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ATA Nº 3, DE 1º DE FEVEREIRO DE 2017 Data da aprovação: 8 de fevereiro de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 9 de fevereiro de 2017 Acórdãos apreciados por relação: 102 a 128 Acórdãos apreciados de forma unitária: 129 a 142

ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

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ATA Nº 3, DE 1º DE FEVEREIRO DE 2017

Data da aprovação: 8 de fevereiro de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 9 de fevereiro de 2017 Acórdãos apreciados por relação: 102 a 128 Acórdãos apreciados de forma unitária: 129 a 142

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2 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

ATA 3, DE 1º DE FEVEREIRO DE 2017 (Sessão Ordinária do Plenário) Presidência: Ministro Raimundo Carreiro Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin Secretário das Sessões: AUFC Marcio André Santos de Albuquerque Subsecretária do Plenário: AUFC Marcia Paula Sartori À hora regimental, a Presidência declarou aberta a sessão ordinária do Plenário, com a presença dos

Ministros Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas; dos Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti (convocado para substituir o Ministro Vital do Rêgo) e André Luís de Carvalho (convocado para substituir o Ministro Aroldo Cedraz), bem como do Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. Ausentes os Ministros Aroldo Cedraz e Vital do Rêgo, para tratamento de saúde, e os Ministros-Substitutos Marcos Bemquerer Costa e Weder de Oliveira, em férias.

HOMOLOGAÇÃO DE ATA O Tribunal Pleno homologou a Ata 2, referente à sessão ordinária realizada em 25 de janeiro

(Regimento Interno, artigo 101). PUBLICAÇÃO DA ATA NA INTERNET Os anexos desta ata, de acordo com a Resolução 184/2005, estão publicados na página do Tribunal

de Contas da União na internet (www.tcu.gov.br). COMUNICAÇÕES Da Presidência: (v. inteiro teor no Anexo I desta Ata) Lançamento de sete novos cursos no âmbito do Programa de Capacitação de Servidores Públicos e

Cidadãos, com determinação ao Instituto Serzedello Corrêa para que solicite à Confederação Nacional de Municípios e à Frente Nacional dos Prefeitos que colaborem na divulgação dessas ações de educação.

Procedimentos para tratamento de requerimentos de sustentação oral, com determinação à Segecex e à Segedam.

Realização, no dia 7 de fevereiro, às 18 horas, de Reunião com o Ministro da Defesa, Raul Jungmann, e os três Comandantes Militares para exposição sobre a previdência dos militares.

Da Ministra Ana Arraes: (v. inteiro teor no Anexo I desta Ata) Proposta, nos termos do artigo 18 da Resolução/TCU 269/2015, de realização de auditoria com

objetivo de avaliar as garantias arcadas pela União em contratos de empréstimos a estados e municípios, especialmente para verificar em que condições foram concedidas, quantificando montantes honrados e ressarcidos, juros e demais encargos incorridos, mecanismos de ressarcimento dos valores pagos e, ainda, apurar eventuais responsabilidades de gestores públicos que permitiram o endividamento de entes que não possuíam capacidade de pagamento suficiente. Aprovada.

Discutiram a matéria os Ministros Walton Alencar Rodrigues e Benjamin Zymler, os Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho e o Presidente Raimundo Carreiro, com base no artigo 107 do Regimento Interno.

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3 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Do Ministro-Substituto André Luís de Carvalho: Homenagem à AUFC Nair Maria Gaston Nogueira por ocasião de sua aposentadoria, tendo sido

acompanhado pela Presidência e pelo Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. MEDIDA CAUTELAR CONCEDIDA (v. inteiro teor no Anexo II desta Ata) O Plenário referendou, nos termos do disposto no § 1º do art. 276 do Regimento Interno deste

Tribunal, a concessão da medida cautelar exarada no processo TC-001.378/2017-1, pelo Ministro Walton Alencar Rodrigues, para que a Secretaria Municipal de Habitação de Belém retenha a importância de R$ 426.219,07 dos pagamentos a serem realizados à empresa signatária do contrato destinado à construção de 78 unidades habitacionais e urbanização da respectiva área.

PROCESSOS EXCLUÍDOS DE PAUTA Foram excluídos de pauta, nos termos do artigo 142 do Regimento Interno, os seguintes processos: TC-008.719/2003-1, cujo relator é o Ministro Benjamin Zymler; TC-034.015/2012-4, cujo relator é o Ministro Augusto Nardes; TC-015.357/2012-0, cujo relator é o Ministro Aroldo Cedraz; TC-019.808/2014-3, cujo relator é o Ministro José Múcio Monteiro; TC-000.330/2016-7 e TC-021.450/2009-0, cujo relator é o Ministro Bruno Dantas; TC-021.110/2016-6 e TC-023.882/2015-8, cujo relator é o Ministro Vital do Rêgo; e TC-036.031/2012-7, cujo relator é o Ministro-Substituto André Luís de Carvalho. PROCESSO TRANSFERIDO PARA A PAUTA DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DE

CARÁTER RESERVADO O processo TC-010.595/2016-3, cujo relator é o Ministro Walton Alencar Rodrigues, foi transferido

para a pauta da sessão extraordinária de caráter reservado realizada nesta data. PROCESSO TRANSFERIDO DA PAUTA DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DE CARÁTER

RESERVADO O processo TC-032.868/2016-2, cujo relator é o Ministro-Substituto André Luís de Carvalho, foi

transferido da pauta da sessão extraordinária de caráter reservado realizada nesta data. PEDIDO DE VISTA - TC-034.647/2016-3 Com base no artigo 112 do Regimento Interno, foi adiada a discussão do processo, cujo relator é o

Ministro José Múcio Monteiro, em função de pedido de vista formulado pelo Ministro Augusto Nardes, após a produção de sustentação oral pelo Dr. Carlos Affonso Leony Neto.

PEDIDO DE VISTA - TC-013.056/2016-6 Com base no artigo 112 do Regimento Interno, foi adiada a discussão do processo, cujo relator é o

Ministro José Múcio Monteiro, em função de pedido de vista formulado pelo Ministro Bruno Dantas. SUSTENTAÇÃO ORAL

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4 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Na apreciação do processo nº TC-034.647/2016-3, cujo relator é o Ministro José Múcio Monteiro, o

Dr. Carlos Affonso Leony Neto produziu sustentação oral em nome da empresa JH de Paula Transporte e Turismo Ltda.

SORTEIO ELETRÔNICO DE RELATOR DE PROCESSOS De acordo com o parágrafo único do artigo 28 do Regimento Interno e nos termos da Portaria da

Presidência 9/2011, entre os dias 26 de janeiro e 1º de fevereiro, foi realizado sorteio eletrônico dos seguintes processos:

Processo: 031.769/2016-0 Interessado: Não há Motivo do sorteio: Processo Administrativo - Art. 28, inciso XIV do R.I. Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Administrativos Relator sorteado: Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES Processo: 011.101/2003-6 Interessado: CONGRESSO NACIONAL (VINCULADOR) Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão) Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES Processo: 011.913/2009-0 Interessado: SECRETARIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE EMPREGO/SSPE-MTE Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão) Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2ª Câmara Relator sorteado: Ministro ANA ARRAES Processo: 018.586/2012-0 Interessado: Não há Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão) Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2ª Câmara Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES Processo: 020.532/2009-2 Interessado: FUNDO NACIONAL DE SAÚDE - MS, Prefeitura Municipal de Paracambi - RJ Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão) Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2ª Câmara Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES Processo: 022.560/2012-2 Interessado: Prefeitura Municipal de Tucumã - PA Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão) Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2ª Câmara Relator sorteado: Ministro ANA ARRAES Processo: 036.429/2016-3 Interessado: Não há Motivo do sorteio: Assunto fora de LUJ

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5 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário Relator sorteado: Ministro BENJAMIN ZYMLER Recurso: 004.633/2014-8/R002 Recorrente: Tribunal Superior do Trabalho Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: ANA ARRAES Recurso: 009.800/2014-0/R001 Recorrente: Vicente de Paula Pedrosa da Silva Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração Relator sorteado: ANA ARRAES Recurso: 009.043/2015-2/R001 Recorrente: Geraldo Messias Queiroz Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração Relator sorteado: AROLDO CEDRAZ PROCESSOS APRECIADOS POR RELAÇÃO O Tribunal Pleno aprovou as relações de processos a seguir transcritas e proferiu os Acórdãos de

nºs 102 a 128. RELAÇÃO Nº 3/2017 – Plenário Relator – Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES ACÓRDÃO Nº 102/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento nos arts. 143, incisos III e V, “a”, e 250, inciso I, do Regimento Interno/TCU, em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário, e adotar a seguinte medida, promovendo-se, em seguida, o apensamento, em definitivo, ao processo originário, TC-034.833/2014-5, de acordo com o parecer emitido pela Secex/PE:

1. Processo TC-022.591/2015-0 (MONITORAMENTO) 1.1. Interessado: Companhia Nacional de Abastecimento - PB 1.2. Órgão/Entidade: Companhia Nacional do Abastecimento - PB 1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues. 1.4. Representante do Ministério Público: não atuou. 1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco (SECEX-PE). 1.6. Representação legal: não há. 1.7. Medida: dar ciência desta deliberação à Superintendência Regional da Companhia Nacional de

Abastecimento da Paraíba (Conab-PB). ACÓRDÃO Nº 103/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, quanto ao processo

a seguir relacionado, com fundamento nos arts. 1º, inciso XVI, 43, inciso I, 53 e 55, da Lei 8.443/92, c/c os arts. 143, inciso III, 234 a 236, e 250, inciso II, todos do Regimento Interno, ACORDAM, por

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6 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

unanimidade, em considerar cumpridas as determinações contidas o item 9.4, subitens 9.4.1, 9.4.2 e 9.4.3, do Acórdão 1584/2016 – TCU – Plenário, fazer a seguinte recomendação e arquivar o processo, dando-se ciência desta decisão ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Departamento Nacional (SEBRAE/DN), de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-010.871/2015-2 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Órgão/Entidade: Serviço Brasileiro de Apoio Às Micro e Pequenas Empresas - Departamento

Nacional 1.2. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues 1.3. Representante do Ministério Público: não atuou 1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog). 1.5. Representação legal: Larissa Moreira Costa (16745/OAB-DF) e outros, representando Serviço

Brasileiro de Apoio Às Micro e Pequenas Empresas - Departamento Nacional; Jonas Sidnei Santiago de Medeiros Lima (12.907/OAB-DF) e outros, representando Idéias Turismo Ltda.

1.6. Recomendação: ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Departamento Nacional (SEBRAE/DN) que; observe a Resolução ANAC 401/2016, a partir de 13/3/2017, para que adote rotina de conferência das informações dos canhotos de viagens com os valores pagos às agências de viagens, em consonância com a determinação constante no item 9.4.2 do Acórdão 1.584/2016-TCU-Plenário.

RELAÇÃO Nº 2/2017 – Plenário Relator – Ministro BENJAMIN ZYMLER ACÓRDÃO Nº 104/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento nos art. 143, inciso V, alínea “d”, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, e no art. 54 da Resolução TCU 164/2003 c/c o enunciado 145 da Súmula de Jurisprudência predominante do Tribunal, em autorizar a Secretaria de Controle Externo competente a retificar o Acórdão 1.641/2016-Plenário, para fins de correção de inexatidão material, de acordo com o parecer inserto à peça 285, nos seguintes termos:

a) nos subitens 9.4 e 9.8, onde se lê: “9.4. aplicar, individualmente, a Alberto Farias da Cunha Júnior (624.505.307-20), Deocleciano

Costa Velho de Weck (275.257.591-20), Gilvan Velloso Prado (831.688.937-49) e Eliana Silva de Souza (570.551.227-91) a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno, nos valores abaixo especificados, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o TCU (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do presente acórdão até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor:

9.4.2Deocleciano Costa Velho de Weck: R$ 60.000,00 (sessenta mil reais); 9.4.3Gilvan Velloso Prado: R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais); 9.4.3Eliana Silva de Souza: R$ 425.000,00 (quatrocentos e vinte e cinco mil reais); (...) 9.8. aplicar a Alberto Farias da Cunha Júnior (624.505.307-20), Deocleciano Costa Velho de Weck

(275.257.591-20), Gilvan Velloso Prado (831.688.937-49) e Eliana Silva de Souza (570.551.227-91) a

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7 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

penalidade de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992, pelo prazo de 5 (cinco) anos;”

leia-se: “9.4. aplicar, individualmente, a Deocleciano Costa Velho de Weck (275.257.591-20), Gilvan

Velloso Prado (831.688.937-49) e Eliana Silva de Souza (570.551.227-91) a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno, nos valores abaixo especificados, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o TCU (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do presente acórdão até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor:

9.4.1 Deocleciano Costa Velho de Weck: R$ 60.000,00 (sessenta mil reais); 9.4.2 Gilvan Velloso Prado: R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais); 9.4.3 Eliana Silva de Souza: R$ 425.000,00 (quatrocentos e vinte e cinco mil reais); (...) 9.8. aplicar a Deocleciano Costa Velho de Weck (275.257.591-20), Gilvan Velloso Prado

(831.688.937-49) e Eliana Silva de Souza (570.551.227-91) a penalidade de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992, pelo prazo de 5 (cinco) anos;”

1. Processo TC-013.885/2012-0 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL) 1.1. Responsáveis: Alberto Farias da Cunha Júnior (624.505.307-20); Deocleciano Costa Velho de

Weck (275.257.591-20); Eliana Silva de Souza (570.551.227-91); Gilvan Velloso Prado (831.688.937-49); Humberto Jose Correa Mastrangelo (076.969.907-30); Josiete Pelicione (464.804.717-68); José Turino Bazani (328.552.147-34); Julio Cesar de Araujo (175.591.897-68); Laize Macedo dos Santos (870.564.457-72); Luis Afonso da Rocha (230.396.047-91); Luiz Bento de Oliveira (369.844.007-59); Luiz Carlos Carneiro dos Santos (299.629.197-20); Luiz Cláudio da Silva (625.140.837-53); Maria Amelia Pereira Sanches (508.969.037-53); Maria Célia Teixeira Leite (442.121.357-87); Maria do Parto Nascimento (544.662.107-72); Maria do Socorro Fernandes Silva (111.913.938-44); Mario Pavone (178.391.227-87); Morisson Luiz Guedes da Silva (360.418.317-00); Nelson Nunes (178.466.417-00); Nilton Peixoto Barreto (492.631.707-97); Paulo Cesar Machado e Silva (094.205.847-04); Paulo Neri Saldanha (660.307.227-00); Rosário de Maria Gorete Rodrigues Martins (483.283.407-04); Sonia Regina Nogueira Carneiro (216.751.807-25); Sérgio Silvino Duarte (400.152.627-15); Uilis Gonçalves de Oliveira (050.990.807-15); Valdezir José Felício (632.892.887-49); Wanderley Feijó (361.471.177-34); Wilson Severino da Silva (663.625.987-68)

1.2. Órgão/Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social 1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler 1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico 1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ). 1.6. Representação legal: Karin Beatriz Pereira de Sousa (OAB/RJ 60.517) e Jorge Maurício V.

Oliveira (OAB/RJ 73.787) 1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: 1.7.1. dar ciência e remeter cópia do presente acórdão aos responsáveis e ao Instituto Nacional do

Seguro Social - INSS/Gerência Executiva do Rio de Janeiro. ACÓRDÃO Nº 105/2017 - TCU - Plenário

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8 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento no art. 1º, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o inciso I do art. 169 do Regimento Interno, em considerar atendida pela Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo (SPU/SP) a determinação do item 9.4 do Acórdão 2.733/2016 – Plenário, em encaminhar cópia desta deliberação e da instrução de peça 22 à Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo (SPU/SP), à Secex-SP e à SecexAdministração, e em apensar os presentes autos ao processo originador, TC 024.139/2015-7, consoante o art. 5º, inciso II, da Portaria-Segecex 27/2009, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-008.394/2016-4 (MONITORAMENTO) 1.1. Órgão/Entidade: Superintendência do Patrimônio da União No Estado de São Paulo 1.2. Relator: Ministro Benjamin Zymler 1.3. Representante do Ministério Público: não atuou 1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ). 1.5. Representação legal: não há. 1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 106/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento no art. 1º, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o inciso V do art. 169 do Regimento Interno, em fazer a(s) seguinte(s) determinação(ões), de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-020.757/2012-3 (MONITORAMENTO) 1.1. Responsável: Pedro de Lima Azevedo (079.370.912-15) 1.2. Interessado: Secretaria de Controle Externo do TCU/AC (00.414.607/0027-57) 1.3. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal do Acre 1.4. Relator: Ministro Benjamin Zymler 1.5. Representante do Ministério Público: não atuou 1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Acre (SECEX-AC). 1.7. Representação legal: não há. 1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: 1.8.1. determinar à Secretaria de Controle Externo no Acre que junte os autos aos autos do TC

010.286/2009-3, nos termos do art. 169, inciso V, do Regimento Interno. ACÓRDÃO Nº 107/2017 - TCU - Plenário Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento no art. 27 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 218 do Regimento Interno/TCU, em expedir quitação aos responsáveis a seguir relacionados, ante o recolhimento integral das multas que lhes foram imputadas pelo Acórdão 1813/2015-Plenário, modificado pelo Acórdão 2.614/2015-Plenário, em dar ciência desta deliberação aos responsáveis, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-014.395/2014-2 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Apensos: 014.397/2014-5 (DENÚNCIA); 006.818/2016-1 (MONITORAMENTO) 1.2. Responsáveis: Dásio Lopes Simões (634.308.947-00); João Marcelo Ramalho Alves

(657.063.905-68) 1.3. Interessado: Ministério Público de Estado do Rio de Janeiro (00.328.945/0001-20)

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9 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

1.4. Órgão/Entidade: Hospital Federal do Andaraí 1.5. Relator: Ministro Benjamin Zymler 1.6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin 1.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ). 1.8. Representação legal: não há. 1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: 1.9.1.arquivar os presentes autos, com fundamento no art. 169, inciso V, do Regimento Interno do

Tribunal de Contas da União. ACÓRDÃO Nº 108/2017 - TCU – Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, considerando que

foi deferido o ingresso da recorrente como interessada nos autos do TC 025.964/2016-0, que versa sobre matéria idêntica à debatida nos presentes autos, ensejando, inclusive, o apensamento dos presentes autos aos daquele processo, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos artigos 143, inciso IV, c/c o art. 278, § 2º, ambos do Regimento Interno, em considerar prejudicado o presente agravo pela perda superveniente do seu objeto.

1. Processo TC-026.263/2016-5 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Recorrente: Coopertran (00.691.905/0001-55) 1.2. Órgão/Entidade: Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão 1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler 1.4. Representante do Ministério Público: não atuou 1.5. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler 1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog). 1.7. Representação legal: Karla Cavalcanti e Silva Sampaio e outros, representando Ministério do

Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; Jonas Sidnei Santiago de Medeiros Lima (12.907/OAB-DF), representando Coopertran.

1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 109/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso II, e 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 143, 237, VII, do Regimento Interno, quanto ao processo a seguir relacionado, em conhecer da representação, considerá-la improcedente, comunicar esta decisão à Fundação Escola Nacional de Administração Pública e à empresa Confidere Informática e Serviços Ltda. e determinar o arquivamento, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-028.784/2016-2 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Entidade: Fundação Escola Nacional de Administração Pública 1.2. Relator: Ministro Benjamin Zymler 1.3. Representante do Ministério Público: não atuou 1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog). 1.5. Representação legal: Roberto Liporace Nunes da Silva (OAB/DF 43.665) e outros. 1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 110/2017 - TCU - Plenário

Page 10: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

10 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de representação interposta por Guidi

Engenharia Ltda., com pedido liminar de suspensão do certame, noticiando a ocorrência de ilegalidades no edital RDC Presencial 2/2015 do Município de Nova Tebas.

Considerando que o mérito do presente feito foi apreciado por meio do Acórdão 1931/2016-Plenário;

Considerando o expediente juntado pela Prefeitura Municipal de Nova Tebas/PR, em que noticia o cumprimento da deliberação e solicita providências com relação à signatária da representação, que seria uma empresa com o CNPJ baixado desde 09/02/2015, indicando que não teria regularidade jurídica ou mesmo existência jurídica formal para postular junto ao TCU;

Considerando a manifestação do Ministério Público junto ao TCU, no sentido de que não há reparo ao fundamento normativo da deliberação supramencionada, indicando, portanto, falta de interesse de recorrer; e

Considerando a ausência de erro material e a impossibilidade jurídica de se alterar o Acórdão 1931/2016-Plenário, haja vista a ausência de nulidade e a não-interposição de recurso pelas pessoas legitimadas.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, V “d” do Regimento Interno do TCU em receber a peça como mera petição e negar seguimento do pleito, em razão da ausência de irregularidades capazes de modificar o Acórdão 1931/2016-Plenário ou ensejar a atuação fiscalizatória do Tribunal; e em dar ciência da deliberação, da instrução da unidade técnica, do despacho de que trata a peça 58 e do parecer do Ministério Público ao peticionário.

1. Processo TC-033.627/2015-0 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Interessados: Guidi Engenharia Ltda. (03.684.100/0001-72) e Cobrebem Construtora de Obras

Ltda. – EPP (04.537.626/0001-92). 1.2. Entidade: Município de Nova Tebas - PR 1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler 1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima 1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Santa Catarina (SECEX-SC). 1.6. Representação legal: Marcus Vinícius Nascimento Burko, em nome do Município de Nova

Tebas – PR e Fernando Vernalha Guimarães (OAB/PR nº 20.738) e Luiz Fernando Casagrande Pereira (OAB/PR nº 22.076), em nome de Guidi Engenharia Ltda.

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 111/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso II, e 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 143, 237, parágrafo único, e 250 do Regimento Interno, quanto ao processo a seguir relacionado, em conceder novo e improrrogável prazo de sessenta dias para o cumprimento da determinação contida no subitem 1.6.1.1 do Acórdão 3245/2014-Plenário, a contar da ciência desta deliberação, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-033.708/2013-4 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Órgão/Entidade: Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Rio de Janeiro 1.2. Relator: Ministro Benjamin Zymler 1.3. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé 1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP). 1.5. Representação legal: não há. 1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: 1.6.1. determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal que:

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11 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

1.6.1.1. faça juntar a estes autos o relatório a que se refere o Ofício 1315/2016 do Setor de

Administração de Pessoal/Diadm/Suest-RJ; 1.6.1.2. acompanhe o cumprimento do Acórdão 3245/2014-Plenário. RELAÇÃO Nº 5/2017 – Plenário Relator – Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO ACÓRDÃO Nº 112/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, quanto ao processo

a seguir relacionado, com fundamento no art. 1º da Lei nº 8.443/1992 c/c o art. 143, inciso V; alínea "e", do Regimento Interno/TCU e de acordo com os pareceres emitidos nos autos, ACORDAM em adotar as seguintes providências:

1. Processo TC-017.053/2015-3 (RELATÓRIO DE AUDITORIA) 1.1. Apenso: TC-003.942/2015-5 (REPRESENTAÇÃO) 1.2. Interessados: Norte Energia S.A. (CNPJ 12.300.288/0001-07), Consórcio Construtor Belo

Monte (CNPJ 13.380.006/0001-83), Valter Luiz Cardeal de Souza (diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras e presidente do Conselho de Administração da Norte Energia, CPF 140.678.380-34), Adhemar Palocci (diretor de Planejamento e Engenharia da Eletronorte e conselheiro de Administração da Norte Energia, CPF 005.815.438-82) e José Ailton de Lima (diretor de Engenharia e Construção da Chesf e conselheiro de Administração da Norte Energia, CPF 070.673.994-91)

1.4. Unidades: Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras), Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Ministério de Minas e Energia (MME), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

1.5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro 1.6. Representante do Ministério Público: não atuou 1.7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica (SeinfraElétrica). 1.8. Representação legal: Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (OAB/DF 6.546) e outros, representando

Norte Energia S.A.; Cleber Marques Reis (OAB/RJ 75.413) e outros, representando Centrais Elétricas Brasileiras S.A.; Inah Simonetti Guatura (OAB/SP 80.650) e outros, representando Andrade Gutierrez Engenharia S.A.

1.9. Acolher parcialmente o pedido de cópia dos autos formulado pela Norte Energia S.A., e conceder o acesso às peças deste processo ainda não disponibilizadas, excetuando desse rol as peças 124, 126, 127, 128, 130, 133, 137, 138, 139, 141, 144 e 145, cuja classificação de sigilo foi mantida pela Eletrobrás (com acesso restrito a Estatal e ao TCU), bem como as peças 17, 19, 30, 31, 33, 34, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 55, 64, 65, 66, 68, 69, 70, 71, 72, 75, 76, 77, 78, 79, 81, 88, 89, 91, 100, 105, 110 e 111, que se enquadram como respostas de Ofícios utilizadas como papel de trabalho pela equipe de auditoria, igualmente classificadas como sigilosas;

1.10. Acolher parcialmente o pedido de cópia dos autos formulado pelo Consórcio Construtor Belo Monte e conceder o acesso às peças deste processo ainda não disponibilizadas, excetuando desse rol as peças 148, 154, 162, 169, 172, 180, 184 e 190, cuja classificação de sigilo foi mantida pela Norte Energia, assim como as peças 124, 126, 127, 128, 130, 133, 137, 138, 139, 141, 144 e 145, cuja classificação de sigilo foi mantida pela Eletrobrás, bem como as peças 17, 19, 30, 31, 33, 34, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 55, 64, 65, 66, 68, 69, 70, 71, 72, 75, 76, 77, 78, 79, 81, 88, 89, 91, 100, 105, 110 e 111, que se enquadram como respostas de Ofícios utilizadas como papel de trabalho pela equipe de auditoria, igualmente classificadas como sigilosas:

1.11. Conceder, ao Consórcio Construtor Belo Monte, o acesso as peças 184 e 190 de forma parcial, mediante imagem na forma do Apêndice que demonstra tão somente os itens efetivamente utilizados pela

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12 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

equipe de auditoria, estando o restante resguardado por tarja que inviabiliza a visualização das demais informações, em respeito ao sigilo das informações requerido pela Norte Energia S.A.;

1.12. Acolher parcialmente o pleito de reconsideração da data de início da contagem do prazo para manifestação do Consórcio Construtor Belo Monte, de forma que o prazo total já concedido de 75 (setenta e cinco) dias, conforme os Acórdãos 2.839/2016-TCU-Plenário e 3.118/2016-TCU-Plenário, seja contado a partir de 22/12/2016;

1.13. Classificar como sigilosas as peças relacionadas no “Cadastro de Informações com Restrição de Acesso”, anexo ao presente relatório (Anexo I), e considerar, para fins de concessão de vistas e cópias processuais, os grupos de acesso ali indicados, nos termos da Lei 12.527/2011;

1.14. Comunicar os interessados da decisão adotada nestes autos. ACÓRDÃO Nº 113/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, quanto ao processo

abaixo relacionado, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 143, inciso III; 169, 237 e 250 do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em conhecer da representação, para no mérito considerá-la improcedente, indeferindo, por conseguinte, o pedido de medida cautelar apresentado e arquivando-se o processo após cientificação da representante e do Serpro – Regional Belo Horizonte, com o envio de cópia da respectiva instrução:

1. Processo TC-000.513/2017-2 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Representante: VMF Desenhos Técnicos Ltda. – ME (CNPJ 12.515.812/0001-59) 1.2. Unidade: Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) Regional Belo Horizonte 1.3. Relator: Ministro José Múcio Monteiro 1.4. Representante do Ministério Público: não atuou 1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ). 1.6. Representação legal: não há. 1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 114/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, quanto ao processo

a seguir relacionado, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992 c/c os arts. 143, inciso III; e 237, parágrafo único, do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em conhecer da representação, mas considerá-la prejudicada, por perda de objeto, indeferindo, por conseguinte, o pedido de medida cautelar, fazendo a determinação abaixo e arquivando-a, após a cientificação da representante, da Empresa Iguaçu de Manutenção e Serviços Ltda. e da Eletrobras, com o envio de cópia da respectiva instrução, conforme os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-034.523/2016-2 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Representante/Interessada: 1.1.1. Representante: Laquix Comércio e Serviços Eireli (03.383.287/0001-74) 1.1.2. Interessada: Empresa Iguaçu de Manutenção e Serviços Ltda. (02.630.719/0001-31) 1.2. Unidade: Centrais Elétricas Brasileiras S/A 1.3. Relator: Ministro José Múcio Monteiro 1.4. Representante do Ministério Público: não atuou 1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro

(SecexEstat). 1.6. Representação legal: não há.

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13 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

1.7. Determinar à Eletrobras que envie a este Tribunal, no prazo de cinco dias, a documentação

comprobatória da revogação do Pregão Presencial 31/2016. RELAÇÃO Nº 4/2017 – Plenário Relatora – Ministra ANA ARRAES ACÓRDÃO Nº 115/2017 - TCU - Plenário Considerando este recurso de revisão interposto por Tabira Ramos Dias Ferreira contra o acórdão

2.469/2011-2ª Câmara, que julgou irregulares suas contas e condenou-o ao pagamento de débito e multa; considerando que o recurso de revisão, além dos requisitos de admissibilidade comuns a todos os

recursos - tempestividade, singularidade e legitimidade - requer atendimento das condições do art. 35, incisos I, II e III, da Lei 8.443/1992 - erro de cálculo, falsidade ou insuficiência de documentos em que se tenha fundamentado o acórdão recorrido e superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida;

considerando que, no presente recurso de revisão não foram apresentados quaisquer elementos probatórios adicionais ou mesmo explicações detidas sobre a parcela de 16% dos serviços, não executados.

ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, por unanimidade e com fundamento no art. 35 da Lei 8.443/1992, em não conhecer do recurso de revisão e dar ciência desta deliberação e da instrução constante da peça 75 ao recorrente e às partes interessadas.

1. Processo TC-024.124/2009-7 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL) 1.1. Apensos: 010.900/2014-4 (COBRANÇA EXECUTIVA); 010.899/2014-6 (COBRANÇA

EXECUTIVA) 1.2. Classe de Assunto: I. 1.3. Recorrente: Tabira Ramos Dias Ferreira (CPF 017.624.942-72). 1.4. Unidade: município de Juruá - AM. 1.5. Relatora: ministra Ana Arraes. 1.6. Representante do Ministério Público: procurador-geral Paulo Soares Bugarin. 1.7. Relator da deliberação recorrida: ministro-substituto André Luís de Carvalho. 1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no Estado

do Amazonas (Secex-AM). 1.9. Representação legal: Eurismar Matos da Silva (9221/OAB-AM) e outros, representando Tabira

Ramos Dias Ferreira. 1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 116/2017 - TCU - Plenário Trata-se de proposta de quitação da multa aplicada a Cléber Gomes da Silva pelo acórdão

2.490/2012 - Plenário, mantido pelo acórdão 1.768/2013 - Plenário; considerando que, realizados os recolhimentos, a unidade técnica verificou a existência de saldo a

pagar no valor de R$ 48,73; considerando que o responsável, após o pronunciamento da Secex-RJ, efetuou o recolhimento da

diferença (peça 156); ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, por

unanimidade, de acordo com os pareceres emitidos nos autos e com fundamento no art. 27 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 218 do Regimento Interno, em expedir quitação a Cléber Gomes da Silva, ante o recolhimento da multa a ele imputada.

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14 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Quitação relativa ao item 9.4 do acórdão 2.490/2012 - Plenário. Cléber Gomes da Silva Valor original da multa: R$ 8.000,00Data de origem da multa: 11/09/2012 Valor recolhido: R$ 9.172,38Data do último recolhimento: 02/12/2016 1. Processo TC-005.378/2010-9 (DENÚNCIA) 1.1. Classe de Assunto: VII. 1.2. Responsável: Cleber Gomes da Silva (CPF 212.947.047-53). 1.3. Unidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense. 1.4. Relatora: ministra Ana Arraes. 1.5. Representante do Ministério Público: subprocuradora-geral Cristina Machado da Costa e Silva. 1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ). 1.7. Representação legal: não há. 1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 117/2017 - TCU - Plenário Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, de acordo com os pareceres emitidos nos autos e com fundamento nos arts. 169, inciso V, e 250, inciso I, do Regimento Interno, em considerar cumpridas as determinações dos itens 9.1.1 a 9.1.4 do acórdão 2.163/2012 - Plenário; em dar ciência desta deliberação, bem como da instrução à peça 160, ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo, à Fundação Ezute e à empresa Atech Negócios em Tecnologia S.A.; e em arquivar o processo.

1. Processo TC-003.806/2008-7 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Classe de Assunto: VII. 1.2. Representante: Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação (Sefti). 1.3. Unidade: Departamento de Controle do Espaço Aéreo – Comando da Aeronáutica/Ministério

da Defesa. 1.4. Relatora: ministra Ana Arraes. 1.5. Representante do Ministério Público: não atuou 1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação (Sefti). 1.7. Representação legal: Luís Justiniano Haiek Fernandes (OAB/DF 2.193-A) e outros (peça 155). 1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. RELAÇÃO Nº 1/2017 – Plenário Relator – Ministro BRUNO DANTAS ACÓRDÃO Nº 118/2017 - TCU - Plenário Considerando que o papel do denunciante consiste em iniciar a ação fiscalizatória, quando, então, o

próprio Tribunal toma o curso das apurações; Considerando inexistir para o denunciante, a não ser que admitido como interessado, prerrogativa

de comparecer aos autos para a defesa de seus pontos de vista; Considerando que o exercício de denúncia perante esta Corte, com o objetivo de proteger o

interesse público, foi respeitado, uma vez que a peça foi conhecida e seu mérito foi devidamente examinado por este Tribunal;

Considerando que a recorrente demonstra mero inconformismo com o entendimento adotado por esta Corte;

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15 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Considerando que a denunciante não demonstrou a razão legítima apta a autorizar sua habilitação

como parte interessada. Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos

artigos 32, parágrafo único, e 48 da Lei 8.443/1992, art. 285, § 2º, e 286, parágrafo único, do Regimento Interno, em não conhecer do pedido de reexame (peça 16) interposto pela Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições - ANIAM, em razão da ausência de legitimidade e interesse recursal da denunciante para atuar nesta seara recursal, nos termos do artigo 146 e 282 do RI/TCU; indeferir o pedido de habilitação nos autos como interessado, porquanto ausentes os pressupostos necessários; autorizar o pedido de vista formulado à peça 21, ante o levantamento do sigilo feito pelo Acórdão 2.014/2016-TCU-Plenário (peça 8); e em dar ciência desta deliberação, juntamente com a instrução (peça 17), à recorrente e à unidade jurisdicionada, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-020.962/2016-9 (DENÚNCIA) 1.1. Recorrente: Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições - ANIAM

(62.642.046/0001-61) 1.2. Órgão/Entidade: Câmara dos Deputados 1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas 1.4. Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes 1.5. Representante do Ministério Público: não atuou 1.6. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo de

Aquisições Logísticas (Selog). 1.7. Representação legal: não há. 1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 119/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no

art. 143, inciso V, alínea "d", do Regimento Interno/TCU, c/c a Súmula 145 do Tribunal de Contas da União, em retificar, por inexatidão material, o item 9.3 do Acórdão 3.204/2016-TCU-Plenário (peça 179), de forma que onde se lê “Rodrigo Luiz Lima”, leia-se “Rodrigo Luiz Lima de Souza”, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-013.371/2010-0 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Apenso: TC-000.690/2015-5 (SOLICITAÇÃO) 1.2. Responsáveis: Delta Construções S.A. (10.788.628/0001-57); Geraldo da Rocha Motta Filho

(391.619.607-30); João Severiano da Fonseca Hermes (741.278.377-72); Márcio Acúrcio Pereira Benigno (844.567.527-34); Rodrigo Luiz Lima de Souza (073.369.407-14)

1.3. Interessado: Osvaldo Martins Rizzo (618.462.288-91) 1.4. Órgão/Entidade: Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia; Ministério da Saúde

(vinculador) 1.5. Relator: Ministro Bruno Dantas 1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira 1.7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb). 1.8. Representação legal: Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (6546/OAB-DF) e outros, representando

Geraldo da Rocha Motta Filho; Pedro Navarro Cesar (121.804/OAB-RJ) e outros, representando João Severiano da Fonseca Hermes; Cristiano Nascimento e Figueiredo (101.334/OAB-MG) e outros, representando Delta Construções S.A.

1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 120/2017 - TCU - Plenário

Page 16: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

16 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos

arts. 1º, inciso I, e 27, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 218 do Regimento Interno/TCU, em dar quitação a Jaílson Figueiredo da Silva (479.877.582-72) e Kedson Raul de Souza Lima (616.086.451-34), ante o recolhimento integral da multa que lhes foi aplicada pelo Acórdão 2.478/2015-TCU-Plenário, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-016.389/2014-0 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Apenso: TC-031.069/2013-4 (DENÚNCIA) 1.2. Responsáveis: E.B. Cardoso Serviços Gerais (34.849.836/0001-87); Jaílson Figueiredo da Silva

(479.877.582-72); Kedson Raul de Souza Lima (616.086.451-34) 1.3. Interessado: Secretaria de Controle Externo no Estado do Pará – SECEX/PA (00.414.607/0011-

90) 1.4. Órgão/Entidade: Universidade Federal Rural da Amazônia 1.5. Relator: Ministro Bruno Dantas 1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico 1.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Pará (SECEX-PA). 1.8. Representação legal: Rodrigo Abenassiff Ferreira Maia (OAB 18.368/PA) representando

Kedson Raul de Souza Lima. 1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 121/2017 - TCU - Plenário Considerando que eventual medida adotada por este Tribunal no sentido de desconstituir o Contrato

21/2016, decorrente do PE 19/2016 e assinado em 19/8/2016 (peça 12), ante a não comprovação da experiência exigida na alínea “g” do item 34.4.1.29 do edital pela contratada, poderia trazer mais prejuízos à Anvisa do que benefícios, pois os serviços já estão sendo prestados;

Considerando que todos os outros indícios de irregularidade apontados pela representante não se confirmaram, pois foram satisfatoriamente esclarecidos nos autos.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, arts. 17, inciso IV; 143, inciso III; 235 c/c o art. 237, parágrafo único, e art. 237, todos do Regimento Interno/TCU, em conhecer da presente representação, por preencher os requisitos de admissibilidade, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente; confirmar o indeferimento da medida cautelar e da habilitação como interessada postuladas pela CAST Informática S.A, ante a ausência dos requisitos necessários; e em dar ciência desta deliberação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), à empresa contratada, CPM BRAXIS S.A., e à representante, empresa CAST Informática S.A, com cópia da instrução (peça 71), sem prejuízo da medida a seguir, promovendo-se, ao final, o arquivamento, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-024.553/2016-6 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Órgão/Entidade: Agência Nacional de Vigilância Sanitária 1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas 1.3. Representante do Ministério Público: não atuou 1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação (SEFTI). 1.5. Representação legal: Ulisses Conceição Souza e outros, representando CPM S.A.; Juliana de

Sousa Alencar e outros, representando CAST Informática S.A. 1.6. Dar ciência à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) de que a aceitação dos

atestados de capacidade técnica apresentados pela empresa CPM BRAXIS S.A., no âmbito do Pregão Eletrônico 19/2016, sem comprovação explícita das 10.000 horas de experiência em atividades de

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17 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

escritório de projetos afronta a alínea “g” do item 34.4.1.29 do edital, bem como o disposto no art. 3º da Lei 8.666/1993.

ACÓRDÃO Nº 122/2017 - TCU - Plenário Considerando que restou caracterizado que os pagamentos realizados à empresa Airphoenix

referem-se ao remanescente do contrato anteriormente firmado com a empresa Login, cuja rescisão foi motivada por repetidas falhas graves;

Considerando que as alegações e documentos juntados aos autos não demonstram a configuração de infração a norma legal, tampouco malversação de recursos públicos ou dano ao erário, aptos a clamar pela atuação do TCU;

Considerando, finalmente, que a ausência do fumus boni iuris conduz à impossibilidade de adoção de medida cautelar.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, arts. 17, inciso IV; 143, inciso III; 235 c/c o art. 237, parágrafo único, e art. 237, todos do Regimento Interno/TCU, em conhecer da presente representação, por preencher os requisitos de admissibilidade, para, no mérito, considerá-la improcedente; indeferir por consequência a medida cautelar pleiteada; e em dar ciência desta deliberação à unidade jurisdicionada e à representante, com cópia da instrução (peça 19), promovendo-se, ao final, o arquivamento, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-027.339/2016-5 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Órgão/Entidade: Fundação Oswaldo Cruz 1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas 1.3. Representante do Ministério Público: não atuou 1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ). 1.5. Representação legal: não há. 1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 123/2017 - TCU - Plenário Considerando os fundamentos expostos na instrução técnica da Secretaria de Controle Externo de

Aquisições Logísticas (Selog) à peça 20, a qual afirma não estarem presentes nos autos os pressupostos necessários à adoção de medida cautelar por esta Corte de Contas;

Considerando, todavia, que não restou completamente dirimida a dúvida sobre a duração de 10 horas de repelência do produto ofertado pela primeira colocada, MW Distribuidora de Medicamentos Eireli, haja vista que, não obstante o laudo por ela apresentado, outros estudos científicos acostados aos autos afirmam que o princípio ativo DEET (Dimethyl Toluamid) possui durabilidade de repelência variável conforme sua concentração, sendo que para concentrações de até 30% a repelência poderia chegar a, no máximo, 6 horas de proteção, enquanto que o produto da fornecedora possui concentração de 15%;

Considerando que é de fundamental relevância para a contratação em foco averiguar, de maneira inequívoca, se o produto a ser adquirido atua, de fato, pelo número de horas de repelência declarado, uma vez que a contratação é baseada no número de horas de repelência e que a possibilidade de o Ministério da Saúde vir a adquirir menor quantidade de repelentes ao necessário pode causar dano ao erário e pôr em risco as mulheres grávidas beneficiárias;

Considerando, por fim, que cabe ao órgão contratante verificar a qualidade dos produtos contratados.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, arts. 17, §1º; 143, inciso III; 235 c/c o art. 237, parágrafo único, e

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18 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

art. 237, todos do Regimento Interno/TCU, em conhecer da presente representação, por preencher os requisitos de admissibilidade, indeferir o pedido de medida cautelar e, no mérito, julgá-la parcialmente procedente, para adotar as medidas a seguir e promover, ao final, o arquivamento dos autos, dando-se ciência desta deliberação à representante, ao Ministério da Saúde e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, com cópia da instrução (peça 20).

1. Processo TC-034.518/2016-9 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Órgão/Entidade: Ministério da Saúde (vinculador) 1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas 1.3. Representante do Ministério Público: não atuou 1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog). 1.5. Representação legal: Sérgio Santelli da Silva, representando EBN Comércio, Importação e

Exportação S.A.; 1.6. Determinar ao Ministério da Saúde, com fulcro no art. 43, I, da Lei n. 8.443/1992, que realize,

junto a laboratório credenciado ou acreditado por instituições certificadoras, teste de eficácia do produto contratado, de forma a confirmar o tempo de repelência informado na proposta de preços oferecida no Pregão Eletrônico 58/2016;

1.7. Dar ciência, nos termos da Resolução TCU 265/2014, ao Ministério da Saúde da seguinte impropriedade verificada no Pregão Eletrônico 58/2016, com vistas a evitar a ocorrência de outras semelhantes:

1.7.1. exigência contida no item 5.7.1.1 do edital, que excepciona da proibição de contratar fornecedores que não possuem contrato social compatível com o objeto do certame, em desacordo com o previsto no Art. 28, inciso III, c/c o inciso II do art. 29 da Lei 8.666/93.

RELAÇÃO Nº 7/2017 – Plenário Relator – Ministro-Substituto AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI ACÓRDÃO Nº 124/2017 - TCU - Plenário VISTOS e relacionados estes autos de relatório de auditoria constituído como apartado do processo

TC-011.025/2015-8, que tratava de relatório de auditoria, na modalidade conformidade, realizada com o objetivo de verificar a gestão dos recursos transferidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para apoiar ações do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), no Estado do Espírito Santo -, para analisar as respostas apresentadas pelos gestores do Município de Cariacica – ES, em relação a achados de auditoria relativos aos exercícios de 2014 e 2015.

Considerando que o Sr. Geraldo Luzia de Oliveira Júnior, Prefeito municipal de Cariacica – ES, foi ouvido em audiência pelo (a) descumprimento, no exercício de 2014, do art. 14 da Lei 11.947/2009 c/c o art. 24 da Resolução-FNDE 26/2013, que estabelece o percentual mínimo de 30% do valor repassado do FNDE no âmbito do PNAE para a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar; e (b) descumprimento do art. 12, §2.º, da Resolução – FNDE 26/2013, que trata da observância dos parâmetros numéricos mínimos de referência de nutricionistas por escolares, previstos na Resolução – CFN 465/2010;

Considerando que as análises da unidade técnica apontam que o referido responsável apresentou justificativas e documentos que demonstraram (a) ter ocorrido a aplicação do valor de R$ 990.398,29, equivalente a 29,67% do valor repassado durante o exercício de 2014, em gêneros adquiridos diretamente de produtores familiares (§ 8.1.4.4 da instrução da unidade técnica); e (b) ter ocorrido a contratação de 8 nutricionistas por meio de empresa interposta, os quais, somados aos 10 nutricionistas contratados diretamente pelo município, completariam 18 nutricionistas, número bastante próximo dos 21 que seriam exigíveis pela referida norma;

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19 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Considerando que o Sra. Beatriz de Oliveira Andrade, Secretária municipal de educação de

Cariacica – ES, foi ouvida em audiência pelo (a) descumprimento, no exercício de 2014, do art. 14 da Lei 11.947/2009 c/c o art. 24 da Resolução-FNDE 26/2013, que estabelece o percentual mínimo de 30% do valor repassado do FNDE no âmbito do PNAE para a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar; e (b) incompatibilidade dos preços de alguns produtos registrados na Ata de Registro de Preços n.º 041/2015, ofertados pela empresa Mantovani Atacadista Ltda., com o valor de mercado, quando comparados com os preços da Tabela de Preços Referenciais de Gêneros Alimentícios do Governo do Estado do Espírito Santo no mês em que o referido certame se realizou (Novembro/2014), gerando um prejuízo potencial estimado em R$ 498.000,00 (quatrocentos e noventa e oito mil reais) para o Programa Nacional de Alimentação Escolar; (c) o não cumprimento pelo município, na elaboração do cardápio da alimentação escolar, das exigências constantes dos §§ da 7.º e 9.º, inciso I, do art. 14 da Resolução FNDE 26/2013; e (d) fato de não terem sido remetidas respostas a algumas solicitações de documentação relativa à execução do PNAE, realizadas pelo Conselho Alimentar Escolar – CAE, o que afrontou o disposto no art. 36, inciso II, da Resolução FNDE n.º 26/2013;

Considerando que as análises da unidade técnica apontam que a referida responsável apresentou justificativas e documentos que demonstraram (a) ter ocorrido a aplicação do valor de R$ 990.398,29, equivalente a 29,67% do valor repassado durante o exercício de 2014, em gêneros adquiridos diretamente de produtores familiares (§ 8.2.6 da instrução da unidade técnica); e (b) que os preços contratados inclui o transporte dos gêneros adquiridos e sua entrega diretamente nas mais de 100 escolas do município, o que impede se conclua pela existência de sobrepreço (§ 8.2.7.8 da instrução da unidade técnica); e justificativas parciais, em relação ao (c) cumprimento das exigências normativas na elaboração do cardápio da alimentação escolar, especialmente em relação oferta de frutas in natura (§ 8.2.8.4 da instrução da unidade técnica); e (d) ter atendido parcialmente as solicitações do CAE por meio informações prestadas durante as reuniões do referido conselho (§§ 8.2.9.3 a 8.2.9.5 da instrução da unidade técnica);

Considerando que o Sr. Alberto Mollo, secretário municipal de educação de Cariacica – ES, foi ouvido em audiência pelo (a) descumprimento, no exercício de 2014, do art. 14 da Lei 11.947/2009 c/c o art. 24 da Resolução-FNDE 26/2013, que estabelece o percentual mínimo de 30% do valor repassado do FNDE no âmbito do PNAE para a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar; e (b) incompatibilidade dos preços de alguns produtos que integraram o orçamento base do Pregão Eletrônico n.º 138/2014 com o valor de mercado, quando comparados com os preços da Tabela de Preços Referenciais de Gêneros Alimentícios do Governo do Estado do Espírito santo do mês em que o referido orçamento foi elaborado (Setembro/2014), gerando um orçamento com sobrepreço potencial estimado de R$ 864.059,21 (oitocentos e sessenta e quatro mil e cinquenta e nove reais e vinte e um centavos);

Considerando que as razões apresentadas pelo responsável relativamente a esse ponto coincidem com aquelas apresentadas pelo prefeito e pela secretária de educação, já analisadas acima;

Considerando que a unidade técnica propõe uniformemente que sejam integralmente acatadas as razões de justificativas apresentadas pelos Srs. Geraldo Luzia de Oliveira Júnior e Alberto Mollo;

Considerando que a unidade técnica propõe uniformemente que sejam integralmente acatadas as razões de justificativas apresentadas pela Sra. Beatriz de Oliveira Andrade em relação as duas questões, e parcialmente acatadas em relação a duas outras, as quais seriam objeto apenas de recomendações e ciências à Prefeitura Municipal de Cariacica – ES objetivando prevenir ocorrências futuras;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, por unanimidade, em:

a) acatar as razões de justificativa apresentadas pelo Srs. Geraldo Luzia de Oliveira Júnior e Alberto Mollo;

b) acatar parcialmente as razões de justificativa apresentadas pela Sra. Beatriz de Oliveira Andrade; c) dar ciência à Prefeitura Municipal de Cariacica de que: c.1) as bebidas à base de frutas não substituem a obrigatoriedade da oferta de frutas in natura, nos

termos do Art. 14, §9.º, inciso I, da Resolução FNDE n.º 26/2013, e

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20 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

c.2) a ausência de respostas a solicitações de documentação relativa à execução do PNAE,

realizadas pelo Conselho de Alimentação Escolar – CAE, afronta o disposto no art. 36, inciso II, da Resolução FNDE n.º 26/2013;

d) recomendar à Prefeitura Municipal de Cariacica que quando da elaboração de orçamento base destinado à realização de procedimento licitatório visando à aquisição de gêneros alimentícios para a alimentação escolar com recursos do PNAE, confronte os preços obtidos nesse orçamento com a Tabela de Preços Referenciais de Gêneros Alimentícios do Governo do Estado do Espírito Santo do mês em que o referido orçamento foi elaborado, justificando no bojo do processo eventuais preços unitários que se encontrem acima dessa tabela; e

e) arquivar o presente processo. 1. Processo TC-035.159/2015-4 (RELATÓRIO DE AUDITORIA) 1.1. Responsáveis: Alberto Mollo (282.882.707-00); Beatriz de Oliveira Andrade (086.799.497-52);

Geraldo Luzia de Oliveira Júnior (015.199.867-18) 1.2. Órgão/Entidade/Unidade: Prefeitura Municipal de Cariacica - ES 1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti 1.4. Representante do Ministério Público: não atuou 1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (SECEX-ES). 1.6. Representação legal: não há. ACÓRDÃO Nº 125/2017 - TCU - Plenário VISTOS e relacionados estes autos de representação, encaminhada pela Procuradora da República

Daniele Cardoso Escobar, noticiando sobre supostas irregularidades na execução das obras de duplicação e sinalização da BR-101/SC no trecho entre os municípios de Palhoça e Paulo Lopes (peça 1, p. 1 e 5).

Considerando que a representação preenche os requisitos de admissibilidade constantes no art. 235 do Regimento Interno do TCU, por se tratar de matéria da competência deste Tribunal, referir-se a responsável sujeito a sua jurisdição, estar redigida em linguagem clara e objetiva, conter nome legível, qualificação e endereço do representante, bem como encontrar-se acompanhada do indício concernente à irregularidade ou ilegalidade;

Considerando que Ministério Público Federal possui legitimidade para representar ao Tribunal, consoante disposto no inciso I do art. 237 do RI/TCU;

Considerando o teor do Laudo Técnico 019/2015/5ª CCR (peça 1, p. 2 e 5), onde foram descritas irregularidades que teriam sido cometidas durante a execução das obras de duplicação e sinalização da BR-101/SC no trecho entre os municípios de Palhoça e Paulo Lopes;

Considerando as justificativas apresentadas pelo Dnit (peça 1, p.77/85); Considerando, nos termos do art. 106, §3º, inciso II, da Resolução TCU 259/2014, a presença de

risco, materialidade e relevância dos fatos noticiados na representação; Considerando que, após análise do Laudo Técnico 019/2015/5ª CCR, bem como da resposta

enviada pelo Dnit ao MPF, a Secex/SC conclui que a maioria dos defeitos se encontra em trechos entregues há mais de 5 anos, razão pela qual não seria possível cobrar o seu refazimento nos termos do art. 618 do Código Civil;

Considerando que a Secex/SC identificou a existência de dois trechos entregues há menos de 5 anos nos quais há defeitos graves na pista e que devem ser objeto de cobrança da empresa ou consórcio responsável;

Considerando, ainda, a existência de defeitos nos encabeçamentos das pontes em lotes cuja data de entrega não consta dos autos;

Considerando a instrução e as propostas uniformes elaboradas no âmbito da Secex/SC, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de 1ª Câmara, por

unanimidade, em:

Page 21: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

21 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts.

235 e 237, inciso I, do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la procedente; b) determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, bem como à

Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em Santa Catarina – Dnit/SC que:

b.1) adotem as medidas cabíveis contra a empresa contratada para a execução das obras de duplicação da BR-101/SC, Lote 22, especificamente quanto ao refazimento dos trabalhos nos trechos em que se verificaram os defeitos no km 231,8 (Ponto 6, Figura A9) e km 236,4 (Ponto 29, Figura A53), conforme o Laudo Técnico Pericial 019/2015/5ª CCR do Ministério Público Federal constante do Inquérito Civil 1.33.000.001699/2012-71, valendo-se do disposto no art. 618 do Código Civil, mesmo se for constatado que as falhas decorrem de deficiências nos projetos da obra, avaliando, ainda a adoção de providências contra outros responsáveis pelas falhas observadas, inclusive o projetista, gerenciador da obra e servidores do Dnit que tiverem concorrido de forma culposa ou dolosa para o surgimento dos defeitos, sob pena de responsabilização pessoal e solidária;

b.2) adotem as mesmas medidas do subitem b.1, retro, com relação à correção dos defeitos nos encabeçamentos das pontes apontados no Laudo Técnico Pericial 019/2015/5ª CCR do Ministério Público Federal cujas obras tenham sido entregues em 2012 ou depois;

b.3) informem à Secex-SC, até 31/05/2017, impreterivelmente, as providências tomadas com relação às determinações acima, bem como as datas das entregas de todas as pontes de que trata o Laudo Técnico Pericial 019/2015/5ª CCR do Ministério Público Federal; e

c) encaminhar cópia da instrução (peça 2) e deste Acórdão à Procuradoria da República em Santa Catarina, ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e à Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em Santa Catarina – Dnit/SC.

1. Processo 022.782/2015-0 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Representante: Procuradoria da República em Santa Catarina 1.2. Órgão/Entidade/Unidade: Superintendência Regional do Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes em Santa Catarina – Dnit/SC. 1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti 1.4. Representante do Ministério Público: não atuou 1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Santa Catarina (SECEX-SC). 1.6. Representação Legal: não há. RELAÇÃO Nº 1/2017 – Plenário Relator – Ministro-Substituto ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO ACÓRDÃO Nº 126/2017 - TCU - Plenário Considerando que os presentes autos tratam de expediente enviado pela empresa Riparo

Construções e Instalações Ltda. (Peça nº 1), com a solicitação de cautelar suspensiva, noticiando possíveis irregularidades na execução de serviços de projetos básicos contratados pelo Hospital Central do Exército (HCE), mediante a adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico nº 25/2015 conduzido pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Rio de Janeiro (IFRJ), com suposto dano ao erário e favorecimento ilegal à empresa contratada;

Considerando que o presente processo foi autuado pela Secex/RJ como denúncia, com fundamento nos arts. 234 e 235 do Regimento Interno do TCU;

Considerando que o nome constante como signatário da inicial (José Francisco de Almeida – CPF 128.595.321-53), integra o quadro societário da Riparo Construções e Instalações Ltda., conforme a cópia do cadastro da Receita Federal e do documento de identificação pessoal à Peça nº 1, p. 24/25;

Page 22: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

22 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Considerando, portanto, que estão presentes os requisitos para se conhecer do presente processo

como representação, nos termos do art. 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU e do art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/1993;

Considerando que, na aludida peça apresentada, constata-se a informação de possível dano ao erário, pela emissão da Nota de Empenho nº 2016NE801150, de 11/11/2016, no valor de R$ 1.336.211,70, vez que o HCE poderia receber serviços técnicos, inclusive projetos básicos, da Comissão Regional de Obras da 1ª Região Militar (CRO/1);

Considerando, ainda, que a representante aponta que a aludida despesa empenhada representaria desperdício, na medida em que o HCE teria previsto quantidade de serviços excessiva e desvinculada da realidade, que o HCE teria à sua disposição projetos já concluídos, feitos pela CRO/1 e por outras empresas, que já haveria empresa previamente contratada pelo HCE para a execução de serviços, com idêntica finalidade, e que a proposta vencedora seria inexequível, tendo a empresa contratada apresentado ineficiência na execução do contratado com a IFRJ;

Considerando, também, que a peça inicial indica que não haveria base legal para a contratação realizada pelo HCE, mediante a adesão à ata de sistema de registro de preços (SRP), vez que se referiria a pregão específico para objeto diverso;

Considerando que, procedendo ao saneamento do presente feito, a Secex/RJ solicitou ao Hospital Central do Exército as informações e/ou os esclarecimentos acerca dos fatos inerentes ao presente processo;

Considerando que, após a percuciente análise do material probatório integrante dos autos, a Secex/RJ (Peças nos 10/11) concluiu pela procedência apenas parcial da representação, vez que os fatos relatados pela representante não ensejam dano ao erário nem favorecimento indevido a terceiros, mas apenas teria ficado constatado as seguintes falhas:

a) contratação de empresa privada sem a utilização das atividades da CRO/1, em virtude do assoberbamento de serviços da aludida comissão por insuficiência de pessoal;

b) classificação contábil e orçamentária incorreta da despesa pretendida; e c) ausência de termo obrigatório de contrato; Considerando que, dentre os esclarecimentos prestados pelo HCE, se destaca a aparente motivação

privada na formulação da presente representação, com conflito de interesses, conforme se observa da seguinte informação (à Peça nº 4, p. 2):

“As licitações das diversas restaurações/obras referidas, realizadas através de pregão eletrônico dos anos de 2008 a 2014, foram todas vencidas pela empresa Riparo Construções e Instalações Ltda., cujo Diretor é o Sr. José Francisco de Almeida, Coronel da Reserva Remunerada do Exército, Engenheiro Militar formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e ex-comandante da Comissão Regional de Obras da 1ª Região Militar (CRO/1). Também, os serviços de manutenção de instalações prediais desta OMS eram realizados pela empresa Calango, cuja Diretora é a Sra. Fátima Aparecida Martins de Almeida, esposa do Cel R1 José Francisco de Almeida, acima referido.

Após a anulação de alguns empenhos no início da atual gestão em decorrência da existência de pontos obscuros e não explicados envolvendo pagamento e execução das obras, iniciou-se uma cruzada de denuncismos contra esta Direção, de conhecimento dessa Egrégia Corte. As denúncias remeteram logicamente às práticas de execução e controle das obras da gestão anterior e redundaram na abertura de inúmeros processos nessa Corte e instauração do Inquérito Policial Militar n. 124-83.2016.7.01.0201, na 2ª Auditoria da 1ª CJM.”;

Considerando que o Hospital Central do Exército informou, à Peça nº 12, que a previsão do prazo para a assinatura do contrato referente à Nota de Empenho nº 2016NE801150 foi até o dia 31/12/2016;

Considerando, diante disso, que não se mostra procedente o requerimento de medida cautelar, por não estarem presentes nos autos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, além de se verificar a existência de significativo periculum in mora reverso;

Considerando, pelo exposto, que se verifica a procedência parcial do presente feito;

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Considerando, enfim, que não há base legal para a classificação destes autos como sigilosos nem se

vislumbra a plausibilidade para o caráter pessoal da motivação do pedido de sigilo, fundamentada em suposta ameaça de morte, que estaria sendo apurada na Polícia Civil do Rio de Janeiro;

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de 2ª Câmara, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso V, alínea “a”, 235, 237, inciso VII e parágrafo único, e 250, incisos I e II, do Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 246/2011, em:

a) conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la apenas parcialmente procedente;

b) indeferir a cautelar pleiteada pela representante, em razão da ausência dos requisitos processuais necessários;

c) determinar a alteração da natureza deste processo de denúncia para a de representação, nos termos do art. 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU, c/c o art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/1993; e

d) fazer as determinações abaixo indicadas: 1. Processo TC-032.868/2016-2 (DENÚNCIA - REPRESENTAÇÃO) 1.1. Representante: Riparo Construções e Instalações Ltda. (CNPJ 03.876.154/0001-30). 1.2. Órgão: Hospital Central do Exército (HCE). 1.3. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho. 1.4. Representante do Ministério Público: não atuou. 1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex/RJ). 1.6. Representação legal: não há. 1.7. Determinar: 1.7.1. ao Hospital Central do Exército que: 1.7.1.1. se abstenha de admitir em licitação e de contratar, para a execução de obra, empresa que

tenha a participação, a qualquer título, de autor do projeto básico ou executivo da mesma obra, em estrita observância ao art. 9º da Lei nº 8.666/1993;

1.7.1.2. retifique, nos correspondentes registros e documentos, inclusive na Nota de Empenho nº 2016NE801150 da UG/Gestão 160322/0001, a classificação contábil e orçamentária eventualmente incorreta das despesas associadas à ata de registro de preços resultante do Pregão Eletrônico nº 25/2015, do IFRJ;

1.7.2. à Secex/RJ que: 1.7.2.1. realize diligência junto ao Hospital Central do Exército para que envie ao TCU, no prazo de

30 (trinta) dias, a cópia do termo obrigatório de contrato que celebrar com a empresa Primeira Engenharia Ltda. – EPP (CNPJ 14.920.928/0001-07), consoante a Nota de Empenho nº 2016NE801150, com o fim de cumprir o disposto no art. 62 da Lei nº 8.666/1993;

1.7.2.2. retire a chancela de sigilo destes autos; 1.7.2.3. envie cópia do presente Acórdão, acompanhado do parecer da unidade técnica à Peça nº 10,

à representante, para ciência, à SecexDefesa, como subsídio à sua atuação, e ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Rio de Janeiro, determinando que ele adote as providências cabíveis para corrigir, nos correspondentes registros e documentos, a classificação contábil e orçamentária eventualmente incorreta das despesas associadas à ata de registro de preços resultante do Pregão Eletrônico nº 25/2015; e

1.7.2.4. arquive os presentes autos. ACÓRDÃO Nº 127/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea “e”, do Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 246/2011, em deferir a solicitação apresentada pelo Sr. Roberto Cavalcanti Tavares, como Diretor Presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento, e conceder à Compesa a

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24 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

prorrogação, por 75 (setenta e cinco) dias, do prazo para o atendimento aos itens 9.1 e 9.2 do Acórdão 2.217/2016-TCU-Plenário, devendo o novo prazo ser contado a partir do término daquele originalmente concedido, conforme a proposta da unidade técnica:

1. Processo TC-014.231/2016-6 (RELATÓRIO DE AUDITORIA) 1.1. Interessado: Tribunal de Contas da União (TCU). 1.2. Órgão/Entidade: Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa); Secretaria de

Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional (SIH/MI). 1.3. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho. 1.4. Representante do Ministério Público: não atuou. 1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária e Ferroviária

(SeinfraHidroFerrovia). 1.6. Representação legal: não há. 1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há. ACÓRDÃO Nº 128/2017 - TCU - Plenário Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea “a”, e 169, inciso V, do Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 246/2011, em considerar cumprida a determinação expedida à Agência Nacional de Águas, por meio do item 9.3 do Acórdão 1.473/2016-TCU-Plenário e arquivar os presentes autos, sem prejuízo de fazer a determinação abaixo indicada, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-001.041/2016-9 (REPRESENTAÇÃO) 1.1. Representante: Rhox Comunicação de Dados Ltda. (CNPJ 03.154.858/0001-07).1.2.

Órgão/Entidade: Agência Nacional de Águas (ANA). 1.3. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho. 1.4. Representante do Ministério Público: não atuou. 1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog). 1.6. Representação legal: Orlando Junior Gonçalves da Silva (15581-E/OAB-DF) e outros,

representando Rhox Comunicações de Dados Ltda.; João Batista Lira Rodrigues Junior (15.180/OAB-DF) e outros, representando Seal Telecom Comércio e Serviços de Telecomunicações Ltda.

1.7. Determinar à Selog que envie cópia do presente Acórdão, acompanhado do parecer da unidade técnica, à Agência Nacional de Águas.

PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA Por meio de apreciação unitária de processos, o Plenário proferiu os Acórdãos de nºs 129 a 142, a

seguir transcritos e incluídos no Anexo III desta Ata, juntamente com os respectivos relatórios e votos em que se fundamentaram.

ACÓRDÃO Nº 129/2017 - TCU - Plenário 1. Processo nº TC 010.234/2014-4. 2. Grupo I – Classe IV: Tomada de Contas Especial. 3. Responsáveis: Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), Antônio Salustiano Barbalho

(CPF 246.486.047-68), Elemilton Pimentel Sampaio (CPF 031.391.517-21), Francisco José de Souza

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25 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Ventura (falecido, CPF 113.730.247-04), Lili Vianna de Almeida (falecida, CPF 028.633.727-42), Manoel da Silva Muniz (CPF 075.918.627-82) e Roberto Ferreira (falecido, CPF 090.668.616-49).

4. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 5. Relator: Ministro Augusto Nardes. 6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ). 8. Representação legal: não há. 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em decorrência

da concessão irregular de benefícios previdenciários, no âmbito da Gerência Executiva do INSS no Rio de Janeiro/RJ,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar revéis, para todos os efeitos, Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63) e os sucessores dos ex-segurados Francisco José de Souza Ventura (falecido) e Roberto Ferreira (falecido), dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443, de 1992;

9.2. excluir da relação processual os ex-segurados do INSS Antônio Salustiano Barbalho, Elemilton Pimentel Sampaio, Lili Vianna de Almeida (falecida) e Manoel da Silva Muniz;

9.3. julgar irregulares as contas de Luiz Carvalho Linhares, ex-servidor do INSS, e de Francisco José de Souza Ventura (falecido) e Roberto Ferreira (falecido), ex-segurados que se beneficiaram com a irregularidade, estes dois últimos na pessoa do espólio ou de seus herdeiros legais, caso tenha havido partilha de bens antes do deslinde deste processo, até o limite do valor do patrimônio transferido, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea "d", e § 2º da Lei 8.443, de 1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 202, § 6º, 209, inciso IV, e 210 e 214, inciso III do Regimento Interno do TCU, e condená-los, ao pagamento das quantias abaixo relacionadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a” do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora devidos, calculados a partir da correspondente data até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor:

9.3.1. Devedor: Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), em razão da concessão irregular de benefícios previdenciários aos seguintes segurados:

9.3.1.1. Antônio Salustiano Barbalho (CPF 246.486.047-68) Data do lançamento Valor original (R$)

8/5/1997 563,50 14/5/1997 563,50 12/6/1997 563,50 11/7/1997 590,04 13/8/1997 590,04 11/9/1997 590,04 13/10/1997 590,04 13/10/1997 2.232,02 13/11/1997 590,04 11/12/1997 590,04 11/12/1997 590,04 14/1/1998 590,04 12/2/1998 590,04 12/3/1998 590,04 15/4/1998 590,04 14/5/1998 590,04

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26 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

12/6/1998 590,04 13/7/1998 618,42 13/8/1998 618,42 14/9/1998 618,42 14/10/1998 618,42 13/11/1998 618,42 11/12/1998 618,42 11/12/1998 618,42 14/1/1999 618,42 11/2/1999 618,42 11/3/1999 618,42 15/4/1999 618,42 13/5/1999 618,42 14/6/1999 618,42 13/7/1999 646,92 12/8/1999 646,92 14/9/1999 646,92 14/10/1999 646,92 12/11/1999 646,92 13/12/1999 646,92 13/12/1999 646,92 13/1/2000 646,92 11/2/2000 646,92 15/3/2000 646,92 13/4/2000 646,92 12/5/2000 646,92 13/6/2000 646,92 13/7/2000 684,50 11/8/2000 684,50 14/9/2000 684,50 13/10/2000 684,50 16/11/2000 684,50 13/12/2000 684,50 13/12/2000 684,50 12/1/2001 684,50 13/2/2001 684,50 13/3/2001 684,50 12/4/2001 684,50 14/5/2001 684,50 13/6/2001 684,50 12/7/2001 736,93 13/8/2001 736,93 14/9/2001 736,93 6/10/2001 1.006,96 11/10/2001 736,93 16/11/2001 736,93 13/12/2001 736,93 13/12/2001 736,93

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27 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

14/1/2002 736,93 15/2/2002 736,93 13/3/2002 736,93 11/4/2002 736,93 14/5/2002 736,93 13/6/2002 736,93 11/7/2002 804,72 13/8/2002 804,72 12/9/2002 804,72 11/10/2002 804,72 13/11/2002 804,72 12/12/2002 804,72 12/12/2002 804,72 14/1/2003 804,72 13/2/2003 804,72 14/3/2003 804,72 11/4/2003 804,72 14/5/2003 804,72 12/6/2003 804,72 11/7/2003 963,33 13/8/2003 963,33 11/9/2003 963,33 13/10/2003 963,33 13/11/2003 963,33 11/12/2003 963,33 11/12/2003 963,33 14/1/2004 963,33 12/2/2004 963,33 11/3/2004 963,33 6/4/2004 963,33 6/5/2004 963,33 4/6/2004 1.006,96 6/7/2004 1.006,96 5/8/2004 1.006,96 6/9/2004 1.006,96 5/11/2004 1.006,96 5/11/2004 1.006,96

9.3.1.2. Elemilton Pimentel Sampaio (CPF 031.391.517-21) Data do lançamento Valor original (R$)

25/8/1997 1.885,49 25/8/1997 862,43 17/9/1997 862,43 20/10/1997 862,43 14/11/1997 862,43 16/12/1997 862,43 16/12/1997 862,43 14/1/1998 862,43 19/2/1998 862,43

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28 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

11/3/1998 862,43 14/4/1998 862,43 13/5/1998 862,43 12/6/1998 862,43 10/7/1998 903,91 21/8/1998 903,91 16/9/1998 903,91 15/10/1998 903,91 18/11/1998 903,91 18/12/1998 903,91 20/1/1999 903,91 11/2/1999 903,91 19/3/1999 903,91 28/6/1999 903,91 19/5/1999 903,91 14/6/1999 903,91 21/7/1999 945,58 11/8/1999 945,58 15/9/1999 945,58 13/10/1999 945,58 18/11/1999 945,58 14/12/1999 945,58 14/12/1999 945,58 12/1/2000 945,58 15/2/2000 945,58 22/3/2000 945,58 12/4/2000 945,58 11/5/2000 945,58 15/6/2000 945,58 14/7/2000 1.000,51 10/8/2000 1.000,51 14/9/2000 1.000,51 16/10/2000 1.000,51 17/11/2000 1.000,51 12/12/2000 1.000,51 12/12/2000 1.000,51 12/1/2001 1.000,51 13/2/2001 1.000,51 13/3/2001 1.000,51 17/4/2001 1.000,51 15/5/2001 1.000,51 13/6/2001 1.000,51 11/7/2001 1.077,14 10/8/2001 1.077,14 14/9/2001 1.077,14 11/10/2001 1.077,14 14/11/2001 1.077,14 14/12/2001 1.077,14

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14/12/2001 1.077,14 17/1/2002 1.077,14 25/2/2002 1.077,14 14/3/2002 1.077,14 15/4/2002 1.077,14 14/5/2002 1.077,14 13/6/2002 1.077,14 15/7/2002 1.176,23 19/8/2002 1.176,23 19/9/2002 1.176,23 15/10/2002 1.176,23 19/11/2002 1.176,23 19/12/2002 1.176,23 19/12/2002 1.176,23 16/1/2003 1.176,23 13/2/2003 1.176,23 21/3/2003 1.176,23 29/4/2003 1.176,23 13/5/2003 1.176,23 1/7/2003 1.176,23 10/7/2003 1.468,06 14/8/2003 1.408,06 12/9/2003 1.408,06 16/10/2003 1.408,06 19/11/2003 1.408,06 11/12/2003 1.408,06 11/12/2003 1.408,06 1212/2004 1.408,06 12/2/2004 1.408,06 19/3/2004 1.408,06 5/4/2004 1.408,06 5/5/2004 1.408,06 3/6/2004 1.471,84 5/7/2004 1.471,84 4/8/2004 1.471,84 3/9/2004 1.471,84 5/10/2004 1.471,84 4/11/2004 1.471,84 3/12/2004 1.471,84 3/12/2004 1.471,84 5/1/2005 1.471,84 3/2/2005 1.471,84 3/3/2005 1.471,84 5/4/2005 1.471,84 4/5/2005 1.471,84

9.3.1.3. Lili Vianna de Almeida (CPF 028.633.727-42) Data do lançamento Valor original (R$)

12/1/1996 738,00

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30 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

12/1/1996 714,20 12/2/1996 714,20 11/3/1996 714,20 11/4/1996 714,20 10/5/1996 714,20 12/6/1996 778,19 17/7/1996 778,19 13/8/1996 778,19 16/9/1996 778,19 15/10/1996 778,19 13/11/1996 778,19 13/12/1996 778,19 13/12/1996 778,19 14/1/1997 778,19 13/2/1997 778,19 11/3/1997 778,19 11/4/1997 778,19 12/5/1997 778,19 10/6/1997 778,19 9/7/1997 838,57 11/8/1997 838,57 10/9/1997 838,57 10/10/1997 838,57 11/11/1997 838,57 11/12/1997 838,57 11/12/1997 838,57 12/1/1998 838,57 12/2/1998 838,57 12/3/1998 838,57 14/4/1998 838,57 12/5/1998 838,57 9/6/1998 838,57 10/7/1998 878,90 12/8/1998 878,90 11/9/1998 878,90 13/10/1998 878,90 12/11/1998 878,90 9/12/1998 878,90 9/12/1998 878,90 12/1/1999 878,90 9/2/1999 878,90 9/3/1999 878,90 13/4/1999 878,90 11/5/1999 878,90 10/6/1999 878,90 9/7/1999 919,41 10/8/1999 919,41 10/9/1999 919,41

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31 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

11/10/1999 919,41 10/11/1999 919,41 10/12/1999 919,41 10/12/1999 919,41 10/1/2000 919,41 10/2/2000 919,41 14/3/2000 919,41 11/4/2000 919,41 10/5/2000 919,41 12/6/2000 919,41 11/7/2000 972,82 9/8/2000 972,82 12/9/2000 972,82 10/10/2000 972,82 10/11/2000 972,82 11/12/2000 972,82 13/12/2000 972,82 11/1/2001 972,82 9/2/2001 972,82 9/3/2001 972,82 12/4/2001 972,82 10/5/2001 972,82 11/6/2001 972,82 10/7/2001 1.047,33 9/8/2001 1.047,33 14/9/2001 1.047,33 9/10/2001 1.047,33 12/11/2001 1.047,33 11/12/2001 1.047,33 11/12/2001 1.047,33 10/1/2002 1.047,33 14/2/2002 1.047,33 12/3/2002 1.047,33 9/4/2002 1.047,33 30/4/2002 1.047,33 11/06/2002 1.047,33 10/7/2002 1.143,68 12/8/2002 1.143,68 10/9/2002 1.143,68 9/10/2002 1.143,68 11/11/2002 1.143,68 10/12/2002 1.143,68 10/12/2002 1.143,68 10/1/2003 1.143,68 11/2/2003 1.143,68 14/3/2003 1.143,68 9/4/2003 1.143,68 12/5/2003 1.143,68

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32 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

10/6/2003 1.143,68 9/7/2003 1.369,09 11/8/2003 1.369,09 9/9/2003 1.369,09 9/10/2003 1.369,09 11/11/2003 1.369,09 9/12/2003 1.369,09 9/12/2003 1.369,09 12/1/2004 1.369,09 9/3/2004 1.369,09 2/4/2004 1.369,09 4/5/2004 1.369,09 2/6/2004 1.431,10 2/7/2004 1.431,10 3/8/2004 1.431,10 2/9/2004 1.431,10 4/10/2004 1.431,10 3/11/2004 1.431,10

9.3.1.4. Manoel da Silva Muniz (CPF 075.918.627-82) Data do lançamento Valor original (R$)

16/9/1997 914,34 7/10/1997 914,34 7/11/1997 914,34 5/12/1997 914,34 5/12/1997 914,34 8/1/1998 914,34 6/2/1998 914,34 6/3/1998 914,34 7/4/1998 914,34 8/5/1998 914,34 5/6/1998 914,34 7/7/1998 958,31 10/8/1998 958,31 8/9/1998 958,31 7/10/1998 958,31 9/11/1998 958,31 7/12/1998 958,31 7/12/1998 958,31 8/1/1999 958,31 5/2/1999 958,31 5/3/1999 958,31 9/4/1999 958,31 7/5/1999 958,31 8/6/1999 958,31 7/7/1999 1.002,48 5/8/1999 958,31 6/8/1999 1.002,48 8/9/1999 1.002,48

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33 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

7/10/1999 1.002,48 8/11/1999 1.002,48 7/12/1999 1.002,48 7/12/1999 1.002,48 7/1/2000 1.002,48 7/2/2000 1.002,48 9/3/2000 1.002,48 7/4/2000 1.002,48 8/5/2000 1.002,48 7/6/2000 1.002,48 7/7/2000 1.060,72 7/8/2000 1.060,72 8/9/2000 1.060,72 6/10/2000 1.060,72 8/11/2000 1.060,72 7/12/2000 1.060,72 7/12/2000 1.141,97 8/1/2001 1.141,97 7/2/2001 1.141,97 7/3/2001 1.060,72 6/4/2001 1.060,72 8/5/2001 1.060,72 7/6/2001 1.060,72 6/7/2001 1.141,97 7/8/2001 1.141,97 10/9/2001 1.141,97 5/10/2001 1.141,97 8/11/2001 1.141,97 7/12/2001 1.141,97 7/12/2001 1.141,97 8/1/2002 1.141,97 7/2/2002 1.141,97 7/3/2002 1.141,97 5/4/2002 1.141,97 8/5/2002 1.141,97 7/6/2002 1.141,97 5/7/2002 1.247,03 7/8/2002 1.247,03 6/9/2002 1.247,03 7/16/2002 1.247,03 8/11/2002 1.247,03 10/12/2002 1.247,03 10/12/2002 1.247,03 8/1/2003 1.247,03 7/2/2003 1.247,03 10/3/2003 1.247,03 7/4/2003 1.247,03 9/5/2003 1.247,03

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34 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

6/6/2003 1.247,03 7/7/2003 1.492,81 7/8/2003 1.492,81 5/9/2003 1.492,81 7/10/2003 1.492,81 7/11/2003 1.492,81 5/12/2003 1.492,81 5/12/2003 1.492,81 8/1/2004 1.492,81 6/2/2004 1.492,81 5/3/2004 1.492,81 7/4/2004 1.492,81 7/5/2004 1.492,81 7/6/2004 1.560,43 7/7/2004 1.560,43 6/8/2004 1.560,43 8/9/2004 1.560,43 7/10/2004 1.560,43 8/11/2004 1.560,43 7/12/2004 1.686,85 7/12/2004 1.686,35 7/1/2005 1.686,85 9/2/2005 1.686,85 7/3/2005. 1.686,85 7/4/2005 1.686,85 6/5/2005 1.686,85 7/6/2005 1.793,51 7/7/2005 1.793,51 5/8/2005 1.793,51 8/9/2005 1.793,51 7/10/2005 1.793,51 8/11/2005 1.793,51

9.3.2. débitos do Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), solidariamente ao Sr. Francisco José de Souza Ventura (CPF 113.730.247-04), falecido, por meio de seus sucessores, referentes aos seguintes pagamentos efetuados ao segurado Francisco José de Souza Ventura (CPF 113.730.247-04)

Data do lançamento Valor original (R$) 25/2/1997 465,40 25/2/1997 1.349,66 25/2/1997 116,35 13/3/1997 465,40 10/4/1997 465,40 13/5/1997 465,40 11/6/1997 465,40 10/7/1997 487,32 12/8/1997 487,32 10/9/1997 487,32 10/10/1997 487,32 12/11/1997 487,32 10/12/1997 487,32

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35 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

14/1/1998 487,32 11/2/1998 487,32 11/3/1998 487,32 14/4/1998 487,32 13/5/1998 487,32 12/6/1998 487,32 10/7/1998 510,76 12/8/1998 510,76 11/9/1998 510,76 13/10/1998 510,76 16/11/1998 510,76 10/12/1998 510,76 10/12/1998 510,76 13/1/1999 510,76 10/2/1999 510,76 10/3/1999 510,76 14/4/1999 510,76 12/5/1999 510,76 14/6/1999 510,76 12/7/1999 534,30 11/8/1999 534,30 13/9/1999 534,30 13/10/1999 534,30 11/11/1999 534,30 10/12/1999 534,30 10/12/1999 534,30 12/1/2000 534,30 10/2/2000 534,30 15/3/2000 534,30 12/4/2000 534,30 11/5/2000 534,30 12/6/2000 534,30 12/7/2000 565,34 10/8/2000 565,34 13/9/2000 565,34 11/10/2000 565,34 13/11/2000 565,34 12/12/2000 565,34 12/12/2000 565,34 11/1/2001 565,34 13/2/2001 565,34 13/3/2001 565,34 11/4/2001 565,34 15/5/2001 565,34 13/6/2001 565,34

9.3.3. débitos do Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), solidariamente ao Sr. Roberto Ferreira (CPF 090.668.616-49), falecido, por meio de seus sucessores, referentes aos seguintes pagamentos efetuados ao segurado Roberto Ferreira (CPF 090.668.616-49):

Data do lançamento Valor original (R$)

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36 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

7/10/1997 1.844,73 7/10/1997 667,84 7/10/1997 667,84 5/11/1997 667,84 3/12/1997 667,84 3/12/1997 445,22 6/1/1998 667,84 4/2/1998 667,84 4/3/1998 667,84 3/4/1998 667,84 6/5/1998 667,84 3/6/1998 667,84 3/7/1998 669,96 5/8/1998 669,96 3/9/1998 669,96 5/10/1998 669,96 5/11/1998 669,96 3/12/1998 669,96 3/12/1998 699,96 6/1/1999 669,96 3/2/1999 669,96 3/3/1999 669,96 7/4/1999 669,96 5/5/1999 669,96 4/6/1999 669,96 5/7/1999 732,22 4/8/1999 732,22 3/9/1999 732,22 5/10/1999 732,22 4/11/1999 732,22 3/12/1999 732,22 3/12/1999 732,22 5/1/2000 732,22 3/2/2000 732,22 3/3/2000 732,22 5/4/2000 732,22 4/5/2000 732,22 5/6/2000 732,22 5/7/2000 774,76 3/8/2000 774,76 5/9/2000 774,76 4/10/2000 774,76 6/11/2000 774,76 5/12/2000 774,76 5/12/2000 774,76 4/1/2001 774,76 5/2/2001 774,76 5/3/2001 774,76

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37 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

4/4/2001 774,76 4/5/2001 774,76 5/6/2001 774,76 4/7/2001 834,10 15/8/2001 834,10 5/9/2001 834,10 3/10/2001 834,10 6/11/2001 834,10 5/12/2001 834,10 5/12/2001 834,10 4/1/2002 834,10 5/2/2002 834,10 5/3/2002 834,10 3/4/2002 834,10 6/5/2002 834,10 5/6/2002 834,10 3/7/2002 910,83 5/8/2002 910,83 4/9/2002 910,83 3/10/2002 910,83 5/11/2002 910,83 4/12/2002 910,83 4/12/2002 910,83 6/1/2003 910,83 5/2/2003 910,83 6/3/2003 910,83 3/4/2003 910,83 6/5/2003 910,83 4/6/2003 910,83 3/7/2003 1.090,35 5/8/2003 1.090,35 3/9/2003 1.090,35 3/10/2003 1.090,35 5/11/2003 1.090,35 3/12/2003 1.090,35 3/12/2003 1.090,35 6/1/2004 1.090,35 4/2/2004 1.090,35 3/3/2004 1.090,35 5/4/2004 1.090,35 5/5/2004 1.090,35 3/6/2004 1.139,74 5/7/2004 1.139,74 4/8/2004 1.139,74 3/9/2004 1.135,74 5/10/2004 1.139,74 4/11/2004 1.139,74 3/12/2004 1.139,74

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38 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

3/12/2004 1.191,04 5/1/2005 1.139,74 3/2/2005 1.139,74 3/3/2005 1.139,74 5/4/2005 1.191,04

9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, caso não atendidas as notificações;

9.5. solicitar à Advocacia-Geral da União, por intermédio do Ministério Público junto ao TCU, a adoção das medidas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis indicados no subitem 9.3, com base no art. 61 da Lei 8.443, de 1992, e no art. 275 do Regimento Interno do TCU, acaso não haja, dentro do prazo estabelecido, a comprovação do recolhimento das dívidas, devendo este Tribunal ser ouvido quanto à liberação dos bens arrestados e à sua restituição;

9.6. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro que a decisão contida no subitem 9.2 deste acórdão não impedirá a adoção de providências administrativas e/ou judiciais contra os beneficiários dos pagamentos previdenciários inquinados, com vistas à recuperação dos valores indevidamente pagos;

9.7. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0129-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. ACÓRDÃO Nº 130/2017 - TCU - Plenário 1. Processo nº TC 015.716/2007-2. 1.1. Apensos: 010.701/2012-5; 010.700/2012-9; 010.699/2012-0; 010.698/2012-4; 010.597/2012-3. 2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de revisão (em Tomada de Contas Especial). 3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes: 3.1. Interessado: Município de Palmital - PR (75.680.025/0001-82) 3.2. Responsáveis: Clério Benildo Back (142.137.539-72); Iguaçu Poços Artesianos Ltda.

(77.878.908/0001-27); Jose Sehnem (409.909.589-49); e Luiz Cezar Viana Pereira (635.234.429-15) 3.3. Recorrente: Clério Benildo Back (142.137.539-72). 4. Órgão: Município de Palmital - PR. 5. Relator: Ministro Augusto Nardes 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho. 6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. 7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no Estado

do Paraná (SECEX-PR). 8. Representação legal: 8.1. Gilberto Antônio Clazer de Almeida Junior (58467/OAB-PR), representando Município de

Palmital - PR e Clério Benildo Back. 9. Acórdão:

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39 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

VISTO, relatado e discutidos o recurso de revisão interposto pelo Sr. Clério Benildo Back, ex-

prefeito do município de Palmital/PR, contra o Acórdão 574/2010-TCU-Plenário, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as

razões expostas pelo Relator, nos termos do art. 32, inciso III, e art. 35 da Lei 8.443, de 16 de Julho de 1992, em:

9.1. conhecer do recurso de revisão e, no mérito, negar-lhe provimento; 9.2. dar ciência do presente acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, ao

recorrente, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle e ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Paraná, para as medidas que entenderem cabíveis.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0130-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. ACÓRDÃO Nº 131/2017 - TCU - Plenário 1. Processo nº TC 002.622/2012-2 1.1. Apensos: 000.146/2014-5; 009.884/2014-9; 000.145/2014-9; 000.147/2014-1 2. Grupo I – Classe de Assunto: I Recurso de revisão (em recurso de reconsideração em tomada de

contas especial) 3. Interessado/Responsáveis/Recorrente: 3.1. Interessado: Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 3.2. Responsáveis: Luciana Rufino da Silva Santos (024.032.104-98); Luciano Rufino da Silva

(144.548.904-04) 3.3. Recorrente: Luciano Rufino da Silva (144.548.904-04) 4. Entidade: Município de Campestre, Alagoas 5. Relator/Relator da deliberação recorrida: 5.1. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues 5.2. Relator da deliberação recorrida: Ministro Raimundo Carreiro 6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira 7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur) 8. Representação legal: Marcos Vinícius do Nascimento Barros (OAB/AL 13.382) 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto por Luciano Rufino da

Silva contra o Acórdão 5.937/2014 da 2ª Câmara, que não conheceu do recurso de reconsideração interposto pelo recorrente e conheceu do recurso interposto por Luciana Rufino da Silva Santos, para, no mérito, negar-lhe provimento;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento no artigo 35 da Lei 8.443/92, em conhecer do recurso, para, no mérito, negar-lhe provimento.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0131-03/17-P.

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40 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator),

Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. ACÓRDÃO Nº 132/2017 - TCU - Plenário 1. Processo nº TC 001.765/2013-2. 2. Grupo I – Classe de Assunto: Tomada de Contas Especial. 3. Interessados/Responsáveis: 3.1. Responsáveis: Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas - Fundespa (61.379.657/0001-04);

Luiz Roberto Tommasi (034.694.928-91). 4. Órgãos/Entidades: Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas - FUNDESPA; Ministério da

Integração Nacional (vinculador). 5. Relator: Ministro Benjamin Zymler. 6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo (SECEX-SP). 8. Representação legal: 8.1. Francisco de Assis Alves (24545/OAB-SP) e outros, representando Fundação de Estudos e

Pesquisas Aquáticas - Fundespa. 8.2. Élcio Patti Júnior (169193/OAB-SP) e outros, representando Fundação de Estudos e Pesquisas

Aquáticas - Fundespa e Luiz Roberto Tommasi. 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pela Companhia

de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em desfavor da Fundação de Estudos e Pesquisa Aquática (Fundespa) e do Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91), em razão de irregularidades quanto a recursos repassados por força do Convênio 0.05.06.0006-00, cujo objeto era a execução de ações no âmbito do Projeto Hidrovia do São Francisco,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, em: 9.1. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-

91) em relação à citação, considerando-o revel quanto à audiência, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992;

9.2. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b”, 19, parágrafo único, 23, inciso III, da Lei 8.443/1992, c/c arts. 1º, inciso I, 202, § 1º, 209, inciso II, do RI/TCU, julgar irregulares as contas do Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91) e da Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas em razão de impugnação parcial de despesas realizadas à conta do Convênio 0.05.06.0006-00 (Siafi 571.348);

9.3. com fundamento no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268, inciso I, do Regimento Interno, aplicar ao Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91) multa no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data deste acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação;

9.5. autorizar, caso solicitado, o pagamento da dívida em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do RI/TCU, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovar perante o Tribunal o recolhimento da primeira parcela, e de 30 (trinta) dias, a contar da parcela anterior, para comprovar os

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41 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal a correspondente atualização monetária, na forma prevista na legislação em vigor;

9.6. dar quitação do débito que ensejou a instauração da presente tomada de contas especial à Fundespa (CNPJ 61.379.657/0001-04), e, em razão da solidariedade, ao responsável Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91), nos termos do art. 27 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 218 do Regimento Interno;

9.7. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à Codesvasf, para ciência;

9.8. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República na Bahia, nos termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que entender cabíveis.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0132-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. ACÓRDÃO Nº 133/2017 - TCU - Plenário 1. Processo nº TC 025.778/2014-5. 1.1. Apensos: 023.977/2016-7; 007.652/2015-1; 018.772/2016-1; 031.683/2015-0 2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Embargos de declaração (Representação) 3. Responsáveis: Adriana Estrela Sturião (095.092.377-01); Assis Walace Magnago Guimarães

(859.646.037-34); Augusto Ribeiro do Espírito Santo (850.331.387-15); Cláudia Regina Barreto Costa (633.180.087-53); Frederico William Cipriano Nascimento (991.652.366-53); Haroldo Ferraz Meira Júnior (936.995.735-91); Jadson Adriani de Oliveira (055.998.127-90); José Vicente Santolini Ferreira (873.413.107-82); Leonid Mednis Filho (106.526.058-00); Licia Calimam Cabrini (093.679.077-61); Log Viana Incorporações Spe Ltda (15.639.774/0001-34); Luiz Carlos Ramos (621.007.347-68); Mariza dos Santos Schmidt (017.080.057-14); Patrícia Ribeiro Maciel Teubner (078.797.307-61); Rafael Carpanedo Fiorio (068.866.797-08); Raimundo França Júnior (019.920.937-50); Renato Brasil Canuto (981.720.347-68); Silvana Machado Tonani (085.361.327-36)

3.1. Recorrente: Log Viana Incorporações Spe Ltda. (15.639.774/0001-34). 4. Órgão/Entidade: Diretoria Regional da Empresa de Correios e Telégrafos no Espírito Santo 5. Relator: Ministro Benjamin Zymler 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (SECEX-ES). 8. Representação legal: Marcelo Rodrigues Lanzana Ferreira (OAB/RJ 105.246); Tathiane Vieira

Viggiano Fernandes (OAB/DF 27.154), Anderson Almeida Santos Vilela (OAB/ES 11.216), Fabricio de Freitas Martins (OAB/ES 11.712), Jean Guilherme Arnaud Deon (OAB/44.764/DF), Fabricio de Freitas Martins (11712/OAB-ES), Jandiara Rosa Passos (7901/OAB-ES), Cristiano Nascimento e Figueiredo (101.334 OAB/MG)

9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos contra o Acórdão

2.584/2016-Plenário, proferido no âmbito de representação,

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42 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as

razões expostas pelo Relator, em: 9.1. nos termos dos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, conhecer dos presentes embargos de

declaração, para, no mérito, não acolhê-los; 9.2. dar ciência aos responsáveis do teor desta deliberação. 10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0133-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. ACÓRDÃO Nº 134/2017 - TCU - Plenário 1. Processo nº TC 029.462/2016-9. 2. Grupo II – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria 3. Interessados/Responsáveis: 3.1. Responsáveis: Alfredo Soubihe Neto (020.109.818-04); Octacílio Oliveira Cunha

(551.820.038-20). 4. Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. 5. Relator: Ministro Benjamin Zymler. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Goiás (Secex-GO). 8. Representação legal: não há 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria realizada com o objetivo de

avaliar a regularidade dos procedimentos de contratação da empresa Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda. pela Superintendência Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal, conforme seleção com base em modelo probabilístico de análise de dados,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fulcro no art. 7º da Resolução TCU 265/2014, dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e à Superintendência Regional do Dnit no Estado de Goiás e Distrito Federal acerca das seguintes irregularidades, identificadas nos editais do Pregão Eletrônico 126/2016 e da Concorrência 39/2011, bem como nos contratos decorrentes:

9.1.1. injustificada limitação do número de atestados para fins de capacidade técnico operacional, identificada no Pregão Eletrônico 126/2016, o que infringe ao disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, e nos arts. 3º, §1º, inciso I, e 30, §§ 1º, 3º e 5º, da Lei 8.666/1993;

9.1.2. adoção, nos editais do Pregão Eletrônico 126/2016 e da Concorrência 39/2011, de critérios de habilitação restritivos à competividade do certame, especificamente a exigência de atestado de qualificação técnica comprovando a experiência em tipologia específica de obra, no caso, obra de rodovia, delimitando ainda a aceitação dos atestados somente relacionados com contratos de gestão ambiental, o que viola disposição do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, e do art. 3º, §1º, inciso I, da Lei 8.666/1993;

9.1.3. exigência de comprovação, para fim de qualificação técnica-profissional, de tempo de experiência ou de exercício em função dos profissionais a serem disponibilizados pela licitante para a execução do objeto, observado no Termo de Referência do Pregão Eletrônico 126/2016, com infração ao

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43 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, e nos arts. 3º, §1º, inciso I, e 30, §§ 1º, 3º e 5º, da Lei 8.666/1993;

9.1.4. ausência de parcelamento do objeto do Pregão Eletrônico 126/2016, em afronta ao disposto no art. 23, § 1º da Lei 8.666/1993;

9.1.5. ausência de termo de recebimento definitivo dos serviços relativos ao Contrato 567/2011, em desacordo com o art. 73, inciso I, alínea “b”, da Lei de Licitações e Contratos;

9.2. com fundamento no art. 250, inciso IV, do RI/TCU, promover a audiência dos responsáveis abaixo indicados, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem razões de justificativa ao Tribunal quanto aos seguintes indícios de irregularidade:

9.2.1 Sr. Octacílio Oliveira Cunha (551.820.038-20), por definir, conforme declaração de responsabilidade, no Edital da Concorrência 39/2011, critérios para a qualificação técnica restritivos à competividade do certame, especificamente a exigência de experiência em tipologia de obra específica, rodovia, delimitando ainda a aceitação dos atestados a um tipo definido de contrato, no caso gestão ambiental, em desacordo com o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, e a jurisprudência dessa Corte de Contas, a exemplo dos Acórdãos 1.839/2007, 1.733/2010 e 1.502/2009, todos do Plenário (item III.1. do Relatório de Auditoria);

9.2.2. Sr. Alfredo Soubihe Neto (020.109.818-04), na condição de Superintendente Estadual do Dnit em Goiás, por homologar o resultado e assinar o Edital da Concorrência 39/2011 contendo critérios para a qualificação técnica restritivos à competividade do certame, especificamente a exigência de experiência em tipologia de obra específica, rodovia, delimitando ainda a aceitação dos atestados a um tipo definido de contrato, no caso gestão ambiental, em desacordo com o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, e a jurisprudência dessa Corte de Contas, a exemplo dos Acórdãos 1.839/2007, 1.733/2010 e 1.502/2009, todos do Plenário (item III.1. do Relatório de Auditoria);

9.3. determinar que a Secex-GO realize exame conclusivo acerca da regularidade dos aditamentos do Contrato 567/2011, que elevaram o seu valor de R$ 18.956.696,29 para R$ 33.593.883,50, ficando desde já autorizada a realizar as diligências e inspeções que entender necessárias ao saneamento dos autos.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0134-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. ACÓRDÃO Nº 135/2017 - TCU - Plenário 1. Processo nº TC 035.173/2015-7. 2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação 3. Órgão: Prefeitura Municipal de Nossa Senhora do Livramento/MT 4. Responsáveis/Requerente: 4.1. Responsáveis: Carlos Roberto da Costa (072.295.691-68); Leonildes Fátima da Silva

(537.773.951-53); Valquíria Ana de Campos (786.437.401-87); Fábio Menezes e Silva – ME (05.688.933/0001-37); Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME (16.793.330/0001-11) e Suprema Comércio e Representações Ltda. – ME (12.984.005/0001-85) Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME (16.793.330/0001-11)

4.2. Requerente: Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME (16.793.330/0001-11)

5. Relator: Ministro Benjamin Zymler

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44 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

6. Representante do Ministério Público: não atuou 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Mato Grosso (Secex-MT) 8. Advogados constituídos nos autos: Nelson Pedroso Júnior (OAB/MT 11.266-B), Bibiano Pereira

Leite Neto (OAB/MT 8938) 9. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos estes autos que versam mera petição apresentada pela empresa Ação

Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. ME. por meio da qual argui a nulidade da notificação realizada no bojo de processo de representação que culminou no Acórdão 2.358/2016-Plenário,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as razões expostas pelo relator, em:

9.1. declarar a nulidade do subitem 9.4 do Acórdão 2.358/2016-Plenário no que se refere à declaração de inidoneidade da empresa Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. ME. (6.793.330/0001-11), conferindo a seguinte redação ao referido subitem:

“9.4. com fundamento no art. 46 da Lei 8.443/1992 c/c com o art. 271 do RITCU, declarar a inidoneidade das empresas Fábio Menezes e Silva – ME (05.688.933/0001-37) e Suprema Comércio e Representações Ltda. – ME (12.984.005/0001-85) para participar de licitação na administração pública federal, bem como em certames promovidos por estados e municípios cujos objetos sejam custeados mediante recursos federais repassados por força de instrumentos de repasses pactuados, pelo prazo de cinco anos;”

9.2. dar quitação ao sr. Carlos Roberto da Costa (072.295.691-68) relativamente à multa objeto do subitem 9.3 do Acórdão 2358/2016-Plenário, ante a comprovação de seu recolhimento;

9.3. determinar o retorno dos autos à Secex-MT para audiência da empresa Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. ME. (16.793.330/0001-11), nos termos do Ofício 409/2016-TCU/Secex-MT (item 9.4 da instrução inserta à peça 76);

9.4. após, com fulcro no art. 49, inciso I, da Resolução TCU 259/2014, encaminhar os autos à Secretaria de Recursos para fins de exame preliminar de admissibilidade do recurso constante da peça 71;

9.5. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do voto e do relatório que a fundamentaram, à Procuradoria da República no Estado de Mato Grosso, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992; e

9.6. dar ciência do presente acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentaram, aos responsáveis, ao requerente e à Prefeitura Municipal de Nossa Senhora do Livramento/MT.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0135-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. ACÓRDÃO Nº 136/2017 - TCU - Plenário 1. Processo nº TC 008.140/2003-2 2. Grupo I – Classe I – Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Simplificada - Exercício: 2002) 3.Recorrente/Responsáveis: 3.1. Recorrente: Ministério Público junto ao TCU 3.2. Responsáveis: Adilson Alves Pinheiro (Encarregado da Seção de Finanças, CPF 097.156.067-

68) e Airton Quintella de Castro Menezes (Encarregado da Seção de Finanças e Ordenador de Despesas, CPF 090.632.420-34)

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45 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

4. Unidade: Comando da 1ª Região Militar 5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa 6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin 7. Unidade Técnica: SecexDefesa 8. Advogado constituído nos autos: não há 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto pelo Ministério Público

junto ao TCU contra o Acórdão 1.344/2004-2ª Câmara, que julgou regulares as contas do Comando da 1ª Região Militar relativas ao exercício de 2002, dando quitação plena aos responsáveis.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso III, alíneas “b” e “d”; 32, inciso III; e 35, inciso III, da Lei 8.443/92, em:

9.1. levantar o sobrestamento do processo; 9.2. conhecer do presente recurso para, no mérito, dar-lhe provimento, tornando sem efeito o

Acórdão 1.344/2004-2ª Câmara no que diz respeito às contas de Adilson Alves Pinheiro e Airton Quintella de Castro Menezes;

9.3. julgar irregulares as contas de Adilson Alves Pinheiro e Airton Quintella de Castro Menezes relativas ao exercício de 2002 do Comando da 1ª Região Militar;

9.4. dar ciência deste acórdão, assim como do relatório e do voto que o fundamentam, ao recorrente e aos responsáveis.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0136-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro (Relator), Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. ACÓRDÃO Nº 137/2017 - TCU - Plenário 1. Processo TC 008.945/2011-0 1.1. Apensos: TC 023.654/2015-5, TC 001.582/2014-3, TC 009.388/2012-5, TC 034.283/2014-5,

TC 015.870/2014-6, TC 015.289/2014-1, TC 033.864/2014-4, TC 017.978/2015-7 e TC 012.291/2013-7. 2. Grupo II – Classe I - Embargos de Declaração (Pedido de Reexame). 3. Embargantes: Hugo Sternick (CPF 296.677.716-87) e Pedro Luzardo Gomes (CPF 401.223.600-

87). 4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit. 5. Relatora: ministra Ana Arraes. 5.1. Relatora da deliberação recorrida: ministra Ana Arraes. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade Técnica: não atuou. 8. Representação legal: João Paulo Prates da Silveira Guerra (OAB/RS 67.637 e OAB/DF 38.290). 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes embargos de declaração, interpostos por Hugo Sternick e

Pedro Luzardo Gomes contra o acórdão 2.986/2016 – Plenário.

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46 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as

razões expostas pela relatora, com fulcro nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992, em: 9.1. conhecer dos embargos de declaração e rejeitá-los; 9.2. excluir, de ofício, o item 9.2 do acórdão 2.872/2012 – Plenário; e 9.3. dar ciência desta deliberação aos embargantes e à Procuradoria da República no Rio Grande do

Sul. 10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0137-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. ACÓRDÃO Nº 138/2017 - TCU - Plenário 1. Processo nº TC 015.658/2009-3. 1.1. Apensos: 004.838/2015-7; 004.837/2015-0; 004.840/2015-1; 004.839/2015-3 2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de revisão (Tomada de Contas Especial) 3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes: 3.1. Interessado: Departamento de Administração Interna do Ministério da Defesa

(03.277.610/0001-25) 3.2. Responsáveis: Elcias Acácio Gonçalves (049.771.492-20); Gefferson Almeida de Oliveira

(111.357.602-25); O. J. da Costa Construções Ltda. – ME – Construtora Solimões (06.016.586/0001-69) 3.3. Recorrente: O. J. da Costa Construções Ltda. – ME – Construtora Solimões (06.016.586/0001-

69). 4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Maraã - AM. 5. Relator: Ministro Bruno Dantas 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho. 6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. 7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no Estado do

Amazonas (Secex-AM). 8. Representação legal: 8.1. Edson Bastos Bessa (6655/OAB-AM) e outros, representando O. J. da Costa Construções Ltda.

– ME – Construtora Solimões. 8.2. Alexander Simonette Pereira (6139/OAB-AM) e outros, representando Gefferson Almeida de

Oliveira. 8.3. Adrimar Freitas de Siqueira (13.490/OAB-PA) e outros, representando Elcias Acácio

Gonçalves. 9. Acórdão: VISTO, relatado e discutido este recurso de revisão interposto pela Construtora Solimões contra o

Acórdão 3.649/2011-TCU-Segunda Câmara, por meio do qual se julgou tomada de contas especial instaurada em razão da não execução do objeto do Convênio 64-PCN/2004, firmado entre o Ministério da Defesa e a Prefeitura Municipal de Maraã/AM com o objetivo de construir calçadas, meios-fios e sarjetas em ruas habitadas por famílias de baixa renda.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

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47 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.1. conhecer do presente recurso de revisão, com fundamento nos arts. 33, inciso III, e 35, inciso

III, da Lei 8.443/1992 para, no mérito, negar-lhe provimento; 9.2. dar ciência da presente deliberação à recorrente, aos demais responsáveis, ao Ministério da

Defesa e à Procuradoria da República no Estado do Amazonas. 10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0138-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator). 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. ACÓRDÃO Nº 139/2017 - TCU - Plenário 1. Processo nº TC 036.936/2012-0. 2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de reconsideração (Tomada de Contas Especial). 3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes: 3.1. Interessado: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16). 3.2. Responsáveis: Antônio Alves da Silva (espólio) (027.117.534-68); Dilma Olescovicz

(802.766.799-20); Maria Maíza Alves (183.991.774-15). 3.3. Recorrentes: Dilma Olescovicz (802.766.799-20); Maria Maíza Alves (183.991.774-15). 4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Juru/PB. 5. Relator: Ministro Bruno Dantas 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro. 6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. 7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no Estado da

Paraíba (Secex-PB). 8. Representação legal: 8.1. Luís Sérgio Monteiro Terra (24774/OAB-DF) e outros, representando Dilma Olescovicz. 8.2. Maria de Fátima Alves, representando Antônio Alves da Silva (espólio). 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes recursos de reconsideração interpostos por Dilma Olescovicz

e Maria Maíza Alves contra o Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário, que julgou tomada de contas especial instaurada em razão de irregularidades na aplicação de recursos do Convênio 848/1999, firmado entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Prefeitura Municipal de Juru/PB com o objetivo de construir 200 melhorias sanitárias domiciliares.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer dos presentes recursos, com fundamento nos arts. 32, I, e 33 da Lei 8.443/1992; 9.2. considerar improcedente o recurso interposto por Dilma Olescovicz; 9.3. considerar parcialmente procedente o recurso interposto por Maria Maíza Alves; 9.4. tornar insubsistentes os itens 9.2 e 9.4 do Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário, com fundamento

no art. 161 do Regimento Interno do TCU; 9.5. manter inalterados os demais itens da deliberação recorrida; 9.6. dar ciência desta deliberação às recorrentes, à Fundação Nacional de Saúde e à Procuradoria da

República na Paraíba. 10. Ata n° 3/2017 – Plenário.

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48 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0139-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator). 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. ACÓRDÃO Nº 140/2017 - TCU - Plenário 1. Processo TC-003.465/2016-0. 2. Grupo: I – Classe: VII – Assunto: Representação. 3. Interessados/Responsáveis: Everton Augusto Paiva Ferreira, então Coordenador-Geral de

Assistência Técnica e Extensão Rural (CPF 000.629.806-02); Marenilson Batista da Silva, então Diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (CPF 547.365.954-34), e Onaur Ruano, então Secretário da Secretaria de Agricultura Familiar (CPF 750.082.548-04).

4. Órgão/Entidade/Unidade: Ministério do Desenvolvimento Agrário (extinta). 5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog). 8. Representação legal: 8.1. Carlos Roberto Feitosa Costa (3.639/OAB/MA) e outros, representando Cooprama - Coperativa

de Profissionais Autônomos do Estado do Maranhão. 8.2. Sandra Mitidieri Oliveira, representando Associação Humana Povo Para Povo Brasil. 8.3. Roberto de Sousa Abad e outros, representando Ministério do Desenvolvimento Agrário

(extinta). 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada pela Cooperativa de

Serviços Técnicos para o Desenvolvimento Rural em face de supostas irregularidades verificadas na Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER – Juventude Rural, conduzida pela Secretaria de Agricultura Familiar do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário, com vistas à contratação e execução de serviços de assistência técnica e extensão rural com jovens de diversas unidades da federação,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante as razões apontadas pelo Relator, em:

9.1. conhecer da representação, com fundamento no art. 237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU;

9.2. considerar prejudicada a medida cautelar adotada nestes autos, em face da perda de objeto havida com a revogação da Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER – Juventude Rural;

9.3. considerar, no mérito, parcialmente procedente a representação; 9.4. rejeitar parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis Everton

Augusto Paiva Ferreira, então Coordenador-Geral de Assistência Técnica e Extensão Rural, Marenilson Batista da Silva, então Diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural, e Onaur Ruano, então Secretário da Secretaria de Agricultura Familiar, e, com fundamento nos arts. 43, parágrafo único, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, § 2º, do RI/TCU, aplicar aos referidos responsáveis, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais), R$ 14.000,00 (catorze mil reais) e R$ 20.000,00 (vinte mil reais), respectivamente, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar das respectivas notificações, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento das quantias ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data deste acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

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49 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, II, da Lei

8.443/1992, caso não atendidas as notificações; 9.6. dar ciência à Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário – Casa

Civil da Presidência da República das seguintes impropriedades e irregularidades, ocorridas na Chamada Pública 02/2015 SAF/Ater – Juventude Rural, com vistas a evitar a ocorrência de outras semelhantes:

9.6.1. falta de correlação clara entre os objetivos declarados para justificar a contratação e as atividades contratadas, em desacordo com o disposto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 40, inciso XVI, art. 54, § § 1º e 2º e art. 55, inciso IV;

9.6.2. ausência de detalhamento do orçamento em planilhas que evidenciem todos os custos unitários em desacordo com o disposto na Lei 8.666/1993, art. 4º, parágrafo único, art. 7º, § 2º, inciso II, art. 15, inciso II, e art. 43, inciso IV, assim como no Acórdão 2.380/2013 – TCU – Plenário, de 4/9/2013, e Acórdão 1.996/2011 – TCU – Plenário, de 3/8/2011;

9.6.3. exigência prévia de “infraestrutura física” (escritório, veículos, equipamentos) como critério de habilitação técnica com caráter eliminatório e de pontuação, em desacordo com a Súmula 272 desta Corte de Contas e com o § 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993;

9.6.4. ausência de critérios objetivos para avaliação de itens da proposta técnica considerados relevantes pela contratante no julgamento das propostas, em desacordo com a Lei 8.666/1993, art. 3º, art. 4º, parágrafo único e art. 40, inciso VII;

9.6.5. ausência de amparo legal para a fixação do prazo de vigência contratual em 40 meses, sendo que somente é prevista a execução de atividades durante o período de trinta e seis meses, em desacordo com a Lei 8.666/1993, art. 7º, § 2º, inciso III e art. 57;

9.6.6. ausência de divulgação no edital de previsão de reajuste de preços, não restando claro qual será a base de cálculo para reajuste dos contratos, em desacordo com o disposto no art. 3º, art. 38, parágrafo único, e art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993;

9.6.7. insuficiência de indicadores de desempenho para aferir o atingimento dos resultados na solução contratada na fase de acompanhamento da execução do contrato, tendo em vista que foram estabelecidos apenas dois indicadores, a saber 1) número de beneficiários e 2) número de atividades programadas executadas, em desacordo com o disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993;

9.6.8. ausência de critérios para dispensar a exigência de garantia contratual, contrariando o disposto no art. 56 da Lei 8.666/1993;

9.6.9. recursos interpostos contra a eliminação de licitantes denegados com motivação insuficiente e sem a devida publicidade, contrariando o disposto no art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993 e no art. 2º, caput, e art. 50, inciso V, da Lei 9.784/1999;

9.6.10. publicação de “Resultado dos Recursos Administrativos” com resultados divergentes, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

9.6.11. autorização de início do procedimento licitatório foi efetuada pelo próprio requisitante da contratação, contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso I, da Lei 8.666/1993 e o princípio da segregação de funções, além de configurar a prática de atos administrativos com vício de competência (Nota Técnica, de 23/4/2015, e Memorando 121/2015/DATER/SAF, de 23/4/2015, e-mail do requisitante endereçado aos advogados da Assessoria Jurídica – peça 41);

9.6.12. definição do valor da contratação e posterior definição do índice de reajuste a ser aplicado aos contratos baseados em documentos sem assinatura ou identificação de forma, os quais não se encontram inseridos no devido processo administrativo, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

9.6.13. ausência de publicação da minuta do contrato no edital do certame, contrariando o disposto no art. 3º e art. 40, § 2º, inciso III, da Lei 8.666/1993;

9.6.14. indicação no edital e nos contratos de rubrica orçamentária em desacordo com objeto da licitação, com indicação de códigos diferentes do que consta nos respectivos instrumentos legais (LOA e PPA), contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso III, e art. 14 da Lei 8.666/1993;

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50 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.6.15. falta de assinatura em documentos necessários à ratificação da dispensa de licitação e da

adequação das despesas à LOA e sua adequação à LDO e PPA, contrariando o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

9.6.16. falta/intempestividade do registro no SIATER de contratos já assinados há mais de trinta dias, em desacordo com o disposto na Cláusula Terceira dos contratos decorrentes da Chamada Pública 2/2015;

9.6.17. intempestividade ou falta de nomeação dos fiscais dos contratos celebrados, contrariando o disposto no art. 67 da Lei 8.666/1993 e no art. 20 da Lei 12.188/2010;

9.6.18. exigência de percentual mínimo/cotas na composição das equipes técnicas sem expressa fundamentação legal, em indevida interpretação extensiva do disposto no art. 3º, V, da Lei 12.188/2010;

9.7. determinar à Selog que, em face da revogação da Chamada Pública 02/2015 – Juventude Rural, e da sinalização, pelos responsáveis, de possível edição de novo edital escoimado das falhas apontadas, efetue acompanhamento do novo edital de chamamento público a ser lançado (art. 242 do RI/TCU), de modo a representar a este Tribunal em caso de reincidência das falhas ou irregularidades aqui apontadas;

9.8. dar ciência do inteiro teor deste acórdão ao representante, à Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário – Casa Civil da Presidência da República e aos responsáveis, e

9.9. autorizar o arquivamento deste processo, com fundamento no art. 169 do RI/TCU, após o trânsito em julgado desta deliberação.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0140-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro e Ana Arraes. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e André Luís de

Carvalho. ACÓRDÃO Nº 141/2017 - TCU - Plenário 1. Processo TC-013.611/2016-0 2. Grupo: II – Classe: V – Assunto: Auditoria 3. Interessado: Tribunal de Contas da União. 4. Órgão/Entidade/Unidade: Governo do Estado do Espírito Santo, Secretaria Estadual de

Educação. 5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (Secex/ES). 8. Representação legal: não há. 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria de conformidade, com o

objetivo de verificar a gestão dos recursos transferidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para apoiar ações do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) no Governo do Estado do Espírito Santo, nos exercícios de 2015 e 2016,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. determinar, com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE que, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, proceda a cálculos análogos aos contidos no Anexo C do Relatório de Auditoria, com relação aos Contratos 027/2014,

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51 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

028/2014, 029/2014, 030/2014 e 031/2014, firmados pela Secretaria da Educação do Estado do Espírito Santo, para a prestação de serviços de alimentação escolar, com empresas vencedoras do Pregão Eletrônico 0043/2013 (processo 63527243), para os meses integrantes do período de vigência abrangido pelos referidos contratos (janeiro/2014 a fevereiro/2017), excetuando-se os meses de maio e setembro dos exercícios de 2014 e 2015 e o mês de março de 2016, já calculados, com vistas a verificar se houve o pagamento do fornecimento de serviços com recursos do Pnae, encaminhando a este Tribunal o resultado apurado e as providências porventura tomadas, na hipótese de confirmação do pagamento de serviços com recursos federais;

9.2. determinar, com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, à Secretaria Estadual da Educação do Espírito Santo que promova a aplicação e comprove a utilização de, no mínimo, 30% do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE no âmbito do Pnae para a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar, conforme disposto no art. 14 da Lei 11.947/2009 c/c o art. 24 da Resolução - FNDE 26/2013;

9.3. recomendar, com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, à Secretaria Estadual da Educação do Espírito Santo, que:

9.3.1. examine a composição e qualidade da alimentação fornecida pela empresa Apetece Sistemas de Alimentação S.A. para elaboração da merenda escolar das escolas integrantes dos Lotes 2 e 4, em vista do disposto no art. 33, § 1º, da Resolução FNDE 26/2013;

9.3.2. crie, na página da Secretaria na internet, um espaço destinado à divulgação das atividades realizadas pelo Conselho de Alimentação Escolar do Estado e à comunicação do Conselho com o público externo, em vista dos princípios da publicidade e da transparência, de modo a atender ao disposto no art. 36, IV, da Resolução FNDE 26/2013;

9.3.3. realize estudo a fim de estabelecer quantitativo de nutricionistas x escola, levando em consideração o número de alunos de cada lote, que seja tanto economicamente viável para a composição do valor dos serviços a serem contratados, quanto possibilite cumprimento satisfatório das atribuições estabelecidas na Resolução 465/2010 do Conselho Federal de Nutricionistas;

9.4. recomendar, com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, ao Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Espírito Santo que:

9.4.1. proceda ao acompanhamento dos procedimentos de licitação e chamada pública que servirão de base para a aquisição de alimentos para a execução do Pnae, nos termos do artigo 19, inciso II, da Lei 11.947/2009 c/c o artigo 35, inciso I, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5. dar ciência à Secretaria Estadual da Educação do Espírito Santo de que: 9.5.1. a inexistência de um orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição dos

custos que compõem o valor unitário de cada tipo de alimentação nos lotes licitados, como ocorreu no âmbito do Pregão Eletrônico 43/2013, contraria o disposto no art. 3º inciso III, da Lei 10.520/2002 c/c o art. 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93;

9.5.2. os lançamentos efetuados no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES, em geral, não refletem os registros constantes dos relatórios manuais existentes no âmbito de cada unidade escolar, destinados à contagem do número de refeições solicitadas em cada turno, denotando uma deficiência no controle da quantidade de refeições solicitadas pelos alunos e o quantitativo lançado no sistema, devido, principalmente, ao não cumprimento integral dos procedimentos previstos no Anexo I do Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES e no art. 4º, incisos IV e VI da Portaria-Sedu 159-R, de 3/10/2014, bem como à aplicação inadequada da cláusula nona, item 9.1.1, alíneas n e nº 1 dos contratos celebrados, que neles estipula um acréscimo de 10% (dez por cento) sobre a quantidade solicitada pelos alunos, para a preparação diária da merenda em cada período de funcionamento da escola;

9.5.3. a ausência nos cardápios de, no mínimo, três porções de frutas e hortaliças por semana afronta o disposto no art. 14, § 9º, da Resolução CD/FNDE 26/2013;

9.5.4. as informações utilizadas para conhecimento da produção agrícola no estado não podem ser consideradas mapeamento agrícola nos moldes definidos pelo Manual da Agricultura Familiar elaborado pelo FNDE;

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52 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.5.5. a ausência do diagnóstico do estado nutricional dos alunos afronta o disposto no art. 12, § 1º,

inciso I, da Resolução FNDE 26/2013 c/c o art. 3º, inciso I, da Resolução CFN 465/2010; 9.5.6. a ausência de divulgação das atividades do Conselho de Alimentação Escolar por meio de

comunicação oficial afronta o estabelecido no art. 36, inciso IV, da Resolução FNDE 26/2013; 9.5.7. o número de escolas por nutricionista das empresas detentoras dos Contratos 028, 029 e

031/2014 está, em geral, em desacordo com a cláusula nona, item 9.1.2, alínea “a” dos referidos instrumentos contratuais, constituindo afronta ao art. 66 da Lei 8.666/1993;

9.5.8. a ausência de fiscalização e acompanhamento, acerca do número de refeições servidas e lançadas no sistema, por parte da Direção das Unidades Escolares – Bartouvino Costa, José de Caldas, Prof. Manoel Abreu, Aristóbulo Barbosa Leão, Belmiro Teixeira Pimenta, Clotilde Rato, Presidente Getúlio Vargas, Francisco Coelho Ávila Júnior, Carolina Passos Gaigher, Cel Olímpio Cunha e Prof. Augusto Luciano, afronta o disposto nos artigos 4º, incisos V e XI, e 8º da Portaria Sedu nº 159-R, de 3 de outubro de 2014;

9.5.9. não há a elaboração e a apresentação por parte das Superintendências Regionais e das unidades escolares (junto à Gerência de Apoio Escolar – GAE) dos relatórios trimestrais de avaliação dos serviços prestados pelas contratadas, conforme previsto no Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES;

9.5.10. a ausência de realização de testes de aceitabilidade pela empresa Comissaria Aérea Rio de Janeiro afronta o disposto no art. 17 da Resolução CD/FNDE 26/2013 e no art. 3º, inciso VII, da Resolução CFN 465/2010;

9.5.11. os membros do Conselho de Alimentação Escolar nomeados não são os mesmos dos registrados no FNDE, o que contraria o disposto no art. 34, § 10, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5.12. as condições de higiene e conservação da cozinha e do refeitório das escolas mencionadas no item 24 do relatório de auditoria não são adequadas ao preparo e fornecimento de merenda escolar, em afronta ao estabelecido no art. 33, § 4º, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5.13. a não atualização das informações constantes do Simec/PAR afronta o disposto no art. 12, § 3º, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5.14. nos almoxarifados das escolas listadas no item 44 do relatório de auditoria, nos Municípios de Linhares, Serra, Cachoeiro de Itapemirim e Cariacica, as instalações físicas são inadequadas, em descumprimento à atribuição prevista no art. 33, § 4º, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5.15. nas escolas estaduais mencionadas no item 33 do relatório de auditoria, os equipamentos utilizados para elaboração da merenda escolar não apresentam adequada condição de conservação em afronta à atribuição constante do art. 33, § 4º, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5.16. a ausência de fichas técnicas de preparo nas escolas, impossibilitando a orientação no preparo das refeições previstas no cardápio, afronta o disposto no art. 14, § 3º, da Resolução FNDE 26/2013 e no art. 3º, inciso V, da Resolução CFN 465/2010;

9.6. dar ciência ao Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Espírito Santo que: 9.6.1 a atuação do Conselho é considerada deficitária, uma vez que não reflete um

acompanhamento efetivo da execução do Pnae no âmbito do estado, como se verifica, por exemplo, no baixo número de realização de visitas às escolas e de reuniões mensais com quórum, além da ausência de solicitações à Sedu/ES de documentos referentes à execução do programa, em desconformidade com o disposto no artigo 35, inciso I, da Resolução FNDE 26/2013;

9.6.2. o seu Regimento Interno está desatualizado em relação aos artigos 35 e 36 da Resolução FNDE 26/2013, em desacordo com o inciso VII do referido art. 35;

9.6.3. a ausência de elaboração do Plano de Ação do ano em curso e/ou de anos subsequentes, afronta o disposto no art. 35, inciso VIII, da Resolução FNDE 26/2013;

9.7. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada das peças que a fundamentam, bem como do relatório de auditoria (peça 280), ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, à Secretaria Estadual da Educação do Espírito Santo e ao Conselho de Alimentação Escolar do estado do Espírito Santo;

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53 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.8. determinar a Secex/ES que monitore o cumprimento dos itens 9.1 e 9.2 precedentes, conforme

as orientações previstas nos arts. 3º e 4º da Portaria-Segecex 27/2009; e 9.9. arquivar o presente processo. 10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0141-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro e Ana Arraes. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e André Luís de

Carvalho. ACÓRDÃO Nº 142/2017 - TCU - Plenário 1. Processo nº TC 029.084/2016-4. 2. Grupo I – Classe V - Assunto: Auditoria 3. Responsáveis: Nilton José de Andrade, Superintendente Regional (CPF 358.460.707-87); Marcos

Batista de Resende, Engenheiro da Funasa (CPF 662.258.767-15); Noel Carlos Fernandes Freire, Chefe da Diesp/Funasa (CPF 719.703.127-34)

4. Órgão/Entidade/Unidade: Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Espírito Santo. 5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (SECEX-ES). 8. Representação legal: não há 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade integrante do conjunto de

auditorias executadas sob a sistemática de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir de classificação de riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados, destinando-se o trabalho ora em foco a verificar a regularidade dos procedimentos adotados pela Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Espírito Santo para contratação da empresa L.L.O. Construtora Ltda.;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8443/1992 c/c art. 250, inciso IV, do Regimento Interno/TCU, promover a audiência dos seguintes responsáveis:

9.1.1. Srs. Nilton José de Andrade, Superintendente Estadual da Funasa/ES, e Noel Carlos Fernandes Freire, Chefe da Diesp, por não terem adotado medidas tempestivas no sentido de que o Contrato 5/2014 fosse aditado para o complemento do sistema de abastecimento de água da Comunidade Quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES, evitando-se a realização da Tomada de Preços 2/2015, o que resultou em contratação com indícios de antieconomicidade (Contrato 2/2016), tendo em vista o pagamento do item “canteiro de obras” em ambos os contratos, firmados com a mesma empresa, e por valor superior no segundo caso, configurando também violação aos princípios da eficiência (art. 37, caput, da Constituição Federal) e da razoabilidade (art. 2º da Lei 9.784/1999);

9.1.2. Srs. Marcos Batista de Resende, na condição de Engenheiro da Funasa/ES, e Noel Carlos Fernandes Freire, Chefe da Diesp, pela não adoção de BDI diferenciado para os itens “fornecimento e instalação elétrica e hidráulica dos conjuntos moto bomba inclusive quadro de comando” e “reservatório de distribuição” nas planilhas orçamentárias da Tomada de Preços 2/2014, contrariando o art. 9º, §1º, do Decreto 7.983/2013, e a Súmula 253/2010 deste Tribunal;

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54 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.2. determinar à Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo, com

fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, que realize gestões junto à empresa EDP Escelsa para que esta instale os equipamentos necessários ao funcionamento da rede elétrica que possibilitará o funcionamento do sistema de abastecimento de água construído na Comunidade Quilombola em Monte Alegre, no Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES, a fim de que não venha a se caracterizar a ocorrência de prejuízo ao erário em decorrência da inoperância do referido sistema, informando a este Tribunal as providências adotadas e a situação atualizada, no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da ciência;

9.3. cientificar a Distribuidora da EDP Escelsa no Espírito Santo quanto à necessidade de promover a instalação dos equipamentos necessários ao funcionamento da rede elétrica que viabilizará a operação do sistema de abastecimento de água construído com recursos da Fundação Nacional de Saúde na Comunidade Quilombola em Monte Alegre, no Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES, tendo em vista a possibilidade de materialização de prejuízos sócio-econômicos à comunidade e aos cofres públicos;

9.4. determinar à Secex/ES que monitore a determinação constante do item 9.2 retro; 9.5. dar ciência à Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo que: 9.5.1. no âmbito da Tomada de Preços 2/2015, constatou-se que o objeto da licitação não foi

suficientemente detalhado, contrariando o art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993, tendo em vista que o projeto básico não apresentou o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra;

9.5.2. a habilitação da empresa L.L.O Construtora Ltda. na Tomada de Preços 2/2014, com base nos atestados de capacidade técnica relativos ao acervo técnico do engenheiro designado como responsável técnico da obra, não atendeu às exigências do item 6.2, alínea “b” do edital da licitação, o que contrariou o princípio de vinculação ao instrumento convocatório, previsto nos arts. 3º, caput, e 41, caput, da Lei 8.666/1993.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0142-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro e Ana Arraes. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e André Luís de

Carvalho. DISCUSSÃO DE PROCESSOS Na apreciação do TC-034.647/2016-3, usaram da palavra para discutir a matéria os Ministros

Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler e Augusto Nardes e o Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

ENCERRAMENTO Às 15 horas e 54 minutos, a Presidência encerrou a sessão, da qual foi lavrada esta ata, a ser

aprovada pelo Presidente e homologada pelo Plenário. MARCIA PAULA SARTORI Subsecretária do Plenário Aprovada em 8 de fevereiro de 2017.

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55 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

RAIMUNDO CARREIRO Presidente

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56 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

ANEXO I DA ATA 3, DE 1º DE FEVEREIRO DE 2017 (Sessão Ordinária do Plenário) COMUNICAÇÕES Comunicações proferidas pela Presidência. COMUNICAÇÃO Senhora Ministra, Senhores Ministros, Senhor Procurador-Geral, Comunico que este Tribunal, por intermédio do Instituto Serzedello Corrêa, lança hoje, no âmbito

do Programa de Capacitação de Servidores Públicos e Cidadãos, sete novos cursos: Fundamentos de Convênios com Siconv; Obras Públicas de Edificação e Saneamento (etapa Planejamento); Planejamento Governamental e Gestão Orçamentária e Financeira; Controles na Administração Pública; Controle Exercido por Conselhos de Assistência Social; Mapeamento de Processos de Trabalho; e Curso Básico sobre o software Apex. Esses cursos, facilmente acessíveis no sítio www.tcu.gov.br/isc, são autoinstrucionais e não têm

limite de vagas. Seguindo a diretriz traçada por esta Presidência de investir fortemente na função pedagógica do

Tribunal, oito novos cursos neste mesmo formato serão lançados até o fim do ano. A oportunidade de lançamento desses cursos, em especial os que tratam de convênios, obras

públicas e planejamento e gestão, vem ao encontro do esforço desse TCU de capacitar os prefeitos e suas equipes que tomaram posse no dia 1º de janeiro do corrente ano.

Dada a importância dessa iniciativa, determino ao ISC que entre em contato com a Confederação Nacional de Municípios e com a Frente Nacional dos Prefeitos solicitando que colaborarem na divulgação dessas ações de educação.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 1º de fevereiro de 2017. RAIMUNDO CARREIRO Presidente COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA Senhora Ministra, Senhores Ministros, Senhor Procurador-Geral, Vem ocorrendo, nos processos com requerimento de sustentação oral, casos em que esses

requerimentos chegam à Secretaria das Sessões sem a proposta do Gabinete do relator no sentido de deferir ou indeferir a sustentação oral.

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57 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Uma vez que a Secretaria das Sessões é unidade técnica de apoio aos colegiados desta Corte de

Contas, não lhe compete examinar se o requerente está ou não habilitado para produzir a sustentação, mas tão somente destacar na pauta que, em determinado processo, há pedido para esse desiderato.

Cumpre rememorar a necessidade de que esses pedidos sejam protocolados ou pelas unidades técnicas, casos de requerimentos feitos fora de Brasília, ou pelo Serviço de Protocolo antes de seu recebimento pelos gabinetes dos relatores.

Os gabinetes dos relatores, por sua vez, ao receberem tais requerimentos devidamente protocolados, devem instruí-los e remetê-los à Presidência para despacho, com cópia para a Secretaria das Sessões.

Dessa forma, orientei aquela Secretaria no sentido de que as sustentações orais somente sejam destacadas na pauta após o recebimento do despacho do relator encaminhando o pedido à Presidência ou do despacho da Presidência autorizando a realização do feito.

Solicito, portanto, o apoio dos gabinetes acerca desse procedimento, que vem sendo adotado ao longo do tempo e que é essencial para o bom andamento dos nossos trabalhos.

Determino, por outro lado, à Segecex e à Segedam que orientem as unidades técnicas e o Serviço de Protocolo quanto à prioridade a ser dada a esses requerimentos em vista do seu impacto na apreciação de processos pelos colegiados do Tribunal.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 1º de fevereiro de 2017. RAIMUNDO CARREIRO Presidente COMUNICAÇÃO Comunico a Vossas Excelências que, a pedido do Ministro de Estado da Defesa Raul Jungmann,

marquei reunião com S. Exa., acompanhado dos Comandantes Militares, para tratar da previdência dos militares.

Convido todos os Srs. Ministros e membros do Ministério Público para participar do evento, que

ocorrerá na próxima terça-feira, dia 7, às 18h, na Sala de Conferências. TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 1º de fevereiro de 2017. RAIMUNDO CARREIRO Presidente Comunicação proferida pela Ministra Ana Arraes. COMUNICAÇÃO Senhor Presidente, Senhores Ministros, Senhor Procurador-Geral, Trago esta comunicação para externar minha preocupação com tema que, embora muito lembrado e

abordado pela grande mídia, creio não estar suficientemente esclarecido e entendido por nossa sociedade: a dívida pública da União.

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58 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Considero necessário ampliar, para toda a população, o debate e o conhecimento acerca dessa

relevante questão, hoje restritos a poucos profissionais e veículos de mídia especializados no tema. O estoque da dívida da União cresceu aceleradamente nos últimos anos e está hoje em R$ 3,1

trilhões. Dada tal magnitude e sua repercussão fiscal e macroeconômica, tornar os mecanismos de gestão do endividamento mais acessíveis a amplos segmentos sociais é uma das tarefas mais relevantes desta Casa.

As decisões tomadas no gerenciamento da dívida impactam diretamente as decisões de investimento das empresas e a vida de todos os cidadãos, notadamente os mais carentes, que, em última análise, arcam com as consequências da política de juros, cuja condução tem comprometido o consumo e a higidez financeira das famílias brasileiras.

A análise da execução do Orçamento da União em 2015 mostra que 42% dos recursos foram destinados ao pagamento de juros e de amortizações da dívida pública, o que superou largamente o gasto com educação e saúde. Assim, é inevitável concluir que a gestão da dívida, em períodos recentes, retirou recursos de áreas cruciais para nosso desenvolvimento social e econômico.

Tal quadro é um convite à ação desta Corte. Não se trata de tarefa fácil. Não é simples mexer com interesses consolidados e posições arraigadas,

mas é possível encontrar erros, antecipar problemas e contribuir para a melhoria do nível de conhecimento geral acerca da matéria.

No atual cenário, vejo como de especial relevância a questão das garantias honradas pela União em contratos de empréstimos de Estados e Municípios.

Naquelas operações, a União entra como garantidora do empréstimo nos contratos externos firmados por Estados e Municípios e, em caso de inadimplência, tem que honrar o pagamento ao credor. Em troca, pode reter transferências de FPE ou FPM para ressarcir os cofres federais.

Contudo, recentemente, o Estado do Rio de Janeiro conseguiu liminar no Supremo Tribunal Federal para impedir a União de reter parte do FPE para ressarcir as garantias honradas.

Tal situação pode vir a se agravar, já que o quadro fiscal dos entes federados não dá sinais de recuperação a curto prazo e a União é garantidora de um volume expressivo de empréstimos de Estados e Municípios.

Segundo o Relatório de Gestão Fiscal da União, o estoque de garantias concedidas a Estados e Municípios em empréstimos externos alcançou R$ 73 bilhões ao final de 2016. Em operações internas, o saldo é de R$ 111 bilhões, segundo a Secretaria de Macroavaliação Governamental desta Corte.

Já em 2012, este Tribunal apurou que a União estava concedendo garantias a entes da Federação com fraca capacidade de pagamento e apontou os riscos de tal procedimento (acórdão 3.403/2012 - Plenário). Assim, a União permitiu que Estados e Municípios se endividassem no momento em que muitos deles já enfrentavam sérios problemas fiscais, e agora está sendo obrigada a arcar com as consequências dessa política.

Diante de tão preocupante panorama, proponho a atuação desta Corte, por meio da Semag, para avaliar as garantias arcadas pela União, especialmente em que condições foram concedidas, quantificando montantes honrados e ressarcidos, juros e demais encargos incorridos, mecanismos de ressarcimento dos valores pagos e, ainda, apurar eventuais responsabilidades de gestores públicos que permitiram o endividamento de entes que não possuíam capacidade de pagamento suficiente.

É a proposta que apresento a este Plenário, lembrando que o resultado do trabalho também subsidiará a atuação desta Corte na análise das Contas do Governo da República.

TCU, Sala das Sessões, em 1º de fevereiro de 2017. ANA ARRAES Ministra

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59 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

ANEXO II DA ATA 3, DE 1º DE FEVEREIRO DE 2017 (Sessão Ordinária do Plenário) MEDIDA CAUTELAR Comunicação sobre despacho exarado pelo Ministro Walton Alencar Rodrigues. COMUNICAÇÃO Senhor Presidente, Senhora Ministra, Senhores Ministros, Senhor Procurador-Geral, Submeto ao descortino do Plenário, com fundamento no art. 276, § 1º, do Regimento Interno,

decisão monocrática exarada nesta data, nos autos do TC 001.378/2017-1, em que concedi medida cautelar inaudita altera parte para determinar à Secretaria Municipal de Habitação de Belém “que retenha a importância de R$ 426.219,07 (quatrocentos e vinte e seis mil, duzentos e dezenove reais e sete centavos) dos pagamentos a serem realizados à empresa BRT Construções e Serviços Ltda., na seara do Contrato 10/2016, até que o Tribunal decida sobre o mérito da questão suscitada” na representação em exame.

A licitação e o contrato censurados têm por objeto a “construção de 78 (setenta e oito) unidades habitacionais com a urbanização da área destas, compreendendo: drenagem de águas pluviais, sistema de abastecimento de água, rede de esgoto, iluminação pública e pavimentação”.

A contratação da empresa BRT Construções e Serviços Ltda. observou procedimento sui generis, assim narrado nos fundamentos da decisão interlocutória que proferi:

“Atenderam ao edital apenas duas empresas: Nacional Incorporadores Eireli-EPP e BRT Construções e Serviços Ltda. A primeira licitante foi inabilitada e a proposta da segunda, desclassificada.

Decidiu, então, a Comissão de Licitação por permitir, com fundamento no art. 48, § 3°, da Lei 8.666/1993, que segunda licitante apresentasse nova proposta, “escoimada dos vícios detectados”. Consistiam tais defeitos, fundamentalmente, na apresentação de “alguns preços unitários superiores aos da planilha da SEHAB (referência)”.

Ao apresentar a nova proposta, a empresa BRT Construções e Serviços Ltda. escoimou os vícios apontados, por meio da redução dos preços unitários dos serviços mencionados no parecer técnico, no montante de R$ 28.327,07, e aumentou o preço dos outros serviços em R$ 482.582,38.

Ciente de que não teria a concorrência de outras empresas, a BRT Construções e Serviços Ltda. anulou, na prática, o desconto que havia ofertado na etapa anterior, correspondente a 8,6% do valor estimado para a obra.

A jurisprudência desta Corte assenta a possibilidade de ampla reformulação da proposta pelas licitantes chamadas a sanar os vícios das suas ofertas iniciais, com fundamento no art. 48, § 3°, da Lei 8.666/1993. A amplitude da revisão tem por objetivo impedir que os licitantes chamados a reapresentar suas propostas conheçam a preço dos seus concorrentes, bem como obter propostas mais vantajosas para a Administração, relativamente àquelas apresentadas na etapa em que nenhuma licitante apresentou proposta em conformidade com o requerido.

Não é razoável interpretar que a Administração possa rejeitar determinada proposta, em razão da sua desconformidade com o que prevê o edital e o orçamento estimativo, para aceitar, na sequência, proposta mais onerosa. Tal situação revela-se ainda mais grave na hipótese dessa segunda etapa estar restrita à participação de uma única licitante.

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No caso concreto, a BRT Construções e Serviços Ltda. poderia reduzir os preços unitários

desconformes com o orçamento estimativo, assim como aqueles que já guardavam conformidade com tal orçamento. Não poderia, entretanto, elevar alguns preços unitários, para compensar o desconto exigido nos itens superdimensionados, tampouco para aumentar o preço global.

Na verdade, a autorização legislativa para reapresentação da proposta estava limitada ao preço global de R$ 4.826.935,47, representado pela redução de R$ 28.327,07 em relação à proposta inicial viciada (R$ 4.855.262,54). Poderia a BRT reduzir ainda mais o preço ofertado, mas não poderia posicioná-lo em valor superior ao preço ajustado da sua primeira proposta (R$ 4.826.935,47).

Nesses termos, o preço oferecido pela empresa e aceito pelo Município (R$ 5.253.154,54) encerra sobrepreço de R$ 426.219,07.

A proposta superdimensionada foi aceita pela administração municipal, que homologou a licitação, adjudicou seu objeto, celebrou contrato com a BRT Construções e Serviços Ltda. e deu ordem de início das obras, em 26/9/2016.”

A proposta superdimensionada foi aceita pela administração municipal, que homologou a licitação, adjudicou seu objeto, celebrou contrato com a BRT Construções e Serviços Ltda. e deu ordem de início das obras em 26/9/2016. A obra tem prazo de execução de seis meses, fazendo crer que pode vir a ser concluída e integralmente paga nos próximos sessenta dias.

A contratação da BRT Construções e Serviços Ltda., nos termos mencionados, revela grave ofensa ao princípio da seleção da proposta mais vantajosa e ao que dispõe o art. 48, § 3°, da Lei 8.666/1993. Extraí dessa situação a probabilidade do direito reclamado na representação.

A possibilidade de o sobrepreço apurado vir a ser convertido em superfaturamento evidencia o perigo de dano noticiado.

Acolhi, por essas razões, a proposta de determinar a retenção cautelar inaudita altera parte do valor impugnado nesta representação. Dissenti da unidade técnica apenas no que se refere aos destinatários das oitivas. Nos termos do art. 276 do Regimento Interno, o contraditório havido nesta etapa processual é exercitado pelas partes – contratante e contratado, no caso –, sem alcançar os agentes públicos que praticaram os atos censurados. Os gestores poderão, no futuro, vir a ser chamados a apresentar alegações de defesa ou razões de justificativa.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 1º de fevereiro de 2017. WALTON ALENCAR RODRIGUES Relator

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ANEXO III DA ATA 3, DE 1º DE FEVEREIRO DE 2017 (Sessão Ordinária do Plenário) PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA Relatórios e Votos emitidos pelo respectivo relator, bem como os Acórdãos de nºs 129 a 142,

aprovados pelo Plenário. GRUPO I – CLASSE IV – Plenário TC 010.234/2014-4 Natureza: Tomada de Contas Especial. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Responsáveis: Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), Antônio Salustiano Barbalho (CPF

246.486.047-68), Elemilton Pimentel Sampaio (CPF 031.391.517-21), Francisco José de Souza Ventura (falecido, CPF 113.730.247-04), Lili Vianna de Almeida (falecida, CPF 028.633.727-42), Manoel da Silva Muniz (CPF 075.918.627-82) e Roberto Ferreira (falecido, CPF 090.668.616-49).

Representação legal: não há. SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. FRAUDE CONFIGURADA PELA

CONCESSÃO IRREGULAR DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. REVELIA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. SOLICITAÇÃO DE ARRESTO DE BENS À ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO.

RELATÓRIO Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS),

visando à apuração de irregularidades supostamente cometidas pelo ex-servidor Luiz Carvalho Linhares, referentes à concessão de benefícios previdenciários indevidos.

2.A Controladoria-Geral da União (CGU) emitiu o Relatório de Auditoria, o Certificado de Auditoria e o Parecer do Dirigente do Órgão de Controle Interno, todos de nº 059/2014, com entendimento pela irregularidade das contas, os quais foram conhecidos pelo Ministro de Estado da Previdência Social (peça 4, fls. 362/370).

3.No âmbito da Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex/RJ), o auditor elaborou a instrução a seguir reproduzida (peça 76), com ajustes de forma que reputo pertinentes, a qual contou com a anuência dos dirigentes da unidade técnica (peça 77):

“INTRODUÇÃO 1.Trata-se de tomada de contas especial, instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro Social

(INSS), em razão dos prejuízos causados pelo ex-servidor Luiz Carvalho Linhares, referente à concessão irregular de aposentadorias por tempo de contribuição, no âmbito da Agência da Previdência Social de São Gonçalo, no município do Rio de Janeiro.

HISTÓRICO 2.A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar n. 35301.7497/2005-08, em seu Relatório

Final, n. 35301.007497/2005, decidiu pelo indiciamento do então servidor Luiz Carvalho Linhares (peça 1, p. 14-64), no âmbito do qual se concluiu que ele praticou as seguintes condutas que resultaram nas concessões irregulares, que resultaram em sua demissão, conforme Decisão, publicada no BS/INSS de 21/5/2007(peça 1, p. 32-34, 78):

a) concedeu quarenta e duas aposentadorias indevidamente; b) inseriu vínculos trabalhistas falsos e sem comprovação de que os vínculos foram apresentados

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em Carteiras de Trabalho e/ou outros documentos que fizessem prova plena;

c) não formalizou de maneira correta os processos concessórios, deixando de numerar e rubricar as folhas, não anexando cópias de Carteira de Trabalho constando os vínculos empregatícios;

d) aceitou como provas de residência documentos duvidosos; e) contou como tempo de serviço duas declarações de vínculos empregatícios de empresas que não

possuíam, à época, projeção nacional, sendo esses os únicos documentos que comprovam o vínculo, não realizando solicitações de pesquisa.

3.O Relatório Conclusivo da Comissão Permanente de TCE, da Gerência Executiva em Niterói/RJ (peça 1, p. 302-316), instaurada por meio da Portaria INSS/GEXTNIT n. 11, de 7/2/2013 (peça 1, p. 6), concluiu pela responsabilização do ex-servidor Luiz Carvalho Linhares solidariamente os segurados, pelo valor original do débito, de R$ 552.175,64, que atualizado monetariamente e acrescidos de juros de mora até 25/6/2013 totalizou R$ 2.718.922,50 (peça 4, p. 302 e 316).

4.Remetidos os autos à Controladoria-Geral da União (CGU), foi elaborado o Relatório de Auditoria 59/2014, por meio do qual se confirmou a responsabilização do ex-servidor, solidariamente com os segurados (peça 4, p. 362-366).

5.Após a emissão do certificado de auditoria e do parecer do dirigente de Controle Interno, ambos pela irregularidade das contas, bem como do pronunciamento ministerial, os autos foram encaminhados para o TCU, para fins de julgamento (peça 2, p. 368-374).

EXAME TÉCNICO 6.Com fundamento na subdelegação de competência constante da Portaria-Secex-RJ 2/2013, de

18/1/2013, foi promovida a citação do ex-servidor Luiz Carvalho Linhares e dos sucessores dos segurados Francisco José de Souza Ventura e Roberto Ferreira, por meio dos Ofícios 3786, 3785, 3784, todos datados de 10/12/2015, e 3926, de 29/12/2015 (peças 68, 72, 73 e 74, respectivamente).

7.Apesar de terem tomado ciência do expediente que lhe foi encaminhado, conforme atestam os avisos de recebimento (ARs) que compõem as peças 68, 72, 73 e 74, não houve manifestação de nenhum dos responsáveis quanto às irregularidades verificadas. Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inertes os aludidos responsáveis, impõe-se que sejam considerados revéis, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.

8.Cabe aqui abrir parêntese para esclarecer que a proposta de exclusão dos demais segurados da relação processual não tem o condão de obstaculizar eventual cobrança administrativa e/ou judicial de iniciativa do INSS quanto a valores recebidos indevidamente pelos beneficiários. Explica-se.

9.Na instrução preliminar inserida à peça 29 destes autos eletrônicos, concluiu-se que apenas o ex-servidor Luiz Carvalho Linhares e os sucessores dos segurados Francisco José de Souza Ventura e Roberto Ferreira deveriam constar como responsáveis, excluindo os demais responsáveis (segurados) da relação processual, de acordo com a jurisprudência do Tribunal (Acórdãos 859, 2.449, 2.553, 3.038, 3.112, 3.626/2013-Plenário, 1.663 e 2.922/2014-Plenário, mencionados nos itens 21, 22, 23 e 34 da referida instrução). Nessas deliberações, a Corte, ressentindo-se da presença de elementos capazes de atribuir aos segurados efetiva participação na fraude, entendeu por bem excluí-los da relação processual.

10.Na mesma linha de raciocínio adotada no TC 012.259/2013-6 (Acórdão 2.922/2014-Plenário, Sessão de 29/10/2014), convém esclarecer a tese exposta nas mencionadas decisões. Em apertada síntese, a permanência dos segurados na relação processual da tomada de contas especial dependerá da comprovação de que, seja por dolo ou culpa, concorreram para a prática do ato fraudulento. Na condição de terceiro desvinculado da Administração e sem o dever legal de prestar contas, a submissão do segurado à jurisdição do TCU exigirá prova de que ele tenha contribuído de modo decisivo e em concurso com o agente público para a produção do dano. Do contrário, a jurisdição do TCU não os alcançará, nos termos do art. 16, § 2º, da Lei 8.443/92.

11.Apurou-se que, por meio do Acórdão 859/2013-TCU-Plenário, este Tribunal apreciou ocorrências semelhantes às descritas no caso concreto, tendo decidido naquela assentada pela exclusão de 24 segurados da relação processual, também sob a alegação de ausência de provas capazes de

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evidenciar o envolvimento deles na fraude.

12.Dessa forma, não faria sentido determinar a citação dos beneficiários, quando, na análise preliminar, já fosse possível identificar a ausência de provas aptas a demonstrar que eles agiram em conluio com os autores das fraudes, tal como ocorreu no caso vertente. Assim, procedeu-se à citação unicamente do ex-servidor Luiz Carvalho Linhares e dos sucessores dos segurados Francisco José de Souza Ventura e Roberto Ferreira, deixando-se para decidir formalmente sobre a exclusão dos demais segurados da relação processual para quando da deliberação de mérito.

13.A propósito, cabe observar que o custo de ter os segurados na relação processual, segundo se verificou nos julgados trazidos à colação, pode não compensar o benefício de controle resultante da difícil e tardia condenação em débito desses responsáveis, aspecto fundamental que a jurisdição de contas persegue quando incide sobre a conduta de particulares.

14.Ademais, destaca-se a atuação da Procuradoria Especializada do INSS na cobrança judicial dos débitos, sem falar na possibilidade de acordo sempre existente nesses casos, haja vista o interesse de o segurado de vir a desfrutar regularmente do benefício suspenso, por intermédio do atendimento dos requisitos legais e indenizando o INSS da vantagem indevida que eventualmente obteve em geral, mediante consignação incidente sobre o benefício.

15.Destarte, caso seja ratificado o posicionamento de que os segurados arrolados nesta TCE devam ser excluídos da relação processual, considera-se oportuno comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro (MPF) que a mencionada decisão não impede a adoção de providências administrativas e/ou judiciais, com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos aos referidos beneficiários, em virtude da concessão indevida de benefício previdenciário, no caso, a aposentadoria por tempo de serviço.

16.Por fim, considerando que o ex-servidor responde por todos os débitos apurados pela auditoria interna do INSS, não haveria espaço, portanto, para o arquivamento desta TCE em relação às dívidas possivelmente abaixo do valor fixado no art. 6º, inc. I, da Instrução Normativa TCU 71/2012 (R$ 75.000,00), uma vez que o somatório dos débitos supera o valor de alçada estabelecido na referida norma.

CONCLUSÃO 17.Considerando que o alcance da jurisdição do Tribunal de Contas da União sobre terceiros

estranhos à Administração Pública depende da comprovação de que tenham agindo com dolo ou culpa; considerando que, no caso concreto, não há elementos que indiquem cabalmente a participação dos beneficiários no conluio para a prática dos atos fraudulentos apurados pela auditoria interna do INSS; conclui-se, portanto, que a atribuição de responsabilidade apenas ao ex-servidor Luiz Carvalho Linhares e aos sucessores dos segurados Francisco José de Souza Ventura e Roberto Ferreira, com a exclusão dos demais segurados da relação processual, é medida que melhor se coaduna com os ditames da culpabilidade e dos princípios da racionalidade processual e da efetividade da jurisdição de contas, conforme jurisprudência citada na instrução preliminar (peça 29) e os argumentos apresentados nos itens 8 a 12 desta instrução.

18.Diante da revelia do ex-servidor Luiz Carvalho Linhares e dos sucessores dos segurados Francisco José de Souza Ventura e Roberto Ferreira, e inexistindo nos autos elementos que permitam concluir pela ocorrência de boa-fé ou de excludentes de culpabilidade em suas condutas, propõe-se que suas contas sejam, desde logo, julgadas irregulares, nos termos do art. 202, § 6º, do Regimento Interno/TCU, e que os responsáveis sejam condenados em débito, bem como que lhes sejam aplicadas a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992. Pertinente, ainda, dada a gravidade da infração cometida pelo ex-servidor, propor a aplicação da penalidade de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 19.Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:

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a) excluir da relação processual os segurados Antônio Salustiano Barbalho (CPF 246.486.047-68),

Elemilton Pimentel Sampaio (CPF 031.391.517-21), Lili Vianna de Almeida (falecida, CPF 028.633.727-42) e Manoel da Silva Muniz (CPF 075.918.627-82);

b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘d’, e §§ 1º e 2º da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno, julgar irregulares as contas do Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), ex-servidor do INSS, do Sr. Francisco José de Souza Ventura (falecido, CPF 113.730.247-04), segurado do INSS e do Sr. Roberto Ferreira (falecido, CPF 090.668.616-49), segurado do INSS, e condená-los ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor:

I – débitos do Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), referente aos pagamentos efetuados aos seguintes segurados:

a) Antônio Salustiano Barbalho (CPF 246.486.047-68) Data do lançamento Valor Tipo

8/5/1997 563,50 D 14/5/1997 563,50 D 12/6/1997 563,50 D 11/7/1997 590,04 D 13/8/1997 590,04 D 11/9/1997 590,04 D 13/10/1997 590,04 D 13/10/1997 2.232,02 D 13/11/1997 590,04 D 11/12/1997 590,04 D 11/12/1997 590,04 D 14/1/1998 590,04 D 12/2/1998 590,04 D 12/3/1998 590,04 D 15/4/1998 590,04 D 14/5/1998 590,04 D 12/6/1998 590,04 D 13/7/1998 618,42 D 13/8/1998 618,42 D 14/9/1998 618,42 D 14/10/1998 618,42 D 13/11/1998 618,42 D 11/12/1998 618,42 D 11/12/1998 618,42 D 14/1/1999 618,42 D 11/2/1999 618,42 D 11/3/1999 618,42 D 15/4/1999 618,42 D 13/5/1999 618,42 D 14/6/1999 618,42 D 13/7/1999 646,92 D 12/8/1999 646,92 D

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14/9/1999 646,92 D 14/10/1999 646,92 D 12/11/1999 646,92 D 13/12/1999 646,92 D 13/12/1999 646,92 D 13/1/2000 646,92 D 11/2/2000 646,92 D 15/3/2000 646,92 D 13/4/2000 646,92 D 12/5/2000 646,92 D 13/6/2000 646,92 D 13/7/2000 684,50 D 11/8/2000 684,50 D 14/9/2000 684,50 D 13/10/2000 684,50 D 16/11/2000 684,50 D 13/12/2000 684,50 D 13/12/2000 684,50 D 12/1/2001 684,50 D 13/2/2001 684,50 D 13/3/2001 684,50 D 12/4/2001 684,50 D 14/5/2001 684,50 D 13/6/2001 684,50 D 12/7/2001 736,93 D 13/8/2001 736,93 D 14/9/2001 736,93 D 6/10/2001 1.006,96 D 11/10/2001 736,93 D 16/11/2001 736,93 D 13/12/2001 736,93 D 13/12/2001 736,93 D 14/1/2002 736,93 D 15/2/2002 736,93 D 13/3/2002 736,93 D 11/4/2002 736,93 D 14/5/2002 736,93 D 13/6/2002 736,93 D 11/7/2002 804,72 D 13/8/2002 804,72 D 12/9/2002 804,72 D 11/10/2002 804,72 D 13/11/2002 804,72 D 12/12/2002 804,72 D 12/12/2002 804,72 D 14/1/2003 804,72 D 13/2/2003 804,72 D 14/3/2003 804,72 D

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11/4/2003 804,72 D 14/5/2003 804,72 D 12/6/2003 804,72 D 11/7/2003 963,33 D 13/8/2003 963,33 D 11/9/2003 963,33 D 13/10/2003 963,33 D 13/11/2003 963,33 D 11/12/2003 963,33 D 11/12/2003 963,33 D 14/1/2004 963,33 D 12/2/2004 963,33 D 11/3/2004 963,33 D 6/4/2004 963,33 D 6/5/2004 963,33 D 4/6/2004 1.006,96 D 6/7/2004 1.006,96 D 5/8/2004 1.006,96 D 6/9/2004 1.006,96 D 5/11/2004 1.006,96 D 5/11/2004 1.006,96 D

b) Elemilton Pimentel Sampaio (CPF 031.391.517-21) Data do

lançamento Valor Tipo

25/8/1997 1.885,49 D 25/8/1997 862,43 D 17/9/1997 862,43 D 20/10/1997 862,43 D 14/11/1997 862,43 D 16/12/1997 862,43 D 16/12/1997 862,43 D 14/1/1998 862,43 D 19/2/1998 862,43 D 11/3/1998 862,43 D 14/4/1998 862,43 D 13/5/1998 862,43 D 12/6/1998 862,43 D 10/7/1998 903,91 D 21/8/1998 903,91 D 16/9/1998 903,91 D 15/10/1998 903,91 D 18/11/1998 903,91 D 18/12/1998 903,91 D 20/1/1999 903,91 D 11/2/1999 903,91 D 19/3/1999 903,91 D 28/6/1999 903,91 D 19/5/1999 903,91 D 14/6/1999 903,91 D

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67 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

21/7/1999 945,58 D 11/8/1999 945,58 D 15/9/1999 945,58 D 13/10/1999 945,58 D 18/11/1999 945,58 D 14/12/1999 945,58 D 14/12/1999 945,58 D 12/1/2000 945,58 D 15/2/2000 945,58 D 22/3/2000 945,58 D 12/4/2000 945,58 D 11/5/2000 945,58 D 15/6/2000 945,58 D 14/7/2000 1.000,51 D 10/8/2000 1.000,51 D 14/9/2000 1.000,51 D 16/10/2000 1.000,51 D 17/11/2000 1.000,51 D 12/12/2000 1.000,51 D 12/12/2000 1.000,51 D 12/1/2001 1.000,51 D 13/2/2001 1.000,51 D 13/3/2001 1.000,51 D 17/4/2001 1.000,51 D 15/5/2001 1.000,51 D 13/6/2001 1.000,51 D 11/7/2001 1.077,14 D 10/8/2001 1.077,14 D 14/9/2001 1.077,14 1) 11/10/2001 1.077,14 D 14/11/2001 1.077,14 D 14/12/2001 1.077,14 D 14/12/2001 1.077,14 D 17/1/2002 1.077,14 D 25/2/2002 1.077,14 D 14/3/2002 1.077,14 D 15/4/2002 1.077,14 D 14/5/2002 1.077,14 D 13/6/2002 1.077,14 D 15/7/2002 1.176,23 D 19/8/2002 1.176,23 D 19/9/2002 1.176,23 D 15/10/2002 1.176,23 D 19/11/2002 1.176,23 D 19/12/2002 1.176,23 D 19/12/2002 1.176,23 D 16/1/2003 1.176,23 D 13/2/2003 1.176,23 D

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68 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

21/3/2003 1.176,23 D 29/4/2003 1.176,23 D 13/5/2003 1.176,23 D 1/7/2003 1.176,23 D 10/7/2003 1.468,06 D 14/8/2003 1.408,06 D 12/9/2003 1.408,06 D 16/10/2003 1.408,06 D 19/11/2003 1.408,06 D 11/12/2003 1.408,06 D 11/12/2003 1.408,06 D 1212/2004 1.408,06 D 12/2/2004 1.408,06 D 19/3/2004 1.408,06 D 5/4/2004 1.408,06 D 5/5/2004 1.408,06 D 3/6/2004 1.471,84 D 5/7/2004 1.471,84 D 4/8/2004 1.471,84 D 3/9/2004 1.471,84 D 5/10/2004 1.471,84 D 4/11/2004 1.471,84 D 3/12/2004 1.471,84 D 3/12/2004 1.471,84 D 5/1/2005 1.471,84 D 3/2/2005 1.471,84 D 3/3/2005 1.471,84 D 5/4/2005 1.471,84 D 4/5/2005 1.471,84 D

c) Lili Vianna de Almeida (CPF 028.633.727-42) Data do

lançamento Valor Tipo

12/1/1996 738,00 D 12/1/1996 714,20 D 12/2/1996 714,20 D 11/3/1996 714,20 D 11/4/1996 714,20 D 10/5/1996 714,20 D 12/6/1996 778,19 D 17/7/1996 778,19 D 13/8/1996 778,19 D 16/9/1996 778,19 D 15/10/1996 778,19 D 13/11/1996 778,19 D 13/12/1996 778,19 D 13/12/1996 778,19 D 14/1/1997 778,19 D 13/2/1997 778,19 D 11/3/1997 778,19 D

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69 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

11/4/1997 778,19 D 12/5/1997 778,19 D 10/6/1997 778,19 D 9/7/1997 838,57 D 11/8/1997 838,57 D 10/9/1997 838,57 D 10/10/1997 838,57 D 11/11/1997 838,57 D 11/12/1997 838,57 D 11/12/1997 838,57 D 12/1/1998 838,57 D 12/2/1998 838,57 D 12/3/1998 838,57 D 14/4/1998 838,57 D 12/5/1998 838,57 D 9/6/1998 838,57 D 10/7/1998 878,90 D 12/8/1998 878,90 D 11/9/1998 878,90 D 13/10/1998 878,90 D 12/11/1998 878,90 D 9/12/1998 878,90 D 9/12/1998 878,90 D 12/1/1999 878,90 D 9/2/1999 878,90 D 9/3/1999 878,90 D 13/4/1999 878,90 D 11/5/1999 878,90 D 10/6/1999 878,90 D 9/7/1999 919,41 D 10/8/1999 919,41 D 10/9/1999 919,41 D 11/10/1999 919,41 D 10/11/1999 919,41 D 10/12/1999 919,41 D 10/12/1999 919,41 D 10/1/2000 919,41 D 10/2/2000 919,41 D 14/3/2000 919,41 D 11/4/2000 919,41 D 10/5/2000 919,41 D 12/6/2000 919,41 1) 11/7/2000 972,82 D 9/8/2000 972,82 D 12/9/2000 972,82 D 10/10/2000 972,82 D 10/11/2000 972,82 D 11/12/2000 972,82 D

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70 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

13/12/2000 972,82 D 11/1/2001 972,82 D 9/2/2001 972,82 D 9/3/2001 972,82 D 12/4/2001 972,82 D 10/5/2001 972,82 D 11/6/2001 972,82 D 10/7/2001 1.047,33 D 9/8/2001 1.047,33 D 14/9/2001 1.047,33 D 9/10/2001 1.047,33 D 12/11/2001 1.047,33 D 11/12/2001 1.047,33 D 11/12/2001 1.047,33 D 10/1/2002 1.047,33 D 14/2/2002 1.047,33 D 12/3/2002 1.047,33 D 9/4/2002 1.047,33 D 30/4/2002 1.047,33 D 11/06/2002 1.047,33 D 10/7/2002 1.143,68 D 12/8/2002 1.143,68 D 10/9/2002 1.143,68 D 9/10/2002 1.143,68 D 11/11/2002 1.143,68 D 10/12/2002 1.143,68 D 10/12/2002 1.143,68 D 10/1/2003 1.143,68 D 11/2/2003 1.143,68 D 14/3/2003 1.143,68 D 9/4/2003 1.143,68 D 12/5/2003 1.143,68 D 10/6/2003 1.143,68 D 9/7/2003 1.369,09 D 11/8/2003 1.369,09 D 9/9/2003 1.369,09 D 9/10/2003 1.369,09 D 11/11/2003 1.369,09 D 9/12/2003 1.369,09 D 9/12/2003 1.369,09 D 12/1/2004 1.369,09 D 9/3/2004 1.369,09 D 2/4/2004 1.369,09 D 4/5/2004 1.369,09 D 2/6/2004 1.431,10 D 2/7/2004 1.431,10 D 3/8/2004 1.431,10 D 2/9/2004 1.431,10 D

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71 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

4/10/2004 1.431,10 D 3/11/2004 1.431,10 D

d) Manoel da Silva Muniz (CPF 075.918.627-82) Data do

lançamento Valor Tipo

16/9/1997 914,34 D 7/10/1997 914,34 D 7/11/1997 914,34 D 5/12/1997 914,34 D 5/12/1997 914,34 D 8/1/1998 914,34 D 6/2/1998 914,34 D 6/3/1998 914,34 D 7/4/1998 914,34 D 8/5/1998 914,34 D 5/6/1998 914,34 D 7/7/1998 958,31 D 10/8/1998 958,31 D 8/9/1998 958,31 D 7/10/1998 958,31 D 9/11/1998 958,31 D 7/12/1998 958,31 D 7/12/1998 958,31 D 8/1/1999 958,31 D 5/2/1999 958,31 D 5/3/1999 958,31 D 9/4/1999 958,31 D 7/5/1999 958,31 D 8/6/1999 958,31 D 7/7/1999 1.002,48 D 5/8/1999 958,31 D 6/8/1999 1.002,48 D 8/9/1999 1.002,48 D 7/10/1999 1.002,48 D 8/11/1999 1.002,48 D 7/12/1999 1.002,48 D 7/12/1999 1.002,48 D 7/1/2000 1.002,48 D 7/2/2000 1.002,48 D 9/3/2000 1.002,48 D 7/4/2000 1.002,48 D 8/5/2000 1.002,48 D 7/6/2000 1.002,48 D 7/7/2000 1.060,72 D 7/8/2000 1.060,72 D 8/9/2000 1.060,72 D 6/10/2000 1.060,72 D 8/11/2000 1.060,72 D 7/12/2000 1.060,72 D

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72 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

7/12/2000 1.141,97 D 8/1/2001 1.141,97 7/2/2001 1.141,97 D 7/3/2001 1.060,72 D 6/4/2001 1.060,72 D 8/5/2001 1.060,72 D 7/6/2001 1.060,72 D 6/7/2001 1.141,97 D 7/8/2001 1.141,97 D 10/9/2001 1.141,97 D 5/10/2001 1.141,97 D 8/11/2001 1.141,97 D 7/12/2001 1.141,97 D 7/12/2001 1.141,97 D 8/1/2002 1.141,97 D 7/2/2002 1.141,97 D 7/3/2002 1.141,97 D 5/4/2002 1.141,97 D 8/5/2002 1.141,97 D 7/6/2002 1.141,97 D 5/7/2002 1.247,03 D 7/8/2002 1.247,03 D 6/9/2002 1.247,03 D 7/16/2002 1.247,03 D 8/11/2002 1.247,03 D 10/12/2002 1.247,03 D 10/12/2002 1.247,03 D 8/1/2003 1.247,03 D 7/2/2003 1.247,03 D 10/3/2003 1.247,03 D 7/4/2003 1.247,03 D 9/5/2003 1.247,03 D 6/6/2003 1.247,03 D 7/7/2003 1.492,81 D 7/8/2003 1.492,81 D 5/9/2003 1.492,81 D 7/10/2003 1.492,81 D 7/11/2003 1.492,81 D 5/12/2003 1.492,81 D 5/12/2003 1.492,81 D 8/1/2004 1.492,81 D 6/2/2004 1.492,81 D 5/3/2004 1.492,81 D 7/4/2004 1.492,81 D 7/5/2004 1.492,81 D 7/6/2004 1.560,43 D 7/7/2004 1.560,43 D 6/8/2004 1.560,43 D

Page 73: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

73 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

8/9/2004 1.560,43 D 7/10/2004 1.560,43 D 8/11/2004 1.560,43 D 7/12/2004 1.686,85 D 7/12/2004 1.686,35 D 7/1/2005 1.686,85 D 9/2/2005 1.686,85 D 7/3/2005. 1.686,85 D 7/4/2005 1.686,85 D 6/5/2005 1.686,85 D 7/6/2005 1.793,51 D 7/7/2005 1.793,51 D 5/8/2005 1.793,51 D 8/9/2005 1.793,51 D 7/10/2005 1.793,51 D 8/11/2005 1.793,51 D

II - débitos do Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), solidariamente ao Sr. Francisco José de Souza Ventura (CPF 113.730.247-04), falecido, por meio de seus sucessores, referentes aos pagamentos efetuados ao seguinte segurado:

a) Francisco José de Souza Ventura (CPF 113.730.247-04) Data do

lançamento Valor Tipo

25/2/1997 465,40 D 25/2/1997 1.349,66 D 25/2/1997 116,35 D 13/3/1997 465,40 D 10/4/1997 465,40 D 13/5/1997 465,40 D 11/6/1997 465,40 D 10/7/1997 487,32 D 12/8/1997 487,32 D 10/9/1997 487,32 D 10/10/1997 487,32 D 12/11/1997 487,32 D 10/12/1997 487,32 D 14/1/1998 487,32 D 11/2/1998 487,32 D 11/3/1998 487,32 D 14/4/1998 487,32 D 13/5/1998 487,32 D 12/6/1998 487,32 D 10/7/1998 510,76 D 12/8/1998 510,76 D 11/9/1998 510,76 D 13/10/1998 510,76 D 16/11/1998 510,76 D 10/12/1998 510,76 D 10/12/1998 510,76 D 13/1/1999 510,76 D

Page 74: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

74 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

10/2/1999 510,76 D 10/3/1999 510,76 D 14/4/1999 510,76 D 12/5/1999 510,76 D 14/6/1999 510,76 D 12/7/1999 534,30 D 11/8/1999 534,30 D 13/9/1999 534,30 D 13/10/1999 534,30 D 11/11/1999 534,30 D 10/12/1999 534,30 D 10/12/1999 534,30 D 12/1/2000 534,30 D 10/2/2000 534,30 D 15/3/2000 534,30 D 12/4/2000 534,30 D 11/5/2000 534,30 D 12/6/2000 534,30 D 12/7/2000 565,34 D 10/8/2000 565,34 D 13/9/2000 565,34 D 11/10/2000 565,34 D 13/11/2000 565,34 D 12/12/2000 565,34 D 12/12/2000 565,34 D 11/1/2001 565,34 D 13/2/2001 565,34 D 13/3/2001 565,34 D 11/4/2001 565,34 D 15/5/2001 565,34 D 13/6/2001 565,34 D

III - débitos do Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63) solidariamente ao Sr. Roberto Ferreira (CPF 090.668.616-49), falecido, por meio de seus sucessores, referente aos pagamentos efetuados ao seguinte segurado:

a) Roberto Ferreira (CPF 090.668.616-49) Data do lançamento Valor Tipo

7/10/1997 1.844,73 D 7/10/1997 667,84 D 7/10/1997 667,84 D 5/11/1997 667,84 D 3/12/1997 667,84 D 3/12/1997 445,22 D 6/1/1998 667,84 D 4/2/1998 667,84 D 4/3/1998 667,84 D 3/4/1998 667,84 D 6/5/1998 667,84 D 3/6/1998 667,84 D 3/7/1998 669,96 D

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75 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

5/8/1998 669,96 D 3/9/1998 669,96 D 5/10/1998 669,96 D 5/11/1998 669,96 D 3/12/1998 669,96 D 3/12/1998 699,96 D 6/1/1999 669,96 D 3/2/1999 669,96 D 3/3/1999 669,96 D 7/4/1999 669,96 D 5/5/1999 669,96 D 4/6/1999 669,96 D 5/7/1999 732,22 D 4/8/1999 732,22 D 3/9/1999 732,22 D 5/10/1999 732,22 D 4/11/1999 732,22 D 3/12/1999 732,22 D 3/12/1999 732,22 D 5/1/2000 732,22 D 3/2/2000 732,22 D 3/3/2000 732,22 D 5/4/2000 732,22 D 4/5/2000 732,22 D 5/6/2000 732,22 D 5/7/2000 774,76 D 3/8/2000 774,76 D 5/9/2000 774,76 D 4/10/2000 774,76 D 6/11/2000 774,76 D 5/12/2000 774,76 D 5/12/2000 774,76 D 4/1/2001 774,76 D 5/2/2001 774,76 D 5/3/2001 774,76 D 4/4/2001 774,76 D 4/5/2001 774,76 D 5/6/2001 774,76 D 4/7/2001 834,10 D 15/8/2001 834,10 D 5/9/2001 834,10 D 3/10/2001 834,10 D 6/11/2001 834,10 D 5/12/2001 834,10 D 5/12/2001 834,10 D 4/1/2002 834,10 D 5/2/2002 834,10 D 5/3/2002 834,10 D

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76 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

3/4/2002 834,10 D 6/5/2002 834,10 D 5/6/2002 834,10 D 3/7/2002 910,83 D 5/8/2002 910,83 D 4/9/2002 910,83 D 3/10/2002 910,83 D 5/11/2002 910,83 D 4/12/2002 910,83 D 4/12/2002 910,83 D 6/1/2003 910,83 D 5/2/2003 910,83 D 6/3/2003 910,83 D 3/4/2003 910,83 D 6/5/2003 910,83 D 4/6/2003 910,83 D 3/7/2003 1.090,35 D 5/8/2003 1.090,35 D 3/9/2003 1.090,35 D 3/10/2003 1.090,35 D 5/11/2003 1.090,35 D 3/12/2003 1.090,35 D 3/12/2003 1.090,35 D 6/1/2004 1.090,35 D 4/2/2004 1.090,35 D 3/3/2004 1.090,35 D 5/4/2004 1.090,35 D 5/5/2004 1.090,35 D 3/6/2004 1.139,74 D 5/7/2004 1.139,74 D 4/8/2004 1.139,74 D 3/9/2004 1.135,74 D 5/10/2004 1.139,74 D 4/11/2004 1.139,74 D 3/12/2004 1.139,74 D 3/12/2004 1.191,04 D 5/1/2005 1.139,74 D 3/2/2005 1.139,74 D 3/3/2005 1.139,74 D 5/4/2005 1.191,04 D

c) aplicar ao Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), ex-servidor do INSS, do Sr. Francisco José de Souza Ventura (falecido, CPF 113.730.247-04), segurado do INSS e do Sr. Roberto Ferreira (falecido, CPF 090.668.616-49), segurado do INSS, individualmente, a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor (item 10 desta instrução);

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77 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

d) aplicar ao Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), ex-servidor do INSS, a penalidade

de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992;

e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;

f) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que entender cabíveis;

g) comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro (MPF) que a decisão proposta na alínea ‘a’ não impede a adoção de providências administrativas e/ou judiciais contra os beneficiários dos pagamentos previdenciários inquinados, com vistas à recuperação dos valores indevidamente pagos.”

4.A representante do Ministério Público especializado junto ao TCU, Subprocuradora-Geral

Cristina Machado da Costa e Silva, aderiu à proposta acima, discordando apenas da aplicação de multa ao responsável, conforme parecer a seguir transcrito (peça 78):

“Trata-se da Tomada de Contas Especial instaurada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS - com o fito de apurar irregularidades atribuídas ao Senhor Luiz Carvalho Linhares, ex-servidor do INSS, consistentes na concessão irregular de benefícios previdenciários.

2.Com fundamento em robusta jurisprudência do TCU (Acórdão n.o 2415/2004-TCU-Primeira Câmara e Acórdãos n.os 1201/2011, 427/2012, 789/2012, 2580/2012, 325/2013, 509/2013, 859/2013, 2.369/2013, todos do Plenário deste Tribunal), a Secex/RJ bem observou que a jurisdição do Tribunal de Contas da União sobre terceiro estranho à Administração Pública depende da comprovação de sua conduta dolosa ou culposa. Nesse contexto, concluiu-se que, além do ex-servidor Luiz Carvalho Linhares, somente haveria prova de fraude praticada pelos sucessores dos segurados Francisco José de Souza Ventura e Roberto Ferreira, os quais foram arrolados como responsáveis. Em relação aos demais segurados, a Unidade Técnica asseverou não existirem nos autos elementos que indiquem a participação dos segurados nos atos fraudulentos apurados pela auditoria interna do INSS.

3.Dessa forma, a Unidade Técnica promoveu a citação tão somente do ex-servidor do INSS e dos sucessores dos segurados Francisco José de Souza Ventura e Roberto Ferreira, os quais não apresentaram suas alegações de defesa.

4.Em relação à citação somente do ex-servidor do INSS e dos sucessores de dois segurados, assiste razão à Secex/RJ. De fato, não há como se extrair das apurações internas no âmbito do INSS elementos que permitam concluir pela conduta dolosa ou culposa dos demais segurados visando a concessão ilícita do benefício. Com efeito, os processos de auditorias, de sindicâncias e outros disciplinares desenvolvidos pelo INSS em nenhum momento cuidaram de verificar as condutas daqueles beneficiários, ou mesmo o grau de participação ou de responsabilidade nas fraudes cometidas.

5.No tocante à multa, destacamos que houve a prescrição da pretensão punitiva, haja vista que o último pagamento irregular apurado nos autos ocorreu em 8/11/2005 e as citações dos responsáveis deram-se a partir de 18/12/2015 (peças 72-74), passados, portanto, mais de dez anos do derradeiro ato irregular.

6.Diante da revelia dos responsáveis e inexistindo nos autos elementos que permitam concluir pela regularidade de suas condutas ou pela exclusão de sua culpabilidade, esta representante do Ministério Público anui à proposta da Secex/RJ, exceto em relação à aplicação de multa aos responsáveis.”

É o relatório. VOTO

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78 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Trata-se da tomada de contas especial instaurada em decorrência de concessões irregulares de

benefícios previdenciários, no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 2.Nesta Corte, foram arrolados como responsáveis o ex-servidor Luiz Carvalho Linhares e os

segurados Francisco José de Souza Ventura e Roberto Ferreira, na pessoa dos respectivos sucessores, por inexistirem, nos autos, provas convincentes de que os demais beneficiários indicados no relatório precedente agiram em conluio com o autor das fraudes em exame, conforme linha adotada nos Acórdãos 1.201/2011, 2.580/2012, 2.369/2013, 339/2015, 737/2015 e 1.811/2016, todos do Plenário. Assim, os outros beneficiários serão excluídos da relação processual, no âmbito deste Tribunal.

3.Regularmente citados (peças 68, 72, 73 e 74), os responsáveis não apresentaram alegações de defesa e não se manifestaram quanto às irregularidades verificadas. Nesse sentido, por serem revéis, prossegue-se o processo conforme previsto no art. 12, § 3º da Lei 8.443, de 1992.

4.Diante disso, a unidade técnica propõe a irregularidade das contas dos responsáveis; a condenação em débito pelos montantes especificados no relatório precedente; a aplicação de multa e da penalidade de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública; a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações de cobrança; e o envio de cópia da deliberação a ser proferida à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso III, alínea “d”, §§ 2º e 3º; 19 e 23, inciso III, alínea “a”; 28, inciso II; 57; e 60 da Lei 8.443, de 1992.

5.No mérito, incorporando às minhas razões de decidir os fundamentos expendidos nas instruções da unidade técnica (peças 29 e 76), que receberam a concordância do Parquet (peça 78), excetuada a proposta de aplicação de multa aos responsáveis, não é possível reconhecer a boa-fé na conduta do ex-servidor e dos segurados, o que permite julgar irregulares as presentes contas, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, 19 e 23, inciso III da Lei 8.443/1992.

6.Afinal, as conclusões e provas constantes do Relatório da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar (peça 1, fls. 14-64), que deram ensejo ao relatório da Consultoria Jurídica do INSS que resultou na penalidade de demissão do ex-servidor (peça 1, fl. 94), com fundamento no art. 117, inciso XV, c/c art. 132, inciso XIII, c/c arts. 128 e 168, todos da Lei 8.112/90, são suficientes para lhe atribuir os débitos em apuração, haja vista que fundadas em elementos substanciosos quanto à materialidade e autoria dos ilícitos investigados. Resumidamente, as irregularidades são as seguintes:

a) habilitação e/ou concessão de 42 aposentadorias irregulares, com inserção de vínculos trabalhistas falsos e sem comprovação de que foram apresentados em Carteira de Trabalho e/ou outros documentos de prova plena, conforme demonstrado nas auditorias de benefícios;

b) atuação de forma displicente na concessão de diversos benefícios, não formalizando de maneira correta os processos concessórios e não extratando ou anexando cópias das Carteiras de Trabalho dos segurados com os respectivos vínculos empregatícios que contribuíram para o cômputo do tempo de serviço total; e

c) aceitação de documentos duvidosos como provas de residência; 7.Relativamente aos segurados Francisco José de Souza Ventura e Roberto Ferreira, verifica-se que

foram condenados criminalmente por estelionato, no âmbito de processos que tramitaram na Justiça Federal do RJ, decisões essas discriminadas no relatório antecedente e diretamente decorrentes dos mesmos fatos que ensejaram a presente tomada de contas especial (peça 1, fl. 282; peça 4, fls. 262/268; peça 23, fl. 2; e peça 26, fl. 16; e detalhes dos processos na instrução de peça 29, fls. 7 e 8).

8.Em relação à proposta de encaminhamento da unidade técnica, secundada pelo representante do Ministério Público especializado, concordo que os responsáveis sejam condenados em débito pelo valor integral indevidamente recebido, ante a imprescritibilidade dos danos causados ao Erário (Acórdão 2.709/2008-TCU-Plenário), na mesma linha do voto que proferi quando relator original do processo TC-034.281/2013-4 (Acórdão 1.075/2016-TCU-Plenário).

9.Conforme disposto no subitem 9.1.7 do Acórdão 1.441/2016-Plenário (Relator o Exmo. Ministro

Walton Alencar Rodrigues, sessão de 8/6/2016), esta Corte assentou que: a) a prescrição da pretensão

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punitiva é a decenal, disposta no art. 205 do Código Civil, com regramento intertemporal no art. 2.028 da mesma codificação normativa; b) o termo inicial é a data da ocorrência da irregularidade sancionada; e c) a contagem do prazo prescricional é interrompida, uma única vez, na data do ato que ordenar a audiência, citação ou oitiva da parte, retomando-se a contagem no mesmo dia da interrupção.

10.Ademais, no Acórdão 1.641/2016-TCU-Plenário (Relator o Exmo. Ministro Benjamin Zymler), entendeu-se que, no caso de pagamentos fraudulentos de benefícios previdenciários, continuados no tempo, deve ser adotada a data do último pagamento irregular, em analogia à regra do direito penal afeta ao crime permanente.

11.Assim, como a última ocorrência irregular que originou os débitos em apuração data de 8/11/2005 (peça 1) e o ato que ordenou as citações somente ocorreu em 2/12/2015 (peças 61 e 72/74), a pretensão punitiva resta prescrita, não somente em relação à multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1991, mas também quanto à penalidade de inabilitação disposta no art. 60 do mesmo normativo.

12.Ainda seguindo a jurisprudência da Corte (Acórdãos Plenário 3.626/2013, 3.627/2013, 3.628/2013, 3.651/2013 e 53/2014), em face da extensão do prejuízo causado aos cofres do INSS e a fim de salvaguardar a recomposição ao erário dos recursos desviados, é oportuno solicitar à Advocacia-Geral da União, por intermédio do Ministério Público junto ao TCU, a adoção das medidas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis, nos termos do art. 61 da Lei 8.443, de 1992, e do art. 275 do Regimento Interno/TCU.

13.Também pertinente autorizar a cobrança judicial das dívidas, conforme previsto no art. 28, inciso II da Lei 8.443, de 1992, caso não atendidas as notificações, e determinar o encaminhamento de cópia da deliberação que vier a ser proferida ao INSS e à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, com fundamento no § 3º do art. 16 da Lei 8.443, de 1992.

14.Por fim relembro que, conforme visto no item 2 deste Voto, no âmbito desta Corte de Contas foram arrolados como responsáveis apenas o ex-servidor e dois segurados, por inexistirem provas convincentes de que os demais beneficiários agiram em conluio com o autor das fraudes.

15.Entretanto, no âmbito administrativo, caso haja constatação de que receberam benefícios indevidos (o que pode ocorrer independentemente de dolo ou culpa), tendo havido ou não a suspensão do pagamento, a decisão do Tribunal pela exclusão desses segurados da relação processual não impede a adoção de providências administrativas e/ou judiciais que a entidade prejudicada entender como cabíveis, com o objetivo de reaver aquilo que foi pago sem justa causa, ou seja, à míngua de fundamento jurídico.

Pelas razões expostas, VOTO no sentido de que seja adotado o acórdão que ora submeto à apreciação deste colegiado.

ACÓRDÃO Nº 129/2017 – TCU – Plenário 1. Processo nº TC 010.234/2014-4. 2. Grupo I – Classe IV: Tomada de Contas Especial. 3. Responsáveis: Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), Antônio Salustiano Barbalho

(CPF 246.486.047-68), Elemilton Pimentel Sampaio (CPF 031.391.517-21), Francisco José de Souza Ventura (falecido, CPF 113.730.247-04), Lili Vianna de Almeida (falecida, CPF 028.633.727-42), Manoel da Silva Muniz (CPF 075.918.627-82) e Roberto Ferreira (falecido, CPF 090.668.616-49).

4. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 5. Relator: Ministro Augusto Nardes. 6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ). 8. Representação legal: não há. 9. Acórdão:

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VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em decorrência

da concessão irregular de benefícios previdenciários, no âmbito da Gerência Executiva do INSS no Rio de Janeiro/RJ,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar revéis, para todos os efeitos, Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63) e os sucessores dos ex-segurados Francisco José de Souza Ventura (falecido) e Roberto Ferreira (falecido), dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443, de 1992;

9.2. excluir da relação processual os ex-segurados do INSS Antônio Salustiano Barbalho, Elemilton Pimentel Sampaio, Lili Vianna de Almeida (falecida) e Manoel da Silva Muniz;

9.3. julgar irregulares as contas de Luiz Carvalho Linhares, ex-servidor do INSS, e de Francisco José de Souza Ventura (falecido) e Roberto Ferreira (falecido), ex-segurados que se beneficiaram com a irregularidade, estes dois últimos na pessoa do espólio ou de seus herdeiros legais, caso tenha havido partilha de bens antes do deslinde deste processo, até o limite do valor do patrimônio transferido, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea "d", e § 2º da Lei 8.443, de 1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 202, § 6º, 209, inciso IV, e 210 e 214, inciso III do Regimento Interno do TCU, e condená-los, ao pagamento das quantias abaixo relacionadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a” do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora devidos, calculados a partir da correspondente data até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor:

9.3.1. Devedor: Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), em razão da concessão irregular de benefícios previdenciários aos seguintes segurados:

9.3.1.1. Antônio Salustiano Barbalho (CPF 246.486.047-68) Data do lançamento Valor original (R$)

8/5/1997 563,50 14/5/1997 563,50 12/6/1997 563,50 11/7/1997 590,04 13/8/1997 590,04 11/9/1997 590,04 13/10/1997 590,04 13/10/1997 2.232,02 13/11/1997 590,04 11/12/1997 590,04 11/12/1997 590,04 14/1/1998 590,04 12/2/1998 590,04 12/3/1998 590,04 15/4/1998 590,04 14/5/1998 590,04 12/6/1998 590,04 13/7/1998 618,42 13/8/1998 618,42 14/9/1998 618,42 14/10/1998 618,42 13/11/1998 618,42 11/12/1998 618,42 11/12/1998 618,42

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81 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

14/1/1999 618,42 11/2/1999 618,42 11/3/1999 618,42 15/4/1999 618,42 13/5/1999 618,42 14/6/1999 618,42 13/7/1999 646,92 12/8/1999 646,92 14/9/1999 646,92 14/10/1999 646,92 12/11/1999 646,92 13/12/1999 646,92 13/12/1999 646,92 13/1/2000 646,92 11/2/2000 646,92 15/3/2000 646,92 13/4/2000 646,92 12/5/2000 646,92 13/6/2000 646,92 13/7/2000 684,50 11/8/2000 684,50 14/9/2000 684,50 13/10/2000 684,50 16/11/2000 684,50 13/12/2000 684,50 13/12/2000 684,50 12/1/2001 684,50 13/2/2001 684,50 13/3/2001 684,50 12/4/2001 684,50 14/5/2001 684,50 13/6/2001 684,50 12/7/2001 736,93 13/8/2001 736,93 14/9/2001 736,93 6/10/2001 1.006,96 11/10/2001 736,93 16/11/2001 736,93 13/12/2001 736,93 13/12/2001 736,93 14/1/2002 736,93 15/2/2002 736,93 13/3/2002 736,93 11/4/2002 736,93 14/5/2002 736,93 13/6/2002 736,93 11/7/2002 804,72 13/8/2002 804,72

Page 82: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

82 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

12/9/2002 804,72 11/10/2002 804,72 13/11/2002 804,72 12/12/2002 804,72 12/12/2002 804,72 14/1/2003 804,72 13/2/2003 804,72 14/3/2003 804,72 11/4/2003 804,72 14/5/2003 804,72 12/6/2003 804,72 11/7/2003 963,33 13/8/2003 963,33 11/9/2003 963,33 13/10/2003 963,33 13/11/2003 963,33 11/12/2003 963,33 11/12/2003 963,33 14/1/2004 963,33 12/2/2004 963,33 11/3/2004 963,33 6/4/2004 963,33 6/5/2004 963,33 4/6/2004 1.006,96 6/7/2004 1.006,96 5/8/2004 1.006,96 6/9/2004 1.006,96 5/11/2004 1.006,96 5/11/2004 1.006,96

9.3.1.2. Elemilton Pimentel Sampaio (CPF 031.391.517-21) Data do lançamento Valor original (R$)

25/8/1997 1.885,49 25/8/1997 862,43 17/9/1997 862,43 20/10/1997 862,43 14/11/1997 862,43 16/12/1997 862,43 16/12/1997 862,43 14/1/1998 862,43 19/2/1998 862,43 11/3/1998 862,43 14/4/1998 862,43 13/5/1998 862,43 12/6/1998 862,43 10/7/1998 903,91 21/8/1998 903,91 16/9/1998 903,91 15/10/1998 903,91

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83 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

18/11/1998 903,91 18/12/1998 903,91 20/1/1999 903,91 11/2/1999 903,91 19/3/1999 903,91 28/6/1999 903,91 19/5/1999 903,91 14/6/1999 903,91 21/7/1999 945,58 11/8/1999 945,58 15/9/1999 945,58 13/10/1999 945,58 18/11/1999 945,58 14/12/1999 945,58 14/12/1999 945,58 12/1/2000 945,58 15/2/2000 945,58 22/3/2000 945,58 12/4/2000 945,58 11/5/2000 945,58 15/6/2000 945,58 14/7/2000 1.000,51 10/8/2000 1.000,51 14/9/2000 1.000,51 16/10/2000 1.000,51 17/11/2000 1.000,51 12/12/2000 1.000,51 12/12/2000 1.000,51 12/1/2001 1.000,51 13/2/2001 1.000,51 13/3/2001 1.000,51 17/4/2001 1.000,51 15/5/2001 1.000,51 13/6/2001 1.000,51 11/7/2001 1.077,14 10/8/2001 1.077,14 14/9/2001 1.077,14 11/10/2001 1.077,14 14/11/2001 1.077,14 14/12/2001 1.077,14 14/12/2001 1.077,14 17/1/2002 1.077,14 25/2/2002 1.077,14 14/3/2002 1.077,14 15/4/2002 1.077,14 14/5/2002 1.077,14 13/6/2002 1.077,14 15/7/2002 1.176,23

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84 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

19/8/2002 1.176,23 19/9/2002 1.176,23 15/10/2002 1.176,23 19/11/2002 1.176,23 19/12/2002 1.176,23 19/12/2002 1.176,23 16/1/2003 1.176,23 13/2/2003 1.176,23 21/3/2003 1.176,23 29/4/2003 1.176,23 13/5/2003 1.176,23 1/7/2003 1.176,23 10/7/2003 1.468,06 14/8/2003 1.408,06 12/9/2003 1.408,06 16/10/2003 1.408,06 19/11/2003 1.408,06 11/12/2003 1.408,06 11/12/2003 1.408,06 1212/2004 1.408,06 12/2/2004 1.408,06 19/3/2004 1.408,06 5/4/2004 1.408,06 5/5/2004 1.408,06 3/6/2004 1.471,84 5/7/2004 1.471,84 4/8/2004 1.471,84 3/9/2004 1.471,84 5/10/2004 1.471,84 4/11/2004 1.471,84 3/12/2004 1.471,84 3/12/2004 1.471,84 5/1/2005 1.471,84 3/2/2005 1.471,84 3/3/2005 1.471,84 5/4/2005 1.471,84 4/5/2005 1.471,84

9.3.1.3. Lili Vianna de Almeida (CPF 028.633.727-42) Data do lançamento Valor original (R$)

12/1/1996 738,00 12/1/1996 714,20 12/2/1996 714,20 11/3/1996 714,20 11/4/1996 714,20 10/5/1996 714,20 12/6/1996 778,19 17/7/1996 778,19 13/8/1996 778,19

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85 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

16/9/1996 778,19 15/10/1996 778,19 13/11/1996 778,19 13/12/1996 778,19 13/12/1996 778,19 14/1/1997 778,19 13/2/1997 778,19 11/3/1997 778,19 11/4/1997 778,19 12/5/1997 778,19 10/6/1997 778,19 9/7/1997 838,57 11/8/1997 838,57 10/9/1997 838,57 10/10/1997 838,57 11/11/1997 838,57 11/12/1997 838,57 11/12/1997 838,57 12/1/1998 838,57 12/2/1998 838,57 12/3/1998 838,57 14/4/1998 838,57 12/5/1998 838,57 9/6/1998 838,57 10/7/1998 878,90 12/8/1998 878,90 11/9/1998 878,90 13/10/1998 878,90 12/11/1998 878,90 9/12/1998 878,90 9/12/1998 878,90 12/1/1999 878,90 9/2/1999 878,90 9/3/1999 878,90 13/4/1999 878,90 11/5/1999 878,90 10/6/1999 878,90 9/7/1999 919,41 10/8/1999 919,41 10/9/1999 919,41 11/10/1999 919,41 10/11/1999 919,41 10/12/1999 919,41 10/12/1999 919,41 10/1/2000 919,41 10/2/2000 919,41 14/3/2000 919,41 11/4/2000 919,41

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86 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

10/5/2000 919,41 12/6/2000 919,41 11/7/2000 972,82 9/8/2000 972,82 12/9/2000 972,82 10/10/2000 972,82 10/11/2000 972,82 11/12/2000 972,82 13/12/2000 972,82 11/1/2001 972,82 9/2/2001 972,82 9/3/2001 972,82 12/4/2001 972,82 10/5/2001 972,82 11/6/2001 972,82 10/7/2001 1.047,33 9/8/2001 1.047,33 14/9/2001 1.047,33 9/10/2001 1.047,33 12/11/2001 1.047,33 11/12/2001 1.047,33 11/12/2001 1.047,33 10/1/2002 1.047,33 14/2/2002 1.047,33 12/3/2002 1.047,33 9/4/2002 1.047,33 30/4/2002 1.047,33 11/06/2002 1.047,33 10/7/2002 1.143,68 12/8/2002 1.143,68 10/9/2002 1.143,68 9/10/2002 1.143,68 11/11/2002 1.143,68 10/12/2002 1.143,68 10/12/2002 1.143,68 10/1/2003 1.143,68 11/2/2003 1.143,68 14/3/2003 1.143,68 9/4/2003 1.143,68 12/5/2003 1.143,68 10/6/2003 1.143,68 9/7/2003 1.369,09 11/8/2003 1.369,09 9/9/2003 1.369,09 9/10/2003 1.369,09 11/11/2003 1.369,09 9/12/2003 1.369,09 9/12/2003 1.369,09

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87 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

12/1/2004 1.369,09 9/3/2004 1.369,09 2/4/2004 1.369,09 4/5/2004 1.369,09 2/6/2004 1.431,10 2/7/2004 1.431,10 3/8/2004 1.431,10 2/9/2004 1.431,10 4/10/2004 1.431,10 3/11/2004 1.431,10

9.3.1.4. Manoel da Silva Muniz (CPF 075.918.627-82) Data do lançamento Valor original (R$)

16/9/1997 914,34 7/10/1997 914,34 7/11/1997 914,34 5/12/1997 914,34 5/12/1997 914,34 8/1/1998 914,34 6/2/1998 914,34 6/3/1998 914,34 7/4/1998 914,34 8/5/1998 914,34 5/6/1998 914,34 7/7/1998 958,31 10/8/1998 958,31 8/9/1998 958,31 7/10/1998 958,31 9/11/1998 958,31 7/12/1998 958,31 7/12/1998 958,31 8/1/1999 958,31 5/2/1999 958,31 5/3/1999 958,31 9/4/1999 958,31 7/5/1999 958,31 8/6/1999 958,31 7/7/1999 1.002,48 5/8/1999 958,31 6/8/1999 1.002,48 8/9/1999 1.002,48 7/10/1999 1.002,48 8/11/1999 1.002,48 7/12/1999 1.002,48 7/12/1999 1.002,48 7/1/2000 1.002,48 7/2/2000 1.002,48 9/3/2000 1.002,48 7/4/2000 1.002,48

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88 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

8/5/2000 1.002,48 7/6/2000 1.002,48 7/7/2000 1.060,72 7/8/2000 1.060,72 8/9/2000 1.060,72 6/10/2000 1.060,72 8/11/2000 1.060,72 7/12/2000 1.060,72 7/12/2000 1.141,97 8/1/2001 1.141,97 7/2/2001 1.141,97 7/3/2001 1.060,72 6/4/2001 1.060,72 8/5/2001 1.060,72 7/6/2001 1.060,72 6/7/2001 1.141,97 7/8/2001 1.141,97 10/9/2001 1.141,97 5/10/2001 1.141,97 8/11/2001 1.141,97 7/12/2001 1.141,97 7/12/2001 1.141,97 8/1/2002 1.141,97 7/2/2002 1.141,97 7/3/2002 1.141,97 5/4/2002 1.141,97 8/5/2002 1.141,97 7/6/2002 1.141,97 5/7/2002 1.247,03 7/8/2002 1.247,03 6/9/2002 1.247,03 7/16/2002 1.247,03 8/11/2002 1.247,03 10/12/2002 1.247,03 10/12/2002 1.247,03 8/1/2003 1.247,03 7/2/2003 1.247,03 10/3/2003 1.247,03 7/4/2003 1.247,03 9/5/2003 1.247,03 6/6/2003 1.247,03 7/7/2003 1.492,81 7/8/2003 1.492,81 5/9/2003 1.492,81 7/10/2003 1.492,81 7/11/2003 1.492,81 5/12/2003 1.492,81 5/12/2003 1.492,81

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89 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

8/1/2004 1.492,81 6/2/2004 1.492,81 5/3/2004 1.492,81 7/4/2004 1.492,81 7/5/2004 1.492,81 7/6/2004 1.560,43 7/7/2004 1.560,43 6/8/2004 1.560,43 8/9/2004 1.560,43 7/10/2004 1.560,43 8/11/2004 1.560,43 7/12/2004 1.686,85 7/12/2004 1.686,35 7/1/2005 1.686,85 9/2/2005 1.686,85 7/3/2005. 1.686,85 7/4/2005 1.686,85 6/5/2005 1.686,85 7/6/2005 1.793,51 7/7/2005 1.793,51 5/8/2005 1.793,51 8/9/2005 1.793,51 7/10/2005 1.793,51 8/11/2005 1.793,51

9.3.2. débitos do Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), solidariamente ao Sr. Francisco José de Souza Ventura (CPF 113.730.247-04), falecido, por meio de seus sucessores, referentes aos seguintes pagamentos efetuados ao segurado Francisco José de Souza Ventura (CPF 113.730.247-04)

Data do lançamento Valor original (R$) 25/2/1997 465,40 25/2/1997 1.349,66 25/2/1997 116,35 13/3/1997 465,40 10/4/1997 465,40 13/5/1997 465,40 11/6/1997 465,40 10/7/1997 487,32 12/8/1997 487,32 10/9/1997 487,32 10/10/1997 487,32 12/11/1997 487,32 10/12/1997 487,32 14/1/1998 487,32 11/2/1998 487,32 11/3/1998 487,32 14/4/1998 487,32 13/5/1998 487,32 12/6/1998 487,32 10/7/1998 510,76 12/8/1998 510,76

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11/9/1998 510,76 13/10/1998 510,76 16/11/1998 510,76 10/12/1998 510,76 10/12/1998 510,76 13/1/1999 510,76 10/2/1999 510,76 10/3/1999 510,76 14/4/1999 510,76 12/5/1999 510,76 14/6/1999 510,76 12/7/1999 534,30 11/8/1999 534,30 13/9/1999 534,30 13/10/1999 534,30 11/11/1999 534,30 10/12/1999 534,30 10/12/1999 534,30 12/1/2000 534,30 10/2/2000 534,30 15/3/2000 534,30 12/4/2000 534,30 11/5/2000 534,30 12/6/2000 534,30 12/7/2000 565,34 10/8/2000 565,34 13/9/2000 565,34 11/10/2000 565,34 13/11/2000 565,34 12/12/2000 565,34 12/12/2000 565,34 11/1/2001 565,34 13/2/2001 565,34 13/3/2001 565,34 11/4/2001 565,34 15/5/2001 565,34 13/6/2001 565,34

9.3.3. débitos do Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63), solidariamente ao Sr. Roberto Ferreira (CPF 090.668.616-49), falecido, por meio de seus sucessores, referentes aos seguintes pagamentos efetuados ao segurado Roberto Ferreira (CPF 090.668.616-49):

Data do lançamento Valor original (R$) 7/10/1997 1.844,73 7/10/1997 667,84 7/10/1997 667,84 5/11/1997 667,84 3/12/1997 667,84 3/12/1997 445,22 6/1/1998 667,84 4/2/1998 667,84

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4/3/1998 667,84 3/4/1998 667,84 6/5/1998 667,84 3/6/1998 667,84 3/7/1998 669,96 5/8/1998 669,96 3/9/1998 669,96 5/10/1998 669,96 5/11/1998 669,96 3/12/1998 669,96 3/12/1998 699,96 6/1/1999 669,96 3/2/1999 669,96 3/3/1999 669,96 7/4/1999 669,96 5/5/1999 669,96 4/6/1999 669,96 5/7/1999 732,22 4/8/1999 732,22 3/9/1999 732,22 5/10/1999 732,22 4/11/1999 732,22 3/12/1999 732,22 3/12/1999 732,22 5/1/2000 732,22 3/2/2000 732,22 3/3/2000 732,22 5/4/2000 732,22 4/5/2000 732,22 5/6/2000 732,22 5/7/2000 774,76 3/8/2000 774,76 5/9/2000 774,76 4/10/2000 774,76 6/11/2000 774,76 5/12/2000 774,76 5/12/2000 774,76 4/1/2001 774,76 5/2/2001 774,76 5/3/2001 774,76 4/4/2001 774,76 4/5/2001 774,76 5/6/2001 774,76 4/7/2001 834,10 15/8/2001 834,10 5/9/2001 834,10 3/10/2001 834,10 6/11/2001 834,10

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5/12/2001 834,10 5/12/2001 834,10 4/1/2002 834,10 5/2/2002 834,10 5/3/2002 834,10 3/4/2002 834,10 6/5/2002 834,10 5/6/2002 834,10 3/7/2002 910,83 5/8/2002 910,83 4/9/2002 910,83 3/10/2002 910,83 5/11/2002 910,83 4/12/2002 910,83 4/12/2002 910,83 6/1/2003 910,83 5/2/2003 910,83 6/3/2003 910,83 3/4/2003 910,83 6/5/2003 910,83 4/6/2003 910,83 3/7/2003 1.090,35 5/8/2003 1.090,35 3/9/2003 1.090,35 3/10/2003 1.090,35 5/11/2003 1.090,35 3/12/2003 1.090,35 3/12/2003 1.090,35 6/1/2004 1.090,35 4/2/2004 1.090,35 3/3/2004 1.090,35 5/4/2004 1.090,35 5/5/2004 1.090,35 3/6/2004 1.139,74 5/7/2004 1.139,74 4/8/2004 1.139,74 3/9/2004 1.135,74 5/10/2004 1.139,74 4/11/2004 1.139,74 3/12/2004 1.139,74 3/12/2004 1.191,04 5/1/2005 1.139,74 3/2/2005 1.139,74 3/3/2005 1.139,74 5/4/2005 1.191,04

9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, caso não atendidas as notificações;

9.5. solicitar à Advocacia-Geral da União, por intermédio do Ministério Público junto ao TCU, a adoção das medidas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis indicados no subitem 9.3, com base

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no art. 61 da Lei 8.443, de 1992, e no art. 275 do Regimento Interno do TCU, acaso não haja, dentro do prazo estabelecido, a comprovação do recolhimento das dívidas, devendo este Tribunal ser ouvido quanto à liberação dos bens arrestados e à sua restituição;

9.6. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro que a decisão contida no subitem 9.2 deste acórdão não impedirá a adoção de providências administrativas e/ou judiciais contra os beneficiários dos pagamentos previdenciários inquinados, com vistas à recuperação dos valores indevidamente pagos;

9.7. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0129-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. GRUPO II – CLASSE I – Plenário TC 015.716/2007-2 [Apensos: TC 010.701/2012-5, TC 010.700/2012-9, TC 010.699/2012-0, TC

010.698/2012-4, TC 010.597/2012-3]. Natureza: Recurso de Revisão em Tomada de Contas Especial. Órgão: Município de Palmital/PR. Responsáveis: Clério Benildo Back (142.137.539-72); Iguaçu Poços Artesianos Ltda.

(77.878.908/0001-27); Jose Sehnem (409.909.589-49); e Luiz Cezar Viana Pereira (635.234.429-15). Interessado: Município de Palmital/PR (75.680.025/0001-82). Recorrente: Clério Benildo Back (142.137.539-72). Representação legal: Gilberto Antônio Clazer de Almeida Junior (58467/OAB-PR), representando

Município de Palmital/PR e Clério Benildo Back. SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. INCRA. INEXECUÇAO DO

OBJETO PACTUADO. FRAUDE À LICITAÇÃO. DILIGÊNCIA. AUDIÊNCIA. CITAÇÃO. ACOLHIMENTO DE RAZÕES DE JUSTIFICATIVA DE UM RESPONSAVEL. REJEIÇAO DA DEFESA DOS DEMAIS RESPONSÁVEIS. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. INABILITAÇÃO PARA CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA. INIDONEIDADE DE EMPRESA LICITANTE. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. CONHECIMENTO. PROVIMENTO NEGADO. RECURSO DE REVISÃO. CONHECIMENTO. PROVIMENTO NEGADO.

RELATÓRIO Trata-se de Recurso de Revisão interposto pelo Sr. Clério Benildo Back (peças 75-78), ex-prefeito

do município de Palmital/PR, contra o Acórdão 574/2010 (peça 10, p. 9-10), mantido pelos Acórdãos 1.053/2011 (peça 11, p. 8-9) e 254/2012 (peça 27), todos do Plenário, no qual, em relação ao recorrente, o TCU julgou irregulares suas contas, condenou-o ao pagamento das quantias especificadas no subitem 9.2 da deliberação combatida, aplicou-lhe a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 e inabilitou-o pelo

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prazo de 5 (cinco) anos para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança na Administração Pública Federal, nos termos do art. 60 da mesma lei.

2.Na Secretaria de Recursos – Serur –, o auditor encarregado da instrução, com anuência de seus dirigentes, manifestou-se nos seguintes termos (peças 84-86), verbis:

“INTRODUÇÃO 1.Trata-se de recurso de revisão interposto por Clério Benildo Back (peças 75-78), ex-Prefeito do

Município de Palmital/PR, contra o Acórdão 574/2010 (peça 10, p. 9-10), mantido pelos Acórdãos 1.053/2011 (peça 11, p. 8-9) e 254/2012 (peça 27), todos do Plenário, com o seguinte teor:

9.1. acolher as razões de justificativa do Sr. Luiz Cezar Viana Pereira, excluindo-o da presente relação processual;

9.2. julgar irregulares, com fundamento nos arts. 1º, inciso I e 16, inciso III, alínea ‘c’, 19, caput, e 23, inciso III, da Lei nº 8.443, de 1 de julho de 1992, as presentes contas, condenando o Sr. Clério Benildo Back, e/ou a empresa Iguaçu Poços Artesianos Ltda., ao pagamento das importâncias abaixo discriminadas, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem perante o Tribunal o recolhimento da dívida aos cofres do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora, a partir das datas especificadas, até a data do efetivo pagamento, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno;

9.2.1. responsável individual: Sr. Clério Benildo Back. Valor - R$ Data

48,00 22/12/2003 342,81 2/8/2004

9.2.2. responsáveis solidários: Sr. Clério Benildo Back e empresa Iguaçu Poços Artesianos Ltda. 9.3. aplicar, individualmente, ao Sr. Clério

Benildo Back e à empresa Iguaçu Poços Artesianos Ltda. a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443, de 1992, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 23, inciso III, alínea ‘a’, da mesma lei, atualizada monetariamente, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.4. aplicar ao Sr. José Sehnem a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443, de 1992, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 23, inciso III, alínea ‘a’, da mesma lei, atualizada monetariamente, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 1992;

9.6. declarar, com fundamento no art. 46 da Lei nº 8.443, de 1992, a inidoneidade da empresa Iguaçu Poços Artesianos Ltda. para participar, por 5 (cinco) anos, de licitação na Administração Pública Federal;

9.7. considerar, por maioria absoluta, grave a infração cometida pelos Srs. Clério Benildo Back e José Sehnem e inabilitá-los para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança na Administração Pública Federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos, nos termos do art. 60 da Lei n° 8.443, de 1992;

9.8. remeter cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e da Proposta de Deliberação que o fundamenta, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e à Controladoria-Geral da União – CGU para que promova as medidas necessárias ao impedimento para licitar e à inabilitação, previstas nos itens 9.6 e 9.7 deste Acórdão;

9.9. remeter cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e da Proposta de Deliberação que o fundamenta, à Procuradoria da República no Estado do Paraná, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443, de 1992.

Valor - R$ Data 49.952,00 11/5/2004

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HISTÓRICO 2.Trata-se, originariamente, de tomada de contas especial – TCE, instaurada pelo Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra, em decorrência do não-cumprimento do objeto do Convênio CRT/PR 19.000/2003, celebrado com o Município de Palmital/PR, objetivando a implantação de dois poços artesianos e rede de distribuição nos Projetos de Assentamento Nova Aliança e Barra Grande naquela municipalidade, tendo sido transferida a importância de R$ 50.000,00.

2.1.Além do descumprimento do objeto do contrato, a unidade técnica apontou outras irregularidades em desfavor dos responsáveis, as quais podem ser resumidas, nos seguintes termos:

a) homologação da licitação na modalidade Convite - Edital n. 10/2004, com preços não compatíveis com aqueles previamente elaborados pela prefeitura, para a perfuração de poços nos assentamentos;

b) participação no Convite n. 10/2004 das empresas: Hidropel - Hidrogeologia e Perfurações Ltda., Hidroingá Poços Artesianos Ltda. e Iguaçu Poços Artesianos Ltda., tendo sido apresentadas propostas de preços idênticas;

c) declaração das empresas Hidroingá e Hidropel a este Tribunal, de que não participaram da mencionada licitação;

c) elaboração do Edital de Licitação n. 10/2004 na mesma data da confecção de diversos documentos, a exemplo da minuta do instrumento convocatório da licitação, dentre outros; e

d) apresentação de documentação de habilitação das empresas participantes do certame emitidos simultaneamente para todos os licitantes.

2.2.Após oitiva das partes e análise das alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas, o Tribunal, por meio do Acórdão 574/2010 – Plenário (peça 10, p. 9-10), transcrito acima, acolheu as razões de justificativa de Luiz Cezar Viana Pereira, julgou irregulares as contas do ora recorrente e da pessoa jurídica Iguaçu Poços Artesianos Ltda., imputando-lhes débito e declarando a empresa inidônea para contratar com a Administração Pública Federal por cinco anos. A Corte, também, no mesmo julgado, aplicou multa a Clério Benildo Back e José Sehnem e inabilitou-os para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança na Administração Pública Federal pelo prazo de cinco anos.

2.3.Insatisfeitos, a empresa Iguaçu Poços Artesianos Ltda., Clério Benildo Back e José Sehnem interpuseram recursos de reconsideração (peças 18-21), aos quais o Tribunal, por meio do Acórdão 1053/2011 – Plenário (peça 1, p. 8-9), negou provimento e proferiu determinação, na forma transcrita abaixo:

9.1. com fundamento nos arts. 32, inciso I e 33, ambos da Lei 8.443/92, conhecer os Recursos de Reconsideração interpostos pela sociedade empresária Iguaçu Poços Artesianos Ltda. (CNPJ 77.878.908/0001-27) e pelos Srs. Clério Benildo Back (CPF 142.137.539-72) e José Sehnem (CPF 409.909.589-49), em face do Acórdão nº 574/2010 – TCU – Plenário, para, no mérito, negar-lhes provimento;

9.2. determinar a manutenção no sistema SICAF dos efeitos da declaração de inidoneidade da sociedade empresária Iguaçu Poços Artesianos Ltda (CNPJ 77.878.908/0001-27) para participar de licitações, em decorrência do não provimento do Recurso por ela interposto; e

9.3. dar conhecimento deste acórdão, encaminhando cópia do respectivo relatório e voto, aos Recorrentes, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, à Controladoria-Geral da União – CGU e à Procuradoria da República no Estado do Paraná.

2.4.Ainda descontentes, Iguaçu Poços Artesianos e Clério Benildo Back apresentaram embargos de declaração ao julgado transcrito acima, apontando inconsistências e requerendo efeitos infringentes ou o saneamento da deliberação (peças 22-23). O Tribunal, por meio do Acórdão 254/2012 – Plenário (peça 27), não conheceu o pedido do ora recorrente e negou provimento ao recurso da empresa Iguaçu Poços Artesianos, na forma transcrita abaixo:

9.1. não conhecer os Embargos de Declaração opostos pelo Sr. Clério Benildo Back (CPF 142.137.539-72), em face do Acórdão nº 1.053/2011 - TCU – Plenário, porquanto intempestivo;

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96 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.2. com fundamento no art. 32, inciso II, da Lei 8.443/92, conhecer os Embargos de Declaração

opostos pela sociedade empresária Iguaçu Poços Artesianos (CNPJ 77.878.908/0001-27), em face do Acórdão nº 1.053/2011- TCU – Plenário para, no mérito, negar-lhe provimento; e

9.3. dar ciência aos recorrentes acerca da presente deliberação, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam.

2.5.Novamente irresignado, Clério Benildo Back interpôs o presente recurso de revisão (peças 75-78), requerendo (peça 76, p. 6):

a) que seja recebido o presente recurso de revisão, com o devido processamento, nos termos do artigo 288 do Regimento Interno do Egrégio Tribunal de Contas da União, por se apresentar tempestivo e fundamentado;

b) que seja dado provimento integral ao presente recurso, a fim de revisar os Acórdãos n. 574/2010 e 1053/2011, considerando os novos documentos acostados e a ausência de fundamentação das decisões hostilizadas, consequentemente, aprovando as contas do convênio n. CRT/PR 19000/03, com ressalvas, retirando as condenações do recorrente Clério Benildo Back; então que ‘revistas, das obras;

c) Outrossim, se o entendimento for diverso, as penalidades impostas ao recorrente sejam levando-se em conta a execução quase que integral das obras conveniadas;

d) a produção de todas as provas admitidas pela legislação e por esta Colenda Corte. ADMISSIBILIDADE 3.Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (peças 80-81), ratificado pelo Exmo. Sr.

Ministro-Relator, na peça 83, que concluiu pelo conhecimento do recurso, sem efeito suspensivo, eis que preenchidos os requisitos processuais aplicáveis à espécie.

MÉRITO 4.Delimitação 4.1.Constituem objetos do recurso as seguintes questões: a) Se os poços artesianos objetos do Convite 10/2004 do Município de Palmital/PR foram

executados com os recursos federais repassados no bojo do Convênio CRT/PR 19.000/2003 (peças 75, p. 1-10 e 16; 76-78); e

b) Se os agentes públicos foram coniventes com eventuais fraudes nos procedimentos licitatórios para contratação da perfuração dos poços artesianos objetos do Convite 10/2004 realizado pelo Município de Palmital/PR (peças 75, p. 10-16; e 78).

5.Poços artesianos objetos do Convite 10/2004 do Município de Palmital/PR e execução com os recursos federais repassados (peças 75, p. 1-10 e 16; 76-78)

5.1.O recorrente afirma que os poços artesianos objetos do Convite n 10/2004 do Município de Palmital/PR foram executados com os recursos do Convênio n. CRT/PR 19.000/2003, tendo em vista os seguintes argumentos:

a) A presente TCE em face de Clério Benildo Back, prefeito de Palmital de 2001/2004, analisou a licitação na modalidade convite, autuada sob o número 10/2004, ocorrida naquela municipalidade, destinada à perfuração e instalação de dois poços artesianos em localidades rurais (peça 75, p. 2-3);

b) Após a assinatura do Convênio CRT/PR 19.000/2003, o Município de Palmital, embasado na Portaria 0001/2004, nomeou a comissão para processar e presidir a licitação para contratação de empresa destinada a executar os trabalhos de perfuração e instalação da rede água dos poços artesianos citados, tendo culminado no Convite 10/2004 (peça 75, p. 3);

c) Em 18/3/2004, dia da licitação, as empresas Hidropel – Hidrogeologia e Perfurações Ltda., Hidroingá Poços Artesianos Ltda. e Iguaçu Poços Artesianos enviaram propostas via postal, para a sessão de julgamento;

d) Segundo a comissão de licitação, os envelopes foram abertos e a documentação vistoriada, inclusive contratos sociais, sendo todos os licitantes habilitados para participarem do processo. A Iguaçu Poços Artesianos foi declarada vencedora do certame, por ter obtido a melhor proposta e, após, foi encerrada a sessão de julgamento (peça 75, p. 3);

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97 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

e) Após citação do recorrente e da empresa Iguaçu para recolherem o débito ou apresentarem

defesa, a sociedade empresária alegou não ordenar despesas públicos, estando adstrita ao termo contratual, em que se exigia a perfuração de dois poços artesianos. Entretanto, o Tribunal, por meio do Acórdão 574/2010, mantido pelos Acórdãos 1.053/2011 e 254/2012, todos do Plenário, não acolheu os argumentos apresentados e condenou a pessoa jurídica e Clério Benildo Back, na forma descrita no histórico desta instrução (peça 75, p. 3-5);

f) O julgado merece ser rescindido por conta da coleta de novas provas e em razão das inconformidades com a situação de fato. O Acórdão 574/2010 – Plenário foi prolatado tendo por base informações não verdadeiras e fatos distorcidos, que serão esclarecidos nesta assentada, com os novos elementos trazidos aos autos, o que ensejará a rescisão da decisão atacada (peça 75, p. 5);

g) O principal fundamento da decisão guerreada se refere à inexecução do convênio com o Incra, relativo à instalação de dois poços artesianos nos assentamentos de Nova Aliança e Barra Grande (peça 75, p. 5-6);

h) Conforme as novas provas trazidas ao recurso, é notório que a execução da obra se deu de forma integral ou, pelo menos, quase em sua totalidade, no período de vigência do ajuste. Isso se comprova com os laudos em anexo ao recurso, os quais demonstram que os poços artesianos foram instalados de acordo com os preços de mercado da época e que estão em perfeito funcionamento, de acordo com fotos presentes no pedido (peças 75, p. 6-7; e 77, p. 3-16);

i) Outro fato é a declaração de testemunhas que atestaram, sob compromisso legal, a situação dos poços artesianos em pleno funcionamento à época da vigência do convênio com o Incra (peças 75, p. 7; e 77, p. 1);

j) Deve-se reconhecer que a irregularidade apontada nos autos sobre a não conclusão das obras não deve prevalecer, tanto que, na própria TCE, existem provas do cumprimento do objeto. Pode-se exemplificar com trecho do relatório do tomador, o qual atesta que, no período de 4/10/2004 a 8/10/2004, a comissão esteve no município e constatou a perfuração e a colocação de moto bomba nos assentamentos de Barra Grande e Nova Aliança, com resultado produtivo (peça 75, p. 7);

k) Os laudos atestam não apenas o preço de mercado da época e a conclusão das obras no mesmo sentido das provas contidas na TCE;

l) As declarações dos moradores da região, juntadas ao recurso, confirmando o real funcionamento dos poços desde a época dos fatos, no final de 2004, revalidam a realização da obra. Trata-se de agricultores que usufruíram e usufruem dos poços mencionados (peça 75, p. 7-8);

m) Tendo em vista a realização das obras por valores de mercado, nota-se ter havido erros de informação e equívocos, além da manipulação de fatos com conotação política, como se comprovou com os laudos emitidos para atestar a existência e funcionalidade dos poços e a declaração de testemunhas (peça 75, p. 8);

n) As obras foram concluídas à época pelo gestor, o que foi atestado pelos técnicos do Tribunal e pelo gestor seguinte. Esse fato se comprova até mesmo pela empresa executora dos poços, que admitiu ter retirado, após a conclusão, peças dos poços artesianos para impossibilitar o uso, como se nota em trecho do relatório da deliberação recorrida (peça 75, p. 8);

o) É notório que, até o final do mandato eletivo do requerente, as obras de ambos os poços estavam concluídas, fato comprovado já com os documentos juntados aos autos;

p) Até mesmo o prefeito sucessor admitiu a conclusão da obra, tendo culpado a empresa executora pela retirada dos equipamentos que permitiam a utilização dos poços, conforme consta do relatório de fiscalização de obras datado de 13/4/2005, com trecho transcrito no recurso. Nesse documento, o engenheiro civil vinculado ao Incra/PR relata conversa com o gestor à época, na qual ele admitiu que a empresa retirou equipamentos e que iria tomar as devidas providências (peça 75, p. 9);

q) As provas contidas nos autos apresentadas acima demonstram a conclusão das obras e a devida destinação dos recursos no final de 2004. Os relatórios que atestam a não conclusão do objeto foram confeccionados no exercício de 2005, na gestão do rival político do autor e após a empresa haver retirado os materiais essenciais ao uso, fato incontroverso (peça 75, p. 9);

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98 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

r) Questiona-se como pode o convenente alegar não ter havido a aplicação dos recursos

repassados e exigir a devolução integral, sendo que o próprio órgão atestou a conclusão das obras e vistoriou-as, percebendo a perfuração e a instalação dos equipamentos. Pergunta-se como condenar os gestores à época ao ressarcimento de todo o montante, se os poços foram concluídos, sendo que a empresa furtou equipamentos, deixando o objeto inutilizado (peça 75, p. 9);

s) A resposta aos questionamentos decorre do fato de o Incra/PR e o Tribunal terem sido induzidos a erro, sendo que a presente demanda demonstra a verdadeira versão dos fatos, tanto em relação à real execução das obras, ao procedimento licitatório e à planilha de execução. Deve-se reconhecer a lisura na execução do convênio em epígrafe (peça 75, p. 9-10);

t) As provas da concretude das obras podem ser elencadas, em ordem cronológica, por laudos e fotos atuais, por relatório constante de fls. 157 dos autos principais, declarações por instrumentos públicos de moradores beneficiados, confissão da empresa contratada sobre o furto dos equipamentos, com inutilização dos poços; e o reconhecimento da Administração sucessora sobre a conclusão das obras e o ajuizamento de medida judicial contra a Iguaçu. Diante disso, não se pode falar em não conclusão do objeto, impondo-se o afastamento da deliberação recorrida (peça 75, p. 10);

u) Outro ponto atacado no acórdão se refere à não execução da planilha objeto do convênio, na qual constava a perfuração de dois poços, com as respectivas edificações de alvenaria de proteção e de rede de distribuição, sendo de R$ 50.000,00 o valor integral da obra. De acordo com a deliberação recorrida, o acordo não havia sido cumprido, pois a rede de distribuição não fora executada, devendo a parte ser condenada à devolução integral dos recursos (peça 75, p. 16);

v) Ocorre que a planilha fora cumprida em sua integralidade, conforme demonstram os laudos, as fotos e as declarações de moradores beneficiados, além dos fatos já apontados;

w) A planilha do convênio previa sistema de abastecimento de água, poço profundo, tratamento da Casa ‘H’, reservatório elevado, rede distribuição e ligações domiciliares nos dois assentamentos, com valores específicos (peças 75, p. 16; e 76, p. 1);

x) Como já argumentado, os valores que foram gastos são muito superiores aos previstos no convênio, em razão da necessidade de perfuração do poço da Barra Grande ultrapassar os 165 metros, muito além do que previa o convênio, de 120 metros (peça 76, p. 1);

y) O autor busca demonstrar que a planilha do convênio foi integralmente cumprida, mesmo que com a utilização de recursos próprios do Governo Municipal, em razão dos acréscimos. O que importa é a conclusão do projeto, caso contrário, os poços não estariam em perfeito funcionamento como se encontram desde a época dos fatos até os dias de hoje;

z) Como demonstram as fotos e os laudos, os poços foram perfurados, as bombas instaladas e os reservatórios edificados, não tendo sido concluídas, talvez, as ligações domiciliares. Questiona-se o porquê de o autor ter sido condenado pela integralidade do convênio, com multas embasadas no valor total do repasse. A resposta a essa indagação está no fato de que, no momento da condenação, os julgadores foram induzidos a erro, não atentando para a conclusão mesmo parcial das obras, cumprindo-se a finalidade primordial, que é o fornecimento de água, com grande utilidade aos moradores das localidades (peça 76, p. 1);

aa) Outro fato que reforça a totalidade da construção dos poços são as planilhas de serviços elaboradas pelo departamento técnico da municipalidade, nas quais consta a descrição detalhada de cada pagamento feito ao prestador de serviço, como comprovado às folhas 40/45 dos autos originários;

ab) A execução da planilha era acompanhada pelos fiscais do Incra, os quais atestaram diversas vezes a iminência de conclusão da obra, como se nota em trechos dos relatórios de fiscalização às fls. 100 e 111 (peça 76, p. 1-2);

ac) A planilha foi cumprida, fato inegável, como demonstrado nas fotografias, o que pode ser verificado in loco. Somente por esse fundamento, o acórdão recorrido já deveria ser revisado, pois se baseou nos valores integrais do convênio para dosar as sanções ao autor. Questiona-se, também, não ter havido enriquecimento ilícito, improbidade administrativa ou dano ao erário, pois o objeto foi realizado,

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ainda que tenha custado contrapartida, em razão de a perfuração se dar muito acima do previsto, como demonstrado no relatório de obras do Incra às folhas 112 dos autos originários (peça 76, p. 2);

ad) Os relatórios apresentados para a TCE foram realizados após a posse do adversário do autor, o qual certamente praticou todos os atos para que os poços parecessem não concluídos, de modo a prejudicar o inimigo;

ae) Assim, a deliberação recorrida merece revisão, pois levou em conta diversos relatórios do Incra que requisitavam a devolução integral dos valores, quando, na verdade, deveria citar as quantias gastas e o funcionamento dos poços, o que induziu os julgadores a erro e lesou o direito do autor (peça 76, p. 2-3);

af) Os itens 9.2 do Acórdão 574/2010 e 9.1 do Acórdão 1.053/2011, ambos do Plenário, transcritos no pedido, merecem reforma, de modo a aprovar as contas com ressalvas, haja vista o alcance da finalidade do ajuste, mesmo que com percalços; além de reverter as condenações imputadas ao recorrente, por não haver ato doloso, dano ao erário ou enriquecimento ilícito (peça 76, p. 3-5);

ag) De acordo com os incisos II e III do artigo 288 do Regimento Interno desta Corte, admite-se recurso de revisão, com fundamento no fato de que as decisões questionadas tenham se baseado em insuficiência de provas ou com superveniência de documentos novos, ambas as hipóteses encontradas no presente caso (peça 76, p. 5);

ah) Como demonstrado acima, os julgadores foram induzidos a erro, pois todos os relatórios do Incra apresentavam a iminência da conclusão das obras, tendo alegado não atingimento da finalidade do ajuste, fato desmentido pelas provas elencadas pelo recorrente;

ai) O recorrente, também, junta documentos novos, como depoimentos ainda não levados ao conhecimento da Corte, quando da prolação do acórdão combatido; e novos laudos atestando o funcionamento dos poços artesianos e a correspondência do valor empregado na construção com os preços de mercado à época (peça 76, p. 5-6);

aj) Com os fundamentos acima, o recorrente tem certeza do devido processamento do recurso de revisão, com a abertura do processo, análise e o reexame de todos os elementos constantes nos autos, como prevê o §4º do artigo 288 do Regimento Interno do TCU (peça 76, p. 6).

Análise 5.2.Os argumentos do recorrente não merecem prosperar. De acordo com pacífica jurisprudência

do Tribunal de Contas da União – TCU, o não atingimento dos objetivos do convênio importa a condenação do responsável à devolução integral dos recursos federais transferidos, ainda que parte dos recursos repassados tenha sido aplicada no objeto do ajuste (Acórdão 4.712/2015 – Primeira Câmara).

5.3.Como se verifica nos memoriais descritivos das obras, elaborados por gestores do Município de Palmital/PR em conjunto com técnicos especializados, a exemplo de geólogos, previa-se a perfuração de poços profundos nos assentamentos de Barra Grande e Nova Aliança, com construção e instalação de reservatório elevado, de modo a possibilitar a distribuição de água a diferentes áreas daquela localidade (peças 1, p. 28-53; e 2, p. 1-3). Os projetos previam, ainda, construção de casa em forma ‘H’, para abrigar equipamentos de tratamento da água retirada do poço.

5.4.Após o tratamento da água, os projetos previam a construção de rede de distribuição, interligando o poço profundo até a Casa ‘H’ e, posteriormente, ao reservatório elevado. Desse local, as tubulações interligariam os pontos de abastecimento das famílias beneficiadas.

5.5.Igualmente, após a realização dessa etapa, previa-se a execução de obras de ligações domiciliares, interligando a rede de distribuição até a residência beneficiada, com previsão de instalação, inclusive, de registro e hidrômetro.

5.6.Assim, não se tratava de simples perfuração de poços, mas sim de Sistema de Abastecimento, cuja finalidade primordial seria levar água do poço até a torneira na casa dos assentados. Os projetos foram elaborados e detalhados por engenheira civil com registro do CREA, com auxílio de outros técnicos e, após estudos, previram os seguintes custos de implantação:

Tabela I: Custos do Convênio CRT/PR 19.000/2003 SISTEMA DE ASSENTAMENTO (VALORES EM REAIS)

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ABASTECIMENTO ITENS BARRA GRANDE NOVA ALIANÇA Total Poço profundo 9.975,00 11.000,00 20.975,00

Tratamento - Casa ‘H’ 2.412,00 2.412,00 4.824,00 Reservatório elevado 6.000,00 6.000,00 12.000,00 Rede de distribuição 6.613,00 4.028,25 10.641,25

Ligações domiciliares 0,00 1.559,75 1.559,75 Total 25.000,00 25.000,00 50.000,00

Fonte: peça 1, p. 20 5.7.Depois de declarar não ter condições de executar diretamente as obras (peça 2, p. 4), o

Município de Palmital/PR realizou o Convite n. 10/2004, procedimento licitatório que se destinava apenas à perfuração dos poços e com preço sugerido de R$ 50.000,00 (peça 2, p. 8-10).

5.8.Ao contrário do que afirma o recorrente, não foi o incremento dos serviços de perfuração até 165 metros que aumentou o custo dessa parcela da obra para R$ 50.000,00, como colocado na peça recursal. Já constava no edital de licitação o novo valor (peça 2, p. 11).

5.9.Portanto, o próprio Município, com a chancela do ora recorrente (peça 2, p. 16), mais do que duplicou o montante destinado ao gasto com perfuração dos poços, inicialmente orçado em R$ 20.975,00, preço enviado ao Incra e utilizado como fundamento para assinatura do convênio e liberação dos recursos.

5.10.Com isso, após procedimento licitatório com indícios convergentes de fraude, como se discutirá no próximo tópico, a empresa Iguaçu Poços Artesianos Ltda. se sagrou vencedora ao oferecer proposta de R$ 49.952,00 apenas para perfuração dos poços (peça 2, p. 18 e 20). Logo, o ora recorrente autorizou o pagamento da quase totalidade dos valores federais transferidos para a execução de item isolado do objeto do convênio.

5.11.Ademais, em que pese, de fato, os técnicos do Incra tenham atestado o avanço nos serviços de perfuração dos poços (peça 3, p. 7 e 10), não há conclusão da entidade pelo término do objeto, diferentemente do que afirma o recorrente. Ao contrário. Os fiscais sempre alertavam o município sobre a necessidade de realização da totalidade do pactuado.

5.12.Nessa linha, não há prova contundente sobre a conclusão da totalidade do ‘Sistema de Abastecimento de Água’ acordado com o Incra. É importante lembrar que o objeto do convênio envolvia bem mais do que a perfuração dos poços, devendo o convenente implantar estrutura para tratar a água e leva-la até a casa dos beneficiados.

5.13.Além disso, mesmo quanto à perfuração dos poços, restou demonstrado que, ao final do período de prestação de contas, o item se encontrava imprestável à utilização dos beneficiários. Além da não conclusão do acordado, a empresa houvera retirado equipamentos do local, de modo a inutilizar o objeto do contrato com a prefeitura municipal.

5.14.Em outubro de 2004, o Incra esteve no local e constatou a ausência de diversos serviços necessários à colocação dos poços artesianos em operação (peça 3, p. 10). Depois disso, em razão de discussões entre a empresa contratada e o Município, outros equipamentos foram retirados da obra, inviabilizando ainda mais o uso (peça 3, p. 12-13).

5.15.O relatório final de fiscalização do Incra nos assentamentos que seriam beneficiados pelo convênio afirmou categoricamente não terem sido concluídas as obras sequer de perfuração e colocação dos poços em operação (peça 1, p. 19-27), diferentemente do alegado na peça recursal.

5.16.A pedido da Comissão Permanente da TCE no Incra, equipe formada por engenheiro, fiscal de cadastro e tributação e técnico em contabilidade, realizou, em 30/8/2005, portanto muito tempo após o fim da vigência sucessivamente prorrogada do ajuste, em 15/1/2015 (peça 4, p. 6), vistoria para sanear todas as dúvidas relacionadas às fiscalizações anteriores, avaliar as obras e quantificar o exato percentual de realização do pactuado.

5.17.Os técnicos constataram que haviam sido concluídos serviços correspondentes a apenas R$ 12.871,70 dos R$ 50.000,00 repassados ao município. Esse montante decorreu de despesas parciais na

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execução dos poços artesianos e no reservatório do assentamento de Barra Grande. Todos os demais itens previstos inicialmente no plano de trabalho do ajuste não foram executados, conforme a análise (peça 1, p. 19-27).

5.18.Em percentual de execução tão baixo e de tal sorte distante do objetivo previsto no ajuste de dar acesso aos habitantes da localidade à água tratada oriunda de Sistema de Abastecimento, não há que se falar em conclusão parcial do objeto e redução do valor devido. Assim, mostra-se correto o débito imputado às partes, pelo valor integral empregado nas obras.

5.19.De outro lado, as provas juntadas pelo recorrente não demonstram que o Sistema de Abastecimento de Água foi concluído integralmente, sobretudo pelo fato de que o único certame realizado pela prefeitura, como já destacado neste tópico, destinou-se apenas à perfuração dos poços, com valor correspondente à quase totalidade dos recursos previstos para o convênio. A empresa contratada não trabalharia gratuitamente na conclusão dos demais itens do objeto do ajuste.

5.20.O recorrente não traz qualquer prova documental da construção das casas de tratamento da água, do reservatório elevado, das redes de distribuição e das ligações domiciliares pendentes, seja na forma de execução direta pela própria prefeitura ou pela contratação de terceiros. Esses elementos não se constituiriam de prova impossível, pois, por certo, estariam registrados em boletins de medição, documentos de licitações, ordens de serviço, dentre outros.

5.21.Além disso, mesmo que a parte tivesse juntado elementos nesse sentido no recurso, com datas distanciadas da vigência do ajuste, seria dificultoso ao Tribunal estabelecer o nexo de causalidade entre os recursos transferidos ao município em 2004 e as despesas eventualmente comprovadas. O próprio recorrente afirma terem sido utilizadas receitas próprias municipais.

5.22.Do mesmo modo, é pacífico nesta Corte jurisprudência no sentido de que fotos e declarações possuem restrito valor probatório, não constituindo, por si só, prova suficiente do estabelecimento de vínculo entre a execução do objeto e os recursos transferidos com a finalidade específica (Acórdão 1.624/2008 – Segunda Câmara). Na espécie, os registros juntados pela parte datam de julho de 2014, quase dez anos após o fim da vigência do convênio (peças 75, p. 6-7; e 76-78).

5.23.Por fim, a modificação nos custos de perfuração dos poços artesianos defendida pelo recorrente, a qual mais do que duplicou o valor inicial do projeto, não tem explicação razoável. Os laudos trazidos aos autos (peça 76, p. 7-9), sequer apresentam as referências ou fontes de informação das quais foram extraídos os preços apresentados nos documentos como corretos para o ano de 2004.

5.24.Além disso, de qualquer sorte, conforme o artigo 15 da Instrução Normativa/STN 01/1997, vigente à época, eventual alteração nos custos integrantes do plano de trabalho do ajuste exigiria consulta e autorização do concedente, o que não ocorreu na espécie.

5.25.Assim, diante do não atingimento dos fins do convênio e tendo em vista contingente robusto de irregularidades na execução do ajuste, com alterações indevidas nos custos inicialmente indicados e indícios veementes de fraudes no procedimento licitatório realizado, como se discutirá no próximo tópico, mostra-se dificultoso afastar a responsabilidade do signatário da avença e ordenador de despesa no município.

6.Fraudes nos procedimentos licitatórios para contratação da perfuração dos poços artesianos objetos do Convite 10/2004 realizado pelo Município de Palmital/PR e conivência dos agentes públicos (peças 75, p. 10-16; e 78)

6.1.O recorrente afirma não ter havido participação dele em eventual irregularidade no Convite 10/2004 realizado pelo Município de Palmital/PR para contratação de empresa para perfurar os poços profundos previstos no convênio ora em debate, impondo-se a revisão do julgado também neste ponto, tendo em vista os seguintes argumentos:

a) As irregularidades apontadas no procedimento licitatório, resumidas no tópico 2.1 desta instrução, foram objeto de item específico nas audiências do ora recorrente, de José Sehnem, Presidente da Comissão de Licitação do Município; Luiz Cezar Viana Pereira, Assessor Jurídico; e da empresa Iguaçu Poços Artesianos Ltda. Esses fatos, segundo o acórdão recorrido, apontam para a existência de conluio entre os licitantes, portanto, fraude à licitação (peça 75, p. 10-13);

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102 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

b) Como relatado no acórdão recorrido, três empresas participaram do certame, Hidroingá,

Hidropel e Iguaçu Poços Artesianos. A deliberação em debate aduz ter havido montagem do procedimento licitatório, simulando a disputa, em favor da empresa Iguaçu (peça 75, p. 14);

c) Na montagem do certame, teria havido expedição de certidões negativas simultaneamente, propostas similares e, posteriormente, declaração das empresas derrotadas na disputa de que não compareceram ao Município de Palmital/PR, para a competição;

d) Os Ministros desta Corte foram induzidos a erro pelas declarações das proponentes Hidroingá e Hidropel de que não estavam presentes ao certame. É fácil alegar inocência, diante da possibilidade de punição. Foi o que ocorreu com as duas empresas citadas. Elas tentaram se eximir de eventual culpa, negando a participação no procedimento licitatório e o conluio, fantasiando até mesmo modelos de propostas, os quais são facilmente adulterados (peça 75, p. 14);

e) Com receio de que investigações ou possíveis sanções recaíssem sobre elas, as empresas derrotadas na disputa negaram qualquer envolvimento. Os indícios de conluio são evidentes. Elas estavam em acordo para dar a vitória do certame à Iguaçu Poços Artesianos;

f) Essa alegação se comprova por dois motivos. Primeiro, as declarações dos integrantes da Comissão de Licitação à época, realizada em instrumento público, de que as três proponentes compareceram à disputa. Os declarantes não dariam depoimento nesse sentido em cartório, se o comparecimento não fosse verdade, sob pena de responderem em Juízo por falsa declaração (peças 75, p. 14; e 78);

g) Anexo a este recurso está o decreto de nomeação da Comissão de Licitação, formada pelos servidores: José Sehnem, Noemi de Lima Moreira, Celso Martins Santiago, José Sidinei da Silva Dutra e Danilo Giovani Aguiar Bonassoli. Todos declararam que, na data do certame, em 18/3/2004, as empresas Hidroingá, Hidropel e Iguaçu enviaram via postal as propostas de preços para a referida sessão, sagrando-se vencedora a última pessoa jurídica citada, por conta da melhor oferta. Declaram, também, que os envelopes foram abertos e a documentação vistoriada, sendo que todos os licitantes foram habilitados, dando-se por encerrado o julgamento (peças 75, p. 14-15; e 78);

h) Eventual conluio ocorreu apenas entre as três empresas, pois os documentos das licitantes eram inacessíveis aos agentes públicos até o momento da abertura da sessão (peça 75, p. 15);

i) Outra demonstração de que as empresas, ao negarem a participação delas, estão faltando com a verdade é a evidência dos contratos sociais de ambas, reconhecidos por tabeliães das comarcas das licitantes, documentos exclusivos de cada uma, como se pode comprovar às fls. 17/21 e 63/71 do processo licitatório (peças 75, p. 15; e 8, p. 14-21 e 24-33);

j) Os agentes políticos em nada concorreram para o conluio das empresas mencionadas e as declarações juntadas aos autos, de que elas não tinham conhecimento do certame, são falsas. O Ministério Público de Contas reconheceu que o recorrente e os demais servidores são isentos de responsabilidade por fraude à licitação, pois o conluio se deu apenas entre as empresas (peça 75, p. 15);

k) Todo o conjunto probatório juntado ao recurso demonstra não ter havido ato ímprobo na licitação n. 10/2004, pelo menos em relação ao ora recorrente. Houve conluio entre as empresas e, ao final, quando descoberto, elas tentaram ludibriar a Administração Pública, colocando a culpa no gestor, razão pela qual deve ser revista a deliberação combatida (peça 75, p. 16).

Análise 6.2.Não assiste razão ao recorrente. É pacífico nesta Corte que a existência de indícios variados

que convirjam no sentido de evidenciar ação combinada entre empresas e gestores públicos com o objetivo de frustrar certames licitatórios constituem prova suficiente para ensejar a punição dos envolvidos (Acórdão 1.732/2015 – Plenário).

6.3.Nesse sentido, acerca do Convite 10/2004 realizado pelo Município de Palmital/PR e vencido pela empresa Iguaçu Poços Artesianos Ltda., há vários e convergentes indícios que evidenciam o conluio entre as empresas e os responsáveis. Nessa linha, cabe transcrever esses eventos, na forma colocada no relatório da deliberação recorrida:

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103 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

‘...apresentar razões de justificativa acerca dos fortes indícios de simulação do processo licitatório

na modalidade Convite nº 10/2004, de 6/3/2004, para a construção de poços artesianos, nos assentamentos de Barra Grande e Nova Aliança, no Município de Palmital/PR, com o intuito de beneficiar a empresa Iguaçu Poços Artesianos Ltda., vencedora do certame, representando violação aos princípios da isonomia, da competitividade, da moralidade, da impessoalidade e da probidade administrativa insculpidos no art. 3° da Lei nº 8.666/1993, quais sejam:

a) participação na licitação acima mencionada das empresas: Hidropel - Hidrogeologia e Perfurações Ltda., Hidroingá Poços Artesianos Ltda. e Iguaçu Poços Artesianos Ltda., tendo sido apresentadas propostas de preços idênticas (fls. 126/129, 122/124 e 135/137 – anexo 2), inclusive em relação aos preços unitários, exceto quanto a dois itens cotados a menor pela empresa Iguaçu (R$ 20,00 e R$ 4,00), o que, para empresas situadas em cidades distintas (Curitiba, Maringá e Cascavel/PR), configura claro indício de conluio ou montagem do processo;

b) declaração da empresa Hidroingá a este Tribunal, por meio do expediente de fls. 305/306 (anexo), de que: não participou da mencionada licitação; não reconhece a assinatura aposta nos formulários de proposta de preços (constantes da licitação) como sendo de algum funcionário da empresa; não utiliza o tipo de formulário relativo à proposta de preços constante da licitação em epígrafe. Destaque-se que a empresa encaminhou cópia de formulário utilizado à época, enfatizando serem diferentes daqueles constantes do certame (cópia em anexo);

c) declaração da empresa Hidropel a este Tribunal, por meio do expediente de fl. 312 (anexo), de que não existe documento que demonstre a sua participação no Convite nº 10/2004; não reconhecer como sendo de funcionários do quadro da empresa a assinatura aposta no formulário de proposta de preços constante da licitação em epígrafe; e, não tem arquivada proposta pertinente ao convite em questão;

d) elaboração do Edital de Licitação nº 10/2004 em 6/3/2004, mesma data da autorização pelo ex-prefeito, Sr. Clério Benildo Back, da confecção da minuta do instrumento convocatório da licitação, do contrato e da indicação de recursos orçamentários (ofício nº 10 - fl. 33 – anexo 2); mesma data do expediente do Departamento de Contabilidade da Prefeitura de Palmital, informando a existência de recursos orçamentários (fl. 34 – anexo 2); mesma data do expediente do presidente da Comissão para o Departamento Jurídico encaminhando minuta do Edital de Licitação (fl. 43 – anexo 2); e, mesma data do Parecer Jurídico autorizando a realização do procedimento licitatório (fl. 35 – anexo 2);

e) apresentação de documentação de habilitação das empresas participantes do certame (inscrição e situação cadastral – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica; Certidão Negativa de Débito de Tributos Estaduais; Certidão de Regularidade do FGTS – CRF; e, Certidão Negativa de Débitos de Tributos e Contribuições Federais) emitidos simultaneamente para todos os licitantes (mesmo dia e praticamente mesmo horário), conforme discriminado a seguir, sabendo-se que na Ata da Licitação, de 16/3/2004, há registro de que os envelopes contendo tanto os documentos de habilitação como proposta de preços, encontravam-se lacrados, circunstância que leva à conclusão de que se tratou de montagem do certame’.

6.4.Assim, as três licitantes convidadas, empresas Hidropel - Hidrogeologia e Perfurações Ltda., Hidroingá Poços Artesianos Ltda. e Iguaçu Poços Artesianos Ltda., apresentaram propostas de preços idênticas, com exceção de diferenças de R$ 20,00 e R$ 4,00 nos itens ‘anuência prévia e outorga do poço’ e ‘bomba submersa 3HP 220V mono’, respectivamente (peça 15, p. 22-24, 26-29 e 35-37). Os valores foram novamente conferidos nesta instrução.

6.5.Destaque-se que a empresa Hidroingá tem sede em Maringá/PR, a Hidropel é de Curitiba/PR e a Iguaçu está localizada em Cascavel/PR, portanto, distantes centenas de quilômetros uma da outra. De fato, como colocado na deliberação recorrida, não é razoável a identidade de valores totais e até mesmo unitários constatada no certame.

6.6.Além disso, praticamente todos os documentos do certame possuem a mesma data, 6/3/2004. Primeiramente, o ora recorrente autoriza a confecção da minuta do instrumento convocatório do certame, do contrato e da indicação de recursos orçamentários (peça 13, p. 35). No mesmo dia, o Departamento de Contabilidade da Prefeitura de Palmital informa a existência de recursos

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104 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

orçamentários (peça 13, p. 36) e há o encaminhamento pelo Presidente da Comissão de Licitação para o Departamento Jurídico da minuta do Edital de Licitação n. 10/2004 já assinada por ele (peça 13, p. 38-45). Também em seis de março, prolatou-se Parecer Jurídico autorizando a realização do procedimento licitatório (peça 13, p. 37).

6.7.Não obstante a tão sonhada celeridade na atuação dos órgãos públicos no Brasil, a confecção de tantos instrumentos que exigem trabalho intelectual, como parecer jurídico e minuta, com a aposição da mesma data em todos os documentos causa estranheza. Destaque-se que, mesmo eventual alegação de colocação do dia posteriormente, com a documentação já pronta, não se sustenta, tendo em vista o necessário trâmite processual entre as diversas autoridades.

6.8.Igualmente, os técnicos constataram que a documentação de habilitação das empresas participantes do certame (inscrição e situação cadastral – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica; Certidão Negativa de Débito de Tributos Estaduais; Certidão de Regularidade do FGTS – CRF; e Certidão Negativa de Débitos de Tributos e Contribuições Federais) foram emitidos no mesmo dia, em 16/3/2004, para todos os licitantes, com intervalos até mesmo de segundos. Ressalte-se que, conforme o edital, os envelopes vinculados a essa fase estariam lacrados (peça 13, p. 38).

6.9.A unidade técnica elaborou tabelas em que detalha os momentos de impressão dos documentos de habilitação das três empresas convidadas, peças replicadas abaixo, com atualização das páginas eletrônicas:

e.1 - Cadastral – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica Empresa Data Hora Ref. Hidroingá Poços Artesianos Ltda. 16/3/200

4 11h52m52s

peça 13, p. 49

Iguaçu Poços Artesianos Ltda. 16/3/2004

11h51m49s

peça 14, p. 28

Hidropel – Hidrogeologia e Perfurações Ltda.

16/3/2004

11h52m30d

peça 15, p. 7

e.2 - Certidão Negativa de Débito de Tributos Estaduais (emitida eletronicamente): Empresa Data Hora Ref. Hidroingá Poços Artesianos Ltda. 16/3/200

4 11h17m49s

peça 14, p. 6

Iguaçu Poços Artesianos Ltda. 16/3/2004

11h10m54s

peça 14, p. 30

Hidropel – Hidrogeologia e Perfurações Ltda.

- - -

e.3 - Certidão de Regularidade do FGTS – CRF, fornecida pela caixa Econômica Federal: Empresa Data Hora Fls. Hidroingá Poços Artesianos Ltda. 16/3/200

4 11h11 peça 14, p. 9

Iguaçu Poços Artesianos Ltda. 16/3/2004

11h08 peça 14, p. 33

Hidropel – Hidrogeologia e Perfurações Ltda.

16/3/2004

11h10 peça 15, p. 13

e.4 - Certidão Negativa de Débitos de Tributos e Contribuições Federais: Empresa Data Hora Fls. Hidroingá Poços Artesianos Ltda. 16/3/200

4 11h17m23s

peça 14, p. 5

Iguaçu Poços Artesianos Ltda. - - - Hidropel – Hidrogeologia e Perfurações Ltda.

16/3/2004

11h05m12s

peça 15, p. 8

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105 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

6.10.Assim, entre as 11 e 12 horas do dia 16/3/2004, as três empresas supostamente teriam

extraído dos diversos sistemas praticamente toda a documentação exigida pelo Município de Palmital/PR para habilitação no Convite 10/2004, o que não se mostra razoável.

6.11.Não há dúvida de que, diante de tantas informações convergentes, seria exigível do gestor médio, desde a Comissão de Licitação até a homologação do certame, questionar o possível conluio e interromper o procedimento licitatório.

6.12.Em razão disso, as declarações dos integrantes da Comissão de Licitação, um deles também condenado no acórdão recorrido e já com trânsito em julgado, não convencem, diante da variedade e convergência dos indícios, mesmo que realizadas por instrumento público em cartório. Eventuais responsabilizações penais poderão ser aventadas pelo Ministério Público Federal, para quem será encaminhada a deliberação a ser proferida por esta Corte.

6.13.Note-se que, até o momento, nesta análise, não foi necessária sequer a menção às declarações das empresas Hidroingá e Hidropel de que não participaram do Convite 10/2004. A identidade das propostas de licitantes com sedes tão distantes, a presença da mesma data em praticamente todos os documentos de autorização do certame e a extração das certidões para habilitação na disputa extraídas simultaneamente pelos participantes já permitem a conclusão pelo conluio e deveriam ter sido observadas pelos responsáveis.

6.14.As declarações das empresas constituem apenas um elemento a mais na conjuntura apresentada e se apresentam, também, como indício relevante do conluio da empresa Iguaçu com agentes públicos na Prefeitura de Palmital/PR, quando avaliadas em conjunto com as demais provas.

6.15.Também integra esse contexto a não explicada alteração nos custos de perfuração dos poços artesianos no Convite 10/2004, mais do que duplicando o valor previsto inicialmente e apresentado ao Incra, já discutida no tópico anterior, a qual teve autorização expressa do ora recorrente e do Presidente da Comissão de Licitação (peça 2, p. 8-16).

6.16.De outro lado, mesmo que se pudesse discutir a inclusão das empresas derrotadas no certame no conluio para dar a vitória à Iguaçu, questionando-se, por exemplo, as autenticações de documentos originais das pessoas jurídicas, como requer o recorrente, conclusão nesse sentido não afastaria a responsabilidade dos agentes públicos envolvidos.

6.17.Está correto o Relator a quo ao afirmar, no voto condutor do Acórdão 574/2010 – Plenário, não ser possível a materialização da fraude demonstrada nos presentes autos sem a participação de gestores municipais, ainda que por omissão:

17.Dessa forma, observo que há nos autos robustas evidências de que na realização do Convite nº 10/2004 tenha havido direcionamento de licitação, em desacordo com os princípios norteadores da administração pública, e com especial afronta à Lei Geral de Licitações, o deve ensejar não só a declaração da inidoneidade da empresa Iguaçu Poços Artesianos Ltda. para participar de licitações na administração pública federal, mas também a inabilitação para o exercício de cargo e função na esfera federal dos Srs. Clério Benildo Back e José Sehnem, a teor dos arts. 46 e 60 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.

18.Fundamento meu juízo na constatação de que a fraude à licitação, no corrente caso, somente ocorreu porque teve a participação dos mencionados agentes, pois sem a conduta irregular dos encarregados pelo certame seria difícil a perpetração do mencionado ilícito.

6.18.Assim, tendo em vista os indícios vários, robustos e convergentes, não se pode afastar a responsabilidade pessoal do ora recorrente, signatário do convênio em epígrafe e ordenador de despesa que homologou a disputa, diferentemente do posicionamento do parquet especializado.

CONCLUSÃO 7.Das análises anteriores, conclui-se que: a) O não atingimento dos objetivos do convênio importa a condenação do responsável à devolução

integral dos recursos federais transferidos, ainda que parte dos recursos repassados tenha sido aplicada no objeto do ajuste;

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106 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

b) Fotos e declarações possuem restrito valor probatório, não constituindo, por si só, prova

suficiente do estabelecimento de vínculo entre a execução do objeto e os recursos transferidos com a finalidade específica; e

c) A existência de indícios variados que convirjam no sentido de evidenciar ação combinada entre empresas e gestores públicos com o objetivo de frustrar certames licitatórios constituem prova suficiente para ensejar a punição dos envolvidos.

7.1.Assim, os argumentos apresentados pelo recorrente na presente peça recursal e os elementos de prova juntados aos autos não afastam as irregularidades a ele atribuídas, mantendo-se incólume o julgado recorrido.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 8.Diante do exposto, com fundamento nos artigos 32, inciso III; e 35, inciso I, da Lei 8.443/1992,

submetem-se os autos à consideração superior, com posterior encaminhamento ao Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União e ao Gabinete do Relator, propondo:

a)conhecer do recurso interposto e, no mérito, negar-lhe provimento; b)comunicar a deliberação que vier a ser proferida por esta Corte ao recorrente, ao Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão, ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle e à Procuradoria da República no Estado do Paraná, para as medidas que entender cabíveis.” (grifos no original).

3.O representante do Ministério Público junto ao TCU considerou ausentes os requisitos para admissão do recurso de revisão interposto pelo Sr. Clério Benildo Back, razão pela qual opinou pelo não conhecimento da peça recursal em análise, nos termos do parecer de peça 87, a seguir transcrito.

“Em exame, recurso de revisão lavrado pelo Sr. Clério Benildo Back, ex-prefeito de Palmital/PR, interposto contra o Acórdão nº 574/2010-Plenário (peça 10, p. 9/10), por meio do qual o responsável teve suas contas relativas ao Convênio CRT/PR nº 19.000/2003 julgadas irregulares, tendo sido condenado à reparação de débito e ao pagamento de multa no valor de R$ 10.000,00, além de inabilitado para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança na Administração Pública Federal por cinco anos.

2.O referido convênio teve por objeto a instalação de sistema de abastecimento de água encanada nos assentamentos de Barra Grande e Nova Aliança, englobando a perfuração de dois poços, tratamento de água, armazenagem em reservatório elevado e distribuição mediante ligações domiciliares. Não obstante, apurou-se que o gestor em epígrafe consumiu a totalidade dos recursos do convênio com a contratação de empresa para perfuração dos poços, em processo licitatório com nítidas evidências de fraude.

3.A deliberação impugnada foi mantida pelos Acórdãos nºs 1053/2011-Plenário (peça 11, p. 8/9) e 254/2012-Plenário (peça 27), que negaram seguimento a recurso de reconsideração (peças 18/21) e embargos de declaração (peças 22/23), respectivamente.

4.A título de novos elementos (art. 288, inciso III, do Regimento Interno do TCU), o recorrente apresenta imagens fotográficas extraídas em julho de 2014 (peça 75, p. 6/7, e peça 76, p. 7/9), escritura pública contendo declarações do Sr. Jurandir dos Santos Sampaio, lavrada em julho de 2015, laudo produzido em outubro de 2014 (peça 77, p. 16).

5.Assemelhando-se à ação rescisória no âmbito cível, o recurso de revisão funda-se em ‘documentos novos com eficácia sobre a prova produzida’. Analogamente, o Código de Processo Civil de 1973, em seu art. 485, inciso VII, enunciava esse requisito como ‘documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso’. Já o novel Código de Processo Civil exige ‘prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso’.

6.Mutatis mutandi, leciona José Carlos Barbosa Moreira que: ‘Por ‘documento novo’ não se deve entender aqui o constituído posteriomente. O adjetivo ‘novo’

expressa o fato de só agora ser ele utilizado, não a ocasião em que veio a formar-se. Ao contrário: em princípio, para admitir-se a rescisória, é preciso que o documento já existisse ao tempo do processo em que se proferiu a sentença. (...) Fosse qual fosse o motivo da impossibilidade de utilização [à época do

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processo], é necessário que haja sido estranho à vontade da parte’ (Comentários ao Código de Processo Civil. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, p. 136/137 - grifei).

7.Com base nas considerações acima, e com as vênias devidas à diligente unidade especializada, concluo faltarem os requisitos para admissão do recurso de revisão em análise, razão pela qual este representante do Ministério Público atuante junto ao Tribunal de Contas da União opina por que o recurso de peças 75/78 não seja conhecido por esta Corte.” (grifos no original).

É o Relatório. VOTO Trata-se de recurso de revisão interposto pelo Sr. Clério Benildo Back, ex-prefeito do município de

Palmital/PR, contra o Acórdão 574/2010-TCU-Plenário, Relator Ministro André Luís de Carvalho (peça 10, p. 9-10), que, em relação ao recorrente, julgou suas contas irregulares, condenou-o ao pagamento das quantias especificadas no subitem 9.2 da deliberação combatida, aplicou-lhe a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 e inabilitou-o pelo prazo de 5 (cinco) anos para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança na Administração Pública Federal, em decorrência da não comprovação da regular aplicação dos recursos públicos federais repassados ao referido município.

2.Em resumo, o recorrente foi responsabilizado porque não conseguiu demonstrar a execução integral e regular do Convênio CRT/PR 19.000/2003, celebrado em 16/12/2003 entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra e o município de Palmital/PR, que teve por objeto o repasse de recursos financeiros federais, no montante de R$ 50.000,00, destinados à instalação de sistema de abastecimento de água encanada nos assentamentos de Barra Grande e Nova Aliança localizados no citado município paranaense, englobando a perfuração de dois poços, tratamento de água, armazenagem em reservatório elevado e distribuição mediante ligações domiciliares.

3.A deliberação atacada foi confirmada pelo Acórdão 1.053/2011-TCU-Plenário, Relator Ministro Raimundo Carreiro (peça 11, p. 8-9), o qual conheceu dos Recursos de Reconsideração interpostos pelos então recorrentes, Sr. Clério Benildo Back e sociedade empresária Iguaçu Poços Artesianos, para, no mérito, negar- lhes provimento.

4.Contra essa última decisão, esses mesmos recorrentes opuseram embargos de declaração, os quais foram, respectivamente, não conhecido por ser intempestivo e conhecido e rejeitado, conforme Acórdão 254/2012-TCU-Plenário, Relator Ministro Raimundo Carreiro (peça 27).

5.No tocante à análise de admissibilidade do presente recurso de revisão, ratifico meu entendimento preliminar (peça 83) no sentido de que merece ser conhecido porque preenche os requisitos aplicáveis à espécie, sem a atribuição de efeitos suspensivos, por falta de amparo legal.

6.Quanto ao mérito (peça 84), a especializada analisou os argumentos apresentados pelo recorrente, conforme itens 4 a 6 da instrução transcrita no relatório precedente, e concluiu que:

“a) O não atingimento dos objetivos do convênio importa a condenação do responsável à devolução integral dos recursos federais transferidos, ainda que parte dos recursos repassados tenha sido aplicada no objeto do ajuste;

b) Fotos e declarações possuem restrito valor probatório, não constituindo, por si só, prova suficiente do estabelecimento de vínculo entre a execução do objeto e os recursos transferidos com a finalidade específica; e

c) A existência de indícios variados que convirjam no sentido de evidenciar ação combinada entre empresas e gestores públicos com o objetivo de frustrar certames licitatórios constituem prova suficiente para ensejar a punição dos envolvidos”.

7.Diante disso, a Serur entendeu que os argumentos apresentados pelo Sr. Clério Benildo Back e os elementos de prova juntados aos autos não afastam as irregularidades a ele atribuídas, mantendo-se intacto o julgado recorrido. Assim, propõe essa unidade especializada o conhecimento do recurso de revisão em análise e, no mérito, a negativa do provimento.

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8.No parecer de peça 87, da lavra do Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin, o Ministério Público

junto ao TCU concluiu que faltam os requisitos para admissão do recurso de revisão de peças 75/78, razão pela qual opinou pelo não conhecimento desse recurso.

9.Transcrevo a seguir o trecho do parecer do Parquet junto ao TCU, in verbis, que consolidou a argumentação que subsidiou sua proposta de não conhecimento por esta Corte de Contas da peça recursal em análise:

“4.A título de novos elementos (art. 288, inciso III, do Regimento Interno do TCU), o recorrente apresenta imagens fotográficas extraídas em julho de 2014 (peça 75, p. 6/7, e peça 76, p. 7/9), escritura pública contendo declarações do Sr. Jurandir dos Santos Sampaio, lavrada em julho de 2015, laudo produzido em outubro de 2014 (peça 77, p. 16).

5.Assemelhando-se à ação rescisória no âmbito cível, o recurso de revisão funda-se em ‘documentos novos com eficácia sobre a prova produzida’. Analogamente, o Código de Processo Civil de 1973, em seu art. 485, inciso VII, enunciava esse requisito como ‘documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso’. Já o novel Código de Processo Civil exige ‘prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso’.

6.Mutatis mutandi, leciona José Carlos Barbosa Moreira que: ‘Por ‘documento novo’ não se deve entender aqui o constituído posteriomente. O adjetivo ‘novo’

expressa o fato de só agora ser ele utilizado, não a ocasião em que veio a formar-se. Ao contrário: em princípio, para admitir-se a rescisória, é preciso que o documento já existisse ao tempo do processo em que se proferiu a sentença. (...) Fosse qual fosse o motivo da impossibilidade de utilização [à época do processo], é necessário que haja sido estranho à vontade da parte’ (Comentários ao Código de Processo Civil. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, p. 136/137 - grifei)”.

10.Feito esse breve histórico, com as devidas vênias ao posicionamento defendido pelo Parquet junto ao Tribunal, registro, de pronto, que não tenho reparos a fazer ao exame de mérito apresentado pela unidade técnica especializada – Serur –, e, ainda, que adiro integralmente as suas análises e conclusões, as quais incorporo como minhas razões de decidir na fase processual que ora é submetida à consideração do Plenário desta Corte.

11.A despeito da abrangência e da exatidão da análise empreendida pela Serur, a qual tornaria desnecessária a apresentação de novas considerações, julgo oportuno ressaltar alguns pontos relativos à matéria em apreciação, o que faço na sequência.

12.Inicialmente, registro que resultado de pesquisa na “Jurisprudência Selecionada” do Tribunal do termo “documento novo” mostra vários enunciados, inclusive de minha autoria, que ampliam o sentido deste termo, em especial os a seguir relacionados:

“Deve ser considerado documento novo com eficácia sobre a prova produzida, para fins de manuseio de recurso de revisão, aquele ainda não examinado no processo, independente da data de sua constituição. (Acórdão 2.874/2010 – Plenário, Relator: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO)

Em recurso de revisão, para que se caracterize a superveniência de documentos novos basta que esses documentos não tenham sido conhecidos pelo Tribunal à época da prolação da decisão recorrida, não importando se foram produzidos antes ou depois de tal decisão. (Acórdão 1.377/2010 – Plenário, Relator: Ministro AUGUSTO NARDES)

Documento novo para fim de manejo de recurso de revisão é aquele ainda não examinado no processo. (Acórdão 2.003/2011 – Plenário, Relator: Ministro AUGUSTO NARDES)

Para fins de admissibilidade de recurso de revisão, considera-se documento novo todo aquele ainda não examinado no processo. (Acórdão 2.135/2015 – Plenário, Relator: Ministro BENJAMIN ZYMLER)

Novos documentos fiscais e parecer técnico elaborado pelo órgão competente, juntados aos autos após o julgamento pela irregularidade das contas, constituem novos elementos com eficácia sobre a prova produzida, suficientes para ensejar o conhecimento do recurso de revisão previsto no art. 35, inciso III, da Lei 8.443/1992. (Acórdão 1.611/2015 – Plenário, Relator: Ministro AUGUSTO NARDES)

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Para que o recurso de revisão seja conhecido é necessário que os novos documentos apresentados

possuam, em tese, a possibilidade de alterar o juízo a respeito dos fatos que ensejaram as condenações, entendendo-se por documento novo aquele ainda não examinado no processo. (Acórdão 3.146/2011 – Plenário, Relator: Ministro RAIMUNDO CARREIRO)”.

13.Quanto aos documentos juntados aos autos no presente recurso de revisão, em especial as fotos e as declarações, entendo, em linha com a Serur, que a jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que tais documentos possuem restrito valor probatório, não constituindo, por si só, prova suficiente do estabelecimento de vínculo entre a execução do objeto e os recursos transferidos com a finalidade específica (Acórdão 1.624/2008 – Segunda Câmara, Relator: RAIMUNDO CARREIRO). Na espécie, os registros juntados pelo recorrente datam dos anos de 2014 e 2015, cerca de dez anos após o fim da vigência do convênio (peças 75, p. 6-7; 76, p. 7-9; e 77-78).

14.Nesse mesmo sentido os seguintes enunciados de acórdãos do Tribunal: “As declarações de terceiros provam tão-somente a existência da declaração, mas não o fato

declarado, competindo ao interessado demonstrar a veracidade do alegado. (Acórdão 2.455/2013 – Plenário, Relator: Ministro JOSÉ JORGE)

Declarações de terceiros, fotos e informações sobre a regularização da obra não são elementos que permitem a identificação da origem dos recursos aplicados nem o necessário nexo causal entre as despesas realizadas e os recursos federais transferidos pelo convênio, ainda que se prestem a comprovar a realização do objeto. (Acórdão 8.938/2015 - Segunda Câmara, Relator: Ministro-subsituto ANDRÉ DE CARVALHO)

Declarações de terceiros, isoladamente, não são suficientes para comprovar a regular aplicação dos recursos federais transferidos por meio de convênio, possuem baixa força probatória e provam somente a existência da declaração, mas não o fato declarado, competindo ao interessado demonstrar a veracidade do alegado. (Acórdão 5.407/2016 - Segunda Câmara, Relator: Ministro RAIMUNDO CARREIRO)

A apresentação de fotografias e declarações, desacompanhadas de provas mais consistentes, é insuficiente para comprovar a regularidade da aplicação dos recursos públicos transferidos por meio de convênio, porque, embora possam, eventualmente, demonstrar a realização do objeto, não revelam, efetivamente, a origem dos recursos aplicados. (Acórdão 3.882/2014 - Segunda Câmara, Relator: Ministro ANA ARRAES)”.

15.Além desses entendimentos, a jurisprudência desta Corte de Contas tem sido no sentido de que documento novo sem força probatória que justifique a alteração do julgamento proferido não enseja provimento a recurso de revisão (vide Acórdão 654/2009 – Plenário, Relator: VALMIR CAMPELO).

16.No tocante à primeira questão objeto do recurso – “Se os poços artesianos objetos do Convite 10/2004 do Município de Palmital/PR foram executados com os recursos federais repassados no bojo do Convênio CRT/PR 19.000/2003” –, entendo que os documentos acostados aos autos e os argumentos apresentados pelo recorrente Clério Benildo Back não são suficientes para alterar o juízo a respeito dos fatos que ensejaram sua condenação.

17.De fato, não há prova contundente sobre a conclusão da totalidade do objeto do convênio acordado com o Incra – “Instalação de sistema de abastecimento de água encanada nos assentamentos de Barra Grande e Nova Aliança localizados no município de Palmital/PR” –, que envolvia bem mais do que a perfuração dos poços. Oportuno destacar que o recorrente não traz qualquer prova documental da construção das casas de tratamento da água, do reservatório elevado, das redes de distribuição e das ligações domiciliares pendentes, seja na forma de execução direta pela própria prefeitura ou pela contratação de terceiros.

18.Quanto à segunda questão – “Se os agentes públicos foram coniventes com eventuais fraudes nos procedimentos licitatórios para contratação da perfuração dos poços artesianos objetos do Convite 10/2004 realizado pelo Município de Palmital/PR” –, embora o recorrente apresente argumentos no sentido de não ter havido participação dele em eventual irregularidade no citado convite, os elementos

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constantes dos autos mostram não ser possível a materialização da fraude demonstrada nestes autos sem a participação de gestores municipais, ainda que por omissão.

19.Conforme relatado nos subitens 6.3 a 6.17 da instrução reproduzida no relatório precedente, vários, robustos e convergentes, indícios evidenciam o conluio entre as empresas e os responsáveis. Passo a transcrever tais evidências constantes do relatório:

a) participação na licitação acima mencionada das empresas: Hidropel - Hidrogeologia e Perfurações Ltda., Hidroingá Poços Artesianos Ltda. e Iguaçu Poços Artesianos Ltda., tendo sido apresentadas propostas de preços idênticas), inclusive em relação aos preços unitários, exceto quanto a dois itens cotados a menor pela empresa Iguaçu (R$ 20,00 e R$ 4,00), o que, para empresas situadas em cidades distintas (Curitiba, Maringá e Cascavel/PR), configura claro indício de conluio ou montagem do processo;

b) declaração da empresa Hidroingá a este Tribunal, por meio do expediente de que: não participou da mencionada licitação; não reconhece a assinatura aposta nos formulários de proposta de preços (constantes da licitação) como sendo de algum funcionário da empresa; não utiliza o tipo de formulário relativo à proposta de preços constante da licitação em epígrafe. Destaque-se que a empresa encaminhou cópia de formulário utilizado à época, enfatizando serem diferentes daqueles constantes do certame;

c) declaração da empresa Hidropel a este Tribunal, por meio do expediente, de que não existe documento que demonstre a sua participação no Convite nº 10/2004; não reconhecer como sendo de funcionários do quadro da empresa a assinatura aposta no formulário de proposta de preços constante da licitação em epígrafe; e, não tem arquivada proposta pertinente ao convite em questão;

d) elaboração do Edital de Licitação nº 10/2004 em 6/3/2004, mesma data da autorização pelo ex-prefeito, Sr. Clério Benildo Back, da confecção da minuta do instrumento convocatório da licitação, do contrato e da indicação de recursos orçamentários; mesma data do expediente do Departamento de Contabilidade da Prefeitura de Palmital, informando a existência de recursos orçamentários; mesma data do expediente do presidente da Comissão para o Departamento Jurídico encaminhando minuta do Edital de Licitação; e, mesma data do Parecer Jurídico autorizando a realização do procedimento licitatório;

e) apresentação de documentação de habilitação das empresas participantes do certame (inscrição e situação cadastral – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica; Certidão Negativa de Débito de Tributos Estaduais; Certidão de Regularidade do FGTS – CRF; e, Certidão Negativa de Débitos de Tributos e Contribuições Federais) emitidos simultaneamente para todos os licitantes (mesmo dia e praticamente mesmo horário), conforme discriminado a seguir, sabendo-se que na Ata da Licitação, de 16/3/2004, há registro de que os envelopes contendo tanto os documentos de habilitação como proposta de preços, encontravam-se lacrados, circunstância que leva à conclusão de que se tratou de montagem do certame’.

20. Ademais, conforme mencionado no relatório, praticamente todos os documentos do certame

possuem a mesma data, 6/3/2004. Primeiramente, o ora recorrente autoriza a confecção da minuta do instrumento convocatório do certame, do contrato e da indicação de recursos orçamentários. No mesmo dia, o Departamento de Contabilidade da Prefeitura de Palmital informa a existência de recursos orçamentários e há o encaminhamento pelo Presidente da Comissão de Licitação para o Departamento Jurídico da minuta do Edital de Licitação n. 10/2004 já assinada por ele. Também em seis de março, prolatou-se Parecer Jurídico autorizando a realização do procedimento licitatório

21. Desse modo, considerando esses indícios, não se pode afastar a responsabilidade pessoal do recorrente Clério Benildo Back, signatário do convênio em epígrafe (peça 1, p. 4-13) e ordenador de despesa que homologou o procedimento licitatório Convite 10/2004 (peça 2, p.20) e, também, adjudicou o objeto licitado à empresa Iguaçu Poços Artesianos Ltda. (peça 2, p 21).

22.Assim, diante do não atingimento dos fins do Convênio CRT/PR 19.000/2003 e tendo em vista contingente robusto de irregularidades na execução desse ajuste, os argumentos apresentados pelo

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recorrente na presente peça recursal e os elementos de prova juntados aos autos não afastam as irregularidades a ele atribuídas, mantendo-se incólume o acórdão recorrido.

Ante todo o exposto, acolhendo a proposta de mérito oferecida pela unidade técnica especializada, VOTO no sentido de que seja adotado o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 130/2017 – TCU – Plenário 1. Processo nº TC 015.716/2007-2. 1.1. Apensos: 010.701/2012-5; 010.700/2012-9; 010.699/2012-0; 010.698/2012-4; 010.597/2012-3. 2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de revisão (em Tomada de Contas Especial). 3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes: 3.1. Interessado: Município de Palmital - PR (75.680.025/0001-82) 3.2. Responsáveis: Clério Benildo Back (142.137.539-72); Iguaçu Poços Artesianos Ltda.

(77.878.908/0001-27); Jose Sehnem (409.909.589-49); e Luiz Cezar Viana Pereira (635.234.429-15) 3.3. Recorrente: Clério Benildo Back (142.137.539-72). 4. Órgão: Município de Palmital - PR. 5. Relator: Ministro Augusto Nardes 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho. 6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. 7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no Estado

do Paraná (SECEX-PR). 8. Representação legal: 8.1. Gilberto Antônio Clazer de Almeida Junior (58467/OAB-PR), representando Município de

Palmital - PR e Clério Benildo Back. 9. Acórdão: VISTO, relatado e discutidos o recurso de revisão interposto pelo Sr. Clério Benildo Back, ex-

prefeito do município de Palmital/PR, contra o Acórdão 574/2010-TCU-Plenário, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as

razões expostas pelo Relator, nos termos do art. 32, inciso III, e art. 35 da Lei 8.443, de 16 de Julho de 1992, em:

9.1. conhecer do recurso de revisão e, no mérito, negar-lhe provimento; 9.2. dar ciência do presente acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, ao

recorrente, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle e ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Paraná, para as medidas que entenderem cabíveis.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0130-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. GRUPO I – CLASSE I – Plenário TC 002.622/2012-2 [Apensos: TC 000.146/2014-5, TC 009.884/2014-9, TC 000.145/2014-9, TC

000.147/2014-1]

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Natureza: Recurso de revisão em recurso de reconsideração em tomada de contas especial Entidade: Município de Campestre, Alagoas Responsáveis: Luciana Rufino da Silva Santos (024.032.104-98); Luciano Rufino da Silva

(144.548.904-04) Interessado: Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional Representação legal: Marcos Vinícius do Nascimento Barros (OAB/AL 13.382) SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. IRREGULARIDADE, DÉBITO. MULTA.

ACÓRDÃO 7.275/2013 DA 2ª CÂMARA. RECURSOS DE RECONSIDERAÇÃO. CONHECIMENTO E NEGATIVA DE PROVIMENTO DE UM, NÃO CONHECIMENTO DO OUTRO. ACÓRDÃO 5.937/2014 DA 2ª CÂMARA. INTERPOSIÇÃO DE ESPÉCIE RECURSAL NÃO PREVISTA NA LEI ORGÂNICA OU NO REGIMENTO INTERNO. CONHECIMENTO COMO MERA PETIÇÃO. NEGATIVA DE SEGUIMENTO. ACÓRDÃO 2853/2015 DA 2ª CÂMARA. RECURSO DE REVISÃO. CONHECIMENTO. NEGATIVA DE PROVIMENTO.

RELATÓRIO Adoto, como relatório, a instrução da unidade técnica, com a qual anui o Ministério Público (peças

121/123): “INTRODUÇÃO Tratam os autos de Tomada de Contas Especial instaurada pelo Ministério do Desenvolvimento

Social e Combate à Fome (MDS), com o objetivo de analisar as irregularidades ocorridas na aplicação dos recursos repassados por meio do Convênio 295/2007, celebrado com o objetivo de implantar Unidade Produtiva Comunitária para criação de galinha caipira, apreciado por meio do Acórdão 7275/2013-Segunda Câmara (peça 44), que julgou irregulares as contas do responsável e lhe aplicou débito solidário e multa.

2.Em essência, restou configurada, nos autos, a existência de diversas irregularidades na documentação apresentada pelo ex-prefeito do Município Campestre/AL, o Sr. Luciano Rufino da Silva, a título de prestação de contas. As inconsistências e contradições da referida documentação afetaram a fidedignidade da documentação e a tornaram inábil para comprovar a utilização adequada dos recursos públicos federais repassados ao Município por meio do Convênio 295/2007.

3.Ademais, foram claramente identificados desvios de recursos públicos em favor da filha do ex-prefeito. Assim, o responsável foi condenado no âmbito desse Tribunal devido a omissão no dever de prestar contas, a não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos públicos repassados e o desvio de recursos público em favor de parentes (peça 43). Contra a decisão condenatória, o recorrente interpôs recurso de reconsideração (peça 57), que não foi conhecido em razão da sua intempestividade e ausência de fatos novos (Acórdão 5937/2014-TCU-Segunda Câmara, peça 88).

4.Irresignado, o responsável apresentou o Recurso de Revisão constante da peça 115, o qual será analisado a seguir.

EXAME DE ADMISSIBILIDADE 5.Preliminarmente, registra-se que a Serur, em sede de exame de admissibilidade (peças 117 e

118), propôs conhecer do recurso de revisão interposto, sem a atribuição de efeitos suspensivos, com fulcro nos artigos 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992. Vale ressaltar que o Relator ad quem acolheu o exame de admissibilidade realizado pela Serur e conheceu do recurso interposto por Luciano Rufino da Silva, na forma proposta (peça 120).

EXAME TÉCNICO Argumentos 6.O recorrente alega que, durante o período de 01/01/2005 até 31/12/2008, exerceu o mandato de

prefeito do Município de Campestre, ocasião em que firmou o CONVÊNIO FEDERAL N°

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5.5000857200700295 com o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome, com data de publicação em 27/12/2007.

7.Aduz que o referido convênio tinha como objeto a “CRIAÇÃO DE GALINHA CAIPIRA”, cujo valor conveniado foi de R$ 39.992,05 (trinta e nove mil, novecentos e noventa e dois reais e cinco centavos). Afirma que o convênio em questão tinha a função de oferecer à população, sobretudo aquela mais carente, a oportunidade de criar galinhas caipiras de forma coletiva, beneficiando toda comunidade, o que foi feito devidamente. Entretanto, assevera que, após o fim da gestão, o novo prefeito do Município de Campestre, de forma propositada, não concluiu a prestação de contas com o fim de imputar ao recorrente a responsabilidade pela não finalização do referido convênio.

8.Anota que o Município de Campestre não apresentou os documentos que tinha em seu poder ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome, muito menos forneceu tais documentos ao Recorrente para que o mesmo fizesse a referida prestação de contas, prejudicando assim o recorrente.

9.Argumenta que o procedimento instaurado por este Tribunal de Contas transcorreu sem análise de todos os documentos devidos para defesa do recorrente, o qual foi prejudicado pela omissão propositada do atual gestor do Município de Campestre que negou informações e ou documentos necessários à devida e justa prestação de contas. Por este motivo, falta de documentos hábeis que se encontravam em poder do Município de Campestre, alega que foi prejudicado em seu direito de ampla defesa garantido pela Constituição Federal.

10.Defende a tese de que serão agora apresentados documentos novos, quais sejam, os constantes da sentença judicial nos autos do proc. 0000153-37.2009.8.02.0050 com eficácia sobre a prova produzida. Agumenta que, ante os fatos fatos narrados anteriormente fica evidente que a Tomada de Contas Especial tramitou de forma precária face à ausência de informações seguras e documentos indispensáveis a instrução feita, os quais se encontram em poder do Município de Campestre.

11.Alega que um fato ocorrido após o julgamento do processo 002.622/2012-2 é suficiente, por si só para reabrir a instrução do feito, anulando o julgamento anterior e permitindo assim que o recorrente possa efetivamente comprovar que o convênio foi efetivamente cumprido na sua integralidade. Aduz que o Município de Campestre, com o fim de obstaculizar a prestação de contas em detrimento do recorrente, além de negar informações e documentos que detem, propôs junto ao Pode Judiciário de Alagoas AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER onde alegou indevidamente a falta de prestação de contas, quando, na verdade, os documentos necessários a este procedimento se encontravam em poder do referido município.

12.Afirma que a referida Ação de Obrigação de Fazer proposta pelo Município de Campestre contra o recorrente foi julgada IMPROCEDENTE, em 05 de janeiro de 2015, portanto, após julgamento do acórdão no processo 002.622/2012-2, objeto do presente recurso, conforme se verifica da cópia dos autos em anexo.

13.Nesse sentido, a sentença ora apresentada comprova não apenas que o Convênio celebrado foi cumprido integralmente pelo recorrente até quando estava à frente do município na qualidade de prefeito, entregando ao sucessor as obras devidamente finalizadas. Como sustento, cita trechos da aludida sentença.

14.Conclui que tanto o convênio quanto a prestação de contas não poderia ser de responsabilidade exclusiva do recorrente, notadamente por ter sido prejudicado com omissões de informações e de documentos do atual gestor do município. Aduz que a sentença e todo o processo judicial que tramitou na Comarca de Porto Cavo/AL, cuja sentença, já transitada em julgado, absolveu o recorrente não apenas da responsabilidade por danos materiais, mas sobretudo do dever de prestar contas do dito convênio, comprova a boa-fé e sobretudo isenta o recorrente de dolo na prestação de contas do convênio em referencia é fundamento suficiente para o recebimento do presente Recurso de Revisão, com o fim de ser julgado procedente determinando a reaberta da instrução para devida prestação de contas.

15.Afirma ser dever do Gestor Público zelar pela integridade do patrimônio público, em estrita observância aos quíntuplo cânone constitucional administrativo: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efidênda. Conclui que é destes princípios constitucionais que se extrai o poder

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dever de adotar medidas com o escopo de proteger o patrimônio público municipal. Ademais, conforme determina a Súmula 230 do TCU, alega que o prefeito sucessor que não dispuser de elementos para apresentar as contas referentes aos recursos recebidos por seu antecessor deverá tomar as medidas legais visando o resguardo do patrimônio público.

16.Argumenta que se trata de dever ínsito à própria atividade estatal desenvolvida através do munus público do exercício do cargo de prefeito municipal, inderrogável pela vontade do próprio administrador. Anota que, seguindo essa orientação, o julgado do processo na comarca de Porto Calvo Processo 0000153-37.2009.8.02.0050 ora apresentado como documento novos, justifica o presente pedido de revisão na forma como prevê o Regimento Interno do TCU, art. 288, incisos II e III, §3°.

17.Por fim, requer o recebimento do presente recurso, com o fim de que seja julgado procedente e conseqüentemente com base no Regimento Interno do TCU, art. 288, II e III, §3°, que seja determinada a reabertura das contas e, por conseguinte, sua instrução e apuração dos fatos novos com a competente instauração de contraditório, e produção de provas com base no principio da ampla defesa, para ao final julgar regulares as contas do recorrente relacionadas ao convenio em referência.

Análise 18.Em primeiro lugar, conforme pacificamente estabelecido na jurisprudência desta Corte, deve-se

ressaltar que o TCU pauta sua atuação no princípio da independência das instâncias, via de regra, não se subordinando a decisões exaradas em outros foros, sejam estes administrativos ou judiciais. Tal entendimento vem sendo, inclusive, corroborado pelas altas Cortes do Poder Judiciário, a exemplo dos seguintes julgados: Mandados de Segurança (MS) nºs 21.948-RJ, 21.708-DF e 23.625-DF, todos do STF; e MS nºs 7080-DF, 7138-DF e 7042-DF, do STJ.

19.Em segundo lugar, a sentença judicial trazida à baila pelo recorrente, de fato, declarou improcedente a ação proposta contra o mesmo, mas isso se deu em função de inépcia da petição inicial, conforme resta claro pela leitura das pp. 155-156 da peça 115. Não restou categoricamente caracterizada a hipótese de negativa de autoria ou de inexistência do fato, casos em que a sentença judicial penal teria efeito vinculante sobre os julgados cível e administrativo (conforme art. 935 do Novo Código Civil). Por outro lado, a absolvição criminal por insuficiência de prova, como ocorreu no presente caso, também não produz qualquer efeito no juízo cível e administrativo, já que a insuficiência de prova da ação penal não impede que se comprovem a culpa administrativa e a civil, conforme expressamente disposto nos arts. 66 e 67 do Código de Processo Penal.

20.Por fim, a já mencionada sentença judicial evocada pelo recorrente não afastou, por exemplo, a gravíssima irregularidade claramente imputável ao recorrente consubstanciada no fato de que A Sra. Luciana Rufino da Silva, filha do agora recorrente, locupletou-se indevidamente de parte dos recursos repassados ao município, não merecendo prosperar os argumentos recursais.

CONCLUSÃO 21.Portanto, em função de todo o exposto, verifica-se que não devem prosperar os argumentos do

recorrente, devendo o presente recurso de revisão ser conhecido, para que, no mérito, seja-lhe negado provimento, mantendo inalterados os termos do Acórdão 7275/2013-Segunda Câmara.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 22.Dado o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo: a) conhecer do presente Recurso de Revisão, com fulcro nos artigos 32, inciso III, e 35, inciso III,

da Lei 8.443/1992; b) no mérito, negar-lhe provimento, mantendo inalterados os termos do Acórdão 7275/2013-

Segunda Câmara; c) comunicar o teor da decisão que vier a ser proferida ao recorrente e ao órgão concedente.” É o relatório. VOTO

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Trata-se de recurso de revisão interposto por Luciano Rufino da Silva contra o Acórdão 5.937/2014

da 2ª Câmara, que não conheceu do recurso de reconsideração interposto pelo recorrente e conheceu do recurso interposto por Luciana Rufino da Silva Santos, para, no mérito, negar-lhe provimento.

Em face de tal deliberação, prospera o que decidiu o Tribunal no Acórdão então recorrido (7.275/2013 da 2ª Câmara), assim grafado:

“VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial instaurada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), contra o Sr. Luciano Rufino da Silva, ex-prefeito do Município de Campestre/AL, pela omissão no dever de prestar contas e não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos repassados por meio do Convênio 295/2007, celebrado com o objetivo de implantar Unidade Produtiva Comunitária para criação de galinha caipira.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Segunda Câmara, em:

9.1. julgar irregulares, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “c” e “d”, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, as contas do Sr. Luciano Rufino da Silva (CPF: 144.548.904-04), ex-prefeito municipal de Campestre/AL, condenando-o ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor:

DATA VALOR (R$) 8/5/2008 19.992,05

9.2. condenar o Sr. Luciano Rufino da Silva (CPF: 144.548.904-04) solidariamente com a Sra. Luciana Rufino da Silva Santos (CPF: 024.032.104-98) ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor:

9.3. aplicar a Sr. Luciano Rufino da Silva (CPF: 144.548.904-04) e a Sra. Luciana Rufino da Silva

Santos (CPF: 024.032.104-98), individualmente, a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;

9.5. autorizar, desde logo, e caso seja requerido, o pagamento das dívidas do Sr. Luciano Rufino da Silva (CPF: 144.548.904-04) e da Sra. Luciana Rufino da Silva Santos (CPF: 024.032.104-98) em 36 (trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento Interno, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovarem perante o Tribunal o recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior, para comprovarem os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada

DATA VALOR (R$) 1/7/2008 4.000,00 21/7/2008 1.000,00 13/8/2008 15.000,00

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116 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

valor mensal, atualizado monetariamente, os juros de mora devidos, na forma prevista na legislação em vigor;

9.6. encaminhar cópia desta deliberação, bem como do relatório e do voto que a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República em Alagoas, nos termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que entender cabíveis.”

Antes de interpor o presente recurso, os responsáveis apresentaram “pedidos de revisão” do Acórdão 5.937/2014 da 2ª Câmara. Tais pedidos foram recebidos “como mera petição”, negando-se “seguimento ao pleito, em razão da preclusão consumativa e do disposto no artigo 278, §§ 3º e 4º, do Regimento Interno do TCU” (Acórdão 2853/2015 da 2ª Câmara).

II No presente recurso, alega o responsável que a sentença de improcedência, proferida na ação de

obrigação de fazer, ajuizada pelo Município de Campestre, em face do recorrente, de 5/1/2015, fundamenta a apresentação do presente recurso e demonstra a regularidade das suas contas.

Na ação em referência (Processo nº 0000153-37.2009.8.02.0050, distribuído à 2ª Vara de Porto Calvo, Alagoas), pretendia o Município obrigar o recorrente a apresentar os documentos necessários à prestação de contas do ente subnacional ao órgão concedente, relativamente ao convênio em exame: 295/2007, com o objetivo de “implantar unidade produtiva comunitária para criação de galinha caipira”.

A sentença de improcedência do pedido encontra-se fundada na inépcia da petição inicial, decorrente da formulação de pedido genérico de exibição de documentos. Nos termos da sentença, o pedido haveria de especificar os documentos requeridos.

A sentença proferida pelo juízo cível, sob qualquer fundamento, não dispõe de habilidade para vincular a decisão administrativa proferida pelo Tribunal, em razão do princípio da independência das instâncias. Nesses termos, não há incompatibilidade entre a deliberação do Tribunal e o que decidiu o douto Juízo da 2ª Vara de Porto Calvo, Alagoas.

Apenas a sentença absolutória no juízo criminal fundada no reconhecimento da “inexistência material do fato” ou na negativa de autoria (CPP, 66, 67 e 386, I e IV) tem habilidade para impedir a responsabilização civil e administrativa do agente. Não é esta, definitivamente, a hipótese dos autos, porque a sentença apresentada pelo recorrente foi proferida pelo juízo Cível.

Ademais, a sentença trazida aos autos pelo recorrente não se mostra hábil a infirmar a sólida prova carreada aos presentes autos, que demonstram a irregularidade das contas do recorrente e o locupletamento da sua filha, também responsabilizada pelo débito apurado.

Além disso, algumas teses acolhidas pelo órgão judicial mostram-se incorretas, em especial a que impõe ao sucessor do recorrente, na gestão municipal, o dever de concluir a obra e prestar contas, porque o convênio em exame teve sua vigência encerrada no mandato do recorrente e a totalidade dos recursos impugnados foram sacados da conta corrente específica no curso do seu mandato.

Importa notar que o responsável foi citado, pelo Tribunal, em razão da sua omissão no dever de prestar contas. Em resposta, apresentou parca e incompleta documentação. Acerca do tema, assim se manifestou o relator do Acórdão 7.275/2013 da 2ª Câmara, e. Ministro Raimundo Carreiro:

“5. Analisados os documentos remetidos pelo Banco em confronto com as alegações de defesa do ex-prefeito, verificou-se que a despeito das justificativas apresentadas, não puderam ser saneadas irregularidades atinentes a não realização de procedimento licitatório, tampouco aos descumprimentos de preceitos normativos constantes da IN/STN 1/1997. Várias foram as irregularidades verificadas na documentação apresentada a título de prestação de contas, dentre as quais se podem destacar: não apresentação do relatório de cumprimento do objeto; não apresentação da justificativa para a dispensa ou inexigibilidade de licitação, com o respectivo enquadramento legal; não comprovação da aplicação da contrapartida; discrepâncias relevantes entre os cheques enviados ao TCU pelo Banco do Brasil e os documentos de despesas, quanto aos destinatários dos pagamentos efetuados.” (grifos meus)

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117 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

O Voto condutor do Acórdão 7.275/2013 da 2ª Câmara registra, com propriedade, que os cheques

emitidos pelo responsável foram pagos a pessoas diversas das declaradas pelo responsável, em sua intempestiva prestação de contas. Três desses cheques foram sacados por Luciana Rufino da Silva Santos, filha do responsável.

A respeito do tema, assim se pronunciou o relator do acórdão condenatório: “9. Conforme as informações prestadas pelo Banco do Brasil, os cheques 850006 e 850007 foram

descontados direto no caixa, sendo que o cheque 850007, ao portador, no valor de R$ 4.000,00 foi descontado pela Sra. Luciana Rufino da S. Santos. O cheque 850006, no valor de R$ 12.000,00, nominal a Jaidete Macena ME está com o verso ilegível, todavia, alguns traços que se delineiam mostram compatibilidade com a assinatura constante no verso do documento 850007 de Luciana Rufino. Finalmente, o cheque 850008, no valor de R$ 1.000,00, nominal à Ofesa Empreiteira foi endossado pelo proprietário, Otávio Ferreira dos Santos Neto, e sacado por Luciana Rufino da Silva Santos.” (grifos meus)

A sentença trazida aos autos não enfrenta, igualmente, as irregularidades apuradas nestes autos, assim apresentadas pelo relator das contas:

“11.Diante de diversas inconsistências, foram realizadas diligências adicionais ao Município de Campestre/AL; à Secretaria Executiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS); ao Banco do Brasil. Ao analisar os novos elementos juntados ao processo, foram constatadas outras graves irregularidades sobre as quais o responsável ainda não havia se justificado. Em vista disso, foi realizada nova citação do ex-prefeito, que só tinha sido chamado a apresentar defesa pela omissão no dever de prestar contas.

12. O débito apurado levou em consideração que o objetivo proposto não havia sido atingido, a despeito da execução parcial de algumas ações. Considerou-se, outrossim, a imprestabilidade do que restou da obra para que fossem atingidos os fins inicialmente previstos. Esse entendimento baseou-se nas seguintes decisões do TCU: Acórdão 480/2011-TCU-1ª Câmara; Acórdão 2.620/2010-TCU-2ª Câmara.

13. Como a filha do ex-Prefeito, Sra. Luciana Rufino da Silva Santos, figurou como beneficiária de saques da conta específica do convênio, concluiu-se pela necessidade de nova citação do Sr. Luciano Rufino da Silva, em decorrência das irregularidades descritas linhas acima, e de promoção de citação solidária desse responsável com a sua filha, em razão dos saques indevidos na conta específica do convênio.

14. Os responsáveis supramencionados remeteram a este Tribunal somente cópia da defesa e dos anexos outrora apresentados. O único documento novo foi a cópia da contestação apresentada pelo Sr. Luciano Rufino da Silva, em 11/5/2009, na Ação Constitutiva de Obrigação de Fazer c/c Devolução de Recursos ao Erário Municipal n. 050.09.000153/2, em curso na Comarca de Porto Calvo/AL.

15. Diante da não apresentação de novos argumentos, a Unidade Técnica manteve seu posicionamento acerca dos exames que já haviam sido efetuados, considerando-os suficientes.

16. Como restou evidenciado que a Sra. Luciana Rufino da Silva se locupletou indevidamente dos recursos repassados para o Município, a Secex/AL entendeu que ela atuou como terceira que concorreu para o cometimento do dano ao erário e que, portanto, deve ser condenada solidariamente com o seu pai ao pagamento de parte do débito apurado, nos termos do art. 16, § 2º, alínea “b”, da Lei 8.443/1992.”

A existência da ação judicial ora noticiada não passou despercebida pelo relator das contas especiais que inauguram estes autos, que, com propriedade, concluiu que elas não impediam o pronunciamento desta Corte, in verbis:

“17. Apesar da existência de processo judicial tratando de idênticas responsabilidades, não há qualquer prejuízo à plena atuação desta Corte de Contas, em decorrência da independência das instâncias e da competência exclusiva do TCU de verificar a boa e regular aplicação dos recursos federais. Esse entendimento, conforme ressaltou a Secex/AL, vem sendo adotado pelo Poder Judiciário, a exemplo dos seguintes julgados: Mandados de Segurança (MS) nºs 21.948-RJ, 21.708-DF e 23.625-DF, todos do STF; e MS nºs 7080-DF, 7138-DF e 7042-DF, do STJ.”

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Nesses termos, não prospera o argumento de que a sentença judicial trazida aos presentes autos tem

habilidade para modificar o conteúdo da decisão recorrida. Feitas essas considerações, voto por que o Tribunal de Contas da União aprove o acórdão que ora

submeto à apreciação deste Colegiado. ACÓRDÃO Nº 131/2017 – TCU – Plenário 1. Processo nº TC 002.622/2012-2 1.1. Apensos: 000.146/2014-5; 009.884/2014-9; 000.145/2014-9; 000.147/2014-1 2. Grupo I – Classe de Assunto: I Recurso de revisão (em recurso de reconsideração em tomada de

contas especial) 3. Interessado/Responsáveis/Recorrente: 3.1. Interessado: Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 3.2. Responsáveis: Luciana Rufino da Silva Santos (024.032.104-98); Luciano Rufino da Silva

(144.548.904-04) 3.3. Recorrente: Luciano Rufino da Silva (144.548.904-04) 4. Entidade: Município de Campestre, Alagoas 5. Relator/Relator da deliberação recorrida: 5.1. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues 5.2. Relator da deliberação recorrida: Ministro Raimundo Carreiro 6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira 7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur) 8. Representação legal: Marcos Vinícius do Nascimento Barros (OAB/AL 13.382) 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto por Luciano Rufino da

Silva contra o Acórdão 5.937/2014 da 2ª Câmara, que não conheceu do recurso de reconsideração interposto pelo recorrente e conheceu do recurso interposto por Luciana Rufino da Silva Santos, para, no mérito, negar-lhe provimento;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento no artigo 35 da Lei 8.443/92, em conhecer do recurso, para, no mérito, negar-lhe provimento.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0131-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator),

Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. GRUPO I – CLASSE II – Plenário TC 001.765/2013-2 Natureza: Tomada de Contas Especial Entidades: Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas - FUNDESPA; Ministério da Integração

Nacional (vinculador) Responsáveis: Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas - Fundespa (61.379.657/0001-04); Luiz

Roberto Tommasi (034.694.928-91)

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119 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Representação legal: Francisco de Assis Alves (24545/OAB-SP) e outros, representando Fundação

de Estudos e Pesquisas Aquáticas - Fundespa; Élcio Patti Júnior (169193/OAB-SP) e outros, representando Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas - Fundespa e Luiz Roberto Tommasi.

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO. FIXAÇÃO DE PRAZO PARA

APRECIAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS DO CONVÊNIO 0.05.06.0006-00 PELA CONDEVASF. INSTAURAÇÃO DE PROCESSO DE TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CITAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE ALEGAÇÕES DE DEFESA POR UM RESPONSÁVEL. RECOLHIMENTO INTEGRAL DO DÉBITO PELA FUNDESPA. INDÍCIOS DE INFRAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA MORALIDADE E DA IMPESSOALIDADE. AUDIÊNCIA. REVELIA. MULTA. QUITAÇÃO. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA.

RELATÓRIO Adoto como relatório, com os ajustes de forma que entendo aplicáveis, instrução elaborada no

âmbito da Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo (Secex/SP), com a qual anuíram o corpo dirigente daquela unidade técnica e o representante do Ministério Público junto ao TCU, in verbis:

“INTRODUÇÃO Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pela Companhia de Desenvolvimento

dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – doravante Codevasf, em desfavor da Fundação de Estudos e Pesquisa Aquática – doravante Fundespa (CNPJ 61.379.657/0001-04) e do Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91), em razão de irregularidades quanto aos recursos repassados por força do Convênio 0.05.06.0006-00, Siafi 571.348, celebrado com a Fundespa, que teve por objeto a execução de ações no âmbito do Projeto Hidrovia do São Francisco, englobando: obtenção de licenças ambientais, supervisão e acompanhamento de obras de conformatação do leito do Rio São Francisco, no trecho Ibotirama/BA a Pilão Arcado/BA, com extensão de aproximadamente 320 Km, incluindo a construção de um campo de provas em Barra/BA.

1.1A presente Tomada de Contas Especial foi instaurada em decorrência do subitem 9.2.2 do Acórdão 278/2012 – TCU – Plenário, de 8/2/2012, proferido nos autos do TC 011.098/2008-0, Relatório de Levantamento de Auditoria realizado pela Secex/BA, em cumprimento ao Acórdão 461/2008-TCU-Plenário (Fiscobras 2008), na Codevasf.

HISTÓRICO 2. Conforme disposto na Nota Técnica (peça 1, p. 14-68) e Convênio 05.06.0006-00 (peça 1, p. 70-

86), Siafi 571.348 foram previstos R$ 11.569.249,54 para a execução do objeto, repassados integralmente pelo concedente, não havendo contrapartida por parte da convenente, pois seria entidade de utilidade pública sem fins lucrativos, reconhecida pela Portaria 1.521/2002 do Ministério da Justiça.

2.1 Os recursos federais foram repassados em três parcelas, mediante as ordens bancárias: Número da

Ordem Bancária Valor (R$) Data de emissão da OB Data de crédito na

conta específica 2006OB903865 3.500.000,00 8/12/2006 8/12/2006 2007OB903195 3.856.416,51 22/10/2007 22/10/2007 2008OB901451 3.856.416,51 13/5/2008 13/5/2008

TOTAL 11.212.833,02 2.2O ajuste vigeu no período de 27/9/2006 a 26/9/2008, prazo final para apresentação da

prestação de contas, conforme Convênio 05.06.0006-00, alterada pelos dois termos aditivos celebrados (peça 1, p. 106-108 e peça 1, p. 160-164, respectivamente). O segundo termo determinou uma readequação das metas do convênio com acréscimo de R$ 36.576.144,02.

2.3Consoante o Relatório de Tomada de Contas Especial nº 02/2011 (peça 1 - p. 2-7), denota-se que o processo referente ao Convênio 0.05.06.0006-00, Siafi 571.348, somente teve suas prestações de contas analisadas em função de levantamento de auditoria realizada pela Secretaria de Controle Externo

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120 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

no Estado da Bahia (Secex/BA) no âmbito da fiscalização de obras do TCU no ano de 2008.

2.4O Relatório de Levantamento de Auditoria foi elaborado pela Secex/BA, em cumprimento ao Acórdão 461/2008 – Plenário (Fiscobras 2008), na Codevasf, com o objetivo de avaliar a aderência à legislação vigente da aplicação dos recursos destinados às obras referentes ao Programa de Trabalho “Melhoria da Hidrovia do São Francisco – Trecho Ibotirama/Juazeiro, no Estado da Bahia” (PT 18.784.1460.10RF.0029), inserido no Programa de Aceleração do Crescimento – PAC e foram identificadas irregularidades no convênio celebrado com a Fundespa.

2.5A auditoria resultou no Acórdão 1.893/2008-TCU-Plenário, no qual constou determinação, dentre outras providências, para que fossem promovidas as oitivas prévias da Codevasf e da Fundespa, e as audiências dos responsáveis arrolados no processo.

2.6As irregularidades encontradas referiam-se aos seguintes aspectos no pagamento por parte da Fundespa em desconformidade com o Plano de Trabalho relativo ao Convênio:

- despesas com pessoal superiores àas previstas, com fixação de salários acima dos limites fixados no Plano de Trabalho;

- pagamentos à empresa Cotral sem as respectivas medições; - aquisição de bens em quantidades superiores às pactuadas; - contratação de atividades/serviços não previstos no plano de trabalho; - despesas com viagens e diárias em desconformidade com a metodologia ajustada e em montante

superior ao previsto. 2.7A Unidade Técnica propôs a suspensão da execução do convênio celebrado com a Fundespa

sem a necessidade de oitiva das entidades envolvidas. Entretanto, o Ministro Relator resolveu realizar a oitiva prévia da Codevasf e da Fundespa. Em razão desses questionamentos, foi exarado o Acórdão 1.716/2009 – TCU – Plenário, com as seguintes determinações:

9.1. determinar à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - Codevasf, relativamente ao Convênio n. 0.05.06.0006/00 (Siafi n. 571.378), que:

9.1.1. abstenha-se de promover novas liberações de recursos à Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas - Fundespa até que sanadas as irregularidades por ela identificadas nas prestações de contas;9.1.2. atente para a necessidade de manutenção dos serviços que não podem ser interrompidos, com vistas à preservação das etapas ou parcelas de obras já iniciadas ou à redução de riscos de danos ao meio ambiente, evitando, assim, prejuízos advindos da paralisação do empreendimento;9.1.3. acompanhe a pertinência entre as despesas realizadas pelo Convenente e as autorizadas no plano de trabalho;

9.2. encaminhar os autos à Secex/BA, para exame das razões de justificativa dos responsáveis, devendo manifestar-se, também, sobre a documentação constante do expediente intitulado de ‘Manifestação em forma de Cautelar para Produção Antecipada de Provas’

2.8Após julgamento de mérito quanto à suspensão do convênio, o processo prosseguiu com as análises das oitivas e audiências realizadas, das quais resultou o Acórdão 278/2012 – TCU – Plenário, em Sessão de 8/2/2012, nos seguintes termos:

9.1. aplicar a multa capitulada no art. 58, inciso II, aos Srs. Orlando Cezar da Costa Castro, no valor de R$ 10.000.00 (dez mil reais), Clementino de Souza Coelho, no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais), Edie Andreeto Júnior, no valor de R$ 5.000.00 (cinco mil reais) e Luiz Carlos Everton de Farias no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações para que comprovem perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno TCU) o recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do presente Acórdão até a dos respectivos pagamentos se forem pagas após o vencimento na forma da legislação em vigor;

9.2. determinar à Codevasf que: 9.2.1. na celebração ou aditamento de convênios: 9.2.1.1 abstenha-se de incluir etapas e serviços incompatíveis com a capacidade e com os fins

institucionais da entidade ou órgão convenente;

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121 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.2.1.2. não estabeleça taxas a título de custos administrativos sobre despesas reembolsáveis; 9.2.1.3. observe o disposto no art. 27 do Decreto n. 93.872/1986, deixando de empenhar recursos

federais acima do montante necessário à conclusão do objeto; 9.2.1.4. nas prorrogações "de oficio", cumpra o art.7º, inciso IV, da IN/STN 01/1997, c/ art. 30,

inciso VI, da Portaria Interministerial MP/MF/MCT n. 127/2008, limitando-as ao exato período do atraso verificado;

9.2.1.5. adote tempestivamente as providências necessárias à execução da função gerencial fiscalizadora previstas no art. 23 da IN/STN n. 01/1997;

9.2.2. envide esforços no sentido de, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da ciência deste Acórdão, concluir os exames da prestação de contas do Convênio n.0.05.06.0006/00 (Siafi 571.348) e tomar as demais providências previstas na IN/STN n. 01/1997, informando a este Tribunal, no final do prazo retromencionado, as medidas adotadas;

9.3. comunicar à Fundespa que: 9.3.1. em relação ao pedido formulado na peça intitulada "cautelar para produção antecipada de

provas", de 31/07/2009, não compete a esta Corte de Contas produzir provas para as partes responsáveis no feito;

9.3.2. quanto ao expediente protocolado neste Tribunal em 1/7/2010, na atual etapa processual, incumbe à Codevasf, não ao TCU, decidir sobre a regularidade, ou não, da aplicação dos recursos transferidos por força do Convênio n. 0.05.06.0006/00, nos termos do disposto no art. 29 da IN/STN n. 01/1997:

9.4. determinar à Secex/BA que efetue o monitoramento do cumprimento do subitem 9.2.2 supra. representando a este Tribunal caso necessário.

2.9Em cumprimento ao determinado pelo item 9.2.2 do referido Acórdão, em 9/10/2012, por meio do Ofício 244 AECI/GM (peça 5, p. 82), o Ministério da Integração Nacional envia o Processo 59500.000709/2011-88, que trata da Tomada de Contas Especial instaurada contra o Sr. Luiz Roberto Tommasi, ex-Diretor Presidente da Fundespa, em função de impugnação parcial de despesas realizadas por conta do Convênio 0.05.06.00006/00.

2.10Desse modo, foi instaurada a Tomada de Contas Especial por meio do Relatório do Tomador de Contas, de 9/9/2011 (peça 1, p. 2-12), cuja conclusão culminou na responsabilização do Sr. Luiz Roberto Tommasi.

2.11Informou ainda que o valor de R$ 4.563.766,96 teria sido apurado e o responsável registrado no Siafi, mediante Nota de Lançamento 2011NL004912, além de a entidade ter sido registrada em inadimplência efetiva (peça 5, p.40).

2.12No âmbito desta Unidade Técnica, os autos mereceram a instrução de peça 9, que concluiu pela citação do Sr. Luiz Roberto Tommasi solidariamente com a entidade beneficiada – Fundespa. Submetidos ao Exmo. Relator Benjamin Zymler, os autos retornaram com a autorização da medida proposta (peça 12).

2.13. Em cumprimento ao Despacho do Ministro-Relator Benjamin Zymler (peça 12), foram promovidas as citações do Sr. Luiz Roberto Tommasi e da Fundespa, mediante os Ofícios 1875/2013 (peça 14), datado de 9/8/2013 e 1891/2013 (peça 13), datado de 12/8/2013, respectivamente.

2.14. Os responsáveis foram citados em decorrência de irregularidades encontradas na execução do Convênio 0.05.06.0006/00, celebrado com a Codevasf, resultando em glosas nas prestações de contas (conforme Tabela – peça 9, p. 16-21), em violação ao art. 8º, I; e art. 38, alíneas ‘c’ e ‘d’ da Instrução Normativa STN 1/1997):

- despesas consideradas inelegíveis por tratar de documento sem valor fiscal; - despesas consideradas inelegíveis por estar em desacordo com o objeto do convênio; - despesas consideradas inelegíveis por não ter apresentado os documentos fiscais comprobatórios; - despesas gerais e passagens impugnadas, por excederem o valor orçado no 1º ou 2º Planos de

Trabalho; - despesas impugnadas referentes a pagamentos com contratos com empresas para fornecimento de

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122 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

serviços não previstos no Plano de Trabalho e referentes a serviços administrativos da Fundação;

- despesas com pessoal e encargos sociais impugnadas, por excederem o valor orçado no 1º Plano de Trabalho;

2.15. O Sr. Luiz Roberto Tommasi e a Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas tomaram ciência dos ofícios que lhes foram remetidos, conforme documentos constantes das peças 15 (Aviso de Recebimento datado de 19/8/2013) e 16 (Aviso de Recebimento de 20/8/2013), tendo o primeiro apresentado tempestivamente suas alegações de defesa, conforme documentação integrante das peças 17 e 18.

2.16.A Fundespa, mediante procuradores devidamente constituídos (peça 20), tomou vista dos autos em duas oportunidades, nas datas de 16/6/2014 e 2/10/2014 (peças 21 e 22), sendo que, na data de 24/10/2014, optou por efetuar o recolhimento aos cofres da Codevasf no valor de R$ 4.499.970,00, conforme comprovante anexo - GRU - Guia de Recolhimento da União (peça 23).

2.17.O Sr. Luiz Roberto Tommasi apresentou as alegações consoante as peças 17 e 18, as quais, de acordo com o “Exame Técnico” da instrução de peça 32, e em conjunto com os demais elementos presentes nos autos, mostraram-se insuficientes para sanear as irregularidades a ele atribuídas. Assim, na ausência de elementos que permitissem aferir a boa-fé do responsável, e diante do recolhimento efetuado pela Codevasf, citada solidariamente, concluiu-se pela seguinte proposta de encaminhamento (item 9 da peça 32):

(...) 9.1.rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF

034.694.928-91); 9.2.com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b”, 19, parágrafo único, 23, inciso

III, da Lei 8.443/1992, c/c arts. 1º, inciso I, 202, § 1º, 209, inciso II, do RI/TCU, em razão de impugnação parcial de despesas realizadas à conta do Convênio 0.05.06.0006-00 (Siafi 571.348), que sejam julgadas irregulares as contas do Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91), na condição de Diretor Presidente da Fundespa à época; e da Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas;

9.3.aplicar ao Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91) a multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268, inciso I, do Regimento Interno, fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.4.autorizar, caso solicitado, o pagamento da dívida em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do RI/TCU, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovar perante o Tribunal o recolhimento da primeira parcela, e de 30 (trinta) dias, a contar da parcela anterior, para comprovar os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal, atualizado monetariamente, os juros de mora devidos, na forma prevista na legislação em vigor;

9.5.dar quitação do débito que ensejou a instauração da presente tomada de contas especial aos responsáveis Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91) e Fundespa (CNPJ 61.379.657/0001-04), nos termos do art. 27 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 218 do Regimento Interno;

9.6.autorizar o envio de cópia integral desta deliberação à Codesvasf e à Secex/BA, salientando a essa Unidade Técnica da informação constante da peça 243 constante dos autos do TC 011.098/2008-0 (peça 29), para ciência e adoção das medidas que julgar cabíveis.

2.18Deste modo, os autos foram submetidos à apreciação do Exmo. Ministro-Relator Benjamin Zymler, conforme pronunciamentos de peças 33 e 34.

2.19O MP/TCU, em manifestação de peça 35, registra a anuência com a proposição de peça 32 desta Unidade Técnica.

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123 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

2.20.Em Despacho de peça 37, todavia, o Relator determina que, preliminarmente ao julgamento

da presente tomada de contas especial, seja realizada a audiência do Sr. Luiz Roberto Tommasi, ex-diretor da Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas (Fundespa), em razão do exposto a seguir:

(...) De acordo com a documentação juntada a estes autos por força do subitem 9.2 do Acórdão

931/2014-TCU-Plenário, no âmbito do TC 011.098/2008-0, a Fundespa contratou como consultora ambiental, à conta dos recursos do Convênio 0.05.06.0006/00, a Sra. Adriana Ramalho de Freitas Carvalho.

Os fatos narrados no memorial juntado a estes autos, de autoria do ex-Presidente da Codevasf Orlando Cezar da Costa Castro, dão conta de possível violação aos princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade. Isso porque a Sra. Adriana era mulher do engenheiro Frederico Ernesto Coelho Carvalho, designado pela Codevasf para acompanhar a execução, pela Fundespa, do convênio em tela.

EXAME TÉCNICO 3. Em cumprimento ao Despacho do Exmo. Ministro-Relator Benjamin Zymler (peça 37), foi

expedido o Ofício 1854/2015-TCU/SECEX-SP, de 17/7/2015 ao Sr. Luiz Roberto Tommasi (peça 39), mediante o Sr. Élcio Patti Júnior (OAB 169193/SP), procurador devidamente constituído do responsável (peça 19) para que apresentasse razões de justificativas acerca da ocorrência nos termos descritos abaixo:

- Contratação pela Fundespa da Sra. Adriana Ramalho de Freitas Carvalho para exercer a função de consultora ambiental, pagos com recursos do Convênio 0.05.06.0006/00, a qual era esposa do engenheiro Frederico Ernesto Coelho Carvalho, designado pela Codevasf para acompanhar a execução do convênio em tela, e que teria resultado em possível violação aos princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade, conforme fatos narrados no memorial juntado aos autos, de autoria do ex-Presidente da Codevasf, Orlando Cezar da Costa Castro.

3.1. A referida correspondência retornou com o registro “Desconhecido”, aposto em 28/7/2015, conforme se apura do Aviso de Recebimento constante da peça 40, p. 2. Considerando que o Ofício 1854/2015 havia sido enviado para o endereço consignado na procuração de peça 19 (Avenida dos Autonomistas, 755, Vila Yara, Osasco), não se justificando, em tese, a devolução por aquele motivo, esta Unidade Técnica entrou em contato com o próprio interessado (Sr. Luiz Roberto Tommasi), tendo obtido a informação de que o Sr. Élcio Patti Júnior não mais lhe representava, quando então solicitou que encaminhasse a audiência para o seu endereço residencial (peça 47).

3.2.Assim, em 17/8/2015 foi emitido o Ofício 2278/2015-TCU/SECEX-SP, de 17/8/2015 (peça 43) destinado ao Sr. Luiz Roberto Tommasi no endereço constante do cadastro de pessoas físicas da RFB (pesquisa de endereço à peça 42). A respectiva ciência encontra-se comprovada ante o Aviso de Recebimento de peça 44, cuja data assinalada é de 20/8/2015.

3.3.Decorrido o prazo regimental sem que o responsável comparecesse aos autos, apesar da comprovada ciência do Ofício 2278/2015, de 17/8/2015, procurou-se mais uma vez notificar o escritório de advocacia, desta feita, em nome do segundo profissional que consta na procuração de peça 19 (Sra. Tatiana Oliveira Nascimento (OAB 240284/SP), expedindo-se o Ofício 3197/2015-TCU/SECEX-SP, de 29/10/2015 (peça 45) para o endereço informado na aludida procuração, uma vez que a consulta do Cadastro Nacional de Advogados - cna.oab.org.br (peça 48) não apontou nenhum outro endereço profissional. Tal tentativa, da mesma forma, resultou em vão (peça 46 – AR com o registro “Mudou-se”).

3.4 Diante de tais circunstâncias, restou caracterizada a revelia do Sr. Luiz Roberto Tommasi, operando-se os efeitos do art. 12, § 3º, cabendo o regular prosseguimento dos autos.

3.5.Desta forma, não havendo elementos adicionais a serem examinados, reafirma-se o posicionamento adotado na instrução precedente de peça 32, devendo-se, no entanto, fazer alguns ajustes:

3.5.1acrescer à fundamentação da multa proposta no item 9.3 da instrução de peça 32 o dispositivo concernente à irregularidade objeto da audiência e não justificada pelo responsável, qual seja, o inciso

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II, do art. 58, da Lei 8.443/1992 (violação aos princípios da princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade, em razão da contratação da Sra. Adriana Ramalho de Freitas Carvalho, como consultora ambiental da Fundespa, à conta dos recursos do Convênio 0.05.06.0006/00, sendo ela a mulher do engenheiro Frederico Ernesto Coelho Carvalho, designado pela Codevasf para fiscalizar a execução, pela Fundespa, do convênio em tela).

3.5.2excluir a proposta de envio da deliberação que ocorresse nestes autos à Secex/BA, salientando da existência da informação da peça 243 do TC 011.098/2008-0 para a adoção das medidas que julgar convenientes (conforme se pontuou no item 9.6 da peça 32), vez que a medida foi adotada já nestes autos com a realização da audiência determinada pelo Exmo. Relator; sem prejuízo de dar-lhe ciência da deliberação.

3.5.2.1Esclareça-se que na instrução anterior ponderou-se que a questão ora evidenciada melhor seria processualmente apurada no âmbito da Secex-BA, unidade responsável pela autuação do TC 011.098/2008-0, e portanto, a instância adequada para atuar ou propor medidas acerca da matéria, evitando-se, por ventura, duplicidade de medidas e/ou esforços (item 4.7 da peça 32) - fato ora insubsistente.

3.6.Isto posto, por elucidativo, reproduz-se os trechos relativos à análise já empreendida nestes autos (peça 32), com vistas ao julgamento de mérito:

DA PEÇA 32, P. 4- 14 (...) Alegações apresentadas pelo Sr. Luiz Roberto Tommasi (peças 17 e 18) 3.4 Primeiramente, o ex-presidente da Fundespa faz uma síntese dos fatos descrevendo o objeto do

convênio firmado com a Codevasf e que resultou na instauração deste processo. Referiu-se ao objeto como um projeto diferenciado (“atividade experimental” “não é uma obra normal de engenharia”) e que “restou prejudicado por erros de planilha cometidos pela Codevasf, que lançou orçamento com erros matemáticos.” Prossegue – “ocorre que em 25 de setembro de 2008 o convênio foi encerrado, por decisão unilateral da Codevasf”. Acrescenta que, quando do encerramento do convênio, as glosas realizadas pela Concedente na prestação de contas do primeiro adiantamento para a Fundespa estavam em discussão.

3.5 Aduz o responsável que todos os gastos realizados e recursos empregados atenderam única e exclusivamente serviços objeto do convênio, os quais teriam sido devidamente aprovados pela Codevasf, que “em nenhum momento durante a execução dos trabalhos levantou essa questão, fazendo intempestivamente, quando da inspeção feita pela auditoria do TCU.”

3.6 Ressalta o defendente: (...) a FUNDESPA reuniu-se com o Presidente da CODEVASF, discutiu todas as questões

pendentes, fez proposta para criação de Grupo de Trabalho com representantes das partes para resolverem as pendências, enfim, nada foi aceito e foram mantidas as posições e decisões tomadas pela CODEVASF, em que pese os prejuízos causados à FUNDESPA.”

3.7 Feitas, em suma, tais considerações, suscita, em seguida, a tese de que “a pretensão executória encontra-se fundada em título completamente desprovido dos pressupostos básicos inerentes aos títulos executivos, pois não é líquido, certo e exigível.” Assim, enumerando, a seu critério, os débitos discriminados no oficio citatório, expõe:

3.7.1 No Ofício 1875/2013 – TCU/SECEX-SP, os lançamentos constantes dos itens “167, 168 e 169” tratam de glosas de despesas pagas a favor da firma Estaleiro Cassinú Ltda. no valor de R$ 437.420,00 (...) atualizados até 13/5/2008, referentes à construção de um work-boat, que se refere a valor que excede ao valor aprovado pela Concedente (que foi de R$ 1.127.500,00). No entanto, a Codevasf utilizou da embarcação assim que assumiu o projeto e até doou a mesma para a Administração da Hidrovia do São Francisco – AHSFRA (doc. anexo – peça 18 – p. 39-44). Conclama – “Entendimento diverso acarretaria a possibilidade de enriquecimento ilícito do ente público, quando locupleta-se de mácula por si perpetrada.”

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3.7.2 No referido ofício citatório, os lançamentos “27, 28, 29, 30, 57 e 58” referentes a despesas

feitas junto à S&A Design Projetos Ltda., já foram restituídos à conta do convênio (doc. anexo - peça 17 ), razão pela qual solicita a exclusão dos débitos apontados nestes itens;

3.7.3 No tocante aos itens “53, 109, 110, 152 e 153” – despesas com pessoal – o responsável consignou a impossibilidade de verificar a composição dos valores lançados. Afirma que as despesas foram realizadas com pessoal em consonância com o plano de trabalho. Alega que para atender aos serviços demandados pelo convênio, a Fundespa contratou profissionais com expertise e experiência profissional necessárias para execução dos serviços de planejamento, elaboração de projetos, supervisão e orientação dos serviços de campo, bem como para execução de todo o trabalho de suporte administrativo necessário, além de terceiros para execução de trabalhos em campo. Tais contratações foram amparadas no disposto na letra “a” do subitem 4.1.2 da Cláusula Quarta do Convênio, que trata das obrigações da Fundespa, dando-lhe a prerrogativa de executar as obras ou serviços estabelecidos no plano de trabalho, direta ou indiretamente. Assevera que foi preciso incrementar o quantitativo de pessoal e pagar salários maiores que os previstos para determinadas categorias profissionais, dada a complexidade e condições de execução dos trabalhos objeto do convênio, sob o risco de não conseguir alocar o pessoal necessário, para atendimento das necessidades no prazo. Todavia, defende que as remunerações praticadas pela Fundespa eram compatíveis com as de mercado para funções similares.

3.7.3.1Contesta a forma adotada pela Codevasp para a imputação do débito. Segundo o responsável, a Codevasf não procedeu à avaliação dos custos mensais projetados pela mesma com base no tempo de execução dos serviços, tampouco avalia comparativamente os serviços executados pela Fundespa em relação aos custos realizados.

3.7.4Quanto ao item “147” no valor de R$ 700,00 – trata-se de plano de saúde corporativo, cujo valor da mensalidade relativa a cada empregado é paga pelo empregador e, após, descontado do salário pago, entende que “não há que se falar em glosa, pois este foi pago, na verdade, pelo empregado, que teve descontado de seus proventos a parcela relativa a seu seguro saúde.”

3.7.5Quanto aos itens “82, 83 e 146” – contratação da empresa KPMG – competia à Concedente, conforme cláusula 4.1.1, letra “c”, do Convênio 0.05.06.0006.00 participar e supervisionar os serviços, verificando a exata aplicação dos recursos. Com base na documentação anexada (peça 18, p.13, p.20) que demonstra o “de acordo” obtido pela concedente para esta contratação, o responsável infere não vê cabimento na glosa ora imputada, porquanto a despesa gerada foi objeto de exaustiva discussão entre a Codevasf e a Fundespa.

3.7.6 Item “84”- viagem à Recife, no valor de R$ 1.654,24: a viagem ocorreu em função das atividades do convênio e foi justificada pelo convenente, inclusive foi solicitada pelo Sr. Clementino Coelho, Diretor da Área de Desenvolvimento Integrado e Infraestrutura da Codevasf, o qual esteve também presente na visita à Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco para discussão sobre o emprego de energia eólica e solar no São Francisco, como se pode verificar nas razões de justificativa desse apresentadas a esta Corte (doc. anexo);

3.7.7 Itens “85 a 91” – seguro AGF Brasil – referente aos imóveis alugados na Barra/BA e São Paulo/SP (R$ 5.257,00): no caso do imóvel na Barra/Ba, assevera que o seguro foi feito para cobrir imóvel alugado para servir de escritório administrativo e técnico, bem como para alojamento da equipe, na execução das atividades relacionadas ao objeto do convênio (a previsão de aluguel para tal fim constou do Relatório da Unidade Técnica sobre a análise contábil da 1ª Prestação de Contas, enviado pela CT/AD/n. 25, de 25/8/2008, item 3, letra “h”). Ressalta o Sr. Luiz Roberto Tommasi que, na contratação do referido aluguel, está inserta obrigação de realizar seguro contra incêndio e outros danos, a cargo do locatário, até mesmo para salvaguardar os bens afetos ao convênio, sob pena de rescisão do contrato. Quanto ao valor pago de seguro referente ao imóvel em São Paulo, ressalta que a necessidade e existência de espaço exclusivo de trabalho em São Paulo foi solicitada e justificada pela convenente, tanto que o Sr. Frederico Ernesto Coelho Carvalho, coordenador do convênio pela Codevasf, em comunicado de reunião (doc. anexo) anuncia que um dos assuntos da pauta seria referente à mão de obra do escritório em São Paulo, bem como aos equipamentos de escritório necessários ao

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projeto em São Paulo. Informa que a ata da reunião realizada em 2/7/2007 (doc. anexo) comprova a ciência da Concedente, não tendo o referido coordenador ou gestor do convênio pela Companhia manifestado qualquer oposição ou discordância quanto ao fato, somente vindo a fazê-lo por ocasião da análise da prestação de contas. Conclui, pois, se, como argumenta a Codevasf, houve falha de procedimento da convenente em não solicitar informações sobre a questão, também a concedente falhou ao manter-se silente acerca da proibição, uma vez plenamente ciente dos fatos. Resumiu:

Assim, o fato de ter havido falhas de procedimento, tanto por parte da convenente quanto do concedente, não invalida a necessidade da locação do imóvel em São Paulo para a consecução do objeto do convênio e portanto, tendo tal contratação, como requisito, a celebração de contrato de seguro (cláusula 15ª), não há como se admitir que os valores atinentes ao prêmio do seguro sejam considerados como em desacordo com o objeto do convênio.

3.7.8 Item “96” – aluguel da Casa de São Paulo (R$ 34.085,00): apresentou a justificativa de que a magnitude das ações previstas para serem executadas à conta do convênio extrapolou a capacidade da estrutura pré-existente da convenente, o que gerou a necessidade de contratar imóvel anexo a sua sede. Repisa a argumentação já acima descrita, notadamente, quanto à plena ciência dos fatos pelo concedente, que teria concordado com a prática.

3.7.9 Itens “54, 55, 100, 107, 111 e 154” – despesas gerais e passagens: o ex-presidente da Fundespa defende que tais glosas fundamentadas no excesso de gasto em relação ao valor orçado, com base nas planilhas de cálculo elaboradas pela Codevasf não servem de parâmetro para a avaliação das despesas pois contêm erros, visto que a Concedente não considerou o prazo efetivo da execução dos serviços, tampouco levou em conta os fatos ocorridos e os ajustes demandados em função das circunstâncias e condições dos trabalhos objeto do convênio, impondo à convenente custos além dos previstos. Por entender oportuno, junta trecho da resposta da Codevasf ao ser questionado por este Tribunal (Relatório preliminar):

A fiscalização da execução do Convênio não foi deficiente, sendo que todos os serviços previstos e executados foram devidamente analisados e aprovados pela área técnica da CODEVASF e estão em conformidade com o Plano de Trabalho aprovado pela Resolução n2 084, de 17/01/2008. A execução do objeto do convênio foi acompanhada sistematicamente in loco pela CODEVASF, com diversas diligências da área técnica..." (§§ 1 2 e 2 2 das fls. 1133 — vol. 4 –(Resposta da Codevasf ao Relatório Preliminar do TCU)

3.7.9.1Indaga: “Desta forma, como pode a CODEVASF não pagar os fornecedores contratados para atender ao escopo do Projeto? Prossegue em sua análise:

(..) verifica-se que foi previsto um gasto mensal no valor de R$ 26.870,00 (vinte e seis mil, oitocentos e setenta reais) para a Meta Licença Ambiental, mais R$ 26.870,00 para a Meta Estudo Implementação do Campo de Provas, não sendo provisionado nenhum gasto com despesas gerais para as Metas Construção Campo de Prova e Dragagem, como se, quando da execução desses serviços, não fossem necessárias infraestrutura e logística para suporte à equipe responsável pela fiscalização e acompanhamento dos serviços, o que é totalmente divorciado da realidade.

Durante toda a execução dos serviços objeto do Plano de Trabalho original essa infraestrutura e logística foram indispensáveis à execução dos serviços objeto do Convênio, e obviamente implicaram custos.

Assim, a projeção de gasto de R$ 26.870,00, aplicada a todo o período de execução dos serviços objeto do Plano de Trabalho original, que foram de 13 meses (de janeiro de 2007 a janeiro de 2008, quando autorizada a celebração do 2º Termo Aditivo, através da Resolução de Diretoria Executiva n. 84, de 17 de janeiro de 2008), totaliza o montante de R$ 349.310,00.

3.7.9.2 Com relação às passagens, afirma que a Fundespa enviou relatório das viagens a campo e outras localidades, que demonstraram as despesas realizadas com passagens de cada evento, comprovando que todos eles estavam ligados à consecução do convênio. Salienta o responsável que a “mobilização inicial e as articulações institucionais em diversas localidades” exigiram deslocamentos, além daqueles até o município de Barra/BA, dos diversos técnicos envolvidos na prestação de serviços,

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motivando a superação das estimativas. Além disso, o ex-presidente atenta que as estimativas que constaram das planilhas elaboradas internamente pela Codevasf se apresentaram “sem base”, visto que as passagens foram cotadas sem o prévio conhecimento do roteiro. Afora isso, cita que, para cada meta, foram previstas sessenta diárias para quatro pessoas, entre coordenador e técnicos, “em valor absolutamente irreal”, “porquanto insuficiente para pagamento de todas as despesas relativas (taxi, hospedagem, alimentação, etc.), o que já demonstra a pouca técnica e cuidado empregados em tal avaliação.” Deste modo, conclui:

Não cabem, portanto, glosas de despesas ou de passagens, sejam a que título forem, pois mesmo o excedente do projetado (multiplicando-se aqui o valor projetado para um mês, por treze, correspondente aos meses de execução dos serviços), reflete tão somente as necessidades supridas para atendimento do objeto do Convênio, não previstas quando da elaboração das planilhas pela CODEVASF. Trata-se de erro na previsão dos gastos, não gasto excedente, como quer a CODEVASF

3.8 Relativamente às demais despesas, o Sr. Luiz Roberto Tommasi anuncia que a Fundespa está de acordo com as respectivas glosas que se encontram enumeradas na peça 17, p. 18 -21 (lançamentos totalizando R$ 219.456,03).

3.9 Em relação aos bens permanentes fora do plano de trabalho (lançamentos que totalizam R$ 81.666,14), enumerados na peça 17, p. 21-22, o responsável alega que resta prejudicada a defesa, visto que os valores não identificam o bem e deste modo, não pode aceitar a impugnação destas despesas.

3.10 No mais, informa que dentre os valores reconhecidos por este Tribunal como crédito não foi contabilizado o valor de R$ 171.575,73, referente a pagamento de despesa não vinculada ao convênio, restituído em 27/5/2008 (peça 18, p. 48).

Análise (...) 5.Passa-se ao exame das alegações de defesa apresentadas: 5.1 Importa esclarecer, em primeiro lugar, que a numeração adotada pelo defendente

(mencionadas na descrição das alegações apresentadas) não confere, em todos os casos, com as glosas associadas - o que não prejudica a análise quanto ao mérito – sendo dispensável transcrever aqui os itens equivalentes, uma vez que se constata que as despesas acima mencionadas constaram da citação realizada nos termos do Ofício 1891/2013 –TCU/SECEX-SP.

5.2 O Sr. Luiz Roberto Tommasi, embora concordante com muitas glosas apontadas, as quais se referem a despesas diversas de pequena monta, verificadas ao longo de 2006 a 2008, apresenta-se, em geral, convicto de, na condição de Presidente da Fundespa à época, ter empregado os recursos do Convênio 0.05.06.0006/00 na finalidade pactuada e com a anuência do órgão federal concedente, Codevasf. Deste modo, refuta as demais glosas, arguindo, em preliminar: (1) ausência dos requisitos necessários para que se configure a existência da dívida (“certeza, exigibilidade e liquidez”). Assim o faz com as despesas impugnadas relativamente aos pagamentos: em favor da firma Estaleiro Cassinu Ltda., S&A Design Projetos Ltda., empresa KPMG, com pessoal, plano de saúde corporativo, viagem a Recife, seguro AGF Brasil, aluguel de casa em São Paulo, passagens e outras despesas gerais. E (2) ausência de elementos que permitam exercer a ampla defesa – o que o faz em relação à aquisição de bens permanentes.

5.3 Em seu teor, as alegações consistem, em suma, nas seguintes teses: houve erro da Codesvasf na avaliação dos custos; planilhas de gastos estavam subestimadas; houve equívocos da equipe técnica do TCU; agiu com total aval da Codevasf; efetuou gastos coerentes e condizentes com a complexidade do objeto; contratou pessoal qualificado e praticou salários compatíveis com os de mercado.

5.4 Quanto às preliminares suscitadas: (1) compete salientar que nesta fase em que se examina a procedência das alegações de defesa não há que se falar em “título líquido, certo, exigível”, o qual se refere ao acórdão condenatório do TCU – o que se constitui somente após a decisão deste Tribunal, conforme preleciona o art. 24 da Lei Orgânica do TCU (Lei 8.443/1992), a saber:

A decisão do Tribunal, de que resulte imputação de débito ou cominação de multa, torna a dívida líquida e certa e tem a eficácia de título executivo, nos termos da alínea b do inciso III do art. 23 desta Lei.

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128 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

5.4.1 E (2) também merece reparo a alegação de obstrução do exercício da ampla defesa –

relativamente aos bens permanentes - estes bens foram objeto de questionamento durante a auditoria realizada pela Secex/BA, sendo que as datas apostas ao lado dos itens poderiam identificar os mesmos. Na instância do órgão concedente, conforme se constata da resposta oferecida pela Fundespa acerca da aquisição indevida de bens permanentes e que seriam essas despesas glosadas, o responsável pela Fundespa, por meio de advogado, apresenta-se ciente de tais despesas, sendo, em sua análise, capaz de apontar todos os bens comprados para aparelhar a estrutura da entidade “em atendimento ao objeto do convênio” (peça 5, p. 8-12, p. 24, p. 32).

5.5 No mérito, as alegações apresentadas não merecem acolhida. 5.6 Compulsando as defesas anteriormente prestadas, seja ao órgão concedente ou a este Tribunal,

verifica-se que, em essência, são de mesmo teor. As argumentações foram objeto de detida análise e rejeitadas, encontrando-se documentadas no âmbito do TC 011.098/2008-0, de modo que não cabe dar-lhe guarida, visto que nada de substancialmente novo agregou em sede de citação. Abaixo, relacionam-se as peças correspondentes às defesas apresentadas pelo Sr. Luiz Roberto Tommasi, em nome da Fundespa, acerca das despesas realizadas com os recursos conveniados, objeto de glosa:

Documento Fundespa Destinatário Ofício s/n., de 27/8/2008 (peça 1, p. 228 – 292)

Presidência da Codevasf (em resposta à Carta n. 024, de 20/8/2008 que trata do Relatório da Unidade Técnica sobre a Análise Contábil da 1ª Prestação de Contas do Convenio 005.06.0006-00)

Ofício s/n, de 24/8/2011 (peça 4, p. 392-400 e peça 5, p. 1-38)

Presidência da Codevasf (em resposta ao Ofício n. 566/2011/PR/GB, cujo objeto foi “Solicitação de devolução de recursos”)

Expediente s/n, de 14/10/2008 (peça 21 do TC 011.098/2008-0 – Peça 31, p. 4-23)

TCU (em resposta à audiência constante do Ofício 1.166/2008- TCU/SECEX-BA, de 15/9/2008 - fls. 716/719 do Vol. 3 do Ppal TC 011.098/2008-0 – peça 17 do TC 011.098/2008-0 – Peça 30, p. 37-40)

5.7 De atentar que o responsável apresentou, dentre a documentação juntada em resposta a citação, o mesmo Ofício s/n., de 27/8/2008, acima relacionado (peça 17, p.30-62), reforçando a ausência de novos elementos a merecer exame.

5.8 Observa-se que o Sr. Luiz Roberto Tommasi não inova nem mesmo quanto às premissas sustentadas. Da peça 4, em momento que antecede à instauração deste procedimento de cobrança do débito, verifica-se à p. 398, que usou o recurso de mencionar que a cobrança do débito se baseia em “título completamente desprovido dos pressupostos básicos inerentes aos títulos executivos, pois não é líquido, certo e exigível”, a saber:

(...)12. A pretensão executória da CODEVASF encontra-se fundada em título completamente desprovido dos pressupostos básicos inerentes aos títulos executivos, pois não é líquido, certo e exigível. Senão vejamos: (...)

18.O título no qual se funda esta execução não se amolda a nenhum dos requisitos apontados, sendo, portanto, desprovido de certeza, exigibilidade e liquidez, pois não foi efetuado o abatimento indispensável do valor aprovado para a aquisição do equipamento.

19. Como se poderá falar em certeza acerca de título que já se encontra fundado em uma dívida inexistente? Por certo, inexistindo dividas, conseqüentemente, não existirá título executivo.(...)

5.9 O citado ainda aponta que faltou registrar como crédito a restituição do valor de R$ 171.575,73 aos cofres do Concedente, mas não discriminou a despesa a qual estaria vinculado esse valor, tornando, portanto, inócua a informação.

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129 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

5.10 Conquanto não tenha trazido elementos suficientes para descaracterizar as irregularidades,

foi o responsável beneficiado com o recolhimento efetuado pela Fundespa, afastando assim o débito a ele imputado solidariamente com a entidade.

5.10.1 Vale assinalar que, neste caso, o recolhimento sem a incidência de juros (no valor atualizado monetariamente conforme Guia de Recolhimento da União – peça23) pode ser aceito, à vista do entendimento consubstanciado no Acórdão 4.554/2014 - TCU- Plenário, quando o Exmo. Ministro-Relator Benjamin Zymler assim propugnou:

29. Considerando que houve recolhimento do débito (...), deve ser dada quitação aos responsáveis quanto a essa dívida (...).

30. (...) o pagamento da dívida foi feito tempestivamente. É que, além do prazo fixado no ofício de citação, o sistema concede prazo adicional para quitação da GRU emitida. Ademais, de acordo com o § 1º do art. 202 do Regimento Interno, a incidência de juros de mora ocorre apenas a partir da condenação (em débito).

31. Logo, tendo os responsáveis se antecipado ao julgamento e quitado o débito dentro do prazo máximo admitido, afasta-se a incidência de juros de mora. (grifo nosso)

5.11 Considerando tais circunstâncias, tem-se que não subsiste o débito imputado aos responsáveis solidários, Sr. Luiz Roberto Tommasi e Fundespa, importando à presente análise proceder à verificação de outras irregularidades que possam macular o mérito das presentes contas.

5.12 Nesta linha, cumpre aferir a conduta do Sr. Luiz Roberto Tommasi, notadamente quanto à existência de boa-fé, a qual se evidenciada poderá dispensar a adoção de sanção individual, e saneará o processo com o julgamento pela regularidade de suas contas.

5.13 Neste sentido, na avaliação quanto à culpabilidade, perquirindo se existe o necessário liame entre a ação ou omissão do agente responsável e o dano (o nexo causal), uma constatação ganhou relevo: em sede recursal, nos autos do TC 011.098/2008-0, o Exmo. Relator José Múcio, ao avaliar as irregularidades que culminaram na imposição de multa aos gestores da Codevasf, deixou assente que tanto a realização de despesas à conta do convênio em desacordo com o plano de trabalho aprovado quanto a fiscalização deficiente que permitiu que essas despesas ocorressem referem-se ao mesmo achado.

8.(...) A diferença é que a primeira ocorrência está relacionada à execução do convênio, a cargo da Fundespa, enquanto a segunda refere-se ao exercício das funções de controle inerentes ao órgão repassador. Somente esta última, no meu entender, deveria ser objeto de avaliação neste processo. A outra insere –se entre as questões tratadas no contexto da tomada de contas especial do convênio, autuada no já mencionado TC 001.765/2013-2.

9.Excluo, portanto, de plano, a irregularidade indicada no item 1 acima. 5.14 Em decorrência, o Tribunal exarou o Acórdão 931/2014-TCU-Plenário, em que houve a

redução da multa anteriormente aplicada nos termos do Acórdão 278/2012 –TCU-Plenário ao gestores da Codevasf, em virtude da exclusão da responsabilidade da parte do Concedente quanto à ocorrência diretamente relacionada com as despesas executadas.

5.15 Ou seja, entende-se que a responsabilidade pela realização dos indevidos dispêndios em nome do Convênio 0.05.06.0006-00 passa a ser da entidade convenente. Na prática, o encargo de responder pela execução das despesas cinge-se ao respectivo gestor.

5.16 Sob esta perspectiva, consultando o Estatuto da Fundespa (peça 7), à vista das atribuições constantes do art.27, abaixo consignadas, confirma-se a competência do Sr. Luiz Roberto Tommasi, no cargo de Diretor Presidente à época, para responder pelas ocorrências ora questionadas.

(...) I – representar a FUNDESPA ativa e passivamente, em juízo e fora dele; (...) V – admitir e demitir empregados da FUNDESPA; VI- emitir, aceitar, endossar e avalizar letras de câmbio, duplicatas, notas promissórias e cheques;

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130 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

VII- autorizar a celebração de cauções, transações, acordos e renúncia de direitos, submetendo

tais autorizações à posterior aprovação do Conselho Curador; VIII – promover, contratar e superintender estudos, projetos e demais serviços técnicos; IX – praticar todos os demais atos de gestão que não sejam atribuídos por este Estatuto ao

Conselho Curador ou à Diretoria Executiva, propondo a esses órgãos as medidas que dependem de sua aprovação.

5.17 Conforme demonstrado anteriormente, o Sr. Luiz Roberto Tommasi, além de ter concordado com muitas glosas por entender de fato fora dos propósitos da avença, não logrou justificar as demais despesas impugnadas, podendo-se pontuar que houve omissão do responsável no dever de gerir os recursos repassados pela Codevasf à Fundespa, acarretando a consecução de atividades ou despesas desconexas das finalidades do convênio.

5.18 De salientar que na fase interna desta TCE o responsável teve oportunidades de regularizar as pendências, mas optou por repisar respostas comprovadamente insubsistentes, o que denota que o responsável não agiu com boa fé, porquanto poderia ter saneado as irregularidades e assim, evitado o ônus ora imposto às diversas instâncias envolvidas (Codevasf, Fundespa e TCU). Anote-se que veio a admitir muitas glosas, ao ser citado, conduta que deveria ter demonstrado há tempo, já que sabia da falta de fundamentação de tais despesas.

5.19 De acordo com as atribuições estatutárias do cargo que ocupava, e diante das circunstâncias que o cercavam, era de se esperar que atuasse em nome da entidade conferindo zelo na tarefa de bem aplicar os recursos que lhe foram confiados. Ao ignorar as regras de utilização destes recursos públicos, que devia conhecer ao firmar o convênio com o órgão federal, incorreu em conduta culposa, atraindo para si a responsabilidade de reparar o prejuízo causado aos cofres da Codevasf, bem como de enfrentar medida punitiva. Considerando que a entidade – sob nova gestão – efetuou o recolhimento, resta-lhe a sanção prevista no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992, em razão da conduta reprovável.

5.20 Configurado o nexo causal na conduta do Sr. Luiz Roberto Tommasi em relação ao fato gerador do débito, cumpre observar, no entanto, que o descuido identificado na sua conduta não pode ser equiparado ao dolo, ou seja, não sobressaem elementos que permitiam inferir que os atos foram cometidos de forma dolosa, no intuito de gerar prejuízo aos cofres públicos.

5.21 Apesar de ter indiretamente, ao pactuar o convenio, impedido que outros particulares potencialmente interessados e mais preparados fornecessem os bens e serviços em questão, não vale a assertiva de que agiu com intenção de lesar os cofres públicos, mormente porque houve a concordância da Codevasf, sobre o qual recai a responsabilidade pela celebração do convênio, porquanto deveria ter se certificado previamente das condições da convenente frente ao propósito almejado, conforme restou consubstanciado no Acórdão 278/2012-TCU-Plenário e reafirmado no Acórdão 931/2014-TCU-Plenário.

5.22 No que tange às causas excludentes ou atenuantes, imperioso destacar que, abordando a documentação acostada aos autos pelo defendente, em resposta à citação de sua pessoa por este Tribunal, denota-se, com efeito, que alguns atos ora relacionados com as glosas requeridas foram consumados, ou por determinação da Concedente ou aprovação desta (contratação da empresa KPMG, aluguel da casa de São Paulo, viagem a Recife). Embora se admita este atenuante, a circunstância não exclui a sua responsabilidade e não o isenta da sanção sugerida, sendo pertinente, porém, considerá-lo na valoração desta.

5.23 Bem de frisar que a falta de controle detectada no âmbito da Codevasf, por certo, favoreceu a prática de atos/atividades em desacordo com o plano de trabalho; contudo, daí inferir que o convenente agiu a mando da concedente sem que tivesse conhecimento da violação das normas - o que era flagrante -, afastando a tese de que as irregularidades ocorreram em função unicamente da fiscalização precária, não procede. Inclusive ficou registrado na ocasião da análise das razões de justificativa apresentadas nos autos do TC 011.098/2008-0 pelo Sr. Luiz Roberto Tommasi, em atenção à audiência promovida pela Secex/BA, que o ex-dirigente da Fundespa realizou despesas a revelia da Codevasf, conforme excertos do Relatório constante do Acórdão 278/2012 –TCU-Plenário:

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131 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

(...) Ao examinar a 1ª Prestação de Contas do convênio, referente ao período de fevereiro a setembro

de 2007 (relatório datado de 08/08/2008, às fls. 162/168 do anexo 13) a Codevasf também apontou a contratação de pessoal com salários superiores ao previsto no Plano de Trabalho (fl. 166 do anexo 13). No relatório do coordenador do convênio, datado de 21/08/2008, às fls. 170/181 do anexo 13, consta ainda a seguinte observação (fl. 175 do anexo 13): ‘caso tenha havido dificuldades para se manter a equipe com os salários aprovados e constantes no plano de trabalho, a convenente deveria ter informado sobre esta dificuldade, fazendo cumprir a cláusula 4, item 4.1., subitem 4.1.2, alínea m que diz que a Convenente deve manter o órgão concedente informado sobre quaisquer eventos que dificultem ou interrompam o curso normal de execução do convênio, não adotando contratações além do estabelecido, muito menos salários aumentados sem autorização do concedente’ (grifos no original)

(...) A extrapolação do quantitativo de bens previstos para serem adquiridos com recursos do convênio,

bem como a aquisição de equipamentos não previstos no plano de trabalho, foram irregularidades apontadas pela Codevasf no exame da 1ª e da 2ª Prestação de Contas (fls. 166 e 195 do anexo 13).

Considerando que o valor previsto no Plano de Trabalho para aquisição de equipamentos era de R$ 351.988,73, e que a Codevasf, ao examinar as prestações de contas das duas primeiras parcelas dos recursos transferidos à Fundespa, apurou dispêndios nos montantes de R$ 305.683,94 (fl. 166 do anexo 13) e R$ 99.074,55 (fl. 195 do anexo13), houve uma extrapolação de R$ 52.769,76 em relação ao programado.

Se, conforme alegado pelo Sr. Luiz Roberto Tommasi, os quantitativos de móveis e equipamentos de escritório previstos estavam aquém das reais necessidades dos serviços, a Fundespa deveria ter informado o fato à Codevasf, conforme previsto na cláusula 4, item 4.1, subitem 4.1.2, alínea m do termo de convênio, abstendo-se de efetuar despesas em desacordo com o Plano de Trabalho. (grifo nosso)

5.24 De consignar que, ainda que as razões de justificativa tivessem sido rejeitadas, naquela oportunidade, o Exmo. Ministro Relator Marcos Bemquerer não acatou a proposta de apenação do ex-Diretor Presidente da Fundespa, ressaltando que, “não obstante a ausência de aplicação de multa nestes autos, a responsabilidade dele será analisada no âmbito da Prestação de Contas ao Convênio n. 0.05.06.0006/00.” (Voto condutor do Acórdão 278/2012-TCU-Plenário).

5.25 Embora tenha este Tribunal rechaçado todas as argumentações da concedente atribuindo-lhe solenemente a culpa pela deficiente fiscalização (Acórdão 278/2012-TCU-Plenário, Acórdão 931/2014-TCU-Plenário), reconheceu que esta adotou medidas saneadoras, impugnando despesas acima do plano de trabalho aprovado, ao analisar as prestações de contas das 1ª e 2ª parcelas do convenio, instando a convenente a efetuar as respectivas glosas.

5.26 Consoante o item 9.1.1. do Acórdão 1.716/2009-TCU- Plenário, proferido no TC 011.098/2008-0, em Sessão de 5/8/2009 (peça 2, p. 36), o Tribunal determinou à Codevasf abster-se de promover novas liberações de recursos à Fundespa até que sanadas as irregularidades por ela identificadas nas prestações de contas. No entanto, antes da deliberação deste Tribunal a Codevasf determinou, por cautela, a suspensão da execução física e financeira do convênio conforme se depreende do Ofício 649/2008/PR/GB, de 1º de setembro de 2008 (peça 1, p. 320) com base nos indícios de irregularidades na execução das obras de Melhoria da Hidrovia do São Francisco – trecho Ibotirama –Juazeiro.

5.27 Assim, caso tivesse havido boa-fé do responsável, poderia ter saneado as questões tempestivamente, uma vez alertado nas oportunidades que lhe foi concedida defesa. Ao contrário, conforme já mencionado, insistiu em repetidas alegações, gerando além de custos processuais, ônus financeiro à entidade, o qual representava legalmente.

5.28 Portanto, na evidenciação da culpa pelos gastos indevidos, reafirma-se que, de acordo com as competências do cargo que exercia e diante das circunstâncias que o cercavam, a conduta do responsável, Sr. Luiz Roberto Tommasi, no caso omissiva, concorreu para o dano, não de forma dolosa,

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132 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

sendo razoável, pois, que na dosimetria da multa preconizada no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992, seja observado o princípio da proporcionalidade, considerando o contexto em que foi apurada a ocorrência que ensejou esta TCE.

5.29 Quanto à entidade convenente, deixa-se de propor mesma sanção, tendo em vista o entendimento exarado no Acórdão 4.554/2014-TCU- 1ª Câmara, in verbis:

32. Todavia, a conduta dos agentes deve ser apenada com a multa prevista no inciso I do art. 58 da Lei 8.443/1992, não aplicável à pessoa jurídica, que não pratica atos de gestão. Por essa razão, afasto a proposta da unidade técnica de aplicar sanção às sociedades empresárias (...)

CONCLUSÃO 4.Em face da análise promovida na instrução de peça 32 (itens transcritos no tópico acima),

propõe-se rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Luiz Roberto Tommasi, uma vez que não foram suficientes para sanear as irregularidades a ele atribuídas. Cumpre lembrar, entretanto, que a Fundespa, responsável solidária, apesar de não ter apresentado as alegações de defesa, recolheu o débito que lhe fora imputado, atualizado monetariamente, o que afasta a condenação em débito a sua pessoa.

4.1Realizada a audiência para que apresentasse razões de justificativa acerca da contratação da Sra. Adriana Ramalho de Freitas Carvalho, como consultora ambiental da Fundespa, à conta dos recursos do Convênio 0.05.06.0006/00, sendo ela a mulher do engenheiro Frederico Ernesto Coelho Carvalho, designado pela Codevasf para fiscalizar a execução, pela Fundespa, do convênio em tela, em violação aos princípios da princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade, permaneceu silente, transcorrido o prazo regimentalmente fixado, impondo-se contra o responsável os efeitos da revelia, de acordo com o art. 12, § 3º, da lei 8.443/1992.

4.2Tendo em vista que não constam dos autos elementos que permitam reconhecer a boa-fé do Sr. Luiz Roberto Tommasi, sugere-se a aplicação da multa prevista nos arts. 58, incisos I e II, da Lei 8.443/1992, com o julgamento pela irregularidade das contas, nos termos do art. 202, § 6º, do RI/TCU.

4.3Em razão do recolhimento integral do débito atualizado monetariamente, propõe-se dar quitação à Fundespa, nos termos do art. 27 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 218 do RI/TCU; e considerando a impossibilidade de aferição da boa-fé por parte de pessoa jurídica, dispensa-se a sanção da Lei 8.443/1992, por não ser aplicável à pessoa jurídica, que não pratica atos de gestão, sem prejuízo do julgamento pela irregularidade das contas.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS 5.Processo correlato: TC 011.098/2008–0 (Apenso TC 003.858/2012-0 –Monitoramento): foi

proferido o Acórdão 931/2014-TCU-Plenário, em Sessão de 9/4/2014, que apreciou pedidos de reexame interpostos pelos responsáveis da Codevasf contra o Acórdão 278/2012- TCU-Plenário, dando-lhes provimento (Sr. Luiz Carlos Ewerton de Farias) e provimento parcial (Srs. Orlando Cézar da Costa Castro, Clementino de Souza Coelho e Edie Andreeto Júnior), com a consequente alteração do item 7.1 do referido acórdão (isenção e redução do valor das multas). Contra o Acórdão 931/2014-TCU-Plenário, foram opostos embargos de declaração, os quais foram apreciados e rejeitados, consoante o Acórdão 1.806/2014-TCU-Plenário (Orlando Cézar da Costa Castro e Edie Andreeto Júnior); contra este acórdão foram opostos novos embargos de declaração (Edie Andreeto Júnior), os quais também rejeitados nos termos do Acórdão 2.074/2014-TCU-Plenário.

5.1Estando os autos na fase instrutiva (fase anterior), deu entrada nesta Secretaria o pedido intitulado “Alegações Finais cumuladas com pedido de levantamento de cadastro de inadimplente para débito já quitado”, por parte da Fundespa, subscrito pelo Sr. André Steagal Gertsenchtein, Administrador Judicial, no qual solicitou a este Tribunal “imediato levantamento do cadastro de inadimplente (Siafi) e a extinção da Tomada de Contas Especial, com quitação aos responsáveis” (peça 25). Considerando que o pleito não influi sobre o mérito das presentes contas e não possui o condão de alterar o trâmite dos presentes autos, deu-se prosseguimento ao rito processual, conforme previsto regimentalmente.

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133 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

5.2Considerando a informação do Sr. Luiz Roberto Tommasi acerca da representação conferida ao

advogado constituído mediante procuração de peça 19, cumpre considerar, doravante, tal documento revogado, de ofício, para todos os fins, devendo-se adotar providências com vistas à regularização nos sistemas eletrônicos do TCU.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 6.Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, com a proposta de

encaminhamento, nos seguintes termos: 6.1rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-

91) em relação à citação, considerando-o revel quanto à audiência, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992;

6.2com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b”, 19, parágrafo único, 23, inciso III, da Lei 8.443/1992, c/c arts. 1º, inciso I, 202, § 1º, 209, inciso II, do RI/TCU, em razão de impugnação parcial de despesas realizadas à conta do Convênio 0.05.06.0006-00 (Siafi 571.348), que sejam julgadas irregulares as contas do Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91), na condição de Diretor Presidente da Fundespa à época; e da Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas;

6.3aplicar ao Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91) a multa prevista nos arts. 58, incisos I e II, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268, incisos I e II, do Regimento Interno, fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

6.4autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação;

6.5autorizar, caso solicitado, o pagamento da dívida em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do RI/TCU, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovar perante o Tribunal o recolhimento da primeira parcela, e de 30 (trinta) dias, a contar da parcela anterior, para comprovar os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal, a correspondente atualização monetária, na forma prevista na legislação em vigor;

6.6dar quitação do débito que ensejou a instauração da presente tomada de contas especial à Fundespa (CNPJ 61.379.657/0001-04), e, em razão da solidariedade, ao responsável Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91), nos termos do art. 27 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 218 do Regimento Interno;

6.7 autorizar o envio de cópia integral da deliberação que vier a ser adotada à Codesvasf e à Secex/BA, para ciência;

7. considerar revogada, de ofício, a procuração outorgada pelo Sr. Luiz Roberto Tommasi aos advogados Élcio Patti Júnior (OAB 169193/SP) e Tatiana Oliveira Nascimento (OAB 240284/SP), nos termos de peça 19.

” É o relatório. VOTO Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pela Companhia de Desenvolvimento dos

Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em desfavor da Fundação de Estudos e Pesquisa Aquática (Fundespa) e do Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91), em razão de irregularidades quanto a recursos repassados por força do Convênio 0.05.06.0006-00, cujo objeto era a execução de ações no âmbito do Projeto Hidrovia do São Francisco.

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134 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

2.Consoante se depreende do relatório, o TCU, por intermédio do Acórdão 278/2012-Plenário,

determinou à Codevasf que, no prazo de 90 (noventa) dias, envidasse esforços para concluir a análise da prestação de contas do citado convênio.

3.Em atendimento, a Codevasf, ao realizar o exame da prestação de contas do convênio, concluiu que deveria ser instaurada tomada de contas especial em virtude (a) da impugnação de despesas, no valor original de R$ 4.557.887,86; e (b) de constarem valores não executados, no importe de R$ 5.879,10.

4.Finalizada a fase interna da TCE e submetidos os autos ao Tribunal, a Secex/SP os analisou por intermédio da instrução acostada à peça 9, propondo, com êxito, que o sr. Luiz Roberto Tommasi e a Fundespa fossem citados, em caráter solidário, para apresentarem alegações de defesa ou recolherem aos cofres públicos da Codevasf o débito que, segundo novos cálculos empreendidos por este Tribunal, chegaria à cifra de R$ 4.217.319,91, já atualizada monetariamente até 9/8/2013.

5.Expedidas as comunicações processuais, a Fundespa recolheu aos cofres da Codevasf, em 24/10/2014, R$ 4.499,970,95, tendo o sr. Luiz Roberto Tommasi apresentado alegações de defesa.

6.Ao promover o exame das referidas alegações de defesa, entendeu a Secex/SP que não foram elidias as impropriedades concernentes a (a) despesas consideradas inelegíveis por tratar de documento sem valor fiscal; (b) despesas consideradas inelegíveis por estarem em desacordo com o objeto do convênio; (c) despesas consideradas inelegíveis por não ter apresentado os documentos fiscais comprobatórios; (d) despesas gerais e passagens impugnadas, por excederem o valor orçado no 1º ou 2º Planos de Trabalho; (e) despesas impugnadas referentes a pagamentos com contratos com empresas para fornecimento de serviços não previstos no Plano de Trabalho e referentes a serviços administrativos da Fundação; e (f) despesas com pessoal e encargos sociais impugnadas, por excederem o valor orçado no 1º Plano de Trabalho.

7.Propôs, então, que as contas fossem julgadas irregulares, com aplicação de sanção fundamentada no art. 58, I, da Lei 8.443, de1992, ao sr. Luiz Roberto.

8.Tendo o corpo diretivo e o MPTCU se manifestado de acordo, foram os autos submetidos ao meu gabinete, ocasião na qual vislumbrei possível violação aos princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade em virtude da contratação, pela Fundespa, da esposa do empregado da Codevasf encarregado de acompanhar a execução do convênio em tela. Determinei, então, que fosse promovida audiência do então Diretor-Presidente da fundação para apresentar razões de justificativa sobre esses fatos.

9.Restituídos os autos à Secex/SP, buscou-se, sem êxito, que o senhor Luiz Roberto Tommasi apresentasse razões de justificativa sobre esses novos fatos.

10.Transcorrido in albis o prazo regimental, aquela unidade instrutiva elaborou a instrução constante à peça 50, segundo a qual ratificou seu entendimento anterior propondo, em acréscimo, que àquele responsável fosse aplicada sanção fundamentada no art. 58, inciso II, da Lei 8.443, de 1992.

10.O Ministério Público junto ao TCU (MPTCU), em manifestação constante à peça 53, anuiu ao proposto.

11.Julgo, pelos motivos a seguir enumerados, que deve prosperar parcialmente a proposta de encaminhamento constante nos pareceres precedentes.

12.No tocante às falhas que motivaram a imputação de débito, em caráter solidário, ao senhor Luiz Roberto Tommasi e à Fundespa, observo que as alegações de defesa apresentadas pelo primeiro, concernentes, em suma síntese, ao ineditismo do projeto, a supostos erros cometidos pela Codevasf no preenchimento das planilhas de orçamentação, ao fato de a concedente ter avalizado suas condutas, e, por fim, ao fato de que todos os recursos teriam sido aplicados no objeto pactuado, não merecerem acolhida, eis que não se fazem acompanhar de elementos aptos a evidenciar que os recursos impugnados efetivamente tenham sido utilizados no atingimento do objeto pactuado e que as despesas se deram em conformidade com o plano de trabalho previamente ajustado.

13.Além disso, sobreleva ressaltar que argumentos similares já foram enfrentados por este Tribunal no âmbito do processo TC nº 011.098/2008-0, que tratou do relatório de levantamento realizado pela Secex/BA, em cumprimento ao Acórdão n. 461/2008 - Plenário (Fiscobras 2008), com o objetivo de

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135 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

avaliar a aderência à legislação vigente da aplicação dos recursos destinados às obras referentes ao Programa de Trabalho "Melhoria da Hidrovia do São Francisco - Trecho Ibotirama/Juazeiro, no Estado da Bahia".

14.Com efeito, naqueles autos, o Tribunal, por intermédio do Acórdão 278/2012-Plenário, apreciou razões de justificativa apresentadas por diversos gestores da Codevasf e a manifestação do Sr. Luiz Roberto Tomasi, tendo concluído que as razões de justificativa então apresentadas não elidiam as falhas verificadas na condução do convênio nº 0.05.06.0006/00. Tal fato motivou a aplicação de sanções aos gestores do órgão concedente ouvidos em audiência e a determinação para que a Codevasf finalizasse o exame da prestação de contas do ajuste em tela.

15.Promovido tal exame, constatou-se que os problemas enfrentados ao tempo do Acórdão 278/2012-Plenário motivariam a instauração dos presentes autos, nos quais se discutem os problemas sob a perspectiva da ocorrência de dano ao erário.

16.Veja-se, muito embora o foco aqui seja diverso, os argumentos apresentados pelo sr. Luiz Roberto Tommasi são similares aos já enfrentado e devem, via de regra, receber tratamento semelhante àquele conferido pelo citado aresto.

17.Dito isto, considerando-se que os argumentos ora consignados não comprovam a correta aplicação de todos os recursos repassados à Fundespa por força do convênio nº 0.05.06.0006/00, forçoso concluir que as alegações de defesa devem ser rejeitadas, sem contudo haver imputação de débito em virtude do recolhimento de valores promovido pela fundação em atenção ao ofício de citação deste Tribunal.

18.Por fim, passando à audiência do sr. Luiz Roberto Tomasi, instado a se manifestar sobre a possível violação aos princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade em virtude da contratação da esposa do engenheiro Frederico Ernesto Coelho Carvalho, designado pela Codevasf para acompanhar a execução do convênio em tela, impõe-se o reconhecimento da revelia do responsável, nos termos do art. 12, §3º, da Lei 8.443, de 1992.

19.Assim, passando à análise dos elementos constantes do processo, não constato indicativos que a empregada percebeu valores sem a devida contraprestação de serviços. Tampouco há indícios de que a esposa do sr. Frederico Ernesto Coelho Carvalho não possuía competência para desempenhar as funções para as quais fora contratada.

20.Desse modo, considerando ainda que a legislação ordinária não proíbe contratações da espécie, opto, neste caso em concreto, por não aplicar sanção em decorrência da prática de ato contrário ao princípio da impessoalidade.

21.Posto isso, manifestando-me parcialmente de acordo com o exame empreendido pela Secex/SP, o qual, naquilo que não apus ressalvas incorporo às minhas razões de decidir, voto por que o Tribunal adote o acórdão que submeto à deliberação deste Plenário.

ACÓRDÃO Nº 132/2017 – TCU – Plenário 1. Processo nº TC 001.765/2013-2. 2. Grupo I – Classe de Assunto: Tomada de Contas Especial. 3. Interessados/Responsáveis: 3.1. Responsáveis: Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas - Fundespa (61.379.657/0001-04);

Luiz Roberto Tommasi (034.694.928-91). 4. Órgãos/Entidades: Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas - FUNDESPA; Ministério da

Integração Nacional (vinculador). 5. Relator: Ministro Benjamin Zymler. 6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo (SECEX-SP). 8. Representação legal : 8.1. Francisco de Assis Alves (24545/OAB-SP) e outros, representando Fundação de Estudos e

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Pesquisas Aquáticas - Fundespa.

8.2. Élcio Patti Júnior (169193/OAB-SP) e outros, representando Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas - Fundespa e Luiz Roberto Tommasi.

9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pela Companhia

de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em desfavor da Fundação de Estudos e Pesquisa Aquática (Fundespa) e do Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91), em razão de irregularidades quanto a recursos repassados por força do Convênio 0.05.06.0006-00, cujo objeto era a execução de ações no âmbito do Projeto Hidrovia do São Francisco,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, em: 9.1. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-

91) em relação à citação, considerando-o revel quanto à audiência, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992;

9.2. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b”, 19, parágrafo único, 23, inciso III, da Lei 8.443/1992, c/c arts. 1º, inciso I, 202, § 1º, 209, inciso II, do RI/TCU, julgar irregulares as contas do Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91) e da Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas em razão de impugnação parcial de despesas realizadas à conta do Convênio 0.05.06.0006-00 (Siafi 571.348);

9.3. com fundamento no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268, inciso I, do Regimento Interno, aplicar ao Sr. Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91) multa no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data deste acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação;

9.5. autorizar, caso solicitado, o pagamento da dívida em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do RI/TCU, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovar perante o Tribunal o recolhimento da primeira parcela, e de 30 (trinta) dias, a contar da parcela anterior, para comprovar os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal a correspondente atualização monetária, na forma prevista na legislação em vigor;

9.6. dar quitação do débito que ensejou a instauração da presente tomada de contas especial à Fundespa (CNPJ 61.379.657/0001-04), e, em razão da solidariedade, ao responsável Luiz Roberto Tommasi (CPF 034.694.928-91), nos termos do art. 27 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 218 do Regimento Interno;

9.7. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à Codesvasf, para ciência;

9.8. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República na Bahia, nos termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que entender cabíveis.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0132-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.

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13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. GRUPO II – CLASSE I – Plenário TC 025.778/2014-5 [Apensos: TC 023.977/2016-7, TC 007.652/2015-1, TC 018.772/2016-1, TC

031.683/2015-0] Natureza(s): Embargos de declaração em representação Órgão/Entidade: Diretoria Regional da Empresa de Correios e Telégrafos no Espírito Santo Responsáveis: Adriana Estrela Sturião (095.092.377-01); Assis Walace Magnago Guimarães

(859.646.037-34); Augusto Ribeiro do Espírito Santo (850.331.387-15); Cláudia Regina Barreto Costa (633.180.087-53); Frederico William Cipriano Nascimento (991.652.366-53); Haroldo Ferraz Meira Júnior (936.995.735-91); Jadson Adriani de Oliveira (055.998.127-90); José Vicente Santolini Ferreira (873.413.107-82); Leonid Mednis Filho (106.526.058-00); Licia Calimam Cabrini (093.679.077-61); Log Viana Incorporações Spe Ltda (15.639.774/0001-34); Luiz Carlos Ramos (621.007.347-68); Mariza dos Santos Schmidt (017.080.057-14); Patrícia Ribeiro Maciel Teubner (078.797.307-61); Rafael Carpanedo Fiorio (068.866.797-08); Raimundo França Júnior (019.920.937-50); Renato Brasil Canuto (981.720.347-68); Silvana Machado Tonani (085.361.327-36)

Recorrente: Log Viana Incorporações Spe Ltda. (15.639.774/0001-34) Representação legal: Marcelo Rodrigues Lanzana Ferreira (OAB/RJ 105.246); Tathiane Vieira

Viggiano Fernandes (OAB/DF 27.154), Anderson Almeida Santos Vilela (OAB/ES 11.216), Fabricio de Freitas Martins (OAB/ES 11.712), Jean Guilherme Arnaud Deon (OAB/44.764/DF), Fabricio de Freitas Martins (11712/OAB-ES), Jandiara Rosa Passos (7901/OAB-ES), Cristiano Nascimento e Figueiredo (101.334 OAB/MG)

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. CONTRATO DE LOCAÇÃO DE IMÓVEL. AVALIAÇÃO DA

ECONOMICIDADE DOS PREÇOS CONTRATADOS. REQUISIÇÃO DA REALIZAÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONHECIMENTO. NÃO ACOLHIMENTO.

RELATÓRIO Trata-se de representação formulada por unidade técnica do Tribunal com fulcro no art. 86, inciso

II, da Lei 8.443/1992, dando conta de possíveis irregularidades na condução, pela Diretoria Regional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT no Estado do Espírito Santo, de processo de locação de imóvel junto à empresa Log Viana Incorporações Spe Ltda. por dispensa de licitação com fulcro no art. 24, inciso X, da Lei 8.666/1993 (Contrato 5/2014/LOC).

2.O imóvel locado, com 24.340,77 m2, está situado no Condomínio Logístico Log Viana, no Município de Viana/ES, e teve por destino a instalação e funcionamento de complexo operacional da empresa de correios.

3.O contrato com vigência de 1º/6/2014 e 31/05/2019 (5 anos), tem o seu valor total fixado em R$ 34.612.575,00 para fazer frente à locação e outros R$ 4.338.373,80 a título de despesas de condomínio, perfazendo despesas mensais da ordem de R$ 649.182,00.

4.Em razão das seguintes ocorrências, foi realizada a audiência dos responsáveis (peça 186): “a) Sr. Rafael Carpanedo Fiório (CPF 068.866.797-08), na qualidade de Diretor Regional, em

função de(a): a.1) não haver prestado ao órgão central (DEGSS) informações atualizadas acerca dos fatos

ocorridos após a emissão do Mem. 00378/2013-GABDR/ES, de 24/9/2013 (documento através do qual solicitou autorização excepcional para celebração de contrato de locação com os documentos de propriedade então existentes), à medida que houve alteração do imóvel alvo (dos galpões 01 e 04 para a

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138 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

área total do galpão 03), cuja execução sequer havia sido iniciada, impedindo, assim, que a decisão fosse tomada sob bases realistas, conforme exposto nos itens 32 e 36 desta instrução, contrariando-se, assim, os princípios da legalidade, que pressupõe sejam reportadas às autoridades superiores dotadas de poder deliberatório todas as circunstâncias que influenciem na tomada de decisão, e da motivação, que traz subjacente a exposição clara, suficiente e congruente dos fatos envolvidos e que impactam num dado encaminhamento;

a.2) haver omitido da Superintendência Executiva da Vice-Presidência dos Correios – SUPEX/VIPAD, no Mem. 00378/2013-GABDR/ES de peça 15, p. 71-72, a informação de que pairava sobre o imóvel pretendido hipoteca averbada na Certidão de Registro Geral do Imóvel, conforme apontado na Nota de Auditoria 001/2015/GPAT/AUDIT/AC (peça 136, p. 42, ‘a’ - sic) e exposto no item 179 desta instrução, contrariando-se, assim, o princípio da legalidade, que pressupõe sejam reportadas às autoridades superiores dotadas de poder deliberatório todas as circunstâncias que influenciem na tomada de decisão;

a.3) condução direta e pessoal, por parte do Gabinete da Diretoria Regional, das tratativas com o proprietário do imóvel alvo (galpão 03 no Cond. Logístico Viana), com transgressão ao item 2.8.11.13, ‘d’, do MANPAT, Módulo 4, Capítulo 3 e ao princípio da segregação das funções, conforme exposto nos itens 135 e 209, parte final, desta instrução;

b) dos Srs. Raimundo França Júnior (CPF 019.920.937-50), Gerente da Gerência de Planejamento e Qualidade – GPLAQ/GTCE e autor do Relatório de Trabalho 002/2013, de 11/10/2013, e Rafael Carpanedo Fiório (CPF 068.866.797-08), na qualidade de Diretor Regional, quanto, respectivamente, à elaboração, pelo primeiro, e à aprovação, pelo segundo, do mencionado documento, que somente se prestou a legitimar a seleção prévia do imóvel alvo, caracterizando explícito direcionamento, consoante exposto nos itens 34, 35 e 42 a 44 desta instrução, contrariando-se os princípios da motivação, da impessoalidade, da finalidade pública e da supremacia do interesse público;

c) dos Srs. Renato Brasil Canuto (CPF 981.720.347-68); José Vicente Santolini Ferreira (CPF 873.413.107-82); Haroldo Ferraz Meira Júnior (CPF 936.995.735-91); Luiz Carlos Ramos (CPF 621.007.347-68) e Augusto Ribeiro do Espírito Santo (CPF 850.331.387-15), na condição de membros da Comissão de Planejamento e Execução Administrativa – CAPEA/DR/ES, reunidos na sessão de 21/3/2014; do Sr. Assis Walace Magnago Guimarães (CPF 859.646.037-34) e das Sras. Cláudia Regina Barreto Costa (CPF 633.180.087,53); Mariza dos Santos Schmidt (CPF 017.080.057-14) e Adriana Estrela Sturião (CPF 095.092.377-01), membros da Comissão de Avaliação das Contratações – CACON/DR/ES, presentes na sessão de 27/3/2014 (além dos já indicados Srs. Renato Brasil Canuto e Haroldo Ferraz Meira Júnior, na condição de membros convidados); e, ainda, dos Srs. Jadson Adriani de Oliveira (CPF 055.998.127-90); e Frederico William Cipriano Nascimento (CPF 991.652.366-53); e das Sras. Licia Calimam Cabrini (CPF 093.679.077-61); Patrícia Ribeiro Maciel Teubner (CPF 078.797.307-61) e Silvana Machado Tonani (CPF 085.361.327-36), na qualidade de membros da Comissão de Avaliação das Contratações Diretas – CACOD/DR/ES, reunidos em sessão de 27/3/2014, face à decisão tomada mediante ato complexo (conjugação de vontades de diversas instâncias decisórias), quanto ao fato de haverem autorizado a contratação de imóvel no Condomínio Logístico Log Viana, objeto do processo 53114.001238/2013-64 (membros do CAPEA/DR/ES); se pronunciado favoravelmente à aprovação da dispensa de licitação 14000008 (membros do CACON/DR/ES) ou a ratificado (membros da CACOD/DR/ES), a despeito da existência de inúmeros vícios e irregularidades na condução do procedimento, ocorrências em relação às quais também se propõe respondam os Srs. Rafael Carpanedo Fiório (CPF 068.866.797-08) e Raimundo França Júnior (CPF 019.920.937-50), na condição de atores principais que estiveram à frente das negociações e do processo de contratação, quais sejam:

c.1) a área alvo de interesse (redirecionada ao galpão 03, após perda da possibilidade de negociação do espaço dos galpões 01 e 04, foco inicial das tratativas) e que constituiu objeto do Contrato 5/2014, sequer contava com a execução iniciada, conforme comprova pesquisa realizada por meio de sistema de fotos por satélite (Google Earth), com foco nas datas de 26/7/2013; 9/8/2013;

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10/11/2013; 26/12/2013 e 22/01/2014, possuindo apenas projeto aprovado, além do que não apresentava as características requeridas pelos Correios, o que implicou a necessidade de realização de benfeitorias posteriormente à celebração do referido ajuste, circunstâncias que denotam evidente incompatibilidade com a situação de urgência invocada no Relatório de Trabalho 002/2013 para desocupação de imóvel no CTCE Vitória, justificadora da celeridade na condução do procedimento, caracterizando, pois, motivação incongruente e conflitante com o interesse público primário de selecionar rapidamente novo espaço de ocupação para o CTCE e demais unidades (itens 34 a 40 desta instrução);

c.2) elaboração e aprovação do Relatório de Trabalho 002/2013, que dispôs sobre os requisitos necessários ao imóvel e à contratação, e dos demais documentos que lhe sucederam, posteriormente à escolha do imóvel alvo (Condomínio Logístico Log Viana), configurando direcionamento e produção de elementos apenas para validar decisão anteriormente tomada, conforme exposto nos itens 42, 46 e 47 desta instrução, contrariando-se, assim o princípio da impessoalidade, da motivação e da indisponibilidade do interesse público;

c.3) ausência de estudo que demonstrasse a vantajosidade da opção escolhida frente a alternativas, tais como a aquisição de imóvel, por exemplo, o que é indício de ato antieconômico em vista da alta probabilidade dessa jurisdicionada permanecer longo tempo no local escolhido, possibilidade essa decorrente de todos as adequações realizadas com vistas a atender suas necessidades operacionais específicas, contrariando previsão de caráter normativo constante do subitem 9.4.3 do Acórdão 1.301/2013-TCU-Plenário e, ainda, o deliberado no Acórdão 3.985/2012-2ª Câmara (itens 47; 134; 135 e 144 desta instrução);

c.4) prospecção de mercado falha por ocasião da elaboração do 2º Relatório Locatício, de 4/2/2014, portadora de inúmeros vícios, irregularidades e inconsistências perceptíveis facilmente, que a tornaram imprópria para a finalidade almejada, inclusive com impacto nos valores referenciais de preços obtidos, conforme abordado nos itens 132 e 133; 145 e 164, parte final, desta instrução, tais como, por exemplo, a utilização de amostras com localização inadequada e a completa diferença de tamanho das amostras pesquisadas em relação ao imóvel locado, contrariando-se os princípios da legalidade, da motivação e da supremacia do interesse público;

c.5) ausência de iniciativa por parte dos agentes atuantes no processo de negociação dos valores constantes das Cartas Proposta, formuladas pela empresa Log Viana I, respectivamente, em 15/01 e 31/01/2014 (R$ 19,00/m2 e R$ 23,70/m2, para cenários sem e com benfeitorias) ou dos custos orçados com as adaptações (benfeitorias), buscando condições mais vantajosas para os cofres da entidade, omitindo-se quanto à invocação de circunstâncias que a favoreciam, listadas, de forma exemplificativa, no item 134 desta instrução, bem como à aceitação, por parte desses mesmos agentes, sem qualquer crítica ou contraproposta, de preço-base (de R$ 19,00/m2) que se apresentava em patamar superior ao máximo admissível calculado no 2º Relatório Locatício, de R$ 17,25/m2, acarretando uma perspectiva de materialização de sobrepreço da ordem de R$ 2,6 milhões ao longo da vigência do ajuste, conforme fundamentação exposta nos itens 134 e 136 a 139 desta instrução, contrariando-se os princípios da economicidade e da eficiência nas contratações, bem como não atendendo o requisito disposto no art. 26, parágrafo único, inciso III, da Lei 8.666/1993;”

5.Em sua última instrução, a unidade técnica propôs a rejeição parcial das razões de justificativa apresentadas e, por persistirem dúvidas acerca da economicidade dos valores praticados, foi proposta a requisição pelo Tribunal da prestação de serviços especializados (peça 340).

6.Por entender que o deslinde da matéria passa primeiramente pela análise da compatibilidade dos valores praticados com aqueles de mercado, o TCU prolatou o Acórdão 2584/2016-Plenário nos seguintes termos (peça 349):

“1.9.1. requisitar, nos termos do art. 101 da Lei 8.443/92, à Caixa Econômica Federal a prestação de serviços técnicos especializados, consistente na elaboração de laudo circunstanciado de avaliação da regularidade do valor de locação praticado no Contrato 5/2014/LOC, objeto dos presentes autos, fixando- lhe o prazo de 60 (sessenta) dias para sua elaboração, sob pena de aplicação da sanção

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140 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

prevista no art. 58 da Lei 8.443/1992, requerendo-se constar do referido laudo respostas aos seguintes quesitos:

a) o valor final da locação pactuado no Contrato 5/2014/LOC pode ser considerado compatível com o praticado no mercado à época da sua celebração?

b) existem nos laudos de avaliação locatícia elaborados pelas empresas MFC Avaliação e Gestão de Ativos Ltda. (ControlConsulting) e Vaz de Mello Consultoria em Avaliações e Perícias (respectivamente peças 99 e 105 dos autos) ressalvas passíveis de apontamentos?”

7.Ao apontar que o mencionado acórdão padece de omissão, a empresa Log Viana Incorporações Spe Ltda. interpôs os presentes embargos de declaração ora tratados (peça 350).

8.Em síntese, a embargante argumenta que a decisão deixou de se manifestar sobre sua participação dos serviços técnicos a serem realizados pela Caixa Econômica Federal:

“No entanto, apesar de determinar a realização de prova pericial acerca do principal objeto de discussão neste processo e cujo resultado poderá interferir diretamente na esfera de direitos e interesses da Embargante, o r. Acórdão nada dispôs a respeito da participação da recorrente na produção da prova, deixando de facultar-lhe a apresentação de quesitos, a indicação de assistente técnico, o acompanhamento dos trabalhos periciais e a solicitação de eventuais esclarecimentos ao laudo que vier a ser produzido.

... A participação da Embargante na produção da prova trata-se, assim, de condição essencial à

própria validade do laudo que vier a ser produzido. Os quesitos formulados pela Unidade Técnica apresentam-se bastantes singelos e genéricos, não

abrangendo questões de extrema relevância ao caso, como a avaliação dos critérios de equalização das amostras, do cenário macro e microeconômico do mercado ao tempo da contratação, do comportamento de índices setoriais, entre outros fatores relevantes, o que pode implicar no fato de o futuro laudo não refletir a realidade.

Na forma do art. 298 do Regimento Interno do TCU, aplicam-se aos processos do Tribunal, de forma subsidiária, as disposições das normas processuais em vigor, entre as quais vale destacar, para os fins aqui pretendidos, aquelas constantes da Seção X do Código de Processo Civil, que se referem à produção da prova pericial, especialmente o art. 465, §1º, segundo o qual compete às partes arguir a suspeição ou impedimento do perito, apresentar quesitos para resposta do expert e indicar assistente técnico, sendo-lhes assegurada ainda a comunicação sobre o início dos trabalhos periciais e conclusão do laudo.”

É o relatório. VOTO Trata-se de representação formulada por unidade técnica do Tribunal com fulcro no art. 86, inciso

II, da Lei 8.443/1992, dando conta de possíveis irregularidades na condução, pela Diretoria Regional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT no Estado do Espírito Santo, de processo de locação de imóvel junto à empresa Log Viana Incorporações Spe Ltda. por dispensa de licitação com fulcro no art. 24, inciso X, da Lei 8.666/1993 (Contrato 5/2014/LOC).

2.O imóvel locado, com 24.340,77 m2, está situado no Condomínio Logístico Log Viana, no Município de Viana/ES, e teve por destino a instalação e funcionamento de complexo operacional da empresa de correios.

3.O contrato, com vigência de 1º/6/2014 a 31/5/2019 (5 anos), teve o seu valor total fixado em R$ 34.612.575,00 para fazer frente à locação e outros R$ 4.338.373,80 a título de despesas de condomínio, perfazendo despesas mensais da ordem de R$ 649.182,00.

4.Em razão de diversas ocorrências, foi realizada a audiência dos responsáveis, sendo que a unidade técnica propôs a rejeição parcial das razões de justificativa apresentadas e, por persistirem dúvidas acerca

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141 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

da economicidade dos valores praticados, foi proposta a requisição pelo Tribunal da prestação de serviços especializados.

5.Mediante o Acórdão 2584/2016-Plenário, foi requisitada à Caixa Econômica Federal a prestação de serviços técnicos especializados, consistente na elaboração de laudo circunstanciado de avaliação da regularidade do valor de locação praticado no contrato em questão.

6.Ao apontar que o mencionado acórdão padece de omissão, a empresa Log Viana Incorporações Spe Ltda. interpôs os presentes embargos de declaração ora tratados.

7.Por estarem presentes os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, entendo pertinente conhecer do recurso e adentrar-lhe o mérito.

II 8.A embargante argumenta que a decisão deixou de se manifestar sobre sua participação nos

serviços técnicos a serem realizados pela Caixa Econômica Federal e pugna pela aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, nos termos do art. 298 do Regimento Interno do TCU, segundo o qual aplicam-se subsidiariamente no Tribunal as normas processuais em vigor, no que couber e desde que compatíveis com a Lei 8.443/1992.

9.Desta feita, a empresa Log Viana Incorporações Spe Ltda. entende que os trabalhos a serem efetuados pela Caixa Econômica Federal devem ocorrer de acordo com o disposto nos arts. 465, § 1º, 469, e 477, §§ 1º e 3º, do Código de Processo Civil – CPC, que regem a produção de prova pericial.

10.De acordo com tais dispositivos, a empresa recorrente teria a faculdade de: a) questionar a suspeição ou impedimento do responsável pelo trabalho de avaliação; b) indicar assistente técnico que poderia apresentar seu respectivo parecer e c) apresentar quesitos, inclusive suplementares durante eventual diligência e para esclarecimentos depois de concluído o trabalho de avaliação solicitado pelo TCU.

11.Ademais, deveria ser assegurado ao assistente técnico eventualmente indicado, mediante comunicação prévia, o acesso e acompanhamento das diligências e exames a serem realizados, bem como deve haver a intimação das partes e do assistente técnico da juntada dos trabalhos de avaliação nos autos (arts. 466, § 2º; 474 e 477, § 1º, do Código de Processo Civil).

12.Acontece que o processo de controle externo é disciplinado pela Lei 8.443/1992 e pelo Regimento Interno do Tribunal, os quais dispõem, exaustivamente, acerca dos meios de prova disponíveis aos responsáveis e não admitem a produção de prova pericial nos moldes preconizados pelo CPC. Sobre o tema, cito os seguintes precedentes desta Corte de Contas: Acórdãos 2.491/2016-1ª Câmara; 11.823/2016-2ª Câmara; 3.535/2015-2ª Câmara e 473/2015-Plenário.

13.Em sendo assim, a requisição da prestação de serviços técnicos especializados, nos termos do art. 101 da Lei 8.443/1992, de acordo com as normas que regem a matéria, possui a finalidade da produção de trabalhos técnicos que subsidiem os trabalhos fiscalizatórios da Corte de Contas, o que não se confunde com a prova pericial de que trata o Código de Processo Civil.

14.Por certo, independentemente do rito adotado para a produção da prova, deverá ser assegurado amplo direito de defesa. Nesse sentido, no âmbito desta Corte de Contas, os responsáveis poderão acostar aos autos os laudos técnicos que entenderem convenientes, bem como deverá ser franqueada a oportunidade de contraditar o laudo a ser produzido pela Caixa Econômica Federal. Nesse sentido, cito os seguintes precedentes desta Corte de Contas (Acórdãos 2.262/2015-Plenário; 3.615/2015-1ª Câmara e 5374/2016-2ª Câmara)

15.Feitas essas considerações, por não estarem configuradas as omissões apontadas nos presentes embargos de declaração, entendo que não merecem ser acolhidos.

16.Diante do exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 133/2017 – TCU – Plenário

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142 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

1. Processo nº TC 025.778/2014-5. 1.1. Apensos: 023.977/2016-7; 007.652/2015-1; 018.772/2016-1; 031.683/2015-0 2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Embargos de declaração(Representação) 3. Responsáveis: Adriana Estrela Sturião (095.092.377-01); Assis Walace Magnago Guimarães

(859.646.037-34); Augusto Ribeiro do Espírito Santo (850.331.387-15); Cláudia Regina Barreto Costa (633.180.087-53); Frederico William Cipriano Nascimento (991.652.366-53); Haroldo Ferraz Meira Júnior (936.995.735-91); Jadson Adriani de Oliveira (055.998.127-90); José Vicente Santolini Ferreira (873.413.107-82); Leonid Mednis Filho (106.526.058-00); Licia Calimam Cabrini (093.679.077-61); Log Viana Incorporações Spe Ltda (15.639.774/0001-34); Luiz Carlos Ramos (621.007.347-68); Mariza dos Santos Schmidt (017.080.057-14); Patrícia Ribeiro Maciel Teubner (078.797.307-61); Rafael Carpanedo Fiorio (068.866.797-08); Raimundo França Júnior (019.920.937-50); Renato Brasil Canuto (981.720.347-68); Silvana Machado Tonani (085.361.327-36)

3.1. Recorrente: Log Viana Incorporações Spe Ltda. (15.639.774/0001-34). 4. Órgão/Entidade: Diretoria Regional da Empresa de Correios e Telégrafos no Espírito Santo 5. Relator: Ministro Benjamin Zymler 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (SECEX-ES). 8. Representação legal: Marcelo Rodrigues Lanzana Ferreira (OAB/RJ 105.246); Tathiane Vieira

Viggiano Fernandes (OAB/DF 27.154), Anderson Almeida Santos Vilela (OAB/ES 11.216), Fabricio de Freitas Martins (OAB/ES 11.712), Jean Guilherme Arnaud Deon (OAB/44.764/DF), Fabricio de Freitas Martins (11712/OAB-ES), Jandiara Rosa Passos (7901/OAB-ES), Cristiano Nascimento e Figueiredo (101.334 OAB/MG)

9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos contra o Acórdão

2.584/2016-Plenário, proferido no âmbito de representação, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as

razões expostas pelo Relator, em: 9.1. nos termos dos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, conhecer dos presentes embargos de

declaração, para, no mérito, não acolhê-los; 9.2. dar ciência aos responsáveis do teor desta deliberação. 10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0133-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. GRUPO II – CLASSE ___ – Plenário TC 029.462/2016-9 Natureza: Relatório de Auditoria Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes Responsáveis: Alfredo Soubihe Neto (020.109.818-04); Octacílio Oliveira Cunha (551.820.038-20) Representação legal: não há

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143 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO

CENTRALIZADA – AUDITORIA DE CONFORMIDADE EM OBJETOS SELECIONADOS COM BASE EM MODELO PROBABILÍSTICO DE ANÁLISE DE DADOS. EDITAIS DO PREGÃO ELETRÔNICO 126/2016 E DA CONCORRÊNCIA 39/2011. CLÁUSULAS COM POTENCIAL RESTRIÇÃO AO CARÁTER COMPETITIVO DA LICITAÇÃO. AUSÊNCIA DO RECEBIMENTO DEFINITIVO DOS SERVIÇOS. AUDIÊNCIAS. CIÊNTIFICAÇÃO DAS IMPROPRIEDADES.

RELATÓRIO Trata-se de Relatório de Auditoria com o objetivo de avaliar a regularidade dos procedimentos de

contratação da empresa Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda. pela Superintendência Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal, conforme seleção com base em modelo probabilístico de análise de dados.

2.Reproduzo a seguir o corpo do relatório de fiscalização produzido no âmbito da Secretaria de Controle Externo no Estado de Goiás (peça 23), cujo encaminhamento contou com a anuência dos dirigentes da unidade técnica (peças 24 e 25):

“I. Apresentação 1.O Plano de Controle Externo do Tribunal de Contas da União para o biênio 2015-2017 contém

34 linhas de ação finalísticas que impactam nove objetivos estratégicos do Plano Estratégico do Tribunal para o período de 2015-2021, relacionados aos processos finalísticos do exercício do controle externo.

2.Entre os objetivos estratégicos estabelecidos nesse plano, destaca-se aquele ligado à intensificação da atuação com base em risco (Objetivo Estratégico 4).

3.Ainda segundo o plano, impacta no objetivo supra a linha de ação 4.3, descrita a seguir: Avaliar contratações de bens e serviços de maior risco com vistas a prevenir, detectar, corrigir e

coibir a ocorrência de irregularidades, fraudes e desvios de recursos. 4.Em consonância com essa linha de ação, foi realizado um conjunto de auditorias, na forma de

Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir de classificação de riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados.

5.Nesse contexto, a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog), unidade orientadora dos trabalhos, é responsável pelo planejamento centralizado e pela consolidação dos resultados das auditorias, enquanto a execução das fiscalizações e a elaboração dos respectivos relatórios ficaram a cargo de nove Secretarias de Controle Externo (Secex) dos estados (AM, CE, ES, GO, MG, PA, PE, PR, RN, RS, SC, SE e SP), além das Secex´s Defesa e Educação, que realizaram auditorias em Brasília.

6.As organizações fiscalizadas no âmbito da FOC foram selecionadas com base em modelo probabilístico de risco, conforme informações constantes da peça 2, p. 4, do TC 014.158/2016-7.

7.O presente relatório trata da fiscalização realizada pela Secex-GO na Superintendência Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal.

8.O trabalho abrangeu aspectos de conformidade das contratações, especificamente em contratos com a empresa Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda., sendo avaliados processos de contratação relacionados a serviços de gestão ambiental, de apoio técnico e de supervisão de obras de manutenção rodoviária.

II. Introdução II.1. Deliberação que originou o trabalho 9.Em cumprimento ao Despacho de 18/10/2016 do Min. Benjamin Zymler (TC 029.040/2016-7),

realizou-se a auditoria na Superintendência Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal - Dnit/MT, no período compreendido entre 20/10/2016 e 25/11/2016.

II.2. Visão geral do objeto

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144 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

10.A presente fiscalização teve como objetivo avaliar a regularidade dos procedimentos de

contratação da empresa Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda. pela Superintendência Regional do Dnit no estado de Goiás e no Distrito Federal, conforme seleção com base em modelo probabilístico de análise de dados.

11.O Painel de Riscos da Relação entre Unidade e Fornecedor relacionou contratos firmados pela unidade jurisdicionada com a referida empresa, ou com consórcios em que a empresa fosse líder, no período de 2011 a 2016, quais sejam:

a)Contrato 12-567/2011 - execução dos serviços de Gestão Ambiental das obras de duplicação, restauração da pista existente, implantação de ruas laterais, melhoramentos para adequações de capacidade e eliminação de pontos críticos e implantação de itens de segurança na rodovia BR-060/GO (trecho Goiânia a Jataí/GO, em uma extensão de 285 km);

b)Contrato 12-836/2012 - execução dos serviços de apoio técnico na Superintendência Regional no Estado de Goiás e no Distrito Federal e respectivas unidades locais e supervisão da execução das obras do CREMA e demais obras de manutenção rodoviária (Lote 2 – região de Morrinhos, Rio Verde, Jataí e Aragarças);

c)Contrato 12-1110/2014 - Gestão Ambiental, abrangendo os serviços de supervisão e gerenciamento ambiental, bem como a execução dos Programas Ambientais das obras de construção do Anel Viário de Jataí na Rodovia BR-060/GO; e

d)Contrato 12-549/2016 - Execução dos serviços de supervisão das obras do programa CREMA e demais obras de manutenção na malha rodoviária da Superintendência Regional no estado de Goiás e no DF.

12.Abaixo seguem informações pertinentes sobre os certames licitatórios e os contratos. Quadro 1 – Dados das licitações e dos contratos analisados.

Contrato 567/2011 836/2012 1110/2014 549/2016

Licitação Concorrência Técnica e Preço 39/2011

Pregão eletrônico 345/2012-12 (Lote2)

Pregão eletrônico 469/2014-12

Pregão eletrônico 126/2016

Orçamento base R$ 19.982.965,69 R$ 13.017.911,13 R$ 5.738.978,40 R$ 7.433.988,93 Data base Julho/10 Fevereiro/12 Fevereiro /14 Dezembro/15 Valor inicial R$ 18.956.696,29 R$ 8.399.714,18 R$ 4.972.317,99 R$ 4.383.986,71 Desconto no certame

5,1% 35,5% 13,4% 41,0%

Licitantes 3 8 7 24 Desclassificadas ou inabilitadas

2 0 2 3

Contratada Consórcio Alta/Hollus/MPB

Consórcio Hollus-Astep

Hollus Serviços Técnicos

Hollus Serviços Técnicos

Valor atual ou final

R$ 33.593.883,50 R$ 9.141.111,27 R$ 4.179.331,96 R$ 4.383.986,71

Assinatura 30/8/2011 29/10/2012 9/12/2014 26/8/2016

Vigência 3/9/2011 a 1/3/2016

31/10/2012 a 13/1/2016

5/1/2015 a 27/7/2016 1/9/2016 a 24/11/2017

Situação Concluído em 28/7/2016

Concluído em 4/4/2016

Paralisado em 9/5/2016

Em andamento

Fonte: Evidência 2. 13.Somente os Contratos 567/2011 e 1110/2014 foram aditivados. O Contrato 1110/2014 foi

modificado pelo 1º Termo Aditivo de Adequação de Quantitativos com reflexo financeiro negativo, que reduziu o valor do Contrato para R$ 4.179.331,96 (Evidência 11, p. 62-65). Esse mesmo contrato encontrava-se, no momento do encerramento da presente fiscalização, paralisado, em função da

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145 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

insuficiência de recursos, conforme ordem de paralisação de serviços emitida em 2/5/2016 (Evidência 11, p. 79) e com serviços medidos no valor de R$ 2.258.988,80, ou seja, 54% do total do contrato.

14.Já em relação ao Contrato 567/2011, pelo número e pelo impacto no valor contratual, os aditivos estão discriminados no Quadro 2. Registra-se que, por se tratar de um contrato de gestão ambiental de obras de duplicação e de restauração de pista existente, tal contrato está atrelado aos contratos das obras que, no presente caso, são sete (fichas de contrato à Evidência 2, p. 40-56), conforme relacionado no Quadro 3. Tais contratos de obras não cumpriram com os prazos inicialmente previstos (13/8/2013), sendo então prorrogados. Por consequência, o Contrato 567/2011, de gestão ambiental das obras de duplicação, também teve seu prazo inicial prorrogado de modo a atender às obras e à obtenção das licenças ambientais de operação.

Quadro 2 – Dados dos aditivos ao Contrato 567/2011.

Termos Aditivos

Assinatura Objeto

Valor do Contrato a Preço Inicial (PI)

Vigência do Contrato

- 30/8/2011 Contrato Inicial 18.956.696,29 24/8/2013

567/2011-01 13/4/2012 Adequação dos serviços (acréscimo de R$ 1.118.544,36) – Inclusão de 17 km de Abadia a Goiânia

20.075.240,65 -

567/2011-02 9/8/2012

Acréscimo de valor contratual (R$ 1.171,118,75) – inclusão dos serviços de Levantamento Arqueológico Prospectivo Interventivo, com Educação Patrimonial

21.246.359,4 -

567/2011-03 22/4/2013 Acréscimo de valor contratual - adequação de quantitativos – acréscimo de 1,98% (R$ 375.747,94)

21.621.907,34 -

567/2011-04 22/8/2013 Prorrogação de prazo contratual por mais 180 dias

- 20/2/2014

567/2011-05 23/8/2013 Retificação do quarto termo aditivo - -

567/2011-06 5/11/2013 Alteração de valor e de quantitativos em função de prorrogação de prazo (R$ 4.810.328,90)

26.432.236,24 -

567/2011-07 13/2/2014 Prorrogação de prazo contratual por mais 314 dias

- 31/12/2014

567/2011-08 26/5/2014 Alteração de valor e de quantitativos em função de prorrogação de prazo (R$ 5.496.591,75)

31.928.827,99 -

567/2011-09 11/12/2014 Prorrogação de prazo contratual por mais 180 dias

- 29/6/2015

567/2011-10 9/2/2015 Alteração de valor e quantitativos (R$ 1.708.907,31)

33.637.735,30 -

567/2011-11 12/6/2015 Retificação do 10º TA (R$ 1.672.973,72) 33.601.801,71 -

567/2011-12 29/6/2015 Prorrogação de prazo contratual por mais 62 dias

- 30/8/2015

567/2011-13 12/8/2015 Paralisação/Suspensão - - 567/2011-14 16/9/2015 Reinício e nova prorrogação de 60 dias - 3/12/2015

567/2011-15 10/11/2015 Adequação de quantidades e de custo com reflexo financeiro negativo (- R$ 7.918,21)

33.593.883,50

Fonte: Evidência 7.

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146 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

15.Em conclusão, os aditivos ao Contrato 567/2011 redundaram na prorrogação de 796 dias

consecutivos além dos 720 dias iniciais, totalizando 1510 dias. Tal prorrogação teve um reflexo financeiro de R$ 11.971.976,16 (preços a PI) no valor inicial do contrato, ou seja, um acréscimo de 63,1%. Cabe registrar que, conforme quadro acima, ainda foram realizadas três adequações de quantitativos (1º, 2º e 3º termos aditivos), não decorrentes de prorrogação de prazo, que tiveram um reflexo financeiro de R$ 2.665.211,05 (a PI), ou ainda, 14%, totalizando um impacto de 77,2% no valor inicial de contrato.

Quadro 3 – Relação de Contratos de Obras de Duplicação e Restauração BR 060 – Trecho Goiânia – Jataí/GO.

Lote Contrato de Obras

Extensão Km

Previsão inicial de término

Última medição processada

Empresa

0 UT/12-0759/2010

17,00 10/4/2012 Fevereiro/2015 (53ª)

Consórcio Emsa/Egesa/Cros/Vilasa

1 UT/12-0739/2010

49,20 13/8/2013 Julho/2015 (57ª) não é medição final

Consórcio Emsa/Egesa

2 UT/12-0727/2010

49,50 13/8/2013 Setembro/2016 (65ª)

Consórcio Construmil/CCB/Cetenco

3 UT/12-0731/2010

49,50 13/8/2013 Novembro/2014 (49ª)

Consórcio Delta/JM

4 UT/12-0730/2010

51,20 13/8/2013 Janeiro/2015 (51ª) Consório Trier/Goiás/Etec

5 UT/12-0729/2010

82,80 13/8/2013 Fevereiro/2014 (40ª)

Consórcio Queiroz Galvão/Via

Rio Verde

UT/12-0742/2010

17,00 18/8/2012 Agosto/2014 (43ª) Consórcio Trier/Sobrado

Fonte: Evidência 2, p. 40-56 e evidência 7. II.3. Objetivo e questões de auditoria 16.A presente auditoria teve por objetivo verificar a conformidade dos processos das contratações

selecionadas a partir do Painel de Riscos da Relação entre Unidade Gestora e Fornecedor. Tal seleção teve por base a classificação de riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados.

17.A partir do objetivo do trabalho e de acordo com as informações mostradas pelo Painel de Riscos da Relação entre a UG e o Fornecedor (descrito na peça 2, p. 4 do TC 014.158/2016-7), as seguintes dimensões de risco do modelo probabilístico trazidas pelo painel foram analisadas: TSLICIT, TSESO E VNPREGAO.

18.A partir dessas dimensões de risco e de acordo com a orientação trazida no âmbito da FOC, formularam-se as questões adiante indicadas:

a) Questão 1: Q2. Houve participação, no processo de contratação, de servidores do órgão que são sócios ou familiares até o 2º grau dos sócios ou empregados do fornecedor?

b) Questão 2: Q3. Houve licitação montada, simulada ou direcionamento na contratação? c) Questão 3: Q6. A escolha de modalidade de licitação diversa do pregão eletrônico guarda

conformidade com a legislação em vigor e apresenta justificativa adequada? d) Questão 4: Q8. O orçamento do processo de licitação/contratação apresenta sobrepreço? e) Questão 5: Q10. Houve superfaturamento qualitativo ou quantitativo? 19.Cumpre ressaltar que, apesar de as dimensões de risco indicarem a aplicação das questões Q5

(A contratação direta se enquadra em uma das hipóteses da Lei 8.666/1993 e apresenta fundamentação legal correta e justificativa adequada?), e Q7 (A utilização do sistema de registro de preços (SRP) na licitação guarda conformidade com a legislação em vigor e apresenta justificativa adequada?), elas não

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147 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

foram empregadas, haja vista a inexistência de contratação direta por dispensa ou inexigibilidade e de contratação por meio de adesão à ata de SRP no par selecionado.

20.Ademais, a Questão 3 foi aplicada somente ao Contrato 567/2011, firmado a partir da Concorrência 39/2011. Os demais contratos foram precedidos de pregões eletrônicos.

21.Por fim, a Questão 5, conforme orientação trazida pela supervisão da FOC e presente na matriz de planejamento, somente seria aplicada ao objeto em que fosse identificado algum achado decorrente das questões anteriores.

II.4. Metodologia utilizada 22.Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de

Contas da União (Portaria-TCU n. 280, de 8 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria-TCU n. 168 de 30 de junho de 2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU (Portaria-Segecex n. 26 de19 de outubro de 2009).

23.Os objetos da auditoria foram os contratos de gestão ambiental e de supervisão de obras de manutenção rodoviária firmados pela Superintendência Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal com a Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda., mais especificamente os Contratos 567/2011, 836/2012, 1110/2014 e 549/2016.

24.Na fase de planejamento da auditoria, o par formado pela empresa Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda. e pela Superintendência Regional do Dnit foi selecionado com base em modelo probabilístico de risco descrito na peça 2, p. 4, do TC 014-158/2016-7.

25.A partir do Painel de Riscos da Relação entre Unidade e Fornecedor, foi realizada a seleção de órgãos localizados no estado de Goiás e avaliação dos fornecedores com maiores valores em risco.

26.Entretanto, em função dos indicativos de greve e de ocupações para o mês de novembro, noticiados pela imprensa, não foram considerados os fornecedores para os seguintes órgãos: Universidade Federal de Goiás, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano. Também não foram considerados os fornecedores para contratos de obras rodoviárias ou de manutenção e conservação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, por serem em geral obras de grande materialidade e objeto de fiscalizações por parte da unidade técnica especializada em infraestrutura rodoviária do Tribunal.

27.Dessa forma, a empresa Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda., priorizada pela Secretaria e indicada pela Selog, foi selecionada tendo em vista que, de acordo com o sistema, a empresa apresentou risco 1,00 e três dimensões de risco críticas associadas ao perfil do fornecedor: gastos sem pregão eletrônico, vínculos empregatícios entre o órgão e o fornecedor e alto valor de total de itens sem licitação. Importante registrar que contribuiu para a seleção desse par as consultas feitas ao portal da transparência do Governo Federal que revelaram acréscimos a um dos contratos que ultrapassavam em mais de 70% o seu valor inicial.

28.Registra-se, ainda, que inicialmente também foi selecionado e priorizado pela Secretaria fornecedor contratado pelo Incra – Superintendência Estadual SR04/GO, em função do expressivo número de dimensões críticas de risco (seis), de seu índice de sucesso (100%) em contratações diretas por dispensa (contratos de Assistência Técnica e Extensão Rural, com licitação regulada pela Lei 12.188/2010) e do alto índice de variação nos valores contratuais, de até dez vezes em relação aos valores iniciais. Contudo, em função dos prazos exíguos para a realização das duas fiscalizações, somente o primeiro par foi objeto da presente auditoria.

29.Selecionados os dois pares supracitados, a seleção continuou a partir do órgão de maior risco, conjugado com a materialidade dos recursos envolvidos. Nesse passo, os outros dois pares selecionados foram de empresas contratadas pela Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social em Goiânia/GO para obras de construção e reforma de agências, e de empresa contratada pela Coordenação Regional em Brasília do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para serviços de restauração em edifícios históricos.

30.A partir da pré-seleção feita pela equipe de auditoria, a Selog indicou o par Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda. e Superintendência Regional do Dnit no estado de Goiás e no Distrito

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148 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Federal para ser fiscalizado pela Secretaria, a fim de dar o maior alcance possível à avaliação do modelo probabilístico, a partir da análise de todas as dimensões de riscos associadas ao modelo, conforme descrito na peça 6 do TC 029.040/2016-7.

31.Durante o planejamento e a execução da auditoria, o levantamento das informações sobre as licitações e os contratos foi feito por meio de ofícios de requisição e de reuniões junto à Superintendência Regional do Dnit. Para responder às questões de auditoria da matriz de planejamento e preencher a matriz de achados, foram utilizadas as técnicas de análise documental, conferência de cálculos, indagação escrita e consulta a sistemas informatizados.

II.5. Limitações inerentes à auditoria 32.Por se tratar de Fiscalização de Orientação Centralizada, com as inerentes delimitações de

tempo e escopo, os processos de medição e de pagamento não foram analisados, o que impossibilitou a investigação da questão 5 (Q10), relativa à existência de superfaturamento. Salienta-se que essa questão estava planejada para aplicação ao Contrato 567/2011, em vista do achado III.1.

33.Contudo, frente ao longo tempo de execução contratual, de 3/9/2011 a 1/3/2016, e consequentemente do elevado número de medições (52) e de relatórios produzidos (47 mensais e 62 especiais), bem como da especialidade do objeto contratado, gestão ambiental das obras de duplicação, não foi possível avaliar a tempestividade e a qualidade dos produtos, essencialmente relatórios técnicos, nem a conformidade dos pagamentos.

34.Conquanto a limitação descrita, foi objeto de observação a existência e os atestes pela fiscalização de alguns poucos relatórios (evidência 1, p. 7), por meio de seleção não estatística (por julgamento).

II.6. Volume de recursos fiscalizados 35.O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 51.298.313,44, referente ao total

dos contratos celebrados com a empresa Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda. (Contratos 567/2011, 836/2012, 1110/2014 e 549/2016).

II.7. Benefícios estimados da fiscalização 36.Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a indução de melhoria nas

licitações e na gestão de contratos em geral, no âmbito da Superintendência Regional do Dnit no estado de Goiás e no Distrito Federal e a expectativa de controle.

II.8. Processo conexo 37.Foi constatado o seguinte processo conexo a esse trabalho a) TC 016.654/2016-1: processo de consolidação da fiscalização de orientação centralizada. III. Achados de auditoria III.1. Restrição indevida ao caráter competitivo da licitação III.1.1. Situação encontrada 38.Foram observadas as seguintes impropriedades na condução dos procedimentos licitatórios,

com potencial de limitação do seu caráter competitivo: 38.1.Pregão Eletrônico 126/2016 (Contrato 549/2016): ausência de parcelamento do objeto da

licitação e limitação do número de atestados para fins de capacidade técnico operacional, sem que constem do respectivo processo licitatório as justificativas para tais decisões; e

38.2.Concorrência 39/2011 (Contrato 567/2011): ausência de parcelamento do objeto da licitação e cláusula de qualificação técnica restritiva, sem que constassem do processo licitatório as devidas justificativas.

III.1.1.1 Cláusula restritiva de habilitação técnica (Concorrência 39/2011) 39.O item 13.4.b do edital da Concorrência 39/2011 (Evidência 12, p. 15-16) exigia como parte dos

requisitos de habilitação das licitantes a comprovação da execução de serviços por profissionais a elas vinculados, comprovados mediantes atestados e/ou certidões, para os seguintes serviços:

a) gestão ambiental de obras rodoviárias; b) execução de supervisão ambiental em serviços de gestão ambiental de obras rodoviárias; c) execução de programas ambientais em serviços de gestão ambiental de obras rodoviárias;

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149 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

d) execução de assessoria ou gerenciamento em serviços de gestão ambiental de obras rodoviárias; e) execução de monitoramento ambiental e controle ambiental em obras rodoviárias; e f) desenvolvimento e implantação de sistema de gestão ambiental georreferenciado em obras

rodoviárias. 40.Por sua vez, o item 13.4.c do edital (Evidência 12, p. 17-18) exigia, para fins de capacidade

técnico-operacional, a comprovação dos mesmos serviços em uma extensão de 140 km, ou seja, 50% da extensão do objeto licitado.

41.Como se observa, o edital restringiu a comprovação da experiência das licitantes a uma tipologia de obra específica, no caso rodovia, e mais, delimitou a aceitação dos atestados a um tipo definido de contrato, no caso gestão ambiental, ou seja, que os serviços de supervisão, assessoramento e execução de programas ambientais tivessem sido realizados no âmbito de contratos na área de gestão ambiental, sem, contudo, apresentar qualquer justificativa para tais restrições. No caso, não se vislumbram motivos para afastar a comprovação da capacidade técnica das empresas mediante serviços similares executados em outras obras lineares, a exemplo das ferroviárias e das hidroviárias, e nem mesmo que os contratos fossem exclusivamente de gestão ambiental.

42.Tal imposição se mostra contrária à legislação vigente, art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, e a jurisprudência dessa Corte de Contas, a exemplo dos Acórdãos 1.839/2007, 1.502/2009 e 1.733/2010, todos do Plenário.

43.Cumpre registrar que somente participaram do certame três licitantes (dois consórcios e um empresa (evidência 12, p. 114)). Dessas, duas foram inabilitadas por não atenderem ao item 13.4.b, especificamente por não apresentarem atestados para o item de desenvolvimento e implantação de sistema de gestão ambiental georreferenciado em obras rodoviárias (Relatório de Habilitação, evidência 14, p. 4-5).

44.Ademais, o edital já havia sido objeto de impugnação por parte de empresa (evidência 15, p. 5-20), que acabou não participando do certame após ter seu pedido, para que fossem revistas as condições da fase de habilitação (item 13.4.b), negado.

44.1.A empresa se insurgiu contra a exigência de que os serviços a se comprovar tivessem sido realizados exclusivamente em contratos de consultoria na área de gestão ambiental. Também foi questionado o item relativo a exigência de atestados para comprovar a prestação de serviço de desenvolvimento e implantação de sistema de gestão ambiental gerorrefrenciado em obras rodoviárias, item pelo qual foram desclassificadas duas licitantes do certame, haja vista a empresa considerar que o georreferenciamento poderia ser comprovado para serviços de meio ambiente, topografia e não somente em serviços de gestão ambiental.

44.2.Como principal argumento para denegar o pedido constou o raciocínio geral de que (evidência 15, p. 23-35):

A área ambiental é uma área técnica complexa repleta de particularidade e especificidade e a execução dos serviços de gestão ambiental em obras rodoviárias a serem contratados exige experiência prévia comprovada na área. Não cabe a esta Administração contratar serviços com propósito de prover oportunidades de capacitação a empresas comprovadamente carentes de condições, prática e expertise na execução dos serviços demandados.

(...) No que pertine ao item 13.4.’b’, impende esclarecer que os critérios para aferição da qualificação

técnica operacional e profissional das licitantes cabem, exclusivamente, à Administração pública estabelecê-las, razão porque não compete ao particular se imiscuir nesse juízo de conveniência para decretar o que é ou não relevante.

44.3.O parecer traz ainda jurisprudência de Tribunais superiores que reconhecem a possibilidade de se exigir nos editais a comprovação de capacitação técnico-operacional.

44.4.Como se observa, o gestor à época, para fins de avaliar possível restrição ao certame pelas exigências do item 13.4.b do edital, acabou por não tratar da questão principal objeto da impugnação, qual seja, a exigência de atestados em contratos específicos de gestão ambiental em obras rodoviárias.

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150 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

III.1.1.2 Não parcelamento do objeto da licitação e ausência de justificativa no processo

licitatório 45.Não houve o parcelamento do objeto do Pregão Eletrônico 126/2016, e nem mesmo a

justificativa no processo licitatório, apesar de se tratar de licitação para contratação de serviços de supervisão de obras, em toda a malha composta pelas rodovias federais sob a jurisdição da Superintendência Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal, totalizando 2.818 km de extensão de malha, em afronta ao disposto no art. 23, § 1º da Lei 8.666/1993.

46.Também em relação à Concorrência 39/2011 não houve justificativas para o não parcelamento do objeto, em que pese a existência de sete contratos de obras vinculados ao contrato de gestão ambiental em questão e a extensão de 285 km de rodovias (Goiânia – Jataí/GO).

47.Ressalta-se que o edital e seu termo de referência (Evidência 12) da Concorrência 39/2011 previu a necessidade de a contratada dispor de escritório sede em Goiânia e dois escritórios de apoio, um em Rio Verde e outro em Jataí, com os consequentes custos previstos no orçamento estimado, entre eles o de três escritórios e respectivos profissionais, coordenadores e supervisores, entre outros (Evidência 12, p. 92 e 103)

48.Como consolidado na jurisprudência deste Tribunal, a impossibilidade técnica e econômica de parcelar deve estar baseada em estudos técnicos formais que a justifiquem, uma vez que a regra é o parcelamento, de forma a ampliar a competitividade dos certames (Súmula TCU 247 e Acórdãos 336/2008 e 3.171/2011, ambos do Plenário).

III.1.1.3 Limitação do número de atestados para fins de capacidade técnico operacional (Pregão Eletrônico 126/2016)

49. O termo de referência do edital do Pregão Eletrônico 126/2016 (Evidência 10, p. 39-40) exige para fins de comprovação da capacidade técnico operacional da licitante a apresentação de atestado de gerenciamento, ou supervisão, de obras rodoviárias de implantação e pavimentação ou reconstrução ou restauração ou manutenção em uma extensão maior ou igual a 1.350 km, limitado a somente um atestado, em desacordo com o art. 30, §§ 1º, 3º e 5º, da Lei 8.666/1993.

50.Como já apontado pela jurisprudência deste Tribunal de Contas, uma das condições para a limitação do número de comprovantes é a demonstração, devidamente fundamentada, de que o aumento de quantitativo do serviço acarreta, necessariamente, uma dificuldade no cumprimento do prazo do contrato ou no gerenciamento do empreendimento, capaz de comprometer a qualidade ou a finalidade almejada na contratação (Acórdão 2.150/2008, 1.636/2007 e 2.359/2007, todos do Plenário). Conforme o Acórdão 1.636/2007-TCU-Plenário, dirigido ao próprio Dnit: “9.3.2.2 justifique, nos processos administrativos correspondentes à licitação, a limitação do número de atestados a serem aceitos na fase de qualificação técnica, nos termos do art. 30, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993 e do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, quando entender necessário incluir tal disposição em seus editais.”

51.Ainda nesse sentido o Acórdão 2.150/2008 – TCU – Plenário: 9.7.2. somente limite o somatório de quantidades de atestados para a comprovação de capacidade

técnico-operacional dos editais nos casos em que o aumento de quantitativos do serviço acarretarem, incontestavelmente, o aumento da complexidade técnica do objeto ou uma desproporção entre as quantidades e prazos para a sua execução, capazes de ensejar maior capacidade operativa e gerencial da licitante e de potencial comprometimento acerca da qualidade ou da finalidade almejada na contração da obra ou serviços;

III.1.2. Comentários dos gestores 52.As impropriedades supramencionadas em relação ao Pregão Eletrônico 126/2016 foram objeto

do Ofício de Requisição 5-482/2016 (Evidência 1, p. 6). A Superintendência se pronunciou por meio do Ofício 1363/2016/SR GO-DF (Evidência 6).

53.Em relação à ausência de parcelamento o Dnit esclareceu que após a implantação do Programa de Concessões de Rodovias do Governo Federal em 2014, a malha rodoviária da Superintendência Regional do DNIT no Estado de Goiás e no Distrito Federal foi reduzida em aproximadamente 40%, ou seja, de 4.069 km, para 2.670 km. Dessa forma, entendeu que a concepção da contratação do ano de

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151 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

2012 (Contrato 836/2012) em dois lotes de supervisão para as obras de manutenção e Crema pertencentes a malha da SR-GO/DF não se aplicava, devendo ser redimensionada para o cenário vigente após as Concessões.

54.Insta observar que os critérios utilizados para o parcelamento em dois lotes no Contrato 836/2012, ajuste substituído pelo Contrato 549/2016, também foi objeto de questionamento junto à Superintendência (Ofício de requisição 3-482/2016 e resposta por meio do Ofício 1361/2016/SR GO-DF, Evidência 1, p. 4 e Evidência 3, p. 1-3, respectivamente), haja vista a inexistência, também naquele processo licitatório, de justificativas quanto aos critérios adotados para o parcelamento de seu objeto. Em resposta restou esclarecido que, em função da extensão da malha, disposição geográfica, unidades locais, e do número de contratos ativos, seria necessário racionalizar a disposição dos recursos técnicos e operacionais, segregando em dois lotes de rodovias por região: Norte e Sul.

55.Quanto à limitação do número de atestados para comprovação da capacidade técnico- operacional, a Superintendência esclareceu que a soma de atestados referentes a diversas supervisões de menor monta, pode não atender aos interesses da Administração, tendo em vista que a capacidade técnico-operacional é particular e tempestiva a extensão de rodovia em supervisão, e que este entendimento segue as Instruções de Serviços daquela Autarquia bem como o entendimento da Corte de Contas da União.

56.Já as impropriedades identificadas na Concorrência 39/2011 foram objeto do Ofício de Requisição 6-482/2016 (Evidência 1, p. 7-8). A Superintendência se pronunciou encaminhando o Memorando 62/2016/Serviço de Desapropriação, Reassentamento e Meio Ambiente (Evidência 7).

57.A Superintendência informou que, “quanto a exigência de ser exclusivamente serviços de gestão ambiental em obras rodoviárias entendemos que procurou-se adotar o mesmo modelo de serviço do certame, ou seja, para gestão ambiental de obras rodoviárias exigiu-se o mesmo tipo de gestão ambiental”.

58.Quanto ao não parcelamento afirmou que o motivo para não ter havido o parcelamento do objeto da Concorrência 36/2011 deve-se ao fato de que se fosse fracionado o segmento em vários lotes de gestão ambiental segundo os lotes de obras, supondo 7 lotes de gestão ambiental, haveria o dimensionamento de 7 equipes técnicas. O parcelamento em lotes de gestão ambiental aumentaria os custos de dimensionamento dessas equipes técnicas, e a consequente oneração referente as unidades de apoio (casas de engenheiro e escritórios).

III.1.3. Conclusão 59.Foram observadas as seguintes impropriedades no Pregão Eletrônico 126/2016: ausência

justificativas para o não parcelamento do objeto da licitação e para a limitação do número de atestados para fins de capacidade técnico-operacional.

60.Já na Concorrência 39/2011 (Contrato 567/2011) foram identificadas a ausência de parcelamento do objeto da licitação e a existência de cláusula de capacidade técnico operacional restritiva, sem que constassem do processo licitatório as devidas justificativas.

61.Em que pese os esclarecimentos apresentados pela Superintendência, restou comprovada a inexistência, nos autos dos processos licitatórios, das devidas justificativas prévias para as decisões tomadas nas licitações em comento.

62.Como já abordado, a Lei 8.666/1993 estabelece que as contratações serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovem técnica e economicamente viáveis, com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade, sem perda da economia de escala (art. 23, § 1º).

63.No caso do Pregão 126/2016, em função da extensão da malha, 2.800 km, até mesmo após os esclarecimentos agora prestados, o não parcelamento não se encontra, seja técnica seja economicamente, devidamente fundamentado.

64.Também quanto à Concorrência 39/2011, apesar da justificativa de que o parcelamento em sete lotes, acompanhando os lotes de obra, como argumentado pela Superintendência, elevaria os custos da contratação, em verdade o edital previa a mobilização de três equipes, apesar da licitação em lote único,

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152 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

o que, pelo atual raciocínio da Superintendência poderia conduzir ao parcelamento do objeto em três lotes distintos.

65.Ressalta-se que nos certames em análise, seja em vista da comprovada inexistência de restrição à competitividade do pregão 126/2016, seja pela conclusão do contrato resultante da Concorrência 39/2011, está-se a questionar principalmente a ausência de justificativas prévias nos respectivos procedimentos licitatórios do não parcelamento, por ser a divisão a regra, e não o fato de os certames terem sido realizados em um único lote.

66.Por fim, também não foram suficientes os esclarecimentos apresentados pela Superintendência quanto à impossibilidade de somatório de atestados para comprovação da capacidade operacional da licitante. Como já abordado, a limitação ao somatório se restringem aos casos em que o aumento de quantitativos acarrete, incontestavelmente, o aumento da complexidade técnica do objeto ou uma desproporção entre as quantidades e prazos para a sua execução, capazes de ensejar maior capacidade operativa e gerencial da licitante, devendo tais condições estarem explicitas nos processos administrativos correspondentes à licitação.

67.Em que pese tais irregularidades representarem, em um primeiro momento, restrição à competitividade do certame, em relação ao Pregão 126/2016 tal fato não se confirmou, haja vista a participação de 24 empresas no pregão e o desconto de 41% obtido com a proposta vencedora.

68.Nesse diapasão, alvitra-se tão somente dar ciência à Superintendência do Dnit que ausência de parcelamento do objeto da licitação e a limitação do número de atestados para fins de capacidade técnico operacional, sem que constem do respectivo processo licitatório as justificativas para tais decisões, são impropriedades que afrontam o art. 23, § 1º e o art. 30, §§ 1º, 3º e 5º, da Lei 8.666/1993, bem como a jurisprudência dessa Corte de Contas, a exemplo Súmula TCU 247 e os Acórdãos 1.636/2007, 2.359/2007, 1.237/2008, 336/2008 e 3.171/2011, todos do Plenário.

69.Por outro lado, em relação à cláusula restritiva de habilitação técnica na Concorrência 39/2011, o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, veda aos gestores públicos “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, (...) ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato (...)”

70.Também a jurisprudência desta Corte de Contas é nesse sentido, ou seja, de que é irregular a delimitação pelo edital de tipologia específica de obras para fins de comprovação de capacidade técnica de licitante, devendo ser admitida a apresentação de atestados que demonstrem a realização de empreendimentos de natureza similar ao objeto licitado, sob pena de ficar configurada restrição à competitividade (Acórdão 1.585/2015, 1.733/2010, 1.502/2009 e 1.839/2007, todos do Plenário).

71.Nesse passo, apesar de o Contrato 567/2011 encontrar-se encerrado e o processo licitatório ter ocorrido a mais de cinco anos, em maio de 2011, dois fatos apontam para a proposta de realização de audiência do responsável pelas cláusulas restritivas: a habilitação de uma única empresa no certame, haja vista a inabilitação de duas das três licitantes especificamente pelo não atendimento ao item 13.4.b e a não participação da empresa que teve a sua impugnação, motivada pela exigência em questão, não provida; e os diversos aditivos ao Contrato 567/2011 que redundaram na prorrogação de 796 dias consecutivos além dos 720 dias iniciais, e que tiveram por consequência reflexo de R$ 11.979.894,37 (preços a PI) no valor inicial do contrato, ou seja, um acréscimo de 63,2%.

72.A responsabilidade pelas exigências de capacitação técnico-operacionais e técnico-profissionais, bem como pela elaboração do projeto/orçamento e pelos critérios de pontuação do edital foi o Engenheiro Octacílio Oliveira Cunha, conforme declaração que consta dos autos do processo administrativo da licitação (evidência 16).

III.2. Ausência do recebimento definitivo dos serviços III.2.1. Situação encontrada 73.Passados doze meses do recebimento provisório dos serviços de gestão ambiental contratados

por meio do Contrato 567/2011, ajuste que vigeu até 1/3/2016, ainda não foi realizado o seu recebimento definitivo, em descumprimento ao art. 73, inciso I da Lei 8.666/1993 e à Cláusula Sexta, parágrafo

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153 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

terceiro, do referido contrato.

74.O Termo de Verificação e Recebimento Provisório dos serviços de gestão ambiental das obras de duplicação da Rodovia BR 060/GO, objeto do Contrato 567/2011, foi lavrado em 4/12/2015 (Evidência 9, p. 1-2), onde restou consignado que os serviços executados foram de boa qualidade e encontravam-se concluídos. Ainda conforme ficha contratual (Evidência 2, p. 2-3), o contrato vigeu de 3/9/2011 a 1/3/2016, sendo que o término dos serviços se deu em 3/12/2015.

75.Contudo, passados praticamente um ano do término dos serviços e do recebimento provisório dos serviços, o Dnit ainda não providenciou o seu recebimento definitivo.

III.2.2. Comentários dos gestores 76.Em resposta ao Ofício de Requisição 6-482/2016 (Evidência 1, p. 7-8), a Superintendência

informou que o Termo de Recebimento Definitivo ainda não foi elaborado porque não foi designada comissão de recebimento para fins de recebimento definitivo do contrato (Evidência 7, p. 8).

III.2.3. Conclusão 77.O art. 73, inciso I da Lei 8.666/1993, prescreve que, executado o objeto, em se tratando de

serviços, o objeto será recebido definitivamente, já realizado o seu recebimento provisório, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais.

78.Passados doze meses do recebimento provisório dos serviços do Contrato 567/2011, a autoridade competente ainda não designou a comissão de recebimento definitivo, podendo-se configurar a omissão da autoridade.

79. Registra-se que o recebimento do objeto contratado não se trata de etapa meramente formal para a conclusão do contrato, como se depreende da importância conferida pela legislação ao definir duas etapas: provisória e definitiva. O principal objetivo do recebimento definitivo é propiciar que profissionais não envolvidos diretamente na fiscalização façam uma avaliação final independente a respeito da viabilidade do recebimento e adequação do objeto entregue pelo contratado.

80.Nesse passo, propõe-se seja determinado à Superintendência Regional do Dnit que designe a competente comissão para o recebimento definitivo dos serviços referentes ao Contrato 567/2011, em atenção art. 73, inciso I da Lei 8.666/1993 e à Cláusula Sexta, parágrafo terceiro, do referido ajuste.

IV. Conclusão 81.A presente fiscalização constitui uma das 29 auditorias previstas para a Fiscalização de

Orientação Centralizada (FOC) – Auditoria de conformidade em objetos selecionados com base em modelo probabilístico de análise de dados, e teve como objetivo avaliar a regularidade dos procedimentos de contratação da empresa Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda. pela Superintendência Regional do Dnit no estado de Goiás e no Distrito Federal.

82.A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, conforme mencionado no item II.3, os procedimentos foram definidos para responder a quatro questões de auditoria. A partir da execução dos procedimentos, foram registrados dois achados de auditoria, um relacionado as questões de auditoria e outro que não decorreu das referidas questões.

83.Os objetos da auditoria foram os contratos de gestão ambiental e supervisão de obras de manutenção rodoviária firmados pela Superintendência Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal com a Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda., mais especificamente os Contratos 567/2011, 836/2012, 1110/2014 e 549/2016.

84.A partir da aplicação dos procedimentos provenientes de cada questão de auditoria, foram constatados os achados de restrição indevida ao caráter competitivo da licitação (item III.1, questão 2) e de ausência do recebimento definitivo dos serviços (item III.2, questão 5). No tocante às demais questões de auditoria, dentro do escopo abrangido pela fiscalização, não resultaram em achados.

85.Quanto ao achado de restrição indevida ao caráter competitivo da licitação, foram observadas as seguintes impropriedades na condução dos procedimentos licitatórios:

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154 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

85.1.Pregão Eletrônico 126/2016 (Contrato 549/2016): ausência de parcelamento do objeto da

licitação e limitação do número de atestados para fins de capacidade técnico operacional, sem que constassem do respectivo processo licitatório as justificativas para tais decisões; e

85.2.Concorrência 39/2011 (Contrato 567/2011): ausência de parcelamento do objeto da licitação e cláusula de qualificação técnica restritiva, sem que constassem do processo licitatório as devidas justificativas.

86. Em relação ao Pregão 126/2016, a restrição à competitividade do certame não se confirmou no caso concreto, haja vista a participação de 24 empresas no pregão e o desconto de 41% obtido com a proposta vencedora. Nesse diapasão, alvitra-se tão somente dar ciência à Superintendência do Dnit das impropriedades identificadas.

87.Já quanto à Concorrência 39/2011, apesar de o Contrato 567/2011 encontrar-se encerrado e o processo licitatório ter ocorrido há mais de cinco anos, dois fatos apontam para a proposta de realização de audiência do responsável pelas cláusulas restritivas: a habilitação de uma única empresa no certame, haja vista a inabilitação de duas das três licitantes e a não participação de empresa que impugnou o edital, especificamente pelo não atendimento do item restritivo; e os diversos aditivos ao Contrato 567/2011 que redundaram na prorrogação de 796 dias consecutivos além dos 720 dias iniciais e que tiveram reflexo de R$ 11.979.894,37 (a PI) no valor inicial do contrato, ou seja, um acréscimo de 63,2%.

88.Em relação à ausência de recebimento definitivo do objeto do Contrato 567/2011, verificou-se que, passados doze meses do recebimento provisório dos serviços do referido contrato, a autoridade competente ainda não designou a comissão de recebimento definitivo.

89.Nesse diapasão, em função do atual momento processual, quando da análise de mérito dos presentes autos deve-se considerar as propostas de:

89.1.determinar à Superintendência Regional do Dnit no estado de Goiás e no Distrito Federal, com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que, no prazo de 15 dias, designe a competente comissão para o recebimento definitivo dos serviços referentes ao Contrato 567/2011, em atenção art. 73, inciso I da Lei 8.666/1993 e à Cláusula Sexta, parágrafo terceiro, do Contrato 567/2011 (item III.2); e

89.2.dar ciência à Superintendência Regional do Dnit no estado de Goiás e no Distrito Federal, com fundamento no artigo 7º, da Resolução TCU 265, de 9/12/2014, que a limitação do número de atestados para fins de capacidade técnico operacional, identificada no Pregão Eletrônico 126/2016 e a ausência de parcelamento do objeto da licitação, identificada no Pregão Eletrônico 126/2016 e na Concorrência 39/2011, sem que constem dos respectivos processos licitatórios as devidas motivações e justificativas, afrontam o art. 23, § 1º e o art. 30, §§ 1º, 3º e 5º, da Lei 8.666/1993, bem como a jurisprudência dessa Corte de Contas, a exemplo Súmula TCU 247 e Acórdãos 1.636/2007, 2.359/2007, 1.237/2008, 336/2008 e 3.171/2011, todos do Plenário (item III.1).

90.Cabe ainda registrar que as impropriedades relatadas no presente relatório não têm impacto nas contas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

91.Por fim, entre os benefícios estimados desta fiscalização, podem-se mencionar a indução de melhoria na gestão e na fiscalização de contratos em geral, no âmbito da Superintendência Regional do Dnit no estado de Goiás e no Distrito Federal e a expectativa de controle.

V. Proposta de encaminhamento 92.Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo realizar, com

fundamento no art. 250, inciso IV, do RI/TCU, a audiência do Sr. Octacílio Oliveira Cunha (CPF 551.820.038-20), para que, no prazo de quinze dias, apresente razões de justificativa por definir, conforme declaração de responsabilidade, no Edital da Concorrência 39/2011, critérios para a qualificação técnica restritivos à competividade do certame, especificamente a exigência de experiência em tipologia de obra específica, rodovia, delimitando ainda a aceitação dos atestados a um tipo definido de contrato, no caso gestão ambiental, em desacordo com o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, e a jurisprudência dessa Corte de Contas, a exemplo dos Acórdãos 1.839/2007, 1.733/2010 e 1.502/2009,

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155 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

todos do Plenário (item III.1)”.

É o Relatório. VOTO Cuidam os autos de relatório de auditoria realizada pela Secretaria de Controle Externo no Estado

de Goiás (Secex-GO), no âmbito de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir de classificação de riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados, cuja consolidação será efetuada pela Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).

2.Neste feito, foi avaliada a regularidade dos procedimentos de contratação da empresa Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda. pela Superintendência Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal, conforme seleção efetuada com base nos critérios adotados no aludido modelo probabilístico de risco, realizada no bojo do TC-014.158/2016-7.

3.Foram analisados os seguintes ajustes nesta fiscalização, cujos principais aspectos se encontram sintetizados abaixo:

a) Contrato 567/2011, tendo por objeto a execução dos serviços de Gestão Ambiental das obras de duplicação, restauração da pista existente, implantação de ruas laterais, melhoramentos para adequações de capacidade e eliminação de pontos críticos e implantação de itens de segurança na rodovia BR-060/GO, trecho Goiânia a Jataí/GO, em uma extensão de 285 km.;

b) Contrato 836/2012, abrangendo a execução dos serviços de apoio técnico de supervisão da execução das obras do CREMA e demais obras de manutenção rodoviária (Lote 2 – região de Morrinhos, Rio Verde, Jataí e Aragarças, em Goiás);

c) Contrato 1110/2014, cujo objeto é a gestão ambiental, incluindo os serviços de supervisão e gerenciamento ambiental, bem como a execução dos programas ambientais das obras de construção do Anel Viário de Jataí, na Rodovia BR-060/GO; e

d) Contrato 549/2016, para a execução dos serviços de supervisão das obras do programa CREMA e demais obras de manutenção na malha rodoviária da Superintendência Regional no Estado de Goiás e no DF.

Quadro 1 – Dados das licitações e dos contratos analisados. Contrato 567/2011 836/2012 1110/2014 549/2016

Licitação Concorrência Técnica e Preço 39/2011

Pregão eletrônico 345/2012-12 (Lote2)

Pregão eletrônico 469/2014-12

Pregão eletrônico 126/2016

Orçamento base R$ 19.982.965,69

R$ 13.017.911,13 R$ 5.738.978,40 R$ 7.433.988,93

Data base Julho/2010 Fevereiro/2012 Fevereiro /2014 Dezembro/2015

Valor inicial R$ 18.956.696,29

R$ 8.399.714,18 R$ 4.972.317,99 R$ 4.383.986,71

Desconto no certame

5,1% 35,5% 13,4% 41,0%

Licitantes 3 8 7 24 Desclassificadas ou inabilitadas

2 0 2 3

Contratada Consórcio Alta/Hollus/MPB

Consórcio Hollus-Astep

Hollus Serviços Técnicos

Hollus Serviços Técnicos

Valor atual ou final

R$ 33.593.883,50

R$ 9.141.111,27 R$ 4.179.331,96 R$ 4.383.986,71

Situação Concluído em Concluído em Paralisado em Em andamento

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Contrato 567/2011 836/2012 1110/2014 549/2016 28/7/2016 4/4/2016 9/5/2016

4.Durante os trabalhos de auditoria, foi constatada a ausência de recebimento definitivo do objeto do Contrato 567/2011, pois, passados doze meses do recebimento provisório dos serviços do referido ajuste, a autoridade competente ainda não teria designado a comissão de recebimento definitivo. Assim, a unidade técnica concluiu ser cabível, por ocasião do exame de mérito dos autos, formular determinação ao Dnit para que adotasse as medidas corretivas.

5.Também foi apontada a presença de cláusulas com potencial restrição ao caráter competitivo da licitação nos editais do Pregão Eletrônico 126/2016 e da Concorrência 39/2011.

6.No que tange ao Pregão 126/2016, a unidade instrutiva entendeu que a restrição à competitividade do certame não se confirmou no caso concreto, visto que 24 empresas participaram do certame, com a vencedora ofertando proposta com 41% de desconto em relação ao orçamento estimativo. Dessa forma, foi proposto tão somente dar ciência das impropriedades à Superintendência do Dnit.

7.Por outro lado, a Secex-GO entendeu que na Concorrência 39/2011 foram inabilitadas duas das três licitantes pelo não atendimento da cláusula potencialmente restritiva, motivo pelo qual foi proposta a audiência do responsável pela inclusão de tais critérios de habilitação no instrumento convocatório.

II 8.Iniciando a minha apreciação dos autos, registro que acompanharei parcialmente o entendimento

da equipe de auditoria, adotando-o como razões de decidir, apenas dissentindo pontualmente do apontamento quanto à ausência de parcelamento do objeto da licitação na Concorrência 39/2011.

9.A equipe de auditoria aduziu que as obras de duplicação dos 285 km da BR-060, no trecho compreendido entre Goiânia/GO e Jataí/GO, foram parceladas em sete lotes. Porém, na Concorrência 39/2011, não houve justificativas para o não parcelamento do objeto. A Superintendência Estadual do Dnit justificou tal ocorrência com a alegação de que se o segmento fosse fracionado em vários lotes de gestão ambiental, seguindo a divisão adotada na licitação das obras, supondo sete lotes de gestão ambiental, haveria o dimensionamento de sete equipes técnicas distintas. Assim, o parcelamento do certame de gestão ambiental aumentaria os custos da contratação.

10.A unidade técnica analisou tal justificativa concluindo que o edital previu a mobilização de três equipes, apesar de a licitação ser em lote único. Então, segundo a argumentação apresentada pelo Dnit, poderia ter ocorrido o parcelamento do objeto em três lotes distintos.

11.Discordo de tal conclusão, pois a natureza dos serviços contratados, ou seja, gestão ambiental das obras de duplicação, requer o gerenciamento junto aos órgãos ambientais e o apoio para a interlocução do Dnit com outros órgãos envolvidos (Ministério Público, DNPM, Iphan, Funai etc.), que seria dificultada com várias empresas contratadas.

12.Além disso, o processo de licenciamento ambiental, incluindo suas licenças ambientais, EIA, Rima e Plano Básico Ambiental (PBA), é específico para cada empreendimento. De acordo com o termo de referência da licitação (peça 17, fl. 86), a empresa de consultoria ambiental tem como função precípua a elaboração de relatório de não conformidades e a orientação da condução das obras e demais serviços de engenharia, conforme as diretrizes estabelecidas no PBA e na Licença de Instalação. Parece-me lógico, a princípio, concluir que para cada processo de licenciamento ambiental exista uma única gerenciadora, assim como geralmente os estudos ambientais necessários ao processo de licenciamento são contratados com uma única empresa.

13. Tal entendimento não afastaria a possibilidade de o objeto eventualmente ser parcelado, pois a gestora ambiental deveria executar vários programas e subprogramas: estudo para obtenção de supressão de vegetação; programa de comunicação social; subprograma de treinamento e capacitação de mão de obra (PTCMO); resgate de germoplasma; programa de monitoramento da fauna; programa de monitoramento da flora; e programa de monitoramento da qualidade da água (peça 17, fl. 87).

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157 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

14.Em análise preliminar, avalio que o objeto contratado poderia ser parcelado para cada uma

dessas disciplinas, mas parece-me evidente que a contratação de uma única empresa reduz os custos do órgão contratante com a fiscalização das avenças e pode trazer sinergias, pois há implantação de menor quantidade de profissionais, bem como de escritórios de campo, equipamentos, veículos e instalações de apoio.

15.De outro modo, concordo com o entendimento consignado no relatório de fiscalização no sentido de que o objeto do Pregão Eletrônico 126/2016 poderia ser parcelado em lotes, motivo pelo qual propugno que esta Corte de Contas dê ciência da impropriedade ao órgão auditado.

16.Outrossim, endosso o apontamento da equipe de auditoria de que o edital do Pregão Eletrônico 126/2016 restringiu de forma injustificada o somatório de atestados técnicos para fins de capacitação técnico-operacional dos licitantes, exigindo a comprovação de um atestado de gerenciamento ou supervisão de obras rodoviárias com uma extensão superior ou igual a 1.350 km, limitado a somente um atestado, com infração ao disposto no art. 30, §§ 1º, 3º e 5º, da Lei 8.666/1993.

17.Tal exigência, somada ao não parcelamento do objeto da licitação, poderia ter restringido o número de concorrentes no certame. Contudo, tal situação não se verificou no caso sob exame, o qual contou com a participação de 24 licitantes, motivo pelo qual acolho proposta de cientificar o Dnit do presente achado.

III 18.Também foi apurado que o edital da Concorrência 39/2011 exigiu atestados de qualificação

técnicas atrelados a determinada tipologia de obra, in casu obras rodoviárias, assim como delimitou que os serviços a serem comprovados fossem especificamente de gestão ambiental.

19.Com efeito, alguns julgados do TCU têm entendido que a inserção, nos editais de licitação, de expressões que possam levar à interpretação restritiva quanto à demonstração de execução de serviços atrelada a determinada tipologia de obra, deve ser evitada, salvo se imprescindível à certeza da boa execução do objeto e desde que devidamente fundamentada no processo licitatório. Nesse sentido, além dos precedentes trazidos pela equipe de auditoria, cito o Acórdão 1.226/2012-Plenário, de relatoria do insigne Ministro Valmir Campelo.

20.Assim, acompanho o entendimento da equipe de auditoria de realizar a audiência do Sr. Octacílio Oliveira Cunha, engenheiro do Dnit que elaborou a declaração de responsabilidade com os critérios de habilitação técnica ora questionados (peça 21). Adicionalmente, considero que o então Superintendente do Dnit em Goiás, Sr. Alfredo Soubihe Neto, também deva ser ouvido, por ter assinado o instrumento convocatório (peça 17, fl. 106) e homologado o resultado do certame com critérios de habilitação restritivos (peça 18, fls. 7/8).

21.Abro aqui um parêntesis para abordar os critérios de seleção utilizados no modelo probabilístico de risco adotado para incluir o edital da Concorrência 39/2011 no escopo da auditoria. Observando que o certame foi realizado há cerca de seis anos e que o contrato está encerrado, creio que os esforços de fiscalização do TCU poderiam ser melhor direcionados para outros objetos que ainda estão em fase de execução.

22.Nesse aspecto, creio que deva ser realizado um exame aprofundado da regularidade dos aditamentos contratuais realizados, que elevaram o valor inicial do Contrato 567/2011 de R$ 18.956.696,29 para R$ 33.593.883,50, ou seja, um acréscimo de 77,2%. Embora os aditivos contratuais estejam sintetizados no quadro 2 do relatório de auditoria, entendo preliminarmente que a simples prorrogação do prazo contratual não implica obrigatoriamente na necessidade de elevar os valores acordados, pois a empresa contratada para a gestão ambiental pode ter se desmobilizado ou reduzido sua equipe, em virtude do atraso observado nas obras de duplicação da BR-060, trecho Goiânia-Jataí.

IV

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158 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

23.Por fim, observei outra impropriedade no edital do Pregão Eletrônico 126/2016, a qual não foi

apontada pela unidade técnica. Trata-se da exigência de comprovação, para fim de qualificação técnica-profissional, de tempo de experiência ou de exercício em função dos profissionais a serem disponibilizados pela licitante para a execução do objeto, configurando infração ao disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, e nos arts. 3º, §1º, inciso I, e 30, §§ 1º, 3º e 5º, da Lei 8.666/1993.

24.No recente Acórdão 3.356/2015-Plenário, relatado pelo Ministro André Luís de Carvalho, o Tribunal entendeu que exigências relativas ao tempo de formação acadêmica e de experiência profissional somente são aceitáveis como requisito de habilitação em licitações se acompanhadas de justificativa expressa, no instrumento convocatório, que demonstre a imprescindibilidade de tais condições à execução do objeto. Outros entendimentos, tais como o Acórdão 727/2012-Plenário, de relatoria do Ministro José Múcio Monteiro, adotaram uma linha de entendimento ainda mais restritiva, no sentido de que exigência de comprovação, para fim de qualificação técnica, de tempo de experiência dos profissionais a serem disponibilizados pela licitante afronta o disposto no art. 30, § 5º, da Lei 8.666/1993.

25.Alinho-me a essa segunda linha de entendimento, considerando que o rol de exigências de habilitação previstos na Lei de Licitações e Contratos é numerus clausus. Além disso, é de se perquirir a efetividade de tais disposições editalícias, pois o tempo de formação profissional ou o tempo de registro nos conselhos profissionais não garante nem o efetivo exercício de determinada atividade nem a qualificação do profissional para o desempenho do objeto contratado.

26.Dessa maneira, em acréscimo às propostas formuladas pela equipe de auditoria, considero pertinente cientificar o Dnit da ilegalidade dessa exigência.

Ante todo o exposto, VOTO por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado. ACÓRDÃO Nº 134/2017 – TCU – Plenário 1. Processo nº TC 029.462/2016-9. 2. Grupo II – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria 3. Interessados/Responsáveis: 3.1. Responsáveis: Alfredo Soubihe Neto (020.109.818-04); Octacílio Oliveira Cunha

(551.820.038-20). 4. Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. 5. Relator: Ministro Benjamin Zymler. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Goiás (Secex-GO). 8. Representação legal: não há 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria realizada com o objetivo de

avaliar a regularidade dos procedimentos de contratação da empresa Hollus Serviços Técnicos Especializados Ltda. pela Superintendência Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal, conforme seleção com base em modelo probabilístico de análise de dados,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fulcro no art. 7º da Resolução TCU 265/2014, dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e à Superintendência Regional do Dnit no Estado de Goiás e Distrito Federal acerca das seguintes irregularidades, identificadas nos editais do Pregão Eletrônico 126/2016 e da Concorrência 39/2011, bem como nos contratos decorrentes:

9.1.1. injustificada limitação do número de atestados para fins de capacidade técnico operacional, identificada no Pregão Eletrônico 126/2016, o que infringe ao disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, e nos arts. 3º, §1º, inciso I, e 30, §§ 1º, 3º e 5º, da Lei 8.666/1993;

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159 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.1.2. adoção, nos editais do Pregão Eletrônico 126/2016 e da Concorrência 39/2011, de critérios de

habilitação restritivos à competividade do certame, especificamente a exigência de atestado de qualificação técnica comprovando a experiência em tipologia específica de obra, no caso, obra de rodovia, delimitando ainda a aceitação dos atestados somente relacionados com contratos de gestão ambiental, o que viola disposição do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, e do art. 3º, §1º, inciso I, da Lei 8.666/1993;

9.1.3. exigência de comprovação, para fim de qualificação técnica-profissional, de tempo de experiência ou de exercício em função dos profissionais a serem disponibilizados pela licitante para a execução do objeto, observado no Termo de Referência do Pregão Eletrônico 126/2016, com infração ao disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, e nos arts. 3º, §1º, inciso I, e 30, §§ 1º, 3º e 5º, da Lei 8.666/1993;

9.1.4. ausência de parcelamento do objeto do Pregão Eletrônico 126/2016, em afronta ao disposto no art. 23, § 1º da Lei 8.666/1993;

9.1.5. ausência de termo de recebimento definitivo dos serviços relativos ao Contrato 567/2011, em desacordo com o art. 73, inciso I, alínea “b”, da Lei de Licitações e Contratos;

9.2. com fundamento no art. 250, inciso IV, do RI/TCU, promover a audiência dos responsáveis abaixo indicados, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem razões de justificativa ao Tribunal quanto aos seguintes indícios de irregularidade:

9.2.1 Sr. Octacílio Oliveira Cunha (551.820.038-20), por definir, conforme declaração de responsabilidade, no Edital da Concorrência 39/2011, critérios para a qualificação técnica restritivos à competividade do certame, especificamente a exigência de experiência em tipologia de obra específica, rodovia, delimitando ainda a aceitação dos atestados a um tipo definido de contrato, no caso gestão ambiental, em desacordo com o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, e a jurisprudência dessa Corte de Contas, a exemplo dos Acórdãos 1.839/2007, 1.733/2010 e 1.502/2009, todos do Plenário (item III.1. do Relatório de Auditoria);

9.2.2. Sr. Alfredo Soubihe Neto (020.109.818-04), na condição de Superintendente Estadual do Dnit em Goiás, por homologar o resultado e assinar o Edital da Concorrência 39/2011 contendo critérios para a qualificação técnica restritivos à competividade do certame, especificamente a exigência de experiência em tipologia de obra específica, rodovia, delimitando ainda a aceitação dos atestados a um tipo definido de contrato, no caso gestão ambiental, em desacordo com o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, e a jurisprudência dessa Corte de Contas, a exemplo dos Acórdãos 1.839/2007, 1.733/2010 e 1.502/2009, todos do Plenário (item III.1. do Relatório de Auditoria);

9.3. determinar que a Secex-GO realize exame conclusivo acerca da regularidade dos aditamentos do Contrato 567/2011, que elevaram o seu valor de R$ 18.956.696,29 para R$ 33.593.883,50, ficando desde já autorizada a realizar as diligências e inspeções que entender necessárias ao saneamento dos autos.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0134-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. GRUPO I – CLASSE VII – Plenário TC 035.173/2015-7 NATUREZA: Representação

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160 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

ÓRGÃO/ENTIDADE: Prefeitura Municipal de Nossa Senhora do Livramento/MT REQUERENTE: Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. Me (16.793.330/0001-

11) Advogados constituídos nos autos: Nelson Pedroso Júnior (OAB/MT 11.266-B); e Bibiano Pereira

Leite Neto (OAB/MT 8938) SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. IRREGULARIDADES NA CONDUÇÃO DE CONVITE.

AQUISIÇÃO DE MATERIAIS DE EXPEDIENTE. AUDIÊNCIAS. REVELIA DE ALGUNS RESPONSÁVEIS. REJEIÇÃO DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA DE OUTROS. PROCEDÊNCIA. MULTAS. DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS. PETIÇÃO. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA NOTIFICAÇÃO. VÍCIO PROCESSUAL COMPROVADO. INSUBSISTÊNCIA DO ACÓRDÃO NO QUE TANGE À INTERESSADA. RETORNO DO FEITO À UNIDADE TÉCNICA DE ORIGEM PARA EXPEDIÇÃO DE NOVO OFÍCIO. QUITAÇÃO A OUTRO RESPONSÁVEL ANTE A COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO DA MULTA. CIÊNCIA.

RELATÓRIO Adoto como relatório a instrução lavrada no âmbito da Secretaria de Controle Externo do Estado do

Mato Grosso (Secex/MT) e que constitui a peça 76 destes autos, verbis: “INTRODUÇÃO 1. Trata-se de petição não formalizada como recurso (peça 61), em que se argui a nulidade da

citação realizada no processo. 2. Instruída a petição pela Secretaria de Recursos (peças 72-74), acompanhando seu entendimento,

o Relator determinou o envio dos autos à esta Unidade Técnica, “para fins de apreciação e exame da nulidade arguida, bem como para a adoção das medidas que entender pertinentes, sem prejuízo da oportuna atuação da Serur caso haja a interposição de algum recurso, nos termos preceituados pela já mencionada Resolução TCU 259/2014” (peça 75).

3. Na referida petição, a empresa Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. (CNPJ 16.793.330/0001-11), por meio de seus procuradores, argumenta a nulidade absoluta da citação objeto do Ofício 409/2016-TCU/Secex/MT, de 27/4/2016.

EXAME TÉCNICO 4. Verifica-se que o Ofício 409/2016-TCU/Secex-MT, de 27/4/2016, que deveria ter sido

endereçado à Srª Luziana Pinheiro Dias Aragão, representante legal de Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME (peça 20), foi equivocadamente endereçado no seu envelope à Srª Rosicler Maria Nicolini, Procuradora da Prefeitura Municipal de Porto Esperidião (peça 61, p. 18) que foi, efetivamente, quem recebeu o ofício (peça 23, p. 2).

5. Tomada como citada, a empresa foi tida como revel (peça 44, p. 10) e declarada inidônea no item 9.4 do Acórdão 2.358/2016-Plenário (peça 46).

6. Não tendo sido devidamente citada, nulo é o acordão especificamente no que se refere à mesma. Em atenção ao pedido da requerente, a nulidade deve ser declarada por meio de acórdão, de forma a viabilizar a continuidade do exercício de seu direito de participar de licitação na administração pública federal, bem como em certames promovidos por estados e municípios cujos objetos sejam custeados mediante recursos federais repassados por força de instrumentos de repasses pactuados, pelo prazo de cinco anos.

7. Consta dos autos o comprovante de recolhimento (peça 69) da multa aplicada ao sr. Carlos Roberto da Costa, objeto do subitem 9.2 c/c o 9.3 do Acórdão 2.358/2016-Plenário, pelo que deve ser considerada quitada.

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161 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

8. À peça 71 foi interposto recurso, ainda não analisado, pelas sras. Leonildes Fátima Silva e

Valquíria Ana de Campos, à multa a elas aplicada por intermédio do subitem 9.2 c/c o 9.3 do Acórdão 2.358/2016-Plenário.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 9. Ante o exposto, propõe-se à consideração superior o encaminhamento dos autos ao relator, com

proposta de: 9.1. dar quitação ao sr. Carlos Roberto da Costa relativamente à multa objeto do subitem 9.2 c/c o

9.3 do Acórdão 2.358/2016-Plenário (item 7); 9.2. declarar a nulidade do subitem 9.4 do Acórdão 2.358/2016-Plenário no que se refere à

declaração de inidoneidade da empresa Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. ME. (CNPJ 16.793.330/0001-11), retificando o referido item do acórdão para (itens 5-6):

‘9.4. com fundamento no art. 46 da Lei 8.443/1992 c/c com o art. 271 do RITCU, declarar a inidoneidade das empresas Fábio Menezes e Silva – ME (05.688.933/0001-37) e Suprema Comércio e Representações Ltda. – ME (12.984.005/0001-85) para participar de licitação na administração pública federal, bem como em certames promovidos por estados e municípios cujos objetos sejam custeados mediante recursos federais repassados por força de instrumentos de repasses pactuados, pelo prazo de cinco anos’;

9.3. com fulcro no art. 49, inciso I, da Resolução TCU 259, de 7 de maio de 2014, encaminhem-se os autos à Secretaria de Recursos (Serur) para fins de exame preliminar de admissibilidade da peça recursal objeto da peça 71, das sras. Leonildes Fátima Silva e Valquíria Ana de Campos, em face das multas a elas aplicadas por intermédio do subitem 9.2 c/c o 9.3 do Acórdão 2.358/2016-Plenário (item 8).

9.4. após, determinar o retorno dos autos à Secex-MT para audiência da empresa Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. ME. (CNPJ 16.793.330/0001-11), nos termos do Ofício 409/2016-TCU/Secex-MT:

a. Ato impugnado: formação de conluio entre as sociedades empresárias participantes do Convite 2/2014, promovido pela Prefeitura Municipal de Nossa Senhora do Livramento/MT, tendo por objeto a aquisição de materiais de expediente, com recursos oriundos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, diante das seguintes constatações descritas pela Controladoria-Geral da União:

I. propostas de preços elaboradas com o mesmo padrão de apresentação, mesmas características de abreviação e pontuação e mesmos erros ortográficos e gramaticais (identidade de cabeçalho, erro ortográfico no texto inicial da proposta, identidade nas Seções Declarações e validade das propostas, semelhança no texto inicial das propostas de preços, e divergências entre as assinaturas apostas nos documentos presentes no processo, e mesmos erros ortográficos nas propostas de preços);

II. ausência de estrutura operacional da empresa vencedora (Suprema Comércio e Representações Ltda. – ME) e sua ligação com outra empresa (Grafitte Informática e Papelaria Ltda.);

b. Dispositivos legais violados: Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, art. 46 c/c Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, art. 90;

c. Responsáveis: Fábio Menezes e Silva – ME (CNPJ 05.688.933/0001-37); Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME (CNPJ 16.793.330/0001-11) e Suprema Comércio e Representações Ltda. – ME (CNPJ 12.984.005/0001-85);

d. Fato/Conduta: mediante a atuação de seus representantes legais as sociedades empresárias participantes do procedimento licitatório em análise praticaram atos vedados pela legislação, consistentes na combinação ou ajuste das propostas apresentadas, com o fim de obter vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação.

e. Nexo de causalidade: ao participarem da licitação com propostas de preços previamente combinadas, conforme demonstra o conjunto de indícios, restou frustrado o caráter competitivo do certame.”

2.O sr. Diretor e o sr. Secretário da Secex/MT manifestaram sua concordância com a proposta

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162 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

acima transcrita (peças 77 e 78, respectivamente).

É o relatório. VOTO Trata-se de expediente apresentado pela empresa Ação Comércio e Serviços de Móveis e

Informática Ltda. ME. por meio do qual argui a nulidade da notificação realizada no bojo de processo de representação formulada pela Secretaria de Controle Externo no Estado de Mato Grosso (Secex/MT) noticiando indícios de fraude na realização do Convite 2/2014, promovido pela Prefeitura Municipal de Nossa Senhora do Livramento/MT.

2.O feito foi apreciado por meio do Acórdão 2.358/2016, ocasião em que o Plenário desta Corte considerou procedente a representação, rejeitou as razões de justificativa oferecidas por Carlos Roberto da Costa, Leonildes Fátima da Silva e Valquíria Ana de Campos, aplicando-lhes multa individual no valor de R$ 5.000,00, com fulcro no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992.

3.Além disso, o referido julgado declarou a inidoneidade das empresas Fábio Menezes e Silva – ME, Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME e Suprema Comércio e Representações Ltda. – ME para participar de licitação na administração pública federal, bem como em certames promovidos por estados e municípios cujos objetos sejam custeados mediante recursos federais repassados por força de instrumentos de repasses pactuados, pelo prazo de cinco anos, com fundamento no art. 46 da Lei 8.443/1992 c/c com o art. 271 do RITCU.

4.Para melhor compreensão dos fatos, vale registrar que o presente processo examinou indícios de irregularidades em convite, do tipo menor preço, que teve como objeto a aquisição de materiais de expediente e possuía valor estimado de R$ 58.202,89, oriundos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

5.Foram convidadas as empresas Fábio Menezes e Silva – ME, Suprema Comércio e Representações Ltda. – ME e Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME.

6.A partir de trabalho desenvolvido pela CGU, identificou-se as seguintes irregularidades: a) propostas de preços elaboradas com o mesmo padrão de apresentação, mesmas características de

abreviação e pontuação e mesmos erros ortográficos e gramaticais (foram descritos erros, caracteres gráficos e preços coincidentes nas propostas das empresas participantes, bem como divergência entre as assinaturas apostas nos documentos presentes no processo); e

b) ausência de estrutura operacional da empresa vencedora (Suprema Comércio e Representações Ltda. – ME) e sua ligação com outra empresa (Grafitte Informática e Papelaria Ltda.).

7.Procedeu-se, então, à audiência das empresas supracitadas Fábio Menezes e Silva – ME, Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME e Suprema Comércio e Representações Ltda. – ME, dos membros da comissão de licitação, sras. Leonildes Fátima da Silva e Valquíria Ana de Campos, e do então prefeito municipal, sr. Carlos Roberto da Costa.

8.As empresas, embora devidamente notificadas, deixaram transcorrer in albis o prazo fixado para suas manifestações e foram consideradas revéis, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.

9.Neste momento, a empresa Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME não maneja recurso propriamente dito, mas, por meio de simples petição, argui a nulidade da citação que lhe foi dirigida (peça 61).

10.Consoante despacho proferido em 14/11/2016, recebi o pedido e determinei o seu exame pela unidade técnica de origem (peça 75). Com efeito, o art. 174 do RITCU prevê que nulidades absolutas, como na hipótese de vício de citação, podem ser declaradas pelo Tribunal de ofício ou por provocação da parte, que, nesse caso, independe de recurso propriamente dito, podendo ser veiculada por simples petição.

11.Ao analisar a ocorrência do suposto vício processual, a Secex/MT observou que o Ofício 409/2016-TCU/Secex-MT, de 27/4/2016, que deveria ter sido endereçado à sra. Luziana Pinheiro Dias

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163 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Aragão, representante legal da empresa Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME (peça 20), foi equivocadamente endereçado à Sra. Rosicler Maria Nicolini, procuradora da Prefeitura Municipal de Porto Esperidião (peça 61, p. 18). Foi, efetivamente, esta senhora quem recebeu o ofício, conforme faz prova o aviso de recebimento juntado à peça 23, p. 2.

12.Desse modo, tida como regularmente notificada, a empresa foi considerada revel após deixar escoar, in albis, o prazo de manifestação. Ao final, foi declarada inidônea, nos termos do subitem 9.4 do Acórdão 2.358/2016-Plenário (peça 46).

13.Acolho o exame efetuado no âmbito da unidade técnica, razão por que o incorporo às minhas razões de decidir.

14.Uma vez comprovado que a responsável não foi devidamente notificada, resta caracterizado o vício processual. Por conseguinte, deve ser reconhecida a nulidade do subitem 9.4 do Acórdão 2.358/2016-Plenário especificamente no que se refere à empresa em comento.

15.Portanto, os autos devem retornar à Secex-MT para que sejam adotadas as medidas com vistas à expedição de novo ofício de audiência a ser endereçado à empresa Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. ME., nos mesmos termos do Ofício 409/2016-TCU/Secex-MT (peça 20).

16.Importa destacar que consta dos autos comprovante de recolhimento da multa aplicada ao sr. Carlos Roberto da Costa (subitem 9.3 do Acórdão 2.358/2016-Plenário), motivo pelo qual deve ser dada quitação a este responsável (peça 69).

17.Por fim, registra-se a existência de recurso ainda pendente de exame preliminar de admissibilidade, interposto pelas sras. Leonildes Fátima Silva e Valquíria Ana de Campos contra o decisum em questão (peça 71).

18.Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à deliberação deste Plenário.

ACÓRDÃO Nº 135/2017 – TCU – Plenário 1. Processo nº TC 035.173/2015-7. 2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação 3. Órgão: Prefeitura Municipal de Nossa Senhora do Livramento/MT 4. Responsáveis/Requerente: 4.1. Responsáveis: Carlos Roberto da Costa (072.295.691-68); Leonildes Fátima da Silva

(537.773.951-53); Valquíria Ana de Campos (786.437.401-87); Fábio Menezes e Silva – ME (05.688.933/0001-37); Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME (16.793.330/0001-11) e Suprema Comércio e Representações Ltda. – ME (12.984.005/0001-85) Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME (16.793.330/0001-11)

4.2. Requerente: Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. – ME (16.793.330/0001-11)

5. Relator: Ministro Benjamin Zymler 6. Representante do Ministério Público: não atuou 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Mato Grosso (Secex-MT) 8. Advogados constituídos nos autos: Nelson Pedroso Júnior (OAB/MT 11.266-B), Bibiano Pereira

Leite Neto (OAB/MT 8938) 9. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos estes autos que versam mera petição apresentada pela empresa Ação

Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. ME. por meio da qual argui a nulidade da notificação realizada no bojo de processo de representação que culminou no Acórdão 2.358/2016-Plenário,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as razões expostas pelo relator, em:

Page 164: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

164 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.1. declarar a nulidade do subitem 9.4 do Acórdão 2.358/2016-Plenário no que se refere à

declaração de inidoneidade da empresa Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. ME. (6.793.330/0001-11), conferindo a seguinte redação ao referido subitem:

“9.4. com fundamento no art. 46 da Lei 8.443/1992 c/c com o art. 271 do RITCU, declarar a inidoneidade das empresas Fábio Menezes e Silva – ME (05.688.933/0001-37) e Suprema Comércio e Representações Ltda. – ME (12.984.005/0001-85) para participar de licitação na administração pública federal, bem como em certames promovidos por estados e municípios cujos objetos sejam custeados mediante recursos federais repassados por força de instrumentos de repasses pactuados, pelo prazo de cinco anos;”

9.2. dar quitação ao sr. Carlos Roberto da Costa (072.295.691-68) relativamente à multa objeto do subitem 9.3 do Acórdão 2358/2016-Plenário, ante a comprovação de seu recolhimento;

9.3. determinar o retorno dos autos à Secex-MT para audiência da empresa Ação Comércio e Serviços de Móveis e Informática Ltda. ME. (16.793.330/0001-11), nos termos do Ofício 409/2016-TCU/Secex-MT (item 9.4 da instrução inserta à peça 76);

9.4. após, com fulcro no art. 49, inciso I, da Resolução TCU 259/2014, encaminhar os autos à Secretaria de Recursos para fins de exame preliminar de admissibilidade do recurso constante da peça 71;

9.5. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do voto e do relatório que a fundamentaram, à Procuradoria da República no Estado de Mato Grosso, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992; e

9.6. dar ciência do presente acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentaram, aos responsáveis, ao requerente e à Prefeitura Municipal de Nossa Senhora do Livramento/MT.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0135-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. GRUPO I – CLASSE I – Plenário TC 008.140/2003-2 Natureza: Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Simplificada - Exercício: 2002) Recorrente: Ministério Público junto ao TCU – MP/TCU Responsáveis: Adilson Alves Pinheiro (Encarregado da Seção de Finanças) e Airton Quintella de

Castro Menezes (Encarregado da Seção de Finanças e Ordenador de Despesas) Unidade: Comando da 1ª Região Militar SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS SIMPLIFICADA. EXERCÍCIO DE 2002. CONTAS

REGULARES. PAGAMENTOS INDEVIDOS. INSTAURAÇÃO DE TCE. RECURSO DE REVISÃO INTERPOSTO PELO MP/TCU. CONHECIMENTO. SOBRESTAMENTO. TRÂNSITO EM JULGADO DA TCE. LEVANTAMENTO DO SOBRESTAMENTO. PROVIMENTO DO RECURSO. CONTAS IRREGULARES.

RELATÓRIO Adoto como parte do relatório a instrução de peça 5, aprovada pelos dirigentes da SecexDefesa: “I. INTRODUÇÃO

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165 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

1.Tratam os presentes autos de reabertura da tomada de contas simplificada relativa ao exercício

de 2002 do Comando da 1ª Região Militar (Cmdo 1ª RM), unidade gestora subordinada ao Ministério da Defesa/Comando do Exército.

2.A reabertura decorreu de interposição de recurso de revisão (peça 2, pp. 3-4) pelo Ministério Público junto ao Tribunal de contas da União (MP/TCU), em 4/7/2008, contra o Acórdão 1.344/2004-TCU-2ª Câmara (Relação 94/2004 - Gab. do Ministro-Substituto Marcos Bemquerer, Ata 29/2004), proferido na sessão de 5/8/2004, por meio do qual esta Corte, ao apreciar a tomada de contas relativa ao exercício de 2002, decidiu julgar as referidas contas regulares e dar quitação plena aos responsáveis pelo Cmdo 1ª RM, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

II. HISTÓRICO 3. De acordo com o parquet, após o julgamento das contas em questão, foi autuado o TC

015.604/2007-6, relativo à tomada de contas especial (TCE) instaurada pelo Secretário de Economia e Finanças do Exército, por solicitação do Ministério Público Militar, com o fim de atender diligências relacionadas ao Inquérito Policial Militar - IPM 25/04, então em trâmite na 3ª Auditoria da 1ª Circunscrição Judiciária Militar (peça 2, p. 3).

4. Na TCE foram identificados diversos pagamentos irregulares ocorridos no âmbito do Comando da 1ª RM, no período de 1991 a setembro de 2003, conforme instrução elaborada pela então 3ª Secex/TCU, bem como no Relatório de Auditoria de Tomada de Contas Especial elaborado no âmbito do Ministério da Defesa (peça 2, p. 3).

5. O MP/TCU funda seu pedido de reabertura das contas em face do Sr. Airton Quintella de Castro Menezes, então encarregado da seção de finanças e ordenador de despesas, e do Sr. Adilson Alves Pinheiro, encarregado da seção de finanças, à época, os quais efetuaram pagamentos a pessoas que não possuíam tal direito, conforme segue: Ordem Bancária

Data Valor (R$) Beneficiário

20020B001326 28/06/2002

7.040,16 Carlos Magno Porto Lobato - filho da companheira de Adilson Alves Pinheiro

20020B001792 02/08/2002

6.897,28 José Alyrio Ribeiro Alves - amigo de Luiz Alberto Caldeira dos Santos

20020B001793 02/08/2002

7.040,16 Paulo Ferreira Magalhães - amigo de Luiz Alberto Caldeira dos Santos

20020B001794 02/08/2002

8.006,88 Amaro Gomes de Oliveira - padrasto de Adilson Alves Pinheiro

20020B001797 05/08/2002

11.969,20 Carlos Magno Porto Lobato - filho da companheira de Adilson Alves Pinheiro

20020B002038 20/08/2002

11.696,20 Carlos Magno Porto Lobato - filho da companheira de Adilson Alves Pinheiro

20020B003031 23/10/2002

29.090,32 Iran José da Silva - amigo de Luiz Alberto Caldeira dos Santos

20020B003953 28/11/2002

9.481,23 Iran José da Silva - amigo de Luiz Alberto Caldeira dos Santos

20020B003954 28/11/2002

9.696,06 Carlos Magno Porto Lobato - filho da companheira

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166 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

de Adilson Alves Pinheiro 20020B004571 11/12/200

2 18.799,32 José Francisco da Silva - relacionado com

Adilson Alves Pinheiro

6. Considerando que a conduta dos responsáveis foi de gravidade suficiente para macular suas contas relativas ao exercício de 2002, e que as irregularidades em questão não foram objeto de apreciação quando do julgamento das contas, entendeu o MP/TCU que estas, caracterizadas pela emissão irregular de OBs, podem ser tidas como documentos novos com eficácia sobre a prova produzida, justificando-se, portanto, a interposição de recurso de revisão com fundamento no artigo 35, inciso III, da Lei 8.443/1992, para efeito de reabrir as contas desses responsáveis e julgá-las irregulares, considerando que foram eles quem efetivamente realizaram os pagamentos irregulares (peça 2, p. 4).

7. Por fim, considerando que o TC 015.604/2007-6, relativo à tomada de contas especial que daria origem ao recurso, ainda não havia sido definitivamente apreciado por este Tribunal, o membro do MP/TCU requereu que, após reabertas as contas dos Srs. Airton Quintella de Castro Menezes e Adilson Alves Pinheiro, fosse sobrestado seu julgamento, até a apreciação definitiva daquele processo (peça 2, p. 4).

8. A Secretaria de Recursos (Serur) realizou o exame preliminar de admissibilidade do recurso de revisão (peça 3, pp. 43-44), propondo o seu conhecimento com fulcro nos arts. 32, III, e 35, III, da Lei 8.443/1992, tendo em vista a superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida, consubstanciados em indícios de irregularidades compulsados no TC 015.604/2007-6.

9. Em exame de prelibação, a Serur entendeu, considerando as informações acostadas nos autos do TC 015.604/2007-6, estar estabelecido, de forma preliminar, o nexo de causalidade entre a conduta dos agentes apontados pelo MP/TCU e o dano causado ao erário, sem embargo de haver outros responsáveis solidários, que seriam devidamente identificados quando do julgamento da TCE (peça 3, pp. 45-47).

10. Encaminhados os autos à Secretaria das Sessões para sorteio de relator, foi sorteado o então Ministro Marcos Vinícios Vilaça (peça 3, p. 49). Este, em despacho de 4/11/2008, acolheu a interposição do recurso de revisão pelo MP/TCU e determinou o sobrestamento destes autos até o julgamento do TC 015.604/2007-6, após o que estaria esta unidade técnica autorizada a prosseguir em sua instrução (peça 3, p. 50).

11. O julgamento do mencionado processo de TCE deu-se em 5/11/2014, com a prolação do Acórdão 3.035/2014-TCU-Plenário, por meio do qual este Tribunal julgou irregulares as contas e em débitos solidários os responsáveis Adilson Alves Pinheiro, Luiz Alberto Caldeira dos Santos, Celso Ricardo Souto Maluf, Airton Quintella de Castro Menezes, Márcio Domeneck Salgado e Reinaldo Ezequiel da Costa, nos termos dos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas ‘b’ e ‘d’, e 19, caput, da Lei 8.443/1992, condenando-os ao pagamento das importâncias especificadas (item 9.4 do r. Acórdão).

12. Na mesma decisão, o TCU ainda aplicou multas de R$ 500.000,00 ao Sr. Airton Quintella de Castro Menezes e de R$ 140.000,00 ao Sr. Adilson Alves Pinheiro (item 9.5 do r. Acórdão).

13. O Sr. Airton Quintella opôs embargos de declaração contra o Acórdão 3.035/2014-TCU-Plenário, não conhecidos pelo Tribunal, conforme o Acordão 2.292/2015-TCU-Plenário (peça 274 do TC 015.604/2007-6).

14. Os Srs. Airton Quintella e Reinaldo Ezequiel da Costa ainda interpuseram recursos de reconsideração contra o Acórdão 3.035/2014-TCU-Plenário, em 19/10/2015 (peça 290 do TC 015.604/2007-6) e 25/2/2015 (peça 232 do TC 015.604/2007-6), respectivamente, também não conhecidos pelo Tribunal, consoante o Acordão 321/2016-TCU-Plenário (peça 302 do TC 015.604/2007-6).

15. O Sr. Reinaldo Ezequiel ainda opôs embargos de declaração contra o Acórdão 321/2016-TCU-Plenário, não conhecidos pelo Tribunal, nos termos do Acordão 1558/2016-TCU-Plenário (peça 313 do TC 015.604/2007-6).

16. Portanto, o TC 015.604/2007-6 encontra-se definitivamente concluído, tendo transitado em julgado em relação aos Srs. Airton Quintella de Castro Menezes e Adilson Alves Pinheiro em 14/1/2015 e

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21/5/2015, respectivamente, conforme análise empreendida à peça 354, p. 2, daqueles autos. Logo, a SecexDefesa está apta a prosseguir com a análise do recurso de revisão interposto pelo MP/TCU, uma vez cessado o sobrestamento.

III. EXAME TÉCNICO 17. O recurso de revisão é disciplinado pelo art. 35 da Lei 8.443/1992 e pelo art. 288 do Regimento

Interno do TCU. No caso em questão, o recurso é baseado na superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida, prevista nos incisos III dos mencionados artigos.

18. De acordo com o art. 283 do RI/TCU, nos recursos interpostos pelo MP/TCU, é necessária a instauração do contraditório quando se tratar de recurso tendente a agravar a situação do responsável.

19. No entanto, o regramento acima não é absoluto, havendo casos em que a instauração do contraditório não é necessária, especialmente quando o assunto tenha sido apurado e julgado em processo autônomo, no qual os responsáveis puderam exercer todos os direitos relacionados ao contraditório e à ampla defesa.

20. A situação acima encontra amparo na Súmula 288 do TCU. Segundo esta, o julgamento pela irregularidade de contas ordinárias ou extraordinárias prescinde de nova audiência ou citação em face de irregularidades pelas quais o responsável já tenha sido ouvido em outro processo no qual lhe tenha sido aplicada multa ou imputado débito.

21. O teor da Súmula 288 aplica-se ao julgamento destas contas ordinárias que, julgadas regulares pelo Acórdão 1.344/2004-TCU-2ª Câmara, foram reabertas em razão de recurso de revisão interposto pelo MP/TCU, em face das irregularidades apontadas no TC 015.604/2007-6.

22. Além das irregularidades apontadas pelo MP/TCU no mencionado processo, o TC 006.166/2007-2, ainda não transitado em julgado, também apurou fatos semelhantes, no mesmo período e em relação aos mesmos responsáveis. Enquanto este apurou irregularidades referentes à movimentação da conta contábil 2.1.1.4.9.01.00 - Depósito de Terceiros, no período de 1993 a 2003, o TC 015.604/2007-6 apurou ocorrência de pagamentos indevidos no Comando da 1ª Região Militar, no período compreendido entre 1º/1/1991 e 23/9/2003, referentes à movimentação das contas escrituradas 2.1.2.1.1.01.00 - Fornecedores e 2.1.2.1.2.01.00 - Pessoal a Pagar.

23. Além das condenações efetuadas pelo Acórdão 3.035/2014-P (item 10), o Acordão 183/2015- TCU-Plenário, proferido nos autos do TC 006.166/2007-2, julgou irregulares as contas dos Srs. Airton Quintella de Castro Menezes, Celso Ricardo Souto Maluf, Márcio Domeneck Salgado, Reinaldo Ezequiel da Costa, Adilson Alves Pinheiro e Luiz Alberto Caldeira dos Santos, e os condenou em débito, solidariamente, conforme os atos praticados (item 9.1 do r. Acórdão).

24. Assim como no Acórdão 3.035/2014-P, no Acórdão 183/2015-P, o TCU ainda aplicou multas de R$ 900.000,00 ao Sr. Airton Quintella de Castro Menezes e de R$ 800.000,00 ao Sr. Adilson Alves Pinheiro (Item 9.2 do Ac. 183/2015-P).

25. Enquanto no TC 015.604/2007-6 foram apuradas dez ordens bancárias (OB) como irregularidades capazes de macular as contas desses responsáveis relativas ao exercício de 2002, no TC 006.166/2007-2 foram apuradas em torno de 130 OBs para pagamentos irregulares (item 9.1.8 do Ac. 183/2015-P).

26. As irregularidades constantes da TCE 015.604/2007-9, sozinhas, já são de gravidade suficiente para fundamentar a irregularidade das contas de 2002. Mas além das ordens bancárias irregulares apontadas pelo MP/TCU como fundamento para reabertura das contas de 2002 (item 5), podem ser somadas as OBs emitidas no período de 5/2/2002 a 18/12/2002, apontadas no quadro constante do anexo 1 a esta instrução, embora o Acórdão 183/2015-P ainda não tenha transitado em julgado.

27. Tendo em vista que o TCU julgou irregulares as contas compreendidas nos períodos de 1993 a 2003, resta evidente que as contas dos gestores relativas ao exercício de 2002 não podem ser consideradas regulares.

28. Por conseguinte, considerando que a conduta dos responsáveis foi de gravidade suficiente para macular suas contas relativas ao exercício de 2002, bem assim que as irregularidades tratadas nos TCs 006.166/2007-2 e 015.604/2007-6 não foram objeto de apreciação quando do julgamento inicial das

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contas, o presente recurso de revisão deve ser julgado procedente e as contas dos responsáveis Airton Quintella e Adilson Pinheiro devem ter o mérito modificado de regulares para irregulares.

29. Desta feita, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas ‘b’ e ‘d’, da Lei 8.443/1992, cumpre ao TCU julgar irregulares as contas dos Srs. Airton Quintella de Castro Menezes (CPF 090.632.420-34) e Adilson Alves Pinheiro (CPF 097.156.067-68), ordenador de despesas e encarregado do setor financeiro do Comando da 1ª Região Militar no exercício de 2002, respectivamente, sem, contudo, aplicar-lhes a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, haja vista que eles já foram apenados no julgamento da tomada de contas especial tratada nos TC 015.604/2007-6.

IV. CONCLUSÃO 30.As irregularidades apuradas no TC 015.604/2007-6 caracterizam-se como documentos novos

com eficácia sobre a prova produzida e são suficientes para modificar o mérito do julgamento das contas ordinárias dos gestores Airton Quintella de Castro Menezes e Adilson Alves Pinheiro, relativos ao exercício de 2002, visto que as irregularidades apuradas são graves a ponto de macular suas gestões, como ordenador de despesas e encarregado do setor financeiro, respectivamente.

31.Assim, deve ser conhecido e dado provimento ao recurso de revisão interposto pelo MP/TCU contra o Acórdão 1.344/2004-TCU-2ª Câmara (Relação 94/2004 - Gab. do Ministro-Substituto Marcos Bemquerer, Ata 29/2004), tornando-o insubsistente quanto aos Srs. Airton Quintella e Adilson Pinheiro, bem assim como julgar irregulares as contas dos referidos gestores, relativamente ao exercício de 2002, proferindo novo acórdão, desta vez condenatório.

V. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 32.Ante o exposto, submeto os autos à consideração superior, propondo: a) com fundamento nos arts. 32, III, e 35, III, da Lei 8.443/92, conhecer do recurso de revisão

interposto pelo Ministério Público junto ao TCU contra o Acórdão 1.344/2004-TCU-2ª Câmara (Relação 94/2004 - Gab. do Ministro-Substituto Marcos Bemquerer, Ata 29/2004), relativamente aos gestores Airton Quintella de Castro Menezes e Adilson Alves Pinheiro, dando-lhe provimento;

b) tornar o Acórdão 1.344/2004-TCU-2ª Câmara insubsistente quanto aos responsáveis Airton Quintella de Castro Menezes e Adilson Alves Pinheiro, gestores do Comando da 1ª Região Militar no exercício de 2002;

c) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas ‘b’ e ‘d’ da Lei 8.443/1992, julgar irregulares as contas dos Srs. Airton Quintella de Castro Menezes (CPF 090.632.420-34) e Adilson Alves Pinheiro (CPF 097.156.067-68), ordenador de despesas e encarregado do setor financeiro do Comando da 1ª Região Militar, respectivamente, no exercício de 2002;

d) dar ciência do acórdão que vier a ser proferido, assim como do relatório e do voto que o fundamentarem, ao MP/TCU e aos responsáveis.”

2.O representante do MP/TCU concorda, na essência, com a unidade técnica, nos termos do parecer de peça 8, parcialmente transcrito a seguir:

“6.No que se refere ao mérito recursal, de acordo com a unidade instrutiva, o apelo deve ser conhecido e provido para que as contas dos Srs. Airton Quintella de Castro Menezes e Adilson Alves Pinheiro, relativas ao exercício de 2002, sejam julgadas irregulares (peças 5 a 7). Em suma, o exame sustenta que as irregularidades constantes da TCE maculam a gestão e assim fundamentam a irregularidade das contas daquele exercício.

7.Contudo, para robustecer seu posicionamento pela irregularidade das contas, em adição, a unidade técnica se utiliza de dados extraídos de outra TCE (TC 006.166/2007-2), que tramita nesta Casa e também trata de pagamentos indevidos pelo Comando da 1ª Região Militar, no mesmo período, referentes à movimentação das contas escrituradas 2.1.2.1.1.01.00 – Fornecedores e 2.1.2.1.2.01.00 – Pessoal a Pagar. Embora este processo tenha sido apreciado por intermédio do Acórdão nº 183/2015-Plenário, ainda não transitou em julgado e, conforme o histórico processual disponível no sistema, encontra-se aguardando o julgamento de recursos de reconsideração.

8.De toda forma, no entender da unidade técnica, além das ordens bancárias irregulares apontadas inicialmente pelo MP/TCU no recurso de revisão, para reabertura das contas de 2002 (item

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5), as OBs emitidas no período de 05/02/2002 a 18/12/2002, abordadas no TC 006.166/2007-2, também devem constar como ratio decindendi para o julgamento do mérito revisional’.

9.Em essência, anuo à proposta de encaminhamento alvitrada, porém discordo parcialmente dos fundamentos do exame, eis que, a meu ver, evidencia-se inapropriada e desnecessária a utilização da tomada de contas especial (TC 006.166/2007-2), ainda desamparada dos efeitos do trânsito em julgado, como fundamento para a reforma de um julgado.

10.O recurso de revisão detém o efeito devolutivo pleno, eis que, de acordo com o parágrafo único do art. 35 da Lei Orgânica, será corrigido ‘todo e qualquer erro ou engano apurado’. Logo, a interpretação desse dispositivo caminha no sentido de que, na seara deste recurso, o exame não se restringe aos argumentos alegados pelo recorrente, mas deve-se alcançar ‘todo e qualquer erro’. Assim, num primeiro plano, a visão da unidade técnica coaduna-se com a Lei.

11.No entanto, a pendência do trânsito em julgado reveste de precariedade a utilização das informações do TC 006.166/2007-2, como fundamento para o julgamento do recurso de revisão, e fere a segurança jurídica. Isso porque ainda cabem recursos contra o acórdão condenatório e o Tribunal pode modificar/rever o posicionamento inicialmente adotado para, ao final, concluir pela regularidade daquelas contas, o que impactaria no julgamento revisional. Assim, a meu ver, a situação mostra-se inapropriada.

12.Ademais, o exame e os dados da TCE transitada em julgado (TC 015.604/2007-6), que ampararam a interposição do recurso de revisão pelo MP/TCU, configuram-se robustos o suficiente a demonstrar a irregularidade dos pagamentos efetuados pelos responsáveis, no período do exame das contas ordinárias. A tomada de contas especial registra de forma inarredável o alto grau de reprovabilidade das condutas impugnadas e consigna de forma objetiva os danos ocasionados ao erário.

13.Concluo, portanto, que os novos dados apresentados pela unidade técnica, extraídos do TC nº 006.166/2007-2, devem ser ponderados apenas a título de argumentação, obter dictum, devendo-se desconsiderá-los no juízo de convicção quanto ao mérito recursal.

14.Ante o exposto, este representante do Ministério Público junto ao TCU alinha-se à proposta de encaminhamento da unidade técnica, nos seguintes moldes:

a) conhecer do recurso de revisão interposto pelo Ministério Público junto ao TCU contra o Acórdão 1.344/2004-TCU-2ª Câmara (Relação 94/2004 - Gab. do Ministro-Substituto Marcos Bemquerer, Ata 29/2004), relativamente aos gestores Airton Quintella de Castro Menezes e Adilson Alves Pinheiro, dando-lhe provimento, nos termos dos arts. 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei nº 8.443/92;

b) reformar o Acórdão nº 1344/2004-2ª Câmara quanto aos responsáveis Airton Quintella de Castro Menezes e Adilson Alves Pinheiro, gestores do Comando da 1ª Região Militar no exercício de 2002, para, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas b, c e d, da Lei nº 8.443/92, julgar irregulares as contas dos Srs. Airton Quintella de Castro Menezes e Adilson Alves Pinheiro, no exercício de 2002.”

É o relatório. VOTO Trata-se de recurso de revisão interposto pelo Ministério Público junto ao TCU contra o Acórdão

1.344/2004 – 2ª Câmara, em que foram julgadas regulares as contas do Comando da 1ª Região Militar/Ministério da Defesa relativas ao exercício de 2002, com quitação plena aos responsáveis.

2.O recurso baseia-se em irregularidades apuradas em tomada de contas especial instaurada pela Secretaria de Economia e Finanças do Exército, originada de representação do Ministério Público Militar, cujo objetivo era examinar a ocorrência de pagamentos indevidos entre 1994 e 2003 no Comando da 1ª Região Militar. Sorteado relator, o Ministro Marcos Vilaça conheceu do apelo e determinou o sobrestamento dos autos até o julgamento da referida TCE, autuada sob o nº TC 015.604/2007-6.

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3.A tomada de contas especial foi apreciada, no mérito, por meio do Acórdão 3.035/2014 –

Plenário, confirmado pelos Acórdãos 2.292/2015 – Plenário (embargos de declaração não conhecidos), 321/2016 – Plenário (recursos de reconsideração não conhecidos) e 1.558/2016 – Plenário (embargos de declaração não conhecidos). O Relator, Ministro-Substituto Augusto Sherman, fez breve relato das ocorrências no voto proferido por ocasião do Acórdão 3.035/2014 – Plenário:

“2. As fraudes envolveram a emissão de ordens bancárias no Siafi, destinadas ao pagamento de movimentação de pessoal (ajuda de custo, bagagem e passagens), utilizando-se como referência a identificação indevida de militares do Exército, bem como a realização de pagamentos indevidos utilizando-se a conta contábil de fornecedores.

(...) 6. A sistemática adotada pelos alcançados nesta TCE consistia na emissão de OB Tipo 13

utilizando recursos destinados ao pagamento de movimentação de pessoal (ajuda de custo, indenização de passagem, de transporte de bagagem e de automóvel) utilizando como referência, indevidamente, nomes de militares do Exército.

7. A relação anexa à RE entregue ao banco era adulterada, apresentando nomes e dados bancários diferentes daquela relação remetida para arquivo no Suporte Documental da OM, sendo que a utilização indevida de nomes ocorria com nomes de militares da ativa e de militares da reserva remunerada.

(...) 9. Deste levantamento foram encontradas as seguintes situações: a) OB com a finalidade de pagamento de ajuda de custo e indenizações de movimentação em data

muito diferente da real movimentação do militar. Havia a emissão de duas OBs para o mesmo militar, sendo uma em data próxima à sua movimentação e outra OB em data diferente, de tal forma que apenas o pagamento na data mais próxima era devido.

b) Emissão de duas OBs para pagamento de ajuda de custo e indenização de movimentação em datas próximas à movimentação do militar, sendo que ele receberia apenas um único pagamento.

10. Em ambas essas situações, o pagamento que os militares não recebiam, mediante o uso de OB Tipo 13, era depositado em contas correntes de pessoas sem vínculo com o Exército, mas com vínculos com os agentes e auxiliares da administração do Comando da 1ª RM. Aproveitando-se de relações familiares ou de amizade, os servidores da administração cooptavam essas pessoas, que cediam suas contas correntes para serem beneficiadas pelos depósitos irregulares. O banco realizava os depósitos com base no anexo às RE, que continha os nomes e dados bancários dos “laranjas”.

11. Conforme os depoimentos constantes das investigações policiais, as pessoas que recebiam pagamentos irregulares em suas contas correntes repassavam aqueles valores aos agentes e auxiliares da administração envolvidos na fraude, ficando em suas contas correntes apenas os valores suficientes para cobrir a CPMF.”

4.Foram condenados, entre outras pessoas, Adilson Alves Pinheiro (encarregado da seção de finanças) e Airton Quintella de Castro Menezes (encarregado da seção de finanças e ordenador de despesas) ao recolhimento do débito e pagamento de multa, fixadas em R$ 140.000,00 e R$ 500.000,00, respectivamente. Os dois responsáveis ainda foram inabilitados para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992.

5.Além das irregularidades apreciadas no TC 015.604/2007-6, a unidade técnica menciona outros pagamentos indevidos em 2002, com a utilização do mesmo modus operandi e envolvendo os mesmos responsáveis. Essas outras ocorrências estão sendo examinadas no TC 006.166/2007-2, julgado, no mérito, por meio do Acórdão 183/2015 – Plenário. A SecexDefesa pontua que, enquanto no TC 015.604/2007-6 foram identificadas dez ordens bancárias irregulares no exercício de 2002, no TC 006.166/2007-2 as investigações apontaram em torno de 130 OBs emitidas naquele ano. Por isso, propõe que tais pagamentos indevidos levantados neste último processo sejam também considerados como fundamento para o julgamento deste recurso de revisão.

Page 171: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

171 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

6.O representante do MP/TCU concorda com a unidade técnica, à exceção da inclusão das

irregularidades apuradas no TC 006.166/2007-2, em razão de o Acórdão 183/2015 – Plenário ainda não ter transitado em julgado.

7.Com efeito, não me parece adequado incluir fatos ainda não apreciados em definitivo como fundamentação para o julgamento destas contas. Ainda que as ocorrências sejam similares às constantes do TC 015.604/2007-6, a ausência do trânsito em julgado lhes confere, no dizer do MP/TCU, certa precariedade, visto que o Acórdão 183/2015 – Plenário pode, ao menos em tese, ser alterado com o exame dos recursos de reconsideração interpostos pelas partes.

8.Ademais, as irregularidades examinadas no âmbito do TC 015.604/2007-6 são graves o suficiente para macular as contas dos gestores no exercício de 2002, visto possuírem alto grau de reprovabilidade.

9.É oportuno destacar que, perante a Justiça Militar, os responsáveis foram condenados a 11 anos e 8 meses de reclusão, em regime fechado, em virtude dos mesmos fatos tratados no TC 015.604/2007-6 (peça 69, p. 2 do TC 015.604/2007-6).

10.Por fim, convém lembrar que, conforme o disposto no art. 283 do RI/TCU, “nos recursos interpostos pelo Ministério Público, é necessária a instauração do contraditório, mediante concessão de oportunidade para oferecimento de contrarrazões recursais”. Ocorre que, na situação em que a matéria já tenha sido julgada em processo distinto, onde o responsável já tenha sido ouvido pelos mesmos fatos, as contrarrazões recursais são dispensadas, nos termos da Súmula 288 do TCU.

11.Ante o exposto, sou pelo provimento do recurso, de modo a tornar insubsistente o acórdão recorrido no que diz respeito às contas de Adilson Alves Pinheiro e Airton Quintella de Castro Menezes, julgando-as irregulares, com base nas alíneas “b” e “d” do inciso III do art. 16 da Lei 8.443/92, sem imposição de débito ou multa, haja vista que o Acórdão 3.035/2014 – Plenário já os condenou a tais obrigações.

Assim, voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto a este Plenário. ACÓRDÃO Nº 136/2017 – TCU – Plenário 1. Processo nº TC 008.140/2003-2 2. Grupo I – Classe I – Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Simplificada - Exercício: 2002) 3.Recorrente/Responsáveis: 3.1. Recorrente: Ministério Público junto ao TCU 3.2. Responsáveis: Adilson Alves Pinheiro (Encarregado da Seção de Finanças, CPF 097.156.067-

68) e Airton Quintella de Castro Menezes (Encarregado da Seção de Finanças e Ordenador de Despesas, CPF 090.632.420-34)

4. Unidade: Comando da 1ª Região Militar 5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa 6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin 7. Unidade Técnica: SecexDefesa 8. Advogado constituído nos autos: não há 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto pelo Ministério Público

junto ao TCU contra o Acórdão 1.344/2004-2ª Câmara, que julgou regulares as contas do Comando da 1ª Região Militar relativas ao exercício de 2002, dando quitação plena aos responsáveis.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso III, alíneas “b” e “d”; 32, inciso III; e 35, inciso III, da Lei 8.443/92, em:

9.1. levantar o sobrestamento do processo;

Page 172: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

172 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.2. conhecer do presente recurso para, no mérito, dar-lhe provimento, tornando sem efeito o

Acórdão 1.344/2004-2ª Câmara no que diz respeito às contas de Adilson Alves Pinheiro e Airton Quintella de Castro Menezes;

9.3. julgar irregulares as contas de Adilson Alves Pinheiro e Airton Quintella de Castro Menezes relativas ao exercício de 2002 do Comando da 1ª Região Militar;

9.4. dar ciência deste acórdão, assim como do relatório e do voto que o fundamentam, ao recorrente e aos responsáveis.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0136-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro (Relator), Ana Arraes e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. GRUPO II – CLASSE I – Plenário TC 008.945/2011-0 Natureza: Embargos de Declaração (Pedido de Reexame). Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit. Embargantes: Hugo Sternick (CPF 296.677.716-87) e Pedro Luzardo Gomes (CPF 401.223.600-

87). Representação legal: João Paulo Prates da Silveira Guerra (OAB/RS 67.637 e OAB/DF 38.290) e

outros. SUMÁRIO: FISCOBRAS 2011. IMPLANTAÇÃO DA BR-448/RS. SOBREPREÇO E

SUPERFATURAMENTO. PROJETOS BÁSICOS DEFICIENTES. QUANTITATIVO INADEQUADO. REAJUSTAMENTO IRREGULAR. OITIVAS E AUDIÊNCIAS. NÃO ACOLHIMENTO DE JUSTIFICATIVAS. DETERMINAÇÕES PARA REPACTUAÇÃO E GLOSAS. COMUNICAÇÃO DE IGP À CMO. PEDIDO DE REEXAME. PROVIMENTO PARCIAL, PARA CONSIDERAR INDEVIDA A DETERMINAÇÃO CONCERNENTE A UM DOS ITENS. PERDA DE EFICÁCIA DO SUBITEM 9.1 DO ACÓRDÃO RECORRIDO ANTE O ENCERRAMENTO DOS CONTRATOS. CONVERSÃO EM TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. INSUBSISTÊNCIA DA IGP. CIÊNCIA À CMO E AOS RECORRENTES. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DA ALEGADA OMISSÃO. CONHECIMENTO. NÃO PROVIMENTO. EXISTÊNCIA DE ERRO MATERIAL. EXCLUSÃO, DE OFÍCIO, DO ITEM 9.2 DO ACÓRDÃO 2.872/2012 – PLENÁRIO.

RELATÓRIO Trata-se de embargos de declaração opostos por Hugo Sternick (peça 634) e Pedro Luzardo Gomes

(peça 637) contra o acórdão 2.986/2016 – Plenário, que deu provimento parcial a pedido de reexame, alterou parcialmente o acórdão 2.872/2012 – Plenário, converteu este processo em tomada de contas especial e determinou à SeinfraRodovias que procedesse às diligências e inspeções necessárias à apuração do superfaturamento final dos contratos tratados nestes autos.

2.O acórdão embargado conteve os seguintes termos (peça 614): “9.1. conhecer dos recursos e dar-lhes provimento parcial, para considerar indevida a determinação

de ajuste dos preços dos serviços de estacas pré-moldadas para os contratos 484/2009 e 491/2009; 9.2. tornar sem efeito o subitem 9.1 do acórdão 2.872/2012 – Plenário, por perda de eficácia;

Page 173: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

173 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.3. converter este processo em tomada de contas especial e determinar à SeinfraRodovias que

proceda às diligências e inspeções necessárias à apuração do superfaturamento final dos contratos tratados nestes autos e realize as correspondentes citações;

9.4. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que os indícios de irregularidades graves apontados nos contratos 484/2009, 491/2009 e 492/2009 do Dnit não mais se enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), conforme informado por meio do acórdão 2.872/2012 – Plenário, ante o encerramento das obras; e

9.5. enviar cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentaram, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional; e

9.6. dar ciência desta deliberação aos recorrentes e à Procuradoria da República no Rio Grande do Sul (Ref. inquérito civil 1.29.000.000040/2012-20).”

3.Os embargantes, responsáveis pela aprovação do projeto da obra objeto destes autos, tiveram rejeitadas suas razões de justificativa quanto às deficiências detectadas naquele documento técnico, entendimento mantido pelo TCU em sede de pedido de reexame apreciado por meio do acórdão 2.986/2016 – Plenário. Registre-se que não houve, naquela oportunidade, aplicação de multa.

4.Inconformados, os recorrentes apresentaram embargos de declaração, em que afirmaram ter havido omissão na deliberação recorrida.

5.Tal omissão estaria caracterizada pelo fato de não ter sido analisado o argumento, em sede de preliminar, de que o acórdão 2.872/2012 - Plenário conteria contradição, pois que o relator, em atendimento a sugestão do presidente da sessão, teria concordado em excluir da deliberação o subitem 9.2, exatamente o que rejeitava as razões de justificativa dos recorrentes; a aludida exclusão, contudo, não teria se confirmado quando da publicação do acórdão.

6.Ao final, pediram a reforma do subitem 9.1 do acórdão 2.986/2016 - Plenário para que se determine a nulidade do subitem 9.2 do acórdão 2.872/2012 - Plenário.

Especificamente na peça recursal de Pedro Luzardo Gomes é pleiteada pelo advogado signatário concessão de prazo de 10 dias para apresentação de instrumento de mandato pelo responsável, pedido inócuo ante a existência de procuração nos autos (peça 636).

É o relatório. VOTO Preenchidos os requisitos de admissibilidade, cabe conhecer dos embargos de declaração opostos

por Hugo Sternick e Pedro Luzardo Gomes contra o acórdão 2.986/2016 - Plenário. 2.A referida deliberação deu provimento parcial a pedido de reexame, alterou parcialmente o

acórdão 2.872/2012 - Plenário, converteu este processo em tomada de contas especial e determinou à SeinfraRodovias que procedesse às diligências e inspeções necessárias à apuração do superfaturamento final dos contratos nele tratados.

3.Os embargantes, responsáveis pela aprovação do projeto da obra objeto destes autos, tiveram rejeitadas suas razões de justificativa quanto às deficiências detectadas naquele documento técnico, entendimento mantido pelo TCU em sede de pedido de reexame apreciado por meio do acórdão 2.986/2016 - Plenário. Registre-se que não houve, naquela oportunidade, aplicação de multa.

4.Inconformados, os recorrentes apresentaram embargos de declaração, em que afirmaram ter havido omissão na deliberação recorrida.

5.Tal omissão estaria caracterizada pelo fato de não ter sido analisado o argumento, em sede de preliminar, de que o acórdão 2.872/2012 - Plenário conteria contradição, pois o relator, em atendimento a sugestão do presidente da sessão, teria concordado em excluir da deliberação o subitem 9.2, exatamente o que rejeitava as razões de justificativa dos recorrentes; a aludida exclusão, contudo, não teria se confirmado quando da publicação do acórdão.

Page 174: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

174 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

6.Ao final, pediram a reforma do subitem 9.1 do acórdão 2.986/2016 - Plenário para que se

determine a nulidade do subitem 9.2 do acórdão 2.872/2012 - Plenário. 7.De início, ressalto que embargos de declaração prestam-se a sanar vício eventualmente presente

entre as premissas utilizadas pelo julgador e a conclusão a que tenha chegado e possuem como finalidade esclarecer ou integrar a decisão embargada e, apenas excepcionalmente, modificá-la.

8.Essa modalidade recursal deve se limitar ao conteúdo da deliberação questionada para corrigir manifesto equívoco nas partes componentes do julgado, seja por contradições, que podem ser entendidas como proposições entre si inconciliáveis, seja por obscuridades e omissões, que podem decorrer de simples defeito redacional ou da má formulação de conceitos, o que enseja, pois, correção da decisão para esclarecer seu conteúdo.

9.No caso em exame, os embargantes não lograram demonstrar ter havido algum dos mencionados vícios no acórdão atacado. Apontam suposta omissão concernente à indicação de contradição no acórdão de 2012.

10.Registre-se que os recorrentes se valeram, num primeiro momento, de pedido de reexame para apontar a suposta contradição no acórdão 2.872/2012 – Plenário. A inadequação do instrumento foi reconhecida na própria peça recursal ora em exame, conforme se extrai do seguinte trecho:

“20. De certo que o instrumento mais adequado para solução da questão seria a interposição de embargos de declaração ao Acórdão 2872/2012-TCU-Plenário, apontando-se a contradição verificada.

21. Contudo, o embargante somente pôde verificar a existência da contradição quando assistiu ao vídeo do julgamento no sítio eletrônico desse tribunal a fim de elaborar suas razões de Pedido de Reexame, momento em que já expirado o prazo para apresentação de Embargos de Declaração.

22. Destarte, entendeu o ora embargante que suscitar a questão através de preliminar de mérito seria a maneira mais adequada ao caso, uma vez que acolhida o restante do mérito dispensaria análise naquele momento processual.”

11.Não reformada a deliberação em decorrência da alegada contradição, por ocasião da apreciação do pedido de reexame, os embargantes novamente trazem a questão à baila neste passo processual.

12.Mesmo quando se abstrai do artifício processual utilizado para superar a preclusão de se tentar a via dos embargos declaratórios ante o acórdão de 2012, não há como reconhecer a alegada omissão no acórdão recorrido.

13.Conforme mencionado na peça recursal, a questão foi tratada no relatório que compõe o aludido acórdão. Apenas não se discorreu sobre o diálogo do então presidente desta Casa com o relator por ocasião da sessão deliberativa, cuja conclusão não teria sido contemplada no acórdão publicado.

14.Destarte, por inexistirem nem a alegada omissão e nem prejuízo à defesa dos recorrentes, devem-se rejeitar estes embargos de declaração.

15.Por outro lado, há que se reconhecer que o aludido diálogo de fato ocorreu durante a sessão e, naquele momento, o relator anuiu à sugestão do presidente de excluir o item 9.2 do acórdão que seria proferido naquela oportunidade. Como o acórdão publicado contempla a redação original, está-se diante de erro material.

16.Em vista disso, e em homenagem ao princípio da economia processual, considero pertinente que este Tribunal corrija, de ofício, o mencionado erro e exclua o item 9.2 do acórdão 2.872/2012 – Plenário.

Ante o exposto, VOTO por que o Tribunal adote o acórdão que submeto à consideração do colegiado.

ACÓRDÃO Nº 137/2017 – TCU – Plenário 1. Processo TC 008.945/2011-0 1.1. Apensos: TC 023.654/2015-5, TC 001.582/2014-3, TC 009.388/2012-5, TC 034.283/2014-5,

TC 015.870/2014-6, TC 015.289/2014-1, TC 033.864/2014-4, TC 017.978/2015-7 e TC 012.291/2013-7. 2. Grupo II – Classe I - Embargos de Declaração (Pedido de Reexame). 3. Embargantes: Hugo Sternick (CPF 296.677.716-87) e Pedro Luzardo Gomes (CPF 401.223.600-

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175 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

87).

4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit. 5. Relatora: ministra Ana Arraes. 5.1. Relatora da deliberação recorrida: ministra Ana Arraes. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade Técnica: não atuou. 8. Representação legal: João Paulo Prates da Silveira Guerra (OAB/RS 67.637 e OAB/DF 38.290). 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes embargos de declaração, interpostos por Hugo Sternick e

Pedro Luzardo Gomes contra o acórdão 2.986/2016 – Plenário. ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as

razões expostas pela relatora, com fulcro nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992, em: 9.1. conhecer dos embargos de declaração e rejeitá-los; 9.2. excluir, de ofício, o item 9.2 do acórdão 2.872/2012 – Plenário; e 9.3. dar ciência desta deliberação aos embargantes e à Procuradoria da República no Rio Grande do

Sul. 10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0137-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. GRUPO I – CLASSE I – Plenário TC 015.658/2009-3 [Apensos: TC 004.838/2015-7, TC 004.837/2015-0, TC 004.840/2015-1, TC

004.839/2015-3] Natureza: Recurso de Revisão (Tomada de Contas Especial) Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Maraã/AM Responsáveis: Elcias Acácio Gonçalves (049.771.492-20); Gefferson Almeida de Oliveira

(111.357.602-25); O. J. da Costa Construções Ltda. – ME – Construtora Solimões (06.016.586/0001-69) Interessado: Departamento de Administração Interna do Ministério da Defesa (03.277.610/0001-

25) Representação legal: Edson Bastos Bessa (6655/OAB-AM) e outros, representando O. J. da Costa

Construções Ltda. – ME – Construtora Solimões; Alexander Simonette Pereira (6139/OAB-AM) e outros, representando Gefferson Almeida de Oliveira; Adrimar Freitas de Siqueira 913.490/OAB-PA).

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO 64-PCN/2004. MINISTÉRIO DA

DEFESA. PREFEITURA MUNICIPAL DE MARAÃ/AM. INEXECUÇÃO TOTAL DO OBJETO. ACÓRDÃO 3.649/2011-TCU-SEGUNDA CÂMARA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. RECURSOS DE RECONSIDERAÇÃO. ACÓRDÃO 9.223/2012-TCU-SEGUNDA CÂMARA. CONHECIMENTO. NÃO PROVIMENTO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO 4.236/2013-TCU-SEGUNDA CÂMARA. CONHECIMENTO. NÃO PROVIMENTO. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. ACÓRDÃO 403/2014-TCU-SEGUNDA CÂMARA. NÃO CONHECIMENTO. RECURSO DE REVISÃO. NOVOS DOCUMENTOS INSUFICIENTES PARA COMPROVAÇÃO DO

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176 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE AS OBRAS SUPOSTAMENTE EXECUTADAS E OS RECURSOS REPASSADOS. CONHECIMENTO. NÃO PROVIMENTO.

RELATÓRIO Trata-se de recurso de revisão interposto pela Construtora Solimões contra o Acórdão 3.649/2011-

TCU-Segunda Câmara, que julgou tomada de contas especial instaurada em razão da não execução do objeto do Convênio 64-PCN/2004, firmado entre o Ministério da Defesa e a Prefeitura Municipal de Maraã/AM com o objetivo de construir calçadas, meios-fios e sarjetas naquela localidade. A deliberação recorrida contou com o seguinte teor:

“ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Segunda Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. julgar, com fundamento no art. 16, inciso III, alíneas ‘c’ e ‘d’, 19 e 23, inciso III, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 209, incisos II e III, e § 6º, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno do TCU, irregulares as contas dos Srs. Gefferson Almeida de Oliveira e Elcias Acácio Gonçalves, condenando-os, em solidariedade com a empresa Construtora Solimões Ltda., ao pagamento da quantia de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir de 30/1/2006 até a data da efetiva quitação, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento do referido valor aos cofres do Tesouro Nacional, na forma da legislação em vigor;

9.2. aplicar aos Srs. Gefferson Almeida de Oliveira e Elcias Acácio Gonçalves, e à empresa Construtora Solimões, de forma individual, a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443, de 1992, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), fixando o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do RITCU, o recolhimento da referida quantia ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente na forma da legislação em vigor;

9.3. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, na forma do art. 28, inciso II, da Lei 8.443, de 1992, caso não atendidas as notificações;

9.4. autorizar, ainda, com amparo no art. 26 da Lei 8.443, de 1992, e no art. 217 do RITCU, o parcelamento das dívidas a que se referem os itens 9.1 e 9.2 deste Acórdão em até 24 (vinte e quatro) prestações mensais e sucessivas, caso requerido, esclarecendo aos responsáveis que a falta de pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor (§ 2º do art. 217do RITCU), sem prejuízo das demais medidas legais; e

9.5. remeter cópias do presente Acórdão, acompanhado do Relatório e da Proposta de Deliberação que a subsidia, à Procuradoria da República no Estado do Amazonas para adoção das medidas julgadas cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443, de 1992.”

2.De acordo com os elementos constantes nos autos, muito embora tenham sido apresentados documentos que, em tese, poderiam comprovar a execução financeira de uma obra com características semelhantes às da contratada, a vistoria in loco, realizada com o acompanhamento do prefeito à época, concluiu pela inexecução total do objeto (peça 4, p. 26-28).

3.Sendo assim, Gefferson Almeida de Oliveira, ex-prefeito, Elcias Acácio Gonçalves, ex-secretário municipal de obras e urbanismo e Construtora Solimões, contratada para executar as obras, tiveram suas contas julgadas irregulares, foram condenados em débito e apenados, individualmente, com a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.

4.Irresignados, os responsáveis apresentaram recursos de reconsideração, considerados improcedentes por esta Corte nos termos do Acórdão 9.223/2012-TCU-Segunda Câmara. A esse decisum, Gefferson Almeida e a Construtora Solimões opuseram embargos de declaração, rejeitados por meio do Acórdão 4.236/2013-TCU-Segunda Câmara. O Acórdão 403/2014-TCU-Segunda Câmara, por fim, não conheceu como recurso de reconsideração a peça 75, denominada “pedido de reexame”.

5.Na presente oportunidade, a Construtora Solimões interpõe recurso de revisão (peça 125), cuja admissibilidade foi examinada pela Serur à peça 126 e ratificada por este Relator por meio de despacho à

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177 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

peça 129, com fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992, sem, contudo, conferir efeito suspensivo aos itens recorridos, por ausência de amparo legal.

6.Transcrevo, a seguir, o exame técnico e as conclusões aduzidas pelo auditor da Serur (peça 140), que contaram com a anuência do corpo diretivo da unidade e do MPTCU (peças 141 a 143):

“EXAME DE MÉRITO 4. Delimitação 4.1. Constitui objeto do presente recurso definir se os documentos ora apresentados atestam a

escorreita aplicação dos recursos. 5. Da escorreita aplicação dos recursos. 5.1. Requer a reforma do Acórdão recorrido em sua totalidade, ‘eximindo o recorrente das

condenações dos itens 9.1, 9.2 e seguintes’, com base nos seguintes argumentos (peça 125, p. 4-6), documentos (peça 125, p. 7-25), declarações de testemunhas e de funcionários (peça 125, p. 26-44) e fotografias (peça 125, p. 45-103):

a) afirma que as declarações de testemunhas e de funcionários e as fotografias do canteiro de obras e das ruas dos bairros Benedito Ramos e São Francisco, datadas de 24/5/2007, comprovam ‘a devida execução do objeto do referido convênio’;

b) objeta que ‘não houve qualquer dano ao erário, bem como nenhuma sorte de inexecução da obra’;

c) informa que ‘teve acesso às declarações juntadas’ somente semanas após os dias 7-10/3/2016, o que comprova sua superveniência.

Análise: 5.2. De plano, esclareça-se, preliminarmente, que os gestores tiveram suas contas julgadas

irregulares por esta Corte, em primeira instância administrativa, pela inexecução do Ajuste, o que foi devidamente comprovado pela inspeção no local, acompanhada pelo prefeito, onde os serviços deveriam ter sido executados. Enquanto, a Construtora contratada tenha sido responsabilizada solidariamente ao agente público por ter concorrido para o cometimento do dano, ao receber por serviços que não foram executados.

5.3. O MD realizou inspeção no local das obras (Laudo de Vistoria Peça 4, p. 26-28) e apontou uma execução física de 0,0% dos serviços previstos no plano de trabalho, tendo atestado que a obra não foi sequer iniciada. O prefeito, que acompanhou a vistoria, alegou que o local da obra foi alterado, sem saber precisar as datas de sua execução:

‘Em vistoria ao local destinado à execução da obra foi verificado que esta não foi realizada. O Prefeito Municipal, que acompanhou a vistoria, alegou que o local da obra foi alterado. Esta

alteração não foi solicitada e autorizada ao PCN. Os locais indicados pelo Prefeito foram visitados mas não se pode constatar se ali havia sido realizada obra recentemente.

Aparentemente, as obras nos locais indicados foram realizadas há mais de dois anos. Mesmo que fossem obras recentes, estas não apresentam condições mínimas para recebimento pelo PCN.

O Prefeito não soube precisar as datas de realização do processo licitatório e da obra que alega ter sido feita em substituição ao previsto originalmente no convênio.’ (ênfases acrescidas)

5.4. Explicitados os motivos que conduziram a imputação do débito e da multa à recorrente, cabe discutir se a prestação de contas extemporânea elide ou não o débito imputado e a aplicação da multa outrora afligida à recorrente. Portanto, proceder-se-á à análise da documentação apresentada pela recorrente.

5.5. A jurisprudência sistematizada desta Casa é serena, em sede de prestação de contas de convênios, que simples fotografias desacompanhadas de outros elementos probatórios caracterizam prova insuficiente, por não demonstrar o nexo de causalidade entre o objeto a que se referem e o emprego dos recursos públicos repassados.

5.6. Avolumam-se as decisões neste sentido, dentre as quais, os Acórdãos 2.370/2007 - 1ª Câmara e 1.293/2008 - 2ª Câmara que ilustram o pensamento desta Corte de Contas.

5.7. De igual sorte, a mera apresentação de declarações de terceiros não comprova que os recursos

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foram aplicados corretamente, cabendo ao responsável demonstrar o nexo causal entre os recursos que lhe foram repassados e a consecução do objeto. O voto condutor do Acórdão 399/2001 -TCU- 2ª Câmara sintetiza a pacífica jurisprudência desta Corte de Contas sobre o assunto:

‘Quanto ao mérito, assiste razão aos pareceres quando afirmam que a verificação física da obra, isoladamente, não é suficiente para comprovar que os recursos do convênio em exame foram corretamente aplicados. A existência física não comprova que a obra foi realizada com os recursos do referido convênio. Há que se obter nexo causal entre essa execução e os documentos de despesas da Municipalidade, tais como notas de empenho, recibos, extratos bancários, de forma que seja possível à fiscalização afirmar que aquela obra foi executada com os recursos transferido pelo Convênio examinado.’ (grifos acrescidos)

5.8. Insta ressalvar que as fotografias e a quase totalidade dos documentos e das declarações, a exceção daquelas declarações dos munícipes datadas de 2016, já constavam da presente TCE (peça 9, p. 22-51, peça 10, p. 1-10 e 37-51 e peça 11, p. 1-13).

5.9. Sendo uma das preocupações desta Corte de Contas o estabelecimento da verdade real, a fim de deixar translúcidas as graves irregularidades encontradas, rememora-se o denso Voto do Relator a quo, Exmo. Ministro-Substituto André Luís de Carvalho (peça 18, p. 8-9):

‘14. No entanto, analisada em detalhes, a documentação apresenta inconsistências que impedem o seu acolhimento como prova da execução das obras, e isso, considerando a discutível hipótese, alegada pelas partes, de que os vistoriadores do ministério teriam se equivocado ao avaliar a provável data de execução das obras indicadas pelo ex-prefeito.

15. Não fosse o bastante, vê-se nos autos que o primeiro pagamento à empresa contratada, única participante da tomada de preços para execução da obra, foi efetivado em 30/1/2006 (mesma data da assinatura do contrato), configurando então pagamento antecipado, uma vez que em data anterior ao suposto início das obras (fls. 793 e 810).

16. Ressalto que a nota fiscal que ampara esse pagamento (fls. 427) se refere à 1ª medição da obra. 17. Já o 2º pagamento, referente à segunda e última medição da obra (fls. 434, 796/797 e 814), foi

realizado em 26/4/2006. 18. Somente em 6/11/2006, o ex-prefeito resolveu supostamente comunicar ao Ministério da Defesa

a alteração das ruas onde teriam sido realizadas as obras, com alteração do plano de trabalho, solicitando aprovação (fls. 130/133).

19. De qualquer modo, o primeiro termo aditivo ao convênio havia sido assinado em 23/12/2005, prorrogando o prazo de execução e prestação de contas para dezembro de 2006, tendo em vista que os recursos não tinham sido repassados ao município até aquela data. E, assim, como a licitação foi homologada em 30/1/2006, pode-se deduzir que já seria do conhecimento do município e da própria contratada os novos supostos locais de realização da obra, que, em tese, teriam sido considerados para o cálculo do custo da obra, orçado pelo município, e dos preços apresentados pela empresa.

20. Note-se que o projeto básico anexado ao edital de licitação previa a realização das obras a serem contratadas nos bairros de São Francisco e Benedito Ramos, mesmas localidades citadas nos termos de recebimento provisório e definitivo da obra, os quais diferem, todavia, da proposta apresentada ao Ministério, que, conforme informado pelo ex-prefeito às fls. 130/133, se referiam ao bairro Dalila Maciel.

21. Logo, vê-se que, se houvesse mesmo a dita alteração de local, como alegado pelo responsável, no momento da assinatura do referido termo aditivo ou anteriormente à fixação do contrato, o município já deveria ter solicitado perante o ministério a alteração das ruas que seriam objeto das obras previstas.

22. Do mesmo modo, quando da solicitação em 14/9/2006, pelo próprio ex-prefeito, do segundo termo aditivo para ampliação do objeto (fls. 135/144), inclusive com a utilização de recursos extras do próprio município, o responsável também não se referiu à necessidade de alteração da localização das obras, a essa altura já concluídas desde abril de 2006, conforme notas fiscais e extratos bancários (item 17 acima).

23. Destaco que a suposta comunicação de alteração ao órgão repassador dos recursos somente teria ocorrido em momento posterior ao suposto término das obras, levantando evidências sobre a ocorrência

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de, no mínimo, duas situações irregulares:

a) não havia a intenção do então prefeito de realizar as obras nas localidades carentes indicadas: o único objetivo era tornar o projeto apto para inclusão no Programa Calha Norte e, dessa forma, teria sido premeditada a alteração para localidade de maior interesse por parte do governo local.

Nesse sentido, destaco parte das alegações de defesa apresentada pelo ex-prefeito, que defendeu os benefícios da obra que teria sido executada: ‘as obras executadas mudaram para melhor a fisionomia da sede do município, sendo um marco de progresso a obra da orla beira rio, local que hoje serve a população, fazendo suas caminhadas no calçadão, desenvolvendo a prática esportiva e cultural (vôlei, basquete), com apresentação de peças de teatro dos alunos da rede escolar, é o point e a referência da sede do município, fruto da boa execução do objeto do convênio em questão’; ou

b) nenhuma obra teria sido realizada no período de execução do convênio, com o desvio dos recursos federais, tendo sido indicadas aos fiscais localidades com obras similares já executadas em outras oportunidades com outros recursos públicos (até mesmo municipais), anteriormente à assinatura do convênio.

24. No primeiro caso, se efetivamente comprovada a execução da obra, o débito poderia ser imputado à municipalidade ou mesmo ter liberado o seu ressarcimento, mantendo-se a aplicação de multa, se constatado que, não obstante a alteração do plano de trabalho, não teria ocorrido desvio da finalidade do Programa Calha Norte.

25. Quanto ao segundo caso, não há o que acrescentar: significa fraude, com as consequências pertinentes.

26. Em uma terceira hipótese, não abordada acima, teria ocorrido a efetiva realização das obras em localidades distintas, em decorrência da alegada impossibilidade da execução na forma prevista no plano de trabalho. Mas, neste caso, a documentação relativa à prestação de contas (notas fiscais, recibos, saques bancários etc.) não corresponderia à realidade da execução da obra, dando conta de que as obras teriam sido efetivamente realizadas somente após a liquidação contábil das despesas, o que poderia configurar no mínimo crime de falsidade documental.

27. E aí, ante a confirmação desta hipótese, uma vez comprovada a execução das obras, caberia a solução proposta em relação ao primeiro caso, mas com aplicação de multa ao gestor pela apresentação de documentação forjada, além do envio da documentação ao Ministério Público para a devida persecução penal.

28. De qualquer modo, é importante ressaltar que os recursos transferidos pelo órgão concedente foram objeto de saque integral da conta-corrente em duas parcelas. E que, a despeito de os valores serem compatíveis com os valores das notas fiscais e recibos, mesmo assim não há garantia do devido pagamento à empresa contratada pelos itens de serviço efetivamente realizados, mesmo porque não é possível identificar o efetivo nexo de causalidade entre os saques e a execução da obra.

29. O que se verifica nos autos é que os responsáveis não lograram demonstrar, em sede de alegações de defesa, que houve a efetiva execução de obras com os recursos transferidos pelo Ministério da Defesa, até porque, mesmo diante da total bagunça gerencial e contábil praticada pela administração local, não houve o acréscimo de quaisquer outros elementos, além daqueles que já integravam a prestação de contas e que já haviam sido considerados inaptos para comprovar a regular aplicação dos recursos.

30. Como exemplo de documentação suplementar não apresentada, podem-se citar: fotos da placa da obra; fotos com a identificação das ruas onde as obras teriam sido realizadas; testemunho de moradores; notícias no jornal local ou informativo da prefeitura à época; relatórios ou pareceres dos fiscais municipais da obra; comprovantes das medições realizadas; cópia do convênio que teria sido firmado com o Governo do Estado do Amazonas para realização de obras de urbanização e infraestrutura nas ruas inicialmente previstas no convênio ora analisado; notas de compra ou locação de equipamentos pela empresa; comprovantes de contratação ou utilização de mão de obra no município no período; folha de pagamento com a identificação dos empregados que prestaram serviço, dentre outros, os quais, se existentes, deveriam, todavia, ser apresentados em conjunto.’ (ênfases acrescidas)

5.10. Insta ressalvar que o Termo Simplificado do Convênio previa de forma expressa as condições

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de execução e para a sua consecução (peça 2, p. 23-25), por conseguinte as eventuais alterações só poderiam ocorrer sempre quando houvesse necessidade, mediante a apresentação das devidas justificativas, e a concordância do concedente. Expediente administrativo que foi adotado, por mais de uma vez, para alterar o prazo de vigência inicial e para ampliação do objeto com recursos extras da municipalidade (peça 3, p. 19-20 e Peça 4, p. 10-11).

5.11. Entendimento diverso tornariam inócuas todas as tratativas preliminares para formalizar e aprovar o referido Ajuste, tornando sem efeito a apresentação do respectivo projeto e sua respectiva aprovação prévia, cuja liberação de recursos depende primordialmente da aprovação do Órgão Concedente.

5.12. Pondera-se, outrossim, que as exigências legais não se dobram ante as necessidades momentâneas e as mudanças temporais, pois há que se respeitar as previsões legais, além de atuar segundo o princípio da legalidade. Obrigação que cresce de importância quando se trata da utilização descentralizada dos parcos recursos públicos colocados à disposição da população.

5.13. Soa antagônico o relato apresentado pelo então prefeito e pela recorrente diante de tamanhas divergências entre as alegações e os documentos entregues pelos próprios responsáveis.

5.14. Não se constituindo, portanto, em alegações e em documentação idôneas para afastar o débito outrora imputado. Pois, na lição do Exmo. Ministro do STF Luiz Fux, há que se considerar a ‘coerência do relato em relação ao contexto’, sendo necessária a verossimilhança de versões contra as quais ‘a simples negativa genérica não é capaz de desconstituir o itinerário lógico que leva a condenação’.

5.15. Insta ressaltar, portanto, o extenso rol de irregularidades, devidamente documentadas e os indícios de que os recibos e as notas fiscais foram apresentados apenas para formalizar os referidos gastos no período. Não havendo reparo a ser feito na decisão sufragada. Afinal, não se pode negar o óbvio pelo simples fato de terem sido apresentados documentos formais desconexos dos demais elementos constantes nos autos, a grande maioria apresentados pelos próprios recorrentes.

5.16. Resta inconteste que a recorrente não apresentou qualquer elemento para comprovar o necessário nexo causal entre os recursos repassados e as despesas com aquele objeto.

5.17. A ausência do nexo de causalidade impossibilita identificar se o bem foi adquirido ou a obra foi executada (ou custeada) com recursos municipais, estaduais ou, ainda, oriundos de outro convênio com entidades federais, com possíveis desvios das verbas próprias da avença.

(...) 5.19. Alterca o defendente, ainda, a inexistência de dano ao Erário. Destaca-se, neste sentido, que,

conforme se demonstrou no Relatório do Acórdão recorrido que o julgamento pela irregularidade das contas, com a consequente apuração de débito e a aplicação de multa ao responsável, decorreu exatamente da falta de comprovação da regular aplicação dos recursos federais, logo não há como comprovar seu emprego regular, pelo contrário, a falta de comprovação da destinação dos recursos federais demonstra, por si só, potencial desvio de finalidade de recursos e comprovado dano ao Erário.

5.20. A ausência de comprovação da boa e da regular aplicação dos recursos repassados é incapaz de alterar o juízo de valor outrora firmado, remanescendo o débito apurado. Por sua vez, a aflição de multa decorreu deste julgamento em débito, cujo respaldo jurídico se encontra no art. 57 da Lei 8.443/1992.

CONCLUSÃO 6. Da análise anterior, conclui-se que a ausência de comprovação da devida prestação de contas dos

Convênios é incapaz de alterar o juízo de valor outrora firmado, remanescendo o débito e a multa imputados.

6.1. Ante o exposto, não foi trazido aos autos nenhum argumento ou documento que detenha o condão de modificar o julgado de origem, Acórdão 3.649/2011, mantido pelos Acórdãos 9.223/2012, 4.236/2013 e 403/2014, todos da 2ª Câmara do TCU, motivo por que este não está a merecer reforma, devendo ser, por consequência, prestigiado e mantido.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS 7. A recorrente pugna pela notificação pessoal de seu advogado da sessão de julgamento do

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presente recurso, em virtude de seu pedido de sustentação oral (peça 125, p. 6).

7.1. Insta esclarecer a defesa que não há previsão legal para que seja feita a notificação prévia e pessoal da data em que será realizada a sessão de julgamento pelo Tribunal de Contas da União, mesmo havendo solicitação de sustentação oral por parte do jurisdicionado.

7.2. A publicação das Pautas das Sessões do TCU na imprensa oficial é suficiente para promover a intimação dos interessados, objetivando o conhecimento da data de julgamento das matérias que lhes dizem respeito, conforme preceitua o do §3º do art. 141 do Regimento Interno do Tribunal. Procedimento pacificado na jurisprudência desta Corte no sentido de que o rito previsto no §3º do art. 141 do RITCU é bastante para caracterizar a publicidade devida da pauta de julgamento, não havendo que se deferir o pedido de intimação pessoal feito pela recorrente.

7.3. Por sua vez, é franqueado à jurisdicionada exercer o direito à ampla defesa e ao contraditório por meio da sustentação oral nos termos do art. 168 do referido Regimento.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 8. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se, com fundamento

nos arts. 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992: a) conhecer do recurso de revisão interposto por Construtora Solimões (CNPJ 06.016.586/0001-69)

e, no mérito, negar-lhe provimento; b) dar conhecimento às entidades/órgãos interessados, à Procuradoria da República no Estado do

Amazonas, à recorrente e aos interessados da deliberação que vier a ser proferida.” É o relatório. VOTO Trata-se de recurso de revisão interposto pela Construtora Solimões contra o Acórdão 3.649/2011-

TCU-Segunda Câmara, por meio do qual se julgou tomada de contas especial instaurada em razão da não execução do objeto do Convênio 64-PCN/2004, firmado entre o Ministério da Defesa e a Prefeitura Municipal de Maraã/AM com o objetivo de construir calçadas, meios-fios e sarjetas em ruas habitadas por famílias de baixa renda.

2.No caso em questão, o Ministério da Defesa concluiu pela inexecução total do objeto pactuado a partir de inspeção realizada com o acompanhamento do ex-prefeito seis meses após o suposto término das obras. Por relevante, reproduzo trecho do laudo de vistoria técnica à peça 4, p. 27-28:

“Em vistoria ao local destinado à execução da obra foi verificado que esta não foi realizada. O Prefeito Municipal, que acompanhou a vistoria, alegou que o local da obra foi alterado. Esta

alteração não foi solicitada e autorizada ao PCN. Os locais indicados pelo Prefeito foram visitados mas não se pode constatar se ali havia sido realizada obra recentemente.

Aparentemente, as obras nos locais indicados foram realizadas há mais de dois anos. Mesmo que fossem obras recentes, estas não apresentam condições mínimas para recebimento pelo PCN.

O Prefeito não soube precisar as datas de realização do processo licitatório e da obra que alega ter sido feita em substituição ao previsto originalmente no convênio.”

3.Além disso, os demais elementos constantes nos autos apresentam diversas inconsistências que, em conjunto, impossibilitaram o estabelecimento do nexo de causalidade entre os recursos repassados e o objeto alegadamente executado, conforme trecho da deliberação recorrida transcrito no relatório que antecede este voto.

4.Sendo assim, no âmbito desta Corte, a empresa recorrente foi condenada, em solidariedade com o ex-prefeito e com o ex-secretário municipal de obras e urbanismo, a ressarcir a quantia de R$ 500.000,00 (data-base: 30/1/2006) aos cofres do Tesouro Nacional, e ao pagamento de multa individual no valor de R$ 30.000,00 (Acórdão 3.649/2011-TCU-Segunda Câmara).

5.Após a deliberação de mérito da TCE, foram interpostos recursos de reconsideração (Acórdão 9.223/2012-TCU-Segunda Câmara), embargos de declaração (Acórdão 4.236/2013-TCU-Segunda

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Câmara) e recurso nominado “pedido de reexame” (Acórdão 403/2014-TCU-Segunda Câmara). Nenhuma das peças recursais, contudo, teve o condão de alterar o julgamento inicial.

6.Nesta oportunidade, a Construtora Solimões interpõe recurso de revisão, alegando, em resumo, a existência de documentos supervenientes, ora colacionados aos autos, que comprovariam a devida execução do objeto do convênio e, consequentemente, a inexistência de dano ao erário.

7.Analisadas as alegações da recorrente e os novos documentos trazidos à baila, a Serur e o Ministério Público junto ao TCU concluíram, em uníssono, pelo não provimento do recurso e pela manutenção do Acórdão 3.649/2011-TCU-Segunda Câmara.

8.De pronto, reitero a admissibilidade do recurso, consignada em despacho à peça 129. No que concerne ao mérito, corroboro as análises empreendidas pela unidade instrutora e pelo MPTCU, adotando-as como razão de decidir, sem prejuízo dos comentários que tecerei a seguir.

9.Inicialmente, relembro que o recurso de revisão constitui instância excepcional e tem por objetivo correção de erro de cálculo, falsidade ou insuficiência de documentos ou análise de documentos novos, não se admitindo o mero reexame de argumentos e teses jurídicas expostas no julgamento das contas e no recurso de reconsideração.

10.Feitas essas considerações, observo que, da documentação apresentada pelo recorrente (peça 125), apenas as guias de arrecadação de impostos referentes à Nota Fiscal 113 (peça 125, p. 24-25), os termos de declaração (peça 125, p. 26-43) e as fotografias (peça 125, p. 44-103) podem ser considerados documentos novos. Os demais elementos já haviam sido juntados aos autos (peça 9, p. 22-36) e foram devidamente analisados por esta Corte no acórdão recorrido, não cabendo, nesta oportunidade, sua reanálise.

11.Os novos documentos apresentados, por sua vez, não são suficientes para demonstrar o nexo de causalidade entre os recursos repassados e o objeto supostamente executado.

12.Apesar de não terem sido anteriormente apresentadas as guias de recolhimento de impostos referentes à nota fiscal 113, sua adição aos autos em nada socorre a recorrente, pois não comprova que as obras foram, efetivamente, executadas com os recursos repassados no âmbito do Convênio 64-PCN/2004. De se destacar que os documentos de arrecadação referentes às Notas fiscais 103 e 106 já constavam dos autos e, ainda assim, não foram considerados hábeis a comprovar, ainda que parcialmente, a boa e regular aplicação dos recursos federais.

13.De maneira análoga, já haviam sido juntadas ao processo outras fotografias muito semelhantes às atualmente trazidas pelo recorrente (peça 9, p. 41-51 e peça 10, p. 1-10). Assim como aquelas, as novas fotos não permitem identificar as ruas em que foram obtidas. Em parte delas, não consta registro da data em que foram tiradas. As imagens que possuem data foram, em tese, fotografadas em 24/7/2007, sete meses após o término da vigência do convênio e um ano após o alegado período de execução do empreendimento (janeiro a junho de 2006).

14.Diante da ausência de outros elementos probatórios que comprovem a correspondência das imagens com os endereços e com as datas em que supostamente foram realizadas as obras, o acervo fotográfico apresentado não é suficiente para corroborar a tese da recorrente quanto à regular execução do objeto do convênio e à ausência de dano ao erário.

15.Por fim, as declarações de pessoas físicas no sentido de terem executado ou presenciado a execução das obras no período de janeiro a junho de 2006 são, também, indícios frágeis e de validade questionável, portanto insuficientes para esclarecer os apontamentos do laudo de vistoria técnica do objeto, reproduzidos no item 2 deste voto, ou para comprovar o necessário nexo de causalidade entre os valores repassados e as obras executadas.

16.Uma vez que os novos elementos apresentados não foram capazes de provar que, com os recursos repassados no âmbito do Convênio 64-PCN/2004, foram construídas calçadas, meios-fios e sarjetas em ruas habitadas por famílias de baixa renda no município de Maraã/AM, deve-se negar provimento ao presente recurso de revisão.

Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote a minuta de acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado.

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183 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

ACÓRDÃO Nº 138/2017 – TCU – Plenário 1. Processo nº TC 015.658/2009-3. 1.1. Apensos: 004.838/2015-7; 004.837/2015-0; 004.840/2015-1; 004.839/2015-3 2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de revisão (Tomada de Contas Especial) 3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes: 3.1. Interessado: Departamento de Administração Interna do Ministério da Defesa

(03.277.610/0001-25) 3.2. Responsáveis: Elcias Acácio Gonçalves (049.771.492-20); Gefferson Almeida de Oliveira

(111.357.602-25); O. J. da Costa Construções Ltda. – ME – Construtora Solimões (06.016.586/0001-69) 3.3. Recorrente: O. J. da Costa Construções Ltda. – ME – Construtora Solimões (06.016.586/0001-

69). 4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Maraã - AM. 5. Relator: Ministro Bruno Dantas 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho. 6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. 7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no Estado do

Amazonas (Secex-AM). 8. Representação legal: 8.1. Edson Bastos Bessa (6655/OAB-AM) e outros, representando O. J. da Costa Construções Ltda.

– ME – Construtora Solimões. 8.2. Alexander Simonette Pereira (6139/OAB-AM) e outros, representando Gefferson Almeida de

Oliveira. 8.3. Adrimar Freitas de Siqueira (13.490/OAB-PA) e outros, representando Elcias Acácio

Gonçalves. 9. Acórdão: VISTO, relatado e discutido este recurso de revisão interposto pela Construtora Solimões contra o

Acórdão 3.649/2011-TCU-Segunda Câmara, por meio do qual se julgou tomada de contas especial instaurada em razão da não execução do objeto do Convênio 64-PCN/2004, firmado entre o Ministério da Defesa e a Prefeitura Municipal de Maraã/AM com o objetivo de construir calçadas, meios-fios e sarjetas em ruas habitadas por famílias de baixa renda.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer do presente recurso de revisão, com fundamento nos arts. 33, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992 para, no mérito, negar-lhe provimento;

9.2. dar ciência da presente deliberação à recorrente, aos demais responsáveis, ao Ministério da Defesa e à Procuradoria da República no Estado do Amazonas.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0138-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator). 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho.

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184 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

GRUPO I – CLASSE I – Plenário TC 036.936/2012-0 Natureza: Recurso de reconsideração (Tomada de Contas Especial) Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Juru/PB Responsáveis: Antônio Alves da Silva (espólio) (027.117.534-68); Dilma Olescovicz

(802.766.799-20); Maria Maíza Alves (183.991.774-15) Interessado: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16) Representação legal: Luís Sérgio Monteiro Terra (24.774/OAB-DF) e outros, representando Dilma

Olescovicz; Maria de Fátima Alves (186.361.444-34), representando Antônio Alves da Silva (espólio). SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO 848/1999. FUNDAÇÃO

NACIONAL DE SAÚDE. PREFEITURA MUNICIPAL DE JURU/PB. CONSTRUÇÃO DE MELHORIAS SANITÁRIAS DOMICILIARES. FRAUDE À LICITAÇÃO. EMPRESA DE FACHADA. OBRAS EXECUTADAS DIRETAMENTE PELA PREFEITURA. ACÓRDÃO 1.867/2015-TCU-PLENÁRIO. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. INABILITAÇÃO PARA EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA OU CARGO EM COMISSÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. ALEGAÇÃO QUANTO À AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DE DILMA OLESCOVICZ. IMPROCEDENTE. ALEGAÇÃO QUANTO À PRESCRIÇÃO DAS AÇÕES DE RESSARCIMENTO E DA PRETENSÃO PUNITIVA DO TCU. PROVIMENTO PARCIAL. INSUBSISTÊNCIA DOS ITENS 9.2 E 9.4 DO ACÓRDÃO 1.867/2015-TCU-PLENÁRIO.

RELATÓRIO Trata-se de recursos de reconsideração interpostos por Dilma Olescovicz e Maria Maíza Alves

contra o Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário, que julgou tomada de contas especial instaurada em razão de irregularidades na aplicação de recursos do Convênio 848/1999, firmado entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Prefeitura Municipal de Juru/PB com o objetivo de construir 200 melhorias sanitárias domiciliares. Transcrevo, a seguir, o inteiro teor do acórdão recorrido (peça 108):

“ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas ‘c’ e ‘d’, e §§ 2º e 3º, 19, caput, 23, inciso III, 28, inciso II, 57 e 60 da Lei 8.443/1992, em:

9.1 julgar irregulares as contas de Antônio Alves da Silva, Maria Maíza Alves e Dilma Olescovicz, condenando o espólio do primeiro e as demais, em solidariedade, na forma apresentada a seguir, ao pagamento das quantias discriminadas, com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento da dívida aos cofres da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora a partir das datas mencionadas até o efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:

9.1.1 Espólio de Antônio Alves da Silva: VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA

20.000,00 21/11/2000 10.000,00 7/12/2000 10.000,00 2/3/2001 4.000,00 10/5/2001 5.000,00 14/5/2001 10.000,00 28/7/2001 2.000,00 30/7/2001 725,40 28/12/2001

9.1.2 Espólio de Antônio Alves da Silva em solidariedade com Maria Maíza Alves e Dilma Olescovicz:

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VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA

47.500,00 28/12/2000 9.1.3 Espólio de Antônio Alves da Silva em solidariedade com Dilma Olescovicz:

VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA 20.774,60 27/12/2000

9.2 aplicar a Maria Maíza Alves e a Dilma Olescovicz multa no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e R$ 20.000,00 (vinte mil reais), respectivamente, com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento das quantias aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.3 autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações; 9.4 declarar Maria Maíza Alves e a Dilma Olescovicz inabilitadas para o exercício de cargo em

comissão ou função de confiança na Administração Pública Federal, pelo período de oito anos; 9.5 excluir João Freitas de Souza, Djanilton Alves de Oliveira e Fabiano Ribeiro dos Santos da

relação processual; 9.6 remeter cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à Procuradoria

da República no Estado da Paraíba e ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, quanto à inabilitação.”

2.Em resumo, a condenação do espólio do ex-prefeito deu-se em razão da impossibilidade de se estabelecer o nexo de causalidade entre os recursos repassados e as construções das melhorias sanitárias. As obras foram realizadas “pela prefeitura, diretamente ou mediante acordos informais com empreiteiras locais” (voto do Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário). A empresa que deveria ter executado os serviços era de fachada e foi contratada por meio de licitação simulada.

3.As demais responsáveis, por sua vez, foram condenadas por terem contribuído para a ocorrência do dano, já que restou comprovado que uma parcela dos recursos repassados, no valor de R$ 68.274,60, foi transferida para a conta bancária de Dilma Olescovicz, dos quais R$ 47.500,00 foram transferidos a Maria Maíza Alves, filha do ex-prefeito.

4.Nesta etapa processual, examinam-se os recursos de reconsideração interpostos por Dilma Olescovicz (peça 129) e Maria Maíza Alves (peça 130).

5.Reproduzo, a seguir, os exames empreendidos pelo auditor da Serur (peça 148), que contou com a anuência do corpo diretivo da unidade (peças 149 e 150) e do Ministério Público junto ao TCU (peça 151):

“EXAME DE ADMISSIBILIDADE 8. Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (peças 142 e 143), acolhido pelo Relator,

Ministro Bruno Dantas (despacho de peça 145), que conheceu dos recursos, com fundamento no art. 33 da Lei 8.443/1992, e atribuiu efeito suspensivo aos itens 9.1, 9.1.2, 9.1.3, 9.2, 9.3 e 9.4, em relação à primeira recorrente, e aos itens 9.1, 9.1.2, 9.2, 9.3 e 9.4, à segunda, todos do acórdão recorrido, extensível a todos responsáveis condenados em solidariedade.

EXAME DE MÉRITO 9. Delimitação 9.1. O presente recurso tem por objeto examinar se: (i) ocorreu a prescrição da pretensão punitiva do Tribunal (questão formulada por Maria Maíza da

Fonseca); (ii) há elementos aptos a afastar a responsabilidade face o potencial desconhecimento das

irregularidades imputadas e pela ausência de condenação em ação de improbidade administrativa (questão formulada por Dilma Olescovicz).

10. Da prescrição ressarcitiva e punitiva 10.1. Argumenta a recorrente Maria Maíza da Fonseca (peça 130) que as ações administrativas que

não causam prejuízos ao Erário, tal como o presente caso, estão submetidas ao prazo prescricional. Destaca que a Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992) e a Lei Complementar 64/1990

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(Lei das Inelegibilidades) estabelecem um lapso temporal de cinco anos para a prescrição.

10.2. Alega que o extenso período de doze anos, decorrido desde o término do exercício de 1999 até a instauração do presente processo configura tempo considerável que inviabiliza, de forma contundente, o alcance dos documentos reclamados e oblitera a lembrança dos atos de gestão praticados.

Análise: 10.3. A temática do instituto da prescrição se apresenta sobre dois aspectos na processualística deste

Tribunal. Um se refere às ações de ressarcimento e outro à aplicação de sanções aos jurisdicionados. 10.4. Quanto ao primeiro, é cediça a imprescritibilidade da ação de ressarcimento de dano ao

Erário, por força do art. 37, § 5º, da Constituição Federal, entendimento pacificado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do MS 26.210 e ratificado em outros precedentes judiciais (ARE 772852, AgR; RE 601707 AgR; AI 819135 AgR).

10.5. Ao interpretar o art. 37, § 5º da Constituição Federal e firmar a tese da imprescritibilidade das ações de reparação de dano movidas pelo Estado, o STF fez a devida ponderação de princípios constitucionais. E, ao fazê-lo, entendeu ser tal imprescritibilidade compatível com os princípios da segurança jurídica e da razoabilidade.

10.6. Outrossim, tal tema restou pacificado no âmbito deste Tribunal com a edição da Súmula de Jurisprudência 282/2012 que contém o seguinte enunciado: ‘As ações de ressarcimento movidas pelo Estado contra os agentes causadores de danos ao erário são imprescritíveis’.

10.7. Como se denota, quanto à imprescritibilidade para o ressarcimento ao Erário não há controvérsia evidenciada, tampouco margem para se discutir interpretação diversa, vez que a tese jurídica aplicável ao caso se encontra bem sedimentada.

10.8. Por sua vez, no que concerne à pretensão punitiva, o tema vinha sendo discutido nesta Corte há mais de dez anos, no âmbito do TC 007.822/2005-4, sendo forçoso reconhecer não ser este tema pacífico no âmbito deste Tribunal à época da ocorrência dos fatos, uma vez que existiam teses favoráveis à imprescritibilidade, à prescrição decenal e à prescrição quinquenal.

10.9. Notório, no entanto, que a jurisprudência até então predominante preconizava a aplicação da regra de incidência direta assentada no art. 205 do Código Civil pela prescrição geral de dez anos a partir da ocorrência dos fatos. Corroboram tal assertiva as decisões proferidas nos Acórdãos 5.920/2013-TCU e 6.737/2013-TCU, da Primeira Câmara, nos Acórdãos 670/2013-TCU, 2.177/2013-TCU, 2.183/2013-TCU e 825/2014-TCU, da Segunda Câmara, e nos Acórdãos 828/2013-TCU e 946/2013-TCU, ambos do Plenário.

10.10. Não obstante, releva destacar que, em novel deliberação, este Tribunal resolveu o incidente de uniformização de jurisprudência, pacificando o entendimento, mediante o Acórdão 1.441/2016-TCU-Plenário, de que a pretensão punitiva do Tribunal de Contas da União subordina-se ao prazo geral de prescrição indicado no art. 205 do Código Civil, de 10 anos, sendo contada a partir da data de ocorrência da irregularidade sancionada.

10.11. No presente caso, é possível constatar que o termo a quo tomado como origem dos atos impugnados remete aos anos de 2000 e 2001, sendo a data mais antiga de 21/11/2000 (conforme Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário, peça 108), ou seja, trata-se de fato ocorrido sob a vigência do Código Civil de 1916.

10.12. Desse modo, considerando a vigência do novo Código Civil a partir de 11/1/2003 e, como transcorrido pouco mais de dois anos da origem das ocorrências até a entrada em vigor do novo Código Civil, menos, pois, da metade do prazo prescricional de 20 anos do Código anterior, entende-se ser aplicável ao caso a regra intertemporal do artigo 2.028 da referida lei, o que projetaria o prazo limite de 11/1/2013 para que fosse promovida a comunicação válida a interromper a prescrição ou ser efetivamente exercida a pretensão punitiva da Administração.

10.13. Ocorre que o ato que autorizou a realização da citação, assentado à peça 75, data de 11/9/2014, quando não mais caberia a esta Corte exercer seu munus sancionatório. Desta feita, a relevância a partir dessa data para realização de comunicação válida ou de eventual revelia passa a ser mitigada por se ver tolhida a Administração de levar a efeito a aplicação de multa, a declaração de

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inidoneidade ou a inabilitação dos possíveis responsáveis, sendo forçoso reconhecer ter-se operado a prescrição punitiva.

10.14. Assim, em que pese não pleiteado explicitamente pela também recorrente Dilma Olescovicz, oportuno se faz que o Tribunal aprecie os aspectos fáticos e jurídicos deste caso concreto com vistas a avaliar a pertinência de se reformar o Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário, excluindo-se os itens 9.2 e 9.4, que abarcam a imposição de sanções às recorrentes, quando verificada a ocorrência do instituto da prescrição.

11. Da presença de elementos suficientes à condenação 11.1. Destaca inicialmente a recorrente Dilma Olescovicz que não poderia figurar como ré tendo em

vista que não foi responsável por arrecadação, guarda, gerenciamento ou administração de dinheiros, bens e valores públicos, ou por qualquer irregularidade que resultou prejuízo ao erário.

11.2. Alega que nos autos da Ação Civil de Improbidade Administrativa 0009373-44.2005.4.05.82.00 não foi responsabilizada pelos atos ímprobos ou qualquer envolvimento com atos ilícitos em face da Administração Pública, tendo agido sob coação de seu ex-marido quando da assinatura autorizando o depósito.

11.3. Reitera que as irregularidades vislumbradas não a beneficiaram e que não teve em nenhum momento a intenção de causar prejuízo aos cofres públicos, agindo de boa-fé, no seu aspecto subjetivo, pois desconhecia as reais circunstâncias do ato praticado.

Análise: 11.4. Inicialmente, oportuno registrar que no ordenamento jurídico brasileiro vigora o princípio da

independência das instâncias, em razão do qual podem ocorrer condenações simultâneas nas diferentes esferas - cível, criminal e administrativa. O artigo 935 do Código Civil prescreve que a ‘responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal’.

11.5. Esse dispositivo precisa ser conjugado com o artigo 66 do Código de Processo Penal, o qual estabelece que ‘não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato’.

11.6. Interpretando os dois dispositivos conjuntamente, temos que a sentença penal impedirá a propositura ou continuidade de ação nos âmbitos civil e, por extensão, administrativo, apenas se houver sentença penal absolutória negando categoricamente a existência do fato ou afirmando que não foi o réu quem cometeu o delito. Esse entendimento é pacífico no Supremo Tribunal Federal, conforme fica claro nos Mandados de Segurança 21.948-RJ, 21.708-DF e 23.625-DF. Nesse último, por exemplo, o STF decidiu que a sentença proferida em processo penal é incapaz de gerar direito líquido e certo de impedir o TCU de proceder à tomada de contas, mas poderá servir de prova em processos administrativos se concluir pela não-ocorrência material do fato ou pela negativa de autoria.

11.7. O Plenário do Supremo Tribunal Federal já decidiu, inclusive, que o ajuizamento de ação civil pública não retira a competência do Tribunal de Contas da União para instaurar tomada de contas especial, tendo em vista a competência do TCU inserta no art. 71 da Constituição Federal, como se constata no MS 25880/DF, da relatoria do Ministro Eros Grau.

11.8. Por seu turno, o voto condutor do Acórdão 2/2003-TCU-Segunda Câmara demonstra a posição pacífica deste Tribunal sobre o tema, quando assim dispôs:

‘O TCU tem jurisdição própria e privativa sobre as pessoas e matérias sujeitas a sua competência, de modo que a proposição de qualquer ação no âmbito do Poder Judiciário não obsta que esta Corte cumpra sua missão constitucional. De fato, por força de mandamento constitucional (CF, art. 71, inc. II), compete a este Tribunal julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores da administração federal direta e indireta, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao Erário. E, para o exercício dessa atribuição específica, o TCU é instância independente, não sendo cabível, portanto, tal como pretende o interessado, que se aguarde manifestação do Poder Judiciário no tocante à matéria em discussão.’

11.9. Assim, pelo que se apresenta, a não inclusão da recorrente no rol de condenados na ação de

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improbidade, por si só, não afasta a sua responsabilidade pelo ressarcimento do dano apurado no âmbito deste Tribunal.

11.10. Outrossim, não se examina, na processualística deste Tribunal, a ocorrência de coação na conduta dos responsáveis, devendo tal matéria ser levada ao Poder Judiciário, vez que foge à competência constitucional e legal desta Corte Administrativa.

11.11. A recorrente alega nesta fase recursal o desconhecimento da natureza das irregularidades imputadas, fato que já fora trazido à apreciação desta Corte quando do julgamento das contas. Em breve retrospectiva, relata que veio a receber R$ 68.274,60 em sua conta e que no dia seguinte recebeu uma ligação da filha do ex-prefeito solicitando que a repassasse o valor de R$ 47.500,00. Acrescenta que os dados de sua conta teriam sido fornecidos por seu ex-marido, então assessor técnico da prefeitura, para utilização dos agentes envolvidos nas citadas irregularidades sem a sua autorização.

11.12. Não obstante se apresentar plausível a essência do que fora argumentado - de que teve a conta bancária indevidamente utilizada por seu marido para fins espúrios -, é de se considerar, a partir das próprias declarações da recorrente ao Ministério Público, que não se apresentava completamente alheia aos fatos engendrados por agentes da prefeitura para fraudar a execução do convênio, é o que se pode depreender do excerto a seguir reproduzido, com destaques acrescidos (peça 129, p. 15):

‘O Dr. Promotor de Justiça passou a ouvir a Sra. Dilma Olescovicz, que disse o seguinte: que possui estabelecimento próprio em sociedade com o seu esposo, firma denominada OLESCOVICZ Consultoria Técnica e Projetos de Engenharia Ltda., que firmou contrato por período seis meses a partir de 10 de junho de 2000, tendo sido avença renovada por igual período a partir de janeiro de 2001, sendo que, em fevereiro de 2001, foi rescindido por iniciativa do Prefeito; que a empresa Olescovicz Construções Ltda. elaborou o projeto de engenharia para a construção de 10 (dez) poços tubulares no Município de Juru - PB; que a cobra foi executada pela Grangeiro Construções Ltda.; que o contrato abrangeu também a construção de passagem molhada e outras obras, pelo que se lembra; que o valor da obra ficou abaixo de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais); que a empresa DJ Construções Ltda. foi contratada para executar a construção de equipamentos sanitários no Município, compreendendo privadas e fossas absorventes; que não se recorda o valor da obra, que houve uma negociação entre o Prefeito, sua filha Maísa Presidente da Câmara - e o representante da DJ, a qual foi testemunhada pelo esposo da declarante, que estava presente na ocasião, no Gabinete do Prefeito Municipal, em 27 de dezembro de 2000; que a negociação consistiu em que as obras seriam assumidas diretamente pela Prefeitura Municipal, sendo que a DJ continuaria a expedir as notas fiscais e recibos correspondentes à execução do contrato; que pelo trato o Prefeito pagaria à DJ o valor dos impostos; que, para viabilizar a transação, na mesma ocasião foram engendradas as seguintes providências: a DJ encaminhou um expediente ao Prefeito solicitando que fosse paga apenas a primeira parcela do contrato, depositando-se o numerário correspondente na conta bancária indicada, qual seja, a de n° 6168-9, agência 3204-2, B. do Brasil; que referida conta bancária é de titularidade da declarante; que a declarante que estava na sala vizinha tratando de assuntos outros, foi chamada pelo Prefeito e por sua filha Maisa, para ‘emprestar’ sua conta bancária para que nela fosse feito o depósito referido, sob a alegação do Prefeito de que, como ela era proprietária da firma Olescovicz que tinha contrato com a Prefeitura e que se tratava de pessoa conhecida, poderia ceder sua conta para a transação; que a declarante aceitou, depois de perguntar, na confiança, se não teria problema para si; que então a DJ preparou expediente, em que solicita à declarante autorização para depositar a quantia de R$ 68.745,49 (sessenta e oito mil, setecentos e quarenta e cinco reais e quarenta e nove centavos) em sua conta bancária; que a declarante reconhece como sua a assinatura aposta no expediente referido como tendo recebido o mesmo; que o depósito foi feito na conta da declarante, no mesmo dia 27 de dezembro de 2000; que a declarante recebeu orientação do Prefeito e de sua filha Maisa a respeito de como fazer o resgate do dinheiro depositado em sua conta; que tal orientação, repassada à declarante e seu esposo, foi anotada em bilhete manuscrito pelo por este, o qual foi apresentado ao Ministério Público; que consta do bilhete que o dinheiro seria repassado para a conta da Sra. Maisa Alves o valor de R$ 47.500,00 (quarenta e sete mil e quinhentos reais), para a firma DJ o valor de RS 16.640,00

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(dezesseis mil seiscentos e quarenta reais), referentes aos impostos, já que a DJ expediu nota fiscal no valor total da obra; que R$ 3.870,00 (três mil oitocentos e setenta reais) foram destinados aos projetistas da equipe da firma Olescovicz, com referência a ambos os projetos, quais sejam, o dos poços e o dos equipamentos sanitários; que RS 269,60 foram destinados a pagar CPMF; que tais quantias foram efetivamente resgatadas da conta, para as destinações explicitadas; que foi o funcionário do banco a proceder um ‘saque-transferência’ , como depósito ‘comprovante de saque com cartão’, reconhecido pela declarante mediante essa transação efetuou o saque da quantia de R$ 47.500 (quarenta e sete mil e quinhentos reais), tendo de imediato depositado o numerário na conta de titularidade da Sra. Maisa Alves, no dia 28/12/2000; que tal transferência para a conta da Sra. Maisa Alves só ocorreu no dia 28, por causa do horário bancário, já esgotado no dia 27, caso contrário teria sido tudo feito no mesmo dia 27/12/2000; que a Sra. Maisa Alves chegou a insistir que a declarante procedesse a um saque, entregando-lhe o numerário em espécie; que a declarante optou por fazer o ‘saque-transferência’, conforme orientação do funcionário do banco, por uma questão de segurança, para que ficasse registrado que o dinheiro foi destinado efetivamente à conta da Sra. Maisa; que a partir de fevereiro ou março de 2001, o Prefeito dispensou os serviços da empresa da declarante; nada mais disse nem lhe foi perguntado.’

11.13. Do que se verifica do teor do depoimento prestado, a recorrente, além de ter contrato com a municipalidade, era tida como pessoa conhecida da estrutura de comando da prefeitura a ponto de ser possível a utilização de sua conta bancária para se levar a cabo o intento fraudulento.

11.14. Mitiga ainda a possibilidade de se reconhecer o potencial desconhecimento da ilicitude o fato de que no próprio depoimento a ora recorrente relata que indagou aos presentes na citada reunião se não acarretaria problemas para si a utilização de sua conta bancária.

11.15. Acrescente-se ainda o fato de que há o reconhecimento expresso de que houve a autorização, inclusive com aporte de assinatura, em expediente que autorizava o depósito do montante de R$ 68.745,49 em conta para posterior distribuição, assim detalhada: R$ 47.500,00 para a filha do ex-prefeito; R$ 16.640,00 para a empresa DJ para emissão de notas frias no montante equivalente a integralidade da obra; R$ 3.870,00 para empresa Olescovicz referentes à projetos em tese executados, e RS 269,60 destinados ao pagamento de CPMF.

11.16. Assim, não há como relegar a segundo plano a validade e a credibilidade das informações que foram prestadas ao Ministério Público, e que, em boa medida, contradizem o conteúdo apresentado nas alegações recursais que, além do mais, se apresenta desacompanhado de qualquer substrato probatório.

11.17. Por fim, quanto a configuração ou não de ato intencional na conduta do agente, é de se considerar que no âmbito dos processos de controle externo, a responsabilização dos gestores de recursos públicos baseia-se em três pressupostos: (i) o ato ilícito na gestão dos recursos públicos; (ii) a conduta dolosa ou culposa; e (iii) o nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente. A ausência de dolo ou de locupletamento por parte do responsável não o exime do dever de recompor o dano a que deu causa por meio de atuação imprudente e desautorizada, tampouco de ser penalizado por infração a normas legais. Essas circunstâncias, se presentes, conferem maior gravidade ao ato ilícito e devem ser avaliadas por ocasião da imposição de multa (Acórdão 1.517/2012-TCU-Plenário).

11.18. Como bem sintetizado nos fundamentos do Acórdão 1.895/2014-TCU-Segunda Câmara, nos processos relativos ao controle financeiro da Administração Pública, a responsabilidade por atos irregulares que causem prejuízo ao erário é legalmente presumida, ainda que não se configure ação ou omissão dolosa, admitida prova em contrário. Na fiscalização dos gastos públicos, privilegia-se, como princípio básico, a inversão do ônus da prova. A boa-fé não pode ser presumida, devendo ser demonstrada e comprovada a partir dos elementos que integram os autos, fato que não se verifica neste exame.

11.19. Desse modo, não merecem acolhida as alegações apresentadas pela recorrente. CONCLUSÃO 12. A recorrente Maria Maíza Alves aduziu a ocorrência de prescrição nos presentes autos, fato que

restou configurado apenas quanto à pretensão punitiva. Por seu turno, a recorrente Dilma Olescovicz buscou afastar a sua condenação alegando que não havia sido responsabilizada em ação de improbidade

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administrativa e que não realizou ato intencional com vistas a causar dano ao Erário, teses não acolhidas neste exame.

13. Assim, propõe-se o afastamento da aplicação de multa e da inabilitação das responsáveis por haver operado a prescrição da pretensão punitiva deste Tribunal, permanecendo inalterado a condenação em débito perpetrada.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 14. Ante o exposto, submete-se à consideração superior a presente análise dos recursos de

reconsideração interpostos por Maria Maíza Alves e Dilma Olescovicz, contra o Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário, propondo-se, com fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992:

a) conhecer dos recursos e, no mérito, dar-lhes provimento parcial, de modo a excluir os itens 9.2 e 9.4 da deliberação recorrida;

b) dar ciência desta deliberação aos responsáveis e interessados, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado da Paraíba e ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, quanto à inabilitação.”

É o relatório. VOTO Trata-se de recursos de reconsideração interpostos por Dilma Olescovicz e Maria Maíza Alves

contra o Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário, que julgou tomada de contas especial instaurada em razão de irregularidades na aplicação de recursos do Convênio 848/1999, firmado entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Prefeitura Municipal de Juru/PB com o objetivo de construir 200 melhorias sanitárias domiciliares.

2.De acordo com os elementos constantes nos autos, a empresa contratada era de fachada, o procedimento licitatório foi fraudado, e as obras foram executadas pela prefeitura. Impossível, portanto, o estabelecimento de nexo causal entre os recursos repassados e o empreendimento. Além disso, verificou-se que uma parcela dos valores repassados foi transferida para a conta bancária de Dilma Olescovicz (R$ 68.274,60), empresária e ex-esposa de assessor técnico da prefeitura à época dos fatos. Dessa parcela, R$ 47.500,00 foram destinados à conta bancária de Maria Maíza Alves, filha do então prefeito, Antônio Alves da Silva.

3.Por esses motivos, foram julgadas irregulares, por meio do Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário, as contas de Antônio Alves da Silva, Dilma Olescovicz e Maria Maíza Alves. Em razão do falecimento do ex-prefeito, seu espólio foi condenado, em solidariedade com as demais responsáveis, ao pagamento de débito. Foram aplicadas, também, as sanções de multa e inabilitação para o exercício de cargo de comissão ou função de confiança na Administração Pública Federal pelo período de oito anos à filha do ex-prefeito e à empresária.

4.Irresignadas com a deliberação, as responsáveis impetraram recursos de reconsideração, cuja admissibilidade ora reitero, com fundamento no art. 33 da Lei 8.443/1992.

5.Em resumo, as recorrentes alegam o seguinte: 5.1.incidência de prescrição ressarcitiva e punitiva; 5.2.ausência de responsabilidade de Dilma Olescovicz em razão de: 5.2.1.não ter arrecadado, guardado, gerenciado ou administrado dinheiros, bens e valores públicos; 5.2.2.não ter sido responsabilizada nos autos de Ação Civil de Improbidade Administrativa

0009373-44.2005.4.05.82.00; 5.2.3.ter sido coagida pelo ex-marido; 5.2.4.caracterização da boa-fé subjetiva da responsável, pois desconheceria as reais circunstâncias

do ato praticado; 5.2.5.ausência de locupletamento.

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6.Em uníssono, a Serur e o Ministério Público junto ao TCU manifestaram-se pelo provimento

parcial do recurso em razão da incidência da prescrição da pretensão punitiva no caso concreto. Sendo assim, posicionaram-se pela exclusão dos itens 9.2 e 9.4 do Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário e pela manutenção dos demais itens da deliberação.

7.De pronto, anuo integralmente às análises e conclusões da unidade instrutora e do MPTCU, que incorporo às minhas razões de decidir, sem prejuízo dos comentários que tecerei a seguir.

8.Conforme bem assinalado pela Serur, a jurisprudência desta Corte (Súmula 282), em consonância com o Supremo Tribunal Federal (MS 26.210, entre outros julgados) e com a própria Constituição (art. 37, § 5º), é no sentido de que as ações de ressarcimento de dano ao erário são imprescritíveis.

9.A partir deste entendimento, não se pode dizer que o longo transcurso de tempo entre a ocorrência da irregularidade e a instauração da tomada de contas especial implica, automaticamente, em sua nulidade. No âmbito desta Corte, a jurisprudência é no sentido de que, uma vez instaurada a TCE, o largo interregno temporal apenas enseja o julgamento pela iliquidez das contas caso reste comprovado que, por este motivo, tenham sido prejudicados o contraditório e a ampla defesa do responsável (Acórdãos 2.850/2016-TCU-Plenário, 3.898/2016-TCU-Primeira Câmara, 6.018/2015-TCU-Segunda Câmara).

10.No presente caso, muito embora a recorrente tenha alegado dificuldade em obter documentos que seriam essenciais à sua defesa, e que esse obstáculo decorreria da antiguidade das irregularidades apuradas, que remontam ao exercício de 1999, tais afirmações tiveram caráter geral e não são suficientes para comprovar o efetivo prejuízo ao contraditório e à ampla defesa. Mantém-se, portanto, o débito imputado.

11.No que diz respeito às penalidades aplicadas a Dilma Olescovicz e Maria Maíza Alves (multa e inabilitação para exercício de cargo em comissão ou função de confiança na Administração Pública Federal), relembro que, por meio do Acórdão 1.441/2016-TCU-Plenário, o Tribunal firmou o entendimento de que, à prescrição da pretensão punitiva nos processos que aqui tramitam, deve-se aplicar a regra dos arts. 202 e 205 da Lei 10.406/2002 (Código Civil), ou seja, a prescrição geral de dez anos a partir da ocorrência dos fatos, e a interrupção do prazo prescricional pelo ato que ordena a citação no âmbito deste Tribunal.

12.No presente caso, as datas fixadas como origem das parcelas do débito remontam aos anos de 2000 e 2001, conforme consignado no item 9.1 do Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário. As irregularidades ocorreram, portanto, sob a égide do Código Civil de 1916, cujo art. 177 previa prescrição de vinte anos para a hipótese. Desse modo, transcorrido menos da metade do prazo prescricional de 20 anos previsto no Código anterior, aplica-se ao caso a regra intertemporal do art. 2.028 da Lei 10.406/2002. O prazo de dez anos previsto no art. 205 do novo Código Civil deve ser contado, portanto, a partir de 11/1/2003. Assim, levando em conta o referido termo inicial, a pretensão punitiva estaria prescrita em 11/1/2013.

13.Considerando que a ordenação da citação deu-se em 11/9/2014 (peça 75), concluo, em consonância com o arrazoado da unidade instrutora e do MPTCU, que restou prescrita a pretensão punitiva do TCU em relação às recorrentes, devendo, portanto, ser tornados insubsistentes os itens 9.2 e 9.4 do Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário.

14.Acerca da suposta ausência de responsabilidade de Dilma Olescovicz, não procedem os argumentos apresentados.

15.Muito embora não tenha arrecadado, guardado, gerenciado ou administrado dinheiros, bens e valores públicos, sua conduta contribuiu para a ocorrência de dano ao erário. Em razão disso, suas contas estão sujeitas à apreciação por esta Corte de Contas, nos termos do art. 71, inciso II, da Constituição Federal, e do art. 1º, inciso I, da Lei 8.443/1992.

16.O fato de não ter sido considerada como responsável em processo de Ação Civil de Improbidade Administrativa não socorre a recorrente, uma vez que a jurisprudência desta Corte, assim como a do Poder Judiciário, inclina-se no sentido de que apenas sentença penal absolutória pela inexistência material do fato ou pela negativa de autoria impede a propositura ou continuidade de ação nos âmbitos civil e administrativo. Desse modo, a ação em âmbito judicial pendente de julgamento não vincula a atuação deste Tribunal no exercício de suas competências constitucionais.

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17.Como bem assinalado pela Serur, os elementos constantes nos autos comprovam que a

recorrente tinha ciência de que sua conta bancária foi utilizada para fins escusos e, mesmo assim, não adotou nenhuma medida para impedir que a irregularidade se consumasse. Do depoimento prestado por Dilma Olescovicz ao Ministério Público, transcrito na peça recursal (peça 129, p. 15-17), extrai-se que ela sabia terem ocorrido negociações para que a empresa contratada para execução das melhorias sanitárias, DJ Construções Ltda., continuasse a expedir notas fiscais e recibos sem, contudo, atuar nas obras, que seriam assumidas pela prefeitura. Nessa ocasião, a responsável foi solicitada a “emprestar” sua conta bancária para realização de depósito, e assinou expediente confirmando a autorização. Sendo assim, não há indícios de que a conduta da recorrente tenha se pautado em boa-fé.

18.Muito embora a recorrente alegue ter agido sob coação de seu ex-marido, não foram apresentados quaisquer elementos probatórios que corroborem tal afirmação. Vale relembrar que, nos termos do art. 151 do Código Civil, a “coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens”. No entanto, não há qualquer indício de que a recorrente tenha sofrido ameaça que pudesse eximi-la da responsabilidade por ter autorizado a utilização de sua conta bancária para viabilizar o desvio de recursos públicos, ou que tivesse o condão de invalidar o seu depoimento junto ao Ministério Público.

19.Uma vez inconteste que a atuação de Dilma Olescovicz foi essencial para viabilizar o esquema ilícito e, consequentemente, para a ocorrência do dano ao erário apurado nestes autos, sua condenação ao ressarcimento independe da comprovação de locupletamento, conforme já assentado na jurisprudência desta Corte (Acórdãos 2.367/2015, do Plenário, 5.927/2013 e 1.517/2012, da Primeira Câmara, 1.942/2012, da Segunda Câmara, entre outros).

20.Em conclusão, deve-se negar provimento ao recurso de Dilma Olescovicz e dar provimento parcial ao recurso de Maria Maíza Alves, para, com fundamento no art. 161 do Regimento Interno do TCU, tornar insubsistentes os itens 9.2 e 9.4 do Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário, mantendo inalterados os demais itens da deliberação.

Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote a minuta de acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 139/2017 – TCU – Plenário 1. Processo nº TC 036.936/2012-0. 2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de reconsideração (Tomada de Contas Especial). 3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes: 3.1. Interessado: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16). 3.2. Responsáveis: Antônio Alves da Silva (espólio) (027.117.534-68); Dilma Olescovicz

(802.766.799-20); Maria Maíza Alves (183.991.774-15). 3.3. Recorrentes: Dilma Olescovicz (802.766.799-20); Maria Maíza Alves (183.991.774-15). 4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Juru/PB. 5. Relator: Ministro Bruno Dantas 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro. 6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. 7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no Estado da

Paraíba (Secex-PB). 8. Representação legal: 8.1. Luís Sérgio Monteiro Terra (24774/OAB-DF) e outros, representando Dilma Olescovicz. 8.2. Maria de Fátima Alves, representando Antônio Alves da Silva (espólio). 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes recursos de reconsideração interpostos por Dilma Olescovicz

e Maria Maíza Alves contra o Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário, que julgou tomada de contas especial

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instaurada em razão de irregularidades na aplicação de recursos do Convênio 848/1999, firmado entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Prefeitura Municipal de Juru/PB com o objetivo de construir 200 melhorias sanitárias domiciliares.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer dos presentes recursos, com fundamento nos arts. 32, I, e 33 da Lei 8.443/1992; 9.2. considerar improcedente o recurso interposto por Dilma Olescovicz; 9.3. considerar parcialmente procedente o recurso interposto por Maria Maíza Alves; 9.4. tornar insubsistentes os itens 9.2 e 9.4 do Acórdão 1.867/2015-TCU-Plenário, com fundamento

no art. 161 do Regimento Interno do TCU; 9.5. manter inalterados os demais itens da deliberação recorrida; 9.6. dar ciência desta deliberação às recorrentes, à Fundação Nacional de Saúde e à Procuradoria da

República na Paraíba. 10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0139-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator). 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho. GRUPO I - CLASSE VII - Plenário TC-003.465/2016-0 Natureza: Representação Órgão/Entidade/Unidade: Ministério do Desenvolvimento Agrário (extinta) Responsáveis: Everton Augusto Paiva Ferreira, então Coordenador-Geral de Assistência Técnica e

Extensão Rural (CPF 000.629.806-02); Marenilson Batista da Silva, então Diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (CPF 547.365.954-34), e Onaur Ruano, então Secretário da Secretaria de Agricultura Familiar (CPF 750.082.548-04)

Representação legal: Carlos Roberto Feitosa Costa (3.639/OAB/MA) e outros, representando Cooprama - Cooperativa de Profissionais Autônomos do Estado do Maranhão; Sandra Mitidieri Oliveira, representando Associação Humana Povo Para Povo Brasil; Roberto de Sousa Abad e outros, representando Ministério do Desenvolvimento Agrário (extinta).

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. CHAMADA PÚBLICA REALIZADA COM VISTAS A

CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE ATER. DEFICIÊNCIAS NO EDITAL. ADOÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR COM VISTAS À SUSPENSÃO DO CERTAME. OITIVAS. AUDIÊNCIAS. REVOGAÇÃO POSTERIOR DA REFERIDA CHAMADA POR ATO DA ADMINISTRAÇÃO CONTRATANTE. REJEIÇÃO DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. PROCDÊNCIA PARCIAL DA REPRESENTAÇÃO. MULTA. CIÊNCIA DAS IRREGULARIDADES VERIFICADAS.

RELATÓRIO Trata-se de representação formulada pela Cooperativa de Serviços Técnicos para o

Desenvolvimento Rural em face de supostas irregularidades verificadas na Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER - Juventude Rural, conduzida pela Secretaria de Agricultura Familiar do extinto Ministério do

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Desenvolvimento Agrário, com vistas à contratação e execução de serviços de assistência técnica e extensão rural com jovens de diversas unidades da federação.

2.Mediante despacho de peça 53, e acolhendo propostas formuladas no âmbito da Selog, determinei a suspensão cautelar de todos os atos atinentes à Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER - Juventude Rural, de modo a que se abstivesse de dar andamento à execução dos contratos já celebrados e a celebração de novos contratos dela decorrentes, alertando a administração contratante quanto à possibilidade de o Tribunal vir a determinar a anulação da Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER - Juventude Rural, o que ensejaria a nulidade dos contratos dela decorrentes.

3.Na mesma assentada, determinei a realização das oitivas da contratante das entidades contratadas no âmbito da referida chamada pública.

4.Ultrapassado o prazo fixado para as manifestações, produziu a Selog nova instrução com o exame das oitivas determinadas (peça 161), reproduzida parcialmente a seguir com pequenos ajustes de forma considerados pertinentes:

“(...) EXAME TÉCNICO 11. A oitiva promovida por esta Corte de Contas abordou os achados produzidos no âmbito da

inspeção realizada. A seguir, apresentam-se os pontos objeto da oitiva, acompanhados das alegações do MDA (peça 139) e das respectivas análises desta unidade técnica. Em seguida são apresentadas as alegações das entidades selecionadas que desejaram se manifestar, a análise desta Selog e, por fim, uma análise final com abordagem de todo o processo.

Alegações do MDA I - Falta de correlação clara entre os objetivos declarados para justificar a contratação e as

atividades contratadas. 12. Em manifestação quanto ao achado (peça 139, p. 8-13), o MDA afirma que a chamada pública

02/2015 apresenta total correlação entre seus objetivos, que são mais claramente expostos em seu objeto e o conjunto de atividades contratadas, as quais exemplifica por meio dos serviços referentes a oficinas, seminários e visitas técnicas.

13. Aduz que a sequência lógica das atividades segue a metodologia PDCA, mnemônico inglês para planejamento, execução, checagem/avaliação e ação. Entre as atividades de execução, refere-se às ‘atividades de construção do conhecimento’, descritas no anexo III da chamada, que serão desenvolvidas pelas equipes e beneficiários, de acordo com suas necessidades e peculiaridades regionais, com previsão de horas e métodos diferentes.

14. Essas atividades de ‘construção do conhecimento’ visam o desenvolvimento dos conteúdos dos projetos e do planejamento e com as temáticas nele levantadas. Segundo informa, para evitar dispersão de temas, a chamada impõe um conjunto de temas, contido no anexo IV, referentes a agroecologia, políticas públicas e inclusão produtiva.

15. Informa que os objetos parciais são os relatórios de execução das atividades, que somente serão liquidados [sic] após análise do fiscal do contrato. Adiciona que os relatórios agregam atividades de um período definido, normalmente mensal, a fim de facilitar as análises do fiscal.

16. Afirma que o objetivo total é a execução completa do projeto de ATER, que inclui a promoção da agroecologia, da sucessão rural e do fortalecimento da agricultura familiar. Nesse aspecto, informa que a chamada em questão visa atender o Acórdão 2.395/2013 - TCU - Plenário (peça 139, p. 12), que aborda a necessidade de flexibilidade das atividades para adaptação à realidade local.

17. Quanto aos resultados de impacto da ação de ATER, confirma a ausência de abordagem na chamada, ressalvando, contudo, que a ATER, muitas vezes, não é a única responsável pelos resultados, devendo observar o somatório de diversas políticas e outros fatores e que está trabalhando esse tipo de aferição para o futuro.

Análise 18. Conquanto assevere que a correlação lógica entre as atividades e os objetivos declarados seja

‘total’, ambos são descritos genericamente. A chamada não dispõe de mecanismos de medida e controle

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dos resultados. A avaliação que a jurisdicionada afirma ser realizada por meio de relatórios, ‘normalmente’ mensais, é realizada sem parâmetros claros, sem apoio no uso de indicadores adequados e, assim, de maneira subjetiva pelos fiscais.

19. Embora a contratação esteja inserida no âmbito de uma política de extensão rural mais ampla e complexa, ela não está alheia à aplicação das modernas técnicas de administração disponíveis ao gestor para a elaboração de projetos com objetivos, metas e indicadores bem estabelecidos, que possibilitem avaliar o seu andamento, consoante a metodologia estabelecida no ciclo PDCA, apresentado pela jurisdicionada.

20. Todavia, não há na chamada uma estrutura básica de projeto com a possibilidade de definição de metas e objetivos para cada uma delas. Toda a chamada, assim como a argumentação da jurisdicionada, baseia-se em um objeto amplo e abstrato. A afirmação de que o objetivo total é a execução completa do projeto de ATER, de igual maneira ampla e abstrata, aborda o assunto de que se trata, mas não revela os meios pelos quais a administração pretende alcançá-los.

21. Não há resposta sobre que competências devem ser desenvolvidas no âmbito de cada tema, como, por exemplo, o da agroecologia. Não há respostas para que tipo de cultura deveria ser mais apropriada para a região do lote e quais técnicas deveriam ser aplicadas no seu cultivo, assim como a estrutura do mercado local e os meios de inserção e formas de comercialização dos produtos. Ainda que essas não sejam consideradas as questões fundamentais para o alcance do objetivo da chamada pelo MDA, compõem-se amostras de meios de tornar os objetivos mais concretos e palpáveis para a elaboração de projetos e orientar não somente as candidatas à prestação dos serviços, como também o seu público alvo beneficiário, com a devida flexibilidade para a adaptação às necessidades do lote.

22. Não obstante argumente que o formato atual da chamada tenha sido estabelecido com base no Acórdão 2.395/2013 - TCU - Plenário, no que tange à falta de flexibilidade quanto às realidades locais, constatada nas chamadas anteriores, esse fato não pode significar a transferência de responsabilidade total para as contratadas em estabelecer todo o projeto e definir os resultados a serem alcançados, modus operandi que possibilita divergência de visões entre contratada e contratante, potencializa os riscos quanto ao alcance dos resultados da política e fere o disposto nos § § 1º e 2º do art. 54 da Lei 8.666/1993.

23. O estabelecimento de um projeto básico de acordo com o comando do inciso IX do art. 6º da Lei 8.666/1993 para guiar as propostas das candidatas à prestação dos serviços em questão, como abordado acima, não significa tolher a flexibilidade para o atendimento às diferentes realidades locais e regionais, devendo a jurisdicionada propor, em seu projeto, os pontos e aspectos específicos das localidades, que ficarão sob a responsabilidade de diagnóstico e ação da contratada. De igual maneira pode ser a abordagem em relação à condição de recebimento do objeto, estabelecida no inciso XVI do art. 40 da Lei 8.666/1993.

24. Ao contrário do que afirma a jurisdicionada em sua resposta não há na chamada a previsão clara das formas de prestação dos serviços, de maneira a orientar, inclusive, a proposta das postulantes à prestação dos serviços, assim como medir a sua realização e o efetivo alcance dos objetivos, impossibilitando, também, a realização de análises de custo benefício ou a coleta de informações que possa suprir os indicadores de desempenho da política de ATER.

25. Cabe salientar, que, em resposta ao Ofício de Requisição RDI 2-FISCALIS 50/2016-SELOG (peça 25, p. 6), quanto à solicitação de informar as metas e indicadores a serem utilizados para mensurar o atingimento dos resultados obtidos com as contratações realizadas, o MDA informou haver dois indicadores, que são o número de beneficiários atendidos e o número de atividades programadas executadas. São indicadores que em princípio não contribuem para a avaliação dos resultados devido à superficialidade e ausência de correlação com as ações traçadas. A considerar que o número de beneficiários por lote já é definido na chamada, assim como o número possível de atividades realizadas, dado o modelo que já precifica, sequer poderiam ser considerados indicadores.

26. A efeito, não é possível estabelecer que aspectos dos objetivos, ou mesmo quais metas, estariam sendo abordados e atingidos para as atividades contratadas, a exemplo das ‘reuniões de articulação com parceiros’, ‘elaboração do projeto produtivo do/a jovem’, ‘atividades de construção do conhecimento’,

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‘atualização da caracterização das UPF no final do 2º ano e 3º ano’, ‘avaliação e replanejamento 1º e 2º anos’ e ‘avaliação final’ (peça 39, p. 8-10). Daí decorre a impossibilidade de estabelecer a correlação clara entre os objetivos ‘promoção da agroecologia, da sucessão rural e do fortalecimento da agricultura familiar, através da inclusão produtiva, a geração de renda e do acesso às políticas públicas’ (peça 39, p. 6) e essas atividades.

27. Assim, conclui-se pela confirmação integral do achado, quanto à situação encontrada, suas causas e efeitos documentados por esta Selog (peça 50, p. 3-4), de modo que deve ser promovida a audiência dos responsáveis para que se pronunciem sobre a falta de correlação clara entre os objetivos declarados para justificar a contratação e as atividades contratadas.

28. A jurisdicionada deve disponibilizar para as próximas chamadas especificação mínima de projeto, na qual defina e responda às questões fundamentais da contratação, estabelecendo objetivos claros, metas e formas de medição de alcance dos resultados que assegurem a sua correlação com as atividades a serem desenvolvidas, assim como possibilitem a definição de critérios de recebimento do objeto, de forma a possibilitar uma visão clara sobre o sucesso ou insucesso da execução da política.

II - Ausência de orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários.

29. Em sua manifestação quanto ao achado (peça 139, p. 13-14), o MDA afirma que o detalhamento dos custos pode ser obtido a partir de planilha eletrônica, arquivada no DATER/SAF, pormenorizada por lote. Segundo acrescenta, a planilha permite todos os cálculos dos custos, que cobrem todos os itens para o desenvolvimento de atividades de ATER, tais como horas técnicas dos profissionais, custos de combustíveis, deslocamentos, material para participantes, depreciação de equipamentos, assim como os encargos trabalhistas previdenciários, tributos, insumos e utensílios e custos de administração.

30. Argumenta que o demonstrativo apresentado na chamada permite que as concorrentes tomem suas decisões, uma vez que afirma ser perfeitamente possível que calcule a viabilidade do contrato para sua entidade. Acrescenta que a metodologia é aberta, podendo ser solicitada por e-mail divulgado na própria chamada para esclarecimento de dúvidas e frisa, ainda, a existência da Lei de Acesso à Informação como instrumento de respaldo ao conhecimento das informações da chamada.

31. Por fim, informa que em relatório preliminar da CGU realizado em dezembro de 2015, o MDA foi orientado a apresentar, de forma didática e acessível as planilhas de composição de custos, compromisso que afirma ter assumido dentro de cronograma em construção.

Análise 32. A planilha enviada para demonstrar os cálculos referente ao Lote 01, ano 01, possui valores que

não correspondem aos valores publicados na chamada (peça 39, p. 61), com diferença no valor pago pelo serviço na ordem de R$ 6.000,00. Entretanto, outras cinco planilhas solicitadas posteriormente, em contato via correio eletrônico, possuíam valores correspondentes aos publicados na chamada.

33. Embora não estejam englobados no item ‘Outros custos logística’, como se supôs na análise da situação encontrada (peça 50, p. 4), pode-se observar que valores como encargos trabalhistas, 13º salário e um terço de férias, são de fato contabilizados, contudo, sem a devida discriminação, em cálculo único para a remuneração esperada para o profissional. A fórmula é baseada na adição do valor de 72% da remuneração do profissional, que é baseada no salário mínimo. Assim, para profissional de nível superior, o salário estabelecido é de 8,5 vezes o valor do salário mínimo vigente e, sobre esse salário calculado, acrescenta-se 72% do seu valor.

34. Há, também, cálculos para depreciação e manutenção de veículos, cujos valores são padronizados para todos os lotes, assim como para kits de recreação infantil e de eventos para 20 participantes, descritos genericamente, sem indicação dos componentes, para os quais remete ao Relatório de Padronização de Objetos MDA. Não há informações, ao menos explícitas, sobre demais tributos, outros equipamentos ou custos de recursos materiais necessários para o desenvolvimento das atividades técnicas.

35. A planilha, pouco organizada e de parca informação textual, é de difícil legibilidade. Assim como a informação quanto à composição remuneratória e custos decorrentes dos encargos trabalhistas

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necessitaram de maior contato com a equipe do MDA para esclarecimentos, não se pode afirmar que um terceiro não participante da equipe da jurisdicionada seja capaz de extrair todas as informações de que necessita apenas com os arquivos em mãos.

36. Essa forma de disposição das informações, por não discriminar claramente cada custo envolvido nos cálculos do valor envolvido na contratação, representa um descumprimento ao art. 7º, § 2º, inciso II da Lei 8.666/1993, assim como é imperioso salientar que não cumpre, também, com os objetivos da Lei 12.527/2011, a Lei de Acesso à Informação, quanto ao seu objetivo de prover a informação (Lei 12.527, art. 4º, inciso I). Ora, da forma como estão estruturadas, as planilhas representam dados sem o nível adequado de significado, e a Lei trata de assegurar que o cidadão não obtenha apenas os dados e meros documentos, mas a informação em si, com seu completo significado.

37. A documentação apresentada por ocasião do Ofício de Requisição RDI 2-FISCALIS 50/2016-SELOG (peças 28 e 29) para demonstração da metodologia de cálculo está desatualizada em relação à planilha fornecida. Além disso, como bem apontado pela CGU, na recomendação informada pela jurisdicionada em sua resposta, não há uma documentação pormenorizada e didática que auxilie a entendê-la, assim como para entender as planilhas. O risco envolve não apenas as entidades participantes da chamada, mas a própria administração, que, em circunstâncias de rotatividade da equipe, pode perder o conhecimento envolvido.

38. A Lei 12.527/2011 também estabelece, em seu art. 8º, a obrigação aos órgãos, conhecida como transparência ativa, de, in verbis, ‘promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas’. Assim, não pode o gestor optar por divulgar somente parte das informações relevantes à competição e alegar a existência da Lei para transferir sua responsabilidade, ou mesmo atenuá-la, com o argumento de haver meios de ação de terceiros. Deve, sim, agir de modo proativo na elaboração clara da documentação e divulgá-la.

39. Outra questão importante sobre a metodologia de cálculo envolvida é a ausência de estudos técnicos que demonstrem ser esse modelo mais apropriado aos serviços prestados ou mesmo mais econômico para a administração. A alegação da jurisdicionada quanto à não precificação dos serviços junto ao mercado (peça 25, p. 2) de que não há pesquisa de preços devido ao ‘serviço ser único e não disponível no mercado’, pressupõe uma incapacidade do mercado de precificar os serviços que presta, ainda que possam ser inovadores, e também não se apoia em estudos técnicos probatórios. Note-se que, não obstante a afirmação da indisponibilidade do serviço no mercado, a própria jurisdicionada enfatiza ter recebido 142 propostas para os 52 lotes (peça 139, p. 17).

40. A resposta dada à oitiva não esclarece a planilha por completo, limitando-se a informar que nela foram acrescentados comentários para informação ao TCU. De fato, alguns comentários ajudaram a identificação dos cálculos de encargos trabalhistas, entretanto, outras informações não ficam claras, e poderiam ser pormenorizadas na resposta, a exemplo dos cálculos da metodologia de levantamento dos custos de locomoção, assim como a existência ou não de outros custos e com os respectivos detalhamentos.

41. A análise dos efeitos potenciais do achado realizada por esta unidade técnica (peça 50, p. 5) elenca a impossibilidade de atestar que os preços definidos pela contratante são compatíveis com os preços de mercado, riscos de contratações antieconômicas e mesmo de superfaturamento, que nãos são abordados a contento pela jurisdicionada.

42. Indício que corrobora o risco de superfaturamento encontra exemplo, que chama a atenção, no contrato firmado pela vencedora do lote 7 para aluguel dos equipamentos de informática, GPS e máquina fotográfica exigidos na chamada (peça 154, p. 164-166). O valor contratual do aluguel de quatro aparelhos GPS, quatro computadores não especificados em detalhes, duas impressoras e quatro máquinas fotográficas, com pagamento mensal de R$ 4.200,00, que, ao final do prazo de 40 meses estabelecido com pessoa física provedora dos equipamentos, perfaz o total de R$ 168.000,00. Embora o contrato não especifique a configuração dos modelos dos computadores, informa ser baseado na tecnologia ‘core 2 duo’, que não é de última geração. A aquisição de todos os equipamentos pela entidade, incluindo

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modelos mais avançados, poderia ser realizada por valor inferior a R$ 15.000,00, que, usufruindo dos parcelamentos amplamente aceitos no mercado nacional levaria, inclusive, a desembolsos mensais inferiores aos R$ 4.200,00/mês e por tempo inferior.

43. Situação semelhante é a do contrato de aluguel do veículo Chevrolet Montana (peça 154, p. 155-156), também realizado com pessoa física, sem informar detalhes do modelo e o ano de fabricação, no valor de R$ 2.100,00/mês, com valor total de R$ 84.000,00 ao final dos 40 meses do contrato. Se considerar ser este o único veículo apto a realizar os serviços, o valor da unidade zero quilômetros da versão topo da linha custa atualmente R$ 50.119,00. A proposta da contratada informa, ainda, a existência do contrato de três motos (peça 154, p. 106), que, no entanto, constam em branco na documentação (peça 154, p. 157-160). Há contratos realizados em moldes semelhantes por outras candidatas nos variados lotes.

44. Ora, se considerarmos, por um lado, a possibilidade de a contratada ter noção razoável dos preços que pratica na prestação dos serviços da chamada, há riscos concretos de superfaturamento na contratação. Se, contrariamente, considerarmos a impossibilidade de não possuir essa noção quanto aos custos, há o risco concreto de ser levada à impossibilidade de cumprir o contratado com a administração, uma vez que comprometeu percentual considerável do valor do contrato apenas no quesito estrutura. Ambos constituem riscos para os quais a falta de detalhamento adequado dos custos e a falta de estudo técnico sobre a viabilidade do modelo estabelecido em 2010 não possibilitam avaliar com segurança razoável.

45. Deste modo, consideramos que não fica afastada a irregularidade quanto à ausência de orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os custos unitários, assim como a pesquisa de preços referente a todos os itens envolvidos, em descumprimento ao art. 7º, § 2º, inciso II da Lei 8.666/1993. Embora tenha envidado esforços em criar uma metodologia que pudesse atender às necessidades da administração em prover os serviços de ATER, considerando as necessidades de deslocamentos constantes das equipes contratadas, a jurisdicionada não apresenta estudos técnicos preliminares capazes de sustentá-lo como alternativa à disputa de preços, em desacordo com o inciso IV do art. 43 da Lei 8.666/1993 e com os Acórdãos 2.380/2013 - TCU - Plenário e 1.996/2011 - TCU - Plenário, entre outros. Assim, deve ser promovida a audiência dos responsáveis para que se pronunciem quanto a essas questões.

46. Quanto à composição dos custos, a jurisdicionada deve proceder com a sua explicitação detalhada. A planilha atual pode ser utilizada, porém, não deve ser utilizada como o único instrumento de transparência, dada a sua baixa legibilidade. Uma forma razoável seria a disponibilização de uma listagem dos custos, com cada descrição de produto ou serviço a que se refere, após a sua definição.

III - Exigência de ‘infraestrutura física’ (escritório, veículos, equipamentos) e de equipe técnica já contratada como critérios de habilitação técnica com caráter eliminatório.

47. O MDA afirma (peça 139, p. 15-18) que ‘a infraestrutura física é um item do credenciamento das entidades e, portanto, não é estranho às mesmas e à chamada pública’. Acrescenta que, no processo de credenciamento, a entidade de ATER deve demonstrar que possui os requisitos mínimos, tais como estar constituída há pelo menos cinco anos, possuir equipe multidisciplinar e possuir base geográfica no Estado em que solicitar o credenciamento. E, adicionalmente, que, segundo o Decreto 7.215/2010, a entidade deverá possuir infraestrutura e capacidade operacional adequadas para executar os serviços de ATER.

48. Assevera que ‘a chamada é clara ao dizer que os veículos, equipamentos e escritório devem ser apresentados e que há quantitativos ‘mínimos’, ou seja, quem não apresentar ou apresentar aquém do exigido será desclassificado’. E afirma que sem a estrutura disponível a entidade não possui condições para a prestação dos serviços contratados na qualidade exigida.

49. Segundo o MDA, ‘sem a existência de uma sede na região onde os serviços são prestados, dificulta-se a comprovação, por parte das entidades, de que estas possuem vínculos e conhecimentos adequados e suficientes sobre os territórios em que deverão atuar’, concluindo ser fundamental o vínculo do extensionista com o território. Entretanto, posteriormente afirma que a exigência não implica posse imediata dos bens, sendo aceitos contratos de aluguel ou termos de cessão de bens e imóveis.

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50. E defende que ‘num contexto de concorrência por critério técnico uma das grandes

preocupações envolve justamente que a contratada execute as atividades. Assim, a proposta mais ‘vantajosa’ para administração, se não há custos envolvidos, precisa ter critérios mínimos de execução e de conceitos. Nesse ponto, ‘vantajosa’ é a proposta que demonstra ter condições materiais, humanas e metodológicas de executar as atividades previstas na chamada (e no contrato), dentro dos custos propostos e visando o atingimento do objeto. Cabe dizer que a chamada pública 02/2015 apresentou 142 propostas técnica para 52 lotes’.

51. Quanto à composição das equipes, assegura que a chamada não exige equipe técnica já contratada. O que exige, segundo o MDA, é o perfil dos técnicos e currículo dos coordenadores (quando houver) [sic] e os técnicos seriam apresentados após a contratação. Como documento probatório, anexa o Ofício Circular 01/2016/DATER/SAF (peça 159), no qual convoca as vencedoras a apresentarem os currículos dos técnicos conforme ficha submetida ao processo de seleção.

Análise 52. Conquanto afirme (peça 139, p. 17) que a experiência da entidade prestadora dos serviços de

ATER na região seja fundamental e que o fator probatório dessa experiência seja a infraestrutura da contratada estabelecida na região contrapõe-se a esse argumento a existência de casos em que contratos de aluguel de imóvel para estabelecimento de escritório foram realizados após a publicação da chamada. Um exemplo é o da AGRIMA, que, para concorrer ao Lote 07, realizou contrato de locação de imóvel em três de maio de 2015 no Município de Santa Quitéria, para atender ao requisito de possuir sede em município componente do lote (peça 154, p. 161-163).

53. Ora, o estabelecimento da sede em data recentíssima em Município do lote não pode constituir prova alguma, senão a de não haver qualquer vínculo anterior por esse meio. A questão remete à situação da EMATER de Rondônia, órgão estatal constituído há décadas para prestação de serviços de ATER no âmbito daquele estado, eliminada por ter apresentado apenas documento de guarda e responsabilidade do imóvel no lote 02, para o qual concorria (peça 49, p. 4). Assim, fica prejudicado o argumento que apela para a essencialidade da sede da entidade como prova de vínculo com a região.

54. A casualidade do estabelecimento de sede no lote 07 fica evidenciada pelos contratos de aluguel de veículo (peça 154, p. 155-156) e dos equipamentos de informática (peça 154, p. 164-166) anexados à documentação que compõe a proposta da vencedora do lote 7, enviada ao MDA para participação da chamada. O contrato de informática realizado pela referida entidade em cinco de junho de 2015 tem como objeto exatamente os equipamentos exigidos no edital da chamada, na quantidade e no mesmo prazo de duração do contrato nela previsto, quarenta meses, como já citado anteriormente.

55. Assim, fica demonstrado que para efeito de avaliação das questões a que se propõe, qual seja, a garantia de uma prestação de serviço com a estrutura adequada, o critério é inócuo. Ainda que argumente se basear no inciso III do art. 6º do Decreto 7.215/2010, que define que a qualidade técnica da proposta deverá compreender, entre outros, os recursos materiais a serem utilizados nos trabalhos, a administração possui meios de assegurá-los para a realização da contratação, sem incluí-los em etapa de habilitação, bastando deixar clara a sua obrigatoriedade para a posterior contratação, de acordo com o § 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993.

56. Embora afirme, em princípio, contraditoriamente ao próprio discurso de que a disposição da sede não seja imediata, a sua exigência para a seleção, constituindo item de pontuação bem como eliminatório, afronta a Súmula 272 desta Corte de Contas, que, in verbis, afirma ‘No edital de licitação, é vedada a inclusão de exigências de habilitação e de quesitos de pontuação técnica para cujo atendimento os licitantes tenham de incorrer em custos que não sejam necessários anteriormente à celebração do contrato’, assim como o disposto no art. 30 da Lei 8.666/1993.

57. Além de não constituir critério efetivo para a seleção da proposta mais vantajosa, a forma de cobrança do critério de infraestrutura, na prática, influenciou negativamente o resultado de diversos lotes do certame. O fato de o item agregar pontuação às propostas, além de constituir exigência mínima de habilitação, influenciou o resultado do lote 7, no qual a AGRIMA, instituição que não comprovou experiência em projetos de ATER, sagrou-se vencedora. Caso a entidade INAPEM assumisse o encargo

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de estabelecer contrato dos veículos, nos moldes da AGRIMA, obteria 20 pontos adicionais, que a fariam não só alcançar a pontuação mínima, como alcançar a marca de 515 pontos, superior, portanto, à da declarada vencedora, que, para alcançar os 507,5 pontos obtidos na avaliação, apresentou contratos com claros indícios de sobrepreço.

58. Aqui, nota-se um efeito ocasionado pelo fato de, além de eliminatório, ser critério de pontuação. Caso não fosse critério, a composição de pontuação das entidades, assim como a pontuação mínima, seria diversa da que efetivamente fora apurada. Entretanto, o seu real impacto quanto ao somatório das pontuações não pode ser avaliado em plenitude, uma vez que diversas entidades não tiveram qualquer pontuação computada devido à sua pronta eliminação por não tê-lo cumprido, o mesmo ocorrendo em relação ao perfil das equipes técnicas (e.g. peça 157, p. 9).

59. Assim como constatado na descrição do achado realizada por esta unidade técnica (peça 50, p. 5-6), o referido critério levou à eliminação de entidades nos lotes 2, 4, 12, 41 e 44, nos quais não houve vencedor declarado. E, de mesmo modo, eliminou candidatas para os lotes 5 e 28, constituindo caso mais grave, uma vez que as eliminadas haviam sido classificadas em primeiro lugar, implicando em inversão dos resultados.

60. Todos esses casos demonstram a grave influência de um critério já vedado pela legislação, assim como por esta Corte de Contas, como já mencionado. Há real possibilidade de direcionamento do certame, de modo que faz-se necessária a promoção da audiência dos responsáveis para que se pronunciem quanto a essa questão.

61. Quanto à exigência da equipe técnica, requerer tal detalhamento do perfil dos técnicos por meio de fichas (peça 39, p. 475), ainda que sem a respectiva identificação nominal, obrigará, na prática, que as concorrentes preestabeleçam compromissos com os profissionais disponíveis no mercado, realizando seleções e comprometendo profissionais que inclusive poderiam estar disponíveis para serem contratados, efetivamente, pela vencedora do certame, além de não possuir nenhuma base legal. Ao contrário, a exigência resta desconforme com o § 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993, de modo que não consideramos afastada a irregularidade.

62. Considerando a exigência de vínculo com as comunidades, a quantidade de profissionais disponíveis no mercado local pode inviabilizar a formulação de propostas por um número maior de concorrentes. Talvez por esse motivo tenha havido eliminações de proponentes que não apresentaram o quantitativo mínimo de perfis em suas respectivas propostas, a exemplo do lote 8 (peça 157, p. 9).

63. Na prática, a exigência pode levar a uma restrição na disponibilidade de profissionais no mercado e aumentar o risco de impedir a Administração de contratar a proposta metodológica mais adequada às suas necessidades.

64. Cabe salientar, ainda, que o formulário utilizado para avaliação dos perfis dos técnicos não impede que qualquer proponente tenha de fato, no instante de sua submissão, qualquer compromisso com a veracidade da disponibilidade do profissional, haja vista ser uma exigência meramente protocolar, podendo constituir critério inócuo para a seleção.

65. Assim, a jurisdicionada deve definir meios para que nas futuras contratações estabeleça exigências críveis, que não potencializem restrições ao mercado, para que possam efetuar a contratação da melhor proposta técnica com os profissionais adequados.

IV - Exigência de percentual de jovens e mulheres na composição das equipes técnicas sem base legal.

66. Segundo afirma o MDA, não há teor discriminatório, apenas técnico, quanto a essa exigência e que o entendimento, tomado de forma descontextualizada, tem potencial de ser prejudicial à administração e à política de ATER.

67. Argumenta que o inciso V do art. 3º da Lei 12.188/2010 e o Decreto 7.794/2012 embasam a exigência. Aduz que a igualdade jurídica se relaciona com isonomia, para o qual deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, como analisado pelo STF no julgamento da ADPF 186.

68. Considera a exigência como a mais coerente com o atendimento de jovens e mulheres, por haver maior oportunidade de empatia e proximidade com o público. Acrescenta que a sensibilidade no

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tratamento das particularidades do público da chamada será maior se parte da equipe técnica for formada por jovens. De mesmo modo, o tratamento a jovens mulheres será melhor contemplado se for prestado por jovens mulheres.

69. Defende que deve haver um entendimento mais amplo ao item (sic) III do art. 6º do Decreto 7.215/2010, referente à ‘qualificação das equipes técnicas’, termo que destaca (peça 139, p. 19). Segundo assevera, a referida qualificação não deve ser entendida apenas como formação técnica acadêmica ou experiência, mas também como aspectos de gênero e geração nessa chamada pública.

Análise 70. Inicialmente, cabe destacar que a jurisdicionada não traz qualquer trabalho técnico ou científico

que demonstre a validade do argumento de que jovens são melhor atendidos por jovens e mulheres são melhor atendidas por mulheres e tampouco se baseia em lei válida sobre o assunto, senão vejamos.

71. O fundamento legal trazido pela jurisdicionada para embasar sua decisão, o artigo 3º da Lei 12.188/2010, tem base principiológica. O artigo lista os princípios da PnateR, entre os quais consta, em seu inciso V, a ‘equidade nas relações de gênero, geração, raça e etnia’. Com base nesse princípio, e no julgamento da ADPF 186, que trata das cotas raciais no âmbito das universidades públicas, defende a interpretação dos dispositivos legais no sentido de poder impor às prestadoras de serviço a contratação dos profissionais segundo essa diretriz.

72. O julgamento em questão refere-se à validade da Lei 12.711/2012, que trata direta e especificamente da política pública que estabelece sistema de cotas para acesso à educação superior e técnico no âmbito federal das instituições federais de ensino. No cerne da questão encontrava-se o princípio da igualdade que, no caso, considerava-se afetado pelas dificuldades de acesso ao ensino por parcela da população, motivo pelo qual as medidas de reserva de vagas foram consideradas legítimas para a promoção da isonomia e, portanto, válidas e legais.

73. Todavia, a política de ATER tem como objetivo o atendimento da população rural no que concerne à assistência técnica rural. E em virtude dos princípios elencados no art. 3º da Lei 12.188/2010 é possível direcionar a política para o atendimento de públicos específicos, como faz a chamada 02/2015. Entretanto, há clara confusão quanto aos conceitos envolvidos, ao objeto e aos limites da lei.

74. A Lei 12.188/2010, instituidora da política, não regulamenta o mercado de ATER, ou mesmo estabelece qualquer tipo de cota para o acesso ao mercado, motivo pelo qual não pode a chamada estabelecer qualquer tipo de exigência quanto à composição do particular prestador dos serviços, em termos de sexo, idade, cor, raça, ou de qualquer outra natureza. Portanto, não se pode utilizar um princípio norteador de política pública, que visa o atendimento técnico pelo Estado a uma dada população, para justificar qualquer interpretação quanto a temas que são objeto de legislações específicas, como a das relações do mercado de trabalho.

75. Afinal, a considerar a hipótese contrária, defendida pela jurisdicionada, há ainda que se lembrar de fundamentos básicos e comezinhos do Direito quanto à resolução de conflito entre normas, para os quais uma lei tão geral quanto a que elenca princípios não pode se sobrepor a leis específicas. Entretanto, o caso não trata de conflito entre quaisquer normativos, mas de interpretação descabida que, ao fim e ao cabo, conduziria a uma situação de insegurança jurídica, uma vez que, com base na lógica defendida pela jurisdicionada, um dispositivo legal qualquer poderia ser aplicado a qualquer situação de qualquer área, de forma casuística, não importando o objeto para o qual a Lei fora instituída.

76. Uma interpretação tão extensiva é desarrazoada, desproporcional e, de fato, discriminatória, ao infringir o art. 3º, inciso IV e o art. 5º, caput da Constituição Federal de 1988 e o Decreto-lei 5.452/1943, art. 373-A. Afirmar que a constatação quanto ao teor discriminatório das exigências coloca a política em risco é uma inversão lógica de valores. O que de fato coloca a política em risco não é a constatação em si, mas a forma da condução da contratação, que não guarda as proporções com a lei e com o devido zelo pelos recursos empreendidos, não só nesse aspecto, mas em todos os outros elencados no processo de inspeção realizada.

77. Não obstante a forma e as justificativas inadequadas utilizadas pela jurisdicionada para realizar a exigência habilitatória das contratadas que além de não se apoiar em bases legais, fundamentam-se em

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conceitos de cunho estático e generalizador, admite-se que a necessidade de atendimento a caraterísticas intrínsecas ao público pode, em situações concretas específicas, necessitar de perfis igualmente específicos para os quais somente certos profissionais disponíveis no mercado se adequariam. Entretanto, há alternativas capazes de, dentro da lei, fazer atendê-las, a exemplo da ponderação de maior pontuação para os quesitos de experiência da entidade em relação a determinadas abordagens.

78. Assim, a jurisdicionada deve nas próximas contratações estudar alternativas quanto a esse aspecto, como, por exemplo, atribuir maior peso de experiência às abordagens que considerar mais sensíveis ou mesmo explicitando em edital a possibilidade de existência desses casos, para que incentivem as contratadas a compor sua equipe da maneira que melhor atenda à comunidade, sem, no entanto, estabelecer restrições ou cotas de idade, cor, sexo, raça ou qualquer outra, por não se basearem em qualquer legislação vigente no ordenamento jurídico do país.

V - Ausência de critérios objetivos para avaliação de itens da proposta técnica considerados relevantes pela contratante no julgamento das propostas.

79. A resposta da jurisdicionada (peça 139, p. 19-20) é, na íntegra, como segue: 80. ‘Não procede a constatação de que há ausência de amparo legal de critérios objetivos para

avaliação de itens da proposta técnica considerados relevantes pela contratante no julgamento das propostas, tendo em vista que todos os itens para avaliação da proposta técnica, estão fundamentados no art. 6° do Decreto 7.251/2010. Em especial o Bloco II segue os princípios e objetivos da PnateR, conforme preceitua art. 3º e 4° da Lei 12.188/2010, respectivamente.

81. O julgamento das propostas se faz a partir dos blocos (anexo IX da chamada), e a Câmara Técnica utiliza-se de planilhas para análise que apresentamos no anexo 7. Nessas planilhas, em especial no Bloco II, os analistas apontam apenas se os elementos do roteiro das propostas e seus conteúdos foram apresentados, em um modelo ‘sim’ ou ‘não’. Portanto, não é analisado o mérito da metodologia ou de seus conceitos, apenas se a proposta trouxe a metodologia que será utilizada (em itens bem definidos). Elimina-se ao máximo o caráter subjetivo.’

Análise 82. A jurisdicionada alega que não há que se falar em ‘ausência de amparo legal de critérios

técnicos’ [sic], por estarem fundamentados no art. 6º do Decreto 7.215/2010. Entretanto, o problema constatado pela equipe de auditoria não foi esse, mas justamente o contrário, de que o processo de avaliação das propostas da Chamada 02/2015 ressentiu-se da falta de critérios objetivos, tal como determina o inciso VII do art. 40 da Lei 8.666/1993.

83. A afirmação de que os analistas respondem apenas ‘sim’ ou ‘não’ para a apresentação de metodologia, sem avaliar o seu mérito encontra contraditório no item 14.1.2 da chamada (peça 39, p. 22), que se refere à qualidade da proposta técnica, e no próprio quadro do anexo IX (peça 39, p. 477), apontado pelo MDA na resposta à oitiva como balizador da avaliação. Ao compulsar o quadro do bloco II, observa-se o termo ‘Demonstração do conhecimento’, na coluna ‘critério’, referente à ‘Demonstração de conhecimento da realidade local e dos problemas a serem enfrentados para autonomia da juventude rural’, que ensejam não apenas a avaliação de sim/não para a mera apresentação de documento com metodologia, mas de uma avaliação contundente do conteúdo do documento apresentado.

84. O mesmo é observado em relação ao item seguinte, sobre ‘Demonstração da capacidade de atendimento aos princípios instituídos na Política Nacional de ATER...’. Apesar de o formato sim/não ser positivo no sentido de não haver subjetividade quanto à gradação da pontuação, pois permite auferir somente pontuação máxima ou mínima, a análise de seu atendimento exige uma avaliação interpretativa.

85. Essa avaliação deve, em princípio, ser baseada nos critérios definidos no item 12 da chamada (peça 39, p. 18), para os quais não há elementos objetivos suficientes, como foi constatado por esta unidade técnica ao analisar as respostas fornecidas pela jurisdicionada às indagações feitas por meio do ofício de requisição encaminhado durante a inspeção realizada no órgão (peça 50, p. 7-9).

86. Assim, tem-se potencial risco de ocorrer aplicação divergente de critérios de avaliação das propostas técnicas por distintas duplas de componentes da ‘Câmara Técnica’, com potencial restrição ao caráter competitivo do certame, ou mesmo o seu direcionamento. Ademais, permanecem válidas todas as

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observações feitas quanto à análise do achado na instrução anterior (peça 50, p. 7-9).

87. Para solucionar a questão, a jurisdicionada deverá detalhar os conceitos envolvidos que fundamentem os critérios de avaliação de suas chamadas, explicitando os aspectos que deseja serem abordados, para que as proponentes e as equipes técnicas avaliadoras possam ter clareza de como devem ser refletidas nas propostas.

VI - Ausência de amparo legal para a fixação do prazo de vigência contratual em 40 meses, sendo que somente é prevista a execução de atividades durante o período de trinta e seis meses.

88. Afirma que o prazo estabelecido no contrato abrange todas as obrigações envolvidas, tanto de execução dos serviços, previstos para 36 meses, quanto para a fiscalização e pagamento, pela Administração, previstos para 04 meses.

89. Segundo alega, a consultoria jurídica daquele ministério indica que não pode ser feito o pagamento fora do prazo da vigência contratual, motivo pelo qual o prazo do contrato deve ser maior do que o prazo previsto para prestação dos serviços pelo contratado. Decorre daí a previsão a maior do prazo de vigência contratual, dimensionado de maneira a contemplar o tempo necessário à realização das atividades burocráticas.

Análise 90. Embora alegue ter sido sugestão do jurídico, não fora apresentado nenhum fundamento legal

para tal medida. O prazo de quatro meses é estabelecido em estimativa vaga e de forma arbitrária, sem precisar um cronograma para a realização das atividades administrativas relativas à fiscalização dos serviços, recebimento do objeto, entre outras.

91. A considerar o início dos projetos previstos para o início de 2016, o prazo de 36 meses deveria ser concluído ao final de 2018. Entretanto, o prazo de quatro meses adicionais faria com que o contrato extrapolasse o exercício de modo a extrapolar a vigência dos créditos orçamentários vigentes, podendo levar à infração da Lei 8.666/1993, art. 7º, § 2º, inciso III e art. 57, incorrendo em riscos de inscrições em restos a pagar, independentemente da conclusão do contrato.

92. Todavia, ao compulsar documentação referente à verificação de adequação orçamentária (peça 47), nota-se que todo o valor dos contratos envolvidos está refletido na LOA vigente no primeiro ano do contrato, o que suscita a possibilidade de distorção de informações quanto aos valores empenhados e pagos em relação ao previsto no respectivo crédito orçamentário, que, por abranger todo o valor do contrato será sempre maior que o empenhado ao final do exercício. Assim, a questão que fica é sobre a realização dos pagamentos dos serviços que serão prestados nos exercícios seguintes. Como a totalidade dos créditos orçamentários fora prevista na LOA do primeiro ano do contrato, os pagamentos dos anos seguintes estarão regidos pelo mecanismo de restos a pagar, o que pode levar, inclusive, ao não cumprimento das obrigações dentro da vigência do contrato, mesmo com um prazo maior de duração do contrato em relação ao prazo da prestação dos serviços, o que prejudica a justificativa do MDA.

93. Essa forma de implementação é nociva à Administração e viola o princípio da anualidade dos créditos orçamentários, como já constatado por esta Corte de Contas no Acórdão 2.823/2015 - Plenário.

94. Assim, a jurisdicionada deve estabelecer procedimento adequado quanto ao planejamento de sua proposta orçamentária em relação à duração dos contratos de ATER. De mesmo modo, deve estabelecer prazos e cronograma criteriosos e claros para as atividades das contratadas, suas atividades administrativas complementares, necessárias ao ateste e recebimento do objeto, observando a necessidade de evitar a extrapolação do prazo de vigência dos créditos orçamentários, sob o risco de acúmulo e uso indevido de restos a pagar.

95. VII - Entidade declarada vencedora no lote 7 e contratada pelo MDA, conquanto esteja credenciada como executora do Pronater, não foi capaz de comprovar que detém capacidade técnica em ATER, fato que além de indicar possível fragilidade no processo de credenciamento constitui indício de haver ocorrido direcionamento no certame.

96. Alega que não procede a constatação, de modo que explica: 97. ‘Importante se faz esclarecer que, o Bloco I versa sobre ‘experiência da entidade em ATER com

juventude, e com enfoque agroecológico nos últimos 8 anos’ (grifo nosso) e não sobre capacidade técnica

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em ATER, que são aspectos distintos. A entidade pode muito bem exercer atividades em ATER de forma comprovada, como o fez no credenciamento, e não se encaixar em itens relativos a experiência em temáticas específicas que são pontuáveis no Bloco I, o que faz com que uma entidade pontue mais que a outra.

98. Observa-se que falamos de experiência em agroecologia (temática especifica) e não em ATER de forma geral. Além disso, há quesitos específicos e formas de comprovação. No caso específico, a AGRIMA apresentou documentos nesse bloco I, mas os analistas da Câmara Técnica não os habilitaram para pontuação. A concorrente só apresentou declarações de serviços de ATER com prefeituras municipais e entidades privadas, o que não se inclui nos itens pontuáveis da chamada no Bloco I (essa mesma declaração é aceita no credenciamento), conforme consta no anexo 8. A chamada não define pontuação mínima no bloco I, e a entidade conseguiu pontuação mínima no somatório dos outros dois blocos.

99. O bloco I contém elementos de pontuação classificatório, e não eliminatórios (item 14.2), por isso a concorrente não foi eliminada. Ademais, a mesma não obteve pontuação zero por não tem experiência em ATER de forma geral, mas porque para efeitos da pontuação da chamada a documentação apresentada na proposta não era prevista como hábil. Em outros lotes (tais como 29 e 45) houve entidades que também tiveram pontuação zerada nesse bloco I, mas que foram desclassificadas por outros motivos e não exatamente por essa condicionante.’

Análise 100. Ainda que afirme que as eliminadas que não comprovaram experiência o foram por outros

motivos, ao compulsar a ficha técnica de avaliação do lote 45 pode-se observar que, entre outros motivos, a entidade PLANAJAN também o fora por motivo de não comprovação de experiência de acordo com o Bloco I (peça 44, p. 22). Ao analisar o campo ‘Motivos para eliminação’, a análise do item 11.2 pode-se ler: ‘NÃO apresenta tabela com as informações de experiência da entidade nem seus respectivos comprovantes conforme anexo IX Bloco 1 (ELIMINA);’.

101. Já em relação à entidade COOTRAF, concorrente do lote 29, pode-se observar o registro da não comprovação de experiência em ATER no campo ‘Observações da comissão de análise’, que cita: ‘A entidade não apresentou a comprovação de experiência em Ater’, registro não realizado, por exemplo, para o caso da vencedora do lote 7 (peça 43, p. 18). Já como motivo para a eliminação (peça 48, p. 20) informou o seguinte: ‘A entidade não apresentou a comprovação de experiência em Ater e a entidade não atingiu a pontuação mínima descrita na chamada’.

102. Os registros realizados de maneiras diferentes são registrados por diferentes equipes da câmara técnica, o que indica aplicação divergente de critérios de avaliação das propostas técnicas por distintas duplas de componentes da ‘Câmara Técnica’, como já salientado em instrução pretérita (peça 50, p. 10).

103. A considerar, como afirma o MDA, que o bloco I não constitui critério eliminatório, mas apenas classificatório, resta analisar quais seriam, de fato, os critérios eliminatórios estabelecidos na chamada. Consta no item 14.1.2 da chamada (peça 39, p. 22) a ‘Etapa II: Análise Técnica (classificatória e eliminatória)’, considerada etapa de caráter eliminatório e classificatório, o subitem ‘Experiência da entidade na execução de atividades de ATER com o objeto desta chamada de ATER (Bloco 1)’. Há, também, um ‘quadro alerta’ intitulado ‘Serão eliminadas as propostas que’ (peça 44, p. 22), composto por uma lista com condições de eliminação. Porém, há itens genéricos como ‘Não obedecerem as exigências previstas nesta Chamada Pública’, o que faz não ficar claro se os itens são complementares aos outros estabelecidos em outras partes da chamada, a exemplo do subitem 14.1.2, ou se seriam eles os únicos critérios de eliminação, motivo que pode induzir a erro e indicar a diferença de critério adotado pelas duplas avaliadoras.

104. Embora haja registro de que houve situações em que o critério tenha sido considerado eliminatório pelas equipes técnicas, não restou comprovado que tenha sido o motivo determinante da eliminação, razão pela qual fica afastada a irregularidade quanto a este item.

105. Entretanto, a jurisdicionada deve manter edital com regras claras e objetivas, de modo a padronizar a atuação das câmaras técnicas e garantir aplicação homogênea dos critérios a todas as

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entidades concorrentes.

VIII - Outras constatações. 106. A seguir, seguem as respostas para os achados que não foram detalhadamente analisados na

instrução anterior (peça 50, p. 11-12). a) autorização de início do procedimento licitatório foi efetuada pelo próprio requisitante da

contratação, contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso I, da Lei 8.666/1993 e o princípio da segregação de funções, além de configurar a prática de atos administrativos com vício de competência (Nota Técnica, de 23/4/2015, e Memorando 121/2015/DATER/SAF, de 23/4/2015, e-mail do requisitante endereçado aos advogados da Assessoria Jurídica - peça 41);

107. Afirma, in verbis, que ‘o Memorando 121/2015/DATER/SAF não é uma autorização para abertura de procedimento licitatório e o encaminhamento para análise e manifestação da Consultoria Jurídica desse Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA quanto a legalidade do ato [sic]. No mesmo padrão é o e-mail de 23/04. Em ambos não há a pretensão de se autorizar o processo. A nota técnica foi assinada pelo então Diretor substituto e Coordenador-Geral de Fomento do DATER/SAF a quem cabe elaborar a chamada pública no âmbito da SAF. Já a chamada pública, por sinal uma dispensa de licitação, é assinada pelo Secretário de Agricultura Familiar, publicada no Diário Oficial da União. Por sinal, cada processo de contratação, quando já definido o vencedor da chamada pública recebe a autorização para dispensa de licitação e sua ratificação.’

Análise 108. Embora afirme que o Memorando 121/2015/DATER/SAF não constitua autorização para a

abertura do procedimento licitatório, não foi possível identificar durante a inspeção documento hábil formalmente instituído de acordo como o art. 7º, § 2º, inciso I, da Lei 8.666/1993.

109. A documentação que remete à análise da justificativa para realização do procedimento, assim como sua adequação orçamentária constam da Nota Técnica e do referido Memorando, que de fato, faz a solicitação de abertura e tramitação do processo da chamada, ambos assinados pelo senhor Everton Augusto Paiva Ferreira, Coordenador-Geral, configurando, portanto, violação ao princípio da segregação de funções. Para a realização desse processo, estando no exercício da função de Diretor, deveria se abster de exercer as funções de Coordenador-Geral, convocando, assim, o Coordenador-Geral substituto. Desse modo, a jurisdicionada deve ser cientificada da impropriedade.

b) definição do valor da contratação e definição do índice de reajuste a ser aplicado aos contratos baseados em documentos sem assinatura ou identificação de forma, os quais não se encontram inseridos no devido processo administrativo, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 (peça 39 - Edital, peça 25, p. 1-2, e peça 28);

110. ‘O demonstrativo da composição do valor de contratação consta do processo administrativo (fls. 33 - 37 do processo 55000.000908/2015-08) e os valores de cada um dos 52 lotes consta na chamada pública.

111. O uso de indicadores para reajuste de contratos foi um procedimento pós elaboração da chamada pública, quando esse tornou-se aprovado pela Consultoria Jurídica do MDA, conforme anexo 9. Em cada processo de contrato consta cópia de nota técnica devidamente assinada pela Coordenação Geral de Fomento do DATER/SAF.’

Análise 112. Embora afirme que a definição do uso de indicadores tenha sido resultado de procedimento

realizado após a elaboração da chamada pública, não há justificativa para que a documentação utilizada para embasá-los e/ou defini-los não estejam revestidas das formas adequadas ao processo administrativo, estando em desacordo com o art. 4º, parágrafo único da Lei 8.666/1993.

113. Assim, deve ser emitida ciência da irregularidade a fim de que se evite a sua ocorrência em outros certames semelhantes.

c) ausência de divulgação no edital de previsão de reajuste de preços, contrariando o disposto no art. 3º, art. 38, parágrafo único, e art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993, não restando claro qual será a base de cálculo para reajuste dos contratos;

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114. Alega que ‘o reajuste de preços já está previsto nos contratos de ATER. Portanto, o MDA já

está cumprindo com a exigência do art. 55, III da Lei 8.666/93’. Análise 115. A jurisdicionada parece contentar-se com o cumprimento parcial da legislação, como se

houvesse opção por qual dispositivo cumprir. Ora, a ausência de informações no edital compromete a transparência do processo, fere os princípios de publicidade e igualdade insculpidos no art. 3º da Lei 8.666/1993 e pode gerar assimetria de informação entre os possíveis interessados em participar da chamada, aspecto que pode ter influenciado para o não comparecimento de concorrentes para 4 lotes do certame. Não é sem razão que a Lei 8.666/1993 exige a publicação em edital do critério de reajuste, conforme o inciso XI do art. 40. A própria ausência da minuta do contrato no edital demonstra que o critério de reajuste não contou com prévia aprovação pela assessoria jurídica, o que está em desacordo com o art. 38, parágrafo único, da Lei Geral de Licitações.

116. Assim, deve ser emitida ciência da irregularidade a fim de que se evite a sua ocorrência em outros certames semelhantes.

d) ausência de publicação da minuta do contrato no edital do certame, contrariando o disposto no art. 3º e art. 40, § 2º, inciso III, da Lei 8.666/1993 (peça 39);

117. Afirma que ‘tal procedimento será tomado nas próximas chamadas públicas por parte do Ministério do Desenvolvimento Agrário’.

Análise 118. Além de ferir os princípios de publicidade e igualdade insculpidos no art. 3º da Lei

8.666/1993, a ausência de minuta do contrato em edital está em desacordo com o art. 40, § 2º, inciso III, da Lei 8.666/1993. Desse modo, deve ser emitida ciência da irregularidade à unidade jurisdicionada a fim de que se evite a sua ocorrência em outros certames semelhantes.

e) indicação no edital e nos contratos de rubrica orçamentária em desacordo com objeto da licitação, com indicação de códigos diferentes do que consta nos respectivos instrumentos legais (LOA e PPA), contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso III, e art. 14 da Lei 8.666/1993 (peça 39, p. 7 e ‘Informe Técnico’, peça 47);

119. ‘Realmente na chamada pública 02/2015 há um erro material, citando Programa e ação orçamentária no padrão usado para serviços de ATER até 2012. Atualmente as ações de ATER constam na ação orçamentária 2100 que sucedeu o antigo código. Por sinal, foi nessa ação orçamentária 2100 que os contratos foram empenhados de forma correta. Assim, não que a rubrica orçamentária esteja em desacordo com o objeto, mas que essa foi feita utilizando código orçamentário antigo. O processo de contratação corrigiu isso e não houve prejuízo ao procedimento’.

Análise 120. Como consta na descrição do achado, a impropriedade quanto à rubrica orçamentária está em

desacordo com o disposto no art. 7º, § 2º, inciso III, e art. 14 da Lei 8.666/1993, motivo pelo qual deverá ser corrigida nas próximas chamadas, conforme reconhecido pela jurisdicionada em sua resposta. Desse modo, deve ser dada ciência da irregularidade à entidade contratante a fim de que se evite a sua recalcitrância em certames vindouros.

f) falta de assinatura em documentos necessários à ratificação da dispensa de licitação e da adequação das despesas à LOA e sua adequação à LDO e PPA, contrariando o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 (peça 46);

121. ‘No processo 55000.002253/2015-02 realmente faltou a assinatura de ratificação do Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração (fl. 228 do processo). Contudo, no mesmo documento o Coordenador-Geral de Administração e Recursos Humanos assinou a dispensa e essa foi publicada em 24/12/2015 (fl. 229 do processo) no Diário Oficial da União. Realmente houve um erro material quanto a não assinatura. Nessa data, o Subsecretário assinou a ratificação, convalidando os atos praticados. Contudo, essa prática já é adotada por esse Ministério. O caso apontado se constituiu um caso isolado’.

Análise

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122. Como consta na descrição do achado, a impropriedade quanto à falta de assinatura dos

referidos documentos está em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único da Lei 8.666/1993, motivo pelo qual deverá ser objeto de ciência ao órgão contratante a fim de que seja corrigida nas próximas chamadas, conforme reconhecido pela jurisdicionada em sua resposta.

g) insuficiência de indicadores de desempenho para aferir o atingimento dos resultados na solução contratada na fase de acompanhamento da execução do contrato, tendo em vista que foram estabelecidos apenas dois indicadores, a saber 1) número de beneficiários e 2) número de atividades programadas executadas, em desacordo com o disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993 (peça 25, p. 6);

123. Afirma, in verbis, que ‘o MDA vem trabalhando no sentido de desenvolver método próprio para avaliação finalística de suas políticas públicas, em especial do impacto dessas junto ao beneficiário quanto ao desenvolvimento sustentável. Contudo, essa definição não é restrita ou exclusiva das ações de ATER. Esse desenvolvimento vem sendo acompanhado pela Secex ambiental quanto ao cumprimento do Acórdão 2395/2013 - TCU - Plenário - TC-016.398/2012-2. No anexo 3 dessa Manifestação consta o material que já está sendo trabalhado pelo MDA para esse fim.

124. Cabe salientar que cada contrato da chamada pública possui um fiscal titular e um suplente nomeado via Ordem de Serviço. O fiscal sempre é um servidor do MDA, em sua maioria, servidores concursados e lotados nas Delegacias Federais do Desenvolvimento Agrário nos estados. O monitoramento e fiscalização obedecem ao ‘Manual de Acompanhamento dos Contratos de ATER’ instituído pela Portaria MDA nº 127/2012, que consta no anexo 10. Todas as atividades são acompanhadas pelo sistema ‘SIATER’ e os fiscais são responsáveis pela aprovação de cada em cada atividade antes do pagamento [sic]. Há também previsão de fiscalização amostral ‘in loco’ e em atividades coletivas. Todas as alterações contratuais são previamente analisadas e aprovadas pelo fiscal. Todas as atividades devem ter coerência com a chamada pública, a proposta aprovada e classificada em 1° lugar e com o contrato’.

Análise 125. A questão dos indicadores fora abordada anteriormente em relação ao item I, referente à falta

de correlação clara entre os objetivos declarados para justificar a contratação e as atividades contratadas. 126. A quantidade e a qualidade dos indicadores estão diretamente relacionadas ao planejamento da

contratação, que por falta de diretrizes claras, com o estabelecimento de metas, foi deficiente. Ainda que haja outros fatores que possam influenciar no meio rural e no público alvo da política, a ausência de estudos técnicos e de um projeto básico relacionado a diretrizes e objetivos claros, concretos e palpáveis dificulta ainda mais o estabelecimento de indicadores e, assim, a avaliação dos efeitos das atividades realizadas no aprendizado das técnicas agrárias e sobre a ‘inclusão produtiva’ e geração de renda entre o público beneficiário. É cediço que na avaliação de qualquer política pública os indicadores são referências fundamentais para aferir periodicamente os resultados alcançados em sua execução, assim como auxiliar a proposição de medidas corretivas quando houver indicativo de que os objetivos e metas estabelecidos não serão alcançados.

127. Assim, faz-se necessário o fortalecimento do processo de planejamento da contratação de ATER, com o estabelecimento de um projeto com previsão de indicadores capazes de avaliar o atingimento das metas e, consequentemente, prover a jurisdicionada de informações sobre o andamento e dos impactos da contratação, e, consequentemente, sobre o real impacto da implementação da política e aplicação dos seus recursos orçamentários na transformação da realidade do campo de forma sustentável, ou seja, considerando os aspectos econômico, ambiental e social.

h) ausência de critérios para dispensar a exigência de garantia contratual, contrariando o disposto no art. 56 da Lei 8.666/1993 e as orientações da assessoria jurídica ao MDA, emanadas no Despacho 328/2010/CGPCLC/CONJUR-MDA/AGU no Processo Administrativo 55000.002527/2010-41, de 16/9/2010, (peça 26);

128. ‘A dispensa de exigências de garantia ocorre dentro da possibilidade legal e são devidamente justificadas em cada processo contratual. No caso, a não exigência é decorrente da necessidade da política

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de ATER e pelo fato de que as entidades passam por um credenciamento prévio, o que garante um conjunto de requisitos de execução previamente já reconhecidos. No caso, o próprio texto do Despacho 328/2010/CGPCLC/CONJUR-MDA/AGU no Processo Administrativo 55000.002527/2010-41, de 16/9/2010 traz em seus itens 3.1, 3.2 e 4 que cabe a administração analisar caso a caso e decidir pela garantia. Cada processo de contratação traz as justificativas. Por exemplo, no caso do processo 55000.002253/2015-02 (lote 45) essa justificativa consta na fl. 202, conforme anexo 11’.

Análise 129. Traz aos autos documento (peça 155) no qual demonstra análise realizada como fundamento

para a dispensa da prestação de garantia contratual. Entretanto, percebe-se ser uma fundamentação padrão, sem análise caso a caso, na qual cita apenas os fundamentos gerais de atendimento aos critérios de credenciamento dos serviços de ATER, tais como constituição legal da entidade há mais de cinco anos, experiência na execução de serviços de ATER por mais de dois anos e demonstração de infraestrutura e capacidade, assim como conhecimento técnico e científico, instituídos no art. 3º do Decreto 7.215/2010.

130. O § 2º do art. 3º do Decreto 7.215/2010 estabelece que os órgãos responsáveis pelo PRONATER definirão os meios de comprovação desses requisitos. Ao analisar o normativo que faz a referida definição, a Portaria MDA 35/2010, tem-se no inciso IV do art. 4º item que contempla os requisitos mínimos como a ‘relação de suas instalações e aparelhamento da sua capacidade técnica e operacional’. Todavia, também é definição abstrata, que não permite presunção absoluta de garantia da segurança para a realização de qualquer contratação.

131. Assim, não há qualquer análise quanto aos riscos de contratar, por exemplo, entidade cujo patrimônio líquido informado seja R$ 0,00 (peça 156).

132. Portanto, a jurisdicionada deve estabelecer um procedimento consistente de auxílio à decisão quanto à dispensa de garantias contratuais, que possa mitigar os riscos da contratação, em atenção ao art. 31 e ao art. 56 da Lei 8.666/1993.

i) recursos interpostos contra a eliminação de licitantes denegados com motivação insuficiente e sem a devida publicidade, contrariando o disposto no art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993 e no art. 2º, caput, e art. 50, inciso V, da Lei 9.784/1999 (peça 1, p. 122-123; peças 3 e 4);

133. ‘Todos os recursos interpostos são analisados e embasados, sendo dado conhecimento aos interessados via e-mail a cada um dos concorrentes e através do site do MDA. Os recursos são analisados a partir dos condicionantes da própria chamada pública e feito nova avaliação dos documentos e pontuação da proposta técnica, quando necessário’.

Análise 134. A jurisdicionada não traz aos autos os e-mails probatórios da afirmação. As publicações

realizadas no sítio do MDA referentes aos resultados não possuíam as justificativas para as eliminações e denegações dos recursos (peças 3 e 4). A publicidade deve ser ampla, devendo a jurisdicionada publicar todas as motivações para as denegações dos recursos juntamente com os resultados.

j) eliminação não motivada de licitante que obteve a maior pontuação no lote 45, contrariando o disposto no art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993, no art. 2º, caput, e art. 50, inciso V, da Lei 9.784/1999 (peça 4, p. 3, e peça 44);

135. ‘Houve um equívoco na juntada de documentos ao processo e foi tomado um relatório parcial da dupla de analistas anterior ao seu final. Na análise inicial do lote 45 todas as propostas foram desclassificadas, o que abriu a condição de reapresentação em 8 dias úteis. Na reanálise dos lotes, a proposta da ADEOP que consta no processo de contratação (55000.0002253/2015-02) obteve a maior pontuação, havendo outras desclassificações, inclusive da pretensa proposta que tinha pontuação maior (ARCAFARSUL)’.

Análise 136. A jurisdicionada não traz aos autos o parecer final, que afirma ter sido emitido posteriormente.

Contudo, traz o documento de comunicação (peça 158), na qual solicita documentação complementar à entidade ARCAFARSUL, que fora eliminada por motivo de não atendimento dos critérios de infraestrutura.

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137. A referida documentação pode ser considerada como suficiente para a comunicação e

motivação da eliminação à entidade, de modo que considera-se justificada a medida adotada. Contudo, resta impropriedade quanto à divergência na publicação dos resultados, já objeto de ciência do achado referente ao item ‘m’.

138. Novamente, pode-se observar a interferência do critério de infraestrutura quanto aos resultados do certame.

k) falta de registro no SIATER de contratos já assinados há mais de trinta dias, em desacordo com o disposto na Cláusula Terceira dos contratos decorrentes da Chamada Pública 2/2015;

139. ‘Os contratos não foram registrados no SIATER devido a atraso na nomeação dos fiscais, visto que esse é um dos seus procedimentos conforme o ‘Manual de Acompanhamento de Contratos de ATER’. Nesse sentido, a administração sempre reconhece o tempo de atraso a ela imputado para início da execução dos contratos quando necessário na forma de uma prorrogação da vigência’.

Análise 140. Conforme cláusula terceira dos contratos firmados (peça 27, p. 3), há exigência de que o

cadastro dos contratos seja realizado no prazo de até trinta dias, motivo pelo qual resta irregular a conduta adotada pelo órgão contratante, devendo a jurisdicionada ser cientificada para ajustar as cláusulas contratuais à realidade dos procedimentos.

l) não foram nomeados os fiscais dos contratos já celebrados, contrariando o disposto no art. 67 da Lei 8.666/1993 e no art. 20 da Lei 12.188/2010 (exemplo: lote 32, peça 45); e

141. ‘Houve um atraso na nomeação dos fiscais dos contratos de ATER dessa chamada pública pela dificuldade de localizar e nomear servidores públicos para essa tarefa. Contudo, no atual momento, já temos fiscais titulares e suplentes devidamente nomeados para 25 contratos de ATER, conforme anexo 13. Nesse sentido, a administração sempre reconhece o tempo de atraso a ela imputado para início da execução dos contratos quando necessário na forma de uma prorrogação da vigência’.

Análise 142. A nomeação de fiscais de contratos está em desacordo com o art. 67 da Lei 8.666/1993 e com

o art. 20 da Lei 12.188/2010. A jurisdicionada deve realizar planejamento da contratação adequada com a sua realidade, de modo que atenda à legislação em vigor.

m) publicação de ‘Resultado dos Recursos Administrativos’ com resultados divergentes, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 (peças 4, 5 e 44).

143. ‘Não procede a constatação de que a publicação de ‘Resultado dos Recursos Administrativos’ com resultados divergentes, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, sendo atos administrativos com divulgado no site do MDA e comunicado aos interessados. As constatações de cada concorrente são enviadas aos mesmos. Doravante, esse Ministério implantará novas formas de acessibilidade das informações dos recursos para maior transparência no processo’.

Análise 144. Um dos resultados em questão refere-se ao lote 45 que, segundo alega a jurisdicionada, em

resposta ao item ‘j’, haveria sido juntado de maneira equivocada ao processo. Entretanto, a publicação dos resultados quanto ao lote 12 (peça 5), referente à entidade AACC, tida como vencedora, destoa dos resultados do parecer técnico final, no qual a referida entidade consta como eliminada (peça 160, p. 11), tendo como motivação a ausência do número mínimo de câmeras fotográficas, referente ao critério de infraestrutura (peça 160, p. 12-13).

145. Não obstante afirmar não proceder a constatação, o MDA compromete-se a implantar novas formas de acessibilidade das informações para maior transparência no processo, o que espera-se mitigue/extinga a possibilidade de ocorrência de novas falhas eventuais.

Manifestação das Contratadas 146. Manifestaram-se nos autos as contratadas Humana Povo para Povo Brasil (peça 131),

Agropolos (peça 132), Agrima (peça 135), Cooprama (peça 141), Cecor (peça 142), Moc (peça 144), Adeop (peça 146), Serta (peça 149) e Capril (peça 152).

147. À exceção da Agropolos, que limitou-se a dar ciência quanto aos fatos apontados, as demais,

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210 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

em geral, alegaram prejuízos ao público beneficiário e que equipes estão sendo desmobilizadas devido à interrupção dos contratos. Argumentaram, ainda, que cumpriram com as exigências do edital e realizaram a contratação de boa-fé.

148. Há, ainda, manifestação em prol da legalidade do procedimento (peça 152), com a justificativa de que a Administração agiu com base na discricionariedade que o Direito Administrativo lhe confere quanto ao estabelecimento das exigências da composição das equipes e da infraestrutura e que há clareza no estabelecimento dos objetivos e na correlação quanto às atividades.

149. Em sua manifestação, a entidade Agrima afirma ter apresentado a documentação que comprovaria a sua experiência, que, por motivo desconhecido não fora considerado pela equipe de análise. Adiciona que como havia sido a única do lote a alcançar a pontuação mínima, não perpetrou recursos somente para maximizar pontuação (peça 135, p. 3).

Análise 150. As entidades contratadas não trazem aos autos argumentos suficientemente embasados para

rebater as questões suscitadas quanto à chamada e analisadas nesta instrução. O argumento de que a população será prejudicada não pode ser considerado sem avaliar o contexto de vícios no qual a contratação se insere. Não há clareza do serviço que deverá ser prestado, não há objetivo concreto a alcançar, por falta, inclusive, de critérios e meios para medir, de modo que não há, por outro lado, como vislumbrar os benefícios da contratação ao público beneficiário. Ademais, a suspensão do certame não interromperia a assistência dos beneficiários, uma vez que não há prestação específica ao público jovem em andamento, já que esta é a primeira chamada voltada a este público.

151. Embora a Agrima afirme ter comprovado sua experiência, pode-se constatar que a documentação apresentada nos autos (peça 154, p. 107-149) não atende a quaisquer dos critérios estabelecidos pelo edital da chamada, considerados adequados por esta unidade técnica.

Análise final 152. O número de achados resultantes da inspeção realizada, ratificados em sua maioria nas análises

realizadas acima, demonstram graves falhas no processo de contratação realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Há desde falhas no planejamento da contratação, até a edição de atos emanados ao largo da legislação e da jurisprudência deste Tribunal, seja por desconsiderá-las, ou por haver interpretação desarrazoada. Todos esses aspectos influenciam negativamente nos resultados da contratação e, em última instância, nos resultados da política envolvida.

153. A condução do processo não condiz com o zelo necessário para com a coisa pública, bem como o compromisso com a política pública em questão. Parece não haver consciência, por parte dos gestores, de que a contratação influencia diretamente nos resultados da política, assim como um bom planejamento e o zelo pelo cumprimento da legislação influencia no sucesso da contratação.

154. Embora o MDA tenha afirmado como fator positivo o fato de ter obtido 142 propostas para os 52 lotes, é importante salientar que houve 4 lotes vazios, além da ausência de vencedor em mais de 30% dos lotes (peça 2). Houve, também, a eliminação da maior parte das entidades de cada lote, com a habilitação de apenas uma ou duas entidades nos lotes em que houve vencedores (peças 3 e 4).

155. Esses resultados, em grande medida, foram resultantes da imposição de exigências de habilitação em desconformidade com a legislação, como a exigência de infraestrutura como fator de habilitação e de pontuação; ausência de correlação clara entre as atividades e os objetivos; ausência de detalhamento dos custos; ausência de projeto básico para a contratação e ausência de indicadores.

156. Além de aumentar o risco de direcionamento, superfaturamento ou mesmo de inadimplemento dos contratos, esses fatores são impeditivos para a realização da contratação vantajosa pela administração. Ainda que a jurisdicionada e parte das contratadas afirmem ser a interrupção da chamada prejudicial ao público beneficiário, tais fatores impedem sequer a viabilidade de análises de custo/benefício, medições sobre os resultados e impacto sobre a implementação da política. São, de fato, fatores prejudiciais à Administração e à política de ATER, que a atuação do Controle Externo, realizado por essa Corte de Contas, busca mitigar. Ademais, são igualmente prejudiciais ao seu público beneficiário, que pode não receber os serviços adequadamente e não possuir, no entanto, subsídios necessários à sua avaliação.

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211 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

157. Conclui-se que o conjunto de fatores constituem elementos suficientes para que comprove os

vícios da Chamada Pública 02/2015 promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, com o consequente e efetivo benefício da parte das contratadas, de modo que recomendamos a sua anulação, com subsequente anulação de todos os atos e contratos dela decorrentes.

158. Quanto à possibilidade de prejuízos ao público beneficiário, como aventado pelas contratadas e pela jurisdicionada, ou mesmo a sua desassistência, como dito anteriormente, não pode ser considerado sem o contexto de vícios no qual a contratação se insere. Não há clareza do serviço que deverá ser prestado, não há objetivo concreto a alcançar, por falta, inclusive, de critérios e meios para medir, de modo que não há como vislumbrar os benefícios da contratação ao público beneficiário. Ademais, a suspensão do certame não interromperia a assistência dos beneficiários, uma vez que não há prestação específica ao público jovem em andamento, já que esta é a primeira chamada voltada a este público.

159. Faz-se necessário dar ciência ao Ministério do Desenvolvimento Agrário quanto às irregularidades, para que tome ações corretivas, com base nas análises acima realizadas, de modo que as próximas chamadas sejam estruturadas com vistas a evitar falhas semelhantes. Outrossim, os gestores responsáveis pela condução do processo devem ser chamados em audiência para apresentar as razões de justificativa quanto às irregularidades constatadas.

CONCLUSÃO 160. O documento constante da peça 1 deve ser conhecido como representação, por preencher os

requisitos previstos nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno/TCU e no art. 103, § 1º da Resolução - TCU 259/2014 c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, a qual, nos termos do disposto nos artigos 18, 20 e 27 da Lei 12.188/2010, aplica-se aos processos de seleção e contratação de entidades executoras da ‘Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária - PnateR’ e o ‘Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária - PRONATER’.

161. Diante das constatações quanto aos vícios, que demonstram falhas de origem quanto ao planejamento da contratação, bem como de estabelecimento de critérios restritivos e contrários à isonomia, para os quais houve efetivo e indevido beneficiamento de entidades candidatas, tem-se a anulação do certame como medida mais adequada que a manutenção da medida cautelar anteriormente determinada.

162. Deve-se, como consequência, promover a audiência dos responsáveis para que apresentem as razões de justificativa quanto aos atos de sua responsabilidade que efetivamente contribuíram para a nulidade do processo.

163. E, por fim, determinar ao órgão a adoção de medidas saneadoras dos vícios incorridos na chamada 02/2015 para que não se repitam nos próximos certames e a audiência dos responsáveis, para que apresentem as razões de justificativa quanto aos atos de sua responsabilidade que efetivamente contribuíram para a nulidade do processo.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 164. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo: a)conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts.

235 e 237, inciso VII, do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, considerando-a, no mérito, parcialmente procedente;

b)revogar a medida cautelar anteriormente concedida; c)determinar ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, com fundamento no art. 251, do RI/TCU,

que, no prazo de quinze dias, adote providências necessárias à anulação da Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER - Juventude Rural e de todos os atos e contratos dela decorrentes, comunicando ao TCU o cumprimento da decisão;

d)determinar, com fundamento no art. 250, inciso IV, c/c o art. 237, parágrafo único, do RI/TCU, a audiência dos senhores Onaur Ruano, então Secretário da Secretaria de Agricultura Familiar, CPF 750.082.548-04, por, na condição de autoridade responsável pela chamada e por todos os seus atos, conforme ratificação própria em sede de oitiva ao órgão (peça 139, p. 22-23 e p. 30), bem como da

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212 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

assinatura dos contratos dela decorrentes; Marenilson Batista da Silva, Diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural, CPF 547.365.954-34, por ter, na condição de autoridade competente pelos recursos administrativos, além de ratificar os atos administrativos envolvidos e Everton Augusto Paiva Ferreira, Coordenador-Geral de Assistência Técnica e Extensão Rural, CPF 000.629.806-02, por ter, na condição de responsável pela elaboração da Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER - Juventude Rural e sua aprovação (peça 41), bem como dos atos administrativos relacionados; para que, no prazo de quinze dias, apresentem as razões de justificativa quanto às seguintes irregularidades:

d.1) falta de correlação clara entre os objetivos declarados para justificar a contratação e as atividades contratadas (item I);

d.2) ausência de detalhamento do orçamento em planilhas que evidenciem todos os custos unitários (item II);

d.3) exigência de ‘infraestrutura física’ (escritório, veículos, equipamentos) como critério de habilitação técnica com caráter eliminatório e de pontuação, em desconformidade com a Súmula 272 desta Corte de Contas e com o § 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993 (item III);

d.4) exigência de perfil técnico como critério de habilitação técnica com caráter eliminatório e de pontuação, em desconformidade com a Súmula 272 desta Corte de Contas (item III);

d.5) exigência de percentual de jovens e mulheres na composição das equipes técnicas sem base legal (item IV);

d.6) ausência de critérios objetivos para avaliação de itens da proposta técnica considerados relevantes pela contratante no julgamento das propostas (item V);

d.7) insuficiência de indicadores de desempenho para aferir o atingimento dos resultados na solução contratada na fase de acompanhamento da execução do contrato, tendo em vista que foram estabelecidos apenas dois indicadores, a saber 1) número de beneficiários e 2) número de atividades programadas executadas, em desacordo com o disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993 (item VIII, alínea g);

e)dar ciência ao Ministério do Desenvolvimento Agrário das seguintes impropriedades e irregularidades, ocorridas na Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER - Juventude Rural, com vistas a evitar a ocorrência de outras semelhantes:

e.1) falta de correlação clara entre os objetivos declarados para justificar a contratação e as atividades contratadas, em desacordo com o disposto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 40, inciso XVI, art. 54, § § 1º e 2º e art. 55, inciso IV;

e.2) ausência de detalhamento do orçamento em planilhas que evidenciem todos os custos unitários em desacordo com o disposto na Lei 8.666/1993, art. 4º, parágrafo único, art. 7º, § 2º, inciso II, art. 15, inciso II, e art. 43, inciso IV, assim como no Acórdão 2.380/2013 - TCU - Plenário, de 4/9/2013, e Acórdão 1.996/2011 - TCU - Plenário, de 3/8/2011;

e.3) exigência de ‘infraestrutura física’ (escritório, veículos, equipamentos) e exigência de perfil técnico como critérios de habilitação técnica com caráter eliminatório e de pontuação, em desacordo com a Súmula 272 desta Corte de Contas e com o § 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993;

e.4) exigência de percentual de jovens e mulheres na composição das equipes técnicas sem base legal, em desacordo com o art. 3º, inciso IV, art. 5º, caput, e inciso I da Constituição Federal; da Lei 8.666/1993, art. 30; e do Decreto-lei 5.452/1943, art. 373-A;

e.5) ausência de critérios objetivos para avaliação de itens da proposta técnica considerados relevantes pela contratante no julgamento das propostas, em desacordo com a Lei 8.666/1993, art. 3º, art. 4º, parágrafo único e art. 40, inciso VII;

e.6) ausência de amparo legal para a fixação do prazo de vigência contratual em 40 meses, sendo que somente é prevista a execução de atividades durante o período de trinta e seis meses, em desacordo com a Lei 8.666/1993, art. 7º, § 2º, inciso III e art. 57;

e.7) ausência de divulgação no edital de previsão de reajuste de preços, não restando claro qual será a base de cálculo para reajuste dos contratos, em desacordo com o disposto no art. 3º, art. 38, parágrafo único, e art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993;

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213 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

e.8) insuficiência de indicadores de desempenho para aferir o atingimento dos resultados na solução

contratada na fase de acompanhamento da execução do contrato, tendo em vista que foram estabelecidos apenas dois indicadores, a saber 1) número de beneficiários e 2) número de atividades programadas executadas, em desacordo com o disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993;

e.9) ausência de critérios para dispensar a exigência de garantia contratual, contrariando o disposto no art. 56 da Lei 8.666/1993;

e.10) recursos interpostos contra a eliminação de licitantes denegados com motivação insuficiente e sem a devida publicidade, contrariando o disposto no art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993 e no art. 2º, caput, e art. 50, inciso V, da Lei 9.784/1999;

e.11) publicação de ‘Resultado dos Recursos Administrativos’ com resultados divergentes, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

e.12) autorização de início do procedimento licitatório foi efetuada pelo próprio requisitante da contratação, contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso I, da Lei 8.666/1993 e o princípio da segregação de funções, além de configurar a prática de atos administrativos com vício de competência (Nota Técnica, de 23/4/2015, e Memorando 121/2015/DATER/SAF, de 23/4/2015, e-mail do requisitante endereçado aos advogados da Assessoria Jurídica - peça 41);

e.13) definição do valor da contratação e definição do índice de reajuste a ser aplicado aos contratos baseados em documentos sem assinatura ou identificação de forma, os quais não se encontram inseridos no devido processo administrativo, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

e.14) ausência de publicação da minuta do contrato no edital do certame, contrariando o disposto no art. 3º e art. 40, § 2º, inciso III, da Lei 8.666/1993;

e.15) indicação no edital e nos contratos de rubrica orçamentária em desacordo com objeto da licitação, com indicação de códigos diferentes do que consta nos respectivos instrumentos legais (LOA e PPA), contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso III, e art. 14 da Lei 8.666/1993;

e.16) falta de assinatura em documentos necessários à ratificação da dispensa de licitação e da adequação das despesas à LOA e sua adequação à LDO e PPA, contrariando o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

e.17) falta de registro no SIATER de contratos já assinados há mais de trinta dias, em desacordo com o disposto na Cláusula Terceira dos contratos decorrentes da Chamada Pública 2/2015;

e.18) não foram nomeados os fiscais dos contratos já celebrados, contrariando o disposto no art. 67 da Lei 8.666/1993e no art. 20 da Lei 12.188/2010;

f)encaminhar cópia da peça 50 e da presente instrução aos responsáveis indicados acima a fim de subsidiar as manifestações ora requeridas;

g)comunicar ao representante e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário a decisão que vier a ser adotada nestes autos.”

5.Ao despachar novamente no feito (peça 166), observei que houve falha processual em virtude da

não concretização das oitivas de duas das entidades contratadas (Centro de Capacitação Zumbi dos Palmares e Instituto Cátedra), razão pela qual determinei a renovação da medida quanto a essas entidades, ao tempo em que autorizei a realização das audiências alvitradas não item 164, letra “d” instrução precedente.

6.Por derradeiro, a Selog produziu a instrução constante da peça 200, trazendo as proposições de mérito relativas à representação, o que inclui a análise das razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis, trazendo, ainda, informação sobre a revogação da Chamada Pública 02/2015. Transcrevo a seguir o teor da referida instrução, com a qual se manifestaram os escalões superiores da Selog (peças 201/202):

“INTRODUÇÃO 1. Trata-se de representação a respeito de possíveis irregularidades ocorridas na Secretaria da

Agricultura Familiar - SAF/Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural - Dater do Ministério

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214 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

do Desenvolvimento Agrário (MDA/SAF/Dater), relacionadas à Chamada Pública 02/2015 SAF/Ater - Juventude Rural, que tem por objeto a contratação e execução de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) com jovens, conforme a Lei de Ater 12.188, de 11/1/2010, que institui a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater) e estabelece as bases para a execução do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pronater).

2. De acordo com os termos do Edital, o valor da Chamada Pública fixado pelo MDA é de R$ 106.220.852,22 (peça 1, p. 49) e o prazo de execução dos serviços ‘será de 36 meses, tendo o contrato, um período de vigência de 40 meses’ (peça 1, p. 48).

3. O objeto da Chamada Pública foi dividido em 52 lotes, cada um deles agrupando 400, 800 ou 1.200 beneficiários, conforme indicado no Anexo VI do edital, sendo o valor de contratação de cada lote previamente fixado pelo MDA/SAF/Sater, sendo que, para 32 deles, houve vencedor declarado, representando contratações que somadas chegariam a R$ 68.202.645,91. Em nenhum deles os serviços foram iniciados, em face do disposto na Cláusula Terceira dos contratos que determina que a execução contratual somente terá início após a inclusão da Proposta Técnica e do cronograma físico no SIATER.

4. Cabe informar que o Ministério do Desenvolvimento Agrário foi extinto pela Medida Provisória 726/2016, convertida na Lei 13.341/2016, cujas competências passaram a ser exercidas pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário - Casa Civil da Presidência da República, conforme Decreto 8.865/2016.

PROCESSOS CONEXOS 5. TC-017.637/2014-7 - Auditoria de Natureza Operacional. Fiscalização de Orientação

Centralizada (FOC). Fiscalização de Governança e Gestão das Aquisições Públicas. Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA. Identificação de fragilidades e de oportunidades de melhoria. Atuação didática e preventiva. Determinações e recomendações. Arquivamento, sem prejuízo do monitoramento em processo próprio. Acórdão 557/2016 - TCU - Plenário, de 9/3/2016. Ata 7/2016 - Plenário.

HISTÓRICO 6. Em suma, o representante, Cooperativa de Serviços Técnicos para o Desenvolvimento Rural -

COOSTEC, CNPJ 02.610.554/0001-36, questiona a eliminação de sua proposta técnica por não possuir escritório em funcionamento em, pelo menos, um dos municípios do lote que disputou, critério que, além de não estar previsto no edital da Chamada Pública 02/2015, contrariaria o entendimento do TCU de que ‘os insumos da execução somente podem ser exigidos após a formalização do contrato’.

7. Análise preliminar efetuada por esta Selog (peça 6) constatou que em mais de 30% dos lotes ofertados não houve vencedor declarado, o que poderia indicar a existência de fragilidades no processo de seleção, além de outros pontos passíveis de maiores esclarecimentos. Propôs-se, além do conhecimento da representação, a realização de inspeção no MDA com vistas ao saneamento dos autos, medidas que contaram com a anuência do relator, conforme Despacho constante da peça 9.

8. Os elementos colhidos na inspeção realizada integraram o conjunto probatório examinado por esta unidade técnica (peça 50), que constatou indícios de irregularidades e falhas graves no planejamento da contratação, na execução dos procedimentos de seleção dos fornecedores e na formalização dos contratos, além do possível direcionamento no certame licitatório. Diante dos achados, a Selog propôs a suspensão da Chamada Pública em questão e dos atos dela decorrentes, bem como a oitiva da jurisdicionada e das entidades vencedoras quanto às questões suscitadas, medida acatada pelo Ministro-Relator (peça 53).

9. A análise dos elementos encaminhados em resposta às oitivas determinadas pelo relator foi realizada na instrução constante da peça 161. Após constatar vícios relacionadas ao planejamento da contratação, bem como a presença de critérios restritivos e contrários à isonomia, a Selog propôs a anulação do certame e a audiência dos responsáveis pelas irregularidades detectadas. Em complemento, sugeriu-se que a unidade fosse cientificada acerca das impropriedades e irregularidades detectadas na Chamada Pública 2/2015 SAF/Ater - Juventude Rural, com vistas a evitar reincidências.

10. Entretanto, o relator, ao identificar que nem todas as entidades detentoras de contratos suspensos por força da medida cautelar adotada nestes autos teriam sido efetivamente notificadas sobre a

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215 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

oitiva, e considerando resposta formulada por uma das entidades (peça 164), com data anterior à instrução, mas inserida no processo após essa etapa, determinou que se procedesse à oitiva válida do Centro de Capacitação Zumbi dos Palmares e do Instituto Cátedra.

11. Ante a necessidade de renovação das oitivas das entidades acima referidas, com prazo de resposta de quinze dias, o relator também entendeu oportuna a realização das audiências propostas pela Selog, que, regimentalmente, teriam o mesmo prazo para a apresentação das justificativas.

EXAME TÉCNICO OITIVAS 12. As oitivas determinadas pelo relator foram reenviadas, conforme peças 170 (Instituto Cátedra) e

171 (Centro de Capacitação Zumbi dos Palmares). Diante do retorno do Aviso de Recebimento (AR) correspondente à oitiva enviada ao Centro de Capacitação Zumbi dos Palmares, a Selog realizou nova tentativa de notificação da entidade (peça 191), enviando o expediente ao endereço de domicílio do representante legal da entidade, medida que também não se revelou exitosa, conforme AR anexado à peça 196. Por sua vez, embora devidamente notificado, conforme comprova o AR constante da peça 176, o Instituto Cátedra não se manifestou.

13. Em relação à peça 164, trata-se de manifestação da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater/RS, em resposta à oitiva formulada. A entidade informa que, após ser comunicada sobre a suspensão de todos os atos atinentes à execução dos trabalhos previstos na Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER, teria cessado toda e qualquer atuação da instituição no cumprimento das obrigações contratadas. Afirma que estariam sendo atacadas exigências e falhas editalícias, matéria que seria de competência e responsabilidade exclusivas do MDA.

14. Afirma que não houve impugnação aos termos do edital no seu devido tempo, de modo que os participantes teriam aceito integralmente as condições e exigências nele contidas. As irregularidades somente teriam sido comunicadas ao TCU após recurso de participante contra sua desclassificação não ter sido acolhido pelo órgão promotor da Chamada Pública.

15. Acrescenta que nenhuma irregularidade teria sido praticada pela Emater/RS, que teria atendido às exigências editalícias e firmado contratos junto ao MDA. Alega ter mobilizado força de trabalho e recursos materiais para o cumprimento de suas obrigações contratuais e que somente teria tomado conhecimento deste processo e suspendido suas ações em 7/4/2016, após comunicação feita pela Fiscal do Contrato, às 9:54, via e-mail.

16. Requer que o Tribunal profira, com a máxima urgência possível, decisão definitiva sobre a presente representação, com vistas a evitar a desmobilização desnecessária, caso o certame não seja anulado. Informa que a contratação teria acarretado custos operacionais que estariam sendo suportados exclusivamente pela Emater/RS, com recursos próprios.

Análise 17. De início, cabe destacar que, apesar de reiteradas tentativas, o Centro de Capacitação Zumbi dos

Palmares, vencedor do lote 21, não foi encontrado pelo Tribunal, fato que gera preocupação quanto a eventual contratação da entidade.

18. Por sua vez, a Emater/RS, autora da peça 164, informou ter suspendido as atividades relacionadas à contratação decorrente da Chamada Pública em análise e alegou que os pontos atacados na representação seriam de competência e responsabilidade exclusiva do MDA.

19. Quanto à alegação de que não houve impugnações ao edital e que os participantes teriam aceito integralmente as condições nele estabelecidas, cabe destacar que, de forma alguma, isso representa óbice à atuação do Tribunal de Contas da União, cuja competência é assegurada pelo art. 71 da Constituição Federal de 1988.

AUDIÊNCIAS 20. As audiências determinadas pelo relator foram respondidas por meio das peças 185 (Sr. Everton

Augusto Paiva Ferreira), 188 (Sr. Marenilson Batista da Silva), e 193 (Sr. Onaur Ruano). Embora apresentadas em peças autônomas, o teor das justificativas apresentadas pelos responsáveis foi o mesmo, razão pela qual a análise será realizada de forma conjunta.

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21. Antes das respostas aos quesitos contidos nas audiências, os responsáveis apresentaram um

histórico acerca da prestação dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) no Brasil. Afirmam que, entre 1975 e 1990, a coordenação nacional dos serviços de Ater teria sido executada pela Embrater (Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural), entidade criada para ‘promover, estimular e coordenar programas de assistência técnica e extensão rural’. Com a extinção da Embrater, ocorrida em 1990, tais serviços teriam sido assumidos pelos governos estaduais, sem que houvesse padrão ou referência nacional, situação que teria perdurado até 2003, ano em que a coordenação dos serviços de Ater foi retomada pelo Governo Federal e instituída a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária - Pnater.

22. Segundo eles, havia a necessidade de reestruturar a oferta de serviços de Ater, pois as entidades públicas estavam sucateadas e sem orçamento e a iniciativa privada estava completamente retraída, composta essencialmente por entidades de pequeno porte, sem estrutura organizacional, administrativa e infraestrutura adequada para a execução de ações de maior vulto e abrangência. Assim, entre 2003 e 2010, as ações se concentraram em recuperar a capacidade de atuação das entidades de Ater, com a recriação de uma rede de execução da política pública.

23. Os recursos eram transferidos por meio de convênios, mas muitas entidades do setor permaneciam sem condições materiais, técnicas e financeiras para suportar os encargos inerentes aos ajustes celebrados com a União. Como consequência, inúmeros serviços de Ater foram executados de forma insatisfatória, com baixo rendimento, ou abandonados antes do término. Relatam problemas operacionais na execução dos convênios, pois a elaboração de plano de trabalho com atividades, metas e cronograma de execução físico-financeira pré-definidos não se coadunaria aos serviços de Ater, onde o objeto seria construído de forma conjunta e participativa pela entidade contratada e o público beneficiário, sob a fiscalização de equipe designada pelo MDA. Haveria dificuldades na continuidade dos serviços, em razão de paralisações decorrentes da análise de prestações de contas parciais (entre um e outro desembolso), que demandavam enorme esforço administrativo, quase que inviável, ante a estrutura disponível no MDA.

24. No intuito de garantir a qualidade e a continuidade dos serviços contratados, o MDA teria editado a Portaria 10, de 11 de agosto de 2005, estabelecendo que as entidades interessadas em executar serviços de Ater deveriam comprovar estrutura material e de pessoal adequada à prestação dos serviços, mediante prévio credenciamento perante o Conselho Estadual de Desenvolvimento Sustentável e da Agricultura Familiar, medida que teria reduzido a quantidade de ocorrências relacionadas a essa questão.

25. Em 2010, o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária - Pronater foi instituído por meio da Lei 12.188, que passou a regulamentar o processo de credenciamento e contratação de entidades executoras, vedando a celebração de convênios para a prestação dos serviços de Ater de, a partir de então, passaram a ser executados mediante contratos administrativos. Essa norma teria instituído disciplina própria para os contratos da espécie, sendo a Lei 8.666/1993 de aplicação apenas subsidiária. A distinção de regime seria justificada pelo fato de os serviços de Ater serem radicalmente distintos daqueles contratados pela Administração para o suporte de suas atividades, pois não seriam prestados para a Administração Pública, mas para terceiros, e não teriam por objetivo dotar a Administração de meios necessários ao desempenho de suas atividades, mas implementar uma política governamental.

26. Destacam que, segundo a Lei 12.188/2010, não seria cabível a realização de licitação para a contratação dos serviços, que deveria ocorrer mediante prévio chamamento público. Entretanto, a norma não teria indicado quais regras da Lei Geral de Licitações seriam aplicáveis à contratação dos serviços de Ater. Coube, então, ao administrador público, a tarefa de indicar as regras que não se adequariam à natureza dos serviços de Ater e que, por isso, cederiam lugar à disciplina própria instituída pela Lei 12.188/2010 e pelo Decreto 7.218/2010.

27. Informam que, ao longo dos anos, a Secretaria de Agricultura Familiar do MDA teria realizado diversas discussões com a Consultoria Jurídica, no intuito de demonstrar as peculiaridades do contrato e inadequação de parte das regras da Lei 8.666/1993, citando os seguintes temas como exemplo: validade

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da exigência de percentual de mulheres ou indígenas na composição das equipes técnicas; validade da exigência de comprovação de disponibilidade dos bens exigidos na proposta técnica; meios e procedimentos para verificação do cumprimento das atividades para efetivação de pagamento; realização de determinadas atividades previstas no contrato, a exemplo de ‘Reuniões de Articulação com Parceiros’.

28. Na interpretação das normas que disciplinam os serviços de Ater, o MDA estaria aproveitando a experiência adquirida nas contratações anteriores e adotando como norte a máxima efetividade da política agrícola de assistência técnica e extensão rural, garantia prevista no art. 187, inciso IV, da Constituição Federal. As contratações realizadas entre os anos de 2010 e 2012 tinham vigência de doze meses, improrrogáveis, com definição prévia de temas, métodos e cronograma para todas as atividades. Mas, em decorrência de propostas advindas da 1ª Conferência Nacional de Ater (1ª CNATER), realizada em abril de 2012, foram implementadas mudanças no modelo atual de chamadas, dentre elas a alteração da vigência para três anos e a possibilidade de ‘definição local de atividades pela contratada, em temas, cronogramas e métodos, a ser construído em conjunto com os beneficiários, a ser estabelecido mediante um conjunto de atividades de mobilização, diagnóstico e planejamento’.

29. Finalizam o ponto afirmando que o modelo mais adequado vem sendo discutido e testado ao longo dos anos, seja em razão da ausência de regulamentação exauriente sobre a matéria, seja em razão das peculiaridades dos serviços executados.

a. falta de correlação clara entre os objetivos declarados para justificar a contratação e as atividades contratadas (item I);

Manifestação dos responsáveis 30. Informam que os objetivos definidos no Edital de Chamada Pública 2/2015 - SAF/ATER

corresponderiam aos previstos na legislação e transcrevem os arts. 3º e 4º da Lei 12.188/2010, que tratam dos princípios e dos objetivos da Pnater. A correspondência entre os serviços contratados e os objetivos do programa somente poderia ser verificada mediante análise da proposta apresentada pela entidade participante, tendo em vista a utilização de metodologia que permitiria a participação da comunidade beneficiária em todas as fases do trabalho. Antes do início dos trabalhos, a equipe técnica de Ater realizaria reuniões com a comunidade para discutir problemas e possibilidades de ação, com vistas ao estabelecimento do plano de ação, com a definição dos conteúdos e da forma de implementação dos serviços. Tal metodologia teria sido recomendada pelo próprio Tribunal, no Acórdão 2.395/2013 - TCU - Plenário.

31. Informam que, desde 2012, a análise e aprovação do plano de trabalho seria realizada pelo fiscal do contrato, mediante parecer técnico sobre a adequação do documento, que seria encaminhado ao gestor do contrato, para aprovação do planejamento. Nessa análise, seria verificada a coerência técnica entre o diagnóstico e o planejamento, bem como a distribuição de valores e metas no cronograma. Entendem que a responsabilidade pela elaboração do projeto não seria transferida para as entidades contratadas, pois, embora elas sejam as responsáveis pela construção do projeto junto com a comunidade, ele seria submetido à análise e aprovação do MDA, bem como, durante toda a execução, a adequação dos serviços seria acompanhada e avaliada pela Administração.

32. ‘Reuniões de articulação com parceiros’, ‘elaboração do projeto produtivo do/a jovem’, ‘atividades de construção do conhecimento’, ‘atualização da caracterização da UPF no final do 2° e 3° ano’, ‘avaliação e replanejamento 1º e 2º anos e avaliação final’, bem como todas as demais atividades fariam parte de um conjunto coordenado e ordenado a ser executado junto aos beneficiários. Os anexos II e III da Chamada Pública descreveriam detalhadamente o que se espera dessas atividades e suas contribuições para o objeto, inclusive em termos operacionais.

33. Descrevem as etapas de construção e implementação dos serviços estabelecidas na Chamada Pública. Inicialmente (1ª atividade), seriam realizadas atividades de mobilização e seleção do público (‘reunião de articulação com parceiros’ e ‘visita de mobilização e seleção dos/as jovens’). Depois (2ª atividade), seriam realizadas as atividades de diagnóstico e planejamento (‘reuniões iniciais com jovens selecionados’, ‘diagnóstico comunitário’, ‘planejamento comunitário’ e ‘elaboração do Projeto Produtivo do/a jovem’), cujo propósito seria organizar com os jovens métodos participativos para conhecimento

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local, criação de uma rotina de atuação, criação de laços de confiança e desenvolvimento de planejamento para os anos seguintes. Em seguida (3ª atividade), seriam realizadas as atividades de construção de conhecimento, cujo objetivo seria desenvolver com os jovens temáticas fundamentais da agroecologia. Nessa etapa, seriam decididos o tipo de cultura e as técnicas apropriadas à realidade local e avaliados a estrutura do mercado local e os meios de inserção e formas de comercialização de produtos. Posteriormente (4ª etapa), seriam realizadas atividades anuais de monitoramento e avaliação, momento em que a contratada e os beneficiários coletariam dados e avaliariam a execução mediante uso de métodos e práticas participativas. Por fim (5ª etapa), seriam realizadas as atividades de ‘caracterização da UPF (Unidade Produtiva Familiar) até o final do 1º ano’ e de ‘atualização da caracterização das UPF no final do 2º e 3º ano’, com vistas a verificar a mudança do perfil e as alterações promovidas pelo serviço de Ater, demonstrando se os objetivos de promoção da agroecologia e da agricultura familiar estariam sendo alcançados.

34. Ressaltam constar da Chamada Pública que o ‘planejamento inicial deverá prever o tipo, quantidade, metodologia, cronograma de execução e indicadores de monitoramento das atividades que serão realizadas até o final do contrato e deverá ser apresentado e analisado pelo MDA’. A observação do alcance dos objetivos seria feita por meio da comparação temporal do perfil da UPF do jovem, especialmente quanto a aspectos econômicos, sociais, agronômicos e organizacionais. Entretanto, ponderam que os resultados dos serviços dependeriam de vários fatores alheios ao desempenho da entidade contratada, tais como clima, qualidade do solo, mercado local, disponibilidade e custos dos insumos de produção e nível de desenvolvimento do público beneficiário.

35. Tratando-se de atividades de ensino, não teriam sido vislumbrados indicadores seguros para mensurar o sucesso da atividade em relação aos objetivos finais do programa e, com a ausência de indicadores objetivos, os pagamentos poderiam depender de produtos que não seriam passíveis de medição precisa. Apontam que tal problema teria sido detectado pela Controladoria-Geral da União, que teria recomendado ‘elaborar planejamento para os trabalhos em etapas/atividades que garantam a efetividade da realização dos serviços prestados e de seus produtos, facilitando a comprovação da execução desses serviços e produtos para realização de pagamento’. Por tal razão, o MDA teria optado pela contratação por escopo (atividades a serem desenvolvidas) ao invés da definição de níveis de serviços.

36. Concluem o tópico afirmando que o MDA realizaria o acompanhamento da evolução do público alvo, por meio da comparação do perfil da UPF, porém não vincularia os resultados ao cumprimento do contrato, uma vez que os resultados não dependeriam apenas do desempenho da contratada.

Análise 37. Para justificar o caráter genérico das atividades previstas no edital da Chamada Pública 2/2015,

que deu causa ao questionamento feito pelo Tribunal, os responsáveis invocam a participação da comunidade no estabelecimento do plano de ação e na definição dos conteúdos e da forma de implementação dos serviços a serem executados. Entretanto, reiterando posição da Selog exposta na instrução precedente (peça 161, p. 5), a possibilidade de adequação do objeto contratado às peculiaridades regionais não autoriza transferir às contratadas a responsabilidade integral pela elaboração do projeto e definição dos resultados a serem alcançados.

23. O estabelecimento de um projeto básico de acordo com o comando do inciso IX do art. 6º da Lei 8.666/1993 para guiar as propostas das candidatas à prestação dos serviços em questão, como abordado acima, não significa tolher a flexibilidade para o atendimento às diferentes realidades locais e regionais, devendo a jurisdicionada propor, em seu projeto, os pontos e aspectos específicos das localidades, que ficarão sob a responsabilidade de diagnóstico e ação da contratada. De igual maneira pode ser a abordagem em relação à condição de recebimento do objeto, estabelecida no inciso XVI do art. 40 da Lei 8.666/1993.

38. Entende-se que a atuação do MDA na análise e apreciação dos projetos apresentados pelas entidades contratadas não supre a falha quanto à ausência de um projeto básico adequado, formulado nos termos do art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993. A ausência de parâmetros no edital, além de tornar o

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objeto impreciso, prejudica fortemente a avaliação do MDA quanto à adequação dos projetos apresentados, uma vez que a ausência de parâmetros mínimos torna as análises realizadas pelo contratante extremamente subjetiva.

39. Conforme exposto pelos próprios responsáveis, o edital da Chamada Pública 2/2015 prevê que, no planejamento inicial, atividade de caráter coletivo executada no âmbito da contratação destinada à formulação de estratégias e ações relacionadas ao objeto, seriam previstos ‘o tipo, quantidade, metodologia, cronograma de execução e indicadores de monitoramento das atividades que serão realizadas até o final do contrato’. Percebe-se que as atividades a serem executadas serão definidas no decorrer da execução do ajuste, pelo próprio contratado, a quem caberá, também, apresentar os indicadores de monitoramento que serão utilizados. Tal condição corrobora análise contida no parágrafo 24 da peça 161, no sentido de que ‘não há na chamada a previsão clara das formas de prestação dos serviços, de maneira a orientar, inclusive, a proposta das postulantes à prestação dos serviços, assim como medir sua realização e o efetivo alcance dos objetivos’.

40. Quanto à verificação do alcance dos objetivos da contratação, embora os responsáveis informem que seria avaliado a partir da comparação temporal do perfil da UPF quanto aos aspectos econômicos, sociais, agronômicos e organizacionais, é necessário observar que se tratam de atributos também muito vagos, que não permitem a objetividade requerida para tal análise.

41. Dessa forma, entende-se que, em relação a esse ponto, as justificativas apresentadas pelos responsáveis não poderão ser acolhidas.

b. ausência de detalhamento do orçamento em planilhas que evidenciem todos os custos unitários (item II);

Manifestação dos responsáveis 42. Informam que o cálculo do valor dos serviços de Ater seria realizado por lote e por atividade,

mediante individualização dos custos: horas técnicas dos profissionais, combustíveis, lubrificantes, depreciação de equipamentos, materiais para os participantes, diárias, impostos e taxa de administração. À exceção dos dois últimos, tais itens constariam do ‘Relatório de Padronização de Objetos’, que traria os valores que seriam praticados nas propostas de ações do MDA, tais como convênios, termos de parceria e termos de cooperação. A metodologia de cálculo, desenvolvida em 2010 e atualizada anualmente, contemplaria cinco processos ou etapas.

43. O primeiro processo seria a coleta de dados com variáveis de identificação dos municípios que comporiam o lote da Chamada. No segundo processo seria montada uma tabela com os dados das localidades e apurada a distância média das áreas rurais à sede do município. Na terceira etapa seria realizada uma estratificação dos municípios, com base na ‘distância média das comunidades à sede do município’ e na ‘densidade de agricultores familiares’, de forma que quanto maior a distância média e menor a densidade de agricultores, maiores os custos para se levar os serviços de assistência técnica e extensão rural. No quarto processo, os municípios seriam agrupados em lotes, etapa fundamental para apuração dos custos de logística. No quinto processo seriam definidas as atividades da Chamada Pública, individuais e coletivas, bem como a relação de técnicos por beneficiários e proporção de técnicos de nível médio e superior. A definição das atividades e a carga horária da equipe técnica seriam ajustadas ao cronograma anual, de forma a torná-lo exequível. Por fim, seriam lançados os custos unitários para cada variável, conforme abaixo (peça 188, p. 11):

a) O valor de remuneração das horas técnicas definido pelo salário mínimo profissional de ciências agrárias (engenheiro agrônomo) que serve de parâmetro para os profissionais de curso superior das demais formações, a fim de evitar quaisquer demandas judiciais futuras de tratamento equânime dos profissionais. O valor para os profissionais de nível médio é metade do valor do profissional de nível superior. A esse valor são acrescidos um percentual de 72% de encargos sociais.

b) Os valores de combustíveis e lubrificantes, depreciação dos veículos, e material para participantes são apropriados em cada atividade a partir dos procedimentos acima elencados e fixados no ‘Relatório de Padronização de Objetos’ fixado em Portaria pelo MDA e pelos valores da pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP) via site (http://www.anp.gov.br/preco/), esse último somente no

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caso de combustíveis.

c) São acrescidos, por fim, os impostos e contribuições incidentes, além da remuneração da empresa contratada, estabelecido em percentual de 5% (cinco por cento) sobre o valor dos serviços.

Análise 44. As manifestações apresentadas pelos responsáveis apenas reiteram informações anteriores

apresentadas pelo MDA. Conforme exposto nas análises anteriores, o instrumento convocatório da Chamada Pública SAF/ATER 02/2015 não apresentou o orçamento detalhado em planilhas evidenciando todos os custos unitários envolvidos na execução do objeto. As tabelas apresentadas no edital (peça 39, p. 61-472) trazem apenas informações vagas, que não atendem, nem mesmo minimamente, às exigências contidas no inciso II do § 2º do art. 7º da Lei 8.666/1993.

45. Embora os responsáveis aleguem que os valores que seriam praticados nas ações relacionadas à contratação constariam do ‘Relatório de Padronização de Objetos’, é preciso salientar que, em momento algum, o edital da Chamada Pública fez remissão a esse documento, com evidentes prejuízos à transparência.

46. Na instrução anterior realizada pela Selog (peça 161, p. 6-8), foram analisadas planilhas encaminhadas pelo MDA que detalhariam os cálculos dos valores de alguns dos lotes, documentos que, ressalte-se, não foram amplamente divulgados na Chamada Pública. Constatou-se que tais planilhas seriam pouco organizadas, de parca informação textual e de difícil legibilidade, e que não seria possível afirmar que ‘um terceiro não participante da equipe da jurisdicionada seja capaz de extrair todas as informações de que necessita apenas com os arquivos em mãos’, condição que confirma o não atendimento ao inciso II do § 2º do art. 7º da Lei 8.666/1993.

47. Além disso, como decorrência do achado, considerando que após a Chamada Pública as contratações são realizadas com base no inciso XXX do art. 24 da Lei 8.666/1993, entende-se caracterizada violação ao inciso III do parágrafo único do art. 26 da Lei 8.666/1993, que exige que os processos de dispensa de licitação contemplem a justificativa do preço contratado.

48. Por fim, cabe destacar que a irregularidade em questão também repercute na execução do objeto, tendo em vista a inexistência de parâmetros claros para medição e ateste dos serviços realizados, gerando incertezas quanto à adequação dos valores pagos à contratada.

49. Portanto, entende-se que as justificativas apresentadas pelos responsáveis deverão ser rejeitadas. c. exigência de ‘infraestrutura física’ (escritório, veículos, equipamentos) como critério de

habilitação técnica com caráter eliminatório e de pontuação, em desconformidade com a Súmula 272 desta Corte de Contas e com o § 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993 (item III);

d. exigência de perfil técnico como critério de habilitação técnica com caráter eliminatório e de pontuação, em desconformidade com a Súmula 272 desta Corte de Contas (item III);

Manifestação dos responsáveis 50. Alegam que a Lei de Licitações e Contratos permitiria exigências necessárias à perfeita

execução do objeto do contrato e, nesse sentido, transcrevem o seu art. 3º, § 1º, inciso I. Em seguida, argumentam que nas licitações do tipo ‘melhor técnica’ ou ‘técnica e preço’, a análise das propostas deveria considerar os recursos materiais que seriam utilizados, a qualificação das equipes técnicas empregadas e a metodologia que seria adotada, conforme estaria previsto no § 1º do art. 46 da citada lei.

51. Defendem que no julgamento da proposta técnica, a exigência de profissional com determinada qualificação somente seria comprovada mediante a informação de qual profissional executaria os serviços, acompanhada da documentação comprobatória de sua qualificação, medida que teria sido reconhecida pelo próprio TCU no Acórdão 1.490/2010 - Plenário. Ressaltam que não haveria como aferir a capacitação e a experiência do proponente, a qualidade técnica da proposta e a qualificação das equipes técnicas sem que se fosse exigida a apresentação dos respectivos documentos comprobatórios. Acrescentam que o edital poderia estabelecer pontuação mínima a ser alcançada pelos licitantes, sob pena de desclassificação da proposta. Nesse sentido, transcrevem excertos dos Acórdãos 2.658/2007 e 891/2008, ambos do Plenário do TCU.

52. Segundo os responsáveis, não se deve confundir requisitos de habilitação, aos quais se aplica o

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§ 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993, com critérios de pontuação da proposta técnica, citando, nesse sentido, o Acórdão 3.151/2011 - TCU - Plenário. Nessa deliberação, o relator teria defendido que o gestor deveria adequar as exigências da proposta técnica às particularidades do objeto licitado.

53. Apontam que os serviços de Ater seriam realizados em localidades, por vezes, de difícil acesso e demandariam constantes deslocamentos das equipes, conhecimento da geografia e da comunidade local, dentre outros aspectos, que justificariam as exigências previstas no edital da Chamada Pública 2/2015 - SAF-Ater. Por esse motivo, a legislação relacionada ao tema exigiria, como elementos essenciais ao adequado desempenho dos serviços, a disponibilidade de infraestrutura física e a capacitação dos componentes das equipes técnicas. Transcrevem o art. 15 da Lei 12.188/2010, que estabelece os requisitos para a obtenção de credenciamento como entidade executora do Pronater, e os arts. 3º e 6º do Decreto 7.215/2010, que, respectivamente, complementam os requisitos para credenciamento e estabelecem requisitos que deveriam ser considerados nas Chamadas Públicas destinadas à seleção das entidades executoras dos serviços de Ater.

54. A legislação exigiria, expressamente, a comprovação de capacidade da entidade contratada, especialmente quanto à experiência com o público beneficiário dos serviços e quanto à disponibilidade de profissionais, tecnologia e materiais necessários à realização dos serviços. Concluem que, ainda que a exigência questionada não possua suporte na Lei 8.666/1993, a legislação que rege os serviços de Ater daria o devido fundamento legal, tendo em vista o critério da especialidade, segundo o qual a norma específica se sobrepõe à norma de caráter geral.

55. A experiência da unidade revelaria o acerto da exigência, pois a falta de estrutura material seria um dos principais causadores de atrasos e descumprimentos contratuais, sendo, dessa forma, indispensável para garantir a implementação do Pronater. Argumentam que, em contratações anteriores, entidades que não possuíam a estrutura exigida teriam apresentado enorme dificuldade para honrar os contratos, especialmente em razão de somente receberem os pagamentos após a execução dos serviços. Empresas que não possuíam a estrutura física necessária tinham que incorrer em consideráveis gastos, o que, por diversas vezes, teria impossibilitado o cumprimento de metas e prazos e, até mesmo, resultado na inexecução parcial dos serviços.

56. Entendem que a exigência, por ser absolutamente necessária, não contrariaria o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, e atenderia ao pressuposto estabelecido no Acórdão 525/2012 - TCU - Plenário, segundo o qual os quesitos de pontuação técnica deveriam influir de forma positiva na execução dos serviços a serem contratados.

57. Destacam que uma das críticas do TCU ao programa (Acórdão 2.395/2013 - Plenário) seria a descontinuidade dos serviços de Ater e que, em resposta, o MDA, além de estender o prazo de vigência dos contratos, teria passado a exigir que as empresas demonstrassem a existência de estrutura mínima necessária para executar os serviços, exigência que estaria amparada no art. 15 da Lei 12.188/2010 e no art. 3º do Decreto 7.215/2010.

58. Reiteram que contratações de serviços de Ater teriam disciplina própria, que permitiria o estabelecimento de exigências não apenas para participação das Chamadas Públicas, mas também previamente, como condição para se habilitar à prestação dos serviços. Defendem que a exigência seria necessária, pois, no ato do credenciamento, a entidade comprovaria possuir estrutura e pessoal para a realização de serviços de Ater em geral. No edital da Chamada Pública, as exigências tinham por objetivo aferir a capacidade para realização de serviços específicos, levando em consideração as peculiaridades do caso concreto (público alvo, região, cultura agrícola desenvolvida).

59. Acrescentam que a CGU, no Relatório de Auditoria 707238, teria considerado insuficientes as exigências para credenciamento das entidades de Ater, particularmente quanto aos critérios de infraestrutura exigidos, entendendo que deveriam ser feitas exigências mais severas antes mesmo da realização da Chamada Pública. Entretanto, a equipe técnica da Secretaria de Agricultura Familiar do MDA teria entendido que seria preferível que as exigências fossem feitas na Chamada Pública, com vistas a adequá-las ao objeto específico da contratação.

60. Finalizam apontando que as exigências contidas em um edital de Chamada Pública estariam sob

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a égide de dois valores contraditórios: de um lado, os princípios da isonomia e da ampla competição, no sentido de possibilitar a participação do maior número possível de interessados e, do outro, o princípio da eficiência, segundo o qual as contratações devem alcançar os melhores resultados possíveis.

Análise 61. Conforme alegado, o inciso I do § 1º do art. 46 da Lei 8.666/1993, que trata de licitações do tipo

‘melhor técnica’, prevê que a análise de propostas técnicas deve considerar a capacitação e a experiência do proponente, a qualidade técnica da proposta (metodologia, organização, tecnologias e recursos materiais a serem utilizados no trabalho) e a qualificação da equipe técnica a ser mobilizada na execução do objeto. Entretanto, conforme entendimento do TCU materializado na Súmula 272, ‘é vedada a inclusão de exigências de habilitação e de quesitos de pontuação técnica para cujo atendimento os licitantes tenham de incorrer em custos que não sejam necessários anteriormente à celebração do contrato’.

62. Embora os responsáveis justifiquem a exigência com a alegação de que a falta de estrutura material seria um dos principais causadores de atrasos e descumprimentos contratuais, é preciso salientar que a comprovação de infraestrutura poderia ser exigida como requisito para a efetivação da contratação, conforme previsto no § 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993.

63. A comprovação de infraestrutura, por gerar custos desnecessários anteriormente à contratação, não poderia ter caráter eliminatório e tampouco ser critério de pontuação. No entanto, na Chamada Pública 02/2015, a exigência teve essa dupla função, pois, além de servir como critério de pontuação, foi fundamento para eliminações de propostas, conforme documentação constante da peça 48, p. 15-16. Embora os responsáveis apontem que critérios de habilitação não deveriam ser confundidos com critérios de pontuação (peça 188, p.13), é preciso mencionar que, no caso concreto, foi exatamente o que ocorreu.

64. A eliminação de propostas com base nessa exigência se revela ainda mais grave na medida em que não há no edital qualquer dispositivo nesse sentido, tendo em vista que infraestrutura somente foi abordada no subitem 11.4, que tratou das ‘Atribuições dos Profissionais da Equipe Técnica Multidisciplinar’ (Peça 39, p. 17).

Para a realização das atividades cada equipe técnica básica deverá ter, no mínimo, disponibilidade da seguinte infraestrutura de apoio:

- 01 veículo automotivo ou barco quando for o caso; - 03 Motocicletas ou veículos; - 04 Computadores; - 01 Impressora; - 04 GPS; - 04 Máquinas fotográficas; - 01 escritório equipado para atendimento aos agricultores em pelo menos um dos municípios do

lote; 65. Quanto à legislação aplicável às contratações de entidades executoras do Pronater, cumpre

mencionar que, conforme disposto no art. 11 da Lei 12.188/2010, para que uma instituição ou organização seja uma entidade executora do Pronater, é necessário que ela seja previamente credenciada junto ao Conselho Estadual de Desenvolvimento Sustentável e da Agricultura Familiar, ou órgão similar, e atenda aos requisitos estabelecidos no art. 15 da citada norma.

Art. 15. São requisitos para obter o credenciamento como Entidade Executora do Pronater: I - contemplar em seu objeto social a execução de serviços de assistência técnica e extensão rural; II - estar legalmente constituída há mais de cinco anos; III - possuir base geográfica de atuação no Estado em que solicitar o credenciamento; IV - contar com corpo técnico multidisciplinar, abrangendo as áreas de especialidade exigidas para

a atividade; V - dispor de profissionais registrados em suas respectivas entidades profissionais competentes,

quando for o caso; VI - atender a outras exigências estipuladas em regulamento. Parágrafo único. O prazo previsto no inciso II não se aplica às entidades públicas.

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223 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

66. A própria Lei 12.188/2010, ao restringir a execução do Pronater a entidades credenciadas e fixar

requisitos para a obtenção desse credenciamento, promove uma espécie de habilitação prévia daqueles que seriam capazes de executar as ações relacionadas ao referido programa. Dentre os requisitos exigidos, destaca-se, para essa análise, os incisos III, IV e V, que exigem a comprovação de base geográfica no Estado em que solicitar o credenciamento e de corpo técnico capacitado. Embora os responsáveis defendam que os aspectos questionados teriam por finalidade aferir a capacidade da entidade para realização de serviços específicos, eles somente poderiam ser exigidos como requisitos para a contratação, mas não como critério de eliminação, conforme já destacado nos parágrafos anteriores.

67. Ainda quanto à legislação aplicável às contratações de entidades executoras do Pronater, deve-se mencionar que o art. 18 da Lei 12.188/2010 estabelece que, além das disposições contidas nela própria, seriam aplicáveis as da Lei 8.666/1993. Diversamente do que alegam os responsáveis, não há na legislação que trata do Pronater dispositivos que deem sustentação às exigências questionadas no item ‘c’ das audiências. Tanto o art. 15 da Lei 12.188/2010 quanto o art. 3º do Decreto 7.215/2010, mencionados nas manifestações apresentadas pelos responsáveis, tratam dos requisitos para o credenciamento das entidades como executoras do Pronater, procedimento que não se confunde com a Chamada Pública, procedimento disciplinado pelo art. 19 da lei e no art. 6º do decreto, conforme abaixo.

Lei 12.188/2010 Art. 19. A contratação de serviços de Ater será realizada por meio de chamada pública, que conterá,

pelo menos: I - o objeto a ser contratado, descrito de forma clara, precisa e sucinta; II - a qualificação e a quantificação do público beneficiário; III - a área geográfica da prestação dos serviços; IV - o prazo de execução dos serviços; V - os valores para contratação dos serviços; VI - a qualificação técnica exigida dos profissionais, dentro das áreas de especialidade em que serão

prestados os serviços; VII - a exigência de especificação pela entidade que atender à chamada pública do número de

profissionais que executarão os serviços, com suas respectivas qualificações técnico-profissionais; VIII - os critérios objetivos para a seleção da Entidade Executora. Parágrafo único. Será dada publicidade à chamada pública, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias,

por meio de divulgação na página inicial do órgão contratante na internet e no Diário Oficial da União, bem como, quando julgado necessário, por outros meios.

Decreto 7.215/2010 Art. 6º A chamada pública para seleção das Entidades Executoras deverá observar o disposto no art.

19 da Lei 12.188, de 2010, e considerar os seguintes requisitos: I - a capacidade e experiência da entidade para lidar com o público beneficiário da Política Nacional

de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária - PnateR; II - a qualidade técnica da proposta, que deverá compreender metodologia, organização, tecnologias

e recursos materiais a serem utilizados nos trabalhos; e III - a qualificação das equipes técnicas a serem mobilizadas para a execução dos serviços de

ATER. 68. Verifica-se que não há disposições que fundamentem as exigências questionadas. Aliás, deve-se

ressaltar que os requisitos previstos no art. 6º do Decreto 7.215/2010 praticamente reproduzem o teor da parte final do inciso I do § 1º do art. 46 da Lei 8.666/1993, que trata, justamente, da avaliação das propostas técnicas em licitações do tipo ‘melhor técnica’.

Art. 46. [...] § 1º Nas licitações do tipo ‘melhor técnica’ será adotado o seguinte procedimento claramente

explicitado no instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo que a Administração se propõe a pagar:

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224 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

I - serão abertos os envelopes contendo as propostas técnicas exclusivamente dos licitantes

previamente qualificados e feita então a avaliação e classificação destas propostas de acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado, definidos com clareza e objetividade no instrumento convocatório e que considerem a capacitação e a experiência do proponente, a qualidade técnica da proposta, compreendendo metodologia, organização, tecnologias e recursos materiais a serem utilizados nos trabalhos, e a qualificação das equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua execução;

69. Tal similaridade corrobora a aplicabilidade da Súmula 272 do TCU também às Chamadas Públicas que tenham por objeto contratações relacionadas aos serviços de Ater. Desse modo, entende-se que as justificativas apresentadas pelos responsáveis quanto ao item ‘c’ das audiências deverão ser rejeitadas.

70. O questionamento relativo ao item ‘d’ das audiências diz respeito à exigência de que a entidade apresentasse o perfil da equipe técnica em sua proposta. Segundo o edital, tal comprovação deveria ser feita conforme o modelo constante do Anexo VIII (peça 39, p. 475), exigindo informações relacionadas à formação, sexo, idade e experiência profissional relacionada a ATER.

71. Nessa análise, julga-se pertinente destacar o § 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993, assim como o inciso VII do art. 19 da Lei 12.188/2010:

Lei 8.666/1993 Art. 30 [...] [...] § 6º As exigências mínimas relativas a instalações de canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal

técnico especializado, considerados essenciais para o cumprimento do objeto da licitação, serão atendidas mediante a apresentação de relação explícita e da declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as exigências de propriedade e de localização prévia.

Lei 12.188/2010 Art. 19. A contratação de serviços de Ater será realizada por meio de chamada pública, que conterá,

pelo menos: [...] VII - a exigência de especificação pela entidade que atender à chamada pública do número de

profissionais que executarão os serviços, com suas respectivas qualificações técnico-profissionais; 72. A exigência em questão amolda-se ao previsto nos dispositivos acima. Nota-se que o § 6º do art.

30 da Lei de Licitações e Contratos, além de instalações de canteiros, máquinas e equipamentos, trata também de exigências mínimas relacionadas a pessoal técnico especializado, prevendo que a comprovação ocorreria mediante apresentação de relação explícita. Por sua vez, a Lei 12.188/2010 prevê que a Chamada Pública deve exigir o número de profissionais e suas respectivas qualificações técnico-profissionais.

73. É preciso considerar que a Súmula 272 do TCU recrimina exigências que resultam em custos ao licitante que não sejam necessários anteriormente à celebração do contrato, condição não identificada no caso em análise, pois não se requereu comprovação de vínculo entre entidade e profissional anterior à contratação. Desse modo, as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis para o item ‘d’ das audiências deverão ser acolhidas.

e. exigência de percentual de jovens e mulheres na composição das equipes técnicas sem base legal (item IV);

Manifestação dos responsáveis 74. Segundo os responsáveis, dentre os princípios fundamentais do Pnater, estariam ‘a equidade nas

relações de gênero, geração, raça e etnia, e a adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão da política pública (art. 3º, III e V, da Lei 12.188/10)’.

75. O MDA, em consonância com diretriz traçada pela Organização das Nações Unidas no Programa de Ação Mundial para a Juventude, aprovado em 2000, estaria atuando para garantir apoio aos

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225 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

jovens do campo, com vistas a garantir sua manutenção na atividade agrícola, gerando renda e produção, além de perspectivas de futuro, contribuindo para a diminuição do êxodo para os grandes centros urbanos.

76. O órgão também estaria adotando políticas públicas especificamente voltadas para as mulheres, em consonância com as diretrizes adotadas pela Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres - ONU Mulheres, que teria dentre os seus princípios fundamentais a promoção, educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres.

77. Defendem que, dadas as peculiaridades dos serviços de assistência técnica e extensão rural, seria fundamental a estreita colaboração e entendimento entre os agentes contratados e a comunidade beneficiária, razão pela qual se exigiu que parte da equipe técnica possuísse o mesmo perfil do público alvo, isto é, jovens e mulheres, o que garantiria a identificação entre os agentes e a comunidade, facilitando o diálogo e o desenvolvimento dos trabalhos.

78. A exigência, ainda, objetivaria a imediata inserção profissional de jovens e mulheres, garantindo-lhes oportunidades de emprego nos serviços de assistência técnica e extensão rural. Acrescentam que, ao lado das políticas de transferência de renda, o Governo Federal estaria adotando medidas de promoção da inclusão produtiva de segmentos mais vulneráveis, o que contribuiria decisivamente para a erradicação da pobreza no Brasil, de modo que, sob aspecto mais amplo, tais medidas estariam inseridas no Plano Brasil sem Miséria. Essas políticas teriam por objetivo empoderar esses seguimentos sociais, minorando ou extinguindo a vulnerabilidade, incluindo-os ativamente na sociedade. Assim, a medida não seria irrelevante ou restritiva, mas absolutamente adequada como instrumento de promoção da igualdade de gênero e proteção do jovem do campo.

79. Prosseguem afirmando que a exigência possuiria expressa fundamentação legal, uma vez que a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - Pnapo, instituída pelo Decreto 7.794/2012, possuiria como uma de suas diretrizes a ‘ampliação da participação da juventude rural na produção orgânica e de base agroecológica’ e a ‘contribuição na redução das desigualdades de gênero, por meio de ações e programas que promovam a autonomia econômica das mulheres’. Destacam que o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - Planapo definido para o PPA 2012/2015 teria estabelecido o macrodesafio de ‘reconhecimento e fortalecimento do protagonismo dos/as jovens e das mulheres rurais na agroecologia e produção orgânica’, estabelecendo como meta a contratação de pelo menos 20% de jovens como agentes de Ater e a contratação de pelo menos 30% de mulheres entre os técnicos participantes das ações de formação, capacitação e qualificação nas Chamadas de Ater com enfoque agroecológico.

80. Concluem que o MDA teria seguido as metas determinadas no Planapo, em consonância com as diretrizes mundiais de políticas de proteção dos jovens e das mulheres.

Análise 81. Sobre a questão, é necessário considerar que podem existir situações em que, em razão das

características do público alvo, sejam necessários profissionais com perfis específicos. Em relação à exigência de mulheres na equipe técnica, é possível que, em determinadas regiões, em razão da cultura local, a participação do público feminino seja prejudicada caso a equipe seja composta só por homens, detalhe que poderia prejudicar o alcance dos objetivos pretendidos com a Chamada Pública.

82. Há razoabilidade no argumento trazido pelos responsáveis no sentido de que, dada as peculiaridades dos serviços de Ater, a exigência de que parte da equipe técnica possuísse o mesmo perfil do público alvo, isto é, jovens e mulheres, garantiria a identificação entre agentes e comunidade e facilitaria o diálogo e o desenvolvimento dos trabalhos. Nessa análise, é preciso levar em conta que a exigência de 30% de jovens e 30% de mulheres na composição da equipe técnica não parece ser excessiva e, além disso, conforme destacam os responsáveis, tal requisito estaria alinhado a programas da Organização das Nações Unidas voltados a jovens e mulheres, bem como a políticas públicas governamentais relacionadas ao tema.

83. Assim, entende-se que as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis para o item ‘e’ das audiências poderão ser acatadas.

f. ausência de critérios objetivos para avaliação de itens da proposta técnica considerados

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226 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

relevantes pela contratante no julgamento das propostas (item V);

Manifestação dos responsáveis 84. Apontam que a extensão rural seria um processo que diferiria da mera assistência técnica, uma

vez que essa não teria, necessariamente, um caráter educativo, pois sua finalidade seria apenas resolver problemas específicos, pontuais, sem capacitar o produtor rural. Defendem que os serviços de Ater seriam de natureza predominantemente intelectual e, por essa razão, a forma adequada de escolha da contratada deveria ser por critérios técnicos e não puramente econômicos. Como o art. 19, inciso V, da Lei 12.188/2010 determina que a chamada pública deveria conter o preço a ser pago pelos serviços (preço pré-determinado), o critério de escolha deveria ser estritamente a ‘melhor técnica’.

85. Nesse tipo de licitação, seriam avaliadas e pontuadas a ‘capacidade e a experiência do proponente, a qualidade técnica da proposta, compreendendo metodologia, organização, tecnologias e recursos materiais a serem utilizados nos trabalhos, e a qualificação das equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua execução’, conforme o art. 46, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993. Complementam que a análise de alguns desses itens, a exemplo da metodologia, envolveria certo grau de subjetividade, conforme o próprio Tribunal teria reconhecido no Acórdão 1.288/2011 - Plenário.

86. O MDA, sensível a essa dificuldade, teria adotado as cautelas necessárias para reduzir a subjetividade na análise, definindo os critérios, as variáveis utilizadas e a respectiva pontuação. O edital teria definido pormenorizadamente os elementos que deveriam constar das propostas (Anexo V) e o perfil da equipe técnica teria sido estabelecido com base em elementos objetivos (Anexo VIII), assim como os critérios de pontuação estariam adequadamente detalhados no Anexo IX do edital.

87. Informam que as propostas foram julgadas por uma Câmara Técnica, formada por servidores concursados do MDA, com cargos técnicos nas matérias desenvolvidas na política de Ater e com experiência na fiscalização de contratos do tipo. Com vistas à redução da subjetividade no julgamento das propostas, o MDA teria optado por estabelecer, quanto à metodologia, apenas a análise quanto à adequação ou inadequação, sem pontuar de forma distinta as metodologias empregadas.

88. O edital definiria a estrutura básica das propostas técnicas, mas não esgotaria o seu conteúdo, justamente porque não seria recomendável estabelecer uma estrutura fixa a ser implementada, independentemente da região e do público alvo, e porque política nacional da agricultura familiar teria como um dos princípios fundamentais a participação dos agricultores familiares na sua formulação e na sua implementação (Lei 11.326/2006).

89. Ressaltam diretriz que teria sido aprovada na 1ª Conferência Nacional de Ater, no sentido de que as especificidades dos agricultores fossem consideradas nas metodologias de capacitação. Também mencionam o Acórdão 2.395/2013 - TCU - Plenário, que teria recomendado ao MDA que, na formulação dos editais de Chamada Pública, observasse a necessidade de considerar as especificidades e tradições locais no desenvolvimento das atividades contratadas.

90. Informam que, em razão dos apontamentos feitos pelo TCU, estariam sendo estudadas medidas para garantia da objetividade na análise das propostas, bem como a elaboração de manuais e cartilhas, medidas essas, que, entretanto, demandariam maior tempo.

Análise 91. Diferentemente do que alegam os responsáveis, o Anexo V do edital (peça 39, p. 57) não

definiu de forma pormenorizada os elementos que deveriam constar das propostas, pois tratou apenas do roteiro que deveria ser seguido pelas entidades para sua elaboração, na forma de tópicos, sem maiores esclarecimentos acerca de cada um deles.

92. Mesmo que não tenham sido atribuídas pontuações distintas às metodologias apresentadas pelas entidades em suas propostas técnicas, já que a análise apenas apontava a adequação ou a inadequação da proposta quanto a determinado critério, permanece, nessa avaliação, considerável grau de subjetividade. Tomam-se por exemplos os critérios mencionados nos parágrafos 83 e 84 da manifestação anterior da Selog (peça 161, p. 13):

83. [...] Ao compulsar o quadro do bloco II [do anexo IX], observa-se o termo ‘Demonstração do conhecimento’, na coluna ‘critério’, referente à ‘Demonstração de conhecimento da realidade local e dos

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227 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

problemas a serem enfrentados para autonomia da juventude rural’, que ensejam não apenas a avaliação de sim/não para a mera apresentação de documento com metodologia, mas de uma avaliação contundente do conteúdo do documento apresentado.

84. O mesmo é observado em relação ao item seguinte, sobre ‘Demonstração da capacidade de atendimento aos princípios instituídos na Política Nacional de ATER...’. Apesar de o formato sim/não ser positivo no sentido de não haver subjetividade quanto à gradação da pontuação, pois permite auferir somente pontuação máxima ou mínima, a análise de seu atendimento exige uma avaliação interpretativa.

93. A participação dos agricultores na formulação e na implementação das atividades, prevista na Lei 11.326/2006, e a necessidade de se considerar as especificidades e tradições locais na execução do objeto, não impedem a formulação de quesitos que atribuam maior nível de objetividade à análise da proposta apresentada.

94. Tendo em vista que os responsáveis não trouxeram elementos capazes de justificar o questionamento contido no item ‘f’ das audiências, reafirma-se o teor da análise contida na peça 161. Dessa forma, as razões apresentadas não poderão ser acolhidas.

g. insuficiência de indicadores de desempenho para aferir o atingimento dos resultados na solução contratada na fase de acompanhamento da execução do contrato, tendo em vista que foram estabelecidos apenas dois indicadores, a saber 1) número de beneficiários e 2) número de atividades programadas executadas, em desacordo com o disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993 (item VIII, alínea g)

Manifestação dos responsáveis 95. Informam que, desde 2008, o Dater possuiria modelos para aferição de resultados finalísticos

das ações de Ater, elaborados em conjunto com a Unicamp. Teriam sido desenvolvidos formulários para coleta de dados nas atividades ‘Caracterização da UPF’, que permitiriam a comparação temporal do perfil dos beneficiários e as alterações que teriam sido alcançadas. O aplicativo informatizado para coleta e tratamento das informações dentro do sistema Siater ainda não teria sido implantado, mas, após várias tentativas, em 2016, a Secretaria da Agricultura Familiar teria iniciado o ajuste dessa ferramenta. Além disso, o Dater já teria programado que as atuais contratadas deverão preencher formulários em aplicativos ‘Access’.

96. Ressaltam que as ações de Ater são impactadas por indicadores que vão além do trabalho dos extensionistas, que não estariam totalmente sob o seu controle, pois aspectos econômicos, sociais, ambientais e organizativos seriam frutos de uma conjunção de fatores, tanto pessoais dos beneficiários (habilidades ou escolhas) quanto ambientais (clima, umidade, condições de comercialização, etc.). Por essas razões é que os contratos de Ater, sob a égide da Lei 12.188/2010, ainda não apresentariam indicadores de resultados.

Análise 97. Apesar de alegarem que formulários, físicos e digitais, estariam sendo utilizados na unidade

jurisdicionada e permitiriam a comparação temporal do perfil dos beneficiários, os responsáveis não demonstram quais indicadores seriam utilizados nessa avaliação. Conforme destacado na instrução precedente (peça 161, p. 18):

126. A quantidade e a qualidade dos indicadores estão diretamente relacionadas ao planejamento da contratação, que por falta de diretrizes claras, com o estabelecimento de metas, foi deficiente. Ainda que haja outros fatores que possam influenciar no meio rural e no público alvo da política, a ausência de estudos técnicos e de um projeto básico relacionado a diretrizes e objetivos claros, concretos e palpáveis dificulta ainda mais o estabelecimento de indicadores e, assim, a avaliação dos efeitos das atividades realizadas no aprendizado das técnicas agrárias e sobre a ‘inclusão produtiva’ e geração de renda entre o público beneficiário. É cediço que na avaliação de qualquer política pública os indicadores são referências fundamentais para aferir periodicamente os resultados alcançados em sua execução, assim como auxiliar a proposição de medidas corretivas quando houver indicativo de que os objetivos e metas estabelecidos não serão alcançados.

98. Também quanto a esse aspecto, entende-se que as justificativas apresentadas pelos responsáveis

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228 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

não se mostraram suficientes para elidir a irregularidade.

Outras considerações Manifestação dos responsáveis 99. Ao final, informam que, com fundamento nos apontamentos contidos no relatório de auditoria

da Selog, a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário teria iniciado processo de atualização do modelo de edital para as próximas Chamadas Públicas, apontando as seguintes inovações (peça 188, p. 24):

a) Divulgação no site do MDA da metodologia geral para definição dos custos da chamada pública; b) Maior detalhamento do cálculo dos custos, informando os custos unitários por item, bem como

divulgação no site da metodologia e das planilhas individualizadas para consulta; c) Criação de metodologia para pesquisa de preços de alcance regional para comparação com os

valores calculados na metodologia praticada na chamada; d) Elaboração de um texto ‘gabarito’ com temas e conceitos ‘chaves’ para balizar a análise da

Câmara Técnica quanto aos itens metodológicos e conceituais da proposta (bloco II); e) Revisão dos critérios de documentação para fins de credenciamento; f) Revisão dos critérios para pontuação da experiência da equipe de forma, buscando torná-la mais

objetiva; g) Inserção na chamada de indicadores de resultados objetivos para mensuração dos impactos do

contrato no desenvolvimento local; h) Inserção, como ponto de encerramento do contrato, de relatório de finalização com teor

qualitativo a ser preenchido por beneficiários, parceiros municipais e pelo fiscal do contrato. Também será feito um cruzamento de informações a partir do número da DAP com outras informações de políticas públicas acessadas pelos beneficiários. Nessa perspectiva, as chamadas estabelecerão indicadores mínimos para aceite do objeto;

i) Maior participação das instâncias estaduais, via Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável, e suas câmaras técnicas para definição de metas e indicadores, bem como opinião quanto aos resultados alcançados.

100. Por fim, informam que, no intuito de se construir um modelo de consenso, em que sejam consideradas as necessidades do órgão, as peculiaridades dos serviços de Ater e as recomendações do TCU, optou-se por recomendar ao Secretário de Agricultura Familiar a revogação da Chamada Pública nº 02/2015 - SAF/Ater, e que será elaborado novo edital, incorporando as recomendações do TCU e aperfeiçoando os procedimentos em que teriam sido verificadas inconsistências ou fragilidades. Tais melhorias estariam sendo discutidas com a Anater (Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural), a quem caberá a tarefa executiva de contratação e gerenciamento dos contratos de Ater, conforme a Lei 12.897/2013.

Análise 101. Embora os responsáveis aleguem ter sugerido a revogação da Chamada Pública nº 02/2015 -

SAF/ATER, pesquisa realizada na página do MDA (http://www.mda.gov.br/sitemda/chamadas-publicas) indica que ela continua vigente.

102. Quanto ao desenvolvimento de novo modelo de edital destinado a Chamadas Públicas, com inovações que contemplariam parte dos achados identificados nestes autos, entende-se que, além das alterações apontadas pelos responsáveis, há outros pontos, também destacados no âmbito desta representação, que, igualmente, deverão ser aperfeiçoados. Dessa forma, julga-se necessário cientificar a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário, uma vez que o Ministério do Desenvolvimento Agrário foi extinto pela Medida Provisória 726/2016, convertida na Lei 13.341/2016, sobre as ocorrências identificadas, que deverão ser consideradas na elaboração dos editais das próximas Chamadas Públicas.

CONCLUSÃO 103. A manifestação da Emater/RS, contida na peça 164, não trouxe elementos capazes de alterar a

convicção formada pela Selog quanto às irregularidades observadas na Chamada Pública 02/2015

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229 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

SAF/Ater - Juventude Rural. Quanto à reiteração das oitivas determinada pelo relator no Despacho constante da peça 166, cabe mencionar que, embora regularmente notificado, o Instituto Cátedra permaneceu silente. Por sua vez, mesmo após duas novas tentativas, o Centro de Capacitação Zumbi dos Palmares não foi encontrado pelo Tribunal.

104. Os responsáveis Everton Augusto Paiva Ferreira, Marenilson Batista da Silva e Onaur Ruano não foram capazes de justificar o caráter genérico das atividades previstas no edital da Chamada Pública 02/2015, pois, mesmo considerando a participação da comunidade na definição dos serviços, com vistas a adequar o objeto às peculiaridades regionais, não é possível transferir às contratadas a responsabilidade integral pela elaboração do projeto e definição dos resultados a serem alcançados, por caracterizar ofensa ao art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993. A ausência de parâmetros no edital, além de tornar o objeto impreciso, prejudica a avaliação do MDA quanto à adequação dos projetos apresentados, uma vez que a ausência de parâmetros mínimos torna as análises realizadas pelo contratante extremamente subjetivas.

105. O questionamento relativo à ausência de orçamento detalhado também não foi justificado adequadamente. As tabelas apresentadas no edital (peça 39, p. 61-472) trazem apenas informações vagas, que não atendem, nem mesmo minimamente, às exigências contidas no inciso II do § 2º do art. 7º da Lei 8.666/1993. Além disso, cabe destacar que a irregularidade em questão também repercute na execução do objeto, tendo em vista a inexistência de parâmetros claros para medição e ateste dos serviços realizados, gerando incertezas quanto à adequação dos valores pagos à contratada.

106. A exigência de estrutura física como critério eliminatório e de pontuação se mostrou contrário ao entendimento contido na Súmula 272 do Tribunal. Diversamente do que defendem os responsáveis, não há na legislação específica relativa aos serviços de Ater (Lei 12.188/2010 e Decreto 7.215/2010) dispositivos que deem sustentação a essa exigência. Não obstante, cabe mencionar que tais exigências podem constar do edital, mas como requisitos para a contratação e não como critério de eliminação.

107. Por sua vez, a exigência de perfil técnico encontra amparo no § 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993 e no inciso VII do art. 19 da Lei 12.188/2010. No caso em análise, não foi exigido vínculo entre a entidade e o profissional, o que afasta custos desnecessários anteriores à contratação e, por consequência, a incidência da Súmula 272 do TCU. Propõe-se, dessa forma, que as justificativas apresentadas para o item ‘d’ das audiências sejam acolhidas.

108. Quanto à exigência de percentual mínimo de jovens e mulheres (item ‘e’ das audiências), propõe-se o acolhimento das justificativas apresentadas. O argumento trazido pelos responsáveis de que a exigência de que parte da equipe técnica possuísse o mesmo perfil do público alvo garantiria a identificação entre agentes e comunidade e facilitaria o diálogo e o desenvolvimento dos trabalhos se revela razoável. Ainda, o percentual mínimo de jovens e de mulheres na composição da equipe técnica não pareceu excessivo e, além disso, a exigência estaria alinhada a programas da Organização das Nações Unidas voltados a jovens e mulheres, bem como a políticas públicas governamentais relacionadas ao tema.

109. Como o edital não definiu adequadamente os elementos que deveriam constar das propostas, nem a forma pela qual eles seriam avaliados, concluiu-se que o nível de subjetividade na análise das metodologias apresentadas pelas entidades seria muito elevado. As manifestações dos responsáveis não foram suficientes para refutar o achado, logo, as justificativas apresentadas para o item ‘f’ deverão ser rejeitadas.

110. Quanto aos indicadores de desempenho, os responsáveis apenas alegam que estariam sendo utilizados formulários que permitiriam a comparação temporal do perfil dos beneficiários, mas não apresentam quais indicadores seriam empregados nessa avaliação. Desse modo, as justificativas para o item ‘g’ das audiências também deverão ser rejeitadas.

111. Uma vez que as manifestações apresentadas pelos responsáveis não foram capazes de alterar a maior parte das conclusões apresentadas na instrução técnica contida na peça 161, reitera-se, com ajustes pontuais, o encaminhamento quanto ao mérito deste processo.

112. Por fim, cabe mencionar que em 7 de outubro de 2016, foi juntada a estes autos a peça 197, por meio da qual a Secretaria Especial da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário encaminhou ao Tribunal

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cópia da publicação do Aviso de Revogação da Chamada Pública de Ater nº 02/2015.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo: a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts.

235 e 237, inciso VI, do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;

b) revogar a medida cautelar anteriormente concedida; c) rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Everton Augusto Paiva Ferreira,

Coordenador-Geral de Assistência Técnica e Extensão Rural, CPF 000.629.806-02, Marenilson Batista da Silva, Diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural, CPF 547.365.954-34, e Onaur Ruano, então Secretário da Secretaria de Agricultura Familiar, CPF 750.082.548-04, em relação aos itens ‘a’, ‘b, ‘c’, ‘f’ e ‘g’ das audiências (peças 167, 168 e 169), conforme parágrafos 30 a 69 e 84 a 98 desta instrução, aplicando-lhe a multa prevista no inciso II do art. 58 da Lei 8.443/1993, e fixando o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprove, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do acórdão até a data do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

d) acolher as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Everton Augusto Paiva Ferreira, Coordenador-Geral de Assistência Técnica e Extensão Rural, CPF 000.629.806-02, Marenilson Batista da Silva, Diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural, CPF 547.365.954-34, e Onaur Ruano, então Secretário da Secretaria de Agricultura Familiar, CPF 750.082.548-04, em relação aos itens ‘d’ e ‘e’ das audiências (peças 167, 168 e 169), conforme parágrafos 70 a 83 desta instrução;

e) dar ciência à Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário - Casa Civil da Presidência da República das seguintes impropriedades e irregularidades, ocorridas na Chamada Pública 02/2015 SAF/Ater - Juventude Rural, com vistas a evitar a ocorrência de outras semelhantes:

e.1) falta de correlação clara entre os objetivos declarados para justificar a contratação e as atividades contratadas, em desacordo com o disposto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 40, inciso XVI, art. 54, § § 1º e 2º e art. 55, inciso IV;

e.2) ausência de detalhamento do orçamento em planilhas que evidenciem todos os custos unitários em desacordo com o disposto na Lei 8.666/1993, art. 4º, parágrafo único, art. 7º, § 2º, inciso II, art. 15, inciso II, e art. 43, inciso IV, assim como no Acórdão 2.380/2013 - TCU - Plenário, de 4/9/2013, e Acórdão 1.996/2011 - TCU - Plenário, de 3/8/2011;

e.3) exigência prévia de ‘infraestrutura física’ (escritório, veículos, equipamentos) como critério de habilitação técnica com caráter eliminatório e de pontuação, em desacordo com a Súmula 272 desta Corte de Contas e com o § 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993;

e.4) ausência de critérios objetivos para avaliação de itens da proposta técnica considerados relevantes pela contratante no julgamento das propostas, em desacordo com a Lei 8.666/1993, art. 3º, art. 4º, parágrafo único e art. 40, inciso VII;

e.5) ausência de amparo legal para a fixação do prazo de vigência contratual em 40 meses, sendo que somente é prevista a execução de atividades durante o período de trinta e seis meses, em desacordo com a Lei 8.666/1993, art. 7º, § 2º, inciso III e art. 57;

e.6) ausência de divulgação no edital de previsão de reajuste de preços, não restando claro qual será a base de cálculo para reajuste dos contratos, em desacordo com o disposto no art. 3º, art. 38, parágrafo único, e art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993;

e.7) insuficiência de indicadores de desempenho para aferir o atingimento dos resultados na solução contratada na fase de acompanhamento da execução do contrato, tendo em vista que foram estabelecidos apenas dois indicadores, a saber 1) número de beneficiários e 2) número de atividades programadas executadas, em desacordo com o disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993;

e.8) ausência de critérios para dispensar a exigência de garantia contratual, contrariando o disposto no art. 56 da Lei 8.666/1993;

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231 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

e.9) recursos interpostos contra a eliminação de licitantes denegados com motivação insuficiente e

sem a devida publicidade, contrariando o disposto no art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993 e no art. 2º, caput, e art. 50, inciso V, da Lei 9.784/1999;

e.10) publicação de ‘Resultado dos Recursos Administrativos’ com resultados divergentes, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

e.11) autorização de início do procedimento licitatório foi efetuada pelo próprio requisitante da contratação, contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso I, da Lei 8.666/1993 e o princípio da segregação de funções, além de configurar a prática de atos administrativos com vício de competência (Nota Técnica, de 23/4/2015, e Memorando 121/2015/DATER/SAF, de 23/4/2015, e-mail do requisitante endereçado aos advogados da Assessoria Jurídica - peça 41);

e.12) definição do valor da contratação e definição do índice de reajuste a ser aplicado aos contratos baseados em documentos sem assinatura ou identificação de forma, os quais não se encontram inseridos no devido processo administrativo, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

e.13) ausência de publicação da minuta do contrato no edital do certame, contrariando o disposto no art. 3º e art. 40, § 2º, inciso III, da Lei 8.666/1993;

e.14) indicação no edital e nos contratos de rubrica orçamentária em desacordo com objeto da licitação, com indicação de códigos diferentes do que consta nos respectivos instrumentos legais (LOA e PPA), contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso III, e art. 14 da Lei 8.666/1993;

e.15) falta de assinatura em documentos necessários à ratificação da dispensa de licitação e da adequação das despesas à LOA e sua adequação à LDO e PPA, contrariando o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

e.16) falta de registro no SIATER de contratos já assinados há mais de trinta dias, em desacordo com o disposto na Cláusula Terceira dos contratos decorrentes da Chamada Pública 2/2015;

e.17) não foram nomeados os fiscais dos contratos já celebrados, contrariando o disposto no art. 67 da Lei 8.666/1993e no art. 20 da Lei 12.188/2010; e

f) comunicar ao representante, à Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário - Casa Civil da Presidência da República e aos responsáveis a decisão que vier a ser adotada nestes autos.”

É o relatório. VOTO Trata-se de representação formulada pela Cooperativa de Serviços Técnicos para o

Desenvolvimento Rural em face de supostas irregularidades verificadas na Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER – Juventude Rural, conduzida pela Secretaria de Agricultura Familiar do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário, com vistas à contratação e execução de serviços de assistência técnica e extensão rural com jovens de diversas unidades da federação.

I 2.Na inicial pleiteou a representante a suspensão cautelar do chamamento público até decisão final

de mérito e, caso não atendida em tal pleito, fosse reconhecido, no mérito, o caráter classificatório do item 11.4, combinado com o Anexo IX do edital, determinando, por conseguinte, a manutenção da requerente no certame, eliminada em razão do não preenchimento de requisito meramente classificatório apontado, de forma a cassar o ato de desclassificação reputado ilegal.

3.Aduziu que na fase de pontuação teve proposta técnica injustamente eliminada sob o argumento de que não apresentara comprovante de escritório em um dos municípios do lote, situação que contrariaria o disposto no art. 41 da Lei 8.666/1993, haja vista o caráter meramente classificatório do quesito. A seu

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232 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

ver, a exigência se reputaria ilegal e contrária à jurisprudência deste Tribunal, revelada pelo Acórdão 273/2014 – Plenário, por exemplo, quanto à necessidade de a participante na Chamada Pública ter de comprovar que já possui o escritório e todos os demais itens de infraestrutura, antes mesmo de ser contratada.

4.Em análise empreendida à peça 6, a Selog indicou que o edital foi dividido em 52 lotes, cujo resultado havia sido publicado, ainda em 2015, com os respectivos vencedores. Diversos contratos também já haviam sido celebrados; porém, em 30% dos lotes não houve vencedor declarado.

5.Quanto ao pedido de suspensão cautelar do procedimento, a unidade técnica indicou, na oportunidade, não restar comprovado o requisito do periculum in mora, embora houvesse elementos suficientes para dar-se início à apuração de possíveis irregularidades/impropriedades. Nesse sentido, indicou que, além da publicação do resultado do recurso ter se dado em 8/12/2015, e de já ter-se iniciado a celebração dos contratos, a representação somente foi autuada neste Tribunal dia 5/2/2016, o que demonstrava a intempestividade do pleito cautelar com o fim e razões pretendidas na inicial. Assim, propôs a secretaria fosse indeferida a cautelar pleiteada pela representante.

6.Nada obstante, a Selog apontou, à ocasião, a necessidade de realização de inspeção para averiguação de questões suscitadas e não suscitadas pela representante, visando o saneamento das dúvidas e lacunas ali apontadas, bem como permitir o exame da conformidade dos atos referentes ao processo administrativo da Chamada Pública 002/2015, na qual se previa a realização de despesas da ordem de R$ 106,2 milhões.

7.Com fundamento nas razões constantes daquela instrução, indeferi a cautelar pleiteada com base na inicial da representante e determinei a realização de inspeção junto ao MDA, procedimento esse que foi levado a efeito por equipe de auditores da Selog.

8.Retornando os autos com o resultado da inspeção realizada pela equipe de fiscalização (peça 50), a qual apontou não apenas os indícios de irregularidades indicados na inicial pela representante, como também outros de gravidade a macular todo o procedimento de Chamada Pública realizado pelo MDA, houve proposição de iniciativa da secretaria no sentido da suspensão cautelar de todos os atos atinentes à Chamada Pública 02/2015 – Juventude Rural e a execução dos contratos dela decorrentes, até deliberação de mérito deste Tribunal.

9.À ocasião, informação constante dos autos dava conta de que os contratos então celebrados ainda não iniciaram suas execuções, residindo nesse fato, bem como na despesa iminente calculada em R$ 68 milhões, dada a possibilidade de início da execução dos contratos celebrados irregularmente, o periculum in mora, a demandar pronta atuação acautelatória deste Tribunal.

10.Em termos de fumus boni juris, a Selog apontou um conjunto muito grande de indícios de irregularidades, verificados na inspeção, alguns dos quais objeto de questionamento pela própria equipe junto aos gestores do extinto MDA, e que apontariam a existência de falta de correlação clara entre os objetivos declarados para justificar a contratação e as atividades contratadas, falhas relevantes no planejamento da contratação, com risco de haver contratações antieconômicas, além dos indícios de restrição indevida ao caráter competitivo e possível direcionamento do certame.

11.Consoante consignado na instrução, apresentam-se como indícios de irregularidades a macular o procedimento de Chamada Pública 02/2015, os seguintes, reunidos aqui sinteticamente, havendo destaque da secretaria, como achados de maior gravidade, quanto aos primeiros 8 apontamentos a seguir, inobstante todos eles fundamentarem a cautelar então formulada:

11.1 - falta de correlação clara entre os objetivos declarados para justificar a contratação e as atividades contratadas;

11.2 - ausência de orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários;

11.3 – exigência de “infraestrutura física” (escritório, veículos, equipamentos) e de equipe técnica já contratada, com escritório instalado em, pelo menos, um Município do lote disputado, como critérios de habilitação técnica com caráter eliminatório;

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233 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

11.4 - exigência de percentual de jovens e mulheres na composição das equipes técnicas sem base

legal; 11.5 - ausência de critérios objetivos para avaliação de itens da proposta técnica considerados

relevantes pela contratante no julgamento das propostas; 11.6 - ausência de amparo legal para a fixação do prazo de vigência contratual em 40 meses, sendo

que somente é prevista a execução de atividades durante o período de trinta e seis meses; 11.7 - entidade declarada vencedora no lote 7 e contratada pelo MDA, conquanto esteja credenciada

como executora do Pronater, não foi capaz de comprovar que detém capacidade técnica em ATER, fato que, além de indicar possível fragilidade no processo de credenciamento, constitui indício de haver ocorrido direcionamento no certame;

11.8 - autorização de início do procedimento licitatório efetuada pelo próprio requisitante da contratação, contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso I, da Lei 8.666/1993 e o princípio da segregação de funções, além de configurar a prática de atos administrativos com vício de competência (Nota Técnica, de 23/4/2015, e Memorando 121/2015/DATER/SAF, de 23/4/2015, e-mail do requisitante endereçado aos advogados da Assessoria Jurídica – peça 41);

11.9 - definição do valor da contratação e definição do índice de reajuste a ser aplicado aos contratos baseados em documentos sem assinatura ou identificação de forma, os quais não se encontram inseridos no devido processo administrativo, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

11.10 – ausência de divulgação no edital de previsão de reajuste de preços, contrariando o disposto no art. 3º, art. 38, parágrafo único, e art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993, não restando claro qual será a base de cálculo para reajuste dos contratos;

11.11 - ausência de publicação da minuta do contrato, contrariando o disposto no art. 3º e art. 40, § 2º, inciso III, da Lei 8.666/1993;

11.12 - indicação no edital e nos contratos de rubrica orçamentária em desacordo com objeto da licitação, com indicação de códigos diferentes do que consta nos respectivos instrumentos legais (LOA e PPA), contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso III, e art. 14 da Lei 8.666/1993;

11.13 - falta de assinatura em documentos necessários à ratificação da dispensa de licitação e da adequação das despesas à LOA e sua adequação à LDO e PPA, contrariando o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

11.14 – insuficiência de indicadores de desempenho para aferir o atingimento dos resultados na solução contratada na fase de acompanhamento da execução do contrato, tendo em vista que foram estabelecidos apenas dois indicadores, a saber: 1) número de beneficiários e 2) número de atividades programadas executadas, em desacordo com o disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993;

11.15 – ausência de critérios para dispensar a exigência de garantia contratual, contrariando o disposto no art. 56 da Lei 8.666/1993 e as orientações da assessoria jurídica ao MDA, emanadas no Despacho 328/2010/CGPCLC/CONJUR-MDA/AGU no Processo Administrativo 55000.002527/2010-41, de 16/9/2010;

11.16 - recursos interpostos contra a eliminação de licitantes denegados com motivação insuficiente e sem a devida publicidade, contrariando o disposto no art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993 e no art. 2º, caput, e art. 50, inciso V, da Lei 9.784/1999;

11.17 - eliminação não motivada de licitante que obteve a maior pontuação no lote 45, contrariando o disposto no art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993, no art. 2º, caput, e art. 50, inciso V, da Lei 9.784/1999;

11.18 – falta de registro no SIATER de contratos já assinados há mais de trinta dias, em desacordo com o disposto na Cláusula Terceira dos contratos decorrentes da Chamada Pública 2/2015;

11.19 - não foram nomeados os fiscais dos contratos já celebrados, contrariando o disposto no art. 67 da Lei 8.666/1993 e no art. 20 da Lei 12.188/2010 (exemplo: lote 32, peça 45); e

11.20 - publicação de “Resultado dos Recursos Administrativos” com resultados divergentes, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993.

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234 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

12.A Selog assinalou, ainda, que manteve entendimentos com a SecexAmbiental, unidade técnica

responsável pela instrução das contas do então Ministério do Desenvolvimento Agrário, havendo entendimento compartilhado por ambas as unidades técnicas quanto aos achados e encaminhamentos alvitrados na instrução.

14.Assim, assentindo com o encaminhamento alvitrado, adotei, mediante decisão singular, a medida cautelar suspensiva mediante despacho de peça 53, a qual foi referendada pelo Plenário em sessão do dia 22/4/2016, determinando, à ocasião, ainda, as oitivas necessárias ao deslinde da matéria.

15.Em instrução produzida à peça 161 dos autos, após análise das oitivas determinadas, concluiu a Selog pela confirmação da esmagadora maioria dos vícios apontados, o que conduziu a que aquela unidade técnica alvitrasse a anulação da Chamada Pública e contratos decorrentes, a expedição de ciência das irregularidades à contratante, e realização de audiência dos gestores apontados.

16.Ainda sob os efeitos da cautelar, autorizei a realização da medida preliminar de audiência sugerida na instrução técnica, ao tempo em que determinei a realização de oitivas de duas das entidades contratadas, ainda não efetivadas a contento, o que poderia configurar falha processual grave.

17.Por fim, em derradeira instrução técnica, reproduzida no relatório precedente, as questões restaram detidamente analisadas pela secretaria.

18.Carrearam-se ao processo também informações acerca da decisão, tomada no âmbito da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário da Casa Civil da Presidência da República, unidade criada após a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MP 726/2016, convertida na Lei 13.341/2016), e que absorveu as funções do referido ministério, no sentido da revogação da Chamada Pública 02/2015 – Juventude Rural.

19.Assim, consoante exposto no relatório precedente, com base na análise por último efetuada em instrução do processual, propõe a referida unidade técnica (i) conhecer da representação e no mérito considerá-la parcialmente procedente, (ii) revogar a cautelar, (iii) rejeitar parte das razões de justificativa dos responsáveis, com consequente aplicação de multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, (iii) e dar ciência das irregularidades identificadas e confirmadas, com vistas a evitar a ocorrência de outras semelhantes.

II 20.Feito esse resumo da matéria, cuja detida análise restou consignada no extenso relatório

precedente, consigno que a representação preenche os requisitos de admissibilidade necessários ao conhecimento por este Tribunal.

21.Quanto à cautelar adotada, entendo que houve perda de seu objeto a partir do momento em que efetuada a revogação da Chamada Pública 02/2015, conforme publicação efetuada no Diário Oficial da União no dia 22/9/2016 (Seção 3, p. 3, conforme peça 197 dos autos) e que pode ser encontrada no endereço http://www.mda.gov.br/sitemda/sites/sitemda/files/chamadas/REVOGACAO_CHAMADA_PUBLICA_02_2015.pdf.

22.Em relação às audiências realizadas, as quais foram dirigidas aos Srs. Everton Augusto Paiva Ferreira, então Coordenador-Geral de Assistência Técnica e Extensão Rural, Marenilson Batista da Silva, então Diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural e Onaur Ruano, então Secretário da Secretaria de Agricultura Familiar, acompanho as proposições da Selog no sentido da rejeição das razões de justificativa apresentadas para as irregularidades constantes dos itens “a”, “b”, “c”, “f” e “g” dos respectivos ofícios que lhe foram dirigidos (que correspondem aos itens 11.1 a 11.3; 11.5 e 11.14 retro). Quanto aos itens “d” e “e” - exigência de perfil técnico como critério de habilitação técnica com caráter eliminatório e de pontuação; e exigência de percentual de jovens e mulheres na composição das equipes técnicas, acompanho a secretaria no que tange ao acolhimento das justificativas para o item “d”, porém, divirjo quanto ao acolhimento integral daquela correspondente à letra “e” (exigência de percentual de jovens e mulheres na composição das equipes técnicas).

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235 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

23.A meu ver, o art. 3º, inciso V, da Lei 12.188/2010, ao listar como objetivos do Pnater a “V -

equidade nas relações de gênero, geração, raça e etnia;” não serve de justificativa para exigir-se percentual de participação de gêneros nas equipes técnicas, sendo prevalecente a exigência já constante do edital, de perfil técnico adequado aos membros da equipe. O dispositivo tem apenas base principiológica e visa combater discriminações em função de gênero, geração, raça e etnia. A Lei 12.188/2010, instituidora da política, não estabelece sistemas de cotas para o acesso ao mercado de ATER, motivo pelo qual não pode a chamada estabelecer exigências quanto à composição mínima do particular prestador dos serviços, em termos de sexo, idade, cor, raça, ou de qualquer outra natureza das linhas ali indicadas. A meu ver, não se pode utilizar um princípio norteador de política pública, que visa o atendimento puramente técnico, e não discriminatório, pelo Estado, a uma dada população, para justificar interpretação extensiva e a edição de cláusula editalícia restritiva, que, para sua existência, somente poderia fundar-se em expressa disposição legal.

24.Alinho-me, no mais, às proposições da secretaria no sentido de que as razões de justificativa dos responsáveis sejam parcialmente rejeitadas, aplicando-se-lhes, em consequência, multa, prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992.

25.Com efeito, os responsáveis não foram capazes de justificar o caráter genérico das atividades previstas no edital nem a ausência de orçamento detalhado, irregularidades essas que considero de significativa gravidade, especialmente em um contexto de contratações estimadas em mais de R$ 100 milhões. Devo mencionar, a respeito, que a ausência de parâmetros no edital acerca das atividades previstas, além de tornar o objeto impreciso, tende a prejudicar a avaliação do órgão contratante quanto à adequação dos projetos apresentados aos fins pretendidos, refletindo também em sua efetiva execução. Aliado a isso, a inexistência de orçamento detalhado dos custos unitários e de critérios de medição correspondentes, bem como a insuficiência de indicadores de desempenho para aferição dos resultados, conduzem a riscos consideráveis de realização de pagamentos indevidos. Ora, a situação somente não restou concretizada, em virtude de intervenção deste Tribunal, pela adoção da cautelar, sinalizando as irregularidades ao órgão contratante, quando já se tinha a celebração de contratos da ordem de R$ 68 milhões, em vias de iniciar a fase de execução.

26.De se ressaltar, ainda, que a exigência de estrutura física como critério eliminatório e de pontuação representou verdadeira restrição indevida ao caráter competitivo, contrariando entendimento sumulado por este Tribunal sobre a matéria (Súmula 272), situação potencialmente capaz de conduzir, inclusive, ao direcionamento a determinadas instituições possuidoras de tal estrutura física, especialmente em face da prestação de serviços anteriores de ATER.

Ante o exposto, acolhendo as análises e proposições efetuadas pela Selog, com pequenos ajustes consignados retro, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 140/2017 – TCU – Plenário 1. Processo TC-003.465/2016-0. 2. Grupo: I – Classe: VII – Assunto: Representação. 3. Interessados/Responsáveis: Everton Augusto Paiva Ferreira, então Coordenador-Geral de

Assistência Técnica e Extensão Rural (CPF 000.629.806-02); Marenilson Batista da Silva, então Diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (CPF 547.365.954-34), e Onaur Ruano, então Secretário da Secretaria de Agricultura Familiar (CPF 750.082.548-04).

4. Órgão/Entidade/Unidade: Ministério do Desenvolvimento Agrário (extinta). 5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog). 8. Representação legal: 8.1. Carlos Roberto Feitosa Costa (3.639/OAB/MA) e outros, representando Cooprama - Coperativa

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236 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

de Profissionais Autônomos do Estado do Maranhão.

8.2. Sandra Mitidieri Oliveira, representando Associação Humana Povo Para Povo Brasil. 8.3. Roberto de Sousa Abad e outros, representando Ministério do Desenvolvimento Agrário

(extinta). 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada pela Cooperativa de

Serviços Técnicos para o Desenvolvimento Rural em face de supostas irregularidades verificadas na Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER – Juventude Rural, conduzida pela Secretaria de Agricultura Familiar do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário, com vistas à contratação e execução de serviços de assistência técnica e extensão rural com jovens de diversas unidades da federação,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante as razões apontadas pelo Relator, em:

9.1. conhecer da representação, com fundamento no art. 237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU;

9.2. considerar prejudicada a medida cautelar adotada nestes autos, em face da perda de objeto havida com a revogação da Chamada Pública 02/2015 SAF/ATER – Juventude Rural;

9.3. considerar, no mérito, parcialmente procedente a representação; 9.4. rejeitar parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis Everton

Augusto Paiva Ferreira, então Coordenador-Geral de Assistência Técnica e Extensão Rural, Marenilson Batista da Silva, então Diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural, e Onaur Ruano, então Secretário da Secretaria de Agricultura Familiar, e, com fundamento nos arts. 43, parágrafo único, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, § 2º, do RI/TCU, aplicar aos referidos responsáveis, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais), R$ 14.000,00 (catorze mil reais) e R$ 20.000,00 (vinte mil reais), respectivamente, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar das respectivas notificações, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento das quantias ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data deste acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, II, da Lei 8.443/1992, caso não atendidas as notificações;

9.6. dar ciência à Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário – Casa Civil da Presidência da República das seguintes impropriedades e irregularidades, ocorridas na Chamada Pública 02/2015 SAF/Ater – Juventude Rural, com vistas a evitar a ocorrência de outras semelhantes:

9.6.1. falta de correlação clara entre os objetivos declarados para justificar a contratação e as

atividades contratadas, em desacordo com o disposto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 40, inciso XVI, art. 54, § § 1º e 2º e art. 55, inciso IV;

9.6.2. ausência de detalhamento do orçamento em planilhas que evidenciem todos os custos unitários em desacordo com o disposto na Lei 8.666/1993, art. 4º, parágrafo único, art. 7º, § 2º, inciso II, art. 15, inciso II, e art. 43, inciso IV, assim como no Acórdão 2.380/2013 – TCU – Plenário, de 4/9/2013, e Acórdão 1.996/2011 – TCU – Plenário, de 3/8/2011;

9.6.3. exigência prévia de “infraestrutura física” (escritório, veículos, equipamentos) como critério de habilitação técnica com caráter eliminatório e de pontuação, em desacordo com a Súmula 272 desta Corte de Contas e com o § 6º do art. 30 da Lei 8.666/1993;

9.6.4. ausência de critérios objetivos para avaliação de itens da proposta técnica considerados relevantes pela contratante no julgamento das propostas, em desacordo com a Lei 8.666/1993, art. 3º, art. 4º, parágrafo único e art. 40, inciso VII;

9.6.5. ausência de amparo legal para a fixação do prazo de vigência contratual em 40 meses, sendo que somente é prevista a execução de atividades durante o período de trinta e seis meses, em desacordo

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237 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

com a Lei 8.666/1993, art. 7º, § 2º, inciso III e art. 57;

9.6.6. ausência de divulgação no edital de previsão de reajuste de preços, não restando claro qual será a base de cálculo para reajuste dos contratos, em desacordo com o disposto no art. 3º, art. 38, parágrafo único, e art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993;

9.6.7. insuficiência de indicadores de desempenho para aferir o atingimento dos resultados na solução contratada na fase de acompanhamento da execução do contrato, tendo em vista que foram estabelecidos apenas dois indicadores, a saber 1) número de beneficiários e 2) número de atividades programadas executadas, em desacordo com o disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993;

9.6.8. ausência de critérios para dispensar a exigência de garantia contratual, contrariando o disposto no art. 56 da Lei 8.666/1993;

9.6.9. recursos interpostos contra a eliminação de licitantes denegados com motivação insuficiente e sem a devida publicidade, contrariando o disposto no art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993 e no art. 2º, caput, e art. 50, inciso V, da Lei 9.784/1999;

9.6.10. publicação de “Resultado dos Recursos Administrativos” com resultados divergentes, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

9.6.11. autorização de início do procedimento licitatório foi efetuada pelo próprio requisitante da contratação, contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso I, da Lei 8.666/1993 e o princípio da segregação de funções, além de configurar a prática de atos administrativos com vício de competência (Nota Técnica, de 23/4/2015, e Memorando 121/2015/DATER/SAF, de 23/4/2015, e-mail do requisitante endereçado aos advogados da Assessoria Jurídica – peça 41);

9.6.12. definição do valor da contratação e posterior definição do índice de reajuste a ser aplicado aos contratos baseados em documentos sem assinatura ou identificação de forma, os quais não se encontram inseridos no devido processo administrativo, em desacordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

9.6.13. ausência de publicação da minuta do contrato no edital do certame, contrariando o disposto no art. 3º e art. 40, § 2º, inciso III, da Lei 8.666/1993;

9.6.14. indicação no edital e nos contratos de rubrica orçamentária em desacordo com objeto da licitação, com indicação de códigos diferentes do que consta nos respectivos instrumentos legais (LOA e PPA), contrariando o disposto no art. 7º, § 2º, inciso III, e art. 14 da Lei 8.666/1993;

9.6.15. falta de assinatura em documentos necessários à ratificação da dispensa de licitação e da adequação das despesas à LOA e sua adequação à LDO e PPA, contrariando o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;

9.6.16. falta/intempestividade do registro no SIATER de contratos já assinados há mais de trinta dias, em desacordo com o disposto na Cláusula Terceira dos contratos decorrentes da Chamada Pública 2/2015;

9.6.17. intempestividade ou falta de nomeação dos fiscais dos contratos celebrados, contrariando o disposto no art. 67 da Lei 8.666/1993 e no art. 20 da Lei 12.188/2010;

9.6.18. exigência de percentual mínimo/cotas na composição das equipes técnicas sem expressa fundamentação legal, em indevida interpretação extensiva do disposto no art. 3º, V, da Lei 12.188/2010;

9.7. determinar à Selog que, em face da revogação da Chamada Pública 02/2015 – Juventude Rural, e da sinalização, pelos responsáveis, de possível edição de novo edital escoimado das falhas apontadas, efetue acompanhamento do novo edital de chamamento público a ser lançado (art. 242 do RI/TCU), de modo a representar a este Tribunal em caso de reincidência das falhas ou irregularidades aqui apontadas;

9.8. dar ciência do inteiro teor deste acórdão ao representante, à Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário – Casa Civil da Presidência da República e aos responsáveis, e

9.9. autorizar o arquivamento deste processo, com fundamento no art. 169 do RI/TCU, após o trânsito em julgado desta deliberação.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária.

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238 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0140-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro e Ana Arraes. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e André Luís de

Carvalho. GRUPO II - CLASSE V - Plenário TC-013.611/2016-0 Natureza: Relatório de Auditoria Órgão/Entidade/Unidade: Governo do Estado do Espírito Santo, Secretaria Estadual de Educação Interessado: Tribunal de Contas da União Representação legal: não há SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA DE CONFORMIDADE. VERIFICAÇÃO DA

GESTÃO DOS RECURSOS TRANSFERIDOS POR MEIO DO PNAE PARA O GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, NOS EXERCÍCIOS DE 2015 E 2016. FALHAS NA EXECUÇÃO E NO ACOMPANHAMENTO DO PROGRAMA. DETERMINAÇÕES. RECOMENDAÇÕES. CIÊNCIAS.

RELATÓRIO Trata-se de relatório de auditoria de conformidade, com o objetivo de verificar a gestão dos recursos

transferidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para apoiar ações do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) no Governo do Estado do Espírito Santo, nos exercícios de 2015 e 2016.

2.A presente fiscalização, realizada na Secretaria Estadual de Educação do Estado do Espírito Santo, no período compreendido entre 16/5 e 15/7/2016, foi por mim autorizada, mediante despacho, no âmbito do TC-010.406/2016-6.

3.A auditoria foi motivada pela relevância e materialidade do Pnae, para o qual foi destinado, no exercício de 2015, o montante de R$ 18.900.702,40.

4.O relatório registrou a forma de contratação adotada para o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Pnae e os critérios utilizados para seleção das escolas visitadas na fiscalização:

“O modelo de gestão adotado pelo estado do Espírito Santo é o terceirizado, em que o estado

contrata empresas para o preparo e o fornecimento de refeições aos alunos da Rede Estadual de Ensino, com fornecimento de insumos e mão de obra.

Por meio do Pregão Eletrônico 0043/2013, a Secretaria de Estado da Educação realizou procedimento licitatório cujo objeto era a contratação de empresa especializada para gestão da alimentação escolar, visando ao preparo e fornecimento de refeições aos alunos da rede estadual de ensino, com fornecimento de insumos e mão de obra.

Para efeito da licitação e contratação, o Estado foi dividido em 5 lotes, sendo utilizado como parâmetro o número de alunos a serem atendidos pelo programa.

Foram contratadas 4 empresas para prestarem serviços nas escolas constantes dos 5 lotes, pois uma delas foi vencedora nos lotes 2 e 4, senão vejamos:

- Lote 1 - Empresa Básica Fornecimento de Refeições Ltda. - Contrato 027/2014; - Lote 2 - Empresa Apetece Sistemas de Alimentação S.A. - Contrato 028/2014;

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239 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

- Lote 3 - Empresa Nutriplus Alimentação e Tecnologia Ltda. - Contrato 029/2014; - Lote 4 - Empresa Apetece Sistemas de Alimentação S.A. - Contrato 030/2014; - Lote 5 - Empresa Comissaria Aérea Rio de Janeiro Ltda. - Contrato 031/2014; No decorrer da fiscalização, selecionamos escolas localizadas em municípios pertencentes aos lotes

1, 3, 4 e 5, com o objetivo de verificar a prestação de serviços por cada uma das empresas contratadas pela Secretaria Estadual de Educação. Não realizamos visitas a escolas constantes do lote 2, pois, como mencionado, a empresa contratada é a mesma do Lote 4 - Apetece Sistema de Alimentação S.A.

Na seleção do Município dentro de cada lote, por sua vez, adotamos como critério aqueles que possuíam maior número de escolas. Sendo assim, visitamos 4 municípios: Cachoeiro de Itapemirim (Lote 01), Serra (Lote 02), Cariacica (Lote 03) e Linhares (Lote 05), e em cada um deles 4 escolas estaduais, totalizando 16 escolas.”

5.Reproduzo a seguir, com ajustes de forma, o teor dos achados de auditoria constatados e as

propostas de encaminhamento formuladas pela Secex/ES (peça 280), cujas conclusões mereceram a anuência dos dirigentes da unidade técnica:

“III - Achados de auditoria 24. As condições de higiene e conservação da cozinha e do refeitório não são adequadas ao preparo

e fornecimento da merenda escolar e o gênero alimentício utilizado para a sua elaboração é de baixa qualidade.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Nas 16 escolas estaduais visitadas nos municípios selecionados (Linhares, Serra, Cachoeiro de

Itapemirim e Cariacica), constatamos que existem escolas cujas cozinhas/refeitórios não apresentam condições adequadas à elaboração e distribuição da merenda aos alunos:

Linhares Escola José de Caldas Brito - o refeitório não se encontra em bom estado de conservação. Serra Escola Aristóbulo Barbosa Leão - carne moída utilizada para elaboração da merenda extremamente

gordurosa; condições de higiene da cozinha inadequadas; refeitório é muito pequeno, com 100 lugares sendo que há 800 alunos;

Escola Laranjeiras - carne moída utilizada para elaboração da merenda extremamente gordurosa; Escola Belmiro Teixeira Pimenta - refeitório em péssimas condições, dividido em dois locais com

péssima aparência; a merenda é servida por empregada da empresa contratada de limpeza, Braslimp; Escola Clotilde Rato - cozinha com problemas estruturais, teto descascado, caindo tinta; Cachoeiro de Itapemirim Escola Presidente Getúlio Vargas -mesas e chão do refeitório sujos e cozinha com aparência

também de falta de limpeza; Escola Aristides Alexandre Campos - cozinha e refeitório sem separação, com falta de espaço para

fornecimento e consumo da merenda; Cariacica Escola General Tibúrcio - cozinha muito pequena; Escola Prof. Augusto Luciano - a escola se encontra em reforma. Não tem refeitório e os alunos, de

tenra idade, fazem os pratos no balcão da cozinha e voltam para consumir a merenda nas mesas das salas de aula.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Ausência de investimento por parte do Estado nas instalações físicas das escolas visitadas.

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240 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Inobservância pela escola das condições necessárias à elaboração da merenda escolar. Fornecimento de gênero alimentício de baixa qualidade pela empresa contratada. Efeitos/Consequências do achado: Descumprimento de normativo legal. (efeito real) Manuseio de alimentos e elaboração da merenda escolar em condições inadequadas. (efeito

potencial) Consumo da merenda escolar pelos alunos em local inadequado. (efeito potencial) Oferta de merenda escolar com baixa qualidade. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Recomendar à Secretaria Estadual da Educação, com fundamento no art. 250, inciso III, do RI/TCU

que examine a composição e qualidade da alimentação fornecida pela empresa Apetece Sistemas de Alimentação S.A. para elaboração da merenda escolar das escolas integrantes dos Lotes 2 e 4, em virtude da aparência de baixa qualidade da mesma, tal como a carne moída, por exemplo, em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público.

Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação de que as condições de higiene e conservação da cozinha e do refeitório de algumas escolas, mencionadas no item 24 deste Relatório, não são adequadas ao preparo e fornecimento de merenda escolar em afronta ao estabelecido no art. 33, § 4º da Resolução FNDE 26/2013.

25. Ausência de diagnóstico do estado nutricional dos alunos. Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Constatamos que a Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo, por meio de sua

nutricionista responsável técnico, não realizou, até o período de fiscalização, o diagnóstico do estado nutricional dos alunos da Rede Estadual.

A Sedu, por meio do Ofício OF/Sedu/GS/nº 623/2016, de 3/6/2016, destacou que a equipe de nutricionistas da Gerência de Apoio Escolar tem proposta para realização do diagnóstico nutricional em conjunto com o corpo docente das unidades escolares no segundo semestre do presente ano letivo.

Apresentou, ainda, o planejamento para realização do referido diagnóstico, cujas atividades devem ter início em Julho/2016.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Ausência de providências por parte do estado para realização do diagnóstico nutricional. Efeitos/Consequências do achado: Descumprimento de normativo legal. (efeito real) Desconhecimento das necessidades nutricionais dos alunos, impossibilitando a elaboração de um

cardápio voltado para supri-las. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação de que a ausência do diagnóstico do estado

nutricional dos alunos afronta o disposto no art. 12, § 1º inciso I, da Resolução FNDE 26/2013 c/c o art. 3º, inciso I, da Resolução Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) 465/2010.

26. Divergência entre a quantidade de refeições servidas e a lançada no Sistema de Alimentação Escolar.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: No decorrer da fiscalização, estivemos, no período de 6 a 17/6/2016, em 16 escolas estaduais

localizadas em 4 municípios: Linhares, Serra, Cachoeiro de Itapemirim e Cariacica. Com o objetivo de verificar se estavam sendo feitos corretamente os lançamentos dos quantitativos

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241 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

de refeições servidas no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu, adotamos os seguintes procedimentos nas escolas:

- solicitar o documento que informa às merendeiras a quantidade de refeições/lanches a serem preparados e servidos no dia e turno da visita;

- solicitar o Relatório PA/PS do mês de Junho/2016 no qual constam as informações acerca dos alunos que manifestaram a intenção de consumir a merenda escolar e efetuar a contagem dos mesmos;

- acompanhar o fornecimento da merenda e pedir as comandas entregues pelos alunos para fins de contagem;

- apurar o número de refeições/lanches servidos conforme contagem de comandas; Em momento posterior, confrontamos os valores apurados nas escolas, relativos a refeições

solicitadas à cozinha e as servidas aos alunos, com os lançados pelas escolas no Sistema de Alimentação Escolar e constatamos as seguintes inconsistências:

município: Linhares/ES Escola Data/

Turno Quantidade solicitada às merendeiras

Quantidade servida - contagem física das comandas (A)

Quantidade lançada no Sistema como servida (B)

Lançamento a maior (B)- (A) - %

Bartouvino Costa 06/06-Vesp.

140 107 127 20 - 18,7%

José de Caldas Brito

07/06-Mat.

216 174 213 39 - 22,4%

Emir de Macedo Gomes

07/06-Vesp.

465 462 465 3 - 0,65%

Prof. Manoel Abreu

08/06-Mat.

329 262 282 20 - 7,63%

município: Serra/ES

Escola Data/ Turno

Quantidade solicitada às merendeiras

Quantidade servida - contagem física das comandas (A)

Quantidade lançada no Sistema como servida (B)

Aristóbulo Barbosa Leão

09/06-Mat.

450 450 490 40 - 8,9%

Laranjeiras 09/06-Vesp.

188 165 165 0

Belmiro Teixeira Pimenta

10/06-Mat.

284 139 283 144 - 103,6%

Clotilde Rato 10/06-Vesp.

52 42 52 10 - 23,8%

município: Cachoeiro de Itapemirim/ES

Escola Data/Turno

Quantidade solicitada às merendeiras

Quantidade servida - contagem física das comandas (A)

Quantidade lançada no Sistema como servida (B)

Presidente Getúlio Vargas

13/06-Vesp.

375 174 205 31 - 17,8%

Francisco Coelho Ávila Júnior

14/06-Mat.

357 273 357 84 - 30,7%

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242 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Carolina Passos Gaigher

14/06-Vesp.

138 118 126 8 - 6,7%

Aristides Alexandre Campos

15/06-Mat.

78 78 78 0

município: Cariacica/ES

Escola Data/Turno

Quantidade solicitada às merendeiras

Quantidade servida - contagem física das comandas (A)

Quantidade lançada no Sistema como servida (B)

Lançamento a maior (B)- (A) - %

Cel Olímpio Cunha

16/06-Mat.

277 207 274 67 - 32,4%

General Tibúrcio 16/06-Vesp.

174 158 158 0

São João Batista 17/06-Mat.

430 401 425 24 - 0,6%

Prof. Augusto Luciano

17/06-Vesp.

145 131 141 10 - 7,6%

Verifica-se que de 16 escolas visitadas e auditadas, somente 3 efetuaram lançamentos corretos no

Sistema de Alimentação Escolar, quais sejam: Escola Laranjeiras (Serra), Escola Aristides Alexandre Campos (Cachoeiro de Itapemirim) e General Tibúrcio (Cariacica). As demais escolas efetuaram lançamentos a maior da quantidade de refeições servidas, com variação entre 0,6 a 103,6%.

As escolas cujos registros apresentaram maior diferença entre as refeições efetivamente servidas e o quantitativo informado no Sistema, foram: Escola Belmiro Teixeira Pimenta (103,6%), Escola Cel Olímpio Cunha (32,36%), Escola Francisco Coelho Ávila Júnior - transformada em 2015 em Escola Viva (30,77%), Clotilde Rato (23,8%) e Escola José de Caldas Brito (22,4%).

Vale ressaltar que em algumas escolas, os quantitativos de refeições servidas registrados são iguais aos quantitativos solicitados, ou muito próximos, o que evidencia que não há o procedimento de contagem das comandas distribuídas aos alunos e recolhidas durante o fornecimento da merenda.

Os lançamentos incorretos da quantidade de refeições servidas nas escolas ocasionam o pagamento a maior às empresas contratadas, pois, de acordo com a Cláusula Terceira, item 3 - Do Preço, da Revisão e do Reajustamento, subitem 3.1.2, dos contratos firmados, a contratada receberá efetivamente o valor dos serviços prestados, dependendo das quantidades fornecidas.

De acordo com o art. 4º, incisos V e XI, da Portaria 159-R, de 03 de outubro de 2014, da Secretaria Estadual de Educação, cabe à direção das unidades escolares acompanhar, diariamente, e em cada turno, o número de refeições servidas, desconsiderando as repetições, bem como registrar no Sistema de Alimentação Escolar a quantidade de refeições efetivamente servidas, mediante a designação de servidores responsáveis pelo acompanhamento e registro no Sistema.

O art. 8º do mesmo normativo, por sua vez, designa os diretores das unidades escolares como fiscais dos contratos, responsáveis pelo acompanhamento, fiscalização e controle da execução dos serviços contratados para gestão da alimentação escolar.

Vale destacar o fato de que, mesmo no dia em que esteve presente a equipe de auditoria na escola e efetuou a contagem das comandas, com o conhecimento da Direção das escolas, foi efetuado o lançamento a maior das refeições servidas no Sistema de Alimentação Escolar.

Tal situação é decorrente da falta de controle existente nas escolas estaduais em relação às refeições solicitadas/servidas e está sendo tratada no Achado 12 deste Relatório.

Com vistas a aperfeiçoar o controle existente nas unidades escolares sobre o número de refeições solicitadas e servidas, de modo que os lançamentos efetuados no Sistema de Alimentação Escolar reflitam

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243 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

a realidade existente nas escolas, a Secretaria Estadual de Educação está implantando um novo sistema de controle de alimentação automatizado feito por aparelho celular, que eliminará os controles manuais, como os Relatórios de PA/PS, as comandas entregues aos alunos, e os procedimentos relativos à contagem dessas comandas no momento em que a alimentação é servida, com a finalidade de se registrar a quantidade de refeições servidas.

Em que pese a equipe de auditoria ter visitado somente 16 escolas de um universo de 500 escolas estaduais, a constatação de que dessa amostra auditada de escolas, 81% (13 escolas) efetuou registros a maior de refeições servidas, sugere que tal situação esteja ocorrendo em grande proporção em toda a Rede Estadual de Ensino.

Sendo assim, faz-se necessário que a Secretaria Estadual de Educação implemente com urgência o controle automatizado das refeições, priorizando as escolas apontadas neste Achado com inconsistência em seus lançamentos. Apuramos nos trabalhos de auditagem que essa medida de controle já é tecnologicamente viável no âmbito da Sedu. A equipe inclusive conferiu o funcionamento do novo sistema automático por celular na Escola Estadual Fernando Duarte Rabelo (foto - Apêndice C), constatando a eficiência do mesmo. Até o final da auditoria, apenas 10 (dez) escolas da rede estadual tinham esse sistema automático implantado, sendo que a Secretaria pretende estendê-lo para as demais escolas até dezembro deste ano

Cabe ainda dar ciência à Sedu de que a ausência de fiscalização e acompanhamento por parte da Direção das Unidades Escolares - Bartouvino Costa, José de Caldas Brito, Prof. Manoel Abreu, Aristóbulo Barbosa Leão, Belmiro Teixeira Pimenta, Clotilde Rato, Presidente Getúlio Vargas, Francisco Coelho Ávila Júnior, Carolina Passos Gaigher, Cel Olímpio Cunha e Prof. Augusto Luciano, afronta o disposto nos artigos 4º, incisos V e XI, e 8º da Portaria 159-R, de 03 de outubro de 2014.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Ausência de controle eficiente da quantidade de refeições solicitadas x quantidade de refeições

servidas. Efeitos/Consequências do achado: Pagamento de quantidade maior de refeições servidas às empresas contratadas. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Determinar, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c art. 250, inciso II, do

RI/TCU, à Secretaria Estadual da Educação que, no prazo de trinta dias, implemente nas escolas Bartouvino Costa, José de Caldas Brito, Prof. Manoel Abreu, Aristóbulo Barbosa Leão, Belmiro Teixeira Pimenta, Clotilde Rato, Presidente Getúlio Vargas, Francisco Coelho Ávila Júnior, Carolina Passos Gaigher, Cel Olímpio Cunha e Prof. Augusto Luciano, o controle automatizado das refeições por meio de celular, bem como forneça informações atualizadas acerca da referida implementação nas demais escolas estaduais, em atendimento ao princípio da economicidade.

Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação de que a ausência de fiscalização e acompanhamento por parte da Direção das Unidades Escolares - Bartouvino Costa, José de Caldas, Prof. Manoel Abreu, Aristóbulo Barbosa Leão, Belmiro Teixeira Pimenta, Clotilde Rato, Presidente Getúlio Vargas, Francisco Coelho Ávila Júnior, Carolina Passos Gaigher, Cel Olímpio Cunha e Prof. Augusto Luciano, afronta o disposto nos artigos 4º, incisos V e XI, e 8º da Portaria Sedu nº 159-R, de 03 de outubro de 2014.

27. Divergência entre os nutricionistas atuantes no estado e os cadastrados no Simec/PAR. Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Objetivando aperfeiçoar o cadastro de nutricionistas do Pnae e, também, garantir confiabilidade à

informação, em 13/07/2015 a Coordenação-Geral de Programas de Alimentação Escolar - CGPAE deu início à migração do Sistema de Cadastro de Nutricionistas do Pnae - SINUTRI para o Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle - Simec no Módulo Plano de Ações Articuladas - PAR.

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244 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Ambos os sistemas ficaram ativos paralelamente até o dia 23/10/2015, onde o nutricionista que

ainda tivesse vínculo com a Entidade Executora poderia efetuar seu cadastro no Simec/PAR e o nutricionista que não atuasse mais no âmbito da alimentação escolar poderia efetuar sua desvinculação.

Confrontando os dados constantes do Simec/PAR com as informações obtidas no decorrer da auditoria a respeito de nutricionistas atuantes na merenda escolar, verifica-se que há divergência entre os cadastrados e os atuantes, senão vejamos:

Atuantes na Secretaria Estadual da Educação - Maria Meneguelli Tanure - nutricionista responsável técnica; - Débora Ruama Valentim; - Juliana Pizzol Organo; - Ludimila Ferreira Scheidegger Maia Reis; - Ludimilla Muqui Ramos; Cadastrados no Simec/PAR em 7/7/2016: - Maria Meneguelli Tanure - nutricionista responsável técnico; - Débora Ruama Valentim; - Juliana Pizzol Organo; - Ludimila Ferreira Scheidegger Maia Reis; - Ludimilla Muqui Ramos; - Livia Zordan Vargas Profeta; - Meirielle Rocha Barreiros Santos; Consoante informação prestada pela responsável técnica da Sedu, Maria Meneguelli Tanure, as

nutricionistas Livia Zordan Vargas Profeta e Meirielle Rocha Barreiros Santos, constantes do cadastro do Simec e que já não pertencem aos quadros da Sedu, já requereram baixa da inscrição e o FNDE está analisando os casos.

Sendo assim, em que pese já estar em andamento a solução da pendência, entendemos pertinente dar ciência à Sedu da relevância da manutenção do cadastro atualizado para que o FNDE realmente tenha conhecimento dos nutricionistas responsáveis pelo acompanhamento da execução do Pnae no estado do Espírito Santo.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Desatualização das informações sobre as nutricionistas no cadastro do FNDE; Efeitos/Consequências do achado: Descumprimento de normativo legal. (efeito real) Desconhecimento por parte do FNDE dos nutricionistas que efetivamente atuam no Pnae no ES.

(efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação de que a não atualização das informações constantes

do Simec/PAR afronta o disposto no art. 12, § 3º, da Resolução FNDE 26/2013. 28. Não aplicação de testes de aceitabilidade. Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Constatamos que as empresas Básica, Apetece e Nutriplus realizam Testes de Aceitabilidade.

Somente a empresa Comissaria Aérea Rio de Janeiro, detentora do Lote 5, não aplicou, até a realização da fiscalização, referidos testes.

A Resolução CD/FNDE 26/2013 em seu art. 17 estabelece a obrigatoriedade de realização de testes de aceitabilidade, senão vejamos:

‘art. 17 A EEx. aplicará teste de aceitabilidade aos alunos sempre que introduzir no cardápio alimento novo ou quaisquer outras alterações inovadoras, no que diz respeito ao preparo, ou para avaliar a

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245 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

aceitação dos cardápios praticados frequentemente.’

Diante da constatação de que a empresa Comissaria Aérea Rio de Janeiro Ltda., responsável pela prestação dos serviços no Lote 05, desde a celebração do contrato em Fevereiro/2014 não realizou testes de aceitabilidade, faz-se necessário dar ciência à Secretaria Estadual de Educação sobre o descumprimento pela contratada do dispositivo legal.

Como atenuante, cabe registrar que, dentre as atuais contratadas, a empresa citada foi a que apresentou o menor número de anomalias registradas no fornecimento das refeições, conforme o relatado em outro achado (não cumprimento pelas unidades escolares da previsão contida no Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES de avaliação dos serviços prestados pelas empresas contratadas).

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Ausência de acompanhamento por parte da Sedu do cumprimento pela empresa Comissaria Aérea

Rio de Janeiro de exigência contida em normativo legal. Efeitos/Consequências do achado: Descumprimento de normativo legal. (efeito real) Ausência de conhecimento por parte da Sedu da aceitação ou não da refeição fornecida nas escolas

do Lote 5 - empresa Comissaria Aérea Rio de Janeiro (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação de que a ausência de realização de testes de

aceitabilidade pela empresa Comissaria Aérea Rio de Janeiro afronta o disposto no art. 17 da Resolução CD/FNDE 26/2013 e no art. 3º, inciso VII, da Resolução CFN 465/2010.

29. Não cumprimento pelas unidades escolares da previsão contida no Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES de avaliação dos serviços prestados pelas empresas contratadas.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Em atendimento ao Ofício de requisição nº 01-208/2016, de 24/5/2016, desta equipe, que solicitou à

Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo /Sedu/ES, em seu item 12, os relatórios trimestrais de avaliação dos serviços prestados pelas contratadas, relativos aos exercícios de 2015 e 2016, aquela secretaria respondeu em seu Ofício/Sedu/GS N. 623/2016, de 3/6/2016 o seguinte: ‘Em virtude do ano letivo ter iniciado em 15/02/2016, a avaliação dos serviços prestados pelas contratadas no ano de 2016 está programada para os meses de: - junho: relativo aos meses de fevereiro, março, abril e maio; - setembro: relativo aos meses de junho, julho e agosto; e - dezembro: relativo aos meses de setembro, outubro e novembro’. Dessa resposta, subentende-se que não foram realizadas avaliações trimestrais dos serviços prestados pelas contratadas no exercício de 2015, uma vez que estes não foram fornecidos à equipe, e que essa avaliação somente iria começar a ocorrer a partir deste ano, nos meses ali previstos.

Ora, de acordo com o item 4, 4.1 do Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES, expedido em 2014, que cuida do Acompanhamento, Fiscalização e Controle da Execução dos Serviços da Gestão da Alimentação Escolar, caberia à Gerência de Apoio Escolar (GAE) da Sedu/ES solicitar as unidades escolares trimestralmente, a avaliação dos serviços prestados pelas empresas terceirizadas, assim como competiria às Superintendências Regionais de Educação realizar trimestralmente avaliação da gestão da contratada. Do mesmo modo, no item 5 daquele Manual, que trata da Avaliação do Desempenho, está previsto que ‘A avaliação será realizada trimestralmente, de modo a atender os moldes estabelecidos pelo artigo 59 da Portaria Seger/PEG/Secont nº 049-R de 24 de agosto de 2010, e os participantes serão os diretores escolares, que hoje estão na função de fiscalizadores do Programa, bem como pelos técnicos das Superintendências Regionais de Educação responsáveis pelo acompanhamento da alimentação escolar’. Verifica-se, portanto, o não cumprimento desta norma interna da Sedu/ES desde a sua edição, em 2014, resultando, portanto, na não avaliação dos serviços prestados pelas empresas

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terceirizadas por parte de quem é diretamente impactado por essa prestação de serviços, que são as unidades escolares.

Por outro lado, com base nas respostas dadas às entrevistas realizadas junto aos diretores das escolas visitadas, verificamos que os mesmos, de um modo geral, vêm acompanhando, diariamente, as atividades desenvolvidas pelas empresas contratadas e o cumprimento das cláusulas contratuais pertinentes nos termos do disposto no art. 4º, inciso VIII, da Portaria 159-R, de 7/10/2014. Tanto é assim, que quando há uma desconformidade entre o que está previsto no contrato e o que ocorre efetivamente nas escolas, com relação à gestão da alimentação escolar, os diretores das unidades escolares, na função de fiscais desses contratos, costumam registrar no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES as ocorrências verificadas como ‘anomalias’. Assim, no mencionado Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES, essas anomalias estão classificadas como: - Agricultura Familiar (problemas na entrega de gêneros); - Alimentação não servida para o total ou parte dos alunos; - Alteração do cardápio; - Falta de algum componente no cardápio; - Qualidade Inadequada do alimento/preparação; - Estocagem inadequada de alimentos e materiais de higiene e limpeza; - Falta de EPI (uniforme completo); - Falta de equipamentos e/ou ausência de manutenção corretiva e preventiva; - Falta de materiais de limpeza e higiene; - Falta de materiais para cozinha; - Falta/atraso de merendeira; - Limpeza e higienização inadequada; - Percapta/porcionamento inadequado; - Utensílios inadequados ou insuficientes; e - Outras inconformidades contratuais.

Há de se observar, contudo, que nem todas as desconformidades são registradas no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES, de modo que os registros ali contidos não refletem a realidade como um todo, mas boa parte dela, pois muitos dos diretores não têm o hábito de assim proceder. Desta forma, com vistas a verificar as anomalias mais frequentes entre as empresas contratadas, elaboramos os gráficos contidos no Anexo A deste Relatório, utilizando os dados disponibilizados no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES, no período de 1/1/2015 a 30/6/2016.

Examinando, pois, os referidos gráficos, apuramos as três primeiras anomalias mais frequentes entre as empresas contratadas:

Empresa Contratada

Frequência das Anomalias 1º Lugar 2ª Lugar 3º Lugar

Básica Alteração do cardápio Falta de algum componente no cardápio

Percapta/porcionamento inadequado

Apetece (Lotes 1 e 2)

Alteração do cardápio Falta de algum componente no cardápio

Alimentação não servida para total ou parte dos alunos

Nutriplus Falta/atraso de merendeira

Alteração do cardápio Alimentação não servida para total ou parte dos alunos/ Agricultura Familiar

Comissaria Rio de Janeiro

Falta de algum componente no cardápio

Alteração de cardápio Alimentação não servida para total ou parte dos alunos

Por outro lado, com a finalidade de se obter uma visão geral do desempenho dessas empresas com

base nas anomalias registradas no período de 1/1/2015 a 30/6/2016, elaboramos o gráfico a seguir, onde se observa que a empresa em nome da qual se contabilizou o maior número de anomalias ou inconformidades foi a Apetece Sistemas de Alimentação S.A., com relação aos lotes 2 e 4; a que ficou em segundo lugar foi a Nutriplus Alimentação e Tecnologia Ltda. (lote 3); já em terceiro lugar foi a Básica Fornecimento de Refeições Ltda. (lote 1) e a que ficou em quarto e último lugar, ou seja, a que computou o menor número de anomalias em seu nome foi a Comissaria Aérea Rio de Janeiro Ltda. (lote 4).

(...)

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As anomalias registradas no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES são notificadas às

empresas, as quais deverão apresentar suas defesas prévias, sob pena de aplicação de multa cominada nos respectivos contratos, mais especificamente na Cláusula Décima Primeira (Das Sanções Administrativas), item 11.2, alínea b.1, dos mesmos.

Vale acrescentar que o rito para penalização das empresas em casos de descumprimento contratual sujeito à aplicação de sanções administrativas está previsto no item 11.3, da cláusula contratual retro mencionada, salientando-se que as defesas prévias são examinadas no âmbito da Sedu/ES, havendo pronunciamento da Procuradoria Geral do Estado do Espírito Santo somente nos casos de recurso administrativo interposto contra decisão definitiva daquela secretaria da Educação.

Analisando a documentação apresentada sobre o tema, verificamos que a Sedu/ES, diante das anomalias registradas no Sistema de Alimentação Escolar pelos Diretores das unidades escolares, vem tomando providências com vistas à notificação das empresas contratadas.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Falta de cobrança da GAE/Sedu/ES junto às Superintendências Regionais e unidades escolares a

respeito da elaboração e apresentação dos relatórios trimestrais de avaliação. Efeitos/Consequências do achado: Desconhecimento por parte da Sedu/ES do desempenho das empresas contratadas junto às unidades

escolares. (efeito real) Desconhecimento por parte da Sedu/ES do grau de satisfação dos diretores das escolas em relação

ao desempenho da empresa contratada. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo que não há a elaboração e a

apresentação por parte das Superintendências Regionais e das unidades escolares junto à Gerência de Apoio Escolar - GAE dos relatórios trimestrais de avaliação dos serviços prestados pelas contratadas previstos no Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES.

30. Ausência nas escolas de ficha técnica detalhando a preparação das refeições previstas no cardápio.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Na Secretaria Estadual de Educação são elaboradas fichas técnicas pelos nutricionistas, mas as

mesmas não ficam nas escolas para serem utilizadas pelas responsáveis pela elaboração da merenda. As fichas ficam na Gerência de Alimentação Escolar da Secretaria.

As empresas terceirizadas Básica e Nutriplus enviam fichas técnicas às escolas de sua responsabilidade quando da elaboração de alguma receita nova. As empresas Apetece (Lote 2 e 4) e Comissaria Aérea Rio de Janeiro (Lote 5) não disponibilizam fichas às escolas dos seus lotes.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: A Sedu não disponibiliza às escolas as fichas técnicas existentes. As empresas contratadas somente enviam fichas técnicas às escolas quando há introdução de novo

tipo de refeição. Efeitos/Consequências do achado: O preparo das refeições não segue padrões estabelecidos pelos nutricionistas, abrangendo os

ingredientes que a compõe e a sua consistência. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação de que a ausência de fichas técnicas de preparo nas

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escolas, impossibilitando a orientação no preparo das refeições previstas no cardápio, afronta o disposto no art. 14 § 3º da Resolução FNDE 26/2013 e no art. 3º inciso V, da Resolução CFN 465/2010.

31. Não realização do mapeamento de produtos da agricultura familiar para execução da chamada pública.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: De acordo com o Manual da Agricultura Familiar do FNDE, para identificar a diversidade e a

quantidade dos gêneros alimentícios ofertados pela agricultura familiar que poderão ser utilizados no cardápio da alimentação escolar, a Secretaria de Educação e o nutricionista responsável técnico (RT) pelo programa devem reunir-se com o controle social, a Secretaria de Agricultura e as entidades locais de assistência técnica e extensão rural, para solicitar o mapeamento dos produtos da agricultura familiar local.

O mapeamento deve conter, no mínimo, a discriminação dos produtos locais, quantidade de produção e época de colheita (calendário agrícola). O nutricionista responsável técnico poderá ainda contar com o apoio das entidades representativas da agricultura familiar, para conhecer os agricultores locais e seus níveis de organização, capacidade logística, de beneficiamento da produção, entre outros, de forma a identificar e estimular o potencial para diversificar a sua produção e atender à demanda da alimentação escolar.

Por meio do Ofício de Requisição 01/208/2016, foi solicitada a apresentação do Mapeamento Agrícola de produtos para aquisição da agricultura familiar referente ao exercício de 2015. Em resposta ao requerido, a Secretaria apresentou cópia de Lista de Presença de reuniões realizadas para especificação de gêneros alimentícios da agricultura familiar. Naquele documento, constata-se a presença de técnicos da Sedu, da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo - Aderes, da Secretaria Estadual da Agricultura - Seag e de Cooperativas de produtores agrícolas.

Dessa lista, depreende-se que participaram técnicos das entidades que devem estar envolvidos na elaboração do Mapeamento Agrícola. Ocorre, no entanto, que nenhum documento ou estudo foi apresentado como resultado dessas reuniões que possa ser considerado o Mapeamento Agrícola nos termos propostos pelo Manual da Agricultura Familiar do FNDE.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Ausência de providências pelo estado para elaboração de um adequado mapeamento agrícola. Efeitos/Consequências do achado: Eventual desconhecimento de todos os gêneros alimentícios produzidos pela agricultura familiar

que podem compor o cardápio das escolas estaduais. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação de que as informações utilizadas para conhecimento

da produção agrícola no estado não podem ser consideradas mapeamento agrícola nos moldes definidos pelo Manual da Agricultura Familiar elaborado pelo FNDE.

32. Número de nutricionistas incompatível com a quantidade de alunos existente nas escolas

estaduais. Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: A Gerência de Alimentação Escolar da Sedu tem em sua estrutura 5 nutricionistas. Dentre elas,

somente a responsável técnica, Maria Meneguelli Tanure, é servidora efetiva. As demais nutricionistas são contratadas por meio de designação temporária.

As nutricionistas, inclusive a responsável técnica, foram designadas para serem gestoras dos

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249 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Contratos (027, 028, 029, 030 e 031/2014), firmados com as empresas terceirizadas, para fornecimento de refeições às escolas da Rede Estadual.

A Rede Estadual de Ensino, em 22/6/2016, atendia a 266.468 alunos, em um total de 500 escolas. Os contratos 027, 028, 029, 030 e 031/2014, firmados, respectivamente, com as empresas Básica

Fornecimento de Refeições Ltda., Apetece Sistemas de Alimentação S.A., Nutriplus Alimentação e Tecnologia Ltda., Apetece Sistemas de Alimentação S.A. e Comissaria Aérea Rio de Janeiro Ltda. estabelecem no item 9.1.2, alínea ‘a’, em relação às nutricionistas, que deve haver 01 nutricionista para, no máximo, 12 escolas.

Em documento entregue pela Gerência de Alimentação Escolar da Sedu, com a relação das nutricionistas contratadas por empresa verifica-se que as empresas Apetece (Lote 2 - Contrato 028/2014), Nutriplus (Lote 3 - Contrato 029/2014) e Comissaria Aérea Rio de Janeiro (Lote 5 - Contrato 031/2014) não estão cumprindo a relação de nutricionistas x número de escolas estabelecida em contrato firmado (12 escolas/nutricionista). Esse assunto está sendo tratado no Achado 24.

Compulsando o Projeto Básico que embasou o Pregão Eletrônico 0043/2013, constatamos que não houve justificativa por parte da Sedu para o estabelecimento dessa relação de 12 escolas x nutricionista.

A definição de parâmetros numéricos mínimos de referência no âmbito do Programa de Alimentação Escolar se deu por meio da Resolução 465/2010 do Conselho Federal de Nutricionistas, que em seu art. 10 estabelece:

‘art. 10 - Consideram-se, para fins desta Resolução, os seguintes parâmetros numéricos mínimos de referência, por entidade executora, para a educação básica:

Até 500 alunos - 1 RT 501 a 1.000 - 1 RT + 1 QT 1001 a 2500 - 1 RT + 2 QT 2.501 a 5.000 - 1 RT + 3 QT Acima de 5.000 1 RT + 3 QT e + 1 QT a cada fração de 2.500’ A referida Resolução estabelece em seu art. 12 que se a produção de refeições destinadas ao

atendimento de clientela atendida pelo PAE for terceirizada, a empresa prestadora de serviços deverá obedecer às normas específicas baixadas pelo CFN para a área de alimentação coletiva (concessionárias).

Ocorre, no entanto, que tal normatização não foi editada até a presente data. Como no estado do Espírito Santo o fornecimento de merenda escolar é feito na modalidade

terceirizada, e não há parâmetro estabelecido para as empresas contratadas, adotaremos como critério para análise o número de alunos/lote de responsabilidade de cada contratada em confronto com a quantidade de nutricionistas da empresa, designada para cada lote:

Lote Empresa

Contratada N. de escolas N. de alunos

- Edital ¹ Número de Nutricionistas Contratadas

Número de alunos/número de nutricionistas

Lote 01 Básica 86 58.814 8 7.362 Lote 02 Apetece 98 57.193 8 7.149 Lote 03 Nutriplus 84 62.573 7 8.939 Lote 04 Apetece 72 73.090 6 12.181 Lote 05 Comissaria 144 63.243 11 5.749

¹ O número de alunos considerado foi o constante do Edital do Pregão Eletrônico 0043/2013, que estabeleceu o parâmetro de 12 escolas/nutricionista.

Para que fossem observados os parâmetros transcritos acima, as empresas contratadas deveriam ter

em seus quadros os seguintes números de nutricionistas: Lote 01 - Básica - 58.814 alunos - até 5000 alunos (3 QT) - 53.814/2500 = 21 nutr. + 3 nutr. - Total

24 nutricionistas - Número existente - 8 nutricionistas - Déficit - 16 nutricionistas; Lote 02 - Apetece - 57.193 alunos - até 5000 alunos (3 QT) - 52.193/2500 = 21 nutr. + 3 nutr. -

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250 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Total 24 nutricionistas - Número existente - 8 nutricionistas - Déficit - 16 nutricionistas;

Lote 03 - Nutriplus - 62.573 alunos - até 5000 alunos (3 QT) - 57.573/2500 = 23 nutr. + 3 nutr. - Total 26 nutricionistas - Número existente - 7 nutricionistas - Déficit - 19 nutricionistas;

Lote 04 - Apetece - 73.090 alunos - até 5000 alunos (3 QT) - 68.090/2500 = 27 nutr. + 3 nutr. - Total 30 nutricionistas - Número existente - 6 nutricionistas - Déficit - 24 nutricionistas;

Lote 05 - Comissaria Aérea Rio de Janeiro - 63.243 alunos - até 5000 alunos (3 QT) - 58.243/2500 = 23 nutr. + 3 nutr. - Total 26 nutricionistas - Número existente - 11 nutricionistas - Déficit - 15 nutricionistas;

A exigência desse número de profissionais no quadro das contratadas para atender à Sedu causaria um impacto significativo na composição de custo dos serviços prestados pelas terceirizadas.

Manter-se, no entanto, a relação atualmente estabelecida em contrato de 12 escolas x nutricionista, escolas essas que em muitos casos se localizam em diversos municípios, distantes uns dos outros, pode prejudicar a qualidade do acompanhamento do preparo e fornecimento das refeições, pois a atuação das nutricionistas é fundamental.

Sendo assim, cabe recomendar à Secretaria Estadual da Educação que realize estudo a fim de estabelecer quantitativo de nutricionistas/empresa, levando em consideração o número de alunos de cada lote, que seja economicamente viável para a composição do valor dos serviços a serem contratados.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados Causas da ocorrência do achado: Ausência de estudo acerca da quantidade necessária de nutricionistas que devem constar dos

quadros das empresas terceirizadas. Falta de edição de norma específica pelo CFN para a área de alimentação coletiva. Efeitos/Consequências do achado: Prejuízo ao acompanhamento do preparo e fornecimento da merenda escolar por nutricionista das

empresas contratadas. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Recomendar com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do Tribunal, à Secretaria

Estadual da Educação que realize estudo a fim de estabelecer quantitativo de nutricionistas/empresa, levando em consideração o número de alunos de cada lote, que seja tanto economicamente viável para a composição do valor dos serviços a serem contratados, quanto possibilite cumprimento satisfatório das atribuições estabelecidas na Resolução 465/2010 do Conselho Federal de Nutricionistas.

33. Os equipamentos e utensílios não são suficientes e adequados ao preparo e fornecimento da merenda.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Em algumas escolas estaduais dos municípios visitados, constatamos que parte dos equipamentos

funcionava precariamente ou não funcionava e que não havia utensílios (pratos e canecas) em quantidade suficiente para o fornecimento da merenda.

Serra - empresa terceirizada - Apetece Escola Aristóbulo Barbosa Leão - não há canecas suficientes para servir a merenda e são utilizados

copos descartáveis; Escola Laranjeiras - não há canecas suficientes para servir a merenda e os alunos aguardam que

sejam lavadas; Escola Belmiro Teixeira Pimenta - não há canecas suficientes para servir a merenda e são utilizados

copos descartáveis; Escola Clotilde Rato - ausência de assadeiras para permitir a utilização do forno; não há canecas

suficientes para servir a merenda e são utilizados copos descartáveis; Cachoeiro de Itapemirim - empresa terceirizada - Básica

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251 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Escola Presidente Getúlio Vargas - freezer em péssimo estado; panelas velhas; não há canecas

suficientes para servir a merenda e são utilizados copos descartáveis; Escola Aristides Alexandre Campos - ausência de batedeira para confecção de bolos previstos no

cardápio; Cariacica - empresa terceirizada - Nutriplus Escola Cel Olímpio Cunha - não há canecas suficientes para servir a merenda e são utilizados copos

descartáveis; Escola General Tibúrcio - ausência de batedeira para confecção de bolos previstos no cardápio; não

há canecas suficientes para servir a merenda e são utilizados copos descartáveis; Escola São João Batista - ausência de pratos suficientes para servir a merenda; ausência de canecas

de vidro suficientes para servir a merenda e são utilizadas canecas de plástico e copos descartáveis; Escola Prof. Augusto Luciano - ausência de pratos suficientes para servir a merenda; Diante da situação encontrada, faz-se necessário que a Secretaria Estadual da Educação adote

providências para que o enxoval de canecas, pratos e outros utensílios seja reposto. Considerando o Inventário realizado pela empresa contratada em conjunto com a Direção da escola, na data inicial da implantação do serviço, nos termos do disposto na Cláusula Nona, item 9.1.3., alínea h.1., deve ser identificado a quem cabe a aquisição dos utensílios necessários ao atendimento adequado dos alunos.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados Causas da ocorrência do achado: Insuficiência de recursos materiais. Efeitos/Consequências do achado: Elaboração da merenda escolar utilizando equipamentos que não apresentam adequada condição de

conservação. (efeito potencial) Fornecimento de merenda com utensílios inadequados ou insuficientes. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Determinar, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c art. 250, inciso II, do

RI/TCU, à Secretaria Estadual de Educação, que, no prazo de sessenta dias, efetue levantamento nas escolas do enxoval de canecas, pratos e outros utensílios existentes, a fim de que seja identificado a quem cabe a aquisição dos utensílios necessários ao atendimento adequado dos alunos, considerando o Inventário realizado pela empresa contratada em conjunto com a Direção da escola, na data inicial da implantação do serviço, nos termos do disposto na Cláusula Nona, item 9.1.3., alínea h.1 dos contratos firmados para alimentação escolar, em atendimento ao art. 33, § 4º, da Resolução FNDE 26/2013;

Dar ciência à Secretaria Estadual de Educação de que, em algumas escolas estaduais, mencionadas no item 27 deste Relatório, os equipamentos utilizados para elaboração da merenda escolar não apresentam adequada condição de conservação em afronta à atribuição constante do art. 33, § 4º, da Resolução FNDE 26/2013.

34. A Entidade Executora não está observando o percentual mínimo de 30% do valor repassado do FNDE no âmbito do Pnae para a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar.

Tipificação: Irregularidade grave Situação encontrada: A Lei 11.947/2009 em seu art. 14 estabelece que: ‘art. 14. Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do Pnae, no mínimo

30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas.’

O governo do estado do Espírito Santo no exercício de 2015 recebeu do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, por meio da sua Secretaria Estadual de Educação, o montante de R$ 18.900.702,40 para aquisição de gêneros alimentícios destinados à merenda escolar do município.

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252 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Sendo assim, de acordo com a Lei 11.947/2009, deveria ter aplicado 30% desse valor para aquisição de produtos da agricultura familiar, o que representa R$ 5.670.210,72.

Verificamos, contudo, conforme documentação apresentada e Prestação de Contas aprovada pelo CAE (Conselho de Alimentação Escolar), que o estado do Espírito Santo aplicou, no exercício 2015, o montante de R$ 3.661.455,41, o que representa 19,37% do valor total repassado pelo FNDE, não atingindo o percentual mínimo estabelecido em Lei.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados Causas da ocorrência do achado: Aquisição de produtos da agricultura familiar em quantidade e valor insuficientes ao atingimento do

percentual estabelecido em Lei. Efeitos/Consequências do achado: Descumprimento de normativo legal. (efeito real) Prejuízo aos direitos de agricultores familiares. (efeito potencial) Responsável: Nome: Haroldo Corrêa Rocha CPF 394.870.167-91 - Cargo: Secretário Estadual de Educação (de 01/01/2015 até 31/12/2015) Conduta: Deixar de cumprir o percentual mínimo de 30% dos recursos repassados pelo FNDE no âmbito do

Pnae para aquisição de produtos da agricultura familiar no exercício de 2015 Nexo de causalidade: A ausência de destinação de 30% dos recursos repassados pelo FNDE no âmbito do Pnae para

aquisição de produtos da agricultura familiar resultou no descumprimento do art. 14 da Lei 11.947/2009 c/c o art. 24 da Resolução - FNDE 26/2013.

Excludentes de ilicitude: Culpabilidade: A conduta do responsável, Secretário Estadual de Educação, é culpável, ou seja, reprovável, pois

não foi observado no exercício de 2015 o percentual mínimo de 30% para a aquisição de produtos da agricultura familiar, estabelecido na Lei 11.947/2009, razão pela qual deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

Proposta de encaminhamento: Realizar, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV, do

Regimento Interno do TCU, audiência para que apresente razões de justificativa sobre o descumprimento, no exercício de 2015, do art. 14 da Lei 11.947/2009 c/c o art. 24 da Resolução - FNDE 26/2013, que estabelecem o percentual mínimo de 30% do valor repassado do FNDE no âmbito pelo Pnae para a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar.

35. Divergência entre o total de refeições efetivamente solicitadas pelos alunos e o quantitativo lançado no Sistema de Alimentação Escolar.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Verificou-se em visita às escolas estaduais da amostra, localizadas nos municípios de Linhares,

Serra, Cachoeiro de Itapemirim e Cariacica, que há deficiência no controle relacionado ao lançamento da quantidade de refeições solicitadas pelos alunos no Sistema de Alimentação Escolar.

No Anexo I do Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES foi instituído um sistema de comandas com vistas a disciplinar o processo de quantificação do número de alunos que solicitará a alimentação escolar que, a princípio, deveria ocorrer da seguinte forma:

‘- O controle será efetuado através de comandas, com número sequencial. Pode ser confeccionada em papel colorido, sendo uma cor para cada dia da semana;

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253 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

- As comandas podem ser adquiridas em papelarias, confeccionas em gráficas ou na própria unidade

escolar, conforme modelos abaixo; - As comandas deverão ser entregues por um responsável da unidade escolar na hora da entrada, ao

lado de um ‘cartaz’ que informará a preparação que será servida no dia; - Os alunos que quiserem se alimentar deverão pegar uma comanda; - O responsável da unidade escolar informará à merendeira o quantitativo de alunos que retirou a

comanda, acrescido de 10%; - No horário da alimentação, ao lado do ‘balcão de recebimento’ do prato, deverá ter uma caixa

onde os alunos irão depositar as comandas que pegaram na entrada e um responsável da unidade escolar para a acompanhar todo o procedimento;

- Aqueles alunos que não pegaram a comanda e resolverem se alimentar deverão informar ao responsável da unidade escolar que estará ao lado do balcão, e este, fornecerá 01 (uma) comanda extra e irá contabilizar mais uma merenda servida;

- Caso haja sobra de alimentação pronta, o aluno poderá repetir e a repetição não será contabilizada, nem exigida outra comanda.

- Após todos os alunos se alimentarem, as merendeiras deverão contabilizar a sobra limpa (se houver) e o resto-ingestão (sobra suja dos pratos). Essa pesagem deve ser acompanhada pelo responsável da unidade escolar;

- O profissional que acompanhou a distribuição da alimentação escolar deve, ao final da distribuição, contabilizar as comandas e registrar esse quantitativo no sistema de alimentação escolar;

- Todas as contagens/pesagens feitas deverão ser registradas diariamente no sistema.’ Na mesma direção, a Portaria 159-R, de 03 de outubro de 2014, que define atribuições para gestão,

acompanhamento, fiscalização e controle da execução dos serviços contratados e designa técnicos, diretores responsáveis pela gestão da alimentação escolar e da aquisição de gêneros alimentícios diretamente das Cooperativas e Associações de Agricultores Familiares, disciplinou em seu art. 4º que caberia à direção das unidades escolares o exercício de várias atribuições, relativas ao acompanhamento, controle e fiscalização da execução dos serviços contratados de alimentação escolar, destacando-se dentre elas:

‘IV - Informar, diariamente e em cada turno, à empresa contratada o número de alunos que irão utilizar alimentação escolar, de acordo com o respectivo período de permanência na unidade escolar, em horários adequados, por meio do sistema de comandas:

Um lanche ou uma refeição para os alunos que permanecem por períodos parciais (até 5 horas); Uma refeição e dois lanches para os alunos que permanecem por período integral (no mínimo 7

horas); (...) VI - Cumprir rigorosamente as normas estabelecidas para solicitação de refeições/lanches para

especiais, previstas no Programa de Alimentação Escolar e para eventos específicos; ‘ Com vistas a subsidiar esse sistema de comandas, foi implementado pela Sedu/ES, a partir de 2015,

mediante vídeo conferência realizada junto às unidades escolares, um sistema de pautas extras para cada turma, em que se fazia, na primeira aula, a frequência do aluno e se registrava se o mesmo faltou, ou estando presente, se o mesmo iria se alimentar ou não. Esse sistema subsidiário ficou conhecido como Relatório de PA (Presente com Alimentação) e PS (Presente sem Alimentação). Dessa forma, os alunos que decidiram pela alimentação (PA) iriam receber a comanda e depositá-la na caixa junto ao balcão para recebimento da comida. A partir do somatório de todos os alunos na situação de PA de determinado turno (matutino, vespertino ou noturno), encaminha-se à merendeira a quantidade de alunos daquele turno que iria se alimentar, acrescido de 10%. Após todos os alunos se alimentarem, o responsável irá contar a quantidade de comandas depositadas na caixa e registrar no Sistema de Alimentação Escolar como ‘Quantidade Servida’. Do mesmo modo, o somatório da quantidade registrada no Relatório PA/PS de cada turno, acrescido de 10%, deverá ser registrado no Sistema de Alimentação Escolar como ‘Quantidade Solicitada’.

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254 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

O que se constatou é que tal procedimento de controle, não vem sendo realizado de maneira

uniforme por parte das escolas, o que resultou em divergências entre a quantidade de refeições efetivamente solicitadas nos Relatórios de PA/PS e a quantidade de refeições lançadas no Sistema de Alimentação escolar como solicitadas, conforme se depreende do demonstrativo constante do Anexo B.

Assim, existem casos extremos, como o da Escola Aristóbulo Barbosa Leão, localizada na Serra/ES, em que não é feito o registro das quantidades solicitadas nos Relatórios de PA/PS, não havendo, portanto, como se comparar o que foi lançado no Sistema da Sedu/ES como o que foi efetivamente pedido. Segundo declaração fornecida pela própria diretora daquela escola, a quantidade de alunos que iria se alimentar era coletada oralmente pela Coordenação, que por sua vez passava tal número para a cozinha.

Outro caso também emblemático, foi o da escola Professor Manoel de Abreu, localizada em Linhares/ES, em que era lançado no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES como quantidade solicitada, a quantidade de alunos matriculados em determinado turno e não a quantidade de alunos que iria se alimentar, o que resultou em uma diferença exorbitante entre a quantidade lançada no sistema e a efetivamente solicitada no Relatório PA/PS, sendo tal situação regularizada somente a partir de maio de 2016.

Nas escolas de Cariacica em que não houve divergência entre o solicitado lançado no sistema da Sedu/ES e o solicitado registrado no Relatório de PA/PS, observou-se que não há o acréscimo de 10% sobre o que é solicitado nos Relatórios de PA/PS. Ora, de acordo com a Cláusula Nona (Da Responsabilidade da Contratada), item 9.1.1, alínea ‘n’, dos contratos firmados com as contratadas, ‘n) a contratada deverá preparar a alimentação diariamente, em cada turno, considerando um acréscimo de 10% ao quantitativo requisitado pela unidade escolar em cada período de funcionamento da escola, considerando que o acréscimo não é destinado às repetições e sim aos alunos que não fizeram a requisição no início do turno letivo; nº 1) Deverão ser computados para fins de pagamento o número de alunos que efetivamente consumiram da alimentação escolar, desconsiderando as repetições. ‘

Na Escola Belmiro Teixeira Pimenta, localizada na Serra/ES, no dia 15/9/2015, foi lançado no Sistema de Alimentação Escolar uma quantidade menor do que a requerida nos Relatórios de PA/PS daquele dia, o que resultou em uma diferença negativa entre a quantidade lançada no sistema da Sedu e a registrada no PA/PS, no tocante às refeições solicitadas, além é claro desse fato provavelmente ter gerado uma falta de alimentação para parte dos alunos da escola, o que constitui uma anomalia.

No entanto, com relação à maior parte dos casos descritos no demonstrativo em anexo, observa-se que a quantidade de refeições lançadas no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES como solicitadas é sempre maior que a quantidade registrada nos Relatórios de PA/PS, sendo que a diferença entre essas quantidades supera em muito os 10% que deveriam ser computados sobre a quantidade efetivamente requerida pelos alunos em determinado turno.

Nesse sentido, a partir da extração de partes do demonstrativo constante do Anexo B, criamos uma nova tabela cujo objeto são escolas em que a quantidade lançada como solicitada no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES supera os registros contidos no Relatório PA/PS muito além dos 10% exigidos contratualmente:município: Linhares/ES Escola Quantidade contada no

Registro PA/PS - Turmas do Vespertino (A)

Diferença entre a quantidade solicitada lançada no Sistema da Sedu e o registrado no PA/PS como solicitado pelos alunos (B-A).

1/9/15 15/9/15 29/9/15 1/9/15 (B-A)/A*100

15/9/15 (B-A)/A*100

29/9/15 (B-A)/A*100

José de Caldas Brito

99 216 106 25 25% 37 17% 1 0%

Emir de Macedo Gomes

230 327 289 62 27% 78 24% 56 19%

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255 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

8/4/16 13/4/16 25/4/16 8/4/16 (B-

A)/A*100 13/4/16 (B-

A)/A*100 25/4/16 (B-

A)/A*100 José de Caldas Brito

125 149 238 43 34% 11 7% 32 13%

Emir de Macedo Gomes

418 312 420 65 15% 80 26% 70 17%

município: Serra/ES Escola Quantidade contada no

Registro PA/PS - Turmas do Vespertino (A)

Diferença entre a quantidade solicitada lançada no Sistema da Sedu e o registrado no PA/PS como solicitado pelos alunos (B-A).

1/9/15 15/9/15 29/9/15 1/9/15 (B-A)/A*100

15/9/15 (B-A)/A*100

29/9/15 (B-A)/A*100

Belmiro Teixeira Pimenta

227 169 6 13 5% (9) (5)% 182 3.033%

Clotilde Rato

134 86 - 46 34% 14 16% - -

8/4/16 13/4/16 25/4/16 8/4/16 (B-A)/A*100

13/4/16 (B-A)/A*100

25/4/16 (B-A)/A*100

Belmiro Teixeira Pimenta

158 188 150 32 20% 1 0,5% 0 0%

8/4/16 14/4/16 25/4/16 8/4/16 (B-A)/A*100

14/4/16 (B-A)/A*100

25/4/16 (B-A)/A*100

Clotilde Rato

87 78 88 72 83% 126 161% 115 131%

município: Cachoeiro de Itapemirim/ES Escola Quantidade contada no

Registro PA/PS - Turmas do Vespertino (A)

Diferença entre a quantidade solicitada lançada no Sistema da Sedu e o registrado no PA/PS como solicitado pelos alunos (B-A).

1/9/15 15/9/15 29/9/15 1/9/15 (B-A)/A*100

15/9/15 (B-A)/A*100

29/9/15 (B-A)/A*100

Presidente Getúlio Vargas

235 222 - 115 49% 126 57% - -

8/4/16 13/4/16 25/4/16 8/4/16 (B-A)/A*100

13/4/16 (B-A)/A*100

25/4/16 (B-A)/A*100

Presidente Getúlio Vargas

115 120 139 243 211% 251

209% 226 163%

Conclui-se, assim, que tanto os quantitativos registrados a mais no Sistema de Alimentação Escolar

da Sedu, quanto os registrados a menos naquele sistema, comparativamente aos números registrados nos Relatórios de PA/PS denotam a falta de organização e a falta de transparência por parte das escolas em seus procedimentos manuais de controle.

Atualmente, com vistas a aperfeiçoar o controle existente nas unidades escolares sobre o número de refeições solicitadas e servidas, de modo que os lançamentos efetuados no Sistema de Alimentação

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256 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Escolar reflitam a realidade existente nas escolas, foi criado um novo controle automatizado feito por aparelho celular, que eliminará os controles manuais, como os Relatórios de PA/PS, as comandas entregues aos alunos, e os procedimentos relativos à contagem dessas comandas no momento em que a alimentação é servida, com a finalidade de se registrar a quantidade de refeições servidas. Vale, ainda, mencionar que devido a essa mudança, o referido Sistema de Alimentação Escolar foi recentemente remodelado, apresentando novas telas.

Esse novo sistema funcionará da seguinte forma: 1 - Cada aluno matriculado terá uma carteirinha específica para alimentação escolar; 2 - Ao entrar na escola o aluno encontrará, logo na entrada, o cardápio do dia e decidirá se irá se

alimentar ou não; 3 - Se decidir pela alimentação, o aluno passará a sua carteirinha no celular que estará à disposição

dos alunos para leitura óptica; 4 - Após a entrada de todos os alunos de determinado turno, haverá por parte da Coordenação da

Escola, o fechamento do sistema de solicitações. O Sistema, com base nas solicitações efetuadas calculará automaticamente o percentual de 10% sobre a quantidade solicitada. O resultado final desse cálculo será repassado pela Coordenação para as merendeiras, com a finalidade de preparo do total das refeições requisitadas.

5 - No momento em que a alimentação for servida, novamente os alunos que irão se alimentar passarão a sua carteirinha no celular para a leitura óptica. Nesse momento se registrará, portanto, o número de alimentações servidas, sendo que os alunos que repetirem as refeições não passarão novamente a carteirinha, uma vez que a repetição não é contada.

Cumpre ressaltar que a equipe conferiu o funcionamento do novo sistema automático por celular na Escola Estadual Fernando Duarte Rabelo (foto - Apêndice C), localizada em Vitória, constatando a eficiência do mesmo, como já registramos anteriormente. Até o final da auditoria, apenas 10 (dez) escolas da rede estadual tinham esse sistema automático implantado, sendo que a Sedu/ES pretende estendê-lo para as demais escolas até dezembro deste ano.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Existência de controles manuais sujeitos à subjetividade de seus respectivos aplicadores. Falta de organização das escolas. Descumprimento dos procedimentos previstos no Anexo I do Manual de Orientação da

Alimentação Escolar e do preenchimento incorreto do Relatório de PA/PS. Falta de recursos humanos nas escolas para a realização dos controles manuais de contagem das

refeições solicitadas. Efeitos/Consequências do achado: Existência de lançamentos no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES que não refletem a

quantidade das refeições efetivamente solicitadas e servidas nas escolas. (efeito real) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo que, em grande parte das escolas

visitadas, os lançamentos efetuados no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES não refletem os registros constantes dos relatórios manuais existentes no âmbito de cada unidade escolar, destinados à contagem do número de refeições solicitadas em cada turno, denotando uma deficiência no controle da quantidade de refeições solicitadas pelos alunos e o quantitativo lançado no Sistema de Alimentação Escolar, devido, principalmente, ao não cumprimento integral dos procedimentos previstos no Anexo I do Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES e no art. 4º, incisos IV e VI da Portaria-Sedu 159-R, de 3/10/2014, bem como à aplicação inadequada da cláusula nona, item 9.1.1, alíneas n e nº 1 dos contratos celebrados com as empresas contratadas, que neles estipula um acréscimo de 10% (dez por cento) sobre a quantidade solicitada pelos alunos, para a preparação diária da merenda em cada período de funcionamento da escola.

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257 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

36. Impossibilidade de validação dos valores utilizados do Pnae para pagamento de gêneros

alimentícios. Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: A Lei 11.947/2009 estabeleceu o seguinte: ‘art. 5º Os recursos financeiros consignados no orçamento da União para execução do Pnae serão

repassados em parcelas aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às escolas federais pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, em conformidade com o disposto no art. 208 da Constituição Federal e observadas as disposições desta Lei.

§ 1º A transferência dos recursos financeiros, objetivando a execução do Pnae, será efetivada automaticamente pelo FNDE, sem necessidade de convênio, ajuste, acordo ou contrato, mediante depósito em conta corrente específica.

§ 2º Os recursos financeiros de que trata o § 1º deverão ser incluídos nos orçamentos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios atendidos e serão utilizados exclusivamente na aquisição de gêneros alimentícios.’

A Resolução FNDE 26/2013, por sua vez, estabeleceu o seguinte: ‘art. 18 Os recursos financeiros repassados pelo FNDE no âmbito do Pnae serão utilizados

exclusivamente na aquisição de gêneros alimentícios. Parágrafo único. A aquisição de qualquer item ou serviço, com exceção dos gêneros alimentícios,

deverá estar desvinculada do processo de compra do Pnae.’ No caso do Pregão Eletrônico 0043/2013 (processo 63527243), que deu origem aos Contratos

027/2014, 028/2014, 029/2014, 030/2014 e 031/2014, com as empresas Básica (Lote 1), Apetece S.A. (Lote 2), Nutriplus (Lote 3), Apetece (Lote 4) e Comissaria Aérea Rio de Janeiro (Lote 5), respectivamente, para a Prestação de Serviço de Alimentação Escolar, verificou-se que o objeto do referido certame consistiu, conforme descrição contida no Anexo A do Edital correspondente, no seguinte:

‘Descrição do Objeto: Contratação de empresa especializada para a gestão da alimentação escolar, visando ao preparo e distribuição de alimentação balanceada e em condições higiênico-sanitárias adequadas, que atendam aos padrões nutricionais e dispositivos legais vigentes aos alunos regularmente matriculados em unidades escolares da rede estadual de ensino, mediante o fornecimento dos gêneros alimentícios e demais insumos necessários, fornecimento de mão de obra treinada para a preparação dos alimentos, distribuição, controle, limpeza e higienização de cozinhas e despensas das unidades escolares em conformidade com o Edital e Anexos.’

Para efeito de licitação e contratação o Estado foi dividido em cinco lotes, sendo então utilizado como parâmetro o número de alunos a serem atendidos pelo programa.

A dimensão territorial do Estado permite essa divisão facilitando a operacionalização do Programa, uma vez que as empresas vencedoras devem se instalar em um ou mais municípios localizados na região a ser atendida, facilitando assim a logística no atendimento e a fiscalização por parte da Contratada. ‘

Observa-se, portanto, diante da descrição do objeto do certame, que o mandamento estatuído no Parágrafo Único do art. 18 da Resolução FNDE 26/2013 não foi cumprido, visto que o processo de contratação das empresas (5 lotes) para fornecimento de refeições e a compra dos gêneros alimentícios não foi realizado de forma separada, mas em um único procedimento licitatório, visto que as empresas vencedoras do mesmo seriam responsáveis não só pelo fornecimento dos gêneros alimentícios, mas também pelos fornecimento dos serviços para a preparação e distribuição das refeições, além de outros insumos.

Dessa forma, com a finalidade de dar cumprimento, pelo menos, à parte final do § 2º do art. 5º da Lei 11.947/2009 e ao caput do artigo 18 da Resolução FNDE 26/2013, ficou estabelecido na Cláusula Quinta (Das Condições de Medição e Pagamento) dos contratos celebrados, o seguinte:

‘5.2. A Contratante efetuará o pagamento, mediante crédito em conta corrente da Contratada, junto

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258 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

ao Banco (a ser indicado pela Contratada, observadas as disposições do Decreto Estadual nº 3.397-R/2013 e item 5.17), mensalmente, até o 30º (trigésimo) dia após a apresentação dos seguintes documentos:

5.2.1 - Duas Notas Fiscais, sendo 01 (uma) para gêneros e 01 (uma) para demais insumos, devidamente atestadas, relativas à parcela mensal do contrato de fornecimento de alimentação, acompanhada dos comprovantes, relativos ao mês anterior, de recolhimento do FGTS e Previdência Social, Folha de Pagamento das categorias, vale-transporte, vale-refeição, conforme determina a legislação.

5.2.1.1 - A Contratada deverá especificar na Nota Fiscal de gêneros, quais foram os gêneros alimentícios e respectivas quantidades fornecidas no mês.

5.2.1.2 - A Contratada deverá destacar na Nota Fiscal de fornecimento de alimentação, o valor referente a retenção para a Previdência Social de 11% sobre o valor bruto para que a contratante realiza a retenção e recolhimento.

5.2.1.3 - Do valor total de cada nota fiscal, deverá constar a dedução de ICMS (17%) conforme estabelece a legislação do Estado do Espírito Santo.’

Além disso, ficou estabelecido como parte integrante da Proposta Comercial do Edital do Pregão Eletrônico 0043/2013 a ser apresentada por cada licitante, o Anexo D-H que estipula o custo dos gêneros alimentícios dentro do preço unitário de cada tipo de refeição prevista: 1. Merenda (1 refeição); 2. Merenda (1 lanche); 3. Merenda gêneros (1 refeição); 4. Merenda integral (2 lanches e 1 refeição). De modo que, abstraindo-se do preço unitário de cada refeição servida o custo dos gêneros alimentícios, obtém-se o custo dos serviços embutidos naquele valor.

Dessa maneira, observando-se a proporção de gêneros alimentícios e serviços existente em relação ao preço unitário para cada tipo de refeição servida, em uma determinada proposta comercial, pode-se separar para fins de pagamento mensal da contratada, o valor resultante das despesas incorridas pela empresa com a aquisição de gêneros alimentícios e o valor resultante da prestação de serviços relativa ao preparo e distribuição das refeições servidas, visando à utilização exclusiva dos recursos do Pnae no pagamento de gêneros alimentícios.

Com a finalidade de se verificar se a proporção de gêneros alimentícios estabelecida na proposta comercial de cada empresa contratada estava sendo mantida por ocasião do pagamento às mesmas por parte da Sedu/ES, escolhemos como amostra os meses de maio e setembro nos exercícios de 2014 e 2015 e o mês de março no exercício de 2016, e procedemos aos cálculos contidos no Anexo C, ressaltando que a partir dos meses de maio de 2015 e junho de 2015 os preços unitários das propostas já haviam sido reajustados, em conformidade com o item 3.4, da Cláusula Terceira, dos contratos firmados, com base nos apostilamentos efetuados junto aos mesmos.

Da análise dos referidos cálculos, verificou-se que a proporção de gêneros alimentícios estabelecida em cada proposta comercial não é mantida pela Sedu/ES quando do pagamento às contratadas, face à divergência constatada entre o valor devido de gêneros alimentícios e o valor efetivamente pago a título desses gêneros, conforme se depreende do demonstrativo a seguir, extraído do anexo mencionado:

Empresa BÁSICA (Lote 1) Maio/2014 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial R$ 455.694,94

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 028 e 027 - R$ 650.792,41

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 795.828,92

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 029 - R$ 600.731,45

Recursos do FNDE 182.600,00 Recursos Estaduais 468.192,41

Setembro/2014

Page 259: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

259 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Empresa BÁSICA (Lote 1) Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial - R$ 481.955,57

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 058 e 057 - R$ 724.395,71

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 1.029.849,15

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 059 - R$ 787.409,01

Recursos do FNDE 223.851,01 Recursos Estaduais 500.544,70

Maio/2015 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial- R$ 497.722,80

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 089 e 088 - R$ 614.444,30

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 905.528,90

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 090 e 091 - R$ 788.807,40

Recursos do FNDE 147.912,03 Recursos Estaduais 466.532,27

Setembro/2015 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial - R$ 319.885,16

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 123 e 122 - R$ 547.874,78

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 826.635,36

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 124 R$ 598.656,53

Recursos do FNDE 324.272,28 Recursos Estaduais 223.602,50

Março/2016 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial - R$ 488.214,13

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 163 e 162 - R$ 751.083,75

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 956.144,50

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 164 - R$ 693.308,08

Recursos do FNDE 173.327,02 Recursos Estaduais 577.756,73

Empresa APETECE (Lote 2) Maio/2014 Valor devido de gêneros alimentícios - participação na proposta comercial R$ 341.621,37

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 3821 e 3822 - R$ 561.939,62

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - participação na proposta comercial - R$ 782.257,90

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 3823 - R$ 561.939,62

Recursos do FNDE 167.205,41

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260 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Empresa APETECE (Lote 2) Recursos Estaduais 394.734,21

Setembro/2014 Valor devido de gêneros alimentícios - participação na proposta comercial R$ 404.307,12

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 10 e 11 - R$ 734.984,67

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - participação proposta comercial - R$ 1.156.183,77

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 12 - R$ 845.727,61

Recursos do FNDE 269.651,22 Recursos estaduais 465.333,45

Maio/2015 Valor devido de gêneros alimentícios - participação proposta comercial - R$ 477.327,34

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 74 e 73 - R$ 651.761,88

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - participação proposta comercial - R$ 1.006.666,76

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 75, 76 e 77 - R$ 832.232,22

Recursos do FNDE 166.663,78 Recursos estaduais 485.098,10

Setembro/2015 Valor devido de gêneros alimentícios - participação proposta comercial - R$ 306.939,39

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 100 e 99- R$ 578.120,53

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - participação proposta comercial - R$ 942.841,26

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 101 - R$ 671.660,14

Recursos do FNDE 335.830,07 Recursos estaduais 242.290,46

Março/2016 Valor devido de gêneros alimentícios - participação proposta comercial - R$ 451.465,04

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 130 e 131 - R$ 780.352,92

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 1.109.240,80

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 132 - R$ 780.352,92

Recursos do FNDE 312.141,17 Recursos estaduais 468.211,76

Empresa NUTRIPLUS (Lote 3) Maio/2014 Valor devido de gêneros alimentícios -

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 2601 e 2602 - R$ 505.744,09

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 2603 -

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261 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Empresa NUTRIPLUS (Lote 3) proposta comercial R$ 384.216,45

715.227,23 R$ 593.699,59

Recursos do FNDE 168.656,17 Recursos Estaduais 337.087,92

Setembro/2014 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial - R$ 379.634,50

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 2879 e 2882 - R$ 551.794,45

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 1.032.365,00

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 2888 - R$ 860.205,04

Recursos do FNDE 237.068,62 Recursos Estaduais 314.725,83

Maio/2015 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial- R$ 359.803,87

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 3195 e 3196 - R$ 494.741,38

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 715.720,86

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 3197 - R$ 580.783,35

Recursos do FNDE 162.366,95 Recursos Estaduais 332.374,43

Setembro/2015 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial - R$ 317.875,99

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 3315 e 3316 - R$ 475.941,81

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 810.023,69

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 3317 – R$ 651.957,86

Recursos do FNDE 277.685,75 Recursos Estaduais 198.256,06

Março/2016 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial - R$ 460.815,30

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 03437 e 03438 - R$ 648.911,87

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 949.862,67

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 03439 - R$ 761.766,11

Recursos do FNDE 389.347,12 Recursos Estaduais 259.564,75

Empresa APETECE (Lote 4)

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262 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Empresa APETECE (Lote 4) Maio/2014 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial R$ 260.442,84

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 3824 E 3825 - R$ 370.584,26

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 480.725,70

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 38265 - R$ 370.584,28

Recursos do FNDE 105.053,09 Recursos Estaduais 265.531,17

Setembro/2014 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial - R$ 515.158,04

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 0013 e 0014 - R$ 776.832,83

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 1.153.563,44

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 0015 - R$ 891.888,64

Recursos do FNDE 292.820,93 Recursos Estaduais 484.011,90

Maio/2015 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial- R$ 388.327,74

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 0070 e 0071 - R$ 588.577,53

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 788.827,34

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 0072 - R$ 588.577,54

Recursos do FNDE 173.225,69 Recursos Estaduais 415.351,84

Setembro/2015 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial - R$ 344.905,04

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 0102 e 0103 - R$ 550.369,56

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 869.177,05

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 0104 – R$ 666.274,26

Recursos do FNDE 331.637,12 Recursos Estaduais 218.732,44

Março/2016 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial - R$ 602.228,64

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 127 e 128 - R$ 873.540,70

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 1.144.852,76

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 129 - R$ 873.540,70

Recursos do FNDE 349.416,28

Page 263: ATA 3 PL de 01-02-2017 - Cidadão em considerar cumpridas as determinações contidas nos subitens 1.8 do Acórdão 1380/2015-TCU-Plenário e 1.6 do Acórdão 1194/2016-TCU-Plenário,

263 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Empresa APETECE (Lote 4) Recursos Estaduais 524.124,42

Comissaria Aérea Rio de Janeiro (Lote 5) Maio/2014 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial R$ 465.955,78

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 3325, 3326 e 3327 - R$ 664.721,29

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 724.234,55

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 3325 - R$ 525.469,03

Recursos do FNDE 169.046,87 Recursos Estaduais 495.674,42

Setembro/2014 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial - R$ 649.336,72

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 3774 e 3779 - R$ 983.194,96

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 1.214.290,12

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 3771 - R$ 880.431,87

Recursos do FNDE 273.887,37 Recursos Estaduais 709.307,59

Maio/2015 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial- R$ 594.168,91

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 4260 e 4263 - R$ 579.095,54

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 928.149,98

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 4258 e 4262 - R$ 943.223,35

Recursos do FNDE 160.929,45 Recursos Estaduais 418.166,09

Setembro/2015 Valor devido de gêneros alimentícios - proposta comercial - R$ 404.964,53

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 4547 e 4549 - R$ 659.684,45

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição - proposta comercial - R$ 856.106,77

Valor pago de fornecimento de refeição - NF 4548 – R$ 601.386,85

Recursos do FNDE 279.305,56 Recursos Estaduais 380.378,89

Março/2016 Valor devido de gêneros

Valor pago de gêneros alimentícios - NFs 4816 e

Valor devido de serviços de fornecimento de refeição -

Valor pago de fornecimento de

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264 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Comissaria Aérea Rio de Janeiro (Lote 5) alimentícios - proposta comercial - R$ 621.293,69

4817 - R$ 844.199,90

proposta comercial - R$ 1.067.106,16

refeição - NF 4815 - R$ 844.199,92

Recursos do FNDE 337.679,96 Recursos Estaduais 506.519,94

A inobservância dessa proporção tem resultado tanto no pagamento a maior de gêneros

alimentícios, quanto no pagamento a menor de serviços, comparativamente ao que seria devido, havendo, portanto, o risco de se pagar o fornecimento de serviços das empresas com recursos federais, o que é proibido perante o disposto no art. 18 da Resolução - FNDE 26/2013.

Assim, após a análise efetuada no Anexo C, concluiu-se que, nos meses examinados, não houve o pagamento de serviços com recursos no FNDE, uma vez que os referidos recursos foram integralmente empregados no pagamento do que seria devido a título de gêneros alimentícios, sendo que a diferença de gêneros devida não coberta com recursos federais foi saldada com recursos estaduais.

Verificou-se, apenas, uma discrepância no mês de Setembro/2015, em relação às empresas Básica (Lote 1) e Apetece (Lote 2). Isto porque naqueles casos, com base na análise efetuada, os recursos do FNDE empregados para o pagamento das faturas de gêneros alimentícios seriam maior do que era devido a título desses gêneros, o que resultaria, portanto, no pagamento de serviços com recursos federais.

Entretanto, conforme observações feitas no próprio Anexo C para aqueles casos, apesar de o valor de gêneros alimentícios pago com recursos do FNDE estar maior que o devido, mantidas as condições das propostas comerciais apresentadas pelas empresas, deixou-se de apontar aquelas inconsistências como irregularidades, em razão de no mês de Setembro/2015 ter havido pagamentos da Agricultura Familiar que foram descontados pela Sedu/ES do total a ser pago às empresas, diferentemente do critério adotado pela equipe de auditoria para elaboração daquela tabela, em que se descontou os valores atinentes a Agricultura Familiar apenas do valor relativo à participação dos gêneros alimentícios.

Quanto aos demais meses de execução dos Contratos 027/2014, 028/2014, 029/2014, 030/2014 e 031/2014, cuja vigência se estende desde janeiro de 2014 até o final de 2016, não podemos dizer que não houve a utilização de recursos federais para o pagamento de serviços, uma vez que os mesmos não foram examinados por limitação de tempo.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Inobservância da proporção de gêneros alimentícios estabelecida em cada proposta comercial

quando do pagamento às contratadas. Efeitos/Consequências do achado: Utilização de recursos federais para o pagamento de serviços às empresas contratadas. (efeito

potencial) Proposta de encaminhamento: Determinar ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, com fulcro no art. 43,

inciso I, da Lei 8.443/92 c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU, que, no prazo de cento e oitenta dias, proceda a cálculos análogos aos contidos no Anexo C deste Relatório de Auditoria, com relação aos Contratos 027/2014, 028/2014, 029/2014, 030/2014 e 031/2014, firmados pela Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo, para a prestação de serviços de alimentação escolar, com empresas vencedoras do Pregão Eletrônico 0043/2013 (processo 63527243), para o meses integrantes do período de vigência abrangido pelos referidos contratos (janeiro/2014 a fevereiro/2017), excetuando-se os meses de maio e setembro dos exercícios de 2014 e 2015 e o mês de março de 2016, já calculados, com vistas a verificar se houve o pagamento do fornecimento de serviços com recursos do Pnae, encaminhando o

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265 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

resultado apurado e as providências porventura tomadas, na hipótese de confirmação do pagamento de serviços com recursos federais, a este Tribunal.

Dar ciência ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE de que a Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo não procedeu de forma separada quanto à contratação de empresas para a aquisição de gêneros alimentícios e o fornecimento de serviços com a preparação e distribuição de refeições destinadas à alimentação escolar com recursos do Pnae, consubstanciadas nos Contratos 027/2014, 028/2014, 029/2014, 030/2014 e 031/2014, firmados com as empresas Básica (Lote 1), Apetece S.A. (Lote 2), Nutriplus (Lote 3), Apetece (Lote 4) e Comissaria Aérea Rio de Janeiro (Lote 5), respectivamente, visto que foi realizado um único procedimento licitatório (Pregão Eletrônico 0043/2013 - Processo 63527243), cujo objeto era a contratação de empresas especializadas para a gestão da alimentação escolar, visando ao preparo e distribuição de alimentação, mediante o fornecimento dos gêneros alimentícios e demais insumos necessários, o que afronta o disposto no parágrafo único, do art. 18, da Resolução-FNDE 26/2013.

Dar ciência à Secretaria da Educação do Estado do Espírito Santo /Sedu/ES que não foi observada a proporção de gêneros alimentícios para cada tipo de refeição estabelecida no Anexo D-H (Custo dos Gêneros Alimentícios) do Edital do Pregão Eletrônico 0043/2013, que era parte integrante de cada proposta comercial vencedora do certame (Anexo C), quando do pagamento às empresas contratadas das faturas relativas à aquisição de gêneros alimentícios, o que contraria o estabelecido no item 3.1 da Cláusula Terceira e nos itens 5.2, 5.2.1 e 5.2.1.1, da Cláusula Quinta dos Contratos 027/2014, 028/2014, 029/2014, 030/2014 e 031/2014, firmados com as empresas Básica (Lote 1), Apetece S.A. (Lote 2), Nutriplus (Lote 3), Apetece (Lote 4) e Comissaria Aérea Rio de Janeiro (Lote 5), respectivamente, para a prestação de serviços de alimentação escolar.

Dar ciência a Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo que a contratação de empresas para a aquisição de gêneros alimentícios e o fornecimento de serviços com a preparação e distribuição de refeições destinadas à alimentação escolar com recursos do Pnae, em um único procedimento licitatório, a exemplo do que ocorreu com o Pregão Eletrônico 0043/2013 (Processo 63527243), afronta o disposto no parágrafo único, do art. 18, da Resolução-FNDE 26/2013.

37. Cardápio em desacordo com as exigências da Resolução CD/FNDE 26/2013. Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: O cardápio da alimentação escolar é disciplinado pelo art. 12 da Lei 11.947/2009, e detalhado pela

Resolução CD/FNDE 26/2013 em seu art. 14 § 9º: ‘§ 9º Os cardápios deverão oferecer, no mínimo, três porções de frutas e hortaliças por semana

(200g/aluno/semana) nas refeições ofertadas, sendo que: I - as bebidas à base de frutas não substituem a obrigatoriedade da oferta de frutas in natura;’ Ao examinarmos os cardápios constantes do Anexo A-6, do Pregão Eletrônico 0043/2013,

verificamos que não está sendo observada na totalidade a exigência acima. São oferecidas refeições com três porções de hortaliças (verduras, tubérculos, raízes e leguminosas) por semana. No entanto, não consta dos Cardápios a oferta de três porções de frutas por semana.

Com relação aos sucos ofertados aos alunos, estes são de polpas de frutas, mas, como mencionado no inciso I acima reproduzido, não substituem a obrigatoriedade da oferta de frutas in natura.

Importa ressaltar que a oferta de hortaliças não substitui a oferta de frutas, pois no normativo legal não se permite ofertar um ou outro.

Examinando os cardápios das empresas contratadas referentes ao mês de Junho/2016, verifica-se que nos cardápios das empresas contratadas não é cumprida a legislação, pois não são ofertadas três porções de frutas e hortaliças por semana. No entanto, entende-se que a falha foi originada na elaboração pela Secretaria Estadual de Educação dos cardápios que compuseram o Edital do Pregão Eletrônico 0043/2013.

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266 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Inobservância das exigências do FNDE para elaboração dos cardápios. Falha na elaboração, pela Secretaria Estadual de Educação, dos cardápios que compuseram o Edital

do Pregão Eletrônico 0043/2013. Efeitos/Consequências do achado: Descumprimento de normativo legal. (efeito real) Fornecimento de alimentação com deficiência nutricional ao público-alvo. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação de que ausência nos cardápios de, no mínimo, três

porções de frutas e hortaliças por semana afronta o disposto no art. 14, § ° 9º da Resolução CD/FNDE 26/2013.

38. Ausência de divulgação oficial por parte do Estado das atividades do CAE. Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: O Presidente do CAE do estado do Espírito Santo foi categórico em declarar em entrevista

concedida à equipe que não há divulgação oficial por parte da Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo /Sedu/ES das atividades do seu Conselho de Alimentação Escolar. Entendemos que poderia ser criado no próprio site daquela secretaria um espaço e/ou canal para comunicação com o público externo visando à divulgação das atividades realizadas pelo CAE daquele Estado.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Falta de interação entre o CAE e o Estado com vistas à divulgação das principais atividades do

Conselho por meio oficial. Efeitos/Consequências do achado: Desconhecimento por parte da população e da comunidade escolar das atividades do Conselho de

Alimentação Escolar. (efeito real) Proposta de encaminhamento: Recomendar à Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo, com base no artigo 250, III, do

Regimento Interno/TCU, que crie no próprio sítio eletrônico daquela secretaria na internet um espaço e/ou canal destinado à divulgação das atividades realizadas pelo Conselho de Alimentação Escolar do Estado e à comunicação daquele Conselho com o público externo, em vista dos princípios da publicidade e da transparência.

Dar ciência à Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santos de que não há por parte da mesma uma divulgação das atividades do Conselho de Alimentação Escolar por meio de comunicação oficial, o que está em desacordo com o estabelecido no art. 36, inciso IV, da Resolução FNDE 26/2013.

39. O regimento interno do CAE não está de acordo com os artigos 34, 35 e 36 da Resolução CD/FNDE 26, de 17/6/2013.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: O Regimento Interno do Conselho de Alimentação Escolar - CAE do estado do Espírito Santo

encontra-se em desconformidade com relação ao art. 35 da Resolução CD/FNDE 26, de 17/6/2013, visto que o art. 4º daquele Regimento Interno, datado de 25 de fevereiro de 2013, não contempla as novas atribuições estabelecidas pelo art. 35 da Resolução FNDE 26, de 17/6/2013.

Também, com relação ao art. 36 da Resolução FNDE 26/2013, não há menção no referido

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267 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Regimento Interno dos direitos assegurados ao CAE, como órgão deliberativo, de fiscalização e de assessoramento, quanto às garantias que deverão ser prestadas pelo Estado ao mesmo, tais como: - a disponibilização da infraestrutura necessária à plena execução das atividades de sua competência; - o fornecimento, sempre que solicitado, de todos os todos os documentos e informações referentes à execução do Pnae em todas as etapas, tais como: editais de licitação e/ou chamada pública, extratos bancários, cardápios, notas fiscais de compras e demais documentos necessários ao desempenho das atividades de sua competência; - a realização, em parceria com o FNDE, para a formação dos conselheiros sobre a execução do Pnae e temas que possuam interfaces com este Programa; e - a divulgação das atividades do CAE por meio de comunicação oficial do Governo do Estado do Espírito Santo.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Desinteresse e/ou falta de oportunidade em proceder à atualização do Regimento Interno em

consonância com a Resolução 26/2013. Efeitos/Consequências do achado: Regimento Interno desatualizado, dissonante da norma em vigor. (efeito real) Proposta de encaminhamento: Dar ciência ao Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Espírito Santo que o seu Regimento

Interno está desatualizado em relação aos artigos 35 e 36 da Resolução FNDE 26/2013, em desacordo com o inciso VII do referido art. 35.

40. Não acompanhamento do processo de licitação ou da chamada pública por parte do CAE. Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: O Presidente do CAE do estado do Espírito Santo foi claro em afirmar em entrevista concedida à

equipe de auditoria que o Conselho não faz um acompanhamento do processo de licitação e/ou chamada pública. Embora não haja um comando normativo específico que determine esse acompanhamento por parte dos Conselhos de Alimentação Escolar, entendemos que esta seria uma atribuição inserida no disposto do art. 35, inciso I, da Resolução FNDE 26/2013 (‘monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos e o cumprimento do disposto nos arts. 2º e 3º desta Resolução’), pois tanto a licitação, quanto a chamada pública são procedimentos administrativos que darão origem a aquisição de alimentos a serem utilizados na execução do Pnae.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Desconhecimento das atribuições do CAE. Efeitos/Consequências do achado: Desconhecimento por parte do CAE do modo pelo qual os alimentos utilizados na execução do

Pnae foram adquiridos. (efeito real) Impossibilidade de confronto entre os alimentos constantes dos procedimentos de licitação e/ou

chamada pública e os alimentos efetivamente utilizados na execução do Pnae. (efeito real) Proposta de encaminhamento: Recomendar, com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, ao Conselho

de Alimentação Escolar do Estado do Espírito Santo que proceda ao acompanhamento dos procedimentos de licitação e chamada pública que servirão de base para a aquisição de alimentos para a execução do Pnae, nos termos do artigo 19, inciso II da Lei 11.947/2009 c/c o artigo 35, inciso I, da Resolução FNDE 26/2013.

41. Não elaboração de Plano de Ação do ano em curso ou do ano subsequente.

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268 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Verificamos a não elaboração do Plano de Ação do ano em curso ou do ano subsequente, por parte

do Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Espírito Santo. Tal plano de ação, previsto no art. 35, inciso VIII, da Resolução FNDE 26/2013, permitiria que o referido Conselho planejasse as suas ações ao longo do exercício e, consequentemente fizesse uma previsão das despesas necessárias ao cumprimento dessas ações, de modo que ao se levar esse plano de ação ao conhecimento da Secretaria Estadual de Educação, antes do início de cada ano letivo, permitindo que aquele ente tenha condições de prover os recursos financeiros, humanos e/ou operacionais necessários ao cumprimento das ações planejadas pelo seu Conselho.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Desconhecimento dos termos da Resolução FNDE 26/2013. Desconhecimento por parte dos membros do CAE do modo de se fazer uma previsão das despesas

necessárias ao cumprimento de suas metas. Efeitos/Consequências do achado: Desconhecimento por parte do Governo do Estado do Espírito Santo das ações a serem realizadas

pelo Conselho de Alimentação Escolar - CAE. (efeito real) Indisponibilidade de recursos financeiros, humanos e/ou operacionais por parte do Governo do

Estado do Espírito Santo para o atendimento das necessidades do CAE. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Dar ciência ao Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Espírito Santo de que a ausência de

elaboração do Plano de Ação do ano em curso e/ou de anos subsequentes, afronta o disposto no art. 35, inciso VIII, da Resolução FNDE 26/2013.

42. Os membros do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) não são os mesmos daqueles registrados no FNDE.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Verificou-se que houve uma substituição no quadro dos membros do Conselho de Alimentação

Escolar do estado do Espírito Santo que não foi comunicada ao FNDE, ficando o registro daquela entidade desatualizado, quanto aos verdadeiros membros do referido Conselho. Este foi o caso da Srª Meire Pereira Viana, CPF 104.697.647-83, membro suplente da categoria sociedade civil, constante do Espelho do Conselho do CAE do Estado do Espírito Santo no FNDE, que teria sido substituída pela Srª Liliane Ferreira Fundão, conforme se observa nas atas de reuniões relativas a 2015/2016 daquele Conselho.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Inobservância por parte do Governo do Estado do Espírito Santo com relação à atualização

constante de dados do CAE junto ao FNDE. Efeitos/Consequências do achado: Registros dos membros do CAE no FNDE desatualizados. (efeito real) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo que os membros do Conselho de

Alimentação Escolar nomeados no referido Estado não são os mesmos dos registrados no FNDE, o que contraria o disposto no art. 34, § 10 da Resolução FNDE 26/2013.

43. Acompanhamento deficitário da execução do Pnae no Estado.

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269 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: No Estado do Espírito Santo deparamo-nos com um acompanhamento deficitário da execução do

Pnae por parte do seu respectivo Conselho de Alimentação Escolar. Tal constatação ficou evidenciada com base no teor da documentação apresentada pelo referido

Conselho, em atendimento ao Ofício de requisição desta equipe. Desta forma, tendo em vista os relatórios de visitas às escolas apresentados, verificou-se que no exercício de 2015 ficaram registradas apenas 3 visitas (1 visita em 21/5/2015 e 2 visitas em 29/9/2015), enquanto no exercício de 2016 ainda não havia sido realizada nenhuma visita até o término destes trabalhos.

Outro indicativo desta precária atuação diz respeito a não observância do art. 10, inciso I, do Regimento Interno daquele Conselho que prevê a realização de reuniões mensais por parte dos seus membros. Isto porque, no exercício de 2015, verificou-se com base nas Atas de Reuniões disponibilizadas, que somente ocorreram 6 reuniões mensais (maio/2015, junho/2015, agosto/2015, setembro/2015, outubro/2015 e dezembro/2015), sendo que as reuniões de setembro e dezembro daquele exercício foram encerradas por falta de quórum. Já no exercício de 2016, ainda com base nas Atas de Reuniões, apenas 3 reuniões foram realizadas (1/3/2016, 26/4/2016 e 24/5/2016), sendo que na reunião realizada em 26 de abril de 2016 não houve deliberação por falta de quórum.

Ademais, conforme restou demonstrado no Ofício/CAE/N. 04/2016 encaminhado pelo CAE em resposta ao Ofício de Requisição 02-208/2016 desta equipe, não houve o envio de solicitações à Secretaria Estadual da Educação /Sedu/ES por parte do CAE, com vistas à aquisição dos documentos necessários para o acompanhamento da execução do Pnae.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Falta de motivação dos membros do CAE. Desconhecimento das atribuições do CAE. Efeitos/Consequências do achado: Acompanhamento deficiente da execução do Pnae no Estado. (efeito real) Proposta de encaminhamento: Dar ciência ao Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Espírito Santo que a atuação do

mesmo é considerada deficitária, uma vez que não reflete um acompanhamento efetivo da execução do Pnae no âmbito do Estado, como se verifica, por exemplo, com base no baixo número de realização de visitas às escolas e de reuniões mensais com quórum, além da ausência de solicitações à Sedu/ES de documentos com vistas ao acompanhamento da execução do Pnae, o que contraria o artigo 35, inciso I, da Resolução FNDE 26/2013.

44. Instalações físicas do almoxarifado inadequadas. Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Verificamos que algumas escolas do estado do Espírito Santo, localizadas nos municípios visitados

de Linhares, Serra, Cachoeiro de Itapemirim e Cariacica, não apresentavam condições adequadas ao armazenamento dos alimentos da merenda escolar, senão vejamos:

Linhares - 4 escolas visitadas - Escola José de Caldas Brito: não possuía ventilação, ambiente fechado; - Escola Manoel Abreu: almoxarifado coexistindo no mesmo ambiente que a cozinha. Serra - 4 escolas visitadas - Escola Aristóbulo Barbosa Leão: paredes infiltradas e mofadas, e iluminação com problemas; - Escola Belmiro Teixeira Pimenta: instalação sem ventilação externa, quarto fechado. Cachoeiro de Itapemirim - 4 escolas visitadas

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270 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

- Escola Francisco Coelho Ávila Júnior: instalação elétrica com problemas. Cariacica - 4 escolas visitadas - Escola Cel. Olímpio Cunha: sem iluminação; - Escola São João Batista: ventilação precária. Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Espaço físico desprovido de condições para armazenamento de alimentos. Ausência de investimento por parte do Estado nas condições de armazenamento dos almoxarifados

das escolas. Efeitos/Consequências do achado: Perda da qualidade dos alimentos armazenados. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Dar ciência ao Estado do Espírito Santo que nos almoxarifados de algumas escolas dos Municípios

visitados de Linhares, Serra, Cachoeiro de Itapemirim e Cariacica, as instalações físicas são inadequadas, havendo, portanto, o descumprimento à atribuição prevista no art. 33, § 4º da Resolução FNDE 26/2013.

45. Fornecimento de alimento com rótulo apagado e/ou ilegível, destituído de informações sobre a sua identificação, composição, valor nutricional e os respectivos prazos de fabricação e de validade.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Na Escola Estadual Aristóbulo Barbosa Leão, localizada no Município da Serra, constatou-se, no

almoxarifado, a existência de pacotes de mistura para preparo de bolo fornecidos pela empresa contratada Apetece Sistemas de Alimentação S.A. (Lote 4) com rótulos apagados e/ou ilegíveis. Nesses rótulos apagados e/ou ilegíveis deveriam estar presentes além da identificação, composição e valor nutricional do alimento, as datas de fabricação e validade do mesmo.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Inobservância por parte da empresa contratada Apetece quanto ao fornecimento de alimentos sem a

especificação técnica descrita no Anexo A-8 do Edital 043/2013 (Produtos de confeitaria - 1 - Bolo nos sabores: abacaxi, chocolate, coco, laranja, fubá).

Efeitos/Consequências do achado: Fornecimento de alimento em embalagem com rótulo ilegível, sem garantia da sua identificação

correta, valor nutricional, data de fabricação e prazo de validade. (efeito real) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo, para as providências cabíveis,

que a empresa Apetece Sistemas de Alimentação S.A. forneceu à Escola Estadual Aristóbulo Barbosa Leão, localizada na Serra/ES, embalagens de mistura para preparo de bolo com rotulação apagada e/ou ilegível, descumprindo, assim, as normas técnicas dos gêneros alimentícios a serem usados na alimentação escolar descritas no Anexo A-8 (Produtos de confeitaria - 1 - Bolo nos sabores: abacaxi, chocolate, coco, laranja, fubá) do Edital 043/2013, bem como o disposto na Cláusula 9.1.4, alínea ‘i’ do Contrato 030/2014, firmado com a referida empresa, em 26/2/2014.

46. Inexistência de orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição dos custos que compunham o valor da refeição, por ocasião da realização do pregão.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Verificou-se que, na fase preparatória do Pregão Eletrônico 0043/2013, não foi elaborado um

orçamento detalhado em planilhas que expressassem a composição dos custos que comporiam o valor de

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271 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

um determinado tipo de refeição.

De fato, a Secretaria Estadual de Educação do Governo do Estado do Espírito Santo /Sedu/ES elaborou, inicialmente, um mapa comparativo de preços obtidos com as cotações efetuadas junto ao mercado, para os tipos de alimentação a serem servidas (Refeição, Integral, Fornecimento de Gêneros Alimentícios e Lanche) as quais apuraram o valor total (com base no menor valor unitário) com ICMS de R$ 290.450.498,50 (Duzentos e noventa milhões quatrocentos e cinquenta mil quatrocentos e noventa e oito reais e cinquenta centavos).

Ao se constatar que tal valor ficou muito acima do esperado, realizou-se em um segundo momento outro Mapa Comparativo sendo então utilizados os valores unitários apurados na cotação do Processo 56867689 do ano de 2012, entre as empresas participantes, utilizando-se o índice do INPC período Julho/2012 a Agosto/2013 para atualização desses valores. A metodologia utilizada para tanto foi a do menor valor por lote, apurando-se o valor total com ICMS de R$ 205.555.349,96 (duzentos e cinco milhões, quinhentos e cinquenta e cinco mil, trezentos e quarenta e nove reais e noventa e seis centavos).

E, finalmente, para a ampliação do estudo realizou-se, ainda, um terceiro Mapa Comparativo de preço entre as empresas ERJ e Starbene, sendo utilizados os valores unitários do lote 01 e 02, do processo de contratação emergencial nº 63043300 de 2013, que se encontrava então em vigor à época, até 30 de dezembro de 2013. A metodologia utilizada para balizamento foi a do menor valor por item entre os lotes mencionados. O valor resultante foi utilizado para precificar os 5 (cinco) lotes do projeto básico, apurando-se o valor total com ICMS na ordem de R$ 232.049.987,80 (duzentos e trinta e dois milhões, quarenta e nove mil, novecentos e oitenta e sete reais e oitenta centavos).

Por encontrar-se entre os dois valores inicialmente apurados, o mencionado valor de R$ 232.049.987,80 foi o escolhido para fins de autorização de despesa e reserva orçamentária, tendo sido, ainda, considerado o valor total máximo admitido para o processo licitatório em destaque, para o período de 24 meses, conforme estipulado no item 21 - Disposições Finais do Edital do Pregão Eletrônico 0043/2013: Lote 1 - R$ 43.084.997,60 (quarenta e três milhões oitenta e quatro mil novecentos e noventa e sete reais e sessenta centavos); Lote 2 - R$ 42.282.402,10 (quarenta e dois milhões duzentos e oitenta e dois mil quatrocentos e dois reais e dez centavos); Lote 3 - R$ 47.562.513,30 (quarenta e sete milhões quinhentos e sessenta e dois mil quinhentos e treze reais e trinta centavos; Lote 4 - R$ 51.939.451,90 (cinquenta e um milhões novecentos e trinta e nove mil quatrocentos e cinquenta e um reais e noventa centavos); e Lote 5 - R$ 47.180.622,90 (quarenta e sete milhões cento e oitenta mil seiscentos e vinte e dois reais e noventa centavos).

Considerando-se que o valor do lote é resultante do produto entre a quantidade de atendimentos previstos (alunos a serem servidos) e o preço unitário de cada tipo de alimentação que lhes será servido diariamente (Refeição, Integral, Fornecimento de Gêneros Alimentícios e Lanche), deduz-se que o valor total orçado, que serviu de teto máximo para a licitação, baseou-se pura e simplesmente nos menores valores unitários dos contratos então vigentes, que foram estendidos para todos os lotes a serem licitados.

Ou seja, não houve por parte da Sedu/ES uma preocupação em se elaborar um orçamento detalhado em planilhas, apurando-se, inicialmente, o custo unitário efetivo de cada tipo de alimentação, para cada lote a ser licitado, levando-se em conta, inclusive, as diferenças regionais de cada lote e imputando-se nesse custo todos os quantitativos de insumos requeridos no projeto básico, tais como, gêneros alimentícios, mão de obra (nutricionistas e merendeiras), despesas, tributos e outros custos indiretos, para somente então se chegar ao valor de cada lote e, finalmente, ao valor global orçado para a licitação.

Na verdade, esse detalhamento dos insumos que concorreram para a formação do preço unitário de cada tipo de alimentação foi deixado a cargo das empresas interessadas em apresentar as suas propostas.

Assim, do modo como o presente orçamento foi feito partiu-se do valor total para o valor unitário de cada tipo de alimentação por lote, quando o correto deveria ser partir-se da formação do preço unitário de cada tipo de alimentação e só então se chegar ao valor total de cada lote e, por conseguinte, da licitação como um todo.

O risco envolvido nesse tipo de estimativa consiste na obtenção de um preço superestimado ou de um preço inexequível, não se alcançando, assim, um retrato fidedigno da realidade de mercado que

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272 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

poderia melhor balizar o certame licitatório, inviabilizando, dessa forma, a análise da exequibilidade, economicidade e compatibilidade das propostas dos licitantes.

Esse risco, contudo, é potencial, pois não se pode afirmar que houve qualquer tipo de prejuízo ao procedimento licitatório.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Elevado grau de dificuldade em se fazer um orçamento detalhado em planilhas que expressem a

composição dos custos unitários que compõem o valor unitário de uma refeição. Insuficiência de pessoal qualificado na equipe envolvida. Efeitos/Consequências do achado: Obtenção de um preço superestimado ou de um preço inexequível que não reflita a realidade de

mercado que poderia melhor balizar o certame licitatório. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria da Educação do Estado do Espírito Santo da inexistência de um orçamento

detalhado em planilhas que expressasse a composição dos custos que compunham o valor unitário de cada tipo de alimentação nos lotes licitados no âmbito do Pregão Eletrônico 0043/2013, o que contrariou o disposto no art. 3º inciso III, da Lei 10.520/2002 c/c o art. 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93.

47. Número de nutricionistas nas empresas contratadas em desacordo com o estabelecido no contrato.

Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: Os contratos 027, 028, 029, 030 e 031/2014, firmados, respectivamente, com as empresas Básica

Fornecimento de Refeições Ltda., Apetece Sistemas de Alimentação S.A., Nutriplus Alimentação e Tecnologia Ltda., Apetece Sistemas de Alimentação S.A. e Comissaria Aérea Rio de Janeiro Ltda. estabelecem no item 9.1.2, alínea ‘a’, em relação às nutricionistas, que deve haver 01 nutricionista para, no máximo, 12 escolas.

Em relação entregue pela Gerência de Alimentação Escolar da Sedu, das nutricionistas contratadas por empresa constatamos que as empresas Apetece (Lote 2 - Contrato 028/2014), Nutriplus (Lote 3 - Contrato 029/2014) e Comissaria Aérea Rio de Janeiro (Lote 5 - Contrato 031/2014) não estão cumprindo a relação de nutricionistas x número de escolas estabelecida em contrato firmado (12 escolas/nutricionista).

Empresa Apetece - Lote 2 - Contrato 028/2014 98 escolas 8 nutricionistas nutricionista Meirielle Rocha Barreiros Lima - 9 escolas nutricionista Thais Damasceno Roxo - 13 escolas nutricionista Nicole Woelffel - 12 escolas nutricionista Maria de Lourdes Assis - 12 escolas nutricionista Cláudia Martins Silva - 13 escolas nutricionista Patricia Veloso Pagung - 13 escolas nutricionista Tayrine Del Puppo Haese - 12 escolas nutricionista Karolline Gomes - 13 escolas Empresa Nutriplus - Lote 3 - Contrato 029/2014 84 escolas 7 nutricionistas nutricionista Raiany Lorenzoni - 13 escolas nutricionista Bruna Sossai - 13 escolas nutricionista Barbara Libardi - 13 escolas

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273 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

nutricionista Tierly Lauro - 13 escolas nutricionista Sabrina Visitini - 12 escolas nutricionista Samyra Faquette - 10 escolas nutricionista Lorena Barreto - 10 escolas Empresa Comissaria Aérea - Lote 5 - Contrato 031/2014 144 escolas 11 nutricionistas nutricionista Ryanne Amaral Castro - 14 escolas nutricionista Thayca Amanda Pereira de Amorim - 13 escolas nutricionista Talita Lírio Santos - 13 escolas nutricionista Jovanka Rolim Cardoso - 13 escolas nutricionista Karoline José de Oliveira - 13 escolas nutricionista Karla Alcantara Melquíades - 13 escolas nutricionista Arlete Pereira de Souza - 14 escolas nutricionista Daianna Rios Bessa - 13 escolas nutricionista Amélia Theodolinda Vieira Brunetti - 13 escolas nutricionista Zocatelli Diniz - 13 escolas nutricionista Lubia Crisitina Vieira Premoli - 12 escolas Observa-se que no caso da empresa Apetece (Lote 2), para o número de escolas constantes do lote,

não é suficiente o número de nutricionistas contratadas. Além disso, há mal distribuição na relação nutricionista/escola.

Na empresa Nutriplus (Lote 3), por sua vez, o número de nutricionistas contratadas é suficiente para que se dê o cumprimento à relação de 12 escolas/nutricionista. No entanto, há mal distribuição de escolas entre as nutricionistas, fazendo com que algumas delas sejam responsáveis pelo acompanhamento de mais de 12 escolas.

Por fim, em relação à empresa Comissaria Aérea Rio de Janeiro, o número de nutricionistas também não é suficiente para o cumprimento da relação 12 escolas/nutricionista.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Ausência de fiscalização suficiente por parte da Sedu na atuação das empresas contratadas,

decorrente da sobrecarga de atribuições das nutricionistas designadas gestoras dos contratos. Efeitos/Consequências do achado: Descumprimento de cláusula contratual (efeito real) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação de que o número existente de escolas por

nutricionista das empresas detentoras dos Contratos 028, 029 e 031/2014 está em desacordo com a Cláusula Nona, item 9.1.2, alínea ‘a’ dos referidos instrumentos contratuais, constituindo afronta ao art. 66 da Lei 8.666/1993.

48. Prejuízo à atuação da nutricionista responsável técnico. Tipificação: Falhas/impropriedades Situação encontrada: A Gerência de Alimentação Escolar da Sedu tem em sua estrutura 5 nutricionistas. Dentre elas,

somente a responsável técnica, Maria Meneguelli Tanure, é servidora efetiva. As demais nutricionistas são contratadas por meio de designação temporária.

As nutricionistas, inclusive a responsável técnica, foram designadas para serem gestoras dos Contratos 027, 028, 029, 030 e 031/2014, firmados com as empresas terceirizadas, para fornecimento de refeições às escolas da Rede Estadual.

A nutricionista responsável técnico possui uma série de atribuições conferidas pela Lei

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274 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

11.947/2009, Resolução CD/FNDE 26/2013 e Resolução CFN nº 465/2010.

Dentre elas, podemos destacar: - realizar o diagnóstico e o acompanhamento do estado nutricional dos estudantes; - planejar, elaborar, acompanhar e avaliar o cardápio da alimentação escolar de acordo com a

cultura alimentar, o perfil epidemiológico da população atendida e a vocação agrícola da região, acompanhando desde a aquisição dos gêneros alimentícios, o preparo, a distribuição até o consumo das refeições pelos escolares;

- coordenar e realizar, em conjunto com a direção e com a coordenação pedagógica da escola, ações de educação alimentar e nutricional;

- participar da avaliação técnica no processo de aquisição de utensílios e equipamentos, produtos de limpeza e desinfecção, bem como na contratação de prestadores de serviços que interfiram diretamente na execução do PAE;

- participar do recrutamento, seleção e capacitação de pessoal que atue diretamente na execução do PAE;

- participar de equipes multidisciplinares destinadas a planejar, implantar, implementar, controlar e executar políticas, programas, cursos, pesquisas e eventos na área de alimentação escolar;

- contribuir na elaboração e revisão das normas reguladoras próprias da área de alimentação e nutrição;

- colaborar na formação de profissionais na área de alimentação e nutrição, supervisionando estagiários e participando de programas de aperfeiçoamento, qualificação e capacitação;

Além de todas essas atribuições, detém outras como gestora do Contrato 027/2014 firmado com a empresa Básica Fornecimento de Refeições Ltda.

Ainda que a aquisição dos gêneros alimentícios, o preparo e o fornecimento das refeições seja de responsabilidade da empresa contratada, como nutricionista responsável técnico deve gerenciar as ações relacionadas à execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Cabe a ela, inclusive, acompanhar o trabalho das demais nutricionistas da Sedu. De acordo com o art. 12, § 2º, da Resolução CD/FNDE 26/2013, a Entidade Executora deve

oferecer condições suficientes e adequadas de trabalho para o profissional nutricionista Responsável Técnico - RT.

Sendo assim, a profissional nutricionista Responsável Técnico - RT, Maria Meneguelli Tanure, não deve atuar como gestora de contrato, pois tal designação pode vir a prejudicar a sua atuação como Responsável Técnico - RT do Programa Nacional de Alimentação Escolar no âmbito do governo do estado do Espírito Santo.

Objeto/critérios/evidências: Essas informações estão detalhadas no Apêndice A - Matriz de Achados. Causas da ocorrência do achado: Designação da nutricionista responsável técnica para diversas atividades, como por exemplo,

gestora de contrato firmado com empresa terceirizada. Ausência de oferecimento pela Entidade Executora de condições suficientes e adequadas de

trabalho para o nutricionista responsável técnico. Efeitos/Consequências do achado: Impossibilidade de cumprimento pelo nutricionista responsável técnico de todas as atribuições que

lhe são conferidas pelos normativos legais. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação de que a designação da nutricionista responsável

técnico como gestora de contrato dificulta o cumprimento de suas diversas atribuições previstas na Lei 11.947/2009, Resolução CD/FNDE 26/2013 e Resolução CFN nº 465/2010, e afronta o disposto no art. 12, § 2º, da Resolução CD/FNDE 26/2013.

IV - Conclusão 49.A tipificação dos achados de auditoria sinaliza que no estado do Espírito Santo, no âmbito da

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Secretaria Estadual da Educação - Sedu, existem falhas a serem corrigidas para que os objetivos do Pnae possam ser atingidos plenamente.

50.Foram visitadas 16 escolas distribuídas nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim (4), Serra (4), Cariacica (4) e Linhares (4), localizadas na zona urbana, com alunos no ensino fundamental e ensino médio.

51.Os trabalhos foram desenvolvidos na Sedu e nas escolas estaduais. 52.Na Sedu procedemos à análise do processo de contratação das empresas que prestam os serviços

de gestão alimentar (Pregão Eletrônico 0043/2013) e do processo referente à Chamada Pública 001/2015, que resultou nas aquisições diretamente da agricultura familiar no exercício 2015.

53.Em relação ao Pregão Eletrônico 043/2013, verificou-se que, em sua fase preparatória, não foi elaborado um orçamento detalhado em planilhas que expressassem a composição dos custos que comporiam o valor unitário de cada tipo de refeição a ser servida, para só então estimar-se o valor global do orçamento que serviria de teto máximo para a licitação. Optando-se, ao contrário, pela coleta de preços unitários prontos, sem detalhamento de seus respectivos custos, e originários de três tipos de metodologias diferentes, para se chegar ao menor preço total estimado do certame a ser realizado.

54.No que se refere ao processo de Chamada Pública, apuramos que no exercício de 2015, o estado do Espírito Santo deixou de observar o percentual mínimo de 30% do valor repassado do FNDE no âmbito do Pnae para aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar.

55.Realizamos o exame de documentação pertinente à atuação do Conselho de Alimentação Escolar, bem como entrevistamos o atual Presidente do CAE. Dentre as falhas/impropriedades mais importantes, cumpre destacar o acompanhamento deficitário da execução do Pnae no âmbito do estado, a existência de um Regimento Interno desatualizado, em desconformidade com os termos da Resolução CD/FNDE 26/2013, de 17/6/2013, e a não elaboração de um plano de ação do ano em curso ou do ano subsequente.

56.Nas escolas visitadas, examinamos as condições de higiene para elaboração e fornecimento da merenda, de armazenamento dos gêneros alimentícios, o cumprimento do cardápio, a qualidade dos gêneros alimentícios fornecidos pelas empresas contratadas bem como a documentação referente à entrega dos produtos da agricultura familiar no segundo semestre de 2015.

57.Nas escolas estaduais visitadas em Linhares (empresa Comissaria), Cachoeiro de Itapemirim (Empresa Básica) e Cariacica (Empresa Nutriplus) identificamos problemas estruturais, como cozinha e refeitório muito pequenos ou refeitório inexistente.

58.No Município de Serra (Empresa Apetece), por sua vez, existem problemas de outra ordem, além dos estruturais que requerem reformas e adequações por parte da Secretaria Estadual da Educação. Nas escolas Aristóbulo Barbosa Leão e Laranjeiras, cujo cardápio no dia da visita previa o fornecimento de carne moída, constatamos que apesar de estar identificada no pacote como ‘Patinho’, a carne ofertada era extremamente gordurosa o que se evidenciava no momento de seu cozimento. Além disso, na escola Belmiro Teixeira Pimenta, a merenda é servida por empregada da empresa contratada para prestação de serviços de limpeza, Braslimp.

59.Em relação aos equipamentos e utensílios existentes nas escolas, verificamos que nas escolas do Município de Linhares, cuja empresa prestadora dos serviços é a Comissaria Aérea Rio de Janeiro, não há problemas em relação às quantidades necessárias ao fornecimento da merenda.

60.Nas escolas de Cachoeiro de Itapemirim, cuja empresa prestadora dos serviços é a Básica Fornecimento de Refeições Ltda., somente em 1 das 4 escolas visitadas não havia utensílios suficientes.

61.De forma diversa, em Serra e em Cariacica, cujas empresas prestadoras dos serviços são a Apetece Sistemas de Alimentação S.A. e a Nutriplus Alimentação e Tecnologia Ltda., respectivamente, em 100% das escolas estaduais visitadas constatamos não haver utensílios suficientes para o fornecimento das refeições.

62.Tais constatações ensejaram a realização de ciência e de determinação à Secretaria Estadual de Educação para adoção de providências necessárias à reposição do enxoval de utensílios das escolas.

63.Com relação ao cumprimento dos cardápios estabelecidos pelas empresas contratadas, não foi

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constatada nenhuma divergência. Ocorre, contudo, que há um problema na composição dos cardápios desde a sua elaboração pelo Anexo A-6 do Edital do Pregão Eletrônico 0043/2013. Não está sendo observada a exigência prevista na Resolução CD/FNDE 26/2013 de oferta de, no mínimo, três porções de frutas e hortaliças por semana.

64.Examinamos, ainda, a situação das nutricionistas da Sedu/ES e das empresas contratadas com vistas ao cumprimento dos normativos existentes sobre a matéria - Resolução CD/FNDE 26/2013 e Resolução CFN 465/2010.

65.Como no estado do Espírito Santo o fornecimento da merenda escolar é terceirizado, estendemos nossa análise para o quantitativo de nutricionistas das empresas contratadas, responsáveis por atuar nas escolas estaduais. Constatamos que algumas empresas disponibilizam nutricionistas em número inferior ao estabelecido no contrato firmado com a Sedu/ES. Além disso, examinamos o referido quantitativo em relação ao número de alunos das escolas atendidas e apuramos um déficit significativo de nutricionistas para atingimento dos parâmetros estabelecidos pelo Conselho Federal de Nutricionistas, por meio de sua Resolução 465/2010.

66.Considerando que o cumprimento de tais parâmetros implicaria em contratações de diversas nutricionistas, considerando que tal medida impactaria significativamente no valor dos serviços de gestão alimentar, mas considerando, contudo, que o parâmetro estabelecido no instrumento contratual vigente de 12 escolas/nutricionista, não está respaldado por estudo técnico a respeito, elaboramos proposta de recomendação à Secretaria Estadual da Educação para que realize estudo a fim de estabelecer quantitativo de nutricionistas/empresa, levando em consideração o número de alunos de cada lote, que seja economicamente viável para a composição do valor dos serviços a serem contratados.

67.No que se refere à atuação da nutricionista responsável técnico, servidora efetiva da Sedu/ES, entendemos que a sua designação como gestora do contrato 027/2014, firmado com a empresa Básica, prejudica o desenvolvimento de todas as atribuições que são conferidas pela Resolução CF/FNDE 26/2013 e Resolução CFN nº 465/2010, o que deve ser revisto pela Sedu/ES.

68.Com relação aos procedimentos para controle e realização dos lançamentos das informações que embasam a Medição Mensal dos Serviços prestados pelas contratadas, e, por conseguinte, o seu pagamento, apuramos duas ocorrências:

- divergência entre a quantidade de refeições servidas e as lançadas no Sistema de Alimentação Escolar;

- divergência entre o total de refeições efetivamente solicitadas pelos alunos e o quantitativo lançado no Sistema de Alimentação Escolar;

69.No que tange aos pagamentos efetuados às empresas contratadas para prestação de serviços de gestão da alimentação escolar, visando ao preparo e distribuição da merenda escolar, verificamos que a proporção de gêneros alimentícios para o tipo de refeição estabelecida em cada proposta comercial não é mantida pela Sedu/ES quando do pagamento às contratadas, o que pode ocasionar o pagamento de serviços com recursos federais repassados pelo FNDE.

70.Vale ressaltar que nos meses constantes da amostra selecionada pela equipe de auditoria, Março e Setembro/2014, Março e Setembro/2015 e Março/2016, não ocorreu o pagamento de serviços com recursos do FNDE.

71.O art. 5º, § 2º, da Lei 11.947/2009 c/c com o art. 18 da Resolução CD/FNDE 26/2013 estabelecem que os recursos financeiros repassados pelo FNDE no âmbito do Pnae serão utilizados exclusivamente na aquisição de gêneros alimentícios.

72.Importa ressaltar que no mesmo art. 18, em seu parágrafo único, é estabelecido que a aquisição de qualquer item ou serviço, com exceção dos gêneros alimentícios, deverá estar desvinculada do processo de compra do Pnae. Tal situação não ocorre no estado do Espírito Santo, pois é realizado um único procedimento licitatório para a contratação de serviços de gestão da alimentação escolar que inclui a prestação dos serviços de elaboração da merenda escolar, bem como o fornecimento dos gêneros alimentícios.

73.Nesse sentido, formulamos proposta de dar ciência à Sedu/ES sobre a necessidade de se manter

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as proporções de gêneros alimentícios estabelecidas para cada tipo de refeição nas propostas comerciais, quando da realização dos pagamentos às empresas contratadas, bem como sobre o fato de que a contratação de serviços realizada nos moldes do Pregão Eletrônico 0043/2013, incluindo a prestação de serviços e o fornecimento de gêneros alimentícios pelas contratadas em um mesmo procedimento licitatório, afronta o disposto no art. 18, parágrafo único, da Resolução CD/FNDE 26/2013.

74.Apresentamos, ainda, proposta de dar ciência ao FNDE sobre o descumprimento pela Sedu/ES do estabelecido no art. 18, parágrafo único, da mencionada resolução.

75.Por fim, em relação a esse assunto, formulamos proposta de determinação ao FNDE para que apure se ocorreu o pagamento de serviços referentes aos contratos 027/2014, 028/2014, 029/2014, 030/2014 e 031/2014 com recursos federais, naqueles meses que não foram objeto de verificação por parte da equipe de auditoria.

76.No que se refere à avaliação do desempenho das empresas contratadas, por parte dos diretores escolares, constatamos que não são elaborados Relatórios Trimestrais com esse objetivo, conforme determina o item 5 do Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES e em algumas escolas as Diretoras relataram não terem o hábito de registrar no Sistema de Alimentação Escolar as anomalias, ou seja, as desconformidades existentes entre o que está previsto no contrato e o que ocorre efetivamente nas escolas com relação à prestação de serviços das empresas contratadas, denotando, portanto uma falta de fiscalização dos diretores que estão na função de fiscalizadores do Programa, juntamente com técnicos das Superintendências Regionais de Educação responsáveis pelo acompanhamento da alimentação escolar.

77.Procedeu-se ao levantamento da quantidade e dos tipos de anomalias ocorridas no período de 1/1/2015 a 30/6/2016, o que resultou em um gráfico, que se encontra no respectivo achado, onde se constatou que a empresa que apresentou o maior número de anomalias registradas foi a Apetece Sistemas de Alimentação S.A., detentora de dois lotes (2 e 4), ficando em segundo lugar em número de registros a empresa Nutriplus Alimentação e Tecnologia Ltda. (lote 3).

78.Tal gráfico reflete, inclusive, o que foi apurado no decorrer das visitas às escolas nos municípios nos quais as empresas são as prestadoras de serviços: - Apetece Sistemas de Alimentação S.A. (Serra) foi a que apresentou mais problemas; - Nutriplus Alimentação e Tecnologia Ltda. (Cariacica) foi a que ficou em segundo lugar no número de problemas apresentados; - Básica Fornecimento de Refeições Ltda. (Cachoeiro de Itapemirim) demonstrou poucos problemas; e Comissaria Aérea Rio de Janeiro (Linhares) foi a que evidenciou o menor número de problemas.

79.A maior parte das constatações ensejou a formulação de propostas de dar ciência à Secretaria Estadual da Educação. Também propusemos algumas determinações e recomendações ao FNDE e à Sedu/ES.

80.Somente foi objeto de proposta de audiência a ocorrência relativa ao descumprimento do percentual de 30% do valor repassado pelo FNDE ao estado do Espírito Santo em 2015 para aquisição de produtos da agricultura familiar.

V. Proposta de encaminhamento 81.Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo: 81.1.Responsável: Haroldo Corrêa Rocha 81.2.Audiência de Responsável: 81.3.Realizar, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV, do

Regimento Interno do TCU, audiência para que apresente razões de justificativa sobre o descumprimento, no exercício de 2015, do art. 14 da Lei 11.947/2009 c/c o art. 24 da Resolução - FNDE 26/2013, que estabelecem o percentual mínimo de 30% do valor repassado pelo FNDE no âmbito do Pnae para a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar;

81.4.Responsável: Entidades/Órgãos do Governo do Estado do Espírito Santo 81.5.Determinação a Órgão/Entidade/Unidade: 81.6.Determinar, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c art. 250, inciso II, do

RI/TCU, à Secretaria Estadual da Educação do ES que, no prazo de trinta dias, implemente nas escolas

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Bartouvino Costa, José de Caldas Brito, Prof. Manoel Abreu, Aristóbulo Barbosa Leão, Belmiro Teixeira Pimenta, Clotilde Rato, Presidente Getúlio Vargas, Francisco Coelho Ávila Júnior, Carolina Passos Gaigher, Cel Olímpio Cunha e Prof. Augusto Luciano, o controle automatizado das refeições por meio de celular, bem como forneça informações atualizadas acerca da referida implementação nas demais escolas estaduais, em atendimento ao princípio da economicidade;

81.7.Determinar, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c art. 250, inciso II, do RI/TCU, à Secretaria Estadual da Educação do ES, que, no prazo de sessenta dias, efetue levantamento nas escolas do enxoval de canecas, pratos e outros utensílios existentes, a fim de que seja identificado a quem cabe a aquisição dos utensílios necessários ao atendimento adequado dos alunos, considerando o Inventário realizado pela empresa contratada em conjunto com a Direção da escola, na data inicial da implantação do serviço, nos termos do disposto na Cláusula Nona, item 9.1.3., alínea h.1 dos contratos firmados para alimentação escolar, em atendimento ao art. 33, § 4º, da Resolução FNDE 26/2013;

81.8.Recomendação a Órgão/Entidade/Unidade: 81.9.Recomendar, com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, à

Secretaria Estadual da Educação do ES, com fundamento no art. 250, inciso III, do RI/TCU que examine a composição e qualidade da alimentação fornecida pela empresa Apetece Sistemas de Alimentação S.A. para elaboração da merenda escolar das escolas integrantes dos Lotes 2 e 4, em virtude da aparência de baixa qualidade da mesma, tal como a carne moída, por exemplo, em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público;

81.10.Recomendar, com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, ao Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Espírito Santo que proceda ao acompanhamento dos procedimentos de licitação e chamada pública que servirão de base para a aquisição de alimentos para a execução do Pnae, nos termos do artigo 19, inciso II da Lei 11.947/2009 c/c o artigo 35, inciso I, da Resolução FNDE 26/2013;

81.11.Recomendar à Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo, com base no artigo 250, III, do Regimento Interno/TCU, que crie no próprio sítio eletrônico daquela secretaria na internet um espaço e/ou canal destinado à divulgação das atividades realizadas pelo Conselho de Alimentação Escolar do Estado e à comunicação daquele Conselho com o público externo, em vista dos princípios da publicidade e da transparência;

81.12.Recomendar com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do Tribunal, à Secretaria Estadual da Educação do ES que realize estudo a fim de estabelecer quantitativo de nutricionistas/empresa, levando em consideração o número de alunos de cada lote, que seja tanto economicamente viável para a composição do valor dos serviços a serem contratados, quanto possibilite cumprimento satisfatório das atribuições estabelecidas na Resolução 465/2010 do Conselho Federal de Nutricionistas;

81.13.Dar ciência: 81.14.Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação do ES de que ausência nos cardápios de, no

mínimo, três porções de frutas e hortaliças por semana afronta o disposto no art. 14, § ° 9º da Resolução CD/FNDE 26/2013;

81.15.Dar ciência ao Conselho de Alimentação Escolar do estado do Espírito Santo que a atuação do mesmo é considerada deficitária, uma vez que não reflete um acompanhamento efetivo da execução do Pnae no âmbito do estado, como se verifica, por exemplo, com base no baixo número de realização de visitas às escolas e de reuniões mensais com quórum, além da ausência de solicitações à Sedu/ES de documentos com vistas ao acompanhamento da execução do Pnae, o que contraria o artigo 35, inciso I, da Resolução FNDE 26/2013;

81.16.Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação do ES de que as informações utilizadas para conhecimento da produção agrícola no estado não podem ser consideradas mapeamento agrícola nos moldes definidos pelo Manual da Agricultura Familiar elaborado pelo FNDE;

81.17.Dar ciência à Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo que, em grande parte das escolas visitadas, os lançamentos efetuados no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES não refletem

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os registros constantes dos relatórios manuais existentes no âmbito de cada unidade escolar, destinados à contagem do número de refeições solicitadas em cada turno, denotando uma deficiência no controle da quantidade de refeições solicitadas pelos alunos e o quantitativo lançado no Sistema, devido, principalmente, ao não cumprimento integral dos procedimentos previstos no Anexo I do Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES e no art. 4º, incisos IV e VI da Portaria-Sedu 159-R, de 3/10/2014, bem como à aplicação inadequada da cláusula nona, item 9.1.1, alíneas n e nº 1 dos contratos celebrados com as empresas contratadas, que neles estipula um acréscimo de 10% (dez por cento) sobre a quantidade solicitada pelos alunos, para a preparação diária da merenda em cada período de funcionamento da escola.

81.18.Dar ciência à Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo, para as providências cabíveis, que a empresa Apetece Sistemas de Alimentação S.A. forneceu à Escola Estadual Aristóbulo Barbosa Leão, localizada na Serra/ES, embalagens de mistura para preparo de bolo com rotulação apagada e/ou ilegível, descumprindo, assim, as normas técnicas dos gêneros alimentícios a serem usados na alimentação escolar descritas no Anexo A-8 (Produtos de confeitaria - 1 - Bolo nos sabores: abacaxi, chocolate, coco, laranja, fubá) do Edital 043/2013, bem como o disposto na Cláusula 9.1.4, alínea ‘i’ do Contrato 030/2014, firmado com a referida empresa, em 26/2/2014;

81.19.Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação do ES de que a ausência do diagnóstico do estado nutricional dos alunos afronta o disposto no art. 12, § 1º inciso I, da Resolução FNDE 26/2013 c/c o art. 3º, inciso I, da Resolução CFN 465/2010;

81.20.Dar ciência à Secretaria da Educação do estado do Espírito Santo de que não há por parte da mesma uma divulgação das atividades do Conselho de Alimentação Escolar por meio de comunicação oficial, o que está em desacordo com o estabelecido no art. 36, inciso IV, da Resolução FNDE 26/2013;

81.21.Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação do ES de que o número existente de escolas por nutricionista das empresas detentoras dos Contratos 028, 029 e 031/2014 está em desacordo com a Cláusula Nona, item 9.1.2, alínea ‘a’ dos referidos instrumentos contratuais, constituindo afronta ao art. 66 da Lei 8.666/1993;

81.22.Dar ciência ao Conselho de Alimentação Escolar do estado do Espírito Santo que o seu Regimento Interno está desatualizado em relação aos artigos 35 e 36 da Resolução FNDE 26/2013, em desacordo com o inciso VII do referido art. 35;

81.23.Dar ciência à Secretaria Estadual de Educação do ES de que a ausência de fiscalização e acompanhamento por parte da Direção das Unidades Escolares - Bartouvino Costa, José de Caldas, Prof. Manoel Abreu, Aristóbulo Barbosa Leão, Belmiro Teixeira Pimenta, Clotilde Rato, Presidente Getúlio Vargas, Francisco Coelho Ávila Júnior, Carolina Passos Gaigher, Cel Olímpio Cunha e Prof. Augusto Luciano, afronta o disposto nos artigos 4º, incisos V e XI, e 8º da Portaria Sedu nº 159-R, de 03 de outubro de 2014.

81.24.Dar ciência à Secretaria de Educação do estado do Espírito Santo que não há a elaboração e a apresentação por parte das Superintendências Regionais e das unidades escolares (junto à Gerência de Apoio Escolar - GAE) dos relatórios trimestrais de avaliação dos serviços prestados pelas contratadas (previstos no Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES);

81.25.Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação do ES de que a ausência de realização de testes de aceitabilidade pela empresa Comissaria Aérea Rio de Janeiro afronta o disposto no art. 17 da Resolução CD/FNDE 26/2013 e no art. 3º, inciso VII, da Resolução CFN 465/2010;

81.26.Dar ciência à Secretaria de Educação do estado do Espírito Santo que os membros do Conselho de Alimentação Escolar nomeados no referido Estado não são os mesmos dos registrados no FNDE, o que contraria o disposto no art. 34, § 10 da Resolução FNDE 26/2013;

81.27.Dar ciência à Secretaria de Educação do estado do Espírito Santo /Sedu/ES que não foi observada a proporção de gêneros alimentícios para cada tipo de refeição estabelecida no Anexo D-H (Custo dos Gêneros Alimentícios) do Edital do Pregão Eletrônico 0043/2013, que era parte integrante de cada proposta comercial vencedora do certame (Anexo C), quando do pagamento às empresas contratadas das faturas relativas à aquisição de gêneros alimentícios, o que contraria o estabelecido no item 3.1 da

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Cláusula Terceira e nos itens 5.2, 5.2.1 e 5.2.1.1, da Cláusula Quinta dos Contratos 027/2014, 028/2014, 029/2014, 030/2014 e 031/2014, firmados com as empresas Básica (Lote 1), Apetece S.A. (Lote 2), Nutriplus (Lote 3), Apetece (Lote 4) e Comissaria Aérea Rio de Janeiro (Lote 5), respectivamente, para a prestação de serviços de alimentação escolar;

81.28.Dar ciência a Secretaria de Educação do estado do Espírito Santo de que a contratação de empresas para a aquisição de gêneros alimentícios e o fornecimento de serviços com a preparação e distribuição de refeições destinadas à alimentação escolar com recursos do Pnae, em um único procedimento licitatório, a exemplo do que ocorreu com o Pregão Eletrônico 0043/2013 (Processo 63527243), afronta o disposto no parágrafo único, do art. 18, da Resolução-FNDE 26/2013;

81.29.Dar ciência à Secretaria de Estado da Educação do ES de que as condições de higiene e conservação da cozinha e do refeitório de algumas escolas, mencionadas no item 24 deste Relatório, não são adequadas ao preparo e fornecimento de merenda escolar em afronta ao estabelecido no art. 33, § 4º da Resolução FNDE 26/2013;

81.30.Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação do ES de que a não atualização das informações constantes do Simec/PAR afronta o disposto no art. 12, § 3º, da Resolução FNDE 26/2013;

81.31.Dar ciência ao Conselho de Alimentação Escolar do estado do Espírito Santo de que a ausência de elaboração do Plano de Ação do ano em curso e/ou de anos subsequentes, afronta o disposto no art. 35, inciso VIII, da Resolução FNDE 26/2013;

81.32.Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação do ES de que a designação da nutricionista responsável técnico como gestora de contrato dificulta o cumprimento de suas diversas atribuições previstas na Lei 11.947/2009, Resolução CD/FNDE 26/2013 e Resolução CFN nº 465/2010, e afronta o disposto no art. 12, § 2º, da Resolução CD/FNDE 26/2013;

81.33.Dar ciência à Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo que nos almoxarifados de algumas escolas dos Municípios visitados de Linhares, Serra, Cachoeiro de Itapemirim e Cariacica, listadas no item 44 deste Relatório, as instalações físicas são inadequadas, havendo, portanto, o descumprimento à atribuição prevista no art. 33, § 4º da Resolução FNDE 26/2013;

81.34.Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação do ES de que a ausência de fichas técnicas de preparo nas escolas, impossibilitando a orientação no preparo das refeições previstas no cardápio, afronta o disposto no art. 14 § 3º da Resolução FNDE 26/2013 e no art. 3º inciso V, da Resolução CFN 465/2010;

81.35.Dar ciência à Secretaria Estadual da Educação do ES de que, em algumas escolas estaduais, mencionadas no item 33 deste Relatório, os equipamentos utilizados para elaboração da merenda escolar não apresentam adequada condição de conservação em afronta à atribuição constante do art. 33, § º 4, da Resolução FNDE 26/2013;

81.36.Dar ciência à Secretaria de Educação do estado do Espírito Santo da inexistência de um orçamento detalhado em planilhas que expressasse a composição dos custos que compunham o valor unitário de cada tipo de alimentação nos lotes licitados no âmbito do Pregão Eletrônico 0043/2013, o que contrariou o disposto no art. 3º inciso III, da Lei 10.520/2002 c/c o art. 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93;

81.37.Responsável: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE 81.38.Determinar ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, com fulcro no art.

43, inciso I, da Lei 8.443/92 c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU, que, no prazo de (cento e oitenta) dias, proceda a cálculos análogos aos contidos no Anexo C deste Relatório de Auditoria, com relação aos Contratos 027/2014, 028/2014, 029/2014, 030/2014 e 031/2014, firmados pela Secretaria da Educação do Estado do Espírito Santo, para a prestação de serviços de alimentação escolar, com empresas vencedoras do Pregão Eletrônico 0043/2013 (processo 63527243), para o meses integrantes do período de vigência abrangido pelos referidos contratos (janeiro/2014 a fevereiro/2017), excetuando-se os meses de maio e setembro dos exercícios de 2014 e 2015 e o mês de março de 2016, já calculados, com vistas a verificar se houve o pagamento do fornecimento de serviços com recursos do Pnae, encaminhando o resultado apurado e as providências porventura tomadas, na hipótese de confirmação do pagamento de serviços com recursos federais, a este Tribunal.

81.39.Dar ciência ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE de que a Secretaria

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da Educação do Estado do Espírito Santo não procedeu de forma separada quanto à contratação de empresas para a aquisição de gêneros alimentícios e o fornecimento de serviços com a preparação e distribuição de refeições destinadas à alimentação escolar com recursos do Pnae, consubstanciadas nos Contratos 027/2014, 028/2014, 029/2014, 030/2014 e 031/2014 firmados com as empresas Básica (Lote 1), Apetece S.A. (Lote 2), Nutriplus (Lote 3), Apetece (Lote 4) e Comissaria Aérea Rio de Janeiro (Lote 5), respectivamente, visto que foi realizado um único procedimento licitatório (Pregão Eletrônico 0043/2013 - Processo 63527243), cujo objeto era a contratação de empresas especializadas para a gestão da alimentação escolar, visando ao preparo e distribuição de alimentação, mediante o fornecimento dos gêneros alimentícios e demais insumos necessários, o que afronta o disposto no parágrafo único, do art. 18, da Resolução-FNDE 26/2013.

81.40.Determinar, com fundamento no art. 2º, parágrafo único, da Portaria-Segecex 13/2011, à Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo que monitore as determinações e recomendações constantes acima, se as mesmas vierem a ser acolhidas.”

É o relatório. VOTO Cuidam os autos de relatório de auditoria de conformidade, com o objetivo de verificar a gestão dos

recursos transferidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para apoiar ações do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) no Governo do Estado do Espírito Santo, nos exercícios de 2015 e 2016.

2.Os trabalhos foram desenvolvidos na Secretaria Estadual da Educação – Sedu e em dezesseis escolas estaduais localizadas nos Municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Serra, Cariacica e Linhares.

3.Na Sedu, a equipe de auditoria analisou o processo de contratação das empresas que prestam os serviços de gestão alimentar, visando ao preparo e fornecimento de refeições aos alunos da rede estadual de ensino, com fornecimento de insumos e mão de obra (Pregão Eletrônico 43/2013), bem como o processo referente à Chamada Pública 1/2015, que resultou nas aquisições diretamente da agricultura familiar no exercício de 2015.

4.Nas escolas, o objetivo foi verificar a prestação de serviços por cada uma das empresas contratadas: Básica Fornecimento de Refeições Ltda., Apetece Sistemas de Alimentação S.A., Nutriplus Alimentação e Tecnologia Ltda. e Comissaria Aérea Rio de Janeiro Ltda.

5.O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 18.900.702,40, correspondente ao valor destinado, no exercício de 2015, à execução do Pnae no Espírito Santo.

6.O único achado considerado grave pela unidade técnica refere-se à não observância do percentual mínimo de 30% do valor repassado pelo FNDE no âmbito do Pnae para a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar. A proposta é de realizar audiência do Secretário Estadual de Educação, Sr. Haroldo Corrêa Rocha, em razão do descumprimento da legislação.

7.Quanto às demais constatações - relacionadas ao pregão, à atuação do Conselho de Alimentação Escolar, às condições de higiene para elaboração e fornecimento da merenda, ao armazenamento e à qualidade dos gêneros alimentícios, à composição e ao cumprimento do cardápio, às nutricionistas e aos lançamentos no Sistema de Alimentação Escolar - a sugestão é de expedir determinações, recomendações e ciências.

8.À luz dos elementos constantes dos autos, alinho-me em essência à análise da unidade instrutiva, de modo que adoto seus fundamentos como razões de decidir, sem prejuízo das ressalvas adiante expostas.

9.O Relatório Anual de Gestão enviado ao Conselho de Alimentação Escolar - CAE evidencia que o Governo do Estado do Espírito Santo utilizou, no exercício 2015, R$ 3.661.45,41 na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar, o que corresponde a 19,37% do valor total repassado pelo FNDE (R$ 18.900.702,40). Assim, a Secex/ES apontou a não observância do percentual mínimo

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de 30% do valor repassado pelo FNDE no âmbito do Pnae para a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar, em afronta ao disposto no art. 14 da Lei 11.947/2009.

10.Observo, contudo, que referido relatório, elaborado no âmbito da Sedu, registra que o montante pago em produtos da agricultura familiar corresponde a 29% dos recursos do FNDE gastos no período (peça 202, pág. 13). No meu entender, não há óbice em aceitar a interpretação utilizada, que considerou o valor gasto, ao invés do valor repassado, uma vez que o art. 5º, § 3º, da mencionada lei prevê que os saldos dos recursos financeiros recebidos à conta do PNAE existentes em 31 de dezembro deverão ser reprogramados para o exercício subsequente. Nesse caso, ainda que não se adotasse como referência o montante repassado, mas sim o valor gasto, eventual saldo não considerado naquele ano comporia o cálculo no exercício seguinte, quando os recursos correspondentes fossem aplicados.

11.De acordo com o informado (peça 202, pag. 11), o total de gastos com recursos do FNDE em 2015 foi de R$ 16.268.412,42, dos quais R$ 3.661.455,41 referem-se às compras da agricultura familiar e R$ 12.606.957,01 tratam das demais aquisições para o programa.

12.Examinando-se os dados, constato que a secretaria estadual, ao calcular o percentual previsto, excluiu, do total de gastos com recursos do FNDE (R$ 16.268.412,42), o montante utilizado na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar (R$ 3.661.455,41). Assim, comparando tal valor apenas com os demais gastos (R$ 12.606.957,01) chegou ao resultado de 29% (= 3.661.455,41/12.606.957,01). Na realidade, ao se confrontar os recursos destinados à agricultura familiar com o total gasto no período, conclui-se que foram aplicados 22,5% (= 3.661.455,41/16.268.412,42).

13.Não obstante considerar demonstrada a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar, em percentual inferior ao legalmente fixado, não vislumbro gravidade suficiente para realizar a audiência sugerida pela unidade técnica. Proponho, com vistas a garantir que a Secex/ES monitore o futuro cumprimento do dispositivo legal, expedir determinação à Sedu.

14.Outro achado de auditoria foi a não realização do mapeamento de produtos da agricultura familiar para execução da chamada pública.

15.De acordo com o Manual da Agricultura Familiar do FNDE, o mapeamento, utilizado para identificar a diversidade e a quantidade dos gêneros alimentícios ofertados pela agricultura familiar que poderão ser utilizados no cardápio da alimentação escolar, deve conter, no mínimo, a discriminação dos produtos locais, quantidade de produção e época de colheita (calendário agrícola).

16.Ressalto que, embora a secretaria não tenha apresentado o mapeamento agrícola, nos termos previstos, demonstrou a realização de reuniões para especificação de gêneros alimentícios da agricultura familiar, com a presença de técnicos da Sedu, da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo - Aderes, da Secretaria Estadual da Agricultura - Seag e de Cooperativas de produtores agrícolas.

17.No que se refere ao Pregão Eletrônico 43/2013, foi apontada a inexistência de orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição dos custos que compunham o valor da refeição, por ocasião da realização do certame.

18.O que se constatou foi que a Secretaria Estadual de Educação, ao elaborar o orçamento, promoveu apenas a comparação de preços de cotações obtidas junto ao mercado, bem como dos valores unitários atualizados da contratação de 2012 e da contratação emergencial em vigor. No entanto, conforme registrou a unidade técnica “não houve por parte da Sedu/ES uma preocupação em se elaborar um orçamento detalhado em planilhas, apurando-se, inicialmente, o custo unitário efetivo de cada tipo de alimentação, para cada lote a ser licitado, levando-se em conta, inclusive, as diferenças regionais de cada lote e imputando-se nesse custo todos os quantitativos de insumos requeridos no projeto básico, tais como, gêneros alimentícios, mão de obra (nutricionistas e merendeiras), despesas, tributos e outros custos indiretos, para somente então se chegar ao valor de cada lote e, finalmente, ao valor global orçado para a licitação”.

19.Nada obstante, no caso concreto, para a Secex/ES, não se pode afirmar que houve qualquer tipo de prejuízo ao procedimento licitatório.

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20.Outra constatação foi a dificuldade de validação dos valores utilizados do Pnae para

pagamento de gêneros alimentícios. 21.É que a Resolução FNDE 26/2013 estabelece: “Art. 18 Os recursos financeiros repassados pelo FNDE no âmbito do Pnae serão utilizados

exclusivamente na aquisição de gêneros alimentícios. Parágrafo único. A aquisição de qualquer item ou serviço, com exceção dos gêneros alimentícios,

deverá estar desvinculada do processo de compra do Pnae.” 22.O edital do Pregão Eletrônico 43/2013 previu única contratação para “o fornecimento dos

gêneros alimentícios e demais insumos necessários, fornecimento de mão de obra treinada para a preparação dos alimentos, distribuição, controle, limpeza e higienização de cozinhas e despensas das unidades escolares”.

23.Com vistas a dar cumprimento ao dispositivo, como parte integrante da proposta comercial das licitantes, deveria ser apresentado um anexo com o custo dos gêneros alimentícios dentro do preço unitário de cada tipo de refeição prevista. Além disso, os contratos celebrados previam que o pagamento seria realizado mediante a apresentação de duas notas fiscais distintas, uma para gêneros alimentícios e outra para os demais insumos.

24.A unidade técnica observou que o percentual de participação dos gêneros alimentícios na composição do valor constante das propostas não se manteve no momento do pagamento. Ou seja, foram realizados pagamentos de gêneros alimentícios em valor maior que o previsto na proposta da empresa, e menor de serviços. Para a equipe de auditoria, havia risco de se pagar o fornecimento de serviços das empresas com recursos federais, o que é vedado.

25.Diante disso, a Secex/ES avaliou, nos meses de maio e setembro de 2014 e 2015, bem como no mês de março de 2016, se os pagamentos realizados com recursos do Pnae superavam o valor da proposta e concluiu que “não houve o pagamento de serviços com recursos no FNDE, uma vez que os referidos recursos foram integralmente empregados no pagamento do que seria devido a título de gêneros alimentícios, sendo que a diferença de gêneros devida não coberta com recursos federais foi saldada com recursos estaduais.”

26.Entendo que tal conclusão afasta o risco cogitado pela unidade técnica e indica que a Sedu adotou as devidas medidas para cumprimento do mencionado art. 18 da Resolução FNDE 26/2013.

27.De qualquer forma, acolho a determinação sugerida no relatório para que o FNDE promova os cálculos nos demais meses, com vistas a verificar se houve o pagamento do fornecimento de serviços com recursos do Pnae, encaminhando a este Tribunal o resultado apurado e as providências porventura tomadas, na hipótese de confirmação do pagamento de serviços com recursos federais.

28.Relativamente aos lançamentos no Sistema de Alimentação Escolar, a auditoria registrou divergência entre o total de refeições solicitadas pelos alunos e o quantitativo lançado no sistema, bem como entre a quantidade de refeições servidas e a lançada.

29.De acordo com os normativos, os alunos, diariamente, devem informar se irão se alimentar, para que a escola informe à empresa contratada a “quantidade solicitada”. Posteriormente, deve ser também registrada no sistema a “quantidade servida”.

30.Das 16 escolas visitadas, somente 3 efetuaram lançamentos corretos no Sistema de Alimentação Escolar: Laranjeiras (Serra), Aristides Alexandre Campos (Cachoeiro de Itapemirim) e General Tibúrcio (Cariacica). As demais efetuaram lançamentos a maior da quantidade de refeições servidas, com variação entre 0,6 a 103,6%.

31.A unidade técnica destacou que os lançamentos incorretos da quantidade de refeições servidas nas escolas ocasionam o pagamento a maior às empresas, pois, de acordo com os contratos firmados, a contratada receberá efetivamente o valor dos serviços prestados, dependendo das quantidades fornecidas.

32.Há, por outro lado, situações em que foi lançado no sistema quantidade menor do que a solicitada, o que pode ter gerado falta de alimentação para parte dos alunos da escola.

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33.Conclui-se, assim, que tanto os quantitativos registrados a mais, quanto os lançados a menos no

sistema denotam a falta de organização, de controle e de transparência por parte das escolas em seus procedimentos manuais de controle.

34.Apesar disso, a auditoria ressaltou que a Secretaria Estadual de Educação está implantando um novo sistema de controle de alimentação automatizado, realizado por aparelho celular, que eliminará os controles manuais, com a finalidade de se registrar a quantidade de refeições solicitadas e servidas. A equipe conferiu o funcionamento do controle automatizado na Escola Estadual Fernando Duarte Rabelo, localizada em Vitória, constatando a eficiência do sistema. Até o final da auditoria, apenas 10 escolas da rede estadual possuíam o sistema automático implantado, sendo que a Sedu pretendia estendê-lo para as demais escolas até dezembro deste ano.

35.A Secex/ES propôs, além de dar ciência da falha, determinar que a Sedu implemente o controle automatizado das refeições nas escolas mencionadas. Embora entenda a preocupação da unidade técnica, ressalto, como já reconhecido no próprio relatório, que a auditoria visitou somente 16 escolas de um universo de 500 escolas estaduais. Assim, considerando o reduzido número de unidades avaliadas e a possibilidade de que diversas outras apresentem as mesmas falhas, a priorização das 13 escolas em que foi constatada inconsistência nos lançamentos pode não representar a opção mais adequada.

36.Ademais, levando-se em conta a previsão de que até o final de 2016 a implantação do sistema se estenderia às demais escolas, pondero o bastante a expedição de ciência da ocorrência, de modo a subsidiar a tomada de decisão da Sedu, responsável pela execução do Pnae, com as informações acerca das escolas visitadas.

37.No que diz respeito às condições de higiene para elaboração e fornecimento da merenda, bem como ao armazenamento e à qualidade dos gêneros alimentícios, os achados de auditoria referem-se a:

a) condições de higiene e conservação da cozinha e do refeitório não são adequadas ao preparo

e fornecimento da merenda escolar e o gênero alimentício utilizado para a sua elaboração é de baixa qualidade (cozinhas e refeitórios em mal estado de conservação, problemas estruturais, falta de limpeza, utilização de carnes gordurosas);

b) instalações físicas do almoxarifado inadequadas (espaços desprovidos de condições para armazenamento dos alimentos, sem ventilação, com infiltração, problemas na instalação elétrica);

c) equipamentos e utensílios insuficientes e inadequados ao preparo e fornecimento da merenda (falta de pratos, canecas, assadeiras, batedeiras);

d) fornecimento de alimento com rótulo apagado e/ou ilegível, destituído de informações sobre a sua identificação, composição, valor nutricional e os respectivos prazos de fabricação e de validade.

38.Tais ocorrências, constatadas de forma pontual em algumas escolas, foram devidamente

registradas pela equipe de auditoria, e reproduzidas no relatório precedente, de modo que considero as recomendações e ciências sugeridas pela unidade técnica, com os ajustes por mim promovidos, suficientes para correção das falhas.

39.Destarte, entendo escusada a proposta de determinação para que a Secretaria efetue levantamento nas escolas do enxoval de canecas, pratos e outros utensílios existentes, a fim de que seja identificado a quem cabe a aquisição dos utensílios necessários ao atendimento adequado dos alunos, considerando o inventário realizado pela empresa contratada em conjunto com a direção da escola, na data inicial da implantação do serviço.

40.Considero que se trata de medida intrínseca ao acompanhamento da execução contratual e, estando ciente da falha, caberá à Sedu adotar as medidas cabíveis.

41.Quanto à composição e ao cumprimento do cardápio, foi apontada a não aplicação de testes de aceitabilidade por uma das empresas contratadas (Comissaria Aérea Rio de Janeiro). Esse teste, segundo a Resolução CD/FNDE 26/2013, deve ser aplicado aos alunos sempre que introduzir no cardápio alimento

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novo ou quaisquer outras alterações inovadoras, no que diz respeito ao preparo, ou para avaliar a aceitação dos cardápios praticados frequentemente.

42.Nada obstante, a fiscalização consignou, como atenuante, que a empresa citada foi a que apresentou o menor número de anomalias registradas no fornecimento das refeições, conforme relatado em outro achado (não cumprimento pelas unidades escolares da previsão contida no Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES de avaliação dos serviços prestados pelas empresas contratadas).

43.Verificou-se, ainda, cardápio em desacordo com as exigências da Resolução CD/FNDE 26/2013. A falha se originou na elaboração do Pregão Eletrônico 43/2013, que, embora tenha previsto o oferecimento de refeições com três porções de hortaliças (verduras, tubérculos, raízes e leguminosas) por semana, não exigiu a oferta de três porções de frutas, como consta do normativo.

44.Em relação às nutricionistas, as constatações da equipe de auditoria referem-se a: a) divergência entre os nutricionistas atuantes no estado e os cadastrados no Sistema

Integrado de Monitoramento Execução e Controle - Simec/PAR (o cadastro no sistema continha nutricionistas que já não pertenciam aos quadros da secretaria);

b) número de nutricionistas nas empresas contratadas em desacordo com o estabelecido no contrato (enquanto o contrato prevê 1 nutricionista para, no máximo, 12 escolas, foram constatados casos em que 1 nutricionista é responsável por 13 ou 14 escolas);

c) número de nutricionistas incompatível com a quantidade de alunos existente nas escolas estaduais (não houve justificativa por parte da Sedu para o estabelecimento da relação de 12 escolas x nutricionista);

d) prejuízo à atuação da nutricionista responsável técnico (a nutricionista responsável técnico do Pnae foi designada também como gestora de contrato, o que dificulta o cumprimento de suas diversas atribuições previstas na legislação);

e) ausência de diagnóstico do estado nutricional dos alunos (embora não efetivado até o período da fiscalização, havia previsão de promoção do diagnóstico a partir de julho/2016);

f) ausência nas escolas de ficha técnica detalhando a preparação das refeições previstas no cardápio (as fichas são elaboradas pelos nutricionistas, mas ficam na secretaria e não são disponibilizadas às escolas para serem utilizadas pelas responsáveis pela elaboração da merenda);

45.Quanto à atuação do Conselho de Alimentação Escolar – CAE também foram apontadas diversas

falhas: a) ausência de divulgação oficial das atividades do CAE; b) o regimento interno do CAE não está de acordo com os artigos 34, 35 e 36 da Resolução

CD/FNDE 26, de 17/6/2013 (não contempla novas atribuições, direitos e garantias estabelecidas pela resolução);

c) não acompanhamento do processo de licitação ou da chamada pública por parte do CAE (conquanto não haja um comando normativo específico que determine esse acompanhamento, a equipe de auditoria entende que esta seria uma atribuição inserida no disposto do art. 35, inciso I, da Resolução FNDE 26/2013: “monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos e o cumprimento do disposto nos arts. 2º e 3º desta Resolução”);

d) não elaboração de Plano de Ação do ano em curso ou do ano subsequente (em desacordo com o previsto no art. 35, inciso VIII, da Resolução FNDE 26/2013);

e) os membros do Conselho de Alimentação Escolar - CAE não são os mesmos daqueles registrados no FNDE (houve uma substituição no quadro dos membros do CAE do estado do Espírito Santo que não foi comunicada ao FNDE);

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f) acompanhamento deficitário da execução do Pnae no Estado (em 2015 foram realizadas

apenas 3 visitas às escolas e em 2016 ainda não havia sido promovida nenhuma, além disso não foram realizadas as reuniões mensais previstas).

46.Por fim, a auditoria apontou como achado o não cumprimento pelas unidades escolares da

previsão contida no Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES de avaliação dos serviços prestados pelas empresas contratadas.

47.Embora não tenham sido apresentados os relatórios trimestrais de avaliação, verificou-se que os diretores das escolas, de um modo geral, acompanham, diariamente, as atividades desenvolvidas pelas empresas contratadas e o cumprimento das cláusulas contratuais, registrando no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES as ocorrências verificadas como anomalias.

48.As anomalias mais frequentes são a alteração do cardápio, a falta de algum componente do cardápio, o atraso de merendeira e a alimentação não servida para total ou parte dos alunos.

49.Para a Secex/ES, a documentação apresentada evidencia que a Sedu, diante das anomalias registradas, vem tomando providências com vistas à notificação das empresas contratadas.

50.Ante o exposto, entendo que as medidas propostas pela unidade técnica, com os ajustes considerados pertinentes, são suficientes para corrigir as falhas constatadas e evitar suas ocorrências doravante.

Nesse sentido, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 141/2017 – TCU – Plenário 1. Processo TC-013.611/2016-0 2. Grupo: II – Classe: V – Assunto: Auditoria 3. Interessado: Tribunal de Contas da União. 4. Órgão/Entidade/Unidade: Governo do Estado do Espírito Santo, Secretaria Estadual de

Educação. 5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (Secex/ES). 8. Representação legal: não há. 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria de conformidade, com o

objetivo de verificar a gestão dos recursos transferidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para apoiar ações do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) no Governo do Estado do Espírito Santo, nos exercícios de 2015 e 2016,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. determinar, com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE que, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, proceda a cálculos análogos aos contidos no Anexo C do Relatório de Auditoria, com relação aos Contratos 027/2014, 028/2014, 029/2014, 030/2014 e 031/2014, firmados pela Secretaria da Educação do Estado do Espírito Santo, para a prestação de serviços de alimentação escolar, com empresas vencedoras do Pregão Eletrônico 0043/2013 (processo 63527243), para os meses integrantes do período de vigência abrangido pelos referidos contratos (janeiro/2014 a fevereiro/2017), excetuando-se os meses de maio e setembro dos exercícios de 2014 e 2015 e o mês de março de 2016, já calculados, com vistas a verificar se houve o pagamento do fornecimento de serviços com recursos do Pnae, encaminhando a este Tribunal o resultado apurado e as providências porventura tomadas, na hipótese de confirmação do pagamento de serviços

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com recursos federais;

9.2. determinar, com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, à Secretaria Estadual da Educação do Espírito Santo que promova a aplicação e comprove a utilização de, no mínimo, 30% do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE no âmbito do Pnae para a aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar, conforme disposto no art. 14 da Lei 11.947/2009 c/c o art. 24 da Resolução - FNDE 26/2013;

9.3. recomendar, com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, à Secretaria Estadual da Educação do Espírito Santo, que:

9.3.1. examine a composição e qualidade da alimentação fornecida pela empresa Apetece Sistemas de Alimentação S.A. para elaboração da merenda escolar das escolas integrantes dos Lotes 2 e 4, em vista do disposto no art. 33, § 1º, da Resolução FNDE 26/2013;

9.3.2. crie, na página da Secretaria na internet, um espaço destinado à divulgação das atividades realizadas pelo Conselho de Alimentação Escolar do Estado e à comunicação do Conselho com o público externo, em vista dos princípios da publicidade e da transparência, de modo a atender ao disposto no art. 36, IV, da Resolução FNDE 26/2013;

9.3.3. realize estudo a fim de estabelecer quantitativo de nutricionistas x escola, levando em consideração o número de alunos de cada lote, que seja tanto economicamente viável para a composição do valor dos serviços a serem contratados, quanto possibilite cumprimento satisfatório das atribuições estabelecidas na Resolução 465/2010 do Conselho Federal de Nutricionistas;

9.4. recomendar, com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, ao Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Espírito Santo que:

9.4.1. proceda ao acompanhamento dos procedimentos de licitação e chamada pública que servirão de base para a aquisição de alimentos para a execução do Pnae, nos termos do artigo 19, inciso II, da Lei 11.947/2009 c/c o artigo 35, inciso I, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5. dar ciência à Secretaria Estadual da Educação do Espírito Santo de que: 9.5.1. a inexistência de um orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição dos

custos que compõem o valor unitário de cada tipo de alimentação nos lotes licitados, como ocorreu no âmbito do Pregão Eletrônico 43/2013, contraria o disposto no art. 3º inciso III, da Lei 10.520/2002 c/c o art. 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93;

9.5.2. os lançamentos efetuados no Sistema de Alimentação Escolar da Sedu/ES, em geral, não refletem os registros constantes dos relatórios manuais existentes no âmbito de cada unidade escolar, destinados à contagem do número de refeições solicitadas em cada turno, denotando uma deficiência no controle da quantidade de refeições solicitadas pelos alunos e o quantitativo lançado no sistema, devido, principalmente, ao não cumprimento integral dos procedimentos previstos no Anexo I do Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES e no art. 4º, incisos IV e VI da Portaria-Sedu 159-R, de 3/10/2014, bem como à aplicação inadequada da cláusula nona, item 9.1.1, alíneas n e nº 1 dos contratos celebrados, que neles estipula um acréscimo de 10% (dez por cento) sobre a quantidade solicitada pelos alunos, para a preparação diária da merenda em cada período de funcionamento da escola;

9.5.3. a ausência nos cardápios de, no mínimo, três porções de frutas e hortaliças por semana afronta o disposto no art. 14, § 9º, da Resolução CD/FNDE 26/2013;

9.5.4. as informações utilizadas para conhecimento da produção agrícola no estado não podem ser consideradas mapeamento agrícola nos moldes definidos pelo Manual da Agricultura Familiar elaborado pelo FNDE;

9.5.5. a ausência do diagnóstico do estado nutricional dos alunos afronta o disposto no art. 12, § 1º, inciso I, da Resolução FNDE 26/2013 c/c o art. 3º, inciso I, da Resolução CFN 465/2010;

9.5.6. a ausência de divulgação das atividades do Conselho de Alimentação Escolar por meio de comunicação oficial afronta o estabelecido no art. 36, inciso IV, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5.7. o número de escolas por nutricionista das empresas detentoras dos Contratos 028, 029 e 031/2014 está, em geral, em desacordo com a cláusula nona, item 9.1.2, alínea “a” dos referidos instrumentos contratuais, constituindo afronta ao art. 66 da Lei 8.666/1993;

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288 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

9.5.8. a ausência de fiscalização e acompanhamento, acerca do número de refeições servidas e

lançadas no sistema, por parte da Direção das Unidades Escolares – Bartouvino Costa, José de Caldas, Prof. Manoel Abreu, Aristóbulo Barbosa Leão, Belmiro Teixeira Pimenta, Clotilde Rato, Presidente Getúlio Vargas, Francisco Coelho Ávila Júnior, Carolina Passos Gaigher, Cel Olímpio Cunha e Prof. Augusto Luciano, afronta o disposto nos artigos 4º, incisos V e XI, e 8º da Portaria Sedu nº 159-R, de 3 de outubro de 2014;

9.5.9. não há a elaboração e a apresentação por parte das Superintendências Regionais e das unidades escolares (junto à Gerência de Apoio Escolar – GAE) dos relatórios trimestrais de avaliação dos serviços prestados pelas contratadas, conforme previsto no Manual de Orientação da Alimentação Escolar da Sedu/ES;

9.5.10. a ausência de realização de testes de aceitabilidade pela empresa Comissaria Aérea Rio de Janeiro afronta o disposto no art. 17 da Resolução CD/FNDE 26/2013 e no art. 3º, inciso VII, da Resolução CFN 465/2010;

9.5.11. os membros do Conselho de Alimentação Escolar nomeados não são os mesmos dos registrados no FNDE, o que contraria o disposto no art. 34, § 10, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5.12. as condições de higiene e conservação da cozinha e do refeitório das escolas mencionadas no item 24 do relatório de auditoria não são adequadas ao preparo e fornecimento de merenda escolar, em afronta ao estabelecido no art. 33, § 4º, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5.13. a não atualização das informações constantes do Simec/PAR afronta o disposto no art. 12, § 3º, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5.14. nos almoxarifados das escolas listadas no item 44 do relatório de auditoria, nos Municípios de Linhares, Serra, Cachoeiro de Itapemirim e Cariacica, as instalações físicas são inadequadas, em descumprimento à atribuição prevista no art. 33, § 4º, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5.15. nas escolas estaduais mencionadas no item 33 do relatório de auditoria, os equipamentos utilizados para elaboração da merenda escolar não apresentam adequada condição de conservação em afronta à atribuição constante do art. 33, § 4º, da Resolução FNDE 26/2013;

9.5.16. a ausência de fichas técnicas de preparo nas escolas, impossibilitando a orientação no preparo das refeições previstas no cardápio, afronta o disposto no art. 14, § 3º, da Resolução FNDE 26/2013 e no art. 3º, inciso V, da Resolução CFN 465/2010;

9.6. dar ciência ao Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Espírito Santo que: 9.6.1 a atuação do Conselho é considerada deficitária, uma vez que não reflete um

acompanhamento efetivo da execução do Pnae no âmbito do estado, como se verifica, por exemplo, no baixo número de realização de visitas às escolas e de reuniões mensais com quórum, além da ausência de solicitações à Sedu/ES de documentos referentes à execução do programa, em desconformidade com o disposto no artigo 35, inciso I, da Resolução FNDE 26/2013;

9.6.2. o seu Regimento Interno está desatualizado em relação aos artigos 35 e 36 da Resolução FNDE 26/2013, em desacordo com o inciso VII do referido art. 35;

9.6.3. a ausência de elaboração do Plano de Ação do ano em curso e/ou de anos subsequentes, afronta o disposto no art. 35, inciso VIII, da Resolução FNDE 26/2013;

9.7. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada das peças que a fundamentam, bem como do relatório de auditoria (peça 280), ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, à Secretaria Estadual da Educação do Espírito Santo e ao Conselho de Alimentação Escolar do estado do Espírito Santo;

9.8. determinar a Secex/ES que monitore o cumprimento dos itens 9.1 e 9.2 precedentes, conforme as orientações previstas nos arts. 3º e 4º da Portaria-Segecex 27/2009; e

9.9. arquivar o presente processo. 10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0141-03/17-P.

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13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro e Ana Arraes. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e André Luís de

Carvalho. GRUPO I - CLASSE V - Plenário TC-029.084/2016-4 Natureza: Auditoria Órgão/Entidade/Unidade: Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Espírito Santo Responsáveis: Nilton José de Andrade, Superintendente Regional (CPF 358.460.707-87); Marcos

Batista de Resende, Engenheiro da Funasa (CPF 662.258.767-15); Noel Carlos Fernandes Freire, Chefe da Diesp/Funasa (CPF 719.703.127-34)

Representação legal: não há SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA DE CONFORMIDADE. FISCALIZAÇÃO DE

ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA (FOC). VERIFICAÇÃO DA CONFORMIDADE DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS. UTILIZAÇÃO DE MODELO PROBABILÍSTICO DE ANÁLISE DE DADOS PARA SELEÇÃO DA UNIDADE AUDITADA. INDÍCIOS DE IRREGULARIDADE EM CONTRATAÇÃO PARA A CONSTRUÇÃO DE SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. FALHAS NA LICITAÇÃO. INOPERÂNCIA DO SISTEMA DEVIDO À NÃO INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTO PELA CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA. AUDIÊNCIA. DETERMINAÇÃO. CIÊNCIA.

RELATÓRIO Trata-se de relatório de auditoria de conformidade integrante do conjunto de auditorias executadas

sob a sistemática de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir de classificação de riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados, destinando-se o trabalho ora em foco a verificar a regularidade dos procedimentos adotados pela Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Espírito Santo para contratação da empresa L.L.O. Construtora Ltda.

2.Adoto o relatório elaborado pela equipe da Secex/ES (peças 28/30). VI. “Apresentação 93.O Plano de Controle Externo do Tribunal de Contas da União para o biênio 2015-2017 contém

34 linhas de ação finalísticas que impactam nove objetivos estratégicos do Plano Estratégico do Tribunal para o quadriênio 2015-2021, relacionados aos processos finalísticos do exercício do controle externo.

94.Entre os objetivos estratégicos estabelecidos nesse plano quadrienal, destaca-se aquele ligado à intensificação da atuação com base em risco (Objetivo Estratégico 4).

95.Ainda segundo o plano, impacta no objetivo supra a linha de ação 4.3, descrita a seguir: Avaliar contratações de bens e serviços de maior risco com vistas a prevenir, detectar, corrigir

e coibir a ocorrência de irregularidades, fraudes e desvios de recursos. 96.Em consonância com essa linha de ação, foi realizado um conjunto de auditorias, na forma de

Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir de classificação de riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados.

97.Nesse contexto, a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog), unidade

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orientadora dos trabalhos, é responsável pelo planejamento centralizado e pela consolidação dos resultados das auditorias, enquanto a execução das fiscalizações e a elaboração dos respectivos relatórios ficaram a cargo de nove Secretarias de Controle Externo (Secex) dos estados (AM, CE, ES, GO, MG, PA, PE, PR, RN, RS, SC, SE e SP), além das Secex´s Defesa e Educação, que realizaram auditorias em Brasília.

98.As organizações fiscalizadas no âmbito da FOC foram selecionadas com base em modelo probabilístico de risco, conforme informações constantes da peça 2, p. 4, do TC-014.158/2016-7 (processo administrativo referente à proposta de realização da FOC).

99.O presente relatório trata da fiscalização realizada pela Secex/ES na Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo - Funasa/ES. O trabalho abrangeu aspectos de conformidade das contratações, sendo avaliados os processos relacionados à contratação de empresa especializada para execução de serviços, com fornecimento de materiais e mão de obra para construção do Sistema de Abastecimento de Água na Comunidade Quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES.

VII. Introdução VII.1. Deliberação que originou o trabalho 100.Em cumprimento ao despacho de 11/10/2016 do Min. Augusto Sherman (peça 10 do

TC-014.158/2016-7), realizou-se a auditoria na Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo, no período compreendido entre 11/10 e 02/12/2016.

VII.2. Visão geral do objeto 101.Em novembro de 2013, a Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo

iniciou processo para contratação de empresa especializada para execução de serviços, com fornecimento de materiais e mão de obra para construção do sistema de abastecimento de água na Comunidade Quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES.

102.Com esse objetivo foi realizada a Tomada de Preços 1/2014, em 03/06/2014, a qual não acudiram interessados, sendo considerada deserta. Ato contínuo, foi autorizada a abertura de novo processo licitatório, a Tomada de Preços 2/2014, na qual sagrou-se vencedora a empresa L.L.O. Construtora Ltda., única participante no certame, com o valor de R$ 477.797,86.

103.Para a execução dos serviços, foi celebrado o Contrato 5/2014, com prazo de vigência de 180 dias, encerrando-se em 8/3/2015.

104.À época da conclusão do Contrato 5/2014, cuja vigência encerrou sem o término do empreendimento, identificou-se a necessidade de realização de serviços complementares ao contratado. Diante dessa situação, realizou-se a Tomada de Preços 2/2015, cuja licitante vencedora foi a mesma empresa, L.L.O. Construtora Ltda., única participante do certame, com a proposta de R$ 157.786,06.

105.Para a execução dos serviços, foi celebrado o Contrato 2/2016, com prazo de vigência de 150 dias, encerrando-se em 15/7/2016.

106.Em que pese o encerramento do contrato complementar, não houve o recebimento definitivo da obra pela Funasa/ES, uma vez que o Sistema de Abastecimento de Água não se encontra em funcionamento em virtude da necessidade de instalação de transformador e fornecimento de energia elétrica pela EDP Escelsa.

VII.3. Objetivo e questões de auditoria 107.A presente auditoria teve por objetivo identificar a ocorrência de irregularidades graves em

contratações públicas selecionadas a partir de classificação de riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados.

108.A partir do objetivo do trabalho e, de acordo com as informações mostradas pelo Painel de Riscos da Relação entre a UG e o Fornecedor (descrito na peça 2, p. 4 do TC-014.158/2016-7), as seguintes dimensões de risco do modelo probabilístico trazido pelo painel foram analisadas: COMPET (representa o índice de competitividade médio das licitações que resultaram em aquisições feitas pela UG junto ao fornecedor), SUCESL (indicador do percentual de vitórias do fornecedor dentre as participações deste em certames na UG) e DISPER (reflete a quantidade de UGs em que o fornecedor em questão ao

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291 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

menos participou de certames licitatórios).

109.A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

f) Questão 1: Houve a devida publicidade do certame nos meios e prazos adequados (Q1 da matriz de planejamento padrão da FOC)?

g) Questão 2: Houve licitação montada, simulada ou direcionamento na contratação (Q3)? h) Questão 3: A contratação direta se enquadra em uma das hipóteses da Lei 8.666/1993 e apresenta

fundamentação legal correta e justificativa adequada (Q5)? i) Questão 4: Houve superfaturamento qualitativo ou quantitativo (Q10)? 110.Os procedimentos da questão 3 (Q5) não foram realizados porque as contratações analisadas

nesta fiscalização foram realizadas por meio de tomada de preços. VII.4. Metodologia utilizada 111.Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de

Contas da União (Portaria - TCU 280, de 8 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria - TCU 168, de 30 de junho de 2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU (Portaria - Segecex 26, de19 de outubro de 2009).

112.Na fase de planejamento da auditoria, as contratações da Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo com a empresa L.L.O. Construtora Ltda. foram selecionadas com base em modelo probabilístico de risco descrito na peça 2, p. 4, do TC-014-158/2016-7.

113.A partir do Painel de Riscos da Relação entre Unidade e Fornecedor, foram seguidas as seguintes etapas:

a)seleção de órgãos localizados no Espírito Santo; b)análise decrescente dos pares com maiores riscos classificados pelo painel, até se encontrar pares

com indícios de irregularidades graves. 114.As contratações com a empresa L.L.O. Construtora Ltda. foram selecionadas tendo em vista

que, de acordo com o sistema, a empresa apresentou alto índice de sucesso (>80%) nas licitações em que participou na Funasa/ES, à pequena quantidade de UGs em que participou de certames (1 a 3 UGs) e à baixa competitividade dos certames em que a empresa participou.

115.Na fase de execução, os procedimentos adotados consistiram na análise documental dos processos de licitação e contratos, mediante a aplicação dos procedimentos constantes da matriz de planejamento, bem como a realização de visita ao local de execução da obra. A execução também envolveu a análise das respostas encaminhadas pelos gestores da superintendência, sempre em observância aos padrões de auditoria de conformidade definidos pelo Tribunal. Em virtude da exiguidade do prazo para elaboração do Relatório, não foi possível o encaminhamento de versão preliminar ao gestor.

VII.5. Limitações inerentes à auditoria 116.Não houve limitações à execução da auditoria. VII.6. Volume de recursos fiscalizados 117.O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 635.583,92, referente ao total

dos contratos analisados. VII.7. Benefícios estimados da fiscalização 118.Entre os benefícios advindos da presente fiscalização, tem-se a expectativa de controle gerada

pela possibilidade de responsabilização dos gestores que deram causa às irregularidades descritas neste relatório quando consideradas graves, o impacto social positivo pela determinação no sentido de se tornar efetivo o sistema de abastecimento d´água, além da melhoria da gestão dos procedimentos licitatórios e contratos e no planejamento e na elaboração de projetos básicos e orçamentos estimativos.

VII.8. Processo conexo 119.Foi constatado o seguinte processo conexo a esse trabalho: TC-016.654/2016-1 (consolidação

das fiscalizações da FOC). VIII. Achados de auditoria 120.Para possibilitar mais clareza à presente análise, os fatos serão relatados de maneira estruturada,

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292 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

por achado, em consonância com o manual de Orientações para Auditoria de Conformidade do Tribunal de Contas da União, aprovado pela Portaria - Adplan 1/2010.

VIII.1. Objeto insuficientemente detalhado Tipificação: 121.Falhas/impropriedades. Situação encontrada: 122.Ao examinarmos o Processo 25150.000.760/2015-19, referente à contratação de empresa para

execução de serviços com fornecimento de materiais e mão de obra para complementação do sistema de abastecimento de água na Comunidade Quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES, constatamos que, no edital da Tomada de Preços 2/2015, não há projeto básico com elementos necessários para caracterizar a obra.

123.No que se refere à parte técnica, o termo de referência e a descrição dos serviços são praticamente os mesmos adotados na primeira licitação (Tomada de Preços 2/2014), alterando-se apenas as planilhas orçamentárias, sem detalhamento do escopo da complementação dos serviços após o término do contrato inicial. Há, nos autos, parecer técnico da Divisão de Engenharia e Saúde Pública (DIESP) justificando a exigência de visita técnica ao local das obras no edital por não ser possível detalhar no instrumento convocatório as condições locais e o real esforço a ser empregado na execução da obra, o que prejudicaria o dimensionamento adequado dos custos, e poderia acarretar a elaboração de propostas imprecisas.

124.A Lei 8.666/1993, em seu art. 6º, inciso IX, dispõe que o projeto básico é documento que compreende um conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter diversos elementos contemplados naquela lei. O dispositivo estabelece de forma clara as características esperadas de um projeto básico, sendo exigência imprescindível para realização de qualquer obra pública, porquanto a sua utilização correta visa a resguardar a Administração Pública de atrasos em licitações, superfaturamentos, aditamentos contratuais desnecessários, modificações no projeto original, entre outras ocorrências indesejáveis que geram consequências e entraves à execução das obras.

125.Acrescente-se que a definição precisa do objeto propicia a participação isonômica dos interessados na contratação e a competitividade de um certame, além do princípio da publicidade, que envolve o conhecimento, pelos concorrentes potenciais das condições básicas da licitação.

126.Por fim, convém ressaltar que a empresa L.L.O. Construtora, contratada na obra inicial, foi a única participante da Tomada de Preços 2/2015.

Objetos nos quais o achado foi constatado: 127.Processo licitatório 25150.000.760/2015-19/2015 - Contratação de empresa especializada para

execução de serviços, com fornecimento de materiais e mão de obra para complementação do sistema de abastecimento de água constituído de elevatória, linha de recalque, reservatório de distribuição, rede de distribuição e ligações domiciliares na comunidade quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

Critérios: 128.Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX. Evidências: Evidência 13 - Parecer Técnico. Evidência 14 - Edital da Tomada de Preços 2/2015 - Parte 1/2. Evidência 15 - Edital da Tomada de Preços 2/2015 - Parte 2/2. Causas da ocorrência do achado: 129.Não identificadas. Efeitos/Consequências do achado:

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293 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

130.Prejuízos gerados por aquisição ou contratação sem escolha da proposta mais vantajosa (efeito

potencial) Proposta de encaminhamento: 131.Dar ciência à Funasa/ES de que, no âmbito da Tomada de Preços 2/2015, constatou-se que o

objeto da licitação não foi suficientemente detalhado, contrariando o art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93, tendo em vista que o projeto básico não apresentou o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra.

VIII.2. Inobservância do princípio da vinculação ao instrumento convocatório Tipificação: 132.Falhas/impropriedades. Situação encontrada: 133.Ao examinarmos o Processo 25150.005.786/2014-72, referente à contratação de empresa para

execução de serviços com fornecimento de materiais e mão de obra para construção do sistema de abastecimento de água na comunidade quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES, constatamos o descumprimento do item 6.2, alínea ‘b’ do Edital da Tomada de Preços 2/2014, o qual exigia para a qualificação técnico-operacional, que fosse apresentado atestado de responsabilidade técnica do profissional com nível superior em engenharia pertencente ao quadro da empresa licitante, referente a serviços que tivessem similaridade com aqueles objeto da referida licitação.

134.Nenhum dos atestados apresentados pela licitante L.L.O Construtora Ltda. se refere a serviços minimamente similares ao objeto da Tomada de Preços 2/2014, senão vejamos: execução dos serviços de reforma e ampliação de um hospital de um pavimento e área já construída de 1.691,59 m² e ampliação de 12,00 m²; execução de serviços de pavimentação das ruas Belando Nati, Higino Mirres, Projetada, Loteamento Funil, Beco transversal à rua Daniel Guedes, Bairro Vila da Penha e Rua Projetada, Bairro Vila Verdes, Mimoso do Sul/ES; construção de pavimentação de 4.116,60 m² de assentamento de paralelo, sobre coxim de areia e 1.470 m² de assentamento de meio-fio de pedra assentada com argamassa ou de concreto pré-moldado também em Mimoso do Sul/ES e execução de uma ponte de 17 m de vão por 3 m de largura em concreto armado com área total de 51,00 m² no mesmo município.

135.Apesar disso, não houve qualquer observação a respeito por parte da comissão de licitação responsável pela condução da Tomada de Preços 2/2014. A empresa L.L.O Construtora Ltda., única licitante a participar do certame, foi habilitada, como se verifica na ata de habilitação.

136.Tal situação caracteriza o flagrante descumprimento das regras estabelecidas no edital da tomada de preços e, portanto, afronta ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório, o que ensejaria a realização de audiência para que os responsáveis apresentassem justificativas sobre o fato.

137.Ocorre, no entanto, que os serviços objeto da licitação não eram complexos, de modo que exigissem conhecimentos específicos para sua execução. Considerando ainda que já havia ocorrido uma tentativa fracassada de licitação, que a obra foi concluída e que não houve problemas em sua execução, entendemos razoável somente dar ciência à Funasa/ES acerca da impropriedade cometida pela comissão de licitação ao aceitar como satisfatórios os atestados de capacidade técnica apresentados pela empresa L.L.O. Construtora Ltda.

Objetos nos quais o achado foi constatado: 138.Processo licitatório 25150.005.786/2014-72/2014 - Contratação de empresa especializada para

execução de serviços, com fornecimento de materiais e mão de obra para construção do sistema de abastecimento de água constituído de elevatória, linha de recalque, reservatório de distribuição, rede de distribuição e ligações domiciliares na comunidade quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

Critérios: 139.Lei 8666/1993, art. 3º, caput; art. 41, caput. Evidências: Evidência 1 - Edital Tomada de Preços 02-2014 -parte 1.

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Evidência 2 - Edital Tomada de Preços 02-2014 - parte 2. Evidência 3 - Tomada de Preços 02-2014 - Ata de Habilitação. Evidência 4 - Tomada de Preços 02-2014 - Ata de Julgamento. Evidência 5 - Tomada de Preços 02-2014 - Atestados de capacidade técnica da L.L.O. Construtora

Ltda. Evidência 6 - Tomada de Preços 02-2014 - Despacho de homologação. Causas da ocorrência do achado: 140.Descumprimento facilmente perceptível dos termos do edital. Efeitos/Consequências do achado: 141.Descumprimento do princípio da vinculação ao instrumento convocatório. (efeito real) 142.Habilitação de licitante que não preenchia as exigências do edital. (efeito real) Proposta de encaminhamento: 143.Dar ciência à Funasa/ES de que a habilitação da empresa L.L.O Construtora Ltda. na Tomada

de Preços 2/2014, com base nos atestados de capacidade técnica apresentados pela empresa, relativos ao acervo técnico do engenheiro designado que seria responsável técnico da obra, não poderia ter ocorrido, pois os mesmos não atendiam minimamente às exigências do item 6.2, alínea ‘b’ do edital da licitação, o que caracteriza nítida afronta ao princípio de vinculação ao instrumento convocatório, previsto nos artigos 3º, caput, e 41, caput, da Lei 8.666/1993.

VIII.3. Obra concluída, mas inoperante Tipificação: 144.Falhas/impropriedades. Situação encontrada: 145.A partir da análise do Processo 25150.000.760/2015-19, constatamos que não houve o

recebimento definitivo da obra. Ao questionarmos o engenheiro da Funasa/ES responsável pela obra, fomos informados de que o sistema de abastecimento de água da Comunidade Quilombola de Monte Alegre, localizada no Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES, objeto dos Contratos 5/2014 e 2/2016, não está em funcionamento até a presente data, em que pese o término de vigência do contrato de complementação da obra em 15/7/2016. O motivo alegado para a situação seria um problema com a empresa de energia EDP Escelsa, que não teria instalado o transformador que permitiria o funcionamento do sistema.

146.Em visita ao local da obra, em 23/11/2016, a equipe de auditoria constatou que a obra está concluída, mas que o sistema de abastecimento de água não está funcionando regularmente. A título emergencial, a Agência Reguladora do Município de Cachoeiro de Itapemirim - AGERSA vem fornecendo água à comunidade por meio de caminhões-pipa, que abastecem os reservatórios instalados no local. Tal abastecimento não atende a todas as residências da comunidade, mas somente àquelas cujas qualidades da água consumida constitui perigo à saúde de seus usuários.

147.Em contato com a Associação Comunitária dos Remanescentes de Quilombo de Monte Alegre /ACREQMA, obtivemos informação de que diversas solicitações foram protocoladas junto à empresa de energia, a última em 30/8/2016, e até o momento a situação não foi resolvida. Nesse ofício é informado de forma inequívoca que a rede de transmissão para funcionamento do sistema de abastecimento de água já fora executada por empresa particular contratada pela Funasa/ES, restando pendente somente a instalação pela EDP Escelsa de transformador de 30 KVA. A Funasa/ES, por sua vez, em resposta ao questionamento formulado pela equipe de auditoria por meio do Ofício de Requisição 01-458-2016, informou a situação descrita acima e que a Associação, a AGERSA e a Funasa/ES já realizaram gestões junto à EDP/Escelsa na tentativa de agilizar os procedimentos relativos à efetivação dos serviços de ligação de energia.

148.É descabido o fato de o sistema de abastecimento de água, cujo contrato se encerrou em 15/7/2016, não estar em funcionamento. Diversos equipamentos sequer foram testados, como o filtro instalado. É urgente que se adote medidas mais efetivas para a solução da questão. A Funasa/ES como

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órgão público federal responsável pela contratação da obra e, por conseguinte, pela aplicação dos recursos públicos, deve se empenhar em conjunto com os demais interessados na questão, para que não venha a se caracterizar a ocorrência de prejuízo ao erário, pois a realização de uma obra que não pode ser utilizada pela comunidade carece de qualquer efetividade e pode ocasionar a responsabilização daqueles que derem causa ao referido dano.

Objetos nos quais o achado foi constatado: 149.Processo licitatório 25150.005.786/2014-72/2014 - Contratação de empresa especializada para

execução de serviços, com fornecimento de materiais e mão de obra para construção do sistema de abastecimento de água constituído de elevatória, linha de recalque, reservatório de distribuição, rede de distribuição e ligações domiciliares na comunidade quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

150.Processo licitatório 25150.000.760/2015-19/2015 - Contratação de empresa especializada para execução de serviços, com fornecimento de materiais e mão de obra para complementação do sistema de abastecimento de água constituído de elevatória, linha de recalque, reservatório de distribuição, rede de distribuição e ligações domiciliares na comunidade quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

Critérios: 151.Constituição Federal, art. 37, caput. 152.Lei 9784/1999, art. 2º, caput. Evidências: Evidência 10 - Ofício da ACREQMA à EDP. Evidência 11 - Resposta da Funasa/ES. Evidência 7 - Contrato 5/2014. Evidência 8 - Contrato 2/2016. Evidência 9 - Protocolos de solicitações à EDP. Evidência 12 Ofício de Requisição 01-458-2016. Causas da ocorrência do achado: 153.Não foi possível concluir se decorre de ineficiência da Funasa e/ou da empresa de energia. 154.Efeitos/Consequências do achado: 155.Ausência de efetividade de obra pública. (efeito real) 156.Prejuízo ao erário. (efeito potencial) Proposta de encaminhamento: 157.Determinar à Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo, com

fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, que, no prazo de sessenta dias, realize gestões junto à empresa EDP Escelsa para que instale os equipamentos necessários ao funcionamento da rede elétrica que possibilitará o funcionamento do sistema de abastecimento de água construído pela autarquia na Comunidade Quilombola em Monte Alegre, no Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES, a fim de que não venha a se caracterizar a ocorrência de prejuízo ao erário em decorrência da inoperância do referido sistema, informando a este Tribunal as providências adotadas e a situação atualizada.

158.Determinar à Secex/ES que monitore a determinação que porventura vier a ser formulada, consoante o previsto no art. 243 do RI/TCU.

VIII.4. Prática de ato antieconômico Tipificação: 159.Irregularidade grave. Situação encontrada: 160.Por meio do Memo n. 04 Gestão de Contratos/Diadm, de 25/2/2015, encaminhado ao Chefe da

Diesp (Divisão de Engenharia e Saúde Pública) e ao Superintendente Estadual, a Gestora de Contratos da Funasa/ES informa que o prazo de vigência do Contrato 5/2014, iniciado em 10/9/2014, terminaria em 8/3/2015 e solicita que seja informada, com urgência, eventual necessidade de prorrogação do contrato. O

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titular daquela divisão atestou o recebimento desse memorando em 27/2/2015. Em 6/3/2015, em nome do Chefe da Diesp responderam a consulta, por meio do Memorando 14/Diesp/Suest/ES, solicitando prorrogação no prazo contratual em mais 60 dias, devido a atraso de mais de 60 dias no pagamento de duas medições, no valor total de R$ 324.979,16, e da necessidade de complementações de serviços não considerados no projeto básico.

161.Por meio do Despacho 447/2015, de 13/11/2015, encaminhado ao Superintendente Estadual, a Chefe da Divisão de Administração traz um resumo dessas tratativas, acrescentando que informou extraoficialmente à Diesp em 9/3/2015, não haver tempo hábil para que o contrato fosse prorrogado, tendo em vista que supuseram que teria ocorrido o fim de sua vigência na véspera, em um domingo.

162.Em face da inviabilidade da prorrogação do contrato, a entidade iniciou novo procedimento licitatório (Tomada de Preços 2/2015) para complementar os serviços iniciados no Contrato 5/2014, o que resultou no pagamento de nova mobilização (canteiro de obras) para a empresa contratada, L.L.O. Construtora Ltda., a mesma que havia sido contratada inicialmente para a execução da obra, e, em ambos os casos, a única participante dos certames.

163.Conforme proposta de preço vencedora na segunda licitação, o valor do item ‘canteiro de obras’ foi de R$ 52.043,54 (R$ 41.248,75, sob a incidência de um BDI de 26,17%), de um total de R$ 157.786,06, ou seja, representa aproximadamente 33% do valor total do contrato.

164.Merece destaque ainda a significativa variação dos quantitativos dos itens de canteiro de obras entre os dois certames, que resultou em relevante aumento de preços. No primeiro caso, o valor do item ‘canteiro de obras’, sem incidência de BDI, foi estimado em R$ 17.969,14, e contratado por R$ 16.172,24. Já na segunda licitação, o valor estimado, também sem BDI, foi de R$ 41.842,26, e o contratado foi de R$ 41.248,75. Ressalte-se que não foram identificadas nos autos justificativas para o acréscimo dos quantitativos estimados para o referido item no segundo certame, acréscimo que não seria esperado tendo em vista que o escopo do segundo contrato foi menor que o do primeiro, bem como o respectivo prazo de execução

165.Assim, entende-se restar caracterizado ato antieconômico, tendo em vista que caso a obra tivesse sido devidamente planejada, a Administração teria evitado a necessidade de realizar nova contratação, que resultou em pagamento do item ‘canteiro de obras’ em ambos os contratos, por valor ainda maior no segundo caso.

Objetos nos quais o achado foi constatado: 166.Processo licitatório 25150.005.786/2014-72/2014 - Contratação de empresa especializada para

execução de serviços, com fornecimento de materiais e mão de obra para construção do sistema de abastecimento de água constituído de elevatória, linha de recalque, reservatório de distribuição, rede de distribuição e ligações domiciliares na comunidade quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

167.Processo licitatório 25150.000.760/2015-19/2015 - Contratação de empresa especializada para execução de serviços, com fornecimento de materiais e mão de obra para complementação do sistema de abastecimento de água constituído de elevatória, linha de recalque, reservatório de distribuição, rede de distribuição e ligações domiciliares na comunidade quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

Critérios: 168.Constituição Federal, art. 37, caput. 169.Lei 9784/1999, art. 2º. Evidências: Evidência 16 - Memo n. 04 Gestão Contratos/Diadm. Evidência 17 - Memorando 014/Diesp/Suest/ES. Evidência 18 - Despacho 447/2015 - Divisão de Administração - Suest/ES. Evidência 19 - Proposta Comercial da Empresa L.L.O. Construtora - TP 2/2015. Evidência 15 - Edital da Tomada de Preços 2/2015 - Parte 2/2, folhas 10/11. Evidência 23 - Proposta Comercial da Empresa L.L.O. Construtora - TP 2/2014.

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Causas da ocorrência do achado: 170.Má gestão do contrato e deficiência de planejamento. Efeitos/Consequências do achado: 171.Prejuízos por pagamentos que em tese poderiam ser evitados. (efeito potencial) Responsáveis: Nome: Nilton José de Andrade CPF 358.460.707-87 - Cargo: Superintendente Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo

(desde 16/06/2009) Conduta: 172.Não adotar providências tempestivas no sentido de realizar aditivo ao Contrato 5/2014 para a

conclusão da obra em questão sem necessidade de nova licitação. Nexo de causalidade: 173.A falta de planejamento do gestor resultou em ato antieconômico, tendo em vista o pagamento

do item ‘canteiro de obras’ nos Contratos 5/2014 e 2/2016, ou seja, em duplicidade. Excludentes de ilicitude: 174.Não há excludentes de ilicitude. Culpabilidade: 175.O responsável, ciente do prazo contratual e da necessidade de serviços adicionais para que o

sistema de abastecimento de água pudesse operar plenamente, deveria ter adotado medidas tempestivas, com planejamento mais eficiente da gestão do contrato, de forma a evitar atrasos e custos desnecessários. Portanto, a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

Nome: Noel Carlos Fernandes Freire CPF 719.703.127-34 - Cargo: Chefe da Diesp (desde 18/2/2014) Conduta: 176.Não adotar providências tempestivas no sentido de realizar aditivo ao Contrato 5/2014 para a

conclusão da obra em questão sem necessidade de nova licitação. Nexo de causalidade: 177.A falta de planejamento do gestor resultou em ato antieconômico, tendo em vista o pagamento

do item ‘canteiro de obras’ nos Contratos 5/2014 e 2/2016, ou seja, em duplicidade. Excludentes de ilicitude: 178.Não há excludentes de ilicitude. Culpabilidade: 179.O responsável, ciente do prazo contratual e da necessidade de serviços adicionais para que o

sistema de abastecimento de água pudesse operar plenamente, deveria ter adotado medidas tempestivas, com planejamento mais eficiente da gestão do contrato, de forma a evitar atrasos e custos desnecessários. Portanto, a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

Proposta de encaminhamento: 180.Realizar, com fundamento no art. 250, inciso IV, do RI/TCU, as audiências dos Srs. Noel

Carlos Fernandes Freire (CPF 719.703.127-34), Chefe da Diesp, e Nilton José de Andrade (CPF 358.460.707-87), Superintendente Estadual da Funasa/ES, para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de justificativa por não terem adotado medidas tempestivas no sentido de que o Contrato 5/2014 fosse aditivado para o complemento da obra em questão, evitando-se a realização da Tomada de Preços 2/2015, que resultou em contratação antieconômica (Contrato 2/2016), tendo em vista o pagamento do item ‘canteiro de obra’ em ambos os contratos, firmados com a mesma empresa, e por valor ainda maior no segundo caso, configurando também violação aos princípios da eficiência (art. 37, caput, da Constituição Federal) e da razoabilidade (art. 2º da Lei 9.784/1999).

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IX. Achados não decorrentes da investigação de questões de auditoria IX.1. Não adoção de BDI diferenciado para aquisição de materiais/equipamentos de relevante

materialidade no orçamento da obra Tipificação: 181.Irregularidade grave. Situação encontrada: 182.Ao analisar a planilha orçamentária da Tomada de Preços 2/2014, verificou-se que a Funasa/ES

não adotou BDI diferenciado para a aquisição de materiais/equipamentos, estabelecendo na planilha orçamentária o BDI de 25% para todos os itens, valor estabelecido já na Tomada de Preços 1/2014, que resultou deserta. Registre-se que, posteriormente, na Tomada de Preços 2/2015, a Administração de modo acertado adotou BDI de 11,37% para equipamentos.

183.Sobre o assunto, o Decreto 7.983/2013 - que estabelece regras e critérios para elaboração do orçamento de referência de obras e serviços de engenharia, contratados e executados com recursos dos orçamentos da União — prevê o seguinte, em seu art. 9º: § 1º Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de parcelamento do objeto da licitação, nos termos da legislação em vigor, os itens de fornecimento de materiais e equipamentos de natureza específica que possam ser fornecidos por empresas com especialidades próprias e diversas e que representem percentual significativo do preço global da obra devem apresentar incidência de taxa de BDI reduzida em relação à taxa aplicável aos demais itens.

184.O mesmo entendimento é estabelecido na Súmula 253/2010 deste Tribunal. 185.Ressalte-se que esse entendimento inclusive foi objeto de questionamento ao setor de

engenharia da Funasa nos itens 36-38 do Parecer 177/2013/WSL/PFE/Funasa/PGF/AGU, que trata da análise jurídica da licitação que restou deserta (TP 1/2014). O Engenheiro da Funasa Sr. Marcos Batista de Resende, em despacho encaminhado ao Chefe da Diesp (Divisão de Engenharia e Saúde Pública), esclarecendo os itens técnicos questionados no parecer jurídico, afirma que os tubos previstos nas planilhas não deveriam ter BDI diferenciado, sem mencionar os demais materiais/equipamentos.

186.Entende-se, todavia, que a diferenciação deveria ter sido aplicada aos itens ‘fornecimento e instalação elétrica e hidráulica dos conjuntos moto bomba inclusive quadro de comando’ e ‘reservatório de distribuição’ da primeira licitação, que, juntos, representavam 35,78% do orçamento estimado.

Objetos nos quais o achado foi constatado: 187.Processo licitatório 25150.005.786/2014-72/2014 - Contratação de empresa especializada para

execução de serviços, com fornecimento de materiais e mão de obra para construção do sistema de abastecimento de água constituído de elevatória, linha de recalque, reservatório de distribuição, rede de distribuição e ligações domiciliares na comunidade quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

Critérios: 188.Decreto 7983/2013, art. 9º, § 1º 189.Súmula 253/2010, TCU Evidências: Evidência 2 - Edital Tomada de Preços 02-2014 - parte 2, folha 13. Evidência 20 - Tomada de Preços 01-2014 - Despacho da Engenharia justificando o BDI. Evidência 21 - Parecer 177.2013.WSL.PFE.Funasa.PGF.AGU - Parte 1/2. Evidência 15 - Edital da Tomada de Preços 2/2015 - Parte 2/2, folha 11. Causas da ocorrência do achado: 190.Decisões equivocadas do setor técnico responsável. Efeitos/Consequências do achado: 191.Prejuízos gerados por aquisição ou contratação sem escolha da proposta mais vantajosa (efeito

potencial) Responsáveis: Nome: Marcos Batista de Resende CPF 662.258.767-15 - Cargo: Engenheiro (desde 17/4/1991)

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Conduta: 192.Elaborar a planilha orçamentária da Tomada de Preços 2/2014 sem levar em consideração a

adoção de BDI diferenciado para materiais/equipamentos, mesmo sendo alertado pelo setor jurídico. Nexo de causalidade: 193.Da conduta do responsável resultou edital contendo planilha orçamentária com valores

inadequados de BDI para alguns itens. Excludentes de ilicitude: 194.Não há excludentes de ilicitude. Culpabilidade: 195.O responsável poderia ter feito análise mais criteriosa da planilha orçamentária, de forma a

estabelecer BDI adequado para cada item. Assim, a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

Nome: Noel Carlos Fernandes Freire CPF 719.703.127-34 - Cargo: Chefe da Diesp (desde 18/2/2014) Conduta: 196.Elaborar a planilha orçamentária da Tomada de Preços 2/2014 sem levar em consideração a

adoção de BDI diferenciado para materiais/equipamentos. Nexo de causalidade: 197.Da conduta do responsável resultou edital contendo planilha orçamentária com valores

inadequados de BDI para alguns itens. Excludentes de ilicitude: 198.Não há excludentes de ilicitude. Culpabilidade: 199.O responsável poderia ter feito uma análise mais criteriosa da planilha orçamentária, de forma a

estabelecer BDI adequado para cada item. Assim, a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

Proposta de encaminhamento: 200.Realizar, com fundamento no art. 250, inciso IV, do RI/TCU, a audiência do Sr. Marcos Batista

de Resende (CPF 662.258.767-15), na condição de Engenheiro da Funasa/ES, e do Sr. Noel Carlos Fernandes Freire (CPF 719.703.127-34), Chefe da Diesp, para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de justificativa para a não adoção de BDI diferenciado para os itens ‘fornecimento e instalação elétrica e hidráulica dos conjuntos moto bomba inclusive quadro de comando’ e ‘reservatório de distribuição’ nas planilhas orçamentárias da Tomada de Preços 2/2014, contrariando o contido no art. 9º, § 1º, do Decreto 7.983/2013, e na Súmula 253/2010 deste Tribunal.

X. Conclusão 201.A presente fiscalização constitui uma das 29 auditorias previstas para a Fiscalização de

Orientação Centralizada (FOC) - Auditoria de conformidade em objetos selecionados com base em modelo probabilístico de análise de dados, e teve como objetivo avaliar a regularidade dos procedimentos de contratação da empresa L.L.O. Construtora Ltda. pela Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo.

202.Conforme mencionado no item II.3, os procedimentos foram definidos para responder a três questões de auditoria. A partir da execução dos procedimentos, foram registrados cinco achados de auditoria relacionados a duas questões de auditoria.

203.A Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo e a empresa Construtora L.L.O. Construtora Ltda. firmaram dois contratos nos exercícios de 2014 e 2016, para execução de serviços, com fornecimento de materiais e mão de obra para construção do Sistema de Abastecimento de Água na Comunidade Quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES.

204.As seguintes irregularidades decorreram dessas contratações: objeto insuficientemente

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detalhado; inobservância do princípio da vinculação ao instrumento convocatório; obra concluída, mas inoperante; prática de ato antieconômico; e não adoção de BDI diferenciado para aquisição de materiais/equipamentos de relevante materialidade no orçamento da obra.

205.Quanto à utilização do modelo probabilístico, pode-se concluir que o sistema utilizado na seleção dos objetos foi eficaz quanto ao par Funasa/ES-Construtora L.L.O Construtora Ltda., visto que o índice de risco apresentado para o par foi máximo (1,00) e as dimensões de risco COMPET (representa o índice de competitividade médio das licitações que resultaram em aquisições feitas pela UG junto ao fornecedor), SUCESL (indicador do percentual de vitórias do fornecedor dentre as participações desse em certames nessa UG) e DISPER (reflete a quantidade de UGs em que o fornecedor em questão ao menos participou de certames licitatórios), consideradas como sinalizadores de indícios de irregularidade, se materializaram nos achados detectados nos processos licitatórios analisados.

206.Entre os benefícios advindos da presente fiscalização, tem-se a expectativa de controle gerada pela possibilidade de responsabilização dos gestores que deram causa às duas irregularidades consideradas graves descritas neste relatório, o impacto social positivo pela determinação no sentido de se tornar efetivo o sistema de abastecimento d´água, e melhorias da gestão dos procedimentos licitatórios e contratos e no planejamento e na elaboração de projetos básicos e orçamentos estimativos.

XI. Proposta de encaminhamento 207.Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo: 207.1.Realizar audiência, com fulcro no art. 43, II, da Lei 8.443/1992 c/c art. 250, IV, do

Regimento Interno/TCU, dos seguintes responsáveis, para que apresentem suas razões de justificativa no prazo de quinze dias:

207.1.1.Srs. Noel Carlos Fernandes Freire (CPF 719.703.127-34), Chefe da Diesp, e Nilton José de Andrade (CPF 358.460.707-87), Superintendente Estadual da Funasa/ES, por não terem adotado medidas tempestivas no sentido de que o Contrato 5/2014 fosse aditivado para o complemento do sistema de abastecimento de água da Comunidade Quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES, evitando-se a realização da Tomada de Preços 2/2015, que resultou em contratação antieconômica (Contrato 2/2016), tendo em vista o pagamento do item ‘canteiro de obras’ em ambos os contratos, firmados com a mesma empresa, e por valor ainda maior no segundo caso, configurando também violação aos princípios da eficiência (art. 37, caput, da Constituição Federal) e da razoabilidade (art. 2º da Lei 9.784/1999).

207.1.2.Srs. Marcos Batista de Resende (CPF 662.258.767-15), na condição de Engenheiro da Funasa/ES, e do Sr. Noel Carlos Fernandes Freire (CPF 719.703.127-34), Chefe da Diesp, pela não adoção de BDI diferenciado para os itens ‘fornecimento e instalação elétrica e hidráulica dos conjuntos moto bomba inclusive quadro de comando’ e ‘reservatório de distribuição’ nas planilhas orçamentárias da Tomada de Preços 2/2014, contrariando o contido no art. 9º, § 1º, do Decreto 7.983/2013, e na Súmula 253/2010 deste Tribunal.

207.2.Determinar à Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo, com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, que, no prazo de sessenta dias, realize gestões junto à empresa EDP Escelsa para que instale os equipamentos necessários ao funcionamento da rede elétrica que possibilitará o funcionamento do sistema de abastecimento de água construído pela autarquia na Comunidade Quilombola em Monte Alegre, no Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES, a fim de que não venha a se caracterizar a ocorrência de prejuízo ao erário em decorrência da inoperância do referido Sistema, informando a este Tribunal as providências adotadas e a situação atualizada.

207.3.Determinar à Secex/ES que monitore a determinação que porventura vier a ser formulada, consoante o previsto no art. 243 do RI/TCU.

207.4.Dar ciência à Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo de que: 207.4.1.No âmbito da Tomada de Preços 2/2015, constatou-se que o objeto da licitação não foi

suficientemente detalhado, contrariando o art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993, tendo em vista que o projeto básico não apresentou o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra.

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207.4.2.A habilitação da empresa L.L.O Construtora Ltda. na Tomada de Preços 2/2014, com base

nos atestados de capacidade técnica apresentados pela empresa, relativos ao acervo técnico do engenheiro designado que seria responsável técnico da obra, não poderia ter ocorrido, pois não atendiam minimamente às exigências do item 6.2, alínea ‘b’ do edital da licitação, o que caracteriza nítida afronta ao princípio de vinculação ao instrumento convocatório, previsto nos artigos 3º, caput, e 41, caput, da Lei 8.666/1993.”

É o relatório. VOTO Trata-se de relatório de auditoria de conformidade integrante do conjunto de auditorias executadas

sob a sistemática de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir de classificação de riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados, destinando-se o trabalho ora em foco a verificar a regularidade dos procedimentos adotados pela Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Espírito Santo para contratação da empresa L.L.O. Construtora Ltda.

2.Esclareça-se que, como resultado da TP 2/2014, a empresa foi contratada para a construção do sistema de abastecimento de água na Comunidade Quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES. Inicialmente, foi celebrado o Contrato 5/2014, no valor de R$ 477.797,86 e vigência até 8/3/2015. Para complementação dos serviços, foi promovida a TP 2/2015, vencida pela única participante, a L.L.O. Construtora, com proposta no valor de R$ 157.786,06. O Contrato 2/2016 vigorou até 15/7/2016.

3.As principais constatações da equipe de auditoria foram as seguintes: a) o edital da Tomada de Preços 2/2015 não continha projeto básico com elementos necessários

para caracterizar a obra e detalhar o escopo da complementação dos serviços após o término do contrato inicial;

b) o item 6.2, alínea “b” do Edital da Tomada de Preços 2/2014 exigia, para a qualificação técnico-operacional, que fosse apresentado atestado de responsabilidade técnica do profissional com nível superior em engenharia pertencente ao quadro da empresa licitante, referente a serviços com similaridade àqueles licitados, mas nenhum dos atestados apresentados pela licitante L.L.O Construtora Ltda. se referia a serviços similares, pois relativos a reforma de hospital, pavimentação e execução de ponte de 17 m de vão e 3 m de largura;

c) a obra foi concluída, mas o sistema de abastecimento de água não estava funcionando, porque a empresa de energia EDP Escelsa não instalou o transformador que permitiria a operação do sistema;

d) não houve a adoção de providências tempestivas no sentido de realizar aditivo ao Contrato 5/2014 para a conclusão da obra, o que resultou em ato antieconômico, tendo em vista que o do item “canteiro de obras” foi pago nos Contratos 5/2014 e 2/2016 e ocorreu acréscimo de quantitativos em itens de canteiro de obras na segunda contratação, não obstante o escopo e o prazo de execução do segundo contrato serem menores;

e) a Funasa/ES não adotou BDI diferenciado para a aquisição de materiais/equipamentos na TP 2/2014, estabelecendo o BDI de 25% para todos os itens, enquanto que, na TP 2/2015, a Administração adotou o BDI diferenciado de 11,37% para os equipamentos.

4.Como encaminhamento, a equipe da Secex/ES sugeriu: a) dar ciência à unidade jurisdicionada acerca das ocorrências relatadas nas alíneas “a” e “b” supra; b) determinar à Superintendência Estadual da Funasa que realize gestões para solucionar o

problema relativo à entrada em operação do sistema (alínea “c” do item anterior);

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c) promover a audiência dos gestores responsáveis pelos indícios de irregularidade mencionados nas

alíneas “d” e “e” do item retro. 5.Conforme avalio, as providências podem ser acolhidas, pois adequadas às circunstâncias

relatadas. 6.Penso que, no tocante à inoperância do sistema de abastecimento de água, cumpre também

cientificar a Distribuidora da EDP Escelsa no Espírito Santo quanto à necessidade de solucionar a pendência. Conquanto se trate de concessionária não jurisdicionada diretamente a esta Corte, há que se alertá-la sobre a possibilidade de ocorrência de prejuízo à comunidade quilombola e aos cofres públicos, caso a situação se mantenha no estado atual.

Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 142/2017 – TCU – Plenário 1. Processo nº TC 029.084/2016-4. 2. Grupo I – Classe V - Assunto: Auditoria 3. Responsáveis: Nilton José de Andrade, Superintendente Regional (CPF 358.460.707-87); Marcos

Batista de Resende, Engenheiro da Funasa (CPF 662.258.767-15); Noel Carlos Fernandes Freire, Chefe da Diesp/Funasa (CPF 719.703.127-34)

4. Órgão/Entidade/Unidade: Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Espírito Santo. 5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (SECEX-ES). 8. Representação legal: não há 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade integrante do conjunto de

auditorias executadas sob a sistemática de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir de classificação de riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados, destinando-se o trabalho ora em foco a verificar a regularidade dos procedimentos adotados pela Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Espírito Santo para contratação da empresa L.L.O. Construtora Ltda.;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8443/1992 c/c art. 250, inciso IV, do Regimento Interno/TCU, promover a audiência dos seguintes responsáveis:

9.1.1. Srs. Nilton José de Andrade, Superintendente Estadual da Funasa/ES, e Noel Carlos Fernandes Freire, Chefe da Diesp, por não terem adotado medidas tempestivas no sentido de que o Contrato 5/2014 fosse aditado para o complemento do sistema de abastecimento de água da Comunidade Quilombola de Monte Alegre, Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES, evitando-se a realização da Tomada de Preços 2/2015, o que resultou em contratação com indícios de antieconomicidade (Contrato 2/2016), tendo em vista o pagamento do item “canteiro de obras” em ambos os contratos, firmados com a mesma empresa, e por valor superior no segundo caso, configurando também violação aos princípios da eficiência (art. 37, caput, da Constituição Federal) e da razoabilidade (art. 2º da Lei 9.784/1999);

9.1.2. Srs. Marcos Batista de Resende, na condição de Engenheiro da Funasa/ES, e Noel Carlos Fernandes Freire, Chefe da Diesp, pela não adoção de BDI diferenciado para os itens “fornecimento e instalação elétrica e hidráulica dos conjuntos moto bomba inclusive quadro de comando” e “reservatório de distribuição” nas planilhas orçamentárias da Tomada de Preços 2/2014, contrariando o art. 9º, §1º, do Decreto 7.983/2013, e a Súmula 253/2010 deste Tribunal;

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9.2. determinar à Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo, com

fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, que realize gestões junto à empresa EDP Escelsa para que esta instale os equipamentos necessários ao funcionamento da rede elétrica que possibilitará o funcionamento do sistema de abastecimento de água construído na Comunidade Quilombola em Monte Alegre, no Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES, a fim de que não venha a se caracterizar a ocorrência de prejuízo ao erário em decorrência da inoperância do referido sistema, informando a este Tribunal as providências adotadas e a situação atualizada, no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da ciência;

9.3. cientificar a Distribuidora da EDP Escelsa no Espírito Santo quanto à necessidade de promover a instalação dos equipamentos necessários ao funcionamento da rede elétrica que viabilizará a operação do sistema de abastecimento de água construído com recursos da Fundação Nacional de Saúde na Comunidade Quilombola em Monte Alegre, no Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES, tendo em vista a possibilidade de materialização de prejuízos sócio-econômicos à comunidade e aos cofres públicos;

9.4. determinar à Secex/ES que monitore a determinação constante do item 9.2 retro; 9.5. dar ciência à Superintendência Regional da Funasa no Estado do Espírito Santo que: 9.5.1. no âmbito da Tomada de Preços 2/2015, constatou-se que o objeto da licitação não foi

suficientemente detalhado, contrariando o art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993, tendo em vista que o projeto básico não apresentou o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra;

9.5.2. a habilitação da empresa L.L.O Construtora Ltda. na Tomada de Preços 2/2014, com base nos atestados de capacidade técnica relativos ao acervo técnico do engenheiro designado como responsável técnico da obra, não atendeu às exigências do item 6.2, alínea “b” do edital da licitação, o que contrariou o princípio de vinculação ao instrumento convocatório, previsto nos arts. 3º, caput, e 41, caput, da Lei 8.666/1993.

10. Ata n° 3/2017 – Plenário. 11. Data da Sessão: 1/2/2017 – Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0142-03/17-P. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, José Múcio Monteiro e Ana Arraes. 13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e André Luís de

Carvalho.