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ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017 Acórdãos apreciados por relação: 1574 a 1597 Acórdãos apreciados de forma unitária: 1598 a 1613

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ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017

Data da aprovação: 2 de agosto de 2017

Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

Acórdãos apreciados por relação: 1574 a 1597

Acórdãos apreciados de forma unitária: 1598 a 1613

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

ATA 28, DE 26 DE JULHO DE 2017

(Sessão Ordinária do Plenário)

Presidência: Ministro Raimundo Carreiro

Representante do Ministério Público: Procurador-Geral, em exercício, Lucas Rocha Furtado

Secretário das Sessões: AUFC Marcio André Santos de Albuquerque

Subsecretária do Plenário, em substituição: AUFC Daniela Duarte do Nascimento

Às 14 horas e 32 minutos, a Presidência declarou aberta a sessão ordinária do Plenário, com a

presença dos Ministros Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Aroldo Cedraz, Bruno Dantas e

Vital do Rêgo; dos Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti (convocado para substituir o

Ministro Augusto Nardes), Marcos Bemquerer Costa (convocado para substituir a Ministra Ana

Arraes) e André Luís de Carvalho (convocado para substituir o Ministro José Múcio Monteiro), bem

como do Procurador-Geral em exercício Lucas Rocha Furtado. Ausentes, em férias, os Ministros

Augusto Nardes, José Múcio Monteiro e Ana Arraes e o Ministro-Substituto Weder de Oliveira.

HOMOLOGAÇÃO DE ATA

O Tribunal Pleno homologou a Ata 27, referente à sessão ordinária realizada em 19 de julho

(Regimento Interno, artigo 101).

PUBLICAÇÃO DA ATA NA INTERNET

Os anexos desta ata, de acordo com a Resolução 184/2005, estão publicados na página do

Tribunal de Contas da União na internet (www.tcu.gov.br).

SORTEIO ELETRÔNICO DE RELATOR DE PROCESSOS

De acordo com o parágrafo único do artigo 28 do Regimento Interno e nos termos da Portaria da

Presidência 9/2011, entre os dias 20 e 26 de julho, foi realizado sorteio eletrônico dos seguintes

processos:

Processo: 006.667/2013-9

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro AROLDO CEDRAZ

Processo: 015.606/2017-1

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Impedimento - Arts. 111 e 151, Inciso II do R.I.

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro VITAL DO RÊGO

Processo: 017.822/2017-3

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Relator sorteado: Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES

Processo: 018.229/2017-4

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Conflito de Competência

Tipo do sorteio: Sorteio por Conflito de Competência

Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES

Processo: 019.515/2017-0

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro BENJAMIN ZYMLER

Processo: 020.098/2017-0

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Impedimento - Arts. 111 e 151, Inciso II do R.I.

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Processo: 020.646/2017-8

Interessado: Procuradoria da República do Município de Volta Redonda/Ministério Público

Federal

Motivo do sorteio: Resolução - TCU nº 280/2016, artigos 8º a 11, 42 e 43

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos de Obras

Relator sorteado: Ministro-substituto AUGUSTO SHERMAN

Processo: 020.785/2017-8

Interessado: Congresso Nacional (vinculador)

Motivo do sorteio: Resolução - TCU nº 280/2016, artigos 8º a 11, 42 e 43

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos de Obras

Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES

Processo: 020.783/2017-5

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Resolução - TCU nº 280/2016, artigos 8º a 11, 42 e 43

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos de Obras

Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES

Processo: 014.479/1996-6

Interessado: Prefeitura Municipal de Campina Grande - PB

Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Processo: 020.378/2017-3

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro VITAL DO RÊGO

Processo: 020.437/2017-0

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Conflito de Competência

Tipo do sorteio: Sorteio por Conflito de Competência

Relator sorteado: Ministro VITAL DO RÊGO

Processo: 020.916/2017-5

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Resolução - TCU nº 280/2016, artigos 8º a 11, 42 e 43

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos de Obras

Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Recurso: 008.298/2008-9/R001

Recorrente: Helena Maria Abu-Merhy Barroso

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: AROLDO CEDRAZ

Recurso: 025.046/2013-6/R001

Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 025.046/2013-6/R002

Recorrente: Agroleite - Comercial de Alimentos Ltda.

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 025.049/2013-5/R001

Recorrente: Agroleite Comércio Indústria de Laticinios Ltda

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER

Recurso: 025.410/2013-0/R001

Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 025.410/2013-0/R002

Recorrente: Laticínio Grupiara Ltda.

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 025.411/2013-6/R001

Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER

Recurso: 025.411/2013-6/R002

Recorrente: Laticínios da Serra LTDA.

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER

Recurso: 025.416/2013-8/R001

Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 025.417/2013-4/R001

Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 025.417/2013-4/R002

Recorrente: Mila Derivados de Leite Ltda EPP

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 025.424/2013-0/R001

Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER

Recurso: 030.178/2013-4/R001

Recorrente: Carla Maria Martins Ferraz

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Recurso: 017.651/2014-0/R002

Recorrente: José Osmir Bertazzoni

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 028.125/2014-2/R001

Recorrente: Diostenes Jose Alves

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: AROLDO CEDRAZ

Recurso: 001.341/2015-4/R001

Recorrente: Instituto Cultural e Educacional Do Paraguaçu – Incep/ Mabel de Bonis Almeida

Simões

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER

Recurso: 005.297/2015-0/R001

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Recorrente: Dacio Rocha Pereira

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: BRUNO DANTAS

Recurso: 017.295/2015-7/R001

Recorrente: João Dilmar da Silva

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: AUGUSTO NARDES

Recurso: 029.806/2015-1/R001

Recorrente: Nilson Urbano

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 033.721/2015-7/R001

Recorrente: Josefa Neumira de Abrantes Sarmento

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER

Recurso: 033.721/2015-7/R002

Recorrente: Emilia de Rodat Lira

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER

Recurso: 006.046/2016-9/R001

Recorrente: Compacta Engenharia e Servicos Ltda - EPP

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: AUGUSTO NARDES

Recurso: 012.664/2016-2/R002

Recorrente: Eliete da Silva Telles

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER

Recurso: 026.305/2016-0/R001

Recorrente: Carlos Eraldo Calado

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 026.305/2016-0/R002

Recorrente: Amaro Geraldo dos Santos

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 026.305/2016-0/R003

Recorrente: Dora Barbosa da Silva

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Recurso: 026.305/2016-0/R004

Recorrente: Eliete Oliveira Leite

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 005.626/2017-0/R001

Recorrente: Centro de Controle Interno da Aeronáutica

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: AUGUSTO NARDES

COMUNICAÇÕES (v. inteiro teor no Anexo I desta Ata)

Da Presidência:

Apresentação de proposta de realização no dia 10 de agosto, às 15 horas, da reunião técnica entre

os membros da Força Tarefa da Lava Jato, do Ministério Público junto ao TCU e dos Ministros e

Ministros-Substitutos, sugerida e aprovada na sessão reservada de 5 de abril de 2017, pelo Ministro-

Substituto André Luís de Carvalho Os Ministros Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Bruno

Dantas e Vital do Rêgo, os Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de

Carvalho, bem como o Procurador-Geral em exercício Lucas Rocha Furtado usaram da palavra para

discutir a matéria. O Plenário deliberou pela não realização da reunião, tendo em vista que o tema já

está sendo tratado no âmbito do Grupo de Trabalho sobre acordos de leniência, cuja aprovação ocorreu

na sessão ordinária de 12 de julho de 2017. O Ministro-Substituto André Luís de Carvalho registrou

sua posição divergente, nos termos de manifestação constante do anexo I desta ata.

Presença no Plenário dos candidatos aprovados na primeira etapa do concurso público para

provimento do cargo de Auditor Federal de Controle Externo, Área e Especialidade: Controle Externo,

nas orientações Auditoria Governamental e Tecnologia da Informação. O Ministro Walton Alencar

Rodrigues, o Ministro-Substituto André Luís de Carvalho e o Procurador-Geral em exercício Lucas

Rocha Furtado usaram da palavra para parabenizar os candidatos. O Presidente Raimundo Carreiro deu

as boas-vindas aos futuros servidores e pediu que recebessem, de pé, os aplausos do Plenário.

Prorrogação, até 31/12/2017, da cessão dos servidores Adalberto Santos de Vasconcelos à Casa

Civil da Presidência da República, Emerson da Silva Gomes ao Supremo tribunal Federal e Jesse

Andros Pires de Castilho ao Conselho da Justiça Federal.

Prestação de informação ao Plenário sobre os trabalhos de fiscalização e processos em

andamento no Tribunal referentes aos fundos de previdência das empresas estatais, bem como sobre a

adoção das medidas aprovadas na sessão anterior, por ocasião da adoção da medida cautelar adotada

no TC 029.845/2016-5, de relatoria do Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti. Entre essas,

a elaboração do Aviso nº 540-Seses-TCU-Plenário destinado ao Procurador-Geral da República, cuja

cópia encontra-se no anexo I desta ata. O Ministro Walton Alencar Rodrigues usou da palavra para

agradecer as providências adotadas pela Presidência e os esclarecimentos prestados.

Do Ministro Vital do Rêgo:

Apresentação de proposta no sentido de expedir orientação à Segecex para que, por meio da

SecexEstatais, acompanhe a participação do BNDES no processo de venda da Cedae e, caso

identifique indícios de irregularidade, represente ao Tribunal. O Ministro André Luís de Carvalho usou

da palavra para discutir a matéria. Aprovada.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Do Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti:

Apresentação de proposta no sentido de alterar os normativos internos do Tribunal no que se

refere à situação do responsável omisso no dever de prestar contas. O Ministro Bruno Dantas e a

Presidência usaram da palavra para discutir a matéria, que será submetida à deliberação do Plenário na

próxima sessão.

MEDIDA CAUTELAR CONCEDIDA (v. inteiro teor no Anexo II desta Ata)

O Plenário referendou, nos termos do disposto no § 1º do art. 276 do Regimento Interno deste

Tribunal, a concessão da medida cautelar exarada no processo TC-018.163/2017-3, pelo Ministro

Walton Alencar Rodrigues, para que o município de Paço do Lumiar/MA suspenda os procedimentos

relativos à Concorrência Pública 02/2017, destinada à construção de 5 creches/pré-escola.

PROCESSOS APRECIADOS POR RELAÇÃO

O Tribunal Pleno aprovou, por relação, os acórdãos de nºs 1574 a 1597.

PROCESSOS EXCLUÍDOS DE PAUTA

Foram excluídos de pauta, nos termos do artigo 142 do Regimento Interno, os seguintes

processos:

TC-016.928/2017-2, cujo relator é o Ministro Walton Alencar Rodrigues;

TC-001.805/2015-0 e TC-039.947/2012-2, cujo relator é o Ministro Benjamin Zymler;

TC-015.459/2013-6 e TC- TC-034.015/2012-4, cujo relator é o Ministro Augusto Nardes; e

TC-017.741/2017-3, cujo relator é o Ministro Bruno Dantas.

PEDIDOS DE VISTA

Com base no artigo 112 do Regimento Interno, foi adiada a discussão do processo TC-

036.521/2011-6, de relatoria do Ministro Benjamin Zymler, que trata de tomada de contas especial

instaurada pelo Fundo Nacional de Saúde em razão de irregularidades em convênio destinado a

construção de unidade de saúde em Itaipava do Grajaú/MA, em função de pedido de vista formulado

pelo Ministro Bruno Dantas.

Com base no artigo 112 do Regimento Interno, foi adiada a discussão do processo TC-

045.767/2012-2, de relatoria do Ministro Vital do Rêgo, que trata de auditoria na Universidade Federal

do Rio de Janeiro com o objetivo de verificar se a vantagem decorrente da URP foi devidamente

absorvida, em função de pedido de vista formulado pelo Ministro Benjamin Zymler. O Procurador-

Geral em exercício Lucas Rocha Furtado usou da palavra para sugerir adoção de medida cautelar.

Com base no artigo 119 do Regimento Interno, foi suspensa a votação do processo TC-

031.586/2015-5, que trata de auditoria convertida em tomada de contas especial no Departamento de

Controle do Espaço Aéreo da Aeronáutica, referente a termos de parceiras com Oscips, cujo relator é o

Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa, em função de pedido de vista formulado pelo Ministro-

Substituto André Luís de Carvalho. Já votaram o relator e o Ministro-Substituto Augusto Sherman

Cavalcanti, acompanhando o relator. O Procurador-Geral em exercício Lucas Rocha Furtado usou da

palavra para discutir a matéria.

ATO NORMATIVO APROVADO (v. inteiro teor no Anexo III desta Ata)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

TC-017.716/2017-9 – Relator Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao

Ministro Augusto Nardes – Acórdão 1612.

DECISÃO NORMATIVA TCU Nº 160 – “Aprova os coeficientes individuais de participação dos

Estados e do Distrito Federal nos recursos previstos no art. 159, inciso II, da Constituição Federal, para

aplicação no exercício de 2018.”

PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA

Por meio de apreciação unitária, o Plenário examinou os processos listados a seguir e aprovou os

seguintes acórdãos:

MINISTRO AROLDO CEDRAZ

TC-016.060/2017-2 – Acórdão 1598

O Ministro Vital do Rêgo e o Ministro-Substituto André Luís de Carvalho usaram da palavra

para discutir a matéria.

MINISTRO WALTON ALENCAR RODRIGUES

TC-032.363/2013-3 – Acórdão 1599

MINISTRO BENJAMIN ZYMLER

TC-006.614/2013-2 – Acórdão 1600

TC-014.361/2015-9 – Acórdão 1601

MINISTRO BRUNO DANTAS

TC-000.283/2015-0 – Acórdão 1602

MINISTRO VITAL DO RÊGO

TC-008.204/2016-0 – Acórdão 1603

Em atendimento ao disposto no § 1º do art. 270 do Regimento Interno, o Tribunal deliberou

primeiramente sobre a gravidade da infração, para, então, aplicar a sanção de inabilitação para o

exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública. A

proposta do relator foi aprovada por unanimidade.

TC-027.311/2016-3 – Acórdão 1604

MINISTRO-SUBSTITUTO AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI, em substituição ao

MINISTRO AUGUSTO NARDES

TC-017.716/2017-9 – Acórdão 1612

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10

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Nos termos do art. 28, XI, do Regimento Interno, foi computado o voto do Presidente Raimundo

Carreiro.

MINISTRO-SUBSTITUTO AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

TC-001.965/2015-8 – Acórdão 1605

TC-005.868/2014-9 – Acórdão 1606

TC-016.177/2016-9 – Acórdão 1607

TC-016.290/2017-8 – Acórdão 1608

TC-025.760/2016-5 – Acórdão 1609

TC-027.949/2015-0 – Acórdão 1610

TC-029.875/2015-3 – Acórdão 1611

A Presidência, nos termos do art. 107 do Regimento Interno, apresentou manifestação por

escrito, cujo inteiro teor consta no anexo IV desta Ata.

MINISTRO-SUBSTITUTO MARCOS BEMQUERER COSTA

TC-004.632/2015-0 – Acórdão 1613

Em atendimento ao disposto no § 1º do art. 270 do Regimento Interno, o Tribunal deliberou

primeiramente sobre a gravidade da infração, para, então, aplicar a sanção de inabilitação para o

exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública. A

proposta do relator foi aprovada por unanimidade.

ACÓRDÃOS PROFERIDOS

Os acórdãos de nºs 1574 a 1597, apreciados por relação, estão transcritos a seguir. Da mesma

forma, seguem transcritos os acórdãos de nºs 1598 a 1613, apreciados de forma unitária, que constam

também do Anexo IV desta Ata, juntamente com os relatórios e votos em que se fundamentaram.

RELAÇÃO Nº 26/2017 – Plenário

Relator – Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES

ACÓRDÃO Nº 1574/2017 - TCU – Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento nos arts. 143, incisos III e V, “a”, e 250, inciso II, do Regimento

Interno/TCU, em considerar cumpridas as determinações 9.1.1, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.5, 9.1.6 e 9.1.7 do

Acórdão 465/2011-TCU-Plenário; considerar implementadas as recomendações 9.2.1, 9.2.2, 9.2.3,

9.2.5, 9.2.6, 9.2.9 e 9.2.10 do Acórdão 465/2011-TCU-Plenário; considerar em cumprimento a

determinação 9.1.4 do Acórdão 465/2011-TCU- Plenário; considerar não implementadas as

recomendações 9.2.4, 9.2.7 e 9.2.8 do Acórdão 465/2011-TCU-Plenário; e em adotar as seguintes

medidas, de acordo com o parecer emitido pela SeinfraCom.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

1. Processo TC-010.256/2016-4 (MONITORAMENTO)

1.1. Órgão/Entidade: Agência Nacional de Telecomunicações

1.2. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues

1.3. Representante do Ministério Público: não atuou

1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Infraestrutura Hídrica, de Comunicações e de Mineração

(SeinfraCOM).

1.5. Representação legal: Mariana Félix Gonçalves de Mateus e outros, representando Agência

Nacional de Telecomunicações.

1.6. Medidas:

1.6.1. encaminhar cópia desta deliberação à Agência Nacional de Telecomunicações; e

1.6.2. apensar definitivamente os presentes autos ao TC 017.791/2010-3, nos termos do art. 4º,

inciso III, c/c art. 5º, inciso II da Portaria-Segecex 27/2009.

ACÓRDÃO Nº 1575/2017 - TCU – Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, com fundamento

no art. 27 da Lei 8.443/1992, e na forma do art. 218 do Regimento Interno, ACORDAM, por

unanimidade, em dar quitação ao Sr. Luiz Fernando Silva de Magalhães Couto (098.637.967-00), ante

o recolhimento integral da multa que lhe foi imputada por meio do acórdão 2.672/2010-TCU-Plenário,

de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

Valor original da multa: R$ 10.000,00 Data de origem da multa: 6/10/2010

Valor recolhido: R$ 15.495,00 Data do recolhimento: parcelado.

1. Processo TC-022.849/2006-0 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)

1.1. Apensos: 010.987/2004-8 (RELATÓRIO DE MONITORAMENTO); 032.732/2011-2

(MONITORAMENTO); 012.448/2011-7 (RELATÓRIO DE MONITORAMENTO)

1.2. Responsáveis: Alderizio Catarino dos Santos (297.889.867-49); Francisco Alonso Rabelo

Vieira (012.452.357-96); Francisco Caputo (135.441.048-30); Furnas Centrais Elétricas S.a.

(23.274.194/0001-19); José Olavo Viana Leite (252.895.947-87); José Pedro Rodrigues de Oliveira

(003.945.136-49); Luciano Andrade Pinheiro (776.484.395-49); Lucimar Altomar Güttler

(385.252.837-20); Luis Fernando Paroli Santos (903.562.416-53); Luiz Fernando Silva de Magalhães

Couto (098.637.967-00); Luiz Henrique Hamann (302.332.599-53); Luiz Paulo Fernandez Conde

(027.025.097-20); Marco Antônio Fernandes da Costa (000.084.977-45); Márcio Flório (310.819.327-

91); Roberto Mendonça Mansur (276.916.167-91)

1.3. Interessados: Caixa de Assistência dos Funcionários de Furnas e Eletronuclear - Caefe

(03.972.226/0001-42); Furnas Centrais Elétricas S.A. (23.274.194/0001-19)

1.4. Órgão/Entidade: Furnas Centrais Elétricas S.A.

1.5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues

1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira

1.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).

1.8. Representação legal: Theo Francisco Giffoni (150521/OAB-RJ), representando

Sondotecnica Engenharia de Solos S A; Paulo Roberto Gomes e outros, representando Furnas Centrais

Elétricas S.a.; Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (6.546/OAB-DF) e outros, representando Luiz Paulo

Fernandez Conde, Alderizio Catarino dos Santos, José Pedro Rodrigues de Oliveira e Luiz Fernando

Silva de Magalhães Couto; Kayan Reis de Souza e outros, representando Luiz Henrique Hamann.

1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

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12

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

RELAÇÃO Nº 24/2017 – Plenário

Relator – Ministro BENJAMIN ZYMLER

ACÓRDÃO Nº 1576/2017 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento no art. 27 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 218 do Regimento Interno/TCU,

em expedir quitação aos Srs. Paulo Maia de Souza Valente (CPF 524.758.404-04) e Fernando Alves

do Nascimento (CPF: 100.139.385-68), ante o recolhimento das multas que lhe foram imputadas, de

acordo com os pareceres emitidos nos autos:

Quitação relativa aos subitens 9.3 e 9.4 do Acórdão 1.606/2015, proferido pelo Plenário, em

Sessão de 1/7/2015, conforme Ata 25/2015 - Plenário.

Sr. Paulo Maia de Souza Valente:

Valor original da multa: R$ 4.000,00 Data de origem da multa: 1/7/2015

Valor recolhido: R$ 4.476,80 Data do último recolhimento: 25/04/2017

Sr. Fernando Alves do Nascimento:

Valor original da multa: R$ 2.000,00 Data de origem da multa: 1/7/2015

Valor recolhido: R$ 2.237,20 Data do último recolhimento: 03/05/2017

1. Processo TC-010.139/2014-1 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Apensos: 023.151/2015-3 (SOLICITAÇÃO)

1.2. Responsáveis: Fernando Alves do Nascimento (100.139.385-68); Gilberto Gomes da Silva

Junior (050.438.034-60); Paulo Maia de Souza Valente (524.758.404-04)

1.3. Órgão/Entidade: Coordenadoria Estadual do Dnocs Em Alagoas

1.4. Relator: Ministro Benjamin Zymler

1.5. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado

1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Alagoas (SECEX-AL).

1.7. Representação legal: não há.

1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

RELAÇÃO Nº 17/2017 – Plenário

Relator – Ministro AROLDO CEDRAZ

ACÓRDÃO Nº 1577/2017 - TCU - Plenário

Considerando que esta Corte de Contas, por meio do Acórdão 6011/2009 – TCU – 1ª Câmara,

resolveu julgar irregulares as contas do Sr. Moacyr Canizo de Brito Filho, condenando-o em débito e

aplicando-lhe multa;

considerando que neste momento o responsável acima mencionado ingressa com recurso de

revisão (peça 109 dos autos);

considerando que, conforme exposto no exame preliminar efetuado pela Serur, com o qual

concordou o Ministério Público junto a esta Corte, a peça recursal apresentada contra o Acórdão

6011/2009 – TCU – 1ª Câmara não preenche os requisitos específicos exigidos para a admissão de

recurso de revisão, previstos nos incisos do artigo 35 da Lei Orgânica do TCU;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

considerando que o recorrente limita-se, essencialmente, a mostrar o seu inconformismo com as

decisões deste Tribunal, rediscutindo questões já apreciadas, sem contudo apresentar qualquer

documento novo superveniente capaz de afastar as irregularidades que motivaram a reprovação de suas

contas;

considerando que a preliminar de solicitação de arquivamento desta tomada de contas especial

com base nas disposições da INTCU 56/2007 não merece guarida posto que a TCE foi instaurada pelo

liquidante da Ceasa/AM em 10/03/2004 (peça 1, p. 5) e encaminhada a este Tribunal em 12/5/2005

(peça 7, p. 25), em conformidade com a IN-TCU 13/1996 e a DN-TCU 64/2004, que vigiam à época;

considerando, ainda, que o valor original da TCE apurado pelo instaurador era de R$ 236.023,16

(peça 1, p. 4), o que determinava o seu encaminhamento ao TCU, e que o desmembramento desse

valor, por exercício e em diferentes processos, ocorreu somente quando a TCE já estava em instrução

neste Tribunal, consoante despacho do Relator original dos autos (peça 12, p. 35-36).

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, com

fundamento nos artigos 35 da Lei 8.443/92; 143, inciso IV, alínea “b” e § 3º, e 278, § 2º, do Regimento

Interno, em não conhecer do recurso de revisão interposto pelo Sr. Moacyr Canizo de Brito Filho, sem

prejuízo da determinação abaixo transcrita:

1. Processo TC-008.197/2005-1 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)

1.1. Apensos: 011.484/2014-4 (COBRANÇA EXECUTIVA); 011.485/2014-0 (COBRANÇA

EXECUTIVA); 011.483/2014-8 (COBRANÇA EXECUTIVA); 011.486/2014-7 (COBRANÇA

EXECUTIVA); 011.482/2014-1 (COBRANÇA EXECUTIVA); 011.488/2014-0 (COBRANÇA

EXECUTIVA)

1.2. Recorrente: Moacyr Canizo de Brito Filho (385.226.162-72)

1.3. Órgão/Entidade: Central de Abastecimento do Amazonas S.A. - Mapa (em Liquidação)

1.4. Relator: Ministro Aroldo Cedraz

1.5. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico

1.6. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Weder de Oliveira

1.7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no

Estado do Amazonas (SECEX-AM).

1.8. Representação legal: Diogo de Mendonça Melim (35188/OAB-DF) e outros, representando

Moacyr Canizo de Brito Filho.

1.9. determinar seja comunicado aos interessados o teor da presente deliberação, juntamente

com a reprodução do exame de admissibilidade efetuado pela Secretaria de Recursos.

ACÓRDÃO Nº 1578/2017 - TCU – Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso V, alínea “e”, e 183, inciso I, alínea d, do

Regimento Interno/TCU, em prorrogar até 17/1/2018 o prazo para a conclusão da determinação

constante do item “a” do Acórdão nº 1.570/2016 – Plenário, haja vista a razoabilidade do pedido em

face da complexidade dos estudos demandados pelo citado acórdão e as medidas em curso para o

atendimento das determinações, tendo em conta a alegação do solicitante que “apresenta cronograma

atualizado das etapas necessárias ao atendimento do Acórdão e requer 6 (seis) meses para a

conclusão dos trabalhos”.

1. Processo TC-012.235/2009-3 (RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO)

1.1. Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

1.2. Relator: Ministro Aroldo Cedraz

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14

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

1.3. Representante do Ministério Público: não atuou

1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação

Civil (SeinfraRod).

1.5. Representação legal: não há.

1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 1579/2017 - TCU – Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, de acordo com os pareceres emitidos nos autos com fundamento nos arts. 143, inciso V,

alínea “a”, 169, inciso III, e 250, inciso I, do Regimento Interno/TCU, em considerar atendidas as

determinações do subitem 9.5 do acórdão 540/2016 – TCU - Plenário e em determinar o arquivamento

do processo a seguir relacionado.

1. Processo TC-001.189/2014-0 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Interessado: Secretaria de Fiscalização de Pessoal.

1.2. Órgão/Entidade: Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.

1.3. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).

1.6. Representação legal: não há.

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 1580/2017 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento no artigo 143, inciso V, alínea “d”, do Regimento Interno, c/c o

enunciado 145 da Súmula de Jurisprudência predominante do Tribunal, em retificar, por inexatidão

material, o Acórdão 1.242/2017 – TCU – Plenário, prolatado na sessão extraordinária de 14/6/2017,

Ata 21/2017, relativamente ao item “3.”, de modo que onde se lê: “Rádio e TV Schappo Ltda. (CNPJ

02.316.740/0001-67)”, leia-se: “Rádio e TV Schappo Ltda. (CNPJ 04.503.353/0001-65)”, mantendo-se

inalterados os demais termos do acórdão ora retificado, de acordo com os pareceres emitidos nos

autos.

1. Processo TC-007.776/2007-6 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Responsável: Hélio Calixto da Costa (047.629.916-00).

1.2. Interessados: Cable-link Operadora de Sinais de TV A Cabo Ltda (02.316.740/0001-67);

Rádio e TV Schappo Ltda (04.503.353/0001-65).

1.3. Órgão/Entidade: Ministério das Comunicações (extinto).

1.4. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.

1.5. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado

1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Infraestrutura Hídrica, de Comunicações e de Mineração

(SeinfraCOM).

1.7. Representação legal: Pedro Ulisses Coelho Teixeira (21264/OAB-DF), representando

Ministério das Comunicações (extinto), Hélio Calixto da Costa e Cable-link Operadora de Sinais de

TV A Cabo Ltda.

1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

ACÓRDÃO Nº 1581/2017 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento nos artigos 143, inciso V, 169, V, do Regimento Interno/TCU; 62, e

65, inciso III, da Resolução TCU 259/2014, em:

a) conhecer da presente Solicitação;

b) encaminhar ao solicitante cópia integral, em mídia digital, do TC-034.902/2015-5;

c) alertar ao solicitante acerca da existência de documentos e informações sigilosas dentre as

peças processuais que serão enviadas, cujo sigilo deve ser por eles mantido, nos termos do art. 25, §2º,

da Lei 12.527/2011 (LAI) e do art. 18, § 2º da Resolução-TCU 254, de 10/04/2013;

d) comunicar que o feito requisitado ainda está em tramitação neste Tribunal, carecendo de

decisão de mérito;

e) arquivar os presentes autos.

1. Processo TC-015.040/2017-8 (SOLICITAÇÃO)

1.1. Solicitante: Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União.

1.2. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.

1.3. Representante do Ministério Público: não atuou.

1.4. Unidade Técnica: Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em Infraestrutura

(SeinfraOpe).

1.5. Representação legal: não há.

1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

RELAÇÃO Nº 27/2017 – Plenário

Relator – Ministro BRUNO DANTAS

ACÓRDÃO Nº 1582/2017 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento

nos arts. 1º, incisos II, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 143, inciso III, do Regimento

Interno/TCU, em prorrogar o prazo pleiteado no Ofício 68/2017/CFORM/Dirco/STN/MF-DF e no

Ofício 51436/2017-MP, de forma a assinalar a data de 7/8/2017 como prazo final para cumprimento do

item 9.1 do Acórdão 746/2017-TCU-Plenário, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-014.650/2016-9 (RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO)

1.1. Apensos: 012.393/2016-9 (REPRESENTAÇÃO)

1.2. Órgão/Entidade: Banco Central do Brasil; Secretaria da Receita Federal do Brasil;

Secretaria de Orçamento Federal - MP; Secretaria do Tesouro Nacional

1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Macroavaliação Governamental (SEMAG).

1.6. Representação legal: não há

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 1583/2017 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento

nos arts. 1º, incisos II, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 143, inciso III, do Regimento

Interno/TCU, em prorrogar por 90 (noventa) dias, a contar de 17/7/2017, o prazo para cumprimento da

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

determinação contida no item 9.1 do Acórdão 803/2017-TCU-Plenário, pleiteada no Ofício

1.037/2017/SE/CC-PR, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-030.228/2016-6 (RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO)

1.1. Órgão/Entidade: Banco Central do Brasil; Secretaria da Receita Federal do Brasil;

Secretaria de Orçamento Federal - MP; Secretaria do Tesouro Nacional; Casa Civil da Presidência da

República.

1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas

1.3. Representante do Ministério Público: não atuou

1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Macroavaliação Governamental (SEMAG).

1.5. Representação legal: não há.

1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 1584/2017 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento

nos arts. 17, inciso IV; 143, inciso III; 235 c/c o art. 237, parágrafo único, e art. 237, todos do

Regimento Interno/TCU, em prorrogar, por mais 30 (trinta) dias, o prazo para cumprimento da

determinação contida no item 9.5 do Acórdão 1.168/2016-TCU- Plenário, salientando que, nos termos

do parágrafo único do art. 183 do RI/TCU, a prorrogação contar-se-á a partir do término do prazo

inicialmente concedido e independerá de notificação da parte, de acordo com os pareceres emitidos

nos autos:

1. Processo TC-011.172/2015-0 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Responsáveis: Ilma Lins de Souza (405.699.502-87); Ivanilson Otero de Macedo

(475.053.032-87)

1.2. Interessados: AFS Empreendimentos e Serviços Eireli - EPP (13.153.640/0001-83);

Secretaria Especial de Saúde Indígena (00.394.544/0029-86)

1.3. Órgão/Entidade: Secretaria Especial de Saúde Indígena

1.4. Relator: Ministro Bruno Dantas

1.5. Representante do Ministério Público: não atuou

1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Amazonas (SECEX-AM).

1.7. Representação legal: Guilherme Marcel Jaquini (4.953 OAB/RO), representando Ilma Lins

de Souza

1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

RELAÇÃO Nº 21/2017 – Plenário

Relator – Ministro VITAL DO RÊGO

ACÓRDÃO Nº 1585/2017 - TCU – Plenário

Trata-se de embargos de declaração opostos por Jose Francisco Marques Ribeiro, por meio de

sua representante legal (peça 165), em face do Acórdão 368/2016-TCU-Plenário, mediante o qual este

TCU conheceu do recurso de revisão interposto pelo ora embargante, para, no mérito, dar-lhe

provimento parcial (peça 108).

Considerando que o Tribunal, por meio do Acórdão 368/2016-TCU-Plenário, tornou

insubsistente o subitem 9.2 dos Acórdãos 1.782/2012 e 6.448/2014, ambos da 2ª Câmara, afastando a

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17

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

existência de dano ao erário na execução do Convênio 2.753/2001, celebrado entre o município de

Itajubá/MG e o Ministério da Saúde para aquisição de Unidade Móvel de Saúde;

Considerando, contudo, que outras irregularidades tratadas nos presentes autos não foram

afastadas nos julgados anteriores, referentes a atos praticados nos processos licitatórios que não

ensejaram dano ao erário, mas justificaram a manutenção da multa aplicada ao então gestor da

prefeitura;

Considerando que, havendo outras irregularidades em processos de tomadas de contas, o

Tribunal deve julgar as contas dos gestores pela irregularidade, independente da gravidade da conduta

dos responsáveis ou da dosimetria da pena aplicada (multas de baixo valor), a teor do art. 202, § 6º, do

RITCU;

Considerando que esta Corte de Contas, ao julgar irregulares as contas de responsáveis, não

emite juízo de valor acerca das condições de elegibilidade das pessoas afetadas pela deliberação, visto

ser essa uma competência privativa da justiça eleitoral;

Considerando que os embargos de declaração devem ser opostos no prazo de dez dias contados

da ciência da deliberação recorrida, conforme determina o art. 287, § 1º, c/c o art. 183, ambos do

Regimento Interno deste TCU;

Considerando que o responsável foi notificado, por intermédio de sua procuradora, por meio dos

Ofícios 0746 e 0747/2016-TCU/SECEX-MG (peças 123 e 124), em 19/4/2016, conforme Avisos de

Recebimento acostados aos autos às peças 136 e 137;

Considerando que a data limite para oposição dos embargos se encerraria em 29/4/2016, nos

termos regimentais;

Considerando que os presentes embargos somente foram opostos em 7/7/2017 (peça 165), ou

seja, após expirado o prazo regimental, sendo manifestamente intempestivos;

Considerando, portanto, que o prazo para interposição dos embargos transcorreu sem que o

responsável tenha apresentado os argumentos trazidos nessa oportunidade referentes à obscuridade na

deliberação, e que não cabe mais rediscussão da matéria pela intempestividade do pedido;

Considerando que a multa aplicada já foi quitada pelo responsável, conforme

Acórdão 9.458/2016-TCU-2ª Câmara (peça 151), no entanto, não cabe a aplicação do § 4º do art. 202

do RITCU ao presente caso, pois as contas foram julgadas pela irregularidade;

Considerando que a referência à Operação Sanguessuga utilizada no presente processo decorre

tão somente do fato de a presente tomada de contas especial ter sido encaminhada pelo Departamento

Nacional de Auditoria do SUS – Denasus e pela Controladoria-Geral da União – CGU, juntamente

com centenas de outros processos de prestações de contas que foram reanalisados, após a Polícia

Federal identificar, no âmbito da mencionada operação, graves irregularidades nos convênios

celebrados para aquisição de Unidades Móveis de Saúde – UMS;

Considerando que, nos presentes autos, não foram caracterizados indícios de conluio ou

envolvimento do recorrente em ilícitos praticados por empresas que tenham sido investigadas ou

condenadas na Operação Sanguessuga.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ACORDAM,

com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 143, inciso V, alínea "f" e §

3º, 278 e 287 do Regimento Interno/TCU, em:

a) receber o expediente acostado à peça 163 como mera petição, ante a ausência dos requisitos

fundamentais para a admissão como recurso;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

b) não conhecer dos embargos de declaração acostados à peça 165, eis que intempestivos;

c) esclarecer ao embargante que a exclusão do débito determinada pelo subitem 9.2 dos

Acórdãos 1.782/2012 e 6.448/2014, ambos da 2ª Câmara, não reforma o subitem 9.1 do Acórdão

1.782/2012-TCU-2ª Câmara, o que motivou o julgamento pela irregularidade das contas do Sr. Jose

Francisco Marques Ribeiro, com a aplicação da multa de R$ 2 mil (já quitada) decorrente de outras

irregularidades que não ensejaram a ocorrência de débito, razão pela qual não pode ser aplicado o

previsto no § 4º do art. 202 do RITCU no presente caso;

d) dar ciência desta deliberação ao embargante.

1. Processo TC-020.439/2009-8 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)

1.1. Responsáveis: Jose Francisco Marques Ribeiro (165.982.026-04); Lealmaq Leal Maquinas

Ltda. (25.181.298/0001-04).

1.2. Recorrente: Jose Francisco Marques Ribeiro (165.982.026-04).

1.3. Órgão: Prefeitura Municipal de Itajubá – MG.

1.4. Relator: Ministro Vital do Rêgo.

1.5. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.

1.6. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo.

1.7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no

Estado de Minas Gerais (Secex-MG).

1.8. Representação legal: Erika Rodrigues Carvalho Vasconcelos (OAB/DF 18.027) e outros.

1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 1586/2017 - TCU – Plenário

Trata-se de recursos de reconsideração interpostos por Jussara Pereira Porcino, Paulo Pereira de

Sousa e Djaci Farias Brasileiro, em face dos itens 9.2, 9.3, 9.6 e 9.7 do Acórdão 1.243/2016-TCU-

Plenário, por meio do qual esta Corte de Contas julgou irregulares suas contas, imputando-lhes débito

e multa, bem como os inabilitou, pelo período de oito anos, para o exercício de cargo em comissão ou

função de confiança no âmbito da Administração Pública (peça 50).

Considerando que, regularmente notificados, em 9/8/2016 e 11/8/2016 (peças 86 e 89), da

deliberação recorrida (Acórdão 1.243/2016-TCU-Plenário), os responsáveis Jussara Pereira Porcino e

Paulo Pereira de Sousa somente compareceram aos autos em 1º/9/2016, oportunidade em que

protocolizaram seu recurso de reconsideração (peça 93);

Considerando que o prazo para a interposição desse recurso é de 15 (quinze) dias, nos termos do

art. 285 do Regimento Interno do TCU;

Considerando que “a data de início do prazo é contada a partir do primeiro dia em que houver

expediente no Tribunal”, nos termos do art. 19, § 3º, da Resolução-TCU 170/2004, os termos a quo

para análise das tempestividades foram os dias 10/8/2016 e 12/8/2016, sendo certo que os termos finais

para sua interposição se deram nos dias 24/8/2016 e 26/8/2016;

Considerando que argumento novo ou tese jurídica nova não podem ser considerados fatos

novos, vez que não representam documentos ou acontecimentos cujo conhecimento se daria

posteriormente à decisão recorrida;

Considerando que os referidos recorrentes não trazem aos autos quaisquer documentos que

demonstrem a superveniência de fatos novos, razão pela qual as intempestividades constatadas não

podem ser afastadas, a teor do art. 285, § 2º, do Regimento Interno/TCU;

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 32, inciso I e parágrafo único, e 33 da

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Lei 8.443/1992, e nos arts. 143, inciso IV, alínea "b" e § 3º, 277, inciso I, e 285, caput e § 2º, do

Regimento Interno do TCU, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, em:

a) conhecer do recurso de reconsideração interposto por Djaci Farias Brasileiro (peça 85),

suspendendo-se, para o recorrente e demais responsáveis com ele condenados em solidariedade, os

efeitos dos itens 9.2, 9.3, 9.6 e 9.7 do Acórdão 1.243/2016-TCU-Plenário;

b) não conhecer do recurso de reconsideração interposto por Jussara Pereira Porcino e Paulo

Pereira de Sousa (peça 93), por restar intempestivo e não apresentar fatos novos;

c) comunicar aos órgãos/entidades eventualmente cientificados do acórdão recorrido acerca do

efeito suspensivo concedido em face do recurso manejado por Djaci Farias Brasileiro;

d) encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada da instrução da unidade técnica, aos

recorrentes; e

e) encaminhar os autos à Serur para análise de mérito do recurso interposto por Djaci Farias

Brasileiro após a adoção da medida especificada na alínea “c” supra.

1. Processo TC-027.716/2014-7 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)

1.1. Apensos: 004.887/2011-5 (Representação).

1.2. Responsáveis: América Construções e Serviços Ltda (05.492.161/0001-63); Antonio

Porcino Sobrinho (084.278.101-30); Construtora Mavil Ltda. (04.925.612/0001-46); Djaci Farias

Brasileiro (078.677.864-49); Elias da Mota Lopes (034.232.317-26); Jussara Pereira Porcino

(032.225.234-28); Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04); Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa

(488.768.364-20); Paulo Pereira de Sousa (020.745.484-19).

1.3. Recorrentes: Djaci Farias Brasileiro (078.677.864-49); Jussara Pereira Porcino

(032.225.234-28); Paulo Pereira de Sousa (020.745.484-19).

1.4. Órgão: Prefeitura Municipal de Itaporanga – PB.

1.5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.

1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.

1.7. Relator da deliberação recorrida: Ministro Bruno Dantas.

1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no

Estado da Paraíba (Secex-PB).

1.9. Representação legal: Anderson Souto Maciel da Costa (OAB/PB 18.613); John Johnson

Gonçalves Dantas de Abrantes (OAB/PB 1.663); Michel de Almeida Porcino e outros.

1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 1587/2017 - TCU – Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento

nos arts. 143, inciso V, alínea “a”, e 243 do Regimento Interno/TCU, de acordo com o parecer emitido

nos autos, em:

a) considerar atendidas as determinações constantes dos itens 9.2 a 9.6 do Acórdão 2.956/2012-

TCU-Plenário e, em consequência, concluído o presente monitoramento;

b) encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada da instrução da unidade técnica, ao

Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, com fundamento no art. 169, § 1º, do

Regimento Interno/TCU;

c) apensar definitivamente os presentes autos ao TC 018.154/2012-3, nos termos do art. 169, §

2º, do Regimento Interno/TCU.

1. Processo TC-034.295/2014-3 (MONITORAMENTO)

1.1. Interessada: Secretaria de Controle Externo no Paraná (00.414.697/0013-51).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

1.2. Entidade: Hospital de Clínicas da UFPR.

1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Paraná (Secex-PR).

1.6. Representação legal: não há.

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 1588/2017 - TCU – Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento

nos arts. 143, inciso V, alínea “e”, e 183, parágrafo único, do Regimento Interno/TCU, em prorrogar,

por mais 60 (sessenta) dias, o prazo para atendimento à audiência indicada no item 9.4 do Acórdão

630/2017-TCU-Plenário.

1. Processo TC-012.230/2016-2 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)

1.1. Apensos: 005.521/2017-3 (Solicitação).

1.2. Responsáveis: Adilson Florencio da Costa (359.351.621-72); Alexej Predtechensky

(001.342.968-00); André Luis Carvalho da Motta e Silva (993.006.567-91); Antonio Carlos Conquista

(010.852.708-58); BNY Mellon Serviços Financeiros Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários

S/A (02.201.501/0001-61); Ernani de Souza Coelho (404.247.317-20); Guilherme Campos Junior

(048.890.978-30); José Carlos Rodrigues Sousa (184.722.491-15); José Roberto Ferreira

(382.925.136-04); João Carlos Penna Esteves (453.536.546-68); Julio Vicente Lopes (058.304.868-

49); Marcos Antonio da Silva Costa (411.927.537-04); Monica Christina Caldeira Nunes

(313.855.241-20); Reginaldo Chaves de Alcântara (307.353.514-49); Ricardo Oliveira Azevedo

(471.567.401-72); Rogério Ferreira Ubine (138.567.678-78); Tania Regina Teixeira Munari

(589.767.879-00).

1.3. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; Superintendência Nacional

de Previdência Complementar.

1.4. Relator: Ministro Vital do Rêgo.

1.5. Representante do Ministério Público: não atuou.

1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da

Assistência Social (SecexPrevidência).

1.7. Representação legal: Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (OAB/DF 6.546); Jose Caubi Diniz

Junior (OAB/DF 29.170); Pedro Henrique Costódio Rodrigues (OAB/DF 35.228); Fernando José

Gonçalves Acunha (OAB/DF 21.184); Fabiano de Castro Robalinho Cavalcanti (OAB/RJ 95.237);

Eluziene Lacerda Lima (OAB/DF 21.491) e outros.

1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 1589/2017 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento

no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 17, § 1º, 143, inciso III, 235, 237, inciso VII e

parágrafo único, e 276, todos do Regimento Interno/TCU, e art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, de

acordo com o parecer emitido nos autos, em:

a) conhecer da presente representação, eis que satisfeitos os requisitos de admissibilidade

previstos no RITCU, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;

b) indeferir o requerimento de medida cautelar formulado pela Construtora Brum Ltda. EPP,

tendo em vista a inexistência dos pressupostos necessários para sua concessão;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

c) dar ciência ao Ministério das Cidades, à Caixa Econômica Federal e ao Município de Santana

do Manhuaçu, celebrantes do contrato de repasse em tela, sobre as seguintes impropriedades/falhas,

para que sejam adotadas medidas internas com vistas à prevenção de ocorrência de irregularidades

semelhantes:

c.1) as microempresas e as empresas de pequeno porte somente devem ser liberadas da

apresentação do balanço patrimonial do último exercício se o certame envolver fornecimento de bens

para pronta entrega, conforme previsto no art. 3º do Decreto 8.538/2015;

c.2) a exigência de atestado de visita técnica, especialmente se fixada em data e horário únicos,

contraria os arts. 3º, §1º, e 30, inciso III, da Lei 8.666/1993;

c.3) a insuficiência de publicidade afronta ao disposto no art. 37, caput, da CF/88;

d) encaminhar cópia desta decisão, acompanhada da instrução da unidade técnica, à

representante, ao Ministério das Cidades, à Caixa Econômica Federal e ao Município de Santana do

Manhuaçu;

e) arquivar os presentes autos, com fundamento no art. 250, inciso I, do RITCU.

1. Processo TC-011.967/2017-0 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Órgão: Prefeitura Municipal de Santana do Manhuaçu/MG.

1.2. Relator: Ministro Vital do Rêgo.

1.3. Representante do Ministério Público: não atuou.

1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).

1.5. Representação legal: não há.

1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

RELAÇÃO Nº 24/2017 – Plenário

Relator – Ministro-Substituto AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

ACÓRDÃO Nº 1590/2017 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por

unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, “d”, do Regimento Interno, c/c a Súmula 145 da

Jurisprudência no Tribunal de Contas da União, em corrigir, por erro material, o item 9.2 do Acórdão

1.356/2008-TCU-Plenário, Sessão de 16/7/2008, Ata nº 28/2008, mediante apostila, sem a devolução

de prazo à parte, por não se tratar de alteração capaz de agravar a situação jurídica do responsável, nos

seguintes termos:

Onde se lê: “9.2. (...) com os encargos legais a partir de 29/2/1995, até a data do efetivo

recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor”

Leia-se: “9.2. (...) com os encargos legais a partir de 29/12/1995, até a data do efetivo

recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor”

1. Processo TC-000.779/2002-5 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)

1.1. Responsáveis: Governo do Estado de Minas Gerais (18.715.615/0001-60); José Rafael

Guerra Pínto Coelho (008.816.516-72); Wilmar de Oliveira Filho (484.557.096-34)

1.2. Órgão/Entidade: Entidades/órgãos do Governo do Estado de Minas Gerais

1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti

1.4. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais (SECEX-

MG).

1.6. Representação legal: Denize Aparecida Silva, representando Wilmar de Oliveira Filho (peça

50).

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 1591/2017 - TCU - Plenário

Considerando que o recurso de revisão, conforme estatuído no art. 35, incisos I, II e III, da

Lei nº 8.443/1992, deve ser fundado em erro de cálculo; falsidade ou insuficiência de documentos

em que se tenha fundamentado o acórdão recorrido; e na superveniência de documentos novos

com eficácia sobre a prova produzida;

Considerando, dessa maneira, que o presente recurso não está fundado em nenhuma das

hipóteses descritas no dispositivo supracitado;

Considerando os pareceres uniformes da unidade técnica e do Ministério Público junto ao

TCU pugnando pelo não-conhecimento do presente recurso;

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 35 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c

o art. 288, do Regimento Interno do TCU, de acordo com os pareceres uniformes emitidos nos autos,

em não conhecer do recurso interposto por Davi José de Souza, por não atender aos requisitos

específicos de admissibilidade, dando ciência ao recorrente e aos órgãos/entidades interessados do

inteiro teor desta deliberação.

1. Processo TC-012.964/2011-5 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)

1.1. Apensos: 018.277/2014-4 (COBRANÇA EXECUTIVA)

1.2. Responsáveis: Agência de Desenvolvimento Social do Amazonas (03.626.572/0001-79);

Bruno Queiroz Freitas (224.269.302-68); Davi Jose de Sousa (192.478.772-53); Guilherme Lancini

Bello (010.615.511-30)

1.3. Recorrente: Davi Jose de Sousa (192.478.772-53)

1.4. Órgão/Entidade: Entidades/órgãos do Governo do Estado do Amazonas

1.5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro

Augusto Nardes

1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé

1.7. Relator da deliberacao recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti

1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no

Estado do Amazonas (SECEX-AM).

1.9. Representação legal: Eurismar Matos da Silva (9221/OAB-AM) e outros, representando

Davi Jose de Sousa; Diogo de Mendonça Melim (35188/OAB-DF) e outros, representando Guilherme

Lancini Bello.

1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 1592/2017 - TCU - Plenário

Tratam os autos de acompanhamento sobre o processo de concessão de serviço público dos

segmentos das rodovias BR-364/365/GO/MG, nos trechos da divisa MG/GO até o entroncamento com

a BR-060, em Jataí (BR-364); e do entroncamento com a LMG-749, no contorno oeste de Uberlândia,

até o entroncamento com a BR-364, na divisa MG/GO (BR-365).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Considerando que o Plenário deste Tribunal, por meio do Acórdão 943/2016, que foi

posteriormente integrado pelos fundamentos do voto condutor do Acórdão 1.529/2016 em sede de

embargos de declaração, deliberou sobre o primeiro estágio do processo de concessão dos referidos

trechos rodoviários, avaliando os estudos de viabilidade técnica, econômico-financeira – EVTE e o

plano de outorga apresentados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT em

30/11/2015 e 15/12/2016;

Considerando que por meio do aludido decisum o Tribunal determinou ações corretivas e propôs

melhorias à ANTT e ao Ministério dos Transportes quanto ao primeiro estágio do processo de

concessão dos trechos rodoviários;

Considerando que a agência proferiu a Deliberação ANTT 88/2017, em 26/4/2017, manifestando

que reiniciou o procedimento de desestatização dos referidos segmentos rodoviários, convocando, em

4/5/2017, interessados para audiências públicas realizadas em 22 e 26/5/2017, nas cidades de Jataí/GO

e Uberlândia/MG, em decorrência da reformulação dos estudos referentes à concessão em tela;

Considerando que os estudos já apreciados pelo TCU no presente processo se mostram

superados e, por consequência, que o acompanhamento do primeiro estágio da concessão perdeu seu

objeto;

Considerando, ainda, que a ANTT deverá, após a conclusão desses novos estudos, encaminhá-

los à esta Corte, em cumprimento à Instrução Normativa-TCU 46/2004, e que as determinações e

recomendações feitas à ANTT, por meio do Acórdão 943/2016-Plenário, poderão ser monitoradas no

processo de desestatização que será autuado futuramente quando da remessa desses estudos de

viabilidade;

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, incisos III e V, alínea “a”, e 169, inciso

V, do Regimento Interno do TCU, e em consonância com as manifestações uniformes emitidas nos

autos em arquivar o presente processo em virtude da perda de seu objeto, sem prejuízo das

providências descritas no subitem 1.7 desta deliberação.

1. Processo TC-033.634/2015-7 (DESESTATIZAÇÃO)

1.1. Responsável: Jorge Luiz Macedo Bastos (408.486.207-04)

1.2. Órgão/Entidade: Agência Nacional de Transportes Terrestres

1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro

Augusto Nardes

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação

Civil (SeinfraRod).

1.6. Representação legal: Débora Goelzer Fraga e outros, representando Agência Nacional de

Transportes Terrestres.

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:

1.7.1. Dar ciência desta deliberação, bem como da instrução da unidade técnica (peça 56), à

Agência Nacional de Transportes Terrestres e ao Ministério dos Transportes, ressaltando que

permanecem válidas as determinações e recomendações expedidas por meio do Acórdão 943/2016-

TCU-Plenário.

ACÓRDÃO Nº 1593/2017 - TCU - Plenário

VISTOS e relacionados estes autos de Monitoramento do Acórdão 557/2016-TCU-Plenário,

autuados com espeque no item 9.4 daquela decisão;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Considerando que a realização da “FOC Governança e Gestão das Aquisições – ciclo 2014” deu

origem a um acórdão consolidador (Acórdão 2.328/2015-TCU-Plenário) e a vinte acórdãos de

fiscalizações individuais, entre eles o Acórdão 557/2016-TCU-Plenário, decorrente da auditoria

realizada no Ministério do Desenvolvimento Social (MDS);

Considerando que a fiscalização em questão consistiu em verificar, por meio da avaliação de

controles internos, as práticas de governança e de gestão das aquisições, a fim de evidenciar que

controles com deficiências não contribuem para mitigar os riscos de desconformidades/ineficiência nas

contratações;

Considerando as informações prestadas pelo MDS e a análise efetuada pelo Selog sobre o plano

de ação encaminhado pela organização (peças 10 e 12);

Considerando a opção pela realização em momento futuro do monitoramento das deliberações

constantes do item 9.1 e subitens do Acórdão 557/2016-TCU-Plenário, tendo em vista a complexidade

envolvida na respectiva implementação;

Considerando que, no tocante ao item 9.2.5 do Acórdão 557/2016-TCU-Plenário, o MDS

encaminhou Plano de Trabalho da nova contratação, tomando por base quantitativos de material do

contrato anterior - Contrato 186/2010 - e os índices de produtividade padrão da IN 02/2008-SLTI/MP,

sem, contudo, avaliar as respectivas adequabilidades;

Considerando, portanto, que o item 9.2.5 do Acórdão 557/2016-TCU-Plenário é passível de

cumprimento por parte do MDS no âmbito da contratação que suceder o Contrato 186/2010;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, por

unanimidade, em:

a) considerar cumpridas as determinações constantes dos itens 9.2.7 a 9.2.9 do Acórdão

557/2016-TCU-Plenário;

b) considerar não cumprida a determinação constante do item 9.2.5 do Acórdão 557/2016-TCU-

Plenário;

c) considerar em cumprimento as determinações constantes dos itens 9.2.1 a 9.2.4 do Acórdão

557/2016-TCU-Plenário;

d) aprovar, com base no cap. 3, item 34 e no cap. 1, item 10, ambos dos Padrões de

Monitoramento do TCU, o Plano de Monitoramento constante do Anexo I da instrução da peça 15

destes autos, bem como autorizar a realização de duas reuniões de acompanhamento com as cinco

unidades jurisdicionadas auditadas pela Selog na FOC Governança e Gestão das Aquisições – Ciclo

2014;

e) apensar os presentes autos aos autos do processo que vier a ser aberto para monitorar, em

conjunto, as sete organizações fiscalizadas pela Selog no âmbito das FOC´s 2014 (TC 017.599/2014-8)

e 2015 (TC 020.145/2015-2), com base no art. 35 da Resolução TCU 259/2014; e

f) juntar cópia do que vier a ser decidido ao TC 017.637/2014-7.

1. Processo TC-016.183/2016-9 (MONITORAMENTO)

1.1. Órgão/Entidade: Ministério do Desenvolvimento Social.

1.2. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

1.3. Representante do Ministério Público: não atuou.

1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).

1.5. Representação legal: não há.

1.6. Determinações/Recomendações/Orientações:

1.6.1. Determinar ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) que apresente, no prazo de

trinta dias, plano de ação contendo os procedimentos e os prazos para cumprimento do item 9.2.5 e

subitens do Acórdão 557/2016-TCU-Plenário.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

ACÓRDÃO Nº 1594/2017 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, incisos III e V, alínea “a”; 235 e 237,

VII, do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art. 113, §1º, da Lei 8.666/1993 e no art. 103, § 1º, da

Resolução – TCU 259/2014, em conhecer da presente Representação, para, no mérito, considerá-la

parcialmente procedente; indeferir o pedido de concessão de medida cautelar formulado pela

Representante (peça 1, p. 19, item V (i)) tendo em vista a inexistência dos elementos necessários para

sua adoção; indeferir o pedido formulado pela representante (peça 1, p. 19, item V (ii)), em razão da

inexistência dos pressupostos necessários para sua adoção; e encaminhar cópia desta deliberação e da

instrução de peça 5 a Fundação Nacional de Saúde e ao Representante, Multi Soluções em Informática

Ltda. (CNPJ 08.454.128/0001-37), promovendo, em seguida, o arquivamento dos autos, nos termos

propostos pela unidade técnica (peça 5).

1. Processo TC-018.173/2017-9 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Órgão/Entidade: Fundação Nacional de Saúde

1.2. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro

Augusto Nardes

1.3. Representante do Ministério Público: não atuou

1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).

1.5. Representação legal: não há.

1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 1595/2017 - TCU - Plenário

Cuidam os autos de representação da empresa ECO Engenharia Ltda. - EPP a respeito de

suposta irregularidade cometida pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Kaiapó do Pará (DSEI

Kaiapó do Pará) na condução da Tomada de Preços 03/2017, destinada à “contratação de empresa

especializada na execução de obra de engenharia de implantação de sistema de abastecimento e

tratamento de água na aldeia GOROTIRE, localizada no município de Cumaru do Norte” (edital de

peça 1, p. 9-120).

Considerando que o TCU firmou por meio do acórdão 8071/2010-TCU-Primeira Câmara,

relatado pelo ministro-substituto Weder de Oliveira, o entendimento de que “incumbir o TCU da

análise dos atos administrativos praticados num processo licitatório, nos quais não se sobressaia o

interesse público tem, na prática, o efeito de transformá- lo em nova instância recursal dos certames

instaurados nos diversos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, o que não encontra

respaldo no direito pátrio”

Considerando que a inexistência de indício concreto da irregularidade apontada na inicial,

consoante assevera a instrução técnica (peça 6);

Considerando que tal fato, por si só, inviabiliza o conhecimento da peça como Representação, a

teor do disposto no art. 235, parágrafo único, do Regimento Interno do TCU;

Considerando que com base tanto em sua jurisprudência consolidada quanto na nova redação de

seu regimento, passou o Tribunal a afastar de sua competência representações cuja finalidade não seja

a defesa do interesse público, mas sim a de interesses particulares;

Considerando a constatação feita pela unidade técnica de que representação não preenche os

requisitos de admissibilidade constantes no art. 235 do Regimento Interno do TCU, haja vista a

matéria não ser de competência do Tribunal;

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26

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 1º, inciso II; da Lei nº 8.443, de 16 de julho de

1992, c/c os arts. 143, incisos III e V, alínea “a”; 235 e 237, do Regimento Interno do TCU, em não

conhecer não conhecer da presente representação por não atender os requisitos de admissibilidade

previstos, indeferir o requerimento de medida cautelar, inaudita altera pars, formulado pela

representante, tendo em vista a inexistência dos pressupostos necessários para a adoção da medida, e

em determinar seu arquivamento, após o envio de cópia desta deliberação à representante e ao Distrito

Sanitário Especial Indígena Kaiapó do Pará (DSEI Kaiapó do Pará).

1. Processo TC-018.604/2017-0 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Interessado: Eco Engenharia Ltda - Epp (16.993.292/0001-40)

1.2. Órgão/Entidade: Secretaria Especial de Saúde Indígena

1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro

Augusto Nardes

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Pará (SECEX-PA).

1.6. Representação legal: Anderson Francisco Matos Besteiro (OAB/PA 21518)

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

RELAÇÃO Nº 23/2017 – Plenário

Relator – Ministro-Substituto ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

ACÓRDÃO Nº 1596/2017 - TCU - Plenário

1. Processo nº TC-001.922/2009-5 (Recurso de Reconsideração em Tomada de Contas Especial)

2. Recorrentes: Fernando Passos Cupertino de Barros (CPF 195.630.601-30) e Cairo Alberto de

Freitas (CPF 216.542.981-15)

3. Unidade: Secretaria de Estado de Saúde/GO

4. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho, em substituição ao Ministro José Múcio

Monteiro

5. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira

6. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti

7. Unidades Técnicas: Serur e Secex/GO

8. Advogados constituídos nos autos: Márcio Pacheco Magalhães (5.795/OAB-GO) e outros

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam, nesta fase, de recursos de reconsideração

apresentados por Fernando Passos Cupertino de Barros (peça 80) e por Cairo Alberto de Freitas (peça

112) em face do Acórdão 1.025/2015 – Plenário, modificado pelo Acórdão 815/2017 – Plenário, que

apreciou embargos de declaração opostos à decisão anterior.

Considerando que o acórdão que julgou os embargos de declaração conferiu efeitos infringentes

à decisão original, uma vez que tornou insubsistente a deliberação contida no item 9.4, de modo que o

prazo de quinze dias para a interposição do recurso iniciou-se com a notificação do Acórdão 815/2017

– Plenário, de acordo com o § 7º do artigo 287 do Regimento Interno/TCU;

Considerando que o responsável Fernando Passos Cupertino de Barros foi notificado do Acórdão

815/2017 – Plenário em 15/5/2017;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Considerando que “a data de início do prazo é contada a partir do primeiro dia em que houver

expediente no Tribunal”, nos termos do art. 19, § 3º, da Resolução/TCU 170/2004, de modo que o

termo a quo para análise da tempestividade foi o dia 16/5/2017;

Considerando que o termo final para a interposição de recurso de reconsideração pelo Fernando

Passos Cupertino de Barros foi o dia 30/5/2017;

Considerando que o recurso do referido responsável foi protocolizado no Tribunal em 8/6/2015;

Considerando que tanto a Serur como o Ministério Público opinam pelo não conhecimento do

recurso de Fernando Passos Cupertino de Barros devido à sua intempestividade;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 33 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 285 do

Regimento Interno do TCU, em não conhecer do recurso de reconsideração interposto por Fernando

Passos Cupertino de Barros, dando-se ciência desta deliberação ao recorrente, e conhecer do recurso

interposto por Cairo Alberto de Freitas, restituindo-se o presente processo à Serur para instrução e

demais providências cabíveis para, em seguida, encaminhá-lo ao Ministério Público, com vistas ao seu

pronunciamento.

ACÓRDÃO Nº 1597/2017 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, quanto ao

processo a seguir relacionado, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 143,

inciso III; e 237, parágrafo único, do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em conhecer da

representação, para no mérito considerá-la improcedente, indeferindo, por conseguinte, o pedido de

medida cautelar formulado, arquivando-a e dando-se ciência à representante e à Caixa Econômica

Federal, com o envio de cópia da respectiva instrução, conforme os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-018.220/2017-7 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Representante: Schneider Electric IT Brasil Indústria e Comércio de Equipamentos

Eletrônicos Ltda. (CNPJ 07.108.509/0002-82)

1.2. Unidade: Caixa Econômica Federal

1.3. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho, em substituição ao Ministro José

Múcio Monteiro

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo das Aquisições Logísticas (Selog)

1.6. Representação legal: Maurício Zockun (OAB/SP 156.594)

1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há

ACÓRDÃO Nº 1598/2017 – TCU – Plenário

1. Processo TC 016.060/2017-2.

2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Desestatização

3. Interessados/Responsáveis: não há.

4. Órgãos/Entidades: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Ministério de Minas e

Energia (MME).

5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Infraestrutura de Energia Elétrica (SeinfraElétrica).

8. Representação legal: Ingrid Palma Araújo, representando o Ministério de Minas e Energia.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de desestatização, que tratam do primeiro estágio,

nos termos da IN TCU 27/1998, do Leilão Aneel 1/2017, referente à licitação para a outorga de quatro

usinas hidroelétricas em operação no país, com base no art. 8° da Lei 12.783/2013, com a redação dada

pela Lei 13.203/2015;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante

das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar, com fundamento no art. 258, inciso II, do Regimento Interno do TCU c/c art. 7º,

inciso I, da IN TCU 27/1998, que:

9.1.1. sob o ponto de vista formal, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atendeu aos

requisitos previstos na IN TCU 27/1998 para o Leilão Aneel 1/2017, com exceção do art. 8º, parágrafo

único, desse normativo, uma vez que não foi submetida tempestivamente a esta Corte de Contas toda a

documentação prevista;

9.1.2. não foram detectadas inconformidades que pudessem comprometer a continuidade do

Leilão Aneel 1/2017, devendo ser observadas, entretanto, as condicionantes adiante impostas ao Poder

Concedente nos subitens 9.2.1 e 9.2.2;

9.2. com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar ao

Ministério de Minas e Energia, na qualidade de Poder Concedente, em conjunto com o Conselho

Nacional de Política Energética, que:

9.2.1. antes da publicação do Edital do Leilão Aneel 1/2017, refaça o cálculo do custo médio

ponderado de capital (WACC) utilizado, adotando premissas e parâmetros compatíveis com a

modelagem de usinas existentes, operantes e amortizadas, uma vez que não estão presentes riscos de

negócio relevantes, tais como riscos de construção e risco ambiental, que ocorrem em

empreendimentos que preveem a construção de novas usinas hidrelétricas;

9.2.2. até a data de julgamento das propostas do Leilão Aneel 1/2017, complemente o estudo

apresentado com relação ao Edital do Leilão Aneel 1/2017, incluindo:

9.2.2.1. os impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazos resultantes da

licitação para o consumidor de energia elétrica dos mercados cativo e livre, bem como para a

sustentabilidade do setor elétrico, considerando o critério de julgamento da licitação escolhido e os

respectivos parâmetros técnicos e econômicos do leilão, incluindo o valor de outorga definido;

9.2.2.2. o efeito agregado dos impactos econômicos e financeiros para os consumidores dos

mercados cativo e livre, advindos da combinação dos efeitos produzidos pela adoção do critério de

julgamento escolhido para o leilão com os efeitos derivados de outras decisões e políticas setoriais de

impacto;

9.2.3. reavalie, após a análise das contribuições recebidas na Audiência Pública Aneel 26/2017 e

das considerações a serem apresentadas por potenciais investidores interessados junto ao roadshow do

Leilão Aneel 1/2017, programado para ocorrer depois da publicação do respectivo edital, se persiste a

conveniência de manter a exigência do pagamento integral à vista do Valor de Bonificação pela

Outorga no ato de assinatura do contrato de concessão desse leilão, tendo em vista o risco já suscitado

de tais condições diminuírem a quantidade de ofertantes no certame, devendo ser devidamente

motivada, sob pena de responsabilização da autoridade competente, eventual manutenção da referida

exigência em seus atuais termos;

9.2.4. nas próximas licitações de concessão envolvendo usinas geradoras de energia elétrica

existentes e em operação, a modelagem técnica, econômica e financeira do leilão seja precedida das

seguintes avaliações:

9.2.4.1. impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazos resultantes da licitação

para o consumidor de energia elétrica dos mercados cativo e livre, bem como para a sustentabilidade

Page 29: ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 - tcu.gov.br · ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

do setor elétrico, nos diferentes cenários de critério de julgamento da licitação previstos em lei e de

seus respectivos parâmetros técnicos e econômicos de leilão, incluindo o valor de outorga;

9.2.4.2. efeito agregado dos impactos econômicos e financeiros para os consumidores dos

mercados cativo e livre, advindos da combinação dos efeitos produzidos pela adoção do critério de

julgamento escolhido para o leilão com os efeitos derivados de outras decisões e políticas setoriais de

impacto;

9.3. com fundamento no art. 250, inciso III, do RI/TCU, recomendar:

9.3.1. ao Conselho Nacional de Política Energética que realize, nos próximos leilões envolvendo

empreendimentos hidrelétricos incluídos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), consulta

pública sobre os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental (EVTEA) da concessão e/ou

dos parâmetros técnicos e econômicos norteadores do leilão, em acréscimo ao debate sobre as

respectivas minutas de edital de licitação e de contrato de concessão, em conformidade com os arts. 14

e 15 da Resolução PPI 1/2016 e em prol do aprimoramento dos estudos de modelagem econômico-

financeira do processo de contratação de tais empreendimentos e da efetividade do debate público em

leilões de concessão;

9.3.2. à Agência Nacional de Energia Elétrica que dê tratamento célere à busca da solução mais

adequada para a valoração das indenizações de que trata o art. 2º do Decreto 7.850/2012, referentes a

investimentos realizados em usinas hidrelétricas e não incluídos em seus projetos básicos, de modo a

minimizar o risco de disputas judiciais e de aumento de valores a serem pagos pela União em razão de

atualizações ou correções monetárias;

9.4. com fundamento no art. 7º da Resolução TCU 265/2014, dar ciência à Agência Nacional de

Energia Elétrica sobre o dever de, nos casos de empreendimentos com investimentos previstos

superiores a um bilhão de reais, submeter toda a documentação exigida pelo art. 7º, inciso I, da IN

TCU 27/1998 com sessenta dias de antecedência em relação a data estimada de publicação do edital de

licitação, conforme preconiza o art. 8º, parágrafo único, da IN TCU 27/1998;

9.5. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex) que, em sintonia com a

Coordenação-Geral de Infraestrutura (Coinfra), autue processo específico de acompanhamento com o

objetivo de averiguar na atuação do MME, entre outros aspectos, a conformidade da ponderação, para

a definição dos valores e das condições de outorga de concessões de serviços públicos, entre os

objetivos fiscais e os impactos operacionais, financeiros e na sustentabilidade dos setores de

infraestrutura do MME;

9.6. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentaram:

9.6.1. à Agência Nacional de Energia Elétrica;

9.6.2. ao Ministério de Minas e Energia;

9.6.3. ao Ministério da Fazenda;

9.6.4. à Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura do Ministério do Planejamento,

Desenvolvimento e Gestão;

9.6.5. ao Conselho Nacional de Política Energética;

9.6.6. à Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República;

9.6.7. à Casa Civil da Presidência da República;

9.6.8. ao Senado Federal, particularmente à Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) e à

Comissão de Assuntos Econômicos (CAE);

9.6.9. à Câmara dos Deputados, em especial à Comissão de Minas e Energia (CME) e à

Comissão de Defesa do Consumidor (CDC);

9.6.10. à 3ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF); e

9.7. restituir o presente processo à SeinfraElétrica para continuidade do acompanhamento do

Leilão Aneel 1/2017, nos termos da IN TCU 27/1998.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1598-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Aroldo Cedraz (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1599/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 032.363/2013-3.

2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de revisão (em Tomada de Contas Especial)

3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:

3.1. Responsável: Celson Cesar do Nascimento Mendes (874.567.293-87).

3.2. Recorrente: Celson Cesar do Nascimento Mendes (874.567.293-87).

4. Entidade: Município de Porto Rico do Maranhão/MA.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.

6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.

7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no

Estado do Maranhão (SECEX-MA).

8. Representação legal:

8.1. Erlandyson Aires Neves (12152/OAB-MA) e outros, representando Celson Cesar do

Nascimento Mendes.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto por Celson Cesar do

Nascimento Mendes (874.567.293-87), contra o Acórdão 5.945/2014-2ª Câmara;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos artigos 32, III, e 35, III, da Lei 8.443/1992, em:

9.1. conhecer do recurso de revisão para, no mérito, dar-lhe parcial provimento;

9.2. conferir a redação a seguir aos subitens 9.3 e 9.4 do Acórdão 5.945/2014-2ª Câmara:

“9.3. condená-lo ao recolhimento, aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação, de débito no valor de R$ 30.249,45 (trinta mil, duzentos e quarenta e nove reais e quarenta

e cinco centavos), atualizado monetariamente e acrescido de juros de mora, calculados a partir de

1/12/2005 até a data do efetivo pagamento, na forma prevista na legislação em vigor;

9.4. aplicar-lhe multa de R$ 13.000,00 (treze mil reais), a ser recolhida ao Tesouro Nacional,

com incidência de encargos legais, calculados da data deste acórdão até a data do pagamento, se este

for efetuado após o vencimento do prazo abaixo estipulado;”

9.3. dar ciência desta deliberação ao recorrente, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação e à Procuradoria da República no Estado do Maranhão.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1599-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

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31

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator),

Benjamin Zymler e Bruno Dantas.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1600/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 006.614/2013-2

2. Grupo I – Classe I – Assunto: Pedido de reexame (em Relatório de auditoria)

3. Recorrentes: Laélio Pereira de Araújo (056.868.734-53), Maria Jailene Franco de Carvalho

(008.308.414-23) e Arko Construções Ltda. (10.715.077/0001-00)

4. Órgão: Prefeitura Municipal de Natal/RN

5. Relator: Ministro Benjamin Zymler

5.1 Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes

6. Representante do Ministério Público: não atuou

7. Unidade: Serur

8. Advogados constituídos nos autos: Felipe Augusto Meira de Medeiros (OAB/RN 3.640,

Afonso Adolfo de Medeiros Fernandes (OAB/RN 3.937) e outros.

9. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos estes autos de pedidos de reexame interpostos por Laélio Pereira de

Araújo, Maria Jailene Franco de Carvalho e Arko Construções Ltda. contra o Acórdão 702/2016-

Plenário,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as

razões expostas pelo relator, em:

9.1 conhecer dos presentes pedidos de reexame, nos termos dos arts. 285 e 286 do RITCU c/c o

art. 48 da Lei 8.443/1992, para, no mérito, negar-lhes provimento; e

9.2. dar ciência do inteiro teor desta deliberação aos recorrentes, à Prefeitura Municipal de

Natal/RN, à Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Natal/RN (Semsur/Natal), à Secretaria

Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Natal/RN (Seturde) e ao Ministério do

Turismo, remetendo-lhes cópia do relatório e do voto que a fundamentaram.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1600-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1601/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 014.361/2015-9.

2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Responsável: Constran S.A. - Construções e Comércio (61.156.568/0001-90); José

Francisco das Neves (062.833.301-34); Luiz Sérgio Nogueira (566.485.378-68); Ulisses Assad

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

(008.266.408-00), José Américo Cajado de Azevedo (548.198.066-53); Francisco Elísio Lacerda

(036.082.658-05); Luiz Carlos Oliveira Machado (222.706.987-20); Maria Estela Filardi

(348.592.927-15); Jorge Alberto Aun (374.154.178-87); José Roberto Bertoli (612.472.518-53).

4. Órgão/Entidade: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em Infraestrutura

(SeinfraOpe).

8. Representação legal:

8.1. Edgard Hermelino Leite Júnior (OAB/SP nº 92.114), Mario Henrique de Barros Dorna

(315746/OAB-SP), Maria Carolina Viana Machado Pinheiro (OAB/SP 235.057) e outros,

representando Constran S.A. - Construções e Comércio.

8.2. Silvia Regina Schmitt (58372/OAB-RS) e outros, representando Valec Engenharia,

Construções e Ferrovias S.A.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada por força do

Acórdão 1.498/2015-Plenário, em razão do superfaturamento identificado no Contrato 58/2009,

referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km

situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO),

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. decretar cautelarmente, com fundamento no art. 44, § 2º, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 273

e 274 do Regimento Interno deste Tribunal, pelo prazo de um ano, a indisponibilidade de bens dos

responsáveis a seguir relacionados, devendo esta medida alcançar os bens considerados necessários,

para garantir o integral ressarcimento do débito em apuração imputado a cada responsável, no valor

atualizado de R$ 70.481.690,31 (até 22/5/2017), ressalvados os bens financeiros necessários ao

sustento das pessoas físicas e à manutenção das atividades operacionais da pessoa jurídica:

Responsável CNPJ/CPF

José Francisco das Neves 062.833.301-34

Luiz Sérgio Nogueira 566.485.378-68

Ulisses Assad 008.266.408-00

Constran S.A. - Construções e Comércio 61.156.568/0001-90

9.2. considerar como termo inicial para contagem do prazo fixado no subitem anterior desta

deliberação a data de averbação da medida cautelar nos respectivos órgãos de registro dos bens;

9.3. nos termos do art. 276, § 3º, do Regimento Interno deste Tribunal, conceder prazo de até

quinze dias, sem efeito suspensivo, aos responsáveis arrolados acima para que se pronunciem, caso

queiram, a respeito da adoção da medida cautelar referida no item 9.1, retro;

9.4. determinar à SeinfraOpe que informe aos responsáveis relacionados nos subitens 9.1. que,

no âmbito da respectiva resposta à aludida oitiva, fica desde já franqueada a possibilidade de serem

indicados os bens por eles considerados essenciais ao sustento das pessoas físicas e à manutenção das

atividades operacionais da sociedade empresarial e portanto não suscetíveis ao alcance da medida

cautelar, acompanhados das devidas justificativas;

9.5. determinar à Secretaria Extraordinária de Operações Especiais que constitua um processo

apartado de “indisponibilidade de bens” específico para cada responsável;

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33

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9.6. requisitar à Advocacia-Geral da União que, no caso de haver deferimento do pedido de

processamento da recuperação judicial que se encontra em apreciação no âmbito do processo nº

1069420-76.2017.8.26.0100, formule pedido perante a 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais

do Foro Central Cível da Comarca de São Paulo com vistas a salvaguardar as medidas de constrição

patrimonial contra a empresa Constran S.A. - Construções e Comércio;

9.7. dar ciência deste acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentam, ao MM.

Juiz de Direito da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central Cível da Comarca de

São Paulo; à Procuradoria da República em Goiás; ao Juiz Federal Titular da 11ª Vara Federal de

Goiás e ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle;

9.8. com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso II, do

Regimento Interno/TCU, determinar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que apresente

ao TCU, em 15 (quinze) dias, informações atualizadas sobre: (i) o montante retido no Contrato

58/2009 em valores históricos e atualizados; (ii) o andamento das ações judiciais contra decisão do

Tribunal proferida pelo Acórdão 593/2009-TCU-Plenário; e (iii) a forma pela qual a Valec apropriou

na sua contabilidade a retenção de pagamentos determinada pelo TCU;

9.9. em razão de indícios de superfaturamento apurado no bojo do Contrato 58/2009 e com

fundamento nos arts. 10, § 1º, 12, incisos I e II, e 16, §2º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e

II, e 209, §§ 5º e 6º, do Regimento Interno/TCU, determinar a citação solidária dos Srs. José Francisco

das Neves, Luiz Sérgio Nogueira, Ulisses Assad, José Américo Cajado de Azevedo, Francisco Elísio

Lacerda, Luiz Carlos Oliveira Machado, Maria Estela Filardi, Jorge Alberto Aun, José Roberto Bertoli

e da empresa Constran S.A. - Construções e Comércio (61.156.568/0001-90), para que, no prazo de até

15 (trinta) dias, apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres da da Valec Engenharia

Construções e Ferrovias S.A. as quantias abaixo indicadas, com a incidência dos devidos encargos

legais, a partir das respectivas datas até o efetivo recolhimento, abatendo-se, na oportunidade, as

quantias eventualmente já ressarcidas, na forma da legislação em vigor:

Data da Ocorrência Débito (R$)

04/02/10 395.008,42

02/03/10 166.750,80

29/03/10 479.843,17

26/04/10 851.636,34

27/05/10 2.690.260,66

25/06/10 2.919.335,26

26/07/10 6.709.918,15

26/08/10 4.485.133,40

25/09/10 5.441.872,88

26/10/10 3.857.493,73

26/11/10 1.924.618,05

14/12/10 887.264,65

25/01/11 1.070.574,15

28/02/11 1.480.522,99

25/03/11 751.435,78

27/07/11 1.873.720,39

26/08/11 1.397.639,67

26/09/11 4.659,28

28/11/11 21.612,48

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Data da Ocorrência Débito (R$)

28/11/11 242.198,07

06/12/11 17.954,58

26/12/11 17.614,08

23/10/12 330.549,27

9.10. encaminhar aos responsáveis arrolados nos autos cópia desta deliberação, acompanhada do

relatório e do voto que a fundamentam, juntamente com as cópias das demais peças que,

individualmente, interessem a cada um deles, incluindo as planilhas eletrônicas constantes da peça 30

em formato editável.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1601-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1602/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 000.283/2015-0.

2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial).

3. Responsáveis/Recorrentes:

3.1. Responsáveis: José Manoel da Rosa (983.631.828-34) e Silvana Weles de Oliveira

(030.961.718-90)

3.2. Recorrente: José Manoel da Rosa (983.631.828-34).

4. Entidade: Caixa Econômica Federal.

5. Relator: Ministro Bruno Dantas

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Raimundo Carreiro.

6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.

7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no

Estado de São Paulo (SECEX-SP).

8. Representação legal:

8.1. Adam Luiz Alves Barra (19.786/OAB-DF) e outros, representando Caixa Econômica

Federal.

8.2. Rubens Barra Rodrigues de Lima (80.341/OAB-SP) e Michela de Souza Lima Batista

(280.341/OAB-SP), representando José Manoel da Rosa.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia recurso de reconsideração

interposto por José Manoel da Rosa em face do Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário, por meio do qual

o Tribunal julgou irregulares suas contas em razão de operações contábeis fictícias nas subcontas

“Adiantamento para Pagamento de Benefícios” e “Adiantamento para Unidades Lotéricas e

Correspondentes Bancários – Benefícios Sociais”, no montante original de R$ 100.000,00,

descontados R$ 239,54 e R$ 780,25, já restituídos.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fundamento no arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, conhecer e negar provimento

ao presente recurso de reconsideração, mantendo inalterado o Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário;

9.2. dar ciência do inteiro teor desta deliberação ao recorrente, à Caixa Econômica Federal e à

Procuradoria da República em São Paulo.

9.3. arquivar os autos.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1602-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1603/2017 – TCU – Plenário

1. Processo TC 008.204/2016-0.

2. Grupo II; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.

3. Responsáveis: Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34); José Gesoaldo dos Santos

Braga (615.898.023-49); José Pereira de Azevedo Filho (068.003.943-00); Manuel Medeiros Neto

(020.474.623-04); e Maria Neide de Oliveira (218.472.663-04).

4. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.

5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.

6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará (Secex-CE).

8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo

Instituto Nacional do Seguro Social – INSS/Gerência Executiva Juazeiro do Norte/CE, em razão do

prejuízo causado por Francisco Ricardo Lima Cruz, relativamente à concessão irregular de benefícios

previdenciários;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 71, inciso II, da Constituição Federal, em:

9.1. excluir da relação processual José Gesoaldo dos Santos Braga (615.898.023-49); José

Pereira de Azevedo Filho (068.003.943-00); Manuel Medeiros Neto (020.474.623-04); e Maria Neide

de Oliveira (218.472.663-04);

9.2. julgar irregulares as contas de Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34), servidor do

INSS à época, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei 8.443/1992, c/c

os arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV do Regimento Interno;

9.3. condenar o responsável identificado no subitem anterior, com fundamento no art. 19, caput,

da Lei 8.443/1992, c/c o art. 210 do RITCU, ao pagamento das quantias a seguir especificadas,

alusivas aos benefícios indevidos pagos aos beneficiários indicados, com a fixação do prazo de quinze

dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do

Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS,

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36

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir da data discriminada, até

a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:

9.3.1. Relativamente aos pagamentos em favor de José Gesoaldo dos Santos Braga:

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR ORIGINAL

(R$)

2/5/2002 193,09

2/5/2002 379,74

13/5/2002 200,00

13/6/2002 200,00

15/7/2002 200,00

12/8/2002 200,00

11/9/2002 200,00

10/10/2002 200,00

12/11/2002 200,00

11/12/2002 200,00

11/12/2002 200,00

13/1/2003 200,00

12/2/2003 200,00

13/3/2003 200,00

10/4/2003 200,00

13/5/2003 240,00

11/6/2003 240,00

10/7/2003 240,00

12/8/2003 240,00

10/9/2003 240,00

10/10/2003 240,00

12/11/2003 240,00

10/12/2003 240,00

10/12/2003 240,00

13/1/2004 240,00

11/2/2004 240,00

10/3/2004 240,00

5/4/2004 240,00

5/5/2004 240,00

3/6/2004 260,00

5/7/2004 260,00

4/8/2004 260,00

3/9/2004 260,00

5/10/2004 260,00

4/11/2004 260,00

3/12/2004 260,00

3/12/2004 260,00

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR ORIGINAL

(R$)

5/1/2005 260,00

3/2/2005 260,00

3/3/2005 260,00

5/4/2005 260,00

4/5/2005 260,00

3/6/2005 300,00

5/7/2005 300,00

3/8/2005 300,00

5/9/2005 300,00

5/10/2005 300,00

4/11/2005 300,00

5/12/2005 300,00

5/12/2005 300,00

4/1/2006 300,00

3/2/2006 300,00

3/3/2006 300,00

5/4/2006 300,00

4/5/2006 350,00

5/6/2006 350,00

5/7/2006 350,00

3/8/2006 350,00

5/9/2006 175,00

5/9/2006 350,00

4/10/2006 350,00

6/11/2006 350,00

5/12/2006 175,00

5/12/2006 350,00

4/1/2007 350,00

5/2/2007 350,00

5/3/2007 350,00

4/4/2007 350,00

4/5/2007 380,00

5/6/2007 380,00

4/7/2007 380,00

3/8/2007 380,00

5/9/2007 190,00

5/9/2007 380,00

3/10/2007 380,00

6/11/2007 380,00

5/12/2007 190,00

5/12/2007 380,00

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9.3.2. Relativamente aos pagamentos em favor de José Pereira de Azevedo Filho:

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR ORIGINAL

(R$)

5/2/2002 713,09

4/3/2002 1.258,40

2/4/2002 1.258,40

3/5/2002 1.258,40

4/6/2002 1.258,40

2/7/2002 1.320,39

2/8/2002 1.320,39

3/9/2002 1.320,39

2/10/2002 1.320,39

4/11/2002 1.320,39

3/12/2002 1.320,39

3/12/2002 1.320,39

3/1/2003 1.320,39

4/2/2003 1.320,39

5/3/2003 1.320,39

2/4/2003 1.320,39

5/5/2003 1.320,39

3/6/2003 1.320,39

2/7/2003 1.580,63

4/8/2003 1.580,63

2/9/2003 1.580,63

2/10/2003 1.580,63

4/11/2003 1.580,63

2/12/2003 1.580,63

2/12/2003 1.580,63

5/1/2004 1.580,63

3/2/2004 1.580,63

2/3/2004 1.580,63

2/4/2004 1.580,63

4/5/2004 1.580,63

2/6/2004 1.652,23

2/7/2004 1.652,23

3/8/2004 1.652,23

2/9/2004 1.652,23

4/10/2004 1.652,23

3/11/2004 1.652,23

2/12/2004 1.652,23

2/12/2004 1.652,23

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR ORIGINAL

(R$)

4/1/2005 1.652,23

2/2/2005 1.652,23

2/3/2005 1.652,23

4/4/2005 1.652,23

3/5/2005 1.652,23

2/6/2005 1.757,22

4/7/2005 1.757,22

2/8/2005 1.757,22

2/9/2005 1.757,22

4/10/2005 1.757,22

3/11/2005 1.757,22

2/12/2005 1.757,22

2/12/2005 1.757,22

3/1/2006 1.757,22

2/2/2006 1.757,22

2/3/2006 1.757,22

4/4/2006 1.757,22

3/5/2006 1.845,08

2/6/2006 1.845,08

4/7/2006 1.845,08

2/8/2006 1.845,08

4/9/2006 922,54

4/9/2006 1.845,08

3/10/2006 1.845,25

3/11/2006 1.845,25

4/12/2006 922,71

4/12/2006 1.845,25

3/1/2007 1.845,25

2/2/2007 1.845,25

2/3/2007 1.845,25

3/4/2007 1.845,25

3/5/2007 1.906,14

4/6/2007 1.906,14

3/7/2007 1.906,14

2/8/2007 1.906,14

4/9/2007 953,07

4/9/2007 1.906,14

2/10/2007 1.906,14

5/11/2007 1.906,14

9.3.3. Relativamente aos pagamentos em favor de Manuel Medeiros Neto:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA OCORRÊNCIA

VALOR ORIGINAL

(R$)

5/6/2002 500,94

6/6/2002 326,70

8/7/2002 331,79

7/8/2002 331,79

5/9/2002 331,79

4/10/2002 331,79

6/11/2002 331,79

5/12/2002 276,49

5/12/2002 331,79

8/1/2003 331,79

6/2/2003 331,79

7/3/2003 331,79

4/4/2003 331,79

7/5/2003 331,79

5/6/2003 331,79

4/7/2003 397,18

6/8/2003 397,18

4/9/2003 397,18

6/10/2003 397,18

6/11/2003 397,18

4/12/2003 397,18

4/12/2003 397,18

7/1/2004 397,18

5/2/2004 397,18

4/3/2004 397,18

6/4/2004 397,18

6/5/2004 397,18

4/6/2004 415,17

6/7/2004 415,17

5/8/2004 415,17

6/9/2004 415,17

6/10/2004 415,17

5/11/2004 415,17

6/12/2004 415,17

6/12/2004 415,17

6/1/2005 415,17

4/2/2005 415,17

4/3/2005 415,17

6/4/2005 415,17

5/5/2005 415,17

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41

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA OCORRÊNCIA

VALOR ORIGINAL

(R$)

6/6/2005 441,55

6/7/2005 441,55

4/8/2005 441,55

6/9/2005 441,55

6/10/2005 441,55

7/11/2005 441,55

6/12/2005 441,55

6/12/2005 441,55

5/1/2006 441,55

6/2/2006 441,55

6/3/2006 441,55

6/4/2006 441,55

5/5/2006 463,62

6/6/2006 463,62

6/7/2006 463,62

4/8/2006 463,62

6/9/2006 231,81

6/9/2006 463,62

5/10/2006 463,66

7/11/2006 463,66

6/12/2006 231,85

6/12/2006 463,66

5/1/2007 463,66

6/2/2007 463,66

6/3/2007 463,66

5/4/2007 463,66

7/5/2007 478,96

6/6/2007 478,96

5/7/2007 478,96

6/8/2007 478,96

6/9/2007 239,48

6/9/2007 478,96

4/10/2007 478,96

9.3.4. Relativamente aos pagamentos em favor de Maria Neide de Oliveira:

DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)

27/3/2002 724,53

27/3/2002 1.086,80

3/4/2002 1.086,80

6/5/2002 1.086,80

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42

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

5/6/2002 1.086,80

3/7/2002 1.206,13

5/8/2002 1.206,13

4/9/2002 1.206,13

3/10/2002 1.206,13

5/11/2002 1.206,13

4/12/2002 1.206,13

4/12/2002 1.206,13

7/1/2003 1.206,13

5/2/2003 1.206,13

7/3/2003 1.206,13

3/4/2003 1.206,13

6/5/2003 1.206,13

4/6/2003 1.206,13

3/7/2003 1.443,85

6/8/2003 1.443,85

3/9/2003 1.443,85

3/10/2003 1.443,85

5/11/2003 1.443,85

4/12/2003 1.443,85

4/12/2003 1.443,85

6/1/2004 1.443,85

4/2/2004 1.443,85

3/3/2004 1.443,85

5/4/2004 1.443,85

5/5/2004 1.443,85

3/6/2004 1.509,25

5/7/2004 1.509,25

4/8/2004 1.509,25

3/9/2004 1.509,25

5/10/2004 1.509,25

4/11/2004 1.509,25

3/12/2004 1.509,25

3/12/2004 1.509,25

5/1/2005 1.509,25

3/2/2005 1.509,25

3/3/2005 1.509,25

5/4/2005 1.509,25

4/5/2005 1.509,25

3/6/2005 1.605,16

5/7/2005 1.605,16

3/8/2005 1.605,16

5/9/2005 1.605,16

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43

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9.4. aplicar a Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34) a multa prevista no art. 57 da Lei

8.443/1992, c/c o art. 267 do Regimento Interno, no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) ,

fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovar, perante o Tribunal

(art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do

Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data deste acórdão até a do efetivo

recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.5.considerar graves as infrações cometidas por Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-

34), nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992;

9.6. inabilitar Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34) pelo período de cinco anos, para o

exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, nos

termos do art. 60 da Lei 8.443/1992, observadas as disposições do Acórdão 714/2016-TCU-Plenário;

9.7. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei

8.443/1992, caso não atendidas as notificações;

5/10/2005 1.605,16

4/11/2005 1.605,16

5/12/2005 1.605,16

5/12/2005 1.605,16

4/1/2006 1.605,16

3/2/2006 1.605,16

3/3/2006 1.605,16

5/4/2006 1.605,16

4/5/2006 1.685,41

5/6/2006 1.685,41

5/7/2006 1.685,41

3/8/2006 1.685,41

5/9/2006 842,70

5/9/2006 1.685,41

4/10/2006 1.685,57

6/11/2006 1.685,57

5/12/2006 842,87

5/12/2006 1.685,57

4/1/2007 1.685,57

5/2/2007 1.685,57

5/3/2007 1.685,57

4/4/2007 1.685,57

4/5/2007 1.741,19

5/6/2007 1.741,19

4/7/2007 1.741,19

3/8/2007 1.741,19

5/9/2007 870,59

5/9/2007 1.741,19

3/10/2007 1.741,19

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44

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9.8. autorizar, desde logo, caso solicitado e o processo não tenha sido remetido para cobrança

judicial, o pagamento da dívida em até 36 parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da

Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da primeira

parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais mensalmente, devendo

incidir sobre cada valor mensal os correspondentes acréscimos legais, na forma prevista na legislação

em vigor, sem prejuízo de alertar aos responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de

qualquer parcela implicará o vencimento antecipado do saldo devedor;

9.9. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao

Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Ceará, nos termos do § 3º do art. 16 da

Lei 8.443/1992, c/c o §7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que

entender cabíveis;

9.10. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e à Procuradoria Geral Federal –

PGF que a decisão contida no subitem 9.1 deste acórdão não impede a adoção de providências

administrativas e/ou judiciais, com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos

indevidamente aos segurados ali mencionados, em razão da concessão irregular de benefício

previdenciário.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1603-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1604/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 027.311/2016-3.

2. Grupo I – Classe de Assunto: VII - Representação.

3. Interessado: José Alexandre dos Reis Cardozo (618.176.517-49).

4. Órgão: Prefeitura Municipal de Natal/RN.

5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco (SECEX-PE).

8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de medida cautelar, a

respeito de possíveis irregularidades ocorridas na Prefeitura Municipal de Natal/RN – Secretaria

Municipal de Saúde, relacionadas ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, que tinha por objeto o registro de

preços para contratação de pessoa jurídica especializada na prestação de serviços terceirizados, de

natureza contínua, de apoio operacional e administrativo, visando suprir as necessidades da Secretaria

Municipal de Saúde de Natal, referente ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192

Natal;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão plenária, ante as

razões expostas pelo relator, em:

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45

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9.1. considerar a presente representação parcialmente procedente, sem prejuízo de revogar a

medida cautelar adotada em 16/11/2016;

9.2. determinar à Prefeitura Municipal de Natal/RN que:

9.2.1. se abstenha de praticar quaisquer atos tendentes a novas contratações da empresa JMT

Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda., vencedora dos lotes licitados, bem como de autorizar

adesões à ata de registro de preços por outros entes públicos, preservada tão somente a execução do

Contrato 182/2016;

9.2.2. condicione a prorrogação do Contrato 182/2016 à demonstração da vantajosidade dos

preços dos serviços pactuados, em comparação com os de mercado à época da renovação, realizando,

para tanto, ampla pesquisa de preços, priorizando consultas a Portais de Compras Governamentais e a

contratações similares de outros entes públicos, utilizando apenas subsidiariamente a pesquisa com

fornecedores, tudo à luz dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014;

9.3. determinar à Secex-PE que monitore o cumprimento das determinações consignadas no item

9.2 acima, representando a este Tribunal em caso de descumprimento;

9.4. dar ciência à Prefeitura Municipal de Natal/RJ de que, na licitação referente ao Pregão

Eletrônico 20.062/2016, foi detectada a utilização do sistema de registro de preços para contratação

imediata de serviços continuados e específicos, com quantitativos certos e determinados, não havendo

parcelamento de entregas do objeto, em descumprimento ao disposto no art. 3° do Decreto Federal

7.892/2013;

9.5. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao

representante e às empresas TRD Serviços e Administração Ltda. e JMT Serviços de Locação de Mão

de Obra Ltda.;

9.6. autorizar o arquivamento deste processo após as devidas comunicações.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1604-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1605/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 001.965/2015-8.

2. Grupo: II – Classe: I – Assunto: Embargos de Declaração.

3.Recorrentes: Altemir Antônio Tortelli (CPF 402.036.700-00) e Federação dos Trabalhadores

na Agricultura Familiar da Região Sul (CNPJ 05.684.806/0001-60).

4. Órgão/Entidade/Unidade: Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região

Sul.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: não atuou.

8. Representação legal: Geferson Luís Chetsco (OAB/PR 45.333), Claudismar Zupiroli

(OAB/DF 12.250) e outros.

9. Acórdão:

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46

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos ao Acórdão

3003/2016-TCU-Plenário, que julgou irregulares as contas objeto da tomada de contas especial

instaurada em desfavor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-

Sul) e de Altemir Antonio Tortelli, ex-Coordenador-geral da entidade, em razão da impugnação total

das despesas realizadas com os recursos do Convênio MDA 87/2006 (Siafi 568296), tendo por objeto a

capacitação de jovens agricultores familiares,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração, por atender os requisitos de admissibilidade

previstos no art. 34 da Lei 8.443/1992, para, no mérito, rejeitá-los; e

9.2. dar ciência desta deliberação aos embargantes.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1605-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1606/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 005.868/2014-9.

2. Grupo II – Classe V – Assunto: Monitoramento (em Auditoria)

3. Responsáveis: Tony Carlos Maranhão de Souza, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem

dos Músicos do Brasil no período de 9/7/2014 a 11/4/2016 (CPF 109.743.003-06); Gerson Ferreira

Tajes, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil no período de 12/4/2016 a

27/10/2016 (CPF 148.377.198-99).

4. Órgão/Entidade/Unidade: Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB).

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência

Social (SecexPrevi).

8. Representação legal: Giovanni Charles Paraizo (105420/OAB-MG) e outros, representando

Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil; Igor Sant Anna Tamasauskas (25399/OAB-DF) e

outros, representando Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil e Gerson Ferreira Tajes.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento das determinações expedidas pelo

Acórdão 132/2014-Plenário, proferido no TC 020.515/2013-8, processo que visou ao atendimento de

solicitação do Congresso Nacional requerendo fiscalização sobre as ações do Conselho Federal da

Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB), no sentido de verificar a promoção das diligências

necessárias para atestar o regular funcionamento dos conselhos regionais e a transparência dos

recursos arrecadados com apresentação de artistas estrangeiros no Brasil;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar cumprida a determinação contida no item 9.3 do Acórdão 132/2014-Plenário;

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47

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9.2. reiterar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB) as determinações

proferidas nos itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 132/2014-Plenário, fixando o prazo de 90 dias para

que a entidade apresente um plano de ação a fim de dar cumprimento aos referidos itens, com

especificação das ações a serem adotadas, os respectivos prazos e o responsável (nome, cargo e CPF)

pelo desenvolvimento dessas ações;

9.3. não conhecer do pedido de medida cautelar formulado pelo Sr. Gerson Ferreira Tajes, visto

que a questão refere-se à organização interna corporis do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do

Brasil, não se inserindo na esfera de competência deste Tribunal;

9.4. determinar à SecexPrevidência que:

9.4.1 dê prosseguimento ao monitoramento das determinações mencionadas no item 9.2. retro;

9.4.2. formalize processo de representação a fim de aprofundar o exame relativo à penhora da

sede do CFOMB para pagamento de dívidas, conforme evidenciado em documentação anexa à peça 61

destes autos;

9.5. encaminhar cópia deste acórdão, acompanhado dos elementos que o fundamentam, ao

Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, Deputado

Leo Brito, e aos Deputados Edinho Bez e Valtenir Pereira, informando que a matéria refere-se ao

Ofício 48/2013/CFFC-S, que encaminhou a Proposta de Fiscalização e Controle 32/2011;

9.6. encaminhar cópia deste acórdão, acompanhado dos elementos que o fundamentam, ao

Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB), alertando aos gestores que o

descumprimento das determinações proferidas por esta Corte poderá ensejar a aplicação de multa com

fundamento no art. 58, § 1°, da Lei 8.443/1992.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1606-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1607/2017 - TCU - Plenário

1. Processo TC-016.177/2016-9

2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Monitoramento.

3. Interessado: Tribunal de Contas da União.

4. Órgão/Entidade/Unidade: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Selog.

8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento do cumprimento das

determinações do subitem 9.2 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, prolatado em processo de

auditoria realizada com o objetivo de avaliar as práticas de governança e gestão das aquisições no

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT),

Page 48: ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 - tcu.gov.br · ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

48

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar cumpridas as determinações constantes dos itens 9.2.1, 9.2.3, 9.2.5, 9.2.7 e do

subitem 9.2.2.1 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;

9.2. determinar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) que:

9.2.1. encaminhe a este Tribunal o edital da licitação realizada com vistas a substituir o Contrato

062/2010, de forma a permitir a avaliação do cumprimento do subitem 9.2.2.2 do Acórdão 2.743/2015-

TCU-Plenário;

9.2.2. encaminhe a este Tribunal, no prazo de noventa dias, as informações quanto ao

cumprimento do subitem 9.2.4 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;

9.3. sobrestar o monitoramento do subitem 9.2.6 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário até a

decisão definitiva quanto ao item 9.2 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário;

9.4. aprovar o plano de monitoramento constante do Anexo I da instrução à peça 16 destes autos,

destinado à verificação do cumprimento do subitem 9.1 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;

9.5. dar ciência desta deliberação ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios

(TJDFT); e

9.6. apensar os presentes autos ao TC-017.635/2014-4.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1607-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1608/2017 - TCU – Plenário

1. Processo TC-016.290/2017-8

2. Grupo: I - Classe: III – Assunto: Consulta.

3. Interessado: Gilberto Silva Domingues de Oliveira Belleza, Presidente do Conselho de

Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.

4. Órgão/Entidade/Unidade: Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo (Secex/SP).

8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos autuados como Consulta, formulada pelo Presidente

do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), acerca da possibilidade de

aquisição de imóvel a partir de empresa vendedora sem certidão negativa de débitos, ou equivalente,

emitida pela Receita Federal,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. não conhecer a presente documentação como consulta, por não atender os requisitos de

admissibilidade previstos nos arts. 264 e 265 do Regimento Interno/TCU;

Page 49: ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 - tcu.gov.br · ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9.2. dar ciência desta deliberação, bem como das peças que a fundamentam, ao Presidente do

Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), nos termos do art. 265 do Regimento

Interno/TCU; e

9.3. arquivar o presente processo, com fundamento no art. 265 do Regimento Interno/TCU c/c o

disposto no art. 102 da Resolução TCU 259/2014.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1608-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1609/2017 - TCU - Plenário

1. Processo TC-025.760/2016-5.

2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Agravo (Relatório de Auditoria)

3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:

3.1. Interessados: Congresso Nacional; Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(04.892.707/0001-00); Direção Consultoria e Engenharia Ltda. (32.963.001/0001-28); JDS -

Engenharia e Consultoria Ltda. (40.376.139/0001-59); Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.

(01.397.753/0001-45); SVC Construções Ltda. (01.543.722/0001-55)

3.2. Recorrentes: Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. (01.397.753/0001-45); SVC

Construções Ltda. (01.543.722/0001-55).

4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil

(SeinfraRod).

8. Representação legal:

8.1. Manoel Pinto (11.024/OAB/BA), representando Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.

e SVC Construções Ltda.;

8.2. Paulo Aristóteles Amador de Sousa, representando Departamento Nacional de Infraestrutura

de Transportes.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, no qual se examina agravo interposto conjuntamente

pelas empresas Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., integrantes do

Consórcio Paviservice/SVC, com pedido de efeito suspensivo, em face de medida cautelar adotada por

meio de despacho do relator proferido à peça 53 destes autos, referendado pelo Plenário deste Tribunal

em sessão de 24 de maio de 2017, em que se determinou ao Dnit que suspendesse a execução dos

serviços objeto do Contrato 05.00202/2014 (obras de construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km

357,4), especificamente no segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km

338,7), em razão dos indícios de irregularidades reportados nestes autos relativos ao item de Achado

Page 50: ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 - tcu.gov.br · ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução

de colchão de areia,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer do presente agravo, sem efeito suspensivo, com fulcro nos arts. 277, inciso V, e

289 do Regimento Interno TCU, para, no mérito, negar-lhe provimento;

9.2. dar ciência deste acórdão às recorrentes, ao Departamento de Nacional de Infraestrutura

Rodoviária (Dnit) e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional; e

9.3. restituir os autos à Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação

Civil, para realização das comunicações, prosseguimento das análises e fiscalização das obras,

determinando-lhe celeridade na instrução da questão ora em foco.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1609-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1610/2017 - TCU - Plenário

1. Processo TC-027.949/2015-0

2. Grupo: I - Classe: VII – Assunto: Representação.

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Responsáveis: Antonio Fernando Brito Pinto (477.170.925-49) e Rosival Lopes dos Santos

(388.607.165-00).

3.2. Interessada/Representante: empresa Lua Branca Intermediação e Agenciamento de Serviços

Ltda.

4. Unidade: Município de Taperoá/BA.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado da Bahia (Secex/BA).

8. Representação legal: João Ricardo Santos Trabuco (42.070/OAB/BA) e outros, representando

Prefeitura Municipal de Taperoá/BA.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, ora em fase de monitoramento das

determinações constantes do Acórdão 804/2016 - Plenário,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. aplicar ao responsável, Sr. Rosival Lopes dos Santos, Prefeito Municipal de Taperoá/BA, a

multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 268, inciso IV, do Regimento

Interno/TCU, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em razão do não atendimento, sem causa

justificada, a diligências deste Tribunal, efetuadas por meio do Ofício 0076/2017-TCU/Secex/BA, de

13/1/2017 (peça 77) e do Ofício 0457/2017-TCU/Secex/BA, de 15/2/2017 (peça 79), fixando-lhe o

Page 51: ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 - tcu.gov.br · ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

51

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprove, perante este Tribunal, nos termos do

art. 214, inciso III, alínea “a”, do RI/TCU, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro

Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento,

se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.2. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial

da dívida, caso não atendida a notificação;

9.3. determinar ao Prefeito Municipal de Taperoá/BA, Sr. Rosival Lopes dos Santos, que

encaminhe a este Tribunal, no prazo de quinze dias, contados do recebimento da notificação, cópia do

edital de Tomada de Preços 001/2016, destinado à contratação de obras e serviços com recursos

provenientes de convênios celebrados com o Ministério das Cidades (Convênio 803110) e o Ministério

do Esporte (Convênio 794473), alertando-o, desde logo, de que a reincidência no descumprimento de

determinação do Tribunal pode ensejar a aplicação de multa, nos termos do art. 58, VII, da Lei

8.443/92;

9.4. dar ciência deste acórdão ao responsável e ao Município de Taperoá/BA; e

9.5. restituir os autos à Secex/BA com vistas à continuidade do monitoramento.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1610-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1611/2017 - TCU - Plenário

1. Processo TC-029.875/2015-3

2. Grupo II - Classe: I – Assunto: Embargos de declaração (Prestação de Contas).

3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:

3.1. Responsáveis: Sidney da Silva Cunha (CPF 422.099.437-87), Diretor-Geral, e José Carlos

Cirilo da Silva (CPF 482.525.306-72), Diretor-Geral (substituto), e outros.

3.2. Recorrente: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional

(33.469.172/0001-68).

4. Órgão/Entidade/Unidade: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento

Nacional.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e

Silva.

7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência

Social (SecexPrevidência).

8. Representação legal: Antônio Perilo Teixeira OAB/DF 21659, Guilherme Augusto Fregapani

e outros, representando Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional.

9. Acórdão:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração, opostos ao Acórdão

550/2017- TCU - Plenário, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento

Nacional (Senac/DN), por meio de seus advogados,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as

razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 34 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 287 do

Regimento Interno deste Tribunal, em:

9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos, para, dando-lhes provimento parcial, excluir

da redação do item 1.7.1 do acórdão recorrido, o trecho “matéria discutida no TC-016.607/2015- 5”;

9.2. manter, em seus exatos termos, os demais elementos do Acórdão 550/2017- TCU – Plenário;

e

9.3. dar ciência deste acórdão ao embargante.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1611-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1612/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 017.716/2017-9.

2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação.

3. Interessados/Responsáveis: Tribunal de Contas da União.

4. Órgão/Entidade: não há.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro

Augusto Nardes.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Macroavaliação Governamental (Semag).

8. Representação legal: não há

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação da Secretaria de Macroavaliação

Governamental sobre Projeto de Decisão Normativa que fixa, para o exercício de 2018, os coeficientes

destinados ao cálculo das quotas de participação dos estados e do Distrito Federal no montante dos

recursos provenientes da parcela de 10% (dez por cento) incidente sobre a arrecadação do Imposto

sobre Produtos Industrializados, proporcionalmente às exportações, a que alude o inciso II do artigo

159 da Constituição Federal,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo relator, em:

9.1. conhecer da presente representação, nos termos do inciso VI do art. 237 do Regimento

Interno;

9.2. aprovar, nos termos apresentados no relatório que compõe a presente deliberação, o Projeto

de Decisão Normativa que fixa, para o exercício de 2018, os coeficientes destinados ao cálculo das

quotas de participação dos estados e do Distrito Federal no montante dos recursos provenientes da

parcela de 10% (dez por cento) incidente sobre a arrecadação do Imposto sobre Produtos

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53

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Industrializados, proporcionalmente às exportações, a que alude o inciso II do artigo 159 da

Constituição Federal, acompanhado dos seus respectivos anexos, quais sejam:

9.2.1. Anexo I: IPI-EXP – Coeficientes de participação;

9.2.2. Anexo II: IPI-EXP – Memória de cálculo dos coeficientes;

9.2.3. Anexo III: IPI-EXP – Nota explicativa;

9.3. enviar cópia deste acórdão e da decisão normativa ora aprovada, bem como do relatório e do

voto que os fundamentam, aos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados; aos

Ministros de Estado da Fazenda, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e da Indústria,

Comércio Exterior e Serviços; e ao Presidente do Banco do Brasil S.A.;

9.4. determinar à Secretaria das Sessões que adote as providências necessárias à imediata

publicação da presente decisão normativa, em cumprimento ao prazo estipulado no art. 2º da Lei

Complementar 61/1989;

9.5. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo que alerte as Secretarias de Controle

Externo nos estados sobre a necessidade de encaminhar imediatamente para a Secretaria de

Macroavaliação Governamental eventuais recursos administrativos interpostos com base no §1º do art.

2º da Lei Complementar 61/89 e no art. 292 do Regimento Interno do Tribunal para retificação dos

percentuais publicados relativos ao IPI Exportação do exercício de 2018, independentemente da data

de recebimento; e

9.6. arquivar o presente processo.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1612-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 1613/2017 – TCU – Plenário

1. Processo TC-004.632/2015-0

2. Grupo: I; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.

3. Responsáveis: Zacarias Dias dos Santos (831.784.143-04); Aline Carvalho Cunha Nogueira

Martins (504.631.953-53).

4. Entidade: Município de Cristino Castro/PI.

5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.

6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.

7. Unidade Técnica: Secex/PI.

8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos referentes à Tomada de Contas Especial instaurada

pelo Fundo Nacional de Saúde – FNS, em atenção ao Acórdão 6.211/2013 – 2ª Câmara (Rel. Gab.

Min. Subs. André de Carvalho, Ata 38/2013, sessão 22/10/2013), que tratou de Representação

noticiando possíveis irregularidades relacionadas a pagamentos com recursos do Sistema Único de

Saúde – SUS, repassados pelo FNS ao município de Cristino Castro/PI, objetivando a ampliação das

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

unidades básicas de saúde das localidades Japecanga e Palestina, no âmbito do Programa de

Requalificação das Unidades Básicas de Saúde.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão deste Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea d, 19, caput, e 23, inciso III, da

Lei 8.443/1992, julgar irregulares as contas do Sr. Zacarias Dias dos Santos e a Sra. Aline Carvalho

Cunha Nogueira Martins, condenando-os solidariamente ao pagamento da quantia de R$ 33.300,00

(trinta e três mil e trezentos reais), atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora,

calculados a partir de 10/09/2012 até a data da efetiva quitação, nos termos da legislação em vigor,

fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento das notificações, para que

comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o

recolhimento da dívida a favor do Fundo Nacional de Saúde, na forma prevista na legislação em vigor;

9.2. aplicar individualmente ao Sr. Zacarias Dias dos Santos e à Sra. Aline Carvalho Cunha

Nogueira Martins a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil

reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento das notificações, para que

comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional (art. 214, inciso III,

alínea a, do Regimento Interno/TCU), atualizadas monetariamente desde a data deste Acórdão até a

data do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.3. autorizar, caso requerido, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, o parcelamento das

dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e sucessivas, sobre as quais incidirão os

correspondentes acréscimos legais (débito: atualização monetária e juros de mora; multa: atualização

monetária), esclarecendo aos responsáveis que a falta de pagamento de qualquer parcela importará no

vencimento antecipado do saldo devedor, sem prejuízo das demais medidas legais;

9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas a que se refere este Acórdão, caso não

atendida as notificações, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;

9.5. considerar graves as infrações cometidas pelo Sr. Zacarias Dias dos Santos e declarar, ante o

disposto no art. 60 da Lei n. 8.443/1992, a inabilitação do mencionado responsável para o exercício de

cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, pelo prazo de cinco

anos;

9.6. remeter cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o sustentam, à

Procuradoria da República no Estado do Piauí, com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, e

ao FNS.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1613-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

(Relator) e André Luís de Carvalho.

ENCERRAMENTO

Às 16 horas e 32 minutos, a Presidência encerrou a sessão, lembrando que em seguida será

realizada sessão extraordinária de caráter reservado, da qual foi lavrada esta ata, a ser aprovada pelo

Presidente e homologada pelo Plenário.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DANIELA DUARTE DO NASCIMENTO

Subsecretária do Plenário, em substituição

Aprovada em 2 de agosto de 2017.

RAIMUNDO CARREIRO

Presidente

ANEXO I DA ATA 28, DE 26 DE JULHO DE 2017

(Sessão Ordinária do Plenário)

COMUNICAÇÕES

Comunicações proferidas pela Presidência.

COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA

Senhores Ministros,

Senhor Procurador-Geral,

Na sessão reservada de 5/4/2017, o Plenário, acolhendo proposta do Ministro-Substituto André

Luís de Carvalho, autorizou-me a promover reunião técnica entre os membros da Força Tarefa da Lava

Jato, do Ministério Público junto ao TCU e dos Ministros e Ministros-Substitutos desta Casa, com

objetivo de viabilizar eventual aprimoramento das medidas suscitadas pelo Ministro Bruno Dantas, no

âmbito do Acórdão 483/2017-TCU-Plenário.

Por conseguinte, encaminhei ao Procurador Deltan Marinazzo Dallagnol o Aviso 445-GP/TCU,

de 9/6/2017, consultando-lhe sobre a possibilidade de realização do mencionado encontro.

Em 24 de julho, Sua Excelência respondeu afirmativamente ao convite desta Presidência,

sugerindo as datas de 8, 9 e 10 de agosto, no período vespertino.

Uma vez que nos dias 8 e 9, à tarde, temos sessões colegiadas, restou-nos o dia 10 de agosto,

quinta-feira.

Dessa forma, indago do Plenário se podemos realizar o encontro no dia 10 de agosto, às 15

horas, na Sala de Conferências Ministro Bento Bugarin.

(PAUSA)

Não havendo objeções, ficam convidados todos os Ministros, Ministros-Substitutos, membros do

Ministério Público junto ao TCU e o corpo técnico do Tribunal para comparecerem à aludida reunião.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.

RAIMUNDO CARREIRO

Presidente

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

MANIFESTAÇÃO SOBRE DECISÃO DO TCU.

Senhor Presidente do TCU,

Senhores Ministros,

Senhor Procurador-Geral do MPTCU,

A partir da presente Comunicação da Presidência no sentido de promover a reunião técnica entre

os membros da Força Tarefa da Lava-Jato e os membros do TCU e do MPTCU, com objetivo de

promover o eventual aprimoramento das medidas suscitadas pelo Acórdão 483/2017-TCU-Plenário, o

Plenário deste Tribunal passou a decidir que a correspondente discussão deve ser conduzida pelo grupo

de trabalho encarregado de viabilizar a formação de comitê para a unificação das negociações dos

acordos de leniência, salientando, para tanto, que os membros da Força Tarefa da Lava-Jato serão

convidados a compor o referido comitê.

Peço licença para registrar a minha contundente discordância em relação a essa decisão, pois, em

consonância com a proposta aprovada pelo Plenário na sessão reservada de 5/4/2017, a referida

reunião técnica com os membros da Força Tarefa da Lava-Jato tem o principal objetivo de discutir os

eventuais efeitos das decisões do TCU sobre os acordos de colaboração premiada celebrados pelo

MPF, de sorte a evitar que as deliberações deste Tribunal prejudiquem ou mesmo inviabilizem a

celebração dos referidos acordos pelo MPF.

Bem se vê que a eventual necessidade de formação do referido comitê não se confunde com a

necessidade de se promover a aludida reunião técnica, já que a implantação do referido comitê se

destina a resolver as questões ligadas aos acordos de leniência firmados pela CGU, no exercício do

controle interno do Executivo federal, ao passo que o desenvolvimento da aludida reunião técnica se

direciona a solucionar as questões inerentes aos acordos de colaboração premiada celebrados pelo

MPF no âmbito da Operação Lava Jato, entre tantas outras importantes operações conduzidas com o

apoio da Polícia Federal.

Foi, por essa linha, que, na Sessão do Plenário de 12/7/2017, fiz registrar a minha expressa

manifestação no seguinte sentido:

“(...) Enalteço e, desde já, acompanho a presente manifestação do nobre Ministro Benjamin

Zymler no sentido de o TCU atentar para a possível necessidade de sopesar o período de inidoneidade

decretado pelo Tribunal em desfavor das empresas fraudadoras da licitação com a viabilidade do

prosseguimento das atividades das aludidas empresas, no âmbito dos processos autuados pelo TCU, a

partir das informações obtidas junto à Operação Lava-Jato, entre outras operações conduzidas pelo

MPF e pela Polícia Federal.

Bem se vê que de nada adiantaria o TCU condenar determinada empresa à reparação do dano

ao erário, para, mais à frente, ela vir a cessar o prosseguimento de toda a sua atividade empresarial,

ficando sem condições de arcar até mesmo com a referida reparação do dano, diante da perda de sua

viabilidade econômico-financeira pela fixação do longo prazo de inidoneidade para contratar com a

administração federal.

O TCU deve atentar, todavia, para o fato de, em regra, essa medida não se destinar às empresas

colaboradoras com a Operação Lava-Jato, uma vez que elas já tendem a ser beneficiadas pelo TCU

com a suspensão da referida inidoneidade, em sintonia com o Acórdão 483/2017-TCU-Plenário, de

sorte que a aludida medida se direciona muito mais às empresas não-colaboradoras com a referida

operação.

O Tribunal deve atentar, assim, para a necessidade de não prejudicar a atuação do MPF na

celebração dos acordos de colaboração premiada, já que, a partir da mencionada redução do prazo

de inidoneidade, as empresas ainda não-colaboradoras podem ficar “desestimuladas” de passar a

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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contribuir com o MPF para a elucidação dos diversos ilícitos perpetrados em desfavor do erário e da

administração pública, deixando de passar a celebrar novos acordos de colaboração.

Reitero aqui, então, a importância dos acordos de colaboração premiada promovidos pelo MPF

no sentido de que eles tendem a reduzir a nefasta prática da corrupção no País, já que contribuem

para a redução da impunidade no Brasil. Como tenho dito, os referidos acordos têm valoroso efeito

dissuasor contra a atual e, principalmente, contra a futura prática de corrupção perante a

administração pública. Eis que, diante da efetividade desses acordos, as pessoas “A”, “B” e “C”

tenderão, por exemplo, a não mais entrarem em colusão para a prática de atos de corrupção, pois, se

assim agirem, nenhuma delas poderá mais “dormir sossegada” ante o premente, contínuo e inegável

receio de que a outra pessoa vá buscar o MPF para “entregar todo o esquema de corrupção”, com o

intuito de receber os benefícios legais da correspondente delação.

Esse, em linhas gerais, é o cerne da efetividade de todo o mecanismo de colaboração premiada,

pela aplicação da teoria dos jogos, e o TCU não pode deixar de atentar, portanto, para a necessidade

de preservar a efetividade da atuação do MPF na celebração dos aludidos acordos, sob pena de o

Tribunal se distanciar dos legítimos interesses da sociedade brasileira. (...)”

Toda essa discussão ganhou, aliás, ainda maior relevância a partir da recente decisão proferida

pelo Supremo Tribunal Federal, no âmbito da Questão de Ordem junto à Petição 7074, no sentido da

necessidade de se evitar a modificação dos termos do acordo de colaboração premiada celebrado pelo

MPF na homologação pelo Poder Judiciário. Se nem o Plenário do STF pode modificar os termos do

acordo de colaboração premiada celebrado pelo MPF, como o TCU poderia ter competência para

modificar ou prejudicar esse acordo?

Registro, portanto, Senhor Presidente, a minha expressa discordância em relação à atual decisão

do TCU que, inegavelmente, passa a “desconvidar” os membros da Força Tarefa da Lava-Jato para a

relevante reunião técnica que havia sido aprovada pelo Plenário do TCU, na sessão de 5/4/2017,

deixando, assim, de iniciar os estudos para a uniformização dos entendimentos e dos procedimentos

tendentes a evitar que as deliberações do TCU prejudiquem ou mesmo inviabilizem a celebração dos

referidos acordos de colaboração premiada pelo MPF.

TCU, Sala das Sessões, em 26 de julho de 2017.

Ministro-Substituto ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA

Senhores Ministros,

Senhor Procurador-Geral,

Registro a presença, neste Plenário, de candidatos aprovados na primeira etapa do concurso

público, objeto do Edital nº 6-TCU-AUFC/2015, para provimento do cargo de Auditor Federal de

Controle Externo (Área e Especialidade: Controle Externo), nas Orientações: “Auditoria

Governamental” e “Tecnologia da Informação”.

Eles estão participando, no Instituto Serzedello Corrêa, da 4ª turma do respectivo Programa de

Formação. Conforme o Edital nº 45/2017, foram homologadas as matrículas de 36 candidatos de

“Auditoria Governamental” (sendo 34 vagas para Brasília/DF, uma para Manaus/AM e uma para Boa

Vista/RR), bem como de cinco candidatos de “Tecnologia da Informação”, para vagas em Brasília.

Dessa forma, o aludido Programa, que teve início ontem (dia 25/7), conta com 41 participantes.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Ao dar boas-vindas a esses alunos, expresso minhas congratulações pelo sucesso por eles

alcançado até aqui e votos de êxito na segunda fase do concurso.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.

RAIMUNDO CARREIRO

Presidente

COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA

Senhores Ministros,

Senhor Procurador-Geral,

Comunico a este Plenário que, conforme os pareceres proferidos pela Segecex e pela Segedam

nos respectivos processos de requisição, foram deferidos os seguintes pedidos de prorrogação dos

prazos de cessão de servidores:

- da Exma Ministra Laurita Vaz, Presidente do Conselho de Justiça Federal, sobre a

possibilidade de prorrogar até 31 de agosto de 2018 a cessão do Auditor Federal de Controle Externo

Jesse Andros Pires de Castilho, para continuar exercendo o cargo em comissão de Secretário de

Controle Interno, nível CJ-3, naquele Conselho; foi deferido até 31/12/2017;

- do Exmo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, sobre a possibilidade de

prorrogar por mais um ano, a partir de 27/7/2017, a cessão do Auditor Federal de Controle Externo

Emerson da Silva Gomes, para continuar exercendo o cargo de Assessor de Ministro, nível CJ-3, no

gabinete do mencionado Ministro; foi deferido até 31/12/2017;

- do Exmo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, sobre a possibilidade de

prorrogar pelo período de dois anos, o prazo de cessão do servidor Adalberto Santos de Vasconcelos,

nomeado Secretário Especial do Programa de Parcerias de Investimentos da Secretaria-Geral da

Presidência da República. Foi deferido até 31/12/2017.

Considerando que eventuais cessões de servidor, mesmo em caráter excepcional, causam

prejuízos às unidades técnicas para o cumprimento de metas institucionais, pois o crescente volume de

demandas recebidas pelo TCU exige esforço concentrado para realização de ações de controle externo

nos padrões de qualidade e prazos esperados, as referidas prorrogações foram autorizadas somente até

31/12/2017.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.

RAIMUNDO CARREIRO

Presidente

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Comunicação proferida pelo Ministro Vital do Rêgo.

COMUNICAÇÃO

Senhor Presidente,

Senhores Ministros,

Senhor Procurador-Geral,

Em nota divulgada no dia 20 passado, e amplamente divulgada pela mídia, o Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou ter recebido demanda do governo federal

para participar ativamente do processo de venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do

Estado do Rio de Janeiro (Cedae).

Os detalhes da operação ainda seriam definidos, mas segundo o que foi noticiado até o momento,

a concepção inicial levaria o BNDES, por meio do BNDES Par (braço de participações do Banco), a

injetar recursos na Companhia de Águas para sanear a empresa e torna-la atrativa para ser oferecida ao

mercado. Com isso, o BNDES se tornaria sócio do Cedae.

Não se sabe exatamente quanto o banco aportaria de recursos, mas o valor da transação chama a

atenção pela materialidade da Cedae, que teve lucro líquido em 2016 de R$ 379 milhões, mas em

contrapartida apresentou dívida líquida de R$ 1,5 bilhão no fim do ano passado.

Os riscos para o banco nesse tipo de operação precisam ser cuidadosamente considerados pelo

BNDES. Segundo ainda noticiado pela imprensa, técnicos do Ministério da Fazenda já sinalizaram

preocupações com a definição do valor da Cedae, pois várias incertezas impactariam essa questão,

como contingências acerca do poder concedente, bem como passivos trabalhistas e ambientais.

Existem ainda diversos questionamentos apontados por autoridades públicas constituídas acerca

da estruturação da operação dentro de prazos tão exíguos, até pela precariedade dos serviços públicos

prestados à população do Rio de Janeiro. Por essa razão, considero de mais alta relevância que o

Tribunal acompanhe de perto a modelagem dessa operação, caso venha a se confirmar.

Diante do exposto, proponho a este colegiado que seja expedida orientação à Segecex para que,

por meio da Secex Estatais, acompanhe a operação em comento e represente ao Tribunal caso

identifique indícios de irregularidade no processo de venda da Cedae, por meio da participação do

BNDES.

Sala das Sessões, em 26 de julho de 2017.

(assinado eletronicamente)

Ministro VITAL DO REGO

Relator

Comunicação proferida pelo Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

COMUNICAÇÃO

Senhor Presidente,

Senhores Ministros,

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Senhor Procurador-Geral,

Considerando que, a despeito de este Tribunal já haver se deparado em diversos julgados com a

questão da responsabilização de gestores que apresentam intempestivamente suas prestações de contas,

ocasionando, inclusive, alterações nas regras constantes do Regimento Interno, a matéria continua a

gerar debates nesta Corte, trago à reflexão deste Colegiado proposta de alteração nos procedimentos de

chamamento dos responsáveis aos processos de contas.

A redação atual do Regimento Interno do Tribunal traz a seguinte disciplina:

“Art. 209. O Tribunal julgará as contas irregulares quando evidenciada qualquer das seguintes

ocorrências:

I – omissão no dever de prestar contas;

(...)

§4º Citado o responsável pela omissão de que trata o inciso I, bem como instado a justificar essa

omissão, a apresentação posterior das contas, sem justificativa para a falta, não elidirá a respectiva

irregularidade, podendo o débito ser afastado caso a documentação comprobatória das despesas esteja

de acordo com as normas legais e regulamentares e demonstre a boa e regular aplicação dos recursos,

sem prejuízo de aplicação da multa prevista no inciso I do art. 268” (sublinhei).

A despeito da previsão acima, vislumbro que, nas tomadas de contas especiais em que os

gestores encaminham suas prestações de contas em resposta a citações promovidas em razão da

omissão no dever de prestar contas, a regra comum consiste em o gestor apresentar a documentação,

mas não justificar o descumprimento deste dever no prazo originalmente estipulado em normativos ou

nos termos de convênio.

Para além da simples deficiência das defesas apresentadas, parece-me que o procedimento

adotado por este Tribunal não está deixando claro para os gestores que, uma vez instaurada a tomada

de contas especial, a prestação de contas intempestiva, se não justificada, ocasiona o julgamento pela

irregularidade das contas, com a aplicação de multa ao responsável. Ressalto que, em grande parte dos

casos, as citações deste Tribunal são endereçadas a gestores de formação simples, que não dominam as

singularidades das normas de direito público, e, em razão desta condição, necessitam ser esclarecidos

da melhor forma possível sobre a amplitude exigida de sua defesa.

Entendo que este Tribunal deva dar maior destaque à questão da intempestividade, alçando-a à

categoria de irregularidade independente da omissão no dever de prestar contas. Na verdade, entendo

que tal destaque é obrigatório, pois que o Tribunal tem aplicado sanções e julgado irregulares contas

de gestores, na hipótese de ausência de justificativa adequada.

Explico. Entendo que o Tribunal, além de citar o responsável pela omissão no dever de prestar

contas, deve promover o seu chamamento ao processo para ele se defender também pela não

apresentação das contas no prazo estipulado. Esse chamamento poderia se dar com a inclusão de mais

uma alínea entre as irregularidades registradas na citação, ou mediante a realização de uma audiência,

em separado, o que teria o condão de evidenciar ainda mais ao gestor a necessidade de justificar seu

atraso no cumprimento do dever de prestar contas, pelo que entendo seja a melhor opção. Para maior

clareza ainda ao responsável, na alínea da irregularidade relativa ao não cumprimento do prazo, poder-

se-ia fazer constar que a não apresentação de razões de justificativas quanto a essa falha poderia

ensejar a aplicação de sanções e o julgamento pela irregularidade das contas.

Desse modo, havendo a posterior prestação de contas, o que, a meu ver, sanaria a irregularidade

atinente à omissão, restaria a irregularidade relativa ao não cumprimento da obrigação no prazo

inicialmente estipulado, que, caso não justificado (seja em sede de citação, seja de audiência), poderia

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ensejar o julgamento das contas pela irregularidade, com a aplicação de multa ao gestor, conforme o

Regimento e jurisprudência atual deste Tribunal.

Parece-me que esse procedimento estaria de acordo com as normas regimentais e proporcionaria

uma maior clareza aos responsáveis sobre a amplitude das irregularidades objeto do seu chamamento

ao processo.

II

Não obstante essa proposta, aproveito a oportunidade para trazer para reflexão do Colegiado

outra sugestão acerca do tema. Por considerar ser a intempestividade (o não cumprimento do prazo

para a apresentação das contas) irregularidade independente da omissão no dever de prestar contas

(não apresentação das contas), entendo ser possível que o saneamento desta última, ainda que

remanescendo a primeira, possa ensejar tão-somente a aplicação de multa ao gestor, sem o julgamento

pela irregularidade de suas contas.

Entendo que, saneada a omissão, ou seja, tendo o gestor, ainda que extemporaneamente,

apresentado as contas e comprovado a regular aplicação dos recursos, a intempestividade deva ser

tratada não como falha nas contas, mas como ato praticado com grave infração à norma legal ou

regulamentar, punível com a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992 e no art. 268, inciso

II, do Regimento Interno.

Observo que há deliberações deste Tribunal em que gestores ouvidos em audiência em processos

de contas, quando respondem por irregularidades não vinculadas ao débito, sofrem a aplicação de

multa, mas suas contas não são objeto de julgamento, conforme pode ser visto nos seguintes excertos

obtidos em consulta a Jurisprudência Selecionada deste Tribunal:

“Em processo de tomada de contas especial, quando, além dos responsáveis citados pelo débito,

há responsável que foi apenas ouvido em audiência por irregularidade da qual não decorra dano ao

erário, não cabe o julgamento de suas contas, mas apenas a aplicação da multa do art. 58, inciso II, da

Lei 8.443/1992, se for o caso”. Acórdão 4223/2017-1ª Câmara

“Em processo de tomada ou prestação de contas ordinárias, pode ser aplicada multa a gestor não

arrolado como responsável pelas contas, situação em que, se não houver dano ao erário a ele imputado,

o agente apenado não tem as contas julgadas”. Acórdão 1878/2017-1ª Câmara e Acórdãos 8031/2016

e 1460/2016, da 2ª Câmara.

“Não deve ocorrer o julgamento das contas dos responsáveis cujas condutas não demandariam,

por si sós, a instauração de tomada de contas especial, aplicando-se nesses casos apenas, quando

cabível, a multa do art. 58 da Lei 8.443/1992”. Acórdão 5811/2012-1ª Câmara.

Em todos esses casos o Tribunal aplicou multa ao gestor e se absteve de julgar suas contas.

Entendo que possa ser dado esse mesmo encaminhamento aos processos em que se verifica a

apresentação intempestiva das contas, sem a devida justificativa para o atraso, mas com a

comprovação da regular aplicação dos recursos, podendo-se aplicar a multa em razão da

intempestividade, mas afastando-se a irregularidade da omissão no dever de prestar contas, bem como

o débito, que fundamentaram a instauração da tomada de contas especial.

Por considerar a independência das irregularidades atinentes à omissão e à intempestividade,

bem como a jurisprudência acima indicada, entendo que, remanescendo apenas a intempestividade,

seria o caso de arquivar a tomada de contas especial, por ausência de pressuposto para o seu

desenvolvimento válido e regular, uma vez que a omissão e o dano foram afastados, sem prejuízo de

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eventualmente aplicar ao gestor a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992 e no art. 268,

inciso II, do Regimento Interno, uma vez que a apenação pela prática de ato com grave infração à

norma legal ou regulamentar não está vinculada ao julgamento de contas.

Acrescento, ainda, conforme mencionado pelo Ministro André Luis de Carvalho na sessão de 2ª

Câmara de 25/7/2017, a possibilidade de, diante da ausência de pressupostos para o desenvolvimento

do processo de contas, o feito ser convertido para natureza de representação antes da aplicação da

multa retromencionada e do arquivamento do processo.

III

Dessa forma, proponho que sejam alterados os normativos internos do Tribunal para que, nos

casos de omissão no dever de prestar contas, promova-se o chamamento do responsável para

apresentar, de forma independente, alegações de defesa em razão das seguintes irregularidades:

a) não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos em razão da omissão no dever de

prestar contas; e

b) não cumprimento do prazo originalmente estipulado para prestação de contas,

Proponho, ainda, seja o responsável alertado para a possibilidade de aplicação de sanções ou de

julgamento pela irregularidade das contas na hipótese de não apresentação de justificativa para as duas

irregularidades acima indicadas.

IV

Além disso, solicito que seja submetida à Comissão de Regimento Interno, para sua avaliação,

proposta no sentido de se alterar a redação do art. 209, §4°, do Regimento para contemplar a hipótese

de, uma vez saneada a ocorrência da omissão e afastada a configuração do débito com a apresentação

das contas pelo responsável, mas remanescendo injustificada a ocorrência da apresentação das contas

fora do prazo estipulado, o Tribunal possa arquivar a tomada de contas especial ou convertê-la para a

natureza de representação, tendo em vista a falta de pressuposto para o desenvolvimento válido e

regular do processo de contas, e possa aplicar ao responsável a multa prevista no art. 58, inciso II, da

Lei 8.443/1992 e no art. 268, inciso II, do Regimento Interno desta Corte.

Nestes termos, submeto a proposta ao descortino do Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 25 de julho de 2017

Augusto Sherman Cavalcanti

Ministro-Substituto

ANEXO II DA ATA 28, DE 26 DE JULHO DE 2017

(Sessão Ordinária do Plenário)

MEDIDA CAUTELAR

Comunicação sobre despacho exarado pelo Ministro Walton Alencar Rodrigues.

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ATA-28-PL

COMUNICAÇÃO

Senhor Presidente,

Senhora Ministra,

Senhores Ministros,

Senhor Procurador-Geral,

Comunico a Vossas Excelências que, na data de ontem, nos autos do TC 018.163/2017-3, que

trata de representação formulada pela sociedade empresária Palladium Engenharia e Serviços Ltda.,

concedi medida cautelar, determinando à Prefeitura de Paço do Lumiar/MA que suspenda, no estágio

em que se encontra, até ulterior determinação desta Corte de Contas, os procedimentos relativos à

Concorrência Pública 02/2017, destinada à construção de 5 creches/pré-escola, com recursos do

FNDE, estimados em R$ 6.366.000,00, repassados mediante Termo de Compromisso inserido no

Programa de Aceleração do Crescimento-PAC 2.

A medida tem como fundamento o indício de prejuízo à competitividade do certame, decorrente

da alteração das condições para participação das licitantes, sem a observância da formalidade e prazo

previstos no art. 21, §§ 3º e 4º, da Lei 8.666/1993.

Considerando, pois, que os exames realizados pela unidade técnica lograram demonstrar o

fumus boni iuris e o periculum in mora, concedi a medida cautelar e determinei a oitiva do

representante do Município, do presidente da comissão de licitação e da empresa que porventura tenha

sido declarada vencedora da licitação.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Relator

TC 018.163/2017-3

Natureza: Representação

Unidade Jurisdicionada: Prefeitura Municipal de Paço do Lumiar - MA.

Interessado: Palladium Engenharia e Serviços Ltda.

DESPACHO

Trata-se de representação formulada pela sociedade empresária Palladium Engenharia e Serviços

Ltda., dando conta de suposta irregularidade na Concorrência Pública 02/2017, realizada pela

Prefeitura de Paço do Lumiar/MA, com o intuito de construir 5 creches/pré-escola, com recursos do

FNDE, estimados em R$ 6.366.000,00, repassados mediante termo de Compromisso inserido no PAC

2.

Segundo a representante, a competitividade do certame restou comprometida, ante o exíguo

prazo para que as licitantes obtivessem, em cumprimento ao subitem 4.3.4 do referido edital, atestado

de “visita técnica”, a ser emitido pela Prefeitura, relacionado ao conhecimento, por parte do

responsável técnico das licitantes, das condições locais para execução do objeto licitado.

Considerando desnecessário avaliar a razoabilidade do prazo definido pelo ente municipal, a

instrução da Secex/MA aponta que o edital contém flagrante ilegalidade, ao exigir a apresentação do

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

atestado acima mencionado, porquanto, consoante a jurisprudência desta Corte de Contas (Acórdão

234/2015-Plenário), a visitação poderia ser exigida, não sendo permitido, entretanto, que o licitante

seja obrigado a apresentar o “Atestado de Visitação”.

Ocorre que, em contato com o presidente da comissão de licitação, o auditor responsável pela

instrução dos autos foi informado de que a licitação seria realizada de acordo com o previsto. Para

solucionar a irregularidade ora analisada, haveria o registro em ata de que o item questionado não seria

considerado.

A unidade técnica entende que a providência adotada pela comissão de licitação fere o disposto

no art. 21, §§ 3º e 4º, da Lei 8.666/1993, porquanto apenas os licitantes que comparecessem à

Prefeitura na data da abertura da licitação teriam conhecimento da alteração das condições para

participação no certame.

Nesse sentido, afirma que tal irregularidade poderia ensejar a redução do número de empresas

interessadas em participar do certame, podendo influenciar diretamente na economicidade da

contração.

Diante de tais elementos, bem assim da previsão de abertura da concorrência para o dia 7/7/2017,

a Secex/MA considerou presentes os requisitos o fumus boni iuris e do periculum in mora, a justificar

a adoção de medida cautelar, no sentido da suspensão do procedimento licitatório aqui tratado, até

ulterior deliberação deste Tribunal.

Ressaltou, ainda, a ausência do periculum in mora reverso, visto que não há indícios de que a

adoção da medida acautelatória possa trazer prejuízos significativos ao interesse público.

De fato, não há dúvida de que o procedimento adotado no âmbito da Prefeitura de Paço do

Lumiar/MA merece ser melhor avaliado por esta Corte de Contas, para que se apure eventuais

prejuízos aos cofres federais, decorrentes do comprometimento da competitividade da Concorrência

Pública 02/2017.

Diante da provável abertura do certame, prevista para o dia 7 do corrente mês, e da iminente

assinatura do respectivo contrato, considero presente o risco de ineficácia da decisão de mérito a ser

adotada nos presentes autos, razão pela qual, com fulcro no art. 276 do Regimento Interno do TCU,

adoto a medida cautelar proposta, dispensando a prévia oitiva da parte, sem prejuízo das demais

medidas sugeridas pela Secex/MA.

Sendo assim, conheço da presente representação, nos termos dos artigos 235 e 237, inciso VII,

do Regimento Interno do TCU, c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, e determino:

a) cautelarmente, à Prefeitura Municipal de Paço do Lumiar/MA que suspenda os

procedimentos da Concorrência Pública 2/2017, no estágio em que se encontra, dando imediato

conhecimento das providências adotadas ao TCU;

b) a oitiva do Prefeito de Paço Lumiar/MA, do Presidente da Comissão Licitação do referido

Município e da empresa que porventura tenha sido declarada vencedora da licitação, para, no prazo de

15 dias, manifestarem-se quanto às ocorrências tratadas nesta representação, alertando-os quanto à

possibilidade de o Tribunal vir a declarar a nulidade dos atos praticados;

c) a realização das diligências necessárias à obtenção, no prazo de 15 dias, dos documentos

relacionados à Concorrência Pública nº 2/2017 e demais informações necessárias à análise da

regularidade dos procedimentos adotados e da economicidade dos preços praticados na referida

licitação.

Brasília, de julho de 2017.

(Assinado Eletronicamente)

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Relator

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

ANEXO III DA ATA 28, DE 26 DE JULHO DE 2017

(Sessão Ordinária do Plenário)

ATO NORMATIVO APROVADO

DECISÃO NORMATIVA - TCU Nº 160, DE JULHO DE 2017

Aprova os coeficientes individuais de participação dos Estados e do Distrito Federal nos recursos

previstos no art. 159, inciso II, da Constituição Federal, para aplicação no exercício de 2018.

O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 161,

parágrafo único, da Constituição Federal, o art. 2º, caput, da Lei Complementar 61, de 26 de dezembro

de 1989 e o art. 1º, inciso VI, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 (Lei Orgânica do Tribunal de

Contas da União), e tendo em vista o disposto no art. 159, inciso II, da Constituição Federal, e nas Leis

Complementares 61, de 26 de dezembro de 1989, e 65, de 15 de abril de 1991, bem assim o que consta

no processo TC 017.716/2017-9, resolve:

Art. 1º Ficam aprovados, na forma dos Anexos I a III desta Decisão Normativa, os coeficientes

individuais dos Estados e Distrito Federal destinados ao rateio da parcela de 10% (dez por cento) do

produto da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados, previsto no art. 159, inciso II, da

Constituição Federal, para aplicação no exercício de 2018.

Art. 2º As unidades federadas disporão de trinta dias, a partir da publicação desta Decisão

Normativa, para apresentar contestação fundamentada, que poderá ser protocolada nas Secretarias de

Controle Externo nos estados ou na Sede deste Tribunal, nos termos do art. 292 do Regimento Interno.

Art. 3º Esta Decisão Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos

financeiros a partir de 1º/1/2018.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.

RAIMUNDO CARREIRO

Presidente

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO I

IPI EXPORTAÇÃO - COEFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO

EXERCÍCIO 2018

UF Unidade da Federação Coeficiente

AC Acre 0,007514%

AL Alagoas 0,224908%

AP Amapá 0,162913%

AM Amazonas 0,467237%

BA Bahia 4,297924%

CE Ceará 0,943955%

DF Distrito Federal 0,127594%

ES Espírito Santo 4,050400%

GO Goiás 2,346699%

MA Maranhão 1,153949%

MT Mato Grosso 1,396424%

MS Mato Grosso do Sul 1,823157%

MG Minas Gerais 12,419718%

PA Pará 5,993607%

PB Paraíba 0,085754%

PR Paraná 9,486885%

PE Pernambuco 1,408797%

PI Piauí 0,026465%

RJ Rio de Janeiro 17,910467%

RN Rio Grande do Norte 0,086304%

RS Rio Grande do Sul 9,149783%

RO Rondônia 0,296281%

RR Roraima 0,004412%

SC Santa Catarina 5,970458%

SP São Paulo 20,000000%

SE Sergipe 0,064599%

TO Tocantins 0,093796%

T O T A L 100,000000%

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO II

IPI EXPORTAÇÃO - MEMÓRIA DE CÁLCULO DOS COEFICIENTES

EXERCÍCIO 2018

(A) (B) (C) (D) (E) (F) (G) (H)

Unidade da

Federação

Valor das

exportações

jul/2016 a

jun/2017

(US$ FOB)

(*)

Participaçã

o inicial

Participaç

ão com

trava

(20%)

Participaç

ão

excedente

Participaç

ão das

UFs

abaixo da

trava

Redistribuiç

ão do

excedente

Participaçã

o final

AC - Acre 8.432.595 0,006348% 0,006348% 0,000000% 0,006348% 0,001166% 0,007514%

AL - Alagoas 252.403.094 0,190021% 0,190021% 0,000000% 0,190021% 0,034887% 0,224908%

AP - Amapá 182.829.597 0,137643% 0,137643% 0,000000% 0,137643% 0,025271% 0,162913%

AM - Amazonas 524.357.928 0,394761% 0,394761% 0,000000% 0,394761% 0,072476% 0,467237%

BA - Bahia 4.823.352.225 3,631243% 3,631243% 0,000000% 3,631243% 0,666681% 4,297924%

CE - Ceará 1.059.355.349 0,797532% 0,797532% 0,000000% 0,797532% 0,146424% 0,943955%

DF - Distrito Federal 143.193.054 0,107802% 0,107802% 0,000000% 0,107802% 0,019792% 0,127594%

ES - Espírito Santo 4.545.567.210 3,422114% 3,422114% 0,000000% 3,422114% 0,628286% 4,050400%

GO - Goiás 2.633.586.549 1,982686% 1,982686% 0,000000% 1,982686% 0,364013% 2,346699%

MA - Maranhão 1.295.020.687 0,974952% 0,974952% 0,000000% 0,974952% 0,178997% 1,153949%

MT - Mato Grosso 1.567.139.347 1,179815% 1,179815% 0,000000% 1,179815% 0,216609% 1,396424%

MS - Mato Grosso do

Sul 2.046.040.414 1,540354% 1,540354% 0,000000% 1,540354% 0,282803% 1,823157%

MG - Minas Gerais

13.938.047.29

8

10,493208

%

10,493208

% 0,000000%

10,493208

% 1,926510%

12,419718

%

PA - Pará 6.726.334.062 5,063896% 5,063896% 0,000000% 5,063896% 0,929710% 5,993607%

PB - Paraíba 96.237.591 0,072452% 0,072452% 0,000000% 0,072452% 0,013302% 0,085754%

PR - Paraná

10.646.670.84

2 8,015308% 8,015308% 0,000000% 8,015308% 1,471577% 9,486885%

PE - Pernambuco 1.581.025.080 1,190269% 1,190269% 0,000000% 1,190269% 0,218528% 1,408797%

PI - Piauí 29.700.221 0,022360% 0,022360% 0,000000% 0,022360% 0,004105% 0,026465%

RJ - Rio de Janeiro 20.100.047.350

15,132248%

15,132248% 0,000000%

15,132248% 2,778218%

17,910467%

RN - Rio Grande do

Norte 96.855.127 0,072917% 0,072917% 0,000000% 0,072917% 0,013387% 0,086304%

RS - Rio Grande do

Sul

10.268.357.60

0 7,730496% 7,730496% 0,000000% 7,730496% 1,419287% 9,149783%

RO - Rondônia 332.502.258 0,250323% 0,250323% 0,000000% 0,250323% 0,045958% 0,296281%

RR - Roraima 4.951.188 0,003727% 0,003727% 0,000000% 0,003727% 0,000684% 0,004412%

SC - Santa Catarina 6.700.355.666 5,044338% 5,044338% 0,000000% 5,044338% 0,926120% 5,970458%

SP - São Paulo

43.049.102.87

6

32,409361

%

20,000000

%

12,409361

% 0,000000% 0,000000%

20,000000

%

SE - Sergipe 72.496.683 0,054579% 0,054579% 0,000000% 0,054579% 0,010020% 0,064599%

TO - Tocantins 105.262.833 0,079247% 0,079247% 0,000000% 0,079247% 0,014549% 0,093796%

T O T A L

132.829.224.7

24

100,000000

%

87,590639

%

12,409361

%

67,590639

% 12,409361%

100,000000

%

(*) Obs: o valor informado corresponde ao valor dos produtos industrializados exportados para o

exterior na proporção do ICMS que deixou de ser exigido em razão da não incidência prevista na

alínea “a” do inciso X e da desoneração prevista na alínea “f” do inciso XII, ambos do § 2º do art. 155

da Constituição Federal (LC 65/91, art. 4º).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO III

IPI EXPORTAÇÃO - NOTA EXPLICATIVA

EXERCÍCIO 2018

Em cumprimento ao item 9.2 do Acórdão 196/2003-TCU-Plenário, são publicadas

informações adicionais sobre o cálculo previsto no art. 159, inciso II, da Constituição Federal relativo

aos coeficientes individuais de participação dos Estados e Distrito Federal no rateio da parcela de 10%

(dez por cento) do produto da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), fixados

pela presente Decisão Normativa TCU.

Para o cálculo dos coeficientes devem ser observados os seguintes procedimentos:

- os coeficientes para o rateio são calculados para aplicação no ano-calendário, ou seja, de

janeiro a dezembro, tomando-se por base o valor em dólar norte-americano das exportações ocorridas

nos doze meses antecedentes a primeiro de julho do ano imediatamente anterior (LC 61/89, art. 1º, §

3º);

- a participação de cada unidade é limitada ao máximo de 20% (vinte por cento) do

montante a ser distribuído, sendo o eventual excesso redistribuído entre os demais participantes, de

forma proporcional às respectivas participações (CF, art. 159, e LC 61/89, art. 1º, § 4º).

O Anexo I da presente Decisão Normativa TCU apresenta os coeficientes individuais de

participação dos estados e do Distrito Federal no rateio da parcela de 10% (dez por cento) do produto

da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), enquanto o Anexo II apresenta a

memória dos cálculos que produziram esses coeficientes. As tabelas apresentadas foram construídas a

partir dos preceitos legais e possuem as seguintes informações:

1) TABELA “COEFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO”

“UF”: sigla da Unidade da Federação (UF);

“Unidade da Federação”: nome por extenso da UF;

“Coeficiente”: coeficiente individual de participação de cada UF, em percentagem.

2) TABELA “MEMÓRIA DE CÁLCULO DOS COEFICIENTES”

“Unidade da Federação” (Coluna A) – sigla e nome da UF;

“Valor das exportações jul/2016 a jun/2017 (US$ FOB)” (Coluna B) – valor dos produtos

industrializados exportados para o exterior na proporção do ICMS que deixou de ser exigido em razão

da não incidência prevista na alínea “a” do inciso X e da desoneração prevista na alínea “f” do inciso

XII, ambos do § 2º do art. 155 da Constituição Federal (LC 65/91, art. 4º) calculado com base no valor

FOB, em dólares, das exportações realizadas no período de julho de 2016 a junho de 2017 pela UF,

apurado pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços

– Secex/MDIC (LC 61/89, art. 1º, § 3º);

“Participação inicial” (Coluna C) – percentual de participação de cada UF no valor total das

exportações, sem limitação (cada elemento da coluna B dividido pelo total da coluna B);

“Participação com trava (20%)” (Coluna D) – percentual de participação de cada UF no valor

total das exportações, com limitação superior (trava) de 20% (cada elemento da coluna B dividido pelo

total da coluna B, mantendo-se em 20% a participação da UF que ultrapassar esse percentual);

“Participação excedente” (Coluna E) – percentual excedente aos 20% que será redistribuído

entre os demais participantes;

“Participação das UFs abaixo da trava” (Coluna F) – percentual de participação de cada UF

que ficou abaixo da trava dos 20%;

“Redistribuição do excedente” (Coluna G) – participação de cada UF na redistribuição do

excedente, de forma proporcional à sua respectiva participação (cada elemento da coluna F dividido

pelo total da coluna F e, em seguida, multiplicado pelo total da coluna E);

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

“Participação final” (Coluna H) – coeficiente final de participação percentual de cada UF, que

corresponde à soma das colunas D e G, com 6 casas decimais e total ajustado para exatos

100,000000%.

ANEXO IV DA ATA 28, DE 26 DE JULHO DE 2017

(Sessão Ordinária do Plenário)

ACÓRDÃOS PROFERIDOS DE FORMA UNITÁRIA

Relatórios e Votos emitidos pelo respectivo relator, bem como os Acórdãos de nºs 1598 a 1613,

aprovados pelo Plenário.

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário

TC 016.060/2017-2.

Natureza: Desestatização.

Órgão/Entidade: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Ministério de Minas e

Energia (MME).

Representação legal: não há.

SUMÁRIO: DESESTATIZAÇÃO. LEILÃO ANEEL 1/2017 – LICITAÇÃO PARA A

OUTORGA DE QUATRO USINAS HIDRELÉTRICAS EM OPERAÇÃO. ATENDIMENTO DOS

REQUISITOS PREVISTOS NA INSTRUÇÃO NORMATIVA TCU 27/1998. FALHAS QUE NÃO

IMPEDEM A CONTINUIDADE DO CERTAME. DETERMINAÇÕES. RECOMENDAÇÕES.

CIÊNCIA. RESTITUIÇÃO DOS AUTOS À UNIDADE TÉCNICA PARA ACOMPANHAR OS

DEMAIS ESTÁGIOS DO PROCESSO DE CONCESSÃO.

RELATÓRIO

Adoto como Relatório a instrução de mérito elaborada no âmbito da Secretaria de

Fiscalização de Infraestrutura de Energia Elétrica (peça 25), cuja proposta de encaminhamento foi

integralmente acolhida pelo Secretário daquela unidade técnica (peça 26):

1. Trata-se de acompanhamento do primeiro estágio do Leilão - Aneel 1/2017, referente à

licitação para a outorga de quatro usinas hidrelétricas em operação, nos termos do artigo 8° da Lei

12.783/2013, com a redação dada pela Lei 13.203/2015, e conforme delegação de competência

efetuada mediante a Portaria MME 133/2017, alterada pela Portaria MME 191/2017 (peça 2).

2. Recorde-se que as licitações para a outorga de concessão da exploração de aproveitamento

energético são regidas também pelo artigo 175 da Constituição Federal de 1988, pela legislação

setorial específica, especialmente pelas Leis 10.848/2004; 9.427/1996; 9.074/1995; 8.987/1995 e,

subsidiariamente, pela Lei 8.666/1993.

3. No âmbito do Tribunal de Contas da União (TCU), a matéria está disciplinada pela

Instrução Normativa (IN) TCU 27/1998, que dispõe sobre o acompanhamento concomitante dos

processos de outorga de concessão ou de permissão de serviços públicos, realizados em quatro

estágios, por meio de análise da documentação remetida pelo poder concedente.

HISTÓRICO

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70

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

I. Das Concessões vencidas e não prorrogadas

4. Conforme exposto no relatório que precede o Acórdão 3.012/2011-TCU-Plenário, de

16/11/2011 (TC 028.862/2010-4), a Constituição Federal de 1988 dispôs no caput de seu art. 175 que

as concessões de serviço público deverão ser sempre precedidas de licitação. Todavia, o parágrafo

único deste dispositivo prevê que cabe à lei dispor sobre os contratos de concessão de serviço público,

inclusive quanto à sua prorrogação.

5. Com base nisso, a Lei 8.987/1995, nos termos de seu art. 42, fixou que as concessões de

serviço público outorgadas anteriormente à entrada em vigor dessa lei seriam válidas pelo prazo fixado

no contrato ou no ato de outorga, mas também dispôs que deveriam ser extintas as concessões:

a) outorgadas sem licitação na vigência da CF/88 (art. 43 caput);

b) outorgadas sem licitação anteriormente à CF/88, mas cujas obras ou serviços não tivessem

sido iniciados ou estivessem paralisados, hipótese em que deveriam ser extintas (art. 43, parágrafo

único); e

c) cujas obras ou serviços estivessem atrasadas e a concessionária não apresentasse plano

efetivo para conclusão das obras (art. 44).

6. Posteriormente, as concessões de geração de energia elétrica alcançadas pelo art. 42 da Lei

8.987/1995 foram prorrogadas por até vinte anos, com base no art. 19 da Lei 9.074/1995.

7. Já para as concessões alcançadas pelo parágrafo único do art. 43 e pelo art. 44 da Lei

8.987/1995, admitiu-se, nos termos do art. 20 da Lei 9.074/1995, que poderiam ser prorrogadas pelo

prazo necessário à amortização do investimento, limitado a trinta e cinco anos, desde que apresentado

e aprovado plano de conclusão das obras, exceto aquelas cujos empreendimentos não tivessem sido

iniciados.

8. Na maioria dos casos, essas prorrogações tratadas nos arts. 19 e 20 da Lei 9.074/1995

expirariam a partir de 2015. Porém, a MP 579/2012, posteriormente convertida na Lei 12.783/2013,

permitiu, nos termos de seu art. 1º, nova prorrogação das concessões de energia elétrica alcançadas

pelo art. 19 da Lei 9.074/1995.

9. Foram, porém, definidas condições para essa nova prorrogação, especificadas nos §§ 1º a

6º do art. 1º da Lei 12.783/2013, que, regulamentadas no Decreto 7.805/2015, caracterizam o

denominado regime de cotas e das quais destacam-se:

I - remuneração por tarifa calculada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para cada

usina hidrelétrica;

II - alocação de cotas de garantia física de energia e de potência da usina hidrelétrica às

concessionárias e permissionárias de serviço público de distribuição de energia elétrica do Sistema

Interligado Nacional - SIN, a ser definida pela Aneel, conforme regulamento do poder concedente.

10. Com base nisso, várias concessões de usinas hidrelétricas foram prorrogadas nos moldes

da Lei 12.783/2013, conforme tratado no TC 033.929/2012-2 e no TC 001.843/2013-3.

11. Para os concessionários que não aceitaram as referidas condições de prorrogação, definiu-

se a realização de licitação para uma nova concessão por até trinta anos, nos termos do art. 8º da Lei

12.783/2013, em que, em sua redação original, alocava toda a garantia física das usinas a licitar ao

regime de cotas.

12. O primeiro leilão para esse grupo de concessões licitou a usina hidrelétrica de Três Irmãos

(Leilão Aneel 2/2014, tratada no TC 001.618/2014-8). Na ocasião, adotou-se um modelo de preço teto,

o qual correspondia ao Custo de Gestão dos Ativos de Geração (GAG), incluídos os custos

regulatórios de operação, manutenção, administração, remuneração e amortização da usina

hidrelétrica, a serem definidos pela Aneel. Vencia o leilão a proponente que ofertasse o menor valor de

GAG. A vencedora seria remunerada por meio de Receita Anual de Geração (RAG), composta do

GAG resultante do processo licitatório, além dos encargos e tributos, inclusive os encargos de conexão

e uso dos sistemas de transmissão ou de distribuição de responsabilidade da concessionária. O cálculo

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71

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

do preço teto da GAG seguiu a mesma metodologia que foi utilizada na fixação da tarifa inicial de

geração referente às usinas que foram prorrogadas com base na MP 579/2012.

13. O segundo leilão para o grupo de concessões não prorrogadas (Leilão Aneel 2/2015,

tratado no TC 023.134/2015-1) licitou 29 usinas hidrelétricas e seguiu modelagem distinta do leilão

anterior. A diferença foi justificada, em sua maioria, por inovações criadas pela MP 688/2015,

posteriormente convertida na Lei 13.203/2015.

14. Por meio da referida MP 688/2015, passou-se a admitir nos leilões, além dos regimes

existentes até então: a) a cobrança do proponente vencedor de um Valor de Bonificação pela Outorga e

a correlata cobertura tarifária, denominada Retorno da Bonificação pela Outorga (RBO); e b) a reserva

de uma parcela, no mínimo 70%, da garantia física ao Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e,

portanto, deixando-se a parcela restante, no máximo 30%, à livre disposição do vencedor da licitação.

A regulamentação dessas inovações foi atribuída ao Conselho Nacional de Política Energética

(CNPE), mediante proposta do MME, conforme art. 2º-A da Lei 9.478/1997. Ressaltou-se que, na

hipótese de um regime de bonificação, o Ministério da Fazenda (MF) será ouvido quanto aos valores, a

forma e os prazos de pagamento da bonificação pela outorga. Além disso, a definição da receita do

concessionário deverá considerar a parcela do Retorno da Bonificação pela Outorga, observada, para

concessões de geração, a proporcionalidade da garantia física destinada ao ACR (art. 15, §10 da Lei

12.783/2013).

15. Nesse novo contexto legal, o modelo do segundo leilão previu o recebimento de propostas

de preço para dois itens de remuneração da concessionária: a) o GAG, incluídos os custos regulatórios

de operação, manutenção, administração, remuneração e amortização da usina hidrelétrica, apurado

nas mesmas bases que foram usadas para fixar o preço teto da licitação de Três Irmãos; e 2) o RBO.

Vencia o leilão a proponente que ofertasse a menor soma para esses dois valores (ou seja, GAG +

RBO). Nessa concepção, os gastos adicionais com investimentos em melhorias e ampliações,

consignados como Custo da Gestão dos Ativos de Geração decorrentes das Melhorias e Ampliações

(GAGADL) seriam remunerados somente por ocasião de revisões tarifárias, carecendo de autorização

prévia pela Aneel.

16. Realizado o segundo leilão, ainda restou pendente a licitação das outras usinas de geração

de energia elétrica com prazo de concessão vencido e que não foram prorrogadas com base na Lei

12.783/2013, conforme tratado no TC 003.379/2015-9. O presente leilão, ora em análise, objetiva

licitar algumas dessas concessões pendentes.

17. Resgata-se, por fim, que a Lei 12.783/2013 autorizou que os antigos concessionários

fossem designados como responsáveis pela prestação dos serviços de geração associados a essas usinas

até a assunção de um novo concessionário a ser definido por futura licitação.

II. Preparação da licitação das concessões em foco

18. Com a publicação da Portaria MME 133/2017, em 5/4/2017 (peça 2, p.1), foi determinada

a licitação de cinco usinas hidrelétricas, a ser promovida pela Aneel, observados a organização dos

lotes e as seguintes diretrizes, ambos descritos naquele ato:

I – a Garantia Física de Energia e de Potência da usina licitada deverá ser alocada em regime de

cotas de que trata a Portaria MME 123/2013;

II – o leilão deve ser realizado até 30 de setembro de 2017;

III – o critério de julgamento das propostas a ser adotado deve ser o maior valor de Bonificação

pela Outorga, definido no art. 5º, § 1º, inciso II, da Portaria MME 123/2013; e

IV – a outorga será pelo prazo de trinta anos, contados da data de assinatura do Contrato de

Concessão ou do término do Contrato vigente, o que ocorrer por último, observado o disposto no art.

6º da Portaria MME 123/2013.

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72

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

19. Em 3/5/2017, por meio da Portaria MME 178/2017, foram definidos, na forma de seu

Anexo IV, os valores revistos de garantia física de energia das UHEs integrantes desse leilão, que

passam a viger a partir de 1º/1/2018.

20. Posteriormente, em 12/5/2017, a Portaria MME 191/2017 (peça 2, p. 2), excluiu a usina

Agro Trafo do rol de usinas a serem leiloadas, restando, assim, apenas quatro usinas a licitar.

21. Nessa mesma data, o CNPE, com base na competência definida no inciso XII do art. 2º da

Lei 9.478/1997, com a redação dada pela Lei 13.203/2015, e com base em proposta do MME

submetida à manifestação do MF, expediu a Resolução CNPE 12/2017 (peça 3). O art. 1º dessa

Resolução fixou os seguintes parâmetros técnicos e econômicos a serem adotados no leilão:

I – os valores mínimos de Bonificação pela Outorga de cada Usina Hidrelétrica, que totalizaram

R$ 11.055.555.978,54;

II – a Bonificação pela Outorga deve ser paga em parcela única pelo vencedor do leilão, à vista,

no ato de assinatura do Contrato de Concessão, respeitados os valores mínimos de bonificação

definidos;

III – percentual de 70% da garantia física das usinas serão destinados ao Ambiente de

Contratação Regulada (ACR);

IV – o percentual da garantia física destinado ao ACR aplicar-se-á a partir do término de um

período de transição, previsto em ato do MME, ou, na sua inexistência, a partir da assinatura do

contrato de concessão;

V – taxa para remuneração do retorno dos valores mínimos de Bonificação pela Outorga,

baseada na metodologia do Weighted Average Capital Cost (WACC), igual a 8,08%, real a.a.,

deduzidos os tributos;

VI – os valores mínimos a serem pagos a título de bonificação pela outorga passam a retornar a

partir do início da vigência do contrato de concessão;

VII – o preço de referência da energia não contratada no ACR igual a R$ 142,70 R$/MWh,

correspondente ao custo de oportunidade da projeção dos Preços de Liquidação das Diferenças (PLD)

para o Submercado Sudeste/Centro-Oeste do período de janeiro de 2018 a dezembro de 2021, a ser

acrescido das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS.

22. Nessa Resolução foi reafirmada, ainda, a previsão do art. 5º, §1º-B, da Portaria MME

123/2013, no sentido de que não será repassado à tarifa de energia elétrica o montante de bonificação

pela outorga que exceda o valor mínimo dessa bonificação.

23. Em 19/5/2017, a Aneel abriu a Audiência Pública 26/2017, exclusivamente por

intercâmbio de documentos, para obter subsídios para o aprimoramento da minuta do edital e

respectivos anexos da licitação (peça 6). O período de contribuições foi de 19/5/2017 a 18/6/2017.

24. De forma concomitante, o Despacho do Presidente da Comissão Especial de Licitação

(CEL/Aneel) 1.383/2017 (peça 5), decidiu disponibilizar aos interessados as informações sobre os

aspectos contábeis, ambientais, fundiários, bem como de operação, manutenção, fiscalização,

investimento, outorga, risco e gestão de pessoas, relativos às usinas a serem licitadas.

25. Em 7/6/2017, a Aneel remeteu ao TCU os primeiros documentos a título de atendimento à

IN - TCU 27/1998 (peça 1). Nesses documentos, foi estimado inicialmente a data de 25/7/2017 para

publicação do edital (peça 1, p. 1), após serem processadas as contribuições recebidas na audiência

pública. A realização do Leilão foi prevista para 22/9/2017 (peça 1, p. 6), antes, portanto, da data

máxima definida na Portaria MME 133/2017, qual seja, 30/9/2017 (peça 2, p. 1).

III. Histórico dos presentes autos

26. Em 6/7/2017, por meio do Ofício 69/2017-SEL/ANEEL, a Aneel enviou a este Tribunal o

Ato Justificatório do Leilão 1/2017, acompanhado de seus anexos (peça 1).

27. Em 22/6/2017, visando o saneamento dos autos, encaminhou-se o Ofício 155/2017-

TCU/SeinfraElétrica (peças 4, 7 e 9) ao MME, com cópia à Aneel, solicitando a apresentação de dados

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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e informações essenciais à avaliação por esta Unidade Técnica da viabilidade econômico-financeira

das concessões, nos termos da IN-TCU 27/1998.

28. As solicitações foram respondidas parcialmente em 23/6/2017, mediante o Ofício

145/2017/SE-MME (peça 8). A parte restante foi apresentada em 30/6/2017, por intermédio de e-mail

(peça 12).

29. Entre o conjunto de documentos encaminhados ao TCU inclui-se a Nota Técnica

10/2017/STN/SES/MF-DF (peça 8, p. 47-67), por meio da qual o Ministério da Fazenda justificou sua

proposta ao CNPE de parâmetros econômicos a serem considerados na modelagem do leilão.

30. Em 5/7/2017, realizou-se reunião entre equipes e dirigentes dessa unidade técnica, do

Ministério da Fazenda, do MME, da Aneel e do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e

Gestão (peça 13).

31. Em atendimento a solicitações feitas na reunião (peça 13), a Aneel apresentou, em

7/7/2017, por e-mail (peça 16), informações complementares sobre a formação do GAG Melhorias das

Usinas e o Ministério da Fazenda, em 10/7/2017, apresentou informações complementares sobre o

critério de bonificação pela outorga e a respectiva forma de pagamento (peça 21).

32. Posteriormente, em 11/7/2017, em atendimento a ofício de diligência (peça 18), a Agência

forneceu dados sobre a formação do preço médio de energia elétrica adotado na modelagem do leilão

(peça 20).

CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS USINAS

33. A Tabela 1 a seguir lista as principais características das usinas hidrelétricas (UHEs) objeto

do Leilão Aneel 1/2017.

Tabela 1: Principais características das UHEs

Usina

Hidrelétri

ca

Potênci

a

Instala

da

(MW)

Garanti

a Física

(MWmé

d)1

Entrad

a em

operaç

ão

Termo

final do

atual

Contrat

o

Rio

Domíni

o do

Rio

Estado

(s)

Conces

sionári

a

anterio

r

São Simão 1.710,0

0 1.202,7

1978 11/01/20

15

Paranaí

ba Federal

GO/M

G

Cemig

GT

Jaguara 424,00 341,0 1971 28/08/20

13 Grande Federal MG/SP

Cemig

GT

Miranda 408,00 198,2 1998 23/12/20

16

Aragua

ri

Estadua

l MG

Cemig

GT

Volta

Grande 380,00 230,6

1974 23/02/20

17 Grande Federal MG/SP

Cemig

GT

Total

Geral

2.922,0

0 1.927,5

- - - - - -

Fonte: Ato Justificatório do Leilão Aneel 1/2017 (peça 1, pp. 6 e 8). Nota Técnica 8/2017-

SEL/Aneel (peça 1, p.3, item não digitalizável). TCU. Adaptado. Notas: (1) valores válidos a partir de

1º/1/2018.

34. Os valores de depreciação acumulada do ativo imobilizado relativo aos projetos básicos

das usinas São Simão e Miranda foram calculados pela Aneel e constam das Tabela 2 e 3,

respectivamente. As demais usinas (Jaguara e Volta Grande) têm ativos 100% depreciados.

Tabela 2: Depreciação acumulada do ativo imobilizado (UHE São Simão) - Data base 11/1/2015

Depreciação

Acumulada

Jun/7

8

Jun/7

8

Jun/7

8

Jun/7

8

Mar/

79

Jun/7

9 Nov/79

Agrupamento Ativo UG01 UG02 UG03 UG04 UG05 UG06

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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inicial

Gerador 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Turbina 100% 100% 99,78

%

99,28

%

98,53

%

97,83

% 96,69%

Reservatório,

Barragem e

Adutora

92,92

% - - - - - -

Edificações e

Obras civis 100% - - - - - -

Urbanização e

Benfeitorias 100% - - - - - -

Outros Sistemas 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Equipamentos de

Casa de Força 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p.10).

Tabela 3: Depreciação acumulada do ativo imobilizado (UHE Miranda) - Data base 23/12/2016

Depreciação Acumulada Mai/9

8

Mai/9

8 Jul/98

Out/9

8

Agrupamento Ativo

inicial UG01 UG02 UG03

Gerador 57,95

%

57,95

%

57,47

%

56,92

%

Turbina 44,22

%

44,22

%

43,74

%

43,19

%

Reservatório, Barragem e

Adutora

35,73

% - - -

Edificações e Obras civis 66,35

% - - -

Urbanização e Benfeitorias 66,35

% - - -

Outros Sistemas 89,91

%

89,81

%

89,33

%

88,78

%

Equipamentos de Casa de Força 56,83

%

56,83

%

56,35

%

55,80

%

Equipamentos Gerais 100% 100% 100% 100%

Conduto Forçado 54,55

%

54,55

%

54,07

%

53,52

%

Transformação (Subestação) 66,52

% - - -

Conexão (Linha de

Transmissão)

52,85

% - - -

Fonte: Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p.11).

OBJETO DO LEILÃO, CRITÉRIO DE JULGAMENTO E RECEITAS

35. Constitui objeto do Leilão a outorga de concessão das Usinas Hidrelétricas integrantes dos

Lotes A e B, discriminados na Tabela 4 a seguir, mediante a contratação de serviço de geração de

energia elétrica, sob o regime de que trata a Lei 12.783/2013, com a redação dada pela Lei

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12.203/2015, pelo prazo de trinta anos, contado da data de vigência do respectivo Contrato de

Concessão, vedada a prorrogação.

Tabela 4: Lotes das Usinas com concessões a serem licitadas

Lote Sublo

te

Usina

Hidrelétrica

Potência

Instalada

(MW)

Garantia

Física

(MWméd

)1

Rio Estado

(s)

A -

São Simão 1.710,00 1.202,7 Paranaíb

a

GO/M

G

B

B1 Jaguara 424,00 341,0 Grande MG/SP

B2 Miranda 408,00 198,2 Araguari MG

B3 Volta Grande 380,00 230,6 Grande MG/SP

Total Geral 2.922,00 1.927,5 - -

Fonte: Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p. 6). Nota: (1) valores válidos a partir de 1º/1/2018.

36. O prazo das outorgas coincide com o máximo autorizado no art. 8º da Lei 12.783/2013.

37. Segundo o Ato Justificatório, o Lote B foi dividido em três sublotes no intuito de ampliar a

competição, pois será estabelecido procedimento específico de leilão combinatório, que permite a

competição cruzada entre o Lote e os Sublotes. O método é praticado em alguns leilões de concessões

de transmissão realizados na B3 (antiga BM&F) e também foi adotado no Leilão 12/2015 (TC

023.134/2015-1), o qual, similarmente a este leilão, tratou de concessão de UHEs não prorrogadas.

38. A maior diferença entre o Leilão 1/2017 e o leilão anterior (Leilão 12/2015) é o critério de

julgamento da licitação, ou seja, o critério de seleção do vencedor do lote.

39. Será declarada vencedora a proponente que ofertar o maior valor de ágio de Bonificação

pela Outorga. O valor da tarifa da energia elétrica no ACR é fixo no leilão. O ágio corresponde ao

valor que exceder ao valor mínimo de bonificação pela outorga definido em Edital para o lote. É a

primeira vez que esse modelo é adotado nos leilões de concessão de UHEs não prorrogadas. Constitui-

se em uma opção de leilão focada na arrecadação de valores à União.

40. O valor mínimo de bonificação, pago pelo vencedor do lote, é recuperável por ele durante

a vigência da concessão, mediante a parcela denominada de Retorno da Bonificação pela Outorga

(RBO).

41. Além disso, o concessionário é remunerado com base na comercialização de energia no

ACR (em montante equivalente a 70% da garantia física da usina) e na comercialização sob outras

formas, a seu livre dispor (equivalente aos demais 30% da garantia física da usina). Quanto à parcela

da garantia física destinada ao ACR, o concessionário será remunerado em regime de cotas pela

Receita Anual de Geração (RAG), expressa em R$/ano, homologada pela Aneel, composta pelo GAG

e RBO fixadas pelo Poder Concedente no processo licitatório, além dos encargos e tributos, inclusive

os encargos de conexão e uso dos sistemas de transmissão ou de distribuição de responsabilidade da

concessionária, compensadas eventuais indisponibilidades da usina. Os pagamentos serão feitos em

parcelas duodecimais, sujeitos a ajustes por indisponibilidade ou desempenho de geração.

42. Assim como no leilão anterior, o GAG é formado por duas parcelas distintas: o “GAG

O&M”, que inclui os custos regulatórios de operação, manutenção, administração, remuneração e

amortização, e o “GAG Melhorias”, que inclui a estimativa de investimentos em melhorias na usina a

serem feitas durante a vigência da concessão, mais uma remuneração.

43. Os valores de GAG e de RBO foram apurados pela Aneel mediante delegação da Portaria

MME 123/2013. Os resultados dos cálculos e seus respectivos dados de entrada foram registrados

junto à Nota Técnica 135/2017-SGT/Aneel (peça 14).

44. Os referidos valores de GAG, RBO e os valores mínimos de bonificação são mostrados na

Tabela 5 a seguir. Os cálculos dessas quantias estão disponíveis nas planilhas

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

“3.2_STN_MF_Licitação UHEs 2017 - TCU.xlsx” e “3.2_ANEEL_Proposta teto - simula bonificacao

- mai17 - vfinal.xlsm”, ambas acessíveis à peça 8 como item não digitalizável.

Tabela 5: GAG e RBO por Usina e por Lote ou Sublote

Fonte: Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p. 9).

EXAME TÉCNICO

I. Análise do primeiro estágio

45. O art. 7º, inciso I, da IN - TCU 27/1998 estabelece os documentos que devem ser

analisados por este Tribunal relativamente ao primeiro estágio de fiscalização dos processos de

outorga de concessão:

a) relatório sintético sobre os estudos de viabilidade técnica e econômica do empreendimento,

com informações sobre o seu objeto, área e prazo de concessão ou de permissão, orçamento das obras

realizadas e a realizar, data de referência dos orçamentos, custo estimado de prestação dos serviços,

bem como sobre as eventuais fontes de receitas alternativas, complementares, acessórias e as

provenientes de projetos associados;

b) relatório dos estudos, investigações, levantamentos, projetos, obras e despesas ou

investimentos já efetuados, vinculados à outorga, de utilidade para a licitação, realizados ou

autorizados pelo órgão ou pela entidade federal concedente, quando houver;

c) relatório sintético sobre os estudos de impactos ambientais, indicando a situação do

licenciamento ambiental.

46. O art. 8º da IN define que os documentos referentes ao primeiro estágio de fiscalização dos

processos de outorga de concessão devem ser encaminhados ao TCU no prazo de trinta ou sessenta

dias antes da publicação do edital de licitação, respectivamente, nos casos em que a estimativa de

investimentos seja inferior ou superior a um bilhão de reais:

Art. 8° O dirigente do órgão ou da entidade federal concedente encaminhará, mediante cópia, a

documentação descrita no artigo anterior ao Tribunal de Contas da União, observados os seguintes

prazos:

I – primeiro estágio - 30 (trinta dias), no mínimo, antes da publicação do edital de licitação;

(...)

Parágrafo único. O prazo a que se refere o inciso I deste artigo será de 60 (sessenta) dias, para a

outorga de concessão de serviço público de transmissão de energia e de concessão de uso de bem

público destinado à exploração e aproveitamento hidrelétrico, desde que a estimativa de investimentos

seja superior a um bilhão de reais.

47. No caso deste leilão, o valor de investimento é de aproximadamente R$ 3 bilhões. Logo, o

prazo para remessa dos documentos ao TCU deve ser de sessenta dias antes da publicação do edital de

licitação.

48. O montante de investimento é obtido a partir dos dispêndios previstos com GAG

Melhorias ao longo da concessão, excluindo-se dele a parcela relativa à correspondente remuneração

do concessionário. O montante de GAG Melhorias durante os trinta anos de concessão é de R$

Lote Sub

lote Usina

Custo da Gestão dos Ativos de Geração – GAG (R$/ano)

Retorno da

Bonificação

pela Concessão

– RBO

(R$/ano)

Receita Total

(R$)

Valor Mínimo

da Bonificação

pela Outorga (R$) GAG O&M

GAG

Melhorias GAG Total

A - São Simão 103.491.188,64 132.040.897,89 235.532.086,53 796.629.337,25 1.032.151.423,78 6.740.946.603,49

B

B1 Jaguara 38.657.000,40 49.321.155,84 87.978.156,24 233.164.542,45 321.142.698,69 1.911.252.009,47

B2 Miranda 31.268.614,16 39.894.564,39 71.163.178,55 142.666.456,61 213.829.635,17 1.110.880.200,23

B3 Volta Grande 32.167.405,07 51.301.626,54 83.469.031,60 169.570.280,19 253.039.311,79 1.292.477.165,35

Total Lote B 102.093.019,63 140.517.346,77 242.610.366,39 545.401.279,25 788.011.645,65 4.314.609.375,05

Total Geral 205.584.208,27 272.558.244,66 478.142.452,92 1.342.030.616,50 1.820.173.069,43 11.055.555.978,54

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ATA-28-PL

8.176.747.339,80, considerando que o seu dispêndio anual é de R$ 272.558.244,66, a preços de maio

de 2017, conforme consta da documentação encaminhada. O valor referente a esse dispêndio anual é

encontrado no Quadro 4 do Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p. 9); na Tabela 3 da Nota Técnica

135/2017-SGT/Aneel, de 17/5/2017 (peça 14, p. 6), a qual apresenta os cálculos da GAG e do RBO,

assim como no documento “Proposta teto – simula bonificação” (peça 15). Aliás, todos são

documentos integrantes da Audiência Pública-Aneel 26/2017. Assim, considerando que a remuneração

do investidor nesse leilão é de 8,08% a. a., conforme definido na Resolução CNPE 12/2017, e também

explícita na documentação encaminhada, tem-se que, ao retirar dos R$ 8.176.747.339,80 o efeito

financeiro dessa renumeração, o valor estimado do investimento durante a concessão é de

aproximadamente RS 3 bilhões.

49. Quanto a este ponto, chama-se a atenção para o fato de que o MME e a Aneel organizaram

o cronograma do leilão prevendo que a documentação do leilão deveria ser enviada ao TCU apenas

com trinta dias de antecedência, e não com sessenta dias supracitado, apesar de tais entidades terem

plena ciência do rito da IN-TCU 27/1998.

50. O início da remessa da documentação relativa ao Leilão pela Aneel a este Tribunal se deu

em 16/6/2017, por meio do Ofício 69/2017-SEL/Aneel (peça 1, p. 1).

51. Não foram encaminhadas, porém, as planilhas excel ou as memórias de cálculo dos fluxos

de caixa das concessões, nem os estudos técnicos e econômicos que dessem suporte à fixação dos

seguintes parâmetros de modelagem do leilão:

a) valores Mínimos da Bonificação pela Outorga para cada Usina Hidrelétrica;

b) forma de pagamento da Bonificação pela Outorga;

c) percentual de Garantia Física das usinas a ser destinada ao Ambiente de Contratação

Regulada (ACR);

d) remuneração pelo Custo Médio Ponderado de Capital (WACC); e

e) preço de referência de energia não contratada no ACR.

52. Importa frisar que as tais planilhas, memórias de cálculo e estudos acima dizem respeito

diretamente à definição exata do objeto do Leilão – Aneel 1/2017 e a sua modelagem técnica,

econômica e financeira das concessões. São elementos essenciais para a análise do 1º estágio,

consubstanciada no art. 7º, inciso I, da IN-TCU 27/1998.

53. Tais informações foram recebidas no TCU somente em 23/6/2017, por meio do Ofício

145/2017/SE-MME (peça 8), em atendimento a diligência desta Unidade Técnica (peça 4).

54. A par desses fatos, e considerando o entendimento expresso no Acórdão 1.681/2008 - TCU

- Plenário, de que o prazo estipulado para que o TCU se manifeste sobre outorga de concessão somente

fluirá a partir da apresentação do estudo de viabilidade completo e atualizado, com a regularização de

todas as pendências indicadas pelas unidades técnicas do Tribunal; e o dever da Administração Pública

expressar de maneira fundamentada os motivos de seus atos, conforme o art. 2º c/c o art. 50 da Lei

9.784/1999, a que se fez referência no item 3 do Ofício 155/2017-TCU-SeinfraElétrica (peça 4. p.1), a

contagem do prazo dos sessenta dias previsto na IN - TCU 27/1998 deve ser reiniciada a partir de

23/6/2017.

55. Sendo assim, caso o edital de licitação seja publicado antes de 24/8/2017, poderá

configurar-se descumprimento formal do art. 8º da referida IN.

56. Contudo, se confirmada essa hipótese quando do acompanhamento do 2º estágio previsto

na referida IN, pode-se, desde logo, antecipar que, caso o edital publicado antes da referida data não

contenha alterações que impactem os estudos de viabilidade objeto desta instrução, entende-se que não

haverá prejuízo efetivo ao tempestivo exame da matéria pelo TCU.

I.1. Análise da viabilidade econômico-financeira das concessões

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

57. Nas condições de realização dessa fiscalização (escopo, prazo e procedimentos aplicados),

não foram identificadas razões que ensejassem proposta de intervenção desta Corte de Contas neste

momento ou óbice à realização do leilão.

58. Todavia, identificou-se questões que devem ser aperfeiçoadas nos futuros leilões de

concessões de UHEs existentes, operantes e amortizadas, conforme tratado nas seções seguintes.

I.1.1. Da bonificação pela outorga e sua forma de pagamento

59. A Lei 12.783/2013, em seu art. 8º, §§6º e 7º, especificou que a licitação das concessões

que não forem prorrogadas nos termos daquela lei poderá adotar um dos seguintes critérios de

julgamento de licitação antevistos na Lei 8.987/1995:

I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;

II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da concessão;

III - a combinação dos dois critérios.

60. O pagamento pela outorga da concessão referido no item II foi nomeado pela Lei

12.783/2013 como “bonificação pela outorga”. Esse foi o critério de julgamento da licitação escolhido

no presente caso.

61. O processo de escolha do critério de julgamento do leilão se iniciou em setembro de 2016,

quando o MF solicitou que as UHE São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Redonda fossem incluídas no

âmbito do Programa de Parceria de Investimentos (PPI) da Presidência da República. O objetivo da

medida foi o de, em uma etapa posterior, qualificar os empreendimentos como de prioridade nacional.

62. A necessidade da priorização desses empreendimentos foi justificada com a hipótese de vir

a ser cobrado um valor expressivo de bonificação pela outorga, conforme registrado na Nota Técnica

9/2017-Assec, do MME (peça 8, item 6 não digitalizável, p.4):

4.4. Sobre a inclusão das UHE no PPI, conforme exposto na Nota Técnica n° 4/2016-

AEPROE/SE-MME, de 22 de setembro de 2016, a qualificação das usinas em questão ocorreu em

virtude da importância, para o equilíbrio fiscal, do valor de bonificação de outorga a ser pago pelos

vencedores da licitação de tais UHE, in verbis (g.n.):

“8. A inclusão das UHE atendeu a pedido do Ministério da Fazenda (MF). O MF alegou que os

empreendimentos em questão eram prioritários pelo expressivo valor de bonificação de outorga a ser

pago pelos vencedores da licitação de tais UHE. Segundo o MF, essa receita é importante para o

atingimento da meta fiscal do ano de 2017. Acerca dessa questão, cumpre mencionar que, conforme

atestam a Nota Técnica nº 201/2016-DOC/SPE-MME, do Departamento de Outorgas de Concessões,

Permissões e Autorizações da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético e a Nota n°

00149/2016/CONJURMME/CGU/AGU da Consultoria Jurídica deste Ministério, tais UHE não

apresentam óbice para licitação. Ressalta-se, ainda, que a reunião do CPPI de 13 de setembro de 2016,

que contou com a participação do Exmo. Sr. Ministro de Estado de Minas e Energia, avaliou e

deliberou pela conveniência e oportunidade de inclusão dessas usinas no PPI e, por tal razão, não é

matéria desta Nota Técnica.”

63. A qualificação dos empreendimentos como prioridade nacional foi concretizada no

Decreto 8.938/2016. A UHE Jaguara não foi contemplada no Decreto porque, à época, havia óbice

jurídico para licitá-la.

64. Ato contínuo, considerando que se tratavam de empreendimentos qualificados como

prioritários, o MME consultou o MF sobre possíveis aperfeiçoamentos no modelo do futuro leilão.

65. Em resposta, o Ministério da Fazenda, por meio da Nota Técnica 34/2016/STN/SEAE/MF-

DF, de 7/12/2016 (peça 8, item não digitalizável, p. 3-4) recomendou que fosse adotado como critério

de julgamento da licitação a maior bonificação pela outorga. Isso porque tal critério tenderia a

aumentar a arrecadação do governo em leilões e auxiliaria a União a enfrentar o cenário fiscal do País.

Relatou assim o cenário fiscal:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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10. Importante ressaltar também que os resultados fiscais do Governo Central têm mostrado

constantes déficits de magnitude significativa. No ano de 2015, o déficit foi de R$ 116,65 bilhões. Em

2016, foi aprovada, pelo Congresso Nacional, revisão da meta anual, prevendo déficit de R$ 170,50

bilhões. Para 2017, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) considerou um déficit de R$ 139 bilhões,

já prevendo uma receita de R$ 10 bilhões relativa à arrecadação de bonificação de outorga. Contudo,

as projeções de crescimento da economia para 2017 têm sido revisadas para baixo (recentemente o

próprio governo reduziu sua projeção, de 1,6% para 1%), o que torna o cenário fiscal de 2017 ainda

mais desafiador. Desse modo, as receitas provenientes do leilão de usinas hidrelétricas que se pretende

realizar em 2017 são de suma importância para o cumprimento da meta fiscal.

11. Portanto, ao observar o atual cenário, considera-se que um leilão que mantenha um patamar

tarifário condizente com o custo marginal de expansão do sistema, tendo como critério de licitação o

maior valor de bonificação de outorga, poderá trazer uma situação mais favorável ao cumprimento da

meta fiscal, proporcionando um cenário de maior credibilidade para o recebimento de investimentos

necessários à retomada econômica brasileira (peça B, p. 4)

66. A referida decisão de adotar a maior bonificação pela outorga como o critério de

julgamento do Leilão 1/2017 foi concretizada por meio da expedição da Portaria MME 133/2017.

67. Do histórico e motivação acima, é fácil perceber que o principal objetivo da escolha do

critério de bonificação foi cumprir a meta fiscal do exercício de 2017.

68. Esse entendimento é reforçado pela Nota Técnica 9/2017-ASSEC (peça 8, item 6 não

digitalizável, p.2), a qual justificou proposta de parâmetros técnicos e econômicos ao CNPE

(Resolução CNPE 12/2017) com base na importância de que o ingresso das receitas de bonificação

pela outorga no leilão ocorresse até o dia 10 de novembro de 2017:

4.5. De acordo com o cronograma de eventos previsto pela ANEEL, faz-se necessário publicar,

antes da abertura pela Agência de Audiência Pública relativa ao Edital, a Resolução do CNPE que

estabelece os parâmetros técnicos e econômicos do certame, conforme disposto no art. 2º, inciso XII, e

no art. 2ºA, ambos da Lei nº 9.478, de 1997, considerando o objeto do Leilão. Com este objetivo, as

áreas técnicas do Ministério de Minas e Energia, do Ministério da Fazenda e da ANEEL interagiram

para estabelecer as premissas a serem utilizadas na modelagem do leilão, ultimando,

consequentemente, na definição dos parâmetros técnicos e econômicos em tela.

4.6. Importa ressaltar, nesse sentido, reunião realizada em 27 de março de 2017, nas

dependências do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, com presença do Sr.

Ministro de Estado daquela pasta e do Sr. Secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia, bem

como de servidores das pastas afetas, em especial do Ministério da Fazenda. Conforme informado pelo

Sr. Secretário de Desenvolvimento e Infraestrutura, por questões orçamentárias, é importante o

ingresso da receita advinda da bonificação pela outorga das concessões em tela até 10 de novembro de

2017. A partir dessa premissa, a ANEEL elaborou cronograma de eventos que prevê a assinatura do

contrato de concessão pelos vencedores do certame em 10 de novembro de 2017, visto que o

pagamento da bonificação pela outorga dar-se-á no ato de assinatura do contrato.

69. Entendido o contexto de escolha pelo critério de maior Bonificação pela Outorga, retoma-

se que, por ocasião dos exames do último leilão de usinas hidrelétricas não prorrogadas (Leilão Aneel

12/2015), no relatório que suportou o Acórdão 2.526/2015-TCU-Plenário, o Ministro Relator José

Múcio já havia ressaltado o seguinte:

87. (...) a inclusão de pagamento de Bonificação pela Outorga implicou o acréscimo de R$

2.311.039.407,56/ano, a título de RBO, de ônus para o consumidor do mercado cativo, sem nenhuma

garantia de que esses recursos voltarão para o setor elétrico, sequer para o pagamento das indenizações

ainda pendentes sobre ativos não amortizados.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

88. Em outras palavras, trata-se, na prática, de empréstimo ao Tesouro Nacional a ser pago pelos

consumidores de energia elétrica ao longo de trinta anos, ao custo real de 9,04% ao ano, caso não haja

deságio no leilão.

70. A referida situação torna a se repetir no presente leilão.

71. Neste Leilão 1/2017, o pagamento de bonificação pela outorga a título de RBO implica um

acréscimo de R$ 1.342.030.616,50 ao ano, de ônus ao consumidor do mercado cativo, que persistirá

pelos próximos trinta anos. Frise-se que não há, tal como não houve no Leilão 12/2015, qualquer

garantia de que tal recurso financeiro retorne ao setor elétrico, sequer para custear os cerca de R$ 1,05

bilhão (a preços de maio de 2017) já estimados pela Aneel referente a uma das duas modalidades de

indenizações que ainda terão de ser feitas ao antigo titular da concessão dessas usinas, em razão de

saldo de ativos não amortizados das usinas ora leiloadas.

72. Somando-se a previsão de pagamentos de RBO do Leilão anterior com os previstos para

este leilão, constata-se que o consumidor de energia elétrica do mercado cativo terá de arcar com cerca

de R$ 3,65 bilhões por ano, durante 28 anos, ou seja, até o ano de 2045. Depois desse período, o valor

anual cai para 1,34 bilhão, mas persiste por dois anos, até 2047. Ressalta-se, pois, tratar-se de valores

expressivos.

73. Similarmente ao que se deu no último leilão, a modelagem do Leilão 1/2017 constitui, na

prática, empréstimo ao Tesouro Nacional custeado pelo consumidor de energia elétrica do mercado

cativo, pago durante trinta anos. Dessa vez, à taxa de 8,08% ao ano.

74. A fim de que não pairem dúvidas sobre o tema, ressalta-se, desde logo, que o governo

federal tem ampla discricionariedade para escolher qual dos critérios de julgamento de licitação

previstos na Lei 12.783/2013 adotará em seus leilões. A possibilidade é clara, conforme a dicção do

art. 8º, §§ 6º e 7º da referida lei.

75. Alerta-se, contudo, que a opção escolhida e, naturalmente, os parâmetros técnicos e

econômicos de leilão que resultem dessa escolha, devem ser tais que busquem a melhor solução

possível, satisfatória e conveniente ao poder público. Trata-se de característica típica dos atos

administrativos discricionários amplamente consolidada pela doutrina e pela jurisprudência.

76. É nesse ponto que se chama a atenção para o fato de que o processo de escolha do critério

de julgamento da licitação não foi acompanhado de uma avaliação de impacto de médio e longo prazos

no setor elétrico e no cenário fiscal.

77. A importância desse tipo de avaliação ganha relevo ao se considerar que a modelagem do

Leilão 1/2017 surtirá seus efeitos ao menos até o ano de 2047, período este sobejamente superior ao

que foi adotado como determinante da decisão de governo, no caso, o exercício de 2017.

78. A falta dessa avaliação impede que seja apurado se realmente vale a pena, dentre outras

consequências da decisão, prejudicar a modicidade tarifária prescrita no art. 6º, §1º da Lei de

Concessões (Lei 8.987/1995) em R$ 1,34 bi/ano, pelo longo período de trinta anos, tal como proposto,

em nome da meta fiscal de apenas um exercício fiscal. Em consequência, tem-se uma decisão que

também não leva em conta o fato de que outras políticas e decisões recentes de governo já custarão,

pelo menos, em valores reais, R$ 108,8 bilhões ao consumidor de energia elétrica, conforme mostrado

na Tabela 6.

Tabela 6: Impacto negativos recentes à modicidade tarifária (2015 em diante)

Evento Agente

impactado

Impacto

Valor1 Período

referência

Indenização de ativos de

transmissão anteriores a 20002

Consumidor

cativo/livre

R$ 62,2

bi

8 anos: 2017 –

2025

Transferência do risco

hidrológico ao consumidor (MP

Consumidor

cativo

R$ 18,5

bi

2 anos e 3

meses:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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579/2012)3 jan 2015 – mar

2017

Bônus de Outorga Leilão Aneel

12/20154

Consumidor

cativo

R$ 17,0

bi

30 anos: 2016 –

2045

Bônus de Outorga Leilão Aneel

1/20175

Consumidor

cativo

R$ 11,05

bi

30 anos: 2018 –

2047

Total R$ 108,8

bi

Fonte: Elaboração própria. Leilões Aneel 12/2015 e Leilão 1/2017. Voto Diretor Aneel AP

28/2016 (peça 22). Site CCEE.

Notas: 1. Dados em valores reais. 2. Incluídas atualizações e remunerações. 3. Não inclui a

projeção de gasto para períodos posteriores a mar/2017. 4. RBO de R$ 2,31 bi/ano, por 30 anos, em

valor real. 5. RBO de R$ 1,34 bi/ano, por 30 anos, em valor real.

79. Na prática, o valor é ainda maior do que a estimativa dos R$ 108,8 bilhões (em valores

reais) porque o custo do risco hidrológico de R$ 18,5 bilhão considerado na Tabela 6 se refere ao

montante já foi apurado para o período entre 2015 e março de 2017 (último dado disponibilizado pela

CCEE). A estimativa não contempla o montante que será gasto nos próximos anos, lembrando que a

transferência ao consumidor do risco hidrológico que antes estava com o concessionário gerador trata

de uma política sem previsão de término. A estimativa também não inclui, em razão de ainda não

terem sido calculados pela Aneel, os valores de indenização que terão de ser pagos por investimentos

não depreciados e que não estavam previstos nos projetos básicos de pelos menos 34 usinas geradoras,

e que foram objeto de novas concessões (Leilões 1/2014, 2/2015 e 1/2017), conforme mencionado em

seção específica deste relatório.

80. Sobre o papel ocupado pela modicidade tarifária nos processos de concessão de serviço

público, o Exmº Sr. Ministro José Múcio, no voto condutor do Acórdão 2.526/2015-TCU-Plenário (TC

023.134/2015-1), que avaliou o primeiro estágio de fiscalização do último leilão de concessão de

usinas de geração elétrica não prorrogadas com base na Lei 12,783/2013 (Leilão 12/2015), destaca

que:

Não obstante, o papel do Tribunal em todo este processo (...) está sendo crucial para que a

modelagem final das concessões não se desvirtue da busca pela melhor proposta para a Administração,

que deve ser entendida como dois vetores: o valor que se espera arrecadar com as concessões,

estimado em R$ 17 bilhões, e a modicidade tarifária.

81. O Exmº Sr. Ministro Raimundo Carreiro, ao proferir o voto condutor do Acórdão 976/2008

– TCU – Plenário (TC 007.893/2006-4), por meio do qual o TCU avaliou os quatro estágios de

fiscalização da concessão de linhas de transmissão de energia elétrica, consigna que:

Como já foi dito [...], a RAP [Receita Anual Permitida], por ser parcela da tarifa de energia

elétrica paga pelos consumidores, há de ser equilibrada. De um lado, não pode ser excessivamente

baixa, a ponto de frustrar o Leilão por falta de interessados - o que colocaria em risco o fornecimento

de energia no país - já que a RAP ofertada pelos licitantes não pode ser maior do que a RAP definida

pela Agência. De outro lado, não pode ser excessivamente alta a ponto de comprometer a modicidade

tarifária, o que geraria impactos negativos no custo de vida da população e na competitividade dos

produtos nacionais.

82. Outro motivo que corrobora com a conclusão da necessidade de avaliação de impacto de

médio e longo prazos no setor elétrico e no cenário fiscal é o fato de que, conforme registrado na Nota

Técnica 34/2016/STN/SEAE/MF-DF do Ministério da Fazenda (peça 8, item não digitalizável, p. 3-4),

o modelo de leilão derivou de uma opção de alocar ao contribuinte, em detrimento do consumidor de

energia elétrica, a denominada “renda hidráulica” das quatro UHEs a serem licitadas. Entende-se que

tal raciocínio deve ser levado na devida conta.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

83. Impende relembrar, para tanto, que a renda hidráulica corresponde à renda extraordinária

decorrente da diferença entre os custos de geração das usinas já amortizadas e depreciadas

(basicamente GAGs e encargos) e o preço de equilíbrio de mercado. Na visão do Ministério da

Fazenda, o preço de equilíbrio do mercado seria aquele condizente com o custo marginal da expansão

do sistema elétrico.

84. O método para estimativa da bonificação pela outorga deste leilão baseia-se em um fluxo

de receitas que considera, além de 30% da energia a livre dispor do empreendedor (adotado como

referência a possibilidade de comercialização no mercado livre), 70% da energia comercializada com

consumidores cativos tendo por referência o preço de energia nova (o qual inclui, por definição todo o

custo advindo da construção de uma nova usina). Com isso, o preço de referência sinaliza ao

consumidor cativo o preço equivalente a realização de novos investimentos para implantação da

infraestrutura de geração.

85. Nessa linha, a valoração das receitas esperadas com o mercado regulado (ACR) levou em

conta o preço médio de energia de contratos com duração de trinta anos que, realizados alguns ajustes

metodológicos, resultou no valor de R$ 137,60/MWh:

III.2 Energia Alocada no ACR – Cotas

13. Para a valoração da receita a ser obtida com a venda dessa parcela de energia, utilizou-se a

tarifa de referência sugerida pela Aneel e encaminhada ao MF através do Ofício SE-MME nº 42, cujo

valor baseia-se no preço médio da energia hidrelétrica vendida no mercado regulado. Para obtenção

deste preço de referência, a Aneel calculou a média ponderada dos preços de todos os Contratos de

Comercialização de Energia no Ambiente Regulado (CCEARs) de energia nova de usinas hidrelétricas

vigentes em novembro de 2016, a qual resultou no valor de R$ 143,41/MWh.

14. Sobre este valor, no entanto, a Aneel entende necessário subtrair o risco hidrológico –

estimado pela Agência em R$ 11,23/MWh para 2017 – uma vez que no ambiente de CCEAR o risco

hidrológico é assumido pelo gerador, enquanto sob o regime de cotas, presente caso, este é assumido

pelo consumidor.

15. Ainda, como a modelagem financeira das concessões considera o fluxo de caixa em valore

reais de 2018 e a tarifa de referência da Aneel tem como base valores de final de 2016, entendemos

necessário também atualizar monetariamente a tarifa sugerida pela Aneel pela inflação esperada para

2017.

16. Desse modo, a tarifa de referência proposta pela Aneel, após os ajustes descritos nos

parágrafos 14 e 15, quais sejam, subtração do risco hidrológico e atualização monetária pelo IPCA

esperado de 2017, resulta no valor R$ 137,60/MWh, sendo que esse valor já inclui o pagamento de

PIS/COFINS.

86. Entendido o método de precificação, resgata-se que o preço da energia comercializada em

cotas nas UHEs prorrogadas nos moldes da MP 579/2012, que leva em conta que os ativos das usinas

estão totalmente amortizados e depreciados, está na ordem de R$ 60,00/MWh, conforme

esclarecimento prestado em reunião entre esta Unidade Técnica e os gestores do MME, Aneel, MF e

MP (peça 13).

87. Ao se utilizar a referida tarifa do ACR de R$ 60,00 na planilha de fluxo de caixa do Leilão

1/2017, ao invés dos R$ 137,60/MWh fixados como um sinal de preço neste leilão, constatou-se que o

valor do bônus pela outorga que zera o Valor Presente Líquido (VPL) alcança o montante de R$ 4,52

bilhões. Esse seria, portanto, o valor associado à renda hidráulica. A diferença entre esses R$ 4,52

bilhões e os R$ 11,06 bilhões previstos no Ato Justificatório, isto é, algo como R$ 6,5 bilhões estão

associados a uma renda financeira.

88. A depender do agente, nos moldes propostos, a renda financeira tem diferentes

perspectivas: para a União, possibilitará a formação de caixa para fazer frente ao déficit fiscal; para o

empreendedor vencedor no leilão, assemelha-se a uma aplicação em renda fixa, pois terá investido um

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valor inicial (o bônus pela outorga) em troca de uma rentabilidade expressa pelo custo de capital do

negócio que, por conceito, já se encontra livre de riscos; para o consumidor, se constituirá em uma

dívida a ser paga nos próximos 30 anos.

89. Reconhece-se que a estratégia de sinal de preços materializada neste leilão, com a adoção

de um preço de energia nova, ao invés do preço de energia para usina existente (o qual é muito mais

baixo), encerra um debate importante, tendo em vista que o Brasil ainda necessita expandir seu parque

de geração. No entanto, e para esse ponto chama-se novamente a atenção, fato é que esse sinal de

preço, do qual decorre uma tarifa mais elevada, em nada tem relação com a expansão do parque de

geração de energia elétrica, pois não há sequer previsão de que a parcela da bonificação que extrapola

a renda hidráulica stricto sensu (algo como R$ 6,5 bilhões), seja utilizada no setor elétrico.

90. Do ponto de vista da sustentabilidade do setor, o sinal de preço dissociado da perspectiva

de investimentos no setor elétrico pouco se diferencia do contexto do passado vivenciado no Brasil em

que tarifas administradas (subestimadas) afastaram investimentos, tendo como uma das consequências

mais difundidas o apagão e o racionamento de energia elétrica de 2001.

91. Considerando o exposto, em particular o fato de que:

a) ainda existem concessões de usinas de geração não prorrogadas com base na Lei 12.783/2013;

b) a probabilidade de nova sequência de leilões de concessão de usinas de geração existentes e

operantes, como decorrência da denominada proposta de “descotização e privatização” externada pelo

governo junto à Consulta Pública MME 33/2017, publicada em 5/7/2017, que trata de alterações do

marco legal do setor elétrico (peça 23);

c) com a eventual realização deste Leilão 1/2017, o critério de maior bonificação pela outorga já

terá sido adotado, em dois leilões sucessivos de concessões de UHEs existentes;

d) os consumidores de energia elétrica já terão de arcar com o custo de, pelo menos, cerca de R$

97,8 bilhões nos próximos anos em decorrência de outras políticas e decisões governamentais, mais os

R$ 11,05 bilhões previstos neste Leilão 1/2017 como Bonificação pela Outorga; e

e) nesse cenário, o uso crescente de modelos de leilão focados no aumento da arrecadação

governamental, custeado pelo consumidor de energia elétrica, eleva o risco de afronta à modicidade

tarifária prescrita no §1º do art. 6º da Lei 8.987/1995 (Lei de Concessões),

propõe-se determinar que, para os próximos leilões de concessão de UHEs existentes e em

operação, a modelagem do leilão seja precedida das seguintes avaliações:

a) avaliação dos impactos de médio e longo prazos para o consumidor de energia elétrica e para a

sustentabilidade do setor elétrico para os diferentes cenários de critério de julgamento da licitação

previstos em lei e seus respectivos parâmetros técnicos e econômicos de leilão;

b) avaliação de custo-benefício de outras possibilidades de financiamento do Tesouro Nacional,

na hipótese de uso do critério de bonificação pela outorga;

c) avaliação contendo o efeito agregado do impacto financeiro para consumidores advindo do

critério de julgamento escolhido para o leilão combinado com o de outras decisões e políticas setoriais.

92. Quanto à forma de pagamento dos valores de bonificação pela outorga, relembre-se que o

Leilão adotou o pagamento à vista, no ato de assinatura do contrato.

93. Ressalta-se que não foi possível concluir, com base na documentação encaminhada a esta

Corte de Contas, em que medida tal forma de pagamento, combinada com a exigência de altos valores

mínimos de bonificação (Lote A, no valor mínimo de R$ 6,75 bilhões, e Lote B, no valor mínimo de

R$ 4,32 bilhões) pode efetivamente reduzir a competitividade no leilão, devido a eventual escassez de

agentes com capacidade econômica para pagar a bonificação pela outorga nessas condições,

considerando a atual crise econômica brasileira.

94. Na Audiência Pública Aneel 26/2017, consta, no entanto, contribuição de instituição

bancária (o Banco Santander) que sugere, inclusive, adiar em 30 dias a data para a realização do

pagamento, com vistas a aumentar a competição e mitigar o forte obstáculo à captação de recursos

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com terceiros causado pela opção do pagamento à vista, no ato da assinatura do contrato de concessão

(peça 24):

Compreendemos que a definição do pagamento no mesmo ato da assinatura do CONTRATO DE

CONCESSÃO foi realizada pelo próprio Conselho Nacional de Política Energética – CNPE e este

tema não compete apenas a ANEEL.

Todavia, em prol do sucesso do certame através do aumento da competição e busca pela

modicidade tarifária, cabe destacar que tal definição cria um forte obstáculo para captação de recursos

de terceiros através de instituições financeiras e/ou mercado de capitais, local ou internacional, para

complementar o financiamento do pagamento da BONIFICAÇÃO PELA OUTORGA além dos

recursos próprios da PROPONENTE, consequentemente diminuindo o universo de eventuais

PROPONENTES que dispõem de recursos próprios suficientes para tal pagamento.

Para oferecer um financiamento, credores (instituições financeiras e/ou mercado de capitais)

exigem garantias para mitigar o risco de crédito e aumentar a probabilidade de recuperação dos

recursos emprestados em caso de inadimplemento por parte do tomador. No caso do financiamento da

BONIFICAÇÃO PELA OUTORGA, os únicos ativos ou bens que uma eventual PROPONENTE pode

oferecer aos credores são os direitos emergentes da concessão e os direitos creditórios oriundos da

alocação de COTAS de garantia física a DISTRIBUIDORAS, que representam a expectativa de

recebimento no futuro de receitas necessárias para operação dos ativos concedidos.

Caso o pagamento da BONIFICAÇÃO PELA OUTORGA seja exigido no mesmo ato de

assinatura do CONTRATO DE CONCESSÃO, conforme atualmente contemplado pelo EDITAL,

juridicamente não será possível realizar a constituição de tais garantias pelos eventuais credores antes

deste ato, de forma a viabilizar recursos para o pagamento, pois os referidos direitos emergentes

/creditórios ainda não existirão.

A sugestão realizada [pagamento 30 dias após a assinatura do contrato] busca criar um horizonte

temporal mínimo para que a documentação das garantias a serem constituídas possa ser celebrada e

devidamente aperfeiçoada nos termos legais, incluindo registro nos cartórios competentes, e desta

maneira viabilizar o desembolso de recursos de eventuais credores para viabilizar o pagamento da

BONIFICAÇÃO PELA OUTORGA pela PROPONENTE.

95. Esta Unidade Técnica questionou o fato em diligência ao MME (peça 4, p. 2) e o assunto

foi novamente tratado em reunião com equipe técnica e gestores do MME, MF, Aneel e MP (peça 13).

96. A visão externada pelo MF, acostada à peça 21, foi no sentido de que o pagamento à vista

no ato da assinatura do contrato de concessão contribui para a seleção de agentes mais qualificados e

minimiza o risco de inadimplemento do novo concessionário, conferindo maior previsibilidade às

receitas da União. Além disso, entende que a opção escolhida elevaria o incentivo à permanência do

concessionário, seu comprometimento com a boa operação do ativo e contribuiria para a garantia da

estabilidade no suprimento de energia elétrica ao SIN. Por fim, ressaltou que o pagamento integral à

vista, quando comparado à forma de pagamento fixada no Leilão de 2015 (65% do valor à vista e 35%

após 180 dias), não impactaria de maneira relevante a atratividade do certame.

97. Questionados ainda se havia algum levantamento sobre a quantidade de potenciais

interessados no leilão nessas condições ou se o governo já havia sido realizado roadshow do leilão,

ambas as respostas foram negativas. Apesar disso, foi informada a expectativa de realização de

roadshow após a publicação do edital de licitação.

98. Impende frisar que, além dos motivos expostos pelo MF, a definição sobre a forma de

pagamento à vista no ato de assinatura do contrato de concessão, conforme já mencionado

anteriormente, levou em conta ainda a premissa de que o ingresso da receita advinda do pagamento de

bonificação pela outorga ocorresse até 10/11/2017, como meio de cumprir a meta fiscal do exercício

de 2017.

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99. Chama-se a atenção, no entanto, que a adoção de forma de pagamento com parcelas mais

espaçadas pode contribuir para o aumento da competitividade do leilão, do qual podem resultar valores

de ágio na bonificação pela outorga, o que poderia favorecer, inclusive, o intento governamental de

que o Leilão 1/2017 ajudasse na performance de arrecadação federal.

100. De toda forma, quanto a este ponto, propõe-se recomendar que o poder concedente, após

a análise das contribuições recebidas na AP Aneel 26/2017, bem como das novas considerações a

serem recebidas em seu roadshow, programado para depois da publicação do edital de licitação,

reavalie se persiste, em sua visão, a conveniência de manter o pagamento à vista do valor de

bonificação pela outorga, no ato de assinatura do contrato de concessão, dado o risco de diminuição da

quantidade de ofertantes em leilão.

I.1.2. Do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC)

101. A taxa de desconto do fluxo de caixa do projeto foi definida pelo método Weighted

Average Cost of Capital (WACC), conforme Nota Técnica 10/2017/STN/SEAE/MF-DF (peça 8, pp.

55-64). A taxa é calculada com base na ponderação dos custos de capital próprio e de terceiros na

proporção de sua participação no capital do empreendimento.

102. A Nota Técnica descreve a equação utilizada para determinação do modelo; as premissas e

parâmetros adotados na obtenção da estrutura de capital; a obtenção do custo do capital próprio, com

base na metodologia CAPM; e a obtenção do custo de capital de terceiros, a partir da Taxa Preferencial

Brasileira (TPB) e da taxa média de debêntures emitidas por empresas do setor elétrico brasileiro

negociadas no mercado secundário.

103. O valor obtido no cálculo foi um custo de capital de 8,08%, a.a., deduzidos os tributos. O

valor é menor do que a taxa de 9,04% estabelecida para o último leilão de UHEs não prorrogadas,

realizado em 2015 (Leilão 12/2015, TC 023.134/2015-1).

104. O MME, na qualidade de Poder Concedente das concessões ora em análise, considerou que

os cálculos formulados pelo Ministério da Fazenda para este leilão indicam uma percepção de melhora

no cenário econômico brasileiro e, em consequência dos custos financeiros (peça 8, item 6 não

digitalizável, p. 9).

105. Constatou-se inconsistências na apuração do custo de capital do presente leilão, com

impacto provável relevante em sua estruturação econômico-financeira e em seus resultados.

106. A primeira inconsistência se deve ao fato que de o conjunto de premissas e de parâmetros

adotados no cálculo do WACC não distingue, em nenhum momento, se o negócio modelado (a

concessão do serviço público de geração de energia elétrica) envolve usinas existentes, operantes e

amortizadas ou usinas a serem construídas. Consiste, na prática, modelagem aplicável tanto para um

tipo de negócio, quanto para o outro, resultando dele um valor de WACC idêntico, o que não faz

sentido.

107. Afinal, no caso de usinas existentes, operantes e amortizadas não estão presentes alguns

riscos tipicamente encontrados na implantação de novas usinas.

108. Em usinas existentes, operantes e amortizadas não há risco de construção (riscos

associados ao projeto da usina, à sua execução, ao atraso de fornecedores ou de elevação de custos de

produtos e de mão-de-obra, por exemplo). Também é praticamente nulo o risco ambiental, já que, em

se tratando de usinas que já estão operando há muito tempo, resta apenas renovações de licenças

ambientais de operação.

109. Por outro lado, o vasto histórico de fiscalizações desta Corte de Contas demonstra que, nos

casos de implantação de novas usinas hidrelétricas, os riscos de construção e ambiental têm-se

concretizado na prática, são frequentes e de alto impacto. A título de exemplo, relembra-se os

recorrentes casos de dificuldade de instalação da usina próximas a reservas indígenas e a outras

comunidades tradicionais que acabam prolongando a data de entrada em operação da usina e

postergando o recebimento da receita esperada pelo empreendedor.

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110. Uma segunda inconsistência diz respeito ao fato de que, em outro aspecto da estruturação

geral do leilão, o modelo considerou que as condições de financiamento dos potenciais interessados

seriam substancialmente favoráveis neste Leilão 1/2017, em comparação com outros leilões de

concessões, justamente por envolverem usinas existentes, operantes e amortizadas. O entendimento

consta do esclarecimento do Ministério da Fazenda acessível à peça 21, p. 4:

3. Em relação à capacidade de financiamento dos potenciais interessados no certame para fins de

pagamento da BO, entendemos que as condições são substancialmente mais favoráveis nesse caso,

quando comparado com outros leilões de concessões. Isso porque trata-se de um ativo já existente,

operante e amortizado, cuja concessão não contempla:

- risco de demanda (à exceção da parcela da energia destinada ao mercado livre, equivalente a

30% do total);

- risco de construção;

- risco ambiental;

- risco de sobrepreço na construção;

- risco hidrológico (à exceção da parcela da energia destinada ao mercado livre, equivalente a

30% do total).

4. Assim, verifica-se que o projeto em questão se assemelha a um investimento de renda fixa, no

qual há um aporte de recursos inicial e um retorno com baixo risco de frustração. Tal característica

representa condições vantajosas para a obtenção de financiamento dos interessados junto ao mercado

de crédito, fato que tende a favorecer a competição no certame.

111. Ocorre que, nessa linha de raciocínio, em que o objeto do Leilão 1/2017 está livre de vários

riscos relevantes, não caberia uma precificação do custo de capital que despreza essa condição, razão

pela qual propugna-se o seu aperfeiçoamento. Tal proposta de aperfeiçoamento ampara-se no princípio

de que, quanto menor o risco associado ao negócio leiloado, menor deve ser a respectiva remuneração

ao investidor.

112. Ressalta-se, por ser oportuno, que, tendo em vista a teoria sob o qual se sustenta a

metodologia do WACC, o cálculo do custo de capital é dependente da disponibilidade de dados e de

séries históricas adotados como dados de entrada do modelo. Além disso, reconhece-se que a busca

por uma maior especificidade de um modelo traz consigo uma nova configuração de variáveis, de

parâmetros e de proxys, com dados de entrada a serem coletados e simulados, o que pode consumir

algum tempo.

113. Dessa forma, propõe-se determinar que o Poder Concedente se abstenha de utilizar em

próximas licitações de concessão de usinas hidrelétricas existentes e em operação método de custo de

capital que desconsidere o fato de que, nesse tipo de negócio, em oposição a negócios que preveem a

construção de usinas, estão ausentes riscos relevantes, tais como riscos de construção e risco

ambiental, o que tende a produzir valores de custo de capital distintos para os dois tipos de negócio

mencionados.

I.1.2. Da participação social no modelo de leilão

114. Por meio da Audiência Pública-Aneel 26/2017, realizada exclusivamente por meio de

intercâmbio documental, a Aneel submeteu minuta de Edital de Licitação e seus anexos aos

comentários dos agentes do setor elétrico, consumidores e demais interessados da sociedade, visando a

coleta de subsídios e aperfeiçoamentos (peça 6).

115. Conforme mencionado na introdução deste relatório, tais documentos ficaram disponíveis

no site da Agência e o período de contribuições foi de 19/5/2017 a 18/6/2017, ou seja, por um prazo de

trinta dias.

116. Até o encerramento deste relatório de fiscalização, a Aneel não havia divulgado o relatório

de análise das contribuições apresentadas no âmbito da Audiência Pública 26/2017.

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117. Segundo informação no Ato Justificatório do Leilão, também foi disponibilizado no âmbito

da Audiência Pública, ainda em curso, um extenso rol de informações de cada Usina, organizados na

forma de um e-Data-Room, por Lote, como subsídio à participação de interessados no leilão (peça 1, p.

7).

118. Por fim, aquele mesmo ato informa que seria assegurada a possibilidade de visitas técnicas

às usinas hidrelétricas integrantes de seu objeto, nos termos de Despacho a ser publicado pela Aneel,

por meio do qual divulgar-se-ão a disponibilidade de datas, a duração e as condições da visita técnica

às instalações das centrais geradoras (peça 1, p.7).

119. A estimativa da Aneel constante do Ato Justificatório era publicar o edital da referida

licitação, na modalidade leilão, no dia 25/07/2017, após o processamento das contribuições recebidas

na referida Audiência Pública (peça 1, p. 1).

120. Ressalta-se que a AP Aneel 26/2017 se resumiu a colher sugestões de aperfeiçoamentos

nas minutas de edital e do contrato de concessão. Ficaram de fora do debate com a sociedade e com

agentes do setor elétrico aspectos importantes da proposta de nova concessão de UHE, tais como: o

critério de julgamento da licitação, os valores mínimos de bonificação pela outorga, a forma de

pagamento da bonificação pelo vencedor e o percentual de garantia física das usinas a ser destinado ao

ACR. Todos esses elementos já haviam sido previamente definidos em Resolução CNPE 12/2017, em

12/5/2017, sem submissão prévia a consulta pública ou a audiência pública.

121. Constatou-se que essa ausência de debate fragilizou os ganhos de aperfeiçoamento que a

Administração Pública objetivou auferir por meio da AP 26/2017, visto que seu escopo foi reduzido

sensivelmente em termos de relevância e de abrangência do objeto submetido ao escrutínio público.

Isso porque, aspectos essenciais à modelagem econômico-financeira do leilão, os quais inclusive

determinam qual será o conteúdo das minutas de edital e de contrato, já estavam fixados.

122. Questiona-se, inclusive, qual seria o grau de liberdade que a Aneel teria para acolher

contribuições que sugerissem modificar pontos estabelecidos em Resolução do CNPE, dada a

repartição de atribuições e competências no procedimento licitatório que foi adotada pela Lei

12.783/2013.

123. Impende ressaltar também que, assim agindo, deixou-se de atender o art. 14 da Resolução

PPI 1/2016, o qual prevê que os EVTEA de empreendimentos incluídos no PPI serão submetidos a

consultas públicas antes de seu encaminhamento ao TCU, independentemente de ter sido realizada

audiência pública das minutas de edital de licitação e do contrato:

Art. 14. Os Estudos de Viabilidade Técnica, Econômico-Financeira e Ambiental - EVTEA e a

documentação jurídica relacionada ao empreendimento serão submetidos ao Conselho do PPI somente

quando se mostrarem suficientemente consistentes e robustos.

§ 1º Os EVTEA serão construídos com base em premissas claras, objetivas e suficientemente

adequadas para garantir a robustez e a consistência dos modelos, além de considerar a complexidade e

as particularidades de cada projeto.

§ 2º Os EVTEA serão submetidos a consultas públicas antes de seu encaminhamento ao Tribunal

de Contas da União.

124. Relembre-se, nesse contexto, que a previsão de se submeter os EVTEA à consulta pública

amolda-se precisamente com a necessidade apontada pelo próprio governo federal junto aos

“considerandos” da Resolução PPI 1/2016 os quais lhe servem como fundamentação conforme art. 50,

§3º, da Lei 9.784/1999, qual seja, a necessidade de se aprimorar os estudos de modelagem econômico-

financeira no processo de contratação de empreendimentos.

125. Além disso, verificou-se que a AP 26/2017 previu um prazo de 30 dias para o recebimento

de sugestões dos potenciais interessados, ou seja, um prazo inferior aos 45 dias fixados como

referência para audiências públicas que subsidiem processos licitatórios para a contratação de

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empreendimentos incluídos no PPI, conforme disposição do parágrafo único do art. 15 da Resolução

PPI 1/2016:

Art. 15. As minutas do edital e do contrato e os seus anexos, referentes a cada empreendimento,

serão submetidos a consulta pública pelo órgão ou pela entidade competente.

Parágrafo único. A consulta pública será divulgada na imprensa oficial e na internet, com a

identificação do objeto, a motivação para a prorrogação, as condições propostas, entre outras

informações relevantes, fixando-se, exceto se houver disposição em sentido contrário, o prazo mínimo

de quarenta e cinco dias para o recebimento de sugestões dos potenciais interessados.

126. Destaca-se que, muito embora os ritos e as orientações estabelecidas na referida Resolução

PPI 1/2016 não sejam vinculantes, conforme estabelecido em seu art. 2º, fato é que, também como

decorrência desse dispositivo normativo, esses devem ser compreendidos como a regra geral a ser

observada nas concessões de empreendimentos qualificados como de prioridade nacional:

Art. 1º Esta Resolução estabelece diretrizes gerais e estratégicas a serem adotadas pelos órgãos e

entidades da administração pública federal no processo de contratação de empreendimentos públicos

de infraestrutura do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República - PPI.

Parágrafo único. Para fins desta Resolução, considera-se processo de contratação as etapas de

planejamento, licitação, celebração e acompanhamento dos empreendimentos a que ela se refere.

Art. 2º No processo de contratação dos empreendimentos públicos de infraestrutura de que trata

o art. 1º, as autoridades competentes deverão observar, sempre que possível e desde que não haja

norma específica que disponha em sentido contrário, os ritos e as orientações estabelecidos nesta

Resolução, com vistas a homogeneizar os procedimentos básicos, as regras gerais e as diretrizes

comuns aplicáveis aos projetos e setores envolvidos.

127. Dessa forma, propõe-se recomendar que o CNPE, em prol do aprimoramento dos estudos

de modelagem econômico-financeira do processo de contratação de empreendimentos hidrelétricos

incluídos no PPI e da efetividade do debate público em leilões de concessão de energia elétrica,

realize, nos próximos leilões, consulta pública sobre os EVTEA dos empreendimentos e/ou dos

parâmetros técnicos e econômicos norteadores do leilão, em acréscimo ao debate sobre as respectivas

minutas de edital de licitação e de contrato de concessão, de conformidade com o disposto nos arts. 14

e 15 da Resolução PPI 1/2016.

I.1.2. Da indenização de investimentos realizados após o projeto básico

128. De acordo com o art. 8º da Lei nº 12.783/2013, o presente certame pode ser realizado sem

a reversão prévia dos bens vinculados à atual concessão, cabendo a indenização ao atual

concessionário referentemente aos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados:

Art. 8º. As concessões de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica que não forem

prorrogadas, nos termos desta Lei, serão licitadas, na modalidade leilão ou concorrência, por até 30

(trinta) anos.

§ 1º. A licitação de que trata o caput poderá ser realizada sem a reversão prévia dos bens

vinculados à prestação do serviço.

(...)

§ 2º. O cálculo do valor da indenização correspondente às parcelas dos investimentos vinculados

a bens reversíveis, ainda não amortizados ou não depreciados, utilizará como base a metodologia de

valor novo de reposição, conforme critérios estabelecidos em regulamento do poder concedente.

129. Ainda que a realização do presente Leilão 1/2017 não dependa diretamente da indenização

do atual concessionário, entende-se oportuno abordar o tema nesse primeiro estágio de fiscalização

pelas razões que se passa a expor.

130. Em linha com o referido art. 8º da Lei 12.783/2013, o Poder Concedente, mediante

cálculos da EPE, obteve os seguintes valores de indenização reproduzidos na Tabela 7:

Tabela 7: Valores de indenização das Usinas Hidrelétricas

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Usina Valor (R$)

Base de

referênc

ia de

preços

Total

não

deprecia

do

Indenizaçã

o (R$)

Valor

atualizado

pelo IPCA

(R$)1

São Simão 5.809.755.84

0,00 dez/2015 4,19

243.598.750

,00

261.409.574

,28

Miranda 1.523.214.04

0,00 dez/2016 51,48

784.151.980

,00

791.703.365

,05

Fonte: Nota Técnica 9/2017-Assec (peça 8, item 6 não digitalizável. p. 10). Notas: 1. Valores

atualizados pelo IPCA, de março de 2017.

131. Considerando os valores atualizados para maio de 2017 (pelo IPCA de abril), o MME

estimou que o valor dos ativos a serem indenizados, nos termos dos arts. 9 e 10 do Decreto

7.805/2012, é de cerca de R$ 1,05 bilhão. Do exame do referido dispositivo, constata-se que a referida

indenização envolve os investimentos que constaram do Projeto Básico dos empreendimentos,

elaborados à época da sua concessão (grifo nosso):

Art. 9º. A indenização do valor dos investimentos dos bens reversíveis ainda não amortizados ou

não depreciados será calculada com base no Valor Novo de Reposição - VNR, e considerará a

depreciação e a amortização acumuladas a partir da data de entrada em operação da instalação, até 31

de dezembro de 2012, em conformidade com os critérios do Manual de Contabilidade do Setor

Elétrico - MCSE.

Parágrafo único. O valor da indenização será atualizado até a data de seu efetivo pagamento à

concessionária.

Art. 10. Os estudos para a definição do VNR dos empreendimentos de geração de energia

elétrica serão realizados pela Empresa de Pesquisa Energética - EPE, a partir das informações do

Projeto Básico do Empreendimento a ser fornecido à ANEEL pela concessionária de geração.

§ 1º. Os custos unitários utilizados nos estudos de que trata o caput serão obtidos a partir de

banco de preços da EPE.

(...)

§ 3º. No projeto básico do empreendimento devem constar os quantitativos de materiais,

equipamentos hidromecânicos e eletromecânicos, e serviços.

132. Contudo, conforme constou do Memorando 43/2017-SGT-SRG-SFF/Aneel, anexo ao

Ofício 46/2017-DR/Aneel, o qual integrou o Ato Justificatório (peça 1, item 8 não digitalizável, p. 8-

9), além dos investimentos supracitados, cabe indenizar também os investimentos descritos no art. 2º

do Decreto 7.850/2013:

Indenizações por investimentos realizados após implantação do projeto básico

22. No tocante às indenizações de que trata o art. 2º do Decreto n° 7.850, de 30 de novembro de

2013 [sic], referentes a investimentos realizados após a implantação dos projetos básicos das usinas

hidrelétricas, esta Agência ainda não dispõe de qualquer estimativa, em razão dos fatores comentados

nos parágrafos seguintes.

23. A Resolução ANEEL n° 596, de 19 de dezembro de 2012, dispõe que para a valoração será

utilizada a mesma base de referência de custos unitários prevista no § 1º do art. 10 do Decreto nº

7.805, de 2012, base essa que está sob gestão da Empresa de Pesquisa Energética – EPE.

24. Ocorre que foi identificado que o referido banco de preços não atende às necessidades de

valoração dos investimentos realizados ao longo da concessão, em especial os associados aos

equipamentos eletromecânicos. A formatação do banco de preços é adequada à valoração de

investimentos referentes à implantação de empreendimentos hidrelétricos (estudos de viabilidade e

projeto básico), mas não modernizações, melhorias, etc., que são basicamente os investimentos

realizados ao longo da concessão.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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25. Nesse sentido, a ANEEL está avaliando outras formas para tratamento desses investimentos.

133. Questionada sobre o tema por esta equipe de auditoria (peça 4, p. 3), a Aneel informou, em

resumo, que ainda está avaliando alternativas de solução e que, qualquer que seja a solução a ser

proposta, será submetida a processo de audiência pública para obtenção de contribuições que possam

aprimorar o resultado final (peça 12, p. 22).

134. Nota-se, pois, que apesar de já ter-se obtido a estimativa de indenização a ser efetuada para

investimentos não depreciados constantes do projeto básico da usina (em torno de R$ 1,05 bilhão, em

maio de 2017), o cálculo da indenização referente aos investimentos realizados após o projeto básico

ainda caracteriza questão em aberto, ainda pendente de providências administrativas e sem data

prevista para conclusão.

135. Sobre o tema, chama-se a atenção para o histórico do processo que envolveu a indenização

de ativos de concessões de transmissão de energia elétrica existentes em 31/5/2000 (os ativos

denominados de RBSE), os quais deveriam ser pagos pela União em decorrência da prorrogação de

suas concessões, conforme estabelecido na MP 579/2012, de 12/9/2012. Naquele caso, havia,

similarmente ao que ocorre com a indenização de concessões de geração, indefinições relevantes, que

comprometiam o avanço do processo de cálculo e de pagamento. Entre essas indefinições, estavam a

identificação dos ativos integrantes da base de remuneração e as condições de pagamento dessas

indenizações. Levou-se mais de três anos e meio entre a data de edição da MP 579/2012 (em

12/9/2012) e a data de expedição da Portaria-MME 120/2016 (em 20/4/2016), até que o Poder

Concedente definisse as condições para a realização do pagamento dessas indenizações. A data de

início do pagamento ficou prevista para o ano seguinte, em 2017.

136. Tais indefinições, associadas ao tempo prolongado de decisão, e a expectativa de valores

bilionários na indenização motivou a interposição de diversas ações administrativas e judiciais por

parte de concessionários de geração, o afastamento de grupos econômicos de vários leilões de

transmissão seguintes, assim como o agravamento da delicada situação econômico-financeira do

Grupo Eletrobras à época (este último tema tratado no TC 030.656/2015-0), aumentando a

instabilidade setorial.

137. Com base no exposto, em particular no histórico recente do processo de indenização de

ativos de transmissão de energia elétrica existentes em 31/5/2000, propõe-se recomendar que a Aneel

dê tratamento célere à busca da solução mais adequada para a valoração das indenizações de que trata

o art. 2º do Decreto 7.850/2012, referentes a investimentos realizados após a implantação dos projetos

básicos das usinas hidrelétricas, de modo a minimizar o risco de judicialização no setor e de eventual

aumento no montante a ser pago em razão de atualizações ou correções monetárias.

I.2. Análise da viabilidade técnica das concessões

138. Inicialmente, ressalta-se que o presente leilão objetiva conceder o direito de operar e

manter usinas hidrelétricas existentes, que já estão em funcionamento.

139. O Ato Justificatório resume as principais características técnicas e operativas dessas usinas,

descrevendo os níveis de reservatório, as vazões, a garantia física, o tipo e a potência das turbinas, a

tensão de fornecimento de energia e a potência dos geradores, a especificação do sistema de

transmissão de interesse restrito da UHE e sua conexão à Rede Básica, bem como a descrição dos

serviços ancilares a serem prestados (peça 1).

140. Constatou-se, adicionalmente, que as usinas a serem licitadas já passaram por processo de

revisão de suas garantias físicas. Os novos valores, definidos mediante a Portaria MME 178/2017,

passam a viger em 1º/1/2018. Sobre esse ponto, ressalta-se que tal revisão, em momento anterior à

assinatura do contrato de concessão, é oportuna e salutar, na medida em que dá mais segurança ao

investidor sobre a máxima quantidade de energia que as usinas estarão autorizadas a comercializar e,

consequentemente, maior previsibilidade sobre a sua expectativa de receita, reduzindo, também riscos

de eventuais disputas judiciais.

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141. Além disso, os índices de indisponibilidade eletromecânica de cada usina foram definidos

nos termos da Resolução Aneel 541/2013 e consta que deverão ser mantidos ou melhorados.

142. Quanto aos investimentos a serem executados ao longo das concessões, o inciso XI da

Cláusula Décima da minuta de contrato de concessão, submetido à Audiência Pública Aneel 26/2017,

estabelece para as futuras concessionárias a obrigação de realizarem os investimentos necessários a

fim de garantir a qualidade e a atualidade da produção de energia elétrica, compreendendo a

modernidade das técnicas, dos equipamentos, das instalações e a sua conservação, bem como a

melhoria e expansão.

143. Nesse mister, a minuta do contrato assim define ampliação e melhoria:

AMPLIAÇÃO - compreende a instalação, substituição ou reforma de equipamentos em

instalação de geração existente ou a adequação dessa instalação, visando aumento da capacidade de

geração, conforme regulamento.

MELHORIA - compreende a instalação, substituição ou reforma de equipamento em instalação

de geração existente, ou a adequação dessa instalação, visando manter a prestação de serviço adequado

de geração de energia elétrica, conforme disposto na Lei nº 8.987/1995, e regulamentação específica.

144. Por fim, importa frisar que está prevista a realização de investimentos em melhoria nessas

usinas. A principal justificativa para a necessidade de melhoria é que se tratam de empreendimentos

antigos (a maioria com mais de 40 anos da entrada em operação) e que, em muitos casos, precisarão

passar por processo de revitalização para garantir a qualidade e atualidade da produção de energia

elétrica, compreendendo a modernidade das técnicas, dos equipamentos, das instalações e a sua

conservação. A realização de tal investimento será coberta por uma parcela própria da receita anual de

geração (RAG) do concessionário.

145. Do exame da documentação encaminhada, e considerando as condições de realização dessa

fiscalização (escopo, prazo e procedimentos aplicados), não foram identificadas irregularidades no

tocante à viabilidade técnica que pudessem ensejar proposta de intervenção desta Corte de Contas.

II.3. Análise relativa aos estudos de impacto e de licenciamento ambiental e aos custos

socioambientais associados

146. Os empreendimentos já se encontram em operação comercial. Porém, para todos eles, à

exceção da UHE Miranda, a licença de operação vencerá ainda nos primeiros seis anos da concessão.

Para a UHE Miranda, apesar de sua Licença de Operação ter vencido, sua revalidação já foi requerida,

estando pendente de decisão do órgão ambiental.

147. A data de término da licença de operação dos empreendimentos é mostrada na Tabela 8.

Tabela 8: Data de término da Licença de Operação

Usina

Licença de Operação Vigente Da

ta de

Término

UHE São

Simão

Licença de Operação 569/2006-IBAMA

– 1ª Renovação, de 27/12/2012.

27/

12/2022

UHE

Jaguara

Licença de Operação 1.191/2013-

IBAMA, de 04/10/2013.

04/

10/2023

UHE

Miranda

Licença de Operação – COPAM/MG

112, de 09/03/2005, renovada por 1 ano pela

SUPRAM, em 08/01/2009.

11/

02/20121

UHE

Volta Grande

Licença de Operação 1.369/2017-

IBAMA, de 14/02/2017.

14/

02/2023

Fonte: Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p.11). Notas: (1) A revalidação da licença foi

requerida em 11/11/2011.

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148. Importante ressaltar que esta Unidade Técnica, quando do exame do primeiro estágio do

Leilão 12/2015 (TC 023.134/2015-1), com o propósito de verificar a alocação dos riscos associados às

eventuais exigências para o licenciamento ambiental, dirigiu questionamento à Aneel.

149. Em resposta, a Aneel informou que, conceitualmente, a parcela da GAG associadas aos

custos de manutenção e operação inclui o custeio de ações requeridas para o licenciamento ambiental,

conforme exigências da administração pública, cabendo ao agente os respectivos riscos. Ressalvou,

porém, que no caso de as tais exigências demandarem investimentos, esses poderão ser considerados

na base de remuneração (TC 023.134/2015-1, peça 25, p.14).

150. Neste ponto, destaca-se que a definição de GAG e das parcelas que a compõem são

idênticas à adotada no Leilão 12/2015, o que permite concluir sobre o mesmo tratamento a ser dado em

caso de eventuais exigências para o licenciamento ambiental.

151. Isto posto, não foram detectadas inconformidades que pudessem ensejar proposta de

intervenção desta Corte de Contas acerca dos estudos de viabilidade ambiental referentes ao Leilão -

Aneel 1/2017.

CONCLUSÃO

152. Este processo foi constituído para acompanhamento do primeiro estágio do Leilão Aneel

1/2017, referente à licitação para a outorga de quatro usinas hidroelétricas em operação, conforme

estabelece o art. 7º, inciso I, da IN - TCU 27/1998.

153. Quanto ao prazo, a entrega da documentação somente se completou em 23/6/2017.

Portanto, caso o edital seja publicado antes de 24/8/2017, poderá configurar-se descumprimento formal

do art. 8º da referida IN. Contudo, caso confirmada essa hipótese quando do acompanhamento do 2º

estágio previsto na referida IN, pode-se, desde logo, antecipar que, caso o edital publicado antes da

referida data não contenha alterações que impactem os estudos de viabilidade objeto desta instrução,

entende-se que não haverá prejuízo efetivo ao tempestivo exame da matéria pelo TCU.

154. Na análise do primeiro estágio, no que se refere à avaliação econômica, o valor mínimo de

bonificação para o conjunto de lotes do leilão foi definido pelo CNPE, em sua Resolução CNPE

12/2017, com base em sugestão formulada pelo Ministério da Fazenda. O cálculo do valor de RBO

(Retorno de Bonificação pela Outorga) foi calculado pela Aneel a partir de informações do MF, da

referida Resolução e de outros dados setoriais, dentre eles o preço médio da energia elétrica.

155. O leilão prevê investimentos de cerca de R$ 3 bilhões em melhorias nas usinas, as quais se

encontram em operação há várias décadas (a maioria com mais de 40 anos da entrada em operação).

Na visão do MME, tais usinas precisarão passar por processo de revitalização para garantir a qualidade

e atualidade da produção de energia elétrica, compreendendo a modernidade das técnicas, dos

equipamentos, das instalações e a sua conservação.

156. O critério de julgamento de licitação adotado, ou seja, a forma de seleção do proponente

vencedor, é o de maior bonificação pela outorga, conforme previsto na Lei 12.783/2013. O valor

mínimo de bonificação pela outorga, para o total lotes, é de R$ 11,05 bilhões. Propostas no leilão que

superem o valor mínimo de bonificação do lote não serão repassados à tarifa de energia.

157. Chama-se atenção para o fato de que o pagamento de bonificação pela outorga implica um

acréscimo de cerca de R$ 1,3 bilhões/ano, de ônus ao consumidor do mercado cativo (em regra,

consumidores residenciais e pessoas físicas), que persistirá pelos próximos trinta anos. Não há, tal

como não houve no último leilão realizado (Leilão 12/2015), qualquer garantia de que tal recurso

financeiro retorne ao setor elétrico, sequer para custear os cerca de R$ 1,05 bilhão (a preços de maio de

2017) já estimados pela Aneel como uma das duas indenizações que ainda terão de ser feitas ao antigo

titular da concessão dessas usinas, em razão de haver saldo de ativos não amortizados das usinas ora

leiloadas.

158. Somando-se a previsão de pagamentos do Leilão anterior com os que foram previstos para

este leilão, constata-se que o consumidor de energia elétrica do mercado cativo terá de arcar com cerca

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de R$ 3,65 bilhões por ano, durante um período de 28 anos, ou seja, até o ano de 2045. Depois disso, o

valor anual cai para 1,34 bilhão, mas persiste por mais dois anos, até o ano de 2047. Ressalta-se, pois,

tratar-se de valores expressivos.

159. Similarmente ao que se deu no último leilão, a modelagem do Leilão 1/2017 constitui, na

prática, empréstimo ao Tesouro Nacional custeado pelo consumidor de energia elétrica do mercado

cativo, pago durante trinta anos. Dessa vez, à taxa de 8,08% ao ano.

160. Alertou-se ainda nesta instrução que o processo de escolha do critério de julgamento da

licitação não foi acompanhado de uma avaliação de impacto de médio e longo prazos no setor elétrico

e no cenário fiscal. Isso porque o objetivo maior, que norteou praticamente todas as decisões neste

leilão, foi obter arrecadação que ajudasse a cumprir a meta de déficit fiscal do governo para o exercício

de 2017, por ele avaliado em cerca de RS 139 bilhões negativos.

161. Concluiu-se que a falta dessa avaliação impede que o governo federal apure se realmente

vale a pena, dentre outras consequências da decisão, prejudicar a modicidade tarifária prescrita no art.

6º, §1º, da Lei de Concessões (Lei 8.987/1995) em R$ 1,34 bi/ano, pelo longo período de trinta anos,

em nome da meta fiscal de apenas um único exercício. A decisão também não levou em conta o fato de

que outras políticas e decisões recentes de governo já custarão ao consumidor de energia elétrica, em

valores reais, pelo menos, R$ 108,8 bilhões.

162. Constatou-se inconsistências na apuração do custo de capital do presente leilão, com

impacto provável em sua estruturação econômico-financeira e em seus resultados, na medida que o

cálculo da metodologia WACC adotado pelo Ministério da Fazenda não considera que estão ausentes

determinados riscos de negócio em concessões de usinas existentes e operantes, tal como a ausência de

risco de construção e de risco ambiental.

163. Ainda assim, tendo em vista a teoria sob o qual se sustenta a metodologia do WACC,

reconheceu-se que o cálculo do custo de capital é dependente da disponibilidade de dados e de séries

históricas adotados como dados de entrada do modelo. Além disso, a busca por uma maior

especificidade de um modelo traz consigo uma nova configuração de variáveis, de parâmetros e de

proxys, com dados de entrada a serem coletados e simulados, o que pode consumir algum tempo.

164. Constatou-se, também, fragilização no debate público acerca da proposta e resultados do

leilão. A única Audiência Pública realizada admitiu contribuições em prazos inferiores às diretrizes

estabelecidas para o Programa de Parceria de Investimentos (PPI) da Presidência da República e se

resumiu a colher sugestões sobre as minutas de edital e do contrato de concessão. Ficaram de fora do

debate os aspectos mais importantes da proposta de nova concessão, tais como: o critério de

julgamento da licitação, os valores mínimos de bonificação pela outorga, a forma de pagamento da

bonificação pelo vencedor e o percentual de garantia física das usinas a ser destinado ao ambiente de

contratação regulada (ACR). Todos esses elementos já haviam sido definidos pelo Conselho Nacional

de Política Energética (Resolução CNPE 12/2017), sem qualquer participação pública, situação que,

novamente, contraria as diretrizes estabelecidas pelo próprio governo como marco da nova política

pública que sustentou a criação do PPI.

165. Verificou-se, ainda, que há estimativa de R$ 1,05 bilhão (a preços de maio de 2017) a ser

pago ao antigo concessionário detentor da outorga das usinas ora leiloadas. Porém, ainda falta definir

método de valoração para uma outra parcela de indenizações, a qual ainda se encontra em

desenvolvimento pela Aneel (a indenização sobre investimentos não incluídos nos projetos básicos das

usinas). Trata-se de questão em aberto, ainda pendente de providências administrativas e sem data

prevista para conclusão, mas que atinge todos os demais casos de usinas geradoras prorrogadas com

base na MP 579/2012 ou com prazo de concessão vencidos, portanto além das quatro UHEs objeto

deste leilão 1/2017.

166. Em função dessas constatações envolvendo aspectos relacionados à viabilidade econômica

do leilão, foram propostas determinações e recomendações ao CNPE, ao MME e à Aneel.

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167. Não foram detectadas inconformidades que pudessem ensejar proposta de intervenção do

TCU acerca dos estudos de viabilidade técnica e de viabilidade ambiental.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

168. Ante todo o exposto, e tendo em vista a previsão de controle concomitante deste Tribunal

de Contas da União em processos de concessões públicas federais, submetem-se os autos à

consideração superior, propugnando, com fulcro no art. 258, inciso II, do Regimento Interno do TCU

c/c o art. 7º, inciso I, da IN – TCU 27/1998, sua remessa ao Exmo. Senhor Ministro-Relator Aroldo

Cedraz com a seguinte proposta de encaminhamento:

1) com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar ao

Ministério de Minas e Energia, na qualidade de Poder Concedente, que:

1.1) nas próximas licitações de concessão envolvendo usinas geradoras de energia elétrica

existentes e em operação, a modelagem técnica, econômica e financeira do leilão seja precedida das

seguintes avaliações:

a) impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazos resultantes da licitação para o

consumidor de energia elétrica dos mercados cativo e livre, bem como para a sustentabilidade do setor

elétrico, nos diferentes cenários de critério de julgamento da licitação previstos em lei e seus

respectivos parâmetros técnicos e econômicos de leilão;

b) na hipótese de adoção da maior bonificação pela outorga como critério de julgamento da

licitação, custo-benefício, em termos econômicos e financeiros, de outras possibilidades de

financiamento do Tesouro Nacional, que não a arrecadação mediante o uso do referido critério de

bonificação pela outorga; e

c) efeito agregado dos impactos econômicos e financeiros para os consumidores dos mercados

cativo e livre, advindos da combinação dos efeitos produzidos pela adoção do critério de julgamento

escolhido para o leilão com os efeitos derivados de outras decisões e políticas setoriais de impacto;

1.2) se abstenha de utilizar nas próximas licitações de concessão de usinas hidrelétricas

existentes e em operação metodologia de cálculo de custo de capital que desconsidere o fato de que,

nesse tipo de negócio, contrariamente ao que ocorre em negócios que preveem a construção de novas

usinas, não estão presentes riscos de negócio relevantes, tais como riscos de construção e risco

ambiental, o que tende a produzir valores de custo de capital distintos para os tipos de negócio

mencionados;

2) com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar ao

Ministério de Minas e Energia, na qualidade de Poder Concedente, que, após a análise das

contribuições recebidas na Audiência Pública Aneel 26/2017 e o recebimento de considerações

apresentadas por potenciais investidores interessados junto ao roadshow do Leilão 1/2017 programado

para ocorrer depois de publicado o respectivo edital de licitação, reavalie se persiste a conveniência de

manter como forma de pagamento do Valor de Bonificação pela Outorga nesse leilão o pagamento

integral à vista, no ato de assinatura do contrato de concessão, tendo em vista o risco de tais condições

diminuírem a quantidade de ofertantes em leilão;

3) com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar ao

Conselho Nacional de Política Energética que, em conformidade com os arts. 14 e 15 da Resolução

PPI 1/2016, e em prol do aprimoramento dos estudos de modelagem econômico-financeira do processo

de contratação de empreendimentos hidrelétricos incluídos no Programa de Parcerias de Investimentos

(PPI) e da efetividade do debate público em leilões de concessão, realize, nos próximos leilões

envolvendo tais empreendimentos consulta pública sobre os EVTEA da concessão e/ou dos parâmetros

técnicos e econômicos norteadores do leilão, em acréscimo ao debate sobre as respectivas minutas de

edital de licitação e de contrato de concessão;

4) com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à

Agência Nacional de Energia Elétrica dê tratamento célere à busca da solução mais adequada para a

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

valoração das indenizações de que trata o art. 2º do Decreto 7.850/2012, referentes a investimentos

realizados em usinas hidrelétricas e não incluídos em seus projetos básicos, de modo a minimizar o

risco de disputas judiciais e de aumento de valores a serem pagos pela União em razão de atualizações

ou correções monetárias;

5) encaminhar cópia do Acórdão que vier a ser exarado nestes autos, bem como do Relatório e

Voto que o fundamentarem à Agência Nacional de Energia Elétrica, ao Ministério de Minas e Energia,

ao Ministério da Fazenda, ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, ao Conselho

Nacional de Política Energética, à Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos da

Presidência da República, à Casa Civil da Presidência da República, ao Senado Federal -

particularmente à Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) e à Comissão de Assuntos Econômicos

(CAE) - à Câmara dos Deputados - em especial à Comissão de Minas e Energia (CME) e à Comissão

de Defesa do Consumidor (CDC) e à 3ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público

Federal; e

5) restituir o presente processo à SeinfraElétrica para continuidade do acompanhamento do

Leilão 1/2017 – Aneel, nos termos da Instrução Normativa – TCU 27/1998.

É o Relatório.

VOTO

Trata-se de acompanhamento do primeiro estágio do Leilão Aneel 1/2017, referente à licitação

para a outorga das usinas hidrelétricas em operação de São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Grande,

nos termos do art. 8º da Lei 12.783/2013, com a redação dada pela Lei 13.203/2015, e conforme

delegação de competência à agência efetuada pelo Ministério mediante a Portaria MME 133/2017,

alterada pela Portaria MME 191/2017.

2. No âmbito do Tribunal de Contas da União (TCU), a matéria está disciplinada pela Instrução

Normativa (IN) TCU 27/1998, que dispõe sobre o acompanhamento concomitante dos

processos de outorga de concessão de serviços públicos, realizados em quatro estágios, por

meio de análise da documentação remetida pelo poder concedente.

3. Em sua análise da documentação encaminhada pela Aneel, em atendimento ao disposto no art.

7º, inciso I, da IN TCU 27/1998, a SeinfraElétrica não detectou desconformidades relevantes

que ensejassem óbice à realização do Leilão Aneel 1/2017 e considerou que a agência atendeu

aos requisitos previstos quanto ao primeiro estágio de que trata a referida Instrução Normativa.

Todavia, também apontou questões que devem ser aperfeiçoadas neste e nos próximos leilões

de concessões.

4. Considero que o exame da unidade instrutiva foi adequadamente realizado, podendo ser

acolhido como minhas próprias razões de decidir, sem prejuízo das considerações adicionais

que passo a tecer acerca dos principais aspectos desse leilão.

II

5. Como exposto pela Unidade Técnica no Relatório precedente, a Medida Provisória

(MP) 579/2012, posteriormente convertida na Lei 12.783/2013, permitiu, nos termos de seu

art. 1º, outra prorrogação das concessões de energia elétrica outorgadas anteriormente à entrada

em vigor da Lei 8.987/1995, que já haviam tido seu prazo estendido por até 35 anos com base

na Lei 9.074/1995.

6. Contudo, a lei de 2013 condicionou essa nova prorrogação à aceitação de condições definidas

de acordo com os §§ 1º a 6º do art. 1º da Lei 12.783/2013 e o Decreto 7.805/2015. Vários

concessionários aceitaram esses termos e assinaram novos contratos, conforme tratado neste

Tribunal no âmbito do TC 033.929/2012-2 e do TC 001.843/2013-3.

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7. No caso das empresas que não aceitassem, o art. 8º da Lei 12.783/2013 já previa a realização

de licitação para uma nova concessão por até trinta anos, sendo que os concessionários atuais

deveriam manter os ativos em operação até a assunção da empresa vencedora dos futuros

leilões. Desde 2014, já foram licitadas trinta usinas, que foram acompanhadas pelo TCU nos

TC 001.618/2014-8 e TC 023.134/2015-1.

8. A Lei 13.360/2016 alterou a Lei 12.783/2013 para incluir, no § 1º-C do art. 5º da lei de 2013,

que é facultado à União outorgar contrato de concessão pelo prazo de trinta anos para

prestadoras de serviço que forem controladas por estados ou municípios, desde que seja

realizada transferência de controle da pessoa jurídica.

9. As quatro usinas hidrelétricas objeto do presente Leilão estão em operação atualmente pela

Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) Geração e Transmissão S/A, com base em

contratos de concessão que venceram entre agosto de 2013 e fevereiro de 2017, mas que a

concessionária não aceitou prorrogar nas condições definidas pela lei. Inclusive, a empresa

ingressou em juízo para tentar renovar suas concessões com base nas regras constantes dos seus

contratos, anteriores à lei de 2013.

10. Apesar de ter obtido, no âmbito do Mandado de Segurança (MS) 20.432/DF no Superior

Tribunal de Justiça (STJ), em 30/8/2013, liminar favorável à manutenção de sua concessão da

hidrelétrica Jaguara, a concessionária teve seu pedido denegado na apreciação do mérito e, por

isso, ajuizou a Ação Cautelar 3.980/DF no Supremo Tribunal Federal (STF). Inicialmente, o

pedido de Medida Cautelar foi deferido, entretanto, posteriormente, o Ministro Relator do STF

reconsiderou seu entendimento e revogou a liminar concedida com a seguinte fundamentação:

Diante, todavia, da comunicação da União quanto à inviabilidade de acordo, e sopesando os

demais elementos envoltos na situação dos autos, especialmente o já extenso lapso temporal decorrido

desde a obtenção da primeira liminar no STJ (30/8/13), que vem colocando a ora recorrente em

posição distinta das concessionárias de energia elétrica, tenho que é o caso de revogar a liminar outrora

concedida.

Saliento, em adição, após o amadurecimento da análise dos autos, não vislumbrar fumaça do

bom direito na pretensão da recorrente.

A prorrogação contratual é, por sua própria natureza, elemento do ajuste que se submete à

apreciação discricionária da Administração Pública e assim é reconhecido nas normas atinentes aos

contratos administrativos (inclusive a lei à qual pretende a recorrente manter sua submissão

[Lei 9.074/1995]).

11. A concessionária interpôs agravo a essa decisão, ainda pendente de apreciação pelo STF.

12. O mesmo se repete nas outras ações judiciais, conforme atesta a Consultoria Jurídica do

Ministério de Minas e Energia (MME) na Nota 254/2017/Conjur-MME/CGU/AGU (peça 22,

p. 14-18), enviada ao TCU em resposta à diligência.

13. Com o intuito de suspender a realização do leilão para discutir a possibilidade de renovação de

suas concessões já expiradas, a Cemig e o Estado de Minas Gerais representaram a este

Tribunal, com pedido de Cautelar, no âmbito do TC 014.730/2017-0, de minha relatoria e que

será trazido oportunamente a este Plenário.

14. De toda forma, uma vez que o cerne dos argumentos de mérito trazidos pelo pedido de Medida

Cautelar dos representantes já estava sendo objeto de exame no presente processo de

acompanhamento do leilão, a legalidade da inclusão dessas usinas hidrelétricas na licitação foi

um dos aspectos que foram analisados nestes autos.

15. Destaca-se que a possiblidade de prorrogação dos contratos de concessão, com base no art. 1º

da Lei 12.783/2013, foi oferecida à empresa, porém recusada por ela não concordar com as

condições impostas pela legislação. E quanto à faculdade da União outorgar nova concessão

associada com a desestatização da concessionária, trata-se de uma escolha que se insere na

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discricionariedade da Administração Pública, não havendo qualquer vinculação ou

obrigatoriedade.

16. Assim, como apontou o próprio TCU, ao prolatar diversas deliberações como os

Acórdãos 1.836/2013, 2.253/2015, 2.526/2015 e 2.899/2015, todos do Plenário, que analisaram

direta ou indiretamente a possibilidade de licitação de concessões em operação com base nessa

legislação, e a Unidade Técnica, na instrução consignada no Relatório precedente sobre o caso

concreto desta licitação, não há óbice jurídico para ofertar essas quatro hidrelétricas no presente

leilão e cabe proceder com a análise dos termos e das condições dispostos para o presente

certame.

III

17. A MP 688/2015, posteriormente convertida na Lei 13.203/2015, introduziu a possibilidade da

utilização do critério de maior valor de outorga nos leilões de outorga de concessão de geração,

transmissão e distribuição de energia elétrica. De acordo com o art. 2-A da Lei 9.478/1997,

cabe ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), mediante proposta do MME e

ouvido o Ministério da Fazenda (MF), estabelecer os valores, a forma e os prazos de

pagamento do montante mínimo, denominado de valor de bonificação de outorga pela própria

lei.

18. Ressalta-se que esse valor mínimo é recuperado pelo concessionário contratado durante a

vigência da concessão, mediante a parcela denominada de Retorno da Bonificação pela

Outorga (RBO), incluída na tarifa de energia elétrica paga pelos consumidores. Quanto ao

eventual ágio ofertado pelo licitante vencedor, há previsão em portaria do Ministério para que

qualquer valor acima do mínimo não seja incluído nessa parcela e nem ressarcido ao

concessionário.

19. Isto significa que quanto maior for o valor de bonificação de outorga fixado pelo Poder

Concedente, maior será o impacto direto nas tarifas das contas de energia elétrica, desde a

assinatura até o término do prazo do contrato de concessão.

20. No caso do presente leilão, com espeque nas propostas do MME e do MF, a Resolução

CNPE 12/2017 definiu que o total dos valores mínimos de outorga das quatro usinas seria de

R$ 11,0 bilhões e que deveria ser pago à vista no ato de assinatura do contrato de concessão. O

cronograma de eventos, elaborado pela Aneel, marcou a data de assinatura para 10/11/2017

para atender ao pedido do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão de que, por

questões orçamentárias, o ingresso da receita advinda da bonificação pela outorga das

concessões ocorresse até aquela data (Nota Técnica 9/2017-ASSEC, peça 8, item 6 não

digitalizável, p. 2).

21. Conforme descrito no Relatório precedente, a fixação desse valor de outorga foi influenciada

pela enfática defesa do MF, ainda em 2016, acerca da necessidade de a licitação contribuir para

o atingimento da meta fiscal de 2017, sob a justificativa de que nos últimos anos “os resultados

fiscais do Governo Central têm mostrado constantes déficits de magnitude significativa” (Nota

Técnica 34/2016/STN/SEAE/MF-DF, de 7/12/2016, peça 8, item 1 não digitalizável, p. 3-4).

22. De fato, para este exercício a meta fiscal prevista é de déficit primário de R$ 142 bilhões para o

Governo Federal, mas já houve alerta, emitido pelo Ministro Vital do Rêgo e comunicado a

este Plenário em 12/7/2017, de que há risco de não atingimento dessa meta devido à elevada

previsão de ingresso de receitas de concessões e de permissões nos dois últimos meses do ano,

que corresponde a R$ 19,3 bilhões. Assim, a estimativa é de que o presente leilão contribua

com quase 57% desse total.

23. Todavia, em que pese a situação fiscal atual, não se pode olvidar tanto da relevância do setor de

energia elétrica quanto das consequências que essa priorização da obtenção de valores nas

licitações pode trazer para a sustentabilidade do próprio setor e para os consumidores. Como

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calculado pela Unidade Técnica, o ressarcimento ao futuro concessionário do valor de

bonificação de outorga desta licitação implica um acréscimo de ônus ao consumidor do

mercado cativo superior a R$ 1,34 bilhão ao ano, até 2047.

24. Cabe lembrar que outras políticas e decisões de Governo relativas ao setor já causaram um

impacto ao consumidor de energia elétrica de, no mínimo, R$ 97,7 bilhões até 2045, segundo

estimativas reunidas pela SeinfraElétrica e descritas na Tabela 6 do Relatório precedente. Entre

essas ações, estão a definição da indenização de ativos de transmissão anteriores a 2000, a

transferência do risco hidrológico ao consumidor pela MP 579/2012 e o próprio bônus de

outorga do Leilão Aneel 12/2015.

25. Inclusive, ao apreciar a citada licitação de 2015, a primeira realizada utilizando como critério

de julgamento o maior valor de outorga, o Ministro Relator José Múcio destacou, no voto

condutor do Acórdão 2.526/2015-TCU-Plenário (TC 023.134/2015-1), a importância de se

ponderar os objetivos fiscais e a modicidade tarifária nos processos de concessão dos serviços

públicos:

Não obstante, o papel do Tribunal em todo este processo [...] está sendo crucial para que a

modelagem final das concessões não se desvirtue da busca pela melhor proposta para a Administração,

que deve ser entendida como dois vetores: o valor que se espera arrecadar com as concessões,

estimado em R$ 17 bilhões, e a modicidade tarifária.

26. Entendimento idêntico expressou o Ministro Raimundo Carrero ao relatar o TC 007.893/2006-

4, que acompanhou a concessão de linhas de transmissão de energia elétrica, conforme Voto do

Acórdão 976/2008 – TCU – Plenário:

Como já foi dito [...], a RAP [Receita Anual Permitida], por ser parcela da tarifa de energia

elétrica paga pelos consumidores, há de ser equilibrada. De um lado, não pode ser excessivamente

baixa, a ponto de frustrar o Leilão por falta de interessados - o que colocaria em risco o fornecimento

de energia no país - já que a RAP ofertada pelos licitantes não pode ser maior do que a RAP definida

pela Agência. De outro lado, não pode ser excessivamente alta a ponto de comprometer a modicidade

tarifária, o que geraria impactos negativos no custo de vida da população e na competitividade dos

produtos nacionais.

27. Recorda-se que o setor de energia elétrica não foi o único em que o TCU apontou que poderia

estar havendo priorização excessiva do alcance de metas fiscais na definição das condições de

outorga de concessões, em detrimento das particularidades e das necessidades do respectivo

setor de infraestrutura.

28. Em 2013, isso também ocorreu no leilão do campo de Libra, em áreas do pré-sal, realizado pela

Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Como detalhado no

Relatório e no Voto condutor do Acórdão 2.526/2015-TCU-Plenário, um dos aspectos que

contribuíram para a escolha desse campo como o primeiro a ser licitado sob o novo regime de

concessão foi seu potencial de auxiliar no cumprimento da meta de superávit do exercício com

o pagamento do valor de outorga de R$ 15 bilhões.

29. Segundo o referido Relatório, a despeito das fragilidades e das dificuldades enfrentadas no

planejamento e na execução de um certame regido por uma legislação nova, houve até a

antecipação da licitação em um mês. Na ocasião, o Ministro Relator José Jorge alertou em seu

Voto quanto aos riscos que essa opção poderia representar no longo prazo para o setor:

35. Diante da incerteza do sucesso do modelo, pode se chegar, sem grandes dificuldades, à

conclusão de que a escolha de Libra, maior estrutura licitável e com menos risco exploratório, já que

conta com um poço perfurado que confirmou as potencialidades promissoras do campo, tem como

objetivo validar o modelo adotado pela lei, além de possibilitar o cumprimento da meta de superávit

primário, com o pagamento do bônus de assinatura no valor de R$ 15 bilhões.

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36. Se por um lado as circunstâncias peculiares do prospecto de Libra podem conduzir com

menos riscos ao alcance da participação governamental desejada, licitar a maior área por intermédio de

um regime novo pode não ser a melhor estratégia, por não se conhecer as dificuldades que advirão com

esse modelo, podendo os erros porventura cometidos assumirem proporções indesejáveis.

30. Outro caso semelhante foi a licitação de radiofrequência da faixa de 700 MHz para o serviço de

telefonia móvel de 4G, realizada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em

2014. Ao contrário das licitações de espectro da agência ocorridas desde 2007, esse certame

não impôs às empresas nenhum compromisso de interesse dos usuários, seja de cobertura ou de

qualidade.

31. Nas licitações de radiofrequência anteriores, esses investimentos obrigatórios reduziram

proporcionalmente o valor de outorga pago, mas também contribuíram significativamente para

a massificação do serviço de telefonia móvel em todas as cidades do país, inclusive em 3G, o

que não há garantia de que vá ocorrer com o serviço de 4G prestado na faixa de 700 MHz.

32. Entretanto, a ausência de compromissos de investimentos não resultou nos valores de

arrecadação desejados. Embora tivesse um preço mínimo total de R$ 7,7 bilhões e houvesse

expectativa de que contribuísse com mais de R$ 8 bilhões para o superávit fiscal daquele

exercício, foram arrecadados R$ 5,2 bilhões. Registre-se que seis lotes não receberam

propostas e o ágio máximo foi de 1%, conforme descrito nos Acórdãos 2.031/2014 e

1.729/2016, ambos do Plenário e relatados pelo Ministro Benjamin Zymler.

33. Esses episódios evidenciam o quanto esta prática tem se disseminado e perpassa diversos

setores de infraestrutura. Como assinalado, a opção por aumentar a arrecadação em um ano por

meio do uso das outorgas de concessão de serviços públicos, definindo esses valores sem antes

analisar detalhadamente as especificidades e as necessidades do setor, pode implicar severos

impactos negativos durante décadas para todos os usuários desses serviços.

34. Esclareço que não se pretende afastar que os recursos arrecadados com outorga de concessões

sejam destinados pelo Tesouro Nacional, total ou parcialmente, para auxiliar a cobrir déficits

ou compor superávits fiscais. Procura-se tão somente ressaltar que é fundamental sopesar os

diversos objetivos da ação governamental de forma a não prejudicar a modicidade tarifária

prescrita no art. 6º, § 1º, da Lei de Concessões, Lei 8.987/1995, ou mesmo a sustentabilidade de

médio e de longo prazo dos setores de infraestrutura no país.

35. Afinal, não aparenta ser a melhor prática definir a priori que uma outorga de concessão deve

gerar uma “receita expressiva” para contribuir com o atingimento da meta fiscal em um

exercício, como teria dito o MF ao MME segundo consta dos autos, sem que sejam esboçados

outros cenários ou possibilidades de outros setores ou instrumentos contribuírem para cobrir

esse déficit; sem que seja avaliado se o montante exigido pode afastar possíveis concorrentes

na licitação; e sem que sejam estimados e avaliados os impactos operacionais e financeiros que

essa escolha terá para o setor e para seus usuários durante toda a duração da concessão.

36. Concordo com a avaliação da Unidade Técnica de que o caso em tela enseja propostas de

deliberação com a finalidade de evitar que essa situação se repita em futuros leilões de usinas

geradoras de energia elétrica, razão pela qual proponho determinar ao MME que faça

avaliações prévias quanto aos impactos que diferentes critérios de julgamento, valores de

outorga e parâmetros econômico-financeiros possam ter para sustentabilidade do setor elétrico

e para os consumidores cativos e livres. Adicionalmente, incluo determinação para que essas

avaliações sejam feitas para o presente leilão, sem prejuízo da publicação do edital e da

continuidade do certame, visando ao menos dar maior transparência quanto as variáveis

envolvidas nessa escolha.

37. Deixo de acolher somente a proposta de determinar que o MME avalie o custo-benefício de

outras possibilidades de financiamento do Tesouro Nacional além do valor de bonificação pela

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outorga, posto que tais análises são de competência do MF e cabe ao MME, enquanto Poder

Concedente, fazer sua própria avaliação quanto as sugestões do MF e usar sua prerrogativa de

descartar as opiniões que não se adequam às suas licitações, nos termos do art. 2º-A da

Lei 9.478/1997.

38. Essas propostas de aprimoramentos na modelagem dos editais de concessão de outorgas de

usinas hidrelétricas tornam-se ainda mais relevantes ante a probabilidade de nova sequência de

leilões de concessão de usinas de geração existentes e operantes, como decorrência da

denominada proposta de “descotização e privatização” externada pela Consulta Pública

MME 33/2017, publicada em 5/7/2017, que trata de alterações do marco legal do setor elétrico.

39. Contudo, também entendo que é necessário o TCU analisar tal ocorrência sistêmica de forma

transversal e com maior cuidado e atenção, como a complexidade do caso requer, para que seja

possível avaliar quais são os limites legais da ponderação entre os objetivos fiscais e os

impactos operacionais, financeiros e na sustentabilidade dos setores de infraestrutura na

definição dos valores e das condições de outorga de concessões de serviços públicos.

40. Considerando que possíveis desequilíbrios já foram apontados por este Tribunal em três

licitações de responsabilidade do MME, sendo duas da área de energia elétrica, e que há risco

de ocorrer novamente nas diversas licitações previstas para esse setor, proponho que seja

autuado processo específico acerca deste tema.

IV

41. Quanto aos demais aspectos do presente leilão, cabe destacar que alguns pontos merecem

reparo, ainda que não configurem ilegalidades capazes de macular a licitação.

42. O cálculo da taxa de desconto do fluxo de caixa do estudo de viabilidade econômico-financeira

do leilão deve ser aprimorado. A metodologia de cálculo de custo de capital não considerou em

nenhum aspecto que se tratava da licitação de usinas já em operação e, por isso, com riscos de

construção e ambiental praticamente nulos, o que facilita significativamente a capacidade da

empresa conseguir financiamentos e deveria resultar em um valor de taxa de desconto menor.

43. Em face disso, entendo que a determinação proposta pela Unidade Técnica com vistas ao

saneamento dessa inconsistência previamente à publicação do edital seja dirigida não aos

futuros leilões, mas ao que ora se aprecia, configurando uma prática que certamente será

seguida nos próximos, sem prejuízo ao imediato prosseguimento do certame após essa

correção.

44. Também foi identificado que, embora as hidrelétricas do presente leilão tenham sido incluídas

no Programa de Parceria de Investimentos (PPI), os ritos e as orientações estabelecidas na

Resolução PPI 1/2016 não foram atendidos, posto que não houve consulta pública do estudo de

viabilidade e não foi respeitado o prazo mínimo da consulta do edital e do contrato de

concessão. Contudo, tendo em vista que esses dispositivos não são vinculantes para os órgãos,

conforme art. 2º dessa resolução, acato à proposta da unidade instrutiva de recomendar que o

CNPE siga este normativo de forma a ampliar a participação social nas próximas licitações.

45. Outro aspecto definido para o Leilão Aneel 1/2017 que pode impactar na competitividade do

certame é a exigência de que o valor de bonificação de outorga seja pago à vista, no ato de

assinatura do contrato. Considerando o risco de restrição à referida competitividade, adoto

como determinação a recomendação sugerida pela unidade técnica para que o Poder

Concedente reavalie a conveniência e a oportunidade de manter tal obrigação, à luz das

contribuições recebidas da sociedade e de potenciais investidores interessados no certame.

46. É imperioso registrar que duas das usinas hidrelétricas incluídas no presente leilão ainda não

foram totalmente amortizadas, o que implica indenizações que deverão ser pagas à

concessionária. Uma estimativa parcial do MME é de cerca de R$ 1,05 bilhão. Entretanto, até o

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momento, a Aneel não concluiu o cálculo dos valores, em que pese estar atuando em prol disso,

uma vez que nem todas as questões metodológicas encontram-se definidas.

47. Conforme consignado pela Unidade Técnica em sua instrução, no caso das concessionárias de

transmissão de energia elétrica essa demora na definição de valores de indenização foi de três

anos e meio. Nesse período, foram interpostas diversas ações administrativas e judiciais, além

de, como tratado no TC 030.656/2015-0, ter se agravado a situação econômico-financeira do

Grupo Eletrobras.

48. Recorda-se que, pela própria modelagem do presente leilão, não foi destinado nenhum

percentual do valor a ser arrecadado pela outorga para arcar com esse gasto futuro do Poder

Concedente. E o transcurso de tempo para estabelecer essas indenizações também é refletido

nesse ônus, pois pode haver incidência de atualizações ou correções monetárias, aumentado o

montante a ser pago.

49. Dessa forma, anuo com a proposta da unidade instrutiva de recomendar que a Aneel adote as

medidas adequadas para definir essa metodologia e calcular esses valores para que o

Ministério, enquanto Poder Concedente, possa exercer seu papel para estabelecer os critérios e

condições para a realização do pagamento dessas indenizações.

50. Com relação aos aspectos processuais, o prazo de envio da documentação do primeiro estágio

de concessões de energia elétrica para o Tribunal é de, no mínimo, trinta dias antes da

publicação do respectivo edital de licitação, conforme o art. 8º, inciso I, da IN TCU 27/1998.

Porém, se a estimativa de investimentos dessa concessão for superior a R$ 1 bilhão, o

parágrafo único do mesmo artigo estabelece que o prazo seja de sessenta dias de antecedência,

com vistas a permitir que o TCU exercite sua competência de forma efetiva e tempestiva.

51. No entanto, no presente processo, a Aneel enviou todos os dados e as informações referentes ao

leilão em 23/6/2017, mas marcou a publicação do edital incialmente para 25/7/2017, transferida

posteriormente para a data de hoje. Considerando que o montante de investimentos previstos é

da ordem de R$ 3 bilhões, conforme assinalado pela unidade instrutiva, observa-se que há

grande possibilidade de ocorrer um descumprimento formal do prazo exigido, reduzindo o

tempo de análise do Tribunal sobre a matéria.

52. Por isso, proponho que seja dada ciência dessa impropriedade para a Aneel, com vistas a evitar

que se repita nas próximas licitações da agência.

53. Por fim, ressalto que a presente análise do primeiro estágio do Leilão Aneel 1/2017 não impede

que o Tribunal atue em outros momentos dessa licitação caso vislumbre qualquer

irregularidade, conforme as competências do TCU.

Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à

apreciação deste Colegiado.

DECLARAÇÃO DE VOTO

Senhor Presidente do TCU,

Senhores Ministros,

Senhor Procurador-Geral do MPTCU,

Louvo e acompanho o voto ora apresentado pelo ilustre Ministro-Relator Aroldo Cedraz e, por

essa linha, também enalteço a SeinfraElétrica pelo excelente trabalho de acompanhamento sobre o

referido processo de desestatização, sem prejuízo de registrar, contudo, a minha ressalva, nos termos

do art. 69, IV, do RITCU.

O Ministro-Relator bem apontou que a MP 688/2015, posteriormente convertida na Lei

13.203/2015, introduziu a possibilidade da utilização do critério de maior valor de outorga nos leilões

para a concessão de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica e que esse valor tende a ser

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posteriormente recuperado pelo concessionário, durante a vigência da concessão, por meio da

repercussão da parcela de RBO sobre a tarifa de energia elétrica paga pelos consumidores, destacando

que, quanto maior o valor de bonificação de outorga fixado pelo poder concedente, maior o impacto

direto nas tarifas de energia elétrica desde a assinatura até o término do prazo do contrato de

concessão.

O Relator anotou, ainda, que, no caso do presente leilão, a Resolução CNPE 12/2017 definiu que

o total dos valores mínimos de outorga das quatro usinas seria de R$ 11,0 bilhões e que esse montante

deveria ser pago à vista no ato de assinatura do contrato de concessão; salientando que a fixação desse

valor de outorga teria sido influenciada pelo Ministério da Fazenda, ainda em 2016, diante da

premente necessidade de a licitação contribuir para o cumprimento da meta fiscal de 2017, sob a

justificativa de que, nos últimos anos, “os resultados fiscais do Governo Central têm mostrado

constantes déficits de magnitude significativa”. E, por esse prisma, o Ministro-Relator enfatizou que o

ressarcimento ao concessionário do valor de bonificação de outorga dessa licitação tende a resultar em

acréscimo de ônus superior a R$ 1,34 bilhão ao ano, até 2047, em desfavor do consumidor no mercado

cativo.

A despeito de a correspondente escolha pública até ser discricionária, não parece haver

razoabilidade no uso do referido acréscimo à tarifa de energia elétrica como fonte para o cumprimento

das metas fiscais, não só porque essa medida tende a ter caráter regressivo, com maior oneração

relativa sobre os consumidores mais carentes, fazendo o povo “pagar a conta da má gestão pública”,

mas também porque, na atual sociedade eletroeletrônica, o fornecimento de energia elétrica consiste

em serviço público de utilização essencial, de tal sorte, por exemplo, que a referida medida equivaleria

hipoteticamente à absurda imposição de excedente tarifário sobre o serviço de abastecimento d’água

com o obtuso intuito de o governo central obter mais receitas públicas primárias.

Anoto aqui, então, o meu profundo descontentamento com a aludida medida, ainda mais quando

observo que o governo federal não se preocupou até agora em impor metas de economia para a efetiva

redução das despesas públicas ligadas à atividade vegetativa da administração federal, deixando de

economizar bilhões de reais pela legal fixação de metas anuais para a efetiva redução de 20% ou 30%,

por exemplo, das despesas públicas no consumo de energia elétrica, de telefonia e de transporte, entre

tantos outros gastos vegetativos, pelos diversos órgãos e entidades da administração federal, com a

efetiva repercussão dessa economia em prol do resultado primário, para além da mera fixação do teto

de gastos primários pela EC n.º 95/2016.

Acompanho o presente voto do Relator, contudo, no sentido da condicional aprovação do

primeiro estágio referente à licitação para a outorga dessas quatro usinas hidroelétricas em operação no

País, já que, sob o aspecto meramente formal, o procedimento legal foi atendido, sem prejuízo de

anotar o meu descontentamento material com a lamentável tendência de o governo federal impor à

sociedade brasileira todo o atual arrocho fiscal, pelo eventual aumento da tarifa de energia elétrica e

até, mais recentemente, pelo aumento do tributo e, consequentemente, do preço final da gasolina, do

etanol e do diesel, deixando de verdadeiramente promover o necessário aperto fiscal pela efetiva

redução das despesas primárias com o perdulário custeio da máquina administrativa.

Essa, Senhor Presidente, é a ressalva que faço registrar na apreciação do presente feito, ao tempo

em que acompanho o voto ora oferecido pelo ilustre Ministro Aroldo Cedraz.

TCU, Sala das Sessões, em 26 de julho de 2017.

Ministro-Substituto ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

ACÓRDÃO Nº 1598/2017 – TCU – Plenário

1. Processo TC 016.060/2017-2.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Desestatização

3. Interessados/Responsáveis: não há.

4. Órgãos/Entidades: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Ministério de Minas e

Energia (MME).

5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Infraestrutura de Energia Elétrica (SeinfraElétrica).

8. Representação legal: Ingrid Palma Araújo, representando o Ministério de Minas e Energia.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de desestatização, que tratam do primeiro estágio,

nos termos da IN TCU 27/1998, do Leilão Aneel 1/2017, referente à licitação para a outorga de quatro

usinas hidroelétricas em operação no país, com base no art. 8° da Lei 12.783/2013, com a redação dada

pela Lei 13.203/2015;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante

das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar, com fundamento no art. 258, inciso II, do Regimento Interno do TCU c/c art. 7º,

inciso I, da IN TCU 27/1998, que:

9.1.1. sob o ponto de vista formal, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atendeu aos

requisitos previstos na IN TCU 27/1998 para o Leilão Aneel 1/2017, com exceção do art. 8º, parágrafo

único, desse normativo, uma vez que não foi submetida tempestivamente a esta Corte de Contas toda a

documentação prevista;

9.1.2. não foram detectadas inconformidades que pudessem comprometer a continuidade do

Leilão Aneel 1/2017, devendo ser observadas, entretanto, as condicionantes adiante impostas ao Poder

Concedente nos subitens 9.2.1 e 9.2.2;

9.2. com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar ao

Ministério de Minas e Energia, na qualidade de Poder Concedente, em conjunto com o Conselho

Nacional de Política Energética, que:

9.2.1. antes da publicação do Edital do Leilão Aneel 1/2017, refaça o cálculo do custo médio

ponderado de capital (WACC) utilizado, adotando premissas e parâmetros compatíveis com a

modelagem de usinas existentes, operantes e amortizadas, uma vez que não estão presentes riscos de

negócio relevantes, tais como riscos de construção e risco ambiental, que ocorrem em

empreendimentos que preveem a construção de novas usinas hidrelétricas;

9.2.2. até a data de julgamento das propostas do Leilão Aneel 1/2017, complemente o estudo

apresentado com relação ao Edital do Leilão Aneel 1/2017, incluindo:

9.2.2.1. os impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazos resultantes da

licitação para o consumidor de energia elétrica dos mercados cativo e livre, bem como para a

sustentabilidade do setor elétrico, considerando o critério de julgamento da licitação escolhido e os

respectivos parâmetros técnicos e econômicos do leilão, incluindo o valor de outorga definido;

9.2.2.2. o efeito agregado dos impactos econômicos e financeiros para os consumidores dos

mercados cativo e livre, advindos da combinação dos efeitos produzidos pela adoção do critério de

julgamento escolhido para o leilão com os efeitos derivados de outras decisões e políticas setoriais de

impacto;

9.2.3. reavalie, após a análise das contribuições recebidas na Audiência Pública Aneel 26/2017 e

das considerações a serem apresentadas por potenciais investidores interessados junto ao roadshow do

Leilão Aneel 1/2017, programado para ocorrer depois da publicação do respectivo edital, se persiste a

conveniência de manter a exigência do pagamento integral à vista do Valor de Bonificação pela

Outorga no ato de assinatura do contrato de concessão desse leilão, tendo em vista o risco já suscitado

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

de tais condições diminuírem a quantidade de ofertantes no certame, devendo ser devidamente

motivada, sob pena de responsabilização da autoridade competente, eventual manutenção da referida

exigência em seus atuais termos;

9.2.4. nas próximas licitações de concessão envolvendo usinas geradoras de energia elétrica

existentes e em operação, a modelagem técnica, econômica e financeira do leilão seja precedida das

seguintes avaliações:

9.2.4.1. impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazos resultantes da licitação

para o consumidor de energia elétrica dos mercados cativo e livre, bem como para a sustentabilidade

do setor elétrico, nos diferentes cenários de critério de julgamento da licitação previstos em lei e de

seus respectivos parâmetros técnicos e econômicos de leilão, incluindo o valor de outorga;

9.2.4.2. efeito agregado dos impactos econômicos e financeiros para os consumidores dos

mercados cativo e livre, advindos da combinação dos efeitos produzidos pela adoção do critério de

julgamento escolhido para o leilão com os efeitos derivados de outras decisões e políticas setoriais de

impacto;

9.3. com fundamento no art. 250, inciso III, do RI/TCU, recomendar:

9.3.1. ao Conselho Nacional de Política Energética que realize, nos próximos leilões envolvendo

empreendimentos hidrelétricos incluídos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), consulta

pública sobre os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental (EVTEA) da concessão e/ou

dos parâmetros técnicos e econômicos norteadores do leilão, em acréscimo ao debate sobre as

respectivas minutas de edital de licitação e de contrato de concessão, em conformidade com os arts. 14

e 15 da Resolução PPI 1/2016 e em prol do aprimoramento dos estudos de modelagem econômico-

financeira do processo de contratação de tais empreendimentos e da efetividade do debate público em

leilões de concessão;

9.3.2. à Agência Nacional de Energia Elétrica que dê tratamento célere à busca da solução mais

adequada para a valoração das indenizações de que trata o art. 2º do Decreto 7.850/2012, referentes a

investimentos realizados em usinas hidrelétricas e não incluídos em seus projetos básicos, de modo a

minimizar o risco de disputas judiciais e de aumento de valores a serem pagos pela União em razão de

atualizações ou correções monetárias;

9.4. com fundamento no art. 7º da Resolução TCU 265/2014, dar ciência à Agência Nacional de

Energia Elétrica sobre o dever de, nos casos de empreendimentos com investimentos previstos

superiores a um bilhão de reais, submeter toda a documentação exigida pelo art. 7º, inciso I, da IN

TCU 27/1998 com sessenta dias de antecedência em relação a data estimada de publicação do edital de

licitação, conforme preconiza o art. 8º, parágrafo único, da IN TCU 27/1998;

9.5. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex) que, em sintonia com a

Coordenação-Geral de Infraestrutura (Coinfra), autue processo específico de acompanhamento com o

objetivo de averiguar na atuação do MME, entre outros aspectos, a conformidade da ponderação, para

a definição dos valores e das condições de outorga de concessões de serviços públicos, entre os

objetivos fiscais e os impactos operacionais, financeiros e na sustentabilidade dos setores de

infraestrutura do MME;

9.6. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentaram:

9.6.1. à Agência Nacional de Energia Elétrica;

9.6.2. ao Ministério de Minas e Energia;

9.6.3. ao Ministério da Fazenda;

9.6.4. à Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura do Ministério do Planejamento,

Desenvolvimento e Gestão;

9.6.5. ao Conselho Nacional de Política Energética;

9.6.6. à Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República;

9.6.7. à Casa Civil da Presidência da República;

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9.6.8. ao Senado Federal, particularmente à Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) e à

Comissão de Assuntos Econômicos (CAE);

9.6.9. à Câmara dos Deputados, em especial à Comissão de Minas e Energia (CME) e à

Comissão de Defesa do Consumidor (CDC);

9.6.10. à 3ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF); e

9.7. restituir o presente processo à SeinfraElétrica para continuidade do acompanhamento do

Leilão Aneel 1/2017, nos termos da IN TCU 27/1998.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1598-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Aroldo Cedraz (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

GRUPO II – CLASSE I – Plenário

TC 032.363/2013-3

Natureza: Recurso de revisão (em Tomada de Contas Especial)

Entidade: Município de Porto Rico do Maranhão/MA

Responsável: Celson Cesar do Nascimento Mendes (874.567.293-87)

Representação legal: Erlandyson Aires Neves (12152/OAB-MA) e outros, representando Celson

Cesar do Nascimento Mendes.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. FNDE. CONVÊNIOS 807007/2005 E

657823/2009. OMISSÃO. DÉBITO. MULTA. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO.

APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS INSUFICIENTES PARA COMPROVAR A REGULAR

APLICAÇÃO DOS RECURSOS. CONHECIMENTO. NEGATIVA DE PROVIMENTO. RECURSO

DE REVISÃO. COMPROVAÇÃO DA PROPRIEDADE DE VEÍCULO. CONHECIMENTO.

PROVIMENTO PARCIAL. REDUÇÃO DO DÉBITO E DA MULTA.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, a instrução peça 12, cujas conclusões foram acolhidas de modo uniforme

no âmbito da Secex/MA e pelo Ministério Público junto ao TCU.

“Cuidam os autos de recurso de revisão interposto por Celson César do Nascimento Mendes,

ex-prefeito municipal de Porto Rico do Maranhão/MA (peça 52) em face do Acórdão 5945/2014-TCU-

2ª Câmara (peça 13) – confirmado pelo Acórdão 6859/2016-2ª Câmara (peça 42).

1.1. A deliberação recorrida apresenta o seguinte teor:

ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 2ª Câmara,

diante das razões expostas pelo relator e com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 12, §3º; 16, inciso III,

alíneas ‘a’ e ‘d’ e §2º; 19; 23, inciso III; 26; 28, inciso II; e 57 da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 214,

inciso III, alínea ‘a’, e 217 do Regimento Interno, em:

9.1. considerar revel Celson César do Nascimento Mendes;

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9.2. julgar irregulares as contas de Celson César do Nascimento Mendes;

9.3. condená-lo ao recolhimento ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação das

quantias abaixo especificadas, acrescidas de encargos legais das datas indicadas até a data do

pagamento;

VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA

30.249,45 1/12/2005

121.770,00 12/3/2010

9.4. aplicar-lhe multa de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), a ser recolhida ao Tesouro

Nacional, com incidência de encargos legais, calculados da data deste acórdão até a data do

pagamento, se este for efetuado após o vencimento do prazo abaixo estipulado;

9.5. fixar prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovação, perante o

Tribunal, do recolhimento das dívidas acima imputadas;

9.6. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;

9.7. dar ciência desta decisão ao responsável e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação;

9.8. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentaram, ao

procurador-chefe da Procuradoria da República no Estado do Maranhão, para adoção das medidas

que entender cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992. (grifos nosso)

HISTÓRICO

2. A presente tomada de contas especial (TCE) foi instaurada em razão de irregularidades na

documentação exigida para a prestação de contas do Convênio 807007/2005 (Siafi 526920), no valor

de R$ 30.249,45, objetivando conceder apoio financeiro para o desenvolvimento de ações que

promovessem o aperfeiçoamento da qualidade do ensino e melhor atendimento aos alunos da

Educação Básica (peça 1, p. 108-122) e pela omissão no dever de prestar contas dos recursos do

Convênio 657823/2009 (Siafi 655332), que alcançou R$ 121.770,00, objetivando a aquisição de

veículo automotor, zero quilômetro, com especificações para transporte escolar, no âmbito do

programa caminho da escola (peça 2, p. 22-39), cujos recursos foram repassados pelo Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE-MEC) à Prefeitura Municipal de Porto Rico do

Maranhão (MA).

2.1. Conforme registrado no voto condutor da decisão recorrida (peça 14):

3. Ao fim dos prazos ajustados, não foi apresentada a prestação de contas do convênio

657823/2009, o que motivou a impugnação do valor total. Em relação ao convênio 8070007/2005, a

escassa documentação trazida pelo responsável mostrou-se insuficiente para comprovar a boa e

regular utilização das quantias recebidas, o que também suscitou a imputação de débito integral.

2.2. Embora regularmente citado por ofício (peça 7) encaminhado ao endereço constante da

base de dados da Receita Federal (peça 4), conforme aviso de recebimento (AR) à peça 8, o

responsável nem apresentou alegações de defesa, nem efetuou o recolhimento do débito. Dessa forma,

caracterizou-se sua revelia, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.

2.3. Condenado mediante o Acórdão 5945/2014-TCU-2ª Câmara (peça 13), ora recorrido, o

responsável apresentou recurso de reconsideração (peça 24), ao qual foi negado provimento por meio

do Acórdão 6859/2016-2ª Câmara (peça 42).

EXAME DE ADMISSIBILIDADE

3. O exame preliminar de admissibilidade à peça 54 – acolhido pelo Relator ad quem em

despacho à peça 57 – concluiu por conhecer do recurso de revisão, sem atribuição de efeito

suspensivo.

MÉRITO

4. Constitui objeto do recurso examinar as seguintes questões:

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a) se a documentação anteriormente encaminhada pelo recorrente comprova a boa gestão dos

recursos oriundos do Convênio 807007/2005 (item 5);

b) se o veículo para transporte escolar foi adquirido com recursos oriundos do Convênio

657823/2009 e se tal veículo integra o patrimônio do município (item 6).

5. Documentação comprobatória já encaminhada

5.1. O recorrente alega, com relação ao Convênio 807007/2005, que a documentação

anteriormente apresentada comprovaria a devida aplicação dos recursos. Nesse sentido, aduz que:

a) a documentação anteriormente apresentada era capaz de comprovar a utilização do recurso

em favor da municipalidade; (peça 52, p. 4-5)

b) a documentação já apresentada se não pôde ser reputada como suficiente para considerar

regular a prestação de contas, ao menos deveria comprovar a aplicação dos recursos federais em

favor do município e assim elidir a aplicação de multa e imputação de débito ao Recorrente; (peça 52,

p. 8)

c) a documentação anteriormente apresentada por si só poderia comprovar a aplicação dos

recursos em favor do Município. (peça 52, p. 10)

Análise

5.2. No tocante ao Convênio 807007/2005, que tinha por objeto o apoio financeiro para ações

de aperfeiçoamento da qualidade do ensino e melhor atendimento a alunos da Educação Básica, no

valor de R$ 30.249,45, o recorrente alega que a documentação anteriormente apresentada

comprovaria a devida aplicação dos recursos.

5.3. Contudo, foram identificadas diversas impropriedades que impediram a aceitação da

referida comprovação como comprobatória das despesas (peça 43, p. 2):

a) documentação assinada tão somente pelo ex-prefeito, ora recorrente;

b) apresentação de apenas duas notas fiscais, totalizando R$ 15.823,00, que não têm qualquer

vinculação expressa ao convênio ou comprovação da regular liquidação das despesas a que se

referem;

c) extratos bancários incompletos e parcialmente ilegíveis, impedindo o cotejamento das datas

registradas nas notas fiscais e valores de movimentação da conta;

d) relação dos pagamentos registra um único cheque emitido, a despeito de registrar três

beneficiários distintos.

5.4. Sem o esclarecimento desses pontos não é possível ter os valores recebidos como

regularmente geridos, razão pela qual se deve rejeitar a alegação.

6. Documento novo – veículo na propriedade do município

6.1. O recorrente alega o veículo adquiridos está efetivamente na propriedade do município,

aduzindo que:

a) segundo consulta ao sítio do Detran/MA sobre o ônibus adquirido com recursos do Convênio

657823/2009, o veículo de placa NWV4674, Renavam 283152443, Chassi 93ZL68B01A8416677,

objeto do aludido convênio, está em nome da Prefeitura Municipal de Porto Rico do Maranhão-MA;

(peça 52, p. 9)

b) tais informações podem ser confirmadas através do site do Detran-MA, disponível em

http://servicos.detran.ma.gov.br/Licenciamento, inserindo-se o número de chassi do veículo

(93ZL68B01A8416677) que consta nos dados adicionais da Nota Fiscal 45316 acostada aos autos,

comprovando assim que o ônibus adquirido através dos recursos provenientes do Convênio

657823/2009 é de propriedade da Prefeitura de Porto Rico do Maranhão-MA; (peça 52, p. 9)

c) não há disponibilidade de acesso ao Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo

(CRLV) do referido ônibus, bem como a demais documentos que pudessem robustecer as prestações

de contas apresentadas em virtude da alternância de poder por grupo de oposição no governo

municipal; (peça 52, p. 9)

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d) refuta-se a afirmação de inexistência de comprovação da regular liquidação da despesa,

uma vez que consta o comprovante de depósito do Banco do Brasil no valor de R$ 123.000,00, datado

de 22/9/2010, tendo como favorecido a Iveco Latin América Ltda, trazendo como identificador o

CNPJ da Prefeitura Municipal de Porto Rico do Maranhão-MA (01.612.542/0001-88), valor

parcialmente proveniente de recursos do convênio e parcialmente da contrapartida do município

(cópia do comprovante à peça 52, p. 10); (peça 52, p. 10)

e) embora na decisão recorrida tenha-se afirmado que ‘a conta bancária empregada para

expedição do aludido cheque (9737-5) não corresponde à conta única do convênio (6360-6)’, o

número da conta mencionada refere-se ao outro convênio apreciado no Acórdão 5.945/2014, que

julgou a tomada de contas especial em comento, isto é, a conta corrente n° 9737-3 refere-se ao

Convênio n° 657823/2009, para aquisição do ônibus e a conta corrente n° 6360-6 é vinculada ao

Convênio n° 807007/2005, que trata das Inovações Educacionais. (peça 52, p. 11)

Análise

6.2. No tocante ao Convênio 657823/2009, cujo objeto era a aquisição de veículo automotor,

zero quilômetro, com especificações para transporte escolar, a conclusão foi de que, não obstante a

documentação apresentada pelo ora recorrente e os indícios de que o bem tinha sido adquirido pelo

município, não se comprovou o nexo de causalidade com os recursos repassados (peça 43, p. 2).

6.3. Ainda no voto condutor da decisão, registrou-se as seguintes inconsistências:

a) parte substancial dos elementos encontra-se assinada pelo então gestor, ora recorrente;

b) não há vinculação expressa da nota fiscal apresentada com o convênio, ou comprovação da

regular liquidação da despesa;

c) não se constatou extrato bancário a comprovar o depósito do cheque 850001 na conta

bancária da empresa Iveco, fornecedora do ônibus adquirido;

d) a conta bancária empregada para expedição do aludido cheque (9737-5) não corresponde à

conta única do convênio (6360-6); e

e) não trouxe aos autos o Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo, Apólice de

Seguros ou qualquer outro documento atestando que o bem em apreço passou a integrar o patrimônio

do município.

6.4. Conforme alegado, a documentação ora encaminhada sana as ressalvas acima.

6.5. Assiste razão ao recorrente quando alega que o número da conta mencionada pela unidade

técnica corresponde ao outro convênio. De fato, no relatório que acompanha a decisão recorrida, a

unidade técnica apresenta como referência a ordem bancária à peça 1, p. 14 (cf. peça 44, p. 5), cujo

valor de R$ 30.249,45 denota claramente tratar-se do Convênio 807007/2005 (ações de

aperfeiçoamento da qualidade da Educação Básica), e não do Convênio 657823/2009 (aquisição de

veículo para transporte escolar).

6.6. O extrato bancário ora encaminhado pelo recorrente (peça 52, p. 16-17), relativo à conta

bancária em que foram creditados os recursos para a aquisição do veículo (9737-3), demonstra

claramente que os recursos foram creditados naquela conta e utilizados integralmente, juntamente

com a contrapartida do município, tal como alegado pelo recorrente. Tais elementos, juntamente com

os anteriormente apresentados pelo recorrente (nota fiscal, cheque, comprovante – cf. peça 24, p. 33,

34 e 35), suprem a ausência de nexo causal apontada no voto condutor da decisão recorrida.

6.7. Quanto à comprovação de que o veículo integra o acervo patrimonial do município,

consulta ao sítio do Detran/MA na internet comprova, tal como alegado pelo recorrente, que o veículo

pertence ao município, razão pela qual se tem por elidida também essa ressalva.

6.8. Ante o exposto, tendo o recorrente comprovado a devida aquisição do veículo de transporte

escolar com recursos do convênio e sua incorporação ao patrimônio do município, deve-se dar

provimento ao recurso nesse ponto, excluindo-se do débito a parcela relativa ao Convênio

657823/2009, bem como reduzindo-se proporcionalmente o valor da multa imposta ao recorrente.

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6.9. Registre-se que o recorrente não justifica a omissão inicial no dever de prestar contas

relativa ao referido convênio, remanescendo, portanto, tal irregularidade nos termos definidos no art.

209, § 4.º, do RI/TCU, devendo tal situação ser sopesada pelo relator na definição do novo valor da

multa.

CONCLUSÃO

7. Das análises anteriores, conclui-se que:

a) o recorrente não esclarece ou justifica as diversas impropriedades apontadas nos

documentos relativos ao Convênio 807007/2005, razão pela qual permanecem incólumes as razões

para impugnação de tais documentos (item 5);

b) o recorrente comprova a devida aquisição do veículo de transporte escolar com recursos do

convênio, bem como sua incorporação ao patrimônio do município, sem justificar, contudo, a omissão

inicial na prestação de contas do convênio.

7.1. Assim, propõe-se dar provimento parcial ao recurso, excluindo-se do débito a parcela

relativa ao Convênio 657823/2009 e reduzindo-se proporcionalmente o valor da multa imposta ao

recorrente.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

8. Ante o exposto, submete-se o assunto à consideração superior, propondo-se, com fundamento

no artigo 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992:

a) conhecer o recurso interposto, para, no mérito, dar-lhe provimento parcial, excluindo-se do

débito a parcela de R$ 121.770,00 relativa ao Convênio 657823/2009 e reduzindo-se

proporcionalmente o valor da multa imposta ao recorrente; e

b) dar ciência da decisão ao recorrente e demais interessados.”

É o relatório.

VOTO

Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação – FNDE, em decorrência da não comprovação da correta aplicação dos recursos repassados

à Prefeitura Municipal de Porto Rico do Maranhão/MA, nos montantes de R$ 30.249,45 e R$

121.770,00, para execução dos Convênios 8070007/2005 e 657823/2009.

A primeira avença destinava-se a apoiar financeiramente ações para aperfeiçoamento da

qualidade do ensino e do atendimento aos alunos da educação básica. A segunda tinha por objeto a

aquisição de veículo para transporte escolar.

Findadas suas vigências, a prestação de contas do convênio 657823/2009 não foi apresentada ao

FNDE e a do convênio 8070007/2005 foi reputada insuficiente para comprovar a boa e regular

aplicação dos valores repassados.

No âmbito do TCU, conquanto regularmente citado, o responsável manteve-se silente,

acarretando irregularidade das suas contas, condenação a pagamento de débito correspondente à

integralidade dos valores transferidos e aplicação de multa, no valor de R$ 25.000,00 (Acórdão

5.945/2014-2ª Câmara – peça 12).

Irresignado, o responsável apresentou o recurso de reconsideração peça 24, p. 1-6, acompanhado

dos documentos peça 24, p. 8-68, em que se destacam:

Relativos ao o Convênio 807007/2005:

- quadro demonstrativo da execução da receita e da despesa e de pagamentos efetuados (p. 44);

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

- relatório de execução física (p. 45 e 48-49);

- demonstrativo da execução financeira (receita e despesa) (p. 46-47);

- extrato parcial da conta corrente 6.360-6, mantida na agência 4407-5 do Banco do Brasil

referente ao período 20/12/2005 a 28/04/2006, parcialmente ilegível (p. 50-55);

- notas fiscais 183 e 182, expedidas pela empresa Comercial Silva, na data de 10/3/2006, nos

valores de R$ 8.370,00 e R$ 7.453,00, respectivamente, totalizando R$ 15.823,00 (p. 56 e 58);

- recibo firmado pela empresa no valor de R$ 8.370,00 referente à Nota Fiscal nº 183 (p. 57); e

- termo de homologação da Carta-Convite 07A/2006 a favor da empresa Comercial Silva

firmado pelo recorrente no valor de R$ 15.823,00 (p. 68).

Relativos ao Convênio 657823/2009:

- resposta ao Ofício 083/2014 CHM/PR/MA, protocolado no Ministério Público Federal em

22/04/2004, que teria encaminhado cópia da prestação de contas do Convênio 65783/2009 (p. 7);

- fotografias de ônibus (p. 8-11);

- relação de pagamentos efetuados (p. 14);

- relação de bens adquiridos ou produzidos (p. 15);

- relatório de execução física (p. 16);

- demonstrativo da execução financeira (receita e despesa) (p. 17-18);

- Ofício 306/2009, de 18/12/2009, da empresa IVECO ao Fundo Nacional do Desenvolvimento

da Educação (FNDE), informando anuência ao fornecimento do bem dos termos da Ata de Registro de

Preços (p. 19);

- cópia parcial do Oficio 3193/2009 do FNDE, de 31/12/2009, informando ao município a

concordância da Autarquia com a adesão do município ao registro de preços a que se refere o Pregão

Eletrônico 01/2009 (p. 20);

- nota fiscal eletrônica expedida pela empresa IVECO em 4/7/2010, no valor do bem

supostamente adquirido pelo município (p. 33);

- cópia do suposto cheque expedido a favor da empresa IVECO em 22/9/2010, no valor do bem

supostamente adquirido pelo município (p. 34);

- comprovante de depósito bancário tendo como favorecida a empresa IVECO em 22/9/2010 (p.

35); e

- cópia do Termo de Contrato 03/2009 firmado entre o município e a empresa IVECO (p. 36-43).

Esta Corte considerou os documentos relativos ao Convênio 807007/2005 incapazes de

comprovar nexo entre os recursos repassados e sua aplicação, principalmente em razão dos seguintes

fatos: apresentação de apenas duas notas fiscais, somando R$ 15.823,00, sem vinculação expressa ao

convênio nem comprovação de liquidação das despesas; extratos bancários incompletos e parcialmente

ilegíveis, de sorte que, mesmo para as despesas referentes às duas notas fiscais, não foi possível cotejar

datas de ocorrência e movimentação da conta; Relação de Pagamentos Efetuados com um único

cheque expedido, para três beneficiários distintos.

Com relação ao Convênio 657823/2009, o TCU entendeu que a documentação apresentada

sugeria aquisição de ônibus, mas não permitia identificar a origem dos recursos utilizados, haja vista

que: “(i) parte substancial dos elementos encontra-se assinada pelo então gestor, ora recorrente; (ii)

não há vinculação expressa da nota fiscal apresentada com o convênio, ou comprovação da regular

liquidação da despesa; (iii) não se constatou extrato bancário a comprovar o depósito do cheque

850001 na conta bancária da empresa Iveco, fornecedora do ônibus adquirido; (iv) a conta bancária

empregada para expedição do aludido cheque (9737-5) não corresponde à conta única do convênio

(6360-6); e (v) o recorrente não trouxe aos autos o Certificado de Registro e Licenciamento do

Veículo, Apólice de Seguros ou qualquer outro documento atestando que o bem em apreço passou a

integrar o patrimônio do município”.

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Assim, por meio do Acórdão 6.859/2016-2ª Câmara (peça 42), foi negado provimento ao recurso

de reconsideração.

Na atual fase processual examina-se o recurso de revisão peça 52, em que o responsável

colaciona os documentos constantes da peça 52, p. 9-10, 12-17:

- consultas do Departamento de Trânsito do Estado do Maranhão (Detran/MA) (peça 52, p. 9,

12-13), indicando a prefeitura como proprietária de veículo com chassi correspondente ao constante da

nota fiscal de venda (peça 24, p. 33), a qual faz referência ao Contrato 03/2009 e ao Registro de Preços

01/2009 FNDE;

- extratos bancários relativos ao Convênio 657823/2009 (peça 52, p. 11, 16-17);

- comprovante de inscrição e de situação cadastral da Prefeitura Municipal (peça 52, p. 15);

- comprovante de depósito em conta corrente (peça 52, p. 10 e 14), identificado com o CNPJ da

Prefeitura Municipal, em favor da empresa Iveco, fornecedora do ônibus.

Com base nos documentos acima, concluo que os recursos transferidos por força do Convênio

657823/2009 foram efetivamente empregados na aquisição, pela Prefeitura de Porto Rico do

Maranhão, do ônibus cujo número do chassi é indicado na nota fiscal peça 52, p. 9, 12-13.

Assim, afasto o débito imputado na parte referente Convênio 657823/2009 e reduzo

proporcionalmente a multa aplicada, sem olvidar, no entanto, que não houve justificativa para a

omissão inicial do responsável.

No que concerne ao Convênio 807007/2005, não foram apresentados elementos que pudessem

elidir as falhas apontadas por ocasião da prolação do Acórdão 6.859/2016-2ª Câmara. Meras alegações

de que não dispunha de “melhor assessoramento” e de que “a documentação já apresentada se não

pôde ser reputada como suficiente para considerar regular a prestação de contas, ao menos deveria

comprovar a aplicação dos recursos federais em favor do município e assim elidir a aplicação de

multa e imputação de débito ao Recorrente” não possuem o condão de provocar reforma do acórdão

recorrido. Assim, mantenho a parte do débito concernente ao ajuste.

Com essas considerações, incorporo às minhas razões de decidir os fundamentos expendidos na

instrução transcrita no relatório e voto por que o Tribunal de Contas da União aprove a deliberação que

submeto à apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1599/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 032.363/2013-3.

2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de revisão (em Tomada de Contas Especial)

3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:

3.1. Responsável: Celson Cesar do Nascimento Mendes (874.567.293-87).

3.2. Recorrente: Celson Cesar do Nascimento Mendes (874.567.293-87).

4. Entidade: Município de Porto Rico do Maranhão/MA.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.

6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.

7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no

Estado do Maranhão (SECEX-MA).

8. Representação legal:

8.1. Erlandyson Aires Neves (12152/OAB-MA) e outros, representando Celson Cesar do

Nascimento Mendes.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto por Celson Cesar do

Nascimento Mendes (874.567.293-87), contra o Acórdão 5.945/2014-2ª Câmara;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos artigos 32, III, e 35, III, da Lei 8.443/1992, em:

9.1. conhecer do recurso de revisão para, no mérito, dar-lhe parcial provimento;

9.2. conferir a redação a seguir aos subitens 9.3 e 9.4 do Acórdão 5.945/2014-2ª Câmara:

“9.3. condená-lo ao recolhimento, aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação, de débito no valor de R$ 30.249,45 (trinta mil, duzentos e quarenta e nove reais e quarenta

e cinco centavos), atualizado monetariamente e acrescido de juros de mora, calculados a partir de

1/12/2005 até a data do efetivo pagamento, na forma prevista na legislação em vigor;

9.4. aplicar-lhe multa de R$ 13.000,00 (treze mil reais), a ser recolhida ao Tesouro Nacional,

com incidência de encargos legais, calculados da data deste acórdão até a data do pagamento, se este

for efetuado após o vencimento do prazo abaixo estipulado;”

9.3. dar ciência desta deliberação ao recorrente, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação e à Procuradoria da República no Estado do Maranhão.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1599-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator),

Benjamin Zymler e Bruno Dantas.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

GRUPO I – CLASSE I – Plenário

TC 006.614/2013-2

NATUREZA: Pedido de reexame (em Relatório de auditoria)

ÓRGÃO: Prefeitura Municipal de Natal/RN

RECORRENTES: Laélio Pereira de Araújo (056.868.734-53), Maria Jailene Franco de Carvalho

(008.308.414-23) e Arko Construções Ltda. (10.715.077/0001-00)

Advogados constituídos nos autos: Felipe Augusto Meira de Medeiros (OAB/RN 3.640), Afonso

Adolfo de Medeiros Fernandes (OAB/RN 3.937) e outros

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. CONVÊNIOS RELATIVOS À ÁREA DE

TURISMO. IRREGULARIDADES. MULTA. PEDIDOS DE REEXAME. CONHECIMENTO.

ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO VERGASTADA. NÃO

PROVIMENTO. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Adoto como relatório a instrução elaborada no âmbito da Secretaria de Recursos deste Tribunal

(Serur) inserta à peça 323, com alguns ajustes de forma, verbis:

“INTRODUÇÃO

Cuidam-se dos pedidos de reexame em relatório de auditoria interpostos por Laélio Pereira de

Araújo, Maria Jailene Franco de Carvalho e Arko Construções Ltda., insurgindo-se contra o Acórdão

702/2016-TCU-Plenário, por meio do qual o Tribunal de Contas da União rejeitou alegações de

defesa dos responsáveis e aplicou multa com fundamento no art. 58, II, da Lei 8.443/92, e pena de

inidoneidade pelo período de 5 anos, em razão de irregularidades identificadas em convênios

firmados com o Ministério do Turismo e o Município de Natal.

2. Eis o extrato da decisão recorrida (Acórdão 702/2016-TCU-Plenário – peça 139):

‘9.1. considerar revel, para todos os efeitos, o Sr. José Renato Freire de Barros (009.585.644-

77), dando-se prosseguimento ao processo, com fundamento no art.12, § 3º, da Lei 8.443/1992;

9.2. acatar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis: Soraya Lopes Cardoso

Silva (242.715.784-87); Maria da Natividade Paulino Tinoco (035.723.234-87); Suelia de Paula

Nascimento (106.367.574-04); Melyna Jusseara de Lima e Silva (054.171.864-90); Suetânia Medeiros

Costa (474.460.564-87); Camila Nascimento de Queiroz (314.696.688-31); Cassius Claudio Pereira

Barreto (838.905.214-87); Jose Renato Freire de Barros (009.585.644-77), aproveitando-se as razões

de justificativa dos demais responsáveis, em seu favor; Luis Antônio de Albuquerque Lopes

(565.575.824-53); Raniere de Medeiros Barbosa (392.411.574-53); Franklin Delano Meira Garcia

(043.934.144-20); Marcelo Barreto China (056.141.394-00); Murilo Barros Junior (406.435.574-15);

e Start Pesquisa e Consultoria Técnica Ltda. (05.752.322/0001-00), representada por Keila Brandão

Cavalcanti (106.068.824-72).

9.3. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis: Moacir Mateus de Souza

(230.451.834-68); Maria Jailene Franco de Carvalho (008.308.414-23); Abrahão Lincoln Bezerra

Dantas (315.174.634-91); João Alves de Carvalho Bastos (526.172.704-91); Laélio Pereira de Araújo

(056.868.734-53); e Arko Construções Ltda. (10.715.077/0001-00), representada legalmente por

Joana Darc Franco de Araújo (021.299.344-55);

9.4. aplicar aos responsáveis identificados a seguir, individualmente, a multa prevista no art. 58,

inciso II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para

que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU), o

recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão

até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor:

RESPONSÁVEL VALOR (R$)

Maria Jailene Franco de Carvalho (CPF 008.308.414-

23), Diretora do Departamento de Operações e

Manutenção da Semsur

20.000,00

Moacir Mateus de Souza (CPF 230.451.834-68),

parecerista jurídico da Semsur

5.000,00

João Alves de Carvalho Bastos (CPF 526.172.704-91),

então Secretário da Semsur

5.000,00

Abrahão Lincoln Bezerra Dantas (CPF 315.174.634-

91), parecerista jurídico da Segelm

3.000,00

Laélio Pereira de Araújo (056.868.734-53) 3.000,00

9.5. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança

judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9.6. tendo em vista a gravidade das infrações cometidas, aplicar à Sra. Maria Jailene Franco de

Carvalho a penalidade de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança

no âmbito da Administração Pública Federal, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992, pelo prazo de 5

(cinco) anos;

9.7. declarar, com fundamento no art. 46 da Lei 8.443/1992, a empresa Arko Construções Ltda.

(CNPJ 10.715.077/0001-00) inidônea por 5 (cinco) anos para participar de licitações promovidas

pela Administração Pública Federal;

9.8. encaminhar cópia da presente decisão à Semsur/Natal, para conhecimento e para que

averigue a pertinência de instauração de processo administrativo disciplinar visando apurar

eventuais desvios de conduta praticados pela servidora, no que tange à irregularidade configurada

pela sua participação indireta na licitação Convite 24.008/2010-Semsur ao mesmo tempo em que foi

autora do projeto básico (técnico) do certame (irregularidade 4 descrita no Voto);

9.9. dar ciência à Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico do Natal

(Seturde) de que a intempestividade nas publicações de extratos de contrato e aditivos afronta o art.

61, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, bem como o princípio constitucional da publicidade (CRFB,

art. 37, caput), tendo sido identificada tal ocorrência na contratação de empresa para elaboração do

PDITS/Natal, Convênio 732445/2010/MTur, TP 24.002/2011-Seturde, Contrato S/N-Seturde, firmado

em 15/12/2011;

9.10. determinar à Superintendência Regional da Caixa Econômica Federal no Rio Grande do

Norte para que, no prazo de trinta dias, adote, caso ainda não tenha feito, medidas com vistas à

regularização das obras concernentes aos Contratos de Repasse 0264684-38/2008/MTur/Caixa,

0267245-82/2008/MTur/Caixa e 0267246-96/2008/MTur/Caixa, todos celebrados com a Prefeitura

Municipal de Natal/RN, que, por ocasião da auditoria da Secex/RN em 2013, encontravam-se

paralisadas por mais de um ano, instaurando, se for o caso, as competentes tomadas de contas

especiais, consoante o disposto no art. 55 da Portaria Interministerial - MP/MF/MCT 127, de

29/5/2008, vigente à época das avenças, e na cláusula oitava, itens 8.7.3 a 8.7.5 dos termos dos

citados contratos de repasse; e

9.11. dar ciência à Superintendência Regional da Caixa Econômica Federal no Rio Grande do

Norte, por intermédio da sua Gerência de Filial de Desenvolvimento Urbano e Rural em Natal

(Gidur/NA), de que as prorrogações sucessivas e alongadas dos prazos originalmente fixados em

contratos de repasse, a exemplo do ocorrido nos Contratos de Repasse 02644684-

38/2008/MTur/Caixa, 0267245-82/2008/MTur/Caixa e 0267246-96/2008/MTur/Caixa, podem causar

prejuízos para a integralidade dos objetos contratados, resultantes da majoração de preços dos

insumos ao longo do tempo e por sujeição dos serviços então executados a intempéries, o que requer a

adoção de medidas, tais como as previstas no art. 55 da Portaria Interministerial - MP/MF/MCT 127,

de 29/5/2008, ou no art. 70 da Portaria Interministerial CGU/MF/MP 507, de 24/11/2011, atualmente

vigente, ressaltando que a reincidência injustificada nessa ocorrência poderá ensejar a imposição de

sanção aos agentes responsáveis em futuras ações de controle a serem empreendidas por esta Corte

de Contas.”

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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HISTÓRICO

3. O Tribunal de Contas da União realizou fiscalização dos recursos enviados ao Município de

Natal por meio do Ministério do Turismo, identificando, no julgamento final, as seguintes

irregularidades passíveis de apenamento:

‘Irregularidade 1: (Contratos de Repasse 0264684-38/2008/MTur/Caixa e 0267245-

82/2008/MTur/Caixa – Construção da Praça dos Mártires e construção do entorno desta praça.

Contrato 11/2010-Semsur).

Descrição da irregularidade: restrição à competitividade na licitação Tomada de Preços

24.044/2010-Semsur, em face da inclusão indevida no edital, nos critérios de qualificação técnica

para habilitação, dos itens 6.1.4.6 e 6.1.4.7. (Exigência de engenheiro agrônomo com acervo em

paisagismo e de engenheiro eletricista com acervo em iluminação pública).

Irregularidade 4: (Contrato de Repasse 0267246-96/2008/MTur/Caixa. Contratação de serviços

de reforma da Praça Pousada Brasília, no bairro Capim Macio-Natal/RN. Contrato 10/2010 -

Semsur/2010)

Descrição da irregularidade: participação indireta de autor do projeto básico (técnico) na

licitação Convite 24.008/2010-Semsur. (Acórdão 702/2016-TCU-Plenário)’

4. A primeira irregularidade foi imputada à recorrente Maria Jailene Franco de Carvalho,

Diretora do Departamento de Operação e Manutenção da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos

(Semsur/Natal), responsável pela inclusão das cláusulas restritivas no edital, e ao recorrente Laélio

Pereira de Araújo, Secretário Adjunto de Logística Sustentável da Prefeitura Municipal de Natal,

responsável pela homologação da Tomada de Preços 24.044/2010-Semsur.

5. A segunda irregularidade foi imputada à recorrente Maria Jailene Franco de Carvalho,

Diretora do Departamento de Operação e Manutenção da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos

(Semsur/Natal), e à recorrente Arko Construções Ltda. (representada por Joana Darc Franco de

Araújo).

6. Não houve alteração do acórdão originário em decorrência dos embargos de declaração

aviados por Laélio Pereira de Araújo (Acórdão 1.526/2016-TCU-Plenário – peça 210).

7. São as peças recursais a serem apreciadas: a) Maria Jailene Franco de Carvalho – peças

184, 185 e 250; b) Laélio Pereira de Araújo – peças 258 a 272; e c) Arko Construções Ltda. – peças

182, 183 e 249.

EXAME DE ADMISSIBILIDADE 8. Manifesta-se concordância com os exames de admissibilidade contidos nas peças 273, 274,

276 e 277, acolhidos no despacho do e. Ministro Benjamin Zymler (peça 280), pelo conhecimento dos

pedidos de reexame.

EXAME DE MÉRITO

9. Delimitação

10. No que concerne à irregularidade derivada da inclusão de critérios restritivos de

qualificação técnica na Tomada de Contas 24.044/2010 (exigência de engenheiro agrônomo com

acervo em paisagismo e de engenheiro eletricista com acervo em iluminação pública), os recorrentes

argumentam pela necessidade da adoção da restrição em comento, bem como pela indicação de

circunstâncias especiais (ausência de responsabilidade na homologação).

11. No que concerne à irregularidade derivada da participação indireta da autora do projeto

básico (técnico) na licitação Convite 24.008/2010-Semsur, a recorrente Maria Jalene afirma não ter

tido papel na elaboração do projeto básico, realizado por arquiteta, mas apenas na elaboração de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

planilha orçamentária básica e, ademais, aponta a irrelevância para a seleção da proposta vencedora

e a subsequente execução do contrato.

12. Da irregularidade relativa à inclusão de critérios restritivos no edital da Tomada de Preços

24.044/2010

13. Alega a recorrente Maria Jailene que a irregularidade deveria ser avaliada à luz dos

princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, devendo se reconhecer a ausência de dolo nas

condutas. Entende que a inclusão de elementos restritivos estaria fundamentada em problemas

identificados em outras licitações realizadas pela Administração, especificamente na área de

iluminação e paisagismo. Afirma que a ausência de questionamento administrativo ou judicial por

parte de empresa participante indicaria a licitude da restrição incluída.

14. Por seu turno, o recorrente Laélio Pereira afirma a ocorrência de circunstâncias próprias

da função de homologação, entendendo que não seria razoável a imposição de multa diante do curto

período em que o processo de licitação ficou no setor para análise, da indicação das instâncias

inferiores (CPL) sobre a regularidade do procedimento (confiança no trabalho da CPL) e da ausência

de ciência sobre as impugnações apresentadas ao edital (analisada exclusivamente pela Semsur),

atribuindo as irregularidades exclusivamente à Semsur.

Análise

15. A obra de construção da praça ‘Igreja dos Mártires’ e demais melhorias na região do

entorno, para a qual foi deflagrado o procedimento de Tomada de Preços 24.044/2010, inicialmente,

não apresentava exigências especiais no edital de licitação para a qualificação técnica da empresa

(peça 11, p. 62), sendo que as exigências em comento foram posteriormente incluídas no edital (peça

12, p. 3), demandando profissionais de engenharia agrônoma com acervo de paisagismo e engenharia

elétrica com acervo de iluminação pública.

16. Para a subsequente introdução da exigência no edital, foram relevantes tanto a

manifestação expressa da recorrente Maria Jailene (Memorando 54/2010, peca 11, p. 108, em

5/4/2010), quanto a aquiescência do recorrente Laécio Pereira (Despacho de 20/4/2010 – peça 11, p.

114) no sentido da ‘inclusão, no subitem 6.1.43 do edital (fl. 96), das exigências de qualificação

técnica requeridas às fls. 150’.

17. Assim, diversamente do que alega o recorrente Laécio Pereira, a exigência inserida no

edital, de sua responsabilidade, ocorreu em despacho de 20/4/2010 (peça 11, p. 114), não tendo

relação com o despacho que descreve em seu recurso, ocorrido em 28/5/2010. No caso, o servidor

concordou com a inclusão das exigências restritivas no edital sem prévia avaliação dos motivos

determinantes para o ato administrativo, razão pela qual sua responsabilidade subsiste, a despeito da

alegada ignorância de impugnação posterior apresentada pela empresa Stone Engenharia (peça 12,

p. 33-35).

18. O despacho de 28/5/2010 fazendo a homologação final do certame (peça 12, p. 130),

referenciado em seu recurso, seria um segundo momento para que o responsável pudesse analisar se

as cláusulas restritivas não tiveram impacto na licitação realizada. Ora, confiar na afirmação da

servidora da comissão de licitação de que o processo ‘estava em ordem’ (item 6 do recurso, peça 258,

p. 2) é a confissão de que a atividade de homologação não foi desempenhada a contento, com falta de

cautela na análise dos documentos produzidos durante a atividade da comissão de licitação.

19. Ainda que adotemos como verdadeira a premissa de que o recorrente não teve ciência da

impugnação feita pela empresa Stone Engenharia Ltda., indicando o caráter restritivo da exigência

técnica, o indício de exigência restritiva poderia ser haurido na própria análise da ata de abertura

das propostas (peça 12, p. 111), noticiando que, dentre as 5 empresas que retiraram o edital, apenas 2

participaram (Viga e Kizo), sendo que a última foi desclassificada pela ausência do ‘acervo técnico do

engenheiro agrônomo e engenheiro eletricista, itens 6.1.4.6 e 6.1.4.7 do edital’, indicando uma

licitação para a qual apenas uma única empresa foi habilitada a dar lances.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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20. Deste modo, o próprio resultado da licitação (uma única empresa habilitada) indicava a

necessidade de uma análise mais criteriosa da autoridade responsável pela homologação,

investigando a existência de critérios restritivos da competitividade, função atribuída ao recorrente

responsável pela homologação da licitação, ratificando sua responsabilidade no âmbito do controle

externo.

21. Passo seguinte, após identificado os agentes responsáveis pela irregularidade, há de se

avaliar a licitude da cláusula inserida no edital. Aponte-se, de início, que o projeto básico da obra

(peça 11, p. 1-39) não trazia especificações detalhadas sobre as intervenções de paisagem ou de

iluminação, mostrando que se tratavam de itens de menor relevância no panorama da obra,

contraindicando a necessidade de profissionais especializados.

22. Nessa linha de pensamento, a jurisprudência da Corte de Contas é no sentido de que as

exigências de qualificação técnica devem recair simultaneamente sobre parcelas de maior relevância

e de valor significativo do objeto da licitação, tomando como exemplo o Acórdão 517/2012-Plenário,

de relatoria da e. Ministra Ana Arraes.

23. Considerando um contrato cujo orçamento básico final foi de R$ 646.134,06, a parte de

eletricidade compunha 9,53% dos valores a serem executados (R$ 61.583,82) e a parte de paisagismo

compunha 4,37% (R$ 28.262,80), tornando injustificável a exigência de qualificação técnica para

itens de baixa relevância na obra final.

24. A recorrente afirma que problemas identificados em obras anteriores seria o motivo para a

inclusão de qualificação técnica adicional. Ora, trata-se de fato não documentado nos autos do

processo de licitação ou mesmo nos documentos acostados pela recorrente, razão pela qual deve

prevalecer a noção de que a cláusula foi inserida sem a devida justificativa técnica, em desatenção ao

que determina o Acórdão 445/2014-Plenário, de relatoria do e. Ministro José Jorge:

‘As exigências de atributos técnicos inseridas no edital devem ser absolutamente relevantes e

proporcionais ao fim que se busca atingir com a realização da licitação, isto é, pertinentes para o

específico objeto que se intenta contratar. Para se legitimar determinada restrição em processo

licitatório, deve ser apresentada a devida justificativa técnica e/ou econômica para tal’.

25. É necessário recordar que o regime jurídico dos contratos administrativos dispõe de

diversos instrumentos suficientes para proteger o patrimônio público na contratação de empresas que

eventualmente não executam a obra pública conforme a determinação da Administração. A inserção

prévia de cláusulas restritivas não é o instrumento adequado para garantir a correta entrega do

objeto contratado pela Administração, no caso concreto.

26. Ainda que houvesse justificativa técnica para a restrição em comento, a forma adotada

também foi incongruente com o objeto contratado, pois existiam profissionais de outros ramos

técnicos habilitados para executar serviços especificados, conforme foi apontado no relatório de

fiscalização, mostrando que a restrição foi superior àquela adequada para a espécie de obra

contratada:

‘Frise-se que as instalações elétricas, que totalizaram no projeto, consoante o ART do

engenheiro eletricista (peça 14, p. 99), 19.550 W, aproximadamente 30 Kva, é caracterizado como de

baixa tensão, portanto de baixa complexidade técnica, podendo ser realizado, inclusive, por técnico

em eletrotécnica, o qual pode dirigir instalações elétricas com demanda de energia de até 800 Kva, de

acordo com o § 2º do art. 4º do Decreto 90.922/1985. Também com relação ao paisagismo, os

serviços poderiam ser executados não só por um engenheiro agrônomo, como também por arquiteto,

engenheiro florestal, urbanista, nos termos da Resolução Confea 218/1973, ou até mesmo por técnico

agrícola de 2º grau, haja vista as atribuições contidas no art. 6º do mencionado Decreto 90.922/1985.

(peça 23, p. 13)’

27. Por fim, a alegação da recorrente de que não houve questionamentos é inverídica, devendo-

se apontar ao menos um questionamento administrativo encaminhado pela Stone Engenharia (peça

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12, p. 33-35). Ademais, ainda que não houvesse qualquer questionamento, a restrição permaneceria

como indevida, suprimindo a participação de outras empresas.

28. No caso concreto, verifica-se que a restrição da competição se aproximou, ao menos de

forma indiciária, do conceito de direcionamento da licitação. É que a única empresa habilitada (Viga

Construções – peça 12, p. 111) apresentou certidões de acervo técnica dos profissionais Sebastião

José Macedo da Silva (engenheiro agrônomo) e Antônio Jaime Benevides Neto (engenheiro

eletricista), profissionais da empresa Viga e envolvidos em contratações da Administração Municipal

em períodos próximos (22/4/2010-26/4/2010 e 13/4/2010-20/4/2010 – peça 12, p. 66 e 68) e também

em período próximo da inserção da limitação no edital (5/5/2010 – peça 11, p. 108), sugerindo que a

cláusula houvera sido inserido como meio de direcionamento da licitação àquela empresa que já

detinha aqueles profissionais específicos em seus quadros e já havia executado obras para o ente

municipal.

29. Da irregularidade relativa à participação indireta do autor do projeto básico no Convite

24.008/2010-Semsur

30. Afirma a recorrente Maria Jalene que não teve papel na elaboração do projeto básico, mas

apenas na elaboração de planilha orçamentária básica, não tendo qualquer relevância para a seleção

da proposta vencedora ou para a subsequente execução do contrato. Por seu turno, a empresa Arko

narra que fora prejudicada pela Administração pois, embora tenha executado 77,37% da obra, não

recebeu os valores equivalentes, não havendo comprovação de fraude no procedimento licitatório.

Análise

31. Trata-se da obra de reforma da ‘Praça Pousada Brasília’, para a qual foi realizado o

Convite 24.008/2010-Semsur. A irregularidade em questão investiga a participação da recorrente

Maria Jalene no projeto básico da obra e a relação indireta com a empresa vencedora do certame

(Arko Construções Ltda.), sugerindo a participação da servidora nas atividades da empresa.

32. Quanto aos indícios de participação da recorrente Maria Jalene na empresa Arko

Construções, verificou-se que a sócia majoritária da empresa, Jalicéia Franco Moura (CPF

087.028.174-70), detentora de 95% das cotas sociais, era prima da recorrente (peça 19, p. 102). Na

sequência, as cotas sociais foram transferidas para Joana Darc Franco de Araújo, detentora de

85,75% das cotas sociais e genitora da recorrente (peça 19, p. 102), ocorrências sugestivas de

participação oculta da servidora na sociedade empresarial.

33. A participação oculta se reforça com o documento contido na peça 19, p. 97-98, qual seja, o

Contrato de Prestação de Serviços de uma engenheira da firma, ato exclusivo da entidade

empresarial, para a qual se identificou a assinatura da servidora na qualidade de testemunha,

denotando uma proximidade injustificada com os atos privativos da empresa.

34. Ademais, ainda que os elementos indicados tenham natureza circunstancial, a ilicitude

permaneceria por força do art. 9o, III, da Lei 8.666/93, conforme indicado no acórdão recorrido: ‘A

participação de empresa cujo sócio tenha vínculo de parentesco com servidor da entidade licitante

afronta, por interpretação analógica, o disposto no art. 9º, inciso III, da Lei 8.666/1993’. Nessa

hipótese, há uma presunção de fraude em virtude da participação da empresa na licitação em análise,

exclusivamente por força da relação de parentesco, afastando a alegação da empresa quanto à

ausência de comprovação de fraude.

35. Assim, embora seja dispensável a comprovação de que a recorrente participou da confecção

do projeto básico (sendo passível de penalização apenas pela demonstração da relação de parentesco

que advém da intepretação do art. 9o, III, da Lei de Licitações), o processo demonstra que a

recorrente teve participação direta na elaboração do projeto básico, devendo se recordar a definição

de projeto básico contido na Lei:

‘IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão

adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação,

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elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade

técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a

avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os

seguintes elementos: (...)

f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e

fornecimentos propriamente avaliados;’

36. Assim, nos termos do art. 6o, IX, “f”, da Lei 8.666/93, a elaboração de orçamento detalhado

da obra com quantitativos e valores globais faz parte do projeto básico, sendo inválido o argumento

da recorrente de que não houvera participado do projeto básico, pois, conforme se verifica nos autos

(peça 18, p. 15-17), a recorrente elaborou os orçamentos básicos da obra da praça ‘Pousada

Brasília’.

37. Também não merece prosperar o fato de que a empresa não obteve vantagens na execução

da obra, por ter realizado uma substancial parcela da obra sem o recebimento dos valores

equivalentes e a subsequente paralisação da obra. Ora, se a empresa realizou as obras, o pagamento

mediante medição é devido, podendo, inclusive, ser exigido judicialmente. Trata-se, contudo, de

ocorrência da execução da obra, fase que é posterior à licitação, não tendo relação com a ilegalidade

apurada ainda na fase de escolha da proposta mais vantajosa.

CONCLUSÕES 38. Os recursos apresentados buscam justificar a ocorrência de duas irregularidades

identificadas pelo TCU: a) a inclusão de critérios restritivos no edital do procedimento de Tomada de

Preços 24.044/2010, para construção da ‘Praça dos Mártires’ e seu entorno; e b) a participação

indireta da autora do projeto básico no procedimento de Convite 24.008/2010, para reforma da praça

‘Pousada Brasília’.

39. No primeiro ponto, os recorrentes não lograram justificar a inserção de cláusula restritiva

na licitação, estando demonstrada a responsabilidade pessoal da Diretora do Departamento de

Operação e Manutenção/SEMSUR (Maria Jailene Franco de Carvalho), que solicitou a inserção das

inclusão de critérios restritivos de qualificação técnica na Tomada de Contas 24.044/2010, bem como

do Secretário Adjunto de Logística Sustentável da Prefeitura Municipal de Natal (Laécio Pereira de

Araújo), que homologou a alteração do edital, o qual passou a conter a exigência de profissionais de

engenharia agrônoma e elétrica para execução de parcela pouco expressiva da obra pública,

restringindo a competição pública.

40. No segundo ponto, os recorrentes não lograram justificar a participação indireta da

Diretora do Departamento de Operação e Manutenção da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos

(Maria Jailene Franco de Carvalho), responsável pelo projeto básico, na empresa vencedora da

licitação. Verificou-se que os sócios majoritários tinham relação direta de parentesco com a

servidora, fato que, por si só, implica a presunção de fraude no procedimento licitatório, importando

na sanção da servidora e da empresa interposta.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO Deste modo, submete-se à consideração superior a presente análise dos pedidos de reexame

contra o Acórdão 702/2016-TCU-Plenário, interpostos por Laélio Pereira de Araújo, Maria Jailene

Franco de Carvalho e Arko Construções Ltda., nos termos dos arts. 32, 33 e 48 da Lei 8.443/92,

propondo conhecer e negar provimento aos apelos, dando ciência aos recorrentes, à Semsur/Natal e à

Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico do Natal (Seturde).”

2. O Sr. Diretor e o Sr. Secretário da Serur ratificaram a instrução acima transcrita (peças 324 e

325, respectivamente).

É o relatório.

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VOTO

Preliminarmente, insta destacar que os pedidos de reexame ora sob análise atendem aos

requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 285 e 286 do RITCU c/c o art. 48 da Lei 8.443/1992,

razão por que devem ser conhecidos.

2. Versam os autos, originalmente, sobre relatório de auditoria realizada pela Secretaria de

Controle Externo no Estado do Rio Grande do Norte (Secex/RN) em que se identificou irregularidades

na execução de convênios firmados entre o Ministério do Turismo e o município de Natal/RN.

3. Das diversas impropriedades que motivaram a audiência de responsáveis, ao final,

remanesceram as seguintes:

a) restrição à competitividade na Tomada de Preços 24.044/2010-Semsur em face da inclusão

indevida, no edital, na parte de critérios de qualificação técnica para habilitação, dos subitens 6.1.4.6 e

6.1.4.7. (exigência de engenheiro agrônomo com acervo em paisagismo e de engenheiro eletricista

com acervo em iluminação pública); e

b) participação indireta de autor do projeto básico na condução do Convite 24.008/2010-Semsur.

4. Em relação à primeira irregularidade, foi responsabilizada a sra. Maria Jailene Franco de

Carvalho, diretora do Departamento de Operação e Manutenção da Secretaria Municipal de Serviços

Urbanos (Semsur/Natal), por ter solicitado a inclusão de cláusulas restritivas no edital, sem apresentar,

à época, qualquer estudo técnico que respaldasse a exigência.

5. Do mesmo modo, foram também responsabilizados o sr. João Alves de Carvalho Bastos, ex-

secretário da Semsur/Natal, e os srs. Moacir Mateus de Souza e Abrahão Lincoln Bezerra Dantas,

assessores jurídicos do órgão, os quais ratificaram a exigência indevida.

6. Além disso, o sr. Laélio Pereira de Araújo, secretário adjunto de logística sustentável da

Prefeitura Municipal de Natal, que homologou a licitação, também foi apenado por esta ocorrência.

7. Todos os gestores acima foram multados, nos termos do art. 58 da Lei 8.443/1992 (vide tabela

transcrita no relatório precedente).

8. Acerca da segunda irregularidade, a deliberação a quo rejeitou as razões de justificativas

apresentadas pela sra. Maria Jailene Franco de Carvalho, diretora do Departamento de Operações e

Manutenção da Semsur/Natal, e pela empresa Arko Construções Ltda., representada legalmente pela

sra. Joana Darc Franco de Araújo.

9. Consoante restou verificado, a primeira responsável participou da elaboração do projeto

básico do Convite 24.008/2010 e possuía estreita ligação com a empresa Arko Construções Ltda.,

vencedora do certame (era prima em primeiro grau da sócia-gerente e foi testemunha em contrato de

prestação de serviços de uma engenheira da empresa). Ademais, coube à sra. Maria Jailene Franco de

Carvalho expedir, juntamente com o secretário municipal, a ordem de serviço, bem como analisar as

solicitações de aditivos ao contrato e apresentar justificativas técnicas, dentre outras atribuições

diretamente relacionadas à execução contratual.

10. A ex-gestora foi inabilitada para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança

no âmbito da Administração Pública Federal, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992, pelo prazo de

cinco anos, e multada em R$ 20.000,00, com fulcro no art. 58 da Lei 8.443/1992. Já a empresa foi

declarada inidônea para participar de licitações promovidas pela Administração Pública Federal

também pelo prazo de cinco anos.

11. É contra esta decisão que se insurgem, neste momento, o sr. Laélio Pereira de Araújo, a sra.

Maria Jailene Franco de Carvalho e a empresa Arko Construções Ltda.

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12. Para tanto, o sr. Laélio Pereira de Araújo aduz, em síntese, que, no exercício da função de

homologação do certame, não seria razoável a imposição de multa tendo em vista os seguintes

aspectos: (i) curto período em que o processo de licitação ficou no setor para análise; (ii) indicação da

comissão permanente de licitação pela regularidade do procedimento; (iii) ausência de ciência sobre as

impugnações apresentadas ao edital, as quais foram analisadas exclusivamente pela Semsur/Natal.

13. Quanto à exigência de engenheiro agrônomo com acervo em paisagismo e de engenheiro

eletricista com acervo em iluminação pública, a sra. Maria Jailene Franco de Carvalho sustenta que: (i)

não houve dolo em sua conduta; (ii) a inclusão de elementos restritivos se fundamentaria em

problemas identificados em outras licitações realizadas pela Administração, especificamente na área de

iluminação e paisagismo; e (iii) a ausência de questionamento administrativo ou judicial por parte de

empresa participante indicaria a licitude da restrição incluída. No que concerne à sua participação na

confecção do projeto básico do Convite 24.008/2010-Semsur, afirma que o documento foi elaborado

por uma arquiteta e que não interferiu, mas apenas elaborou a planilha orçamentária básica.

14. A empresa Arko Construções Ltda., por sua vez, alega que não houve comprovação de

fraude no procedimento licitatório e que foi prejudicada pela Administração, pois, embora tenha

executado 77,37% da obra, não recebeu os valores correspondentes.

15. Manifesto minha concordância com a análise empreendida pela Serur, cujos argumentos

incorporo, desde já, às minhas razões de decidir.

16. As alegações recursais apresentadas em relação à inclusão de critérios restritivos no edital da

Tomada de Preços 24.044/2010 devem ser rejeitadas.

17. Esse certame teve como objeto a realização da construção da praça “Igreja dos Mártires” e de

melhorias na região do entorno. Do que ressai dos autos, as exigências reputadas como indevidas não

constavam inicialmente do instrumento convocatório (peça 11, p. 62) e foram introduzidas em

momento posterior (peça 12, p. 3), por expressa solicitação da sra. Maria Jailene Franco de Carvalho

(ex vi do Memorando inserto à peça 11, p. 108).

17. Cumpre destacar que, nos termos da ata do certame, dentre as cinco empresas que retiraram o

edital (Solar Construção e Projeto Ltda., HSA Construções Ltda., Plantacon Comércio de Plantações,

Construções e Criação Ltda., Viga Construções Ltda. e Kizo Construção e Serviço Ltda.), apenas duas

participaram (Viga Construções Ltda. e Kizo Construção e Serviço Ltda.), sendo que a segunda foi

inabilitada justamente pela ausência do acervo técnico do engenheiro agrônomo e do engenheiro

eletricista e por ter apresentado garantia e certidão de regularidade para com a Fazenda Federal

vencidas (peça 12, p. 111). Observa-se, portanto, que o resultado do certame, com apenas uma licitante

habilitada, reforça o caráter restritivo da exigência técnica em comento.

18. Como é cediço, a legitimação de determinada restrição em processo licitatório exige a devida

justificativa técnica e/ou econômica, o que não ocorreu (vide Acórdãos 445/2014 e 517/2012, ambos

do Plenário, dentre outros). Conforme bem destacou a Serur, o projeto básico da obra não continha

especificações detalhadas sobre as intervenções de paisagem ou de iluminação de forma a evidenciar

que se tratavam de parcelas de relevância e valor significativo que necessitavam de profissionais

especializados. Ao contrário, a indicação era de que se tratavam de itens de menor relevância no

panorama da obra: a parte de eletricidade compunha 9,53% dos valores a serem executados e a de

paisagismo equivalia a 4,37%.

19. Outro aspecto que chamou a atenção e, inclusive, sugere possível direcionamento da

licitação, diz respeito ao fato de que a única habilitada (Viga Construções Ltda.) apresentou certidões

de acervo técnica dos profissionais Sebastião José Macedo da Silva (engenheiro agrônomo) e Antônio

Jaime Benevides Neto (engenheiro eletricista), profissionais envolvidos em contratações então

recentes do município (22/4/2010-26/4/2010 e 13/4/2010-20/4/2010 – peça 12, p. 66 e 68) e também

em período próximo à data de inserção da exigência no edital (5/4/2010 – peça 11, p. 108).

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20. Quanto à participação do sr. Laélio Pereira de Araújo na concretização da irregularidade em

comento, esta se deu por meio da concordância do ex-gestor com a inclusão das exigências técnicas

(vide despacho exarado em 20/4/2010 à peça 11, p. 114), bem como da homologação da tomada de

preços (peça 12, p. 130). Ressalta-se que a homologação de um procedimento licitatório não é ato

meramente formal, em que a autoridade competente apõe sua assinatura e toma ciência do resultado do

certame. Trata-se, na verdade, de ato por intermédio do qual a autoridade administrativa exerce o

controle sobre a legalidade do procedimento, aprovando as decisões tomadas pelos membros da

comissão de licitação. Assim, ao apor sua assinatura para homologar o certame, a autoridade

administrativa ratifica todos os atos da referida comissão, tornando-se por eles igualmente responsável.

21. Igualmente, não merecem prosperar as alegações relacionadas à participação indireta do

autor do projeto básico na condução do Convite 24.008/2010-Semsur, cujo objeto foi a obra de

reforma da “Praça Pousada Brasília”.

22. Restou verificado que a sra. Maria Jailene Franco de Carvalho, diretora do Departamento de

Operações e Manutenção da Semsur/Natal, elaborou a planilha orçamentária que integrava o projeto

básico da obra. Por outro lado, a responsável mantinha relação indireta com a empresa vencedora do

certame (Arko Construções Ltda.), segundo evidenciaram os elementos abaixo:

- a sócia majoritária da empresa, detentora de 95% das cotas, era a sra. Jalicéia Franco Moura

(peça 19, p. 102), prima da ora recorrente;

- as cotas sociais foram transferidas para Joana Darc Franco de Araújo, então detentora de

85,75% (peça 19, p. 102), que vem a ser a genitora da recorrente; e

- o contrato de prestação de serviços firmado entre uma engenheira e a empresa Arko

Construções Ltda. (peça 19, p. 97-98) traz a recorrente como testemunha, denotando uma proximidade

indevida com atos privativos da empresa.

23. Quanto às demais alegações, creio que foram devidamente refutadas pela Serur. Por

conseguinte, considero desnecessário tecer comentários adicionais. Dessa forma, resta inviabilizada a

pretensão dos recorrentes em reformar o acórdão atacado.

24. Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à apreciação deste

Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1600/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 006.614/2013-2

2. Grupo I – Classe I – Assunto: Pedido de reexame (em Relatório de auditoria)

3. Recorrentes: Laélio Pereira de Araújo (056.868.734-53), Maria Jailene Franco de Carvalho

(008.308.414-23) e Arko Construções Ltda. (10.715.077/0001-00)

4. Órgão: Prefeitura Municipal de Natal/RN

5. Relator: Ministro Benjamin Zymler

5.1 Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes

6. Representante do Ministério Público: não atuou

7. Unidade: Serur

8. Advogados constituídos nos autos: Felipe Augusto Meira de Medeiros (OAB/RN 3.640,

Afonso Adolfo de Medeiros Fernandes (OAB/RN 3.937) e outros.

9. Acórdão:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Vistos, relatados e discutidos estes autos de pedidos de reexame interpostos por Laélio Pereira de

Araújo, Maria Jailene Franco de Carvalho e Arko Construções Ltda. contra o Acórdão 702/2016-

Plenário,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as

razões expostas pelo relator, em:

9.1 conhecer dos presentes pedidos de reexame, nos termos dos arts. 285 e 286 do RITCU c/c o

art. 48 da Lei 8.443/1992, para, no mérito, negar-lhes provimento; e

9.2. dar ciência do inteiro teor desta deliberação aos recorrentes, à Prefeitura Municipal de

Natal/RN, à Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Natal/RN (Semsur/Natal), à Secretaria

Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Natal/RN (Seturde) e ao Ministério do

Turismo, remetendo-lhes cópia do relatório e do voto que a fundamentaram.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1600-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

GRUPO I – CLASSE ___ – Plenário

TC 014.361/2015-9

Natureza: Tomada de Contas Especial

Órgão/Entidade: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

Responsável: Constran S.A. Construções e Comércio (61.156.568/0001-90); José Francisco das

Neves (062.833.301-34); Luiz Sérgio Nogueira (566.485.378-68); Ulisses Assad (008.266.408-00);

José Américo Cajado de Azevedo (548.198.066-53); Francisco Elísio Lacerda (036.082.658-05); Luiz

Carlos Oliveira Machado (222.706.987-20); Maria Estela Filardi (348.592.927-15); Jorge Alberto Aun

(374.154.178-87); José Roberto Bertoli (612.472.518-53).

Representação legal: Edgard Hermelino Leite Júnior (OAB/SP nº 92.114), Mario Henrique de

Barros Dorna (315746/OAB-SP), Maria Carolina Viana Machado Pinheiro (OAB/SP 235.057) e

outros, representando Constran S.A. - Construções e Comércio; Silvia Regina Schmitt (58372/OAB-

RS) e outros, representando Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. SUPERFATURAMENTO DECORRENTE

DE PREÇOS EXCESSIVOS. CONTRATO 58/209, REFERENTE AO LOTE 2 FERROVIA NORTE-

SUL NO ESTADO DE GOIÁS. QUANTIFICAÇÃO DO DÉBITO. CITAÇÃO DOS

RESPONSÁVEIS. INDISPONIBILIDADE DOS BENS.

RELATÓRIO

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Adoto como relatório a instrução elaborada por auditor da Secretaria Extraordinária de

Operações Especiais em Infraestrutura (peça 37), com a qual se manifestaram de acordo os dirigentes

da mencionada unidade técnica (peças 38 e 39):

“I. INTRODUÇÃO

1. Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial (TCE) constituída em atendimento ao

subitem 9.1.1 do Acórdão 1.498/2015-TCU-Plenário em razão do superfaturamento identificado pelo

TCU no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul

(FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a

empresa Constran Construções e Comércio S.A.

2. A presente instrução trata da apuração do débito e da identificação dos responsáveis

consoante previsão contida no art. 32 da Portaria-Segecex, n. 5/2017 e Ordem de Serviço-Segecex

6/2017. Além disso, o presente processo tem tratamento prioritário no TCU desde a instauração até o

julgamento por conta do débito atualizado ser superior a R$ 5 milhões consoante orientação do art.

13 da Decisão Normativa TCU n. 155 de 23 de novembro de 2016.

II. HISTÓRICO

3. A construção da Ferrovia Norte-Sul (FNS) vem sendo auditada pelo TCU há mais de 10

anos, identificando-se irregularidades de toda ordem, tais como sobrepreço, superfaturamento, jogo

de planilha, avanço desproporcional entre as etapas de serviços, gestão temerária, direcionamento

nos procedimentos licitatórios, deficiência nos projetos de engenharia e falta de planejamento na

execução das obras conforme se depreende, entre outros, dos Acórdãos do Plenário do TCU

2.843/2008, 593/2009, 462/2010, 2.115/2010, 2.478/2010, 1.922/2011, 1.923/2011, 2.433/2011,

3.061/2011, 1.910/2012, 1.978/2012, 1.103/2013, 1.514/2015, 2.313/2015.

4. A construção ferroviária do trecho goiano foi contratada em lotes (trechos) entre 2001 e 2007

para construção do então denominado tramo sul da FNS. As citadas obras ferroviárias foram

concluídas por contratos complementares celebrados por regime diferenciado de contratação em

2015, mas a ferrovia continua subutilizada no trecho goiano por indefinição de questões regulatórias.

5. Esse trecho de ferrovia parado do norte goiano (que contém os 52 km objeto da TCE) não se

confunde com o trecho em obra inacabada ao sul de Goiás denominado Extensão Sul da FNS licitado

e contratado entre 2010 e 2011 com extensão de 680 km, conforme pode ser verificado abaixo:

II.1. As auditorias do TCU na Ferrovia Norte-Sul 6. Já nas primeiras fiscalizações realizadas pelo TCU nas contratações da Ferrovia Norte-Sul,

verificou-se entre 2007 e 2008 grande discrepância entre os valores praticados nas planilhas dos

contratos de construção da Valec e os valores de mercado adotados como referência pelo TCU,

sinalizando risco de dano erário, uma vez que a Valec é estatal dependente do Orçamento Geral da

União.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

7. Antes de adentrar o exame técnico, faz-se oportuno compreender a última deliberação do

TCU nos contratos de construção da Valec, que inclui o Contrato 58/2009, explicitado no voto

condutor do Acórdão 2.495/2016-TCU-Plenário de Relatoria do Ministro Benjamin Zymler:

4. No bojo do TC 021.283/2008-1, relativo à auditoria realizada nas obras em questão no

âmbito do Fiscobras/2008, foi apontada a ocorrência sobrepreço nos contratos 14/2006 (Lote 1),

15/2006 (Lote 2), 16/2006 (Lote 3), 13/2006 (Lote 4) e 21/2001 (Lote s/n), o que resultou na

determinação de retenção cautelar de 40% dos valores apontados como sobrepreço em cada lote da

ferrovia

(...)

6. O TC 021.283/2008-1 foi apreciado no mérito pelo Acórdão 2.447/2014-Plenário, o qual

determinou, dentre outras providências, a constituição de processos específicos de tomada de contas

especial relativos a cada um dos contratos supracitados, a saber: TC 004.063/2015-5, TC

004.060/2015-6, TC 004.058/2015-1, TC 004.056/2015-9 e TC 004.057/2015-5. (...)

7. Os contratos 15/2006 (Lote 2) e 13/2006 (Lote 4) foram rescindidos pela Valec, sendo

sucedidos pelos contratos 58/2009 (Lote 2) e 60/2009 (Lote 4), os quais foram acordados nas mesmas

condições dos anteriores, ou seja, com os mesmos preços unitários e com os quantitativos restantes.

Tais ajustes foram fiscalizados no âmbito do Fiscobras/2010 (TC-011.287/2010-1), cuja última

deliberação foi o Acórdão 1.498/2015-Plenário, de minha relatoria.

8. O citado decisum determinou a instauração de três processos apartados de Tomada de

Contas Especial, com vistas à quantificação dos débitos e identificação dos responsáveis pelos

superfaturamentos apurados nos contratos 58/2009, 60/2009 e 13/2006, determinando que a unidade

técnica submetesse ao relator propostas de citação.

9. Essas tomadas de contas especiais estão em tramitação nos processos TC 014.364/2015-8, TC

014.361/2015-9 e TC 014.362/2015-5. Insta salientar que o TC-004.063/2015-5, por racionalidade

administrativa, foi posteriormente apensado ao TC 014.364/2015-8, nos termos do art. 36 da

Resolução TCU 259/2014, por tratar do mesmo contrato e dos mesmos fatos.

10. Considerando que o objeto de tais ajustes são os serviços remanescentes de contratos

rescindidos, a Valec também aplicou aos Contratos 58/2009 e 60/2009 a medida cautelar relativa aos

contratos antecessores, o que resultou na retenção de 10,35% e 11,26% dos valores pagos em ambos

os instrumentos, respectivamente.

11. Por isso, no âmbito do TC-011.287/2010-1, a empresa Constran também ingressou com

agravo contra o despacho de 4/4/2012, que negou petição apresentada pela empresa para que fosse

reduzido o percentual de retenção de pagamentos, bem como devolvido os valores já retidos no

âmbito do Contrato 58/2009. O referido recurso não foi provido pelo TCU, conforme decidido no

Acórdão 1.704/2012-Plenário.

12. Nesta fiscalização, a unidade técnica apurou a situação atualizada de todas as retenções

cautelares determinadas pelo TCU, as quais se encontram consolidadas na tabela a seguir:

Lote Contrato Retenção

TCU Situação Atual

Lote

S/N 21/2001

9,28%

Os valores retidos, no total de R$ 8.641.347,88, foram

devolvidos à contratada e substituídos por apólice de

seguro garantia, que se encontrava com validade somente

até 16/3/2014. Restam retidos apenas R$ 270.713,97.

Lote

01

14/2006 3,54%

Havia sido retido R$ 2.489.360,14, porém, a determinação

de retenção foi declarada nula pela Justiça Federal.

Restam ainda retidos tão somente R$ 15.109,42.

Lote

02 15/2006 11,26%

A contratada ingressou com Ação Ordinária contra a

retenção (2009.34.00.034608-1), cujo pedido foi julgado

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

improcedente pela Justiça Federal, mas a empresa interpôs

recurso de apelação (0034009-90.2009.4.01.3400) e,

atualmente, o processo encontra-se concluso para relatório

e voto na Quinta Turma do TRF-1. Ou seja, não há decisão

judicial transitada em julgado. A determinação do TCU

quanto à retenção de 11,26% continua aplicável, embora

informação atualizada da Valec noticie que os valores

retidos durante a execução contratual, num total de R$

543.740,97, foram liberados. Portanto, não há valores

retidos quanto a esse contrato.

Lote

02 58/2009 11,26%

Encontra-se retido o valor de R$ 20.583.175,50. Há ação

judicial (Processo 39062-18.2010.4.01.3400) solicitando

liberação das retenções referentes a esse Contrato e ao

Contrato 13/2006, ambos assinados com a Constran, mas

que se encontra em grau de recurso, sem decisão judicial

transitada em julgado, mantendo-se a determinação deste

TCU quanto à retenção de 11,26%.

Lote

03 16/2006 9,78%

Há retenção de R$ 3.794.429,93. Foi proferida decisão

judicial desobrigando a retenção dos valores, mas a

Procuradoria Jurídica da Valec entendeu que, até a

decisão final de mérito do processo, as retenções já

realizadas não deveriam ser devolvidas.

Lote

04 13/2006 10,35%

Encontra-se retido o valor de R$ 6.056.693,96. Há ação

judicial não transitada em julgado solicitando liberação

das retenções referentes a esse Contrato.

Lote

04 60/2009 10,35%

Durante a execução contratual houve a retenção de R$

17.015.437,34 que, em função de sentença liminar no

processo 0035896-75.2010.4.01.3400, foram liberados.

Não há qualquer valor retido referente a esse contrato,

embora a sentença ainda não tenha transitado em julgado.

(...)

20. Aproveito a oportunidade para observar que o Ministério Público Federal em Goiás

ofereceu denúncia contra oito pessoas suspeitas de superfaturar as obras da Ferrovia Norte-Sul no

estado, com prejuízo estimado aos cofres públicos da ordem de R$ 630 milhões (fonte:

http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2016/02/pf-cumpre-mandados-em-operacao-

relacionada-lava-jato.html). Além das tomadas de contas especiais tratando do superfaturamento das

obras da FNS em Goiás, cuja relatoria compartilho com o Ministro Walton Alencar Rodrigues,

enfatizo que existem outros feitos apurando danos nos trechos da FNS em Tocantins, que são

relatados pelo eminente Ministro Bruno Dantas.

21. Todavia, até o presente momento, as citações determinadas pelos Acórdãos 2.447/2014-

Plenário e 1.498/2015-Plenário ainda não foram efetuadas, o que não se coaduna com a grande

repercussão do caso e com os elevados prejuízos ocasionados ao Poder Público. Há também a

possibilidade de prescrição da pretensão punitiva do Tribunal caso as citações não sejam realizadas

no prazo adequado.

22. Cabe enfatizar que sucessivas leis de diretrizes orçamentárias têm fixado prazos e

estabelecido que os processos relativos a obras públicas que possam ser objeto de bloqueio

orçamentário serão instruídos e apreciados prioritariamente pelo Tribunal de Contas da União,

conforme se dessume do disposto no art. 122, §§ 2º, 4º e 5º, da Lei 13.242/2015 (LDO de 2016).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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23. A instrução das tomadas de contas especiais estava originalmente a cargo da SeinfraHidro,

mas, desde o dia 9/5/2016, em atendimento ao Memorando nº 6/2016-Coinfra, a responsabilidade

técnica pela condução dos processos da FNS foi transferida à SeinfraOperações.

24. Ocorre que diuturnamente, por meio de minha assessoria, acompanho as atividades da

SeinfraOperações e sei da relevância de outros processos em instrução naquela unidade técnica e da

carência de pessoal existente. Preocupa-me sobremaneira que o exame dos processos da FNS

continue em segundo plano, ou pior, que haja comprometimento em ações de controle externo ainda

mais relevantes. Em um único processo recentemente instruído pela unidade técnica, foi apurado

indício de superfaturamento que supera o montante de R$ 2,1 bilhões, em valores atualizados,

conforme se observa no Acórdão 2.109/2016-Plenário.

25. Portanto, a Secretaria-Geral de Controle Externo deve alocar a força de trabalho

disponível, priorizando o exame de questões como a que ora se examina, ou seja, de elevada

relevância e com prazo de apreciação previsto em lei, motivo pelo qual proponho determinar que a

unidade básica de controle externo, mediante suas secretarias, ultime as propostas de citação em

atendimento aos Acórdãos 2.447/2014-Plenário e 1.498/2015-Plenário, assegurando-se que as

providências ora determinadas não comprometam o andamento de outras relevantes ações em curso

pela SeinfraOperações. (grifou-se)

II.2. A Valec, o lote 2 da Ferrovia Norte-Sul e o contrato 58/2009 8. O objeto do contrato 58/2009 celebrado entre a Valec e a Constran Construções e Comércio

S.A. em 24/12/2009 refere-se às obras remanescentes para construção de infraestrutura e

superestrutura ferroviária e obras de arte especiais da Ferrovia Norte-Sul em trecho de 52 km situado

entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO) com valor original (p0) de R$ 116.426.598,27.

9. Após a rescisão amigável da Valec com a Camargo Correa S.A. celebrou-se o contrato com a

segunda colocada no certame 8/2004 nas mesmas condições de preço do licitante vencedor (art. 24,

inciso XI da Lei 8.666/1993). Nesse novo contrato (58/2009) foram realizadas 26 medições e

executados R$ 143.511.780,20 (peça 25) considerando-se aproximadamente o valor máximo legal

aditivado. Apesar disso, a Constran exauriu os recursos do contrato sem, no entanto, concluir o

objeto, uma vez que foi necessária contratação complementar.

10. Especificamente quanto ao sobrepreço identificado no Contrato 15/2006-Camargo, registre-

se que o débito em desfavor da União continuou a ser realizado por meio do contrato 58/2009-

Contran, uma vez que é oriundo da mesma proposta contratada com sobrepreço. Por esse motivo,

conforme detalhado no voto do acórdão supracitado, a Valec em resposta a determinação cautelar do

TCU continuou a realizar a retenção nos pagamentos feitos a construtora em percentual de 11,26 %.

Esse percentual representava 40% do sobrepreço apontado pela unidade técnica do TCU em 2008 em

cognição sumária e foi adotada cautelarmente pelo Tribunal no intuito de resguardar o erário até a

decisão de mérito (Acórdão 593/2009-TCU-Plenário).

11. Insurgindo-se administrativa e judicialmente contra determinação cautelar de retenção de

pagamentos do TCU a Constran S.A. Construções e Comércio buscou, por diversas vezes, a liberação

dos valores retidos pela Valec, mas não logrou êxito. Segundo informações do último Fiscobras o

saldo acumulado decorrente da retenção de pagamentos determinadas pelo TCU é de R$

20.583.175,50 na data-base novembro 2004 (Acórdão 593/2009-TCU-Plenário atualizado pelo

Acórdão 2.495/2016-Plenário).

12. Além do superfaturamento por preços excessivos frente ao mercado, enfrentou-se no julgado

que instaurou a presente tomada de contas especial do contrato 58/2009 (Acórdão 1.498/2015-TCU-

Plenário) problemas nos projetos de engenharia, alteração injustificada de quantitativos e aditivos

superiores ao limite legal. Nessa oportunidade, o TCU multou os gestores da Valec e, com isso, a

apuração do débito decorrente do superfaturamento por preços ficou para ser realizado no presente

processo de contas.

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13. Quanto às deliberações do TCU em auditoria de obras ferroviárias, verifica-se pacificação

dos critérios para apuração de superfaturamento de preços por meio dos Acórdãos do Plenário do

TCU 2.143/2008, 2.843/2008, 593/2009, 462/2010 e 1910/2012, uniformizando-se a jurisprudência,

entre outros pontos, quanto a utilização do Sistema de Custos Rodoviários (Sicro) como referência de

mercado, com adoção integral dos preceitos, critérios e métodos constantes no Manual de Custos

Rodoviários, para serviços de terraplenagem, drenagem, obras-de-arte correntes e especiais, obras

complementares, proteção vegetal e demais serviços de infraestrutura ferroviária. Posteriormente o

TCU referendou essas premissas por meio do Acórdão 2.447/2014-TCU-Plenário e do Acórdão

1.498/2015-Plenário.

II.3. Objeto conexo com a Operação LavaJato 14. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal, após tomarem ciência das graves

irregularidades apontadas pelo TCU no Fiscobras 2008 (peça 1, p.183, TC 021.283/2008-1),

identificaram condutas criminosas e de improbidade nas contratações da Valec. Com isso, entre

outras investigações anteriores, deflagrou-se a “Operação Tabela Periódica” em 2016 que é

desdobramento da “Operação Lavajato” e da “Operação O Recebedor” que investiga cartel, fraude

em licitações, corrupção, peculato e lavagem de dinheiro em obras da ferrovia Norte-Sul

(http://www.mpf.mp.br/go/sala-de-imprensa/noticias-go/deflagrada-operacao-201ctabela-

periodica201d-em-goias).

15. A “Operação Tabela Periódica” contou com provas produzidas pela Camargo Corrêa no

inquérito administrativo instaurado no âmbito da Superintendência-Geral do CADE (SG/CADE).

Nessa oportunidade, dirigentes da construtora celebraram acordo de leniência (n. 2/2016) nos termos

do art. 86 e 87 da Lei 12.529/2011 (Lei de Defesa da Concorrência).

16. A investigação do cartel nas licitações de obras ferroviárias na Valec pela SG/CADE

ocorreu no âmbito do processo 08700.001836/2016-11 e foi subsidiada, conforme supracitado, pela

celebração em abril de 2016 de acordo de leniência com a empresa Construções e Comércio

Camargo Corrêa S/A e alguns de seus dirigentes. O acordo de leniência foi assinado conjuntamente

pelo MPF/GO.

17. As investigações do CADE, MPF/GO e Polícia Federal apontaram a existência de cartel

por meio de acordo para divisão de licitações entre as construtoras concorrentes, com fixação de

vantagens relacionadas, para frustrar o caráter competitivo das licitações na Valec destinadas a

obras em trechos das Ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste. A atuação do cartel deu-se entre o ano 2000

e 2010. Durante esse período pode ter se envolvido cerca de 37 empresas. Entre elas, 16 empresas

foram apontadas no acordo de leniência como participantes efetivas, enquanto outras 21 seriam

participantes possíveis.

18. Entre as 16 participantes efetivas, seriam, segundo apontam os indícios:

Carioca Christiani Nielsen Engenharia S/A, Constran S/A Construções e Comércio, Construções e

Comércio Camargo Corrêa S/A, Construtora Andrade Gutierrez S/A, Construtora Barbosa Mello S/A,

Construtora Norberto Odebrecht S/A, Construtora OAS S/A, Construtora Queiroz Galvão S/A, C.R.

Almeida S/A - Engenharia de Obras, Egesa Engenharia S/A, Galvão Engenharia S/A, Mendes Junior

Trading e Engenharia S/A, Pavotec Pavimentação e Terraplanagem Ltda., Serveng Civilsan S/A

Empresas Associadas de Engenharia, Servix Engenharia S/A, e SPA Engenharia, Indústria e

Comercio Ltda.

19. Especificamente sobre o envolvimento da Constran (atual UTC) no cartel, o histórico de

conduta (peças 32-35) que acompanha o acordo de leniência 2/2016 demonstra a participação efetiva

da construtora na chamada fase de consolidação do cartel que ocorreu entre 2003 e 2007 nos trechos

que incluem o edital de concorrência 8/2004 e o contrato 58/2009 que é objeto da presente TCE

(http://www.cade.gov.br/noticias/cade-mpf-go-e-policia-federal-realizam-operacao-para-investigar-

suposto-cartel-em-licitacoes-de-ferrovias).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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20. Nesse contexto, em 2016 o TCU recebeu do MPF/GO o produto dos acordos de

colaboração trazidos na denúncia do MPF recebida pela justiça federal (Ação Penal n. 17620-

74.2016.4.01.3500). Em razão desse acordo, gestores da Camargo Correa confessaram a prática de

cartel, corrupção, lavagem de dinheiro e crimes de licitação, além de se comprometerem a restituir os

danos aos cofres públicos. A Camargo Correa entregou provas documentais e testemunhais contra as

demais empreiteiras integrantes do esquema ilícito, bem como contra o ex-presidente da Valec, José

Francisco das Neves .

21. Em virtude do disposto no art. 32 da Portaria-Segecex n. 5 de 2017 combinado com a

determinação da Coinfra (peça 25), o presente processo teve sua responsabilidade transferida para a

Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em Infraestrutura (SeinfraOperações).

III. EXAME TÉCNICO

22. Serão apresentados os critérios utilizados para o cálculo do débito e para

responsabilização, individualizando-se as condutas dos envolvidos.

III.1. Critérios para o cálculo do débito

23. Conforme já foi mencionado o Contrato 58/2009 foi encerrado em 2013 sendo gerados 26

boletins de medição em favor da Constran totalizando aprox. R$ 143,5 milhões. O termo de

recebimento definitivo foi emitido pela estatal em 12/3/2013. Por esse motivo, adotar-se-á apenas a

terminologia superfaturamento em detrimento de sobrepreço, uma vez que o contrato está encerrado e

os prejuízos identificados no Acórdão 1.498/2015-TCU-Plenário já se materializaram.

24. Especificamente quanto aos critérios para apuração do superfaturamento por preço no

Contrato 58/2009 ressalte-se que as unidades técnicas do TCU já se manifestaram sobre esse assunto

em diversas oportunidades de contraditório. Com esse debate pretérito o Tribunal pacificou a

metodologia de análise de preços de obras ferroviárias por meio do Acórdão 462/2010-TCU-Plenário

e Acórdão 2447/2014-Plenário.

25. Além disso, quando da instauração da presente TCE o Plenário do TCU referendou, por

meio do Acórdão 1.498/2015-Plenário, os critérios utilizados pelo TCU para apuração do

superfaturamento em ferrovias, sendo realizado extenso debate processual com as construtoras da

Ferrovia Norte-Sul em Goiás no âmbito do TC 021.283/2008-1 e TC 011.287/2010-1, entre elas a

empresa Constran S.A., especialmente no que se refere a BDI, aplicação do SICRO, retenção de

pagamentos e custos diretos (ver relatório do Acórdão 1.498/2015-TCU-Plenário).

26. Na última deliberação do TCU (Acórdão 2.495/2016-TCU-Plenário) sobre o contrato

58/2009 consta a informação de retenção de pagamentos acumulada pela Valec em R$ 20.583.175,50

na base novembro de 2004 sem, no entanto, explicitar o andamento das ações judiciais e nem

demonstrar a maneira de apropriação desses valores na contabilidade da estatal. Além disso, cabe

ressaltar que eventuais descontos por conta de valores retidos e acumulados pela Valec em relação

aos débitos dos responsáveis somente podem ser realizados após a decisão de mérito do Tribunal em

sede de decisão definitiva prevista no art. 23, inciso III, alínea “b” combinado com o art. 28, inciso II

da Lei Orgânica do TCU.

27. No que se refere ao superfaturamento por qualidade decorrente de irregularidades

encontradas pelo TCU (Acórdão 2.882/2013-TCU-Plenário) no recebimento das obras do contrato

58/2009 ressalte-se que foram elididas por meio do Acórdão 1.322/2015-TCU-Plenário. Com isso, no

presente processo de contas restou somente a apuração do superfaturamento por preço originado na

planilha do contrato 15/2006 da Camargo Correa e transferido para o Contrato 58/2009 da Constran

por força do inciso XI do artigo 24 da Lei de Licitações (contratação por dispensa em remanescente

de obra nas mesmas condições do licitante vencedor).

28. Dessa forma, foi realizada apuração do superfaturamento por preço comparando-se os

preços unitários de cada serviço da planilha contratada com os preços unitários de referência

(paradigmas de mercado adotados pelo TCU). Por fim, realizou-se o somatório das diferenças de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

preço mantendo-se a data base em novembro de 2004. O valor total acumulado corresponde ao ônus

ilegal à Administração pelo pagamento de serviços contratados por preços superiores aos de

mercado.

29. Cabe ressaltar que não foi considerado para apuração do superfaturamento fatos, valores e

pagamentos envolvendo cartel, corrupção, lavagem de dinheiro. Mas eventuais condutas ilícitas

comprovadas em acordos de colaboração e/ou de leniência pode ser considerado como critério para

análise de culpabilidade e de boa-fé dos agentes envolvidos.

30. A seguir apresenta-se a memória de cálculo sintética do superfaturamento no contrato

58/2009 da Constran organizado do maior valor acumulado para o menor valor:

Serviço / Item de planilha Preço

Contrato

Preço

Referenci

al

Percentua

l de

Superf. no

item

Superfaturamen

to

Dormente monobloco de concreto protendido

para bitola mista 1,00/1,60 m 320,37 246,79 22,97% 6.376.976,89

Escavação, carga, descarga e espalhamento

1ª cat 4,74 3,32 29,96% 5.433.723,01

Montagem da grade -(superestr) 136.408,0

6 62.585,31 54,12% 3.781.201,25

Brita para lastro (incl. transporte até 3 km) -

(superestr) 54,78 26,09 52,38% 3.154.403,98

Aterro grau de compactação 95% (Proctor

Normal) (corpo) 2,64 1,32 50,02% 2.857.002,50

Nivelamento, levante, alinhamento e socaria de

linha -(superestr) 78.279,67 30.386,46 61,18% 2.453.090,27

Concreto fck >= 15 MPa - (bueiros tub e cel) 402,39 299,48 25,58% 1.741.553,83

Cercas empregando mourões de concreto 32,67 15,81 51,61% 1.607.528,16

Compactação de bota-fora 95% PN 2,64 1,06 59,97% 1.554.779,96

Forma - (bueiros tub e cel) 50,02 27,90 44,23% 1.290.108,42

Revestimento vegetal de taludes

(hidrossemeadura) 1,54 0,92 40,20% 1.089.340,64

Concreto fck >= 25 MPa - (bueiros tub e cel) 411,96 342,68 16,82% 635.820,04

Escav, carga, desc e espalhamento material de

3ª cat 28,06 20,14 28,23% 601.829,63

Execução de Sublastro (incl. transporte até 3

km) 17,75 10,77 39,32% 548.100,78

Aterro grau de compactação 100% (Proctor

Normal) (corpo) 3,35 1,57 53,08% 495.495,67

Lastramento de linha ( h=0,30 m ) -(superestr) 28.769,52 22.218,00 22,77% 335.568,85

Execução de Sublastro com solo brita

misturado na pista (incl. Transp. 3 km) 24,98 22,32 10,66% 209.062,72

Concretofck >= 30 Mpa (superestr concr

armado) 428,20 362,89 15,25% 186.278,88

Transporte de Brita para Lastro -(superestr) 0,55 0,54 2,61% 92.352,72

Concreto fck >= 10 MPa - (bueiros tub e cel) 341,48 284,71 16,62% 60.297,15

Solda aluminotermica de trilho TR-57 para 520,10 320,32 38,41% 56.538,19

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formação de TLS -(superestr)

Desmatamento, destocamento e limpeza 0,32 0,27 14,55% 52.042,32

CBUQ (Faixa "C"/ DNER) ( pavim) 283,76 194,06 31,61% 39.055,97

Execução de revestimento primário ou sub-

base (inc. transp. 3 km) (pav) 17,56 8,62 50,88% 27.617,43

Armadura de aço CP 190 RB 12,7mm

(superestr concr armado) 12,42 11,78 5,12% 18.236,72

fck >= 20 MPa (Galerias e Alas) 389,73 296,90 23,82% 801,08

Posicionamento final e acabamento 15.177,78 15.868,08 -4,55% -35.398,58

Escavação, carga, descarga e espalhamento 2ª

cat 4,42 4,62 -4,52% -45.991,97

Transporte além de 2000 m Material de 2ª cat 0,57 1,96 -243,76% -237.460,37

Escoramento (superestr concr armado) 19,24 33,95 -76,48% -338.902,46

Transporte mat. de 1ª categ. além de 2000 m 0,57 1,26 -121,73% -1.035.342,72

Transporte mat. de 1ª categ. até 2000 m 1,34 1,63 -21,54% -1.377.527,20

Armadura CA-50/60 (drenagem) 5,09 6,28 -23,38% -1.781.264,33

SUPERFATURAMENTO TOTAL NO CONTRATO 58/2009 (20,8 %) /

NOVEMBRO 2004

R$

29.846.919,48

31. O valor total do superfaturamento em valores originais (p0) é de R$ 29.846.919,48 milhões,

atualizado monetariamente a partir das datas que ocorreram o débito (2002-2012) até maio de 2017

representa R$ 70,4 milhões (peça 28). O superfaturamento representa 20,8 % do contrato e 23,2 % da

amostra analisada. A memória de cálculo analítica contendo as composições de preço unitário de

referência constam da peça 30.

32. Ressalte-se que o percentual de itens de planilha analisados no Contrato 58/2009 alcançou

89,6 % do contrato, já que o restante dos itens foi considerado sem referência ou sem

representatividade financeira sendo mantido o valor do item de serviço.

III.2. Responsabilização e individualização das condutas

33. O cargo de Diretor de Engenharia da Valec é reconhecidamente o segundo cargo mais alto

da administração executiva da empresa, ficando abaixo apenas do Diretor-presidente, especialmente

porque a Valec tem como objeto social a construção ferroviária, ou seja, a área-fim propriamente

dita.

34. Consultando-se a instrução em que foram analisadas as oitivas da Valec e da Constran (TC

021.283/2008-1 e TC 011.287/2010-1) e os documentos encaminhados em resposta à diligência do

TCU para indicar os gestores responsáveis pela aprovação no orçamento, verificou-se que o

superfaturamento no contrato 15/2006 que passou para o contrato 58/2009 foi resultado da

aprovação da planilha orçamentária que acompanhou o edital de concorrência 8/2004, cujos preços

estavam superiores aos de mercado. Frise-se que o superfaturamento decorreu diretamente da adoção

de preços referenciais na Concorrência 8/2004 acima dos referenciais de mercado, em afronta ao

disposto no art. 6º, inciso IX, alínea “f” da Lei 8.666/1993 e ao princípio da economicidade.

35. Quanto a identificação do titular da área de orçamentação da Valec à época, a estatal

indicou, por meio do Memorando 75/2016-Sucon e Memorando 98/2015/IMB/GERENTE/RJ (peça

27), o responsável pela Superintendência de Construção: Sr. José Américo Cajado de Azevedo.

36. O processo administrativo da referida licitação contém a aprovação da planilha de preços

do Diretor de Engenharia (peça 23). Além disso, confirmou-se no regimento interno da Valec as

atribuições do Diretor de Engenharia e do Superintendente de Construção, a saber:

Diretoria de Engenharia

(...)

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A Diretoria de Engenharia é um órgão de Execução sob a supervisão direta da Presidência. A

esta Diretoria estão subordinadas a Superintendência de Projetos, a Superintendência de

Construção e a Superintendência Regional, bem como as suas respectivas unidades operacionais.

Atribuições:

(...)

Coordenar, orientar e supervisionar os assuntos vinculados a sua área funcional,

(...)

3.2. Superintendência de Construção

Atribuições:

(...)

Elaborar o levantamento dos preços unitários de serviços, materiais e equipamentos;

Setorizar os custos dos lotes (infraestrutura e superestrutura);

Emitir quadro de acompanhamento de custos por item orçamentário; relação de unidade de

área;

Analisar e confeccionar a composição de preços unitários dos serviços/obras de

engenharia;

Definir e implantar o Plano de Centro de Custos de Engenharia;

Acompanhar a elaboração do orçamento econômico-financeiro do empreendimento;

37. Como pode ser verificado, é a Superintendência de Construção o órgão ligado

imediatamente à Diretoria de Engenharia, que, entre outras atribuições, realiza a elaboração, análise

e acompanhamento dos preços unitários e dos orçamentos de empreendimentos da Valec. Tudo isso,

por meio de coordenação, orientação e supervisão do Diretor de Engenharia.

38. Com isso, a responsabilidade pelo débito apurado no contrato 58/2009 deve recair sobre o

ex-Superintendente de Construção e o ex-Diretor de Engenharia da Valec, por terem,

respectivamente, elaborado e aprovado a minuta do edital contendo planilha orçamentária

apresentando itens com sobrepreço (peça 23), bem como sobre a empresa contratada Constran

Construções e Comércio S.A.

39. Além das condutas do Diretor de Engenharia e do Superintendente de Construção, resta

individualizar a participação do ex-Diretor-Presidente da Valec e do representante da Constran no

cartel que resultou no superfaturamento do contrato 58/2009, uma vez que figuram como agentes

envolvidos no ilícito conforme demonstrado no acordo de leniência da Camargo Correa no CADE

(2/2016). A participação efetiva da Constran no cartel consta do histórico de conduta (peça 32) que

acompanha o acordo de leniência da Camargo Corrêa nos trechos licitados que incluem o edital de

concorrência 8/2004 e o contrato 58/2009:

I. DESCRICÃO SUMÁRIA DA CONDUTA

1.Este Histórico da Conduta consiste em documento elaborado pela Superintendência-Geral do

CADE (SG/CADE) com base nos documentos e informações apresentados pelos Signatários do

Acordo de Leniência, que reportaram ao conhecimento da Superintendência-Geral do CADE a

ocorrência de condutas anticompetitivas praticadas no Brasil em licitações da Valec - Engenharia,

Construções e Ferrovias S.A. ("Valec"), com relação ao mercado de obras civis de infraestrutura e

superestrutura ferroviárias, obras de arte especiais e serviços de engenharia para implantação da da

Ferrovia Norte-Sul ("FNS" - EF-151) e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste ("FIOL" - EF-334).

2.As violações à ordem econômica consistiram em acordos para divisão de mercado entre

concorrentes com fixação de vantagens relacionadas para frustrar o caráter competitivo das

licitações referidas adiante. Conforme apurado pelos Signatários, a conduta foi implementada

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principalmente por meio de reuniões presenciais e negociações intermediadas pela alta administração

da Valec.

3.O relato dos Signatários aponta que a conduta aqui narrada se deu de forma continuada e

experimentou fases distintas ao longo do tempo'. A sequência abaixo descreve cronologicamente as

fases da conduta conforme o relato dos Signatários.

(...)

c "(III) Fase de consolidação do cartel - entre 2003 e 2007 - Ferrovia Norte-Sul trechos

Tocantins a Goiás", momento em que a Valec lançou editais para contratação de obras para

implantação da Ferrovia Norte-Sul em trechos entre Tocantins e Goiás, por meio das Concorrências

008/2004, 002/2005 e 001/2007. Os Signatários apontam que, nessa fase, graças aos acordos

anticompetitivos, foi frustrado o caráter competitivo da Concorrência 008/2004 e, possivelmente, das

Concorrências 002/2005 e 001/2007. Empresas participantes da conduta: (i) Carioca Eng., (ii)

Constran, (iii) CCCC, (iv) Andrade Gutierrez, (v) Barbosa Mello, (vi) Odebrecht, (vii) Queiroz

Galvão, (viii) C.R. Almeida, (ix) Egesa, (x) Galvão Eng., (xi) Mendes Júnior, (xii) Serveng, (xiii)

Servix9 e (xiv) SPA.

4. De acordo com informações dos Signatários, por meio das práticas anticompetitivas no

mercado de obras civis de infraestrutura e superestrutura ferroviárias, obras de arte especiais e

serviços de engenharia para implantação de ferrovias, frustrou-se o caráter competitivo, pelo menos,

das Concorrência 004/2001 (Ferrovia Norte-Sul: Trecho Anápolis/GO - Porangatu/GO), 008/2004

(Ferrovia Norte-Sul: Trechos entre Tocantins e Goiás), dos Lotes 01 a 04 da Concorrência 004/2010

(Ferrovia Norte-Sul: Trecho Ouro Verde/GO - Estrela do Oeste/SP) e dos Lotes 01, 02, 04, 05 e 06 da

Concorrência 005/2010 (Ferrovia de Integração Oeste-Leste: Trecho Ilhéus/BA - Barreiras/BA), com

indícios de que os Contratos 011/2000 e 010/2002, as Concorrências 002/2005 e 001/2007 (Ferrovia

Norte-Sul: Trechos entre Tocantins e Goiás), bem como os Lotes 05 da Concorrência 004/2010 e os

Lotes 03 e 07 da Concorrência 005/2010 também tenham sido afetados pela conduta, como descrito

no quadro abaixo.

(...)

Constran S.A. Construções e Comércio ("Constran')

17. A Constran teve participação efetiva na conduta anticompetitiva implementada pelos seus

funcionários (atualmente funcionários e/ou ex-funcionários) Luiz Sérgio Nogueira (Engenheiro) na

"(III) Fase de consolidacão do cartel - entre 2003 e 2007", que também participou, junto a José

Carlos Tadeu Lima (Diretor) da "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010" e, ainda, por meio de sua

participação no Consórcio Constran! Egesa/ Pedra Sul/ Estacon/ CMT e no Consórcio Constran/

Egesal Carioca, integrantes do cartel na "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010" da conduta. Sua

participação está evidenciada, por exemplo, nos parágrafos 3, 16, 17, 24, 32, 41, 45, 55, 56, 144, 147,

156, 164, 166, 178, 190, 214, 220, 221, 225, 227, 285, 296, 297 e 305 e nas Tabelas 4, 7, 22, 51, 52,

65, 66, 67, 70, 71 e 72 deste Histórico da Conduta

(...)

José Carlos Tadeu Lima

55. De acordo com os Signatários, José Carlos Tadeu Lima foi, durante a conduta, Diretor da

Constran S.A. Construções e Comércio, participante do cartel na "(IV) Fase de ampliação do cartel -

2010" da conduta. Ele era representante do alto escalão, cuja participação na conduta consistiu em

realizar contato com concorrentes e com eles participar de reuniões para discutir preços e alocação

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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dos lotes licitados pela Valec, o que está evidenciado, por exemplo, nos parágrafos 17, 55, 221, 227,

285, 297 e 305 e nas Tabelas 7, 22, 23 e 65 deste Histórico da Conduta.

Luiz Sérgio Nogueira

56. De acordo com os Signatários, Luiz Sérgio Nogueira foi, durante a conduta, Engenheiro na

Constran S.A. Construções e Comércio, participante do cartel na "(III) Fase de consolidação do

cartel entre 2003 e 2007" e "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010"da conduta. Ele era

representante do escalão operacional, cuja participação na conduta consistiu em realizar contato com

concorrentes e com eles participar de reuniões para discutir preços e distribuição dos lotes licitados

pela Valec, o que está evidenciado, por exemplo nos parágrafos 17, 56, 147, 227, 285, 297 e 305 nas

Tabelas 7. 22, 23, 51 e 65 deste Histórico da Conduta.

40. Em face dessa leniência e de outros elementos de prova coletados desde o início das

investigações foram denunciados pelo MPF/GO em 6 de maio de 2016, entre outros, José Francisco

das Neves e Ulisses Assad, pela prática de cartel, corrupção, lavagem de dinheiro e crimes de

licitação referente aos contratos de construção da Ferrovia Norte-Sul e Ferrovia de Integração Oeste-

Leste (Fiol).

41. Segundo a Denúncia do MPF/GO (peça 31), o esquema criminoso teve início quando

executivos das principais empreiteiras do país formaram cartel para, mediante acordo de divisão de

lotes, combinação de preços e oferecimento de propostas não competitivas (de cobertura, apenas para

simular a competição), eliminar a concorrência no mercado de construção ferroviária, frustrando o

caráter competitivo das licitações realizadas pela Valec para a construção das ferrovias Norte-Sul e

Integração Oeste-Leste. Com isso, dominaram o mercado e, combinando, manipulando e elevando

arbitrariamente os preços (sobrepreço), maximizaram seus lucros em prejuízo da Administração. O

cartel teve início ainda no ano 2000 e se manteve após as últimas licitações realizadas no ano de

2011.

42. A participação do ex-presidente da estatal, José Francisco das Neves, e do ex-Diretor de

Engenharia, Ulisses Assad foi detalhada na Denúncia do Ministério Público Federal e contém os

elementos para a Matriz de Responsabilização, conforme se depreende da leitura da peça 31:

O “Mapa do Cartel” fornecido pelo denunciado colaborador demonstra que não só a licitação

de 2001, mas praticamente todas as licitações subsequentes realizadas pela VALEC para construir as

Ferrovias Norte-Sul - FNS e Integração Leste-Oeste - FIOL foram fraudadas, mediante cartel

(combinação entre as mesmas grandes empreiteiras de sempre, ao qual outras foram paulatinamente

aderindo), com o beneplácito e a efetiva participação da diretoria da VALEC, em especial do seu

então presidente, JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES, e do seu Diretor de Engenharia, ULISSES ASSAD,

que atuaram para beneficiar as empreiteiras e serem por elas recompensados com vantagens ilícitas

(propina), além de JORGE ANTÔNIO MESQUITA PEREIRA DE ALMEIDA, os quais direcionaram

os editais das licitações promovidas entre os anos de 2004 e 2011.

(...)

De fato, a exemplo do edital da concorrência 004/2001 acima descrita, os editais das

concorrências 008/2004, 002/2005 e 01/2007 promovidas por JUQUINHA e ASSAD foram elaborados

contendo exigências que limitaram, injustificadamente, a competição, entre elas: (a) proibição de que

uma mesma empresa concorresse a mais de dois lotes; (b) proibição da participação de consórcios de

empresas (c) comprovação de execução anterior de ferrovias com dormentes de concreto fabricados

pelo próprio licitante, as quais reduziram artificial e significativamente o universo de empresas com

condições de participar das licitações.

A inclusão de tais exigências nos editais das concorrências 008/2004, 002/2005 e 01/2007 foi

ajustada mediante acordo prévio em reuniões entre representantes as empresas do cartel e os

diretores da VALEC JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES e ULISSES ASSAD que, como dito, aderiram ao

esquema criminoso ora denunciado.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Apurou-se que, em relação às concorrências 008/2004, 002/2005 e 001/2007, JOSÉ

FRANCISCO DAS NEVES permitiu que as empresas integrantes do cartel dividissem entre elas, como

melhor lhes aprouvessem, os lotes em disputa, bem assim praticassem os preços que lhes fossem

convenientes, o que resultou em sobrepreço. Exigiu, contudo, que a empresa SPA Engenharia fosse

contemplada. Além do mais, JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES atuou para que nenhuma das empresas

cartelizadas “furasse” a acordo espúrio.

ULISSES ASSAD, por se turno, elaborou a Nota Técnica (fls. 910/918, IPL 0225/2001) que

assegurou a inclusão e a manutenção nos editais de exigências desnecessárias e restritivas que

tornaram viáveis a continuidade das atividades do cartel, como por exemplo, a proibição de

consórcios, a proibição de que um mesmo licitante fosse contemplado com mais de 2 lotes, a exigência

de comprovação de experiência anterior com dormentes de concreto monobloco usinado no canteiro,

porque direcionou a licitação em benefício das empresas cartelizadas (já que apenas elas podiam

atender à tais exigências).

Apurou-se, ainda, que JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES e ULISSES ASSAD promoveram as

licitações 008/2004, 002/2005 e 01/2007 com sobrepreço nos seus respectivos orçamentos de

referência.

Especificamente em relação ao Lote 02, da Concorrência 008/2004, Contrato nº 015/2006,

também objeto desta denúncia 21, o orçamento de referência da VALEC continha sobrepreço da

ordem de 25,1% (Laudo nº 215/2012 – SETEC/SR/DPF/GO, fls. 108, IPL nº 0240/2011). E o

sobrepreço no orçamento de referência somado ao conjunto de exigências editalícias injustificadas

foram decisivos para viabilizar a atuação do cartel, que pode assim repartir os lotes entre as

empresas participantes, as quais ainda apresentaram propostas não competitivas (de cobertura,

apenas para simular a competição), bem como praticarem o preço que maximizou seus lucros, em

detrimento da VALEC.

Em razão disso, a proposta da Construções e Comércio Camargo Corrêa sagrou-se

“vencedora” e a empresa foi contratada em 15/09/2006 (Contrato nº 015/2006) pelos denunciados

JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES e ULISSES ASSAD com um sobrepreço de R$25.580.665,42 em

relação aos preços de mercado (a preços iniciais, vigentes em 2004), ou seja, 25,40% a maior,

conforme atesta o Laudo nº 215/2012 – SETEC/SE/DPF/GO, da perícia criminal (fls. 115, IPL nº

0240/2011).

O Mapa do Cartel, anexo, revela não só a pouca diferença entre as propostas combinadas, mas

sobretudo a insignificância dos descontos dados pelas propostas “vencedoras”22 em relação ao

orçamento de referência (indicativos da existência e da atuação do cartel), bem como discrimina as

propostas não competitivas (apenas para dar cobertura às “vencedoras” e simular a existência de

competição).

Parte do sobrepreço acima referido materializou-se na forma de superfaturamento (peculato)

ocorrido ao longo da execução do contrato (no que foi efetivamente executado, medido e pago), que

ocorreu no período compreendido entre de setembro de 2006 a novembro de 2009 (permanência

criminosa), no valor total de R$1.122.138,84 (ou 12,36%) a preços iniciais (referentes ao ano de

2006, época da assinatura do contrato), conforme atestou o Laudo nº 1.047/2012 –

SETEC/SR/DPF/GO da perícia criminal (fls. 194, IPL nº 0240/2011).

O Contrato nº 015/2006 foi rescindido em novembro de 2009, antes de concluído. A rescisão

decorreu de um estranho rearranjo promovido pelo denunciado JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES, que

retirou algumas empreiteiras da execução dos lotes que haviam adjudicado e colocou outras no lugar.

Apurou-se que JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES promoveu esse rearranjo para ludibriar

decisões liminares do Tribunal de Contas da União que, em virtude de fiscalização de rotina, havia

detectado parte dos sobrepreços acima descritos e determinado a retenção cautelar de 10% dos

pagamentos das respectivas faturas. Assim, a parte remanescente do lote 02, objeto do Contrato nº

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015/2006 firmado com a CCCC, após a sua rescisão, foi formalmente contratada à CONSTRAN, por

intermédio do Contrato nº 058/2009.

(...)

Mais do que homologar os resultados das licitações, aprovar e assinar os contratos

superfaturados e proveniente de fraudes à licitação, JUQUINHA assumiu o papel de garante do

cartel.

(...)

Vendo o esquema criminoso ameaçado por ações judiciais e processos no TCU contra

JUQUINHA e ASSAD, o cartel se cotizou para pagar os honorários do advogado de JUCA, para

garantir que os referidos agentes públicos continuassem a atender aos interesses do cartel na VALEC.

A solicitação ao Consórcio Ferrosul (CAMARGO CORREA e QUEIROZ GALVÃO) foi transmitida

por RODRIGO LOPES, superintendente da ANDRADE GUTIERREZ e um dos principais

interlocutores do cartel junto à diretoria da VALEC.

(...)

Apurou-se, ainda, que o denunciado JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES, no exercício do cargo de

Diretor-Presidente da VALEC, solicitou e efetivamente recebeu propina da Camargo Corrêa, como

condição para autorizar o pagamento de faturas emitidas pela empresa, relativamente à execução dos

contratos com sobrepreço, como se viu acima. (grifou-se)

III.3. Matriz de Responsabilização

43. De acordo com os critérios supracitados segue a Matriz de Responsabilização dos

envolvidos:

44. Responsável: Ulisses Assad (CPF 008.266.408-00) na condição de Diretor de Engenharia

da Valec no período de 10/7/2003 até 10/2/2010.

45. Conduta: aprovar a planilha orçamentária e participar de atos de corrupção e de conluio

no âmbito da Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$

29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da

construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de

Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran Construções e Comércio S.A.,

infringindo o art. 3º, o art. 6º, inciso IX, alínea “f” e o art. 43, inciso IV da Lei 8.666/1993, além de

infringir o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da economicidade.

46. Nexo de causalidade: a aprovação da planilha orçamentária e a participação em atos de

corrupção e de conluio no âmbito do lote 2 da Concorrência 8/2004 da Valec, referente ao

remanescente da construção da Ferrovia Norte-Sul em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de

Goiás (GO) e Jaraguá (GO), resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base

novembro de 2004) no Contrato 58/2009.

47. Culpabilidade: o responsável já foi apenado pelo TCU por ter restringido a competitividade

da licitação 8/2004 (subitem 9.4 do Acórdão 2.447/2014-Plenário). Além disso, considerado o

ambiente de conluio e de corrupção trazido na leniência do CADE e na denúncia do MPF/GO não é

possível afirmar que houve boa-fé do responsável, especialmente porque é réu em ação penal

envolvendo irregularidades na licitação e no contrato objeto da presente tomada de contas especial.

Com isso, conclui-se que a conduta do responsável é culpável e há, ainda, a obrigação de reparar o

dano, motivo de se propor a citação do ex-Diretor de Engenharia da Valec Ulisses Assad (CPF

008.266.408-00), com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e II, da Lei 8.443/1992 c/c o art.

202, incisos I e II, do RI/TCU.

48. Responsável: José Américo Cajado de Azevedo (CPF 548.198.066-53) na condição de

Superintendente de Construção da Valec no período de 27/5/2003 à 16/2/2005.

49. Conduta: elaborar a planilha orçamentária da Concorrência 8/2004 da Valec que resultou

em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009,

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referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km

situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran

Construções e Comércio S.A., infringindo o art. 3º, o art. 6º, inciso IX, alínea “f” e o art. 43, inciso IV

da Lei 8.666/1993, além de infringir o princípio da economicidade.

50. Nexo de causalidade: a elaboração da planilha orçamentária do lote 2 da Concorrência

8/2004 da Valec, referente ao remanescente da construção da Ferrovia Norte-Sul em trecho de 52 km

situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), resultou em superfaturamento no valor de

R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009.

51. Culpabilidade: Considerando o ambiente de conluio e de corrupção trazido na leniência do

CADE e na denúncia do MPF/GO não é possível afirmar que houve boa-fé do responsável. Com isso,

conclui-se que a conduta do responsável é culpável e há, ainda, a obrigação de reparar o dano,

motivo de se propor a citação do ex-superintendente de construção da Valec José Américo Cajado de

Azevedo (CPF 548.198.066-53), com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e II, da Lei

8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e II, do RI/TCU.

52. Responsável: José Francisco das Neves (CPF 062.833.301-34) na condição de Diretor-

Presidente da Valec, no período de 4/4/2003 até 24/8/2011.

53. Conduta: participar de atos de corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004

da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004)

no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS),

em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a

empresa Constran Construções e Comércio S.A., infringindo o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 37 da

Constituição Federal e o princípio da economicidade.

54. Nexo de causalidade: a participação em atos de corrupção e de conluio no âmbito do lote 2

da Concorrência 8/2004 da Valec, referente ao remanescente da construção da Ferrovia Norte-Sul em

trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), resultou em

superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009.

55. Culpabilidade: considerando o ambiente de conluio e de corrupção trazido na leniência do

CADE e na denúncia do MPF não é possível afirmar que houve boa-fé do responsável. Com isso,

conclui-se que a conduta do responsável é culpável e há, ainda, a obrigação de reparar o dano,

motivo de se propor a citação do ex-Diretor Presidente da Valec José Francisco das Neves (CPF

062.833.301-34), com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e II, da Lei 8.443/1992 c/c o art.

202, incisos I e II, do RI/TCU.

56. Responsável: Luiz Sergio Nogueira (CPF 566.485.378-68) na condição de dirigente da

Constran Construções e Comércio S.A.

57. Conduta: participar de atos de corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004

da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004)

no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS),

em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a

empresa Constran Construções e Comércio S.A., infringindo o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 37 da

Constituição Federal e o princípio da economicidade.

58. Nexo de causalidade: a participação em atos de corrupção e de conluio no âmbito do lote 2

da Concorrência 8/2004 da Valec, referente ao remanescente da construção da Ferrovia Norte-Sul em

trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), resultou em

superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009.

59. Culpabilidade: considerando o ambiente de conluio e de corrupção trazido na leniência do

CADE e na denúncia do MPF/GO não é possível afirmar que houve boa-fé do responsável. Com isso,

conclui-se que a conduta do responsável é culpável e há, ainda, a obrigação de reparar o dano,

motivo de se propor a citação do dirigente da Constran Construções e Comércio S.A. Luiz Sergio

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Nogueira (CPF 566.485.378-68), com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e II, da Lei

8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e II, do RI/TCU.

60. Responsável: Constran Construções e Comércio S.A. (CNPJ 61.156.568/0001-90) na

condição de contratada da Valec (Contrato 58/2009).

61. Conduta: beneficiar-se de atos de corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004

da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004)

no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS),

em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), infringindo o art. 3º da

Lei 8.666/1993, o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da economicidade.

62. Nexo de causalidade: o benefício decorrente de atos de corrupção e de conluio no âmbito do

lote 2 da Concorrência 8/2004 da Valec, referente ao remanescente da construção da Ferrovia Norte-

Sul em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), resultou em

superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009.

IV. ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS

63. Especificamente quanto a retenção de pagamentos determinada pelo TCU e acumulada pela

Valec em R$ 20.583.175,50 na data base de novembro de 2004 (atualização feita no Acórdão

2.495/2016-Plenário), faz-se oportuno propor determinação a Valec para encaminhar ao TCU

informações atualizadas sobre: (i) o montante retido no contrato 58/2009 em valores históricos e

atualizado; (ii) ao andamento das ações judiciais contra decisão do Tribunal proferida pelo Acórdão

593/2009-TCU-Plenário; (iii) à forma que a Valec apropriou na sua contabilidade a retenção de

pagamentos determinadas pelo TCU. A manifestação da Valec no processo tem o condão de subsidiar

a análise de mérito deste TCU no caso de eventual desconto no débito a ser imputado pelo TCU em

decisão de mérito em sede de decisão definitiva prevista no art. 23, inciso III, alínea “b” combinado

com o art. 28, inciso II da Lei Orgânica do TCU.

V. CONCLUSÃO

64. Esta instrução preliminar teve por objetivo identificar os responsáveis e quantificar o débito

decorrente do superfaturamento no Contrato 58/2009, cujo objeto foi o remanescente da construção

do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e

Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran Construções e Comércio S.A.

65. O valor total do débito decorrente do superfaturamento é de R$ 29.846.919,48 milhões (p0)

e, atualizado monetariamente a partir das datas que ocorreram o débito (2002-2012), representa

R$ 70,4 milhões até maio de 2017. O montante superfaturado representa 20,8 % do contrato e 23,2 %

da amostra analisada. A memória de cálculo analítica contendo as composições de preço unitário de

referência constam da peça 30.

66. Em sede de responsabilização identificou-se os gestores da Valec responsáveis pela

elaboração e pela aprovação do orçamento base a concorrência 8/2004. Esses dirigentes atestaram a

o orçamento do empreendimento, mesmo com valores manifestamente superiores aos de mercado

contrariando o disposto no art. 6º, inciso IX, alínea “f” e art. 43, inciso IV da Lei 8.666/1993.

67. Além disso, propôs-se a responsabilização solidária pelo superfaturamento dos agentes

envolvidos em atos de conluio e de corrupção em licitações da Valec conforme detalhamento das

condutas contidas na denúncia do Ministério Público Federal em Goiás (peça 31) e no Histórico de

Conduta que acompanha o Acordo de Leniência 2/2016 do CADE (peça 32). A Matriz de

Responsabilização encontra-se no tópico III.3 desta instrução.

68. Dessa forma, foi considerada a solidariedade entre todos os envolvidos conforme disposto

na alínea “b” do § 2º do art. 16 da Lei 8.443/1992, que define o responsável solidário como o agente

que “de qualquer modo haja concorrido para o cometimento do dano”, inclusive particular ou

empresa contratada.

69. Os valores mensais superfaturamentos, incluindo os reajustes, foram atualizados pelo

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“Sistema Débito” do TCU e representam até maio de 2017 aproximadamente 70,4 milhões (peça 28).

70. Por fim, a proposta de encaminhamento contemplou determinação à Valec para informar

atualização ao TCU sobre os valores retidos e citação dos responsáveis pelo superfaturamento para

que apresentem alegações de defesa e/ou recolham, solidariamente, aos cofres do Tesouro as quantias

indicadas, atualizadas monetariamente até o efetivo recolhimento.

VI. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

71. Ante todo o exposto, propõe-se encaminhar os autos à consideração superior, alvitrando o

envio ao gabinete do Exmo. Ministro Relator com as seguintes propostas:

72. Realizar, com fundamento nos arts. 10, § 1º, 12, incisos I e II, e 16, §2º, da Lei 8.443/1992

c/c o art. 202, incisos I e II, e 209, §§ 5º e 6º, do Regimento Interno/TCU, a citação solidária dos

responsáveis a seguir relacionados, para que, no prazo de 60 (sessenta) dias, apresentem alegações

de defesa e/ou recolham aos cofres da Valec Engenharia Construções e Ferrovias S.A. a quantia de

R$ 29.846.919,48 milhões (data base novembro de 2004), atualizada monetariamente a partir das

datas indicadas na tabela a seguir até a data do efetivo recolhimento, representando

R$ 70.481.690,31, atualizado até a data 22/5/2017 (peça 28, 29 e 30), abatendo-se, na oportunidade,

a quantia eventualmente já ressarcida na forma da legislação em vigor:

a) Responsável: Ulisses Assad (CPF 008.266.408-00), na condição de Diretor de Engenharia da

Valec, no período de 10/7/2003 até 10/2/2010, por aprovar a planilha orçamentária e participar de

atos de corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em

superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009,

referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km

situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran

Construções e Comércio S.A., infringindo o art. 3º, o art. 6º, inciso IX, alínea “f” e o art. 43, inciso IV

da Lei 8.666/1993, além de infringir o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da

economicidade;

b) Responsável: José Américo Cajado de Azevedo (CPF 548.198.066-53), na condição de

Superintendente de Construção da Valec, no período de 27/5/2003 à 16/2/2005, por elaborar a

planilha orçamentária da Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em superfaturamento no valor

de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da

construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de

Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran Construções e Comércio S.A.,

infringindo o art. 3º, o art. 6º, inciso IX, alínea “f” e o art. 43, inciso IV da Lei 8.666/1993, além de

infringir o princípio da economicidade;

c) Responsável: José Francisco das Neves (CPF 062.833.301-34), na condição de Diretor-

Presidente da Valec, no período de 4/4/2003 até 24/8/2011, por participar de atos de corrupção e de

conluio no âmbito da Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$

29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da

construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de

Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran Construções e Comércio S.A.,

infringindo o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da

economicidade;

d) Responsável: Luiz Sergio Nogueira (CPF 566.485.378-68), na condição de dirigente da

Constran Construções e Comércio S.A., por participar de atos de corrupção e de conluio no âmbito da

Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base

novembro de 2004) no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da

Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá

(GO), pactuado com a empresa Constran Construções e Comércio S.A., infringindo o art. 3º da Lei

8.666/1993, o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da economicidade;

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e) Responsável: Constran Construções e Comércio S.A. (CNPJ 61.156.568/0001-90), na

condição de contratada da Valec, por beneficiar-se de atos de corrupção e de conluio no âmbito da

Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base

novembro de 2004) no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da

Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá

(GO), infringindo o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da

economicidade.

MEDIÇÃO DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR SUPERFATURAMENTO ORIGINAL*

(R$)

1 04/02/10 395.008,42

2 02/03/10 166.750,80

3 29/03/10 479.843,17

4 26/04/10 851.636,34

5 27/05/10 2.690.260,66

6 25/06/10 2.919.335,26

7 26/07/10 6.709.918,15

8 26/08/10 4.485.133,40

9 25/09/10 5.441.872,88

10 26/10/10 3.857.493,73

11 26/11/10 1.924.618,05

12 14/12/10 887.264,65

13 25/01/11 1.070.574,15

14 28/02/11 1.480.522,99

15 25/03/11 751.435,78

16 26/04/11 -

17 26/05/11 -

18 28/06/11 -

19 27/07/11 1.873.720,39

20 26/08/11 1.397.639,67

21 26/09/11 4.659,28

22 28/11/11 21.612,48

23 28/11/11 242.198,07

24 06/12/11 17.954,58

25 26/12/11 17.614,08

26 23/10/12 330.549,27

* contém o reajuste da medição na data da ocorrência

73. Determinar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. com fundamento no art. 43,

inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno que apresente ao TCU, em

60 (sessenta) dias, informações atualizadas sobre: (i) o montante retido no contrato 58/2009 em

valores históricos e atualizados; (ii) o andamento das ações judiciais contra decisão do Tribunal

proferida pelo Acórdão 593/2009-TCU-Plenário; (iii) a forma que a Valec apropriou na sua

contabilidade a retenção de pagamentos determinadas pelo TCU.

Informar aos responsáveis de que, caso venham a ser condenados pelo Tribunal, os débitos ora

apurados serão acrescidos de juros de mora, nos termos do § 1º do art. 202 do RI/TCU”.

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141

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

É o Relatório.

VOTO

Cuidam os autos de tomada de contas especial decorrente do Acórdão 1.498/2015-Plenário, o

qual apreciou relatório de auditoria realizada no âmbito do Fiscobras/2010 nas obras de construção da

Ferrovia Norte-Sul (FNS), em Goiás.

2. No feito é apurado indício de superfaturamento no Contrato 58/2009, firmado entre a Valec

Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (Valec) e a empresa Constran S.A. Construções e Comércio,

cujo objeto foi a execução da infraestrutura e superestrutura ferroviárias e obras de arte especiais, no

trecho de 52 km, compreendido entre Ouro Verde de Goiás e o Pátio de Jaraguá no Estado de Goiás,

relativo ao Lote 2 da Concorrência 8/2004.

3. O referido ajuste foi celebrado em 24/12/2009 por R$ 116.426.598,81, a preços de nov/2004.

Depois de cinco termos de aditamento contratual, o valor acordado foi elevado para R$

145.528.873,21 (a preços iniciais), dos quais R$ 143.511.780,20 foram efetivamente liquidados e

pagos, por meio de 26 medições, representando um percentual de execução financeira de 98,61%.

3. Na presente etapa processual, a Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em

Infraestrutura (SeinfraOpe) quantificou o débito e submeteu ao relator proposta de citação dos

responsáveis.

4. Antes de adentrar no exame das propostas formuladas pela unidade técnica, considero

pertinente fazer uma breve contextualização dos fatos. O empreendimento foi auditado pelo TCU no

TC-021.283/2008-1 (Fiscobras/2008), ocasião em que foi apontada a ocorrência de sobrepreço em

diversos ajustes, incluindo o Contrato 15/2006, celebrado com a Construtora Camargo Corrêa S.A., o

que resultou na determinação de retenção cautelar de 40% dos valores apontados como sobrepreço em

cada lote da ferrovia em questão.

5. A referida deliberação, adotada por despacho monocrático do Ministro Aroldo Cedraz, relator

do processo, foi agravada pela empresa Construções e Comércio Camargo Corrêa S/A, porém, foi

mantida pelo Acórdão 539/2009-Plenário.

6. O Contrato 15/2006 foi rescindido, sendo sucedido pelo Contrato 58/2009, celebrado com

fulcro no art. 24, inciso XI, da Lei 8.666/1993, com a segunda colocada na Concorrência 8/2004, nas

mesmas condições de preço do licitante vencedor. Apenas a segunda avença é objeto de exame neste

processo, pois o TC 021.283/2008-1 foi apreciado no mérito pelo Acórdão 2.447/2014-Plenário, o qual

determinou, dentre outras providências, a constituição de processo específico de tomada de contas

especial relativo ao contrato rescindido com a Camargo Corrêa S.A.

7. Em outras deliberações do TCU, foi consignado que a Valec também aplicou ao Contrato

58/2009 a medida cautelar de retenção de valores relativa ao contrato antecessor, o que resultou na

retenção de 11,26% dos valores pagos no âmbito desse pacto.

8. Por tal motivo, a empresa Constran agravou o despacho de 4/4/2012 do Ministro Aroldo

Cedraz, que negou a petição apresentada pela empresa para que fosse reduzido o percentual de

retenção de pagamentos, bem como devolvidos os valores já retidos no âmbito do Contrato 58/2009. O

referido recurso não foi provido pelo TCU, conforme decidido no Acórdão 1.704/2012-Plenário.

9. No âmbito do Fiscobras 2013, apurou-se que a retenção de 11,26% no Contrato 58/2009 foi

efetuada entre os meses de janeiro/2010 a dezembro/2011, restando retido o montante de

R$ 20.583.175,50. Tal informação foi confirmada por fiscalização realizada em 2016, apreciada pelo

Acórdão 2.495/2016-Plenário, de minha relatoria.

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142

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

10. Nesse último julgado, foi observado que havia ação judicial (Processo 39062-

18.2010.4.01.3400) solicitando liberação das retenções referentes ao ajustes assinado com a Constran,

com decisão em primeira instância desfavorável à empreiteira, mas que se encontrava em grau de

recurso, sem decisão judicial transitada em julgado, mantendo-se a determinação deste Tribunal quanto

à retenção.

11. A SeinfraOpe, em sua última manifestação, formulou proposta de determinação à Valec para

encaminhar ao TCU informações atualizadas sobre: (i) o montante retido no Contrato 58/2009 em

valores históricos e atualizado; (ii) o andamento das ações judiciais contra decisão do Tribunal

proferida pelo Acórdão 593/2009-Plenário; (iii) a forma pela qual a Valec apropriou na sua

contabilidade a retenção de pagamentos determinada pelo TCU.

12. Segundo a unidade técnica, a manifestação da Valec no processo teria o condão de subsidiar

a análise de deste Tribunal, que poderia promover um desconto no débito que viesse a ser

eventualmente imputado em decisão de mérito nesta tomada de contas especial.

13. Acolho a proposição da unidade técnica e ressalto que o Laudo Pericial 1.013/2013

produzido pela Polícia Federal (peça 16) foi produzido especificamente com a finalidade de levantar os

valores efetivamente pagos no âmbito do contrato em apreciação. O referido laudo, produzido a partir

de empenhos, ordens bancárias e boletins de medição, corrobora com a realização de tal retenção.

II

14. No que tange ao cálculo do débito, enfatizo que a empresa Constran já teve a oportunidade

de se manifestar diversas vezes no âmbito do TC-021.281/2008-1 (Fiscobras/2008) e TC-

011.287/2010-1 (Fiscobras/2010). Neste último feito, a auditoria foi apreciada pelo Acórdão

2.478/2010-Plenário, que trouxe as seguintes deliberações, dentre outras:

“9.1. realizar as audiências prévias dos seguintes dirigentes e gerentes da Valec, para que, no

prazo de 15 (quinze) dias, manifestem-se:

(...)

9.1.2. Ulisses Assad, diretor de engenharia, a respeito:

9.1.2.1. da celebração dos contratos 58/2009 e 60/2009 com indícios de sobrepreços de 19,84%

e 21,54%, respectivamente, em decorrência de preços excessivos ante o mercado, com violação do

princípio constitucional da eficiência e do art. 109, caput e § 1º, da Lei 11.768/2008;

(...)

9.2. promover, ante a possibilidade de determinações desta Corte de glosa de valores ou de

repactuação contratual, as oitivas, para que, caso desejem, manifestem-se no prazo de 15 (quinze)

dias, das seguintes empresas:

9.2.1. Constran S/A Construções e Comércio (CNPJ 61.156.568/0001-90) acerca:

9.2.1.1. da celebração do contrato 58/2009 com indícios de sobrepreço de 19,84% em razão de

preços excessivos ante o mercado;

9.2.1.2. dos indícios de superfaturamento de R$ 1.901.461,97 (um milhão novecentos e um mil

quatrocentos e sessenta e um reais e noventa e sete centavos), referente a novembro de 2004, por

quantitativos de itens pagos e não executados;

(...)

9.3. realizar a oitiva da Valec acerca das ocorrências mencionadas nos itens 9.2.1.1, 9.2.1.2,

9.2.2.1 e 9.2.2.2 acima;”

15. A apreciação do mérito das manifestações apresentadas pelos responsáveis e interessados,

em razão das audiências e oitivas efetuadas pela decisão supracitada, ocorreu mediante o Acórdão

1.498/2015-Plenário, que determinou a constituição desta tomada de contas especial, em virtude da

não elisão do apontamento de superfaturamento por preços excessivos na obra.

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143

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

16. Em atendimento à referida deliberação, a SeinfraOpe quantificou o débito tomando como

base os quantitativos de serviços acumulados, pagos após a última medição dos serviços (26ª

medição), obtendo o valor de superfaturamento discriminado na tabela a seguir (a preços originais):

Serviço Preço do

Contrato

Preço de

Referência

Percentual de

Superf. no

Item

Superfaturamento

(R$)

Dormente monobloco de concreto protendido

para bitola mista 1,00/1,60 m 320,37 246,79 22,97% 6.376.976,89

Escavação, carga, descarga e espalhamento 1ª

cat 4,74 3,32 29,96% 5.433.723,01

Montagem da grade -(superestr) 136.408,06 62.585,31 54,12% 3.781.201,25

Brita para lastro (incl. transporte até 3 km) -

(superestr) 54,78 26,09 52,38% 3.154.403,98

Aterro grau de compactação 95% (Proctor

Normal) (corpo) 2,64 1,32 50,02% 2.857.002,50

Nivelamento, levante, alinhamento e socaria de

linha -(superestr) 78.279,67 30.386,46 61,18% 2.453.090,27

Concreto fck >= 15 MPa - (bueiros tub e cel) 402,39 299,48 25,58% 1.741.553,83

Cercas empregando mourões de concreto 32,67 15,81 51,61% 1.607.528,16

Compactação de bota-fora 95% PN 2,64 1,06 59,97% 1.554.779,96

Forma - (bueiros tub e cel) 50,02 27,90 44,23% 1.290.108,42

Revestimento vegetal de taludes

(hidrossemeadura) 1,54 0,92 40,20% 1.089.340,64

Concreto fck >= 25 MPa - (bueiros tub e cel) 411,96 342,68 16,82% 635.820,04

Escav, carga, desc e espalhamento material de

3ª cat 28,06 20,14 28,23% 601.829,63

Execução de Sublastro (incl. transporte até 3

km) 17,75 10,77 39,32% 548.100,78

Aterro grau de compactação 100% (Proctor

Normal) (corpo) 3,35 1,57 53,08% 495.495,67

Lastramento de linha ( h=0,30 m ) -(superestr) 28.769,52 22.218,00 22,77% 335.568,85

Execução de Sublastro com solo brita

misturado na pista (incl. Transp. 3 km) 24,98 22,32 10,66% 209.062,72

Concretofck >= 30 Mpa (superestr concr

armado) 428,20 362,89 15,25% 186.278,88

Transporte de Brita para Lastro -(superestr) 0,55 0,54 2,61% 92.352,72

Concreto fck >= 10 MPa - (bueiros tub e cel) 341,48 284,71 16,62% 60.297,15

Solda aluminotermica de trilho TR-57 para

formação de TLS -(superestr) 520,10 320,32 38,41% 56.538,19

Desmatamento, destocamento e limpeza 0,32 0,27 14,55% 52.042,32

CBUQ (Faixa "C"/ DNER) ( pavim) 283,76 194,06 31,61% 39.055,97

Execução de revestimento primário ou sub-

base (inc. transp. 3 km) (pav) 17,56 8,62 50,88% 27.617,43

Armadura de aço CP 190 RB 12,7mm

(superestr concr armado) 12,42 11,78 5,12% 18.236,72

fck >= 20 MPa (Galerias e Alas) 389,73 296,90 23,82% 801,08

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Posicionamento final e acabamento 15.177,78 15.868,08 -4,55% -35.398,58

Escavação, carga, descarga e espalhamento 2ª

cat 4,42 4,62 -4,52% -45.991,97

Transporte além de 2000 m Material de 2ª cat 0,57 1,96 -243,76% -237.460,37

Escoramento (superestr concr armado) 19,24 33,95 -76,48% -338.902,46

Transporte mat. de 1ª categ. além de 2000 m 0,57 1,26 -121,73% -1.035.342,72

Transporte mat. de 1ª categ. até 2000 m 1,34 1,63 -21,54% -1.377.527,20

Armadura CA-50/60 (drenagem) 5,09 6,28 -23,38% -1.781.264,33

Total 29.846.919,43

17. Insta salientar que a amostra analisada foi ampliada em relação a que foi examinada no bojo

da peça 99 do TC-011.287/2010-1. Nesta oportunidade, foram avaliados serviços que representam

84,88% do montante total liquidado do contrato, sendo apurado um sobrepreço de 32,45% em relação

ao valor de referência da amostra.

18. No voto condutor do Acórdão 1.498/2015-Plenário, enfatizei que no exame da curva ABC do

Contrato 58/2009 foi apurada a existência de superfaturamento no montante R$ 28.586.237,27 (data-

base de nov/2004), que alcançava o percentual de 33,51% na amostra de serviços avaliados. Os dados

ora apresentados diferem dos dispostos no referido decisum em virtude de três motivos principais:

a) ampliação da amostra dos serviços analisados, conforme já enfatizado;

b) o Acórdão 1.498/2015-Plenário considerou os pagamentos acumulados somente até a 25ª

medição e, nesta ocasião, estão sendo computados os serviços liquidados até a 26ª medição; e

c) houve a revisão pela unidade técnica dos critérios utilizados para compor os preços de

referência, que resultaram em parâmetros mais favoráveis aos responsáveis, conforme pode ser

observado nos preços unitários dispostos na tabela supra e aqueles existentes na peça 99 do TC-

011.287/2010-1.

19. O montante global do superfaturamento a preços iniciais (R$ 29.846.919,43) foi dividido

pelo valor total pago no contrato, sem considerar os reajustes de preços (R$ 143.511.780,20), obtendo-

se um fator de 20,80%. Tal coeficiente foi aplicado linearmente sobre todos os pagamentos efetuados à

contratada (R$ 182.798.972,11), incluindo tanto as medições dos serviços a preços originais quanto os

respectivos reajustamentos contratuais, conforme demonstrativo à peça 29. O referido procedimento

resultou na tabela de débitos e respectivas datas de origem apresentada na proposta de citação dos

responsáveis.

20. Cabe enfatizar que os indícios de superfaturamento são robustos e representam percentual

significativo do contrato. São também corroborados pelo Laudo nº 532/2012 – SETEC/SR/DPF/GO,

produzido pelo Departamento de Polícia Federal, o qual concluiu que o contrato original, antes da

celebração dos termos de aditamento contratual, teria um sobrepreço de cerca de 27% (peça 13).

21. Em vista do exposto nos parágrafos precedentes, considero adequados os exames

empreendidos pela SeinfraOpe com o intuito de quantificar o débito. Portanto, acolho as propostas de

citação dos responsáveis com os ajustes que farei em seguida.

III

22. Passo a tratar da responsabilização pelo superfaturamento constatado no Contrato 58/2009.

Em apertada síntese, a SeinfraOpe propôs citar solidariamente os seguintes responsáveis pelo dano ao

erário:

a) Sr. Ulisses Assad, na condição de Diretor de Engenharia da Valec, no período de 10/7/2003 a

10/2/2010, em virtude da aprovação da planilha orçamentária e da suposta participação de atos de

corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004, que resultou em superfaturamento no

Contrato 58/2009, infringindo os arts. 3º, 6º, inciso IX, alínea “f”, e 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993,

além de infringir o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da economicidade.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

b) Sr. José Américo Cajado de Azevedo, Superintendente de Construção da Valec entre

27/5/2003 e 16/2/2005, por elaborar a planilha orçamentária da Concorrência 8/2004, a qual resultou

em superfaturamento no Contrato 58/2009, com violação ao disposto nos arst. 3º, 6º, inciso IX, alínea

“f”, e 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993, além de infringir o princípio da economicidade.

c) Sr. José Francisco das Neves, na condição de Diretor-Presidente da Valec, no período de

4/4/2003 até 24/8/2011, devido à suposta participação de atos de corrupção e de conluio no âmbito da

já citada Concorrência 8/2004, infringindo o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 37 da Constituição

Federal e o princípio da economicidade.

d) Sr. Luiz Sérgio Nogueira, na condição de dirigente da Constran Construções e Comércio S.A.,

por participar dos supostos atos de corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004.

e) Constran Construções e Comércio S.A., na condição de contratada da Valec, por se beneficiar

de atos de corrupção e de conluio no âmbito da referida Concorrência 8/2004, que resultou em

superfaturamento no Contrato 58/2009.

23. Não obstante o habitual zelo da SeinfraOpe, entendo que tal responsabilização merece alguns

reparos.

24. A unidade técnica aduz que o superfaturamento no Contrato 58/2009 decorre diretamente do

Contrato 15/2006, que foi rescindido pela Valec, o qual por sua vez foi resultado da aprovação da

planilha orçamentária que acompanhou o edital de Concorrência 8/2004, cujos preços estavam

superiores aos de mercado. Concordo com tal assertiva, mas também entendo que na contratação do

remanescente da obra por dispensa de licitação, que originou o Contrato 58/2009, houve a prática de

uma série de atos que estão diretamente relacionados com o superfaturamento em apuração.

25. Solicitei à minha assessoria que realizasse consulta dos documentos atinentes à celebração do

Contrato 58/2009 no TC-011.287/2010-1, em particular nas peças 26 e 27 daquele processo. A

documentação de interesse ao feito foi autuada à peça 40 destes autos, em que se pode observar que a

contratação por dispensa licitação foi precedida da Carta nº 243/2009-PRESI, de 28/10/2009, de lavra

do Sr. José Francisco das Neves, no qual é feito um longo relato da situação dos contratos 21/2001 e

15/2006, celebrados com a Construtora Camargo Corrêa S.A. O citado documento é concluído com a

decisão de notificar a construtora acerca da rescisão de ambos os ajustes, com fundamento no art. 79,

inciso I, e 78, inciso II, da Lei 8.666/1993.

26. Em seguida, o então Presidente da Valec remeteu o Memorando 35/2009, de 12/11/2009, ao

Sr. Jorge Antônio Mesquita Pereira de Almeida, Diretor de Engenharia em exercício, fazendo uma

exposição circunstanciada do histórico e da situação das obras na Ferrovia Norte-Sul, bem como

apresentando plano de ação que deveria ser desenvolvido com urgência para a conclusão do

empreendimento até outubro/2010. A Presidência da Valec também solicitou à Diretoria de

Engenharia providências no sentido de retomar o ritmo normal das obras e recuperar os atrasos então

verificados.

27. No dia seguinte, o Sr. Luiz Carlos de Oliveira Machado, na condição de Superintendente de

Construção da Valec, em atendimento ao citado memorando, solicitou ao presidente da comissão de

licitação informação sobre as empresas que foram habilitadas na Concorrência 8/2004.

28. De forma subsequente, a Nota Técnica 5/2009-Sucon, de 24/11/2009, assinada pelo mesmo

gestor, analisa, dentre outras coisas, a situação das obras do Lote 2 da Ferrovia Norte Sul. Além disso,

informa acerca das alterações de empresas contratadas para término da execução do lote 2, sendo que a

Constran seria a empresa contratada para executar o remanescente da obra. A citada Nota Técnica

apresenta posicionamento final de que “a única alternativa que efetivamente atende ao interesse

público no presente caso: a continuidade do contrato do Lote 11 com a Constran, a celebração dos

contratos referentes aos Lotes 2 e 10 com a Constran e a celebração do contrato do lote 4 com a

SPA”. O então superintendente de construção anexou a planilha dos serviços remanescentes dos lotes

2, 4 e 10.

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146

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

29. Na sequência, a Carta 286/09-Presi, assinada pelo Diretor-Presidente da Valec, Sr. José

Francisco das Neves, datada de 15/12/2009, convoca a empresa Constran para celebrar o contrato de

execução dos serviços remanescentes das obras do Lote 2 da Ferrovia Norte Sul.

30. No dia 17/12/2009, o Diretor Administrativo-Financeiro da Valec, Sr. Francisco Elísio

Lacerda, autorizou a despesa no valor de R$ 116.426.598,81 em favor da Constran, com fundamento

no art. 24, inciso XI, da Lei 8.666/1993. A dispensa de licitação foi ratificada na mesma data pelo Sr.

José Francisco das Neves, sendo tais atos publicados no Diário Oficial da União do dia 21/12/2009.

31. A Exposição de motivos nº 005/09, emitida em 22/12/2009 pela Sra. Maria Estela Filardi,

Chefe da Assessoria Jurídica da Valec, entendeu que seria desnecessária a aprovação do Contrato

58/2009 pelo Conselho de Administração da Estatal, uma vez que o contrato original (15/2006) já

havia sido aprovado por aquele Colegiado. Assim, não haveria impedimento para que a Diretoria da

Valec aprovasse o referido ajuste.

32. Finalmente, em 24/12/2009, o Contrato 58/2009 foi firmado, tendo por signatários os Srs.

José Francisco das Neves e Francisco Elísio Lacerda, por parte da Valec, bem como os Srs. Jorge

Alberto Aun, Diretor-Presidente e Técnico da Constran, e José Roberto Bertoli, como Diretor

Administrativo, Financeiro e Comercial da Constran.

33. De todo o exposto, verifico que o Sr. José Francisco das Neves teve papel central não apenas

na Concorrência 8/2004, mas também no processo de dispensa de licitação que originou o Contrato

58/2009. A Lei 8.666/1993, em seu art. 26, prevê que as dispensas de licitação devem necessariamente

ser justificadas e deverão ser comunicadas, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para

ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia

dos atos. Por sua vez, o art. 25, §2º, do mesmo diploma legal dispõe que, em qualquer dos casos de

dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda

Pública tanto o fornecedor ou o prestador de serviços como o agente público responsável, sem prejuízo

de outras sanções legais cabíveis.

34. Assim, o ato de ratificação da dispensa de licitação que resultou no Contrato 58/2009

também deve ser trazido como fundamento para a citação do Sr. José Francisco das Neves.

35. Em adição às propostas da unidade técnica, consoante historiado nos parágrafos acima, julgo

que também devam ser citados pelo débito os seguintes responsáveis:

a) Sr. Francisco Elísio Lacerda, Diretor Administrativo-Financeiro da Valec, por ter assinado o

Contrato 58/2009 contendo preços acima dos de mercado e autorizado a despesa no valor de R$

116.426.598,81 em favor da Constran, com fundamento no art. 24, inciso XI, da Lei 8.666/1993;

b) Luiz Carlos Oliveira Machado, Superintendente de Construção da Valec, por ter emitido nota

técnica favorável à contratação do remanescente das obras do Lote 2 da Ferrovia Norte Sul, bem como

encaminhado planilha orçamentária dos serviços remanescentes contendo serviços com sobrepreço;

c) Maria Estela Filardi, Chefe da Assessoria Jurídica da Valec, por ter aposto visto no Contrato

58/2009 eivado de vício e por ser signatária de exposição de motivos favorável à contratação;

d) Jorge Alberto Aun, Diretor-Presidente e Técnico da Constran; e

e) José Roberto Bertoli, Diretor Administrativo, Financeiro e Comercial da Constran.

36. No mínimo, pode-se afirmar que os demais responsáveis da Valec se omitiram diante de

graves irregularidades que são apontadas pelo TCU no empreendimento desde 2008. Conforme

registrei na introdução deste voto, as obras da Ferrovia Norte-Sul no trecho em questão são auditadas

pelo TCU desde 2008, ocasião em que foi apontado sobrepreço em diversos ajustes, incluindo o

Contrato 15/2006, celebrado com a Construtora Camargo Corrêa S.A., o que resultou na determinação

de retenção cautelar de 40% dos valores apontados como sobrepreço em cada lote da ferrovia em

questão. Ainda que cientes do sobrepreço existente no Contrato 15/2006, o ajuste foi rescindido e nova

contratação com os mesmos preços foi efetivada por dispensa de licitação.

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37. As diversas irregularidades apontadas pelo TCU no empreendimento eram públicas e

notórias, conforme comprovam diversas publicações da imprensa. Cito como exemplo a reportagem

publicada no portal Globo.com, do dia 13/8/2009 (disponível em:

http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1265647-5601,00-

EM+ANAPOLIS+LULA+CRITICA+PARALISACAO+DE+OBRAS+DA+FERROVIA+NORTESU

L.html).

38. A responsabilização do Sr. José Francisco das Neves também foi evidenciada por meio de

acordo de leniência celebrado entre o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e

Construtora Camargo Corrêa, que relatam a participação efetiva da Constran no cartel observado em

licitações promovidas pela Valec, entre elas a Concorrência 8/2004.

39. O Sr. José Francisco das Neves, juntamente com o ex-diretor de Engenharia, Sr. Ulisses

Assad, foi denunciado pelo MPF/GO, em maio/2016, pela prática de cartel, corrupção, lavagem de

dinheiro e crimes de licitação referentes aos contratos de construção da Ferrovia Norte-Sul e Ferrovia

de Integração Oeste-Leste (FIOL). A denúncia ofertada aduz que a prática de cartel teve a efetiva

participação da Diretoria da Valec, em especial desses dois responsáveis, que atuaram para beneficiar

as empreiteiras a serem por elas recomenpensados com vantagens ilícitas. Cumpre transcrever trecho

da denúncia do MPF/GO (destaques acrescidos):

“De fato, a exemplo do edital da concorrência 004/2001 acima descrita, os editais das

concorrências 008/2004, 002/2005 e 01/2007 promovidas por JUQUINHA e ASSAD foram elaborados

contendo exigências que limitaram, injustificadamente, a competição, entre elas: (a) proibição de que

uma mesma empresa concorresse a mais de dois lotes; (b) proibição da participação de consórcios de

empresas (c) comprovação de execução anterior de ferrovias com dormentes de concreto fabricados

pelo próprio licitante, as quais reduziram artificial e significativamente o universo de empresas com

condições de participar das licitações.

A inclusão de tais exigências nos editais das concorrências 008/2004, 002/2005 e 01/2007 foi

ajustada mediante acordo prévio em reuniões entre representantes as empresas do cartel e os

diretores da VALEC JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES e ULISSES ASSAD que, como dito, aderiram ao

esquema criminoso ora denunciado.

Apurou-se que, em relação às concorrências 008/2004, 002/2005 e 001/2007, JOSÉ

FRANCISCO DAS NEVES permitiu que as empresas integrantes do cartel dividissem entre elas, como

melhor lhes aprouvessem, os lotes em disputa, bem assim praticassem os preços que lhes fossem

convenientes, o que resultou em sobrepreço. Exigiu, contudo, que a empresa SPA Engenharia fosse

contemplada. Além do mais, JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES atuou para que nenhuma das empresas

cartelizadas “furasse” a acordo espúrio.

ULISSES ASSAD, por se turno, elaborou a Nota Técnica (fls. 910/918, IPL 0225/2001) que

assegurou a inclusão e a manutenção nos editais de exigências desnecessárias e restritivas que

tornaram viáveis a continuidade das atividades do cartel, como por exemplo, a proibição de

consórcios, a proibição de que um mesmo licitante fosse contemplado com mais de 2 lotes, a exigência

de comprovação de experiência anterior com dormentes de concreto monobloco usinado no canteiro,

porque direcionou a licitação em benefício das empresas cartelizadas (já que apenas elas podiam

atender à tais exigências).

Apurou-se, ainda, que JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES e ULISSES ASSAD promoveram as

licitações 008/2004, 002/2005 e 01/2007 com sobrepreço nos seus respectivos orçamentos de

referência.

Especificamente em relação ao Lote 02, da Concorrência 008/2004, Contrato nº 015/2006,

também objeto desta denúncia 21, o orçamento de referência da VALEC continha sobrepreço da

ordem de 25,1% (Laudo nº 215/2012 – SETEC/SR/DPF/GO, fls. 108, IPL nº 0240/2011). E o

sobrepreço no orçamento de referência somado ao conjunto de exigências editalícias injustificadas

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foram decisivos para viabilizar a atuação do cartel, que pode assim repartir os lotes entre as

empresas participantes, as quais ainda apresentaram propostas não competitivas (de cobertura,

apenas para simular a competição), bem como praticarem o preço que maximizou seus lucros, em

detrimento da VALEC.

(...)

O Contrato nº 015/2006 foi rescindido em novembro de 2009, antes de concluído. A rescisão

decorreu de um estranho rearranjo promovido pelo denunciado JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES, que

retirou algumas empreiteiras da execução dos lotes que haviam adjudicado e colocou outras no lugar.

Apurou-se que JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES promoveu esse rearranjo para ludibriar

decisões liminares do Tribunal de Contas da União que, em virtude de fiscalização de rotina, havia

detectado parte dos sobrepreços acima descritos e determinado a retenção cautelar de 10% dos

pagamentos das respectivas faturas. Assim, a parte remanescente do lote 02, objeto do Contrato nº

015/2006 firmado com a CCCC, após a sua rescisão, foi formalmente contratada à CONSTRAN, por

intermédio do Contrato nº 058/2009.

(...)

Mais do que homologar os resultados das licitações, aprovar e assinar os contratos

superfaturados e proveniente de fraudes à licitação, JUQUINHA assumiu o papel de garante do

cartel”.

40. O último trecho é um indício de que as rescisões contratuais promovidas pela Valec, dentre

elas a do Contrato 15/2006, foram uma forma de burlar as retenções cautelares determinadas pelo

TCU. Friso que tais atos contaram com a participação pessoal e direta do responsável, que

recentemente foi condenado pela 11ª Vara Federal pelos crimes de associação criminosa e lavagem ou

ocultação de bens, direitos e valores na ação penal nº 18.114-41.2013.4.01.3500 (Operação “O Trem

Pagador”).

IV

41. A respeito da proposta de citação da Constran e do Sr. Luiz Sérgio Nogueira, ponho-me de

acordo com o exame realizado pela SeinfraOpe. A sociedade empresária teve participação efetiva na

conduta anticompetitiva implementada pelo seu funcionário Luiz Sérgio Nogueira na denominada

“Fase de consolidacão do cartel - entre 2003 e 2007", que também participou da "Fase de ampliação do

cartel - 2010". A participação desse agente é apresentada da seguinte forma na descrição sumária da

conduta realizada pelo Cade (destaques acrescidos):

“1.Este Histórico da Conduta consiste em documento elaborado pela Superintendência-Geral

do CADE (SG/CADE) com base nos documentos e informações apresentados pelos Signatários do

Acordo de Leniência, que reportaram ao conhecimento da Superintendência-Geral do CADE a

ocorrência de condutas anticompetitivas praticadas no Brasil em licitações da Valec - Engenharia,

Construções e Ferrovias S.A. ("Valec"), com relação ao mercado de obras civis de infraestrutura e

superestrutura ferroviárias, obras de arte especiais e serviços de engenharia para implantação da da

Ferrovia Norte-Sul ("FNS" - EF-151) e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste ("FIOL" - EF-334).

2.As violações à ordem econômica consistiram em acordos para divisão de mercado entre

concorrentes com fixação de vantagens relacionadas para frustrar o caráter competitivo das

licitações referidas adiante. Conforme apurado pelos Signatários, a conduta foi implementada

principalmente por meio de reuniões presenciais e negociações intermediadas pela alta administração

da Valec.

3.O relato dos Signatários aponta que a conduta aqui narrada se deu de forma continuada e

experimentou fases distintas ao longo do tempo'. A sequência abaixo descreve cronologicamente as

fases da conduta conforme o relato dos Signatários.

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(...)

c "(III) Fase de consolidação do cartel - entre 2003 e 2007 - Ferrovia Norte-Sul trechos

Tocantins a Goiás", momento em que a Valec lançou editais para contratação de obras para

implantação da Ferrovia Norte-Sul em trechos entre Tocantins e Goiás, por meio das Concorrências

008/2004, 002/2005 e 001/2007. Os Signatários apontam que, nessa fase, graças aos acordos

anticompetitivos, foi frustrado o caráter competitivo da Concorrência 008/2004 e, possivelmente, das

Concorrências 002/2005 e 001/2007. Empresas participantes da conduta: (i) Carioca Eng., (ii)

Constran, (iii) CCCC, (iv) Andrade Gutierrez, (v) Barbosa Mello, (vi) Odebrecht, (vii) Queiroz

Galvão, (viii) C.R. Almeida, (ix) Egesa, (x) Galvão Eng., (xi) Mendes Júnior, (xii) Serveng, (xiii)

Servix9 e (xiv) SPA.

4. De acordo com informações dos Signatários, por meio das práticas anticompetitivas no

mercado de obras civis de infraestrutura e superestrutura ferroviárias, obras de arte especiais e

serviços de engenharia para implantação de ferrovias, frustrou-se o caráter competitivo, pelo menos,

das Concorrência 004/2001 (Ferrovia Norte-Sul: Trecho Anápolis/GO - Porangatu/GO), 008/2004

(Ferrovia Norte-Sul: Trechos entre Tocantins e Goiás), dos Lotes 01 a 04 da Concorrência 004/2010

(Ferrovia Norte-Sul: Trecho Ouro Verde/GO - Estrela do Oeste/SP) e dos Lotes 01, 02, 04, 05 e 06 da

Concorrência 005/2010 (Ferrovia de Integração Oeste-Leste: Trecho Ilhéus/BA - Barreiras/BA), com

indícios de que os Contratos 011/2000 e 010/2002, as Concorrências 002/2005 e 001/2007 (Ferrovia

Norte-Sul: Trechos entre Tocantins e Goiás), bem como os Lotes 05 da Concorrência 004/2010 e os

Lotes 03 e 07 da Concorrência 005/2010 também tenham sido afetados pela conduta, como descrito

no quadro abaixo.

(...)

Constran S.A. Construções e Comércio ("Constran')

17. A Constran teve participação efetiva na conduta anticompetitiva implementada pelos seus

funcionários (atualmente funcionários e/ou ex-funcionários) Luiz Sérgio Nogueira (Engenheiro) na

"(III) Fase de consolidacão do cartel - entre 2003 e 2007", que também participou, junto a José

Carlos Tadeu Lima (Diretor) da "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010" e, ainda, por meio de sua

participação no Consórcio Constran! Egesa/ Pedra Sul/ Estacon/ CMT e no Consórcio Constran/

Egesal Carioca, integrantes do cartel na "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010" da conduta. Sua

participação está evidenciada, por exemplo, nos parágrafos 3, 16, 17, 24, 32, 41, 45, 55, 56, 144, 147,

156, 164, 166, 178, 190, 214, 220, 221, 225, 227, 285, 296, 297 e 305 e nas Tabelas 4, 7, 22, 51, 52,

65, 66, 67, 70, 71 e 72 deste Histórico da Conduta

(...)

Luiz Sérgio Nogueira

56. De acordo com os Signatários, Luiz Sérgio Nogueira foi, durante a conduta, Engenheiro na

Constran S.A. Construções e Comércio, participante do cartel na "(III) Fase de consolidação do

cartel entre 2003 e 2007" e "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010"da conduta. Ele era

representante do escalão operacional, cuja participação na conduta consistiu em realizar contato com

concorrentes e com eles participar de reuniões para discutir preços e distribuição dos lotes licitados

pela Valec, o que está evidenciado, por exemplo nos parágrafos 17, 56, 147, 227, 285, 297 e 305 nas

Tabelas 7. 22, 23, 51 e 65 deste Histórico da Conduta”.

42. Em adição à responsabilização do Sr. Luiz Sérgio Nogueira, entendo que os representantes

legais da Constran, signatários do Contrato 58/2009, também devem ser responsabilizados pelo débito

em apuração. Refiro-me aos Srs. Jorge Alberto Aun, Diretor-Presidente e Técnico da Constran, e José

Roberto Bertoli, como Diretor Administrativo, Financeiro e Comercial, pois não é crível que o Sr. Luiz

Sérgio Nogueira tenha agido de forma isolada, sem o conhecimento dos representantes legais da

empresa.

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43. Enfatizo que a responsabilização desses agentes privados pode ocorrer sob duas vertentes

distintas perante o Tribunal de Contas da União.

44. A primeira delas utiliza o instituto da desconsideração da personalidade jurídica, pois há

indicativos nos autos que funcionários e dirigentes da Constran supostamente praticaram atos ilícitos,

com desvio de finalidade e abuso das personalidades jurídicas que representavam, para fraudar

deliberadamente os processos licitatórios da Valec e obter contratos de obras com sobrepreço, de

forma a maximizar indevidamente os lucros, mediante formação de cartel e pagamento de vantagens

indevidas a agentes da estatal.

45. Aplicar-se-ia, pois, o disposto nos arts. 50 e 1016 do Código Civil:

“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade,

ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público

quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de

obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”

“Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros

prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções” (grifou-se).

46. A segunda vertente de responsabilização desses agentes deriva do próprio texto

constitucional, em especial o art. 70, parágrafo único, e o inciso II do art. 71, que não faz qualquer

distinção entre agentes públicos ou particulares para fins de recomposição do débito, bastando que

qualquer um deles tenha dado causa a irregularidade que resulte prejuízo ao erário.

47. Com efeito, a interpretação desses dispositivos constitucionais deixa evidente o poder-dever

de o Tribunal de Contas da União julgar, não só as contas dos gestores públicos, mas de qualquer

pessoa física ou jurídica que der causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo

ao erário público.

48. Tenho seguido essa linha de responsabilização dos administradores, sócios ou empregados

das empresas contratadas pela Administração no caso de fraudes que foram comprovadas nos autos,

perpetradas por sócios ou administradores das empresas contratadas, a exemplo do decidido no bojo do

Acórdão Plenário 2.109/2016, quando foi autorizada a citação de executivos das empresas contratadas

em razão de suposta fraude à licitação e superfaturamento em contratos de implantação da Refinaria

Abreu e Lima (contratos referente às obras de construção da Unidade de Destilação Atmosférica –

UDA e da Unidade de Hidrotratamento – UHDT). Em situação idêntica, cito os Acórdãos 2.428/2016

e 1.083/2017, ambos do Plenário.

V

49. Embora não tenham sido objeto de proposição da unidade técnica, trato agora da decretação

da indisponibilidade dos bens dos responsáveis. No voto condutor do Acórdão 2.428/2016-Plenário,

teci as seguintes considerações:

“83. Como toda medida cautelar, a proposta de indisponibilidade de bens deve estar assentada

em dois pressupostos, o periculum in mora e o fumus bonis iuris. Com relação a este último

requisito, em geral, o TCU deve confirmar se realmente houve dano ao erário, apurar a exata

extensão da responsabilidade dos gestores da estatal e das empresas envolvidas. Nesse aspecto, creio

que seja prescindível tecer maiores comentários, pois a materialidade dos débitos apurados e os

robustos indícios probatórios sobre a autoria pelos fatos evidenciados estão fartamente demonstrados

neste voto e no relatório que o fundamenta.

84. Quanto ao perigo da demora, trago à baila as seguintes considerações constante do voto por

mim proferido quando da decretação da indisponibilidade de bens dos responsáveis pela aquisição da

refinaria de Pasadena (Acórdão 224/2015-Plenário), no sentido de a gravidade dos fatos e os valores

envolvidos podem representar riscos significativos de desfazimento de bens:

“Ou seja, na seara de direito público [em razão do disposto na lei de improbidade

administrativa], entendeu-se que o periculum in mora seria presumido em razão da gravidade dos

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fatos e da importância de se preservar o bem público. A jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça indica, pois, que a decretação de indisponibilidade de bens pode ocorrer mesmo sem a

existência de atos concretos indicativos da dilapidação do patrimônio por parte dos responsáveis.

Cito, ainda, como exemplo a seguinte decisão:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO

ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CAUTELAR DE

INDISPONIBILIDADE DOS BENS DO PROMOVIDO. DECRETAÇÃO. REQUISITOS. EXEGESE

DO ART. 7º DA LEI N. 8.429/1992, QUANTO AO PERICULUM IN MORA PRESUMIDO.

1. O fundamento utilizado pelo acórdão recorrido diverge da orientação que se pacificou no

âmbito desta Corte, inclusive em recurso repetitivo (REsp 1.366.721/BA, Primeira Seção, j.

26/2/2014), no sentido de que a decretação de indisponibilidade de bens em improbidade

administrativa caracteriza tutela de evidência.

2. Daí a desnecessidade de comprovar a dilapidação do patrimônio para a configuração de

periculum in mora, o qual estaria implícito ao comando normativo do art. 7º da Lei n. 8.429/92,

bastando a demonstração do fumus boni iuris, consistente em indícios de atos ímprobos.

3. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no REsp 1314088/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em

18/06/2014, DJe 27/06/2014) (grifei)

11. No âmbito do TCU, a matéria é regulada pelo art. 44 da Lei 8.443/1992, o qual estabelece

que:

Art. 44. No início ou no curso de qualquer apuração, o Tribunal, de ofício ou a requerimento do

Ministério Público, determinará, cautelarmente, o afastamento temporário do responsável, se

existirem indícios suficientes de que, prosseguindo no exercício de suas funções, possa retardar ou

dificultar a realização de auditoria ou inspeção, causar novos danos ao Erário ou inviabilizar o seu

ressarcimento.

...

§ 2º Nas mesmas circunstâncias do caput deste artigo e do parágrafo anterior, poderá o

Tribunal, sem prejuízo das medidas previstas nos arts. 60 e 61 desta Lei, decretar, por prazo não

superior a um ano, a indisponibilidade de bens do responsável, tantos quantos considerados bastantes

para garantir o ressarcimento dos danos em apuração”. (grifei)

...

14. Nessa linha, a jurisprudência desta Corte de Contas se posiciona no sentido de que a

decretação de indisponibilidade de bens dos responsáveis não necessita ser precedida de indícios

concretos de dilapidação do patrimônio por parte dos responsáveis ou de qualquer outra ação

tendente a inviabilizar o ressarcimento ao erário. Trata-se de procedimento consentâneo com aquele

da Lei de Improbidade Administrativa e justificado por ambas se tratarem de questões de direito

público.

15. Entretanto, essa mesma jurisprudência do TCU é firme no sentido de que a utilização do

instituto de natureza cautelar é excepcional e somente deve ocorrer em casos específicos, no bojo dos

quais estejam presentes não só indícios de prejuízos de significativa monta, mas, principalmente,

quando está evidenciada uma conduta por parte dos responsáveis especialmente reprovável que

apresente riscos significativos de desfazimento de bens de forma a prejudicar o ressarcimento aos

cofres públicos.”

85. Consoante decidido pelo STF no âmbito do MS 33.092 MC/DF-2015 (2ª Turma – Relator

Ex.mo Ministro Gilmar Mendes), em situação fática similar a aqui tratada, a decretação cautelar da

indisponibilidade dos bens dos envolvidos em atos danosos aos cofres da União “mostra-se cabível e

até mesmo recomendável na hipótese em exame, ante o risco de frustração da utilidade do processo

administrativo em curso na Corte de Contas”.” (grifou-se)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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50. A respeito, ao apreciar o Mandado de Segurança 34.446/DF-2016 interposto pela Construtora

Queiroz Galvão em face do Acórdão 2.428/2016-Plenário, a Ministra Rosa Weber, do Supremo

Tribunal Federal, teceu as seguintes considerações aplicáveis à decretação de indisponibilidade de

bens que se amoldam ao caso ora analisado:

“40. Nesse enfoque, a decretação de indisponibilidade de bens aparenta ter observado, na

espécie, as exigências do art. 44, § 2º, da Lei 8.443/1992, pois a autoridade impetrada identificou

indícios de condutas lesivas ao erário imputáveis à impetrante e ao Consórcio Ipojuca Interligações –

CII, em especial a formação de cartel que pagava propina a agentes públicos, no intuito de viabilizar

a contratação, por meio da modalidade convite, de obra com sobrepreço.

41. Tais condutas, segundo levantamento inicial do TCU, teriam importado em

superfaturamento correspondente a 20,3% do valor inicial do contrato nº 0800.0057000.10-2. No

curso da execução da avença, a contemplar alguns aditivos, a autoridade impetrada estima que o

desfalque à Petrobras, apenas com tal contrato, alcançou valor histórico, em setembro de 2009, de R$

682.404.146,73. A atualização dessa cifra, quando da prolação do acórdão impugnado, levou a Corte

de Contas a estimar prejuízo da ordem de R$ 960.962.757,75 aos cofres da referida sociedade de

economia mista.

42. A grandiosidade dos montantes estimados, ao lado da gravidade e da robustez dos indícios

de comportamento ilícito dos possíveis responsáveis, parecem, à primeira vista, respaldar a

decretação da medida cautelar de indisponibilidade de bens, por delinearem cenário de risco

acentuado para o resultado útil da tomada de contas especial instaurada no âmbito do TCU.

43. Corrobora esse raciocínio a compreensão de que o risco de inviabilização do ressarcimento

ao erário, ínsito à previsão do art. 44, § 2º, da Lei 8.443/1992, não exige prova de que a pessoa sob

fiscalização do Tribunal de Contas da União esteja efetivamente praticando atos de desbaratamento

patrimonial. Exigir prova nesse sentido esvaziaria a medida em tela, pois, até a colheita de elementos

comprobatórios da prática de atos de dissipação do patrimônio, este já estaria parcial ou totalmente

comprometido, de molde a prejudicar a consecução do objetivo do dispositivo em comento, qual seja,

o de preservar a utilidade de futuros pronunciamentos do TCU.

44. Realço, por outro lado, que, no acórdão impugnado, a Corte de Contas da União prestou

homenagem a outros vetores constitucionais e legais, em especial os relacionados à preservação da

empresa, ao delimitar a indisponibilidade, no tocante aos ativos financeiros, às “aplicações

financeiras que representem meras reservas financeiras e não sejam necessárias para a manutenção

da operação das sociedades empresariais” (evento 10, fl. 55).

45. O cuidado adicional, de preservar as atividades empresariais da impetrante, conjura,

quanto ao acórdão impugnado, o perigo da demora inverso ventilado na inicial” (grifou-se).

51. Assim, todos os elementos probatórios dos autos me levam a propor a indisponibilidade dos

bens dos seguintes responsáveis, até o limite de R$ 70.481.690,31, que representa o montante

atualizado do débito apurado neste feito:

Responsável CNPJ/CPF

José Francisco das Neves 062.833.301-34

Luiz Sérgio Nogueira 566.485.378-68

Ulisses Assad 008.266.408-00

Constran S.A. - Construções e Comércio 61.156.568/0001-90

52. Há indícios, corroborados pelo acordo de leniência celebrado no Cade e pela denúncia

ofertada pelo MPF/GO, de que os responsáveis arrolados acima agiram de maneira particularmente

reprovável para fraudar as licitações da Valec, bem como para obter lucros e benefícios indevidos.

53. Deixo de propor medida cautelar de indisponibilidade de bens para os demais responsáveis,

por não terem sido ouvidos em etapas anteriores do processo de auditoria realizada nas obras em

apreciação ou por não haver elementos que comprovem uma conduta dolosa.

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153

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

VI

54. Acerca dos procedimentos de operacionalização da decisão de indisponibilidade de bens,

deve ser aplicado o entendimento consubstanciado no Acórdão 2.428/2016-Plenário, quando foi

decidido que “não devem ser objeto de constrição os valores considerados necessários ao sustento do

responsável e suas famílias (art. 833, inciso IV, do CPC – v.g. vencimentos, subsídios, soldos,

salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, ganhos de trabalhador autônomo e

honorários de profissional liberal)”. Nesse sentido, menciono o seguinte precedente do STJ:

“17. Contudo, impende ressalvar que a penhora eletrônica dos valores depositados nas contas

bancárias não pode descurar-se da norma inserta no artigo 649, IV, do CPC (com a redação dada

pela Lei 11.382/2006), segundo a qual são absolutamente impenhoráveis "os vencimentos, subsídios,

soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as

quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os

ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal". (REsp 1184765/PA, Rel.

Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, DJe 03/12/2010)”.

55. Com relação à indisponibilidade de bens das pessoas jurídicas, mediante o Acórdão

2.995/2016-Plenário, quando ao se apreciar agravo de instrumento interposto pela Construtora Queiroz

Galvão S/A. em face da decretação da indisponibilidade de seus bens, decidiu-se “facultar à agravante

a possibilidade de indicar a esta Corte de Contas, independentemente da resposta de todos os órgãos

competentes, os ativos financeiros que, ao seu ver, não podem ser bloqueados, apresentando as

justificativas e documentos que entender necessários”.

56. Recentemente, tal procedimento foi amplamente debatido no bojo do TC 023.266/2015-5, no

qual o eminente Ministro-substituto Weder de Oliveira efetuou as seguintes considerações em seu voto

revisor:

“Quanto a este processo, as propostas que pretendia melhor examinar são as seguintes:

proposta de oitiva prévia dos responsáveis, em processos apartados, para que, no especial e

improrrogável prazo de 15 (quinze) dias, apresentem as suas manifestações sobre a possibilidade de,

a partir dos elementos contidos nestes autos, o Tribunal vir a decretar cautelarmente a

indisponibilidade dos bens considerados bastantes para garantir o ressarcimento dos prejuízos (item

9.1.1) ;

proposta de franquear aos responsáveis, no âmbito da respectiva resposta à aludida oitiva

prévia, a possibilidade de o responsável designar os ativos financeiros não suscetíveis à

correspondente indisponibilidade cautelar, com a devida justificativa para essa necessidade de

manutenção da disponibilidade (subitem 9.1.2.1) ;

(...)

É pertinente, portanto, realçar as análises e argumentos, a seguir transcritos, que consignei na

declaração de voto proferida naquele processo, no qual o Tribunal adotou deliberação (acórdão

632/2017-TCU-Plenário) que se configuraria como precedente integralmente aplicável aos temas que

pretendia discutir em voto revisor neste processo:

“3. Com relação à proposta de oitiva dos responsáveis, em processos apartados, previamente à

adoção da medida acautelatória de indisponibilidade de bens, observo que o procedimento

predominante e dominante nesta Corte é, até o momento, o de decretar a indisponibilidade de bens

sem a oitiva dos interessados ou realizando-se oitiva posterior, nos termos do art. 276, §3º, do

RI/TCU (acórdãos 2140/2011, 1927/2014, 64/2015, 984/2015, 1915/2015, 1525/2016, 2109/2016 e

2428/2016, todos do Plenário) .

4. Dentre essas deliberações, destaco o acórdão 1927/2014-TCU-Plenário, proferido no TC

005.406/2013-7, no qual esta Corte avaliou a ocorrência de irregularidades na aquisição da refinaria

Pasadena Refining System Inc. pela Petrobras.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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5. Naquela decisão, foi decretada cautelarmente, com suporte no comando contido no art. 44 da

Lei 8.443/92, c/c arts. 273 e 274 do RI/TCU, a indisponibilidade dos bens dos responsáveis,

ressaltando-se que a medida deveria alcançar tantos bens quantos bastantes para garantir o

ressarcimento dos prováveis prejuízos apontados nos autos.

6. Esse procedimento sofreu alterações que culminaram na prolação do acórdão 2428/2016-

TCU-Plenário, de relatoria do Ministro Benjamin Zymler, no qual o Tribunal decretou ‘a

indisponibilidade de bens dos responsáveis a seguir relacionados, devendo esta medida alcançar os

bens considerados necessários, para garantir o integral ressarcimento do débito em apuração

imputado a cada responsável, ressalvados os bens financeiros necessários ao sustento das pessoas

físicas e à continuidade das operações das pessoas jurídicas’.

7. Essa medida cautelar foi objeto do MS 34446 MC/DF, deferido parcialmente, no qual a

relatora, Ministra Rosa Weber, além de referendar o poder geral de cautela atribuído ao Tribunal de

Contas da União, ratificou integralmente os termos do acórdão 2428/2016-TCU-Plenário.

8. O ponto que fundamentou o deferimento parcial da segurança não diz respeito aos termos do

acórdão 2428/2016-TCU-Plenário, mas ao teor do despacho do relator do TC 016.832/2016-0,

eminente Ministro Benjamin Zymler, que, estaria em parcial desacordo com a deliberação colegiada,

por não constar da decisão monocrática a ressalva quanto aos ‘bens financeiros necessários ao

sustento das pessoas físicas e à continuidade das operações das pessoas jurídicas’.

9. Nesse mandado de segurança, ao tecer considerações acerca da desnecessidade de provas da

prática de atos de desbaratamento patrimonial, a relatora alertou para o risco de inviabilização do

ressarcimento ao erário, em virtude da demora na decretação da medida cautelar.

10. No presente processo, propõe-se realizar a oitiva dos responsáveis previamente à decisão

sobre a medida cautelar de indisponibilidade de bens. Oitiva tanto para que se manifestem sobre a

própria possibilidade ‘de o Tribunal vir a decretar cautelarmente a indisponibilidade dos bens

considerados necessários para garantir o integral ressarcimento do débito em apuração’, assim como

para que ‘indiquem os bens por eles considerados essencial à manutenção das atividades

operacionais da sociedade empresarial e, portanto, não suscetíveis ao alcance da medida cautelar,

acompanhados das devidas justificativas’, se assim desejarem.

11. Ao que parece, a sistemática foi proposta com a salutar intenção de melhor operacionalizar

o procedimento de efetivação da indisponibilidade, de modo a evitar o problema que levou ao

deferimento parcial do mandado de segurança acima referido.

12. No entanto, após discutir e examinar com mais vagar o novel procedimento, vislumbro que

tenderá a não produzir os benefícios pensados, dado que os responsáveis, presumidamente, resistirão

à intenção do Tribunal em decretar-lhes a indisponibilidade de bens, de modo que também não

ofertarão bens para esse fim, mormente quando a concordância com a possibilidade de esta Corte

adotar a mencionada medida cautelar significaria a aceitação, ainda que parcial, da imputação de

responsabilidade por dano ao erário que lhes é feita no presente processo de tomada de contas

especial.

13. Assim, ao revés, o novo procedimento, não obstante os melhores propósitos subjacentes à

sua proposição, poderá tornar mais complexo, mais lento e elevar, em maior ou menor grau,

conforme as especificidades do caso, o risco de perda de efetividade do poder geral de cautela

atribuído pelo legislador a esta Corte de Contas com o fim de assegurar o pleno exercício das

competências fixadas no art. 71 da Constituição Federal.

14. Em vista disso, entendo que deva ser mantida a linha já adotada no acórdão 2428/2016-

TCU-Plenário, da relatoria do Ministro Benjamin Zymler (que não mereceu reparo da Ministra Rosa

Weber quando do exame do mencionado mandado de segurança), com um necessário acréscimo

procedimental, visando enfrentar o ponto que motivou o deferimento parcial da segurança, e que está

aventado na minuta de acórdão do eminente relator.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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15. Em linhas gerais é esse o procedimento: decretar a indisponibilidade de bens, com as

ressalvas necessárias à continuidade das operações da empresa e ao sustento das pessoas físicas,

ofertando-se aos responsáveis, posteriormente, em despacho monocrático, antes da efetivação da

medida cautelar, oportunidade para que identifiquem os bens considerados imprescindíveis para

aquelas finalidades.

16. Assim, em futuros processos, o acórdão que vier a decretar a indisponibilidade de bens seria

lavrado nos seguintes termos (adaptação do texto da minuta de acórdão do presente processo) :

‘9.X. decretar cautelarmente, com fundamento art. 44, § 2º, da Lei 8.443/1992, c/c arts. 273 e

274 do RI/TCU, pelo prazo de um ano, a indisponibilidade de bens das empresas e demais pessoas

físicas deram causa aos superfaturamentos aqui identificados, devendo esta medida alcançar os bens

considerados necessários, para garantir o integral ressarcimento do débito em apuração imputado a

cada responsável, ressalvados os bens financeiros necessários ao sustento das pessoas físicas e à

continuidade das operações das pessoas jurídicas;

9.Y. informar aos responsáveis que o Ministro-Relator, antes da adoção das medidas

necessárias à efetivação da indisponibilidade de bens decretada neste acórdão, promover-lhes-á

oitiva prévia, para que indiquem os bens que se enquadrem na ressalva do item 9.X’ ”.

57. A proposta de deliberação do Ministro Weder se sagrou vencedora, porém, com um ajuste

sugerido pela Declaração de Voto do Ministro Walton Alencar Rodrigues, in verbis:

“Não vislumbro compatibilidade entre o mecanismo de urgência – medida acautelatória de

indisponibilidade de bens – e a oitiva prévia dos interessados. A meu ver, trata-se da mesma

incompatibilidade que haveria entre a realização de oitiva prévia e a decretação de prisão preventiva.

A medida cautelar prevista no artigo 274, do RITCU, visa a garantir o ressarcimento dos danos

em apuração, ante a possibilidade de ocultação dos bens dos responsáveis, prejudicando a efetividade

do processo de Tomada de Contas Especial.

Nesse sentido, a realização de oitiva prévia dos responsáveis, quanto à possibilidade de o

Tribunal adotar essa medida, vai de encontro aos seus próprios objetivos, podendo torná-la inócua.

Como bem destacado no voto revisor do Ministro-Substituto Weder de Oliveira, o Tribunal

decreta, cautelarmente, a indisponibilidade de bens e, adicionalmente, abre prazo aos responsáveis

para, querendo, se manifestarem sobre a medida, bem como para indicarem os bens por eles

considerados essenciais à manutenção das atividades operacionais da sociedade empresarial ou ao

sustento das pessoas físicas e, portanto, não suscetíveis ao alcance da medida cautelar”.

58. Em vista do exposto, tratando-se de matéria que vem sendo debatida amplamente pelo

Tribunal de Contas da União, em perfeita sintonia com esses precedentes recentes do Tribunal no

sentido de se buscar garantias para o ressarcimento do débito, proponho adotar redação análoga ao

disposto no Acórdão 1.083/2017-Plenário, que apreciou o caso mencionado acima.

VII

59. Não olvido que, no dia 17/7/2017, o grupo econômico formado pela UTC Participações S.A.,

UTC Engenharia S.A., Constran S.A. Construções e Comércio, UTC Investimentos, bem como outras

empresas vinculadas ao Grupo UTC, ingressaram com pedido de recuperação judicial na 2ª Vara de

Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo.

60. Segundo minha assessoria averiguou, o pedido de processamento da recuperação judicial

ainda não foi deferido. Em despacho datado de 21/7/2017, o juiz titular do feito determinou a

realização de perícia para apurar se a crise de todas as sociedades é comum, se o endividamento afeta

todas as empresas ou apenas parte delas, e de que maneira a inadimplência de qualquer empresa teria

repercussão patrimonial na outra, de modo a justificar o litisconsórcio.

61. Tal questão é relevante, pois, em decisão recente, adotada no âmbito do MS 34.793, o Exmo.

Ministro Luiz Edson Fachin entendeu que o TCU não poderia bloquear o patrimônio de empresa

beneficiada pela recuperação judicial e suspendeu indisponibilidade de bens imposta à empresa

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Alumini Engenharia. Em liminar do dia 29/6/2017, o Ministro Fachin determinou que, se quisesse

efetivar o bloqueio, o TCU deveria oficiar à Advocacia-Geral da União para que pedisse isso à 2ª Vara

de Recuperações e Falências de São Paulo, o qual por coincidência vem a ser o mesmo juízo de

recuperação judicial do Grupo UTC, controlador da Constran.

62. Assim, considerando que o pedido de processamento da recuperação judicial ainda não foi

deferido, julgo que a medida de declaração de indisponibilidade de bens pode ser aplicada de imediato

por esta Corte de Contas. Porém, seguindo o procedimento aventado pelo STF no MS 34.793, cabe

desde logo requisitar à Advocacia-Geral da União que, no caso de haver deferimento do pedido de

processamento da recuperação judicial que se encontra em apreciação no âmbito do processo nº

1069420-76.2017.8.26.0100, formule pedido perante a 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais

do Foro Central Cível da Comarca de São Paulo com vistas à salvaguardar as medidas de constrição

patrimonial contra a empresa Constran S.A. - Construções e Comércio.

63. Outrossim, entendo pertinente enviar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e do

voto que a fundamentam, ao MM. Juiz de Direito da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do

Foro Central Cível da Comarca de São Paulo.

Ante o exposto, voto por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à apreciação deste

Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1601/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 014.361/2015-9.

2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Responsável: Constran S.A. - Construções e Comércio (61.156.568/0001-90); José

Francisco das Neves (062.833.301-34); Luiz Sérgio Nogueira (566.485.378-68); Ulisses Assad

(008.266.408-00), José Américo Cajado de Azevedo (548.198.066-53); Francisco Elísio Lacerda

(036.082.658-05); Luiz Carlos Oliveira Machado (222.706.987-20); Maria Estela Filardi

(348.592.927-15); Jorge Alberto Aun (374.154.178-87); José Roberto Bertoli (612.472.518-53).

4. Órgão/Entidade: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em Infraestrutura

(SeinfraOpe).

8. Representação legal:

8.1. Edgard Hermelino Leite Júnior (OAB/SP nº 92.114), Mario Henrique de Barros Dorna

(315746/OAB-SP), Maria Carolina Viana Machado Pinheiro (OAB/SP 235.057) e outros,

representando Constran S.A. - Construções e Comércio.

8.2. Silvia Regina Schmitt (58372/OAB-RS) e outros, representando Valec Engenharia,

Construções e Ferrovias S.A.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada por força do

Acórdão 1.498/2015-Plenário, em razão do superfaturamento identificado no Contrato 58/2009,

referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km

situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO),

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. decretar cautelarmente, com fundamento no art. 44, § 2º, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 273

e 274 do Regimento Interno deste Tribunal, pelo prazo de um ano, a indisponibilidade de bens dos

responsáveis a seguir relacionados, devendo esta medida alcançar os bens considerados necessários,

para garantir o integral ressarcimento do débito em apuração imputado a cada responsável, no valor

atualizado de R$ 70.481.690,31 (até 22/5/2017), ressalvados os bens financeiros necessários ao

sustento das pessoas físicas e à manutenção das atividades operacionais da pessoa jurídica:

Responsável CNPJ/CPF

José Francisco das Neves 062.833.301-34

Luiz Sérgio Nogueira 566.485.378-68

Ulisses Assad 008.266.408-00

Constran S.A. - Construções e Comércio 61.156.568/0001-90

9.2. considerar como termo inicial para contagem do prazo fixado no subitem anterior desta

deliberação a data de averbação da medida cautelar nos respectivos órgãos de registro dos bens;

9.3. nos termos do art. 276, § 3º, do Regimento Interno deste Tribunal, conceder prazo de até

quinze dias, sem efeito suspensivo, aos responsáveis arrolados acima para que se pronunciem, caso

queiram, a respeito da adoção da medida cautelar referida no item 9.1, retro;

9.4. determinar à SeinfraOpe que informe aos responsáveis relacionados nos subitens 9.1. que,

no âmbito da respectiva resposta à aludida oitiva, fica desde já franqueada a possibilidade de serem

indicados os bens por eles considerados essenciais ao sustento das pessoas físicas e à manutenção das

atividades operacionais da sociedade empresarial e portanto não suscetíveis ao alcance da medida

cautelar, acompanhados das devidas justificativas;

9.5. determinar à Secretaria Extraordinária de Operações Especiais que constitua um processo

apartado de “indisponibilidade de bens” específico para cada responsável;

9.6. requisitar à Advocacia-Geral da União que, no caso de haver deferimento do pedido de

processamento da recuperação judicial que se encontra em apreciação no âmbito do processo nº

1069420-76.2017.8.26.0100, formule pedido perante a 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais

do Foro Central Cível da Comarca de São Paulo com vistas a salvaguardar as medidas de constrição

patrimonial contra a empresa Constran S.A. - Construções e Comércio;

9.7. dar ciência deste acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentam, ao MM.

Juiz de Direito da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central Cível da Comarca de

São Paulo; à Procuradoria da República em Goiás; ao Juiz Federal Titular da 11ª Vara Federal de

Goiás e ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle;

9.8. com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso II, do

Regimento Interno/TCU, determinar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que apresente

ao TCU, em 15 (quinze) dias, informações atualizadas sobre: (i) o montante retido no Contrato

58/2009 em valores históricos e atualizados; (ii) o andamento das ações judiciais contra decisão do

Tribunal proferida pelo Acórdão 593/2009-TCU-Plenário; e (iii) a forma pela qual a Valec apropriou

na sua contabilidade a retenção de pagamentos determinada pelo TCU;

9.9. em razão de indícios de superfaturamento apurado no bojo do Contrato 58/2009 e com

fundamento nos arts. 10, § 1º, 12, incisos I e II, e 16, §2º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e

II, e 209, §§ 5º e 6º, do Regimento Interno/TCU, determinar a citação solidária dos Srs. José Francisco

das Neves, Luiz Sérgio Nogueira, Ulisses Assad, José Américo Cajado de Azevedo, Francisco Elísio

Lacerda, Luiz Carlos Oliveira Machado, Maria Estela Filardi, Jorge Alberto Aun, José Roberto Bertoli

e da empresa Constran S.A. - Construções e Comércio (61.156.568/0001-90), para que, no prazo de até

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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15 (trinta) dias, apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres da da Valec Engenharia

Construções e Ferrovias S.A. as quantias abaixo indicadas, com a incidência dos devidos encargos

legais, a partir das respectivas datas até o efetivo recolhimento, abatendo-se, na oportunidade, as

quantias eventualmente já ressarcidas, na forma da legislação em vigor:

Data da

Ocorrência Débito (R$)

04/02/10 395.008,42

02/03/10 166.750,80

29/03/10 479.843,17

26/04/10 851.636,34

27/05/10 2.690.260,66

25/06/10 2.919.335,26

26/07/10 6.709.918,15

26/08/10 4.485.133,40

25/09/10 5.441.872,88

26/10/10 3.857.493,73

26/11/10 1.924.618,05

14/12/10 887.264,65

25/01/11 1.070.574,15

28/02/11 1.480.522,99

25/03/11 751.435,78

27/07/11 1.873.720,39

26/08/11 1.397.639,67

26/09/11 4.659,28

28/11/11 21.612,48

28/11/11 242.198,07

06/12/11 17.954,58

26/12/11 17.614,08

23/10/12 330.549,27

9.10. encaminhar aos responsáveis arrolados nos autos cópia desta deliberação, acompanhada do

relatório e do voto que a fundamentam, juntamente com as cópias das demais peças que,

individualmente, interessem a cada um deles, incluindo as planilhas eletrônicas constantes da peça 30

em formato editável.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1601-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

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159

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

GRUPO I – CLASSE I – Plenário

TC 000.283/2015-0

Natureza: Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial).

Entidade: Caixa Econômica Federal.

Responsáveis: José Manoel da Rosa (983.631.828-34) e Silvana Weles de Oliveira

(030.961.718-90).

Representação legal: Adam Luiz Alves Barra (19.786/OAB-DF) e outros, representando Caixa

Econômica Federal; Rubens Barra Rodrigues de Lima (80.341/OAB-SP) e Michela de Souza Lima

Batista (280.341/OAB-SP), representando José Manoel da Rosa.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. IRREGULARIDADES NA

ESCRITURAÇÃO DE CONTAS REFERENTES A TRANSFERÊNCIAS A LOTÉRICA PARA

PAGAMENTO DE BENEFÍCIOS, COM A ESCRITURAÇÃO DE ADIANTAMENTOS FICTÍCIOS.

VALORES APROPRIADOS POR SERVIDORA DA ENTIDADE. PARTICIPAÇÃO DE

TERCEIRO CONIVENTE COM A IRREGULARIDADE. DEMORA NA INSTAURAÇÃO DE

TCE. DÉBITO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. DETERMINAÇÕES. ALERTA.

RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA REFORMA DO

JULGADO. CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de recurso de reconsideração interposto por José Manoel da Rosa (peça 41)

contra o Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário.

2. A tomada de contas especial que deu origem a estes autos foi instaurada pela Caixa

Econômica Federal (CEF) em desfavor de Silvana Weles de Oliveira, ex-Supervisora de Retaguarda da

Agência da CEF de Capão Bonito (SP), e José Manoel da Rosa, sócio da Lotérica API, em razão de

irregularidades em operações contábeis fictícias nas subcontas “Adiantamento para Pagamento de

Benefícios” e “Adiantamento para Unidades Lotéricas e Correspondentes Bancários – Benefícios

Sociais”, no montante original de R$ 100.000,00, descontados R$ 239,54 e R$ 780,25, já restituídos.

3. A deliberação recorrida, relatada pelo Ministro Raimundo Carreiro, possui o seguinte teor:

“9.1. julgar irregulares as contas da Sra. Silvana Weles de Oliveira e do Sr. José Manoel da

Rosa, com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei n.º 8.443, de 16 de julho de

1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, condenando-os, em solidariedade, ao pagamento

dos valores discriminados, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para

comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento desses valores aos cofres da Caixa Econômica

Federal, atualizados monetariamente e acrescidos dos juros de mora calculados a partir das datas

indicadas até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor;

Valor (R$) Data

Débito Crédito

100.000,00 13/6/2005

239,54 20/2/2006

780,25 20/4/2006

9.2. autorizar, desde já, se requerido, o pagamento da dívida mencionada no itens 9.1 em até 36

(tinta e seis) parcelas mensais consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei n.º 8.443, de 16 de junho de

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1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar do

recebimento das notificações, para comprovarem perante o Tribunal o recolhimento da primeira

parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior, para comprovarem os recolhimentos das demais

parcelas, atualizadas monetariamente, devendo incidir sobre cada valor mensal da dívida mencionada

no item 9.1 os juros de mora devidos, na forma prevista na legislação em vigor;

9.3. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela

importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do Regimento

Interno deste Tribunal;

9.4. autorizar, desde logo, caso não sejam atendidas as notificações, nos termos do art. 28, inciso

II, da Lei nº 8.443/1992, a cobrança judicial dos valores acima, na forma da legislação em vigor;

9.5. determinar que a Secretaria-Geral de Controle Externo:

9.5.1. identifique e ouça em audiência os responsáveis pela morosidade na instauração do devido

processo de tomada de contas especial para a apuração do desfalque apurado;

9.5.2. avalie a necessidade de realizar fiscalização junto aos órgãos centrais do Governo Federal

acerca do cumprimento das normas em vigor referentes a prazos para a instauração e encaminhamento

de tomadas de contas especiais ao Controle Interno;

9.5.3. solicite dos órgãos centrais do Governo Federal que informem, no prazo de 90 (noventa)

dias a contar da notificação, as características dos estoques, presentes nos órgãos e entidades federais,

de prestações de contas não analisadas, de tomadas de contas especiais não finalizadas ou não

instauradas após notícia oficial de ilícito contra o erário federal;

9.6. remeter cópia do presente Acórdão, e do Relatório e Voto que o fundamentam à Caixa

Econômica Federal, à Casa Civil, ao Ministério do Planejamento e Orçamento, ao Ministério da

Fazenda, para ciência, e à Procuradoria da República em São Paulo, para adoção das providências que

julgar pertinentes, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443/92;”

4. Admitido o processamento do recurso, porquanto preenchidos os requisitos previstos no art.

33 da Lei 8.443/1992, conferi efeito suspensivo aos itens 9.1 e 9.4 do acórdão questionado em relação

ao recorrente (peça 48).

5. Instruído o presente feito, faço reproduzir, no essencial e com os ajustes que julgo pertinentes,

o exame técnico e o encaminhamento oferecidos pela Secretaria de Recursos deste Tribunal (peça 59),

que contou com a integral anuência do corpo diretivo da unidade (peças 60 e 61) e do Ministério

Público junto ao TCU (peça 62):

“(...)

HISTÓRICO

2. Trata-se, originariamente, de tomada de contas especial – TCE, instaurada pela Caixa

Econômica Federal, que versa sobre as movimentações irregulares realizadas nas subcontas

‘Adiantamento para Pagamento de Benefícios Sociais’ e ‘Adiantamento para Unidades Lotéricas e

Correspondentes Bancários – Benefícios Sociais’ pela ex-funcionária Silvana Weles de Oliveira, na

Agência da Caixa no município de Capão Bonito/SP.

2.1. José Manoel da Rosa, sócio da Lotérica API, foi citado juntamente com a funcionária da

Caixa, por conta da seguinte conduta (peça 10 p. 1):

‘O débito é decorrente de Vossa Senhoria ter tido participação decisiva e contribuído de forma

eficaz para a consecução da fraude praticada pela empregada Silvana Weles de Oliveira, ao permitir a

utilização indevida das contas 043 e 003 tituladas pela API Lotérica, sendo conivente com o

favorecimento da empregada Silvana (item 6.1.1 do Relatório Conclusivo da Comissão para Apuração

de Responsabilidade Disciplinar e Civil - peça 1, p. 37). Além disso, é indiferente a demonstração de

obtenção de vantagem financeira pelo terceiro participante para fins de responsabilização solidária no

âmbito desta tomada de contas especial, a teor do disposto no § 2º do art. 16 da Lei 8.443/1992.’

2.2. Após citação dos responsáveis e análise das alegações de defesa apresentadas, o Tribunal,

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por meio do Acórdão 2.592/2016 – Plenário (peça 26), julgou-lhes irregulares as contas e lhes imputou

débito, além de proferir determinações à Secretaria-Geral de Controle Externo, na forma transcrita na

introdução acima.

2.3. Insatisfeito, José Manoel da Rosa interpôs o presente recurso de reconsideração (peças 39 e

41), requerendo o recebimento e provimento do pedido, de modo a eximir-lhe de responsabilidade,

afastando-se a sanção a ele imputada (peça 39, p. 10).

ADMISSIBILIDADE

3. Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (peças 45-46), ratificado pelo Exmo. Sr.

Ministro-Relator, na peça 48, que concluiu pelo conhecimento do recurso, suspendendo-se os efeitos

dos subitens 9.1 e 9.4 do Acórdão 2.592/2016 - Plenário, eis que preenchidos os requisitos processuais

aplicáveis à espécie.

MÉRITO

4. Delimitação

4.1. Constituem objetos do recurso as seguintes questões:

a) Se ocorreu a prescrição da pretensão punitiva estatal, de modo a afastar o julgamento pela

irregularidade das contas do recorrente e o débito a ele imputado (peça 39, p. 4-10);

b) Se José Manoel da Rosa pode ser responsabilizado pelas irregularidades descritas nos autos

(peça 39, p. 8-10);

5. Prescrição da pretensão punitiva estatal, julgamento pela irregularidade das contas do

recorrente e débito (peça 39, p. 4-10)

5.1. O recorrente afirma ter ocorrido a prescrição da pretensão punitiva estatal, não sendo mais

possível aplicar-lhe qualquer penalidade administrativa ou imputar-lhe débito, tendo em vista os

seguintes argumentos:

a) De acordo com a jurisprudência do TCU, resumida no Acórdão 3.298/2011 – Plenário, a

pretensão punitiva desta Corte se subordina ao prazo geral de prescrição indicado no artigo 205 do

Código Civil, contada a partir da data da ocorrência da irregularidade, havendo hipóteses de

interrupção e suspensão do prazo prescricional. Aplica-se esse prazo, no Tribunal, em cada processo

em que haja intenção de aplicação de sanções previstas na Lei 8.443/1992 (peça 39, p. 4-6 e 9-10);

b) No presente caso, ocorreu a prescrição, pois, do fato inicial, delineado no item 9.1 do acórdão

recorrido, com data do débito de R$ 100.000,00 em 13/6/2005, considerando-se o prazo decenal,

atinge-se o termo prescricional em 12/6/2015. Quando o recorrente foi citado, já estava prescrito o

direito de a Fazenda Pública da União, que representa a Caixa, puni-lo no âmbito administrativo (peça

39, p. 6);

c) Mesmo que o Tribunal não tenha acolhido os argumentos de defesa, há precedente semelhante

desta Corte, atribuindo-se 10 anos ao prazo prescricional, o que claramente ocorreu na espécie, pois,

quando da citação do recorrente, o período estabelecido no artigo 205 do Código Civil já havia

ocorrido, impondo-se a revisão do julgado (peça 39, p. 6);

d) A Constituição Federal não foi observada, pois o TCU tem prerrogativas estabelecidas no

inciso VIII do artigo 71 da Carta, tendo atuado no exercício de função controladora, fator não

apreciado na deliberação recorrida (peça 39, p. 7);

e) A Constituição Federal adotou a prescritibilidade como regra, conforme o capítulo dos Direito

e Deveres Individuais e Coletivos, havendo apenas exceções expressas, como a prática do crime de

racismo;

f) O direito de punir José Manoel surgiu em 13/6/2005, prescrevendo em 12/6/2015. O processo

administrativo deveria ter trâmite normal com acompanhamento efetivo dos interessados,

contemplando-se o contraditório e a ampla defesa, o que não ocorreu no presente caso, o que reforça a

tese da decadência e prescrição (peça 39, p. 7);

g) As sanções administrativas, assim como as demais sanções jurídicas, estão sujeitas à

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prescrição, não sendo possível se perpetuar a pretensão punitiva estatal, em qualquer dos entes

públicos da Administração Direta ou Indireta, sob pena de se prolongar infinitamente situações

litigiosas, em detrimento da estabilidade da ordem jurídica (peça 39, p. 7-8);

h) A decisão do TCU não atentou para o prazo prescricional, pois refutou cinco anos, como

apresentado anteriormente, havendo julgado da Corte em sentido contrário. Isso constitui erro material,

podendo haver revisão a qualquer tempo (peça 39, p. 8);

Análise

5.2. Os argumentos do recorrente não merecem prosperar. Primeiramente, o Tribunal

corretamente reconheceu a incidência da prescrição no que tange às sanções às partes. A pretensão

punitiva do Tribunal de Contas da União se subordina ao prazo geral de prescrição indicado no art. 205

do Código Civil.

5.3. A divergência jurisprudencial existente no Tribunal no tocante à prescrição da pretensão

punitiva foi recentemente uniformizada por meio do Acordão 1.441/2016 – Plenário, de 8/6/2016,

julgado decorrente de inúmeros posicionamentos anteriores na Corte, um deles citado peça recursal, no

sentido de se adotar o regime prescricional previsto no Código Civil, nos seguintes termos:

‘ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Redator, em:

9.1. deixar assente que:

9.1.1. a pretensão punitiva do Tribunal de Contas da União subordina-se ao prazo geral de

prescrição indicado no art. 205 do Código Civil;

9.1.2. a prescrição a que se refere o subitem anterior é contada a partir da data de ocorrência da

irregularidade sancionada, nos termos do art. 189 do Código Civil;

9.1.3. o ato que ordenar a citação, a audiência ou oitiva da parte interrompe a prescrição de que

trata o subitem 9.1.1, nos termos do art. 202, inciso I, do Código Civil;

9.1.4. a prescrição interrompida recomeça a correr da data em que for ordenada a citação, a

audiência ou oitiva da parte, nos termos do art. 202, parágrafo único, parte inicial, do Código Civil;

9.1.5. haverá a suspensão da prescrição toda vez que o responsável apresentar elementos

adicionais de defesa, ou mesmo quando forem necessárias diligências causadas por conta de algum

fato novo trazido pelos jurisdicionados, não suficientemente documentado nas manifestações

processuais, sendo que a paralisação da contagem do prazo ocorrerá no período compreendido entre a

juntada dos elementos adicionais de defesa ou da peça contendo o fato novo e a análise dos referidos

elementos ou da resposta da diligência, nos termos do art. 160, §2º, do Regimento Interno;

9.1.6. a ocorrência desta espécie de prescrição será aferida, independentemente de alegação da

parte, em cada processo no qual haja intenção de aplicação das sanções previstas na Lei 8.443/1992;

9.1.7. o entendimento consubstanciado nos subitens anteriores será aplicado, de imediato, aos

processos novos (autuados a partir desta data) bem como àqueles pendentes de decisão de mérito ou de

apreciação de recurso por este Tribunal; (...)’

5.4. No caso concreto, a irregularidade ensejadora da multa (último lançamento fictício) ocorreu

em 13/6/2005 (peça 1, p. 89). A pretensão punitiva estaria prescrita em 13/6/2015, observando-se o

prazo de dez anos previsto no art. 205 do Código Civil. Assim, como o ato que ordenou a citação nesta

Corte ocorreu após essa data, não mais seria possível aplicar sanções aos responsáveis, como discorreu

corretamente o Relator a quo no voto condutor da deliberação recorrida (peça 27, p. 2):

‘13. No entanto, assiste razão ao Sr. José Manoel da Rosa quanto à prescrição da pretensão

punitiva por este Tribunal, em que pese esta não alcance a possibilidade da cobrança do débito. Não

pelos motivos elencados pelo responsável, mas pelo entendimento firmado no Acórdão n.º 1.441/2016-

Plenário, não é mais possível aplicar qualquer sanção aos responsáveis, uma vez que se passaram mais

de dez anos entre a ocorrência do último lançamento fictício, em 13/6/2005, e o ato que ordenou a

citação. Contribuiu decisivamente para isso o longo período em que os gestores da Caixa

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permaneceram omissos quanto à instauração do processo de prestação de contas – quase dez anos entre

a conclusão da apuração das irregularidades, em 13/7/2005 e a emissão do relatório da TCE, em

30/1/2014.’

5.5. Todavia, é pacífico nesta Corte entendimento no sentido de que o reconhecimento da

prescrição da pretensão punitiva não implica o afastamento do débito, porquanto as ações de

ressarcimento movidas pelo Estado contra os agentes causadores de danos ao erário são

imprescritíveis, nos termos do art. 37, § 5º, da Constituição Federal; e do enunciado número 282 da

Súmula do TCU (Acórdão 76/2017 – Plenário).

5.6. Assim, confunde-se o recorrente a pretensão de esta Corte lhe aplicar sanções previstas na

Lei 8.443/1992, como multa e suspensão para o exercício de cargos ou funções públicas, com o

ressarcimento dos danos aos cofres da Caixa Econômica Federal, imprescritível.

6. Responsabilidade de José Manoel da Rosa e irregularidades descritas nos autos (peça 39,

p. 8-10)

6.1. O recorrente afirma não ter responsabilidade sobre as irregularidades descritas nos autos,

tendo em vista os seguintes argumentos:

a) O Tribunal de Contas da União está incumbido de aplicar sanções administrativas, por força

da autorização concedida no artigo 71 da Constituição Federal. No inciso II do referido dispositivo,

consta competência da Corte para julgar as contas dos responsáveis que derem causa a perda, extravio

ou outra irregularidade de que resulte dano ao erário (peça 39, p. 8-9);

b) José Manoel da Rosa não causou nenhum prejuízo ao erário, não tendo responsabilidade sobre

os atos da ex-supervisora Silvana Weles de Oliveira. A própria agente afirma, em escritura pública de

declaração juntada aos autos, que se responsabiliza integralmente pelo pagamento de qualquer

importância cobrada nos presentes autos. Ela declara, ainda, que o recorrente não teve nenhuma

responsabilidade no caso ou obteve proveito dos fatos (peça 39, p. 9);

c) O Tribunal não levou em consideração que José Manoel da Rosa agiu com culpa, por ter sido

induzido a erro por Silvana Weles de Oliveira, que praticou deliberadamente os desfalques nos cofres

da Caixa Econômica Federal, devendo responder pelos fatos irregulares (peça 39, p. 9-10).

Análise

6.2. Não assiste razão ao responsável. A participação do recorrente nas irregularidades descritas

nos autos foi primordial para o dano ao erário, o qual sequer teria existido sem a atuação da parte,

como descreve adequadamente o relatório da deliberação recorrida:

a) Em 17/6/2005, a gerência de serviços da RERET Sorocabana encaminhou expediente à

RETPV Capão Bonito, solicitando regularização de pendência na subconta 188051201 –

Adiantamento para Pagamento – Benefícios, extraído do SICTB, onde apresentava um lançamento

para a Lotérica API, efetuado em 13/6/2005, no valor de R$ 100.000,00;

b) Em 21/6/2005, a funcionária Silvana informou ao tesoureiro da RETPV Capão Bonito que

estava utilizando a subconta de adiantamento para pagamento – benefícios há mais de 2 anos,

apropriando-se de parte dos valores adiantados. O tesoureiro, por sua vez, comunicou o fato à Gerência

da RERET Sorocabana;

c) A fraude era realizada da seguinte forma: a Sra. Silvana Weles de Oliveira solicitava

mensalmente ao empresário lotérico, Sr. José Manoel da Rosa a quantia de R$ 3.000,00, cujo valor era

depositado na conta corrente de nº 1213.001.51510-0, da qual era titular. Essa rotina de entrega de

valores vinha ocorrendo há mais de dois anos;

d) A todo adiantamento regular ao empresário lotérico, era gerado um novo lançamento contábil

na rubrica de adiantamento, no valor da dívida pessoal da funcionária, não gerando diferenças para

unidade lotérica, nem para a agência Capão Bonito, uma vez que o controle era executado de forma a

não extrapolar os períodos estabelecidos para as prestações de contas;

e) A partir de 30/5/2005, em função da alteração da rotina de adiantamento para as unidades

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lotéricas, a funcionária Silvana não conseguiu mais realizar esse tipo de operação, ou seja, a

contabilização de adiantamentos fictícios.

f) Apurou-se que o empresário lotérico, Sr. José Manoel da Rosa (CPF 983.831.828-34) permitiu

a utilização indevida das contas 043 e 003 tituladas pela API Lotérica, sendo conivente com os atos

praticados pela Sra. Silvana Weles de Oliveira.

6.3. Note-se que os recursos encaminhados à Lotérica API tinham a finalidade de pagamento de

benefícios sociais. O pagamento mensal realizado por José Manoel à Silvana claramente não tinha

relação com os objetivos dos valores por ele geridos. Mesmo supostamente não tendo o recorrente se

beneficiado financeiramente do esquema criminoso, a atuação dele foi essencial para o desvio. A

declaração da ré não afasta essa realidade.

6.4. Essa afirmação é de tal sorte verdadeira que José Manoel da Rosa restou condenado

criminalmente pelos mesmos fatos na Justiça Federal da Terceira Região, confirmada pelo Tribunal

Regional Federal da Terceira Região, como se pode consultar na Apelação Criminal n. 0003014-

63.2006.4.03.6110/SP.

6.5. Em julgado proferido nesses autos e publicado no Diário Eletrônico da Justiça Federal da

Terceira Região de 27/7/2016, o Desembargador Relator se utiliza da deliberação do Juiz de primeira

instância para atestar a autoria de José Manoel da Rosa, nos seguintes termos (Disponível em

<http://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoGedpro/5368144> Acesso em 23 mar

2017):

‘Fato certo: sem a participação do denunciado JOSÉ, no caso em apreço, os crimes não teriam

acontecido. Sua conduta, assim, foi decisiva para a consumação dos delitos.

(...)

Tudo aconteceu porque JOSÉ acatou os pedidos de SILVANA para que retirasse dinheiro da

conta da lotérica e o entregasse à mãe de SILVANA, Zélia.

(...)

Uma vez que a fonte das assertivas das testemunhas foi a denunciada SILVANA, o valor das

suas declarações, no que diz respeito a esse assunto, será o mesmo que aquele dado às da denunciada

SILVANA.

Tenho por correto que a estória apresentada pela denunciada SILVANA, que inspirou as

declarações das testemunhas acima citadas, afastando de JOSÉ a responsabilidade pelos crimes aqui

tratados, não é crível. Não ‘cola’.

Trata-se de versão que não se coaduna com as circunstâncias dos fatos. Tudo indica que a

denunciada SILVANA, com as suas declarações, assumindo a completude da culpa, tentou afastar o

denunciado JOSÉ, porque se trata de conhecido da sua família há algum tempo (para não o prejudicar

e tampouco manchar a imagem do seu negócio, da sua lotérica) e, de todo modo, JOSÉ, procedendo

aos saques, como solicitados pela denunciada SILVANA, não deixou de lhe prestar um favor.

Arrolo as seguintes razões que me levam a concluir pela corresponsabilidade do denunciado

JOSÉ para o cometimento dos crimes aqui debatidos:

Não há como negar que JOSÉ, empresário, dono da lotérica API há alguns anos (e responsável

por toda a contabilidade da empresa - fl. 125), isto é, pessoa com comprovada experiência no ramo e

no trato com a CEF, não tivesse consciência da irregularidade dos saques realizados.

Em primeiro lugar, sabia que o dinheiro transferido da CEF para a sua lotérica tinha por única

finalidade o pagamento dos benefícios sociais. Isto é, não poderia ter sido usado com outro propósito;

não poderia ter sido sacado e entregue para a mãe da denunciada SILVANA, a fim de suprir interesse

exclusivo desta.

(...)

Mesmo que os recursos pudessem ser utilizados em benefício da denunciada SILVANA, não se

mostra verossímil a possibilidade da realização das transações (=saques) divorciadas de quaisquer

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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tipos de comprovantes.

(...)

Só se admite tal hipótese (=inexistência de comprovante referente ao saque) na comprovada

ocorrência de um conluio entre os interessados (SILVANA e JOSÉ) com o evidente propósito de

causar prejuízo à CEF, manifesta a intenção de não deixar qualquer tipo de rastro (prova) quanto à

transação efetuada, mormente considerando que, como aconteceu, o prejuízo contábil seria ‘zerado’ no

próximo adiantamento realizado à lotérica.

No mais, como bem asseverou a testemunha Carlos, auditor da CEF (fl. 441), JOSÉ já tinha

conhecimento do valor a maior transferido para a lotérica (mais que o necessário para o pagamento dos

benefícios) e isto demonstra que SILVANA e JOSÉ, previamente, cuidavam de tramar toda a operação

irregular.

(...)

Por último, a amizade entre SILVANA e JOSÉ confirma que os dois atuavam em unidade de

desígnios, com o manifesto propósito de lesar a CEF.

(...)

A confiança e amizade, nesse contexto, não servem para afastar a responsabilidade de JOSÉ

pelos fatos tratados na denúncia, como dogmatizaram as defesas de JOSÉ e SILVANA; atestam, ao

contrário um forte elo entre os denunciados, extremamente propício à união de esforços destinados à

consumação dos delitos, como efetivamente aconteceu.

Por tais motivos, estou convencido da efetiva colaboração do denunciado JOSÉ para o desiderato

criminoso. Ciente da conduta ilícita pretendida pela denunciada SILVANA, auxiliou-a, utilmente, de

maneira intencional (=dolo direto; afasta-se, assim, a conduta culposa) e onisciente do prejuízo

causado à CEF.’

6.6. Diante disso, o réu restou condenado, com pena mantida pelo Tribunal Regional Federal da

Terceira Região, a três anos de reclusão e 15 dias-multa, pelo crime de peculato, tipificado no artigo

312 do Código Penal, na forma continuada. A sentença transitou em julgado em 17/2/2017 (Disponível

em

<http://web.trf3.jus.br/consultas/Internet/ConsultaProcessual/Processo?NumeroProcesso=0003014632

0064036110> Acesso em 23 mar 2017).

6.7. Do mesmo modo, nesta Corte, diante das provas coligidas aos autos, não há como afastar a

responsabilidade do ora recorrente. Aquele que de qualquer modo haja concorrido para o dano

apurado, ainda que de forma culposa, responde solidariamente pelo débito.

CONCLUSÃO

7. Das análises anteriores, conclui-se que:

a) A pretensão punitiva do Tribunal de Contas da União se subordina ao prazo geral de

prescrição indicado no art. 205 do Código Civil;

b) O reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva não implica o afastamento do débito,

porquanto as ações de ressarcimento movidas pelo Estado contra os agentes causadores de danos ao

erário são imprescritíveis, nos termos do art. 37, § 5º, da Constituição Federal; e do enunciado número

282 da Súmula do TCU; e

c) Aquele que de qualquer modo haja concorrido para o dano apurado, ainda que de forma

culposa, responde solidariamente pelo débito.

7.1. Assim, o recorrente não logrou êxito em afastar as irregularidades que lhe são imputadas,

impondo-se a manutenção do julgado recorrido em seus exatos termos.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

8. Diante do exposto, com fundamento nos artigos 32, inciso I; e 33, da Lei 8.443/1992,

submetem-se os autos à consideração superior, com posterior encaminhamento ao Ministério Público

junto ao Tribunal de Contas da União e ao Gabinete do Relator, propondo:

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a) conhecer do recurso interposto e, no mérito, negar-lhe provimento;

b) comunicar a deliberação que vier a ser proferida por esta Corte ao recorrente, à Caixa

Econômica Federal, à Casa Civil, ao Ministério do Planejamento e Orçamento, ao Ministério da

Fazenda e à Procuradoria da República em São Paulo.”

É o Relatório.

VOTO

Em julgamento recurso de reconsideração interposto por José Manoel da Rosa em face do

Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário, por meio do qual o Tribunal julgou irregulares suas contas em

razão de operações contábeis fictícias nas subcontas “Adiantamento para Pagamento de Benefícios” e

“Adiantamento para Unidades Lotéricas e Correspondentes Bancários – Benefícios Sociais”, no

montante original de R$ 100.000,00, descontados R$ 239,54 e R$ 780,25 já restituídos.

2. Nesta oportunidade, o recorrente alega, em síntese, a prescrição da pretensão punitiva estatal,

não sendo mais possível aplicar-lhe qualquer penalidade administrativa ou imputar-lhe débito, bem

como não ter responsabilidade sobre as irregularidades tratadas. Quanto ao segundo ponto, alega não

ter tido ingerência sobre a conduta da ex-supervisora Silvana Weles de Oliveira, cujos atos o teriam

induzido a erro, o que afastaria sua culpa e justificaria a responsabilidade integral da aludida

supervisora pelas condenações impostas no acordão recorrido.

3. Após examinar as razões recursais, a Secretaria de Recursos (Serur) concluiu que não foram

trazidos elementos suficientes para alterar a deliberação recorrida, razão pela qual, com a concordância

do Ministério Público junto ao TCU, propõe o conhecimento e o não provimento do apelo recursal.

4. Preliminarmente, ratifico o despacho exarado no sentido de que o presente recurso merece ser

conhecido, porquanto preenche os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 32, inciso I, e 33, da

Lei 8.443/1992.

5. Quanto ao mérito, acompanho a análise empreendida pela secretaria especializada, transcrita

no relatório precedente, a qual enfrentou e afastou com propriedade cada um dos argumentos

apresentados pelo recorrente, adotando-a como razões de decidir, sem prejuízo das seguintes

considerações.

6. Quanto à alegação da prescrição, é pertinente observar que o acórdão combatido já havia

reconhecido sua ocorrência no caso concreto, o que afastou a aplicação de multa aos responsáveis e

cingiu o acordão à condenação em débito (parágrafo 13 do Voto condutor do Acórdão 2.592/2016-

TCU-Plenário). Porém, como sabido, é pacífico nesta Corte e no Pretório Excelso que as ações de

ressarcimento ao erário são imprescritíveis, nos termos do art. 37, § 5º, da Constituição Federal, e da

Súmula 282 desta Casa. Ressalto que a condenação em débito tampouco é sanção, mas tão somente

reparação do erário ao status quo ante.

7. No que tange ao argumento da ausência de responsabilidade sobre os atos em exame, sem

prejuízo dos elementos contidos nestes autos e que já delinearam a responsabilidade de José Manoel da

Rosa, bem arrematou a Serur ao consignar que o recorrente restou condenado, com pena mantida pelo

Tribunal Regional Federal da Terceira Região, a três anos de reclusão e quinze dias-multa, pelo crime

de peculato, tipificado no art. 312 do Código Penal, na forma continuada, em decorrência dos mesmos

fatos ora tratados. Na decisão judicial transcrita no Relatório precedente, restou patente a conduta

comissiva do responsável para a consecução do ato ilícito. Aquele que de qualquer modo haja

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

concorrido para o dano apurado, ainda que de forma culposa, responde solidariamente pelo débito,

motivo pelo qual não cabe reformar o acordão combatido.

8. Sendo assim, ante a ausência de elementos capazes de alterar o juízo anteriormente formulado,

não é possível reformar o julgado, como pretende o recorrente.

9. Feitas essas considerações, entendo que o presente recurso deve ser conhecido e rejeitado,

mantendo-se inalterada a deliberação ora combatida.

Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à deliberação deste

Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1602/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 000.283/2015-0.

2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial).

3. Responsáveis/Recorrentes:

3.1. Responsáveis: José Manoel da Rosa (983.631.828-34) e Silvana Weles de Oliveira

(030.961.718-90)

3.2. Recorrente: José Manoel da Rosa (983.631.828-34).

4. Entidade: Caixa Econômica Federal.

5. Relator: Ministro Bruno Dantas

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Raimundo Carreiro.

6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.

7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no

Estado de São Paulo (SECEX-SP).

8. Representação legal:

8.1. Adam Luiz Alves Barra (19.786/OAB-DF) e outros, representando Caixa Econômica

Federal.

8.2. Rubens Barra Rodrigues de Lima (80.341/OAB-SP) e Michela de Souza Lima Batista

(280.341/OAB-SP), representando José Manoel da Rosa.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia recurso de reconsideração

interposto por José Manoel da Rosa em face do Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário, por meio do qual

o Tribunal julgou irregulares suas contas em razão de operações contábeis fictícias nas subcontas

“Adiantamento para Pagamento de Benefícios” e “Adiantamento para Unidades Lotéricas e

Correspondentes Bancários – Benefícios Sociais”, no montante original de R$ 100.000,00,

descontados R$ 239,54 e R$ 780,25, já restituídos.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fundamento no arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, conhecer e negar provimento

ao presente recurso de reconsideração, mantendo inalterado o Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário;

9.2. dar ciência do inteiro teor desta deliberação ao recorrente, à Caixa Econômica Federal e à

Procuradoria da República em São Paulo.

9.3. arquivar os autos.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1602-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

GRUPO II – CLASSE IV – Plenário

TC 008.204/2016-0.

Natureza: Tomada de Contas Especial.

Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.

Responsáveis: Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34); José Gesoaldo dos Santos Braga

(615.898.023-49); José Pereira de Azevedo Filho (068.003.943-00); Manuel Medeiros Neto

(020.474.623-04); e Maria Neide de Oliveira (218.472.663-04).

Representação legal: não há.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONCESSÃO FRAUDULENTA DE

BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. CITAÇÃO. REVELIA. IRREGULARIDADE DAS

CONTAS DO RESPONSÁVEL. CONDENAÇÃO EM DÉBITO. INABILITAÇÃO PARA O

EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial (TCE) instaurada pelo Instituto Nacional do

Seguro Social (INSS) em desfavor do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz, ex-servidor daquela autarquia

previdenciária, em razão da concessão irregular de benefícios previdenciários aos segurados José

Gesoaldo dos Santos, José Pereira de Azevedo Filho, Manuel Medeiros Neto e Maria Neide de

Oliveira, ocorrida na Agência da Previdência Social em Barbalha/CE.

2. Adoto como relatório a instrução de mérito elaborada no âmbito da Secex-CE (peça 39), com

a qual se manifestaram favoráveis os dirigentes da unidade técnica (peças 40 e 41), transcrita a seguir

com os ajustes de forma pertinentes:

INTRODUÇÃO

1. Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS), em razão do prejuízo causado pelo Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz, servidor da

entidade à época da ocorrência das irregularidades apuradas no Processo Administrativo Disciplinar

(PAD) 35048.000879/2008-93 - Relatório Final, de 10/12/2008, à peça 1, 16-41.

HISTÓRICO

2. O motivo para a instauração da presente Tomada de Contas Especial foi a concessão irregular

de benefícios com a validação, inclusão e alteração/majoração de vínculos fictícios e CTPS

extemporânea, sem a devida busca pela comprovação da veracidade das informações, conforme

verificado nas cópias das peças processuais intituladas Relatório de Auditoria (peça 1, p. 62-64, 70-76,

94-104, 124-130), Relatório da Comissão de PAD (peça 1, 16-41), Parecer Consultoria Jurídica do

MPS (pela 1, p. 42-57) e Portaria de Penalidade (peça 1, p. 59) (peça 2, p. 347).

3. A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar (peça 1, 16-41) opinou pela aplicação da

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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penalidade disciplinar de demissão ao servidor público já qualificado nos autos, sendo tal

entendimento corroborado pela Consultoria Jurídica, consoante Parecer/CONJUR/MPS 23/2010

(peça 1, p. 42-57). A aplicação da referida penalidade disciplinar de demissão foi efetivada por ato da

autoridade competente, mediante a Portaria 46, de 27/1/2010 (peça 1, 59), com fundamento no

art. 117, inciso IX, por força do art. 132, inciso XIII da Lei 8.112, de 11/12/1990.

4. O PAD 35048.000879/2008-93 apurou a irregularidade de trinta e cinco benefícios pagos

indevidamente, dos quais somente quatro fazem parte da presente tomada de contas especial (peça 1,

p. 392), relacionados aos seguintes beneficiários (peça 2, p. 404): José Gesoaldo dos Santos Braga

(CPF: 615.898.023-49); José Pereira de Azevedo Filho (CPF: 068.003.943-00); Manuel Medeiros

Neto (falecido; CPF: 020.474.623-04); e Maria Neide de Oliveira (CPF: 218.472.663-04).

5. Verifica-se que foi dada oportunidade de defesa aos agentes responsabilizados, em obediência

aos princípios constitucionais que asseguram o direito ao contraditório e à ampla defesa, tendo em

vista a notificação à peça 1, p. 298, 397 e peça 2, p. 192, 198, 206-209 e 283. No entanto, mantiveram-

se silentes e não recolheram o montante devido aos cofres da Fazenda Pública, razões pelas quais suas

responsabilidades foram mantidas (peça 2, p. 349-357).

6. No Relatório de Tomada de Contas Especial (peça 2, p. 343-357), em que os fatos estão

circunstanciados, a responsabilidade pelo dano causado ao erário foi atribuída ao Sr. Francisco Ricardo

Lima Cruz, solidariamente aos Srs. José Gesoaldo dos Santos Braga, José Pereira de Azevedo Filho,

Manuel Medeiros Neto e à Sra. Maria Neide de Oliveira.

7. A inscrição em conta de responsabilidade, no Siafi, foi efetuada mediante a Nota de Sistema

2015NS000353, de 11/11/2015 (peça 2, p. 375).

8. A CGU, mediante Relatório de Auditoria (peça 2, p. 401-403) e Certificado de Auditoria

(peça 2, p. 407), concluiu pela irregularidade das contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz,

solidariamente aos mencionados favorecidos com as concessões indevidas de benefícios

previdenciários. Posteriormente, o Ministro de Estado do Trabalho e Previdência Social atestou haver

tomado conhecimento desse posicionamento (peça 2, p. 411).

9. No âmbito do TCU, a instrução preliminar, inserida na peça 10 destes autos, concluiu que

apenas o ex-servidor do INSS Francisco Ricardo Lima Cruz e os beneficiários Jose Gesoaldo dos

Santos Braga e Jose Pereira de Azevedo Filho deveriam figurar no polo passivo da presente tomada de

contas especial, com proposta de citação inicial, a qual se deu por intermédio dos ofícios de peças (12,

14, 16).

EXAME TÉCNICO

10. Em razão de prejuízo causado aos cofres do INSS mediante a concessão indevida de

benefícios previdenciários, no âmbito da Agência da Previdência Social em Barbalha/CE, os

responsáveis foram citados para apresentar alegações de defesa quanto às ocorrências descritas a

seguir e/ou recolher aos cofres da entidade credora, solidariamente, as quantias indicadas.

11. Os débitos são decorrentes da seguinte ocorrência: concessão irregular de benefícios com a

validação, inclusão e alteração/majoração de vínculos fictícios e CTPS extemporânea, sem a devida

busca pela comprovação da veracidade das informações, conforme verificado nas cópias das peças

processuais intituladas Relatório de Auditoria (peça 1, p. 124-130), Relatório da Comissão de PAD

(peça 1, p. 16-41), Parecer Consultoria Jurídica do MPS (peça 1, p. 42-57) e Portaria de Penalidade

(peça 1, p. 59).

12. Consoante delegação de competência do Exmo. Sr. Ministro-Relator e Despacho do

Secretário desta Secex/CE (peça 11), foi promovida a citação dos Srs. José Pereira de Azevedo Filho,

José Gesoaldo dos Santos Braga e Francisco Ricardo Lima Cruz, mediante os Ofícios 1839/2016-

TCU/SECEX-CE, 1838/2016-TCU/SECEX-CE, e 1837/2016-TCU/SECEX-CE (peça 12, 14, e 16),

respectivamente, datados de 28/7/2016.

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170

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

13 Os avisos de recebimento – AR (peças 18 e 19), dos responsáveis Francisco Ricardo Lima

Cruz e José Gesoaldo dos Santos Braga, apresentam ciência em 9/8/2016.

14. O comprovante do endereço dos Srs. Francisco Ricardo Lima Cruz e José Gesoaldo dos

Santos Braga, consoante registros no Cadastro da Receita Federal, constam nas peças 7 e 8. Embora os

Ofícios 1837/2016-TCU/SECEX-CE e 1838/2016-TCU/SECEX-CE a eles endereçados não tenham

sido recebidos de próprio punho pelo responsável, consoante Resolução TCU 170, de 30/6/2004,

consideram-se entregues as comunicações realizadas por carta registrada, com aviso de recebimento,

com retorno do aviso de recebimento, entregue comprovadamente nos endereços dos destinatários.

Dessa forma, tem-se como válida a citação realizada.

15. Apesar de os responsáveis Francisco Ricardo Lima Cruz e José Gesoaldo dos Santos Braga,

terem tomado ciência da citação, conforme atesta os ARs de peças 18 e 19, não atenderam à citação.

16. Efetuada a expedição do Ofício 1839/2016-TCU/SECEX-CE ao Sr. José Pereira de Azevedo

Filho, retornou o AR contendo a informação: “Não Procurado” (peças 20 e 24). Nesse sentido, esta

SECEX/CE, atendendo ao disposto no artigo 6º, inciso II da Resolução 170/2004, emitiu a Certidão

(Destinatário não Localizado), peça 21, e não localizando outro endereço, tendo assim esgotadas as

pesquisas efetuadas nas diversas fontes sem resultado, foi proposta a realização da comunicação por

Edital de números 161/2016 e 213/2016, publicados no DOU de 17/10/2016 e 5/12/2016 – peças 23 e

26), nos termos do art. 7º, inciso II, c/c art. 3º, inciso IV, da Resolução TCU 170/2004, sem que tenha

havido atendimento.

17. Apesar de não ter havido resposta por parte do Sr. José Pereira de Azevedo Filho, mais duas

tentativas de citação foram feitas (peças 28 e 29) mas permaneceu sua inércia. (peças 33 e 34).

18. Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inertes os aludidos responsáveis,

impõe-se que sejam considerados revéis, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art.

12, § 3º, da Lei 8.443/1992.

19. A despeito da aplicação da revelia, devem ser considerados os elementos já constantes dos

autos, os quais podem, inclusive, levar a um juízo favorável ao responsável revel. Há de se frisar que,

nos processos do TCU a revelia não implica a presunção de que sejam verdadeiras todas as imputações

levantadas contra os responsáveis, diferentemente do que ocorre no processo civil, em que o não

comparecimento do réu aos autos leva à presunção da verdade dos fatos narrados pelo autor.

20. Assim, independentemente da revelia, a avaliação da responsabilidade do agente nos

processos desta Corte não prescinde dos elementos existentes nos autos ou para ele carreados, uma vez

que são regidos pelo Princípio da Verdade Material (Acórdãos 1128/2011-TCU-Plenário, 1737/2011-

TCU-Plenário, 341/2010-TCU-2ª Câmara, 1732/2009-TCU-2ª Câmara, 1308/2008-TCU-2ª Câmara e

2117/2008-TCU-1ª Câmara).

21. Neste sentido, compulsando os elementos existente nos autos, não se identificam documentos

que afastem a culpabilidade dos responsáveis Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz, José Gesoaldo dos

Santos Braga, e José Pereira de Azevedo Filho.

22. Configurada revelia frente à citação deste Tribunal e inexistindo comprovação da boa e

regular aplicação dos recursos, não resta alternativa senão dar seguimento ao processo proferindo

julgamento sobre os elementos até aqui presentes, que conduzem à irregularidade das suas contas.

23. No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta dos responsáveis, conforme

determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, em se tratando de processo em que as

partes interessadas não se manifestaram acerca das irregularidades imputadas, não há elementos para

que se possa efetivamente reconhecê-la, podendo este Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de

mérito pela irregularidade das contas, nos termos do § 6º do mesmo artigo do normativo citado

(Acórdãos 2.064/2011-TCU-1ª Câmara, 6.182/2011-TCU-1ª Câmara, 4.072/2010-TCU-1ª Câmara,

2.064/2011-TCU-1ª Câmara, 6.182/2011-TCU-1ª Câmara e 4.072/2010-TCU-1ª Câmara).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

24. Por fim, considerando que as multas aplicadas pelo TCU possuem natureza sancionatória,

estando sujeitas à prescrição da pretensão punitiva, e, uma vez que há intenção de aplicar a multa

proporcional ao débito prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, a prescrição, que ocorre em dez anos,

deve ser aferida neste processo.

25. Conforme jurisprudência consolidada nesta Corte, tratando-se de pagamento irregular de

benefício previdenciário de natureza continuada, o termo inicial para a contagem do prazo da

prescrição da pretensão punitiva do TCU será a data do último pagamento indevidamente realizado

(Acórdão 1641/2016-Plenário).

26. No presente caso, deve-se atentar que o último pagamento irregular ocorreu em 5/12/2007.

Logo, a pretensão punitiva estaria prescrita em 5/12/2017, observando-se o prazo de dez anos previsto

no art. 205 do Código Civil. O prazo prescricional foi interrompido por meio do Pronunciamento da

Unidade Técnica, de 18/7/2016, que ordenou a citação dos responsáveis (peça 11). Assim, é possível

observar que não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva.

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR ORIGINAL

(R$)

2/5/2002 193,09

2/5/2002 379,74

13/5/2002 200,00

13/6/2002 200,00

15/7/2002 200,00

12/8/2002 200,00

11/9/2002 200,00

10/10/2002 200,00

12/11/2002 200,00

11/12/2002 200,00

11/12/2002 200,00

13/1/2003 200,00

12/2/2003 200,00

13/3/2003 200,00

10/4/2003 200,00

13/5/2003 240,00

11/6/2003 240,00

10/7/2003 240,00

12/8/2003 240,00

10/9/2003 240,00

10/10/2003 240,00

12/11/2003 240,00

10/12/2003 240,00

10/12/2003 240,00

13/1/2004 240,00

11/2/2004 240,00

10/3/2004 240,00

5/4/2004 240,00

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172

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR ORIGINAL

(R$)

5/5/2004 240,00

3/6/2004 260,00

5/7/2004 260,00

4/8/2004 260,00

3/9/2004 260,00

5/10/2004 260,00

4/11/2004 260,00

3/12/2004 260,00

3/12/2004 260,00

5/1/2005 260,00

3/2/2005 260,00

3/3/2005 260,00

5/4/2005 260,00

4/5/2005 260,00

3/6/2005 300,00

5/7/2005 300,00

3/8/2005 300,00

5/9/2005 300,00

5/10/2005 300,00

4/11/2005 300,00

5/12/2005 300,00

5/12/2005 300,00

4/1/2006 300,00

3/2/2006 300,00

3/3/2006 300,00

5/4/2006 300,00

4/5/2006 350,00

5/6/2006 350,00

5/7/2006 350,00

3/8/2006 350,00

5/9/2006 175,00

5/9/2006 350,00

4/10/2006 350,00

6/11/2006 350,00

5/12/2006 175,00

5/12/2006 350,00

4/1/2007 350,00

5/2/2007 350,00

5/3/2007 350,00

4/4/2007 350,00

4/5/2007 380,00

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173

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR ORIGINAL

(R$)

5/6/2007 380,00

4/7/2007 380,00

3/8/2007 380,00

5/9/2007 190,00

5/9/2007 380,00

3/10/2007 380,00

6/11/2007 380,00

5/12/2007 190,00

5/12/2007 380,00

CONCLUSÃO

27. Diante da revelia dos Srs. Ricardo Lima Cruz, José Gesoaldo dos Santos Braga e José

Pereira de Azevedo Filho, e inexistindo nos autos elementos que permitam concluir pela ocorrência de

boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em suas condutas, propõe-se que suas contas sejam

julgadas irregulares e que os responsáveis sejam condenados em débito, bem como que lhes seja

aplicada a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

28. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:

a) excluir da relação processual os segurados Manoel Medeiros Neto (CPF 020.474.623-04) e

Maria Neide de Oliveira (CPF 218.472.663-04);

b) considerar revéis os Srs. Francisco Ricardo Lima Cruz (CPF 425.957.113-34), José Gesoaldo

dos Santos Braga (CPF 615.898.023-49), e José Pereira de Azevedo Filho (CPF 068.003.943-00), nos

termos do art. 12, § 3º da Lei 8.443/1992;

c) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei 8.443/1992 c/c os arts.

19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e 214, inciso III, do

Regimento Interno, julgar irregulares as contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz ,

(CPF 425.957.113-34), ex-servidor do INSS, e condená-lo, em solidariedade ao Sr. José Gesoaldo dos

Santos Braga (CPF 615.898.023 49), beneficiário do INSS, ao pagamento das quantias a seguir

especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem,

perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas

aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atualizadas monetariamente e acrescidas dos

juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma

prevista na legislação em vigor abatendo-se, na oportunidade, os valores já ressarcidos.

c.1) Beneficiário: benefícios concedidos irregularmente ao segurado José Gesoaldo dos Santos

Braga (CPF 615.898.023-49) – (peça 1, p. 294-296)

d) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei 8.443/1992 c/c os arts.

19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e 214, inciso III, do

Regimento Interno, julgar irregulares as contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz ,

(CPF 425.957.113-34), ex-servidor do INSS, e condená-lo, em solidariedade com o Sr. José Pereira de

Azevedo Filho (CPF 068.003.943-00), beneficiário do INSS, ao pagamento das quantias a seguir

especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem,

perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas

aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atualizadas monetariamente e acrescidas dos

juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma

prevista na legislação em vigor abatendo-se, na oportunidade, os valores já ressarcidos.

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174

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

d.1) Beneficiário: benefícios concedidos irregularmente ao segurado José Pereira de Azevedo

Filho (CPF 068.003.943-00) (peça 1, p. 393-395)

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR ORIGINAL

(R$)

5/2/2002 713,09

4/3/2002 1.258,40

2/4/2002 1.258,40

3/5/2002 1.258,40

4/6/2002 1.258,40

2/7/2002 1.320,39

2/8/2002 1.320,39

3/9/2002 1.320,39

2/10/2002 1.320,39

4/11/2002 1.320,39

3/12/2002 1.320,39

3/12/2002 1.320,39

3/1/2003 1.320,39

4/2/2003 1.320,39

5/3/2003 1.320,39

2/4/2003 1.320,39

5/5/2003 1.320,39

3/6/2003 1.320,39

2/7/2003 1.580,63

4/8/2003 1.580,63

2/9/2003 1.580,63

2/10/2003 1.580,63

4/11/2003 1.580,63

2/12/2003 1.580,63

2/12/2003 1.580,63

5/1/2004 1.580,63

3/2/2004 1.580,63

2/3/2004 1.580,63

2/4/2004 1.580,63

4/5/2004 1.580,63

2/6/2004 1.652,23

2/7/2004 1.652,23

3/8/2004 1.652,23

2/9/2004 1.652,23

4/10/2004 1.652,23

3/11/2004 1.652,23

2/12/2004 1.652,23

2/12/2004 1.652,23

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175

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR ORIGINAL

(R$)

4/1/2005 1.652,23

2/2/2005 1.652,23

2/3/2005 1.652,23

4/4/2005 1.652,23

3/5/2005 1.652,23

2/6/2005 1.757,22

4/7/2005 1.757,22

2/8/2005 1.757,22

2/9/2005 1.757,22

4/10/2005 1.757,22

3/11/2005 1.757,22

2/12/2005 1.757,22

2/12/2005 1.757,22

3/1/2006 1.757,22

2/2/2006 1.757,22

2/3/2006 1.757,22

4/4/2006 1.757,22

3/5/2006 1.845,08

2/6/2006 1.845,08

4/7/2006 1.845,08

2/8/2006 1.845,08

4/9/2006 922,54

4/9/2006 1.845,08

3/10/2006 1.845,25

3/11/2006 1.845,25

4/12/2006 922,71

4/12/2006 1.845,25

3/1/2007 1.845,25

2/2/2007 1.845,25

2/3/2007 1.845,25

3/4/2007 1.845,25

3/5/2007 1.906,14

4/6/2007 1.906,14

3/7/2007 1.906,14

2/8/2007 1.906,14

4/9/2007 953,07

4/9/2007 1.906,14

2/10/2007 1.906,14

5/11/2007 1.906,14

e) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei 8.443/1992 c/c os arts.

19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e 214, inciso III, do

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176

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Regimento Interno, julgar irregulares as contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz ,

(CPF 425.957.113-34), ex-servidor do INSS, condenando-o ao pagamento das quantias a seguir

especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem,

perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas

aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atualizadas monetariamente e acrescidas dos

juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma

prevista na legislação em vigor, em decorrência da concessão irregular dos seguintes benefícios

previdenciários.

e.1) Beneficiário: benefícios concedidos irregularmente ao segurado Manuel Medeiros Neto

(peça 2, p. 92-94)

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

5/6/2002 500,94

6/6/2002 326,70

8/7/2002 331,79

7/8/2002 331,79

5/9/2002 331,79

4/10/2002 331,79

6/11/2002 331,79

5/12/2002 276,49

5/12/2002 331,79

8/1/2003 331,79

6/2/2003 331,79

7/3/2003 331,79

4/4/2003 331,79

7/5/2003 331,79

5/6/2003 331,79

4/7/2003 397,18

6/8/2003 397,18

4/9/2003 397,18

6/10/2003 397,18

6/11/2003 397,18

4/12/2003 397,18

4/12/2003 397,18

7/1/2004 397,18

5/2/2004 397,18

4/3/2004 397,18

6/4/2004 397,18

6/5/2004 397,18

4/6/2004 415,17

6/7/2004 415,17

5/8/2004 415,17

6/9/2004 415,17

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177

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

6/10/2004 415,17

5/11/2004 415,17

6/12/2004 415,17

6/12/2004 415,17

6/1/2005 415,17

4/2/2005 415,17

4/3/2005 415,17

6/4/2005 415,17

5/5/2005 415,17

6/6/2005 441,55

6/7/2005 441,55

4/8/2005 441,55

6/9/2005 441,55

6/10/2005 441,55

7/11/2005 441,55

6/12/2005 441,55

6/12/2005 441,55

5/1/2006 441,55

6/2/2006 441,55

6/3/2006 441,55

6/4/2006 441,55

5/5/2006 463,62

6/6/2006 463,62

6/7/2006 463,62

4/8/2006 463,62

6/9/2006 231,81

6/9/2006 463,62

5/10/2006 463,66

7/11/2006 463,66

6/12/2006 231,85

6/12/2006 463,66

5/1/2007 463,66

6/2/2007 463,66

6/3/2007 463,66

5/4/2007 463,66

7/5/2007 478,96

6/6/2007 478,96

5/7/2007 478,96

6/8/2007 478,96

6/9/2007 239,48

6/9/2007 478,96

Page 178: ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 - tcu.gov.br · ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

178

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

4/10/2007 478,96

e.2) Beneficiária: benefícios concedidos irregularmente ao segurado Maria Neide de Oliveira

(peça 2, p. 188-190).

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

27/3/2002 724,53

27/3/2002 1.086,80

3/4/2002 1.086,80

6/5/2002 1.086,80

5/6/2002 1.086,80

3/7/2002 1.206,13

5/8/2002 1.206,13

4/9/2002 1.206,13

3/10/2002 1.206,13

5/11/2002 1.206,13

4/12/2002 1.206,13

4/12/2002 1.206,13

7/1/2003 1.206,13

5/2/2003 1.206,13

7/3/2003 1.206,13

3/4/2003 1.206,13

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

6/5/2003 1.206,13

4/6/2003 1.206,13

3/7/2003 1.443,85

6/8/2003 1.443,85

3/9/2003 1.443,85

3/10/2003 1.443,85

5/11/2003 1.443,85

4/12/2003 1.443,85

4/12/2003 1.443,85

6/1/2004 1.443,85

4/2/2004 1.443,85

3/3/2004 1.443,85

5/4/2004 1.443,85

5/5/2004 1.443,85

3/6/2004 1.509,25

5/7/2004 1.509,25

4/8/2004 1.509,25

3/9/2004 1.509,25

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179

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

5/10/2004 1.509,25

4/11/2004 1.509,25

3/12/2004 1.509,25

3/12/2004 1.509,25

5/1/2005 1.509,25

3/2/2005 1.509,25

3/3/2005 1.509,25

5/4/2005 1.509,25

4/5/2005 1.509,25

3/6/2005 1.605,16

5/7/2005 1.605,16

3/8/2005 1.605,16

5/9/2005 1.605,16

5/10/2005 1.605,16

4/11/2005 1.605,16

5/12/2005 1.605,16

5/12/2005 1.605,16

4/1/2006 1.605,16

3/2/2006 1.605,16

3/3/2006 1.605,16

5/4/2006 1.605,16

4/5/2006 1.685,41

5/6/2006 1.685,41

5/7/2006 1.685,41

3/8/2006 1.685,41

5/9/2006 842,70

5/9/2006 1.685,41

4/10/2006 1.685,57

6/11/2006 1.685,57

5/12/2006 842,87

5/12/2006 1.685,57

4/1/2007 1.685,57

5/2/2007 1.685,57

5/3/2007 1.685,57

4/4/2007 1.685,57

4/5/2007 1.741,19

5/6/2007 1.741,19

4/7/2007 1.741,19

3/8/2007 1.741,19

5/9/2007 870,59

5/9/2007 1.741,19

3/10/2007 1.741,19

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180

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

f) aplicar aos Srs. Francisco Ricardo Lima Cruz, (CPF 425.957.113-34), José Gesoaldo dos

Santos Braga (CPF 615.898.023-49), e José Pereira de Azevedo Filho (CPF 068.003.943-00),

individualmente, a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno,

com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o

Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres

do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até

a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

g) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial

das dívidas caso não atendidas as notificações;

h) autorizar, se solicitado, o pagamento da dívida em até trinta e seis parcelas mensais e

consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento Interno, fixando-

lhes o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovarem perante o

Tribunal o recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior, para

comprovarem os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal,

atualizado monetariamente com os acréscimos legais, na forma prevista na legislação em vigor. A

falta de pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor (§ 2º do

art. 217 do regimento Interno do Tribunal), sem prejuízo das demais medidas legais;

i) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que

a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Ceará, nos termos

do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção

das medidas que entender cabíveis.

j) comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Procuradoria Geral Federal que a decisão

pela exclusão dos segurados beneficiados não impede a adoção de providências administrativas e/ou

judiciais com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos a esses segurados em razão das

concessões irregulares de benefícios previdenciários.

3. O Ministério Público junto ao TCU, representado pelo Procurador Rodrigo Medeiros de Lima,

concordou em parte com a proposta da unidade técnica nos termos do parecer reproduzido abaixo

(peça 41):

Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial (TCE) instaurada pelo Instituto Nacional do

Seguro Social (INSS) em desfavor do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz, ex-servidor daquela autarquia

previdenciária, em razão da concessão irregular de benefícios previdenciários aos segurados José

Gesoaldo dos Santos, José Pereira de Azevedo Filho, Manuel Medeiros Neto e Maria Neide de

Oliveira, ocorrida na Agência da Previdência Social em Barbalha/CE.

2. A Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará (Secex-CE), ao examinar o feito, sugere,

em pareceres uniformes (peças 38-40), a adoção das seguintes medidas, em síntese:

a) excluir da relação processual os segurados Manuel Medeiros Neto (falecido) e Maria Neide de

Oliveira;

b) considerar revéis os Srs. Francisco Ricardo Lima Cruz, José Gesoaldo dos Santos Braga e

José Pereira de Azevedo Filho, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei n.º 8.443/1992;

c) julgar irregulares as contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz e condená-lo, em

solidariedade aos Srs. José Gesoaldo dos Santos Braga e José Pereira de Azevedo Filho, na forma das

tabelas insertas nas alíneas “c”, “d” e “e” do item 28 da proposta de encaminhamento lançada à peça

38, p. 4-12, e aplicar-lhes a multa individual prevista no art. 57 da Lei n.º 8.443/1992.

3. No caso vertente, assim como pontuou a Unidade Técnica, não se vislumbra quaisquer

elementos de prova que indiquem conluio do Sr. Manuel Medeiros Neto e da Sra. Maria Neide de

Oliveira na concessão fraudulenta dos benefícios, ou mesmo que tenham, efetivamente, percebido o

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benefício indevido em suas contas bancárias.

4. Cumpre registrar que em situações análogas a esta, o Tribunal tem firmado entendimento no

sentido de que devem figurar no polo passivo da TCE somente os segurados que tenham concorrido

com o agente público, seja por dolo ou por culpa, para a concessão irregular do benefício

previdenciário, a exemplo dos Acórdãos n.º 859/2013, 2.369/2913, 1.380/2014, 168/2015 e 665/2015,

todos do Plenário.

5. Quanto aos Srs. José Gesoaldo dos Santos Braga e José Pereira de Azevedo Filho, a Secex-CE

entendeu pela responsabilização dos segurados com base nas seguintes conclusões presentes no

Relatório da Comissão Permanente de Tomada de Contas Especial da Gerência Executiva do INSS em

Juazeiro do Norte/CE (peça 2, p. 351; peça 10, p. 4):

14. Em 05/10/2015, a douta Procuradoria informou acerca da existência de notícia-crime dos

corresponsáveis listados abaixo:

José Gesoaldo dos Santos Braga: localizada Nota Técnica nº 041/2009, anexa às fls. 311 a

318, adotada como notícia crime e enviada ao Ministério Público Federal – MPF e Departamento de

Polícia Federal – DPF (fls. 319 e 320);

(...)

14.1. Embora não tenha localizado notitia criminis em relação à concessão do benefício nº

42/122.723.164-1 à José Pereira de Azevedo Filho, em consulta ao endereço eletrônico da Justiça

Federal identificamos ação penal autuada na 16ª Vara Federal/CE sob o nº 0000083-

61.2012.4.05.8102. Na referida ação o corresponsável foi condenado em grau de recurso a pena de 01

(um) ano e 04 (quatro) meses de reclusão, com pagamento de 45 dias-multa valorados em 1/30 (um

trigésimo) do salário-mínimo vigente à época dos fatos. A penalidade deixou de ser aplicada por estar

reconhecida a extinção da punibilidade pela ocorrência da prescrição retroativa nos termos do art.

107, IV do Código Penal Brasileiro (fls. 331 a 338).

6. Em seguida, a Unidade Técnica promoveu a citação dos segurados e do Sr. Francisco Ricardo

Lima Cruz em razão da “concessão irregular de benefícios com a validação, inclusão e

alteração/majoração de vínculos fictícios e CTPS extemporânea, sem a devida busca pela

comprovação da veracidade das informações, conforme verificado nas cópias das peças processuais

intituladas Relatório de Auditoria, Relatório da Comissão de PAD, Parecer Consultoria Jurídica do

MPS e Portaria de Penalidade”.

7. Com relação aos ofícios citatórios encaminhados ao Sr. José Pereira de Azevedo Filho (peças

12, 28 e 29), em face das devoluções promovidas pelos Correios com a informação “não procurado”

(peças 24, 31 e 32), a citação acabou sendo realizada de forma ficta, por meio do edital à peça 26.

8. Todavia, ocorre que não está documentalmente comprovado nos autos a realização de

pesquisas em outras fontes com o objetivo de localizar outro endereço do Sr. José Pereira de Azevedo

Filho. Em que pese a certidão de peça 21 informar que foram realizadas consultas a outras fontes de

dados a fim de obter outro endereço do responsável, os resultados das aludidas pesquisas não foram

acostados aos autos, conforme exigência prevista no art. 6º, inciso II, da Resolução TCU n.º 170/2004,

motivo pelo qual se vislumbra possível vício na citação desse responsável.

9. Dessa forma, não obstante a constatação de que o beneficiário adulterou sua CTPS com o

intuito de induzir o INSS ao erro (peça 2, p. 265-267), concorrendo diretamente para a ocorrência da

fraude, não parece razoável que a citação por edital do aludido beneficiário seja considerada válida se

não foram esgotados todos os meios possíveis para a sua localização, cabendo, portanto, a renovação

da citação desse responsável. Nesse sentido, o Acórdão nº 1.323/2016-Plenário (Rel. Min. Benjamin

Zymler) orienta a aplicação do art. 256, § 3º, do novel Código de Processo Civil.

10. Caso o nobre Relator entenda pela inviabilidade de se promover novas citações, em

homenagem ao princípio da celeridade processual e sem perder de vista que a jurisprudência

consolidada no TCU é no sentido de que a solidariedade passiva constitui benefício do credor, que

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pode exigir de um ou de todos os devedores a integralidade da dívida (vide Acórdãos 2.591/2016 –

Plenário, 10.468/2016 – 2ª Câmara, 5.375/2016 – 1ª Câmara e 3.320/2015 – Plenário), sugere-se a

exclusão do Sr. José Pereira de Azevedo Filho da presente relação processual.

11. Em relação à responsabilização do Sr. José Gesoaldo dos Santos Braga, apesar de ter sido

encaminhada notícia crime ao Ministério Público Federal – MPF com base na Nota Técnica n.º

41/2009 (peça 2, p. 222-235), em consulta realizada por este Gabinete, não restou comprovada a

existência de ação judicial contra o responsável. Além disso, a exemplo do que ocorreu com os

segurados relacionados no parágrafo 3 deste parecer, não se identifica nos autos qualquer

documentação comprobatória que indique o conluio do segurado na concessão fraudulenta do

benefício.

12. Nesses termos, o simples fato de o Sr. José Gesoaldo dos Santos Braga ter requerido a

aposentadoria sem ter tempo suficiente para tanto não pode ser considerado, por si só, uma

irregularidade, pois não configura fraude por parte do peticionário, cabendo à autarquia previdenciária

examinar a documentação apresentada e indeferir o benefício caso não satisfeitas as exigências legais

do pleito. Dessa forma, ante a inexistência de provas de que o segurado tenha agido em conluio para a

prática ilegal, sugere-se a sua exclusão da presente relação processual.

13. Em face do exposto, este representante do Ministério Público manifesta-se, preliminarmente,

no sentido de que seja renovada a citação do Sr. José Pereira de Azevedo Filho, devendo ser realizada

consulta a outros cadastros mantidos por instituições públicas ou privadas que possam oferecer

subsídios à obtenção do endereço do destinatário, e fazendo juntar aos autos documentação ou

informação comprobatória do resultado dessa consulta, nos termos do art. 6º, inciso II, da Resolução

TCU n.º 170/2004.

14. Alternativamente, na eventualidade de não ser acolhida a preliminar acima, nos termos do

art. 62, § 2º, do Regimento Interno do TCU, este representante do Ministério Público concorda

parcialmente com a proposta lavrada pela Secex-CE, sugerindo tão somente que sejam excluídos da

relação processual os Srs. José Gesoaldo dos Santos Braga e José Pereira de Azevedo Filho, pelas

razões expostas nos parágrafos 8 a 12 deste parecer.

É o relatório.

VOTO

Trata-se de tomada de contas especial instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro Social –

INSS, em razão do prejuízo causado por Francisco Ricardo Lima Cruz, servidor à época, relativamente

à concessão irregular de benefícios previdenciários com a validação, inclusão e alteração/majoração de

vínculos fictícios e CTPS extemporânea, sem a devida busca pela comprovação da veracidade das

informações. Tais irregularidades foram apreciadas no âmbito do Processo Administrativo Disciplinar

(PAD) 35048.000879/2008-93, de 10/12/2008, à peça 1, 16-41.

2. O tomador de contas (peça 2, p. 343 a 357) concluiu pela responsabilização de Francisco

Ricardo Lima Cruz solidariamente aos segurados José Gesoaldo dos Santos Braga, José Pereira de

Azevedo Filho, Manuel Medeiros Neto e Maria Neide de Oliveira.

3. Ainda no âmbito do controle interno, a então Controladoria-Geral da União e a autoridade

ministerial acompanharam o encaminhamento do tomador de contas e concluíram pela irregularidade

das contas dos responsáveis tratados no presente processo (peça 2, 401 a 403 e 411).

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4. No TCU, a instrução inicial da Secex-CE (peça 10) fundamentou-se na jurisprudência

dominante desta Corte de Contas, no sentido de excluir a responsabilidade de beneficiários sempre que

não restar demonstrado nos autos que eles agiram com dolo e em concurso com o agente público para

a produção do dano, conforme, entre outros, os Acórdãos TCU 1.201/2011, 427/2012, 789/2012,

2580/2012 e 325/2013, todos do Plenário.

5. Nesse sentido, a unidade técnica entendeu por afastar da presente relação processual os

beneficiários Manuel Medeiros Neto e Maria Neide de Oliveira.

6. Ato contínuo, propôs a citação de Francisco Ricardo Lima Cruz, bem como dos beneficiários

José Gesoaldo dos Santos Braga e José Pereira de Azevedo Filho pelas razões apresentadas adiante

neste voto.

7. O Sr. José Pereira de Azevedo Filho, após infrutíferas tentativas de citação relatadas pela

unidade técnica (peças 20 e 24), foi citado por via editalícia (peças 23 e 26). Para os demais

responsáveis, constam nos autos os respectivos avisos de recebimento (peças 18 e 19).

8. Transcorridos os prazos regimentais fixados e mantendo-se inertes os responsáveis, a Secex-

CE concluiu pelo reconhecimento da revelia e prosseguimento do feito, nos termos do art. 12, § 3º, da

Lei 8.443/1992. No mérito, pugna pelo julgamento pela irregularidade das contas de Francisco Ricardo

Lima Cruz, com a condenação em débito solidariamente com José Gesoaldo dos Santos Braga e com

José Pereira de Azevedo Filho e aplicação individual da multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.

9. O representante do MPTCU concorda em parte com a análise empreendida e sugere

alternativas de encaminhamento, a saber.

10. Preliminarmente, consignou que diante de um possível vício na citação do beneficiário José

Pereira de Azevedo Filho, caberia a renovação do ato, devendo proceder “a consulta a outros cadastros

mantidos por instituições públicas ou privadas que possam oferecer subsídios à obtenção do endereço

do destinatário, e fazendo juntar aos autos documentação ou informação comprobatória do resultado

dessa consulta”.

11. Caso não aceita a preliminar, manifestou-se favorável à proposta da unidade instrutiva com a

ressalva de que sejam excluídos da relação processual José Pereira de Azevedo Filho e José Gesoaldo

dos Santos Braga. O primeiro em razão do possível vício na citação supramencionado e, o segundo,

por não “ter identificado nos autos qualquer documentação comprobatória que indique conluio do

segurado na concessão fraudulenta do benefício”.

12. Manifesto minha concordância parcial com os pareceres prévios.

13. Observo, de início, acertada a proposição da unidade técnica em afastar a responsabilidade

dos beneficiários Manuel Medeiros Neto e Maria Neide de Oliveira. Divirjo, contudo, da proposta da

unidade técnica em arrolar como responsáveis os beneficiários José Gesoaldo dos Santos Braga e José

Pereira de Azevedo Filho pelas seguintes razões.

14. Verifico que a conclusão da unidade instrutiva em incluir tais beneficiários como

responsáveis deu-se, essencialmente, pelo fato de o Relatório de TCE da Gerência Executiva do INSS

em Juazeiro do Norte/CE (peça 2, p. 351; peça 10, p.4), ter mencionado diversas ações penais em que

esses beneficiários foram arrolados:

Em 05/10/2015, a douta Procuradoria informou acerca da existência de notícia-crime dos

corresponsáveis listados abaixo:

José Gesoaldo dos Santos Braga: localizada Nota Técnica nº 041/2009, anexa às fls. 311 a

318, adotada como notícia crime e enviada ao Ministério Público Federal – MPF e Departamento de

Polícia Federal – DPF (fls. 319 e 320);

(...)

14.1. Embora não tenha localizado notitia criminis em relação à concessão do benefício nº

42/122.723.164-1 à José Pereira de Azevedo Filho, em consulta ao endereço eletrônico da Justiça

Federal identificamos ação penal autuada na 16ª Vara Federal/CE sob o nº 0000083-

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61.2012.4.05.8102. Na referida ação o corresponsável foi condenado em grau de recurso a pena de 01

(um) ano e 04 (quatro) meses de reclusão, com pagamento de 45 dias-multa valorados em 1/30 (um

trigésimo) do salário-mínimo vigente à época dos fatos. A penalidade deixou de ser aplicada por estar

reconhecida a extinção da punibilidade pela ocorrência da prescrição retroativa nos termos do art. 107,

IV do Código Penal Brasileiro (fls. 331 a 338).

15. A unidade técnica, nas peças instrutórias que produziu (peças 10 e 38), não apontou a exata

conduta de cada um dos beneficiários de forma a caracterizar a atuação dolosa e em concurso com o

servidor Francisco Ricardo Lima Cruz na produção do dano ao Erário.

16. Esta Corte de Contas, assim como o Poder Judiciário, inclina-se no sentido de que a sentença

penal se comunica com as esferas civil e administrativa apenas em caso de sentença penal absolutória

negando a existência do fato material ou a autoria do delito praticado (Acórdão 1.534/2010-TCU-

Plenário).

17. Desse modo, o que restou decido nessas ações em âmbito judicial, não vincula a atuação do

TCU no exercício de suas competências constitucionais.

18. De fato, em consonância com a análise do MPTCU, compulsando os autos e em

complemento ao que já foi assentado neste voto, não vislumbro elemento probatório capaz de

demonstrar que os beneficiários arrolados neste processo tenham atuado de forma decisiva na obtenção

dos benefícios irregulares de aposentadoria junto ao INSS, em face da não comprovação de dolo e de

sua atuação em concurso com o agente público na produção do dano, o que afasta a incidência do art.

16, § 2º, da Lei 8.443/1992.

19. Em situações similares, tem esta Corte excluído da relação processual o beneficiário que

atende a essas condições, consoante decidido por meio dos Acórdãos 1.201/2011, 427/2012, 789/2012,

2.580/2012, 325/2013, 509/2013, todos do Plenário.

20. Não seria demais aclarar, contudo, que a exclusão desses beneficiários da relação processual,

por não ter sido comprovada sua conduta dolosa ou culposa na consecução da fraude, não impede

aquela Gerência Executiva do INSS em adotar as medidas administrativas e judiciais necessárias à

cobrança dos valores recebidos indevidamente.

21. Com base nesse raciocínio, não vislumbro razão para a renovação da citação, pois como dito,

não restou evidenciado nos autos conduta dolosa ou culposa de José Pereira de Azevedo Filho na

consecução da fraude (análise nos itens 15 a 20 supra).

22. Relativamente às irregularidades de fundo apuradas neste processo, vale dizer que,

devidamente citado, o Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz permaneceu silente, motivo pelo qual

reconheço sua revelia, nos termos do disposto no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.

23. A revelia do responsável não impede o seguimento do feito. Ao não apresentar sua defesa,

deixou de produzir prova da regular aplicação dos recursos sob sua responsabilidade, em afronta às

normas que lhes impõem a obrigação legal de, sempre que demandado pelos órgãos de controle, trazer

os documentos que demonstrem a correta utilização das verbas públicas, a teor do que dispõe o art. 93

do Decreto-Lei 200/67 e art. 70, parágrafo único, da CF/1988.

24. Não seria demais mencionar que os efeitos da revelia de responsável no âmbito desta Corte

diferem daqueles emprestados a esse mesmo instituto pelo Código de Processo Civil. No âmbito civil,

o silêncio do responsável gera a presunção de veracidade dos fatos a ele imputados, de sorte que sua

inércia opera contra sua defesa. Nesta Corte, a não apresentação de defesa pelo responsável apenas não

inviabiliza a normal tramitação do processo, que deve seguir seu fluxo ordinário de apuração. Por

conseguinte, a conduta irregular do responsável deve estar caracterizada para que haja a sua

condenação.

25. Com efeito, as provas constantes dos autos dão conta de que o ex-servidor do INSS

participou de forma decisiva na concessão irregular de aposentadorias.

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26. Em face do que restou expendido, entendo que as contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz

devem ser julgadas irregulares, com sua condenação em débito pela totalidade dos valores pagos

indevidamente aos beneficiários mencionados no presente processo.

27. Por fim, considerando entendimento fixado por meio do Acórdão 1.441/2016-TCU-Plenário,

observo que o último pagamento irregular ocorreu em 5/12/2007, já o ato que ordenou a citação data

de 18/7/2016 (peça 11), portanto, menos de 10 anos da ocorrência da irregularidade, não se operando,

desse modo, a prescrição da pretensão punitiva.

28. Desse modo, diante da gravidade da conduta do responsável, além da aplicação de multa

prevista no art. 57 da Lei 8443/1992, proponho a inabilitação para o exercício de cargo em comissão

ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992,

observadas as disposições do Acórdão 714/2016-TCU-Plenário.

Ante o exposto, VOTO para que o Tribunal aprove a minuta de acórdão que ora submeto a este

Plenário.

ACÓRDÃO Nº 1603/2017 – TCU – Plenário

1. Processo TC 008.204/2016-0.

2. Grupo II; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.

3. Responsáveis: Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34); José Gesoaldo dos Santos

Braga (615.898.023-49); José Pereira de Azevedo Filho (068.003.943-00); Manuel Medeiros Neto

(020.474.623-04); e Maria Neide de Oliveira (218.472.663-04).

4. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.

5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.

6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará (Secex-CE).

8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo

Instituto Nacional do Seguro Social – INSS/Gerência Executiva Juazeiro do Norte/CE, em razão do

prejuízo causado por Francisco Ricardo Lima Cruz, relativamente à concessão irregular de benefícios

previdenciários;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 71, inciso II, da Constituição Federal, em:

9.1. excluir da relação processual José Gesoaldo dos Santos Braga (615.898.023-49); José

Pereira de Azevedo Filho (068.003.943-00); Manuel Medeiros Neto (020.474.623-04); e Maria Neide

de Oliveira (218.472.663-04);

9.2. julgar irregulares as contas de Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34), servidor do

INSS à época, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei 8.443/1992, c/c

os arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV do Regimento Interno;

9.3. condenar o responsável identificado no subitem anterior, com fundamento no art. 19, caput,

da Lei 8.443/1992, c/c o art. 210 do RITCU, ao pagamento das quantias a seguir especificadas,

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alusivas aos benefícios indevidos pagos aos beneficiários indicados, com a fixação do prazo de quinze

dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do

Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS,

atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir da data discriminada, até

a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:

9.3.1. Relativamente aos pagamentos em favor de José Gesoaldo dos Santos Braga:

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

2/5/2002 193,09

2/5/2002 379,74

13/5/2002 200,00

13/6/2002 200,00

15/7/2002 200,00

12/8/2002 200,00

11/9/2002 200,00

10/10/2002 200,00

12/11/2002 200,00

11/12/2002 200,00

11/12/2002 200,00

13/1/2003 200,00

12/2/2003 200,00

13/3/2003 200,00

10/4/2003 200,00

13/5/2003 240,00

11/6/2003 240,00

10/7/2003 240,00

12/8/2003 240,00

10/9/2003 240,00

10/10/2003 240,00

12/11/2003 240,00

10/12/2003 240,00

10/12/2003 240,00

13/1/2004 240,00

11/2/2004 240,00

10/3/2004 240,00

5/4/2004 240,00

5/5/2004 240,00

3/6/2004 260,00

5/7/2004 260,00

4/8/2004 260,00

3/9/2004 260,00

5/10/2004 260,00

4/11/2004 260,00

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DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

3/12/2004 260,00

3/12/2004 260,00

5/1/2005 260,00

3/2/2005 260,00

3/3/2005 260,00

5/4/2005 260,00

4/5/2005 260,00

3/6/2005 300,00

5/7/2005 300,00

3/8/2005 300,00

5/9/2005 300,00

5/10/2005 300,00

4/11/2005 300,00

5/12/2005 300,00

5/12/2005 300,00

4/1/2006 300,00

3/2/2006 300,00

3/3/2006 300,00

5/4/2006 300,00

4/5/2006 350,00

5/6/2006 350,00

5/7/2006 350,00

3/8/2006 350,00

5/9/2006 175,00

5/9/2006 350,00

4/10/2006 350,00

6/11/2006 350,00

5/12/2006 175,00

5/12/2006 350,00

4/1/2007 350,00

5/2/2007 350,00

5/3/2007 350,00

4/4/2007 350,00

4/5/2007 380,00

5/6/2007 380,00

4/7/2007 380,00

3/8/2007 380,00

5/9/2007 190,00

5/9/2007 380,00

3/10/2007 380,00

6/11/2007 380,00

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188

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

5/12/2007 190,00

5/12/2007 380,00

9.3.2. Relativamente aos pagamentos em favor de José Pereira de Azevedo Filho:

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

5/2/2002 713,09

4/3/2002 1.258,40

2/4/2002 1.258,40

3/5/2002 1.258,40

4/6/2002 1.258,40

2/7/2002 1.320,39

2/8/2002 1.320,39

3/9/2002 1.320,39

2/10/2002 1.320,39

4/11/2002 1.320,39

3/12/2002 1.320,39

3/12/2002 1.320,39

3/1/2003 1.320,39

4/2/2003 1.320,39

5/3/2003 1.320,39

2/4/2003 1.320,39

5/5/2003 1.320,39

3/6/2003 1.320,39

2/7/2003 1.580,63

4/8/2003 1.580,63

2/9/2003 1.580,63

2/10/2003 1.580,63

4/11/2003 1.580,63

2/12/2003 1.580,63

2/12/2003 1.580,63

5/1/2004 1.580,63

3/2/2004 1.580,63

2/3/2004 1.580,63

2/4/2004 1.580,63

4/5/2004 1.580,63

2/6/2004 1.652,23

2/7/2004 1.652,23

3/8/2004 1.652,23

2/9/2004 1.652,23

Page 189: ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 - tcu.gov.br · ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

189

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

4/10/2004 1.652,23

3/11/2004 1.652,23

2/12/2004 1.652,23

2/12/2004 1.652,23

4/1/2005 1.652,23

2/2/2005 1.652,23

2/3/2005 1.652,23

4/4/2005 1.652,23

3/5/2005 1.652,23

2/6/2005 1.757,22

4/7/2005 1.757,22

2/8/2005 1.757,22

2/9/2005 1.757,22

4/10/2005 1.757,22

3/11/2005 1.757,22

2/12/2005 1.757,22

2/12/2005 1.757,22

3/1/2006 1.757,22

2/2/2006 1.757,22

2/3/2006 1.757,22

4/4/2006 1.757,22

3/5/2006 1.845,08

2/6/2006 1.845,08

4/7/2006 1.845,08

2/8/2006 1.845,08

4/9/2006 922,54

4/9/2006 1.845,08

3/10/2006 1.845,25

3/11/2006 1.845,25

4/12/2006 922,71

4/12/2006 1.845,25

3/1/2007 1.845,25

2/2/2007 1.845,25

2/3/2007 1.845,25

3/4/2007 1.845,25

3/5/2007 1.906,14

4/6/2007 1.906,14

3/7/2007 1.906,14

2/8/2007 1.906,14

4/9/2007 953,07

4/9/2007 1.906,14

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190

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

2/10/2007 1.906,14

5/11/2007 1.906,14

9.3.3. Relativamente aos pagamentos em favor de Manuel Medeiros Neto:

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

5/6/2002 500,94

6/6/2002 326,70

8/7/2002 331,79

7/8/2002 331,79

5/9/2002 331,79

4/10/2002 331,79

6/11/2002 331,79

5/12/2002 276,49

5/12/2002 331,79

8/1/2003 331,79

6/2/2003 331,79

7/3/2003 331,79

4/4/2003 331,79

7/5/2003 331,79

5/6/2003 331,79

4/7/2003 397,18

6/8/2003 397,18

4/9/2003 397,18

6/10/2003 397,18

6/11/2003 397,18

4/12/2003 397,18

4/12/2003 397,18

7/1/2004 397,18

5/2/2004 397,18

4/3/2004 397,18

6/4/2004 397,18

6/5/2004 397,18

4/6/2004 415,17

6/7/2004 415,17

5/8/2004 415,17

6/9/2004 415,17

6/10/2004 415,17

5/11/2004 415,17

6/12/2004 415,17

Page 191: ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 - tcu.gov.br · ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

191

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

6/12/2004 415,17

6/1/2005 415,17

4/2/2005 415,17

4/3/2005 415,17

6/4/2005 415,17

5/5/2005 415,17

6/6/2005 441,55

6/7/2005 441,55

4/8/2005 441,55

6/9/2005 441,55

6/10/2005 441,55

7/11/2005 441,55

6/12/2005 441,55

6/12/2005 441,55

5/1/2006 441,55

6/2/2006 441,55

6/3/2006 441,55

6/4/2006 441,55

5/5/2006 463,62

6/6/2006 463,62

6/7/2006 463,62

4/8/2006 463,62

6/9/2006 231,81

6/9/2006 463,62

5/10/2006 463,66

7/11/2006 463,66

6/12/2006 231,85

6/12/2006 463,66

5/1/2007 463,66

6/2/2007 463,66

6/3/2007 463,66

5/4/2007 463,66

7/5/2007 478,96

6/6/2007 478,96

5/7/2007 478,96

6/8/2007 478,96

6/9/2007 239,48

6/9/2007 478,96

4/10/2007 478,96

9.3.4. Relativamente aos pagamentos em favor de Maria Neide de Oliveira:

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192

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

DATA DA

OCORRÊNCIA

VALOR

ORIGINAL (R$)

27/3/2002 724,53

27/3/2002 1.086,80

3/4/2002 1.086,80

6/5/2002 1.086,80

5/6/2002 1.086,80

3/7/2002 1.206,13

5/8/2002 1.206,13

4/9/2002 1.206,13

3/10/2002 1.206,13

5/11/2002 1.206,13

4/12/2002 1.206,13

4/12/2002 1.206,13

7/1/2003 1.206,13

5/2/2003 1.206,13

7/3/2003 1.206,13

3/4/2003 1.206,13

6/5/2003 1.206,13

4/6/2003 1.206,13

3/7/2003 1.443,85

6/8/2003 1.443,85

3/9/2003 1.443,85

3/10/2003 1.443,85

5/11/2003 1.443,85

4/12/2003 1.443,85

4/12/2003 1.443,85

6/1/2004 1.443,85

4/2/2004 1.443,85

3/3/2004 1.443,85

5/4/2004 1.443,85

5/5/2004 1.443,85

3/6/2004 1.509,25

5/7/2004 1.509,25

4/8/2004 1.509,25

3/9/2004 1.509,25

5/10/2004 1.509,25

4/11/2004 1.509,25

3/12/2004 1.509,25

3/12/2004 1.509,25

5/1/2005 1.509,25

3/2/2005 1.509,25

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193

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9.4. aplicar a Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34) a multa prevista no art. 57 da Lei

8.443/1992, c/c o art. 267 do Regimento Interno, no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) ,

fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovar, perante o Tribunal

(art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do

Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data deste acórdão até a do efetivo

recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

3/3/2005 1.509,25

5/4/2005 1.509,25

4/5/2005 1.509,25

3/6/2005 1.605,16

5/7/2005 1.605,16

3/8/2005 1.605,16

5/9/2005 1.605,16

5/10/2005 1.605,16

4/11/2005 1.605,16

5/12/2005 1.605,16

5/12/2005 1.605,16

4/1/2006 1.605,16

3/2/2006 1.605,16

3/3/2006 1.605,16

5/4/2006 1.605,16

4/5/2006 1.685,41

5/6/2006 1.685,41

5/7/2006 1.685,41

3/8/2006 1.685,41

5/9/2006 842,70

5/9/2006 1.685,41

4/10/2006 1.685,57

6/11/2006 1.685,57

5/12/2006 842,87

5/12/2006 1.685,57

4/1/2007 1.685,57

5/2/2007 1.685,57

5/3/2007 1.685,57

4/4/2007 1.685,57

4/5/2007 1.741,19

5/6/2007 1.741,19

4/7/2007 1.741,19

3/8/2007 1.741,19

5/9/2007 870,59

5/9/2007 1.741,19

3/10/2007 1.741,19

Page 194: ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 - tcu.gov.br · ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

194

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9.5.considerar graves as infrações cometidas por Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-

34), nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992;

9.6. inabilitar Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34) pelo período de cinco anos, para o

exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, nos

termos do art. 60 da Lei 8.443/1992, observadas as disposições do Acórdão 714/2016-TCU-Plenário;

9.7. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei

8.443/1992, caso não atendidas as notificações;

9.8. autorizar, desde logo, caso solicitado e o processo não tenha sido remetido para cobrança

judicial, o pagamento da dívida em até 36 parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da

Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da primeira

parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais mensalmente, devendo

incidir sobre cada valor mensal os correspondentes acréscimos legais, na forma prevista na legislação

em vigor, sem prejuízo de alertar aos responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de

qualquer parcela implicará o vencimento antecipado do saldo devedor;

9.9. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao

Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Ceará, nos termos do § 3º do art. 16 da

Lei 8.443/1992, c/c o §7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que

entender cabíveis;

9.10. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e à Procuradoria Geral Federal –

PGF que a decisão contida no subitem 9.1 deste acórdão não impede a adoção de providências

administrativas e/ou judiciais, com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos

indevidamente aos segurados ali mencionados, em razão da concessão irregular de benefício

previdenciário.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1603-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário

TC 027.311/2016-3.

Natureza: Representação.

Órgão: Prefeitura Municipal de Natal/RN.

Representante: José Alexandre dos Reis Cardozo (618.176.517-49).

Representação legal: não há.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. POSSÍVEIS IRREGULARIDADES EM EDITAL DE

PREGÃO ELETRÔNICO. REGISTRO DE PREÇOS. ADOÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR

SUSPENDENDO O CERTAME. OITIVA DO ÓRGÃO PROMOTOR DA LICITAÇÃO.

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195

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

JUSTIFICATIVAS SUFICIENTES PARA ELIDIR APENAS PARTE DAS

IRREGULARIDADES SUSCITADAS. USO INDEVIDO DO SISTEMA DE REGISTRO DE

PREÇOS. ATA JÁ CONSTITUÍDA. CONTRATO FIRMADO PELO ÓRGÃO

GERENCIADOR ENVOLVENDO A INTEGRALIDADE DO OBJETO REGISTRADO.

ENCERRAMENTO DA ATA CONFORME A JURISPRUDÊNCIA DO TCU. DÚVIDAS

ACERCA DA ECONOMICIDADE DA CONTRATAÇÃO REALIZADA. IMPOSSIBILIDADE

DE NOVAS CONTRATAÇÕES PELO GERENCIADOR BEM COMO DE ADESÕES À ATA.

PREJUÍZO MAIOR EM CASO DE ANULAÇÃO DO CONTRATO JÁ CELEBRADO.

PRORROGAÇÃO CONDICIONADA À DEMONSTRAÇÃO DA VANTAJOSIDADE DOS

PREÇOS À ÉPOCA DA RENOVAÇÃO CONTRATUAL. PROCEDÊNCIA PARCIAL.

DETERMINAÇÃO. CIÊNCIA. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de representação, com pedido de medida cautelar, a respeito de possíveis irregularidades

ocorridas na Prefeitura Municipal de Natal/RN – Secretaria Municipal de Saúde (SMS), relacionadas

ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, que tinha por objeto o registro de preços para contratação de pessoa

jurídica especializada na prestação de serviços terceirizados, de natureza contínua, de apoio

operacional e administrativo, visando suprir as necessidades da Secretaria Municipal de Saúde de

Natal, referente ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192 Natal.

2. Adoto, como parte integrante deste relatório, a instrução produzida na Secex-PE, pelo Auditor

Henrique da Fonseca Carvalho, vazada nos seguintes termos:

INTRODUÇÃO

1. Cuidam os autos de representação, com pedido de medida cautelar, a respeito de possíveis

irregularidades ocorridas na Prefeitura Municipal de Natal/RN – Secretaria Municipal de Saúde

(SMS), relacionadas ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, cujo objeto é o registro de preços para

eventual contratação de pessoa jurídica especializada na prestação de serviços terceirizados, de

natureza continua, de apoio operacional e administrativo, visando suprir as necessidades da Secretaria

Municipal de Saúde do Natal, referente ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192

Natal.

2. Há previsão de que 50% das despesas da execução do objeto do pregão sejam custeadas com

recursos do Fundo Nacional de Saúde, conforme Despacho juntado à peça 4, p. 3 e previsão constante

do art. 4º da Portaria - GM/MS 1.864/2003 (peça 28, p. 2).

ANTECENDENTES

3. O objeto do pregão ora em análise vem suprir, em parte, o objeto do Contrato 67/2016 (peça

29), advindo da Coleta de Preços 21/2016, realizada pela Prefeitura de Natal/RN, cuja finalidade é a

contratação emergencial, por um período de seis meses, de empresa especializada na operacionalização

das atividades administrativas e de apoio ao Samu 192 em Natal/RN, firmada por meio de dispensa de

licitação. Tal contratação está sendo examinada neste Tribunal na representação, com pedido de

medida cautelar, TC 016.586/2016-6, sob a relatoria do Exmo. Ministro Vital do Rego.

4. Por meio do Acórdão 2.174/2016-TCU-Plenário, este TCU conheceu a representação

supramencionada, indeferiu o pedido de cautelar, ante a existência de periculum in mora reverso, e

devolveu os autos a esta Secex-PE para aprofundamento da matéria, especialmente no que diz respeito

ao exame dos preços praticados no processo de dispensa.

5. Atualmente o TC 016.586/2016-6 está em fase de instrução, não havendo pronunciamento

conclusivo nesta Unidade sobre a matéria.

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196

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

HISTÓRICO

6. Inicialmente, deve-se registrar que o Ministro-Relator conheceu do expediente encaminhado

pelo Sr. José Alexandre do Reis Cardozo (peça 1) como representação, conforme apontado no

Despacho de 16/11/2016 (peça 22, p. 6), uma vez atendidos os requisitos de admissibilidade constantes

do art. 237, VII e parágrafo único do RI/TCU c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993.

7. Dessa forma, a representação pode ser apurada, para fins de comprovar a sua procedência, nos

termos do art. 234, § 2º, segunda parte, do Regimento Interno do TCU, aplicável às representações de

acordo com o parágrafo único do art. 237 do mesmo RI/TCU.

8. Em análise preliminar desta Unidade Técnica (peça 5), propôs-se a realização de oitiva prévia

da Secretaria Municipal de Saúde de Natal/RN, com o objetivo de confirmar a existência dos requisitos

do fumus boni iuris e do periculum in mora. Foi instado que a Secretaria se manifestasse sobre os

seguintes fatos apontados na representação formulada pelo Sr. José Alexandre dos Reis Cardozo (peça

7):

8.1. utilização do Sistema de Registro de Preço – SRP, uma vez que se trata de contratação

imediata de serviços continuados e específicos para o Município de Natal/RN, com quantitativos certos

e determinados, não havendo parcelamento de entregas do objeto, conforme descrito no Termo de

Referência, contrariando o art. 3º do Decreto 7.892/2013, e seus incisos;

8.2. ausência de estimativa máxima de custo individualizada por lote, o que impossibilita a

análise comparativa dos valores das propostas a serem apresentadas com os valores máximos de

mercado levantados pela administração, prejudicando o julgamento objetivo das propostas,

contrariando os arts. 3º e 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993;

8.3. segregação dos objetos do Pregão por lotes, que pode culminar na formalização de diversos

contratos, prejudicando a administração destes, ante a dificuldade da gestão de múltiplas funções para

uma mesma finalidade, haja vista se tratar de serviços interdependentes, podendo existir controvérsias

sobre a execução dos mesmos, falhas e duplicidades de informações, contrariando o princípio da

eficiência administrativa (art. 37 da Constituição Federal);

8.4. exigência, para fins de habilitação, da apresentação de atestado de capacidade técnica,

emitido por pessoa jurídica de direito público ou privado, datado e assinado, comprovando a aptidão

para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o

objeto do pregão, ou que guardem semelhança com o objeto licitado, por período não inferior a três

anos, que pode cercear o caráter competitivo do certame, sendo uma afronta aos arts. 3º, §1º; 30, §5º; e

37, inciso XXI, da Lei 8.666/1993; e

8.5. ausência no Edital de critérios ou índices objetivamente previstos para fins de avaliação da

situação econômico-financeira dos participantes, o que vai de encontro às determinações contidas no

§5º do art. 31 da Lei 8.666/1993.

9. Ainda, foi realizada diligência (peça 8) a fim de que a Secretaria Municipal de Saúde

informasse em qual fase se encontrava o Pregão Eletrônico 20.062/2016, bem como encaminhasse a

composição dos preços estimados por lotes, de forma detalhada, objetos do Pregão.

10. Vale ressaltar que a data da instrução preliminar coincidiu com a do limite de acolhimento e

abertura das propostas, não existindo, até então, empresa vencedora do certame.

11. Em resposta à oitiva prévia, o Secretário Municipal de Saúde de Natal/RN, Sr. Luiz Roberto

Fonseca Leite, por meio do Ofício 7246/2016-GS/SMS, de 25/10/2016, solicitou dilação de prazo para

a resposta (por quinze dias), sob a justificativa de que “o mesmo mostra-se demasiadamente exíguo

para colecionar as informações requeridas, sobretudo em face do imenso déficit de pessoal que a SMS

possui” (peça 14).

12. Em seguida, tomou-se conhecimento de que a Secretaria Municipal de Saúde vinha dando

prosseguimento normal ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, conforme exposto na peça 15. Nesta peça é

apresentado o Diário Oficial do Município de Natal/RN, de 27/10/2016, por meio do qual foi

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formalizado que a pregoeira e o secretário municipal de saúde julgaram improcedente um recurso

administrativo impetrado por uma das empresas concorrentes (Prol Staff Ltda.), mantendo inalterada a

decisão que julgou vencedora do certame a empresa JMT Serviços e Locação de Mão de Obra Ltda.,

em relação aos lotes 1 e 2.

13. Dessa forma, diante da solicitação de prorrogação de prazo para a resposta da oitiva prévia e

da diligência, comprovada a continuidade normal do Pregão Eletrônico 20.062/2016 e considerando as

impropriedades preliminarmente levantadas (item 8), a Unidade Técnica propôs a adoção da medida

cautelar para suspender os efeitos do Pregão em análise até a decisão de mérito deste TCU e a

autorização da dilação do prazo para resposta solicitada pela SMS de Natal/RN (peça 17, p. 3-4).

14. O Ministro-Relator, por meio de Despacho datado de 16/11/2016, entendeu que subsistiam

os indícios de irregularidade apontados apenas nos itens 8.1, 8.2 e 8.3, anuindo em síntese com os

demais fundamentos apontados pela Secex-PE. Com base nisso, decidiu adotar a aludida medida

cautelar e autorizar a oitiva (agora com base no art. 276, § 3º, do RI/TCU) sobre esses indícios de

irregularidade e a realização de diligência à Prefeitura Municipal de Natal para que encaminhasse a

composição detalhada dos preços estimados dos lotes do Pregão Eletrônico 20.062/2016 (peça 22), o

que ocorreu por meio dos Ofícios 1827 e 1828/2016-TCU/Secex-PE (peças 23 e 24), entregues ao

destinatário em 9/12/2016, conforme avisos de recebimento entregues pelos Correios (peças 26 e 27).

15. Registre-se que, nesse ínterim, conforme registrado na instrução anterior (peça 17, p. 3), a

TRD Serviços e Administração Ltda., empresa que prestava os serviços objeto do Pregão Eletrônico

20.062/2016 à SMS de Natal/RN até a assinatura do Contrato Emergencial 67/2016 em 28/4/2016

(peça 29), conforme informações constantes do TC 016.586/2016-6, e para a qual o representante José

Alexandre dos Reis Cardozo presta serviços, trouxe aos autos documentos em que são informadas

supostas novas irregularidades cometidas no âmbito do pregão ora em comento (peças 9-13 e 15).

Essas informações devem ser analisadas em conjunto com aquelas apontadas na representação inicial

(peça 1).

16. Em 4/1/2017, foi juntado aos autos o Ofício 7226/2016-GS/SMS (peça 31), assinado pelo

Secretário Municipal de Saúde de Natal/RN, por meio do qual foram apresentadas as justificativas e

esclarecimentos relativos aos últimos ofícios de oitiva e diligência encaminhados à Prefeitura

Municipal de Natal.

17. Diante disso, dá-se continuidade à análise iniciada nas instruções anteriores (peças 5 e 17) e

no Despacho do Ministro-Relator (peça 22).

EXAME TÉCNICO

18. Esta instrução cuida da análise sobre a necessidade de manutenção da medida cautelar

adotada por meio do Despacho do Ministro-Relator em 16/11/2016 (peça 22), bem como sobre as

irregularidades eventualmente cometidas no âmbito do Pregão Eletrônico 20.062/2016.

19. Nos tópicos seguintes serão analisados os indícios de irregularidade apresentados na peça

inicial de representação (peça 1) que foram objeto da oitiva (peça 23) para posteriormente analisar os

novos documentos trazidos pela empresa TRD Serviços e Administração Ltda. (peças 9-13).

Utilização irregular do Sistema de Registro de Preços

20. O primeiro ponto da oitiva estava relacionado ao seguinte indício de irregularidade (peça 23,

p. 1):

utilização indevida do Sistema de Registro de Preços - SRP, uma vez que se trata de contratação

imediata de serviços continuados e específicos para o Município de Natal/RN, com quantitativos certos

e determinados, não havendo parcelamento de entregas do objeto, conforme descrito no Termo de

Referência, contrariando o art. 3° do Decreto 7.892/2013 e seus incisos;

21. Sobre a questão, o Secretário Municipal de Saúde de Natal alegou resumidamente que (peça

31, p. 2-3):

21.1. a utilização do Sistema de Registro de Preços (SRP) teria diversas vantagens, tais como:

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21.1.1. desnecessidade de dotação orçamentárias no momento da licitação;

21.1.2. atendimento a demandas imprevisíveis;

21.1.3. eliminação do fracionamento de despesa;

21.1.4. agilidade nas aquisições; e

21.1.5. participação de pequenas e médias empresas.

21.2. no caso em debate, o motivo da escolha pelo SRP teria sido o atendimento de demandas

futuras e imprevisíveis, considerando a perspectiva de ampliação dos serviços do SAMU 192 Natal, o

que poderá se concretizar ou não.

22. O art. 3º do Decreto 7.892/2013 prescreve que:

Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes hipóteses:

I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações

frequentes;

II - quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou

contratação de serviços remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa;

III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimento a

mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou

IV - quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o quantitativo a ser

demandado pela Administração.

23. O Decreto 11.005/2016, que regulamentou o SRP no âmbito do município de Natal/RN,

prevê essas mesmas hipóteses em seu art. 3º (peça 32, p. 1-2).

24. No caso em apreço, o gestor tenta configurar o objeto do Pregão 20.062/2016 no inciso IV

antecedente, dando a entender que não seria possível definir previamente o quantitativo a ser

demandado pela SMS.

25. Sobre o assunto, o Tribunal já se manifestou no sentido de que é lícita a utilização do

sistema de registro de preços para contratação de serviços contínuos, desde que configurada uma das

hipóteses delineadas na norma regulamentadora e com expressa justificativa da circunstância

ensejadora (Acórdãos 3092/2014 e 1737/2012, ambos do Plenário do TCU).

26. Não é o caso do objeto do Pregão 20.062/2016. O simples fato de haver uma possibilidade

de aumento futuro da demanda pelos serviços não justifica a constituição de uma ata de registro de

preços.

27. O Termo de Referência do pregão em análise (peça 1, p. 57-99) demonstra claramente a

quantidade de mão-de-obra a ser contratada para cada serviço a ser prestado pela empresa contratada.

O art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, inclusive, faculta ao administrador público alterar unilateralmente o

contrato celebrado em para acrescer ou suprimir em até 25% os serviços contratados, o que representa

uma margem razoável.

28. Nos casos em que houvesse necessidade de um aumento superior a 25% dos serviços

previstos inicialmente no termo de referência, mostrar-se-ia mais coerente realizar uma nova licitação,

aumentando a competitividade e possibilitando a contratação de outras empresas interessadas,

observando, entre outros, os princípios da isonomia e da seleção da proposta mais vantajosa, em

conformidade com o art. 3º da Lei 8.666/1993.

29. Dessa forma, verifica-se que a Prefeitura Municipal de Natal utilizou indevidamente o

Sistema de Registro de Preços (SRP), uma vez que se trata de contratação imediata de serviços

continuados e específicos, com quantitativos certos e determinados, não havendo parcelamento de

entregas do objeto, conforme descrito no Termo de Referência, contrariando o art. 3° do Decreto

7.892/2013 e do Decreto Municipal 11.005/2016.

30. Se, por um lado, a impropriedade não se reveste de gravidade suficiente para que o TCU

tome medidas no sentido de determinar a anulação de todo o processo licitatório ou do contrato

celebrado (haja vista que o Pregão 20.062/2016 ocorreu normalmente com a participação de oito

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empresas), por outro lado faz-se necessário determinar que a Prefeitura Municipal não utilize a ata para

contratações futuras nem permita a adesão de outros órgãos a ela.

31. Caso seja necessário um acréscimo dos serviços contratados, o município poderá se utilizar

da faculdade prevista no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993 até o limite ali imposto.

Ausência de definição de preços máximos por lote no edital

32. O segundo ponto da oitiva questionou a: (peça 23, p. 2):

divisão do objeto licitado por lotes sem a definição dos seus preços máximos, o que impossibilita

a análise comparativa dos valores das propostas a serem apresentadas com os valores máximos de

mercado levantados pela administração, prejudicando o julgamento objetivo das propostas,

contrariando, assim, os arts. 3° e 40, § 2°, inciso II, da Lei 8.666/1993;

33. Sobre a questão, a Pregoeira alegou resumidamente que (peça 31, p. 3 e 5):

33.1. a estimativa anual de custos no valor de R$ 7.592.070,00 consta do item 7.2 do edital do

Pregão 20.062/2016 (peça 1, p. 31); e

33.2. a jurisprudência do TCU não exigiria da Administração a obrigatoriedade de anexar ao

edital o orçamento de referência, podendo este constar apenas dos autos, sendo facultado aos

interessados o acesso ao documento, conforme estaria exposto no Acórdão 2080/2012-TCU-Plenário.

34. Este Tribunal, por meio do Acórdão 2166/2014-TCU-Plenário, se manifestou no sentido de

que, na modalidade pregão, o orçamento estimado não constitui elemento obrigatório do edital,

devendo, contudo, estar inserido no processo relativo ao certame. Todavia, sempre que o

preço de referência for utilizado como critério de aceitabilidade da proposta, a sua divulgação no edital

é obrigatória, nos termos do art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993.

35. Sobre o assunto, no voto condutor do Acórdão 392/2011-TCU-Plenário, o Exmo. Ministro

José Jorge resumiu bem o entendimento desta Corte de Contas ao afirmar que, no pregão, “caberá aos

gestores/pregoeiros (...) a avaliação da oportunidade e conveniência de incluir tais orçamentos - e os

próprios preços máximos, se a opção foi a sua fixação - no edital, informando nesse caso, no próprio

ato convocatório, a sua disponibilidade aos interessados e os meios para obtê-los”. Ressalvara,

contudo, a deliberação que “na hipótese de o preço de referência ser utilizado como critério de

aceitabilidade de preços, a divulgação no edital é obrigatória”.

36. No caso, como o preço de referência obtido na pesquisa de preços não teria sido utilizado

como critério de aceitabilidade das propostas, não se mostraria obrigatória a sua divulgação no edital.

Além disso, de acordo com a Pregoeira, os interessados poderiam consultar o quadro demonstrativo de

preços (peça 31, p. 19-20) ao obter vista dos autos.

37. Assim, a ausência de publicação no edital de definição dos preços máximos de referência ou

dos valores de mercado obtidos na pesquisa mercadológica não configura irregularidade insanável que

vicie o Pregão 20.062/2016.

Segregação do objeto em lotes

38. O último ponto questionado na oitiva foi a (peça 23, p. 2):

segregação do objeto do Pregão por lotes, que pode culminar na formalização de diversos

contratos, prejudicando a administração destes, ante a dificuldade da gestão de múltiplas funções para

uma mesma finalidade, haja vista se tratar de serviços interdependentes, podendo existir controvérsias

sobre a execução dos mesmos, falhas e duplicidades de informações, contrariando o princípio da

eficiência administrativa.

39. Em resposta ao questionamento, o Secretário Municipal de Saúde alegou que a escolha do

julgamento por lotes foi adotada com vistas a “evitar a desfragmentação que ocasionaria um

descontrole de responsabilização, bem como divisão na equipe”. Acrescentou ainda que a medida foi

adotada visando agir em consonância com a argumentação da oitiva (peça 31, p. 3):

evitar a formalização de diversos contratos, prejudicando a administração destes, ante a

dificuldade ante a dificuldade da gestão de múltiplas funções para uma mesma finalidade, haja vista se

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tratar de serviços interdependentes, podendo existir controvérsias sobre a execução dos mesmos, falhas

e duplicidades de informações, contrariando o princípio da eficiência administrativa (o que ocorreria

no caso da adoção do julgamento por item).

40. A súmula 247 do TCU prescreve que:

É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais das

licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divisível, desde

que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala, tendo em vista o

objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a

execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou

unidades autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa divisibilidade.

41. No caso, a oitiva tinha o objetivo de questionar o motivo de a licitante ter optado pelo

julgamento em lotes, em detrimento do julgamento por preço global, em razão da possibilidade de a

administração ter que administrar vários contratos distintos no âmbito de uma mesma finalidade.

Conforme apontado, por meio do Pregão 20.062/2016, buscou-se suprir as necessidades da SMS, no

que se refere ao SAMU 192, por meio da contratação de serviços terceirizados de condutor de veículo

de emergência, operador de frota, telefonista auxiliar de regulação médica, operador de rádio, lavador

de veículo e auxiliar de manutenção nos quantitativos constantes do Termo de Referência (peça 1, p.

58).

42. A resposta da SMS justificou a adoção da adjudicação “por lote”, em vez de “por item”,

justamente no sentido de que desfragmentar uma mesma função em vários contratos poderia ocasionar

um descontrole da secretaria, uma vez que teria que administrar diversos contratos para um mesmo

serviço executado, o que traria dificuldades para a gestão municipal.

43. A decisão da SMS de Natal está mais em consonância com a Súmula 247 do TCU do que o

alegado pela representante (constante da oitiva). A decisão por adjudicar por lote possibilita que

empresas que prestem serviços referentes a apenas alguns dos lotes possam também participar do

certame, o que, por certo, amplia a competitividade.

44. Ainda que haja conexão entre os serviços objeto de cada lote, a gestão municipal entendeu

ser possível destinar cada tipo de serviço (cada lote) a uma empresa diferente, harmonizando-os, sem

prejuízo para administração pública, inclusive no que refere à responsabilização.

45. Desse modo, se a SMS entendeu ser esse o modo conveniente e oportuno para realizar a

contratação dos serviços, ampliando ainda a competitividade da licitação, não cabe a este Tribunal

adentrar na seara discricionária do gestor público determinando que todos os serviços listados no termo

de referência sejam contratados por uma mesma empresa, quando o administrador decidiu de forma

diversa.

46. De qualquer modo, todos os lotes foram adjudicados à empresa JMT Serviços e Locação de

Mão de Obra Ltda., CNPJ 07.442.731/0001-36, sendo com ela celebrado o Contrato 182/2016 para

prestação de todos os serviços licitados por meio do Pregão 20.062/2016 (peça 30, p. 2-5).

Novos indícios de irregularidades

47. A TRD Serviços e Administração Ltda., empresa que prestava os serviços objeto do Pregão

Eletrônico 20.062/2016 à SMS de Natal/RN até a assinatura do Contrato Emergencial 67/2016 em

28/4/2016 (peça 29), conforme informações constantes do TC 016.586/2016-6, e para a qual o

representante José Alexandre dos Reis Cardozo presta serviços, trouxe aos autos documentos em que

são informadas supostas novas irregularidades cometidas no âmbito do pregão ora em comento (peças

9-13).

48. Nos documentos apresentados, a empresa alega, em síntese, que a SMS de Natal restringiu o

seu direito de impugnar o Edital do Pregão 20.062/2016, uma vez que a Pregoeira julgou intempestivo

e não conheceu a impugnação que teria sido apresentada pela empresa no dia 29/9/2016, dois dias úteis

antes da abertura das propostas marcadas para ocorrer no dia 4/10/2016.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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49. Conforme apontado no art. 18 do Decreto 5.450/2005 e no Decreto Municipal 11.004/2016,

regulamentadores do Pregão em âmbito nacional e no município de Natal/RN, respectivamente, “até

dois dias úteis antes da data fixada para abertura da sessão pública, qualquer pessoa poderá impugnar o

ato convocatório do pregão, na forma eletrônica”.

50. Considerando que o dia 3/10/2016 é feriado em Natal (Dia dos “Protomártires de Uruaçu e

Cunhaú”), o último dia para impugnação do Edital do Pregão Eletrônico 20.062/2016 seria

efetivamente 29/9/2016.

51. Apesar disso, o documento de impugnação juntado aos autos pela empresa TRD Serviços e

Administração Ltda. que teria sido entregue na SMS de Natal/RN (peça 11, p. 7-57), ainda que esteja

datado de 29/9/2016, não está assinado nem contém o protocolo com o registro de que tenha sido

recebido nesse mesmo dia pela Prefeitura Municipal.

52. Mesmo assim, sobre esse ponto, verifica-se que essa questão não objetiva

predominantemente o interesse público, mas sim o interesse privado da empresa.

53. Oportuno consignar que o Tribunal não visa à tutela de interesse puramente privado,

cabendo ao poder judiciário a solução desse tipo de demanda. O objeto de atuação da Corte de Contas

sempre está a exigir que, em alguma medida, se configure ameaça aos bens públicos e/ou aos

princípios que regem a administração pública.

54. Nesse ponto, o ministro Benjamin Zymler em recente deliberação deste Tribunal, no âmbito

do Acórdão 2.426/2015-TCU-Plenário, assim discorreu:

As representações formuladas com base no art. 113, §1º, da Lei 8.666/93 não se prestam à defesa

de interesses meramente particulares junto à Administração Pública, devendo sua procedência ser

fundada no resguardo do interesse público. Não é da competência do TCU a defesa de interesses

privados perante o Poder Público.

55. Ressalta-se que a empresa TRD Serviços e Administração Ltda. sequer participou do Pregão

Eletrônico 20.062/016 ofertando propostas, o que poderia ter optado por fazer, haja vista que as

irregularidades apresentadas na impugnação e analisadas por meio do presente processo não a

impediriam, em tese, de participar do certame.

56. Dessa forma, sobre a suposto indeferimento irregular e não conhecimento da Pregoeira sobre

a impugnação impetrada pela empresa, considerando o interesse eminentemente privado da questão,

não cabe a este Tribunal a tutela desse interesse, podendo a firma recorrer ao judiciário para

atendimento de sua demanda.

Da medida cautelar

57. No que diz respeito à medida cautelar, por meio do aludido despacho de 16/11/2016, o

Exmo. Ministro Vital do Rêgo determinou à Prefeitura Municipal de Natal/RN que suspendesse

cautelarmente o Pregão Eletrônico 20.062/2016, assim como todos os atos dele decorrentes, até que o

TCU se pronunciasse sobre o mérito da presente representação. Caso a licitação já tivesse sido

homologada, deveria a Prefeitura Municipal de Natal/RN abster-se de constituir a ata de registro de

preços decorrente do aludido certame. Na hipótese de a ata de registro de preços já ter sido constituída,

deveria a Prefeitura Municipal de Natal/RN suspender imediatamente os seus efeitos, em especial a

prática de quaisquer atos tendentes à efetivação da contratação das empresas vencedoras dos lotes,

bem como abster-se de autorizar adesão à ata.

58. Apesar de o despacho ter sido assinado em 16/11/2016, foi juntado ao processo apenas em

23/11/2016, sendo o Ofício 1827/2016-TCU/Secex-PE (contendo a referida determinação) assinado

em seguida no dia 24/11/2016. O destinatário tomou ciência da decisão apenas em 9/12/2016 (peça

27).

59. Ao efetuar pesquisa no Diário Oficial do Município de Natal/RN, verificou-se a cronologia

da publicação dos atos relativos ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, conforme segue (peça 30):

59.1. 4/10/2016: A pregoeira considerou intempestivo o recurso apresentado pela empresa TRD

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Serviços e terceirização Ltda., uma vez que a impugnação ao edital teria sido interposta fora do prazo

legal, mantendo a licitação para o dia 4/10/2016 (peça 30, p. 1);

59.2. 28/10/2016: A pregoeira adjudicou os lotes 3 a 6 à empresa JMT Serviços de Locação de

Mão de Obra Ltda. (peça 30, p. 2);

59.3. 3/11/2016: O Secretário Municipal de Saúde adjudicou os lotes 1 e 2 a essa mesma

empresa e homologou os atos praticados pela pregoeira no âmbito da licitação (peça 30, p. 3);

59.4. 4/11/2016: O Secretário Municipal de Saúde publicou a relação dos preços da ARP

20.037/2016, decorrente do Pregão Eletrônico 20.062/2016 (peça 30, p. 4); e

59.5. 18/11/2016: Foi publicado o extrato do Termo de Contrato 182/2016, celebrado com a

empresa JMT Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda. e assinado em 17/11/2016 (peça 30, p. 5).

60. Conforme se observa, a data em que a Prefeitura Municipal de Natal tomou ciência da

determinação para suspensão cautelar do Pregão 20.062/2016 (9/12/2016) ocorreu após o certame estar

finalizado e homologado pela autoridade competente com o objeto adjudicado à licitante vencedora

(3/11/2016).

61. Constata-se que a constituição da ARP (4/11/2016) e a celebração do Contrato 182/2016

(1811/2016), decorrente do pregão em análise, também ocorreram antes da ciência da unidade

jurisdicionada sobre a medida cautelar adotada.

62. Nesse sentido, apesar de prejudicada em parte, não se vislumbra descumprimento formal da

medida cautelar até o presente momento por parte da Prefeitura Municipal de Natal/RN.

63. Por um lado, há que se considerar que o novo contrato de prestação de serviços já foi

assinado, como comprova a publicação do extrato termo do contrato 182/2016 (peça 30, p. 5) e que a

vigência do contrato emergencial 67/2016 (peça 29) expirou. Assim, como o contrato está em

execução e tratando-se de um serviço essencial como é o SAMU, qualquer medida do TCU no sentido

de suspender de forma imediata a sua execução poderia colocar em risco a saúde e a vida das pessoas,

o que caracteriza o periculum in mora ao reverso.

64. Por outro lado, ainda há risco de ocorrência da prática de atos tendentes à efetivação da

contratação da empresa vencedora dos lotes por meio de nova adesão à ata, inclusive por parte da

Prefeitura Municipal de Natal, o que deve ser, desde já, objeto da decisão mérito da questão no sentido

de proibir tal prática.

65. Registre-se que não se revoga medida cautelar nos casos em que a decisão de mérito a

confirmar na íntegra. Se o conteúdo da cautelar se tornou definitivo por ocasião da apreciação de

mérito, é porque a tutela cautelar foi confirmada pela deliberação, não sendo concebível confirmar

a cautelar e, ao mesmo tempo, determinar sua revogação, conforme Acórdão 1.476/2016-TCU-

Plenário.

66. Diante disso, deve ser revogada a medida cautelar, haja vista que subsiste apenas a

necessidade de manutenção da parte final dessa decisão acautelatória. A referida medida deverá ser

substituída por decisão definitiva deste Tribunal, determinando à Prefeitura Municipal de Natal/RN

que suspenda imediatamente os efeitos da Ata de Registro de Preços 20.037/2016, decorrente do

Pregão Eletrônico 20.062/2016, em especial a prática de quaisquer atos tendentes à efetivação da

contratação da empresa JMT Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda., vencedora dos lotes, bem

como se abstenha de autorizar adesão à ata por outros órgãos, excetuando-se o Contrato 182/2016, o

qual poderá ser mantido caso seja demonstrada a vantajosidade dessa contratação.

Dos preços praticados

67. Em resposta ao Ofício de Diligência 1828/2016-TCU/Secex-PE (peça 24), por meio do qual

foi solicitada a composição detalhada dos preços estimados dos lotes do Pregão Eletrônico

20.062/2016, a SMS de Natal/RN encaminhou o quadro demonstrativo de preços da pesquisa

mercadológica 106/2016 (peça 31, p. 19-20).

68. Ao se analisar o documento, verifica-se que somente duas empresas teriam apresentado

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203

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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preços para os serviços, sendo que uma delas é justamente a empresa que já prestava serviços ao

município e foi contratada por meio do Pregão 20.062/2016.

69. O art. 43, IV, da Lei 8.666/1993 prescreve que:

Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes procedimentos:

(...)

IV - verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e, conforme o

caso, com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda com os

constantes do sistema de registro de preços, os quais deverão ser devidamente registrados na ata de

julgamento, promovendo-se a desclassificação das propostas desconformes ou incompatíveis; [grifei]

70. A jurisprudência do TCU é pacífica no sentido de que a pesquisa de preços para elaboração

do orçamento estimativo da licitação não deve se restringir a cotações realizadas junto a potenciais

fornecedores, devendo, ainda, serem adotadas outras fontes como parâmetro, como contratações

similares realizadas por outros órgãos ou entidades públicas, mídias e sítios eletrônicos especializados

e portais oficiais de referenciamento de custos (Acórdãos 3010/2016, 3351/2015, 1678/2015, todos do

TCU-Plenário).

71. Dessa forma, eventual argumentação de que o valor do melhor lance se encontra abaixo do

orçamento estimativo e que, portanto, estaria atendido o princípio da seleção da proposta mais

vantajosa para a Administração somente mereceria guarida quando evidenciado que a pesquisa de

preços da licitação foi feita de acordo com a melhor técnica possível para cada caso, a exemplo dos

parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014 (Acórdão 28/2015-TCU-Plenário), o que não foi o

caso.

72. A falta ou realização da pesquisa de preços prévia junto a poucas empresas, com manifesta

diferença nos valores dos orçamentos apresentados, não se mostra suficiente para justificar o valor do

orçamento estimativo da contratação, pois impede a Administração contratante de aferir a

vantajosidade real da contratação e os potenciais interessados de cotarem adequadamente suas

propostas, conforme apontado no Acórdão 1002/2015-TCU-Plenário.

73. Da mesma forma, na demonstração da vantajosidade de eventual prorrogação de contrato,

devem ser utilizadas fontes diversificadas de pesquisa de preços. Devem ser priorizadas consultas ao

Portal de Compras Governamentais e a contratações similares de outros entes públicos, em detrimento

de pesquisas com fornecedores, publicadas em mídias especializadas ou em sítios eletrônicos

especializados ou de domínio amplo, cuja adoção deve ser tida como prática subsidiária, nos termos do

Acórdão 1445/2015-TCU-Plenário.

74. Com base nisso, constata-se que a pesquisa de preços efetuada antes da realização do

certame se mostrou deficitária, comprovando de forma precária que os preços contratados seriam os

mais vantajosos para a Administração.

75. Ao se comparar os preços apontados na pesquisa (peça 31, p. 19-20) com os do Contrato

182/2016, celebrado com base no Pregão 20.062/2016 (peça 30, p. 4), verifica-se que os valores

informados na pesquisa realizada pelo município de Natal/RN parecem estar bem acima dos praticados

pelo mercado, não condizendo com a realidade, conforme comparativo elaborado por esta Unidade

Técnica (peça 34).

76. Por sua vez, em comparação com preços do Contrato Emergencial 67/2016 celebrado com a

própria empresa JMT anteriormente, os preços variaram de acordo com a categoria do serviço a ser

prestado (peça 34). A título de exemplo, os preços por condutor de ambulância diurno e noturno (lote

1) foram majorados em 5,18% e 6,90%, respectivamente, o que parece ter ocorrido em razão do

aumento de 10,28% no piso salarial da categoria (de R$ 1.713,23 para R$ 1.889,35), conforme

convenção coletiva firmada pelo Sintro/RN (peça 36, p. 1). O lote 1 (R$ 374,496,00 mensais)

representa 70,37% do valor total do Contrato 182/2016 (R$ 532.114,50), celebrado com base no

Pregão 20.062/2016 (peça 30, p. 3 e 5).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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77. Por fim, registra-se que oito empresas participaram da licitação ofertando preços para os

lotes, conforme ata da Sessão Pública do Pregão 20.062/2016, o que sinaliza a existência de

competitividade no certame.

78. De toda sorte, apesar de haver indícios de que o caráter competitivo do certame não restou

comprometido, não ficou demonstrado que as propostas apresentadas no Pregão 20.062/2016, que

serviram de base para os preços dos serviços pactuados por meio Contrato 182/2016, sejam as mais

vantajosas para Administração, uma vez que a pesquisa de preços que balizou o orçamento estimativo

do certame se mostrou deficitária.

79. A manutenção do Contrato 182/2016 depende sobremaneira da comprovação de que os

preços nele pactuados estão em conformidade com os praticados no mercado. Desse modo, a fim de

regularizar essa situação, cabe a este Tribunal determinar à Prefeitura Municipal de Natal que:

79.1. realize ampla pesquisa de preços para os serviços objeto do Contrato 182/2016, priorizado

consultas a Portais de Compras Governamentais e a contratações similares de outros entes públicos,

utilizando subsidiariamente a pesquisa com fornecedores, balizando-se nos parâmetros definidos na

IN-SLTI/MPOG 5/2014;

79.2. adote providências com vistas a iniciar novo processo de contratação para os serviços cujos

preços não se demonstrem vantajosos para a administração, considerando os preços praticados no

mercado e obtidos na pesquisa de preços supracitada; e

79.3. encaminhe a este Tribunal, no prazo de trinta dias, a análise da vantajosidade dos preços

praticados no Contrato 182/2016 acompanhado de cópia do processo da pesquisa de preços realizada.

[...]

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

87. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:

87.1. conhecer da presente representação formulada pelo Sr. José Alexandre dos Reis Cardozo

(CPF 618.176.517-49), satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237, inciso

VII, do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, para, no mérito,

considerá-la parcialmente procedente;

87.2. com fundamento no art. 276, § 5º, do RI/TCU, revogar a medida cautelar, adotada em

16/11/2016, pelo Ministro-Relator, considerando que subsiste apenas a necessidade de manutenção da

parte final da referida medida cautelar, a qual deverá ser substituída pela determinação definitiva

subsequente;

87.3. com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, determinar à Prefeitura Municipal de

Natal/RN que:

87.3.1. suspenda imediatamente os efeitos da Ata de Registro de Preços 20.037/2016, decorrente

do Pregão Eletrônico 20.062/2016, em especial a prática de quaisquer atos tendentes à efetivação da

contratação da empresa JMT Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda., vencedora dos lotes

licitados, bem como que se abstenha de autorizar adesão à referida ata por outros órgãos, excetuando-

se o Contrato 182/2016, o qual poderá ser mantido caso seja demonstrada a vantajosidade dessa

contratação;

87.3.2. realize ampla pesquisa de preços para os serviços objeto do Contrato 182/2016,

priorizado consultas a Portais de Compras Governamentais e a contratações similares de outros entes

públicos, utilizando apenas subsidiariamente a pesquisa com fornecedores, balizando-se nos

parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014;

87.3.3. adote providências com vistas a iniciar novo processo de contratação para os serviços

cujos preços não se mostrem vantajosos para a administração, considerando os preços praticados no

mercado e obtidos na pesquisa de preços supracitada; e

87.3.4. encaminhe a este Tribunal, no prazo de trinta dias, a comprovação do cumprimento das

determinações supracitadas, em especial da suspensão dos efeitos da Ata de Registro de Preços

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20.037/2016 e da análise sobre a vantajosidade dos preços praticados no Contrato 182/2016,

acompanhada de cópia do processo da nova pesquisa de preços realizada.

87.4. dar ciência à Prefeitura Municipal de Natal/RJ que a utilização do Sistema de Registro de

Preços (SRP) para contratação imediata de serviços continuados e específicos, com quantitativos

certos e determinados, não havendo parcelamento de entregas do objeto, conforme ocorreu no Pregão

eletrônico 20.062/2016, contraria o disposto nos arts. 3°, e seus incisos, do Decreto 7.892/2013 e do

Decreto Municipal 11.005/2016;

87.5. comunicar ao representante, bem como à empresa TRD Serviços e Administração Ltda.

(CNPJ 39.413.414/0001-88), a decisão que vier a ser adotada nestes autos; e

87.6. arquivar os presentes autos, com fundamento no art. 169, inciso V, do Regimento

Interno/TCU.

3. O Secretário-Substituto da Secex-PE manifestou-se de acordo com a instrução.

É o relatório.

VOTO

Trata-se de representação, com pedido de medida cautelar, a respeito de possíveis irregularidades

ocorridas na Prefeitura Municipal de Natal/RN – Secretaria Municipal de Saúde, relacionadas ao

Pregão Eletrônico 20.062/2016, que tinha por objeto o registro de preços para contratação de pessoa

jurídica especializada na prestação de serviços terceirizados, de natureza contínua, de apoio

operacional e administrativo, visando suprir as necessidades da Secretaria Municipal de Saúde de

Natal, referente ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192 Natal.

2. Consoante despacho inserto à peça 22 dos autos, ao considerar presentes os requisitos

necessários à concessão de medida cautelar, determinei a suspensão do certame e de todos os atos dele

decorrentes, com a consequente oitiva da Prefeitura Municipal de Natal/RN. Nesta oportunidade,

examinam-se os esclarecimentos/justificativas prestados em resposta à oitiva que lhe foi endereçada.

3. Manifesto-me, no essencial, em consonância com os fundamentos expendidos na derradeira

instrução produzida pela Secex-PE, adotando-os, desde já, como minhas razões de decidir, sem

prejuízo de aduzir as considerações que se seguem.

4. De acordo com o exame realizado pela unidade técnica, remanesceram duas irregularidades no

âmbito da referida licitação: a “utilização indevida do Sistema de Registro de Preços” e a ausência de

“composição detalhada dos preços estimados dos lotes do Pregão Eletrônico 20.062/2016”.

5. Acerca da “utilização indevida do Sistema de Registro de Preços”, são merecedoras de

registro as seguintes conclusões a que chegou a unidade técnica:

21. Sobre a questão, o Secretário Municipal de Saúde de Natal alegou resumidamente que (peça

31, p. 2-3):

21.1. a utilização do Sistema de Registro de Preços (SRP) teria diversas vantagens, tais como:

21.1.1. desnecessidade de dotação orçamentária no momento da licitação;

21.1.2. atendimento a demandas imprevisíveis;

21.1.3. eliminação do fracionamento de despesa;

21.1.4. agilidade nas aquisições; e

21.1.5. participação de pequenas e médias empresas.

21.2. no caso em debate, o motivo da escolha pelo SRP teria sido o atendimento de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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demandas futuras e imprevisíveis, considerando a perspectiva de ampliação dos serviços do

SAMU 192 Natal, o que poderá se concretizar ou não.

[...]

25. Sobre o assunto, o Tribunal já se manifestou no sentido de que é lícita a utilização do

sistema de registro de preços para contratação de serviços contínuos, desde que configurada uma

das hipóteses delineadas na norma regulamentadora e com expressa justificativa da

circunstância ensejadora (Acórdãos 3092/2014 e 1737/2012, ambos do Plenário do TCU).

26. Não é o caso do objeto do Pregão 20.062/2016. O simples fato de haver uma possibilidade

de aumento futuro da demanda pelos serviços não justifica a constituição de uma ata de registro de

preços.

27. O Termo de Referência do pregão em análise (peça 1, p. 57-99) demonstra claramente a

quantidade de mão-de-obra a ser contratada para cada serviço a ser prestado pela empresa

contratada. O art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, inclusive, faculta ao administrador público alterar

unilateralmente o contrato celebrado para acrescer ou suprimir em até 25% os serviços contratados, o

que representa uma margem razoável.

28. Nos casos em que houvesse necessidade de um aumento superior a 25% dos serviços

previstos inicialmente no termo de referência, mostrar-se-ia mais coerente realizar uma nova licitação,

aumentando a competitividade e possibilitando a contratação de outras empresas interessadas,

observando, entre outros, os princípios da isonomia e da seleção da proposta mais vantajosa, em

conformidade com o art. 3º da Lei 8.666/1993.

29. Dessa forma, verifica-se que a Prefeitura Municipal de Natal utilizou indevidamente o

Sistema de Registro de Preços (SRP), uma vez que se trata de contratação imediata de serviços

continuados e específicos, com quantitativos certos e determinados, não havendo parcelamento

de entregas do objeto, conforme descrito no Termo de Referência, contrariando o art. 3° do Decreto

7.892/2013 e do Decreto Municipal 11.005/2016.

30. Se, por um lado, a impropriedade não se reveste de gravidade suficiente para que o TCU

tome medidas no sentido de determinar a anulação de todo o processo licitatório ou do contrato

celebrado (haja vista que o Pregão 20.062/2016 ocorreu normalmente com a participação de oito

empresas), por outro lado faz-se necessário determinar que a Prefeitura Municipal não utilize a

ata para contratações futuras nem permita a adesão de outros órgãos a ela.

31. Caso seja necessário um acréscimo dos serviços contratados, o município poderá se utilizar

da faculdade prevista no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993 até o limite ali imposto. (grifos acrescidos)

6. Assiste inteira razão à unidade técnica quanto à indevida utilização do sistema de registro de

preços (SRP) para contratação dos serviços objeto do Pregão Eletrônico 20.062/2016, uma vez que se

trata de contratação imediata de serviços continuados e específicos, com quantitativos certos e

determinados, não havendo parcelamento de entregas do objeto, conforme descrito no Termo de

Referência.

7. Com relação à proposta da Secex-PE de “determinar que a Prefeitura Municipal não utilize a

ata para contratações futuras nem permita a adesão de outros órgãos a ela”, apenas acrescentaria a

jurisprudência do TCU no sentido de que a ata de registro de preços se encerra ou com o término da

sua vigência ou com a contratação da totalidade do objeto nela registrado. Nesse sentido, trago à

colação o seguinte excerto do voto condutor do Acórdão 113/2012-TCU-Plenário, da lavra do ex-

ministro José Jorge:

No que se refere à ocorrência (...) atinente à realização do pregão para registro de preço, sem

que o objeto licitado atendesse a nenhum dos pressupostos estabelecidos nos incisos do art. 2º do

Decreto nº 3.931/2001, restou evidente que a modalidade utilizada pretendeu agilizar a

contratação, ante a falta de crédito orçamentário quando da deflagração da licitação.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Manifesto-me favoravelmente ao posicionamento da unidade técnica de que não há base legal

para o procedimento levado a efeito no âmbito da UFAM [Universidade Federal do Amazonas],

considerando que na forma como foi concebido o certame só seria possível a contratação uma única

vez, para o serviço ali explicitado [‘ampliação e melhoria da rede de distribuição de energia elétrica,

aérea, trifásica, compacta, protegida em média tensão (MT), baixa tensão (BT) e iluminação pública,

na área interna do campus universitário’], situação que descaracteriza por completo a opção pelo

sistema de registro de preço.

(...) reproduzo, por oportuno, trecho de despacho (...) exarado quando da apreciação de

representação (...) denunciando possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico nº 02/2011, realizado

no âmbito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – IFG:

‘15. Outro ponto que se me afigura de extrema relevância para o deslinde da matéria foi a

constatação, à luz dos novos elementos colacionados aos autos, de que as contratações efetivadas

pelo IFG (Contratos nºs 13/2011 e 14/2011) abarcaram a integralidade dos objetos registrados nas

atas que lhes deram origem (Atas de Registro de Preços nos 01/2011 e 02/2011, respectivamente), o

que, em termos práticos, significa dizer que tais atas não mais existem no mundo jurídico,

encontrando-se, pois, tacitamente extintas. Não se pode olvidar que a ata se encerra ou com o

término da sua vigência ou com a contratação da totalidade do objeto nela registrado.

16. Atenta contra os princípios da razoabilidade e da finalidade o ente público (‘órgão

gerenciador’, nos termos do art. 1º, parágrafo único, III, do Decreto Federal nº 3.931/2001) valer-se

do sistema de registro de preços para celebrar contrato com objeto absolutamente idêntico ao da ata

que lhe deu origem, isto é, constituir uma ata de registro de preços para simplesmente firmar

contrato pela totalidade do valor da ata. Não se pode aceitar aqui o argumento de que, nesse caso, a

ata ainda teria utilidade para os ‘caronas’, uma vez que sua finalidade precípua – sua razão maior

de ser – é o atendimento às necessidades do ‘gerenciador’ e dos eventuais ‘participantes’ (art. 2º,

III, do Decreto Federal nº 3.931/2001)’. (grifos acrescidos)

8. No que concerne à ausência de “composição detalhada dos preços estimados dos lotes do

Pregão Eletrônico 20.062/2016”, assim se manifestou a Secex-PE:

67. Em resposta ao Ofício de Diligência 1828/2016-TCU/Secex-PE (peça 24), por meio do qual

foi solicitada a composição detalhada dos preços estimados dos lotes do Pregão Eletrônico

20.062/2016, a SMS de Natal/RN encaminhou o quadro demonstrativo de preços da pesquisa

mercadológica 106/2016 (peça 31, p. 19-20).

68. Ao se analisar o documento, verifica-se que somente duas empresas teriam apresentado

preços para os serviços, sendo que uma delas é justamente a empresa que já prestava serviços ao

município e foi contratada por meio do Pregão 20.062/2016.

[...]

70. A jurisprudência do TCU é pacífica no sentido de que a pesquisa de preços para

elaboração do orçamento estimativo da licitação não deve se restringir a cotações realizadas

junto a potenciais fornecedores, devendo, ainda, serem adotadas outras fontes como parâmetro,

como contratações similares realizadas por outros órgãos ou entidades públicas, mídias e sítios

eletrônicos especializados e portais oficiais de referenciamento de custos (Acórdãos 3010/2016,

3351/2015, 1678/2015, todos do TCU-Plenário).

71. Dessa forma, eventual argumentação de que o valor do melhor lance se encontra abaixo

do orçamento estimativo e que, portanto, estaria atendido o princípio da seleção da proposta

mais vantajosa para a Administração somente mereceria guarida quando evidenciado que a

pesquisa de preços da licitação foi feita de acordo com a melhor técnica possível para cada caso,

a exemplo dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014 (Acórdão 28/2015-TCU-

Plenário), o que não foi o caso.

72. A falta ou realização da pesquisa de preços prévia junto a poucas empresas, com

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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manifesta diferença nos valores dos orçamentos apresentados, não se mostra suficiente para

justificar o valor do orçamento estimativo da contratação, pois impede a Administração

contratante de aferir a vantajosidade real da contratação e os potenciais interessados de cotarem

adequadamente suas propostas, conforme apontado no Acórdão 1002/2015-TCU-Plenário.

73. Da mesma forma, na demonstração da vantajosidade de eventual prorrogação de

contrato, devem ser utilizadas fontes diversificadas de pesquisa de preços. Devem ser priorizadas

consultas ao Portal de Compras Governamentais e a contratações similares de outros entes

públicos, em detrimento de pesquisas com fornecedores, publicadas em mídias especializadas ou

em sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo, cuja adoção deve ser tida como prática

subsidiária, nos termos do Acórdão 1445/2015-TCU-Plenário.

74. Com base nisso, constata-se que a pesquisa de preços efetuada antes da realização do

certame se mostrou deficitária, comprovando de forma precária que os preços contratados

seriam os mais vantajosos para a Administração.

75. Ao se comparar os preços apontados na pesquisa (peça 31, p. 19-20) com os do

Contrato 182/2016, celebrado com base no Pregão 20.062/2016 (peça 30, p. 4), verifica-se que os

valores informados na pesquisa realizada pelo município de Natal/RN parecem estar bem acima

dos praticados pelo mercado, não condizendo com a realidade, conforme comparativo elaborado por

esta Unidade Técnica (peça 34).

76. Por sua vez, em comparação com preços do Contrato Emergencial 67/2016 celebrado com a

própria empresa JMT anteriormente, os preços variaram de acordo com a categoria do serviço a ser

prestado (peça 34). A título de exemplo, os preços por condutor de ambulância diurno e noturno (lote

1) foram majorados em 5,18% e 6,90%, respectivamente, o que parece ter ocorrido em razão do

aumento de 10,28% no piso salarial da categoria (de R$ 1.713,23 para R$ 1.889,35), conforme

convenção coletiva firmada pelo Sintro/RN (peça 36, p. 1). O lote 1 (R$ 374,496,00 mensais)

representa 70,37% do valor total do Contrato 182/2016 (R$ 532.114,50), celebrado com base no

Pregão 20.062/2016 (peça 30, p. 3 e 5).

77. Por fim, registra-se que oito empresas participaram da licitação ofertando preços para

os lotes, conforme ata da Sessão Pública do Pregão 20.062/2016, o que sinaliza a existência de

competitividade no certame.

78. De toda sorte, apesar de haver indícios de que o caráter competitivo do certame não

restou comprometido, não ficou demonstrado que as propostas apresentadas no Pregão

20.062/2016, que serviram de base para os preços dos serviços pactuados por meio Contrato

182/2016, sejam as mais vantajosas para Administração, uma vez que a pesquisa de preços que

balizou o orçamento estimativo do certame se mostrou deficitária.

79. A manutenção do Contrato 182/2016 depende sobremaneira da comprovação de que os

preços nele pactuados estão em conformidade com os praticados no mercado. Desse modo, a fim

de regularizar essa situação, cabe a este Tribunal determinar à Prefeitura Municipal de Natal

que:

79.1. realize ampla pesquisa de preços para os serviços objeto do Contrato 182/2016,

priorizando consultas a Portais de Compras Governamentais e a contratações similares de outros entes

públicos, utilizando subsidiariamente a pesquisa com fornecedores, balizando-se nos parâmetros

definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014;

79.2. adote providências com vistas a iniciar novo processo de contratação para os serviços

cujos preços não se demonstrem vantajosos para a administração, considerando os preços

praticados no mercado e obtidos na pesquisa de preços supracitada; e

79.3. encaminhe a este Tribunal, no prazo de trinta dias, a análise da vantajosidade dos

preços praticados no Contrato 182/2016 acompanhado de cópia do processo da pesquisa de preços

realizada. (grifos acrescidos)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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9. Em síntese, no entender da Secex-PE, apesar de haver indícios de que o caráter competitivo do

Pregão 20.062/2016 não restou comprometido (oito empresas participaram da licitação ofertando

preços para os lotes), não teria ficado demonstrado que as cotações apresentadas no certame, que

serviram de base para os preços dos serviços pactuados com a empresa JMT Serviços de Locação de

Mão de Obra Ltda., por meio Contrato 182/2016, eram, de fato, as mais vantajosas para a

administração. Para a unidade técnica, a pesquisa de preços que balizou o orçamento estimativo do

certame “se mostrou deficitária”, isso porque “somente duas empresas teriam apresentado preços para

os serviços”.

10. Por conseguinte, sustenta a Secex-PE que a manutenção do Contrato 182/2016 “depende

sobremaneira da comprovação de que os preços nele pactuados estão em conformidade com os

praticados no mercado”.

11. Concordo com a unidade técnica que, não obstante haver indícios de que o caráter

competitivo do Pregão 20.062/2016 não restou comprometido, de fato não ficou suficientemente

demonstrado que as cotações apresentadas no certame, as quais serviram de base para a elaboração do

orçamento estimativo da licitação, retratavam fielmente os preços praticados no mercado à época, tudo

isso porque a pesquisa de preços que balizou o orçamento da administração não teria sido realizada

adequadamente, à luz das normas vigentes.

12. Por outro lado, também não foi possível assegurar a existência de sobrepreço. E uma nova

pesquisa de preços feita nos dias de hoje – como propõe a unidade técnica – poderia sim chegar à

conclusão de que os preços atuais se encontram abaixo daqueles obtidos quando da realização da

indigitada ‘pesquisa mercadológica 106/2016’ (peça 31, p. 19-20), mas esse fato, por si só, não

permitiria concluir, com a certeza necessária, que os preços obtidos no Pregão 20.062/2016 – e

efetivamente contratados junto à empresa JMT Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda. – estariam

eivados de vício. Tal resultado poderia ter sido consequência, por exemplo, de uma oscilação natural

de mercado. Nesse contexto, considero mais prudente, justamente por se tratar de serviço de natureza

contínua, tão somente condicionar a prorrogação do Contrato 182/2016 à efetiva demonstração da

vantajosidade dos preços pactuados, em comparação com os de mercado à época da renovação,

balizando-se nos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014.

13. Por derradeiro, impende destacar que a Prefeitura Municipal de Natal tomou ciência da

determinação para suspensão cautelar do Pregão 20.062/2016 no dia 9/12/2016, após o certame já ter

sido homologado pela autoridade competente, com o objeto adjudicado à licitante vencedora

(3/11/2016). Constata-se, ainda, que a constituição da ARP (4/11/2016) e a celebração do Contrato

182/2016 (18/11/2016), decorrente do pregão em análise, também ocorreram antes da ciência da

unidade jurisdicionada acerca da medida cautelar adotada. Nesse sentido, na esteira do que sustenta a

Secex-PE, não identifico descumprimento formal da medida cautelar por parte da Prefeitura Municipal

de Natal/RN.

Ante o exposto, VOTO para que seja adotada a deliberação que ora submeto à apreciação deste

Plenário.

ACÓRDÃO Nº 1604/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 027.311/2016-3.

2. Grupo I – Classe de Assunto: VII - Representação.

3. Interessado: José Alexandre dos Reis Cardozo (618.176.517-49).

4. Órgão: Prefeitura Municipal de Natal/RN.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco (SECEX-PE).

8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de medida cautelar, a

respeito de possíveis irregularidades ocorridas na Prefeitura Municipal de Natal/RN – Secretaria

Municipal de Saúde, relacionadas ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, que tinha por objeto o registro de

preços para contratação de pessoa jurídica especializada na prestação de serviços terceirizados, de

natureza contínua, de apoio operacional e administrativo, visando suprir as necessidades da Secretaria

Municipal de Saúde de Natal, referente ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192

Natal;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão plenária, ante as

razões expostas pelo relator, em:

9.1. considerar a presente representação parcialmente procedente, sem prejuízo de revogar a

medida cautelar adotada em 16/11/2016;

9.2. determinar à Prefeitura Municipal de Natal/RN que:

9.2.1. se abstenha de praticar quaisquer atos tendentes a novas contratações da empresa JMT

Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda., vencedora dos lotes licitados, bem como de autorizar

adesões à ata de registro de preços por outros entes públicos, preservada tão somente a execução do

Contrato 182/2016;

9.2.2. condicione a prorrogação do Contrato 182/2016 à demonstração da vantajosidade dos

preços dos serviços pactuados, em comparação com os de mercado à época da renovação, realizando,

para tanto, ampla pesquisa de preços, priorizando consultas a Portais de Compras Governamentais e a

contratações similares de outros entes públicos, utilizando apenas subsidiariamente a pesquisa com

fornecedores, tudo à luz dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014;

9.3. determinar à Secex-PE que monitore o cumprimento das determinações consignadas no item

9.2 acima, representando a este Tribunal em caso de descumprimento;

9.4. dar ciência à Prefeitura Municipal de Natal/RJ de que, na licitação referente ao Pregão

Eletrônico 20.062/2016, foi detectada a utilização do sistema de registro de preços para contratação

imediata de serviços continuados e específicos, com quantitativos certos e determinados, não havendo

parcelamento de entregas do objeto, em descumprimento ao disposto no art. 3° do Decreto Federal

7.892/2013;

9.5. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao

representante e às empresas TRD Serviços e Administração Ltda. e JMT Serviços de Locação de Mão

de Obra Ltda.;

9.6. autorizar o arquivamento deste processo após as devidas comunicações.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1604-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e André Luís de Carvalho.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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GRUPO II - CLASSE I - PLENÁRIO

TC-001.965/2015-8

Natureza: Embargos de Declaração

Órgão/Entidade/Unidade: Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul

Recorrentes: Altemir Antônio Tortelli (CPF 402.036.700-00) e Federação dos Trabalhadores na

Agricultura Familiar da Região Sul (CNPJ 05.684.806/0001-60)

Representação legal: Geferson Luís Chetsco (OAB/PR 45.333), Claudismar Zupiroli (OAB/DF

12.250) e outros

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. JULGAMENTO PELA IRREGULARIDADE DAS CONTAS,

COM IMPUTAÇÃO DE DÉBITO E APLICAÇÃO DE MULTA. INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS. ALEGAÇÃO DE

OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO E OMISSÕES. CONHECIMENTO. INEXISTÊNCIA DOS VÍCIOS ALEGADOS.

REJEIÇÃO.

RELATÓRIO

Trata-se de embargos de declaração opostos ao Acórdão 3003/2016-TCU-Plenário, que julgou

irregulares as contas objeto da tomada de contas especial instaurada em desfavor da Federação dos

Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul) e de Altemir Antonio Tortelli,

ex-coordenador-geral da entidade, em razão da impugnação total das despesas realizadas com os

recursos do Convênio MDA 87/2006 (Siafi 568296), tendo por objeto a capacitação de jovens

agricultores familiares.

2. Nos presentes embargos, inicialmente à alegada, à guisa de omissão, a ocorrência da

prescrição da pretensão punitiva, apontando-se entendimentos do Superior Tribunal de Justiça e do

Tribunal Regional Federal da 1ª Região acerca da aplicação da prescrição quinquenal na aplicação de

penas em processos de tomada de contas especial.

3. É alegada, ainda, a ocorrência de outras omissões na decisão embargada, nos seguintes

termos:

“III — Outras omissões do julgado embargado.

Com efeito, a partir de conclusões irrealistas da investigação da Polícia Federal e tendo em vista

a mudança incompreensível do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que em sede de 03 Notas

Técnicas emitidas havia atestado a execução de 67% do convênio e dado quitação a esse respeito e

repentinamente, a partir da investigação destacada, passa a desaprovar a totalidade do ajuste, o

Tribunal de Contas entende que o objeto do Convênio não foi executado, o que justifica a rejeição das

contas e as penalidades aplicadas.

Veja-se, contudo, que o Acórdão recorrido é parcialmente omisso, na medida em que não

analisou todas as teses defensivas dos Embargantes.

Com efeito, constam das razões de justificativa, informações a respeito da análise efetuada pelo

Departamento de Estudos Sócios-Econômicos Rurais — DESER acerca da execução do Convênio e da

importância do trabalho desenvolvido, sem que o Acórdão embargado tenha feito qualquer

consideração a respeito.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Nessa mesma quadra, há importante referência, nas razões de justificativa, acerca do trabalho

desenvolvido na pesquisa de Mestrado da pesquisadora Ionara Cristina Albani, do IFECT/RS, onde

são demonstrados os benefícios o trabalho realizado nos autos do mencionado convênio e,

consequentemente, atestado, ainda que parcialmente, sua execução física e orçamentária em sintonia

com o objetivo inicial.

Desse modo, se o Acórdão embargado não enfrentou todas as teses defensivas, verifica-se

claramente que há omissão no julgado, a comprometer, na perspectiva constitucional, o contraditório e

a ampla defesa.

Requer-se, portanto, a complementação do julgado, de modo que todos os pontos articulados

pelos Embargantes nas razões de justificativa sejam levados em consideração.

IV — Inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança. Violação ao

princípio da ampla defesa.

A pena de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança do

segundo Embargante foi imposta, à margem da opinião técnica da Auditoria, sem o beneplácito do MP

e, principalmente, sem que o Embargante tenha tido oportunidade de exercer o contraditório e a ampla

defesa em face desse ponto específico da condenação.

Conquanto seja a punição uma possibilidade legal e com perspectiva eventual de aplicação,

inscrita no artigo 60 da Lei de regência, em nenhum momento a defesa apresentada pelo segundo

Embargante se voltou para enfrentar uma consequência punitiva dessa natureza, de modo que, diante

dessa realidade, essa pena aplicada viola seus direitos e garantias constitucionais a um devido processo

legal.

O que se afirma é que nesse ponto, deveria o Tribunal, antes da exação do Acórdão embargado,

suspender o feito e oportunizar ao Embargante, o direito de se defender da pena então indicada pelo

relator, cuja perspectiva de aplicação somente veio ao mundo jurídico, com a prolação do voto do

relator, não permitindo que sequer em Memoriais, a partir da instrução liberada, o Embargante pudesse

contraditar, em sede de ampla defesa, a pena aplicada e ora Embargada.

Trata-se de omissão violadora de direitos e garantias fundamentais, que deve ser corrigida. É o

que se espera aconteça.

V — Multa imposta. 1/3 do valor, em tese, devido. Violação ao princípio da razoabilidade.

Ausência de Fundamentação. Omissão.

Afirma-se, por outro lado, que os valores das multas aplicadas aos Embargantes - que se espera

sejam desconstituídas com o presente recurso - não se pautou por um juízo de ponderação e

razoabilidade.

Com efeito, além do suposto prejuízo não está devidamente mensurado, em nenhum momento

dos autos se tem qualquer alegação de que o gestor recebeu benefícios pessoais ou agiu de modo

doloso em relação ao interesse público, de modo que a aplicação da multa em montante tão elevado se

mostra flagrantemente incompatível com a realidade do processo.

Na verdade, em situações da espécie, quando se tem meras irregularidades formais — o que se

admite apenas para argumentar — o Tribunal tem reiteradamente, quando rejeita as justificativas

iniciais ou recursais, aplicado multas em patamares mínimos, o que também, ressalte-se, não é e nem

será a realidade deste feito.

Assim, as multas aplicadas violam os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, hoje de

larga aplicação na administração pública e nas decisões administrativas. Com efeito, o princípio da

proporcionalidade quer significar que o Estado, representado na atuação de seus agentes públicos, não

deve agir com demasia, tampouco de modo insuficiente na consecução dos seus objetivos.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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A violação à proporcionalidade ocorre quando a Administração Pública, tendo dois valores

legítimos a sopesar, prioriza um em detrimento ou sacrifício exagerado do outro. O erro está em

realizar o sacrifício excessivo de um direito na aplicação de outro.

A razão de ser deste princípio é justamente criar mecanismos para que estes direitos, igualmente

fundamentais, possam coexistir, sem que um seja eliminado para que o outro possa ser implementado,

ou seja, o Administrador Público está obrigado a sacrificar o mínimo para preservar o máximo dos

direitos, compatibilizando-os, sempre.

Neste sentido, o princípio da proporcionalidade exige ponderação e racionalidade prudente do

administrador na interpretação e aplicação da legislação, razão pela qual, no caso em análise, não se

pode admitir a possibilidade de apenação exagerada, como ocorre nos autos.

A razoabilidade não possui nada de extravagante, não é um empecilho para o desempenho da

função estatal nem dificulta o alcance do interesse coletivo pelos agentes públicos, mas tão somente

um princípio básico e elementar que exige coerência, moderação e bom senso por parte dos executores

da vontade do Estado.

A utilização de critérios aceitáveis e a adoção de medidas adequadas em função das

circunstâncias é o mínimo que se espera dos órgãos administrativos, legislativos e jurisdicionais. Em

outras palavras, a coerência de atitudes e a proporcionalidade entre meios e fins constituem os

componentes por excelência do princípio da razoabilidade, que funciona como limite ao exercício da

discricionariedade do administrador, do legislador e do juiz.

Portanto, o princípio que proíbe o excesso deve pautar todos os atos do poder público em suas

diversas manifestações, não sendo privativo de determinado órgão constitucional nem exclusivo do

Direito Administrativo.

A Administração, no uso da discricionariedade, deverá sempre obedecer a critérios aceitáveis na

prática de seus atos. A respeito dessa liberalidade do administrador público, assim expressa o prof.

Celso Antônio:

‘...Não significa, como é evidente, que lhe seja outorgado o poder de agir ao saber exclusivo de

seu líbito, de seus humores, paixões pessoais, excentricidade ou critérios personalíssimos e muito

menos significa que liberou a Administração para manipular a regra de direito de maneira a sacar dela

efeitos não pretendidos nem assumidos pela lei aplicada’. (Celso Antônio, 1998, p.66)

Por outro lado, segundo o Professor José dos Santos Carvalho Filho:

[...] o Poder Público, quando intervém das atividades sob seu controle, deve atuar porque a

situação reclama realmente a intervenção, e esta deve processar-se com equilíbrio, sem excessos e

proporcionalmente ao fim a ser atingido. [...] (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de

direito administrativo. 17 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 33.)

Ou seja, se um ato for praticado sem a devida prudência e sensatez necessárias ao administrador,

aquele será perfeitamente invalidável, visto ser eivado de nulidade. Assim as penas de multas devem

ser totalmente afastadas ou, no limite revisadas.

O que se afirma é que inexiste no Acórdão Embargado qualquer fundamentação que valide a

aplicação das penas de multa nos valores ora inquinados.

Tem-se, dessa forma, que o Acórdão recorrido não observa a necessidade de fundamentação das

penas aplicadas. Com efeito, estatui o inciso X, do art. 93 da Constituição Federal:

‘art. 93....

X — as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as

disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;’

No mesmo sentido, o art. 50, da Lei 9.7841199 assevera:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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‘art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos

fundamentos jurídicos, quando:

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

Ora, não é nula a decisão com fundamentação sucinta, mas o é a que carece, como na espécie, de

devida motivação, essencial ao processo democrático.

Nesse norte é o magistério de Barbosa Moreira:

‘A motivação das decisões judiciais, como expressão da justificação foral dos atos emanados do

Poder a que compete, por excelência a tutela da ordem jurídica e dos direitos subjetivos, constitui

garantia inerente ao Estado de Direito’ (in Temas de Direito Processual, Saraiva, São Paulo, 1980, p.

95).

Como se observa, a fundamentação é garantia política que corresponde à vocação democrática

do poder de julgar. Não pode ser olvidada, mesmo nas decisões interlocutórias, pena de nulidade.

Fundamentar é justificar, dizer dos motivos que formaram o convencimento. A motivação, ou seja, a

explicitação das razões de decidir constitui garantia das partes, sendo indispensável ao controle dos

órgãos recursais. Não há no Acórdão embargado qualquer justificativa que valide a aplicação da pena

de multa, nos patamares apresentados.

Aliás, no julgamento do Mandado de Segurança n 2 23.452/RJ — DJ 12.05.2000, p. 20, o

Ministro Celso de Mello, fazendo alusão às decisões administrativas adotadas em CPI, asseverou de

forma expressa que: ‘as deliberações de qualquer CPI, à semelhança do que também ocorre com as

decisões judiciais (RTJ 140/514), quando destituídas de motivação, mostram-se írritas e despojadas de

eficácia jurídica, pois nenhuma medida restritiva de direitos pode ser adotada pelo Poder Público, sem

que o ato que a decreta seja adequadamente fundamentado pela autoridade estatal’.

Para ilustrar o que se afirma, podemos citar o jurista Celso Antônio

Bandeira de Mello, em sua obra Curso de Direito Administrativo:

‘A motivação integra a ‘formalização’ do ato, sendo um requisito formalístico dele. É a

expressão dos motivos, a fundamentação na qual são enunciados (a) a regra de Direito habilitante, (b)

os fatos em que o agente se estribou para decidir, e, muitas vezes, obrigatoriamente, (c) a enunciação

da relação de pertinência lógica entre os fatos ocorridos e o ato praticado. Não basta, pois, em uma

imensa variedade de hipóteses, apenas aludir ao dispositivo legal que o agente tomou como base para

editar o ato. Na motivação aparece aquilo que o agente apresenta como ‘causa’ do ato administrativo’.

E complementa o notório jurista:

Parece-nos que a exigência de motivação dos atos administrativos, contemporânea à prática do

ato, ou pelo menos anterior a ela, há de ser tida como rega geral, pois os agentes administrativos não

são ‘donos’ da coisa pública, mas simples gestores de interesses de toda a coletividade, esta sim,

senhora de tais interesses. Logo, parece óbvio que, praticado em um Estado onde tal preceito é

assumido e que, ademais, qualifica-se como ‘Estado Democrático de Direito’, proclamando, ainda, ter

como um de seus fundamentos a ‘cidadania’, os cidadãos e em particular o interessado no ato têm o

direito de saber por que foi praticado, isto é, que fundamentos o justificam’.

A motivação, como forma de controle da atividade administrativa, é de extrema importância. A

motivação atende às duas faces do ‘due process of law’: a formal — porque está expressa no texto

constitucional básico; e a substancial — sem a motivação não há possibilidade de aferição da

legalidade ou ilegalidade declarada, da justiça ou da injustiça de uma decisão administrativa.

Assim, outra não pode ser a conclusão, senão a de que o Acórdão recorrido, também nesse

ponto, deve ser modificado. É o que se requer, seja reconhecido.”

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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4. Ao final, após tecer considerações sobre a possibilidade de se atribuir efeitos infringentes aos

embargos, os recorrentes apresentam os seguintes pedidos:

“PELO EXPOSTO, requerem-se:

1. O recebimento e acolhimento dos presentes embargos com efeitos infringentes;

O reconhecimento da prescrição e os consectários daí decorrentes;

2. O suprimento das omissões apontadas;

3. A reabertura de prazo para que o segundo embargante possa apresentar defesa em face da

perspectiva de pena de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança; e

4. Na eventualidade de manutenção das penas aplicadas, seja reduzida a multa aplicada, na

perspectiva do princípio da razoabilidade e, decotadas do valor da condenação, a parte das contas

consideradas inicialmente aprovadas pelo MDA.”

É o relatório.

VOTO

Trata-se de embargos de declaração opostos ao Acórdão 3003/2016-TCU-Plenário, que julgou

irregular as contas, objeto da tomada de contas especial instaurada em desfavor da Federação dos

Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul) e de Altemir Antonio Tortelli, ex-

Coordenador-geral da entidade, em razão da impugnação total das despesas realizadas com os recursos

do Convênio MDA 87/2006 (Siafi 568296), objetivando a capacitação de jovens agricultores

familiares.

2. Os presentes embargos devem ser conhecidos por este Tribunal, uma vez que foram

preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos no art. 34 da Lei 8.443/1992.

3. Quanto ao mérito, inicialmente deve ser rechaçada a alegação de que teria ocorrido a omissão

do Tribunal ao não reconhecer a prescrição quinquenal da pretensão punitiva. Ora, essa questão foi

abordada tanto na instrução da Secex/SC, transcrita no Relatório parte da deliberação recorrida, quanto

no Voto condutor do Acórdão, do qual reproduzo o seguinte excerto:

“10. Quanto às alegações preliminares apresentadas pelos responsáveis em resposta às citações,

entendo que foram devidamente rechaçadas pela Secex/SC. Com efeito, em relação à alegada

ilegitimidade passiva do Sr. Altemir Antônio Tortelli, tendo sido o gestor dos recursos públicos,

cabe-lhe a responsabilidade de comprovar a regular aplicação desses recursos. Também quanto à

prescrição do direito de ação do TCU, não há como acolher a argumentação. A ação de ressarcimento

é imprescritível, conforme a Súmula/TCU 282. Por sua vez, a pretensão punitiva, nos termos do

entendimento fixado por meio do Acórdão 1441/2016-TCU- Plenário, subordina-se ao prazo geral de

prescrição indicado no art. 205 do Código Civil. No caso em exame, considerando que os recursos

foram repassados à Fetraf-Sul em setembro e dezembro de 2006 e a citação dos responsáveis ocorreu

em agosto de 2015, também não há que se falar em prescrição da pretensão sancionatória deste

Tribunal. Improcedente, ainda, o alegado acerca do princípio do devido processo legal ou da

impossibilidade de exercer o contraditório, eis que toda a documentação do convênio foi franqueada

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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aos responsáveis. Portanto, não há reparos a fazer à análise empreendida pela unidade técnica acerca

das preliminares arguidas.” (destaquei)

4. Inexiste, portanto, a alegada omissão. O eventual entendimento divergente de outros tribunais,

nos termos alegados neste recurso, não vincula esta Corte de Contas, ante o princípio da independência

das instâncias judiciais e administrativas.

5. Alega-se também a ocorrência de omissão ante a ausência de considerações, na decisão

embargada, acerca das “informações a respeito da análise efetuada pelo Departamento de Estudos

Sócios-Econômicos Rurais – DESER acerca da execução do Convênio e da importância do trabalho

desenvolvido” e “acerca do trabalho desenvolvido na pesquisa de Mestrado da pesquisadora Ionara

Cristina Albani, do IFECT/RS, onde são demonstrados os benefícios o trabalho realizado nos autos do

mencionado convênio e, consequentemente, atestado, ainda que parcialmente, sua execução física e

orçamentária em sintonia com o objetivo inicial”.

6. Improcedente também a alegada omissão. Ressalto que todos os argumentos aventados pelos

responsáveis capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada foram analisados nas peças que

fundamentam o Acórdão 3003/2016-TCU-Plenário, consoante prescrito no art. 489, § 1º, inciso IV, do

Código de Processo Civil. Além disso, cabe destacar que a jurisprudência dos tribunais registra

entendimento ainda mais rígido em relação à matéria, conforme destaco dos seguintes julgados do

STJ:

“EDcl no REsp 1070252/SP - 2008/0144905-4 – Rel. Min. Luiz Fux - DJe 18/09/2009:

‘PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRETENSÃO DE REEXAME DE

MATÉRIA DE MÉRITO (RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.

ART. 543-C, DO CPC. ADMINISTRATIVO. PLANO COLLOR. CRUZADOS NOVOS RETIDOS.

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 168/90 E LEI Nº 8.024/90. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM

DO BACEN. CORREÇÃO MONETÁRIA. BTNF. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, CPC. NÃO

CONFIGURADA). INOBSERVÂNCIA DAS EXIGÊNCIAS DO ART. 535, E INCISOS, DO CPC.

1. O inconformismo, que tem como real escopo a pretensão de reformar o decisum, não há como

prosperar, porquanto inocorrentes as hipóteses de omissão, contradição, obscuridade ou erro material,

sendo inviável a revisão em sede de embargos de declaração, em face dos estreitos limites do art. 535

do CPC. Precedentes da Corte Especial: AgRg nos EDcl nos EREsp 693.711/RS, DJ 06.03.2008; EDcl

no AgRg no MS 12.792/DF, DJ 10.03.2008 e EDcl no AgRg nos EREsp 807.970/DF, DJ 25.02.2008.

2. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos

pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão.’

(grifei)

‘PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.

1. O aresto recorrido não está eivado de omissão e tampouco padece de fundamentação, pois

resolveu a matéria de direito valendo-se dos elementos que julgou aplicáveis e suficientes para a

solução da lide.

2. O Tribunal a quo manifestou-se de maneira clara e fundamentada sobre as questões postas a

julgamento, apenas entendendo em sentido contrário ao posicionamento defendido pela ora recorrente.

3. Não é demais lembrar que o julgador não precisa responder a todas as alegações das

partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a

ater-se aos fundamentos por elas indicados (REsp 938.417/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,

DJU de 10.09.07).” (grifei)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

7. Diante do robusto conjunto de provas coletadas pela Polícia Federal, considerado mais que

suficiente para fundamentar a decisão embargada, as manifestações de terceiros não são suficientes

para comprovar o cumprimento do objeto do convênio tratado nesta tomada de contas especial,

mormente quando esses terceiros não guardam independência em relação à entidade ou aos fatos

analisados. Pelo contrário, o DESER é mencionado no relatório da DPF, quando trata da existência de

lista de presença assinadas por dirigentes, funcionários e outras pessoas ligadas à Fetraf-Sul, conforme

apontado no subitem 8.10 do Voto condutor do acórdão embargado:

“Na Planilha do Anexo VI deste relatório de análise, estão relacionados alguns nomes de

dirigentes e funcionários da FETRAF-SUL, sindicatos de trabalhadores rurais filiados, COOPERHAF,

DESER e assessores técnicos.

Ao lado do nome da maioria das pessoas relacionadas, na coluna FUNÇÃO, como a

nomenclatura sugere, há a indicação da função que a pessoa exerce ou exercia na FETRAF-SUL ou

nas entidades afins, conforme informações existentes nos documentos de fls. 87/88 do Apenso VI, das

fls. 386/3447 e fls. 527/531 dos autos principais do inquérito policial, dos livros de registros de

empregados apreendidos na sede da FETRAF-SUL e de outros documentos existentes nas caixas

apreendidas.

Não é preciso muito esforço para perceber que dirigentes, funcionários e outras pessoas ligadas

às entidades mencionadas são responsáveis por quantidade considerável de assinaturas existentes nas

listas de presença. Para ser mais exato, as 59 pessoas relacionadas foram responsáveis pela geração de

202 assinaturas nas listas de presenças vinculadas ao convênio ora analisado.

(...)”

8. Quanto à pesquisadora Ionara Cristina Albani, o seu nome aparece no mesmo relatório da DPF

quando trata das seguintes irregularidades:

a) ocultação do descumprimento de metas com a repetição de capacitandos em cursos com

mesmo conteúdo (item 8.9 do Voto):

“O Art. 2°, III, da IN/STN/MF n° 01/97, prevê que o plano de trabalho deve conter, entre outros

requisitos, a descrição quantitativa e qualitativa das metas a serem alcançadas.

No presente caso, o plano de trabalho do Convênio n° 87/2006 estipulou a quantidade de

atividades que seriam realizadas e de jovens agricultores que seriam capacitados, como pode ser visto

na fl. 20 do Apenso III, Vol. III.

Ocorre que a FETRAF-SUL não cumpriu a meta prevista para alguns cursos, mas, ao invés de

justificar os motivos desse não cumprimento, forjou o alcance da meta, recheando as listas de presença

com assinaturas de pessoas que já haviam assinado listas do mesmo curso.

Por exemplo, de acordo com o plano de trabalho, deveriam ser realizados 6 cursos de formação

para educadores, objetivando capacitar 132 jovens agricultores, ou seja, cada um dos cursos seria

ministrado para 22 pessoas (22 x 6 = 132). Dessa forma, o jovem que participou de uma atividade não

poderia participar das outras cinco.

As listas de presença desse curso de formação para educadores são as de n° 2060 a 2064 da

CX/FETRAF-SUL n° 82, sendo que, a maioria delas tem assinaturas de 22 pessoas, com exceção da

Lista n° 2062, que foi assinada por 42 capacitandos.

Analisando as listas apenas sob esse aspecto quantitativo, infere-se, apressadamente, que a meta

de capacitar 22 pessoas por curso teria sido alcançada. Entretanto, ao verificar quem assinou as listas,

chega-se a outra conclusão.

A Lista n° 2060, que se refere ao primeiro dos 06 cursos previstos, supostamente ocorrido entre

os dias 06 e 08/11/2006, em Chapecó/SC, foi assinada pelas seguintes 22 pessoas: IONARA

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

CRISTINA ALBANI, JOSEANI PERIN, DAINARA ZANARDI, VANESSA M. DAL PIVA,

CLEDIANA ALGERI, VANDERLEIA CARLA P. JOAQUIM, EVANDRA ROSSI, VIVIANA

DEBIASI BROCH, EDER FAVETTO, DAVI FERREIRA, LIANE VITALI KOTHE, FRANCISCO

M. GEREMIA, JUSSARA DE JESUS, CLEUSA R. TOMAZELLI, MARCELINO PIES,

ADALBERTO FREIRE, JOSIANE CANTERLE, JOSÉ TADEU LEAL PEIXOTO, SILVETE K.

SABATKE, JOCÉLIA SPAGNOL, ANTÔNIO S. CUBA e LIDIANE GIELINSKI. IVO

DIECKMANN assinou como responsável técnico.

Já a Lista n° 2061, referente ao segundo curso, supostamente realizado de 11 a 13/12/2006, em

Chapecó/SC, foi assinada por JOSEANI PERIN, JEFFERSON V. NEISTER, IONARA C. ALBANI,

EVANDRA ROSSI, FRANCISCO MARCOS GEREMIA, CLEDIANA ALGERI, VIVIANA D.

BROCH, SANDRA KONIG, LIDIANE GIELISKI, RENATA AP. HALABERA, EDER FAVETTO,

LIANE VITALI KOTHE, JUSSARA DE JESUS, JOSIANE AP. CANTERLE, DALIANE LAIS

WERLE, CLEUSA TOMAZELLI, OTÁVIA MATTIOLA, DAVI FERREIRA, VANESSA

MOREIRA DAL PIVA, NIVO EDE MALLMANN, IVO DIECKMANN e MARCIO LUIZ CASSEL.

Não consta assinatura do responsável técnico.

Os nomes sublinhados são os que se repetem nas duas listas e somam, no total 15 assinaturas.

Isso significa que os cursos das Listas 2060 e 2061, que deveriam capacitar 44 jovens agricultores,

teriam capacitado apenas 29, não obstante cada uma das listas conter 22 assinaturas.

Note-se, por exemplo, que IVO DIECKMANN, que foi o responsável técnico no primeiro curso,

isto é, o capacitante, assinou a lista de presença do curso seguinte como aluno, demonstrando que não

havia qualquer preocupação com a razoabilidade para rechear as listas de presença com a quantidade

de assinaturas necessária para aparentar ao órgão concedente o cumprimento da meta.

Basta uma rápida passada de olhos nas Listas n° 2062, 2063 e 2064 para verificar a existência de

muitos dos nomes acima transcritos, demonstrando que a maquiagem persistiu nas listas seguintes.

Registre-se ainda que boa parte dos nomes citados são de pessoas ligadas á FETRAF-SUL,

incluindo dirigentes e funcionários, o que facilitava sobremaneira a montagem das listas.” (destaquei)

b) listas de presença de atividades distintas, com a mesma data, assinadas pelos mesmos

participantes (item 8.11 do Voto):

‘Através do cruzamento das listas de presença vinculadas ao convênio em análise, entre si e com

as demais listas de presença de outros convênios firmados pela FETRAF-SUL e também pela

COOPERHAF, foi possível confirmar a veracidade da irregularidade noticiada na fl. 107 do caderno

principal, no sentido de que pessoas assinavam listas de presença de atividades realizadas no mesmo

dia, em locais diferentes, o que corrobora os indícios de montagem das listas.

As constatações dessa natureza passam a ser relacionadas abaixo.

(...)

b) No subitem 4.17.2, a, do Relatório de Análise do Contrato de Repasse n° 184.088-12/2005,

foi demonstrado que CLEONICE F. BACK e IONARA CRISTINA ALBANI assinaram as Listas n°

330 e 2062 (CX's/FETRAF-SUL n° 49 e 82, respectivamente). A Lista n° 330, vinculada ao Contrato

de Repasse n° 184.088-12/2005, refere-se a seminário temático supostamente realizado de 21 a

22/12/2006, em Chapecó/SC. Já a Lista n° 2062, vinculada ao Convênio n° 87/2006, compreende

curso de formação que teria acontecido de 19 a 21/12/2006, em Marcelino Ramos/RS.

(...)

Como todas as incompatibilidades apontadas acima ocorreram entre listas de presença de

convênios distintos, a fraude somente poderia ser detectada pelo órgão concedente através da análise

conjunta das prestações de ambos.” (destaquei)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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9. Outra suposta omissão alegada pelos embargantes diz respeito à aplicação da pena de

inabilitação do Sr. Altemir Antônio Tortelli para o exercício de cargo em comissão ou função de

confiança no âmbito da Administração Pública Federal sem que lhe tenha sido oportunizado exercer o

contraditório e a ampla defesa em face desse ponto da condenação.

10. Mais uma vez, inexiste a alegada omissão. A citação dos responsáveis se dá para que

apresentem sua defesa em relação a fatos considerados irregulares e não em relação às sanções

passíveis de aplicação pelo Tribunal. Isso foi observado no julgamento da tomada de contas especial,

na qual foi arrolado um extenso conjunto de graves irregularidades praticadas pelo responsável,

conforme apontado no Voto condutor da decisão recorrida, tendo sido concedido aos responsáveis

arrolados nos autos a oportunidade de se manifestarem sobre essas ocorrências (peças 22 e 26),

conforme pode ser visto no seguinte trecho dos ofícios de citação:

“O débito é decorrente da impugnação total das despesas realizadas com recursos do Convênio

MDA 87/2006, em razão, sobretudo, de autopagamentos com mais de 70% dos recursos federais

repassados; pagamento de diárias para capacitandos residentes na mesma cidade da atividade; recibos

vinculados a bilhetes de passagem com data de embarque incompatível com a da atividade; veículo

abastecido além da capacidade do tanque de combustível; recibos de diárias vinculadas a atividades

desprovidas de listas de presença; recibos e lista de presença sem data; inexistência de licitação;

despesas não previstas no plano de trabalho; ocultação do descumprimento de metas com a repetição

de capacitandos em cursos com mesmo conteúdo; lista de presença assinadas por dirigentes,

funcionários e outras pessoas ligadas à Fetraf-Sul; listas de presença de atividades distintas, com a

mesma data, assinadas pelos mesmos participantes; ausência de identificação do ajuste nos

documentos comprobatórios de despesas; comprovação de despesas com documentos não fiscais;

indícios de condução fraudulenta na comprovação de despesas; ausência do depósito e da

comprovação válida da contrapartida; falta de aplicação financeira dos recursos enquanto não

empregados na sua finalidade; e indícios de desvio de objetivo relativo ao público-alvo previsto no

Plano de Trabalho”.

11. Observe-se que a aplicação da referida penalidade está delimitada nos termos do art. 60 da

Lei Orgânica desta Corte, sendo o único requisito para a sua aplicação o Tribunal considerar grave a

infração cometida por maioria absoluta de seus membros, o que ocorreu no presente caso.

12. Por fim, os embargantes consideram ter ocorrido omissão por entenderem que houve

ausência de fundamentação para o valor da multa imposta.

13. A multa foi aplicada nos termos da norma aplicável, no caso, o art. 57 da Lei 8.443/1992, o

qual dispõe que quando o responsável for julgado em débito, poderá ainda o Tribunal aplicar-lhe multa

de até cem por cento do valor atualizado do dano causado ao Erário. No presente caso, apesar da

gravidade do extenso rol de irregularidades detectadas, a multa alcançou apenas cerca de 1/3 do valor

do débito atualizado. Assim, a multa foi aplicada de forma comedida e dentro dos limites impostos

pela lei.

14. Portanto, não subsiste também nesse caso a alegada omissão.

15. Concluindo, uma vez que os recorrentes não foram capazes de comprovar a existência na

decisão recorrida de qualquer vício sanável pela estreita via dos embargos de declaração, o presente

recurso deve ser rejeitado.

Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à

apreciação deste Colegiado.

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ACÓRDÃO Nº 1605/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 001.965/2015-8.

2. Grupo: II – Classe: I – Assunto: Embargos de Declaração.

3.Recorrentes: Altemir Antônio Tortelli (CPF 402.036.700-00) e Federação dos Trabalhadores

na Agricultura Familiar da Região Sul (CNPJ 05.684.806/0001-60).

4. Órgão/Entidade/Unidade: Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região

Sul.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: não atuou.

8. Representação legal: Geferson Luís Chetsco (OAB/PR 45.333), Claudismar Zupiroli

(OAB/DF 12.250) e outros.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos ao Acórdão

3003/2016-TCU-Plenário, que julgou irregulares as contas objeto da tomada de contas especial

instaurada em desfavor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-

Sul) e de Altemir Antonio Tortelli, ex-Coordenador-geral da entidade, em razão da impugnação total

das despesas realizadas com os recursos do Convênio MDA 87/2006 (Siafi 568296), tendo por objeto a

capacitação de jovens agricultores familiares,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração, por atender os requisitos de admissibilidade

previstos no art. 34 da Lei 8.443/1992, para, no mérito, rejeitá-los; e

9.2. dar ciência desta deliberação aos embargantes.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1605-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

GRUPO II - CLASSE V - PLENÁRIO

TC-005.868/2014-9

Natureza: Monitoramento

Órgão/Entidade/Unidade: Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Responsáveis: Tony Carlos Maranhão de Souza, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem

dos Músicos do Brasil no período de 9/7/2014 a 11/4/2016 (CPF 109.743.003-06); Gerson Ferreira

Tajes, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil no período de 12/4/2016 a

27/10/2016 (CPF 148.377.198-99)

Representação legal: Giovanni Charles Paraizo (105420/OAB/MG) e outros, representando

Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil; Igor Sant Anna Tamasauskas (25399/OAB/DF) e

outros, representando Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil e Gerson Ferreira Tajes.

SUMÁRIO: MONITORAMENTO. DETERMINAÇÕES PROFERIDAS NO ÂMBITO DE

AUDITORIA REALIZADA PARA ATENDER A SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL.

ADOÇÃO DE PROVIDÊNCIAS INSUFICIENTES PARA DAR CUMPRIMENTO INTEGRAL ÀS

DETERMINAÇÕES. DIFICULDADES OPERACIONAIS OCASIONADAS PELA FRAGILIDADE

ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA DA ENTIDADE. REITERAÇÃO DAS DETERMINAÇÕES.

PROSSEGUIMENTO DO MONITORAMENTO.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, a instrução elaborada pela SecexPrevidência (peças 69/71).

1. “Trata-se de Monitoramento sobre determinações exaradas no Acórdão 132/2014-Plenário

(TC-020.515/2013-8), que tratou de solicitação do Congresso Nacional requerendo fiscalização sobre

as ações do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (OMBCF), no sentido de verificar se

esse ‘vem promovendo as diligências necessárias para atestar o regular funcionamento dos conselhos

regionais, nos termos previstos na alínea ‘e’ do artigo 50 da Lei 3.857/60, inclusive no tocante à

transparência dos recursos arrecadados com apresentação de artistas estrangeiros no Brasil, conforme

consta do artigo 53 da supracitada lei’ (peça 1, p. 1).

2. O Monitoramento foi determinado no item 9.4 do próprio Acórdão 132/2014, sendo que as

demais determinações foram (peça 3) (sublinhou-se):

9.2. determinar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil que adote as seguintes

providências e informe ao Tribunal os resultados obtidos, no prazo de 120 (cento e vinte) dias,

contados a partir da ciência:

9.2.1. expeça normativo para disciplinar a elaboração dos demonstrativos contábeis a serem

apresentados pelos Conselhos Regionais, prevendo, entre outras medidas destinadas ao

aperfeiçoamento do controle, a padronização de contas contábeis e a discriminação das fontes de

receita e de sua respectiva aplicação, com especial atenção para a taxa prevista no art. 53 da Lei

3.857/60;

9.2.2. expeça normativo direcionado aos Conselhos Regionais determinando a divulgação na

internet das receitas arrecadadas, das despesas incorridas e demais documentos de prestação de contas,

de forma discriminada, padronizada e organizada, com o fito de possibilitar o exercício do controle

social;

9.2.3. envide esforços para regularizar a situação gerencial, administrativa e operativa dos

Conselhos Regionais dos Estados de Alagoas, Amapá e Maranhão, adotando as medidas cabíveis no

âmbito de sua competência;

9.3. determinar ao Conselho Nacional de Imigração e à Coordenação-Geral de Imigração do

Ministério do Trabalho e Emprego que, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contados a partir da

ciência, realizem estudo conclusivo com vistas a efetuar adequações nas normas que regem o

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

procedimento de concessão de autorização de trabalho a músicos estrangeiros de forma a permitir que

sejam atendidas as disposições e condicionantes do art. 53 da Lei 3.857/60.

HISTÓRICO

3. A determinação 9.2.3 teve origem no seguinte texto da Instrução (peça 1, p. 6):

37. (...) Vale destacar que, conforme informações encaminhadas pelo Conselho Federal, os

Conselhos Regionais dos estados do Acre, Alagoas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia,

Roraima, Piauí, Pará e Rio Grande do Norte encontram-se ‘acéfalos’ ou em ‘estado crítico’, ou seja, a

manutenção desses conselhos se tornou praticamente inviável.

(...)

60. (...) Atualmente, os Conselhos Regionais dos estados do Acre, Alagoas, Amapá, Maranhão,

Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Piauí, Pará e Rio Grande do Norte não estão em funcionamento.

4. Em seguida, o Voto do ministro-relator propôs (peça 2, p. 4):

29. Finalmente, chamo a atenção para a informação enviada pelo CF/OMB dando conta de que

os Conselhos dos Estados de Alagoas, Amapá e Maranhão encontram-se acéfalos. Neste caso, penso

ser necessário que o TCU determine ao Conselho Federal que envide esforços para regularizar a

situação gerencial, administrativa e operativa desses conselhos, adotando as medidas cabíveis no

âmbito de sua competência.

5. As determinações 9.2 e 9.3 fixaram o prazo de 120 dias para os responsáveis encaminharem

informações, mas a OMB solicitou seguidas prorrogações de prazo, concedidas conforme: Acórdão

1.592/2014-Plenário (peça 8), Acórdão 25/2015-Plenário (peça 28), Acórdão 2.485/2015-Plenário

(peça 40) e Acórdão 1.052/2016-Plenário (peça 47).

6. O penúltimo Acórdão 2.485/2015-Plenário concedeu prorrogação à OMB e decidiu:

1.7.1. determinar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) que, no prazo de

sessenta dias, contados a partir da ciência, que:

1.7.1.1 encaminhe informações acerca da atual situação gerencial, administrativa e operativa dos

Conselhos Regionais dos Estados de Alagoas, Amapá e Maranhão;

1.7.1.2. informe sobre as providências, mesmo que ainda não concluídas, eventualmente

adotadas no sentido de cumprir os itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 132/2014-Plenário;

1.7.1.3. apresente um plano de ação a fim de dar cumprimento aos itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do

Acórdão 132/2014-Plenário, especificando as ações a serem adotadas, os respectivos prazos e o

responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento dessas ações.

7. O último Acórdão 1.052/2016-Plenário (peça 47) ainda concedeu nova prorrogação, de

noventa dias, contados a partir do término do período inicialmente fixado no Acórdão 2.485/2015-

Plenário (peça 40), prazo que findou em 17/8/2016. A ciência do último Acórdão (1.052/2016-P) deu-

se em 17/5/2016 (peça 49) e a resposta foi recebida no TCU em 10/6/2016 (peça 50).

8. A Coordenação-Geral de Imigração, responsável pelo cumprimento do item 9.3 do Acórdão

132/2014-Plenário, foi a única a encaminhar resposta e a determinação foi tida como cumprida,

conforme item 15 da Instrução anterior (peça 51), [trecho transcrito pelo Relator]:

[‘9. A determinação acima, exarada no Acórdão 132/2014-Plenário, foi comunicada à CGIg por

meio do Ofício 0183/2014-TCU/SecexPrevidência, de 11/2/2014 (TC-020.515/2013-8, peça 45), e

respondida pela CGIg em 22/9/2014 (TC-020.515/2013-8, peça 52), informando sobre a existência de

grupo de trabalho para estudar alteração da legislação quanto ao contrato de músicos, artistas e

técnicos, entre eles, o contrato de estrangeiro (TC-020.515/2013-8, peça 52, p. 3-4).

10. Posteriormente, em 14/10/2014, informou sobre a publicação de Norma Operacional

orientando as Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego sobre procedimentos a serem

adotados para o registro do contrato de artistas e técnicos em espetáculos de diversão e, em especial,

de músicos estrangeiros, nos termos do art. 53, da Lei 3.857/1960, com objetivo de uniformizar os

procedimentos adotados (TC-020.515/2013-8, peça 53).

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223

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

11. Complementarmente, a OMB encaminhou a seguinte informação em 10/6/2016 (peça 50,

p.5):

No final de 2015 a Diretoria, após fiscalização do TCU, contratou uma empresa especializada de

Assessoria jurídica, contábil e auditoria para reestruturar, organizar e dar novas diretrizes ao Conselho

Federal, dessa forma, como pode-se notar o órgão já apresenta melhorias e aguarda a promulgação da

Projeto de Lei 3.276/2015, que altera o artigo 53 da Lei 3.857, o que deverá ocorrer em 2016, com isso

a perspectiva de resolução dos problemas e continuidade deste órgão será alcançada para o bem de

toda comunidade de músicos amparados pela Ordem dos Músicos do Brasil.

12. No entanto, o Projeto de Lei 3.276/2015 trata de ‘obrigatoriedade da oferta, em espaços de

uso público, de brinquedos e equipamentos de lazer adaptados para utilização por pessoas com

deficiência, inclusive visual, ou com mobilidade reduzida’. Na verdade, o projeto de lei que trata da

alteração do art. 53 é o PL 3.176/2015.

13. O art. 53 original, da Lei 3.857/1960, dispõe:

art. 53. Os contratos celebrados com os músicos estrangeiros somente serão registrados no órgão

competente do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, depois de provada a realização do

pagamento pelo contratante da taxa de 10% (dez por cento) sobre o valor do contrato e o recolhimento

da mesma ao Banco do Brasil em nome da Ordem dos Músicos do Brasil e do sindicato local, em

partes iguais.

Parágrafo único. No caso de contratos celebrados com base, total ou parcialmente, em

percentagens de bilheteria, o recolhimento previsto será feito imediatamente após o término de cada

espetáculo.

14. A alteração proposta pelo PL 3.176/2015, que ainda tramita no Congresso, é:

art. 53. Os contratos celebrados com músicos internacionais e nacionais serão registrados no

órgão competente do Ministério do Trabalho, instruído do pagamento de contribuição no interesse das

categorias profissionais, a que se refere o artigo 149 da Constituição Federal no importe de 5% sobre o

valor do contrato e recolhimento da mesma, em nome da Ordem dos Músicos do Brasil e do Sindicato

local, em partes iguais.

Parágrafo único: No caso de contratos colocados com base, total ou parcialmente, em

porcentagem da bilheteria, o recolhimento previsto será feito imediatamente após o término de cada

evento.

15. Com as informações sobre o art. 53, tem-se como cumprida a determinação 9.3 do Acórdão

132/2014-Plenário.’ ]

9. No entanto, aquela Instrução propôs audiência a dois responsáveis pela OMBCF, seu

presidente e seu ex-presidente, com base nas seguintes justificativas:

As informações encaminhadas não sinalizaram efetividade ao cumprimento do determinado,

nem justificaram seu descumprimento, como é o caso da ausência de divulgação dos demonstrativos

contábeis, implicando em possibilidade de multa ao responsável pela OMB-CF, por reincidência no

descumprimento de decisão do Tribunal, em infração ao art. 58, VII, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268,

VIII, do RI/TCU

10. As audiências foram realizadas (peças 57-58) e análise das respostas consta a seguir.

ANÁLISE TÉCNICA

11. As audiências do presidente da OMBCF, Gerson Ferreira Tajes, e de seu antecessor, Tony

Carlos Maranhão de Souza, se deram sobre a mesma questão (peças 57-58):

Apresente razões de justificativa quanto ao encaminhamento de informações que não

demonstraram o cumprimento do que foi determinado por este Tribunal, nem justificaram seu

descumprimento, como é o caso da ausência de divulgação dos demonstrativos contábeis, propiciando

a ocorrência de reiterado descumprimento das determinações 9.2.1 e 9.2.2 do Acórdão 132/2014-

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Plenário c/c determinações 1.7.1.2 e 1.7.1.3 do Acórdão 2.485/2015-Plenário, com infração ao art. 58,

VII, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268, VIII, do RI/TCU.

12. O ofício de audiência de Gerson Ferreira Tajes (peça 58) foi recebido em 27/10/2016 (peça

59) e respondido tempestivamente em 3/11/2016 e 11/11/2016, incluindo pedido de medida cautelar

(peças 61 e 63) e procuração a advogados (peça 65).

13. O ofício a Tony Carlos Maranhão de Souza (peça 57) foi recebido em 18/10/2016 (peça 64) e

respondido tempestivamente em 1/11/2016 e 7/11/2016, incluindo pedido de medida cautelar (peças

60-61).

14. A OMBCF também anexou procuração a advogados (peça 66). Em seguida, houve dois

pedidos de cópia do processo, nos dias 13 e 23/1/2017, pelo mesmo advogado, João Antônio Fonseca

(peças 67-68).

15. O objeto da audiência foi o descumprimento das determinações a seguir, referentes ao

Acórdãos 132/2014-Plenário e 2.485/2015-Plenário, respectivamente:

9.2.1. expeça normativo para disciplinar a elaboração dos demonstrativos contábeis a serem

apresentados pelos Conselhos Regionais, prevendo, entre outras medidas destinadas ao

aperfeiçoamento do controle, a padronização de contas contábeis e a discriminação das fontes de

receita e de sua respectiva aplicação, com especial atenção para a taxa prevista no art. 53 da Lei

3.857/60;

9.2.2. expeça normativo direcionado aos Conselhos Regionais determinando a divulgação na

internet das receitas arrecadadas, das despesas incorridas e demais documentos de prestação de contas,

de forma discriminada, padronizada e organizada, com o fito de possibilitar o exercício do controle

social;

1.7.1.2. informe sobre as providências, mesmo que ainda não concluídas, eventualmente

adotadas no sentido de cumprir os itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 132/2014-Plenário;

1.7.1.3. apresente um plano de ação a fim de dar cumprimento aos itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do

Acórdão 132/2014-Plenário, especificando as ações a serem adotadas, os respectivos prazos e o

responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento dessas ações.

Resposta de Tony Carlos Maranhão de Souza (peça 60)

16. Esse ex-presidente informou que (peça 60, p. 1-2):

a) assumiu a OMB sem estrutura e com dívidas ‘impagáveis’, dependendo da estrutura do

Conselho de São Paulo;

b) criou a Comissão Federal de Restruturação Administrativa e Operacional da OMB, presidida

por Gerson Ferreira Tajes, que lhe sucederia no cargo;

c) Gerson Ferreira Tajes era encarregado de dar cumprimento à decisão do TCU;

d) solicitou antecipação do pleito eleitoral;

17. Também apresentou os seguintes documentos:

e) ofício às regionais, de 11/8/2015, solicitando as prestações de contas de 2014 (peça 60, p. 7-

9), assim como e-mail sobre a mesma solicitação (peça 60, p. 16);

f) ofício às regionais, de 11/1/2016, solicitando documentos de cunho administrativo (peça 60, p.

13);

g) duas resoluções de maio de 2015 que tratam da alienação de bens dos conselhos regionais

(peça 60, p. 14-15);

h) um e-mail, ainda de outubro de 2014 e dirigido às regionais, com o seguinte trecho (peça 60,

p. 20):

Solicitamos que sejam cumpridas tais determinações como: padronização das contas contábeis,

discriminação das fontes de receitas e sua respectiva aplicação, com especial atenção para a taxa

prevista no art. 53 da Lei 3.857/60. Divulgação na internet das receitas arrecadadas, despesas

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

incorridas e demais documentos de prestação de contas, de forma discriminada, padronizada e

organizada.

18. No e-mail do item ‘h’ acima, a OMBCF incumbe as regionais pela padronização das contas

contábeis, sendo que era sua responsabilidade, conforme o item 9.2.1: ‘expeça normativo para

disciplinar a elaboração dos demonstrativos contábeis a serem apresentados pelos Conselhos

Regionais’.

19. O Acórdão 2.485/2015-Plenário data de 14/10/2015 e sua ciência pela OMBCF data de

16/11/2015 (peça 42). Conforme os termos da audiência, esse ex-presidente deixou o cargo em

11/4/2016, ou seja, houve tempo para atuar no sentido de cumprir as determinações desta Corte de

Contas.

20. Além disso, continuou na gestão seguinte e faz parte da atual gestão, no entanto, não

apresentou qualquer ofício ou informação com data posterior ao Acórdão 2.485/2015-Plenário nem

prestou qualquer informação sobre o objeto da audiência: expedir os normativos determinados nos

itens 9.2.1 e 9.2.2; informar providências no sentido de cumprir os itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3; e

apresentar o plano de ação.

Resposta de Gerson Ferreira Tajes (peça 61)

21. Esse ex-presidente não respondeu as questões da audiência, ao invés disso, comunicou

suposta irregularidade contra a atual administração, que o afastou. Portando, conclui-se que não adotou

providências ao cumprimento das determinações.

22. O ex-presidente alegou que (peça 61, p. 1-19):

a) foi empossado na OMB em 1/3/2016;

b) teve ciência de irregularidades na regional de São Paulo e autorizou intervenção

administrativa para apuração de desvio de verbas, abuso de poder e formação de quadrilha;

c) tal ato provocou reações que culminaram com sua destituição do cargo, em 27/10/2016 (peça

61, p. 8);

d) cita questões judiciais em curso que podem culminar com o ingresso de R$ 2,4 milhões no

Conselho Federal e na regional de São Paulo, ambos administrados pelo mesmo grupo (peça 61, p. 11).

23. O ex-gestor apresentou acusações contra o grupo que o afastou, anexando documentos, entre

os quais estão alguns em que o grupo também o acusa. A celeuma foi objeto de representação junto à

Policia Federal e Ministério Público Federal (peça 61, p. 37-43 e 49-52).

24. Verificou-se que o advogado do requerente, João Antônio Fonseca, é, antagonicamente, o

mesmo da administração que o afastou (peças 65 e 66), composta por seus ex-assessores: seu ex-vice-

presidente, seu ex-segundo secretário e seu ex-primeiro tesoureiro e ex-presidente Tony Maranhão.

Não foi possível verificar se outros membros da gestão anterior permaneceram na atual gestão.

25. Em sua resposta à audiência, o ex-presidente requereu ao TCU medida cautelar inaudita

altera parte para retornar à função de presidente do Conselho Federal, retirando aqueles que o

afastaram, alegando ‘urgência e fundado receio de lesão grave ao erário e ao interesse público’ (peça

61, p. 18-19).

26. O documento, apresentado pelo gestor (peça 61), não pode ser tratada como denúncia, por

não ter sido oficiada como tal, devendo ser tratada como comunicação de irregularidade efetuada em

resposta a audiência, que poderia ser objeto de representação por parte desta Secex. Porém, esse não é

o caso, ante as razões expostas a seguir.

27. Os únicos fatos concretos relatados foram falhas formais quando da reunião que afastou o

requerente, sem sua convocação ou ciência e sem a publicidade e antecedência mínima necessárias

(peça 61, p. 6-7). As demais alegações possuem versões dos dois lados envolvidos.

28. As razões que afastaram o requerente são fortes e o grupo que o afastou fazia parte de sua

gestão, incluindo seu vice-presidente e o ex-presidente antecessor, portanto, haveria o perigo de se

incorrer em periculum in mora inverso (peça 61, p. 49-52).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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29. A alegação de existência de risco de dano ao erário não restou caracterizada. Além disso, a

legitimidade de tal alegação pode ser questionada quando proferida pelo requerente, uma vez que esse

deixou de cumprir determinações do TCU que visam a garantir transparência financeira para evitar

dano ao erário.

30. Além disso, as questões denunciadas já estão sendo tratadas nas esferas adequadas, Polícia

Federal e Ministério Público Federal. Ao TCU caberá, eventualmente, atuar com base nos resultados

desses órgãos e no caso de haver indícios de dano ao erário.

31. Portanto, a atenção desta Instrução deve se restringir à análise da resposta à audiência

realizada em decorrência de descumprimento de determinação deste Tribunal.

CONCLUSÃO

32. As informações nas duas audiências apontam para uma desordem financeira e política no

Conselho Federal e suas regionais. Ambos os responsáveis na audiência participaram da gestão da

OMBCF após os Acórdãos 132/2014-Plenário e 2.485/2015-Plenário, atuando em conjunto até

27/10/2016, quando um deles foi destituído.

33. Nenhum dos gestores demonstrou ter adotado qualquer das providências determinadas.

Inclusive, até hoje, o site da Ordem não apresenta informação sobre seus demonstrativos financeiros

(http://www.ombcf.org.br/contas.htm), portanto, a instituição não possui legitimidade, na atual

conjuntura, para cobrar transparência de suas regionais.

34. As administrações da OMBCF, atual e passadas, acusam-se sobre a falta de transparência

financeira, mas nenhuma deu cumprimento às determinações do TCU justamente sobre transparência.

Cabe multa a ambos responsáveis por reiterado descumprimento de determinações do TCU.

35. Cabe também remeter cópia da decisão proferida ao atual presidente da OMBCF, com vistas

a obter o cumprimento das determinações.

36. Esta conclusão é resultado de fiscalização solicitada pelo ex-Presidente da Comissão de

Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, Deputado Edinho Bez, que encaminhou

a Proposta de Fiscalização e Controle 32/2011, baseada no Relatório Prévio de autoria do Deputado

Valtenir Pereira, requerendo a realização de fiscalização sobre as ações do Conselho Federal da Ordem

dos Músicos do Brasil, no sentido de verificar se o Conselho Federal ‘vem promovendo as diligências

necessárias para atestar o regular funcionamento dos conselhos regionais, nos termos previstos na

alínea ‘e’ do artigo 50 da Lei 3.857/60, inclusive no tocante à transparência dos recursos arrecadados

com apresentação de artistas estrangeiros no Brasil, conforme consta do artigo 53 da supracitada lei’

(peça 1, p. 1).

37. Atualmente, o Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle é o Deputado

Leo de Brito, mas os deputados Edinho Bez e Valtenir Pereira continuam em exercício nesta

legislatura, portanto, cabe remessa de cópia da decisão proferida aos três.

ENCAMINHAMENTO

Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:

a) aplicar aos senhores Tony Carlos Maranhão de Souza (CPF 109.743.003-06), ex-presidente do

Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil no período 9/7/2014 a 11/4/2016, e Gerson Ferreira

Tajes (CPF 148.377.198-99), ex-presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil no

período 12/4/2016 a 27/10/2016, a multa prevista no art. 58, inciso VII, da Lei 8.443/1992, em virtude

do reiterado descumprimento das determinações 9.2.1 e 9.2.2 do Acórdão 132/2014-Plenário c/c

determinações 1.7.1.2 e 1.7.1.3 do Acórdão 2.485/2015-Plenário, com infração ao art. 58, VII, da Lei

8.443/1992 c/c o art. 268, VIII, do RI/TCU, fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da

notificação, para que comprove, perante este Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do

Regimento Interno/TCU, o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente

desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da

legislação em vigor;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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b) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial

da dívida, caso não atendida a notificação;

c) determinar à SecexPrevidência a realização de novo monitoramento;

d) remeter cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e voto que a

fundamentarem, ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil;

e) remeter cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e voto que a

fundamentarem, ao Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos

Deputados, Deputado Leo Brito, e aos Deputados Edinho Bez e Valtenir Pereira.”

É o relatório.

VOTO

Trata-se de monitoramento das determinações expedidas pelo Acórdão 132/2014-Plenário,

proferido no TC-020.515/2013-8, processo que visou ao atendimento de solicitação do Congresso

Nacional requerendo fiscalização sobre as ações do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil

(CFOMB), no sentido de verificar a promoção das diligências necessárias para atestar o regular

funcionamento dos conselhos regionais e a transparência dos recursos arrecadados com apresentação

de artistas estrangeiros no Brasil.

2. As determinações monitoradas são as seguintes:

“9.2. determinar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil que adote as seguintes

providências e informe ao Tribunal os resultados obtidos, no prazo de 120 (cento e vinte) dias,

contados a partir da ciência:

9.2.1. expeça normativo para disciplinar a elaboração dos demonstrativos contábeis a serem

apresentados pelos Conselhos Regionais, prevendo, entre outras medidas destinadas ao

aperfeiçoamento do controle, a padronização de contas contábeis e a discriminação das fontes de

receita e de sua respectiva aplicação, com especial atenção para a taxa prevista no art. 53 da Lei

3.857/60;

9.2.2. expeça normativo direcionado aos Conselhos Regionais determinando a divulgação na

internet das receitas arrecadadas, das despesas incorridas e demais documentos de prestação de contas,

de forma discriminada, padronizada e organizada, com o fito de possibilitar o exercício do controle

social;

9.2.3. envide esforços para regularizar a situação gerencial, administrativa e operativa dos

Conselhos Regionais dos Estados de Alagoas, Amapá e Maranhão, adotando as medidas cabíveis no

âmbito de sua competência;

9.3. determinar ao Conselho Nacional de Imigração e à Coordenação-Geral de Imigração do

Ministério do Trabalho e Emprego que, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contados a partir da

ciência, realizem estudo conclusivo com vistas a efetuar adequações nas normas que regem o

procedimento de concessão de autorização de trabalho a músicos estrangeiros de forma a permitir que

sejam atendidas as disposições e condicionantes do art. 53 da Lei 3.857/60.”

3. Em atendimento a solicitações do CFOMB, este Tribunal concedeu prorrogação de prazo para

cumprimento das determinações supra em 4 (quatro) oportunidades nos últimos dois anos.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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4. Entre as decisões que concederam prorrogação, ressalte-se que o Acórdão 2.485/2015-

Plenário decidiu:

1.7.1. determinar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) que, no prazo de

60 (sessenta) dias, contados a partir da ciência, que:

1.7.1.1 encaminhe informações acerca da atual situação gerencial, administrativa e operativa dos

Conselhos Regionais dos Estados de Alagoas, Amapá e Maranhão;

1.7.1.2. informe sobre as providências, mesmo que ainda não concluídas, eventualmente

adotadas no sentido de cumprir os itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 132/2014-Plenário;

1.7.1.3. apresente um plano de ação a fim de dar cumprimento aos itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do

Acórdão 132/2014-Plenário, especificando as ações a serem adotadas, os respectivos prazos e o

responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento dessas ações.

5. Diante da ausência de demonstração de cumprimento dos comandos e das correspondentes

justificativas, esta Corte promoveu a audiência dos gestores do Conselho que atuaram no período, os

Srs. Tony Carlos Maranhão de Souza e Gerson Ferreira Tajes.

6. O Sr. Tony Carlos Maranhão de Souza foi Presidente do Conselho Federal da Ordem dos

Músicos do Brasil no período de 9/7/2014 a 11/4/2016. Portanto, tinha a incumbência de dar

cumprimento às determinações dos Acórdãos 132/2014-Plenário e 2.485/2015-Plenário. Em sua

resposta, argumentou que a fragilidade administrativa e a difícil situação financeira do Conselho

Federal o impediram de implementar as medidas determinadas. Apesar disso, alega que adotou

providências nesse sentido, como:

a) expedição de orientação aos conselhos regionais sobre a documentação de prestação de

contas;

b) solicitação aos conselhos regionais para que apresentassem pesquisa fiscal atualizada,

certidões de processos judicias, certidões de tributos, informações sobre pendências financeiras

(aluguel, condomínio e serviços) e relação dos funcionários;

c) edição de resoluções sobre os procedimentos de alienação de bens nas hipóteses de

imprestabilidade, desvio de finalidade e saneamento de pendências financeiras;

d) instituição de Comissão de Reestruturação Administrativa, presidida pelo Sr. Gerson Tajes;

e) encaminhamento de reiterações das orientações aos conselhos regionais ante a ausência de

atendimento.

7. A SecexPrevidência não acolheu essas alegações por entender que as ações adotadas não

foram suficientes para cumprir os objetivos pretendidos pelas decisões proferidas por esta Corte.

8. O Sr. Gerson Tajes, Presidente do CFOMB de 12/4/2016 a 27/10/2016, não apresentou

justificativas sobre os pontos questionados na audiência. No mesmo expediente, o ex-gestor relatou a

ocorrência de irregularidades na gestão do Conselho Regional de São Paulo, alegando que suas

providências para regularizar a situação teriam ocasionado o movimento que levou à sua destituição do

cargo. Assim, solicitou a este Tribunal a adoção de medida cautelar para determinar o afastamento da

atual diretoria e sua recondução ao cargo.

9. A unidade técnica não acolheu as justificativas e propôs a aplicação de multa aos dois gestores

por descumprimento das decisões desta Corte. Foi sugerido também determinar a realização de novo

monitoramento.

10. Embora reconheça que as providências adotadas para cumprir as determinações não tenham

alcançado resultados satisfatórios, penso que a aplicação de multa aos gestores se afigura como medida

demasiado rigorosa em face de diversas circunstâncias atenuantes presentes no caso. No tocante ao Sr.

Tony Maranhão, é forçoso admitir que o responsável buscou dar atendimento às decisões emanadas

desta Corte, ainda que sem obter sucesso. No que se refere ao Sr. Gerson Tajes, há que se considerar o

breve período de sua gestão e o fato de que esta foi tumultuada por conflitos internos.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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11. Ademais, a situação desses responsáveis deve ser sopesada com o contexto levantado na

auditoria que originou este processo, contexto esse que inclui (vide relatório e voto anexos ao Acórdão

132/2014-Plenário):

a) o esvaziamento institucional dos conselhos vinculados à OMB, visto que o exercício da

atividade de músico prescinde de controle do conselho de fiscalização profissional por inexistir

potencial lesivo na atividade e por consistir em manifestação artística protegida pela garantia da

liberdade de expressão (Recurso Extraordinário 414.426/SC);

b) a consequente baixa materialidade dos valores arrecadados, seguida de falta de estrutura e

deficiências na gestão;

c) a existência de disputas internas ou, no extremo oposto, a falta de diretoria em diversos

conselhos regionais.

12. Por conseguinte, apresenta-se mais razoável que esta Corte atue de forma pedagógica com

vistas a contribuir para a melhoria da gestão da OMB. Assim, cabe reiterar as determinações e instar o

Conselho Federal a elaborar um plano de ação para organizar a forma de cumprimento dos comandos.

Nessa tarefa, caso entenda necessário, poderá o Conselho Federal colher subsídios junto a outros

conselhos de fiscalização das profissões mais estruturados ou, dentro de suas possibilidades, buscar o

auxílio de profissionais especializados.

13. Com relação ao pedido de medida cautelar formulado pelo Sr. Gerson Tajes para que o

Tribunal afaste a atual diretoria e reconduza o responsável ao cargo do Presidente do Conselho Federal

da OMB, cumpre não conhecê-lo, visto que a questão refere-se à organização interna corporis da

entidade, o que não se insere na esfera de competência deste Tribunal.

14. Também constou da manifestação encaminhada pelo Sr. Gerson Tajes documentação que

trata da penhora da sede do Conselho Federal da OMB com vistas à quitação de dívidas condominiais.

Como a questão refere-se ao patrimônio da entidade, penso que a SecexPrevidência deva autuar

processo de representação específico para aprofundar o exame da matéria.

15. Por fim, rememore-se que o item 9.3 do Acórdão 132/2014-Plenário determinou ao Conselho

Nacional de Imigração e à Coordenação-Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego que

elaborassem estudo conclusivo tratando da realização de adequações nas normas que regem o

procedimento de concessão de autorização de trabalho a músicos estrangeiros de forma a atender o art.

53 da Lei 3.857/60.

16. Conforme verificado pela unidade técnica, os estudos foram realizados e culminaram na

edição de norma operacional e na elaboração de projeto de lei para alteração do mencionado

dispositivo legal. Portanto, pode-se considerar cumprido o item 9.3 da referida deliberação.

Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à

apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1606/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 005.868/2014-9.

2. Grupo II – Classe V – Assunto: Monitoramento (em Auditoria)

3. Responsáveis: Tony Carlos Maranhão de Souza, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem

dos Músicos do Brasil no período de 9/7/2014 a 11/4/2016 (CPF 109.743.003-06); Gerson Ferreira

Tajes, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil no período de 12/4/2016 a

27/10/2016 (CPF 148.377.198-99).

4. Órgão/Entidade/Unidade: Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB).

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230

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência

Social (SecexPrevi).

8. Representação legal: Giovanni Charles Paraizo (105420/OAB-MG) e outros, representando

Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil; Igor Sant Anna Tamasauskas (25399/OAB-DF) e

outros, representando Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil e Gerson Ferreira Tajes.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento das determinações expedidas pelo

Acórdão 132/2014-Plenário, proferido no TC 020.515/2013-8, processo que visou ao atendimento de

solicitação do Congresso Nacional requerendo fiscalização sobre as ações do Conselho Federal da

Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB), no sentido de verificar a promoção das diligências

necessárias para atestar o regular funcionamento dos conselhos regionais e a transparência dos

recursos arrecadados com apresentação de artistas estrangeiros no Brasil;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar cumprida a determinação contida no item 9.3 do Acórdão 132/2014-Plenário;

9.2. reiterar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB) as determinações

proferidas nos itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 132/2014-Plenário, fixando o prazo de 90 dias para

que a entidade apresente um plano de ação a fim de dar cumprimento aos referidos itens, com

especificação das ações a serem adotadas, os respectivos prazos e o responsável (nome, cargo e CPF)

pelo desenvolvimento dessas ações;

9.3. não conhecer do pedido de medida cautelar formulado pelo Sr. Gerson Ferreira Tajes, visto

que a questão refere-se à organização interna corporis do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do

Brasil, não se inserindo na esfera de competência deste Tribunal;

9.4. determinar à SecexPrevidência que:

9.4.1 dê prosseguimento ao monitoramento das determinações mencionadas no item 9.2. retro;

9.4.2. formalize processo de representação a fim de aprofundar o exame relativo à penhora da

sede do CFOMB para pagamento de dívidas, conforme evidenciado em documentação anexa à peça 61

destes autos;

9.5. encaminhar cópia deste acórdão, acompanhado dos elementos que o fundamentam, ao

Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, Deputado

Leo Brito, e aos Deputados Edinho Bez e Valtenir Pereira, informando que a matéria refere-se ao

Ofício 48/2013/CFFC-S, que encaminhou a Proposta de Fiscalização e Controle 32/2011;

9.6. encaminhar cópia deste acórdão, acompanhado dos elementos que o fundamentam, ao

Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB), alertando aos gestores que o

descumprimento das determinações proferidas por esta Corte poderá ensejar a aplicação de multa com

fundamento no art. 58, § 1°, da Lei 8.443/1992.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1606-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

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231

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

GRUPO II - CLASSE V - Plenário

TC-016.177/2016-9

Natureza: Monitoramento

Órgão/Entidade/Unidade: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT)

Interessado: Tribunal de Contas da União

Representação legal: não há

SUMÁRIO: MONITORAMENTO DO CUMPRIMENTO DAS DETERMINAÇÕES PROLATADAS POR MEIO

DO ACÓRDÃO 2.743/2015-TCU-PLENÁRIO. CUMPRIMENTO PARCIAL. PERDA DE OBJETO DE UMA DAS

DETERMINAÇÕES. APROVAÇÃO DO PLANO DE MONITORAMENTO DO CUMPRIMENTO DAS

RECOMENDAÇÕES. NOVAS DETERMINAÇÕES.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, a instrução elaborada no âmbito da Selog (peça 16), transcrita a seguir.

“1. INTRODUÇÃO

1.1 Deliberação:

1. Para o monitoramento das deliberações constantes do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, foi

autuado o presente processo de controle externo do tipo MON - Monitoramento, em observância aos

arts. 243 e 250, inciso III, do Regimento Interno deste Tribunal, aos arts. 2º, § 1º e 4º inciso III da

Portaria Segecex 27/2009 e ao art. 8º da Resolução TCU 265/2014.

1.2 Visão geral do objeto:

2. Governança das aquisições pode ser definida como conjunto de mecanismos de liderança,

estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão das

aquisições, com o objetivo de que as aquisições agreguem valor ao negócio da organização, com riscos

aceitáveis (adaptado do ‘Referencial Básico de Governança Aplicada a Órgãos e Entidades da

Administração Pública’, publicado pelo TCU em 2014).

3. O termo aquisições, na abordagem deste trabalho, se refere à compra de bens, à contratação de

obras ou serviços, ou esses em conjunto, com ou sem licitação, com ou sem a formalização de

contrato.

4. Em 2014, o TCU realizou fiscalização intitulada ‘FOC Governança e Gestão das Aquisições -

ciclo 2014’ (doravante denominada FOC 2014), que consistiu em verificar, por meio da avaliação de

controles internos, as práticas de governança e de gestão das aquisições, efetuando-se testes

substantivos (inclusive de conformidade) em contratos a fim de evidenciar que controles com

deficiências não contribuem para mitigar os riscos de desconformidades/ineficiência nas contratações.

5. O resultado desse trabalho deu origem a um acórdão consolidador (Acórdão 2.328/2015-TCU-

Plenário) e a vinte acórdãos de fiscalizações individuais realizadas no âmbito da FOC 2014. Dentre

eles, está o Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário decorrente da fiscalização realizada no TJDFT.

1.3 Objetivo:

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232

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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6. O objetivo geral deste monitoramento é avaliar o nível de atendimento das deliberações

constantes do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, destinado ao TJDFT, e acompanhar as medidas

adotadas na implementação dessas deliberações.

1.4 Metodologia utilizada:

7. Para o monitoramento dessas deliberações foram realizados os seguintes procedimentos:

7.1. Autuação de processo de controle externo do tipo MON - Monitoramento TC-016.177/2016-

9 (RI/TCU, art. 243 c/c Portaria-Segecex 27/2009, arts. 2º, § 1º e 4º inciso III);

7.2. Realização de diligência (peça 9);

7.3. Reuniões com as cinco organizações sediadas em Brasília fiscalizadas na FOC 2014, com

objetivo de esclarecer suas dúvidas e alinhar expectativas quanto à adoção das medidas propostas pelo

TCU (peça 12); e

7.4. Análise documental do plano de ação da organização (peça 11 e 15).

8. Tendo em vista que as medidas propostas são estruturantes e a complexidade envolvida no

tema, optou-se por não realizar neste momento o monitoramento das deliberações constantes do item

9.1 (e subitens) por entender-se que a época não era oportuna, conforme cap. 1, item 3, dos padrões de

monitoramento do TCU. O monitoramento dessas deliberações será realizado em momento futuro,

acompanhado de reuniões de acompanhamento aproximadamente nos meses de maio e novembro de

2017, conforme plano de monitoramento (Anexo I).

1.5 Limitações:

9. Não houve qualquer limitação ou restrição aos trabalhos que mereça registro.

1.6 Processos Conexos:

10. O presente monitoramento é reflexo do trabalho realizado na FOC 2014, no âmbito do

processo TC-017.599/2014-8, e que deu origem ao Acórdão 2.328/2015-TCU-Plenário. Nessa

fiscalização foram realizadas vinte auditorias, dentre elas, no TJDFT, a qual deu origem a este

monitoramento.

11. A FOC 2014, citada acima, é sequência do levantamento do Perfil Governança e Gestão das

Aquisições - Ciclo 2013 (TC-025.068/2013-0), que consistiu no diagnóstico da situação de governança

e gestão das aquisições na Administração Pública Federal. Esse levantamento deu origem ao Acórdão

2.622/2015-TCU-Plenário.

12. Além disso, como sequência da FOC 2014, foi realizada a FOC Governança e Gestão das

Aquisições - Ciclo 2015 (TC-020.145/2015-2), intitulada FOC 2015. Essa fiscalização resultou no

Acórdão 2.339/2016-TCU-Plenário. Nessa fiscalização foram realizadas quatorze auditorias.

13. Além dessas fiscalizações terem parte de seu escopo voltada para governança e gestão das

aquisições, houve uma parte voltada para contratação de serviços terceirizados. No ciclo 2014, foram

abordadas as contratações de serviços de limpeza e conservação, vigilância e transporte. Já o ciclo

2015, tratou das contratações de serviços de manutenção predial.

14. Os três acórdãos consolidadores supracitados possuem estreita relação entre si, pois são

trabalhos sequenciais e que se complementam.

15. Além disso, as vinte auditorias realizadas no Ciclo 2014 e as quatorze realizadas no Ciclo

2015, também são interligadas, sequenciais e se complementam, sendo que o trabalho de 2015

aprofunda as conclusões e detalha as recomendações do anterior.

16. Como exemplo, podemos citar que um dos produtos do trabalho realizado em 2014 foi a

elaboração do chamado ‘Apêndice 4’, que trata de controles que devem ser observados durante o

processo de contratação dos serviços terceirizados de limpeza, vigilância e transporte de pessoas. O

‘Apêndice 4’ foi complementado e aperfeiçoado com base nas informações da FOC 2015, resultando

num ‘novo Apêndice 4’, ora chamado de ‘Apêndice 5’, atualizado com dados obtidos nos testes em

contratos de manutenção predial (acesso em

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http://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A1576F5DD101577C4A13A

C0B2D).

17. Diante disso, a Selog pretende avaliar, em momento futuro e por racionalidade

administrativa, a realização dos sete monitoramentos em conjunto, sendo cinco relativos a auditorias

da FOC 2014 (limpeza, vigilância e transporte) e as duas da FOC 2015 (manutenção predial). Essa

opção se deve ao fato de que as medidas são intimamente relacionadas e, na maioria das vezes, as

deliberações são as mesmas, somente alterando o destinatário. Isso acarreta maior efetividade da

implementação das deliberações por parte das unidades jurisdicionadas, já que elas podem ser tratadas

em conjunto, em conformidade ao disposto no capítulo 1, item 3 dos padrões de monitoramento.

Ademais, a realização desse trabalho com as sete UJs em conjunto incentiva a interação e a troca de

experiências entre elas, trazendo maior amadurecimento na implementação das deliberações.

2. HISTÓRICO

18. A fiscalização que gerou o Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário teve por objetivo avaliar se as

práticas de governança e de gestão de aquisições adotadas pelas organizações públicas estavam de

acordo com a legislação aplicável e aderentes às boas práticas.

19. De acordo com o item 9.2.7 (e subitens) do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, o TJDFT

deveria enviar um plano de ação para a implementação das deliberações. A resposta a esse item foi

encaminhada para a Selog por meio dos Ofícios GSG 24.264 (peça 11) e 41.172 (peça 15).

20. Além disso, em 10/10/2016 foi realizada reunião de alinhamento com as cinco organizações

que foram fiscalizadas nas auditorias conduzidas pela Selog na FOC 2014 - Tribunal de Justiça do

Distrito Federal e Territórios (TJDFT), Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit),

Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDA), Ministério da Integração Nacional (MIN) e

Superior Tribunal de Justiça (STJ) - e com as duas organizações participantes das auditorias também

conduzidas pela Selog na FOC 2015 - Banco Central do Brasil (BCB) e Tribunal Superior Eleitoral

(TSE) (peça 12).

21. A reunião teve o fim de esclarecer dúvidas sobre o teor das recomendações e de alinhar

expectativas quanto à adoção das medidas propostas pelo TCU, com possível discussão sobre linhas de

ação viáveis para a implementação das medidas, conforme previsto no cap. 1, item 10, dos padrões de

monitoramento do TCU.

3. EXAME TÉCNICO - ANÁLISE DO ATENDIMENTO DAS DELIBERAÇÕES

3.1 Deliberação

22. Determinações ao TJDFT:

9.2. determinar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, com fulcro no art. 43,

inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:

9.2.1. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘c’, da Lei 8.666/1993, antes da eventual

prorrogação do Contrato 115/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo,

inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções

disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o

problema do transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução

mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,

locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado;

9.2.2. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘f’, e ao art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993, antes da

elaboração de edital de licitação com vistas a substituir o Contrato 062/2010, inclua, nos estudos

técnicos preliminares da contratação:

9.2.2.1. o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de

serviços de limpeza, à semelhança do previsto no art. 43, parágrafo único, da IN-SLTI 2/2008;

9.2.2.2. a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do

prédio ou documento técnico equivalente;

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ATA-28-PL

9.2.3. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘c’, da Lei 8.666/1993, antes da elaboração de

edital para licitação com vistas a substituir o Contrato 223/2012, realize estudo técnico preliminar com

objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à

semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN-SLTI 2/2008;

9.2.4. em atenção ao art. 66 da Lei 8.666/1993, abstenha-se de efetuar, ao final do Contrato

223/2012, com vencimento previsto para 27/9/2017, pagamento à contratada relativo a aviso prévio

trabalhado, conforme disposto no item 3 do Capítulo ‘OBSERVAÇÕES IMPORTANTES’, constante

do Edital 08/2011, tendo em vista que tal parcela já foi provisionada mensalmente ao longo da

execução contratual;

9.2.5. em atenção ao art. 68 da Lei 8.666/93, oficie a contratada para designar formalmente outro

empregado para desempenhar as funções de preposto do Contrato 223/2012, o qual não poderá ser um

terceirizado vinculado a essa contratação;

9.2.6. em atenção ao art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, e ao princípio da legalidade, informe ao

TCU, no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento ao item 9.2.1 do Acórdão

2.859/2013-TCU-Plenário, incluindo detalhamento da quantidade de contratos revisados e a economia

(redução de valor contratual) obtida;

9.2.7. encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência, plano de ação para a

implementação das medidas prolatadas neste acórdão, contendo:

9.2.7.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o

responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;

9.2.7.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,

as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo

desenvolvimento das ações;

9.2.7.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou

oportuna, justificativa da decisão;

3.2 Situação que levou à proposição da deliberação

23. As propostas acima derivaram dos seguintes fatos evidenciados no processo de origem:

23.1. Não foi realizado, previamente à terceirização de serviços de motorista, um estudo técnico

para identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade de

transportar pessoas (9.2.1);

23.2. O TJDFT informou que à época da licitação dos serviços de limpeza e vigilância, não

havia estudo que materializasse de forma terminativa as áreas externas e internas dos prédios e que não

foi formalizado estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra atualmente alocada na

prestação desses serviços, mas teria sido feita uma análise para o estabelecimento dos índices, sem,

entretanto, juntar memórias de cálculo que evidenciassem a informação (9.2.2 e subitens);

23.3. As atribuições do posto de trabalho de supervisor 44h semanais do contrato de vigilância

(Contrato 223/2012) não foram definidas, sendo ele utilizado para desempenhar as funções de preposto

da contratada (9.2.3);

23.4. No item 3 do Capítulo OBSERVAÇÕES IMPORTANTES do Edital 84/2012, para

contratação de serviços de vigilância armada e desarmada, havia previsão de pagamento, ao final do

contrato, de 23,33% do valor da remuneração mensal, a título de aviso prévio trabalhado, mesmo essa

parcela sendo provisionada mensalmente como item da planilha de custos e formação de preços

(PCFP) da contratada (9.2.4);

23.5. No contrato de vigilância, não havia designação formal de preposto. Um empregado

terceirizado, vinculado ao contrato, era utilizado como preposto para representar a contratada (9.2.5);

23.6. A organização não havia ultimado as providências para revisar os contratos a serem objeto

de revisão decorrente da desoneração fiscal instituída pela Lei 12.546/2011. Também não tinham sido

prestadas informações sobre como os valores pagos a maior estariam sendo recuperados (9.2.6).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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3.3 Providências adotadas

24. Por meio do Ofício GSG 24.264 (peça 11), o TJDFT encaminhou o plano de ação para

implementação das determinações citadas acima com as seguintes informações:

24.1. Quanto ao item 9.2.1, informa que realizou estudo de viabilidade objetivando a tomada de

decisão para a nova contratação de serviços terceirizados de transporte (peça 11, p. 27 e p. 33 a 79);

24.2. Em relação ao item 9.2.2, 9.2.2.1 e 9.2.2.2, o Ofício GSG 41.172 encaminhou cópia de

estudos para a definição da produtividade da mão de obra utilizada na prestação de serviços de limpeza

- Contrato 109/2015 (peça 15, p. 1 a 7). Além disso, enviou documentos sobre a definição do tamanho

das áreas objeto de limpeza, dentre outros, alvará de construção, certidão de registro de imóvel e carta

de habite-se (peça 15, p. 8 a 92).

24.3. Sobre o item 9.2.3, foi encaminhado cópia de estudo técnico preliminar contendo a

definição da localização, quantidade e tipo de postos de trabalho de vigilância. Nesse documento

consta o detalhamento e a justificativa dos postos (peça 11, p. 29 e 130 a 145).

24.4. A respeito do item 9.2.4, o TJDFT cita que determinou a elaboração de Termo Aditivo a

fim de excluir a previsão de pagamento de aviso prévio trabalhado ao final do Contrato 223/2012, pois

essa parcela teria sido provisionada mensalmente ao longo da execução contratual (peça 15, p. 1).

24.5. Já em relação ao item 9.2.5, a empresa contratada foi oficiada para indicar outro

empregado, não vinculado ao Contrato 223/2012 para desempenhar a função de preposto. A empresa

realizou a designação formal (peça 11, p. 30 e 171).

24.6. Acerca do item 9.2.6, o TJDFT informou que realizou o detalhamento da quantidade de

contratos revisados, a economia gerada e as providências para reaver os valores pagos a maior, porém

a revisão foi suspensa até decisão final do TCU em decorrência de pedido de reexame recebido com

efeito suspensivo em relação aos itens 9.2 e 9.3 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário (Processo TC-

013.515/2013-6), conforme justificativa constante no Ofício GSG 805/2016 (peça 11, p. 30).

24.7. Por fim, quanto ao item 9.2.7 (e subitens) a organização encaminhou, por meio do Ofício

GSG 24.264, o plano de ação para as deliberações prolatadas no Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário,

acompanhado de justificativas e evidências (peça 11, p. 2 a 31).

3.4 Análise

25. O escopo desse monitoramento não contempla uma avaliação detalhada da eficácia das ações

adotadas pela organização, visto que equivaleria a realizar uma nova auditoria. Assim, realizar-se-á

uma avaliação com escopo de avaliar se as ações adotadas sinalizam que houve alguma avaliação dos

riscos relatados e implementação de alguma medida (controle) pelos gestores. Por exemplo, se havia

riscos decorrentes da não realização de análise de viabilidade, verificar-se-á se houve realização de

estudo com vistas a analisar as alternativas de contratações oferecidas pelo mercado, sem entrar no

mérito se a conclusão do estudo foi adequada ou não.

26. Não obstante, considera-se que o objetivo primordial dessa fiscalização, que foi estimular a

implementação de controles internos, foi alcançada com êxito, visto que a organização adotou ou

pretende adotar os controles recomendados para aprimorar seu processo de contratação. Em resumo, o

escopo deste monitoramento é avaliar se houve a implantação de algum controle, e não se a medida, no

mérito, foi a mais correta quanto a sua eficácia.

27. O estudo de viabilidade para contratação de serviços de transporte (item 9.2.1) teria sido

realizado de forma ampla e englobaria os custos envolvidos em cada tipo de serviço que o mercado

oferece, além do tipo de solução que mais atenderia às necessidades do TJDFT. A exemplo, cite-se o

item 5.3 do documento (peça 11, p. 62), que demonstraria alguns tipos de contratação praticados na

administração pública.

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28. Quanto ao estudo e definição da produtividade da mão de obra a ser utilizada em nova

contratação de serviços de limpeza (9.2.2.1), o TJDFT apresentou estudo com esse fim. O referido

estudo não foi incluído no processo de contratação, o que, de acordo com a organização, será feito em

futuras contratações, conforme peça 15, p. 7, capítulo CONCLUSÃO.

29. Sobre a definição do tamanho das áreas com base em documento técnico (9.2.2.2), a

organização enviou os seguintes documentos relativos às áreas objeto dos serviços de limpeza, dentre

outros: alvará de construção, certidão de registro de imóvel e carta de habite-se. Contudo, nossa análise

é de que esses documentos não demonstram com clareza as áreas que devem ser objeto da contratação,

ou seja, não consta uma medição precisa e detalhada sobre o tamanho desses imóveis (peça 15, p. 8 a

92).

30. Conforme apontado pelo próprio TJDFT, as medidas não estão claras e se originam de fontes

diversas, de forma que a própria unidade administrava que deve utilizar tais medidas não tem a

definição sobre qual fonte utilizar (peça 15, p. 92).

31. Ademais, os documentos não apresentam detalhamento suficiente que possa embasar as áreas

a serem objeto de limpeza, como exemplo, área externa e área interna, áreas de fachadas, áreas de

banheiro, entre outras, que possuem produtividades diferenciadas. Eles abrangem, na maioria das

vezes, a área total do imóvel sem detalhamentos. Por esse motivo, a planta dos prédios ou documento

equivalente seria um documento ideal com todo o detalhamento necessário.

32. Em atendimento ao item 9.2.3, foi encaminhada cópia de estudo técnico preliminar contendo

a definição da localização, quantidade e tipo de postos de trabalho de vigilância. Especialmente o item

3 - Do dimensionamento (peça 11, p. 135 a 141) que justificaria adequadamente a necessidade e o tipo

de cada posto de trabalho.

33. Em relação ao item 9.2.4, de acordo com as evidências apresentadas até o presente momento,

não houve alteração nos dispositivos do Contrato 223/2012, visto que o item aviso prévio trabalhado

continua sendo pago mensalmente e coexistindo com o item 3 do Capítulo ‘OBSERVAÇÕES

IMPORTANTES’, do Edital 08/2011.

34. Contudo, o TJDFT informou que haveria determinação para que seja feito um termo aditivo

com o fim de excluir a parcela constante do item 3 do edital, uma vez que já é realizado seu

provisionamento mensalmente. Com efetivação dessa alteração contratual, não haveria risco de a

parcela aviso prévio trabalhado ser paga em duplicidade ao final do contrato (peça 15, p.1).

35. A respeito do item 9.2.5, a empresa contratada realizou formalmente a indicação de

empregado para desempenhar a função de preposto, conforme designação a peça 11, p. 171.

36. Quanto ao item 9.2.6, estão suspensos os efeitos dos itens 9.2 e 9.3 do Acórdão 2.859/2013-

TCU-Plenário, conforme despacho do Ministro-Relator datado de 2/3/2015, acostado à peça 232 do

TC-013.515/2013-6. Logo, entende-se configurado o sobrestamento do monitoramento do item 9.2.6

do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário.

37. Por fim, considera-se cumprido o item 9.2.7 (e subitens) diante do plano de ação

encaminhado pelo Ofício GSG 24.264, contendo as medidas prolatadas no Acórdão 2.743/2015-TCU-

Plenário, acompanhado de justificativas e evidências (peça 11, p. 2 a 31 e peça 15).

3.5 Evidências

38. Ofício GSG 24.264 (peça 11);

39. Estudo de viabilidade (peça 11, p. 33 a 79);

40. Ofício GSG 41.172 (peça 15);

41. Estudo para a definição da produtividade (peça 15, p. 1 a 7);

42. Ofício GSG 24.264, Anexo 10 (peça 11, p. 80 a 88);

43. Estudo técnico preliminar para contratação de serviços de vigilância (peça 11, p. 130 a 145);

44. Termo Aditivo 8 ao contrato 223/2012 (peça 11, p. 146 a 170);

45. Carta de preposto (peça 11, p. 171);

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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46. Plano de ação (peça 11, p. 2 a 31).

3.6 Conclusão

47. Diante do exposto, consideram-se:

47.1. Cumprida a determinação do item 9.2.1;

47.2. Cumprida a determinação do subitem 9.2.2.1;

47.3. Parcialmente cumprida a determinação do subitem 9.2.2.2;

47.4. Cumprida a determinação do item 9.2.3;

47.5. Em cumprimento a determinação do item 9.2.4;

47.6. Cumprida a determinação do item 9.2.5;

47.7. Não aplicável, por enquanto, a determinação do item 9.2.6; e

47.8. Cumprida a determinação do item 9.2.7 e subitens.

3.7 Proposta de encaminhamento

48. Ante o exposto, propõe-se:

48.1. que as determinações constantes dos itens 9.2.1, 9.2.3, 9.2.5 e 9.2.7 e do subitem 9.2.2.1

sejam consideradas cumpridas;

48.2. determinar que a organização apresente, no prazo de 30 dias, plano de ação com os

procedimentos e prazos para cumprimento das deliberações constantes do subitem 9.2.2.2 e do item

9.2.4;

48.3. considerar o item 9.2.6, por enquanto, não aplicável ante a perda de objeto;

48.4. Aprovar o plano de monitoramento (Anexo I) para que as medidas constantes do item 9.1 e

subitens sejam acompanhadas em momento mais avançado do plano de ação, com a realização de duas

reuniões de acompanhamento, aproximadamente nos meses de maio e novembro de 2017, com as

cinco unidades jurisdicionadas auditadas pela Selog participantes deste trabalho, tendo em vista a

previsão contida nos padrões de monitoramento do TCU e a complexidade de implementação das

recomendações do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário.

4. BENEFÍCIOS EFETIVOS DAS DELIBERAÇÕES

49. Como principais benefícios do atendimento das deliberações citam-se os seguintes:

49.1. Aperfeiçoamento da contratação de serviços de transporte de pessoas, após a realização de

levantamento de mercado para conhecer as alternativas de soluções que podem atender às necessidades

do TJDFT (item 9.2.1);

49.2. Potencial redução na quantidade de postos de postos de trabalho alocados na prestação de

serviços de limpeza, com utilização de produtividade maior do que a referência definida na IN

SLT/MP 02/2008 (subitem 9.2.2.1);

50. Melhor alocação dos postos de trabalho de vigilância, após a realização de estudo técnico

para dimensionar os quantitativos e tipo de postos a serem contratados (item 9.2.3);

51. Maior controle da fiscalização quanto à adequada execução contratual, após a designação do

preposto da contratada para atuar no cumprimento das demandas relacionados ao Contrato 223/2012

(item 9.2.5);

52. Pode-se mencionar ainda que a implementação das deliberações do Acórdão 2.743/2015-

TCU-Plenário induz à melhoria nos controles internos e da governança dos processos de aquisições do

TJDFT. E ainda contribui para o aumento da transparência da gestão e da melhoria da qualidade dos

serviços públicos prestados.

53. Além desses, pode-se mencionar como último benefício a expectativa do controle por meio

da inibição de falhas e irregularidades em virtude da atividade de controle externo exercida pelo TCU

em resposta às demandas da sociedade.

5. CONCLUSÃO

54. O monitoramento, em cumprimento aos arts. 243 e 250, inciso III, do Regimento Interno

deste Tribunal, aos arts. 2º, § 1º e 4º inciso III da Portaria Segecex 27/2009 e ao art. 8º da Resolução

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

TCU 265/2014, avaliou o atendimento às deliberações constantes do item 9.2 (e subitens) do Acórdão

2.743/2015-TCU-Plenário.

55. Da análise empreendida, pode-se concluir que a situação de cumprimento ou implementação

das deliberações é a seguinte:

Grau de implementação das deliberações - TJDFT

Deliberação Cumprida ou

Implementada

Em

cumprimento

ou Em

implementação

Parcialmente

cumprida ou

Parcialmente

implementada

Não cumprida

ou Não

implementada

Não aplicável

9.2.1 X

9.2.2.1 X

9.2.2.2 X

9.2.3 X

9.2.4 X

9.2.5 X

9.2.6 X

9.2.7 X

Quantidade 5 1 1 1

Percentual 63% 12% 12% 12%

Quadro 1 - Grau de atendimento das deliberações do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário -

TJDFT

56. No que tange ao item 9.1 e subitens do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, propõe-se um

plano de monitoramento (Anexo I) para que as recomendações adotadas sejam acompanhadas em

momento mais avançado do plano de ação, com a realização de reuniões de acompanhamento

aproximadamente nos meses de maio e novembro de 2017, em virtude da complexidade das medidas

propostas.

57. Registre-se aqui que, embora tenhamos declarado estar fora do escopo deste relatório o

monitoramento do item 9.1 e seus subitens, em análise superficial das justificativas acerca das

recomendações, verificou-se que a organização informou ser não oportuna a implementação de

algumas delas.

58. Porém, após os esclarecimentos prestados durante a reunião de alinhamento citada no item

20, diversas dúvidas que prejudicavam a adoção de medidas pela organização foram sanadas. Além

disso, após o encaminhamento do plano de ação por parte do TJDFT, foram publicados normativos

que tratam especificamente de temas relacionados ao item 9.1, estabelecendo um caráter vinculante

para o órgão.

59. Como exemplo, cite-se a Resolução-CNJ 240/2016, de 9 de setembro de 2016, que prevê em

seu art. 5º, inc. VI, as diretrizes para provimento dos cargos em comissão e função de confiança nos

órgãos do Poder Judiciário, o que vai ao encontro do disposto no item 9.1.1 do acórdão, considerado

como de implementação não oportuna pelo TJDFT.

60. Por tais motivos, foi oportunizada ao TJDFT a revisão de seu plano de ação, com vistas a

considerar as novas informações obtidas na reunião de alinhamento, assim como os novos normativos

que tratam dos assuntos relacionados ao item 9.1 do acórdão. Dessa forma, tais atualizações serão

devidamente analisadas no decorrer de 2017.

61. Além disso, tal oportunidade possibilitará ao TJDFT enviar seu plano de ação conforme o

modelo previsto nos padrões de monitoramento do TCU, de forma a facilitar a análise das medidas

previstas pela organização.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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62. Conforme citado no item 15 acima, as vinte auditorias realizadas na FOC Governança e

Gestão das Aquisições - Ciclo 2014 e as quatorze realizadas no Ciclo 2015, são decorrentes de

trabalhos sequenciais, que se complementam e tratam do mesmo tema: Governança e Gestão das

Aquisições. Desse total de 34 auditorias, a Selog foi a responsável por sete, sendo cinco no âmbito da

FOC 2014 e duas no âmbito da FOC 2015.

63. Dessa forma, a Selog pretende avaliar, em momento futuro, a possibilidade de realizar o

monitoramento desses sete acórdãos em conjunto. Essa medida acarreta racionalidade na execução dos

trabalhos e maior efetividade na implementação das medidas por parte das organizações, já que

poderão ser tratadas de maneira sistêmica e permitir maior interação e troca de experiências entre eles,

trazendo maior amadurecimento para essas organizações.

6. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

64. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, para encaminhamento ao

gabinete do Ministro-Relator Augusto Sherman Cavalcanti, com as seguintes propostas quanto ao

Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário:

64.1. considerar cumpridas as determinações constantes dos itens 9.2.1, 9.2.3, 9.2.5, 9.2.7 e do

subitem 9.2.2.1;

64.2. determinar que a organização apresente, no prazo de 30 dias, novo plano de ação, conforme

modelo previsto nos padrões de monitoramento do TCU (anexo), com os procedimentos e prazos para

cumprimento do subitem 9.2.2.2 e do item 9.2.4, assim como com as devidas atualizações relacionadas

ao item 9.1;

64.3. considerar não aplicável, por perda do objeto, a determinação constante do item 9.2.6;

64.4. com base no cap. 3, item 34 e no cap. 1, item 10, ambos dos padrões de monitoramento do

TCU, aprovar o plano de monitoramento constante do Anexo I, bem como a realização de duas

reuniões de acompanhamento com as cinco unidades jurisdicionadas auditadas pela Selog na FOC

Governança e Gestão das Aquisições - Ciclo 2014 aproximadamente nos meses de maio e novembro

de 2017;

64.5. apensar os presentes autos ao TC-017.635/2014-4, com base no art. 42 da Resolução TCU

191/2006.”

É o relatório.

VOTO

Trata-se de monitoramento do cumprimento das determinações do subitem 9.2 do Acórdão

2.743/2015-TCU-Plenário, prolatado em processo de auditoria realizada com o objetivo de avaliar as

práticas de governança e gestão das aquisições no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios

(TJDFT).

2. Na mencionada decisão foram prolatadas as seguintes determinações objeto do presente

monitoramento:

“9.2. determinar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, com fulcro no art. 43,

inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:

9.2.1. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘c’, da Lei 8.666/1993, antes da eventual

prorrogação do Contrato 115/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo,

inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções

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240

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o

problema do transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução

mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,

locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado;

9.2.2. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘f’, e ao art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993, antes da

elaboração de edital de licitação com vistas a substituir o Contrato 062/2010, inclua, nos estudos

técnicos preliminares da contratação:

9.2.2.1. o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de

serviços de limpeza, à semelhança do previsto no art. 43, parágrafo único, da IN-SLTI 2/2008;

9.2.2.2. a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do

prédio ou documento técnico equivalente;

9.2.3. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘c’, da Lei 8.666/1993, antes da elaboração de

edital para licitação com vistas a substituir o Contrato 223/2012, realize estudo técnico preliminar com

objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à

semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN-SLTI 2/2008;

9.2.4. em atenção ao art. 66 da Lei 8.666/1993, abstenha-se de efetuar, ao final do Contrato

223/2012, com vencimento previsto para 27/9/2017, pagamento à contratada relativo a aviso prévio

trabalhado, conforme disposto no item 3 do Capítulo ‘OBSERVAÇÕES IMPORTANTES’, constante

do Edital 08/2011, tendo em vista que tal parcela já foi provisionada mensalmente ao longo da

execução contratual;

9.2.5. em atenção ao art. 68 da Lei 8.666/93, oficie a contratada para designar formalmente outro

empregado para desempenhar as funções de preposto do Contrato 223/2012, o qual não poderá ser um

terceirizado vinculado a essa contratação;

9.2.6. em atenção ao art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, e ao princípio da legalidade, informe ao

TCU, no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento ao item 9.2.1 do Acórdão

2.859/2013-TCU-Plenário, incluindo detalhamento da quantidade de contratos revisados e a economia

(redução de valor contratual) obtida;

9.2.7. encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência, plano de ação para a

implementação das medidas prolatadas neste acórdão, contendo:

9.2.7.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o

responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;

9.2.7.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,

as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo

desenvolvimento das ações;

9.2.7.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou

oportuna, justificativa da decisão;”

3. A análise, por parte da Selog, das informações recebidas do TJDFT permitiu concluir que as

determinações constantes dos subitens 9.2.1, 9.2.2.1, 9.2.3, 9.2.5 e 9.2.7 podem ser consideradas

cumpridas.

4. Os subitens 9.2.2.2 e 9.2.4 foram considerados em fase de cumprimento. Em consequência,

ante a não demonstração da efetivação do cumprimento dessas determinações, a unidade técnica

propõe assinar prazo para que o TJDFT apresente plano de ação com os procedimentos e prazos para

cumprimento desses subitens. Entretanto, considerando a natureza pontual dos mencionados

comandos, entendo desnecessária a medida proposta. No caso do subitem 9.2.2.2, o TCU poderá

avaliar seu cumprimento por meio da análise do edital da licitação objetivando substituir o Contrato

062/2010. Para isso, considero suficiente determinar o envio a este Tribunal do mencionado edital.

Quanto ao subitem 9.2.4, considerando que o Contrato 223/2012, tem vencimento previsto para

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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27/9/2017, cabe determinar ao TJDFT que demonstre, no prazo de 90 dias, o cumprimento da

determinação.

5. Por fim, em relação ao subitem 9.2.6, a Selog informa que estão suspensos os efeitos dos

subitens 9.2 e 9.3 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário, conforme despacho do eminente Relator,

Ministro José Múcio, datado de 2/3/2015. Dessa forma, a unidade técnica propõe considerar não

aplicável, por perda do objeto, aquela determinação. Entretanto, ante o caráter temporário da

suspensão dos efeitos da medida constante daquela decisão, entendo que não é o caso de se declarar a

perda de objeto da determinação monitorada, mas sim seu sobrestamento até decisão definitiva quanto

ao subitem 9.2 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário.

6. A Selog propõe, ainda, aprovar o plano de monitoramento do cumprimento das

recomendações prolatadas por meio do subitem 9.1 do acórdão ora monitorado, bem como “a

realização de duas reuniões de acompanhamento com as cinco unidades jurisdicionadas auditadas pela

Selog na FOC Governança e Gestão das Aquisições - Ciclo 2014 aproximadamente nos meses de maio

e novembro de 2017”. Não vejo óbice quanto à aprovação do plano de monitoramento. Todavia, creio

ser desnecessário constar da deliberação que ora submeto ao Plenário detalhes acerca de eventuais

reuniões ou outras medidas internas acerca desse monitoramento.

7. Finalmente, acerca das recomendações prolatadas nestes autos ao TJDFT, recebi em meu

Gabinete no dia 24/02/2017 representantes daquele Tribunal, que vieram apresentar o plano de ação

com vistas à implementação das recomendações contidas Acórdão 2743/2015-TCU-Plenário. Tendo

em vista a relevância dos resultados alcançados junto àquele órgão judicial, considerei oportuno fazer

comunicação à sessão do dia 08/03/2017 do Plenário acerca daquela visita, na qual destaquei (a) os

elogios recebidos dos representantes daquele Tribunal em relação às orientações contidas no

mencionado Acórdão; (b) a consciência de que tanto a elaboração quanto a implementação do plano

são atividades complexas e multivariáveis; (c) o estreitamento do relacionamento das áreas de

planejamento logístico do TJDFT com a Selog; (d) a importância do trabalho em parceria, que permite

que nossos técnicos e ministros compreendam melhor as dificuldades dos gestores na implementação

desses mecanismos de governança, o que contribui para o amadurecimento do processo; e (e) os bons

resultados que vêm sendo colhidos da atuação deste Tribunal na sua vertente pedagógica e orientadora.

Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à

apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1607/2017 - TCU - Plenário

1. Processo TC-016.177/2016-9

2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Monitoramento.

3. Interessado: Tribunal de Contas da União.

4. Órgão/Entidade/Unidade: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Selog.

8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento do cumprimento das

determinações do subitem 9.2 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, prolatado em processo de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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auditoria realizada com o objetivo de avaliar as práticas de governança e gestão das aquisições no

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT),

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar cumpridas as determinações constantes dos itens 9.2.1, 9.2.3, 9.2.5, 9.2.7 e do

subitem 9.2.2.1 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;

9.2. determinar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) que:

9.2.1. encaminhe a este Tribunal o edital da licitação realizada com vistas a substituir o Contrato

062/2010, de forma a permitir a avaliação do cumprimento do subitem 9.2.2.2 do Acórdão 2.743/2015-

TCU-Plenário;

9.2.2. encaminhe a este Tribunal, no prazo de noventa dias, as informações quanto ao

cumprimento do subitem 9.2.4 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;

9.3. sobrestar o monitoramento do subitem 9.2.6 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário até a

decisão definitiva quanto ao item 9.2 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário;

9.4. aprovar o plano de monitoramento constante do Anexo I da instrução à peça 16 destes autos,

destinado à verificação do cumprimento do subitem 9.1 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;

9.5. dar ciência desta deliberação ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios

(TJDFT); e

9.6. apensar os presentes autos ao TC-017.635/2014-4.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1607-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

GRUPO I - CLASSE III - Plenário

TC-016.290/2017-8

Natureza: Consulta

Unidade: Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo

Interessado: Gilberto Silva Domingues de Oliveira Belleza, Presidente do Conselho de

Arquitetura e Urbanismo de São Paulo

Representação legal: não há

SUMÁRIO: CONSULTA. AQUISIÇÃO DE IMÓVEL PARA SEDE PRÓPRIA.

AUTORIDADE NÃO LEGITIMADA. NÃO CONHECIMENTO.

RELATÓRIO

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243

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Adoto, como relatório, instrução da Auditora Federal da Secex/SP, lançada à peça 2 destes autos,

a qual contou com a anuência do corpo dirigente daquela unidade:

“INTRODUÇÃO

1. Cuidam os autos de consulta formulada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São

Paulo (CAU/SP), na pessoa de seu presidente, Sr. Gilberto Silva Domingues de Oliveira Belleza,

acerca da possibilidade de aquisição de imóvel, a ser utilizado como sede própria daquele Conselho,

embora a empresa vendedora não possua certidão negativa de débitos emitida pela Receita Federal.

HISTÓRICO

2. O consulente relata que o CAU/SP instaurou procedimento administrativo para aquisição de

imóvel a ser utilizado como sua sede própria, no qual seriam concentradas suas atividades nos

próximos anos.

3. Inicialmente, o Conselho buscou imóveis junto a entes públicos que tratam de matéria

imobiliária e gestão de bens públicos, e imóveis tombados e de valor histórico, bem como realizou

chamadas públicas para prospecção do mercado, conhecimento de sua realidade e obtenção de imóvel

com a finalidade desejada, observados os princípios constitucionais e legais que regem a matéria.

Considerando que tais tentativas resultaram infrutíferas, o CAU/SP passou a buscar imóveis

diretamente no mercado, tendo encontrado um imóvel localizado na Rua Teodoro Sampaio, nesta

capital, de propriedade da empresa Itaú Rent Administração e Participações Ltda., integrante do grupo

financeiro Itaú/Unibanco, com as seguintes características:

a) o valor de compra do imóvel estaria abaixo do valor de mercado para bens de mesma

natureza, conforme avaliação realizada pela Caixa Econômica Federal;

b) a locação de parte do bem, informada como condição indispensável e prévia do negócio, iria

gerar uma receita imediata e permanente, incrementando as finanças do Conselho;

c) o imóvel possui grande valor arquitetônico, por representar uma escola e um período

relevante da arquitetura paulistana, permitindo uma identificação entre o imóvel e os inscritos naquela

autarquia, além de ter assegurada sua preservação e correta utilização.

4. A despeito disso, a empresa vendedora possui demandas fiscais no âmbito administrativo e,

portanto, não possui certidão negativa de débitos (CND) emitida pela Receita Federal. Tal documento

foi exigido pelo CAU/SP, e a empresa vendedora, em resposta, informou que realiza negócios dessa

natureza, inclusive com órgãos públicos, e adota a postura de garantir todos os atos administrativos e

judiciais necessários para sua concretização, de modo a proteger os direitos e interesses do comprador

contra eventuais problemas que venham a surgir. Segundo informação da empresa, em face da

ausência da CND, a recusa inicial no registro do imóvel é sanada com o procedimento de

questionamento junto ao Poder Judiciário, que gera a determinação judicial de realização do registro

da escritura do imóvel.

5. O Conselho acrescenta que o débito existente é da ordem de 60% do valor do imóvel a ser

adquirido e a empresa vendedora, a princípio, possui patrimônio suficiente para quitação do valor em

caso de condenação, não havendo risco para o CAU/SP com a celebração do negócio.

6. Diante desse cenário, o Presidente do CAU/SP consulta o TCU sobre a possibilidade de

celebração do negócio nas condições descritas, e as providências necessárias para sua concretização,

com observância aos normativos que regem a matéria.

EXAME DE ADMISSIBILIDADE

7. Apesar de tratar de matéria de competência desta Corte de Contas, nos termos do inciso XVII

do art. 1º da Lei 8.443/1992, registra-se que a consulta não preenche os requisitos de admissibilidade

subjetivos constantes no art. 264 do Regimento Interno/TCU, haja vista que o Presidente do CAU/SP

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não se encontra entre os legitimados previstos no rol do mencionado artigo.

8. Além disso, a consulta versa sobre caso concreto, o que é vedado pelo art. 265 do Regimento

Interno/TCU. De fato, a presente consulta refere-se à aquisição de imóvel a ser utilizado como sede

própria do CAU/SP, sendo que a empresa vendedora não possui certidão negativa de débitos (CND)

emitida pela Receita Federal.

9. Dessa forma, não havendo o atendimento dos requisitos de admissibilidade previstos nos arts.

264 e 265 do Regimento Interno/TCU, a presente consulta não deve ser conhecida.

10. Por fim, registra-se que, em consulta à jurisprudência deste Tribunal, não foram localizados

precedentes sobre o tema em exame nestes autos.

CONCLUSÃO

11. A presente consulta não merece ser conhecida pelo Tribunal, por não preencher os requisitos

de admissibilidade previstos nos arts. 264 e 265 do Regimento Interno/TCU, cabendo, desde já, propor

o arquivamento do processo, nos termos do art. 265 do Regimento Interno/TCU, c/c o art. 102 da

Resolução TCU 259/2014.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

12. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:

a) não conhecer a presente documentação como consulta por não atender os requisitos de

admissibilidade previstos nos arts. 264 e 265 do Regimento Interno/TCU;

b) dar ciência da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que a

fundamentarem, ao Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), Sr.

Gilberto Silva Domingues de Oliveira Belleza, nos termos do art. 265 do Regimento Interno/TCU;

c) arquivar o presente processo, com fundamento no art. 265 do Regimento Interno/TCU, c/c o

art. 102 da Resolução TCU 259/2014.”

É o relatório.

VOTO

Em exame Consulta formulada pelo Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São

Paulo (CAU/SP), acerca da possibilidade de aquisição de imóvel, a ser utilizado como sede própria

daquele Conselho, embora a empresa vendedora não possua certidão negativa de débitos, ou

equivalente, emitida pela Receita Federal.

2. Como resume a instrução precedente, o consulente relata que o CAU/SP instaurou

procedimento com o fito de adquirir imóvel a ser utilizado como sede própria, onde seriam

concentradas suas atividades nos próximos anos. Nesta esteira, o Conselho teria buscado, incialmente,

imóveis junto a entes públicos que tratam de matéria imobiliária e gestão de bens públicos, e imóveis

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tombados e de valor histórico, bem como realizou chamadas públicas para prospecção do mercado,

observados os princípios constitucionais e legais que regem a matéria. Restando infrutíferas tais

tentativas, o Conselho passou a buscar imóveis diretamente no mercado, tendo encontrado um imóvel

na capital paulista, de propriedade da empresa Itaú Rent Administração e Participações Ltda.,

integrante do grupo financeiro Itaú/Unibanco.

3. A despeito disso, a empresa vendedora possui demandas fiscais no âmbito administrativo e,

portanto, não detém certidão negativa de débitos (CND) emitida pela Receita Federal, tampouco

certidão com efeitos equivalentes.

4. Diante disso, a empresa vendedora informou que realiza negócios dessa natureza, inclusive

com órgãos públicos, e adota a postura de garantir todos os atos administrativos e judiciais necessários

para sua concretização. Assim, em face da ausência da CND, a recusa inicial no registro do imóvel

seria sanada com procedimento de questionamento junto ao Poder Judiciário, que ensejaria a

determinação judicial para realização do registro da escritura do imóvel.

5. O Conselho acrescenta que o débito existente é da ordem de 60% do valor do imóvel a ser

adquirido e a empresa vendedora, em princípio, possui patrimônio suficiente para quitação do valor em

caso de condenação, de modo que não haveria riscos para o Conselho decorrentes do negócio.

6. Diante desse cenário, o Presidente do CAU/SP consulta o TCU sobre a possibilidade de

realização do negócio nas condições descritas, bem como providências necessárias para sua

concretização.

7. Endosso a análise e a conclusão da unidade instrutiva pelo não conhecimento da presente

documentação como Consulta.

8. Apesar de tratar de matéria de competência desta Corte, registra-se que o expediente não

preenche os requisitos de admissibilidade subjetivos constantes no art. 264 do Regimento

Interno/TCU, haja vista que seu signatário, o Presidente do CAU/SP, não se encontra entre os

legitimados previstos no rol do mencionado artigo.

9. Além disso, a consulta versa sobre caso concreto, o que não é admitido pelo art. 265 do

Regimento Interno/TCU.

10. Por fim, registro que, ao compulsar a jurisprudência desta Corte, o caso mais próximo que

identifiquei consiste na Decisão 221/1996-Plenário, em que se analisou a aquisição de imóvel

destinado à ampliação do Hospital Central da Aeronáutica, de vendedor com dívidas constituídas,

porém a questão específica destes autos não chegou a ser enfrentada naquela decisão. Portanto, assim

como noticia a Secex/SP, não foram encontrados precedentes semelhantes ao caso em tela, o que não

colabora para dirimir a dúvida apresentada.

Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à

deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1608/2017 - TCU – Plenário

1. Processo TC-016.290/2017-8

2. Grupo: I - Classe: III – Assunto: Consulta.

3. Interessado: Gilberto Silva Domingues de Oliveira Belleza, Presidente do Conselho de

Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.

4. Órgão/Entidade/Unidade: Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

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6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo (Secex/SP).

8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos autuados como Consulta, formulada pelo Presidente

do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), acerca da possibilidade de

aquisição de imóvel a partir de empresa vendedora sem certidão negativa de débitos, ou equivalente,

emitida pela Receita Federal,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. não conhecer a presente documentação como consulta, por não atender os requisitos de

admissibilidade previstos nos arts. 264 e 265 do Regimento Interno/TCU;

9.2. dar ciência desta deliberação, bem como das peças que a fundamentam, ao Presidente do

Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), nos termos do art. 265 do Regimento

Interno/TCU; e

9.3. arquivar o presente processo, com fundamento no art. 265 do Regimento Interno/TCU c/c o

disposto no art. 102 da Resolução TCU 259/2014.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1608-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

GRUPO II - CLASSE I - Plenário

TC-025.760/2016-5

Natureza: Agravo (em Relatório de Auditoria)

Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

Interessados: Congresso Nacional; Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(04.892.707/0001-00); Direção Consultoria e Engenharia Ltda. (32.963.001/0001-28); JDS -

Engenharia e Consultoria Ltda. (40.376.139/0001-59); Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.

(01.397.753/0001-45); SVC Construções Ltda. (01.543.722/0001-55)

Recorrentes: Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. (01.397.753/0001-45); SVC

Construções Ltda. (01.543.722/0001-55), empresas integrantes do Consórcio Paviservice/SVC.

Representação legal: Manoel Pinto (11.024/OAB/BA), representando Paviservice Serviços de

Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda.; Paulo Aristóteles Amador de Sousa, representando

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

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SUMÁRIO: AGRAVO CONTRA MEDIDA CAUTELAR. OBRAS DE CONSTRUÇÃO

RODOVIÁRIA NO ESTADO DA BAHIA. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO CONTRATUAL NO

ESPECÍFICO TRECHO COMPREENDIDO ENTRE AS ESTACAS 2625 E 2835 NOS KM 334,5 A

KM 338,7 DA BR-235/BA. INDÍCIOS DE SUPERFATURAMENTO PELA MEDIÇÃO DE

SERVIÇOS NÃO REALIZADOS. CONHECIMENTO. NEGATIVA DE PROVIMENTO.

1. Os recursos manejados contra decisão de natureza cautelar proferida pelo TCU devem ser

recebidos sem efeito suspensivo, conforme aplicação subsidiária do CPC (art. 520 da Lei 5.869/1973 e

art. 1.012, § 1º, da Lei 13.105/2015), e o disposto na Resolução TCU 36/1995.

2. Ademais, por dedução lógica, nem se poderia admitir efeito suspensivo aos recursos e agravos

interpostos contra as medidas cautelares, pois significaria, em termos práticos, cancelar a medida

acautelatória antes mesmo da apreciação dos argumentos apresentados pelos interessados, conforme os

precedentes Acórdãos 2.483/2013 e 488/2017, ambos do Plenário.

RELATÓRIO

Trata-se de agravo interposto pelas empresas Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC

Construções Ltda., integrantes do Consórcio Paviservice/SVC, com pedido de efeito suspensivo, em

face de medida cautelar adotada por meio de despacho deste relator proferido à peça 53 destes autos,

referendado pelo Plenário deste Tribunal em sessão de 24 de maio de 2017 (peça 55).

2. Para melhor compreensão da matéria, cuido primeiramente de reproduzir o teor do despacho

proferido, no qual foi determinada a suspensão cautelar da execução de parcela de obra objeto de

contrato celebrado entre as recorrentes e o Dnit, sobre o qual se insurgem referidas empresas:

“Trata-se de relatório de auditoria realizada pela Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Rodoviária e de Aviação Civil (SeinfraRodoviaAviação) nas obras de construção da BR-235-BA - km

282 ao km 357,4, objeto do contrato firmado entre o Dnit e o Consórcio Paviservice/SVC.

I

2. Consoante exposto pela equipe de fiscalização no Relatório de Fiscalização 404/2016 (peça

27), antes do início das obras contratadas o segmento de 75 km de rodovia apresentava uma

implantação consolidada, parte em leito natural e parte com revestimento asfáltico.

3. As obras em questão estão abrangidas pelo Contrato 05.00202/2014, celebrado a partir do

resultado da licitação relativa ao Edital RDC-Presencial 702/2013-05, cujo regime de execução é a

empreitada por preço global. O orçamento de referência do Dnit para fins de licitação foi de

R$ 100.701.492,76 (3/2013), e o Consórcio Paviservice/SVC sagrou-se vencedor com uma proposta de

preço no valor global de R$ 100.660.000,00 (3/2013), com desconto de 0,04%.

4. A fiscalização da obra no âmbito do Dnit, por sua vez, é realizada por servidor da autarquia,

com o auxílio da empresa supervisora Direção Consultoria e Engenharia Ltda., conforme Contrato

05.00239/2014.

5. Consta dos autos que no decorrer das obras foi formalizado o 1º Termo Aditivo ao Contrato

05.00202/2014, fundamentado na 1ª Revisão de Projeto em Fase de Obras - RPFO, aprovada em

7/12/2015 pelo Coordenador-Geral de Construção Rodoviária - DIR/Dnit. Dentre as alterações

promovidas na 1ª RPFO evidenciam-se as seguintes:

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5.1 - deslocamento da plataforma da rodovia para direita entre os km 334,5 (est. 2625) e km

338,7 (est. 2835), em razão de terem sido verificadas interferências da plataforma projetada com uma

linha de distribuição de energia elétrica e com um canal de irrigação;

5.2 - inclusão dos serviços de remoção de solo mole e execução de camada drenante, entre os km

334,5 (est. 2625) e km 338,7 (est. 2835), uma vez que a nova plataforma estaria localizada sobre um

trecho com presença de solo mole;

5.3 - acréscimos nas alturas dos aterros ao longo do segmento, de maneira a viabilizar a

execução dos bueiros de drenagem, uma vez que as alturas de aterro previstas originalmente não

permitiam a adequada implantação desses dispositivos;

5.4 - deslocamento da posição do canteiro de obras e das usinas de solos e de CBUQ,

acarretando alterações nas distâncias médias de transporte - DMTs dos insumos; e

5.5 - implantação de um segmento de 1,4 km para proporcionar melhorias na interligação entre o

final do trecho (est. 3325) e a área urbana de Juazeiro/BA.

6. As alterações promovidas pela revisão de projeto resultaram acréscimo de R$ 9.630.675,23

(3/2013) no valor do Contrato 05.00202/2014, que passou a ter um valor global de R$ 110.290.675,23.

7. Por ocasião da realização dos trabalhos (8/9/216 a 28/10/2016) a obra encontrava-se com

84,9% de execução, conforme Relatório Geral do Contrato 05.00202/2014, obtido no Sistema de

Acompanhamento de Contratos do Dnit - Siac. Na oportunidade, sete achados foram reportados pela

equipe de fiscalização em seu relatório, concluído em 29/3/2017 (peça 27):

7.1 - Achado III.1 (pIGP) - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia (prejuízo estimado em cerca de 6,4% do valor

do contrato, a preços iniciais), equivalente a R$ 7.017.467,91 (3/2013);

7.2 - Achado III.2 (pIGP) - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito (prejuízo estimado em cerca de 7,7% do valor do contrato, a

preços iniciais), equivalente ao montante de R$ 8.487.330,40 (3/2013);

7.3 - Achado III.3 (pIGC) - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em

Fase de Obras (prejuízo estimado em cerca de 0,6% do valor do contrato, a preços iniciais),

equivalente a R$ 660.778,06 (3/2013);

7.4 - Achado III.4 (pIGC) - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto

executivo deficiente (prejuízo estimado em face dos próprios valores pagos à executora do projeto

executivo, considerado deficiente; serviços impugnados pela equipe: R$ 711.996,38 de um contrato de

R$ 1.000.128,36);

7.5 - Achado III.5 (pIGC) - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em

desacordo com o previsto em projeto;

7.6 - Achado III.6 (pIGC) - Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração

para solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de interferências; e

7.7 - Achado III.7 (pIGC) - Paralisação injustificada de frentes de serviço.

8. Consoante exposto no relatório de auditoria, os achados III.1 e III.2 foram tipificados como

pIGP (proposta de indício de irregularidade grave com recomendação de paralisação). Para o Achado

III.1 a SeinfraRodoviaAviação também propôs a adoção de medida cautelar inaudita altera pars com

vistas a que o Dnit suspendesse a execução dos serviços objeto do contrato 05.00202/2014 (obras de

construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento de quatro

quilômetros compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km 338,7), com fundamento no

art. 276 do Regimento Interno/TCU, procedendo-se, em seguida, às oitivas do Dnit e do Consórcio

executor.

9. Informaram os auditores, ainda, que a execução dos serviços no referido trecho objeto da

proposta de cautelar estava paralisada ao tempo da realização da fiscalização, em razão da necessidade

de resolução das questões relativas às interferências relativas às linhas de distribuição de eletricidade.

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Todavia, tal fato não influiria no perigo de lesão e risco de ineficácia de decisão de mérito, porquanto

os serviços poderiam ser retomados por completo quando da resolução dessas questões, agravando as

irregularidades apontadas no achado, mantendo-se, na visão deles, os requisitos ensejadores da

cautelar.

10. Submetidas as proposições da secretaria a este Relator, proferi despacho constante da peça

31 destes autos, no dia 4/4/2017, no qual manifestei-me no sentido de que deveria ser colhida a oitiva

prévia junto ao Dnit e empresas integrantes do consórcio executor, nos termos do § 2º do art. 276 do

Regimento Interno/TCU, no prazo de cinco dias úteis, notadamente porque não havia informações

atualizadas sobre a execução das obras no trecho, uma vez que desde a fiscalização empreendida in

loco pelos auditores, até a conclusão do relatório e elaboração das propostas pelo titular da unidade

técnica, em 31/3/2017, passaram-se mais de 5 meses, bem assim, considerando que o relatório

preliminar não foi submetido aos gestores.

11. Consignei, ainda, que, previamente à eventual adoção da cautelar pleiteada pela secretaria,

deveria ser realizada a oitiva regimental, de forma a propiciar, neste caso, tanto o contraditório sobre

os fatos reputados de urgente intervenção cautelar por este Tribunal, como a busca de informações

mais atualizadas sobre o trecho em execução (diligência), e sobre as medidas encetadas ou

efetivamente executadas pelo Dnit e empresas executoras para eventual correção dos problemas

apontados pela equipe, haja vista que no relatório produzido pelos auditores havia indicação de ciência

prévia, por parte do Dnit, sobre o indício de irregularidade apontado bem como da adoção de algumas

providências, ainda que incipientes ou preliminares, em face das constatações havidas durante a

fiscalização realizada na presença dos envolvidos com a realização das obras.

12. Assim, determinei, preliminarmente, a realização de oitiva prévia do Dnit e das empresas

integrantes do Consórcio Paviservise/SVC, para que, no prazo regimental, apresentassem as

manifestações que entendessem pertinentes quanto ao Achado III.1 - Superfaturamento pela medição

de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia no segmento

compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 km 338,7 da Rodovia BR-135/BA), objeto do

Contrato 05.00202/2014, reportado no relatório da Fiscalização 404/2016, constante deste processo,

informando-se a eles sobre a possibilidade de este Tribunal vir a adotar medida cautelar suspensiva da

execução dos serviços ou de retenção de valores, caso presentes os requisitos ensejadores da medida.

Determinei, ainda, o envio, ao Dnit, de cópia do relatório da Fiscalização 404/2016, objeto deste

processo, para manifestação preliminar, no prazo improrrogável de quinze dias, acerca dos indícios de

irregularidades tipificados como pIGP e a realização de diligência com vistas a que informasse sobre o

estágio atual de execução das obras do trecho informado no Achado III.1 do relatório de auditoria, bem

assim, sobre o estágio de execução total das obras, e respectivos pagamentos efetuados, incluindo

informação sobre o saldo contratual pendente de pagamento.

13. Após o cumprimento das medidas por mim determinadas, vieram aos autos as alegações do

Dnit e das empresas consorciadas, bem assim informações mais atuais sobre a execução das obras e

sobre a situação do contrato em questão. Quanto a essas, o Dnit apresentou um Relatório-Geral do

Contrato, emitido em 11/4/2017, no qual demonstra que foram medidos R$ 95.424.618,19 a preços

iniciais, que representam 86,52% do valor total do contrato (R$ 110.290.675,23), além do histórico das

medições realizadas e um relatório da situação dos processos de pagamento, informando a existência

de saldo a executar de R$ 14.866.057,02, a preços iniciais. Relativamente ao trecho situado no

segmento de 4,2 km de extensão, localizado entre o km 334,5 e o km 338,7 da BR-235/BA, as

informações constantes de documento da empresa supervisora das obras são de que teria sido realizada

a correção da camada drenante no segmento, apontada como de composição irregular pela equipe,

mediante a escavação do material existente e substituição por areia conforme indicação do projeto,

respeitando suas cotas e larguras. Já teria sido realizada, segundo ela, a terraplenagem em toda a

extensão do segmento. Este se encontraria, atualmente, em cota de regularização de subleito.

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14. Em que pese o refazimento de parte dos serviços no referido trecho, a análise empreendida

pela SeinfraRodoviaAviação, em sua derradeira instrução de peça 49 destes autos, corroborada pelo

pronunciamento dos dirigentes (peças 50/51) em face dos argumentos apresentados pelas partes,

conduziu ao entendimento daquela especializada no sentido do não saneamento integral dos indícios

de irregularidades apontados no ‘Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não

executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia’ no segmento compreendido entre

as estacas 2625 e 2835, razão pela qual, além da manutenção da pIGP, manteve-se a proposição de

adoção de medida cautelar suspensiva da execução dos serviços naquele trecho.

15. A justificativa para a manutenção de tal proposição reside no entendimento dos auditores

daquela Seinfra de que o indício não foi sanado. Persistiria, na visão dos auditores, indício de que a

liquidação e o posterior pagamento ocorreram sem a prévia comprovação da remoção da camada de

solo mole prevista na primeira revisão do projeto em fase de obra, bem como não teria sido

demonstrada a comprovação da real necessidade de utilização de areia lavada de rio na camada

denominada drenante.

16. O periculum in mora reside, na visão dos auditores, no fato de que a continuidade da

execução das obras no trecho, com a realização das camadas de subleito e pavimentação sem a

comprovação efetiva da remoção da camada de solo mole, caso esta de fato tenha existido (aqui há

dúvidas da secretaria quanto à efetiva existência, volume e extensão), tende a comprometer a qualidade

do pavimento, pois a eventual existência de resquícios de solo mole sob a camada de areia executada

poderia comprometer a estabilidade do corpo estradal. Seria então necessário a realização de estudo

com o intuito de traçar o perfil geotécnico do segmento executado, a fim de se concluir sobre a efetiva

situação do trecho no que tange tanto à existência de solo mole a esta altura, como para fins de

comprovação de sua remoção, nos termos constantes da revisão de projeto.

17. Assim, justifica a secretaria que ‘o perigo da demora só estará afastado se for constatada a

inexistência de solo mole sob a plataforma da rodovia ou se, constatada a existência de solo mole,

sejam feitos os serviços que se avalie como necessários para solucionar adequadamente o problema’.

18. Quanto ao segundo achado, que contém também proposição de IGP - ‘Achado III.2 (pIGP) -

Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários - Substituição de subleito’, a

unidade técnica deste Tribunal, da mesma forma mantém sua proposição de manutenção de IGP,

conforme as razões aduzidas à peça 49.

19. Assim, como resultado da análise empreendida, a secretaria especializada em obras

rodoviárias propõe a adoção de cautelar suspensiva dos serviços, especificamente no segmento

compreendido entre as estacas 2625 e 2835, a oitiva do Dnit e das empresas envolvidas com os

achados apontados (todos os sete achados e não apenas os relativos à pIGP), e a expedição de

comunicação à Comissão Mista do Congresso Nacional, nos termos do art. 19 da Resolução TCU

280/2016, em face da manutenção das proposições de IGP para os achados III.1 e III.2 do relatório de

auditoria.

II

20. Feito esse resumo, PASSO A DECIDIR.

21. Acerca do ‘Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia’, colhe-se da instrução derradeira e da peça 42,

que o Dnit/SR-BA discorda das constatações da equipe de auditoria, aduzindo que o serviço de

remoção de solo mole no trecho de 4,2 km fora efetivamente realizado, conforme parecer técnico de

consultor especializado apresentado em 18/10/2014 e fotografias ali anexadas, além do que, a

observação do tipo de solo no entorno da área permitiria verificar que ainda existiriam resquícios e

sobras de solos moles, e as seções onde foram executados os serviços apresentam perfil diferente do

horizonte geológico do seu entorno, evidenciando a execução de aterro com material importado de

jazida. Aduz, nesse sentido, que teria seguido a IN Dnit DG 2/2015 e que teria apresentado uma forma

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sintética dos registros de sondagem. Porém, reconhece que deixou de apresentar os perfis de sondagem

rotativa à percussão.

22. Nesse ponto, em linha oposta a essa argumentação, a unidade técnica especializada aduz que

‘37. (...) não foram apresentados os ensaios de sondagem que supostamente teriam embasado a

solução proposta na 1ª RPFO, os quais, em princípio, poderiam comprovar, objetivamente, a

existência da camada de solo mole, e permitiriam inferir qual teria sido a dimensão dessa camada.

Além disso, ao contrário do que foi informado pela SR-Dnit/BA e pelo consórcio, os boletins de

medição apresentam desenhos de perfis que corroboram a constatação de ausência de remoção de

solo mole, já que não se nota alteração da cota do terreno natural, conforme se verifica na peça 20, p.

60-98 e no exemplo mostrado na Figura 1.’

23. Além do mais, a unidade técnica é enfática sobre a ineficácia dos elementos aduzidos pelas

construtoras para fins de comprovação da existência e da retirada da camada de solo mole e sua

substituição por areia, ao expor que:

‘38. Mesmo os laudos das sondagens apresentados pelo consórcio construtor (peça 47, p. 41-52),

as quais, frise-se, foram realizadas após a execução dos serviços, não comprovam a existência prévia e

tampouco a posterior remoção de solo mole na forma indicada no projeto. Os laudos apresentam os

resultados de sondagens realizadas em quatro pontos localizados às margens do segmento executado

(estacas 2646, 2698, 2746 e 2796). Em dois desses pontos (estacas 2646 e 2698), não se evidenciou a

existência de solo mole nos termos da normatização do Dnit, já que os laudos demonstram não haver

material cujo índice de resistência à penetração (NSPT) o classifique como mole. Importa observar que,

conforme as Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários - Instruções para

acompanhamento e análise - Publicação IPR-739/2010, p. 417, ‘devem ser considerados solos moles

materiais de alta compressibilidade, ricos em matéria orgânica e cujo NSPT seja inferior a 4’ (grifou-

se). O não atendimento a um dos requisitos caracterizadores estabelecidos para enquadramento na

classificação, qual seja, NSPT inferior a 4, já demonstra que foi equivocada a indicação na 1ª RPFO de

que haveria solo mole ao longo de todo o segmento.

39. Ademais, a Figura 1 apresentada acima demonstra que a camada drenante foi executada

sobre o perfil do terreno natural, em cota acima da que havia sido prevista na 1ª RPFO. Ou seja, a

seção executada como demonstrado na Figura 1 supra (a qual é compatível com a situação verificada

em campo pela equipe de auditoria) indica que não houve remoção de material sob a camada drenante.

40. Por outro lado, as fotografias apresentadas sugerem que possa ter havido a retirada de algum

material ao longo do segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835. Entretanto, se houve, os

quantitativos removidos certamente são inferiores aos previstos na 1ª RPFO e pagos no Contrato

05.00202/2014, mesmo porque essa escavação não está demonstrada nas seções transversais

apresentadas nas medições (ver Figura 1). Uma possibilidade é que esse material removido tenha sido

decorrente da limpeza da camada vegetal superficial sobre a qual foi executada a camada drenante.

41. Nesse sentido, para que se chegue a uma conclusão sobre os quantitativos de material de fato

removidos, entende-se ser necessária a realização de um estudo, possivelmente mediante a realização

de sondagens tanto na plataforma executada quanto nas margens, de modo a permitir traçar-se um

perfil geotécnico do local. Considera-se pertinente que esse estudo seja conduzido pelo Dnit,

ressaltando-se a necessidade de que este Tribunal seja informado sobre o período de realização das

sondagens, com antecedência mínima de quinze dias, para que avalie a conveniência e oportunidade de

designar um representante para acompanhá-las.’ (grifei)

24. Diante desse arrazoado, e das evidências até aqui produzidas, exerço juízo de

verossimilhança sobre as evidências produzidas pela equipe da SeinfraRodoviaAviação acerca da

proposição de adoção da cautelar.

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25. Nesse juízo de cognição sumária, considerando que o contraditório exercido não foi capaz de

apontar, mediante a apresentação dos laudos de sondagem segundo normas técnicas do próprio Dnit, a

efetiva necessidade e execução dos serviços, vez que a própria autarquia reconhece a apresentação

apenas sintética dos registros de sondagem, sem demonstração dos perfis de sondagem rotativa à

percussão, e considerando que os elementos de peça 20, notadamente, os boletins de medição, que não

apresentam desenhos de perfis indicando a alteração da cota do terreno natural pela remoção da

camada de solo mole e substituição por areia, sou conduzido ao acolhimento da proposição da unidade

técnica, no sentido da suspensão cautelar da execução da obra no referido trecho, mantendo-se ainda a

proposição de IGP, com ciência ao Congresso Nacional, a fim de resguardar o erário e a futura

qualidade construtiva do trecho rodoviário em questão, fruto de alteração do traçado na 1ª RPFO.

26. A propósito, estando os autos conclusos em meu Gabinete, foi protocolado junto à

Secex/BA, no dia 19/5/2017, o Ofício 393/2017/GAB/Dnit-BA, no qual a Superintendência Regional

do Dnit informa providências adicionais que adotou em face das conclusões da instrução oferecida

pela SeinfraRodoviaAviação, valendo transcrever aqui excerto de tal comunicação:

‘ (...)

2. Considerando a análise da oitiva prévia realizada pelo Tribunal de Contas da União - TCU,

relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-025.760/2016-5.

3. Considerando a grande importância da conclusão das obras da Rodovia BR- 235/BA - Lote 5

para o Estado da Bahia como também para todos os usuários que dela utiliza e atendendo ao relato do

Sr. Auditor Lúcio Cardial Jacomini da SeinfraRodovia, solicitamos ao Consórcio PAVISERVICE /

SVC, conforme determinado no Ofício 391/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo I), que realize um estudo

geotécnico, com sondagens e os ensaios necessários e cabíveis, ao longo do segmento compreendido

entre as estacas 2625 e 2835, com o intuito de traçar um perfil geotécnico do segmento executado, e

assim, permitir concluir sobre a existência de solo mole sob a plataforma executada e os quantitativos

de material de fato removidos.

4. Ato contínuo, solicitamos também à Supervisora DIREÇÃO Consultoria e Engenharia

Ltda., conforme o Ofício 392/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo II), que acompanhe e ateste os estudos a

serem realizados pelo Consórcio PAVISERVICE / SVC, para o atendimento das determinações do

Tribunal de Contas da União - TCU.

5. Como resposta, e ação imediata ao determinado por este distinto Tribunal, o Consórcio

PAVISERVICE / SVC, conforme demonstrado no Ofício 215/2017/SEDE/BA-ENG (Anexo III),

informa que estará iniciando, a partir de 05/06/2017, os estudos geotécnicos, com sondagens e os

ensaios necessários para traçar um perfil geotécnico entre as estacas 2625 e 2835 da Rodovia BR-

235/BA.

6. Diante o exposto, e conforme determinado na análise da oitiva prévia realizada pelo Tribunal

de Contas da União - TCU relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-025.760/2016-5,

informamos que os ensaios de campo serão realizados, a partir de 05/06/2017.’

27. Dessarte, entendo que as medidas adotadas pelo Dnit, embora suficientes para propiciar a

apuração do indício de irregularidade apontado, com vistas à sua confirmação ou saneamento, não

trazem substancial modificação nas proposições alvitradas, pois resta evidenciada a adequação dessas,

tanto no que tange à cautelar quanto à proposição de IGP, medidas essas que poderão ser revertidas

caso se constate a adequação dos estudos às alegações outrora apresentadas pelos defensores da

correção dos procedimentos de projeto, execução e medição dos serviços realizados.

28. Todavia, considerando que a unidade técnica deste Tribunal sinaliza com a necessidade de

acompanhamento dos referidos trabalhos, conforme constou da parte final do ‘item f.1.1’ da proposta

de encaminhamento da derradeira instrução, entendo adequado determinar que a referida unidade

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técnica proceda ao acompanhamento dos procedimentos com ou sem o auxílio da Secex/BA, na forma

que entender mais pertinente.

29. Relativamente ao segundo achado, que contém também proposição de IGP - ‘Achado III.2

(pIGP) - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários - Substituição de

subleito’, também estou de acordo com a proposição da secretaria, que se fundamenta no disposto no

no art. 121, § 1º, inciso IV da Lei 13.408/2016 (LDO/2017) c/c o art. 2º, inc. VIII da Resolução TCU

280/2016.

30. Em relação a esse achado, a equipe de fiscalização reportou a existência de indícios de

medição e pagamento indevidos referentes a serviços de substituição de subleito, previstos em

segmentos para os quais não haveria a necessidade de sua realização, sobretudo em locais

apresentando alturas de aterro superiores a um metro. O montante estimado desse pagamento indevido

foi de R$ 8.487.330,40 (3/2013).

31. Segundo reportado pela equipe da SeinfraRodoviaAviação, as Diretrizes Básicas para

Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários - Instruções para acompanhamento e análise -

Publicação IPR-739/2010, p. 400, preveem que o processo de substituição de subleito deve ser previsto

nos casos em que os solos do subleito apresentam Índice de Suporte Califórnia - ISC menor que ISC

de projeto e expansão maior que 2% e que, nesses casos, deve ser previsto o rebaixo do material e sua

substituição, considerando uma espessura máxima de reposição igual a 60 cm, ou

tratamento/estabilização dos solos do subleito. E, nos casos do solo subleito apresentar ISC inferior a

2%, a espessura do rebaixo deve alcançar um metro, conforme o Manual de Pavimentação -

Publicação IPR-719/2006, p. 147.

32. Explicam que o rebaixo e a consequente substituição de solo do subleito visam garantir que

os últimos 60 cm da terraplenagem (acabamento da terraplenagem) apresentem ISC maior ou igual ao

ISC de projeto e expansão inferior a 2%. E, dessa forma, espera-se que a execução de rebaixo e

substituição do material de subleito ocorra em segmentos com corte ou com aterros menores que 60

cm, que apresentem ISC menor que ISC de projeto e/ou expansão maior que 2%. Ocorre que segundo

os auditores da Seinfra, nos trechos em aterro, são esperadas a execução de rebaixo e substituição do

material do terreno natural apenas quando o aterro for menor que 60 cm (no caso de o terreno natural

apresentar ISC < ISCprojeto ou expansão > 2%) ou menor do que 1 m (no caso de o terreno natural

apresentar ISC < 2%). Porém, essas premissas não teriam sido seguidas nas obras da BR-235/BA, uma

vez que em diversos locais com presença de aterros significativos, inclusive com alturas superiores a 1

metro, previu-se o rebaixo e a substituição do subleito, sendo que esse erro permaneceu na 1ª RPFO e

teria sido agravado nessa revisão em razão de acréscimo das alturas dos aterros ao longo do segmento

ali referido, mantendo-se os volumes de rebaixo e substituição do subleito.

33. Dessa forma, tem-se duas situações, a meu ver: a) houve erro de projeto que previu a

execução de serviço desnecessário, mas que foi executado pela empresa, resultando na prática de ato

antieconômico em prejuízo ao erário, porém sem locupletamento por parte da empresa executora na

execução desses (de qualquer forma o Dnit teria licitado, medido e pago por serviços desnecessários);

ou b) houve erro de projeto que previu a execução de serviço desnecessário, o qual foi medido e pago

em razão de constar da planilha de obra, sem a prestação efetiva do serviço por parte da empresa, eis

que desnecessário, resultando em prejuízo ao erário e pagamento por serviço não realizado, o que me

parece a conclusão mais plausível com a qual a equipe da Seinfra trabalhou neste processo, uma vez

que sinaliza como providência para o saneamento a adoção de medidas administrativas visando reaver

o prejuízo ao erário já consumado.

34. De qualquer forma, o prejuízo estimado, da ordem de R$ 8,47 milhões, decorrente da

superestimativas de rebaixos com substituição de subleito, é grave e recomenda a paralisação do aporte

de recursos à obra, ou a retenção dos valores enquanto se discute e se apura tal prejuízo. Saliento,

todavia, em face da possibilidade de continuidade das obras com retenção de valores, que consoante

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dispõe o no art. 121, § 1º, inciso V da Lei 13.408/2016 (LDO/2017) c/c o art. 2º, inc. V da Resolução

TCU 280/2016, classifica-se como indício de irregularidade grave com recomendação de retenção

parcial de valores (IGR) aquele que, embora atenda à conceituação de IGP permite a continuidade da

obra, desde que haja autorização do contratado para retenção de valores a serem pagos ou a

apresentação de garantias suficientes para prevenir o possível dano ao erário, até a decisão de mérito

sobre o indício relatado, e que até o momento não houve autorização do contratado para tal retenção ou

apresentação de garantia, em que pese este Relator haver determinado, no despacho de peça 31, que

fossem adotadas as seguintes providências:

‘12.3 - seja comunicado ao Dnit, nos termos do art. 14, §§ 1º, 2º e 4º, da Resolução TCU

280/2016, que:

12.3.1 - na hipótese de a manifestação preliminar apresentada não elidir os indícios de

irregularidades relativos aos Achados III.1 e III.2, o Tribunal de Contas da União, mediante decisão

monocrática ou colegiada, poderá classificar referidos achados como IGP (indício de irregularidade

grave com recomendação de paralisação) e encaminhar as informações pertinentes ao Congresso

Nacional, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias;

12.3.2 - os achados poderão ser reclassificados para IGR (indício de irregularidade grave com

recomendação de retenção parcial de valores), caso haja autorização do contratado para retenção de

valores a serem pagos, ou apresentação de garantias suficientes à cobertura integral dos prejuízos

potenciais ao erário, nos termos da legislação pertinente, até a decisão de mérito sobre o indício

relatado, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias; e

(...)

12.5 - seja enviada ao Dnit e às empresas integrantes do consórcio executor, além de cópia do

relatório de fiscalização, também cópia do pronunciamento do titular da unidade técnica e cópia deste

Despacho.’

35. Sem embargo, entendo que a partir da confirmação do IGP, torna-se necessário seja

novamente dada ciência às empresas envolvidas sobre essa possibilidade de alteração de IGP para

IGR, caso haja concordância com a retenção de valores ou apresentação de garantias, conforme definiu

a LDO.

36. Quanto aos demais achados, cujos apontamentos são detalhados na instrução da

SeinfraRodoviaAviação, os quais receberam a proposta de classificação do tipo IGC, entendo que são

adequadas as proposições preliminares de realização de oitiva das partes envolvidas, razão pela qual

também acolho as medidas alvitradas.

37. Assim, diante do exposto, acolhendo as proposições da SeinfraRodoviaAviação

fundamentadas que estão no relatório e instrução lá produzidos, considerando a insuficiência das

alegações apresentadas para o afastamento integral dos indícios de irregularidades apontados em sede

de oitiva prévia determinada por este Relator, DETERMINO:

37.1. cautelarmente ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit, com

fundamento nos arts. 71, inciso IX, da Constituição Federal, 45 da Lei 8.443/1992 e 276, caput, do

Regimento Interno/TCU, que suspenda a execução dos serviços objeto do Contrato 05.00202/2014

(obras de construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento

compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km 338,7), em razão dos indícios de

irregularidades reportados nestes autos relativos ao item de Achado III.1 - Superfaturamento pela

medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

37.2. seja realizada a oitiva do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit,

com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, com vistas a que, no prazo de

quinze dias, apresente razões que entender necessárias e pertinentes ao exame de mérito da cautelar

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adotada por este Tribunal, bem assim, relativamente a todos os demais achados consignados no

relatório de auditoria da equipe de fiscalização da SeinfraRodoviaAviação, assim indicados:

37.2.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de

solo mole e execução de colchão de areia;

37.2.2. Achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários -

Substituição de subleito;

37.2.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase de

Obras;

37.2.4. Achado III.4 - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto executivo

deficiente;

37.2.5. Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em desacordo

com o previsto em projeto;

37.2.6. Achado III.6 - Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração para

solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de interferências; e

37.2.7. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço;

37.3. seja realizada a oitiva das empresas integrantes do Consórcio Paviservice/SVC, com

fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias,

apresentem razões que entender necessárias e pertinentes ao exame de mérito da cautelar adotada por

este Tribunal, bem assim, relativamente aos achados consignados no relatório de auditoria da equipe

de fiscalização da SeinfraRodoviaAviação, assim indicados:

37.3.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de

solo mole e execução de colchão de areia;

37.3.2. Achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários -

Substituição de subleito;

37.3.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase de

Obras;

37.3.4. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço;

37.4. seja realizada a oitiva da empresa JDS Engenharia e Consultoria, com fundamento no art.

250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, se manifeste, se assim

desejar, sobre o indício de irregularidade tratado no Achado III.4 - Superfaturamento em razão de

medição e pagamento de projeto executivo deficiente;

37.5. seja realizada a oitiva da empresa Direção Consultoria e Engenharia Ltda., com

fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, se

manifeste, se assim desejar, sobre os seguintes indícios de irregularidade apontados no relatório de

fiscalização da SeinfraRodoviaAviação:

37.5.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de

solo mole e execução de colchão de areia;

37.5.2. Achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários -

Substituição de subleito;

37.5.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase de

Obras;

37.5.4. Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em desacordo

com o previsto em projeto;

37.5.5. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço.

37.6. seja remetida comunicação à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e

Fiscalização do Congresso Nacional, em cumprimento ao art. 19 da Resolução TCU 280/2016, com

vistas a informar que foram detectados indícios de irregularidades graves do tipo IG-P (inciso IV do §

1º do art. 121 da LDO/2017) no Contrato 05.00202/2014 (obras de construção da BR-235/BA - km

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282,0 ao km 357,4), tendo sido estimado potencial dano ao erário de R$ 15.548.752,66, e que seu

saneamento depende da adoção das seguintes medidas pelo Dnit:

37.6.1. quanto ao achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia:

37.6.1.1. realização de estudos geotécnicos no segmento compreendido entre as estacas 2625 e

2835 (km 334,5 - km 338,7), que permitam concluir sobre a existência de solo mole sob a plataforma

executada e os quantitativos de material de fato removidos, a ser realizado sob acompanhamento de

Auditor Federal de Controle Externo pertencente aos quadros da secretaria deste Tribunal;

37.6.1.2. refazimento dos serviços, caso constatado comprometimento da estabilidade do corpo

estradal;

37.6.1.3. adoção das medidas administrativas visando à recuperação do prejuízo ao Erário;

37.6.2. quanto ao achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito: a adoção das medidas administrativas para reaver o prejuízo

ao Erário já consumado;

37.7. dê-se ciência ao Dnit da comunicação a que se refere o subitem anterior, enviando-se-lhe,

ainda, cópia do inteiro teor deste despacho bem como cópia da instrução e pareceres de peças 49/51;

37.8. dê-se ciência deste despacho às empresas integrantes do consórcio Paviservice/SVC e às

demais empresas arroladas nas oitivas determinadas, enviando-se-lhes, ainda, cópia das peças 49/51;

37.9. seja comunicado ao Dnit e às empresas integrantes do consórcio que os achados III.1 e

III.2, ora classificados como IGP, poderão ser reclassificados para IGR (indício de irregularidade grave

com recomendação de retenção parcial de valores), caso haja autorização do contratado para retenção

de valores a serem pagos, ou apresentação de garantias suficientes à cobertura integral dos prejuízos

potenciais ao erário, nos termos da legislação pertinente, até a decisão de mérito sobre os indícios de

irregularidades graves com paralisação aqui mencionados, nos termos da Lei de Diretrizes

Orçamentárias,

37.10. à Secretaria de Fiscalização de Obras Rodoviárias e de Aviação Civil que proceda ao

acompanhamento dos procedimentos informados pelo Dnit no Ofício 393/2017/GAB/Dnit-BA (peça

52) podendo valer-se do auxílio da Secex/BA na realização de tal trabalho de acompanhamento, que

deverá ser realizado com a participação de Auditor Federal de Controle Externo com conhecimentos

na área de especialidade dessa unidade técnica especializada;

37.11. sejam os autos restituídos à Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de

Aviação Civil para as comunicações e demais providências a seu cargo, respeitando-se o que dispõe o

art. 19, § 1º, da Resolução TCU 280/2016.”

3. Contra o referido despacho acautelatório as construtoras opuseram este agravo, cujas razões

recursais apresento, nos parágrafos seguintes, de forma resumida.

4. Aduzem que as obras se encontram em estágio avançado, com cerca de 95% dos serviços

concluídos e que deveriam ser concluídas em um prazo aproximado de sessenta dias.

5. Defendem que deveria ter sido adotada outra forma de cautela que não seja a paralisação dos

serviços. Entendem as agravantes que a cautelar adotada foi precipitada, já que novos estudos

geológicos, já contratados, e na iminência de serem realizados (3/7/2017), demonstrarão que houve

não só a remoção do solo mole, como também a aplicação de colchão de areia como previsto em

projeto. As cautelas que deveriam ter sido adotadas, em suas visões, já o foram pelo consórcio

construtor e pelo Dnit, inexistindo assim os pressupostos para aquela medida, tendo este Tribunal

acabado por incorrer em perigo reverso, ante o avançado estágio da obra.

6. O consórcio construtor aponta que houve a confirmação pelo Dnit da realização dos serviços,

e informa que a figura 1 trazida aos autos pela secretaria padece de falha técnica, vez que não reflete a

situação da estaca 2739, razão pela qual apresenta figura que demonstra a situação real da referida

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estaca. Além do mais, não teriam só seguido os normativos do Dnit, como também demonstrada a

existência de solo mole no trecho questionado, fato que foi determinante para a realização de sua

remoção e aplicação de colchão de areia, conforme a primeira revisão do projeto em fase de obras.

7. Asseveram que no tocante à qualidade do material da camada drenante inspecionada pelos

auditores deste Tribunal, as amostras ensaiadas pela equipe de auditoria não foram examinadas em

quantidade representativa estatisticamente, que pudesse determinar o valor característico do

equivalente de areia, e que o consórcio optou por refazer todo o serviço, ante a dúvida que pairava

sobre a qualidade da areia.

8. Quanto à existência de periculum in mora reverso, apontam os recorrentes que:

8.1 - o consórcio não só colaborou, como tem colaborado para que os serviços sejam concluídos

a contento, dentro da mais alta qualidade e regularidade;

8.2 - a paralisação dos serviços nesta etapa do empreendimento poderá causar sérios prejuízos à

sociedade e ao erário, já que o atual estágio de evolução das obras aponta para a desnecessidade de

adoção de uma medida cautelar que possa suspender a conclusão dos serviços, já que todo o trabalho

de ratificação da qualidade e dos custos dos serviços poderá ser realizado pelos auditores após o

término do empreendimento;

8.3 - já foi acertado pelo Dnit em comum acordo com o consórcio e com o conhecimento dos

auditores desta Corte de Contas, que serão realizados estudos geológicos, custeados pelo consórcio,

para demonstrar que não se sustentam os indícios de irregularidades apontados pela equipe de auditoria

no item III.1;

8.4 - haveria que se aguardar os resultados dos referidos estudos geológicos para que se pudesse

fazer juízo de valor sobre o que se supõe irregular no Achado III.1;

8.5 - os serviços de remoção de solo mole e execução de colchão de areia foram refeitos,

incontinenti, quando da realização da auditoria, há cerca de seis meses, e por sugestão da equipe

técnica deste TCU, que entendida não ter sido utilizado material de qualidade no primeiro serviço, de

modo que numa atitude proativa e de boa-fé, os trabalhos foram refeitos, com mínimo impacto ao

empreendimento que se encontra em seu final;

8.6 - no item “Limitações inerentes à auditoria” a própria secretaria reconheceu “limitações de

tempo” e de recursos utilizados na auditoria, asseverando que não foi possível realizar uma quantidade

de ensaios geotécnicos suficiente para a generalização dos resultados obtidos;

8.7 - seria essa uma demonstração clara de que o relatório de auditoria não conseguiu

demonstrar por meio de provas cabais a ocorrência de falhas por parte do consórcio, tanto assim que o

consórcio contratou estudos geotécnicos mais aprofundados para demonstrar a qualidade e comprovar

a realização dos serviços;

8.8 - não se deve deixar de considerar a importância socioeconômica do empreendimento, que

se interrompido neste momento deverá acarretar um cenário de total descontentamento para a região e

de elevadas perdas para o particular, para as economias local e regional, quanto para o erário, que terá

de retomar os serviços mais adiante, certamente, a um custo mais elevado.

9. Rogam por que seja revista a cautelar adotada em razão da já reconhecida alteração da

situação fática das obras, visto que necessário seria novamente que se conheça as obras para ver que

não deveriam mais persistir as preocupações da equipe de auditoria. Aduzem, nessa linha, que “já que

vista a obra há mais de seis meses pela equipe de auditoria, momento em que foram realçadas

algumas preocupações, e instadas as empresas, e até o Dnit, órgão contratante, houve notícia nos

autos da execução das obras de correção, exatamente no trecho questionado, ou seja, os km 334,5 e

338,7, com clara alteração da situação de fato, que estava a conclamar nova visita antes que qualquer

decisão cautelar pudesse gerar prejuízo para a sociedade, uma vez que as obras encontram-se em

avançado estagio de realização (...)” (grifo no original).

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258

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

10. Entendem, por fim, que a auditoria não avaliou as consequências para o contrato ao

recomendar sua paralisação, análise que deveria ter sido feita em função do volume contratado,

volume já executado e o que resta a ser feito, e mais ainda o que já foi refeito pelo consórcio.

11. Requerem, assim, a revogação da cautelar a fim de que, primeiramente, sejam concluídos os

novos estudos geotécnicos, além de permitir a conclusão total do empreendimento.

É o relatório.

VOTO

Em exame, agravo interposto conjuntamente pelas empresas Paviservice Serviços de

Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., integrantes do Consórcio Paviservice/SVC, com pedido

de efeito suspensivo, em face de medida cautelar adotada por meio de despacho deste relator, proferido

à peça 53 destes autos, referendado pelo Plenário deste Tribunal em sessão de 24 de maio de 2017.

2. Preliminarmente, consigno que o agravo em questão preenche os requisitos de admissibilidade

previstos para seu conhecimento por este Tribunal, com fundamento no art. 289 do RI/TCU.

I

3. Quanto ao pedido de efeito suspensivo, conquanto o § 4º do art. 289 do Regimento Interno

disponha que a critério do Presidente do Tribunal, do presidente de câmara ou do relator, conforme o

caso, poderá ser conferido efeito suspensivo ao agravo, em se tratando de medidas cautelares tal efeito

suspensivo encontra óbice nas disposições da Resolução TCU 36/1995, notadamente, no art. 24,

segundo o qual não tem efeito suspensivo os recursos e agravos interpostos contra as medidas

cautelares previstas nos arts. 18 a 21 do mesmo normativo, correspondentes àquelas dispostas na Lei

8.443/1992.

4. E nessa linha tem decidido esta Corte de Contas, como por exemplo restou evidenciado no

precedente Acórdão 2.438/2013 - Plenário, do qual se extrai o entendimento de que não têm efeito

suspensivo os recursos e agravos interpostos contra as medidas cautelares, pois, caso contrário,

significaria, em termos práticos, cancelar a medida acautelatória antes mesmo da apreciação dos

argumentos apresentados pelos interessados. No mesmo sentido decidiu este Tribunal ao apreciar o

Acórdão 488/2017 - Plenário, sob minha relatoria, no qual assentei o seguinte posicionamento no voto

que proferi ao conduzir aquela deliberação:

“14. O pedido de concessão de efeito suspensivo ao agravo, entretanto, não pode ser acolhido

por este Tribunal, pois tal medida significaria, na verdade, tornar sem efeito a medida acautelatória

antes mesmo da apreciação dos argumentos apresentados pelos interessados, conforme já decidiu esta

Casa por meio do Acórdão 2.438/2013-TCU-Plenário (Rel. o Ministro Raimundo Carreiro). Ademais,

há muito se entende dessa forma, consoante pode ser visto nos arts. 24 e 26 da Resolução/TCU 36/95,

os quais estabelecem que não têm efeito suspensivo os recursos interpostos contra as medidas

cautelares adotadas por esta Corte.

15. Ressalto, ademais, que na apreciação do TC-005.406/2013-7 (Acórdão 927/2016-TCU-

Plenário - relator Ministro Vital do Rêgo) ficou consignado que ’ os recursos que se prestem a atacar

deliberações de cunho cautelar devem ser recebidos sem efeito suspensivo, uma vez que, tanto o

antigo como o novo Código de Processo Civil, aplicados subsidiariamente aos processos desta Corte

por força da Súmula 103/TCU e do art. 298 do Regimento Interno/TCU, excepcionam este efeito

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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suspensivo em casos de a decisão atacada versar sobre concessão de medida cautelar, arts. 520 e

1.012, respectivamente’.”

5. Destarte, os recursos manejados contra decisão de natureza cautelar proferida pelo TCU

devem ser recebidos sem o referido efeito, conforme aplicação subsidiária do CPC (art. 520 Lei

5.869/1973 e art. 1.012, § 1º, da Lei 13.105/2015), e o disposto na Resolução TCU 36/1995.

II

6. No mérito, entendo que os argumentos ventilados na peça recursal não se revelam suficientes

ou capazes de provocar a revogação da medida cautelar como pretendido pelas agravantes.

7. Conforme pode ser lido no relatório precedente, a medida cautelar adotada consistiu em

determinar a suspensão da execução dos serviços objeto do Contrato 05.00202/2014 (obras de

construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento compreendido entre

as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km 338,7), em razão dos indícios de irregularidades reportados

nestes autos relativos ao item de Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não

executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia.

8. Os recorrentes aduzem que a obra se encontra em estágio avançado, com cerca de 95% dos

serviços concluídos, e que deveriam ser concluídas em prazo aproximado de sessenta dias. Defendem

que deveria ter sido adotada outra forma de cautela em vez da paralisação dos serviços. Entendem

ainda que a cautelar adotada foi precipitada, já que novos estudos geológicos, já contratados, e na

iminência de serem realizados (3/7/2017), demonstrarão que houve não só a remoção do solo mole,

como também a aplicação de colchão de areia como previsto em projeto. As cautelas que deveriam ter

sido adotadas, em suas visões, já o foram pelo consórcio construtor e pelo Dnit, inexistindo assim os

pressupostos para aquela medida, tendo este Tribunal acabado por incorrer em perigo reverso, ante o

avançado estágio da obra.

9. Em linha diversa do alardeado pelos recorrentes, todavia, verifica-se que o estágio de sua

execução não foi ignorado pela decisão acautelatória, vez que a equipe de auditoria da

SeinfraRodoviaAviação informara, por ocasião da conclusão de seu relatório, que a obra se encontrava

com 84,9% de execução, ao tempo da realização dos trabalhos entre agosto e setembro de 2016.

Preocupado que estive com o andamento das mesmas, e considerando o transcurso de

aproximadamente seis meses desde a execução da auditoria até a conclusão do relatório, retornei os

autos à secretaria para que realizasse oitivas prévias, bem assim diligenciasse o Dnit em busca de

informações mais atualizadas sobre o estágio de execução, adotando medida de prudência e cautela, e

não de precipitação como asseveram as construtoras. E tais medidas constam expressamente

registradas no Despacho decisório em que fora adotada a cautelar, transcrito integralmente no relatório

precedente.

10. Assim, em resposta, obtive a informação, em data próxima à adoção da cautelar, conforme

Relatório-Geral do Contrato, emitido em 11/4/2017, enviado pelo Dnit, de que a execução se

encontrava em cerca de 86,25% do valor total do contrato. O trecho objeto da cautelar, todavia, é que

se situava em estágio ainda intermediário, em razão dos problemas enfrentados ali, a exemplo da

resolução de questões relativas às interferências das linhas de distribuição de energia, estes informados

no relatório de auditoria, e à necessidade de refazimento de serviços, detectada pela equipe de

fiscalização e, aparentemente, acatada e executada pelo consórcio recorrente.

11. Não fossem os apontamentos também relativos à qualidade construtiva, como a remoção de

solos moles e execução de colchão de areia drenante, e fosse o caso de paralisar toda a extensão da

rodovia, não teria este Relator adotado a cautelar suspensiva da execução, preferindo, ao revés, adotar

cautelar de retenção de valores contratuais, de sorte a evitar a concretização de prejuízos financeiros.

Ocorre que a decisão levou em consideração o fato de que somente o trecho de pouco mais de 4 km

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260

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

seria suspenso, seja em virtude de superfaturamento, seja em razão de indícios de inexecução da

remoção de camada de solo mole ou da execução de colchão drenante com areia de rio em

descompasso com a previsão da projetista, o que poderia afetar a qualidade construtiva.

12. A propósito, os novos estudos geológicos, já contratados, e na iminência de serem realizados,

consoante explicitado pelo recorrentes, também foram objeto de consideração no Despacho proferido,

e, ao revés do que tenciona indicar as agravantes, consistem em medidas adotadas pelo Dnit junto à

empresa, em face de apontamentos da própria auditoria deste Tribunal, após a constatação da

insuficiência dos registros de sondagem até então apresentados, conforme os seguintes excertos da

decisão singular que adotei e que resta integralmente transcrita no relatório precedente:

“21. Acerca do ‘Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia’, colhe-se da instrução derradeira e da peça 42,

que o Dnit/SR-BA discorda das constatações da equipe de auditoria, aduzindo que o serviço de

remoção de solo mole no trecho de 4,2 km fora efetivamente realizado, conforme parecer técnico de

consultor especializado apresentado em 18/10/2014 e fotografias ali anexadas, além do que, a

observação do tipo de solo no entorno da área permitiria verificar que ainda existiriam resquícios e

sobras de solos moles, e as seções onde foram executados os serviços apresentam perfil diferente do

horizonte geológico do seu entorno, evidenciando a execução de aterro com material importado de

jazida. Aduz, nesse sentido, que teria seguido a IN Dnit DG 2/2015 e que teria apresentado uma forma

sintética dos registros de sondagem. Porém, reconhece que deixou de apresentar os perfis de sondagem

rotativa à percussão.

22. Nesse ponto, em linha oposta a essa argumentação, a unidade técnica especializada aduz que

‘37. (...) não foram apresentados os ensaios de sondagem que supostamente teriam embasado a

solução proposta na 1ª RPFO, os quais, em princípio, poderiam comprovar, objetivamente, a

existência da camada de solo mole, e permitiriam inferir qual teria sido a dimensão dessa camada.

Além disso, ao contrário do que foi informado pela SR-Dnit/BA e pelo consórcio, os boletins de

medição apresentam desenhos de perfis que corroboram a constatação de ausência de remoção de

solo mole, já que não se nota alteração da cota do terreno natural, conforme se verifica na peça 20, p.

60-98 e no exemplo mostrado na Figura 1.’

23. Além do mais, a unidade técnica é enfática sobre a ineficácia dos elementos aduzidos pelas

construtoras para fins de comprovação da existência e da retirada da camada de solo mole e sua

substituição por areia, (...omissis....):

(...omissis...)

25. Nesse juízo de cognição sumária, considerando que o contraditório exercido não foi capaz de

apontar, mediante a apresentação dos laudos de sondagem segundo normas técnicas do próprio Dnit, a

efetiva necessidade e execução dos serviços, vez que a própria autarquia reconhece a apresentação

apenas sintética dos registros de sondagem, sem demonstração dos perfis de sondagem rotativa à

percussão, e considerando que os elementos de peça 20, notadamente, os boletins de medição, que não

apresentam desenhos de perfis indicando a alteração da cota do terreno natural pela remoção da

camada de solo mole e substituição por areia, sou conduzido ao acolhimento da proposição da unidade

técnica, no sentido da suspensão cautelar da execução da obra no referido trecho, mantendo-se ainda a

proposição de IGP, com ciência ao Congresso Nacional, a fim de resguardar o erário e a futura

qualidade construtiva do trecho rodoviário em questão, fruto de alteração do traçado na 1ª RPFO.

26. A propósito, estando os autos conclusos em meu Gabinete, foi protocolado junto à

Secex/BA, no dia 19/5/2017, o Ofício 393/2017/GAB/Dnit-BA, no qual a Superintendência Regional

do Dnit informa providências adicionais que adotou em face das conclusões da instrução oferecida

pela SeinfraRodoviaAviação, valendo transcrever aqui excerto de tal comunicação:

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‘ (...)

2. Considerando a análise da oitiva prévia realizada pelo Tribunal de Contas da União - TCU,

relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-025.760/2016-5.

3. Considerando a grande importância da conclusão das obras da Rodovia BR- 235/BA - Lote 5

para o Estado da Bahia como também para todos os usuários que dela utiliza e atendendo ao relato do

Sr. Auditor Lúcio Cardial Jacomini da SeinfraRodovia, solicitamos ao Consórcio PAVISERVICE /

SVC, conforme determinado no Ofício 391/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo I), que realize um estudo

geotécnico, com sondagens e os ensaios necessários e cabíveis, ao longo do segmento compreendido

entre as estacas 2625 e 2835, com o intuito de traçar um perfil geotécnico do segmento executado, e

assim, permitir concluir sobre a existência de solo mole sob a plataforma executada e os quantitativos

de material de fato removidos.

4. Ato contínuo, solicitamos também à Supervisora DIREÇÃO Consultoria e Engenharia

Ltda., conforme o Ofício 392/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo II), que acompanhe e ateste os estudos a

serem realizados pelo Consórcio PAVISERVICE / SVC, para o atendimento das determinações do

Tribunal de Contas da União - TCU.

5. Como resposta, e ação imediata ao determinado por este distinto Tribunal, o Consórcio

PAVISERVICE / SVC, conforme demonstrado no Ofício 215/2017/SEDE/BA-ENG (Anexo III),

informa que estará iniciando, a partir de 05/06/2017, os estudos geotécnicos, com sondagens e os

ensaios necessários para traçar um perfil geotécnico entre as estacas 2625 e 2835 da Rodovia BR-

235/BA.

6. Diante o exposto, e conforme determinado na análise da oitiva prévia realizada pelo Tribunal

de Contas da União - TCU relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-025.760/2016-5,

informamos que os ensaios de campo serão realizados, a partir de 05/06/2017.’

27. Dessarte, entendo que as medidas adotadas pelo Dnit, embora suficientes para propiciar a

apuração do indício de irregularidade apontado, com vistas à sua confirmação ou saneamento, não

trazem substancial modificação nas proposições alvitradas, pois resta evidenciada a adequação dessas,

tanto no que tange à cautelar quanto à proposição de IGP, medidas essas que poderão ser revertidas

caso se constate a adequação dos estudos às alegações outrora apresentadas pelos defensores da

correção dos procedimentos de projeto, execução e medição dos serviços realizados.

28. Todavia, considerando que a unidade técnica deste Tribunal sinaliza com a necessidade de

acompanhamento dos referidos trabalhos, conforme constou da parte final do ‘item f.1.1’ da proposta

de encaminhamento da derradeira instrução, entendo adequado determinar que a referida unidade

técnica proceda ao acompanhamento dos procedimentos com ou sem o auxílio da Secex/BA, na forma

que entender mais pertinente.”

13. Logo, determinei, diante da iniciativa do Dnit em solicitar a realização das sondagens

requeridas, que a unidade técnica especializada realizasse acompanhamento de tais estudos, com ou

sem o auxílio da unidade técnica regional, já se tendo inclusive notícia nos autos do início dos

trabalhos de fiscalização entre os dias 10/7 e 20/7/2017, consoante portarias anexadas aos autos às

peças 76/77 e informação constante do despacho do titular da SeinfraRodoviaAviação, à peça 75,

segundo o qual “No âmbito da Fiscalização 245/2017 será realizada inspeção nas obras de

construção da BR-235/BA, de maneira a viabilizar o acompanhamento dos procedimentos informados

pelo Dnit no Ofício 393/2017/GAB/Dnit-BA (peça 52), em especial a realização de ensaios

geotécnicos para obtenção dos elementos técnicos necessários ao exame de mérito das

irregularidades que justificaram a adoção da medida cautelar, objeto da decisão alvo de recurso.”.

14. Logo, as alegações do consórcio, neste recurso, já referidas, bem como aquelas outras, de que

houve a confirmação pelo Dnit da realização dos serviços, de que a figura 1 trazida aos autos pela

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262

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secretaria padece de falha técnica, vez que não reflete a situação da estaca 2739, de que teriam seguido

os normativos do Dnit, e de que foi demonstrada a existência de solo mole no trecho questionado, não

se revelam suficientes para a revisão da cautelar, haja vista que não infirmam os apontamentos

relativos ao fumus boni juris, o qual somente restará afastado se os ensaios geotécnicos, sob

fiscalização dos auditores desta Corte, demonstrarem haver razão ao consórcio executor.

15. Até mesmo a alegação de que no tocante à qualidade do material da camada drenante

inspecionada pelos auditores deste Tribunal, as amostras ensaiadas pela equipe de auditoria não foram

examinadas em quantidade representativa estatisticamente, que pudesse determinar o valor

característico do equivalente de areia, somente receberá guarida, e conclusão definitiva, com a

realização dos referidos ensaios, que, em tese, já se encontram em andamento.

16. Inexiste, assim, a meu ver, também o alardeado periculum in mora reverso, porquanto a

colaboração do consórcio no deslinde da matéria enfrentada, com a realização dos estudos geológicos,

os quais seriam realizados ainda neste mês, somente tende a propiciar rápida resolução de mérito deste

processo, seja confirmando os prejuízos que a cautelar quis obstar o agravamento ou a concretização,

seja confirmando as alegações do Dnit e do consórcio, de modo a possibilitar, nesse caso, a revogação

da cautelar e a continuidade das obras no referido trecho.

17. Ora, é contraditório aos termos da cautelar o pedido formulado pelos recorrentes, no sentido

de que se aguardem os estudos geológicos para a adoção da medida, pois é a partir desses estudos que

se poderá formar a convicção, a devida certeza sobre a correção dos procedimentos de execução das

obras no referido trecho, de sorte a autorizar sua retomada. Medida de cautela, portanto, é aquela que

aguarda a conclusão dos estudos e o aval da equipe técnica de fiscalização deste Tribunal, não a que

revoga a cautelar e autoriza, previamente, sem conclusão de tais estudos, a continuidade da execução

de obras no trecho, que poderá ensejar, inclusive, o seu refazimento, ou a devolução dos recursos ali

empregados indevidamente.

18. Por fim, vale dizer que a concomitância da atuação da equipe técnica deste Tribunal, na

fiscalização da realização dos estudos e ensaios no trecho em questão, propiciará o rápido deslinde das

questões debatidas nestes autos, seja no sentido da liberação das obras, seja no da adoção das medidas

corretivas necessárias, após os devidos apontamentos e contraditório das partes. A não ser que haja

resistência do próprio consócio construtor em aceitar os resultados dos ensaios geotécnicos que ora se

realizam ou se realizarão, e em adotar as medidas corretivas necessárias, sejam físicas ou contratuais,

vislumbro desfecho razoavelmente célere para estes autos, o que afasta também os supostos prejuízos

econômicos e sociais aventados pelos recorrentes a título de perigo reverso.

19. Encontrando-se o agravo em tela já incluído em pauta para julgamento, a Paviservice

Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., empresas integrantes do Consórcio

Paviservice/SVC, fizeram chegar memorial às minhas mãos, por meio do qual defendem o

levantamento, ainda que parcial, da Cautelar adotada sobre este feito. Verifico, no entanto, que, de

novo, em relação ao que já haviam argumentado em sua peça recursal, só consta a assertiva de que “os

estudos geotécnicos, com sondagens e os ensaios necessários para traçar um perfil geotécnico entre as

estacas 2625 e 2835 da Rodovia BR-235/BA” já se iniciaram e que, em função dos levantamentos já

realizados, a substituição de solo mole por colchão de areia já restaria devidamente demonstrada para

1,2 Km dos 4,2 Km sob questionamento, afirmação com base na qual requerem a liberação para que

seja dada continuidade à execução de, ao menos, 1,8 Km do trecho envolvido na medida ad cautelam.

Referida informação, contudo, não é acompanhada de qualquer elemento probatório.

20. Referido memorial ainda faz confusão entre o Achado de Auditoria III.1 (Superfaturamento

pela medição de serviços não executados – Remoção de solo mole e execução de colchão de areia),

objeto da cautelar em discussão, e o Achado de Auditoria III.2 (Superfaturamento por medição e

pagamento de serviços desnecessários – Substituição de subleito), como se ambos se referissem

exatamente ao mesmo trecho da estrada, com isso pretendendo defender-se que o suposto saneamento

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263

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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de um significaria, igualmente, o saneamento do outro. Tal argumento, no entanto, funda-se em

premissa incorreta. No Despacho ora questionado, transcrito no item 2 do Relatório precedente, tive a

oportunidade de esclarecer que, enquanto o Achado III.1 se refere exclusivamente ao segmento entre

as estacas 2625 e 2835, o Achado III.2 corresponde a diversos segmentos da rodovia, sendo este

último atinente a prejuízo já concretizado, em relação ao qual nem mesmo se mostra útil a concessão

de medida acautelatória.

21. Não considero, portanto, que a nova manifestação aporte elementos que justifiquem a

mudança de meu entendimento anterior.

22. Isto posto, entendo que este Tribunal deva conhecer do agravo interposto pelas empresas

Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., integrantes do Consórcio

Paviservice/SVC, para, no mérito, negar-lhes provimento.

E, com essas considerações, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto

à deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1609/2017 - TCU - Plenário

1. Processo TC-025.760/2016-5.

2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Agravo (Relatório de Auditoria)

3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:

3.1. Interessados: Congresso Nacional; Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(04.892.707/0001-00); Direção Consultoria e Engenharia Ltda. (32.963.001/0001-28); JDS -

Engenharia e Consultoria Ltda. (40.376.139/0001-59); Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.

(01.397.753/0001-45); SVC Construções Ltda. (01.543.722/0001-55)

3.2. Recorrentes: Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. (01.397.753/0001-45); SVC

Construções Ltda. (01.543.722/0001-55).

4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil

(SeinfraRod).

8. Representação legal:

8.1. Manoel Pinto (11.024/OAB/BA), representando Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.

e SVC Construções Ltda.;

8.2. Paulo Aristóteles Amador de Sousa, representando Departamento Nacional de Infraestrutura

de Transportes.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, no qual se examina agravo interposto conjuntamente

pelas empresas Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., integrantes do

Consórcio Paviservice/SVC, com pedido de efeito suspensivo, em face de medida cautelar adotada por

meio de despacho do relator proferido à peça 53 destes autos, referendado pelo Plenário deste Tribunal

em sessão de 24 de maio de 2017, em que se determinou ao Dnit que suspendesse a execução dos

serviços objeto do Contrato 05.00202/2014 (obras de construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km

357,4), especificamente no segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km

338,7), em razão dos indícios de irregularidades reportados nestes autos relativos ao item de Achado

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264

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução

de colchão de areia,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer do presente agravo, sem efeito suspensivo, com fulcro nos arts. 277, inciso V, e

289 do Regimento Interno TCU, para, no mérito, negar-lhe provimento;

9.2. dar ciência deste acórdão às recorrentes, ao Departamento de Nacional de Infraestrutura

Rodoviária (Dnit) e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional; e

9.3. restituir os autos à Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação

Civil, para realização das comunicações, prosseguimento das análises e fiscalização das obras,

determinando-lhe celeridade na instrução da questão ora em foco.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1609-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

GRUPO I - CLASSE VII – Plenário

TC-027.949/2015-0

Natureza: Representação

Unidade: Município de Taperoá/BA

Representante: empresa Lua Branca Intermediação e Agenciamento de Serviços Ltda.

Responsáveis: Antonio Fernando Brito Pinto (477.170.925-49) e Rosival Lopes dos Santos

(388.607.165-00)

Representação legal: João Ricardo Santos Trabuco (42.070/OAB/BA) e outros, representando a

Prefeitura Municipal de Taperoá/BA.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. IRREGULARIDADES EM TOMADA DE PREÇOS.

OITIVA. FIXAÇÃO DE PRAZO PARA ANULAÇÃO. DETERMINAÇÕES. MONITORAMENTE

REALIZADO NOS PRÓPRIOS AUTOS. DILIGÊNCIA. REITERAÇÃO. NÃO ATENDIMENTO

SEM CAUSA JUSTIFICADA. MULTA. DETERMINAÇÃO.

RELATÓRIO

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265

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

Adoto, como relatório, a instrução constante da peça 81 destes autos, produzida no âmbito da

Secex/BA, e com a qual se manifestaram de acordo o diretor (peça 82) e o titular daquela unidade

técnica (peça 83):

“INTRODUÇÃO

1. Cuidam os autos de Representação formulada pela empresa Lua Branca Intermediação e

Agenciamento de Serviços Ltda., em face de possíveis irregularidades ocorridas na Tomada de Preços

004/2015 da Prefeitura Municipal de Taperoá/BA, com vistas à execução de obras de construção do

estádio municipal e calçamento do bairro da Baixinha no Município de Taperoá/BA, com recursos

provenientes de convênios celebrados com o Ministério das Cidades (Convênio 803110) e o Ministério

do Esporte (Convênio 794473).

HISTÓRICO

2. O processo foi instruído na Secretaria de Controle Externo do TCU no Estado da Bahia que,

após a análise das manifestações apresentadas pelos interessados, propôs conhecer da Representação,

uma vez que os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno

estavam satisfeitos. Ademais, propôs também a aplicação de multa prevista no art. 58, IV ao prefeito

de Taperoá/BA (peça 47), uma vez que não houve a apresentação de documentação requisitada em

sede diligência.

3. A proposta foi anuída pelo Ministro Augusto Sherman Cavalcanti, com exceção da aplicação

de multa por não atendimento de diligência, uma vez que, posteriormente à instrução na unidade

técnica, os documentos foram apresentados. Com isso, por meio do Acórdão 804/2016 - TCU-

Plenário, o Tribunal deliberou nos seguintes termos:

‘9.1. conhecer da representação, com fundamento nos arts. 235 e 237, inciso VII, e parágrafo

único, do RI/TCU, para, no mérito, considerá-la procedente;

9.2. fixar, com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, c/c o art. 45, caput,

da Lei 8.443/1992, o prazo de quinze dias para que o Município de Taperoá/BA adote, se ainda não o

fez, as providências necessárias ao exato cumprimento da Lei 8.666/1993, com vistas à anulação da

Tomada de Preços 004/2015 e os contratos dela decorrentes, informando a este Tribunal, no prazo de

trinta dias, as medidas adotadas;

9.3. determinar ao Município de Taperoá/BA, com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU,

que, caso opte por lançar nova licitação, adote as providências necessárias a evitar as ocorrências

abaixo relacionadas, identificadas no edital da Tomada de Preços 004/2015:

9.3.1. exigência de apresentação de garantia de proposta em data anterior a fixada como limite

para a entrega da documentação de habilitação econômico-financeira, em desacordo com o disposto

nos arts. 4º, 21, § 2º; 31, inciso III; 40, inciso VI, e 43, inciso I, todos da Lei 8.666/1993, conforme

jurisprudência deste TCU, a exemplo do orientado nos Acórdãos 2993/2009 - Plenário, e, em especial,

subitem 9.2 do Acórdão 557/2010 - Plenário;

9.3.2. exigência da garantia nas modalidades previstas no parágrafo 1° do artigo 56 da Lei

Federal nº 8.666/93, no valor de 1% (um por cento) do valor estimado da contratação das duas obras

juntas (R$ 1.398.438,99), não indicando valor estimado para um lote, construção do Estádio

Municipal, e para outro lote, calçamento do Bairro da Baixinha, restringindo dessa forma a

participação de licitante em apenas uma das obras, dificultando/impedindo a participação de licitante

que só pretendesse fazer a obra bem mais simples tecnicamente (calçamento de rua), inclusive a

participação de pequenas empresas;

9.3.3. ausência do Projeto Básico no edital da Tomada de Preços 004/2015, contrariando o

disposto no art. 7º, § 2º, I, da Lei 8.666/93;

9.3.4. falta de informações essenciais no edital, como a não indicação de que os pagamentos

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266

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

pelas obras do estádio municipal seriam feitos com recursos do Ministério do Esporte (Convênio

794473) e as obras de calçamento do bairro da Baixinha no Município de Taperoá/BA seriam feitos

com recursos do Ministério das Cidades (Convênio 803110);

9.4. dar ciência à Prefeitura Municipal de Taperoá/BA que, com vistas a ampliar a

competitividade e possibilitar a economia de escala, com o melhor aproveitamento dos recursos

disponíveis, a Lei 8.666/93 estabeleceu em seu artigo 23, § 1º, a obrigatoriedade da Administração

Pública em promover o parcelamento do objeto, quando houver viabilidade técnica e econômica para

tanto, de maneira que a Súmula 247/TCU, ao explicitar tal entendimento, esclareceu que as exigências

de habilitação deverão adequar-se a essa divisibilidade;

9.5. determinar à Secex/BA que monitore o cumprimento das determinações constantes deste

acórdão, nos termos do art. 35 da Resolução TCU 259/2014;

9.6. dar ciência deste acórdão à representante, à Prefeitura Municipal de Taperoá/BA, e aos

órgãos concedentes dos recursos federais indicados nos convênios firmados, e

9.7. arquivar o presente processo.’

4. Após a deliberação do TCU, o Acórdão foi comunicado aos interessados e à Prefeitura de

Taperoá/BA, conforme demonstram os documentos acostados à peça 56 a 58 e 64.

5. Os ofícios de notificação do Acórdão encaminhados à municipalidade (peças 58 e 64),

informaram sobre a deliberação do Tribunal, mas não impôs que o cumprimento fosse comunicado ao

TCU.

6. Com isso, foram extraídos do portal eletrônico do município o extrato de publicação do edital,

datado de 04 de abril de 2016 (peça 66), resultado da fase de habilitação (peça 67), adjudicação e

homologação (peça 68) do novo certame licitatório.

7. Assim, considerando que até 28/10/2016, não se sabia se a determinação fora atendida e, por

conseguinte, saber se os vícios apontados se repetiram, a instrução de peça 69 sugeriu a realização de

diligência à Prefeitura de Taperoá/BA para que fosse encaminhada cópia do edital de Tomada de

Preços 001/2016 que veio a substituir a Tomada de Preços 004/2015, objeto do Acórdão ora

monitorado. A proposta contou com a anuência do Diretor (peça 70) e do Secretário da unidade técnica

(peça 71).

EXAME TÉCNICO

8. Em atendimento ao Pronunciamento do Sr. Secretário, o Serviço de Administração da

Secex/BA encaminhou ao então Procurador de Prefeitura Municipal de Taperoá/BA o Ofício

3229/2016-TCU/Secex/BA, de 7/11/2016 (peça 72), reiterado pelo Ofício 3651/2016-TCU/Secex/BA,

de 15/12/2016 (peça 74). Porém, em resposta, por meio de expediente recebido em 9/1/2017, o então

Procurador Municipal informou que não mais representava o município, haja vista a mudança do

prefeito. Com isso, afirmou não poder atender a solicitação do Tribunal.

9. Assim, o Serviço de Administração da Secex/BA encaminhou novo ofício, datado de

13/1/2017 (peça 77) dessa vez destinado ao novo prefeito municipal, Sr. Rosival Lopes dos Santos.

Porém, mesmo devidamente recebido no endereço da Prefeitura Municipal (AR, peça 78), o novo

alcaide não se manifestou.

10. Em razão disso, a diligência foi reiterada por meio do Ofício 0457/2017-TCU/Secex/BA, de

15/2/2017 (peça 79) e recebida em 2/3/2017 (AR peça 80). Entretanto, mais uma vez, não houve

qualquer resposta.

11. O não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, à diligência determinada pelo

Relator enseja a aplicação de multa ao responsável, a teor do art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992, c/c

o art. 268, inciso IV, do Regimento Interno/TCU.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

‘art. 268. O Tribunal poderá aplicar multa, nos termos do caput do art. 58 da Lei 8.443/1992,

atualizada na forma prescrita no § 1º deste artigo, aos responsáveis por contas e atos adiante indicados,

observada a seguinte gradação:

(...)

IV - descumprimento, no prazo fixado, sem causa justificada, à diligência determinada pelo

relator, no valor compreendido entre cinco e cinquenta por cento do montante a que se refere o caput;

§ 3º A multa aplicada com fundamento nos incisos IV, V, VI, VII ou VIII prescinde de prévia

audiência dos responsáveis, desde que a possibilidade de sua aplicação conste da comunicação do

despacho ou da decisão descumprida ou do ofício de apresentação da equipe de fiscalização.’

(grifamos)

12. Observa-se, que tanto ofício de peça 77, quanto o de peça 79, por meio do quais se realizou a

diligência ao prefeito municipal de Taperoá/BA, constou a informação de que ‘o não cumprimento de

diligência ou de decisão deste Tribunal, no prazo fixado, sem causa justificada, poderá ensejar a

aplicação da multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992, a qual prescinde de realização de

prévia audiência, nos termos do art. 268, § 3º, do Regimento Interno do TCU’. Logo, estão cumpridos

os requisitos mencionados no § 3º do art. 268 do Regimento Interno do TCU.

CONCLUSÃO

13. Tendo em visto o relato acima, cabe a aplicação da multa ao Sr. Rosival Lopes dos Santos,

prefeito de Taperoá/BA, prevista no artigo 58, inciso IV da Lei 8.443/92.

14. Considera-se, ainda, ser oportuno, determinar ao dirigente municipal que no prazo de quinze

dias, encaminhe cópia do edital de Tomada de Preços 001/2016 destinado à contratação de empresa

especializada para execução da obra do calçamento do Bairro da Baixinha, alertando-se ainda, que o

descumprimento de determinação do Tribunal pode dar ensejo à aplicação de nova multa em

conformidade com o artigo 58, § 1º da Lei 8.443/92.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

15. Ante todo o exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo:

a) aplicar ao Sr. Rosival Lopes dos Santos (CPF 388.607.165-00), prefeito municipal de

Taperoá/BA, a multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 268, inciso IV, do

Regimento Interno/TCU, em razão do não atendimento de diligências determinadas pelo relator, por

meio do Ofício 0076/2017-TCU/Secex/BA, de 13/1/2017 (peça 77) e do Ofício 0457/2017-

TCU/Secex/BA, de 15/2/2017 (peça 79), fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da notificação,

para que comprove perante este Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do RI/TCU, o

recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a

data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da

legislação vigente;

b) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial

da dívida, atualizadas monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo estabelecido até a

data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, caso não atendida a notificação;

c) determinar ao Prefeito Municipal de Taperoá/BA, Sr. Rosival Lopes dos Santos, que

encaminhe ao Tribunal, no prazo de quinze dias, contados do recebimento da notificação, cópia do

edital de Tomada de Preços 001/2016 destinado à contratação de empresa especializada para execução

da obra do calçamento do Bairro da Baixinha, com recursos provenientes de convênios celebrados com

o Ministério das Cidades (Convênio 803110) e o Ministério do Esporte (Convênio 794473), alertando-

o, desde logo, de que a reincidência no descumprimento de determinação do Tribunal pode ensejar a

aplicação de multa, nos termos do art. 58, VII, da Lei 8.443/92.”

É o relatório.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

VOTO

Trata-se de representação formulada pela empresa Lua Branca Intermediação e Agenciamento de

Serviços Ltda. em face de indícios de irregularidades na Tomada de Preços 004/2015 da Prefeitura

Municipal de Taperoá/BA.

2. A representação foi apreciada mediante o Acórdão 804/2016 - Plenário, ocasião em que este

Tribunal fixou prazo para anulação do certame, fazendo determinações com vistas a evitar a repetição

das irregularidades ali detectadas, especialmente, no caso de lançar nova licitação em substituição à

anulada, para o fim de proceder-se à construção de estádio municipal e calçamento de ruas com

recursos dos convênios firmados com o Ministério das Cidades e o Ministério do Esporte.

3. Ao realizar o monitoramento da deliberação, efetuada nos próprios autos da representação, a

Secex/BA realizou diligência ao procurador do município, em 15/12/2016 (peça 74), tendo obtido

informação do causídico, ex-procurador municipal, acerca da mudança de prefeito em virtude das

eleições de 2016, e da substituição do procurador municipal, de modo que não lhe seria possível

atender à diligência que lhe fora remetida (peça 76), o que conduziu à realização de nova diligência

pela secretaria em 13/1/2017, desta feita, destinada ao novo prefeito municipal, Sr. Rosival Lopes dos

Santos.

4. Diante do não atendimento à diligência, esta foi reiterada em 15/2/2017, tendo sido novamente

recebida no endereço da prefeitura, porém sem resposta até o momento, razão pela qual a unidade

técnica propõe seja aplicada ao prefeito a multa prevista no art. 58, inciso IV, do Regimento

Interno/TCU, efetuando-se determinação com vistas à remessa, a este Tribunal, da documentação

anteriormente requerida em diligência.

5. Diante do quadro apresentado, verifico dos autos que, mediante a diligência remetida ao atual

prefeito municipal, requereu-se tão somente a ele que enviasse a este Tribunal “cópia do edital de

Tomada de Preços 001/2016 destinado à contratação de empresa especializada para execução da

obra do calçamento do Bairro da Baixinha, com recursos provenientes de convênios celebrados com o

Ministério das Cidades (Convênio 803110) e o Ministério do Esporte (Convênio 794473).”.

6. A informação requerida não pôde ser obtida pela secretaria no sítio da prefeitura na internet,

em que pese a observância, ainda que formal, dos princípios da transparência e publicidade pela

administração pública municipal, em face da publicação naquele endereço eletrônico do aviso de

licitação, do resultado da fase de habilitação, adjudicação e homologação do novo certame. Assim,

verificou-se, no sítio oficinal da prefeitura, que a licitação anteriormente conduzida foi, de fato,

anulada em atendimento à determinação desta Corte. Todavia, não se pôde obter informação, só com

base no aviso da licitação, se o novo edital lançado repetiu quaisquer das irregularidades originalmente

apontadas pelo Acórdão 804/2016 - Plenário. Tal verificação, entretanto, consiste no objeto da ação

fiscalizatória de monitoramento deste Tribunal. E, para tanto, torna-se necessário examinar a íntegra

do edital, de forma que o não envio da informação requerida representa obstáculo àquele mister.

7. Verifico, ademais, que a diligência empreendida, de fácil atendimento pela Prefeitura

Municipal, foi reiterada pela secretaria, de modo que, por duas oportunidades, foi dirigida ao prefeito

municipal sem que esse tivesse se inclinado a enviar resposta, seja remetendo a informação requerida,

seja justificando a impossibilidade de atendimento.

8. Como pode ser visto na cópia dos ofícios encaminhados (peças 77 e 79), constou deles a

informação de que “o não cumprimento de diligência ou de decisão deste Tribunal, no prazo fixado,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

sem causa justificada, poderá ensejar a aplicação da multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei

8.443/1992, a qual prescinde de realização de prévia audiência, nos termos do art. 268, § 3º, do

Regimento Interno do TCU.”, bem como acerca de eventual possibilidade de pedido de prorrogação de

prazo para atendimento, indicando-se os dispositivos regimentais e normativos pertinentes.

9. Assim, considerando que as correspondências foram recebidas no endereço da prefeitura

(avisos de recebimento - AR às peças 78 e 80 dos autos) e dirigidas ao dirigente municipal, sua inércia

em prestar as informações requeridas por este Tribunal enseja a aplicação da sanção prevista no

referido dispositivo legal, razão pela qual acolho as proposições da secretaria, no sentido de que lhe

seja aplicada a multa, efetuando-se ainda nova determinação com vistas a que se remeta a

documentação requerida por este Tribunal, sob pena de descumprimento de deliberação, que enseja a

aplicação de nova sanção, sob novo fundamento legal, caso não haja atendimento.

Ante o exposto, acolhendo o parecer da Secex/BA, manifesto-me por que o Tribunal aprove o

acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1610/2017 - TCU - Plenário

1. Processo TC-027.949/2015-0

2. Grupo: I - Classe: VII – Assunto: Representação.

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Responsáveis: Antonio Fernando Brito Pinto (477.170.925-49) e Rosival Lopes dos Santos

(388.607.165-00).

3.2. Interessada/Representante: empresa Lua Branca Intermediação e Agenciamento de Serviços

Ltda.

4. Unidade: Município de Taperoá/BA.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado da Bahia (Secex/BA).

8. Representação legal: João Ricardo Santos Trabuco (42.070/OAB/BA) e outros, representando

Prefeitura Municipal de Taperoá/BA.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, ora em fase de monitoramento das

determinações constantes do Acórdão 804/2016 - Plenário,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. aplicar ao responsável, Sr. Rosival Lopes dos Santos, Prefeito Municipal de Taperoá/BA, a

multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 268, inciso IV, do Regimento

Interno/TCU, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em razão do não atendimento, sem causa

justificada, a diligências deste Tribunal, efetuadas por meio do Ofício 0076/2017-TCU/Secex/BA, de

13/1/2017 (peça 77) e do Ofício 0457/2017-TCU/Secex/BA, de 15/2/2017 (peça 79), fixando-lhe o

prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprove, perante este Tribunal, nos termos do

art. 214, inciso III, alínea “a”, do RI/TCU, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro

Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento,

se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.2. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial

da dívida, caso não atendida a notificação;

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270

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

9.3. determinar ao Prefeito Municipal de Taperoá/BA, Sr. Rosival Lopes dos Santos, que

encaminhe a este Tribunal, no prazo de quinze dias, contados do recebimento da notificação, cópia do

edital de Tomada de Preços 001/2016, destinado à contratação de obras e serviços com recursos

provenientes de convênios celebrados com o Ministério das Cidades (Convênio 803110) e o Ministério

do Esporte (Convênio 794473), alertando-o, desde logo, de que a reincidência no descumprimento de

determinação do Tribunal pode ensejar a aplicação de multa, nos termos do art. 58, VII, da Lei

8.443/92;

9.4. dar ciência deste acórdão ao responsável e ao Município de Taperoá/BA; e

9.5. restituir os autos à Secex/BA com vistas à continuidade do monitoramento.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1610-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

GRUPO II - CLASSE I - Plenário

TC-029.875/2015-3

Natureza: Embargos de Declaração em Prestação de Contas

Órgão/Entidade/Unidade: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento

Nacional.

Exercício: 2014

Responsáveis: Sidney da Silva Cunha (CPF 422.099.437-87), Diretor-Geral, e José Carlos Cirilo

da Silva (CPF 482.525.306-72), Diretor-Geral (substituto), e outros.

Representação legal: Antônio Perilo Teixeira OAB/DF 21659, Guilherme Augusto Fregapani e

outros, representando Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional.

SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM PRESTAÇÃO DE CONTAS JULGADAS

REGULARES COM RESSALVA. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO POR SE CONSIDERAR

QUE A JURISPRUDÊNCIA DO TCU É NO SENTIDO DA OBRIGATORIEDADE DE

OBSERVÂNCIA PELOS SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS DA REGRA CONSTITUCIONAL

DA PARIDADE EMPREGADOR-EMPREGADO EM RELAÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES PARA

PLANO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR, ENQUANTO AINDA TRAMITA PROCESSO A

TRATAR DA QUESTÃO. PLEITO DE MODIFICAÇÃO DO JUÍZO DE MÉRITO DAS CONTAS

PARA REGULARES (SEM RESSALVAS) E DE RETIRADA DE ALERTA ACERCA DA

JURISPRUDÊNCIA DA CORTE. CONHECIMENTO. EXISTÊNCIA DE OBSCURIDADE A

EXIGIR ESCLARECIMENTO. PROVIMENTO PARCIAL. MODIFICAÇÃO DO TEXTO DO

ACÓRDÃO PARA SANEAMENTO DA OBSCURIDADE. MANUTENÇÃO DO ALERTA E DO

JUÍZO DE MÉRITO DAS CONTAS.

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271

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

RELATÓRIO

Trata-se de Processo de Prestação de Contas do Exercício de 2014 do Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional (Senac/DN). As contas foram julgadas regulares

com ressalva por meio do Acórdão 550/2017- TCU - Plenário.

2. Na presente fase, cuida-se de embargos de declaração formulados pela entidade interessada,

cuja íntegra transcrevo adiante, como parte do relatório:

“O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial -Departamento Nacional (Senac/DN), já

conhecido nos presentes autos, vem, por seus Advogados, nos termos do art. 34 da Lei Orgânica dessa

Eg. Corte e 91 c/c 287 do seu Regimento Interno, opor os presentes

Embargos de Declaração

(com pedido de efeitos infringentes)

em razão de evidente contradição constatada no acórdão 550/2017- TCU Plenário.

1. O Acórdão embargado julgou regulares com ressalvas as contas dos gestores da entidade,

recomendando no item 1.7.1 o seguinte:

‘1.7.1 - Dar ciência ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional

(Senac/DN), com fundamento no art. 208 § 22 do RI/TCU, acerca da jurisprudência do TCU, segundo

a qual os Serviços Sociais Autônomos têm que observar a paridade contributiva constitucional em

relação às contribuições ao plano de previdência complementar, matéria discutida no TC-

016.607/2015-5;’

2. A matéria tratada no TC-016.607/2015-5 é referente à discussão de temas relacionados aos

planos de previdência complementar instituídos por entidades do chamado ‘Sistema S’.

3. Em razão do conflito jurisprudencial acerca da sistemática adotada pelos diversos entes no que

tange à adoção de previdência privada no âmbito do Sistema ‘S’, foi que o Nobre Ministro Raimundo

Carreiro determinou a abertura de processo apartado para discussão definitiva sobre o tema. Desta

forma, o ponto que justificou a ressalva no Acórdão embargado ainda está sendo discutido no âmbito

do citado processo. Portanto, a contradição reside na determinação de observância à matéria ainda em

discussão em processo específico e cuja jurisprudência não está pacificada nessa Egrégia Corte de

Contas, como se verifica da decisão 904/97. Pede-se vênia para colacionar trecho da citada decisão

nesse sentido:

‘A natureza singular dos serviços sociais autônomos, como entes de cooperação com o Poder

Público, assim definido pela doutrina, com administração e patrimônio próprios, não os obriga a

atuar como entidades da

Administração Pública’

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

4. Desta forma, entende-se, não há como atender, com a necessária segurança jurídica, a

determinação contida no item 1.7.1 do Acórdão 550/2017-TCU Plenário, eis que a matéria não está

pacificada e tramita processo nessa Egrégia Corte com o único objetivo de debater o tema e firmar o

posicionamento jurisprudencial.

O Pedido

5. Ante o exposto, requer-se o enfrentamento expresso da contradição apontada, para no mérito

ser dado provimento aos presentes embargos de modo a eliminar a determinação contida no item 1.7.1,

julgando-se regulares, sem ressalvas, as contas dos dirigentes da entidade”.

É o relatório.

VOTO

Trata-se de embargos de declaração interpostos pelo o Serviço Nacional de Aprendizagem

Comercial - Departamento Nacional (Senac/DN), por meio seus advogados, em razão do que chamou

de “evidente contradição constatada no acórdão 550/2017- TCU - Plenário, por meio do qual foram

julgadas regulares com ressalvas as contas dos gestores da entidade.

2. Pretende o embargante a desconstituição do que caracterizou como “determinação” do item

1.7.1, do acórdão atacado, além da modificação do julgamento de mérito das contas para “regulares”

(sem ressalvas).

3. Em essência o decisum vergastado diz:

“Considerando que a unidade técnica, em sua instrução, identificou falhas consistentes em aporte

ao plano de previdência complementar da entidade, em valores superiores ao segurado, contrariando

dispositivo constitucional, e em fragilidades verificadas na documentação comprobatória referente aos

resultados alcançados na gestão do Pronatec no exercício de 2014;

Considerando, entretanto, a existência de aspectos atenuantes da culpa do gestor responsável;

Considerando que foi restabelecida a paridade de contribuições entre empregador e beneficiários;

Considerando a proposta da unidade técnica de julgamento das contas dos srs. Diretores Gerais,

titular e substituto, pela regularidade, com ressalvas, por entender que as ocorrências não são

suficientes para macular o conjunto da gestão;

Considerando que as demais falhas observadas foram ne natureza formal;

Considerando a proposta da unidade técnica no sentido do julgamento das contas dos demais

gestores pela regularidade;

Considerando as propostas da unidade técnica no sentido da expedição de recomendações e

ciência, no sentido da correção das falhas observadas e prevenção de novas ocorrências futuras;

Considerando o parecer oferecido pelo MP/TCU, manifestando sua concordância com as

propostas oferecidas pela unidade técnica;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, por

unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso I, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU, em:

julgar regulares com ressalva, com fundamento nos arts. 1º, inc. I, 16, inc. II, 18 e 23, inc. II, da

Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inc. I, 208 e 214, inc. II, do Regimento Interno, as contas do Sr. Sidney

da Silva Cunha (CPF 422.099.437-87), Diretor-Geral, e do Sr. José Carlos Cirilo da Silva

(CPF 482.525.306-72), Diretor-Geral, substituto, dando-lhes quitação”

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

4. Complementarmente, o decisum vergastado apresentou as seguintes Determinações/

Recomendações/Orientações:

“1.7.1 dar ciência ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional

(Senac/DN), com fundamento no art. 208, § 2º, do RI/TCU, acerca da Jurisprudência do TCU, segundo

a qual os Serviços Sociais Autônomos têm que observar a paridade contributiva constitucional em

relação às contribuições ao plano de previdência complementar, matéria discutida no TC-

016.607/2015- 5;

1.7.2 recomendar ao Senac/DN que reavalie os indicadores destinados a avaliar os programas

sob sua responsabilidade, em especial o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

(Pronatec), consoante, entre outras referências técnicas, o documento de Orientação Técnica de

Indicadores de Desempenho, aprovado por Portaria-TCU-Segecex 33, de 23/12/2010, observando os

requisitos ali estabelecidos.

1.7.3 determinar ao Senac/DN que, no Relatório de Gestão de sua próxima prestação de contas

anual completa, informe acerca na situação dos planos de previdência complementar para os quais

tenha contribuído, relativamente aos exercícios de 2016 em diante.”.

5. O embargante alega contradição pelo fato de que, segundo afirma, o tema que motivou a

ressalva das contas ainda está sendo discutido. O TC-016.607/2015-5, mencionado no item 1.7.1, teria

sido autuado por decisão do excelentíssimo Sr. Ministro Raimundo Carrreiro, “em razão do conflito

jurisprudencial acerca da sistemática adotada pelos diversos entes no que tange à adoção de

previdência privada no âmbito do Sistema S (...) para discussão definitiva sobre o tema”.

6. Ter-se-ia, portanto, contraditoriamente, determinado a “observância a matéria ainda em

discussão em processo específico e cuja jurisprudência não está pacificada nessa Egrégia Corte de

Contas, como se verifica da decisão 904/97, onde se afirmou:

“A natureza singular dos serviços sociais autônomos, como entes de cooperação com o Poder

Público, assim definido pela doutrina, com administração e patrimônio próprios, não os obriga a atuar

como entidades da Administração Pública”.

7. Como a matéria estaria não pacificada, pois, segundo o embargante “tramita processo (...) com

o único objetivo de debater o tema e firmar o posicionamento jurisprudência”, não haveria como

“atender, com a necessária segurança jurídica, a determinação (sic) contida do 1.7.1”.

8. Conheço dos embargos, pois, tempestivamente, o embargante alega contradição em acórdão, a

obscurecer o sentido de seus termos.

9. De pronto, cabe o registro de que o trecho questionado do Acórdão não trata de determinação,

mas de alerta.

10. No mérito, é de se reconhecer que o acórdão merece reparos, mas não por contradição interna

em seus termos, mas pela contradição entre seus termos e o teor a matéria tratada do processo

mencionado indevidamente, o TC-016.607/2015-5, ainda não concluído.

11. Foi acidental essa menção. Em momento algum do exame da matéria foi admitida a hipótese

de restar qualquer dúvida quanto à aplicabilidade da regra do art. 202, § 3º, da Constituição Federal,

aos serviços sociais autônomos.

12. Tendo classificado o processo no Grupo I, por estar de acordo, no mérito, com a proposta da

unidade técnica, endossada pelo Ministério Público junto TCU, apenas divergi da parte da sugestão de

alerta que dizia “convém acompanhar a decisão que vier a ser adotada pelo Tribunal no âmbito do TC-

016.607/2015- 5”.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

13. O processo em referido foi constituído como apartado de caso específico, e se presta,

realmente, a discutir a matéria sob exame nas contas recorridas, entretanto, julguei descabido esse tipo

de recomendação, visto que a jurisprudência de fato, ou seja, a resultante de julgados findos é que deve

guiar a atuação da Corte e dos jurisdicionados. A expectativa de futura eventual alteração de sólida

linha jurisprudencial refoge, a meu ver, da esfera temática das presentes contas anuais, pelo menos no

nível da parte dispositiva do acórdão. Tal sugestão estaria melhor situada em entendimentos

extraoficiais. Considerei, também, desnecessário a aviso, visto que as entidades do sistema S já foram

convidadas a se manifestar naqueles autos.

14. Ressalto, ademais, que não identifiquei na jurisprudência da Corte a falta de uniformidade

apontada pelo embargante. Ao contrário, os julgados do TCU têm, há mais de uma década, declarado

uniformemente a submissão dos serviços sociais autônomos à regra constitucional da paridade

contributiva nos planos de previdência complementar de seus empregados.

15. São nesse sentido os Acórdãos 2371/2003, 4008/2009-1, 1214/2014, 1748/2010, 7404/2011,

2569/2010, 1214/2014, 2073/2012, 7021/2012, 2965/2011, da 1ª Câmara; 2125/2017, 1719/2004,

668/2011, 2070/2004, 62/2001, 5162/2011, do Plenário e 8804/2012, 2790/2011, 4120/2016, 559/2003

da 2ª Câmara. Assim, entendo pacificada a jurisprudência do Tribunal sobre a matéria.

16. Desse modo, cabe o provimento parcial dos embargos, para a alteração dos termos do item

1.7.1 do acórdão atacado, apenas para que lhe seja retirada a expressão indevida.

Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à

deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1611/2017 - TCU - Plenário

1. Processo TC-029.875/2015-3

2. Grupo II - Classe: I – Assunto: Embargos de declaração (Prestação de Contas).

3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:

3.1. Responsáveis: Sidney da Silva Cunha (CPF 422.099.437-87), Diretor-Geral, e José Carlos

Cirilo da Silva (CPF 482.525.306-72), Diretor-Geral (substituto), e outros.

3.2. Recorrente: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional

(33.469.172/0001-68).

4. Órgão/Entidade/Unidade: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento

Nacional.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e

Silva.

7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência

Social (SecexPrevidência).

8. Representação legal: Antônio Perilo Teixeira OAB/DF 21659, Guilherme Augusto Fregapani

e outros, representando Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração, opostos ao Acórdão

550/2017- TCU - Plenário, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento

Nacional (Senac/DN), por meio de seus advogados,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as

razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 34 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 287 do

Regimento Interno deste Tribunal, em:

9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos, para, dando-lhes provimento parcial, excluir

da redação do item 1.7.1 do acórdão recorrido, o trecho “matéria discutida no TC-016.607/2015- 5”;

9.2. manter, em seus exatos termos, os demais elementos do Acórdão 550/2017- TCU – Plenário;

e

9.3. dar ciência deste acórdão ao embargante.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1611-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário

TC 017.716/2017-9

Natureza(s): Representação.

Órgão/Entidade: não há.

Interessado: Tribunal de Contas da União.

Representação legal: não há.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. PROJETO DE DECISÃO NORMATIVA. CÁLCULO DOS

COEFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL NO RATEIO

DA PARCELA DE 10% DA ARRECADAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS

INDUSTRIALIZADOS, DE QUE TRATA O INCISO II DO ARTIGO 159 DA CONSTITUIÇÃO

FEDERAL, PARA O EXERCÍCIO DE 2018. APROVAÇÃO. COMUNICAÇÃO.

ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a instrução aprovada no âmbito da Secretaria de Macroavaliação

Governamental (Semag) – peça 7:

Cuidam os autos dos cálculos dos coeficientes de participação dos estados e do Distrito Federal

no montante dos recursos provenientes da parcela de 10% (dez por cento) incidente sobre a

arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcionalmente às exportações, a que

alude o inciso II do artigo 159 da CF, para o exercício de 2018, observada a competência atribuída ao

Tribunal de Contas da União pelo parágrafo único do art. 161 da Constituição Federal.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

2. As normas para a participação dos estados e do Distrito Federal no produto da arrecadação do

Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, relativamente às exportações, foram estabelecidas na

Lei Complementar 61, de 26 de dezembro de 1989, e no art. 4º da Lei Complementar 65, de 15 de abril

de 1991, entre as quais destacam-se as seguintes:

a) na apuração dos valores das exportações devem ser levados em conta a origem (UF) do

produto exportado e o conceito de produto industrializado adotado pela legislação federal referente ao

IPI (LC 61/89, art. 1º, § 1º);

b) os coeficientes para o rateio são calculados para aplicação no ano-calendário, ou seja, de

janeiro a dezembro, tomando-se por base o valor em dólar norte-americano das exportações ocorridas

nos doze meses antecedentes a primeiro de julho do ano imediatamente anterior (LC 61/89, art. 1º, §

3º);

c) a participação de cada unidade é limitada ao máximo de 20% (vinte por cento) do montante a

ser distribuído, sendo o eventual excesso redistribuído entre os demais participantes, de forma

proporcional às respectivas participações (CF, art. 159, e LC 61/89, art. 1º, § 4º);

d) o órgão encarregado do controle das exportações, atualmente a Secretaria de Comércio

Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, fornecerá ao Tribunal, até

o dia 25 de julho de cada ano, o valor consolidado das exportações (LC 61/89, art. 1º, § 5º);

e) para o cálculo da participação de cada Estado ou do Distrito Federal na repartição da receita

tributária de que trata o inciso II do art. 159 da Constituição Federal, somente será considerado o valor

dos produtos industrializados exportados para o exterior na proporção do ICMS que deixou de ser

exigido em razão da não incidência prevista na alínea ‘a’ do inciso X e da desoneração prevista na

alínea ‘f’ do inciso XII, ambos do § 2º do art. 155 da Constituição Federal (LC 65/91, art. 4º).

3. De acordo com o caput do art. 2º da Lei Complementar 61/89, os coeficientes individuais de

participação de cada estado e do Distrito Federal deverão ser apurados e publicados no Diário Oficial

da União por esta Corte até o último dia útil do mês de julho de cada ano.

4. Objetivando o cumprimento desse dispositivo, em 4 de julho do corrente ano a Secretaria de

Macroavaliação Governamental - Semag solicitou à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da

Indústria, Comércio Exterior e Serviços - Secex/MDIC, por meio do Ofício 0188/2017-TCU/Semag

(peça 4), demonstrativo do valor total em dólares das exportações realizadas no período de 1º de julho

de 2016 a 30 de junho de 2017 de forma consolidada e por unidade da federação.

5. Por meio do Ofício 21/2017-SEI-DEAEX/SECEX, de 14/7/2017 (peça 6), contendo em anexo

os dados solicitados, foi atendido o referido pleito.

6. Com base nas informações prestadas pela Secex/MDIC e observando-se os critérios

estabelecidos na legislação em vigor, foram efetuados os cálculos dos percentuais relativos aos

coeficientes individuais de participação dos estados e do Distrito Federal a vigorar no exercício de

2018, que se encontram no Anexo I do anteprojeto de Decisão Normativa, ao final da presente

instrução.

7. Deve-se esclarecer que os valores informados pela Secex/MDIC, seguindo o mesmo

procedimento de anos anteriores, foram arredondados para valores inteiros. No entanto, como o valor

real contido na célula é um número decimal (com casas decimais), a soma das células da coluna ‘Valor

apurado’ (peça 6, p. 3) apresenta uma pequena variação devido ao processo de arredondamento para

número inteiro. Assim, o total geral do valor apurado apresentado na planilha foi de

US$ 132.829.224.723,77 e o total utilizado pelo TCU, com base nos dados arredondados, foi de

US$ 132.829.224.724 – uma diferença de US$ 0,23. Considera-se que tal diferença, resultante de

arredondamento, é materialmente insignificante e não afeta o valor dos coeficientes calculados.

8. Com vistas a tornar mais transparente o processo de cálculo, seguindo os princípios

estabelecidos no item 9.2 do Acórdão 196/2003-TCU-Plenário, de 12 de março de 2003, a memória de

cálculo dos coeficientes é detalhada no Anexo II do citado anteprojeto.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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9. Outra determinação do Acórdão em comento é a de se descrever, em nota explicativa, a

metodologia utilizada nos cálculos, o que se faz presente no Anexo III do referido anteprojeto.

10. Deve-se esclarecer ainda que, de acordo com o §1º do art. 2º da Lei Complementar 61/89, ‘as

unidades federadas disporão de 30 (trinta) dias, a partir da publicação referida no caput deste artigo,

para apresentar contestação, juntando desde logo as provas em que se fundamentar’.

11. O §2º do mesmo artigo estabelece que ‘o Tribunal de Contas da União, no prazo de 30

(trinta) dias contados do recebimento da contestação mencionada no parágrafo anterior, deverá

manifestar-se sobre a mesma’.

12. Para que esses prazos, que também estão previstos no art. 292 do Regimento Interno desta

Corte, com a redação dada pela Resolução 246, de 30 de novembro de 2011, sejam cumpridos, deve-se

alertar as Secretarias de Controle Externo nos Estados a respeito da necessidade de encaminhar

tempestivamente para a Secretaria de Macroavaliação Governamental os eventuais recursos

administrativos interpostos para retificação dos percentuais de participação publicados, relativos ao

IPI-Exportação do exercício de 2018, independentemente da data de recebimento.

13. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo, com base no art.

74 do RITCU, o encaminhamento ao Gabinete da Presidência, para proceder ao sorteio do relator, e o

posterior envio ao Gabinete do relator sorteado, com proposta de o Tribunal:

a) conhecer da presente representação, nos termos do inciso VI do art. 237 do Regimento

Interno;

b) aprovar o anteprojeto de decisão normativa que cuida dos coeficientes de participação dos

Estados e do Distrito Federal no montante dos recursos provenientes da parcela de 10% (dez por cento)

incidente sobre a arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcionalmente às

exportações, a que alude o inciso II do artigo 159 da CF, para o exercício de 2018, acompanhado dos

seguintes anexos:

Anexo I: IPI-EXP – Coeficientes de participação;

Anexo II: IPI-EXP – Memória de cálculo dos coeficientes;

Anexo III: IPI-EXP – Nota explicativa.

c) encaminhar cópia do acórdão e da decisão normativa que vier a ser aprovada, bem como do

relatório e voto que os fundamentam, aos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados,

bem como ao Ministro de Estado da Fazenda, ao Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e

Gestão, ao Ministro de Estado da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e ao Presidente do Banco do

Brasil S/A;

d) determinar à Segecex que alerte as Secretarias de Controle Externo nos estados sobre a

necessidade de encaminhar imediatamente para a Secretaria de Macroavaliação Governamental

eventuais recursos administrativos interpostos com base no §1º do art. 2º da Lei Complementar 61/89 e

no art. 292 do Regimento Interno do Tribunal, para retificação dos percentuais publicados, relativos ao

IPI Exportação do exercício de 2018, independentemente da data de recebimento;

e) encerrar o presente processo.

É o relatório.

VOTO

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Registro, inicialmente, que relato este feito em substituição ao Ministro Augusto Nardes, nos

termos da Portaria TCU 317, de 20 de julho de 2017.

2. Trata-se de representação da Secretaria de Macroavaliação Governamental (Semag) que tem

por objetivo a fixação, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), dos coeficientes de participação dos

estados e do Distrito Federal nos recursos provenientes da parcela de 10% (dez por cento) incidente

sobre a arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados, para o exercício de 2018, na forma do

inciso II do art. 159 da Constituição Federal.

3. Os coeficientes a serem fixados devem ser proporcionais ao valor das exportações (em dólar

norte-americano) de cada estado em doze meses (julho/2016 a junho/2017), observada a limitação da

participação individual de 20%, na forma art. 1º da Lei Complementar 61/1989.

4. Consoante o art. 2º da mencionada lei, caput, o TCU deve fazer publicar os coeficientes para

o ano de 2018 até o último dia útil deste mês, ou seja, 31/7/2017.

5. Para atendimento a esse prazo, a Semag antecipou-se e obteve as informações pertinentes

junto à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior (Secex/MDIC) no dia 14 deste mês.

6. A indicação dos coeficientes, por unidade federativa, consta do Anexo I do anteprojeto. A

memória de cálculo e a metodologia utilizada estão detalhadas, respectivamente, no Anexo II e em

nota explicativa no Anexo III daquele anteprojeto.

7. Tendo em vista que foram observados os critérios e procedimentos legais para cálculo dos

coeficientes de que tratam os autos, manifesto-me no sentido da aprovação do anteprojeto de Decisão

Normativa, na forma proposta pela unidade técnica.

8. Por fim, em virtude da urgência, da relevância da matéria e do fato de os procedimentos

adotados pelo Tribunal para o cálculo dos coeficientes de participação do IPI-exportação serem

vinculados, solicito aos eminentes pares dispensa de abertura de prazos para eventual apresentação de

sugestões ou emendas.

Ante o exposto, acolho a proposta uniforme da Semag e VOTO por que seja adotado o acórdão

que submeto à apreciação deste colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1612/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 017.716/2017-9.

2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação.

3. Interessados/Responsáveis: Tribunal de Contas da União.

4. Órgão/Entidade: não há.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro

Augusto Nardes.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Macroavaliação Governamental (Semag).

8. Representação legal: não há

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação da Secretaria de Macroavaliação

Governamental sobre Projeto de Decisão Normativa que fixa, para o exercício de 2018, os coeficientes

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destinados ao cálculo das quotas de participação dos estados e do Distrito Federal no montante dos

recursos provenientes da parcela de 10% (dez por cento) incidente sobre a arrecadação do Imposto

sobre Produtos Industrializados, proporcionalmente às exportações, a que alude o inciso II do artigo

159 da Constituição Federal,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante

as razões expostas pelo relator, em:

9.1. conhecer da presente representação, nos termos do inciso VI do art. 237 do Regimento

Interno;

9.2. aprovar, nos termos apresentados no relatório que compõe a presente deliberação, o Projeto

de Decisão Normativa que fixa, para o exercício de 2018, os coeficientes destinados ao cálculo das

quotas de participação dos estados e do Distrito Federal no montante dos recursos provenientes da

parcela de 10% (dez por cento) incidente sobre a arrecadação do Imposto sobre Produtos

Industrializados, proporcionalmente às exportações, a que alude o inciso II do artigo 159 da

Constituição Federal, acompanhado dos seus respectivos anexos, quais sejam:

9.2.1. Anexo I: IPI-EXP – Coeficientes de participação;

9.2.2. Anexo II: IPI-EXP – Memória de cálculo dos coeficientes;

9.2.3. Anexo III: IPI-EXP – Nota explicativa;

9.3. enviar cópia deste acórdão e da decisão normativa ora aprovada, bem como do relatório e do

voto que os fundamentam, aos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados; aos

Ministros de Estado da Fazenda, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e da Indústria,

Comércio Exterior e Serviços; e ao Presidente do Banco do Brasil S.A.;

9.4. determinar à Secretaria das Sessões que adote as providências necessárias à imediata

publicação da presente decisão normativa, em cumprimento ao prazo estipulado no art. 2º da Lei

Complementar 61/1989;

9.5. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo que alerte as Secretarias de Controle

Externo nos estados sobre a necessidade de encaminhar imediatamente para a Secretaria de

Macroavaliação Governamental eventuais recursos administrativos interpostos com base no §1º do art.

2º da Lei Complementar 61/89 e no art. 292 do Regimento Interno do Tribunal para retificação dos

percentuais publicados relativos ao IPI Exportação do exercício de 2018, independentemente da data

de recebimento; e

9.6. arquivar o presente processo.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1612-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

GRUPO I – CLASSE IV – Plenário

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TC-004.632/2015-0

Natureza: Tomada de Contas Especial.

Entidade: Município de Cristino Castro/PI.

Responsáveis: Zacarias Dias dos Santos (831.784.143-04); Aline Carvalho Cunha Nogueira

Martins (504.631.953-53)

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. RECURSOS DO SISTEMA ÚNICO DE

SAÚDE REPASSADOS AO MUNICÍPIO, NO ÂMBITO DO PROGRAMA DE

REQUALIFICAÇÃO DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE. TRANSFERÊNCIA DAS

VERBAS RECEBIDAS DAS CONTAS CORRENTES VINCULADAS AO PROGRAMA PARA

OUTRA CONTA. NÃO APLICAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS NA FINALIDADE

ACORDADA. CITAÇÃO. REVELIA. ÔNUS DO GESTOR DE COMPROVAR O ADEQUADO

EMPREGO DOS RECURSOS PÚBLICOS NO OBJETO PACTUADO. CONTAS IRREGULARES,

COM DÉBITO SOLIDÁRIO E MULTA INDIVIDUAL E PROPORCIONAL AO DANO

CAUSADO AO ERÁRIO. INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO

OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Julgam-se irregulares as contas dos responsáveis, condenando-os solidariamente ao pagamento

do débito apurado e aplicando-lhes a multa proporcional ao dano ao erário, em face da não

comprovação do bom e regular emprego dos recursos públicos no objeto pactuado.

RELATÓRIO

Cuidam os autos da Tomada de Contas Especial instaurada pelo Fundo Nacional de Saúde –

FNS, em atendimento ao Acórdão 6.211/2013 – 2ª Câmara (Rel. Gab. Min. Subs. André de Carvalho,

Ata 38/2013, sessão 22/10/2013), que tratou de Representação formulada pelo Sr. Valmir Martins

Falcão Filho, a época prefeito de Cristino Castro/PI, noticiando possíveis irregularidades que teriam

sido praticadas durante a gestão anterior, relacionadas a pagamentos com recursos do Sistema Único

de Saúde – SUS, repassados pelo FNS à municipalidade, objetivando a ampliação das unidades básicas

de saúde das localidades Japecanga e Palestina, no âmbito do Programa de Requalificação das

Unidades Básicas de Saúde.

2. Na aludida Representação, constatou-se que recursos relativos à primeira parcela dos repasses,

no valor de R$ 33.300,00 (peça 1, p. 63), foram utilizados de forma indevida e para outros fins que não

os ajustados. Em especial, verificou-se que essa verba foi creditada nas contas bancárias 21705-0 e

21706-9, ambas do Banco do Brasil, agência 0589-4 (peça 1, p. 49-53 e 55-59), e, após, transferidas

integralmente para a conta 7157-9, agência 0609-2, da mesma instituição financeira, em benefício da

Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira Martins, em vez de serem aplicadas em seu objeto.

3. Nada obstante, sob o fundamento de que o valor atualizado do débito apurado era inferior a R$

75.000,00, limite anteriormente fixado por este Tribunal para encaminhamento de TCE (atualmente

esse limite é de R$ 100.000,00, conforme dispõe a IN/TCU 76/2016), e, bem assim que o processo

encontrava-se pendente de citação válida neste Tribunal, fora proposto o arquivamento dos autos pela

unidade técnica (peça 5, p. 6).

4. O Ministério Público junto ao TCU, representado pelo Subprocurador-Geral Lucas Rocha

Furtado, dissentiu dessa proposta, por considerar que (peça 8):

“[N]ão se cuida apenas de um processo que busca ressarcir o erário dos relativamente parcos

valores possivelmente desviados, mas sim de apurar a real responsabilidade do ex-prefeito, a qual, se

vier a ser confirmada, pode ensejar a aplicação de sanções que se guiam pela prevenção da ocorrência

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de práticas semelhantes, bem como pelo impedimento de que o imputado, caso seja ao final

condenado, seja guindado, por determinado período, a novos postos da administração. Refiro-me às

consequências de inelegibilidade dos que tiverem suas contas julgadas irregulares e da inabilitação

para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança de que trata o art. 60 da LOTCU.”

5. Ao despachar nos autos, acolhi o entendimento esposado pelo Parquet, para determinar a

citação do ex-prefeito e da beneficiária dos recursos desviados (peça 9).

6. Em atenção ao despacho, a Secex/PI examinou o processo por meio da instrução inserta à peça

29, que reproduzo em parte e com ajustes de forma:

8. [F]oi promovida a citação do senhor Zacarias Dias dos Santos e da senhora Aline Carvalho

Cunha Nogueira Martins, mediante os Ofícios 945, 943, 1245, 1243, 1242 e 1244 todos de 2016,

consoante se vê, respectivamente, das peças 15, 16, 20, 21, 22 e 24.

9. Nada obstante, apesar de os responsáveis terem tomado ciência dos expedientes que lhes

foram encaminhados, conforme atestam os avisos de recebimento (AR) que compõem as peças 23, 25

e 26, não atenderam a citação e não se manifestaram quanto às irregularidades verificadas.

10. Vale rememorar o consignado na instrução anterior (peça 10) no sentido de que restou

comprovado pelo Acórdão/TCU 6.211/2013 – 2ª Câmara nos autos do TC 009.976/2013-2 (vide peça

1, p. 9-10 c/c peça 1, p. 151-157), que os recursos da 1ª parcela, referentes ao Programa de

Requalificação de Unidades Básicas de Saúde, oriundos do orçamento do Ministério da Saúde (arts. 1º

e 3º da Portaria/MS 1.170/2012), foram utilizados de forma irregular e para outros fins que não os

ajustados. No mesmo sentido se constatou por meio do Relatório Simplificado do Tomador de Contas

Especial 168/2014 (275-279, peça 1) e do Relatório de Auditoria/CGU 2297/2014 (peça 1, p. 285-

287).

11. Dessume-se, portanto, estreme de dúvidas, que houve desvio de recursos repassados

objetivando a ampliação das unidades básicas de saúde das localidades Japecanga e Palestina, no

âmbito do Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saúde (UBS), pelo Fundo Nacional

de Saúde ao Município de Cristino Castro/PI (peça 1, p. 63), na liberação da 1ª parcela, eis que fora

creditada na conta bancária de titularidade de pessoa física, senhora Aline Carvalho Cunha Nogueira

Martins.

12. A liberação de tais recursos, pelo Ministério da Saúde, de conformidade com as disposições

contidas na Portaria/MS 1.170/2012, ocorreu em 10/7/2012, mas no dia 10/9/2012 foram realizadas

duas transferências, nos valores de R$ 16.300,00 e R$ 17.000,00, para uma conta de número 7157-9,

agência 0609-2, do Branco do Brasil, de titularidade da pessoa física acima referida (vide extratos

bancários das contas correntes 21705-0 e 21706-9, ambas do Banco do Brasil, agência 0589-4 – p. 49-

53 e 55-59, peça 1).

13. Dessa feita, resta caracterizada a responsabilidade do senhor Zacarias Dias dos Santos, gestor

municipal à época dos fatos (gestão 2009 a 2012, peça 1, p. 183), em razão da transferência de

recursos com desvio de finalidade, na medida em que empregados fora do escopo legal previsto na

Portaria MS 1.170/2012 e, outrossim, da senhora Aline Carvalho Cunha Nogueira Martins, haja vista

ser a recebedora de tal numerário.”

7. Diante do exposto, a Secex/PI oferece a seguinte proposta de encaminhamento (peça 29-31):

7.1. considerar revéis o Sr. Zacarias Dias dos Santos e a Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira

Martins, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992;

7.2. julgar irregulares as contas do Sr. Zacarias Dias dos Santos e da Sra. Aline Carvalho Cunha

Nogueira Martins, com fundamento no art. 16, inciso III, alínea d, condenando-os ao pagamento das

importâncias a seguir especificadas:

VALOR

ORIGINAL (R$)

DATA DA

OCORRÊNCIA

16.300,00 10/9/2012

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17.000,00 10/9/2012

7.3. aplicar aos responsáveis a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992;

7.4. autorizar, desde logo, o pagamento parcelado das dívidas e a cobrança judicial, caso não

atendida as notificações;

7.5. encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto

que a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado de Piauí, nos

termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para

adoção das medidas que entender cabíveis.

8. O Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado concordou com o encaminhamento proposto

pela unidade técnica, acrescentando a sugestão de que a irregularidade seja considerada grave e que o

ex-agente público, Sr. Zacarias Dias dos Santos, seja “inabilitado para o exercício de cargo em

comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, com base no art. 60 da Lei nº

8.443/1992, tendo em vista que o ato inquinado consistiu em transferência bancária dos recursos

federais repassados ao munícipio para conta corrente de pessoa física (no caso, a Sra. Aline Carvalho

Cunha Nogueira), sem qualquer justificativa e em completa dissonância com o destino que deveria ser

dado ao dinheiro público.” (peça 32).

É o Relatório.

VOTO

A presente Tomada de Contas Especial foi instaurada pelo Fundo Nacional de Saúde – FNS, em

atenção ao Acórdão 6.211/2013 – 2ª Câmara (Rel. Gab. Min. Subs. André de Carvalho, Ata 38/2013,

sessão 22/10/2013).

2. O referido decisum foi proferido em autos da Representação formulada pelo Sr. Valmir

Martins Falcão Filho, à época prefeito de Cristino Castro/PI, que noticiou possíveis irregularidades

praticadas na gestão anterior, referentes a pagamentos com os recursos do Sistema Único de Saúde –

SUS, repassados pelo FNS àquele município, objetivando a ampliação das unidades básicas de saúde

das localidades Japecanga e Palestina, sob a égide do Programa de Requalificação das Unidades

Básicas de Saúde.

3. Naquela Representação constatou-se que verbas referentes à primeira parcela dos repasses, no

valor de R$ 33.300,00, foram utilizadas de forma indevida. Em especial, verificou-se que os recursos

foram creditados nas contas bancárias 21705-0 e 21706-9, ambas do Banco do Brasil, agência 0589-4

(peça 1, p. 49-53 e 55-59), e, após, no dia 10/09/2012, transferidas integralmente para a conta 7157-9,

agência 0609-2, da mesma instituição financeira, em benefício da Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira

Martins.

4. Por se tratar de desvio de recursos no quantum de R$ 33.300,00 (valor original) e tendo em

vista que o processo encontrava-se pendente de citação válida neste Tribunal, a Secex/PI, em instrução

preliminar, sugeriu o arquivamento desta Tomada de Contas Especial. O Ministério Público junto ao

TCU, representado pelo Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado, dissentiu da proposta, por

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considerar necessário apurar a real responsabilidade do ex-prefeito, que, caso fosse confirmada,

poderia dar ensejo a aplicação de sanções relacionadas à inelegibilidade daquele que tem suas contas

julgadas irregulares e à inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança de

que trata o art. 60 da Lei 8.443/1992.

5. Acolhi a proposta do Parquet para determinar a citação solidária do Sr. Zacarias Dias dos

Santos, ex-prefeito de Cristino Castro/PI, e da Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira Martins,

beneficiária dos recursos.

6. Os responsáveis instados a se manifestar nos autos deixaram transcorrer in albis o prazo que

lhes foi conferido, sem recolher o débito quantificado no processo e sem oferecer a esta Corte suas

alegações de defesa, caracterizando a revelia prevista no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.

7. Diante desse contexto, a unidade técnica concluiu pela irregularidade das contas do Sr.

Zacarias Dias dos Santos e da Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira Martins, com a condenação ao

pagamento solidário do débito apurado nos autos e a aplicação individual da multa prevista no art. 57

da referida lei.

8. O Ministério Público junto ao TCU concordou com a proposta da Secex/PI, sugerindo o

acréscimo de que o Sr. Zacarias Dias dos Santos fosse inabilitado para o exercício de cargo em

comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, com base no art. 60 da Lei

8.443/1992, ante a gravidade da irregularidade cometida, pois o ato impugnado consistiu na

transferência bancária dos recursos federais repassados ao munícipio para conta corrente de pessoa

física (Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira), sem qualquer justificativa.

9. Fixadas essas premissas, passo ao exame das questões que permeiam o processo.

Preliminarmente, ressalto que a imposição de comprovar o bom e regular emprego dos recursos

federais recebidos decorre do ordenamento jurídico, a teor do bloco normativo composto pelas

disposições dos arts. 70, parágrafo único, da Constituição Federal, 93 do Decreto-lei 200/1967 e 66 do

Decreto 93.872/1986. Ou seja, é ônus do gestor público aplicar os recursos financeiros na finalidade

acordada – o que não ocorreu nestes autos –, além de oferecer documentação que demonstre, de forma

efetiva, os gastos efetuados e o nexo de causalidade entre as despesas realizadas e a verba federal

recebida.

10. Na hipótese dos autos, a responsabilidade do ex-prefeito decorre do ato de retirar verbas das

contas correntes específicas do Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saúde para

depositá-las em outra conta de titularidade de pessoa física. Logo, conclui-se que o valor recebido pelo

município não foi empregado no fim a que se destinava. A responsabilidade da Sra. Aline Carvalho

Cunha Nogueira advém do fato de ter sido contemplada indevidamente com recursos públicos,

beneficiando-se de valores aos quais não fazia jus.

11. Nesse contexto, constatada a irregularidade registrada no item precedente e no item 3 acima,

somada a delimitação das condutas consoante historiadas no processo, entendo que as contas do Sr.

Zacarias Dias dos Santos e da Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira Martins devem ser julgadas

irregulares, condenando-se-lhes solidariamente ao pagamento do débito quantificado no processo.

Igualmente deve ser aplicada a multa individual e proporcional ao dano, capitulada no art. 57 da Lei

8.443/1992, ante a reprovabilidade de suas condutas.

12. Entendo ainda pertinente a proposta do Ministério Público junto ao TCU de inabilitar o Sr.

Zacarias Dias dos Santos para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da

Administração Pública, com base no art. 60 da Lei 8.443/1992, em face da irregularidade de transferir

recursos da conta específica de programa (estatal) para uma pessoa física, sem qualquer justificativa

para tanto, o que se reveste de gravidade suficiente para moldar a situação fática à hipótese jurídica

descrita no referido dispositivo legal.

13. Cumpre autorizar ainda o pagamento fracionado das dívidas constantes nos autos, em até 36

parcelas mensais e consecutivas, e a cobrança judicial, bem como encaminhar cópia do Acórdão que

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vier a ser proferido, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamentarem, à Procuradoria da

República no Estado do Piauí, com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992 c/c art. 209, § 7º, do

Regimento Interno do TCU, e ao Fundo Nacional de Saúde.

Ante o exposto, concordo com a proposta de encaminhamento alvitrada pela unidade técnica,

com as achegas promovidas pelo Parquet, e voto por que seja aprovada a deliberação que ora submeto

a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 1613/2017 – TCU – Plenário

1. Processo TC-004.632/2015-0

2. Grupo: I; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.

3. Responsáveis: Zacarias Dias dos Santos (831.784.143-04); Aline Carvalho Cunha Nogueira

Martins (504.631.953-53).

4. Entidade: Município de Cristino Castro/PI.

5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.

6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.

7. Unidade Técnica: Secex/PI.

8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos referentes à Tomada de Contas Especial instaurada

pelo Fundo Nacional de Saúde – FNS, em atenção ao Acórdão 6.211/2013 – 2ª Câmara (Rel. Gab.

Min. Subs. André de Carvalho, Ata 38/2013, sessão 22/10/2013), que tratou de Representação

noticiando possíveis irregularidades relacionadas a pagamentos com recursos do Sistema Único de

Saúde – SUS, repassados pelo FNS ao município de Cristino Castro/PI, objetivando a ampliação das

unidades básicas de saúde das localidades Japecanga e Palestina, no âmbito do Programa de

Requalificação das Unidades Básicas de Saúde.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão deste Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea d, 19, caput, e 23, inciso III, da

Lei 8.443/1992, julgar irregulares as contas do Sr. Zacarias Dias dos Santos e a Sra. Aline Carvalho

Cunha Nogueira Martins, condenando-os solidariamente ao pagamento da quantia de R$ 33.300,00

(trinta e três mil e trezentos reais), atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora,

calculados a partir de 10/09/2012 até a data da efetiva quitação, nos termos da legislação em vigor,

fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento das notificações, para que

comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o

recolhimento da dívida a favor do Fundo Nacional de Saúde, na forma prevista na legislação em vigor;

9.2. aplicar individualmente ao Sr. Zacarias Dias dos Santos e à Sra. Aline Carvalho Cunha

Nogueira Martins a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil

reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento das notificações, para que

comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional (art. 214, inciso III,

alínea a, do Regimento Interno/TCU), atualizadas monetariamente desde a data deste Acórdão até a

data do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

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9.3. autorizar, caso requerido, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, o parcelamento das

dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e sucessivas, sobre as quais incidirão os

correspondentes acréscimos legais (débito: atualização monetária e juros de mora; multa: atualização

monetária), esclarecendo aos responsáveis que a falta de pagamento de qualquer parcela importará no

vencimento antecipado do saldo devedor, sem prejuízo das demais medidas legais;

9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas a que se refere este Acórdão, caso não

atendida as notificações, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;

9.5. considerar graves as infrações cometidas pelo Sr. Zacarias Dias dos Santos e declarar, ante o

disposto no art. 60 da Lei n. 8.443/1992, a inabilitação do mencionado responsável para o exercício de

cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, pelo prazo de cinco

anos;

9.6. remeter cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o sustentam, à

Procuradoria da República no Estado do Piauí, com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, e

ao FNS.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1613-28/17-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

(Relator) e André Luís de Carvalho.

ANEXO

DECISÃO NORMATIVA - TCU Nº 160, DE JULHO DE 2017

Aprova os coeficientes individuais de participação dos Estados e do Distrito Federal nos recursos

previstos no art. 159, inciso II, da Constituição Federal, para aplicação no exercício de 2018.

O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 161,

parágrafo único, da Constituição Federal, o art. 2º, caput, da Lei Complementar 61, de 26 de dezembro

de 1989 e o art. 1º, inciso VI, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 (Lei Orgânica do Tribunal de

Contas da União), e tendo em vista o disposto no art. 159, inciso II, da Constituição Federal, e nas Leis

Complementares 61, de 26 de dezembro de 1989, e 65, de 15 de abril de 1991, bem assim o que consta

no processo TC 017.716/2017-9, resolve:

Art. 1º Ficam aprovados, na forma dos Anexos I a III desta Decisão Normativa, os coeficientes

individuais dos Estados e Distrito Federal destinados ao rateio da parcela de 10% (dez por cento) do

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

produto da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados, previsto no art. 159, inciso II, da

Constituição Federal, para aplicação no exercício de 2018.

Art. 2º As unidades federadas disporão de trinta dias, a partir da publicação desta Decisão

Normativa, para apresentar contestação fundamentada, que poderá ser protocolada nas Secretarias de

Controle Externo nos estados ou na Sede deste Tribunal, nos termos do art. 292 do Regimento Interno.

Art. 3º Esta Decisão Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos

financeiros a partir de 1º/1/2018.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.

RAIMUNDO CARREIRO

Presidente

DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO I

IPI EXPORTAÇÃO - COEFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO

EXERCÍCIO 2018

UF Unidade da Federação Coeficiente

AC Acre 0,007514%

AL Alagoas 0,224908%

AP Amapá 0,162913%

AM Amazonas 0,467237%

BA Bahia 4,297924%

CE Ceará 0,943955%

DF Distrito Federal 0,127594%

ES Espírito Santo 4,050400%

GO Goiás 2,346699%

MA Maranhão 1,153949%

MT Mato Grosso 1,396424%

MS Mato Grosso do Sul 1,823157%

MG Minas Gerais 12,419718%

PA Pará 5,993607%

PB Paraíba 0,085754%

PR Paraná 9,486885%

PE Pernambuco 1,408797%

PI Piauí 0,026465%

RJ Rio de Janeiro 17,910467%

RN Rio Grande do Norte 0,086304%

RS Rio Grande do Sul 9,149783%

Page 287: ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 - tcu.gov.br · ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

287

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

RO Rondônia 0,296281%

RR Roraima 0,004412%

SC Santa Catarina 5,970458%

SP São Paulo 20,000000%

SE Sergipe 0,064599%

TO Tocantins 0,093796%

T O T A L 100,000000%

DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO II

IPI EXPORTAÇÃO - MEMÓRIA DE CÁLCULO DOS COEFICIENTES

EXERCÍCIO 2018

(A) (B) (C) (D) (E) (F) (G) (H)

Unidade da

Federação

Valor das

exportações

jul/2016 a

jun/2017

(US$ FOB)

(*)

Participaç

ão inicial

Participa

ção com

trava

(20%)

Participa

ção

excedent

e

Participa

ção das

UFs

abaixo

da trava

Redistribu

ição do

excedente

Participaç

ão final

AC - Acre 8.432.595

0,006348

%

0,006348

%

0,000000

%

0,006348

%

0,001166

%

0,007514

%

AL - Alagoas 252.403.094

0,190021

%

0,190021

%

0,000000

%

0,190021

%

0,034887

%

0,224908

%

AP - Amapá 182.829.597

0,137643

%

0,137643

%

0,000000

%

0,137643

%

0,025271

%

0,162913

%

AM - Amazonas 524.357.928

0,394761

%

0,394761

%

0,000000

%

0,394761

%

0,072476

%

0,467237

%

BA - Bahia

4.823.352.2

25

3,631243

%

3,631243

%

0,000000

%

3,631243

%

0,666681

%

4,297924

%

CE - Ceará

1.059.355.3

49

0,797532

%

0,797532

%

0,000000

%

0,797532

%

0,146424

%

0,943955

%

DF - Distrito

Federal 143.193.054

0,107802

%

0,107802

%

0,000000

%

0,107802

%

0,019792

%

0,127594

%

ES - Espírito Santo

4.545.567.2

10

3,422114

%

3,422114

%

0,000000

%

3,422114

%

0,628286

%

4,050400

%

GO - Goiás

2.633.586.5

49

1,982686

%

1,982686

%

0,000000

%

1,982686

%

0,364013

%

2,346699

%

MA - Maranhão

1.295.020.6

87

0,974952

%

0,974952

%

0,000000

%

0,974952

%

0,178997

%

1,153949

%

MT - Mato Grosso

1.567.139.3

47

1,179815

%

1,179815

%

0,000000

%

1,179815

%

0,216609

%

1,396424

%

MS - Mato Grosso

do Sul

2.046.040.4

14

1,540354

%

1,540354

%

0,000000

%

1,540354

%

0,282803

%

1,823157

%

MG - Minas Gerais

13.938.047.

298

10,49320

8%

10,49320

8%

0,000000

%

10,49320

8%

1,926510

%

12,41971

8%

PA - Pará

6.726.334.0

62

5,063896

%

5,063896

%

0,000000

%

5,063896

%

0,929710

%

5,993607

%

Page 288: ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 - tcu.gov.br · ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017 Data da aprovação: 2 de agosto de 2017 Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017

288

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

PB - Paraíba 96.237.591

0,072452

%

0,072452

%

0,000000

%

0,072452

%

0,013302

%

0,085754

%

PR - Paraná

10.646.670.

842

8,015308

%

8,015308

%

0,000000

%

8,015308

%

1,471577

%

9,486885

%

PE - Pernambuco

1.581.025.0

80

1,190269

%

1,190269

%

0,000000

%

1,190269

%

0,218528

%

1,408797

%

PI - Piauí 29.700.221

0,022360

%

0,022360

%

0,000000

%

0,022360

%

0,004105

%

0,026465

%

RJ - Rio de Janeiro

20.100.047.

350

15,13224

8%

15,13224

8%

0,000000

%

15,13224

8%

2,778218

%

17,91046

7%

RN - Rio Grande

do Norte 96.855.127

0,072917

%

0,072917

%

0,000000

%

0,072917

%

0,013387

%

0,086304

%

RS - Rio Grande

do Sul

10.268.357.

600

7,730496

%

7,730496

%

0,000000

%

7,730496

%

1,419287

%

9,149783

%

RO - Rondônia 332.502.258

0,250323

%

0,250323

%

0,000000

%

0,250323

%

0,045958

%

0,296281

%

RR - Roraima 4.951.188

0,003727

%

0,003727

%

0,000000

%

0,003727

%

0,000684

%

0,004412

%

SC - Santa Catarina

6.700.355.6

66

5,044338

%

5,044338

%

0,000000

%

5,044338

%

0,926120

%

5,970458

%

SP - São Paulo

43.049.102.

876

32,40936

1%

20,00000

0%

12,40936

1%

0,000000

%

0,000000

%

20,00000

0%

SE - Sergipe 72.496.683

0,054579

%

0,054579

%

0,000000

%

0,054579

%

0,010020

%

0,064599

%

TO - Tocantins 105.262.833

0,079247

%

0,079247

%

0,000000

%

0,079247

%

0,014549

%

0,093796

%

T O T A L

132.829.224

.724

100,0000

00%

87,59063

9%

12,40936

1%

67,59063

9%

12,409361

%

100,0000

00%

(*) Obs: o valor informado corresponde ao valor dos produtos industrializados exportados para o

exterior na proporção do ICMS que deixou de ser exigido em razão da não incidência prevista na

alínea “a” do inciso X e da desoneração prevista na alínea “f” do inciso XII, ambos do § 2º do art. 155

da Constituição Federal (LC 65/91, art. 4º).DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO III

IPI EXPORTAÇÃO - NOTA EXPLICATIVA

EXERCÍCIO 2018

Em cumprimento ao item 9.2 do Acórdão 196/2003-TCU-Plenário, são publicadas informações

adicionais sobre o cálculo previsto no art. 159, inciso II, da Constituição Federal relativo aos

coeficientes individuais de participação dos Estados e Distrito Federal no rateio da parcela de 10%

(dez por cento) do produto da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), fixados

pela presente Decisão Normativa TCU.

Para o cálculo dos coeficientes devem ser observados os seguintes procedimentos:

- os coeficientes para o rateio são calculados para aplicação no ano-calendário, ou seja, de

janeiro a dezembro, tomando-se por base o valor em dólar norte-americano das exportações ocorridas

nos doze meses antecedentes a primeiro de julho do ano imediatamente anterior (LC 61/89, art. 1º, §

3º);

- a participação de cada unidade é limitada ao máximo de 20% (vinte por cento) do montante a

ser distribuído, sendo o eventual excesso redistribuído entre os demais participantes, de forma

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289

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA-28-PL

proporcional às respectivas participações (CF, art. 159, e LC 61/89, art. 1º, § 4º).

O Anexo I da presente Decisão Normativa TCU apresenta os coeficientes individuais de

participação dos estados e do Distrito Federal no rateio da parcela de 10% (dez por cento) do produto

da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), enquanto o Anexo II apresenta a

memória dos cálculos que produziram esses coeficientes. As tabelas apresentadas foram construídas a

partir dos preceitos legais e possuem as seguintes informações:

1) TABELA “COEFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO”

“UF”: sigla da Unidade da Federação (UF);

“Unidade da Federação”: nome por extenso da UF;

“Coeficiente”: coeficiente individual de participação de cada UF, em percentagem.

2) TABELA “MEMÓRIA DE CÁLCULO DOS COEFICIENTES”

“Unidade da Federação” (Coluna A) – sigla e nome da UF;

“Valor das exportações jul/2016 a jun/2017 (US$ FOB)” (Coluna B) – valor dos produtos

industrializados exportados para o exterior na proporção do ICMS que deixou de ser exigido em razão

da não incidência prevista na alínea “a” do inciso X e da desoneração prevista na alínea “f” do inciso

XII, ambos do § 2º do art. 155 da Constituição Federal (LC 65/91, art. 4º) calculado com base no valor

FOB, em dólares, das exportações realizadas no período de julho de 2016 a junho de 2017 pela UF,

apurado pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços

– Secex/MDIC (LC 61/89, art. 1º, § 3º);

“Participação inicial” (Coluna C) – percentual de participação de cada UF no valor total das

exportações, sem limitação (cada elemento da coluna B dividido pelo total da coluna B);

“Participação com trava (20%)” (Coluna D) – percentual de participação de cada UF no valor

total das exportações, com limitação superior (trava) de 20% (cada elemento da coluna B dividido pelo

total da coluna B, mantendo-se em 20% a participação da UF que ultrapassar esse percentual);

“Participação excedente” (Coluna E) – percentual excedente aos 20% que será redistribuído

entre os demais participantes;

“Participação das UFs abaixo da trava” (Coluna F) – percentual de participação de cada UF

que ficou abaixo da trava dos 20%;

“Redistribuição do excedente” (Coluna G) – participação de cada UF na redistribuição do

excedente, de forma proporcional à sua respectiva participação (cada elemento da coluna F dividido

pelo total da coluna F e, em seguida, multiplicado pelo total da coluna E);

“Participação final” (Coluna H) – coeficiente final de participação percentual de cada UF, que

corresponde à soma das colunas D e G, com 6 casas decimais e total ajustado para exatos

100,000000%.