrandá-lo.

Cada p ra g a a ta c a v a e h u m ilh a v a u m a ou m a is d a s d iv in d a d e s e g íp c ia s . Neste caso, foram: Sekhmet, a deusa que supostamente tinha poder sobre as enfermi- dades e se tornou impotente aos olhos dos egípcios; Sunu, 0 deus da pestilência, que foi visto, no mínimo, menos poderoso do que Yahweh; e Isis, a deusa da cura, que aparecia destituída de qualquer poder.

Os críticos atribuem este material à fonte informativa P(Sj. Alguns deles supõem que essa praga foi apenas a versão de P(S) da quinta praga. Quanto a Êxo. 9.1, a fonte informativa seria J. Ver 0 artigo J.E.D.P.(S.) no Dicionário, quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco.

No Egito, as doenças de pele eram com uns nos homens e nos animais. Mas a magnitude dessas pragas dist!nguiram-nas de todas as pragas com uns. Essa pra- ga não foi anunciada, conform e se vê nos casos das pragas terceira e nona. Pelo menos por algum tempo, a vida hum ana foi diretam ente ameaçada.

9.8

Mãos cheias de cinza de forno. As cinzas, lançadas ao vento, haveriam de espalhar-se por toda parte, 0 que serviu de sinal da natureza generalizada da praga. Cf. com o as rãs, em quantidades prodigiosas, levantaram-se da lama do rio Nilo, por geração espontânea (Êxo. 8.3), e tam bém com o os piolhos surgiram por geração espontânea do pó do solo (Êxo. 8.16,17).

Os fornos crus, para derreter metal ou para cozinhar (como aqueles para cozer 0

pão), usavam madeira como combustível. E produziam muita cinza. Ver as notas sobre U Sam. 12.31 e, no Dicionário, 0 verbete Fornos de Tijolos.

As cinzas, neste caso, agiram com o a vara, em outros casos. Ver 0 gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14, quanto ao uso ou não da vara de poder, por Moisés ou Arão. Os egípcios, naturalm ente tem erosos das pragas, incluíam em seu panteão a deusa S/cehmet, com cabeça de leão; Sunu, 0 deus das pragas; e ísis, a deusa da cura. De- vem ter apelado para todas essas e outras divindades. O sistema teológico inteiro do Egito foi humilhado pelas diversas pragas, porquanto Yahweh estava sendo exaltado para tomar-se universalmente conhecido (ver as notas sobre Êxo. 7.5).

Diante de Faraó. T a lv e z na p re s e n ç a lite ra l do F a ra ó , e n q u a n to es te ob se rva va ; ou, en tão , na sua p re s e n ç a , m e ta fo r ic a m e n te , p o rq u a n to sab e- ria do a to por m e io de seu s re su lta d o s . M as 0 d é c im o v e rs íc u lo in d ica es ta r em fo co a p re s e n ç a li te ra l do re i. S em im p o rta r , p o ré m , e x a ta m e n te com o tenha s id o , 0 m o n a rca do E g ito e ra te s te m u n h a o c u la r de v á r io s d a q u e le s p rod íg io s .

9.9

Por toda a terra do Egito. As ú lc e ra s h a v e r ia m de g e n e ra liz a r-s e po r to d o 0 E g ito . A s ú lc e ra s e ra m a lg u m a fo rm a de d o e n ç a da p e le qu e os e s tu d io s o s te n ta m e s p e c if ic a r . O s a n im a is q u e p o rv e n tu ra t iv e s s e m esca - pado d a q u in ta p ra g a a g o ra e ra m v i t im a d o s p o r um a n o v a d e s g ra ç a . O s h o m e n s e s ta va m se n d o a g o ra , p e la p r im e ira ve z , a ta c a d o s , se n d o sua s v i- das a m e a ça d a s p o r um a d o e n ça re p e le n te . A s e v e r id a d e da s p ra g a s ir-se - ia a g ra v a n d o cad a vez m a is, a té q u e to d o s os fi lh o s p r im o g ê n ito s do E gito fossem executados.

Uma única úlcera, em uma pessoa, já é motivo de consternação; mas quando um homem é coberto de úlceras, a sua miséria torna-se tão grande que a morte é preferi- vel. Cf. Deu. 28.27.

O Faraó estava colhendo 0 que tinha sem eado. Ver no Dicionário 0 artigo Lei M oral da Colheita segundo a Semeadura.

9.10

... se apresentaram a Faraó. Provavelm ente indicando que ele tinha sido testemunha ocular do prodíg io anterior. A natureza específica da ocorrência não permitiria a suposição que tivera lugar alguma coincidência calam itosa. O Faraó foi avisado de antem ão de form a enfática e dramática. O vento espalhou as cinzas, e imediatam ente as úlceras passaram a aflig ir hom ens e animais (aqueles que tinham escapado da quinta praga).

A praga aqui descrita era extraordinária. As úlceras não eram comuns. Orosius exagerou (se possível) 0 terror da situação, ao asseverar que “todas as pessoas viram-se afligidas por pústulas, e que essas pústulas rebentavam com dores atormentadoras, delas saindo verm es” . Cf. Apo. 16.2 quanto a um a praga sim ilar do futuro.

9.11

Os magos, Essa classe de charlatães egípcios ficava cada vez mais desa- creditada. A dim inuição de seus poderes fez parte da progressão das pragas. Os mágicos tinham reproduzido a transform ação de água em sangue (Exo. 7.22); tinham reproduzido a praga_das rãs (Êxo. 8.7). Mas não tinham conseguido repro- duzir a praga dos piolhos (Êxo. 8.18). Naquela altura, eles reconheceram 0 “dedo de Deus” nas pragas (Êxo. 8.19). E agora, em Êxo. 9.11, não som ente pararam de

Page 45: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO340

Quão leviana e tolamente essas pequenas teologias distorcem as Escrituras, fazendo- as ensinar menos do que ensinam, ou fazendo-as ensinar 0 que não ensinam. Todas as teologias sistemáticas tornam-se culpadas disso, em maior ou menor grau.

Este versículo frisa 0 ensino bíblico da soberania de Deus (ver a esse respeito no Dicionário) Outros trechos enfatizam 0 Seu am or universal. Não há nisso nenhuma contradição. A soberania de Deus está por trás de Seu amor, embora ao longo do caminho Ele possa semear a destruição, com vistas à restauração finai. O vs. 19 apre- senta-nos 0 am or de Deus. O ím pio Faraó foi advertido a abrigar sua gente e seus animais.

Reprovação. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia os artigos intitulados Reprovação e Reprovado.

As pragas, até este ponto, aparentemente se tinham mostrado ineficazes. O Faraó em nada havia mudado. Mas a verdadeira razão da aparente ineficácia das pragas era que a soberania de Deus primeiro precisava ser demonstrada. Em toda essa questão não havia nenhum laivo de fraqueza por parte de Deus, embora houvesse muita paci- ência divina.

9.17

O Faraó continuava insistindo em exaltar-se. Ele tinha suas divindades, mas era 0 objeto real de sua adoração. O Deus estrangeiro, Yahweh, tinha -0 deixado im pressionado, mas todas as lições ob je tivas haviam sido ignoradas. As coisas te r iam de fica r m u ito p iores, an tes que 0 Fa raó pudesse ser sacud ido de sua m odorra espiritual.

“Uma vez firmadas, as tiranias e as opressões têm uma espécie de vida natural que precisa seguir seu curso. Em meio a esse p ro c e s s o .. . Deus manifesta 0 Seu poder" (J. Edgar Park, in loc).

Quanto à questão de deixar ir 0 povo de Deus, ver as notas sobre Êxo. 9.13, onde apresento uma lista de referências sobre a questão.

9.18

Amanhã por este tempo. Tal com o em Êxo. 9.5, foi marcado 0 tem po exato, quanto ao com eço e ao fim da praga. A finalidade disso era elim inar qualquer idéia de coincidência. O tem po da praga era conhecido. Essa praga foi predita, e 0 Faraó e sua gente foram advertidos com clareza. As pragas de números um, dois, quatro, cinco, sete, oito e dez foram avisadas de antemão. Ver as notas sobre Êxo. 7.14 quanto a um gráfico que ilustra os diversos elementos comuns das pragas.

A Tempestade Sobrenatural. As pessoas que têm conhecimento adiantam- nos que chuvas pesadas, tem pestuosas, no baixo Egito não são incomuns, ainda que sejam com parativam ente raras. Os tufões são ali bastante raros; e, quando caem, não são muito violentos. Pode haver chuvas de novembro a março, mas sem pre sem produzir nenhum prejuízo. Essa tem pestade de Deus, entretanto, sem dúvida foi um evento sobrenatural, e foi reconhecido como tal pelo Faraó (ver os vss. 20 e 27).

. .um a tem pes ta de fu r io s íss im a e sem precede n te h is tó rico (Êxo. 9.18; cf. 0 vs. 24)" (John D. H ann ah , in lo c ) . V e r no D ic io n á r io 0 ve rbe te Sara iva. A s a ra iv a é um a da s a rm a s n a tu ra is de D eus. É c o m u m na P a le s tin a (ve r Sal. 18.12,13; 78 .48; 105.32). V á rios au to re s sag rado s m enc ionam a sara iva com o um dos ju ízo s de D eus (Isa. 28 .2 ,17 ; Eze. 38.22; Hab. 2.17; Apo. 8.7,11;11.19; 16.21).

9.19

Certa Medida de M isericórdia. O Faraó e os egípcios deveriam “procurar abrigo” , conform e Deus os convidou a fazer. Deus não estava interessado em matanças inúteis. O propósito do Senhor era abrandar 0 Faraó e fazer Israel sair do Egito. E tam bém mostrar Sua soberania e tornar conhecido 0 Seu nome. Isso poderia ser feito sem uma matança generalizada.

Uma grande parte do Egito ficava inundada, a cada ano, pelo rio Nilo, e essa condição perdurava por vários meses. Durante esse tempo, era mister proteger os animais, em lugares seguros. Assim sendo, os egípcios já dispunham de tais abri- gos para 0 gado (0 que sobrava dele), re tirando-o do cam po até que passasse a tempestade.

9 .20,21

Quem dos oficiais de Faraó temia a palavra. Isso fala de iluminação. Por serem tão incom uns as pragas, elas não podiam ser atribuídas ao mero acaso. Alguns egípcios já haviam tido suas mentes iluminadas, e estavam prontos e dispostos a dar ouvidos a Yahweh, agindo de acordo com os avisos divinos. Mas outros egípcios eram com o 0 Faraó, impressionados, mas não convencidos. Es- ses não tom aram nenhum a providência para proteger a si mesmos e aos seus animais, apesar da evidência de que era m ister dar ouvidos às advertências de

“ . . .(0 coração do Faraó) agora seria am olecido pela repetição de golpe após golpe, até que, finalmente, haveria de ceder, humilhando-se debaixo da poderosa mão de Deus, e ele consentiria com a partida de todo 0 povo de Israel, com seus rebanhos, seus bens e todos os seus pequeninos” (Ellicott, in loc).

O Conhecimento Universal de Deus. Este versículo deve ser comparado com Isa.11.9, que diz; “ . . .porque a terra se encherá do conhecim ento do Senhor, como as águas cobrem 0 mar” .

V er Êxo. 7 .5 qu anto a um a m e nção esp e c ífica às p ragas, com o um m eio de p ro d u z ir esse re su ltado (0 c o n h e c im e n to de Deus) en tre os eg ípc ios . Co- n h e c e r a D eus é um c o n h e c im e n to re m id o r , se fo r re c e b id o com o ta l. Em caso con trário , ta l conhec im e n to p roduz ju ízo e re trocesso . Cf. Rom. 9.17.

9.15

Os Versículos Reveladores. Os versícu los qu inze e dezesse is deste cap itu- Io devem ser com para dos com 0 liv ro de Jó. Ali a m ise ricó rd ia de D eus envoi- v ia 0 b e m -es ta r do gado (Jon. 4.11, ve rs ícu lo fina l do livro), pa ra nada dizer- mos sobre pessoas. Assim , 0 S enhor enviou 0 Seu pro fe ta , a fim de poupá-los. A qu i, no liv ro de Ê xodo , 0 p ro fe ta do S e n h o r fo i e n v ia d o pa ra p ro fe r ir um a m a ld içã o que a fl ig ir ia a te r ra e re d u z ir ia 0 E g ito a ru ín a s . V e r os a r tig o s con trastantes, no D ic ionário , in titu la dos Ira de D eus e Am or. Os hom ens gos- tam de ver nisso um a con trad içã o . Mas, a fina l, tod os os ju lg a m e n to s de Deus têm na tu re za , sen do de dos da a m o ro sa m ã o d iv in a . Os ju ízo s de D eus, por m a is se ve ro s que se jam , têm po r f in a lid a d e re a liz a r 0 bem , a tu a n d o com o m issões de m isericórd ia . Portanto, que ven ham os ju lga m en tos de Deus! Ver 0

artigo Ju lga m en to de D eus do s H om e ns P e rd idos, na E nc ic lo p é d ia de B íblia, Teologia e Filosofia.

Além disso, precisamos lembrar que homens duros merecem um julgamento se- vero. Os juízos de Deus são duros 0 bastante para que possam cumprir seus propósi- tos. O Faraó era 0 próprio modelo de um tirano duro e obstinado. Em conseqüência, 0

julgamento a que foi submetido concordava com a natureza dele.“Assim sendo, Deus fez aquele ímpio monarca saber que por causa de Sua provi-

dência especial foi que ele e seu povo já não tinham sido destruídos pelas pragas anteriores. Mas Deus 0 havia preservado com 0 propósito precípuo de que Yahweh tivesse outras oportunidades de manifestar-se como 0 único verdadeiro Deus” (Adam Clarke, in loc).

9.16

Este versículo tem -se tornado um cam po de ba ta lha que ruge entre 0

determ inismo divino e 0 livre-arbítrio humano. Paulo ajuntou-se à batalha, citando- 0 em Rom. 9.17. No Novo Testamento Interpretado ofereço, nessa referência, um detalhado com entário sobre essa questão. M esm o que 0 texto do livro de Êxodo não esteja falando sobre a salvação da alma, seu uso no capítulo nono de Roma- nos sugere que essa noção está ali em butida. No Pentateuco não existe doutrina expressa da imortalidade da alma, em bora alguns poucos versículos possam ser entendidos como trechos que ensinam essa doutrina. O Pacto Abraâm ico (ver as notas em Gên. 15.18) não promete vida além -túm ulo. Ficou aos cuidados do Novo Testam ento ad ic ionar esse aspecto ao Pacto Abraâm ico. Portanto, não havia com o 0 au tor do livro de Êxodo estar contem plando 0 ju lgam ento além-túmulo. Entretanto, visto que a questão se vê envolvida nesse assunto, no Novo Testa- mento, precisam os com entar sobre 0 m ilenar con flito entre 0 de term in ism o (predestinação, eleição) e 0 livre-arbítrio.

Para com eçar, é m iste r a firm ar que esse prob lem a é essencia lm ente inso- lúvel. Se ace itarm os apenas um dos pólos, ta lvez ensinem os 0 liv re-arb itrio humano, esquecendo-nos da soberan ia de Deus, ou v ice-versa. Seguir um des- ses do is pólos e o lv idar 0 outro é de fender um a teo log ia infantil. Todas as grandes doutrinas envo lvem -nos em paradoxos. N esses casos, cum pre-nos se- gu ir 0 princíp io da po laridade. Devem os exam inar am bos os lados dessas dou- trinas, com o tam bém ensinar am bos e não nos p reocupar com reconciliações im possíveis, até que nosso conhec im ento esp iritual avance para m uito além do que possuím os hoje. As c rianças teo lóg icas tornam -se fanáticas, de fendendo um ou outro lado de certas questões com plexas, mas negligenciando 0 lado oposto. Muitas ba ta lhas teo lóg icas insensatas têm ocorrido em torno desse paradoxo do de term in ism o div ino versus livre-arb ítrio hum ano. A ira casa-se ao ódio, e esse par prejudic ial é ex ib ido em corte jo, d iante das igre jas ou sob a form a de livros. Hom ens de a r maduro, porém , revelam com o a m aturidade tem - nos arrancado de pontos de v ista radicais, que negligenciam essas verdades polares. Os hom ens lim itam sua própria m ente e 0 seu Deus, m ediante suas estre itas teo logias. E a teo log ia un ila teria l sem pre será usada para prom over 0

ódio e as divisões.Ver no Didonáib os seguintes artigos: Determinismo (Predestinação); Predestinação (Li-

vw-Arbítrio); Livre-AÉiítrio; Eleição. Ver especialmente 0 artigo Polaridade, Princípio da. E ver 0

verbete Paradoxo na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Os teólogos sistemáticos abominam os paradoxos. Eles se julgam capazes de ajustar tudo dentro de seus pequenos siste- mas. E 0 que não conseguem ajustar, rejeitam; e assim lançam em opróbrio a Palavra de Deus.

Page 46: At Interpretado- Êxodo

341ÊXODO

a opressão são injustiças cometidas contra outras pessoas. O trabalho e a dor impostos a outras pessoas, por meios violentos, são outros erros. De fato, 0 Faraó e seu povo tinham pecado, e agora estavam pagando por esse motivo. A palavra pecado tem saido de moda, mas isso não significa que não representa uma condição autêntica dos seres humanos. Jesus veio para salvar pecadores, não somente pessoas que têm seus problemas. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Pecado. Cf. Êxo. 10 .16.0 Faraó arre- pendeu-se apenas temporariamente, conforme fazem tantas pessoas. Tempos difíceis e perigos produzem um a espécie superficial de arrependimento, mas que logo rever- tem à impiedade quando as condições melhoram.

Yahw eh não som ente fo i re conhe c ido neste ponto, mas tam bém foi reco- nh ec ida a Sua san tidade . D eus é ju s to ; e ju lg a de m ane ira jus ta ; e ju lg a com justiça os ím p ios. Todos esses fa to res foram reconhecidos pelo Faraó. Sua re- cém -despertada sensib ilidade levou-o a fazer um a promessa generosa, mas, visto que seu coração não fora transfo rm ado, e le vo ltou atrás em sua decisão, term i- nada a tem pestade.

A tempestade prosseguiu, sem dar sinal de que chegaria ao fim. Em meio a tudo isso, 0 Faraó convocou Moisés para que este usasse seus poderes e fizesse a praga cessar. Em troca, 0 Faraó fez outra promessa falsa.

“ . . .0 terror da morte tinha tom ado conta do Faraó; 0 ruído ribombante da tem- pestade zunia em seus ouvidos; os re lâm pagos coriscavam diante de seu rosto; a saraivada batia sobre 0 seu pa lácio e contra as jane las e as paredes. Ele estava extremamente assustado, e isso forçou da parte dele a confissão que tem os aqui” (John Gill, in loc.).

9.28

Eu vos deixarei ir. O grito de guerra tinha sido: “Deixa meu povo ir” . Ver as notas em Êxo. 9.1 quanto a uma lista de trechos onde ocorre essa expressão. Ver também Êxo. 4.22,23 quanto a notas sobre 0 filho exilado de Yahweh, que precisava ser solto da servidão. Faraó, finalmente, admitiu essa possibilidade, e não estabeleceu nenhuma condição, exceto que terminasse 0 destrutivo temporal.

Os filhos de Israel haviam sido denunciados como ociosos e preguiçosos (Êxo, 5.8,17), 0 que, no Egito, era considerado um grande pecado. Agora a culpa pelas perturbações sociais foi posta onde ela cabia: sobre os opressores, e não sobre os oprimidos.

9.29

A vara de poder, que p ro voca ra a praga , m o s tra r-se -ia eficaz em sua re· m oção. V e r as no tas em Êxo. 4 .2 q u an to a essa vara . A terra é do Senhor, e E le pode fa z e r 0 qu e bem Lhe a p ro u v e r, ta n to a fl ig ir com p ragas q u a n to re m ovê-las . V e r no D ic io n á r io 0 a r tig o in titu la d o S obe ran ia de Deus. O co ra - ção do Fa raó fo ra e s p e c if ic a m e n te e n d u re c id o a fim de qu e fosse e x ib id a a sob e ran ia de D eus, e a fim de qu e Seu nom e se to rnasse conhec ido en tre os povos. Ver as notas sobre Êxo. 7.5. O fato do nom e de Deus tornar-se conheci- do in d ica q u e a p ro m o ç ã o do c u lto a Y a h w e h p ro p a g a r-s e - ia e to m a r-s e - ia e fica z , e que os p o vo s se r ia m e s p ir itu a lm e n te a p rim orado s . C o n h e ce r 0 Se- nhor é ser benefic iado.

Em saindo eu da cidade. Os Targuns revelam que essa cidade era Zoã, tam- bém chamada Tânis. Ver 0 Sal. 78.12, que menciona Zoã especificamente. Ver sobre essa cidade no Dicionário. A cidade era extremamente idólatra, e Moisés saiu dela para livrar-se de quaisquer más influências. Além disso, ele precisava estar a sós com Yahweh, para realizar outro prodígio.

9.30

Ainda não temeis. A confissão de pecado, por parte do Faraó, não procede- ra de um coração contrito, mas apenas de um cérebro aterrorizado. Assim, Moisés sabia que a resolução do Faraó e sua prom essa de deixar os filhos de Israel sair do Egito eram superficiais e tem porárias. Yahweh era tem ido por causa do que Ele era capaz de fazer. Mas não era tem ido em fé e adoração religiosa. Não havia lealdade a Ele, do fundo do coração.

O remorso do Faraó era egoísta, e não fruto de humilhação pessoal. Ele buscava alguma vantagem para si mesmo, e não obter uma justa solução para 0

problema. Ele haveria de reter 0 trabalho-escravo tão barato, até que fossem executados os filhos prim ogênitos do Egito. Ver Êxo. 11.4 ss.

9 .31,32

Estes versículos revelam-nos como foi que alguns produtos agrícolas escapa- ram. Alguma coisa tinha sobrado para ser comida pelos gafanhotos (Êxo. 10.15) e para 0 consumo humano; mas quantas pessoas morreram, e quantas sobreviveram, isso não nos é revelado. Calam idades nacionais como as das pragas do Egito, naturalmente reduzem consideravelmente a população, para nada dizermos sobre os pobres animais, que se mostram indefesos diante de tais desastres. Algumas plantas, por ainda serem novas, e por serem flexíveis, não foram partidas. Mas

Moisés. Assim também, nos tempos do evangelho, “houve alguns que ficaram persua- didos pelo que ele dizia; outros, porém, continuaram incrédulos” (Atos 28.24). O texto de Êxodo não fala sobre prosélitos ao culto de Yahweh, mas apenas do bom senso de ouvir uma voz que avisara com toda a razão no passado.

9.22

Estende a mão para 0 céu. Isso significa que ele brandiu de novo a vara de poder (vs. 23). Esse gesto acom panhou as praga_s de números um, dois, três, sete, oito e talvez nove. Ver 0 gráfico nas notas sobre Êxo, 7.14 quanto aos elementos principais das pragas, vários dos quais se repetiram. Ver as notas sobre a vara de poder em Êxo. 4.2. Tempestades violentas sempre destroem as plantações. As tempestades, como aquela aqui descrita, devastavam todas as coisas vivas, os seres humanos, os animais e a vida vegetal. No vs. 25 deste capítulo temos mais descrições a respeito.

9.23

A vara de poder entrou em ação, como nos casos de outras pragas, alistadas no vs. 22. A vara era um em blem a do poder divino, e não algo que tinha poder em si mesmo, da mesma forma que uma coroa é um emblema de autoridade, embora não tenha poder em si mesma.

Seguiu-se uma tempestade espetacularmente violenta. O fogo corria ao rés do chão, com ruídos parecidos com coriscos e relâmpagos. Muita coisa tem sido escrita sobre esse tipo de tempestade. Esse tipo de tempestade existe, embora seu mecanis- mo seja pouco conhecido. Artapano (Apude Euséb. Praepar. Evan. 1.9 c. 27, pars. 435 e 436) descreveu a violência desse tipo de tempestade, adicionando que ela é acompa- nhada por terremotos. Uma tempestade gigantesca nivelou tudo no Egito. Ellicott (sécu- Ιο XIX) comentou sobre essas bolas de fogo, atualmente chamadas bolas de coriscos. Esse fenômeno tem sido observado ao longo da história, em bora não se saiba ainda como ele acontece.

9.24

Este versícu lo repete os e lem entos da predíção sobre a saraiva, no vs. 18, onde dam os notas expositivas. Tem pestades v io len tas eram e continuam sendo praticam ente desconhecidas no Egito. Mas eram e con tinuam sendo com uns na Palestina. Os críticos pensam que, para efeito de dram atização, houve uma trans- ferência de um caso da Palestina pa ra 0 Egito. Mas não há nenhum a razão para supormos que coisas incom uns não podem acontecer na natureza. De fato, coisa a lgum a é tão che ia de surpresas quanto a p rópria natureza. Essa praga é aqui cham ada de “chuva de pedras”, mas 0 mais provável é que houve algum tremen- do distúrbio nas condições atmosféricas. Houve inundações e manifestações elétri- cas de assustadoras proporções. Uma das profecias sobre os últimos dias a lude a tem pestades aterrorizantes, acontecim entos espantosos na natureza. Cf. Eze. 1.4. Ver tam bém Apo. 8.5; 11.19 e 16.21 quanto a descrições s im ila res à do livro de Êxodo.

9.25

Tudo quanto havia no campo. A agricultura é a fonte de toda vida, animal e humana. O sistema agrícola do Egito foi tota lm ente devastado. Os efeitos do desastre haveriam de fazer-se sentir por longo tempo. Os poucos animais domes- ticados que tinham sobreviv ido às pragas an teriores agora foram atingidos pesadam ente por esta praga, excetuando, naturalm ente, os que haviam sido abri- gados por algumas poucas pessoas prudentes (vs. 20).

9.26

Somente na terra de Gósen. Ver no Dicionário 0 verbete intitulado Gósen. Era ali que estava 0 povo de Israel. Essa região foi poupada. Devemos entender que isso também sucedeu no caso de todas as pragas, em bora não seja declarado no caso de cada praga. Ver também Êxo. 8.22,23 quanto à exceção, bem como notas ali existentes sobre a questão. Ver Êxo. 9.4; 10.23; 12.12,13. Não havia nenhuma explicação natural sobre como aquela região do Egito foi isentada da ira divina. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Ira de Deus. Portanto, a própria isenção tornou-se um sinal de que 0 poder divino é que estava operando, e 0 mero acaso nada tinha que ver com 0 que sucedia. De fato, nada ocorre por mero acaso. Ver na Enciclopé- dia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 artigo Coincidência Significativa.

“ . . .por muitas vezes, os ímpios dão-se melhor quando 0 povo de Deus convive entre eles" (John Gill, in loc.). Alguns egípcios foram poupados na devastação, por terem israelitas como vizinhos, sobretudo no caso desta praga. A lguns egípcios chegaram a salvar seus bens e animais, obedecendo à palavra de aviso de Moisés.

9.27

Esta vez pequei. A m oralidade da situação começou, finalmente, a raiar no cérebro obtuso do Faraó. Escravizar um povo é um grande erro; a perseguição e

Page 47: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO342

serv idão se to rnasse um fato. O s c rít icos a tr ibuem esta seção à fon te in fo rm a- t iv a J, co m a lg u m a s a d iç õ e s p ro v e n ie n te s da fo n te E. V e r no D ic io n á r io 0

artigo J .E .D .P .(S .) q u an to à te o ria das fo n te s m ú lt ip las do P enta teuco . V e r 0

grá fico nas no tas sobre Êxo. 7 .14 q u an to aos e lem en to s básicos das pragas, in c lu in d o os e le m e n to s qu e se re p e te m . O s vss . 7-11 in tro d u ze m um a nova gu inada nos re la tos. O Faraó, p ress iona do pe los seus conse lhe iros , reso lveu ten ta r n e goc ia r um a so lução . Mas, ao assim faze r, f icou aquém das ex igênc i- as im p o s ta s po r M o isé s , e o fe re ce u um a te rce ira tra n s ig ê n c ia . V e r as no tas nos vss. 10 e 8.25 quanto a essas três tra ns igên c ias . A en trev is ta com M oisés te rm in o u em um a d iscu ssã o a ca lo ra d a . Não se chegou a nenhum aco rdo . E 0 F a ra ó f ic o u in d ig n a d o d ia n te d a s d e m a n d a s de M o isé s . M o isé s e A rã o fo ram exp u lso s à fo rça da p re s e n ç a do Fa raó . O F a raó não tin h a a p rend ido a liçã o , e, a ss im , p re c ip ito u -s e de c a b e ç a na su a a u to d e s tru iç ã o . O E g ito , porém , já estava a rru ina do (vs. 7).

Ver no D ic ionário 0 a rtigo P raga de G afanho tos, quanto a um a exp licação sobre 0 extraordinário poder de destru ição dessa praga. Ver tam bém 0 artigo Pra- gas do Egito.

D ivisões do Trecho: 1. Instruções dadas a Moisés (vss. 1-6). 2. Debate com 0

Faraó (vss. 7-11). 3. Destruição produzida pelos gafanhotos (vss. 12-15). 4 . 0 Faraó humilhado, em bora ainda duro de coração (vss. 16-20).

Semeando e Colhendo. Em todas as pragas do Egito, 0 Faraó apenas colheu 0

que havia semeado. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado A Le i Moral da Colheita se- gundo a Semeadura.

10.1

Este versículo reitera elementos que já tínhamos visto na narrativa sobre as pra-gas:1. A comissão de Moisés (Êxo. 3.7 ss.).2. Moisés enviado ao Faraó para apresentarum apelo (Êxo. 7.10; 8.1,20; 9.1; 10.1 e

11.4 ss.).3. O coração duro do Faraó. Ver uma nota de sumário em Êxo. 4.21.4. Os sinais, ou seja, milagres didáticos, as pragas. Ver sobre os vários sinais constan-

tes no livro de Êxodo em 4.9,17,28,30; 7.3; 8.23; 10.1,2; 13.9; 31.13,17.Usualmente, a observação sobre 0 endurecimento do coração do Faraó ocorre no

fim de cada lance. Mas aqui antecede e acompanha a este lance (vs. 20). Deus “zom- bou” dos egípcios (conforme dizem algumas traduções, no vs. 2). Isso seria algo que os pais viveriam repetindo para seus filhos, visando à exaltação de Yahweh (vs. 2).

Esta p raga fo i av isa d a de an tem ã o , tal com o 0 t inh am sido as p ragas de n ú m e ro s um , d o is , q u a tro , c in c o e se te . V e r 0 g rá fic o nas no tas sob re Êxo.7.14 quanto à re pe tição de e lem en to s e in fo rm açõ es ge ra is sobre as pragas.

A lia d o s no E n d u re c im e n to de C oração. O Fa raó con tava com co legas de pecam ínosidade, em bora e le fosse 0 m a io r de todos. Mas seus m in is tros com - p a rtilhava m de seu e m b o ta m e n to e sp ir itu a l, sem dú v ida , tam bém por decre- to d iv in o e p o r um a v o n ta d e h u m a n a p e rv e r t id a . V e r Rom . 1 .32 q u a n to à c o m p a n h ia de p e c a d o re s q u e não so m e n te pe cam , m as ta m b é m d e le ita m - se d ian te dos p e cados a lh e io s e ch e g a m a e lo g ia r os pe cadores pe lo s e rros que es te s co m etem . V e m o s em Êxo. 10 .7 ss. que fo i fe ita um a te n ta tiv a de ba rganha, d e po is que os m in is tro s do Fa raó con vence ram -no a fa ze r a ten ta - t iv a . A lg u m a luz tra n s p a re c e u , m as não 0 b a s ta n te p a ra c o n tra b a la n ç a r a ceg ue ira na tu ra l (e sob rena tu ra l).

10.2

Zombei dos egípcios. Isso Deus fez em prol de Seus filhos, pois Israel era um filho primogênito no exílio, e tal situação não podia mais continuar, apesar da oposição da maior potência da terra, no momento, 0 Egito. Yahweh demorava-se, não por motivo de fraqueza, mas a fim de ter tempo para pintar, em um quadro eterno, 0 poder que seria exibido diante de Israel, por todas as gerações vindouras.

“Aqueles que experimentam as misericórdias de Deus estão na obrigação de trans- mitir essas memórias do que Deus fez às gerações futuras. A gratidão natural encarre- gar-se-ia desse tipo de ação. Mas a fim de que esse dever não fosse negligenciado, aos israelitas esse dever foi constantemente imposto. (Êxo. 12.26,27; 13.14,15; Deu. 32.7; Jos. 4.6)" (Ellicott, in loc.).

10.3

O Senhor, 0 Deus dos hebreus. No hebraico, 0 nome de Deus é aqui Yahweh- Eiohim. Esse nome com binado de Deus foi muito usado pelo autor sacro, con fom e mostra em uma lista de referências, nas notas sobre Êxo. 9.13. Em Êxo. 9.1 apresentei comentários explicativos sobre esse nome divino.

Deixa ir 0 meu povo; Dem anda muito repetida pelo autor sagrado. Ver a lista dessas petições no livro de Êxodo, nas notas sobre Êxo. 9.13.

ainda que tivessem sofrido dano, logo brotariam de novo. A falta de maturidade as tinha poupado. Mas as plantas já desenvolvidas foram devastadas. Cerca de um mês escoa-se entre as primeiras e as últimas colheitas. O trigo e 0 centeio não foram prejudicados, por não estarem ainda crescidos. “Uma saraivada pouco dano pode produzir em uma planta- ção nesse estágio. Mesmo que seus talos ainda flexíveis recebam algum dano, tomam a crescer depois” (J. Edgar Part;, in loc.).

9.33

O que fora p rom etido no vs. 29, agora estava cum prido. Ver as notas sobre aq ue le ve rs ícu lo . M o isés re tirou -se pa ra os cam pos, onde ficou soz inho , livre para agir, sem ser perturbado, e im ed ia tam ente , ao faze r seu rogo ao Senhor, a praga cessou. A soberan ia de Yahweh foi ass im novam ente dem onstrada . Deus age a fim de destruir; e tam bém age para restaurar - e faz am bas as coisas com amor.

Ver algo similar em Tia. 5 .17,18 ,0 poder de Elias sobre os elementos da natureza.

9.34

Tornou a pecar. Visto que 0 seu a rrepe nd im ento (vs. 27) era egoísta e su- perfic ia l, 0 Faraó reconheceu a Yahweh, m as não por m o tivo de esp iritualidade. Ele só queria escapar aos ju ízos div inos. Sua mente em botada pensou que, uma vez cessada a terrível tempestade, Yahweh não mais perturbaria 0 Egito. Não fazia idé ia de que 0 p io r a inda estava po r vir. M o isés, porém , havia an tec ipado essa reversão (vs. 30), porque 0 registro das ações passadas do Faraó não era favorá- vel. O Faraó foi ju lgado por seus a tos. A té um a c riança to rna-se conhec ida por suas ações (Pro. 20.11).

Semeie um pensam ento - colha um ato.Semeie um ato - colha um hábito.Semeie um hábito ■ colha um caráter.Semeie um caráter - colha um destino.

(Prof. Huston Smith)

Ao clarear 0 novo dia, 0 Faraó voltou às suas trevas mentais e espirituais. Contudo, a m isericórdia de Deus perm itiu-lhe mais oportunidades.

9.35

Faraó... não deixou ir os filhos de Israel. Um coração endurecido prevale- ceu. A Bíblia mostra-nos que algum as vezes 0 Faraó endurecia seu próprio cora- ção. De outras vezes, judicia lm ente, Deus endurecia 0 coração do Faraó. Ou, então, a expressão pode ser indireta com o neste versículo, “seu coração estava endurecido”. Deus usa 0 livre-arbítrio hum ano sem destruí-lo, em bora não saiba- mos d izer com o isso pode ser. Ver as notas em Êxo. 4.21 quanto a notas comple- tas sobre a questão do endurecim ento do coração de Faraó, com todos os proble- mas teológicos envolvidos.

Desobediência. A obstinação e a estupidez mental do Faraó, apesar de tan- tas evidências iluminadoras, tornaram -se proverbiais. O Faraó foi assim levado a desobedecer ao Poder Supremo. Isso só pode resultar na autodestruição. Neste mundo há muitos que se autodestroem.

Um a E sp iritua lid ade F ing ida . O Faraó ha v ia ex ib id o um a fag u lha de espiritualidade. O arrependim ento deveria levar à reparação (vs. 27). Mas assim que aquela fagulha se apagou, 0 velho coração em pedernido do Faraó de novo se manifestou. Quão fácil é para nós criticarm os a outros, mas quão grande é a corrupção interior que nos torna um bando de pequenos faraós, dotados de uma espiritualidade fingida. A té nossa fé e nosso culto relig ioso podem tornar-se meios de autogiorificação. Um missionário usa a b lasfem a m úsica “rock” a fim de atrair um a multidão. Ele é glorificado porque é um grande pregador, capaz de fa lar a m uitas pessoas! Um pastor é g lorificado devido ao núm ero de seus convertidos, por ter-se mostrado tão eficiente. O sucesso espiritual tem sido usado para glorifi- car homens, e depois nos pomos a indagar qual terá sido a verdadeira medida de sucesso autêntico. Os dons espirituais são usados para efeito de ostentação. E depois indagam os quão espirituais teriam sido, realmente, esses dons.

Capítulo Dez

Oitava Praga: Os Gafanhotos (10.1-20)

A p a c iê n c ia de D eus c o n tin u o u a m a n ife s ta r-s e e a ad ia r. A in d a seriam necessá ria s m a is três p ragas pa ra que F a raó a n u ísse e 0 êxodo de Israel da

Page 48: At Interpretado- Êxodo

343ÊXODO

saraivada que se aproxim ava (Êxo. 9.20). Agora, alguns poucos dentre os próprios conselheiros do Faraó admitiam a sua derrota, aconselhando-o a livrar-se do problema (Êxo. 10.7).

Yahweh-Eiohim foi reconhecido, sendo esse um dos motivos principais das pra- gas (Êxo. 6.7). Ver esses nomes divinos anotados no Dicionário. Ver também ali, 0

verbete Deus, Nom es Bíblicos de. Os egípcios não tinham rejeitado 0 seu panteão, e estavam muito longe do monoteísmo (ver a esse respeito no Dicionário), mas tinham conseguido obter alguma iluminação.

10.8

Quais são os que hão de ir? “Por insistência de seus impressionados cortesãos, 0 Faraó tentou negociar antes do prazo fatal de vinte e quatro horas (9.5). E sugeriu que fossem somente os homens, visto que varões adultos poderiam participar de ritos religiosos (23.17; 34.23; Deu. 16.16)” (Oxford Annotated Bible, in loc.).

Naturalmente, 0 Faraó desconfiou que estava tratando com um conluio. Moisés dissera que aproveitaria os três dias de afastam ento com propósitos religiosos. Isso não exigiria a ausência das mulheres, das crianças e dos animais. Moisés tam bém não havia dito que não retornaria; m as essa era a idéia por trás de toda a proposta. Tendo saído do Egito, a fim de adorar, os israelitas simplesmente desa- pareceriam no deserto. O Faraó, pois, queria garantir a permanência de Israel, ao mesmo tem po em que permitiria alguns poucos dias de descanso, para propósitos religiosos. Moisés, porém, não aceitaria esse arranjo de transigência. O pedido original era uma viagem de três dias (Êxo. 3.18 e 5.3). O trecho de Êxo. 8.8 dá a entender que não fora estabelecido nenhum limite de tempo. O nono versículo deste capítulo mostra-nos que todas as dúvidas foram removidas. Todo 0 povo de Israel sairia; ninguém e coisa alguma ficaria para trás.

10.9

Evacuação Total e A fastamento Permanente. Essas duas coisas faziam parte da proposta de Moisés. Essa era a palavra final. A exigência absoluta de Moisés foi amarga- mente rejeitada pelo Faraó, e assim ele prosseguiu com 0 conflito insensato e inútil. O vs. 10 reflete puro sarcasmo. Moisés poderia ir, e isso com a bênção do Faraó! No Egito, era costume que as crianças participassem das festividades (Heródoto, Hist, ii.60), mas isso não ocorria entre 0 povo de Israel, onde as atividades religiosas eram mais formais, limita- das à participação cios homens adultos.

Vastos núm eros de an im ais dom ésticos estavam envolvidos. Israel havia prosperado na terra de Gósen, e seus rebanhos de gado vacum e ovino eram imensos por aquela altura dos acontecim entos. Ver Exo. 12.38 quanto a uma vaga declaração sobre a vastidão dos rebanhos possuídos por Israel. Portanto, 0

êxodo prometia ser um em preendim ento realmente grandioso. Coisa alguma po- deria ficar para trás (vs. 26).

10.10

Este v e rs íc u lo é sa rc a s m o p u ro . O F a raó com o que d isse ; “ V ão, com a m inha b ê n çã o !” . Na re a lid a d e , po rém , e le e sp e rava que a p roposta de jo rn a - da, fe ita por M o isés, não fosse a co m pan had a pe la p ro teção d iv ina (pois 0 mal iria ad ian te de les), da m esm a m a ne ira que sua pe rm issão não era sincera. As pa lavras “ten des con osco m ás in te n çõ e s ” , de aco rdo com a lgum as traduções, aparecem com o “0 mal está à vossa fre n te ” . As cerim ônias re lig iosas, re feridas po r M oisés, seriam um a m era descu lpa ; m as 0 ard il não da ria certo. Na verda- de, M o isés não tinha nenhum a in tenção de vo lta r ao Egito, após ter-se interna- do três d ias de v iage m pe lo dese rto . V e r 0 vs. 11 qu anto às quatro p ropostas de trans igênc ia fe itas pe lo Faraó.

“Que vosso D eus este ja convosco tão certam ente quanto eu perm itire i que vades” (Adam Clarke, in ioc.). A té onde d iz ia respeito ao Faraó, nenhum a dessas coisas seria possível.

10.11

A s Quatro Propostas de Transigência do Faraó:1. Vão, adorem, mas fiquem no Egito a fim de adorar (8.25). Sempre será assim.

A Igreja é tolerada, contanto que se mundanize. Muitos crentes não querem ser diferentes. Assim sendo, trazem 0 m undo para dentro da Igreja. O mesmo estilo de música que se usa nas danceterias está sendo usado nas igrejas. A mesma moda de vestes usada no m undo é usada pelos membros das igrejas. Não há separação de idéias e de costum es. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia os artigos Separação do Crente e Mundanismo.

2. Vão, mas não longe do Egito. V er Êxo. 8.28. Não se mostrem radicais em sua separação. Preservem seu acesso ao Egito e aos seus deleites.

3. Vão, mas deixem no Egito seus filhos e possessões (Êxo. 10.11). Sejam crentes espirituais, mas não criem seus filhos na espiritualidade. Eles preci- sam das provisões sociais do Egito, com o posição e riquezas. Precisam de em pregos respeitáveis no Egito, isentos de radicalismos que os tornariam diferentes diante de seus amigos.

A Persistência da Malignidade. A voz divina indagou porquanto tem poo Faraó conti- fuaria em sua estupidez moral e espiritual. O Faraó não tinha dado ouvidos à voz de Deus, i j je já há tanto tempo vinha falando com ele. Ver as notas sobre 0 duro coraçãoóo Faraó em Exo. 4.21. Tivesse 0 Faraó cedido antes, e as mesmas finalidades graciosas teriam sido ® orpanhadas por outros meios” (Adam Clarke, in be).

10.4

Amanhã trarei gafanhotos. Por várias vezes, “am anhã” foi 0 tem po desig- rado para começar ou terminar alguma praga. Os prazos assim marcados mostravam que as pragas tinham origem em decretos divinos, e não por mero acaso, por propósito dfano, e não por algum acidente natural. Ver sobre essa designação de tempo, “ama- nfâ", em Êxo. 8.10,23; 9.5,6,18.

Praga de Gafanhotos. Sob esse título, ofereço um artigo deta lhado e informa- Svo sobre esse tipo de praga, no Dicionário. Provem os ali informes científicos sobre com o essa praga desenvolve-se e é desfechada. A isso adiciono alguns detalhes, neste ponto:

“Um enxam e de ga fanhotos, que a travessou 0 m ar Verm elho, em 1889, se- gundo estimativas, cobria um espaço de mais de cinco mil quilôm etros quadrados. Em Chipre, em 1881, esta tísticas o fic ia is notic iaram que cerca de mil e trezentas toneladas de ovos de gafanhotos foram destruídas. Enxam es de gafanhotos, tangi- dos pelo vento, têm sido encontrados em pleno oceano, a quase dois mil quilôme- t o s distantes da terra. Os árabes até hoje são atacados por gafanhotos que 0 vento traz de muito longe. Eles protegem os cachos de tâm aras com envoltórios de fo- h a s secas; e depois vingam-se das hordas destruidoras derrubando-as com ramos de palmeiras, para então tostar os gafanhotos ao fogo e com ê-las. ‘Bons e gosto- sos', gritam eles, quando trazem os ga fanh o tos que apanharam , para faze r um banquete” (J. Coert Rylaarsdam, in loc).

10.5,6

O pouco que tinha restado seria aniquilado pelos enxames de gafanhotos. O tre- cho de Êxo. 9.32 mostra que 0 trigo e 0 centeio haviam escapado à devastação pela saraiva. A lguns animais tam bém haviam sido protegidos pelos egípcios que tinham dado crédito aos avisos de Moisés (Êxo. 9.20). Mas coisa alguma e ninguém poderiam resistir aos milhões de gafanhotos.

Ό que a praga anterior de saraiva não tinha destmído - 0 trigo, 0 centeio (9.32) e 0

fcuto (10.15), além de outros tipos de vegetação (10.12,15) - agora seria devorado pelos gafanhotos. Tal como as rãs (8.3,4) e as moscas (8.21,24), os gafanhotos podiam entrar nas casas das pessoas. Tal como a saraiva (9.18), a invasão dos gafanhotos não teve precedentes no Egito (10.6; cf. 0 vs. 14)” (John D. Hannah, in loc). Ver os trechos de Joel 1.7 e 2.3 quanto à descrição de outra extraordinária praga de gafanhotos. O Targum de Onkelos descreve como as hordas “cobriram 0 sol da vista” das pessoas, pois impe- cüam que seus raios iluminassem a terra. A praga movimentava-se como uma grande onda aérea que ia escurecendo tudo.

Um P a ra le lo M o d e rn o . P o u co d e p o is de o s p io n e iro s m ó rm o n s te re m c h e g a d o ao va le do la g o S a lg a d o (o n d e fu n d a ra m a c id a d e de S a lt Lake C ity, es ta do de U tah), um a grande praga de g a fa n h o to s invad iu sua p r im e ira safra, a m e açan do a so b re v ivê n c ia de le s . E les o ra ra m e D eus m andou gran- des revoada s de g a ivo tas , que com ia m g a fa n h o to s e os vo m itavam , com iam e vom itavam (por m u itas e m u itas veze s). E fo i ass im que as g a ivo ta s im pe- d iram 0 desastre . P os te r io rm e n te , a g a ivo ta fo i p ro c la m a d a ave represe n ta ti- va do e s ta d o de U tah e, a té ho je , é p ro ib id o p o r le i m a ta r um a g a iv o ta no estado de Utah.

Joel diz que os ga fanhotos fica ram pe rcorrendo a cidade para lá e para cá, subindo pelas paredes, entrando pelas janelas. Burckhardt, um viajante de nossos dias, fo i testem unha de um a praga de ga fanhotos, e d isse: “E les avassa laram a província de Jedda de tal maneira que, depois de destruírem as plantações, pene- traram aos m ilhares nas residências, de vorando tudo, a té m esm o os ob je tos de couro”. Kalisch disse que os gafanhotos não som ente roem 0 couro, mas até mes- mo a madeira.

10.7

A lgum a Luz Raia na M ente dos Servos do Faraó. E les 0 exortaram a ceder diante das ex igências de M oisés. O Egito estava destru ído, m as 0 im becilizado Faraó con tinuou ag indo com o se nada tivesse aco n tec ido . A sug estão de que fosse fe ita a vontade do povo de Israel acabou degenerando em um debate feroz (vs. 10 ,11). H averia a inda duas ou tras p ragas. T o d a s as m açãs do d iabo têm verm es. O traba lho escravo que 0 Faraó queria usa r a qu a lque r custo saiu-lhe mais caro do que valia.

Progressão. Os mágicos foram os prim eiros a reconhecer “0 dedo do Senho^ naquilo que estava acontecendo (8.19). Então, algum as poucas pessoas abriga- ram seu gado, por serem sábias 0 bastante para atender os avisos sobre a

Page 49: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO344

agiria para prejuízo próprio. Assim, a educação seria uma parte importante da prática ética, pois precisaríamos de educação para fazer aquilo que é certo. Algumas vezes, isso funciona. Mas 0 Faraó era homem dotado de uma mente pervertida. Ele continua- ria a agir contra seus próprios interesses. Ele só sabia fazer aquilo que 0 projetava, de cabeça, na autodestruição. Existe aquilo que se tem chamado de desvario do pecado. O Faraó só mudava de parecer 0 tempo bastante para aliviar a premência das situa- ções em que se via. Mas logo retrocedia para suas antigas atitudes, como um alcoólatra que sempre volta à garrafa, sem importar quantas vezes tome a resolução de parar de beber.

“Ele (Faraó) cada vez m a is de s is t ia de depend er de sua posição de div in- dade, em tem pos de tribu lação . N essas ocasiões, procurava fazer uso de Deus para que este lhe fizesse vo lta r a tem pos m e lhores” (J. Edgar Park, in loc.).

Pequei contra 0 Senhor... e contra vós outros. Ele já havia admitido algo parecido no caso da sara ivada (Êxo. 9.27). Mas 0 arrependim ento só é genuíno quando seguido por reparação, sem pre que isso é possível. O Faraó poderia ter feito reparação permitindo que os escravos israelitas saíssem do Egito para a liber- dade. Ver no Dicionário 0 verbete R eparação (Restituição). Pecam os voluntaria- mente, mas, então, não querem os sofrer conseqüências negativas. Pecamos, mas não querem os fazer reparação. Esses são fatores da psique do homem natural ou mesmo do crente carnal. Faraó reconheceu que seu pecado era contra Yahweh e contra 0 povo de Israel. A m a ioria dos pecados é com etida contra Deus e contra nossos semelhantes.

O Faraó talvez tenha sentido remorso e certo senso momentâneo de remorso, mas logo em seguida descobrimos que 0 que 0 tinha assaltado e que 0 inspirara a agir era 0 medo.

10.17

Peço-vos que me perdoeis 0 pecado. O orgulhoso monarca chegou a pedir perdão de Deus e dos homens, e, naquele momento, talvez tivesse sido sincero. Mas não basta alguém ser sincero p o r um breve momento. O arrependimento real requer que se faça reparação e que se mude de ação. Ver no Dicionário 0 artigo detalhado cham ado Arrependimento.

Esta vez ainda. Quão humana foi essa atitude do Faraó. Por quantas vezes todos nós, atribulados, buscamos a graça e 0 favor especial de Deus, em bora totalmente desmerecidos, “esta vez ainda”, como se nunca mais fizéssemos a mesma coisa tola. É con fo₪ e minha mãe costumava dizer: “Algumas vezes, podemos barganhar com Deus; de outras vezes, não” . Assim sendo, 0 Faraó tentou barganhar, e Deus cooperou com ele. A terrível praga de gafanhotos term inou tão de súbito quanto havia começado, tangida por um poderoso vento ocidental, que levou os insetos para 0 mar Vermelho (vs. 19). Uma resposta tão pronta, dada à petição do Faraó, deveria tê-lo transformado. Mas ele não era do tipo de homem que se deixasse transform ar pela bondade de Deus.

“Que caso estranh o ! Q ue tre m e n d a sé rie de a b rand am e n tos e endurec i- m entos, de pecado e de a rrepe nd im en to !” (Adam C larke, in loc.).

10 .18,19

As orações intercessórias de Moisés m ostravam-se eficazes de cada vez. Ver tam bém as notas sobre Êxo. 8.28 e 9.33. Ver no Dicionário os verbetes intitulados Oração e Intercessão.

O Senhor fez soprar. Um fo r t ís s im o ve n to o c id e n ta l a rra s to u os ga fa - nh o to s p a ra fo ra do E g ito . D eus é ca p a z e e s tá d is p o s to a re v e rte r n o sso in fo rtún io , q u ando Lhe ro gam o s que 0 faça . A o ração do ju s to m o stra -se efi- caz (T ia. 5 .16). O m ar V e rm e lh o fo i 0 ce m ité r io dos g a fanh o tos . S em pre po- d e rá h a v e r um m a r V e rm e lh o q u e a tu e em n o s s o so c o rro , q u a n d o no sso co ra çã o b u sca h o n e s ta m e n te a D eus. “Q u a n d o Is rae l esca pou da se rv id ão , ja z ia d ian te de les um m ar. O S enh or este nde u Sua po dero sa mão e fez afas- ta r-se la te ra lm e n te 0 m a r” , d iz um a n tig o h ino . A ss im tam bém , a lgum tem po d e po is d e s ta o ita va p raga , 0 m a r V e rm e lh o se rv iu de ú ltim a ba rre ira que se in te rpun ha en tre 0 povo de Israe l e sua lib e r ta çã o fina l. O po der d iv ino esta- va p re s e n te p a ra re m o v e r a q u e la b a rre ira . Um do s p r in c ip a is te m a s do P enta teuco é a pro v id ê n c ia de Deus.

Mar Vermelho. Ver no Dicionário 0 artigo detalhado com esse nome. Plínio [Hist. Nat. 1.11 c. 29) alude a uma circunstância parecida, em que uma grande praga de gafanhotos terminou por meio de um vento íncomum. Jerônimo fornece informação similar sobre uma praga dessas, na Palestina (Comentário sobre Joel 2.20).

10.20

O Senhor, porém, endureceu 0 coração de Faraó. Os vários textos que fa lam sobre 0 co ração duro do Faraó o lham a questão por do is ângulos: algu- mas passagens d izem que 0 próprio Faraó endureceu seu coração; mas outras

4. Vão, mas deixem no Egito suas propriedades e seus bens (vs. 24 deste capítulo,onde comento sobre a questão).“A terceira transigência, proposta pelo Faraó, se aplicada aos crentes, talvez tenha

sido a mais sutil de todas. Até os pais mais piedosos desejam prosperidade e posição secular para seus filhos" (Scofield Reference Bible, in loc.).

A terceira proposta permitia que os homens fossem, mas as mulheres, crianças e bens ficariam no Egito, garantindo assim a volta dos homens ao Egito. Mas o grito de guerra: “Deixa meu povo Ir” (ver a lista de suas ocorrências nas notas sobre Êxo. 9.13), não deixava margem para nenhuma transigência.

E os expulsaram. Fracassara redondamente a tentativa de negociação, e 0 Faraó mandou tirar de sua presença, por meios violentos, Moisés e Arão. O mal parecia ter prevalecido; 0 resultado é que haveria maior aflição ainda no Egito. Continuaria a co- lheita do mal que fora semeado.

10.12

O uso da vara de po der (ve r as notas em Êxo. 4.2) tam bém esteve envolvido nesta oitava praga. Chegara 0 dia seguinte, e 0 p lano de Deus teve cum primento conform e tinha sido predito (vs. 4). Moisés estendeu sua mão (como em Exo. 9.22 e 10.21). “Primeiramente em um a direção, e, depois em outra, apontando em todas as direções, dando a entender que a praga dos gafanhotos sobreviria ao território egípcio inteiro” (John Gill, in loc.).

10.13

O vento oriental trouxe os enxames de gafanhotos; e, quando 0 vento mudou de direção, tomou-se um vento ocidental que levou os gafanhotos na direção do mar Verme- lho (vs. 19), O vento que soprava do deserto da Arábia chama-se siroco, 0 qual trouxe as hordas devastadoras de gafanhotos. Ver no Dicionário 0 artigo Vento Oriental. A deusa do céu dos egípcios, Nut, não foi capaz de proteger os egípcios. Osíris, 0 deus egípcio da fertilidade, não pôde impedir a destruição das plantações. Portanto, esta oitava praga também atacou 0 panteão egípcio, tal como se deu com cada uma das pragas anteriores. Ver 0 gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14, que ilustra a questão. Os críticos vêem aqui apenas um fenômeno natural; e alguns eruditos conservadores só vêem milagre na agência do vento, que trouxe os gafanhotos ao Egito. Por outra parte, periodicamente multiplicam- se grandes hordas de gafanhotos, mas nunca atacam com prazos marcados, nem pas- sam com prazos marcados. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Praga de Gafanhotos, quanto a essas questões.

10.14

Um Caso Singular. Embora 0 Egito já tivesse passado por muitos ataques de gafanhotos, e era razoável esperar outras dessas pragas, nunca houve praga com o aquela que ocorreu quando Moisés estendeu a sua mão sobre 0 Egito. Foi uma operação singular de Deus, com um propósito singular, a saber, a saída do povo de Israel do Egito, onde estava escravizado. Outro tanto foi dito sobre a praga da saraiva (Êxo. 9.24).

... por toda a terra do Egito... Nos bosques, nas pastagens, nos campos, nos jardins, nos pomares, eles devoravam , exceto na terra de Gósen" (John Gill, in loc.). Os intérpretes têm -se divertido com isso. Plínio (Hist. 1.11 c. 29) falou com seriedade que aqueles gafanhotos tinham cerca de noventa centímetros de com primento; e John Gill, ao citar um relato proveniente de Milão, aludiu a uma espécie de gafanhotos com um metro e oitenta centím etros de com primento, mais com sem elhança de ratos do que com sem elhança de gafanhotos.

10.15

Cobriram a superfície de toda a terra. O número de gafanhotos era tão impressionante que não se via 0 solo, pelo que este parecia ter a cor dos gafa- nhotos. Leo Africano (Desc. Africae 1.2 par. 117) conta que foi testem unha de um a praga tão espessa de gafanhotos que não se podia ver 0 solo. Tal praga devastou a província francesa de Carpintania. Ali, não escapou um a só árvore, nem vinha, nem floresta e nem pomar. A terra inteira ficou desnudada de vegeta- ção. Mas somente 0 ju ízo da quinta trom beta do Apocalipse pode com parar-se com a praga descrita no livro de Êxodo. Ver Apo. 9.1-11.

O Egito era famoso por sua produção de frutas, com o figos, uvas, azeitonas, amoras, romãs, tâmaras, ameixas, maçãs, pêssegos, numerosas demais para se- rem aqui mencionadas. Nada restou. Este versículo faz-nos lembrar da devastação efetuada pela saraiva. O pouco que tinha sobrado daquela praga, agora ficou destruído. Ver Êxo. 9.22. V e ro s comentários bíblicos a respeito, em Sal. 105.32,33.

10.16

Então se apressou Faraó. Algum as pessoas nunca aprendem. Sócrates pensava que, se um homem realm ente soubesse 0 que é m elhor para ele, jamais

Page 50: At Interpretado- Êxodo

345ÊXODO

pestade de poeira teria poupado a terra de Gósen? Nenhum eclipse solar poderia afetar 0 Egito inteiro, menos a terra de Gósen. Cf. Êxo. 8.22,23; 9.4,26; 12.12,13.

O trecho do Salmo 78.49 sugere 0 poder de anjos destrutivos envolvidos nesta nona praga, a menos que essa referência diga respeito à morte dos primogênitos do Egito, a décima praga.

O panteão egípcio foi novamente atacado. O deus-sol, Rá, mostrou-se impotente contra as trevas; Horus, 0 deus associado ao sol, não conseguiu resistir. Nut, a deusa do céu, não podia fazer 0 sol iluminar 0 Egito.

10.24

Tem os aqui a quarta transigência proposta pelo Faraó. Ver as notas comple- tas sobre a questão das propostas ou condições do Faraó, para permitir a saída de Israel do Egito, em Êxo. 10.11. Ela dizia: “Vão, mas deixem no Egito os seus bens” . Esses bens incluíam os meios para oferecer sacrifícios, os animais. O gado deixado para trás ajudaria os egípcios a se ressarcir dos prejuízos sofridos, especialmente dos efeitos das pragas quinta e sexta (morte do gado e grande saraivada). Esses juízos divinos, porém, não tinham por finalidade ser aliviados. O Faraó e sua gente estavam recebendo 0 que mereciam. A lguns estudiosos pensam que outro propósito do Faraó era forçar Israel a voltar voluntariamente ao Egito, visto que não poderiam ir muito longe (sendo em número de cerca de três m ilhões de pessoas), sem 0 sustento representado pelos animais. Se 0 povo de Israel tomasse a decisão de vo ltar, en tão 0 Faraó não poderia ser acusado, além do que, presumivelmente, não haveria mais pragas.

As crianças dos israelitas também poderiam ir, algo que 0 Faraó não quis permitir, de acordo com sua terceira proposta de transigência (ver Êxo. 10.11). As referências às quatro transigências são estas: Êxo. 8.25,28; 10.11 e aqui.

10.25-26

Nem uma unha ficará. Tudo aquilo pelo que os israelitas tinham trabalhado tanto por adquirir, durante todas as gerações em que tinham resid ido na terra de Gósen, deveria ser levado por eles para fora do Egito. Moisés deu a razão religiosa para tanto. Durante sua pe reg rinaçã o te rrestre , a cam inho da Terra P rom etida, e les teriam a necess idade de faze r sac rif íc ios de an im ais. Co isa a lgum a é dita acerca da necessidade de se a lim entarem do gado; mas isso tam bém era impor- tante, com o é claro. Portanto, havia razões tanto materiais quanto espirituais para e les nada deixarem no Egito. Sem pre haverá bons motivos para nada deixarmos no Egito, e em favo r de cortarm os ligações com 0 m undan ism o e a transigência. Ver na E ncic lopéd ia de Bíblia , Teo logia e F iloso fia ״, os artigos M undan ism o e Separação do Crente.

As Estatísticas sobre Israel. O trecho de Números 1.46 mostra que os varões israelitas capazes de pegar em armas eram um pouco mais de seiscentos mil. Isso significa que todo 0 povo de Israel, com as mulheres e as crianças, deve ter sido de cerca de três milhões, na época do êxodo. A lim entar tão grande número de pesso- as era um prob lem a dos m a io res, e qu aren ta anos de vag ueaçã o pe lo deserto provocaram m uitos m om entos crít icos. A presença dos an im ais era vital para a sobrevivência deles.

10.27

Yahweh, uma vez mais, endureceu 0 coração do Faraó. Algumas vezes, a Bíblia diz que 0 Faraó endureceu 0 seu próprio coração; de outras vezes, é dito que isso foi feito pelo Faraó; e ainda de outras vezes, é usada a voz passiva, “0 coração de Faraó se endureceu” , sem nenhuma elaboração específica sobre como isso sucedeu. Dou notas completas sobre a questão, incluindo referências àqueles arti- gos, no Dicionário, que abordam os problemas teológicos envolvidos, em Êxo. 4.21.

Entendem os, a través do texto, que 0 Faraó teria de ixado Israel de ixar 0

Egito nessa ocasião, se Yahw eh não 0 tivesse im pedido. A décim a praga já havia sido predestinada por decreto divino. Havia nela um propósito div ino a cum prir. Tratava-se de um daqueles eventos necessários. A maioria dos acon- tecim entos não é necessária ; ocasiona lm ente, porém , ocorre algo inevitável. Na vida das pessoas ta lvez ocorra um acontec im ento necessário por ano, ou m es- mo a cada dois ou três anos. Ao indivíduo cabe m anipu la r 0 resto com seu livre- arbítrio , de acordo com os d itam es de seu destino e de seu bem -estar espiritual. É possível que pessoas a ltam ente esp ir itua is esco lham seus próprios eventos necessários, ao passo que a pessoas menos esp irituais esses eventos sejam ditados.

10.28,29

Aversão Mútua. Moisés resolveu que nunca mais falaria com 0 Faraó, embo- ra isso tenha acontecido uma vez mais. Ver Êxo. 12.31 que descreve mais uma confrontação entre os dois. Por sua parte, 0 Faraó resolveu nunca mais ver Moisés, dizendo que se 0 visse de novo seria apenas para ordenar a seus auxili- ares que 0 matassem à espada. Em vão 0 Faraó tinha tentado apresentar suas

revelam que Yahweh produziu esse endurecimento. Mas ainda outros trechos põem 0 verbo na voz passiva, sem m encionar nenhum agência específica: 0 coração do Faraó “se endureceu". Dei notas completas sobre isso e sobre as questões teológicas envolvidas na questão, em Êxo. 4.21. Deus usa 0 livre-arbítrio humano sem destruí- 10, em bora não saibamos explicar com o isso possa suceder. Nas notas sobre Êxo.4.21 refiro-me a diversos artigos que abordam esse problema.

Nona Praga: As Trevas (10.21-29)

O F a ra ó c o n t in u a v a c o lh e n d o 0 que h a v ia s e m e a d o . V e r no D ic io n á - r io os v e rb e te s L e i M o ra i da C o lh e ita s e g u n d o a S e m e a d u ra e P ra g a s do Egito.

Os críticos atribuem esta seção a uma combinação das fontes informativas E e J . Ver no Dicionário0 artigo chamado J.E.D.P.fS.) quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco.

Essa nona praga ocorreu mediante 0 uso da vara de poder (ver as notas em Êxo.4.2), como sucedeu no caso das pragas de números um, dois, três, sete e oito. Não houve aviso prévio, como na terceira e na sexta praga, e somente três pragas ocorre- ram sem informação anterior, exigindo arrependim ento. Ver as notas em Êxo. 7.14 quanto a um gráfico que dá informações gerais sobre as pragas como um todo, incluin- do elementos repetidos. Conforme anoto no vs. 23, as pragas desfaziam do panteão egípcio.

O pecado e a obstinação dos homens são dignos de ser obseivados. Somente 0

poder de Deus pode reverter 0 ciclo do permitido e do proibido, do sim e do não, que embala 0 coração instável dos homens. Ver 0 sétimo capítulo de Romanos quanto à exposição de Paulo sobre esse assunto conturbador.

Os críticos vêem aqui apenas um acontecimento natural, posto que exagerado, como todas as demais pragas do Egito. Todas elas, porém, envolveram algo insondá- vel, que ultrapassava a imaginação dos homens.

10.21

Esta praga não foi av isada com an tecedênc ia , e a vara de poder foi usada, con form e m enc ionam os e com en ta m os na in troduçã o a este pa rágrafo . Vários eruditos vêem aqui algum acontec im ento natural. C onsiderem os os cinco pontos abaixo:1. A praga pode ter sido um acontecimento local, devido a uma tremenda tempestade

de poeira, tão intensa que obscureceu 0 sol por m uito tempo. O vento quente, chamado khamsin, que sopra da banda do deserto, especialmente durante a pri- mavera (março a maio), algumas vezes traz tanta areia e pó que 0 ar se escurece e a respiração toma-se difícil.

2. Outros vêem aqui uma ocorrência cósmica. Algumas vezes, a terra passa por uma espécie de poeira proveniente do espaço sideral, de tal modo que acontecem perí- odos imprevisíveis de trevas. Visto que a órbita da terra leva 0 nosso planeta pelo espaço, as coisas acabam voltando ao normal. Dou um artigo na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia intitulado Escuridão Sobrenatural, a qual oferece aigu- mas explicações possíveis.

3. Alguns estudiosos pensam que é inútil tentar encontrar explicações naturais, locais ou cósmicas, deixando tudo no terreno do que é miraculoso, misterioso.

4. Podemos eliminar com segurança algum mero eclipse do sol, visto que isso não demora muito, e que os egípcios, habilidosos na astrologia, não somente saberiam de sua ocorrência com grande antecedência, como tam bém disporiam de meios matemáticos para explicar 0 fenômeno.

5. As interpretações metafóricas também falham. Não houve apenas trevas espirituais (Sabedoria de Salomão 17.1 — 18.4), mas tam bém alguma espécie de trevas físicas, as quais, naturalmente, tiveram lições espirituais a ensinar.O paralelo neotestamentário é Lucas 23.44. No N ovo Testamento Interpreta-

do ofereço com entários detalhados nessa referência bíblica.Trevas que se possam apalpar. Metaforicamente, trevas tão absolutas que

podiam ser sentidas. Ou então, litera lmente, as trevas eram produzidas por poeira e areia, algo tangível.

10.22

Por três dias. Curiosamente, as trevas que envolveram a crucificação de Jesus duraram três horas. Ver no vs. 21 quanto a cinco possíveis interpretações sobre essas trevas. Cf. 0 quinto juízo das taças, em Apocalipse 16.10.

10.23

Os egípcios não podiam ver, mas podiam tatear (vs. 21), talvez indicando algum agente fisico que causava as trevas, como a areia ou a poeira. Contra isso, porém, temos 0 fato de que não há nenhum a descrição acerca de tais agentes físicos. Se essas trevas fossem resultantes de outra grande tem pestade (como a saraivada), é provável que 0 autor sagrado teria explicado isso.

IMa terra de Gósen, onde habitava Israel, 0 sol brilhava. Portanto, uma vez mais, de nada adiantam explicações naturais de nenhum tipo. Uma grande tem ­

Page 51: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO346

tra duçõ es dizem aqui “ peça e m p re s ta d o ” , 0 que já não represen ta um a tradu- ção tão boa, po is a ou tra tradução está m ais de acordo com 0 orig inal hebraico. O te rc e iro v e rs íc u lo de ste c a p ítu lo fa la sob re 0 fa v o r que D eus de m ons trou para com Israel na que les m o m e n to s c rít ico s , quando es tavam sendo reco lh i- dos sup rim en tos pa ra 0 êxodo . Se ja com o for, estava oco rren do um a repara - ção. O povo de Israel havia s ido exp lo ra d o por vá r ia s ge rações. Tudo quanto agora estavam levando, m e rec iam -no , podem os es ta r certos d isso. Ver no Di- c ioná rio 0 a rtigo R epa raçã o (R estitu ição). A reparação faz parte necessária do arrependim ento, sem pre que isso é possível.

Há muito havia sido prom etido que Israel não sairia do Egito de m ãos vazias (Êxo. 3.21,22). Seria feita reparação por ordem de Yahweh. Diz claramente 0 livro de Jub ileus (48.18), que Israel saq ueou 0 Egito. Sabedoria de Salom ão (10.17) re fere -se à questão com o um a re com pe nsa que Israel ob teve por seu trabalho escravo.

A s Coisas Pedidas. Essas coisas foram jóias, prata e ouro, ao que as versões adicionaram vestes, vasos e qualquer coisa valiosa que pudesse ser negociada com os habitantes do deserto.

11.3

Favor da parte dos egípcios. Deus estava por trás da provisão. E isso era 0bastante. Ver no Dicionário 0 artigo intitu lado Providência de Deus. Esse é um dos principais tem as do Pentateuco.

O im en so p re s tíg io de M o isé s a jud ou . A lém d isso , os eg ípc ios de ve riam esta r a te rro rizado s quando esse “pe d ido ” teve lugar. “Os m ilagres que 0 Faraó e seus servos já tin h a m v is to , sem dú v id a , t in h a m -n o s im press ion ado com a sab e d o r ia e 0 p o d e r de M o isés. C aso es te não p a recesse , na o p in ião de les, um hom em extraord inár io , a quem seria m u ito pe rigoso m o lestar, na tura lm en- te podem os conc lu ir que desde há m uito a v io lência lhe teria sobrevindo” (Adam C larke, in loc.).

“Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra” (II Cor. 9.8).

Aos olhos dos oficiais de Faraó, e ... do povo. Moisés era universalmente conhec ido no Egito, um hom em tem ido e respeitado, O povo adm irava-o. Para eles, Moisés tinha-se tornado um deus, tal com o 0 era para Faraó (Êxo. 7.1). Isso facilitou a provisão que cada israelita recolheu presentes da parte de seus vizinhos egípcios. Deus sem pre facilita a nossa provisão, e e la é sem pre suficiente e, com freqüência, abundante.

11.4

O Senhor. Yahweh t inha -0 informado. Cerca da meia-noite, 0 anjo da morte, 0

destruidor (Êxo. 12.23), iniciaria a sua missão destrutiva. Todas as pragas anteriores seriam como nada em com paração com a décima. Israel seria poupado (vs. 7); seus primogênitos nada sofreriam.

O Faraó tinha, no Egito, a reputação de ser um deus, uma encarnação de Rá, 0 deus-sol. A mito logia egípcia contava a história de como, a cada noite, 0 deus- sol precisava lutar e vencer os poderes das trevas, sob a form a do deus-serpente, Apófis. A cada noite era obtida a vitória. Mas naquela noite, à meia-noite, 0 poder das trevas, Rá, seria derrotado, e isso do ponto de vista dos egípcios.

Os versículos primeiro a terceiro deste capítulo formam um parêntese. O quarto versículo dá continuação ao diálogo de Êxodo 10 .29.0 Faraó tinha sido advertido pela última vez. Moisés disse ao Faraó que os dois nunca mais se veriam face a face. Antes, 0 Faraó teria de enfrentar Yahweh, sob a forma de seu anjo vingador. E 0 Faraó em breve haveria de querer ver Moisés novamente (Êxo. 12.31).

11.5

Nenhum filho primogênito, hum ano ou animal, seria poupado. Agora a amea- ça era de um a destruição deveras devastadora. “A morte dos prim ogênitos simbo- liza a derrota imposta por Deus ao Egito, mediante 0 triunfo sobre os seus deu- ses. De acordo com 0 pensam ento dos hebreus, os primogênitos representavam 0 todo. O domínio sobre 0 Egito, com o um a entidade independente, chegara ao fim. Seus deuses estavam m ortos” (J. Edgar Park, in lo c ).

Os Anim ais aos quais os Egípcios Adoravam Também Estavam Mortos. Visto que os prim ogênitos eram do sexo masculino, as m eninas escaparam completa- mente. Mas 0 orgulho e as esperanças de cada fam ília giravam em torno do am ado filho prim ogênito. Ele representava a continuação da linhagem, 0 transmis- sor da herança. Portanto, nenhum a aflição pior poderia ser imaginada do que a morte em m assa dos filhos prim ogênitos.

Nenhuma fam ília egípcia escaparia à calam idade que atingiria em cheio 0

deus-sol do Faraó, desde a humilde criada que, subitamente, perderia seu querido prim eiro filho, até 0 próprio rei, desde 0 m enor até 0 maior; desde 0 mais pobre até 0 mais rico; desde os culpados até os inocentes.

quatro transigências. Moisés recusara-se a aceitar quaisquer condições ou aceitar quais- quer sugestões. A situação tinha-se desintegrado do modo mais absoluto. Um mal final começava agora a delinear-se. Haveria uma vasta destruição de vidas humanas.

“ M e d ian te esse d iscu rso , p a rece que M o isé s não teve m edo do Faraó e suas am eaças, m as antes, chegou a fustigá-lo . Foi a essa destem erosa disposi- ção de Moisés, nessa ocasião, que um escrito r sag rado re feriu-se, em Hebreus11.27.

Os ham onistas procuram eliminar a suposta contradição entre 0 vs. 28 deste capí- tulo e 0 trecho de Êxo. 12.31, dizendo que 0 Faraó e Moisés nunca mais se encontra- ram, mas que 0 Faraó enviou mensageiros para transm itirem a sua m ensagem a Moisés. Contudo, 0 ponto não é importante.

Capítulo Onze

Décima Praga: A Morte dos Primogênitos é Anunciada (11.1-10)

O Faraó teria de colher 0 que tinha sem eado. Ver no Dicionário os artigos Lei M ora l da Colheita segundo a Sem eadura e P ragas do Egito.

Os críticos atribuem esta seção a um a m istura das fontes informativas E, J e P(S). Ver no Dicionário 0 verbete J.E.D.P.(S.) quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco.

“A praga final foi uma obra de Deus do começo ao fim. Moisés precisava apenas instruir Israel de que 0 fim estava próximo e dizer-lhes 0 que deveriam fazer. Em total derrota, 0 Faraó realmente aprovaria a partida de Israel e buscaria sua expulsão do Egito" (J. Edgar Park, in loc).

Foi dado ao av iso a Faraó (Êxo. 11.4 ss.), ta l com o nas p ragas de núm e- ros um , do is , q u a tro , c in co , se te e o ito . Um te r r ív e l m a l e s ta va im in e n te . A m o rte do s p r im o g ê n ito s se r ia ob ra do a n jo da m orte , um a g en te de Y ahw eh (Ê xo . 12 .12 ,2 3 ,29 ). V e r m e nções ao a n jo da m o rte , 0 d e s tru ido r, em II Sam, 24.16; Isa. 37.36. Ver tam bém Heb. 11.28. V e ra s no tas em Êxo. 7.14 quanto a um g rá fic o que dá os p r in c ip a is e le m e n to s da s p ra g a s , in c lu in d o os que se repetem do com eço ao fim.

“ P o r cau sa dos trê s c ic lo s de trê s p ra g a s cad a , 0 E g ito ja z ia a rru ina do . Deus havia dem onstrado seu g rande poder, m o s tran do quão im po ten tes eram os d e u s e s e g íp c io s . E ao d e v a s ta r e c o n o m ic a m e n te a nação , de fo rm a tão to ta l, D eus ha v ia in je ta d o te m o r no c o ra çã o da p o p u la çã o . E le tin h a fe ito os e g íp c io s a n e la r p e la re m o çã o do s is ra e lita s , e m b o ra 0 F a ra ó a in d a tive sse de ser m ais hu m ilh a d o do que já ha v ia s ido . A dé c im a praga tra r ia tre m en da c o n s te rn a ç ã o a to d a s as fa m í l ia s do E g ito , p o r ca u s a de s e u s fi lh o s p r im o g ê n ito s m o rtos . E ssa d é c im a p ra g a re s u lta r ia na lib e ra çã o do povo de D eus” (John D. H annah, in loc.).

A busando do Panteão Egípcio. O deus egípcio da reprodução, Min, não teve poder para impedir a morte do que, supostam ente, lhe tinha sido entregue. Heget, deusa que a judava as m u lheres na hora do parto, perderia seu fruto, /s/s, deusa da proteção às crianças, fa lharia tota lm ente em seu alegado ofício. A té m esm o 0

f i lh o p r im ogê n ito do Faraó, que os e g íp c io s tin h a m com o um a d iv indade, não resistiria ao anjo destruidor.

11.1

O Grito de Guerra de Israel. Desde 0 com eço esse grito tinha sido “Deixa ir 0

meu povo" (ver as referências nas notas sobre Êxo. 9.13). Yahweh, 0 Deus dos hebreus, produziria esse evento há muito antecipado. Quanto a esse nome divino, ver tam bém as notas sobre Êxo. 9.13. Agora, porém, 0 verbo “deixar” transmuta- se no verbo “expulsar” . O Faraó havia oferecido quatro transigências (ver as notas a respeito em Êxo. 10.11). Mas agora, incondicionalm ente, Israel partiria do Egito, e isso por instância do próprio Faraó. Assim sendo, a obra de Yahweh seria com pleta. Ver sobre esse nome divino no Dicionário. Ver tam bém 0 verbete Deus, N om es Bíblicos de.

O Faraó serja forçado a libertar os escravos, e isso sem nenhum a reserva de qualquer sorte. É triste quando as pessoas são forçadas a agir direito, porque só a ss im po dem e s c a p a r ao d e v id o c a s tig o , p o r m o tivo s de a u to -a ju d a e autopromoção.

“ . . .sem nenhum a exceção ou lim itação eles sairiam, eles mesmos, suas esposas, seus filhos, seus rebanhos. Levariam tudo quanto era deles, sem nenhu- ma restrição e sem terem de observar nenhum tipo de c o n d iç ã o .. . a soltura deles era ilim itada e incondicional" (John Gill, in loc.).

11.2

O Egito é Despojado. A lguns estudiosos sorriem diante do verbo “peça” , (“fa la”), usado aqui. Eles preferem pensar que Israel despojou um Egito aterroriza- do, ou seja, os israelitas saquearam à força 0 país. Seja com o for, essa palavra nada significa, porquanto não havia a m enor intenção de fazer devolução. A lgum as

Page 52: At Interpretado- Êxodo

347ÊXODO

(as p ra g a s ) re d u n d a sse m na e x a lta ç ã o de Y ahw eh (Êxo. 7.5), e Is ra e l fo sse libe rado in co n d ic io n a lm e n te , ap ós sécu lo s de se rv id ão . A s m a rav ilha s, po is , precisaram ser m u ltip licadas (todas as dez pragas tiveram de seguir seu curso) e deveria haver a ind a 0 l iv ram en to m ira cu loso na travess ia do m ar Verm elho, a fim de que os efe itos dese jados tivessem um cum prim ento absoluto. O trecho de Êxo. 7.3 dá -nos a m esm a m ensagem ace rca dessa m u ltip lic idade de s inais m iraculosos.

11.10

Os Cinco Fatores:1. Tinha sido predito que os sinais miraculosos não teriam resultado imediato. Teria de

passar-se algum tempo; era mister realizar certo propósito. Ver Êxo. 4.21.2. As vontades divina e humana cooperaram a fim de que se produzisse um resultado

negativo contra os egípcios, em bora não saibamos dizer com o isso sucedeu. Ver Êxo. 7.3.

3. Até este ponto, 0 relato bíblico nos contou nove desses sinais miraculosos, e agora faltava mais um. E, então, haveria 0 livram ento miraculoso na travessia do mar Vermelho, com a destruição do exército do Faraó, ou seja, dois sinais miraculosos extras, intimamente ligados um ao outro.

4. N esse longo p rocesso de av isos e desobed iênc ias , 0 nom e de Yahw eh tor- na r-se -ia co n h e c id o . E tu d o re d u n d a ria em um a súb ita e com p le ta v itó r ia (Êxo. 7.5).

5. O endurecim ento do coração do Faraó prosseguiria até que 0 propósito divino tivesse cabal cum prim ento. Ver as notas sobre essa questão em Êxo. 4.21, onde há referências a artigos existentes no Dicionário, que com entam sobre os problem as teo lógicos envolvidos.O s atos de Deus, por meio de sinais poderosos, atingiam agora 0 seu

clímax. Agora Deus tomaria posse do povo de Israel” (J. Edgar Park, in loc.).

Capítulo Doze

Yahweh Toma Posse de Israel (12.1 — 13-16)

A Instituição da Páscoa (12.1-28)

A rtig o s a S erem C onsu ltados . P rov i a rtigos de ta lhad os sobre as três fes- tiv idades m e ncionadas nesta seção. Ver no D ic ionário os artigos Páscoa: Pães A sm o s e P rim og ên ito , que in c lu e m a q u e s tã o da de d ica çã o esp ec ia l. V e r as no tas sobre Êxo. 13.2, q u an to à p ró p ria ins titu içã o , onde há in fo rm açõ es ad i- ciona is.

Os críticos atribuem os vss. 1 -20 deste capítulo à fonte P(S), ao passo que os vss. 21-28 pertenceriam à fonte J. Mas 0 vs. 29 voltaria a pertencer a P(S), e 0 vs. 31, tornaria à fonte J. Logo, teríamos aqui um a grande mescla de material, uma compila- ção feita por um au tor com pilador. Ver no D ic ioná rio0 artigo J.E.D .P.(S.) quanto à teoria das fontes informativas múltiplas do Pentateuco.

Antes de re in ic iar 0 re la to concernente à ú ltim a praga, a décim a — a morte dos p rim ogênitos do Egito — , 0 au to r tom ou tem po para in troduzir um a série de regras atinentes a três das observâncias sócio-cúlticas do povo de Israel: a páscoa, os pães asm os e a ded icação dos prim ogênitos. É possível que esses im portan- tes ritos e práticas an tecedessem 0 êxodo, tendo sofrido todos eles várias modifi- cações e e lab ora ções em tem pos po ste rio res . To dos os três even tos v ie ram a fazer pa rle das com em orações do êxodo de Israel do Egito, quando foram liber- tados de sua servidão já duas vezes centenária . Todos esses eventos contribuí- am pa ra p ro c la m a r a lea ld a d e de Israe l a Y ahw eh , bem com o 0 ava nço do Yahw ism o com o um a nova fé re lig iosa.

A Alta Crítica supõe que as três instituições tiveram histórias distintas e, original- mente, elas eram bem diferentes da form a que, finalmente, adquiriram. E então, por ocasião do êxodo, essas três instituições foram unificadas. Posteriormente ainda, toma- ram-se festividades em honra a Yahweh, que serviam para consolidar Israel em sua fé religiosa.

Aqui e em Deuteronômio 15.19— 16.8, essas três festas aparecem como um bloco único; mas é provável que isso se deva a um desenvolvimento da história posterior, que agora não mais podem os deslindar. Seja com o for, do ângulo da Bíblia, essas três festas formavam um todo, embora cada qual tivesse sua importância para destacar os feitos de Deus em prol de Israel, apontando para 0 significado do grande livramento de Israel por atos divinos. Ver as notas sobre Êxo. 12.43 quanto à páscoa como um símbo-Io de Cristo.

12.1,2

Disse 0 Senhor. A iluminação divina é afirmada acerca da instituição da páscoa. Isso nos ensina, posto que indiretamente, 0 teísmo. Deus comunica-se com os homens e faz intervenções na história humana. O deismo, por sua parte, ensina que

11.6

Haverá grande clamor. Deve te r sido algo com o os clam ores dos povos por ocasião do retorno de Cristo, quando os hom ens clamarão aos montes e às rochas que caiam sobre eles para escondê-los. Esses clamarão e rogarão, mas será muito tarde. Será 0 clamor dos idólatras. Na décim a praga do Egito, pois, Yahweh obteve uma espécie de vitória escatológica, pois a am eaça egípcia terminou subitamente, e a nação de Israel viu-se libertada de um m om ento para outro, tal com o acontece à alm a indiv idual que é liberada da condenação do pecado m ediante 0 poder e a graça de Deus.

As lamúrias em voz alta dos lamentadores impressionam aqueles que visitam os países do Oriente Próximo e Médio, pois nada pode com parar-se a isso, no mundo ocidental. Heródoto, ao descrever as lamentações dos soldados persas, por ocasião dos funerais de Masistius, afirmou: “A Beócia inteira ressoava com 0 clam or deles” {Hist, ix.24). A arqueologia tem desenterrado monumentos egípcios que retratam cenas de lamentação pelos mortos. Ali vemos pessoas a arrancar os cabelos, a se sujar de poeira e a bater sobre 0 peito.

/ís Calamidades e as Pessoas. Uma das mais difíceis questões que a teologia e a filosofia têm tido de enfrentar é 0 p roblem a do sofrim ento. Por que os homens sofrem ? Há aqueles casos c laros em que 0 pecado é a causa do castigo divino. Mas há casos que não são assim tão tra nspa ren tes . E que d ize r sobre os desequilíbrios da própria natureza, quando m uitas pessoas inocentes ficam aleija- das ou são mortas? A resposta do vo lun ta rian ism o — “ D eus assim qu is; Deus é soberano” — não é suficiente. Ver no Dicionário os artigos intitulados Voluntarismo e Problema do Mal.

11.7

Nem ainda um cão rosnará. Se em Israel nem esse tipo de am eaça mani- festar-se-ia, quanto m enos a lgum a am eaça m a ior. P rovave lm en te tem os aí um dito popular, que 0 au tor sacro incorporou neste po n to à narra tiva . O trecho de Josué 10.21 tem algo sem elhante, “ . . . não havendo ninguém que movesse a sua língua contra os filhos de Israel” . Em Israel, pois, haveria um pacífico silêncio. Os cães ladram com tan ta fac ilidade, d ian te do m enor ruído. Os cães latem à noite sem m otivo. Mas em Israel a paz seria tão com p le ta que nem m esm o seriam ouvidos os cães a ladrar durante a noite, para pe rtu rba r as pessoas. Ta lvez haja aqui a lusão ao fenôm eno bem con hec ido de que, de a lgum a m aneira , os cães pressentem a aproximação da morte, especialmente de seus donos, reagindo aque- tes animais com seus latidos e ganidos. No Egito, pois, os cães devem ter passado um a noite intranqüila, mas não na terra de G ósen, onde estava Israel. Todavia, a referência aqui é antes à ameaça de cães, que ladram e rosnam, mas não passam disso. Literalmente, diz 0 original hebraico, “aguçará a língua” , ou seja, ameaçará. A n ú b is e ra 0 deus-cão do Egito. N enhum a d iv indade, nem m esm o essa, poderia fazer m al algum a Israel. É possível que, dessa m aneira , 0 au tor tenha fe ito uma referência indireta a essa questão.

Havia mais de três milhões de israelitas por ocasião do êxodo. Ver os comentários a respeito nas notas sobre Êxo. 10.25. Mas apesar desse grande número de pessoas, que a qualquer noite poderia sofrer as mais diversas aflições, naquela noite, quando morreriam os filhos primogênitos dos egípcios, haveria a maior tranqüilidade na terra de Gósen, ocupada pelos filhos de Israel.

O Senhor fez distinção. Foi feita um a divisão. Tal com o em todas as outras pragas, nenhum dano ou malefício sobreveio ao povo de Israel. Ver Êxo. 8.22,23 quanto a essa expressão. Ver tam bém as notas em Êxo. 9.24 e 26, onde também lemos que Israel foi poupado diante das pragas.

11.8

E se inclinarão perante mim. Seria a humilhação final. O Faraó tinha rece- bido tantas oportunidades de mudar, m as nunca 0 fizera. Portanto, acendeu-se a ira de Moisés, ou, conform e diz 0 hebraico, “aqueceu-se” . O Faraó e todos os seus oficiais, que tão estupidam ente tinham com partilhado de sua dureza de coração (Êxo. 10.1), agora com partilhariam da humilhação, diante da morte de todos os prim ogênitos do Egito. Cf. a indignação dos apóstolos diante da dureza das pessoas de seus dias (Mat. 10.14; Luc. 9.5). “A vida de Moisés tinha sido ameaçada; havia-lhe sido ignom iniosam ente negado 0 seu direito de ter uma audiência com 0 rei acerca do futuro (10.28). Sob ta is circunstâncias, tinha razões para irar-se” (Ellícott, in loc.). Ver Êxo. 12.31-33 quanto ao cum prim ento da predi- ção que consta neste versículo.

11.9

P or Que Se Endurecia 0 Coração do Faraó? A lgo de sobrenatural estava acontecendo. O Faraó tornara-se incapaz de ag ir corretamente. Ele tinha perverti- do sua própria vontade; e, judicia lm ente, a vontade div ina lhe tinha endurecido 0

coração. Tudo isso havia acontecido, a fim de que as “maravilhas”, os sinais m iraculosos

Page 53: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO348

sozinha do cordeiro pascal. A festa não tinha va lor no caso de um a pessoa isola- da. Era um a festa dom éstica, um a observância com unal. A esp iritualidade sem - pre se m anifesta m e lhor em um esfo rço grupai, 0 que não isenta 0 ind iv íduo de outras práticas e observâncias solitárias, mas 0 convida a participar do espírito de com unidade.

Por aí calculareis quantos bastem. Em outras palavras, cada cordeiro seria morto para um certo núm ero de pessoas, as quais, juntas, deveriam observar a páscoa.

12.5

O cordeiro será sem defeito. Não poderia haver nenhum tipo de defe ito físico, de form ação, en ferm idade etc. C om o é óbvio, isso fala da im pecabilidade do Cordeiro de Deus. Ver I Ped. 1.19 e João 1.29. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e F ilosofia 0 verbete Im pecab ilidade de Jesus. Ver no D icioná■ rio 0 artigo Páscoa, C ordeiro da, quanto a com pletas descrições e s im bolism os da páscoa.

Macho de um ano. Ou um anim al que já tivesse com pletado seu primeiro ano de vida, ou que ainda estivesse dentro de seu prim eiro ano de vida, sem ter ainda atingido essa idade. A Septuaginta fa la em um ano completo, 0 que tem levado a maioria dos estudiosos a pensar em uma idade exata do animal a ser sacrificado. Mas há quem suponha que a prática original fosse abater um cordeiro ainda bem novo, talvez com apenas algum as sem anas de nascido. Uma vida preciosa era sacrificada com esse propósito relig ioso. Todas as vidas preciosas pertencem a Deus Pai; e é Sua responsabilidade cuidar de todas elas. Oh, Se- nhor, concede-nos tal graça!

Um cordeiro ou um cabrito. Portanto, orig inalmente, qualquer desses filho- tes podia ser usado, embora depois fosse tradicional servir um cordeiro. Os Targuns mostram que a preferência era dada ao cordeiro, embora também se usasse, ocasionalm ente, um cabrito.

12.6

Décimo quarto dia. O animai a ser sacrificado era separado do rebanho no décimo dia do mês, e, então, guardado para 0 sacrifício por quatro dias. Os rabinos alistam quatro coisas supostamente derivadas dessa exigência, a qual acabou não sen- do preservada senão no com eço da história de Israel, a saber: 1. Originalmente, os cordeiros foram consumidos na terra de Gósen, na residência de cada família israelita. 2 . 0 cordeiro era separado no décim o dia do primeiro mês. 3 . 0 sangue do cordeiro abatido era usado para lambuzar ambas as ombreiras e a verga da porta de entrada de cada casa. 4 .0 cordeiro era comido às pressas.

Q uando foi descontinuada a ex igênc ia acerca do décim o dia, na tura lm ente tam bém foi e lim inada a ex igência re ferente ao décim o quarto dia. Ta lvez aquele período in te rm ed iá rio de qua tro d ias desse ao povo tem po am plo para que as pessoas se ce r tificassem de que 0 an im a l não tinh a de fe ito . Essa questão não podia ser tra tada de modo superficial. Em tipo, de acordo com alguns intérpretes, isso mostra Cristo preservado em Sua infância, enquanto estava sendo preparado para Sua m issão expiatória.

Todo 0 ajuntamento da congregação de Israel. No com eço, isso indicava que cada família cumpriria 0 seu dever religioso. Todas as famílias, em seu conjunto, form avam a congregação de Israel. Posteriorm ente, passou a haver um sacrifício comunal, quando a questão se tornou parte da adoração no templo. Os chefes de fam ília reuniam -se em um só lugar para e fe tuar 0 sacrifíc io com unal. Os críticos vêem aqui um a re ferência a esse costum e posterior, e não à form a prim itiva da observância. A Mishna entende que três grupos de famílias entravam sucessivamen- te no átrio do templo, para matar os cordeiros escolhidos. Nesse caso, para preservar a exigência original de que 0 sangue fosse aspergido, os chefes de família formavam uma espécie de brigada com baldes, apanhando 0 sangue dos animais sacrificados e, então, aplicando-o às ombreiras e às vergas das portas de cada casa. Ou, então, 0

sangue era derramado ao pé do altar, que assim veio a substituir, posteriormente, as portas de entradas das residências.

No crepúsculo da tarde. E ra 0 h o rá r io do s a c r if íc io . Logo, tra ta va -se de um a fe s ta n o tu rn a , c e le b ra d a d u ra n te 0 te m p o da lua ch e ia (vs. 8; ver ta m b é m Isa. 3 0 .2 9 ). De a c o rd o com a o r to d o x ia ju d a ic a , 0 a b a te do animal oco rr ia ao a p ro x im a r-s e a n o ite . A M ish n a d iz -n o s que era a p ro p r ia d a qual- quer hora de po is do m e io -d ia pa ra esse abate. Os sam aritanos, os cara ítas e os sad uceus esp ec ificavam 0 c re púscu lo , an tes de as tre vas ab so lu tas cobri- rem a te rra . A p rá tic a o r ig in a l po r ce r to era co n s u m ir 0 co rd e iro pa sca l du- rante a no ite . Jose fo exp la n o u que, em seus dias, 0 sa c r if íc io tinh a luga r en- tre a no n a e a d é c im a p r im e ira h o ra s (e n tre as 15 h o ra s e as 17 ho ras , G uerras, 1.6, see. 3). Je su s fo i c ru c if ic a d o à ho ra no na (M at. 26 .17). V e r no D ic ioná rio 0 a rtigo cha m ado Vigílias.

talvez tenha havido um Deus criador (mas que pode ter sido uma força cósmica ou poder criador, pessoal ou impessoal), que logo em seguida abandonou a sua criação e a deixou aos cuidados das leis naturais. O teísmo, porém, ensina que houve um poder criativo (sem dúvida, pessoal), que jamais abandonou a Sua criação, mas continua a guiá-la, impondo justiça, mediante a recompensa aos justos e 0 castigo dos injustos. Ver sobre ambos esses termos no Dicionário. A Bíblia é uma obra eminentemente teística. Parte do teísmo con- siste na idéia da revelação (ver no Dicionário 0 artigo intitulado Revelação-lnspiração). Deus pode revelar-se por meio de experiências místicas externas e poderosas (ver no Dicionário 0 artigo intitulado Misticismo). Ou, então, 0 Senhor pode utilizar-se de sonhos, visões etc. Ou Deus pode mesmo enviar-nos 0 Seu Anjo. “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo R lh o .. . ” (Heb. 1.1,2). Ver no Dicionário os seguintes artigos: Profecia, Profetas e 0

Dom de Profecia; Sonhos; Visão (Visões) e Anjo.

O primeiro mês do ano. H averia um novo com eço. O costum e babilôn ico era com eçar 0 ano pe lo que é ag o ra 0 no sso ou tono . Lem os em Ê xodo 34.22 que Israel com eçaria seu ano no que, no ou tro hem isfé rio da terra, era 0 outono (nossa primavera). Portanto, Israel agora alinhava-se ao costume babilônico, posto que po r m o tivos inde pen den tes . A páscoa, que faz ia Israel lem b rar-se de sua libertação da servidão egípcia, assina laria um a Nova Era, portanto a páscoa mar- cava 0 com eço do ano. V er 0 artigo de ta lhado intitu lado Calendário Judaico (B i- biico), com o um dos artigos gerais na introdução a este com entário, vol. I, seção sétima.

“Este mês refere-se a Nisã (março-abril), 0 qual, no calendário eclesiástico pós- exílico, marcava 0 começo dos meses (ver Lev. 23.5,23-25 e as notas ali). De acordo com 0 calendário agrícola mais antigo, 0 ano novo com eçava no outono (Êxo. 22; 23.16; 34.22)” (Oxford Annotated Bible, in loc.).

Os acontecimentos aqui registrados ocorreram no sétimo mês do ano civil, que começava em setembro-outubro. Mas 0 ano religioso passou a com eçar nesse tempo. Dotado de um novo calendário, 0 povo de Israel recebia uma nova identidade, como 0

povo favorecido por Deus, a caminho de volta à Terra Prometida. Dessa maneira teria cumprimento certo aspecto do Pacto Abraâmico (ver as notas a respeito em Gên. 15.18), porquanto Israel teria um território pátrio.

“Doravante, Israel teria dois anos, um civil e outro sagrado (Josefo, Antiq. Jud. i.3, par. 3). O ano civil começava no mês de Tisrí, no outono, ao encerrar-se a colheita; e 0

ano sagrado começava no mês de Abibe (mais tarde chamado Nisã), seis meses an- tes” (Ellicott, in loc.).

12.3

Congregação de Israel. Ver as notas sobre Êxo. 16.1.

Aos dez deste mês. Dia da institu ição e observância da páscoa. Ver no Dici- o nário 0 artigo intitu lado Páscoa quanto a com ple tos de ta lhes sobre essa festa re lig iosa, em sua h istória e s ign ificado . A pá scoa era um a observância de cada família, e 0 cordeiro pascal era a figura central. No livro de Deuteronômio 0 caráter dom éstico é substitu ído por um feriado re lig ioso nacional. F inalm ente, tornou-se um dos sacrifícios efetuados no templo. Ver Eze. 45.21-25; Lev. 23.5; Esd. 6.19,20;II Crô. 30; 35.1-19; Jubileus 49.

A s o r ie n ta çõ e s aqu i da d a s , a e sco lh a do c o rd e iro no d é c im o d ia do pri- m e iro m ês etc., de a co rdo com a M ishn a (ve r a re sp e ito no D ic ioná rio ), ap li- c a v a m -s e so m e n te ao r ito o r ig in a l, 0 q u a l s o fre u m o d if ic a ç õ e s em te m p o s posteriores.

Um cordeiro. No hebraico, seh, filhote da ovelha ou da cabra. Am bos os filhotes eram usados durante a páscoa, mas acabou prevalecendo, por costume, 0 cordeiro, de acordo com um a antiga tradição. Quanto ao tipo envolvido, ver 0

artigo intitulado Cordeiro de Deus.

Segundo a casa dos pais. A nação de Israel estava organizada por famílias, clãs, tribos e príncipes. Essa observância era importante para as famílias, e, então, para a nação, em todas as suas expressões. Um cordeiro era selecionado para cada família, a menos que esta fosse muito pequena, quando então duas fam ílias podiam reunir-se para celebrar juntas a páscoa. Estavam envolvidas ra- zões econômicas (ver 0 vs. 4).

12.4

C om partilhando a Páscoa. S acrifica r um corde iro era um evento econôm ico avanta jado. Uma fam ília ou casa pequen a pod ia com partilh a r um corde iro com outra família. Josefo diz-nos que dez pessoas era 0 núm ero mínimo de um a casa (G uerras, v i.9.3). Esse núm ero to rnou -se 0 padrão pa ra a organ ização de uma congregação ou minissinagoga juda ica. Q uando duas fam ílias se uniam para ceie- brar a festa, elas ficavam separadas no aposento, de costas um a para a outra, e assim era preservada a unidade dom éstica, apesar da cooperação. Um corde iro pasca l p rec isava ser con sum ido in te iro , e um a fa m ília d ific ilm e n te po deria fa- zer isso em um a ún ica re fe ição. V e r Êxo. 12.10. N enhum a pessoa podia com er

Page 54: At Interpretado- Êxodo

349ÊXODO

uma espécie de cruz, 0 que, sem dúvida, tipifica mui aptamente 0 Cristo crucificado” (Eilicott, in loc.).

O fato de que 0 cordeiro tinha de ser preparado e consumido inteiro, apontava para a obra divina completa e perfeita, 0 perfeito sacrifício expiatório de Cristo.

12.10

Coisa algum a podia restar do corde iro pascal; mas, se porventura sobrasse, isso te r ia de ser con sum ido no fogo , sem sob ra r ne nhum a porção da carne. A razão disso é que co isa a lgum a do sacrif íc io sag rado podia ser consum ido com p ro p ó s ito s p ro fan os, com o a lm o ç a r no d ia seg u in te . A dem ais , ao e sca p a r do Egito pa ra 0 dese rto , Israe l não se r ia cap az de levar cons igo a lm o ços extras. T inham de cam inhar 0 mais desim ped idos que fosse possível. Ta lvez a tota lida- de do sacrifíc io (0 seu uso por inte iro) tip ificasse Cristo em Sua com pleta pessoa div ino-hum ana, 0 qual realizou um sacrifíc io perfeito , um a expiação sem 0 m in i- mo defeito. Cristo cum priu a Sua m issão nos papéis de Profeta, Sacerdote e Rei, e isso de modo perfeito.

Ademais, era um sacrifício noturno que não permitia que nada sobrasse até a luz do dia seguinte.

A Jornada Próspera. Na literatura clássica há um paralelo geral deste versículo do livro de Êxodo. Catão referiu-se a um certo G. Albidius que queimou todos os vestígios de seu sacrifício por motivo da propter viam, ou seja, uma viagem apropriada e próspe- ra, que ele faria no dia seguinte. Cum prir de modo absoluto 0 sacrifício era reputado como algo que agradava aos deuses, que então concederiam uma jornada próspera [Macrobius, Saturn, lib. ii.2).

12.11

Comê-lo-eis à pressa. Essa foi a instrução final. Israel estava com pressa para deixar para trás a servidão. O cordeiro pascal era com ido estando as pesso- as em pé, de sandálias e as vestes cingidas. Esses eram sinais externos da pressa que eles sentiam, por ordem de Deus. Esse foi um dos quatro elementos que não prosseguiram na observância da páscoa em tem pos posteriores. Ver as notas sobre Êxo. 12.6 quanto a isso. O cajado e as sandálias eram objetos que as pessoas usavam fora da casa. Assim, apesar de estarem ainda dentro de suas casas, eles estavam preparados para sair delas, prontos para a jornada. Comiam vesti- dos para viajar. Já tinham estado no Egito por tempo bastante. Um novo lar e um novo destino esperavam por eles.

As sandálias usualmente eram tiradas por ocasião das festividades e dias san- tos. V er Gên. 18.4,5; Luc. 7.44; João 13.5. Na páscoa, porém, essa situação era revertida. O ca jado era com panh ia constante dos viajantes, seu apoio e ajuda, e, ocasionalm ente, sua defesa contra algum anim al ou bandido que porventura ata- cassem. Ver Sal. 23.4.

A páscoa. A palavra hebraica equivalente deriva-se de um termo que significa “coxear” ou “saltar” (II Sam. 4.4; I Reis 18.21,26). Mas aponta para 0 fato que 0 anjo destruidor passou por cima das casas protegidas pelo sangue do cordeiro, aplicado às om breiras e verga da porta (Êxo. 12.23). Ver no Dicionário 0 artigo detalhado intitulado Páscoa. Ver 0 Novo Testamento Interpretado em I Cor. 5.7 quanto a “Cris- to, nossa páscoa” .

Tem os aqui 0 prim eiro uso da pa lavra páscoa na Bíblia. A lguns pensam que a palavra é de origem egípcia e significaria então “abrir as asas para p ro te g e i, mas a maioria dos estudiosos prefere 0 sentido do hebraico. Ver os vs. 24-27 quanto ao fato de que a páscoa foi fatal para os egípcios, mas serviu de livramen- to para 0 povo de Israel.

12.12

Este versículo prediz 0 que acabou acontecendo, segundo se vê nos vss. 24- 27, dizendo-nos po r que a festa foi cham ada “páscoa”, conform e já foi explicado nas notas sobre 0 vs. 11, e descrito com abundância de detalhes no verbete Páscoa, no Dicionário. As nove pragas anteriores tinham ferido gravemente 0

Egito, tinham -no virtualm ente esm agado; mas coisa alguma com parou-se ao gol- pe desfechado pela décim a praga. Yahweh, por meio de Seu Anjo Destruidor (vs. 23), passaria por cima do povo de Israel, poupando-lhe as vidas. Mas, ao passar pelo Egito, foram destruídas muitas vidas, a vida de todos os filhos primogênitos, dos seres humanos e dos anim ais. Foi um a passagem pelo Egito, com 0 fim de destruí-lo.

Os Deuses Egípcios Foram Julgados. Nas notas sobre Êxo. 7.14 dou um gráfico que ilustra quais deuses foram humilhados a cada praga. Este versículo contém uma declaração genérica. O panteão egípcio inteiro sofreria um golpe devastador por ocasião da décim a praga, sem prejuízo, naturalmente, dos danos causados pelas pragas anteriores.

Min, 0 deus egípcio da reprodução, teria roubado 0 seu fruto; Heqet, deusa protetora das mulheres por ocasião do parto, perderia a guerra contra a destruição

0.7

Tomarão do sangue. Ou seja, aque la po rção do sacrif íc io que, de acordo eom a antiga crença, destinava-se ao poder divino. Ver Lev. 1.5. O riginalmente, 0

sangue foi aplicado às ombreiras e à verga da porta de cada casa, ou seja, a parte ■a is san ta e ded icada da casa (Lev. 21 .6 ; Deu. 6.9). No d ia da m a tança dos prim ogênitos no Egito, isso atuou com o um a m edida prote to ra contra 0 anjo des- *udor, que, vendo 0 sangue aplicado, passaria por sobre a casa assim protegida. V« os vss. 22 e 23 deste capítulo, com o tam bém Êxo. 4.24, e as notas expositivas 3á existentes.

No Dicionário ve r os artigos Sangue e E xpiação (quanto a este seus pontos qunto e sexto). Ver tam bém ali os verbetes Expiação e Expiação pe lo Sangue. E na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia ve r 0 artigo Expiação pe lo Sangue de Cristo.

Alguns estudiosos supõem que 0 uso do sangue, conforme aparece na primeira páscoa, realmente antecedeu 0 evento, como um rito antigo que apelava aos poderes dvinos em busca de proteção contra forças espirituais malignas, para que fosse preser- «da a paz na família. A porta, com o entrada que dava acesso à casa, seria 0 lugar lógico onde era aplicado 0 sangue protetor.

Vida ou Morte. 0 m esm o anjo destru idor (0 Anjo de Yahweh) que matou os primogênitos do Egito tam bém foi 0 anjo protetor de Israel. Assim foi e assim será sempre: escolhemos com o 0 Poder Divino haverá de relacionar-se conosco. No caso dos israelitas, 0 cordeiro era m orto em lugar dos filhos prim ogênitos, 0 que aponta para 0 poder vicário do sacrifício de Cristo.

Talvez 0 sangue tam bém sim bolizasse um laço que congregava a fam ília e a comunidade, tendo-se tornado assim um sinal do pacto que todos eles com parti- h a vam com Yahweh. Ver as notas sobre 0 Pacto Abraâm ico em Gên. 15.18.

Expiação. 0 sangue do cordeiro pascal fazia uma expiação simbólica pelos membros da família que se protegesse com 0 sangue aplicado à porta de sua casa. Isso os protegeu da ira divina que estava à solta naquela noite. Ver no Dicionário 0 verbete intitu lado Ira de Deus,

12.8

A carne assada no fogo. Alguns têm pensado que 0 rito, antes de fazer parte da páscoa, consistia em comer carne crua. Mas essa prática teria sido descontinuada por Israel. 0 trecho de Deuteronômio 16.7 parece sugerir que carne cozida era uma alter- nativa para a carne assada. A proibição ao consum o de sangue não permitia que a carne fosse comida ema. A Mishna diz que 0 cordeiro era assado mediante 0 uso de um espeto de madeira de romãzeira, que atravessava a carcaça. Não eram permitidos nem metais e nem grelhas. Em suas condições primitivas, no deserto, 0 povo de Israel podia assar 0 cordeiro com mais facilidade do que usar qualquer outra form a de cozimento. Posteriormente, porém, os cordeiros eram cortados em pedaços e cozidos (I Sam. 2.14,15).

Com pães asmos. Ver no Dicionário 0 verbete Pães Asmos. Ver as notas sobre 0

vs. 15 quanto ao rito com os pães asmos, a segunda comemoração vinculada à obser- vância original. A terceira comemoração era a dedicação dos filhos primogênitos (Êxo.13.2). Ver as notas de introdução à atual seção quanto a comentários sobre a combina- ção dos três eventos em um só, na páscoa original. No Dicionário há notas sobre cada um desses eventos.

O rig ina lm ente , 0 matzoth, a festa dos pães asm os, era distinto da páscoa” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). Porém, havia um a festa prelim inar e prim itiva dos pães asmos, em conjunção com a páscoa. Todos esses ritos desenvolveram -se em tem pos posteriores, e todos eles, em algum a form a prim itiva, provavelm ente antecederam 0 evento do êxodo e da páscoa.

Ervas amargas. Ver no Dicionário 0 artigo Ervas Am argas. Essas ervas simbolizavam os sofrim entos de Israel antes de sua libertação, e, com o tipo, apontavam para os sofrimentos de Cristo. A M ishna (Pesahim , 2.6) dá os íngredi- entes necessários, sobre os quais com entam os no artigo acim a referido.

12.9

A carne do cordeiro não podia ser com ida crua, por causa do sangue. Ver no Dicionário 0 artigo intitu lado Sangue quanto a inform ações sobre esse ponto. Ver Gên. 9.4; Lev. 3.8; 7.26 quanto a essa proibição e suas razões. Intérpretes judeus chegaram a debater se 0 animal deveria ser assado com suas pernas dobradas dentro ou fora da carcaça. Isso parecia importante para eles, em bora para nós seja algo inteiramente sem valor. Fato é que 0 cordeiro deveria ser assado sem que nenhum osso fosse quebrado (vs. 46; cf. com a experiência de Jesus, em João 19.32-36). As entranhas deveriam ser tiradas, limpadas cuidadosamente, e repostas em seu lugar.

“Justino Mártir disse que 0 anim al era preparado para ser usado mediante 0

uso de dois espetos de madeira, um perpendicular e outro transverso, formando

Page 55: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO350

ferm entado, du ran te aqueles oito dias, era cortado do m eio do povo. Isso pode a p o n ta r pa ra p u n içã o c a p ita l ou e x c lu s ã o . V e r G ên. 17 .14 e suas no tas expositivas.

Aqueles que fossem protegidos pelo sangue do cordeiro também deveriam estar isentos de qualquer corrupção do pecado, simbolizado pelo fermento. Aqueles eram dias de santificação e de cultivo espiritual, e coisa alguma poderia interferir nessa dedi- cação.

Originalmente, talvez, a ausência de fermento se devesse à preparação para a saída às pressas (vss. 34 e 39; Deu. 16.3). Mas 0 fermento tem um efeito corruptor (Êxo. 23.18; Mat. 16.6; I Cor. 5.7). Ritualmente, 0 fermento acabou sendo visto como uma substância impura (Lev. 1.22), capaz de contaminar toda uma colheita. Ver na Enciclo- pédia de Bíblia, Teologia e Filosofia os artigos cham ados Fermento e Fermento e Seus Simbolismos.

12.16

Ao primeiro dia. Pode estar em pauta 0 dia da páscoa (Êxo. 12.3,6), ou 0 dia seguinte, que assinalava um a nova celebração. Os estudiosos aceitam ambas as possibilidades. Seja como for, estão em foco os dias 14 ou 15 do mês de nisã. O primeiro e 0 último dias dos pães asmos eram assinalados por reuniões especiais e comemorações. Nenhum trabalho podia ser feito (pelo que era uma espécie de sábado ou dia de descanso). Eram oferecidos holocaustos. A combinação páscoa- pães asmos tornou-se uma espécie de rito sacrificial. Tal como a páscoa, os pães asmos também deveriam ser um estatuto perpétuo (vs. 17; cf. 0 vs. 14). Ver Levítico23.6 quanto ao primeiro dia dos pães asmos, e 0 dia 15 do mês de abibe (antigo nome do mês de nisã). Talvez fossem usadas as trombetas de prata para esse propósito (Núm. 10.2). A lgo sim ilar aconteceria no último dia. A regra que proibia todo tipo de trabalho, provavelmente, aplicava-se somente a esses dois dias. Ver Lev. 23.7,8. Podia ser preparado 0 alimento, como podiam-se fazer certos trabalhos domésticos. Mas no sábado regular não se permitia nem mesmo isso.

12.17

Essa festa , com b inad a com a páscoa, era um m em oria l do liv ram ento da serv idão no Egito. Israel saiu do Egito fo rm an do hostes, ta lvez em fo rm ação quase-m ilita r, p repa rada pa ra a ba ta lha, se necessário fosse. Mas alguns erud itos vêem nisso ap enas um a re fe rênc ia ao g rande núm ero de com panh i- as postas em ordem , con fo rm e se faz com os exé rc itos . Já v im os esse term o usado em Êxo. 6.26, onde ap resen te i com en tá rios a respeito. O trecho de D euteronôm io 16.1 m ostra que eles sa íram “de no ite ” , p rovave lm ente ao cre- púscu lo do dia.

12.18

Designações de Tempo. Primeiro mês (nisã, correspondente aos nossos março- abril) do calendário re lig ioso recém -instituído (que era 0 sétimo mês do calendário civil, ver Êxo. 12.2). Dia 14 (ver Êxo. 12.3,6). Contava-se à partir daí uma semana, até terminar 0 vigésimo primeiro dia, à tarde (os judeus iniciavam e terminavam 0 dia às 18 horas). Durante todos esses dias, os israelitas não podiam provar fermento. Para Israel, isso assina lava um a Nova Era. T inha com eçado a m archa de volta à Terra Prometida, pelo que todos os dias eram contados a partir daquele evento, tal como agora todos os eventos retrocedem até Cristo, com as nossas designações de datas como A. C. e D. C.

“Essa longa abstinência de fermento denota que a vida toda daqueles que são israelitas deveria, realmente, ser sem dolo, hipocrisia e malícia, mas, antes, deveria ser vivida em sinceridade e verdade” (John Gill, in loc.).

À tarde... até a tarde. Ou seja, no térm ino do dia 14 e no começo do dia 15 do mês de nisã, pois os hebreus com putavam seus dias das 18 horas às 18 horas, ao passo que os com putám os das 24 horas às 24 horas. Ver no Dicionário 0 artigo intitu lado Dia.

12.19

Era feita uma busca exaustiva, garantindo, de modo absoluto, que na casa não havia nenhum fermento. E tam bém ninguém ousaria trazer fermento para 0

in terior de um a casa, ou cozer pães fermentados. V e r as notas sobre 0 vs. 15 quanto ao sim bolism o do ferm ento; e ver tam bém 0 artigo Pães Asmos, quanto a com pletas exp licações a esse respeito. Estamos informados que essa observân- c ia da ausência de ferm ento tornou-se um a das práticas religiosas mais escrupu- losamente observadas em Israel. Aquele que violasse esse estatuto era cortado, ou seja, excluído. Essa expressão, porém, tam bém podia significar punição capi- tal (ver Lev. 20.3). Mas parece que nunca houve execuções por esse motivo. Seja como for, a pessoa que transgredisse deixava de existir aos olhos dos israelitas, m esm o que não fisicamente.

Phillips Brooks pregou um serm ão que se tornou famoso. Nesse sermão ele falava sobre 0 “m istério da iniqü idade”, salientando que a maldade parece mais

dos primogênitos; ísis, a deusa protetora das crianças, mostrar-se-ia impotente diante do anjo destruidor. O filho primogênito do Faraó, embora considerado um deus, morre- ria juntamente com todos os demais filhos primogênitos dos egípcios, por mais humii- des que estes fossem.

A lguns autores, com o A rtapano (Apude Euseb. Praepar. Evan. 1.9 c .27 par. 436) associou aba los s ísm icos ao êxodo, im ag inan do que os tem plos eg ípc ios ruíram; e Justino Mártir pensava que Moisés ordenara 0 furto dos ídolos egípcios, tirando-os do Egito, 0 que som ente aum entou a conste rnação dos idóla tras. (E. Trogo, 1.36, c. 2).

Naquela noite. Essa décim a praga, tal com o as an teriores, ocorreu e termi- nou em um preciso momento, que fora previsto. Cf. 0 am anhã referido nas outras pragas: Êxo. 8.10,23,29; 9.5,6,18; 10.4. Está em pauta 0 décim o quinto dia do mês de Nisã, visto que 0 décim o quarto d ia daquele mês assinalou 0 início da páscoa. Ver os vss. 3 e 6.

12.13

“ Quando eu vir 0 sangue, passarei por vós” . Assim tam bém diz um antigo hino evangélico. O sangue atuou com o um s ina l para 0 anjo destruidor (0 Anjo de Yahweh, vs. 23), para que não ferisse 0 prim ogênito daquela casa. “0 sangue aspergido sobre as portas das casas dos israelitas serviu de proteção diante da morte, quando Deus destruiu os prim ogênitos. Do verbo hebraico pasah (“passar por cima"), vem 0 substantivo, a designação dessa festividade religiosa, a “páscoa” (no hebraico, pesah). Assim com o 0 sangue de um anim al era 0 meio de escapar da morte e ser livrado, assim tam bém 0 sangue de Cristo é 0 meio de redenção dos crentes (Rom. 5.9; Efé. 1.7)” (John D. Hannah, In loc.).

Não haverá entre vós praga destruidora. O povo de Israel foi poupado das pragas. Ver Êxo. 8.22,23; 9.4,26; 10.23.

12.14

Este dia vos será por memorial. O s is rae litas nunca deveriam o lv ida r-se do dia de seu livram ento nacional. Deus fez a d is tinção en tre 0 crente e 0 incré- dulo, e isso é re fle tido na fes ta da páscoa, sobre a qual o fe reço um artigo deta- lhado no D icionário . V e r tam bém ali 0 a rtigo gera l in titu la do F es tas (F estiv ida ■ des) Judaicas. A festa dos pães asm os (vss. 15-20) acabou associada à páscoa, com o se fosse uma só celebração, junto com a dedicação dos prim ogênitos (Êxo.13.2). V e r a in troduçã o a es ta seçã o (no vs. 1), qu anto a um a de scrição sobre essa un ião de festas. O utras ordenanças pe rm an en te s tam bém faz iam parte da leg is la ção dos hebreus. V e r Êxo. 27 .21 ; 28 .43 ; 29 .9 ; 30 .21 ; Lev. 16 .29,31,34 ; 23.14,21,41. A festa de sete dias dos pães asm os era um a espécie de continua- ção natural da páscoa, que era festa de um único dia, ainda que, provavelm ente, fosse uma celebração separada. A páscoa dos hebreus prossegue, em um senti- do espiritual, na Ceia do Senhor dos cristãos (I Cor. 5.7,8). Essa associação fez a festa perpétua dos hebreus tornar-se a eterna festa cristã.

Pães Asmos (12.15-20; 13.3-10)

Ver no Dicionário 0 detalhado artigo intitulado Pães Asmos. Às informações dadas naquele artigo, adiciono aqui algumas poucas idéias. Ver a introdução às notas sobre Êxo. 12.1 quanto à associação das três comemorações: a páscoa, os pães asmos e a dedicação dos primogênitos.

Provavelmente, a festa dos pães asmos era celebrada por ocasião da colheita da cevada. Mas acabou tomando-se uma festa anual, ligada à páscoa, como uma espécie de continuação natural, com a duração de sete dias. Essas duas festas acabaram sendo conhecidas por um nome só, mazzoth. Nesta os pães asmos não figuram separados da páscoa, mas como uma continuação. Todavia, 0 trecho de Levítico 23.6 faz a distinção entre elas. Números 28.17 informa-nos que começava no dia 15 do mês de nisã. Mas no primeiro dia, quando era removido todo fermento da casa, era, naturalmente, 0 décimo quarto dia, 0 dia da páscoa. Ver as notas sobre Êxo. 12.3,6 quanto às designações de tempo. Nisã (nosso março-abril) tomou-se 0 primeiro mês do recém-instituído ano religio- so, ao passo que era 0 sétimo mês do antigo ano civil. Ver as notas sobre 0 vs. 2 quanto a essa informação.

12.15

Sete dias. Uma continuação natural da páscoa. Ver a introdução (acima) a esta seção, quanto a informações gerais.

Logo ao primeiro dia. Provavelm ente 0 d ia 14 de nisã, 0 d ia da páscoa, que nesse caso seria considerado 0 prim eiro dia dos p ã es asm os (ver a esse respeito no Dicionário).

Tirareis 0 fermento. O ferm ento, na Bíblia, é sím bolo de pecado e corrupção moral. E isso era levado muito a sério, po is qua lque r um que ousasse com er pão

Page 56: At Interpretado- Êxodo

351ÊXODO

Nenhum de vós saia da porta da sua casa. A p ro teçã o con tra 0 an jo destru idor estava do lado de dentro de cada casa, e não do lado de fora. Do lado de fo ra po deria ser perigoso , e M o isés não pod ia ga ran tir a segurança de nin- guém do “ lado de fo ra ” .

12.23

Yahweh seria 0 agen te da m orte, com o tam bém 0 agente da vida, em um a única noite, dependendo do sangue que fosse aspergido nas ombreiras e na verga da po rta de cada casa . O S e n h o r pa ssa ria p o r todo 0 Eg ito; e a casa que não estivesse proteg ida pelo sangue seria atingida pelo anjo da morte, 0 anjo destrui- dor, agen te de Yahw eh , que O aco m pan hava . A lguns erud itos vêem aqui um a antiga crença sobre poderes dem oníacos que a tuariam sob as ordens de Deus, a lgo parecido com um a am eaça fe ita po r Paulo, em I Cor. 5.5, onde um hom em incestuoso, que convivia com sua m adrasta, foi am eaçado com a morte, adminis- trada por Satanás, por delegação de Deus. O trecho de Heb. 11.28 refere-se a este versículo, e tam bém fala sobre 0 anjo destruidor. Ver II Sam. 24.16 e Isa. 37.36, e suas notas expositivas, acerca do anjo da morte.

O Targum de Jonathan refere-se ao destruidor como um “anjo” . Ver no Dicionário 0 artigo Anjo. Cf. II Reis 19.35, onde 0 anjo da morte efetuou grande matança em uma única noite, entre 0 exército assírio.

12.24

Estatuto.. . para sempre. Aconteceu a lgo de grandioso que foi 0 golpe final de Deus, a fim de libertar 0 povo de Israel. Portanto, tal ocorrência deveria ser lembrada perpetuam ente pelos israelitas. Já v im os idéia sim ilar no vs. 14, no tocante à páscoa, e no vs. 17, no tocante aos pães asm os. Os críticos pensam que a nota procede da fonte J, ao passo que os vss. 14 e 17 procederiam da fonte P(S). O fato é que Deus requeria perpetuidade. Assim, até hoje, para os judeus nada é mais importante do que a celebração da páscoa.

12.25

Na terra. A P a le s tin a , co m o um do s a sp e c to s do P ac to A b ra â m ico . V e r G ên . 15 .18 q u a n to a esse p a c to . U m a de su a s p r in c ip a is p ro v isõ e s e ra um te rritó r io pá trio . Isso fo ra p rom etido desde 0 com eço a Abraão. P rim eiram ente, haveria um pe ríod o de esc ra v id ã o no E g ito (Êxo. 15.13). E ntão os hab itan tes o r ig ina is da terra de C anaã (T erra P rom etida , pa ra os israe litas) teriam de que encher sua taça de in iqü idade. S om ente 0 povo de Israel poderia entrar na sua Te rra P rom etida. Ver Gên. 15.16. A páscoa ce leb rar ia a ú ltim a das dez pragas con tra 0 Eg ito, 0 que leva ria Is ra e l a ser libe rtada . A in d a haveria a con fron ta - ção no m ar V e rm e lho , 0 que se r ia um m ilag re de liv ram en to para Israel, e de d e s tru iç ã o pa ra 0 e x é rc ito do E g ito . Em s e g u id a , h a v e ria q u a re n ta an os de va g u e a çã o p e lo d e se rto . F in a lm e n te , sob a lid e ra n ça de Josu é , os f ilh o s de Israe l en tra r ia m na Te rra P rom etida , a qua l, tod av ia , só seria con qu is tad a in- te ira m e n te após long o p e ríod o de g u e rra s . Esse te rr itó r io tinh a s ido a reg ião onde Abraão habitou tem pora riam en te , com seus de scendentes (Isaque, Jacó e os filhos deste e a lguns netos).

Uma vez na Terra Prometida, a páscoa continua a ser celebrada como memorial do poder libertador e da graça de Yahweh. O sentido dessa celebração deveria ser ensinado às sucessivas gerações de descendentes de Abraão (Êxo. 12.26,27; 13.14,15).

12 .26,27

O s filhos veriam seus pa is observando os ritos próprios da páscoa, e, por curiosidade, perguntariam a razão da ce lebração. Isso daria aos pa is a oportu- n idade de exp licar cada de talhe. O rito deveria ser e fe tuado no an iversário precioso da libertação. O ano re lig ioso com eçaria no mês de nisã, 0 m ês da libertação. Esses de ta lhes em prestariam ao rito um v iv ido sentido para todas as gerações futuras. Assim , a páscoa te ria um propósito didático. Havia um a esp iritualidade a ser cu ltivada, porquanto Yahw eh tinha ag ido por Sua graça, ao dar a Israel liberdade e um territó rio pátrio. As provisões do pacto abraâm ico seriam recitadas, e isso redundaria em un idade quanto aos propósitos e expres- sões nacionais.

Ver no Dicionário 0 artigo E ducação no Antigo Testamento, e, na Enciciopé- dia de Bíblia, Teologia e Filosofia, 0 verbete cham ado Educação Cristã.

Em Cristo, a páscoa recebeu um novo significado (I Cor. 5.7). Cristo seria 0

Cordeiro de D eus (ver no Dicionário), do qual 0 cordeiro com ido na páscoa sen/ia de tipo. Em Cristo, os gentios viriam a participar do pacto abraâmico, 0 qual, desse modo, adquiriria sentidos un iversais e espirituais que nunca tinham sido destacados durante a história do povo de Israel. Ver Gál. 3.14 ss.

A Ceia do S enh or (ve r 0 a rtigo com esse nom e na E ncic lopé d ia de Bíblia, Teologia e F iloso fia , com o tam bém 0 a rtigo cham ado E ucaris t ia ) to rnou -se um m em oria l c ris tão da páscoa. Há dias re a lm en te d ife ren tes de outros. São dias que se rvem de m a rco s , qu e d e ve m ser re le m b ra d o s , p o rq u a n to faze m um a d ife rença vita l na v ida das p e ssoas . A p á scoa era um desses dias; a Ceia do

contagiosa do que a bondade, aludindo à propagação e vitalidade do mal com o umde fermento moral.

O peregrino. Provavelmente devemos pensar aqui em convertidos à fé judaica. Mas tam bém é possível que essa lei fosse tão radicalmente observada que não se permitia a ninguém ter fermento em suà casa, durante esse tempo, sem importar se a pessoa estava ligada ou não à fé dos hebreus. Bastaria que a pessoa estivesse perto de Israel para que fosse forçada a não ter fermento em casa, sob 0 risco de graves conse- qüênáas.

O natural da terra. Sem dúvida, está aqui em foco a Palestina. E isso indica que esse versículo foi escrito retrospectivamente em relação à instituição da regra, por al- guém que já vivia na Terra Prometida. Os críticos agarram -se a este versículo, e a outros semelhantes, para provar a data de escrita posterior do livro de Êxodo e de todo 0 Pentateuco. Ver a introdução ao livro de Êxodo quanto a comentários sobre a data de sua composição, em 1.1.

12.20

Foi baixada um a term inante proibição quanto à presença de fermento, sem importar se sob a forma de pão ou de qualquer outro alimento preparado. Essa declaração reforçava 0 que já havia sido dito. Ver as notas sobre os vss. 15 e 19. Os hebreus não com iam, ordinariamente, pão sem fermento, conform e Tácito chegou a supor (Hist. 1.5 c.4). Mas eles m ostravam -se radicais acerca de certos tempos de abstinência.

Ver 0 trecho de Êxo. 13.3-10 quanto a versículos adicionais e descrições sobre os Pães Asmos. Os críticos pensam que a fonte informativa desse trecho seja a fonte D.

A Páscoa (12.21-28)

O autor sagrado voltou agora à descrição da páscoa e sua situação histórica. Os críticos atribuem esta seção à fonte J. Ver 0 artigo intitulado J.E.D.P.(S.), no Dicionário, quanto à teoria das fontes múltip las do Pentateuco.

Apresentei um a introdução geral ao assunto, na introdução aos com entários sobre Êxo. 12.1. Os críticos atribuem 0 trecho de Êxo. 12.1ss. à fonte P(S), pensando que 0 texto diante de nós provém de um a tradição mais antiga.

12.21

M oisés transmitiu sua inform ação aos anciãos (cabeças de tribo), a fim de que pudessem im plem entar a institu ição da páscoa e fazer preparativos gerais para a saída do Egito.

As instruções em Êxo. 1.3 foram endereçadas a toda a congregação de Israel, e agora, através de representantes. Os críticos vêem uma distinção nas diferentes orienta- ções, entre as fontes informativas P(S) e J.

Um cordeiro para cada família, conforme se vê no vs. 3, ou um cordeiro para mais de uma família, se estas fossem pequenas, quando então mais de uma família particí- pava de um só cordeiro, conforme se vê no vs. 4. Coisa alguma deveria restar para uso profano ou supersticioso (vs. 10). A outra fonte informativa, P(S) (se aquela teoria é verdadeira), daria detalhes sobre os preparativos para a saída que esta seção não menciona. Temos aqui instruções sobre a aplicação do sangue (vs. 22). Ver I Cor. 5.7 quanto a Cristo como a nossa páscoa.

12.22

Um molho de hissopo. O hissopo era um arbusto de ram inhos apropriados para aspergir líquidos em rituais relig iosos. Ver Lev. 14.4,6; Núm. 19.6,18. Ver detalhes com pletos sobre 0 hissopo e seus usos no artigo cham ado Hissopo, no Dicionário. Ê possível que alguns povos antigos (incluindo os hebreus) associas- sem poderes mágicos ao hissopo, em bora não haja 0 m enor indicio de tal coisa no texto. O modo de proceder provável, de acordo com J. Edgar Park {in loc.), m encionado neste versículo, seria este: “0 cordeiro era abatido no limiar, e seu sangue era aspergido em um local rebaixado, talvez feito com esse propósito. H. Oorte referiu-se a miniaturas que retratavam a aspersão de sangue dessa manei- ra” (“Oud-lsrae ls Paaschfeest", Theologiish Tijdschrift, xlií, 1908, págs. 489-490).

Nossa versão portuguesa, a par com outras traduções, fa la aqui em bacia, em lugar de um receptáculo para 0 sangue. Porém, no hebraico, “bacia" e “ limiar” são pa lavras homógrafas, ainda que m uitos estudiosos prefiram pensar aqui em “ limiar” , e não em “bacia” . A Septuaginta e Jerônimo, entre outros, tam bém prefe- riram a tradução limiar, neste versículo.

O Targum de Jonathan refere-se ao vaso de barro que era usado para reco- lher 0 sangue, onde era m ergulhado 0 ram o de hissopo. As referências literárias m ostram -nos que os povos pagãos da época tinham costum es similares.

As ombreiras e a verga da porta eram aspergidas com 0 sangue do cordeiro. A lguns vêem nisso um a cruz, mas talvez im aginem demais. Seja com o for, 0

hissopo foi associado à crucificação. Ver João 19.29 e I Cor. 5.7.

Page 57: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO352

senso de segurança. E agora, de chofre, a calamidade desabara sobre eles; e 0 dam of dos egípcios foi deveras grande.. . A visitação é, no mais das vezes, atribuída ao próprio Yahweh (Êxo. 4.23; 11.4; 12.12,27,29; 13.15), mas no vs. 23 é atribuída ao anjo destrui- d or.. . E, neste ponto, é atribuída a alguma agência angelical.. . tal como em II Sam. 24” (Ellicott, In loc.).

Apesar de que as pragas podem sobrevir de repente, ceifando muitas vidas, era óbvio que a décima praga não foi alguma praga ordinária. Era seletiva, ferindo somen- te os filhos primogênitos; tinha sido predita com precisão; tinha poupado os israelitas; e também tinha ferido os primogênitos dos animais. Sem dúvida alguma, era algo sobre- natural.

“Nenhum outro povo do mundo mostrava-se tão expressivo em suas lamentações quanto os egípcios. . . eles açoitavam-se, batiam-se, feriam-se e uivavam em seu excesso de tristeza. Quando um parente qualquer morria, as pessoas saíam da casa, corriam para a rua e uivavam da forma mais lamentável e fanática. Ver Diodoro Siculos (Lib. 1) e Heródoto [Hist. ii. c.85,86)" (Adam Clarke, in loc.).

“ Isso apresenta-nos um a v iv ida m emória da fúria de Deus contra os pecado- res, e 0 preço imenso cobrado pelo pecado. Como era patente, uma m ão podero- sa tinha com pelido 0 Faraó a de ixar sair 0 povo de Deus! (Êxo. 3.19)" (John D. Hannah, in loc.). Ver no Dicionário 0 verbete Ira de Deus.

12.31,32

A Convocação de Moisés e Arão. Essa cham ada dos dois líderes de Israel provavelm ente foi feita m ediante um m ensageiro, que trataria diretamente com eles. Dificilmente sobrava ânim o ao Faraó para entrevistar-se com Moisés, naque- Ia hora tão delicada. Irados, 0 Faraó e Moisés tinham concordado que não mais se entrevistariam (Êxo. 10.28,29). Em desgosto mútuo, eles não mais queriam ter um encontro.

Nenhum a Transigência Foi Proposta Desta Vez. Ver as notas em Êxo. 10.11 quanto às quatro transigências que 0 Faraó tinha proposto em ocasiões anteriores. Agora, 0 Faraó rendia-se incondicionalmente. Não houve mais conversa em Israel sobre sair somente para uma jornada de três dias, a fim de adorar (Êxo. 3.18; 5.3; 8.27); não houve mais proposta para que Israel ficasse no Egito a fim de adorar (Êxo. 8.25); não se falou mais em Israel ir somente até certa distância (Êxo. 8.28); não houve mais condição para os israelitas deixarem no Egito seus filhos e posses- sões (Êxo. 10.11); nem suas propriedades e animais domesticados (Êxo. 10.24). De fato, 0 Faraó queria os israelitas total e finalmente fora do Egito. Sua relutância tinha mudado em ansiedade para que 0 povo de Israel fosse libertado.

“0 obstinado governante reconheceu que Yahweh é 0 Senhor” (J. Edgar Park, in loc.). Ver Exo. 6.7 quanto ao reconhecimento de Israel desse fato; e ver Êxo. 7.5 quanto ao reconhecimento desse fato por parte dos egípcios.

E abençoai-me também a mim. O fato de que 0 Faraó pedia agora a bênção de Moisés mostra-nos até que ponto de humilhação e contrição ele havia descido. O arrogante tirano jazia de costas no chão, derrotado. O terrível destrui- dor, que acabara de matar seu filho querido, talvez tivesse alguma bênção para 0 rei. Patético! Agora 0 Faraó anelava pela bênção daqueles a quem havia desprezado tão ardentemente (Êxo. 5.4; 10.28). O monarca tinha nas mãos a capacidade de permitir a vida ou de impor a morte; mas agora estava reduzido a esmolar. Antes tinha sido considerado uma divindade; mas agora estava provado que nisso ele era apenas um farsante.

12.33

Todos morreremos. Exprimiam assim 0 seu medo da morte. E isso fez os egípcios expelir virtualmente os israelitas do Egito. Meneto (cerca de 250 A. C.) referiu-se à expulsão de Israel do Egito sob a alegação de serem um povo repelen- te. É possível que tenhamos aí um comentário sobre este versículo, embora possa também ter-se baseado sobre alguma fonte informativa independente. Os egípcios facilitaram a partida dos israelitas, doando-lhes muitos bens e riquezas (vs. 33-36).

12.34

Provisões Básicas. Os israelitas m uniram -se de massa de trigo para a sua primeira refeição no deserto. E tam bém levaram amassadeiras, ou seja, bacias de madeira, que podiam ser usadas para 0 fabrico do pão. Sua partida súbita não lhes permitiu levarem pão normal, ou seja, levedado. Mas a cena também fez parte da observação da festa dos p ães asm os (ver sobre isso no Dicionário, e com entários na introdução a Êxo. 12.1). Os israelitas partiram quando ainda esta- va escuro (Deu. 16.1), provavelm ente pouco antes do alvorecer. Cf. 0 vs. 39.

12.35

A Expoliação dos Egípcios. Isso havia sido predito bem antes, com o parte necessária do êxodo. Ver Exo. 3.21,22 e 11.2,3, onde aparecem notas completas sobre a questão, visto que 0 ponto já tinha sido m encionado nesses dois trechos,

Senhor é uma certa continuidade cristã dessa idéia, com novos simbolismos, natural- mente.

O povo se inclinou, e adorou. Inclinaram a cabeça porque estavam domi- nados pe la em oção de esta rem v ivendo um grande evento h istórico, 0 que para eles indicava 0 início de um a nova dispensação, onde se destacavam 0 poder e a graça de Deus. N aq u ele dia, 0 povo de Israel t inh a sido libertado . N aq u e le dia, com eçaram sua jo rnada para a conqu is ta da Te rra P rom etida. G ratidão e devo- ção deveriam ser resultados da iden tificação com aquele evento de um passado distante, em que cada geração se iden tif ica ria com os sen tim entos da geração de Moisés.

12.28

Como 0 Senhor ordenara.. . assim fizeram. H ouve o b e d iê n c ia até os m enores detalhes, por parte do povo que tinha sido instru ído através de Moisés e Arão. O s anc iãos do povo (vs. 21) pa rtiram pa ra suas respec tivas tribos cui- d a n d o pa ra que tud o fosse o b s e rv a d o e p a ra qu e se fiz e s s e m p re p a ra tiv o s f ina is pa ra a sa íd a do Egito. O s ritos da p á scoa e dos pães asm os foram fie l- mente levados a efeito.

Décima Praga; Morte dos Primogênitos Egípcios (12.29-36)

Cumpria-se agora 0 último ju ízo divino contra 0 Egito. Ver no Dicionário 0

artigo Pragas do Egito. O Faraó estava colhendo 0 que tinha semeado. Ver no Dicionário 0 artigo chamado L e i M o ra l da Colheita segundo a Sem eadura. Os críticos atribuem esta seção à com binação das fontes informativas P (S ) e J. Ver no Dicionário 0 a rtigo J .E .D .P .(S .) quanto à teo ria das fon tes múltip las do Pentateuco.

Yahweh tinha exigido a soltura de seu filho primogênito, 0 povo de Israel (Êxo. 4.22). Essa exigência não foi atendida pelo Faraó e seus ministros, e, então, foi feita a predição de que morreriam os filhos prim ogênitos do Egito (Êxo. 4.23). Foi uma espécie de lex talionis (ver a esse respeito no Dicionário).

Esta seção narra com o teve cum prim ento a última das dez pragas. Ver a antecipação sobre ela em Êxo. 1 1 .4 -8 .0 grande clam or de angústia dos egípcios simbolizou a com pleta desintegração do orgulho humano, 0 golpe final contra a arrogância (ver Isa. 2.12-22; Joel 2.6). O pacto da páscoa manteve 0 povo de Israel em segurança.

12.29

À meia-noite. A m atança teve lugar, tal com o tinha sido predito (Êxo. 11.4). A maior parte das pessoas estava dorm indo. M as foram despertadas pe los gritos de agonia dos filhos prim ogênitos. O au tor poupa-nos de detalhes que nos deixariam de estôm ago em bru lhado . M as 0 que ele chega a d izer já é nauseante.

Todos os primogênitos. Isso m ostra quão com ple to foi 0 castigo divino. O filho prim ogên ito m ais d is tingu ido era 0 f i lho do p róprio Faraó, cons iderado um deus. O m enos d is ting u ido pode te r s ido a lgum pobre pris ione iro , a lgum crim i- noso e n ce rra do em um a m a sm orra . Q ue m se im p o rta r ia com a m orte do tal? Contudo, isso faz ia parte do traba lho abso lu tam ente com ple to do an jo da morte (0 destruidor, vs. 23).

O Targum de Jonathan observa com o 0 povo egípcio estava d o ₪ in d o pacifica- mente, sem suspeitar da calamidade que se aproximava. O golpe veio como um golpe súbito, talvez acompanhado por um grande estrondo.

Todos os primogênitos dos animais. O reino animal irracional tam bém foi atingido. O que sobrara desses animais, nas outras dez pragas, agora se via novamente dizimado. Ver as notas sobre Êxo. 11.5 quanto à predição acerca da décim a praga do Egito.

12.30

Mortes Súbitas dos Primogênitos. Os prim ogênitos não morreram de forma tranqüila. Houve choros e gemidos, e cada fam ília egípcia se acordou. A lgum terror tinha avançado, go lpeado e tirado a vida dos prim ogênitos. Não sabemos dizer que tipo de ataque foi esse do anjo destru idor (vs. 23), m as sabemos que não foi algo silente e gentil. “ Fez-se grande clam or no Egito” , e em breve os egípcios entenderam que outra im ensa praga tinha ferido a sua gente. Pratica- mente em cada família havia pranto e angústia, a com eçar pela casa real e daí até 0 casebre do mais humilde aldeão. Entrementes, 0 povo de Israel estava seguro, mediante a proteção do sangue do cordeiro pascal aplicado às portas de suas residências, 0 sangue do acordo.

“As mortes tiveram lugar à meia-noite, na hora mais lúgubre, em meio às trevas mais espessas. V isto que vários dias se tinham seguido desde 0 aviso acerca da décima praga, os egípcios se tinham deixado dom inar por um falso

Page 58: At Interpretado- Êxodo

353ÊXODO

queriam viver no Egito, e um grande núm ero de pessoas deve ter tirado proveito da oportunidade para partir. Tam bém devemos pensar que nem todos os escravos, no Egito, compunham-se de israelitas; e muitos desses devem ter resolvido sair também do Egito, unindo torças com Israel.

“Esse misto de gente, que representa membros de igreja não-convertidos, serviu para Israel de um fator de debilidade, naquele tem po como agora (ver Núm. 11.4-6). Tinha havido uma manifestação do poder divino, e muitas pessoas deixaram-se atrair, em bora sem mudança de coração. Cf. Luc. 14.25-27” (Scotield Reference Bible, in loc.).

Uma grande massa de animais domésticos também foi levada do Egito, fruto de anos de acúm ulo. Lem brem o-nos de que as pragas em nada haviam afe tado os bens de Israel, deixando seus rebanhos intactos. Essa grande quantidade de animais contribuiu para sustentar, no deserto, a três milhões de pessoas. O Targum de Jonathan com puta 0 núm ero de an im ais com o do is m ilhões e quatrocentas mil cabeças de gado. Mas parece que tem os aí um exagero, resultando em um animal para cada pessoa, mais ou menos. Mas tudo não passa de conjectura.

12.39

Bolos asmos. Ver a esse respeito no Dicionário. Parece que 0 povo de Isra- el, em sua pressa, não som ente não teve tem po para de ixar a m assa fermentar, mas tam bém não conseguiu cozer a m assa senão quando os israelitas chegaram a Sucote, cerca de sessenta e cinco qu ilôm etros distante de Ramessés. Ver 0 vs. 34. Mas a provisão a lim enta r estava presente, com o importante parte das coisas tiradas dos egípcios, visto que, juntamente com a páscoa, tinha sido instituída, pelo menos form alm ente, a festa dos p ã es asm os. Sem 0 fermento, 0 pão dura muito mais tempo. Por essa razão, os viajantes, em suas jornadas pelo deserto, preferem levar pão sem fermento. Esse tipo de pão é com um ente consum ido pelos árabes, os quais 0 preparam m isturando farinha de trigo e água, para então cozer os pães em fornos primitivos.

No deserto, 0 pão pode ser cozido sobre brasas. Os fornos são desejáveis, mas não necessários com esse propósito.

12.40

Quatrocentos e trinta anos. Esse número tem sido muito disputado. Ver 0

número redondo em Gên. 15.13, quatrocentos; e cf. as repetições no Novo Testa- mento, em Atos 7.6 e Gál. 3.17. As versões dão aqui duzentos e quinze anos. Tem os aqui, na Septuaginta, um a glosa, “e em C anaã”, ou seja, antes da entrada de Jacó e sua família no Egito. Isso dá a entender que boa parte daqueles quatrocentos anos foi passada em Canaã, e não no exílio egípcio. Dou notas com pletas sobre essa questão em Gên. 15.13 e, no N ovo Testamento Interpreta- do, em Atos 7.6.

De modo geral, podem os d izer que os eruditos não concordam quanto ao co- meço e ao fim desse período de quatrocentos ou de quatrocentos e trinta anos; nem quanto ao tempo em que os filhos de Israel estiveram no Egito. Mas a questão não se reveste de importância capital, excetuando para do is grupos extremados: aqueles que querem obter hárm on ia a qua lque r preço; e os céticos, que se de le itam em encontrar problemas em qualquer referência bíblica que possa ser posta sob discus- são. Minhas notas em Gál. 3.17 m ostram que os intérpretes hebreus, desde os dias mais remotos, tinham diferentes métodos (e cronologias) para tentar calcular a dura- ção desse período. A decla ração de Paulo, em Gál. 3.17, inicia esse período nos tempos de Abraão, e não no Egito. Outros iniciam a contagem com 0 nascimento de Isaque, e a inda outros, com 0 nascim ento de Ismael. “ Paulo (GáL 3.17) seguiu a cronologia que aparece em alguns manuscritos da Septuaginta, em Êxodo 12.40, de acordo com a qual os quatrocentos e trinta anos incluem a jo rnada dos patriarcas na Palestina e no Egito. Por outra parte, 0 texto hebraico de Êxodo 12.40 refere-se aos quatrocentos e trinta anos, envolvendo somente a jornada no Egito” (Oxford Annotated Bible, comentando sobre Gálatas 3.17).

12.41

As hostes do Senhor. O povo de Israel, que partiu o rganizado do Egito, após te r-se cum prido aque le tem po de qua tro cen to s e tr in ta anos. O substan- tivo “ho s te s ” só po de a lud ir aos grupos que sa íram do Egito, em fo rm a orde i- ra, dando a e n tend e r que Israel, em ordem quase-m ilita r, saiu do Egito, pronto para de fender-se . O te rm o já havia s ido usado antes. V e r Êxo. 3.26; 7.4; 12.17,51.

O d ia da sa íd a do E g ito fo i 0 d ia d é c im o q u in to do m ês de n isã (nosso m a rç o -a b r il) , 0 co m e ç o do ano re lig io s o , e m b o ra já fo sse 0 sé tim o m ês do ano c iv il. V e r as no tas em Êxo. 12 .2 . V e r ta m b é m 0 a r t igo C alen d ário Ju d a i■ co, em sua s e ç ã o s é t im a , no p r im e iro v o lu m e d e s ta o b ra , nos A rtig o s Introdutórios.

Os israe litas saíram do Egito à noite (Deu. 16.1), p rovave lm ente pouco an- tes do a lvorecer. As hostes fo ra m sa ind o um a após ou tra , lide radas por seus respectivos anciãos ou chefes tribais. D irig iram -se prim eiram ente a Sucote, cer- ca de sessenta e cinco qu ilôm etros dali.

sobretudo no décimo primeiro capítulo do Êxodo. A curiosa tradução, “pediram em- prestado”, mesmo que seja possível com base no hebraico, seria um pequeno toque de humor do autor sacro. Alguns eruditos pensam que houve, realmente, um saque, mas que Moisés abrandou na narrativa, para que parecesse que os egípcios se mostraram generosos. Tinham medo de perder a vida, e, naquele momento, eram vítimas fáceis diante de qualquer tipo de aproveitamento.

D esde os d ias de A bra ão, q u a n d o fo i f irm a d o 0 P ac to A b ra â m ico (ve r as notas a respeito em Gên. 15.18), 0 exílio e a subseqüente libertação tinham sido preditos. Ver Gên. 15.13,14. Este texto conta com o essa servidão chegou ao fim, e com o Israel com eçou a voltar para a sua Terra Prom etida. A Abraão foi revela- do qu e seus de scende n tes sa ir iam do E gito le va n d o “ g rande s riquezas". Isso incluía tanto 0 que eles haviam acum ulado na terra de Gósen, com o 0 que agora os e g ípc ios lhes tinh am doado. Sem d ú v id a isso se rv iu de re paração. Os ex- esc ravos m e rec iam tudo q u a n to t inh am ad q u ir id o . V e r no D icionário 0 artigo intitu lado R eparação (Restituição).

12.36

G enerosidade e S aque. A com binação desses do is atos perm itiu que Israel extra ísse grandes riquezas dos a te rro rizados eg ípc ios. Um a pessoa fará quase qua lque r co isa para sa lvar a sua v ida . Os eg ípc ios ju lga ram -se pouco m a is do que pessoas m ortas (vs. 33), po is Moisés poderia desfechar um a praga de modo súb ito e genera lizado. Assim , os an tes escrav izados israe litas receberam 0 seu salário, a paga pelas muitas décadas de cative iro e traba lho árduo. “ Israel arran- cou de les suas riquezas e bens, suas po ssessões m ais va liosas" (John Gill, in loc.). Artapano (apud Euseb. Praep ar. Evan. 1.9 c. 27, par. 436) fa lou sobre as bacias de madeira, sobre ricos tesouros e sobre vestes que os israelitas recebe- ram da parte dos eg ípc ios , e a esse te s tem un ho , E zequ ie l, a u to r de tragéd ias teatrais, adicionou a sua palavra (apud Euseb., idem, c. 29, par. 443).

Os Hebreus no Deserto (12.37 — 18.27)

A Saída dos Israelitas do Egito (12.37-51)

Finalmente, ocorrera 0 grande acontecimento. V er no Dicionário 0 artigo intitulado Êxodo, 0 Evento, quanto a descrições com pletas. O fereço ali um mapa que traça a provável rota tom ada pelos filhos de Israel. Os críticos atribuem esta seção a um a com binação das fontes P (S ) e J. Ver no Dicionário 0 artigo chamado J.E.D.P.(S.) quanto à teoria das fontes múltip las do Pentateuco.

Somos informados de que prim eiramente os hebreus saíram de Ramessés (ver as notas sobre Êxo. 1.11) e chegaram a Sucote (Êxo. 13.20). Foram neces- sários três meses de cam inhada para chegarem ao SinaL Eles seguiram um roteiro muito usado pelos que via javam até a Palestina (Êxo. 13.17). Tell el- Maskhuta é 0 local da antiga Sucote. Im ediatamente a leste daquele lugar fica 0

lago Timsah, e tanto ao norte com o ao sul dali há áreas pantanosas que 0 povo de Israel precisou atravessar, a fim de encontrar seu cam inho para a liberdade.

12.37

Ramessés. Ver notas descritivas sobre essa localidade, em Êxo. 1.11.

Sucote. Ver no Dicionário um detalhado artigo sobre esse lugar.

Cerca de selscentos mil a pé. Moisés especificou, “somente de homens, sem contar mulheres e crianças”. Essa estatística concorda, em termos gerais, com 0 tre- cho de Números 1.46. Mas ali 0 número é especificado com o de homens de guerra, em idade de serviço militar. Se levarm os em con ta as m ulheres, as crianças e 0

“misto de gente” (vs. 38), ou seja, os que não eram descendentes de Abraão, então havia um a multidão de pelo menos três m ilhões de pessoas. Os críticos vêem um grande exagero nesse número, pensando que a terra de Gósen não poderia ter sustentado tão grande número de pessoas, e que a manipulação e 0 sustento de tão grande número de pessoas, no deserto, durante quarenta anos, teriam sido impossí- veis. Os eruditos conservadores, por sua vez, supõem que, para Deus, não há proble- mas sem solução.

“Se Moisés não contasse com a prova mais cabal de sua missão divina, ele jamais ter-se-ia posto à testa de tão imenso número de pessoas, as quais, não fosse a provi- dência divina mais eficaz e especial, teriam simplesmente perecido por falta de alimen- tos” (Adam Clarke, in loc.).

Tipologia. O êxodo, sem a menor dúvida, serve de tipo da redenção do pecado e sua servidão, de que desfrutamos. Dou informações sobre isso no artigo geral do Dicio- nário, intitulado Êxodo (0 Evento), em sua quarta seção.

12.38

Um misto de gente. Essa expressão, sem dúvida, aponta para não-israelitas de diversas procedências, alguns deles prosélitos, mas outros, não. Nem todos

Page 59: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO354

do que os membros de um a família. Todavia, se um a família ou casa fosse muito pequena, uma família podia participar do cordeiro em companhia de outra, também pequena, e na mesma casa. V e ra s notas sobre Êxo. 12.3,4. Era mister que houvesse unidade em tomo do cordeiro pasca l O animal tinha de ser comido por inteiro. O que, porventura, sobrasse, teria de ser consumido no fogo (ver Êxo. 12.10). Coisa alguma do cordeiro pascal podia ser usado para finalidades profanas ou supersticiosas.

Sexta Condição:

Nem lhe quebrareis osso nenhum. O animal precisava ser assado inteiro (Êxo. 12.9; cf. João 19.32-36).

12.47

Sétima Condição:

A páscoa era um a festiv idade universal: todos os filhos de Israel estavam na ob rigação de o b se rvá - la . N ão era um a qu e s tã o de esco lh a ou de exp edien te . Era um a ob rigação abso lu ta para todos os hebreus, a fim de que houvesse uma v iv id a e pe rpé tua m e m ória da qu ilo que D eus tinh a fe ito po r ocas ião do êxodo (Êxo. 12.14). Um gentio só podia participar da páscoa se se tivesse tornado mem- bro da con g reg ação de Israel. N esse caso, era seu pr iv ilég io e d ire ito re lig ioso participar da páscoa.

12.48

Se algum estrangeiro. T e m os aqui explicaçõ es acerca das condições pri- meira a quarta . Essas cond ições não eram absolutas, se alguém fosse circunci- dado, to rnando-se assim um prosélito, ou seja, um israelita por religião, em bora não por raça. N esse caso , 0 e s tra n g e iro to rn a va -se p a rtic ipan te do pacto abraâm ico, podendo pa rtic ipar da páscoa. Ta l pessoa estava sob um a só lei, a saber, aque la que gove rna va Israel (vs. 49). N esse caso, to rnava -se com o um natural da terra, com o um israelita, parte da congregação de Israel, em bora não fosse da raça dos hebreus. Estava em foco 0 “m isto de gente” que saíra do Egito jun tam en te com 0 povo de Israel (Êxo. 12.38) e com qua isque r outros que esti- vessem em situação similar.

12.49

A mesma lei. No hebraico, “ lei” é torah. Ver no Dicionário 0 artigo Torah. Esse nome aponta para a lei de Deus, conform e ela se acha na mente divina, a qual foi parcialmente revelada e concretizada no decálogo, na legislação mosaica com o um todo, e, finalmente, no Antigo Testam ento em geral. No tocante à lei, antes da legislação sob form a escrita, tem os uma instância da mesma na lei que governava a páscoa. Por conseguinte, a lei, neste caso, é um fragmento da LEI. E esse fragmento regulam entava com o e por quem a páscoa deveria ser observada. Os gentios poderiam participar, se assim quisessem fazê-lo, se se tornassem israelitas por religião. Outro tanto sucede no cristianismo, no caso de pessoas que se convertem ao evangelho (ver Efé. 2.19; 3.5,6; Gál. 3.14 ss.).

Temos aqui 0 prim eiro uso do fam oso term o hebraico, torah, em toda a Bíblia. Deriva-se de um vocábulo hebraico que significa “dirigir” , “liderar” , “guiar”. Logo, está em foco um regulamento, um ensino, um preceito orientador. A torah tornou-se um sistema de regras que revelavam a vontade divina, na lei mosaica; mas também será sempre mais do que isso, porquanto Deus nunca revela tudo quanto Ele sabe. Os judeus ortodoxos supõem que a Torah escrita contém, em forma germinal, todas as leis divinas, mas isso é esperar demais da parte do Pentateuco. Essa palavra acabou indl· cando os cinco primeiros livros da Bíblia, 0 Pentateuco, os cinco livros escritos por Moisés; mas nesse caso tem os um uso restrito do termo. Ver 0 artigo Torah, no Dicionário, quanto a maiores detalhes.

12.50

A obediência foi com pleta, pelo que fluíram as bênçãos divinas. A páscoa foi observada de acordo com as instruções que tinham sido dadas. Participaram da festa som ente as pessoas qualificadas. Outro tanto ocorre nos tempos do evange- lho de Cristo, 0 qual é a nossa páscoa. I Cor. 5.7. Ver tam bém Efé. 2.19; 3.5,6.

12.51

Naquele mesmo dia. Depois da páscoa, cedo na manhã seguinte, quando ainda não havia nascido 0 sol (Deu. 16.1). Ver Êxo. 12.17,18 quanto a versículos similares e quanto ao dia envolvido. V er acerca de hostes, em Êxo. 6.26; 7.4;12.17,21 e 13.18. Os filhos de Israel saíram do Egito sob forma ordeira, formando hostes, de acordo com suas tribos e clãs, encabeçados por seus líderes, como se fossem um exército. O tre cho de Êxo. 13.18 reve la -nos que eles saíram “arregim entados”, ou seja, preparados para entrar em batalha, se isso se tomasse necessário.

12.42

Esta noite. A páscoa era um a fe s t iv id ade no tu rna . Israe l de veria lem brar pa ra sem pre aq ue la no ite , c e le b ra n d o a n u a lm e n te a fes ta da pá scoa. V e r no Dicionário 0 verbete Páscoa. A perp etu idade dessa ob servância faz ia parte inte- grante da idéia da páscoa (Êxo. 8.14 e 12.14), bem com o dos p ães asm os (12.17). Idêntica perpetu idade faz parte da idé ia da con traparte cristã, a Ceia do Senhor (ver I Cor. 11.23-26).

12.43

Regras Atinentes à Páscoa. A páscoa era uma festividade fechada. Três pontos principais devem ser notados: 1. Homens incircuncisos não podiam participar dela (vs. 43). 2. Todos os prosélitos plenos deveriam ser admitidos (vss. 48,49). 3. Ne- nhum osso do cordeiro pascal deveria ser quebrado (vs. 46).

A Páscoa como Tipo de Cristo. Ver 0 artigo geral da Enciclopédia de Bíblia, Teolo- gia e Filosofia, sob 0 título Páscoa, com o tam bém 0 êxodo com o tipo da redenção, incluído naquele artigo, e no artigo Êxodo (0 Evento). Às informações dadas ali, adicio- no aqui as seguintes observações:1. O cordeiro deveria ser sem nenhum defeito, escolh ido quatro dias antes, como

período de verificação (Êxo. 12.56). No caso de Jesus, 0 antítipo, ver Luc. 11.53,54; João 8.46 e 18.38.

2. O cordeiro era morto (Êxo. 12.6; João 12.24; 18.38).3. O sangue do cordeiro era aplicado (Êxo. 12.7; João 3.36).4. Isso conferia proteção (Êxo. 12.13; I João 1.7; Heb. 10.10,14).5. A festa tipificava Jesus como 0 Pão da Vida (Mat. 26.26,27; I Cor. 11.23-26).6. Nenhum osso do cordeiro pascal podia ser quebrado (Êxo. 12.46; João 19.32-36).

Ver trechos bíblicos com o Êxo. 12.1-28; João 1.29; I Cor. 5.7 e I Ped. 1.18,19. Acerca da participação no cordeiro pascal, havia sete condições:

Primeira Condição:

Nenhum estrangeiro comerá dela. Estava em pauta um não-hebreu, incircundso, e não algum prosélito, sem importar se vivesse com Israel, perto de Israel ou longe de Israel. O vs. 48 mostra como um prosélito podia participar da páscoa.

12.44

Segunda Condição:

Todo escravo comprado por dinheiro. Alguém comprado por um hebreu e devidamente circuncidado, que presumivelmente se tivesse tomado um prosélito. Esse escravo não podia ser um hebreu, pois nenhum hebreu podia ser mantido como escravo por outro hebreu. Fica entendido que tal escravo teria dado 0 seu consenti- mento para participar da páscoa. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Circuncisão, rito que servia de sinal do pacto abraâmico. Ver também Gên. 17.13,27 bem como suas notas expositivas; ver também 0 artigo Pacto Abraâmico, sobre Gên. 15.18. Ver igual- mente os vss. 48 e 49 deste capítulo. Os escravos nascidos nas casas das famílias hebréias eram automaticamente drcunddados, se fossem meninos, na tenra infância. Aos escravos comprados em idade adulta, dava-se-lhes 0 direito de escolha.

12.45

Terceira Condição:

O estrangeiro. Isso repete a condição do vs. 43, mas talvez a distinção fosse que aqui esse estrangeiro estivesse vivendo em Israel apenas temporariamente, e não fosse um residente no país. Nesse caso, este versículo especifica um tipo de estrangeiro, ao passo que 0 vs. 43 nos dá a regra geral para qualquer estrangeiro, residente ou não, que não fosse circuncidado nem seguisse a religião dos hebreus.

Quarta Condição:

O assalariado. Alguém que trabalhasse para um israelita mas não tivesse sido circuncidado nem seguisse a relig ião dos hebreus. Esse tam bém não podia participar da páscoa. Esse assalariado não era um escravo, nem fazia parte permanente da casa. Ele não seria obrigado a participar, nem mesm o podia fazê- Io, a inda que 0 quisesse. Naturalmente, tra tar-se-ia de um estrangeiro, motivo pelo qual, automaticamente, era-lhe vedada a participação.

12.46

Quinta Condição:

Cada cordeiro pascal era consum ido por um a só casa. Ou seja, um cordeiro sacrificado não podia ser partido para que partes dele fossem com idas por mais

Page 60: At Interpretado- Êxodo

355ÊXODO

(I João 2.2). Cristo é 0 Filho primogênito do Pai. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Primogênito, em sua terceira seção. V er Hebreus 12.23 quanto à Igreja com o um primogênito. Ver Rom. 8.29 e Col. 1.15,18 quanto a Cristo como 0 Filho primogênito de Deus.

Comentários sobre a Páscoa e os Pães Asmos (13.3-10)

Nos v e rs ícu lo s onze a d e ze sse is de ste c a p itu lo tem os a con tinuaçã o da qu e s tã o da d e d ica çã o dos f i lh o s p r im o g ê n ito s de Israe l. M as em m eio a isso encon tram os um re to rn o a in fo rm es sob re a pásco a e os p ã e s asm os, institu i- ções sobre as qua is há a r tigos d e ta lhad os no Dicionário, e tam bém nas notas sobre Êxo. 12.1-20 .

Os crít icos a tr ibuem esta seçã o dos vss. 3-10, a um ed ito r deuterôm ico, a alegada fonte informativa D. Ver no Dicionário 0 artigo J .E .D .P .(S .) quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco. A lei sobre os pães asm os é apresentada junto com um suplem ento homilético. “ Ele supunha (vs. 4) que Moisés publicou a lei no dia mesm o da partida para fora do Egito (cf. 12.2,3). Cham ou 0 mês do êxodo por seu nome pré-exílico, abibe (Êxo. 12.2). A observância do rito servia de sinal com- parável ao do uso das filactérias e da m emorização da Torah (vs. 9; Deu. 6.4-9)" (J. Edgar Park, in loc.).

13.3

Todos os elementos que constamneste versículo foram anotados em outros luga- res. Ver Êxo. 12.23-27. Ver tam bém Êxo. 12.17 quanto aos p ães asm os como uma ordenança comemorativa perpétua.

Um Memorial. 1. V isto que aquele mês se tornou 0 prim eiro dos meses religi· osos dos hebreus, apesar de ser 0 sétim o mês civil deles, havia rem em orização anual daqueles acontecimentos. 2. Mediante a observância da páscoa e dos pães asmos, essas m em órias seriam fixadas a inda mais na mente dos hebreus. 3. Os adultos israelitas deviam narrar 0 sentido dessas comemorações à sua posteridade (vss. 14,15).

13.4

Abibe. Esse era 0 nome pré-exílico do prim eiro m ês do calendário religioso dos israelitas. N isã era 0 nome prim itivo desse mesm o mês. Esse mês passou a m arcar 0 início do ano religioso, em bora fosse 0 sétimo mês do calendário civil. Ver Êxo. 12.2.

A palavra hebraica abib, aqui transliterada por abibe, significa “grão verde” ou “verdejante” . Falava sobre aquele mês quando 0 trigo deita grãos, ainda verdes, mostrando-se frutífero. Era um m ês de mutações, visto que na verdade pertencia ao dia da lua cheia que se seguia ao equinócio do inverno. Esse nome foi usado até os tem pos do cativeiro babilônico, quando foi então substituído pelo nome nisã. Cf. Nee. 2.1; Est. 3.7. Por sua vez, nisã significa “com eço” , ou seja, 0 mês em que com eçava 0 ano religioso.

13.5

Este versículo é virtualmente idêntico ao de Êxo. 3.8, onde apresento as notas expositivas. O número com pleto das nações cananéias era de sete, embora sejam aqui m e nc iona das apenas c inco. As ou tras duas eram a dos ferezeus e a dos girgaseus. Cf. Jos. 1.4; I Reis 10.29 e II Reis 7.6. Ver tam bém Êxo. 3.17, que con- tém a lista das nações dadas aqui. O pacto abraâm ico prometia um território pátrio. Ver as notas sobre esse pacto em Gên. 1 5 .1 8 .0 povo de Israel, liberto do Egito, tom aria as terras dos povos alistados. Esse era 0 destino dos filhos de Israel, por- que assim dita ra a von tade do Senhor. U m a vez que se ap ossassem daqueles territórios, deveriam continuar as festas da páscoa, dos pães asmos e da dedicação dos primogênitos.

13.6

Ver Gên. 12.6 quanto aos elem entos deste versículo. Este versículo não m enciona 0 primeiro dia feriado. O prim eiro e 0 último dos dias dessa festa eram um a espécie de sábados durante os quais nenhum trabalho manual podia ser feito, tornando-se dias de com em oração especial. Os judeus referiam-se ao séti- mo dia (0 dia 21 de abibe) com o dia da travessia do mar Vermelho, quando ocorreu 0 grande m ilagre finai do êxodo. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Êxodo (0 Evento).

13.7

Este versículo repete as informações dadas em Êxo. 12.15, e onde apresentamos as notas expositivas. Essa lei era observada de forma tão rígida que até os que estivessem em Israel somente de passagem eram exortados a se desfazer de qual- quer fermento que houvesse em suas casas, para que Israel não fosse contaminado.

CapítuloTreze

Consagração dos Primogênitos (13.1-16)

V e r 0 a rtigo gera l in t itu la d o P rim o gên ito , que inc lu i in fo rm a çõ e s sob re a ordenança institu ída por ocasião da páscoa. M u itos es tud iosos supõem que as três festas, a páscoa, os pães asm os e a con sagra ção dos filhos prim ogênitos, foram an tec ipadas an tes de serem ins titu ídas as fes tas form ais , 0 que só teria sido fe ito m a is ta rde . E en tão , no te m p o da pá sco a , to rn a ra m -se , po r ass im dizer, um a ún ica institu ição. V e r as no tas in trodu tó rias sobre Êxo. 12.1 quanto a isso; e ver tam bém as no tas de ta lhadas sobre cada um a dessas festiv idades, no Dicionário.

Os críticos atribuem 0 material acerca da dedicação dos prim ogênitos à fonte P(Sj. Ver no Dicionário 0 artigo J .E .D .P .(S .) quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco.

O s P rim o gên ito s. Há um re la to m a is p o rm e n o r iz a d o sob re a d e d ica çã o dos p rim o g ê n ito s em N úm . 3 .1 1 -1 3 ,4 0 -5 1 ; 18 .1 5 ,1 6 . A m e n sa g e m e sp e c ia l d e sse rito é que Is ra e l e to d o s os se u s b e n s p e r te n c e m a D eus, e qu e os filhos p rim o g ên ito s , 0 q u e h a v ia de m a is p re c io s o e n tre 0 p o vo de Is ra e l, re p re sen ta v a a na ção tod a . O E g ito p e rd e ra os seus p r im o g ê n ito s e, com o um a con tra-análise , essa festa de ded icação te rm inou po r ser v incu lada àque- le eve n to . Ass im , 0 que 0 E g ito pe rd e ra , Israe l p re se rvo u , m e d ian te a g raça p ro te to ra de Deus. O an jo da m orte (0 de s tru ido r) pa ssa ra po r c im a das resi- d ê n c ia s do s is ra e l i ta s , p o r e s ta re m p ro te g id o s p e lo s a n g u e a s p e rg id o em suas po rtas (Êxo. 12.23). A ca la m id a d e h is tó r ica re le m b ra va a Israe l as suas bênçãos; e, com o ato de gratidão , os p r im o g ê n ito s de Israel fo ram ded icado s ao S enh or. Se Y ahw eh tem 0 m e lh o r, ta m b é m tem tod o 0 re s tan te . Em tem - pos poste rio res , qu ando en trou em v ig o r a leg is la çã o m osa ica , os lev itas tor- n a ra m -s e um a b ê n ç ã o e s p e c ia l e um m e io de s e rv iç o , um a e s p é c ie de prim ogên itos sacerd ota is . P ara p ro p ó s ito s sa ce rd o ta is , essa tr ib o assu m iu a fu n çã o dos p r im o g ê n ito s -s a c e rd o te s de ca d a fa m ília em Is ra e l. M e sm o as- s im , se r um fi lh o p r im o g ê n ito , em Is ra e l, e n v o lv ia m u ito s p r iv i lé g io s esp ec i- a is , in c lu in d o a l id e ra n ç a e s p ir i tu a l da fa m í l ia , a p ó s 0 pa i da fa m íl ia . V e r Núm. 3.40-51 qu anto à su b s titu içã o do s p r im o g ê n ito s pe la tr ib o de Levi, pa ra p ropósitos sacerdotais.

“Com o com pensação por haver poupado os filhos prim ogênitos de Israel, no tem po do êxodo, 0 S enh or d e c la rou que to d o s os f ilhos p r im ogê n itos dos ho- m ens e dos an im ais Lhe pertenciam . Isso não envo lv ia a m orte deles, mas ape- nas 0 seu serviço, por toda a vida. O utro desenvo lv im en to desse princíp io foi 0

arran jo po r m e io do qual à tr ibo de Lev i co u b e s e rv ir ao S enh or, com o um a substitu ição por todos os prim ogên itos das ou tras tr ibos” (Eugene H. Merill, co- mentando sobre Núm. 3.40).

13.1,2

Disse 0 Senhor a Moisés. H ouve in s tru çõ e s d iv ina s a re sp e ito da ded i- cação dos primogênitos, tal com o t inh a rns id o dadas instruções acerca da páscoa e dos p ã es asmos, segundo vem os em Êxo. 12.1-20. A terce ira das festas, essa dedicação (co m en tada na in tro d u çã o a este cap ítu lo ) , era um a ex te nsão dos requisitos divinos atinentes à páscoa. V er as notas introdutórias sobre Êxo. 12.1. Os p r im o g ê n ito s de Israe l, p o u p a d o s pe lo d e s tru id o r (Ê xo . 12 .23), de ve riam agora ser en tregues a Yahweh, a fim de serv i-Lo de m odo especia l. A g ra tidão requer ded icação e prestação de serviços.

Consagra-me. P or m e io de a lg u m rito e m e d ia n te um re c o n h e c im e n to con tínuo , da pa rte de tod os os p r im o g ê n ito s dos h o m ens e dos an im a is , em Israel. O trecho de Núm eros 3.40-51 indica que, posteriorm ente, a casta sacer- do ta l, co m pos ta pe la tr ib o de Levi, tom o u 0 lu g a r dos p r im o g ê n ito s q u an to a serviços re lig iosos especia is, posto que os filhos prim ogên itos tivessem preser- v a d o se u s p r iv i lé g io s e s p e c ia is . V e r no D ic io n á r io 0 a r t ig o in t i tu la d o Prim ogênito . Os filhos p r im ogê n itos eram sep a ra d o s (san tif icados) para pres- tarem um serviço re lig ioso especia l.

“ De a co rd o com um a c re n ça a n tig a , a d e d ic a ç ã o do s p r im o g ê n ito s dos h o m ens e dos a n im a is a D eus, 0 d o a d o r da fe r t i l id a d e , e ra a lgo n e ce ssá rio pa ra 0 a u m en to co n tín u o e pa ra 0 b e m -e s ta r (Ê xo . 2 2 .2 9 ,3 0 ; Lev. 27 .2 6 ,2 7 ; Núm . 3 .13 ; 8 .1 7 ,18 ; 1 8 .15 )” {O x fo rd A n n o ta te d B ible, in loc .). Até ho je os ju- deus ob se rvam esse rito e, u su a lm e n te , c e le b ra m -n o ao d é c im o te rce iro dia após 0 n a sc im en to da c r ian ça . T o rn o u -s e um m e m o ria l do fa to de que D eus poupou os filhos p r im ogê n itos de Israe l, d ian te do d e s tru id o r que tirou a vida dos filhos prim ogênitos dos egípcios.

Tipos. A Igreja é 0 p rim ogênito da Nova D ispensação, sendo separada para Deus, para prestar-Lhe um serviço especial, não para propósitos egoísticos, mas para 0 bem coletivo de toda a humanidade, porquanto Deus am ou 0 mundo de tal m aneira (João 3.16) e preparou um a com pleta provisão em favo r da humanidade

Page 61: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO

O termo português “êxodo” vem do grego “e/csocfos” (saída). Na Bíblia, a palavra é usada em sentido especializado, aludindo à saída de Israel do Egito, após um longo período de servidão. Dali 0 povo de Israel partiu para a Terra Prometida. A história é figura da redenção. Mas é um acontecimento histórico, com considerável confirmação.

Esse evento assinalou 0 nascimento de Israel como nação, como tam bém a instituição da teocracia e a dispensação da lei.

Page 62: At Interpretado- Êxodo

357ÊXODO

fins de sacrifício. V isto que 0 jum ento pertencia aos animais imundos, não podia ser usado no serviço do Senhor, mas seu proprietário podia usá-lo como quisesse, embora tivesse de ser remido, conforme se vê nas notas sobre 0 vs. 13. Os animais limpos, entretanto, não precisavam ser remidos (Núm. 18.17).

13.13

Primogênito da jumenta. Parece que Israel não tinha camelos em quantida- de suficiente. E os cavalos só vieram a ser domesticados pelos israelitas um tanto mais tarde. Portanto, era 0 jum ento (existente em Israel em grandes números) 0

animal muito usado com o transporte e labor. No entanto, era considerado um animal imundo. Juntam ente com outros anim ais (Núm. 18.15), 0 jumento tinha de ser remido, 0 que significa que não podia ser usado nos sacrifícios; mas, uma vez remido, podia ser usado com o animal de transporte ou de carga, por seu proprie- tário. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Asno.

“Os anim ais imundos, dentre os quais 0 asno é típico (Lev. 11; Deu. 14), podiam ser remidos mediante a sua substituição por um cordeiro. Nos primeiros tem- pos, surgiu 0 costume de substituir um ser humano primogênito por um animal (Êxo. 34.19,20; cf. Gên. 22.13), embora persistissem sacrifícios humanos (I Reis 16.34; II Reis 16.3; Eze. 20.26; Miq. 6.7)" (Oxford Annotated Bible, in loc.).

O cordeiro era sacrificado porque 0 jumento, um animal imundo, não podia ser usado com propósitos de sacrifício. Assim, 0 cordeiro substituía 0 jumento nos sacrifíci- os; e, mediante essa transação, 0 jumento ficava livre para viver e trabalhar para seu proprietário. Primogênitos humanos eram, de fato, sacrificados em países gentílicos, como também até em Israel (Lev. 20.3). Isso veio a ser proibido em Israel, dentro da legislação mosaica. Posteriormente, os primogênitos de Israel, consagrados ao serviço divino, foram liberados desse serviço, devido ao surgimento da tribo de Levi como a tribo sacerdotal. Ver Núm. 3.40-51.

Os jum e ntos prim ogên itos que não fossem rem idos tinham 0 pescoço que- brado, v is to que um an im al im undo e nã o-rem ido não podia viver. Assim , 0 pro- p r ie tá rio desses a n im a is t inh am de sa c r if icá - lo s , fosse m e les carne iros ou ju- mentos. Ele faz ia a esco lha sobre bases financeiras, esco lhendo aquele que lhe custasse menos, con form e nos d iz a M ishna (M isn. Beracot. see. 1,5). Essa cir- cu n s tânc ia deu o r igem à a cu sa çã o co n tra os ju d e u s de que eles ado rava m a cabeça do jum ento.

Redenção dos Primogênitos Hum anos:1. Em primeiro lugar, por meio da morte dos prim ogênitos egípcios, os quais

pagaram 0 preço de sua desobediência. A desgraça dos primogênitos egípci- os foi, ao mesm o tempo, a redenção de Israel e seus filhos primogênitos (Êxo.12.27 e 13.15).

2. Em seg u n d o lugar, por m e io de sub s titu ição , pessoa por pessoa, os primogênitos de Israel foram substituídos pela tribo de Levi, cujos membros assumiram 0 lugar daqueles, na adoração e no serviço a Deus. Ver sobre isso em Núm. 3.44 ss.

3. Em terceiro lugar, visto que havia mais filhos primogênitos em Israel do que membros da tribo de Levi, os restantes foram remidos a dinheiro (Núm. 3.46 ss.). Esse dinheiro, sem dúvida, foi entregue à casta sacerdotal para ser usado no serviço divino.

13.14

Este versículo é um a repetição quase exata do trecho de Êxo. 12.26,27, onde aparecem as notas expositivas. Tem os aqui um a aplicação à páscoa, mas na verdade havia ap licação a todas as três festiv idades: a páscoa, os pães asmos e a dedicação dos primogênitos. Ver as notas sobre Êxo. 13.8, quanto ao valor didático dessas três festas. Aquele versículo aplica 0 memorial aos pães asmos.

Assim sendo, temos os memoriais seguintes: da páscoa (Êxo. 12.26,27); dos pães asmos (3.8); e da dedicação dos prim ogênitos (13.14). Todas as três eram festas educativas, um dos motivos de sua perpetuidade. Ver Êxo. 12.17,24 e 13.10, onde essa idéia é aplicada a todas as três festas.

13.15

As d ez pragas tinham tido por motivo convencer 0 Faraó a deixar 0 povo de Deus sair do Egito. Mas 0 Faraó só permitiu isso quando os primogênitos do Egito tinham sido mortos. Ver no Dicionário 0 verbete Pragas do Egito, e ver 0 gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14 quanto a um sum ário de itens envolvidos. O autor sagrado enfatizou 0 fato de que foi preciso muito trabalho, da parte de Yahweh, para que 0 povo de Israel fosse libertado. Isso não ocorreu com facilidade nem espontaneamente. Daí por que a gratidão de Israel deveria ser ainda mais profun- da, em face da graça e dos benefícios recebidos. A redenção custou caro, a própria vida de Jesus Cristo. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0

artigo intitulado Redenção.A n im a is p r im o g ê n ito s e ram s a c r if ic a d o s no se rv iç o d iv ino . M as os

prim ogên itos dos hom ens, em con tras te com 0 que se p ra ticava no paganis- mo gentilico, não eram sacrificados, e, sim, dedicados ao serviço de Deus. P os te r i­

13.8

Valor Educacional dessas Comemorações. As gerações futuras de israelitas devi- am ser ensinadas quanto ao passado, pois a história é um mestre muito especial, se assim lhe permitirmos ser. Ver Êxo. 12.26,27 quanto a um a elaborada declaração que tem esse mesmo sentido. Cf. Deu. 5.2,3. É assim enfatizada a importância da educação das crianças quanto àquilo que perlence ao Senhor. Ver no Dicionário 0 artigo Educa- ção no Antigo Testam ento; e na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, ver 0

artigo Educação Cristã.

13.9

Será... por memorial. Ver Êxo. 12.27 quanto aos itens a serem lembrados. Havia testem unhas oculares das p ragas m iracu losas do Egito que partic iparam da festa orig inal da páscoa, dos pães asm os e da ded icação dos prim ogênitos, as três festiv idades s in te tizadas em um a só. V e r sobre as duas prim eiras notas no Dicionário; a terceira de las é com entada na introdução a Êxo. 13.1. Entretan- to, chegaria 0 dia em que n inguém poderia dizer: “ Eu v i!” . E, então, seria m ister dizer: “ Eu creio, porque eles v iram !” . O texto m ostra 0 va lor de certos feriados e dias santos, algo que os evangélicos v irtua lm en te abandonaram . É bom lem brar eventos significativos do passado re lacionado à vida da Igreja, se isso não redun- dar em motivos de excesso e de práticas idolátricas.

Os Sinais e Sua Substância. Ver também as notas sobre Êxo. 13.16. Versículos com o esse à nossa fren te deram orig em ao uso das f ilac té rias na com un idade judaica. Não bastava ter algum a festa ocasional a fim de lem brar aquele passado brilhante. Eles punham m emoria is (as filactérias) sobre suas testas. Ver na E n d - clopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 artigo sobre as Filactérias. Muitos judeus davam tal va lor a essas coisas que 0 espírito delas, as realidades tip ificadas, se perd ia em meio ao fo rm a lism o e ao lega lism o. V e r na Encic lop éd ia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 artigo Legalismo. As filactérias continham certos trechos bi· blicos chaves que não podiam ser mesm o esquecidos. Ver 0 vs. 16 deste capítulo, e ta m b é m Deu. 6.4-9; 11.13-21. Jesus referiu-se às filactérias em Mat. 23.5, a f im de ilustra r com o os hom ens dão va lo r às exte rna lidades da relig ião, exib indo-as com o sinais de religiosidade, em bora 0 coração deles continue longe de Deus. As filactérias tam bém eram usadas por muitos com o um a espécie de poder contra os maus espíritos. Assim diz 0 Targum sobre Cantares 8.3. E mais fácil drapejar uma bandeira ao vento ou proferir a lgum as palavras patrióticas do que realmente servir à pátria por meio do trabalho honesto. O sectarism o e as controvérsias teológicas (ou denom inaciona is) são filacté rias m odernas que m uitos hom ens exibem para outros; mas tais coisas, com freqüência, nada têm de espiritualidade genuína. Os hom ens usam seus credos na testa ; m as a essênc ia pode an dar longe de seu coração.

13.10

De ano em ano. A perpetuidade é aqui imposta, 0 que já foi anotado em Êxo. 12.24, no tocante à páscoa, e em Êxo. 12.17, no tocante aos pães asmos. Agora não está em vista a ordem relativa às filactérias, conform e imaginavam tolamente alguns intérpretes judeus, conform e se vê no Targum de Jonathan.

13.11

Uma das características do Pentateuco é a repetição. Isso foi feito mediante a compilação de várias fontes informativas que continham material similar, de acordo com 0 parecer dos críticos. Sem importar quem foi 0 autor, não há que duvidar que foram usadas diversas fontes informativas, e essas mesmas fontes continham material repetitivo. Assim, este versículo reitera 0 vs. 5, sem a elaboração sobre as várias nações que ocupavam a Palestina. Esse quinto versículo, por sua vez, é essencialmente igual ao trecho de Êxo. 3.8, onde dou as notas a respeito. Êxodo 3.17 repete uma vez mais 0

material. A provisão de um território pátrio para Israel fazia parte integrante do pacto abraâmico, 0 qual é repetido, com vários graus de plenitude, por dezesseis vezes no livro de Gênesis. Veras notas em Gên. 15.18.

N este ponto, a repe tição da p ro m e ssa sob re 0 te rr itó r io pá trio é assoc ia - da à festa da ded icação dos p r im ogê n itos , e p rocede , de aco rdo com os crít i- cos, da fon te in fo rm a tiva D. V e r 0 a r t ig o J .E .D .P . fS . ) no D icionário q u an to à te o r ia das fo n te s m ú lt ip la s do P e n ta te u c o . U m a vez na T e rra P ro m e tid a , a fe s ta da d e d ica çã o (vs. 12 ss.) d e v e r ia se r o b s e rv a d a en tre aq u e le s ou tros ritos.

13.12

Este versículo repete 0 vs. 2, onde são dadas as notas expositivas. Ver a explicação geral sobre a Dedicação dos Primogênitos, nas notas introdutórias sobre Exo. 13.1. Ver tam bém no Dicionário 0 artigo cham ado Primogênito.

Todos os animais que Israel tinha dom esticado e usado estiveram envolvidos na lei dos primogênitos. Pertenciam ao Senhor, ou seja, eram preservados para

Page 63: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO358

ra ainda assim tem íveis (na Palestina). O term o “filis teus” é aqui usado em sentido geral, levando-nos a pensar em todos os adversários que enfrentariam Israel, em- bora sete nações cananéias d istintas estivessem envolvidas. Ver as notas sobre Êxo. 3.5 e 13.5.

A rota que passava pelo m ar Verm elho faria os israelitas passarem por Tânis e dai até Pelusium. Dali a Rhinocolura, então a Gaza, Asquelom e Asdode, cida- des dos filisteus. A distância até a Terra Prometida, mediante essa rota, era apenas de trezentos e vinte quilômetros, e poderia ter sido coberta em menos de um mês. Porém, uma longa provação jaz ia à frente: quarenta anos de vagueação pelo de- serto. Nos dias de Josué, os filisteus tinham cinco cidades fortes: Gaza, Asquelom, Asdode, Gate e Ecrom (Jos. 13.3), e 0 povo de Israel não estava preparado para enfrentar esse poder ao tem po do êxodo. O Egito pode ter parecido um bom lugar para os cansados israelitas, quando os filisteus lançaram-se contra eles, com seus carros de com bate e armas as mais variadas. Os filisteus eram dotados de grande po der de íogo, conforme se d iz atualmente.

13.18

Deus fez 0 povo rodear. O ro te iro pe lo lito ra l te r ia s ido fác il e rápido de percorrer, e te r ia segu ido um a ro ta firm ada há m u ito tem po. Mas tam bém teria s ido perigoso. Assim sendo, na prov idênc ia de Deus (ver no D ic ionário 0 artigo P rov idê nc ia de D eus), 0 S enh or conduziu os filhos de Israel por um a rota mais difícil, mais longa, em bora mais segura. A pesar de não se saber 0 cam inho exato que eles fizeram (os lugares m e nc iona dos têm loca lização duvidosa para nós), apresento 0 que se sabe sobre esse assunto no artigo intitulado Êxodo (0 Evento), no D icionário.

A ro ta seg u ida p a ssa va pe lo m a r V e rm e lho , fo rçand o Is rae l a fa z e r um a travess ia perigosa . V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo M a r Verm elho quanto a detalhes sobre a questão e quanto a in fo rm ações gerais. A Septuagin ta diz aqui “m ar de ju n c o s ” . Ό m ar, con h e c id o no h e b ra ico com o ‘m ar de ju n c o s ’ , não era 0 pró- pr io m ar Verm elho, e, sim, um co rpo de águas rasas, um po uco m ais ao norte, ta lve z a á rea do lago T im s a h ” ( O x fo rd A n n o ta te d B ib le , c o m e n ta n d o sobre Êxo. 14.2). O lago T im sah fica à ce rca de o ite n ta qu ilô m etros ao norte do mar V e rm e lh o , não h a ve n d o n e n h u m lig a ç ã o de á g u a s en tre esse lago e 0 m ar Verm elho .

Por que 0 “ mar de juncos” , e não 0 m ar Verm elho? Consideremos estes sete argumentos:1. No hebraico, 0 termo usado significa junco de “papiro”. O mar Vermelho (golfo de

Suez) não tem juncos.2. O golfo de Suez fica ao sul de Pi-Hairote e Migdol, localidades mencionadas ao

longo da rota seguida (Êxo. 14.2).3. A área onde Israel se acampou era pantanosa, algo que não ocorre ao longo das

margens do m ar Vermelho.4. Do m ar mencionado, Israel seguiu para 0 leste ou sudeste, intemando-se no deser-

to de Sur (Êxo. 15.22), tam bém conhecido com o deserto de Etã (Núm. 33.8), na parte noroeste da península do Sinai.

5. O lago que 0 S enh or a m a ld içoo u po deria te r s ido 0 lago Balah, a cerca de de zesse is qu ilôm etros ao norte do lago T im sah, ou 0 próprio lago T im sah.

6. A Septuaginta deu origem ao nome mar Vermelho, que não é uma boa tradução do texto hebraico envolvido. Da Septuaginta, esse erro passou para outros idiomas e para milhões de lições de Escola Dominical e se₪ ões.

7. A lguns e rud itos especu lam que 0 an tigo le ito do m ar Verm elho estendia-se até a área do lago T im sah, e, naqueles tem pos, só havia um corpo de água, ag o ra d iv id id o em lago T im sa h e m a r V e rm e lho . M as pa rece que isso é ap enas um e s fo rço da im a g in a çã o a fim de a d ap ta r-se aos tra d u to re s da Septuaginta, para não te rm os de ir à Escola Domin ical e dizer que não este- ve em foco, realmente, 0 m ar Verm elho.

Arregimentados. Isso pode significar, organizados com o se fossem um exér- cito pronto para entrar em batalha, se necessário, ou então, apenas divididos em grupos, cada qual liderado por seu líder, com o um exército. Êxo. 6.26; 7.4; 12.17,51. A tradução ing lesa RSV diz aqui, “ eq u ipados para a ba ta lha” , 0 que é possível com o tradução, em bora não necessariam ente. O hebraico indica um plural do nú- mero cinco , 0 que pode a p on ta r pa ra c inco grupos, ou m esm o pa ra cinqüenta grupos.

13.19

Levou Moisés consigo os ossos de José. O corpo de José havia sido embalsamado, de acordo com a arte dos egípcios (Gên. 50.26). Ele tinha ordenado que seu corpo fosse transportado para a terra de Canaã quando os israeBas retornassem à Terra Prometida (Gên. 50.25), e Moisés não se esqueceu de horar essa petição do patriarca. Os estudiosos têm especulado sobre com o Moisés safa■ onde estavam os ossos de José; mas 0 autor sagrado não satisfaz nossa c u r io s d l· de. A remoção do corpo de José foi um evento significativo e simbólico. Não teria sidk correto para um patriarca com o José, m orm ente da esta tura dele, ter sido deóa- do no Egito. S im bo licam ente , conv inha que seu corpo te rm inasse sepultado■

orm ente , esse se rv iço fo i tra n s fe r id o pa ra a tr ib o s a ce rd o ta l de Levi, con fo r- m e se vê no s c o m e n tá r io s s o b re 0 vs . 13. F ica e n te n d id o , ne s te v e rs ícu lo , qu e os p r im o g ê n ito s h u m a n o s de Is ra e l n ã o e ra m s a c r if ic a d o s p o rq u e os p r im o g ê n ito s hu m ano s do E gito fo ra m sa c r if ic a d o s pe lo d e s tru id o r (ve r Êxo. 12 .23). V e r as no tas sob re 0 vs. 13 q u a n to ao s trê s m odos de re dençã o dos p r im o g ê n ito s .

Este versículo, naturalmente, antecipa a questão que foi formalizada na legislação mosaica, especificamente no trecho de Números 3.44 ss.

S acrifíc io p o r S acrifício . V isto que Yahweh sacrificou muita coisa para libertar a nação de Israel, assim tam bém Israel deveria sacrificar muita coisa em gratidão, a com eçar pelos prim ogênitos dos hom ens e dos anim ais, os quais eram dedica- dos ao serv iço div ino. D evem os lem b ra r que os p rim o g ê n ito s re presentavam a totalidade da nação de Israel, portanto, de fato, tocfos foram espiritualmente sacrifi- cados.

13.16

E Isto será.. . por frontais. Em a lgum a da ta anterior, 0 uso das filactérias foi instituído como um modo de fazer os hom ens lembrar suas obrigações espiritu- ais. Ofereço notas sobre essa questão em Êxo. 13.9, especialmente sob 0 subtítulo Os S ina is e Sua S ubstância. A lém da ob servância das três festas - a páscoa, os pães asmos e a dedicação dos prim ogênitos - eram usados o s frontais, que servíri- am de lembretes contínuos da graça de Deus, por ocasião do êxodo de Israel. Em tem pos posteriores, as Escrituras em prestam à questão um a base mais ampla, na h is tó ria e na dou trina do A n tigo T estam ento . Em D euteronôm io 6 .8 , no orig inal hebra ico , esses fron ta is são ch a m ado s te p h iflin . M as aqui ap arece m com o as totaphoth. Ambas essas palavras hebraicas significam “círculos” ou “faixas” . Alguns estud iosos pensam que 0 trecho de Êxo. 13.16 alude a um uso metafórico, pois não estariam em pauta obje tos literais. Mas sem dúvida, 0 livro de Deuteronômio refere-se a objetos literais.

Trechos B íblicos Escritos nos Frontais. Essas passagens eram quatro: 1. Êxodo 13.2-10 (as três festas relembradas). 2. Êxodo 13.11-16 (a repetição das três festas).3. Deuteronômio 6.4-9, que inclui a famosa passagem: “Ouve, Israel, 0 Senhor nosso Deus é 0 único Senhor” . 4. Deuteronômio 11.13-21 (os principais mandamentos da lei: “Ama 0 Senhor teu Deus de todo 0 teu coração e de toda a tua alma”). A filactéria tinha quatro compartimentos, contendo esses quatro trechos bíblicos. Essa questão dá-nos um a idéia da religião judaica, em muitos aspectos genuína, m as em outros fingida e formalista.

“ Em todas as eras 0 homem é obrigado a considerar a s i m esm o com o se ele mesmo estivesse saindo da servidão do Egito, pelo que é dito: Ele nos tirou dali” (Maimônides, D e Vita M osis 1.1 par. 627).

Deus Guia 0 Povo pelo Caminho (13.17-22)

Um dos principais tem as do Penta teuco in te iro é a prov id ê n c ia de D eus (ver no D ic ioná rio sobre esse assunto). U m a ins tânc ia especia l d isso é a h is tó ria de com o Deus conduziu Israel para fora do Egito até 0 deserto, e ali preservou Israel, com v is tas à entrada fina l na Te rra P rom etida. A ro ta m a is curta a travessava 0

território dos filisteus na direção de Berseba e do Neguebe. Esse cam inho seguia ao longo das m argens do M editerrâneo e era um a estrada m ilitar utilizada pelos eg ípc ios. Em Sua sabedoria , Y ahw eh gu iou Israel po r um cam inho dife rente , a saber, na direção sudeste, aproxim ando-se do Sinai, evitando qualquer confronta- ção possível com potências estrangeiras, incluindo 0 Egito. Não se sabe qual foi a rota exata, mas no artigo que há no D icionário, cham ado Ê xodo (0 Evento), sugiro 0 que se sabe sobre a questão . T a m bé m provi um m apa ilustra tivo . Israel, ao confrontar-se com dificuldades, poderia ter retrocedido, especialmente se irrompesse guerra aberta. O vs. 18 diz-nos que Israel saiu a rm ado para a batalha, um a frase acerca de cujo sentido os estudiosos não concordam. A lgum método de resistência tinha sido provido. Israel não seria um a mosca morta no deserto.

13.17

Cobri quase todas as inform ações atinentes a este versículo na introdução anterior. Dificuldades encontradas no cam inho poderiam te r feito Israel voltar ao Egito, incluindo algum ataque aberto por parte dos egípcios ou por parte de outro inimigo. Deus escolheu aquele roteiro que consolidaria as vantagens obtidas, ao levar 0 povo de Israel em segurança, ao deserto. Uma vez ali, outros planos poderiam ser feitos com antecedência. Mas Israel acabou vagueando por muitos anos, devido à sua incredulidade, pensando que lhe faltavam forças para enfren- tar os formidáveis adversários que possuíam a Terra P rom etida /O autor sagrado, pois, frisa aqui a orientação divina, um a questão de grande importância para todo homem espiritual.

Filisteus. Ver no D icionário 0 verbete intitu lado F ilis teus (F ilis tia ). Israel esta- va prestes a trocar um poderoso inimigo (0 Egito), por vários inimigos menores, embo­

Page 64: At Interpretado- Êxodo

359ÊXODO

Então podem os andar durante 0 d ia sem nenhum a perturbação. De outras vezes, som os de ixados a faze r 0 que podem os, e Deus com o que se oculta nas trevas, permitindo-nos usar os nossos próprios recursos. Vez por outra, Ele faz intervenção, quando vê que estamos avassalados. As intervenções divinas fazem parte dessa ori- entação divina. O homem espiritual sabe dessas coisas. No entanto, somos chama· dos a aprender, crescer e agir, com o se agíssemos por nós mesmos. Nisso há cresci- mento. Quando Deus amarra os cordões de nossos sapatos, nada aprendemos. Os filhos precisam aprender a ag ir por si mesm os. Mas algumas vezes papai precisa intervir e ajudar. O teísmo exprime a verdade dos fatos, e não 0 deismo. O teísmo ensina que Deus não som ente criou, mas tam bém mostra-se ativo em Sua criação, orientando, recompensando 0 bem e punindo 0 mal. O deismo, por outro lado, ensi- na que algum a força criativa abandonou 0 universo, deixando-o aos cuidados das leis naturais. Ver no Dicionário sobre am bos esses termos. O teísmo não remove 0

crescimento natural obtido mediante a vontade do homem, quando este se dedica à inquirição espiritual.

14.1,2

Yahweh novamente instruiu 0 líder, Moisés, conforme se vê por toda a narrativa. Periodicamente, achamos um versículo como Êxo. 14.1, que introduz novas seções. Cf. Êxo. 4.1,2,10; 5.1 ;6.1; 7.1 ;8.1; 9.1; 10.1; 11.1; 12.1 e 13.1. Esses versículos frisam tanto 0 teísmo como a providência de Deus, conform e com entamos na introdução a este versículo, acima.

P i-H a iro te . V e r a respe ito desse local no Dicionário. V er tam bém 0 a rtigo Êxodo (0 Evento), que descreve a rota segu ida por Israel, onde tam bém há um m apa que sug ere 0 ro te iro, em bora ha ja m u itas dúv id as qu anto a loca lizações exa tas. Esse loca l f icava pe rto de B aa l-Z e fo m (Êxo. 14 .2 ,9), m as este ú ltim o ta m b é m é um lu g a r de lo c a l iz a ç ã o d u v id o s a . A lg u n s p e nsam que f ic a v a às m a rgen s do m ar M e d ite rrâ n e o . O a r t ig o re fe r ido dá in fo rm açõ es onde isso é possível, e especu la quando isso é necessário . O luga r ficava perto do m a r de Juncos , e não do s m a re s V e rm e lh o e M e d ite rrâ n e o (m ar G rande , con fo rm e d iz iam os antigos).

M igdol. Ver a respeito no Dicionário. Os nomes, na opinião de alguns eruditos, sugerem que a rota tomada por Israel levou-os primeiro ao mar Grande, e que somen- te depois voltaram na direção sudoeste. Mas na verdade está em pauta 0 mar de Juncos, e não 0 mar Grande ou Mediterrâneo.

O mar. Não identificado, m as pode estar em vista ou 0 m ar Grande ou 0 mar Vermelho, ou mesmo um dos lagos (Timsah ou Balah). Dou abundantes informações sobre Migdol, no artigo mencionado, que contém as especulações.

Q u a n to ao m a r d e s te v e r s í c u lo , v e r n o ta s c o m p le ta s s o b re Ê x o . 1 4 .2 2 , o n d e d is c u to 0 p r o b le m a do m a r d e J u n c o s e m c o n t ra s te c o m 0

m a r V e rm e lh o , e o p to p e lo m a r de J u n c o s c o m o a q u e le q u e e s tá a q u i em v is ta . A lé m d is s o , p r e c is a m o s e x p l ic a r 0 q u e s ig n i f ic a v a e s s e m a r. O s in té r p r e te s m o d e rn o s s u p õ e m q u e e s tá e m p a u ta um d o s la g o s (T im s a h ou B a la h ) .

14.3

Is rae l es tava en fren tan d o d ificu ldades que 0 texto não define. A saída do Egito tinha criado problem as. Ta lvez, con form e alguns eruditos sugerem, tivesse havido um a ten ta tiva m a lsucedida de cruzar 0 m ar de Juncos. A pa lavra “desori- entados" poderia s ign ifica r que 0 Faraó tinha ouvido que Israel tom ou um a rota d iferente daquela que se poderia esperar, e assim ele pensou que algo de erra- do estava sucedendo com os planos. Ta lvez até sugira que Israel se tinha atolado na área pantanosa das p rox im idades do lago T im sah. Nesse caso, ele teria sido encorajado a sair com seu exército e tentar reverter todo 0 processo do êxodo.

Israel tinha-se saído vencedor a cada round. E talvez 0 Faraó tenha pensado que era hora de ganhar um round. Outros estudiosos sugerem que os nomes dos lugares mencionados (no vs. 2) na verdade eram fortalezas egípcias, e que Israel tinha sido forçado a retroceder. Isso tê-los-ia deixado em uma armadilha entre as fortalezas e 0

mar de Juncos, e, aparentem ente, um a presa fácil ao exército que 0 Faraó poderia lançar contra eles.

14.4

Y ah w eh in je to u no co ração do F a raó que p rossegu isse em seu desvario . A final, as moscas tinham desaparecido, não havia mais rãs nem saraivada, e os corações fe r idos dos eg ípc ios , por cau sa da m orte dos p r im ogênitos, estavam sarando. N esse caso, por que não ten ta r faze r Israel parar? O s filhos de Israel estavam desorien tados e ap anhados em um a arm adilha, e, dessa vez, 0 Faraó obteria um a v itória. Dou um a nota de ta lhada sobre 0 endurecim ento do coração do Faraó, em Êxo. 4.21. A lgum a s vezes é dito que 0 F araó endureceu seu pró- prio coração; de outras vezes, Yahweh é que teria endurecido 0 coração do Faraó; e a inda de outras vezes, 0 agente do endurec im en to é de ixado indistinto, de tal

Terra Prometida. Também podemos suporque foram removidos os ossos de todos os doze filhos de Jacó, embora isso também fique ao encargo de nossa imaginação. Estê- vão, todavia, a fi₪ ou que isso foi feito (Atos 7.15,16), pois, sem dúvida, havia uma firme tradição judaica nesse sentido. Esses ossos foram sepultados em Siquém, no sepulcro que Abraão tinha comprado por uma soma de dinheiro dos filhos de Emor, pai de Siquém. Ver 0 Novo Testamento Interpretado quanto a notas completas sobre essa questão. O texto não diz que os ossos dos outros patriarcas também foram junto com os ossos de José. O próprio José, porém, ainda em vida, sem dúvida teria cuidado da questão desses outros corpos.

13.20

De Sucote. Ver sobre esse lugar no Dicionário. Esse foi 0 primeiro ponto de parada, depois que Israel saiu do Egito, a cerca de oitenta quilômetros de seu ponto de partida. Ver as notas sobre Êxo. 12.37 quanto a detalhes. Dali foram a Etã, ao que tudo indica do outro lado do m ar de Juncos, no deserto de Sur (ou Etã). Ver Êxo. 15.22 e Núm. 33.8. Ver sobre E tã no Dicionário, no seu quarto ponto. A distância de Sucote era entre oito e dezesseis quilômetros, na direção sudoeste. Mas os eruditos localizavam 0 local de m odo variegado. Seja com o for, não ficava longe, em bora sua localização exata seja problemática.

Ao chegarem em Etã, os israelitas estavam à beira do deserto por onde haveriam de vaguear durante quarenta anos.

13.21

Coluna de nuvem... coluna de fogo. A coluna de nuvem servia para proteger os israelitas do calor do dia e para guiá-los pelo caminho; a de fogo conferia-lhes calor, conforto e orientação durante a noite. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Colunas de Fogo e de Nuvem. Há várias interpretações a esse respeito: naturalística, mitológica e sobrenatural. O autor continuava a salientar a providência de D eus — questão impor- tantíssima do Pentateuco, abordada no Dicionário com esse título. Conforme diz um antigo hino: “Deus guia Seus filhos ao longo do caminho”.

As nuvens eram emblema da presença de Deus com os filhos de Israel, de dia e de noite. Deus nunca está distante, embora para nós possa parecer assim. Algumas vezes, Israel jomadeava durante a noite, a fim de evitar 0 calor estorricante do deserto. Ver Núm. 9.21.

O Senhor. C ham ado de Anjo do Senhor em Êxo. 14.19 e 23.20. Ver no Dicio- nário 0 artigo Anjo. Alguns eruditos cristãos vêem no Anjo do Senhor uma manifes- tação vete rotestam entária do Logos. Ver I Cor. 10.9. A nuvem representa Cristo (Apo. 10.1). Os estudiosos usam muito a sua imaginação, ao tentarem descrever 0

que isso significaria. Assim , eles dizem que 0 fogo era a lei esfogueada, um pre- sente protetor que Deus teria usado para envo lver os Seus filhos. Cristo é a Luz, não nos devemos olvidar. Um a excessiva cristianização dos textos do Antigo Testa- mento, com freqüência, nos desvia da correta interpretação. Mas se considerarmos que esses detalhes eram simbólicos apenas, não encontrarem os dificuldades. Cf. Sal. 105.39 e Isa. 45; e ver Núm. 9.16-18.

“A coluna era, ao mesmo tempo, um sinal e um guia. Quando a nuvem se movia de lugar, 0 povo a seguia. Quando a nuvem estacava, 0 povo parava e se acampava (Êxo. 40.36-38)” (Ellicott, in loc.).

13.22

Nunca se apartou. . . a nuvem. V e m o s aí a c o n s tâ n c ia do S e n h o r. D esde 0 com eço, a nuvem a co m p a n h o u os f i lh o s de Israe l, en qu a n to estive - ram fo ra da T e rra P ro m e tid a . “ Isso p ro s s e g u iu a té te re m a tra v e s s a d o 0 de- se rto e c h e g a d o às fro n te ira s da te r ra de C a n a ã , q u a n d o e la não m a is era n e c e s s á r ia ; e e n tã o a n u ve m o s d e ix o u ; p o is , q u a n d o a tra v e s s a ra m 0 rio Jo rdão , a arca ia a d ia n te de les (Jos. 3 .6 ” (Jo hn G ill, in loc .). Cf. Êxo. 40 .38 ; Núm. 9 .16 e 10.34.

O texto sagrado é valioso quanto a sentidos metafóricos e simbólicos, visto que, em cada geração, pessoas espirituais precisam da constante orientação de Deus. Outros- sim, algumas vezes essa orientação assume uma forma miraculosa. Os milagres conti- nuam ocorrendo. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Milagres.

Capítulo Catorze

O Faraó Tenta Reconquistar Israel (14.1 — 15.21)

Perseguição contra Israel (14.1-14)

Houve uma crise na fronte ira (vss. 1-14). A providência de Deus (ver a esse respe ito no Dicionário) con tro lava as co isas , m as isso não s ign ificava que não ho uvesse d if icu ld ade s . A lg u m a s veze s , a o r ie n ta çã o d iv in a é fra nca e óbvia .

Page 65: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO360

A idéia contida em nossa versão portuguesa, porém, parece ser que a saída de Israel do Egito deu-se de forma atabalhoada, sem um planejamento prévio suficiente; e isso parece completar a idéia do terceiro versículo deste capitulo, onde 0 Faraó comenta que Israel estava ‘ desorientado”.

14.9

A p e rse g u içã o p ro sse g u iu até P i-H a iro te , pe rto de B aa l-Z e fom , quando , f ina lm ente , Israel fo i a lcan çado . V e r no D ic io n á rio sob re essas loca lidades, e ver tam bém as no tas sob re 0 seg undo ve rs ícu lo deste cap ítu lo . O texto situa de fin id a m e n te essas c id a d e s (fo rta le za s? ) do E gito perto do local onde hou- ve a tra vess ia do m a r de Ju n co s (não m ar V erm elho ; ve r as notas sobre Êxo.13.8 e 14 .1 ,2 ). P arece que e sse s lu g a re s f ica va m p ró x im o s do lago T im sah ou do lago B alah, a ce rca de o ite n ta q u ilô m e tro s ao no rte do m ar V erm elho . A lg u n s e ru d ito s não c o n c o rd a m com essa a va lia çã o , p re fe r in d o p e n s a r em um a ro ta ao long o do m a r M e d ite rrâ n e o , m as isso p a re ce a lta m e n te im pro- vável.

O exército do Faraó consistia, sem dúvida, em cavalaria, infantaria e carros de com bate, conforme era comum entre os exércitos antigos. E diante dessa força armada,0 povo de Israel entrou em pânico.

14.10,11

Os filhos de Israel clamaram ao Senhor. O terror tomou conta deles, en- quanto 0 poderoso exército egípcio se aproximava rapidamente. E os filhos de Israel deixaram a questão aos cuidados de Yahweh, em oração. No pânico em que caíram, puseram a queixar-se am argamente, lamentando que tivessem aceito 0 plano do êxodo.

A M urm uração de Israel. O m ar estava à frente deles, e 0 exército do Faraó aproximava-se rapidamente por trás. A fé fugiu de todos os israelitas naqueles momen- tos. Essa foi a pri meira das m urm urações de Israe l no deserto, 0 que é um tema cons- tante do livro de Êxodo. Ver também Êxo. 15.24; 16.2,3; 17.3; 32.1-4,25; Núm. 11.4-6; 12.1,2; 14.2,3; 16.13,14; 20.2-13; 21.4,5. Nada tinham para elogiar os labores de Moisés, que os tinha trazido em segurança até ali, mas puderam mostrar-se sarcásticos. O Egito não tinha sepulcros em núm ero suficiente, e essa teria sido a razão pela qual Moisés teria trazido os filhos de Israel ao deserto. Melhor seria ter permanecido na servidão. Moisés tinha-ihes feito um grande mal, de acordo com 0 parecer dos murmuradores.

Qualquer pessoa que tente fazer alguma coisa é vítima de observações mordazes, a seu respeito e de seu trabalho. Sempre haverá 0 ciúme profissional em operação; sempre haverá aqueles que ficam atônitos diante dos erros que cometemos, e am ar- gos diante de nosso sucesso. Assim, sem importar se tivermos êxito ou não, as mesmas palavras de reprovação serão proferidas.

Jeremias (2.1-3) desligou-se conspicuamente da tradição judaica das rebeldias e murmurações no deserto.

O Targum de Jonathan, comentando sobre essa passagem, diz: O s ím pios da- quela geração disseram a M o isés.. . ” .

O temor distorceu as memórias e despertou as paixões negativas dos israelitas. O próprio tempo distorce a memória e faz as pessoas pensar nos “dias passados” como melhores ou piores do que de fato foram.

14.12

Lem brando 0 Pior. A lguns israelitas foram capazes de re lembrar aquele dia, já distante, quando rejeitaram, no com eço, a m issão de Moisés, antes dos vários sinais convincentes que ele apresentara, e que convenceram, primeiramente os anciãos do povo, e, então, 0 povo em geral. V er Êxo. 5.21 e 6.9. Eles esquece- ram-se, convenientemente, da adm iração que os tinha levado a a d o ra ra Yahweh, 0 Deus operador de prodígios (Êxo. 12.27). E acusaram Moisés de havê-los enganado. Se ele fosse sábio a metade do que fingia ser, teria sido capaz de prever a calam idade que acabaria atingindo os filhos de Israel.

“A reprimenda era injusta e desmerecida, mas faz parte da natureza humana lançar tais reprimendas em tempos de perigo ou dificuldades” (Ellicott, in loc.).

14.13

Este versículo brinda-nos com das mais admiráveis declarações do livro de Êxodo: “Não tem ais; aquietai-vos e vede 0 livram ento do Senhor que hoje vos fa rá .. . "

Em cada vida há momentos em que nada resolve, senão uma in tervenção divina. Ocasionalmente, todas as pessoas atingem esse ponto quando falham os recursos pessoais e até mesm o os recursos de outras pessoas. A salvação não descansa, finalmente, naquilo que som os e podemos fazer, pois só se satisfaz com 0 poder da redenção. A lgum as vezes, a intervenção divina ocorre dentro dos acontecimentos históricos, conform e se vê no presente caso, quando toda uma nação se viu envolvida. Mas a intervenção divina tam bém ocorre na vida dos indivíduos. Se quisermos crescer, usualm ente som os forçados a fazer coisas por nós mesmos, de acordo com os recursos que tivermos desenvolvido, usando

modo que 0 coração do Faraó se endurecia (voz passiva). Deus usa a vontade do homem sem destruí-la, embora não saibamos dizer com o isso pode acontecer. Minhas notas aludem aos problemas teológicos envolvidos.

Serei glorificado. Isso através do fato de que Seu nome seria mais conhecido (ver as notas em Êxo. 7.5), e mediante a derrota definitiva de todas as divindades egípcias. Ver as notas em Êxo. 7.14 quanto a um gráfico que ilustra quais deuses foram derrota- dos pelas pragas particulares. O Faraó nunca tinha ouvido falar em Yahweh (Êxo. 5.2), mas agora sabia bem de Seu poder.

“O sucesso da estratégia de Israel, interpretada pela fé, proveu a Yahweh a oca- sião para confirmar Sua vitória sobre 0 Faraó e libertar 0 povo de Israel. Beer e Eissfeldl corretamente salientaram a estratégia bem calculada envolvida naquele movimento” (J. Edgar Park, in loc.).

Israel contava com cerca de seiscentos mil homens capazes de trabalhar no pesa- do, sem contar as mulheres que podiam ser postas a trabalhar (ver Núm. 1.46), e 0

Faraó não queria enfrentar 0 futuro, com todo 0 seu programa de edificações, sem dispor de trabalho escravo barato. Portanto, partiu atrás do povo de Israel, em uma aventura inútil e desastrosa para os egípcios.

14.5

P or Q uê? Assim que os terrores das pragas foram esquecidos, foram capa- zes de perguntar um estúpido p o r quê. Os egípcios, aterrorizados, tinham expul- sado os israelitas do Egito, tem endo ter 0 m e s m o jim que seus filhos primogênitos. Chegaram mesmo a doar-lhes muitas riquezas (Êxo. 12.31 ss.).

“Quando lemos artigos e livros sobre 0 arrependim ento, im pressiona-nos a dificuldade de distinguir entre um Faraó disposto a perm itir que 0 povo de Israel se fosse, por estar tem eroso de mais pragas, e um Faraó que realmente estava arrependido de sua crueldade tirânica” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). Um indivíduo assustado arrepende-se mais ou menos do mesmo jeito que um rato reage, aterroriza- do, diante de um gato. O homem realmente arrependido reage como uma criança que percebe que ofendeu seu pai. O verdadeiro arrependimento é 0 primeiro passo para 0

crescimento espiritual. O falso arrependim ento é apenas a tentativa de escapar das conseqüências da própria maldade.

O grande m otivo para a pe rsegu ição con tra Israel era 0 d inh e iro . M ais de seiscentos mil trabalhadores escravos seriam perdidos pela economia egípcia. Ver Núm. 1.46 quanto ao número dos filhos de Israel. O Faraó estava à cata de dinhei- ro, mas acabou sofrendo uma perda devastadora, sob a form a de vidas e equipa- mentos perdidos.

14.6,7

Seiscentos carros escolhidos. Eram carros de com bate. Isso sem contar quantos outros carros. Capitães m ilitares lideraram no ataque! O próprio Faraó se pôs à testa do exército, com seu próprio carro de combate. Ver no D icionário os artigos chamados C arro e Carruagem .

Capitães. No hebraico, três ou terceiro. Os veículos de com bate do Egito eram tripulados por som ente dois homens, assim é melhor traduzir por tripulação, em vez de dizer “os três”, ou seja, os três hom ens que geralm ente tripulavam os carros de com bate de outros países. Posteriormente, os carros de com bate dos assírios e dos hititas tornaram -se espaçosos 0 suficiente para transportar três homens. Um deles dirigia 0 veículo, outro era 0 escudeiro, e 0 terceiro, natural- mente, era quem atirava as flechas e dardos. É possível que 0 hebraico, aqui, reflita esta última circunstância.

Josefo diz que 0 número de militares egípcios era de cerca de cinqüenta mil cavaleiros, além de duzentos mil infantes (A n t. 1.2 c. 15 see. 3), mas não temos com o averiguar esses dados. Ezequiel, 0 autor de tragédias teatrais, fala em um m ilhão, um número fantástico (Apud Hottinger Sm egm a, pág. 464).

Ramsés II testificou que um a força de dois mil e quinhentos carros de comba- te foi lançada contra ele pelos inim igos hititas ( R egistros do Passado, vol. ii, pág. 69,71), 0 que mostra que os seiscentos carros deste texto estava dentro do escopo dos exércitos antigos. Os ír in ta mil carros”, referidos em I Sam. 13.5, devem conter algum erro numérico.

14.8

O perpétuo coração duro do Faraó sofreu ainda m aior endurecimento. Ver Êxo. 4.21 quanto a essa questão, bem com o no vs. 4 deste capítulo. Israel tinha saído do Egito em atitude de desafio, conform e dão a entender algumas tradu- ções, ou, então, com m ão descoberta, ou seja, sem nenhum segredo, conforme diz 0 Targum de Onkelos. Ver Êxo. 12.33. Eles partiram com arrogância, e 0

Faraó saiu em perseguição deles para arrancar-lhes a arrogância.

Os filh o s de Israel sa íra m afoitamente. Algum as traduções dizem aqui “saíram por meio de mão erguida” , aparentem ente indicando a mão erguida de Yahweh. Israel contava com a proteção e 0 poder de Deus (Êxo. 3.19; 6 .1 ; 14.31).

Page 66: At Interpretado- Êxodo

361ÊXODO

à regra nem mesmo para 0 crente, para melhor ou para pior, mesmo nos momentos mais críticos".

Ambas essas idéias, naturalmente, dizem uma verdade. E é a vontade de Deus, em Sua graça, sabedoria e misericórdia, que determina 0 que ocorrerá em cada caso particular.

Sentim os que nada somos, pois tudo ás Tu e em Ti;Sentimos que algo somos, isso tam bém vem de TI;Sabem os que nada som os - m as Tu nos ajudas a se r algo.B end ito se ja 0 Teu nom e - A le lu ia !

(T he Hum an C ry Alfred Lord Tennyson)

14.16

E tu, levanta a tua vara. Ver 0 uso dessa vara de poder no caso das pragasde números um (Êxo. 7.19), do is (8.5,6), três (8.16,17), sete (9.22,23), oito (10.12,13), nove (10.21,22). V e ra s notas a respeito em Êxo. 4.2. A v a ra usada por Moisés agora produziria, nas m ãos de Deus, mais um prodígio necessário, a fim de concretizar a missão de redimir Israel do Egito.

C onta-se a h is tó ria do rei Canuto, que superestim ava os seus poderes. Ele m andou co lo ca r 0 tro n o rea l na p ra ia do m ar, e sen tiu -se o fe nd ido d ian te da m aré alta . E, en tão , gr itou : “Tu , ó m ar, o rd e n o -te que não avances m a is m eu re ino adentro , nem ouses m o lh a r os pés de teu sob e ran o senhor". Mas 0 mar nem ou v iu nem o b e d e ce u à sua voz, e co n tin u o u a sub ir, po is era maré alta. Enquanto a água sub ia , 0 m onarca , de súb ito, parece te r adquirido m aior sabe- doria, e com eçou a conv idar seus súd itos a considerar 0 fraco e frívolo poder de um rei.

Essa é a diferença que faz quando Deus está ou não presente. Moisés, munido da vara conferida por Deus, alterava 0 mmo dos acontecimentos naturais.

Moisés, estendendo a vara por sobre as águas, esperou as conseqüências. Gran- des coisas já tinham acontecido antes. O poder de Deus operaria e mostrar-se-ia sufid- ente para aquela causa que parecia perdida?

14.17

Endurecerei 0 coração dos egípcios. Por m u itas vezes já topam os com algum a declaração equivalente, na narrativa sobre 0 êxodo. A idéia aqui salienta- da é a de corações perpetuamente em pedernidos. Há notas expositivas completas sobre a questão do endurecim ento do coração do Faraó em Êxo. 4.21, onde levo em con ta os p rob lem as teo lóg icos envo lv idos. Algumas vezes é dito que D eus endurecera 0 coração de Faraó; de ou tras vezes, que 0 próprio Faraó endurecia seu coração; e, ainda de outras vezes, é usada a voz passiva, 0 coração do Faraó se en dure c ia , sem que se de te rm ine 0 ag ente desse endurecim ento. Nas notas sobre Êxo. 4.21 mostro referências bíb licas com esses três sentidos. V er tam bém Êxo. 14.4 quanto às razões desse contínuo endurecimento divino, elementos repe- tidos neste versícu lo . Yahw eh haveria de ser g lo rilica d o , Seu nom e tom ar-se-ia bem conhecido, e 0 panteão egípcio seria lançado no descrédito. Dou notas sobre a palavra glorificar, em Êxo. 14.4 e 7.5. Ver tam bém 0 gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14, onde m ostram os quais d iv indades egípcias foram derrotadas em cada uma das pragas.

O Faraó voltava agora à carga, momentaneamente, com sua estúpida idéia de subjugar Israel de qualquer maneira, pois não queria perder 0 concurso do trabalho escravo do povo de Israel, por razões econômicas e por mero orgulho. O embotamento do Faraó não tinha fim. Sua alma perturbada não conhecia descanso de seu desvario. Trata-se do quadro de um pecador impenitente, 0 qual, sem importar 0 quê, segue 0

seu curso insano. Muitos de nossos problemas só podem ser resolvidos mediante solu- ções divinamente dadas.

14.18

A G lória de Yahweh. A glória do Senhor estava em jogo, conforme este versículo repete, e 0 obstinado Faraó dava espaço para Deus mostrar a Sua glória. Em sua arrogância, 0 rei havia afirmado não conhecer a Yahweh (Êxo. 5.2). As pragas do Egito tornaram bem conhecido 0 nome de Deus, e Seu poder tornou-se dolorosamente óbvio. A destruição final, fatal e completa do exército egípcio, por meio das forças da natureza controladas por Deus, seria dada por um golpe definitivo. E, então, 0 panteão egípcio jazeria no pó, e, juntamente com tais deuses, 0 Faraó e seus exércitos. Raiaria um novo dia, em que 0 nome de Yahweh tomar-se-ia conhecido de mar a mar, tal como os raios do sol espantam as trevas que encobrem a terra. Sob a luz resplendente do sol, estaria Israel, definitivamente livre da servidão. A injustiça e a cruel- dade do Faraó desapareceriam nas sombras de uma memória distante.

14.19

O Anjo do S enhor e a coluna de nuvem e fogo representavam ambos a presen- ça de Yahweh, porquanto eram manifestações de Sua presença e de Seu poder.

nossa razão e inteligência, nossa capacidade de planejar e nossas energias. No mais das vezes, entretanto, 0 próprio “eu” fala, e os recursos humanos são inadequados. E é então que ocorre a intervenção divina.

Q uando Is ra e l sa iu da escravidão,Havia d ian te de les um m ar;O S enhor estendeu Sua poderosa mão,E fez ro la r 0 m a r para trás.

(H. J. Zelley)

Hoje. Assim diz 0 texto. O exército eg ípcio ap roxim ava-se rapidam ente, pa- recendo tão am eaçador. Mas “ho je” m esm o tudo aqu ilo term inaria . Nunca mais os filhos de Israel veriam aque les rostos d is to rc idos, aque las am eaças, aquela b ruta lidade. “ Hoje” é 0 d ia da redenção. S im, naquele m esm o dia, aquele exér- cito feroz seria reduzido a um a massa de cadáveres a bo ia r nas águas revoltas e lamacentas (vs. 30).

14.14

O Senhor pelejará por vós. O n o m e d iv in o a q u i u s a d o é Y ahw eh . M oisés conv idou os is rae litas a e s p e ra r p o r um m ilag re , que aco n te ce ria na- qu e le m e sm o d ia . Fo ram p a la v ra s e x tre m a m e n te a n im a d o ra s , ta lv e z fáce is de se r d itas, m as que som e n te 0 p o d e r d iv in o p o d e ria co n c re tiza r . U m a das g ra n d e s fru s tra çõ e s e s p ir itu a is com que um ho m em e s p ir itu a l pode d e fron - ta r-se é a sua p ró p ria im p o tê n c ia . E le p ro fe re p a la v ra s g ra n d io sa s de po d e r e s p ir itu a l, m as vê tã o p o u c a c o is a a c o n te c e n d o . Se s in a is e m ila g re s não d e ve m se r b u s c a d o s p o r c a u s a da e x c ita ç ã o q u e e le s p ro v ê e m - p o is a e s p ir i tu a l id a d e é m u ito m a is do q u e isso -, um m ila g re be m c o lo c a d o au- m enta nossa fé e nossas fo rças e sp ir itua is . O re g is tro da oco rrên c ia nos con- fe re fé. Por qu anta s vezes 0 S e n h o r p ro v id e n c ia em no sso favo r, de m ane ira s ig n if ic a t iv a e e s p e c ia l. Is ra e l p o d ia o lh a r p a ra trá s e v e r q u a n ta s p ra g a s m ira cu lo sa s t in h a m -n o s l iv rad o do Eg ito . S e ria d e m a is e sp e ra r m a is um m i- la g re ? No en ta n to , de cad a vez em que m a is um m ila g re tem luga r, som os a p a n h a d o s de s u rp re sa . É v e rd a d e que s o lta m o s um “a le lu ia !” em voz alta , m as, logo d e p o is de d e s p e rta d a , n o ssa fé vo lta à sua n o rm a lid a d e , e nova- m ente com eçam o s a esperar, não m u ito enco ra ja dos.

Travessia do Mar (14.15-25)

O M ilagre Estava P restes a O correr. C hegara 0 tem po determ inado por Deus (João 7.8). O grande momento não tardaria mais; 0 êxodo tornar-se-ia irreversível. Muitos perigos am eaçariam 0 povo de Israel, antes que ele entrasse na Terra Pro- metida. Mas agora 0 Egito tomar-se-ia algo do passado. O prolongado exílio chegara ao fim, a servidão sobre a qual Abraão tinha sido avisado (Gên. 15.13). Os eventos no mar de Juncos foram uma intervenção histórica do poder de Deus, e isso garantia a posse final da Terra Prometida e 0 cumprimento do Pacto Abraâmico (ver as notas a respeito em Gên. 15.18). No tempo certo, 0 Messias surgiria dentre a tribo de Judá, e assim as provisões do pacto haveriam de envolver os gentios, e grandes dimen- sões espirituais tornar-se-iam um a realidade ad icionada ao pacto abraâm ico (ver Gál. 3.14 ss.).

A natureza, a h is tó ria e 0 poder de Deus a lia ram -se às m argens do m ar de Juncos. Deus opera através da história; Ele age por meio da natureza; m as tam- bém opera acim a de am bas essas coisas, o fe recendo-nos surpresas vindas das Suas m ãos. O evento re m ido r do m ar de Jun cos to rnou -se a base m esm a da existência da nação de Israel. Foi um acontec im ento poderoso e espantoso. Esse evento foi, para 0 Antigo Testamento, 0 que Jesus, 0 Cristo, foi para 0 Novo Testa- m ento - um ato re ve lado r e re dentor de D eus. S im, po rque D eus con feriu tão grande graça aos homens.

14.15

Dlze aos filhos de Israel que marchem. E les es ta va m c la m a n d o ; mas de v ia m en tra r em ação! D evem os o ra r sem ce s s a r (I Tes. 5 .17), m as há mo- m entos em que a ação é m ais im portan te do que a o ração, pe lo m enos naque- le m om ento . De ou tras vezes, a re sp o s ta já nos fo i dada. M as em nossa m io- p ia , não a ve m o s a ind a . No ca so q u e o ra c o n s id e ra m o s , 0 p o d e r de D eus es ta va p re se n te , já t inh a e n trad o em o p e ra çã o . A go ra , 0 que se faz ia m is te r era que Israel m a rchasse pa ra a tra ve ssa r 0 m a r de Jun cos . Q ua ndo m o lhas- sem seus pés, então 0 ato m iraculoso de Deus tornar-se-ia evidente e operante.

U m a exce le n te c itação de G eo rge M e red ith ilus tra es te tex to : “Q ua ndo 0

hom em fica convencido de que está fazendo 0 que Deus mandou, quanto pode esperar que as forças natura is obedeçam à sua vontade? Duas respostas religío- sas têm sido dadas a essa pergun ta . No d e co rre r da h is tó ria, san tos têm crido que, sob a insp iração d iv ina , há o ca s iõ e s em que são ca p ac itado s a a lte ra r e m esm o vencer 0 curso da natureza. E em todos os sécu los sem pre houve aque- les que acreditam que as leis da natureza são constantes, não havendo exceções

Page 67: At Interpretado- Êxodo

Os Príncipes Egípcios e Seus Carros (W ILKINSON), S m ith 's B ib le D ic tionary.

Tropas Egípcias Avançam para a Guerra (W ILKINSON) S m ith 's B ib le D ic tionary.

Page 68: At Interpretado- Êxodo

363ÊXODO

fo ram um tem po de crise pa ra 0 m undo in te iro , e m ilag res especia is foram n e cessá rio s para aq ue le tem po . V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo cha m ado M ila - gres, 0 qual m o stra com o esse s m ilag res a ind a con tinuam bem presentes entre nós. Ver na E n c ic lo p é d ia de B íb lia , Teo log ia e F iloso fia 0 artigo sobre Saí/a S a i Baba, um hom em que faz p ro d íg io s , a despeito do que possam os pensar acerca de sua teo logia e do que ele diz sobre si mesmo.

Exercendo Fé:1. Algumas vezes, a fé consiste em confiar naquilo que é verdadeiro e vita l à vida.2. De outras vezes, a fé crê naquilo que não é verdadeiro, mas que se fez vital por

algumas pessoas.3. De outras vezes, a fé consiste em crer naquilo que não é histórica ou cientificamente

verdadeiro, mas que tem valor como uma parábola ou alegoria.Seja com o for, tenha fé, pois sem pre será melhor acreditar demais do que

acreditar pouco demais. Isso não debilita a investigação, mas essa atitude pode ajudar-nos a não prejudicar as ove lhas às quais faltam sofisticação mental ou espiritual. Por outra parte, a verdade é um a aventura, portanto nos devemos aventurar, se tivermos de ava nça r no conhecimento, e não meramente extrair valor de vários tipos de fé. Nesse avanço, algum as vezes pode ser vantajoso que os p ione iros não apliquem certas form as de fé de que outras pessoas tenham necessidade.

14.22

As águas lhes foram qual muro. O vento que soprara a noite inteira deixou um a estrada seca pela qual os israelitas fizerem a travessia. Esses muros, de um lado e de outro, eram e levados e pareciam am eaçadores, m as não prejudicavam aos que fizeram a travess ia . M as tam bém tinham a s in is tra tare fa de destru ir 0

exército egípcio que por ali tam bém avançaria. Dois muros, embora ameaçadores, protegeram a vereda, mediante a qual os filhos de Israel conseguiram escapar dos egípcios.

O L a g o T im sa h . T a lv e z a re g iã o do m a r de Ju n c o s (v e r a re s p e ito em Ê xodo 13 .18) c o n t iv e s s e m u ita s á re a s p a n ta n o s a s , com p o ças de ág u a de pouca p ro fun d idad e . É ve rd a d e qu e ve n to s fo rte s , a lg u m a s vezes, têm 0 po - de r de a fa s ta r te m p o ra ria m e n te a ág ua de a lgum lugar; e essa água vo lta ao seu lu g a r ao c e s s a r a v e n ta n ia . E s ta m o s in fo rm a d o s de que q u a se a n u a l- m e n te esse fe n ô m e n o tem lu g a r, q u a n d o s o p ra m ve n to s da p r im a ve ra v in - dos do go lfo P érs ico, na m aré a lta. O s crít ico s vêem nesse fenôm eno, conhe- c ido e com um , a base deste re la to b íb lico . O au to r te r ia exa gera do 0 fenôm e- no n a tu ra l, tra n s fo rm a n d o -o em um a c o n te c im e n to m ira cu lo so , p o r m e io de sua v iv id a im ag inaçã o. T a m bé m sug erem que, en quan to Israel ava nçava ter- ra se ca a d e n tro (c o n fo rm e d iz 0 re la to b íb lic o ) , um e x é rc ito e g íp c io v iu -s e a to lado com seu s ca va lo s e ca r ro s de g u e rra no m e io do lam aça l! A dem a is , ao re tro c e d e r a m a ré , p a ra n d o 0 v e n to , a á g u a v o lto u a fe c h a r-s e . A ss im , águas rasas en vo lve ra m 0 exé rc ito a to la d o na lam a . A p e sa r de não te r havi- do p e rd a s de v id a , c o n fo rm e e le s a in d a d iz e m , a a çã o fo i e f ic ie n te . Is ra e l pôde p rossegu ir livre, ao passo que 0 exé rc ito eg ípc io ficou re tido no m e io da lam a . V e r no vs . 21 q u a n to a m e u s v á r io s c o m e n tá r io s sob re a q u e s tã o da na tu re za m ira c u lo s a ou q u a se m ira c u lo s a da na rra t iva , on de ap re se n to m i- nhas ava liações.

“A v itória div ina a licerçou-se sobre um fenôm eno natura l” (O xfo rd A nno ta ted B ible, in loc.). Os eruditos conservadores asseveram ; “A v itória divina baseou-se sobre um fen ôm e no so b rena tu ra l” . Em m eio às con trové rs ias , não deveríam os pe rder de v is ta 0 e lem ento m a is im portan te ; há redenção e liv ram ento para os pecadores. Deus interveio na história, especia lm ente através da pessoa de Jesus Cristo, para p rover re denção e liv ram ento . V e r no D ic io n á rio 0 artigo intitu lado R edenção.

14.23

Os egípcios, que os perseguiam. Foi um a perseguição insensata, po is le- vou 0 exército do Faraó precisam ente à área perigosa, onde Yahweh estava reali- zando outro sinal prodigioso. Os egípcios nada haviam aprendido de todas as an- teriores maravilhas destru idoras. T inham m esm o esquecido seus queridos filhos primogênitos, que agora se decom punham em suas sepulturas. E em breve have- riam de jun ta r-se a e les na m o rte . Era chegada a hora da v ingança fina l; m as mentes em botadas e destituídas de entendimento, em bora previamente instruídas, nada percebiam.

14.24

Na vigília da manhã. Ou seja, entre as 3 horas da madrugada e 0 alvorecer.Ver no D icionário 0 verbete Vigílias.

Yahweh era 0 verdadeiro inim igo do Egito, e isso ficou provado por muitas vezes. Ver as notas em Êxo. 8.19 e 12.31,32. Mas 0 coração dos pecadores vive tão calejado que age contra aquilo que eles sabem. Sócrates supunha que 0

Ver no Dicionário os artigos intitulados Anjo; Coluna de Fogo e Nuvem e Teofania. Deus dispõe de muitos agentes. Ό mensageiro angelical passou da vanguarda para a reta- guarda das hostes, a fim de proteger Israel dos egípcios que avançavam” (John D. Hannah, in loc.). T a l como na noite da páscoa (Êxo. 12.42), Deus m ontou guarda sobre 0 Seu povo” (J. Edgar Park, in loc.). As interpretações cristianizadoras fazem esse Anjo ser uma manifestação do Logos nos dias do Antigo Testamento.

Os intérpretes judeus tentavam inutilm ente identificar esse anjo. A lguns fala- vam sob re 0 an jo M iguel (com o P irk e E lie z e r, c. 42 ); e ou tro s tinh am ou tras op in iões. O Targum de Jonathan supre, neste ponto, vár ios a taques que Israel teria sofrido pela re taguarda, com dardos e flechas, m ísseis inflam ados de vários tipos, mas com o a nuvem envolveu 0 povo de Israel, escondendo-os e cam uflan- do-os de qualquer ataque eficaz. A pro teção divina, de qua lquer modo, é 0 tem a deste versículo. Isso faz ia parte da prov idên c ia de D eus (ver as notas a respeito no D icionário).

14.20

A D u p la A tu a çã o . A n u vem se in te rp ô s en tre os d o is g ru p o s hu m ano s . Para os egípcios, produziu trevas; pa ra Israel, luz. E nenhum dos g rupos podia p a ssa r pa ra 0 lado do o u tro . E ra um a b a rre ira d iv in a , e f ic a z e te m íve l. Foi assim que Israel passou a noite, aca m pad o em paz e segurança. V er no D ic io - ná rio 0 a rtigo cha m ado A n jo da G uarda . “A re lig ião , ta l com o a c iênc ia , tom a as fo rças na vida que se estão desperd içando , a fim de tra ns fo rm á- la s em po- der. T rans fo rm a a p reocup ação em o ração ; a de p re ssã o em hum ildade; 0 or- gu lho em ação de graças; tra ns fo rm a cham as devo rad o ra s e fum aça em colu- nas de proteção ou em an jos gu ard iães” (J. Coert Rylaarsdam , in loc.).

A D ivisão. Já pudemos observar as divisões divinas que permitiam que 0 Egito sofresse horrores, ao passo que Israel desfrutava de paz e segurança, no caso das dez pragas. Ver Êxo. 8.23; 9.4,26; 10.23 e 12.12,13.

14.21

Um forte vento oriental. Esse vento soprou durante a noite toda, com o se fosse um tufão. Foi um fenôm eno temível. Seu propósito foi 0 de d ividir as águas em duas massas, preparando um cam inho para Israel cruzar 0 mar de Juncos (ver as notas sobre Êxo. 13.18, onde as notas explanam por que devemos pensar no m ar de Juncos, e não no m a r Verm elho). Deus já havia usado ventos com o Seus agentes, como na praga dos gafanhotos. Os gafanhotos tinham sido trazidos pelo vento oriental (Êxo. 10.13), e em seguida foram removidos pelo vento ocidental (Êxo. 10.19). Veras notas sobre Êxo. 10.13 quanto a uma explicação sobre 0 vento oriental. Natural- mente, devemos entender que se tratava de um vento soprado pelo poder de Deus. Não era um vento qualquer. Nenhum vento poderia fazer 0 que lemos aqui. Por essa razão, os céticos duvidam do relato inteiro. A lgumas vezes, entretanto, Deus faz inter- venção além de todas as nossas expectativas, que ultrapassam os poderes da natureza. Ver Sal. 66.6 e 106.9.

Explicações naturais são oferecidas pelos céticos e pelos estudiosos liberais. Abor- dei em parte essa questão, na introdução ao livro de Êxodo, seções segunda e sexta. Consideremos estes quatro pontos:1. Quanto ao próprio êxodo, a ausência de registros egípcios contemporâneos

tem levado alguns eruditos a supor que, se houve algum tipo de êxodo ou de êxodos do Egito, 0 texto não relata direito com o isso sucedeu, nem p o rq u a n to tempo. A lguns eruditos pensam em migrações, violentas e não-violentas, quan- do populações semitas saíram dali em ondas, e não com o um único aconteci- mento. O grande número de pessoas, sugerido em Números 1.46 (0 que requer que pelo menos três m ilhões de pessoas estivessem envolvidas no êxodo), é considerado um número exagerado pelos tais.

2 . O m odus operandi miraculoso do êxodo, conform e os céticos e os liberais, seria adorno da parte de autores (ou com piladores) posteriores, que tom aram relatos sobre eventos naturais, in jetando neles um elem ento sobrenatural. Se um a saída ou mais de povos sem itas do Egito teve lugar, com a ajuda de várias catástrofes naturais, acredita-se que tais coisas foram exageradas, as- sumindo proporções miraculosas ou mágicas, tal com o vem os nos relatos que circundam as origens do povo grego, nos escritos de Homero. Ali, os deuses também tinham livre acesso às vidas humanas e controlavam os atos dos seres humanos. E os gregos tomavam muito a sério esses relatos, pois os escritos de Homero eram a Bíblia dos gregos.

3. Há um grande valor na parábola e na alegoria religiosa, mesmo quando incorpo- ram mitos. Todos os estudiosos concordam quanto a esse ponto; mas alguns insis- tem em que algumas vezes acontecem coisas realmente grandiosas, que podem incluir um elemento miraculoso.

4. O s e rud itos c o n se rva d o re s não vê e m ne n h u m p ro b le m a com 0 fa to r m iracu loso , e sa lien tam que há p e ríod os na h is tó ria q u ando esse fa to r se faz m ais ev ide n te do que em ou tros , e, em no ssos p róp rio s tem pos, a ind a o co rre rão m ila g re s da m a is e le va d a o rdem . O êxo do fo i um im por- tan te pe ríodo de c rise na h is tó r ia de Israe l, p o rtan to a tos e sp ec ia is de D eus foram n e ce ssá rio s naque le pe río d o . Os d ias de Jesu s tam bém

Page 69: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO364

14.28

Embora já estivesse em terra seca e segura, 0 povo de Israel prosseguiu caminho, ao passo que os egípcios agonizavam, arrebatados pelas águas encrespadas do mar. Uma vez mais, pois, fora feita uma distinção entre 0 Egito e Israel. Ver as notas sobre Êxo. 14.20, último parágrafo. Josefo informa-nos de que 0 exército egípcio contava com cinqüenta mil cavalarianos e duzentos mil infantes. Não sobrou um sequer deles. Os carros de combate que tinham usado, e que deveriam tê-los ajudado a obter a vitória, ficaram atolados na iama; e 0 armamento pesado que os soldados egípcios transporta- vam impediu que escapassem das águas que, de súbito, voltaram ao seu lugar. O próprio estratagema dos egípcios conduziu-os mais depressa à morte.

14.29

Este versículo reitera 0 que se lê no vs. 22, onde as notas expositivas a respeito devem ser examinadas, exceto pelo fato de que aqui é dito que a travessia de Israel, a pé enxuto, tinha sido um completo sucesso.

14.30

Israel viu os egípcios mortos. O s c a d á v e re s do s s o ld a d o s e g íp c io s flu tu a v a m s o b re as á g u a s e fo ra m la n ç a d o s à p ra ia , se rv in d o de h o rre n d o te s te m u n h o do p o d e r de Y a h w e h , que a ss im pô s fim à a r ro g â n c ia do Egi- to . Q u e m q u e r q u e te n h a c o n te m p la d o a ce n a , se m d ú v id a , ja m a is pô de e s q u e c ê - la . O re la to d e v e r ia s e r t ra n s m it id o de g e ra ç ã o em g e ra ç ã o ; e a s s im , os is ra e l i ta s de g e ra ç õ e s fu tu ra s p o d e r ia m d iz e r : “ Eu v i, p o rq u e m eus a n te p a s s a d o s v ira m ” .

Jose fo a jun ta que os is ra e lita s se a rm ara m com m u itos in s trum en tos de guerra que os eg ípc ios tinham traz ido. Agora, pois, os israe litas estavam mais bem p re p a ra d o s pa ra as m u ita s b a ta lh a s que os e s p e ra r ia m no seu fu tu ro (A n tiq . 1.2 c. 16, see. 6).

14.31

F lu tuan do Ju n to com as C ircu n s tâ n c ia s . A inda recentem ente, os israe litas m u rm uravam con tra M o isés (Êxo. 14 .10). As m u rm uraçõe s do povo de Israel to rn a ra m -s e um dos te m a s m a is c o n s ta n te s d e s te liv ro e do de N úm e ros , con fo rm e vem os nas re fe rê nc ias daque le vers ícu lo . “O povo, com freqüência, f lu tu ava en tre a c o n fia n ça e 0 e sp ír ito qu e ixo so , en tre a fé e a incredu lidade (Êxo . 4 .3 1 ; 5 .2 1 ; 1 4 .1 0 -1 2 ,3 1 ; 15 .2 4 ; 16 .2 -4 ; 17 .2 ,3 )" (John D. H a nn ah , in lo c .). Cf. a adoração re fe rida neste ve rs ícu lo e aque la re ferida em Êxo. 12.27. T e m o r e ad m ira çã o le va ra m a ou tro a to de c o n fia n ça e a ou tra ace itação da a u to rida de e da m issão de M o isés. M as não se ria a ú ltim a vez em que Israel te r ia de se r a rra s ta d o de v o lta a essa a titu d e . Por a n te c ip a çã o , a d m iram o- nos de com o a fé dos is rae litas po d e ria n o vam en te ca ir em de cadên c ia . Mas en tão e x a m in a m o s a n o s s a p ró p r ia fé e d e s c o b r im o s a re sp o s ta . G ra nde s co isa s do p a ssa d o nã o nos g a ra n te m a fé no fu tu ro . N ão o b s ta n te , vam os crescendo sem parar.

Capítulo Quinze

Hino de Vitória (15.1-21)

S u rp re e n d e n te m e n te , boa p o e s ia tem ca ra c te r iza d o as raças hum anas, an tigas e modernas, as que v ivem na barbárie e as civilizadas. De algum modo, 0 espírito hum ano é capaz de e levar-se ac im a de seus lim ites, quando a mente cria t iva é libe rada nas co m pos içõe s poéticas . E m ais surpreendente a inda é 0

fa to de que m e sm o cen as da m a io r v io lê n c ia se jam tão be lam en te descritas. Aque le que já leu o b ras de H om e ro m a rav ilha -se d ian te da g raça e da be leza de sua poes ia , m e sm o q u a n d o e le d e sc re ve as cen as m a is bá rba ras . D iante de nós, pois, tem os esse tipo de poesia. Yahweh, 0 grande Destru idor, reduziu a nada 0 in im igo de Israel, e, em m e io a grande m a tança , liv rou 0 Seu povo e exa ltou 0 Seu nom e. S ócra tes obse rvou a ha b ilidade e insp iração dos poetas, mas queixou-se de que, quando queria exp lica r seus discern im en tos, com fre- qüência, e les se m ostravam m ais de fic ie n tes do que qua lque r pessoa que les- se as suas linhas. A m ente hum ana é capaz de insp iração e transcendência , e a poesia é um dos m e ios m ed ian te os qua is essa insp iração e transcendência recebem exp ressão . A ss im tam bém na B íblia, um livro insp irado pe lo Espírito de Deus, não nos d e ve ría m o s a d m ira r ao a ch a r ó tim os exe m p la res de obras poéticas.

O poema diante de nós é espontâneo e afogueado, mas exibe considerável planeja- mento e habilidade literária. Ensina a regra universal de Yahweh e como 0 povo de Israel achou posição privilegiada por andar segundo essa regra. O poema é uma espécie de hino que se tomou grande expressão de louvor e fervor religioso.

homem que soubesse realm ente 0 que era melhor para ele, jamais faria aquilo que lhe fosse prejudicial. Mas a experiência mostra que a conduta ética não segue 0 mero conhecimento das coisas. Os homens agem de modo contrário aos seus próprios ínte- resses, devido à perversão de seu caráter. Existe certa tendência suicida, certo impulso interior que leva os homens a praticar muitas coisas próximas da loucura, e isso, algu- mas vezes, resulta em autodestruição.

Os Egípcios Cruzam 0 M a m o Escuro. Para Israel havia a luz divina, sob a forma da coluna de fogo. Mas 0 exército egípcio avançou em meio às trevas. Ver 0 vs. 20. Cf. outra derrota noturna dos egípcios em Êxo. 11.4,5.

Yahweh pertu rbouos egípcios conforme se lê no vs. 2 5 .0 Targum de Jonathan diz que a coluna de fogo projetou brasas v ivas con tra os egípcios, além de uma tremenda saraivada. O Targum de Jerusalém alude a toda espécie de tempestade que irrompeu da coluna, contra os egípcios. Artapano (Apud Euseb. Praep. Evan.1.9 c. 27, par. 436) afirmou que Yahweh feriu-os por meio de raios, e muitos egíp- cios morreram no local.

14.25

O a u to r sagrado fo i m enos d ram ático do que os autores antigos que citamos acima, acerca de com o Yahw eh atacou aos egípcios. Ele fez em perrar as rodas de seus carros de guerra, ao se a to larem e quebrarem na lama, de tal modo que os cava los som ente a custo pod iam puxá-los. Assim , aque les veícu los, que da- vam tão nítida vantagem dos egípcios sobre os israelitas, acabaram sendo preju- d ic ia is para os prim eiros. O nde hom ens a p é pod iam avançar, a inda que traba- lhosamente, carros de com bate e cava los não podiam fazê-lo. Quem estava a pé podia avançar m ais ligeiro do que os cava le iros ou os que dirig iam os carros de combate.

Com seus carros de combate atolados na lama, subitamente os egípcios percebe- ram que Yahweh estava de novo contra eles, lutando ao lado de Israel. Entenderam que sua causa estava perdida, e tencionaram abandonar imediatamente a empreitada. Há projetos que precisam ser abandonados.

O Targum de Jonathan diz que as pedras da saraivada atingiram as rodas dos carros de guerra, despedaçando-as. Jarchi diz que fogo descido do céu queimou as rodas.

Os Egípcios Perecem no Mar (14.26-31)

14.26

A mão e a vara de Moisés novamente se estenderam, para que os muros de água do mar voltassem a fechar-se, tal como, pouco tempo antes, esse mesmo ato tinha feito abrir-se as águas do mar (vs. 16). Ver as notas sobre esse versículo acerca da vara de poder.

Israe l já havia che g a d o do ou tro lado , em se g u ra n ça ; e fo i 0 p o d e r de Yahweh, e não algum a m udança na direção do ven to que selou a sorte horrenda das forças egípcias. Se tudo fosse apenas um processo natural, seriam necessá- rias várias horas para que as águas vo ltassem ao seu lugar, ta lvez com a ajuda de um vento de direção contrária, com o no caso dos gafanhotos (ver 0 vs. 21).

14.27

Ao romper da manhã. Existe algo de profundam ente significativo no fato de que a destruição do exército egípcio teve lugar quando ainda escuro (vss. 24), ao mesm o tem po em que a luz de Deus ilum inava 0 povo de Israel, e, ao rom per da m anhã, tudo tinha voltado à calma. Israel, um a vez mais, fora livrado. O poder destruidor que os tinha perseguido, e isso pelo espaço de várias gerações, agora estava totalmente destruído. Tem os aí um v iv ido e poético retrato da própria redenção da alma. Luz em meio às trevas; destru ição em meio às trevas; paz, alegria e luz ao romper da manhã. Isso posto, Deus proveu um novo dia, uma Nova Era. Acabara de ser lançado um grande marco da história.

Q uando a no ite term ina e as som bras passam ,E 0 a lvo recer ete rno expele os cu idados terrenos;No La r de Deus, descansare i a f in a l.. .

(A. H. Ackley)

O mar... retomou a sua força. E isso com efeitos devastadores para os militares egípcios. Os egípcios tentaram fugir, mas foi tudo em vão. O grande exército egípcio foi derrotado, sem que os israelitas tivessem tido de atirar contra eles uma única flecha. Assim, esse milagre destmtivo foi 0 mais potente de todos, chegando mesmo a ultrapas- sar, em poder de destruição, 0 golpe aplicado pelo anjo da morle, que em um único momento tirou a vida de todos os filhos primogênitos do Egito. Ver no Dicionário 0 veòete Pragas do Egito. Mas nossa curiosidade, se 0 Faraó pereceu ou não na ocasião, não é satisfeita. O que sabemos é que cessou, de uma vez por todas, a ameaça egípcia contra 0

povo de Israel, 0 qual, doravante, podia iniciar a conquista da Terra Prometida.

Page 70: At Interpretado- Êxodo

Os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas lhes foram qual muro á sua direita e à sua esquerda.Os egípcios, que os perseguiam, entraram atrás deles...

Voltando as águas, cobriram os carros e os cavalarianos de todo 0 exército de Faraó.

Êxodo 1 4 .2 2 ,2 3 ,2 8 ,3 1

E Israel viu 0 grande poder que 0 Senhor exercitara... e confiaram no Senhor.

REDENÇÃO

Definida: I Cor. 6.20

Por Cristo: Mat. 20.28; Gál. 3 .13

Por Seu sangue: Atos 20 .28

Da ligação da lei: Gál. 4 .5

Da praga da lei: Gál. 3 .13

Do poder do túmulo: Sal. 49 .15

Para justificação: Rom. 3 .24

Para adoção como filhos: Gál. 4 .4 ,5

Ela [a redenção] é preciosa: Sal. 49.8

Para transformação à imagem de Cristo: Rom. 8 .29

Para participação na natureza divina: II Ped. 1.4

Page 71: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO366

15.3

Homem de guerra. Moisés usou aqui um a metáfora militar. Foi Yahweh quem produziu os milagres de destruição (ver 0 artigo Pragas do Egito, no Dicionário)·, foi Yahweh quem, no mar de Juncos, fez 0 exército egípcio perecer, e levou Israel a atra- vessar 0 mar a pé enxuto. Assim sendo, Yahweh é um guerreiro que confere vitória ao Seu povo, em tempos de aflição.

“. . .0 homem não participa ativamente nessa vitória” (Adam Clarke, in loc.). Ver no Dicionário os artigos chamados Yahweh e Deus, Nomes Bíblicos de. Foi Yahweh quem se tomou conhecido por causa dos prodígios efetuados no Egito, embora 0 Faraó tives- se dito que não 0 conhecia (Êxo. 5.2), mas que acabou conhecendo de forma forçada (Êxo. 7.5).

A Septuaginta diz aqui “esm agador de guerra” , e 0 Pentateuco Samaritano diz “poderoso em batalha”. Cf. Sal. 24.8.

Os intérpretes cristãos fazem-nos meditar sobre 0 trecho de Efésios 6.10, onde Paulo elabora uma metáfora militar e aplica a questão aos conflitos do crente com as forças do mal, externa e internam ente, bem com o alude à vitória que obtemos em Cristo, 0 qual é nosso Comandante.

15.4

Os vss. 4-10 recitam os feitos poderosos de Yahweh no mar de Juncos. Ver Sal. 78.12,13. Este versículo comemora 0 que foi descrito em Êxo. 14.17,24-28. A expres- são já havia aparecido com o introdução ao hino-poema, no vs. 1 deste capítulo. Os dez prodígios libertadores foram todos grandes em seus efeitos, visando ao bem com um. Mas 0 clímax de todos esses prodíg ios foi a intervenção divina no mar de Juncos, pelo que esse é 0 item mais celebrado neste poema. Cf. Apo. 1.18. Ver Êxo. 14.7 quanto aos “cap itães” . A e lite das forças arm adas do Faraó pereceu porque estava resolvida a realizar uma missão desvairada, que somente Yahweh era capaz de fazer estancar.

15.5

Desceram às profundezas. Em bora 0 m ar de Juncos (ou, então, os lagos T im sah ou B ilah) fosse pouco profundo, e em bora fosse cham ado de mar, suas águas, m ediante um “fia t” div ino, e leva ram -se fo rm ando m uros (Êxo. 14.22,28). Poeticamente, as águas rasas do mar de Juncos são comparadas às profundezas do sheol, am eaçando morte _e destruição, tem ível para os que ali se viram mergu- lhados. V e ra s notas sobre Êxo. 13.18 quanto ao m a r de Juncos, e não m a r Ver- m elho (uma variante introduzida pela Septuaginta).

“. . .como uma pedra de moinho, foram tomados por um anjo e lançados no mar, sofrendo ruína irrecuperável” (John Gill, in loc.). Cf. Apo. 18.21.

15.6

A tua destra. A mão que representa poder e posição de honra, uma metáfora comum nas Escrituras. Ver Êxo. 15.12; Sal. 16.8,11; 18.35; 21.6; 45.4; 73.23; 110.1; Mat. 25.34; 26.64; Col. 3.1; Heb. 1.3; I Ped. 3.22; Apo. 1.16.

Yahweh, 0 homem de guerra (vs. 3), 0 Deus dotado da poderosa mão direita, a p o n ta p a ra um a m e tá fo ra a n tro p o ló g ic a . V e r no D ic io n á r io 0 a r t ig o Antropom orlism o.

15.7

Y ahw eh ex ib iu Seu p o d e r no Egito, m e d ian te as dez p ragas (ve r no D ic i- o n á rio 0 a r t ig o P ra g a s do E g ito ), e ta m b é m no m a r de Juncos. E le espa lhou d e s tru içã o e ass im liv rou Israe l de sua long a se rv id ã o aos eg íp c io s . Fo i de- po is de l ibe r tado s que p u dera m in ic ia r sua m a rcha de vo lta à Te rra P rom eti- da. N enhum hom em po d e ria te r fe ito isso. Este ve rs ícu lo in troduz, em te rm os ge ra is , 0 que se seg ue , de fo rm a d e ta lh a d a , no s vss . 8 ss. A ira do S enh or re d u z iu os fo rm id á v e is in im ig o s de Is ra e l a n a da , co m o se fo sse m re s to lh o ou p a lh a , que os is ra e l i ta s t in h a m u sa d o na m a ssa p a ra fa b r ic a r t i jo lo s no Egito.

E lem entos E num erados:1. Surgim ento súbito dos ventos, um a força eficaz (vs. 8 ).2. As águas acum ulam -se em m ontões (vs. 8).3. A arrogância dos egípcios não dem oraria a ser humilhada (vs. 8 ).4. Um segundo vento com eça a soprar (vs. 9).5. A volta das águas ao seu lugar, 0 que destruiu 0 exército egípcio (vs. 6). a Isa. 27.4; 51.24; Apo. 6.17.

15.8

O Vento O rienta l É M encionado (Êxo. 14.21). Foi com o um grande resfolegar das narinas de Yahweh, 0 qual dem onstrou Sua ira com o se fosse um cavalo de batalha a relinchar. Ver Sal. 18.15. Houve algo de extraordinário naquele vento orien-

“A ode distingue-se de com pos ições s im ila res poste rio res por meio de sua grande sim plic idade de linguagem, e de um arranjo mais livre de arranjo rítmico. Tem os ali 0 usual pa ra le lism o de cláusu las da poesia dos hebreus, com suas três variedades de estilo an tité tico , s in té tico e s inôn im o. Mas a cadência regu lar da com posição é interrompida por um a freqüência incom um de estâncias em tríadas, e 0 parale lism o é menos exato do que aquele que se vê em tem pos posteriores” (Ellicott, in loc.).

“Antigas histórias poéticas comemoravam grandes e extraordinárias demonstra- ções de providência, de coragem, de força, de fidelidade, de heroísmo e de piedade” (Adam Clarke, in loc.).

“Os g e m idos e c la m o re s dos is ra e lita s (Êxo. 14 .10 -12 ) tra n sm u ta ra m -se em adoraçã o , con fo rm e fo ram c o n d u z id o s po r M o isé s (Ê xo . 15 .1 -18), e pe la sua irmã, Míriã (vss. 19-21), em louvores triun fa is ao Senhor” (John H. Hannah, in loc.).

15.1

Então entoou Moisés. O poema, na verdade, é um hino. São aqui combina- dos dois cânticos, am bos celebrando 0 l ivram ento de Israel por intervenção de Yahweh, diante do mar de Juncos (cap. 14). O cântico de Moisés (vss. 1-18) foi introdu- zido mediante a citação de um antigo cântico de Míriã (vs. 21).

Há três cânticos atribuídos a Moisés no Antigo Testamento. Este, 0 de Deuteronômio 31.22 e 0 Salmo 90. O s deuses das nações pagãs continuavam sendo concebidos com o existentes (nas mentes dos pagãos), mas Yahweh mos- trava-se superior a todos eles quanto ao poder. Tem os aí um grande passo na direção da fé que só aceita a existência de um Deus verdadeiro (vs. 11). Tal como todos os cânticos patrísticos, este poem a fala sobre triunfos nacionais” (J. Coert Rylaarsdam, in lo c ).

O cântico com eça com em orando 0 principal fato destacado no capítulo cator- ze: 0 exército egípcio foi derrotado e destruído no mar, m ediante um poderoso ato de Yahweh. Ver as notas sobre Êxo. 12.26 ss. quanto a descrições.

Uma com pleta redenção tipificada no livramento efetuado no mar de Juncos, e celebrada neste hino, exalta 0 livro de Êxodo com o um hino de redenção, ensinando- nos várias lições:1. A redenção deve-se inte iramente a Deus (Êxo. 3.7,8; João 3.16).2. A redenção é efetuada pelo poder de Deus (Êxo. 6.6 ; 13.14; Rom. 8.2).3. A redenção é feita mediante 0 sangue (Êxo. 12.13,23,27; I Ped. 1.18,19).4. Tudo isso nos faz lembrar da redenção que há em Cristo (Rom. 8.2; Efé. 2.2).

Ver no D icionário 0 verbete cham ado Redenção. Cristo tam bém nos livrou de um adversário temível, 0 diabo.

T e rtu lia n o a le g o rizo u es ta pa ssa g e m , fa z e n d o os eg íp c io s re p rese n ta r os in im igos e sp ir itua is que os c re n te s p re c isa m e n fre n ta r du ra n te sua vida ne s te m undo; 0 Fa raó se r ia 0 d e us fa lso ; os ca v a la r ia n o s do F a raó seriam 0

po der de Satanás; os in im igos de Israel, os in im igos da a lm a (C on tr. M arcion.1.4 c. 20).

15.2

Achamos aqui uma citação extraída de Isa. 12.2 e de Sal. 118.14, embora alguns estudiosos afirmem que 0 que se deu foi precisamente 0 contrário, porquanto tentam assim preservar a data mais antiga do livro de Êxodo. Os críticos acham nisso outra razão para datarem 0 livro de Êxodo (e todo 0 resto do Pentateuco) em uma data posterior.

Este é 0 meu Deus... 0 Deus de meu pai. Um paralelismo, típico da poesia hebraica. Yahweh tinha derrotado todo 0 panteão do Egito, conforme ilustrei no gráfico das notas sobre Êxo. 7.14. Vem os ali que cada praga atingiu certos deu- ses falsos dos egípcios. Desse modo, Yahweh é celebrado no cântico. E Ele tam bém era 0 mesm o Deus dos patriarcas. Ver sobre isso em Êxo. 3.6,13,15; 4.5. Ver tam bém Gál. 4.6.

Ele me foi por salvação. Originalmente, a idéia é que Deus livrara os israelitas do poder do Faraó, estando em foco 0 livram ento do exílio egípcio, a preservação de Israe[ no episódio do mar de Juncos, 0 tem a m esm o do capítulo catorze do livro de Êxodo.

Somente mais tarde, já no tem po dos Salm os e dos Profetas, foi que a salvação da alma passou a ser expressa pela teo logia dos hebreus. Ver no D icionário 0 artigo intitulado Salvação.

Portanto, eu 0 louvarei. No coração, nas reun iões da assem blé ia de Isra- el, em lugares espec ia is de cu lto . Ja rch i e vár ios Ta rgu ns dão esse sen tido de louvor a essas palavras, 0 que transparece em muitas traduções modernas. Mas O nke los e Aben-E zra fa lam em “p repa ra r um a hab itação para Y ahw eh” . É ver- da de que 0 o r ig ina l he b ra ico po de su p o rta r essa tra d u çã o . M as a regra de para le lism o , na poesia dos hebreus, favo rece a tra duçã o que tem os aqui, por- quanto isso faz pa ra le lo com a idé ia de “ e x a lta çã o ” , que ap arece no fim deste versículo.

Page 72: At Interpretado- Êxodo

LIBERTAÇAO

Assim 0 Senhor livrou Israel naquele dia da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar.

E viu Israel 0 grande poder que 0 Senhor exercitara contra os egípcios; e 0 povo temeu ao Senhor, e confiaram no Senhor, e em Moisés, seu servo.

Êxodo 14.30,31

* ★ * * ★ * * * ★

O CANTO DO LIVRE

Liberdade é 0 modo escrito No céu, na terra e no mar!Di-lo a fera no seu grito,E as aves cruzando 0 ar;Di-lo 0 vento da procela,A vaga que se encapela E nos espaços a estrela Em seu contínuo girar.Di-lo tudo! Mas ainda Mais livre me criou Deus Que os astros da altura infinda, Os ventos e os escarcéus.Eu tenho mais liberdade Desta alma na imensidade,Pois tenho nela a vontade, Tenho a razão, luz dos céus.

Soares de Passos

Page 73: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO368

Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 artigo Descida de Cristo ao Hades. Ver no Dicionário 0 verbete Julgamento de Deus dos Homens Perdidos.

15.12

Estendeste a tua destra. O braço de D eus é todo-poderoso. Ver as notassobre 0 vs. 6 deste capítu lo quanto à destra ou m ão dire ita de Deus, a mão que representava poder, privilégio, provisão e glória. A terra tragou os egípcios, talvez um a re fe rênc ia ao s h e o l (ve r sob re esse luga r no D ic io n á rio ), ou à sepultura , lugar de total destru ição . Em ou tras pa lavras , do fundo do mar, eles passaram para 0 sheol. C ontudo, não é provável que devam os ver aqui um a a lusão direta a essa prisão da alma, naquele período tão remoto. Mais tarde, entre os israelitas, conceb ia -se que as a lm as vão pa ra 0 sheo l, po r ocasião da morte fís ica . Essa doutrina passou por um desenvo lv im ento , 0 que sucede à m aior p a rte das pro- posições teo lóg icas, con fo rm e fica dem onstrado naquele artigo. E provável que de vam os e n tend er aqui que a de s tru içã o tota l, in ic iada pe las águas, te rm inou qu ando a te rra do fun do do m a r tra g o u os ca d á ve re s dos eg ípc ios com o sua sep u ltu ra fina l. A m e tá fo ra é um ta n to d e sa je itad a , em bora m u ito po derosa e impressionante.

Alguns estudiosos vêem aqui um acontecimento físico, e não um quadro metafóri- co acerca do sheol. Nesse caso, teria havido um terremoto, que abriu uma fenda na terra, para onde desceram os cadáveres dos soldados egípcios. Ou, então, as águas do mar finalmente levaram seus corpos até a praia, e, então, eles foram sepultados por outros em valas comuns. Parece que 0 Salmo 77.18 indica que houve um terremoto associado ao evento, ou, então, tam bém devemos entender metaforicamente todas essas descrições. Ou algo tão simples como 0 lodo do fundo do mar pode estar em foco. Esse lodo recebeu os cadáveres, como se fossem sepulturas. Ou, finalmente, as próprias águas do mar são aqui pintadas como se fossem sepulcros, porquanto tiveram essa função, na ocasião.

15.13

Guiaste 0 povo. Vem os aí 0 am or benevolente de Deus, em favor de Israel, ao mesmo tem po em que os ofensores egípcios pereceram em seus sepulcros de água. Ver no D icionário 0 verbete cham ado Am or. A mensagem do Novo Testa- mento é superior: “Deus am ou 0 mundo de tal m a n e ira . . . ” (João 3.16). O livro de Jonas é 0 João 3.16 do Antigo Testamento. Para Deus, os pagãos pareciam importan- tes 0 suficiente para Ele ter-lhes enviado um profeta de Israel; e até os rebanhos da Assíria eram importantes aos Seus olhos (Jon. 4.11). Por outro lado, a ira de Deus é um dedo de Sua mão amorosa, conforme explico nas notas sobre 0 versículo décimo pri- meiro, acima. Se a missão de Cristo alcançou os desobedientes dos dias de Noé, sem dúvida também alcançou os desobedientes e arrogantes do Egito. Ver I Pedro 3.18-4.6 e 0 artigo intitulado Descida de Cristo ao Hades, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.

Que salvaste. Naquele período tão remoto, estava em foco, acima de tudo, a libertação de Israel da servidão egípcia, e a subseqüente entrada na Terra Prome- tida. O acontecimento histórico, porém, tomou-se um tipo da redenção espiritual. Ver no Dicionário 0 artigo Redenção.

... 0 levaste à habitação da tua santidade. Os filhos de Israel foram conduzidos por Deus da servidão no Egito à liberdade. A redenção foi de um estado para outro, tal como a redenção espiritual é da servidão ao pecado para a salvação etema da alma.

Habitação da tua santidade. Um termo um tanto vago aqui e que tem recebido diversas interpretações:1. Aquele lugar, no deserto ou em qua lquer ôutra localização, onde os homens

viessem a adorar, sentindo a presença de Deus: 0 lugar de adoração e ação de graças.

2. Ou está em foco a inteira Terra P rom etida, com o uma referência metafórica. Ver Sal. 78.54; Jer. 10.25; 25.30.

3. Ou, então, está em pauta, especificamente, 0 m onte Sião, 0 que poderia ser uma visão retroativa, por parte do autor sagrado, que tinha consciência do que viria após a vagueação no deserto. O vs. 17 deste capítulo certamente sugere essa interpretação. A lguns eruditos aceitam essa terceira interpretação, mas pensando que tem os aqui um a pro fec ia do que ainda viria a acontecer. Ver Sal. 78.6-69. Mas, se tem os aqui um a visão retroativa, então a forma final do poema só teve lugar nos dias de Salomão.

15.14

As notícias espalhar-se-iam, lançando 0 terror no coração dos inimigos de Israel. O próprio povo de Israel quedou-se adm irado e tem eroso, diante das obras de Yahweh.

Os povos. Mui provavelm ente , tem os aqui m enção às tribos cananéias que hab itavam na Palestina, con fo rm e são a lis tadas em Êxo. 13.5 e ou tros trechos

tal, a lgo d ife rente de todo ven to o r ienta l que já havia sop rado. Aque le ven to foi impulsionado pelo poder de Deus. T inha um a m issão especial a realizar. Tal vento tinha um poder e leva dor e conge lador, de ta l m odo que as águas se to rnaram meio de escape para Israel, mas meio de destru ição para 0 exército egípcio. Cf. II Tes. 2.8 no tocante ao esperado anticristo. Ver tam bém Heb. 3.10. Encontram os aqui m ais an tropom orfism os poé ticos . V e r no D ic io n á rio 0 ve rbe te cham ado Antropom orfism o.

15.9

O inimigo dizia. Os egípcios tinham-se mostrado arrogantes ao tentarem cum- prir sua desvairada m issão destruidora. Ver Êxo. 14.6 ss. Em pouquíssim o tem po já haviam esquecido todas as perdas que tinham sofrido. Israel tinha saído do Egito com muitas riquezas, quase todas doadas pelos egípcios (Êxo. 3.22; 11.2; 12.35,36). Antes, 0 povo de Israel estava reduzido à condição de escravos, mas tinha partido do Egito enriquecido. O arrogante exército egípcio, porém, saiu atrás dos israelitas, inclinado a matar e saquear. Ao avistarem 0 exército egípcio, os israelitas tinham ficado transidos de medo, e se puseram a c lam a r e a que ixar-se , a du v id ar e a desesperar (Êxo. 14.10 ss.). N aquele m om ento, nenhum hom em poderia tê-los salvado. Foi m ister outra intervenção divina, sob pena de a causa de Deus ter-se visto frustrada.

Já esquecidos das perdas sofridas, os egípcios começaram a indignar-se, a ponto de desejarem destruir os israelitas. E enviaram seu exército com espadas desembai- nhadas, armados de dardos, seus cavalos resfolegando, seus carros de combate ri- bombando, seus soldados gritando por vingança.

15.10

Sopraste com 0 teu vento. A destruição foi súbita. Sem a mínima cautela, eles se lançaram às águas, seguindo Israel pela vereda em seco. De repente, porém, os muros de água desabaram sobre eles, e 0 vento soprou-os ao total esquecimento, e afundaram com o chumbo ao fundo do mar. O poder de Yahweh manifestou-se nos ventos e nas águas, e esse poder avassalou e destruiu totalmen- te 0 inimigo. Nenhum homem poderia ter feito tal coisa. Cf. essa destruição súbita com 0 quadro profético sobre 0 fim (I Tes. 5.3). O sopro do vento, que fez as águas desabar sobre os egípcios, não foi mencionado no relato do capítulo catorze, mas ajusta- se bem a ele, tal como no caso da praga dos gafanhotos, quando 0 vento oriental soprou e trouxe os gafanhotos, e, então, soprou 0 vento ocidental, e os levou para 0 mar (Êxo. 10.13,19).

Afundaram-se como chumbo. Um testem unho pessoal, dito por alguém que ficara impressionado diante da cena (vs. 5). Quão inesperadamente tudo sucedeu! Cf. Apo. 18.21.

15.11

Ó Senhor. Yahweh havia derrotado todo 0 panteão egípcio nas dez pragas, e, uma vez mais, no mar de Juncos. Ver 0 gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14, que ilustra como cada praga humilhou uns tantos deuses ou deusas do Egito. Alguns pensam que aqui deuses são mencionados como divindades reais, posto que inferiores, sobre os quais poderes triunfou Yahweh, 0 verdadeiro Deus. Mais provavelmente, temos aqui uma expressão da consàên- da monoteísta, de acordo com a qual esses deuses eram apenas imaginários, figuras fictíd- as criadas pelos homens. Ver no Dicionário os artigos chamados Deuses Falsos; Monoteísmo e Providência de Deus. É patente que Deus fez Sua providênda prevalecer durante todo 0

episódio.“Este segmento do hino (vss. 11,12) aparece sob a forma de uma indagação ne-

gativa, um artifício litúrgico com um (cf. Sal. 35.10; 71.19; 89.7-9; 113.5,6). Es- tes versículos revelam com o a fé generalizara 0 evento sobre 0 qual repousa. V isto que Yahweh se mostrara Senhor de Faraó, Ele está acim a de todos os de u se ? (J. Coerl Rylaarsdam, in loc.).

Glorificado em santidade. A ênfase recai sobre 0 aspecto moral. O Faraó e suas hostes serviram de em blem as dos tiranos cruéis e barbáricos que, por tanto tem po, com eteram injustiças contra 0 povo de Deus. Foi apenas apropriado, pois, que a ira de Deus (ver a esse respeito no D icionário) retificasse, finalmente, toda a questão. Cf. Sal. 86 .8.

Maravilhas. As dez pragas destru ido ras e 0 golpe definitivo do m ar de Jun- cos, exterminando 0 exército egípcio. Israel tinha confiado no poder miraculoso de Deus. Ocasionalmente, Deus fazia intervenção em favor de Israel, com o medidas necessárias, a fim de dar livramento ao Seu povo.

Deus pode fazer melhor certas coisas através do julgamento do que através de qualquer outro meio. Contudo, esses juízos são medidas remediadoras: sempre têm algum propósito benéfico em mente, com o atos d isciplinadores severos e duros. A cruz do Calvário tam bém foi um ju ízo , severo e terrível, mas v isando a um bom propósito , de alcance universal. E 0 que acontece a todos os juízos impostos por Deus. Até m esm o a descida de Cristo ao hades teve um bom propósito . V er na

Page 74: At Interpretado- Êxodo

369ÊXODO

15.19

Este versículo reitera 0 que já havia sido dito em Êxo. 14.29,30 e 15.1, onde 0

le itor deve exam inar as notas. Funciona com o uma espécie de síntese do significa- do do poem a in te iro de M o isés. Ver tam bém 0 vs. 16. Este versícu lo serve de in trodução ao cântico de Miriã, que se segue e faz conexão com 0 trecho final em prosa do capítulo catorze. Ta lvez se trate de um a adição feita por um editor, a fim de faze r a ligação en tre 0 poem a de M oisés e 0 poem a de Míriã. Fornece-nos a mensagem essencial do livro de Êxodo: a redenção de Israel da servidão egípcia, m ediante 0 grandioso prodíg io do m ar de Juncos, 0 qual levou à p lena fru ição os milagres anteriores das dez pragas.

15.20

A profetisa. Essa é a prim eira ocorrência desse vocábulo na Bíblia. Ver a respeito no D icionário, com o tam bém os verbetes intitu lados Profecia, P rofe tas e Dom de Profecia. Com o profetisa, Miriã não era necessariamente alguém que predizia 0 futuro, mas alguém dotado de autoridade no culto a Yahweh, como auxiliar de seu irmão, Moisés. Ta lvez ela tenha sido investida de autoridade espe- ciai como líder das mulheres de Israel. Nós a vemos aqui a dirigir 0 coro feminino que efetuou uma dança comemorativa da vitória sobre 0 exército egípcio. Podemos supor que outras funções religiosas parecidas eram dirigidas por ela. Ver Miq. 6.4 e I Sam. 18.6,7.

Miriã. Ver 0 artigo detalhado sobre ela, no Dicionário.

Um tamborim. V er no D ic io n á rio 0 a rtigo M úsica e Instrum e n tos M usica is, que inclui comentários sobre esse instrumento musical de percussão.

Com danças. V er sobre essa a tiv ida de um artigo h o D ic ioná rio , cham ado D ança . D isse -m e p e sso a lm e n te , de ce rta fe ita , um o fic ia l ju d e u : “O p o vo de Israel é um povo de m úsica , v inho e da nça ” . Nos cu ltos re lig iosos de Israel, a dança aparece com o um dos e lem entos , posto que não ob rigato riam ente, po is sem pre se tra tava de um a m anifes tação espontânea.

A m e n ç ã o ao ta m b o r im fa z -n o s le m b ra r qu e os h in o s l i tú rg ic o s , com f re q ü ê n c ia , m e n c io n a m e s s e in s tru m e n to , se g u n d o se vê nos c a b e ç a lh o s de vá r io s dos S a lm o s da B íb lia . V e r S a l. 33, 92, 98 e 150, co m o e xe m p lo s disso.

O utras Profetisas M encionadas na Bíblia. Ver Juí. 4.4; II Reis 22.1; Isa. 8.3; Luc. 2.36. As diaconisas ocupavam posto similar, mas não idêntico (Rom. 16.1). Em Israel (tal como na Igreja cristã) havia 0 ofício ou dom de profetisas. Mas às mulheres era vedado 0 oficio sacerdotal. Sem dúvida isso deveria servir-nos de precedente quanto ao Novo Testamento. Em certos grupos evangélicos modernos encontramos “pastoras”. Mas isso está inteiramente fora de ordem, em face das Escrituras Sagradas. Ver I Tim. 2 .12 .

15.21

Este versículo é igual a Êxo. 15.1, que introduz 0 cântico de Moisés. Muitos eruditos supõem que, orig inalmente, tenha sido extraído do cântico de Miriã, a fim de introduzir 0 hino combinado dos dois.

S e ja com o for, os do is h ino s -po em a s v ie ram a ser v incu lados. Mas ta lvez desde 0 com eço tenha sido assim . Ver notas com pletas sobre isso em Êxo. 15.1. A lguns pensam que este versícu lo opera com o um a espécie de re frão, um a sín- tese do que Moisés já havia dito, m ostrando as idéias prioritárias da composição.

Ό cântico de Miriã, um dos mais antigos duos poéticos do Antigo Testamento, provavelmente foi composto por uma testemunha ocular do evento” (O xford Annotated Bible, in loc).

Águas Amargas Tornam-se Doces (15.22-27)

As dez p ragas (ver no D ic io n á rio 0 a rtigo in titu la do P rag as do E g ito ) pre- p a raram 0 cam inho. M as a v itó r ia no m a r de Ju n co s fo i 0 aca bam e n to fina l da ob ra d iv in a de lib e r ta çã o do povo de Israe l, depo is de sua longa se rv id ão ao Egito. Em tud o q u a n to su ce d e u , po is , Y ahw eh d e svendo u 0 Seu p o d e r e se- nhorio (ver Êxo. 15.2,3). D esse modo, a N ova Fé estava crescendo e tornando- se c o n h e c id a de to d a s as n a ç õ e s p ró x im a s , O S ina i e a le g is la çã o m o sa ica da riam con tinuaçã o a esse p rocesso de de senvo lv im ento , com o grande pedra de a lice rce da N ova Fé. M e d ian te tip o s e p ro fe c ia s , 0 M ess ia s e s ta va sendo descrito , p repa rand o 0 ca m in ho para a un ive rsa lizaçã o da N ova Fé no cris tia - nismo. Desse modo, 0 p a c to ab raâm ico (ver as notas a respeito em Gên. 15.18) envolveria em seu escopo os povos gentílicos, e a Igreja cristã haveria de adiei- onar d im ensões esp ir ituais àquele pacto. Ver Gál. 3.14 ss.

O tex to que se segue i lu s tra 0 fa to de que, em bora re d im ida do Egito , a nação de Israel a inda teria de a travessa r muitas derro tas e vexam es que quase tiveram 0 poder de anular tudo quanto tinha sido realizado. “A peregrinação pelo

bíb licos. V e r as no tas exp os itivas nessa re fe rênc ia . O au to r sag rado escreveu tendo em v is ta a fu tu ra c o n q u is ta da T e rra P ro m e tid a ; ou, en tão, o lha ndo de volta a ela. Conform e a lguns eruditos, ele sab ia da conquista da Palestina, por- tan to este versícu lo seria pós-m osa ico . Ou então, segundo ou tros insistem , ele previu, profeticamente, essa conquista, em con sonância com 0 pacto abraâm ico (Gên. 15.16). O pa cto abraâm ico, com entado em Gên. 15.18, prom etia um terri- tório pátrio para Israel.

15.15

O uvindo fa la r sobre 0 escape m ira cu loso de Israel da serv idão egípcia, os hab itantes da Pales tina fica r iam p re d is p o s to s a te m e r (Deu. 2 .25 ; Jos. 2.9-11;5.1). Edom e M oabe fize ram tudo pa ra ev ita r que Israel a travessasse seus ter- r itó rios (Núm . 20 .18 -21 ; 21 .13). Os h a b ita n te s da te rra de C anaã não se ren- deram s im p lesm en te , sem o fe re ce r res is tênc ia , em bora já es tive ssem v irtua l- m ente de rro tados. Em seu fervor, 0 p o e ta fo i a lém do que a h is tó ria nos diz. Sobre os “p rínc ipes de Edom ” , ve r Gên. 36 .15 onde é usada a m esm a expres- são. Os eruditos liberais pensam que 0 au tor sagrado escreveu esses versículos com o um historiador, ao passo que os conservadores preferem pensar em uma dec la raçã o p ro fé tica . O vs. 17 qu ase ce rta m e n te a lud e ao m onte S ião, 0 que aponta pa ra um tem po bem p o s te r io r ao da m o rte de M o isé s , ta lve z 0 tem po do ano 1000 A. C., 0 tem po de Salom ão.

15.16

Espanto e pavor. P or trê s ve ze s (vss . 1 4 -16 ), 0 a u to r sa c ro e n fa tiza 0

te r ro r que os po vos se n tir ia m ao to m a re m co n h e c im e n to que e les m esm os, ta l c o m o s u c e d e ra ao s e g íp c io s , te r ia m de e n fre n ta r Is ra e l, l id e ra d o por Yahweh.

Pela grandeza do teu braço. A m e sm a id é ia qu e te m o s em Êxo. 15.6, exce to pe lo fa to de que ali a m enção é à “de s tra ” do Senhor. O au tor con tinua u s a n d o e x p r e s s õ e s a n t r o p o m ó r f ic a s . V e r n o D ic io n á r io 0 a r t ig o A ntro pom orfism o .

Até que passe 0 teu povo. O s is ra e lita s a tra ve ssa ra m 0 de se rto e 0 rio Jordão. Ou, então, está em pauta sua en trada na Terra P rom etida. Ta lvez de- vam os apenas pensar na fron te ira , que foi c ruzada pe los filhos de Israel.

O povo que adquiriste. Ou seja, os remidos da servidão no Egito. Esse é 0 tema central do livro de Êxodo. Ver no D icionário 0 artigo Redenção. Todo 0 episódio da redenção de Israel retrata a redenção da alma.

15.17

Tu os introduzirás. Os verbos postos no futuro, com o aqui, parecem indicar que 0 autor sagrado falava como profeta, e não_retroativamente, com o historiador. E isso é um ponto a favor da data anterior do Êxodo e, por via de conseqüência, do Pentateuco.

No monte da tua herança. P ro va ve lm e n te es tá em foco a to ta lid a d e da Te rra Prom etida, um a região m o ntanhosa que, na in tenção de Deus, já perten- cia ao Seu povo de Israel. In terp re tando a pa ssagem do ponto de v is ta cristão, de vem os p e nsa r no R eino de D eus, m o rm en te na ép oca do m ilên io , qu ando esse Reino (tendo com o capital Je rusa lém ) se to rnar a concretização de muitos aspectos do Pacto Abraâm ico. No s im bo lism o bíblico, um “ m onte” é metáfora do re ino de Deus. V er Isa. 2.2; Dan. 2 .35,44 ,45 etc. E isso parece con firm ado pelo que diz 0 versículo seguinte.

No santuário. Tem os aí um dos alvos da reentrada do povo de Israel na Terra Prometida, e não ainda um fato realizado. Mas, com o se trata de algo decretado por Deus, “as mãos de Deus" já tinham “estabelecido” tal resultado. Metaforicamente, no milênio e no estado eterno, Deus será 0 santuário de Seu povo (Apo. 21.2-4). Terem os aí a concretização de todo 0 imenso drama da criação e do plano de redenção.

15.16

O Senhor reinará. D evem os p e n sa r aq u i que isso se c o n c re tiza r ia na teocracia em Israel, no coração dos p iedosos, durante 0 m ilên io e, finalmente, no estado eterno. Cf. Sal. 10.16; 29.10; 145.13; 146.10; Luc. 1.31,33; Apo. 11.15 e 22 .5 . O h ino de louvo r a Deus, em co m em oração à v itó r ia do S enh or sobre os inim igos de Israel, term ina neste versículo.

“As palavras expressam 0 domínio etemo de Deus não somente sobre 0 mundo, mas também sobre [e com a Igreja]; não somente sob a lei, mas também sob a graça do evangelho; não somente quanto ao tempo, mas também quanto à eternidade” (Adam Clarke, in loc.).

Page 75: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO370

Dele, lançam os a á rvo re em no ssas águas (Rom . 5 .3 ,4 )” ( S co fie ld R efe rence Bible, in loc.).

15.24

E 0 povo murmurou. Essa é a segunda vez, desde 0 m om ento do êxodo, que os filhos de Israel m urm uraram . O pecado de m urm uração tornou-se um dos temas secundários do livro de Êxodo. Ver Êxo. 14.10 quanto a notas sobre a ques- tão, com referências às várias instâncias de murmuração de Israel.

Que havemos de beber? A murmuração, embora pecaminosa, tinha base em fatos. Não havia água para eles beberem. Eles tinham um motivo para murmurar, mas a murmuração se deveu à falta de fé na provisão divina, que haveria de vir, ainda que fosse por meio de um milagre.

“Eles eram tremendamente privilegiados; mas as dificuldades prontamente induzi- ram-nos a impugnar Moisés (Êxo. 14.10-12; 16.2; 17.3; Núm. 14.2; 16.11,41)" (John D. Hannah, In loc.).

“Achavam-se em estado de profunda degradação mental, devido à sua longa e opressiva vassalagem, pois não tinham firm eza de caráter. Ver Êxo. 13,17” (Adam Clarke, in loc).

15.25

O M edicam ento H om eopático. A árvore am arga fez tornar-se as águas amar- gas doces, m ediante um a intervenção divina, e não porque a árvore propriamente dita, tivesse algum poder. Nesse caso, a árvore agiu com o a vara de Moisés, um símbolo das operações de Yahweh. Houve um ritual mágico em que pareceu haver um ato mágico; mas no texto sagrado não há 0 m enor indício de que Moisés fosse mágico. Cf. esse texto com II Reis 2.21. “Acreditava-se que as folhas ou as cascas de certas árvores tinham propriedades mágicas para adoçar a água” (Oxford Annotated Bible, in loc).

Negligenciando a Á rvore Curadora. Pouquíssimas pessoas interessam-se por fa- zer 0 amargo tornar-se doce, por aca lm ar as águas tempestuosas, por fazer 0 ódio transformar-se em amor. Mas há meios para isso, especialmente na vida daqueles que são verdadeiramente espirituais, que curam situações perturbadas e amargas. Muitos dos chamados homens espirituais acabam tomando as coisas mais amargas ainda do que são, e ainda imaginam estar prestando a Deus um serviço.

Lá fora, nos cam inhos e desvios da vida,M uitos estão cansados e tris tes;Leva a luz do so l onde as trevas dom inam ,A legrando assim aos tristes.

Faz de m im uma bênção.Que Jesus brilhe em m inha vida.

(Ira B. Wilson)

Tipologia. Ver a tipologia aqui envolvida, nas notas sobre 0 vs. 24. Alguns vêem na árvore lançada às águas um símbolo da cruz de Cristo.

A li os provou. Em outras palavras, Yahweh deixou um teste no caminho deles, para verificar 0 quanto eles haviam aprendido a confiar, depois de terem recebido tantas lições objetivas sobre a vida espiritual, incluindo feitos miraculosos. Ver 0 artigo chamado Tipologia quanto a um comentário sobre os testes na vida a que os crentes espirituais estão sujeitos.

15.26

O P rop ós ito da P rovação. Q uando Y ahw eh-E loh im fa lava, 0 povo de Israel deveria ouvir e obedecer. A coisa a ser obedecida era a Lei determ inada por Ele, um a re fe rênc ia à leg is la ção m o sa ica , po r an tec ipaçã o pro fé tica (con fo rm e al- guns dizem). Ou, então, 0 au tor sacro, depois de ter s ido ba ixada aquela legisla- ção, a p lico u -a ao povo, n a que le es tá g io p r im itivo . V e r en tre os a rtigos gerais desta obra, no p r im e iro vo lum e, em sua qu arta seção, 0 ve rbe te L e i no A n tigo T estam ento. Ver no D ic io n á rio os a rtigos cham ados Lei, Função da e L e i C eri- m o n ia l e M oral.

Deus Cura. Deus cura aos que Lhe são obedientes. Entre as bênçãos da espiritualidade acham os a bênção da cura física. O autor sagrado tem ia as enfer- midades próprias do Egito, incluindo suas diversas doenças endêmicas. Ver 0

artigo Pragas do Egito, no D icionário. Ele queria que os israelitas não fossem inoculados por essas doenças. Cf. Núm. 21.4-9; Deu. 7.15; 28.27,60; Sal. 103.3. Yahweh desafiou 0 Seu povo a evitar as pragas do Egito, para que aprendessem bem as lições que Ele lhes estava dando. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia os verbetes Cura e Cura pela Fé.

deserto, com seus temores e suas crises, ensinou aos escritores sagrados que 0 cum- p r im ento do p ropós ito de Israel, no êxodo, fo i um cum prim e n to m ed ian te a fé. Portanto, há um aspecto de responsabilidade hum ana em toda essa narrativa” (J. Edgar Park, in lo c ).

15.22

Safram para 0 deserto. Com 0 coração repleto de louvores, 0 povo de Israel dispôs-se a enfrentar 0 deserto. Suas duras experiências ocasionalmente haveriam de am eaçar-lhes a fé e reduzi-los a um povo que ixoso e m urm urador. A seção à nossa frente (Êxo. 15.22-19.1) descreve as jornadas dos israelitas desde 0 mar dos Juncos até 0 monte Sinai. O resto do livro de Êxodo (caps. 19-40) descreve como D eus tra tou com 0 Seu povo, estando ali acam pado, an tes de partir para novos lances.

Mar Vermelho. Isso está de acordo com a Septuaginta, e não com 0 original hebraico, que diz m a r de Juncos. O fereço notas com pletas a respeito em Exo.13.18. Ver no D icionário 0 artigo cham ado M a r Verm elho.

O deserto de Sur. Fica na parte norte da penínsu la do Sinai; tam bém apa- rece com 0 nom e de deserto de Etã (Núm . 33.8). Dou um artigo deta lhado cha- mado Sur, no D icionário . Já encontram os m enção a esse deserto em Gên. 16.7;20.1 e 25.18.

E não acharam água. A que le s que não v ivem em d e se rto s ou nas prox i- m id a d e s não e n te n d e m a g ra v id a d e do p ro b le m a de fa lta de á g ua . O rio C o lo rado , que tem suas ca b e ce ira s nas m o n ta n h a s R ocho sas , no es ta do de C olorado , an tes desaguava no oce ano P acífico , depo is de a travessa r os esta- dos a m erican os de C o lo rado , Utah, N evad a e parte do M éx ico . M as ho je em

• d ia nenhum a go ta desse rio chega ao oceano. S e is represas en tesou ram toda a sua água. Os an tigos tam bém con tavam com represas e c is ternas, sem fa la r nos poços que escavavam . Fe lizm ente , a pa r com a esca ssez de água, os de- sertos sem pre abrigam popu lações m u ito ra re fe itas. Não podem suporta r mes- m o m u ita gente. Assim , m etaforicam en te , os desertos representam escassez e aridez espiritual.

O s três dias de v iagem p rovave lm ente não levaram os israe litas a m ais de oitenta quilômetros de distância, e esses três dias submeteram-nos ao teste da falta de água. Imaginem os 0 p roblem a de conseguir água para três m ilhões de pesso- as! (Ver Núm. 1.46). Se havia se iscen tos mil hom ens que podiam pegar em ar- mas, deve te r havido no m ín im o trê s m ilhões de pessoas. E isso sem fa la r nos animais domesticados.

A Rota Seguida. Não há como termos certeza sobre 0 trajeto exato que os israelitas seguiram. No artigo chamado Êxodo (0 Evento) provi uma sugestão, com a ajuda de um mapa.

“Em tem pos de ne cess idade, q u ando sua fé era sub m etida a tes te , Israel recebeu sinais dos cuidados e da p roteção do Senhor” ( O xfo rd A nno ta ted B ible, in lo c ).

15.23

Chegaram a Mara. P o ç o s e fo n te s de á g u a s a lo b ra s ã o f re q ü e n te s n a s re g iõ e s d e s é rt ic a s . O s is ra e l i ta s , ao e n c o n tra re m ág u a im p ró p r ia pa ra u so h u m a n o , c h a m a ra m -n a de “ a m a rg a ” , s ig n i f ic a d o da p a la v ra h e b ra ic a m a ra . “ O e x tre m o a m a rg o r do g o s to da á g u a d a s fo n te s da e x tre m id a d e s u l do d e s e r to de S u r é c o n f i rm a d o p o r to d o s os q u e p o r a li v ia ja m . Há d iv e r s a s d e s s a s fo n te s . A q u e la q u e m o d e rn a m e n te se c h a m a de A in H o w q ra h é a m a is c o p io s a , e n ã o de á g u a s tã o a m a rg a s co m o as o u tra s ” (E ll ico tt, in lo c ) .

Essa foi a sexta parada de Israel, durante suas vagueações pela península do S inai, depois do êxodo (Êxo. 15.23,24; Núm . 33 .8 ). A s águas do luga r eram am argosas, 0 que exp lica tal locativo . No entanto , m iracu losam ente, Moisés tor- nou-as boas para 0 consum o hum ano (por o rie n taçã o div ina), após te r lançado nelas certa árvore. Acred ita-se que a fonte seja aquela que atualmente se cham a ‘A in Howqrah, a cerca de setenta e seis qu ilôm etros a sudeste de Suez e a cerca de onze qu ilôm etros das m argens do m ar Verm e lho . A lguns es tud iosos identifi- cam -na com Cades. Foi esse 0 prim eiro acam pam ento de Israel, depois que atra- vessaram 0 m ar Verm elho (ou melhor, 0 m ar de Juncos). O povo de Israel cami- nhou po r três dias, deserto de S u r adentro , apôs aquela travessia , até chegar a Mara. A lguns estud iosos não crêem se r possíve l um a iden tificação exata dessa localidade.

T ipo log ia . “ Essas águas am arga s ficava m bem no cam inho por onde 0 Se- nhor estava conduzindo Israel, e representam as p rovações que 0 povo de Deus precisa enfrentar, provações essas que são d idá ticas, e não punitivas. A árvore simboliza a cruz (Gál. 3.13), que se tornou doce para Cristo, com o expressão da von tade do Pai (João 18 .11). Q ua ndo ace ita m o s nossas m a ra s com a a titude

Page 76: At Interpretado- Êxodo

SUA EXPERIÊNCIA DE MAR VERMELHO

Tem chegado a sua experiência de Mar Vermelho,Onde a despeito de todos os seus esforços Não encontra caminho para fora?Então espere e confie no Senhor com uma fé serena,Até a noite de seu receio passar.Ele mandará 0 vento para amontoar as águas.Então dirá para a sua alma: “Siga em frente!”.Será a mão Dele que mostrará 0 caminho,Enquanto as águas ameaçam aos lados,Aí nenhum inimigo pode tocar você,E nenhum mar afogá-lo.

Na vigia da manhã, abaixo das nuvens do alto,Verá 0 Senhor somente.Quando Ele guiar você para uma terra desconhecida,Seus receios passarão como seus inimigos passaram.Cantará os louvores Dele num lugar melhor,Um lugar que a mão divina preparou.

Annie Johnson Flint

Fique tranqüila, minha alma,O Senhor defende sua causa.Carregue, pacientemente, sua cruz de aflição e dor.Deixe para Deus ordenar e providenciar.Em todas as mudanças fiel ficará Ele.Fique tranqüila, minha alma,Seu Amigo celestial guiará através de caminhos espinhosos para um fim jubiloso. Fique tranqüila, minha alma, quando mudanças e lágrimas passarem, todos nós, salvos e seguros, estaremos juntos, afinal.

Katherina Von Shlegel

Page 77: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO372

chamado ijar, correspondente aos nossos meses de abril-maio, e falava sobre a beleza das flores da primavera. Israel saiu do Egito no décimo quinto dia do mês de nisã (abibe) e agora já era 0 décimo quinto dia do mês de ijar. Portanto, um mês tinha-se passado, desde que Israel saíra do Egito.

16.2

Toda a congregação dos filhos de Israel murmurou. Parece que Isso acontecia periodicamente, a ponto de tornar-se um dos temas secundários dos livros de Êxodo e Números. Ver as notas a respeito em Êxo. 14.11. Dou ali uma lista de referências à questão.

O Targum de Jonathan informa-nos que a massa que Israel tinha trazido do Egito agora se acabara, causando falta de suprimentos de boca. “ É comum que, quando as coisas não andem tão bem quanto se deseja, as pessoas, na igreja ou no estado, murmurem contra seus governantes, eclesiásticos ou civis, lançando contra eles toda a cu lpa” (John Gill, in loc.).

Até este ponto, já v imos três casos de m urm uração: 1. O de Pi-Hairote, quando 0 terrível exército egípcio am eaçava a existência do povo de Israel (Êxo.14.11,12). 2. O de Mara, quando term inou 0 suprimento de água e as águas do lugar eram am argosas (Êxo. 15.24). 3. O do deserto de Sim, 0 texto presente, quando terminou 0 suprimento de alimentos.

“Aqueles pobres hebreus eram tanto escravos quanto pecadores, e eram capazes dos atos mais maldosos e desgraçados” (Adam Clarke, in loc.).

16.3

Morrido pela mão do Senhor. D e ve m o s p e nsa r aqu i em m orte na tura l, por m o tivo de idade ava nçada . Mas é p o ss íve l que e les es tivessem a lud indo às p ragas que d e v a s ta ra m 0 E g ito , ca u s a n d o im e n sa s p e rdas de v id a s hu- m anas. Neste caso, a q u e ixa era de ve ras am arga . E les pre fe r iam te r m orrido sob 0 ca s tig o de Y a h w e h do que m o rre r de fo m e no d e se rto . A q u e ix a era pa rt icu la rm e n te es tú p id a po rque , ha ve n d o to d o s aque les an im a is en tre eles, e les poderiam tê - los sa c r if ica d o pa ra se rv irem de a lim e nto . Não havia perigo de m o rre re m de in a n içã o , a p e s a r do fa to de que não hav ia m a is fa r in h a de trigo.

Panelas de carne. Embora escravos, no Egito tinham tido muita comida para consumir, para nada dizermos sobre os acepipes que eles poderiam preparar por si mesmos. “Os murmuradores vagabundos preferiam 0 alimento condimentado das pa- nelas de carne do Egito à liberdade precária no deserto” (O xford A nnotated Bible, inloc.).

O trecho de Números 11.5 dá-nos alguma idéia da variedade de alimentos de que Israel tinha desfrutado no Egito, muita verdura e boa variedade de carnes, além de muitas frutas.

“A falta de pão fez 0 povo de Israel esquecer-se de sua terrível sorte no Egito, fazendo-os pensar apenas na comida que tinham, e assim porem em dúvida os moti- vos verdadeiros de seu líder" (John D. Hannah, in loc).

16.4

Farei chover do céu pão. Ver no D ic ioná rio 0 artigo cham ado Maná, quanto às várias teorias sobre a natureza dessa substância, As pa lavras “do céu” info rm am -nos sobre a crença dos antigos israe litas acerca da origem do maná.

“ O A lice rce H istórico . Um suco doce, pegajoso, tipo mel, exsuda em pesadas gotas, em maio ou junho, de um arbusto encontrado no deserto perto de onde os israelitas estavam acam pados. Dissolve-se sob 0 calor do sol, depois de ter caído sobre 0 so lo com a fo rm a de grãos. Tem 0 sabor do mel. T ra ta -se de um suco natural daquele arbusto; mas os árabes acreditavam que caía do céu, juntamente com 0 orvalho. Samuel Johnson, em seu dicionário, disse: ‘Apenas ultimamente 0

mundo ficou con vencido sobre 0 erro de pensar que 0 m aná era um produto aé- reo, cobrindo as árvores durante a estação do maná” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). Josefo (Antiq. iii 1.6 ) referiu-se à natureza aérea do fenômeno. No D icionário apre- sentei outras idéias e interpretações.

Colherá diariamente. É provável que desse versículo se tenha originado a peti- ção da oração do Pai Nosso: “ . . .0 pão nosso de cada dia dá-nos ho je .. . ” (Mat. 6.11). Metaforicamente, temos expressado a necessidade da nutrição espiritual diária, a leitu- ra e 0 estudo dos documentos sagrados, da oração, da meditação etc. sobre uma base diária regular.

Cada pessoa só podia recolher maná suficiente para aquele dia. 0 maná não podia ser guardado para 0 dia seguinte. Se 0 fosse, apareciam bichos e ele se corrompia (vs, 20). Essa necessidade diária de provisão testava a fé de Israel no poder de Yahweh prover para eles 0 necessário. A lguns intérpretes insistem sobre a natureza absolutamente miraculosa do maná, assim a provisão diária de maná foi um milagre contínuo, durante quase quarenta anos.

O Fato de Deus. Tomam os conhecim ento das coisas através de vários meios. Nem tudo quanto existe e pode ser descrito se faz mediante 0 método científico, Sabe- mos por meio dos sentidos físicos, da razão, da intuição e das experiências místicas. Nunca foi provada a idéia de que conseguim os romper a barreira do conhecimento somente através das experiências cientificas, de laboratório. Ver no Dicionário 0 artigo chamado M isticism o. A lgumas vezes, a presença de Deus nos é revelada. Yahweh passou e adocicou aquelas águas amargas.

“Sem im portar quão e levado este ja um indivíduo em sua posição social, na igreja, na política ou na ciência, se esse indivíduo fizer qua lquer pronunciamento sobre qualquer assunto, os cientistas pedem-lhe evidências com probatórias. Quando não há evidências além das declarações pessoais, passadas ou presentes, ou ‘reve- lações' ou sonhos da 'voz de Deus', os c ientistas não lhe dão nenhum a atenção, exceto perguntar: ‘C om o chegaram a essa con c lu são? '” (“Science and the Supernatural” , The Scientific Monthly, lix, 1944).

Existem experiências da alma humana que não estão sujeitas à investigação cien- tífica. Ver na Enciclopédia de B íblia, Teologia e F iloso fia 0 verbete sobre Saya Sai Baba. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Milagres.

15.27

Chegaram a Elim. No he bra ico , árvo res. N om e da segunda parada, onde Israe l aca m pou no d e se rto , q u a n d o v a g u e a va pe lo S ina i, an tes de en tra r na te r ra de C a n a ã (aqu i e em N úm . 3 3 .9 ). O s is ra e l i ta s f ic a ra m n a que le luga r pe lo espaço de um m ês (Êxo. 16.1). O local con tava com dez fontes de água e se te n ta p a lm e ira s , 0 que e xp lica 0 no m e que re cebeu . P orta n to , era um pe- queno m as ap raz íve l oá s is , em b o ra 0 povo de D eus e s tive sse a ca m in ho de a lgo m u ito m e lh o r. D e sco n h e ce -se a lo c a liz a ç ã o exa ta de E lim , v is to que 0

próprio monte S inai a inda não foi iden tif icado de m odo abso lu to . Se a localiza- ção tra d ic io n a l es tá co rre ta , is to é, a p o rçã o in fe r io r da p e n ín s u la do S inai, en tão Elim é um dos oás is nos w adis, ao long o da ro ta p r in c ipa l que penetra naque la região. O local ta lvez fiqu e den tro do w ad i G ha ran de l. Mas se 0 mon- te S ina i não f icava nas p rox im id a d e s d e ssa reg ião , seg ue-se daí que não há com o localizarm os Elim . A lguns têm con jecturado que Elim deve ser identificada com E ila te , re fe r id a em I R eis 9 .2 6 , no c o m e ç o do go lfo de Á caba , pe rto de E z ion-G eber. Porém , isso não con co rda com 0 que se lê em N úm eros 33.36, que ind ica que aque la á rea fo i a t in g ida po r Israe l bem m a is ta rde da jornada . A lg u n s e ru d ito s d ize m que 0 no m e do lu g a r s ig n if ic a d e u se s ou te re b in to s . N esse caso, ao que pa rece era um loca l sag rado , m as em ho nra a qual deus ou com qual propósito , não sabem os dizê-lo.

Se 0 lu g a r c o r re s p o n d ia a G h a ra n d e l, e n tã o isso fo i um a so rte pa ra os is ra e lita s , v is to que os w a d is p ró x im o s , U se it, E tha l e T a y ib e h (S hu w e ikah ) o fe re c ia m boa p a s tage m , to d o s e le s fé r te is e com ág u a a b u nda n te .

Capítulo Dezesseis

Deus Manda 0 Maná (16.1-36)

O utro m ilagre em favo r de Israel, dessa vez de sustentação. Acabam os de ver (cap. 15) com o foi provida água po tável em Mara. Agora estava com eçando a ser dado um sup rim en to a lim e n ta r que du raria m u ito tem po. Á gua e pão são duas grandes metáforas para ind icar 0 sustento espiritual. E assim, a história de Israel continua a instru ir-nos quanto às rea lidades esp ir ituais. No D ic ioná rio dou um de ta lhado artigo in titu lado M aná. V e r tam bém 0 a rtigo cha m ado Água, que ventila sobre os usos m etafóricos da água. Os eruditos cristãos vêem aqui alusão a Jesus com o 0 Pão da V ida. Dou um artigo d e ta lhad o sobre esse assu nto na E ncic lopédia de B íb lia , Teologia e F iloso fia , cham ado Pão da Vida, Jesus com o. Ver tam bém , na m esm a obra, 0 a rtigo M aná Escond ido, um a provisão de Cristo referida em Apo. 2.17, e que ta lvez até seja um dos títulos do Cristo.

16.1

Partiram de Elim. V er sobre esse lugar em Êxo. 15.27.

A congregação dos filhos de Israel. V er sobre essa expressão em Êxo. 12.3,6,19,47; 16.1,2,9,10,22; 17.1; 27.21; 28.43; 29.4,10,11,30,32,42,44 etc. A nação inteira, por meio de suas tribos, organizadas com o se fossem um a congre- gação, está em vista. Era um a com unidade religiosa que se preparava para tor- nar-se uma nação teocrática.

Deserto de Sim. Ver no D icionário 0 verbete sobre essa localidade. Dezenove desertos diferentes são mencionados no Antigo Testam ento; e esse é um deles. Os estudiosos não concordam quanto à sua localização exata.

Aos quinze dias do segundo mês. O ano re lig ioso com eçava no mês de abibe (mais tarde chamado nisã). Ver Êxo. 13.4; 23.15; 34.18. O segundo mês era

Page 78: At Interpretado- Êxodo

373ÊXODO

Alguns eruditos pensam que tudo quanto está aqui em pauta é a coluna de nu- vem, embora uma visão particular e especial dela. Ver as notas sobre Êxo. 13.21 e 0

artigo chamado Coluna de Fogo e Nuvem, no Dicionário. Mas este texto parece apre- sentar algo novo, e não uma maneira diferente de ver alguma coisa antiga e já bem conhecida.

16.11,12

Continua aqui a explicação divina, provendo 0 porquê das várias manifesta- ções. Essas m anifestações foram três: 0 maná; as codornizes; a visão especial da presença de Deus. Todas elas visavam impressionar aquele povo murmurador com 0 poder, a provisão e a presença de Yahweh. Elas ocorriam pela manhã e à tarde. Em momento algum, os israelitas ficavam sem a presença e as operações de Yahweh. Há um a extensa narração sobre as codornizes, em Núm. 11.1-35. A refeição dos israelitas, que incluía carne, usualmente era à tarde, e isso fazia parle de uma provisão especial.

Os fam intos encheriam seus estômagos, e 0 desejo de murmurar desapare- ceria. E, então, os filhos de Israel diriam “O Senhor está conosco” e também “Ele é 0 nosso Deus” . Um dos principais problem as espirituais do homem é a tão evidente falta de poder espiritual. Se as provisões de Deus estão sempre à nossa disposição, deve haver aqueles m om entos especiais em que 0 poder de Deus se manifesta. Sem dúvida, isso faz bem à fé. Ver no D icionário 0 artigo M ilagres.

16.13

À tarde subiram codornizes. A com um Tetrao cotu rn ix é uma ave muito abundante no Oriente Próximo e Médio. Essa ave migra regularmente da Síria e da Arábia, durante 0 outono, a fim de passar 0 inverno na África Central. E então, na primavera, as codornizes retornam em grandes números. O trecho de Números 11.31 diz-nos que 0 vento as tangeu do mar. As codornizes chegaram exaustas, tornando-se presas fáceis para os israelitas (Núm. 11.32). Ver no Dicionário 0 artigo chamado Co- domiz.

Diodoro Sículo (H ist, ii.60) conta algo similar. “Os habitantes da Arábia Petrea costumavam armar longas redes, estendendo-as perto da costa marítima por grande distância; e, dessa maneira, apanhavam grande quantidade de codornizes, que costumavam vir do mar” .

Josefo informa-nos que as codornizes eram um pássaro muito comum naquela área (Antiq. 1.3 c. 1 see. 5).

O orvalho. Era considerado 0 agente mediante 0 qual 0 maná descia do céu. Ver as notas sobre 0 vs. 4 quanto a essa idéia dos antigos. O orvalho servia de emblema da graça e da provisão de Deus. Ver Osé. 14.5,6.

16.14

Q uando 0 o rva lho desaparec ia , eis que ficava 0 m aná (ver a respeito des- sa s u b s tâ n c ia no D ic io n á rio ), d e sc rito co m o se fo sse flo co s , b ranco com o a geada. Seu gosto era com o de bo los de mel (vs. 31). A Septuagin ta com para 0

maná a sem entes de coentro (vs. 31), um a pequena substância branca e acha- tada.

Dou um a e xp lica çã o sob re esse fen ô m e n o nas no tas sobre 0 vs. 4. Uma outra, o fe rec ida pe la O xfo rd A n n o ta te d B ib le , in loc ., d iz 0 seguinte: “ Esta des- c r iç ã o (ve r ta m b é m 0 vs. 31 e N úm . 1 1 .7 -9 ) c o r re s p o n d e bem de p e rto à e x c re çã o o rva lh o de m e l de d o is in se to s que se a lim e n ta m dos ra m inho s da tam argue ira ". V ários e s tu d iosos ins is tem em que pode ser achada um a exp ii- cação natural para 0 maná.

Ver em Apo. 2.17 m enção ao m aná escondido, que aparece ali com o provi- são de Cristo e até com o Sua própria pessoa. Ver a introdução a Êxo. 16.1, onde ofereço várias interpretações m etafóricas e referências a artigos que desenvolvem esse tema.

16.15

Que é isto? A ssim exclam aram os a tônitos israe litas diante do m aná. E esse é 0 sentido da pa lavra hebraica m aná. Eles nunca antes tinham visto aquele fenôm eno. Moisés exp licou que se tra tava de “pão do céu” . E assim pensou-se que se tra tava de um fenôm eno aéreo (ver as notas sobre 0 vs. 4). No hebraico, a pa lavra correspondente ao pronom e relativo português “que” não era orig inalmente essa. M an (um pronome) veio a ser usado somente no aramaico posterior e no siríaco. Por conseguin te, a lguns estudiosos supõem que m an (a pa lavra usada neste texto, no orig inal hebraico) era de origem egípcia, que a etim ologia popular adaptou para que funcionasse com o um pronom e hebraico. A Septuaginta grafa essa pa lavra com o m anna, e essa form a passou para as traduções.

A lg u n s in te rp re ta m m an com o “p re s e n te ” , sup ondo que esse te rm o pro- venha de m anan, “d a r” . A ve rd a d e ira e tim o lo g ia pe rm an ece ob scura . A idé ia de um presente foi cristian izada para fa lar do dom ine fáve l de II Coríntios 9.15.

Ao sexto dia. Uma exceção à regra sobre a colheita do maná ocorria no sexto dia da semana. Naquele dia era recolhida dupla porção, para que houvesse suprimento para 0 sábado (ver no Dicionário 0 artigo Sábado), quando não se podia fazer nenhum trabalho manual. Essa questão é expandida nos vss. 22-30. A lguns vêem aqui um m iagre de dupla provisão do maná. As pessoas recolheriam a quantidade normal, de todos os dias; mas inexplicavelmente 0 maná tomava-se 0 dobro em quantidade. Além isso, no sexto dia, desceria do céu dupla porção de maná, para atender às necessida- des da sexta-feira e do sábado.

16.6

À tarde. Em um horário , e sp ec ificado de an tem ã o, ha veria ou tro m ilagre. Isso nos faz lem brar dos prazos específicos que D eus es tabe lece ra para 0 iní- cio e 0 fim de cada p raga, 0 que co m p ro va va que elas tin h a m orig em d iv ina . Ver Êxo. 8.10,23; 9.5; 10.4. Esse ou tro m ilagre seria a prov isão div ina de carne (vs. 8 ), ou se ja , de c o d o rn iz e s (vs. 12 ,13 ). D eus fa r ia com que um a grande revoada de codorn izes enchesse 0 a ca m pam en to de Israel, e os is rae litas po- deriam a lim e n ta r-se à von tade de um a lim e n to pe lo qual não tinh am fe ito tra - balho algum .

Isso serviria ainda de outra prova de que Yahweh, em Seu multifacetado poder, os fcara do Egito, resgatando-os de uma servidão já secular, e continuava a protegê-los no deserto.

16.7,8

Pela manhã. A glória do Senhor haveria de manifestar-se mediante a provi- são de maná. À tarde, aquela mesm a glória haveria de evidenciar-se por meio da provisão das codornizes, tal com o os israelitas d ispunham da coluna de nuvem durante 0 dia, a fim de guiá-los, e da coluna de fogo, durante a noite, com 0

mesmo propósito, provendo-lhes calor e iluminação.

As vossas murmurações. Os m ilagres da m anhã e da tarde m ostrariam 0

que as m urmurações de Israel s ignificavam: um a ofensa contra Yahweh, uma de- m onstração de incredulidade quanto ao Seu poder e quanto às Suas promessas. Em segundo lugar, eram ofendidos Moisés e Arão. Ver as notas sobre essas mur- m urações em Exo. 14.10. Essas m urm urações to rnaram -se um tem a secundário dos livros de Êxodo e Números, porquanto dem onstravam que a fé dos israelitas estava debilitando-se.

Todas as necessidades dos filhos de Israel eram supridas de maneira “bondosa, abundante, m aravilhosa.. . da parte de um Deus gracioso e misericordioso” (John Gill, b loc).

16.9,10

A glória do Senhor apareceu na nuvem. Esse foi outro sinal div ino dado a Israel. Além dos sinais da manhã (0 maná) e da tarde (as codornizes), que cuidaram das necessidades físicas dos filhos de Israel, outro sinal seria dado, com vistas a eliminar a murmuração e a falta de fé que essa m urm uração demonstrava. Haveria uma manifestação especial da presença de Yahweh. O povo contemplaria a glória de Yahweh, embora não visse diretamente a Sua pessoa, 0 que alguns têm pensado tanto ser impossível quanto inevitavelmente fatal. Mas poderiam ver a glória de Deus em uma nuvem, tal como Moisés, em ocasião posterior, foi capaz de ver Deus pelas costas (Êxo. 33.23), uma metáfora para algum a espécie de manifestação sim ilar à que temos neste texto. Em outras palavras, 0 povo receberia uma experiência místi- ca. Ver no D icionário 0 artigo M istic ism o. Cf. João 1.18, que afirma enfaticam ente que ninguém jamais viu Deus. Manifestações são vistas; a presença de Deus é per- ceb ida por algum a form a de m ecan ism o celestia l; m as a essência da deidade é invisível para 0 homem.

No judaísmo posterior e nos Targuns, a palavra hebraica shekinah (ver a respeito no Dicionário) é usada para indicar a presença de Deus que se pode manifestar aos homens. Precisamos muitíssimo do toque divino, da visão de Deus! Não basta ler a Bíblia e orar. Há um poder no toque divino; há iluminação nessa visão. Precisamos tanto de poder quanto de iluminação. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Iluminação.

Teu toque tem ainda 0 p o d e r an tigo !Nenhum a pa lavra Tua ca i p o r terra inú til;Ouve, nesta so lene hora da noite,E, em Tua com paixão, cura-nos a todos.

(Henry Twell)

Cf. este texto com Êxo. 40.34; Núm. 14.10,22; 16.19 e Eze. 11.23.A lguns eruditos vêem aqui um a m anifestação do Logos no Antigo Testamen-

to, porque Eie é a Luz do mundo (João 1.4; 8.12). Ver no Dicionário os artigos chama- dos Luz, Metáfora da e Luz, Deus como.

16J5

Page 79: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO374

A Instituição Pós-Êxodo do Sábado (16.22-30)

Não há com o d e fend er a idé ia de que som ente neste ponto da his tó ria de Israel foi institu ído 0 sábado. O sábado já era um a institu ição muito antiga (Gên. 29.27; Juí. 4.14; 14.12; II Reis 4.23; 11.5-7; Isa. 1.13; Am ós8.5). Mas nesse tem po a sua observância continuou em um novo contexto histórico. É provável que 0 sába- do já viesse sendo observado pelos hebreus de antes de Moisés de m aneira fo r- m al, em bora sem as m uitas regras que v ie ram acom panhar a guarda sabática. Havia um sábado bab ilõn ico (0 sa p a ttu , ta lvez um te rm o cognato do hebra ico sabbath ), que se revestia de va lor religioso. Porém, as coisas eram diferentes na obsetvância babilônica, pois esse dia era considerado um tem po em que governa- va 0 mal. Todo traba lho cessava e as pessoas ficavam muito nervosas sobre a questão inteira. O rig ina lm ente, 0 sábado era v inculado ao culto lunar, mas final- mente foi separado das fases da lua, passando a ser um a observância semanal. Não é provável que a questão do m aná tenha fe ito 0 sábado ser re inaugurado. Antes, essa questão s im p lesm en te foi associada ao sábado, visto que esse dia especial de descanso proibia 0 trabalho de recolhimento do maná. Ver no D icioná- rio 0 artigo chamado Sábado.

16.22

Ao sexto dia colheram pão em dobro. Isso porque era proibido colher maná no dia de sábado. Portanto, na média, no sexto dia colhiam-se dois ômeres de maná. Este versículo repete 0 que se lê no vs. 16, onde aparecem as notas a respeito.

Contaram-no a Moisés. A o qu e p a re c e , 0 a u to r sa c ro q u e r ia qu e en- te n d ê sse m o s que os a n c iã o s ou d ir ig e n te s do po vo se su rp re e n d e ra m sobre com o 0 re c o lh im e n to fo i 0 d o b ro do q u e se re c o lh e ra no s d ia s a n te r io re s , com o se houvesse algo de m ira cu loso sobre a questão . Ou, então, 0 versícu lo apenas diz que os a n c iã os do po vo t ive ram 0 cu ida do de in fo rm ar M o isés de que sua s o rd e n s t in h a m s id o c u m p r id a s , v is to qu e se t inh a ind ig n a d o tan to c o m e le s p o r h a v e re m d e s o b e d e c id o às su a s o rd e n s , g u a rd a n d o 0 m a ná para 0 dia seguin te (vs. 20).

Congregação. Uma palavra com um para referir-se a Israel com o uma nação- igreja, uma teocracia. Ver os comentários em Êxo. 16.1.

Os vss. 26 e 27 dão-nos a espantosa informação que nenhum maná apareceu no sábado, 0 que destacou 0 elemento miraculoso do maná.

Elementos do M ilagre do M aná:1. O maná caiu fie lmente por seis dias, e um a dupla porção caiu no sexto dia.2. Não apareceu de modo nenhum no sétimo dia, 0 dia de sábado.3. O maná não podia ser guardado à noite, para 0 dia seguinte, em bora 0 “maná"

natural possa ser guardado por prolongados períodos de tempo.

16.23

N ão Se P odia C oz inh a r em D ia de Sábado. Esse era um dia de descanso e de culto re lig ioso a Yahweh. Este versículo mostra que a observância do sábado já tinha s ido fo rm a lm e n te institu ída, com suas várias p rov isões e dem andas já em vigor. A questão do m aná s im p le sm en te fo i incorporada na ob servância do sábado, com duas novas regras, em ad ição a um a longa lista de outras regras, já existentes.

A cúm u lo de R egras. A M ishna a c rescen tou um su rpreendente núm ero de regras atinentes à preparação de a lim entos em dia de sábado. As coisas já eram bastante e laboradas na legis lação m osaica. Os intérpretes e as au toridades dos judeus nunca se cansavam de faze r adições. Jesus condenou essas adições tra- dicionais. V er Mat. 12.1ss e 2 3 .4 .0 p rim eiro conc ilio ecum ênico, de Jerusalém , dec la rou que ta is cargas, c riad as pe lo an tigo juda ísm o, eram pesadas dem ais para serem suportadas (Atos 15.10). O crente goza de liberdade em Cristo (Mat.11 .29,30). C on fo rm e d iz um a n tigo h ino : “ D e ixa tua s cargas com 0 Senhor, e deixa-as com Ele".

Cozer no forno... cozer em água. Esse verbo ilustra 0 fato de que estava em pauta muito mais do que sim plesm ente 0 maná. Todos os alimentos deveriam ser preparados com antecedência, a fim de serem consumidos em dia de sábado, e ne- nhum alimento devia ser guardado para ser preparado em dia de sábado.

Posteriormente, as regras acerca do sábado tornaram-se parte do decálogo (Êxo. 20.8-11). Ver no Dicionário 0 verbete chamado Dez Mandamentos.

16.24

Guardaram-no até pela manhã seguinte. Era evidente que havia uma provi-são m iracu losa de maná. Este não apareceu sobre 0 solo para ser recolhido no

16.16

As instruções quanto ao uso do maná eram especificas: 1. Era mister recolhê-Io diariam ente, exceto no sexto dia da sem ana, quando se recolhia dupla porção, para atender às necessidades do sexto e do sétim o dia, po is não se podia fazer traba lho braçal no sábado (vs. 5). 2. C ada hom em recolh ia 0 seu próprio maná; mas ver 0 quinto ponto. 3. A quantidade que cada hom em recolhia era um ôm er, equivalente a cerca de um quilogram a. 4. O m aná não podia ser guardado para 0

d ia seguinte (vs. 20). 5. Se houvesse pe ssoas con finadas às suas tendas, sem importar por qual razão estivessem ali, então a porção delas deveria ser recolhida por outrem , e, então, levada até àque las pessoas. A lguns erud itos pensam que essa regra (para os que se achavam recolh idos às suas tendas) indica que cada chefe de família recolhia maná para toda a sua tenda, ou seja, para a sua fam ília. Nesse caso, 0 recolh im ento do m aná era fe ito pe los che fes de família, e não por cada pessoa, individualmente.

16.17,18

Assim 0 fizeram os filhos de Israel. Diferentes apetites causavam diferen- tes quantidades de maná recolhido. Mas ninguém passava fome. Cada qual tinha exatamente 0 que era mister para suas necessidades. Paulo citou esse versículo em II Coríntios 8.15 a fim de ilustrar a necessidade de os crentes compartilharem uns com os outros. Os crentes gentios aliviaram a necessidade dos santos pobres de Jerusalém. O suprimento de Deus é suficiente para todos, mas requer que com partilhemos uns com os outros.

Este vers ícu lo ilustra um dos tem as p r in c ipa is do Penta teuco : a p ro v id ê n ■ c ia de D eus (ve r a esse re sp e ito no D ic io n á r io ). E sse é um dos ra m os do e n s in o do te ísm o (ve r tam b é m esse a r t ig o no D ic io n á rio ). M e ta fo r ica m e n te , este versícu lo ensina a ne cessidade de p rov isão d iá ria para 0 c resc im ento e as necess idades esp ir itua is . V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo in titu la do D esen vo lv im en - to E sp iritua l, M e ios do.

16.19,20

Eles, porém, não deram ouvidos. A ganância e a falta de fé estragaram 0

maná. As pessoas, em tem pos de guerra, arm azenam pão velho, mesmo quando gozam de tem pos de abundância relativa. A mente humana, em sua ansiedade, não põe muita fé nas palavras de Jesus acerca de como Deus cuida até dos passari- nhos, quanto mais de nós (Mat. 10.29); e tam bém ignora Seu conselho para não an- darmos ansiosos sobre 0 dia de amanhã, porquanto 0 P ai sabe 0 de que precisamos, e nos supre essas coisas (Mat. 6.34). Conta-se a história de como um missionário evan- gélico tentou ensinar a oração do Pai Nosso a uma nativa africana. Mas ela não passa- va além das palavras “Pai nosso”. Ao ser indagada por que fazia isso, ela retrucou: “Porque se Deus é meu Pai, então isso é tudo 0 que preciso saberi’.

A que le s que an s ia vam p e lo d ia de am anhã, en tre os israe litas, guardaram 0 m a ná ; e 0 re s u lta d o fo i que 0 a l im e n to se e s tra g o u e a tra iu v e rm e s . Isso p ro vo co u M o isés à ira, po rq u e t inh am a g id o co n tra as sua s o rdens (vs. 16), ex ib indo fa lta de fé na p rov idên c ia de D eus, a qua l se m ostra ra tão ev id e n te e tão p o d e ro sa na v id a dos is ra e lita s . A p ro v is ã o re c o lh id a no sexto d ia , pa ra sob ra r pa ra 0 sábado, não criou ve rm es (vs. 24), po rque isso tinha s ido orde- nado po r Deus. Paulo ens inou-nos que é corre to os pa is en tesou rarem para os f i lh o s (ve r II C or. 12 .14). R e ce n te m e n te , ouv i um s e rm ã o que re co m e n d a va que po upem os dez po r cen to de tudo q u an to g a n h a m o s pa ra 0 fu tu ro . Soube de um m iss io n á rio que se re c u s a v a a c o m p ra r um a casa ; e a ss im te ve de a lug a r casas por m u itos anos, até se aposen ta r. Mas me d isse que aquilo que t inha gasto com a luguéis teria dado para com p ra r m ais de um a casa. Todavia, e le re so lveu que, p o r um a q u e s tã o de fé, não co m p ra ria . A té ce rto p o n to foi um a tolice, um a fé mal co locada! Este tex to não nos ens ina a não poupar. Mas ensina-nos que, quando D eus nos dá um a o rdem específica , para tes ta r a nos- sa fé, não devem os a g ir co n tra essa o rdem , m e sm o qu ando , em nossa p re v i- são, ag iríam os con tra a tal ordem.

O texto à nossa frente também ensina que, algumas vezes, Deus nos testa quanto a essa questão de provisões m ateriais necessárias. Nem sempre os testes envolvem questões espirituais.

O costume, no Oriente Próximo e Médio, era cozer um pão fresco a cada dia; e isso era uma necessidade, visto que 0 clima quente e úmido de muitos lugares fazia 0

pão embolorar rapidamente.Deus providenciou 0 necessário para Israel pelo espaço de quarenta anos (vs. 35),

0 que foi uma provisão admirável, que ilustra am plamente a providência de Deus, um dos temas principais do Pentateuco inteiro.

16.21

Este versículo reitera os e lem entos dos vss. 16,18,19, acerca do recolhimen- to diário do maná. Mas acrescenta 0 pequeno detalhe de que 0 sol dissolv ia a substância. Sem 0 calor, 0 maná era duro, e podia ser pilado e moído em um moinho (Núm. 11.8).

Page 80: At Interpretado- Êxodo

375ÊXODO

não queria que os israelitas fossem tentados. No campo, haveriam de começar a pro- curar ao redor, para ver se havia caído algum maná durante a noite.

A lei dada aqui fo i g randem en te exa gera da por judeus de épocas posterio- res. A lguns to m a va m essa regra ao pé da le tra . C om o se fossem cadáveres , m antinham -se em qua lque r posição que estivessem quando 0 sábado com eça- va! Ta lvez alguns nem engolissem a saliva ou piscassem os olhos. Essa aderên- cia es túp ida e serv il ao m andam ento , tod av ia , era repud iada pe la m aioria. As- sim, havia a jo rnada de um sábado, 0 que perm itia que as pessoas fossem até 0

luga r de ad oração, um a fo rm a de traba lho . V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo Jornada de um Sábado. O Targum de Jonathan perm itia que um homem cam inhasse até do is mil côvados, a p ro x im a d a m e n te um qu ilô m e tro , 0 que era sufic ien te para um a pessoa chegar ao local de adoração, e/ou faze r outros m ovim entos neces- sários para outros propósitos.

Conta-se a história de certo rabino, de nome Salomão, 0 qual, por acidente, caiu em um lamaçal justamente quando 0 sábado estava começando. Ele ficou ali e recu- sou-se a permitir que alguém 0 tirasse dali, até que 0 sábado terminou. Os fanáticos sempre erram, em bora se julguem os mais piedosos dentre os homens. Alguns ho- mens confundem 0 fanatism o com a espiritualidade genuína, e 0 legalismo com a sabedoria.

16.30

Descansou 0 povo. Este versículo diz-nos que Moisés firmou esse ponto e reforçou 0 descanso em dia de sábado. N inguém ousou desobedecer, pelo me- nos por algum tempo. Quanto a esse particular, os israelitas deram um exem plo de obediência para todas as gerações seguirem . Lendo entre as linhas, vemos aqui um a espécie de reforço da antiga lei referente ao sábado, uma reinauguração da prática para os israelitas de depois do êxodo.

16.31,32

O M e m o ria l do M aná. O m a ná ficou ligad o ao sábado, to rnan do-se um m em oria l por seu p róprio d ire ito , um a lição ob je tiva da prov idênc ia m iracu losa de Deus. Assum iu seu luga r en tre os ou tros m em oria is , com o as três festas: a páscoa, os pães asm os e a ded icação dos prim ogênitos (ver as notas a respeito de las em Êxo. 12.1 e 13.1). Há no D ic io n á rio um a rtigo separado sob re cada um a dessas festas. O m em oria l do m aná não recebeu um dia especial de ceie- bração, mas com partilhou das com em orações do sábado. A lém disso, um ôm er de maná foi guardado d ian te da arca da aliança, a lgum tem po mais tarde, a fim de conservar um lem brete bem fresco do m ilagre na m em ória do povo de Israel. Este versículo não fala sobre a guarda do maná diante da arca, mas parece que foi isso 0 que 0 au tor sagrado tinha em mente. Ou, então, conform e outros pen- sam , M o isés prev iu p ro fe tica m en te 0 que se ria fe ito no fu turo . Não nos é dito, porém, com o 0 maná foi guardado e exibido, antes da arca ter vindo à existência. Todavia, a pa lavra “T e s tem u nho” , que ap arece no vs. 34 deste cap itu lo , quase ce rtam e n te é um a a lusã o à a rca da a liança . A ss im sendo, devem os en tender que aquilo que foi feito, em fo rm a prelim inar, m ais tarde foi formalizado, quando 0 receptáculo para 0 maná foi posto d ian te da arca da aliança, no tabernáculo (a tenda arm ada no deserto). Essa tenda foi depois incorporada, em sua essência, no tem plo de Jerusalém .

Coentro. No hebraico, gad, um termo que figura apenas por duas vezes na Bíblia: Êxo. 16.31 e Núm. 11 .7 .0 coentro é um a sem ente aromática redonda. A planta do coentro (Coriandrum sativum ) medra nativa na Palestina e em países circunvizinhos. Suas sementes são globulares, e, quando secas, são agradáveis ao paladar e ao olfato. Podem ser salpicadas com açúcar, tomando-se uma espécie de confeito. As sementes de coentro eram usadas para dar sabor aos alimentos. Estamos infom ados de que as partículas do maná tinham 0 formato de sementes de coentro. Modernamente, usa-se 0 coentro para dar maior sabor ao gim, ou, então, para dar certo sabor aos doces ou ao pão.

O m aná era b ranco (co n fo rm e se lê no vs. 14) e tinha gosto com o de mel, to rnando-o ap ropriado para se rv ir de a lim ento ou para ser ad ic ionado a outros a lim entos . O trecho de N úm e ros 11 .8 d iz -nos que 0 gos to era com o de “bo los am assados com aze ite” . O s bolos e bolos folhados, usados pelos egípcios, pelos gregos e por outros povos antigos, com o oferendas, ordinariamente com punham- se de far inha de trigo, aze ite e mel. De aco rdo com um a trad ição juda ica (cf. 0

livro de Sabedoria 16.20,21), 0 gos to do m aná variava de acordo com 0 desejo de quem 0 com ia, podendo se r ,tem perado con fo rm e 0 gosto de cada h o m em '” (Ellicott, in loc.).

16.33

Um ômer cheio de maná. Esse memorial é descrito como “de ouro” , na Septuaginta, que foi posto diante da arca da aliança (vs. 34), no tabernáculo (ver a respeito no D icionário). Ver detalhes sobre isso nas notas sobre os vss. 31,32. O Targum de Jonathan cham a -0 “de barro” , e outros chamam-no “de cobre” . O trecho de Hebreus 9.4 concorda com a Septuaginta.

sábado. Adem ais, no sexto dia houve dupla po rção de maná. V er as no tas sobre 0 vs. 22 quanto aos e lem entos do m ilagre; e ver no D ic ioná rio 0 artigo cham ado M aná , quanto a exp licações natura is do fenôm eno. Ver a introdução ao prim eiro versículo deste cap itu lo quanto a lições metafóricas e espirituais re lacionadas ao maná.

M oisés usou a qu estão do m aná para re s tabe le ce r a ob servância do sába- do. Mui provavelm ente , isso já v inha sendo observado de m aneira form alizada. E é possível que, nessa ocasião, 0 sábado tenha sido re inaugurado. No mínimo, M o isés re fo rço u a ne cess idade de 0 sáb ado ser o b se rvad o jun tam en te com a questão do maná.

16.25

O sábado é do Senhor. Ou seja, era um dia de culto religioso, adoração, meditação e práticas religiosas. Mas sem trabalho manual; sem cozimento de alimentos; sem recolhimento de maná nos campos. Afinal, 0 maná não estava ali para ser recolhido, no dia de sábado. Estava sendo preparado 0 cam inho para a entrada do sábado no decálogo (Êxo. 20.8-11). Depois disso, inúmeras regras adicionais viriam complicar a questão, até tomar-se uma carga muito difidl de ser levada.

16.26

Seis dias de recolhimento de maná; seis dias de trabalho (Êxo. 20.8); mas no sétimo dia, descanso (Êxo. 20.10). Ao homem foi ordenado trabalhar. Aquele que cai no ócio por seis dias, não presta um serviço a Deus se observa um dia de comemora- ções e serviços religiosos. Por outra parte, aquele que nada faz senão trabalhar, mas esquece-se de seus deveres religiosos, está trabalhando em demasia.

“Na civilização não há lugar para 0 ocioso. Nenhum de nós tem direito ao lazer" (Henry Ford).

A usência de ocupação não é descanso.A m ente vazia é um a m ente desassossegada.

(William Cowper)

Ver Provérbios 6.6.

16.27

Em Israel, indivíduos cob içosos ignoraram tudo quanto Moisés tinha dito. Tal- vez a lgum as pessoas tivessem com ido g randes qu antidades de maná, e ainda queriam mais. Eram glutões, 0 que é um pecado que muitos ignoram, pois quase todas as pessoas com em demais. V e r na E ncic lopéd ia de B íb lia , Teologia e Filo- so fia 0 artigo cham ado G lutão, qu anto a um a d ia tr ibe con tra esse pecado. Ver Deu. 21.20; Pro. 23.20,21; 28.7; Mat. 11.19; Luc. 7.34; Tito 1.12. Na mesma obra ver 0 verbete chamado Vício.

Também é possíve l que houvesse pessoas que não comiam demais, mas que não tinham fé suficiente e queriam ter certeza de que não sofreriam escassez de maná. E talvez alguns saíram ao cam po para colher 0 maná, a fim de testar 0 que M o isés tinha dito. Ele d issera : “ N inguém deve sa ir a co lhe r 0 m a ná” . Mas eles retorquiram: “Será isso verdade?” . E os curiosos saíram a campo, a fim de verificar se havia ou não maná. Seja com o for, sem importar qual a reação das pessoas, as que saíram à cata do maná “não 0 acharam ” . E assim averiguaram a veracidade da declaração de Moisés. Foi um pequeno serviço de com provação, em bora nin- guém haveria de aprovar os que assim agiram . “Os infiéis ficaram desapontados” (J. Edgar Park, in loc.).

16.28

Eles tinham quebrado tanto a fé quanto 0 sábado. Fizeram aquilo que era proibido, uma forma de trabalho manual. Dessarte, dem onstraram sua falta de confiança na provisão divina, a despeito de todas as maravilhas que já haviam testemu- nhado.

“O na rrador tinha um claro in te re sse d idá tico . O cu ida do pro te to r de Deus manifestou-se em prol daqueles que guardaram as leis sabáticas, 0 que foi confir- mado pelo duplo suprim ento de maná. Mas agora, com o então, a lguns se recu- sam a guardar os m andam entos, ou seja, não exercem fé na revelação do êxodo” (J. Edgar Park, in loc.).

A forte ênfase da narrativa sobre 0 sábado mostra-nos que 0 sábado havia caído em desuso. Agora, precisava ser instalado de novo, e a questão acerca do maná deu a Moisés a oportunidade de fazer isso.

16,29

Este versículo repete 0 que já se havia dito antes. Ver os vss. 4, 16 e 19. Moisés instalou novamente 0 sábado, e reforçou a questão ao não permitir que as pessoas saíssem ao cam po para recolher 0 maná, sob hipótese nenhuma. Ele

Page 81: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO376

lugar, a água de novo (ve r Êxo. 15.23) to rnou -se um p rob lem a (Êxo. 17.1-7). T a m bé m tive ra m de e n fre n ta r in im ig o s e o b te r v i tó r ia s em b a ta lh a (vss. 8 -16). Essa é a seg unda das trê s na rra t iva s que en vo lvem a questão sede (ver ta m b é m N úm . 2 0 .1 -1 3 ). A s s im , e n c o n tra m o s as lo c a liz a ç õ e s M a rá -M a s s á (1 5 .22 ); M a s s á -M e rib á (1 7 .7 ) e M e r ib á -C a d e s (N úm . 20.1 ss.). A lg u n s c rit i- cos tê m p e n s a d o que to d o s os trê s re la to s d e p e n d ia m de um a ú n ica fo n te in fo rm ativa , en vo lve n d o um só aco n te c im e n to , mas que ou tras m ãos 0 m u lti- p lica ram . M as um po vo que v a g u e o u pe lo d e se rto du ra n te q u a re n ta long os anos sem d ú v id a p re c iso u e n fre n ta r m u ita s c r ise s de fa lta de água. Q ua n to ao tem a, p re d o m in a 0 a sp e c to de d e s o b e d iê n c ia e m u rm uração . O p r im e iro re la to p in ta Is ra e l a p ro v e r a Is ra e l um a lei ou e s ta tu to m e d ia n te 0 qu a l a f id e lid a d e d e le s se ria s u b m e tid a a te s te . O seg u n d o i lus tra 0 e sp ír ito de re- b e ld ia dos f i lh o s de Israe l. O te rc e iro re la ta a p ró p ria fa lta de fé de M o isés. A lgum a s vezes, as pe ssoas são tes ta d a s qu anto à á rea das suas necess ida- des b á s ic a s . O s m a is a b a s ta d o s sã o te s ta d o s q u a n to a o u tra s á re a s . Mas to d o s os c re n te s sã o te s ta d o s de um a m a ne ira ou de ou tra . Um a sp ec to ine- rente a esses tes tes é 0 de se n vo lv im e n to , sendo esse 0 p róprio a lvo co lim ado pe los testes a que 0 S enh or nos subm ete .

17.1

Toda a congregação. Esta última palavra ocorre por repetidas vezes, em várias combinações. Ver as notas a respeito em Êxo. 16.1.

D eserto de Sim. Ver as notas sobre esse deserto no Dicionário. Ver também as notas em Êxo. 16.1, que é a primeira ocorrência do termo na Bíblia. Dezenove desertos são mencionados no Antigo Testamento. Não se conhece a localização exata do deser- to de Sim. Mas há várias conjecturas.

Segundo 0 mandamento. A orien tação do Senhor era óbvia a cada passo ao longo do cam inho dos filhos de Israel. E les via javam por decreto e orientação div ina. Nada havia de fo rtu ito quanto aos m ov im entos deles, e até 0 m om ento exato das partidas e das chegadas era d irecionado. Esse é 0 ideal para todos os crentes. Quanto a isso, precisamos buscar e saber qual a vontade de Deus. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Vontade de Deus, com o Descobri-la.

Refidim. Provi um detalhado artigo sobre esse lugar no Dicionário. Também não se sabe sua localização exata, embora ficasse na região em torno de Cades (Núm.20.1), perto do monte Horebe. “Os amalequitas (vs. 8), que atacaram Israel aqui, viviam nessa área do Neguebe e na extremidade sul da península, onde uma antiga tradição acerca do Sinai tem levado exp loradores a procurar por esse ponto de parada” (J. Edgar Park, in loc.).

“ R e fid im , t ra d ic io n a lm e n te , é a tu a lm e n te id e n t i f ic a d a co m o 0 w ad i Refayld, perto do Jebel M usa, suposto local do m onte S ina i” (John D. Hannah,in loc.).

17.2

Dá-nos água. Essa foi a segunda das três reclamações de Israel, no deserto, pedindo água. Ver as notas introdutórias ao primeiro versículo deste capítulo. O povo achou falta em Moisés, mas este lhes apontou Yahweh, Aquele que proveria água para eies. Moisés julgou a questão como falta de fé, como um ato que “tentava a Yahweh", considerando todas as provisões miraculosas que já tinham ocorrido. Ver as notas da- das em Êxo. 15.22, quanto a idéias concernentes ao problema da falta de água, em tais lugares.

O povo de Israel usou essa questão para desafiar 0 direito de liderança de Moisés. O povo irou-se, estando pronto a apedre jar Moisés, a menos que ele conseguisse água, prontamente (vs. 4).

17.3

Murmurou contra Moisés. A murmuração dos filhos de Israel é um tema muito repetido nos livros de Êxodo e de Números. Ver as notas em Êxo. 14.10, onde há referências a todos os incidentes dessa natureza. O ato implicava falta de fé e rebeldia, além de ser um desafio à liderança de Moisés.

Para nos matares de sede. Israel escapou a várias ameaças à vida inerentes nas pragas (ver no D ic ioná rio 0 a rtigo P ragas do Egito). Porém, tendo fug ido do Egito, continuou a enfrentar perigos mortíferos no deserto, assim realmente precisava da proteção e das provisões de Yahweh, não menos do que se estivesse no Egito. Este versículo reitera a declaração de Êxo. 14.10-12. Naquele caso, 0 exército egípcio prometera e fe tuar um exterm ín io do povo de Israel, e os israelitas imediatamente preferiram voltar à escravidão, no Egito, tendo iançado a culpa sobre Moisés, por havê-los libertado.

Heródoto (H ist, iii.26) conta sobre um exército inteiro que morreu no deserto, por falta de água. Navios têm perdido sua tripulação por motivo de sede, havendo “água, água por toda parte, mas nem uma gota para beber” .

O Filósofo e a Pedra. Um bem conhecido filósofo costum ava levar uma pedra no bolso. Um dia, remexendo no bolso em busca de um lápis, acabou tirando dali a pedra. A lguém lhe perguntou: “Que é isso?” . E ele informou à pessoa que um dia, seu filho pequeno lhe havia dado a pedra com o um presente especial. Nada havia de especial na pedra, mas para 0 menino ela era especial. Por isso, também tomou- se especial para 0 pai, e ele a levou no bolso por muitos e muitos anos. É bom nos lem brarm os daquilo que é prec ioso e sagrado, podendo haver algum objeto físico que sirva de lembrete acerca disso. Eu mesmo tenho uma pequena pedra, tirada da baía de Plymouth Rock, onde abicou na praia 0 navio vindo da Inglaterra ao chegar em território do que haveria de ser os Estados Unidos da América do Norte. Guardo essa pedra no meu guarda-roupa, para lembrar-me daquele grande evento histórico (Plymouth Rock é a São Vicente dos Estados Unidos).

16.34

Testemunho. Cf. Núm. 17.10. A arca, com as tábuas da lei em seu in te rio r, que ficava na tenda do testem unho (0 tabernáculo), está aqui em foco. O autor sagrado comete aqui um pequeno anacronismo, por antecipação. Não nos infor- ma como essa jarra era guardada antes de ser posta no tabernáculo. Ver as notas em Números 17.8 quanto à “tenda do T estemunho”. Aprendemos em N ú m eros17 .10qu e a vara de Arão foi posta diante da arca. O trecho de Hebreus 9.4 diz que tanto a vara quanto 0 maná foram postos dentro da arca, uma pequena (provavelmente por descui- do) discrepância do autor daquele livro. Ver no Novo Testam ento interpretado sobre Hebreus 9.4, quanto a uma explicação sobre 0 problema. Os ham onistas supõem que durante parte de sua história a arca continha a vara e 0 maná, mas isso parece ser uma daquelas instâncias de harmonia a qualquer preço. A questão, todavia, só tem impor- tância para os fanáticos, os céticos e os ultraconservadores.

Estritamente falando, 0 Testemunho refere-se às duas tábuas da lei (Êxo. 25.16; 31.18; 32.15; 34.29), postas dentro da arca da aliança. Ver II Crônicas 5.10 quanto à enfática deda- ração de que nada havia na anca, exceto as duas tábuas da lei.

Deus testificou aos homens no tocante à Sua vontade. Sua própria santidade pre- cisa ser duplicada nos homens. Ele lhes revelou a Sua mente. Ver no D icionário 0

artigo chamado Dez Mandamentos.

16.35

Quarenta anos. Todo 0 período de testes no deserto. V er no D icionário os artigos intitulados Q uarenta e N úm ero (N um eral, N um erolog ia). O prolongado período de tempo durante 0 qual 0 maná continuou sendo dado com o pão ao povo salienta a grandiosidade do milagre. Foi um a provisão a longo termo, que durou 0

tempo exato da necessidade. Vemos nisso a providência de Deus (ver sobre isso no Dicionário).

P or tanto tem po Teu p o d e r m e abençoou,E p o r certo continuará a m e guiar.

(John Heniy Newman, “Lead, K indly L igh t)

O autor sacro contempla de volta 0 evento, depois da terra de Canaã já haver sido conquistada. E a lguns erud itos frisam esse de ta lhe com o um anacron ism o, um a prova de autoria não-m osaica. Os e rud itos conservadores supõem que um editor posterior adicionou 0 detalhe. Esse ed itor poderia ter sido Esdras, 0 escriba; mas isso não nega que 0 vo lum e m a io r do liv ro (e do P enta teuco ) tenha sido escrito por Moisés. Ver um problem a sim ilar em Êxo. 15.17, onde Sião, sem dúvi- da, está em vista, 0 que situa a com posição daquele versículo depois dos dias de Salomão.

16.36

Ô m er. Essa antiga medida é aqui mencionada porque foi designada, no vs. 16, com o a quantidade média que um homem com ia a cada dia. Assim, deveria ser a quantidade que cada hom em deveria recolher diariamente. Essa medida era de certo de um quilograma, pelo que 0 efa (também mencionado neste versículo) teria cerca de dez quilogramas. Provavelmente essa pequena in fom ação também te■ nha sido uma adição posterior, feita por algum editor familiarizado com 0 sistema de pesos e medidas que Israel veio a adotar.

Capítulo Dezessete

A Água da Rocha, em Redifim (17.1-7)

A p ro v id ê n c ia de D eus (ve r a re sp e ito no D ic io n á rio ) c o n tin u a a ser um do s te m a s b á s ic o s do l iv ro de Ê x o d o . Is ra e l, a g o ra fo ra do E g ito , e te n d o u ltrapassa do as c rises p re lim ina res da ág u a e da a lim e n taçã o , agora en fren - ta v a n o vo s p ro b le m a s qu e re q u e r ia m a p ro v is ã o de Y a h w e h . Em p r im e iro

Page 82: At Interpretado- Êxodo

377ÊXODO

A Rocha, um Tipo de Cristo:1. Ela se tornou um em blem a de Cristo, em Suas qualidades doadoras de vida,

po is a água é essenc ia l à v ida (I Cor. 10.4). A Rocha (Cristo) m anou águalivremente.

2. Um povo inteiro, embora indigno, ainda assim bebeu, mediante a graça de Deus (Êxo. 17.6; Efé. 2.1-6).

3. A água era gratuita (João 4.10; Rom. 6.23; Efé. 2.8).5. A água era abundante (Sal. 105.41; João 3.16; Rom. 5.10).5. A água estava próxima, de fácil acesso (Rom. 10.8).6. Os israelitas tiveram apenas de exercer vontade, para tomarem da água (Isa. 55.1).7. A R ocha (C ris to ) fo i fe r id a , e de la m a nou 0 E s p ir ito Santo , 0 qua l é s im -

b o liz a d o p e la á g ua . V e r no D ic io n á r io 0 a r t ig o Á g u a ; v e r ta m b é m Joã o 7.38.A s e x p lic a ç õ e s n a tu ra lis tic a s in c lu e m a q u ilo qu e a p o n ta p a ra 0 fa to de

que a água jaz aba ixo da sup erfíc ie ca lcár ia da reg ião do S inai, e que Moisés, po r m ero a c id e n te , a c e rto u um p o n to de sa íd a da á g ua , ao b a te r na rocha, fa ze n d o 0 l íqu id o e s g u ic h a r até a su p e rfíc ie . M o isé s te r ia fe ito ap enas 0 tra -ba lho de um ra bdom ante , com a sua vara!

17.7

Massá. E sse vo cá b u lo s ig n if ic a “ te s te ” ou “te n ta çã o ” . A a lusão é ao fa to qu e ali os is ra e lita s te n ta ra m Y a h w e h (vs. 2). E ssa p a la v ra é t ra d u z id a po r “ f la g e lo ” em Jó 9 .2 3 , e p o r “ te n ta ç ã o ” em D eu. 4 .3 4 ; 7 .1 9 ; 2 9 .3 e Sal. 95 .8 . E ssa p a la v ra ta m b é m re fe re -s e ao fa to de que Israe l fo i te s ta d o pe la sede, no de se rto , e, en tão , fo i fo r ta le c id o na fé , d e v id o ao re su lta d o fa vo rá ve l do inc idente.

M e r ib á . E ssa p a la v ra s ig n if ic a “ ra lh a r” ou “q u e re la r” (sua ra iz é r ib ou ru b ). A re fe rê n c ia é com o 0 po vo re p re e n d e u M o isés, e n tran do em ca lo roso debate com ele (vss. 3,4), chegando ao extrem o de querer apedre já-lo.

As águas de Meribá têm sido iden tificadas com Cades, em Núm eros 20.13. Os do is te rm os (M assá e M e ribá) to rn a ra m -se s inôn im os da “du reza de cora- ção” e da “ in fide lidade” de Israel. V e r Deu. 6.16; 9.22; 33.8; Sal. 95.8.

“ Está 0 S enh or no m e io de nós, ou nã o ? ” E ssa fo i a pe rgun ta desa fiado - ra de les, po is du v id avam de que Y ahw eh de fa to estivesse entre eles, ou que M o isés tivesse receb ido a u to rida de da pa rte Dele. Assim , ten ta ram a Yahw eh e q u e re la ra m com M o isé s . A p e rg u n ta fe ita p o r e les , fo sse com o fo sse , fo i um a p e rgun ta c rít ica pa ra tod a e q u a lq u e r fé re lig iosa . Não ex is te verdade ira e sp ir itu a lid a d e sem a p re se n ça do S enh or. M o isés, po is , teve de p rova r que a p resença de D eus e s ta va en tre e les . De que p ro va s d ispo m os? M eros cre - dos não são sufic ien tes . C re r em credos tam bém não basta.

“ Meribá era um a das fon tes que havia em Cades (Núm . 20.13; 27.14; Deu. 32.51). Mara (Êxo. 15,23) e M assá, com o é evidente, eram fon tes que havia em um m esm o oásis . A lgum a s tra d ições, re la tivas ao trecho de Êxo. 15.23-18.27, fa lam em um oás is ao sul de B erseba (ve r Núm . 13.26 e suas no tas)” ( O xfo rd A nno ta ted B ible, in loc.). Esses nomes, em um contexto diferente, designam fon- tes de água.

Fonte Tu de toda bênção,Vem 0 can to m e insp ira r;Dons de Deus, que nunca cessam ,Quero em alto som louvar.Oh! ensina 0 novo canto Dos rem idos lá dos céus.Ao teu servo e ao povo santo Para Te louvam os, bom Deus!

(Robert Robinson)

Amoleque Ataca os Israelitas (17.8-16)

17.8

A m a le q u e . Is ra e l te ve de p a s s a r po r vá r io s te s te s . H ouve 0 a ta q u e do exé rc ito eg ípc io , no in íc io da sa íd a de Is rae l (Êxo . 14.23 ss.); houve fo m e e sede (15.23; cap. 16; 17.1 ss.); e ag o ra havia 0 a taque dos am alequ itas, um a crise m ilitar, típ ica do que po d e ria te r re duz ido 0 povo de Israel a nada, an tes m e sm o de e le s e n tra re m na T e rra P ro m e tid a . A h is tó r ia i lu s tra um a n tig o e con tín u o atr ito en tre Israe l e A m a le q u e . M as M o isés, e rguen do as m ãos, fez Israel p reva lece r, en quan to Josu é lide rava as fo rças de Israel. A liderança e 0

poder de M oisés, um a vez m ais, e de um a m ane ira d ife rente , foram ilustrados e c o n firm a d o s ; e isso fo i um a s s u n to im p o rta n te ao s o lho s do a u to r do Penta teuco. V e r as no tas sobre A m aleque, em Gên. 36.12. V e r no D ic ioná rio 0

a rtig o cham ado A m a le q u ita s . O s am a lequ ífas e ram aparen tados dos idum eus (descendentes de Esaú, irm ão de Jacó), con fo rm e se vê em Gên. 36.12. A tra- vés de vários sécu los, e les estive ram em cam panha m ilita r pe rm anente con tra

A fé religiosa por muitas vezes nos leva até a uma rocha, estéril e seca, onde não há água. Podemos falar em apelar para nossos próprios recursos, ou para outras coi- sas que as pessoas dizem. Mas há ocasiões em que Deus precisa intervir, pois, de outra sorte, nada será conseguido. O Senhor está ou não entre nós? Essa é uma pergunta vital. Os testes tendem por ensinar-nos, embora pelo método difícil, que Deus está sempre presente, pronto para ajudar-nos.

Nossos rebanhos? Os vastos rebanhos de Israel tornavam quase impossível a tarefa de conseguir água para os animais, e só Yahweh poderia conseguir tal feito. Tipicamente, os desertos são mui pouco povoados. Mas Moisés lançou ao deserto uma nação inteira, os homens e seus animais domésticos, e isso provocou crise em cima de crise.

17.4

Só lhe resta apedrejar-me. Esse era 0 m étodo m ais com um de execução cap ita l em Israel. Ta m bé m hav ia a exe cução na fo g ue ira (Lev. 20.14). Ao que parece, os corpos dos execu tados por a p ed re jam e n to eram en tão consum idos nas cham as. V er no D ic io n á rio os a rtigos in titu lados A ped re jam en to e P un ição C apita l. D iante das águas am argosas de M ara (Êxo. 15.23), 0 povo queixou-se am argam en te , m as não houve ne nhum a in ic ia tiv a pa ra a p e d re ja r M oisés. As- sim sendo, as coisas estavam piorando e 0 teste estava cada vez m ais difícil de enfrentar.

O apedrejamento era um a espécie de lincham ento aprovado, a fim de livrar a nação de pecadores ou crim inosos perigosos (I Sam. 30.6). De súbito, Moisés tor- nou-se uma persona non grata. Cf. Êxo. 8.26, onde os israelitas tem eram que os egípcios pudessem apedrejá-los.

Pessoas culpadas de várias formas de incesto eram apedrejadas. Ver 0 gráfico ilustrativo nas notas sobre Levítico 17.14.

17.5

O s A n c iã o s de Is ra e l e a V ara de M o isé s . Q u a n to a essa vara , ve r Êxo. 4.2. V e r as no tas sobre Êxo. 7 .14 , que ilus tra m 0 uso da vara quanto à ques- tã o da s p ra g a s . E ssa va ra a g o ra fa r ia e s g u ic h a r á g u a da ro ch a . V e r Êxo. 7 .1 7 ,20 , q u ando M o isé s ba teu nas á g u a s do N ilo com a va ra . Em resu ltado , as ág uas do Nilo tra n s fo rm a ra m -s e em s a n g u e , e esse fo i 0 p ro d íg io da pri- m e ira p ra g a do E g ito . E o u tra s p ra g a s v ie ra m em s e g u id a . A g o ra M o isé s e sp e ra va ou tro g ra n d e m ila g re , p o rq u a n to 0 m e sm o Y a h w e h c o n t in u a v a a da r or ien tação.

Os anciãos de Israel estavam presentes para testemunharem 0 milagre, levando 0

povo a ter confiança quanto às provisões e à proteção de Yahweh, 0 qual estava sem- pre com eles.

Cada um desses prodígios tinha seu papel didático; cada um deles ajudava Israel a crescer; muitas lições repetidas foram necessárias para que houvesse crescimento na graça. Ver no Dicionário 0 artigo Desenvolvim ento Espiritual, M eios de. O toque místico figura entre esses meios. A lgumas vezes precisamos da evidência da presença de Deus entre nós.

17.6

Estarei ali diante de ti. Yahweh postar-se-ia diante de Moisés, quando chegasse 0 m om ento de re a liza r 0 m ilag re. Te m os aí um im press ion an te e e ficaz antropomorfísmo. Ver no D icionário 0 artigo cham ado A ntropom orfism o. Mas isso não quer dizer que 0 poder de Deus não esfivesse presente; tão-somente a linguagem humana encontra dificuldades para exprimir coisas dessa natureza.

A rocha em Horebe. Ver no D ic ionário acerca desse monte. Ouvim os a seu respeito desde 0 começo do livro de Êxodo. Ver Êxo. 3.1, onde ofereço notas adicio- nais. Foi ali que, inesperadamente, manifestou-se a presença do Senhor.

O termo Horebe parece que designava a inteira serra montanhosa da qual 0 Sinai fazia parte. Talvez Horebe e Sinai fossem apenas picos de uma mesma serra. Em Êxo.19.1, lemos que Israel acampou no Sinai. Ver ali as notas expositivas. Refidim (vs. 1) ficava perto do Sinai.

Lendas foram criadas acerca da rocha que produziu água. O Targum de Onkelos, ao com entar sobre 0 trecho de Números 21.17, dá-nos a declaração espantosa de que essa rocha, em seguida, seguia sem pre 0 povo de Israel, sempre pronta para suprir água. Paulo, em I Coríntios 10.4, conform e alguns pensam, referiu-se a essa tradição com seriedade. Ver notas com pletas sobre essa questão no Novo Testa■ m ento Interpretado, in loc. Seja como for, há uma referência neotestamentária meta- fórica que faz a Rocha ser 0 próprio Cristo. Talvez haja nisso um indício da atuação do Logos, antes de Sua encarnação, no deserto, em favor de Israel. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Rocha Espiritual, com comentários adicionais sobre I Coríntios 10.4, no Novo Testamento Interpretado.

Por nada menos de três vezes, Moisés, a m ando de Deus, fez sa ir água da rocha: em Refidim (Êxo. 17.6); em Cades (Núm. 20 .11), e à beira do poço de Beer (Núm. 21.16).

Page 83: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO378

E visto que Ele me ordena buscar Sua face,C rer em Sua Palavra e confiar em Sua graça,Lançarei sobre Ele todos os meus cuidados,Confiadam ente, na doce hora da oração,

(W. W. Walford)

17.12

Arão e Hur sustentavam-lhe as mãos. Assim a vitória era garantida. Moisés fatigava-se e precisava de ajuda alheia. E isso mostra como nenhum homem pode realizar qualquer tipo de missão significativa sem a ajuda de outros. Vemos neste versículo a idéia de apoio sob a forma de oração, bem como a cooperação voluntá- ria de outros, nos projetos. A ajuda de Arão e Hur determinaram 0 sucesso. Cf. I Reis 18.42. Nas Escrituras, a mão e 0 braço são emblemas de poder (Gèn. 31.29; Miq.2.1). Sem dúvida, esse foi 0 caso neste lance histórico. Houve algo de “intrinsecamente eficaz'’ no que aqueles três fizeram, e não apenas simbólico.

Alguns estud iosos pensam que os braços de Moisés foram mantidos esten- d idos na h o rizo n ta l, 0 que fo rm ar ia um sinal da cruz, con fo rm e sugerim os nas no tas sob re 0 ve rs ícu lo onze , ac im a . T a lve z 0 s ina l de C aim (G ên. 4 .15) e a m arca posta sobre as tes tas dos po tenc ia lm ente salvos (Eze. 9.4) tam bém fos- sem cruzes. Os três hom ens m ostra ram -se to ta lm en te dependentes a Yahweh, pois Israel era Seu filho p rim ogênito (Êxo. 4.22); e era em favor desse “filho" que aqueles hom ens realizaram aquela tarefa.

As mãos de Moisés eram pesadas. C on fo rm e a lguém com en to u : “ Não nos can sam os do tra ba lho , e, s im , no tra ba lho ". E, en tão, p rec isam o s ap e la r p a ra a a ju d a a lh e ia . Q u a s e to d o s os p ro je to s sã o e s fo rç o s de e q u ip e , se t ive rem a lgum a d im e nsão e im p o rtân c ia . S oz inho s, d if ic ilm e n te consegu im os a lgu m a co isa.

17.13

E ntre m e n te s , Josué, 0 jo ve m m ilita r, m o s trou -se e ficaz em seu papel, tal com o aq ue les ho m ens de m a is idade se m o s tra ram na ta re fa de les. A que les que labo ram na sea ra e sp ir itu a l não es tã o em c o m p e tiçã o uns co n tra os ou- tro s . Há m u itas fo rm a s d ife re n te s de ta re fa s , v is to que 0 tra ba lho é fe ito por a q ue les do tados pa ra faze rem co isas d ife re n te s . O corpo hum ano tem muitas funções, mas os m em bros não v ivem em com petição entre si. Antes, cooperam visando 0 bem coletivo . Ver Rom. 12.4 ss e suas notas quanto a essa metáfora. O capítulo doze de I Coríntios re itera essa ilustração.

Na ocasião, a v itória de Israel foi total; mas através dos séculos, muitas ou- tra s v itó r ia s sob re 0 in im ig o fa r -s e - ia m n e cessá ria s . V e r 0 a rtigo sobre os am alequitas, no D icionário , onde a narrativa toda é dissecada.

17.14

Escreve isto para memória num livro. Ali só havia um a m ensagem : os a m a lequ itas te r iam de ser to ta lm e n te ob lite ra d o s . O tre cho de D eute ronôm io2 5 .1 8 fo rn e c e -n o s a ra zã o . F o ra m os a m a le q u ita s que a ta c a ra m p r im e iro Is ra e l, p ro c u ra n d o pô r fim ao “ f i lh o ” de Y a h w e h , an te s m esm o de Is rae l po- d e r c h e g a r à T e rra P ro m e tid a . P o r c o n s e g u in te , a c im a de to d o s os ou tros povos, eles ser iam ob lite rad os , con fo rm e tinham qu erido faze r com Israel. Os a m a le q u ita s , po is , re p re s e n ta v a m to d a s a q u e la s na çõ e s que e n tã o ocupa- vam a te rra de C ana ã . F a z ia pa rte do P a cto A b ra â m ic o (ve r as no tas sobre G ên . 15 .18 , a e sse re s p e ito ) q u e Is ra e l d e v e r ia e n tra r na p o sse da T e rra P rom etida. E, en tão , as tr ib os nô m ade s de Israel tra ns fo rm ar-se -ia m em uma n ação fixa em seu p róp rio te rritó r io . O M ess ia s ha veria de surg ir de ntre essa na ção , e a ss im as p ro v is õ e s do p a c to a b ra â m ic o se r ia m e s p ir itu a liz a d a s e un ive rsa lizad as (Gál. 3 .14 ss.). E q u a lque r povo que ten tasse im pe d ir os pro- p ó s ito s de Y a h w e h q u a n to a Seu f i lh o p r im o g ê n ito , Israe l, te r ia de so fre r as conseqüê nc ias de seu a trev im en to (Êxo. 4.22).

“Os oráculos de Balaão (Núm. 24.14) repetiram essa predição. Visto haver mitiga- do 0 fio cortante do mandamento, em um pequeno detalhe, Saul perdeu 0 favor de Yahweh (I Sam. 1 5 )... Davi lembrou-se da injunção divina (I Sam. 27.8; 30.1). O último remanescente dos amalequitas parece ter sido aniquilado nos dias de Ezequias, cerca de cinco séculos mais tarde (I Crô. 4.41-43). Anotar por escrito um mandamento au- menta a duração de sua validade” (J. Edgar Park, in loc).

Para memória num livro. Já ex is tiam livros m u ito an tes de M oisés (Gên. 5 .1 ; N úm . 2 1 .4 ). D e s c o b e r ta s a rq u e o ló g ic a s no E g ito têm m o s tra d o qu ão ab un d a n te s eram a li os liv ros , d e sd e m u ito an tes da leg is la ção m osa ica . Al- g u n s e ru d ito s tê m p e n s a d o q u e esse liv ro fo i um a e s p é c ie de c o m e ç o do P enta teuco . M as é im po ss íve l p rova r ou não essa con tenção. Ver no D ic ioná - rio 0 a rtigo cha m ado L iv ro (L iv ro s ) q u an to a in fo rm açõ es sobre os liv ros anti- go s . N e s te v e rs íc u lo , p o is , te m o s 0 p r im e iro re g is tro a c e rc a de um a ob ra escrita na Bíblia.

Israel. Meu artigo é bastante detalhado, mostrando 0 que se sabe acerca deles no que tange a Israel. Eles foram alistados entre os povos que ocupavam a terra de Canaã e que Israel precisava expulsar dali. Ver Núm. 13.29; 14.25,43,45. Viviam ao norte de Cades, 0

que consideravam “seu” oásis, lugar de muita água e de refrigério. É possível que a batalha aqui mencionada tenha girado em tomo de Cades.

17.9

Josué. Ele é aqui m encionado sem nenhum a introdução. Ver no D icionário 0

artigo detalhado a seu respeito. Josué era da tribo de Efraim, filho de um homem chamado Num, e estava na décima geração depois de José. Foi um militar de conside- rável valor, 0 que explica sua participação em lides militares desde 0 começo. Mais tarde, foi entregue a ele a tarefa de fazer Israel realmente entrar na Terra Prometida. O trecho de Êxo. 33.11 mostra-nos que ele era auxiliar pessoal de Moisés e seu braço direito. O poder espiritual, entretanto, estava com Moisés, 0 qual ergueu a vara acima da cabeça, para garantira vitória de Josué sobre os amalequitas. Mas a Josué coube dirigir as forças armadas de Israel.

A vara de Deus. Era a vara de poder (ve r as no tas em Êxo. 4.5 ,17). Ver tam bém 0 gráfico nas notas sobre Êxo. 7.14, que ilustram seu uso em relação às pragas do Egito. Os críticos vêem nessa vara a varinha dos mágicos ou conjuradores. Os antigos acreditavam na possib ilidade de derrotar alguém m ediante juramentos e m ald ições. Ver Núm. 22.6. A lguns pensam que 0 déc im o sexto versículo deste capítu lo é um exem plo da essência de um a m a ld ição ou ju ram en to. Os eruditos conservadores, com o é óbvio, objetam a exp licações dessa ordem, em bora admi- tam que ta is coisas faz iam parte das crenças de povos antigos, porquanto vêem neste incidente outro exemplo do poder de Yahweh, 0 verdadeiro poder que havia por trás de Moisés. Temos em Êxo. 17.5 um uso mais recente da vara, com a qual Moisés feriu a rocha em Horebe, da qual esguichou água para dessedentar 0 povo de Israel e seus rebanhos.

17.10

Moisés, Arão e Hur. Eles subiram ao topo do monte para acom panhar a batalha e g a ra n tira vitória de Israel.

Hur. Dispomos som ente de três m enções bíb licas diretas a esse homem: aqui, no vs. 12_ deste capítulo, e em Êxo. 24.14. Mas seus filhos tam bém são mencionados: Êxo. 31.2; 35.30 e 38.22. Q uando Moisés subiu ao monte Sinai a fim de receber as tábuas da lei, A rão e Hur foram de ixados entre 0 povo para manterem a ordem em Israel, durante a ausência do líder. Ao que tudo indica, Hur era “a terceira autoridade”, e, sem dúvida, foi um dos mais poderosos anciãos de Israel. Ver Êxo. 24.14.

Outros indivíduos com esse nome figuram no Antigo Testamento. Ver no D icionário 0 verbete Hur. Josefo d iz que 0 H ur deste texto era marido de Miriã, irmã de Moisés; mas não há com o averiguar se essa informação está correta ou não. V er Antiq. iii.2.4. A lguns autores judeus, porém, faziam dele um filho de Miriã (P irke E liezer, c. 45; S ha lsha le t H akabala, foi. 7.1).

17.11

Quando Moisés levantava a mão. Com as mãos erguidas na horizontal, sua figura formava um a espécie de cruz. Assim, 0 sinal da cruz pode ter sido anteci- pado nesse gesto de Moisés. Seja com o for, a figura da cruz era em pregada por muitos povos antigos. Na India, na China, no Egito, na Grécia, entre os gauleses, no México e, entre os índios americanos, os dakotas, a cm z era um antigo símbolo pré- cristão. A barra horizontal da cruz pode representar encruzilhadas ou lugares de dúvida e decisão. Assim também a vara de Moisés, um cajado de pastor, simbolizava diversas coisas. Símbolos são importantes, mas há exageros quando os símbolos tomam 0

lugar das realidades representadas.

Um Sím bolo da Oração. O direito prevalece quando oramos. O errado prevalece quando os homens se m ostram om issos na oração. Ver no D icionário os artigos intitulados Oração e Intercessão. As poderosas mãos de Moisés já se tinham tomado um símbolo para 0 seu povo. A fé de Israel ia crescendo em todos esses incidentes. De fato, conforme alguém já disse, “0 maior milagre de Deus foi a fé de Israel” .

Vitória e derrota ocorriam em fluxos e em ciclos. Q uando as mãos de Moisés estavam erguidas, a vitória era obtida; mas quando elas caiam de pesadas, a derrota dos israelitas se evidenciava. Assim tam bém , a vitória e a derrota ocorrem em nossa vida, por muitas vezes dependendo de nosso uso ou negligência dos recur- sos espirituais. Esse uso ou negligência normalmente depende de como valorizamos ou desprezamos os meios de desenvolvim ento espiritual. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Desenvolvimento Espiritual, M eios do.

Moisés tornou-se conhecido com o homem cujas orações eram poderosamente eficazes. Sua fama cresceu mesmo entre os escritores pagãos (Apud Euseb. Praepar. Evang. 1.9 c.8, par. 411). Isso também foi enfatizado em vários dos Targuns dos judeus. Cf. I Tim. 2.8, provavelmente uma alusão a este versículo.

Page 84: At Interpretado- Êxodo

379ÊXODO

consigo muitas idéias e práticas de seus quarenta anos de vida no deserto, onde trabalhava para Jetro. Ver Êxo. 2.18 ss. e cap. 3. V er no D ic ionário 0 artigo sobre Jetro. Ele é cham ado R e u e le m Êxo. 2.18 e Núm. 10.29. Há um a possível confu- são de nom es que aquele m eu a rtigo ten ta so luc ionar. Ver tam bém sobre R eue l (R aguel), segundo item.

“0 sacerdote de M idiã ce lebrou um a re fe ição sagrada e aconselhou Moisés acerca da adm in is tração da le i” (O xfo rd A n n o ta te d B ib le, in loc.).

M uitos e ru d ito s c o n se rva d o re s , bu sca n d o s in g u la r id a d e pa ra Israe l, su- põ em que M o isé s p o d e ria te r to m a d o p o r e m p ré s t im o ap enas de ta lh e s tr iv i- a is de a lgu ém , po is su a rea l fo n te de in fo rm a çã o e p rá tica seria a re ve lação div ina.

M oisés teve um a grande co n fro n ta çã o com os am alequ itas (Êxo. 17); mas com Jetro ele teve um a co n fra te rn iza çã o . A um entando os problem as de Israel, au m en ta ram tam bém os p ro b le m a s de M o isés. Je tro tin h a m u ita exp e riên c ia po r h a ve r a d m in is tra d o as q u e s tõ e s de sua tr ib o , e ass im d e tin h a 0 “ know - ho w ” cap az de a ju d a r M o isé s . M u ito s p e q u e n o s d ita d o re s do m undo c ris tã o fariam bem em to m a r no ta da so luçã o que este cap ítu lo o fe rece para os deve- res administra tivos.

18.1

Jetro. Ver sobre ele 0 artigo no Dicionário, e consultar as notas introdutórias sobre este capítulo, quanto a outras idéias, bem como sobre a essência deste capítulo. Ver Êxo. 2.18 ss. e 0 cap. 3 quanto à longa permanência de quarenta anos de Moisés em companhia de Jetro. Ver sobre a Hipótese dos Q ueneus nas notas introdutórias a este capítulo.

Como 0 Senhor trouxera a Israel do Egito. N ão t in h a s id o p e q u e n a a re a liza çã o de M o isé s : t i ra r Is ra e l do E g ito . Je tro e n tend eu que seu ge n ro se tin h a tra n s fo rm a d o em um g ra n d e ho m e m , e lhe fez um a v is ita de co r te - s ia . V e io ch e io de b o a s s u g e s tõ e s p a ra a ju d a r M o isé s n a q u e le e s tá g io de sua m is s ã o . D e u s s e m p re e n v ia a lg u é m p a ra a ju d a r-n o s , q u a n d o n o ssa s m is s õ e s a t in g e m a lg u m p o n to c r í t ic o . A c h a m o s um o r ie n ta d o r, um c o n se - lhe iro , um s o c o rre d o r f in a n c e iro , a lg u m c o o p e ra d o r ou co m p a n h e iro de ta - re fas . N o ssas m issõ e s são im p o rta n te s . T u d o q u a n to fa ze m o s é im p o rta n - te , e e n c o n tra m o s a ju d a n te s d iv in a m e n te d e s ig n a d o s , q u a n d o de le s p rec i- sa m o s . A lg u n s no s a ju d a m a to m a r d e c is õ e s ce r ta s ; o u tro s nos a ju d a m a re a liz a r p ro je to s im p o rta n te s ; a in d a o u tro s nos o r ie n ta m em m o m e n to s crí- t icos de nossas vidas.

18.2

Os vss. 2-4 recapitu lam questões que já tinham sido abordadas. Ver Êxo. 2.22; 4 .2 0 ,2 5 .0 trecho de Êxo. 4.20 ad ianta que M oisés tinha levado para 0 Egito sua mulher e seus filhos. A con tinuação do re lato não diz que ele a enviou de vo lta a seu pai, mas podem os supor que ele fez isso com o medida de segurança. Muitos hom ens enviam para luga r seguro esposa e filhos, na esperança de cham á-los uma vez cessadas as hostilidades. As tradições posteriores dos judeus dizem que, a pedido de Arão, Moisés enviou sua esposa e seus filhos de volta a Jetro. E mais tarde Jetro, supondo que as d ificuldades maiores de Israel tinham passado, devol- veu-lhe a esposa.

Zípora. V er 0 a r t ig o sob re e la no D ic io n á rio , bem com o as no tas sob re Êxo. 2.21 .

18.3

Moisés e Zípora tinham dois filhos:

Gérson. Esse era 0 nome de um dos filhos de Moisés. Ver informações sobre ele em Êxo. 2 .22, em notas que incluem 0 sentido desse nome, refletindo as circunstâncias de Moisés quando Gérson nasceu.

18.4

Eliezer. V er no D ic io n á rio 0 a r t igo sob re esse nom e (a pe la tivo de várias p e sso a s re fe r id a s na B íb lia ), no seu te rc e iro item . É pro vá ve l que ele ten ha s ido a criança que Z ípo ra c ircun c idou no deserto , con fo rm e 0 reg is tro de Êxo. 4 .25 . G érson teve um filho , e, nos d ia s de D avi, hav ia m u itos de sce n d e n te s de le (I C rô. 2 3 .2 7 ). E sse no m e q u e r d iz e r “ D eus é a m inh a a ju d a ” . “N ão há certeza se M o isés lhe deu esse nom e an tes de separar-se de le , em a lusão ao fa to de te r escapado do Faraó, que tinha p rocura do m a tá-lo (Êxo. 2.15), ou se lhe deu esse nom e quando 0 recebeu de volta , em a lusão a seu recente esca- pe do exérc ito eg ípcio que foi des tru ído às m argens do m ar V erm elho” (E llicott, in lo c .). Sem im p o rta r co m o te n h a s ido , M o isé s deu esse no m e a seu fi lh o com o com em oração por haver escapado da espada do Faraó, em a lgum a oca- sião não-especificada.

Repete-0 a Josué. Foi Josué quem deu início aos efeitos dessa tremenda maldi- ção, tendo recebido a responsabilidade primária de pô-la em execução em seus dias. Ver sobre a escrita de Moisés nas notas sobre Êxo. 24.4.

Hei de riscar totalmente a memória. Temos aí a feitura de uma espécie de pacto sacrificial, uma maldição divina que finalmente seria absoluta, embora se tivessem pas- sado séculos para que se cumprisse cabalmente.

17.15

Um altar. Moisés erig iu um a lta r especia l, que com em orava a v itória sobre os filhos de Am aleque. Ele 0 cham ou de Y ahw eh n iss i, que s ign ifica “s ina l” ou “bande ira de Y a h w e h ” . O s in a l m o s trou -se in tr in se ca m e n te e ficaz, cum prindo todas as suas intenções. Por isso m esm o, Jose fo a jun tou que 0 sen tido desse títu lo é Yahweh é A que le que faz co isa s p a ra m im (A n tiq . i ii.2.5). Isso, por sua vez, s ign ifica que Y ahw eh é 0 S e n h o r-C o n q u is ta d o r. Por ass im dizer, Yahw eh foi a bandeira sob a qual Israel lu tava, a ga ran tia de v itória de que Israel dispu- nha. O no m e de D eus é e x ib id o p o r a q u e le s que tra b a lh a m p a ra E le ; e, na força desse nom e, e les ve n cem . M o isé s e r ig iu um a lta r pa ra p re se rva r a me- m ória da in te rvenção d iv ina em fa vo r de Israel. N ão se sabe d izer, entre tanto , se esse a lta r v isava re ce b e r h o lo ca u s to s , ou se e ra ap e n a s um m o num e n to m em oria l.

Muitos outros a ltares tinham sido levan tados an tes ou foram levantados de- pois, mas som ente esse altar de Moisés, e aquele levantado por Jacó (chamado E l-E o h e -Is ra e l), seg u n d o se lê em G ên es is 38 .20 , re ce b e ra m nom es. V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo cha m ado A lta r, q u an to a m a io re s in fo rm a çõ e s sobre essa questão.

O livro e 0 altar, pois, sancionaram a guerra santa, garantindo a vitória final ao povo de Israel.

17.16

O Senhor.jurou. E ssa é um a tra d u ç ã o p o s s ív e l de um tre ch o d ifíc i l no orig inal hebra ico . O utras tra duçõ es d izem : “ um a m ão sobre a bande ira do Se- nhor” ou “ sob re 0 t ro n o ” (c o n fo rm e d iz a m a io r ia do s T a rg u n s ). O u, en tão , con form e dizem ou tras traduções: “a m ão dos am alequ itas está con tra 0 trono de Y ahw eh” .

De geração em geração. Na ve rdade , 0 c o n fl ito co n tin u o u por ce rca de c inco sécu lo s . V e r as no tas sob re 0 vs . 14 de s te cap ítu lo . O a r t igo sob re os am a lequ itas dem onstra isso de m odo v iv id o . Y ahw eh era 0 in im igo verdade iro dos am alequ itas , e m bora Ele v iesse a usa r de a g en te s hu m ano s d iversos, de geração em geração. Cada geração devia renovar os votos fe itos por Josué e a in tenção de lu ta r con tra A m aleque, con fo rm e fo i escr ito naque le livro (vs. 14), dependendo do poder s im bo lizado por aque le a lta r (vs. 15). Isso assegura ria a c o n tin u id a d e do p o vo d e Is ra e l, n e c e s s á r io p a r a a c o n c re t iz a ç ã o do P ac to Abraâmico, conform e vem os nas no tas sobre Êxo. 17.14. P rec isam os re lem brar a se lvageria das tribos an tigas que tinham ocu pado a terra de C anaã. Som en- te um a co n tín u a e re so lu ta gu e rra p o d e r ia m a n te r um a na ção n a que le s d ias antigos. E m esm o a despe ito de tan to es fo rço , p r im e ira m en te as dez tr ibos do norte, e depois as duas tr ib os do sul, fo ram levad as pa ra 0 exílio , de tal m odo que som ente um pequeno rem ane scen te da tr ib o de Jud á re s tava nos d ias de Jesus. E, então, em 132 D. C ., A drian o , im p e ra d o r de Rom a, enviou esse pe- queno re m anescente ao p io r e m a is longo de tod os os exílios, 0 exílio romano, do qual ou tro pequeno re m anescente sob reviveu , a fim de re tornar ao território de Israel, já no sécu lo XX, em m a io de 1948. P or isso m e sm o, Israel sem pre teve de se de fender v io len tam ente de v iz inho s v io len tos, inc linados a expulsá- los da sua Te rra P rom etida. A lgum dia, a evo lu ção esp ir itua l do hom em have- rá de fazê-lo u ltrapassa r toda essa se lvageria . Mas isso está longe de aconte- cer, m esm o em nosso sécu lo XX. V e r no D ic io n á rio 0 ve rb e te cha m ado C a ti■ ve iro (C ative iros).

Capítulo Dezoito

Jetro Visita e Aconselha a Moisés (18.1-27)

Moisés estava enfrentando problem as administrativos. Uma sábia palavra de conselho da parte de Jetro, sogro de Moisés, ajudou a aliviar a tensão. O fato de que toda uma seção (que constitui um capítulo da Bíblia) é devotada à questão mostra- nos a sua importância. Para os eruditos, esta seção também reveste-se de importân- cia por ser 0 principal texto de prova da chamada hipótese dos queneus. A essência dessa hipótese é que não somente 0 nome de Yahweh, 0 Deus de Israel, mas tam- bém muitos aspectos do culto e da vida social dos israelitas derivavam -se do clã midianita dos queneus, ao qual pertencia Jetro, sogro de Moisés. M o isé s p a sso u q u a re n ta a n o s com J e tro . S e r ia a p e n a s ló g ic o p e n s a r q u e M o is é s tro u x e

Page 85: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO380

18.8

Contou Moisés... tudo. Quanta coisa ele tinha para relatar! Tantos testes ti-nham sido arrostados; quantos perigos haviam sido evitados; quantas vitórias tinham sido ganhas. As reuniões de família, usualmente, começam com longas conversas que entram noite adentro, até que alguém diz: “Vamos continuar a conversa amanhã!”. Pois a mente acaba cansando-se e 0 espírito se estonteia diante de tanta conversa e troca de informações.

A recitação dos atos d iv inos do Deus de Israel, sob a form a de prosa ou de poesia, era um a prá tica p a d ron izada na a n tiga nação de Israel. Não há com o exagerarm os 0 espírito re lig ioso dos hebreus, que se m anifesta praticamente em tudo.

18.9

Alegrou-se Jetro. O sogro de M o isés sen tiu -se fe liz ao ouvir tudo quanto seu ge n ro lhe c o n ta va , e co m o su a e m p re ita d a tin h a o b tid o ta n to êx ito . A S ep tu ag in ta d iz aqu i: “ a d m iro u -s e ” . E se ta lve z isso não co rrespo nda ao que d iz 0 o r ig ina l he b ra ico , sem d ú v id a re fle te bem a s ituação. Se Y ahw eh já era an tes 0 D eus de Je tro , ag ora, m a is do que nunca, era 0 seu Deus, d ian te das o b ras po d e ro sa s que M o isé s Lhe a tr ib u íra . O liv ra m e n to das m ãos da m a io r p o tê n c ia m u n d ia l da é p o ca só p o d ia m e sm o se r e xp lica d o em te rm o s do m iraculoso.

18.10

“Os midianitas, descendentes de Abraão e Quetura, reconheciam 0 verdadei- ro Deus; e os israelitas, com toda a razão, podiam unir-se a eles em atos de adoração” (Ellicott, in loc.). A hipó tese dos queneus (ver as notas de introdução ao primeiro versículo deste capítulo e os com entários adicionais sobre 0 vs. 12) parte da idéia de que 0 nome Yahweh, um dos nomes do Deus Altíssimo, origi- nou-se entre os queneus. Sem importar se tem os aí um a verdade ou não, 0 fato de os queneus tam bém serem descendentes de Abraão pelo menos lhes empres- tava certas formas e idéias religiosas com uns aos israelitas. O fato de que os filhos de Israel usavam nom es divinos que tam bém eram usados entre outros povos semitas, tem sido confirmado pela arqueologia. Ver no Dicionário, os artigos Deus, Nomes Bíblicos de e Yahweh.

18.11

Sei que 0 Senhor é maior que todos os deuses. Jetro, pois, bendisse a Yahweh. No entanto, tom ou a posição henoteísta. Em outras palavras, embora possa haver muitos deuses (reais), só há um Deus no que nos diz respeito. Ou, então, devem os pensar na h ipó tese po liteísta, que perm itia uma hierarquia de divindades, em bora exa ltasse a lgum de les mais do que às demais. Ver no D ic ionário 0 artigo cham ado D eus, onde acham os as idéias-padrão acerca da divindade. Ver na Enciclopédia de B íblia, Teologia e F ilosofia 0 artigo Henoteísm o. Seja com o for, a v ida e os fe itos de Moisés convenceram Jetro quanto ao grande poder e glória de Yawweh. Ele se estava aproximando do m onoteism o (ver a respei- to no D icionário), ponto ao qual a teo log ia de Israel já chegara desde os dias de Abraão. Ver também, no D icionário, 0 artigo chamado Teísmo. De acordo com essa posição, Deus não som ente criou, mas tam bém faz-se presente em Sua criação, guiando, abençoando aos bons e castigando aos maus, exigindo obediência. Ele é 0

Deus cujas pisadas podem ser encontradas nas areias do tempo. Um pagão pode vir a reconhecer ao verdadeiro Deus, súbita ou gradualmente, conforme se vê em Daa3.28 e II Reis 5.15-17. Porém, 0 caso à nossa frente parece envolver bem mais do que isso. A lguns estudiosos apelam para a hipótese dos queneus (ver a introdução ao primeiro versículo deste capítulo, bem como 0 vs. 12), em busca de uma resposta. Mas outros rejeitam essa posição por achá-la muito radical.

18.12

Tomou holocausto e sacrifícios para Deus. Embora a iniciativa tenha sido de Jetro, ele e Moisés fizeram essas oferendas sagradas. E isso tem dado margem a diversas interpretações, a saber:1. Não há necessidade de nenhuma teoria radical como a hipótese dos queneus. 08

descendentes de Abraão (Moisés por meio de Jacó; e Jetro por meio de Quetura, esposa de Abraão) naturalm ente com partilhavam certas bases em sua fé e em suas práticas religiosas, incluindo a lealdade a Yahweh, em um grau ou outro. O versículo décimo primeiro mostra-nos que a lealdade de Jetro a Yahweh era pa iã - al, compartilhada com outras divindades, mas que agora essa lealdade se cfesm- volvia na direção do monoteismo.

2. Portanto, nada houve de surpreendente por achar Jetro, um sacerdote midianita, a oferecer sacrifícios a Yahweh, por ter agido tão maravilhosamente em favor de Moisés, seu genro. Parentes celebravam as festas religiosas e ofereciam j t r t K sacrifícios sem examinarem as teologias uns dos outros, para verificar quão com p► tíveis seriam entre si.

“ É difícil a um a m u lher ser esposa de um hom em fam oso. N inguém parecia dar atenção a Zípora e aos filhos dela, depois de os três serem m encionados no vs. 6 . As melhores esposas parecem gostar das coisas dessa maneira, para que po ssam de s fru ta r (com o um seg redo po r d e m a is sag rado pa ra se r pro fanado pe lo conhecim ento com um ) a verdade de seu real p o d e r . . . Nada mais se sabe acerca de Zípora. Mas 0 Ta lm ude diz, com um a im ag inação m uito criativa, que M oisés apelou prim eiram ente para as m ulheres, quando precisava fazer 0 povo obedecer à lei, po is Moisés costum ava dizer: ‘A dão nunca teria pecado se Deus tivesse dado instruções a Eva, e não a A d ã o ’ . E isso m ostra 0 qu anto ele tinha aprendido de Zípora a sabedoria e 0 tato dem onstrados pelas m ulheres” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.).

18.5

A Reunião da Família. Yahweh cuidou para que Moisés fosse recompensado, de muitas maneiras, pela missão que estava cumprindo. Jetro tinha cuidado da esposa e dos filhos de Moisés em tempos de emergência. Uma das muitas recompensas que Moisés recebeu foi que sua esposa e seus filhos lhe foram devolvidos. A batalha fora ganha; e agora a família estava de novo reunida. O sacrifício tinha pago dividendos. Havia alegria em Israel, naqueles dias. Talvez a verdade seja que Moisés deu a seu segundo filho 0 nome de Eliezer, “minha ajuda é Deus”, em comemoração à vitória e à alegria de todos.

Monte de Deus. Talvez indique aqui toda a serra m ontanhosa que incluía 0

monte Sinai, embora tam bém possa estar em foco 0 próprio monte Sinai. Encon- tram os esse nome primeiramente no capítulo dezenove do Êxodo. Contudo, 0

trecho de Êxo. 19.1 indica um a chegada naquele tem po. A lguns supõem que as vagueações de Israel os tenham levado novam ente àquele lugar, em bora essa chegada não seja mencionada. Ou, então, 0 autor sagrado não se mostrou cuida- doso quanto a localizações exatas em certos pontos de sua narrativa. O lugar onde residia Jetro, em Midiã, não ficava longe do Sinai, mas talvez a uns dois dias de viagem apenas. O monte pode ser 0 monte H orebe, e não 0 Sinai. Mas não é impor- tante precisarmos 0 local exato desse encontro, e nem uma pequena discrepância (se é que existe alguma) teria alguma importância.

18.6

D uas M a rav ilhosa s S urp resas. Jetro, sab edor da im portância dos laços de fam ília, de súbito apareceu d ian te de M oisés com sua esposa e filhos. Podemos im ag inar com o 0 coração de M oisés sa ltou de satis fação, ao vê-los! N inguém é feito de pedra para não se a legrar em um m om ento desses.

Mandou dizer a Moisés. De a co rd o com nossa ve rsã o p o rtug uesa e a R ev ised S tandard V ers ion , em ing lês , Je tro m a n d o u a seu genro um recado. N ão sabem os quem fo i env iado com 0 recado. Adem ais, as Escrituras nada di- zem sobre a esposa e os filhos de M o isés após es te b reve inc idente. E, assim sendo, a idéia de a le g ria é a ú ltim a co isa que po dem o s de duz ir do encontro de Moisés com sua esposa e seus filhos. De acordo com Jarchi e outros intérpretes judeus, aquele que foi enviado com 0 recado era apenas um mensageiro, e esse parece ser 0 caso.

18.7

inclinou-se e 0 beijou. A etiqueta oriental requeria isso da parte de Moisés. H óspedes honrados eram assim saudados (Gên. 18.2; 19.1). Mas podem os es- ta r certos de que as m esuras de M o isés fo ram esp ontâ neas e sinceras. Ele era um grande líder; mas, guardadas as dev idas p roporções, Jetro tam bém era um hom em im portante. A dem ais disso, quando se tra ta de questões de fam ília, não há ne cessidade de m uitas fo rm a lida des . A fam ília é a un idade cu jos m em bros devem v iver em am or e harm on ia , e não em com petição . As pe ssoas de idade avançada eram respe itadas em um grau que não é com um em nossa m oderna sociedade ocidental.

Beijou. Uma comum saudação oriental, m esm o entre dois homens, e mesmo entre pessoas sem nenhum vínculo de sangue. V er no D icionário 0 artigo intitulado Beijo. Esse costume passou para os tem pos do Novo Testamento, e foi praticado na Igreja. Ver Rom. 16.16; I Cor. 16.20; II Cor. 13.12; I Tes. 5.26; I Ped. 5.14.

Indagando pelo bem-estar um do outro. No hebraico, paz. “ Está tudo em paz?” Assim se indagava, quando se queria saber sobre 0 bem-estar geral, a saúde e a felicidade de outrem.

Entraram na tenda. A lguns in té rp re tes jude us , sem nenhum a razão, pen- sam que aqui os do is en traram no tabernácu lo , m as isso envo lveria um anacro- n ism o, po is só m ais tarde fo i e r ig ido 0 ta b e rn ácu lo . A n tes, M oisés e seu sogro en tra ram na ten da pessoa l de M o isés, on de se ria co rre to h a ve r um a reunião entre parentes.

Page 86: At Interpretado- Êxodo

381ÊXODO

um sacerdote midianita, tinha suas sessões diárias, mas não tom ava para si mesmo todo 0 trabalho.

Perguntou Jetro a Moisés: “Que é isto que fazes ao povo?”. Lá estavam os israelitas, impacientes e formando iongas filas, como aqueles que precisam depender do INSS. Moisés estava exaurindo a si m esmo e ao povo.

18,15,16

A Liderança D ivina. Moisés, 0 legislador, antes da outorga da lei (ver Êxo. 19), estava legislando de acordo com princípios divinos. Ele não tomava nenhuma decisão secular. Ele sempre procurava fazer brilhar um a luz espiritual, até mesmo sobre as questões mais corriqueiras, triviais. Quando as pessoas brigavam, ele procurava aplicar a sabedoria divina à situação. Talvez houvesse precedentes para solução de certas questões, mas até mesmo esses tinham sido firmados pelas mesmas formas de consi- derações espirituais. Moisés estava funcionando como vidente e profeta. Ver I Sam. 9.9 e 22.15. Os profetas posteriores também foram videntes (ver I Reis 22.8; II Reis 3.11; 8.8; 22.14). As decisões do juiz-profeta-vidente eram aceitas como a palavra de Deus, presumivelmente inspiradas. Seu trabalho não consistia apenas em julgar alternativas pragmáticas. Moisés era 0 representante de Deus diante do povo de Israel (Êxo. 18.19).

18.17

“Você está fazendo as coisas da m aneira errada", afirmou Jetro. Com o é óbvio, ele deve ter concordado que Moisés tinha tanto a autoridade quanto a sabedoria para 0 seu trabalho. Mas é possível fazer 0 que é certo da maneira errada. Os argumentos de Moisés em favor de seus atos eram bons (vss. 15,16), mas não expressavam um problema central que estava envolvido: a fadiga. Moisés estava exaurindo as suas forças e a paciência do povo.

18.18

D esfa lecerás , a ss im tu , co m o es te po vo . Havia fad iga coletiva, em resulta-do do que Moisés estava fazendo. Ele precisava aprender a delegar autoridade, resolvendo som ente as questões m ais difíceis, com o fazem os ju izes das cortes supremas. Moisés estava administrando justiça com sabedoria e sinceridade, mas não estava agindo de m aneira pragmática. Estava exibindo um esforço hercúleo elogiável, em total altruísmo, qualidades essas necessárias em todos os grandes líderes. Mas um a devida de legação de autoridade tam bém é um a das qualidades dos líderes.

“A carga era de m as iad a pa ra os seus om bros, e as sua s fo rças não eram sufic ien tes. Não pod ia con tinua r faze ndo soz inho aquele traba lho . Jetro estava p reocup ado com a saúde de M o isé s , e não ap e n a s com a d ign idad e de sua posição. Conta-se um a história sobre Deioces, rei dos medos, que agia mais ou menos a exem plo de Moisés. Escusava-se de seu esforço dem asiado afirm ando que isso era ne cessário para que 0 povo 0 v isse com freqüência, ou acabariam ten do a idé ia de que e le não era um se r hu m a n o com o e les (H eródo to , H is t. i.99).

18.19,20

Jetro iniciou suas sugestões acerca de m udanças garantindo que Moisés poderia prosseguir com seu trabalho espiritual, como sempre havia feito. Continuaria sendo 0

profeta-mestre-educador, e homem de Deus com o sempre. Continuaria sendo 0 re· presentante de Deus, procurado pelos israelitas para lhes administrar justiça. Ele nada sacrificaria do bem que estava fazendo. Mas faria tudo isso melhor e com maior eficiên- da.

“Moisés seria 0 representante do povo diante de Deus (vs. 19), com o também mestre deles; mas a maior parle das questões judicia is deveriam ser deixadas ao encargo de outros” (John D. Hannah, in loc.).

C um pria-lhe: 1. Instruir 0 povo em todas as ordenanças da fé religiosa. 2. Ensinar ao povo a lei moral. 3. Frisar os deveres que outros deveriam cumprir. 4. Cuidar para que 0 povo trabalhasse corretamente. Ele estabeleceria os princípios gerais e permitiria que outros os aplicassem.

Deus seja co n tig o . A fim de dirigi-lo nas mudanças que Jetro estava propondo. Assim Moisés obteria pleno sucesso. Jetro deixou claro que só queria 0 bem de seu genro, mesmo que suas propostas provocassem mudanças radicais no tocante a como Moisés deveria fazer 0 seu trabalho.

18.21

“Moisés deveria tratar de casos sem precedente legal, que requeriam um oráculo especial (cf. Deu. 17.8-13). Os casos ordinários seriam manuseados por líderes leigos (Núm. 11.16-22; 24.25) ou por ju izes nomeados (cf. Deu. 16.18-20)” (O xford Annotated Bible, in loc.).

As q u a lificações dos a judantes esco lh idos fazem -nos lem brar das qualifica- ções dos anciãos e diáconos da Igreja (Tito 1.7 ss.). Essas são qualidades esp iri­

I A celebração, embora tivesse sido feita seriamente em honra a Yahweh, também envolveu muita cortesia e tolerância religiosa. Ver II Reis 5.18,19 quanto a algo similar.

4. Talvez seja um exagero supor que, por essa altura, Jetro se tenha convertido ao Yahwismo. O mais provável é que seu sacerdócio incluísse 0 Yahwismo 0 tempo todo, mas que agora foi enfatizado ainda mais, embora, não necessariamente, com exclusão total de outros deuses.

5. Provavelmente é um exagero (mesmo levando em conta a hipótese dos queneus) pensarmos que Jetro foi quem instruíra Moisés sobre a m aneira apropriada de oferecer sacrifícios a Yahweh. Afirmar tal coisa é exagerar as intenções do vs. 12, que exibe apenas um rito religioso comunal em cooperação, e não que Jetro tenha instruído Moisés acerca de tais questões.

6 . Le m os em Ê xodo 6.3 : “ . . .pe lo m eu no m e, 0 S e n h o r [Y ahw e h ], não lhes fu i c o n h e c i-d o . . .” . E isso po d e in d ic a r que fo i M o isé s q u e m in tro d u z iu esse no m e d iv in o ao p o vo de Is ra e l, e q u e e sse no m e já e ra c o n h e c id o en tre os queneu s. Na B íb lia , 0 no m e Y a h w e h é usa do de sde 0 tre ch o de G ênes is 2.4, im e d ia ta m e n te d e po is da h is tó r ia da c r iaçã o , pe lo que a de- c la ra ç ã o de Ê xodo 6 .3 te m p e rtu rb a d o a m u ito s e s tu d io s o s . Se 0 nom e Y a h w e h só c o m e ç o u a s e r u s a d o no te m p o d o ê x o d o , e n tã o p a ra qu e f igu re desde G ên es is 2.4 , isso só po de te r a co n te c id o po rque 0 au to r sa- c ro 0 in je to u no te x to , e não qu e , re a lm e n te , já e s t iv e s s e se n d o u sa d o de sde os d ias de A dão , ou m e sm o d e sd e os d ia s de A b ra ã o . V á rias ou- t ra s “ in je ç õ e s ” o c o rre ra m ao lo n g o dos l iv ro s s a c ro s , po is Y a h w e h é um nom e d iv ino que con tinua ap a re ce n d o no tex to da B íb lia , an tes do êxodo. A lg u n s e ru d ito s a firm a m qu e 0 qu e re a lm e n te su ce d e u fo i a d o m in a çã o g ra d u a l do Y a h w ism o s o b re ou tra s c re n ç a s re lig io s a s d e n tro da te o log ia dos hebreus, até que, f in a lm e n te , na é p o ca de M o isé s , 0 Y a h w ism o pas- sou a p re d o m in a r . Isso não re q u e re r ia te r s id o to m a d o p o r e m p ré s t im o de Je tro , nem q u e 0 p ró p r io J e tro te n h a p a r t ic ip a d o da p ro p a g a ç ã o do nom e cada vez m a is fam oso de Yahw eh .“ A v e rd a d e ira re lig iã o não se c o n fin a a a lg u m lu g a r g e o g rá fic o ou a al-

gum po vo . E s p a lh o u -s e p o r to d a a te r ra , de v á r ia s m a n e ira s . A q u e le que p re e n ch e a im e n s id a d e d e ix o u um re g is t ro s o b re S i m e sm o em to d a s as n a ções e e n tre to d o s os p o vo s d e b a ix o do céu . C u id a d o com 0 e s p ír ito da in to le rância ! pois 0 p reconce ito p roduz a fa lta de am or, e a fa lta de a m or leva ao ju ízo descaridoso; e, nessa a titude, um ho m em pode pensar que está pres- ta n d o a D eus um s e rv iç o q u a n d o to r tu ra ou o fe re c e um h o lo c a u s to com a pessoa a quem sua m e n te es tre ita e seu c o ra çã o du ro tem d e sonra do com 0

ap e lido de h e rege ” (A dam C la rke , no fim de seu s c o m e n tá r io s sob re 0 v igé - s im o ca p itu lo do G ênesis).

V er no D icionário 0 artigo intitulado H olocausto.

18.13

A Nom eação de Ju izes. A cham ada h ipó tese dos queneus (ver as notas sobre 0 vs. 12) presume que os m idianitas ensinaram a Moisés dois pontos: 1. A adoração a Yahweh. 2. Como deveriam ser arranjadas as questões judiciais. Dei informações sobre aquela teoria nas notas introdutórias a este capítulo e sobre 0

vs. 12. Fica claro no texto que Jetro tinha a lgumas boas idéias sobre como delegar autoridade, e que compartilhava com Israel da adoração a Yahweh (embora não com a exclusão de outros deuses), mas isso não justifica as várias contenções da hipótese dos queneus.

Moisés estava sobrecarregado de trabalho, 0 que era óbvio para todos, menos para ele m esm o. Sua fun ção era com pará ve l ao de um xeque beduíno que se assenta para julgar e resolver os problemas de todos os membros de sua tribo. VerII Sam. 15.1-6. E a carga de tra ba lho de M oisés ia aum en tando cada vez mais, conform e Israel crescia. Ele era a única autoridade, uma espécie de com binação de funções seculares e religiosas. Naqueles tem pos antigos, em Israel, não se fazia distinção entre autoridades civis e autoridades religiosas. “ Escravos não podem ser transform ados em santos da noite para 0 dia” (J. C oert Rylaarsdam , in loc.). Por- tanto, não se passava um dia sem que Moisés tivesse de ouvir a muitas queixas e causas. Não havia condições de c idade grande, que com plicam e geram crimes; mas 0 crim e res ide no coração do ser hum ano . A lém disso, a lgum as vezes as coisas saem erradas, a despeito de boas intenções.

Talvez houvesse muito barulho na tenda do vizinho, e alguém não pudesse dor- mir. Um homem qualquer estava tentando seduzir a mulher de outro. Um homem ferira seu semelhante de maneira acidental ou propositada. Havia disputas em tomo de bens materiais, incluindo animais domésticos. Na natureza humana não há muita coisa nova, mesmo quando mudam as circunstâncias e 0 meio ambiente.

18.14

P or que te asse n ta s s ó . . . ? Moisés tinha tanto para fazer que não podia dar muita atenção a seu sogro. Jetro tinha um sistem a melhor, que já vinha funcionan- do fazia anos. E assim sendo, sentiu-se encorajado a sugeri-lo a Moisés. Um dos problemas dos chefes é a delegação de autoridade, e se esse chefe é um pequeno césar, en tão os seus p rob lem as ap enas se ag ravam . Je tro , sendo um che fe e

Page 87: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO382

de Núm eros 10.29,32 re ite ra 0 ponto . M o isés con tinuou ins is tindo. Je tro parti- c ip a r ia da h e ra n ça na T e rra P ro m e tid a . N ada nos é d ito se Je tro se de ixou pe rsu a d ir ou não. O fa to é que não m a is o u v im o s fa la r a seu re spe ito nova- m e nte; e isso pa rece in d ic a r que e le re so lve u não ace ita r 0 o fe re c im e n to de M o isés. E le repe liu a p r im e ira p ropos ta (Núm . 10.30), sendo prováve l que te- nha c o n tin u a d o em sua a titu d e . C a d a in d iv íd u o tem seu p róp rio de stino , e é im po ss íve l ev itá -lo . Nem sem pre te m o s 0 co n so lo de co n ta rm os com nossos en tes qu eridos por perto . De fato, 0 des tino por m u itas vezes separa os m em - bros de um a fam ília , d e ixa ndo cada m e m bro ind iv idua l em um lugar diferente, fazendo a lgo diferente.

O Targum de Jonathan, julgando que devemos entender aqui que Jetro se con- verteu ao Yahwismo, mostra-o a evangelizar 0 seu próprio povo, a fim de orientá-lo quanto à adoração a Yahweh. Pelo menos é verdade que os queneus e os recabitas, descendentes de Jetro, em tempos posteriores, tomaram-se prosélitos da fé dos hebreus e passaram a viver entre eles (Juí. 1.16; I Crô. 2.55; Jer. 35.2).

Capítulo Dezenove

Os Hebreus no Monte Sinai (19.1 — 40.38)

Estabelecimento do Pacto Divino (19.1 — 24.11)

Preparação para 0 Pacto (19.1-25)

A g o ra os is ra e lita s t in h a m c h e g a d o ao m o n te S ina i (ve r no D ic io n á rio 0

artigo cham ado S ina i, M on te ). A li e les pe rm an ece ram , pe lo resto dos eventos reg is trados no trecho co m pree nd id o en tre Ê xodo 19.1 e N úm eros 10.10. Esti- veram ali pe lo pe ríodo de onze m eses e se is d ias , desde 0 déc im o qu in to dia do te rce iro m ès de seu p r im e iro ano de jo rn a d a s (ve r Êxo. 12.2,6 e 19.1) até ao vigésim o dia do segundo mês de seu segundo ano de jornadas (Núm. 10.11). Ao re ceber a lei de M o isé s , 0 povo de Israe l to rn o u -se um a v irtua l teocrac ia , ganhando assim a caracte rís tica d is tin tiva que fez de les 0 povo de Israe l. Des- se m odo, 0 P a cto A b ra â m ic o es ta va a d q u ir in d o novas d im e nsõe s . Israel era ag o ra a nação co n sa g ra d a à lei, p o rq u a n to aq u ilo que 0 eva nge lh o é pa ra a Igreja, a lei 0 é para Israel. V e r as no tas sobre Gên. 15.18 acerca desse pacto, onde m u itos de ta lh e s são e xp lica dos . S om e n te em C ris to 0 Pacto A braâm ico re ce b e r ia a in d a m a io re s d im e n s õ e s e e s p ir itu a lid a d e do que re cebeu com Moisés. Ver Gál. 3.14 ss.

A redenção da servidão ao Egito tinha sido completa; muitos milagres tinham levado Israel até àquela parada prolongada, no Sinai. Naquele lugar, um novo pacto seria estabelecido que tornaria Israel a nação distintiva em que ela se tornou. A lei de Moisés era a constituição de Israel, a base do estado teocrático, sob Yahweh, 0 Deus único e verdadeiro. Ficou assi/n estabelecido, de m odo absoluto, 0

monoteísmo, se porventura isso já não tinha acontecido antes. Ver sobre 0 Monoteísmo no Dicionário.

Quinta Dispensação: a Lei

Essa dispensação estendeu-se desde 0 m om ento em que a lei foi dada, no Sinai, até a v inda de Cristo, quando, em Sua expiação, Ele trouxe a Nova Dispensação, na qual v ivem os. Portanto, essa qu in ta dispensação durou do êxodo à cruz. A história de Israel, doravante, em um certo sentido, tornou-se uma prolongada violação da lei mosaica. Não obstante, ela produziu seu efeito didá- tico, além do que tornou extrem am ente necessária e óbvia a necessidade da Nova Dispensação, a era do evangelho da graça. Os testes de Israel terminaram nos cati- veiros: 0 cativeiro assírio e 0 cativeiro babilônio (ver sobre ambos no Dicionário). Mas a dispensação da lei, propriamente dita, só terminou com Cristo. “A lei e os profetas vigoraram até João Batista; desde esse tempo vem sendo anunciado 0 evangelho do reino de D e u s .. (Luc. 16.16).

E lem entos Im portantes da Q uinta D ispensação:1. Qual era a situação dos homens no com eço da dispensação da lei (Êxo. 19.1-4).2. As responsabilidades do homem (Êxo. 19.5,6; Rom. 10.5).3. A falha do homem (II Reis 17.7-17; Luc. 21.20-24).4. Julgamento do homem, por haver falhado (II Reis 17.1-6,20; 25.1-11; Luc. 21.20-

24). Ver no Dicionário os verbetes intitulados Dispensação (Dispensacionalismo) e Lei no Antigo Testamento, em sua quarta seção, Lei.

O Pacto Mosaico

Elem entos:1. Foi firmado com Israel, no Sinai.2. Consistia em três div isões: (a) Os m andam entos, que expressavam a vontade

tuais. Quando um homem tem essas qualidades, então pode aprender outras capaci- dades, que se aplicam estritamente às questões seculares. Precisavam ser homens verazes, sinceros, livres de falsos motivos. Teriam de ser juizes imparciais, que buscas- sem razões espirituais e morais em seus julgamentos. Teriam de abominar a cobiça, não desejando coisas para si mesmos nem se mostrando parciais. Uma vez que tais homens fossem achados, então seriam feitos cabeças de vários grupos: de milhares, de centenas e de dezenas, uma espécie de autoridade ascendente, uma espécie de siste- ma hierárquico, onde Moisés apareceria no alto, como juiz supremo. Essa organização é, essencialmente, aquela que predomina nas forças armadas das nações civilizadas, mas adaptada ao campo civil. Cf. I Sam. 22.7.

Devem os entender que os tribunais de apelo form am um poder ascendente. Para le lam ente, devem os en tender que os casos ju lga dos tam bém deveriam ser d ispostos em im portância ou d ificu ldade ascendente. O hom em com autoridade sobre dez cu idaria de questões mais chãs. O hom em com au toridade sobre m il te ria m a io r au toridade e ju lga ria os casos m ais sérios, da m esm a form a que um genera l tem m aior au toridade do que um sargento . Mas cada hom em teria uma au toridade abso lu ta pa ra seu p róprio tipo de prob lem as. Um hom em de m enor autoridade poderia transferir para outro, de m a io r autoridade, qua lquer caso que não pudesse resolver. Assim, um caso poderia chegar até Moisés.

18.22

Em todo tempo. Ou seja, constantemente, sem lapsos e sem férias. Todas as questões menores seriam resolvidas sem que Moisés ao menos tomasse conheci- mento delas. As questões realmente difíceis eram levadas à atenção de Moisés. Talvez a expressão signifique “sobre bases diárias”. Os ju izes não deveriam julgar apenas duas vezes por semana, para então cuidarem de seus próprios negócios nos outros dias. O sistema de Jetro, bastante complicado, chegou ao fim quando Israel entrou na Terra Prometida, quando então foi adotado um sistema mais simples. Os eruditos têm calculado que talvez houvesse treze mil ju izes em Israel, incluindo todos os níveis do sistema, de acordo com 0 sistema de Jetro. Quanto aos chefes de mil ver Núm. 1.17-46, bem como as notas sobre 0 Êxo. 18.17.

18.23

E assim Deus to mandar. J e tro nã o se m o s tro u d o g m á t ic o q u a n to às sua s sugestões. Ele su je ito u -a s ao p a re ce r de Y ahw eh sob re a questão , pois ca lcu lo u que M o isés nã o ace ita ria 0 que Je tro d isse sse sem a ap rovaçã o div i- na. M as se 0 s is tem a fosse ado tad o , se r ia um m e io pa ra con fe r ir de scanso a M o isés e ao povo de Israel. M o isés go zaria de m e lh o r saúde, te r ia m ais ener- g ias fís icas, e 0 povo v ive ria em paz, m ed ian te um s is tem a superior. Os casos seriam ju lga dos p rontam ente, as de c isõ es não de m ora riam . H averia um siste- m a de a p e los d ia n te de d e c isõ e s . Q u e s tõ e s p o d e ria m se r t ra n s fe r id a s para au to r id a d e s m a io res , ou m e sm o para M o isé s , q u ando isso fosse necessário . Jus te za produz ir ia a paz; a p ron tidã o dos p rocessos jud ic ia is ev ita ria as queí- xas e os sentim entos am argos.

De acordo com 0 autor sagrado, a aprovação divina às sugestões de Jetro era algo necessário, visto que sua convicção era que tudo quanto Moisés fazia era inspirado por Yahweh. Ele teria seus instrumentos humanos, mas coisa alguma seria posta em práti- ca sem a autoridade divina.

18.24,25

Moisés, ouvindo os conselhos de Jetro, pôs em ação 0 método de seu sogro. O vs. 25 repete os números dados no vs. 21. É provável que os anciãos de cada tribo, conhe- cendo as qualificações das pessoas de suas respectivas tribos, tenham sido postos a trabalhar na seleção de oficiais, ao passo que os próprios anciãos retiveram sua autori- dade como oficiais maiores do sistema.

O Targum de Jonathan informa-nos os números envolvidos: seiscentos chefes de mil; seis mil chefes de cem; doze mil che fes de cinqüenta; sessenta mil chefes de dez. Jarchi e 0 Ta lm ude fa lam no m esm o sentido. A som a total, no Talmude, sobre 0 s is tem a coletivo , é de seten ta e o ito mil hom ens. Esses núm eros estão baseados no trecho de Núm eros 1.46, m as vários intérpretes não concordam com isso, com o Aben Ezra. E não d ispom os de m e ios para saber se esses cá lculos estão ou não com a razão.

18.26

Este versículo reitera as informações que já nos haviam sido dadas no vs. 22. A re p e tiçã o é um estilo lite rá rio do au to r do Penta teuco , usado com grande fre- qüência.

18.27

Este ve rs ícu lo in fo rm a -n o s s im p le sm e n te da p a rt id a de Je tro , de vo lta à sua terra . M as 0 tre cho de N úm e ros 10 .29-32 d iz que M o isés ten tou conven- cer Je tro a pe rm an ecer com Israe l e s e rv ir de gu ia no de serto . Então 0 trecho

Page 88: At Interpretado- Êxodo

383ÊXODO

monte em sua en trev is ta com Yahw eh ou com Sua teofania. No terceiro dia, ele reuniu os anciãos do povo (vs. 7), e lhes declarou as palavras de Deus. Três dias mais tarde, que foi 0 sexto dia do mês de sivã, foi dada a lei aos anciãos do povo, e, deles, para todos os israelitas. A exatidão desses cálculos, porém, dificilmente pode ser averiguada.

Sinai. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Sinai, Monte. Quanto a informações crono- lógicas, ver 0 primeiro parágrafo da introdução a este décimo nono capítulo.

19.2

O au tor sacro ofe rece aqui um a pequena d igressão a fim de lembrar-nos os m ovim entos de Israel após a partida de Refidim (Êxo. 17.1) para 0 S inai. O Sinai foi um dos pontos de parada, onde Israel deveria perm anecer por onze meses e seis dias, conform e m ostre i no prim eiro parágrafo da introdução a este capítulo.

A identidade do monte aparece com o lugar bem conhecido, ou, pelo menos, identificado com alguma precisão, quando Moisés escreveu 0 relato. Mas para nós a localização exa ta está pe rd ida para sem pre, em bora haja um bom núm ero de conjecturas, as quais d iscuto no artigo sobre 0 assunto (no D icionário). Foi ali, ou bem perto dali (em H ore be ; ve r no D ic ioná rio ), que Moisés recebeu seu sinal e com issão orig inais (Êxo. 3.12). Fica entend ido que Yahweh se m anifestava ali de maneira especial, tal com o os gregos pensavam que 0 O limpo era a residência de deuses. Assim , M oisés sub iu ao m onte che io de expecta tiva , em busca de um a entrevista com 0 Senhor. O autor liga a cena da sarça ardente (cap. 3) com a cena deste capítulo. Chegara 0 momento de outra grande revelação.

19.3

Visto que se esperava que naquele lugar Yahweh revelar-se-ia, isso deu a Moisés esperança de receber outra revelação divina. Não sabemos se ele espera- va qualquer coisa tão grande quanto a outorga da lei. É provável que a magnitude da revelação tenha-o surpreendido.

Suas expectações foram justificadas. Ele tinha cam inhado pouca distância quando, de súbito, fez-se ouvir a voz de Yahweh. Talvez fosse 0 Seu Anjo (ver a respei- to no Dicionário) ou uma teofania (também comentada ali). A mediação angelical da lei tornou-se uma constante na tradição. Quanto a isso, ver Gál. 3.19 e as notas no Novo Testamento Interpretado. O trecho de Atos 7.38 (dentro do discurso de Estêvão) diz-nos que a voz foi a de um anjo, 0 qual serviu, portanto, de agente de Yahweh. Alguns eruditos pensam aqui em termos de alguma manifestação veterotestamentária do Logos, apontando para trechos como Gên. 16.7; 17.13 e Êxo. 3.2 como outras instâncias desse tipo de manifestação.

19.4

O a n jo de Y ahw eh le m b ro u M o isé s a ce rca dos p rod íg io s pa ssados e de tan tas no táve is v itó r ias , usa ndo um a m e tá fo ra co lo r ida sob re as asas do an jo que t in h a tra z id o Is ra e l a té 0 lu g a r o n d e e le s e s ta v a m no m o m e n to . D eus m o s tra ra -se po d e ro so e fie l, e ag o ra es ta va p res tes a reve la r-se de m ane ira g lo r iosa , que ha ve ria de c o n s o lid a r Is rae l co m o um a nação (te ocra c ia ), um a nação de s tinada a e n s in a r 0 m undo an tigo . Se as co isas fossem fe ita s corre- ta m e n te , e n tã o Is ra e l to rn a r -s e - ia um a p ro p r ie d a d e p e c u l ia r de D eus . V e r Êxo. 4 ,22 , onde Israe l é ch a m a d o de f ilh o de Deus. Esse p rec ioso filh o tam - bém e ra um a p ro p rie d a d e . H a v e r ia de s e r f i rm a d a u m a a lia n ç a , c o n fo rm e com ente i nas no tas in tro d u tó r ia s de ste ca p ítu lo e no a rtigo in titu la do P actos, no D ic io n á rio . E sse pa c to h a ve ria de e le v a r Israe l a um a pos içã o de g rande d is tinção entre as nações.

V er a m etá fo ra das asas de um an jo , em Deu. 32 .11,12, bem com o 0 uso que faz dessa m etáfora 0 trecho de Apo. 12.14 ss. “Q uando os filhotes de águia estão aprendendo a voar, a águia mãe voa por baixo deles, com as asas abertas, a fim de am pará-los” (John D. Hannah, in loc.).

E v o s c h e g u e i a m im . Em ou tras pa lavras, 0 povo de Israel fora levado até Deus e até aquele lugar de bênção, e dali culm inaria a outorga da lei. Dentro da experiência de Israel, prim eiro houve a presença de Deus, e depois a outorga da lei. Yahweh tinha anulado to ta lm ente a serv idão dos israe litas ao Egito, e estava p reparando um a reve lação s ingu la r e um a grande experiência esp ir itual para 0

povo de Israel no deserto.A interpretação dos Targuns diz aqui: “Eu vos trouxe à doutrina da minha lei”.

Sobre a Insp iração . “A pessoa não som ente busca, mas tam bém ouve uma voz. A lgo lhe é da do de de trá s do véu. C om o um re lâm pago, to rna-se c la ro 0

pensam e n to , d e s ta ca n d o -se c la ro com o 0 d i a . . . Não se tra ta de um a to de vontade do indivíduo quando se derram a sobre 0 indivíduo a liberdade e 0 poder da d iv indade . Fa tos to rn a m -se pa la vras , as le is a tuan tes da vida ap rend em a fa la r da tua p a r t e . . . E ssa é a m inh a e xp e riê n c ia de in sp ira çã o ” (N ie tzsch e ’s Werke, xv, págs. 90 e 91).

justa de Deus (Êxo. 20.1-26). (b) Os esta tutos, que governavam a vida social de Israel (Êxo. 21.1 - 24.11). (c) As ordenanças, que governavam a vida religiosa de Israel (Êxo. 24.12 - 31.18). Essas três divisões com punham a lei de Moisés (ver Mat. 5.17,18). De acordo com a avaliação do Novo Testamento, 0 todo formava uma espécie de ministério da condenação, porquanto nenhum homem é capaz de observar à risca essa lei complexa e muito abrangente, à qual os rabinos não cessavam de adicionar, por via de interpretação, novos elementos, meramente tradicionais, e, portanto, inválidos. Ver Marc. 7.1-23; II Cor. 3.7-9. O crente do Novo Testamento não vive debaixo da lei, porquanto ela era um pacto condício- nal de obras, que fracassava em seu intuito devido à corrupção humana inerente, a qual impede 0 hom em de cum prir a sua parte naquele pacto. O crente em Jesus Cristo está sob 0 incondicional Pacto da G raça (Rom. 3.21-27; 6.14,15; Gál. 2.16; 3.10-14,16-18; 4.21-31; Heb. 10.11-17). Ver as notas no Novo Testa- m ento Interpretado sobre 0 Novo Pacto, em Heb. 8 .8 , onde há explicações com- pletas a respeito.

31 Portan to , a te rce ira co isa que deve ser d ita aqu i é que a lei m o sa ica não form ava um pacto pe rm anente , em bora con tinue sendo adotada pe la fé ju- daica, sem fa la r em vários g rupos cris tãos, com o os Adven tis tas do Sétim o Dia. Trata-se de um dos víc ios dos s istem as re lig iosos a suposição que aqui- Io que eles entendem, é 0 fim da revelação. Deus, porém, está sem pre ativo, e novas revelações, que lançam no obso le tism o as revelações antigas, serão sem pre um a poss ib ilidade . Sem isso não po deria haver c resc im ento e pro- gresso espir ituais. A própria essênc ia da esp ir itua lidade consiste em cresci- mento e progresso.

4. A questão do acesso. A d ispensação da lei foi um a prom essa que não pôde, realmente, en trar em vigor. O acesso foi lim itado desde 0 seu com eço (ver sobre 0 vs. 12). A corrupção inerente do hom em e suas fa lhas não lhe perm itiam aproxim ar-se da p resença de Deus. Em Cristo, porém, tem os pleno acesso (Heb. 9.24; 10.19 ss.). Os crentes, na qualidade de filhos de Deus, passam a partic ipar da na tureza d iv ina em um sentido real, posto que secundário. Ver no D ic ioná rio 0 verbete cham ado A cesso. E na E nciciopé- dia de B íb lia , Teologia e F iloso fia , ve r 0 a rtigo T ransfo rm ação S egundo a Imagem de Cristo. Ver as notas sobre II Ped. 1.4 no Novo Testam ento Interpreta- do.

O utras O bservações Im portantes sobre 0 Pacto do S inai:1. A idéia do pacto divino repousa sobre a fé na revelação. Moisés não compôs 0

pacto à partir de sua própria sabedoria e experiência com o juiz. Ver no Dicio- nário os artigos Revelação; R evelação das Escrituras e R evelação G eral e Natural. Nos Artigos Introdutórios, no primeiro volum e desta obra, ver sobre Escrituras, em sua primeira seção.

2. A revelação dada no Sinai foi um fato ob jetivo para 0 povo de Israel, bem como a pedra fundam ental dessa nação.

3. Esse pacto tornou-se 0 instrumento para que Israel se tornasse uma nação ímpar, diferente de todas as outras. Foi a resposta de Israel à liberdade da servidão ao Egito.

4. Yahweh enviou a Sua teofania (ver a respeito no D icionário), para trazer a lei. Acham os nisso 0 te ísm o (ver no D icionário). Deus não som ente criou, mas tam bém permanece imanente em Sua criação, guiando, recompensando 0

bem, castigando 0 mal e tornando conhecida a Sua vontade. Ver tam bém sobre 0 deísmo, que supõe que Deus abandonou a Sua criação, deixando-a entregue às leis naturais.

5. Os D ez M andam entos (ver no D icionário) eram 0 maior e lem ento isolado da lei, um código de ética humana, m ostrando os deveres do homem para com Deus e para com os seus sem elhantes humanos.

6 . O s in a l do pa c to m osaico_ e ra 0 s á b a d o , c o n fo rm e a p re n d e m o s em Êxo. 31 .13 ss. V e r tam bém Êxo. 16.23; 20 .8 e, no D ic io n á rio 0 a rtigo cha- m a do S ába do. O s ina l do P a c to A b ra â m ic o e ra a c irc u n c is ã o (ve r G ên.17.9 ss.).

19.1

Foram necessários três m eses pa ra qu e Israe l che gasse ao Sinai, depois de haver escapado da serv idão no Egito. Na ocasião, um grande acontecim en- to e sp e ra va po r e les , 0 p a c to s in a ít ic o . V e r no D ic io n á rio 0 a r t igo com esse títu lo . C om e n te i e xa u s tiva m e n te s o b re e ssa s q u e s tõ e s na in tro d u çã o a este capítulo.

No terce iro mês. Ou seja, no terceiro mês do calendário religioso, que tinha início na páscoa, no mês de abibe (nisã). Ver Êxo. 13.4. Entre os israelitas também havia um calendário civil. O terceiro mês do calendário religioso chamava-se sivã, corresponden- te ao nosso mês de maio. Ver no D icionário 0 artigo chamado Calendário Judaico, em sua sétima seção.

O Targum de Jonathan diz que a chegada de Israel ao Sinai ocorreu quarenta e cinco dias depois da partida do Egito, presumivelmente cinco dias antes da lei ter sido dada, ou seja, no sexto dia do mês de sivã. No prim eiro dia desse mês, eles chegaram ao Sinai, e ali aca m param -se . N o d ia s e g u in te , M o is é s s u b iu ao

Page 89: At Interpretado- Êxodo

0 PACTO MOSAICO

Propósitos

Tomar Israel uma nação distinta.

Fazer avançar a causa espiritual em todo 0 Israel.

Codificar os princípios espirituais e a lei nos mandamentos, julgamentos e ordenanças.

Trazer um estágio novo, mas não final, de conhecimento e crescimento espiritual.

Ampliar 0 acesso a Deus, mas não fornecer um estágio final de acesso. Nenhum avanço é final, nem perfeito.

Suprir revelações em um período crítico da história.

Dar uma idéia melhor da conduta humana ideal, mas não uma declaração final de como ela deveria ser. Todas as declarações são parciais e fazem parte do avanço, não representando um final em si mesmas.

Os Dez M andam entos foram 0 maior elemento do pacto, mas tam bém não representavam uma declaração final.

* * *

Avanços do Novo Testamento

Cristo foi 0 Segundo Legislador, 0 Novo Moisés. (Mateus 5-7)

O pacto de Cristo fez avançar 0 conhecim ento espiritual e transferiu a base da lei para a graça (Efésios 2 .8 ,9.)

Em Cristo, 0 homem é espiritualizado, passando a compartilhar da natureza divina, algo que não é previsto no Pacto Mosaico (Rom. 8.29; I João 3.2; Col. 2 .9 ,10).

Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos: porque toda a terra é minha. (Êxodo 19.5)

Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. Todavia, 0 meu justo viverá pela fé, e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.

Hebreus 10.28,28

O sinal do Pacto Mosaico era manter 0 sábado como um dia de descanso e louvor. O sinal do Novo Pacto é a atividade incessante para comemorar a ressurreição.

Page 90: At Interpretado- Êxodo

385ÊXODO

D evem os im a g in a r aqu i um a c o n s u lta m a c iça e com p le ta , do que resu l- to u um a d e c is ã o u n â n im e . O p a c to da le i não fo i im p o s to , em b o ra ne n h u m hom em fize sse idé ia da c a rg a p e sa d íss im a que se d isp u se ra a ca rrega r. Cf. Deu. 5 .28 ,29 . “N ão houve q u a lq u e r he s itação , nem d ive rs idad e de op in ião , e nem a u to d e s c o n f ia n ç a . Em fa c e do s g ra n d e s p r iv i lé g io s qu e lhes e s ta va m sen do o fe rec idos, tod os m o s tra ra m -se bem d is p o s to s . . . No ca lo r e br ilho de seus sen tim en tos , nem lhes oco rreu qu ão d ifíc il e ra um a ob ed iên c ia pe rfe ita ” (E llicott, in loc.).

19.9

O anjo ou a teo fan ia (ver sobre am bos os fenôm enos no D icionário) não se m anifestou visualm ente, mas apenas audivelm ente. Os israelitas foram testemu- nhas do fenômeno, pelo que a fé deles seria inspirada pela mensagem que estava prestes a ser transmitida. A nuvem escura poderia ser a mesma “coluna de nuvem" (ver a respeito no D icionário), mas 0 m ais provável é que se tratasse de um fenô- meno diferente. As m anifestações divinas em meio a nuvens que ocultavam a pre- sença de Deus, mas ainda assim davam um a imagem visível, aparecem com fre- qüência nas páginas do N ovo Testam ento. V e r Êxo. 40.31; I Reis 8.10,11; e, no Novo Testamento, ver Mat. 17.5 e Apo. 10.1. Devem os entender aqui um a nuvem m ística , a lgum ob je to v isível e qu içá lum inoso, e não um a nuvem fe ita de vapor d ’água. Assim tam bém , a segunda vinda do Senhor, por ocasião do arrebatamen- to da Igreja, ocorrerá em meio a um a nuvem (I Tes. 4.17; cf. Apo. 1.7).

Creiam sempre em ti. Essa manifestação revestir-se-ia de tão grande poder e a mensagem seria tão convincente que as muitas lições objetivas que Yahweh estava dando aos israelitas, fazia já algum tempo, viriam à sua fruição. A fé deles fortalecer-se- ia, com o seria de esperar, e isso de um a vez para sempre. Deus é luz, e essa luz acomoda-se aos homens por meio da luz. Ver Sal. 92.2. Deus revela-se por meio de espessas trevas (II Crô. 6.1). Até mesmo a luminosidade que permaneceu sobre 0 rosto de Moisés, depois de haver ele conversado com Yahweh, foi demais para 0 povo suportá-la (Êxo. 34.33-35). Assim sendo, Deus condescende com os homens quando entra em contacto com eles. Não obstante, essa manifestação divina reduzida seria tão gloriosa que haveria de inspirar uma fé duradoura.

19.10

M e d idas P re p a ra tó ria s . A que le não se ria um con tac to ord inário , pe lo que tam b é m não p o d e ria ser re ce b id o de m a n e ira o rd iná r ia . A p r im e ira con d ição imposta foi a da higiene física. A santificação é um a questão interna e externa. A h ig iene fís ica cu idou da parte ex te rna ; m as hav ia a parte in te rna, do coração. Pecados foram con fessados e perdoados. Não som os informados se houve ritos re lig iosos . S e ja com o for, os is ra e lita s a ch a va m -se em um estado de san ta expectação.

Quanto às lavagens levíticas de roupas (e, sem dúvida, de corpos), ver Lev.11.25,28,40; 13.6,34,56; 14.8,9,47; 15.5,22. Heródoto disse algo sim ilar ao des- crever certos costum es dos egípcios {H ist, ii.37); Homero tam bém testifica nesse mesm o sentido (O dis. iv.1, par. 759).

O utras condições incluíam a manutenção de respeitável distância do monte, e abstinência sexual (vss. 12-15).

19.11

O terceiro dia. A ê n fa se re ca i sob re a d is tâ n c ia que há en tre D eus e 0

h o m e m ; e s s a d is tâ n c ia e v id e n c io u -s e p e lo p e r ío d o de trê s d ia s de sa n tif ica çã o fís ica e esp ir itu a l. D eus é san to , e 0 hom em não a tin ge a san ti- d a d e do S e n h o r . M e s m o a p ó s s a n t i f ic a re m -s e , o s is ra e l i ta s n ã o p o d ia m a p ro x im a r-se da p re se n ça de D eus, e m b o ra D eus p u desse a v iz inh a r-se de- les n a q u e le g rau q u e 0 h o m e m p o d e to le ra r . Há um a d ife re n ç a in e re n te e p e rm a n e n te e n tre 0 h o m e m e D eus . J e s u s , em S u a m is s ã o u n iv e rs a l, en- cu r to u essa d is tâ n c ia ; e a n o ssa g lo r i f ic a ç ã o h a v e rá de ir e n c u rta n d o pa ra s e m p re a m e sm a, a té qu e 0 h o m e m v e n h a a p a rt ic ip a r da v id a e da essê n - c ia m e sm a de D eus, e m b o ra s e m p re em um s e n tid o f in ito , po is h a ve rá um e n c h im e n to e te rn o da p le n itu d e de D e u s no s re m id o s . V is to q u e há um a in f in itu d e p a ra p re e n c h e r 0 f in ito , d e ve rá h a v e r um e n ch im e n to in f in ito . V e r na E n c ic lo p é d ia de B íb lia , T e o lo g ia e F ilo s o fia 0 a r t ig o ch a m a d o T ra n s fo r- m a ção S e gu ndo a Im a gem de C ris to , q u a n to a no tas de ta lh a d a s sob re esse c o n c e ito . A n o ç ã o do N o v o T e s ta m e n to a c e rc a da le i é q u e se a m e sm a p ro m e te um a v ia de a p ro x im a ç ã o da p re s e n ç a d iv in a , e la te rm in a p o r d is - ta n c ia r 0 ho m em m a is a in d a de D eus, p o r cau sa da c o r ru p çã o in e re n te do h o m e m , q u e 0 le v a a a to s p e c a m in o s o s , c o n d e n á v e is . P o r is s o m e sm o , D eus t inh a p la n e ja d o que 0 s is te m a da g raça , tra z id o pe la m issão de Jesus C ris to (ve r Joã o 1 .1 6 ,1 7 ), se r ia f in a lm e n te in s ta u ra d o , face à in u t il id a d e da lei. O s re m idos, po is , ha ve rã o de re ceber, e xp e rim e n ta lm e n te , a essê n c ia e a n a tu re za d iv in a s . C o m o f i lh o s de D e u s q u e s o m o s , já re c e b e m o s d e s - sa n a tu re z a do Pai, c o n fo rm e e la se m a n ife s ta na p e s s o a do F ilh o . A lei e ra im p o te n te p a ra r e a l iz a r is s o . A le i te v e p o r p r o p ó s i to m o s t ra r q u e

Embora toda a terra pertença a Yahweh, ainda assim ele escolheu um filho e uma p o p fieda de peculiar (Êxo. 4.22; 19.5). Essa propriedade assumiu essa natureza ao p a d a r 0 pacto da lei. Encontramos nisso 0 âmago mesmo do judaísmo. “A obediên- da era 0 papel central a ser desempenhado por Israel. Essa obediência seria expressa basicamente mediante a fé e a le a ld a d e .. . ‘D iligentemente ouvirdes’ provavelmente devem ser palavras entendidas como ‘obedecer à lei’. Israel haveria de ser uma propri- adade peculiar de Deus (Deu. 7.7; 14.2; 26.18). Esse termo, aplicado ao povo de Israel, sempre se refere à comunidade eleita. Outro tanto se dá com 0 equivalente grego no Mwo Testamento (Tito 2.14; I Ped. 2.9; Efé. 1.14). A liberdade de Deus, ao escolher a Israel, a pura graça envolvida no ato, é um ponto salientado pela declaração ‘porque toda a terra é minha’.” (J. Edgar Park, in loc.). Ver no Dicionário vários artigos cabíveis aqui, como Eleição; Determ inism o (P redestinação); Predestinação (e Livre-Arbítrio) e làne-Arbítrio.

M inha P rop rieda de P eculia r. Os is rae litas ser iam um a nação altam ente va- torizada por Deus, 0 ve ícu lo da m e nsagem d iv ina entre as nações, um a nação abençoada e que abençoaria a outras. Ver Deu. 7.6; 14.2; 26.18; Sal. 135.4; Mal. 3.17. Eles seriam um a luz pa ra os gentios (Sal. 67 .4; Luc. 1.79; João 1.4; A tos 13.47).

As nações do mundo têm contribuído com várias coisas para a humanidade: a Grécia trouxe os fundamentos da filosofia; Roma trouxe 0 direito romano e a organiza- ção política; a Inglaterra tem ensinado a tolerância e 0 jogo limpo; os Estados Unidos da América do Norte são 0 grande mestre e inspirador do ideal de liberdade. Mas a lei, a Torah, foi a grande contribuição do povo de Israel. D eclarou 0 rabi Hija: “Considerai quão maior é a Torah do que 0 mundo. Para dar 0 mundo ao mundo, Deus precisou apenas de sete dias; mas precisou de quarenta dias para dar ao mundo a Torah” ( The L ie ofM oses, tr. S. H. Guest).

19.6

Reino de sacerdotes. Não que todos os is rae litas fossem sacerdotes den- tro de Israel, conforme se dá com todos os crentes (I Ped. 2.5,9; Apo. 1.6 ; 5.10). A idéia é que cada israelita, por haver recebido a lei de Moisés, seria um sacerdote para as ou tras nações, com o instrum ento de instrução espiritual. No que tocava a outras nações, todos os israe litas e ram lev itas. T o do 0 povo de Israel tinha um tipo de sacerdócio, pois era 0 adm inis trador da Torah.

Nação santa. Isso po r haver recebido , m ed ian te reve lação d iv ina, a lei de Deus. Isso a tornava possuidora do suprem o código moral que revelava a vontade de Deus. Esse código incluía com o os homens podem tornar-se santos com o Deus é santo (Lev. 20.26). O “filho" de Deus (Êxo. 4.22) foi capacitado a adquirir a santi- dade do Pai, por m e io do p a c to firm ado m ed ian te a ag ênc ia de Moisés. Ver no D icionário 0 verbete intitu lado S antidade. O ensino neotestam entário de que a lei não produziu aquilo que tencionava (conform e Paulo exp licou tão v igorosam ente no capítu lo sete da ep ísto la aos R om anos) não é an tec ipado aqui. Pensava-se então que possu ir a lei conferia os meios de adquirir a verdadeira san tidade aos seus possuidores.

19.7

Yahweh estava prestes a fazer Sua grande revelação, a outorga da lei, que seria a base do novo pacto, e que assumiria lugar ao lado do Pacto Abraâmico. Esse seria 0

próximo grande salto para a frente para 0 povo de Israel tomar-se uma nação teocrática. Moisés, pois, trouxe consigo a proposta feita por Yahweh. Ele estava à espera de um povo bem disposto e entusiasta, que entraria no pacto com zelo e sinceridade. Yahweh estava esperando pelo “ Farem os!” do povo de Israel. Seria um pacto de profundas conseqüências, no qual a própria santidade de Deus lhes seria revelada, e então requerida da parte dos israelitas. Ninguém podia subscrever de modo irrefletido aquele pacto. Mas nos dias do Novo Testamento, os israelitas proclamavam: “Esse pacto é duro demais para nós!” E assim, buscava-se ocasião para um a nova lei, a lei da liber- dade, em Cristo Jesus. Ver Atos 15.10; Gál. 3.21; Tia. 1.25; 2.12. Ver no Dicionário 0

artigo intitulado Lei, Função da, 0 qual fornece a avaliação cristã acerca do pacto da lei. Ver também 0 antigo chamado Le i do A ntigo Testam ento, em sua quarta seção, e os verbetes Le i Cerim onial e M oral e Lei e 0 Evangelho. Na introdução a este capítulo, ver sobre 0 Pacto Mosaico.

Os anciãos do povo. Estão em foco os chefes de tribo que eram canais de com unicação entre Moisés e os israelitas. V er tam bém Êxo. 4.29; 12.21; 17.5,6; 18.2; 24.14, etc.

19.8

Tudo 0 que 0 Senhor falou, faremos. Isso eles disseram em um forte momen- to de entusiasmo, embora ignorando as imensas dimensões do acordo, impossíveis para as limitações da natureza pecaminosa do homem.

« 5

Page 91: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO386

uma provisão similar. Os psicólogos divertem-se diante dessa questão. O homem tem um sentim ento inerente que de a lgum m odo 0 sexo, no casam ento ou tora dele, é pecaminoso, ou, pelo menos, indesejáve l diante de certas situações. Mas ta lvez seja apenas em baraçoso. À partir desses sentimentos, a par daqueles de pessoas de m entalidade re lig iosa (acerca da inferioridade inerente ao estado ma- rital, em re lação ao ce liba to), surg iu 0 c e lib a to com o um estado supostam ente superior para quem queira atingir a espiritualidade. Ver no D icionário 0 artigo cha- mado Celibato. Ta lvez esses sentim entos sejam oriundos da idéia de que 0 sexo, aquela questão física crassa (e 0 que poderia ser mais físico do que 0 ato sexual?), deve ser algo contrário ao espírito, capaz de, pelo menos, debilitá-lo. É curioso que P latão, ao a tr ibu ir razões pe las qua is os seres hum anos (antes esp íritos preexistentes) chegaram a encarnar-se, teria sido que eles, observando os animais a copularem , tive ram a cu rios idade de exp e rim e n ta r 0 sexo. Em Platão haveria outros fatores na encarnação, principalmente fatores morais, porquanto, na queda, os homens (espíritos) entraram na prisão do corpo físico, com o algo que mereciam devido à sua degradação moral.

Seja com o for, os m ístico s in fo rm am -nos que, com base em considerações v ibracionaís (cada pessoa teria um a vibração, um a expressão da energia vital), é m e lhor abster-se do sexo quando es ta m os em meio a um a busca esp iritual es- pecia l. A ssim seria po rque esse ato fís ico re b a ixa as v ib ra ções esp ir itua is da pessoa, Ta lvez ten ham os aí um a rea lidade. Q uem sabe? A lgum dia, a c iência ta lvez venha a d ispor de m e ios para ave rigua r quão certa ou não está essa teo- ria. Como teoria, porém, ela nos dá um a razão para a abstinência que é mencio■ nada neste versículo.

Isso significa que em tem pos de jejum, por exemplo, quando 0 indivíduo busca iluminação especial ou avanço espiritual, seria melhor este abster-se não somente de alimentos, mas também de sexo. Por extensão, um homem intensamente espiritual, faria bem em esquecer-se totalmente do sexo, pelo menos na opinião de alguns. Isso nos empurraria ao celibato, um ideal (mas ver I Tim. 4.1-5), embora não fácil de ser conseguido. Todavia, Paulo referiu-se a uma abstinência temporária, por razões espiri- tuais (I Cor. 7.5), e isso parece dar apoio à idéia dos místicos, embora não confirme a razão específica que eles oferecem.

Os sacerdotes do Egito, quando prestes a realizar algum serviço especial, absti- nham-se do sexo (Apud Porphy., de Abstinentia , em um a declaração feita por Chaerem on). P or vários dias havia abstinência sexual, e tam bém era seguida uma certa dieta. Tem os algo de sim ilar no A lcorão, iv.5. Assim sendo, esse sentimento era bastante universal.

19.16

As Tem íveis M anifestações D ivinas. O povo pôs-se a tremer, quando essas manifestações com eçaram, ao terceiro dia. Apareceu a nuvem m ística (antecipa- da no vs. 9, onde há notas expositivas a respeito), com o também relâmpagos e trovões, provavelm ente de natureza natural e sobrenatural; e, finalmente, houve 0

sonido da trombeta de Yahweh (também antecipada, conforme vem os no vs. 13 deste capítulo). Este versículo ensina quão espantosa é a presença de Deus, mas também ensina com o 0 homem, naqueles tempos, precisava m anter distância de Deus, fazendo contraste com a nossa era do evangelho, na qual 0 ideal mais alto dos homens é tentar aproximar-se 0 máximo possível de Deus. Ver as notas sobre 0 vs. 12, quanto a implicações práticas e teológicas.

A m etáfora é de uma violentíssima tempestade. Mas não nos devemos limitar à dimensão natural para explicar 0 versículo à nossa frente. Ver Juí. 5.4,5; Isa. 2,12-22; Sal. 29 quanto à natureza espantosa da presença de Deus. O texto à nossa frente ensina-nos que 0 pacto mosaico estava firmado sobre um a auto-evidente autentica- ção. Yahweh autenticou a Sua aproximação e 0 Seu pacto mediante uma tempesta- de que nenhuma pessoa que a viu poderia esquecer. Cf. Isa. 6.1-5. Posteriormente, em Israel, a trom beta convocava hom ens à guerra (Juí. 3.27; I Reis 1.34). Mas a trom beta original de Israel foi a de Yahweh, que convocou homens a participarem das provisões do pacto firm ado no Sinai. Deus anunciou assim a Sua própria vinda. Cf. Mat. 24.31; I Cor. 15.52 e l Tes. 4.16.

19.17

A situação requeria que houvesse um m ediador. E só havia um homem apto para isso, a saber, Moisés, que tinha estado em contacto com Yahweh por longo tempo. Moisés subiu ao monte (vs. 20), e, descendo, ordenou que os sacerdotes também se mantivessem afastado (vs. 22). O povo todo precisava guardar distância, sob pena de morte súbita, causada pelo poder de Deus que se manifestava naquele lugar (vs. 21).

Moisés subiu ao monte e voltou por três vezes, conforme vemos em Êxo. 19.3,7;19.8,9 e 19.20,25.

Os filhos de Israel podiam aproximar-se do monte, mas não tocar no mesmo. Podiam contemplar a evidência, mas não a presença divina, exceto sob forma mui velada. Não estavam preparados para ver a Grande Luz, mas somente a nuvem escu- ra. Assim é que, conforme os homens crescem espiritualmente, lhes é facultado maior acesso a Deus. Ver 0 contraste oferecido em Heb. 9.24; 10.19 ss. e ver os comentários sobre 0 vs. 12 deste capítulo.

a lgu m ou tro m é todo - que não 0 do m erec im ento hum ano - se faz ia necessário para concretizar essa poderosa realização divina da redenção. Ver II Ped. 1.4 nas no ta s do N ovo T e s ta m e n to In te rp re ta d o .

“Somente aqueles que se têm preparado de form a especial podem abordar a deidade. Era mister rem over todo vestígio de imundícia ritual (vss. 14,15; I Sam. 7.3; 21.5; Amós 4.12; Mat. 22.11,12)” (J. Cort Rylaarsdam, in loc.). Isso é ilustrado no fato de que nós, ao nos aproximarmos da Ceia do Senhor, somos convidados a nos examinar- mos a nós mesmos, a fim de removermos todas aquelas coisas que poderiam impedir a comunhão com 0 Senhor. Ver I Cor. 11.28.

19.12

N em m esm o a p u rific a ç ã o dava d ire ito do ho m em a p rox im a r-se de Deus. Mas a presença de D eus pod ia a ch egar-se ao ho m em na m ed ida possíve l. Os f i lh o s de Israe l nem ao m e nos po d iam to c a r no te rríve l m o n te sob re 0 qual Y ahw eh se es tava m a n ifes ta ndo, po is d isso re su lta r ia a m orte súb ita . M oisés precisou m a rca r lim ites , im por restrições. Isso tudo tip if icava a lei, em contraste com a graça, de aco rdo com a qua l nos é p rov ido um livre acesso (Heb. 9.24;10.19 ss.). Ver no D ic ioná rio 0 a rtigo cham ado A cesso . E m esm o ao ser erig ido 0 tem plo de Jerusalém , seu próprio plano arquitetônico fa lava em separação. Só 0 sum o sacedote pod ia pe n e tra r no S anto dos Santos, e isso apenas um a vez por ano. Só os sacerdo tes podiam en trar no san tuário , a fim de ofic iar. O povo ficava confinado aos seus átrios, à d istância. Mas todas essas div isões e separa- çõe s foram de rrub ada s po r C ris to , e a p róp ria Ig re ja to rnou -se 0 tem p lo (Efé.2.19 ss.); e 0 Espírito de Deus veio habitar nesse templo.

“0 estabelecimento de barreiras, de modo que 0 povo não pudesse aproximar-se do monte (vs. 21) reflete a visão antiga da santidade com o um poder misterioso e ameaçador com que 0 monte estava carregado (ver Êxo. 3.6 e suas notas; I Sam. 6.6- 9)” (Oxford Annotated Bible, in loc.). Cf. Lev. 6.27-38.

É um s e n tim e n to d ig n o de lo u v o r q u a n d o e n to a m o s 0 h ino “ M a is P erto Q u e ro E sta r, M eu D eus de T i" . M as 0 p o v o de Is ra e l, dos d ia s de M o isé s , não d ispu nha de p rov isão a d equa da pa ra isso to rn a r-se rea lidade.

Será m orto. Ver as notas sobre 0 versículo seguinte.

19.13

S e um hom em ou a n im a l c h e g a s s e a to c a r no m o n te , e n ã o o co rre sse m o rte repentina , ta l pe ssoa ou a n im a l d e ve ria ser exe cu ta d o im ed ia tam en te , ou m e diante a p edre jam en to (ve r a esse respe ito no D ic io n á rio ) ou ao se r tras- passado por um a lança ou espada. Isso m ostra a d is tâ nc ia que era m ister man- te r de Y ahw eh , em bora 0 p ro p ó s ito de C ris to se ja p re c isa m e n te 0 con trá r io : ap rox im a r os hom ens de Deus, e não d is ta n c iá - lo s Dele, con fo rm e v im os nas notas sobre 0 vs. 12.

Q u a n d o so a r lo n g a m e n te a bu z in a . Ao que tudo indica, tem os aqui a trom- beta m ística de Yahweh, e não a lgum instrum en to tocado pe lo homem, em bora a lguns pensem que M oisés tocou a buz ina . O son ido da buz ina con vocaria os hom ens para se avizinharem, mas não demais. Cf. a trom beta do Senhor que nos convocará todos juntos , ao céu (I Cor. 15.52). Ver Heb. 12.19 ss. qu anto a um com entá rio e ap licação do N ovo T e s tam e n to daqu ilo que lem os aqui. N ão nos tem os aprox im ado do tem ível m onte de Deus, mas do m onte Sião, a c idade do Deus vivo. Nós tem os acesso à N ova Jerusa lém e podem os participar da reunião festa, em vez de tremermos de medo. Ver II Sam. 6.15, a trombeta que soava com finalidades de adoração.

O abate de anim ais ocorria para efe ito de a lim entação; ou quando se torna- vam perigosos para 0 hom em (Êxo. 21.28); quando ficavam poluídos (Lev. 20.15); quando um anim al p r im ogênito não fosse resga tado (Êxo. 13.13); ou então por ocasião de algum dos muitos sacrifícios do antigo pacto, conform e vem os no livro de Levítico.

19.14

O rdens Cum pridas. Aquilo que foi exigido no tocante à santificação, foi devi- damente atendido (vs. 10). A lavagem das vestes na tura lm ente incluía a lavagem dos corpos, conforme vem os no constante testem unho dos Targuns. A higiene física era necessária com o símbolo da purificação da alma. Eram necessárias a santificação interior e a santificação externa.

19.15

Não vos chegueis a mulher. A abstinência sexual também tinha sido imposta, como preparação para a manifestação de Yahweh no monte. Nem os casais podiam ter contacto sexual, quanto menos formas pecaminosas desse contacto! Cf. I Sam. 21.4,5; I Cor. 7.5. Era sentimento geral dos antigos que uma certa imurriida cerimonial estava vinaiada mesmo ao ato sexual mais casto. Ver também Heródoto (Hist, i.189; ii.64) e Hesíodo (Op. e t D., 11.733-744) e Porfirio (De Abstinentia, k7 ). Ver Lev. 15.18. A legislação indiana antiga, Meno, v.63, induia

Page 92: At Interpretado- Êxodo

387ÊXODO

não estavam preparados para tanto, conforme 0 parecer do próprio Yahweh. Portanto, Moisés foi comissionado a proteger também os sacerdotes. Os sacerdotes, neste ponto, não pertenciam à ordem posterior dos !evitas; mas não há razão para pensarmos que já não existia algum tipo de sacerdócio em Israel, talvez 0 sacerdócio dos primogênitos, ou, quem sabe, pelos cabeças de famílias em combinação com os primogênitos. Os sacerdo- tes precisaram santificar-se (segundo vemos no vs. 10, onde há notas expositivas), a fim de não sofrerem dano. Talvez houvesse outros modos e ritos a serem empregados no caso deles. Ansiedade exagerada e preparação inadequada tinham causado outras mor- tes, quando os israelitas tinham manuseado questões sagradas, e isso poderia ocorrer de novo. Ver II Sam. 6 .6-8 .

19.23

M arca l im ite s . Sem dúvida havia algum a espécie de barreira, provavelmente física, com o algum a cerca ou b loqueio, em torno do monte, a com eçar pelo lugar onde Moisés subira ao monte, para que os israelitas pudessem ver as manifesta- ções d iv inas a um a d is tância segura, em bora sem entrarem em contacto com 0

próprio monte. Ver 0 vs. 13 quanto à proibição, em defesa da segurança das pes- soas e da santidade de Deus. O monte era terra santa, onde as massas populares a inda não podiam pisar.

Havia marcos físicos. E isso apontava para 0 acesso espiritual. O que foi feito na oca- sião, no tocante ao monte, mais tarde foi duplicado quanto ao tabernáculo e, mais tarde ainda, quanto ao templo de Jerusalém, os quais, em sua estrutura, apontavam para vários níveis de acesso a Deus. Ver no Diàorário 0 verbete chamado A *s s o .

O Monte Foi Santificado. Em outras palavras, foi separado para que ali houvesse a manifestação divina, sem a profanação da presença de pessoas, que nada tinham para fazer no próprio monte. As próprias pessoas foram santificadas (vs. 10), sem 0 que nem ao menos poderiam ter-se aproximado do monte. Há um grande abismo entre 0 divino e 0 humano. E a missão de Cristo teve por finalidade transpor esse abismo (ver as notas sobre 0 vs. 12).

19.24

As idas e vindas de Moisés, na ocasião, não são fáceis de serem seguidas, mas parece que ele esteve por três vezes no cume do monte, e voltou. Ver Êxo. 19.3,7; 19.8,9 e 19.20,25. Ele estava recebendo comunicações divinas e guardan- do 0 cam inho ainda não-preparado. Este versículo repete as proibições relativas aos sacerdotes (vs. 22) e ao povo em geral (vss. 12,13 e 24). É reiterado 0 aviso sobre 0 perigo de ultrapassar as barreiras postas para ver a Yahweh, 0 que já havia sido m encionado nos vs. 21 e 22. A repe tição faz parte do estilo literário do autor sagrado, para efe ito de ênfase ou não. Moisés foi bem-sucedido quanto às advertências que fez. Nenhum indivíduo, por motivo de curiosidade, obstinação ou em botamento mental ousou irromper a barreira e tentou aproximar-se da visão. Arão, ajudante especial de Moisés, com partilhou da visão mais próxima de Deus, porquanto tam bém estava preparado para tal acesso.

19.25

M oisés R ecebera a M ensagem . O capítulo vinte do livro de Êxodo dá-nos 0

decálogo, os Dez M andam entos, a essência da legislação mosaica e a base do pacto mosaico.

O Targum de Jonathan com enta sobre este ponto: “V inde e recebei a lei, as dez palavras”, ou seja, os Dez Mandamentos.

Capítulo Vinte

Os Dez M andam entos (20,1-17)

A história da outorga do decálogo dá continuação à seção que tem início em Êxo. 19.1. Naquele ponto, ofe reço um a introdução deta lhada sobre questões in- c lu ídas no pacto m osaico, 0 qual foi 0 q u in to pacto. (Ver no D ic ioná rio 0 a rtigo cham ado P actos). Foi tam bém a q u in ta d ispensação. Ver no D ic ionário 0 verbe- te D ispensação (D ispensaciona lism o). A expressão “todas estas palavras” (vs. 1) p rovave lm ente tem por intu ito inc lu ir os itens que inc luem até 0 fim do capítu lo vigésim o quinto, onde encontram os as ordenanças do santuário. Especificam en- te, porém, está em foco 0 decá logo , as Dez Palavras. Essas D ez P alavras, em sua prim itiva form a hebra ica consistem em dez breves frases, quase todas elas com apenas duas pa lavras. Vários adornos seguiram -se no Pentateuco. Cf. Êxo. 34.18; Deu. 4.13; 10.1.

Sempre houve acordo que havia dez palavras. Mas há incerteza sobre com o podem os chegar a esse núm ero específico (a lguns textos dão mais itens do que dez). As D ez Palavras foram ditas diretamente ao povo de Israel (vs. 21). Posterior- mente, Moisés foi con vocado ao m onte a fim de receber as duas tábuas da lei,

19.18

Este versículo amplia as informações dadas no vs. 16. Os críticos vêem aqui uma grande tempestade, acompanhada por erupções vulcânicas; mas 0 autor sagrado que- ria que não víssem os aqui apenas fenôm enos naturais, e, sim, a grandiosidade da presença de Yahweh.

O S e n h o r d e s c e ra s o b re e le . Y ahw eh é aqui de scrito com o quem havia descido sobre 0 monte. O terceiro versículo mostra que 0 Senhor, do monte, cha- mou a Moisés. O Senhor estava envolto em chamas, e daí v inha a fum aça. Cf. os versículos que dizem que Deus desceu do céu ou está no céu, algum lugar acima da terra: Gên. 11.4 (onde há notas sobre a questão); Gên. 11.5 (“desceu"); Gên. 21.17; 22.15; Atos 7.49; II Cor. 12.2; Col. 1.5; I Tes. 4.16; Apo. 3.12. Ver no Dicioná- rio 0 artigo intitulado Céu.

Quanto à fum aça que acom panhava a presença divina, cf. Isa. 6.4; Joel 2.30; Heb. 3.3. Essas são m etáforas que descrevem algo que desconhecem os, algu- m as vezes e n vo lvend o qu es tõe s e sca to lóg ica s . O s h o m ens ane lam po r ver a presença divina, mas esta lhes é negada por um a questão de necessidade. Con- tudo, Deus está em todos os lugares ao m esm o tem po, e, em visões, podem os vê-la na calm a da noite, quando as a tiv idades hum anas cessam tem porariam en- te . V e r na E n c ic lo p é d ia de B íb lia , T e o lo g ia e F ilo s o fia 0 a r t igo cha m ado M yste rium Trem endum .

O m onte trem ia grandem ente. Seria um terremoto, como reflexo da presença e do poder de Deus? Ver no Dicionário 0 artigo chamado Terremoto. Cf. I Reis 19.11-13 eApo. 16.18.

19.19

A trombeta de Yahweh (ver as notas a respeito no vs. 13) tinha um sonido aterrador. Soava muito alto e por muito tem po, e som ente quando Moisés falou 0

sonido foi substituído pela voz de Yahweh. No sonido havia poder, mas só havia sentido na voz. Cf. I Reis 19.11-13. L e m o se m Hebreus 12.21 que Moisés confes- sou: “S into-me aterrado e trêm ulo!” E alguns estudiosos vinculam essas palavras àquilo que Moisés diz neste versículo. Nesse caso, a voz de Deus acalmou os temores de Moisés, conferindo-lhe uma m ensagem de boas-vindas.

19.20

Yahweh desceu ao cum e do monte, 0 que já tinha sido dito, em termos gerais, no vs. 18. Foi ao topo do monte, pois, que Deus chamou Moisés. “ Moisés foi convidado a entrar na nuvem que pairava sobre 0 cum e do monte. Mas nem bem entrou na presença divina quando Yahweh disse-lhe para voltar e avisar ao povo que não ultrapassassem 0 limite para tentar ver ao Senhor” (J. Edgar Park, in loc.). Quão perigoso era 0 monte já foi descrito nas notas sobre 0 vs. 13. Para os israelitas, 0 monte am eaçava com morte súbita, ou da parte da presença divina, ou por execução capital, contra quem fizesse 0 que tinha sido proibido. Esse acesso foi permitido som ente a Moisés e Arão (vs. 24).

“A experiência do Sinai teve por desígnio instilar no povo 0 senso de reverên- cia por Deus. A reverência é aquela atitude indefinível de espírito com a qual uma alm a nobre reage d ian te da g ra n d e za ” (J. C oert R y laarsdam , in loc.). O uvim os m úsica grandiosa; con tem plam os um a p in tura artística; ou idéias profundas nos são apresentadas. E, então, sentimos reverência. Ver no D icionário 0 artigo Reve- rência Pela Vida.

19.21

Antes de dar prosseguimento à revelação do pacto do Sinai, Moisés recebeu a incumbência de proteger 0 povo do poder que havia sido liberado. Para eles teria sido fatal se vissem a presença de Deus. Na verdade, trata-se de. um conceito muito perceptivo. Existem verdades que as massas não podem ouvir e nem compreender. Se ouvissem, 0 coração lhes falharia. Mas em havendo desenvolvimento espiritual, chegariam a ponto de poder ouvir com entendimento. Mas algumas das almas me- nos desenvolvidas são precisamente aquelas que se mostram mais ruidosas acerca de seu pouco conhecimento; e, por muitas vezes, escudam suas teologias deficientes com 0 ódio, e não com 0 amor. Havia coisas que eram ensinadas nas escolas dos rabinos que não eram ensinadas na sinagogas. Existem cordeiros a proteger que ainda não estão preparados para a carne pesada (Heb. 5.12-14). Uma das respon- sabilidades de um mestre cristão consiste em proteger os cordeiros que, por enquan· to, ainda não podem digerir mensagens mais profundas. A lgumas verdades, dizem a certos indivíduos, prejudicam mais do que as mentiras abertas. Cf. I Sam. 6.19. Ver também Heb. 12.28,29, que se aplica diretamente a este texto.

19.22

Também os sacerdotes. Até eles corriam perigo! Alguns deles, julgando-se pes- soas altamente espirituais, poderiam ousar tentar ver a Yahweh. No entanto, ainda

Page 93: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO388

A Gratidão R equer Obediência. O povo libertado de Israel deveria reconhecer 0

ato libertador de Yahweh, correspondendo a isso mediante a obediência à lei mosaica. Vemos 0 mesmo conceito em Romanos 2.4, onde lemos que a bondade de Deus leva os homens ao arrependimento.

Alguns intérpretes judeus faziam deste segundo versículo 0 prim eiro mandam en- to. Mas na verdade temos aqui uma espécie de prefácio aos dez mandamentos, que são alistados em seguida.

20.3

Primeiro Mandamento:

Não te rá s o u tro s de u se s . Temos aqui a regra do m onote ism o (ver a respei- to no D icionário). Neste ponto, 0 m onote ism o substitui todas as outras possíveis noções de Deus. Todavia, não basta a c re d ita r na ex is tência de um Deus. Esse Deus único precisa ser reconhecido e obedecido com o a autoridade moral de to- dos os atos humanos. Tam bém só há um Deus no atinente à questão da adoração e do serv iço esp ir itua is . O D eus ún ico m erece toda honra. Isso labora con tra 0

pante ísm o e todo 0 seu caos. V e r no D ic ioná rio os artigos D euses Fa lsos e D ez M andam entos. Este último ad iciona m uitas inform ações àquilo que com entam os aqui. Ver tam bém Êxo. 23.13.

A nação de Israel estava cercada por povos que eram leais a um número impres- sionante de divindades. As pragas do Egito tinham mostrado que só Yahweh é Deus (ver Êxo. 5.2 e 6.7). Há uma profunda verdade na idéia que um homem só pode adorar a um Deus. Jesus abordou essa questão em Mateus 6.24. Os homens adoram aquelas coisas que lhes parecem importantes, incluindo 0 dinheiro. Há deuses externós e inter- nos. Mas todos eles são deuses falsos.

Os vss. 4-6 descrevem e am pliam 0 p rim e iro m andam ento. Os cató licos-ro- manos e os luteranos (e tam bém m uitos in té rpre tes judeus) pensam que esses versícu los form am , con jun tam ente , 0 p r im e iro m andam ento . Mas a m aioria dos outros grupos protestantes e evangélicos fazem desses versículos um mandamen- to distinto.

Yahweh é um Deus zeloso que não tolera rivais (vs. 5; 34.14). Naturalmente, tem os n isso um a lin g u a g e m a n tro p o m ó r fic a . V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo Antropom orfism o. D ivindades rivais seriam algo contrário ao caráter único de Deus. E um deus que não é único não é 0 verdadeiro Deus. Ver os vss. 22,23. A desobediência ao primeiro m andam ento foi a principal razão dos cativeiros (ver a esse respeito no D icionário) que, finalmente, Israel sofreu.

20.4

Segundo Mandamento:

Não fa rá s pa ra t i im a g e m . Os críticos tentam provar uma data posterior do livro de Êxodo assegurando-nos que essa pro ib ição contra as imagens realmen- te pertence à época do profeta Oséias. Conforme eles dizem, talvez seja verdade que esse m andam ento não se a justava ao que estava ocorrendo em Israel nos dias de Moisés, onde, sem dúvida, havia m uitos ído los e imagens, a lguns deles até representações de Yahweh, e outros representando outros deuses. Entretan- to, esse raciocín io é falaz. O p rim e iro m andam ento proíbe 0 polite ísmo, e a ido- latria e 0 uso de im agens prom oviam cultos politeístas. Portanto, 0 prim eiro man- da m en to tam bém com b a te 0 uso de íd o los . Por m o tivos ass im é que m u itos intérpretes pensam que os vss. 4-6 deste capítu lo fazem parte do prim eiro man- damento.

Os vss. 4-6, para a maioria dos grupos protestantes (com a exceção dos luteranos), constituem 0 segundo m andam ento. E proibido 0 fabrico de qualquer imagem de es- cultura. As imagens tendem ou mesmo prom ovem formas várias de politeísmo, e isso fora estritamente proibido no prim eiro mandam ento. A lém disso, as imagens de escul- tura, tal como 0 próprio politeísmo, destroem a natureza ímpar de Yahweh, além de injetarem elementos estranhos no pensamento e na adoração religiosos. Ver no Dicio- nário 0 verbete chamado Idolatria. Grandes segmentos da cristandade têm uma espé- cie de subpolíteísmo no uso de imagens e na veneração dos “santos”. Digo aqui “sub- politeísmo” porque, acim a do mesmo, reservam uma adoração especial a Deus. O que temos, nesses casos, é uma forma de sincretismo onde 0 antigo politeísmo alia-se ao monoteismo, A cristandade, ao entrar em contacto com culturas pagãs, inventou várias formas de sincretismo, pelo que desobedecem de forma crassa 0 primeiro e 0 segundo mandamentos. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 verbete Venera■ ção dos Santos.

Imagem de escultura. No he bra ico tem os um a só pa lavra, pese i, palavra que s ign ifica “escu lp ir” . O rig in a lm e n te , 0 te rm o s ig n ifica va um ob je to escu lp i- do, m as acabou s ign ifica ndo qua lque r tipo de im agem , representação de qual- quer objeto, no céu ou na terra. Ver Isa. 30.22; 40.19; 44.10; Jer. 10.4. Havia as imagens fundidas, feitas em moldes, feitas à mão, em lugar de serem esculpidas. Ver os mandamentos específicos contra as imagens fundidas, em Êxo. 20.23 e 34 .17 .0 primeiro e 0 segundo mandamentos proibiam qualquer forma de representação idóla- tra, e a adoração a essas formas.

onde estavam inscritas as Dez Palavras (Êxo. 24.12; cf. 34.1,27,28). Todo 0 resto da legislação mosaica foi dado indiretamente ao povo, por meio de Moisés (vs. 22; 21.1; 24.3; 25.1). Moisés registrou por escrito tudo isso, as palavras de Deus e os estatutos (Êxo. 24.3). Portanto, encontramos aqui uma complexa narrativa sobre detalhes que não são fáceis de acompanhar, embora a sua essência seja bastante clara.

“O s D ez M andam entos, ep itom e dos deve res do hom em para com Deus e para com seus sem elhan tes” (O xfo rd A n n o ta te d B ib le, in loc.). As D ez P alavras estavam divididas em duas partes: a primeira, com quatro m andam entos atinentes ao relacionamento dos israelitas com D eus; a outra parte, com seis m andam entos, envolve 0 re lacionam ento entre hom em e hom em , tudo governado pela vontade de Deus.

A quinta dispensação, 0 Pacto do Sinai, foi um dos grandes eventos espirituais da história, tanto secular quanto religiosa. O poder dessa legislação tem afetado quase cada ser humano, em todos os lugares. As interpretações cristãs, porém, opõem-se aos tremendos encargos impostos por essa legislação. Ver Rom. 3.20; Gál. 3.11. Ver os argumentos de Paulo sobre a justificação, em Rom. 4.3,22; 5.1; Gál. 2.16; 3.6,21. Era mister demonstrar a pecaminosídade (Rom. 3.19,20), mas essa revelação não justifica- va àquele que tentava cumprir as exigências da lei.

Partes da Lei Mosaica:1. O decálogo (Êxo. 20 .1-21).2. O livro da aliança com suas ordenanças civis e re lig iosas (Êxo. 20.22 - 24.11).3. Os regulamentos cerimoniais (Êxo. 24.12 - 31.18).

Provi no D icionário, em favor do leitor, um artigo bem detalhado e bem pesquisado sobre os D ez M andam entos, 0 qual acrescenta muito aos comentári- os que há neste ponto, e que 0 leitor precisa averiguar.

20.1

Então falou Deus. Ele foi 0 poder reve lado r. A leg is lação m osaica é oriun- da da inspiração divina. C om entei longam ente sobre isso na introdução ao capí- tu lo dezenove . V e r no D ic io n á rio os seg u in tes artigos: R e ve la ção (In sp ira çã o ; R evelação N a tu ra l e Insp iração), e E scrituras, em sua prim eira seção, Bíblia.

Deus é um Deus teísta, ou seja, Ele não abandonou a Sua criação. Antes, faz-se presente na mesma, recompensando ou castigando e fazendo conhecida a Sua vonta- de. Ver no Dicionário 0 artigo Teísmo. Contrastar isso com 0 Deísmo, também comen- tado no Dicionário.

Uma outra versão dos Dez M andam entos aparece em Deu. 5.6-21, com dife- renças mínimas. Ver outra versão em Êxo. 34.10-29. A ordem dos m andam entos d ifere em diferentes textos e versões. Os Dez M andam entos não eram novos, e, sim, um a seleção inspirada e apta, dentre um a grande massa de ensinos morais e espirituais, compartilhados por muitos povos. Essa seleção foi divinamente inspira- da e guiada. Essa se leção é um a breve sín tese de ensinos esp ir itua is e morais essenciais, em relação a Deus e em relação aos homens. Os judeus nunca cessa- ram de expandir 0 material, em todas as á reas concebíve is da vida humana, por meio de analogia e, a lgumas vezes, por meio de um a v iv ida imaginação. E assim, a massa legislativa tornou-se tão com plexa que ninguém seria capaz de suportá-la (Atos 15.10).

Todas estas palavras. P ro va ve lm e n te com 0 in tu ito de in tro d u z ir tod as as trê s po rções da lei m osa ica , inc lu in do 0 ca p ítu lo tr in ta e um, em bora m ais esp ec ificam e n te as D ez P a lavra s , 0 decá logo . V e r a in troduçã o aos cap ítu los dezenove e v in te qu anto a no tas com p le ta s sob re esse m ateria l. V e r tam bém no D ic io n á rio 0 a rtigo cha m ado D e z M andam entos.

20.2

Y ahw eh fo i 0 a u to r do l iv ram en to de Israe l da s e rv id ã o ao E gito . O au tor sacro a lude à in fo rm ação da da an tes, nos cap ítu los p r im e iro a décim o sétimo, ou se ja , os d e s tru tivo s p ro d íg io s das de z p ra g a s (ve r no D ic io n á rio 0 a rtigo P ra g a s do E g ito ), a lém do l iv ra m e n to no m a r de J u n c o s (v e r s o b re isso em Ê xo. 13 .22). O D eus l ib e r ta d o r ta m b é m e ra 0 le g is la d o r. O po vo de Israe l, ag o ra liv re , e n tra v a em um n o vo p a c to , 0 p a c to m o s a ic o (ve r as no tas in trodu tó rias ao cap ítu lo d e zenove ). O pa c to m o sa ico fo i 0 q u in to dos p a c to s (ver sobre esse títu lo no D icionário). Esse pacto deu iníc io à qu in ta dispensação, a e ra d u ran te a qua l Is rae l to rn o u -se um a n a çã o d is t in t iv a por c a u sa de seu cód igo lega l su p e rio r e d iv ina m en te insp irado . Ver no D ic io n á rio 0 a rtigo cha- m ado D ispensação (D ispe nsac ion a lism o).

Quanto à idéia que a lei mosaica exprime 0 caráter moral de Deus, cf. Lev. 11.44,45;19.2. Isso entra em choque com 0 Voluntarism o (ver a respeito no Dicionário), que diz que algo é direito somente porque assim Deus decreta. Bem pelo contrário, Deus é possuidor daquela santa natureza que serve de exemplo para os homens, visto que aquilo que Deus determ ina é santo em s i m esm o, e não m eramente por causa de alguma vontade caprichosa de Deus.

Israel era 0 filho primogênito de Deus (Êxo. 4.22), e um filho precisa ter a mesma natureza moral de seu pai. Cf. a declaração de Jesus em Mateus 5.48: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é 0 vosso Pai celeste”.

Page 94: At Interpretado- Êxodo

OS DEZ MANDAMENTOS

Propósitos e Intenções

1. Substituir 0 henoteísm o pelo monoteísmo. Isso não envolve a m era crença em Deus, mas, sim, a dedicação a Deus, em obediência.

2. A aniquilação da idolatria, a base falsa da espiritualidade, com dedicação corresponden- te ao único Deus.

3. Contra toda a profanação, respeitar 0 sagrado e 0 divino.

4. Manter um dia especial na imitação do Criador; um tempo para descanso e reflexão.

5. R e sp e ita r os pais, que são os rep resentan tes de D eus e m ed iad o res da fam ília . A fam ília é a principal unidade da sociedade e nela a espiritualidade deve ser cultiva- da em primeiro lugar.

6. Respeitar toda a vida humana.

7. Proteger a família através da conduta sexual correta.

8. Cultivar a honestidade com 0 dinheiro e como perspectiva de vida.

9. O uso correto da língua, evitando enganar e mentir.

10. Respeitar as propriedades de outros; a propriedade privada é um ideal que não pode ser infringido.

A Lei e a Vida

A lei foi dada para trazer a vida (Deu. 4.1; 5.33; 6.2; Eze. 20.11).Esse fato foi interpretado como bem-estar físico no Pentateuco, mas, posteriormente, ateologia judaica transformou-o na promessa de vida eterna.

Page 95: At Interpretado- Êxodo

COMO JESUS LIDOU COM OS DEZ MANDAMENTOS

O Segundo Moisés

Moisés trouxe um a lei que fazia avançar a causa espiritual.

Jesus, 0 segundo Moisés, fez avançar a compreensão espiritual da lei.

Essa circunstância prega contra qualquer tipo de estagnação no conhecimento e na quali- dade espiritual.

A espiritualidade e a verdade são buscas eternas e repletas de aventura.Como há um infinito a ser preenchido, também 0 preenchimento deve ser infinito.

Pontos Específicos

O único Deus, para Jesus se tornou pai (Mat. 6 .19).

A idolatria se manifesta de diversas formas, não m eram ente diante de um ídolo de pedra e de metal. Todas as formas de idolatria devem ser evitadas (Mat. 6 .17).

Não é suficiente evitar a blasfêmia. É necessário tornar 0 nome divino um nome sagrado em nossa conduta (Mat. 6 .9).

O sábado foi feito para 0 homem (Mar. 2.27)

Todas as pessoas, não m eram ente os nossos pais, devem ser honradas (Mat 12.50).

O ódio e a raiva são assassinatos espirituais (Mat. 5.22).

O adultério é do coração e não m eram ente um ato premeditado (Mat. 5 .28).

Não é suficiente evitar roubar. É necessário também ser liberal em doações (Mat. 5.42).

Page 96: At Interpretado- Êxodo

391ÊXODO

20.7

Terceiro Mandamento:

Abusos contra 0 nome de Deus. Vários desses abusos eram e continuam sendo possíveis:1. O triv ia l. A té m esm o c re n tes exc lam am , de scu idad am en te : “Ó m eu D eus!”

E até m e sm o c re n te s p ie d o so s fa la m de m o do fr ívo lo ace rca do Senhor, com o se E le fosse ap enas um b ich in h o de e s tim ação . C om bato essa for- m a rid ícu la de te ísm o de a co rd o com a qual q u a lque r pe nsam e n to ou ato tr iv ia l é la n ç a d o na co n ta do S e n h o r. T ra ta -s e de um a fo rm a de a u to - exa ltação . P o is se 0 g ra n d e D eus es tá co n o sco em qu es tõe s tão pe que- na s , e n tã o q u ã o im p o r ta n te s n ó s s o m o s . Em c o n tra s te com isso , os is rae litas p ie d o so s nem ao m e nos p ro n u n c ia va m 0 nom e d iv ino Yahw eh , mas c o rro m p ia m -n o de a lg u m a fo rm a , pa ra não se to rna rem cu lpa dos de es ta rem to m a n d o 0 nom e de D eus em vão.

2. N as a rte s m á g ica s e n o s ju ra m e n to s . C o m o nas co n ju ra çõ e s e nos ritos pagãos. V e r G ên. 32 .2 7 ,2 9 . O nom e de Y ahw eh não pod ia ser usado em ta is a tiv idades.

3. O no m e de Y ahw eh não po d ia se r m is tu ra d o com os n o m es de d iv in d a - des pagãs, com o se fizesse pa rte de a lgum panteão gentílico.

4. A p ro ib iç ã o do uso do no m e d iv in o in c lu ía a id é ia de e m p re g a r 0 nom e de D eus pa ra in vo ca r os m o rto s . O no m e de Y a h w e h não po d ia ser m is- tu rado à bruxa ria .

5. O nom e de Y a h w e h não po d ia se r usa do nos ju ra m e n to s ía lso s, com o se a verac idade de um a pe sso a pu desse ser apo iada pe lo grande D eus (Lev.19.12).

6 . E m bora 0 tex to sag rado não 0 d iga e sp e c ificam e n te , tem os aqui um m an- d a m en to co n tra to d a e sp é c ie de p ro fa n a ç ã o po r m e io de pa la v ras , inc lu - indo ou não os nom es d iv ino s . O tex to po r certo suben te nde 0 uso devido da língua, em q u es tõe s ta n to sag rada s q u an to secu la res . V e r na E n c ic lo - p é d ia de B íb lia , T e o lo g ia e F ilo s o fia 0 a r t ig o in t itu la d o L in g u a g e m , U so A p ro p ria d o de. O abuso da fa la d e son ra a Deus.“M a ld ições e ju ra m e n to s d e vem -se ao d e se jo de im p ress ion a r os ou tros .

A m a n e ira m a is fác il de c h o c a r o u tra p e sso a e c h a m a r sua a te nção é 0 uso de a lg u m a co isa s a g ra d a ou n o m e s a n to . M as 0 e fe ito d e s g a s ta -s e qu ase im e d ia ta m e n te , e a b la s fê m ia p a ssa a ser ap e n a s um háb ito in co n ven ie n te , exp ressando im po tênc ia e fra que za de ca rá te r” (J. C oert R ylaarsdam , in loc .).

A m eaças. N enhum a pu n ição é im posta aqui aos fa ltosos, m as fica enten- d ido que 0 ho m em que usa sse in d e v id a m e n te 0 nom e de Y ahw eh não esca- paria do devido castigo.

20.8

Quarto Mandamento:

Lem brando 0 sábado, a fim de m antê-lo santo. O sábado era um dia de des- canso e de observâncias espirituais. No D icionário há um artigo detalhado sobre 0

Sábado. Ver tam bém na E n c ic lo p é d ia de B íb lia , Teo log ia e F iloso fia os artigos chamados Sabatism o e O bservância de D ias Especiais. Ambos esses artigos abor- dam a questão que indaga se 0 sábado é obrigatório para a Igreja cristã. Se Paulo admitia que podemos observar dias especiais, ele jam ais obrigou outros cristãos a fazerem 0 mesmo. A Igreja, ou suas várias denom inações, têm 0 direito de obser- var 0 dom ingo com o se fosse um sábado ou descanso, em bora não ha ja muito para recom endar essa circunstância , sobre tudo se isso for fe ito em um a atitude lega lis ta . Ver sobre 0 iega lism o na E ncic lopédia de B íblia, Teologia e F iloso fia. É elogiável que a Igreja tenha dedicado um dia da sem ana (0 domingo) para adora- ção e culto re lig iosos especiais, com em orando a ressurre ição de Cristo. Mas isso não transforma 0 domingo em um “sábado cristão”.

A p r im e ira e s p ir itu a liz a ç ã o do ve rs ícu lo à nossa fre n te con s is t iu em a fir- m a r e n fa t ic a m e n te a n e c e s s id a d e que te m o s de o b se rv â n c ia s re lig io sa s co m una is , em um e s fo rço g rupa i co m o um a ig re ja ou um a d e n om in ação , v i- sando a honrar a D eus com 0 nosso tem po, de m ane ira s is tem ática e p lane ja- da. É bom observarm os pelo m enos um dia po r sem ana para essa fina lidade e para descansar do traba lho secu lar.

O sábado foi instituído antes da lei mosaica. Ver Gên. 2.3. Nessa referência, apresentei notas sobre a questão, incluindo a necessidade de descanso e adora- ção, a lém da ne cess idad e de tra b a lh a r nos ou tros se is d ias da sem ana. Os re form adores do sécu lo XVI, ao ab-rogarem teo log icam ente 0 sábado, substituí- ram -no pelo dom ingo ; m as f ize ram deste um sábado para todos os p ropósitos p rá ticos. A m ed ida pode te r s ido p rá tica , m a s não ex ib iu um a boa teo log ia . O sábado é um a contribu ição d is tin ta da re lig ião dos hebreus. Era 0 sinal do pacto mosaico. Mas, sob a graça, na qual estamos, não há qualquer necessidade desse sinal, pe lo que não há nenhum prece ito ou exem plo de guarda do sábado por parte da Igreja cristã . Antes, a gu a rda do sábado aparece com o um sinal de infantilidade espiritual ou m esm o de erro teo lógico. Ver Gál. 4.10 e suas notas no Novo Testam ento Interpretado.

No tab e rn ácu lo hav ia a re p re se n ta çã o de qu e ru b in s . M as a f igu ra jam a is foi adorad a ou ven e rad a p e lo s f i lh o s de Israe l. Se 0 t ive sse sido, sem dúvida te r ia s id o de s tru íd a . V e r Êxo. 2 5 .1 8 ,1 9 . Y a h w e h , p o r su a vez, ja m a is fo i re- p fe s e n ta d o e n tre os is ra e l i ta s p o r m e io de q u a lq u e r im a g e m de e scu ltu ra . Ta l re p re se n ta çã o te r ia s ido um s a c r ilé g io de p r im e ira g ra n d e za . E nem ou- 6 0 s deuses foram jam a is re p rese n tad os po r m e io de im ag ens pe los israe litas, a não se r pe los idó la tras en tre e les. M as ta is im a g e n s de tra ta va m do ca rá te r ú r íc o de Y ahw eh.

Os e g íp c io s ad o ra va m to d a e sp é c ie de o b je to s , com o aves, ré p te is e fi- gu ras ce le s te s im a g in á r ia s . E nã o h e s ita v a m em re p re s e n ta r ta is su p o s ta s d iv in d a d e s po r m e io de im a g e n s . E sse t ip o de a t iv id a d e fo i p ro ib id a aos fi- lh o s de Is ra e l. A t r ip la d e s ig n a ç ã o , “ em c im a no s cé u s , nem em b a ixo na te rra , nem nas á g u a s d e b a ixo da te r ra ” , p a ra os an tig o s , a p o n ta va m pa ra a c riação inte ira.

A Idolatria de Todos Nós. Para todos nós há certas coisas às quais damos grande alenção, ao ponto de transformá-las em ídolos. Existem ídolos da mente, e não apenas de madeira, de pedra ou de metal. ídolos comuns incluem possessões, dinheiro, sexo, fama, posição social e poder.

20.5

A a d oraçã o às im ag ens de e scu ltu ra é p ro ib id a no se g u n d o m a n d a m e n - to. A doração som ente ao ze loso Y ahw eh (Êxo. 34 .14; Deu. 5.9 ; 6.15; 32.16,21; Jo s . 2 4 .1 9 ) . O p o vo de D e u s p e r te n c e e x c lu s iv a m e n te a E le , e só d e v ia m p re s ta r-L h e le a ld a d e , não im ita n d o os p o vo s c irc u n v iz in h o s , que co n ta va m com e x te nsos pa n te õ e s . A id o la tr ia e 0 uso de im a g e n s e ram co n s id e ra d o s um a tão g ra ve in iq ü id a d e qu e fo ra m a m e a ç a d o s p o d e ro s o s ju íz o s de D eus con tra os id ó la tra s , e n v o lv e n d o a té a q u a rta g e ra ç ã o do s m e sm os. Os des- cen den tes dos id ó la tra s não po d iam e s c a p a r ao d e s p ra z e r de Y ahw eh , pa ra quem mil anos é com o se fosse um d ia (II P ed . 3 .8 ; Sa l. 9 0 .4 ). P ode m os te r ce rteza de que os ju íz o s de D eus são ju s to s , e en vo lve m os f ilhos dos idó la - tras po rque ge ra lm e n te p a rtic ip a m dos p e cados de seu s pa is . M as em casos de inocência , esses ju ízos eram susp ensos. T o dav ia , pe rs is tiam c ircunstânc i- as adversas, c riadas an te rio rm en te . A dem a is , ex is te aque la g e n é tica e sp iritu - al que tra n s m ite a t itu d e s e c o s tu m e s de p a is p a ra f i lh o s , e tc ., p ro vo ca n d o assim a ira d iv ina . V e r Eze. 18 .20 q u an to à re sp o n sa b il id a d e de cada ín d ív í- duo, 0 o u tro lado da m o eda . V e r ta m b é m N úm . 14 .18 e D eu. 5 .9 q u a n to a trechos parale los deste versícu lo .

A lguns eruditos supõem que itens com o os querub ins (Êxo. 25.18,19), a arca (Núm. 10.35,36), os terafins (Juí. 18.14); a estola sacerdotal (Juí. 8.26,27) e a serpen- te de metal (Núm. 21.8,9) na verdade constituíam ídolos e imagens em Israel, pois Israel estava mais próx im a dos pagãos que a m aioria dos es tud iosos gostam de admitir. Mas outros negam que os israe litas adorassem a esses objetos. Serviam apenas a propósitos ilustrativos no culto, não se tom ando nunca objetos de adoração. O argumento do primeiro grupo de eruditos tem por objetivo dar apoio à idéia de que 0 segundo mandamento era de origem posterior, e que acabou acrescentado à lista dos mandamentos. Por outro lado, se os objetos acima mencionados não eram obje- tos de adoração, então tal argumento rui por terra.

20.6

Faço misericórdia. M ise ricó rd ia para com os ob ed ien tes . Ezequ ie l 18.20 mostra 0 princíp io da justiça. O s jus tos recebem m isericórd ia e bênção da parte de D eus. M as a m ise r icó rd ia e s te n d e -se a m il ge ra çõ e s , 0 que m o s tra que a m isericórdia é um princíp io m uito mais poderoso do que 0 da ap licação da justi- ça. Seja com o for, não há q u a lque r con trad ição , v is to que a ira de D eus é uma medida de d isc ip lina que p rom ove a cau sa do am or. Ver no D ic io n á rio 0 artigo Ju lgam ento de Deus dos H om ens P erd idos.

Julgam ento Temporal. No Pentateuco não há qualquer ensino sobre um juízo divino pós-túmulo, um inferno para os ímpios e um céu para os piedosos. A noção da existência da alma não entrou claramente no pensamento dos hebreus senão já nos Salmos e nos Profetas. Assim sendo, a lei de Moisés nunca ameaça os homens com 0

julgamento da alma, e nem jamais promete a bem-aventurança celestial para os obe- dientes. A teologia dos hebreus mostrava-se deficiente quanto a esse particular, defici- ência essa que foi corrigida pela doutrina cristã. Ver no Dicionário 0 verbete Alma.

Para os antigos hebreus, observar os m andam entos era um a medida doadora de vida. Ver Deu. 5.33. Mas não é prom etida qualquer vida além-túmulo. Contudo, mais tarde, 0 juda ísm o acrescentou essa idéia. O cristian ism o mostrou a falência total da lei com o medida salvatícia. V er Gál. 3.21. É precisam ente aí que tem os a grande e fundam enta l d ife rença entre 0 ju d a ísm o e 0 c ris tian ism o . Q ual era 0

intuito da lei, afinal?

Page 97: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO392

povo a cessa r todo tra b a lh o du ra n te 0 m esm o, a fim de po der ded icar-se aos exercícios religiosos, com o ouvir e ler as Escrituras, orar, louvar, etc., e Ele aben- çoava esse dia com a Sua presença (John Gill, in loc.).

Terminam aqui os quatro m andam entos que mostram deveres do homem para com Deus. Doravante, veremos seis mandamentos que falam das relações entre ho- mem e homem.

20.12

Quinto Mandamento:

Os quatro prim eiros m andam entos da lei mosaica tratam dos deveres do ho- mem para com Deus. Os ú ltimos seis, tra tam dos re lacionamentos humanos. Por isso mesmo, as tábuas do testemunho, onde tinham sido inscritos os mandamentos, eram duas. Essas duas tábuas da lei incorporavam todas as atitudes apropriadas aos seres humanos.

Honrar aos próprios progenitores não somente é uma forma de piedade do mais alto calibre, como também é uma regra social de suprema importância, pois os conflitos domésticos naturalmente têm reflexos sobre a sociedade como um todo. Visto que os pais atuam como representantes de Deus, ocupando 0 lugar de Deus no seio da famí- lia, este quinto mandamento, na realidade, é uma aplicação dos dois primeiros manda- mentos. Assim, honrar a Yahweh implica em honrar aos pais. A solidariedade familiar jamais poderá tom ar-se um fato nos lugares onde houver filhos desobedientes, que tentem impingir sua voluntariedade às expensas dos pais. Dentro do contexto hebreu, honrar os próprios pais era uma parte vital da existência, tão vital quanto a respiração. Um filho que ousasse ferir seus pais sofria a pena de morte (Êxo. 21.15). Idêntico castigo cabia a quem amaldiçoasse qualquer de seus pais (Êxo. 21.17). Somente os zombadores insensatos rejeitariam esse princípio de respeito pelos próprios pais, e 0

fim deles é triste (Pro. 30.17).Paulo reitera esse m andam ento em Efésios 6.1-3. Todavia, 0 apóstolo também

frisou sabiamente a responsabilidade dos pais para com seus filhos (vs. 4). E lembrou que 0 quinto mandamento é 0 primeiro mandamento que envolve uma promessa, ou seja, que os filhos obedientes serão abençoados com uma vida longa e feliz (Efé. 6.3). Nesse ponto, Paulo citou 0 trecho de Deuteronômio 5.16. Quanto ao ponto de vista neotestamentário ver a completa exposição sobre esse mandamento em Efésios 6.1 ss., no Novo Testamento /nfe/preíado.

A p u n içã o c a p ita l (ve r a esse respe ito no D ic io n á rio ) era im posta no caso de q u a tro c rim e s , m e n c io n a d o s em Ê xo. 2 1 .1 2 -1 7 (q u e v id e ) . E n tre esses q u e re m o s d e s ta c a r aq u i a q u e b ra do se x to m a n d a m e n to (0 h o m ic íd io ; Êxo. 21 .12 ,14) e a qu ebra do q u in to m a nd a m e n to (os abusos con tra os pa is; Êxo.21.17).

Entre certas tr ibos ind ígenas do R io Negro, no estado do Am azonas, Bra- sil, som en te do is a to s são t id o s com o a q u ilo que cha m am o s de pecados, ou se ja , a to s e rra d o s : a b u s a r de q u a lq u e r m o do da p ró p ria m ãe e fu r ta r. Entre e les, esse s a to s são c o n s id e ra d o s p io re s do que 0 ho m ic íd io , 0 qu a l, en tre e les , é tão co m u m qu e d e ixo u de se r c e n s u ra d o . A ss im sendo, 0 cód ig o de ética daqueles ind ígenas incorpora som en te 0 qu in to e 0 o itavo m andam entos do decálogo mosaico.

Aristóteles pensava que as relações entre filho e progenitor são análogas àque- Ias que existem entre 0 homem e Deus (E th ics, N ic. vii.12 par.5). O confucionismo alicerça toda a sua m oralidade sobre as re lações entre pais e filhos. Os egípcios en fa tizavam a questão a pon to de am eaçarem a um a má v ida pó s-túm ulo aos filhos que fossem desobedientes a seus pais (apud Lenormant, H isto ire Ancienne, vs. 1, pág. 343 s.).

Interessante é notar que se os egípcios prometiam uma boa vida pós-túmulo aos filhos obedientes, 0 código mosaico só prometia uma boa vida neste mundo, uma vida longa e abençoada, mas nenhum a promessa de vida pós-túmulo, 0 que é típico no Pentateuco. Se existem alguns indícios sobre uma vida para além da morte biológica (como na doutrina do homem como partícipe da imagem divina; Gên. 1.26,27), essa doutrina só passou a ser destacada formalmente, no Antigo Testamento, nos Salmos e nos Profetas. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Alma. E ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 verbete intitulado Im onalidade (que contém vários artigos).

20.13

Sexto Mandamento:

Esse m a nd a m e n to p ro íbe 0 h o m ic íd io . V e r no D ic io n á rio 0 ve rbe te P uni- ção C ap ita l. O A ntigo T e s tam e n to ju s tific a v a , con tudo , certas form as de homi- cídio. Um escravo podia ser m orto sem que seu proprie tário fosse punido (Êxo. 21 .21). Q uem invad isse um a casa pod ia se r m orto , sem sanções con tra quem lhe t ira sse a v ida (Êxo. 22 .2 ). O sexto m a ndam en to não p ro ib ia os sacrifíc ios de an im ais. M atar a lguém , duran te as bata lhas, não era considerado um crime (Deu. 2 0 .1 -4 ). É p o ss íve l que, em a lgu ns caso s , fosse pe rm itida a eutanásia (se gund o nos é s u g e r id o em I S am . 3 1 .4 ,5 ) . P re su m e -se que 0 su ic íd io era proib ido, em bora não se ja esp ec ificam e nte m encionado. De fato, os trechos de

Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e F ilosofia 0 artigo Domingo, Dia do Se- nhor, quanto ao que 0 domingo é e não é. Ver Atos 20.7 e I Cor. 16.2.

A desobediência a esse quarto mandamento traria juízo contra os israelitas deso- bedientes, μ saber, a punição cap ita l (ver sobre esse título na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, e também Êxo. 31.15; Núm. 15.22-36).

Para 0 santificar. Em outras palavras, como um descanso santificado (Êxo. 16.23), em que os israelitas deveriam aproveitar a oportunidade para dedicarem-se ao culto e ao serviço religiosos. A provisão principal era 0 descanso, e podemos presumir que eles aproveitavam 0 ensejo para finalidades religiosas. Posteriormente, na sinagoga, sem dúvida assim acontecia. Ver também Êxo. 20.11; 23.12 e Deu. 5.14,15.

Tipo. O descanso do sábado era tipo do futuro descanso do crente, em Jesus Cristo, ou seja, a salvação eterna. Ver Heb. 4.1,3-5,8-11. Ver no Dicionário 0 verbete Salvação.

20.9,10

Seis dias trabalharás. T e m os aq u i um m a n d a m e n to po s it ivo : T raba lha ! O sábado era não som ente um tem po em que se d e sca n sa va do tra ba lho re- g u ia r se m a n a l. D epo is de um tra b a lh o de um a sem a n a , 0 ho m em im ita va a D eus 0 qual, segundo se vê em Gên. 2.2 ,3, após se is d ias de criação, descan- sou ao sé tim o dia. Por isso m esm o, 0 sáb ado é 0 sé tim o d ia da sem ana, pois n ing uém pode d e sca n sa r de p o is de na da te r fe ito . M as a Ig re ja p r im itiva , no p r im e iro d ia da sem ana, re m e m o ra va a re ssu rre içã o de C ris to . Isso po sto , 0

dom ingo , ou p r im e iro dia da sem ana, es tá ba se a d o em um a idé ia in te iram en- te d iversa da do sábado juda ico . As no tas que dou em Gên. 2 .2 ,3 são bastante com ple tas , e devem se r l idas em co n exão com esta pa ssagem . Q ua n to a ou- tros trechos b íb licos ligados ao sábado, ve r Êxo. 16 .22-30; 31.15; Núm. 15.32- 36 e Deu. 5.15.

A ordem princ ipa l do qu arto m a ndam en to era nã o tra ba lha r. E isso ap lica- va -se tan to aos se res h u m a n o s q u a n to ao s a n im a is . A m ora l d e sse m anda- m e n to é que 0 ho m em es ta va im ita n d o a q u ilo que D eus fize ra , te rm in a d a a ob ra da criação . O ve rs ícu lo se g u in te a es te d e ixa isso c la ro , sendo um em- p rés tim o d ire tam e nte fe ito do seg undo ca p ítu lo do G ênes is . D eus de ixa ra um exe m p lo que p re c isa va se r se g u id o de p e rto . N ão há no m a n d a m e n to qua l- qu e r exp licação sobre 0 que se deveria faze r com 0 tem po livre; m as a história tod a do ju d a ísm o de m o n s tra que era um te m p o pa ra se r de vo ta d o à m edita- ção e a outros exercícios espirituais.

Na Babilônia, 0 sábado era tido com o um dia de mau presságio; mas 0 judaís- m o reverteu com ple tam ente ta l noção pagã. No Egito, nos dias da serv idão de Israel, não havia dia de descanso para 0 povo de Deus ao fim de cada semana; e assim, após 0 livramento, foi reinstalado 0 sábado entre os israelitas.

O sáb ado era tam bém um a e sp éc ie de le m b re te se m ana l da pá scoa, tal co m o 0 d ia do S enh or, no N ovo T e s ta m e n to , é um m e m o ria l da m o rte e da ressurre ição de Cristo. No Egito, a Israel só cab ia traba lha r, traba lhar; um a vez libe r to , 0 po vo de Is ra e l pô de n o v a m e n te g o z a r de um d ia de d e s c a n s o por sem ana, em im itação a Deus, que descansou no sé tim o d ia da criação.

Vemos em Deuteronômio 5.15 que ao sábado foi dada um a razão hum anitária. Homens e animais, depois de seis dias de trabalho, precisavam descansar. Israel tinha vivido servilmente no Egito, onde não tinha descanso. Um homem, ao descansar, tam- bém deveria conceder descanso a seus dependentes (incluindo os escravos) e aos seus animais. Os estrangeiros também tinham 0 direito de um dia de descanso sema- nal em Israel.

Há um certo núm ero de p ro ib iç õ e s in d iv id u a is qu e en vo lvem tipo s de tra- ba lho, e que nos servem de ins trução : 1 . N ão se po d ia re co lhe r 0 m aná (Êxo. 1 6 .26 ). 2. N ão se po d ia a c e n d e r fo g o (Ê xo . 35 .3 ). 3. N ão se po d ia a ju n ta r lenha para acender fogo (Núm . 15.36). Em con seqüênc ia , até coisas aparen te- m e n te tr iv ia is e ram in c lu íd as nessa p ro ib içã o . C on tu d o , ta m b é m hav ia a lgu- m as exceções: Os sacerdotes não cessavam seu traba lho . Um a v ida em perigo podia ser resgatada (Mat. 12.5,11). Nos dias dos M a cabeus, entretanto, com e- çaram a surg ir a titudes ex trem a das. T o rno u -se p ro ib ido até m esm o a au tode- fe sa (I M a ca b e u s 2 .3 2 -3 8 ; II M a c a b e u s 5 .2 5 ,2 6 e 6 .1 1 ). J e s u s não era um gu arda dor extrem ado e rid ícu lo do sábado, con fo rm e fica ilus trado no capítu lo doze de Mateus.

20.11

N atu reza O briga tó ria do S ábado. Neste vers ícu lo ap rendem os que a guar- d a do sá b a d o e s ta va a lic e rç a d a s o b re 0 e xe m p lo d iv in o (G ên. 2 .2 ,3 ), com o tam bém sobre um m a ndam en to d iv in o (Êxo. 2 0 .9 -1 1 ). O trecho de Êxo. 20.11 re p e te e s s e n c ia lm e n te 0 q u e se lê em G ê n e s is 2 .2 ,3 , on d e o fe re ç o no tas e xp o s it iva s . Esse d ia p e rte n c ia a D eus. E le 0 h a v ia s a n tif ica d o . Sua grande o b ra c r ia t iva t inh a s ido te rm in a d a e e ra “ b o a ” . E 0 sá b a d o e ra um a e sp éc ie de c o m e m o ra çã o de sse fa to , te n d o -se to rn a d o a ss im um d ia e sp e c ia l em si m esm o. Ver tam bém Êxo. 31 .17. “ D eus se p a ro u esse d ia de tod os os dem ais d ias da sem ana, sa n tif ica n d o -o pa ra uso e se rv iço sagrados, obrigando 0 Seu

Page 98: At Interpretado- Êxodo

393ÊXODO

20.15

Oitavo Mandamento:

Respeito pela propriedade alheia. O ser humano tem direito possuir coisas. E uma vez que as possua, não pode ser privado delas por parte de quem quer que seja. Fica entendido, contudo, que tal ser humano entrou na possessão de suas coisas de manei- ra honesta, pois, em caso contrário, ele já roubou tais coisas de alguém, quebrando assim 0 oitavo mandamento. O comunismo oficializou 0 furto de propriedade privada, por parte do estado, mediante 0 decreto de alguns poucos mandamentos. O ladrão às vezes apenas furta sub-repticiamente, mas muitas vezes também rouba mediante a violência, incluindo à mão am ada . Neste último caso há violência física, mas todo furto ou roubo é um ato egoísta.

Por muitas vezes, as coisas que as pessoas possuem foram adquiridas em troca de tra ba lho á rduo e longo. E con tra a na tureza p r iva r um hom em daquilo que ele chegou a po ssu ir m ed ian te tra ba lho e sacrif íc io pessoal. Os im postos, em bora decre tados o fic ia lm ente , tam bém podem ser exo rb itan tes e pecam ino- sos, com o modos ilegítimos de que os governantes se valem para lesar os gover- nados. Logo, taxas e xcessivas devem s e r c lass ificadas com o quebras do oitavo m andam ento. E tam bém há um a m aneira pa ss iva de faze r a m esm a coisa. De- vem os mostrar-nos generosos, com partilhando com outros de nossos valores mo- ne tários. Se assim não f ize rm os , en tão e s ta rem os fu rtand o 0 que de veria ser dado a pessoas m enos afortunadas do que nós.

D ific ilm en te po de se r m a n tida um a so c ie d a d e e s tá v e l quando os ladrões fazem 0 que bem en tendem . A desonestidade , em todas as suas form as, é um grande mal social, custando aos governos um alto preço na tentativa de controlá- Ia. C om o já d issem os, há fo rm as v io len tas e não-v io lentas de roubo, com o iam - bém há form as particulares e públicas. E tam bém há desonestidades individuais e coletivas.

A sacralidade da propriedade fica implícita no oitavo mandamento.Alguns estudiosos ampliam esse mandamento, por implicação, para 0 que envolvem

os danos causados pela maledicência e pelos ataques vertais contra outrem.

Boa fam a, em hom em ou m ulher,É a jó ia imediata de suas almas.Quem me furta a bolsa, furta ninharias,M as quem m e furta 0 bom nome,Furta-m e daquilo que não 0 enriquece,M as realm ente m e em pobrece.

(Apud Adam Clarke, poeta inglês desconhecido)

20.16

Nono Mandamento:

Parece que 0 objetivo central deste mandamento é a proteção ao sistema judiei- al. Os tribunais seriam inúteis se os homens chegassem ali para mentir. Se tiver de ser feita uma acusação contra outra pessoa, e se 0 acusado tiver de defender-se, a verdade terá de ser dita por am bas as parles, sob pena da justiça naufragar. Mas esse m andam ento tam bém se aplica a questões individuais. A sociedade em geral perturba-se quando as pessoas saem a espalhar mentiras e calúnias sobre seus sem elhantes. Ver no D ic ionário 0 artigo intitu lado M entir (M entiroso). O trecho de Êxo. 23.1 condena 0 fa lso testem unho em nível pessoal. V er Deu. 19.16-20 que requeria juízo apropriado contra falsas testemunhas que perturbavam 0 sistema judí- ciai. A linguagem e os fatos devem concordar entre si. Ver Deu. 13.14; 17.4; 22.20; Jer. 9,5; Sal. 9.5; 15.2; Pro. 12.19; 14.25; 22.21. A verdade precisa ser dita c o m o tempero do amor (Efé. 4.15). Algumas vezes, as meias verdades prejudicam mais do que as mentiras francas. O am or, porém, guarda-nos tanto da mentira aberta quanto das meias verdades.

A m entira artística vem sendo aprovada desde os tempos mais antigos, conforme muitos eruditos supõem. Ver 0 caso de Labão (Gên. 29.21-27), e 0 caso um tanto anterior de Jacó (Gên. 27.6-36). Por outro lado, a luz que brilhou por meio de Moisés por certo condenava qualquer tipo de mentira ou abuso de linguagem.

A ntes de Fa lar

Faz tudo pa ssa r d ian te de três po rtas de ouro:A s po rtas estre itas são, a p rim e ira : É Verdade?Em seguida: É N ecessário? Em tua m ente Fornece um a resposta veraz. E a próxim a É a ú ltim a e m ais d ifíc il: É G entil?E se tudo chegar, a final, aos teus lábios,D epois de feres passado p o r essas três portas,Então poderás re la ta r 0 caso, sem tem eres Q ual seja 0 resu ltado de tuas pa lavras.

(Beth Day)

1 Sam. 17.23 e 31 .4 ,5 até podem ser usados com o de fesa de a lguns casos de suicídio. V er na E nciclopédia de B íb lia , Teologia e F iloso fia os artigos intitu lados E utanásia e S uicíd io.

A eutanásia, quando aprovada, é a mais conspícua exceção ao sexto manda- mento. A lei proíbe 0 abuso da propriedade por meio do furto (Êxo. 20.15, 0 oitavo mandamento). Ora, a vida de um homem é sua mais preciosa possessão, bem como 0 veículo de que ele precisa para cum prir 0 desígnio divino em sua vida. Portanto, 0

homicídio insulta Deus, e não som ente 0 homem, porquanto interfere no propósito de Deus que se está cumprindo nos homens. Desde os dias do Antigo Testamento, tem aumentado 0 respeito peia vida humana; mas 0 homem está ainda muito longe de ter um autêntico respeito pela sacralidade da vida humana. Os homens chamam de yusías certas guerras. Mas é muito raro que ocorra um a guerra dessas. Há ocasi- ões em que se torna imprescindível guerrear contra os psicopatas, como certamente fo i Hitler, a fim de serem sa lvas muitas vidas. Mas m esm o assim , multas vítimas nocentes são ceifadas, até mesmo por parte dos chamados poderes justos. Ficamos perplexos diante das chamadas matanças justas, que, presumivelmente, teriam sido impulsionadas por Yahweh.

O trecho de Mateus 5.21,22 expande 0 sexto mandamento para que inclua 0 ódio, a inveja, a má vontade e 0 assassinato de caráter. A ira indevida e pensamentos malici- osos, que se expressem em palavras ou ações, devem ser compreendidos como impli- cações desse sexto mandamento.

Homicídio e Punição Capital.

P un ição c a p ita l é, ob v ia m e n te , um a fo rm a de h o m ic íd io , e 0 A n tigo Tes- tam ento não m eram ente pe rm ite es te ato , m as 0 ex ige com o v inga nça con tra certos c rim e s . C rim e s que e x ig ira m pu n içã o ca p ita l inc lu íra m ho m ic íd io pre- m e d itado (Êxo. 20 .1 3 ; G ên . 9 .6 ); v io lê n c ia co n tra os p a is (Ê xo . 21 .1 5 ); se- questro (Êxo. 21 .16; D eu. 24 .7 ); ab uso verba l co n tra os pa is (Êxo. 21 .17), O qu in to m a nd a m e n to fo i ju s ta m e n te co n tra es te a to (Ê xo . 20 .12 ). Ta l d e sre s- p e ito e ra co n s id e ra do um a fo rm a de h o m ic íd io dos pa is , em bora não m a tas- se lite ra lm en te .

Em a lguns casos, a pun ição cap ita l podia ser evitada m ediante negociação com os pa rentes da vítim a. E ram eles quem dec id iam que m u lta seria exigida. Provavelmente tais multas eram pesadas. Ver. Êxo. 21.30 para um exemplo des- te tipo de negociação. O pr im eiro assass ino , Caim , que m atou seu irm ão Abel, foi ex ilado por Yahweh, m as esta form a de pu n ição não achou luga r na legis la- ção mosaica.

20.14

Sétimo Mandamento:

C on tra 0 a d u lté rio . No a r t ig o ge ra l, no D ic io n á rio , in t itu la d o D ez M anda- m entos, o fe re ço no ta s d e ta lh a d a s s o b re e s s a q u e s tã o q u e de vem s e r l idas em con junto com as deste versícu lo . Assim com o os filhos devem honrar seus pa is (Êxo. 20 .12), e com o os pa is d e vem h o n ra r seu s f ilhos (Efé. 6.4), assim tam b é m os cô n ju g e s d e vem h o n ra r -s e m u tu a m e n te . Isso fa z pa rte de um a estru tu ra soc ia l que p rospe ra , pe lo que faz pa rte da seg u n d a tábua dos Dez M a ndam entos . D esse m odo f ica s a lva g u a rd a d a a so lida r ieda de da fam ília . A p o lig am ia sem pre fez pa rte da soc ie d a d e h e b ré ia , pe lo que te r m a is de um a e sp osa , ou te r um a e s p o s a e v á r ia s c o n c u b in a s nã o era a lgo p ro ib id o pe lo s é tim o m a ndam en to . A n tes , 0 que e ra c o n d e n a d o era a se d u çã o da esposa de o u tro h o m e m , ou (em c a s o s m a is ra ro s ) a se d u ç ã o , p o r p a rte de um a m u lher, do m arido de ou tra m u lher. V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo in titu la do P o li- g am ia .

O trecho de Mateus 5.27 ss. elabora aquilo que constituí 0 adultério, mostrando- nos que está envolvido mais do que atos sexuais ilícitos. Existe aquele adultério da mente, de que nenhum homem ou mulher escapa. Ver tam bém Heb. 13.4 e Lev. 20.10.

O que está im plítico no adultério ou no sétimo mandamento? O Grande Catecis- mo de Westminster, respondendo à pergunta 139, elabora:

“0 adultério, a fomicação, 0 estupro, 0 incesto, a sodomia, as paixões desnaturais, a imaginação impura, a impureza nos propósitos e nos afetos, a linguagem Imoral, os olha- res sensuais, 0 comportamento imodesto, as vestes imodestas, os casamentos ilegítimos, a tolerância de bordéis ou de qualquer tipo de prostituição, 0 indevido adiamento no casamento, 0 divórcio, a separação ou deserção do cônjuge, a preguiça, a glutonaria, 0

alcoolismo, as gravuras, as danças, as peças teatrais e qualquer outra coisa que excita ou promova pensamentos impuros”.

Ό sétimo mandamento trata a família como uma unidade social. Seu real interes- se é a sacralidade do matrimônio. Somente por implicação envolve a gama inteira da moralidade sexual” (J. Edgar Park, in loc.).

“Esse mandamento adverte contra a dtadura do copo físico” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.).O código de Hamurabi (artigo 157) requeria a pena de morte na fogueira para

esse tipo de pecado. O trecho de Levítico 20.10 requeria execução por apedrejamento. Ver no Dicionário 0 artigo Apedrejamento. Ver também Deu. 23.22-24.

Page 99: At Interpretado- Êxodo

HOMICÍDIO

A LEI DE M O IS É S

Não matarás.

Êxodo 20.13

Não aceitareis resgate pela vida do homicida, que é culpado de morte: antes será ele morto.

Números 35.31

A LEI DE JESU S

Ouvistes que foi dito aos antigos:Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento.Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento;e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal.

Mateus 5.21,22

Oh, Deus, que carne e sangue fossem tão baratos! Que os homens viessem a odiar e a matar,Que os homens viessem a silvar e a cortar,Com línguas de vileza... por causa de..."Teologia”.

Russell Norman Champlin

Page 100: At Interpretado- Êxodo

395ÊXODO

20.19

O povo de Israel havia conco rda do em receber a v is ita de Yahw eh e a Sua lei (Êxo. 19.7,8), m as não estava preparado para 0 que sucedeu. Em seu terror, nem ao m enos qu ise ram o u v ir a voz de Y ahw eh , que ju lga ram que lhes seria fata l. Assim , p re fe r iram que M o isé s a tu asse com o in te rm ed iário , transm itindo- lhes tudo quanto lhe fosse dito e exigido por parte do Senhor. E foi assim que por pedido do povo de Israel, e não som ente por cham ada divina, Moisés tornou-se 0 m ed iado r da lei e de sua in te rp re tação . “D eus é, ao m esm o tem po, extrem a- m ente pa recido e ex trem a m ente d ife ren te do hom em . Sua pa lavra é a Espada do Espírito” (J. Edgar Park, in loc.).

Os hom ens tem em , para em segu ida de ixa rem de tem er. E isso lhes é pre- jud ic ia l (Êxo. 32). Cf. Deu. 5 .16-20 quanto às m anifestações divinas no S inai, e cf. Deu. 5.24-27 qu anto às pa lavras e ped idos do povo, d itas com m aio res por- menores. Ver no D ic ioná rio 0 artigo M ediação (M ediador).

20.20

A essência da exp licação dada por M oisés foi a seguinte: “ Não tem ais, por- que a m a n ifes ta ção fo i pa ra 0 vo sso b e m ” . De fa to , 0 inc ide n te in te iro fo i um ou tro s in a l (Êxo. 15 .25), ao lado de ou tro s que já tinh am s ido dados, em bora m ais importante quanto à sua im plicação total. Essas manifestações produziram um grande benefício, levando 0 povo a receber aquele benefíc io em um apropri- ado esp ir ito de h u m ildad e . A lei fo i da d a pa ra co ib ir vá r io s tipo s de pecados, favo recendo certos a tos pos it ivos . A form a da m a n ifes ta ção a judaria 0 po vo a obedecer am bos os tipos de m andam entos, os negativos e os positivos. As atitu- des internas determ inam os atos externos.

20.21

Deus ocu ltou-se em Sua nuvem ; os israe litas postaram -se a respeitável dis- tân c ia ; M o isés a p ro x im o u -se da nu vem a fim de re ce b e r m a is ins truções. Cf. Êxo. 19.9, onde é apresentada a nuvem . Dou ali notas expositivas sobre a ques- tão. O pedido do povo de d ispo r de um m e d iado r foi assim honrado. O tem ível Yahweh estava a um a d is tância segura; ap esar disso, porém, a m ensagem divi- na chegou até eles, por interm édio de Moisés.

Leis acerca dos Altares (20.22-26)

A lei m osaica tinha sua essênc ia no decá logo (20.3-18). Agora com eçaria a grande m u ltip lica çã o de p rece itos. V irtua lm ente 0 resto do Penta teuco ofe rece- nos aspectos dessa m u ltip licação, e a trad ição juda ica procurou aum entar mais ainda essa multip licação de preceitos. O conceito da lei era 0 conceito do judaís- mo. A fim de in ic iar essa m u ltip licação, fo i usado 0 segundo m andam ento (Êxo. 20.4-6). Isso é um a verdade porque, sem 0 caráter im par de Yahweh, as leis não teriam qualquer sen tido especia l. V e r os vss. 22,23. Os m andam entos repousa- vam sobre 0 próprio caráter de Yahweh, e foi Deus quem lhes deu autoridade.

20.22

Os israelitas tinham pedido que Moisés atuasse com o mediador entre Deus e e les m esm os (vs. 19), quando M o isés já es tava a tuando nessa capac idade . Y ahw eh instru iu M o isés para que tra nsm itisse ao povo a Sua pa lavra, e assim teve início a m u ltip licação dos dez m andam entos básicos; e essa multip licação, m e diante a In terpre tação, nunca te rm inou pa ra 0 juda ísm o. Y ahw eh env iava a Sua m ensagem do S e u céu, 0 que s ign ifica que es tam os fa lando em term os de reve lação (ver a esse respeito no D icionário). As coisas ditas pelo Senhor seriam posteriorm ente form uladas nas Escrituras (ver os Artigos Introdutórios no primei- ro volum e desta obra, em sua p r im eira seção).

O fato de que a voz de Yahweh era ouvida por Moisés servia de motivo para 0 povo de Israel obedecer, po is as pa lavras subiam acim a da com preensão ime- diata de les. Q uanto à desc ida de Y ahw eh do céu, ver Êxo. 19.18, onde dam os referências.

20.23

Esse versículo, em um sentido restrito (pois m enciona som ente im agens de prata e de ouro, fund idas ou de escultura), é um a expressão do segundo m anda- m ento , que já v im os nos vss . 4-6 , e on de há no tas e xp os itivas a respe ito . O decá logo estava a licerçado sobre a reve lação do único e inigualável Yahweh, 0

ún ico Deus. Assim , a m u lt ip licação de p rece itos que se segue tam bém se ba- seou sobre isso, ou seja, que não haveria ou tros deuses para dar instruções e o r ie n ta r os filhos de Israel q u an to à verdade ira adoração. No cu lto do povo de Israel, não havia lugar para qua isque r tipos de imagens, fundidas ou esculp idas. Y ahw eh não to le ra va riva is . C o isa a lg u m a po d ia ser pe rm it id a que ten desse

Décimo Mandamento:

Contra todas as form as de cob iça . De aco rdo com m uitos erud itos, esse é 0 déc im o dos m a ndam ento s m o sa icos. M as os lu te rano s e os ca tó licos roma- nos pensam que 0 p rim eiro m a ndam ento incorpora os vss. 3-6. E assim , neste ponto, eles fazem 0 vs. 17 desdobra r-se em do is m a ndam entos , para ser con- segu ido 0 núm ero dez. Na S eptu ag in ta , neste ve rs ícu lo e em Deu. 5.21, a es- posa é m encionada an tes de casar, pa ra que ha ja um m a ndam en to específico pa ra q u e n ã o se co b ice a m u lh e r do p ró x im o , ao p a s s o que f ic a c r ia d o um décim o m andam ento , re la tivo à cob iça ace rca dos bens m ateria is do próxim o. No D ic io n á rio há um artigo de ta lhado cha m ado C obiça , que inclui as in junções n e o te s ta m e n tá r ia s sob re a qu e s tã o . M eu a r t igo a li tam b é m fo rn e ce no táve is exem plos b íb licos de cob iça . N este ponto, no toca n te ao déc im o m andam ento , ap rendem os que a lei ap lica -se não som ente aos atos, m as tam bém aos senti- m entos e intenções do coração. Em ou tras pa lavras, a lei envo lv ia sen tim entos in te rio res , e não ap enas a to s e x te rno s . O sé tim o m a nd a m e n to p ro íbe 0 sexo com a m u lh e r de ou tro ho m em ; e 0 dé c im o m a nd a m e n to p ro íbe 0 d e se jo dis- so. N este ponto, a lei ap ro x im a -se da a b o rd a g e m fe ita por Je su s a respeito , em Mat. 5.21 ss. Todos os pensam e n tos devem ser levados ao cative iro a Cris- to (II Cor. 10.5). Se 0 o itavo m a ndam en to pro ibe 0 roubo, 0 dé c im o pro íbe até mesm o 0 desejo de roubar.

Por conseguinte, 0 décimo mandamento opera como uma espécie de limiar das noções neotestamentárias sobre essas mesmas questões. O Novo Testamento repete dez dos mandamentos, de ixando de fora aquele atinente ao sábado. Mas 0 dia do Senhor ou domingo, embora não seja um sábado ou descanso, envolve as implicações espirituais do mandamento relativo ao sábado, enaltecendo e iluminando 0 sentido espiritual do sábado.

No artigo do D icionário chamado D ez M andam entos, em sua sétima seção, dou informações acerca de com o 0 Novo Testam ento incorpora, manuseia, expande e espiritualiza os mandamentos mosaicos. Também dou ali informações sobre a propos- ta função da lei da perspectiva do Novo Testamento. Ver também ■no Dicionário 0 artigo Lei, Função da.

Como Jesus Manuseou a Lei Mosaica

20.17

A Lei Mosaica O Ensino de Jesus

1. Um só Deus 1. Nosso Pai (Mat. 6.9)

2. Nada de imagens 2. Formas desnecessárias(Mat. 6.7)

3. Nada de blasfêmias 3. Santificado seja 0 Teunome (Mat. 6.9)

4. O homem para 0 sábado 4. O sábado para 0 homem(Mar. 2.27)

5. Honrar os pais 5. Honrar a todos(Mat. 12.50)

6. Nada de homicídios 6. Nada de ira e ódio(Mat. 5.22)

7. Nada de adultério 7. Nada de desejo Impuro(Mat. 5.28)

8. Nada de furtos 8. Dar gratuitamente(Mat. 5.42)

9. Nada de mentiras 9. Nada de juramentos(Mat. 5.34)

10. Nada de cobiça 10. Cobiçar a justiça(Mat. 5.6)

O Temor do Povo (20.18-21)

Esta seção dá continuação à história sobre a teofania (ver no D icionário os verbetes intitulados Teofania e Anjos), in iciada no capítulo dezenove, mas que foi interrompida pela lista dos Dez M andam entos. Ela descreve os efeitos que 0

aparecimento de Yahweh exerceu sobre 0 povo.

20.18

E ste ve rs ícu lo é um a esp éc ie de sum ário de Ê xo ._19 .16-19. O povo rea- gíu tre m e n d o e tem end o , re tro c e d e n d o de e s p a n to (Ê xo . 19 .16). A q u e s tã o do son id o de tro m be ta , dos re lâ m p a g o s e da fu m a ça é repe tida , sob re 0 que co m en ta m os na pa ssagem a n te rio r . Os is ra e lita s m a n tive ra m d is tânc ia , con- form e lhes fora o rdena do, re ceand o po r suas v idas (Êxo. 19 .13 ,16 ,21 ,24 ,25). E spanto e respeito são te rm os-chave no cu lto e na ad o raçã o esp ir itua is , mas 0 te rro r pode re su lta r de po d e ro sa s e x p e riê n c ia s m ís t ica s . V e r no D ic io n á rio 0 ve rbe te in titu la do M istic ism o .

Page 101: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO396

xergar suas vestes intimas, ou talvez mais. As pessoas, desse modo, d ificilmente con tinuariam pensando em Deus, enquan to v issem um sacerdote subindo pelos degraus. Esse pequeno vers ícu lo m ostra -nos que 0 corpo hum ano atra i a aten- ção dos seres hum anos, e que as vestes são essencia is . Pode parecer ridículo da r tan ta im po rtân c ia à carne hum ana , da qual todos com partilham os. Infe liz- mente, porém, a lgum a corrupção in te rio r faz com que se ja m ais sábio nos enco- brirmos. Ver na E ncic lopéd ia de B íb lia , Teologia e F iloso fia os artigos cham ados Nu, N udez e N udism o, quanto a d iscussões sobre esse problem a. As vestes dos sacerdotes levíticos procuravam resolver 0 problema da nudez. O altar de Ezequiel (43.17) ignora essa questão dos degraus; m as no tem plo de Herodes havia uma ram pa de ap rox im a ção ao altar, em bora não degraus, em respeito à antiga re- gra. O trecho de Êxo. 24.42,43 m ostra-nos que as vestes usadas pelos sacerdo- tes tornaram -se tais que a exposição do corpo hum ano deixou de ser um proble- m a de m odéstia. Ta lvez por isso fo i que S a lom ão não hesitou em constru ir de- graus em seu altar.

A adoração idóla tra era com freqüência acom panhada pe la nudez e m esm o pe la org ia (M a im on ides, M idd ot, c. 3 see. 3). E ta lvez po r isso tenha sido fe ita aquela proibição atinente a degraus, nos altares dedicados a Yahweh.

Capítulo Vinte e Um

Leis acerca de Escravos (21.1-11)

V er a in tro d u çã o g e ra l à seçã o (da qua l 0 p re se n te tex to faz pa rte ), nas no tas in tro d u tó r ia s ao ca p ítu lo d e z e n o v e do Ê xodo . O d e cá lo g o o r ig in a l for- m a va a e s s ê n c ia da le g is la ç ã o m o sa ica , m as 0 re s to do liv ro de Ê xodo co- m enta sob re a g rande m u ltip lic a ç ã o de le is e p rece itos , que abo rda vam todo asp ec to co n ceb íve l da v ida hum ana , ind iv id ua l e co le t iva . As o rdena nças da- das devem se r e n tend id as com o p recede n tes no rm ativo s , ou se ja , regras ori- gina is que de ve riam g o ve rn a r to d a co n ce p çã o ace rca das le is que aparecem em segu ida .

21.1

São estes os estatutos. As qu e s tõ e s re la tivas à escrav idão , que passa- riam a ser d e sc rita s , e n c o n tra ra m lu g a r d e n tro do có d ig o c iv il. E ssa leg is la - ção e ra c o n s id e ra d a sag ra d a e d iv in a m e n te insp irada , pe lo que não se podia e v ita r o b edecê -la . A lgum t ip o de ju s tiç a e de e q ü idad e teria que ser ap licado à esc ra v id ã o . As d e c is õ e s ju d ic ia is fu tu ra s te r ia m que o b e d e ce r ao esp ír ito destes es ta tu tos . S u rg ir ia m s itu a çõ e s em que te r ia de ser a p lica da a leg is la - ção p o r a n a lo g ia . Cf. Deu. 15 .12-18 . O s es ta tu to s da dos aqui re fle tem costu - m es de um a co m u n id a d e tip ic a m e n te ag ríco la (Êxo. 22 .5 ,6 ), e 0 seu con teú- do é ba s ta n te p a re c id o com ou tro s c ó d ig o s lega is de po vos an tig o s daque la reg ião do m undo.

21.2

Se comprares um escravo hebreu. A preocupação aqui era com um possi-vel escravo israelita, e não estrangeiro. No caso deste, aplicavam-se outros estatu- tos, menos favoráve is. Q uando um hebreu precisava de dinheiro, tendo dívidas a pagar, podia vender-se com o escravo. Também era possível escravizar à força um hebreu, em bora isso deva ter acontecido com pouca freqüência. Ver II Reis 4.1 e Lev. 25.39. Um hebreu podia ser fo rçado à servidão por motivo de dívida, confor- m e m ostra a pr im e ira dessas duas re ferências. O caso m ais tris te era que um hebreu (a inda m enor de idade) pod ia ser vend ido por seus pa is com o escravo, quando precisassem de d inhe iro (Nee. 5.2). O va lor de um hom em que servisse por seis anos era ridiculamente pequeno (vs. 32). Infeliz também era 0 fato de que se um escravo hebreu servia por seis anos, na Babilônia um nativo servia apenas por três anos. M as na m a io ia dos ou tros aspectos , as leis hebré ias eram m ais humanas que a legislação babilônica (código de Hamurabi, 117). O trecho de Deu.15.18, onde é usado 0 termo “ metade", talvez reflita conhecimento sobre a prática babilônica. Um escravo, se fosse severam ente ferido, obtinha um a espécie de li- cença médica (vss. 26,27). Em tempos posteriores, mesmo que um escravo tivesse servido som ente por um ano, a lei do jub ileu libertava a ele e a todos os dem ais escravos (Lev. 25.39-41).

Os vss. 7-11 incluem a questão das escravas.

Com o um H ebreu Podia Tornar-se E scravo de O utro Hebreu. 1. Por causa de crime grave (Êxo. 22.3). 2. Por causa de dívida (Lev. 25.39). 3. Por ser vendido por seu pai (Nee. 5.5).

A Escravidão. Ver no D ic ionário 0 artigo intitu lado Escravo, Escravidão. Fica- mos desolados quando vem os a escravidão ser regulam entada, e não eliminada, no Antigo e no Novo Testam entos. Que a escravidão tenha existido sob qu alquer

debilita r ou destru ir a un idade da Idéia D ivina. O po lite ísm o, pois, era tido com o um po der destrutivo . O tipo certo de m o no te ísm o fo i um ava nço que teve luga r na te o log ia do povo de Israe l. P la tão m o s tro u e s ta r na d ire çã o ce rta , em seu d iá lo go in titu lado Le is, e a li e le d isse m u ita s c o is a s de va lo r . M as a Is rae l fo i dada um a v isão sup e rio r sobre toda essa questão , a qual é com partilhada pelo c r is t ia n ism o e ou tras fés . Is rae l fo i lib e r ta d o do p o lite ísm o eg íp c io e avançou para 0 m onote ísm o (ve r a esse respeito no D ic io n á rio ), depo is de libertado , no deserto.

20.24

Um altar de terra me farás. V e r no D ic io n á r io 0 a r t ig o ch a m a d o A lta r, qu a n to à q u ilo que se sabe s o b re os a lta re s a n tig o s . Os vss . 24 e 25 dão as re g ras m a is b á s ica s q u a n to à e re çã o de a lta re s . E ssas p ro v is õ e s fo ra m in- c o rp o ra d a s à le i m o s a ic a e à p rá t ic a d iá r ia . P o r is s o m e s m o , o s c r í t ic o s c rê e m qu e e ssa s p ro v is õ e s fo ra m p ro je ta d a s à p a r t ir de p rá t ic a s t ra d ic io - n a is que já e x is t ia m em Is ra e l, p e lo q u e h a v e r ia aq u i um p e q u e n o a n a c ro - n is m o . P o r o u tro la d o , a q u i lo q u e c h e g o u a s e r u m a p rá t ic a no s d ia s de M o isé s sem d ú v id a e s ta v a b a s e a d o em p rá t ic a s a n te r io re s . P o rta n to , não há c o n tra d içã o a lgum a.

Em primeiro lugar, temos 0 altar de terra, feito ao ar livre. Não eram permitidos degraus nesses altares. Mas havia uma tendência para localizar Deus, dando-Lhe um ponto de manifestação, sendo essa a função principal dos altares. Visto que os altares eram simples e fáceis de erguer, permitiam um uso generalizado. Um indivíduo, uma família ou um clã podiam levantar um altar, que se tornava então 0 símbolo de sua prática religiosa, onde também prestava 0 seu culto. Ver acerca de altares em trechos como Gên. 8.20; 12.7; 13.4; 22.9; 26.25; 33.20 e 35.1,3,7. Temos aí menção a altares individuais de antigos patriarcas. Presumivelmente, alguns dos preceitos acerca da ere- ção de altares foram incorporados na prática mosaica.

Teus holocaustos. Q ua n to a esse tip o de s a c r if íc io , ve r 0 D ic io n á rio . O an im a l sac r if ica do era to ta lm e n te co n su m id o no fogo . A ss im sendo, 0 an im al in te iro era o fe rec ido a Y ahw eh. Dele nada era con sum ido pe los hom ens. Deus era ass im honrado, co m e m o ra n d o -se 0 Seu sup rim en to generoso . As o fe rtas pe lo pecado tornaram -se parte dessa prática, até que chegaram a dom inar toda a prática.

Tuas ofertas pacíficas. V e r no D ic io n á r io 0 a r t ig o g e ra l in t i tu la d o Sa- o rifíc io s e O fe rta s . V e r a li 0 p o n to D. O fe rta s de C om u nhã o , e n tre as q u a is estavam as o fe rta s p a c ifica s . Ta is o fe rendas se lavam os laços de fra tern idade, m as tam bém a p o n ta va m na d ire çã o de D eus. A s o fe rta s p a c ífic a s fa la m de com unhã o res taurada, após a exp ia ção dos p e cados e 0 re ceb im e n to do per- dão . To das as de m ais o fe rta s de co m u n h ã o eram va r ia n te s das o fe rtas pací- f icas (Lev. 7.11-36).

O nom e de D eus era re lem brado ao pé do altar, po is até ali Deus descia a fim de abençoar. O povo de Israel esperava a presença de Deus em seus altares, A n tes da con s truçã o do tab e rn á cu lo (e de po is , do te m p lo ), 0 a lta r e ra 0 lugar especia l da m anifes tação da p resença d iv ina . Isso é am plam ente ilustrado nas referências dadas acima.

20.25

Se me levantares um altar de pedras. E sses eram a lta res m a is duráveis. Era perm itido 0 uso de pedras n ã o -lav rada s (Jos. 8 .30 ; I Reis 18.31). Cf. Deu.27 .5 ,6 e I M acabeus 4.47 quanto a um período posterior. Os a ltares posteriores tin h a m ch ifres ou po n ta s nas q u a tro e sq u inas sup e rio re s (I Reis 1 .50,51). Fi- na lm ente , surg iram a lta res a inda m a is e lab o ra dos (I R e is 27 .1 -8 ; Eze. 43 .13-17). Mas as ins truções m osa icas o r ig ina is re que r iam s im p lic ida de de constru- ção . “A lta res levan tado s com arte e lab o ra da e p la ta fo rm a s e levadas, do tadas de d e g ra u s , e ram c o m u n s na a d o ra ç ã o p a g ã ao s d e u s e s fa ls o s ” (John D. Hannah, in loc.).

O U so de In s tru m e n to s P o lu ía . A s s im n o s d iz es te v e rs íc u lo , v is to que isso faz ia os a lta re s to rn a re m -se 0 p o lo de a tração , em luga r de se r destaca- do 0 p ro p ó s ito da e x is tê n c ia do s a lta re s . O s a lta re s e r ig id o s p o r S a lo m ã o n ã o o b e d e c ia m às re g ras o r ig in a is . E s s e s a lta re s e ram fe ito s de ou ro e de b ronze (I Reis 7.48; 8 .64). A lta re s e lab o ra dos g lo r if icavam seus con stru to res , ta l co m o g ra n d e s te m p lo s g lo r i f ic a m a q u e le s q u e os le v a n ta m . C o is a s iam f ica n d o ass im cad a vez m a is e xce le n te s , ao m e sm o te m p o em que a a d o ra - ç ão a Y ahw eh ia sendo ne g lig e n c ia d a . Na Ig re ja c ris tã cessa ram os sacrif íc i- os de an im a is ; m as ho je em d ia p re va le ce m 0 o rg u lh o hu m a n o e 0 cu lto tipo en tre te n im en to .

20.26

Nem subirás por degrau ao meu altar. Isso por motivo de modéstia. C ircunstantes curiosos veriam os sacerdotes a sub ir pelos degraus e poderiam en­

Page 102: At Interpretado- Êxodo

397ÊXODO

re ceber a l ibe rdad e, e les a re je itam . P a ra e les pa rece m a is fác il p e rm an ecer na p r isão , um a e n tidade con h e c id a , do que, um a vez libe rtado s , p rocura rem em preg o e lu ta rem po r v e n ce r na v ida p o r co n ta p róp ria . O utro tan to suced ia na e sc ra v id ã o . E m bo ra 0 t ra b a lh o fosse duro, pe lo m e nos hav ia seg u ran ça . A lg u n s h o m e n s p a g a m um e le v a d o p re ç o p o r su a s e g u ra n ç a p e s s o a l. Por o u tra p a rte , um h o m e m p o d e a m a r um S e n h o r b e n é v o lo , e a ss im d e c id ir to rn a r -s e seu e s c ra v o p e rm a n e n te . N e sse caso , ao h o m em e ra pe rm it id o , po r le i, fa z e r um c o n tra to de e s c ra v a tu ra p e rm a n e n te , d o ta d o da ch a n ce la o fic ia l re lig iosa e civ il.

Dentro da sociedade hebréia, era recom endado aos senhores que tratassem seus escravos hebreus com o se fossem servos alugados, ou seja, com m aior hu- m anidade e com m aior respe ito do que se con fe ria aos escravos estrangeiros. Portanto, havia m argem para que se estabelecessem relações de am izade entre um senhor e um seu escravo, se essas recom endações fossem observadas. Ver Lev. 25.39,40,46.

21.6

Juizes. Algumas traduções dizem aqui “deuses”, e não sem certa razão. A palavra usada no original hebraico é elohim , pelo que há uma intenção divina provável nessa referência. Assim, levar alguém aos “deuses” talvez queira dizer levá-lo diante do altar de Deus, no lar, onde 0 pacto seria firmado.

O a lta r d o m éstico em q u es tão seria 0 a lta r da fa m ília ou do clã. O ato de fu ra r a ore lha te r ia de ser fe ito co n tra a om b re ira da po rta da casa do p ropri- e tá rio , 0 que nos faz le m b ra r do s a c r if íc io da p á scoa (Êxo. 12 .22). Esse rito de fu ra r a o re lh a se r ia um a to d o m é s tic o , re lig io so e soc ia l, um co n tra to le- gal.

Este versículo é a única alusão, no Antigo Testamento, à marcação de escra- vos. Em outras culturas, os escravos eram m arcados com o se fossem animais. Na Babilônia, os escravos tinham seus cabelos cortados de um a maneira peculiar (có- digo de Hamurabi, 226), e um escravo rebelde tinha uma de suas orelhas decepa- das (lei 282).

A ombreira sagrada da porta atuava como se fosse um altar da família, para todos os efeitos práticos. Talvez nos tempos mais remotos, esses ritos fossem efetuados na presença dos deuses da família, onde todos se sentavam em redor de seus altares particulares. Esse vestígio da idolatria talvez tenha persistido, apesar do monoteismo oficial de Israel. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Terafms.

“Abrir os ouvidos “ tornou-se um a expressão que passou a indicar um escra- vo perpétuo (Sal. 40.6). Esse costum e de furar a orelha tam bém se podia achar em outras sociedades. Juvenal m encionou esse costume em conexão com a Síria (Satry. 1).

21.7

Os vss. 7 -1 1 a lis tam os d ire itos das escravas ou das concubinas (cf. Deu.15.12.17).

Um a escrava hebré ia , vendida à escravatu ra por seu pai, não tinha 0 direito de ser solta ao fim de seis anos. M as isso fo i m od ificado posteriorm ente (Deu.15.17). O m a is p rováve l é que ela v ir ia a to rn a r-se um a co n cub ina de a lgum hebreu, um a esposa secundária. Seu estado socia l aviltado não encorajaria um ho m em livre a c a sa r-se com e la co m o sua p r in c ipa l esposa . M as e la poderia obter sua liberdade sob circunstâncias especiais, conform e ficou especificado nos vss. 8 a 11.

“Por muitas vezes, escravas to rnavam -se concubinas ou esposas secundá- rias (Gên. 16.3; 22 .24; 30 .3 ,9 ; 36 .12; Juí. 8.31; 9,18). A lguns is rae litas pensa- vam ser m ais van ta joso suas filhas tornarem -se concubinas de v iz inhos abasta- dos do que se to rn a re m e sp o sa s de h o m e n s da p ró p ria c lasse soc ia l de la s ” (John D. Hannah, in loc .). N a tu ra lm e nte , por m u itas vezes havia em tudo isso a lgum nobre motivo. A jovem s im p le sm en te va lia dinheiro , e estava acostum a- da a ganhá-lo.

Ό direito de vender crianças como escravos era tido, nos tempos antigos como algo inerente à pa tria po testas, e era praticado em muitas nações (Heródoto, Hist. v.6 ; Heyne, Opusc. vol. iv. pág. 125). As mulheres hebréias podiam reivindicar sua liberdade ao fim de seis anos, se assim 0 quisessem (Deu. 15.17)" (Ellicott, in loc.). Notem os, todavia, que essa norm a de D euteronôm io é posterior, o lhando para a lém do que se an tec ipava no tex to p resente. A possib ilidade de libertação é sugerida no livro de Deuteronômio, em bora isso não seja dito abertamente.

21.8

Um senhor de escravos hebreu podia acolher uma escrava em seu harém. Mais tarde, poderia resolver que fizera um erro , ou, então, que simplesmente se cansara dela. Nesses casos, ela tinha alguns direitos. Ela poderia ser remida por um membro de sua família, e assim reverter, mediante dinheiro, a sua condição de escrava. O Targum de Jonathan supunha que 0 pai de uma escrava é quem deveria redimi-la, po rte r sido ele quem a vendera; mas 0 texto sacro não faz essa restrição. Talvez qualquer homem hebreu, resolvendo que queria vê-la livre, ou como sua concubina, quisesse comprar a liberdade

forma (apesar de algumas provisões humanitárias), mostra a baixa natureza espiri- tual dos povos antigos, a despeito de quaisquer outras vantagens que tenham tido. A le i do a m o r é 0 m a io r de todos os co n ce itos (ve r todo 0 cap ítu lo treze de I Coríntios). O am or é a prova m esm a da espiritualidade (I João 4.7-12). A escravi- dão é uma afronta ao amor, mesm o nos casos onde imperava bastante humanida- de e leniência.

O texto à nossa frente não alude à escravidão de estrangeiros em Israel ou de prisioneiros de guerra. Estão em pauta som ente escravos hebreus. Havia circuns- tâncias especia is segundo as quais um hebreu podia tornar-se um escravo. Ele podia vender-se à escravatura por motivo de dívida. Nesse caso, havia regras so- bre como cuidar de tais casos, conforme se vê nos versículos que se seguem. Visto que, eventualmente, um escravo hebreu tinha que ser posto em liberdade, e visto que nada é dito sobre escravos estrangeiros, podem os presum ir que havia uma legislação lim itada ao benefício de escravos hebreus. Um tra tam ento humano era requerido, mas um escravo não podia pensar em liberdade enquanto não chegas- se 0 sétimo ano. Meu artigo sobre 0 assunto fornece detalhes sobre toda a ques- tão, e 0 le itor deve exam inar 0 m esm o quanto a in fo rm ações que não aparecem nesta exposição.

21.3,4

Sua mulher. Se um esc ra vo he b re u se t iv e s s e c a sa d o du ra n te seu pe- ríodo de e s c ra va tu ra , e n tã o sa ir ia s o z in h o ao se r lib e r ta d o , no sé tim o ano. Se já fo s s e c a s a d o a n te s de to rn a r -s e e s c ra v o , sua m u lh e r ta m b é m se r ia l ib e r ta d a . O tre c h o de D e u te ro n ô m io 1 5 .1 3 ,1 4 m o s tra q u e um e s c ra v o li- b e rta d o t in h a 0 d ire ito de re c e b e r c e r ta s c o is a s b á s ic a s , co m o gado, cere- a is e v in h o , um a e s p é c ie de c o m p e n s a ç ã o . O s v e rs íc u lo s não fa la m em f i lh o s , m as é ó b v io qu e , um a ve z l iv re , le v a v a c o n s ig o os s e u s f i lh o s . E 0

q u a rto v e rs íc u lo nos dá a h o rre n d a in fo rm a ç ã o de que se fo s s e d a d a um a esposa a um escravo , d u ran te seu pe río d o de e sc ra v id ã o , es ta f ica r ia re tida p e lo s e n h o r m e sm o q u a n d o 0 h o m e m fo s s e l ib e r ta d o . Isso m o s tra qu e ta l m u lh e r e seu s f i lh o s e ram t id o s a p e n a s c o m o u m a p ro p r ie d a d e . A lé m dis- so, p a re ce h a ve r c e r ta c o n tra d iç ã o co m D eu. 1 5 .1 3 ,1 4 , on d e se lê que um e sc ra vo lib e r ta d o po d ia le v a r c o n s ig o c e r ta s p o s s e s s õ e s . P o r que não sua esp osa e seus fi lh o s? Q ue p o ss e s s õ e s m a is b á s ic a s po d e ria te r um hom em a lém de sua e s p o s a e de s e u s f i lh o s ? A lg u n s e ru d ito s , p o r isso m e sm o , s a l ie n ta m que le is p o s te r io re s , co m o a q u e la de D e u te ro n ô m io , to rn a ra m - se m a is hum anas.

“N aqu e les te m pos , não h a v ia ta l c o is a co m o la b o r liv re , no seu sen tido moderno. Os escravos e as escravas eram m eras propriedades de seu senhor. Tam bém não devem os esq uece r que esposas e filhos n a sc id o s liv re s tam bém e s ta vam sob a a u to r id a d e do do no da casa . E le po d ia ve n d e r seu s p róprio s f i lh o s a ou tro is ra e lita , ta l co m o po d ia v e n d e r se u s e s c ra v o s ” (J. C oert Rylaarsdam , in loc.).

Em face disso, os es ta tu tos que tra tam das qu estões re la tivas às esposas e aos filhos eram le is sobre a p ro p rie d a d e , e não leis de d ire ito civil.

Ja rch i o b se rvo u aq u i que a m u lh e r em p a u ta te r ia qu e se r um a m u lh e r c a n ané ia , po is um a m u lh e r he b ré ia , ta l co m o um h o m em h e breu , era posta em liberdade após seis anos de serv iço escravo . Esse tipo de casa m en to não era legal, seja com o for. Mas 0 texto sag rado não diz 0 que Jarch i com entou. A questão perm anece em dúvida. Isso é ass im espec ia lm ente em face do fato de que 0 quarto versícu lo não diz que a m u lher dada ao hom em era um a escrava, e m bora a lguns in té rp re te s te n h a m p e n sa d o ass im . Se 0 fosse , en tão 0 m ais p ro vá ve l é que fo sse um a m u lh e r e s tra n g e ira , a m e n o s , n a tu ra lm e n te , que tivesse sido vendida, 0 que era pe rfe ita m en te possíve l, seg undo já v im os. Va- mos im ag inar que 0 pai da m u lh e r a tivesse ven d ido , e que e la fosse hebréia . Nesse caso, ela te r-se- ia to rnad o prop rie dad e de ou tro hom em . Então, se ela fosse dada a ou tro hebreu , tam b é m ve n d id o com o escravo , te r ia ele 0 d ire ito de levá-la consigo, ao ob te r sua l ibe rdade? P enso que não. E é p recisam ente 0 que diz 0 sétimo versículo.

21.5

O a m o r poderia p render um hom em a um a escrava c o m q u e m e le s e tives- se casado; 0 am or tam bém pode prender sen tim enta lm en te um hom em a seus filhos. N esse caso, chegado 0 tem po de um hom em escravo ser posto em liber- dade, ele poderia re je ita r a sua libertação a fim de m anter un ida a sua fam ília. N esse caso, que sucederia? A b ruta l p rov isão da lei m osa ica não era que ele poderia negociar sua liberdade, envo lvendo na m esm a sua m u lher e seus filhos. Bem pelo contrário, todos eles tornar-se-iam escravos oficiais, para sempre, sem po ss ib ilid ade de redenção, e m bora fosse m hebreus, a m e nos que pensem os que en tão se ap lica ria tam bém a eles a lei do sé tim o ano, quando, fina lm ente , seriam libertados!

E s te v e rs íc u lo ta m b é m dá m a rg e m ao c a s o de a m iz a d e p ro fu n d a de um e sc ra vo po r seu sen h o r. É co m u m que os p r is io n e iro s a long o te rm o se a c o s tu m e m de ta l m o d o à su a h o rre n d a v id a q u e , m e s m o q u a n d o po dem

Page 103: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO398

pessoas . Do com e ço ao fim e n c o n tra m o s pa ra le lo s ao cód ig o de H am urab i, 0 que po de in d ica r a lg u m e m p ré s tim o em um a d ire çã o ou em ou tra . F a z-se a d is t in ç ã o en tre a to s in te n c io n a is e n ã o - in te n c io n a is , c o n fo rm e se vê em qu a se to d o s os c ó d ig o s le g a is . A ju s t iç a e ra á g il, m as a fim de p re v e n ir 0

r id ícu lo , era g a ra n t id o 0 d ire ito de a s ilo , até que as q u es tõe s p u dessem ser d e v id a m e n te ju lg a d a s . C f. N úm . 3 5 .1 2 ; D eu. 4 .4 1 -4 3 ; 1 9 .1 -1 3 ; Jo s . 20 . O a s ilo m a is a n tigo era 0 a lta r. E ta m b é m ha v ia c idad es de re fúg io (não cons i- deradas nesta seção). Ver no D ic io n á rio 0 a rtigo C idad es de R efúg io . Os vss. 22-25 fo rn e ce m -n o s um a d e ta lh a d a de sc riçã o sobre a ie x ta iio n is , ou se ja , a pu n içã o de a co rd o e s tr ito com 0 c rim e co m e tid o . V e r no D ic io n á rio 0 a r t igo L e x T a iio n is . A p u n iç ã o de a c o rd o co m 0 c r im e t in h a a v a n ta g e m de não p e rm itir cas tig os exce ss ivo s . Esta seçã o tam bém inclu i a p ro teção à p roprie - dade p r ivada.

Quatro Crimes que Requeriam Punição Capital:1. Homicídio premeditado, vss. 12,14; v e ro sexto mandamento, Êxo. 20.13; Gên.

9·6׳2. V iolência física contra os pais, Êxo. 21.15.3. Seqüestro, vs. 16; Deu. 24.7.4. Abuso verbal contra os próprios pais, Êxo. 21.17. Ver Êxo. 20.12, onde isso

aparece com o 0 quinto m andam ento. Tal desrespeito era considerado comose fosse homicídio.

21.12

Quem m atasse outrem propositadam ente deveria ser morto. Ver no D icioná- rio os verbetes Punição C ap ita l e H om icíd io. Essa era a lei fundamental; mas tam bém havia outros atos crim inosos que requeriam execução capital, conforme vimos nas notas introdutórias. Era um a aplicação da le i de Talião (ver no D icioná- rio 0 artigo Lex Taiionis). Matar a outra pessoa era proibido pelo sexto mandamento (Êxo. 20.13). Provi um poema ilustrativo sobre 0 homicídio, tanto 0 real quanto 0 moral, nas notas sobre Êxo. 20.13. O código de Hamurabi (206) também requeria execução capital nesses casos.

Nos p r im e iro s te m p o s , a e xe c u ç ã o era re pu ta d a um a e sp éc ie de o fe rta pacífica fe ita à a lm a da pessoa assass inada . Pode ou não haver nisso algum a verdade . H od ie rna m en te , a pu n ição cap ita l é com ba tida por m u itos com base no a rg u m e n to de que e la nã o c o íb e 0 c r im e . M as ce r tos c rim e s c lam a m po r ju s tiç a , e não som e n te p o r a lg u m a m e d ida p re ve n t iva . Jose ph Sm ith es tava com a razão ao dizer que certos crim es só são exp iados pela execução capital. A lém d isso , há a q u es tão do que é bom pa ra a a lm a . Um a a lm a pode sa lda r certas g randes dív idas se pagar por seus crim es m ediante a execução capital. Sob ju lg a m e n to , a a lm a so fre um a ce rta taxa de so fr im en to . E isso pode ser a liv iado por m e io de a lgum pagam e n to pessoal de d ív idas incorridas por moti- vo de pecados ou m esm o de crim es. Ilustrei esses princíp ios no artigo intitu lado P un ição C apita l.

M odo de E xe cu çã o C a p ita l. U su a lm e n te , essa oco rria po r m e io de ap edre jam en to (ver a esse respeito no D ic ioná rio ); mas tam bém havia a execu- ção na fogue ira (Lev. 20.14; 21.9). Há ev idências em favor da idéia de que pes- soas execu tad as por ap e d re ja m e n to e ram en tão que im ad as na fogueira . Nos tem pos mais antigos, a execução era efetuada pelos parentes da pessoa assassi- nada. Esses pa rentes eram conhec idos com o “v ingadores do sangue". Uma ci- dade onde ocorria um assassínio precisava purificar-se mediante a execução do cu lpado (Êxo. 20.5). A pu n ição tem um asp ecto rem edia l, mas isso pode d izer respeito à a lm a, e não ap enas à pe ssoa fís ica . V e r Gên. 9.6 quanto a um a lei antiqüíssim a. No entanto, Caim, 0 prim eiro hom icida, foi condenado a um a pena perpétua, e não à execução cap ita l. E ass im C aim passou seus dias na m aior m iséria, pe lo crim e que com etera . (Gên. 4 .13). A leg is lação orig ina l (Gên. 9.6) dá -nos um a razão d iv ina pa ra a p u n ição cap ita l. O hom em , c riado com o fo i à im agem de D eus, q u a n d o é assa ss in a d o , re p re se n ta um tre m en do u ltra je . E esse u ltra je p rec isa ser pu n id o m e d ian te um a to rad ica l. V e r no D ic io n á rio 0

artigo cham ado V ingador do Sangue.

21.13

Este versícu lo descreve um hom icíd io não-intenciona l, aqui atribuído com o um ato de Deus, con form e se diz até hoje. O sen tim ento geral é que a morte de um ser hum ano não pode o co rre r po r acaso; e ass im , quando a lguém m ata a outrem aciden ta lm ente , a von tade de Deus, a inda que tal adm issão seja desa- gradáve l, é cons iderada com o um a força atuante . Ta lvez a pessoa morta fosse culpada de algum pecado grave. Quanto ao hom icida não-intencional, era provi- do algum lugar de asilo. A princíp io era 0 alta r, e, mais tarde, houve as cidades de re fúg io (ver a respeito no D ic ionário ). Um hom icida não podia ser atacado se estivesse em um a c idade de re fúg io . Era m is te r que se esperasse pe lo ju lga - mento (Núm . 35 .22-25). A li e le es tava a sa lvo do v inga dor de sangue, ou seja, m em bros da fam ília do morto, os quais, de acordo com a lei e com os costumes da época, estavam na ob rigação de se vingarem . É possível que, orig inalmente,

de la . M as um a esc rava he b ré ia não po d ia ser re ve n d id a a e s trang e iros . Sua c id a d a n ia he b ré ia não p e rm it ia ta l u ltra je . Já fo ra u ltra ja d a 0 s u fic ie n te . Em prim e iro lugar, seu p róprio pai a t inh a ven d id o ! D epo is 0 seu senhor, tendo-a to m a d o com o sua co n cu b in a , a c a b a ra re je ita n d o -a ! A go ra , e la t inh a a lguns d ire itos . E um de les era que não pod ia ser re ve n d id a a um sen hor es trang e i- ro . P o r ou tro lado , 0 v e rs íc u lo não p ro íb e que um a e sc ra va a ss im fosse re- v e n d id a a o u tro h e b reu , 0 qu e s ig n if ic a qu e a m is é r ia d e la p o d ia to rn a r-s e a lg o p e rpé tuo . S e m p re qu e o co rre a e s c ra v id ã o não há m u ito que se possa fa z e r pa ra c o r r ig ir a s itua ção , to rn a n d o -a m o ra lm e n te a ce itá ve l, sem im por- ta r qu ã o “ h u m a n a s ” se ja m as le is re g u la m e n ta d o ra s . A e s c ra v a tu ra , po r si m esm a, é u ltra jante .

P ode -se p re s u m ir que um a e s c ra v a p o d ia s e r re d im id a p o r um p a ren te p róx im o (Lev. 25 .47-54); m as a pa ssagem não lim ita as poss ib ilid ade s a isso. Na B a b ilôn ia , a c o n cu b in a de um h o m e m c a sa d o p o d ia se r ve n d id a m esm o depois que lhe tivesse dado filhos (código de Ham urab i, 119).

Deslealdade para com ela. Ele, como marido dela, terminou por não oficializar 0

casamento secundário; estava apenas satisfazendo seu apetite sexual, e, então, se cansara dela, sem nenhuma razão provocada por ela. E assim, não tinha cumprido as esperanças do pai da jovem no tocante a ela.

21.9

Trata-la-á como se tratam as filhas. Te ria de ha ve r d ire itos igua is. Uma escrava hebréia podia ter a boa sorte de ob ter d ire itos iguais às de outras mulhe- res hebréias, se chegasse a casa r-se com um dos filhos de seu senhor. Nesse caso, seu senhor tinha que tra tá-la com o se faz ia com as filhas hebréias. Nesse caso, ela se tornaria um a m ulher livre. Casar-se com “0 filho do senhor” deve ter s ido um desejo arraigado das escravas hebréias, em bora um alvo conseguido por bem poucas delas! A m aioria de las acabava seguindo algum outro curso lamen- tável. Mas aquelas que ob tivessem essa boa sorte tornavam -se esposas primári- as, e não concubinas, a menos, naturalm ente, que 0 filho em foco quisesse tomar um a escrava com o sua concubina. As prov isões básicas para um a esposa eram: alimento, vestuário e os d ire itos norm ais do casam ento, inclusive 0 sexual. Esses trê s d ire itos prec isavam ser ob se rvad os (vs. 11; of. I Cor. 7.3, onde Paulo fala sobre “0 que lhe é devido").

21.10

Se 0 filho do senhor de um a escrava se casasse com esta, mas mais tarde tom asse outra esposa, os dire itos da escrava não poderiam ser d im inuídos. Tão- som ente ela se tornaria parte de um casa m ento plural, e tudo con tinuaria com o era usual. Embora tivesse sido um a escrava, não podia ser lançada fora. Natural- mente, em tem pos de d ivórc io (p rá tica essa in ic iada bem cedo na h is tó ria dos hebreus) ela ou qua lque r ou tra m u lh er po d ia ser re je itada ; mas havia leis que regulamentavam isso.

21.11

Os intérpretes não concordam exatam ente com as três co isas que estão em vista aqui. O vs. 11 talvez esteja re iterando os três deveres dos maridos, aludidos no vs. 10, a saber, a lim entos, vestuário e os d ire itos m arita is. Ou, então, as três co isas em pauta eram as m a ne ira s po r que um dono de casa pod ia d ispo r de um a escrava que tivesse com prad o, pondo ass im fim à se rv id ão de la : (a) Ele podia tom á-la com o concubina; (b) ele podia pe rm itir que outro hebreu a tom as- se com o concubina, m ediante pagam ento de d inheiro; e (c) ele podia dá-la com o esposa a um filho seu. Se ele não fizesse qualquer dessas três coisas, então ela ficava au tom aticam ente em ancipada, sem que houvesse qua lque r transação fi- nanceira.

Se aquelas três possib ilidades é que estão em pauta, então presume-se que 0 hom em que de ixasse de tra ta r um a sua escrava com o esposa ou concubina, por não lhe haver provido as três provisões básicas (alimento, vestuário e direitos m a rita is ), só po r isso a em a n c ip a va , e e la não p re c isa va ser com p ra d a (ou redim ida) por outrem . Bons inté rpre tes assum iam um a ou outra dessas interpre- tações. Mas em favo r da idé ia que estão em foco os priv ilég ios do casam ento, po de-se o b se rva r que a ou tra in te rp re ta çã o re quer v ir tu a lm en te que a m u lher fosse em ancipada, de uma form a ou de outra, ou sendo absorvida na casa medi- ante casamento, ou por libertação, no caso do casam ento não ocorrer. Mas isso parece labo rar con tra 0 sé tim o vers ícu lo , a m enos que aque le vers ícu lo queira d ize r : “ela será ce r tam e n te libe r tada , de um a fo rm a ou de ou tra , mas não à maneira de escravos masculinos".

Leis acerca da Violência (21.12-36)

No tocante a esta seção, ver no D ic io n á rio os a rtigos in titu lados H om icíd io e P u n içã o C a p ita l. Os vss . 12-17 tra ta m do s c r im e s ca p ita is ; e os vs. 18 ss. ab o rda m os c rim e s n ã o -ca p ita is . E s tã o e n v o lv id o s a n im a is , e não som e n te

Page 104: At Interpretado- Êxodo

399ÊXODO

era p u n ido d e ce p a n d o -se um a das m ã o s do o fe n so r. M a om é tom ou essa lei e tra n s fo rm o u -a em cas tig o co n tra 0 roubo. V e r 0 cód igo de H am urab i (195).

Os pais eram vistos com o representantes de Deus na casa. Injuriar verbal ou fis icam ente a um progen itor era tido com o um a o fensa contra a pessoa de Deus. Honrar aos pa is era a essê nc ia do q u in to m andam ento . Ver a exposição sobre Êxo. 20.12. Portanto, os abusos verba is ou fís icos estavam dire tam ente envolvi- dos na quebra de um dos dez m ais im portantes conce itos morais. O qu in to m an■ dam ento da lei m osa ica envo lv ia um a p rom essa especia l fe ita aos obedien tes. Um a v ida longa e fe liz era p ro m e tid a aos f i lh o s ob ed ie n te s . A exe cução dos cu lpados desse crim e usu a lm en te era po r apedre jam ento . Ver no D ic io n á rio 0

artigo A pedrejam ento.

A S eried ade das M a ld ições. D evem o-nos lem b rar que os an tigos hebreus acred itavam que as m a ld ições envo lvem poderes especia is. Assim , a m ald ição lançada por um filho pod ia pre jud ica r g randem en te a seus pais, de aco rdo com essa crença. Assim , um a m ald ição era um a injúria fís ica em potencial, de acordo com a an tiga m enta lidade dos hebreus. Isso exp lica a razão da severidade do castigo contra esse tipo de pecado.

Crimes Não-capitais (21.18-32)

Ver a introdução a esta seção, incluída nos com entários anteriores ao vs. 12 deste capítulo.

21.18,19

Se dois brigarem. Os hom ens brigam em favo r daquilo que é certo ou para se divertirem . Um dos esportes que m ais paga a seus atletas é 0 boxe. Na verdade, há um a certa arte no boxe, a despeito de sua extrema violência. Tam bém é verdade que os hom ens en tram em luta por causa de qua lque r tipo de disputa, com o em torno de dinheiro, de mulheres, de propriedades ou de ofensas sofridas. Sem im portar a causa, os hom ens sem pre brigarão. Logo, a legis lação m osaica precisou regu lam enta r ta is conflitos. Em meio a um a briga, um homem pode en tus iasm ar-se em dem asia, e ten tará m atar seu adversário. Este versícu lo ignora essa possib ilidade e supõe que toda briga envolve culpa por parte de am bos os lados. Por ou tra parte, não podem os ficar indiferentes diante das brigas, pelo que tem os que im por a lgum a form a de penalidade. Onde há alguma penalidade, dim inui a incidência de casos daquilo sobre 0 que incide a penalidade.

Se, em uma briga, um dos contendores tiver de guardar 0 leito, então a questão já se tornou séria. Se um dos contendores recolhe-se ao leito por pouco tempo, e, então, se levanta, aparentemente sem maus efeitos decorrentes da experiência, então a vida continuaria como é usual. Mas se um dos contendores tiver de recolher-se ao leito e ser tratado por médicos, então alguma com pensação teria de ser paga. A antiga sociedade dos hebreus era um tanto avessa aos médicos, pelo que 0 tratamento necessário era efetuado pelos mem bros da fam ília ou por vizinhos. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e F ilosofia 0 artigo intitulado M edicina (M édicos). O ofensor tinha então que pagar alguma espécie de multa, ao adversário ferido, pelo tempo perdido, como tam- bém para cobrir qualquer despesa de tratamento.

21 .20,21

E 0 ferido morrer. N e s s e s d o is v e rs íc u lo s , é tra ta d o 0 caso da m o rte p rovocad a con tra um esc ra vo . O se x to m a ndam en to , con tra 0 ho m ic íd io , re- q u e ria a pe na de m o rte co n tra 0 cu lp a d o . M a s h a v ia e xce çõ e s . U m a d e la s e ra a m o rte de um e s c ra v o . V e r as n o ta s em Ê xo. 2 0 .1 3 q u a n to ao s e x to m a ndam ento e ace rca dessa exceção.

A m a tança de um e sc ra vo p ro d u z iu fa to re s op o s to s que se en tre ch o ca - vam . Por um lado , a m o rte de um esc ra vo e x ig ia pu n içã o cap ita l, de aco rdo com as d e m a n d a s do sex to m a n d a m e n to , po r se r e le um hom em . P o r ou tro lado , um e sc ra vo era um a p ro p rie d a d e , e os d ire ito s de p ro p r ie d a d e p a re - c ia m p r o te g e r 0 h o m ic id a , q u e , ao m e s m o te m p o , e ra 0 p ro p r ie tá r io do esc ra vo . C o m o p o d e r ia se r re s o lv id a a q u e s tã o ? O h o m ic id a p re c is a v a ser p u n id o ; m a s e s s a p u n iç ã o e ra a b ra n d a d a p a ra a s s u m ir a fo rm a d e um a m u lta , em v e z de p u n iç ã o c a p ita l. M a s se um e s c ra v o fe r id o c o n s e g u is s e s o b re v ive r po r do is ou trê s d ia s ao e s p a n c a m e n to so fr ido , m esm o que v ies - se a m o rre r , se u s e n h o r já te r ia s id o c a s t ig a d o , m e d ia n te a p e rd a de sua p rop rie dad e . E essa pe rd a e q ü iva lia à m u lta p roposta . Portan to , vem os que, em Is ra e l, a m o rte p ro v o c a d a de um e s c ra v o n ã o e ra c o n s id e ra d a u m a q u e s tã o sé ria . E p o d e m o s p e n s a r a ss im a té m e sm o em re la ção à m a ta n ça de um escravo hebreu .

Se um escravo fosse ferido por seu proprietário, mas então se recuperasse, nenhum a pena era imposta ao proprietário. Na verdade, não se dava grande valor ao ser humano, antes da lei mosaica. Minhas fontes informativas não me dão qual- quer informação sobre essa questão dentro do código de Hamurabi, embora hou- vesse uma lei acerca dos escravos, 0 que é mencionado nas notas sobre os vss. 26 e 27 deste capítulo.

qualquer altar servisse de lugar de refugio; depois, apenas certos altares exerceri- am ta l função. O cód igo de H am urab i pro teg ia 0 ho m ic ida não-in tenc iona l (leis 206 e 207), mas sem 0 mecanism o dos lugares de refúgio, provavelm ente porque os v ingadores de sangue não faziam parte do s istem a de punição. V er Deu. 4.41 ss. e 19.1 ss. quanto a com o os lugares de refúgio posteriormente foram limitados a seis cidades em todo 0 território de Israel. Conflitos entre fam ílias ou indivíduos ca u sa va m m u itos l in c h a m e n to s . M as na s o c ie d a d e b a b ilô n ica , t in h a -se descontinuado a prática dos conflitos de fam ília. Ver no D ic ionário 0 artigo Vinga- dor de Sangue.

Em certos luga res do m undo essas pe n d ê n c ia s de sangue en tre fam ílias con tin u a m até ho je , não o f ic ia lm e n te m as co m o um c o s tu m e a rra ig a d o . É 0

caso do n o rd e s te b ra s ile iro , on d e as v in g a n ç a s e c o n tra v in g a n ç a s p ro sse - guem , às vezes, por vá r ia s ge raçõe s, ca u sa n d o um sem -n ú m e ro de assass i- natos.

21.14

Um assassino intencional, em seu desespero para evitar 0 castigo, podia correr até um altar, a exemplo do homicida não-intencional. Mas as testemunhas competentes podiam ir até 0 altar, onde 0 executariam. Ver as notas sobre 0 vs. 13 quanto ao altar com o um asilo e, mais tarde, quanto às cidades de refúgio. Os anciãos da comunidade determ inavam a culpa (Deu. 21,1-9; l Reis 21.8 ss.; Núm.35.22-25). Se no julgamento fosse averiguado que 0 réu era um homicida não- intencional, é possível que ele tivesse de pagar um a multa, uma espécie de com pensação pelo dano feito, em bora não perdesse a vida. Ver 0 vs. 30, que se aplica a uma situação diferente, embora, por analogia, se aplicasse ao caso presente.

Em outras sociedades, 0 indivíduo que se tivesse refugiado em um lugar sagrado, podia escapar de vez, em bora culpado, porquanto havia um certo escrú- pulo em executar tal homem. (Ver Heródoto, Hist. v. 71,72; Tucídides i.126; Plutarco, Vít. Sol. par. 12). Na sociedade hebréia, porém, não havia tal escrúpulo.

21.15

A que le que com etesse 0 u ltra je de e sp a n ca r um de seus pa is (ou de am aldiçoá-lo, vs. 17), era executado (ver no D ic ioná rio ). V er tam bém a introdu- ção ao vs. 12 quanto aos qua tro c rim e s su je ito s à exe cução cap ita l. Te m os a ten dên c ia de da r po uco va lo r a p a la v ra s qu e não re su ltam em ações. M as a m e n ta lida de dos he b reu s sobre 0 assu n to era m u ito seve ra q u ando pa lavras pesadas eram d ir ig idas por a lguém a um de seus p rogen ito res . Jesus ensinou quão im po rtan te é que use m os de l in g u a g e m co rre ta , em M a teus 5.22 e seu con texto . V e r na E ncic lopé d ia de B íb lia , T e o log ia e F ilo so fia 0 a rtigo cham ado Linguagem , Uso A propriado da.

21.16

Quem raptar a alguém. Na antiguidade, 0 crime aqui destacado era aquele atu- almente conhecido com o seqüestro. Mas naquele tempo fazia-se isso, no mais das vezes, não para cobrar uma importância dos parentes da vítima, em troca de sua liber- tação, e, sim, a fim de vendê-la como escrava. Contudo, também seqüestrava-se com vistas ao recebimento de um resgate. O código de Hamurabi (14), também reputava 0

rapto ou seqüestro como um crime capital, em que 0 culpado pagava com a perda da própria vida. O trecho de Deuteronômio 24.7 diz especificamente que 0 rapto de um hebreu geralmente se dava com a finalidade de vendê-lo como escravo. Ver no Dicio■ nário 0 artigo Escravo, Escravidão. Até onde ia a lei, esse tipo de escravidão não era permitido. O trecho de Êxodo 21.2-11 regulam enta a escravidão entre os hebreus, quando um hebreu se tomava escravo de outro hebreu. Mas quando alguém tomava- se um negociante de escravos, se fosse apanhado, era executado. O texto sagrado não diz especificamente tal coisa, mas quase sempre essa atividade envolvia venda de hebreus como escravos a estrangeiros, ou em mercados estrangeiros. Assim ocorria porque um hebreu denunciaria a seu explorador, se perm anecesse em territó rio de Israel.

O seqüestro é um crim e con tra a pessoa, e, quanto à sua grav idade, anda bem perto do crim e de hom icíd io, po r p r iva r a v ítim a de seu bem mais precioso na v ida , a lib e rd a d e . A lém d isso, cau sa an g ú s tia en tre os pa ren tes da vítim a. T ra ta -se de um dos m a is e sm agad ore s dos in fo rtún io s , causando m u itos ma- les psicológicos à vítim a e a toda a sua fam ília. Jose fo narrou quão fácil era um hom em livre ser seqüestrado e vend ido com o escravo. Guerras sangrentas tam- bém eram e fe tuadas pa ra e fe ito de s e q ü e s tra r pe ssoas para serem vend idas com o escravas. Um a a lta po rcen tagem de esc ravos era ob tida por ocas ião de gu e rra s ou a ta que s súb itos , e fe tu a d o s e s p e c if ic a m e n te com esse p ropós ito . Quão atrozes são os crim es dos hom ens con tra os seus sem elhantes!

21.17

Quem amaldiçoar. Aos filhos com pete obedecer e tem er a seus pais. Ver Deu. 21.18-21. Na antiga sociedade babilônica, 0 crime de ferir um dos progenitores

Page 105: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO400

em alguém. Por essa e ou tras razões, posteriorm ente buscaram -se alternativas para a lex ía/ionis. E, então, a leniência na ap licação das penas veio a tornar-se a regra ge ra l. Essa len iê nc ia , p o r sua vez, pode to rna r-se tão acen tua da que 0

crim inoso nem mais chega a sentir 0 peso do castigo. De fato, em alguns paises, com o em nosso Brasil, chega-se a pensar que os d ire itos hum anos, evocados em defesa dos culpados, esquece to ta lm ente as vítim as dos crim inosos. Agora, espera-se que 0 pêndulo da jus tiça com ece a pender de novo, paulatinam ente, na d ireção contrária, e que os d ire itos das vítimas passem a ser melhor reconhe- cidos.

Jarchi e outros intérpretes judeus informam-nos que, quando a pena imposta era a perda de um olho, tal pena começou a ser substituída por uma multa correspondente ao preço de um olho.

A lei era regulamentada pelos anciãos que atuavam como juizes. Não era permiti- da a retaliação individual, da parte de pessoas particulares. Fica entendido, embora não seja dito francamente, que tais injúrias tinham sido infligidas a propósito . Não obstante, é perfeitamente possível que até mesmo danos infligidos acidentalmente eram cobertos pela lex lalionis. Essa lei, embora aparentemente uma boa medida para asse- gurar a justiça, na prática permitia muitos abusos e absurdos. Como um princípio, en- tretanto, nos ministra uma lição necessária.

Queimadura... ferimento... golpe. Qualquer tipo de dano que um homem possa provocar em outro, deveria ser castigado com um dano similar. Os Targuns dos judeus de novo pensam que a interpretação deve ser metafórica. Ou seja, uma justa retaliação deveria ser aplicada por meio de multas, como “0 preço de uma queimadu- ra” (Targum de Jonathan), ou coisa parecida. As Doze Tábuas da primitiva legislação romana continham itens assim. Favorino objetava à aplicação literal da retaliação. Como se poderia fazer um ferimento em alguém que correspondesse, exatamente, ao ferimento que se fizera contra alguém? (Apud. Gell. Noct. Attic. 1.20 g. 1). Na primitiva sociedade romana, os castigos eram negociados. Quando não se podia chegar a um acordo, então era aplicada a literalidade. Josefo falou em dinheiro pago pelo ferimento feito em um olho (Antiq. 1.4 c. 33,35).

21.26,27

A Le x T a lio n is não se a p lica va aos hu m ild e s esc ravos, he b reu s ou não. Se um h o m em fo sse p ro p r ie d a d e de o u tre m , h a v ia p a ra ele a lg u m a p ro te - ção. Se um ho m em m a ltra ta sse um seu esc ravo , co rria 0 pe rigo de pe rdê-lo , p e lo que s o fre r ia um a p e rd a fin a n c e ira p o rq u e ta m b é m te r ia que co m p ra r ou tro escravo. Danos sé rio s so fr idos po r um escravo podiam resu lta r em sua l ibe r tação . P ro va ve lm e n te , m u itos esc ra vo s a n e lavam po r ser fe r id o s grave- m ente, pa ra que p u d e sse m se r lib e r ta d o s . O s T a rg u n s d iz iam que os m em - b ros p r in c ip a is do c o rp o sã o v in te e q u a tro , e a p lic a v a m a le i que te m o s à nossa fren te a esses m e m bro s p r in c ipa is . E sses m em bros inc lu íam os dedos e os artelhos.

Na Babilônia, se uma terceira pessoa ferisse 0 escravo de outro homem, tinha que pagar uma multa ao proprietário, mas 0 próprio escravo não recebia qualquer compen- sação (código de Hamurabi, 199).

“Se essa lei não ensinava humanidade aos proprietários de escravos, pelo menos ensinava-lhes a cautela, pois um golpe inesperado podia privá-los dos futuros serviços de seus escravos, pelo que 0 auto-interesse forçava-os a usarem de cuidado no mar\u- seio dos escravos” (Adam Clarke, in loc).

21.28,29

Se algum boi chifrar. Os anim ais podem ser perigosos aos seres humanos, m esm o quando dom esticados. O proprie tário de gado era responsável pelos da- nos fís icos causados por seus anim ais. O b o i é aqui usado com o ilustração, mas devem os entender qua lquer outro animal. Tam bém no código de Hamurabi (250- 252) 0 boi é usado com o ilustração. Mas se um animal não tivesse nunca atacado um ser hum ano, seu p rop rie tá rio não prec isaria pa gar uma multa em caso de dano físico contra alguém. Tão-somente 0 proprietário era acusado de negligêncà.E m esm o que não fosse acusado de negligência , a inda assim sofria a perda do an im al, 0 qual teria de ser ap edre jado . Essa m aneira de ab ater 0 animal não permitia que seu sangue fosse devidamente drenado, pelo que não podia ser usa- do na a lim entação dos is rae litas. Se seu dono se tivesse m ostrado negligente, então teria perdido 0 animal e enfrentado a pena de morte. Mas este último aspec- to pod ia ser negoc iado m ed ian te 0 pagam e n to de um a pesada multa, paga ao parente mais p róx im o (vs. 30). De acordo com as leis gregas e romanas, um boi perigoso era identificado am arrando-se feno em seus chifres, para que, ao vê-ki, as pessoas se m antivessem distantes dele (Plutarco, em Crasso; Horácio, S e n rm 1, Satry. 4). Ver no D ic ionário 0 artigo intitu lado Sangue, que inclui a pro ib içãodb uso de sangue como alimento.

21.30

A punição capital podia ser evitada m ediante negociação com os parentes t h vítima. Eles decidiriam qual a quantia da multa. Essa quantia era usada can·

21.22

E ferirem mulher grávida. Está aqui em pauta uma briga entre homens que resultasse no ferimento de uma mulher grávida. Supostamente, tal mulher tentara se- parar os contendores. Um caso como esse mereceu atenção especial dentro da legisla- ção mosaica. Cf. Deu. 25.11. Mas se a mulher interferisse a fim de defender seu mari- do, e agarrasse 0 adversário por seus órgãos sexuais (presumivelmente ínflingindo-lhe um ferimento sério), então 0 castigo dela seria que uma de suas mãos seria decepada! Irmãos e irmãs, a lei mosaica era muito séria. Era mister que houvesse a intervenção da graça divina, em algum ponto!

E se 0 homem que lutava contra um marido chegasse a ferir uma mulher grávida, provocando um aborto, então 0 culpado teria que pagar uma multa, de acordo com um valor imposto pelo marido. No entanto, os juizes teriam que aprovar a quantia estipula- da pelo marido. Se 0 vs. 23 prossegue a fim de mostrar maus resultados que seguiriam a isso, então parece que se tal mulher fosse morta em meio à briga, 0 culpado teria que ser executado. Mas alguns eruditos pensam que 0 vs. 23 deve ser ligado ao que vem em seguida, e não com este versículo, e dai pensam que visto que 0 homem matou acidental e/ou não-intencionalmente a mulher, tal homem não deveria ser executado. Nesse caso, as leis do homicídio involuntário (vs. 13), entravam em efeito. Talvez, se a mulher também viesse a morrer, então deveria ser imposta uma m uita m ais pesada, a fim de corrigir toda a situação. Na verdade, porém, os intérpretes judeus não chegaram nunca a um acordo quanto a esse ponto.

21.23-25

A Le i de Talião. Ver no D icionário 0 artigo intitulado Lex Talionis. Temos aqui a declaração clássica da retaliação olho por olho, dente por dente. Nesse caso, a punição era de acordo com a natureza do crime cometido, de maneira a mais literal possível. Ver também Lev. 24.19,20 e Deu. 19.21 quanto a notas expositivas sobre essa lei. Tal lei provia um a retaliação em proporções exatas, evitando-se assim os exageros.

O termo “dano” (vs. 23), talvez aluda de volta ao vs. 22: um homem, em briga com outro homem, viria a ferir a mulher grávida deste, que viera em seu socorro. Se 0 ferimento não provocasse som ente aborto, mas tam bém a morte da mulher, então a lei determ inava “vida por v ida”, a prim eira declaração geral da le x talionis. E 0 culpado era executado. Nesse caso, a palavra “dano” aponta para a morte da mulher. Embora 0 culpado tivesse matado a mulher sem intenção de fazê-lo, visto ter a mulher grávida e seu filho ainda não-nascido, 0 caso se agravava tanto que passava a ser considerado como assassinato intencional.

M as há es tud iosos qu e pe nsam que 0 vs. 23 dá in íc io a um a nova seção. Nesse caso, não há qualquer v inculação com 0 vs. 22. E, assim sendo, “v ida por v ida” passa a a lud ir à idéia de hom icíd io não-in tenciona l, já d iscutido nas notas sobre 0 vs. 12, idéia que seria aqui considerada de maneira geral. Por conseguin- te, a lex talionis começaria por crimes que merecessem punição capital.

Bons intérpretes têm visto a questão por um ângulo ou por outro. Mas mesmo que 0 vs. 22 esteja em pauta, a expressão “vida por v ida” deve ser entendida como um a declaração geral de que 0 hom icíd io intenciona l prec isava ser punido com a execução do culpado.

A lguns estudiosos cristãos pensam que 0 aborto é um hom icíd io , pois pen- sam que 0 texto presente ind ica que 0 aborto envo lv ia a pun ição cap ita l do cul- pado. Mas isso dific ilmente concorda com o vs. 22. Se a m u lher não fosse ferida, então 0 simples aborto (nesse caso, provocado), era punível m ediante mera mui- ta. Ver na E ncic lopéd ia de B íb lia , Teo log ia e F ilo so fia 0 ve rbete intitu lado A bor- to. O aborto provocado será sem pre considerado um crim e sério. Mas se tem de ser c lassificado ou não com o um a hom icíd io envolve um a com plicação difícil de resolver.

A lex ta lion is é mais antiga que a legislação mosaica, e vestíg ios dessa anti- ga lei podem ser encontrados em m uitas cu ltu ras e em m uitos an tigos cód igos legais.

Olho por olho.. .A le x talionis requeria uma re taliação exata. A vantagem dessa lei é que ela evitava exageros na aplicação da punição. Neste versículo são enfocadas porções específicas do corpo humano: olho, dente, mão, pé. Se alguém prejudicasse um dente de outrem, seu dente seria prejudicado; se prejudicasse um pé, seu pé sofre- ria dano idêntico.

M as tam bém de vem os ve r neste ve rs ícu lo um uso m e ta fó r ico . Os crim es p recisam ser pun idos com prec isão , e não de form a leniente e nem exagerada. Ta is cas tigos poderiam nada te r a ve r com m em bros litera is do corpo humano. Este versículo condena a leniência geral que caracteriza nosso m oderno sistema judic ia l. Os vss. 26 e 27 voltam à questão dos escravos; e nesse caso, não havia ap licação da le x ta lion is , porque os escravos eram cons iderados propriedades, pelo que a lei era mais branda em seus castigos nos casos de ferim entos produ- zidos contra escravos. Os escravos não eram tratados com o iguais e nem possuí- am dire itos iguais às pessoas livres. M as entre seres hum anos livres, a lei tinha ap licação estrita.

A lex ta lion is produziu a mutilação generalizada de muitas pessoas, porquanto im punha a a p lica ção da p u n ição em p ro p o rç õ e s e xa tas aos da nos cau sados

Page 106: At Interpretado- Êxodo

401ÊXODO

21.35

Temos aqui a m atança não-negligente de um animal, por parte de outro animal. O animal matador, porém, não tinha história de violência contra outros animais. Nesse caso, seria mister fazer uma divisão cuidadosa dos prejuízos. O animal que matara 0

outro deveria ser vendido; e 0 dinheiro apurado deveria ser dividido em partes iguais. E 0 animal morto também deveria ser dividido, para servir como alimento, ou para que seu couro fosse vendido e 0 dinheiro apurado fosse dado aos dois proprietários envolvi- dos, em partes iguais (ver os comentários sobre os vss. 33,34). Desse modo os dois proprietários compartilhavam igualmente do prejuízo. Essa lei, naturalmente, tinha vari- antes. Se 0 boi morto tivesse maior preço que 0 boi matador, quando 0 boi morto fosse vendido, então 0 dono do boi matador teria que pagar a diferença de valor ao outro homem. Desse modo, a justiça era sen/ida mediante uma sábia (e não literal) interpre- tação da lei.

21.36

Encontram os aqui 0 caso da m atança negligente de um animal por parte de outro. O animal matador já tinha um a história de violência contra outros animais, mas seu proprietário nada fizera. Nesse caso, 0 proprietário do animal mal-humorado simplesmente tinha que pagar 0 preço total do animal morto, e a carcaça do animal morto também ficava com 0 proprietário que tinha sofrido 0 prejuízo. E 0 animal morto podia servir como alimento ou seu couro podia ser usado conforme se vê nas notas sobre os vss. 33 e 34.

Capítulo Vinte e Dois

Leis acerca da Propriedade (22.1-15)

Ver a introdução geral ao capítulo dezenove do Êxodo, que tam bém tem aplicação aqui. O decálogo (os Dez M andam entos) era a base do sistema judicial dos hebreus. Mediante ap licação, analogia e m ultip licação, acabou surgindo todo um com plexo sistem a judicial ao qual conhecem os como legislação mosaica.

A seção que ora ven tilam os (Êxo. 22.1-15) com eça com as leis referentes ao furto. Esse ato pecam inoso é tra tado de m odo breve (vss. 1-4), sendo espe- c ificados som ente três variedades: (1) Invasão de domicílio; (2) furto sem con- versão em dinheiro; (3) furto com conversão em outros valores. Os princíp ios de devo lução variavam desde 0 dobro até cinco vezes mais, dependendo do que era furtado e das c ircunstâncias do ato. Podia-se resistir à força a um invasor de domicílio, ou m esm o m orto (à noite), sem que isso im portasse em culpa, em bora não durante 0 dia. No caso de resistência à noite havia um caso de homicídio justificável, uma exceção ao sexto mandamento. Ver no Dicionário 0 artigo chamado H om icíd io, bem com o notas sobre 0 sexto mandamento, em Êxo. 20.13. Um ladrão que fosse pobre demais e não pudesse fazer restituição era simplesmen- te vendido como escravo.

Essas leis eram rigorosas, e seu intuito era coibir 0 furto. O código de Hamurabi era mais severo ainda, conforme vemos nos meus comentários mais abaixo.

Portanto, a leg is lação m osa ica de fend ia v igorosam ente 0 d ire ito à p ro p rie - dade.

22.1

Se alguém furtar. Tem os aqui um caso de furto complicado. Em outras pala- vras, um homem furtava não por ser pobre, mas com 0 propósito de com er ou ven- der 0 animal. Havia algo de especialmente desagradável quando um homem mata- va um animal que tivesse furtado, e, pior ainda, quando 0 vendia. Se um homem se tornasse culpado de tal coisa, teria que devo lver ao dono cinco bois por um boi furtado, e quatro ovelhas por uma ovelha furtada. Cf. II Sam. 12.4. Nessa passagem a Septuaginta fala em sete animais devolvidos para cada animal furtado. O código de Hamurabi era ainda mais exigente. A taxa de restituição podia subir até trinta animais para cada animal furtado, e nunca era m enor do que dez animais para cada animal furtado!

No extremo oeste norte-americano, os ladrões de cavalos eram executados, 0 que significa que ali a lei ainda era mais dura que 0 código de Hamurabi. Os cavalos eram 0 bem supremo. Outros animais eram menos valorizados.

A pesada compensação tinha por intuito deter 0 furto. Não é fácil impedir a ação de um ladrão astucioso, porquanto exprime corrupção interior em seus atos, e não apenas a esperança de ser menos pobre. Essa corrupção vai crescendo a tal ponto que 0 ladrão termina sendo também um homicida.

O boi tinha mais valor que a ovelha por ser um animal útil no trabalho pesado, e não somente por causa de sua carne e de seu couro. Os homens dependiam do boi nas lides do campo, de tal modo que sem esse animal indivíduos e até comunidades inteiras aca- bavam reduzidas a um a abjeta pobreza. Em conseqüência, 0 furto de um boi era vigorosamente combatido pela legislação mosaica.

resgate pela vida da vítima. Podemos supor que essa multa era pesada, visto que 0

homem teria de enfrentar 0 sentimento de vingança de um a família irada. Talvez a provisão do vs. 22 tivesse aplicação aqui. Juizes arbitrariam 0 caso, se as partes envolvi- das não chegassem a um acordo decente. Vários escritores judeus disseram que os juizes mediavam a questão toda, 0 que provavelmente reflete a prática resultante de abusos. Os herdeiros da pessoa morta recebiam 0 dinheiro. Se um a mulher tivesse sido a vítima, então 0 dinheiro ficava com a família do pai dela. Se um homem fosse morto, 0 dinheiro ficava com sua família imediata.

21.31

Pode-se fazer a distinção entre quanto custaria pagar 0 resgate se um filho ou uma filha fossem mortos. Uma filha poderia custa r um pouco menos, por mais ridículo que isso nos possa parecer. Seja como for, pessoas m enores de idade eram * iduídas nessa lei. O Targum de Jonathan fazia essa lei aplicar-se somente a crianças hebréias, mas parece que originalmente a sua aplicação era universal, aplicando-se também a filhos de estrangeiros que vivessem em Israel.

21.32

Se 0 boi chifrar um escravo, e este v iesse a m orrer, en tão 0 an im al era apedre jado e não se pod ia con sum ir sua carne (com o no vs. 29). M as 0 propri- e tá r io do an im a l, n e g lig e n te ou nã o (c o n fo rm e é e x p lic a d o no vs. 29 ), não podia se r exe cu tad o . S im p le sm e n te p re c isa va p a g a r 0 preço de um escravo, trinta m o edas de pra ta . Esse era 0 p re ço de m e rcado p o r um escravo . D esse modo, 0 senhor do escravo m orto po deria o b te r ou tro escravo , e n inguém ha- veria de c h o ra r m u ito po rq u e um e s c ra v o h a v ia s id o m o rto . O có d ig o de Hamurabi in c lu ía a m e sm a p ro v is ã o . C o n tu d o , 0 e s c ra v o tin h a a lgu m va lo r como pessoa, pois, de outra sorte, 0 boi não teria que ser apedre jado. Mas isso não servia de grande consolo.

Traído por Judas, 0 Senhor Jesus Cristo foi vendido por trinta moedas de prata (Mat. 26.15; sobre isso comentei longamente no N ovo Testam ento Interpretado, in loc.). Não há como calcular quanto valeriam essas moedas de prata em termos mo- dernos. Nos tem pos do Novo Testamento, poderíam os calcular 0 preço envolvido, que poderia ser ganho por um traba lhador com um (0 salário mínimo), em cento e vinte dias de trabalho. Em outras pa lavras, um hom em que ganhasse um salário modesto poderia ter de trabalhar por cento e vinte dias a fim de adquirir tal importân- da. Mas é impossível calcular quanto valeriam, nos dias do Antigo Testamento, aque- Ias trinta moedas de prata.

Seja com o for, a questão concernente a Jesus nos ministra uma lição espiritual. Jesus pagou um preço incalculável para poder libertar eternamente os pecadores; e até escravos foram igualmente postos em liberdade na cruz do Calvário.

21.33,34

Um O utro Tipo de N e g lig ê n c ia (ve r 0 vs. 29) cons is t ia em cava r um a cova que se to rn a r ia um pe rigo pa ra p e sso a s e a n im a is que po r ali pa ssa sse m . A cova em foco po de ria ser um a c is te rna ou um poço , a lgo tão n e cessá rio que, sem dúv ida , covas ab e rta s eram a lgo fre q ü e n te em q u a lq u e r redond eza . V er no D ic io n á rio os a r t ig o s in t itu la d o s C is te rn a e P oço . A lei o r ig in a l era qu e 0

escavador neg ligen te te r ia de sub stitu ir 0 an im al perd ido . P osteriorm ente, um a multa p a ssou a s e r paga, co rre s p o n d e n te ao v a lo r do a n im a l. A ca rca ça do animal passava a pe rtencer ao hom em ne g ligen te . É prováve l que, na antigui- dade, 0 an im a l po d ia se r c o n s u m id o c o m o a lim e n to , 0 que re d u z ia a pe rda . Depo is, en tre ta n to , quando fo i p ro ib id a a in g e s tã o de sangue, ta l an im a l não po d ia se r co m id o , p o rq u e se u sa n g u e não fo ra d e v id a m e n te d re n a d o . Ver D eu te ron ôm io 14.21 q u an to ao fa to p ro vá ve l que e s tra n g e iro s ou fo ras te iros na T e rra P rom etida não p re c isa va m su je ita r-se a ta is regras . O vs. 34 quase po r ce r to p ro je ta a id é ia de qu e 0 a n im a l p o d ia se r co m id o , po is , de ou tra sorte, que van tagem haveria para a pessoa ne g ligen te f ica r com a ca rcaça do a n im a l? T a lve z d e va m o s e n te n d e r que a n e c e s s id a d e de s e p u lta r 0 an im a l morto (um a carga ad ic iona l) recaía sobre 0 cu lpado. V e r no D ic io n á rio 0 artigo geral in titu la do S angue, que inclu i p ro ib içõ e s do uso do sangue com o a lim en- to. Ver essa proibição em Gên. 9.4; Lev. 3.8 e 7.26.

A lguns eruditos pensam que a carcaça ficava com 0 proprietário, e não com 0

ofensor. Nesse caso, poderíamos somente pensar que sua came era usada na alimen- tação. Mas outros estudiosos têm sugerido que 0 couro do animal podia ser usado, embora não a carne do mesmo. Isso reconciliaria a passagem com as referências onde a ingestão de sangue é proibida.

O animal morto será seu. Essas leis refletiam uma cultura agrícola, e também de criadores de gado. Nessas sociedades, animais domésticos eram os principais itens de propriedade. Outras perdas de propriedade ou abusos contra a propriedade tinham que ser compensados por atos análogos, visto que não havia leis específicas. Assim, 0

decálogo orig inal (os Dez Mandamentos) foi submetido a um incrível desdobramento de leis e preceitos, alguns análogos e outros novos. Quanto a isso, ver a introdução ao capitulo dezenove do livro de Êxodo.

Page 107: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO402

atos. Os ofensores tinham que pagar multas. Os intérpretes judeus também leva- vam em conta 0 dano que um anima! poderia fazer enquanto estivesse solto no terreno de um vizinho qualquer. O ofensor tam bém devia pagar por esses danos. Portanto , era pun ida a invasã o de te r ren o a lhe io . D esse modo, a leg is lação m osaica defend ia tanto 0 dire ito à propriedade quanto a integridade da proprie- dade.

22.6

Se i r ro m p e r fo g o . Há pe sso a s que gostam de fogo. C rian ças e adultos podem sen tir-se fasc in ados pe las cham as. Há pessoas que fazem queim adas para limpar terrenos de escom bros ou troncos caídos; mas existem aqueles que provocam incêndios por pura d iversão doentia . Um hom em que estivesse lim- pando um seu terreno mediante que im ada, podia perder 0 controle das chamas, destru indo ass im as p lan taçõe s de um de seus v iz inhos. Isso acontec ia (e até hoje acontece) com tanta freqüência que a legislação mosaica precisou controlar tal abuso.

Uma negligência que causa prejuízo precisava ser punida. Assim, 0 ofensor de um incên d io de sses te r ia que pa g a r pe lo da no ca u sado pe lo fogo. Se um homem fizesse provisão para im pedir a propagação das chamas, com o levantar um muro com pelo m enos 1,20 m de altura que separasse seu terreno do terre- no con tíguo , e m esm o assim 0 ven to fizesse espa lhar as cham as a esse outro terreno, então não era considerado culpado. Por igual modo, se as chamas sal· tassem por cima de um a estrada ou de um curso de água, não seria considerado culpado. Nesse caso, 0 incêndio era tido com o um ato de Deus ( Bartenora em Misn. Gittin. c. 5 see. 1).

22.7,8

G uarda de ob je to s de va lo r. Talvez um homem estivesse em viagem. Deixara algum dinheiro em casa e temia ladrões que poderiam tirar proveito de sua ausência. Como medida de segurança, entregara 0 dinheiro a um vizinho. Para sua consterna- ção, 0 dinheiro foi roubado. Ou, então, 0 vizinho, cedendo à tentação, apossara-se do dinheiro e lançara a culpa sobre supostos ladrões. O homem que perdera 0 dinheiro poderia tentar descobrir a verdade, fazendo seu vizinho ser interrogado pelos juizes. Presumimos que se esse vizinho fosse culpado, então teria de fazer restituição em dobro. Mas se tal vizinho não fosse culpado de qualquer ato errado, não teria que fazer restituição do dinheiro roubado (vs. 11). E ao homem que perdera 0 dinheiro só restaria falar sobre sua má sorte, esperando que 0 futuro lhe fosse mais sorridente.

Também havia 0 problema das falsas reivindicações. Um homem poderia dizer que entregara certa importância a um vizinho, sem que isso fosse verdade. Casos assim teriam que ser julgados. Os juizes decidiriam, e juramentos seriam exigidos de ambas as partes (vs. 11). Supostamente, Yahweh haveria de castigar àquele que tives- se jurado falsamente, pelo que um homem com qualquer sensibilidade espiritual, seria cauteloso quanto a questões assim. Há alguma evidência de que tais casos também podiam ser resolvidos por meio de oráculos. O oráculo diria quem estava dizendo a verdade. Todavia, 0 próprio texto silencia totalmente sobre essa possibilidade. Ver no Dicionário 0 verbete Oráculos.

Na Babilônia, a questão era regulamentada de forma mais completa. Aquele que ficasse encarregado da guarda de bens alheios munia-se de testemunhas e de uma espé- cie de contrato de inventário, garantindo assim a sua honestidade (código de Hamurabi 122). Ver I Reis 8.31,32 quanto a juramentos geralmente feitos nessas ocasi- ões.

22.9

Propriedade Q uestionáve l e Negóc ios Fraudulentos. Este versículo parece levar em con ta am bas essas poss ib il idades. Dois hom ens se d iz iam donos de um m esm o valor, com o um an im al ou q u a lque r ou tra coisa. Ou, então, um ho- mem de ixa ra um seu an im a l sob a gua rda de ou trem , e este ou tro acabava d izen do: “ Este an im a l é m eu". Ou, en tão, um hom em , ten do pe rd ido a lgum a coisa, acabava encontrando-a na posse de outra pessoa. Aquele que se apossa- ra indev idam ente da p ropriedade a lhe ia não con fessava volun tariam ente 0 que tinha feito. Em todos os casos assim, a causa era levada à apreciação dos juizes, para que houvesse uma decisão justa. A lguém estaria faltando com a verdade. E 0 mentiroso , um a vez de scoberto , tinha que pagar em dobro, para que apren- desse a não mentir e/ou furtar. Logo, este versículo cobre casos de custódia traí- da. Q uem re cebesse de um v iz inho a lgo va l ioso te r ia de usar de um cu idado razoável com 0 que fora de ixado sob sua custódia. E se fosse achado negligente, v io lan do a con f iança que ne le m a n ife s ta ra 0 seu v iz inho , en tão ter ia que lhe fazer restituição em dobro.

2 2 .10,11

Se a lgu ém de r a seu p ró x im o a gu a rd a r. Continua a exposição de casos de custódia traída. Um animal entregue a outra pessoa, para ser guardado, era morto, ferido ou perdia-se. Ou a pessoa com quem 0 animal fora deixada alegava

Os antigos persas exigiam a restitu ição de quatro animais para cada animal furtado (Lib. Sheddar, apud Hyde Relig. Vet. Pers., pág. 472). Pesadas retalia- ções tinham por escopo de fend er 0 d ire ito à p rop rie dad e . Na an tiga nação de Israel, os animais domésticos representavam as principais propriedades das mas- sas. Somente os abastados possuíam coisas com o ouro, prata, casas ornamen- tadas, carruagens, etc.

22.2

Supõe-se aqui, como é costume dos ladrões, que eles atacariam à noite. Ninguém podia saber quais seriam suas intenções. Talvez abrigassem idéias homicidas no cora- ção, e não somente 0 furto, pelo que poderiam matar alguém para obter 0 que quises- sem. Portanto, era permitido defender a própria residência de um ladrão que a invadis- se durante a noite. Um israelita tinha 0 direito de matar um ladrão invasor apanhado no ato da invasão. Ver as notas sobre 0 sexto mandamento , em Êxo. 20.13, que incluem informações sobre 0 homicídio justificável. Ver também no Dicionário 0 artigo intitulado Homicídio.

Não será c u lp a d o do sa n gue . Este versículo reconhece 0 direito de defesa do lar con tra a rrom badores e invasores. A pa lavra hebra ica aqui traduz ida por “arrombando” dá a noção do ato de escavar uma pa rede , sem importar se de uma casa ou de uma cidade. O ato, pois, era p rem ed itado e po tencia lm ente violento. Tal homem ficava sem 0 direito da proteção divina, por haver quebrado 0 código social. Não mais podia ser considerado um membro da sociedade. Antes, tornara- se um inimigo do bem público.

22.3

Por sua vez, um ladrão que a ta casse du ran te 0 dia não era tido com o um hom ic ida em potencia l, pe lo que não de ve ria se r m orto. N esse caso, se fosse ferido, quem 0 ferisse seria considerado culpado de sangue.

Q u e m 0 fe r iu se rá c u lp a d o d o s a n g u e . Só p o d e m o s e n te n d e r essas p a la v ras com o ind icação de que um ladrão não po d ia ser fe r ido se a tacasse durante 0 dia, e que quem 0 m a tasse seria cu lpado de hom icíd io e ter ia de ser exe cu tad o . Os in té rp re tes , con tudo , te n ta m e v ita r e ssa im p lica ção , havendo aqueles que chegam a faze r em endas no texto para evitar essa conc lusão iógi- ca. Realm ente, essa d is tinção entre ladrões que a tacam à noite e ladrões que a tacam de dia parece fo rçada dem ais . Ta lvez os ladrões hebreus não fossem tão perigosos quanto os m odernos. Ou, então, de vem os pensar que os ladrões que a tacam de dia ser iam 0 que ho je c h a m a m o s de de scu id is tas , que furtam pequenos ob je tos ou pequenas im portânc ias em dinheiro .

Outros in té rp re tes pensam que a cu lpa do sa n g u e deve se r a tr ibu íd a ao ladrão. Assim, um ladrão que a tacasse de d ia ser ia cu lpado, pe lo que deveria ser punido, em bora não execu tado . Q uem 0 su rp ree nde sse , pois, não deveria executá-lo . Nesse caso, não é dito 0 que sucederia a quem m atasse um ladrão que atacasse de dia. Mas extrair tal sentido do texto sagrado requer uma incrível m anipulação do hebraico originai.

Fará restituição total. De acordo com os estatutos baixados: Se alguém furtasse um boi ou uma ovelha e, então, vendesse 0 animal furtado, teria que restituir cinco bois ou quatro ovelhas, conforme 0 caso. Mas se não os tivesse vendido, então teria de restituir dois animais para cada animal furtado. E fica entendido, embora não especificado, que outros animais furtados teriam que ser restituídos em dobro.

22.4

Pagará 0 d o b ro . Acham os aqui a lei da restituição em dobro. A propriedade furtada não havia sido vendida. Continuava na casa do ladrão, pronta a ser devolvida. O caso era fácil e simples. Nesse caso, 0 ladrão restituía em dobro. Caso não tivesse como fazer essa dupla restituição, então era reduzido à posição de escravo, para pagar pelo que tinha furtado, e mais alguma coisa, para aprender a abandonar tal vida de desonestidade. Os antigos persas requeriam uma quádrupla restituição. O código de Hamurabi era muito severo, requerendo até 0 máximo de trinta vezes mais do que 0

furtado, e nunca menos de dez vezes mais! A lei de Sólon, entre os gregos, também requeria uma dupla restituição (A. Gell. 1 .1 1 . c.18). As restituições acima do valor furtado tinham por intuito impor uma pesada pena sobre a vida do ladrão, com propósi- tos refreadores e reformadores.

22.5

Continuavam as leis acerca dos abusos contra a propriedade. Dar pasto aos animais custava dinheiro. Assim, talvez alguém achasse ser medida de esperteza fazer seus animais pastarem em terreno alheio. Mas isso também poderia ocorrer acidentalmente. Em ambos os casos estaria ocorrendo um pequeno furto. A resti- tuição era cobrada da m elhor parle da propriedade do ofensor, embora não se fale aqui em porcentagem. O código de Hamurabi (55 e 56) também condenava tais

Page 108: At Interpretado- Êxodo

403ÊXODO

A lg u n s in té rp re te s l im ita v a m 0 vs . 14 ao a to de e m p ré s tim o , sem qu e q u a lque r p reço e s tive sse e n vo lv id o . E en tão lim itam 0 vs. 15 ao ato de to m a r p o r e m p ré s tim o um a n im a l. Em c a s o s s im p le s de a n im a is d a d o s p o r em - p ré s tim o , e n tã o a q u e le que 0 to m a s s e p o r e m p ré s t im o se r ia re sp o n sá ve l e te r ia de fa ze r re s titu iç ã o , se a lg o a c o n te c e s s e ao an im a l. Em caso s de an i- m a is tom a d o s po r e m p ré s t im o , v is to que já ha v ia s ido pago d inh e iro , aq ue le que 0 tom asse p o r e m prés tim o nada teria qu e pagar. Essa in te rp re tação pode co n te r a lgu m a ve rdade , m as não exp lica bem a ques tão envo lv ida , con fo rm e m ostre i ac im a.

Leis Civis e Religiosas (22.16-31)

Contra a Sedução de Virgens (22.16-17)

V er a in tro d u çã o gera l a Êxo. 19.1, qu e tem a p lica çã o aqui. O d e cá lo g o orig inal (ver no D ic io n á rio 0 ve rbe te D ez M andam entos ), serviu de base para a grande m u ltip lica ção de esta tutos e prece itos que se vêem por toda a legislação mosaica. De fato, esse desdobram ento do decá logo é que constitui a legislação m osaica, cuja exposição term ina no livro de Deuteronôm io, com intercalação de m uitas po rções h is tó ricas. Ver no D ic ioná rio 0 artigo L e i no A n tig o Testam ento, seção IV, Lei.

A lei con ce rn e n te à se d u çã o de v irg e n s con c lu i a seçã o a n te r io r (as leis a tin en te s à p ro p rie d a d e ), v is to que a esp o sa e os filhos de um hom em eram considerados sua propriedade. Mas essa lei tam bém dá início à seção seguinte, por fazer parte de im portantes leis civis, e não m eram ente da lei da propriedade. Uma filha virgem valia d inheiro para 0 seu pai, pois, ao casar-se ela, ele recebe- ria bens e d inhe iro po r ela. U m a vez de florada, porém , qual ser ia 0 va lo r de la? Já não teria m a is va lor, em bora tivesse va lo r pa ra ou tras co isas; m as nenhum pai ha veria de q u e re r p e rd e r 0 v a lo r po tenc ia l de um a filha , só porque a lgum sujeito resolveu seduzi-la.

22.16,17

Em Israe l, de um a jo ve m so lte ira sem pre se e sp e rava que fosse v irge m . Por isso, a p a la v ra h e b ra ica pa ra in d ic a r m u lh e r jo v e m (no he b ra ico , a lm a ), tam bém ind icava v irgem . A ss im sendo, se um a m u lher fosse solte ira, au tom a- ticam en te esperava -se que ela fosse um a v irgem . Assim , se um hom em sedu- z isse um a jovem so lte ira , te r ia de flo ra d o um a donzela . N esse caso, 0 hom em p o d e ria c o r r ig ir seu e rro c a s a n d o -s e com e la , e d a n d o a seu pa i um do te c o m p e n s a d o r . V e r no D ic io n á r io 0 a r t ig o D ote , q u a n to a esse co s tu m e em Israel.

Contudo, se 0 pai da jovem não quisesse que sua filha tivesse um relaciona- mento com tal homem, ele tinha 0 poder de impedir 0 casamento. Nada é dito aqui se 0 sedutor não qu isesse casar-se. É de presumir, nesse caso, que ele teria de pagar um pesado dote. De qualquer modo, a fim de impedir 0 casamento, 0 dote era a chave para a liberação do cu lpado. N esse caso, 0 pai receberia 0 d inheiro e 0

homem ficaria livre.Essa lei deve te r s ido a lta m e n te e fic ien te . Um hom em não seduziria levia-

nam ente um a jovem , porque: 1. E le es ta ria fo rçando um casam ento que ta lvez não qu isesse. 2. Ele term inaria tendo de pa gar 0 dote, se não quisesse casar-se com a jovem . 3. Se não agradasse ao pai da jovem , e este não quisesse 0 casa- m ento de sua filha , en tão 0 se d u to r te r ia que pa gar 0 do te e a inda pe rderia a jovem , um a dupla derrota. Essa situação deve ser contrastada com os costumes m o dern os onde 0 se d u to r não pa ga na da e onde 0 casa m en to é usado com o cham ariz , pois se um a jovem se d e ixa r seduzir, 0 cu lpado nada pagará por seu erro.

O trecho de Deuteronômio 22.28 diz-nos que 0 preço que um sedutor teria de çagar era de cinqüenta peças de prata, quase 0 dobro do preço de um escravo (ver Êxo. 21.32). Isso não representava muito dinheiro para um homem abastado, mas para um homem com um, era um preço elevado. Dentro do código assírio (A55), a questão era reso lv ida de igual m aneira com o se vê aqui, com a d iferença que 0

preço pago, em casos de sedução, era três vezes m a io r que 0 dote dado por oca- sião do casamento.

Nos m o dern os p a íses o c ide n ta is , não há m a is q u a lque r pena ap licáve l a casos de sedução. Em a lguns casos, a honra da fa m ilia p rocura forçar 0 casa- mento; m as esses casam entos forçados são precários. Casais que não se combi- nam já são tão a b unda n tes que pa rece um a to lice fo rça r a um mal casam ento por motivo de sedução. A dem ais, a p rom iscu idade sexual anda tão com um hoje em dia que seria quase im possível p rovar que a jovem seduzida era, realmente, virgem.

N esses v e rs íc u lo s da B íb lia , f ica e n te n d id o que um a n ã o -v irg em não ti- nh a q u a lq u e r v a lo r de m e rca d o , p e lo qu e nã o h a v ia q u a lq u e r s a n ç ã o lega l co n tra um h o m e m q u e s e d u z is s e um a m u lh e r n ã o -v irg e m . M as se um ho- m em s e d u z is s e um a v irg e m que e s tiv e s s e n o iva (ve r tam b é m D eu. 22 .2 3 ), en tão tan to 0 sed u to r q u an to a se d u z id a se ria m a p e dre jados . Mas se 0 caso tive sse e n vo lv ido v io lê n c ia se xu a l, e n tão 0 ho m em era apedre jado , mas sua v ítim a ficava livre.

a lgu m a d e ssa s co isa s a c e rc a do a n im a l, sem q u e isso fo s s e ve rd a d e , m as an tes , a p o s s a ra -s e in d e v id a m e n te do a n im a l. A ve rd a d e ira n e g lig ê n c ia de- ve r ia s e r pu n id a , e os ju iz e s d e te rm in a r ia m q u a l a v e rd a d e ira n a tu re z a do caso . T o d o fu r to te r ia de s e r c o r r ig id o m e d ia n te re s t i tu iç ã o ; e h a v e r ia um ju ra m e n to em nom e de Y a h w e h . O s ju iz e s re s o lv e r ia m se h o u ve ra fu r to ou não. Se aque le que tivesse g u a rda do 0 an im a l p rovasse a sua inocê nc ia (por não se r cu lp a d o nem de d e s o n e s t id a d e e ne m de n e g lig ê n c ia ), e n tão sa ir ia liv re e não te r ia qu e p a g a r q u a lq u e r m u lta . M as se h o u v e s s e ra zo á ve l sus- pe ita de fu rto , en tão h a ve ria re s titu içã o . Em ca so s ass im , a q u es tão não de- pendia de co n fissão ou de fa lta de con fissã o , po is os ju iz e s tin h a m au to rida - de p a ra re s o lv e r q u e m e s ta v a d iz e n d o a v e rd a d e , im p o n d o a q u i lo qu e se ju lga sse jus to , a p e sa r de p ro te s to s que po d e ria m se r fe itos . A perda po deria te r o c o rr id o po r c a u sa de fu r to (da p a rte do g u a rd a d o r) , de a c id e n te ou de má sorte . O s ju ize s , em cada um de sse s caso s , d e c id ir ia m com o re so lve r as queixas.

“ O caso de a n im a is d e ixa d o s sob a g u a rd a de ou tro s re p o u sa va sobre 0

m esm o princíp io re la tivo a bens de ixados sob custó d ia de a lguém . Todavia, le- vava-se em conta 0 fa to de que an im ais podem m orrer, ser fe ridos ou se perde- rem. M orte ou fe r im ento , p o r causas na tu ra is , não en vo lv iam q u a lq u e r ob riga- ção” (J. Edgar Park, in lo c .). Por outra parte, a negligência por parte do guardador requeria restituição.

22.12

Se de fato lhe for furtado. O homem que de ixara seu animal sob custódia de outro homem, diria a este: “Porque você não teve cuidado com 0 meu an im al?” O guardador poderia responder: “Não é culpa minha que 0 animal foi roubado. Não sou responsável pelos atos de algum ladrão”. Temos aqui a explicação do modo de proce- der em casos assim. O homem que recebera 0 animal é 0 responsável, porque deveria ter tomado providências cabíveis para proteger 0 animal e evitar que 0 mesmo fosse furtado. E se 0 animal fosse morto, ferido ou se perdesse, então a responsabilidade teria que ser determinada pelos juizes. Mas todo furto seria reputado um claro caso de negligência por parte dos guardadores.

22.13

O utros Casos D uvidosos. Vo ltam os aqui para os tipos de casos dados nos vss. 10 e 11. Um hom em poderia de ixa r um seu anim al com um vizinho, e, então, um a fera matou 0 anim al. Se 0 guardador pudesse dem onstrar, por meio de testem unhas e por partes da carcaça, 0 que havia acontecido, então seria considerado inocente, po is quem poderia con tro la r os atos, digam os, de um leão? O caso só se tornaria duvidoso se não pudessem ser apresentadas pro- vas de que 0 animal havia sofr ido um desastre inevitável. O s inté rpre tes judeus com plicavam um tan to essa lei ao d izerem que se ce rtos tipos de anim ais m atassem 0 anim al guardado, então 0 guardador estaria livre. Esses anim ais eram 0 leão, 0 urso e 0 lobo. N enhum hom em poderia ser tido com o responsá- vel por atos dessas feras. Mas se 0 an im al guardado fosse m orto por um gato, um a raposa, um cão ou um furão, an im ais m enores e m enos perigosos, então 0

guardador teria que pagar pelo prejuízo. P resum ive lm ente, poderia ter im pedido a ação daqueles an im ais. (M isn. B ava M etzia , c. 7, see. 9). Nos casos onde não houvesse testem unhas, e nem carcaça, então a questão ficava na dependência de juramentos (vs. 11).

22.14,15

Se alguém pedir emprestado. Um homem poderia pedir em prestado um ani- mal de um seu vizinho. Talvez para fins de reprodução, ou para fazer algum trabalho. Talvez 0 animal tivesse s ido alugado. O animal seria a lugado por certa quantia em dinheiro, ou em troca de algum outro valor. Se 0 animal fosse ferido ou morto, e 0

proprietário não estivesse presente (para dar sua proteção ao animal), então quem 0

tivesse tomado por empréstimo teria de fazer restituição. Mas se 0 proprietário do ani- mal estivesse presente no momento do incidente (podendo ter a judado a impedir a ocorrência), então quem tivesse tomado 0 animal por empréstimo não precisaria fazer restituição. Ele já havia pago algo para usar 0 animal, e 0 que tivesse pago seria sufici- ente para 0 caso.

Os autores judeus davam outra interpretação que parece lançar alguma luz sobre estes versículos. Se um homem pedisse por empréstimo um animal de um vizinho, e 0 dono do animal viesse a tabalhar com seu animal, e algum dano fosse sofrido por esse animal, então não haveria responsabilidade por parte de quem 0 tomara por empréstimo. Digamos que 0

homem estava arando com a ajuda de seu animal, e estava recebendo dinheiro por isso. Se 0 animal morresse teria de contentar-se com 0 dinheiro que contratara e não poderia exigir restituição pelo animal. (Maimon. et Batbenera, Misn. Bava, M e tia , c. 8, see. 1).

Ainda há uma terceira interpretação. Quem pedira 0 animal por empréstimo esta- va usando outro homem, contratado para fazer 0 trabalho com 0 animal (esse homem, fique claro, não era 0 proprietário). Se algum acidente atingisse 0 animal, então seu valor seria tirado do salário do homem contratado e, presumivelmente, entregue a quem 0 tivesse dado por empréstimo.

Page 109: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO404

Não a flig irá s 0 fo ras te iro . Temos aqui destacados os direitos dos estrangeirosem Israel. As pessoas receiam as coisas diferentes. O tem or inspira a perseguição contra as pessoas e coisas que parecem diferentes. Os estrangeiros têm costumes diferentes, e isso os assinala com o alvos da perseguição. Está especificamente em pauta aqui 0 ger, ou seja, 0 residente permanente que veio do estrangeiro, alguém que não é indígena ao iugar, e nem está ligado à população por laços étnicos. Ver Êxo. 23.9 quanto à mesma proibição, instrutiva porque 0 povo de Israel é assim lembrado que foi

g e r no Egito, onde os descendentes de Abraão foram tão cruelmente perseguidos. “Não faças a outros 0 que os egípcios fizeram contra ti” . Presumivelmente 0 forasteiro, alguém que apenas estava de passagem em Israel, deveria receber tratamento igual- mente humano.

“A m ise ricó rd ia m a is am pla . A in junção sem pre re iterada de que Israel se mostrasse misericordioso para com os estrangeiros, as viúvas, etc., testif ica acerca das condições de m iséria em que v iv iam os fracos e os incapazes em Israel. A base para essa caridade é de natureza religiosa, 0 que também sucedia em muitos códigos antigos, 0 que sugere que é h istoricamente verdadeiro que mais bem tem sido feito no m undo por aqueles que am am Deus do que por aqueles que amam somente 0 h o m e m .. . Conforme Kierkegaard vivia insistindo, é quando contempla■ mos a D eus que tudo quanto é hum ano to rna-se re a lm en te hum ano” (J. Coert Rylaarsdam, in ioc.).

“A justaposição de leis contra a opressão com leis acerca de três crimes do pior tipo, parece ter 0 intuito de indicar que a opressão se acha entre os pecados mais odiosos aos olhos de Deus” (Ellicott, in ioc.).

“Porque sou misericordioso” , protesta 0 Senhor no vs. 27 deste capítulo. Assim sendo, Ele requeria compaixão da parte do povo de Israel. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Amor.

22.22

Há algo que dá pena no caso de um a criança sem pais ou de um a mulher que perdeu 0 marido. E tanto m ais na sociedade antiga, onde as mulheres tinham tão pouco meio de vida; e quantos homens desejavam casar-se com uma viúva, perdida a flutuar em uma sociedade indiferente? Portanto, a legislação mosaica tinha alguma provisão em favor das viúvas. Ver Deu. 10.18,19. Não era completa essa provisão, mas ao menos, mantinha-as em vida. Acima de tudo, de acordo com a lei, ninguém podia perseguir ou afligir pessoas assim destituídas. O famoso código de Hamurabi conclui jactando-se que, com a ajuda dos deuses, ficava garantido que os poderosos não opri- miriam os fracos, e que se faria justiça às viúvas e aos órfãos. As leis romanas determi- navam um guardião para cuidar de mulheres solteiras, facilmente exploradas por indi- víduos inescrupulosos. E as viúvas não se saíam melhor do que as mulheres solteiras; e, se as viúvas tivessem filhos pequenos, pior ainda. Alguém ou alguma coisa tinha de proteger tais pessoas dos urubus morais.

Ver Deu. 24.19-21 e Lev. 19.9-10 quanto a provisões específicas acerca das ne- cessidades alimentares dos pobres. Ver também Deu. 14.28,29 e 16.11-14 quanto a outras provisões. O trecho de Êxo. 23.11,12 menciona ainda uma outra provisão quanto às necessidades básicas dos tais.

22.23

Yahweh prom eteu ouvir 0 c lam or dos oprim idos, e no caso dos órfãos e das viúvas, seus op ressores seriam pe sadam ente castigados por ato d iv ino. Deve- mos lem b ra r 0 po de r que as m a ld içõ e s exe rc iam sob re a m ente dos hebreus. Para eles, as m ald ições não eram m eras pa lavras, mas revestiam-se do potenci- al de prejudicar e até matar. O s vss. 23 e 24 atuam com o um a espécie de maldi- ção div ina contra os opressores dos fracos. Contudo, nos dias de Jesus eram os líderes re lig iosos h ipócritas os m a io res opressores dessas pessoas carentes (ver Mat. 23 .14). Ver estas re ferências que con têm av isos con tra os opressores dos fracos: Jer. 5.28; 7.6; 22 .3 ,17 ; Zac. 7.20; Mal. 23.14. H is toricam ente falando, a espada dos assírios, dos bab ilôn ios e dos rom anos v ingava-se dos opressores dos fracos.

22.24

A m ald ição de Yahweh surpreendeu os opressores quando os assírios e os babilônios varreram a Terra Santa, mas deve te r havido outros castigos mais imediatos. As muitas guerras de Israel deixaram muitos órfãos e muitas viúvas. E mu- tos dos homens mortos haviam sido opressores dos fracos. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Cativeiro (Cativeiros). “ Deus é 0 protetor dos indefesos aos olhos da lei: as estrangeiros (ou forasteiros), os órfãos, as viúvas e os pobres” (Oxford Annotated B tíe , in Ioc.).

22.25

Em préstim os sem Juros. Um dos benefícios desfrutados pelos pobres, e ■ Israel, é que eles podiam fazer em préstim os sem ter de pagar juros. Eu mesne

22.2122.18

A feiticeira. Ver informações completas a respeito no verbete Feitiço, Feiticeiro, no Dicionário. Nessa atividade espúria mais mulheres do que homens se envolviam, 0

que explica 0 termo no gênero feminino, neste versículo. A feitiçaria era tida como uma fo ₪ a agravada de idolatria. Em primeiro lugar, havia aqueles deuses que estavam por detrás dos encantamentos das feiticeiras. Em segundo lugar, conforme se pensava, uma feiticeira ou bruxa estava ativamente envolvida com demônios (os deuses), a fim de realizar os seus propostos.

T u d o isso fa z ia -s e em c o m p e tiç ã o a Y a h w e h , co m o v io le n ta ru p tu ra do p ro p o s to m o n o te ís m o de Is ra e l (ve r no D ic io n á r io os v e rb e te s In t itu lado s M o n o te is m o e Id o la tria ). V e r Êxo. 22 .20 ; I Sam . 28; Jer. 7 .18 ; 44 .15 quanto a com o m ulheres se envo lv iam nessas artes cha m ada s negras. C ontudo, os tre- chos de Deu. 18.10; Mal. 3.5 e 28 .3 m enc ionam fe itice iros . Essa fo rm a de ido- latria, ta lvez m a is do que qu a isq u e r ou tras, envo lv ia a ad iv in h a çã o (ve r a esse respeito no D ic ionário ). A despe ito de tod as as p ro ib ições, Israel nunca esteve livre desse p rob lem a; e a lgu m as fo rm as de fe itiça r ia fo ram incorporadas na fé re lig io s a de Israe l, de um a m a n e ira a p ro va d a , s e g u n d o d e m o n s tro na que le citado artigo.

A fe it iça ria usua lm en te cons is te em um a fo rm a re lig iosa que envo lve ritos superstic iosos que ten tam con tro la r os deuses e esp íritos e p rever 0 futuro. Po- rém, algum as vezes está envolvida m ais do que a mera superstição. Muitos feiti- ceiros tentam pre jud icar ou m esm o m atar oponentes, reais ou imaginários. Esse é 0 fator que até hoje faz da bruxaria um a prática especialmente repelente. Grande parte da fe itiça ria m oderna é da m o da lidade cha m ada b ranca , a qual suposta- m ente não envo lve prá ticas od io sas e pre jud ic ia is , po is até prega 0 am or ou a fra te rn idade en tre os hom ens. M as até ho je ex is te a m o d a lid a d e da fe it iça ria cham ada negra.

As feiticeiras, em Israel, eram condenadas à punição cap/fa/ (ver a respeito no D/aoná/rá). Cf. 0 vs. 20.

U m a a p lica çã o m o dern a das d e m and as do p resen te vers ícu lo , que levou as b ru xa s a se rem e x e c u ta d a s na fo g u e ira ou p e rs e g u id a s d u ra n te a Idade M é d ia , na E u ro pa e m e sm o na N ova In g la te r ra , ou p a rte n o rte -o r ie n ta l dos E s ta d o s U n id o s da A m é r ic a do N orte , e s tá c o m p le ta m e n te fo ra de o rdem , se n d o essa o p re s s ã o tã o u ltra ja n te q u a n to a to d o s os u lt ra je s fe ito s pe las fe itice iras.

22.19

A Bestialidade. Está em pauta aqui 0 coito com animais. Isso era visto pela lei mosaica com o uma perversão tão grande que os culpados desse pecado não podiam continuar vivendo, mas antes, eram condenados à morte, provavelmente por apedrejamento. Ver no Dicionário, com esse título, um verbete com plenas informa- ções sobre 0 assunto.

O Relatório Kinsey revelou que, nas áreas rurais, uma porcentagem assombrosa de homens se envolvem com atos de bestialidade, chegando a quarenta ou cinqüenta por cento de toda a população, em certas áreas. E embora apenas dois por cento das mulheres se envolvam com atos dessa natureza, ainda assim 0 número de casos é muito alto. Cf. este texto com Lev. 20.15,16; Deu. 27.21. As leis dos hititas continham proibições similares (11.187,199.200A). Mas 0 cód igo de Hamurabi não menciona a questão.

Heródoto (Hist, ii.46) mencionou a prática entre os egípcios. E em Levitico 18.24, aprendemos que os cananeus eram dados à bestialidade. “O mais abominável dos crimes tornara-se ali lugar comum” (Adam Clarke, in Ioc.).

22.20

S acrifíc ios Ilegítim os. Sacrificar a deuses (ver no D icionário 0 artigo intitulado Ido la tria ) requeria a pena de m orte . Só Y ahw eh m erec ia a adoração dos seres humanos, incluindo a oferta de sacrifíc ios. Le is com o essa tinham por intuito ani- qu ila r tota lm ente quaisquer vestíg ios de idola tria em Israel. M as a tarefa não era fác il. Os v io la d o re s so fr iam 0 in te rd ito s a g ra d o (no h e b ra ico , h e re m ) e eram destru ídos. V e r D eu te ron ôm io 13 .13-18 . Este p rece ito es tá ligado ao p rim e iro m andam ento (ve r Êxo. 20.3,23). Execuções sagradas eram estendidas a cativos de guerra (I Sam. 15.8 ss.). Seria m u ito pre jud ic ia l para 0 povo de Israel contar com a presença de idólatras.

N os te m p o s m o d e rn o s , es te v e rs íc u lo te m s e rv id o de ju s t i f ic a t iv a pa ra g u e rra s re lig iosas , em p e rse g u içõ e s in te rm in á v e is que re fle tem ap enas ód io e p reconce ito sec ta ris ta . O s d e uses de um a re lig iã o são os de m ôn io s de ou- tra re lig ião ; e em tod o esse c o n fl ito 0 qu e m a is sofre é a l ibe rdad e re lig iosa . V e r na E n c ic lo p é d ia de B íb lia , T e o lo g ia e F ilo s o fia os v e rb e te s in t itu la d o s L ib e rd a d e R e lig io s a e T o le râ n c ia . É um e rro e s tú p id o te n ta r a p lic a r p rece i- to s do A n t ig o T e s ta m e n to ao s te m p o s m o d e rn o s . Isso nã o q u e r d iz e r que n ã o d e v a m o s e v ita r os m a le s a q u i c o m b a tid o s , m a s lo n g e de n ó s a q u e la v io lên c ia ! Je su s pro ib iu as e xe cu çõ e s sa g ra d a s (ve r Jo ã o 8 .53 ss .). A lei do a m o r, sob a d is p e n s a ç ã o do e v a n g e lh o , te m p o r in tu ito c o n v e n c e r, e não m atar as pessoas.

Page 110: At Interpretado- Êxodo

405ÊXODO

totalmente aos seus serviços religiosos. Esse sistema das “primícias” acabou sendo su b s titu ído pe lo s is tem a dos “d íz im o s ” . V e r no D ic io n á rio 0 ve rbe te cham ado D iz im o . Ver as no tas em D eu. 14 .22; 26 .1 -1 2 qu anto a de ta lhes da lei das primícias.

O primogênito de teus filhos. V er no D ic io n á rio 0 a rtigo in titu lado P rim ogênito , além de notas ad ic iona is acerca dessa institu ição nas notas sobre Êxo. 12.1 e nas notas introdutórias sobre Êxo. 13.1,2. Na época da páscoa, eram com binadas três fes tiv id ades: a páscoa, os pães asm os e as leis sobre os prim ogên itos . O tre cho de Núm . 3.40-51 m ostra -nos com o, po steriorm en te, os primogênitos de Israel foram substituídos pela casta sacerdotal, que se ocuparia do culto religioso especial e formal. “De acordo com as crenças antigas, a consagra- ção dos p r im ogên itos dos hom ens e dos an im ais a Deus, com o 0 doador da fertilidade, era algo necessário para um a continua prosperidade e bem-estar (Êxo. 22.29,30; Lev. 27.26,27; Núm. 3.13; 8.17,18; 18.15)” (O xford Anno ta ted Bible, so- bre Êxo. 13.1). Até hoje os judeus observam a instituição sobre os primogênitos ao décim o-te rceiro dia de vida de um prim eiro filho. Isso tornou-se um m em oria l de com o Deus poupou os p r im ogênitos de Israel, face ao Destruidor, que matou os p r im ogên itos dos eg ípc ios. N atu ra lm ente , tem os aqui um tipo de Cristo, 0

P rim ogênito da N ova D ispensação , 0 qual fo i separado para ocupar-se de Sua m issão especial, em benefíc io de foda a hum anidade. Ver João 3.16; I João 3.3. V er tam bém Heb. 12.23 quanto à Igreja com o os prim ogênitos; e tam bém Rom.8.29 e Col. 1.15,18 acerca de Cristo com o 0 Primogênito.

Formas de redenção, mediante as quais a lei dos primogênitos se cumpriu, são mencionadas em Êxo. 12.1,2,11-16. V e ra s notas sobre a redenção dos prim ogênitos em Êxo. 13.13.

“Os filhos eram dedicados a Deus aos oito dias de idade, quando era pago 0

dinheiro da redenção (Êxo. 13.13). Os filhotes prim ogênitos do gado vacum e do gado ovino eram sacrificados” (John D. Hannah, in lo c .). É possível que 0 costume mais primitivo entre os semitas também envolvesse sacrifícios humanos, e não mera- mente de animais. Dessa forma radical, pois, prim ogênitos humanos eram consa- grados a Deus ou aos deuses. Essa prática foi descontinuada entre os filhos de Israel, e assim os prim ogênitos hum anos eram rem idos a fim de não serem executados. Essa redenção importava em uma total consagração a Deus para prestação de servi- ços religiosos, ou, por assim dizer, era um a m orte para 0 mundo. Ver Eze. 20.26 e Miq. 6.7 quanto a referências ao antigo costume da execução dos filhos primogênitos em honra a alguma divindade.

22.30

Esse mesmo estatuto requeria que os filhotes machos primogênitos da vaca e da ove lha fossem o fe recidos com o o fe renda a D eus em seu oitavo dia de vida. Essa oferenda tom ava a forma de um a refeição sacrificial da qual Yahweh partici- pava (em bora sob form a inv is íve l). “A p rov isão de que isso deveria ser fe ito ao oitavo dia de vida do animal impossibilita que esse rito e a páscoa sejam confundi- dos com o se fossem um rito só. Os prim ogênitos de todos os animais, exceto da vaca e da ovelha, podiam ser rem idos (Núm. 18.15-17)” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). Ver Lev. 22.27. As m ães desses filhotes podiam ficar com os mesmos, para nutri-los. Mas de ntro de oito dias, ta is filho tes eram sacrif icados. Os m eninos israelitas eram circuncidados ao oitavo dia de vida; mas os filhotes daqueles ani- m ais eram m ortos e com idos. Fe liz foi 0 dia em que Cris to ve io e anu lou todas essas antigas leis, elevando 0 entendim ento dos homens e as suas práticas religio- sas a um novo patamar.

Na prática, os animais eram sacrificados a Deus até 0 seu trigésimo dia de vida (Misn. Tmmot, c. 3 see. 6).

22.31

Homens consagrados. Aqueles que obedecessem todas as leis dadas, sem qualquer reserva, assim identificando-se com Yahweh e Suas revelações, através da legis lação mosaica. Está em v is ta p r inc ipa lm ente a san tidade ritual e cúltica, mas deve-se supor que algo de vital tam bém fora feito para modificar para melhor a natureza espiritual desses homens.

Carne dilacerada. Um an tigo costum e dos pastores era não com er carne de anim ais mortos pelas feras. Para eles, isso era um tabu. A legislação mosaica dava um a razão para isso. O s a n im a is m o rtos ass im não tinh am seu sangue d renad o de sua carne co m o era de v id o . V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo in t itu la d o S angue. Dou a li in fo rm açõ es sobre essa qu es tão da pro ib ição da ingestão de sangue. A ingestão de san gue to rn a va um a pe ssoa ce r im on ia lm en te im pura, ou seja, ritua lm en te , nã o sa n tific a d a . V e r Lev. 7 .24-27 ; 17.15 qu anto à p ro ib i- ção atinente ao sangue, à carne de an im ais despedaçados por feras e à gordu- ra. Os vio ladores eram co rtado s: executados ou expulsos? P rovavelm ente está em pauta a execução por apedre jam ento . Ver no D ic ionário 0 verbete intitu lado A ped re jam en to .

Essa carne era servida aos cães. Em Israel não se permitia que estrangeiros ou foras te iros com essem carne com 0 seu sangue. Para os israe litas, isso era

tenho emprestado dinheiro a muitas pessoas, e quase nunca pedi de volta 0 capital, quanto menos os juros, Há algo de obsceno nisso de cobrar juros. No entanto, para algumas pessoas, a cobrança de juros tornou-se um investimento financeiro. Nesses casos, a taxa de juros deve ser justa, e não exorbitante. O fato de que a lei de Moisés precisou regulamentar a questão mostra-nos que, com freqüência, as taxas de juros eram extorsívas. Cf. este texto com Lev. 25.35-38; Deu. 15.8-11; 23.19,20. Havia estatu- tos, é claro, que regulamentavam 0 empréstimo de dinheiro entre os hebreus. Essas leis, todavia, não se aplicavam aos “estrangeiros” . Nesses casos, a bondade pessoal de um indivíduo teria de contrabalançar a tendência natural para a cobiça. A lei não fazia exigências. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Crédito, Credor.

Um Jogo de P alavras. No hebraico, 0 te rm o “usura" é neshech, re lacionado ao verbo nashach, “morder” . Uma expressão em português fala em ,'dar uma mor- d ida” em alguém , quando um a pessoa quer pe d ir d inhe iro por em préstim o de alguém, sem verdadeira necessidade, valendo-se de um a re lação de parentesco ou de am izade, com o quando um jovem pede d inhe iro de seu pai som ente para ter 0 que gastar. Para os pobres, ser vítima da usura era como ser picado por uma serpente. A lguns fa r iseus am avam 0 d inhe iro , e não titubeavam em exp lo rar 0

próximo (Luc. 16.14).

22.26

Se... tomares em penhor. Uma pessoa paupérrim a praticamente não tinha nada para dar com o garantia pelo em préstim o pedido. As vestes de uma pessoa, nesse caso, podiam ser sua possessão mais valiosa, digamos a capa externa. Nes- se caso, tal capa podia ser dada com o penhor. M as a capa só poderia ser retida até 0 cair do soi, porquanto 0 indivíduo pobre provave lm ente teria de usá-la para aquecer-se durante a noite. Cf. Deu. 24.10-13; Jó 22.6. Nesse caso, provavelmente 0 costume era que, a cada dia, a capa era entregue àquele que fizera 0 emprésti- mo, mas á noite, a capa era devolvida ao seu dono, a fim deste poder proteger-se do frio.

22.27

A capa era uma possessão valiosa, não somente por ser um artigo bastante caro, mas também porque era continuamente usada para obtenção de conforto físico e pro- teção. Logo, revestia-se de um valor utilitário, e não tanto monetário. Como poderia um homem dormir se tiritasse de frio? A capa externa era a resposta. E quem emprestasse dinheiro a um homem pobre podia tirar-lhe tam bém esse pequeno conforto. Bastava que 0 pobre fosse relembrado, a cada dia, de que estava em dívida, quando tivesse de entregar novamente a sua capa na manhã seguinte. O próprio Yahweh haveria de ouvir os clamores de uma pessoa que fosse explorada, como no caso de órfãos e de viúvas (vss. 23,24). Essa proibição, pois, adicionava 0 tempero da compaixão nos negó- cios financeiros entre indivíduos.

22.28

C ontra a B las fêm ia e os In su lto s . A lgum a s tra duçõ es d izem aqui deuses, em lu g a r de D eus. No p r im e iro c a s o , e n tã o m u i p ro v a v e lm e n te d e v e m o s pe nsar nos go verna ntes civ is ou a u to r ida des de q u a lque r tipo. No hebraico, 0

te rm o u sa d o é e lo h im , um te rm o que e s tá no p lu ra l, e a re fe rê n c ia m a is p rováve l é ao Deus de Israel. Ver no D ic io n á rio 0 a rtigo que exp lica 0 sen tido d e ssa p a la v ra . O que nã o po de e s ta r em v is ta são os d e u s e s fa ls o s e os ído los dos pagãos. Cf. Lev. 24 .15 ,16 ; II Sam . 16.9; I Reis 2.8,9; 21.10. A bias- fê m ia e ra p u n id a p o r m e io do a p e d re ja m e n to . A m a ld iç o a r um g o v e rn a n te ta m b é m e ra t id o co m o c r im e c a p ita l, p e lo m e n o s d u ra n te 0 p e r ío d o m onárqu ico em Israel (II Sam . 16.9; I Reis 2 .8 ,9).

A S e p tu a g in ta , a V u lg a ta L a tin a e v á r io s in té rp re te s ju d e u s , in c lu in d o Jo se fo (A n tiq . Jud . iv .8 , par. 10), d ize m aqui de uses. E a isso Jo se fo acres- ce n lo u que os is ra e lita s t in h a m ta n to cu id a d o p a ra não o fe n d e r a d iv ind ade que se abstinham até de am a ld iço a r os deuses dos pagãos. Mas se assim se da va com a lgu ns is ra e lita s , há p ro va s a b u n d a n te s em c o n trá r io . Ver I Reis 18.27; Sal. 115.4-8; 135.15-18; Isa. 41 .29; 44 .9-20; Jer. 10 Os deuses״ .11-15.dos pa gãos eram in s u lta d o s u n ifo rm e m e n te com 0 m a io r e s c á rn io ’’ ( E llic o tt. in loc.).

Os g o v e rn a n te s e ram c o n s id e ra d o s re p re s e n ta n te s de D eus, pe lo que pod iam ser cha m ado s de e lo h im . M as nem E lo h im e nem os e lo h im pod iam se r v i l ip e n d ia d o s . E sse es ta tu to , po is , c o m b a tia a re b e ld ia e a sed içã o , de- fe n d e n d o a paz e 0 re sp e ito às a u to r id a d e s c iv is . L e m b re m o -n o s que Israel v iv ia sob um a te o c ra c ia , po r m e io da lei m o s a ic a . E ssa fo rm a de go ve rn o e x ig ia 0 d e v id o re sp e ito p e la s a u to r id a d e s . V e r no D ic io n á rio 0 a r t igo cha- m ado Teocracia .

22.29

A cham os aqui 0 costum e das partilhas nas soc iedades ag rico las . A casta sacerdotal sobreviveria sustentada pelas dem ais castas, para que se dedicasse

Page 111: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO406

humana comum, alguns eruditos têm proposto em endas ao texto. Uma delas en- tende que a palavra pobre significa grande, 0 que, no hebraico, exige apenas uma pequena a lte ração na pa lavra em pauta. M as 0 vs. 6 re torna à idéia do homem pobre , a firm ando 0 ou tro lado da m oeda: abusos con tra 0 hom em pobre. Isso posto, parece que 0 ensino aqui é que 0 fato de um homem ser rico ou pobre em nada deveria in fluenciar a ap licação da justiça — se pobre, não deveria ser nem favorecido e nem pre jud icado (ver a jus tapos ição existente nos vss. 3 e 6 deste capitulo).

23.4

Se encontrares... Iho reconduzirás. Está aqui em pauta a questão de uma propriedade perdida. A mente hum ana não regenerada supõe que qualquer obje- to perdido por a lguém que fo r achado, au tom aticam en te pertence àquele que 0

achou. Dificilmente os hom ens fazem anúncios dizendo que algo foi achado e está à disposição de seu legitim o proprietário. Um motorista em São Paulo, Brasil, che- gou a ser entrevistado por mais de uma vez, pela televisão, por ter achado e procu- rado devolver uma pasta cheia de dinheiro, ao seu proprietário. Mas quantos mo- toristas de taxi retêm 0 d inhe iro achado e esquecem a entrevista pela televisão! C onheço um hom em que só com eteu um des lize em sua v ida no que tange a dinheiro. Um caixa de banco lhe deu dinheiro a mais ao descontar um cheque, e 0

homem, em bora tivesse perceb ido 0 equ ivoco do outro, nada disse. Mas tendo sido sem pre um hom em honesto no tocan te a d inheiro, sentiu rem orso por esse ato, durante muitos anos a fio. Mas quem se preocupa com pequenas coisas as- sim? Afinal, os bancos sempre têm muito dinheiro. Q uando um caminhão carrega- do sofre um acidente e a m ercadoria se espalha pe la estrada, a população que mora nas imediações atira-se à carga com o um bando de abutres, para pilhar os bens. E a lguns ainda com entam : 1'M as por que não? A com panh ia perdeu muito d inheiro!”

Na an tiga sociedade ag ríco la de Israel, 0 ju m e n to era um an im al de va lo r inferior ao de um boi. Mesmo assim, era valioso. Se viesse a perder-se, seu dono, sem dúvida, 0 procuraria por toda a parte; mas em m uitos casos não 0 achava, porque a lguém teria achado 0 an im al e 0 te ria ocu ltado. E a ún ica co isa que 0

proprietário poderia fazer em um caso assim seria resolver que teria mais cuidado na próxima vez. Uma perda material pode entristecer 0 coração de um ser huma- no. A propriedade alheia, pois, deve ser respeitada pelo homem espiritual. O am or requer uma atitude responsável. Ver Deu. 22.1-4.

A lei expressa neste versículo mostra-se sensível para com as necessidades hu- manas, pois até mesmo 0 jumento de um inim igo precisa ser devolvido, quanto mais se fosse de outro homem qualquer! Agir de modo benévolo é melhor do que ficar mais rico. Qualquer indivíduo espiritual reconhece isso.

23.5

O hom em espiritual deve m ostrar-se bondoso até m esm o para com um an i- m a l de um inim igo, para nada d izer acerca do próprio inim igo. Assim , se perce- ber que 0 an im al está s o b re ca rre g a d o sob 0 peso da carga, ao ponto de não poder erguer-se, deve a judar 0 pobre an im al. Com isso concordam as palavras de Jesus: “Amai os vossos in im igos e orai pelos que vos perseguem ” (Mat. 5.44). Entrementes, acham os difícil ao m enos to le ra r nossos inim igos e vizinhos!

“M isericó rd ia p e lo hom em e p e lo s an im ais. Este cap ítu lo todo extravasa de gentileza e consideração pelo próxim o, ao encarecer 0 am or até aos in im igos de uma pessoa (vss. 4,5), 0 que mostra que Mateus 5.42 estava refletindo uma escola de pensam ento e um a doutrina antiga, que ensinam que devem os m ostrar consi- deração até mesmo pelos animais. E isso, por sua vez, mostra-nos que as famosas últimas palavras do livro de Jonas não são sui generis. E tam bém nos faz lembrar a inclusão de animais na cena histórica de Belém” (J. Coert Rylaarsdam, in Ioc.).

Conheço um homem que sente a compulsão de libertar insetos apanhados em alguma situação difícil, na água ou em construções humanas. Assim, por exemplo, ele abre uma janela e permite que escape uma borboleta; ou cuida para que um passarinho engaiolado seja posto em liberdade. Nosso Pai celeste interessa-se até por um insignifi- cante pardal (Mat. 10.29). Faz parte da espiritualidade ter compaixão até mesmo das mais insignificantes criaturas de Deus. Em contraposição, é uma das características das culturas primitivas deleitar-se na tortura de animais.

Deveres dos Juizes (23.6-9)

Ver a introdução ao primeiro versículo deste capítulo quanto a comentários que se aplicam também a esta breve seção.

23.6

Não perverterás 0 julgamento. Isso condena 0 favoritismo. Um homem po- bre nem deveria ser fa vo rec ido (vs. 3), em face de com pa ixão mal ap licada da parte de um juiz, e nem deveria sofrer abuso por ser homem sem influência e de pequena im portância na sociedade (vs. 6). V er as notas sobre isso no vs. 3, que tam bém se aplicam aqui. Os pobres tam bém faziam parte integrante da teocracia

uma abominação. O primeiro concilio da Igreja frisou que até os gentios que se conver· tessem deveriam abster-se de comer sangue. Ver Atos 15.20,29. Acreditava-se que a vida está no sangue, de alguma maneira misteriosa, mas sem que estivessem falando sobre a alma. Ver Lev. 17.11. De acordo com essa crença, no sangue acha-se um principio vital, e, para a mente dos hebreus, com er sangue era uma blasfêmia, pois Deus era 0 autor desse princípio vital. E não se podia profanar 0 sangue tomando-o um artigo da alimentação humana.

Capítulo Vinte eTrês

O Testemunho Falso e a Injúria (23.1-5)

Ver a introdução geral à seção de Êxodo 19.1, cujas notas se aplicam também aqui. O D ecálogo (ver no D ic ionário sobre os D ez M andam entos), foi sendo des- dobrado em muitos estatutos e preceitos, dire tam ente ou por analogia, até tornar- se uma grande massa de leis, a totalidade das quais se tom ou a legislação mosaica. Ver nos Artigos Introdutórios, no primeiro volum e desta obra, 0 artigo Le i no Antigo Testam ento, em sua quarta seção, Lei. Parte desse desdobram ento teve lugar na seção à nossa frente. O próprio Pentateuco, em certo sentido, é 0 desdobramento ou m u ltip licação do princíp io da lei, con fo rm e M oisés a con so lidou . Os vss. 1-9 desta seção expandem 0 nono m andam ento (dado e anotado em Êxo. 20.16). Na com unidade teocrática deveria haver um a jus tiça imparcial. Israel não podia per- verte r a justiça, v isto que a jus tiça vem de Y ahw eh, 0 Deus justo . As leis foram dadas a fim de criar a titu d e s m o ra is e não m eram ente im por certas proib ições. Aquele que não exibe uma atitude moral apropriada não se importará em cum prir as imposições da lei. Isso eqüivale d izer que é mister que, primeiramente, 0 indiví- duo tenha a lei implantada em seu coração, antes que queira fazer 0 que é certo. Nos vss. 1-9, sem em bargo, não são m encionadas penalidades, a inda que, sem dúvida, houvesse penas previstas. Antes, há ensinos morais cujo intuito é tocar nos corações humanos.

23.1

O Nono M a ndam ento (ver as no tas em Êxo. 20.16) é aqui repetido em sua essência e forma. Ver Deu. 19.16-21 quanto a penas aplicadas a tais atos. Deveria ser ap licada a L e x T a lion is (Deu. 19.21). Ver no D ic io n á rio sobre essa lei. Não devem os receber, nem dar crédito, nem prom over fa lso testem unho, pessoal ou formalmente, em tribunal. Ver no D ic ionário 0 verbete M e n tir (M entiroso). Minhas notas incluem um excelente poem a ilustrativo quanto à veracidade com que deve- mos falar. Ver na Enciclopédia de B íblia, Teologia e F iloso fia 0 artigo Linguagem , Uso A propriado da.

23.2

Não seguirás a multidão. E x is te a in ju s t iç a c o le t iv a . Q uã o fác il é que um ind iv íd uo , in f lu e n c ia d o pe la p s ic o lo g ia de m u lt id ã o , ve n h a a p ra tica r um a to de in ju s t iç a ; ou, e n tã o , sob in f lu ê n c ia e x te rn a , v e n h a a e n tra r em um tribuna l e p res ta r fa lso tes tem un ho con tra um hom em inocente. Este versícu lo p ro íbe ta is a tos, e ass im a p lica a e ssê n c ia e s p ir itu a l do no no m a ndam en to . Um hom em deve te r a co ragem de ag ir com in d e pen dênc ia , p res tan do teste- m u nho ou ag in d o em h a rm on ia com sua s p ró p ria s con v icçõ e s . A von tade da m u lt id ã o , sem essa in d e p e n d ê n c ia , p o d e s e r c o n fu n d id a com a ju s t iç a . O S a lm o 15 é um a esp éc ie de co m e n tá r io d e ta lh a d o de sse s p r in c íp io s . Há um d ita d o p o p u la r que d iz : “A voz do p o vo é a voz de D e u s ” . M as isso re fle te a p e n a s um a fa rsa . Jó u fa n o u -se que e le não te m ia as m u lt id õ e s (Jó 31 .34). Davi que ixou-se da m u lt idão in jus ta que 0 vexa ra (Sal. 3.6). Os profe tas sem - p re t ive ra m que se o p o r às m u lt id õ e s . V e r M at. 7 .1 3 ,1 4 : a o p in iã o p o p u la r c o n d u z à d e s tru iç ã o . O h o m e m v e rd a d e ira m e n te e s p ir itu a l u su a lm e n te tor- na-se im popu la r, exa tam e n te po r esse m o tivo .

23.3

Nem com 0 pobre serás parcial. Usualmente, 0 favoritism o é provocado pelo auto-interesse. Os ricos são dotados de poder. Com o “dinheiro é direito", conforme muitos pensam, quem é rico está sempre com a razão. Trasímico, um antigo filósofo sofista da Grécia, “quem tem poder está com 0 dire ito” . O dinheiro fala alto, e nin- guém consegue escapar da potente voz das riquezas. Os criminosos ricos escapam com sentenças leves, ou mesmo sem qualquer sentença; mas os ofensores pobres dificilmente escapam à condenação. Deus não respeita pessoas (Deu. 10.17; Atos 10.34). Ver 0 ser humano, que não se caracteriza especialmente por sua piedade.

Parcial. Parece ser esse 0 sentido do term o hebraico original correspondente, ind icando 0 caso oposto do que foi ind icado ac im a . Um hom em pobre poderia provocar a com paixão de um juiz, 0 qual ju lgaria então em favor do pobre, apesar deste ser culpado. Porém, em vista disso não parecer harmonizar-se à experiência

Page 112: At Interpretado- Êxodo

407ÊXODO

Alguns eruditos supõem que 0 sábado agrícola, em benefício da terra, a princí- pio visava a restaurar-lhe a fertilidade, baseado em observações que tal prática propi- ciava colher. Depois, a prática tornou-se associada ao culto religioso que promovia a fertilidade. Mas outros estudiosos pensam que 0 oposto é que exprime a verdade. Prim eiram ente teria aparecido a prática religiosa do descanso da terra, em honra a deuses da fertilidade; e só depois 0 ano sabático ier-se-ía tom ado uma prática agri- cola regular. Isso sucedeu quando se observou que a prática aumentava a fertilidade da terra. Em Israel, parece que am bos esses aspectos da prática foram combinados dentro da legislação mosaica; e, então, Yahweh, a fonte de toda forma de vida, tor- nou-se 0 objeto honrado.

O co s tu m e de d e ixa r a te rra d e s c a n s a r po r um ano tem sido d e scoberto en tre vár ios po vos p r im itivos . Ta is te rras p roduz ia m a lgum cerea l, sem qua l- quer cultivo, devido a sem entes de ixadas na tura lm ente ali no ano anterior. Aos pobres pe rm itia -se faze r a co lhe ita desse cerea l não-cu ltivado ; e 0 que os po- bres não co lhessem , era de ixado com o fo rragem para os anim ais. O trecho de Lev. 25.2-7 m ostra que todas as te rras ag ricu ltáve is de Israel eram de ixadas a d e s c a n s a r ao m e s m o te m p o . É p ro v á v e l q u e a p rá t ic a in c lu ís s e 0

a rm azen am e n to de cerea l p ro d u z id o em anos an te rio res , e não apenas a co- lheita de cereal e sp o n ta neam en te produz ido , sem qua lque r cultivo form al. To- d a v ia , e ssa le i só p a sso u a se r re g u la rm e n te o b s e rv a d a já nos d ia s dos M a cabeu s . O tre ch o de Le v ít ico 2 6 .3 4 ,3 5 p a re ce e n te n d e r um a o b se rvân c ia irregu la r. P os te r io rm e n te , a lib e ra çã o de de ve d o re s e de escravos, ao fim de se is anos de se rv id ão , co r re s p o n d ia ao ano sab á tico , 0 sáb ado da te rra . Ver Deu. 15.2; Nee. 10.31 e Êxo. 21.2.

Essa prá tica , tão e fica z pa ra a re s ta u ra çã o da fe r til id ade , fo i um a espé- c ie de p r im e iro d e g ra u com v is ta ao d e s e n v o lv im e n to de um a a g r ic u ltu ra c ientífica!

P ropósitos P ossíve is dessa Le i: 1. P ropósitos humanitários: os pobres podi- am co lhe r 0 que a te rra p ro d u z isse esp on ta n e a m e n te . 2. P rop ós itos cú lticos : Y ahw eh era hon rad o pe lo de scanso da terra, com o 0 o r ig inad or de todo supri- mento alim entar. 3. Ficava assim provada a obediência a um a outra lei ainda. 4. A fertilidade do solo era um dos resultados da prática. 5. Uma observância religi- osa m ais acentuada, visto que 0 pesado traba lho agríco la era bastante a liv iado (ver Deu. 31.10-13).

O Sábado (23.12-13)

Ver a seção geral Introduzida em Êxo. 19 .1.0 decálogo (os dez mandamentos) foi submetido a uma grande expansão ou multiplicação de preceitos ou estatutos. Alguns desses preceitos foram reiterados; mas também foram criadas novas leis mediante 0

processo de analogia; e novas leis foram adicionadas. Nesta minúscula seção temos uma reiteração do quarto mandamento, amplamente comentado nas notas sobre Êxo. 20.8, pelo que não precisamos repeti-las aqui. Dou ali várias referências a artigos que abordam a questão.

23.12

O Quarto Mandamento, acerca do sábado, é aqui reiterado. Ver as notas sobre Êxo. 20.8, que se aplicam aqui. Neste ponto acham os um motivo humanitário: 0

descanso é algo necessário para os homens e os animais; mas 0 vs. 13, mostra que a adoração e a piedade tam bém estão em pauta, pois 0 mandamento orig inal era a santificação do sábado. Sem dúvida, estava em destaque mais do que a mera santi- dade cúltica, conseguida por meio da obediência à lei do descanso. Ver tam bém Êxo. 20.11 quanto a outros comentários sobre os propósitos do sábado ou descanso. Até os estrangeiros, residentes ou forasteiros em Israel, tinham de observar 0 sábado. Era um feriado nacional realmente obrigatório.

O s á b a d o s e m a n a l é a q u i re p e t id o em c o n ju n to com 0 s é t im o an o , 0

sá b a d o a g ríc o la . A m b o s fa z ia m p a rte do m e sm o s is te m a de o b s e rv â n c ia s cú lt ica s . E sse s is te m a de d e s c a n s o s c u lm in a v a no an o do jub ile u (ve r Lev.25 .8-13).

23.13

Este versículo provê um a conclusão para a série anterior de adm oestações, incluindo aquela relativa ao sábado. Todas as provisões e leis procediam de Yahweh, com exclusão de culto a qua lquer outra d iv indade, a ponto de nomes de deuses pagãos nem ao m enos podiam ser p ronunc iados. V er no D ic ioná rio 0 ve rbete intitu lado D euses Fa lsos. O culto a Yahw eh era assina lado por um exclusiv ism o extremo. Alguns in té rpre tes judeus diz iam que “ju ra r por deuses fa lsos” é 0 que está aqui em foco, m as este m a ndam ento parece ser mais geral do que isso. O desprezo pelas div indades imaginárias dos homens devia ser dem onstrado medi- ante a nem serem mencionados os seus nomes. Moisés mencionou outros deuses, como Baal (Núm. 22.41), Baai-Peor (Núm. 25.3,5), Camos (Núm. 21.29) e Moloque (Lev. 20.2-5; 23.21), m as apenas para condenar a veneração aos mesmos. Essa proibição era um a extensão lógica do prim e iro m andam ento, 0 que é am plamente comentado em Êxo. 20.3.

de Israel. E os juizes, poderosos e temidos aos olhos dos homens, eram pessoas como outras quaisquer, aos olhos de Deus. Ver Deu. 24.17; 27.19; Jer. 5.28. Deus é 0 Juiz de Iodos, 0 Protetor dos pobres, Defensor ágil das viúvas, Aquele que se compadece dos órfãos (Êxo. 22.22-24).

23.7

Falsa acusação. O s ca lu n ia d o re s e ou tro s que go s tam de acu sa r fa lsa - m e n te 0 p ró x im o d e v e r ia m s e r c o n s id e ra d o s in d iv íd u o s d e s p re z ív e is . Os israe litas, po is , são aqui ad ve rt id o s a não a ce ita r d e n ú n c ia de m a ne ira lev ia- na. As acusações de ve riam ser sop esada s, co m prova das po r ev idênc ias . Um ju iz re sponsá ve l não d e ve ria p e rm it ir que um c id a d ã o fosse p re ju d ica d o por um processo legal in justo e de scab ido . Sob ne nhum a c ircun s tânc ia Deus jus- tif ica ao hom em d e so n e s to e v io le n to que se la nça a c a m p o pa ra p re ju d ica r aos seus sem elhan tes . Portan to , os ju iz e s d e ve riam ag ir seg undo 0 exem plo d iv ino, e não seg undo as p e rve rsõ e s h u m ana s . A f im de a g ra d a r um hom em rico, um ju iz po de to m a r p a r t id o em fa v o r do ta l, p re ju d ic a n d o um ho m em inocente com m ulta, p r isã o ou m e sm o um a s e n te n ça de m o rte . Se isso vies- se a acontecer, tal ju iz deveria ser tido com o tão m a ligno qu anto ao calun iador. D eus ja m a is in o c e n ta rá um ju iz q u e a s s im ag ir ; e to d o ju iz d e v e r ia c u id a r pa ra não f ic a r s u je ito à m a ld iç ã o de Y a h w e h . V e r Ê xo. 2 2 .2 3 ,2 4 q u a n to a no tas sobre essa m ald ição.

23.8

Suborno não aceitarás. O dinheiro tem poder. Um hom em rico pode obter uma decisão favorável da justiça hum ana por haver com prado um juiz, uma prática universal e quase invencível. Ver no D ic ioná rio 0 artigo intitu lado Subor- no e as notas expositivas sobre I Sam. 1 2 .3 .0 suborno cega os oficiais (Deu. 16.19). Até os sábios se deixam peitar, quando 0 dinheiro flui abundante. Era mister que a legislação mosaica se m anifestasse contra a venda da cham ada justiça. A M agna C a rta d a Inglaterra (art. xxxiii) proibiu a venda da ju s tiça . Heródoto (H ist. v.25) diz como 0 suborno era pesadam ente punido. Josefo (Cont. Ap. ii.27) informa-nos que um ju iz que aceitasse suborno podia ser executado, 0 que chegou mesmo a aconte- cer em Israel. Passagens como I Sam. 8.3; Sal. 26.10; Pro. 27.23; Isa. 1.23; 5.23; Miq. 3.9-11 mostram que esse crim e muito perturbou a ap licação da justiça em Israel. Esse foi um dos pecados que levaram Deus a punir a nação com os cativeiros. Ver no Dicionário 0 verbete intitulado Cativeiro (Cativeiros), bem como as notas expositivas em Miq. 3.9-11.

23.9

Não oprimirás 0 forasteiro. Este vers ícu lo re itera, em sua essência, a lei acerca do ger, 0 que já v im os nas notas sobre Êxo. 22.21, lem brando Israel que eles tam bém tinham sido estrangeiros no Egito, onde sofreram grandes injustiças, e que não deveriam im itar ta is atos no tocan te a quem fosse foraste iro em seus territórios.

Todos os povos exibem alguma xenofobia, mas alguns povos são especialmen- te xenófobos (os chineses, por exemplo, que sempre acolhem mal os estrangeiros, em suas terras). As pessoas suspeitam e tem em aquilo que lhes parece diferente. Até mesmo 0 novo garoto que veio m orar no quarte irão sofre algum a pressão dos outros garotos, como se fosse um rito de iniciação. Há países onde são decretadas leis prejudiciais aos estrangeiros, e em casos extremos, essas leis fazem parte da constituição escrita.

A perseguição contra estrangeiros pode assumir uma forma privada ou pública. Os tribunais de justiça não deveriam mostrar-se parciais para com os estrangeiros. E nem devem ser parciais os indivíduos. Israel tinha experimentado na própria pele 0 que signifi- ca essa intolerância, pelo que jamais deveria participar de tal atitude.

O Ano de Descanso (23.10-11)

Ver a introdução a Êxodo 19.1. O decálogo (os dez m andam entos; ver no Dicionário a respeito) foi sendo expandido, até tornar-se uma imensa massa que pas- sou a ser conhecida como legislação mosaica. Assim há muitas leis, algumas desenvol- vidas por analogia, mas outras novas, todas obrigatórias em Israel. Entre elas destaca- mos aquelas que diziam respeito a dias santos. Por ocasião da páscoa, foi iniciado um calendário sagrado; e nisã, 0 mês da páscoa, tomou-se 0 primeiro mês desse calendá- rio religioso. Esse calendário também tinha seus dias sagrados, incluindo 0 sábado. E aqui topamos com 0 sétimo ano, quando as terras de plantio eram deixadas em des- canso. Ver sobre 0 Calendário Judaico nos Artigos Introdutórios, no primeiro volume desta obra, em sua sétima seção.

23.10,11

A Terra P ertence a Deus, e m erece descansar, tanto quanto as pessoas. Isso fazia parte do calendário cúltico. Ver tam bém Êxo. 34.18-26; Lev. 23.1-44; Deu.16.1-17. Ver Lev. 25.2-7 quanto a um paralelo a esta seção.

Page 113: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO408

Nem fica rá g o rd u ra . Essa era exa tam ente a parte de um sacrifíc io que era queimada scbre c a.:3r, P resume-se que a páscoa original não incluía esse item, porque foi apenas u n sacrif íc io de sangue. Não podia restar gordura porque 0

cordeiro pascai p rec isava ser tc ta lm en te consum ido an tes do ra iar do dia (Êxo.34.25). ccm e m cra rdo a saída apressada mas final de Israel do Egito. Não podiam restar vestíg ios co corde iro pascal. Israel t inha saído do Egito; a transação fora completada: Yahweh t :nha realizado uma obra final e perfeita. O cordeiro pascal tinha que ser consumido por inteiro. Se sobrassem fragmentos, estes tinham que ser queimados.

23.19

À casa do S enh or. Supõe-se que aqui esteja em pauta 0 tabernáculo, 0

principal centro da celebração das três festas, enquanto Israel continuou no de- serto. Essa casa passou a ser 0 templo de Jerusalém, posteriormente, já nos dias deSalomão. Ver Êxo, 34.26 e Deu. 23.18.

Não cozerás 0 cabrito. Essa proibição foi baixada por vários motivos:1. Os cananeus costumavam sacrif icar cabritos dessa maneira, e isso não deve-

ria se ' imitado por Israel.2. E v itava-se ass im um a cru e ld a d e s im bó lica . Esse m é todo de coz im e n to

e n vo lv ia um abate sem m ise r icó rd ia , pe lo que d if ic ilm e n te po deria haver fo rm a m a is cruel de a b a te r um an im a l. C o ze r 0 a n im a lz inho no le ite de sua própria mãe era um u ltra je , um a c ru e ldad e sem lim ites . Ta l u ltra je p rec isava ser ev itado em Israel. Os tex tos ug a rítico s (B irth a n d the Gods, 1.14) m e nc iona m um cab rito sa c r if ica d o que fo i coz ido em leite. E um corde iro foi assa do na m a n te iga . Israe l d e v ia e v ita r as p rá ticas pagãs. O poss íve l m e io de su s te n to , 0 le ite , não d e ve ria to rna r-se um m eio de destru ição .

3. A revelação bíblica requeria que 0 povo de Israel fosse diferente, em consonância com normas ditadas por Yahweh.

4. O Le ite M ágico. De acordo com a in fo rm ação dada por alguns estudiosos, 0

leite usado para nele cozinhar-se um cabrito era utilizado pelos pagãos para aspergir os campos, as árvores, os jardins, etc., em busca da bênção da fertili- dade e da produção, que seria dada pe los deuses. Israel não deveria adotar fórmulas mágicas.

Promessas Divinas (23.20-33)

A seção final das leis do pacto consiste em prom essas, avisos e lembretes, uma espéc ie de d iscurso de d e sped id a . E sse d iscu rso fo i fe ito quando Israel pa rt iu da p e n ín su la do S ina i rum o a C a n a ã . Is ra e l e s ta va na o b rig a çã o de obedecer 0 Anjo do S e nh or (vs. 22), e, nessa obediênc ia , 0 povo seria levado até à sua h e ra n ça te r r ito r ia l. N e n h u m a c o rd o po d ia ser f irm a d o com os ca n aneu s , ha b ita n te s o r ig in a is da re g ião . O P ac to A b ra ã m ico (ve r as no tas sobre Gên. 15,18) es tava tendo cum prim e n to . Israel te r ia de te r seu te rritó r io pátrio. Isso não poderia suce der enquan to os cananeus con tinuassem ocupan- do a T e rra P ro m e tid a , 0 que e s ta v a p re s te s a ch e g a r ao fim , d e v id o à sua excessiva in iqü idade (ver Gên. 15.16).

23.20

Eu e n v io um A n jo d ia n te de ti. Era 0 Anjo do Senhor. V er no D ic ionário 0

verbete intitu lado A njo. Deus faz ia -se p resente com Seu povo, m ediante 0 Seu Anjo representante. Essa foi a prim eira e grande prom essa e provisão da com u· n idade esp ir itua l. Já havia um a o r ie n taçã o espec ia l sob a form a da nuvem de fogo (Êxo. 13.21). M ais tarde, seria dada outra orientação, a arca (Num. 10.33). G randes prov isões aco m pan ham g randes pro je tos . O A njo do Senhor é 0 pró- prio Senhor, para todos os p ropós ito s prá ticos (Êxo. 14.19; ve r Gên. 16.7). Al- guns eruditos cristãos vêem neste versículo uma manifestação veterotestamentária do Logos. A lguns intérpretes judeus pensavam que esse Anjo seria Moisés. Mas está em pauta a lgum ag ente especia l de Yahweh, um notável Ser que ajudaria Israel a cum prir as ex igências de Yahw eh . Um a im pressionante citação de Filo diz que 0 L ogos era esse ser (D e M ig ra tio n e A braham , par. 415). “Ele (Deus) usa 0 Logos div ino com o 0 gu ia que m ostrava 0 c a m in h o . . . ” Como é claro, Filo persona lizou aqui 0 Logos com o 0 Anjo de Deus, e esteve bem perto de enten- der que 0 C ris to enca rno u -se com o m a n ifes ta ção do Logos (ver João 1.1,14). A lguns in té rp re tes judeus, con tudo , p re fe r iam pensar no arcan jo M iguel ou em algum outro poderoso ser angelical.

23.21

G uarda -te d ian te de le . Era m ister dem onstrar 0 máximo respeito para com 0

Anjo. O nome de Yahweh estava Nele, e Ele era 0 agente p lenamente autorizado do propósito e do poder de Yahweh. Se necessário, Ele seria severo. “A presença de Deus é personificada aqui, pelo que Deus referiu-se ao Anjo na terceira pessoa do singular. Estava coberto de poder e au toridade” (J. Coert Rylaarsdam, in Ioc.).

. .do nome de outros de uses... nem se ouça de vossa boca. Não deveriam jurar por eles; nem deveriam fazer votos com base neles; e, tanto quanto possível, nem deveriam proferir os seus nomes, sobretudo com prazer e deleite, demonstrando qual- quer honra e reverência por eles, mas antes, deveriam repudiá-los e detestá-los" (John Gill, in Ioc.).

As Três Festas (23.14-19)

O d e cá lo g o (os D ez M a n d a m e n to s : v e r no D ic io n á r io ), d e s d o b ra d o em inúm eros p rece itos e esta tutos, to rnou -se na leg is lação m osaica. Ver as notas de in trodução a Êxo. 19.1 qu anto a essa leg is lação e seu de senvo lv im ento . A páscoa com binava três festiv idades: a páscoa propriam ente dita, os pães asmos e a consagração dos prim ogênitos. O texto à nossa frente repete a necessidade da ob servância dos pães asm os, da fes ta da sega dos prim e iros fru tos e festa da co lhe ita . Essas eram as trê s fes ta s b á s ica s , in d isp e n sá ve is , ao longo de cada ano do ca lendário re lig ioso dos israe litas. C om o é óbvio, a festa dos pães asm os era ce lebrada em con jun to com a páscoa, sem im porta r se isso é men- c ionado especificam ente ou não. V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo in titu lado 0 Caien- dárío Juda ico , que lista todas essas festas . V e r tam bém no D ic ioná rio 0 artigo intitu lado Festas (F estiv idad es) Judaicas.

23.14-16

As três festas anuais indispensáveis que Israel tinha de guardar, e que exigi- am a presença de todos os varões de Israel, para que delas participassem plena- mente, eram as seguintes:1. P ães Asm os. Ver sob esse títu lo no D icionário . Essa festa foi institu ída junta-

m ente com a páscoa e a con sagra ção dos p r im ogê n itos . Todas elas eram celebradas no m ês de nisã, 0 prim eiro mês do ca lendário re lig ioso de Israel. Ver Êxo. 12.1, em suas notas introdutórias; em Êxo. 12.8 e 15 há comentários adicionais. Os pães asm os eram celebrados em conjunto com a páscoa, como se fossem um a única festa, pe lo que a m enção de um a de las sem pre inclui, natura lmente, a outra.Depois da menção aos sábados, tanto os semanais quanto 0 descanso anual da

terra (Êxo. 23.11,12), são aludidas as três festas anuais, obrigatórias para todos os varões de Israel. Ver Êxo. 23.18; 34.25; Deu. 16.16. A princípio, essas observâncias eram levadas a efeito em vários centros ao mesm o tempo, mas especialmente no tabernáculo. Mas por fim essas observâncias foram todas centralizadas no templo de Jemsalém.

N inguém podia ir a essas fes tas de m ã os vazias, ou seja, sem as devidas oferendas de primícias da colheita da cevada. Essas festas eram um a espécie de um a sem ana de ações de g raça na ciona is. Israel agradec ia en tão pelo fato de te r s ido liberta da serv idão no Egito e de te r receb ido boas co isas da parte de Yahweh.2. Festa das Sem anas. Ver a respeito no D ic ionário . Neste trecho, essa festivi-

dade é cha m ada de “ S ega dos P rim e iros F ru to s ” . Era um a ce leb raçã o de com eço de co lhe ita , em que os is rae litas ag ra d e c ia m pe la p rov isão div ina para cada ne cessidade de les. Ver Êxo. 34 .22; Deu. 16.10,16. Isso tinha lu- ga r durante a prim avera (m ês de junh o), no com eço m esm o da co lhe ita do tr ig o (Ê xo . 34 .2 2 ). No N ovo T e s ta m e n to , e ssa fe s ta é ch a m a d a de P entecoste (Atos 2.1; I Cor. 16.8).

3. Fe sta dos T a b e rn á cu lo s . V e r a esse re sp e ito no D ic io n á rio . E ssa fes ta é cha m ada neste tex to po r seu nom e m a is an tigo , Fe sta da C o lhe ita . T inha luga r du ran te 0 o u tono (se te m b ro - ou tub ro ). Essa fes ta oco rr ia no fim do ano agríco la . Ver as no tas sobre a Festa dos T abernácu los em Lev. 23.33- 36; Deu. 16.13-15; 31.10.

23.17

Três vezes no ano. E ssas trê s festas, ac im a descritas , eram regu lares e obrigatórias, envolvendo todos os varões de Israel. No com eço havia vários centros de celebração, mas finalmente tudo passou a girar em torno de Jerusalém, 0 que é explicado e ilustrado nos artigos separados sobre essas festas. Antes da construção do templo, quando 0 povo de Israel ainda se achava no deserto, essas festas foram celebradas em outros lugares, com o é lógico.

“. . .todos estão na obrigação de comparecer, exceto os surdos e mudos, os tolos, as crianças pequenas.. . as mulheres, os servos, os escravos, os aleijados, os cegos, os enfermos e os homens idosos que já não conseguem pôr-se de pé” (Misn. Chagigah, c.1,sec. 1).

23.18

Cf. os vss. 18 e 19 com Êxo. 34 .24 ,25 , onde são dadas ins truções sim ila- res. É re ite ra d a a q u es tão dos pã es a sm os , p o r razões e xp lica d a s no a rtigo m e nc iona do , con fo rm e se vê em Ê xo. 12.1 (n o tas de in tro d u çã o ) e em Êxo. 12.8,15.

Page 114: At Interpretado- Êxodo

409ÊXODO

apósto los . V er no D ic io n á rio 0 a rtigo in titu la do A lm a ; e na E ncic lopé d ia de B i■ b lia , Te o log ia e F ilo s o fia 0 a r t igo Im o rta lid a d e (que se de sdobra em d iversos verbetes).

23.26

A fertil idade fo i p rom etida a hom ens e an im ais; as fêm eas não abortariam . “O s abortos , os n a sc im en to s p rem a tu ro s e a es te ril idad e , quando excedem a certa média, sem pre fo ram cons iderados pelos an tigos com o sinais do desfavor divino, e ritos exp ia tórios especia is eram criados para ten tar estacar esses fenô- m e nos” (E llico tt, in lo c .). Q ua n to à d e se ja b ilid a d e de um a long a vida ve r Gên.5.21 e suas notas expositivas. V er tam bém Sal. 55.23; 90.10; Jó 5.26; 42.16,17;I Reis 2 .3 -11 ;lsa . 65.20 e Efé. 6.3.

23.27

Enviarei 0 meu terror. Isso fa z ia pa rte da p re p a ra ç ã o d iv in a p a ra que Israel pu desse e n fre n ta r um a te m íve l p lê ia d e de ad ve rsá rios , de aco rdo com 0 vs. 23, as sete n a ções can a n é ia s hostis . E ssas na ções seriam psíco log ica- m ente de b il i ta d a s pe lo te m o r d iv ino , an tes m e sm o que 0 povo de Israe l a tin - g isse as fro n te iras de C ana ã . Isso não e lim in a ria a ne cess idade de guerrear, m as fa c il i ta r ia a c o n q u is ta m ilita r, f ica n d o ass im ga ra n t id a a v itó r ia , não sem es fo rço , m as a tra v é s do m e sm o. Já v im o s an tes esse tem a, em Gên. 15.14- 18, onde 0 com e n ta m o s com m a io res de ta lhes . N esse con texto , ve r Jos. 2 .9 ־I I e Sa l. 1 8 ,39 ,4 0 . V e r em G ên . 35 .5 os co m e n tá r io s sob re 0 te r ro r d iv ina - m ente in fund ido .

23.28

Enviarei vespas. T a lvez em sen tido litera l, con form e sucedeu no caso das pragas do Egito. Porém, vários eruditos preferem pensar aqui em um sentido me- tafórico. Assim, os exércitos invasores de Israel, seriam com o iracundos enxames de vespas, e os adversários fugiriam de diante deles, com suas ferroadas mortais. Embora houvesse sete distintas nações inimigas, os heveus e cananeus represen- tavam todas as sete . O au tor sag rado não se deu ao traba lho de apresen ta r de novo a lista de nações adversárias (ver 0 vs. 23). Ver acerca de vespas também em Jos. 24.12 e Deu. 7.20.

23.29

Num só ano. A vitória não seria obtida tipo guerra relâmpago, e isso pela razão explicada neste versículo. Todavia, 0 triunfo seria tal que somente a ajuda divina seria capaz de explanar. A inda assim, a vitória não foi completa, pois as próprias Escrituras indicam que Israel nunca expulsou de todo as populações cananéias, e nem jamais conseguiu conquistar todo 0 território que fora prometido a Abraão. Ver as notas sobre 0 Pacto Abraàm ico em Gên. 15.18 quanto aos territórios a serem conquistados.

Os eruditos liberais pensam que a questão foi rom antizada às expensas da exa tidão his tó rica. O que é fa to é que é im possíve l reconstitu ir um a crono log ia exata de toda a cam panha m ilita r de Israel; m as essa reconstitu ição não tem ne- nhum a im portância especia l. “Se Deus lhes tivesse dado toda a Terra P rom etida prontamente, em lugar de fazê-lo pouco a pouco (Juí. 1), toda a região teria ficado desolada, dom inada pelas feras, an tes que 0 povo de Israel pudesse estabelecer- se na terra e cu ltivá - la ” (John D. H annah, in loc.). Por isso m esmo, a conquista p rec isou ser gradua l, pe rm itindo que os is rae litas fossem tom ando 0 luga r das populações indígenas deslocadas. Se 0 território ficasse desocupado por algum tempo, as feras ocupariam 0 espaço abandonado. Isso seria evitado por um a con- quista paulatina.

A o que parece, a conquista da Terra P rom etida ocupou sete panos (que al- guns estudiosos sugerem com o cerca de 1406-1399 A. C.). Os eruditos conserva- dores não duvidam que a conquista tenha tom ado todo esse tem po. Mas 0 ponto não se reveste de m a io r im po rtân c ia , exce to pa ra os cé ticos e para os ultraconservadores, que precisam achar apoio a qualquer preço para seus siste- mas de crenças.

23.30

Pouco a pouco. A con q u is ta da te rra de C ana ã oco rreu lentam en te , por m o tivos já a va n ça d o s , no vs. 29. T o d a v ia , a co n q u is ta não foi com p le ta , no sen tido de que nem todos os ha b itan tes can aneu s foram expulsos e nem todo 0 te r r itó r io p ro m e t id o a A b ra ã o fo i ocu p a d o . V e r as no tas sob re G ên. 15.18 quanto ao P acto A b ra à m ico . Cf. Ju í. 2 .2 1 -2 3 e 3 .1 -6 , onde essas razões são re ite rad as . A d e s o b e d iê n c ia po r pa rte dos is ra e lita s tam b é m con tribu iu para essa co n q u is ta p a rc ia l da te r ra de C an a ã . N ão fo i ap e n a s um a q u e s tã o de con ven iênc ia . A m u lt ip licação do povo de Israel pe rm itiu que a T e rra P rom eti- da fosse ra zoave lm en te bem ocu pada , m as as sete nações canané ias nunca foram to ta lm en te expulsas. E quando Israel titubeou, em razão de desobed iên­

Toda transgressão seria tratada com a devida e apropriada punição por parte Dele. Um empreendimento muito sério estava sendo efetuado, e a presença de Deus não toleraria lapsos.

23.22

“Há um corinho que diz: No lado da vitória, no lado da vitória, não me am eaça0 in im igo, nem me a la rm a 0 tem or, no lado da v itó r ia ” . D eus faz-se adversário daqueles que se fazem Seus inimigos. O texto faz-nos lembrar a eloqüente passa- gem paulina de Rom anos 8.31 ss.: “Se D eus é por nós, quem será contra nós?” Nenhum poder do céu ou da terra é capaz de causar dano ao hom em bom, pelo menos em um sentido final. Israel haveria de en fren tar um bom núm ero de inimi- gos form idáve is . E som ente 0 po de r de D eus poderia da r a e les a v itó r ia que obtiveram. Quão fácil é nos esquecerm os de quão carentes somos, espiritualmen- te falando. Mas a presença de Deus é a chave para qualquer realização verdadeira e perm anente. A vitória pertence ao Senhor. Os obedien tes com partilham dessa vitória. ·

23.23

A Form idável Lista dos Adversários. Seis dos sete inim igos tradicionais de Israel são m encionados neste ponto. Ficam de fora som ente os girgaseus. M as a Septuaginta e algumas versões acrescentam esse povo para que a lista pareça completa. Todos os povos mencionados neste versículo são ventilados no D icio- nário, m ediante artigos separados. Ver Êxo. 3.8 quanto a um a lista parcial desses povos. Ver tam bém alusão a esses povos em Êxo. 3.17; 13.5; 33.2 e 34.11. As notas em Êxo. 3.8 são aplicáveis a este versículo.

Eu os destruirei. No hebraico a idéia é de total aniquilamento. Era impossível que Israel ocupasse 0 território junto com esses povos. Estes seriam aniquilados devido a seus pecados, pois agora eles tinham enchido a taça de sua iniqüidade. A perda de seus territórios fazia parte do juízo divino contra eles (Gên. 15.16).

23.24

Não adorarás os seus deuses. Teria de haver total descontinuação das práticas religiosas dos cananeus, juntam ente com a expulsão deles da Terra Prometida. Yahweh seria adorado única e exclusivamente. Tem os aí uma espécie de aplicação prática das demandas do prim e iro m andam ento (ver as notas em Êxo. 20.3). Israel não só não deveria adorar os deuses pagãos, mas também deveria destruir de uma vez por todas os seus ídolos. De outra sorte, os filhos de Israel seriam corrompidos pela ido la tria (ver a esse respeito no Dicionário). E isso teve que ser feito por diversas vezes, depois que 0 povo de Israel entrou na posse da Terra Prometida.

. .despedacem-nos total e inteiramente, espatifem todas as suas estátuas de ouro, de prata, de bronze, de madeira, de pedra ou de qualquer outro material de que sejam feitos. Nenhum ídolo deve ser poupado, de modo que não reste vestígios dos m esm os... para que possa haver uma estrita aderência ao verdadeiro Deus, bem como a adoração a Ele” (John Gill, in loc.). Cf. Êxo. 34.13; Deu. 7.5.

Antes os destruirás totalmente. Somente 0 completo desaparecimento da ido- latria permitiria que se adorasse como é devido a Yahweh. A adoração ao Senhor não permite adoração rival. Fica assim condenado 0 vício religioso de muitos povos, cha- mado ecletismo.

23.25

Tirará do vosso meio as enfermidades. Ta lvez possam os en tender essas “en fe rm id ade s" em um sen tido e sp ir itu a l ou re lig ioso . Cf. Êxo. 15 .24-26; Deu. 7.15; 28 .27,60. Mas 0 m ais p rováve l é que a a lusão aqui seja às en ferm idades físicas. Yahweh impusera muitas pragas aos egípcios. Pela graça de Deus, Israel havia escapado. Esse escape prosseguiria se os israelitas se m ostrassem obedi- entes. As pragas antigas varriam um núm ero im pressionante de vítimas, e, numa época em que nem se sonhava com os antibióticos, os povos ficavam à mercê de D eus quando surgia 0 látego das pragas. Deus haveria de curar todas as enfer- m idades que po rventura surg issem entre os filhos de Israel (Sal. 103.3). Nesse trecho de Salmos, 0 bem -estar material tam bém é ligado à boa saúde espiritual. A in te rvenção d iv ina m iracu losa cura tan to a m ente qu anto 0 corpo. O Anjo de Deus promete aqui essa intervenção.

Ele abençoará 0 vosso pão e a vossa água. Em ou tras pa lavras , Deus daria as p rov isões fís icas a d equa das q u an to a essas duas qu es tõe s básicas, se 0 povo de Israel fosse ob ed ien te ao Senhor. . .saúde, long ev ida de e abun- d â n c ia ” (Jo hn D. H a n n a h , In lo c .) . T o d a v ia , c o n s p ic u a po r sua a u s ê n c ia é a prom essa da v ida após a m orte fís ica . E ssa d o u tr ina só passou a ser c lara- m e n te m e n c io n a d a na te o lo g ia do s h e b re u s no te m p o d o s S a lm o s e d o s P ro fe tas . N atu ra lm ente , ela fo i con sa g ra d a nos ens inos de Jesus e Seus

Page 115: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO410

a p lica d a s . A ss im , te m o s as le is do s ca p ítu lo s 20 - 23, 0 d e sd o b ra m e n to do de cá lo g o (os D ez M a n d a m e n to s ; ve r no D ic io n á rio ). E ssas le is e ram as con - d lç õ e s do P a c to M o s a ic o . T e v e a s s im in íc io a q u in ta d is p e n s a ç ã o , com 0

e s ta b e le c im e n to do P ac to M o sa ico . Há co m e n tá r io s sob re am bas as co isas nas no tas de in troduçã o a Êxo. 19.1, ju n ta m e n te com ou tras questões im por- tan tes ligadas a isso.

O texto à nossa fren te fa la da ra tific a ç ã o do pacto . Os is rae litas deveriam de ixa r-se g u ia r pe lo d e cá lo g o e pe las o rd e n a n ça s (a m u lt ip l ica çã o que com - põe a in te ira leg is lação m osaica). V e r no D ic io n á rio 0 artigo Le i no A n tig o Tes- tam en to , em sua q u a rta seçã o , Le i. O po vo de Israe l p re c isa va c o n co rd a r e ra t if ic a r 0 p a c to . Isso re q u e r ia a p re s e n ç a do s re p re s e n ta n te s do povo , os anciãos, jun tam en te com os líde res princ ipa is , ou se ja , Moisés, Arão, Nadabe e Abiú. O povo concordou com tudo e prom eteu obed iênc ia (vs. 3). Foi erig ido um a lta r (vs. 3), e fo ram fe ito s os sa c r if íc ios ap rop riado s (vss. 5,6). Foi nova- m ente p rom etid a a ob e d iê n c ia (vs. 7). O povo fo i a sp e rg id o com sangue, e 0

pacto m osa ico ve io a se r ra tif icado com sangue, 0 que era um a questão séria em Israe l (vs. 8). A M o isé s e aos d e m a is g ra n d e s líd e re s da nação fo i dada um a v isão especia l de D eus (vs. 10). Essa v isão tam bém foi dada aos anciãos (vs. 11). A to con tínuo , fo ram dados os Dez M andam entos gravados em tábuas de pedra (vs. 12 ss.), Esse com p licado ritual to rnou Israel um a nação distinta, co n sagra da a Yahw eh , um a nova na ção por m e io da qual poderia te r cum pri- m e n to 0 P ac to A b ra â m ic o . E ssa n a çã o se r ia 0 ve íc u lo do a p a re c im e n to do Messias, 0 qual un ive rsa liza r ia as prov isões das p rom essas de Deus a Abraão (ve rG á l. 3.8 ss.).

24.1

Sobe ao Senhor. Era m ister sub ir novam ente ao monte. O grupo que subiria seria constituído por Moisés, Arão, Nadabe, Abiú e setenta anciãos de Israel, lide- res tribais. Nadabe e Abiú eram os ou tros do is filhos de Arão, que já nos tinham sido apresentados em Êxo. 6.23. Ver acerca de todos os nomes aqui mencionados no D icionário. Ver Lev. 10.1 ss. quanto à morte de les por haverem oferecido fogo profano no tabernáculo.

Os anciãos eram os representantes do povo, pelo que tem os aqui uma espé- cie de ação democrática representativa na ratificação do Pacto Mosaico (ver a res- peito as notas introdutórias em Êxo. 19.1). Todos ficaram a respeitável distância, por motivo de segurança, e som ente Moisés p ô d e chegar perto de Yahweh, con- forme nos mostra 0 vs. 2. Ver as notas sobre Exo. 19.3 ss. quanto a outras subidas e desc idas no S inai, por M oisés, em cenas s im ila res às do p resente texto . Na primeira subida, Moisés recebeu a lei; na segunda, foram ratificados e registrados os Dez M andam entos, sobre tábuas de pedra. Quanto aos anciãos, ver Êxo. 3.16; 4.29; 12.21; 17.5; 18.12; 19.7.

24.2

Só Moisés se chegará. Isso po r s e r e le 0 ú n ico que e s ta va e s p ir itu a l- m ente p re p a ra d o para a p ro x im a r-s e da p re se n ça de Yahw eh . As d e scrições são as m esm as que vem os em Êxo. 19.10 ss. No vs. 13, vem os que Josué foi em co m p a n h ia de M o isés. G ra d a çõ e s de p re p a ra çã o esp ir itua l e de san tida- de es ta b e le c ia m a d ife re n ç a na d is tâ n c ia da ab o rd a g e m . Os de sp re p a ra d o s poderiam ser con su m id o s . A té m e sm o os p re p a ra d o s e s trem e ceram . V e r no D ic io n á rio 0 ve rbe te ch a m a d o D e se n vo lv im e n to E sp iritu a l, M e io s do.

24.3

Este versículo é essencialmente igual a Êxo. 19.8, onde os filhos de Israel promete- ram plena obediência a Deus. Ver as notas ali.

Todas as palavras do Senhor. Estão aqui em pauta os Dez M andam entos (ver a esse respeito no Dicionário).

Todos os estatutos. Ou seja, as ad ições e m ultip licações dos dez manda- mentos. Ver Êxo. 20.23 - 23.33 quanto ao desdobramento preliminar. O Pentateuco in te iro é um a espécie de d e sdobram e n to dos dez m andam entos orig inais. Nas Dez Palavras e nas o rdena nças tem os a leg is lação m osaica. V e r nos Artigos Introdutórios, no prim eiro vo lum e desta obra, 0 a rtigo L e i no A ntigo Testam ento, em sua quarta seção, Lei. V er a expressão “0 livro da aliança” (Êxo. 24.7) quanto a um a referência geral à lei mosaica.

Respondeu a uma voz. O povo respondeu com entusiasmo e unanimemen- te. D ispuseram -se a realizar 0 impossível, de acordo com ensino do Novo Testa- m ento (Atos 15.10; Rom. 3.19 ss.). A lei t inha po r in tu ito fe ch a r a boca, e não justificar. Mas é ridículo supormos que os hebreus perceberam isso e assim chega- ram a crer. Ver Deu. 5 .32,33 quanto à atitude dos israelitas. Fazer era viver. Eles não a n tec ipa ram que a o b e d iê n c ia à lei era im po ss íve l, de ta l m odo que, se quisessem viver esp ir itualm ente, teriam de depender do Novo Pacto, aquele que

c ia e de id o la tr ia , e n tã o v ie ra m fo rç a s m il i ta re s de fo ra , da A s s ír ia e da B ab ilôn ia , que re duz ira m a n a ção de Israe l a nada. A ss im sendo, tendo der- ro tado os ad ve rsá r ios que havia na te rra de C anaã, os is rae litas sucum biram d ian te de fo rças v inda s de fo ra da te rra de C ana ã. V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo C a tive iro (C a tive iro s ).

23.31

/4s F ron te iras da Terra P rom etida . N as no tas sobre G ên. 15.18 m ostre i as dimensões da Terra Prometida, dada a Abraão no Pacto Abraâm ico, que excedi- am ligeiramente às fronteiras determ inadas neste ponto. O território deveria esten- der-se do mar Vermelho ao mar M editerrâneo (cham ado aqui de m ar dos filisteus, po rquanto serv ia de um dos lim ites de seu territó rio ). O Eufra tes é 0 rio oriental mencionado. O deserto ficava ao sul. Portanto, as fronte iras da Terra Prom etida eram as seguintes:1 .0 mar Vermelho (mar de Ácaba), a fronteira sudeste.2 .0 deserto: a fronteira sul.3 .0 rio Eufrates: a fronteira norte (nordeste).4 . 0 mar Mediterrâneo: a fronteira oeste.

A m a io r p a rte desse territó r io fo i ocu pado duran te 0 re inado de Salom ão (I Reis 4.21), em bora perm anecessem bolsões das sete nações cananéias que não foram conquistados. Ver Deu. 11.24 e os com entários sobre Deu. 1.7. A presença de povos estrangeiros sempre significou um a am eaça para Israel. Pactos proibidos foram firm ados (Jos. 9.3-15; ver Êxo. 34 .12). Contudo, a longo termo, os inimigos ex te rno s (prim eiro a Assíria e depo is a Babilôn ia ), de sm an te la ra m a nação de Israel. Ver I Reis 4 .21,24 e II Crô. 9.26 quanto às d im ensões ating idas, que correspondem às d imensões referidas neste versículo. Os estudiosos liberais pen- sam que 0 au to r sag rado fo i a lguém que já sab ia 0 que tinha acontec ido , pois estaria apenas escrevendo história, e não um profeta que estivesse predizendo 0

que v iria a acon tece r no fu turo . M as os e rud itos conse rvad ore s p referem ver a profecia em ação.

23.32

O p la n o não podia ser de v id am e n te cum prido se Israel f irm asse um pacto com as nações cananéias. Portanto , as sete nações tinham que ser tota lm ente expu lsas, em face do grande a cú m u lo de seu s pe cados , po r causa dos quais perderiam seus respectivos te rritó r io s . V e r G ên. 15.16. A lgo pa ra le lo sucedeu nos Estados Unidos da A m érica do Norte. M u itos congress is tas se opuseram à m archa para 0 oeste. C erto co n g re ss is ta co m en to u : “Q ue fa rem o s com todas aquelas interm ináveis m ontanhas?” Mas a voz da sabedoria acabou prevalecen- do. O sentimento mais sábio foi 0 de ev ita r a fragm entação de te rritó rio que tinha havido na Europa, com seus conflitos constantes entre muitas nações, apinhadas no continente europeu.

A ordem dada aos is rae litas fo i de não en tra rem em q u a lque r aco rdo que tendesse por m anter p róx im as as popu lações cananéias. V e r tam bém as notas sobre Êxo. 34.12 quanto a isso. Mas essa ordem foi por muitas vezes ignorada. Ver Jos. 9.3-15.

A proibição constante neste versículo tinha uma natureza, antes de tudo, espiritual, visto que a proximidade da idolatria só poderia corromper 0 Yahwismo. Em segundo lugar, havia uma razão prática. Uma grande nação dificilmente poderia desenvolver-se em meio a sete nações contrárias. Em terceiro lugar, essa proibição concordava com 0

julgamento divino contra 0 pecado excessivo daquelas sete nações.

23.33

Nas notas sobre 0 versículo anterior dei as razões pelas quais Israel não podia fim ar acordos com as sete nações cananéias que eram os ocupantes originais da Terra Prome- tida, mas como essa proibição divina foi vez por outra desobedecida. Este versículo dá-nos a razão espiritual contra tais tratados. A idolatria (ver a esse respeito no Dicionário) logo haveria de transtornar a nação de Israel, furtando-a de seu caráter distintivo. A teocracia seria reduzida a nada. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Teocracia. Somente uma nação unida e livre de assédios poderia cum prir aquele plano espiritual a que Deus a destinara. A história subseqüente de Israel provou a exatidão da declaração deste versículo. Os pecados de Israel finalmente provocaram os cativeiros. Assim sendo, a corrupção interior produziu destruição vinda de fora. Ver Juí. 1.27-36; 2.11 -13; 3.5-7 quanto à confu- são produzida por maus vizinhos. Ver Êxo. 34.12 quanto a uma afirmação paralela.

Capítulo Vinte e Quatro

A Aliança de Deus com Israel (24.1-11)

V er a seçã o ao ca p ítu lo d e ze n o ve on d e com e ça a seçã o que inc lu i este m a te r ia l. U m a te o fa n ia (v e r a re s p e ito no D ic io n á r io ) in a u g u ro u 0 P a c to M o sa ico . A p resença de D eus m a n ife s to u -se e as co n d içõ e s do pacto fo ram

Page 116: At Interpretado- Êxodo

411ÊXODO

santificado para uso como legislação divina, a ser adicionado conforme a lei foi sendo ampliada às mãos de Moisés e outros profetas. O pacto mosaico, pois, foi ratificado por meio de sangue. O texto presente não diz que Moisés aspergiu 0 livro; e isso tem-se tornado fulcro de controvérsias, visto que 0 autor da epístola aos Hebreus adicionou essa pequena informação. Essa questão é discutida detalhadamente no Novo Testa- mento Interpretado.

O L iv ro da A lia n ç a é L id o D ia n te do P ovo . M o isé s já h a v ia e xp os to um a versão oral desse livro (vs. 3). A escrita e a le itura do livro tornaram 0 ato ainda m a is c la ro e m a is o b v ia m e n te o b rig a tó r io , co m o um re g is tro escr ito pa ra ser guardado e honrado. V e r tam b é m sobre 0 “ livro da a lian ça ” em Jos. 24 .25,26. O te rce iro ve rs ícu lo deste ca p ítu lo re g is tra com o 0 povo ace itou a a liança in- con d ic iona lm en te . Este ve rs ícu lo re pete essa in fo rm ação. Houve um a ace ita- ção após a e xp o s içã o ora l, e ou tra , a p ós a le itu ra do do cu m e n to esc r ito . Cf. Deu. 5.26-29.

24.8

O prim e iro pacto foi ratificado com sangue, conforme nos diz 0 autor da epístola aos Hebreus (9.18). Ele aludiu à aspersão com sangue do livro, do povo, da tenda e dos vasos usados na adoração. O relato original, no livro de Êxodo, não menciona esses detalhes. É provável que 0 ato original não tivesse incluído todos esses d iversos atos de aspersão, mas que outros atos idênticos os tenham incluído. Ver Heb. 9.19, no N ovo Testam ento Interpretado, quanto a informações sobre essa questão.

P or que sangue? Por ser um a substância sagrada, a vida da carne (Lev. 17.11), 0 mais precioso líquido que poderia ser usado com o veículo de ritos religiosos sérios. Com o é natural, 0 sangue de Cristo foi assim retratado simboli- camente, 0 sangue que possibilitou 0 segundo pacto, 0 Pacto da Graça. Ver as notas sobre Heb. 9.25 ss. quanto a esse ensino e suas aplicações. Ver no Dicio- nário os verbetes Sangue e Expiação P elo Sangue; e na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e F ilosofia 0 artigo Expiação pe lo Sangue de Cristo.

Quanto à expressão sangue da aliança, ver tam bém Mat. 26.28; I Cor. 11.25. O conce ito an tigo era que 0 pacto de sangue m ostrava-se eficaz no estabelec i- m e n to da com u n h ã o en tre D eus e os h o m ens (ve r Lev. 1.5 e as suas no tas expositivas). O sangue era a sede m iste riosa da vida, pe lo que, ao ser vertido, havia um sacrifíc io de vida p o r vida, ou seja, um a v ida em benefíc io de outra. O san gue é 0 p reço da re dençã o , co n fo rm e é p re fig u ra d o na h is tó ria do êxodo (Êxo. 12 e 13).

E 0 aspergiu sobre 0 povo. O u seja, sob re a lguns de seus re presentan - tes, os sacerdotes ofic iantes, a lguns dos anciãos e, talvez, as doze co lunas que re p re se n ta va m a s d o ze tr ib o s de Israe l. V e r no D ic io n á rio 0 a r t igo cha m ado Pactos.

24.9,10

>4s Testem unhas. Te stem unhas especia is, aquelas enum eradas no prim eiro versículo deste capitulo, que aqui aparecem como quem foi escolhido para ver Yahweh (vs. 10). A lguns críticos supõem que tem os aqui um a segunda versão da ratificação cfa qual 0 povo não fez parte, pois foi representado pelas testemunhas enumeradas. “Moisés, 0 mediador do pacto, foi acompanhado pela família sacerdotal, Arão, Nadabe e Abiú (Êxo. 6.14-25; Lev. 10.1-3)” (O xfo rd A nno ta ted Bible, in Ioc.). A maioria dos intérpretes, entretanto, vê aqui um acontecimento ou manifestação especial, que fazia parte da história anterior de ratificação. Ninguém pode ver Deus em Sua essência (ver Êxo. 33.11,20; João 1.18), em bora possa ser visto em visão mística, em Sua teofania (ver a esse respeito no D icionário), ou na pessoa de Seu Anjo (ver a esse respeito no Dicionário). Ver a exposição sobre essa questão em João 1.18, no Novo Testamento Interpretado.

Esses versícu los con têm várias re ferências às an tigas noções dos hebreus ace rca de D eus e Sua res idênc ia , e que J. E dga r Park (in Ioc.), ap licou com o segue:

“ Eles v iram 0 Deus de Israel. Não con tem p la ram face a face a lgum a figura (Êxo. 33.20). Mas o lharam para 0 alto e v iram um pavim ento de pedras de safi- ra, onde os pés de Deus supostam ente estariam apoiados. Deus pôde ser imagi- nado en tron izado sobre as águas que estavam por c im a da cúpula do céu (Sal.29 .10). A p resença de D eus era tão real que fo i com o se os céus se t ivessem ,ab erto '” (Exo. 1.1). A cena da Transfiguração, no Novo Testam ento, parece-se bastante com esse re lato (Mat. 17.5). N aque la presença sagrada, os nobres de Israel sentiram-se seguros. Israel era santo em virtude do pacto. A presença não era a essência de Deus, m as com partilhava de Sua forma de vida. Ver no D ic io - nário 0 a rtigo in titu lado A stron om ia , quanto aos an tigos con ce itos dos hebreus acerca da natureza do cosm os. Dou um desenho ilustrativo ali, para a judar nosso en tend im ento . Os e rud itos con se rvad ore s , com o é natura l, pensam que essas questões todas são s im bó licas, e que não devem os pensar aqui em um crasso sen tido litera l; mas os hebreus an tigos, em sua cosm olog ia , ao que tudo indica ace itavam litera lmente essas descrições.

tem Cristo por centro. Ademais, devemos lembrar que na lei não havia qualquer pro- messa de vida pós-túmulo, e nem castigo pela maldade e vida eterna pela bondade, em alguma existência da alma. Essa doutrina só com eçou a ser mencionada clara- mente nos Salmos e nos Profetas, embora houvesse indícios da mesma desde antes, como na doutrina da Imagem de Deus (Gên. 1.26,27).

24.4

Moisés escreveu. O quê? Todas as com unicações de Yahweh, que vieram a fazer parte do Pentateuco. Moisés não deve te r escrito em hebraico bíb lico, que então ainda estava em desenvolvim ento, mas em alguma form a semítica anterior. Moisés, criado na corte de Faraó, era homem educado e sabia escrever, ainda que a lguns crít icos duvidem disso. O a lfa ba to he bra ico foi c riado an tes dos dias de Moisés. Ver no D ic io n á rio 0 a rtigo A lfa b e to (E scrita ). D evem os pe nsar em um hebraico antiqüíssimo, anterior ao hebraico do Antigo Testamento. Talvez a distán- cia fosse a lgo s im ilar àquela en tre 0 ing lês de C hau ce r e 0 ing lês m oderno, ou entre 0 grego de H om ero e 0 g rego de P latão. V e r tam bém Êxo. 17.14, e, no Dicionário, 0 verbete Livro (Livros).

Foi e r ig ido um a lta r, seg u n d o se vê em Êxo. 20 .25 , ao qual foram acres- cen tadas as doze co lun as, ta lve z pe dras a lo n g a d a s postas de pé. R epresen - tavam as doze tr ib os de Israel. Y ahw eh ap a rece u no a lta r; e 0 povo foi repre- se n tado pe las do ze co lu n a s , ou se ja , as d u a s pa rte s e n v o lv id a s no pa c to e sua ra tificação. Cf. Gên. 28 .,18. V e r tam bém Jos. 4 .3 ,9 ,2 0 quanto a a lgo simi- la r. A S e p tu a g in ta d iz a q u i s o m e n te p e d ra s , em lu g a r de “ co - lu n a s ” . V e r Deu. 12.3 q u a n to à p ro ib iç ã o e d e s tru iç ã o de c o lu n a s u sa d a s nos r ito s pa- gãos.

24.5

Foram oferecidos sacrifícios de acordo com a dignidade da situação.

Holocaustos. Ver a esse re spe ito no D ic io n á rio . Ver tam bém Êxo. 10.25;18.12 e 20.24 quanto a esse tipo de o fe renda. A ú ltim a dessas re ferências tam - bém aparece no contexto da ou torga da lei, sendo vírtualm ene igual ao versículo presente.

Sacrifícios pacíficos. Ver tam bém Êxo. 20.24. Naquele ponto há referências ao artigo geral que fala sobre os sacrifícios e ofertas, e onde estão incluídos os tipos de sacrifícios m encionados neste versículo.

Alguns jovens dos filhos de Israel. Esses ag iram com o se fossem sacer- dotes. Posteriormente foi instituído um sacerdócio formal, proveniente da tribo de Levi. Ver no D icionário 0 artigo S acerdo tes e Levitas. Aqueles jovens foram es co- Ihidos dentre os p rim o g ê n ito s d is ting u ido s (ver a respeito de les no D ic ionário ), que fo rm avam 0 sace rdóc io pr im itivo em Israel. O u, en tão, esses jovens foram selecionados dentre os anciãos mais jovens, conform e se vê no primeiro versículo deste capítulo.

24.6

Metade do sangue. M e ta d e do sa n g u e dos s a c r if íc io s , qu e h a v ia s ido posto em receptáculos, a ser usado para a sp e rg ir 0 povo (vs. 8). A outra meta- de foi asperg ida sobre 0 a ltar. Te m os aí 0 rito da ra tificação, se lado a sangue. P or m uitas vezes, 0 sangue fa la de exp iação; e, talvez, essa idéia este ja incluí- da no rito, em bora a no ção p r in c ipa l te n h a s ido a ra t if ica çã o fe ita pe las duas pa rtes in te ressadas: Yahw eh , re p rese n tad o pe lo a lta r, e 0 povo de Israel, que foi aspergido.

Entre vários povos antigos havia pactos de sangue. Algumas vezes, 0 sangue dos sacrifícios era sorvido pelas partes envolvidas no acordo. “Deus e 0 povo uniram-se em sagrado companheirismo. Houve uma refeição sagrada (vss. 9-11), que também servia de meio comum de estabelecimento dessa comunhão. Provavelmente devemos pen- sar aqui em uma forma mais antiga, e que a aspersão do sangue simbolizava aquilo que se fazia mais antigamente, ou seja, 0 sangue era bebido” (J. Coert Rylaarsdam, in Ioc.). A aversão de Israel ao uso de sangue com o alimento não permitiria que eles bebessem do sangue. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Sangue, quanto às regras e referências. Ver também Atos 15.29 no N ovo Testam ento Interpretado quanto a am- pias notas sobre essa questão. Ver Gên. 9.4; Lev. 3.17; 7.26 quanto a essa proibição. Ver Lev. 17.11 quanto à idéia misteriosa da vitalidade existente no sangue, uma das razões da proibição do uso de sangue na alimentação do povo de Israel.

24.7

O livro da aliança. A a lusão é àqu ilo que M o isés hav ia escrito (vs. 4), as p a la v ra s (os dez m a ndam ento s e as ordenanças, as ad ições or ig ina is aos dez m andam ento). As idéias são frisadas nas no tas sobre 0 vs. 3. Esses m ateriais, com o é óbvio, poste rio rm en te v ie ram a faze r parte de nosso P en ta teuco (ver a respeito no D ic ionário ). Esse docum en to foi sa lp icado com sangue (Heb, 9.19),

Page 117: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO412

no acampamento, encarregados da direção das coisas; mas quando 0 povo errou no tocante ao bezerro de ouro, somente Arão foi considerado responsável (Êxo. 32).

Josué era 0 auxiiiar pessoal de Moisés, que andava em sua com panhia e lhe prestava toda forma de serviços, talvez até de guarda-costas. Sem dúvida estava entre os amigos de maior confiança de Moisés. Mais tarde, tomou-se 0 principal comandante militar de Israel, bem como 0 sucessor de Moisés, que acabou introduzindo 0 povo de Israel na Terra Prometida. Portanto, ele serviu de tipo de Cristo, uma questão ampla- mente explicada no artigo a respeito dele. Ver Josué (Livro), em sua nona seção, Tipologia, no Dicionário.

24.14

Na a u sê n c ia de M o isé s e de Jo su é , A rão f ica va en ca rre gad o de tudo , e H u re ra seu a ss is te n te esp e c ia l. V e r Êxo. 17 .10 q u an to à p r im e ira m e nção a Hur, onde tam b é m ap re se n te i as no tas sob re e le . H ur é m e nc iona do som en- te por três veze s na B íb lia . P a re ce qu e ele era a te rce ira au to rida de . P rova- ve lm e n te ele era um dos se te n ta a n c iã o s de Israe l. A rão e Hur (e seu s de le - gados) tom ariam 0 luga r de M o isés, e xe cu tan do todos os deveres com o lide - res e ju izes.

24.15

A lei já havia sido dada, mas agora 0 decálogo (os D ez M andam entos; ve r a respeito no D icionário) deveria ser dado em form a escrita sobre tábuas de pedra, com postas pe lo próprio Y ahw eh. O au to r sacro fez um a deta lhada e e laborada descrição dessa questão que a lguns e rud itos pensam ser um re lato d istin to da outorga da lei, e não apenas um a parte da mesma. Não sabemos 0 que sucedeu a Josué quando Moisés sub iu ao monte e penetrou na nuvem mística. É provável que ele tenha ficado para trás, pois som ente Moisés era 0 homem escolh ido para aquela hora crítica. Ver Êxo. 19.9,16; 34 .5 e 40.34 quanto à nuvem de Yahweh. Provavelmente devem os entender aqui um a nuvem mística, um modo de manifes- tação divina, e não um a nuvem de vapor d ’água. V er I Tes. 4.17 quanto à “nuvem” em que a Igreja será arrebatada, e que anotei am plam ente no N ovo Testam ento Interpretado, in loc.

24.16

A nuvem e a g ló ria de Y ahw eh m a n ifes ta ram -se no m onte em um g lorioso espetácu lo , an tes da voz d iv ina d irig ir-se a Moisés. Foi um período de prepara- ção e espera antecipatória. A lgumas grandes experiências místicas são projetadas com alguns dias de an tecedência , e aque les que as experim entam recebem um período de preparação, con fo rm e nos ind ica 0 texto presente. Ver no D ic ionário 0 a rtigo M istic ism o . P resum e-se que M o isés ocupou aque les seis d ias em ora- ção e meditação, em preparação esp ir itua l para 0 evento que em breve haveria de te r lugar. An tes da ou torga dos dez m andam entos, sobre as duas tábuas de pedra, a teo fan ia (ver a esse respeito no D icionário) haveria de introduzir materi- al acerca dos sacerdócios, que constituem os capítulos vinte e cinco a trin ta e um do livro de Êxodo.

Alguns emditos pensam que a nuvem é a mesma shekinah (ver a esse respeito no Dicionário). Outros estudiosos, talvez com m enor razão, chamam-na de nuvem que conduzia Israel (Êxo. 13.21).

24.17

O au to r sag rado a d ic io na de ta lh e s sobre a m a n ifes ta ção da g lória do Se- nhor. Não foi a lgum a co n tec im e n to ord inário : a nuvem não foi um a nuvem co- mum. Ela exp rim ia a g lória do S enh or bem com o 0 Seu fogo consum idor. Esta de scrição é e sse nc ia lm e n te idên tica àque la de Êxo._ 19.16,18, em bora menos de ta lhada. A p r im e ira sub id a de M o isés ao m onte (Êxo. 19) foi acom panhada por m anifestações sim ilares. A segunda sub ida (Êxo. 24.12 ss.) foi descrita com menos detalhes. Mas em am bas as subidas, 0 povo precisou manter-se à distân- cia, por motivo de segurança (ver Êxo. 19.13,21 ss.). A lém disso, esteve envolvi- da a questão de um acesso m erecido. A m aioria dos homens não está espiritual- m ente p re p a ra d a pa ra a p ro x im a r-s e da p re se n ça de Deus. Há gradaçõ es de acesso , ta l com o há g ra d a çõ e s de e sp ir itu a lid a d e . V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo cham ado A cesso . Em C ris to , tem os um acesso com ple tado , ao passo que em Moisés havia apenas um acesso prelim inar.

Uma grande luz, como de uma grande conflagração, rebrilhou no monte por todo 0 tem po em que Moisés esteve ausente, e isso à plena vista do acampamento dos israelitas, perto do monte Sinai. É possível que os israelitas, pensando que Moisés tinha sido consumido em meio ao espetáculo divino, tenham caído em desespero, voltando- se assim para a idolatria.

24.18

Moisés, sem temer coisa alguma, devido à graça divina, não hesitou em entrar na nuvem, pelo que ascendeu ao monte a fim de entrevistar Yahweh.

A n tro p o m o rfis m o . A fim de d e s c re v e r D eus, 0 h o m em é fo rç a d o a utili- za r-se de exp ressõe s an trop om órfícas , po is sua lingu age m é an trop om órfica . P o r ce n se g u in te , 0 M ys te r iu m T re m e n d u m p e rm a n e c e m is te r io s o po rq u e a lin g u a g e m h u m a n a é fa lh a . V e r no D ic io n á r io 0 a r t ig o A n tro p o m o rfis m o . E na E n c ic lo p é d ia de B íb lia , T e o lo g ia e F ilo s o fia v e r 0 v e rb e te M y s te riu m T rem e ndum .

Safira. Ver 0 artigo detalhado sobre essa pedra preciosa no Dicionário.“ . . .era 0 la p is -la zu li, um a pedra de azul pro fundo, sa lp icada de partículas

b r ilh a n te s e d o u ra d a s de p ir ita s fe r ro sa s , um lindo s ím b o lo dos céus. . . Os an tigos davam -lhe g rande va lor, um a das sete pedras po stas sobre 0 peito dos m onarcas babilôn icos. Q uase todas as m inhas fon tes m ostram artigos egípcios de luxo fe ito s de ssa p e d ra ” (J. C oert R y laa rsdam , in lo c .). Cf. Isa. 6.1 e Eze.1.1,26-28.

24.11

N ão houve dano para aqueles que tiveram a visão, com o alguém poderia ter esperado (ver Êxo. 20.19-21). Havia segurança para aqueles que estivessem prepa- rados para receber a visão. Os despreparados tiveram que ficar a respeitável distân- cia. A com unhão com a presença foi selada pela refeição sagrada. “ Eles regozija- ram-se em seus sacrifícios, aceitos de boa vontade”, disse Onkelos sobre este versículo. Cf. Gên. 16.13; 33.30. Ver Juí. 13.22,23 acerca de alguém ter visto a presença de Deus mas ter sobrevivido.

Os escolhidos dos filhos de Israel. Os mesmos “anciãos” do vs. 1, onde dou várias referências a eles. Quando da outorga da lei houve algum acesso a Deus, mas muito longe daquilo que ocorre dentro do evangelho de Cristo. Ver no Dicionário 0

artigo chamado Acesso.

Deus Dá Instruções no Monte (24.12 — 31.18)

Moisés e os Anciãos Sobem ao Monte (24.12-18)

24.12

Sobe a mim ao monte. Por a ss im d ize r , M o isé s su b iu até 0 S a n to dos S a n to s de D eus. Em b reve , 0 S a n to dos S a n to s c e le s te se r ia re p re se n ta d o no ta b e rn á cu lo (ve r no D ic io n á rio 0 a r t igo com esse nom e). Ele tin h a ouv ido o ra lm e n te a lei e a t inh a tra n s m it id o ao po vo de Is ra e l. T a m b é m hav ia rece- b ido e lido d ian te do povo 0 liv ro da a lia n ça (ve r as no tas sobre isso nos vss. 4 e 7). E agora haveria de re ceber 0 au tó g ra fo , ou seja, os dez m andam entos (v e r no D ic io n á rio sob re os D ez M a n d a m e n to s ), e s c r ito s pe lo p ró p rio dedo de Deus.

Nomes Dados às Tábuas:1. Tábuas de pedra (Êxo. 31.18).2. As duas tábuas de pedra (Êxo. 34.1,4).3. Tábuas da aliança (Deu. 9.9,15).4. Tábuas do testem unho (Êxo. 24.29; 31.18; 32.15).

Deus escreveu e exprim iu tanto 0 Seu caráter quanto 0 Seu desejo de comu- nicar-se. O homem foi instruído como deveria aproximar-se do caráter de Deus em seu desenvolvimento espiritual, ao obedecer e incorporar em seu coração toda a vontade de Deus. Os m andam entos destinavam -se ao ensino e à instrução, provendo uma orientação espiritual eficaz.

O texto diante de nós descreve uma experiência mística da primeira ordem. Ver no Dicionário 0 artigo chamado M isticismo. Tomamos conhecimento das coisas mediante a percepção dos sentidos (empirismo), mediante a razão (racionalismo), e mediante a intuição. Mas também podemos aprender muitas coisas espirituais por meio das expe- riências místicas, nos termos descritos no artigo mencionado. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia os artigos intitulados Conhecim ento e a F é Religiosa, que fornece detalhes sobre essas quatro maneiras de se tomar conhecimento das coisas, e Ensino. A revelação divina tem por intuito ensinar, conforme afirma 0 versículo à nossa frente.

O texto à nossa frente (mas não aquele de Êxo. 31.18) não diz que os dez manda■ m entos davam importância às pedras, embora devamos compreender isso. Mas Deu.5.22 contém uma declaração direta nesse sentido. Ver tam bém Êxo. 34.28 quanto a uma declaração direta sobre isso no livro de Êxodo.

24.13

Josué. A gora 0 seu nom e fo i a d ic io n a d o à lis ta do s m in is tro s espec ia is , sendo-nos apresentado pe la prim eira vez com o um a espécie de braço dire ito de M oisés, só perdendo em destaque para Arão. Há um de ta lhado artigo sobre ele no D ic ionário . Este versícu lo não diz espec ificam ente que Josué tam bém subiu ao monte a fim de entrev is ta r-se com Yahweh, em bora essa idéia fique entendi- da. A Septuaginta diz que Josué tam bém subiu ao monte. A rão e outros ficaram

Page 118: At Interpretado- Êxodo

413ÊXODO

ções: 1. Yahw eh ba ixou instruções ace rca da e reção do tabernácu lo e do culto ali e fe tuado (Êxo. 25-31). 2. Em seguida, há descrições de com o 0 traba lho de construção fo i feito, sob a superv isão de Bezalee l e A o liabe (Êxo. 36.1 - 39.32). P raticam ente foi repe tida a to ta lidade dos cap ítu los 25 a 31. 3. Então há outra repe tição da m assa de in fo rm açõ es, depois de M o isés te r recebido todo 0 tra- ba lh o fe ito e te r a p ro v a d o 0 m e sm o (E xo . 3 9 .3 3 -4 3 ). 4. E n tão Y a h w e h deu in s truções ace rca da m o n tag em do ta b e rn á cu lo . 5. F ina lm en te , a m ontagem fo i realizada, descrita com m u itas repe tições (Êxo. 40 .16-33). E 0 tabernácu lo , já montado, fo i abençoado pe la p resença de Yahweh (Êxo. 40.34-38).

25.1

Disse 0 Senhor. A m e nsage m de Y ahw eh an tecedeu a escrita e a en tre- ga das tábuas de pedra, pe lo que os cap ítu los 25 - 31 de Êxodo dão-nos coisas pertinen tes ao cu lto re lig ioso, a com eçar p e la s instruções acerca da ereção do tabernáculo. V er as notas in trodutórias a Exo. 25 quanto a detalhes sobre com o a seção à nossa fre n te a jus ta -se à na rra tiva gerai. M o isés deveria com u n ica r■ se o ra lm e n te com 0 povo , ace rca de sua re ve la çã o d iv ina . M o isés não tinh a inven tado coisa a igum a. Cf. Êxo. 3.2 ,7; 4.1 ,2; 5.1; 6.1; 7.1; 8.1; 9.1; 10.1; 11.1; 12 .1 ; 13.1; 14 .1; 16 .11 ; 19 .3 ; 2 0 .2 ,5 ; 2 4 .1 ,3 e aq u i. A p a rt ir deste po n to , há inúm eras re ferências s im ilares, con fo rm e vai sendo dado 0 m ateria l da revela- ção divina.

Deveria ser levantado 0 santuário do Senhor, 0 tabernáculo (vs. 8). Ver no D/c/o- nárío 0 artigo cham ado Tabernáculo quanto a informações detalhadas, incluindo a questão dos tipos. Quanto a essa questão ver, especialmente, a seção décima, Signifi- cação Espiritual do Tabernáculo.

25.2

Que me tragam oferta, V á r ia s o fe re n d a s fa z ia m -s e n e ce ssá ria s . A ed if ica ção da p r im e ira co n g re g a ç ã o da tra d içã o ju d a ico -c r is tã ex ig iu genero - sas o fe rendas por pa rte do povo, po rque 0 de se rto não d ispunha de recursos próprios para tal ed ificação. G rande parte derivar-se-ia das coisas que os egíp- cios tinham dado aos israe litas, m ed ian te um a generos idade forçada. V e r Êxo. 3.22; 11.2. A lém disso, cum pre-nos lem brar que os israelitas haviam am ealhado m u itas riq u e za s po r si m e sm os, no Eg ito , a p e s a r da o p re ssã o a qu e tinh am sido suje itados. Moisés, pois, exortou 0 povo de Israel a sacrif ica r parte dessas riquezas em favo r da ereção do san tuário portátil, 0 tabernáculo.

As o fe r ta s se r ia m v o lu n tá ria s , in s p ira d a s pe la g e n e ro s id a d e esp ir itu a l. V e r Êxo. 35 .29 . A g ra tid ã o in sp ira 0 h o m em à ge n e ro s id a d e . Fa ze r pa rte de a lgo m a io r do que 0 p róp rio in d iv íd uo ab re 0 seu co ração pa ra a ge nero s ida- de . P o s te r io rm e n te , q u a n d o 0 te m p lo fo i re n o v a d o (I R e is 1 2 .4 ,5 ) , o fe r ta s v o lu n tá r ia s n o v a m e n te a c u d ira m à n e c e s s id a d e . D eus am a a qu em dá com a leg ria (II Cor. 9.7).

“A ereção de santuários é uma das melhores ocasiões para os homens mostra- rem sua gratidão a Deus, dando-Lhe algo que lhe pertence, abundante e liberalmente” (Ellicott, in loc.).

25.3

Ouro, prata e bronze. Três metais preciosos, alistados segundo a ordem de seu valor. Todos os três metais, do m ais d ispendioso ao mais barato, serviriam para 0 fabrico de itens do templo. Cf. a metáfora de Paulo sobre os materiais de edificação na vida espiritual (I Cor. 3.12 ss.). Os homens mais pobres, que não pudessem doar nem ouro e nem prata, podiam dar cobre. Cada dádiva teria sua utilidade; e cada indivíduo seria abençoado por dar 0 que pudesse.

Israel Tinha Recursos Próprios: Aquilo que eles tinham tomado dos egípcios (Êxo. 3.22; 11.2). Também devemos pensar no que eles tinham acumulado durante 0 exílio, e também 0 que haviam tom ado dos am alequitas com o despojo (Êxo. 17). Ver em Êxo. 35.22,24 0 que seria possível amealhar. O ferro não é mencionado, pois esse metal limitar-se-ia ao fabrico de instrumentos agrícolas e armas de guerra. Há vários artigos sobre os metais mencionados, no Dicionário. A tenda, um lugar pacífico, não precisaria de um metal usado em matanças.

Tipos. Os eruditos cristãos exageram sobre a questão dos tipos envolvidos no tabernáculo. Dou apenas alguns exemplos disso, Os materiais e suas cores recebem sentidos simbólicos: 0 ouro (a deidade em suas manifestações, e até mesmo a deidade de Cristo, João 1.1,14). A prata (a redenção, Êxo. 30.12-16; 38.27). O bronze (julgamento, como foi 0 caso do altar e da serpente de bronze, Núm. 21.6-9). Na décima seção do artigo intitulado Tabernáculo, no Dicionário, apresentei aqueles tipos que considero váli- dos e mais importantes. Mas outros tipos podem ter algum valor e validade.

25.4

Azul e púrpura e carmesim. Essas cores tam bém têm recebido sentidos simbólicos: Azul, a cor celeste, a esp ir itualidade. A púrpura, a realeza. O carm e­

Quarenta dias e quarenta noites. Na B íb lia há d iversos pe ríodos de qua- renta dias, e todos eles revestem -se de um sen tido especia l. Há um artigo sobre essa questão. Ver no D ic ioná rio 0 a rtigo cha m ado Q uaren ta . U sualm ente , esse núm ero ind ica um pe ríodo de te s te e p re p a ra çã o esp e c ia l. O tre ch o de Deuteronôm io 9.9 d iz-nos que Moisés, durante todo esse tem po, nada com eu e nem bebeu. Foi esp ir itua lm ente sustentado. Esse fenôm eno tem sido conhecido com o experiência de pessoas especia lm ente santificadas, as quais, pelo menos durante algum tem po, podem passar sem os meios fís icos ordinários de susten- to. Há um a espécie de sustento espiritual desconhecido, acerca do qual não dis- pom os nem de descrições e nem de defin ições, mas tão-som ente sabem os que esse fenômeno, ocasionalm ente, pode acontecer.

. .a lgo m a io r do que nós m e sm o s tem e s ta do em o p e ra çã o em nós e através de nós. Assim foi a experiência de Moisés. O povo de Israel tinha avança- do muito: estavam em segurança, fora do Egito; e agora estavam nos prim eiros estágios de um a organização, tendo escapado de d iversos desastres. Éu jamais poderia te r fe ito tal co isa por m im m esm o. A TI, Y ahw eh, é toda a m inha grati- dão e lealdade!” (J. Coert Rylaarsdam, in loc., ao c ita r 0 livro The G reen Pastures, de Connelly).

“Tanto 0 seu corpo quanto a sua alma foram sustentados pela presença revigoradora de D e u s . . . Assim tam bém Elias jejuou por quarenta dias e quarenta noites, sustentado pelo mesmo poder (I Reis 19.8)” (Adam Clarke, in loc.). Cf. tam bém a experiência de Jesus, em Mateus 4.2, que envolveu outro período de quarenta dias.

Capítulo Vinte e Cinco

Direções para a Construção do Tabernáculo (25.1 — 27.21)

V er a planta, um gráfico do tabernácu lo , nas notas de introdução a Êxo.26.1.

M oisés subiu no m onte Sinai por duas vezes, a fim de e n trev is ta r Yahw eh e para receber a lei. A p r im eira sub ida ficou re g is trad a em Êxo. 19; e a segun- da, em Êxo. 24. A lei fo i dada, p r im e ira m en te , sob form a o ra l; e m ais ta rde foi escrita no livro da aliança (Êxo. 24.4,7). Em seguida, os dez m andam entos (ver a re sp e ito no D ic io n á rio ) fo ra m e sc r ito s sob re tá b u a s de pe d ra pe lo p róp rio Y ahw eh . A n te s de se rm o s in fo rm a d o s de qu e M o isé s re cebeu as tá b u a s de pe d ra (ve r Êxo. 2 4 .12 q u a n to ao s v á r io s n o m es que lh e s são d a d o s no Penta teuco), há um a longa seção que inclui questões re la tivas aos sacerdotes (ca p ítu lo s 25 - 31). P arte d isso é a seçã o que te m o s à fre n te , as in s truções ace rca da e reção do ta b e rn á c u lo e do s m a te r ia is que d e ve ria m ser usa dos. P repare i um artigo de ta lhad o sobre 0 T a bernácu lo , que 0 le ito r poderá exam i- na r no D ic ionário . Aque le a rtigo fo rnece todas as in fo rm ações básicas, incluin- do a questão dos tipos, que têm sido grandem en te exagerada por certos erudi- tos cristãos.

O capítulo trinta e dois rein icia a narrativa interrompida no fim do capítulo vinte e quatro. Moisés desceu do monte com as duas tábuas de pedra, e descobriu que 0 povo de Israel já havia caído no pecado de idolatria, e que A rão estava liderando tal culto! G era lm en te sucede que fra cos e fo rtes se m istu ram na revolta contra Deus. M o isés estívera no monte, em com panh ia de Yahweh, recebendo a lei (0

forte), ao passo que Arão, à distância liderava 0 povo em sua idolatria (os fracos). O ser humano, individual ou co le tivam ente, é um a m escla de elem entos fortes e fracos. Paulo sentia-se desolado diante dessa condição hum ana (ver 0 sétimo ca- pítulo da epístola aos Romanos). O hom em espiritual fica deso lado pelo mesm o motivo, mas 0 crescimento espiritual prossegue, apesar dos retrocessos, internos e externos.

Poderíamos considerar 0 relato anterior com o uma descrição de como a Igreja prim itiva foi organizada, com base na tradição judaico-cristã. A tenda era 0 lugar onde Deus e 0 homem podiam encontrar-se. A tenda, pois, está prenhe de simbolismos importantes no que tange a essa questão. A tenda, também chamada tabernáculo, era uma estrutura portátil que Israel transportou em suas vagueações pelo deserto, durante quase quarenta anos.

A tenda era a casa de D eus. Q uanto a vá r io s de ta lhes era s im ila r às resi- dências orientais dos mais abastados. Essas res idências orienta is tinham um Ia- va tó rio convenien tem ente co locado perto da entrada, a fim de que aqueles que entrassem, incluindo visitantes, pudessem lavar suas mãos e seus pés (Gên. 18.4; 43.24; João 13.5). Isso prefigurava 0 trecho de T ito 3.5. Tam bém havia candeei- ros (Zac. 4.2), a mesa onde eram servidas as refeições, e vários com partim entos, inc lu indo os m ais in te riores, que não eram fra n q u e a d o s aos v is itan tes . Mas a pr im e ira Igreja de Deus era um a tenda, s ím bo lo da tra ns ito r ie dad e que exigiu, finalm ente, a construção do tem plo de Jerusalém , um a ed ificação permanente. E isso con tem p lava 0 fu turo, quando 0 hom em seria esse tem plo , a hab itação do Espirito. Ver Efé. 2.19 ss.

/ Is C inco D eclarações acerca do tabernáculo, com sua estrutura e seus mó- veis e utensílios. O livro de Êxodo con tém m uitas repetições, uma característica literária do au tor sagrado, 0 que se ev idenc ia c la ram ente nessas cinco de c la ra ­

Page 119: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO414

sem dúvida, tinham suas jóias, e algumas delas estariam dispostas a doá-las para 0

serviço do Senhor. Como é óbvio, Israel tinha acumulado muitos itens de luxo durante suas muitas décadas no Egito. Embora oprimidos, eles conseguiram obter coisas de valor. Os trechos de Êxodo 28.6-12 e 28.13-50 dão detalhes sobre os itens referidos neste versículo.

25.8,9

Um santuário. O u s e ja , 0 ta b e rn á c u lo (ve r a re s p e ito no D ic io n á r io ), luga r on de a p re se n ça de D eus p o d e r ia m a n ife s ta r-s e de m odo e sp ec ia l. O te rm o s a n tu á rio re fe re -s e á in te ira á rea s a g ra d a fech a d a , in c lu in d o 0 á tr io . Fo ram b a ixa d a s in s tru ç õ e s d iv in a s q u a n to à sua co n s tru ç ã o (Êxo . 2 5 .9 ,40 ; 26 .30 ; 2 7 .8 ). D eus fo i 0 seu a rq u ite to . O tre ch o de I Crô. 28 .19 d iz -n o s que houve a lgum m ode lo d iv ino en vo lv id o na e s tru tu ra , e que os jude us to lam en- te im a g in a ra m que h a v ia um ta b e rn á c u lo p a ra le lo m a is e leva do , no p ró p rio céu , e que fo i co p ia d o do ta b e rn á c u lo te r re s tre . E ssa idé ia , pa re c id a com a dos un ive rsa is e os p a rticu la res de P la tão , é ven tila da em Heb. 9.23 ss, onde há no tas c o m p le ta s no N ovo T e s ta m e n to In te rp re ta d o . “A noção de um m o- de lo ce lestia l de tem plos , ob je tos de cu lto e leis é un ive rsa l no an tigo O riente P ró x im o ” (J. E dga r P a rke , in Io c .). “ A ss im co m o a ob ra de c r ia çã o p re c iso u de s e te d ia s , e a ss im co m o a e d if ic a ç ã o do s e g u n d o te m p lo o cu p o u se te anos (I Reis 6 .38), ass im ta m b é m a e reção do ta b e rn á cu lo p rec isou de sete m e ses (cf. Êxo. 19.1 ss .; 2 4 .1 8 ; 34 .2 8 ; 4 0 .1 7 ). A n a rra t iv a de Êxo. 39 .1-31 d iv ide -se em se te p a rá g ra fo s , a s s in a la d o s pe la e xp re ssã o ‘e Y ahw eh orde- nou a M o is é s ’ ; 0 que ta m b é m se vê em Êxo. 4 0 .1 7 -3 2 . O e d ito r a r ra n jo u a série de co m ando s em sete seçõ e s (25.1 ss.), cada qual com eçand o com as pa la v ra s e Y׳ ahw eh fa lo u a M o isé s , d iz e n d o ’ . A lg u m a s das seções, po r sua vez, estão su b d iv id id a s em sete partes , cada qual com eçando pe las pa lavras ‘e fa rá s ” . (J. C oert R y laarsdam , in Ioc.). Ass im , 0 reg is tro escr ito fo i fe ito com grande prev isão e execução, v is to es ta rem sendo tra tada s questões de gran- de im po rtân c ia .

Para que eu possa habitar no meio deles. Um lugar onde a presença divina pudesse ter com unhão com os homens, na verdade um lugar humilde em com paração com as riquezas do culto do Egito e de outras nações, mas um lugar onde havia reais m anifestações da divindade, e não próprias da idolatria. Ver também Êxo. 29.42-46; 40.34-38 quanto à ênfase sobre a habitação entre os homens. Como é claro, isso tipificava a encarnação do Logos (João 1.1,14), a habitação maior e 0 acesso superior (ver no Dicionário 0 verbete Acesso, como também 0 trecho de Atos 7.48).

O Tipo. No artigo intitu lado Tabernáculo, no D icionário, em sua décima seção, apresento as principais lições espirituais e os tipos envolvidos na estrutura e em seu culto. Adiciono aqui algumas notas sobre 0 tipo envolvido:

Um Tipo Tríplice:1. A Igreja (0 tabernáculo ou tem plo do Novo Testamento) é 0 lugar da habitação

do Espírito de Deus (Êxo. 25.8; Efé. 2.19-22).2. O tabernáculo tipificava 0 crente individual, por igual modo (II Cor. 6.16).3. Em seus vários itens de construções e de mobiliário, representava vários aspectos

do caráter, do poder e das graças de Cristo, sendo uma figura de coisas celestiais(Heb. 9.23,24).Assim, na arca, feita de madeira revestida de ouro, temos 0 símbolo da

natureza d iv ino-hum ana de Cristo. Sua lei tem parale lo na lei do Espírito, implan- tada no coração do crente. A ressurre ição é tipificada na vara de Arão que flores- ceu (Núm. 17.10). O propiciatório ou tam pa da arca refere-se à graça da expia- ção. Ver no D icionário os artigos P rop iciaçáo e Expiação. Podem ser vistos mui- tos outros tipos e símbolos espirituais, alguns deles de caráter dúbio, e que vou mencionando enquanto avançamos.

A Arca da Aliança (25.10-22)

25.10

O trecho de Êxo. 25.10-22 fornece um a longa e detalhada descrição da Arca da A liança. No D ic ioná rio há um de ta lhado artigo intitu lado A rca da A liança, que 0 le itor precisa examinar. Esse artigo é enriquecido com ilustrações e desenhos, que ajudam 0 le itor a v isua liza r m e lhor a questão. No fim do artigo, apresento os Sím bolos E sp iritua is Envo lvidos na A rca. Assim, as notas sobre os vss. 10-22 são suplementares.

“Tudo começava pela arca, a qual, no tabernáculo terminado, foi posta no Santo dos Santos, por motivo de revelação. Deus começa por Si mesmo, e, então, estende-se na direção do homem, tal como, na adoração, 0 adorador começa por si mesmo e, então, estende-se na direção de Deus, no Santo dos Santos. A mesma ordem é segui- da nas oferendas levíticas (Lev. 1 - 5). Ao aproximar-se, 0 homem começa no altar de bronze, tipo da cmz, onde, no fogo do julgamento, fez-se expiação” (Scofield Reference Bible,Ί η Ioc.).

sim, os sacrifícios; e, naturalmente, em Cristo, essas cores teriam sentidos, e não so- mente no tabernáculo. Ofereci artigos na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia sobre as três cores mencionadas neste texto. Ver no Dicionário 0 artigo geral chamado Cores. Esse artigo é detalhado e inclui símbolos espirituais e psíquicos relacionados às cores.

Linho fino. Ver no D icionário 0 verbete Linho. O linho fino era um produto egíp- cio, usado em vestes dispendiosas ou para envolver múmias. Os sacerdotes de Israel usavam vestes feitas de linho.

«r

Pêlos de cabra. Ver 0 artigo sobre esse material, nas notas sobre Êxo. 26.14. Cf. Êxo. 35.25,26. Os pêlos de cabra eram usados no fabrico de um tecido muito durável, usado para cobrir tendas e fazer vestes das mais resistentes. O material foi usado para encobrir 0 tabernáculo (Êxo. 26.7-14).

25.5

Peles de carneiros. No hebraico, or, indicando peles de carneiros tingidas de vermelho, usadas com o a quarta cobertura do tabernáculo (aqui e em Êxo. 26.14; 36.19; 37.7,23; 39.34). Peles de carneiros, tratadas com azeite, até hoje, são usadas pelos pastores do Oriente Próximo. Elas fornecem um a boa proteção contra 0 vento e a chuva. Os sírios continuam tingindo essas peles de vermelho, esfregando-as com um corante dessa cor. Então com essas peles são fabricados sapatos e sandálias.

Peles de animais marinhos. Ver 0 artigo sobre esse material no Dicionário. Esse material também foi usado para cobrir a arca da aliança, quando os israelitas se pu- nham em marcha (Núm. 4.6 ss.; ver também Eze. 16.10). No artigo mencionado, fome- ci detalhes a respeito.

Madeira de acácia. A p re se n te i um d e ta lh a d o a rtigo sobre esse m a teria l no D ic io n á rio . E ssa m a d e ira e ra c h a m a d a , no h e b ra ico , s itim . Era m a de ira exce le n te pa ra fa b rica r m ó ve is , e até ho je é usa da com essa fin a lid a d e . Foi pa ra fab rica r m óve is que ela foi usada no ta b e rn á cu lo . T a m bé m foi usada no fab rico de tábuas, que serv ia m de sup o rte s das pa redes do tab e rn ácu lo . Êxo. 26.15,26,32,37; 27.1,6; 30.1; 35.7 quanto a a lguns de seus usos no tabernáculo. U m a espéc ie de m ade ira de acá c ia era m u ito ab und a n te no de se rto ao redor do m onte S inai. Essa m adeira é conhec ida po r sua du rab ilidade.

25.6

Azeite. Ver no D icionário 0 verbete intitu lado A zeite (Ó leos). O azeite usado nas lâmpadas era azeite de oliveira (Êxo. 27.20,21).

O óleo de unçâo. O ó le o de o l iv e ira e ra m is tu ra d o com e s p e c ia r ia s p a ra e fe ito de u n çã o (Ê xo . 3 0 .2 2 -3 3 ) . O tre c h o de Ê xo . 3 0 .3 4 -3 8 a lis ta as esp ec ia ria s usadas com esse p ropós ito . Os ó leos e as esp ec ia ria s eram , com fre q ü ê n c ia , tra z id o s com o dá d iva s , de p a íse s e s tra n g e iro s , v is to que faz iam p a rte das o fe re n d a s a p re s e n ta d a s p e lo s l íd e re s do p o vo de Is ra e l (Êxo. 34 .27,28).

O s a n tu á r io a ser e r ig id o (vs. 8), p re c is a r ia de i lu m in a ç ã o . A ze ite e luz fa la m do E sp irito S anto e S uas q u a lidad es , e, na tu ra lm en te , Jesu s é a luz do m undo. J0S0 1.4,5; 8.12. A lguns in té rp re tes c ris tãos pensam nesse s im bolism o do azeite e da luz.

25.7

Pedras de ônix. Ver sobre essa pedra em Gên. 2.12. O term o ôn ix depende da Septuaginta, embora a natureza exata dessas pedras seja incerta.

Pedras de engaste. Essas outras pedras, que não são descritas, foram realmente usadas, conforme se vê confirmado em Êxo. 28.15-20. Mas ali também não há confír- mação da identificação de tais pedras. Cf. Êxo. 35.9,27. Estão em pauta pedras precio- sas ou semipreciosas, que foram usadas para decorar 0 peitoral do sumo sacerdote.

A estola sacerdotal. Ofereço um artigo detalhado sobre a esto/a (cobertura). Ver no Dicionário 0 artigo chamado Estola. Era uma peça ajustada ao corpo, sem mangas, de variados comprimentos. Os sacerdotes levitas usavam estolas de linho, mas os su- mos sacerdotes tinham estolas bordadas em ouro, azul, púrpura e escarlate. Meu artigo adiciona muitos detalhes, incluindo aqueles derivados das descobertas arqueológicas.

O peitoral. Ver no Dicionário 0 verbete Peitoral do Sum o Sacerdote. Duas pedras, talvez de ônix ou de sardônio, _eram inseridas na estola. Mas no peitoral havia doze pedras, todas elas diferentes (Êxo. 28.17-20). Essas pedras representavam as doze tribos de Israel.

Mui provave lm ente essas pedras_preciosas foram tom adas por em préstim o dos egípcios, por parte dos israelitas (Êxo. 3.22; 11.2). Mas as mulheres israelitas,

Page 120: At Interpretado- Êxodo

A PLANTA DO TABERNÁCULO

Corte externa 5 metros

Arca

Terceira cortina

Altar de incenso

Mesa da \ exposição

do pão

Segunda cortina

Corte externa

Fonte batismal\

Corte externa

Primeira cortina

Entrada

10 metros

Candelabro

O Tabernáculo foi construído de tal modo que Israel, ao andar pelo deserto, podia carregar sua igreja, montando-a e desmontando-a, como necessário, em suas repetidas jornadas.

Page 121: At Interpretado- Êxodo

SIMBOLISMOS DO TABERNÁCULO

1. Da igreja como a habitação de Deus através do Espírito: Êxo. 25.8; Efé. 2 .19-222. Do crente: II Cor. 6 .163. Um a figura das coisas nos céus: Heb. 9 .23,244. O propiciatório, 0 trono de Deus; Seu lugar de manifestação: Gên. 3.24; Eze. 1.6; Rom. 3.155. A encarnação de Cristo: Col. 1.196. Graus de acesso a Deus, simbolizados por suas três cortinas e compartimentos internos.

As divisões foram anuladas em Cristo: Heb. 10.10 ss.7. A auto -reve lação divina e 0 progresso em revelação: Apo. 2 1 .3 . A revelação traz a

salvação como seu maior benefício.8. O tab ern ácu lo era 0 centro da vida de Israel. As tribos a c a m p a v a m ao redor dele.

Q u an do substituiu 0 tabernáculo , 0 Templo se tornou 0 centro da atenção de Israel. Na época no Novo Testamento, 0 Espírito transforma cada pessoa em um templo e ali habita.

r

Page 122: At Interpretado- Êxodo

417ÊXODO

Podia-se tocar nos varais quando 0 transporte da arca se fazia necessário. Mas tocar na arca propriamente dita podia ser fatal (II Sam. 6.6,7). Isso alude à solenidade do poder divino, representado pela arca.

25.16

O Testemunho. Este deveria ser posto no in te rio rd a arca. Devemos entender que esse testemunho eram as duas tábuas da lei. Ver Êxo. 24.12 quanto aos vários títulos conferidos ao decálogo, ou seja, os dez mandam entos. Ver também, no Dicio- nárío, sobre os D ez M andam entos. Ver Êxo. 25.21 e Deu. 10.2. Os povos antigos depositavam seus ídolos em caixas que consideravam sagradas, mas Israel guarda- ra na arca a Palavra do Senhor. Essa lei era 0 testemunho da santidade de Deus e contra 0 pecado (Deu. 31.25). A arca veio a ser conhecida como Arca da Aliança por causa da presença das duas tábuas da lei, ali guardadas (Êxo. 25,22; 26,34; 30.6,26; Núm. 4.4; 7.89; Jos. 4.16). Ver 0 décimo versículo deste capítulo quanto aos vários nomes dados à arca.

O testem unho era a veracidade de Yahwismo, as justas exigências do Senhor: contra qualquer outra forma de culto; contra a idolatria; em favor da santidade e contra 0

pecado. Essa era a essência da legislação mosaica. Ver nos Artigos Introdutórios, no primeiro volume desta obra, aquele intitulado Lei no Antigo Testamento, em sua quarta seção, Lei.

O trecho de H ebreus 9.4 ,5 ad ic iona itens, dentro da arca, sobre os quais 0

A ntigo Te s tam e n to nada ind ica . Isso ta lve z re flita um a s ituação posterior, que nunca foi regis trada por escrito. A lguns erud itos pensam que houve um erro por parte do au to r da que la ep ís to la . A ques tão é long am e n te com entada no N ovo T e stam e nto in te rp re ta d o , in loc. O au to r da ep ís to la aos H ebreus fa la sobre 0

maná e a vara de Arão.

25.17

Um propiciatório. Há um d e ta lh a d o a r t ig o sofcre esse item, no D ic io n á - rio . O p ro p ic ia tó r io e ra a ta m p a da a rc a da a lia n ç a , um a c h a p a s ó l id a de ouro, cu ja s d im e n s õ e s a p ro x im a d a s e ram 1,11 m x 0 ,67 m. Fo rm a n d o um a ún ica peça com essa chapa, hav ia do is querub ins , um de fren te pa ra 0 outro, com asa s ab erta s , que se to ca va m no alto , e que enc im avam 0 p rop ic ia tó r io (Ê xo . 2 5 .1 7 ,2 2 ). No h e b ra ic o te m o s 0 te rm o ka p p o re th , “ sede da m ise r icó r- d ia ” , em p o rtu g u ê s g e ra lm e n te t ra d u z id o p o r “p ro p ic ia tó r io ” , ou se ja , 0 luga r onde D eus se m o s trava p ro p íc io ao hom em . O p rop ic ia tó rio p rovia tan to um a ta m p a p a ra a a rc a co m o ta m b é m e ra 0 lu g a r o n d e 0 sa n g u e do s a c r if íc io an u a l era p o s to . A li e ra 0 lu g a r o n d e , p o r m e io de sa n g u e , os p e ca d o s de Israe l eram co b e rto s , ou se ja , e xp ia d o s (Lev. 16 .2 ,13 -15 ). Era 0 ob je to m a is s a g ra d o do S a n to do s S a n to s ; e ra 0 p ró p r io tro n o de Y a h w e h ” (J. C o e rt R y laarsdam , in lo c .).

Naturalmente, Cristo é a nossa propiciação, pelo que a tampa da arca era um tipo Dele mesmo e de Sua expiação, efetuada no Calvário. Ver no Dicionário os artigos intitulados Expiação e Propiciação.

No dia da expiação, uma vez por ano, era sobre 0 propiciatório que 0 sumo sacer- dote aspergia 0 sangue (Lev. 16.1-20; Êxo. 30.10). Portanto, temos aí um símbolo do Cordeiro de Deus (João 1.29), 0 qual fez expiação por nossos pecados (Rom. 3.25; Heb. 9.11 ■14), por meio de Seu sangue (I Ped. 1.18,19).

Por assim dizer, 0 propiciatório era 0 estrado do trono do Senhor (I Crô. 28.2; Sal. 132.70), e era considerado 0 lugar onde Yahweh se encontrava com 0 representante sacerdotal do povo de Israel (vs. 22).

O propiciatório era feito de uma só peça de ouro puro, sem a menor dúvida 0 mais valioso e precioso item isolado do tabernáculo, 0 que mostra a grande importância dada ao mesmo. Tem-se calculado que pesava trezentos quilogramas de ouro, 0 que é uma prodigiosa quantidade de ouro!

25.18

Dois querubins de ouro. Ver no D icionário 0 artigo Querubim . O fabrico das imagens dos dois querubins do tabernáculo foi um a exceção à regra que não fosse feita qualquer imagem de escultura por parte de Israel. Ver no Dicionário estes três artigos: Im agem de Escultura; Im agem Esculpida (Fundida) e Idolatria. Al- guns estudiosos cristãos têm-se apegado a esse fato para justificar 0 uso de imagens na Igreja. Entretanto, devem os lembrar que sob nenhum a hipótese os querubins eram adorados ou venerados, 0 que já não se dá com as imagens usadas na cristandade. Portanto, não há qualquer analogia. As imagens dos querubins eram as guardiãs sim- bólicas do recinto sagrado. Ver Gên. 3.24; Eze. 28.14 quanto ao trabalho dos querubins, aqueles seres angelicais. Ver no Dicionário 0 verbete Anjo. Os querubins, quando re- presentados, usualmente tinham rostos humanos e corpos de animais. Os dois quembins fom avam uma só peça com 0 propiciatório e, por assim dizer, sombreavam a presen- ça divina, simbolicamente contida na arca.

Em alguns países, a arqueologia tem descoberto figuras aladas, com o grifos, touros e ou tros an im ais, a lguns de les com rostos hum anos, que serviam de de- coração de santuários sagrados. Os querub ins indicavam rapidez (voavam, gra- ças às suas asas) e força. O artigo sobre os querub ins , no D ic ionário , fornece

Ver 0 diagrama que mostra 0 p lano do tabernáculo, no com eço da exposição sobre 0 capítulo vinte e seis do Êxodo. O leitor poderá observar, por meio desse diagra- ma, a localização exata dos vários itens do tabernáculo.

“ Foram descritos vários itens do m o b iliá rio do tabernácu lo (Êxo. 25.10-40), an tes da de scrição do p róprio ta b e rn á cu lo (Êxo. 26), po r cau sa de sua m a io r im p o rtân c ia , po is 0 ta b e rn á cu lo s e rv ia pa ra p ro te g e r esse m o b iliá rio . O m ais importante desses itens do tabernáculo foi descrito em prim eiro lugar. Era a úni- ca peça posta de ntro do segundo com p a rt im e n to do ta b e rn ácu lo , 0 S anto dos Santos” (John D. Hannah, in loc.).

Seus Nomes. No hebraico, a arca tem 0 sentido de caixa ou cofre.1. Arca (Êxo. 25.10).2. Arca do testemunho (vs. 22).3. Arca da aliança do Senhor (Núm. 10.33; Deu. 10.8; 21.9,26),4. Pelo nome de Deus (I Crô. 13.6).

D im e n sõ e s : No p r im e iro p a rá g ra fo do a r t ig o ch a m a d o A rca da A lia n ça , dou as d im ensões da arca no pa d rã o m e tro , pa ra os le ito res de língua portu- guesa . V e r no D ic io n á rio ace rca de sse s d e ta lh e s de to d o s os iten s en vo lv i- dos.

A arca foi feita de m adeira de acácia, 0 que abre um verbete no Dicionário. Ver também 0 vs. 5 do presente capítulo. Os emditos evangélicos vêem nisso a humanida- de de Cristo tipificada. A madeira de acácia, uma espécie vegetal típica do deserto, é um tipo apropriado de Cristo em Sua humanidade, com o raiz que brota de uma terra seca (Isa. 53.2).

25.11

De ouro puro. A arca era forrada por dentro e por fora com uma beirada de ouro. A bordadura de ouro parece te r tido a form a de um cabo tipo corda ou faixa, que circundava a caixa à meia altura, ou talvez, em uma das extremidades. Os eruditos evangélicos vêem no ouro um símbolo da deidade de Cristo, 0 aspecto mais preciso e esplêndido de Sua pessoa. Cf. Can. 5.10-16. Quanto à bordadura, que uma versão traduz com o “coroa”, comentou Ellicott, in Ι ο σ . “Uma tira ou borda de ouro ao redor do extremo superior da caixa. O objeto provavelmente tinha por finalidade guar- dar 0 kapporeth, ou lugar da expiação”.

25.12

Quatro argolas de ouro. Essas argolas foram postas nos cantos da arca. Alguns eruditos preferem pensar nos pés da arca (de acordo com uma outra tradução do texto hebraico). Essas argolas serviam para transportar facilmente a arca, pois havia varas para serem enfiadas nessas argolas (vss. 13,14). Assim sendo, talvez a arca tivesse quatro pés, onde também havia argolas; ou, então, essas argolas tivessem sido postas nos quatro cantos, e os varais passavam por dentro dessas argolas, tudo dependendo de como traduzirmos 0 texto hebraico envolvido. Os pé s podem ter sido apenas uma referência aos quatro cantos inferiores, e não a pés colocados ali. Nesse caso, os varais passavam por baixo da arca, através de argolas, e não nos cantos superiores da mes- ma.

25.13,14

Os dois varais eram feitos de madeira de acácia e recobertos de ouro. Esses varais passavam pelas argolas que havia ou nos cantos superiores ou nos cantos inferiores da arca, mais provavelmente nos cantos inferiores. Os varais foram fixados nas argolas, provendo uma maneira fácil de transportar a arca. A arca não era usada para ser levada em procissões, conforme faziam os egípcios e outros povos antigos, em suas práticas idólatras, quando expunham seus ídolos em cortejo religioso. Antes, os dois varais serviam tão-somente para transporte da arca, enquanto Israel se locomovia pelo deserto.

Os eruditos cristãos vêem os ministros de Cristo tipificados nessas argolas, que proviam um meio de transporte. Tam bém eram enriquecidos com madeira e metal preciosos, 0 que representaria os seus dons espirituais.

Quando a arca foi posta no seu lugar de descanso, no Santo dos Santos do templo de Jerusalém, suas varas podiam ser vistas desde 0 Lugar Santo (I Reis 8.8). Alguns estudiosos vêem nisso as atividades e grande nobreza de Yahweh, 0 Deus de ação e de transformação.

25.15

Os varais ficarão nas argolas, Aquela era a sua posição fixa, pois faziam parte integral da estrutura, não sendo apenas apêndices para facilitar 0 transporte da arca. Al- guns estudiosos vêem nisso a mobilidade do culto a Yahweh; mas muitos evangélicos vêem nisso a permanência dos ministros de Cristo e 0 uso contínuo de seus dons, no serviço prestado ao Senhor. Os povos antigos dispunham de suas caixas sagradas, onde guardavam os seus ídolos. Alguns pagãos concebiam a arca como um deus de Deus (I Sam. 4.6,7). No entanto, apenas representava 0 poder ou atuação de Yahweh.

Page 123: At Interpretado- Êxodo

OS MÓVEIS NO TABERNÁCULO

Item Referências Simbolismos

1 .A arca e sua tam p a (Propiciatório)

Êxo. 2 5 .1 0 -2 2 ; 3 7 .1 -9 A cobertura: a exp iação , esconder 0 pecado A arca: a p resença de Deus; 0 local de sacrifício; perdão dos pecados; 0 local de reve lação

2. A m esa e seu pão Êxo. 2 5 .2 3 -3 0 ; 3 7 .1 7 -2 4 O pão do céu: a l im entação espiritual e suprim ento das n ecess idades espirituais

3 . 0 candelabro Êxo. 2 5 .3 1 -3 9 ; 3 7 .1 7 -2 4 A ilum inação espiritual; 0 Espirito com o 0 iluminador; um guia para 0 cam inho

4. 0 altar de incenso Êxo. 3 0 .1 -1 0 ; 3 7 .2 5 -2 8 A intercessão do Espírito; as o p e raçõ es do Espírito

5 . 0 altar de ofertas q ue im ad as

Êxo. 2 7 .1 -8 ; 3 9 .1 -7 Expiação; perdão; reconciliação

6. A fonte batismal Êxo. 3 0 .1 7 -2 1 ; 38 .8 A lim peza do pecado; a purificação

SIMBOLISMOS E CONTRASTES

A arca continha a lei que condenava. A expiação de Cristo anulou 0 pecado.

Eis 0 cordeiro de Deus que tira 0 pecado do mundo!J oão 1 .29

A mesa e seu pão eram símbolos da alimentação espiritual dada de modo preliminar.

Não foi Moisés quem vos deu 0 pão do céu. O verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá.

J oão 6 .32

O candelabro simbolizava a luz de Deus, mas Cristo ilumina a todos os que vêm a este mundo.

A verdadeira luz... ilumina a todo homem.

João 1.9

Os sacrifícios foram feitos ad infinitum, mas Cristo ofereceu 0 sacrifício perfeito e final.

Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.

H e b reu s 10 .10

Page 124: At Interpretado- Êxodo

419ÊXODO

M edidas da Mesa. Essas dimensões eram, aproximadamente, um metro de com- primento, meio metro de largura e setenta e cinco centímetros de altura, Era feita da preciosa madeira de acácia (ver a esse respeito no Dicionário), recoberta de ouro (vs, 24), 0 que tem feito alguns estudiosos cristãos verem a humanidade e a deidade de Cristo.

O s p ã e s da p ro p o s iç ã o e ram p o s tos sob re essa m esa (vs. 30), se rv in do e les de sím bo lo de C ris to, 0 pão da vida, onde aparecem as notas expositivas a respeito.

25.24

De ouro puro a cobrirás. Assim diz 0 original hebraico, ao passo que a Septuaginta exagera e diz que a mesa foi feita de ouro puro, à semelhança do propíciatório. “Algumas vezes a mesa era chamada de ,mesa de ouro puro' (Lev. 24.6), por causa do ouro puro com 0 qual ela era recoberta” (J. Edgar Park, in loc).

A mesa tinha uma bordadura de ouro, ou seja, uma beirada de ouro, evidente- mente feita para impedir que os pães postos sobre a mesa escorregassem pela beira da mesa e se contaminassem em contacto com 0 solo. Esse item poderia ser aquele do vs. 25, onde são dados outros detalhes. Mas alguns eruditos supõem que naquele versículo está em pauta alguma form a de beirada separada. A bordadura do vs. 24 aparentemente era uma estrutura elevada que percorria toda a beirada da mesa, em seus quatro lados.

25.25

Moldura ao redor. Temos aqui outra beirada ou moldura. “A representação da m esa dos pães da proposição, no arco de Tito, em Roma, dá-nos a m e lhor idéia dessa moldura. Era uma barra chata a meio caminho entre a parte superior e a parte m ais inferior da m esa, ligando as quatro pernas entre si, m antendo-as assim no lugar. Seu ornam ento de ouro deve ter servido som ente com o enfeite” (Ellicott, in loc.). Os especialistas judeus não concordam quanto à natureza exata e a posição dessa moldura, e talvez Ellicott tenha expressado a questão melhor do que ninguém.

25.26,27

Quatro argolas de ouro. O m esm o tipo de provisão para 0 transporte da arca foi feito para a mesa (ver os vss. 12-14). A palavra “cantos”, uma vez mais, tal com o no caso da arca, poderia ind icar os quatro cantos superiores ou, então, que estavam na parte mais inferior das pernas da mesa. Mas no caso da mesa, é dito especificamente que tais argolas estavam nos pés da mesa. Assim, a mesa era trans- portada mediante varais postos dentro de argolas que estavam nas extremidades inferi- ores das pemas da mesa. Por conseguinte, é provável que houvesse 0 mesmo arranjo no caso da arca. Portanto, havia uma argola no fim inferior de cada perna da mesa. Os varais postos ali facilitavam 0 transporte da mesa. Israel, ao locomover-se pelo deserto, jamais se desfazia da mesa. A mesm a era carregada elevada sobre os ombros dos homens que a transportavam, conforme é retratado nas gravuras do arco de Tito.

25.28

Os varais eram feitos de madeira de acácia recoberta de ouro, tal com o os varais da arca (Éxo. 25.13, onde as notas aplicam-se aqui também). Todavia, não é dito aqui que os varais deveriam ser fixados permanentemente às argolas da mesa, conforme se via no caso da arca (vs. 15); mas alguns estudiosos supõem que assim tam bém ocorria no caso da mesma. Josefo, entretanto, diz-nos que esses varais eram removíveis, para que não impedissem os sacerdotes de cum- prirem seus deveres relativos à m esa (A ntiq . 1.3 c.6 see. 6).

25.29

Os U tensílios da Mesa. A lém dos pães da proposição, havia vários outros itens, a saber, os vasos sagrados (I Reis 7.48; Núm. 4.7), 0 pano azul que servia de toalha; certos pratos (talvez para conter os próprios pães da proposição); os recipientes para incenso e as taças para as libações. Os intérpretes não chegam a um acordo quanto a esses detalhes. Adem ais, os vários versículos que abor- dam a questão não mostram exatam ente os mesmos objetos. No entanto, além dos pães da proposição devemos pensar ao menos na toalha azul e nos vasos para incenso e para libações. Os vasos são simbolizados pela taça isolada sobre a mesma, na representação existente no arco de Tito. Esses vasos eram usados para a oferenda de vinho cue acompanhava 0 pão; m as é evidente que havia mais pratos e taças do que aquela representação romana indica.

Libações. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Ubação. Eram oferendas líquidas.

25.30

Os pães da proposição. Ver 0 artigo deta lhado sobre os mesmos no Dicio- nário. Os pães da proposição eram doze, e não levavam ferm ento em sua fórmula

de ta lhes sobre a questão em sua qu arta seção, A parênc ia dos Q uerub ins. Seu p o n to q u in to é in t itu la d o U sos no T e m p lo de Je ru s a lé m . Seu p o n to sé tim o indica as funções das d iversas ordens angelica is . E seu ponto o itavo, seus Sen- tido s S im bó licos. Deviam a sse m e lha r-se a an jos a lados na p resença de Deus (I S am . 4.4 ; Sal. 80 .1 ; 99 .1; Isa. 37 .1 6 ). T a m b é m hav ia q u e ru b in s bo rdad os nas co r tinas que cob riam 0 ta b e rn á cu lo (Êxo._26.1-6), bem com o no véu que separava 0 Lugar Santo do Santo dos Santos (Êxo. 26.31-33). Serviam de ador- nos do tro n o de D eus, pe lo qu e fa la va m de S ua pre sença e de Seu po d e r protetor. Os eruditos cristãos vêem a união e a com unhão com Cristo, tipificadas, bem com o a p resença e 0 ace sso a Deus, que C ris to nos con fe re . Q ua n to a muitos outros artigos atinentes, ver 0 artigo sobre esses seres e suas represen- tações, no D icionário.

25.19

A lguns supõem que os qu e ru b in s da a rca não eram duas im ag ens sepa- radas, e, sím, duas im ag ens fo rm a d a s da m e sm a m a ssa de ouro, fo rm a n d o pa rte do p róp rio p rop íc ia tó r io (a tam p a só lid a da arca). M as é d ifíc il im ag ina r 0 que isso s ign ifica ria exa tam e n te . S e ja co m o for, os q u e rub ins fo ram fo rm a- dos de fren te um para 0 ou tro , com o se pa irassem por sobre 0 propíc ia tório .

25.20

Os qu erub ins es tavam de ro s tos vo lta d o s um pa ra 0 ou tro e tinham asas es te nd ida s por c im a, com o um s ím b o lo de p ro teçã o , s o m b re a m e n to e com u- nhão. Jarch i d iz-nos que entre os ros tos dos qu erub ins e 0 p rop íc ia tó rio havia um e sp a ço de de z p a lm o s (c e rc a de 70 cm ). “ N as f ig u ra s e g íp c ia s de Ma, um a das asas ap arece em p o s içã o es te n d id a , ao pa sso que a ou tra é ba ixa- da, ca ind o por de trás da f ig u ra ” (E llico tt, in lo c .). As fig u ra s c o n te m p la va m 0

prop íc ia tó rio , de fre n te um a pa ra a ou tra , pe lo que 0 o lh a r se d ir ig ia na d ire- ção do tro n o de Y a h w e h , 0 lu g a r on d e 0 sa n g u e do s a c r if íc io anua l era as- perg ido .

25.21

O propíciatório era a tampa da arca, bem com o 0 lugar onde era aspergido 0

sangue do sacrifício anual. Dentro da arca foi posto 0 testem unho, ou seja, as duas tábuas de pedra que continham os dez m andam entos. Já pudemos com en- tar sobre isso, detalhadamente, em Êxo. 25.16. O propíciatório é mencionado e com entado em Êxo. 25.17. Assim, 0 presente versículo é uma virtual repetição dos vss. 16 e 17.

25.22

A função do tabernáculo propriamente dita era prover um lugar de comunhão entre Yahweh e Seu povo (Éxo. 33.7-11); e isso agora é dito especificamente acerca da arca, 0 lugar específico da expiação e, portanto, da comunhão. Deus tanto é próximo quanto é transcendente. O sumo sacerdote de Israel podia vir ao Seu encontro como representante do povo, em bora apenas uma vez a cada ano. A presença de Deus manifestava-se, mas os homens tinham que esperar pelo tempo marcado, e isso suce- dia raramente. Ver no Dicjonário 0 artigo intitulado Acesso, quanto à estrada superior que Cristo abriu na nossa dispensação do evangelho.

O te s te m u n h o (as tá b u a s de p e d ra ) e os se u s m a n d a m e n to s e ram 0

te s te m u n h o p re s ta d o p e la a rca . P o r c o n s e g u in te , a a rca e ra um lu g a r de in s tru çã o . T a m bé m p o d e m o s s u p o r que a p re s e n ç a de D eus co m u n g a v a e se co m u n ica va d ire ta m e n te com 0 su m o sa c e rd o te , t ra n s m it in d o - lh e qua is- qu e r ins truções que fosse m im p o rta n te s pa ra os f i lh o s de Israe l. A ss im sen- do, a a rca to rn o u -s e um lu g a r de e n s in o e i lu m in a ç ã o , e não a p e n a s um luga r onde era o fe rec ido um sacrif íc io anuai.

E ra ali que se v ia a sh e k in a h (ve r a re s p e ito no D ic io n á rio ), um a m ani- festação visível e gloriosa da p resença de Yahweh. Deus fa lava ali (Êxo. 29.42) po r m e io da voz d iv in a , ou po r m e io do U rim e Tum im (ve r a esse re sp e ito no D ic io n á r io ). F in a lm e n te , na p e s s o a de J e s u s C ris to , 0 p ró p r io h o m em to rn o u -s e 0 luga r d e sse en co n tro , ao to rn a r-s e , m e d ia n te a re g e n e ra çã o , 0

te m p lo do E sp ír ito (E fé . 2 .1 7 ss .). A c o m u n h ã o com D eus, no ta b e rn á cu lo , co m p a ra tiv a m e n te fa la n d o , a in d a era um ta n to d is ta n te . M as to d o s nós. da nova d isp e n sa çã o da graça , fo m o s a p ro x im a d o s do S e n h o r (ve r Heb. 10.19 ss.).

A Mesa (25.23-30)

25.23

A mesa. Neste ponto, 0 leitor precisa examinar dois ar.lgos da D iaonáro: 1. Mesa. seção 11, Mesas Rituais. 1. Mesa dos Pães־da Proposição ou da Presença. Dou aí uma detalhada descrição da mesa do texto presente. 2. Pães da Proposição, um artigo bem detalhado que provê toda a informação a respeito da questão.

Page 125: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO420

maçanetas, as quais, de acordo com 0 sentido da palavra no hebraico, tinham 0 forma- to de uma romã; e também havia uma flor, que 0 Targum de Jonathan interpreta como íirio. E nas Escrituras sen/em ambos de emblemas dos santos dotados dos dons e das graças do Espírito” (John Gill, in Ioc.). Os mesmos ornamentos havia em cada um dos ramos do candeeiro.

25.34

Tem os aqui a descrição da co luna ve rtica l do candeeiro, que ficava bem no meio. Os ramos que partiam dessa coluna central tinham apenas três cálices, ao passo que essa coluna central exib ia quatro desses cálices, devido ao seu com - prim ento maior. Q uanto ao desenho, porém, essas decorações eram sem pre as mesmas.

25.35

“De acordo com Jarchi, do meio da m açaneta (que se parecia com uma romã, embora outros pensem que se parecia com uma maçã) havia dois ramos que saíam de seus dois lados, aqui e ali; de tal modo que indicavam que a altura do candeeiro era de dezoito larguras da mão (cerca de 1,25 m): essa cláusula é repetida por duas vezes no versículo, indicando que devia haver uma maçaneta sob cada um dos três ramos de um lado, e sob cada um dos três ramos do outro lado. Pois segue-se que havia seis ramos que procediam do candeeiro, ou seja, do tronco do candeeiro, conforme se vê no vs. 32” (John Gill, in Ioc.).

25.36

Tudo será duma só peça. V e m o s aí as id é ia s de un id a d e e p e rfe ição . T o d a s essa s in tr in c a d a s d e c o ra ç õ e s e ram fe ita s em um a só pe ça de ouro, c u id a d o s a m e n te tra b a lh a d a em to d o 0 se u d e s e n h o , co n fo rm e fo i exigido pe la p a la v ra de Y a h w e h . O c a n d e e iro nã o e ra um a a rm a çã o c o m p o s ta de vá r ia s peças, e n tão s o ld a d a s ; e ra tud o um a ú n ica peça b a tida fe ita de uma única m assa de ouro.

25.37

Sete lâmpadas. C ada ram o tinh a um a lâm pada ; e tam bém havia a haste ce n tra i, q u e ta m b é m e ra e n c im a d a po r um a lâ m p a d a , p e lo que h a v ia se te lâ m p a d a s ao tod o . T e m o s aq u i um s ím b o lo dos se te E sp ír ito s de D eus em operaçã o , 0 a lte r ego de C ris to (A po . 4 .5 0 ), e, em seg u n d o lugar, os do ns e graças dos m in is tros de C ris to, de aco rdo com as operações cris tãs. O rig ina l- mente, tem os a luz pe rfe ita de Yahw eh que ilum inava a Sua casa, a congrega- ção de Israel. V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo cha m ado S ete C and ee iro s quanto ao seu pleno s ign ificado s im bó lico.

Para alumiar defronte d e le . O u se ja , p a ra p ro je ta r luz s o b re 0 lado oposto do tabernácu lo , onde es tava a m e sa com os pães da proposição, onde ta m b é m e s ta r ia m os s a c e rd o te s . P a re ce qu e essa é a ra zã o e s p e c íf ic a do ca n d e e iro , que era a ú n ica fo n te lu m in o sa pa ra i lu m in a r q u a lq u e r a tiv ida de que oco rresse no tab e rn á cu lo . As sete lâm p ada s eram su fic ien tes para ilum i- na r 0 a m b ie n te on de os s a c e rd o te s o fic ia v a m . N enh um s e rv iço d iv in o pode so b re v iv e r sem a luz do E sp ír ito . U m a im p o rta n te pa rte da e sp ir itu a lid a d e é a ilu m in a ç ã o . N ão nos b a s ta le r a B íb lia e o ra r. P re c is a m o s da i lu m in a çã o do E sp ír ito a fim de c re s c e rm o s e s p ir itu a lm e n te . V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo in titu la do Ilum in ação .

25.38

Suas espevitadeiras. Instrumentos com 0 formato de pinças que eram usa- das para aparar os pavios das lâmpadas. Provavelmente eram usadas para aparar os pavios e ajustá-los.

Seus apagadores. Algumas versões dizem aqui pratos. Outros pensam que eram bandejas para sustentar as lâmpadas. Mas outros pensam em receptáculos de azeite. Ainda outros opinam que eram bandejinhas para aparar os fragmentos de pavios quei- mados, cortados das lâmpadas. E, finalmente, há aqueles que pensam que eram obje- tos para apagar as lâmpadas, com 0 que concorda a nossa versão portuguesa.

Jarchi informa-nos que as espevitadeiras eram como garfos, usados para tirar os pavios de dentro do azeite e instalá-los nas lâmpadas. E os apagadores, segundo ele nos diz, eram pequenos receptáculos tipo taça, onde eram postos os pavios queimados das lâmpadas. Ben Gersom e Lyra pensam que eram vasos cheios de água, onde eram postos os pavios queimados, e onde a água os apagava.

25.39

Um talento de ouro puro. Um ta le n to pesava cerca de 50 kg. Todo esseouro foi usado no fabrico do candee iro e seus acessórios, um ob je to de grande

(0 que é confirmado por Josefo, em Antiq. 3.6.6). Os pães eram exibidos sobre a mesa existente no Lugar Santo, um sobre outro, formando duas pilhas de seis pães em cada pilha. Esses pães simbolizavam as doze tribos de Israel (Lev. 24,8). Também represen- tavam a unidade nacional (I Reis 18.31,32).

O uso original desses pães, no mundo pagão, era 0 oferecimento de alimentos aos deuses. Em Israel, fazia-se uma oferenda a Yahweh, em reconhecimento que D ele procede toda provisão, pelo que essa oferenda falava de gratidão pelas provi- sões divinas.

Tipo; O Pão da Vida. Cristo é Aquele que nutre a vida do crente como um crente- sacerdote (I Ped. 2.9; Apo. 1.5,6). O maná era símbolo do pão da vida (João 6.33-58). Jesus é a espiga de trigo (João 12.24), moído no moinho do sofrimento (João 12.27). Apresentei um bem detalhado artigo na Enciclopédia de B íblia, Teologia e Filosofia intitulado Pão da Vida, Jesus Como.

Ό ato de comer os pães, por parte dos sacerdotes (Lev. 24.9), demonstrava que a comunhão espiritual sustenta a vida espiritual” (John D. Hannah, in Ioc).

Ό pão sagrado (I Sam. 21.4,6) era exposto diante de Deus como uma oferenda sacrificial (Núm. 4.7; Lev. 24.5-9; I Crô. 9.32; Mat. 12.4)” {O xfo rd A nno ta ted Bible, in Ioc.).

O Candeeiro (25.31-40)

25.31

V er no D ic ionário 0 de ta lhado artigo intitu lado C andee iro de Ouro. Ver tam- bém 0 a rtigo M e nora h . O c a n d e e iro de ou ro fo i po s to no Lugar S anto do tabernácu lo , do outro lado da m esa dos pães da propos ição . Q uando 0 tem plo de Jerusalém , construído por Salom ão, ficou pronto, para 0 mesm o foram prepa- rados cíez candeeiros de ouro. Mas no segundo tem plo de Jerusalém , por razões desconhecidas, havia apenas um candeeiro. Meu artigo expõe 0 resto das infor- m ações d isponíveis, inc lu indo os tipos ou s ím bolos do candeeiro . C om o tipo de Cristo, esse ob je to era s ign ifica tivo , po rqua nto toda luz na tura l era exc lu ída do tabernáculo, sendo essa a única lu z que ilum inava a casa de Deus. Cristo brilha po r meio dos sete Espíritos de Deus, 0 a lte r-ego de C ris to (Isa. 11.2; Heb. 1.9; Apo. 1.4). V er tam bém João 1.4. Ver na E ncic lopé d ia de B íb lia , Teologia e F ilo- s o fia 0 verbete intitu lado Lu z do M undo, C ris to C om o a. Em um sentido secun- dário, a Igreja é 0 candeeiro de ouro (Apo. 1.12-20). Em cada s inagoga há uma im itação do m enorah (0 can dee iro ), 0 que a li s im bo liza , en tre ou tras co isas, 0

esp írito ilum in ador e inex tingü íve l do juda ísm o. V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo cha- m ado Sete Candeeiros, quanto a notas expositivas com pletas sobre os significa- dos simbólicos do candeeiro de ouro.

Em Zacarias 4.1-14,0 candeeiro aparece como 0 sinal da presença de Deus entre 0

Seu povo. Se a luz do candeeiro chegasse a apagar-se, isso era considerado como um mau presságio de desastre iminente (ver II Esdras 10.22)._0riginalmente, 0 candeeiro talvez só fosse aceso à noite, conforme podemos inferir de Êxodo 27.21 e 30.8; mas em tempos posteriores, ali havia um fogo perene, confom e Josefo nos informa (Antiq. III.8.3).

Meu artigo no Dicionário, intitulado C andeeiro de Ouro, fornece todos os deta- lhes de sua construção, pelo que não repito aqui esse m aterial. O candeeiro era form ado de um a única peça de ouro, pe lo que não havia partes separadas. Ver 0

artigo Templo de Jerusalém , que contém um a ilustração do candeeiro, com outros itens desse objeto sagrado.

25.32

O artigo do D icionário, cham ado C andeeiro de Ouro, fornece todas as descri- ções desse objeto cúltíco, com seu presumível s imbolismo. O candeeiro tinha seis ramos, além da projeção vertical bem no meio, pelo que havia sete lâm padas, que s im bo lizavam 0 Espírito Santo em Sua perfe ita ilum inação, com o 0 a lte r ego da manifestação do Logos em Jesus Cristo. Tem os nisso a luz sobrenatura l em sua abundância. Nenhum a luz natural penetrava no tabernáculo. A lâmpada consumia azeite de oliveira, um dos símbolos do Espírito. Ver no D icionário 0 artigo chamado Azeite. Esse item, bem com o os outros que figuram no texto, aparece representado no arco de Tito, em Roma. Reland supervisionou uma réplica exata desse modelo, em 1710. E, então, as presumíveis descrições exatas têm sido postas à disposição dos eruditos da Bíblia e outros interessados. Ver Êxo. 30.7,8 e I Reis 7.49 quanto à função iluminadora do candeeiro. Ver tam bém Lev. 7.20-31; 24.3,4. Os sacerdotes de Israel m inistravam diante do candeeiro pela m anhã e à noitinha. Posteriormen- te, 0 candeeiro era mantido perenemente aceso.

25.33

Uma Peça Decorativa. No artigo do D ic ionário intitulado Tem plo de Jerusa- lém, há uma representação do candeeiro. E em um outro artigo do mesmo Dicionário, chamado Candeeiro de Ouro, há descrições a seu respeito.

“Havia três taças ou cálices, com 0 fo rm ato de am êndoas, em cada um dos seis ramos, que continham 0 aze ite que a lim entava as cham as do c a n d e e iro . . . ou para apanhar 0 pavio que im ado que caía de cada lâm pada. E tam bém havia

Page 126: At Interpretado- Êxodo

421ÊXODO

O c o m p r im e n to . N este ve rs ícu lo com eçam a ser dadas as d im ensões do tab e rn ácu lo . A fim de cob rir um esp aço com ce rca de 9 m de la rgura com urn te lhado, cujos do is lados de ve riam encontra r-se em ângu los retos, a cobertu ra de um a tenda te r ia que te r quase exa tam e n te vin te e o ito côvados de com pri- mento. “As cortinas tinham cerca de 1,80 m de largura e 12,80 de com prim ento. Q uando as longas be iradas das c inco cortinas eram unidas, a nova cortina for- mada tinha cerca de 9,15 m de largura por 12,80 m de com primento. Unida essa cortina grande às ou tras c inco cortinas , as dez co rtinas (un idas m e diante cin- qüenta iaçadas de ouro nas beiradas de cada um dos dois conjuntos, postos lado a lado) m ed iam 18,30 m de la rg u ra por 12,80 m de com prim ento . A la rgura de18,30 m (dez cortinas com cerca de 1,80 m de largura cada) perm itia então que as cortinas cobrissem 0 topo do tabernácu lo (cerca de 13,70 m de largura), bem com o a parte po s te r io r (ce rca de 4 ,60 m). O s 12 ,80 m (com prim ento de cada cortina) es te nd iam -se po r c im a do ta b e rn ácu lo (4 ,60 m de largura) para então descer por cada lado (com 4,60 de altura) até cerca de 45 cm (um côvado) acima do chão” (John D. Hannah, in loc.).

Os estudiosos debatem-se com os números e as diferentes idéias que são expos- tas sobre como toda a construção foi montada. Mas 0 que achamos aqui é um relato razoável, embora não absolutamente completo.

26.3-5

O texto sag rado não esp ec ifica com o os c inco pa iné is separados de cada m etade eram unidos, mas as duas m e tades eram jus tapostas um a à outra (pois tinham um m esm o com prim ento). A s cinqü en ta laçadas de azul, opostas um a à outra, tiveram que ser costuradas. As laçadas eram dadas em colchetes, manten- do assim ligadas as duas m e tades da cortina, um a à outra. A lguns eruditos têm sugerido que c inco cortinas (que fo rm avam m etade da cobertura total) eram cos- turadas às outras cinco, fo rm ando um a só un idade (em bora com posta por cinco painéis). Nesse caso, haveria duas peças bordadas com cerca de 14 m de com- prímento e dez metros de lagura. “A em enda centra l da cobertura com pleta fica- va dire tam ente por c im a do véu que separava 0 Lugar Santo do Santo dos San- tos" (J. Edgar Park, in loc.).

26.6

C inqü en ta co lch e te s de o u ro . As laçadas eram dadas nesses cinqüenta col- chetes, unindo assim as duas cortinas para formarem uma só, conferindo unidade ao tabernáculo. Os intérpretes cristãos vêem nisso a unidade dos membros do corpo místico de Cristo. É provável que, na mente dos hebreus, estivesse em pauta a uni- dade de todo 0 povo de Israel, em sua adoração ao Deus único, Yahweh. O monoteísmo (ver a respeito no Dicionário) era assim confirmado, e esse Deus único era contrastado com todos os deuses imaginários, conforme era exigido no prim eiro m andam ento (ver Êxo. 20.3).

26.7

Pêlos de cabra eram fiados, e daí se faz ia um pano forte e duradouro . Em alguns casos, as próprias peles eram costuradas e usadas com o cobertura. Pare- ce que os eruditos pre ferem 0 p rim eiro em prego com o aquele que está em foco neste texto. Jarch i d iz que eram usados os pê los m ais finos e mais m acios dos pêlos de cabra, os quais eram fiados pe las m ulheres. E é isso que está em foco em Êxo. 35.26. Uma segunda cobertu ra foi produzida à base desse material, que se to rnou 0 lado e x te rn o do ta b e rn ácu lo . O processo aqui descrito era com um entre os árabes, pois, na verdade, era 0 material padrão das tendas dos beduínos. Onze (em lugar de dez) cortinas foram feitas, visto que a cobertura externa have- ria de precisar de um pouco mais de espaço do que a cobertura interna.

“.. ,um material negro, resistente à água, até hoje usado pelos beduínos no fabrico de tendas. Eram mais longas do que as cortinas interiores (13,65 m, em vez de 12,80 m), de forma a tocarem no chão, nas laterais do tabernáculo (vs. 13). Isso ocultava à visão as cores brilhantes das cortinas internas bem como as peças mais preciosas do mobiliário do tabernáculo" (John D. Hannah, in loc).

Os eruditos cristãos, esforçando-se por encontrar algum simbolismo em cada item do tabernáculo, têm sugerido que a cobertura de pêlos de cabras representa a humani- dade de Cristo, a natureza humana, mais grosseira que a divina, sujeita à dor e à tristeza (embora não ao pecado), a qual abrigava, por assim dizer, a Sua natureza divina.

26.8

D im ensões das Cortinas. A largura das cortinas de pêlos de cabras era igual à das cortinas de linho, mas elas tinham cerca de 0,90 m mais de comprimento (ver 0 vs. 2), a fim de que pudessem chegar a tocar no chão, nas laterais do tabernáculo, ao passo que as cortinas de linho, internas, ficavam com suas pontas longe do chão cerca de 0,45 m.

26.2valor, verdadeiramente! S imbolicamente, temos aqui um quadro da preciosidade da iluminação espiritual. V e ro artigo intitulado Pesos e Medidas, no primeiro volume desta obra, nos Artigos Introdutórios, em sua sétima seção.

25.40

T u do faças seg undo 0 m odelo . Assim são as construções di״ inas. "Os antigos acreditavam que os templos terrenos e seu equipamento para 0 culto eram feiios se- gundo modelos ou protótipos de originais celestes (vs. 9; 26.30; 27.80" [Oxford Annotated Bible, in loc.). Este versículo repete a fórmula do vs. 9, onde dei notas detalhadas sobre as idéias envolvidas. A repetição dessa fórmula assinala 0 fim de uma seção.

Capítulo Vinte e S&ib

O Tabernáculo (26.1-37)

A Tenda (26.1-14)

Dois artigos que provi para 0 leitor haverão de ajudá-lo a compreendei׳ melhor a construção, os materiais e os propósitos do tabernáculo: Ta bernácu lo e Tem plo de Jerusalém. Esses artigos, além de oferecerem informações detalhadas também apre- sentam várias ilustrações.

A tenda sagrada era 0 Lar do Senhor, a primeira congregação, da qual toram tomados por em préstim o vários itens e práticas usadas nas sinagogas posterio- res, bem como nas igrejas cristãs. V isto que esses artigos, no Dic ionário , são bastante completos, com críticas e contra-argumentos, sobre questões disputa- das, não abordo novamente esses detalhes aqui.

A seção déc im a do a rtigo ch a m a d o T a b e rn á cu lo dá os sen tidos espírítu- ais do m esm o. A d ic ione i a essa in fo rm açã o , em Êxo. 25.9, notas sobre com o a e s tru tu ra do ta b e rn á c u lo fo i um tip o tr íp lic e . Os e ru d ito s c r is tã o s ach am in ú m e ro s sub tip o s nos iten s e m a te r ia is u s a d o s n a q u e la e s tru tu ra , e tenho c o m en ta do sob re esse pon to co n fo rm e a e xp o s içã o tem ava nçado . V e r a in- t ro d u ç ã o em Ê xo. 2 5 .1 , o n d e as in fo rm a ç õ e s d a d a s a p l ic a m -s e à se ç ã o à nossa frente.

26.1

Dez cortinas. Havia dez painéis, cada qual com cerca de 1,80 m de largura. Esses painéis eram interligados m ediante uma espécie de envoltório interno que com punha 0 in terior da tenda. Esse envo ltó rio interno era feito de linho. A outra cobertu ra era fe ita de pê los de cabra (vs. 70). Q uerub ins foram arlis t icam en te bordados no linho, em prestando um sen tido decorativo . Artífices habilidosos fo- ram usados para ser consegu ido tal efe ito. O envo ltório interior era cerca de 45 cm m ais curto que 0 exterior. T inha dez painéis, enquanto 0 e xte rio r tinha onze. M inha ilustração no artigo cha m ado T a bernácu lo dá ao leitor a lgum a noção da ap a rê n c ia do ta b e rn á cu lo a co rtin a d o . A qu a rta seçã o de sse art igo tra ta do arcabouço, das coberturas, do átrio, do altar, do lavatório e do santuário propria- mente dito. Cf. I Reis 6.29.

As cores, azul, púipura e carmesim, aparecem e são comentadas em Êxo. 25,4,Os Q uerubins eram figu ras m u ito usadas com o decoração no tabernáculo.

V er as notas sobre Êxo. 25.18. Os desenhos bordados eram uma arte conheci- da p o r vá r io s p o vos an tig o s , be m d e s e n v o lv id a no E gito , on de os is ra e l i ta s p rovave lm ente ap renderam tal arte. V e r H eródoto , Hist, i ii.47; P línio, Hist. Na■ tural, viii.48.

“0 tabernáculo revestia-se de grande importância para a vida nacional de Is- rael. S im bolizava 0 trato de Deus com eles (Êxo. 25.8; 29.45) e era 0 lugar onde Ele v inha ao encontro dos líderes da nação (Êxo. 29.42), bem com o 0 povo de Israel (Êxo. 29.43). A glória de Deus manifestava-se no tabernáculo (Éxo. 40.35). Ade- mais, era 0 centro visível da adoração a Deus por parte da recém-estabelecida teocracia. O tabernáculo prefigurava Cristo, sobre 0 qual é dito que Ele armou tenda entre nós (João 1.14)” (John D. Hannah, in loc.).

Nom es do Tabernáculo:1. Tabernáculo ou tenda (Êxo. 26.9).2. Santuário ou lugar santo (Êxo. 25.8).3. Tenda (Éxo. 26.7,11-14,36).4. Tenda da congregação (Êxo. 27.21 - algumas versões dizem aqui lenda do encon-

tro”).5. Tabernáculo do testemunho (Núm. 9.15; ver sobre Testemunho, e r , tx c . 25,16).

Tipos. Eruditos cristãos vêem no material das cortinas uma alusão à excelên- cia da natureza humana de Cristo; nos querubins, a Sua natureza e os Seus poderes divinos. Nas diversas cores, as graças e os poderes do Espirito Santo, A cor branca representa 0 pecado branquejado no sangue de Cristo, etc, Neste versículo, contudo, as espiritualizações são precárias.

Page 127: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO422

formava uma espécie de armação em treliça, à qual as cortinas eram fixadas. Josefo disse que as tábuas tinham cerca de 7,5 cm de espessura, postas a cada 60 cm. (Antiq. 3.6.3). Eram ao todo quarenta e oito tábuas, recobertas de ouro. Essas tábuas eram feitas de madeira de acááa (conforme as notas que aparecem no Dicionário).

Tipo. Os intérpretes cristãos vêem na madeira de acácia um tipo da humanidade de Cristo, ao passo que no ouro que recobria as tábuas vêem a deidade de Cristo. Cristo, em Sua humanidade, era com o uma raiz saida de terra seca. A madeira de acácia, ao menos uma de suas espécies, m edrava abundante no deserto perto do Sinai. Ver Isa. 53.2 quanto a Cristo como a raiz. Alguns estudiosos vêem nas tábuas um indício de crentes individuais que servem de coluna no templo espiritual de Deus (Apo. 3.12; Gál. 2.9; I Tim. 3.15).

26.16

O arcabouço de m adeira tinha estas d imensões aproximadas: 13,70 x 13,70 x 4,60 m. Cada tábua tinha cerca de 4,50 m de com primento e 0,68 m de largura. Josefo diz que entre uma tábua e outra havia um espaço de cerca de 60 cm. O compri- mento das tábuas, postas em pé na vertical, dá-nos a altura aproximada do próprio tabernáculo, uma estrutura baixa de não mais de 5 m de altura. Essa armação de madeira protegia as cortinas e dava estabilidade à estrutura inteira, pois, de outra sorte, um vento forte poderia derrubar 0 tabernáculo. Josefo também diz que as tábuas ti- nham 7,5 cm de espessura (Antiq. 1.3 c.6, see. 3), 0 que significa que essas tábuas eram pesadas.

26.17

Dois encaixes. O original hebraico indica “mãos”, parecendo que devemos entender com o se fossem p ino s (projeções). Esses encaixes permitiam ligar uma tábua à outra. Eram colocados a intervalos regulares. A lguns estudiosos chamam esses pinos de anéis cruzados. Mas os intérpretes não concordam quanto à natureza dos mesmos, exceto que era algum a espécie de provisão que vinculava as tábuas uma à outra, form ando um todo. E alguns eruditos supõem que as travessas (vs. 26) eram usadas para ligar os encaixes das tábuas.

26.18

Para a banda do sul. Visto que 0 tabernáculo tinha a frente voltada para 0

oriente, a parede voltada para 0 sul era a parede direita. “Quarenta e oito painéis foram usados ao todo, vinte para 0 lado sul, vinte para 0 lado norte, seis para 0 lado oeste (as costas do tabernáculo) e mais um painel nas esquinas, para 0 lado leste. Esse painel na frente servia para dar uma estabilidade extra à tenda. Os painéis também eram mantidos no lugar por uma série de travessas (cinco de cada um dos dois lados e nas costas. Essas travessas eram mantidas no lugar por argolas de ouro colocadas horizontal- mente (vss. 26-30)" (John D. Hannah, in loc.). O vs. 20 fala sobre um segundo lado (0 lado norte), e fornece os mesmos detalhes.

26.19

Cada tábua tinha duas bases, com dois pinos (ou “m ãos” , no hebraico). Os intérpretes diferem sobre com o S3 fazia a junção. Sem podermos ver um modelo operante, não há com o visualizar exatam ente 0 que está em pauta. Essas bases form avam um a espécie de alicerce do tabernáculo, e eram feitas de prata (vs. 21). Não somos informados sobre com o essas bases eram unidas, mas, sem dúvida, foi em pregado algum sistem a de travessas cruzadas. O que encontramos aqui é um a espécie de alicerce portátil, no qual as tábuas, com seus pinos, se ajusta- vam. Isso em prestava firm eza ao conjunto. Ver 0 vs. 24 quanto ao arranjo das travessas. O vs. 26 deste capítulo diz-nos que as travessas eram feitas de madeira de acácia.

Os intérpretes evangélicos vêem nessas travessas complexas um símbolo de como a igreja se interliga firmemente parte com parte, e como cresce (a metáfora é mudada) para formar um templo santo (Efé. 2.21). Quanto à prata como tipo da redenção, ver os comentários sobre 0 vs. 25 deste capítulo.

26.20

Este versículo repete a informação dada no vs. 18, exceto que aqui é aludido 0 lado norte, em lugar do lado sul. Ver as notas sobre aquele versículo.

26.21

Os estudiosos cristãos vêem na prata um tipo da redenção eterna. Ver Êxo.25.1. O tabernáculo inteiro estava fundam entado sobre bases de prata, excetuan- do as bases das cortinas do portão, 0 cam inho de acesso ao tabernáculo (Êxo. 27.17).

Este versículo repete 0 que se lê no vs. 19. Novam ente somos informados de que as bases eram feitas de prata. Cada base pesava um talento de prata (Êxo.

26.9“A largura adicional era dobrada sobre si mesma nas extremidades, dando uma

espécie de debrum ao teto, defronte da estrutura” (Ellicott, in loc.). O sexto painel da metade da frente era dobrado diante da tenda (cf. Éxo. 28.16). Mas não foi explicado com o se fazia essa dobra. Havia duas cortinas combinadas, uma composta por seis painéis, e a outra composta por cinco painéis. Provavelmente elas eram costuradas uma à outra, tal como sucedia às cortinas de linho (Êxo. 26.3). A cortina dobrada na beira tomava-se a entrada do tabernáculo, uma espécie de véu, 0 que Jarchi comparou ao véu de uma noiva, ao encobrir 0 rosto. A entrada do tabernáculo estava voltada na direção leste, conforme mostro na planta do tabernáculo, acima.

26.10

Este versículo reitera as in fo rm ações dos vss. 4 e 5, onde a questão aplica- se às cortinas de linho. As notas daqueles versículos ap licam -se aqui. As laçadas e ram fe itas de es to fo azu l; m as essa in fo rm açã o não é repe tida aqui, pe lo que não sabem os se nesta cortina ex te rna as laçadas eram de cor azul, ou negras, ou de qualquer ou tra cor. É p rováve l que as laçadas fossem fe itas de pê los de cabras, re tendo sua cor natural, sem serem ting idas. É provável que as laçadas m encionadas nos vss. 4 e 5 fossem feitas de linho, do m esm o material das corti- nas internas, que eram tingidas de azul.

26.11

Este versículo repete as informações do vs. 6, exceto que ali os colchetes eram feitos de ouro, e aqui foram feitos de bronze, mas a função era a mesma. As notas da li ap licam -se aqui. A cobertu ra ex te rna tam bém era una, tal com o a cobertura interior, 0 que já foi com entado quanto ao vs. 6. A cobertura externa, de material mais grosseiro, porquanto precisaria resistir às intempéries, natura lm ente teria de ser unificada por meio de um metal mais forte que 0 ouro.

26.12

Meia cortina era de ixada pendurada sobre 0 lado leste, sendo então dobra- da para fo rm ar um a espécie de en trada do tabernácu lo . O utra m etade tam bém sobrava no lado oposto (oeste). Parece, a ju lga r pelo fraseado do versículo, que essa meia cortina (no lado ocidental) apenas ficava pendurada, sem ser dobrada pe lo m e io , em con tra s te com a m e ia co r t in a que f ica va na parte da fre n te do tabernáculo.

26.13

As cortinas feitas de pêlos de cabra tinham cerca de 0,90 m mais de compri- mento do que as cortinas Internas, de linho, uma de um lado e outra de outro, como resultado desciam mais do que as cortinas de linho, provavelmente tocando no chão, a fim de impedir que entrasse qualquer luz natural no interior da tenda.

26.14

De pêlos de carneiros. Outra cobertura para a tenda, a fim de protegê-la das intempéries, essa feita de pêlos de carneiros. A lguns estudiosos pensam que essa cobertura adicional tão-som ente cobria a culm eeira do tabernáculo, prote- gendo-a da chuva. A lguns intérpretes judeus viam essa cobertura com o se fosse apenas um telhado, mas outros pensam em um a cobertura absoluta, perfazendo uma terceira cobertura completa. A lguns pensam que a cobertura de pêlos de carneiro era um a e que a cobertura de pêlos de cabra era outra. Nesse caso, haveria quatro coberturas no total: a de linho, a de pêlos de cabra, a de pêlos de carneiros, e outra de pêlos de cabra. No caso dessa quarta cobertura, algumas tradu- ções falam em peles de texugo. Ainda outros estudiosos opinam que a terceira cobertu- ra era feita de pêlos de carneiro e de pêlos de cabras (ou de pele de texugo), ao passo que não se deveria pensar em um a quarta cobertura. No caso da pele de texugo, algumas versões preferem peles de anim ais marinhos, que alguns eruditos interpretam como se fosse 0 peixe-boi.

Os eruditos cristãos vêem nessas várias coberturas protetoras um símbolo da provi- são e da proteção divinas, espiritualizando isso para apontar para a retidão de Cristo, que nos foi conferida como uma cobertura, que nos oculta os pecados.

A Estrutura de Madeira (26.15-30)

Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Tabernáculo, M ateriais de Construção, etc., em seu primeiro ponto, Arcabouço, que fomece descrições sobre a estrutura de madei- ra que sustentava as cortinas. As dimensões da estrutura são dadas ali.

26.15

As paredes do tabernáculo não eram sólidas, e, sim, feitas de cortinas (descri- tas em Êxo. 26.1 ss.), estendidas sobre um arcabouço de madeira. Esse arcabouço

Page 128: At Interpretado- Êxodo

423ÊXODO

sete, em seu terceiro parágrafo, quanto a pormenores. Alguns eruditos pensam que havia quatro travessas, além da travessa do meio, ou seja, duas acima desta e duas abaixo desta, de menor comprimento. Mas outros supõem que só havia três travessas ao todo. Neste caso, a travessa do meio percorria todo 0 comprimento da parede, além de uma travessa acima dela e de outra travessa abaixo, ambas de menor comprimen- to. Josefo dizia que essas travessas eram colocadas pelo lado de fora do tabernáculo (Antiq. 1.3 c.6 sec.3).

26.29

Todo 0 m aterial do arcabouço do tabernáculo era de madeira de acácia, recoberta de ouro. O material era 0 mesmo, tanto no caso das tábuas como no caso das traves· sas, conforme este versículo deixa claro. As argolas eram de ouro, 0 que também ocorria no caso da arca (Êxo. 25.12) e da mesa (Êxo. 25.16). O tabernáculo usava cerca de quatro toneladas de prata e m ais de um a tonelada de ouro (ver os comentários sobre Êxo. 26.21).

Os intérpretes cristãos vêem nesses dois materiais tipos simbólicos da humanida- de e da deidade de Cristo. Cristo é 0 tabernáculo de Deus que veio habitar entre os homens, 0 veículo de nossa comunhão com 0 Senhor. Ver as notas sobre 0 vs. 23.

26.30

Este versículo repete a mensagem que já nos fora dada em Êxo. 25.9 e 40, onde comentei sobre a questão. Aqui 0 termo “modelo” traduz uma outra palavra em hebraico, mishpat, “padrão”, mas isso não altera a substância da declaração. Ver Heb. 8.5 quanto a uma referência do Novo Testamento a este contexto e versículo. Ver também Heb.9.23 ss.

O Véu Interior (26.31-35)

26.31

A pa lavra hebra ica aqui usada pa ra véu oco rre por v in te e qu atro vezes no A ntigo T estam ento , sem pre re fe rind o-se ao tipo de véu ou te la que separa- va 0 Lugar S anto do S anto dos Santos. Ao que parece, era decorado de aco rdo com 0 estilo do en vo ltó rio m ais in te rio r do tabernácu lo , e era traba lho de a rtífices do mais alto gabarito . V er 0 p r im eiro vers ícu lo deste capítu lo. Provi um de ta lhad o artigo sob re esse item no D ic ionário , cham ado Véu (no T abernácu lo e no Tem plo). E sse a rtigo nos fo rnece a essência das in fo rm a- ções conhec idas sobre a ques tão e poss ib ilita um a exposição m ais breve desta seção. Q uanto aos T ipos e S im bo lism o s das três cortinas, ver as notas sobre Êxo. 27.16.

O Tipo Duplo1. O véu representava um acesso lim itado e se le tivo . S om ente 0 sum o sacer-

dote, e som ente um a vez po r ano, ele pod ia passar para além do véu para en trev is ta r a Y ahw eh. M as em Cris to, 0 qual é a Porta (João 10.9), 0 aces- so (ve r a esse re sp e ito no D ic io n á rio ) fo i fra n q u e a d o a tod os os hom ens (Heb. 6.19,20; 9.11,12; 10.19,20).

2. O véu tam bém era Üpo do co rpo hum ano de C ris to (M at. 26.27; 27.50; Heb.10.20), 0 qual foi rasgado (na cruc if icação) para prover-nos acesso a Deus. O véu do tem plo , por o ca s iã o da m orte de C ris to , foi rasgado ao m e io por um a m ão div ina, inv is íve l. Fo i ab erto um novo cam inho pa ra a justificação , v is to que, por m e io das ob ras da lei, nenhum a carne poderia ser justif icada (R om . 3 .2 0 ; H eb. 9 .8 ). É p ro v á v e l que os sa c e rd o te s dos d ia s de Jesu s te n ham co s tu ra d o 0 ra sg ã o e te n h a m co n tin u a d o a u sa r 0 véu , com o se nada tive sse a co n te c id o . E s tavam ceg os para com 0 N ovo C am in ho que tinha sido aberto . M eta fo r icam en te , esse véu rem endado é 0 ga lac ian ism o, que faz 0 pecador que foi jus tif icad o em Cris to re tornar à lei, qu anto à justi- f icação e quanto à san tificação, ou, então, com o um a norm a de vida, assim debilitando 0 o fíc io do Espírito . Ver Gál. 1.6-9.As descrições do véu, dadas aqui no vs. 31, são com entadas no artigo Véu,

no D ic ionário . Ver Êxo. 26.36 e suas no tas expositivas quanto às Três C ortinas do Tabernáculo.

26.32

Uma vez mais tem os a madeira de acácia recoberta de ouro, os materiais usados na arca (Êxo. 25.12), na m esa (Êxo. 25.16) e nas tábuas e travessas das paredes (Êxo. 26.29). Ver os com entários sobre 0 vs. 15 deste capítulo quanto a esses materiais.

As quatro colunas de m adeira de acácia podem ter s ido colunas verdadeiras, e não meros postes de tendas. P rovave lm ente tinham as mesm as dim ensões e foram co locadas a d is tânc ias igua is um as das outras, com o tam bém devem ter s ido ligadas um as às ou tras, no topo, m e diante a lgum a espécie de estrutura, como um a viga. Juntam ente com 0 véu, form avam uma espécie de tela. Essa tela agia com o um a porta que separava 0 Lugar Santo do Santo dos Santos. Parece

38.25,27). Ver nos D icionário 0 artigo Pesos e M edidas, em sua seção sétima. Um talento de prata era um peso correspondente a 34 kg. No tabernáculo, pois, quase quatro toneladas de prata e mais de um a tonelada de ouro foram usadas, se calcular- mos baseados no trecho de Êxo. 38.21 ss. São cálculos assim que levam os críticos a supor que muito do que é dito a respeito do tabernáculo também pode ser dito acerca do templo de Jerusalém, e que as informações sobre este último foram aplicadas ao tabernáculo. Seja como for, aprendemos quão gigantesca era a tarefa de transportar essa estrutura, com todo 0 seu mobiliário, de um local para outro, pelo deserto, durante tantos anos.

26.22

Para 0 ocidente. Estão em pauta os fundos do tabernáculo (que eram tam - bém os fundos do Santo dos Santos). Essa parte posterior tinha paredes similares àquelas das duas laterais, exceto que a medida era de apenas 4,60 m, em lugar de 13,70 m. Nos fundos havia seis tábuas, incluindo aquelas das esquinas, que forta- leciam a estrutura. A extensão dos seis painéis totalizava cerca de 4,10 m. O vs. 16 dá as dimensões das tábuas, 0 que provavelm ente tam bém se aplica às tábuas do lado oriental.

26.23

Duas tábuas para os cantos. Essas duas tábuas, ao que parece, eram uma espécie de contrafortes para fortalecer as esquinas, de tipo e formato diferente das outras tábuas. Algumas traduções dizem aqui postes. O hebraico original dá a enten- der estruturas para esquina (Eze. 41.22). Mas sem poderem contemplar um modelo, os intérpretes não concordam sobre 0 que está exatamente em pauta. Porém, sem importar com o eram essas duas tábuas, v isavam forta lecer as esquinas, onde as tábuas formavam um ângulo reto.

Os in té rpre tes c ris tãos pensam que essas táb uas s im bo lizam Cristo com o aquele que uniu judeus e gentios (ou mesm o todos os mem bros do Corpo místico de Cristo, 0 templo do Espírito), tornando-o um só corpo (Gál. 3.28; Efé. 2.17 ss.).

26.24

“A s tá b u a s do s c a n to s e ra m l ig a d a s às d e m a is tá b u a s (d as p a re d e s ) em d o is lu g a re s , em c im a e em b a ix o , p o r m e io de a rg o la s . As t ra v e s s a s m e n c io n a d a s no s vss . 2 6 -2 9 d e s te c a p ítu lo p a s s a v a m p o r essa s a rg o la s ” (E llico tt, in Ioc.).

26.25

Havia dezesseis bases, duas para cada um a das tábuas de esquina, e doze para as seis tábuas entre elas. V er 0 vs. 19, onde a m esm a coisa é dita sobre as paredes e como seus painéis eram juntados. “As bases, na realidade, formavam os alicerces portáteis do tabernáculo. Essas bases tinham encaixes para as duas m ãos (pro jeções ou pinos) de cada fáb ua ” (John Gill, in Ioc.). A o todo havia noventa e seis bases no tabernáculo . Os in té rpre tes c ris tãos vêem nisso um tipo de Cristo como 0 fundamento da Igreja (ver I Cor. 3.11 ss.).

26.26,27 .

Quinze travessas deviam ser feitas de m adeira de acácia, recoberta de ouro. Essas travessas eram usadas para reunir as tábuas um as às outras. Essas tra- vessas passavam por dentro de argolas de ouro, horizontalmente. Eram cinco para 0 lado norte, cinco para 0 lado sul e c inco para os fundos (lado oeste), que também eram os fundos do Santo dos Santos.

“ T ravessa s de m a d e ira ou de fe r ro e ra m u sa das pa ra fe c h a r p o r den tro os p o rtõ e s das c idad es m u ra d a s (D eu . 3 .5 ). N es te caso , p a ssa va m a través de a rgo las de ouro, ta lve z a fixa das pe lo lado de fo ra do a rca b o u ço (J. Edgar Park, in Ioc.).

“A travessa do meio, em cada um dos lados, estendia-se de um extremo a outro do tabernáculo (vs. 28). Mas as quatro travessas mais acima e mais abaixo eram mais curtas, talvez copulando, provavelmente, metade das tábuas de cada lado” (Ellicott, in Ioc). Alguns estudiosos supõem que as travessas eram colocadas pelo lado de dentro do tabernáculo, posto que outros preferem pensar no lado de lora.

Tem sido levantada a questão se as tábuas eram feitas de um a única peça de madeira, ou se eram feitas de peças mais curtas, mas juntadas um a à outra. Josefo (Antiq. 1.3 c.6 sec.3) diz-nos que eram feitas de unidades menores, ligadas umas às outras. Os comprimentos das tábuas indicam que unidades menores, ligadas umas às outras, provavelmente tiveram de ser preparadas.

26.28

A fim de em prestar um reforço especial, um a travessa do m eio estendia-se de um a extremidade à outra das paredes. Mas essa travessa provavelm ente era formada de peças. Ver os com entários sobre os versículos vinte e seis e vinte e

Page 129: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO424

de entrar pelo lado oriental do tabernáculo, primeiramente entraríamos atravessando a cortina exterior: então encontraríamos 0 altar dos holocaustos; em seguida, 0 lava- tório: depois a segunda cortina que servia de entrada para 0 Lugar Santo; então veríamos 0 candeeiro, 10 lado esquerdo, e a mesa dos pães da proposição, no lado esquerdo ׳ respectivamente os lados sul e norte); então encontraríamos 0 altar do incenso, antes da terceira cortina, que vedava a entrada do Santo dos Santos. Dentro desse ambiente fechado, encontraríam os som ente a arca da aliança; e, abrindo a arca, acharíamos as tábuas de pedra da lei,

No entanto. a ordem apresentada pelo autor é como segue: a arca, a mesa, a lâmpada ;cap. 25, todos os três itens; as cortinas ou cobertura interior do tabernáculo inteiro: as duas cu'ras cobertu׳as, aquela feita de pêlos de cabra, mais por dentro, e aquela feita de p e bs de carneiro, ou de peles de animais marinhos, mais por fora; 0

véu que fechava 0 Santo dos Saritos, 0 véu que fechava 0 Lugar Santo (tudo isso no cap. 26); 0 attar dos holocaustos; 0 átrio do tabernáculo (cap. 27); instruções miscelâ- neas acerca do azeite, das vestes sacerdotais, da estola, do peitoral, da sobrepeliz, do diadema, do turbante e da túnica; as vestes dos filhos de Arão; a consagração dos sacerdotes: as regras sobre 0 pão e várias cerim ônias; a oferta pelo pecado e as ofertas que'madas (caps 28,29-35); e, então, somente_em Êxo. 29.36 ss. é que en- contramos regras sobre as ofertas queimadas; e, em Êxo, 30,1-10, finalmente, en- contramos 0 altar do incenso, que não fora mencionado no cap. 26; e, em derradeiro lugar, encontramos a bacia de bronze, mencionada em Êxo, 30.17-21, que esperari- amos muito antes disso, se 0 autor sacro tivesse seguido os itens na ordem em que realmente apareciam no tabernácu lo . O artigo que há no D icionário, intitu lado Tabernáculo , apresenta descrições detalhadas sobre essa estrutura, com todos os seus materiais e tipos simbólicos.

27.1

F a rá s ta m b é m 0 a l ta r . E stá em pauta 0 a lta r das o fe rtas q u e im ad as oua lta r dos ho locaustos , no á tr io e x te rno , en tre a p r im e ira co rtina e a bac ia de bronze. Não deve ser con fund ido com 0 a lta r do incenso, que era bem m enor e ficava no Lugar Santo, defronte da terce ira cortina, e que só é descrito em Êxo.30.1-10.

O altar dos holocaustos, aqui descrito, ficava na metade oriental do átrio. Era feito de madeira de acácia recoberta de bronze (influência fenícia, na opinião de alguns estudiosos!. Suas dimensões eram 2,5 x 2,5 x 1,5 m. Tinha chifres que se projetavam nas pontas, bem como argolas e varas que lhe facilitavam 0 transporte. Mas não dispu- nha de topo, e. talvez, contasse com uma armação gradeada de metal, cheia de terra, 0

que explica como podia resistir ao fogo ali aceso.O outro altar do tabernáculo era 0 do incenso, bem menor, cujas dimensões eram

0,5 x 0,5 x 1 m. Era feito de madeira de acácia recoberta de ouro. Também tinha quatro chifres, nas pontas, e uma borda de ouro, com argolas e varas para ser transportado. Simbolizava nossas orações e intercessões (Lev. 16.12).

Ό objeto central do átrio era 0 altar das ofertas queimadas (ou altar dps holocaustos). onde ocorria 0 principal culto sa c r if ic ia l, . . Era recoberto de bronze (I Reis 8.64)" (O xfo rd A nno ta ted B ible, in loo.).

Esse altar tam bém era cham ado de a lta r de b ronze (Êxo. 38.30; 39 .39). Cf. com 0 altar de bronze do templo de Salomão (I Reis 8.64; II Reis 16.10-15; II Crô.4.1). Com 0 norne de altar das o fe rtas queim adas, em algum as versões, ver Êxo30.28 e Lev, 4 7,10,19: mas nossa versão portuguesa chama-0 somente de altar do holocausto.

Tipo.

O altar de bronze t ip if icava a cruz de Cristo, onde Jesus se ofe receu com o holocausto a Deus, sem mancha e nem defeito, com o expiação pelo pecado. VerHeb, 9,14,

Esse altar tinha 0 dobro da altura do propiciatório. A expiação propicia nossa salva- ção e giorifica a Deus (João 17.40) Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Expiação.

Os santuários tinham como objeto cúltico central um altar. Ver no D icionário 0

artigo geral Altar. Cf, Èxo. 5.1-3; 8.25-28; 12.27; 17.12; 20.24-26. Os sacrifícios eram um evenio cúltico central dos povos antigos, fazendo santuários e altares serem indispensáveis

Será q u a d ra d o 0 a lta r. A maioria dos altares antigos era quadrado no topo,embora houvesse a'tares circulares e quadrangulares, que têm sido desenterrados pela arqueologia, E possível que, para a lguns povos, a form a quadrada simboli- zasse a perfeição, embora os gregos representassem a perfeição mediante 0 círcu- Io. Alguns pcuccs altares circulares têm sido encontrados, e até um na Mesopotâmia,de forma triangular; mas 0 quadrado era 0 formato mais comum.

27.2

Q u a tro c h ifre s . A s pontas nos quatro can tos superiores do altar deveriam fazer parte do m esm o, com o uma só peça. Os m a teria is eram m adeira e bron- ze. O broijK? é 0 metal que sim bo liza 0 ju lga m en to , O sangue das ofe rtas pelo pecado era ap licado a essas pontas ou ch ifres (Êxo. 29.12). Esse altar tam bém

que as quatro co lunas tinham a m esm a a ltu ra que as tábuas, a saber, cerca de 4 ,60 m (vs. 16), O p róprio véu ficava suspenso por m e io de ganchos de ouro, postos no topo das quatro colunas de m adeira de acácia e desciam até 0 nível do chão, sem deixar qualquer espaço vago. As co lunas repousavam sobre bases de prata (cf. vs. 19), O Santo dos Santos tinha cerca de 15 m de lado, pois era quadra- do. Portanto, 0 véu, posto à frente do Santo dos Santos, tinha cerca de 15 m de largura e cerca de 5 m de altura.

26.33

“Os colchetes com os quais as duas metades das coberturas interna e externa eram ligadas uma à outra (vs. 6,11), ficavam im ediatam ente sobre 0 véu” (J. Edgar Park, in loc.).

O véu que dividia 0 Lugar Santo do Santo dos Santos ficava pendurado exata- mente por baixo dos colchetes de ouro que ligavam as cinco cortinas uma à outra; pelo que cinco cortinas form avam os lados do Lugar Santo, e outras cinco forma- vam os lados do Santo dos Santos. Mas havia a seguinte diferença: 0 Lugar Santo tinha dez metros de lado, e as cinco cortinas ligadas entre si tinham essa largura. E as outras cinco cortinas encobriam os cinco metros do Santo dos Santos. Os intér- pretes lutam para visualizar com o esse arranjo foi feito, mas não conseguem uma idéia clara do conjunto.

26.34

A arca já foi descrita com detalhes (Êxo. 25.10 ss., que 0 leitor precisa exami- nar). Essa elaborada e rica peça do m obiliário do tabernáculo (ver no D icionário 0

artigo Arca da A liança ) era 0 único item posto no_Santo dos Santos. Dentro da arca havia 0 testem unho (ver as notas a respeito em Êxo. 16.34), ou seja, as duas tábu- as de pedra da lei. O trecho de H ebreus 9.4 tam bém põe ali 0 pote de maná e a vara de Arão que floresceu. Quanto ao problem a criado por essas adições (desco- nhecidas no Antigo Testam ento), ve r 0 N ovo Testam ento In terp re tado , in ioc. O propiciatório era a tam pa de ouro da arca, 0 lugar onde era aspergido 0 sangue do sacrifício. Ver Êxo. 25.17 ss. quanto a descrições, com o tam bém , no Dicionário, 0

artigo Propiciatório.

26.35

Agora 0 au to r sag rado m e n c io n a os do is itens p o s to s do lado de fo ra do S anto dos Santos, do ou tro lado do véu. E ram do is itens p o s to s no Lugar San- to. Ele deixou de m enc iona r 0 a lta r de incenso, de ouro (Éxo. 30.6; 40.26), que ficava de fron te do véu, m as de n tro do Lu gar Santo . Ele já tinha descrito , com de ta lhes , os do is itens ag o ra m e n c io n a d o s : 0 ca n d e e iro (Êxo. 25.31 ss.) e a m esa dos pães da p ro p o s içã o (Ê xo . 2 5 .23 ss .). V e r no D ic io n á rio os a rtigos C and ee iro e M esa, 11.1. A in fo rm a çã o a d ic io n a d a neste ve rs ícu lo é apenas a lo ca liza çã o de sses do is itens. O c a n d e e iro f ica va no lado sul (e squerdo ), e a m esa ficava no lado norte (d ire ito ) . A en tra d a f icava pa ra 0 lado leste , 0 que sign ifica que 0 tabernácu lo es tava vo ltado nessa d ireção. O Santo dos Santos f ica va no lado oeste , a e x trem ida de dos fu n d o s da es tru tu ra . Por esq uerd a e d ire ita devem os en tend er as d ire ções para aq ue les que en trassem no san tuá- rio e avançassem na d ireção do Santo dos Santos. Ver a p lanta do tabernáculo, mais acima.

A Cortina do Lugar Santo (26.36-37)

O tabernáculo contava com três cortinas divisórias: 1. Aquela que dividia 0 átrio, defronte da tenda, do espaço exterior (Êxo. 27.16; 35.17), 2. A cortina destes versículos, que separava 0 Lugar Santo do átrio. 3, Aquela que separava 0 Lugar Santo do Santo dos Santos (Êxo. 26.31 ss.).

Um reposteiro. A cortina aqui referida não era tão rica como aquela que tapava a entrada do Santo dos Santos. Nessa cortina não havia figuras bordadas, como se via naquela outra. Mas era feita dos mesmos materiais básicos e tinha as mesmas cores. Tinha 0 mesmo tipo de estrutura que se via diante do Santo dos Santos, com a única exceção que era equipada com cinco colunas, em lugar de quatro (ver Êxo. 26.32). As suas bases eram feitas de bronze, e não de ouro. Não nos é fornecida qualquer razão dessa diferença quanto às bases, embora seja razoável supormos que 0 prestígio do Santo dos Santos exigia uma decoração mais magnificente.

Quanto aos tipos e simbolismos das três cortinas, ver as notas em Êxo. 27.16.

Capítulo Vinte e Sete

O Altar de Bronze (27.1-8)

As orientações quanto à ereção do tabernácu lo não apresentam os artigos a serem m a nufa turados na ordem em que po deríam os esperar. Se tivéssem os

Page 130: At Interpretado- Êxodo

425ÊXODO

x 13,80 m. Isso posto, a á rea m a io r do te rreno do tabernácu lo (ver a ilustração sobre 0 tabernáculo) era ocupada pe lo átrio externo. O átrio continha 0 altar dos ho lo caus to s e a ba c ia de b ronze . A caba m os de da r a descrição do a lta r (Êxo.27.1 ss.), m as a ba c ia de b ro n ze só é de sc r ita em Êxo. 30 .17-21 . O resto era espaço aberto.

27.9

O átrio era um a área sagrada que tinha sua própria entrada de pouco mais de9 m de largura (a saber, a pr im e ira cortina); mas as áreas m ais sagradas ainda eram 0 Lugar Santo e 0 Santo dos Santos, na segunda m etade posterior do átrio. To dos os tem p los que fo ram con s tru íd os na h is tó ria de Israel tive ram um átrio semelhante. A lguns desses tem plos tiveram mais de um átrio, representando vári- os níveis de acesso. Assim , no tem plo de Herodes, havia 0 átrio dos gentios e 0

átrio das m ulheres. V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo in titu lado Tem plo de Jerusa lém , onde isso é ilustrado e explicado.

Quanto às d im ensões do átrio, v e ro s vss. 9,13,18 deste capítulo. Havia uma parede exterior de linho, sustentada por vinte colunas no lado sul, vinte colunas no lado norte e dez colunas no lado oeste, e nas quais ficava pendurada. Essas colu- nas ficavam apoiadas sobre bases de bronze, e as colunas tinham ganchos onde as cortinas ficavam penduradas (vss. 10,11,17).

Cortinas de linho. O átrio era franqueado a todos os israelitas (Lev. 1.3). Embora essas cortinas fossem feitas de linho fino, as cortinas propriamente ditas pareciam ser de um material mais resistente. A Septuaginta traduz 0 termo hebraico aqui usado como velas, porquanto parece estar em foco um tecido mais grosseiro, tipo tecido de vela de embarcação, em contraste com 0 tecido muito mais fino dos véus do Lugar Santo e do Santo dos Santos.

27.10

Este versículo repete a in fo rm ação que já v im os acerca de estruturas simila- res no Lugar S anto e no Santo dos Santos (Êxo. 26.18 ss.), exceto que aqui os m ateria is usados eram prata e bronze, em lugar de ouro e prata. Podem os pen- sar que as colunas foram construídas tal com o as do Lugar Santo e do Santo dos Santos. Ver Êxo. 26 .32 ,3 7 , m as os m a te ria is em preg ado s eram m ais baratos. Para cada lado, v inte colunas deveriam ser usadas, cada qual a cerca de 2,30 m um a da outra. Os escritores judeus, todavia, parecem confusos. A lguns pensam que as co lunas eram fe itas de m ade ira (ta lvez de acácia), mas 0 texto designa “bronze” . Josefo tam bém fa lou em bronze (A ntiq . 1.3 c.6 sec.2). O autor sagrado não nos confere descrições precisas, pelo que não podem os ser por dem ais po- s itivos acerca das questões ven tiladas nestes versículos. Os ganchos talvez fos- sem diferentes daqueles do resto da estrutura do tabernáculo. Jarchi descreveu■ os com o ganchos de tendas, ou seja, com um a das extrem idades recurva e es- tendendo-se um pouco para cima.

S u a s v e r g a s . A lg u n s p e n s a m e m f io s de p ra ta q u e s e rv ir ia m p a ra a m a rra r ; m a s o u tro s d ize m q u e e ra m v a ra s de c o n e x ã o q u e s u s te n ta v a mas cortinas.

27.11

T e m o s aq u i as m e d id a s do la d o m a is lo n g o de um re tâ n g u lo , a sab e r, ce rca de 46 m. Ao lo n g o d e ssa m e d ida , h a v e r ia v in te co lu n a s de a m bos os lados, 0 lado no rte (d ire ita ) e 0 lado sul (e squerda ). V e r a i lus tra ção sob re a p lan ta do tab e rn ácu lo , m a is ac im a . O ta b e rn á cu lo era vo lta do de fren te para 0 oriente. O S anto dos Santos ficava na ex trem idade oc identa l do tabernáculo .

funcionava como lugar de asilo onde um homicida não-intencional poderia obter refú- gio temporário, até que 0 seu caso fosse julgado pelas autoridades devidas. Ver I Reis 1.50; 2.28.

Se algum daqueles quatro ch ifres se quebrasse , 0 a lta r de ixa ria de ser um altar vá lido (A m ós 3.14). Os c a n a n e u s t inh am seu s a lta res de b ronze , sendo possível que a idéia tenha sido tom ada por em préstim o dos cananeus, em bora 0

altar fosse dedicado a Y ahw eh e ao novo cam in ho do m o n o te ism o (ver a esse respeito no D icionário).

Os chifres deveriam ser cobertos de sangue por ocasião da consagração dos sa- cerdotes (Êxo. 29.1; Lev. 8.14,15; 9.9), como também no dia da expiação (Lev. 16.18). Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Sacrifícios e Ofertas.

“As vítimas eram amarradas aos chifres (Sal. 118.27); os criminosos agarravam-se aos mesmos (I Reis 1.50); e sobre esses chifres era besuntado 0 sangue das ofertas pelo pecado, com 0 propósito de fazer expiação (Êxo. 29.12; Lev. 8.15)" (Ellicott, in loc.). Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Expiação.

27.3

Far-lhe-ás também. Há aqui m enção a vários recip ientes. As cinzas, as incrustrações de gordura queimada que se acumulavam sobre 0 altar, eram removi- das sem pre que Israel preparava-se para v ia jar (Núm. 4.13). Mas de acordo com alguns estudiosos, diariamente. Essas cinzas eram guardadas tem porariam ente a leste do altar, em alguma espécie de urna ou pote (Lev. 1.16). Mas depois os sacer- dotes se livraram das mesmas, levando-as ao campo, juntamente com outro material parecido, sobras dos sacrifícios (Lev. 4.12; 6.10,11). Os sacerdotes dispunham de pás para fazer esse trabalho de limpeza; e tam bém bacias para receber 0 sangue dos animais sacrificados (Êxo. 24.6). Esse sangue era vertido das bacias ao pé do altar, em um gesto de sacrifício. E também dispunham de garfos, uma espécie de ganchos para arranjar os pedaços das vítimas sobre 0 altar. Esses instrumentos, todavia, podi- am ser usados com outros propósitos, con fo m e vemos em I Sam. 2.13.

Os braseiros eram alguma espécie de vaso usado para carregar as brasas retiradas do altar de bronze para serem postas sobre 0 altar do incenso (Lev. 16.12). Esses brasei- ros pertenciam, realmente, ao altar do incenso. Todos os vasos ou acessórios do altar eram feitos de bronze, metal que simbolizava 0 julgamento.

27.4

Uma grelha de bronze. Era uma espécie de peneira (Amós 9.9) ou chapa de bronze com perfurações. Essas perfurações permitiam que 0 sangue drenasse dos sacrifícios e fosse recolhido embaixo. Mas outros estudiosos pensam que a grelha era um instrumento que captava qualquer coisa que caísse do altar, protegendo os pés dos sacerdotes que ali trabalhassem. Ao que parece, ficava localizada à meia altura do altar (vs. 5), ou seja, a cerca de 75 cm do topo do altar para baixo. Mas não há informa- ções quanto à sua largura. Mas nesse item havia argolas de bronze onde eram enfiadas varas, possibilitando 0 transporte do altar, conforme também sucedia no caso da arca e da mesa dos pães da proposição. Êxo. 25.12,26.

27.5

Dentro do rebordo. Talvez fosse uma espécie de borda, no alto do altar, ou, então, uma. estrutura similar mas à meia altura do altar, imediatamente acima_ da grelha. Alguns pensam que esse rebordo substituía os degraus proibidos (Êxo.20.26). Mas visto que esse altar era tão baixo, não havia necessidade de degraus para 0 mesmo. Talvez fosse apenas um a espécie de cinto ornamental que circunda- va 0 altar. Logo abaixo dessa estrutura ficava a grelha descrita no versículo anterior.

27.6,7

27.12-13

A extrem idade oc ide n ta l era 0 lado onde ficava 0 Santo dos Santos. Forma- va 0 lado mais curto do re tângulo do átrio, com cerca de 23 m de cada lado, pois form ava um quadrado. Tendo a m etade do com prim ento dos outros lados, preci- sava apenas de dez colunas. A construção, contudo, era com o a do Lugar Santo. Com o é óbvio , 0 iado o rie n ta l (a en trada) do á trio tam bém tinha cerca de 23 m de largura.

27.14,15

Descrição da extrem idade oriental:

Primeira

, C ort ina ,I_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ו _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ו _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ I

6 .9 0 m 9 ,2 0 m 6 ,9 0 m

Os varais. Havia varais para transporte da arca, da m esa e do altar, de tal modo que 0 povo de Israel, em suas vagueações pelo deserto, podia carregar 0 equí- pamento do tabernáculo e montá-lo na parada seguinte. Os varais aqui mencionados correspondem aos outros, com a exceção do fato de que eram recobertos de bronze, e não de ouro. Ver Êxo. 25.13,28.

27.8

O fundo do altar era oco; mas ao ser instalado, 0 espaço podia ser cheio de pedras ou terra. O Targum de Jonathan (e tam bém outros escritores judeus) informa-nos sobre com o 0 a ltar podia ser assim enchido de terra. E os intérpretes cristãos vêem nesse espaço vazio 0 esvaziam ento de Cristo em Sua missão terrena (Fil. 2.7,8; II Cor. 8.9), de tal modo que Nele pudéssem os enriquecer; mas parece que temos aqui um notável exagero nessa questão de tipologia.

O Átrio do Tabernáculo (27.9-19)

O átrio era um grande retângulo cujas m edidas aproxim adas eram 23 m x 46 m. A tenda, que ficava dentro desse átrio, ocupava apenas uma área de apenas 4,60 m

Page 131: At Interpretado- Êxodo

0 TABERNÁCULO NO DESERTO

Richard Laurence, The B o o k o f Enoch, 1821.

Page 132: At Interpretado- Êxodo

TABERNÁCULO DESCOBERTO

Page 133: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO428

2. O termo Iod os” aplica-se a todos os vasos existentes no átrio.3. A palavra Io d o s ” aplica-se somente às estacas. Nesse caso, pois, 0 fraseado é um

tanto capenga, pois 0 term o “bronze” parece aplicar-se a todos os vasos, e não apenas às estacas.

4. A referência seria aos utensílios do altar dos holocaustos, pelo que este versículo seria uma repetição do terceiro versículo deste capitulo.

5. A referência aponta para aqueles utensílios usados para levantar ou desmanchar 0

tabernáculo, como os martelos, as varas, as argolas, as estacas, etc., embora 0

autor sagrado não se tenha dado ao trabalho de chamar cada item pelo seu nome.Os intérpretes, antigos e modernos, não concordam quanto a essa questão. Mas

ela não tem importância maior.

O Azeite para 0 Candelabro (27.20-21)

O tabernáculo inteiro era resultado das ofertas voluntárias do povo de Israel, e isso incluía os m a teria is prov idos para a construção e até m esm o 0 azeite para alim entar as cham as do candelabro ou candeeiro. A tenda era 0 tem plo de Israel no deserto; e 0 povo de Israel tinha a responsabilidade tanto de erig i-la quanto de mantê-la.

27.20

Lâmpada acesa continuamente. Ver no D icionário vários artigos: Luz, a M etáfora da; Luz, Deus Com o; A ze ite (Ó leos}! Candeeiro. Essa determ inação serve para introduzir 0 que se segue, as instruções para os sacerdotes, suas vestes e funções. Um dos principais deveres dos sacerdotes era acender e man- ter limpo 0 candelabro, com suas sete lâmpadas. Originalmente, parece que essa manutenção se dava diariamente; mais tarde, porém, as lâmpadas eram mantidas acesas continuamente. Essa continuidade é refletida neste versículo, e alguns estúdio- sos pensam que assim sucedia mesmo no começo.

O Tipo. O aze ite é s ím b o lo do E sp ir ito S an to (João 3.34; Heb. 1.9). C ris- to é a Luz do m u ndo (Jo ão 8 .1 2 ), e 0 S eu a g e n te é 0 E sp ír ito Santo , 0 Seu a lte r ego. No tab e rn á cu lo houve aq u e la i lu m in ação sob rena tu ra l da she k in ah (ve r a re sp e ito no D ic io n á rio ), qu e ilu m in o u 0 S a n to dos S an to s . E tam bém havia aq u e la luz a r t if ic ia l fo rn e c id a pe lo ca n de lab ro , no Lu gar Santo . Agora, esses do is luga res to rn a ra m -se um só (M at. 27 .50 ,5 1 ; Heb. 9 .6 -8 ; 10.19-21). A luz do Logos e a luz do E sp ír ito são um a só luz. O hom em esp ir itua l avan- ça na luz que lhe é fo rn e c id a (I Jo ã o 1.7 ). T o d o s os se re s h u m a n o s são ilum inados por C ris to (João 1.4). Na luz há vida, con fo rm e vem os nessa mes- ma re fe rê nc ia b íb lica . U m a vez ch e io s do E sp írito Santo , an dam o s em p lena luz (Efé. 5.18).

O candelabro, posto no Lugar Santo, indicava 0 fato de que “ Deus está pre- sente”, e que a Sua presença nos outorga ilum inação espiritual. A glória shekinah, no Santo dos Santos, significa que 0 hom em espiritual é alguém que recebe uma iluminação especial, um acesso maior a Deus. Ver no D icionário 0 artigo intitulado Acesso.

O azeite era puro, 0 que indica que a luz de Deus é pura, e que os puros são aqueles que lhe dão acolhida.

27.21

... as conservarão em ordem. O ca n d e la b ro re q u e r ia a te n çã o pe rm a- nente , e aos s a ce rd o te s de Israe l cab ia essa m a nu te n çã o . U m a lei especia l go ve rn a va essa m a n u te n çã o . E ra um a luz in d isp e n sá ve l, in d ica n d o a san ta ilum inação d iv ina. Enquanto 0 tab e rn á cu lo /te m p lo estivesse em funcionam en- to , os s a c e rd o te s d e v e r ia m m a n tê - lo . M a s ch e g o u 0 d ia em que 0 s is tem a fa lh ou ; e, en tão , coube às s in a g o g a s 0 d e ve r de m a n te r essa luz, em m uitos m ilh a re s de lu g a re s d ife re n te s , e não em um ú n ico lu g a r ce n tra l de ad o ra - ção . M u itas m ilh a re s de la m p a r in a s e ram m a n tid a s co n tin u a m e n te acesas. U m a in s t i tu iç ã o a n t ig a t in h a d e s a p a re c id o , m a s se u s v a lo re s ha v ia m sido preservados.

U m a lâm p a d a a ce sa é 0 m a is e xce le n te s ím b o lo da p re se n ça esp ir itua l e co n tín u a de Deus. P ara os heb reu s , a lu z e ra 0 p r im o g ê n ito de Deus, por- q u an to D eus d isse ra : “ H a ja lu z ” . A luz é a m a is tên ue e m a is !m ateria l subs- tân c ia que se con hece , qu e n e n h u m a fo rm a de id o la tr ia é capaz de duplicar. No san tuário de Israel, a luz p rec isava ser m antida acesa dia e noite, e Josefo d isse qu e isso s u c e d ia ta n to no ta b e rn á c u lo q u a n to no te m p lo (A n tiq . i i i.7 , pa r. 7). V e r as no ta s em Ê xo. 2 9 .4 2 s o b re a p e rp e tu id a d e do ta b e rn á c u lo e seus ritos.

Arão e seus filhos. Em outras palavras, 0 sacerdocio'aaronico, que haveria de tomar 0 lugar do sacerdócio dos primogênitos (Núm. 18.15 ss.). Ver no Dicionário 0

verbete intitulado S acerdotes e Levitas. Ver as notas sobre Êxo. 25.27,28 quanto a detalhes do trabalho de manutenção do candelabro, bem como dos utensílios usados nessa manutenção.

A p r im e ira co r t in a tin h a 6 ,9 0 m de c o m p r im e n to ; e de ca d a lado , hav ia 6,90 m. Havia cortinas ao longo desses v in te e três m e tros, mas os 9,20 m no m e io fo ram fe ito s de ta l m o do que ha v ia um a en tra d a que co n d u z ia ao á trio . H av ia a ind a duas ou tra s co r t in a s ; a s e g u n d a an te s do L u g a r S an to , e a ter- ce ira an tes do S anto dos S antos. Já pu dem o s de sc re ve r isso nas no tas sobre Êxo. 26.31 e 36.

As d u as pa rtes da co r t in a de 6 ,9 0 m cad a p a rte (em a m bos os lados da en trada) es tavam p e ndurada s em trê s co lun as, ta l com o 0 resto das cortinas, em bora as bases fosse m fe ita s de b ronze (vs. 17). As co lun as ficava m a cer- ca de 2 ,3 0 m um a da o u tra . H a v ia um to ta l de de z co lu n a s na e x tre m id a d e les te do ta b e rn á cu lo , 0 m e sm o nú m e ro qu e h a v ia na sua ex tre m id a d e oeste (vs. 12).

27.16

Um reposteiro de vinte côvados. T e m os aí a p r im e ira cortina, que dava entrada para 0 átrio. Essa cortina ficava apoiada sobre quatro colunas, 0 mesmo número que havia na cortina do Santo dos Santos. Portanto, tem os: 1. A prim eira cortina (sobre quatro colunas, Êxo. 27.12). 2. A segunda cortjna (sobre cinco colu- nas, Êxo. 26.36). 3. A terceira cortina (sobre quatro colunas, Êxo. 26.32). A palavra hebraica usada para indicar a cortina da entrada do átrio é a m esm a pa lavra usa- da pa ra ind ica r os véus do Lu gar S anto e do S anto dos Santos, em bora estas últimas sejam chamadas “véus” , em português. Talvez porque 0 tecido dessas últi- mas fosse mais fino que 0 tecido da prim eira . Mas no hebraico é usado um vocá- bulo d iferente para indicar as dem ais cortinas do átrio, ind icando um tecido m ais grosseiro (ver 0 vs. 9). Logo, quando a lguém olhava para a extrem idade oriental podia notar uma diferença na textura e no desenho dos tecidos, quando compara- dos com a seção do meio (a entrada), e com as duas parles a cada um dos lados dessa entrada.

Tipos e S im bo lism os. A s co rtinas ind ica vam graus varie gad os de acesso, pois cada um a de las serv ia de porta que pe rm itia que a lguém por ali entrasse, com exclus iv idade. Todo 0 povo de Israel (m as nenhum gentio) podia penetrar pe la pr im e ira cortina. Os sace rdo tes , a cada dia, pod iam passa r pe la segunda cortina. M as som ente 0 sum o sace rdo te , e ass im m esm o ap enas um a vez por ano, po d ia en tra r pe la te rce ira co r tina . V e r no D ic io n á rio 0 ve rb e te cha m ado A cesso , ace rca de com o C ris to , em Sua m issão m e ss iâ n ica , p roveu com ple to ace sso a tod os até ao S an to dos S an to s , ou se ja , a té à p re se n ça m esm a de Deus.

27.17

Todas as colunas. Aqui se fala sobre todas as colunas ao redor do átrio. Essas colunas eram sessenta: vinte ao norte, vinte ao sul (vss. 10 e 11), e dez a oeste e dez a leste (vss. 12,14-16). Mas todas essas colunas eram construídas do mesmo modo, e dos mesmos materiais. Tinham ganchos de prata e bases de bronze. As vergas de pra ta (que alguns eruditos cham am de varas) serviam para segurar as cortinas às colunas. As colunas propriamente ditas eram, provavelmente, de madeira de acácia, tal como as colunas do Lugar Santo e do Santo dos Santos (Êxo. 26.32). Parece que 0 vs.10 deste capítulo diz que essas colunas eram de bronze, e não de madeira de acácia; e os intérpretes judeus não concordam entre si quanto a esse particular. Ver as notas expositivas sobre aquele versículo. Não aparece a palavra “acácia” naquele versículo, mas ela pode ter sido de ixada de fora pelo au tor sagrado, que assim com eteu um pequeno esquecimento. Ou então, a palavra bronze aplica-se tanto às colunas quanto às suas bases.

27.18

O átrio terá cem côvados de comprido. As d im ensões do átrio são dadas aqui. No sistem a métrico, essas dim ensões são: 23 x 46 m. A altura da cerca em redor era de cerca de 2,30 m, 0 que significa que a cortina externa do tabernáculo, que fech ava 0 á tr io , era b a s tan te ba ixa . N o en tan to , era a lta 0 b a s tan te para im ped ir que os curiosos o lhassem para de ntro do átrio, estando eles do lado de fora do mesmo. Em contraste, a a ltura das paredes internas do Lugar Santo e do Santo dos Santos era de cerca de 4,60 m.

27.19

Todas as suas estacas. Visto que as tendas não dispõem de alicerces, pre- cisam de estacas enfiadas no solo, para lhes darem estabilidade. Essas estacas, postas a intervalos regulares, esticam cordas. Portanto, as tendas ficam cercadas por estacas e suas respectivas cordas. E é assim que esse tipo de estrutura portátil não requer alicerces.

O fato de que todos os vasos do tabernáculo eram feitos de bronze tem suscitado cinco diferentes interpretações:1. Esse “todos” é absoluto ; mas isso contradiz Êxo. 25.38, onde lemos que alguns

vasos eram feitos de ouro.

Page 134: At Interpretado- Êxodo

429ÊXODO

a d ign idade de seu o fíc io ). Essas ves te s d is tin t iva s con fe riam aos sacerdo tes ace sso ao L u g a r S an to . A q u e le s qu e não t iv e s s e m ta is v e s te s não po d iam ing ressa r ali.

Tipos:1. A rão era tipo de C ris to com o S um o S ace rd o te , 0 que é exp lica do no arti-

go S um o S ace rdo te .2. Os f ilhos de A rão , os sace rd o te s , re p rese n tava m vá ria s funções sace rdo-

ta is de C ris to , com o ta m b é m de to d o s os c re n tes , os qua is são um re ino de s a c e rd o te s . P ro v i um lo n g o e d e ta lh a d o a r t ig o , na E n c ic lo p é d ia de B íb lia , Te o log ia e F ilo so fia , in t itu la d o S a cerdo tes , C re n te s Com o.

3. As ves te s d is tin t iva s dos sace rd o te s fa ze m -n os lem b ra r coisas com que 0

E s p ír i to de D e u s no s c o b re : a re t id ã o , as g ra ç a s e os d o n s de C ris to . A lg u n s e ru d ito s vê e m n e ssa s v e s te s um e m b le m a da n a tu re za hu m ana de Cristo.A a rq u e o lo g ia e as re fe rê n c ia s lite rá r ia s in d ica m com o m u itos povos an-

t ig o s co n fe r ia m v e s te s d is t in t iv a s a se u s sa c e rd o te s . A d ig n id a d e do o fíc io in sp ira va ta l co isa . A arte sem pre e s te ve re la c io n a d a à re lig ião , m a n ifes ta n - do -se sob a fo rm a de a rq u ite tu ra e ve s tu á rio , com o tam b é m im agens, p in tu- ras e ou tros ob je tos que se to rnam parte do cu lto re lig ioso.

Em Israel, as vestes sacerdotais só eram usadas quando os sacerdotes cumpriam as suas funções religiosas (Êxo. 35.19). Essas vestes eram confeccionadas com a maior arte e excelência possível (Êxo. 28.3) e eram feitas com os mesmos materiais do véu interior do tabernáculo (vss. 6,8,15,33,39,42).

28.3

Todos os homens hábeis. Os artífices que seriam encarregados da cons- trução do tabernáculo e de seus móveis, utensílios e demais adendos teriam que ser homens capazes. Nenhum a pessoa profana teve permissão de confeccionar as vestes dos sacerdotes. Não se sabe quantas pessoas estiveram envolvidas nessa confecção. Não são fornecidos nomes; mas é indicado indiretamente que eram pessoas sábias e espirituais, que trabalhavam por detrás dos bastidores. Receberam 0 privilégio especial de providenciar as vestes distintivas dos sacerdo· tes. Também eram pessoas aptas em suas tarefas respectivas, além de serem consagradas no espírito. Para a mente dos hebreus, 0 coração era a sede do conhecimento e dos afetos; e os corações dos artífices escolh idos tinham de ter conhecimento re lacionado às suas habilidades, bem com o afeto espiritual para bem em pregarem tal conhecimento.

Deus aparece aqui com o a fonte do conhecimento e da sabedoria. Ele é 0

orig inador de todo bem e de todo dom perfeito (Tia. 1.17). Temos aí um reflexo do teism o (ver a esse respeito no Dicionário), e não do deísm o (ver também no Dicioná- rio).

28.4

A s Seis Peças do Vestuário. As seis peças distintivas das vestes do sumo sacer- dote são mencionadas neste versículo. O resto do capítulo descreve esses itens de forma detalhada. Os crentes também dispõem de suas vestes (ou armadura) distinti- vas, próprias para 0 conflito espiritual em que estão envolvidos (ver Efé. 6.10 ss.). Oferendas de estofo azul e linho fino torcido foram feitas, tudo de modo voluntário, aos artífices, que passaram a em pregar suas habilidades à confecção das vestes sacerdotais.

A lista de itens não inclui 0 turbante de Arão (que figura nos vs. 36-38), e também os calções curtos (vs. 42). Não se sabe dizer por qual motivo foram deixados fora da lista, mas 0 mais provável é que isso tenha acontecido por mero esquecimento do autor sagrado, na preparação da lista de itens. Nada é dito sobre como os pés dos sacerdotes eram calçados, mas 0 mais provável é que usassem simples sandálias. Ver no Dicioná- rio 0 artigo Sacerdotes, Vestimentas dos, que fornece informações sobre a questão das vestes sacerdotais, com algumas ilustrações que ajudam a visualizar melhor essas ves- tes.

Quanto a tipos e sím bolos presum íveis dessas peças do vestuário sumo sacerdo- tal, ver 0 artigo acima mencionado no parágrafo intitulado Alguns Presumíveis Símbo- los Dessas Peças.

28.5

Foram usados m ateria is especia is , a saber: ouro, estofo azul, púrpura, car- mesím e linho fino, as co res dos véu s usa dos no Lugar S anto e no S anto dos Santos. Ver Êxo. 26.1,31,36. A isso foram acrescentadas pedras de ônix e várias outras pedras preciosas (Êxo. 28.9,17-21).

28.6

A estola sacerdotal. No hebraico, ephod, pa lavra que significa “cobertura”. Há um a rtigo de ta lh a d o a esse re spe ito , no D ic io n á rio , in titu lado E sto la , que inc lu i in fo rm es a rqu e o ló g ico s , que 0 le ito r p rec isa exam inar. Os sace rdo tes

“Tenda (tabernáculo) da congregação, 0 lugar d a jn te ira congregação de Isra- el, visto que 0 tabernáculo era a igreja de Israel” . Ver Êxo. 28.43; 29.4; 30.16; 31.7; 33.7; 38.8; 39.32; 40.2,29; Lev. 1.1, etc. V e ra s notas expositivas adicionais sobre Lev. 1.1.

Capítulo Vinte e Oito

Direções para 0 Sacercódio (28.1 — 29.46)

Os Sacerdotes e Suas Vestes (28.1-43)

O fato de que Arão e seus filhos tinham um m onopó lio do sacerdote é aqui referido quase incidentalmente, como se soubéssem os disso 0 tem po todo. Natural- mente, a época refletida é a de Moisés. Arão era 0 sumo sacerdote e 0 tabernáculo requeria um elaborado sistema de m a nutenção— 0 sacerdócio aarônico. As descri- ções das vestes e das funções dos sacerdotes correspondem às do período pós- exílico (ver Eclesiástico 45.6-24 e 50.1-24). E os críticos pensam que temos aqui um reflexo desse período mais recente. Os eruditos conservadores, por sua vez, pensam que essas práticas já tinham com eçado nos dias de Moisés, com p ro jeções para épocas subseqüentes.

O te rm o sum o sace rdo te só com eçou a ser usado após 0 exílio babilônico; e aqu i 0 títu lo é co n fe r id o a A rão , po rq u e essa t inh a s ido a sua fun ção or ig i- nal, em bora e la não fosse c h a m a d a po r esse no m e. V e r su m o s a ce rd o te (II Crô. 19.11; 24 .11 ; Esd. 7.5); p r ín c ip e da casa de D eus (I Crô. 9 .11). Na épo- ca dos hasm one us , 0 sum o s a ce rd o te to rn o u -s e um a p o d e ro sa f igu ra po líti- ca, m as foi en tão que 0 o f ic io so freu vá ria s co rrupçõ es . F unções sace rdo ta is ex is tiam em um a re lig ião de te n d ê n c ia s p re d o m in a n te m e n te re conc iliado ras; de ou tra sorte, e las nem seriam ne ce ssá ria s . O s sace rd o te s a a rôn ico s eram m e d ia d o re s do p a c to m o sa ico (ve r as no ta s a re sp e ito na in tro d u ç ã o a Êxo.19.1). O sum o sace rdo te d e s tacava 0 con ce ito da ne cess idad e que 0 hom em tem de re co n c il ia r-se com D eus (Êxo . 3 3 .1 2 -2 3 ). A rã o m e d ia va as g raças e d o n s de Y a h w e h ao p o vo de Is ra e l. M a s fo i a t ra v é s de M o is é s qu e A rão h a v ia re ce b id o seu o fíc io e su a a u to r id a d e . V e r no D ic io n á r io 0 a r t igo cha - m ado S ace rd o te s e Levitas.

M odos de S e rv ir dos S acerdo tes. Q ue im ar 0 incenso sobre 0 a lta r de ouro duas vezes por dia; faze r a m a nutenção do candelabro; faze r a m anutenção da m esa dos pães da proposição; ofe recer sacrifíc ios sobre 0 altar dos holocaustos; ab ençoar 0 povo. A lém desses deveres, tam bém havia fun ções civis, descritas em Num. 5.5-31; Deu. 19.17; 21.5. Ta m bé m estavam en carregados de ensinar (Deu. 17 .9 ,11 ; 33 .8 ,10 ) e de a n im a r e e x o rta r 0 povo em m o m e n to s de crise (Deu. 20.2-4).

28.1

Arão e seus filhos tomaram-se uma classe sacerdotal. Todos os sacerdotes eram levitas, mas nem todos os levitas eram sacerdotes. Havia funções e deveres maiores e m enores. Ver a descdção dos deveres no parágrafo acim a, e tam bém em Êxo. 13.2,12,13; 22.29; 34.19,20; Lev. 27.27; Núm. 3.12,13,41,45; 8.14-17; 18.15; Deu. 15.19.

Vir para junto de ti. Em outras palavras, consagrar, pois Moisés é que dava a Arão e seus filhos a autoridade original deles. Os sacerdotes tinham vestes que ilustra- vam os poderes, os privilégios e a dignidade de seu ofício; e neste capitulo vinte e oito são descritas as vestes sacerdotais.

Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. No Dicionário há artigos sobre cada um desses nomes, que 0 leitor deve examinar. Arão pode ter tido outros filhos, não mencionados, sendo presumível que esses outros também receberam funções sacerdotais de alguma espécie.

“O ofício sacerdotal, na verdade, estava circunscrito às fam ílias de E leazar e Itamar. Eleazar tornou-se sumo sacerdote em razão da morte de Arão (Núm. 20.28). Foi sucedido por seu filho, Fínéías, que era 0 sum o sacerdote no tem po de Josué (Jos. 22.13) e mais tarde (Juí. 20.28). Em da ta posterior, mas sob circunstâncias desconhecidas, 0 sum o sacerdócio passou pa ra a linhagem de itamar, à qual Eli pertencia" (Ellicott, in lo c ). Ver no D ic ionário 0 artigo cham ado Sum o Sacerdote. Arão era tipo de Cristo em Sua função de Sum o Sacerdote, idéia essa inclusa no artigo sobre 0 assunto.

28.2

Vestes sagradas. Descritas ao longo deste cap ítu lo v inte e oito, d istinguin- do os sacerdotes dos dem ais israe litas. E teriam que ser con fecc ionadas de tal m odo que re fle tissem g lória (e les serv iam a Y ahw eh, e assim tinham um a fun- ção grandiosa) e beleza (deveria haver considerável senso estético que refletisse

Page 135: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO430

simbólicas, sem exercer qualquer outra função na estola sacerdotal. As variegadas pe- dras do peitoral tam bém continham nomes, cada pedra um nome de tribo, pelo que havia um duplo lembrete do povo de Israel, ao qual 0 sumo sacerdote servia.

O Peitoral (28.13-30)

Ver no D icionário 0 artigo Judaísm o, onde 0 pe ito ra l das vestes sum o sacer- dotais é ilustrado.

28.13,14

As pedras do peitoral eram engastadas em garras de ouro. Cf. 0 vs. 11. Eram semelhantes aos engastes das duas pedras de ônix das ombreiras da estola sacer- dotal. Havia duas correntes de ouro (vs. 14) que serviam ao propósito de suspen- der 0 peitoral a partir das ombreiras. Essas correntes não foram confeccionadas à maneira moderna, com o elos en tre laçados, e, sim, eram com o fios de ouro torci- dos à moda de cordas, um trabalho artístico e com plicado. Essas correntes esta- vam presas aos engastes das duas pedras de ônix. Ver os vss. 22-28 deste capítulo quanto a outras informações sobre a questão.

Os arqueólogos têm descoberto essas correntes de ouro em várias culturas anti- gas, incluindo a egípcia, sendo perfeitamente possível que esses vários tipos de arte do ourives, empregados na construção do tabernáculo e em sua decoração, tivessem sido aprendidos pelos israelitas enquanto estavam no exílio, no Egito.

28.15

O peitoral do juízo, Há um deta lhado artigo sobre esse item, no D icionário. Assim, as descrições que damos aqui são abreviadas. O artigo no Dicionário intitula- se Peitoral do Sumo Sacerdote. Aquele artigo inclui vários simbolismos do peitoral. O espaço devotado a essa parte do vestuário do sumo sacerdote mostra a grande im- portáncia que 0 autor sagrado dava à mesm a. Era feita do mesm o material que a estola (cf. 0 vs. 6). Tinha as dimensões 46 x 23 cm. Mas como era dobrado ao meio, tornava-se um quadrado com 23 cm de lado. Doze diferentes pedras preciosas eram engastadas em garras de ouro. Os nomes das tribos de Israel foram gravados ali, um nome em cada pedra. Assim, os nomes das tribos de Israel sobre as duas pedras de ônix (seis nomes em cada pedra), e os nomes dessas mesmas tribos aqui (um nome em cada pedra), formavam um duplo lembrete, diante de Deus, acerca do povo de Israel, em favor de quem 0 sumo sacerdote oficiava. E fitas azuis prendiam 0 peitoral de encontro ao peito do sum o sacerdote, das extrem idades inferiores para baixo, mediante argolas de ouro, de tal modo que 0 peitoral nunca se separava da estola, quando 0 sumo sacerdote oficiava.

A seqüênc ia dos nom es dos filhos de Israel provave lm ente seguia a mes- m a ordem que havia nas duas pe dras de ôn ix , con fo rm e se vê no vs. 9 deste capitulo.

No hebraico, a pa lavra para “p e ito ra l” é hoshen, te rm o que sign ifica obje to belo. Portanto, tan to na construção do tabernácu lo quanto em tudo quanto dizia respeito ao mesmo, predom inava 0 senso estético. O peitoral atuava com o bolsi- nha pa ra 0 U rim e 0 T u m im , sen do essa a sua p r in c ipa l fin a lid a d e . Por isso mesmo, há estud iosos que pensam que 0 pe itoral era um a espécie de algibeira, em bora tam bém tivesse usos s im bó licos , con fo rm e já m encione i. Deixo que 0

le itor exam ine 0 resto das descrições no citado artigo do D icionário. Cf. 0 habili- doso trabalho que essa peça exigiu com 0 que se vê em Êxo. 26.1,31; 28.6, pois em am bos os casos tem os a m esm a técnica e as mesm as cores empregadas.

28.16

Quadrado e duplo. Parece gue os hebreus associavam 0 formato geométrico quadrado à idéia de perfeição (ver Êxo. 27.1). Os gregos, por sua vez, faziam tal associ- ação com a figura geométrica do círculo. Os altares antigos tinham um topo de forma quadrada. Mas havia altares circulares. Podemos pensar que a idéia de perfeição esta- va associada a ambas essas formas. Também foi achado um altar de formato triangu- lar no topo, na Mesopotâmia; e havia altares de formato retangular. Mas 0 quadrado era a forma mais comum.

Lemos que 0 peitoral era quadrado e duplo, porque sendo um retângulo de 46 x 23 cm, era dobrado ao meio, para formar uma espécie de bolsa com aproximadamen- te 23 cm de lado. É provável que um dos lados da peça dobrada fosse costurada, como também a parte de cima, deixando um bolso lateral. Os egípcios faziam peitorais bas- tante fortes, duplos, de linho, e 0 estilo desses peitorais egípcios bem pode ter sido copiado neste caso. Maimonides (Hamikdash, c. 9, see. 6) disse que 0 pano tinha 46 cm de comprimento antes de ser dobrado ao meio. Cf. 0 formato quadrado da Nova Jeru- salém, símbolo da Igreja de Cristo em sua glória (Apo. 21.16). Parecem estar envolvi- das nisso as idéias de firmeza, força, beleza simétrica e perfeição.

28.17

Quatro ordens de pedras. C ada f ile ira con tinha três pedras d ife rentes, 0

que resu ltava em doze pedras. N essas doze pedras foram gravados os nomes

levíticos usavam estolas de linho, mas 0 sumo sacerdote dispunha de estolas bordadas em ouro, azul, púrpura e car- mesim. Uma estola especial era usada quando dos pronunciamentos do sumo sacerdote, em seus oráculos. Essa estola ficava pendurada no interior do templo (I Sam. 21.9).

A lguns estudiosos supõem que 0 ephod foi a mais antiga das vestes sacerdo- ta is. N atu ra lm ente, havia um uso an te rio r ao tabernácu lo , e que era um artigo com um entre as vestes de povos não-israelitas. Ta lvez houvesse nisso simbolis- mos m ísticos; nesse caso, porém , não nos é d ito qua is poderiam te r s ido esses sentidos simbólicos.

28.7

A esto la d ispunha de duas peças para os om bros, as om breiras, que talvez tam bém protegessem as costas. O artigo Sacerdotes, Vestim entas dos ilustra esse item. Havia laços que prendiam as peças um a à outra, form ando um a única peça com frente e costas. Era uma espécie de malha sem mangas (Êxo. 39.4). As peças eram unidas por duas pedras, que atuavam com o se fossem botões (vs. 12). Al- guns in té rpre tes d iz iam que as duas peças eram costu radas um a à outra (M aimonides, H ilcho t C afe H am ikdash, c. 9, see. 9). Nesse caso, as duas pedras eram meros adornos.

28.8

O cinto de obra esmerada. Ver no D icionário 0 artigo Cinto. O cinto do sumo sacerdote era altamente decorativo, completo com bordados (cf. Êxo. 28.39 e 39.29). A lém de deixar no lugar peças de roupa, em torno do corpo, 0 cinto tinha sentidos místicos. O material (linho) do cinto era da mesma cor e do mesmo estilo do véu do santuário, servindo de indício de que as vestes do sumo sacerdote mostravam ser ele 0

administrador do santuário, em suas diversas funções sacerdotais. Ver 0 artigo geral intitulado Sacerdotes, Vestimentas dos. O cinto apertava a estola em tom o da cintura (Lev. 8.7). O cinto fazia parte inseparável da estola e era feito do mesmo material que esta.

28.9-10

Duas pedras de ônix. Ver as notas sobre essa pedra em Gên. 2.12. Cf. Êxo. 25.7. Em cada uma dessas pedras foram gravados os nomes de seis das tribos de Israel, a listadas segundo a ordem de idade dos pa triarcas que deram nom es às tribos. E na mesma ordem foram gravados os nomes sobre as doze pedras precio- sas do peitoral (vss. 17-21). As pedras en fa tizavam 0 prestíg io das doze tribos, como também os deveres que os sacerdotes tinham de servir bem Israel, ou seja, 0

povo in te iro , a congregação de Deus. “ . . .assim sendo, quando Arão entrava no tabernáculo, apresentava os nomes das tribos de Israel na presença de Deus (vs. 12)” (John D. Hannah, in Ioc.).

Os Nom es p o r Ordem de Nascim ento: Uma das duas pedras de ônix continha os nomes: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã e Naftali. E a outra continha os nomes: Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim. Mas alguns autores judeus sugeriram outros arranjos de nomes.

Os eruditos também discordam quanto à identidade dessas duas pedras. Alguns opinam em favor da esmeralda ou do berilo. Josefo (Antiq. 3.7 par. 5) dizia que essas pedras eram 0 ônix e a sardônica. Têm sido encontradas muitas pedras dessa qualida- de, sendo uma pedra comum na joalheria.

28.11,12

Essas pedras eram lap idadas em form a de roseta e incrustradas em ouro, sob a fo rm a de se lo s . “ E ram s ím b o lo s de a u to r id a d e e de d icação , em todo 0

m undo antigo (Gên. 41.42; Jer. 22.24; Ageu 2.23). O papel de Arão com o sacer- do te, e a sua au to ridade, de pend iam do pa c to da g raça de Y ahw eh. Ele apre- sen tava d iante do S enh or os nom es das tr ib os de Israel. Israel era 0 fu lc ro de interesse de seu serv iço” (J. C oert Rylaarsdam , in Ioc.). “Os s in e te s . . . com o os do Egito, em sua m aioria eram a n é is . . . m as os da Babilôn ia eram c ilín d r ico s .. . ” (Ellicott, in Ioc.).

Lapidação de Pedras P reciosas na A ntigu idade. As pedras preciosas de maior du reza (na esca la de 1, talco, a 10, d iam ante), ou seja, a esm eralda, a safira, 0

topáz io , 0 rubi e 0 d iam ante , que eram tão du ras que desa fiavam os antigos lapidadores, de tal modo que aparecem com m enor freqüência, eram menos usa- das que as pedras de dureza m enor (na m esm a escala, 6 ou 7 pontos de dureza), que atua lm en te cha m am o s de pedras sem i-p re c iosas , com o 0 ônix, 0 jaspe , 0

lapis-lazuli, 0 sárdio, 0 berilo, e 0 crista l de rocha. V er no D ic ionário 0 artigo cha- mado Jóias e Pedras Preciosas.

As pedras de ôn ix g ravadas ficavam sobre os om bros da esto la sacerdotal, talvez funcionando com o se fossem botões ou colchetes, juntando as duas peças da esto la . Ou, en tão, na op in ião de ou tros in té rp re tes an tigos , as duas peças eram costuradas uma à outra, e aquelas pedras eram meras peças decorativas e

Page 136: At Interpretado- Êxodo

431ÊXODO

28.21

Esculpidas como sinetes. A gravação dos nom es das doze tribos de Israel seguiria 0 m esm o procedim ento efe tuado no caso das duas pedras de ônix (vss.10,11), sendo de p resum ir que os nom es seguiriam a m esm a ordem, ou seja, a seqüência cronológica do nascim ento dos patriarcas que deram às tribos os seus nomes. Essa ordem presumível aparece nas notas sobre 0 vs. 9 deste capítulo. No caso das pedras de ônix, havia apenas duas, cada qual com seis nomes. Mas no caso das pedras do pe itora l, cada qual osten tava um nome. Tam bém supõe-se que as ordens ou fileiras, de um a a quatro, seguiria essa mesm a ordem, pelo que a p r im eira o rdem teria os no m es de Rúben, S im eão e Levi, e assim por d iante. Todavia, vários outros arranjos têm sido sugeridos, pelo que a questão ficou em dúvida.

A dam C larke ( in lo c .) sug e riu um a rra n jo de aco rdo com os filhos de Lia; d e p o is de B ila , d e p o is de Z ilp a , e, f in a lm e n te , de R aqu e l, em lu g a r de um arran jo cronológ ico . Mas de vem os a d m itir que Adam C larke escudou-se sobre vários e rud itos ju d e u s que hav iam fa lado nesse arranjo . John Gill, em con tras- te, seguiu a ordem de nascim entos, con form e se vê nos vss. 9-10 deste capítu- Io. Tam bém é possível que 0 nom e de Levi não estivesse incluído, sob pena de te re m de se r g ra v a d o s tre z e no m e s , a m e n o s que , em lu g a r de E fra im e M anassés, ho uvesse som e n te 0 no m e de José . N ão ha v ia um a tr ibo de José, e, s im , duas tr ib o s que d e sce n d ia m de se u s d o is filhos , E fra im e M anassés. Levi, por sua vez, to rnou -se um a casta sacerdota l, tendo perdido sua distinção e herança tr iba l (ve r Núm . 1.47 ss.). E ass im , se de ixa rm o s de fo ra Levi, mas a d ic io n a rm o s E fra im e M a n a ssé s , ch e g a re m o s ao n ú m ero “d o z e ” . A lis ta de Adam C larke inclui Levi e José , m as de ixa de fora M a nassés e Efraim . N ão há ce r te za sob re co m o d e te rm in a r e x a ta m e n te q u a is n o m es fo ram in c lu íd o s , e nem qual 0 m étodo seguido.

28.22

Correntes como cordas. O autor sacro vo lta aqui à informação dada no vs. 14 deste capítu lo, onde há no tas expositivas. Ver 0 artigo do Dicionário, S acerdotes, V estim entas dos, onde dou um desenho representando 0 sumo sacerdote com todos os seus param entos. Essa gravura a juda-nos a v isualizar a questão. O item no lado sup e rio r esquerdo é a esto/a. “Das duas correntes de ouro puro (vs. 14) pendia a a lg ibe ira (0 pe itoral). Para cada corrente havia uma argola de ouro no can to superior da a lgibeira. A outra extrem idade de cada corrente de ouro ficava presa a um a das pedras de ônix, na parte frontal das duas om bre iras” (J. C oert Rylaarsdam , in loc.). Portanto, 0 pe itoral ficava fixado em seu lugar, m ediante a a juda de duas correntes de ouro, presas às om brei- ras, e tam bém m ediante a a juda de do is laços azuis, de sua extrem idade inferi- or para baixo.

Obra trançada de ouro puro. C om o co rdas (co n fo rm e se vê no com eço deste m esm o ve rs ícu lo ). Não eram co rren tes fo rm ad as por elos, con fo rm e se vê nas co r re n te s m o d e rn a s , e, s im , f io s to rc id o s de ou ro , com o se faz com cordas ou fios.

28.23-25

Duas argolas de ouro. Essas argolas foram postas nas extremidades supe- riores do peitoral. Nessas argolas ficavam presas as correntes de ouro que desci- am das ombreiras. Desse modo, as correntes de ouro uniam as argolas às pedras de ônix da estola (vss. 13,14 deste capítulo).

28.26-28

Havia duas outras argolas de ouro, nas duas extremidades inferiores do peitoral, pelo lado de dentro. Então um laço azul (vs. 28), prendia 0 peitoral à estola sacerdotal, puxando-o para baixo. De acordo com 0 vs. 27, parece que havia outras duas argolas de oura, que também contribuíam para prender 0 peitoral no seu lugar. Embora haja alguma dúvida, entre os intérpretes, quanto a como entender exata- mente esse arranjo, parece que os laços azuis (provavelmente feitos de linho) prendi- am as argolas duas a duas. A localização exata de todo esse conjunto tem deixado os intérpretes confusos. O que é claro, pelo menos para alguns, é que as correntes de ouro ligavam 0 peitoral à estola sacerdotal (na parte de baixo).

No vs. 28 de nossa versão portuguesa a im pressão que se tem é que esse arranjo de argolas, duas a duas, era ligado po r fitas azuis, sobre 0 c into da estola.

Obra esmerada. N e n h u m a o u tra pe ça do v e s tu á r io do sum o sace rd o te era c o n fe cc io n a d a com m a io r a rte e e sm e ro do q u e 0 c in to da es to la sace r- do ta l. S obre esse item já se co m e n to u no o ita vo ve rs ícu lo deste cap ítu lo . O a rtigo do D ic io n á rio , c h a m a d o S a ce rd o te s , V e s tim e n ta s dos, tem um dese- nho sobre esse item . O c in to a p e rta va a es to la em to rn o da c in tu ra do sum o sacerdote (Lev. 8.7).

das doze tribos de Israel, provavelmente seguindo a ordem de nascimento dos patriar- cas, conforme já foi dito no vs. 9 deste capítulo. As pedras de ônix das ombreiras da estola sacerdotal, também foram gravadas, cada uma, com os nomes de seis das tribos de Israel (Êxo. 28.11,12). Mas a função das pedras era a mesma: relembrar 0 sumo sacerdote do povo ao qual servia, ao entrar no Santo dos Santos. Ver as notas sobre 0

vs. 29 deste capítulo quanto a maiores explicações desse detalhe. Cf. isso com Apo. 21.19,20 onde há uma lista similar de pedras preciosas, que faziam parte da omamen- tação dos alicerces da Nova Jerusalém. Cf. tam bém a lista de pedras preciosas em Ezequiel 28.13.

Há uma considerável dificuldade na identificação dessas pedras antigas com as pedras modernas, chamadas por esses nomes. Os antigos não dispunham de ferra- mentas capazes de trabalhar devidamente com as pedras preciosas de maior dureza, embora soubessem lapidar e gravar bem pedras de menor dureza. Ver as notas sobre 0 versículo onze deste capítulo. No entanto, a arqueologia tem achado jóias feitas até mesmo com as pedras preciosas de maior dureza. A despeito disso, permanece de pé 0 problema de identificação. O artigo existente no Dicionário, chamado Jóias e Pedras Preciosas menciona e descreve as doze pedras m encionadas na lista que tem os à nossa frente. Várias dessas pedras recebem artigos separados. Ver a quarta seção daquele artigo.

Primeira Ordem:

Sárdio. Ver no D ic io n á rio 0 a rtigo com esse nom e. No hebra ico 0 nom e é od em ; no grego, sa rd ion . No A n tigo T e s ta m e n to , ve r aqu i; Êxo. 39 .10 e Eze. 28 .13 . No N ovo T e s tam e n to , ve r A po. 4.3 ; 21 .20 . T ra ta -se de um a va riedade trans lúc ida de s ilica (d ióxido de s ilica ), m u ita fina. M ed ian te um a luz pro jetada sobre ela, to rna-se m arrom ou m a rrom a la ra n ja d o , m as de um ve rm e lho pro- fu n d o m e d ia n te luz d ire ta m e n te in c id e n te . T ra ta -s e de um a v a r ie d a d e de calcedônia (dureza sete). Portanto, um a pedra sem iprec iosa. Na visão de João, essa pe d ra de co ra va 0 sex to fu n d a m e n to da s m u ra lh a s de Je ru sa lé m (Apo.21 .20 ) .

Topázio. Ver 0 artigo e informações adicionais no artigo desse nome, no Dicioná-rio.

Carbúnculo. Ver 0 artigo e informações adicionais no artigo desse nome, no Dicionário.

28.18

Segunda Ordem:

Esmeralda. Ver 0 artigo e inform ações adicionais no artigo desse nome, no Dicionário.

Safira. Ver 0 artigo e informações adicionais no artigo desse nome, no Dicionário.

Diamante. V er inform ações ad ic ionais no artigo desse nome, no D icionário.

28.19

TerceiraOrdem:

Jacinto. Ver informações adicionais no artigo desse nome, no Dicionário.

Ágata. Ver informações adicionais no artigo desse nome, no Dicionário.

Ametista. Ver informações adicionais no artigo desse nome, no Dicionário.

28.20

Quarta Ordem:

Berilo. Ver informações adicionais no artigo desse nome, no Dicionário.

Ônix. Ver informações adicionais no artigo desse nome, no Dicionário.

Jaspe. Ver 0 artigo e informações adicionais no artigo desse nome, no D icio- nário. As pedras “berilo” e “jaspe”, a exemplo do “sárdio", tam bém receberam artigos separados no Dicionário. E 0 “ônix” é comentado nas notas sobre Gén. 2.12. Ver também Exo. 28.9.

O au to r sag rado repetiu a in fo rm açã o de que cada pedra teria seu próprio engaste de ouro (ver 0 vs. 13). Assim , 0 nom e de cada tribo recebia um a aten- ção e um a ho n ra in d iv id u a is no p e ito ra l do su m o sa c e rd o te ; e es te po d ia e devia lembrar a cada qual, em separado, e a todos eles, individualmente, quando estivesse ocupado em seus deveres sagrados (ver 0 vs. 29).

Page 137: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO432

lugar״ ( ! Coert Rylaarsdam, in Ioc.). Isso pode ser contrastado com muitas igrejas mo- dernas, com sua música mundana, com seus instrumentos de percussão, com seus cultos bamlhentos e cheios de confusão.

“A rom ã era um o rn a m e n to fa vo rito na A ssíria , em bora não no Egito. Em Josué 7.21, ficam os sab endo que a rtigos p roduz idos na Babilôn ia eram trans- p o rta d o s po r c o m e rc ia n te s a té a S íria , em um a da ta não m u ito d is ta n te da é p o c a de M o is é s , de o n d e p o d e m o s c o n c lu ir q u e ta m b é m c irc u la v a m na A rá b ia e no E g ito ” (E l l ic o tt , in Io c .). V e r no D ic io n á r io 0 v e rb e te in t itu la d o R om ã.

O vs. 35 deste ca p ítu lo dá a e n te n d e r que era pe rigoso es ta r na presen- ça de Y ahw eh , e que s o m e n te um h o m e m a lta m e n te p re p a ra d o , d o ta d o de elevado cará te r esp ir itua l, ou saria en tra r no S anto dos Santos do tabernáculo . Ver 0 vs. 36. Ta l hom em p re c isa va ser d o tado de san tidade pessoa l. As yes- te s do su m o s a c e rd o te só p o d ia m p ro te g ê - lo se e le fo sse 0 h o m e m ce rto para ves tir ta is ves tes . Um ho m em pro fano , m esm o que vestisse os tra jes de sum o sacerdote, pereceria se en trasse no S anto dos Santos. Q uanto a outras am e a ça s de m o rte co n tra a q u e le s que a b u s a s s e m das re gras a tin e n te s ao tabernácu lo , ver Êxo. 30 .20 ,21 .

O T a rg u m de J o n a th a n c a lc u la que h a v ia um to ta l de se te n ta e um a c a m p a in h a s e ro m ã s na f im b r ia da s o b re p e l iz do s u m o s a c e rd o te . M a im on id es pensou em um to ta l de se te n ta e duas. C lem ente de A lexandria , e n tre ta n to , p e n so u em um to ta l de na d a m e n o s de tre z e n ta s e s e s s e n ta e se is . S e ja co m o for, h a v ia m u ita s c a m p a in h a s qu e em it ia m seu som . E isso faz-nos lem b ra r do tes tem un ho de C ris to e de Seu evangelho, que soa até os con fins da terra.

As cam painhas e as romãs foram postas a lternadamente — uma campainha, uma romã, um a campainha, um a romã — dando a entender testemunho e fruto; ou, então, luz e fruto, palavras-chaves da expressão espiritual.

Lâmina, Mitra e Túnica (28.36-39)

Esses itens são apresentados em seqüência diferente, em Êxo. 39.27-29.

28.36

A Lâm ina de Ouro. As instruções acerca da fe itu ra da lâm ina de ouro e sua colocação na mitra figuram em Êxo. 39.30,31. A lâmina de ouro era 0 equivalente a um diadema ou uma coroa. A pa lavra hebraica envolvida significa brilho (cf. Sal. 132.18). O sum o sace rdo te tam bém adquiria qua lidades princ ipescas e, com 0

tempo, tornou-se a m aior autoridade civil, e não apenas religiosa. A inscrição que havia nessa lâm ina: “Santidade ao Senhor", ind ica que ele era um instrum ento espiritual especial, usado por Yahweh para benefic iar 0 povo, um instrumento do- tado de elevada espiritualidade e piedade pessoal. Essa lâmina era colocada so- bre a m itra de linho, to rnan do-se sua parte m ais conspícua . O sum o sacerdote trabalhava para efetuar reconciliação, expiação e sacrifício, pelo que era um medi- ador de santidade. Portanto, era m ister que fosse possuidor dessa virtude. A lâmi- na de ouro tam bém simbolizava 0 resplendor real (Eze. 21.26; Zac. 3.5). Logo, era rei e sacerdote, um tipo de C ris to e dos crentes. E sua lâm ina de ouro era um a maneira de transm itir essa idéia. Israel foi cham ada para ser uma nação santa e reino de sacerdotes (Êxo. 19.6). Ver Apo. 1.6 quanto a mesma coisa dita a respeito dos crentes do Novo Testamento.

28.37

A lâmina de ouro era fixada à mitra com uma fita azul, feita de linho, na parte da frente, pelo que era 0 item mais importante da mitra, que chamava a atenção de todos quantos 0 vissem.

O sum o sacerdote precisa ser possuidor de várias qualidades, simbolizadas por essa lâmina, a saber:1. Santidade pessoal.2. Dedicação a Yahweh e ao Seu serviço.3. Devia ministrar em suas funções sacerdotais.4. Devia ensinar 0 povo.5. Devia atuar como mediador que oferecia um santo sacrifício expiatório.6. Devia ser capaz de resolver questões difíceis com 0 Urim e 0 Tumim (ver sobre isso

no Dicionário).Este versículo deve ser comparado a Êxo. 39.31. É provável que as duas extre-

midades da lâmina fossem perfuradas, facilitando sua fixação à mitra.

A Mitra. Os sacerdotes não usavam suas vestes sacerdotais quando não esta- vam oficiando. Mas quando estavam oficiando suas vestes especiais eram imprescin- díveis. O sumo sacerdote, quando oficiava, jamais podia estar sem a sua mitra e sua respectiva lâmina de ouro. A m itra (uma espécie de turbante), provavelmente era um a peça para ser usada na cabeça. No hebraico, a palavra indica algo enrolado, pelo que sem dúvida era feita assim, com tecido de linho. Em Ezequiel 21.31, a mitra é um em blem a real, e a lgo s im ilar é dito em Zacarias 3.5. No D ic ionário há um artigo detalhado intitulado Mitra.

28.29

Arão levará os nomes dos filhos de Israel... sobre 0 seu coração. Esta- va em pauta um serviço em inentem en te esp ir itual. A rão era 0 representan te de Israel diante de Deus, e nunca deveria olv idar-se do fato, em sua mente e em seu coração. As pa lavras “sobre 0 seu coração” aparecem por três vezes, não mera- mente para fornecer-nos um a localização, mas tam bém um sentimento. Arão de- veria fazer seu trabalho de todo 0 coração. Os sacerdotes operavam com o inter- mediários, com o intercessores e com o mestres. Os vss. 12 e 21 mostram -nos que as pedras (as de ônix, que eram duas, sobre as ombreiras, e as doze pedras sobre 0 peitoral) traziam os nom es das doze tribos de Israel. Em favo r de las é que ele traba lhava, e estavam sem pre d ian te de le nas p róprias vestes que vestia, bem com o dentro de seu coração. Há informes de que Charles Spurgeon conhecia por nom e cada membro de sua vasta congregação, e que tinha tal conhecim ento por- que sem pre procurava m anter con tac to com os m esm os. Ele era um pastor de ovelhas.

28.30

O Urim e 0 Tumim. Há um artigo detalhado sobre essas pedras (ou 0 que quer que elas tenham sido) no Dicionário. Há muitas opiniões quanto à natureza desses objetos e quanto à sua utilidade. Talvez a O xford Annotated Bible (in Ioc.) esteja com a razão ao dizer apenas que eram sortes por meio das quais 0 sumo sacerdote (ao lançá-las) tomava decisões oraculares. Portanto, serviriam de meios de oráculo, medi- ante os quais 0 sumo sacerdote obtinha decisões ou informações, conforme vemos em Núm. 27.21; Deu. 33.8 e I Sam. 28.6. Os apóstolos usaram sortes a fim de determinar a importante questão da substituição de Judas Iscariotes como apóstolo (Atos 1.26); e é possível que 0 precedente para isso fosse 0 exemplo dado pelos próprios antigos su- mos sacerdotes de Israel.

Também há quem pense que 0 Urim e 0 Tumim fossem diamantes através dos quais 0 sumo sacerdote, talvez mediante auto-hipnose, era capaz de entrar em estado de transe, quando então entrava em contacto com a mente de Yahweh. Seja como for, estava em foco uma forma de adivinhação (ver a esse respeito no Dicionário). O artigo cham ado Urim e Tumim, no D icionário, expõe a essência de tudo quanto se sabe acerca desses objetos, embora ninguém tenha podido determinar, com exatidão, no que consistiriam os mesmos. Entretanto, é bem sabido 0 propósito com que eram usados.

Tipos. Visto que temos à nossa frente um modo de iluminação espiritual, 0 Urim e 0 Tumim simbolizavam a luz que nos é conferida pelo Espírito de Deus, 0 Grande lluminador.

A Sobrepeliz da Estola Sacerdotal (28.31-35)

Chegamos agora a um a peça distinta do vestuário do sum o sacerdote, que não deve ser confundida com a estola. Era um a peça diferente (no hebraico, m eil), que era um a roupa interior, sobre a qual eram vestidas a estola e 0 peitoral. Somente 0 sumo sacerdote usava um a sobrepeliz.

28.31-35

“ Por ba ixo da esto la, 0 sum o sace rdo te de veria usa r um a sobrepe liz azul, sem mangas, que descia até a a ltura de seus joelhos e que era reforçada por um co la r inho , a “ab ertu ra d e b ru a d a ” que é m e n c io n a d a no vs. 32 deste cap ítu lo . Não tinha costu ra a lgum a e era o rnada de rom ãs de cor azul, púrpura e carme- s im ; e, entre as romãs, cam pa inhas de ouro, em sucessão. As cam painhas, ao tilintarem, perm itiam que 0 povo ouvisse 0 sum o sacerdo ie enquanto m inistrasse em favo r deles. Som ente um sacerdote dev idam ente param entado podia entrar no Lugar Santo. Se 0 sum o sacerdote desconsiderasse essa instrução, ao entrar no S anto dos Santos, d isso resu ltaria a sua m orte (ver 0 vs. 35 deste cap ítu lo )” (John D. Hannah, in Ioc.).

Por conseguinte, a sobrepeliz era uma espécie de camisola ou túnica frouxa, que descia do pescoço até abaixo dos joelhos. Era vestida como se veste uma roupa de malha, com um a abertura para a cabeça que permitia esse modo de vestir (vs. 32). Josefo informa-nos que não dispunha de mangas. Não havia outro enfeite na sobrepe- liz senão na parte mais inferior, onde havia uma barra com romãs e campainhas alter- nadas. As romãs eram apenas uma decoração, mas as campainhas realmente tilintavam (vs. 35).

Tipos e Símbolos. As romãs (vss. 33 e 34) provavelmente representavam frutificação. As campainhas falavam de testemunho. As campainhas davam um sonido que anunci- ava que 0 sumo sacerdote estava oficiando em segurança. Talvez também indicassem a idéia de proteção, porque 0 sumo sacerdote era protegido por Yahweh enquanto as campainhas soassem. E também devemos pensar na idéia de aprovação, pois 0 sumo sacerdote não seria protegido se 0 seu trabalho não fosse aprovado por Deus.

“Cam painhas e romãs, um son ido doce e um gosto doce, e tam bém um bom tex to sobre 0 qual se pode p rega r com o a ig re ja deve ser um be lo e aprazíve l

Page 138: At Interpretado- Êxodo

433ÊXODO

m e sm o c o n sa g ro u seu irm ã o , A rão , e os f i lh o s d e s te , pa ra seu tra b a lh o sa- cerdota l. A co n sagra ção de les v inha da parte de Y ahw eh, po r meio de Moisés. Isso fo i s im b o liz a d o p e lo a to de M o isé s te r v e s t id o A rã o e seu s f i lh o s . Ele, co m o re p re s e n ta n te de Y a h w e h , v e s tiu os s a c e rd o te s p a ra 0 t ra b a lh o que d e v ia m faze r, da m e sm a fo rm a que C ris to , n o sso S um o S ace rdo te , re veste - n o s com S u a p ró p r ia re t id ã o e a tr ib u to s . E a s s im p o d e m o s se r irm ã o s do F ilh o do D eus b e n d ito , f i lh o s de D eus q u e e s tã o se n d o c o n d u z id o s à g ló r ia (v e r H eb . 2 .1 0 ). “ E sse a to de M o is é s , q u e o s v e s t iu , so b a a u to r id a d e de Deus, fo i um a so lene inve s t id u ra no o fíc io que o c u p a r ia m .. . e da li po r d ian te e le s t in h a m 0 d ire ito de e x e rc e r se u o fíc io , v e s t id o s de se u s tra je s sem os q u a is não po d iam nu nca o f ic ia r ” (John G ill, in lo c .) . C f. esse tex to com Lev. 8.6-30.

O ato de t/ng//· (p rovave lm en te com aze ite de o live ira ) fez parte do rito de consagração, e isso representava 0 dom e os o fíc ios do Espírito, que haveriam de acom panhar A rão e seus filhos em suas funções sacerdotais. Ver Êxo. 29.7-9 quanto a descrições que se aplicam a este versículo. Ver tam bém Êxo. 39.1,24 eII Crô. 13.9.

28.42

Os Calções de Linho. E sses ca lções iam da c intura às coxas. Nos tem pos antigos, esse item era a ún ica peça esp ecífica dos sacerdotes, pare le lam ente à es to la sace rdo ta l (cf. Êxo. 20 .26 ; II Sam . 6 .1 2 -1 9 ). No Egito, essa peça era a m arca dis tin tiva dos sacerdotes. A função dos ca lções era encobrir a nudez dos sacerdo tes . Um sace rdo te não pod ia m in is tra r ex ib indo seu corpo. A m o déstia teria que caracte r iza r 0 serv iço sacerdota l, a lgo que m uitas m ulheres se esque- cem hoje em dia, em nossas igre jas. O s sacerdo tes e as sacerdotisas do paga- nism o com fre qüê nc ia ocupavam -se em atos que chocavam as pessoas moral- m ente sen s íve is , co m o a p ro s titu içã o sa g ra d a e os ritos de fertil idade . M as 0

serv iço p restado pe los sace rdo tes de Israel não pod ia caracte r iza r-se por atos dessa natureza.

28.43

A fa lta de d e cê n c ia no se rv iço de urrr sace rdo te lev ítico pod ia re su lta r na m o rte do m e sm o. P o rta n to , e le p re c is a v a u sa r os ca lçõ e s da de cê n c ia , em tod as as suas m in is traçõe s . Se um sace rdo te se m ostrasse ca rnava lesco em sua conduta , era con d e n a d o . T a lve z a re fe rê n c ia aqu i se ja a todas as peças do v e s tu á r io de um sa c e rd o te . T o d a s e la s e ram n e c e s s á r ia s pa ra 0 d e co ro d e v id o no ta b e rn á c u lo . M as ta lv e z h a ja a q u i a lu s ã o s o m e n te ao s ca lçõ e s , em bora tod as as de m ais peças do ves tu á rio fosse m ind ispensáve is . O vs. 35 de ste ca p ítu lo m o s tra com o a im p ro p r ie d a d e po d ia s e r co n dena da m e d ian te a m orte.

Capítulo Vinte e Nove

A Consagração dos Sacerdotes (29.1-42)

O pa rágra fo que aqui se in ic ia con tinua a seção gera l com eçada em Êxo.28.1, onde são dadas notas introdutórias. Os sacerdotes tinham que ser consagra- dos a seu ofício, e a Bíblia nos dá longas descrições dessa consagração. Já vimos tal afirmação em Êxo. 28.21 e suas notas expositivas.

29.1

Deve-se com parar 0 m odo de consagração aqui descrito e a consagração do tem plo de Jerusalém, em I Reis 8.1-11; II Crô. 5.4-14. A ordem de apresentação de Lev. 8.1-9,24 difere daquela do nosso texto. Ver 0 artigo geral, no Dicionário, chamado O rdenar (O rdenação), cuja segunda seção diz respeito ao Antigo Testa- mento.

O M étodo A presentado no Texto:1. Ablução (vs. 4).2. Investidura (vss. 5-9).3. Unção (vs. 7).4. Sacrifício (vss. 10-23).5. Enchimento da mão (vs. 24).

Todos esses atos tinham seus respectivos significados, funções e tipos, como a ab lução (e lim inação de toda in iqü idade); a investidura (revestimento de autori- dade, san tidade e v irtudes espir ituais, etc.); e 0 enchim ento da mão (colocação, nas m ãos dos sacerdotes, de o fe rendas de agradecim ento; ve r aba ixo as notas sobre 0 segundo versícu lo deste capítulo). A questão toda é um a parábola muito significativa.

O sumo sacerdote, em sua qualidade de mediador, levava a iniqüidade do povo «te Israel, em seu ato expiatório em favor do m esm o. Tem os aí um tipo direto. Ele mostrava com o Cristo seria 0 Cordeiro de Deus, que tiraria os pecados do mundo (João 1.29). O artigo intitulado Sum o Sacerdote explica todas as funções e tipo en- w tv id o s no ofício sum o sacerdotal. As cousas san tas eram as oferendas trazidas pelo povo. O sum o sacerdote apresentava essas oferendas a Yahweh, É verdade que essas oferendas estavam contaminadas, devido à sua associação com as pesso- as, que são pecaminosas; mas 0 sum o sacerdote, em seu ofício de intermediário, purificava e santificava essas oferendas para poderem ser devidamente usadas. Ele fazia as oferendas serem santas e eficazes. Ver Isa. 53.4,12 e I Ped. 2.24 em conexão com este versículo.

“S egu i.. . a santidade, sem a qual ninguém verá 0 Senhor” (Heb. 12.14). E 0 sumo sacerdote demonstrava esse princípio no uso que fazia do turbante com sua lâmina de ouro, onde estavam gravadas as palavras “Santidade ao Senhor” , em suas funções sumo sacerdotais.

“ . . .p e s s o a s e s e rv iç o s do p o vo de D e u s to rn a m -s e a c e itá v e is d ia n te D e le a tra v é s da s a n t id a d e e da re t id ã o de C r is to , 0 q u a l e s tá se m p re na p resença do Senhor, sem pre c o m p a re ce n d o no céu em fa v o r do povo; Aque- le que é 0 C ord e iro de D eus, a qu em san gue , re tidão e sacr if íc io são sem pre d ir ig idos, com v is ta s à re m o çã o de to d a s as fo rm a s de pe ca d o d e le s ” (John Gill, in loc.).

28.39

A Túnica. Essa era um a longa peça do vestuário do sum o sacerdote, que era usada por baixo da estola colorida. Os israelitas com uns tam bém usavam túnicas, mas no vestuário do sum o sacerdote a tún ica tinha um desenho e um significado especiais. Essa túnica era tecida form ando um padrão quadriculado, feita de linho fino (ver Êxo. 39.27). Esse vers ícu lo ind ica que os filhos de A rão (que tam bém eram sacerdotes) tam bém usavam esse tipo de túnica, talvez até do mesmo dese- nho e cor. Tinha mangas justas e chegava quase aos pés da pessoa. Sem dúvida, aparecia por baixo da estola. Ver inform ações quanto ao seu uso nas notas sobre Lev. 8.7.

Maimônides diz que eram necessários cerca de 8 m de tecido para confeccio- nar a túnica. E em bora 0 sum o sacerdote e os sacerdotes usassem 0 mesm o tipo de túnica, a m aneira de e n ro la r a ves te no co rp o era a lgo d ife rente . Ver C eie H am ikc. 8 see. 16. Jarchi ajunta que a túnica tinha perfurações, imitando os engas- tes de pedras de ôn ix que apareciam nos om bros (ver Jarchi 11,12). É presumível que houvesse pedras preciosas engastadas na túnica, em bora 0 Antigo Testamen- to faça silêncio quanto a isso.

O Cinto. Esse era um cinto interno. Com base em Êxo. 39.29, parece que esse item era fe ito de linho fino torcido, com as cores azul, púrpura e carm esim , para parecer-se com a esto la em seu material e em suas cores (vs. 6). As cores eram bordadas no m ateria l por meio de fios dessas cores. Era usado im ed ia tam ente sobre a tún ica mas por ba ixo da esto la sacerdota l (Lev. 8.7). É provável que um observador não pudesse ver esse cinto. Porém, é possível que suas pontas apare- cessem por baixo da estola. Era um a espécie de cinta, usada em torno da cintura, e cujas pontas ficavam penduradas. Todas essas peças do vestuário do sum o sa- cerdote eram fe itas com esm ero, ad ic io nan do b e le za e d ign idade à pessoa do sumo sacerdote (vs. 40).

As Vestes dos Sacerdotes (28.40,41)

28.40

Parece que as túnicas e as cintas dos sacerdotes comuns eram idênticas àquelas usa- das pelo sumo sacerdote. Mas os sacerdotes usavam na cabeça tiaras, e não a mitra tipo cone, que era peça usada somente pelo sumo sacerdote. Essas tiaras são indicadas por uma palavra hebraica diferente, Cf. Lev. 8.13.0 termo hebraico dá a entender uma espécie de cobertura tipo cúpula elevada. O termo hebraico é gabia, que pode significar taça ou bacia “.. .íaras simples, que se ajustavam sobre a cabeça, como aquelas usadas comumente no Egito” (Ellicott, in loc.).

Para glória e ornamento. Era servido 0 senso estético, porquanto as coisas de Deus revestem-se de sua dignidade e beleza. Destacava-se assim a glória de Yahweh investida no homem. Ver as notas sobre Êxo. 28.31 que se aplicam aqui. Os estudiosos cristãos vêem nessas palavras tipos relativos a Cristo e ao Seu reino de sacerdotes (os crentes, Apo. 1,6).

28.41

E os ungirás, consagrarás e santificarás. E sse te x to e n s in a -n o s que M o isé s , sem d ú v id a , e ra 0 l íd e r q u e d e te rm in a v a a s c o is a s , pe lo que e le

& 3 8

Page 139: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO434

O cinto interior (ver Êxo. 28.39).A sobrepeliz (ver Êxo. 28.31).A estola (ver Exo. 28.6).O cinto de obra esmerada (Êxo. 28.8).O peitoral (Êxo. 28.15).O Urim e 0 Tumim, dentro da algibeira do peitoral (Êxo. 28.30).A mitra ou turbante (ver Êxo. 28,37).A lâmina de ouro, na parte frontal da mitra (ver Êxo. 28.36).

29.7

A unção foi 0 te rce iro passo, depois dos dois primeiros: apresentação das oferendas próprias, de cereais e de animais; e a investidura. Ver 0 artigo detalhado, no Dicionário, intitulado Unção. O azeite era perfumado (Êxo. 30.22-33), e, então, era derramado sobre a cabeça do sacerdote (Sal. 133.2). Este versículo fala apenas so- bre a unção do sumo sacerdote; mas os trechos de Êxo. 28.41; 30.30 e 40.15 incluem todos os sacerdotes nesse ato. O azeite simboliza 0 Espirito Santo; e ninguém pode realizar um serviço espiritual sem a unção e 0 poder do Espírito. Ver no Dicionário 0

artigo cham ado A ze ite (Ó leos). O azeite s imbolizava nomeação e poder, quando usado na unção. ״Essa unção denota a investidura de Cristo em Seu ofício eterno, 0

qual foi ungido desde a eternidade (Pro. 8.22), sendo-lhe conferido sem medida 0

Espírito, dentro do tem po'’ (John Gill, in loc.). O artigo chamado Unção inclui a di- mensão cristã sobre a questão.

29.8,9

A investidura dos sacerdotes com uns era algo mais simplesA Túnica (ver Êxo. 28.40).Cinto (ver Éxo. 28.40).Tiara (ver Êxo. 28.40).

O autor sagrado abreviou a exposição. Ele não mencionou a unção dos sacerdo- tes comuns, ou porque não houve tal na cerimônia original, ou, então, para não ser repetitivo. Mas outras passagens, como Êxo. 28.41; 30.30 e 40.15 mostram que os sacerdotes comuns também foram ungidos.

Esses sacerdotes, filhos (e mais tarde, descendentes) de Arão, eram auxi- l ia re s do sum o sa ce rd o te , e t in h a m de ser d e v id a m e n te c o n s a g ra d o s e com iss ionados. Enquanto 0 juda ísm o perdurasse , deveriam prossegu ir as leis a tinentes ao sacerdócio . O juda ísm o m oderno cum pre em tipo, s ím bolo e ceri- monial esses ofícios; mas não há com o con tinuá-los em um sentido literal, pois qual judeu pode saber se é descendente ou não de Arão? Adem ais, não existe m ais 0 tem p lo de Jerusa lém , e nem 0 ce r im on ia l que an tes se p rocessava no m esm o. P o rta n to , fa lh o u a p e rp e tu id a d e esp e ra d a . M as en tão ve io C r is to e substitu iu tod as essas co isas com a lgo m e lhor. P ortanto , tal fa lh a tinha s ido m esm o a n tec ipad a d e n tro do p lan o de Deus. Essas co isas serv iram bem em sua própria época.

As O fe rtas pe lo P ecado e as O fe rtas Q u e im ada s (29.10-18)

Já foi apresentado 0 detalhado artigo chamado Sacrifíc ios e Ofertas, que descreve a questão inteira. Além disso, sob 0 título Ofertas, provi vários artigos sobre as ofertas específicas.

Os vss. 10-14 descrevem 0 sacrifício do novilho. Os animais e 0 material para as ofertas de cereal já tinham sido trazidos até a entrada do tabernáculo (vss. 1-3). Agora, 0

novilho era separado para ser sacrificado. Era a oferta pelo pecado, realizada em certas ocasiões importantes, em favor tanto de indivíduos quanto em favor da comunidade intei- ra. A maior dessas ocasiões era 0 dia da expiação. Mas havia outras oportunidades, em dias festivos, como a semana da páscoa (Eze. 46.22,23). Um novilho era oferecido como sacrifício pelo pecado em favor dos sacerdotes (Lev. 4.1 -12). O sumo sacerdote realizava 0 mais central desses sacrifícios, mas no caso presente foi Moisés quem ofereceu 0 sacrifi- cio em favor do sumo sacerdote, 0 qual, por ser homem, também tinha a necessidade de seu pecado ser removido, para que estivesse apto para cumprir os deveres de seu ofício. Também foi feito um sacrifício pelo pecado em favor dos sacerdotes, e pelas mesmas razões.

29.10

P o rã o as m ã o s s o b re a c a b e ça de le . Desse modo, identif icavam -se com 0 novilho. Assim, 0 que acontecia ao novilho, acontecia, em tipo e esp ir itualmen- te, ao sacerdote. O salário do pecado é a morte. O sangue faz expiação. Tem os aqui uma idéia v icária, tal com o Cristo, 0 C orde iro de Deus que foi morto, tira 0

pecado do mundo (João 1.29). A imposição de mãos apontava para a transferên- c ia dos pecados do sace rdo te para 0 novilho. A m orte do an im al punha fim à questão . Cf. Lev. 16.21,22. V e r no D ic io n á rio 0 artigo cham ado E xpiação . Ver Lev. 4,4 ,15,24,29,33; 16.21. O animal, por ter ficado simbolicamente com os pe- cados do homem, era mald ito; mas a sua morte e 0 derram am ento de seu san- gue de ixavam 0 hom em em l iberdade. V e r Gál. 3 .13 quanto à ap licação cris tã desses fatos.

O p r im e iro v e rs ícu lo d e s te c a p ítu lo fa la so b re os an im a is que deve riam s e r s a c r i f ic a d o s (ve r os vss . 10 -23 ): um n o v ilh o , co m o o fe r ta pe lo pe cado (vss. 10-14); um carne iro , usado com o ho lo caus to (vss. 15-18); ao passo que um o u tro ca rne iro ser ia usa do c om o s a c r if íc io de co n s a g ra ç ã o . Era im pres- c ind íve l a p e rfe ição nesses a n im a is (ve r Êxo. 12.5). V e r no D ic io n á rio 0 arti- go in t itu la do O fe rta s , a lém de o u tro s on d e essa pa la v ra f igu ra . V e r tam bém S a crifíc io s e O fertas.

29.2

Pães a s m o s . . . b o lo s a s m o s . . . o b ré ia s a sm a s . A fe rm entação era enca- rada como um processo de corrupção, pelo que 0 pão ritual não levava fermento. Ta m b é m hav ia bo los m is tu ra d o s com aze ite , bem co m o as ob ré ias sobre as qua is era de rram ado aze ite . As ob ré ias e ram to r tas m u ito finas, em con traste com os bolos, que eram grossos. No Oriente, 0 azeite de oliveira era com umente usado com bolos e outros artigos de pastelaria, aqui m encionados. O trigo era 0

cerea l usado no fabrico desses três tipos de pão ou bo lo m encionados. Esses itens eram usa dos para e n c h e r as m ã os (vs. 23 ,24), que en tão eram usados com o ofe rtas m ovidas diante de Yahweh em gratidão por Sua provisão, simboli- zada pelo pão. Ato contínuo, eram queim ados com os outros itens, e 0 total tor- na-se uma oferenda feita a Yahweh (vs. 25).

O m esm o pão de trigo e os bo los eram usados com o ofertas pacíficas, con- fo rm e se vê na descrição em Levít ico 7 .12. E ssas o fe ren das eram cham adas tam bém de ofertas de cereal, pe lo que esse tipo de ofe rta to rnou-se uma parte integral do rito de consagração dos sacerdotes.

29.3

O pão e os bolos eram postos em cestas e traz idos juntam ente com os ani- mais até a cena da consagração. O fraseado do texto poderia indicar que esses itens eram postos em uma cesta com os anim ais, mas em Israel não havia homem forte 0 bastante para trazer as cestas se contivessem três animais nas mesmas! Por conseguinte, 0 texto significa “paralelamente aos animais” , e não nas mesmas ces- tas com eles. Os intérpretes cristãos vêem nisso 0 m in is tério do evangelho com suas várias provisões, no qual 0 próprio Cristo é 0 pão da vida e é quem ministra ao povo.

29.4

M oisés, po is , de ve r ia t ra ze r os h o m e n s a se re m c o n sa g ra d o s , a saber, A rã o e seus f i lhos , e la v á - lo s r i tu a lm e n te à e n tra d a (p r im e ira co r t in a ) do tabernácu lo . Ver a ex trem idade or ienta l do tabernácu lo , com entada e ilustrada em Êxo. 27 .14. N inguém podia en trar no Lugar Santo ou no Santo dos Santos, se n ã o d e p o is de te rm in a d o s os v á r io s a tos de o rd e n a ç ã o , que co m e ça va m com a lavagem . Natu ra lm ente, os in té rp re tes cris tãos vêem aqui, em símbolo, 0 b a tism o . A lavag em a te r lu g a r e ra do c o rp o in te iro (cf. J o ã o 13 .10; Heb. 10 .22), e não som en te das m ã o s e do s pés (Êxo. 3 0 .1 9 -2 1 ). P r im e iram e n te havia um a lavag em p o r in te iro , e depo is um a lavagem m enor. Natu ra lm ente 0

m étodo usado era 0 da imersão, m esm o que não d isponham os de um texto de prova a respeito. O Ta rgum de Jonathan d iz -nos que essa lavagem foi realiza- da em quaren ta grandes receptácu los , che ios de água ex tra ída de m anancia is correntes, e que esses receptácu los eram grandes 0 bastante para que 0 corpo inte iro dos sacerdotes fosse imerso. Jarchi tam bém a lude a com o 0 corpo intei- ro de cada sace rdote foi m e rgu lh ado na água. A lavag em m esm a era um em- b le m a da c o r ru p çã o re tirada , pa ra qu e a sa n t id a d e pu d e sse ser d e rram ada sobre os sacerdotes.

Tem os aqui a pr im eira m enção bíb lica à ab lução cerim on ia l. A água é um s ím bolo natural da pureza e de um agente natural de purif icação. Outros povos antigos tam bém tinham seus ritos de purif icação. Quanto ao Egito, ver Heródoto (H ist, ii.37); quanto à Pérsia, ve r Zendavesta (viii par. 271); quanto à Grécia ver Je w an d Gentile, livro de Dollinger, vol. 1, pág. 220; e quanto à Itália, ver D ictionary o f G reek an d Rom an Antiquity, pág. 719. Ver II Cor. 7.11 em conexão com a passa- gem à nossa frente.

29.5,6

Tem os aqui a investid u ra , ou seja, a co locação das d iversas peças do vestuário sobre as qua is já com en ta m os. Esse aspecto ocupa os vss. 5-9. É curioso que essas peças foram sendo ves tidas na o rdem inversa de sua ap resentação , ac im a. Já se com entou sobre cada um a dessas peças, mas fa rem os a inda a lguns com entá rios ad ic iona is , à m ed ida em que isso se fizer necessário.

Ver as notas sobre 0 primeiro versículo quanto aos cinco passos da consagração, dentre os quais a investidura é um desses passos.

A túnica (ver Êxo. 28.39). Por ser a peça mais em contacto com a pele, era mister vesti-la primeiro. Ver também Lev. 8.7-9, onde aparecem mais detalhes sobre a investidura, e onde a mesma divide-se em nove estágios.

Page 140: At Interpretado- Êxodo

435ÊXODO

O sacrifício de um carneiro era com um em outros casos, e também era requerido na consagração de sacerdotes. Era uma oferenda de louvor e dedicação, e não um sacrifi- cio pelo pecado, 0 que fora coberto pelo sacrifício do novilho. Alguns estudiosos, porém, pensam que havia uma dupla oferta pelo pecado, por meio de um novilho e por meio de um carneiro.

Havia im posição de m ãos sobre 0 carneiro, tal com o no caso do novilho (vs. 10). A lguns pensam que 0 sentido dessa imposição era 0 mesm o que no caso do novilho, em bora outros es tud iosos pensem que a razão disso era outra, ou seja, s ímbolo de louvor e dedicação. E llicott é daqueles que vêem um a diferença entre esses dois sacrifícios. Disse ele: “Novam ente, identificando-se com 0 animal (via im pos ição de m ãos), ta l com o no vs. 10, mas com um p ro p ó s ito d ife ren te . Em seg u ida , tra ns fe r iam seus p e cados pa ra a v ítim a ; e agora, e les re iv ind icavam um a parte na de d ica çã o da v ít im a a Deus, o fe rece ndo-se e to rnando-se , eles mesm os, ‘um arom a agradáve l’ em oferta que im ada ao Senhor” (Ellicott, in Ioc.). V e ro v s . 18.

Tomarás um carneiro. Mediante esse segundo carneiro é que se processava, realmente, a consagração dos sacerdotes, ou seja, a autoridade para eles exercerem 0

sacerdócio. Ver os vss. 19 ss, mas especialmente 0 vs. 22.

29.16

O mesmo modo de proceder era usado no abate desse carneiro, como se fazia com 0 noviiho (ver 0 vs. 11). Mas em vez de seu sangue ser aspergido sobre os chifres do altar (vs. 12), era aspergido em torno do altar. Portanto, a oferta pelo peca- do e a oferta de louvor e consagração diferiam um pouco em seu modo de proceder. A aspersão do sangue provave lm ente era fe ita m ediante 0 uso de um ram o de hissopo, comumente usado para essa finalidade. Todavia, alguns intérpretes, apesar do fraseado diferente, supõem que tudo quanto está em pauta aqui é que 0 sangue era vertido ao pé do altar, tal com o no caso do novilho (vs. 12). Não há com o ter certeza quanto a esse modo de proceder, mas uma oferenda diferente provavelmen- te envolvia um modo de p roceder d iferente. Outros estudiosos pensam que tudo quanto era requerido era que todos os quatro lados do altar fossem aspergidos com sangue (conforme M iddoth, iii.2).

Dessa maneira, 0 sangue era aplicado de forma plena, e 0 sacrifício mostrava-se totalmente eficaz.

29.17

A divisão do animal em pedaços separados facilitava sua queima sobre 0 altar. Se 0 animal não fosse assim despedaçado, poderia ficar queimando por muito tempo, sem ser consumido. Heródoto (Hist, ii.40) menciona tal prática entre os egípcios, haven- do evidências de que os gregos e os romanos também usavam essa prática no tocante aos animais oferecidos em holocausto.

A lavagem apontava para a pureza, em um sentido simbólico. Todos os pedaços do animal, em seu conjunto, indicavam uma completa dedicação, uma oferenda sem qualquer defeito ou falta. Os estudiosos cristãos vêem as idéias de perfeição e de algo completo na morte expiatória de Cristo, e, subseqüentemente, a necessidade dessas mesmas idéias no sacrifício vivo do crente (Rom. 12.1,2).

29.18

A oferta queim ada requeria que 0 carneiro todo fosse consumido a fogo. Yahweh aspiraria 0 aroma e ficaria satisfeito. E isso significava, metaforicamente, que 0 sacerdote estava louvando ao Senhor e dedicando-se ao serviço do tabernáculo. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Holocausto, quanto a completos detalhes sobre os vários tipos de ofertas queimadas.

Aroma agradável. Ver Gên. 8.21 e suas notas expositivas. Era noção comum entre os antigos que os deuses e poderes celestes, em geral, deleitavam-se diante do odor dos sacrifícios de animais. Alguns eruditos pensam que os hebreus compartilha- vam de tais crenças no período mais antigo de sua história, representado pelo texto à nossa frente; mas outros acham que devemos entender metaforicamente essa ques- tão. Cf. Lev. 1.9. Metaforicamente, a expressão indica a aceitação das oferendas. Ver 0 uso da idéia em Efé. 5.2, onde a questão é obviamente metaforicamente. A oferta de Cristo, 0 Cordeiro de Deus, foi um a oferenda fragrante, ou seja, aceitável diante de Deus.

29.19

Tomarás 0 outro carneiro. O terceiro animal. O p rim e iro animal sacrificado, nos ritos de consagração de sacerdotes, era 0 novilho, uma oferta pelo pecado (ver os vss. 10 ss.). O segundo an im al sacrif icado era 0 prim eiro carneiro , o ferecido com o oferta de louvor e con sagra ção (vs. 15). O te rce iro an im al sacrif icado era 0 segundo carneiro . Esse carneiro era o ferecido com o sacrifício de consagração do sacerdote. Ver 0 vs. 22. O trecho de Levítico 8.22 cham a esse an im al de “0 carne iro da con sa g ra çã o ” . Era con sagra do a Deus; e 0 hom em que 0 tinha

29.11

Imolarás 0 novilho. O animal agora era maldito. Seu sangue tinha que ser derra- mado, para que morresse. O homem tinha-se identificado com 0 animal mediante a imposição de mãos. Portanto, 0 que sucedesse ao animal, em tipo, sucedia a ele. O homem morria para os seus pecados, tal como requer 0 trecho de Rom. 6.23. Cf. Apo. 5.6,12; 13.8, que nos fornece a aplicação cristã do caso. Cf. Lev. 16.21,22.0 abate do animal teve lugar no lado norte (lado direito; Lev. 1.11) do altar. E, então, houve a cerimônia de sacrifício sobre 0 próprio altar.

29.12

Tomarás do sangue do novilho. Ver no D icionário, quanto a detalhes sobre a questão diante de nós, 0 artigo Expiação Pelo Sangue. E quanto à aplicação cristã, ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 verbete chamado Expiação Pelo San- gue de Cristo.

O sangue do animal sacrificado era posto sobre os chifres do altar. Quanto a esses chifres, ver as notas em Êxo. 27.2. No d a da expiação, 0 sangue também era posto sobre os chifres do altar. As notas em Êxo. 272 fornecem alguns detalhes. A virtude do altar, segundo se aceitava, residia sobretudo nos chifres. Um fugitivo da justiça se agarava a essa parte de um altar, para não ser atingido pelo vingador do sangue (I Reis 1.50; 2.28). Algum sangue era posto sobre os chifres, e 0 resto do sangue (que tinha sido recolhido em baldes, quando 0 animal fora abatido) era atirado à base do altar (Lev. 4.7,18,30,34). As descrições que há em Lev. 4.5,17 dãOHTOS as regras concernentes às ofertas normais pelo pecado. O sacerdote mergulhava um dedo no sangue e ungia os chifres do altar; e, então, aspergia 0 sangue por sete vezes, diante do terceiro véu, aquele que separava 0 Lugar Santo do Santo dos Santos. Ό sangue servia de cobertura para 0 pecado aceica do qual osacrifiao estava sendo feito, sem importar se esse pecado fosse especificado ou não (Lev. 4.26,35). Servia de sinal do perdão” (J. Edgar Parkey, in Ioc). Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Perdão. E nas notas sobre 0 vs. 35, ver sobre a eScáda dos saaifid- csauentos.

29.13,14

Coisa alguma, em absoluto, podia ser com ida da oferta pe lo pecado. Certas porções do animal eram queimadas sobre 0 próprio altar (vs. 13), e outras porções eram queimadas fora do acampamento (vs. 14). Assim como 0 animal era totalmente consumido a fogo, assim tam bém 0 homem ficava totalmente livre de seu pecado. Certas porções gordurosas que se encontravam no interior da carcaça do animal, como aquelas que lhe encobriam as entranhas, 0 fígado e os rins, eram queimadas sobre 0

altar.O s in té rp re te s es fo rça m -se pa ra e x p lic a r po r que a g o rd u ra era tã o a lta -

m ente va lo r izada nas o fe rtas . Ao que pa rece, a go rdu ra era co n s id e ra da um a de líc ia , e, po rtan to , a lgo p róp rio pa ra se r sac r if ica d o . O u tros es tu d iosos , po- rém , su g e re m q u e era q u e im a d a s o b re 0 a l ta r p o rq u e fa c i lm e n te e ra to ta l- m ente con sum ida pe las cham as, ao passo que ou tras p o rções res is t iam m ais ao fo g o . Em o u tra s p a la v ra s , a g o rd u ra e ra fa c i lm e n te c o n s u m ív e l, e ser ia d ifíc il q u e im ar até d e saparece rem certas p o rções m a is g rosse ira s da carcaça do an im al. A lém disso, certos v a lo re s s im b ó lico s e ram em pre s ta d o s à gordu- ra: 1. É 0 m e lh o r que 0 ho m em tem a o fe re ce r. 2. O u, p e lo c o n trá r io , repre - sen tava a na tu re za c a rn a l do ho m em , a qua l p re c isa va se r sub ju gad a m edi- ante 0 sacrifício.

As entranhas talvez apontem, simbolicamente, para a corrupção interior do ho- mem (0 que Paulo tanto fustigou no sétimo capítulo da epístola aos Romanos).

O redenho do fígado. A membrana que cobre a porção superior do fígado, que alguns chamam de “apêndice”. Essa era outra porção que facilmente podia ser consumida no fogo, razão pela qual era posta sobre 0 altar.

A carne, a pele e os excrementos. Sendo essas as porções mais grosseiras do animal, eram consumidas a fogo fora do arraial. Portanto, 0 animal era totalmente consumido, um tipo de Cristo e de Sua absoluta morte expiatória em nosso favor (I João 2.2). Ver Heb. 13.11,12, quanto à aplicação cristã da questão desses restos do animal sacrificado serem consumidos fora do acampamento.

Este texto deve ser comparado com 0 trecho de Levítico 4.11,12,21.0 animal inteiro, por ser um sacrifício pelo pecado, era considerado impuro, servindo somente para ser queimado. No caso de todos os demais sacrifícios, certas porções do animal sacrificado podiam ser comidas pelos sacerdotes e pelos adoradores. “No caso de sacrifícios ligados aos cultos regulares do santuário, aqueles que eram oferecidos em ocasiões festivas e em favor do povo todo, os animais eram abatidos, esfolados e cortados em pedaços pelos sacerdotes.. . certas porções eram comidas pelos sacerdotes e por aquele que trouxera 0

animal a ser sacrificado” Unger, Dictionary, sobre Sacrifícios. Ver Lev. 8.31 e Êxo. 29.32 e suas notas expositivas.

29.15

Um carneiro. Dois carneiros eram sacrif icados. Esse era 0 primeiro. O outro animal era trazido até a entrada do tabernáculo (vss. 1,3); e agora era sacrificado.

Page 141: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO436

ção. Essa atitude fazia parte essencial da consagração dos sacerdotes, como uma espé- cie de intenção confirmadora do propósito do rito.

O termo hebraico aqui traduzido por consagração significa, literalmente, “da con- sagração” , resultando nas últimas palavras deste versículo, “0 carneiro da consagra- ção”, que tem ligações com 0 que se lê no vs. 24 deste capítulo. As mãos dos sacerdo- tes eram cheias com as ofertas de cereais, representando a sua inauguração nas lides sacerdotais. Essas ofertas de cereais, além de certas porções do carneiro da consagra- ção, eram oferecidas sobre 0 altar; e 0 resto era comido pelos sacerdotes. Portanto, esse carneiro estava vinculado à idéia do “encher as mãos”, conforme foi explicado nas notas sobre os vss. 24 e 25.

29.23

Um pão, um b o lo de pão aze itado e um a ob ré ia . Temos aqui as ofertas movi- das. Esses itens confeccionados de cereais (descritos no vs. 2) faziam parte das ofertas movidas. “Algo dos órgãos do segundo carneiro, um pão, um bolo e uma obréia (bolos asmos bem finos) foram entregues a Arão e seus filhos como uma oferta movida diante do Senhor. 0 movimento que se fazia, em que pese nossa versão portuguesa que diz, “de um lado para outro” (vs. 24), não era da esquerda para a direita e da direita para a esquer- da, e, sim, para frente e para trás, para frente e para trás, na direção do altar. Com esse gesto, 0 sacerdote dava a entender que a oferta estava sendo dada a Deus. E então esses mesmos itens eram queimados sobre 0 altar'’ (John D. Hannah, in be.). 0 movim ento ser- via para atrair, por assim dizer, a atenção de Deus, com o se se pedisse que Ele aceitasse a oferenda. A oferenda era feita daquelas coisas que são necessárias para 0 homem, pelo que esse sacrifício também era uma ação de graças pelo suprimento recebido, em reconhecimento diante Daquele que nos supre de tudo quanto é bom (Tia. 1.17).

“Os objetos mencionados formavam a oferenda de cereais, que sempre acompa- nhava as ofertas pacíficas” (Ellicott, in ioc.).

A adoração, em certo sentido, consiste em reconhecer a Deus, com o Aquele que é 0 Provedor, 0 Juiz e 0 Salvador. Todos os sacrifíc ios e todas as oferendas e n fa tiz a v a m um a ou o u tra d e ssa s q u a lid a d e s . V e r no D ic io n ário 0 a rtig o in titu lado A doração.

29.24

0 enchim ento das m ã o s era pa rte im portan te de qua lque r fina l de cu lto de ordenação sacerdota l. As porções a serem queim adas eram prim eiram ente pos- tas nas m ãos dos sace rdo tes . S im bo lism os: 1. D eus nos deu tudo, e devem os usar bem aquilo que recebem os da parte Dele. Tem os os Seus dons (Tia. 1.17), e uma vida a ser-Lhe consagrada. 2. 0 sacerdote era assim autorizado a realizar seu serviço esp iritual, utilizando aquilo que lhe fora dado. Assim sendo, devolvia 0 que lhe fo ra dado sob a fo rm a de d e d ica çã o a Y ahw eh . 3. A lém d isso, era p re rro ga tiva dos sace rdo tes v ivere m do alta r, ou seja, com er certa po rção das ofertas para seu sustento fís ico, exce tuando-se som ente 0 caso das ofertas pelo pecado, que eram to ta lm e n te qu e im ad as , po rqua n to essas o fe rtas eram tidas com o co n ta m in a d a s pe lo pe cado , que tin h a qu e se r de s tru íd o . A po rção que cab ia ao sacerdote era m ovida diante do Senhor, con form e já foi destacado nas notas sobre 0 vs. 23. Essa lei foi 0 com eço do conce ito que um m inistro do evan- ge lho deve v ive r do eva nge lh o , pa ra que po ssa se r um ob re iro de tem po inte- gral. V er I Cor. 9.13,14 no Novo Testam ento in terpretado quanto a plenas expli- cações sobre essa questão. Cf. I Sam. 2.12-17. E n cher as m ãos (tradução literal do hebraico) era um a an tiga exp ressão para indicar ser investido nas prerrogati- vas sacerdotais (Juí. 17.5; I Reis 13.33). V er sobre as ofertas movidas com deta- lhes, em Lev. 7 .2 9 -3 6 . V e r tam bém os vss . 23 e 26 deste cap ítu lo , quan to a outras inform ações.

29.25

Os itens que os sacerdotes receberam (no momento de suas mãos serem chei- as), foram então devolvidos a Moisés, e, então, foram postos sobre 0 altar, a fim de serem consumidos fogo. Mas a coxa direita (vs. 22) sempre ficava com os sacerdotes, para dela se alimentarem, e outro tanto se dava com 0 peito (vs. 26). Dessa maneira, os sacerdotes sobreviviam, vivendo do altar, conforme mostrei na exposição do versículo anterior. A gordu- ra (ver 0 vs. 13) era a porção principal das ofertas queimadas.

De agradável aroma, Há notas a esse respeito no vs. 18 deste capítulo. Yahweh, ao sentir 0 aroma do sacrifício, aceitava tanto a oferenda quanto 0 sacerdote que a tinha oferecido.

29.26

0 p e ito d o ca rn e iro . Essa parte era do sacerdote, ao que vários intérpretes adicionam a coxa direita. E alguns eruditos dizem tudo 0 mais (na maioria dos sacrifícios), exceto a gordura. Ver as notas sobre 0 vs. 24 quanto à porção dos sacerdotes e 0 sentido que isso tinha no que toca a com o os ministros deviam viver do altar. Uma vez fossem movidos os itens, então uma parle era queimada

o fe rec ido era assim tam bém ce rim on ia lm en te con sagra do a D eus. Seu sangue era usado, juntam ente com 0 azeite, tendo em vis ta a consagração dos sacerdo-

tes (vss. 20,21). Suas porções mais sagradas foram postas por M oisés nas mãos dos sacerdotes, de tal modo que eles ofereciam com elas a sua prim eira oferenda a Deus. V e r os vs. 22-24. E ra um a espéc ie de ato co roado r da cerim ônia . Tudo isso fazia parte da consagração de sacerdotes. Ver os vários estágios do ritual de consagração nas notas sobre 0 prim eiro versículo deste capítulo.

O segundo carneiro chegou a ser cham ado de “carneiro do enchimento” , porque estava associado ao último estágio do rito, “0 enchimento das mãos” do sacerdote com as oferendas de cereais (vss. 23-25). Tudo isso simbolizava a autoridade, a graça, os dons e os poderes próprios do o f cio sacerdotal.

29.20

Os intérpre tes vêem vários sentidos na ap licação do sangue, bem como nos lugares onde 0 sangue era posto:1. O sangue era posto em lugares estra tég icos, dando a entender, m etafórica-

mente, uma aplicação completa, ou seja, um a com pleta consagração.2. Especificam ente: A ponta da orelha direita. Um sacerdote era alguém que de-

via estar preparado para ouv ir tudo quanto Yahweh ordenasse, a fim de cum- prir Suas ordens. O polegar das suas m ãos direitas. Um sacerdote devia estar preparado para fazer tudo quanto Yahweh ordenasse, v isto que as mãos são 0

instrum en to de ação. O p o leg ar dos seu s p és direitos. Um sace rdo te devia andar pelos cam inhos de Yahweh, pois cam inhar é aquilo que fazem os com os nossos pés.

3. É possível que, o rig ina lm ente, ta is ritos tivessem por in tu ito prover com pleta proteção con tra os a taques de poderes dem oníacos sin istros, fa lando assim sobre um a plena proteção divina, diante de qualquer mal.

. .sem dúvida estava em foco a intenção que eles deveriam dedicar todas as suas capacidades a Deus” (Adam Clarke, in Ioc.).

O sangue era então aspergido sobre 0 altar, com o no caso do prim eiro carnei- ro (ver 0 vs. 16). Ficava assim sim bolizada a total ap licação do sangue, exibindo a total eficácia do sacrifício.

29.21

A un ção da s v e s te s de A rã o e de s e u s f i lh o s s a c e rd o te s fo i fe ita com a z e ite (ve r a esse re sp e ito no D ic io n ário ) e com sa n g u e . N ão se sab e se 0

s a n g u e fo i m is tu ra d o ou n ã o com 0 a z e ite . O fa to é q u e a ss im e la s fo ra m co n sa g ra d a s . V e r no D ic io n ário 0 a r tig o in t itu la d o U nção , q u a n to às ce rim ô- n ia s e n vo lv id a s sob re e ssa q u e s tã o . O v s . 7 já h a v ia fa la d o sob re a unção com a z e ite , m a s te m o s a q u i um o u tro t ip o , em a d iç ã o à q u e le . P o rta n to , 0

cu lto de co n sagra ção in c lu ía do is tipo s . O s e s tu d io so s c ris tã o s vêem n isso a unção dos c re n tes em C ris to , a o u to rg a de a u to rid a d e e de g raças pa ra cum - p rirem sua m issão . C om o é c la ro , d isp o m o s do p o d e r e dos dons do Espírito , representados no aze ite, bem com o dos po dere s jus tificad o re s e san tificadores de C ris to , re p re se n ta d o s no sa n g u e . V e r S al. 4 5 .8 e A po. 7 .14 . N essa dupla unção, a lgu ns e ru d ito s vêe m a ju s tif ic a ç ã o e a sa n tif ic a ç ã o s im b o liza d a s . O tre ch o de Lev. 8 .30 pa rece in d ic a r a p e n a s um a un ção , e a lgu ns crít ico s pen- sam que 0 vs. 21 de s te ca p ítu lo fo i um a a d içã o p o s te r io r fe ita sob re 0 re la to o r ig ina l.

29.22

A gordura. Ver as notas sobre 0 uso da gordura para propósitos de sacrifíci- os, no vs. 13. As porções m e ncionadas neste vers ícu lo eram as m esm as com um ente usadas nas ofertas pacíficas (Lev. 3.9-11). O term o cauda gorda indica a cauda larga e pesada que caracteriza as ove lhas orientais. Heródoto (Hist, iii.113) disse algo similar.

Redenho do fígado. A membrana que encobre a porção superior do fígado, que alguns chamam de “apêndice”. Ver Lev. 4.8-10.

A coxa direita. Usualmente era a porção que ficava com 0 sacerdote, para comê- Ia (vs. 27; Lev. 7.31,32). Som ente 0 ho locausto ou oferta queim ada era totalmente consumido no fogo. Em todas as outras modalidades de sacrifício uma parte era deixa- da inteira para consumo dos sacerdotes, e por aqueles que tivessem trazido esses sacrifícios.

O carneiro da consagração. Ou seja, 0 terceiro animal a ser sacrificado. Esses ani- mais eram: 0 novilho, 0 primeiro carneiro e 0 segundo carneiro. Cada qual tinha sua própria finalidade, conforme é explicado nas notas sobre 0 vs. 19.0 animal era dedicado a Deus; e 0

sacerdote, ao oferecer 0 animal, consagrava-se em sentido simbólico por meio do animal sacrificado. Um sacerdote precisava mostrar-se entusiasta e dedicado a seus labores; e 0

terceiro animal sacrificado simbolizava exatamente isso. Um sacerdote era alguém que pertencia de corpo e alma a Yahweh. Essa era a razão mesma de sua vida. Conforme disse Paulo, “. . .para mim 0 viver é C risto.. . ” (RI. 1.21), exprimindo 0 espírito dessa consagra­

Page 142: At Interpretado- Êxodo

437ÊXODO

Lev. 8 .31. Q u a lq u e r co isa que não íosse en tã o com id a tinha que se r que im a- da (vs. 34).

29.32

O banquete com binava a carne do carneiro com 0 conteúdo da cesta com seus produtos de cereais (ver 0 vs. 2). Desse modo, os sacerdotes comiam do altar, ou seja, eram sustentados materialmente pelos subprodutos de seu labor. Ver notas sobre isso no vs. 24 deste capítulo.

Os intérpretes cristãos vêem neste versículo 0 sustento espiritual que Cristo oferece aos Seus discípulos, sendo Ele 0 Pão da Vida. Sua carne foi oferecida por nós em Seu ato expiatório. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Expiação.

À porta da tenda da congregação. Talvez esteja em foco simplesmente 0 átrio onde 0 povo comum podia entrar e circular. Mas no caso da ordenação de sacerdotes, nenhum leigo podia entrar no átrio e nem participar do cerimonial (vs. 33).

29.33

A expiação. Os eruditos têm feito um a clara distinção entre os tipos de sacrifício feitos: 0 novilho (pelo pecado); 0 primeiro carneiro (para a consagração); e 0 segundo carneiro (para a ordenação e a dedicação). Ver os vss. 11,15 e 19, respectivamente, no que tange a esses três sacrifícios. Apesar de poder sustentar essas distinções, a palavra expiação neste caso, no que se aplica à cerimônia inteira, dá a entender que 0 sacrifício dos dois carneiros tam bém incluía a idéia de expiação, e não som ente no caso do novilho. A lguns eruditos, porém, não aceitam a palavra expiação em seu sentido ordi- nário, e referem-se somente às ofertas pacíficas como “coberturas”. Mas é difícil ver 0

que poderia estar sendo coberto, senão 0 pecado. Seguiam-se sete dias mais de ofer- tas sacrifíciais como expiação, em que um novilho era oferecido a cada dia (vss. 36,37). Portanto, é difícil perceber um sentido diferente dessa palavra no vs. 33, senão aquele sentido tencionado em outras porções do contexto. A preocupação com a expiação pelo pecado era realmente grande na mente dos hebreus! Adam Clarke suspirou de alívio ao observar que todas aquelas mortes de anim ais foram substituídas por Cristo, em Sua morte única, pondo fim aos sacrifícios sangrentos do Antigo Testamento.

O estranho não comerá. Não se deve entender aqui os estrangeiros, os que não eram hebreus, e, sim , os leigos, estranhos ao culto de consagração de sacer- dotes. 0 Targum de Jonathan tra duz esse vocábu lo com o “p rofano” , is to é, uma pessoa que não estivesse apta para partic ipar da cerim ônia, m esmo que fosse um israelita. O rito lim itava-se à fam ília de Arão.

29.34

Se sobrar alguma cousa. Frag m en to s santos do banquete, sem im portar se an im ais ou veg e ta is (cerea is), não podiam se r de ixados abandonados, para serem profanados. Logo, 0 que quer que sobrasse, precisava ser queimado. Isso pode ser com parado com as instruções acerca da páscoa, que requeriam a mes- m a co isa . V e r Êxo. 12 .10. A q u ilo que fo sse d e vo tad o a um uso sag rado , não podia ser com ido por a lgum passante , por um cão ou por outro anim al qualquer. A lguns cris tãos têm segu ido isso em esp írito , fazendo os e lem entos da Ceia ou eucaristia serem consum idos ou destruídos, para nada restar para ser usado em sentido com um.

29.35,36

Por sete dias os consagrarás. E sse era 0 p e río d o n e ce ssá rio p a ra a insta lação dos sace rdo tes . A lavagem cerim on ia l, a investidura e a unção (vss. 29 ,30) tinh am luga r no p r im e iro dia. S e g u ia m -se en tão sacrifíc ios repe tido s a cada dia. Enquanto isso es tivesse em processo, os sacerdotes tinham que per- m a necer no á tr io (Lev. 8 .3 3 ). Um a vez te rm in a d o esse prazo, então os sacer- do tes es tavam au to riza d o s a in ic ia r seu se rv iço sag rado . O cap ítu lo o itavo de Le v ítico não m e n c io n a q u a lq u e r oferta p e lo p e c a d o (0 que, a fina l, t in h a tido luga r no sa c r if íc io do n o v ilh o e dos do is ca rn e iro s ); e sua p resença aqu i, de a co rd o com a lg u n s c rít ic o s , é a p e n a s um a a d içã o po s te rio r, fe ita po r a lgum editor. Esses críticos pensam que essas o fe rendas ad icionais, no tocante à con- sag ração de sace rdo tes , são an acrôn icas. N esse caso, as ad ições teriam sido fe itas por um ed ito r que ten tou re conc ilia r a qu estão com as descrições que se vêem em Ezequ ie l 43 .18-27 .

Sete dias. Sete era 0 número da perfeição. Ver as notas sobre Êxo. 29.30. A idéia de perfeição, simbolizada pelo número sete, vefri da história da criação em sete dias (Gên. 1 e 2). Ver no Dicionário os artigos intitulados Número (Numeral, Numemlogiaj e Números na Bíblia. Quanto ao sacrifício do novilho, ver as notas sobre os vss. 11-14 deste capítulo. O texto não repete a informação sobre 0 sacrifício dos dois carneiros.

E 0 ungirás para consagrá-lo. Está em pauta 0 altar. O altar era ungido mediante a aspersão do azeite santo por sete vezes sobre 0 mesmo. O altar era assim

sobre 0 altar, enquanto que outra porção ficava com os sacerdotes. Desse modo rece- bia Yahweh e recebiam os sacerdotes; Yahweh dava e os sacerdotes também davam, ficando assim cum prida a lei do am or. Cf. este versículo com Lev. 7.29-34 e 10.14. Naquela primeira ocasião, Moisés, como sacerdote oficiante, por ocasião da cerimônia de consagração, recebeu uma porção. Posteriormente, os sacerdotes é que recebiam essa porção.

29.27

O pe ito e a coxa d ire ita são aqu i e sp ec ificam e n te m e nc iona dos com o por- ções dadas aos sacerdotes. “A o fe rta m ovida ind ica 0 ato de m over 0 sacrifíc io para a frente e para trás, diante do altar, s im bo lizando a apresentação da dádiva a Deus e 0 recebim ento de volta com o um a po rção ” ( O xford A nnota ted Bible, in loc.). Verdadeiram ente, é dando que recebem os. Esse é um fato bem conhecido, ass im com o um a le i e sp ir itu a l bem co m p ro va d a . V e r as no tas sob re 0 vs. 23 quanto às ofertas m ovidas, e ver tam bém 0 artigo intitu lado Sacrifícios e Ofertas, no Dicionário, onde são abordados os d ife ren tes tipos de sacrifíc ios e o fertas, e onde são ventilados os propósitos dos mesmos.

29.28

Yahweh im pôs aqui um a obrigação p erpétua. O s sace rdotes deveriam viver do a lta r. O povo de Israel estava na ob rigaçã o de de s incum b ir-se desse dever. D isso depend ia a con tinuação do sace rdóc io levítico . Nenhum hom em poderia cuidar de ovelhas, no cam po, e tam bém traba lha r no tabernáculo. Yahweh queria obreiros de tempo integral nas a tiv idades esp iritua is . Oh, Deus, concede-nos tal graça! O trecho de Êxo. 28.29,30 m ostra que 0 trabalho dos sacerdotes devia pros- seguir continuam ente. Os sace rdotes deviam esta r sem pre ocupados com seus deveres sagrados, e outros deviam sustentá-los materialm ente. Ver no Dicionário 0

verbete chamado Ofertas Movidas.

29.29

/4s vestes santas deviam passar de pai para filho, até 0 tempo em que, de velhas, chegasse 0 tempo de serem substituídas. Os filhos, ao receberem as vestes santas, dariam continuação à obra do sacerdócio. Assim sendo, 0 oficio tomou-se hereditário, até que Cristo viesse substituir 0 sistema inteiro com Ele mesmo e Seus discípulos, os reis-sacerdotes (Apo. 1.6). Cf. Núm. 2.26,28. Santidade e dedicação simbólicas esta- vam vinculadas a essas vestes sacerdotais, pelo que essas vestes permitiam a continua- ção da linhagem sacerdotal.

A consagração do sum o sace rdote faz ia -se por m eio de um a espécie de investidura que incluía 0 ato de vestir as vestes sacerdota is de seu pai. Mas não somos informados sobre 0 que sucedia no caso dos sacerdotes simples. Cf. II Reis 2.13,14. Entendem os que os sum os sacerdotes subseqüentes não passavam por elaborados ritos sacrifíciais para serem ordenados, conform e sucedeu no caso de Arão. Os elem entos da consagração eram : O ato de vestir as vestes; a unção; um período de espera de sete dias (vs. 30). E leazar recebeu as vestes de seu pai (Núm. 20.28), e assim, a regra baixada aqui foi aplicada segundo foi requerido. As tradições judaicas afirmam que essa lei foi sempre aplicada. Havia um rito de unção, conforme 0 versículo presente deixa claro; mas parece que não havia ritos sacrifíciais. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Unção.

29.30

Outra parte do rito de transferência da autoridade sacerdotal consistia no período de sete dias, durante os quais 0 filho vestia as vestes sacerdotais de seu pai. Esse período era um período de consagração (vs. 35), e com o parte integran- te da insta lação de um novo sum o sacerdote. Som ente depois desse período é que ele assumia os seus deveres.

“O sacerdote, em sua consagração, durante sete dias e sete noites ficava à entrada do tabernáculo, mantendo a vigília do Senhor. Ver Lev. 8.33. O número sete era considerado 0 núm ero da perfeição, pelos hebreus; esse número é, com freqüência, usado para denotar 0 térm ino, 0 cum prim ento, a plenitude ou a perfei- ção de alguma coisa” (Adam Clarke, in loc.).

29.31

“ Na oferta pacífica, depois que as porções do a lta r e do sacerdote tinham sido dadas (vs. 27), os adoradores que tinham traz ido 0 sacrifíc io, deviam consum ir 0 resto no recin to sagrado, enquanto estavam em estado de pureza ritual (Lev. 7.15-21). O sacerdote cozia a carne para e les (I Sam. 2.13). Neste caso, M oisés atuou com o sacerdote, e 0 sacrifíc io foi traz ido a Arão e seus filhos (cf. Lev. 8.31). O ato de co zer é gera lm ente considerado m étodo mais antigo que 0 ato de assar (cf. 12.18; Deu. 16.7” (J. C oert R ylaarsdam , in loc.). Cf. Lev. 8.31 e Eze. 46.19-34. O cozim ento era efe tuado à entrada do tabernáculo, onde tam bém era com ida a carne. A lém disso, 0 que restasse dos cereais (ver os vss. 2 e 3), era comido juntamente com a carne, conform e som os informados em

Page 143: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO438

Libação. N ão nos são dadas in fo rm açõ es sob re com o eram u tilizadas es- sas iib a çõ e s . J o s e fo (A ntiq . i ii.9 , par. 4) d isse que a lib a çã o era d e rra m a d a sobre 0 a ltar. O utros es tud iosos dizem que um a parte dessas Iibações tam bém pe rten c ia m aos sace rdo tes , tal com o a co n tec ia a um a pa rte das de m a is o fe r- tas. V e r Lev. 2 .2 ,3 e suas no tas qu anto à pa rtic ipaçã o dos sace rdo tes nessas oferendas.

De aroma agradável. O que lemos aqui é repetição do que já tinha sido dito no vs. 18 deste capítulo, onde há as notas expositivas a respeito. Ver também 0 vs. 25 onde a expressão é reiterada, 0 que significa que a expressão foi usada por (rês vezes neste capitulo (Êxo. 29.18,25,41).

29.42

De acordo com os conceitos hebreus, os sacrifícios revestiam-se de extrema im- portância, e deveriam continuar por todas as gerações. Mas Yahweh estava interessado em m anter com unhão com os homens, e não apenas nos sacrifícios que eles poderiam oferecer-Lhe. Deus pode ser imanente, embora, em Sua es- sência, seja transcendente. Logo, diante do a ltar de sacrifícios pode haver comu- nhâo e desenvolvimento espiritual.

Por vossas gerações. D eus o rd e n a ra e es ta va esp eran do pe rpetu idade. Os hebreus não antecipavam um fim eventua l de seu sistem a religioso. Quanto a isso, ver tam bém Êxo. 12.14,17; 16.32,33; 27.21; 29.42; 30.8,10,21,32; 31.13,16; 40.15. Ver Êxo. 31.16 quanto a outras notas sobre essa noção de perpetuidade.

À porta da tenda da congregação. Ou seja, diante do a /fa rde bronze, perto dessa porta (ver 0 vs. 4 e suas notas expositivas). Ver Êxo. 27.1-8 quanto a plenas descrições e comentários sobre esse altar.

29.43

Ali virei aos filhos de Israel. O com panheirism o de Yahweh com Moisés e os sacerdotes também seria desfrutado pelo povo em geral; pois era em favor do povo, afinal de contas, que tabernáculo e todas as suas funções visavam a beneficiar. A glória de Yahweh manifestava-se no tabernáculo, e isso santificaria todo 0 arraial de Israel, pois a tenda não era apenas um lugar onde os pecados do povo seriam cober- tos m ediante os sacrifíc ios. No hebraico, as pa lavras “para que por m inha glória sejam santificados", são um tanto dúbias, pelo que têm recebido várias interpreta- ções. Alguns pensam que 0 objeto da frase seja 0 tabernáculo inteiro; outros, somen- te a porta, ou seja, 0 altar. Nossa versão portuguesa aponta para todo 0 povo de Israel. A Septuaginta, a versão siríaca e 0 Targum de Onkelos dizem aqui “eu serei santificado", fazendo a referência ser ao próprio Yahweh.

A sh ekin ah (ver a re spe ito no Dicionário) deve es ta r em pauta, quan- do a q u i se fa la em “ g ló r ia ” . M a s ta m b é m po d e e s ta r em p a u ta a g ló r ia de D eus em ge ra l, sem in d ica r, de m o do e sp e c ífico , 0 seu m odo de m a n ifes ta - ção . Cf. es te v e rs íc u lo com Êxo. 4 0 .3 4 ,3 5 ; Lev. 9 .24 ; I R e is 8 .1 0 ,1 1 ; II Crõ. 5 .13,14 ; 7.2.

29.44

Visto que este versículo diz que 0 tabernáculo devia ser santificado, podemos en tender que 0 vs. 45 re fe re -se a a lgu m a ou tra co isa que tam bém deveria ser santificada. C om o é óbvio, 0 au tor sacro poderia estar repetindo a inform ação do vs. 43, v isto que a repetição de dados é um de seus m ais característicos hábitos literários. Notemos tam bém que 0 a ltar devia ser santificado, além de Arão e seus filhos (0 sacerdócio). Isso posto, este versículo profere uma santificação (separação para 0 serv iço sag rado ) que envo lv ia tudo e todos quantos estavam ligados ao tabernáculo.

Está em pauta a lgo m ais do que a consagração formal. Tem os aqui a idéia da presença de Yahweh, sendo esse 0 fator que realmente santificava 0 tabernáculo e todo 0 povo de Israel. Era mister que houvesse uma santidade em espírito, e não mera santidade formal, por meio de ritos, “Deus haveria de santificar continuamente 0 sacer- dócio levítico por meio de Seu Santo Espírito com eles, em seus atos ministeriais e a é em suas atividades diárias, se eles procurassem servi-Lo” (Ellicott, in ioc).

29.45

É significativo que Yahweh tenha prom etido Sua presença real, e não apenas um a presença sim bólica, no tabernáculo. O tabernáculo seria um lugar de encoo tro com 0 povo de Israel, em sentido real, e não apenas em símbolo ou tipo. Todas as questões esp iritua is deviam te r va lo r real e duradouro , a judando 0 hom em a m anter com unhão com Deus; e, a través de ssa com unhão, 0 hom em pode ser transfo rm ado esp iritua l e m ora lm ente . Assim , se pode haver um lugar especia(־ mente apto para a adoração divina, com o um a igreja, um tem plo, um edifício, una salão, etc., deve haver um altar consagrado a Deus, no coração humano. O propó- sito de Deus não é formal, é vital.

c o n sag ra d o pa ra os se rv iç o s s a n to s que os s a c e rd o te s tin h a m a re a liza r. O a lta r era um luga r do tab e rn á cu lo on de Y ahw eh se m a n ifes ta va m ais clara- mente.

A Eficácia do Sangue. V er as no tas sobre isso no vs. 12 deste capítu lo. No Dicionário ve r os artigos S an g u e e Expiação pe lo S angue. Ver Lev. 1.5. “O san- gue, a sede do mistério da vida (Êxo. 17.11; Deu. 12.23; Gên. 9.4) era considera- do com o particu larm ente sagrado d ian te de Deus. Portanto, com base no princí- p io do sacr ifíc io de v id a por v ida , 0 d e rra m a m e n to de san gue era e ficaz para perdão de pecados e para a reconciliação do hom em com Deus. O ato de derra- mar 0 sangue ao pé do a lta r s im bo lizava a partic ipação de Deus na cerim ônia de expiação (Exo. 24.6-8)" (O xford A nnotated Bible, sobre Lev. 1.5).

29.37

Sete dias farás expiação. As o fe rtas de sangue con tinuavam , tal com o a unção com azeite (vs. 36). Desse modo, 0 a ltar tornava-se um lugar consagrado e santo, e qua lque r o fe renda ali posta era con s id era da au tom aticam en te san ta e aceitável a Yahweh. Cf. Ageu 2.11,12. Ver tam bém Mat. 23.19. Os intérpretes cris- tãos vêem Cristo como 0 antítipo desse altar santificado. Todos quantos entram em con tacto com Ele são transformados. V e r os últim os pa rágrafos das notas sobre Êxo. 30.26-28 quanto à idéia do toque santo.

Os Sacrifícios Diários (29.38-39)

29.38-39

No ve rs ícu lo trin ta e o ito de ste ca p ítu lo pa ssam os a tra ta r dos sacrifíc ios diários, de ixa ndo para trás os s a c r if íc io s e os rito s e fe tuad os na con sag ra ção dos sace rdo tes . A passagem (vss. 38 -42) tem pa ra le lo no tre cho de Núm eros 28 .3 -8 . Durante 0 pe ríod o p ré -e x ílico ha v ia do is sa c r if íc io s o fe rec ido s a cada dia. Pela m anhã, era sac r if ica d o um ca rne iro ; à ta rd inha , ha v ia um a o fe rta de cereais. Ver II Reis 16.15. Esse costum e acabou firm em en te estabe lec ido, pelo que quando a lguém a lud ia à m inhah (o fe rta de ce re a is ) fa la va em um s inôn i- mo de “à no it in h a ” (I R eis 18 .29 ,36 ; D an. 9 .2 1 ). No te m p lo idea l e res taurado de E zequ ie l, am bas essa s o fe re n d a s se ria m fe ita s pe la m a n h ã (E ze. 46 .18 - 25). As ins truções do ve rs ícu lo d ia n te de nós d e te rm in a va m que um co rde iro fo sse s a c r if ic a d o p e la m a n h ã e à n o it in h a . E am b a s essa s o fe re n d a s e ram com binad as com ou tros tipo s de o fe rta s . P arece que a o fe rta de ce rea is aca- bou pe rdendo sua na tu re za inde pen den te , p a ssando a se r com b inad a com os sacrifíc ios de anim ais.

Ver Êxo. 12.5 e suas notas quanto às qualificações e características do cordeiro a ser sacrificado. Parece que em diferentes períodos da história de Israel, costumes leve- mente diferentes foram seguidos no que toca ao horário em que esses sacrifícios eram feitos.

Esses sacrifícios contínuos naturalmente diziam respeito à idéia de expiação, pois os pecados precisam ser perdoados diariamente. Mas também faziam 0 povo de Israel lembrar-se de sua necessidade de dedicar-se d iariam ente a Yahweh. As ofertas de cereais, por sua vez, enfatizavam a necessidade dos israelitas mostrarem-se agradeci- dos Àquele que lhes provia todas as formas de boas dádivas (ver Tia. 1.17).

29.40

Oferendas de cames e abluções deviam acompanhar os holocaustos — sinais da gratidão que devemos a Deus em face de Sua proteção e cuidados, de Sua misericórdia perpétua e de Sua bondade. Assim, a cada dia, a Fonte de todo bem era reconhecida e louvada. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Gratidão. “. . .as ofertas diárias continham artigos básicos da dieta diária do povo: carne, farinha de trigo, azeite e vinho. Essas oferendas diárias (bem como 0 sacrifício de dedicação dos dois carneiros, vss. 18 e 25) eram agradáveis ao Senhor. Por igual modo, 0 sacrifício de Cristo, que se ofereceu a Si mesmo, na cruz, foi como 'oferta e sacrifício a Deus em aroma suave' (Efé. 5.2)" (John D. Hannah, in Ioc.).

Um efa. Um efa era uma décim a parte do hômer. Um hômer era 0 equivalente a 189 litros, ou seja, 18,9 litros. E a oferta de cereais era uma décima parte de um efa, ou seja, 0 equivalente a 1,89 litros.

Um him de azeite. O him era 0 equivalente a 3,15 litros. A libação diária era uma quarta parte disso, ou seja, cerca de 0,79 litro. Era usada diariamente essa quantidade de azeite e de vinho nessas oferendas. Ver 0 artigo Pesos e Medidas, no primeiro volume desta obra, nos Artigos Introdutórios, em sua sétima seção.

29.41

Este versículo indica que 0 sacrifício vespertino do segundo cordeiro deveria ser feito depois do sacrifício do prim eiro cordeiro, fe ito pela manhã. Logo, as instruções dos vss. 38-40 deste capítulo têm aplicação aqui.

Page 144: At Interpretado- Êxodo

439ÊXODO

re ce b e r va ras de tra n s p o rte . Is ra e l, m a rch a n d o a través do deserto , levava 0

T a bernácu lo e todos os seus m óveis, de luga r em lugar. O m odus operand! da con struçã o do T a bernácu lo e de suas peças, pe rm itia um tra nspo rte fác il, que fa lava de im perm anência.

Tipologia. “0 Altar de Incenso era um tipo de Cristo, nosso intercessor (João 17.17- 26; Heb. 7.25); através dele nossas orações ascendem a Deus (Heb. 13.15; Apo. 8.3,4). 0 A ltar s im boliza nossos sacrifícios, louvores e adoração (Heb. 13.15)” (Scofieid Reference Bible, in loc.).

30.2

Dimensões. Tinha aproxim adam ente meio metro de lado e um de altura, com pontas em form a de chifres nos quatro cantos. Os chifres foram esculpidos nos cantos do altar, não sendo peças separadas embutidas, seguindo 0 mesmo modo de construção do G rande A ltar (ver 27.2). Os chifres foram tipos de pináculos que se elevavam dos cantos, apontando para 0 céu. Foram itens decorativos e simbólicos. A oração sobe para 0 céu com a fumaça do incenso.

Côvado. Aproximadamente 18 polegadas (= 45 cm).

30.3

O s m a te ria is e m p re g a d o s fo ra m os m e sm os u tiliza d o s na con s truçã o da A rca e da M esa. V e r 2 5 .1 0 -2 2 ,2 3 -3 0 . Foi po s ic io nad o na fre n te da A rca, m as no lado op o s to da te rc e ira c o r tin a que fe ch a va 0 Lu ga r M a is S anto do Lu gar S a n to . V e r a i lu s tra ç ã o da P la n ta do T a b e rn á c u lo em 25.1 e c o m p a re -s e com 40.5.

Bordadura de ouro. Tam bém falado da Mesa (25.24), sendo de construção semelhante àquele item. A borda elevada não deixava que as coisas colocadas em cima escorregassem e caíssem no chão, contaminando-as. A peça também servia de ornamentação.

30.4

Este versículo, aqui relacionado ao Altar de Incenso, é essencialmente igual àque- le que descreve 0 Grande A ltar (27.4), a Mesa (25.26) e a Arca (25.12), mas 0 A ltar precisava somente de duas (quatro?) argolas, sendo um objeto relativamente pequeno e de fácil transporte. Todas as peças do Tabernáculo tinham de ser portáteis. Ver 0

artigo Tabernáculo, no Dicionário, que dá informações gerais sobre seus móveis.

Duas argolas. P oss ive lm e n te s ign ifica ndo duas de cada lado, to ta lizando quatro . Este ve rs ícu lo ta lve z p o ssa se r igua l a 27 .4 . A pa ren te m ente , tod os os m óveis tinham quatro argolas, um a p rov isão padron izada. O texto fa la som ente de duas, aqui, m as ta lve z 0 esc r ito r esp e rasse que seus le itores en tendessem duas de cada lado.

30.5

Varais. As m e sm as in s tru ç õ e s ap lica m à A rca (25 .13 ), à M esa (25.28) e ao G rande A lta r (27 .6 ). V e r as e xp lica çõ e s deste item nos vers ícu los m encio- nados. T a lvez ho u ve sse um a d ife re n ça no ta m a n h o dos v a ra is po r ca u sa de variação de peso dos m óveis tra nsportados, mas, se assim 0 era, 0 escritor não nos inform a.

30.6

Porás 0 altar defronte do véu... is to é, an te a te rc e ira c o r tin a que se- p a rava 0 L u g a r M a is S a n to do L u g a r S a n to . O sum o sa ce rd o te , ap rox im a n- do -se do L u g a r M a is S an to , p a s s a ria pe lo A lta r de Ince nso an tes de a b rir a c o r t in a pa ra e n tra r no S a n tu á r io . S o m e n te a lg u n s p a sso s s e p a ra va m este A lta r da Arca.

O A lta r de Incenso era cha m ado A lta r Á u reo em con tras te com 0 G rande A lta r de Bronze (ver 38 .30; 39 .39). Ver, tam bém , 40 .23-26 para in fo rm ação so- bre 0 pos ic ionam ento dos m óveis. O A lta r estava situado ante a Arca, m as fora da terceira cortina que fechava 0 Lugar Mais Santo. O escritor do livro de Hebreus (9.4) colocou este A lta r erradam ente dentro do próprio Santuário. Ver anotações com pletas sobre esse p rob lem a na exposição de Heb. 9.4, no Novo Testam ento Interpretado.

Seu posicionam ento mostrava que esse altar tinha uma relação próxima com 0

propiciatório. Sua função de intercessão preparava os adoradores para se beneficiarem da expiação que só ocorreria no Santo dos Santos.

Onde me avistarei contigo. O Intercessor estava falando sobre 0 lugar da inter- cessão. Yahweh encamou-se em Cristo, 0 qual é 0 nosso Intercessor. Cf. essa declara- ção com Êxo. 25.22; 29.42,43.

“Ele seria 0 D eus de les; 0 seu D eus da a liança ; 0 seu Rei; 0 governo de les seria teocrático; Ele seria 0 Deus e Pai deles, po r adoção nacional. Da parte Dele, eles poderiam esperar todas as co isas boas, a con tínua obediência deles" (John Gill, in loc.).

29.46

E saberão. Tem os aqui a idéia de ilum inação divina. A verdadeira com unhão com Deus e a Sua presença próxim a d evem significar que aqueles que são assim beneficiados haverão de rec o n h ecera origem dessas bênçãos. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Iluminação.

O P ode r d iv ino que e les re co n h e c ia m , e que tra n sm itia m , era 0 m esm o po der que tinh a re a liza d o os m ila g re s do êxo do . V e r no D icio n ário 0 ve rbe te intitulado Êxodo. “ O propós ito de D eus no êxodo é a firm ado aqui com o a base desse re la c iona m en to g rac ioso , que 0 p ro g ra m a de a d o raçã o sacrif ic ia l de ixa entendido” (J. Edgar Park, in loc.).

Deus descera até um a tenda, a rm ada no deserto , para que Sua presença e Sua vontade fossem conhecidas entre os homens. Isso, naturalmente, faz-nos lem- b ra r da en carnação do Logos, 0 C ris to , ass im nom eado em Sua m issão neste m undo. V er João 1.1 ,14. V e r na E n c ic lop éd ia d e Bíblia, Teologia e F ilosofia 0

artigo Encarnação de Cristo.Cf. este versículo com Sal. 3.12 e 94.15. Ver tam bém Efé. 2.22 quanto à Igreja

como local da habitação de Deus. Ver também Gál. 4.6 e Col. 1.27,28 quanto às aplica- ções cristãs dos ensinos do versículo à nossa frente.

CapítuloTrinta

Instruções S uplem entares (30.1 — 31.18)

O s c rítico s a tr ibuem as in s truções à no ssa fre n te a um pe ríod o poste rio r; m as os e ru d ito s c o n s e rv a d o re s nã o vêe m ra zã o p a ra s e p a rá - la s da m a ssa de in fo rm e s da da a n te s . O a u to r não se p re o c u p o u em s e g u ir q u a lq u e r or- dem esp ecífica de ap resen tação . A ss im , 0 a lta r do incenso foi de scrito depois de tod as as de m a is pe ças do m o b iliá rio e d e p o is de te rem s ido dadas ins tru - çõe s d e ta lh a d a s s o b re 0 m o d o de o fe re c e r os s a c r if íc io s . N ão há ra zã o que po ssam os a tr ib u ir a essa o rdem , m as d e ixa m o s esse p ro b le m a com 0 au to r sa g ra d o , que ta lve z tiv e s s e n isso a lg u m p ro p ó s ito ; m as ta m b é m é po ss íve l que e le não es tive sse in te re s s a d o em q u a lq u e r o rdem e sp e c ia l de ap resen - tação.

A re lig ião dos can aneu s inc lu ia 0 uso de in ce n so em seus ritos, e a lguns supõem que esse costum e foi tom ado por em préstim o pelos hebreus. Esses su- põem que esse a sp ec to do c u lto fo i a d ic io n a d o ao c e r im o n ia l p o s te r io r dos hebreus. Os trechos de Lev. 16.12 e Núm . 16 .6,7 a ludem à que im a de incenso, sendo prováve l que essa p rá tica fosse a n te rio r à e x is tê nc ia de um a lta r form al com essa fina lidade. Evidências em prol do a lta r de incenso só aparecem poste- rio rm ente, e a lgu ns es tu d iosos têm s u g e rid o que esse item só passou a la ze r parte do ritual no segundo tem plo de Jerusa lém . Os conservadores crêem que 0

texto diante de nós serve de prova do uso desse alta r desde os dias de Moisés, 0

que nega que esta passagem seja um a ad ição tardia. Não há m uitas evidências ob je tivas acerca da questão . E llico tt ( in loc.) fa la da pos ição estranha ocupada pelo m ateria l sobre 0 a lta r do incenso, m as não v ia razão para suspe ita r de um deslocam ento de texto ou de um a ad ição po sterior. “Q ue 0 incenso alinhava-se en tre as o fe re n d a s que D eus re que ria que Lhe fosse m o fe re c id a s é a lgo que figura desde Êxodo 25.6. Sua preciosidade, sua fragrância e seu evidente poder de e leva r-se sob a fo rm a de nu vens até 0 céu , levou à sua u tilização nos ritos re lig iosos de m uitas nações. Os sace rdo tes eg ípc ios aparecem con tinuam ente , nos m onum entos, com incensários nas m ãos, onde, é de presum ir-se, e les ofe- reciam in c e n s o . . . H eródoto a firm a que os ba b ilô n io s con sum iam anua lm ente mil ta lentos de incenso na festa de Belo (Hist, i.183). É bem conhecido 0 fato de que os gregos e os rom anos usavam incenso.”

30.1

O A lta r de Incenso. Ver 0 a rtigo de ta lhado sobre este assunto no Dicionário que inclui sua tipologia. Seus m ateria is de construções, d im ensões, provisões para transporte e sign ificados são com entados no artigo, perm itindo um trata- mento m ais abreviado aqui. O le itor perceberá que as descrições do presente texto são sem elhan tes às de 25.1-30, onde anotações de ta lhadas são ofereci- das.

O A ltar de Incenso era um móvel com o todos os outros itens do Tabernáculo; era fe ito dos m esm os m a teria is do A lta r de Bronze, m as recebeu uma cam ada sup erio r d ife rente . E ra com para tivam e n te pe quen o, sendo 1 '/2 pés quadrados (= 45 cm s.) e som ente 3 pés de altura (= 90 cm s.). T inha ch ifres com o 0 Grande

A lta r e pod ia ser fac ilm ente transportado , sendo que tinha a rgo las de ouro para

Page 145: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO440

dos sacrifícios feitos ali, com exceção única dos holocaustos, que eram inteiramente consumidos nas chamas. Ver Êxo. 29.22,27 e Lev. 7.31,32. Mas um homem não faz somente comer. Os sacerdotes precisavam vestir-se e ter outras coisas necessárias à vida diária. Essa taxação, pois, seria feita para que os sacerdotes pudessem devotar-se, por tempo integral, às suas tarefas religiosas. Oh, Deus, concede-nos tal graça! Um recenseamento precisava ser feito a fim de se saber de quanto dinheiro se disporia, mas também para se saber qual a taxa de crescimento numérico de Israel. Outra razão dessa contagem era saber qual seria 0 tam anho do exército de Israel (Núm. 1). Ade- mais, esse dinheiro seria aplicado à construção e manutenção do tabernáculo, seus equipamentos, etc. (Ver Êxo. 38.27,28).

30.11,12

Ό recenseamento, relatado no prim eiro capítulo de Números, originalmente teve fins militares. Tem endo que a ira de Deus se manifestasse contra 0 recense- am ento (II Sam. 24), 0 povo pagou uma taxa (cf. II Crô. 24.6,9; Mat. 17.24-27), como um resgate ou expiação (vs. 16)" (O xford Annotated Bible, in Ioc.). O capítu- Io vinte e quatro de II Samuel apresenta um a situação parecida. Em seu orgulho, Davi m andou fazer 0 recenseam ento do povo para saber quão poderoso exército Israel era capaz de convocar. Fazer um recenseam ento, pois, era considerado cometer uma infra ção contra as prerrogativas divinas. Yahweh era 0 árbitro exclusivo do destino de Seu povo. A lém disso, Davi exibiu uma estúpida arrogância e orgulho naquilo que fez. Portanto, uma praga sobreveio ao povo.

No caso presente, como precaução contra a possível ira divina, foi cobrada uma taxa, redimindo cada homem que a pagasse, iivrando-o assim de qualquer punição celeste. O dinheiro assim recolhido seria usado para sustento dos sacerdotes, como também para manter 0 tabernáculo, seu equipamento, etc.

“Sempre que era feito um recenseamento (ver Núm. 1), cada homem israelita de vinte anos para cim a pagava uma taxa para a judar a_manter 0 tabernáculo e seu funcionamento. Essa taxa era considerada um resgate (Êxo. 30.12), porque seu paga- mento garantia proteção contra as pragas. Isso ajudava a motivar cada varão a pagar a taxa. Era esta tida como uma expiação, como uma cobertura para 0 pecado” (John D. Hannah, in Ioc.).

Ao falar a respeito de pragas, não nos devemos olvidar que tais pragas podiam proceder do próprio Yahweh, porquanto coisa alguma era deixada ao encargo do aca- so, e nem de meras causas naturais.

30.13

O siclo do santuário (ver Lev. 27 .25; 56 .15; Núm. 3.47; 18.16; Eze. 45.12) tinha por base 0 m a is an tigo padrão de m ed ições dos fen íc ios ou dos próprios he breu s. E ra m ais pesado que 0 su b se q ü e n te s ic lo ba b ilôn ico , que passou a ser usado em tem pos pós-ex ílicos . O vs. 13 esfo rça-se por exp lica r que estava em v is ta 0 pe so m a is a n tig o e de m a io r va lo r . As p a la v ra s a d ic io n a is , “ este s ic lo é de v in te geras" (Lev, 27 .25 ; Núm . 3.47, etc.), constituem um a ten ta tiva pa ra in te rp re ta r a q u a n tia re q u e r id a em co n fro n to com os pesos b a b ilôn icos posteriores, v isto que a gera era um a un idade ba b iiôn ica. Isso s ign ifica que tal ad ição p rovave lm en te foi fe ita no pe ríod o pó s-ex ílico , e que d ific ilm e n te deve te r s ido fe ita pe lo p ró p rio a u to r sa g ra d o . A ún ica a lte rn a t iv a (de aco rdo com m u itos c rít ico s ), é que 0 tre ch o p e rten ce , re a lm en te , a um pe ríod o poste rio r. Ver Êxo. 38.24.

Siclo. V er no Dicionário 0 artigo geral cham ado Dinheiro. O siclo é m encio- nado e descrito na seção IV.c desse artigo. Nos dias de M oisés, desconheciam - se as m oedas, e os pe sos e as m e d idas flu tu a va m enorm em en te . O “s ic lo do sa n tu á r io ” d e s ig n a va um peso em m eta l, e não um a m oeda, nos d ias do tabernácu lo . Todas as o fe rtas de v ia m se r ca lcu la das a pa rtir desse s ic lo (Lev. 27.25). Mas é im possível de term inar qual seria 0 seu valor, em com paração com 0 s istem a m onetário moderno.

Gera. Esse peso, de con form idade com M aim onides, pesava tanto quanto dezesseis espigas de cevada, pelo que 0 siclo valia vinte vezes mais do que isso. Era um peso de prata. Quanto a outras informações a respeito ver Êxo. 38 .25-26.0 peso de trezentos e vinte espigas de cevada era considerável, e metade disso (vs. 15), evidentem ente era um a boa quantia em dinheiro. Sem dúvida alguma, m uitos ho- mens israelitas só pagaram tal quantia por tem erem sem atingidos por alguma pra- ga, se não pagassem tal taxa (vs. 12).

30.14

S om ente varões de v in te anos de idade para c im a tinham que pagar essa taxa. Isso s ign ifica que só estavam nessa ob rigação aqueles que podiam traba- lhar e ganhar um salário. Pelo m enos, tem os aí um a m edida m isericord iosa. As mulheres, as crianças, os sacerdotes e os escravos estavam isentos. No prim eiro cap ítu lo do livro de Núm eros, a estipu lação de varões com vinte anos para cima ind ica hom ens que po d iam e n tra r na guerra . M u itos e ru d ito s im ag inam que 0

recenseam ento h is to riado no prim e iro cap ítu lo de Núm eros é 0 m esm o referido

Josefo situava 0 altar do incenso diretamente entre a mesa dos pães da proposi- ção e 0 candelabro, e não adiantado, com o m ostram os diagram as do plano do tabernáculo. (Antiq. 1.3 c. 6 see. 8). E outros intérpretes judeus concordavam com essa disposição.

No dia da expiação, 0 sumo sacerdote tomava incenso tirado do altar do incenso e 0 levava ao interior do Santo dos Santos (Lev. 16.12,13).

30.7,8

Assim como havia sacrifícios matinais e vespertinos (Êxo. 29.40,41) e assim como esses sacrifícios deveriam ser perpétuos e infalíveis, por todas as gerações do povo de Israel (Êxo. 29.42), assim também se dava no tocante à queima de incenso, manhãs e tardes, por todas as gerações do povo de Israel. Ver Êxo. 29.42 acerca da perpetuidade desses ritos. Dou ali uma lista de referências sobre a questão. “A queima de incenso, juntamente com os cuidados com as lâmpadas, tom aram -se um dever diário, de ma- nhã e à tardinha, em que se atarefavam os sacerdotes em serviço ativo. Esse serviço foi organizado sobre uma base de rotatividade, no templo posterior (J. Edgar Park, in Ioc.). Ver no Dicionário 0 detalhado artigo intitulado Altar de Incenso, quanto a detalhes com- pletos sobre sua natureza, uso e simbolismo. Há notas adicionais sobre 0 mesmo em Êxo. 30.1.

Os ingredientes do incenso aparecem em Êxo. 30.34,35, onde há notas sobre a questão. Ver Sal. 141.2; Luc. 1.10; Apo. 5.8; 8.3,4, pois 0 incenso é emblema da oração. Em Êxo. 30.1 há notas expositivas sobre os tipos envolvidos nesse altar. Ver Luc. 1.9 quanto à questão de como os sacerdotes sen/iam em um regime de rotatividade, de acordo com sortes.

As lâmpadas. Os C uidados com as L â m p a d a s e sua L im peza. Está aqui em foco 0 ca n d e la b ro com su a s se te lâ m p a d a s . O ritu a l e n vo lv ia 0 cu ida do com essa s lâm p ada s , ap ós 0 qu e se q u e im a v a 0 in ce n so , com o se os do is de ve res fo rm asse m um a ún ica ta re fa . O sa ce rd o te a p a ra va os pav ios e faz ia qua lque r outro serviço que fosse necessário nas lâm padas. Apagaria os pavios que estivessem term inando, e os substitu iria por novos; supriria 0 azeite neces- sário ; e apararia os pavios e lim paria os apagadores. V er Êxo. 27.20,21 quanto ao aze ite das lâm padas. V e r Êxo. 2 5 .31 -40 q u an to às lâm p ada s e aos cu ida - dos pelas mesmas.

30.9

Não oferecereis sobre ele. Não se podia abusar do a ltar do incenso utilizan- do-o com outro propósito além daquele a que se destinava. Nenhum incenso es- tranho ou diferente podia ser queim ado sobre 0 mesmo. A fórm ula para 0 incenso precisava ser rigidamente observada. V er as notas sobre os vss. 34 e 35 quanto a essa fórm ula. O culto precisava seguir as regras, bem com o Aque le que dera as regras, Yahweh.

O altar do incenso não era nem 0 altar dos sacrifícios e nem 0 altar das libações. Essas duas últimas funções cabiam ao altar de bronze ou a ltar grande (Êxo. 27.1- 8). Os dois serviços não podiam ser m isturados. O altar do incenso tinha sua pró- pria função diferente e im portante, m as não estava preparado para esses outros tipos de serviço.

30.10

Sangue era ap licado aos ch ifres do a lta r um a vez por ano, para propósitos de san tificação, e não sacr if ic ia is . No Dia da E xp iação (ver sobre 0 m esm o no Dicionário), descrito longam ente em L e v it ico 16, 0 sum o sace rdo te tom ava em um incensário brasas acesas tiradas do a lta r de bronze, e en trava no Santo dos Santos. Mas nesse trecho de Le v it ico não há m enção ao a lta r do incenso, pelo que a lguns e rud itos pensam que isso re p rese n ta um a tra d içã o m ais an tiga do que aquela que tem os diante de nós. Mas aqui tem os sangue tirado dos sacrifíci- os e levado ao a lta r do incenso, a fim de ung ir seus qu a tro chifres. É c la ro que isso ve io a tornar-se parte do ritual da expiação, em bora tam bém aponte para a san tificação do a lta r, pa ra se r usado co n tinuam en te , po r to d o um ano dali por diante. Portanto, tem os aqui um a espécie de rito anual de santificação, por assim d izer, um a rededicação. O d ia de s ig nad o pa ra isso era 0 déc im o dia do sétim o mês, Ver Lev. 16.18.

Sangue era aplicado às pontas do altar; e tam bém era salpicado por sete vezes sobre 0 altar. Destarte, 0 altar ficava santificado, apto para uso cerimonial. Pelo menos, pensa-se que esse ato, realizado no caso do a ltar de bronze, era idêntico ao que se fazia no caso do altar do incenso.

O Recenseamento (30.11-16)

Yahweh prosseguia em Suas instruções acerca da ereção do tabernáculo, e acerca de seu equipam ento e seus serviços, tudo através da ilum inação divina. Entre essas instruções contavam -se aquelas sobre 0 recenseam ento a ser feito. O dinheiro recolhido dos recenseados reverteria para 0 “serviço da tenda da congregação” (vs. 16). Os sacerdotes viviam do altar, com endo certas porções

Page 146: At Interpretado- Êxodo

441ÊXODO

“No templo de Salomão havia um grande tanque de forma circular, com cerca de 13,70 m de circunferência, conhecido com0 m a r de fundição (I Reis 7.23-36). Era intei- ramente feito de bronze e repousava sobre as figuras de doze bois. De acordo com II Crô. 4.6,0 m ar servia para as abluções dos sacerdotes” (J. Edgar Park, in Ioc.). Não há certeza sobre até que ponto a antiga bacia de bronze assemelhava-se à versão manda- da fazer por Salomão, mas é bem provável que a bacia de bronze dos dias de Moisés fosse algo bem mais modesto. Os críticos, por sua parte, duvidam até mesmo de sua existência, pensando que escritores posteriores fizeram 0 mar de fundição retroceder dos dias de Salomão para os dias de Moisés. Ver no Dicionário 0 artigo chamado M ar de Fundição (de Bronze). O texto presente, em contraste com 0 resto dos itens do tabernáculo, fomece-nos poucos detalhes e não dá as dimensões da bacia de bronze. O trecho de Êxo. 38.8 adianta que as mulheres providenciaram 0 material necessário para esse item, pois contribuíram com seus espelhos de bronze. Portanto, a bacia de bronze importou em um sacrifício para muitas pessoas.

As lavagens feitas na bacia de bronze, tal com o se dava com todos os demais ritos efetuados no tabernáculo, deviam ser efetuadas de m odo perpétuo, por todas as gerações. Ver as notas sobre isso em Êxo. 29.42, quanto a uma lista de referèn- cias sobre a questão.

As abluções litúrgicas dos israelitas influenciaram de modo profundo tanto 0 cristia- nismo quanto 0 islamismo.

Água se fazia m ister para as lavagens dos sacerdotes e de certas partes das vítimas sacrificadas (Êxo. 29.27; Lev. 1.8,13), como também para limpeza do próprio altar, para nada dizerm os sobre 0 chão para onde escorria todo aquele sangue dos animais sacrificados.

Seu suporte de bronze. A bacia de bronze provavelmente tinha 0 formato de um grande vaso ou urna, e estava apoiada sobre um pedestal. Vasos dessa natureza têm sido achados, com relativa abundância, pelos arqueólogos.

A ba c ia de b ronze é 0 ú ltim o item do ta b e rn á c u lo a se r d e sc rito . F icava en tre 0 a lta r dos h o lo ca u s to s e a en trad a do Lu ga r Santo, en trada essa tapa- da pe lo se g u n d o vé u . V e r a i lu s tra ç ã o so b re a p la n ta do ta b e rn á c u lo , nas no tas sob re Êxo. 26 .1 . N a tu ra lm e n te , ta n to 0 a lta r dos ho lo caus to s q u an to a ba c ia de b ro n ze fica va m no á tr io . E ra e sse n c ia l que a ba c ia ficasse p róx im a do a lta r, a fim de que os sa ce rd o te s p u dessem la va r as m ãos e os pés an tes de e n tra re m no L u g a r S a n to , d e p o is de te re m o fe re c id o sa c r if íc io s s o b re 0

alta r.

30.19

A lavagem de m ãos e pés era necessária por razões físicas e espirituais. Era m iste r que en trassem fis icam ente lim pos no Lugar Santo, ao passarem pe la se- gunda cortina. Talvez acabassem de realizar um sacrifício sobre 0 altar de bronze. Então teriam andado pelo átrio, cujo chão era de terra. Não teriam de tom ar um banho de corpo inte iro, m as apenas lavarem as m ãos e os pés, que m ais certa- mente se teriam sujado de sangue e de poeira. Adem ais, não poderiam adentrar 0

Lugar Santo sem um a lavagem ritual e simbólica das mãos e dos pés. Cf. isso com João 13.10, Os sace rdotes eg ípc ios lavavam -se duas vezes durante 0 dia, pela manhã, e duas vezes à noite, de aco rdo com H eródoto (Euterpe sive. 1.2 c. 37). Santidade de conduta (pés) e santidade de ações (mãos) era algo simbolizado por essas lavagens rituais.

“O altar falava da salvação por meio da oferta pelo pecado; e a bacia de bronze falava da santificação, que é algo progressivo e contínuo” (John D. Hannah, in Ioc.).

30.20

Para que não morram. E ssas p a la v ra s dão a en te n d e r que Y ahw eh ha- ve r ia de ju lg á -lo s com a pe na de m o rte , se d e ixa sse m de o b e d e ce r às Suas ordens qu anto a esse pa rticu la r. E s tavam ocupados em um serv iço santo, ser- v indo a Y ahw eh e ap rox im a ndo -se Dele. Não podiam esta r sujos, nem fís ica e nem e s p ir itu a lm e n te . A m o rte ta m b é m e ra a m e a ç a d a po r m o tivo de ou tras in frações das regras a tinentes ao serv iço santo. V e r Êxo. 28 .35,43. “N ão é exa- tam ente fác il p e rce b e r po r que a pena de m orte fo i am eaçad a con tra a negli- gênc ia ace rca de ce rtas o b se rvâ n c ia s cer im on ia is , m as não ace rca de ou tras. E n tre tan to , a a b lu çã o era a lgo tã o fác il e, p ro va ve lm e n te , es ta be lec id a com o um a prática , faz ia tan to tem po, que om iti- la só po deria ind ica r um desrespeito intencional para com D eus” (E llicott, in Ioc.).

Quando se chegarem ao altar. Os sacerdotes deviam lavar-se antes de oferece- rem algum sacrifício, e, sem dúvida, depois de terem-no oferecido, para então entrarem no Lugar Santo.

“Isso dá-nos conta da necessidade de termos corações puros e mãos limpas, para que nos aproximemos do altar de Deus, se quisermos participar da adoração pública, e, em particular, para orarmos com mãos limpas, erguidas para 0 alto (I Tim. 2.8; Sal. 26.6)' (John Gill, in Ioc.). Este texto deve ser comparado com Tito 3.5, que nos dá uma versão cristianizada dessa necessidade.

30 .17,18■esta p a ssagem . N esse caso , 0 a r ro la m e n to te ve m ú lt ip lo s p ro p ó s ito s . V er N úm . 1.20,46.

Entre os he breu s um a pe ssoa era c o n s id e ra d a ad u lta ao co m p le ta r v in te anos de idade, e, en tão, fica va su je ita ao se rv iço m ilita r e a ou tras responsa - b ilid a d e s (N úm . 1.3 ; II C rô . 2 5 .5 ) . E ra ta m b é m n e ssa id a d e qu e os le v ita s da vam in íc io a seu se rv iço sa ce rd o ta l no s a n tu á r io (II C rô . 2 3 .2 4 -2 7 ; II C rô. 31.17; Esd. 3.8).

30.15

A taxa não foi cobrada de acordo com as riquezas de cada um. Antes, foi igual para todos, em contraste com os sistem as m odernos de taxação, que penalizam os ricos, dando a entender que possu ir d inheiro é um pecado. O d inheiro era para 0

serviço de Yahweh, devendo se r dado de boa m ente, algo m uito difícil de conse· guir. A lém disso, se a lguém não desse de boa m ente, pe lo m enos daria m ovido pelo temor, pois se alguém não contribuísse pragas lhe sobreviriam. Assim sendo, ele pagava 0 resgate por sua v ida física (e não por sua alm a imaterial), ao obede- cer a essa taxação. A im posição de um a taxa ún ica poupava um a m ontanha de escrituração e fiscalização. Se fosse usado ou tro crité rio de taxação, as pessoas dmam que ganhavam m enos do que realm ente ganhavam , a fim de baixar a taxa. Nem sempre 0 que é simples é justo. Podem os supor que a quantia cobrada esta· va ao alcance do varão israe lita m édio de vinte anos, m esm o que alguém tivesse má vontade no coração, não querendo m ostrar-se generoso para com 0 serviço prestado a Yahw eh. V e r na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 artigo intitulado Impostos.

A té m e sm o um e s m o le r te r ia q u e p a g a r a ta x a . E le te r ia que s e p a ra r uma pa rte das e sm o la s re ce b id a s , v e n d e r sua s v e s te s ou fa z e r 0 que fosse ne cessá rio para pa gá-la . T o d o s e ram re m id o s de Y ahw eh ; to d o s tinham que pagar.

30.16

Três razõ es são aqu i a lis ta d a s , ju s tif ic a n d o a q u e la ta xa çã o . As pessoas precisam de m u itas ra zões pa ra se d isp o re m a p a g a r im po s tos , e 0 te m o r de medidas seve ras p o r p a rte do g o vern o p a re c e s e r a p rin c ip a l de ssas razões. Essas razões foram as segu in tes:1. E ra m is te r um re s g a te p a ra que D e u s não e n v ia s s e p ra g a s c o n tra os

o fe nso res (vs. 12). T a lvez Sua ira já se t ive sse a ce n d id o po rque fo ra fe ito um re ce n se a m e n to (co n fo rm e a s u g e s tã o de II S am . 24 ). A co n tr ib u iç ã o de um a taxa pa ra 0 ta b e rn á cu lo e pa ra 0 sa ce rd ó c io p o d e ria im p e d ir um a e xp lo s ã o da ira d iv in a . D e a c o rd o com a m e n ta lid a d e do s h e b re u s , de- sas tres na tu ra is , sem um e n vo lv im e n to d iv ino , e ram co isa s s im p le sm en te inconcebíve is . V er as no tas sob re Êxo. 30.11 qu anto a ou tras idéias.

2. D in h e iro p a ra a a d o ra ç ã o d iv in a e p a ra os s a c e rd o te s fo i um a s e g u n d a ra zão pa ra a ta x a ç ã o . Há n o ta s d e ta lh a d a s sob re isso nos vss . 11 e 12. A ss im tam bém os po líticos d izem em no ssos d ias: “ O d in h e iro é cana liza - do pa ra bo as ca u s a s ” , e m b o ra a m a io r p a rte de sse d in h e iro te rm in e em con tas pa rticu la res de bancos su íços. M as podem os te r a ce rteza que isso não sucedeu em Israe l, sob M o isés.

3. Um m em o ria l. O d in h e iro b r ilh a r ia d ia n te do s o lh o s dos is ra e lita s , e e les se r ia m le m b ra d o s da b o n d a d e de D e u s e da a lia n ç a qu e f irm a ra com e les, ta l com o as ge m as nas om b re ira s da e s to la do sum o sace rdo te e no pe ito ra l lem b ra ria os filh o s de Israe l de com o e les e ram qu erido s e p ro te - g id o s pe lo S enh or. A s co isa s c o n s tru íd a s no ta b e rn á c u lo , com base na- q u e le d in h e iro , s e rv ir ia m de te s te m u n h a s de com o 0 d in h e iro fo ra bem usado.Os p r im e iro s va lo re s o b tid o s p o r a q u e la ta xa çã o fo ram o b tid o s no fab ri-

co da s b a se s de p ra ta do s a n tu á r io , no vé u e no s g a n c h o s de p ra ta e nas colunas.

A Bacia de Bronze (30.17-21)

O autor sagrado não acom panhou qualquer seqüência discem ível na sua apre- sentação do equipamento do tabernáculo. Assim, após ter falado sobre a taxa a ser cobrada, volta a falar sobre um item do m obiliário da tenda. E assim foi baixada a ordem para que se fizesse a bacia de bronze. No tabernáculo, armado no deserto a mando de Deus (vs. 17), havia uma bada de bronze no átrio, entre 0 altar dos holocaustos e a tenda (Êxo. 30.17,21; 38.8; 40.30-32), onde Arão e seus filhos lavavam as mãos e os pés, antes de entrarem na tenda da congregação, ou quando ministravam diante do altar. O simbolismo desse objeto é patente. Jesus sumariou a questão quando disse a Pedro: “Se eu não te lavar, não tens parte comigo” (João 13.8).

Tipo. “A bacia era um tipo de Cristo, 0 qual nos lava de toda contam inação e de toda mácula, ruga ou coisa sem elhante (João 13.2-10: Efé. 5.25-27). É significa- tivo que os sacerdotes não podiam entrar no Lugar Santo, depois de terem sen/ido diante do altar de bronze, enquanto não tivessem lavado suas m ãos e seus pés” (Scofield Reference Bible, in Ioc.).

Page 147: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO442

e acerca da qual há um certo peso e medida, posto que Cristo tenha sido ungido sem medida” (John Gill, in loc.).

30.26-29

As coisas que deviam ser ungidas ou santificadas por meio do azeite da unção são alistadas nesses quatro versículos. Tal azeite não podia ser usado para ungir pessoas comuns (vs. 32), mas os sacerdotes podiam usá-lo. Cf. Êxo. 40.9-11 quanto a outras instruções acerca do assunto, embora mais breves em sua natureza. A unção do pró- prio tabernáculo é m encionado aqui, mas era a presença de Deus que realmente ungia. V er no Dicionário 0 artigo cham ado Shekinah. A nuvem que representava a presença de Deus é frisada com o aquilo que realmente santificara 0 santuário (Êxo. 40.34-38).

Uma Lista Completa. A lista de objetos a serem ungidos, preparada pelo autor sacro, é todo-inclusiva, Todos os vasos e utensílios do tabernáculo deviam ser ungidos com 0

óleo santo. “0 tabernáculo e todo 0 seu conteúdo foram, primeiramente, consagrados; em seguida, os sacerdotes (vs. 30). No tabernáculo, a consagração teve início pela arca no Santo dos Santos. Daí passou-se para 0 Lugar S anto .. . e, finalmente, passando-se para fora do segundo véu, chegou-se ao átrio externo, onde foi aspergido 0 óleo santo sobre 0

altar de bronze e a bacia de bronze” (Ellicott, in loc). Cf. esta passagem com Lev. 8.10,11. A arca foi 0 primeiro item a ser mencionado, na constmção dos móveis e utensílios do tabernáculo (Êxo. 25.10-22), e esse foi também 0 primeiro item a ser ungido. A importân- cia capital do item provavelmente estava sendo destacada mediante ambos os atos.

Todo 0 que locar nelas será santo. O s s a c e rd o te s fo ra m u n g id o s , fic a n d o e n te n d id o que e le s e ram h o m e n s e s p ir itu a is , po is , de ou tro m odo, não te r ia m re ce b id o a in c u m b ê n c ia que re ce b e ra m . A ss im sen do , po dem o s p e n s a r que e le s fa z ia m seu tra b a lh o d o ta d o s de e s p ir itu a lid a d e . P o rta n to , devem os e n te n d e r aqui que, po r ba ixo da unção com aze ite santo, hav ia um a e sp é c ie de p u re za ou s a n tif ic a ç ã o m ís tica e que c o n s titu ía a ve rd a d e ira un- ção de les. E n tre tan to , ou tros e rud itos pensam que a qu es tão deve se r en ten- d ida a p e n a s m e ta fo r ic a m e n te . T o d a v ia , sem pre fe z p a rte do en s in o m ís tico que os o b je to s po dem a b so rve r e e m it ir p o d e re s esp ir itu a is . Isso já fo i d ito a respe ito do a lta r de bronze (Ê xo. 29 .37).

30.30

Um hom em com um (que não fosse sace rdo te ) não podia p rofanar 0 azeite da unção usando-o para efe itos m edicinais ou esté ticos (vs. 32). Mas os sacerdo- tes eram ung idos com 0 m esm o. Já v im os sob re a unção dos sace rdotes, nas no tas sobre Êxo. 29.7, onde há no tas e xp o s itiva s sob re esse ponto. No artigo Unção, no Dicionário, há m u itos ou tros de talhes. Um sacerdote não estava apto para seu serv iço enquan to não fosse ungido, e ou tro tan to se dá com qua lque r obreiro no cam po esp iritual. São necessárias tanto a cham ada quanto a prepara- ção. O Espírito Santo deve fazer-se presente, pois do contrário nada de espiritual resultará. O Espírito S anto con fe re -nos dons, os quais tornam -se eficazes medi- ante a Sua unção. “G eração após geração, os descendentes dos sacerdotes ha- veriam de he rdar 0 o fíc io e se r firm ados no m esm o m ediante a unção sag rada” (J. Edgar Park, in loc.). Cf. Lev. 8.10,11. Entre ou tras coisas, a unção era em ble- m a do ensino d iv ino . O s sacerdotes, en tre os seus m u itos deveres, estavam in- cum bidos de ens inar 0 povo. A unção do Espírito leva-nos a sa b e r as coisas do Espírito . N essa unção ex is te ilum inação . V er I João 2.20,27 . Um a vez ilum ina- dos, procuram os ilum inar a ou tras pessoas.

30.31

Nas vossas gerações. O relato acerca do tabernáculo enfatiza repetidamente a necessidade de continuação, de perpetuidade, pois os ritos e os costumes deveri- am prolongar-se por todo 0 tempo, geração após geração. Os hebreus não antecipa- vam 0 fim de seu sistem a de adoração, supondo-o perfe ito e final, por haver sido dado por Yahweh. Q uase todas as re lig iões supõem que com elas term inam as revelações religiosas e que Deus estagnou nelas. Mas 0 cristianismo levou a fé religi- osa a um novo estágio, e sem dúvida, haverá ainda outros estágios e avanços, no estado eterno, conform e 0 Espírito levar adiante 0 plano divino. Os homens pouco sabem sobre isso, mas a última coisa que Deus poderia fazer seria estagnar. Provi em Êxo. 29.42 uma lista de referências que enfatizam a esperada perpetuidade do tabernáculo e seu cerimonial.

Parte das responsabilidades dos sacerdotes levíticos era preservar a fórmula do óleo da unção, não permitindo que 0 mesmo fosse alterado ou corrompido. E esse óleo santo também não podia ser usado para fins profanos.

30.32

O óleo sag rado nem pod ia se r m anu fa tu ra do e nem podia ser usado por hom ens com uns. O trecho de Êxo. 31.11 m ostra-nos que aos sacerdotes cab ia a preparação do ó leo da unção. Entre e les ha v ia ap o tecá rios habilitados. V er no

30.21

Este versícu lo repete a in junção sobre as lavagens, e, então, ad ic iona a or- dem agora fam ilia r que esse rito deveria p rossegu ir perpetuam ente, por todas as ge rações dos filhos de Israel. O utro tan to tem s ido d ito a respe ito de vário s as- pectos do culto efe tuado no tabernáculo. Em Êxo. 29.42, a listo várias referências e faço várias observações sobre essa questão . Vem os aqui a repetição da amea- ça de morte, fe ita pela prim eira vez, no versícu lo anterior. V er Heb. 12.14 quanto a um a aplicação cristã.

O Óleo da Santa Unção (30.22-33)

O autor alude aqui, com detalhes, à preparação e ao uso do azeite santo. Basta- ria isso para mostrar-nos a importância que a questão tinha para ele. Era mister uma preparação elaborada, e qualquer erro quanto a isso tornava estranho 0 azeite, im- próprio para uso no tabernácu lo . Esse óleo era usado para ungir a tenda e seus móveis e u tensílios (Êxo. 30.26-29) e tam bém os sacerdotes (vs. 30). T inha uma fórmula ímpar, e um uso especial que requeria toda a cautela. Nos países do Oriente dava-se grande valor às especiarias. Heródoto (Hist. 107-112) mencionou cinco pro- dutos especiais muito valorizados. Dois deles parecem ser idênticos aos que vemos na lista abaixo, neste texto. O azeite (ver a esse respeito no Dicionário) era misturado com especiarias e fluidos aromáticos, e a m istura era usada em todas as modalida- des de ritos simbólicos, e tam bém para unções de cura, tanto em Israel quanto na m aioria dos países do O riente P róxim o. Esse óleo era usado na consagração de sacerdotes, reis e profetas. Objetos do tabernáculo tam bém foram ungidos com esse óleo (Êxo. 29.36). O leproso curado era restaurado à com unhão com a congregação por meio da unção com azeite (Lev. 14.14-17). Ver no Dicionário 0 detalhado artigo cham ado Unção. Esse artigo nos dá os sentidos sim bólicos e espirituais da unção, bem como os seus usos literais. O azeite da unção era tipo do Espírito Santo, 0 qual unge os hom ens para que prestem serv iço esp iritua l (ve r A tos 1.8), em bora haja outros simbolismos envolvidos.

30.22-23

Toma das mais excelentes especiarias. Te m o s aqu i a co m p o s içã o do aze ite santo. Em Israel era qu es tão m u ito sé r ia com o esse aze ite era prepara- do e usa do . D ev ia s e r re s g u a rd a d o de q u a lq u e r p ro fa n a ç ã o , e s o m e n te os sace rdo tes sab iam com o p re p a rá -lo com exa tidão . E ra usado pa ra p ropós itos e pa ra pessoas e sp e c ífico s . Um ho m em com um não po d ia se r un g ido com 0

óleo santo. As m ais finas espec ia rias eram tão va liosa s qu anto 0 ouro . Podiam se r usadas com o p re se n te s m a is se le tos , se n d o d a d o s a té à re a le za (I Reis 10.2,10,15). Todos os e lem entos m enc ionados nos vss. 22-24 são com entados no Dicionário. V e r os ve rbe te s sep arad os: Mirra , C inam om o ; C á la m o Arom áti- co; C ássia e Azeite.

S ic lo s .. . s ic lo s . . . s ic los . Ver as notas sobre 0 vs. 13 deste capítulo, onde essa palavra é explicada quanto ao seu valor. Se adicionarmos todas as quantidades aqui dadas (incluindo as do vs. 25), teremos um peso de pouco mais de cinqüenta quilogra- mas, incluindo cerca de seis litros de azeite. Está aqui em pauta 0 antigo s ido (fenício), que pesava cerca de 112 gramas.

30.24

Cássia. Todos os ingredientes do azeite da unção recebem um artigo separado no Dicionário. Quanto a todos esses ingredientes 0 sido era a unidade de peso usada, 0 que foi anotado em Êxo. 30.13.

Him. Quanto a essa medida, ver as notas sobre Êxo. 29.40.

30.25

O óleo sagrado. Ou seja, a m istura de aze ite de oliveira com as várias espe- c iarias acim a m encionadas, em suas m edidas exatas, conhecidas som ente pelos sacerdotes. Era um produto com posto que incorporava especiarias tão valiosas quanto 0 ouro. Uma vez preparado, tornava-se um líqu ido especial de unção. Ver no Dicionário 0 a rtigo cham ado U nção. O peso to ta l dos ing red ien tes pode ser calculado em ligeiram ente ac im a de cinqüenta qu ilogram as, e 0 vo lum e do azeite era de cerca de seis qu ilogram as. Era m istu rado por um apotecário especialista. As espec ia rias não podiam se r m is tu rada s de m a ne ira c ru a ou inexa ta . V e r no Dicionário 0 artigo intitu lado Perfum ista. O s in té rpre tes judeus d izem -nos que as essências eram prim eiram ente extra ídas dos m ateria is naqueles pesos respecti- vos, e, então, essas essências eram misturadas com 0 azeite.

Na introdução ao vs. 22, vem os 0 azeite com o um tipo. “S im bolizava 0 Santo Esp írito de D eus e as Suas graças, aq ue le ó leo de a le g ria com que C ris to e 0

Seu povo são ungidos; e essa é a unção que nos ensina todas as coisas. Ver Sal. 45.7; Isa. 61.1,3; A tos 10.38; I João 2.20,27. Essa unção espiritual é com parada a essas várias especiarias e ao aze ite de o live ira por cau sa de seu pe rfum e e por causa de sua natureza an im adora e re a v iv a d o ra .. . por seu va lo r e preciosidade,

Page 148: At Interpretado- Êxodo

443ÊXODO

alimentos, como um símbolo de companheirismo. O sal é um elemento de valor, pelo que a palavra salário vem de “sal” , visto que 0 soldo dos soldados era em parte pago sob a form a de sal. Para alguns intérpretes, 0 sal aponta para graças ou virtudes. Muitos sentidos simbólicos do sal têm sido sugeridos, mas não podemos ter certeza sobre 0 que estaria na mente do autor sagrado, se é que havia no sal, assim aplicado, algum simbolis- mo consciente para ele. Tam bém não sabemos qual virtude ou função 0 sal poderia acrescentar à fórmula do incenso sagrado.

30.36

Uma parte dele reduzirás a pó. É evidente que 0 m aterial era guardado em form a seca, em pedaços re la tivam ente grandes. Conform e se fizesse necessário, eram destacados pedaços, que eram então pulverizados e utilizados. A lguns peda- ços deviam ser postos continuam ente diante da arca da aliança, ou sobre 0 altar de ouro (onde se o fe rec ia 0 incenso), ou ta lvez à base do m esm o. Sem dúvida, isso representava a necessidade de contínua oração e intercessão. Pedaços do mesmo eram pulverizados e queim ados sobre 0 a lta r do incenso ou no incensário. As pala- vras “diante do Testemunho” não apontam para dentro do Santo dos Santos, sobre a arca. Antes, devem os pensar diante da terceira cortina, mas ainda assim no Lugar Santo. Ver a expressão Testemunho, em Êxo. 16.34. A referência é às duas tábuas da lei, postas dentro da arca da a liança, a qual, acim a de todas as demais coisas, prestava testemunho da vontade de Yahweh quanto ao povo de Israel.

30.37

O incenso não podia ser preparado para uso privado. Destinava-se absoluta e exclusivamente para uso no tabernáculo, porque era santo para Yahweh. Aquele in- censo não podia ser usado para finalidades profanas. Não podia ser emprestado, ven- dido ou distribuído em qualquer sentido. Outro tanto deve ser dito acerca do azeite da unção (Êxo. 30.32).

30.38

Uma maldição pesava sobre 0 homem que abusasse do incenso sagrado, utilizando-o para qualquer finalidade privada ou profana. A mesma casa é dita acerca do óleo da unção (vs. 33), onde comento sobre a questão. A palavra “eliminado” mui provavelmente refere-se à pena de morte, à execução provável por meio de apedrejamento. Ou talvez a idéia aqui seja que 0 próprio Yahweh, mediante alguma enfe₪ idade ou acidente, faria 0 ofensor morrer. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Apedrejamento.

Ό que é aqui condenado é fazer da adoração um mero p razer para 0 homem natural, sem importar se trata-se de um prazer sensual, como uma bela música, agra- dável de ouvir, ou a e loqüência, que m eram ente dele ita a mente natural. Cf. João 4.23,24” (Scofield Reference Bible, in Ioc.). T rata-se de uma importante observação. Quanto esse conceito é necessário hoje em dia na Igreja, onde uma música tipo “rock and roll” é constantemente usada para atrair multidões, e um entretenimento mundano tomou 0 lugar da adoração solene. A Igreja tornou-se um navio de espetáculos, e não um barco salva-vidas.

Capítulo Trinta e Um

Nomeação de Bezalel e Aoliabe (31.1-11)

A obra do Senhor requer especia listas em várias áreas, visto que 0 ministério é muito diversificado, tal com o um corpo hum ano com põe-se de muitos membros, cada qual com a sua função específica. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Rio- sofia 0 artigo intitulado Co/po de Cristo. Cada membro tem sua própria função e está dotado para essa função. Aristóteles pensava que a virtude é uma função especializada, e a m issão de um ser hum ano neste m undo cum prir-se-ia através da realização da virtude, em seu cultivo e uso.

Bezalel (vs. 1) e Aoliabe (vs. 6) foram homens especiais, dotados de habilidades necessárias para assumirem a liderança na construção do tabernáculo e seus móveis e utensílios. Eles foram os homens de Deus para aquele momento, capazes de cumprir aquela tarefa. Cada indivíduo tem seu próprio papel e seu momento próprio, de acordo com os ditames da vontade divina. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0

artigo Dons Espirituais.

31.1,2

Por m andato divino, certos hom ens foram nom eados para a tarefa de erig ir 0

tabernáculo, com seus m óveis e utensílios, tal com o a m esm a orientação divina proveu a idéia de sua construção, com todos os seus intrincados detalhes.

Bezalel. Um fam oso artífice, filho de Uri (Êxo. 31.2; 35.30; 36.1,2; 37.1; 38.22), ao qual Y ahw eh en ca rre gou da con s truçã o da arca (e de ou tros ob je tos do

Dicionário 0 verbete cham ado Perfumista. Um sacerdote não podia dar um pouco desse óleo santo à sua esposa, e nem a algum vizinho ou amigo. Também não podia ensinar a fórmula de sua fabricação a quem não fosse sacerdote. Se tal coisa fosse feita, 0 óleo santo automaticamente tomar-se-ia profano.

As festividades e os entretenimentos incluíam comumente alguma forma de unção (ver Sal. 23.5; Luc. 7.46). O óleo preparado pe los sacerdotes não podia ser usado nessas ocasiões. Mas outros óleos perfumados podiam ser usados para esse mister. Nenhum outro óleo podia ter os m esm os ingredientes que 0 ó leo santo, m esmo que fosse em proporções diferentes. Nenhum óleo similar ao óleo santo podia ser prepara- do, a fim de que permanecesse sem igual, não podendo ser confundido com qualquer outra composição do perfumista.

Um Ensino Espiritual. Pode haver muitas imitações da unção do Espírito. Há fogo estranho e óleo estranho. Jesus ensinou essa m esma verdade usando termos diferen- les, em Mat. 7.21 ss. Cf. I João 4.1.

30.33

Será eliminado do seu povo. A profanação do azeite da unção era tida como um crime, e tão grave que 0 indivíduo que ousasse fazer isso, seria elimina- do. Alguns eruditos vêem nisso a idéia de exclusão, m as 0 m ais provável é que está em pauta a execução (talvez por apedre jam ento). V er no Dicionário 0 artigo chamado Apedrejamento. Em diversas oportunidades foi im posta a pena de morte oontra os sacerdotes que não cumprissem corretamente as suas ordens no tocante aos ritos do tabernáculo. Ver Êxo. 28.35,43; 30.20,21. Se um sacerdote podia morrer por motivo de profanação, quanto mais um homem do povo.

Ou dele puser sobre um estranho, ou seja, quem não fosse sacerdote. Não está prim ariamente em foco um gentio, a inda que, obviam ente, neste último caso 0 ato tam bém seria considerado um crime. Salom ão foi ungido com 0 azeite santo, mas a ameaça de morte não foi executada, e isso por razões desconheci- das (I Reis 1.39).

O Incenso Sagrado (30.34-38)

A pa rtir deste ponto de ixam os pa ra trás 0 san to ó leo da unção e passam os para a fó rm u la do incenso sag rado . Este tre cho ad ic io na a lgum as in fo rm ações sobre 0 a lta r do incenso , d e sc rito em Êxo. 3 0 .1 -1 0 . Ta l com o no caso do óleo santo, 0 incenso era um e lem ento im portante que requeria instruções específicas qu anto a seu p reparo e um uso res trito . “A inda que o r ig ina lm e n te a fum aça do incenso possa ter s im bolizado a assim ilação dos dons da de idade, um a vez quei- m ado sob re 0 a lta r, nã o d e m o ro u m u ito pa ra to rn a r-se em b le m a das o rações dos fié is (Sal. 141.2; Apo. 5.8; 8 .3 ,4)" (J. Edgar Park, in Ioc.). V er a introdução a Êxo. 30.1 e as no tas sob re aq ue le ve rs ícu lo q u an to a in fo rm açõ es sob re esse altar e seus simbolismos.

30.34

A co m posição do incen so sa g ra d o in c lu ía os itens m e n c io n a d o s neste versículo, a saber, quatro. No Dicionário, no tocan te a cada um desses ingred i- entes, há um artigo detalhado. Esses ingredientes são: estoraque, onicha, gálbano e incenso puro.

“A fórmula do incenso, lanto quanto a fórmula do ó leo santo (vss. 22,23), era um segredo guardado pelos sacerdotes. O estoraque era um óleo tipo mirra. A onicha era uma especiaria extraída de um molusco encontrado no mar Vemelho. O gálbano era uma resina aromática extraída de plantas asiáticas. E 0 incenso puro era uma goma resinosa extraída de certas árvores” (Oxford Annotated Bible, in be.).

A rôm atas . Temos aqui a tradução de uma raiz hebraica que significa “cheirar” . Eram usados esses quatro ingredientes em proporções iguais, mas nenhuma quanti- dade é especificada, como se dá no caso do óleo santo.

Quase todo incenso usado no mundo antigo era uma única substância aromática simples. O incenso usado por Israel destacava-se devido à sua composição sem igual. Josefo (Guerras, v. 5 par. 5) diz-nos que 0 incenso usado no templo de Jerusalém compu- nha-se de treze ingredientes. E se ele estava com a razão, então a fórmula do incenso sagrado foi modificada com a passagem do tempo.

30.35

A composição do incenso sagrado era entregue a um especialista, provavelmente um sacerdote preparado como perfumista. Ver no Ddonário 0 artigo Perfumista.

Temperado com sal. Era ad icionado 0 c lore to de sód io ao incenso sagrado, como tam bém aos sacrifícios (Lev. 2.13). V er no Dicionário 0 verbete intitulado Sal. A lguns eruditos pensam que esse e lem ento faz ia 0 incenso so lta r um a fum aça branca, que talve2 fosse simbólica. M as outros estudiosos vêem um simbolismo no próprio sal. O sal é um condim ento e um preservativo. Os crentes devem ser 0 sal da terra (M at. 5.13). Os árabes encaravam 0 sal, 0 cond im en to usado em tantos

Page 149: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO444

homem m ais inte ligente pouco produz. Metade da realização de qualquer projeto consiste no entusiasm o. A experiência m ostra que 0 poder da vontade faz parte da nossa herança genética, mas mesmo um homem com pouca força de vontade pode fortalecer-se quanto a esse ponto, m ediante a ap licação pessoal. Não existe nenhum a verdade naquele provérb io capenga, que diz: “Meu pai trabalhou muito, e eu já nasd cansado”.

31.6

Aoliabe. No hebraico, esse nome significa tenda de seu pa i. Ele foi um habili- doso a rtífice da tribo de Dã, nom eado ju n tam en te com B ezale l para con stru ir 0

tabernáculo (Êxo. 35.34). Era filho de A isam aque. Esse homem era 0 com panhei- ro de tare fas de Bezalel. Tem os aí um a verdade espiritual que facilmente pode ser observada. Certos pa res operam juntos m uito bem, e juntos podem fazer um bom traba lho , onde um soz inho pouco ou nada faria . C ons idero meu traduto r, João M arques Bentes, com o meu com panheiro de tarefas. A lém de seu trabalho com o traduto r, e a lém de suas con tribu ições para a E ncic lopé d ia de B íb lia , Teologia e Filosofia, ele tem tom ado possívei 0 meu trabalho através dos anos, sempre pronto e entusiasm ado para encetar outra tare fa árdua e demorada. Os com panheiros de tarefas sem pre têm ou tros traba lhos a serem feitos, em cam pos nos quais os dois pouco ou nada têm em com um . M as há aque la ta re fa em com um em que um com pleta 0 outro, tornando-os com panheiros de tarefas. Jesus enviou os Seus se- tenta discípulos de do is em do is (Luc. 10).

A o lia b e , a e xe m p lo de B eza le l, não era ap enas um a rtífice . Tam bém era hom em do tado de sa b e d o ria esp ir itua l incom um . O serv iço d iv ino não poderia te r s ido con cre tizad o po r q u a lq u e r a rtífice o rd inário . E le tam bém p rec isava te r qua lificações esp iritua is . Um hom em profano pode se r um bom artífice, mas um hom em p ro fan o ja m a is s e ria co n vo ca d o pa ra tra b a lh a r na casa do S enhor, 0

tabernáculo.

Enumeração dos Itens (31.7-11)

Esta breve seção enum era aqueles itens cuja confecção requeria habilidades raras como as de Bezalel e Aoliabe. Havia uma gigantesca tarefa posta diante deles, e cada item haveria de exigir ao máximo 0 conhecimento e as habilidades deles, a ponto da perfeição.

Todos os itens aqui referidos já tinham sido mencionados, e já havia instruções acerca de sua confecção. Mas agora aprendemos que esses dois supervisores toma- ram a tareia uma realidade palpável. O vs. 10 menciona vestes finam ente tecidas, algo que não havia ainda sido mencionado. Entendemos que essas vestes faziam parte dos paramentos sagrados do sumo sacerdote e dos sacerdotes. Se os dois supervisores por acaso não fossem bem preparados na arte do tecelão, sem dúvida, poderiam encontrar mulheres que os ajudassem nesse setor.

31.7

A tenda... e todos os pertences da tenda. Esta abrangente declaração come- ça a aludir à arca, 0 prim eiro item que deveria ser confeccionado (Êxo. 25.10-22). Também foi 0 primeiro item a ser ungido para 0 serviço (Êxo. 30.26). E somente depois vieram outras peças, como a mesa dos pães da proposição, etc., alistadas nos vss. 8 ss. Ver no Dicionário 0 artigo chamado A rca da Aliança.

O propiciatório. Ou seja, a tampa da arca, que recebia 0 sangue do sacrifício. Ver no D icionário 0 artigo Propiciatório.

A arca da aliança requeria trabalho habilidoso em madeira. O propiciatório, traba- lho habilidoso em ouro.

31.8

Os três m óveis aqui alistados exigiam habilidades diversas: A m esa (Êxo. 25.23- 30), em madeira e ouro; 0 candelabro (Êxo. 25.31 -40), em ouro; e 0 a lta r do incenso (Êxo. 30.1-10), em madeira e ouro. E também devemos pensar em muitos itens, aces- sórios dos diversos móveis, como as tenazes, os apagadores, etc,, que eram objetos de metal.

31.9

O altar do holocausto. Tam bém era cham ado de altar das ofertas queimadas (Êxo. 27.1-7), e exigia habilidade no manejo com madeira e bronze. E também havia acessórios, itens de metal com o panelas, pás, bacias, ganchos, braseiros, etc. (Êxo. 27.3). A bacia de bronze (Êxo. 30.17-21), conforme diz seu nome, era feita de bronze.

31.10

As vestes sacerdotais, que já pudemos descrever longamente, em Êxo. 28.4,40- 42. Mas os intérpretes não sabem 0 que significam as palavras “vestes finamente tecidas”. As opiniões são variadas: 1. As roupas de baixo dos sacerdotes. 2. Panos

tabernáculo) no deserto. A seu cargo estava todo 0 trabalho em metais, madeira e pedras, e ele atuou como supervisor geral da construção (Êxo. 31.1-5). Pertencia à tribo de Judá, descendente de Perez, através de Hezrom e Uri (I Crô. 2.5; 18.20). Além de sua habilida- de como artífice, 0 Senhor também lhe deu 0 impulso de ensinar a sua arte a outros (Êxo. 35.34). Viveu em cerca de 1490 A. C. I Crônicas 2.18-20 traça sua ascendência a Calebe. O clã de Calebe, originalmente uma unidade distinta (Juí. 1.11-15,20; I Sam. 30.14) foi finalmente absorvido pela tribo de Judá.

31.3,4

E 0 enchi do Espírito de Deus. B e za le l e ra m a is que um m ero a rtífice . Um hom em pode se r m u ito ca p a z em sua a rte , sem se r um hom em esp ir itua l. M as 0 a r tí f ic e que D eus e sc o lh e u p a ra d ir ig ir a e re ç ã o do ta b e rn á c u lo era hom em esp ir itu a l, ch e io de sa b e d o ria , in te le c tu a l e e sp ir itu a lm e n te qu a lifica - do . S u a ta re fa nã o e ra co m u m . E ra um e m p re e n d im e n to e s p ir itu a l. S eu co - nhecim en to fo i posto a serv iço da esp iritua lida de , on de tem os a s ituação ideal. O s do is grandes es te ios da e sp ir itua lida de são 0 am or e 0 conhec im ento , nes- sa ordem .

Bezalel possuía inúm eras habilidades. Mas a sua esp iritualidade tam bém -era multifacetada. O conhecim ento é um a dádiva d iv ina (vs. 6); 0 trabalho é nobre quando efetuado em defesa de um a causa boa. Cf. Eclesiástico 38.24,34.

O m agnificen te tem plo de Deus, onde E le b rilha em toda a Sua g lória , é 0 in te lecto.O seu dom, para aqueles que a li adoram é a capacidade.

(J. Coert Rylaarsdam, in Ioc.).

C onhecer é poder.(Francis Bacon)

A ignorância é um a m a ld ição de D eus; 0 conhecim ento são as asas com que voam os a té 0 céu.

(Shakespeare)

Na civilização não há lugar para 0 ocioso. Nenhum de nós tem direito ao lazer.

(Henry Ford)

Em todo artifício. Temos aí a idéia de versatilidade. Bezalel trabalhava bem em um bom número de coisas. Mostrar interesse por muitos campos de atividade é um sinal de inteligência. “A habilidade artística é um dom divino, um dom preciosíssimo, melhor empregado quando posto ao serviço direto de Deus, sempre utilizado em subordinação à Sua vontade, como um empreendimento que se aprimora, que se eleva, que se refina, e jamais como uma força corruptora" (Ellicott, in Ioc.). Todos os dons vêm de Deus (Tia. 1.17), e deveriam ser usados com o um encargo sagrado. Bezalel dispunha da rara combinação da versatilidade e da destreza, 0 que apenas fomentava os seus poderes criativos; e esses poderes foram dedicados ao serviço divino.

Em Homero (Odisséia 1 .vi vers. 232) encontramos uma idéia semelhante:

Como que p o r algum artista, a quem Vulcano deu Sua habilidade divina, pa lp ita uma estátua viva;Ensinado p o r Palas, m oldou 0 adm iráve l molde,E sobre a prata derram ou 0 ouro fundido.

V er Provérbios 8.12.

31,5

O utras H abilidades de Bezalel. A lém de sua habilidade de trabalhar com vários metais, esse homem tam bém sabia lapidar pedras preciosas e entalhar madeira. Na sociedade hebréia, era responsabilidade de um pai dar a seus filhos uma profissão, instruindo-o quanto a alguma habilidade que ele pudesse empregar na sociedade, e assim g a n h a ra vida. Toda pessoa precisa te r a lgo para vender. Bezalel era super- dotado quanto a isso, enquanto que outros estavam afundados em sua miséria.

As pedras aqui aludidas foram aquelas que seriam usadas no peitoral do sumo sacerdote, e não 0 mármore para a construção de templo, embora Bezalel talvez tam- bém tivesse tal aptidão. Madeira de acácia foi usada na construção do tabernáculo, da arca, da mesa dos pães da proposição, das colunas, etc. Bezalel talvez tenha ficado sobrecarregado de trabalho; m as é m elhor viver sobrecarregado de trabalho do que entregar-se à preguiça e passar fome.

Miguelângelo foi arquiteto, pintor e escultor. Teodoro de Sam os (cerca de 600 A. C.) foi arquiteto, artífice em m etais e gravador de pedras. Assim sendo, existem hom ens dotados de m uitas habilidades, um sinal de inte ligência, m as tam bém de d iligênc ia no aprend izado e na ap lica ção dos con hec im e n tos . Um a in te ligência espec ia l é um dom de D eus. M as m e sm o um ho m em d o tado de in te lig ê n c ia m ed iana pode faze r m arav ilhas , se t ive r a co ragem de a p re n d e r e tra ba lha r. E tam bém existe aquela disposição e aquele poder da vontade, sem 0 que m esmo 0

Page 150: At Interpretado- Êxodo

445ÊXODO

“Chegada a ocasião própria, não se hesitou em cumprir a lei (da execução) (Núm. 15.32-35)" (Ellicott, /'n /oc.).

31.15

Este versículo repete, quase exatam ente, 0 fraseado de Êxo. 20.9,10, sobre 0

quarto m andam ento. Por isso, as notas ali ap licam -se aqui. O hom em tem a obri- gação de traba lhar durante seis d ias por sem ana. N inguém tem 0 d ire ito de v iver no ócio. Mas 0 sétim o dia pertence a Yahweh, e deve ser um dia de descanso, de re flexão esp iritual e de serviço. A que le que ousasse desobedecer a esse m anda- mento, era executado, uma info rm ação dada aqui de novo, para efeito de ênfase, m as que já foi com enta da no ve rs ícu lo an te rio r deste cap ítu lo . O Targum de Jonathan ad ic iona aqui: “ m ed ian te ap ed re ja m e n to ” . Essa era a fo rm a m ais 00 - mum de execução entre os hebreus.

31.16

Por aliança perpétua. O s he b re u s não a n te c ip a va m 0 fim de sua s le is, dos ritos do tab e rn á cu lo e de sua fo rm a de cu ltu a r a Deus, e, sem dúvida, não an tec ipavam 0 fim da lei do sábado, 0 s ina l m esm o do pacto m osaico (vs. 13). A ss im , de vez em q u a n d o , e n c o n tra m o s um a o b s e rv a ç ã o com o a de s te ve rs ícu lo , re q u e re n d o p e rp e tu id a d e , ou se ja , o b se rvâ n c ia do pa c to m o sa ico por todas as g e raçõe s do povo de Israe l. Dei no tas expos itivas a respeito, com um a lista de re fe rências, em Êxo. 29.42. U m a das co isas que isso ilustra é que D eus não é um S e r e s ta g n a d o . O s h o m e n s po d e m p e n s a r qu e as su a s fés re lig io sa s re p re se n ta m 0 pa sso fin a l de D eus, a S ua re ve la çã o fin a l. M as os lim ites im postos pe los ho m ens se rão sem pre os lim ites de suas próprias men- tes, e não lim ites g e nu ín os . C o isa a lgu m a é m a is com um na a titu de re lig iosa do que a pos ição que diz: “ C hegam os. D eus nos deu tudo. Esta é a pe rfe ita fé de D eus, que não es tá su je ita a m u d a n ça s !” Porém , con s id ere m os 0 quanto 0

m u ndo e sp ir itu a l já e vo lu iu d e sd e qu e se fa la v a em p e rp e tu id a d e em Israe l. Co isa a lgum a é m ais certa do que um a con tínua evo lução esp iritua l. Deus nos tem revelado m u itas co isas; m as m u itas ou tras grandes revelações d iv inas a in- da nos se rão con fe rida s , e m u itos o u tro s c ic lo s da h is tó ria re lig iosa . A últim a coisa que Deus faz é estagnar.

Quando veio 0 Messias, Jesus Cristo, todas as sombras, ritos e cerimônias dos judeus, que alegadamente eram finais, fugiram e desapareceram, tal como a luz es- panta as trevas. Pois a Luz de C risto era tão grande que a luz de Moisés, comparativa- mente falando, reduziu-se a trevas.

31.17

É sinal para sempre. Conforme foi dito e anotado no vs. 13. Aqui a alusão é a como Yahweh deu um sinal, por ocasião da criação. Elohim trabalhou durante seis dias, e, então, descansou ao sétimo. A lei do sábado remonta àquela ocasião, como um precedente bíblico (ver Gên. 2.2,3), e agora tom ava-se 0 sinal do pacto mosaico. Foi assim que 0 sinal original tomou-se um novo sinal. A teocracia foi estabelecida com base nesse sinal. Ele separou para Si mesmo um povo santo.

Um a re la ç ã o e s p e c ia l e n tre D eus e 0 Seu povo era in e re n te e po tenc ia l desde a c riaçã o . E agora essa p o te n c ia lid a d e era a p lica d a ao pacto m osaico. A lei da criaçã o serv iu de ra iz do que ag o ra acon tec ia . H avia a ra iz e 0 tro nco da á rvo re , e a m b a s as co is a s d e m a n d a v a m a le i do s á b a d o . N isso e ra p re - v is to 0 b e n d ito d e s c a n s o fin a l, a b e m -a v e n tu ra n ç a do céu . V e r H eb. 4 .1 ,3 - 5 ,8 -11 . O ve rd a d e iro d e sca n so e sp ir itu a l, em C ris to , é esp ir itua l em sua rea- lização , que se dá na s a lv a ç ã o da a lm a . V e r no D ic io n á rio 0 a rtig o in titu la d o S alvação.

Conclusão - As Tábuas de Pedra

31.18

Chegam os agora ao ú ltim o ponto das instruções re la tivas ao tabernácu lo e seu culto. Esta seção com eça com 0 pacto mosaico (19.1), sob cujas circunstâncias Deus deu a lei. No desdobram ento da lei, e com vistas à sua observância apropria- da, foram ad ic io nad os 0 tab e rn ácu lo e sua fo rm a de cu lto . Assim sendo, tendo com pletado um ciclo, voltam os à lei. Som os agora inform ados que os dez m anda- m e ntos (ve r no D ic io n á rio ) fo ram insc rito s em tábuas de pedra, pe lo de do (ou agência) do próprio Yahw eh. Era esse 0 testem unho que foi posto no inte rior da arca da aliança. Ver Êxo. 16.34; 25.16,21,22; 26.33,34; 27.21; 30.6,26,36; 31.7,18; 32.15; 34.19; 40.3,5,20,21. Esse era 0 testem unho de Deus para 0 homem, a de- claração de Sua santa vontade; as Suas expectações acerca do homem. A lei era uma revelação divina. Testificava de Sua santidade e da santidade que Ele espera- va dos hom ens. Essa lei to rnou -se a base m esm a da fé de Israel, sendo 0 fa to r mais proeminente da antiga dispensação.

E, tendo acabado de falar. Ou seja, ao fim dos quarenta dias e quarenta noites (Êxo. 24.18), durante os quais as revelações foram dadas.

para embrulhar os instmmentos (Êxo. 39). 3. A Septuaginta diz aqui “vestes litúrgicas”.4. Vestes solenes. 5. Mas alguns bons intérpretes pensam que as declarações Nestes finamente tecidas” e “vestes sagradas” são referências paralelas a esses *esmos itens, ou seja, as vestes sacerdotais que já foram descritas nos capítulos anteriores. 6. Mas é possível que a prim eira dessas expressões indique 0 vestuário especial de Arão; e que a segunda delas aponte para as vestes dos sacerdotes, 0

que significa que se fazia uma certa distinção entre as duas classes de vestes: *estes do sumo sacerdote e vestes dos sacerdotes com uns. É possível que 0 trecho de Êxo. 39.41 favoreça esta última interpretação.

31.11

Havia ainda a questão da composição cuidadosa do óleo da unção, que vimos em Êxo. 30.22-33. Os dois artífices supervisores parece que também ficaram encarregados ásso, talvez não fazendo 0 trabalho propriamente dito, mas cuidando para que 0 perfu- m ista (ver a respeito no D icionário) fizesse bem 0 seu trabalho, seguindo as ordens específicas que tinham sido baixadas a respeito.

O Sábado (31.12-17)

E ncontram os aqui a repe tição das le is ace rca do sábado ou descanso. Al- guns críticos pensam que isso se deve ao tra ba lho ed ito ria l da fon te P .(S .). Ver no D ic ionário 0 artigo intitu lado J.E .D .P .(S .), quanto à teoria das fontes m últip las do P enta teuco . Notas exp os itivas sob re ou tros tre chos b íb lico s tam bém devem ser exam inadas: Gên. 2.2 ,3 e Êxo. 20.8 ,9 . No D ic io n á rio há um artigo detalhado chamado Sábado, 0 qual deve ser consultado. No capítu lo dezessete do Gênesis, 0 s in a l do Pacto Abraâm ico era a c ircunc isão . M as 0 g rande sinal do Pacto Mo- saico (ver as no tas a respe ito em Êxo. 19.1) era a guarda do sábado. O artigo sobre 0 sábado inc lu i a con trové rs ia em to rno da qu e s tã o se 0 c ris tã o está na obrigação de observar esse dia. V e r tam bém , na E n c ic lopé d ia de B íb lia , Teo lo- p ia e F ilo so fia os artigos cham ados S ábado C ris tã o e S aba tism o e O bservância de D ias Especiais.

Tipo. O sábado simbolizava 0 descanso que temos em Cristo, ou seja, a salvação etema. Ver Heb. 4.1,3-5,8-11. No Dicionário ver 0 verbete Salvação.

31.12,13

Todos os sábados ou descansos faziam parte da leg is lação sabática, com propósitos com uns. Esses sábados, com o um a unidade, tornaram -se 0 s in a l do pacto mosaico (ver as notas sobre Êxo. 19.1). Ό sábado, antecipado pela tradi- ção sacerdotal (Êxo. 16.22-30), é aqui form alm ente instituído no Sinai” (O xford A nno ta ted B ible, in loc.). M as já v im os isso confirm ado de m aneira formal em Êxo. 20.8,9.

Ό sábado era um s in a l (vss. 13,17) do pacto que fez de Israel uma teocracia. Era um teste da consagração da nação a Deus; se não fosse mantido santo, a conseqü- ência seria a m o rte .. . Esse mandamento, declarado no decálogo (Êxo. 20.8), estava baseado no fato de que Deus descansou, term inada a Sua obra de criação, em seis d a s (Êxo. 31 .1 7 )... O sábado assinalava Israel como 0 povo de Deus. A observância do sábado mostrava que os israelitas foram separados (isto é, santificados) para Deus” (John D. Hannah, in loc.).

Nas vossas gerações. Os hebreus não antecipavam 0 fim de seus ritos, leis e cerimônias. Por isso, no tocante ao tabernáculo, por todo 0 tempo achamos a insistên- cia de que tudo fosse observado de maneira perpétua. Em Êxo. 29.42, com entei sobre essa questão, onde também dou uma lista de referências.

O sinal da circuncisão era menos distintivo, po is muitas nações praticavam-na. Mas 0 sábado foi um a criação distintivamente judaica, pelo que servia muito bem de sinal.

31.14

Morrerá... será eliminado. Tem os aqui duas expressões sinônimas. Provável- mente está em foco a execução por apedrejamento. Ver no Dicionário 0 artigo chama- do Apedrejam ento. Quem quer que ousasse não seguir 0 exemplo divino do descanso ao sétim o dia (Gên. 2.2,3) não poderia sobreviver em Israel. Lem brem o-nos que 0

sábado se tomou 0 s/na/do pacto mosaico, pois violar esse sinal era anular 0 pacto (ver as notas a respeito em Êxo. 19.1). Essa era um a questão da maior gravidade. Os Dez Mandam entos (ver a respeito no Dicionário) faziam parle do pacto, mas 0 mandamen- to acerca do sábado (0 quarto mandamento, comentado longamente em Êxo. 20.8-11), era 0 sinal do todo. O sábado não era apenas um dia de descanso, uma prática sábia que visava à restauração das energias físicas, após seis dias de trabalho. Era também uma lei sagrada que honra a Yahweh.

O sábado era 0 s ina l (vs. 13) do pacto mosaico. Em Cristo, porém, 0 pacto mosai- cofo i substituído pelo Novo Pacto. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Pactos. Quanto à controvérsia acerca do sábado, ver os artigos referidos nas notas sobre Êxo. 3.12, em suas notas introdutórias.

Page 151: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO446

m esm o de deixarem 0 Egito, e que esse pendor agora atingia um alto grau de de- senvoívimento (ver Lev, 17.7; Jos. 24.14; Eze. 20.8; 23.3). Essa tendência fora refreada por uma série de manifestações extraordinárias, que tinham acompanhado 0 êxodo. Agora, porém, na ausência de M oisés, em meio à incerteza que prevalecia se ele estaria ainda vivo ou não, e na retirada da presença divina do acampamento, que até então seguira na frente deles, os seus instintos idolátricos evidenciaram-se de novo” (Ellicott, in Ioc.).

“As pesquisas arqueológicas têm deixado claro que m esm o nos oásis e lugarejos mais remotos, em Israel, compartilhava-se da substância da religião cananéia da fertili- dade e de seu culto" (J. Edgar Park, in Ioc.). No entanto, Moisés ensinava a fé e a lealdade exclusiva a Yahweh.

32.2

T ira i.. . e trazei-mas. O b e ze rro de o u ro reque ria g rande quan tida de de ou ro , e A rão ap e lou p r in c ip a lm e n te pa ra as a rg o la s de ou ro das m u lh e re s e c rianças de Israel. Isso deve te r co n s titu ído um cons ideráve l sacrifíc io pessoal para as m u lheres, m as os hom ens é que es tavam dando tal ordem . O povo de Israel esteve por vários sécu los no Egito, e as m u lheres israe litas natura lm ente tinh am a d q u irid o jó ia s e e n fe ite s va lio so s . A lém d isso , na ho ra da p a rtid a do Egito, os is rae litas tinh am tom ado p o r e m p ré s tim o m u itas co isas de v a lo r dos egípc ios (Êxo. 12.35,36). Isso posto, havia um suprim ento adequado de ob je tos de ouro. V er no D ic io n á rio 0 a rtigo intitu lado A nel.

Plín io in fo rm a-nos (H is t. N at. 1.11 c. 37) que, nos países orienta is, hom ens e m u lheres, igua lm en te , usa vam argo las de ou ro . O tre cho de Ju izes 8 .24 re- fle te esse costum e, pe lo m e nos en tre os ism ae litas . M as se po rven tu ra os va- rões israe litas usavam tais adereços, pelo m enos não contribuíram com os mes- m os p a ra a im a g e m que A rã o e s c u lp ir ia . As c r ia n ç a s , m e n in o s e m e n inas , c on fo rm e este ve rs ícu lo nos diz , tam bém usavam ta is a rgo las , e tive ram que doá-las.

“Brincos eram usados no Oriente quase tanto pelos homens quanto pelas mulhe- res. Quase todos os monarcas e assírios, e alguns reis egípcios são representados nas gravuras usando tais enfeites” (Ellicott, in Ioc.).

Arão. Quão facilmente ele parece ter cedido diante das exigências do povo. Tam- bém é possível que ele mesmo estivesse interessado em promover a idolatria. É triste quando os líderes falham. O juízo contra eles será mais severo (Tia. 3.1). Ver no Dicio- nário 0 verbete chamado Bezerro de Ouro.

32.3

Uma obediência mal colocada. Arão disse para eles fazerem algo de erra- do, e eles prontificaram -se a obedecer. Há um a condenação especial reservada aos líderes que ensinam as pessoas a fazerem algo de errado. Ver Rom. 1.32; Mat. 2 3 .1 5 .0 povo sacrificou ο ι/ro em um a causa ridícula. As causas más atraem dinheiro e entusiasm o. A idolatria, tanto na antiguidade quanto hoje em dia, tem sido sustentada pelas doações sacrificiais do povo. As pessoas têm fé, mas uma fé má, uma fé mal utilizada.

32.4

Um bezerro fundido. Ta lvez em im itação ao form ato do deus-bo i do Egito, Á p is (ve r a esse re spe ito no D ic io n á rio ). E ssa d iv ind ade eg ípc ia era um tou ro negro com m anchas brancas d istin tivas, cu ja adoração estava ligada à de vários ou tros de uses. Em M ê n fis , no E g ito , 0 bo i (Á p is ) era co n s id e ra d o 0 co rpo do deus Ptah, Q uando 0 deus-bo i m orria, era en terrado com um elaborado cerim o- nial. C orpos em balsam ados de bois, de scobertos no cem itério de Ápis, pertenci- am ao período do ú ltim o Im pério até a época dos P tolom eus. V er no D ic io n á rio 0 a rtigo E g ito , em seu q u in to p o n to , E g ito , R e lig iõ e s do. N essa a d o raçã o ao touro, usavam -se an im a is vivos, em bora tam bém houvesse im agens que repre- sentavam esse culto, pelo que várias form as de idola tria estavam envo lvidas no bezerro de ouro.

O n o v ilh o era um s ím b o lo de fe r til id a d e , nas re lig iões na tu ra is do an tigo O riente P róxim o e Médio (cf. I Reis 12.28; O sé. 8.5). O bezerro de ouro prováve l- mente era um a escu ltura recoberta de ouro, e não fe ita de ouro sólido, a menos que fosse bastante pequena. Aque le ído lo rid ículo recebeu 0 crédito pela execu- ção do êxodo, em lugar de Yahw eh; e n isso vem os 0 propósito de zom barem de tudo quanto 0 Senhor havia fe ito em favo r deles. Logo, estavam m isturando uma incríve l ingra tidão com a ido la tria . V e r no D ic io n á rio 0 a rtigo in titu lado B ezerro de Ouro.

Trabalhou 0 ouro com buril. Muitos eruditos, antigos e modernos, têm dado alguma tradução possível do orig inal hebraico, com o “am arrou-o em um a saco la” ou “pô-lo em um a sacola" (ta lvez uma saco la de linho), conform e Jarchi opinou. Nesse caso, a imagem era bastante pequena para ser transportada facilmente por uma pessoa. Provavelmente era feita de ouro sólido, e não apenas recoberta de ouro. Cf. II Reis 5.23 quanto ao original hebraico envolvido.

Escritas pelo dedo de Deus. Ver Deu. 9.10; Sal. 8.3; Luc. 11.20. Não devemos entender essas palavras em sentido literal, com o se Deus tivesse dedos; mas figuradamente, pela agência de Deus, a lgum poder que Ele exerceu para realizar a obra. O versículo informa-nos que foi 0 próprio Yahweh quem deu a lei, e não algum anjo ou teofania.

M u itas fan tas ias c ircun dam e s te tex to . O T a rgu m de Jon a tha n diz que es- sas pedras eram de sa íira , tira das d ire tam e n te do tro no de D eus. A lguns intér- p re tes che gara m m e sm o a te n ta r c a lc u la r as d im e n sõ e s e 0 peso das táb uas de pedra. O utros pe nsam que e las e ram fe ita s de m á rm ore ; ou tros, de pedras prec iosas. A lguns in té rp re tes c ris tã os vêem na d u reza dessas pedras a dureza dos co rações hum anos, a qua l, n a tu ra lm en te , leva ria os hom ens a desobede- ce r ao que estava escrito na que la s táb uas. A inda ou tros fa lam na firm eza e na es ta b ilidad e da von tade e das re ve laçõe s de D eus, tu d o isso tip ifica d o nas tá- buas de pedra. E ou tros vêem 0 a sp ec to de e te rn ida de no m a te ria l du ráve l da pe d ra . F osse com o fosse , a le i p e re n e de D eus é in s c r ita nos co ra çõ e s dos regenerados (II C or. 3.3), e não sobre pedras. V e r Êxo. 32 .16 quanto aos do is jo g o s de tábuas de pedra.

Capítulo Trinta e Dois

A idolatria do Povo (32.1 - 33.23)

O Bezerro de Ouro (32.1-6)

O texto à nossa frente provê um dos m ais vio len tos con trastes de toda a Bíblia. Moisés tinha estado no m onte por quarenta dias e quarenta noites, tinha recebido a lei, tinha recebido instruções re lativas ao tabernáculo e seu culto, e até m esm o tinha recebido as tábuas de pedra que continham os dez m andam entos. Foram todos esses grandes momentos; foram todas elas grandiosas revelações. Po- rém, embora Moisés se tivesse ausentado somente por quarenta dias e quarenta noites (Êxo. 24.18), ao retornar do monte, achou 0 povo totalmente apostatado, e 0 grande Arão (0 líder recentemente escolhido) ajudava-os a prom over a mais crassa forma de idolatria possível.

Assim também, 0 próprio homem é um contraste dos mais violentos, ora exibindo a sua espiritualidade, ora exibindo os elementos mais baixos de sua natureza. O homem é um desapontamento que precisa ser guiado pouco a pouco, pofque é incapaz de passos largos e permanentes. Por esse motivo, 0 Espírito lhe é dado, a fim de ajudá-lo. Essa é também a razão pela qual 0 Logos precisou fazer intervenção (João 1.14).

O pecado de Israel, bem no meio de grandes revelações, serve de prova de que não seriam capazes de preencher as expectações de Yahweh. Sem dúvida, no fim eles fracassariam, conforme tinha acontecido no começo. Sem embargo, foi um dos gran- des marcos da história espiritual quando Deus inscreveu a lei sobre tábuas de pedra. Mas aquele não foi 0 capítulo final da história espiritual do homem. Muitos outros capí- tulos haveriam de seguir-se.

Em harmonia com a graça divina, onde houve fracasso, houve restauração. Sem esta, verdadeiramente 0 homem nada é. E a restauração faz-se sempre presente por- que Deus é perene amor. Os próprios juízos de Deus são remediais, sempre apontan- do para aquilo que a Sua graça pode fazer em favor dos homens.

“Enquanto M oisés experim entava um notável triunfo espiritual, 0 povo de Deus precipitava-se de cabeça ao mais inferior nível de espiritualidade. Deus tinha manifesta- do reiteradamente 0 Seu poder e compaixão, mas 0 povo mostrava que sempre aca- bava se esquecendo disso. Por várias vezes, no livro de Êxodo, os israelitas reagiram com insensibilidade e rebeldia contra as notáveis demonstrações da bondade divina" (John D. Hannah, in Ioc.).

A mensagem de Deus tinha sido dada (Êxo. 31.18). O dedo de Deus havia inscrito os dez mandamentos. Agora, 0 testem unho estava ali. O homem precisava aprender, pela dura experiência, que a retidão não vem por meio do esforço humano, e que Deus precisava inscrever nas tábuas do coração as Suas leis, na vida e na mensagem de Jesus, 0 Messias. E essa vida tomou-se 0 novo testemunho.

32.1

Mas vendo 0 povo que Moisés tardava. Q uarenta dias e quarenta noites (Êxo. 24.18) não constituem um longo tem po. M as esse foi um período de teste longo 0 bastante para que Israel falhasse m iseravelm ente. A maioria dos homens é reprovada diante de seus testes espirituais. Ver no D icionário 0 artigo chamado Qua■ renta quanto aos sentidos simbólicos desse número, com exemplos bíblicos. Dotados de corações empedernidos, os israelitas riscaram Moisés de suas cogitações. Arão estava presente; e para 0 que precisariam de Moisés? Em sua impaciência, rebeldia e estupidez, caíram de volta ao tipo mais vil de idolatria. (Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Idolatria). Moisés os havia tirado para fora do Egito; mas em seu coração e espirito, eles haviam retom ado àquele lugar de servidão, bem como à idolatria do mesmo.

“Q uando exam inam os com cu idado 0 resto das E scrituras, acham os razões pa ra cre r que 0 povo de Israel de m onstrava ce rlo pe ndor para a ido la tria , antes

Page 152: At Interpretado- Êxodo

447ÊXODO

Testamento, e que veio a tornar-se usual como descrição da nação de Israel, Ver Êxo. 32.9; 33.3,5; 34.9; Deu. 9.6,13; 10.16; 31.27; II Crô. 30.8; Sal. 75.5; Jer. 17.23. E, no Novo Testamento, ver Atos 7.51. A metáfora deriva-se da circunstância em que um cavalo não obedece ao cavaleiro, mas que, de pescoço duro, segue para onde melhor lhe parece. Também pode apontar para os animais que eram espicaçados com agui- Ihões, para que se pusessem a puxar 0 arado. Mas em vez de fazerem 0 trabalho, endureciam os músculos do pescoço e resistiam às aguilhoadas, seguindo a direção que quisessem. Aben Ezra via um a aplicação literal ao indivíduo que foge para fazer sua própria vontade, e que, quando é chamado, nem se dá ao trabalho de volver a cabeça, reconhecendo sua convocação. Está em destaque uma estupidez obstinada, voluntariosa, que teim osamente resolve seguir um a causa má, de maneira inflexível, indisciplinada, resolvida a fazer 0 mal, perversa em seu desígnio, sem dar atenção à qualquer reta instmção, que chega mesmo a ser autodestrutiva. Pois faz coisas reco- nheddam ente prejudiciais a si m esm a. Sócrates supunha que “a virtude consiste em conhecimento". Em outras palavras, que se um homem realmente soubesse 0 que lhe é melhor, faria tal coisa. Porém, sabe-se que por muitas vezes as pessoas inclinam-se para a autodestruição, tão profunda é a sua perversidade.

32.10

Yahweh pediu de M oisés que não 0 im portunasse com orações de interces- são, porque isso poderia abrandar Sua resolução indignada de pôr um ponto final àquele povo rebelde. E, então, M oisés poderia v ir a ser 0 progenitor de um a raça in te ira m e n te nova. A e xp re ssã o u sa d a ne s te ve rs ícu lo é, n a tu ra lm en te , antropomórfica, pois atribui a Deus em oções e atributos tipicamente humanos. Ver no D icionário 0 artigo cham ado Antropom orfism o. A linguagem humana limitada força 0

homem a utilizar tal tipo de linguagem, por falta de capacidade de falar sobre Deus de maneira mais clara. E precário pensar que Deus se ira a exemplo da ira humana, ou que tenha em oções parecidas com as da condição humana. Porém, por falta de ex- pressões lingüísticas mais apropriadas, somos forçados a apelar para uma linguagem antropomórfica.

Ao falar com Moisés, é com o se Yahweh tivesse dito: “A rreda da minha frente, para que eu possa fazer 0 que é preciso com este povo miserável!” Pois 0 Senhor sabia que Moisés tenderia por interceder pelo povo de Israel. Mas ao assim dizermos, caímos novamente em um antropomorfismo.

P or a s s im d iz e r , M o is é s to m a r -s e - ia um n o vo A b ra ã o , e as in te n ç õ e s d o P a c to A b ra â m ic o (v e r a s n o ta s a re s p e ito em G ê n . 1 5 .1 8 ) se r ia m tra n s fe r id a s pa ra M o isé s e se u s d e s c e n d e n te s , ou se ja , pa ra um dos ra m os da tr ib o de L e v i. A s d e m a is t r ib o s s e r ia m o b lite ra d a s , e x t in ta s . O P a c to A b ra â m ic o s e r ia p re s e rv a d o , c o n tu d o , v is to que M o is é s e ra d e s c e n d e n te de A b ra ã o , m a s h a v e r ia de e s tre ita r -s e a um p e q u e n o se g m e n to do po vo o r ig in a l de Is ra e l.

Moisés Intercede por Israel (32.11-24)

Nesta seção há duas d is tin ta s orações inte rcessórias de Moisés em favor do povo de Israel: Êxo. 32 .11-13 e Êxo. 32.30-35. V er no D icionário 0 verbete in te r- cessão.

A Primeira Intercessão de Moisés (32.11-13)

Argum entos:1. Yahweh não podia negar e esquecer-se de Seu próprio povo (vss. 7,11).2. Ele não poderia desfazer a grande obra que tinha feito, ao tirar Israel do Egito, pois

isso daria a Faraó a vitória, afinal (vs. 11).3. Ele não poderia anular a glória que havia adquirido para Si mesmo, mediante a

ação de Sua mão poderosa (cf. Êxo. 9.16 - 32.11).4. O significado do êxodo seria pervertido pelos egípcios, os quais ansiariam por ver

Yahweh destruir 0 Seu próprio povo, em vez de salvá-lo (vs. 12).5. O Pacto Abraâmico, as promessas aos antepassados da nação de Israel, não seria

cumprido da maneira originalmente tencionada e prometida (vs. 13).6. Yahweh havia jurado, em confirmação às Suas promessas a Abraão, e esse jura-

mento estava alicerçado sobre 0 próprio caráter divino. E 0 caráter de Yahweh seria posto em dúvida (vs. 13).

7. Moisés faria Abraão entrar em eclipse, pois de Moisés procederia um Israel reduzi- do, e não 0 Israel universal, descendente de Abraão (vs. 13).

8. Os homens esperavam , com toda a razão, m isericórdia e graça, os atributos do amor. Se Deus terminasse destruindo 0 povo de Israel, onde ficaria 0 famoso amor de Deus? (vss. 12,13).

32.11

Este ve rs ícu lo con tém os trê s p rim e iro s a rgum e n tos de M o isés, a lis tad os acim a, nas no tas de in troduçã o a es ta seção. Não é co isa de som enos um pai de sp re za r seus filhos . Y ahw eh ha v ia cha m ado Israel de seu filh o (Êxo. 4 .22). Esse filho era S eu povo. Ver Êxo. 3.7; 5.1; 7.4,16; 8.1; 9.1; 10.3 quanto à expres- são “meu povo".

32.5

Edificou um altar diante dele. V er no D icionário 0 artigo cham ado A ltar. Arão chegou ao cúm ulo de erig ir um alta r diante daquele pedaço de ouro. E se tornou 0

sacerdote oficiantede um culto falso e ridículo. Sem dúvida, esse altar era simples, feito de pedras e terra (Êxo. 20.24,25).

Os teus deuses. Essa afirmação de Arão chega a tomar-nos de surpresa. Moisés ilh a proclamado uma festa em honra a Yahweh, e no entanto, ali estava aquela tola imagem de ouro guardada na saco la de linho. M as 0 que há de mais comum, em nossos dias, do que a mistura de form as de adoração cristã e idólatra? O resultado desse sincretismo é um monstro ridículo. A lguns procuram desculpar Arão quanto a essa atitude, supondo que ele teria feito um esforço honesto para incorporar a adoração ao touro à adoração a Yahweh, tomando-a um culto subordinado. Mas 0 que realmen- le sucedeu foi uma violenta violação do primeiro mandamento. Ver Êxo. 20.3,4, onde a questão é comentada.

32.6

Tanto os ho locaustos quanto as o fe rtas pa cíficas eram form as pré-mosaicas, e am bas essas formas foram incorporadas à adoração no tabernáculo. Ver Gên. 4.3,4; Êxo. 18.12; 20.24. Tendo providenciado quanto ao aspecto religioso, eles passa- ram para 0 aspecto secular, cantando, dançando e, provavelmente, ocupando-se em toda forma de prática sensual, fomicação e prostituição cultuai. Os Targuns referem-se à imoralidade dos israelitas, nessa oportunidade. Portanto, além do primeiro manda- mento, também foi violado 0 sétimo. Paulo comentou sobre 0 evento, em I Cor. 10.7.0 contexto sugere que houve práticas imorais. Portanto, um rito religioso transmutou-se em uma orgia, e Arão, que havia perdido legalmente os seus privilégios sacerdotais, mediante tal sincretismo, agora postava-se impotente, observando todo aquele debo- che.

As festiv idades re lig iosas eram acom panhadas pe lo regozijo (Deu. 12.7,18; 14.26; 16.11,14), 0 que, sem dúvida, incluía danças. N aquela ocasião, porém, foi um verdade iro carnaval. N inguém esta va a li pa ra ad o ra r, m as pa ra p a rtic ip a r de um bacanal. Cf. este versículo com Núm. 25.1-9; I Reis 14.24; Am ós 2.7. A atmos- fera m undana de m u itos cu lto s re lig iosos ho je em dia, com sua m úsica p rópria para dançar, não diferindo praticam ente em nada da m úsica executada nos salões de bailes, é um a versão moderna da corrupção que houve naquela festa em honra ao bezerro de ouro.

A Ira de Deus (32.7-10)

M oisés, em es ta do de êx ta se , no m onte S ina i, fo i in fo rm a d o por Y ahw eh sobre 0 que estava acontecendo no vale. A ira d iv ina em breve haveria de maní- festar-se. M ilhares de israe litas haveriam de m o rre r (vss. 27 ,38). S om ente uma operação radical poderia pu rifica r toda aque la im undíc ia . Y ahw eh até já se d is - punha a com eçar tudo de novo, p rim e iram ente an iq u iland o tod o 0 povo de Isra- el, pa ra então faze r de M o isés 0 p rogen ito r de um a raça in te iram ente nova (vs. 10). M as M oisés fez intercessão, d issuadindo 0 Senhor dessa idéia, e, fina lm en- te, prevaleceu.

32.7

Vai, desce. Moisés deveria descer do monte Sinai, onde estivera durante qua- renta dias e quarenta noites (Êxo. 24.18). Os israe litas haviam caído na mais total desgraça, por terem seguido a sua na tu reza pervertida, im pu ls ionados pela sua von tade d is to rc ida . Ta lvez 0 be ze rro de ou ro fosse tido com o um em blem a de Yahweh, que os a judasse a ad o ra r m elhor. M as se assim pensaram , en tão esta- vam crassamente equivocados. Toda a prática estava podre, sem importar com o a tenham ten tado jus tifica r. Os corrup tos sem pre descobrem m eios para ju s tifica r suas práticas corruptas.

Notemos 0 jogo de palavras aqui, “0 teu povo” , que Moisés teria tirado do Egito. Yahweh não os estava mais chamando de Seu povo, conforme, por tantas vezes, vimos até esta altura do livro de Êxodo. Ver Êxo. 3.10; 5.1; 7.4; 8.1; 9.1 e 10.3 como exemplos. O povo por assim dizer afirmava: “Esta imagem faz-me lembrar de Deus; e é por isso que a estou venerando” . Mas Yahweh replicou: “0 teu povo se corrompeu”.

32.8

Este versículo passa em revisão as condições descritas nos vss. 1 -6, ou seja, Yahweh estava descrevendo para Moisés 0 que tinha acontecido, e estava enumerando cada item. O deslize para a idolatria tinha sido algo voluntário, com plena consciência do que eles esta- vam fazendo. E os resultados foram desastrosos (vs. 27 ss.).

32.9

Tenho visto a este povo. Essa era a ava liação d iv ina acerca dos israelitas: um povo de dura ce rv iz . Essa é a prim e ira ins tâ nc ia dessa expressão no Antigo

Page 153: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO448

7. Injeções de idéias humanas. Moisés pensou que Deus poderia arrepender-se, ten- do injetado suas próprias idéia na vontade divina; e 0 texto representa essas inje- ções de Moisés, e não a realidade de Deus.

8. M istério. O envolvimento dos homens com Deus subentende muitos mistérios, e não é fácil discernir 0 que está envolvido nesse envolvimento. Nossa linguagem fica saltitando em tomo desse mistério, e 0 resultado disso é que acabamos por atribuir a Deus aquilo que não Lhe pertence na realidade, como a idéia de Deus arrepen- der-se.A e xp lica ção te is ta , onde ta lve z ach em os 0 fa to r do exagero , aparece re-

f le t id a ne s ta c ita ç ã o de Jo h n D. H ann ah , in Io c .: “ D eus não é in fle x ív e l; E le reage às necessidades, a titudes e atos dos ind iv íduos” . Essa é um a declaração razoáve l, e m bora não re so lva re a lm en te 0 m is té rio . Ta lvez esse m is té rio não te n h a m esm o so lu çã o neste lado da e x is tê n c ia , sendo inú til m u lt ip lica r in te r- pretações a respeito.

O Profeta Moisés (32.15-24)

M oisés a tuava com poder e au to ridade . Ele expunha a sua m ensagem . Ele m ostrava-se exigente. E le anunc iava 0 testem unho; m as um povo indiscip linado precisava sofrer as conseqüências de seus a tos tres loucados. Som ente então a lei poderia receber eficácia . M oisés precisou assum ir 0 papel de um profeta zelo- so e vio lento a fim de rea lizar a sua tarefa, tal com o Elias precisou fazer, séculos mais tarde.

O s vss. 7-14 nos apresentam um diálogo entre Yahweh e Moisés, mostrando- nos que, m ediante a insp iração divina, ele estava p lenam ente cônscio de que os israelitas estavam no vale, afundados na idolatria mais abjeta. Contudo, a seção à nossa frente apresenta-nos Moisés e Josué com o se tivessem sido apanhados de surpresa pelos acontecim entos. A lguns eruditos atribuem essa surpresa somente a Josué, 0 que nos poupa de a lguns pequenos problem as. Não seria grande coisa se 0 autor sagrado tivesse com etido um pequeno deslize da pena. A lguns estúdio- sos sim plesm ente a tribuem as duas seções a d ife rentes fontes inform ativas, em que a segunda seção não an tec ipava as condições descritas na prim eira. Ver no D ic ioná rio 0 a rtigo cham ado J .E .D .P .(S .j quanto à teoria das fontes m últip las do Pentateuco.

32.15

As duas tábuas do testemunho. “Testem unho” ou “tábuas do testem unho” são nomes dados ao decálogo. V er as notas em Êxo. 24.12 quanto a uma lista de títulos. Ver Êxo. 25.16 quanto ao testemunho e às questões relacionadas ao mesmo, onde são incluídos vários artigos. Ver também Êxo. 16.34 quanto a outras notas e uma lista de referências ao testemunho.

V er Êxo. 31.18 quanto à lei escrita pelo dedo de Deus. A lei foi inscrita pelo próprio Deus nas tábuas de pedra, que alguns eruditos tom am no sentido mais lite- ral; mas outros vêem aqui uma declaração metafórica, dando a entender que a lei foi dada por inspiração divina, e não que Deus tenha inscrito fisicamente a mesma com Seus dedos.

“Tem os aqui um a m etáfora gráfica para im pressionar-nos com a convicção de que a lei era uma expressão do caráter de Yahweh. Yahweh não é apenas Aquele que sancionou as leis da teocracia. Os dez m andam entos e seus preceitos decorrentes constituem as Suas próprias decisões. Deus tam bém esculpiu as pedras. O primeiro jogo de duas pedras era um a obra de Deus (cf. Êxo. 24.12). O segundo jo g o já foi esculpido por Moisés, e também, ao que parece, foi inscrito por ele (Êxo. 34.1,4,27,28)" (J. Edgar Park, in Ioc.).

De ambas as bandas, “ta b le te s babilônicos e m onolitos assírios usualmente eram escritos em am bos os lados, em bora isso raramente ocorresse no Egito. Tem sido calculado que as cento e setenta e duas palavras do decálogo poderiam ser facil- mente inscritas com letras de tam anho regular nas quatro superfícies indicadas, se as tábuas tivessem cerca de 70 cm de comprimento por 55 cm de largura. E duas tábuas de pedra dessas dim ensões poderiam ser carregadas facilmente por um hom em ” (Ellícott, in ioc.).

32.16

As tábuas era m obra de Deus. Lemos que 0 prim eiro jogo de tábuas foi prepa- rado pelo próprio Deus, e tam bém foi inscrito por Ele mesmo. Esse primeiro jogo foi quebrado por Moisés, em sua indignação diante da idolatria do povo de Israel (vs. 19). O segundo jogo, por sua vez, foi preparado por Moisés e, ao que parece, também foi inscrito por ele, utilizando a sua memória sobre 0 que estava inscrito no primeiro jogo, ou, então, sendo div inam ente im pelido a fazer uma duplicata perfeita. Ver Êxo. 34.1,4,27,28.

A Língua do Céu. Muitas especulações e controvérsias tolas têm surgido acer- ca do id iom a em que as tábuas da lei fo ram inscritas. A lguns têm respondido “ na língua do céu” , e, então, fazem d isso um a m etáfora para indicar com o Deus fa la aos homens através de Suas revelações e livros sacros. A lguma forma de hebraico

Faraó havia dito que não conhecia a qualquer Deu_s “Yahweh”, embora não tenha precisado de muito tempo mais para saber acerca Dele (Êxo. 5.2). A realização do êxodo tinha dado a Yahweh fama no mais poderoso reino da terra na época, uma fam a que tinha chegado aos ouvidos das nações circunvizinhas. Um povo de Israel destruído ao pé do monte Sinai anularia essa realização. Yahweh não poderia anular a Sua própria obra e glória, por meio de uma destruição precipitada.

32.12

Este versículo contém 0 qu arto a rgum ento que M oisés usou para convencer Y ahw eh a m udar de idé ia quanto ao povo de Israel. O próprio sen tido do êxodo seria pervertido. Yahweh seria tido com o destru ido r e os hom ens diriam que fora pa ra de s tru ir (e não para sa lvar) que Ele tira ra Israel do Egito. E Y ahw eh seria então visto com o um vilão p ior do que 0 próprio Faraó. A pesa r de toda a pressão, Israel havia sobrevivido a Faraó; m as se Yahweh destruísse Israel no monte Sinai, ficaria anulada a própria razão do livram ento. Isso seria m al, conform e lemos qua- se no fina l deste vers ícu lo . E speram os a bondad e da pa rte de Deus, bondade m ed iada pe lo am or. A té os ju ízo s d iv inos podem ex ib ir am or e boas intenções, pois certas medidas severas podem tornar-se necessárias. Mas simplesmente des- tru ir um filho (Êxo. 4.22) seria um m al.

32.13

M oisés acusou Yahw eh de esta r p restes a anular 0 Pacto Abraâm ico, 0 que subentend ia certo núm ero de conseqüências. N este versícu lo acham os os argu- m entos qu in to a o itavo, de aco rdo com a lista nas no tas in trodu tó rias ao vs. 11 deste capítu lo. Moisés poderia tornar-se p rogen itor de um a nova nação, um a es- pécie de Israel reduzida, descendente som ente da tribo de Levi, mas isso dificil- m ente cum priria 0 ju ra m en to que D eus fize ra a A b ra ão de que ele seria pai de vária s nações, e de um a grande nação (Is rae l). V er as no tas sobre G ên. 15.18 quanto às prov isões do P acto A braâm ico , as qu a is ilustram esse ponto. Moisés descendia de Abraão, mas havia m uitos ou tros a quem as prom essas tam bém se ap licavam . Deus reduziria 0 escopo de Suas prom essas, e isso não cum priria os intuitos do Pacto Abraâmico.

Além de Abraão, havia os patriarcas Isaque e Jacó, muitos dos quais descenden- tes pereceriam no ato destrutivo de Yahweh diante do monte Sinai. Em certo sentido, Moisés restaria como único patriarca histórico de Israel.

Yahweh é 0 Deus graça (ver a esse respeito no Dicionário)·, e 0 am or e a miseri- córdia devem tem perar cada ato divino. O próprio juízo divino é aplicado em meio ao amor, visto que tem por intuito não som ente castigar, mas tam bém remediar 0 mal (I Ped. 4.6). O próprio ju lgam ento dos perdidos traça esse intuito. Ver no D icionário 0

artigo intitulado Julgam ento de Deus dos H om ens Perdidos quanto ao desenvolvimen- to desse conceito.

32.14

Então se arrependeu 0 Senhor. A idé ia que D eus po de a lte ra r Sua men- te, com o se Sua cap ac idad e de p lane ja r, com base em Sua presc iênc ia , fosse defe ituosa, é um ataque into leráve l con tra a corre ta com preeensão dos atributos de Deus. Portanto, os inté rpre tes o fe recem várias exp licações sobre com o pode ser que 0 Todo-Poderoso possa arrepender-se, ou seja, m udar de mente:1. Um Deus lim itado. Deus não seria nem onisciente e nem onipotente, embora dota-

do de grande conhecimento e poder. Assim sendo, seria perfeitamente possível que até Deus possa arrepender-se a respeito de algo ao ver que seguir um outro curso de ação é mais vantajoso.

2. Estamos diante de uma linguagem antropom órfica, e não devemos entender essa declaração em um sentido absoluto. Em favor da história, Deus mudou Sua mente, mas não de fato. Nossas lim itações de linguagem e entend im ento nos levam a essas pequenas armadilhas.

3. Um teísm o exagerado (ver no D ic ionário 0 artigo Teísm o) ocasionalm ente nos de ixa em dificuldades. Esse exagero faria Deus envolver-se demais com os ho- mens, por demais íntim o, e, portanto, por demais sujeito às idéias e aos caprichos dos homens.

4. Um hum anism o exagerado leva os humanistas teístas a reduzirem 0 conceito de Deus a seu próprio nível, de tal modo que possam raciocinar com Ele, dizendo coisas cortantes, e Ele acaba po r faze r 0 que e les querem . Em outras palavras, temos aí uma teologia defeituosa, que não reconhece nem a transcendência e nem a soberania de Deus.

5. Poderes delegados. Yahweh não se envolveria pessoalmente nessas transações. Antes, Sua teofania ou anjo é que estaria agindo por conta própria. Esse ser secun- dário ou manifestação inferior de Deus teria de fazer correções de tra jetória ao longo do caminho, 0 que seria então apresentado na Bíblia como “arrependimento” da parte de Deus.

6. Um mero tm que de linguagem . Deus sabia bem 0 que faria 0 tempo todo, ou seja, Ele não destruiria 0 povo de Israel. Mas 0 relato bíblico exigiu certos truques de linguagem para dar-lhe m aior dram atic idade. O arrependim ento de Deus seria apenas um artifício de linguagem para dar maior impacto à narrativa.

Page 154: At Interpretado- Êxodo

INTERCESSÃO E MEDIAÇÃO DE MOISÉS

Caracterização

Moisés liderou um povo como um todo, especificamente Israel, da m esm a maneira que Cristo lidera espiritualmente.

Moisés foi um mediador para aquele povo, do m esmo modo que Cristo é para 0 povo dEle.

Anjos podem ser mediadores: Gál. 3 .19,24.

A lei era uma mediadora: Gál. 3.25.

Moisés tinha um cargo especial como mediador: Gál. 3:19; Êxo. 19.3-8; 32.11-13, 30-35; Núm. 12.6-8.

Profetas são mediadores: II Sam . 7.5; I Reis 20.13; Eze. 2.4; Amós 1.3,6,11,13; Naum 1.12; Sof. 1 ,3 ,4,14,16.

Em um sentido muito importante, apenas Cristo é 0 mediador (quando se considera a salvação): I Tim. 2.5

As Essências da Intercessão de Moisés

Yahweh tinha um compromisso com Seu povo investido em um pacto.

A libertação do Egito significava que, até 0 fim, 0 crédito seria dado ao poder divino. Se a posse da terra falhasse, 0 trabalho anterior da redenção seria anulado.

O trabalho que Yahweh iniciou em Abraão seria anulado.

O próprio caráter de Yahweh exigia 0 término da tarefa que havia sido iniciada.

De quem podemos esperar por misericórdia senão do Pai das Misericórdias? A misericórdia evitaria a destruição de Israel.

Page 155: At Interpretado- Êxodo

0 QUE É ORAR

A oração é 0 desejo sincero da alma Que fica mudo ou é expresso.É 0 movimento de uma chama oculta Que tremula no peito.

A oração é a linguagem mais simples Que lábios infantis podem experimentar;A oração é 0 clamor mais sublime que atinge A Majestade nas alturas.

A oração é a voz contida do pecador Que retorna de seus maus caminhos,Quando anjos se regozijam em cânticos,E dizem: Eis que agora ele ora!

Nenhuma oração é feita só no mundo:Pois 0 Espirito Santo intercede;E Jesus, no trono eterno,Intercede pelos pecadores.

Montgomery

Acredito que m esm o a menor oração, acima do tumulto desse mundo, ainda pode ser ouvida.

Page 156: At Interpretado- Êxodo

451ÊXODO

se alicerçava sobre essa idéia, na qual os israelitas, culpados de idolatria, ao beberem água, tiveram suas barbas amareladas por causa do ouro misturado na água. Ademais, quem quer que tivesse beijado 0 ídolo de ouro, ficava com os lábios amarelados.

32.21

Os vss. 21-24 registram 0 terceiro dos atos drásticos de Moisés. Ver a lista nas notas sobre 0 vs. 19. Arão, irmão de Moisés, foi severamente repreendido e humilhado, por ter-se tom ado 0 líder do culto ao bezerro de ouro. Moisés considerou Arão 0 res- ponsável. O relato nada nos fala sobre alguma resistência que ele tenha feito contra a idolatria. Mansamente, e le ace itou 0 a to estúpido e chegou a promovê-lo com um a celebração, presumivelmente em honra a Yahweh. Arão chegou a chamar Moisés de m eu sen/rar (Núm. 11.28; 12.11), 0 que 0 deixou definitivamente subordinado a Moisés, passando a agir sob sua autoridade, e isso com certa humildade. Moisés havia confiado em Arão e 0 tinha deixado encarregado do povo (Êxo. 24.14), enquanto ele subia ao monte Sinai durante quarenta dias. Mas Arão havia violado tal confiança. Em seu mo- mento de fraqueza, Arão tinha permitido que Israel cometesse um gravíssimo pecado (a quebra do prim e iro m andam ento, Êxo, 20.2,3). E assim acabou participando, ele mesmo, daquele pecado. É algo muito sério ser líder.

Meus irmãos, não vos tom eis m uitos de vós, mestres, sabendo que havem os de receber m aior ju izo.

(Tiago 3.1)

“A repreensão dada a Arão (Núm. 12) faz contraste com 0 seu prestígio sacerdotal e com 0 seu papel intercessório conforme a descrição nos capítulos 25-31 de Êxodo” (O xford Annotated Bible, in loc).

“Parece que se Arão se tivesse mostrado firm e, 0 m al poderia ter sido impedido” (Adam Clarke, in loc).

32.22

M eu se n h o r. Foi assim 0 tra tam ento dado por A rão a Moisés, em sinal de respeito, tal com o tam bém se vê em Núm. 11.28 e 12.11. Arão exibiu a humildade que lhe convinha, diante de seu superior espiritual, em bora suas desculpas fossem apenas mentiras. Como sem pre sucede, ele transferiu a culpa para outras pessoas. Disse ele, em efeito: “Aquela gente, como meu senhor sabe por experiência própria, está sem pre inclinada para a lgum mal, e me apanharam de surpresa”. “A rão tinha agido com o se fosse apenas um barômetro da opin ião pública. Seu papel tinha sido a antítese do papel de um profeta, aqui exaltado na pessoa de Moisés. A rão repeliu sua p rópria re sponsabilidade” (J. Edgar Park, in loc.). No entanto, 0 papel de um profeta é guiar, e não seguir 0 povo.

À sem elhança de Adão, A rão transferiu a cu lpa para ou trem (ver Gên. 3.12, onde há no tas expos itivas sob re essa ten dên c ia hum ana). Tra ta-se de um a co- m um atitude hum ana, m as d ific ilm e n te há a lgu m a verdade nessa transfe rência de culpa, Tudo qu anto fazem os é im portan te . Não nos podem os ocu ltar por de- trás da fraqueza de outras pessoas, que porventura partic ipem conosco de qual- quer pecado.

32.23

A id o la tria e ra a ú n ica co isa que a q u e la ge n te tinh a em m ente. E le não tom ou a in ic ia tiva no ato, m as tam bém nada fez pa ra im pedi-lo. Portanto, com - partilhou da culpa; e quando a lguém com partilha de algum a culpa, torna-se cul- pado. O povo dissera que M o isés fo ra -se , ta lvez de m odo perm anente (ver 0 vs.1 deste cap ítu lo ). O s idea is do ê xo do ao que tu d o ind ica tinham re su ltado em nada, d ian te do d e sa p a re c im e n to de M o isé s. P ortan to , os is rae litas ane la ram por substitu ir Yahw eh e M o isés por ou tros deuses e por outro culto. O povo lan- çou a cu lpa sob re acontec im entos adversos. Tudo parecia es ta r con tra eles. Ti- nham sido abandonados. Assim sendo, fariam 0 m e lhor ao seu alcance, de acor- do com as suas circunstâncias. O Egito, afinal de contas, era um a grande potên- c ia na época. T a lvez a id o la tr ia dos eg íp c io s tive sse dado a e les 0 po de r que tinham . Portanto, experim entariam a ido la tria do Egito, para ve r se conseguiriam m elhores resu ltados do que com 0 Yahw ism o.

A conduta de Arão por pouco não lhe custa a vida, por causa da ira de Yahweh contra ele, conforme vemos no trecho de Deuteronômio 9.20.

32.24

A Piadinha de Arão. Arão confessou que tinha dado orientações para lhe trazerem ouro, para 0 fabrico do bezerro de ouro. Ver no Dicionáiio 0 artigo Bezerro de Ouro. Mas ele asseverou que quando os objetos de ouro foram postos a derreter no fogo, surgira espontanea- mente a figura de um bezerro, Mas lemos no vs. 4 que ele deu molde à imagem, pessoalmen- te. Arão tinha cultivado aquele pecado; mas agora, com uma piadinha sem graça, tentou dar a entender que assim também tinha acontecido com ele, de algum modo, sem que ele fizesse idéia do que estava fazendo. A maioria dos pecados é cultivada em atitudes

pré-clássico teria de ser a versão mosaica da “língua do céu”. Deus inscreve Suas leis em nossos corações (Jer. 31.33; Heb. 8.10; II Cor. 3.3), e é nessa ocasião em que a lingua- gem do céu toma-se eficaz em nossas vidas humanas.

32.17,18

G ritos, danças e fo lia . Seriam esses os dons da adoração? Deus não é 0 autor da confusão (I Cor. 14.33). Josué (que nos é apresentado em Êxo. 17.9), que já era ou em breve haveria de tornar-se 0 segundo líder de Israel, e tam bém 0 sucessor de Moisés (ver 0 artigo sobre ele, no D icionário), pensou que Israel estava envolvi- do em algum a batalha, ao ou v ir todo aquele barulho. M as M o isés a lertou-o para que v isse as coisas por ou tro ângulo (vs. 18): os dons que estavam ouvindo não eram alarido de guerra. Antes, eram os ruídos de um a fo lia carnavalesca, 0 tipo de orgia ligada aos ritos de fertilidade dos cananeus. E cham avam toda aquela confu- sâo de “culto”, pois, afinal, Yahweh não estava sendo honrado por meio do bezerro de ouro? M as Y ahw eh nada tinh a a ve r com aq ue la fes ta e aque las danças. A ap licação m oderna é por dem ais óbvia para que prec isem os descrevê-la. Moisés tinha acabado de com un ica r a lingu age m do céu . M as 0 povo de Israel estava com unicando a linguagem do deboche.

O alarido dos que cantam era um a das características dos ritos idólatras (I Reis 28.28; Atos 19.34; Heródoto, Hist, ii.60), e, em parte, resultava da excitação física que prevalecia durante tais orgias” (Ellicott, in lo c ).

M oisés. Moisés sab ia que não havia nenhum a batalha. Antes, 0 povo estava empenhado na maior folia. O texto não reflete 0 que Yahweh disse a Moisés acerca da apostasia dos filhos de Israel (vss. 1 -6). Por isso, alguns pensam que esse texto procede de uma fonte diferente. Ver as notas introdutórias sobre 0 vs. 15, quanto a esse problema.

32.19

A rro jo u da s m ã os as tá b u a s . Q uando M oisés quebrou as tábuas da lei, isso significava que estava rom pido 0 acordo que Deus fizera com 0 povo de Israel (0

Pacto M osaico, com entado em Êxo. 19.1). Uma vez anulada, essa aliança precisa- ria se r instaurada de novo. Israel tinh a quebrado a regra sag rada que p ro ib ia a idolatria, 0 p rim e iro m andam ento . Assim sendo, D eus rom peu 0 pacto. V er Êxo.20.2,3 quanto ao prim eiro m andam ento , do qual todos os dem ais m andam entos dependiam . Israel havia apostatado. M oisés precisou trazê-los de volta m ediante ações drásticas. Desse modo, ele to rnou -se um pro fe ta de fogo e juízo, a fim de remediar a situação.

/4s Medidas D rásticas de Moisés:1. As tábuas de pedras foram partidas, dando a entender a anulação do pacto mosai-

co, conforme foi comentado acima (vs. 19).2. Moisés quebrou 0 ídolo e 0 reduziu a pó; e esse pó foi espalhado por sobre a

água. E, en tão, Israe l teve que b e b e r d e ssa água, s im b o liza n d o que e les teriam que “beber a taça ” de sua in iqü idade so frendo os tem íve is resu ltados de seus atos (vs. 20).

3. Moisés repreendeu severamente a Arão, seu próprio irmão, que acabara de tomar- se 0 líder de uma seita idólatra (vss. 21-24).

4. Os levitas receberam a terrível tarefa de m atar três mil idólatras, a fim de ensinar a Israel uma lição que eles jamais esqueceriam (vss. 25-29).

51 O próprio Yahweh deu a dem ão final, ao envia r um a praga (vs. 35). Não nos é informado 0 resultado disso, m as podem os supor que m uitos outros israelitas morreram.Alguns pensam que 0 vs. 35 indica que aqueles que sofreram maus efeitos por

terem bebido a água m isturada com 0 pó de ouro eram precisamente os culpados, e esges morreram então da praga. A ira de Deus voltou-se então contra Arão, e este quase morreu diante do juízo divino (Deu. 9.20), mas foi m isericordiosamente poupa- do. Ademais, Arão ainda tinha um a longa missão à frente, e essa missão precisava ser cumprida.

32.20

Este versículo registra 0 segundo dos atos drásticos de M oisés, a listados nos com entários sobre 0 nono versícu lo deste capítu lo. Este ato representava 0 reco- nhecimento de Israel quanto à estupidez de sua idolatria, bem com o a necessidade de pagar por tal erro . O ído lo to rnou -se pa rte da água. E stavam in te rnam ente desgraçados ao bebê-la. Agora sorveriam da taça inte ira de sua in iqüidade, com seus temíveis resultados. Esse ato foi humilhante para um povo que se tinha rebai- xado. Essa humilhação, pois, suprim iu a idolatria. Cf. este texto com II Reis 23.6,12. Esse ato tam bém dem onstrou a total fa lta de poder daquele ído lo (bem com o da idolatria em geral).

Vários intérpretes judeus, com o Jarchi e Aben Ezra supunham que essa água com ouro foi equivalente às águas do ciúme. Ver no D icionário 0 artigo Água A m ar■ ga. Ver tam bém Núm. 5.11 -31. Aqueies que se tinham tornado cu lpados de idola- tria haveriam de perecer devido à praga que Yahweh enviaria (vs. 35). Uma fábula

Page 157: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO452

Os levitas, que atenderam à convocação feita por Moisés, podem ter achado seus próprios filhos e innãos entre os idólatras. Se assim sucedeu, estavam na obrigação de não poupá-los. Essa informação demonstra 0 terror do que sucedeu naquele dia. . .ninguém deveria ser poupado por motivo de parentesco, amizade ou mero conhecimento” (John Gill, in Jbc.). Ver Mat. 10.37 quanto a uma aplicação espiritual.

32.29

Consagrai-vos. T e rm in a d a a m a tança , v is to que 0 exp u rgo a ting iu seus te n c io n a d o s e fe itos , te n d o s ido e fe tu a d a a pu rifica çã o , en tão o co rre u a con- s a g ra ç ã o dos le v ita s a seu se rv iç o sa n to , a fim de que, f in a lm e n te , aq u e la tr ib o se to rn a sse a ca s ta sa ce rd o ta l de Is ra e l. V e r N úm . 1.47 ss. M as os tre - chos de N úm e ros 3 .4 4 -4 6 e 8 .5 -1 9 dão um a razão d ive rsa pa ra essa consa- g ra çã o ; m as não há n e n h u m a c o n tra d iç ã o n e c e s s á ria , e nem de d e riva çã o de fo n te s in fo rm a tiv a s d ife re n te s , co n fo rm e sup õem a lg u n s c r ít ico s . V e r as no tas sobre 0 vs. 26, q u a n to ao a le g a d o p rob lem a . A p r im e ira ta re fa co le tiva dos le v ita s e ra um a s a n g re n ta m a ta n ça ; em seg u ida , re cebe ram a ta re fa de tra n sp o rta r 0 ta b e rn á cu lo (N úm . 1 .5 0 -5 3 ). Dali po r d ian te , 0 o fíc io sace rdo ta l de le s teve m u itas ra m ifica çõ e s . O s f ié is e d ilig e n te s é que recebem m issões da pa rte do S enhor.

Para que ele vos conceda hoje bênção. A tr ib o de Levi pa ssou da v io - lênc ia para a con cessão de um a bê nção, ou se ja , 0 bem que seria de esperar do e xe rc íc io do o fíc io sace rdo ta l. “ . . .m in is trand o no san tuário , tra nspo rtan do os vasos do Senhor, m antendo os díz im os do povo” (John Gill, in loc.).

A Segunda Intercessão de Moisés (32.30-35)

Deve-se confrontar esta breve seção com 0 trecho anterior de Êxo. 32.1-24, onde são dados os argumentos da primeira intercessão.Argumentos da Segunda Intercessão:1. Os pecados podem ser perdoados, até mesmo 0 pecado da idolatria, a quebra do

primeiro m andam ento (Êxo. 20.2,3). Assim sendo, Moisés apelou para Yahweh como 0 Deus que pode e quer perdoar até mesmo os mais odiosos pecados. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Perdão. Ver 0 vs. 31.

2. Se tivesse de ser efetuada a destruição (ou seja, se tivessem de ser apagados os nomes do livro da vida), então Moisés queria ser 0 substituto por todo 0 povo de Israel (vs. 32). Nisso, como é claro, ele prefigurou a Cristo, 0 qual, de fato, tomou-se 0 nosso Substituto, embora em um sentido diferente. Cf. 0 desejo similar de Paulo, em Romanos 9 .3 , 0 que, naturalm ente, era impossível. Era impossível tam bém apagar 0 nome de M oisés do livro de Deus, tal com o Paulo não podia tornar-se maldito em lugar do povo de Israel.“Essa cena inteira fornece um forte contraste entre a lei e a graça. Cf. a intercessão

de Moisés com a intercessão de Cristo (João 17). Israel era uma nação que estava sob teste (Êx. 19.5,6). Mas os crentes, sob a graça, formam uma família, à espera da glória (João 20.17; Rom. 5.1,20). Os crentes dispõem de um Advogado diante do Pai, com 0

Seu sacnficio propiciatório que nunca perde a sua eficácia (I João 2.1,2). Moisés apre- sentou como argumento um pacto (Êxo. 32.13); Cristo apresentou em nosso lugar 0

Seu próprio sacrifício (João 17.4)” . (Scofield Reference Bible, in loc.).

32.30

No dia seguinte. Ou seja, no d ia após a grande m atança. M ais a inda aeon- tece ria (vs. 35). O a ca m pam en to in te iro de Israel po deria se r exinto, e M oisés sentiu a urgente necessidade de fazer in tercessão e expiação pelo crim e com eti- do, o fe recendo-se, por assim dizer, com o se fosse um sacrifício, para que sobre ele se despejasse a ira de Deus e todos os israe litas escapassem (vs. 32). Mas 0

ve rs ícu lo pode se r e n tend id o ap enas com o se M o isés pudesse es ta r e n t r e is mortos, se os israe litas idóla tras não fossem perdoados. Portanto, havia em tudo um a esp éc ie de am eaça. “ M o rre re i se e les m o rre rem ", era um a pressão para que 0 povo continuasse vivendo. Ver as notas de introdução ao vs. 30 quanto aos pedidos de M oisés que constituíram sua segunda intercessão.

Farei propiciação pelo vosso pecado. Não no sentido neotestam entário de abertura da possibilidade de perdão de pecados e bem-aventurança celeste. Antes, no sentido que, intercedendo pelo povo, 0 Senhor mostrar-se-ia propício e cobriria os pecados do povo, permitindo-lhe a continuação da vida física. Moisés estava procu- rando evitar uma imensa praga, que virtualmente poria fim a Israel. Apesar de suas orações intercessórias, porém, veio uma praga (vs. 35), em bora não sejam os infor- mados sobre quantos pereceram devido à mesma. Essa propiciação visava inclinar Deus a dar Seu perdão aos pecados cometidos, com 0 resultado da continuação da vida física. Mas alguém tinha que morrer, por causa da ofensa.

32.31

Em sua oração, Moisés primeiramente reconheceu a gravidade do pecado come- tido, que foi uma violação crua e ofensiva do primeiro mandamento (ver Êxo. 20.2,3).

prelim inares e no arranjo prelim inar das circunstâncias. Arão, tolamente, negou que tivesse cultivado aquele pecado, que acabou dando fruto mau.

Fáb u las têm s ido criad as em to rno de ste tex to . A lguns in té rp re tes an tigos d isseram que as re iv ind icações de A rão, neste ponto, eram verazes (ignorando, con ve n ie n te m e n te , 0 vs. 4). E sses ta m b é m d izem que 0 be ze rro de ou ro era tra b a lh o do p ró p rio d iab o e das a rtes m á g ica s . O íd o lo to m o u a fo rm a de um bezerro , chegando a te r v id a e ch e g a n d o a dançar, ao m e sm o tem po em que be rrava e o fe rec ia um espetácu lo . D iz com o segue 0 Ta rgu m de Jonathan: “ . . .eu 0 lancei no fogo, e Satanás en trou no m eio e saiu dali com a sem elhança de um bezerro” .

Moisés Manda Matar os Idólatras (32.25-29)

32.25

O povo estava desenfreado. A lgum as traduções dizem aqui que 0 povo esta- va “nu". Mas 0 te m o hebraico correspondente, para, em bora possa ter esse sentido, tam bém pode te r 0 sentido de “desvencilhar-se de todas as restrições”. Não parece que Arão tenha-os forçado a se porem despidos, a fim de ficarem envergonhados, conform e aquelas traduções continuam dizendo neste versículo. Antes, arriscamos que eles perderam 0 autocontrole, pois Arão assim permitiu que fizessem, sem nada fazer para impedi-los. Essa falta de controle levou-os a se entregarem a uma conduta desenfreada. Eles se expuseram a atos vergonhosos, e Arão não os coibiu. Contudo, alguns intérpretes, partindo da idéia de que, realmente, os israelitas se desnudaram, pensam que isso é símbolo de um estado de miséria, e que não se deve pensar em nudez literal. Mas outros estudiosos pensam que não há razão para duvidarm os da literalidade da descrição.

No meio dos seus inimigos. Talvez estejam em foco as populações que viviam nas proximidades do Sinai, como os amalequitas, que chegaram a vir fazer parte das festividades. Isso significa que 0 povo de Deus misturou-se com os idólatras locais, formando uma só massa humana com eles.

32.26

Na op in ião de a lguns erud itos, os vss. 26 -29 representam a separação dos lev itas para seu ofíc io , em bora sua prim e ira função fosse execu ta r os idóla tras. Presum e-se que esses levitas não tinham pa rtic ipado do inc idente do bezerro de ouro, demonstrando assim uma espiritualidade superior, e provando que sua esco- lha para 0 serviço sagrado estava justificada. Mas se está em pauta um relato de escolha dos levitas para 0 serviço divino, então os trechos de Núm. 3.44-46 e 8.5- 19 representam uma versão diferente, em que os levitas obtiveram sua posição por terem substituído os primogênitos de Israel, por meio da redenção. Os versículos à nosssa frente, entretanto, podem da r um re la to prelim inar àquela outra situação, que haveria de seguir-se, e não um a narrativa separada de com o os levitas torna- ram-se um a casta sacerdotal. A tribo de Levi já se tinha m ostrado espiritualm ente superior, no incidente diante de nós; e, em um a ocasião posterior, foi natura l que tivessem sido selecionados para se tornarem a casta sacerdotal de Israel. Cf. essa história com Núm. 25.7-13.

Seja como for, foi a tribo de Levi aquela que respondeu em prim eiro lugar à exigência de Moisés: “Quem é do Senhor, venha até m im ” .

M u ito s s e rm õ e s têm s id o p re g a d o s com b a s e n e s te v e rs íc u lo . A esp iritua lidade é um a questão de esco lha, e não apenas resu ltado de meio am biente e privilégios. P recisam os tom ar decisões certas. Precisam os aliar-nos a pessoas espirituais. Precisam os cultivar os dons espirituais. Precisam os ter aspira- ções nobres. Os levitas, pois, denunciaram a idolatria em todas as suas formas, e se rededicaram a servir a Yahweh. A dedicação sem pre inclui os fatores da renúncia e do cultivo.

32.27,28

O Expurgo D eterm inado p o r M oisés. Esse foi 0 quarto dos atos drásticos de M oisés, a fim de con traba lançar os m aus efe itos da idolatria. E le lançou mão dos lev itas para exp u rga r 0 povo de Israel m ed ian te um a exe cução em m asssa, na qual morreram cerca de três mil pessoas. Os Yahw istas executaram os apóstatas. A ssim tam bém , a través de tod a a h is tó ria re lig iosa , tom and o esses inc identes com o exem plos, pessoas re lig iosas têm -se sen tido justificadas por tira r a v ida de he rege s e ap ós ta ta s ; m as h e rege s e ap ó s ta ta s de a co rd o com a d e fin ição de seus algozes. Quão diferente d isso era Jesus! Ele repreendeu os Seus discípulos por quererem im ita r E lias. V e r Luc. 9.54,55 . A té m esm o nom es honrados, com o 0 de João C alv ino , 0 líde r re fo rm ador, e n vo lvem -se em ho m ic íd io po r m otivos re lig iosos. Calvino foi responsável po r m ais de c inqüenta execuções dessa natu- re za . V e r 0 a rtigo na E n cic lop éd ia d e Bíb lia , Teo log ia e Filosofia a ce rca de le , bem com o, no D icionário , 0 ve rb e te c h a m a d o Tolerân c ia . N os d ias do Novo Testam ento , hom ens cris tãos têm posto em ação a v io lên c ia p róp ria do Antigo Testam ento , para de sgraça de tod a a nossa d ispe nsaçã o cris tã . Cf. este texto com Deu. 33.8,9, onde a vio lência é exaltada.

Page 158: At Interpretado- Êxodo

453ÊXODO

O ju ízo divino haveria de ocorrer, apesar de Deus continuar orientando. Moisés continuou; 0 Anjo continuou; a nação de Israel continuou. Mas essa continuação não dispensou a necessidade de julgamento contra 0 pecado.

O destino de M o isés não e ra m o rre r na que la ocasião, m as con tinua r lide- rando 0 povo de Israel. Se ele tivesse de liderar, então teria de ter um povo a ser liderado. Logo, a nação de Israel continuaria existindo. No entanto, este versículo m ostra -nos que 0 ju ízo sob rev iria : “ No d ia da m inha v is itação , v ingare i ne les 0

seu p e ca d o ” , d isse 0 S enh or. P orta n to , pa rece que a in tercessão (ver a esse re spe ito no D icionário) de M o isé s só fo i e fica z em pa rte . O ju ízo de D eus foi m oderado .

Em momentos de desespero, é fácil nos equivocarmos quanto àquilo que Deus quer para nós. Mas quando a luz de um novo dia espanta as trevas da noite, Deus projeta em nossas vidas novas perspectivas. M oisés ainda teria de com bater em muitas batalhas; ainda teriam de ser enfrentados muitos problemas, e ganhas mui- tas vitórias. Em outras palavras, Moisés, em seu desespero, exagerara a situação e assum ira um ponto de vista muito drástico do que estava sucedendo. A existência da nação de Israel não es ta va sendo am eaçada, apesar do severo ju lgam en to enviado por Deus.

A ju s tiç a e 0 a m o r de D e u s se m p re m a rch a m de m ãos da das (Isa . 40 - 55 ). De fa to , 0 ju lg a m e n to é um d e d o d a a m o ro s a m ã o de D eus. O ju íz o d iv in o é se m p re re m e d ia l, e não a p e n a s re tr ib u t iv o . V e r esse p r in c ip io ilus- tra d o no a rtigo ch a m a d o Ju lg a m e n to de D e u s dos H o m e n s Perdidos. A cruz ta m b é m fo i um ju lg a m e n to , e ta m b é m fo i 0 m a io r re m é d io que 0 m u n d o ja m a is viu.

32.35

Feriu, pois, 0 Senhor. Não está aqui em pauta a destruição dos três mil israelitas, pela espada dos levitas (vs. 28), mas algo adicional, não especificado em sua natureza. Mas não nos é dito quantas pessoas mais morreram. Sem dúvida, porém, foi um castigo severo, em bora respeitasse certa moderação, por am or a Moisés, que havia fe ito intercessão.

Surgiu uma interessante declaração popular entre os judeus, devido às circunstân- cias do texto à nossa frente: “ Nenhum a aflição ocorreu jam ais a Israel em que não houvesse alguma partícula de pó do bezerro de ouro”. Isso dá a entender que 0 juízo de Deus continuou atuando através das gerações vindouras, por causa do gravíssimo pe- cado cometido diante do monte Sinai.

Capítulo Trinta e Três

O Anjo de Deus Guiará 0 Povo (33.1-23)

Há especulações quanto à identidade do anjo que foi delegado por Yahweh, e que nos foi apresentado em Êxo. 32.34. A lguns dizem que se tratava do Logos, uma aparição veterotestam entária da Segunda Pessoa da trindade. Mas isso parece ser uma cristianização excessiva do texto. Ver no Dicionário 0 artigo Anjo, bem como as notas expositívas sobre Êxo. 32.34.

“O incidente do bezerro de ouro não é aqui 0 fulcro das atenções, embora haja uma relevância geral ao problem a da presença de Deus com um povo pecaminoso. A cena é a partida iminente do Sinai (cf. Núm. 1 0 -1 1 ) . Moisés buscava da parte de Deus a certeza de que, realm ente, estaria presente com Ele, em suas tare fas de liderança, depois que D eus lhe d issera que já não iria à frente do povo (vs. 3). O tabemáculo (vss. 7-11) deve ser entendido como um meio da presença de Deus. Em uma teoíania (ver a esse respeito no Dicionário), Moisés recebeu a prova da promes- sa de Deus (vss. 18-23).

T endo recebido a lei, M o isés agora passou para um a nova fase de sua mis- são, liderando 0 povo de Israel do Sinai à terra de Canaã. Quando iniciamos novos aspectos de nossas respectivas missões, sem pre carecemos da presença de Deus conosco.

33.1

Disse 0 Senhor a Moisés. A palavra de Deus continuou orientando Moisés. Ver no Dicionário 0 artigo cham ado Misticismo. Moisés continuava sujeito à pre- sença de Deus e às suas comunicações. Q uando 0 Senhor fala, sem pre nos ilumina. Ver no Dicionário 0 verbete intitu lado Iluminação.

Para a terra a respeito da qual jurei. E ra a T e rra P rom etida . O p o d e r de D eus tin h a t ira d o Is ra e l da a n tig a te rra , 0 E g ito . A g o ra , um a no va te rra ja z ia à e s p e ra d e le s . E ssa n o v a te r ra fa z ia p a rte da s p ro v is õ e s do P ac to A b ra â m ic o , c o n fo rm e e s te v e rs íc u lo d e ix a c la ro . V e r G ên . 15 .18 q u a n to a esse pacto, que inc lu i no tas sob re a Terra. A d e spe ito de seus pecados, Isra- ei c o n tin u a va sen do g u ia d o p e lo S e n h o r. No céu , D eus lid e ra as ho stes ce- les tes , que são im pe cáve is . M as q u ando lide ra a lguém na te rra , fo rçosam en- te gu ia pecado res.

A idolatria (ver a esse respeito no Dicionário), é onde 0 pecado começa, embora suas am ificações sejam intermináveis. Ver no Dicionário 0 verbete Pecado. Moisés, pois, p e n a salvar Israel do extermínio, e precisou tratar a sério com 0 problema, sem apre- *e rta r meras desculpas, conforme fizera Arão. Embora não se tivesse envolvido pesso- A te n te , seu povo havia cometido tal pecado. E assim ele assumiu 0 papel de advoga- do. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 artigo intitulado Advogado, onde 0 ofício espiritual de Cristo como nosso Advogado, prefigurado em Moisés, no presente texto, foi descrito.

32.32

Livro que escreveste. Os estudiosos não concordam quanto à natureza desse iw o. As idéias mais comuns são as seguintes:1. O arrolamento, registrado no prim eiro capítu lo do livro de Números, que deter-

m inou 0 núm ero dos vivos, em Israel. M o isés tem ia que a ira d iv ina viesse a extinguir v irtualm ente 0 povo de Israel, e pensou ser m e lhor que ele não mais fizesse parte da lista dos cidadãos do que não restar coisa a lgum a do povo de Israel.

2. Ou, m etaforicamente falando, 0 registro da com unidade teocrática 9Sal. 69.28; Isa. 4.3; Dan. 12.11 Mal. 3.16). Isso poderia s ignificar aqueles que pertenciam à comunidade espiritual, e não apenas à com unidade física.

3. Aqueles que estão vivos na terra, ou seja, os vivos em contraste com os mortos. A m esm a lista de re ferências é dada nesta e na possib ilidade anterior. Os pe- cadores morrem cedo! Os justos tèm vidas longas (Sal. 91.16). O livro de Deus é 0 conhec im ento que D eus tem da que le s que v iverã o , e não algum livro literal com nomes escritos.

4 O livro da vida em um sentido espiritual. V e r no Dicionário 0 verbete intitu lado Livro da Vida. Ver Apo. 20.15; 21.27. Os vivos, registrados no livro de Deus, são aqueles que podem esperar a v ida e te rna no céu. A m a io r parte dos estúdio- sos, porém, não acredita que, nos d ias de Moisés, já houvesse tal conceito na teo log ia dos hebreus. S om ente nos S a lm os e nos P ro fe tas foi que a a lm a im ateria l passou a ser c la ra m en te levad a em con ta naque la teo log ia . No Pentateuco não há doutrina de galardão pelo bem praticado, e nem de punição pela prática do mal, em outra vida, além desta vida física.Q uase ce rtam e n te , M o isé s , em sua id é ia de v ir a se r riscado do liv ro de

Deus, sugeriu a Yahw eh que ele fosse m orto , exe cu tad o por a lgum a praga, ou por a lgum outro meio, a fim de que Israel pudesse con tinua r vivendo, e não ser an iq u ilado pe la ira d iv ina . A ss im , se r ia fe ito um re ce n se a m e n to (N úm . 1) e a nação po deria p rossegu ir para 0 d e s tino p rev is to no P acto A b raâ m ico (ver as notas a respe ito em G ên. 15.18). Cf. Rom. 9 .1 -3 . M as Paulo tinha em m ente a vida esp iritua l. Houve um avan ç o na pe rspec tiva esp ir itua l, nos sécu los que se passaram entre M oisés e Paulo. Cf. Sal. 69.28.

32.33

Moisés não se achava em posição de tomar 0 lugar dos pecadores e sofrer 0 juízo deles. Somente 0 Senhor Jesus Cristo foi capaz de oferecer um sacrifício vicário. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Expiação. Contudo, se a petição de Moisés não podia ser atendida sob a form a em que foi feita, 0 texto dá-nos a com preender 0 seu nobre espírito de sacrifício, que prevaleceu diante de Yahweh, a fim de que 0 Senhor mode■ rasse 0 Seu julgamento. A praga sobreveio (vs. 35), e morreu um número não especifi- cado de pessoas, mas 0 povo de Israel, como um todo, teve a permissão de continuar existindo como nação. Cf. a persistência de Abraão, diante de Yahweh, em Gên. 18.22,23.

Este texto ilustra a pers is tência na oração que obtém resultados, ainda que, às vezes, não da m a ne ira exa ta em que fo i fe ito 0 pe d ido . N a tu ra lm e n te , por m u itas vezes, aq u ilo que é ped ido , é co n ced ido . V e r Luc. 11.8. “O E sp ir ito de Poder é A que le que abre tudo quan to é bom de n tro de nós, bem com o A quele que recebe tudo que é bom fora de nós” (W illiam Law). A lgum as vezes, a oração faz 0 cre n te a ju s ta r-se à re spos ta de D eus, em luga r de D eus a ju s ta r-se aos nossos desejos. V er no Dicionário 0 verbete Oração. Ver Eze. 18.4: “A a lm a que pecar, essa m orrerá” . Paulo d isse a m esm a co isa em um sen tido esp iritua l, em Romanos 6.23.

32.34

Meu Anjo irá adiante de ti. Deus continuaria gu iando M oisés e 0 povo de Israel. O destino geográfico era a terra de Canaã. Israel teria um futuro na Terra Prometida, um destino a cumprir.

Anjo. O Pentateuco dá muito destaque aos anjos. Ver Gên. 16.7,9; 19,1; 21.17; 22.11; 24.7; 28.12; 31.11; 32.1; 48.16; Êxo. 32; 14.19; 23.20; 32.34; 332. Ver no Dicionário 0 verbe- te intitulado Anjo. Yahweh, por causa da crassa idolatria do povo de Israel, retirou a Sua presença imediata, e enviou Seu delegado ou delegados para que estivessem com Israel, a saber, seres angelicais que atuavam em Seu lugar. O capítulo trinta e três de Êxodo aborda essa questão da presença divina, acerca do que há ampla provisão. Ver as notas introdutórias ao primeiro versículo de Êxo. 33.

Page 159: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO454

33.6

A transação do sacrifício das jóias teve lugar no monte Horebe. Ver no Dicionário 0

artigo Horebe. Esse era um outro pico da região de cadeias montanhosas onde tam- bém ficava 0 Sinai. A lguns eruditos, porém, identificam 0 Sinai com 0 Horebe. Seja como for, perto do lugar onde foi dada a Lei, Israel renovou 0 seu culto a Yahweh, e assim foi reinstalado 0 Pacto Mosaico, após 0 lamentável incidente de idolatria descrito no capítulo trinta e dois de Êxodo.

A Tenda de Moisés (0 Tabernáculo) (33.7-11)

É po ss íve l que te n h a m o s aqu i m e nção à p ró p ria ten da de M o isés, e não ao tabe rn ácu lo , em bora a lgu ns e rud itos não tenham tom ado con sc iê nc ia des- sa po ss ib ilid ade . A m a io ria das tra duçõ es não d is ting ue as duas coisas. “ D ife- rente do tabe rn ácu lo , que tinha um a loca liza ção cen tra l (Êxo. 25.8; Núm. 2.2), essa ten da e s ta va a rm a d a b e m d is ta n te do a ca m p a m e n to . O rig in a lm e n te , a tenda era tan to um loca l de reun iões dos líderes das tribos quanto um lugar de oráculo, em bora am bas as idé ias se jam tra nsm itida s pe lo term o “tenda da con- g regaçã o” . O utross im , era p rin c ipa lm e n te um a tenda de revelação para M oisés (N úm . 1 1 .1 6 ,1 7 ,2 4 -3 0 ; 12 .1 -8 ; D eu . 3 1 .1 4 ,1 5 ). C f. Êxo. 2 9 .4 2 -4 6 “ ( O x fo rd A nnota ted Bible, in lo c ).

Alguns intérpretes supõem que essa tenda de Moisés era 0 real objeto que existia no deserto que se revestia de importância, e que 0 tabernáculo era uma tenda mera- mente ideal, que realmente não existia nos dias de Moisés, mas que foi passada para 0

tempo dele, embora só viesse a existir no templo de Jerusalém. Nesse caso, a seção diante de nós seria um reflexo da verdade histórica da questão. Desnecessário é dizê- Io, muitos intérpretes rejeitam esse raciocínio.

0 problema da retirada de Yahweh dentre 0 povo de Israel, por causa da idolatria deles (ver Êxo. 32.34; ver as notas de introdução a Êxo. 33.1 e as notas sobre 0 vs. 3 deste capitulo), seria resolvido, pelo menos em parte, na tenda da revelação, onde a presença divina poderia manifestar-se com certo grau, sem que houvesse a necessida- de de destruir 0 povo de Israel.

Joh n G ill ( in loc .) su p u n h a que e s tá aqu i em p a u ta a te n d a m e sm a de M o isé s, a qua l fo i um lu g a r de g ra n d e im p o rtâ n c ia e sp ir itu a l a té que, a lgum tem po d e po is , fo i e r ig id o 0 ta b e rn á c u lo . Isso h a rm o n iza ria as duas op in iõ e s expostas acima.

33.7

A tenda. A ten da pessoal de M o isés ou 0 tabernácu lo? Ver as notas acim a, na introdução a este versículo. Ta lvez este ja em pauta a tenda m esma de Moisés, antes da ereção do tabernáculo. M as m uitos eruditos insistem em que essa tenda era 0 ve rdade iro luga r de au to rida de e reve lação, e que 0 tabernácu lo era um a projeção ideal, baseada no tem plo de Jerusalém , com o se ela existisse desde os dias de Moisés.

Todo aquele que buscava ao Senhor. As pessoas vinham em busca da vontade de Deus e de M oisés, considerando este um profeta e vidente, capaz de fornecer-lhes oráculos e ajudá-las a resolver os seus problemas. E essa tenda tam- bém era um lugar de adoração, ensino e transm issão da mensagem espiritual, con- forme vemos no versículo seguinte. Ela era a igreja do momento, plena de experiên- cias miraculosas e místicas. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Misticismo. Os fenô- m enos que tinham lugar na tenda de M oisés, m ais tarde, tornaram -se parte das m anifestações de Yahw eh no tabernácu lo , m as tudo m ediado por um culto m ais formal. Josué era 0 companheiro e ajudante constante de Moisés nessa tenda, e isso quase certamente diz-nos que 0 tabernáculo não estava em foco (ver 0 vs. 11), visto que Josué não era sacerdote.

Essa era a le n d a da congregação”, que outras traduções chamam de “tenda da reunião” , nome esse que foi dado m ais tarde ao tabernáculo. No dizer de Ellicott (in loc.), essa tenda “foi um substituto temporário do tabernáculo”. Ver Êxo. 25.22 quanto ao tabernáculo como um lugar de reuniões. Ver a expressão ‘lend a da congregação” em Êxo. 27.21; 28.43; 29.4,32; 30.16 e aqui.

33.8

Em atitude de respeito, 0 povo ficava observando, em contemplação admirada, Moisés, enquanto ele entrava na tenda! Ele não era apenas 0 líder político e religioso. Mas também era um homem que sabia influenciar a Yahweh. Observá-lo inspirava as pessoas à adoração.

“A cena em que todo hom em ficava à porta de sua tenda, observando Moisés, vendo a co luna de nuvem descer, e adorava , de ve ria ser a cena em cada culto matinal em nossas igrejas: 0 m inistro e suas orações sugerindo que a congregação fizesse outro tanto” (J, Coert Rylaarsdam, in loc.). Cf. Ester 5.9.

O Targum de Jonathan interpreta este versículo como se os “ímpios” é que ficas- sem olhando para Moisés com olhos maus, ressentidos diante de Seu poder e de Sua autoridade. Mas isso parece contrário ao intuito desta passagem, segundo 0 vs. 10, sem dúvida, indica.

33.2

O Anjo. V e r n o ta s a S eu re s p e ito em Ê xo . 3 2 .3 4 , bem c o m o as no tas de in tro d u çã o ao p r im e iro v e rs íc u lo d e s te ca p ítu lo . A p re se n ça d iv in a se r ia

da d a de m a n e ira se cu n d á r ia , p o s to qu e a d e q u a d a . D eus não c o n tin u a pre- se n te de fo rm a im e d ia ta , c o m o no S in a i. T a m b é m não s u b ir ia no m e io do povo de Israe l (vs. 3), e isso pa ra b e n e fíc io de le s , p o is a S ua p re se n ça con- su m ir ia a um p o vo id ó la tra e de d u ra c e rv iz . T o d a v ia , D e u s p ro m e te u que h a ve ria um a re p re se n ta çã o d iv in a e um p o d e r d iv in o a d e q u a d o s , na pessoa do Anjo.

Lançando fora. Várias nações seriam expulsas da Terra Prometida. De acor- do com algumas listas, sete nações distintas seriam expelidas da terra de Canaã, a fim de que 0 povo de Israel pudesse apossar-se dos territórios que Deus havia pro- m etido a Abraão (Gên. 15.18-20). Várias listas são dadas na Bíblia, nem sem pre completas. Ver Gên. 15.18-20; Êxo. 3.8,17; 3 4 .1 1 .0 trecho de Gên. 15.21 alista dez pequenas nações, mas as várias listas de nações a serem expulsas nem sempre são idênticas. Há artigos sobre todas essas nações, no Dicionário, de acordo com os nomes dessas várias nações.

33.3

Uma terra que mana leite e mel. V er as notas sobre Êxo. 3.8 quanto a essa expressão.

Não subirei no meio de ti. Y a hw eh re tiro u a S ua p re se n ça im e d ia ta , e en v io u 0 Seu A n jo com o Seu de le gad o . V e r isso nas no tas sob re Êxo. 32.34, bem com o as no tas de in troduçã o ao p r im e iro ve rs ícu lo deste cap ítu lo . A pre- se n ça de Y ahw eh s e ria um fo g o co n s u m id o r no m e io de Is ra e l, p o r se r es te um povo id ó la tra e de du ra ce rv iz , e que não p o d e ria c o n tin u a r e x is tin d o se Y ahw eh se ap rox im asse m u ito . A p rov isão de D eus, d ian te dessa situação, foi a teofania (ver a esse respe ito no Dicionário). Q uanto à p resença consum idora de D eus, ve r Êxo. 3 3 .10 ; Lev. 10 .2 ; S a l. 8 8 .2 1 ,3 1 . . .0 no sso D eus é fog oco n su m id o r” (H eb. 12 .29). De ce rto m odo, a h is tó ria de Israe l é um a h is tó ria de p rovocações a Deus. Essas p rovocações por vária s vezes quase foram mo- tivo da extinção de Israel.

Povo de dura cerviz. Essa expressão, muito usada na Bíblia, é com entada em Êxo. 32.9, onde dou uma lista de suas ocorrências.

33.4

“É natural que os hom ens pecam inosos evitem a presença próxim a de Deus (Mat. 8.34; Luc. 5.8). Os israelitas, ainda a pouco, tinham feito exatam ente isso (Êxo. 20.19). E m esm o agora, provavelm ente tem iam um contacto muito próximo, m as sentiram que Deus tivesse deixado de liderá-los dire tam ente com o guia das hostes de Israel. Agora valorizavam aquela presença e proteção, sentindo que 0 Anjo não a substituiria à altura” (Ellicott, in loc.). Destarte, eles lamentaram a perda, e chega- ram a tirar seus atavios, como argolas, brincos, braceletes, colares, enfeites dos tomoze- los e tudo quanto servisse de símbolo de alegria e abastança. Ao retirar-se Yahweh deles, tinham empobrecido. Ainda recentemente, eles tinham trazido seu ouro para a confecção do bezerro de ouro (Êxo. 32), m as agora não davam qualquer valor ao mesmo.

33.5

Para que eu saiba 0 que te hei de fazer. Os israe litas tinham tirado de si, voluntariamente, os seus a tavios ou en fe ites (vs. 4). M as agora 0 próprio Moisés transm itia a ordem do Senhor nesse sentido. Era correto os israelitas lam entarem - se e prantear, 0 que estava sendo ind icado m ediante 0 ato de se desfazerem de certos ob je tos de luxo. Um a vez com pung idos, Deus reso lveria 0 que faze r com eles. Esses ob je tos de jo a lh e ria seriam fun d idos e usa dos na con struçã o do tabernáculo (ver Êxo. 25.2-8; 35.20-29). O ouro, antes usado para formar 0 bezerro de ouro, agora seria usado pa ra levan tar 0 tabernáculo , onde Yahweh haveria de m anifesta r a Sua presença; e ou tro tan to sucederia a ou tros m etais valiosos e a pedras preciosas.

A O rdem D rástica . A in d a que os is ra e lita s se de s fize sse m de seus o rna- m e n to s , in d ic a n d o um v e rd a d e iro a rre p e n d im e n to , a in d a a ss im a p re se n ça de Y a hw eh h a v e ria de c o n s u m i- lo s . E e s ta n d o s o b a a m e a ç a d e m o rte , os is ra e lita s d e s fiz e ra m -s e de to d a s a s s u a s jó ia s . E e s s a s jó ia s to rn a ra m -s e co ntribu ições forçad as p a ra a co n s tru ç ã o do ta b e rn á c u lo . A S e p tu a g in ta re- v e la que e le s ta m b é m s a c r if ic a ra m s u a s v e s te s , m a s 0 te x to h e b ra ic o não m e nc iona esse item .

Deus haveria então de tratar com eles reconhecendo seus corações, ao notar 0

arrependim ento e a boa fé deles. O resultado de tudo isso foi a renovação do Pacto Mosaico (ver as notas a respeito em Êxo. 19.1).

Page 160: At Interpretado- Êxodo

455ÊXODO

tipo de Cristo como Mediador. Yahweh continuava guiando e estava presente, embora não diretam ente no meio do povo, com o tinha sucedido no Sinai. O texto que ora consideramos registra um a revelação especial de Yahweh a Moisés, uma poderosa experiência mística. Ver no D icionário 0 artigo chamado M isticismo.

O Pacto M osaico (com entado em Êxo. 19.1) foi v iolado e vio lentam ente des- prezado pelo povo no incidente do bezerro de ouro (Êxo. 32). Mas tendo M oisés com o mediador, Yahweh aproxim ou-se de novo do povo de Israel e re instaurou e reafirmou aquele pacto. V er no Dicionário 0 artigo intitulado Pactos. Nessa renova- ção, novas tábuas de pedra foram dadas (Êxo. 34.1). A teofania apareceu e garantiu a presença de Yahweh, pelo que não haveria fa lhas e nem defeitos. O pacto mo- sa ico seria levado avante. A cena con tinuava sendo 0 m onte S inai. Yahweh fez um a ou tra aparição, posto que d ife rente . E à d ispensação m osaica foi conferido um novo ím peto . Ê xodo 33 a tu a com o um a espécie de p ré -cond ic ionador da reinstalação do pacto mosaico, 0 que é descrito em Êxodo 34. Nenhum pacto pode ser e fe tuado sem um aco rdo e sem um m ediador. Esse m ed iado r prec isa esta r qualificado, e 0 capítulo trin ta e três do Êxodo mostra-nos que Moisés tinha qualifi- cações espetaculares.

Os interesses de Moisés eram três: 1. Moisés queria saber quais eram as inten- ções de Yahweh em relação ao povo de Israel. Eles ainda ocupavam um lugar especi- al, apesar do lapso em que haviam caído (vs. 12)? 2. Moisés queria saber se a presen- ça de Deus continuaria a acompanhá-los, ou se estavam abandonados (vss. 15-17). 3. Moisés precisava ser renovado quanto à glória do Senhor, para que 0 povo se encora- jasse(vs. 18).

33.12

As intenções de Yahweh. Temos aqui a primeira coisa sobre a qual Moisés tinha inquirido. Continuava viável 0 êxodo e a marcha na direção da Terra Prometida, ape- sar do lapso de Israel na idolatria (cap. 32)? Yahweh continuava presente, disposto a guiar, conferindo segurança e sucesso? Deus mesmo havia dito: “Conduze 0 povo para onde te disse; eis que 0 meu Anjo irá adiante de ti" (Êxo. 32.34; 33.3), Contudo, Ele estaria guiando 0 povo mediante Seus mediadores, Moisés e os poderes angelicais. Para Moisés, a glória shekinah continuaria comum, e ele haveria de compartilhar dessa experiência com 0 povo. Isso seria 0 suficiente para realizar a obra.

Conheço-te pelo teu nome. Essas palavras enfatizam a comunhão íntima que Yahweh tinha com Moisés. Ele tinha vindo ao encontro dele na sarça ardente (Êxo.3.4), e novamente 0 chamara de dentro da nuvem JÊxo. 24.16). A lém disso, havia a glória shekinah diante da porta da tenda de Moisés (Êxo. 33.10). A presença de Yahweh estaria sempre com ele (Êxo. 33.14). E isso seria suficiente para 0 povo de Israel e para que se completasse a tarefa do êxodo.

33.13

Rogo-te que me faças saber.. . 0 teu caminho. C om qu anta fre q ü ê n - c ia e n fre n ta m o s p ro b le m a s p a ra o s q u a is p re c is a m o s de ilu m in a ç ã o . N ão basta serm os bem ve rsados nas E scritu ras ; tam bém nã o basta orar. A lgum a s veze s p rec isam o s do toq ue m ís tico da p re se n ça de D eus a fim de po derm os e n te n d e r 0 Seu p la n o e 0 m o d u s o p e ran d ! d e sse p lan o . O h, S enh or, con ce - d e -n o s ta l g raça ! A fé ch a m a -n o s à a çã o q u a n d o não po d e m o s ver. M as às ve z e s é um a g ra n d e a ju d a v e r a lg u m a c o is a ! É de p re s tim o s o a u x íl io se r te s te m u n h a do p o d e r de D eus. N en h u m ho m em é tã o fo rte que não p rec ise d e s s e t ip o de a ju d a , m e sm o q u e só o ca s io n a lm e n te . D eus se co n se rva em m e io às som bras, pa ra ve r 0 que po d e m o s fa z e r com os dons e a g raça que Ele nos tem o u to rg a d o . Ele nos dá o p o rtu n id a d e s e e sp e ra que usem os nos- sos p ró p rio s dons e po de re s . E le p rovê pa ra S eus f ilh o s um a boa ed ucação , e s p e ra n d o da pa rte d e le s qu e use m essa in s tru ç ã o . M as ao n o ta r que e les têm m a is p a ra fa z e r do q u e sã o c a p a z e s de fa z e r, E le sa i da s so m b ra s e provê a assistência divina.

Esta nação é teu povo. Em Ê xodo 32 .7 , Y ahw eh pareceu te r renegado a Seu povo, cha m and o-o de povo “de M o isé s” e não Dele m esm o. V er as notas exp os itivas sob re aque le ve rs ícu lo . A p r im e ira in te rcessão de M oisés lem brou Yahweh da relação especial que Ele m antivera com Israel com o um filho. Ver Êxo.32.7-14. Abraão, Isaque e Jacó tinham que ser levados em consideração, sem falar sobre 0 Pacto Abraâm ico (ver as notas expositivas sobre Gên. 15.18). Sendo esses fatos indiscutíveis, Moisés sentiu ser necessário que Yahweh reafirmasse Suas boas intenções no tocante a Israel, garantindo a Sua presença, para que a marcha até à Terra Prometida tivesse bom êxito.

33.14

A minha presença irá contigo. Israel não contaria com a presença de Yahweh, segundo se vira no monte Sinai. Isso foi demais para eles. No entanto, contariam com a presença de Deus, por intermediação de Moisés. Também haveria a teofania do Anjo. Não faltariam poder e iluminação. O texto ensina que sem a presença de Deus, são impossíveis quaisquer grandes projetos. De modo significativo, a inter-

33.9

Descia a coluna de nuvem. Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Coluna de Fogo e Nuvem. Talvez esteja em foco a coluna que guiava 0 povo de Israel. Ela mudava sua posição quando Moisés estava na tenda, porquanto descia. Isso servia de sinal de que Yahweh tinha descido para agraciar Moisés com a Sua presença, conferindo-lhe sabe- doria em tudo quanto ele tivesse de fazer e dizer. Os oráculos de Moisés eram verazes e eficazes. Ver Êxo. 19.16,20; 20.21 quanto à nuvem no cume do monte santo. Alguns eruditos imaginam que a nuvem ia e v inha entre 0 monte Sinai e a tenda, dependendo dos movimentos de Moisés; mas parece haver nisso um grande exagero. Muitos estu- diosos, com o é claro, interpretam alegoricam ente a questão, e não imaginam uma nuvem literal. Antes, pensam em termos de manifestação espiritual, e não de nuvens Sterais. Ver as notas sobre Êxo. 19.9 quanto à nuvem mística. A nuvem do monte Sinai, na opinião de muitos eruditos, não era a m esm a nuvem que dirigia 0 povo de Israel durante 0 dia (ver Êxo. 13.21). Seja com o for, ela servia de prova da presença de Yahweh com Moisés, e, portanto, com 0 povo de Israel. E isso seria a solução para 0

problema acerca da presença divina, levantado em Êxo. 32.34, bem como nas notas introdutórias a Êxo. 33.1.

A Shekinah (ver a fèspeito no Dicionário) talvez estivesse relacionada ao fenôme- no descrito neste trecho, e essa força poderia fazer parte dos fenômenos que acompa- nharam 0 tabernáculo, erigido mais tarde.

A nuvem talava, 0 que demonstra que estão aqui em vista a presença do Senhor e a comunicação de Yahweh.

33.10

O fenômeno de Moisés e sua tenda, sobre a qual descia a nuvem, excitava os sentimentos religiosos do povo de Israel, de tal modo que 0 lugar e as circunstâncias associadas a ela tinham um valor de adoração. Ver no Dicionário 0 verbete,Adorafão. A fé espiritual jam ais deveria ser apenas um a fonte de informação, e nem m esm o apenas uma fonte de ilum inação. As pessoas podiam encontrar solução para seus problemas consultando Moisés, mas tam bém deveriam ser um povo dedicado à ado- ração e ao louvor. A nuvem vinha e ia. Havia ocasiões de ilum inação e adoração especiais, e isso sempre foi uma verdade em todas as dispensações. Havia uma certa distância entre Yahweh e 0 povo, conform e era requerido pelas circunstâncias (Êxo. 32.34; 33.3). Cristo, na nova dispensação, fechou 0 abismo quase totalmente, embora Deus continuasse sempre transcendente. Deus será sempre algo diferente, e não mera proximidade. A eternidade toda, na glorificação, estará envolvida em uma busca cons- tante por maior proximidade, conforme os homens forem sendo transformados segun- do a imagem de Cristo, assumindo cada vez mais a natureza divina (Rom. 8.29 e II Ped. 1.4).

33.11

T e m os aqui a com unhão m ís tica em seu ponto m áxim o. V e r no Dicionário 0 a rtigo cham ado Misticismo. O tex to d iz -n os que Y ahw eh e M o isés eram am i- gos, e e s ta vam , com fre q ü ê n c ia , na co m p a n h ia um do o u tro . A ss im fo i que M oisés foi 0 m aior de todos os pro fe tas, e não ap enas um líde r s ignifica tivo. Cf. este versícu lo com Núm. 12.7,8. C ontudo, os vss. 18-23 sub linham 0 h iato que pe rm anecia en tre M o isés e Y ahw eh. A dem ais , há um a im en sa d ife rença entre C risto e M oisés, po is M o isés era apenas um servo na casa, ao passo que Cris- to era 0 Filho da casa. V er Heb. 3.2 ,5. No en tan to , M o isés era um servo extra- o rd in a r ia m e n te f ie l, e e s s e e ra um d o s s e g re d o s de s u a jn c o m u m e s p ir itu a lid a d e . M o isé s , co m o se rvo , fo i um m e d ia d o r e s p e c ia l (Ê xo . 19.9; 20 .19). V e r tam bém Deu. 34 .1 0 -1 2 . P ro fe ta s p o s te rio re s , com o é óbvio , tive - ram certo grau do acesso a Deus de que M o isés desfru tou, com o Isa ias (6.1-6) e E ze q u ie l (1.28).

A estatura de Moisés com o profeta fica dem onstrada pelo próprio fato de que podemos contrastá-lo e com pará-lo com Cristo. O que Moisés foi para a antiga dispensação, Cristo foi para a nova dispensação. Eles foram cabeças de importantes dispensações.

V is to que n in g u é m po de v e r a D eus em S u a e s s ê n c ia rea l (Jo ão 1.18), tod as as m a n ife s ta çõ e s d iv in a s e ram da teo fa n ia ou do A njo , ou de a lgu m a ou tra fo rm a v is íve l, m as ja m a is a essê nc ia d iv ina . V e r sob re am bos esses ter- m os no Dicionário.

O moço Josué. Na tenda de Moisés, antes do levantam ento do tabernáculo, estava Josué, e não Arão, com o seu prim eiro assistente. Mas não há explicações quanto às funções de Josué. Ele não era um sacerdote no sentido verdadeiro da palavra. Ver no Dicionário 0 artigo sobre Josué.

A Auto-revelação de Yahweh a Moisés (33.12-23)

Em Êxo. 32.34 e 33.3, encontram os 0 problem a da presença de Yahweh com 0 povo de Israel. Comentei sobre a questão na prim eira referência e nas notas introdutórias sobre Êxo. 33.1. Esse problem a foi aliviado por Moisés com o um mediador. Ver no Dicionário 0 verbete cham ado M ediação (Mediador). M oisés foi

Page 161: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO456

Eu te conheço pelo teu nome. Isso tam bém foi dito no vs. 12 deste capítulo, onde dou notas expositivas a respeito. Moisés tratou com Deus como um amigo. “Moisés foi recompensado por sua importunação. O povo de Deus, desse modo, achou graça diante de Seus olhos. Deus iria à frente deles, assim separando-os e distinguindo-os de todos os outros povos da terra. Agora, finalmente, Moisés estava satisfeito” (Ellicott, in loc.).

Os vss. 17-23 deste capítulo antecipam a teofania de Êxo. 34.5-9,0 desdobramen- to prático das promessas de Yahweh.

33.18

Rogo-te que me mostres a tua glória. Moisés estava sempre pronto para fazer outra petição audaciosa. Visto que Yahweh tinha prometido a Sua presença e orienta- ção, Moisés agora anelou por ver alguma manifestação especial de Deus. E pediu uma poderosíssima experiência mística. Moisés desejava que Deus se manifestasse de modo totalmente franco a ele. Então Moisés entenderia 0 caráter e 0 poder de Deus de uma maneira que não tinha sucedido ainda até ali. Yahweh satisfaria esse pedido, embora com limitações (vs. 23), pois uma revelação completa de Deus só aconteceria na etemi- dade, e como uma questão de progresso espiritual eterno, não podendo ser dado como um único acontecimento. Moisés estava pedindo demais, mas é melhor pedir demais, com sinceridade, do que não ser um inquiridor. É melhor pedir demais do que pedir a menos. É melhor crer demais do que crer a menos. Moisés anelava pela cha- mada visão beatilica (ver sobre isso na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia). Mas essa visão é uma questão de glorificação eterna, e não de um único acontecimen- to dentro do tempo. Essa experiência inclui a participação na natureza divina, de um filho com seu Pai celeste. As expectações de Moisés eram demasiadas para este lado da vida, mas seu zelo obteve para ele experiências tremendas, embora não tudo quan- to ele esperava. Ademais, 0 que ele havia esperado estava muito acima do escopo da experiência humana mortal. A lgo visível e glorioso haveria de ser dado, mas Moisés não veria a essência mesma da deidade, e, sim, alguma manifestação de D eus.“Tal- vez esse tenha sido 0 mais alto favor que já foi concedido a um ser humano, antes da encarnação de nosso Senhor* (John Gill, in loc.).

“ Em bora os hom ens não pudessem ve r a Deus, eles puderam contem pla r a g ló ria que in d ica va a Sua p re se n ça (Ê xo. 4 0 .34 ; Núm . 14 .10 ,22 ; 16.19; Eze.11 .23”) (O xfo rd A n n o ta ted Bible, sobre Êxo. 16.7). V e ro s com entá rios sobre 0

vs. 23 deste capítulo.

33.19

D e Acordo com as C ondições Divinas. Deus tem m isericórd ia de quem Lhe aprouver ter m isericórd ia . A von tade de Deus é soberana. Deus podia conceder ou não 0 pedido fe ito por M oisés. Deus não se sente obrigado a nada; m as Ele faz co isas que a judam os re tos, quando estes estão p reparados para tan to . A “bondad e” de Deus pa ssaria d ian te de M o isés, e isso tendo em vista 0 bem de M oisés. A visão seria um a m an ifes tação da san tidade de Deus, e operaria para 0 bem. A S eptuagin ta diz aqui p a ra m inha glória, mas isso é um a interpretação, e não um a tra duçã o . A ira de D eus t in h a -se aca lm ado . Agora E le m o stra ria a M oisés a Sua bondade, as Suas boas intenções, a Sua benevolência, tudo con- tido em Sua presença, v isando ao benefíc io tan to de M oisés quanto ao povo de Israel. H averia g rac ios ida de na p re se n ça de Deus. Seu nom e seria conhecido em Sua p resença . H averia um po der instrutivo, e não apenas um a experiência divertida.

O nome do Senhor. “ S enh or, S e n h o r D eus com pass ivo , c lem e n te e longânim o, e grande em m isericórd ia e fide lidade" (Êxo. 34.6,7). M oisés haveria de aprender certas co isas acerca do nom e de Deus, isto é, sobre Sua pessoa e caráter, naquela visão. As experiências místicas são noéticas, ou seja, dotadas de po der didático, que con fe re m à q ue les que as recebem a p lena ce rteza sobre certas coisas. O favor de Deus não é concedido arb itrariam ente, mas é dado de acordo com a vontade divina. Não obstante, este versículo garante-nos a nature- za benévola da vontade de Deus. Israel, que acabara de sair de uma grave falha contra 0 p rim eiro m andam ento , não m erecia qua lque r benevo lência da parte de Deus. Mas por causa de M o isés, os is rae litas haveriam de se r benefic iados. A justiça de Deus está sem pre presente, m as sem pre tem perada com 0 am or. Até m esm o 0 ju ízo é um dedo da am orosa mão de Deus. V er no Dicionário 0 artigo intitu lado Amor.

33.20

A face. A q u e s tã o que é d is c u t id a aq u i pe lo s e s tu d io so s é e xa tam e n te qu ão a n tro p o m ó rfic o 0 a u to r sa g ra d o se m o s tro u . P o d e ria se r que e le real- m ente pensasse que D eus te ria rosto e corpo fís icos, inclu indo costas (vs. 23)? Ou d e ve ría m o s to m a r a p a la v ra fa c e com 0 se n tid o de es s ê n c ia ? D eus não pode se r v is to pe lo ho m em (Jo ã o 1 .1 8 ). P o rta n to , no se n tid o que D eus não pode se r v is to , u sa m os a p a la v ra fac e . Em um ou tro se n tid o , to d a v ia , Deus p o de se r v is to , e, ne sse s e n tid o , u sa m o s a p a la v ra co stas . E ssa é a in te r- p re ta ç ã o m e ta fó r ic a do te x to . A q u e le s que in s is te m em l ite ra lid a d e (como

cessão de Moisés havia afastado a ameaça prometida em Êxo. 32.34 e 33.3. “ No hebraico, a palavra presença é face. Isso quer dizer que a plenitude de Deus, em Sua função de protetor e líder, continuaria a ser a força e a segurança do povo de Israel. O juízo no qual Deus Vira 0 rosto' tinha sido a fa s ta d o .. . O julgamento, afinal, é apenas 0 lado negativo da revelação!” (J. Edgar Pari<, in loc).

Eu te darei descanso. M oisés ficou m u ito ap reensivo diante da am eaça da re tirada da presença de Deus, com o tam bém pe la g igantesca tare fa que jaz ia à sua frente. Só a graça e 0 poder d iv inos poderiam da r a Israel 0 sucesso na em preitada. Mas havia descanso à frente, em que M oisés ficaria liberto de todas as ansiedades e vexam es. Esse descanso s ign ifica ria sucesso e a cessação de labores. A M oisés foi prom etida a v itória fina l, que lhe daria descanso. A esposa do fam oso escritor brasileiro, Jorge Amado, disse que aquilo que mais dá descanso a um escritor é quando seu livro está nas mãos do editor, pronto para entrar no prelo. Assim acontece em todo projeto. O descanso vem com 0 sucesso final. Até aquele ponto temos labor e ansiedade.

“A própria Terra Prometida era esse descanso.. . 0 que era típico daquele descan- so eterno que espera pelo povo de Deus no céu, sendo um puro dom de Deus” (John Gill, in loc.). Ver Heb. 3.11,18; 4.1,11.

33.15

O Sine Q ua Non. Todos nós tem os nossas lim itações e condições. Coisa ai- gum a do que fazem os de im portan te de ixa de te r suas con dições. M oisés tinha uma grande condição relativa à sua tarefa. Ele precisava da presença de Deus que 0 acom panhasse. De ou tra sorte, de nada ad iantaria prossegu ir. Esse era 0 seu sine qua non (sem 0 que, não !). Y ahw eh concordou com 0 ped ido de M oisés, sabendo que ele estava com a razão. Portanto, a presença e a ilum inação divinas esta riam com ele. Essa seria a força de M oisés, bem com o 0 fa to r que lhe daria coragem e entusiasmo para a sua tarefa.

33.16

N ão H á A vanço sem D eus. A m assa do povo de Israel não sen tia a urgên- c ia que M o isés sen tia . Q ue im p o rtâ n c ia tin h a pa ra e les a p re se n ça de Deus? Eles es tavam fe lize s em seu s v íc io s e em seu m a te ria lism o . “M o isés p re fe ria m o rre r on de e s ta va do que c o n tin u a r d a n d o um p a sso sem D eus. D eus vai com qu a lq u e r um, até m esm o com 0 m a is fra co e m a is te m e ro so , que qu e ira tê -L o com o seu g u ia ” (J. E d g a r P ark , in loc ., re fe r in d o -s e ao P ere g r in o , de João Bunyan).

Guia-me, ó grandioso Yahweh,Peregrino que sou nesta terra estéril.Sou fraco, m as Tu és poderoso.Segura-m e com Tua poderosa mão.

Abre agora a fonte cristalina,D e onde fluem as águas curadoras.Que a coluna de fogo e de nuvem Guiem-me até 0 fim da jornada.

Q uando eu p isar na beira do Jordão,Desapareçam todos os meus temores.Sustém-me na correnteza revolta,E faz-me chegar seguro em Canaã.

(William W illiams)

Somos separados. Separados de todos os povos, um povo distintivo, no meio de quem operava de m odo especial 0 poder e a vontade de Deus, tudo 0

que eram lições objetivas acerca da cam inhada espiritual. Israel era um povo salvo dos idólatras e das corrupções morais dos povos: um a obra diferente de Deus.

33.17

Disse 0 Senhor a Moisés. A resposta do S enhor fo i um “s im ” . M oisés tinha fa lado com veracidade, e Y ahw eh, Seu am igo, reconheceu esse fa to . Portanto, concordou com as pe tições de M o isés, sem qu a lq u e r lim itaçã o ou cond ição . O Pacto M osaico foi re insta lado , teo rica m e n te fa la ndo . Ê xodo 34 nos m ostra a reinstalação form al do Pacto M osaico, na outorga das novas tábuas de pedra, em substituição àquelas que Moisés havia partido, em seu acesso de ira (Êxo. 32.19). A presença divina, segundo Deus am eaçara, poderia se r rem ovida (Êxo. 32.34; 33.3). Mas isso acabou não sucedendo. Antes, haveria a prov isão e 0 poder divi- nos. Yahweh agradou-se com Moisés. Sua persistência prevalecera para benefício do povo de Israel.

Page 162: At Interpretado- Êxodo

457ÊXODO

mais avançada. . .as mais plenas e brilhantes exibições de Sua glória, graça e bonda- de estào resewadas para 0 outro estado; ver I Cor. 13.9,12; I João 3,2” (John Gill, in loc.).

Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 verbete intitulado Visão Beatífica. Essa visão não consiste somente em vermos Deus. Pelo contrário, envolve um alto grau de transformação segundo a imagem de Cristo, para que possamos compartilhar da natureza divina (II Ped. 1.4). Ver também Rom. 8.29 e I João 3.2. A mais elevada verdade espiritual de que dispomos é a de que podemos participar da própria natureza divina, pois vamos sendo transformados de um estágio de glória para outro, segundo a imagem do Logos, mediante 0 poder do Espírito Santo (II Cor. 3.18). Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 artigo intitulado Transformação Segundo a Imagem de Cristo.

Capítulo Trinta e Quatro

R estabelec im ento do Pacto (34.1 - 35.3)

A s Segundas Tábuas da Lei (34.1-9)

O povo de Israel tornara-se culpado de um clamoroso pecado de idolatria, no caso do bezerro de ouro (Êxo. 32). Moisés quebrou as tábuas de pedra orig inais, onde estavam inscritos os Dez Mandamentos ou decálogo (Êxo. 32.19). Essa viola■ ção simbolizou 0 fato de que 0 Pacto M osaico (ver as notas expositivas em Êxo. 19.1) tinha sido anulado e estava agora sem efeito. A presença de Yahweh, por isso mesmo, se havia retirado (Êxo. 32.34 e 33.3; ver as notas a respeito na primei- ra dessas referências e em Êxo. 33.1). A presença de Deus precisava ser restaura- da em grau suportável pelo homem, e isso Yahweh concedeu, por motivo da obra de Moisés como mediador e intercessor (Êxo. 33.13 ss.). A restauração da presen- ça d iv ina s ignificou que 0 Pacto M osaico podia ser reafirmado. Mas agora a ex- pressão das tábuas da lei foi dada com o um desdobram en to que os intérpretes apodam de decálogo ritual (vss. 14-26). Cf. Deu. 10.1-5. As leis que aparecem na seção à nossa frente estão ligadas aos segm entos cúlticos do código do Pacto Mosaico (ver Êxo. 20.21,26; 22.18 - 23.19), e não diretamente ao decálogo origi- nal. A maioria de suas provisões são paralelas àquelas de Êxo. 23.13-19 (cf. Êxo.34,14-26). Existem duplicações virtuais: Êxo. 34.17 = Êxo. 20.23; Êxo. 34.19,20 = Êxo. 22.29,30.

O utras renovações foram registradas em Deu. 5.2,3; 29.1; Jos. 24.25; II Reis 23.21-27" (John D. Hannah, in loc.).

34.1

“A renovação do pacto teve por sinal a reescrita dos dez mandamentos” (Oxford Annota ted Bible, in loc.). Ver as notas introdutórias a esta seção, acima, quanto a detalhes e várias referências que esclarecem a questão. As tábuas de pedra origi- nais foram quebradas por Moisés quando ele irou-se d iante do caso de idolatria referente ao bezerro de ouro (Êxo. 32.19). S imbolicamente, aquele lapso anulara 0 Pacto Mosaico (ver as notas em Êxo. 19.1), e agora era m ister a renovação do mesmo.

“O pecado sempre nos faz perder alguma coisa, mesmo quando perdoado” (Ellicott,in loc.).

Moisés teria de fazer 0 trabalho de esculpir as tábuas de pedra. No primeiro caso, isso foi trabalho de Yahweh. As palavras “eu escreverei nelas” subentendem que 0

dedo de Deus comporia a escrita no segundo jogo de tábuas de pedra. Ver Êxo. 31.18. Mas alguns eruditos pensam que vêem aqui uma obra de escrita delegada por Deus a Moisés, ou, então, um ditado feito por Deus a Moisés. O trecho de Êxo. 34.27,28 parece indicar que 0 trabalho de escrita foi todo feito por Moisés. Cf. Deu. 10.1-4, onde se lê que Yahweh fez esse trabalho.

A Nova Subida de Moisés. Moisés precisou subir de novo 0 Sinai, sozinho (vs. 3). A transação era entre ele, 0 mediador, e Yahweh. Nisso ele serviu de tipo de Cristo, 0 Media- dor do Novo Pacto. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Mediação (Mediador). Há tarefas que somente indivíduos específicos podem realizar. Cada pessoa tem uma missão ímpar, mas algumas vezes é preciso tempo para que 0 homem se prepare para que saiba qual é a sua missão, e, então, possa cumpri-la devidamente.

No cum e do m o n te . Em outras palavras, 0 mesmo lugar de antes. Ver Êxo. 19.20; 24.1,18. E, quanto aos quarenta dias, ver Êxo, 34.28.

Este versículo, de m aneira menos dramática, dá-nos 0 mesmo tipo de cena que a ch a m o s em Êxo. 19 .1 2 ,1 3 , E le tam bém de ixou ide m enc iona r tod as as chamas e terrem otos da primeira cena (Êxo. 19.16 ss.). É provável que ele espe­

2s m ó rm o n s e c e r ta s re lig iõ e s a n t ig a s ) e n v o lv e m -s e em um p e sa d o gitropom orfism o (ver a respeito no Dicionário). Os eruditos do hebraico histórico r io rm am -nos que 0 autor reflete aqui um período da teologia dos hebreus quando נ antropomorfismo fazia parte integrante do pensamento deles. Nesse caso, pode- ■tos afirm ar que 0 autor acred itava que Y ahw eh tinha face e costas, em sentido àeral. A teologia cristã nos levou para longe disso, com seu mais elevado conceito Se Deus.

Em Cristo, a face de Deus foi e é v ista pe los hom ens da m aneira mais clara possível, até onde ela pode ser v is ta neste lado da v ida. João 1.18. Assim , ne- nhum hom em pode ver a Deus, mas C ris to O revelou. Cf. João 14.8,9, O Novo Testam ento nos fez avança r muito em re lação ao A ntigo T e s tam ento quanto a THjitos pontos doutrinários; e não nos deveríam os surpreender por descobrir que, tocante a este versículo, haja grande avanço no entendim ה0 ento acerca da natu- eza de Deus, C״ om o é óbvio , a in d a te re m o s que a va n ça r m u ito para saber 0

3astante acerca do M ysterium Tremendum . Ver a Encic lopédia de Bíblia, Teoio- p ia e Filosofia quanto a esse título.

H om em n e n h u m ve rá a m in h a fa ce , e v iv e rá . É bem provável que se um homem fosse transportado até à p resença de Deus não res istir ia ao choque de energia, e nem resistiria ao am biente em que vive 0 Ser divino. Um ser hum ano não poderia sobreviver fis icam ente na presença de Deus. Outro tanto, provável- mente, é verdade no tocante à sua atual energia espiritual, que terá de sofrer gran- de transformação, antes de poder agüentar estar na presença do Senhor. Possuí- mos um certo vocabulário com 0 qual especulam os acerca dessas realidades, mas de fato, nada conhecemos de prático acerca delas.

33.21,22

Eis aqu i um luga r. Encontramos aqui a idéia de proteção em um lugar. Pros- segue, pois, 0 antropomorfismo. Certo local, em uma rocha, ofereceria proteção a Moisés, quando Yahweh passasse. Moisés teria de postar-se atrás de uma certa rocha. Então, passando 0 Senhor, Moisés veria a Ele por meio de uma fenda na rocha, pois assim não sofreria 0 pleno impacto da energia divina, ao passar perto dele. Não contemplaria a face de Deus, mas veria, em um relance, 0 Senhor, pelas costas. Yahweh cobriria Moisés com a Sua mão protetora. Se quisermos entender 0 texto poética e metaforicamente, então “aqui há muitos mistérios” . Se tentarmos entendê-lo literalmente, então haverá “mais mistérios ainda". Não basta sabermos que Deus pode revelar-se e realmente revela-se aos homens. Sabemos a respeito da nuvem mística. Ela faz parte de certas experiências místicas. Também sabemos acerca da presença divina, que m ete medo, que faz tremer, que deixa aterrado, que purifica e ilumina. Mas afinal, uma das categorias ou descrições místicas é a da experiência mística, a qual, quando é de elevada ordem, é essencialmente não- verbal, inefável. Sendo esse 0 caso, não som os capazes de fazer muito mais, atra- vés de descrições, do que fez 0 autor deste texto bíblico. Podemos dizê-lo de forma diferente, mas ainda assim deixaremos nossos leitores ou ouvintes a indagar 0 que estaríam os querendo dizer. E isso não nos deve admirar, pois nós m esm os não temos idéias claras e nem palavras capazes de expressar essas noções indistintas. ‘ . , .um homem pode conhecer a sua vontade, mas não pode perscrutar 0 mistério dessa vontade” (J. Edgar Park, in loc.).

“A linguagem hum ana, por sua p ró p ria na tu reza , é incap az de exp ressa r as sublimes verdades espirituais, pelo que, necessariam ente, reveste essas ver- dades com um tra je m a teria lis ta , e s tranh o à sua n a tu re za e té rea " (E llicott, in loc.).

“Embora empregando ousados antropomorfismos (a mão e as costas do Senhor) a história enfatiza que Deus permanece oculto mesmo quando se revela” (Oxford Annotated Bible, in loc).

O belo hino intituiado Rocha Eterna está baseado neste texto bíblico. Essa rocha protetora é Cristo, fendida por nós na cruz, em sacrifício expiatório.

Rocha eterna, foi na cruz Que morreste Tu, Jesus;Vem de Ti um sangue tal Que me limpa todo mal;Traz as bênçãos do perdão;Gozo, paz e salvação.

(Augustus M. Toplady)

33.23

Uma vez removida a mão protetora de Deus, Moisés pôde ter um vislumbre das costas de Yahweh, um certo grau de glória que ele pôde suportar e sobreviver. Portanto, houve revelação, mas em um grau suportável e compreensível para 0 ser humano.

Assim sucedeu a Moisés, e isso sem pre será verdade, em bora a eternidade toda venha a dar-nos oportun idade de ir adqu irindo cada vez m a io r ilum inação (ver sobre isso no D ic ionário). E ass im irem os sabendo mais e mais sobre 0

M ysterium Tremendum. Isso posto, perm anece um mistério em meio à revelação

Page 163: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO458

O Pecado S egue a Descendência de um a pessoa, até à quarta geração. Esse é um dos aspectos da colheita segundo a semeadura. Ninguém é uma ilha, e os peca- dos de uma pessoa podem projetar-se às gerações seguintes, em seus resultados e punições aqui descritos. Já vim os uma declaração parecida em Êxo. 20.5, onde da- mos notas expositivas. Nem por isso é anulada a responsabilidade do indivíduo. Ne- nhum homem inocente sofrerá de trim ento quanto ao bem -estar de sua alma, mas pode ser apanhado em circunstâncias adversas, por causa de seus antepassados. Logo, 0 castigo contra 0 pecado pode prosseguir mediante circunstâncias e adversi- dades que foram criadas por outras pessoas. O trecho de Eze. 18.29 mostra 0 ponto de equilíbrio nessa questão. Cada pessoa levará sobre si a sua própria iniqüidade. Um filho não pode levar a iniqüidade de seu pai, e nem um pai pode levar a iniqüida- de de um seu filho. Mas podem haver condições contrárias, postas em ação pelos ancestrais de uma pessoa, até à quarta geração. Tam bém parece haver em opera- ção um a espécie de dívida “kárm ica” que atravessa nações e fam ílias. As dívidas assim criadas de an tem ão podem ser pagas por descendentes daqueles que as criaram, visto que a vida e a história espiritual das pessoas formam uma espécie de em preendim ento com unitário. Um hom em é um indivíduo, mas tam bém é membro da raça hum ana e de um a fam ília dentre a humanidade. Há participação no bem e no mal. Ver tam bém Núm. 14.18; Deu. 5.9.

34.8

Uma adoração m arcada p e la expectação resultou desse novo contacto com Yahweh, 0 que, para Moisés, serviu de um a nova revelação acerca dos atributos positivos e saivatic ios do Senhor, Essas palavras eram do tipo de palavras que Moisés, 0 m ediador do Pacto Mosaico, desejava ouvir. Agora ele podia atirar-se à sua incum bência com coragem e en tusiasm o. A bondade de Deus prevaleceria, apesar de inevitáveis lapsos em vários pecados. De algum modo, 0 bem sempre acaba predominando sobre 0 mal. De algum modo, 0 bem acaba redundando do mal. Moisés, na presença de Yahweh, sentiu ali a Sua bondade.

34.9

Segue em nosso meio conosco. Assim pediu Moisés, se era que Deus ainda tinha Israel em Seu favor. A presença divina se havia retirado por causa da queda de Israel na idolatria (Êxo. 32.34 e 33.3, com notas na primeira dessas referências e em Êxo. 3.1 e 3). A presença de Deus foi restaurada (Êxo. 33.14), e uma nova segurança foi conferida a Moisés, conforme vemos neste versículo.

Dura cerviz. Essa expressão é freqüentemente usada para caracterizar 0 povo de Israel. Há notas a respeito em Êxo. 32.9, onde dou referências sobre outras suas ocor- rências. Apesar dessa merecida caracterização, sempre haveria 0 perdão, pelo que 0

plano de Deus teria continuidade, mesmo que os israelitas flutuassem entre 0 bem e 0

mal. Mas 0 ser humano é assim mesmo, inconstante, e Yahweh sabia das fraquezas deles e os amava, a despeito de tudo.

Toma-nos por tua herança. Israel era filho de Yahweh (Êxo. 4.22), e agora apare- ce como a herança Dele. Dentre todas as nações, Yahweh tinha herdado Israel como sua possessão espiritual, 0 povo por meio do qual Ele queria manifestar os Seus atributos, um instrumento que pudesse usar tendo em vista a salvação de todos os outros povos, uma vez que 0 Messias, Jesus Cristo, fosse enviado. Ver Deu. 4.20 onde é reiterada essa mesma idéia, lembrando-nos que exatamente por essa razão 0 povo de Israel havia sido libertado da servidão egípcia.

34.10

Uma aliança. A aliança ou pacto mosaico já havia sido firmado, mas agora era restaurado. Ver as notas em Êxo. 19.1 quanto ao Pacto Mosaico. Ver no Dicionário 0 verbete intitulado Pactos.

O próprio Pacto M osaico previa e requeria prodígios, ou seja, acontecimentos incomuns e miraculosos que os homens devem atribuir a Yahweh. Os adversários de Israel seriam míraculosamente expulsos da Terra Prometida (vs. 11), 0 território que Deus havia dado a Abraão (Gên. 15.13 ss.).

Outras maravilhas teriam lugar, incluindo as provisões miraculosas em favor de Israel, no deserto, relativas ao incidente das serpentes venenosas, as vitórias miraculosas inesperadas sobre inimigos e os sinais divinos ao longo do caminho. Israel experimen- taria uma surpresa após outra.

Cousa terrível. Um a de c la raçã o ba stante vaga, im possíve l de ser defin ida com precisão. Ta lvez a re ferência seja geral. A presença de Yahweh seria com o um terror, que se m anifesta ria por meio de M oisés, para am igos e inim igos igual- mente. Moisés seria um a figura espantosa. Lem brem o-nos de que quando Moisés desceu do monte, seu rosto brilhava, ta lvez sim bolizando todo 0 seu avanço espi- r itua l (ve r Êxo. 34 ,35). D eus c a u sa ria pân ico a tra vé s do suce sso r de M o isés, Josué, 0 que assustaria as nações que deveriam ser expulsas. Assim, Josué da- ria prossegu im ento à herança de M oisés. V er Núm. 21.33-35; 22.3; Jos. 2.9-11. Cf. Deu. 10.21; Sal. 106.22; 145.5.

rasse que seus leitores se lembrassem daquelas descrições, supondo que tais fenôme- nos tiveram repetição.

Hom ens e an im ais tinham que m anter-se a fastados, po is havia 0 perigo de serem consum idos pelos terrores da cena, conform e podem os lem brar terem sido descritos em Êxo. 19.16 ss. As leis antigas não perm itiam que os anim ais invadis- sem áreas sagradas. No presente caso, porém, muito mais estava envolvido. Moisés precisava sub ir ao monte inte iram ente só. Nem_mesmo Josué pôde sub ir parte do cam inho, conform e tinha feito na prim eira vez (Êxo. 24.13). Deus havia revelado a Sua glória a M oisés de um a m aneira especia l (Êxo. 33 .21-23); e agora, com o um homem especial, subiu inte iram ente só, a fim de renovar 0 pacto.

“Antes, Arão e seus dois filhos, bem como setenta anciãos de Israel, tinham subido com Moisés, em bora não se tivessem aproxim ado tanto do Senhor quanto ele; mas agora, tendo pecado no tocante ao bezerro de ouro, embora tivesse havido reconcilia- ção, não tiveram permissão de subir com ele” (John Gill, in loc.).

34.4

M oisés esculp iu em pedra as duas tábuas, s im ilares às duas prim eiras. Com as pedras prontas e inscritas, ele subiu ao m onte S inai, ao encontro de Yahweh. Os intérpre tes judeus pensavam que ele haveria de perm anecer ou tros quarenta d ias e quaren ta no ites no m n te (Exo. 3 4 .28 ,4 0 ), po is qua ren ta era um núm ero fixo para ind ica r tes tes ou p rovações. V er no Dicionário 0 a rtigo in titu la do Q u a - renta.

34.5

A nuvem mística voltou, algo sobre 0 que com ento em Êxo. 19.9. Essa nuvem, provavelm ente, não era a m esm a que guiava 0 povo de Israel durante 0

dia. Ver no Dicionário 0 verbete Colunas de Fogo e de Nuvem. Antes, essa nuvem era uma manifestação divina distinta, que acompanhava a presença de Yahweh. A procla- mação do nome do Senhor não foi proferida por Moisés. Os vs. 6 e 7 dizem que 0

próprio Yahweh fez essa declaração. Essa proclamação foi uma revelação do nome de Yahweh, ou seja, uma descrição de Seu caráter e de Seus atributos. Cf. Êxo. 33.19, que é trecho similar.

34.6

Yahweh passou diante de Moisés. Tem os aqui um a in form ação sim ilar à de Êxo. 33.22. Mas Moisés não precisou ocu ltar-se na fenda de um a rocha, e nem 0

Senhor precisou cobrir Moisés com uma de suas mãos. Talvez devemos subentender aqui aqueles detalhes. Ver Êxo. 33.21-23, onde por certo achamos um trecho paralelo, embora dentro de um engaste histórico diferente.

Senhor, Senhor Deus. Em hebra ico , Yah w eh, Yah w eh-E loh im , que não eram nom es novos. M as aqui é re ve lado que a esses nom es es tão v incu lados os a tr ibu to s ind isp ensá ve is da m ise ricó rd ia , da bondade, da longanim idade , do perdão de pecados, porquanto Israel haveria de benefic iar-se desses atributos. Grande era a necessidade deles, por terem deslizado para a idolatria (Gên. 32).

“Na sarça ardente, Deus tinha revelado 0 Seu caráter eterno e auto-exístente; ao descer sobre 0 Sinai (Êxo. 19.16-19 e 20.18-21), Deus tinha mostrado quão terrível Ele é; e agora, no ato de perdoar Seu povo, acolhendo-os novamente em Seu favor, Ele tomava conhecido os Seus atributos misericordiosos” (Ellicott, in loc.).Palavras hebraicas usadas para indicar os atributos de Deus:

fíakhurrr. Aquele que é temo ou compassivo.Khannurrr. Aquele que é gentil e gracioso.Erek appayim: Aquele que é longânimo.Rab khesed. Aquele que é grande em misericórdia.NotserKhesed Aquele que guarda misericórdia,Nose ‘a m Aquele que perdoa a iniqüidade.

Contudo, quem é culpado não pode ser liberado caprichosamente. É mister que seja perdoado e restaurado.

Alguns ou todos esses atributos de Deus são citados por sete outras vezes no Antigo Testamento: Núm. 9.17; Sal. 86.15; 103.8; 145.8; Joel 2.13; Jon. 4.2, onde acha- mos listas similares. Ver no Dicionário os artigos chamados Amor, Perdão; Longânimo e Misericórdia (Misericordioso).

34.7

O perdão dado p o r Yahweh é am plo e irrestrito, em bora Ele não perdoe Incondicionalmente. E m ister que haja arrependim ento. Adem ais, os efe itos do pecado continuam , m esmo quando ocorre 0 perdão, pois um homem precisa colher aquilo que semeia. Ver no Dicionário 0 artigo Le i M ora l da Colheita segundo a Semeadura.

O am or de Deus perdoa m uitos e m uitos m ilhares de pessoas, exatamente por serem aqueles sobrecarregados de pecados que se mostram arrependidos. “ Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rom. 3.23).

Page 164: At Interpretado- Êxodo

459ÊXODO

casar-se, e assim poderia haver casam entos m istos com pagãos (vs. 16), 0 que só serviria para promover mais idolatria e apostasia.

“A assinatura de tratados com idólatras levaria ao envolvimento em suas refeições sacrificiais (Êxo. 34.15), e a casamentos mistos com suas filhas, muitas das quais não passavam de prostitutas cultuais ou prostitutas fisicas em favo r das suas divindades (Osé. 34.15)” (John D. Hannah, in lo c ).

O mau exemplo de Salomão foi muito significativo. Ver I Reis 11.1 -8. A contamina- ção, mui naturalmente, resulta do contacto com 0 que é profano. Aquelas coisas que nos cercam, aquelaas coisas a que dam os atenção, aquelas coisas que ocupam 0

nosso tempo, nossa leitura, nossas atividades, nossos empreendimentos, essas coisas podem fazer de nós pessoas melhores ou pessoas piores.

O s casamentos mistos são um cam po especialmente fértil do sincretismo (Deu.7.3,4)” (J. Edgar Park, in loc.). Isso posto, essas proibições acerca de contactos com a adoração pagã estavam alicerçados sobre 0 tem or do poder sedutivo da idolatria (ver Êxo. 23.24). Cf. 0 p rob lem a ne o tes ta m en tá rio dos crentes com erem coisas oferecidas a ídolos, uma continuação daquele antigo problema, em I Cor. 10.27,28. O problem a haverá de prosseguir, com m aior ou m enor gravidade, enquanto hou- ver ido la tria capaz de a tra ir as pessoas, 0 que acontece m esm o nas m odernas formas de idolatria.

Suas filhas prostituindo-se com seus deuses. Aqui, a idola tria é re trata- da com o um a fo rm a de adu lté rio e pros titu ição . Na ido la tria pagã, a p rostitu ição era um ingrediente inevitável, e as prostitutas cu ltua is eram pessoas de prestígio socia l, v is to que serv ia m aos te m p lo s e ao cu lto , e sacrif ica vam seus próprios co rp o s p a ra m a n u te n çã o de su a fo rm a de cu lto . E x is te um a d u lté rio esp ir itua l claro na idola tria . Esp iritua lm ente, as pessoas se prostituem com a idola tria , ou, en tão, unem -se ao S enhor, q u ando adoram a D eus em E spírito e em ve rdade (João 4.23).

34.17

Não farás para ti. Uma lei expressa foi baixada contra 0 fabrico de imagens, para que ninguém pensasse que fazer um a im agem de maneira diferente não violaria 0

primeiro mandamento. As imagens podiam ser esculpidas ou fundidas. Ambas as ma- neiras de confecção estavam proibidas. Talvez 0 bezerro de ouro (Êxo. 32) tivesse sido fabricado de acordo com ambas as técnicaas, ou seja, primeiro fundido, e depois escul- pido. Cf. Êxo. 20.4-23, onde as duas técnicas de fabricação estão em pauta. Objetos esculpidos estavam proibidos; objetos fundidos, igualmente, sem importar se feitos de ouro ou de prata.

Fundidos. “Feitos de metal fluido, de ouro, de prata ou de bronze, que era então derramado em um molde. Objetos fundidos são aqui especialmente mencionados, por ser provável que assim fossem feitos os deuses dos cananeus, e, especialmente, por- que, ainda recentemente, assim tinha sido fe ito 0 bezerro de ouro, que foi adorado como uma imagem fundida” (John Gill, in loc.).

As Três Festas (34.18-28)

34.18

A festa dos pães asmos. V er no D icionário 0 artigo detalhado sobre esse título. A descrição deste versículo é idêntica à de Êxo. 23.15, onde as notas devem ser examinadas. Essa festividade veio a ser associada à páscoa, sendo mencio- nada pela primeira vez em conexão com aquele evento, embora a maioria dos eruditos pense que ela tenha uma história independente. Ver Êxo. 12.14 ss. e a introdução ao capítulo doze de Êxodo. As três observâncias, a páscoa, os pães asmos e a dedicação dos primogênitos, acabaram historicamente identificadas, 0 que é discutido nas notas acima referidas.

As Três Festas Anuais: a Páscoa, os Pães Asm os e 0 Pentecostes. Os estatutos acerca dessas festas são idênticos àqueles dados e anotados em Êxo. 23.14-17. Cada uma dessas festas merece um artigo no D icionário. Os vss. 18-26 tratam aqui sobre 0

calendário religioso. Ver tam bém no D icionário 0 artigo intitulado C alendário Judaico. Quanto ao resgate dos primogênitos, ver as notas sobre Êxo. 34.19,20.

34.19

A lei sobre os primogênitos duplica aquilo que já tínhamos visto em Êxo. 22.30. Os primogênitos, tanto de homens quanto de animais, precisavam ser redim idos porque pertenciam ao Senhor, para que então pudessem empregar-se em outras atividades. Os primogênitos dos homens foram substituídos pela tribo de Levi, que assim se tomou a casta sacerdotal de Israel. Todos os animais, exceto 0 touro e 0 carneiro, podiam ser redimidos. Esses dois animais precisavam ser sacrificados a Yahweh, tal como perece- ram os primogênitos do Egito. Quanto a notas completas sobre os Primogênitos, ver as notas introdutórias a Êxo. 13.1 e as notas sobre Êx. 13.1,2. A páscoa, os pães asmos e a dedicação dos primogênitos foram associadas entre si, por causa da circunstância que foram vinculadas por ocasião da saída de Israel do Egito, mediante a décima praga, a

34.11

O utra L ista de N ações que S eriam E xpulsas. C f. esta com as listas em Êxo. 3.8,17; 23.23; 33.2; Deu. 7.1; Jos. 3.10; 24.11. A lgum as vezes, essa lista inclui dez pequenas nações, como em Gên. 15.21, e, de outras vezes, tão poucas quanto ape- nas seis, como neste versículo. Todos esses nom es merecem artigos separados no D icionário. Uma das maravilhas que Deus faria era expulsar aquelas tribos ferozes a fim de que 0 povo de Israel pudesse en trar na posse da terra prom etida a Abraão. Isso fazia parte integral do Pacto Abraâm ico, conform e dem onstro nas notas gerais sobre esse pacto, em Gên. 15.18.

A Lei. Desdobramento do Decálogo (34.12-28)

34.12

Abstém-te de fazer aliança. Israe l não p o d ia e n tra r em aco rd o s com os povos c ircunviz inhos. Y ahw eh era con trá rio à coab itação pacífica . E le resolvera que aquelas nações idó la tras e in íquas não corrom periam um povo já debilitado com o era Israel. Nos dias de Salom ão, fina lm ente , essa expu lsão de povos pa- gâos estava quase com p le ta . To dav ia , não m u ito depo is d isso , as co rrupçõ es in te rnas de Israel leva ram -nos a p ra tica r aq u ilo que as in fluê nc ias ex te rnas ti- nham qu erido que e les fizesse m . F in a lm en te , v inda s de fora , as po tênc ias es- trangeiras da época, a A ssíria e a Babilôn ia, in fling iram cative iros, prim eiram en- te à nação do norte, Israel, e m enos de du zen to s anos depois, à nação do sul, Judá, por causa dos muitos pecados e lapsos do povo de Deus. P or conseguinte, a ta re fa de Israel nunca se com p le tou , m as an tes , es te ve sem pre em risco de fracassar. No entanto, a nação de Israel p roduziu 0 M essias, 0 qual foi a m aior realização do antigo povo de Deus.

Esta passagem é paralela a Êxo. 23.24 ss. Deus toleraria os cananeus, povos que eram aborígenes da região, até que a taça da iniqüidade d e sses j»vos estivesse cheia. E somente então os expulsaria do território, por haver chegado 0 t’empo do julgamento dos mesmos. Parte desse julgamento consistia em perderem seus territórios para Israel (Gên.15.16 ss.). Ver também Exo. 23.33 quanto à essência do versículo à nossa frente, onde são oferecidas notas expositivas. Ver também os vs. 15 e 16 deste capitulo. Havia muitas aim adlhas tipicamente gentílicas que poderiam anular todo 0 trabalho de cultivo de Yahweh com 0 povo de Israel.

34.13

A s N ovas Tábuas do D ecálogo (os D ez M andam entos; ver no D icionário) estavam prestes a ser entregues. A mensagem o ra l de Yahweh representa uma ex- pansão e multiplicação daquelas leis. Portanto, a partir dos vss. 13-17 temos uma ex- pansão do prim eiro m andam ento (ver Êxo. 20.2,3). Para que a idolatria fosse adequa- damente combatida, faziam-se necessárias m edidas preventivas. Ao entrar na Terra Prometida, os israelitas deveriam destruir todos os vestígios da idolatria, a fim de reduzir ao máximo a tentação. O povo de Israel já tinha, em seus corações, bastante corrupção interior, pelo que não seria preciso grande tentação para induzi-los a expressar essa corrupção sob a form a de idolatria.

Em Êxodo 23.24 já havia sido baixada a ordem para serem quebradas as imagens de escultura. Os bosques eram lugares favoritos para 0 povo entregar-se aos ritos idólatras. Ali eram erigidos altares, e as pessoas iam até àqueles lugares aprazíveis para praticarem 0

seu culto. E ali também havia aqueles postes-ídolos que comemoravam ritos pagãos, os quais teriam que ser derrubados. Ver Juí. 2.13. Os patriarcas de Israel tinham erigido colu- nas, mas em honra a Yahweh. Ver Gên. 28.18; 31.13; 35.14. Ver Deu. 7.4 e 12.3 quanto a regulamentações sobre 0 sincretismo e sobre lugares próprios para 0 culto. As ü ix is cananéias erigiam postes em honra à deusa Aserá, consorte de Baal. Ver II Crô. 14.3. A arqueologia tem mostrado quão prevalentes eram os bosques sagrados, alguns deles artificiais, planta- dos e cultivados pelos fenidos, assírios, babilônios e outros povos vizinhos de Israel.

34.14

Este versículo repete essencialmente as palavras do decálogo, em Êxodo 20.3,4, e adiciona uma nota sobre a natureza zelosa de Yahweh, como se vê em Êxo. 20.5. Ver aquelas referências e suas notas quanto a completas informações. Declarações como esta envolvem-nos no Antropom oríism o (ver a esse respeito no Didonário). A passagem fala em exclusividade, como se a nação fosse a esposa de Yahweh, capaz de infidelidade. Aqui a declaração é especialmente forte, porque faz do adjetivo “zeloso” um nome divino. A natureza de Deus é tal que Ele não permite qualquer rival (Deu. 4.24). A coexistência ficava eliminada; tratados ficavam fora de cogitação; ídolos teriam que ser derrubados; bosques teriam que ser desarraigados.

34.15.16

Tratados Foram P roib idos. Tem os aqui um a repetição do vs. 12 deste capítu- Io, mas com razões e inform ações ad icionais. Um hebreu não podia aceitar 0 con- vite para es ta r presente a um a festa pagã, em honra a qu a lque r d iv ind ade que fosse, pois ali haveria sacrifícios a deuses falsos; haveria jovens que gostariam de

Page 165: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO460

!az ia pa rte da p rom essa d iv ina . As fronteiras de Israel seriam ampliadas, provendo maior proteção. Aqui, como é óbvio, tem os uma alusão à provisão da terra, dentro do Pacto Abraâmico (ver as notas em Gên. 15.18). Nos dias de Salomão, 0 território pro- metido foi conquistado quase em sua inteireza. Em tempos subseqüentes, entretanto, começou a haver perdas, e Israel foi encolhendo, até ser levada em cativeiro, primeiro pelos assírios, e depois, pelos babilônios. Ver I Reis.

34.25,26

As provisões desses do is versículos são idênticas ao trecho de Êxo. 23.18,19, onde são com entados, exceto que aqui se faz alusão à páscoa. Assim, é dito aqui que a gordura que queim ava sobre 0 a ltar fazia parte do cordeiro sacrificado e com ido na páscoa. V er tam bém Êxo. 12.10 e as notas ali existentes. Qualquer carne não consum ida tinha que ser queim ada, por m otivos expostos naquele versículo (Êxo. 12.10).

Não cozerás 0 cabrito no leite. V er Êxo. 23.19 quanto à m esma determ ina- ção divina.

34.27

O pacto fo i re in s tau rado . V e r Êxo. 19.1 quan to ao P acto M o saico e ve r no Dicionário 0 artigo cham ado Pactos. M oisés escreveu as leis, mas Yahweh esta- va presente, ga rantindo que isso seria fe ito de m odo correto, preciso. No prim ei- ro caso, as tábuas de pedra do decá logo foram escritas pelo dedo d e D eu s (Êxo. 31.18). O segundo jogo de pedras foi ditado por Yahweh, mas gravado por Moisés. A lei cond ic ionava as re lações do pacto. Não era um pacto gracioso, e, sim , de obras. Por essa razão, era fa ta l que fra cassasse , sendo afinal substitu ído pelo Novo Pacto, em Cristo. Em luga r dos D e z M andam ento s (ver a esse respeito no Dicionário), aparece 0 D ec á lo g o Ritual, um a expansão, desenvo lv im ento e apli- cação ritual do in tu ito dos Dez M andam entos. V e r as no tas in trodu tó rias a este capítulo.

Moisés, 0 Mediador do pacto é de novo destacado, prefigurando Cristo na Sua posição de Mediador. Ver no Dicionário 0 artigo Mediação (Mediador). Ver Êxo. 19.19;20.19 e 24.1,2,9-11. Moisés foi 0 mediador da lei. Cristo foi 0 mediador da graça (ver João 1.17).

34.28

Quarenta dias e quarenta noites. Tal com o no caso da outorga original da lei. Ver Êxo. 24.18. M oisés não com eu e nem bebeu, porque coisas mais impor- tantes ocupavam a sua m ente. Mas foi m antido sem ter de alimentar-se, um m ilagre apropriado para a ocasião.

“De modo diferente dos primeiros quarenta dias, dessa vez 0 povo não se deixou atrair pela idolatria” (John D. Hannah, in loc.). Ver no Dicionário 0 verbete Quarenta quanto ao sentido simbólico dos muitos períodos de quarenta dias, nas Escrituras.

O trecho de Deuteronôm io 9.18,19 díz que M oisés intercedeu por Israel du- rante esse período de quarenta dias. Sempre havia 0 problema do pecado, com que se preocupar, e que poderia manifestar-se sob a forma de idolatria. Proteção espiritual e graça eram necessárias, e era isso que Moisés estava buscando.

O Rosto de Moisés Resplandece (34.29-35)

34.29

A Transfiguração de Moisés. Este texto, embora descrito menos elaboradamente, faz-nos lembrar a transfiguração de Jesus (Mat. 17). Moisés também esteve presente naquele evento (Mat. 17.3). Uma luz extremamente brilhante é típica nas experiênci- as místicas de elevada ordem. Existem seres de luz. Ver no Dicionário 0 artigo cha- mado Misticismo. Moisés, durante aquele período, tomou parte na glória dos céus, e a luz dem orou-se sobre 0 seu rosto. V e r II Cor. 3.7, que é 0 com entário do Novo Testam ento sob re essa experiência . É -nos garantido que um a luz m aior vem da parte do Espírito Santo, na Nova D ispensação (vss. 8-10). Em comparação, Moisés nem resplandecia, se considera rm os a luz que rebrilha na face do Novo Moisés, Jesus Cristo (vs. 10). Moisés precisou usar um véu para proteger 0 povo da radiação (ver II Cor. 3.12). Paulo tirou vantagem dessa circunstância para dar a entender que 0

véu indicava a cegueira e a dureza de Israel, que os im pedia de se voltarem para Cristo, acerca de quem Moisés falou. Mas quando esse véu é removido, então tam- bém entram os na ilum inação e som os transform ados de um estágio de glória para outro (vs. 18).

Esse é um dos melhores versículos acerca de nosso avanço espiritual e glorifica- ção eterna. No N o w Testamento Interpretado, in loc., há notas expositivas completas a esse respeito.

A face de Moisés rebrilhava, e isso dem onstrou a aprovação da reinauguração do Pacto M osaico. A luz da g ló ria sh ek in ah (ver a esse respeito no Dicionário) estava sobre ele, e dem orou-se com ele por a lgum tem po. M as M oisés não tinha consciência da glória que 0 tinha envolvido. Isso posto, a espiritualidade autêntica

morte dos primogênitos egípcios. Os primogênitos de Israel, porém, foram poupados, mas tiveram que ser dados a Yahweh com o Sua possessão particular. Ver as notas sobre Êxo. 13.12 quanto à santificação dos prim ogênitos e quanto à lei da redenção que fora estabelecida em algum ponto do passado distante. O modo exato dessa re- denção ou resgate figura em Núm. 18.15,16.

34.20

No que tange ao modo de redenção, fora daquilo que é sugerido neste versículo, ver Núm. 18.15 ss. A provisão a respeito do jum ento (um anim al útil que valia a pena ser redim ido) é dada e com entada em Êxo. 13.13. Ver tam bém , nessa referência, 0 ponto intitu lado Rem indo os Primogênitos Humanos.

34.21

Antes de prosseguir com os requisitos atinentes às três festas anuais, 0 autor sac ro in je ta um asp e c to do q u arto m a n d a m e n to , da do em Êxo. 20 .8 (onde 0

le ito r deve exam inar as notas expositivas). A lei acerca do sábado é m encionada com freqüência no livro de Êxodo. Era um a parte fundam enta l da lei dos hebreus. V e r Êxo. 16.22-30 (em conexão com 0 m aná); ve io a to rna r-se 0 quarto m anda- m ento (Êxo. 20 .8 ); in troduz ia 0 liv ro da a lian ça (Êxo._23.12) e foi ad ic ionada às no rm a tiva s con cerne ntes à e reção do ta b e rn á cu lo (Êxo. 31 .13-17). E, na tu ra l- m ente , 0 sábado teve origem no de scanso de D eus após a c riaçã o (G ên. 2.2). Precisava ser observado com cuidado na época da aragem e da colheita, confor- m e vem os no p resente ve rs ícu lo . E sses e ram p e ríod os m u ito a ta re fados, pelo qu e a ten dên c ia dos h o m ens s e ria ig n o ra r q u a lq u e r d ia de de sca n so . M as as ansiedades acerca do traba lho tinham que se r suspensas, e um dia de descanso teria que ser observado, a despeito das m uitas a tiv idades em que 0 povo estives- se en vo lv ido . Nem aragem e nem co lh e ita p o d ia m s e r re a liza d a s em dia de sábado, apesar da natureza crítica daquelas ativ idades. M as para os hebreus era mais crítico ainda observar 0 d ia de adoração dos israelitas, 0 sábado.

34.22

A festa das semanas. Esse é um no m e a lte rn a t iv o pa ra a fes ta de P en - teco stes (ve r a re sp e ito no D ic io n ário ). A s in s tru ç õ e s d a d a s aq u i sã o quase idên ticas às de Êxo. 23 .1 6 ,1 7 . T a m bé m era co n h e c id a com o “fes ta da co lhe i- ta ” (Êxo. 23 .16). E ra ce leb rad a c in q ü e n ta d ias (ou se te se m an as ; 0 que exp li- ca seu ou tro nom e, “fes ta das se m a n a s ” d e po is do d ia dos pães asm os. Essa seg unda fes ta a ss ina lava 0 com eço da co lh e ita do trigo. Era 0 equ iva len te ao no sso D ia de G ra ça s . E ra um te m p o de a le g r ia e g ra tid ã o pe la p ro v is ã o a li- m e n ta r. V er D eu. 16 .10. Na l ite ra tu ra ju d a ic a po s te rio r, ve io a se r a sso c ia d a ao a n iv e rs á r io da re v e la ç ã o da le i, no S in a i; e, e n tã o , f in a lm e n te , ao P e n te co s te c ris tã o , a d e sc id a do E s p ir ito S a n to . A c o lh e ita da c e v a d a tinh a luga r ao tem po da páscoa.

A festa da colheita. N om e a lte rna tivo pa ra a festa dos Tabernáculos (ver a respeito no Dicionário). Essa festa era celebrada ao tempo da colheita. Ver Lev. 23.34; Deu. 16.13,16; 31.10. Era festa dos tabernáculos, ou tendas, por causa da ordem, dada a Israel, que 0 povo devia residir em tendas, durante sete dias, a fim de que 0

povo de Israel se lem brasse das condições precárias em que tinha viv ido quando habitava em tendas, logo depois de terem saído do Egito. Ver Lev. 23.33-43.

34.23

As três festiv idades anuais, acim a descritas, tinham um a im portância especi- al, por estarem ligadas a períodos críticos da h istó ria de Israel, e precisavam ser ob se rvad as esc rupu lo sam e n te . V e r Êxo. 23 .17 , quan to à ordem re la tiva à sua observânc ia , três vezes ao ano. V e r as no tas sob re aque le vers ícu lo . Antes do estabelecim ento do tem plo e da cap ita l em Jerusa lém , essas festas eram formal- m e n te guardadas, seg undo fo ra o rdena do . E, en tão , a p rá tica ve io a in c lu ir a p rov isão que todos os varões capazes de Israel prec isavam sub ir a Jerusa lém , quando dessas festas.

“Essas festas de peregrinação ligavam a nação em tom o da adoração religiosa; Deus prom eteu que enquanto os hom ens estivessem longe de casa, adorando ao Senhor, Ele protegeria as terras deles” (John D. Hannah, In loc.).

34.24

A P rom essa de Deus. “ Fazei m inha von tade acerca dessas festas, e eu pro- teg e re i vossas te rra s ”. Q ua ndo os va rõ e s se a u sen ta vam de sua s te rras , para observarem as festas, suas p ropriedades ficavam vulneráve is. M as Yahweh pro- m eteu que daria um a proteção espec ia l a toda a nação de Israel, nessas ocasi- ões de vulnerab ilidade. “A nação de les seria forte; e ninguém haveria de molestar suas propriedades, quando fizessem aquelas três peregrinações anuais” (J. Edgar Park, in loc.). Antes do tem plo de Jerusalém , de term inado santuário centra l rece- beria os hom ens, m as a questão nunca é esclarecida . A v itória sobre os in im igos

Page 166: At Interpretado- Êxodo

461ÊXODO

Moisés que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na term inação do que se desvanecia” (0 itálico é nosso). Em Cristo, porém, não há desva- necimento da glória que Dele recebemos. Pelo contrário, vamos recebendo uma sem · pre crescente glória, conforme aprendemos em II Corintios 3.18. Ver na Enciclopédia de B iblia, Teologia e Filosofia 0 artigo chamado Glorificação.

Na beleza dos lírios,Nasceu Cristo, no além -mar,Dotado de toda a glória,A tie a m im a transformar.

(Julia W ard Howe)

CapítuloTrinta e Cinco

O Sábado (35.1-3)

O trecho de Êxodo 35.1-3 dá prosseguim ento ao parágrafo bíblico iniciado em Êxodo 34.1, onde devem ser lidas as notas introdutórias. Esse trecho reitera a lei do sábado, 0 sinal m esm o do pacto m osaico, renovado mediante as novas duas tábuas de pedra do decálogo. Já vimos que Moisés convocara 0 povo para transmitir-lhe a men- sagem que havia recebido da parte de Yahweh (Êxo. 34.31-35). A idéia é reiterada aqui, em Êxo. 35.1; e os muitos preceitos que agora haveriam de ser apresentados são encabeçados pela lei do sábado.

35.1,2

Ficamos sabendo aqui com o as instruções dadas a Moisés (Êxo. 25 - 31) foram transmitidas ao povo e passaram a vigorar. Porém, somos aqui informados que antes da ereção do tabernáculo, 0 povo foi re lem brado acerca da guarda do sábado. Os israelitas estariam muito em penhados na construção do tabernáculo; mas esse labor religioso não deveria servir de obstáculo quanto à guarda do dia de descanso. Cons- truir 0 tabernáculo era um a ordem divina; m as descansar ao sétimo dia tam bém era uma ordem divina. Comentei sobre a essência do vs. 2 deste capitulo em Êxo. 31.15. Este versículo reitera, nas palavras quase exatas, 0 trecho de Êxo. 20.9,10, 0 quarto mandamento, onde apresentei am plas notas expositivas. O capítulo trinta e um im- põe a pena de m orte àqueles que desobedecessem esse m andam ento (vs. 15), provavelm ente por meio de apedre jam en to (ver a esse respeito no D icionário). Ver notas adicionais em Êxo. 34.21, bem como 0 artigo geral intitulado Sábado, no D icio- nário. A circuncisão era 0 s ina l do Pacto Abraâm ico (ver as notas a esse respeito em Gên. 15.18; ver tam bém Gên. 17.11 e 0 artigo sobre esse assunto). Mas 0 s in a l do P acto M osaico era a guarda do sábado (ver Êxo. 31.13 e tam bém as notas sobre a le i do sábado, nas notas sobre Êxo. 19.1).

O segundo versículo deste capítulo, tal como 0 trecho de Êxo. 31.15, ameaça com a pena de morte a todos os infratores. O Targum de Jonathan com enta, la n ç a n d o pedras”, mostrando de que modo a pena de morte seria executada, um modo comum, embora não exclusivo. Ver Núm. 15.35,36.

35.3

A lei sabática era tão abso lu ta no tocan te ao descanso, que nem ao m enos se podia acender fogo para cozinhar. E se estivesse fazendo m u ito frio, era m is- te r que as pessoas agüentassem 0 frio , até que 0 sábado term inasse . Um a vez levan tado 0 ta b e rn á cu lo , po rém , essa lei já não tin h a ap lica ção , v is to que as lâm p ada s e ram m a n tid a s sem pre ace sas . A h is tó ria de Israe l d e m ons tra que havia exceções quanto à qu estão do aquec im ento das residências, em bora não no que concern ia ao coz im ento de a lim entos. Tam bém estavam envolvidas cer- tas ativ idades profissiona is, com o a dos m etalúrg icos, que tinham que usar fogo. Toda a tiv idade cessava quanto a essas p ro fissões. Mas 0 fato de que n inguém podia acender fogo, não faz ia dessas a tiv idades profiss iona is exceções. Um a lei específica p ro ib ia que se coz inhasse em d ia de sábado (Êxo. 16.23), um trecho paralelo ao versículo presente.

“ Na a n tig u id a d e ; a ce n d e r fog o e n vo lv ia um tra b a lh o m anual árduo , po is acend ia -se fogo m ed ian te a fr icçã o v io le n ta de do is pedaços de m adeira seca ” (Ellicott, in loc.).

Construção do Tabernáculo (3 5 .4 — 40.38)

Ofertas para 0 Tabernáculo (35.4-29)

Os cap ítu los 35 -40 de Ê xodo nos dão as ins truções sobre a ereção do tabernáculo e sobre a inauguração do culto ali efetuado. A com eçar por esta seção, somos informados com o a questão foi posta em execução, e são adicionados deta- lhes, em bora grande parte do m ateria l se ja sim plesm ente repetido. Os vss. 4-29 são, essencialm ente, uma expansão do trecho de Êxo. 25.1-9.

não con s is te em o s te n ta çã o . A lg u n s sup õem qu e a ra d ia çã o m a n ifes ta da em Moisés faz ia parte do estado orig inal do hom em , e que A dão perdeu por ocasião da queda no pe cado. V e r A tos 6 .15 quan to a o u tro exe m p lo ne o tes ta m en tá rio acerca dessa glória.

3130

A luminosidade causava temor, 0 que é comum nas experiências místicas. Moisés não tinha consciência da glória que rebrilhava em seu rosto, mas era óbvia para outras pessoas. A falsa espiritualidade, que se ostenta, tam bém é óbvia para outros, ao passo que aquele que se ostenta ignora os seus motivos, sendo alguém que se auto-iludiu. Moisés tinha pisado na fronteira entre a terra e 0 céu, e saiu dali transformado, carrega- do com a energia divina.

O R osto R ebrilh an te . Há um h ino que fa la sobre “a ilum inação do can tinho onde você está” . E há um outro que alude a Jesus com o “a Luz do m undo” . Tom a- mos por em préstim o essa luz, mas ela torna-se nossa mesma. V er no D icionário 0

» t ig o intitu lado Luz, M etáfora da, quanto a um a exp licação desse tem a. Ver tam- bém ali 0 artigo Ilum inação. Certo m inistro, sepu ltado na colina de Andover, tinha a reputação de possuir um a fis ionom ia rebrilhante, no sentido esp iritual do termo. E dizia-se acerca dele: “Ele não sab ia que seu rosto b r ilhava” . Cf. este versícu lo com Eze. 1 .1 8 e A p o . 1.17.

“. . .0 pecado é detectado pela luz da lei; e la enche os homens com um sentido de ira e de tem or da condenação; e, sendo a m in is tração da con dena ção e da morte, é aterrorizante e fatal, em bora a ja um a certa glória na m esm a” (John Gill, in bc., com uma interpretação cristã do versículo à nossa frente).

34.31,32

Então Moisés os chamou. Isso por ser ele 0 m ediador do pacto mosaico. Ele convocou Arão e os sacerdotes, bem com o todo 0 povo, para que ouvissem a men- sagem que havia acabado de receber da parte de Yahweh. Ele traz ia 0 Decálogo Ritual, a mensagem coberta por este capítulo, um a expansão e desdobram ento do decálogo original, os Dez Mandamentos. Ver no D icionário 0 artigo M ediação (M edi- ador). Moisés era mediador, profeta e mestre. Ele encabeçou um a dispensação, e p o r seu in te rm éd io fo i es tabe lec ido um pac to d ivino. Havia tod o um corpo de ensinamentos que precisava ser transmitido. Ver na E nciclopédia de B íblia, Teologia e Filosofia 0 detalhado artigo cham ado Ensino. E, no D icionário, ver 0 artigo Educa- ção no Antigo Testamento.

34.33

Pôs um véu sobre 0 rosto. Isso M oisés fez depois que acabara de fa la r aos lideres de Israel e a todo 0 povo. Tendo descido de sua entrevista com 0 Senhor, seu rosto resplandecia. Term inando, pois, de transm itir as instruções divinas, Moisés encobriu seu rosto. O Novo Testam ento esp iritualiza a cena. Q uando se ensina acerca da lei m osaica, hoje em dia, 0 véu continua posto sobre os cora- ções e as mentes dos israelitas, porquanto não podem perceber C risto e os Seus ensinamentos. Em C risto, todavia, esse véu é retirado, e assim a luz de Cristo raia nas m entes e nos corações dos hom ens. Ver II Cor. 3.13 ss. Ver no D icioná- rio 0 artigo ilum inação.

O Uso de M áscaras. A arqueologia tem dem onstrado 0 uso de m áscaras por parte de sacerdotes. Essas máscaras protegeriam os sacerdotes dos poderes demo- níacos, como tam bém serviriam de escudos contra a glória dos deuses. Mas 0 povo de Israel era frá g il e não podia en fren tar a g lória de Yahweh, nem m esmo no grau em que ela se manifestava na face de M oisés. Logo, havia um a condescendência diante da fragilidade deles, m ediante 0 uso do véu. M as quando alguém desperta para a nova vida em Cristo, esse véu é retirado.

34.34,35

Esses dois versículos dão a entender, em bora não afirmem de m odo absoluto, que 0 uso do véu se to rnou hab itua l pa ra M o isés, m as apenas que ele 0 usou durante algum tempo. A glória que rebrilhava no rosto de Moisés não desapareceu da no ite pa ra 0 d ia. 1. Q ua ndo M o isé s e s ta va na ten da , e m ais ta rde , presumivelmente, no tabernáculo, diante de Yahweh, ele não precisava usar 0 véu. Antes, tinha 0 rosto descoberto diante de seu Deus, bem com o um coração recepti- vo. A ilum inação era um seu priv ilégio diário. 2. M as quando entrava em contacto com 0 povo, a serv iço do S enhor, punha de novo 0 véu, pe las m esm as razões dadas nos vss. 29 -33 .3 . Em seu trato ordinário com as pessoas, Moisés não preci- sava usar 0 véu.

Não se sabe dizer por quanto tempo esse brilho perdurou. Saadiah Gaon asseve- rou que continuou até 0 dia de sua morte, frisando para isso 0 trecho de Deuteronômio34.7 (uma aplicação dúbia, contudo). Aben Ezra tam bém afirmou que esse resplendor nunca se afastou de Moisés. No entanto, 0 Novo Testamento mostra a natureza passa- geira desse resplendor do rosto de Moisés. Lemos em II Cor. 3.13: Έ não somos como

Page 167: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO462

A arca. Ver no D icionário 0 artigo chamado Arca da A liança, bem como as notas em Êxo. 25.10 ss.

Os seus varais. Ver Êxo. 25.13 e 27.6.

O propiciatório. Ver sobre esse assunto no D icionário, bem como as notas em Êxo. 25.17 ss.

O véu do reposteiro. Ver Êxo. 26.31.

35.13

A mesa. Ver Êxo. 25.23-27.

Os seus varais. Ver Êxo. 25.27,28.

Os seus utensílios. Ver Êxo. 25.29.

Os pâes da proposição. Ver Êxo. 25.30.

Os versículos citados incluem exposições sobre a questão e aludem a artigos do D icionário que detalham sobre itens específicos.

35.14

Ver as notas sobre Êxo. 25.31-39 quanto a descrições gerais sobre os itens constantes neste versículo.

Candelabro da iluminação. Ver 0 artigo sobre esse objeto intitulado Cande- eiro de Ouro, no Dicionário e nas notas sobre Exo. 25.31.

Os seus utensílios. Ver Êxo. 25.38,39.

Azeite para a iluminação. Ver no D icionário 0 artigo sobre essa questão, bem como as notas em Êxo. 27.20.

35.15

Ver Êxo. 30.1-10 quanto a descrições gerais sobre os itens mencionados neste versículo.

O altar do incenso. Ver no D icionário 0 artigo sobre esse assunto, bem como as notas em Êxo. 30.1.

Os seus varais. Ver Êxo. 30.5.

O óleo da unção. Ver Êxo. 30.23-31.

O incenso aromático. Ver no D icionário 0 artigo correspondente, bem como as notas sobre Êxo. 25.6 e 30.34-38.

O reposteiro. Ver Êxo. 26.36,37.

35.16

Ver Êxo. 27.1-8 quanto a descrições gerais acerca do altar de bronze.

O altar do holocausto. Ver no D ic ionário 0 verbete chamado A lta r de Bron- ze, bem com o as notas sobre Êxo. 27.1.

A sua grelha de bronze. Ver Êxo. 27.4.

Os seus varais. Ver Êxo. 27.6.

Os seus utensílios. Ver Êxo. 27.3.

A bacia. Ver Êxo. 30.17,18.

O seu suporte. Ver Êxo. 30.18.

35.17

Ver as notas sobre Êxo. 27.9-17 quanto aos itens mencionados neste versículo.

As cortinas do átrio. Ver Êxo. 27.9-13.

As suas colunas. Ver Êxo. 27.10.

“Moisés continua aqui seu discurso diante de Israel. Ele exortou 0 povo a recolher de suas possessões as coisas necessárias para a ereção do tabernáculo (cf. Êxo. 25,1-9). Todavia, essas doações deveriam ser feitas voluntariam ente (Êxo. 35.21,29), como oferendas ao Senhor” (John D. Hannah, in loc).

35.4,5

Coisas necessárias deveriam ser trazidas, com o ouro, prata e bronze, os metais básicos usados na ereção do tabernáculo. Todo 0 povo de Israel precisou envolver-se nessa questão, conforme 0 vs. 4 deixa claro. Seria um projeto da com unidade toda. A lguns projetos requerem trabalho de equipe; e é uma satisfação quando um projeto é efetuado por toda uma comunidade, visando a uma boa causa. O trecho de Êxo. 25.3 dá-nos a mesma ordem que tem os aqui, no tocante aos metais necessários. Ver as notas sobre aquele ponto. A exposição ali inclui os presumíveis tipos de metais neces- sários.

Esta passagem segue a m esma ordem na enum eração das ofertas requeridas, segundo se vê em Êxo. 25.1-7, e em am bos os casos deveria haver um coração voluntário da parte daqueles que doassem os materiais pedidos, como 0 sine qua non daquele labor espiritual.

35.6

Este versículo tem paralelo em Êxo. 25.4, onde dou as notas expositivas. As mu- lheres usariam linho fino (e talvez lã) tingido nessas cores, e com esse material fariam as vestes sacerdotais (Êxo. 35.25).

35.7

Este versículo tem paralelo em Êxo. 25.5, onde são dadas as notas expositivas.

35.8

Este versículo tem paralelo em Êxo. 25.6, onde são dadas as notas expositivas. Aqui, porém, são adicionados dois elem entos: 0 aze ite da unção, que era mistura- do com especiarias (ver as notas sobre Êxo. 30.22-33 quanto a essa questão), e 0 incenso (ver Êxo. 30.34-38 quanto a essa questão).

35.9

Este versículo tem paralelo em Êxo. 25.7, onde são dadas as notas expositivas.

35.10

Venham todos os homens hábeis. Tem os aqui um apelo à aptidão humana. Os habilidosos fariam conforme fossem instruídos. Seriam generosos e abririam seus corações e se sacrificariam a serviço do Senhor. Moisés já havia apelado à generosida- de (vs. 5), e agora apelava à sabedoria. Neste passo, a sabedoria indica a habilidade profissional, uma espécie de sabedoria aplicada a algum mister especifico. Quase por certo esse é 0 sentido do adjetivo “hábeis”, aqui usado. Feliz é 0 homem que pode usar seu conhecimento e suas aptidões, desenvolvidos ao longo dos anos, em algum labor espiritual.

35.11

O tabernáculo. Ver no Dicionário 0 artigo sobre esse assunto. Este versículo alista as principais coisas que compunham aquela estrutura, não incluindo 0 átrio e sua cerca circundante.

Com sua tenda. Devem estar em foco as cortinas de pêlos de cabra, que enco- briam as demais coberturas, form ando parte do te lhado da tenda. Ver Êxo. 25.4,5 e26.14 e suas notas.

A sua coberta. Esta, feita com pêlos de carneiro, e, talvez, de animais marinhos, é devidamente anotada em Êxo. 25.4,5 e 26.14.

Os seus ganchos. Ver as notas em Êxo. 26.6.

As suas tábuas. V eras notas em Êxo. 26.15,16.

As suas vergas. V eras notas em Êxo. 26.26.

As suas colunas. Ver as notas em Êxo. 26.32,37 e 27.10-12,14,16,17.

As suas bases. Ver as notas em Êxo. 26.19 e 27.10.

35.12

Ver as notas em Êxo. 25.10-22 quanto a descrições gerais da porção do tabernáculo referida neste vs. 12.

L

Page 168: At Interpretado- Êxodo

463ÊXODO

do 0 povo foi enumerado (ver Êxo. 38.25-28)” (Ellicott, in loc.). Ver Êxo. 30.11-16 quanto à taxa que foi cobrada para sustento dos sacerdotes e para a ereção e manutenção do tabemáculo.

35.25

Todas as mulheres hábeis. Além de entregarem suas jóias como material para a ereção do tabemáculo, as mulheres usaram suas habilidades como costureiras para faze- rem as vestimentas dos sacerdotes e as cortinas do santuário. É razoável a suposição, e isso por certo é indicado no presente texto, que as mulheres de Israel sabiam tecer e costurar. De fato, isso sucedia por todo 0 antigo Oriente próximo e médio, visto que tantos aspectos da sociedade dependiam dessa habilidade. Os materiais usados eram pêlos de cabra e linho, ainda que alguns estudiosos (baseados na opinião de antigos autores judeus) creiam que a lã também era um dos materiais usados. O linho era tingido antes de ser fiado, nos dias de Homero (Odi. iv.135).

Linho fino. Ou seja, linho branco, depois de ter sido bem alvejado. A maior parte do linho egípcio tinha um tom amarelado, por não ser submetido ao adequado proces- so de embranquecimento.

35.26

Os pêlos das cabras. Era prim eiro transform ado em linha, a fim de produzir um material duradouro, que facilm ente podia ser tingido. Isso mereceu outra men- ção, porque 0 uso de pelos de cabras na fiação era considerado uma arte que era conhecida por poucas m ulheres. Os estofos fe itos de pêlos de cabra form avam um importante artigo de com ércio. Era m ais difícil produzir fios de pêlos de cabra do que de linho, e por isso era um a especia lização de poucas pessoas.

35.27

Pedras de ônix e pedras de engaste. Ver Êxo. 28.9-12 e 28.21 quanto ao uso que se fez dessas pedras semipreciosas. Os príncipes eram os líderes do povo (Núm. 1.16), e foram eles que trouxeram essas pedras, talvez dando a entender que eram mais abastados do que as pessoas comuns. Eles deram artigos de luxo para a constru- ção do tabemáculo.

35.28

É provável que a posição deste versículo indique que tam bém foram os líderes do povo que entraram com os itens aqui alistados (ver 0 vs. 27). Ver os vss. 14 e 15 quanto a esses itens e quanto a referências a outros textos que também os mencio- nam, e onde há comentários a respeito. Ver as especiarias alistadas e anotadas em Êxo. 30.23,24,34.

35.29

Este versículo repete a m ensagem dos vss. 5 e 21, onde há notas expositivas. Pessoas de ambos os sexos, e cada indivíduo de acordo com suas possessões (man- tendo a generosidade como padrão de suas dádivas), e cada qual de conform idade com 0 tipo de labor com que podia contribuir, aplicou-se às várias tarefas que precisa- vam ser realizadas. O texto con fere -nos a idéia de uma equipe entusiasm ada que envidou todo tipo de sacrifício, a fim de que a obra pudesse ser completada da melhor maneira possível.

Obreiros para 0 Tabemáculo (35.30 - 36.7)

Já vimos a questão ser-nos introduzida em Êxo. 31.1-11, na nomeação de Bezalel e Aoliabe, onde as notas expositivas devem ser consultadas. Há muita repetição, pelo que as notas a seguir são ab reviadas. Esses do is hom ens foram cham ados por Yahweh para cuidarem de suas respectivas tarefas. Agora, Moisés transmitiu essa m ensagem ao povo, a fim de que seguissem e respeitassem esses supervisores. Aqueles que encabeçam algum a tarefa difícil devem ter tanto habilidades para se- rem usadas com o capacidade de liderarem outras pessoas. E tam bém devem ser ace itos por aqueles que operam sob sua supervisão, exercendo assim um a certa medida de autoridade.

35.30

Bezalel. Ver notas expositivas com pletas em Êxo. 31.2. O trecho de Êxo.31.1-11 e este texto são virtualm ente iguais no original hebraico, e som ente os vss. 34 e 35 adicionam alguma coisa.

35.31-33

Ver as notas sobre Êxo. 31.3-5, onde a mesma coisa é dita, virtualmente da mes- ma maneira.

As suas bases. Ver Êxo. 27.10.

O reposteiro da porta do átrio. Ver Êxo. 27.16.

35.18

As estacas. Havia cordas presas aos pinos das paredes, que assim fortaleciam a estrutura, presas no chão por meio de estacas. Ver Êxo. 27.19.

35.19

As vestes do ministério. “Provavelmente, aventais, toalhas e coisas semelhan- tes, usados em serviços comuns, mas diferentes das vestim entas de Arão e seus filhos” (Adam Clarke, in loc.). Outros estudiosos preferem pensar em panos usados para en- volver os vários vasos do tabemáculo a fim de serem transportados, ou seja, envoltórios protetores. Ver Êxo. 31.10.

As vestes santas. Ver Êxo. 28.2 ss. O capítulo vinte e oito dedica-se á descrição dessas vestes, em todas as suas peças. Ver no Dicionário os artigos intitulados Vestimenta (Vestimentas) e Vestes Sacerdotais.

35.20

A congregação in te ira tinha-se reunido a fim de ouvir as instruções de Moisés acerca da necessidade de a judar a trazer os m ateriais necessários e achar os homens hábeis que erig issem 0 tabem áculo. Ver 0 vs. 1 deste capítulo quanto à convocação feita por Moisés. Ter conhecim ento nos envolve em responsabilida- de. Agora 0 povo precisava agir, ou jam a is seria erig ido 0 tabem áculo. Era um esforço de equipe. Moisés, apesar de todas as suas boas intenções, não poderia fazer sozinho 0 trabalho.

35.21

E veio todo 0 homem. Temos aí a cooperação voluntária dos bem dispostos a cooperar. Cf. este versículo com 0 qu in to versículo. Cada qual precísaava ag ir de acordo com sua generosidade e livre-arbítrio. Houve muitos que se mostraram gene- rosos em sua contribuição para as necessidades materiais do tabernácuio ou inves- tindo de seu tempo na construção do tabemáculo. Metade da realização de qualquer tarefa consiste no entusiasmo, e 0 entusiasmo é inspirado pelo amor. Ver no D icioná■ rio 0 artigo intitulado Amor.

No h e b ra ic o te m o s , li te ra lm e n te , “c u jo c o ra ç ã o 0 e le v o u ” , p a ra no sso texto em po rtuguês, cu jo e sp írito 0 im p e liu . M o isés fez um d iscurso inspirador, e os c o ra ç õ e s se a n im a ra m a a g ir . T e m o s aí o u tra m a n e ira de d e s ta c a r a idé ia de en tus iasm o . “A m ente bem d ispo s ta , bem com o a cap ac idad e , foram da d a s a e le s po r D eus (ve r I C rô . 1 9 .1 4 )” (Jo h n G ill, in lo c .). O vs. 29 dá a e n te n d e r que ho uve a lg u n s q u e não se se n tira m im p e lid o s a a g ir , os qu a is tam bém não p res ta ram sua co o p e ra çã o . De m o do ge ra l, po rém , 0 p o vo coo- p e ro u q u a se p o r in te iro . N o fim , 0 p o v o p re c is o u s e r re s tr in g id o (Êxo. 36 .5 - 7). P o rta n to , a c a m p a n h a de M o is é s em p ro l do ta b e rn á c u io fo i um supersucesso.

35.22

A generosidade resultou na doação de todos os m etais preciosos de que havia ne- cessidade, a saber, ouro, prata e bronze (ver 0 vs. 5). Braceletes, brincos, argolas e outros objetos de joalheria foram as principais fontes desses materiais. Para a maioria dos ho- mens, as jóias são itens de puro luxo; para as mulheres, porém, eram possessões preào- sas, algo quase-necessário para a vida. Por conseguinte, houve muito sacrifício envolvido naquelas ofertas voluntárias. As mulheres deram suas jóias e também ajudaram a prepa- rar vestimentas e cortinas (vs. 2).

Objetos de ouro. Além das jóias feitas de ouro, houve outras ofertas desse metal. O ouro, sob a forma de lingotes, e, mais tarde, sob a forma de moedas, era usado como dinheiro. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Ouro.

35.23

Os materiais para as vestimentas e as cortinas foram supridos pelo povo, que se mostrou ansioso para cooperar. Ver as notas sobre 0 vs. 6 quanto aos itens menciona- dos neste versículo. Ver também Êxo. 25.4. Quanto às peles de carneiro e de animais marinhos, ver Êxo. 25.5 e 35.7.

35.24

Prata e bronze, metais úteis na ereção do tabemáculo, foram trazidos, conforme se vê no quinto versículo, além de madeira de acácia (ver as notas a respeito no Dicionário e em Êxo. 25.5). T o d a a prata empregada no santuário veio do meio siclo pago quan-

Page 169: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO464

A G enerosidade do Povo. Esse fator é agora adicionado à voiuntariedade e à habilidade. As ofe rtas vo lun tá rias foram tan tas que havia m aterial de sobra para ser usado na edificação do tabernáculo. Se indagarm os com o os israelitas, estan- do no deserto, depois de terem escapado da escravidão fazia tão pouco tem po, tinham todo esse material, a resposta é que 0 povo de Israel, em bora tivesse aca- bado escravizado, tinha estado no Egito durante vários séculos, e, naturalm ente, havia acum ulado muitas riquezas materiais, as mais variadas. Ademais, ao saírem do Egito, os egípcios lhes doaram muitas coisas, conform e ficou registrado em Êxo.12.35 e seu contexto.

M o isés foi fo rça d o a b a ixa r um d e cre to p ro ib ind o que 0 povo con tinuasse trazendo ofe rtas! Sem dúvida tem os aqui um a s ituação incom um , que deve ser contrastada com as m odernas cam panhas de levan tam ento de fundos para pro- je tos re lig iosos. Se M oisés tivesse qu erido en riquecer, sem dúvida te ria podido fazê-lo , e não te ria dado o rdens no a rra ia l no sen tido de que não fossem m ais dadas ofertas. Tam bém podem os con fron tar isso com a atitude de certos líderes re lig iosos de no ssos d ias, que e n riq u e ce m no m in is té rio , passando a v ive r na opulência . M oisés, porém , estava tra ba lha ndo em prol do projeto, e não em be- ne fíc io próprio . M o isés tinh a ped ido m u ito ; tinh a ped ido a ponto do sacr ifíc io e que houvesse libera lidade. M as tinha pedido em favo r do projeto, e não para si m esm o. E esse p ro je to era de Y ahw eh, 0 que foi a verdade ira razão do grande sucesso obtido.

36.6,7

A ordem foi proclamada no arraial. Sem dúvida, este é um dos mais estranhos versículos da Bíblia. O povo precisou ser restring ido de fazer uma boa obra, porque 0 que já tinha sido feito era demais! Que contraste fazia isso com aquela m esma gente que_, ainda recentem ente, tinha caído na idolatria e tinha criado 0 bezerro de ouro (Êxo. 32). Esse con traste é muito apropriado, visto que 0

bezerro de ouro e 0 tabernáculo eram questões de culto relig ioso. O tabernáculo substituiu 0 bezerro de ouro, de maneira mui enfática. O projeto da ereção do tabernáculo contava com a bênção divina. Mas 0 bezerro de ouro contava apenas com uma maldição divina.

“Quando a liberalidade cristã será tão excessiva que precisará ser restringida?'“Em vez de uma explosão de liberalidade, do que a maioria das pessoas precisa,

foi imposta uma restrição para que impedisse excessos nas contribuições” (John Gill, in toe.).

Ao que parece, Moisés viu-se a braços com um problem a de arm azenam ento. Pouco depois da Segunda Guerra Mundial, a produção agrícola foi tão grande nos Estados Unidos da Am érica que 0 principal problem a do secretário de agricultura passou a ser onde a rm azen ar tan to cerea l, 0 que estava custando ao governo b ilhões de dó lares por ano. M uitos congressistas e senadores sentiam a pressão do problema, e houve inúm eras queixas. Mas certo homem observou quão grande bênção era esse problem a, po is outros países, de vários lugares do mundo, esta- vam sofrendo necessidades por causa da guerra. Então, houve um grande proble- ma de distribuição, e os estoques foram reduzidos, m ediante partilha com nações necessitadas.

As Partes do Tabernáculo (36.8 - 36.20)

36.8-13

Os vss. 8-13 deste capítulo correspondem exatamente ao trecho de Êxo. 26.1-6. Somente os tempos verbais foram alterados. Esses versículos dizem respeito à constru- ção da cobertura mais interior.

No prim eiro relato, três peças de m obiliário foram descritas em prim eiro lugar (cap. 25). Mas aqui, a fe itura do próprio tabernáculo dá início ao relato. Q uatro com ponentes foram alistados e descritos.1. As cortinas de linho que encobriam os lados e form avam 0 teto. (Cf. Êxo. 36.8-

13 com 26.1-6). A cobertura interna do tabernáculo é descrita.2 As cortinas de pêlos de cabra, de peles de carneiro e de couros de animais mari-

nhos. (Cf. Êxo. 36.14-19 com 26.7-14). Isso traía das duas coberturas mais externas.3. As treliças de armação de madeira, nos lados norte e sul e nos fundos da estrutura. (Cf.

Êxo. 36.20-30 com 26.15-25). Em conexão com isso, temos as travessas que manti- nham as colunas no seu lugar. (Cf. Êxo. 36.31-34 com 26.26-29).

4. As duas cortinas da entrada, uma cobria a entrada para 0 tabernáculo e outra que dividia 0 tabernáculo em dois aposentos: 0 Lugar Santo e 0 Santo dos Santos (Cf. Êxo. 36.35-38 com 26.31-37).Em todos os casos, as exposições são dadas no capítulo vinte e seis, com

breves adições que ofereço, abaixo.

36.14-19

E stes ve rs ícu lo s c o rre sp o n d e m qu ase exa ta m e n te a Êxo. 26 .7 -1 4 , onde são dadas notas expositivas. Q uanto às possíve is razões de tais repetições, que

36.535.34

Aoliabe. Ver notas expositivas completas sobre ele em Êxo. 31.6.

35.35

Eles receberam suas habilidades da parte de Yahweh, com o um dom a ser usado, conforme já vimos em Êxo. 31.3. Este versículo enumera as habilidades que eles possuíam . Eram artífices do m ais alto conhecim ento e experiência, conform e tam bém nos é dito em Êxo. 31.4,5. Temos aqui a palavra mestre, ou seja, um sinôni- mo de artífice, um vocábulo genérico que fala de trabalhos feitos em pedra, madeira e metal.

Bordador. Traba lho de bo rdad o sob re tec idos, que e les faz ia m e orien ta - vam , sendo que p ro va ve lm e n te a m a io ria dos o p e rá r io s c o n s is t ia em m ulhe- res. Eram tece lões habilidosos, con form e fica subentend ido no orig inal hebraico. Vários desenhos com plicados precisavam ser entretecidos, para 0 que era m ister consideráve l técn ica e experiência . “ . . .para os véus, para as cortinas exte rnas do tabernácu lo e para as vestes sace rdo ta is ” (John Gill, in loc.).

Capítulo Trinta e Seis

Este capítulo não dá início a um novo parágrafo, mas antes prossegue 0

parágrafo iniciado em Êxo. 35.30. A quela seção, por sua vez, é paralela a Êxo.31.1-11.

As Cinco Exposições. O au tor sagrado descreveu, por cinco vezes, com m uitas repetições, com o 0 tabernáculo foi planejado, construído, aprovado e mon- tado. Ver sobre isso em Êxo. 25.1, em seus com entários introdutórios, último parágrafo. Acham os aqui a segunda descrição.

36.1

A q u ilo que os d o is h o m e n s re c e b e ra m a ta re fa de fa ze r, da pa rte de Y ahw eh, a través de M oisés, pa ssaram a rea liza r. É be lo quando a lguém rece- be um a m issão d iv in a , é p re p a ra d o pa ra essa m issã o , e, en tão , é cap az de c um pri-la . A lém de les , h a v ia o u tra s p e sso a s d o tada s de h a b ilidade espec ia l, que a judavam as prim e iras , sob a su p e rv isã o de las. Este ve rs ícu lo re ite ra es- sencia lm en te 0 que já tínham os v is to em Êxo. 35 .10 ,11 , onde são dadas notas expositivas.

“0 capítulo todo é pouco mais do que a repetição daqueles capítulos (Êxo. 25 - 30), diferindo dos m esm os apenas no registro do que foi sendo feito, conform e tinha sido ordenado que se fizesse. A exatidão m inuciosa da repetição é deveras notável, pare- cendo ensinar-nos a importante lição que a obediência ace itáve l consiste em uma ob- servância completa e exata dos mandamentos de Deus, em todos os aspectos, até 0

mais minúsculo particular” (Ellicott, in loc.). Naturalmente, não nos devemos esquecer que a repetição é uma característica literária do autor, 0 que se vê continuamente por todo 0 Pentateuco.

36.2,3

Este versículo repete aquilo que já tínham os visto em Êxo. 31.1-11, onde são dadas notas expositivas. V er tam bém estes últimos versículos, quanto a maiores detalhes. Se antes foi dito que aqueles hom ens foram cham ados por Yahweh, por m eio de Moisés, agora é dito que eles foram cham ados por Moisés para realmen- te com eçarem 0 trabalho. Eles receberam os m ateriais básicos que deveriam empregar no seu labor. Visto que eram homens versáteis, e estariam trabalhando com metais preciosos, ouro, prata, bronze e tecidos, os materiais que receberam foram variegados e amplos. Ver Êxo. 35.32,33 e 35. Ver as ofertas voluntárias, descritas em Êxo. 25.2 ss. E 0 material doado foi “muito mais do que era necessário para 0 serviço da obra” (vs. 5).

A liberalidade dos ofertantes prosseguiu. O entusiasmo estava alto. As pessoas sacrificaram tanto os seus bens materiais quanto 0 seu tempo. Manhã após manhã eles continuavam trazendo suas oferendas. Cf. essa liberalidade com aquela de Davi, quan- do ele estava acumulando materiais para a construção do templo de Jerusalém (I Crô. 29.6-9), ou quando Zorobabel construiu 0 segundo tem plo (Esd. 2.68-70; Nee. 7.70- 72).

36.4

Aqueles que eram habilidosos em várias formas de labor, realizaram suas tarefas. Isso repete a informação de Êxo. 35.10,26 e 35. Por todo 0 capítulo trinta e cinco foram enfatizadas a voiuntariedade e a habilidade dos operários. Agora tem os a adição do fator generosidade. A combinação desses três fatores fez do projeto um sucesso com- pleto, 0 qual foi realizado em pouco tempo.

Page 170: At Interpretado- Êxodo

465ÊXODO

37.25-28

Esses versículos são paralelos a Êxo. 30.1 -10, onde são dadas as notas expositivas. Está em mira a manufatura do altar do incenso.

37.29

Esse versículo dá um a breve nota acerca do incenso santo e do óleo da unção, que foram descritos com detalhes em Êxo. 30.22-28, onde as notas expositivas devem ser consultadas.

CapítuloTrinta e Oito

Este capítulo, até 0 seu vigésim o versículo, dá continuação ao parágrafo inicia- do em Êxo. 36.8. Esta seção descreve a m anufa tura de itens do tabernáculo que tinham sido anunciados em cap ítu los an te rio res. P raticam ente nada de novo foi ad ic ionado, a lém da in fo rm açã o dada em cap ítu los an teriores. V er as no tas na introdução ao capítu lo trin ta e sete, sobre com o a seção inte ira tem paralelo com aquilo que foi dito antes.

38,1-7

Estes versículos têm paralelo em Êxo. 27.1-8, onde são dadas as notas expositivas. Esta seção trata da construção do altar de bronze, isto é, dos holocaustos.

38.8

Este versículo dá um a breve nota acerca da m anufatura da bacia de bronze, descrita com detalhes em Êxo. 30.17-21. Acham os aqui a pequena informação adicional de que 0 bronze utilizado em sua feitura era dos espelhos das mulheres. Os espeihos antigos eram feitos de metal polido, e não de vidro. Os espelhos de vidro só começaram a ser fabricados no século I D. C.; mas mesmo esses não eram feitos de bom vidro, e nem tinham 0 poder de reflexão em comparação com os espelhos atuais. Metais bem polidos davam um reflexo razoável, mas a referência de Paulo, em I Cor. 13.12, mostra-nos que deixavam muito a desejar. O que Paulo quis dizer é que nesta vida 0 nosso conhecimento é tão pequeno que vem os como se estivéssemos olhando através de um espelho de metal polido, onde as imagens eram vistas apenas indistinta- mente.

Há um artigo detalhado no D icionário chamado Espelho. E na Enciclopédia de B i- blia, Teologia e Filosofia há um artigo intitulado Espelho Espiritual, que explora as idéias metafóricas sugeridas pelo espelho, mormente no tocante à evolução espiritual, através do poder do Espírito Santo. Ver II Cor. 3.18 acerca disso. Há comentários abundantes sobre esse versículo no Novo Testamento Interpretado.

Ver no Dicionário 0 verbete intitulado Bronze. O bronze era um metal comumente usado no fabrico de espelhos; e a arqueologia tem achado muitos exemplos de tais espelhos, usados no Egito, onde os israelitas devem ter aprendido a fabricá-los. A mai- oria desses espelhos tinha 0 formato redondo ou oval. A lguns tinham bordas e cabos altamente decorados. As mulheres etruscas tinham espelhos de metal assim ornados.

Mulheres que se reuniam para m inistrar. Eram m u lh e re s que se rv ia m em algum a capacidade, à po rta da en trada da tenda de M oisés (ver Êxo. 33.7). Nessa tenda, M oisés dava oráculos, instruções e solucionava problem as. As fun- ções e fe tu a d a s na ten da , m a is ta rd e fo ram tra n s fe r id a s pa ra 0 p ró p rio tabernáculo.

Tenda da congregação. Está em vista a própria tenda de Moisés, mas essa m esm a expressão, e m o u tro s trechos bíblicos, tam bém se referia ao tabernáculo. Para exemplificar, ver Êxo. 40.1,12,22,24,26,29,30,34,35.

Não fica claro qual serviço as m ulheres prestavam. Ta lvez mantivessem limpo 0 lugar; ta lvez ag issem com o conselheiras de mulheres; talvez atuassem como vig ilantes ou recepcionistas. Mas ta lvez este ja em pauta que elas ministra- vam contribuindo com 0 bronze de seus espelhos, embora esteja em foco mais do que isso. As mulheres sabem agir muito bem no preparo de refeições, e isso, sem dúvida, fazia parte do serviço delas.

38.9-20

Esses versículos têm paralelo em Êxo. 27.9-19, onde são dadas as notas expositivas. Está em pauta a construção do átrio do tabernáculo.

O Custo do Tabernáculo (38.21-31)

Esta breve seção é sup lem en tar, não havendo qu a lque r pa ra le lo em outro trecho b íb lico . M as p ressupõe a no m eaçã o de Itam ar com o cabeça dos lev itas

ocorrem com tanta freqüência no Pentateuco, ver as notas sobre Êxo. 3 6 .1 .0 vs. 19 coiresponde a Êxo. 26.14 e diz respeito à confecção das duas outras coberturas externas do tabernáculo. Os vss. 8 a 13 referem-se à cobertura interior do tabernáculo, feita de linho frio. Lembremo-nos que havia três dessas coberturas ao todo.

36.20-30

Estes versículos correspondem a Êxo. 26.15-25, onde são dadas as notas expositivas. São descritas aqui as estruturas de madeira para as paredes do tabernáculo. Estão envolvidos os lados norte, sul e fundos. A parte da frente, que dava para 0 leste, lot edificada de modo diferente.

36.31-34

Estes versículos correspondem a Êxo. 26.26-29, onde são dadas as notas expositivas. São abordadas aqui as travessas, que m antinham as tábuas das paredes em seu lugar.

36.35-38

E stes ve rs ícu lo s c o rre sp o n d e m a Êxo. 2 6 .3 1 -3 7 , on de são dadas as no tas e xp o s itiva s . M as aqu i te m o s 0 a c ré sc im o de um a p e quen a in fo rm a- ção , ou se ja , que os ca p ité is das c inco c o lu n a s e ram re co b e rto s de ou ro (vs. 38). Não se sabe porque esse pequeno de talhe foi om itido no capítulo vinte e seis.

CapítuloTrinta e Sete

Este capítulo dá prosseguim ento à seção in iciada em Êxo. 36.8. O capítulo trinta e seis inteiro é a repetição do capítulo vinte e seis, com pequenas variações. E este capitulo trinta e sete é a repetição de matéria que já foi vista e comentada antes. Assim:

Êxo. 37.1-9 repete Êxo. 25.10-22.Êxo. 37.10-16 repete Êxo. 25.23-30.Êxo. 37.17-24 repete Êxo. 25.31-40.Êxo. 37.25-28 repete Êxo. 30.1-10.Êxo. 37.29 menciona 0 que fora dado com detalhes em Exo. 30.22-38,O trecho de Êxo. 37.1 - 38.8 redescreve a manufatura de sete itens do m obiliário

do tabernáculo, a saber: _1. A arca e sua tampa (Êxo. 37.1-9 e_25.10-22).2. A mesa dos pães da proposição (Êxo. 37.10-16 e 25.23-30).3. O candelabro (Êxo. 37.17-24 e 25.31-39).4. O altar do incenso (Êxo. 37.25-28 e 30.1-10).5. O óleo da unção e 0 incenso (Êxo. 37.28 e 30.22-28).6. O altar dos holocaustos (Êxo. 38.1 -7 e 27.1-8).7. A bacia de bronze (Êxo. 38.8 e 30.17-21).

Há algum a ad ição em Êxo. 37.1 - 38.8. Pois ficam os sabendo que a bacia de bronze foi fabricada ã partir dos espelhos de bronze polido que as mulheres hebréias trouxeram com essa finalidade.

37.1-9

E s te s v e rs íc u lo s c o r re s p o n d e m a Ê xo . 2 5 .1 0 -2 2 , o n d e são d a d a s as no tas exp os itivas . A isso a c re sce n te i a lgu ns p o u co s de ta lh e s . São aqui des- c r ita s a a rca e su a ta m pa , m a n u fa tu ra d a s de a c o rd o com in s tru ç õ e s dadas de an tem ã o .

Bezalel. Ver notas expositivas completas sobre ele em Êxo. 31.1,2. Ver também Ê xo; 35.30. Seu com panheiro de ta re fas era Aoliabe, sobre quem há com entários em Êxo. 31.6. Parece que Aoliabe não teve qualquer participação na confecção dos móveis e utensílios do tabernáculo, porquanto concentrou sua atenção sobre as co- berturas, os véus e cortinas e as vestes sacerdotais. Ver Êxo. 38.23.

Em Êxodo 37.6, temos menção ao propiciató rio (ver as notas a respeito em Êxo, 25.17).

37.10-16

Esses versículos são paralelos a Êxo. 25.23-30, onde são dadas as notas expositivas. Está em pauta a confecção da mesa dos pães da proposição.

37.17-24

Esses versículos são paralelos a Êxo. 25.31 -40, onde são dadas as notas expositivas. Está em foco a manufatura do candelabro.

Page 171: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO466

neste versículo, pesavam muito mais do que 0 cálculo que damos aqui. Mas mesmo calculando esse sido sagrado como de peso igual ao do sido comum, teríamos aqui um cálculo de ligeiramente mais oito e meio quilos de ouro. E assim, teríamos— em talentos: 29 x 35,10 = 1017,9 kg. E novamente, em siclos, 8,54 kg. Portanto: 1017,9 + 8,54 = 1026,44 kg de ouro! Ver as notas sobre Êxo. 30.13.

38.25

C om o já v im os, 0 pe so to ta l em p ra ta u ltra p a s s a v a de três e m e ia to n e - ladas. Os s ic los do sa n tu á rio (s/c/o sa g ra d o , ve r Êxo. 30 .13 ,24) está em pau- ta, p ro va ve lm e n te m a is p e sa d o do qu e 0 s ic lo com um . M as com o 0 va lo r do s ic lo sa g ra d o é d e sco n h e c id o , fiz e m o s to d o 0 c á lcu lo com base no s ic lo co- m um , de 11,7 g cad a s ic lo . E sse m a te ria l fo i re co lh id o com base na taxa do a rro la m e n to (ve r Êxo. 3 0 .1 1 -1 6 ), sem fa la r nas o fe rta s vo lu n tá ria s . V e r a in- tro duçã o ao ve rs ícu lo v in te e um deste ca p itu lo . Le m bre m o-nos que 0 ta le n to va lia três m il sic los.

38.26

Um beca... meio siclo. Uma beca era meio siclo. “Beca” é a transliteração do term o hebra ico que s ign ifica “m e io” . Está aqui em pauta 0 meio sic lo cobrado por cabeça, entre os varões israelitas. Essa taxa serviu para pagar todas as despe- sas com a construção do tabernácuio, conform e já mostrei na introdução ao vs. 21. Mas tam bém houve aquelas ofertas vo lun tárias que não fazem parte do côm puto geral, ofertas essas que tiveram de ser restringidas, devido à sua abundância (ver Exo. 36.5,6).

Os hom ens is rae litas de v in te anos pa ra cim a, ap tos para 0 serv iço m ilitar, foram de 603.550. Ver Êxo. 30.14 e Núm. 1.20,46. Um dos propósitos do arrola- mento foi verificar quão num eroso era 0 exército que Israel poderia convocar. E os hom ens capazes de ir à guerra fo ram p rec isam e nte os que tiveram de pagar a taxa. Mulheres, crianças, sacerdotes e escravos foram isentos do pagam ento da taxa. Ver as explicações nas referências dadas.

38.27-28

Esses ve rs ícu los de screvem 0 uso da pra ta . Essa in fo rm ação já nos tinha s ido dada em Êxo. 2 6 .19 ,2 1 ,25 (com o b a se s), e em Êxo. 27 .10 ,17 e 38 .10-12 (co m o c o lc h e te s e ve rg a s ), on d e fo ra m d a d a s n o ta s e xp o s itiv a s . H av ia um to ta l de cem b a ses : q u a re n ta em cad a lado ; d e ze sse is no lado o c id e n ta l do ta b e rn á cu io ; e qu a tro que a p o ia va m as q u a tro co lu n a s que da vam a p o io ao véu.

38.29,30

Quanto a ta lentos e sic los, ver as notas sobre 0 versículo vinte e quatro deste capítulo. O tabemáculo precisou de cerca de duas e meia toneladas de bronze. Ver as notas sobre Êxo. 27.2,6, quanto aos vários itens feitos de bronze. A bacia foi feita de bronze, aproveitado dos espelhos de metal polido doados pelas mulheres. (Ver Êxo. 38.8).

Bases. Ver Êxo. 26.37.

Altar. Ver Êxo. 27.2-6.

Grelha. Ver Êxo. 27.2-6.

Utensílios. Ver Êxo. 27.3 e 38.3.

38.31

Bases do átrio. Ver Êxo. 15.18 e 27.10-12. Havia um total de sessenta bases de bronze.

Estacas do tabemáculo. Ver Êxo. 27.19 e 38.20.

Estacas do átrio. Ver Êxo. 27.19.

CapítuloTrinta e Nove

As Vestes dos Sacerdotes (39.1-31)

A maior parte do capítulo diante de nós repete informações que já nos haviam sido dadas nos capítulos anteriores. Logo, a exposição já foi dada em outros luga- res, e aqui são ad ic ionados apenas a lguns poucos de ta lhes. A m a io r parte dos

(cf. Núm. 3 e 4.33), e 0 recenseamento de Israel, descrito no primeiro capítulo de Nú- meros. Provê um sumário das ofertas trazidas para a construção do tabemáculo e nos fornece alguma idéia do custo dos materiais. Vários paralelos existem, e esses são comentados ao longo do caminho.

“Agora que a obra havia com eçado, foi com pilado pelos levitas, sob Itamar, 0

filho mais jovem de Arão, um inventário dos materiais doados. As estatísticas reve- Iam 0 quanto se engrandeceu e expandiu 0 centro de adoração de Israel. O materi- al doado inc lu ía um pouco m ais de um a ton e lada de ou ro (Êxo. 38 .34); m ais de três e meia tone ladas de prata (vss. 25-28); e cerca de duas e m eia tone ladas de bronze (vss. 29-31). Calculando que meio siclo (ou beca) pesava 5,85 g, e sabendo que 603.550 hom ens de Israel pagaram a taxa de m eio siclo, houve um recolhi- m ento de nada m enos de ligeiram ente m ais de 3 .530 kg de prata. Esse foi 0 total da prata cobrada naquela taxação, de acordo com Êxo. 30.11-16. Embora a cober- tura externa do tabernácuio, fe ita de couros de peixe-boi, fizesse a estrutura pare- cer-se com a tenda de um beduino (de um a ún ica cor), a riqueza dos metais, para Israel, indicava a santidade, a glória e a m ajestade de Deus, que viera habitar entre eles. A casa de Deus, pois, indicava que Ele era capaz de prover de form a abun- dante para os que Lhe pertenciam " (John D. Hannah, in loc.). Oh, Senhor, conce- de-nos tal graça!

38.21

A enumeração. Essa contagem foi fe ita para fornecer-nos 0 custo das ofer- tas que foram trazidas, a fim de dar-nos uma idéia da grandiosidade do tabemáculo. V er as notas de introdução a esta seção, onde se faz um sum ário das informa- ções providas neste trecho.

Tabernácuio do testemunho. Esse nome indica 0 fa to de que no Santo dos Santos, dentro da arca da aliança, foram postas as duas tábuas de pedra da lei, com os Dez M andam entos (ver a respeito no D ic ioná rio ). Isso servia de testem u- nho permanente ao povo, acerca da vontade de Deus. Deveras, 0 tabem áculo todo tinha essa função, entre outras, m a s a referência aqui é, especificamente, às tábuas da lei. V er sobre 0 testem unho em Êxo. 16.34 e 25.16, onde são oferecidas notas exp ositivas de ta lhadas. V e r Êxo. 24 .12 quan to a vários ou tros nom es dados ao tabernácuio.

Itamar. Há um artigo sobre ele, em Êxo. 6.23. Itam ar e seus descendentes ocuparam a posição de sace rdo tes com uns até que 0 sum o sace rdóc io passou para essa família, na pessoa de Eli. Os dois irmãos mais velhos de Itamar, Nadabe e Abiú, foram executados a m ando do Senhor, por terem oferecido fogo estranho sobre 0 altar (Lev. 10; Núm. 3.4). Q uando Israel vagueava pelo deserto, Itamar era 0 líder dos levitas.

Sacerdote Arão. Ver no D icionário 0 artigo sobre ele.

38.22

Bezalel. Ver notas completas sobre ele em Êxo. 31.2. Ver tam bém Êxo. 35.30; 36.1; 37.1. Juntamente com Aoiiabe (vs. 23), foram os supervisores da obra de construção do tabemáculo, e esteve pessoalmente ocupado em muitas das tarefas, sendo um artífice altamente habilitado em várias linhas de trabalho. As referêndas adm a mostram os dife- rentes tipos de trabalho que fizeram.

38.23

Aoiiabe. Ver no tas com pletas sobre ele, em Êxo. 31.6. V e r tam bém Êxo.35.34 e 36.1,2. Bezale l e Aoiiabe eram com panhe iros de tare fas. O prim eiro traba lho em m etais. E 0 segundo, em tecidos, con form e podem os ve r com pa- rando Êxo. 31.4 com este versículo. O trabalho com tecidos, de Aoiiabe, envolveu os véus e as cortinas do tabemáculo, e tam bém as vestim entas dos sacerdotes. Quanto ao trabalho em tecidos, ver Êxo. 26.1,31; 28.6,15; 36.8,35; 39.3.

38.24

V e r no D ic io n á rio 0 a r tig o P e so s e M e d id a s . V e r os c o m e n tá rio s dados na in tro d u çã o à p re se n te seçã o , em Ê xo. 3 8 .21 , os pe so s e n vo lv id o s . É im- po ss íve l ca lcu la rm o s os v a lo re s m o d e rn o s , v is to que 0 p o d e r a q u is it iv o tem v a r ia d o m u ito em re la ç ã o ao qu e h a v ia na a n t ig u id a d e re m o ta . M as po de- m os te r c e r te z a q u e , q u a n to ao p o d e r de c o m p ra , 0 ta b e rn á c u io e n vo lve u q u a n tia s p ro d ig io s a s . O ta le n to de o u ro v a lia trê s m il s ic lo s de p ra ta . Um ta le n to era 0 equ iva len te a 35 ,10 kg!

O ta le n to pesava 35 ,10 kg. O sic lo pesava 11,7 g. M as 0 s ic lo era variável, dependendo do lugar e do tem po. Seja com o for, 0 ouro do tabem áculo orçava em 1018 kg. Ver a quarta seção do artigo ac im a m encionado, acerca do ta le n to e do siclo, sob os pontos A e C. O siclo do santuário, ou sic lo sagrado (ver Êxo. 30.13,24), pesava vinte geras. A lguns estudiosos pensam que esse siclo sagrado pesava mais do que 0 siclo comum. Se isso é verdade, então os setecentos e trinta siclos, referidos

Page 172: At Interpretado- Êxodo

467ÊXODO

Um dos temas desta passagem é a importância da obediência. Um outro é a importân- da das tarefas bem-feitas. Ainda um outro é que uma autoridade maior inspedona 0 nosso trabalho, Ninguém trabalha sozinho, apenas para seu próprio beneficio. Cada indivíduo haverá de prestar conta daquilo que tiver realizado. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia 0 verbete Julgamento do Crente por Deus.

39.32

Fizeram tudo segundo 0 Senhor tinha ordenado. C ada ho m em fez a lgu m a co isa . C ada co isa fe ita fo i a p re se n ta d a a M o isés, pa ra sua inspeção. E le havia re ceb ido o rdens e m o de los a se rem cop ia dos, da pa rte de Y ahw eh (Êxo. 25 .9 ,10 ), e sab ia com o a ju iza r, re m ed ia ndo qu a isque r equ ívocos. V e r a in trodução a esta seção, q u an to a idé ias abrangentes . O tra ba lho de cada ho· mem jam a is de ixa de ser inspec ionado e ava liado. D isse Sócrates: “Não va le a p e na v ive r um a v id a sem d is c ip lin a ” . As pa rtes co n s titu tiva s do tab e rn á cu lo , antes de serem m ontadas, eram inspecionadas. N enhum a coisa defe ituosa po- dia ser posta na estrutura, para depo is ser substitu ída por outra peça, que fosse perfe ita .

39.33

As C inco D eclarações. Por c inco vezes 0 au tor sacro afirma, com longas des- crições, e com muitas repetições, com o 0 tabernáculo foi planejado, construídas as suas peças, aprovado, e, finalm ente, m ontado. A declaração que tem os aqui mos- tra como Moisés aprovou a obra, sendo esta a te rceira repetição ou descrição. Ver as notas de introdução ao trecho de Êxo. 25.1, em seu últim o parágrafo, quanto a essas cinco declarações.

Os vss, 33-41 nos dão um a lista dos muitos itens do tabernáculo. Essas peças foram trazidas, inspecionadas e aprovadas (vs. 43).

Tenda. Um termo genérico para a totalidade do tabernáculo (ver no D icionário 0

artigo Tabernáculo).

Seus pertences. Um termo genérico para a arca (vs. 35), para a mesa dos pães da proposição (vs. 36), para 0 candelabro (vs. 37), e para os altares (vss. 38 e 39).

Colchetes. Ver Êxo. 26.6,11 e 35.11.

Tábuas. Ver Êxo. 26.15,17:27.8.

Vergas. Ver Êxo. 26.26,27:35.11.

Colunas. Ver Êxo. 26.32:27.10.

Bases. Ver Êxo. 26.19:27.10:35.11.

39.34

Peles de carneiro. Ver Êxo. 25.5:26.14; 35.7.

Peles de animais marinhos. Ver Êxo. 25.5; 26.14; 35.7.

Véu. Ver Êxo. 26.31; 27.21. Em Êxo. 27.16, apresento notas expositivas sobre as três cortinas do tabernáculo.

39.35

A arca do testemunho. Ver Êxo. 25.10 e tam bém , no Dicionário, 0 artigo Arcada Aliança.

Propiciatório. Ver Êxo. 25.17 e, no Dicionário, 0 artigo chamado Propiciatório.

39.36

Mesa. Ver Êxo. 25.23.

Utensílios. Êxo. 25.29.

Pães. Êxo. 25.30.

39.37

Candelabro. Êxo. 25.31 e 0 artigo Candeeiro, no Dicionário.

Utensílios. Êxo. 25.38,39.

Azeite. Êxo. 27.20, e, no Dicionário, 0 artigo intitulado Azeite.

paralelismos é com 0 capítulo vinte e oito. Os caps. 35 - 40 tratam da constn jção do tabernáculo, e não de suas funções, pelo que não se faz qualquer menção ao Urim e ao Tumlm (Êxo. 28.30). O peitoral do ju ízo (Êxo. 28.15; cf. Êxo. 28.29) é apenas mendonado no cap. 39 (vss. 8,15,19,21), sem qualquer alusão à sua função. A lâmina de ouro (Êxo.28.36-38) é chamada de “lâmina da coroa sagrada” (Êxo. 39.30,31). O terceiro versículo deste capítulo dá-nos uma informação sobre como foram feitos os fios de ouro para serem bordados no estofo de várias cores, como obra de desenhista, 0 que não é dito no capitulo vinte e oito. O trecho de Êxo. 39.32-43 diz que toda a obra, uma vez terminada, foi apre- sentada a Moisés, para sua aprovação. Vemos pois, como este capítulo inteiro tem inter- mináveis repetições de coisas que já haviam sido apresentadas nos capítulos anteriores.

39.1

Este versículo introdutório serve de uma espécie de sumário do que já havia sido dado em Êxo. 28.1 -5, onde são dadas as notas expositivas. Aquele trecho diz “e seus filhos com ele”, 0 que não aparece aqui, onde são descritas as vestes do sumo sacerdote. Mas a frase “e para seus filhos" ocorre no vs. 27 deste capítulo, onde são apresentadas as vestes dos sacerdotes comuns. Ver também Êxo. 31.10.

39.2-7

Estes versículos têm por paralelo 0 trecho de Êxo. 28.6-12, onde é dada a exposi- ção. Está em pauta a manufatura da estola sacerdotal. O terceiro versículo deste capítu- Io fom ece-nos informações adicionais, afirmando com o os fios de ouro foram feitos. Temos aí uma metalurgia crna, atrasada em relação à de outras nações da época. Os fios de azul, púrpura e carmesim foram entretecidos juntos, a fim de produzir um dese- nho padronizado. Posteriormente, os fios de ouro foram inseridos mediante trabalho de bordado. Uma prática similar havia no Egito, na época, sendo provável que os israelitas aprenderam ali essa técnica.

O ouro era batido para tornar-se chapas bem finas. E então essas chapas eram cortadas, formando fios. Visto que não havia máquinas de precisão, podemos pensar que os fios assim produzidos eram grossos e irregulares. John Gill (in loc.), alicerçando- se sobre antigos intérpretes judeus, supunha que os fios de ouro tinham sido borda- dos juntamente com outros fios: “Os homens tom aram fios de ouro puro, juntamente com seis outros fios azuis, torcendo os sete para formarem um único fio. Enrolavam um fio de ouro com seis fios de cor púrpura, e um fio de ouro com seis fios de cor carm esim , e ainda outro fio de ouro com seis fios de linho, de tal m odo que havia quatro lios de ouro, em cada total de vinte e oito lios". Assim pensava Maim ônides (Ce/e Ham ikdash, c.9, see. 5). Mas essa técnica pode ter-se desenvolvido somente mais tarde.

39.8-21

Esses versículos sâo paralelos ao trecho de Êxo. 28.13-30, onde é dada a exposi- ção. Está em foco a manufatura do peitora l do sumo sacerdote.

39.22-26

Esses versículos têm com o paralelo 0 trecho de Êxo. 28.31-35, onde é dada a exposição. Está em pauta a manufatura da sobrepelizúa estola sacerdotal.

39.27-31

Esses versículos têm como paralelo 0 trecho de Êxo, 28.36-43, Está em vista a m anufatura da túnica, da mitra, dos calções, da coroa sagrada e do cordão. No vs. 30, a lâm ina de ouro puro é chamada de “lâmina da coroa sagrada”. Em tudo 0 mais, os detalhes são os mesmos. Os calções foram feitos tanto para Arão (0 sumo sacerdote) quanto para seus filhos (os sacerdotes comuns). Ver Êxo. 28 .42 ,43 .0 trecho de Êxo.28.40 menciona as túnicas dos sacerdotes. E no vs. 27 deste capítulo as túnicas de Arão e de seus filhos aparecem juntas.

Os Utensílios do Tabernáculo São Terminados e Apresentados (39.32-43)

Conforme temos visto por todo este livro de Êxodo (0 que também ocorre por todo 0 Pentateuco), a repetição é uma das grandes características literárias do autor sagra- do. Isso posto, na breve seção que ora consideram os a m ensagem é esta: Todo 0

trabalho realizado no tabernáculo foi apresentado para inspeção e aprovação de Moisés. E, então, em lugar de dizer algo genérico, novamente nos é dada uma lista de todos esses itens do tabernáculo, tudo pronto, apresentado e aprovado por Moisés; e essa longa lista repete, uma vez mais, coisas que já nos tinham sido ditas nos capítulos anteriores.

É possíve l que cada item , um a vez te rm inad o, fosse en tão ap resen tado a Moisés; e, então, se havia algum defeito, este era corrig ido ato contínuo. Mas não se sabe de qualquer artigo que tenha sido re je itado . A M o isés tinha sido dado 0

m odelo no m onte, envolvendo tudo quanto prec isaria ser fe ito (Êxo. 25.9,40). Por- tan to , só e le tinha 0 con hec im e nto e a au to ridade pa ra ap rova r a obra, ou para ordenar que algo fosse refeito, se porventura tivesse sido feito de m odo imperfeito.

Page 173: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO468

Capítulo Quarenta

Deus Manda Moisés Levantar 0 Tabernáculo (40.1-15)

Ver 0 d iagram a sobre 0 p lan o do tabernáculo, nas notas sobre Êxo. 26.1. Esse diagram a m ostra a localização de todos os itens mencionados neste capítu- Io quarenta.

Uma vez mais, Yahweh deu as instruções necessárias. A maior parte dessas ins- truções repete material que já vimos nas notas sobre Êxo. 25.1 - 31.17. Tal como no cap itu lo vinte e cinco, essas instruções com eçam pela arca, 0 coração mesmo do tabernáculo. estando 0 testem unho (as duas tábuas de pedra inscritas com os Dez Mandamentos) dentro da arca. No entanto, a m aneira como 0 tabernáculo foi erigido, não nos é dito, mas que isso foi feito é algo que é declarado nos vss. 16-19 deste capitulo.

Podem os d iv id ir este cap itu lo em duas grandes d iv isões: Êxo. 40 .1-6 dá as instruções de Yahweh; e Êxo. 40 .17-33 in fo rm a-nos que_essas instruções foram cum pridas. Isso segue 0 m esm o padrão que se viu em Êxo. 25 - 40 e Êxo. 35 - 39, respectivam ente, E nos vss. 34-38 deste capítu lo tem os a conclusão do livro de Êxodo, onde vem os que Y ahw eh cum priu a Sua prom essa , fazendo a pro- m essa divina habitar no tabernáculo. Portanto, a nova fé, 0 Yahwismo, por assim dizer, teve a sua igreja, onde veio manifestar-se a presença divina. Na dispensação do N ovo T e s ta m e n to , 0 luga r de ha b ita çã o do E sp írito de D eus é a a lm a do hom em ( í Cor. 3.16). A fé re lig iosa tem progred ido m uito desde a tenda arm ada no deserto do Sinai.

Tudo sucede em seu devido tempo. Yahweh não tinha pressa em armar a tenda. Ele havia designado um dia para isso (Êxo. 40.2). Por igual modo, Ele designa um tempo específico para os nossos triunfos. Oh, Senhor, concede-nos tal graça. Nada acontece por mero acaso.

Ele me guia, bendito pensamento,Ó pa lavras carregadas de consolo ce leste !Tudo quanto laço, tudo quanto sou,A m ão de Deus é que m e guia.

(Joseph Gilmore)

4 s Cinco Declarações. Por cinco vezes, 0 autor sagrado afirmou (descreveu) como 0 tabernáculo foi ordenado, construído, aprovado por Moisés, como houve instruções sobre sua montagem, e como foi, finalmente, montado. Essas declarações contêm mui- tas repetições. A seção à nossa frente é a quarta dessas repetições. Ver as notas introdutórias sobre Êxo, 25,1, em seu último parágrafo.

40.1

Disse 0 Senhor a Moisés. Q uão fre q ü e n te m e n te acham os essa exp res- são no livro de Êxodo. V e r Êxo. 6 .2 ,10; 7.8 ; 8.1; 12.1; 13.1; 14.1; 25.1; 30.11; 3 1 .1 ,1 2 ; 3 3 .11 . E la e xp rim e um d e c id id o te ísm o . V e r no D ic io n á rio 0 a r tig o in titu la do Teísm o.

As Instruções:1. O arranjo físico do santuário, em seu interior e exterior, e as cortinas do átrio, que

formavam paredes que fechavam 0 mesmo (vss. 1-8).2. A consagração do tabernáculo e de todo 0 seu conteúdo (vss. 9-11).3. A lavagem, vestimenta e unção dos sacerdotes, em preparação para 0 seu ofício

(vss. 12-16).

40.2

No primeiro dia do primeiro mês. “Tem os ai 0 fa tor tem po (vs. 2), no segundo_ano do êxodo (vs. 17). O êxodo ocorreu no décim o quarto dia do primei- ro mês (Êxo. 12.2,6,33,34). V isto que 0 povo de Israel chegou ao Sinai três meses depois de ter saído do Egito, então agora já estavam no Sinai fazia oito e meio meses. Parte desse tem po (pelo menos oitenta dias), Moisés tinha estado no alto do monte (guarenta dias, em Êxo. 24.18; e mais quarenta dias, a fim de renovar 0

pacto, em Êxo. 34.28). Portanto, talvez seis e meio m eses estiveram ocupados no recolhimento dos materiais necessários para a construção do tabernáculo. Esses meses escoaram-se entre meados de setembro até fins de março” (John D. Hannah, in loc.). Por conseguinte, 0 tabernáculo foi erigido quase exatamente um ano após a saída de Israel do Egito.

Primeiro mês. Ou se ja , 0 m ês de a b ib e (Ê xo . 12). O A no N o vo e s ta va che gand o , e era na tu ra l in a u g u ra r en tão a nova e s tru tu ra , 0 tab e rn á cu lo , no p r im e iro d ia do p r im e iro m ês do ca le n d á r io re lig io so . V e r no D ic io n á rio , em sua seção sé tim a, 0 a rtigo C a le n d á rio Ju d a ico . V e r as no tas em Êxo. 12.1,2, quan to à inau g u ra çã o do c a le n d á rio re lig ioso , a sso c ia do à páscoa, que tinha in ic iado a Nova Era.

39.38

Altar de ouro. Êxo. 30.1, e, no Dicionário, 0 artigo A ltar do Incenso.

Óleo da unção. Êxo. 25.6 e 29.7. No Dicionário, 0 artigo Unção.

Reposteiro. Êxo. 26.36. Em Êxo. 27.16, ver sobre as três cortinas do tabernáculo. Está aqui em vista 0 segundo dos três véus, aquele que separava 0 átrio do Lugar Santo.

39.39

Altar de bronze. Êxo. 27.1.

Grelha. Êxo. 27.4.

Utensílios. Êxo. 27.3.

Bacia. Êxo. 30.18. Ver as notas sobre Bacia de Bronze, em Êxo. 30.17.

39.40

Cortinas do átrio. Êxo. 27.9.

Colunas. Êxo. 27.10 ss.

Cordas. Êxo. 35.18.

Pregos. Êxo. 27.19.

Utensílios. Êxo. 25.39; 27.3,19; 30.27 e 35.13.

Tenda da congregação. Êxo. 27.21; 28.43; 29.4; 30.16; 31.7; 33.7, etc.

39.41

Vestes sagradas. Êxo. 28.2 ss.; 29.5,21. V er no D icionário 0 verbete chama- do Sacerdotes, V estim entas dos.

39.42

Nada Foi D eixado ao Acaso. Yahweh baixara as ordens; Moisés tinha recebido e transmitido essas ordens; os filhos de Israel cumpriram essas ordens, onde cada indivíduo cumpriu a sua tarefa. Ver as notas sobre 0 vs. 32, que têm aplicação aqui. Assim aprende- mos quão importante são: a iluminação divina; a transmissão da mesma: a obediência; uma tarefa útil que é levada a seu cumprimento; ser aprovado pela autoridade apropria- da, sobretudo Deus. Ver também a introdução ao vs. 32.

39.43

A Aprovação de Moisés. A obra de cada pessoa tinha que estar à altura do padrão divino de qualidade, visto que Yahweh havia instruído quanto a cada coisa (Êxo. 25.9,10). Moisés tinha autoridade para requerer confecção de boa qualidade. Os operários mos- traram-se conscienciosos, e realizaram suas tarefas com habilidade e entusiasmo. Há alegria em toda tarefa bem tem ínada.

E Moisés os abençoou. Assim como Moisés havia recebido instruções da parte de Yahweh, assim tam bém foi capaz de abençoar com a bênção de Yahweh. Desse modo, prosperaram os israelitas, em razão de sua obediência e entusiasmo, os fatores por detrás do bom trabalho que fizeram.

O Targum de Jonathan imagina Moisés a dizer: “Que a shekinah do Senhor per- maneça sobre 0 trabalho de vossas m ãos”. Jarchi comentou: “Que praza a Yahweh que Sua shekinah repouse sobre as obras de vossas mãos, e que a beleza do Senhor esteja sobre nós”.

Dê de seu melhor ao MestreDê de sua força e de sua juve n tu d e ;Lance 0 a rd o r rad ian te e fresco de sua alm a Na batalha pe la verdade.

Jesus deu 0 exemplo:Era intrépido ■Era jovem e corajoso.Dê-Lhe sua devoção leal.Dê-Lhe 0 m elhor de si.

(Sra. Charles Barnard)

Page 174: At Interpretado- Êxodo

469ÊXODO

O óleo da unção. Ver Êxo. 30.23-25 quanto a descrições à respeito de sua pre- paração. Ver Êxo. 30.26-29 quanto a seu uso nas consagrações. A própria tenda, com todos os seus móveis e utensílios, como a arca, a mesa, 0 candelabro, os dois altares, a bacia e os vasos de servir foram todos ungidos, e, portanto, consagrados para seu devido uso. A consagração santificou esses itens, para poderem ser usados no serviço sagrado.

Tinha sido dada ordem para ungir com óleo todos os itens do tabemáculo, em conexão com a ereção e inauguração do tabemáculo. Mas 0 ato real da unção parece ter s ido ad iado até que tudo estivesse pronto. Ver Lev. 8.1-13. Sem dúvida, houve alguma espécie de cerimônia formal e festividade para essa unção do projeto te m n a - do.

40.12

E xam ina r 0 tre cho de Lev. 8 .1 -13 quanto às lavagens fe itas pelos sacerdo- tes, ligadas à unção do tabernácu io e seus itens. N aquela passagem , a lavagem aparece prim eiro . Cf. Êxo. 23.41 e 29.4-8. “Ablução, vestim enta e unção — tudo tinha s ido de te rm in ado de an tem ã o, para faze r pa rte do cu lto de consagração” (Ellicott, in loc.).

40.13,14

Vestirás a Arão das vestes sagradas. Tem os aqu i a investidura . As ela- boradas vestes que tinham s ido con fecc ionadas, agora teriam que ser vestidas pe los sacerdotes, em um a ce rim ôn ia solene (Lev. 8.7-9). V er Êxo. 29.8.

40.15

A m p ã o d o s sacerdotes, mediante uma cerimônia formal, figura em Levitico 8.12. Os sacerdotes eram tipos do Messias, ou Cristo, cujo próprio titulo significa ungido. Ver no D icionário os artigos U nção e M essias. O trecho de Lev. 8.12 menciona apenas Arão, 0 sumo sacerdote, como quem foi ungido. Talvez seja assim porque Arão rece- beu uma unção diferente. Seus filhos foram ungidos com um a mistura de azeite e sangue (Lev. 8.30). Mas 0 trecho de Levitico 8.12 não diz que tal mistura foi usada na unção de Arão.

Os in té rp re tes jude us in fo rm am -nos que a unção dos filhos de A rão foi váli- da para 0 tem po todo, após 0 que os sacerdotes nunca m ais precisaram repetir 0

ato . M as cad a novo sum o sa ce rd o te tin h a que se r ung ido de novo, pe lo que eram cham ados de sace rdo tes ung idos (ver Lev. 4.3,5,16; 21.12).

Sua unção lhes será por sacerdócio perpétuo. Essa unção estender-se-ia a todas as gerações. Os hebreus não esperavam pelo fim de seu culto, pelo _que a novidade, em Jesus Cristo, foi rejeitada pela maioria deles. Por todo 0 livro de Êxodo podemos ver essa antecipação de perpetuidade, aplicada a vários itens e situações do culto dos hebreus. Cf. Êxo. 3.15; 12.17; 27.21; 29.42; 30.8,10,21; 31.13,16; Lev. 7.31; 10.9, etc.

Um dos p io res v íc ios re lig iosos é a sup os ição que diz: “ Nossa reve lação é fina l. Deus de ixou de faze r re ve laçõe s com 0 nosso s is tem a re lig ioso ” . M uitos evangélicos de ho je em dia fa lam nesses term os. Mas não há com o faze r Deus estagnar. Há muitas, grand iosas e poderosas revelações que ainda serão dadas, e cada qual haverá de substitu ir aquela que v ie ra antes. O Logos de Deus conti- nuará em Sua ete rna ob ra de evo lu ção esp ir itua l. O s fin a is de que os hom ens fa lam re fle tem ap enas os lim ite s de su a s p ró p ria s m e ntes, e não ve rdade iras lim itações.

Apesar do que pensavam os israelitas, 0 tabernácuio, depois substituído pelo tem plo, prosseguiu som ente até ao cativeiro babilôníco (cerca de 597 A. C.). Tudo foi renovado por ocasião do tem p lo de H erodes, som ente para tudo es tacar de novo em 70 D. C.

Q ua ndo C ris to su b s titu iu to d o 0 s is te m a m o sa ico pe lo c ris tia n ism o , isso não tinh a s ido a n tec ipad o pe la d o u trin a de p e rp e tu id a d e dos hebreus, exce to em seus tip o s . V á rios ra m os ritu a lis ta s do c ris tian ism o , com o 0 m orm on ism o, têm p ro cu ra d o p re s e rv a r ve s tíg io s do a n tig o cu lto , m as isso não é a m esm a coisa que um a leg ítim a pe rpe tu idad e do s is tem a an tigo. Seja com o for, aquele que d ispõ e do N ovo não se p re o cu p a d ia n te do d e sa p a re c im e n to do A ntigo . Porém , po dem o s p re ve r que à m e d ida em que a esp ir itua lida de fo r evo lu indo , haverá m uitos NOVOS.

O Tabemáculo é Levantado (40.16-33)

Tem os aqui a q u in ta das c inco d e c la raçõ es e descrições do plane jam ento, da execução, da aprovação, das instruções de m ontagem e da montagem propri- am ente dita do tabem áculo. V er as notas introdutórias sobre Êxo. 25.1, quanto às cinco declarações. Por cinco vezes encontram os as descrições essenciais sobre 0

tabernácu io . A repe tição era um traço ca rac te rís tico do es tilo lite rá rio do au to r sagrado.

40 .9-11Tudo Tem Seu Tem po Certo. Houve um tem po apropriado para a inauguração do tabemáculo. As portas abrem-se facilmente, até mesmo de forma espontânea, quando chega 0 tem po certo para a lgum a coisa. Tentar fo rçar um a porta a abrir-se fora de tempo pode ter resultados desastrosos. A vontade de Deus segue uma cronologia divi- na, e 0 homem espiritual envolve-se nessa cronologia. Ver no D icionário 0 artigo Von- tade Deus, Como Descobri-la.

40.3

O planejamento da ereção do tabem áculo com eçou pela arca da aliança. Foi 0

primeiro item que Deus ordenou que fosse confeccionado. E tam bém foi 0 primeiro a ser fe ito . Ver no D ic ioná rio 0 artigo cham ado A rca da A lia nça , com o tam bém as notas sobre Êxo. 25.10. Ela continha em seu in te rior as duas tábuas da lei, os Dez Mandamentos, tam bém cham adas de testem unho (ver a esse respeito no D icioná■ rio). A arca e seu conteúdo, pois, eram 0 coração mesmo do tabemáculo. Era na arca que se manifestava a presença m ística de Yahweh; e era tam bém ali que se fazia exp iação (ver sobre isso no D ic ionário ). V er tam bém 0 artigo P rop ic ia tó rio . V er 0

diagrama sobre a planta do tabemáculo, no início da exposição sobre 0 capítulo vinte e seis do livro de Êxodo, onde se vê a loca lização dos vários itens da tenda da congregação.

O s o b je to s m a is p re c io s o s qu e 0 ta b e rn á c u io c o n te r ia fo ra m p o s to s ali an tes de to d o s os ou tro s . Em se g u id a , esse s o b je to s d e ve ria m se r co b e rto s pe lo véu.

E a cobrirás com 0 véu. Em outras palavras, assim que foi levantado 0 Santo dos Santos, foi tapado com 0 véu, estando a arca da aliança em seu interior, Destarte, 0

acesso foi limitado desde 0 início. Ver no D icionário 0 artigo chamado Acesso. Ver as notas sobre 0 véu em Êxo. 26.31.

40.4

A mesa. Esse item aparece em segundo lugar. Ficava no Lugar Santo. Ver as notas sobre Êxo. 25.23-30. Também ocupava 0 segundo lugar nas instruções originais acerca da feitura do mobiliário. Os pães da proposição e outros acessórios acompanha- vam a mesa.

O candelabro, Esse item ocupa 0 te rce iro lugar nas instruções originais. Ver Êxo. 25.31-40. Ver tam bém no D ic ioná rio 0 artigo intitu lado Candeeiro.

40.5

O altar de ouro para 0 incenso. Esse altar de ouro vem em seguida aqui. Mas a ordem original é quebrada, pois esse item não foi m encionado nas instruções originais em quarto lugar, mas somente em Êxo. 30.1 s., e no Um das instruções acerca dos itens a serem confeccionados., Ver no D icionário 0 artigo chamado A lta r do Incen■ so. Os intérpretes debatem-se diante da estranha ordem dada a esse item nas instru- ções originais, e acham que tem os aqui a seqüência correta, excetuando 0 caso da arca, que, sem dúvida, aparece sempre em primeiro lugar.

Ver 0 diagrama sobre a plan ta do tabernácuio, no com eço da exposição sobre 0

capítulo vinte seis do Êxodo. Esse diagrama demonstra como estavam localizados os vários itens.

40.6

O altar do holocausto. Esse item é com en ta do em Êxo. 27.1. Tem os aí 0

gra n d e a lta r, 0 lo ca l on d e se o fe re c ia m o s s a c r if íc io s . F ic a v a no á tr io do tab e rn ácu io , a a lgum a d is tâ n c ia da ba c ia de b ronze , e am bos ficavam fo ra do Lugar Santo. Os sacrifíc ios eram rea lizados ali. Os sace rdotes p rec isam lavar 0

sangue, e tam bém a si m esm os. S om e n te d e po is d isso pod iam en tra r no Lu- ga r Santo. A po rta aqui m encionada Indica 0 seg undo véu, que dava acesso ao L u g a r S anto . V e r as n o ta s s o b re Ê xo. 2 6 .3 6 q u a n to às trê s c o rtin a s do tabernácuio .

40.7

A bacia. Ver as notas sobre a bacia de bronze, em Êxo. 30.17. Esse item foi posto an tes do seg undo véu, que fech ava 0 L u gar Santo, a certa d is tâ nc ia (no ou tro lado) do alta r dos ho locaustos. A bacia serv ia para os sacerdotes lavarem ali seus pés e suas m ãos, po is não pod iam en tra r, su jos de sangue, no Lugar S anto . Q uem en trasse ali, te r ia de fa zê -lo es ta n d o lavad o. V e r Exo. 30 .19 ,3 0 quanto às lavagens requeridas.

40.8

O á trio ... 0 reposteiro. Este últim o agia com o paredes externas da estrutu- ra inteira. Essas estruturas são descritas com abundância de detalhes em Êxo.27.9 ss.

Page 175: At Interpretado- Êxodo

ÊXODO470

Propiciatório. Ver sobre esse item no Dicionário, bem como as notas expositivas sobre Êxo. 25.17 ss.

O Antigo Testamento diz-nos que somente 0 Testemunho (as tábuas de pedra da lei) foi posto dentro da arca. Mas 0 trecho neotestamentário de Hebreus 9.4, de acordo com tradições judaicas posteriores, e talvez seguindo a prática posterior, fala em outros itens que também haveria no Santo dos Santos. Ver plenas explicações sobre isso no Novo Testamento Interpretado.

40.21

A arca. 0 objeto central do tabernáculo, foi instalada, e ato continuo foi pendurado 0 véu, a fim de ocultá-la, separando-a do resto, conforme outros itens foram sendo montados e instalados. Ver as notas sobre Êxo. 40.3. Há notas expositivas sobre esse véu em Êxo. 26.31. No tabernáculo havia três véus ao todo, conforme foi comentado em Êxo. 27 .16 .0 véu dante do Santo dos Santos mostrava um acesso limitado a Deus. Ver no Dicionário 0 artigo chamado /te sso . Aquilo que era mais precioso na fé religiosa dos filhos de Israel era intocável por parte do homem comum.

40.22

A mesa. Ver notas com pletas sobre esse item e sobre os pães da proposi- ção, em Êxo. 25.23-30. A mesa dos pães da proposição ficava posta no lado norte (banda direita do tabernáculo), quando alguém se voltava de frente para 0 Santo dos Santos. Ver 0 diagrama da planta do tabernáculo, nas notas sobre Êxo. 26.1, que ilustra a posição de cada item. O lado oriental era 0 lado da entrada do tabernáculo. O lado ocidental era onde ficava 0 Santo dos Santos.

Fora do véu. Temos aqui 0 terceiro véu do tabernáculo, aquele que fazia a sepa- ração entre 0 Lugar Santo e 0 Santo dos Santos. Havia _ao todo três véus ou cortinas. O leitor vera explanações a esse respeito nas notas sobre Êxo, 27.16.

40.23

Os pães da proposição. Ver sobre esse item no Dicionário, como também as notas sobre Êxo. 25.30.0 trecho de Lev. 24.6 informa-nos que os pães eram arranjados em duas pilhas de seis pães cada, representando as doze tribos de Israel.

40.24,25

O candelabro. Ver no D ic ionário 0 artigo intitulado Candeeiro, bem com o as notas expositivas em Êxo. 25.31,40 e em Lev. 24.3. Esse objeto ficava posicionado no lado sul (lado esquerdo do tabernáculo), quando alguém se punha de frente para 0 Santo dos Santos, defronte da m esa dos pães da proposição.

O candelabro d ispunha de sete lâm padas que queimavam azeite. Moisés acendeu-as inicialmente. Em tem pos posteriores, os sacerdotes não permitiam que 0 candelabro se apagasse, em bora isso não fizesse parte declarada das instruções originais. Nas sinagogas, nunca se apagavam as chamas de candelabros aii colocados. Meu artigo inclui tipos e usos metafóricos de todos os itens do tabernáculo, nas referências acima. Ver também Êxo. 25.37 quanto ao ato de acender as lâmpadas. Ver ainda Êxo. 30.8.

40.26

O altar de ouro era 0 mesmo A ita r do Incenso (ver a esse respeito no Dicionário, como também as notas sobre Êxo. 30.1-10). Sua posição era diretamente defronte do véu que separava 0 Santo dos Santos do Lugar Santo. Ver 0 diagrama da planta do tabernáculo, nas notas sobre Êxo. 26.1.

40.27

O incenso aromático. Ver no D icionário 0 artigo chamado Incenso, bem como as notas sobre Êxo. 30.34-38.

40.28

Reposteiro. O tabernáculo contava com três véus ou cortinas (ver as notas sobre Êxo. 27.16). Está em mira 0 segundo desses três véus (ver Êxo. 26.36-37), aque- le que separava 0 átrio do Lugar Santo.

40.29

O altar do holocausto. Ver as notas sobre Êxo. 27.1 quanto a esse altar de bronze, conforme também era chamado. Ficava dentro do primeiro véu, que servia de porta de entrada para 0 átrio, Era 0 primeiro item que um sacerdote achava, ao passar pelo primei- ro véu, enquanto se encaminhava na direção do Lugar Santo.

O serviço dos sacerdotes começava pelos sacrifícios apropriados. O sangue ver- tido dava inicio ao culto; a lei, dentro da arca, punha fim a ambas as coisas. Ver no

40.16

E tudo fez Moisés. Ele mostrou-se obediente em tudo, foi fiel a Deus quanto a tudo. O trecho de Hebreus 3 .2-5 , porém, mostra que ele era apenas servo na casa, ao passo que Cristo era 0 Filho da casa. Moisés era homem essencialmente inflexível, que não vacilava. Bastante diferente de Pedro quanto a esse aspecto de sua personalidade. Moisés também não sofreu grandes lapsos, conforme acontece a muitos dos grandes líderes religiosos. O tem po da ereção do tabernáculo aparece no vs. 17 deste capítulo. Até nisso, Moisés mostrou ser homem obediente ao Senhor. “A narrativa sobre 0 oitavo capítulo do livro de Levítico mostra que 0 restante (vss. 9-15) não foi executado senão mais tarde” (Ellicott, in loc.). Moisés executou prontamente as primeiras instruções que recebeu (vs. 2-8).

40.17

V er 0 seg u n d o v e rs íc u lo de s te c a p ítu lo q u a n to à o rdem d iv in a . A qui te- m o s a a d iç ã o de qu e e ra 0 se g u n d o an o , ou se ja , e ra 0 in íc io do s e g u n d o an o ap ós 0 êxo d o , 0 e ve n to que m a rco u 0 in íc io do c a le n d á r io re lig io s o , 0

a n o um da n a çã o de Is ra e l. Isso a c o n te c e u na p r im a v e ra , 0 A n o N ovo de Is ra e l. F a lta va m a p e n a s c a to rz e d ia s p a ra c o m p le ta r -s e 0 p r im e iro ano de- po is de Israel te r e sca pado do E g ito . O ta b e rn á c u lo tinh a s ido co n s tru íd o de ta l m a ne ira que pôde se r levan tado em po u q u íss im o tem po . O povo de Israel t in h a m u ita e x p e riê n c ia com te n d a s , e 0 ta b e rn á c u lo era a p e n a s um a ten da ta m a n h o grande . M as não som os in fo rm a d o s com o teve luga r 0 p rocesso de levan tam e n to do tab e rn ácu lo .

40.18,19

Em vez de s im plesm ente d izer-nos que 0 tabernáculo tinha sido levantado e que seu equ ipam ento estava tod o em fun c ionam en to , 0 au to r sag rado decla ra laboriosam ente algo sobre cada item. E isso constitu i a qu in ta das cinco declara- ções que descrevem , esse nc ia lm e nte , 0 tabe rn ácu lo : 1 . P rim e iram ente vieram as instruções, dadas por Yahweh, quanto à ereção do tabernácu lo (Êxo. 25 - 31). Isso inc lu i todos os itens, até m esm o as vestim enta s dos sace rdo tes , todos os m óveis e utensílios, a fo rm a de culto, etc. 2. E ntão ve io a ereção p ropriam ente dita, a execução da obra, conform e as instruções da_das por Yahweh. Isso foi feito sob a superv isão dos a rtífices B ezale l e A o liabe (Êxo. 36 ,1). V er tam bém Êxo.36.1 - 39 .32. Essa seçã o tam bém inc lu i as v e s te s dos sa ce rd o te s . R epete, longam ente, todas as questões concernentes ao tabernáculo, que já haviam sido de scritas em Êxo. 2 5 - 3 1 . 3. Em seguida, tem os ou tra repetição , quando lemos que Moisés recebeu tudo quanto tinha sido con feccionado e deu sua ap rovação (Êxo. 39 .33-43). Essa re petição é fe ita à gu isa de sum ário . 4. Depois tem os as ins truções dadas por Y ahw eh q u an to à e reção do ta b e rn á cu lo (Exo. 40 .1 -15). Um a vez mais, tem os a re petição essencia l de tod a a m atéria . 5. F ina lm ente, a qu in ta declaração (e repetição) envo lve a ereção e m obiliam ento do tabernáculo (Êxo. 40 .16;33). Portanto, essa qu in ta e final decla ração está ligada à conclusão do livro de Êxodo (Êxo. 40.34-38), A to contínuo, a presença div ina desceu sobre 0 tab e rn á cu lo , a fim de tra n s fo rm á - lo no cen tro do cu lto na c io na l, a ig re ja de Israel no deserto, d igam os assim.

O tabernáculo. Ver no Dicionário 0 artigo que versa sobre essa questão.

Bases. Ver Êxo. 27 .10.

Tábuas. Ver Êxo. 26 .15,16 .

Vergas. Ver Êxo. 26 .26 .

Colunas. Ver Êxo. 26 .32 ,37 ; 27 .10- 12 ,14,16,17.

Coberta da tenda. Está em pauta a cobertura de peles de cabra, que formava a verdadeira tenda e servia de te lhado do tabernáculo. Essa cobertura cobria a mais interior, feita de cortinas de linho. Por cima de tudo isso vinha a terceira cobertura, feita de peles de animais marinhos (Êxo. 25 .5). Ver também Êxo. 26 .7 ,14; 35 .11.

40.20

O Testemunho. Estão em foco as duas táb uas de pedra dos Dez M anda· m entos (ver sobre isso no D ic ioná rio ). V er tam bém as notas sobre isso em Êxo. 16 .34 ; 25 .16 . 0 tabernácu lo todo foi constru ído em torno da lei revelada, em sua form a original e com pacta dos Dez Mandam entos, os quais foram então desdobra- dos e expandidos sob a forma de preceitos e estatutos.

Pôs na arca. Ver no D icionário 0 artigo chamado A rca da A liança, e também as notas sobre Êxo. 25,10 ss.

Varais. Ver Êxo. 25.13 e suas notas expositivas.

Page 176: At Interpretado- Êxodo

471ÊXODO

presença de Deus (I Cor. 3.16). Essa presença nos transforma (II Cor. 3.18). Vertam - bémEfé. 2.19 ss.

40.36,37

A nuvem tornou-se 0 m ecanism o assina lador que dizia a Israel quando deve- ria partir e quando deveria parar. Q uando a nuvem baixava, eles descansavam. Q uando a nuvem se elevava, eles seguiam cam inho. Isso prosseguiu por quase quarenta anos, até terem term inado as jo rnadas pelo deserto. Isso serve de em- blem a da direção direta im prim ida pelo Espírito de Deus. Todos os homens estão em um deserto espiritual, enquanto buscam um país celeste (ver Heb. 11.16). Na maior parte do tem po, por nossa própria sabedoria e entendimento, podemos discernir a vereda certa pela qual nos convém enveredar. Algumas vezes, porém, care- cemos da presença divina para ajudar-nos em nossas decisões. Oh, Senhor, concede- nos tal graça! Ver no Dicionário 0 artigo intitulado Vontade de Deus, Como Descobri-la. Cl. 0 texto presente com Núm. 9.17-23 e Eze. 1.19-21. Ver Êxo. 13.21, um trecho diretamente paralelo a este: as duas nuvens guiavam 0 povo de Israel. As notas, ali, acrescentam detalhes. Ver também, no D icionário, 0 artigo chamado Coluna de Fogo e de Nuvem. Cf. a glória que desceu sobre 0 templo de Jerusalém, alguns séculos mais tarde (I Reis 8.11; II Crô. 4.15; 7.2).

40.38

Este versículo faz-nos lembrar que, além da nuvem, tam bém havia 0 fogo, e que essas duas colunas contribuíam para dar orientação a Israel. Há completas descrições sobre a questão no artigo mencionado no vs. 37. Esse versículo frisa a natureza permanente dessa manifestação. Não aparecia e desaparecia. Agora a presença de Deus estava sempre ali, pois 0 tabernáculo era 0 ponto focal de sua manifestação. E a perpetuidade dessa manifestação tam bém foi enfatizada em Êxo.13.21,22 e Nee. 9.19. “. . .sem importar se de noite ou de dia, pois nos países quentes muito se viaja à noite. A nuvem era tanto uma proteção para 0 calor do sol, durante 0 dia, como uma seta orientadora quanto ao caminho; e, à noite, 0 fogo desempenhava a mesma função orientadora, como também servia para espantar as feras do deserto, as quais têm medo de fogo, a fim de que Israel caminhasse em segurança. Tudo isso serve de emblema da orientação, da proteção, da luz, da alegria e do conso/oque a Igreja de Deus recebe da presença graciosa do Senhor, enquanto se acha no deserto deste mun- do. Ver Isa. 4.5,6” (John Gill, in loc.).

Ό livro term ina com um a nota fortemente positiva: Deus estava com eles, e os estava guiando até à Terra Prometida” (John D. Hannah, in loc).

O livro de Êxodo diz-nos como 0 povo de Israel foi libertado de uma potência estran- geira; como foi conduzido ao deserto; como recebeu sua organização religiosa e suas leis; como lhe foi provida a presença de Deus, naquela organização religiosa, a qual os condu- ziu à independência, à terra que Deus havia prometido a Abraão. Desse modo, estava tendo cumprimento, passo a passo, 0 Pacto Abraãm ico (ver as notas sobre Gên. 15.18). Esse pacto cuiminou no Messias, Jesus Cristo, e na Nova Fé que Ele trouxe, e que a antiga fé apenas tinha prefigurado.

“Abre-se a porta para 0 m undo in te rio r e invisível para aqueles que seguem os marcos visíveis que Deus pôs diante de seus pés, por toda a sua jornada” (J. Coert Rylaarsdam, in loc).

“Disse Agostinho que, a principio, as Escrituras divertem e atraem as crianças, mas que, no fim, quando se tenta com preendê-las, Ele cuida para que até m esmo os sábios se tornem tolos. Pois ninguém é do tado de mente tão simples que não possa achar ali 0 seu nível. Mas tam bém ninguém é tão sábio, quando tenta son- dar as Escrituras, que não descubra que elas estão muito além da profundidade dele" (M eister Eckhart, I, 257). Assim acontece à fé relig iosa. O exem plo deixado por Israel no deserto dem onstra claram ente com o precisam os da ajuda constante da presença divina, a fim de que nossa jornada seja plena de êxito, desde 0 berço até 0 túmulo.

Guia-me, ó grande Yahweh,P eregrino em bora nesta terra esté ril.Sou fraco, m as Tu és forte;Segura-m e em Tua poderosa mão.

(W illiam W illiams)

Preciosa prom essa fo i dada p o r Deus,Aos exaustos viajores.Desde a terra a té ao céu,G u ia r-te -e i com a M inha mão.

Seja apreciada essa prom essa,G u ia r-te -e i sob a M inha vista.

(Nathaniel Nilesj

D icionário 0 artigo chamado Sacrifíc ios e O fertas. Ver Êxo. 29.38 ss., quanto ao que significavam os sacrifícios mencionados no presente versículo.

40.30

A bacia. Ver sobre a B acia de B ronze, nas notas sobre Êxo. 30.17. Esse item foi posto entre 0 a ltar de bronze e a entrada para 0 Lugar Santo. Ali os sacerdotes lavavam -se do sangue dos sacrifíc ios e realizavam suas abiuções e lavagens. Isso de ixava-os cerim onia lm ente aptos para adentrarem 0 Lugar Santo.

40.31,32

Esses versículos servem de parênteses, exp licando os usos da bacia de bronze, uma vez que 0 culto fosse inaugurado. Cf. Êxo. 30.19-21, que nos confere informações similares, e onde há notas expositivas detalhadas.

Segundo 0 Senhor ordenara a Moisés. Essa declaração reaparece por vinte vezes nos capítulos 39 - 40 de Êxodo, a fim de mostrar que tudo foi feito de acordo com as orientações divinas, e que houve uma obediência total às ordens do Senhor.

40.33

O átrio ao redor do tabernáculo. Ver as notas sobre Êxo. 27.9-18, quanto ao átrio e seus materiais e estruturas.

O reposteiro da porta. Devemos entender aqui 0 prim e iro véu, que form ava a porta de entrada para 0 átrio, 0 acesso inicial ao tabernáculo. Havia três desses véus, 0

que com entam os em Êxo. 27.16. Q uanto a esse prim eiro véu, ver aquele mesmo versículo.

Assim Moisés acabou a obra. Grande alegria acom panha 0 término de algum grande projeto, quando este sai bem-feito. Aquilo que tem valor precisa de tempo e labor. A diversão é a porção daqueles que não se esforçam, pois esse é 0 alvo deles. Contudo, a verdadeira satisfação consiste em terminarmos bem uma tarefa. O autor sagrado, por cinco vezes, afirmou laboriosamente como 0 tabernáculo foi planejado; como foram da- das instruções pelo próprio Yahweh; como a obra de preparação dos muitos itens foi realizada; como Moisés aprovou cada um desses itens e 0 conjunto inteiro; como Yahweh determinou a montagem do tabernáculo; e como, finalmente, essas instruções foram cum- pridas. Essa questão toda é comentada em Êxo. 25.1, em suas notas introdutórias, último parágrafo. Mediante muita repetição, 0 autor sagrado mostrou-nos, meticulosamente, como a obra toda foi planejada e executada. E assim, com um suspiro de alívio, lemos agora, por fim, que Moisés terminou a obra. A obra estava terminada, e agora seria coroada pela glória da presença de Yahweh (vss. 34-38). A glória do Senhor não desce sobre muitos projetos. Mas aquilo que promove a causa espiritual e redunda em bem para as pessoas, essas são as coisas que atraem a atenção e as bênçãos de Deus.

“Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre 0 muito te colocarei: entra no gozo do teu Senhor” (Mat. 25.21).

Manifestação de Divina Aprovação (40.34-38)

40.34,35

“O livro de Êxodo term ina em um tom glorioso, com a descida da presença do Todo-Poderoso sobre a casa levantada pela habilidade e devoção do povo de Israel. Temos aí 0 cumprimento da prom essa feita em Êxo. 25.8: Έ me farão um santuário para que eu possa habitar no meio deles'. O povo havia feito a parte que lhe cabia: e agora Deus fazia a Sua parte, e a nuvem, de dia, e a coluna de fogo, de noite, testificavam que Ele estava, verdadeiramente, vivendo no meio deles” (J. Coert Rylaarsdam, in loc).

Não nos basta ler a Bíblia e orar. Precisamos também cio toque místico, de manifesta- ções da presença de Deus. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Misticismo.

A nuvem. Temos aí a mesma nuvem que tinha acompanhado 0 povo de Israel e que os tinha dirigido pelo caminho desde Sucote (Êxo. 13.20-22). Diz um antigo hino: “Por todo 0 caminho 0 Senhor me guia, sobre 0 que tenho que pedir". A brilhante aparição da nuvem, que viera repousar sobre 0 tabernáculo, anunciou-lhes que todo 0 labor deles tinha sido eficaz. “Agradou a Deus manifestar assim Sua intenção de cumprir Sua pro- messa de ir com 0 povo (Êxo. 33.17)” (Ellicott, in loc).

“E habitarei no meio dos filhos de Israel, e serei 0 seu Deus” (Êxo. 29.45). “A nuvem, que simbolizava a presença do Senhor, tinha enchido a tenda tem porária, fora do acampam ento, apenas ocasionalm ente (Êxo. 33.7-11). Agora, porém, des- cera para encher 0 tabernáculo. De fato, 0 próprio M oisés, que já havia contem- piado algo da glória de Deus (Êxo. 33.18-22), foi incapaz de entrar no tabernáculo" (John D. Hannah, in loc).

Na dispensação do Novo Testamento, a glória de Deus manifestava-se em Cristo (Heb. 1.3; João 1.14; Col. 2.9). E em Cristo, 0 próprio crente tom a-se habitação da